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Numero do processo: 10580.726327/2009-21
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
RECONHECIMENTO DE OFÍCIO DE VÍCIO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE.
Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial.
IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA.
Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora.
Precedentes do STF e do STJ.
IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE.
Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizando-se o regime de competência.
Recurso especial provido em parte.
Numero da decisão: 9202-004.079
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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IMPOSSIBILIDADE. Não cabe o reconhecimento de nulidade, por eventual vício material, quando a matéria não tiver sido devidamente admitida, como objeto do recurso especial. IRPF. VALORES INDENIZATÓRIOS DE URV, CLASSIFICADOS A PARTIR DE INFORMAÇÕES PRESTADAS PELA FONTE PAGADORA. INCIDÊNCIA. Incide o IRPF sobre os valores de natureza remuneratória, ainda que classificados como indenizatórios pela fonte pagadora. Precedentes do STF e do STJ. IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. Consoante decidido pelo STF através da sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o IRPF sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado utilizandose o regime de competência. Recurso especial provido em parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 63 27 /2 00 9- 21 Fl. 250DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 23 2 Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, em não conhecer a preliminar de nulidade por vício material suscitada de ofício pela Conselheira Ana Paula Fernandes, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López. Por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, pelo voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Gerson Macedo Guerra e Maria Teresa Martínez López, que lhe deram provimento integral. Votaram pelas conclusões os conselheiros Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Gerson Macedo Guerra. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10580.720254/200964. O presente Recurso Especial trata de pedido de Análise de Divergência motivado pelo Contribuinte, em face de Acórdão proferido em julgamento de recurso voluntário. Tratase de lançamento de Imposto de Renda de Pessoa Física dos exercícios 2005, 2006 e 2007, anoscalendário 2004, 2005, e 2006, em razão de a autoridade fiscal ter classificado como rendimentos tributáveis, valores declarados como isentos ou não tributáveis tal como informado pela Fonte Pagadora Tribunal de Justiça do Estado da Bahia. Referidos rendimentos correspondem a diferença entre a transformação de Cruzeiros Reais para Unidade Real de Valor – URV, reconhecidas e pagas em 36 meses, de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei Estadual nº 8.730/2003 do Estado da Bahia. As diferenças recebidas teriam natureza eminentemente salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas Fl. 251DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 24 3 quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994, consequentemente, estariam sujeitas à incidência do imposto de renda, sendo irrelevante a denominação dada ao rendimento. Foi interposta impugnação foi indeferida em sede de julgamento de primeira instância. O Contribuinte interpôs Recurso, ao qual foi dado parcial provimento ao recurso para tão somente excluir a multa de ofício. O Contribuinte apresentou Recurso Especial ao qual foi dado parcial seguimento, para reapreciação apenas da matéria questão da natureza indenizatória, ou não. Em reexame, o exame de admissibilidade foi confirmado pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional, vieram os autos conclusos. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.026, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10580.720254/200964, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.026): Em primeiro lugar, não conheço da preliminar de nulidade do lançamento, por vício material, suscitada de ofício pela Sra. Conselheira relatora. Com efeito, esta matéria não tendo sido admitida em sede de recurso especial, não está em discussão e, portanto, dela não conheço. Além disso, apenas para fins de esclarecimento, registrese que não vejo qualquer nulidade no lançamento da forma que ele foi realizado. Com efeito, o lançamento foi realizado com base em dispositivo vigente, cuja interpretação não havia sido considerada à época inconstitucional. Portanto, não há que se falar em nulidade. Entrando, agora, no mérito propriamente dito, entendo que a verba recebida tem caráter remuneratório e, assim, deve ser tributada. Questão dessa natureza já foi trazida, em 03/03/2015, Fl. 252DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 25 4 à 2ª Turma desta Câmara Superior, no acórdão 9202003.585. Naquela ocasião, acompanhei o voto do relator Alexandre Naoki Nishioka, entendendo tratarse de verba de natureza remuneratória, e por isso peço vênia para adotar aqui os mesmos argumentos como razão de decidir, assim transcrevendoos: (...) Conforme dispõe o art. 2º da referida Lei, tais valores são relativos a “diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor – URV”. Da leitura do artigo, denotase que o pagamento de tais valores deveuse à necessidade de manutenção do valor real do salário, de forma a corrigir erros anteriores no cálculo da conversão da moeda nacional. A lei estadual acima citada não buscou, por meio do pagamento das diferenças, a recomposição de um prejuízo, ou dano material, sofrido pelo contribuinte, mas a compensação em razão da ausência de oportuna correção no valor nominal do salário, verificada quando da alteração da moeda. Portanto, tais valores integram a remuneração percebida pelo contribuinte, constituindo parte integrante de seus vencimentos. Estáse diante, pois, de acréscimo patrimonial tributável pelo Imposto de Renda, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional, entendimento que fora inclusive salientado pelo acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (BA). Buscando reforçar o argumento, requereu o contribuinte a aplicação da Resolução n.º 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pelo contribuinte, ao contrário do que decidiu o acórdão recorrido. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2º e parágrafos da Lei n.º10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1º trouxe a forma de cálculo deste abono: “I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei nº 10.474, de 2002 (Resolução STF nº 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)”. A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde Fl. 253DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 26 5 se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre o abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: “Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)” (STJ, Recurso Especial n.º 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010) E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.º 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: “Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução no. 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)” (STF, Recurso Extraordinário n.º 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010) Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pelo Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional. Assim, com base na argumentação exposta, sendo verbas remuneratórias as diferenças de URV recebidas, sobre elas incide imposto de renda da pessoa física. Todavia, cumpre verificar o quantum devido. Entendo que o tributo devido deva ser calculado de acordo com as tabelas vigentes à época em que seriam devidas as diferenças recebidas. Sobre o tema, cabe referir a discussão travada no processo 11040.001165/200591, com voto vencedor da lavra do conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, cujos fundamentos, abaixo reproduzidos, acompanho. Fl. 254DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 27 6 Verifico, a propósito, que a matéria em questão foi tratada recentemente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome ao julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, inicialmente, de se ressaltar que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei nº 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento constantes de efl. 12, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Fl. 255DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726327/200921 Acórdão n.º 9202004.079 CSRFT2 Fl. 28 7 Assim, com a devida vênia ao posicionamento do relator, entendo que, a esta altura, ao se esposar o posicionamento de exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, notese, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei nº 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Pelo exposto, voto no sentido de conhecer do RE do contribuinte na matéria admitida, por darlhe provimento em parte, para determinar o cálculo do crédito tributário devido, considerando o regime de competência. Em face do acima exposto, voto no sentido de não conhecer da preliminar de nulidade por vício material suscitada, conheço do Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 256DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 35464.004949/2006-18
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/03/1999 a 28/02/2006
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA - ANTECIPAÇÃO DE
PAGAMENTO - APLICAÇÃO DA REGRA CONTIDA NO ART. 150, § 4º,
DO CTN - SÚMULA 99/CARF.
Súmula 99 - Para fins de verificação de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a
que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.Lançado PRL resta comprovado lançamento de outras rubricas.
Numero da decisão: 9202-004.315
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento.
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 28/02/2006 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVIDENCIÁRIA - ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO - APLICAÇÃO DA REGRA CONTIDA NO ART. 150, § 4º, DO CTN - SÚMULA 99/CARF. Súmula 99 - Para fins de verificação de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.Lançado PRL resta comprovado lançamento de outras rubricas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em negar-lhe provimento. Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício Patrícia da Silva - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 3 54 64 .0 04 94 9/ 20 06 -1 8 Fl. 1.465Fl. 1.465 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Especial do Procurador Especial do Procurador 2ª Turma 2ª Turma julho de 2016 Contribuição Social - Decadência Contribuição Social - Decadência FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL BANCO SANTANDER BRASIL S/A. BANCO SANTANDER BRASIL S/A. AA Fl. 1472DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 Relatório Cuida-se de Recurso Especial do Procurador e do Contribuinte interpostos em face do Acórdão nº 206-01.869, que restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/03/1999 a 28/02/2006 INDIRETO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS PREVISÃO CONSTITUCIONAL - EFICÁCIA CONTIDA – REQUISITOS LEGAIS - NÃO OBSERVAÇÃO - INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCRA. DECADÊNCIA. 1 - Tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei n° 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE's nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante n° 08, disciplinando a matéria. Termo inicial: (a) Primeiro dia do exercício seguinte ao da ocorrência do fato gerador, se não houve antecipação do pagamento (CTN, ART. 173, I); (b) Fato Gerador, caso tenha ocorrido recolhimento, ainda que parcial (CTN, ART. 150, § 4°). No caso, trata-se de tributo sujeito a lançamento por homologação e houve antecipação de pagamento. Aplicável, portanto, a regra do art. 150, § 40 do CTN. 2 - O inciso XI do art. 7° da Constituição Federal/1988 não tem aplicação imediata, pois prevê regulamentação por meio de lei ordinária. A participação nos lucros e resultados só deixou de integrar a base de contribuição a partir da edição da MP 794/1994 que após várias edições foi convertida na Lei n° 10.101/2000, desde que paga de acordo com os referidos diplomas legais. Integra o salário de contribuição do segurado empregado o pagamento de participação nos lucros ou resultados da empresa quando não for possível verificar a observância da lei específica. Recurso Voluntário Provido em Parte. Na origem, trata-se de Auto de Infração – DEBCAD 37.043.599-0 - por descumprimento de obrigações principais que têm por objeto contribuições previdenciárias destinadas ao custeio da Seguridade Social, cota patronal, ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho – GILRAT, e a terceiros – INCRA, incidentes sobre a remuneração paga a segurados empregados nas competências de março dos anos 1999 a 2006. No relatório fiscal, ficou consignado que a empresa pagou verbas a título de Participação nos Lucros e Resultados – PLR em desacordo com a legislação vigente, razão pela qual o Fisco entendeu que os valores foram pagos em caráter de gratificação, e não em participação nos lucros e resultados, sobre os quais o contribuinte deveria ter recolhido a devida contribuição social previdenciária. Não o fazendo, o Fisco procedeu ao lançamento dos créditos. Fl. 1473DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 35464.004949/2006-18 Acórdão n.º 9202-004.315 CSRF-T2 Fl. 1.466 3 O contribuinte impugnou o lançamento alegando, preliminarmente, a decadência dos créditos referentes às competências de 1999 a 2001, em face do transcurso de mais de cinco anos da ocorrência do fato gerador, nos termos do art. 150, § 4º do CTN, argumento este rejeitado pela DRJ. Contra a referida decisão, foi interposto Recurso Voluntário, tendo os membros do colegiado acordado: por unanimidade de votos em declarar a decadência das contribuições apuradas correspondentes as competências 03/1999 e 03/2000; por maioria de votos em declarar a decadência das contribuições apuradas correspondente a competência 03/2001; e por maioria de voto, no mérito, em negar provimento ao recurso. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial pretendendo afastar a decadência sobre a competência 03/2001, sob o argumento de que deveria ter sido aplicada a regra do art. 173, I, do CTN. Ao final, requereu a reforma do acórdão para que seja afastada a decretação da decadência quanto aos fatos geradores ocorridos em 03/2001. O Contribuinte apresentou contrarrazões sustentando que houve recolhimento de contribuição previdenciária na competência 03/2001, juntando os comprovantes de fls. 1330 a 1339, razão pela qual a regra aplicável é a do art. 150, §4º, do CTN, conforme entendimento da decisão recorrida. Ao Recurso Especial do Contribuinte foi negado seguimento. Voto Conselheira Patrícia da Silva - Relatora Preliminarmente, insta ressaltar que consubstanciado os autos constata-se que a decisão proferida no acórdão recorrido está em consonância com a Súmula 99, do CARF, verbis: Para fins de verificação de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Todavia, não sendo este o entendimento dos demais nobres julgadores, passo à análise do mérito recursal. A Fazenda Nacional pretende fazer prevalecer a tese de que no caso em concreto aplicar-se-ia a regra prevista no art. 173, I, do CTN, sob o argumento de que “não se operou lançamento por homologação algum, afinal a contribuinte não antecipou o pagamento Fl. 1474DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 do tributo. Com efeito, em nenhum momento nos autos a contribuinte comprova o seu pagamento. É dizer, não logra desconstituir a presunção de veracidade do lançamento”. Todavia, não merece respaldo a tese da Fazenda, uma vez que ficou comprovado nos autos que houve antecipação de contribuição previdenciária na competência 03/2001, conforme comprovam os documentos acostados aos autos, fls. 1330 a 1339, que já tinham sido anteriormente apresentados quando da interposição do Recurso Voluntário. Nesse sentido, aplica-se a regra prevista na supra citada Súmula 99, do CARF, adotando-se a regra decadencial prevista no art. 150, § 4º, do CTN. Diante do exposto, NÃO CONHEÇO o recurso da Fazenda e, acaso seja analisado o mérito, NEGO PROVIMENTO. Patrícia da Silva Fl. 1475DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA, Assinado digitalmente em 07/10/2016 po r LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 30/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915926/2008-52
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/08/2002
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.970
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/08/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/08/2002 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 26 /2 00 8- 52 Fl. 287DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.883, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 288DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 289DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 290DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 291DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 292DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 293DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915926/200852 Acórdão n.º 9303003.970 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 294DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16561.720022/2012-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA.
É parcialmente nula a decisão de primeira instância que se recusa a apreciar ponto da impugnação relativo a um dos potenciais efeitos da decisão a ser proferida. Todavia, a nulidade parcial não vicia inteiramente o acórdão, cabendo o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que profira decisão complementar sobre o capítulo da impugnação acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício.
Numero da decisão: 1302-001.948
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à DRJ/São Paulo, para que profira decisão complementar, nos termos do relatório e voto do relator.
ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR Relator.
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix.
Nome do relator: ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. É parcialmente nula a decisão de primeira instância que se recusa a apreciar ponto da impugnação relativo a um dos potenciais efeitos da decisão a ser proferida. Todavia, a nulidade parcial não vicia inteiramente o acórdão, cabendo o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que profira decisão complementar sobre o capítulo da impugnação acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 NULIDADE PARCIAL DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. É parcialmente nula a decisão de primeira instância que se recusa a apreciar ponto da impugnação relativo a um dos potenciais efeitos da decisão a ser proferida. Todavia, a nulidade parcial não vicia inteiramente o acórdão, cabendo o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento, para que profira decisão complementar sobre o capítulo da impugnação acerca da incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a nulidade parcial da decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à DRJ/São Paulo, para que profira decisão complementar, nos termos do relatório e voto do relator. ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR – Relator. LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente), Ana de Barros Fernandes Wipprich, Alberto Pinto Souza Júnior, Marcelo Calheiros Soriano, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Rogério Aparecido Gil e Talita Pimenta Félix. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 22 /2 01 2- 16 Fl. 3090DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO 2 Versa o presente processo sobre recursos de ofício e voluntário, interpostos em face do Acórdão nº 1649.069 da 5ª Turma da DRJ/SP1, o qual foi assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO. AMORTIZAÇÃO. DECADÊNCIA. A obrigação tributária e, conseqüentemente, o início do prazo para o Fisco constituir o crédito tributário através do lançamento surgem apenas com a ocorrência do fato gerador, ou seja, no caso em tela, a cada dedução das despesas de ágio. Alegação de decadência rejeitada. ÁGIO INTERNO. INDEDUTIBILIDADE. O ágio somente pode ser admitido quando decorrente de transações envolvendo partes independentes, condição necessária à formação de um preço justo para os ativos envolvidos. Nos casos em que seu aparecimento acontece no bojo de transações entre entidades sob o mesmo controle, o ágio não tem consistência econômica ou contábil, configurando geração artificial de resultado cujo registro contábil é inadmissível. Nessa situação, a despesa com a amortização do ágio é indedutível. MULTA QUALIFICADA. INEXISTÊNCIA DO INTUITO FRAUDULENTO. Não restando comprovado o intuito de fraude, descabe a qualificação / agravamento da multa de ofício. JUROS DE MORA À TAXA SELIC. O cálculo dos juros de mora com base na taxa SELIC tem previsão legal, não competindo à esfera administrativa a análise da legalidade ou inconstitucionalidade de normas jurídicas. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Tratandose de aspecto que não faz parte da presente lide, concernente à cobrança do crédito tributário, a autoridade julgadora não se manifesta a respeito de juros sobre multa de ofício. CSLL. DECORRÊNCIA. O decidido quanto ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica aplicase à tributação decorrente dos mesmos fatos e elementos de prova.”. A recorrente, cientificada do Acórdão nº 1649.069 em 29/08/2013 (Termo a fls. 2928), interpôs, em 07/09/2013 (vide carimbo a fls. 2935), o recurso voluntário a fls. 2935 e segs., no qual aduz, em apertada síntese, as seguintes razões de defesa: “(i) o Recurso Voluntário é tempestivo e deve ser integralmente apreciado e acolhido em suas preliminares, bem como nas suas razões de fato e de direito que demonstram a total improcedência da exigência fiscal; (ii) preliminarmente, deve ser reconhecida a preclusão do Direito de a D. Fiscalização questionar apenas em 2012 valores de ágio relacionados a operações efetuadas em 2006, isto é, período já atingido pela decadência, nos termos do artigo 150, §4° do CTN; (iii) no mérito, ficou claro que foi equivocada a premissa adotada pela r. decisão recorrida ao manter o lançamento em tela. A D. Autoridade Julgadora supôs, de modo infundado e sem analisar especificamente as regras juridicotributárias aplicáveis, que a Recorrente teria praticado Fl. 3091DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.720022/201216 Acórdão n.º 1302001.948 S1C3T2 Fl. 3.083 3 uma operação equivalence a uma "reavaliação espontânea", sem nenhum outro motivo que não o de, ilicitamente, criar um suposto "ágio interno", visando assim, sem nenhuma razão empresarial efetiva, aproveitarse de benefícios fiscais indevidos. A premissa adotada pela D. Fiscalização, contudo, e manifestamente equivocada e comprometeu todo o restante da sua análise dos fatos aqui discutidos; (iv) como visto, o propósito maior almejado pelo grupo Diebold com as iei agoes examinadas nestes autos era (a) "descontaminar" o capital registrado pela Diebold Brasil perante o Banco Central do Brasil, eliminando ineficiências no fluxo financeiro entre as sociedades brasileiras e as respectivas socias estrangeiras; bem como (b) transferir as sociedades brasileiras atuantes majoritariamente no setor de prestação de serviços. Como visto, tais razões foram expressamente reconhecidas e validadas pela r. decisao recorrida (fl. 37 da r. decisa recorrida); (v) tendo em vista que a legislação canadense aplicavel a Diebold ULC e, além disso, que a Diebold era uma companhia aberta com ações negociadas em Bolsa de Valores nos Estados Unidos e que essa companhia firmou um compromisso perante a SEC, em 6.3.2000, todas as operações do grupo Diebold deveriam obrigatoriamente ser feitas em condições de mercado (arm's length), como se tivessem sido feitas entre empresas independentes. Por tal razão, todas as operações discutidas no presente caso foram efetuadas em bases comutativas, ou seja, a valores válidos para negociações entre partes independentes. Essa e a ótica sob a qual que [sic] esse caso deve ser examinado: a de uma reestruturação local, que era parte de um projeto global, e que, portanto, foi efetuada em condições de mercado (arm's length). Esse valor arm's length, cabe ressaltar, foi devidamente validado pela Ernst & Young, empresa especializada nesse tipo de análise, de renome no mercado, e não relacionada a Recorrente ou ao grupo Diebold; (vi) ainda que a forma dos atos societários ora examinados leve a conclusão de que a Diebold L.A. e a Diebold ULC eram sociedades relacionadas e pertencentes ao mesmo grupo economico, a substancia dos fatos demonstra que todas as operagoes em exame devem efetivamente ser tratadas como tendo sido realizadas entre sociedades naorelacionadas, em condigoes justas de mercado; (vii) no momento em que a Diebold ULC contribuiu as quotas da Diebold em aumento de capital da Diebold Participações, do ponto de vista dessa sociedade, o que ocorreu foi a aquisição das quotas da Diebold Brasil (e suas controladas) a valor de mercado. No momento em que a Diebold Brasil cinde parcialmente e entrega, pelo mesmo valor de mercado, a participação detida na Recorrente e na PCS para a Diebold Participações, essa sociedade, em cumprimento a legislação fiscal e societária em vigor, foi obrigada a fazer a equivalência patrimonial desse investimento e a desdobrar o seu custo nessa aquisição em: (a) patrimônio líquido da Recorrente e da PCS; e b) ágio; (viiii) com incorporação da PCS e da Diebold Participações pela Recorrente, os valores que até então estavam registrados no ativo Fl. 3092DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO 4 diferido da Diebold Participções passaram a ser considerados como amortizáveis para fins fiscais, nos termos do artigo 386, §6° do RIR/99; (ix) entretanto, a r. decisão recorrida invoca textos doutrinários contábeis e dispositivos regulatórios expedidos pelo CPC, CVM e pelo CFC para desconsiderar os efeitos jurídicotributários do ágio válida e legitimamente apurado pela Recorrente. Como visto, não houve qualquer violação as normas fiscais que disciplinam a matéria (artigos 7° e 8° da Lei 9.532/97, consolidados nos artigos 385 e 386 do RIR/99); (x) ainda que as normas contábeis citadas pela r. decisão recorrida fossem levadas em consideração, D. Autoridade Julgadora as interpretou de forma equivocada, na medida em que, no âmbito da CVM e no meio contábil, diz respeito exclusivamente a operações específicas de "reavaliação espontânea" de sociedades controladas ou coligadas, ou outras operações nas quais o ágio tenha surgido sem um correspondente custo de aquisição efetivo, o que não corresponde ao caso ora em exame. De fato, como visto, a aquisição da Diebold Brasil pela Diebold ULC foi feita com efetivo fluxo de recursos entre as partes e recolhimento do IRF incidente sobre o ganho de capital apurado pela Diebold L.A.. no valor de R$ 14.391.175.03 (doc. n° 16 da Impugnação); (xi) de acordo com a mais recente jurisprudência desse E. Conselho de Administrativo de Recursos Fiscais e do Colegiado da Comissão de Valores Mobiliários, não se pode pretender impedir a amortização de ágio válida e legitimamente apurado em operações revestidas de efetivo propósito empresarial e econômico, apenas pelo fato de terem sido realizadas no mesmo grupo econômico. E o que se decidiu, por exemplo, no "Caso GMAC", no "Caso Santander", no "Caso Gerdau" e no "Caso Mahle", para citar somente esses exemplos. Do mesmo modo, o I. Conselheiro Marcos Shigueo Takata, em recente artigo conclui que, havendo fluxo de recursos e tributação do ganho de capital correspondente, mesmo um ágio gerado sem proposito negocial (o que não é o caso ora discutido), passa a ser legítimo para fins fiscais; (xii) são improcedentes também as alegagoes da r. decisao recorrida de que o grupo Diebold não poderia negociar a valores justos de mercado em razão de uma suposta falta de imparcialidade e transparência, requisitos que, em seu equivocado entendimento, somente poderiam ser obtidos em negociações entre partes não relacionadas. Isso porque, mesmo nessas situações, pode ocorrer de os valores justos de mercado serem aferidos por empresa independente e especializada, tal como ocorreu no presente caso, em que a Ernst & Young, empresa tradicional nesse tipo de atuação, elaborou estudos imparciais de avaliação econômicofinanceira elaborados para esse fim, avaliando os valores de mercado da Diebold Brasil e suas controladas (Pam, Mecaf, Recorrente e PCS), com base em suas projeções de fluxos de caixa descontados; (xiii) a própria legislação nacional, aliás, obriaga que partes relacionadas negociem a valores justos de mercado, sendo as regras de Preços de Transferência e de DDL exemplos claros dessa obrigatoriedade. Ademais, em algumas situações, especialmente no que diz respeito as limitações de dedutibilidade de despesas decorrentes da Fl. 3093DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.720022/201216 Acórdão n.º 1302001.948 S1C3T2 Fl. 3.084 5 aplicação das regras de Preços de Transferência e de Subcapitalização, a legislação fiscal determina que apenas a parcela excedente ao valor considerado como sendo "de mercado" deve ser considerada como indedutível para fins fiscais. Caso a D. Fiscalização e a r. decisão recorrida quisessem desconsiderar os valores de mercado contidos nos laudos de avaliação produzidos pela Ernst & Young, elas deveriam não apenas ter apresentado um novo laudo de avaliação contendo o que entendessem ser o "valor justo de mercado" para as transações envolvendo o grupo Diebold (o que não ocorreu), mas, seguindo a mesma sistemática dessas regras, glosado apenas a parcela que excedesse tal valor de mercado (caso de fato houvesse) e não a totalidade das despesas incorridas pela Recorrente, como feito nos presentes autos; (xiv) concluise, assim, que foram corretos todos os procedimentos adotados pela Recorrente em relação a apuração e o tratamento contábil e fiscal do ágio nos anoscalendário ora examinados, sendo improcedentes as alegações da D. Fiscalização feitas nesta autuação, indevidamente mantidas pela r. decisão recorrida. Com efeito, além de não haver vedação a apuração de ágio entre partes relacionadas, deve se considerar sobretudo que a presente reorganização foi motivada por razões empresariais verdadeiras, desvinculadas de possíveis efeitos fiscais, como expressamente reconhecido pela r. decisão recorrida ao reduzir a multa de 150% para 75%; (xv) como restou muito acertadamente decidido na r. decisao recorrida, a multa qualificada também não pode ser aplicada, conforme amplamente reconhecido pela doutrina e jurisprudencia atuais, uma vez que não houve qualquer tipo de dolo ou por parte da Recorrente e todos os seus atos foram devidamente registrados e publicados conforme a legislação em vigor. No entanto, do mesmo modo, a multa de oficio de 75% e ainda elevado, ultrapassando os limites da razoabilidade e proporcionalidade, de forma que mesmo esta multa, caso ad argumentandum fosse aplicável devendo ser imediatamente reduzida; e (xvi) a SELIC não pode ser aplicada aos créditos tributários e, se admitida a sua aplicação, só poderá incidir sobre o crédito tributário principal, não podendo recair sobre o valor da multa de ofício, que e penalidade e não tem natureza tributária. 147. Pelo exposto, a Recorrente requer a esse E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para que seja dado provimento integral ao presente Recurso Voluntário, reformando a r. decisão recorrida nos pontos anteriormente tratados e que restaram mantidos, para cancelar integralmente o Auto de Infração, juntamente com as penalidades e juros aplicados, com o consequente arquivamento do processo administrativo. A Recorrente, por oportuno, protesta pela realização da sustentação oral por ocasião do julgamento do presente Recurso Voluntário pelo E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.”. É o relatório. Fl. 3094DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO 6 Voto Tratase, nestes autos, de julgamento de recursos de ofício e voluntário, sendo que inicio o meu voto pela análise do recurso voluntário pelas razões que a seguir serão expostas. O recurso voluntário é tempestivo e foi subscrito por mandatários com poderes para tal, conforme procuração a fls. 1857, razão pela qual dele conheço. Preliminarmente, ressalto que a decisão recorrida expressamente se esquivou de apreciar questão levantada pela defesa em sua peça impugnatória, se não vejamos o seguinte excerto do voto condutor da referida decisão: “Quanto à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, cabe ressaltar que essa matéria não faz parte da presente lide, pois na exigência consubstanciada nos Autos de Infração objeto do presente processo os juros de mora estão incidindo apenas sobre o valor do tributo, e não sobre a multa de ofício. Quanto à possibilidade de isso vir a ocorrer, cumpre observar que o efetivo cálculo dos juros configura matéria a ser discutida no âmbito da cobrança do tributo lançado, no qual não atua esta Delegacia de Julgamento, em função de sua atribuição específica. Os juros serão calculados e atualizados até a data do efetivo pagamento, na fase de execução do acórdão e de cobrança do crédito tributário mantido, após tornarse definitiva, na esfera administrativa, a decisão acerca do lançamento impugnado. Assim, esta autoridade julgadora não se manifesta a respeito dos critérios legais de cálculo dos juros incidentes sobre o crédito tributário a ser recolhido em fase de cobrança administrativa.” Com a devida vênia, não tem razão a autoridade de primeira instância, pois a cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício é um dos efeitos de eventual decisão pela manutenção da multa de ofício e o fato de o valor (dos juros sobre a multa) não estar mensurado no auto de infração não pode ser óbice ao exercício do direito de defesa da recorrente. Todavia, mais grave do que isso é o fato de que, tendo sido renovada a questão no recurso voluntário, não poderá este CARF enfrentála, sob pena de restar configurada a supressão de instância, com flagrante cerceamento do direito de defesa da recorrente. Ressalto que a jurisprudência pacífica deste Colegiado é de que a questão em tela deve ser enfrentada pela instância administrativa. Em situações processuais parecidas com a ora posta em julgamento, o Supremo Tribunal Federal tem decidido pela nulidade parcial da sentença, se não vejamos o seguinte Acórdão: “Processo: HC 94888 SP Relator(a): Min. ELLEN GRACIE Órgão Julgador: Segunda Turma PENAL. HABEAS CORPUS. DOSIMETRIA DA PENA. NULIDADE PARCIAL DA SENTENÇA. PRECEDENTES STF. ORDEM DENEGADA. 1. A presente impetração visa ao reconhecimento de nulidade da sentença condenatória prolatada em desfavor do paciente, sob o Fl. 3095DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16561.720022/201216 Acórdão n.º 1302001.948 S1C3T2 Fl. 3.085 7 fundamento de ausência de fundamentação na dosimetria da pena aplicada. 2. O Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que nulidade quanto à dosimetria da pena "não vicia inteiramente a sentença e o acórdão das instâncias inferiores, mas diz respeito, apenas ao critério adotado para a fixação da pena. Tudo o mais neles decidido é válido, em face do princípio utile per inutile non vitiatur." (HC 59.950/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 01.11.1982). 3. Habeas corpus denegado.”. Mutatis mutandi, por mais que me cause espécie a declaração parcial de nulidade de sentença, sustento que seja essa a melhor solução processual para o presente caso. Em face do exposto, voto por declarar a nulidade parcial da decisão de primeira instância, determinando o retorno dos autos à DRJ/SP1, para que profira decisão complementar sobre o ponto da impugnação no qual a recorrente se insurge contra a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Alberto Pinto Souza Junior Relator Fl. 3096DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 18/0 8/2016 por ALBERTO PINTO SOUZA JUNIOR, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 13603.001137/2005-57
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2001, 2002
ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; AVERBAÇÃO EM DATA POSTERIOR AO FATO GERADOR - ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; CONTUDO, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-Ia da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA.
Numero da decisão: 9202-004.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: ELAINE CRISTINA MONTEIRO E SILVA VIEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2001, 2002 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; AVERBAÇÃO EM DATA POSTERIOR AO FATO GERADOR - ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; CONTUDO, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-Ia da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1553; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT2 Fl. 2 1 1 CSRFT2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 13603.001137/200557 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9202004.611 – 2ª Turma Sessão de 25 de novembro de 2016 Matéria ITR ÁREA DE RESERVA LEGAL AVERBAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado FAZENDAS REUNIDAS MINAS GERAIS S/A ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 ITR.. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL. CERTIDÃO DE REGISTRO OU CÓPIA DA MATRÍCULA DO IMÓVEL COM AVERBAÇÃO DA ÁREA DE RESERVA LEGAL; AVERBAÇÃO EM DATA POSTERIOR AO FATO GERADOR ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da área de reserva legal; CONTUDO, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimiIa da base de cálculo para apuração do ITR, independentemente da apresentação do ADA. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Gerson Macedo Guerra, que lhe negaram provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 60 3. 00 11 37 /2 00 5- 57 Fl. 437DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase de Auto de Infração (fls. 04/28) relativo ao Imposto Territorial Rural – ITR do imóvel denominado Fazenda Bento Velho e Outros, com área de 3.112,0 ha (NIRF 0.637.7555), localizado no município de Codisburgo/MG, relativo aos exercícios 2001 e 2002, por meio do qual se exige crédito tributário no valor de R$ 667.617,76, incluídos multa de ofício no percentual de 75% (setenta e cinco por cento) e juros de mora. A ação fiscal, autorizada através do MPF nº 06.1.13.002005001057 e seu complementar 06.1.1300020050010571, decorrentes do trabalho de revisão das DITR/2001 e 2002, iniciouse com a intimação feita ao contribuinte, recepcionada em 03/05/2005, exigindose que fossem apresentados, no prazo de 20 dias, vários documentos, sendo que, mesmo tendo solicitado a prorrogação de prazo para apresentação dos mesmos, a requerente não apresentou nenhuma documentação. No procedimento de análise e verificação das informações constantes da DITR/2001 e 2002, a fiscalização resolveu lavrar o presente auto de infração e para os exercícios de 2001 e 2002, glosar as áreas declaradas como de preservação permanente, utilização limitada, ocupada com benfeitorias, produtos vegetais e pastagens, de 208,5 ha, 591,0 ha, 53,9 ha, 529,3 ha e 1.410,0 ha, respectivamente, glosar os valores das Benfeitorias de R$850.000,00 e das Culturas/Pastagens/Florestas de R$450.000,00 para os exercícios e 2001 e 2002, e alterar o Valor da Terra Nua de R$500.000,00 (R$ 160,67/ha), declarado para ambos os exercícios, para R$2.132.560,24 (R$ 685,27/ha) no exercício de 2001 e R$1.208.545,20 (R$ 338,35/ha) no exercício de 2002. Desta forma, para ambos os exercícios, foi reduzido o Grau de Utilização do imóvel para 85,9%, aplicandose a alíquota de cálculo de 8,60% para efeito de apuração dos impostos suplementares lançados através do presente auto de infração, de R$ 182.285,68 e R$ 102.820,38, respectivamente. A autuada apresentou impugnação, tendo a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF julgado o lançamento procedente, fls. 104. Apresentado Recurso Voluntário pela autuada, os autos foram encaminhados ao CARF para julgamento do mesmo. No Acórdão de Recurso Voluntário,fls. 385/393 e sguintes, o Colegiado, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso, para deferir para os dois exercícios auditados: 1) uma área de preservação permanente de 234,0 ha; 2) uma área de reserva legal de 685,28 ha; 3) uma área ocupada com benfeitorias de 53,9 ha; 4) uma área ocupada com produtos vegetais de 376,6 ha; 5) um VTN de R$ 500.000,00 para o exercício de 2001 e de R$ 541.830,32 para o exercício de 2002. Fl. 438DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 3 3 Portanto, em sessão plenária de 19/06/2012, deuse parcial provimento ao recurso, prolatandose o Acórdão nº 2102002.090, assim ementado: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2001, 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, §1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, §8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada á margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de registro de Imóveis – CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito par fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, §1º, do Decreto nº 70.235/72 (O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. ADA INTEMPESTIVO. O ADA intempestivo, por si só, não é condição suficiente para impedir o contribuinte de usufruir do benefício fiscal no âmbito do ITR. ÁREAS COM BENFEITORIAS E OCUPADAS COM PRODUTOS VEGETAIS. COMPROVAÇÃO EM FISCALIZAÇÃO DO IBAMA. RESTABELECIMENTO. ÁREA DE PASTAGENS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO REBANHO. MANUTENÇÃO DA GLOSA. Fl. 439DF CARF MF 4 Comprovadas as áreas de benfeitorias e produtos vegetais a partir de laudos técnicos e de fiscalização do Ibama, deve restabelecer as glosas perpetradas pela fiscalização. Por outro lado, no tocante ás áreas de pastagens, vêse que, na diligência presidida pela autoridade fiscal, cumprindo Resolução desta Turma, diversos óbices para acatamento dessa área foram registrados, em essência demonstrando que o contribuinte não logrou comprovar a vinculação de rebanhos ao imóvel auditado, não sendo possível averiguar o índice de lotação da propriedade. Desses óbices o recorrente, intimado, não os contraditou, sendo de rigor manter o posicionamento da Autoridade que presidiu a diligência. Recurso provido em parte”. A Fazenda Nacional foi cientificada do processo em 02/08/2012, e interpôs tempestivamente, em 03/08/2012, o Recurso Especial. Em seu recurso visa a reforma do acórdão recorrido. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, fls. 381/383, conforme o Despacho s/nº da 1ª Câmara, de 07/03/2014. Em seu Recurso Especial, a Recorrente traz as seguintes alegações: · que da análise das alegações e da documentação apresentadas pelo contribuinte, com a finalidade de justificar as áreas de reserva legal, confirmase o não cumprimento da exigência da averbação tempestiva das respectivas áreas junto ao registro de imóveis. · que a Lei nº 9.393/96 prevê a exclusão das áreas de preservação permanente e reserva legal da incidência do ITR, em seu art. 10, inciso II, in verbis: · que, no tocante às áreas excluídas da incidência do ITR, devese destacar que o citado dispositivo legal trata de concessão de benefício fiscal, razão pela qual deve ser interpretado literalmente, de acordo com o art. 111 do CTN. · que no caso dos autos, constatase que as áreas declaradas de reserva legal não foram averbadas no Registro de Imóveis em data anterior à ocorrência do fato gerador, consoante determina a legislação. · que a Lei n° 7.803, de 18 de julho de 1989, disciplinou o instituto da reserva legal e consagrou a exigência de sua averbação ou registro à margem da inscrição da matricula do imóvel, vedando a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, ou desmembramento da área (art. 16, §2°). · que exatamente por isso, a fim de flexibilizar as exigências legais relativas às áreas de reserva legal e atender aos anseios do setor produtivo rural, assim como delimitar a função da reserva legal como verdadeira área de conservação da biodiversidade, é que a averbação à margem da matricula do imóvel se fez necessária. Fl. 440DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 4 5 · que é inconteste que a finalidade da averbação da reserva legal na matricula do imóvel é a de lhe dar publicidade, para que futuros adquirentes saibam identificar onde está localizada, seus limites e confrontações; mais ainda, visa a imputar aos proprietários a responsabilidade de preservar tais áreas, já que o interesse na manutenção das mesmas é público. · que uma vez definidos pela lei a área de reserva legal, os limites para sua exploração, e, finalmente, a obrigatoriedade de se averbar à margem da matrícula do imóvel, o legislador, buscando contrabalançar os interesses de toda a sociedade, permitiu que os proprietários de tais áreas, em contrapartida a tantas obrigações, tivessem algum tipo de benefício, que é, exatamente, a possibilidade de exclusão, da incidência do ITR, das áreas caracterizadas como de reserva legal (art. 10, II da Lei nº 9.393/96) · que, ainda que se prove a existência material das áreas de reserva legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 16), assim como suas disposições complementares (parágrafo 8º), incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal. Cientificado do Acórdão nº 2102002.090, do Recurso Especial da Fazenda Nacional e do Despacho de Admissibilidade admitindo o Resp da PGFN, em 03/12/2014, o contribuinte apresentou, tempestivamente, em 18/12/2014, contrarrazões, onde alega: · o recurso ora subjugado a este Conselho Superior baseiase em lei revogada, qual seja, o art. 16 da Lei nº 4.771/65, e que o Código Florestal, a Lei nº 12.561/12, não traz qualquer exigência de averbação de reserva legal em cartório de registro de imóveis, razão pela qual o procedimento está dentre aqueles a serem revisados à égide da retroatividade da lei mais benéfica, conforme disposto no art. 106 do CTN. · que no caso concreto a área de reserva legal já foi devidamente demarcada, preservada e averbada. · que as leis vigentes à época determinavam que o órgão estadual competente deveria definir o local exato de sua localização e emitir um Termo de Preservação Florestal, sem o qual era impossível ao recorrente cumprir a obrigação no registro de imóveis. · que mesmo tendo sido a área de utilização limitada objeto de ADA; mesmo tendo sido a área objeto de fiscalização do IBAMA que certificou a sua preservação antes mesmo do fato gerador (01/01/2001); ainda assim o recurso se mostra “arrecadatório”, ignorando importantes legais a serem observados pelos agentes públicos, constantes dos incisos II, VI e XIII, do parágrafo único do artigo 2º da Lai nº 9.784/2002, a saber: Fl. 441DF CARF MF 6 · que a antiga Lei nº 4.771/65 diz ser a área de reserva legal aquela definida no inciso III, do §2º de seu artigo 1º, in verbis, onde não se vê qualquer conceituação de “áreas de florestas a serem averbadas em cartório de registro de imóveis”: · que o artigo 17O, parágrafo 5º, diz que uma vez realizada vistoria pelo Ibama, e caso estes dados não coincidam com os efetivamente lançados, deve o IBAMA certificar a Secretaria da Receita Federal para as providências cabíveis, como de fato o fez, só que a SRF não quer acatar os novos dados. · que ainda que por uma fala de senso de legalidade tributária e técnica se entendesse haver previsão de averbação da área de reserva legal em sua conceituação, o voto recorrido extrapola ainda outro importante aspecto legal e jurisprudencial desta corte administrativa no sentido de que a averbação da área de reserva legal só poderia ter ocorrido até a data do fato gerador, ignorando a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas (do art. 7º. §1º do Decreto nº 70.235/72). · que, portanto, se foi averbada a área de reserva legal em fevereiro de 2005, e o fato se deu antes do início do procedimento fiscal, em 03/05/2005, deve assim ser considerada para todos os efeitos de direito tributário, inclusive para comprovar o uso limitado. O CARF possui outras decisões nesse sentido. É o relatório. Fl. 442DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 5 7 Voto Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Relatora Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do Mérito Da análise dos autos, vêse que a discussão trata da necessidade de averbação tempestiva (OU SEJA, ANTES DO FATO GERADOR) no registro de imóvel para fins dedução de área de Reserva Legal, quando da apuração da base de cálculo do ITR do imóvel denominado Fazenda Bento Velho e Outros, com área de 3.112,0 ha (NIRF 0.637.7555), localizado no município de Codisburgo/MG, relativo aos exercícios 2001 e 2002. É sabido que na legislação que abarca a matéria a Reserva Legal tem por requisito formal, ou seja, condição para sua consideração tributária, ou seja, dedução da área para apuração do ITR, a existência dos seguintes procedimentos: (a) apresentação tempestiva de requerimento ao IBAMA de Ato Declaratório Ambiental (ADA), no qual é informada a metragem da área destinada à Reserva Legal que, de acordo com a localização, corresponde a um percentual da área do imóvel; e, (b) a averbação dessa área na matrícula da propriedade rural no Registro de Imóveis antes da ocorrência do fato gerador, em 1º de janeiro do ano calendário. Salientese que o ADA somente passou a ser requisito com o advento da Lei no 10.165, de 27 de dezembro de 2000, e a averbação, com o advento da Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989 Vejamse os seguintes dispositivos extraídos da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: (...) II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: Fl. 443DF CARF MF 8 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão ambiental; e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (...) § 7o A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1o, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. O artigo 17O da Lei nº 6.938/81, com a redação que lhe foi dada pela Lei nº 10.165/2000, passou a prever que: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A. A Taxa de Vistoria a que se refere o caput deste artigo não poderá exceder a dez por cento do valor da redução do imposto proporcionada pelo ADA.(Incluído pela Lei nº 10.165, de 2000) § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) Percebese que a apresentação do ADA pelo contribuinte ao IBAMA ou órgão conveniado – até que haja uma vistoria pelo órgão competente e a ratificação ou retificação das declarações ali contidas – restringese a informações prestadas pelo próprio contribuinte ao órgão ambiental acerca da existência de áreas que possuem algum interesse ecológico. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 6 9 Tenho que o § 1º do art. 17O instituiu a obrigatoriedade apenas para situações em que o benefício de redução do ITR ocorra com base no ADA, ou seja, depende do reconhecimento ou declaração por ato do Poder Público. Quanto aos documentos necessários para comprovação da ARL área de Reserva Legal podemos concluir que a própria Administração Pública entende que o ADA tem efeito meramente declaratório, não sendo o único documento comprobatório da área de reserva legal, podendo ser levando em conta, dentre outros, ∙ Certidão de registro ou cópia da matrícula do imóvel com averbação da Área de Reserva Legal, , que especifique e discrimine a área de interesse ambiental desde que sua declaração seja antecedente a ocorrência do fato gerador. Fica evidente que a finalidade da averbação da reserva legal na matricula do imóvel é a de atribuirlhe publicidade, para que futuros adquirentes saibam identificar onde está localizada, seus limites e confrontações, para que possam cumprir sua função instituidora. Mais ainda, visa a imputar aos proprietários a responsabilidade de preservação de tais áreas, face o interesse público de manutenção. Citese entendimento do Superior Tribunal de Justiça, relatado pelo Ministro João Otávio de Noronha, que corrobora tal assertiva: "Essa legislação, ao determinar a separação de parte das propriedades rurais para constituição da reserva florestal legal, resultou de uma feliz e necessária consciência ecológica que vem tomando corpo na sociedade em razão dos efeitos dos desastres naturais ocorridos ao longo do tempo, resultando na degradação do meio ambiente efetuada sem limites pelo homem. Tais conseqüências nefastas, paulatinamente, leva a conscientização dc que os recursos naturais devem ser utilizados com equilíbrio e preservados em intenção da boa qualidade de vida das gerações vindouras. O que se tem presente é o interesse público prevalecendo sobre o privado, interesse coletivo este que inclusive afeta o proprietário da terra reservada, no sentido de que também será beneficiado com um meio ambiente estável e equilibrado. Assim, a reserva legal compõe parte de terras de domínio privado e constitui verdadeira restrição do direito de propriedade." Estando delimitado na lei a AREA DE RESERVA LEGAL, os limites para sua exploração, e, finalmente, a OBRIGATORIEDADE DE SE AVERBAR MARGEM DA MATRICULA DO IMÓVEL, o legislador, buscando contrabalançar os interesses de toda a sociedade, permitiu que os proprietários de tais áreas, cm contrapartida a tantas obrigações, tivessem algum tipo de beneficio, ou seja, a possibilidade de exclusão, da incidência do ITR, das áreas caracterizadas como de reserva legal (art. 10, II da Lei 9393/96, transcrito acima). Ditas áreas de reserva legal são definidas pelo citado Código Florestal em seu artigo 16, e que, para serem consideradas como tal, não bastam apenas "existir" no mundo fático, mas devem "existir" também no mundo jurídico quando averbadas na matricula do imóvel. O art. 16 da Lei n° 4.771/65 dispõe, dentre outros aspectos, sobre a obrigatoriedade da averbação para que as áreas de reserva legal sejam definitivamente delimitadas e protegidas. Fl. 445DF CARF MF 10 A respeito da questão, não é a mera declaração de existência fática da área de reserva legal que permite atender os requisitos da legislação pátria vigente para excluila quando da apuração do ITR. Para que se possa valer do beneficio, a área deve estar devidamente averbada A margem da matricula do imóvel à época do fato gerador do tributo. Portanto, ainda que se prove a existência material das áreas de reserva legal, como não se atendeu ao fim real da norma (art. 161, assim como suas disposições complementares incidirá o imposto se a averbação não tiver sido providenciada no prazo legal. Assim, no exame do caso concreto, se faz necessário investigar se a área de utilização limitada reserva legal pleiteadas, a despeito da declaração em ADA, foi devidamente averbava no registro, e se tais áreas estão devidamente identificadas e passíveis de serem ratificadas pelos órgãos competentes. Para tanto, trago trechos do acórdão recorrido: Na linha acima, vêse que a autoridade ambiental fiscalizou o ADA (nº 10731310111164), tendo registrado as seguintes conclusões (fl. 209): * verificouse a existência de uma área de preservação permanente de 234,0ha; * verificouse a existência de uma área de reserva legal de 685,28ha; e * uma área de 376,60ha de floresta implantada. Pelo antes exposto, vêse que o ADA intempestivo não pode ser óbice ao reconhecimento das áreas de preservação permanente e de reserva legal, devendose, assim, superar o obstáculo apontado no Parecer da Autoridade que presidiu a diligência. Indo mais além, restou comprovada a averbação cartorária de uma área de reserva legal de 685,28ha, em 10/02/2005 (fls. 256 a 258), em momento anterior ao início da ação fiscal (03/05/2005 – fl. 25), devendo tal área ser restabelecida, conforme as razões já expendidas. Ainda no tocante à área de reserva legal, devese observar que o contribuinte somente declarou uma área de 591,0ha nos dois exercícios fiscalizados, porém a fiscalização ambiental (fl. 209) e a averbação cartorária (fls. 256 a 258) indicam uma área ligeiramente maior (685,28ha), tendo o Laudo Técnico de vistoria do Ibama, de 13 de novembro de 2007, asseverado que não havia observado qualquer vestígio de exploração florestal nos últimos 10 anos, baseado nas características fisionômicas da área, parecendo claro que a área majorada existia nos exercícios fiscalizados (2001 e 2002), devendo ser deferida como assentado pelo Ibama. Assim, aqui se considera que as declarações apresentadas incorreram em erro de fato, este que deve ser sanado a qualquer momento da via administrativa, pois a administração tributária não pode submeter à imposição tributária uma área que se comprove de forma iniludível fora do campo de incidência do tributo. Fl. 446DF CARF MF Processo nº 13603.001137/200557 Acórdão n.º 9202004.611 CSRFT2 Fl. 7 11 Por tudo, aqui não se acata a propositura da Autoridade que presidiu a diligência, no tocante às áreas de reserva legal e preservação permanente, devendo ser restabelecidas a tais títulos as áreas de 234,0ha e 685,28ha, respectivamente. Conforme transcrito à área de reserva legal somente foi averbada em 10//02/2005, ou seja, em período muito posterior ao da ocorrência do fato gerador, razão pela qual entendo que não há como excluir referida área para fins de cálculo do ITR. Neste sentido, é o entendimento do seguinte julgado: Acórdão nº 210101.862, sessão de 12 de março de 2012 (excerto de ementa) ÁREA DE RESERVA LEGAL. NECESSIDADE OBRIGATÓRIA DA AVERBAÇÃO À MARGEM DA MATRÍCULA DO IMÓVEL RURAL NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS. HIGIDEZ. AVERBAÇÃO ATÉ O MOMENTO ANTERIOR AO INÍCIO DA AÇÃO FISCAL. NECESSIDADE. O art. 10, § 1º, II, “a”, da Lei nº 9.393/96 permite a exclusão da área de reserva legal prevista no Código Florestal (Lei nº 4.771/65) da área tributável pelo ITR, obviamente com os condicionantes do próprio Código Florestal, que, em seu art. 16, § 8º, exige que a área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas no Código Florestal. A averbação da área de reserva legal no Cartório de Registro de Imóveis – CRI é uma providência que potencializa a extrafiscalidade do ITR, devendo ser exigida como requisito para fruição da benesse tributária. Afastar a necessidade de averbação da área de reserva legal é uma interpretação que vai de encontro à essência do ITR, que é um imposto essencialmente, diria, fundamentalmente, de feições extrafiscais. De outra banda, a exigência da averbação cartorária da área de reserva legal vai ao encontro do aspecto extrafiscal do ITR, devendo ser privilegiada. Ainda, enquanto o contribuinte estiver espontâneo em face da autoridade fiscalizadora tributária, na forma do art. 7º, § 1º, do Decreto nº 70.235/72 ( O início do procedimento excluía a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas), poderá averbar no CRI a área de reserva legal, podendo fruir da benesse tributária. Porém, iniciado o procedimento fiscal para determinado exercício, a espontaneidade estará quebrada, e a área de reserva legal Fl. 447DF CARF MF 12 deverá sofrer o ônus do ITR, caso não tenha sido averbada antes do início da ação fiscal. Acórdão nº 210201.815, sessão de 8 de fevereiro de 2012 (excerto). Conclusão Face todo o exposto voto por CONHECER DO RECURSO da Fazenda Nacional, para no mérito DARLHE PROVIMENTO, restabelecendo o lançamento sobre a área de reserva legal não averbada oportunamente. É como voto. (assinado digitalmente) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira Fl. 448DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.720496/2014-58
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 24/12/2009 a 31/12/2011
MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS.INCIDÊNCIA DO IOF.
Nos termos da legislação em vigor, incide o IOF nas operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, na modalidade de mútuo de recursos financeiros.
ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE.
A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário.
Numero da decisão: 3201-002.392
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Acompanhou a relatora apenas pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo, que lhe davam provimento parcial.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 24/12/2009 a 31/12/2011 MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS ENTRE EMPRESAS.INCIDÊNCIA DO IOF. Nos termos da legislação em vigor, incide o IOF nas operações de crédito realizadas entre pessoas jurídicas, na modalidade de mútuo de recursos financeiros. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não é competente para examinar alegações de ilegalidade/inconstitucionalidade de leis regularmente editadas, tarefa privativa do Poder Judiciário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Acompanhou a relatora apenas pelas conclusões a Conselheira Tatiana Josefovicz Belisário. Vencidos os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Cássio Schappo, que lhe davam provimento parcial. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 72 04 96 /2 01 4- 58 Fl. 2798DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 2 Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Jose Luiz Feistauer de Oliveira, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário Relatório Referese o presente processo a auto de infração para a cobrança de IOF sobre operações de mútuo.Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: O auto de infração de fls. 2.5842.609, exige da contribuinte já identificada, R$ 438.697,17 a título de IOF, acrescido de multa de ofício à razão de 75% e juros moratórios, totalizando até o mês 02/2014 a importância de R$ 881.623,23. O lançamento abrange fatos geradores ocorridos entre 24/12/2009 e 31/12/2011, relativos a empréstimos concedidos no período aos sócios e empresas ligadas sem a cobrança e o recolhimento do IOF devido, conforme minuciosamente descrito no Termo de Verificação Fiscal de fls. 2.5202.530. Nas folhas seguintes, 2.5312.583 estão todas as planilhas dos ajustes efetuados pela fiscalização bem como o cálculo do IOF devido em cada ano. 2. Cientificado pessoalmente em 14/03/2014, apresentou em 15/04/2014 impugnação ao feito, onde em preliminar requer que a representação fiscal para fins penais não seja encaminhada ao Ministério Público, até que seja proferida decisão final ao presente processo. Na impugnação propriamente dita, fls. 2.6282.651, menciona que a autoridade fiscal sustentou que os valores utilizados para operacionalizar os mútuos teriam origem em empréstimo no importe de R$ 4.500.000,00, obtido perante instituição financeira. 3. Prossegue dizendo que a autoridade lançadora entendeu que parte das receitas auferidas, muito embora regularmente escrituradas, declaradas e tributadas, não lhe pertenceria, mas sim a outras sociedades empresárias interligadas, o que culminou com o rateio das receitas afastadas entre as várias pessoas jurídicas interligadas, fazendo refletir naquelas, receitas rateadas por arbitramento, mediante critério subjetivo, ilógico e ilegal. 4. Relativamente aos tributos pagos sobre as receitas afastadas, bem como em relação ao Imposto de Renda Retido na Fonte sobre as mesmas, a Fazenda limitouse a recomendar que efetuasse pedido de restituição; recusandose a compensar os tributos recolhidos pela reclamante no lançamento que efetuou Fl. 2799DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10935.720496/201458 Acórdão n.º 3201002.392 S3C2T1 Fl. 94 3 nas terceiras empresas. Assim sendo, transferiu e tributou as receitas nas outras empresas mas não adotou o mesmo critério em relação aos tributos que sobre referidas receitas foram pagos pela Impugnante, ou seja, limitouse a transferir as receitas e não transferiu os tributos a elas vinculados. 5. Os três pontos em que se baseia a impugnação são: a) equivocada exação relativa ao IOF em face da tributação de alegados mútuos efetuados a sócios e empresas interligadas, nos anoscalendarios de 2009, 2010 e 2011; h) exclusão de receitas escrituradas, declaradas e já tributadas, e rateio das mesmas entre terceiras sociedades empresárias, relativas aos anoscalendários de 2009, 2010 e 2011; c) não compensação nas terceiras sociedades empresárias interligadas onde foram tributadas as receitas afastadas dos tributos recolhidos por impugnante mediante DARF's e incidentes sobre referidas receitas, bem como não compensação do Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF sobre as mesmas. 6. Abordando especificamente cada um dos itens acima destacados,defende que os valores que circularam entre suas contas e as contas das empresas coligadas não possuem natureza de mútuo, posto que ocorriam por meio de conta corrente, fato que pode ser constatado pela simples análise das contas transcritas nas fichas do Razão. Faz uma amostragem do que alega e sustenta que não apenas efetuou repasses àquelas empresas, bem como delas, recebeu valores e que tais movimentações não caracterizam mútuo, nos termos do disposto no artigo 63, I do CTN. 7. Alega que o mencionado artigo autoriza a cobrança do IOF apenas sobre operações de crédito e que, em recente Acórdão, o CARF concluiu que não incide o tributo nas operações realizadas dentro do mesmo grupo econômico e que o STF mantém, desde 2008, processo para ser julgado sobre o mesmo tema. 8. Desta forma, entende que, por não incidir o IOF em operações de transferência de recursos via conta correntes, entre empresas do mesmo grupo, pede que a exação seja cancelada. 9. Prosseguindo, afirma que parte significativa das transferências aos sócios se referem a antecipação de lucros, e não aos alegados mútuos, embora a contabilidade, reiterando, equivocadamente tenha escriturado como se fossem. Como comprovação ao alegado, explica que na ficha do Livro Razão contábil 1.2.1.01.200.1705 estão escrituradas as transferências em conta corrente e que na de nº 2.1.8.01.100.2451 encontram se os registros dos lucros creditados e pagos. Explica que a amortização das transferências em conta corrente para o sócio (conta 1.2.1.01.200.1705), foram todas efetuadas por intermédio do pagamento de lucros a que o sócio tinha direito a receber (conta 2.1.8.01.100.2451). Fl. 2800DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 4 Portanto, o alegado empréstimo nada mais foi do que antecipação de lucros. 10. E continua sustentando que, nem mesmo antecipação de lucros houve, pois o sócio tinha na data do alegado empréstimo, lucros creditados disponíveis em valor significativamente superior (conta 2.1.8.01.100.2451 supra), portanto não precisava de adiantamento; bastava pagar os lucros creditados. Observese. ainda, na conta 1.2.1.01.200.1705 acima, que os ditos empréstimos foram contabilizados como efetuados e quitados no mesmo dia, como se o sócio tivesse recebido o recurso pela manhã e pago à tarde. Evidente, portanto, tratarse de equívoco contábil, uma vez que deveria ter sido contabilizado o pagamento de lucros direto ao sócio, não havendo necessidade de passar a operação por conta corrente, ou melhor, por conta contábil de empréstimo. 11. Todos os valores constantes da conta 1.2.1.01.200.1705, embora como acima demonstrado não se refiram a empréstimos, reiterando, integraram a base de cálculo do IOF, conforme se comprova pelas fls. 12 do Anexo 09. 12. E conclui que por economia processual restringiuse à demonstrar, por amostragem, os eventos acima, os quais entende serem suficientes para materializar a inconsistência do lançamento efetuado. 13. Na seqüência, afirma que vários equívocos contábeis teriam induzido o Fisco a erro e relaciona os seguintes eventos: a) consta às fl. 128, do Livro Razão n° 7, que concedeu empréstimo à sua interligada "W. I. Provedores de Telecomunicações Ltda", em 20/09/2011, no valor de R$ 37.000,00. É evidente a falha contábil no registro efetuado, pois no dia 06/09/2011, ou seja, quatorze (14) dias antes de efetivar o alegado empréstimo, já teria recebido sua devolução. Na verdade, segundo os dados indicam, a Impugnante é quem recebeu, no dia 06/09/2011, valores em conta corrente da W. I. e posteriormente, no dia 20/09/2011, devolveu a quantia recebida. Não se trata, portanto de empréstimo da Autosistem para W.I., mas sim de pagamento de valores anteriormente recebidos em conta corrente da W.I. Nesses casos, evidentemente, não ocorre o fato gerador do IOF Apresenta a ficha do razão correspondente (conta contábil 1.2.1.01.100.1643): a.l) Entretanto, tal operação foi objeto de lançamento do imposto, conforme consta do Anexo 9, fls. 4 — Demonstrativo de Cálculos do IOF, tendo sido lançado o valor de R$ 140,60. b) Consta às fls. 134, do Livro Razão n° 7, empréstimo para a sócia Angela Maria Meimberg, em 16/02/2011, no valor de R$120.000,00. No mesmo dia o tal "empréstimo" foi estornado, demonstrando o equívoco no lançamento. Não há contrato nem menção a documento bancário respaldando a operação. Mesmo assim referido empréstimo foi incluído na base de cálculo do IOF e resultou no lançamento de imposto no valor dc R$ 456,00, conforme consta da pag. 13 do Anexo 09. Fl. 2801DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10935.720496/201458 Acórdão n.º 3201002.392 S3C2T1 Fl. 95 5 14. Ao final, lança argumento genérico de que como várias são as deficiências que comprometem a exação posta, ela não merece prosperar. 15. Acusa o Fisco de exigir tributo em relação a fato gerador não vencido ao contatar que contratos com vencimento previsto para 31/12/2011, que não foram quitados até aquela data, estariam sujeitos à alíquota máxima do tributo e teriam tido o prazo de vencimento reajustado para 31/12/2012. Alega que foi exigido imposto sobre fatos geradores que somente ocorreriam em 2012, descabendo se falar em exigência de multa e juros, posto que os mesmos ainda não poderiam ser considerados vencidos. Pra sustentar sua teoria, apegase à redação do artigo 7º, § 2º do Decreto 6.306, de 2007 – RIOF. Pede o afastamento do excesso que está sendo exigido. 16. Contesta o afastamento de receitas por ela reconhecidas, as quais foram redistribuídas, por rateio arbitrado a terceiras empresas (coligadas). Alega que foi constituída com o fim específico de centralizar atividades relativas à prestação de serviços comuns à empresas interligadas, tais como criação e manutenção de softwares, agenciamento de empréstimos e financiamentos a clientes, agenciamento de seguros, etc..Sua vocação é transformarse em holding. 17. Discorda do fato de a autoridade fiscal ter expurgado parte de suas receitas e têlas tributado nas empresas interligadas, mesmo reconhecendo a efetiva existência de fato e de direito desta sociedade empresária, posto que existe de fato e de direito e prestou os serviços relativos às receitas objeto do litígio. 18. Justifica que diante de um grupo de empresas interligadas, manter uma estrutura individual para elaborar e manter softwares corporativos, bem como intermediar junto às instituições financeiras a viabilização de financiamento para venda de veículos a seus clientes, ofende a mais elementar regra de economia e organização corporativa empresarial. 19. Discorda do afastamento de suas receitas e sustenta que “no campo da representação junto às entidades financeiras com o objetivo de viabilizar o financiamento de veículos aos clientes de todas as interligadas, agilizou e aperfeiçoou os procedimentos elaborando ou pesquisando e contratando sistemas de terceiros a ponto de. atualmente, possuir software que permite identificar qual das financeiras contratantes oferece a melhor taxa de juros ao cliente no dia em que o financiamento está sento pleiteado.” 20. Assim, entende ser equivocada a postura da Fazenda ao expurgar as receitas auferidas pela impugnante a tributálas em terceiras empresas. Desenvolve todo um arrazoado acerca da livre iniciativa e livre formatação do negócio para destacar que nenhum grupo empresarial de seu porte adequa seus negócios às conveniências tributárias. Ao contrário, ajustaos segundo a necessidade organizacional e à maximização dos resultados operacionais. Transcreve Acórdão do CARF sobre desconsideração da personalidade jurídica para defender que Fl. 2802DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 6 não pode prevalecer o afastamento das receitas, devendo as mesmas ser mantidas na impugnante, onde já foram declaradas e tributadas. 21. Discorda do rateio das receitas expurgadas e de sua alocação a terceiras empresas, por arbitramento, tendo por base o montante da receita bruta decorrente da venda de veículos novos e usados, auferidas pelas interligadas, porque tal forma de rateio não tem conexão precisa com as comissões ou taxas de retorno pagas pelas instituições financeiras, além de deixar de tomar em conta que, nem todos os veículos vendidos são financiados e, nem sempre o valor total do veículo é financiado. Entende que tendo tido acesso a toda a documentação fiscal e contábil da ora reclamante, a autoridade fiscal conhece ou deveria conhecer, as receitas correspondentes a cada uma das interligadas. 22. Sustenta que inexiste comando legal que autorize o arbitramento, na forma como foi realizado, o que o converte em arbitrariedade. Transcreve doutrina e pede o afastamento já que, dispondo de todas as informações sobre o mecanismo das operações realizadas, a autoridade fiscal deveria ter efetuado o rateio adequado das receitas, mas preferiu arbitrálas. Transcreve vasta jurisprudência e pede a nulidade do feito, posto que sequer foi compensado os impostos que foram pagos na impugnante sobre estas mesmas receitas. 23. Prossegue defendendo que as financeiras efetuaram o pagamento das comissões para si porque foi quem prestou os serviços. Basta observar que todos os bancos e financeiras confirmaram formalmente que a impugnante é quem efetivamente prestou os serviços. E salienta que bancos e financeiras jamais efetuariam o pagamento das comissões à impugnante caso não fosse ela quem efetivamente prestasse os serviços. Portanto, não agiu corretamente a Fazenda aos expurgar as receitas auferidas pela Autosistem e tributalas nas empresas interligadas, devendo o equívoco ser sanado mediante o cancelamento da exação. 24. Alerta para o fato de que as sociedades interligadas não possuírem os mesmos sócios da Autosistem e destaca que o percentual de participação também difere. Tudo isso para justificar que os sócios das empresas interligadas jamais permitiriam que suas receitas migrassem para a ora impugnante, razão pela qual não podem as receitas ser afastadas e tributadas nas interligadas. 25. Como último argumento, alega que a Fazenda afastou as receitas auferidas pela Autosistem e tributouas nas interligadas, porém não compensou no lançamento o IRRF incidente sobre elas, retidos pelos bancos e pelas financeiras. 26. Ao final, pede: a) o cancelamento integral do lançamento de ofício materializado por intermédio do auto de infração e seus anexos, onde foi exigido o pagamento do Imposto Sobre Operações de Crédito, Câmbio, Seguros ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários IOF e acréscimos legais; Fl. 2803DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10935.720496/201458 Acórdão n.º 3201002.392 S3C2T1 Fl. 96 7 b) se assim não entenderem os Ilustres Julgadores, pede então que sejam afastados da base de cálculo do IOF os valores relativos aos lucros distribuídos, uma vez que as importâncias transferidas aos sócios até o limite desses valores não são empréstimos, mas sim adiantamento ou antecipação de lucros; c) no mesmo sentido, pede também que sejam afastados os valores exacionados no ano de 2011 a título de fatos gerados PRESUMIDOS ocorridos no ano de 2012; d) no mesmo diapasão pede que sejam também afastadas da base de cálculo as exações decorrentes de equívocos contábeis; e) a manutenção na Impugnante das receitas ilegalmente dela afastadas e tributadas nas pessoas jurídicas interligadas; f) caso os Ilustres Julgadores neguem provimento ao pedido acima, pede então que sejam compensados nos lançamentos efetuados nas sociedades empresárias interligadas onde foram tributadas as receitas afastadas os tributos recolhidos pela Impugnante mediante DARF’s c incidentes sobre referidas receitas, bem como compensado o Imposto dc Renda Retido na Fonte IRRF retido sobre as mesmas; g) enfim, reitera todos os pedidos efetuados no corpo da presente impugnação. A Delegacia de Julgamento julgou procedente em parte a impugnação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 24/12/2009 a 31/12/2011 CONTRATOS DE CONTACORRENTE. INCIDÊNCIA DO IOF. Incide o IOF sobre operações de crédito rotativo, caracterizadas por contínuas disponibilizações de valores e amortizações. OPERAÇÕES DE MÚTUO EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS IOF INCIDÊNCIA Incide o IOF sobre operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros efetuados entre pessoas jurídicas nãofinanceiras, sejam elas pertencentes ao mesmo grupo econômico ou não. Constatada a existência das operações e a falta de recolhimento do tributo correspondente, correta a formalização da exigência de ofício. CONTRATOS DE MÚTUO QUE À DATA DO VENCIMENTO AINDA NÃO FORAM QUITADOS. CONTRATOS POR PRAZO INDETERMINADO. Fl. 2804DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 8 Os contratos de mútuo que à data estipulada como vencimento, ainda não tiverem sido quitados, serão, a partir de então reclassificados para empréstimo com prazo indeterminado, sofrendo a tributação durante todo o período alcançado pela ação fiscal. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS. COMPETÊNCIA. As Delegacias da Receita Federal de Julgamento não têm competência regimental para determinar o arquivamento ou sobrestamento de processos de Representação Fiscal para Fins Penais. JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA. ALCANCE. EFEITOS. As decisões administrativas proferidas por órgão colegiado, sem lei que lhes atribua eficácia, não constituem normas complementares do Direito Tributário e nem vinculam os órgãos julgadores de primeira instância. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Na decisão ora recorrida entendeuse, em síntese, que, de acordo com o estabelecido na CF e no CTN para a incidência do IOF importa a ocorrência da operação de crédito, ou seja, a entrega ou a disponibilização da quantia por pessoa jurídica. Não há qualquer condição quanto à natureza jurídica do ente que concedeu o empréstimo. Nesse sentido nos limites da autorização constitucional e do fixado no CTN, a Lei nº 9.779, de 1999, em seu art. 13, estabeleceu, de forma expressa, que os mútuos de recursos financeiros realizados entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. Ademais, afirmouse que enquanto não registrada a distribuição dos lucros, os repasses efetuados aos sócios caracterizamse como mútuos e sofrem a incidência do IOF, observando que , na autuação, o cálculo do tributo ficou restrito ao período anterior à distribuição dos lucros. No recurso voluntário, a Recorrente reiterou os argumentos de impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora O presente recurso preenche as condições de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Fl. 2805DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10935.720496/201458 Acórdão n.º 3201002.392 S3C2T1 Fl. 97 9 O cerne de controvérsia versa sobre a incidência de IOF sobre o contrato de mútuo realizado entre pessoas jurídicas e entre estas e pessoas físicas, pertencentes ao mesmo grupo econômico. Desde já logo, vale observar que as discussões concernentes ao imposto sobre a renda , das empresas do grupo, não podem ser apreciadas por esse Turma Julgadora, uma vez que afeta à competência da Primeira Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Primeiramente, analisase a questão da possibilidade da incidência do IOF sobre operações de mútuo entre empresas do mesmo grupo. Alega a Recorrente, em sua defesa, que os valores que circularam entre suas contas e as contas das empresas coligadas não possuem natureza de mútuo, posto que ocorriam por meio de conta corrente, fato que pode ser constatado pela simples análise das contas transcritas nas fichas do Razão. Se o negócio jurídico que deu origem à circulação dos numerários na conta corrente da Recorrente foi outro, que não a operação de empréstimo ou mútuo, haveria que se analisar detidamente, se estaria ou não no campo de incidência do IOF. Assim, por exemplo, no caso do acórdão citado pela recorrente , a circulação do numerário tinha como fundamento o contrato de gestão de recursos do grupo.cursos da holding para o restante Ocorre que no caso vertente, a própria Recorrente afirma, em diversas passagens que o numerário teria circulado para a cobertura de despesas emergenciais, o que, por si só, não afastaria a natureza de mútuo da operação. Por outro lado, contrariando as suas próprias alegações, foram acostados aos autos cópias de diversos contratos de mútuo celebrados nos períodos de apuração em referência, e os respectivos registros contábeis: Por outro lado, o fato de as empresas ou mesmo os sócios pessoas físicas pertencerem ao mesmo grupo econômico, em nada altera esse quadro, posto que o ordenamento jurídico brasileiro trabalha com as ficções jurídicas das pessoas jurídicas e físicas, que não se confundem com as pessoas naturais, como entes autônomos e sujeitos de direitos e obrigações. Fl. 2806DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 10 Nesse contexto, o dispositivo normativo que disciplina o tema é o art.13 e parágrafos da Lei n. 9779/99 que assim prescreve: Art. 13. As operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ou entre pessoa jurídica e pessoa física sujeitamse à incidência do IOF segundo as mesmas normas aplicáveis às operações de financiamento e empréstimos praticadas pelas instituições financeiras. § 1o Considerase ocorrido o fato gerador do IOF, na hipótese deste artigo, na data da concessão do crédito. § 2o Responsável pela cobrança e recolhimento do IOF de que trata este artigo é a pessoa jurídica que conceder o crédito. § 3o O imposto cobrado na hipótese deste artigo deverá ser recolhido até o terceiro dia útil da semana subseqüente à da ocorrência do fato gerador A disposição está em conformidade com o Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 1966), estabeleceu que: Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador: I –quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado; Por conseguinte, nesse caso o afastamento do o art.13 e parágrafos da Lei n. 9779/99, esbarraria na Súmula CARF nº 2, segundo a qual o “CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Tanto a assertiva é verdadeira, que a incidência de IOF em contratos de mútuo em que não participam instituições financeiras é um dos temas discutidos pelo e. Supremo Tribunal Federal, onde tramita na sistemática da Repercussão Geral(RE 590186). Com relação às demais alegações relativas aos empréstimos para sócios, de que os valores transitados tinham natureza de antecipação de lucros, não de mútuo, contabilizados equivocadamente, consta dos autos e da decisão recorrida, inferese das planilhas que instruem o cálculo, fls. 2.5492.583, que “os empréstimos concedidos até o limite dos lucros distribuídos no trimestre tiveram seus vencimentos ajustados para a data da distribuição desses lucros e, para os demais empréstimos, foi atribuída a data de vencimento 31/12/2012, para efeito de cálculo do tributo”, tomandose por base a própria escrituração da interessada. Fl. 2807DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 10935.720496/201458 Acórdão n.º 3201002.392 S3C2T1 Fl. 98 11 Enquanto não registrada a distribuição dos lucros, os repasses efetuados aos sócios foram considerados como mútuo e o cálculo do tributo ficou restrito ao período anterior à distribuição dos lucros, como no caso dos lucros distribuídos No recurso voluntário apresentado, apenas há a reiteração da argumentação de impugnação, sem que se contestasse a explanação dos cálculos feitas na decisão recorrida, devendo ser notado que estas se basearam na escrituração contábil da própria Recorrente, que faz prova tanto a seu favor, como contra, ou seja, se alegase que nela constam erros, deveriam ter sido devidamente comprovados. Isto posto, voto por julgar improcedente o recurso voluntário. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 2808DF CARF MF Impresso em 17/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 14/10/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 16/10/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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Numero do processo: 10283.005687/2007-89
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Sep 29 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Nov 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 28/02/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não restam demonstrados o prequestionamento das matérias recorridas.
MULTA. RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO
Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, deve-se cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Estabelece-se como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%.
Numero da decisão: 9202-004.487
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente o Recurso Especial do Contribuinte, apenas quanto à retroatividade benigna da multa de mora, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que o conheceram integralmente e, no mérito, por unanimidade de votos, em dar-lhe provimento parcial, para limitar ao percentual de 75% o somatório das multas por descumprimento da obrigação principal e por descumprimento da obrigação acessória. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Patrícia da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 28/02/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não restam demonstrados o prequestionamento das matérias recorridas. MULTA. RETROATIVIDADE BENÉFICA. APLICAÇÃO Quando da aplicação, simultânea, em procedimento de ofício, da multa prevista no revogado art. 32, § 5º, da Lei no. 8.212, de 1991, que se refere à apresentação de declaração inexata em GFIP, e também da sanção pecuniária pelo não pagamento do tributo devido, prevista no art. 35, II da mesma Lei, devese cotejar, para fins de aplicação do instituto da retroatividade benéfica, a soma das duas sanções aplicadas quando do lançamento, em relação à penalidade pecuniária do art. 44, inciso I, da Lei 9.430, de 1996, que se destina a punir ambas as infrações já referidas, e que se tornou aplicável no contexto da arrecadação das contribuições previdenciárias desde a edição da Medida Provisória no. 449, de 2008. Estabelecese como limitador para a soma das multas aplicadas através de procedimento de ofício o percentual de 75%. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 56 87 /2 00 7- 89 Fl. 1970DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.971 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente o Recurso Especial do Contribuinte, apenas quanto à retroatividade benigna da multa de mora, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que o conheceram integralmente e, no mérito, por unanimidade de votos, em darlhe provimento parcial, para limitar ao percentual de 75% o somatório das multas por descumprimento da obrigação principal e por descumprimento da obrigação acessória. Solicitou apresentar declaração de voto a conselheira Patrícia da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2302003.014, prolatado pela 2a Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 07 de outubro de 2014 (efls. 1826 a 1836). Ali, por unanimidade de votos, negouse provimento ao Recurso de Ofício e deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração:01/01/1997 a 28/02/2007 Ementa: DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal,através da Súmula Vinculante no 08,declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212,de 24/07/91. Tratandose de tributo sujeito ao lançamento por homologação, que é o caso das contribuições previdenciárias, devem ser observadas as regras do Código Tributário Nacional CTN. Assim, comprovado nos autos o pagamento parcial, aplicase o artigo 150, §4°; caso contrário, aplicase o disposto no artigo 173,I. SÚMULA 99 CARF Fl. 1971DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.972 3 Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Recurso de Ofício Negado Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: por unanimidade de votos, negar provimento ao Recurso de Ofício, que retificou o crédito lançado, de acordo com as alegações do contribuinte que se mostraram procedentes e conforme o Discriminativo Analítico do Débito Retificado e pelo provimento parcial do Recurso Voluntário para excluir do lançamento as competências até 06/2002, pela homologação tácita do crédito, na forma como exposto pelo artigo 150§4º, do Código Tributário Nacional. Cientificada a Fazenda Nacional sem interposição de recurso (efl. 1839), encaminharamse os autos à contribuinte para fins de ciência da decisão, ocorrida em 17/12/2014 (efl. 1846). Insurgindose contra o Acórdão, a autuada apresentou, inicialmente, em 22/12/2014, embargos de declaração de efls. 1848 a 1852, rejeitados consoante despacho de efls. 1865 a 1869. Cientificada da rejeição dos embargos em 24/03/15 (efl. 1874), a contribuinte apresenta Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 1876 a 1886 e anexos). Alegase, no pleito, divergência passível de apreciação por esta Turma em duas diferentes matérias, a saber: a) Nulidade do lançamento pelo fato dos créditos objeto de lançamento estarem previamente declarados em GFIP Alega a recorrente divergência em relação ao decidido, em 19/03/2014, no Acórdão 2403002.525, de lavra da 3a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste CARF e também em relação ao decidido pela 1a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, através do Acórdão CSRF 9.30302.215, prolatado em 13 de março de 2013, de ementas e decisões a seguir transcritas: Acórdão 2403002.525 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2006 Fl. 1972DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.973 4 GFIP. CONFISSÃO DE DÍVIDA. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. NULIDADE DA LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE DO LANÇAMENTO. É incabível a realização de lançamento de ofício, formalizado em auto de infração, para constituição e cobrança de crédito tributário relativo a valores que estavam declarados anteriormente em GFIP, por se tratar de instrumento de confissão de dívida, cabendo apenas à administração tributária sua cobrança, podendo proceder, inclusive, sua imediata inscrição em dívida ativa e respectiva cobrança. AFERIÇÃO INDIRETA. BASE DE CÁLCULO ATRAVÉS DA RAIS. FUNDAMENTAÇÃO FÁTICA PARA APLICAÇÃO DA MEDIDA EXTREMA. INOCORRÊNCIA. A RAIS não é instrumento próprio para apuração da base de cálculo de contribuição previdenciária, cabendo sua utilização apenas nas hipóteses de aferição indireta.O método de apuração indireta da base de cálculo só estará autorizada nos termos do art. 33, § 3º, da Lei nº 8.212/91, quando claramente expostas as razões fáticas e jurídicas que autorizam o seu ensejo.Não pode a fiscalização simplesmente realizar o cruzamento das informações constantes nos documentos citados e simplesmente adotar aquele de maior valor, no caso, a RAIS, uma vez que as declarações nele prestadas não se tratam de confissão de dívida. NULIDADE. VÍCIO MATERIAL. O vício material ocorre quando o auto de infração não preenche aos requisitos constantes do art. 142 do Código Tributário Nacional, havendo equívoco na construção do lançamento quanto à verificação das condições legais para a exigência do tributo ou contribuição do crédito tributário, enquanto que o vício formal ocorre quando o lançamento contiver omissão ou inobservância de formalidades essenciais, de normas que regem o procedimento da lavratura da auto, ou seja, da maneira de sua realização.Recurso Voluntário Provido. Decisão: por maioria de votos, dar provimento ao recurso como reconhecimento do vício material. Vencidos os conselheiros Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro e Carlos Alberto Mees Stringari. Acórdão CSRF 9303002.215 Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/04/1998 a 31/03/1999, 01/11/1999 a 30/06/2000 COMPENSAÇÃO. DCTF. CONFISSÃO DE DÍVIDA. IMPROCEDÊNCIA DO LANÇAMENTO DE OFÍCIO E, POR CONSEQUÊNCIA, DA MULTA DE OFÍCIO. Fl. 1973DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.974 5 Após a edição da Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 2003, o lançamento de ofício que versasse sobre débito de tributo informado em DCTF passou a restringirse à multa isolada, aplicável nas hipóteses relacionadas no caput do art. 18 daquele diploma legal. Sendo assim, tornouse incabível a realização de lançamento de ofício, formalizado em auto de infração, para constituição e cobrança de crédito tributário relativo a valores que estavam declarados anteriormente em DCTF e, da mesma forma, para exigência de multa de ofício. Recurso Especial do Procurador Negado Decisão: por unanimidade de votos, conhecer em parte do recurso especial e, na parte conhecida, negarlhe provimento. Os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Júlio César Alves Ramos, Rodrigo da Costa Pôssas, Marcos Aurélio Pereira Valadão e Valmar Fonseca de Menezes votaram pelas conclusões Em linhas gerais, argumenta a contribuinte em sua demanda quanto a esta primeira matéria que: a.1) É defeso à autoridade fiscal promover o lançamento de contribuições declaradas em GFIP, que é instrumento de confissão de dívida (citando a propósito a Súmula STJ 436 e a Solução De Consulta Interna RFB no. 03, de 05/02/2013), sob pena de ocorrência de bis in idem. sendo que o art. 242, §1o. do Decreto no. 3.048, de 06 de maio de 1999, já estabelecia a dispensa de processo administrativo de natureza contenciosa para cobrança de tais contribuições; a.2) Cita, ainda, Acórdão desta CSRF (no. 0201.967) e a eficiência dos sistemas de cobrança desta Receita Federal do Brasil, para pugnar pela ocorrência, in casu, de bis in idem tributário e pela nulidade/improcedência material do lançamento fiscal. b) Quanto à retroatividade benigna da multa de mora Alega a recorrente divergência em relação ao decidido, em 26/01/2013, no Acórdão 2301003.265, de lavra da 1a. Turma Ordinária da 3a. Câmara da 2a. Seção deste CARF e, ainda, em relação ao decidido pela 3a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste Conselho, em 02 de março de 2014, através do Acórdão 2403002.838, de ementas e decisões a seguir transcritas: Acórdão 2301003.265 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2001 a 30/04/2004 AGROINDÚSTRIA. BIS IN IDEM. NÃO OCORRÊNCIA. TERCEIROS A partir de outubro de 2001 as agroindústrias passaram a contribuir com base na comercialização da produção, em substituição à folha de salários e demais rendimentos, incluindo o SAT.Não ocorre o bis in idem, pois o lançamento da parte da Fl. 1974DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.975 6 empresa e ao SAT, restringiuse às competências de 02/2001 a 09/2001, excetuandose as competências de 05/2001 e 08/2001, antes de vigorar, portanto, o artigo 1º da Lei nº 10.256/01.As contribuições devidas aos Terceiros, não foram objeto da substituição e continuam, de acordo com suas respectivas legislações, a incidirem sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho. MULTA. RETROATIVIDADE. Em princípio houve beneficiamento da situação do contribuinte, motivo pelo qual incide na espécie a retroatividade prevista na alínea “c”, do inciso II, do artigo 106, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional, devendo a multa ser calculada nos termos do artigo 35 caput da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009. Decisão: I) Por maioria de votos: a) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do Relator. Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; II) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do Relator. Acórdão 2403002.838 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2008 MULTA. RECÁLCULO. MP 449/08. LEI 11.941/09. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. RETROATIVIDADE BENIGNA. Antes do advento da Lei 11.941/09, não se punia a falta de espontaneidade, mas tão somente o atraso no pagamento a mora. No que diz respeito à multa de mora aplicada até 12/2008, com base no artigo 35 da Lei nº 8.212/91, tendo em vista que o artigo 106 do CTN determina a aplicação do princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei nº 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%, em comparativo com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91, para determinação e prevalência da multa mais benéfica, no momento do pagamento. CONSTITUCIONALIDADE. A autoridade administrativa não possui competência para apreciar a legalidade ou inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, devendo obedecer, inclusive, à Súmula nº 2 deste conselho. JUROS SELIC. LEGALIDADE É lícita, segundo a Súmula nº 4 do RICARF, a utilização da taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia Fl. 1975DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.976 7 (SELIC) para o cálculo dos juros incidentes sobre as contribuições sociais e outras importâncias arrecadadas pelo Fisco Federal. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para determinar o recálculo da multa de mora, de acordo com o disposto no art. 35, caput, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ( art. 61, da Lei nº 9.430/96), prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Maurício Pinheiro Monteiro na questão da multa.. Quanto à matéria, defende o contribuinte que seria aplicável aos lançamentos de ofício das contribuições sociais previdenciárias cujo fato gerador seja anterior à MP no. 449, de 2008, a multa de mora máxima de 20%, estabelecida pelo art. 61, da Lei no. 9.430, de 1996., por força da necessária aplicação do princípio da retroatividade benéfica, estabelecido pelo art. 106, II, "c" da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN). Requer, assim, que seja conhecido o recurso e lhe seja dado provimento recurso, a fim de : a) reconhecer a nulidade e ou improcedência do lançamento fiscal, por se tratar de crédito tributário previamente confessado em GFIP; b) Subsidiariamente, seja determinada a aplicação do art. 35 da Lei no. 8.212, de 24 de julho de 1991 c/c art. 61 da Lei no. 9.430, de 1996, de forma a que a multa de mora seja reduzida ao patamar máximo de 20%. O recurso foi admitido pelo despacho de efls. 1946 a 1954. Encaminhados os autos à Fazenda Nacional para fins de ciência, esta apresenta contrarrazões de efls. 1957 a 1967, onde: a) Preliminarmente, entende como não caracterizada a divergência jurisprudencial, uma vez que: a.1) quanto à “nulidade do lançamento fiscal, quando os valores já estão confessados em GFIP” – tese discutida no acórdão apresentado como paradigma da divergência jurisprudencial – observase que a recorrente não alegou tal nulidade em sede de impugnação e nem mesmo em sede de recurso voluntário. Desta forma, tal questão não foi apreciada pela turma a quo. Ainda, entende se estar diante de decisões fundamentadas em normas diferentes; a.2) Quanto à matéria da multa de mora aplicável ao feito, o recorrido não se pronunciou sobre a matéria por não ter sido objeto da peça recursal. b) Quanto à procedência dos valores declarados em GFIP, reproduz o entendimento adotado no âmbito do Acórdão CARF 2401003.573; c) Quanto à multa de mora, entende a Fazenda Nacional que haveria de se aplicar, à situação fática, o art. 35A da Lei no. 8.212, de 24 de julho de 1991, quando da Fl. 1976DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.977 8 comparação da penalidade mais benéfica ao contribuinte, devendo ser efetuado o seguinte cálculo: Somar as multas aplicadas na sistemática antiga (art. 35, II e art. 32, IV, da norma revogada) e comparar o resultado desta operação com a multa prevista no art. 35A da mesma Lei no. 8.212, de 1991, introduzido pela Medida Provisória no. 449, de 2008, e que remete ao art. 44, inciso I da Lei no. 9.430, de 27 de dezembro de 1996 (percentual de 75%). Ressalta que o art. 4o. da Instrução Normativa RFB no. 1027, de 2010, inclusive, referenda esta sistemática. Entende restringirse o art. 32A do diploma, citado pelo recorrente, ao lançamento de multa isolada quando houver unicamente o descumprimento da obrigação acessória prevista no inciso IV do caput do art. 32 da mesma Lei no. 8.212, de 1991. Entende que, sempre que houver lançamento das contribuições previdenciárias vinculado ao descumprimento das obrigações principal e acessória, há que se utilizar, agora, para fins de aplicação da retroatividade benéfica, o teor do art. 35A daquele diploma, consoante o cálculo acima mencionado. Ressalta, ainda, entender que o art. 44, I da Lei no. 9.430, de 1996, referenciado pelo mencionado art. 35A, abarca tanto a conduta de descumprimento da obrigação principal como da acessória. Já o art. 35 do mesmo diploma, em sua nova redação, só será cabível nos casos em que há o efetivo recolhimento da contribuição sem o lançamento de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende a estes requisitos de admissibilidade. Todavia, quanto ao requisito de prequestionamento das matérias objeto de recurso, expresso no art. 67, §5o. do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015, com a devida vênia ao despacho de admissibilidade de efls. 1946 a 1954, creio que o referido deva sofrer nova análise. Explico. Entendo, em linha com a Súmula STJ no. 211, baseada na legislação processual vigente à época da interposição do Recurso (CPC/1973), restar o referido requisito cumprido somente quando a questão jurídica (ou, mais propriamente, a categoria jurídica) que se elege como matéria recorrida tenha sido objeto de análise pela decisão recorrida, seja quando da decisão originalmente prolatada, seja, ainda, quando da posterior decisão integrativa proferida em sede de embargos declaratórios admitidos e acolhidos, o que, ressalvadas as hipóteses de matérias de ordem pública levantadas pela autoridade julgadora de 1a. instância e pelo Colegiado a quo, remete às alegações trazidas pelo contribuinte aos autos (vedada, em outras hipóteses, a manifestação, pelos julgadores, acerca de matéria não arguída). A propósito: REsp 1.390.617/SC RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. CRIMES DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE, Fl. 1977DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.978 9 FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO DE VULNERÁVEL, AMEAÇA, COAÇÃO NO CURSO DO PROCESSO E CONTRAVENÇÃO PENAL DE FORNECER BEBIDAS ALCOÓLICAS A MENOR DE IDADE. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PARA FINS DE PREQUESTIONAMENTO. SUPOSTA VIOLAÇÃO AO ART. 619 DO CPP. INEXISTÊNCIA. PROVAS OBTIDAS NA FASE INQUISITORIAL, LACRADAS E EXCLUÍDAS EM DECISÃO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA RCL 12.484/DF. INSUBSISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA A DENÚNCIA E SUBSEQUENTE CONDENAÇÃO DELA DECORRENTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL RECONHECIDO. RECURSO PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESSA EXTENSÃO, PROVIDO, PREJUDICADAS AS DEMAIS QUESTÕES. 1. Entendese como prequestionada a matéria que foi objeto de análise e decisão do acórdão recorrido, sendo despicienda a referência expressa a dispositivo de lei federal (prequestionamento explícito), bastando que a questão jurídica tenha sido efetivamente decidida na instância a quo (prequestionamento implícito). (...) REsp 1283930/SC PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO RECORRIDA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICOPROBATÓRIO DOS AUTOS. INADMISSIBILIDADE. SÚMULA N. 7 DO STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. A simples indicação do dispositivo legal tido por violado, sem que o tema tenha sido enfrentado pelo acórdão recorrido, mesmo após a oposição de embargos declaratórios, obsta o conhecimento do recurso especial, por falta de prequestionamento. Incidência da Súmula n. 211/STJ. (grifei) 2. O conhecimento do recurso especial, interposto com fundamento na alínea "c" do permissivo constitucional, exige a indicação do dispositivo legal objeto de interpretação divergente e a demonstração do dissídio, mediante a verificação das circunstâncias que assemelhem ou identifiquem os casos confrontados e a realização do cotejo analítico entre elas, nos moldes exigidos pelos arts. 255, §§ 1º e 2º, do RISTJ e 541, parágrafo único, do CPC/1973. 3. O recurso especial não comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos, a teor do que dispõe a Súmula n. 7 do STJ. (...)" Fl. 1978DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.979 10 Súmula STJ 211 Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. Feita tal digressão, passo à análise das matérias objeto de recurso, quanto à obediência do requisito de prequestionamento supramencionado: a) Quanto à nulidade, por se encontrarem os créditos objeto de lançamento já lançados em GFIP: Noto que se baseia o contribuinte, aqui, além da descrição da NFLD em questão, constante à efl. 1828, em excerto da decisão originalmente prolatada (Acórdão 2.302 003.414), de efl. 1834, onde o voto condutor faz uso da declaração em GFIP como razão de decidir, a fim de afastar a alegação do contribuinte quanto à nulidade por falta de discriminação e precisa dos fatos geradores, verbis: "(...) Também não assiste razão à recorrente quando diz que não houve discriminação clara e precisa dos fatos geradores, eis que além do relatório fiscal trazer especificamente que o crédito lançado originouse de diferenças encontradas nas bases constantes das GFIP's e os recolhimentos efetuados, é de se ver que os valores foram declarados pela própria recorrente em GFIP, de forma que se torna inócua a alegação de desconhecimento das bases de cálculo lançadas. (...)" Quanto ao trecho do decisum acima reproduzido, faço notar que, em nenhum momento, o voto se refere à tese de nulidade por ocorrência de bis in idem entre débitos objeto de lançamento e débitos regularmente confessados em GFIP (tese jurídica trazida à baila em sede de embargos), tendo, ainda, notese, sido rejeitados os embargos declaratórios tencionados relativos à matéria, consoante efls. 1848 a 1852 e 1865 a 1869 (não constante a referida matéria nem da impugnação de efls. 424 a 436 e nem do Recurso Voluntário de efls. 900 a 950). Assim, novamente com a devida vênia aos que esposam entendimento diverso, não entendo que a descrição de efl. 1828, mesmo quando combinada com o singelo parágrafo acima reproduzido, permitam elastério hermenêutico tal, de forma a que se reconheça como ventilada na decisão recorrida a questão de nulidade do auto por lançamento de créditos confessados em GFIP (bis in idem), não alegada em nenhum dos pleitos recursais da autuada, ressaltandose, uma vez mais, terem sido rejeitados os embargos de declaração opostos, através de despacho de efls. 1865 a 1869 (inexistindo, assim, decisão integrativa acerca da matéria no feito). Assim, não conheço do recurso quanto a esta matéria por não se tratar de matéria prequestionada. b) Quanto à retroatividade benigna da multa de mora: Fl. 1979DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.980 11 Aqui, optou a recorrente por reproduzir trecho que sequer consta do Acórdão recorrido (Acórdão 2.302.003.414), mas sim, do despacho de negativa de seguimento aos embargos e, notese, meramente a título ilustrativo (vide efls. 1866 a 1868). Quanto ao requisito do prequestionamento, noto agora, a propósito, a completa impossibilidade da questão ter sido ventilada nos autos até a data do Recurso Voluntário, uma vez que a Medida Provisória no. 449, data de 03 de dezembro de2008, enquanto que o recurso do contribuinte datou de 03/10/2008 (efl. 900). Daí, inaplicável à matéria a exigência de prequestionamento, e, assim, conheço do recurso quanto á mencionada retroatividade benigna. Passo, assim, à análise de mérito: Na matéria, sob análise, a Lei no. 8.212, de 1991, cujos dispositivos de interesse aplicáveis à análise do recurso, são abaixo reproduzidos, abrangendose as redações anterior e posterior à edição da Medida Provisória no. 449, de 2008: Lei 8.212, de 1991 (Antes da edição da MP 449/08) Lei 8.212, de 1991 (Após a edição da MP 449/08) Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) § 1º O Poder Executivo poderá estabelecer critérios diferenciados de periodicidade, de formalização ou de dispensa de apresentação do documento a que se refere o inciso IV, para segmentos de empresas ou situações específicas. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 2º As informações constantes do documento de que trata o inciso IV, servirão como base de cálculo das contribuições devidas ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, bem como comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela MP nº 449, de 2008). (...) § 1o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o A declaração de que trata o inciso IV constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §4o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §5o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de Fl. 1980DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.981 12 § 3º O regulamento disporá sobre local, data e forma de entrega do documento previsto no inciso IV. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 6º A apresentação do documento com erro de preenchimento nos dados não relacionados aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa de cinco por cento do valor mínimo previsto no art. 92, por campo com informações inexatas, incompletas ou omissas, limitadas aos valores previstos 2008). §6o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §7o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). §8o (Revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicando se, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do art. 32 no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I de dois por cento ao mêscalendário ou fração, incidente sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3o; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do caput, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a Fl. 1981DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.982 13 no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 7º A multa de que trata o § 4º sofrerá acréscimo de cinco por cento por mês calendário ou fração, a partir do mês seguinte àquele em que o documento deveria ter sido entregue. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 8º O valor mínimo a que se refere o § 4º será o vigente na data da lavratura do auto de infração. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 9º A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV, mesmo quando não ocorrerem fatos geradores de contribuição previdenciária, sob pena da multa prevista no § 4º. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV é condição impeditiva para expedição da prova de inexistência de débito para com o Instituto Nacional do Seguro SocialINSS. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). § 11. Os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa durante dez anos, à disposição da fiscalização. (Parágrafo renumerado pela Lei nº 9.528, de 10.12.97). (...) Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento: a) oito por cento, dentro do mês de data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o Observado o disposto no § 3o, as multas serão reduzidas: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008.: I à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II a setenta e cinco por cento, se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II R$ 500,00 ( quinhentos reais), nos demais casos. (incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas “a”, “b” e “c” do parágrafo único do art. 11, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 1996. (Redação dada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). I – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). II – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 1982DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.983 14 vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) quatorze por cento, no mês seguinte; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) vinte por cento, a partir do segundo mês seguinte ao do vencimento da obrigação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) vinte e quatro por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) trinta por cento, após o décimo quinto dia do recebimento da notificação; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) quarenta por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cinqüenta por cento, após o décimo quinto dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). III para pagamento do crédito inscrito em Dívida Ativa: a) sessenta por cento, quando não tenha sido objeto de parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). b) setenta por cento, se houve parcelamento; (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). c) oitenta por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito não foi objeto de parcelamento; c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). III – (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). a) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). b) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). c) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). d) (revogada pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 1o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 2o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). § 3o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008) § 4o (revogado pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído pela Medida Provisória nº 449, de 2008). Fl. 1983DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.984 15 (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). d) cem por cento, após o ajuizamento da execução fiscal, mesmo que o devedor ainda não tenha sido citado, se o crédito foi objeto de parcelamento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). § 1º Na hipótese de parcelamento ou reparcelamento, incidirá um acréscimo de vinte por cento sobre a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos. § 2º Se houver pagamento antecipado à vista, no todo ou em parte, do saldo devedor, o acréscimo previsto no parágrafo anterior não incidirá sobre a multa correspondente à parte do pagamento que se efetuar. § 3º O valor do pagamento parcial, antecipado, do saldo devedor de parcelamento ou do reparcelamento somente poderá ser utilizado para quitação de parcelas na ordem inversa do vencimento, sem prejuízo da que for devida no mês de competência em curso e sobre a qual incidirá sempre o acréscimo a que se refere o § 1º deste artigo. § 4o Na hipótese de as contribuições terem sido declaradas no documento a que se refere o inciso IV do art. 32, ou quando se tratar de empregador doméstico ou de empresa ou segurado dispensados de apresentar o citado documento, a multa de mora a que se refere o caput e seus incisos será reduzida em cinqüenta por cento. (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Em litígio, aqui, somente o recálculo mais benéfico de multa, buscando o contribuinte que se aplique o disposto no atual art. 35 da referida Lei no. 8.212, de 1991, de forma a limitar o percentual de multa aplicável a 20% (consoante art. 61 da Lei no. 9.430, de 1996). Com a devida vênia ao entendimento esposado pelo recorrente, entendo, a propósito que, em verdade, o referido art. 35 da Lei no. 8.212, de 1991, regrava, anteriormente à sua alteração promovida pela MP no. 449, de 2008, duas multas de natureza diferenciada, a saber: a) em seu inciso I, o dispositivo regulamentava a aplicação de multa de natureza moratória, decorrente do recolhimento espontâneo efetuado pelo contribuinte a destempo, sem Fl. 1984DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.985 16 qualquer procedimento de ofício da autoridade tributária e mantida aqui a espontaneidade do contribuinte; b) em seu inciso II, o referido art. 35 estabelecia a aplicação de multa para o caso de lavratura de Notificação de Lançamento pela autoridade fiscalizadora, neste caso se tratando, aqui, de multa de ofício. Ainda, de se notar a possibilidade de aplicação, já anteriormente à edição da MP no. 449, de outras espécies de multa (também de ofício), quando da constatação, também em sede de ação fiscal, de descumprimento das obrigações acessórias, na forma preconizada pelos §§4o. e 5o. do art. 32 da Lei no. 8.212, de 1991, convertendose, nesta hipótese, a obrigação acessória em principal Cediço em meu entendimento que, o que se passou a ter, agora a partir do advento da MP no. 449, de 2008, foi a existência de um dispositivo único a regrar a aplicação das multas aplicáveis em sede de ação fiscal, abrangendo tanto a constatação, através de procedimento de ofício, de falta de pagamento como a de falta de declaração (ou de declaração a menor) em GFIP de fatos geradores ocorridos/contribuições devidas, a saber, o art. 35A daquela mesma Lei no. 8.212, de 1991, acrescentado pela referida MP. Este também é o entendimento majoritário esposado por esta Câmara Superior, conforme excertos dos seguintes votos constantes dos Acórdãos CSRF 9.202 003.070 e 9.202003.386, os quais se adotam, aqui, como razões de decidir. Acórdão 9.202003.070 – Voto do Conselheiro Marcelo Oliveira “ (...) Portanto, pela determinação do CTN, acima, a administração pública deve verificar. nos lançamentos não definitivamente julgados, se a penalidade determinada na nova legislação é menos severa que a prevista na lei vigente no momento do lançamento. Só não posso concordar com a análise feita, que leva à comparação de penalidades distintas: multa de ofício e multa de mora. (...) Ocorre que o acórdão recorrido comparou, para a aplicação do Art. 106 do CTN, penalidade de multa aplicada em lançamento de ofício (grifos no original), com penalidade aplicada quando o sujeito passivo está em mora, sem a existência do lançamento de ofício, e decide, espontaneamente, realizar o pagamento. Para tanto, na defesa dessa tese, há o argumento que a antiga redação utilizava o termo multa de mora (grifos no original). Lei 8.212/1991: Art. 35. Sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora (grifos no original), que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (Redação dada pela Lei nº 9.876, de 1999). Fl. 1985DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.986 17 I para pagamento, após o vencimento de obrigação não incluída em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): (...) II para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original): Esclarecemos aqui que a multa de lançamento de ofício (grifos no original), como decorre do próprio termo, pressupõe a atividade da autoridade administrativa que, diante da constatação de descumprimento da lei, pelo contribuinte, apura a infração e lhe aplica as cominações legais. Em direito tributário, cuidase da obrigação principal e da obrigação acessória, consoante art. 113 do CTN. A obrigação principal é obrigação de dar. De entregar dinheiro ao Estado por ter ocorrido o fato gerador do pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação acessória é obrigação de fazer ou obrigação de não fazer. A legislação tributária estabelece para o contribuinte certas obrigações de fazer alguma coisa (escriturar livros, emitir documentos fiscais etc.): são as prestações positivas de que fala o §2º do art. 113 do CTN. Exige também, em certas situações, que o contribuinte se abstenha de produzir determinados atos (causar embaraço à fiscalização, por exemplo): são as prestações negativas, mencionadas neste mesmo dispositivo legal. O descumprimento de obrigação principal gera para o Fisco o direito de constituir o crédito tributário correspondente, mediante lançamento de ofício (grifos no original). É também fato gerador da cominação de penalidade pecuniária, leiase multa, sanção decorrente de tal descumprimento. O descumprimento de obrigação acessória gera para o Fisco o direito de aplicar multa, igualmente por meio de lançamento de ofício (grifos no original). Na locução do §3º do art. 113 do CTN, este descumprimento de obrigação acessória, isto é, de obrigação de fazer ou não fazer, convertea em obrigação principal, ou seja, obrigação de dar. Já a multa de mora não pressupõe a atividade da autoridade administrativa, não tem caráter punitivo e a sua finalidade primordial é desestimular o cumprimento da obrigação fora de prazo. Ela é devida quando o contribuinte estiver recolhendo espontaneamente um débito vencido. Essa multa nunca incide sobre as multas de lançamento de ofício (grifos no original) e nem sobre as multas por atraso na entrega de declarações. Portanto, para a correta aplicação do Art. 106 do CTN, que trata de retroatividade benigna, o Relator deveria ter comparado Fl. 1986DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.987 18 a penalidade determinada pelo II, Art. 35 da Lei 8.212/1991 (créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento (grifos no original)), antiga redação, com a penalidade determinada atualmente pelo Art. 35A da Lei 8.212/1991 (nos casos de lançamento de ofício (grifos no original)). Conseqüentemente, divirjo do acórdão recorrido, pelas razões expostas. (...)” Acórdão 9.202003.386 – Voto do Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos "(...) Verifico, assim, que, ainda que a antiga redação do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, tenha utilizado apenas a expressão “multa de mora”, independentemente da denominação que tenha se dado à penalidade, não resta dúvida de que estavam ali descritas duas diferentes espécies de multas: a) as multas de mora e b) as multas de ofício. As primeiras eram cobradas com o tributo recolhido espontaneamente. As últimas, cobradas nos lançamentos de ofício e através de notificação fiscal de lançamento de débito, ou, posteriormente, após a fusão entre a SRP e RFB, através de auto de infração (lançamento de obrigação principal) e auto de infração (no caso de obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambas por força de ação fiscal, tal como ocorria com os demais tributos federais. Ainda, quanto às multas de ofício, estas duas situações supra elencadas se encontravam, respectivamente, regradas na forma dos antigos arts. 35, II (multa referente à obrigação principal constituída através de NFLD ou AI) e 32, IV, §4o. ou §5o. (ambos referindose à obrigação acessória convertida em obrigação principal através de lavratura de AI pelo seu descumprimento), ambos da Lei nº 8.212, de 1991, sendo que, com a alteração legislativa propugnada no referido diploma, passaram a estar regradas conjuntamente na forma de seu art. 35A. Assim, entendo que a penalidade a ser aplicada não pode ser aquela mais benéfica a ser obtida pela comparação da antiga “multa de mora” estabelecida pela anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991, com a do art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, agora referida pela nova redação dada ao mesmo art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, pela Lei nº 11.941, de 2009 e que, notese, pressupõe a espontaneidade, inaplicável à situação fática em tela. A propósito, entendo que, para fins de aplicação da retroatividade benéfica, se deva comparar àquela antiga multa regrada na forma da anterior redação do art. 35, inciso II, da Lei nº 8.212, de 1991 (repetindose, indevidamente denominada Fl. 1987DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.988 19 como “multa de mora”, nos casos de lançamento por força de ação fiscal), quando somada à multa aplicada no âmbito dos AIs conexos, lavrados de ofício por descumprimento de obrigação acessória (na forma da anterior redação do art. 32, inciso IV, §4o ou 5o da Lei nº 8.212, de 1991), a multa estabelecida pelo art. 44, da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e atualmente aplicável quando dos lançamentos de ofício,consoante disposto no art. 35 A, da Lei nº 8.212, de 1991. Assim, aplicandose o entendimento aqui adotado, agora ao caso sob análise, entendo que para os débitos de obrigação principal (cujos fatos geradores ocorreram antes da vigência da MP no. 449. de 2008, ou seja, mais especificamente, antes de 04/12/2008, leiase antes da competência 30/11/2008), se deva aplicar o seguinte critério: limitar a penalidade aplicável à cada competência acima abrangida ao percentual de 75% dos valores devidos a título de obrigação principal, sem que se deva falar na utilização do art. 35 do mesmo referido diploma, em sua nova redação, quando do lançamento de ofício. Este percentual de 75% (quando da inexistência de agravamento ou qualificação de multa) é o limite atual para sanções pecuniárias, decorrente de lançamento de ofício, quando de falta de declaração ou de declaração inexata, conforme previsto no art. 44, I da mesma Lei nº 9.430, de 1996, e referenciado no art. 35A, da Lei nº 8.212, de 1991, aplicável aqui a retroatividade da norma, caso benéfica, em plena consonância, inclusive, com a sistemática estabelecida pelo art. 476A da Instrução Normativa RFB no. 971, de 2009, acrescido pela Instrução Normativa RFB no. 1.027, de 22 de abril de 2010. Assim, deve ser verificada, na execução do julgado, a norma mais benéfica para cálculo da multa aplicável às competências ainda não exoneradas até a decisão a quo, a saber: se aquela efetivamente constante da NFLD em litígio ou aquela prevista art. 35A da Lei no. 8.212, de 1991, incluído pela MP 449/2008 (este último que remete, in casu, ao percentual de 75% ). Conclusão: Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente do Recurso Especial da Contribuinte, exclusivamente quanto á retroatividade benigna da multa aplicável, para, no mérito, lhe dar provimento parcial para que seja verificada, na execução do julgado, a norma mais benéfica para cálculo da multa aplicável às competências ainda não exoneradas até a decisão a quo, a saber: se aquela efetivamente constante da NFLD em litígio ou aquela prevista art. 35A da Lei no. 8.212, de 1991, incluído pela MP 449/2008 (este último que remete, in casu, ao percentual de 75% ). É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 1988DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.989 20 Declaração de Voto Conselheira Patricia da Silva Com a devida vênia, ouso divergir do entendimento do eminente Conselheiro Relator quanto à admissibilidade do Recurso Especial do Contribuinte por ausência de prequestionamento. A Constituição Federal de 1988 prevê, entre os direitos e garantias fundamentais, uma série de dispositivos de natureza processual sem precedentes nas Constituições anteriores. Essas garantias processuais encontramse consagradas nos incisos XXXV, LIV e LV do artigo 5º2 , entre elas o contraditório e ampla defesa que devem ser assegurados em todos os processos, inclusive administrativos, desde que nele haja litigantes ou acusados (artigo 5º, LV). Nesse sentido, a organização do contencioso administrativo encontra seu fundamento de validade nos mandamentos constitucionais inseridos no artigo 5º, inciso XXXIV, “a” , que assegura o direito de peticionar ao Poder Público, e inciso LV, que equipara o processo administrativo ao processo judicial ao protegêlo com as mesmas garantias. Ademais, o processo administrativo funciona como instrumento da autotutela administrativa, garantindo um meio adicional de controle da atuação da autoridade administrativa como forma de verificar a legalidade de seus atos. Assim, a Administração Pública, ao promover o controle interno da legalidade de seus atos, por meio de um processo administrativo, deve necessariamente observar os princípios inerentes ao devido processo legal. O devido processo legal é considerado o princípio fundamental do processo por ser a base sobre o qual os outros se sustentam. Representa, dentre outras, garantia inerente ao Estado Democrático de Direito de que ninguém será condenado sem que lhe seja assegurado o direito de defesa. O posicionamento do STF de que o devido processo legal é extensível ao processo administrativo e, portanto, são aplicáveis em sua plenitude as garantias processuais da ampla defesa e do contraditório, pode ser ilustrado pelo julgamento do MS 26358 MC/DF, de relatoria do Ministro Celso de Mello, conforme ementa: MS 26358 MC/DF RELATOR: MIN. CELSO DE MELLO EMENTA: TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. PROCEDIMENTO DE CARÁTER ADMINISTRATIVO. SITUAÇÃO DE CONFLITUOSIDADE EXISTENTE ENTRE OS INTERESSES DO ESTADO E OS DO PARTICULAR. NECESSÁRIA OBSERVÂNCIA, PELO PODER PÚBLICO, DA FÓRMULA CONSTITUCIONAL DO “DUE PROCESS OF LAW”. PRERROGATIVAS QUE COMPÕEM A GARANTIA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO. O DIREITO À PROVA COMO UMA DAS PROJEÇÕES CONCRETIZADORAS DESSA GARANTIA CONSTITUCIONAL. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal tem reafirmado a essencialidade do princípio que consagra o “due process of Fl. 1989DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.990 21 law”, nele reconhecendo uma insuprimível garantia, que, instituída em favor de qualquer pessoa ou entidade, rege e condiciona o exercício, pelo Poder Público, de sua atividade, ainda que em sede materialmente administrativa, sob pena de nulidade do próprio ato punitivo ou da medida restritiva de direitos. Precedentes. Doutrina. Assiste, ao interessado, mesmo em procedimentos de índole administrativa, como direta emanação da própria garantia constitucional do “due process of law” (CF, artigo 5º, LIV) independentemente, portanto, de haver previsão normativa nos estatutos que regem a atuação dos órgãos do Estado , a prerrogativa indisponível do contraditório e da plenitude de defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (CF, artigo 5º, LV), inclusive o direito à prova. O nobre relator defende em suma que analisando a expressão "causas decididas", conseguese depreender que para serem admitidos os recursos excepcionais é necessário que a questão tenha sido trazida e decidida pelo juízo a quo. Ou seja, há a necessidade do julgador se manifestar sobre a matéria para que seja aberta a via extraordinária. Sendo assim, a expressão segue a mesma sorte do prequestionamento, pois almeja que a questão tenha sido discutida anteriormente no processo. Entretanto, entendo que para o exercício da ampla defesa importa ao debate os prequestionamentos: a) implícito, que se dá quando o acórdão aborda a matéria de forma indireta. Para doutrinadores como Angélica e Eduardo Arruda Alvim, "O prequestionamento implícito decorreria do conjunto de alegações das partes, ainda que a matéria não tivesse sido decidida", nas palavras de Fernanda Bezerra Morais " é verificado quando não há análise da questão pelo tribunal de origem." Para Roberto Carlos Martins Pires é " aquele cuja questão o acórdão não debateu ou emitiu juízo de valor, mas o teor de sua decisão contrariou dispositivo legal ou lhe deu interpretação divergente." E b) ficto que se caracteriza por ser o prequestionamento não no acórdão, mas na petição dos embargos de declaração. Nas palavras de Fernanda Bezerra Morais "consiste na mera oposição de embargos de declaração a fim de se ver esclarecido ponto referente à matéria constitucional tida por infringida." Especialmente para que o processo administrativo fiscal seja eficaz. A finalidade do processo seria então, na verdade, alcançar direito material, porém, de forma eficaz. Mas o que se poderia definir como eficaz? Em Direito, esse termo pode ter duas definições, uma delas é entender a eficácia como fenômeno puramente normativo, é a aptidão da norma para gerar efeitos no mundo jurídico. Outra definição seria a adotada por Teori Albino Zavascki: O que designa a aptidão da norma jurídica para produzir efeitos na realidade social, ou seja, para produzir, concretamente, condutas sociais compatíveis com as determinações ou os valores consagrados no preceito normativo. [...] é o fenômeno que se passa, não no plano puramente formal, mas no mundo dos fatos e por isso mesmo é denominado eficácia social ou efetividade. Fl. 1990DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.991 22 E conclui: A norma será tanto mais eficaz quanto maior for a aproximação e a atração que o plano da normatividade puder exercer sobre o plano da realidade. Sobre o prequestionamento, a ampla defesa e a decisão administrativa eficaz e justa, cabenos questionar: a parte omissa (de determinada decisão) deveria ser trazida a lume através do acórdão proferido nos embargos. No entanto, existem diversos casos em que o julgador da instância a quo, mesmo após provocado pela parte a se manifestar, insiste em não fazêlo. Nesse caso estaria o acórdão incidindo em error in judicando se a sua omissão puder alterar o resultado final da lide, pois se o julgador se omite, o julgamento não será correto o que, conseqüentemente remete a uma má aplicação da lei. Caberia à parte suportar o ônus de ficar a mercê dos ilustres julgadores? Veja que no caso em tela, o contribuinte, desde a impugnação propugna pela Nulidade do lançamento fiscal, quando os valores já estão confessados em GFIP, desde a impugnação, verbis: A lmpugnante efetivamente efetuou o recolhimento previdenciário na forma escrita na lei, maneira pela qual impugna expressamente todos os lançamentos efetuados pelo Sr. Agente Fiscal. (efls 432) Tal afirmativa, a meu ver, foi corroborado durante todo o processo. Não houve a roupagem como proibição do no bis in idem, mas desde a primeira manifestação de inconformidade o contribuinte recorrente ressalta a nulidade de lançamento, uma vez que o contribuinte efetivamente efetuou o recolhimento previdenciários na forma descrita na lei, ou seja, os valores foram declarados/confessados em GFIP. Esta deliberação é extremamente importante no processo administrativo fiscal, uma vez que roupagem mais jurídica muitas vezes só é dada às defesas no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, por um advogado especialista, que tenha maior afluência a jurisprudência administrativa e que consegue, no mais das vezes, utilizar uma linguagem mais similar à da doutrina administrativista, sem estar de fato, inovando no processo administrativo fiscal, mas sim, conferindo maior clareza aos termos da defesa e exigindo maior empenho dos julgadores no sentido de trazer decisões mais completas sobre as questões apontadas desde as instâncias inferiores. A jurisprudência do STF é no sentido de que a simples interposição dos embargos de declaração já seria o bastante para suprir o requisito do prequestionamento, pouco importando se suprida ou não a omissão. Haveria neste caso o chamado prequestionamento ficto. Nessa linha é a Súmula 356 do STF: “O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objeto de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento” Vale dizer: prequestionamento ficto é aquele que se considera ocorrido com a simples interposição dos embargos de declaração diante da omissão, independentemente do êxito desses embargos. Fl. 1991DF CARF MF Processo nº 10283.005687/200789 Acórdão n.º 9202004.487 CSRFT2 Fl. 1.992 23 O Novo CPC consagrou a tese do prequestionamento ficto em seu art.1.025, verbis: “Consideramse incluídos no acórdão os elementos que o embargante suscitou, para fins de préquestionamento, ainda que os embargos de declaração sejam inadmitidos ou rejeitados, caso o tribunal superior considere existentes erro, omissão, contradição ou obscuridade.” Assim, votei pelo conhecimento do Recurso Especial do Contribuinte quanto ao no bis in idem, pois a nulidade do lançamento fiscal, quando os valores já estão confessados em GFIP esteve presentes em suas alegações desde sua primeira manifestação de inconformidade e, a não resolução dessa omissão nos Embargos não impede esta Câmara Superior de examinar o que está, ainda que fictamente, prequestionado. (assinado digitalmente) Patricia da Silva Fl. 1992DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.720668/2008-08
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 08 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 30/12/2003 a 31/07/2007
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 CTN. AFASTAMENTO DA MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE.
A denúncia espontânea, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos em que não houve a declaração do tributo, porém houve o pagamento antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência.
Numero da decisão: 9303-004.431
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em dar-lhe provimento. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito, substituído pelo conselheiro Valcir Gassen.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Valcir Gassen, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 30/12/2003 a 31/07/2007 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 CTN. AFASTAMENTO DA MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE. A denúncia espontânea, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos em que não houve a declaração do tributo, porém houve o pagamento antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1572; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 779 1 778 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10980.720668/200808 Recurso nº Especial do Contribuinte Acórdão nº 9303004.431 – 3ª Turma Sessão de 7 de dezembro de 2016 Matéria CPMF Recorrente HSBC BANK BRASIL S.A. BANCO MULTIPLO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 30/12/2003 a 31/07/2007 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. ART. 138 CTN. AFASTAMENTO DA MULTA MORATÓRIA. POSSIBILIDADE. A denúncia espontânea, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos em que não houve a declaração do tributo, porém houve o pagamento antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em darlhe provimento. Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito, substituído pelo conselheiro Valcir Gassen. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em exercício), Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Andrada Márcio Canuto Natal, Valcir Gassen, Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza e Vanessa Marini Cecconello. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 06 68 /2 00 8- 08 Fl. 779DF CARF MF 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pelo Sujeito Passivo ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, em face do Acórdão nº 330200.958, que possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA – CPMF Período de apuração: 30/12/2003 a 31/07/2007 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE. Ensejam a nulidade apenas os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DEPÓSITO REPASSADO FORA DO PRAZO. MULTA DE MORA. EXIGÊNCIA. Depósito repassado fora do prazo está sujeito a multa de mora. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. Não se toma conhecimento de matéria alheia a lide administrativa. Recurso Voluntário Negado. O presente processo referese a lançamento para exigência de multa de mora isolada, referente à Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), a qual, segundo a autoridade fiscal, teria sido recolhida a destempo. O procedimento fiscal foi originado de requerimento de denúncia espontânea formulado pela Recorrente em 10/08/2007 (fls.140 a 147), juntamente com a apresentação do DARF de recolhimento do principal e dos juros moratórios (fls. 153), pelo qual informou à Delegacia da Receita Federal do Brasil de Curitiba os motivos que ensejaram a quitação mediante conversão de depósitos da CPMF, relativo aos períodosbase de agosto de 1999 a julho de 2007. O lançamento foi mantido no julgamento de primeira instância e confirmado no Acórdão ora recorrido. O recorrente apresentou embargos declaratórios que foram parcialmente admitidos pelo Despacho nº 3302059, fls. 565 a 568, apenas para retificar a data de julgamento, mas negando seguimento às matérias restantes. O sujeito passivo interpôs Recurso Especial de divergência (fls.603 a 625), suscitando divergência em relação a duas matérias: (i) ocorrência de denúncia espontânea para débitos vencidos, que tenham sido quitados apenas com o acréscimo de juros de mora mas sem que tenha havido declaração ou confissão por meio de DCTF; e (ii) incidência de juros sobre multa de mora. Fl. 780DF CARF MF Processo nº 10980.720668/200808 Acórdão n.º 9303004.431 CSRFT3 Fl. 780 3 O Recurso Especial do sujeito passivo foi integralmente admitido pela comprovação das divergências suscitadas, conforme despacho de admissibilidade às fls.744 a747. A Fazenda Nacional apresentou suas contrarrazões às fls. 749 a 768. É o relatório. Voto Conselheiro RODRIGO DA COSTA POSSAS Relator Conforme relatado, o tempestivo recurso foi integralmente admitido pela comprovação das divergências suscitadas, conforme despacho de admissibilidade às fls.744 a 747. Em relação à primeira matéria ocorrência de denúncia espontânea para débitos vencidos configurase a divergência jurisprudencial suscitada. Enquanto o acórdão recorrido decidiu por manter a exigência de multa de mora, sob o entendimento de que a denúncia espontânea não se verificaria quando o contribuinte informa ao Fisco a prática de uma infração fiscal que já seria do seu conhecimento, o acórdão paradigma, de forma diversa, reconhece a aplicação do instituto da denúncia espontânea, com o afastamento da multa moratória, nas situações em que os débitos vencidos tenham sido recolhidos com o acréscimo de juros moratórios, desde que não tenha havido sua declaração por meio de DCTF. Em relação à segunda matéria – incidência de juros sobre multa de mora – também se configura a divergência jurisprudencial suscitada. Enquanto o acórdão recorrido decidiu por não conhecer da referida matéria, sob o argumento de que a mesma seria alheia a lide administrativa, o acórdão paradigma firma entendimento diverso, decidindo que a matéria relativa à incidência de juros sobre a multa de ofício aplicada, integra o lançamento e portanto deve ser conhecida pelo colegiado. Diante da comprovação dos dissídios jurisprudenciais alegados e atendidos os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. A questão meritória a ser enfrentada por este colegiado é a aplicação do instituto da denúncia espontânea, com o afastamento da multa moratória, em casos de recolhimento intempestivo, mas informados pelo contribuinte antes de qualquer procedimento de ofício. Na legislação tributária, o dispositivo consagrador do referido instituto encontra se previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Fl. 781DF CARF MF 4 Considerase, dessa forma, os seguintes requisitos legais para usufruir dos benefícios da denúncia espontânea, com a exclusão da responsabilidade pelo descumprimento da obrigação tributária e o afastamento de todas as sanções de natureza tributária: (i) confessar a infração tributária atentada; (ii) especificidade (a confissão deverá ter relação com a infração); (iii) recolhimento do montante devido e dos juros de mora, se for o caso, ou do depósito dos valores arbitrados, quando o tributo depender de posterior apuração; e (iv) tempestividade (antes de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização). E, por recente decisão do STJ, em sede de recurso repetitivo declaração/pagamento parcial do tributo, se o contribuinte retifica a declaração e efetua o pagamento da diferença antes de qualquer procedimento administrativo fiscal. Esse é entendimento entendimento do STJ, esposado no julgamento do Resp nº 1.149.022, de relatoria do Ministro Luiz Fux, nos termos do art. 543C do CPC. O presente caso traz um fato peculiar. Houve uma ação do Ministério Público contra a União, com liminar deferida. A instituição financeira não declarou os valores em DCTF e depositou judicialmente. Ao final do processo, sendo a União vencedora os valores foram convertidos em renda. Esse relator entende, como já exposto em outros votos que depósito não se equipara a pagamento, porém aqui houve a conversão em renda, juntamente com a apresentação do DARF, sem que houvesse a respectiva declaração, vejo que aqui também devese aplicar a denúncia espontânea, por força do entendimento do STJ, esposado no julgamento do Resp nº 1.149.022, de relatoria do Ministro Luiz Fux, nos termos do art. 543C do CPC, sob a seguinte ementa: “PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). Fl. 782DF CARF MF Processo nº 10980.720668/200808 Acórdão n.º 9303004.431 CSRFT3 Fl. 781 5 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (grifos constam do original) No presente caso, antes do procedimento fiscal, a recorrida comprovou o pagamento integral dos débitos não recolhidos, sem o acréscimo dos juros de mora, conforme DARF apresentado pela conversão dos depósitos em renda. Assim, esse caso se enquadra no recuso repetitivo citado acima, em que pese a discordância desse relator quanto àquela decisão. As decisões do Superior Tribunal de Justiça, em sede recursos repetitivos, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF, devem ser observadas no Julgamento deste Tribunal Administrativo. Fl. 783DF CARF MF 6 A análise da incidência dos juros de mora sobre a multa de mora ficou prejudicada em razão da exclusão desta. Diante do exposto, voto por DAR provimento ao Recurso Especial do sujeito passivo. (assinado digitalmente) RODRIGO DA COSTA POSSAS Fl. 784DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721813/2009-38
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ARL-ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE
A falta de averbação da ARL-Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR.
Recurso especial conhecido e negado.
Numero da decisão: 9202-004.367
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(Assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora-Designada
EDITADO EM: 11/09/2016
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ARLÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE A falta de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR. Recurso especial conhecido e negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 18 13 /2 00 9- 38 Fl. 192DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – RedatoraDesignada EDITADO EM: 11/09/2016 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 2802001.206 da 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão de 30 de novembro de 2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 SUJEIÇÃO PASSIVA, POSSUIDOR A QUALQUER TITULO. Comprovado nos autos que o contribuinte detinha a posse do imóvel rural à época do fato gerador, é ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural na qualidade de possuidor a qualquer título, sendo irrelevante a existência de documento legítimo de propriedade. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. A menos que o contribuinte apresente Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, com elementos de convicção suficientes para demonstrar que o valor da terra nua é inferior ao valor constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, mantémse o valor arbitrado pela fiscalização. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721813/200938 Acórdão n.º 9202004.367 CSRFT2 Fl. 10 3 Recurso Negado Na origem, tratase de Notificação de Lançamento nº 01.246344, que tem por objeto Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jamef III”, com NIRF – Número do Imóvel na Receita Federal 5.458.6445, referente ao exercício 2005, a título de glosa de valores de “área de reserva legal” e “alteração do valor da terra nua”. Os fatos geradores foram assim descritos pela autoridade fiscal (fl. 3): Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de reserva legal no imóvel rural. O documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Valor da Terra Nua declarado não comprovado Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo como base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores do DIAT encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Complemento da Descrição dos Fatos: Os valores apurados neste Lançamento de Oficio decorrem da falta de recolhimento do ITR em virtude' da glosa (total) (e) (parcial), (respectivamente), das áreas declaradas exclusas da tributação a titulo de (Áreas de Preservação Permanentes e de Utilização Limitada Área de Reserva Legal), e sua conseqüente reclassificação como área tributável, tendo em vista que o contribuinte não logrou êxito, mediante documentação comprobatória prevista na legislação do imposto em epigrafe, na isenção das áreas supramencionadas, conforme os procedimentos de auditoria interna de Malhas da RFB, mediante verificação dos dados informados na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR DIAC/DIAT). O processo judicial alegado pela empresa ainda não transitou em julgado (Comarca de Igarapé Miri n° 2001.1.0000053). O contribuinte apresentou impugnação requerendo a improcedência da notificação fiscal, pois aduz que, em que pese ter firmado contrato de compra e venda do bem, não houve, por impossibilidade jurídica, a transferência da propriedade e o notificado jamais tomou posse do bem, nem a título precário, razão pela qual não pode ser enquadrado como sujeito passivo do crédito tributário. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 A impossibilidade jurídica decorre de uma ação judicial ajuizada pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA) perante a Comarca de IgarapéMiri, visando a nulidade e cancelamento da matrícula, transcrições e averbações da propriedade, na qual foi concedida a liminar para impedir eventuais anotações na matrícula desde a aquisição originária em 1967. Em que pese os impedimentos, o contribuinte alegou ter recolhido os tributos incidentes sobre o imóvel, a fim de resguardar os seus interesses, mas, por não ser proprietário, não pode ser responsabilizado pelo lançamento suplementar. Aduziu, também: a decadência do lançamento, pois decorreram cinco anos entre o fato gerador, exercício 2005, e o lançamento por arbitramento suplementar, em 08/06/2009; que a exigência do ADA com base na IN/SRF fere o princípio da legalidade; que a forma de cálculo do VTN seguindo a NBR 14.6533 da ABNT afronta o princípio da legalidade. Ao examinar a impugnação, a Delegacia Regional de Julgamento julgou improcedente, mantendo o crédito tributário, motivando a interposição do Recurso Voluntário, apenas reiterando os argumentos. Do julgamento do Recurso Voluntário, os membros da Turma, por unanimidade, acordaram por negar provimento ao recurso por entender que: as provas nos autos comprovam que o contribuinte detinha a posse do imóvel, a qualquer título, sendo ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; é imprescindível a averbação no registro do imóvel da área de reserva legal para obter a isenção do imposto; o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização deve ser mantido diante da ausência de apresentação de Laudo Técnico de Avaliação válido. Contra a r. decisão, o contribuinte opôs Embargos de Declaração aduzindo que “não há comprovação de qualquer ato condizente com o exercício da posse” e requerendo manifestação expressa a este respeito, mas o recurso não foi admitido. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Especial visando rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal para exclusão da tributação do ITR, suscitando como paradigma os acórdãos nºs 30237.930 e 210100.406. Devidamente intimada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, reiterando os termos da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 195DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721813/200938 Acórdão n.º 9202004.367 CSRFT2 Fl. 11 5 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Quanto à admissibilidade, entendo cumpridos todos os requisitos e delimito a matéria sobre a necessidade ou não de averbação em registro de imóveis de área de reserva legal. Da Área de Utilização Limitada/Reserva Legal A glosa deuse por não ter sido atendida à averbação de reserva legal, no Cartório de Registro de Imóveis, à época do fato gerador do ITR, no caso, em 1 de janeiro de 2005. Outrossim, lembro que a reserva legal, por definição de lei, é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Quanto à necessidade de averbação da área de reserva legal em Cartório, esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido no RP/303123968, de autoria do Ilustre Conselheiro Otacílio Dantas Cartaxo, in verbis: A matéria subjudice foi abordada de forma analítica e exaustiva no acórdão n° 30331.340 pelo ilustre Conselheiro Zenaldo Loibman, que passou a modelar a jurisprudência deste egrégio Conselho, e tomo de empréstimo suas razões de julgar, verbis: Para analisar a questão das áreas de reserva legal, de preservação permanente e de interesse ecológico, devo dizer que a matéria esteve pacificada no âmbito deste Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes por algum tempo no sentido de se entender dispensável a averbação da área de reserva legal à margem do registro no Cartório competente, mas recentemente levantouse questão sobre uma nova interpretação defendida pela emérita Conselheira Anelise D. Prieto, a respeito do § 7o do art. 10 introduzido na Lei 9.393/96 pela MP 2.166 67/2001, quando confrontado com o que determina a Lei 4.771/66, com a redação dada pela MP 1.511/96 e alterações posteriores determinadas pela própria MP 2.16667/2001. Analisemos com cuidado. Uma consulta ao texto da Medida Provisória n° 2.16667, publicada no DOU de 25/08/2001, esclarece que ela determinou alterações na Lei 4.771/65 (arts. Io , 4o, 14, 16 e 44) e também acrescentou um § 7o ao art. 10° da Lei 9.393/1996. Fl. 196DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 6 Sublinhese que o mesmo texto normativo, a MP 2.16667/2001, determinou alterações na Lei 4.771/65 (Código Florestal) e na Lei 9.393/96, incluindo neste um § 7o que trata especificamente de declaração para fim de isenção de áreas de preservação permanente, reserva legal e de servidão florestal. A questão que se pretende levantar como uma nova interpretação a ser dada ao disposto no referido § 7o , seria a de que a redação da Lei 4.771/65 manteria a exigência de averbação à margem da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis, e que a não satisfação de tal exigência desautorizaria o reconhecimento de isenção das áreas mencionadas no cálculo do ITR. Uma interpretação sistemática e teleológica do dispositivo legal não autoriza tal entendimento. Como se justificaria que o mesmo texto legal, a MP 2.166 67/2001, pudesse ao recomendar alterações no Código Florestal pretender que se observasse como requisito para o reconhecimento da isenção do ITR a averbação da áreas mencionadas e, em outra passagem destinar comando que alteração a redação da Lei 9.393/96 para introduzir precisamente o § 7o do art. 10, com a determinação de que a declaração para o fim de isenção do ITR, relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" (preservação permanente e reserva legal) e "d" (servidão florestal) do inciso II, § I o do art. 10, não está sujeita à previa comprovação por parte do declarante, acrescentando, ainda, que é de responsabilidade do declarante qualquer comprovação posterior, pelo fisco, de inveracidade da declaração. De fato não há contradição na MP citada. As referências que existem na Lei 4.771/65 (Código Florestal), já consideradas as alterações introduzidas pela MP, são claramente voltadas ao cuidado de manter tais áreas sob preservação, onde a averbação da área de reserva legal ou de servidão florestal devem ser feitas para que conste nos termos de transmissão do imóvel a qualquer título. Observase idêntica preocupação quanto à posse do imóvel rural, conforme art. 16, § 10 da Lei 4.771/65, quando, por não ser viável a providência da averbação na matrícula do imóvel, assegurase a área de reserva legal mediante Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Ora, se não há obrigatoriedade sequer de prévia comprovação para o fim especificado de informar a existência de áreas legalmente isentas de ITR, muito menos há de que as respectivas áreas estejam averbadas no Cartório de Imóveis. O comando da averbação tem como finalidade, distinta do aspecto tributário, qual seja a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão a qualquer título, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade de terceiros eventuais adquirentes. Tanto é assim que mesmo no caso em que não se pode falar em averbação na matrícula do imóvel no CRI, quando por exemplo se trate de posse, ainda assim devese garantir o que interessa ao Código Florestal, a garantia da responsabilidade do posseiro e de eventuais adquirentes do imóvel, a qualquer título, o que se faz por outro instrumento, o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Consiste numa declaração de compromisso de conservação de características ecológicas básicas e proibição de supressão de vegetação, constando evidentemente a localização da reserva legal, porque é ela que define o caráter da área, previsto em lei. Fl. 197DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721813/200938 Acórdão n.º 9202004.367 CSRFT2 Fl. 12 7 E frágil e superficial, concentrar na averbação do ADA junto à matrícula do imóvel ou no Termo de Ajustamento de Conduta perante o IBAMA, a responsabilidade de constituição do direito de isenção. A exclusão de tais áreas do universo tributável pelo ITR, não se dá por benesse do IBAMA ou da SRF, mas exclusivamente por se tratar de área definida legalmente, em termos de características ecológicas e localização especifica no território nacional. Por meio da IN SRF 60/2001, a administração tributária tentou estabelecer um vínculo entre a necessidade de averbação do ADA e o gozo da isenção. Ocorre que a averbação prevista, na Lei 4.771/65, visava tãosomente a responsabilizar o proprietário e eventuais adquirentes pela conservação ambiental. Com isso o procedimento da SRF feriu de morte o princípio da legalidade. Não há base legal para tal procedimento. É até possível entender asua utilidade para um controle tributário que além de se municiar de ato declaração do contribuinte (que se fosse só por isso seria inútil), vise, isto sim, a seleção de contribuintes para fiscalização. Não se pode admitir é a política de omissão em fiscalizar o ITR, assim como não se justifica a omissão do IBAMA em termos de fiscalização ambiental. No entanto, é para isso que aponta a mencionada IN SRF, parece esperar que apenas uma providência cartorial e burocrática de declaração do IBAMA mediante informações prestadas pelo contribuinte, averbada em Cartório de Imóveis, possa ter a virtude de constituir uma exclusão tributária. Agir assim é faltar ao compromisso social de fiscalização do tributo, e, principalmente, é afastarse perigosamente do Estado de Direito. É por suas características e localização, que a área indicada se enquadra ou não na definição legal de utilização limitada ou de preservação permanente, e por esse motivo está ou não excluída de tributação, e a constatação disso assim como não deve se restringir à leitura da DITR, não deve se restringir ao ADA, esteja ou não averbado. A primeira vista nada impede a SRF de estabelecer penalidade por descumprimento de obrigação acessória, motivada pela não apresentação de ADA averbado, ou de Termo de Ajustamento de Conduta protocolado junto ao IBAMA, no prazo fixado pela própria SRF, mas apenas por que este fato pode representar um entrave ao procedimento de fiscalização, a infração ao prazo ou à averbação exigida por ato normativo expedido pela SRF não pode de forma alguma ter o alcance de criar, além da lei, requisito ou condição para o gozo de isenção. Poderia, no máximo, além de motivar uma multa por descumprimento de obrigação acessória, constituir critério de prioridade para a seleção de contribuintes a serem fiscalizados. Entender diferente, que um aspecto tributário importante como definir um requisito para o beneficio da isenção, mesmo se dispondo de um ambiente legal construído, específico e em vigor na Lei 9.393/96, pudesse estar transferido, injustificadamente, para outro diploma legal, cuja finalidade é absolutamente distinta da tributária, é forçar demasiadamente Fl. 198DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 8 um raciocínio que erige um castelo de areia para explicar que o ato de averbar, neste caso do ADA, de alguma forma pudesse ser importante para a isenção do ITR. Ao contrário, é da tradição tributária brasileira que, independentemente do título do rendimento, ele deve ser tributado, a renda independentemente de sua origem, é tributada. Da mesma foram no ITR, em que o proprietário, enfiteuta ou possuidor a qualquer título (inclusive usufrutuário), é contribuinte. Por outro lado, nada impede que, eventualmente, a administração tributária possa pôr em dúvida, serem as áreas declaradas efetivamente de preservação permanente ou de reserva legal, ou de servidão florestal, mesmo quando reconhecidas por via de ato declaratório ambiental do IBAMA averbado. Nesse caso cabe investigar, solicitar comprovações idôneas a demonstrar o estado da propriedade. O que não se admite é que se afirme sustentação legal no Código Florestal, inexistente, para exigir averbação das áreas isentas do ITR, como précondição, obstáculo ao reconhecimento, dessa áreas como isentas no cálculo do ITR. O parágrafo 8º do artigo 16, do Código revogado, após redação dada pela Medida Provisória 2.16667, de 2001, determinava que a área de reserva legal deveria ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. O intuito desse dispositivo era trazer ao fólio real importante informação quanto aos limites da reserva, uma vez que averbação no registro público garantiria publicidade irrestrita, oponível a todos, erga omnis. Esse tipo de infração ao disposto no Código Florestal pode e deve acarretar sanção punitiva, mas que não atinge em nada o direito de isenção do ITR quanto a essas áreas se elas forem de fato de preservação permanente, de reserva legal ou de servidão federal, conforme definição dada na Lei 4.771/65 (Código Florestal). A infração cometida contra a Lei 4.771/65 por aquele que não obedece a limitação de uso de propriedade, é crime ambiental, não tributário, não tem o condão de desfazer a condição de área sob reserva legal, ainda que o proprietário lhe tenha dado indevidamente destinação ilícita^deve dar motivo a sanção apropriada que por certo não é de caráter tributário. Esse entendimento se dá em razão da peculiar situação do contribuinte quanto a impossibilidade prática de realizar os registros. Assim voto por DAR PROVIMENTO ao recurso do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 199DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721813/200938 Acórdão n.º 9202004.367 CSRFT2 Fl. 13 9 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Primeiramente, cabe esclarecer que a matéria do presente Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, conforme o Despacho de Admissibilidade, é unicamente a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal, para exclusão da tributação do ITR. Quanto à matéria ora tratada, discordo do posicionamento da Ilustre Conselheira Relatora, no sentido da desnecessidade de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para exclusão da tributação do ITRImposto Territorial Rural. O acórdão recorrido assim registrou: "No caso dos autos, a contribuinte não comprovou a averbação da reserva legal à margem da matrícula do imóvel à época do fato gerador nem tampouco apresentou Termo de Ajustamento de Conduta firmado até aquela data, razão pela qual mantémse a glosa efetuada. Destarte, na espécie, não cabe excluir qualquer área ambiental declarada do ITR/2005, para efeitos de exclusão de tributação, mantendose a glosa da área de reserva legal declarada de 7.400,0 há efetuada pela fiscalização." Assim, no que diz respeito à ARLÁrea de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Medida Provisória nº 16667, de 24/08/2001, conforme a seguir: “Art. 16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código." Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR/2005, este foi fixado em 1º/01/2005 (art. 1º da Lei nº. Fl. 200DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 10 9.393, de 1996), a averbação da ARL deveria ter sido providenciada até esta data, porém tal providência não foi adotada no presente caso. A despeito das alegações do Contribuinte, no sentido de dispensa da averbação, em função da localização do imóvel na Amazônia Legal, não há previsão legal para o seu acolhimento. E tratandose de exclusão da base de cálculo de tributo, não há que se alargar a interpretação da lei, que é por demais clara no sentido da exigência ora questionada. O Contribuinte alega também que o art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, com as alterações da Medida Provisória nº 2.16667/2001, teria dispensado a averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para fins de sua exclusão da tributação do ITR. Entretanto, dito dispositivo legal não teve tal escopo, visando tãosomente sedimentar a alteração da modalidade de lançamento anterior do ITR (por declaração, conforme a Lei nº 8.847, de 1994), para lançamento por homologação. Assim, a dispensa de comprovação prévia nada tem a ver com dispensa de averbação, e sim com a sistemática de lançamento, igualando o à modalidade dos demais tributos administrados pela Receita Federal. Destarte, tendo em vista que não foi cumprido requisito essencial para a exclusão da ARLÁrea de Reserva Legal da tributação do ITRImposto sobre a Propriedade Territorial Rural, nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 201DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 13882.720396/2013-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
MOLÉSTIA GRAVE. ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO.
Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.524
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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ISENÇÃO. LEI Nº 7.713/1988. SÚMULA CARF Nº 63. CONDIÇÕES CUMULATIVAS. DATA DE INÍCIO. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A isenção passa a ser reconhecida a partir da presença cumulativa desses dois requisitos. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 2. 72 03 96 /2 01 3- 00 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 93 2 Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele utilizado pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), fl. 63, complementandoo ao final: Tratase de impugnação protocolizada pelo interessado contra Lançamento de Ofício nº 2012/814739832576330 relativo ao Exercício de 2012 Ano Calendário 2011 que resultou na Alteração do Saldo de Imposto a Restituir Declarado no valor de R$ 12.752,35 em ausência de Saldo de Imposto, conforme Notificação de Lançamento fls. 17/20. A Descrição dos fatos e o Enquadramento Legal encontramse detalhados no Demonstrativo de fl. 18, versando sobre a infração de Omissão de Rendimentos do Trabalho com Vínculo e/ou sem Vínculo Empregatício. O contribuinte tomou ciência da Notificação de Lançamento em 12/07/2013 de acordo com o Aviso de Recebimento de fl. 22, tendo sido protocolizada a impugnação de fls. 02/06 em 08/08/2013 onde consta em síntese o seguinte: que o contribuinte: “...solicitar junto ao Perito a emissão de novo Laudo, que expressasse a verdade de forma clara, objetiva e contundente, afirmando taxativamente que o requerente, examinado é portador de nefropatia grave, desde janeiro de 2008, conforme consta do novo Laudo anexo.” o contribuinte anexa aos autos, exames laboratoriais que demonstram a “evolução da doença desde a citada data, repito 2005, onde se analisa os níveis de triglicerídeos, uréia e creatinina.” afirma que não omitiu o valor de (R$ 95.117,70) , e que o mesma seria isenta de imposto, e foi devidamente lançada corretamente em sua DIRPF Retificadora nº 02, sob a rubrica Rendimentos Isentos e Não Tributáveis – Proventos de Aposentadoria por Moléstia Grave. que “pelas considerações acima, mediante a plena isenção dos valores recebidos, tornaramse insubsistentes as Declarações dos Fatos e Enquadramento Legal constantes nas .... Omissão de Rendimentos do Trabalho...” o contribuinte solicita o cancelamento do débito fiscal reclamado, bem como a devolução integral do imposto de renda retido na fonte do referido exercício 2012 ao montante de R$ 12.752,35 devidamente corrigido, conforme DIRPF Retificadora nº 02 transmitida em 02/04/2013. O interessado anexou aos autos as cópias de documentos constantes das fls. 12/15, 37/39, 47/50. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 94 3 A 19ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro I/RJ analisou a manifestação de inconformidade concluindo, em resumo, pela improcedência da impugnação, nos seguintes termos: a) não consta do Laudo Médico Pericial de fl. 12, que o impugnante seja portador de alguma das moléstias listadas pela legislação anteriormente disposta. Desta forma, não coexistem os dois requisitos cumulativos necessários ao reconhecimento da Isenção, a doença grave especificada em lei (NÃO), e a natureza de proventos de aposentadoria (SIM). Dessa forma, concluise que os rendimentos no valor de R$ 95.177,70 não são isentos de tributação pelo imposto de renda, procedendo, dessa forma, o Lançamento efetuado pelo Fisco. Cientificado dessa decisão em 25 de novembro de 2013 (fl. 71), o contribuinte interessado apresentou Recurso voluntário em 26 de dezembro de 2013 (protocolo na folha 74). Em sede de recurso concentrase em demonstrar que seus rendimentos seriam integralmente isentos, por ser portador de moléstia grave desde janeiro de 2008. Reconhece que a "semântica contida nos termos utilizados e expressos no laudo médico pericial do SUS" não expressa o termo "nefropatia grave" e por isso providencia descrição de sua moléstia por especialista, a ser corroborada por laudo do médico do SUS que diz que será apresentado assim que aquele serviço médico municipal retornar a suas atividades. Posteriormente, em 29 de janeiro de 2014, foi apresentado o documento intitulado "Laudo Médico Pericial", que consta da folha 84. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. O contribuinte recebeu os seguintes rendimentos, conforme discriminado na Notificação de Lançamento: “Da análise das informações e documentos apresentados pelo contribuinte, e/ou das informações constantes dos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil, constatouse Omissão de Rendimentos do Trabalho com Vínculo e/ou sem Vínculo Empregatício, sujeitos a tabela progressiva, no valor de R$ 95.117,70 recebido(s) pelo titular e/ou dependente(s), da(s) fonte(s) pagadora(s) relacionada(s) abaixo. Na apuração do imposto devido, foi compensado o Imposto Retido na Fonte (IRRF) sobre os rendimentos omitidos no valor de R$ 0,00.”(fl. 18) A omissão de rendimentos apurada na Notificação de Lançamento foi no exato valor dos rendimentos declarados como isentos, de R$ 95.177,70. Assim, não houve outros rendimentos além desses. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 95 4 Reconsiderando os rendimentos declarados isentos como tributáveis, a Autoridade Lançadora efetuou novo cálculo de apuração do imposto. Ao considerar que o laudo médico oficial (fl. 12) não enquadrava literalmente a moléstia da qual sofre o contribuinte dentre aquelas elencadas em lei concessiva da isenção, a DRJ manteve as alterações. Em sede de recurso o contribuinte se concentra em dizer ser portador de moléstia grave (nefropatia grave), desde janeiro de 2008, o que lhe conferiria direito à isenção de imposto de renda sobre seus rendimentos. DA ISENÇÃO POR MOLÉSTIA GRAVE. Verificase que existem duas condições para que os rendimentos recebidos por portadores de moléstias graves definidas em lei sejam isentos do imposto sobre a renda: uma é ser a moléstia atestada em laudo emitido por serviço médico oficial da União, Estados, DF ou Municípios e outra é os rendimentos serem provenientes de aposentadoria ou reforma. Lei nº 7.713/1988 Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguinte rendimentos percebidos por pessoas físicas: ... XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma;(destaquei) É de ser observada também a Súmula CARF Nº 63, abaixo transcrita: “Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão, e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios”. A isenção, portanto, passa a ser reconhecida a partir da existência cumulativa desses dois requisitos. A DRJ já reconhecera o preenchimento da condição de serem os rendimentos provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão e seu complemento, à vista da "carta de concessão de benefício" , expedida pelo INSS, com cópia na folha 49. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13882.720396/201300 Acórdão n.º 2202003.524 S2C2T2 Fl. 96 5 A controvérsia reside, então, na questão do laudo. O médico particular emitiu laudo complementar, com cópia na folha 83, onde se lê que o contribuinte encontrase em "tratamento dialítico para nefropatia grave desde janeiro de 2008". Destaco que o contribuinte, desde a fase impugnatória, vem tentando sustentar ser portador da mesma moléstia, com a apresentação de laudos e atestados. Assim, não se pode considerar que inovou em suas alegações ou que apresentou documentos "novos" após a impugnação. Na decisão de 1ª instância a DRJ tornou bem clara a exigência da literalidade do dispositivo que concede a isenção. Além disso, o recurso foi apresentado dia 26 de dezembro, um dia após o Natal, e bastante razoável a alegação de que não poderia acessar o serviço médico oficial do município (SUS) naquele período. Dessa feita, entendo que deva ser aceito e considerado o documento apresentado após o recurso, que já fora mencionado no mesmo, cuja cópia encontrase na folha 84, aplicando o disposto no artigo 16, § 4º, alíneas "a" e "c" do Decreto nº 70.235, de 1972. A razão para que a lei conceda isenção a portadores de determinadas moléstias é o sofrimento e a despesa adicional que seus tratamentos provocam, especialmente àqueles que recebem apenas proventos de aposentadoria, reforma ou pensão. No laudo médico, o perito do SUS expressamente menciona que o contribuinte "se encontra em tratamento dialítico (CAPD) para Nefropatia Grave desde janeiro de 2008. Estágio 5" CONCLUSÃO Bem, entendo que o perito do SUS, ratificando o atestado particular, expressamente enquadrou a doença do paciente como "nefropatia grave" para fins de isenção do imposto de renda, a partir de janeiro de 2008, atendendo o requisito do "laudo médico oficial", e que os proventos recebidos no ano de 2011, pelo contribuinte, foram decorrentes de "aposentadoria ou seu complemento, reforma ou pensão", portanto, estão isentos do imposto e, em consequência, VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a Notificação de Lançamento. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 96DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 22 /09/2016 por MARCIO HENRIQUE SALES PARADA, Assinado digitalmente em 27/09/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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