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Numero do processo: 10120.721400/2009-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995
DELIMITAÇÃO DO CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL.
A decisão judicial produz efeito nos estritos termos em que foi passada, competindo à autoridade tributária, em cumprimento a seu poderdever de fiscalizar os encontros de contas, apurar o quantum do crédito e a suficiência deste frente aos débitos compensados.
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS. Não cabe apreciação de matéria estranha aos autos.
Numero da decisão: 3401-004.357
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
ROSALDO TREVISAN - Presidente.
TIAGO GUERRA MACHADO - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado, em substituição a André Henrique Lemos, ausente).
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 DELIMITAÇÃO DO CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. A decisão judicial produz efeito nos estritos termos em que foi passada, competindo à autoridade tributária, em cumprimento a seu poderdever de fiscalizar os encontros de contas, apurar o quantum do crédito e a suficiência deste frente aos débitos compensados. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS. Não cabe apreciação de matéria estranha aos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário ROSALDO TREVISAN Presidente. TIAGO GUERRA MACHADO Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Fenelon Moscoso de Almeida, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, e Renato Vieira de Ávila (suplente convocado, em substituição a André Henrique Lemos, ausente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 14 00 /2 00 9- 96 Fl. 827DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 773 e seguintes), contra Acordão exarado pela 4a Turma, da DRJ/BSB, que considerou improcedentes as razões da Recorrente sobre o pedido de compensação dos valores recolhidos a titulo de contribuição para o PIS, entre setembro de 1988 e setembro de 1995. Da Compensação e do Despacho Decisório Tratase de créditos de PISsemestralidade tidos como indevido em razão de decisão judicial transitada em julgado que, nos termos da Instrução Normativa SRF 600/2005, foram habilitados, no montante de R$ 9.099.956,80 (nove milhões, noventa e nove mil, novecentos e cinquenta e seis reais e oitenta centavos). A habilitação, formalizada por meio do Processo Administrativo 10120.001789/200798, foi aprovada e , ato contínuo, a contribuinte procedeu à compensação do montante com outros tributos federais. Em seguida, foi emitido Despacho Decisório (fls 582 e seguintes), nos autos do processo Administrativo n° 10120.7214001200996, nos seguintes termos: Assunto: Contribuição para o Programa de Integração Social PIS. Período de apuração: 01/09/1988 a 30/09/1995. Ementa: VALORES PAGOS A MAIOR COM BASE EM MEDIDA JUDICIAL. HABILITAÇÃO DO CRÉDITO. CRÉDITO RECONHECIDO. COMPENSAÇÕES HOMOLOGADAS. Habilitação de Crédito oriundo de Ação Judicial versus Crédito Reconhecido. 0 deferimento do pedido de habilitação do crédito oriundo de ação judicial, pressuposto para que a RFB recepcione a declaração de compensação, não implica homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo, visto inexistir no procedimento administrativo de habilitação a necessária conferência da liquidez (expressão financeira) do crédito. Delimitação do Crédito. A decisão judicial produz efeito nos estritos termos em que foi passada, competindo à autoridade tributária, em cumprimento a seu poderdever de fiscalizar os encontros de contas, apurar o quantum do crédito e a suficiência deste frente aos débitos compensados. Homologação da compensação. Do confronto dos recolhimentos efetuados sob norma posteriormente declarada inconstitucional com os valores devidos segundo as decisões judiciais e a lei tributária, restando comprovada a existência de pagamento indevido ou a maior da contribuição para o PIS, homologamse as compensações declaradas do débito devido com o crédito reconhecido administrativamente. Compensação Homologada Este processo foi formalizado com intuito de dar tratamento manual As Declarações de Compensação (Dcomp) apresentadas pelo contribuinte identificado na epígrafe, geradas mediante uso do programa Pedido de Restituição, Ressarcimento ou Reembolso e Declaração de Compensação (PER/Dcomp) e Fl. 828DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 828 3 transmitidas via intemet, com supedâneo na Ação Ordinária Tributária n2 1997.35.00.0000126, que teve curso junto A 1 8 Vara da Justiça Federal em Goiás e na qual foi pleiteada a compensação dos valores recolhidos a titulo de contribuição para o PIS entre setembro de 1988 e setembro de 1995, com espeque nos Decretos Leis n2 2.445/88 e 2.449/88, posteriormente declarados inconstitucionais. 2. Por se tratar de crédito deferido com base em tutela judicial e cumprindo exigência prevista na Instrução Normativa (IN) SRF n 2 600, de 28/12/2005, o contribuinte pleiteou a habilitação de seu crédito, informando o montante de R$ 9.099.956,80. Referido pedido, formalizado por meio do processo administrativo no 10120.001789/200798, foi deferido no montante pleiteado pela interessada. 3. Uma vez habilitado o crédito, a interessada transmitiu 20 declarações de compensações, as quais foram baixadas para tratamento manual no presente processo (fls. 04/75, 157/171 e 572/575), cujas compensações envolvem o crédito supra referido e débitos de PIS COFINS IRPJ e CSLL conforme quadro abaixo: (...) 7. Na sentença de 1° grau prolatada em 31 de janeiro de 2000, foi reconhecida a inconstitucionalidade dos Decretoslei 2.445/88 e 2.449/88, julgando procedente o pedido das autoras reconhecendo (fls. 104/110): "a) indevidos os pagamentos realizados a titulo de PIS efetuados em desconformidade com disposições da Lei n°07/70; b) o direito das autoras de, sem observarem a imposição de quaisquer limites além dos parâmetros desta sentença, efetuarem a compensação dos valores ilegitimamente recolhidos, ficando a seu cargo apuração desses quanta e da ré o múnus de comprovarlhes a exatidão." 10. As autoras apelaram da r. sentença postulando a correção monetária plena e a incidência dos juros SELIC previstos na Lei n° 9.250/95. A Quarta Turma do TRF da P Regido, por unanimidade, deu parcial provimento a apelação e negou provimento a remessa oficial. Segue a ementa do r. acórdão (fl. 120): "CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PARA 0 PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL — PIS. DECRETOSLEI M'S 2.445/88 E 2.449/88. INCONST1TUCIONALIDADE. COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRESCRIÇÃO. CORREÇÃO MONETÁRIA. JUROS MORA TÓRIOS. 1.0 eg. Superior Tribunal Federal, ao julgar o RE n" 148.754RJ, reconheceu a inconstitucionalidade dos Decretosleis n`:s 2.445/88 e 2.449/88, que alteraram a contribuição para o Programa de Integração Social — PIS, instituída pela Lei Complementar n°07/70 2. Aplicação da Súmula n"22, deste Tribunal Regional Federal da I" Regido. 3. A compensação somente pode ocorrer entre exacões da mesma espécie, ou seja, no caso em exame, somente se apresenta admissível a compensação de valores recolhidos a titulo de PIS com aqueles devidos a títulos do próprio PIS. 4. Extinguese o direito de pleitear a restituição do crédito tributário relativo ao PIS após cinco anos contados da ocorrência do fato gerador, acrescidos de mais cinco anos contados da homologação tácita 5. Inobstante entendimento pessoal do Relator em contrário, seguese orientação jurisprudencial dominante no sentido de ser devida a incidência dos denominados "expurgos inflacionários" nas contas de liquidação. Fl. 829DF CARF MF 4 6. Nos termos do posicionamento adotado pela 1a Seção do eg. Superior Tribunal de Justiça, no julgamento dos Embargos de Divergência no Recurso Especial n" 12675 I/SC, Relator Ministro Jose Delgado, publicado no DJ de 28.08.2000, é devida a incidência de juros de mora à Taxa SELIC, nos termos do art. 39, § 4", da Lei n°9.250/95, na hipótese de compensação de tributo sujeito a lançamento por homologação. Ressalva do ponto de vista do relator. 7. Apelação parcial provida. 8. Remessa oficial improvida." 16. A União (Fazenda Nacional), interpôs Recurso Especial alegando violação a artigos infraconstitucionais e divergência jurisprudencial, que foi admitido (fl. 140). Subindo ao Superior Tribunal de Justiça, recebeu o n° 642.974, que teve seu julgamento em 24 de agosto de 2004, que transcrevemos a ementa: "RECURSO ESPECIAL. FAZENDA NACIONAL. PIS SEMESTRAL. COMPENSAÇÃO. BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO DO SEXTO MÊS ANTERIOR A OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. NÃOINCIDÊNCIA DA CORREÇÃO MONETÁRIA NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO. AUSÊNCIA DE EIVA NO JULGAMENTO. pacifico nesta Corte Superior de Justiça o entendimento segundo o qual a base de cálculo da contribuição para o PIS é o faturamento do sexto mês anterior a ocorrência do fato gerador, sobre a qual não incide correção monetária, ante a ausência de previsão normativa. Recurso Especial improvido." 17. O Trânsito em Julgado do processo n° 1997.35.00.0000126/GO ocorreu em 05/04/2005. FUNDAMENTOS (...) 20. Nesse sentido, a sistemática de compensação de tributos e contribuições federais administrados pela Secretaria da Receita Federal (atual Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB), vigente à época da apresentação do Pedido de Restituição e das Declarações de Compensação em pauta, encontrase transcrita na redação do artigo 74 da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, com redação dada pela Lei n° 10.637/02: 22. Neste sentido, observase que, na decisão judicial proferida no âmbito da Ação Ordinária/Tributária n° 1997.35.00.0000126/GO, o contribuinte obteve a declaração de inconstitucionalidade da cobrança do PIS pela sistemática dos DecretosLeis n° 2.445/88 e 2.449/88, possuindo, assim, o direito de compensar as diferenças dos valores recolhidos a titulo de PIS com base nos citados DecretosLeis e aqueles que deveria recolher com fundamento na Lei Complementar n° 07/70 e suas alterações. 23. Observase que as decisões judiciais proferidas na Ação Ordinária/Tributária n° 1997.035.00.0000126/GO são cristalinas no sentido de que o procedimento de compensação tributária ser efetivado pelo contribuinte deverá ser efetuado na esfera administrativa e fiscalizado pela autoridade tributária, a fim de verificar a observância das diretrizes legais e aquelas especificadas na referida decisão judicial, podendo, inclusive, aplicar as sanções necessárias e efetuar lançamento de crédito tributário da União se constatada qualquer irregularidade. Este poderdever é decorrente de competência legal e tratase de atividade plenamente vinculada. (...) Fl. 830DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 829 5 25. Devese destacar que, com a edição da Medida Provisória IV 66/2002, convertida na Lei n° 10.637/2002, com efeitos a partir de 01 de outubro de 2002, a compensação declarada à Secretaria da Receita Federal (atual RFB) extingue o crédito tributário sob condição resolutória de sua ulterior homologação. Por se tratar de crédito oriundo de tutela judicial e cumprindo exigência prevista na Instrução Normativa (IN) SRF no 600, de 28/12/2005, vigente à época do pedido, o contribuinte pleiteou a habilitação do credito, por meio do processo administrativo n 10120.001789/200798. Uma vez habilitado o crédito do contribuinte, o mesmo transmitiu Declarações de Compensações, que foram baixadas (extraídas do processamento eletrônico) para tratamento manual no processo administrativo n° 10120. 721400/200996. II HABILITAÇÃO VERSUS RECONHECIMENTO DE CRÉDITO 35. No presente caso, com o reconhecimento judicial do direito ao crédito dos valores pagos a maior do que os valores calculados pela Lei Complementar 07/70, cabe apurar o quanto era devido para comparar com os pagamentos efetuados a titulo da referida contribuição. Para tanto, intimamos o contribuinte para que apresentasse os comprovantes das bases de calculo, conforme intimação fiscal (fls. 153/154). Em resposta, o contribuinte apresentou copias ou originais dos seguintes documentos: planilha comprobatória do faturamento de 03/1988 a 12/1988 com os respectivos balancetes (fls. 286/373), planilha dos valores pagos (fls. 386/387), planilha com o faturamento de 03/88 a 12/89 (fl. 391), DARF dos recolhimentos (fls. 392/422), DIPJ dos exercícios de 1989 a 1996 (fls. 423/529). 36. Com a planilha dos pagamentos relacionados pelo contribuinte (fis. 386/387), constatamos que, dentre os pagamentos relacionados, existem os valores que foram pagos por meio dos processos de parcelamentos nos 10120.001274/9179 e 10120.001155/9422 e valores que fazem parte de Auto de Infração no processo n° 10120.005616/9950. Quanto a comprovação dos pagamentos, os DARFs dos períodos de apuração referente ao ano de 1988 a 1992, fizemos consulta em micro fichas e os referente aos anos de 1993 a 1995, extraímos do sistema SINAL 01 através do sistema CTSJ — Crédito Tributário Sob Judice. 37. Com o direito do contribuinte em utilizar como base de cálculo da contribuição para o PIS o faturamento do sexto mês anterior, os valores devidos apurados são bem menores do que os valores confessados pelo contribuinte à época da apresentação das DCTFs. Portanto, os valores parcelados ou inscritos em Divida Ativa da Unido são maiores do que os valores calculados como devidos com a nova base de cálculo. Desse modo, o cálculo do direito creditório do contribuinte deverá ser feito separadamente, com os valores pagos mediante parcelamentos sendo recalculados nos próprios parcelamentos e os valores que foram pagos normalmente, em outro cálculo. (...) 45. Quanto aos créditos reivindicados pelo contribuinte, verificamos que foram indicados débitos pagos depois de inscritos em Divida Ativa da Unido, como é o caso da inscrição 11.7.98.00187071 (fl. 387) e 11.7.98.000047652 (saldo do parcelamento do processo 10120001155/9422). Esses valores devem ser objetos de pedidos de restituição feitos em separados por serem valores não administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e sua compensação ser vedada pelo Inciso III do § do 3° do artigo 34 da Instrução Normativa RFB n° 900/08. Fl. 831DF CARF MF 6 VI EFETIVAÇÃO DA COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA 51. Após ter habilitado o crédito judicial, o contribuinte apresentou diversas Dcomp, conforme quadro demonstrativo apresentado no relatório acima, compensando seus débitos. Assim, foram extraídas do sistema PER/DCOMP tais pleitos para tratar manualmente no presente processo. 52. Nos procedimentos de compensação, foi cadastrado no sistema SAPO — Sistema de Apoio Operacional, o crédito apurado e corrigido até 31/12/1995 do processo 10120.001274/9179 (fl. 562), no valor de R$ 48.217,99, créditos também atualizado até 31/12/95, dos saldos de pagamentos conforme planilha (fls. 563/566) no valor de R$ 514.441,37, e os saldos disponíveis no processo de parcelamento n° 10120.001155/9422, conforme quadro demonstrativo acima, para fins de confronto com os débitos objetos das Dcomp vinculadas ao processo n° 10120.721400/2009 96 (fls. 580/608). 53. Conforme Listagem de Créditos/Saldos Remanescentes, emitido pelo sistema SAPO (fls. 580), o crédito do contribuinte foi suficiente para compensar todos os débitos, objetos das Dcomp e sobrou crédito no valor de R$ 53.417,48 (cinquenta e três mil, quatrocentos e dezessete reais, quarenta e oito centavos), conforme demonstrativo atualizado até 04/12/2009 (fls. 597). Ressaltamos que o contribuinte apresentou apenas Declarações de Compensação, não apresentado Pedido de Restituição, não cabendo portanto, restituição de oficio. 54. Com base no exposto, de acordo com a legislação supracitada e os elementos inseridos nos autos do presente processo administrativo, a decisão deverá ser: a) o Reconhecimento Parcial, a favor do contribuinte JAIBA VEÍCULOS LTDA, inscrito no CNPJ/MF sob o no 02.779.783/000189, do Direito Creditório contra a Fazenda Nacional, no montante de R$ 1.849.581,56 (um milhão, oitocentos e quarenta e nove mil, quinhentos e oitenta e um reais e cinquenta e seis centavos), valor já atualizado até 31 de marco de 2007 (fls. 568/569) nos termos da decisão com trânsito em julgado na Mao Judicial n° 1997.35.00.0000126/GO; b) Homologação total das Compensações, conforme planilha demonstrativa acima descrita no item 03. Vale frisar que o item V, do Despacho Decisório, aponta que o principal motivo da divergência foi o fato da contribuinte, em sua metodologia de apuração, ter aplicado expurgos inflacionários não autorizados na ação judicial e índices de atualização sem indicação de suas origens, ou sejam sem a demonstração de como foram obtidos os índices aplicados. Da Manifestação de Inconformidade A Contribuinte tomou ciência do Despacho Decisório e apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 688 e seguintes), alegando, em síntese, o seguinte: A esse respeito, esclarece que (fl. 681): (...) tendo havido a habilitação do crédito discutido nestes autos através do processo n° 10120001.7891200798, no importe de R$ 9.099.956,80 (nove milhões e noventa e nove mil, novecentos cinqüenta e seis reais e oitenta centavos), a Recorrente procedeu o reconhecimento desta receita, com as devidas atualizações. Fl. 832DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 830 7 Esclarece que, em obediência ao regime de competência e ao disposto no Ato Declaratório Interpretativo SRF n° 25/2003, teria reconhecido como base tributável do IRPJ e CSLL, a importância de R$ 9.099.956,80, sendo que somente esta base de cálculo gerou débito de IRPJ e CSLL no valor de aproximadamente 2/3 das compensações homologadas. Alega que, apesar de ter sido oferecido à tributação todo o crédito habilitado, nos presente autos a autoridade administrativa deferiu o crédito somente no importe R$ 1.849.581,56 (um milhão, oitocentos e quarenta e nove mil e quinhentos e oitenta e um reais e cinqüenta e seis centavos) atualizados ate 31/03/2007. Acrescenta que a compensação homologada extinguiu débitos originados justamente do crédito habilitado, conforme a seguir: “Porém, em que pese que a decisão recorrida ter cálculo o direito creditório do Recorrente muito aquém do valor a que efetivamente possui direito, ou seja, ao valor liquidado em juízo e posteriormente habilitado, a decisão que será logo inteiramente rechaçada, ao proceder a homologação do crédito utilizou todo o crédito já reconhecido para abatêlo do débito do IRPJ/CSLL, originado justamente em praticamente de sua totalidade, do credito habilitado.” Conclui que a autoridade tributária teria utilizado critérios diferentes para o reconhecimento do direito creditório ora em questão e para a apuração dos débitos de IRPJ e CSLL do período, conforme transcrição a seguir: “(...) os débitos do IRPJ/CSLL estariam umbilicalmente ligados ao direito creditório ora em discussão, gênesis destes créditos tributários e que não seria possível usar dois pesos e duas medidas, ou seja, para efeito de se reconhecer o direito oponível ao fisco reconhecesse R$ 1.849.581,56 e para exigiu quinhão (crédito tributário) oponível ao recorrente reconhecesse o direito creditório habilitado no importe de R$ 9.099.956,80”. Ao final, solicita a redução proporcional dos débitos de IRPJ e CSLL apurados em decorrência da homologação do crédito reconhecido judicialmente: Assim, tendo em vista que a titulo de IRPJ e CSLL sobre o crédito por ora reconhecido ser substancialmente menor que o crédito habilitado e sobre este calculado o IRPJ e a CSLL, deve ser reduzidos proporcionalmente estes débitos, calculandoos sobre o direito creditório por ora reconhecido, qual seja: R$ 1.849.581,56 , e não sobre o valor habilitado e sobre este tributado de R$ 9.099.956,80. Requer, ainda, que o crédito ou o saldo remanescente do total do crédito a ser compensado seja devidamente atualizado de acordo com a Lei nº 9.250/98, artigo 39 e com a Instrução Normativa n° 22, aplicandose a Taxa de Juros Selic. Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio o Acórdão 0353.612, exarado pela 4ª Turma, da DRJ/BSB, através do qual a Impugnação foi considerada improcedente, nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Fl. 833DF CARF MF 8 Anocalendário: 1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993, 1994, 1995 DELIMITAÇÃO DO CRÉDITO DECORRENTE DE AÇÃO JUDICIAL. A decisão judicial produz efeito nos estritos termos em que foi passada, competindo à autoridade tributária, em cumprimento a seu poderdever de fiscalizar os encontros de contas, apurar o quantum do crédito e a suficiência deste frente aos débitos compensados. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. MATÉRIA ESTRANHA AOS AUTOS. A alteração da decisão proferida no Despacho Decisório, em virtude de manifestação de inconformidade, pressupõe que as alegações nela contidas digam respeito à motivação apresentada pela autoridade tributária para a não homologação ou homologação parcial das declarações de compensação apresentadas, resultando, assim, na instauração de um litígio. Não cabe apreciação de matéria estranha aos autos. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Dessa decisão, importante destacar os seguintes excertos: Tratam os autos do Despacho Decisório (fls. 582 a 601) que homologou as compensações pleiteadas pela contribuinte e do Despacho de fl. 678 que efetuou a compensação de ofício do direito creditório reconhecido nos presentes autos. Os autos foram formalizados com intuito de dar tratamento manual às Declarações de Compensação transmitidas eletronicamente entre setembro de 1988 e setembro de 1995, com base na Ação Ordinária Tributária nº 1997.35.00.0000126, que teve curso junto à 1ª Vara da Justiça Federal em Goiás e na qual foi pleiteada a compensação dos valores recolhidos a titulo de contribuição para o PIS/Pasep, com fulcro nos DecretosLeis nos 2.445/88 e 2.449/88, posteriormente declarados inconstitucionais.O trânsito em julgado desta ação ocorreu em 05/04/2005. Por se tratar de crédito deferido com base em tutela judicial e cumprindo exigência prevista na Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, o contribuinte pleiteou a habilitação de seu crédito, informando o montante de R$ 9.099.956,80. O referido pedido de habilitação, formalizado por meio do processo administrativo fiscal nº 10120.001789/200798, foi deferido e encontrase apensado aos presentes autos. Uma vez habilitado o crédito, a interessada transmitiu 20 declarações de compensações no período de fevereiro de 2008 a outubro de 2009, totalizando R$ 1.538.260,27 de débitos, as quais foram baixadas para tratamento manual nos presentes autos, conforme informações contidas nas fls. 583 e 584 do Despacho Decisório. Considerando que a decisão judicial produz efeito nos termos em que foi proferida, compete à autoridade tributária, em cumprimento a seu poderdever, Fl. 834DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 831 9 fiscalizar os encontros de contas, apurar o quantum do direito creditório e a suficiência deste crédito para homologar os débitos declarados. (...) Nos procedimentos de compensação, ficou demonstrado que o direito creditório reconhecido foi suficiente para compensar todos os débitos objetos das declarações de compensação e que teria sobrado o valor de R$ 53.417,48. (...) Nos presentes autos, a contribuinte alega que apurou débitos de IRPJ e CSLL utilizando como base de cálculo o montante do crédito de PIS – faturamento reconhecido judicialmente, que foi de R$ 9.099.956,80. Acrescenta que, como o valor efetivamente homologado pela RFB foi de R$ 1.849.581,56, este valor deveria ser utilizado como base para a apuração do IRPJ e da CSLL efetivamente devidos no período. Desse modo, solicita a redução proporcional dos montantes de imposto e contribuição originalmente apurados. Ocorre que a alteração da decisão proferida no Despacho Decisório, em virtude de manifestação de inconformidade, pressupõe que as alegações nela contidas digam respeito à motivação apresentada pela autoridade tributária para a não homologação ou homologação parcial das declarações de compensação apresentadas, resultando, assim, na instauração de um litígio. No caso em questão, a habilitação de crédito oriundo de decisão judicial transitada em julgado, nos termos do artigo 51, caput, da Instrução Normativa SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, transcrito a seguir, é procedimento prévio e obrigatório para fins de se utilizar tal crédito para compensação de contribuições e tributos federais na esfera administrativa tributária. No entanto, a habilitação deste crédito não implica automática homologação da compensação ou deferimento do pedido de restituição formulado com base no correspondente crédito habilitado, conforme dispõe o § 6º do mesmo artigo: (...) No procedimento de habilitação do crédito, analisase unicamente a procedência do direito creditório da contribuinte, que, se confirmada, permite a habilitação do valor integral pleiteado pelo mesmo, porém sem adentrar no mérito do montante do crédito, que será futuramente analisado pela autoridade tributária competente. Dessa forma, para fins de restituição ou compensação deve ser considerado o direito creditório efetivamente apurado pela autoridade tributária, por meio de procedimentos específicos. Além disso, nos autos da Ação Judicial Tributária n° 1997.35.00.0000126/GO ficou consignado que a determinação do “quantum” a que a interessada teria direito seria objeto de análise e fiscalização na via administrativa: 32. Por oportuno, consignese que a análise do crédito (inclusive da apuração de seu valor) e seu aproveitamento em compensações realizadas pelo contribuinte deverão ser objetos de análise e fiscalização na via administrativa, conforme teor da sentença de primeira instância, proferida nos autos da Ação Judicial Tributária n° 1997.35.00.0000126/GO, que é nítida quanto ao fato de que "o direito das autoras de, sem observarem a imposição de quaisquer limites além dos parâmetros desta sentença, efetuarem a compensação dos valores ilegitimamente recolhidos, ficando a Fl. 835DF CARF MF 10 seu cargo a apuração desses ‘quanta’ e da ré o ‘minus’ de comprovarlhes a exatidão." In casu, o reconhecimento do direito creditório pela autoridade tributária competente (fls. 591 a 594) levou em consideração a documentação apresentada pela contribuinte, em atendimento à intimação efetuada, e informações contidas nos sistemas da RFB. Ressaltese, ainda, que os cálculos foram feitos com base na decisão com trânsito em julgado, proferida nos autos da Ação Judicial nº 1997.35.00.0000126/GO. Portanto, a análise dos autos, comprova que a autoridade fiscal adotou o procedimento correto no reconhecimento do direito creditório da interessada, em conformidade com a decisão judicial, que deu origem a este direito. Ainda, a respeito dos débitos de IRPJ e CSLL que teriam sido apurados num montante a maior do que o devido, verificase que estes não têm relação com os débitos informados pela contribuinte nas declarações de compensação objeto dos autos e que foram extintos por compensação (inciso II do art. 156 do CTN). O quadro de fls. 583 e 584, contido no Despacho Decisório, apresenta a relação dos débitos confessados pela contribuinte. Dessa forma, quanto à solicitação de revisão de apuração dos débitos de IRPJ e CSLL apurados com base na decisão proferida na Ação Ordinária Tributária nº 1997.35.00.0000126, que teve curso junto à 1ª Vara da Justiça Federal em Goiás, com trânsito em julgado em 05/04/2005, tratase de matéria estranha à lide e não será apreciada nos presentes autos. Irresignado, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação e, ao fim, requerer o seguinte: Fl. 836DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 832 11 É o relatório. Voto Conselheiro Tiago Guerra Machado Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, de modo que admito seu conhecimento. Do Mérito Fl. 837DF CARF MF 12 Não assiste razão à Recorrente. A mera habilitação do crédito ora pleiteado apenas tem o condão de averiguar a procedência do direito creditório, não implicando em homologação automática do seu montante, ou deferimento da restituição/compensação posterior, como dispõe o § 6º do artigo 102, da Instrução Normativa RFB 1.717/2017: Art. 100. Na hipótese de crédito decorrente de decisão judicial transitada em julgado, a declaração de compensação será recepcionada pela RFB somente depois de prévia habilitação do crédito pela Delegacia da Receita Federal do Brasil (DRF) ou pela Delegacia Especial da RFB com jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo. § 1º A habilitação de que trata o caput será obtida mediante pedido do sujeito passivo, formalizado em processo administrativo instruído com: I o formulário Pedido de Habilitação de Crédito Decorrente de Decisão Judicial Transitada em Julgado, constante do Anexo V desta Instrução Normativa; II certidão de inteiro teor do processo, expedida pela Justiça Federal; III na hipótese em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, cópia da decisão que homologou a desistência da execução do título judicial, pelo Poder Judiciário, e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de execução, ou cópia da declaração pessoal de inexecução do título judicial protocolada na Justiça Federal e certidão judicial que a ateste; IV cópia do contrato social ou do estatuto da pessoa jurídica acompanhada, conforme o caso, da última alteração contratual em que houve mudança da administração ou da ata da assembleia que elegeu a diretoria; V cópia dos atos correspondentes aos eventos de cisão, incorporação ou fusão, se for o caso; VI na hipótese de pedido de habilitação do crédito formulado por representante legal do sujeito passivo, cópia do documento comprobatório da representação legal e do documento de identidade do representante; e VII na hipótese de pedido de habilitação formulado por mandatário do sujeito passivo, procuração conferida por instrumento público ou particular e cópia do documento de identidade do outorgado. § 2º Constatada irregularidade ou insuficiência de informações necessárias à habilitação, o requerente será intimado a regularizar as pendências no prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da ciência da intimação. § 3º No prazo de 30 (trinta) dias, contado da data da protocolização do pedido ou da regularização das pendências a que se refere o § 2º, será proferido despacho decisório sobre o pedido de habilitação do crédito. Art. 101. O pedido de habilitação do crédito será deferido por Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, mediante a confirmação de que: I o sujeito passivo figura no polo ativo da ação; II a ação referese a tributo administrado pela RFB; Fl. 838DF CARF MF Processo nº 10120.721400/200996 Acórdão n.º 3401004.357 S3C4T1 Fl. 833 13 III a decisão judicial transitou em julgado; IV o pedido foi formalizado no prazo de 5 (cinco) anos, contado da data do trânsito em julgado da decisão ou da homologação da desistência da execução do título judicial; e V na hipótese em que o crédito esteja amparado em título judicial passível de execução, houve a homologação pelo Poder Judiciário da desistência da execução do título judicial e a assunção de todas as custas e honorários advocatícios referentes ao processo de execução, ou a apresentação de declaração pessoal de inexecução do título judicial na Justiça Federal e de certidão judicial que a ateste; Parágrafo único. O deferimento do pedido de habilitação do crédito não implica reconhecimento do direito creditório ou homologação da compensação. Dito isso, é de se ressaltar que a RFB, somente após a habilitação e provocada pelo pedido de compensação, passou a avaliar o montante de crédito passível de compensação ou restituição. Além disso, diferentemente do que aduz a Recorrente, a própria decisão judicial, e não poderia ser diferente, admite que o valor será mensurado pela Recorrente e aprovado pela Fazenda Nacional ao dispor na sentença que “o direito das autoras de, sem observarem a imposição de quaisquer limites além dos parâmetros desta sentença, efetuarem a compensação dos valores ilegitimamente recolhidos, ficando a seu cargo a apuração desses ‘quanta’ e da ré o ‘minus’ de comprovarlhes a exatidão.” Diante disso, a unidade fiscalizadora avaliou e calculou, com base nos documentos disponíveis (fls. 174 e seguintes), o montante de crédito de PISsemestralidade que fora indevidamente pago nos termos exarados da sentença judicial. Foram somados e atualizados todos os recolhimentos de DARF´s ordinários, compensações e guias de parcelamento (PAES) referentes ao tributo tido como inconstitucional, de forma a encontrar o quantum debeatur da Fazenda perante o contribuinte, culminando com as planilhas de fls 501 e seguintes, e o cálculo de atualização monetária (fls. 548 e seguintes). Culminouse no despacho decisório de fls 582, em que, disponibilizado o prazo para a Recorrente apresentar recurso, não logrou êxito em confrontar os cálculos e planilhas elaboradas pela RFB, limitandose a protestar contra o fato de que o montante reconhecido em juízo não poderia ser modificado pelo órgão fazendário, hipótese que já afastamos acima. Ademais, protestou genericamente a Recorrente contra a suposta a ausência da inclusão de expurgos inflacionários, porém se analisarmos as planilhas de atualização usadas pela Fazenda Nacional, é possível verificar que os mesmos foram incluídos. Se houve algum erro no cálculo, não é possível inferir porque não foi objeto desse Recurso. Por fim, a contribuinte alega matéria estranha à lide no que tange aos débitos de IRPJ e CSLL que foram liquidados pela compensação ora em comento, de modo que não nos cabe ser apreciada. Fl. 839DF CARF MF 14 Nesse sentido, infundadas, sob todos os aspectos relevantes, as alegações da contribuinte em sede de recurso. Diante do exposto, conheço da peça recursal, porém negolhe provimento na sua integralidade. Tiago Guerra Machado Relator Fl. 840DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.901276/2015-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2013
SALDO NEGATIVO IRPJ. IMPUTAÇÃO PROPORCIONAL DOS VALORES PAGOS EM ATRASO. DISCUSSÃO JUDICIAL. MULTA DE MORA DEPOSITADA EM JUÍZO.
Não se pode admitir a imputação proporcional dos valores recolhidos em atraso pelo contribuinte, para a composição do saldo negativo de IRPJ, quando os valores relativos à multa de mora foram depositados judicialmente, uma vez que o contribuinte entende que faz jus aos benefícios da denúncia espontânea.
Numero da decisão: 1302-002.707
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FLÁVIO MACHADO VILHENA DIAS - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogerio Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Flavio Machado Vilhena Dias.
Nome do relator: FLAVIO MACHADO VILHENA DIAS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO - Presidente. (assinado digitalmente) FLÁVIO MACHADO VILHENA DIAS - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogerio Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Flavio Machado Vilhena Dias.
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Recorrida Fazenda Nacioonal ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2013 SALDO NEGATIVO IRPJ. IMPUTAÇÃO PROPORCIONAL DOS VALORES PAGOS EM ATRASO. DISCUSSÃO JUDICIAL. MULTA DE MORA DEPOSITADA EM JUÍZO. Não se pode admitir a imputação proporcional dos valores recolhidos em atraso pelo contribuinte, para a composição do saldo negativo de IRPJ, quando os valores relativos à multa de mora foram depositados judicialmente, uma vez que o contribuinte entende que faz jus aos benefícios da denúncia espontânea. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Presidente. (assinado digitalmente) FLÁVIO MACHADO VILHENA DIAS Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogerio Aparecido Gil, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente Convocado), Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Flavio Machado Vilhena Dias. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 12 76 /2 01 5- 26 Fl. 197DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Manifestação de Inconformidade apresentada pelo contribuinte Recofarma Indústria do Amazonas Ltda., ora Recorrente, em face de despacho decisório que indeferiu o direito creditório no valor de R$14.298.534,70, no que tange a saldo negativo de IRPJ do exercício de 2013, pleiteado via PerDcomp. Como relatado no acórdão recorrido, o motivo do indeferimento foi "a falta de confirmação das parcelas de composição do direito creditório relativas a recolhimento de estimativa." A não confirmação se deu (i) pela falta de identificação no sistema da Receita Federal do Brasil dos recolhimentos das estimativas e (ii) pela imputação proporcional dos valores recolhidos, uma vez que não houve o recolhimento da multa de mora, pelo entendimento, do contribuinte, que faria jus aos benefícios da denúncia espontânea. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte demonstrou os pagamentos realizados que não haviam sido reconhecidos, bem como noticiou e comprovou que havia ingressado com ação no Poder Judiciário, para que este reconhecesse que os pagamentos deveriam ser considerados como denúncia espontânea, ou seja, que não seria devida a multa de mora. Demonstrou, ainda, que o valor controverso (da multa) foi depositado judicialmente. Em análise da manifestação de inconformidade, a Delegacia de Julgamento da Receita Federal em Campo Grande (MS) identificou os pagamentos realizados pelos contribuinte e entendeu que parte do direito creditório deveria ser reconhecido. Contudo, a DRJ manteve a imputação proporcional dos recolhimentos em atraso, considerando que "eventuais direitos creditórios decorrentes de decisão judicial somente são passíveis de compensação após seu trânsito em julgado, nos termos do § 12, art. 74, da Lei n° 9.430, de 1996, sem que esta norma faça qualquer ressalva com relação ao depósito do valor em litígio." O acórdão proferido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2013 SALDO NEGATIVO IRPJ Passível de reconhecimento o saldo negativo de IRPJ, até o valor apurado quando considerados os recolhimentos de estimativa e retenção na fonte, excluídos os recolhimentos sub judice. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Regularmente intimado, a Recorrente apresentou Recurso Voluntário tempestivo, no qual repisa os argumentos apresentados em sua Manifestação de Inconformidade, além de requer o reconhecimento dos pagamentos realizados dentro do prazo de vencimento nos meses de Março e Agosto de 2012, uma vez que a decisão recorrida, em suas palavras, considerou "apenas o valor da estimativa declarada na DCTF retificadora e não o total pago". Este é o relatório. Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10283.901276/201526 Acórdão n.º 1302002.707 S1C3T2 Fl. 198 3 Voto Conselheiro Flávio Machado Vilhena Dias Relator Como se denota dos autos, a Recorrente foi intimado do teor do acórdão recorrido em 26/08/2016, apresentando o Recurso Voluntário ora analisado no dia 05/09/2016, ou seja, dentro do prazo de 30 dias, nos termos do que determina o artigo 33 do Decreto nº 70.235/72. Portanto, sem maiores delongas, é tempestivo o Recurso Voluntário apresentado, devendo ser analisado por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Primeiramente, devese ressaltar que assiste razão à Recorrente no ponto em que alega que os valores recolhidos a título de estimativa nos meses de Março e Agosto de 2012 não foram considerados na integralidade pela DRJ, quando reconheceu e identificou os pagamentos realizados. De fato, como se observa das telas de fls. 175 e 176, que são parte integrante do acórdão, podese constatar que não houve atraso no pagamento dos valores e que estes foram feitos a maior do que foi declarado em DCTF pelo contribuinte. Assim, não se justifica a imputação proporcional desses valores ou, como considerou a DRJ, o reconhecimento, para fins de composição do saldo negativo, do que foi declarado pelo contribuinte, em detrimento do que foi efetivamente recolhido. De toda forma, independentemente do direito creditório ora reconhecido, relativo aos meses de Março e Agosto de 2012, não merece prosperar o acórdão recorrido, que entendeu como correta a imputação proporcional dos valores pagos em atraso (sem a devida multa de mora) a título de estimativa pelo contribuinte, uma vez que desconsiderada a denúncia espontânea. Explicase. É fato incontroverso nos autos que o contribuinte realizou em atraso o pagamento de algumas estimativas que compõe o seu saldo negativo de IRPJ do exercício de 2013. Contudo, naqueles pagamentos em atraso, entendeu o contribuinte, que, por ter se antecipado à fiscalização, faria jus aos benefícios da denúncia espontânea, nos termos do artigo 138 do CTN. Por isso, não foi recolhida a multa de mora. Também é fato incontroverso nos autos, e própria DRJ reconhece no acórdão recorrido, que a Recorrente ingressou com medida judicial para contestar a cobrança da multa de mora, ou seja, para que o Poder Judiciário ratifique a sua tese de denúncia espontânea. E, nesta ação judicial, houve o depósito dos valores controvertidos, que se referem justamente à malfadada multa. Assim, aquela ação judicial terá apenas duas consequências possíveis, quais sejam: (i) o Poder Judiciário dará provimento às razões da Recorrente, ratificando a tese de que, de fato, a multa de mora não é devida, face a denúncia espontânea invocada, quando o contribuinte poderá levantar os valores depositados. Por outro lado, (ii) caso seja refutada a tese do contribuinte, a multa de mora já depositada será convertida em renda, ou seja, serão recolhidos definitivamente os valores que a Receita Federal do Brasil entende como devidos. Fl. 199DF CARF MF 4 Neste raciocínio, é ilógico pensar que, enquanto houver a discussão judicial, a imputação proporcional do pagamento realizado deve ser mantida, para fins de composição do saldo negativo de IRPJ. Só se admitiria esta hipótese caso, por exemplo, o contribuinte não tivesse feito o depósito judicial dos valores controvertidos ou os feito a menor. Aí sim deveria se imputar proporcionalmente (principal, multa, juros) os valores recolhidos, para fins de composição do saldo negativo. Entretanto, tendo sido recolhido o valor do principal e depositado judicialmente o valor da multa de mora, na composição do saldo negativo do IRPJ deve ser considerado o valor total do principal pago. A discussão da multa (se devida ou não) será definida pelo Judiciário, acarretando em uma das consequências acima aduzidas. Não se pode olvidar, neste sentido, que o depósito judicial tem o mesmo efeito do pagamento, só que o valor fica à disposição do juízo até a decisão final sobre o litígio. Assim, sendo o depósito pagamento, não se pode desprezar os seus efeitos e ignorálo, como no presente caso. Por fim, devese afastar aqui qualquer alegação no sentido de que o contribuinte abriu mão da presente discussão quando foi ao Poder Judiciário questionar a multa de mora. Sabese que, quando isso acontece, a discussão administrativa, de fato, fica prejudicada. Esta é, inclusive, a inteligência da súmula CARF nº 01. Contudo, na presente discussão, não se está a analisar se a denúncia espontânea é válida e, por isso, a multa não seria devida. O que se discute é a imputação proporcional dos valores recolhidos a título de principal, quando da composição do saldo negativo. Não se perpassa, a discussão, em nenhum momento, sobre a multa de mora. Esta foi depositada e o Poder Judiciário que irá dizer se é devida ou não. O que se discute aqui, reiterese, é se a imputação proporcional dos valores para a composição do saldo negativo é correta ou não. E, como demonstrado acima, esta imputação não deve prevalecer, sob pena de o contribuinte ter que arcar em duplicidade com o pagamento da multa caso não tenha êxito na ação judicial, já que também terá reduzido o valor do saldo negativo de IRPJ. Por todo exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, reformando o acórdão recorrido, para reconhecer, na integralidade, o direito creditório do Recorrente. (assinado digitalmente) Flávio Machado Vilhena Dias Relator Fl. 200DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.721336/2017-36
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2012
DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. NECESSIDADE DE SENTENÇA OU ACORDO JUDICIAL HOMOLOGADO.
RECURSO CONHECIDO. NEGADO PROVIMENTO.
Numero da decisão: 2002-000.067
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez- Presidente.
(assinado digitalmente)
Virgílio Cansino Gil - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (presidente da turma), Virgílio Cansino Gil (relator), Thiago Duca Amoni e Fábia Marcilia Ferreira Campelo.
Nome do relator: VIRGILIO CANSINO GIL
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2012 DEDUÇÃO INDEVIDA DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. NECESSIDADE DE SENTENÇA OU ACORDO JUDICIAL HOMOLOGADO. RECURSO CONHECIDO. NEGADO PROVIMENTO.
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score : 1.0
Numero do processo: 13819.904877/2012-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu May 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO.
É descabida a apuração do crédito-presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados.
ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ.
O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não-cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente.
CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97.
De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição.
A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio.
VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97.
As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97.
Numero da decisão: 3301-004.697
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator
(assinado digitalmente)
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do crédito-presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não-cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição. A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11-A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11-A, da Lei nº 9.440/97.
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APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do créditopresumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da não cumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. De acordo com o Convênio ICMS n° 51/00, havia que serem destacados na nota fiscal emitida pelo estabelecimento industrial os valores do ICMS próprio e o pelo qual era responsável por substituição. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 90 48 77 /2 01 2- 41 Fl. 953DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 954 2 A fiscalização glosou a exclusão da base de cálculo do rateio proporcional o valor que identificou nos documentos contábeis e fiscais como sendo o ICMS próprio. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO À ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator (assinado digitalmente) Participaram do presente julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Ari Vendramini, Semiramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). Fl. 954DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 955 3 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase de Manifestação de Inconformidade, fls. 02/65, interposta aos 17/02/2014, em face do Despacho Decisório de fls. 102, cientificado ao sujeito passivo aos 21/01/2014, fls. 103. 2. O Despacho Decisório indeferiu o crédito objeto do Pedido de Ressarcimento – PER de IPI atinente ao 2º Trimestre de 2011, registrado sob o nº 14706.69989.150711.1.1.019113, por meio do qual foi solicitado o ressarcimento de suposto direito creditório na importância de R$ 60.941.954,36. 3. Ademais, dado o nãoreconhecimento do crédito pleiteado, supradito Despacho Decisório não homologou as compensações objeto das Declarações de Compensação – DCOMP nº 12606.35111.190811.1.3.018505, 23005.78762.260711.1.3.016087, 41092. 21241.250711.1.3.012740, 37432.73082.200711.1.3.013322, 32559.32912.150811.1.3.01 8423 e 26887.90634.290711.1.3.018523 e, por fim, concluiu inexistir valor a ser ressarcido à contribuinte. I. Do Termo de Verificação Fiscal: 4. Registra o TVF que a contribuinte apresentou Pedidos de Ressarcimento alusivos aos 1º trimestre de 2009 ao 4º trimestre de 2011, por meio dos quais requereu o reconhecimento de direito creditório, num total de R$ 882.807.837,91, a título de: (i) crédito básico de IPI; (ii) crédito presumido de IPI correspondente a 3% do valor do imposto destacado nas Notas Fiscais (art. 56, da MP 2.15835, de 24/08/2001); e (iii) crédito presumido de IPI equivalente ao dobro do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas (Lei nº 9.440/97). 5. Noticia haver sido confirmada a exatidão dos créditos correspondentes às duas primeiras parcelas acima discriminadas, tendo sido, contudo, detectadas irregularidades na apuração do crédito presumido da Lei nº 9.440/97, consistentes no cálculo do incentivo em relação à revenda de produtos importados e, ainda, na apuração de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS em desacordo com a legislação aplicável. I.1. Da indevida apuração do benefício em relação à revenda de veículos importados: 6. Explica o TVF que a contribuinte é fabricante de veículos e possui fábricas em diversos municípios dentre elas a situada em Camaçari/BA, que goza de incentivo fiscal, previsto na Lei nº 9.440/97, equivalente ao dobro do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas. Tal benefício, inicialmente atribuído à Troller Veículos Especiais Ltda, foi transferido, após a incorporação desta pessoa jurídica pela autuada, ao estabelecimento desta em Camaçari pelo Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02, de 28/02/2002. Fl. 955DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 956 4 7. Reproduz os seguintes dispositivos da Lei nº 9.440/97, que instituiu o incentivo em questão1: “Art. 1º Poderá ser concedida, nas condições fixadas em regulamento, com vigência até 31 de dezembro de 1999: (...) IX crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nº 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no § 1º, deste artigo. §1º. O disposto no caput aplicase exclusivamente às empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, e que sejam montadoras e fabricantes de: a) veículos automotores terrestres de passageiros e de uso misto de duas rodas ou mais e jipes; b) caminhonetas, furgões, pickups e veículos automotores, de quatro rodas ou mais, para transporte de mercadorias de capacidade máxima de carga não superior a quatro toneladas; c) veículos automotores terrestres de transporte de mercadorias de capacidade de carga igual ou superior a quatro toneladas, veículos terrestres para transporte de dez pessoas ou mais e caminhõestratores; (...) Art. 11. O Poder Executivo poderá conceder, para as empresas referidas no § 1º do art. 1º, com vigência de 1º de janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2010, os seguintes benefícios: (...) IV extensão dos benefícios de que tratam os incisos IV, VI, VII, VIII e IX do art. 1º. Art. 11A. As empresas referidas no § 1 º do art. 1º , entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, poderão apurar crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno, multiplicado por: ( Incluído pela Lei nº 12.218, de 30 de março de 2010) I 2 (dois), no período de 1 º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2011; (...) Fl. 956DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 957 5 § 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. § 2 º Para os efeitos do § 1º , o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei n º 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1º, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno”. 8. Cita que o enfocado incentivo foi regulamentado pelos Decretos nº 2.179, de 18/03/1997, e 3.893, de 22/08/2001 (este, revogado pelo de nº 7.422, de 31/12/2010), com disposições também nos Decretos nº 4.544, de 26/12/2002, e 7.212, de 15/06/2010. 9. Expõe que o art. 1º, da Lei nº 9.440/97, exige que, para gozo do incentivo, a empresa: (i) já estivesse instalada ou que viesse a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste; e (ii) fosse montadora e fabricante de veículos automotores, tratores, colheitadeiras, dentre outros. Externa, ainda, que este artigo impõe que as condições para a concessão do benefício sejam fixadas em regulamento. 10. Argúi que “o Decreto nº 2.179/97, que regulamentou a Lei nº 9.440/97, diz que as empresas beneficiárias poderão obter crédito presumido como ressarcimento do PIS e da COFINS no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento. O inciso IV do art. 2º define como beneficiárias as empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste ou CentroOeste e que sejam montadoras e fabricantes de veículos automotores, tratores, colheitadeiras, entre outros”. 11. Fala que o art. 1º, do Decreto nº 3.893/2001, que regulamentou o art. 11, da Lei nº 9.440/97, dispõe que o incentivo corresponde à aplicação da alíquota de 7,30% sobre o faturamento com a venda de produtos de fabricação própria e que o art. 1ºA, deste Decreto, incluído pelo de nº 5.710, de 24/02/2006, preceitua que, sob o regime nãocumulativo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o benefício corresponde ao dobro das contribuições devidas, decorrentes de vendas no mercado interno. 12. Acentua que o art. 112, do Decreto nº 4.544/2002, e o art. 135, do Decreto nº 7.212/2010, também estabelecem que o benefício equivale ao dobro das contribuições que incidiram sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria. 13. Consigna que o art. 11A, da Lei nº 9.440/97, incluído pela Lei nº 12.218, de 30/03/2010, preconiza que o crédito presumido corresponde ao ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS no montante equivalente ao dobro das contribuições devidas em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno. Fl. 957DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 958 6 14. Menciona que o Decreto nº 7.422/2010 regulamentou o artigo 11A da Lei nº 9.440, dispondo que o incentivo corresponde ao ressarcimento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV, do art 2º, do Decreto nº 2.179/1997. 15. Ademais, reportase o TVF às cláusulas 4a e 5a, do Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02. 16. A partir dos dispositivos normativos acima, conclui que o incentivo examinado apenas recai sobre as vendas, no mercado interno, de produtos de fabricação própria. 17. Diz que a exigência de que as empresas beneficiadas devam exercer atividades de montagem e de fabricação decorre do objetivo do incentivo, qual seja: (i) de acordo com a Exposição de Motivos da Lei nº 9.440/97 (EM Interministerial nº 613/1996 MF), fomentar o desenvolvimento regional, aumentar o nível de emprego e descentralizar o setor industrial no Brasil e neutralizar as desvantagens naturais existentes nas regiões incentivadas em relação às demais do País; e (ii) consoante Exposição de Motivos da Lei nº 12.218/2010 (EM nº 166/2009 MF/MCT/MDIC), que incluiu o art. 11A na Lei nº 9.440/97, implementar medidas complementares à política de desenvolvimento produtivo no País, reforçando a regionalização da indústria automotiva Brasileira. 18. Comenta, ainda, que, de acordo com a “Prestação de Contas Anual” do exercício de 2012, emitida pela Secretaria de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o crédito presumido analisado objetiva contribuir para a instalação de unidades da indústria automotiva, fomentar o desenvolvimento regional, o aumento de empregos e a descentralização industrial no Brasil. 19. Salienta que sobredita Prestação de Contas traz demonstrativo do número de empregos gerados pelos beneficiários do comentado crédito presumido e que, no caso da FORD, figura um total de 12.806 empregos, o que a Fiscalização tem como conseqüência direta da atividade de fabricação e de montagem de automóveis. 20. Fala que, aos moldes do art. 3º, da Portaria Interministerial nº 258, de 14/10/2001 (que, consoante inclusive anotado no Termo de Compromisso acima aludido, rege o crédito presumido aqui tratado), “Poderão solicitar o benefício (...) as empresas que estejam fabricando produtos automotivos nas regiões de abrangência da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997”, sendo que, na forma do Anexo I desta Portaria, os beneficiados devem prestar informações concernentes à linha de produção, à capacidade produtiva e ao número de empregos. 21. Registra, ainda, que as Cláusulas 7a a 9a, de supradito Termo de Compromisso, bem como o art. 8º, da Lei nº 11.434, de 28/12/2006 (abaixo reproduzido), exigem a manutenção dos níveis de produção e emprego, sob pena de perda da habilitação e do incentivo: “Art. 8o Os incentivos e benefícios fiscais concedidos por prazo certo e em função de determinadas condições a pessoa jurídica que vier a ser incorporada poderão ser transferidos, por sucessão, à pessoa jurídica incorporadora, mediante requerimento desta, desde Fl. 958DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 959 7 que observados os limites e as condições fixados na legislação que institui o incentivo ou o benefício, em especial quanto aos aspectos vinculados: I ao tipo de atividade e de produto; II à localização geográfica do empreendimento; III ao período de fruição; IV às condições de concessão ou habilitação. § 1o A transferência dos incentivos ou benefícios referidos no caput deste artigo poderá ser concedida após o prazo original para habilitação, desde que dentro do período fixado para a sua fruição. § 2o Na hipótese de alteração posterior dos limites e condições fixados na legislação referida no caput deste artigo, prevalecerão aqueles vigentes à época da incorporação. § 3o A pessoa jurídica incorporadora fica obrigada, ainda, a manter, no mínimo, os estabelecimentos da empresa incorporada nas mesmas Unidades da Federação previstas nos atos de concessão dos referidos incentivos ou benefícios e os níveis de produção e emprego existentes no ano imediatamente anterior ao da incorporação ou na data desta, o que for maior. § 4o Na hipótese do art. 11 da Lei no 9.440, de 14 de março de 1997, é vedada a alteração de benefício inicialmente concedido para a produção dos produtos referidos nas alíneas a a e do § 1o do art. 1o da citada Lei, para os referidos nas alíneas f a h, e vice versa” (grifo constante do TVF) 22. Reflete que a legislação claramente condiciona o gozo do benefício à manutenção dos níveis de emprego e produção, o que a contribuinte aceita ao assinar o Termo de Compromisso, sendo a industrialização e não a simples revenda de veículos importados a única atividade que vai ao encontro do objetivo pretendido pelas Leis 9.440/97 e 11.434/2006, conclusão que vê reforçada pela disposição contida no art. 7º, da Lei nº 9.440/97, c/c o art. 12, do Decreto nº 2.179/97, que determinam índice médio anual de nacionalização, no percentual mínimo de 60%, para beneficiárias montadoras e fabricantes de veículos e autopeças em cuja produção sejam utilizados insumos importados. 23. Visualiza a impossibilidade de apuração do incentivo analisado em relação às vendas de veículos importados como decorrência do §3º, do art. 11A, da Lei nº 9.440/97, e do art. 1ºA, §2º, do Decreto nº 3.893/2001, pois, segundo o TVF, ao definir que no cálculo do benefício devem ser considerados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno, o legislador diz, ainda que indiretamente, que o produto cuja venda gera o benefício é o veículo fabricado pela empresa beneficiária a partir desses insumos. 24. Destaca que o art. 1º, caput, IX e §1º, da Lei nº 9.440/97, dispõe que o incentivo poderá ser concedido apenas a empresas montadoras ou fabricantes de veículos ou autopeças noutras palavras, estabelecimentos industriais, sendo que, consoante art. 9º, do RIPI, os importadores não são industriais, mas apenas a estes equiparados, pelo que quando Fl. 959DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 960 8 uma montadora/fabricante importa produtos para revenda no mercado interno, sem realizar qualquer operação de industrialização, ela não é beneficiária do crédito presumido de IPI em relação a tais operações, cujas correspondentes vendas no mercado interno não devem ser incluídas na base de cálculo do incentivo fiscal de que trata a Lei nº 9.440/97. 25. Assevera que a importação/revenda de produtos acabados, em que inexiste industrialização, desatende o maior objetivo da instituição do incentivo fiscal: o incremento de empregos na indústria; a melhoria dos níveis de investimento, produção e competitividade industrial; e a descentralização e desenvolvimento de economia dos estados beneficiados. 26. Complementa que, na diretriz acima trilha o parecer elaborado por Ives Gandra da Silva Martins, bem como a Solução de Consulta Interna (SCI) COSIT nº 17, de 26/07/2012, cuja ementa (que foi transcrita) está assim redigida: “As receitas decorrentes das vendas no mercado interno de veículos acabados importados não devem ser utilizadas na apuração do crédito presumido de IPI de que trata a Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997”. 27. Menciona o TVF que, pelas razões acima expostas, foram excluídas, no cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devida, as receitas de vendas de produtos acabados importados (códigos CFOP nº 5.102 e 6.102), bem como os custos vinculados a tais receitas. I.2. Da análise dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS calculados pela contribuinte: 28. Sobre a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devida para fins de determinação do crédito presumido analisado, o TVF afirma que as normas peculiares do incentivo criaram duas exceções à regra geral de cálculo de supraditas contribuições: (i) o benefício deve ser levantado apenas no estabelecimento incentivado, com segregação das parcelas da filial, ao passo que a regra geral é a apuração centralizada na matriz; e (ii) na apuração feita pela matriz, os custos, encargos e despesas vinculados às receitas de exportação são considerados para definição dos créditos, enquanto na filial não. 29. Assegura que o cálculo do incentivo deve observar as suas normas específicas e, em caso de ausência, lacuna ou omissão, as da apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, pois o valor destas contribuições da filial de Camaçari é base de cálculo do benefício. 30. Narra haver sido constatado que a contribuinte incorreu nos seguintes equívocos na apuração dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, os quais afetaram, conseqüentemente, o cálculo do crédito presumido de IPI: (i) erro no método de determinação dos créditos destas contribuições; (ii) equívoco no cálculo dos créditos oriundos de outras filiais; e (iii) erro na determinação do fator de rateio em função de quatro circunstâncias: (iii.1) redução da receita de vendas no mercado interno decorrente da exclusão do ICMS, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; (iii.2) utilização de receita contábil para determinação do valor das vendas internas; (iii.3) inclusão de vendas para o exterior de CKD (“Complete Knocked Down”) que não sofreram qualquer industrialização no estabelecimento incentivado; e (iii.4) exclusão de receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus. Fl. 960DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 961 9 I.2.1. Erro no método de determinação dos créditos: 31. Comenta o TVF que, para o cálculo do incentivo fiscal avaliado neste processo administrativo, incidente sobre as receitas de vendas no mercado interno, os Decretos nº 3.893/2001 (art. 1ºA, §1º) e nº 7.422/2010 (art. 2º, §2º) determinam que o contribuinte apure, separadamente, os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas no mercado interno dos demais custos relacionados às receitas de exportação, o que deve ser realizado mediante a adoção de um dos métodos previstos nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637, de 30/12/2002, e 10.833, de 29/12/2003, ambos assim redigidos: “§ 8º. Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7º e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9º. O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8º, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal”. 32. Registra que esta forma de apuração é igualmente utilizada para calcular os créditos vinculados à receita de exportação, consoante art. 6º, §3º, da Lei nº 10.833/2003. 33. O TVF também se remete ao art. 21, da IN SRF nº 404, de 12/03/2004, bem como ao 40, da IN SRF nº 594, de 26/12/2005, in verbis: IN SRF nº 404/2004: Art. 21. Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa da Cofins, em relação apenas à parte de suas receitas, o crédito deve ser apurado, exclusivamente, em relação aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. § 1º Para efeito do disposto neste artigo, a pessoa jurídica deve registrar, a cada mês, destacadamente para a modalidade de incidência referida no caput e para aquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, as parcelas: I dos custos, das despesas e dos encargos de que trata a alínea b do inciso I e os incisos II e III do art. 8º, observado o disposto no art. 9º; e II do custo de aquisição dos bens e serviços de que trata a alínea "b" do inciso I do art. 8º, adquiridos de pessoas físicas, observado o disposto nos arts. 10 e 11. § 2º Para efeito do disposto no § 1º, o valor a ser registrado deve ser determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: Fl. 961DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 962 10 I apropriação direta, inclusive, em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 3º Para apuração do crédito decorrente de encargos comuns, na hipótese do inciso I do § 2º, aplicase sobre o valor de aquisição de insumos, dos custos e das despesas, referentes ao mês de apuração, a relação percentual existente entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa e os custos totais incorridos no mês. § 4º O método eleito pela pessoa jurídica deve ser aplicado consistentemente por todo o anocalendário. IN SRF nº 594/2005: “Art. 40. Na hipótese de a pessoa jurídica sujeitarse à incidência não cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação apenas a parte de suas receitas, o crédito deve ser apurado, exclusivamente, tendo por base os custos, as despesas e os encargos vinculados a essas receitas, que deverão ser registrados separadamente daqueles vinculados às receitas sujeitas à incidência cumulativa das contribuições. § 1º Para efeito do disposto no caput, os valores a serem registrados devem ser determinados, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, com a utilização do método de custo real de absorção, mediante a aplicação de critérios de apropriação por rateio que dêem uma adequada distribuição aos custos comuns; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, às despesas e aos encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 2º O método referido no § 1º, eleito pela pessoa jurídica, deve ser aplicado consistentemente por todo o anocalendário para a Contribuição para o PIS/Pasep e para a Cofins.” 34. A partir dos dispositivos acima, conclui que a pessoa jurídica deve optar, no mês de janeiro, por um dos métodos previstos na legislação para cálculo dos créditos, e aplicar a opção, feita no DACON, para todo o anocalendário restante. 35. Diz que o art. 15, da Lei nº 9.779, de 19/01/1999, estipula que a apuração e o pagamento da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ocorra de modo centralizado no estabelecimento matriz da pessoa jurídica. 36. Qualifica como falha na apuração do incentivo a distinção entre o método utilizado pela filial (que, segundo a Fiscalização, não segue o disposto na IN SRF nº 594/2005) para determinar os créditos decorrentes dos insumos utilizados na industrialização e o usado Fl. 962DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 963 11 pela matriz (rateio proporcional) para calcular os créditos dos mesmos insumos que influenciam na apuração dos mesmos tributos. 37. Reflexiona que, como a filial é parte de um todo – a matriz, “o crédito do mesmo insumo da filial de Camaçari é calculado de uma forma na apuração centralizada (feita pela matriz) e de outra forma no cálculo do benefício (pela filial). Ou ainda, o mesmo insumo pode impactar positivamente na apuração centralizada, gerando mais crédito, ou negativamente na apuração da filial, gerando menos crédito, porém, neste caso, sendo benéfico para a empresa, uma vez que o incentivo fiscal corresponde ao dobro das contribuições devidas (débitos menos créditos)”. 38. Diz ser ilógica e desarrazoada a distinção acima e que, sendo a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS apuradas e pagas de modo centralizado na matriz e, ainda, como a filial nada mais é que parte de uma única pessoa jurídica, a filial deve seguir os métodos e os critérios que são usados pela matriz na apuração de tributos de cujo resultado a filial participa. 39. Fala que o incentivo analisado corresponde ao dobro das contribuições devidas e que, segundo determina a Lei n° 9.779/99, quem apura e paga as contribuições é a matriz, sendo que “a apuração nada mais é que a soma das parcelas das filiais. Logo, o cálculo do PIS e Cofins devidos pela filial devem estar dentro do cálculo das contribuições da Matriz, inclusive, e principalmente, o cálculo do incentivo, sob pena de causar uma distorção no valor incentivado”. 40. Cita exemplo concreto da citada distorção ocorrido no mês de abril de 2010, relativamente ao qual pontua que: 40.1. considerando as apurações do contribuinte e excluindo a operação de venda de veículos importados, a filial de Camaçari calculou, para fins do incentivo, contribuições devidas no valor de R$ 16.172.625,66, o que resultou num incentivo de R$ 32.345.251,32 (nesta operação, o total de crédito foi de R$ 19.904.183,88 e o débito foi de R$ 36.076.809,32); 40.2. na apuração feita pela matriz (DACON), e ainda considerando a exclusão dos veículos importados, os créditos, referentes a custos e vendas no mercado interno e externo, da filial de Camaçari totalizaram R$ 30.933.646,56, sobre o qual, aplicandose o fator de rateio de vendas no mercado interno apurado pelo contribuinte (79,85%), obtémse crédito no mercado interno no montante de R$ 24.700.516,77 e contribuições devidas no valor total de R$ 11.376.369,23 (o valor do débito foi o mesmo: R$ 36.076.809,32); 40.3. assim as contribuições devidas pela filial incentivada, conforme apurado no DACON, importaram em R$ 11.376.369,23, enquanto no cálculo do incentivo o valor devido atingiu R$ 16.172.625,66 (e o crédito presumido R$ 32.345.251,32); 40.4. considerandose as contribuições efetivamente devidas pela filial (ou seja, os R$ 11.376.369.32 apurados em DACON e declarados em DCTF), o valor do incentivo deveria ser de R$ 22.752.738,64 (dobro das contribuições devidas), em vez dos R$ 32.345.251,32 apurados pela contribuinte (3,52 vezes as contribuições devidas). 41. Rememora que a filial aproveita o saldo credor de IPI, fortemente influenciado pelo incentivo analisado, para compensar débitos da contribuição para o Fl. 963DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 964 12 PIS/PASEP e da COFINS apurados pela matriz: ou seja, a filial de Camaçari utiliza um incentivo, cuja base de cálculo é estas contribuições devidas, para pagar débitos destes mesmos tributos. 42. Cita, ainda, que o art. 251, do RIR/99, impõe que a escrituração deva abranger todas as operações da contribuinte, sendo que o seu art. 252, embora faculte a adoção de escrituração descentralizada, exige que os resultados das filiais sejam incorporados na escrituração da matriz ao final de cada mês. 43. Ademais, referencia a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 2.6 (aprovada pela Resolução nº 684, de 14/12/1990, do Conselho Federal de Contabilidade): “01. A Entidade que tiver unidade operacional ou de negócios, que como filial, agência, sucursal ou assemelhada, e que optar por sistema de escrituração descentralizado, deverá ter registros contábeis que permitam a identificação das transações de cada uma dessas unidades, observado o que prevê a NBC T 2 – Da Escrituração Contábil. 02. A escrituração de todas as unidades deverá integrar um único sistema contábil, com a observância dos Princípios Fundamentais da Contabilidade aprovados pelo Conselho Federal de Contabilidade. 03. O grau de detalhamento dos registros contábeis ficará a critério da Entidade. (...)” 44. Externa que a filial (ou estabelecimento) nada mais é que a descentralização das atividades da empresa, fazendo parte de um patrimônio único, e cita o conceito de estabelecimento previsto no art. 1.142, do Código Civil, como “todo complexo de bens organizados para exercício da empresa, por empresário ou sociedade empresária” e comenta que o Código Civil, em seus arts. 1.179, 1.184 e 1.188, referese à empresa ao tratar das demonstrações financeiras e do balanço patrimonial. 45. E conclui que, uma vez que, de acordo com a informação constante do DACON entregue pelo sujeito passivo e com aquela prestada em resposta a Intimação expedida aos 20/05/20132, a matriz elegeu o rateio proporcional, deveria esta mesma metodologia ter sido adotada pela filial em Camaçari para determinar o crédito presumido examinado. 46. Menciona que, em resposta aos itens 2 e 3, da sobredita Intimação, a contribuinte afirmou que, com fundamento no §2º, do art. 11A, da Lei nº 9.440/97 (o qual se remete aos incisos II, do §8º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003), realizou, para o cálculo dos créditos utilizados na apuração do incentivo discutido, o rateio dos créditos “proporcionalmente às receitas auferidas de acordo com sua natureza, quais sejam, receitas de veículos produzidos, importados e exportados” e que as receitas proporcionalizadas foram aquelas contabilmente reconhecidas e destacadas no SPED Contábil (esta informação foi posteriormente retificada, conforme será relatado no item 56 abaixo). 47. Aduz que a contribuinte apresentou demonstrativo com segregação, por estabelecimento, da apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, de modo a espelhar o DACON entregue à RFB e que este demonstrativo exibe que “a apuração dos Fl. 964DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 965 13 créditos foi feita efetivamente por meio das aquisições de insumos, utilizando o método de rateio proporcional”, mas que, da análise da apuração feita pela filial em Camaçari para fins de levantamento do incentivo tratado nos correntes autos, evidenciase a adoção de dois métodos na determinação de créditos: o rateio proporcional, no tocante às despesas com energia elétrica, armazenagem e fretes, bens do ativo imobilizado e serviços; e o denominado “Bill of material (BOM)”, no tangente aos insumos dos veículos fabricados. 48. Expõe que a técnica do “Bill of material” (também designada estrutura de produtos) consiste em uma lista de peças ou componentes e a respectiva quantidade dos itens necessários à industrialização do produto final e, in casu, foi feita por chassis, com listagem de todas as peças e componentes integrantes do veículo. 49. Menciona que o método adotado pela contribuinte se aproxima da apropriação direta, mas que a legislação impõe que esta apropriação seja efetivada por intermédio de “sistema de contabilidade de custo integrada e coordenada com a escrituração, com a utilização do método de custo real de absorção, mediante aplicação de critérios de apropriação por rateio que dêem uma adequada distribuição aos custos comuns”. 50. Reportase ao conceito de sistema de contabilização de custo integrado e de custo de produção, constantes, respectivamente, dos arts. 294 e 2903, do RIR/99, a partir dos quais conclui que, ao optar pelo método de apropriação direta, deve ser atribuído ao custo do produto final todos os custos diretos (matériaprima, mão de obra, e outros) e indiretos (energia, seguros de depreciação, almoxarifado, etc), o que alude não ter ocorrido na sistemática empregada pela filial em Camaçari para cálculo do incentivo em exame, pois os gastos indiretos não foram computados ao custo dos produtos, mas contabilizados em grupos que englobam todos os custos e despesas da Unidade, o que demonstra, detalhadamente, ter efetivamente ocorrido com a despesa de energia elétrica de julho de 2009. 51. Aponta o TVF diversas irregularidades no plano de contas adotado pela contribuinte, dentre elas a falta de divisão por subgrupos, mas apenas um segundo nível analítico – o que contraria a Resolução CFC nº 1.299/2010, que determina um mínimo de 4 níveis com as contas analíticas a partir do nível 4. 52. Outra irregularidade descortinada seria a contabilização de despesas com serviços e outros, as quais, “segundo informações da contribuinte, são escrituradas nas contas de cada serviço contratado, e os créditos descontados são escriturados nas contas de ativo 06M_PISCPR e 06M_COFCPR”, tendo as autoridades fiscais constatado que “os lançamentos não estão classificados pelo centro de custo de cada filial, e sim o da unidade matriz (0664)”, em virtude do que a Fiscalização conclui inviável a apuração dos valores referentes à filial de Camaçari. 53. Indica que a circunstância acima não ocorreu na conta de energia, em que os gastos do estabelecimento incentivado estão classificados no centro de custo 0667. 54. Narra que a contribuinte apresentou planilha por meio da qual tenta demonstrar as contas que registraram as despesas e lista os documentos que deram suporte aos lançamentos e as diversas contas contábeis em que os valores teriam sido escriturados. 55. Comenta que os dados da planilha acima evidenciam que “a mesma conta contábil recebeu lançamentos de custo 0664 e 0667, ou seja, de São Bernardo e Camaçari” e, além disto, “trazem gastos que foram escriturados em conta contábil com somente a indicação Fl. 965DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 966 14 do centro de custo 0664”, o que revela a falta de separação contábil dos custos da filial de Camaçari, bem como a nãoapropriação dos gastos à conta de custos de produção. 56. Diz que, como o método acima estava em desacordo com o informado pela fiscalizada em resposta à Intimação expedida aos 20/05/2013, ela foi reintimada aos 21/11/20134 a noticiar qual o método utilizado para apurar os créditos relativos aos custos dos insumos dos produtos fabricados e, na hipótese de realizar apropriação direta, a apresentar os espelhos das contas contábeis (esta Reintimação se refere ao método usado no cálculo do incentivo), sendo que, em atendimento, a contribuinte comunicou que utiliza a apropriação direta, por meio de contabilidade integrada e coordenada com a escrituração e, para corroborar esta assertiva, anexou resumo do SPED contábil da conta “23B01A00” atinente ao mês de janeiro de 2009, bem como planilha FIRS e cálculo do incentivo examinado5. 57. Menciona o TVF que os dados apresentados pela contribuinte exibem que, no cálculo do incentivo do mês de janeiro de 2009, o custo dos veículos fabricados na Unidade de Camaçari foi de R$ 202.255.744,56 e o valor líquido (excluídos o ICMS, a contribuição para PIS/PASEP e a COFINS) seria de R$ 173.147.608,10. 58. Expõe ter sido constatado que a conta contábil “23B01A00” recebeu, em janeiro de 2009, lançamentos a débito e a crédito de R$ 189.879.887,65 e R$ 8.732.279,55, que geraram saldo de R$ 181.147.608,10, tendo apresentado a contribuinte uma reconciliação para fins do incentivo, com ajustes contábeis de R$ 5.973.818,92, além de outros dois acertos no total de R$ 1.919.807,40, com os quais o custo no mês importou em R$ 173.253.981,78. 59. O TVF aponta três problemas nos dados examinados: (i) os ajustes denominados “outros custos” e “veículos não elegíveis” não estão contabilizados, não restando, assim, patenteada a contabilização integral dos custos vinculados ao incentivo da Lei nº 9.440/97; (ii) os ajustes contábeis na conta “23B01A00” dizem respeito a veículos faturados que ainda se encontram no pátio da empresa, sendo que as receitas de vendas respectivas foi considerada no cálculo do incentivo, tendo a contribuinte considerado o correlato débito, mas não levou em conta o custo (crédito), o que aumentou as contribuições devidas; (iii) contabilização de custos pelo valor líquido (excluída a contribuição para o PIS/PASEP, a COFINS e o ICMS), enquanto o cálculo do incentivo deve ser realizado pelo valor bruto, não tendo a contribuinte exibido escrituração dos tributos de modo a permitir correta apropriação e dedução dos valores. 60. Complementa o TVF que a conta contábil “23B01A00” também é usada para escriturar custos dos veículos importados, cujos lançamentos indicam o centro “0664”, de São Bernardo do Campo, o que inviabiliza a verificação dos custos associados à filial de Camaçari (centro de custo “0667”). 61. Assevera que, em razão do exposto, a contabilidade da contribuinte não permite a identificação dos custos integrados de produção do estabelecimento incentivado, inviabilizando a apuração de créditos pelo método de apropriação direta, não podendo o método empregado pelo sujeito passivo ser considerado como apropriação direta, tal como disciplinado pelo art. 3º, §8º, I, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e nas IN SRF 404/2004 e 594/2005, pois não lastreado em sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, nem se trata do método de custeio por absorção. 62. Complementa o TVF que o emprego de dois métodos distintos para o cálculo de créditos infringe o ditame dos arts. 3º,§9º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, Fl. 966DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 967 15 taxativos ao determinarem que “o método eleito deve ser um só, sendo aplicável a todo o ano calendário”, bem como o do §8º deste artigo, que preconiza que o sujeito passivo deve optar por um ou outro método (determinação também gravada no programa Dacon mensal). 63. Destaca, também, que os insumos utilizados na industrialização são comuns aos veículos vendidos pelo estabelecimento em Camaçari no mercado interno e no externo. 64. Em face de todo o exposto, conclui que a apuração dos créditos vinculados ao custo dos insumos dos veículos fabricados pela contribuinte não pode ser aceita, pelo que a Fiscalização utilizou o método de rateio proporcional. I.2.2. Créditos oriundos de outras fábricas: 65. O TVF anuncia que a unidade em Camaçari recebe, em transferência, insumos (tais como motor de transmissão, estamparia, dentre outros), produzidos pelos seus estabelecimentos situados em Taubaté e em São Bernardo do Campo e que são integrados aos veículos produzidos em Camaçari. 66. Noticia que, pelo método “Bill of material”, utilizado pelo estabelecimento incentivado, os créditos sobre estes insumos transferidos não são apropriados pela peça inteira (por exemplo, um motor), mas pelas peças individuais (parafusos, correias, pistões, etc) que compõem o insumo (no exemplo citado, o motor), sendo a transferência realizada por meio de Notas Fiscal com código CFOP 6151 (Transferência de produção do estabelecimento), sendo que a base de cálculo do ICMS indicada nesta Nota observa o disposto no art. 39, II, do Decreto Estadual nº 45.490/2000 (RICMS/2000) 6, e, assim, são retiradas parcelas que foram incluídas no preço. 67. Ilustra a afirmação acima com um caso concreto e, em seguida, aduz que, pela sistemática adotada pela empresa, outros custos envolvidos na fabricação dos motores tais como materiais indiretos (graxa, estopa, etc), energia elétrica, armazenagem, serviços, além de despesas com frete e armazenagem , aluguéis de máquinas e equipamentos, etc – são todos apropriados pelas filiais que produzem as peças (Taubaté e São Bernardo), circunstância esta que é indiferente para o cálculo das contribuições apuradas de forma centralizada pela matriz, mas que impactam na apuração do crédito presumido de IPI discutido. 68. Pondera que a distorção decorrente da sistemática acima não ocorreria se a filial em Camaçari fabricasse os referenciados insumos, pois os correspondentes custos seriam totalmente suportados por esta Unidade, o mesmo ocorrendo se tais insumos fossem adquiridos de uma empresa independente, pois no seu preço estariam encartados todos os custos e despesas que foram incorridos na fabricação. 69. Elucida que, para corrigir a situação, foi ajustada a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS da filial em Camaçari de modo a apropriar os custos e as despesas que arcaram as filiais em Taubaté e São Bernardo vinculados à produção de peças destinadas à industrialização naquele estabelecimento. 70. No item 5.5 “Créditos das filiais de Taubaté e São Bernardo (Anexos E a H)”, pág. 32 e 33 do TVF, é explicado como se procedeu ao ajuste acima: Fl. 967DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 968 16 70.1. extraiuse do DACON segregado os valores de bens e serviços utilizados como insumos, de despesas com energia elétrica, com armazenagem e frete, bens do ativo permanente, assim como os valores de outras operações com direito a crédito, e, à soma destas rubricas, aplicouse o percentual de 9,25%; 70.2. levantouse as saídas de produtos fabricados pelos estabelecimentos em Taubaté e São Bernardo do Campo, para o que foram utilizados os CFOP vinculados à produção (5.101, 5.151, 6.101, 6.151 e 7.127), segregados por destinatário; 70.3. dividiuse a saída para Camaçari pelo total das saídas, e, desta maneira, encontrouse o percentual correspondente às saídas para a filial de Camaçari, que foi aplicado ao total dos créditos vinculados à produção das filiais em Taubaté e São Bernardo do Campo, e, assim, definiuse o crédito relacionado à produção de peças fabricadas e que foram destinadas à filial de Camaçari, cuja correspondente importância foi transportada para o anexo C. 71. Ressalvou que a filial em Taubaté utilizou o CFOP 6.101 para emitir Notas destinadas à empresa Benteler Comp. Autom. Ltda, mas que, de acordo com resposta da contribuinte, as vendas destinadas a esta empresa têm natureza de revenda de mercadoria, pois não sofrem qualquer processo de industrialização, pelo que tais saídas foram excluídas do rateio da filial em Taubaté (33ª pág. Do TVF, primeiro parágrafo). I.2.3. Dos Erros na determinação do fator de rateio: 72. O TVF assinala que, pelo método do rateio proporcional, a parcela dos créditos comuns vinculados às receitas de vendas no mercado interno é assim definida: (i) somase as vendas do mercado interno e externo; e (ii) dividese as vendas internas pelo total das vendas para obtenção do percentual de rateio; (iii) aplicase este percentual ao total dos créditos vinculados a custos, despesas e encargos comuns e, assim, obtémse a parte destes créditos relacionados às vendas no mercado interno. 73. Narra que, segundo planilhas de apuração entregues pela contribuinte (utilizadas para determinar a base de cálculo dos créditos sobre energia elétrica, armazenagem e frete, bens do ativo imobilizado e serviços), o fator de rateio foi por ela calculado da seguinte forma: 73.1. foram apuradas “por meio de conta contábil representativa das vendas locais, as vendas brutas do mês, ajustada por lançamentos contábeis feitos ao final e ao início do mês, referentes aos veículos faturados mas que ainda estavam no pátio da empresa”; 73.2. das receitas acima foram abatidas as vendas canceladas e os tributos sobre vendas (IPI, ICMS, PIS e COFINS) e foi obtido o valor líquido das vendas no mercado interno; 73.3. foram extraídas da contabilidade as vendas para o mercado externo (tanto de produtos fabricados, quanto as do chamado “CKD”), que foram somadas às vendas no mercado interno para apuração do total das receitas; e 73.4. foram divididas as receitas das vendas internas pelo total das receitas, apurandose o fator de rateio. Fl. 968DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 969 17 74. Consigna que a apuração feita pelo sujeito passivo contém quatro erros que distorceram e reduziram o percentual de rateio: (i.1) redução da receita de vendas no mercado interno decorrente da exclusão do ICMS, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS; (ii.2) utilização de receita contábil para determinação do valor das vendas internas; (ii.3) inclusão de vendas para o exterior de CKD que não sofreram qualquer industrialização na filial da FORD em Camaçari; e (ii.4) exclusão de receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus. I.2.3.1. Redução da receita de vendas no mercado interno: 75. O TVF narra que, da receita bruta apurada para fins de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS consideradas devidas no cálculo do incentivo, a contribuinte excluiu não apenas o ICMS por substituição tributária, mas também o imposto por responsabilidade própria, além dos valores de supraditas contribuições. 76. As exclusões do ICMS (por responsabilidade própria), da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a autoridade fiscal tem por indevidas, com fundamento nos arts. 3º, §8º, II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, no art. 31, da Lei nº 8.981, de 20/01/1995, no art. 2º, da Lei nº 9.718/98, pois a legislação não prevê a exclusão de outros tributos além do IPI e do ICMS substituição, pelo que somente estes impostos foram excluídos pelas autoridades fiscais na determinação de ofício do fator de rateio. I.2.3.2. Erro na determinação da receita de vendas no mercado interno: 77. Expõe o TVF que a contribuinte extratou a receita de vendas no mercado interno da conta contábil “23A01A00LOCAL”, o que distorceu o cálculo, porque nesta conta figuram os seguintes lançamentos que modificam o montante da receita bruta: (i) ajustes de veículos faturados que ainda estão no pátio do estabelecimento; e (ii) ICMS destacado na Nota Fiscal Eletrônica a título de substituição tributária, mas que, na realidade, tratase de ICMS normal. 78. Quanto ao ponto inicial, salienta que, como os ajustes feitos no primeiro e no último dia de cada mês, com lançamentos a crédito e a débito (cujo histórico possui o texto “REVERSAO DE VENDAS NÃO EMBARC”) não foram considerados pela contribuinte na definição da receita de vendas para cálculo do débito das contribuições, também não devem ser considerados para cálculo do rateio. 79. Relativamente ao segundo ponto, aduz que, conforme Convênio ICMS n° 51/00: (i) nas vendas de veículos novos, em que ocorra faturamento direto ao consumidor pela montadora “e a operação esteja sujeita a regime de substituição tributária em relação às demais vendas, a montadora deverá emitir nota fiscal, de faturamento direto, contendo, no campo informações complementares, o detalhamento das bases de cálculo relativas à operação do estabelecimento emitente e a operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição, seguidas das parcelas do imposto decorrentes de cada uma delas”; (ii) “a parcela do imposto relativa à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição é devida à unidade federada de localização da concessionária que fará a entrega do veículo ao consumidor”. 80. Explica que o Convênio visa a repartir o ICMS incidente nas operações de vendas de veículos do fabricante diretamente a consumidor final situado em outra unidade da federação, pois nesta operação, em que ocorre só uma circulação de mercadoria, inexiste substituição tributária, por não haver operação posterior a ser substituída (pelo que o imposto Fl. 969DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 970 18 da venda do veículo ficaria todo para o Estado produtor) e que, em razão disto, o Convênio instituiu regime de partilha, em que “a base de cálculo do imposto é obtida a partir da aplicação de determinados percentuais, e, do total de ICMS apurado, parte fica com o estado de origem do produto e a outra parte com o estado de destino”. 81. Menciona que a própria Nota Fiscal emitida deixa claro que, na circunstância examinada, é normal – e não por substituição – a tributação pelo ICMS, o que exemplifica por meio da Nota Fiscal nº 165.291, cujo texto foi apresentado e abaixo transcrevo: “FATURAMENTO DIRETO AO CONSUMIDOR. CONV ICMS Nº 51/00. ART. 304 DO RICMS/SP E CONV 58/2008. BASE CALC ICMS ORIGEM 40.989,55. ICMS ORIGEM 4.918,75 72,74000% BASE CALC. ICMS DESTINO : 15.571,16 ICMS DESTINO 1.868,54 27,53000 % BASE DE CÁLCULO. ICMS TOTAL 56.560,71 – CAMPOS DE ICMS SUBST USADOS P/ DEMONST ICMS A SER RECOL AO ESTADO DEST, ASSIM CONSIDERADO O EST. DO DISTR. CONV 58/08”. 82. Diz que, por não se tratar de substituição tributária, o valor destacado na nota fiscal não pode reduzir a receita de vendas, mas que, na conta contábil utilizada pela contribuinte, esta parcela é lançada a débito da conta de receita, reduzindoa, o que, no cálculo do rateio proporcional, reduz o valor da receita de vendas no mercado interno, alterando o percentual que será aplicado aos custos, despesas e encargos vinculados a essas receitas. 83. Realça que a própria contribuinte, na apuração da receitas de vendas para o cálculo do débito da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, não considerou o valor destacado na nota a título de substituição tributária, excluindo somente o IPI da receita. 84. Conclui que os dois fatores acima inviabilizam a utilização da conta contábil “23A01A00LOCAL” para determinar a receita de vendas no mercado interno com vistas a definir o rateio proporcional. 85. O TVF também menciona que, nos termos da legislação aplicável, a receita bruta é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica e, no cálculo do incentivo da Lei 9.440, o contribuinte reconheceu a receita de vendas de acordo com as Notas Fiscais emitidas no mês e, consequentemente, apropriou os créditos correspondentes a estas vendas de acordo com a emissão de tais Notas; daí porque foi utilizada a receita de vendas apurada pela própria contribuinte quando do cálculo do incentivo fiscal da Lei 9.440, que está devidamente ajustada pelos cancelamentos, IPI e ICMS substituição tributária. I.2.3.3. Erro na composição da receita de exportação: 86. O TVF expõe que, na receita de exportação, a contribuinte, além da venda de produtos fabricados pela filial em Camaçari, considerou as de “CKD” 7. 87. Fala que a filial em Camaçari adota sistema de condomínio industrial em que a participação dos fornecedores ocorre diretamente na montagem e no processo de produção, num contexto de logística unificada que reduz o número de componentes fabricados dentro das montadoras (que priorizam o desenho, a montagem e a distribuição dos veículos) e deixa para os fornecedores a fabricação dos componentes e peças e a montagem dos módulos. Fl. 970DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 971 19 88. Menciona que, no caso da FORD, a maior parte dos módulos e peças são produzidos pelos fornecedores, cabendo à filial em Camaçari apenas a compra dos “kits” para exportação, fato corroborado pela resposta ao Termo de Intimação que foi lavrado em 21/11/2013, ocasião em que a intimada apresentou planilha identificando quais peças foram produzidas (e quais não) pela empresa (este relator não localizou nos presentes autos, nem no do processo administrativo nº 13502.721308/201314, este documento). 89. Exterioriza que a definição do fator de rateio é importante para a adequada distribuição dos créditos das contribuições, aqui vinculados aos custos de industrialização, e que o incentivo da Lei nº 9.440/97 deve ser calculado sobre as vendas de produtos de fabricação própria, pelo que os créditos devem ser calculados somente sobre os custos, despesas e encargos vinculados a estas vendas, o que inclusive foi observado pela contribuinte no cálculo do fator de rateio, em que considerou apenas as vendas de produtos fabricados no cômputo das vendas no mercado interno. 90. Aduz que a fiscalizada deveria adotar o mesmo critério para apurar as receitas de vendas no mercado interno e no externo e, assim, como não considerou as vendas no mercado interno de veículos importados (revenda), também não deveria incluir no cômputo das receitas de exportação a venda de CKD adquiridos prontos. 91. Conclui que “da forma como procedeu, a recorrente reduziu o valor das vendas internas e, ao considerar todas as vendas de CKD aumentou o valor das exportações, reduzindo, dessa forma, o percentual de vendas no mercado interno”. 92. Finaliza este item expondo que na apuração de ofício do fator de rateio, não serão incluídas as vendas de CKD relativamente aos quais a filial não efetuou qualquer industrialização, mas tãosomente àqueles em ela realizou alguma industrialização, para o que foi utilizada a informação prestada pela própria empresa. I.2.3.4. Nãoinclusão das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus: 93. O Termo de Verificação Fiscal proclama que a contribuinte não considerou, nas vendas no mercado interno, aquelas efetuadas para revendedores localizados na Zona Franca de Manaus ZFM, que são tributadas à alíquota zero (art. 2º, da Lei nº 10.996, de 15/12/20048), mas apenas as realizadas a consumidores finais e tributadas sob alíquotas positivas. 94. Menciona que o art. 17, da Lei nº 11.033, de 21/12/20049, garantiu a manutenção dos créditos vinculados às vendas com suspensão, alíquota zero e não incidência, razão por que na apuração de ofício as vendas para os revendedores localizados na ZFM compuseram as vendas internas para fins de cálculo do fato de rateio, de modo a apropriar os créditos correspondentes. I.3. Apuração do incentivo da Lei nº 9.440/97: 95. No item “5 – APURAÇÃO DE OFÍCIO DO INCENTIVO DA LEI 9.440”, o TVF explica como procedeu ao cálculo do benefício, reportandose aos anexos do Termo. 96. Elucida que as receitas de vendas no mercado interno (Anexo B) foram obtidas nos demonstrativos de cálculo apresentados pela contribuinte, atestados por Fl. 971DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 972 20 amostragem pela Fiscalização e feitos a partir do valor da Nota Fiscal, com exclusão do IPI, do ICMS substituição tributária e das comissões pagas aos vendedores. 97. Aclara que os bens utilizados como insumos (Anexo C) foram levantados a partir das aquisições efetuadas pela contribuinte, conforme dados do SPEDFiscal e também de planilhas demonstrativas do DACON segregado, entregue pelo sujeito passivo. 98. Esclarece, ainda, que foram aproveitadas as informações constantes da apuração feita pela fiscalizada (tanto no cálculo do incentivo, quanto no Dacon segregado, cujos valores foram conferidos com os registros contábeis) para a definição dos créditos da filial em Camaçari atinentes aos seguintes itens: (i) outros serviços utilizados como insumos; (ii) despesas com energia elétrica; (iii) armazenagem e frete; (iv) bens do ativo permanente, e (v) outras operações com direito a créditos. 99. Alude que, sobre a soma das operações citadas nos dois parágrafos anteriores, foi aplicado o percentual de 9,25% para obtenção dos créditos gerados diretamente pela filial em Camaçari, que foram adicionados aos créditos oriundos das filiais de Taubaté e São Bernardo do Campo, levantados aos moldes relatados nos itens 65 a 71 acima. 100. Relativamente ao fator de rateio, elucidou que: (i) foi considerada a receita de vendas no mercado interno apurada pela contribuinte (vide item 96 acima) para obtenção da receita bruta, da qual foram excluídos os montantes do IPI e do ICMS substituição tributária; (ii) as receitas de exportação foram apuradas a partir das Notas Fiscais emitidas (não tendo sido nesta rubrica considerada todas as receitas de exportações de CKD, mas apenas aquelas em que houve industrialização por parte da contribuinte). 101. Quanto ao demais, explica o TVF que procedeu à apuração do total de créditos, aplicou sobre este valor o fator de rateio encontrado acima e calculou os créditos cabíveis. Por fim, dos débitos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as receitas no mercado interno foram abatidos os correlatos créditos apurados, e, por derradeiro, foram obtidos os montantes das contribuições devidas, que foram multiplicados por dois para definição do incentivo a que a contribuinte faz jus. I.4. Da apuração do IPI: 102. Noticia o TVF que, após a apuração de ofício do crédito presumido de IPI, os valores do benefício sofreram redução, influenciando na apuração do saldo do imposto, o que resultou na exigência, de ofício, do IPI devido aqui tratada. I.5. Dos Pedidos de Ressarcimento e das Declarações de Compensação: 103. Por fim, o TVF noticia que, em virtude do recálculo do incentivo ora analisado, concluise que, dos R$ 891.905,837,91 requeridos pela contribuinte a título de ressarcimento de créditos de IPI atinentes aos 1º trimestre de 2009 ao 4º trimestre de 2011, apenas seria procedente a importância de R$ 251.226.453,63 (vide tabela da penúltima lauda de reportado Termo). Particularmente no que se refere ao 2º trimestre de 2011, tratado nos correntes autos, o PER, apresentado no montante de R$ 60.941.954,36, foi totalmente indeferido. II. Da Manifestação de Inconformidade: Fl. 972DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 973 21 II.1. Da base de cálculo do benefício: 104. A recorrente diz que o incentivo aqui tratado corresponde, no regime da nãocumulatividade, ao dobro da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS efetivamente devidas em cada mês incidentes sobre o faturamento decorrente de suas vendas no mercado interno, inexistindo distinção da natureza ou origem das receitas componentes do faturamento. 105. Comenta os objetivos, sobre os quais já se discorreu no item 17 deste Relatório, da Lei nº 9.440/97 e alude que os benefícios listados nos nove incisos do art. 1º desta Lei seriam correlacionados e possibilitariam uma adequada proporção entre a política de desenvolvimento regional mediante estímulos à produção de bens manufaturados, tanto destinados ao mercado interno, quanto ao externo, assegurando balanço cambial positivo entre as importações e as exportações. 106. Fala que o art. 6º, IV, do Decreto nº 2.179/97, preconizou que incentivo previsto no inciso IX, do art. 1º, da Lei nº 9.440/97, corresponde ao dobro do valor destas contribuições que incidem sobre o faturamento, que deve ser o foco na interpretação do comentado incentivo. 107. Externa ser incontroverso que o faturamento, várias vezes citado no TVF, inclui o valor das receitas auferidas pela pessoa jurídica com a venda de bens e mercadorias, a prestação de serviços ou com ambas e sobre isto reproduziu o texto do caput do art. 1°, das Leis n° 10.637/2002 e 10.833/2003, bem como ementa de decisão do STF no RE 390.840/MG. 108. Anota ser vedado “à lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente” e fala que, porquanto a Lei nº 9.440/97 determina que o benefício contendido corresponde ao dobro das contribuições incidentes sobre o faturamento, não pode o intérprete restringir ou alargar o conceito e a natureza jurídica deste instituto; ademais, afiança inexistir norma que imponha excluir do faturamento receitas que o integra, legal e materialmente. PE RECIFE DRJ Fl. 773 109. Continuando, aduz que, consoante consta da EM n° 166, de 19/11/2009, houve significativa evolução do nível de empregos formais nas Regiões onde situadas as plantas da indústria automotiva beneficiada pela Lei n° 9.440/97 e que o desempenho das relações comerciais ligadas ao setor automotivo nestas localidades demonstra o acerto das medidas até então adotadas, pelo que os signatários de citada Exposição de Motivos justificaram a prorrogação da política instaurada por esta Lei. 110. Aponta que, dentre outros, pelos fundamentos constantes da EM nº 166/2009, foi editada a MP 471, de 20/11/2009 (convertida na Lei nº 12.218/2010), que introduziu o art. 11A à Lei nº 9.440/97, estendendo o prazo para fruição do crédito presumido analisado, que passou a ser calculado a partir do valor da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, em cada mês, decorrentes de “vendas no mercado interno” (destaca a recorrente que, de acordo com o disposto em seu art. 3º, a Lei nº 12.218/2010 apenas passou a produzir efeitos ao 1º/01/2011). 111. Pondera que, apesar de o legislador ter usado expressão diversa, a base de cálculo do incentivo é a mesma do inciso IX, do art. 1°, da Lei n° 9.440/97, pois o valor das Fl. 973DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 974 22 “vendas no mercado interno” tem natureza jurídica e econômica igual a de faturamento (receitas auferidas como resultado das vendas de mercadorias e/ou de prestação de serviços). 112. Diz que o art. 2°, caput e §§ 1°, 2° e 3°, do Decreto n° 7.422, de 31/12/2010, reitera que o incentivo analisado deve ser calculado a partir das vendas no mercado interno: Art. 2° As empresas de que trata o § 1° do art. 1° da Lei n° 9.440, de 1997 , instaladas nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, poderão apurar, entre 1° de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV do art. 2° do Decreto n° 2.179, de 18 de março de 1997, multiplicado por: I dois, no período de 1° de janeiro a 31 de dezembro de 2011; (...) §1° No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. § 2°Para efeitos do §1°, o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com as vendas no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8° e 9° do art. 3° da Lei n°10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8° e 9° do art. 3° da Lei n° 10.833, de 29 de dezembro de 2003 . § 3° Para a apuração da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1°, devem ser descontados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno. 113. Conclui que a base de cálculo do crédito presumido contendido é o faturamento, sem distinção da origem das receitas que o compõem, a não ser a de que elas decorram de vendas no mercado interno. II.2. Da alegação de que o benefício deve ser apurado sobre as receitas de vendas de veículos importados: 114. A recorrente diz que “na interpretação de normas está consagrado o emprego do método sistemático, que orienta o estudioso a não examinar o dispositivo de forma isolada senão correlacionandoo dentro da pirâmide normativa que encerra o sistema jurídico, como leciona KELSEN, para extrair o alcance, a finalidade e o objetivo da norma sob investigação”. 115. Em seguida, articula que o art. 1º, do Decreto nº 3.893/2001, bem como os arts. 112 e 135, dos RIPI/2002 e 2010, respectivamente, encerram disposição sem amparo Fl. 974DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 975 23 no art. 11, da Lei nº 9.440/97 (nem nos demais dispositivos desta lei), que emprega a expressão “faturamento” ao se referir à base de cálculo da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS a partir da qual deve ser calculado o crédito presumido de IPI. 116. Remetese ao art. 99, do CTN10, e fala que se a lei, expressamente e sem restrição de qualquer natureza, preceitua que o faturamento é a base de cálculo das contribuições para fins de apuração do incentivo, descabe ao Decreto delimitar ou alterar o alcance do beneficio legal em função da qual foi expedido. 117. Consigna, também, que, aos moldes do art. 1A, do Decreto n° 3.893/2001, a vigência da disposição embutida em seu art. 1° é taxativamente limitada: "Art. 1A. A partir da efetiva aplicação pelo contribuinte, do regime de incidência não cumulativa da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do credito presumido de IPI de que trata o art. 1° corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de nãocumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os créditos e os débitos referentes a essas operações de venda" (grifo no original) 118. Registra que a recorrente se enquadra na hipótese acima, pois desde os anos de 2003 e 2004 apura, pela ordem, a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sob o regime nãocumulativo e, portanto, o crédito presumido de IPI a que tem direito corresponde ao dobro do valor dessas contribuições calculado sobre as vendas no mercado interno. 119. Articula que, segundo inclusive expresso na EM nº 166/2009, a instalação do estabelecimento da recorrente em Camaçari acrescentou e contribuiu com números impares para a participação do Estado da Bahia, a nível nacional, nos indicadores de empregos formais na indústria automobilística, nos volumes de exportação e de importação, na participação no PIB e na competitividade dos fabricantes nela instalados, o que se corrobora pela informação inserida no próprio TVF de que a FORD gerou 12.806 empregos formais, circunstância que a manifestante tem como consequência direta da atividade de fabricação, montagem e venda de veículos, inclusive dos importados. 120. Justifica que a importação de veículos e a sua subseqüente venda no mercado interno se inserem e complementam a política desenvolvimentista de regionalização industrial da Lei n° 9.440/97, pois esta atividade é desempenhada de forma integrada, dentro de um contexto de relações comerciais amplas que agregam tanto o mercado interno quanto o de exportação, aliado à colaboração de técnicos e demais pessoas habilitadas, com a realização de investimentos necessários para a adaptação e a concretização de facilidades portuárias necessárias à operação de desembaraço dos bens, para ambos os mercados. 121. Comenta que a indústria automotiva não se estabelece nem se desenvolve sem complementação entre as diversas plantas situadas em inúmeros países e os respectivos mercados e que, neste aspecto, a recorrente projeta e desenvolve modelos no Centro de Desenvolvimento de Produtos em Camaçari (um dos oito centros globais de criação de veículos e um dos especializados em carros compactos da FORD, no âmbito do projeto Amazon). Ademais, cita que o modelo Eco Sport é o primeiro carro global de passageiros da marca FORD criado na América do Sul e exportado para outros países, o que demonstraria que a esta indústria pressupõe fluxo de importações e de exportações, não sendo a planta industrial em Camaçari uma unidade isolada, mas inserida em uma organização mundial. Fl. 975DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 976 24 122. Expressa que vários dispositivos regulamentares estabelecem comandos cujos sentidos são aperfeiçoados mediante a integração entre os mercados interno e externo. Nessa diretriz, reproduz os seguintes artigos do Decreto nº 2.197/97: “Art. 5º As ‘Montadoras de Veículos’ poderão realizar ‘Importações Diretas’ ou ‘Indiretas’, até 31 de dezembro de 1999, de ‘Veículos de Transporte’ com redução de cinqüenta por cento do imposto de importação. Parágrafo único. A redução prevista neste artigo não poderá resultar em pagamento de imposto de importação em valor inferior ao que seria devido mediante aplicação da alíquota correspondente constante da Tarifa Externa Comum. Art. 6º Os ‘Beneficiários’ poderão obter, até 31 de dezembro de 1999: (...) III isenção do adicional ao frete para renovação da Marinha Mercante; IV isenção do IOF nas operações de câmbio realizadas para pagamento dos bens importados; (...) VI crédito presumido do imposto sobre produtos industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, 8 e 70, de 7 de setembro de 1970, 3 de dezembro de 1970 e 30 de dezembro de 1991, respectivamente, no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento das empresas referidas no inciso IV do art. 2º. (...) Art. 9º. O valor total FOB das importações de matériasprimas e dos produtos relacionados nas alíneas ‘ a’ a ‘h’ do inciso IV do art. 2º, procedentes e originários de países membros do MERCOSUL, adicionado às importações de ‘lnsumos’ e ‘Veículos de Transporte’ com redução do imposto de importação, não poderá exceder, por ano calendário, o das ‘Exportações Líquidas’. Parágrafo único. Será admitida, até 31 de dezembro de 1998, variação de até dez por cento, para mais ou para menos, na proporção a que se refere o caput deste artigo, para utilização ou compensação no ano calendário imediatamente seguinte. Art. 11. No caso de ‘Newcomers’, as proporções a que se referem os arts. 7º a 10 serão calculadas tornandose por base um período de cinco anos, considerandose como primeiro ano o prazo entre a data do primeiro desembaraço aduaneiro das importações com redução do imposto de importação de ‘Insumos’ ou de ‘Veículos de Transporte’ e 31 de dezembro do ano subseqüente, findo o qual utilizarseá o critério do ano calendário. Art. 15. A inobservância ao disposto neste Decreto sujeitará o ‘Beneficiário’ ao pagamento de multa de: PE RECIFE DRJ Fl. 776 (...) Fl. 976DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 977 25 VI 120% sobre o valor FOB das importações de ‘Insumos’ e de ‘Veículos de Transporte’, realizadas nas condições previstas no inciso II do art. 4º e no art. 5º, respectivamente, que exceder a proporção estabelecida no art. 9º;” 123. Adiante, fala que a autoridade fiscal respalda seu posicionamento na SCI COSIT nº 17/2012, que a recorrente reputa em desacordo com a interpretação literal imposta pelo art. 111, do CTN (que inviabiliza interpretação extensiva ou integração analógica), e cita que as Leis nº 9.440/97 e 12.218/2010 definem o faturamento ou as vendas no mercado interno como parâmetro para apuração das contribuições sociais e, assim, do crédito presumido de IPI. 124. Historia que o art. 6º, VI, do Decreto nº 2.179/97, fixou o faturamento como base do incentivo analisado e que, em seguida, o art. 1º, do Decreto n° 3.893/2001, restringiu o benefício ao faturamento da venda de produtos de fabricação própria, limitação que a recorrente entende ilegal, mas que não figura no art. 1ºA, do Decreto nº 2.179/97, introduzido pelo Decreto nº 5.710, de 24/02/2006. 125. Consigna que o art. 2º, do Decreto nº 7.422, de 31/12/2010 (que estabelece que a base de cálculo do incentivo é o faturamento “decorrente das vendas no mercado interno”), alude aos produtos referidos no art. 2º, IV, do Decreto n° 2.179/97 remissão que o sujeito passivo tem por equivocada, já que tal dispositivo faz menção aos beneficiários dos incentivos, dentre os quais se incluem as montadoras e fabricantes de veículos automotores. 126. Assevera que a manifestante é montadora e fabricante de veículos automotores e, portanto, pode gozar do incentivo fiscal, sendo que os demais veículos por ela comercializados, ainda que importados, estão listados nas alíneas do inciso IV, do artigo 2°, do Decreto n° 2.179/97, e que, também neste particular, inexistiria margem para interpretação que autorize a conclusão de estarem fora do âmbito do crédito presumido de IPI o faturamento auferido com a venda no mercado interno de veículos importados. 127. Reportandose ao argumento, adotado pela já comentada SCI, de que o alcance da Lei nº 9.440/97 deveria ser definido no contexto em que editada (raciocínio a partir do qual concluiu que, por ser uma norma voltada ao desenvolvimento regional e intimamente relacionada ao aumento dos postos de trabalho afastaria o benefício em relação aos veículos importados), a recorrente repisa a impossibilidade de “interpretação extensiva ao se tratar de benefícios fiscais”, além do que pondera que, ao ativar porto marítimo para concretizar suas operações de comércio exterior, estaria fomentando o desenvolvimento regional e proporcionando o aumento de postos de trabalho. 128. Quanto ao índice mínimo da nacionalização de bens em cuja produção forem utilizados insumos importados (cuja possibilidade de fixação foi conferida ao Poder Executivo pelo art. 7°, da Lei n° 9.440/97), articula não ter havido a definição deste índice, sendo possível apenas a conclusão que o Poder Executivo não entendeu necessário utilizar tal faculdade e que, ao contrário da conclusão atingida pela SCI, isto milita em favor da manifestante, pois não há como prever que, se regulamentação houvesse, excluiria por completo os veículos importados. 129. Vitupera, ainda, a SCI no ponto em que conclui que a possibilidade, preceituada no art. 11A, §3º, da Lei nº 9.440/97, de utilização, na base de cálculo do incentivo, de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS decorrentes da importação e da Fl. 977DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 978 26 aquisição de insumos seria bastante para concluir ser inviável o cômputo do faturamento auferido com a venda de veículos, pois, segundo a recorrente, tal utilização sinaliza, apenas, a intenção do legislador de permitir crédito das contribuições sobre custo, despesa ou encargo suportado pelo adquirente, mas “em absoluto quer representar a vedação do PIS e da COFINS incorridos na importação de veículos, para venda no mercado interno, compondo o faturamento”. 130. A última desaprovação à enfocada SCI se dirige a ventilada analogia entre a Leis n° 9.826/99 e 9.440/97, pois, segundo a contribuinte, o benefício da primeira lei tem por base, na forma de seu art. 1º, §2º, o próprio IPI incidente na venda de veículos, o que não tem relação o benefício dos arts. 1º, 11 e 11A da segunda lei, apurado sobre o faturamento, o que inviabiliza a comparação entre estes institutos. Ademais, reflexiona que, mesmo que assim não fosse, a analogia pressupõe a ausência de norma (art. 108, I, do CTN) o que aqui inocorre e, além disto, de seu emprego não pode resultar na exigência de tributo não previsto em lei (§1º), nem, mutatis mutandis, na glosa de crédito tributário efetuado em conformidade com a lei. 131. Destaca, ademais, que a SCI não vincula a manifestante, que não formulou o questionamento, de iniciativa da CoordenaçãoGeral de Fiscalização – COFIS e dirigido à CoordenaçãoGeral de Tributação COSIT, sendo submetida, a princípio, a exame pela DITIP e pela COTEX e, por fim, aprovada pelo CoordenadorGeral da COSIT (ressalva, após reproduzir os arts. 82 e 85 a 87, do Regimento Interno da RFB, que, quando muito, a DITIP tem atribuição para elaborar projeto de atos administrativos ou atos normativos e de emitir pareceres, cabendo à COTEX supervisionar suas atividades). 132. Aduz, ainda, que, mesmo que obrigasse a ora defendente, a SCI somente poderia produzir efeitos a partir da data de sua publicação, o que ainda não ocorreu validamente, pois o ato apenas foi divulgado na internet, o que desatenderia o ditame do art. 37, da CF/88, da Lei Complementar n° 95, de 26/02/1998, do art. 1°, da Lei de Introdução ao Código Civil, c/c o art. 101, do CTN, e, especialmente, o comando do art. 48, § 4°, da Lei n° 9.430/96, pois apenas a veiculação por intermédio do Diário Oficial da União é que teria o condão de tornar o ato válido para todos os efeitos legais. 133. Finalizando este tópico, diz carecer de respaldo legal e ser resultado de errônea interpretação a conclusão do TVF (págs. 9 e 13) e do item 26 da SCI nº 17/2012 no sentido de que o incentivo abordado nos presentes autos recairia apenas sobre as vendas de produtos de fabricação própria no mercado interno e de que na apuração do incentivo não poderiam ser consideradas as vendas de veículos importados. II.3. Da alegação de exatidão dos critérios adotados para a apuração dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 134. Fala a recorrente que, segundo a legislação disciplinadora do benefício contendido, receitas não decorrentes de vendas no mercado interno não devem ser computadas na apuração dos valores a recolher da contribuição para PIS/PASEP e da COFINS e, assim, devem ser desconsiderados os custos, as despesas e os encargos vinculados a estas receitas. 135. Advoga que, até a edição da Lei n° 12.218/2010, com vigência a partir de 01/01/2011 e que incluiu à Lei n° 9.440/97 o art. 11A, inexistia disposição legal ou regulamentar (Decreto nº 2.179/97) que determinasse a opção por um dos métodos para a apuração dos créditos e dos créditos das contribuições, e , em relação ao período posterior ao Fl. 978DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 979 27 início da vigência daquela lei, verificarseia a correção do procedimento adotado pela manifestante, conforme orientado pela IN SRF nº 404/2004, cujo art. 21 reproduziu. 136. Consigna que, por força da Lei nº 9.440/97, está obrigada, na apuração do incentivo analisado, a segregar os créditos atinentes às vendas no mercado interno daqueles relativos às exportações e frisa que, como apenas parte de suas receitas está sujeita à incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS (sobre as vendas no mercado interno, com exclusão das exportações), um dos procedimentos objeto da IN SRF n° 404/2004 é no sentido da utilização do método de apropriação direta para a apuração do crédito decorrente de encargos comuns. 137. Sustenta que o art. 40, da IN SRF n° 594/2005, que reputa tecnicamente mais apropriada, elucidou a correta forma da apuração dos créditos pela apropriação direta (a contribuinte destaca a expressão “aplicação de critérios de apropriação por rateios que dêem uma adequada distribuição dos custos comuns”, constante do inciso I, §1º, deste artigo). 138. Diz que “o legislador ofertou ao contribuinte, a utilização de métodos de rateio que pudessem, de forma mais adequada, segregar os custos comuns em seu processo de produção, por entender que mesmo com a adoção de uma contabilidade coordenada e integrada, utilizando o custeio por absorção, nem todos os custos, despesas e encargos são passíveis de rateio direto ao produto”. 139. Articula que "a apropriação direta com a utilização do método de custo real de absorção, procedimento que adotou, é respaldada por normas da própria autoridade fiscal, inexistindo base legal para que a Fiscalização exija o método de rateio proporcional, com desprezo daquele igualmente permitido pelas normas complementares”. 140. E assevera que, na forma dos arts. 108 e 111, ambos do CTN, é desautorizado o uso de analogia para impor à manifestante um só dos métodos previstos nas nupercitadas normas para a apuração de créditos das contribuições, quando há dois permitidos. 141. Pelo exposto, por entender inexistir norma que discipline critério específico de apuração das contribuições ou que vede o método por ela adotado para segregar os créditos relativos aos custos e despesas e os débitos decorrentes das receitas de vendas no mercado interno, a manifestante se insurge, relativamente ao período de Janeiro/2009 até Dezembro/2010, em que não vigorava a Lei n° 12.218/2010, contra a desconsideração do método por ela adotado, e pugna pelo restabelecimento de escrita fiscal original do IPI e pela reconstituição do “Anexo A”, que acompanha a autuação, mas ressalva que sua insurgência é no sentido de haver autorização para o emprego da apropriação direta, com a utilização do custo real de absorção, com o rateio dos custos comuns, consagrado na IN SRF n° 594/2005. II.4. Da alegação de inocorrência de erro no método para determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 142. A defendente argúi que a Lei nº 9.779/99 não teria aplicabilidade no cálculo do incentivo de que trata a Lei nº 9.440/97. 143. Comenta que, como afirmado na 14ª lauda do TVF, a recorrente, por ser beneficiária do incentivo aqui examinado, deve apurar a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS de modo segregado no estabelecimento em Camaçari, em contraposição à regra geral Fl. 979DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 980 28 de apuração centralizada na matriz. Tal assertiva a recorrente tem por correta, porque, por estar submetida à Lei nº 9.440/97, deve apurar estas contribuições de forma específica e singular. 144. Assegura ser distinto o cálculo das contribuições a que está submetida a matriz (Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003), que não está habilitada ao incentivo da Lei nº 9.440/97, e o do benefício fiscal previsto nesta Lei, que utiliza subsidiariamente apenas dois parágrafos das normas gerais de citadas contribuições. 145. Julga impertinente a afirmação, contida na 17a. lauda do TVF, de que a manifestante deveria “adotar o método de rateio proporcional que fora empregado pela matriz para apuração do PIS e da COFINS” (43ª lauda, penúltimo parágrafo, do recurso), pois a filial está submetida a regra própria e específica que excepciona a regra geral que vincula a apuração de suas contribuições à matriz. 146. Sustenta que “Não socorre o despacho decisório a circunstância de a Requerente ser estabelecimento filial e o crédito em relação a determinado insumo ser calculado de uma forma pela matriz e de outra por ela. A questão não é de lógica ou de razoabilidade, como aduz o TVF, mas sim de ordem legal”. 147. Afirma que um aspecto é a apuração das contribuições pelo estabelecimento da manifestante e outro é a quantificação das mesmas contribuições em relação à pessoa jurídica da qual ele é parte integrante como filial. 148. Exemplifica que, na apuração das contribuições nãocumulativas, que serão integradas aos resultados da matriz com o das demais filiais, podem ser apropriados créditos atinentes a custos, despesas e encargos dos produtos exportados, enquanto na apuração do crédito presumido de IPI somente podem ser computadas as vendas no mercado interno (o que exclui as exportações). 149. Fala que o método “Bill of material” atende à apropriação direta, com a utilização de custo real de absorção conforme sistema de contabilidade integrada e coordenada com a escrituração, pois apura os créditos relativos aos custos com a aquisição de insumos para a fabricação de veículos faturados pelo estabelecimento incentivado por numeração de cada chassi, listando todas as peças e componentes que integram cada veiculo faturado. 150. Ventila que desrespeitaria “a Lei n° 9.440/97, sendo ainda materialmente impróprio, caso tivesse adotado o mesmo método pelo qual optou o estabelecimento matriz”, pois há custos, despesas e encargos que são inerentes à matriz, mas não ao estabelecimento situado em Camaçari (45a lauda, terceiro parágrafo, da Manifestação de Inconformidade) e assevera a defendente que o método por ela adotado está em conformidade com o art. 3º, §8º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 e “encontra pouso na Instrução Normativa RFB (sic) nº 594/2005, sem contestação”. 151. Pondera que se, consoante mencionado na pág. 21, do TVF, a aplicação do “BOM” segrega os custos de produção do estabelecimento em Camaçari daqueles de outras filiais, a fim de permitir a correta aferição do crédito presumido de IPI examinado, eventuais divergências quanto aos critérios para apuração dos gastos indiretos (como, no caso, da energia elétrica) não têm “o condão de contaminar por completo o procedimento adotado pela Requerente”. Fl. 980DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 981 29 152. Com fundamento no art. 16, §5º, do Decreto n° 70.235/72, requereu, por motivo de força maior, a posterior juntada de laudo técnico de natureza contábil, já em elaboração, que visa a comprovar a consistência, do ponto de vista dos princípios contábeis, do método empregado pela manifestante para a apuração do benefício aqui tratado e, desde logo, juntou declaração, firmada por um de seus diretores e por seus contadores, de que a defendente possui e mantém contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, que permite apurar o referido incentivo mediante o método de apropriação direta. 153. Diante das razões esposadas, assevera ser “impróprio o levantamento realizado pela Fiscalização para a quantificação dos créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos suportados pela Requerente, tomando em consideração o método de rateio proporcional pelo qual optara o estabelecimento Matriz, para fins de apuração do valor das contribuições que irão compor a base do crédito presumido de IPI a que faz jus a Requerente” (47ª Lauda, quarto parágrafo, da Manifestação de Inconformidade). II.5. Quanto aos créditos originados de outros estabelecimentos: 154. A contribuinte articula que o estabelecimento da FORD em Taubaté transfere insumos para a manifestante para emprego na produção e, nestas operações, o remetente utiliza a base de cálculo para fins do ICMS, conforme o RICMS/SP, aprovado pelo Decreto n° 45.490, de 30/11/2000, que assim dispõe: “Artigo 39 Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo é (Lei 6.374/89, art. 26, na redação da Lei 10.619/00, art. 1.º, XV, e Convênio ICMS3/95): (...) II o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matériaprima, do material secundário, da mãodeobra e do acondicionamento, atualizado monetariamente na data da ocorrência do fato gerador;” 155. Desfia que o RICMS/BA, baixado pelo Decreto n° 6.824, de 14/03/1997, assim estabelece a base de cálculo nas operações de transferências entre estabelecimentos: “Art. 56 A base de cálculo do ICMS, nas operações internas e interestaduais realizadas por comerciantes, industriais, produtores, extratores e geradores, quando não prevista expressamente de forma diversa em outro dispositivo regulamentar, é: (...) V na saída de mercadoria em transferência para estabelecimento situado em outra unidade da Federação, pertencente ao mesmo titular: (...) b) o custo da mercadoria produzida, assim entendido a soma do custo da matériaprima, material secundário, acondicionamento e mãodeobra;” Fl. 981DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 982 30 156. Diz que são divergentes os dispositivos regulamentares acima, pois enquanto o primeiro determina a atualização monetária do custo, o segundo não contempla essa majoração e menciona que, como a manifestante está situada no Estado da Bahia, submetese à legislação emanada do sujeito ativo ao qual está jurisdicionada e, neste sentido, nas operações de transferência de insumos provenientes de Taubaté, não reconhece na base de cálculo adotada pelo estabelecimento remetente aquelas parcelas não autorizadas pela legislação baiana. 157. Aponta que os signatários do TVF têm entendimento mais liberal e extensivo quanto à interpretação do que se deve considerar custo, despesa ou encargos para fins de apuração de créditos da contribuição (acolhendo créditos sobre graxa, estopa, serviços não especificados e despesas com frete/armazenagem), quando é notório que a RFB adota conceito restritivo de insumo [exemplifica o fato com o acolhimento créditos com frete entre estabelecimentos da mesma empresa (item 5.5., do TFV), não admitido pela RFB]. 158. Encerra o assunto afirmando que a adoção da apropriação direta, com utilização do método de custo real de absorção (aqui consistente no emprego do Bill of material”) é mais acertada e condizente com a legislação a que está imperativamente submetida. II.6. Do erro no cálculo da receita bruta: 159. Neste item, a recorrente defende que a exclusão de tributos não cumulativos, que por ela são recuperáveis, seria coerente com o método de apropriação direta para determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. 160. Expõe que a Fiscalização verificou que a manifestante contabiliza o custo dos veículos pelo valor líquido, excluídos os impostos recuperáveis (ICMS, PIS e COFINS) 11 e que na determinação da receita bruta foram também excluídos os tributos recuperáveis, mantendose, assim, o mesmo critério usado para o cálculo dos créditos relativos às contribuições. 161. Ademais, tem como descabida a inclusão do ICMS como parcela integrante do faturamento, pois não é legal nem juridicamente possível admitirse que no conceito de faturamento possa ser incluída outra parcela que não o integre. 162. Fala que o ICMS não constitui riqueza da contribuinte com as operações de venda de produtos e/ou mercadorias, sendo ônus fiscal a que está submetida por imperativo legal, sendo o mesmo raciocínio aplicável à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS. 163. Giza que, segundo palavras do Ministro Marco Aurélio, “se alguém fatura ICMS, esse alguém é o Estado e não o vendedor da mercadoria”, e sustenta ser incabível, aos moldes do art. 111, do CTN, a alteração da definição, do conteúdo e do alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, “utilizados expressa ou implicitamente pela legislação que engloba o sistema jurídico pátrio, para definir ou limitar competências tributárias”. 164. Reportase à repercussão geral em torno da questão, declarada nos RE n° 574.7069 e n° 592.616, bem como à concessão de medida cautela na Ação Direta de Constitucionalidade n° 18. Fl. 982DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 983 31 165. Em razão do exposto, afirma inexistir erro na determinação da receita bruta. II.7. Da contestação da alegação de erro na determinação da receita de vendas no mercado interno: 166. Quanto aos ajustes de veículos faturados, mas que não deram saída do estabelecimento, externa que “não tendo havido a saída dos produtos do estabelecimento fabril, os documentos fiscais não compuseram o faturamento, que foi suspenso, para ser reconhecido o respectivo valor quando concretizado” e que, quando muito, poderseia “conjecturar tratar se de postergação, com a consequência de tornar ocorridos os seus efeitos para o cômputo da receita bruta do período seguinte, inocorrendo prejuízos ao Fisco”. 167. Ademais, faz críticas à exclusão do ICMS relatada nos itens 79 a 82 acima, pois reputa que a Fiscalização teria interpretado de modo inusitado o Convênio ICMS n° 51/2000. 168. Diz que a própria Fiscalização expõe, na pág. 28 do TVF, que supradito Convênio objetiva estabelecer repartição, com a unidade da Federação de destino, de uma parte do ICMS (suportado pelo destinatário) que integralmente seria devido à unidade da Federação em que situada a montadoraremetente e que, para tanto, consoante registrado pela Fiscalização na 29a. lauda do TVF, o citado Convênio “atribuiu ao fabricante de veículos a condição de contribuinte substituto, obrigado a reter e recolher o valor que corresponde à unidade da Federação de destino”. 169. No intuito de eliminar quaisquer dúvidas de suas assertivas, a recorrente reproduziu as seguintes disposições de citado Convênio: “Cláusula primeira Em relação às operações com veículos automotores novos, constantes nas posições 8429.59, 8433.59 e no capítulo 87, excluída a posição 8713, da Nomenclatura Brasileira de Mercadoria/Sistema Harmonizado NBM/SH, em que ocorra faturamento direto ao consumidor pela montadora ou pelo importador, observarseão as disposições deste convênio. § 1º O disposto neste convênio somente se aplica nos casos em que: I a entrega do veículo ao consumidor seja feita pela concessionária envolvida na operação; II a operação esteja sujeita ao regime de substituição tributária em relação a veículos novos. § 2º A parcela do imposto relativa à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição é devida à unidade federada de localização da concessionária que fará a entrega do veículo ao consumidor. (...) Cláusula Segunda. Para a aplicação do disposto neste convênio, a montadora e a importadora deverão: Fl. 983DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 984 32 I emitir a Nota Fiscal de faturamento direto ao consumidor adquirente: a) com duas vias adicionais, que, sem prejuízo da destinação das demais vias prevista na legislação, serão entregues: 1. uma via, à concessionária; 2. uma via, ao consumidor; b) contendo, além dos demais requisitos, no campo ‘Informações Complementares’, as seguintes indicações: 1. a expressão ‘Faturamento Direto ao Consumidor Convênio ICMS Nº 51/00, de 15 de setembro de 2000’; 2. detalhadamente as bases de cálculo relativas à operação do estabelecimento emitente e à operação sujeita ao regime de sujeição passiva por substituição, seguidas das parcelas do imposto decorrentes de cada uma delas; 3. dados identificativos da concessionária que efetuará a entrega do veículo ao consumidor adquirente; II escriturar a Nota Fiscal no livro próprio de saídas de mercadorias com a utilização de todas as colunas relativas a operações com débito do imposto e com substituição tributária, apondo, na coluna ‘Observações’ a expressão ‘Faturamento Direto a Consumidor’. (...) Parágrafo único. A base de cálculo relativa à operação da montadora ou do importador que remeter o veículo à concessionária localizada em outra unidade federada, consideradas a alíquota do IPI incidente na operação e a redução prevista no Convênio ICMS 50/99, de 23 de julho de 1999, e no Convênio ICMS 28/99, de 09 de junho de 1999, será obtida pela aplicação de um dos percentuais a seguir indicados sobre o valor do faturamento direto a consumidor, observado o disposto na cláusula seguinte: (...) II veículo saído das Regiões Norte, Nordeste e CentroOeste ou do Estado do Espírito Santo para quaisquer unidades federadas, bem como veículo saído das regiões Sul e Sudeste para essas mesmas regiões, exceto para o Estado do Espírito Santo: (...)”. 170. Conclui que o entendimento fiscal usado para “glosar a exclusão” do ICMS calculado e retido por substituição tributária da receita de vendas da recorrente contraria o Convênio ICMS n° 51, de 2000, sendo, portanto, improcedente. II.8. Da irresignação no tocante à alegação de erro na composição das receitas de exportação: 171. A recorrente diz que o TVF, em sua pág. 30, afirma que “No caso do CKD, a maior parte dos módulos e peças, são produzidos pelos fornecedores’” e pondera que Fl. 984DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 985 33 “se a própria Fiscalização reconhece e admite que a ‘maior parte dos módulos e peças’ são produzidos pelos fornecedores, a boa lógica e o sempre oportuno bom senso faz com que a menor parte dos módulos e peças são efetivamente produzidas pela Requerente, o que aliás encontrase corroborado pela resposta a intimação de 21/11/2013 e acolhida pela Fiscalização”. 172. Ratifica que o CKD corresponde a kit composto por diversas partes necessárias à montagem de veículos, que são produzidas tanto pelos fornecedores como pela manifestante, que pela recorrente são reunidas para exportação e, em seguida, menciona as definições de industrialização e montagem constante do art. 3°, caput e inciso III, do RIPI/2002, a partir das quais tem como claro “que não se trata de simples revenda de bens para exportação como equivocadamente entendeu a Fiscalização, sendo desarrazoada a glosa perpetrada neste item, quanto à exclusão das receitas de exportação de CKD's do cálculo do rateio”. 173. Alude que “Segundo a Fiscalização, no cálculo do rateio que entendeu seria o correto, foram excluídas as receitas do que equivocadamente considerou como sendo simples revenda, pois ainda a seu ver, a definição do rateio é importante para a adequada distribuição dos créditos das contribuições, sendo que estes estariam vinculados aos custos de industrialização”, o que a recorrente tem por incorreto “pois o direito ao crédito das contribuições é oriundo dos custos, despesas e encargos necessários à atividade da Requerente, não somente aqueles decorrentes da industrialização, mas todos aqueles relacionados ao faturamento ou às receitas de vendas no mercado interno”. 174. Aduz que como a Fiscalização, no rateio, excluiu parte das exportações de CKD, caracterizadas, segundo a recorrente erroneamente, como revenda de partes produzidas por seus fornecedores no estabelecimento da recorrente, os valores estornados não poderiam ser acrescidos às vendas no mercado interno (Anexo D) e influenciar os créditos das contribuições. II.9. Da contestação à inclusão das receitas de vendas de veículos à Zona Franca de Manaus para fins de cálculo do percentual de rateio: 175. A contribuinte especula que, conforme art. 40, do Ato das Disposições Transitórias da CF/88, a Zona Franca de Manaus tem características de área de livre comércio, de exportação e importação e que o art. 4°, do Decreto Lei n° 288, de 28/02/1967 (recepcionado pela ordem constitucional, consoante decidido na ADI n° 2.348 MD/DF), assim preconiza: “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro”. 176. Exterioriza que o art. 5°, I, da Lei n° 10.637/2002, e o art. 6°, I, da Lei n° 10.833/2003, determinam, respectivamente, a não incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre as receitas de exportação; logo, julga correta e legal a exclusão das vendas realizadas para destinatários localizados na Zona Franca de Manaus, equiparadas a exportação. II.10. Da alegação de equívocos nos cálculos constantes da exigência fiscal e do pedido de juntada de documentos após a Manifestação de Inconformidade: Fl. 985DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 986 34 177. A recorrente enuncia que a autoridade fiscal incidiu em quatro equívocos na metodologia por ela mesma eleita, os quais resultariam na incorreção dos valores lançados: (i) um, relativo aos veículos faturados que não deram saída do estabelecimento da manifestante; (ii) outro, relacionado à afirmação de que a contribuinte cometeu erro ao adotar a receita líquida no rateio; (iii) o terceiro engano consistiria na nãoconsideração, pela Fiscalização, de todas as saídas do estabelecimento de Camaçari; e (iv) o último, a não adoção da totalidade dos CFOP de vendas de mercadorias e dos de revenda. 178. Acerca do primeiro aspecto, aduz que a “a Fiscalização se equivoca ao afirmar, no TVF, fl. 22, que, em relação aos veículos já faturados, mas que não deram saída do estabelecimento da Requerente, ‘a receita da venda desses veículos foi considerada no cálculo do incentivo. Ou seja, o contribuinte considerou a receita (débito), mas não considerou o custo (crédito), aumentando (sic) ‘o PIS e COFINS devidos’” e que “A improcedência de tal afirmação pode ser verificada da Resposta da Requerente n° 5, de 16/12/2013, referente ao Termo de Intimação recebido em 21/11/2013”. 179. Sustenta que, do arquivo resumo do SPED relativo ao mês de janeiro de 2009, preparado pela recorrente a partir do sistema FIRS e exemplo de Bill of material, adotado pela Fiscalização como amostra, seria possível se constatar que os ajustes de “revenue recognition”, atinentes a veículos faturados e não entregues, considerados pela manifestante no referido mês se vinculam a períodos anteriores, tratandose de veículos cuja receita foi reconhecida no mês analisado, mas anteriormente faturados. 180. Afirma que, dado o acima exposto, “a base para cálculo do custo de veículos vendidos foi ajustada com o objetivo de não considerar créditos em duplicidade, já que, sendo o PIS/COFINS e o incentivo calculado com base nos veículos faturados, os créditos correspondentes aos custos também seguem o mesmo critério. Logo, tais custos já teriam sido apropriados em períodos anteriores para fins de apuração de PIS/COFINS”. 181. Sobre o segundo ponto, relembra que, na apuração dos créditos presumidos de IPI, elegeu o método da apropriação direta e que somente para os encargos comuns, realizou rateio (como previsto na IN SRF 594/2005) e menciona que “a legislação aplicável à matéria, quando da adoção da apropriação direta, autoriza a apropriação por rateio para os custos comuns, sem contudo impor a adoção da receita líquida (sic) para tanto, diferentemente do que se dá quando da eleição do método do rateio proporcional”. 182. Realça que foi a própria Fiscalização que, ao eleger determinadas saídas para a aplicação de seu rateio proporcional, deixou de adotar a receita bruta, imposição esta não aplicável à manifestante, que usou a apropriação direta para apuração do benefício. 183. O terceiro suposto engano cometido pela Fiscalização está no fato de que, no cálculo da proporção de créditos gerados no estabelecimento incentivado, constante do Anexo “D” do TVF, foram eleitas apenas as seguintes operações: (i) Vendas no Mercado Interno; (ii) Vendas para ZFM; (iii) Exportações Produção e Exportação – CKD. 184. Diz que, contrariamente ao “mencionado no TVF, pág. 33, 3° parágrafo, foi utilizado, tanto para o denominador quanto para o numerador do fator, a receita de vendas de veículos incentivados extraída do ‘Anexo A Venda de veículos nacionais incentivados’, fornecida pela própria manifestante e não aquela registrada nos livros fiscais de saídas”. E pondera que, uma vez que a Fiscalização seguiu nova metodologia para calcular o incentivo, no Fl. 986DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 987 35 denominador do fator deveria ter considerado o livro de saídas (e não ter apenas selecionando as vendas sujeitas ao incentivo). 185. Aponta que, tal como feito no cálculo do rateio proporcional de créditos de Taubaté e São Bernardo do Campo, deveriam ser consideradas outras operações de saída para compor o denominador do cálculo do rateio, tais como: “TRANSFERENCIA DE PRODUÇÃO DO ESTABELECIMENTO (CFOP 5.151/6.151), TRANSFERENCIA DE MERCADORIA ADQ. RECEB. TERCEIROS (CFOP 5.152/6.152), VEN. MERC. ADQ/REC TER MERC SUJ. REG. ST, SUBSTITUTO”, pois, ao se considerar a totalidade de créditos informados no DACON, foram também considerados créditos relacionados às demais operações exercidas pela filial (como transferências de peças para o mercado de reposição da Filial em Pirajá). 186. A recorrente apresentou, para o mês de janeiro de 2009, quadro demonstrativo das diferenças entre os fatores atingidos a partir das duas metodologias. 187. Na seqüência, a recorrente indica o quarto equívoco no levantamento da Fiscalização, consistente nos seguintes aspectos: (i) não adoção da totalidade dos CFOP de vendas de mercadorias produzidas; e (ii) não adoção de CFOP de revenda. Tais circunstâncias a recorrente pretende evidenciar mediante pronunciamento de empresa de consultoria contábil que assim aponta, por amostragem em relação ao mês de mês de janeiro de 2009, os reflexos dos dois pontos referenciados no trabalho fiscal (fls. 95/96): 187.1. no rateio dos créditos de insumos oriundos das Unidades em Taubaté e em São Bernardo do Campo, teriam sido detectados dois equívocos na seleção de CFOP: (i) para a filial em Taubaté, não teriam sido consideradas as vendas para Benteler Componentes Automotivos Ltda referentes a mercadorias industrializadas em terceiro por encomenda da FORD (CFOP 6.101); (ii) para a filial em São Bernardo do Campo, não teriam sido consideradas as vendas de mercadorias sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) e as vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109). 187.2. a nãoinclusão dos mencionados CFOP resultam em uma maior proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, aumentando os valores dos créditos a serem transferidos para a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o que diminui a base de cálculo do incentivo; 187.3. no mencionado rateio, foram considerados os CFOP relativos a vendas de mercadorias produzidas no estabelecimento, tendo sido ali considerados créditos comuns às atividades de revenda e de produção (como energia elétrica e frete), o que teria distorcido a alocação de créditos para Camaçari, que considera créditos comuns (produção e revenda) e apenas parte das vendas (produção), aumentando os valores transferidos para esta filial. 188. A recorrente protestou pela oportuna juntada de laudo em relação aos demais períodos da autuação. II.11. Do pedido de diligência: 189. O sujeito passivo requereu, com espeque no art. 30, do Decreto n.° 70.235/72 c/c os arts. 36 e 57, caput e inciso IV, do Decreto n° 7.574/2011, a realização de diligência, no sentido de demonstrar que: (i) a apropriação direta, com uso do método de custo Fl. 987DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 988 36 real de absorção, permite a apuração do crédito presumido de IPI da Lei n° 9.440/97; (ii) o método utilizado pela Fiscalização não permite auferir este incentivo. Nomeou assistente técnico para a diligência e formulou os seguintes quesitos: 189.1. tendo em vista que a recorrente mantém contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração, esclarecer se o critério da apropriação direta com a utilização do método de custo real de absorção permite apurar, adequadamente, segundo as normas contábeis, o crédito presumido de IPI da Lei n° 9.440/97; 189.2. se os critérios do rateio em relação aos custos comuns utilizados pela manifestante atendem aos critérios previstos pela IN/SRF n° 594/2005. 190. Ademais, pugnou pela posterior juntada de pareceres técnicos contábeis que objetivam o exame da contabilidade da recorrente de custo integrada e dizer se ela atende as práticas e aos princípios de contabilidade, bem como sobre os cálculos do levantamento fiscal (fundamentou esta pretensão no art. 16, §5º, do Decreto n° 70.235/72, por motivo de forca maior, pois já pleiteou a elaboração do documento à empresa de consultoria, mas sua conclusão exige mais que os 30 dias de prazo para Manifestação de Inconformidade). II.12. Do pedido final: 191. Ao final, a recorrente pleiteou: (i) a posterior juntada de documentos; (ii) a realização de diligência; e (iii) a homologação integral dos débitos compensados, cuja suspensão de exigibilidade requereu com fundamento no art., 151, III, do CTN. III. Do primeiro Parecer Técnico: 192. Por meio de petição de fls. 206/208, entregue aos 10/04/2014, a contribuinte: 192.1. requereu a juntada de Parecer Técnico, fls. 209/223, por intermédio da pretende comprovar a existência de equívocos cometidos pela Fiscalização e em função do qual requer seja declarada totalmente improcedente a autuação, ou, se assim não entender este Colegiado, ao menos seja determinada a realização de diligência solicitada na Manifestação de Inconformidade, cuja necessidade teria restado corroborada em razão deste Parecer; 192.2. solicitou a autorização para posterior juntada, assim que finalizado, de outro Parecer, naquela ocasião em elaboração, por meio do qual objetiva evidenciar que tem contabilidade coordenada e integrada para utilização do método de apropriação direta na apuração do incentivo discutido e da correção do procedimento adotado pela suplicante. 193. O Parecer de fls. 209/223 contextualiza a autuação e, em seguida, ressalva que a análise feita pela empresa de consultoria se baseou em documentos, fatos e informações prestados pela contribuinte (que se alterados poderiam implicar a modificação das conclusões do Parecer Técnico), cuja precisão e completude solicitou fossem confirmados. 194. Avante, registra que a Fiscalização, no rateio que fez, deixou de adotar a relação percentual da receita bruta e, na verdade, elegeu determinados CFOP. 195. Consigna que, no cálculo da proporção das saídas das filiais da contribuinte em Taubaté e em São Bernardo do Campo para a filial em Camaçari, existiriam Fl. 988DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 989 37 dois equívocos: (i) filial em Taubaté: não teriam sido consideradas as vendas para a empresa Benteler Componentes Automotivos Ltda atinentes a mercadorias industrializadas em terceiro por encomenda da Ford; e (ii) filial em São Bernardo do Campo: não teriam sido consideradas vendas de mercadorias produzidas sujeitas a substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401), tampouco vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM. 196. Destaca que a nãoconsideração dos CFOP acima acarretou a elevação da proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, reduzindo o benefício (ao Parecer, foi juntada planilha relativa ao mês de janeiro/2009 e quadro resumo dos anos de 2009 a 2011, além de diversos anexos, que diz estarem embasados em informações do Sped Fiscal, contendo a relação entre as transferências para Camaçari e todos os CFOP de produção de São Bernardo do Campo e Taubaté e o recálculo dos créditos transferidos por estas duas filiais). 197. Em seguida, o Parecer Técnico discorre sobre o cálculo dos créditos da filial de Camaçari feito pela aplicação, sobre a totalidade dos créditos, apurados pela FORD, da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes à produção de veículos, da relação percentual entre as receitas da filial em Camaçari com a venda local de veículos por ela produzidos (excluídas, portanto, as receitas de exportações e as receitas de veículos importados) e o total das receitas da FORD e diz que, considerando os créditos da filial em Camaçari levantados segundo esta metodologia, foi encontrada, nos anos de 2009 a 2011, a diferença total de R$ 457.647.363. 198. Externa o Parecer Técnico que a correta aplicação do rateio proporcional pela receita bruta depende da verificação desta grandeza na contabilidade, mas, como a Fiscalização considerou as informações contidas no DACON, foi feito o rateio proporcional descrito no parágrafo antecedente para se aproximar o máximo possível das premissas da autuação. 199. Ao final, sintetiza que: (i) ao adotar determinados CFOP para determinar os créditos referentes a bens e mercadorias transferidos de outras unidades para a filial em Camaçari, a fiscalização teria se equivocado no cálculo; e (ii) ainda que assim não fosse, ao optar pela adoção de CFOP, a fiscalização estaria contrariando as conclusões do próprio TVF, pois a legislação da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS impõe que o método de rateio seja aplicado com a utilização de relação percentual da receita bruta. IV. Do segundo Parecer Técnico: 200. À fl. 348 consta petição, protocolizada aos 14/07/2014, por meio da qual é solicitada a prorrogação, por mais 60 (sessenta) dias, do prazo para entrega do segundo Parecer Técnico, que, posteriormente, foi enviado aos 17/09/2014, fls. 354/432, através da petição acostada às fls. 352/353, que requereu a desconstituição do Despacho Decisório recorrido. IV.1. Questões iniciais, afirmação de existência de sistema de custo integrado e coordenado com a contabilidade e de adoção do método de apropriação direta: 201. Inicialmente, o Parecer de fls. 354/432 relata, brevemente, as atividades da FORD, sua estrutura no Brasil e a produção/importação de veículos da empresa nos anos de 2009, 2010 e 2011 e, além disto, resume o contexto da autuação e faz a mesma observação do final do item 193 acima. Fl. 989DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 990 38 202. Adiante, registra que o Parecer Técnico objetivou: (i) entender os sistemas adotados pela contribuinte e constatar a integração e a coordenação dos sistemas de custeio com a contabilidade da empresa, com a realização de testes; (ii) examinar a legislação do incentivo e do caso concreto da FORD; e (iii) rever os cálculos da Ford “referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2011, que foram objeto de questionamento fiscal” (item “3. Escopo”). 203. Em seguida, discorre longamente sobre os sistemas utilizados pela FORD para o controle e o registro de suas operações de aquisição de materiais produtivos (inclusive importados) e intermediários e de peças/acessórios, tendo apresentado testes relativos às aquisições de materiais produtivos e intermediários [itens 5.1.1 e 5.1.2 (e subitens) do Parecer]. 204. Na seqüência, diferencia custos de despesas e apresenta as seguintes classificações de custos: 204.1. quanto à apropriação: (i) custos diretos, os apropriados diretamente aos produtos fabricados, porque possível a mensuração objetiva do valor consumido nos produtos (exemplo clássico: matériaprima); e (ii) custos indiretos, os cuja apropriação aos diferentes produtos depende de cálculos, rateios ou estimativas (exemplos clássicos: depreciação de produtos utilizados na fabricação de mais de um produto, gastos com limpeza, etc); 204.2. acerca dos níveis de produção: (i) custos fixos, aqueles cujos valores não se alteram em função do volume de produção; (ii) variáveis, os que se modificam em função deste volume; e (iii) semifixos ou mistos, os que não de modificam desde que a produção se mantenha em determinada faixa. 205. Alude que há diferentes processos para apuração de custos, dentre os quais: (i) custeio variável: contabilização dos custos fixos diretamente em conta de participação de resultado e dos variáveis apenas quando vendidos os produtos fabricados; (ii) custeio padrão: registro dos gastos por valores estimados de cada produto (e não pelos efetivamente incorridos); e (iii) custeio por absorção: rateio de todos os custos (fixos e variáveis) em cada fase da produção (pág. 33, do Parecer Técnico). 206. Narra o Parecer que as pessoas jurídicas devem adotar o custeio por absorção em atendimento ao art. 177, da Lei n° 6.404, de 15/12/1976, que determina, dentre outras questões, que a escrituração da companhia deve ser mantida em registros permanentes, com observância de métodos e critérios uniformes ao longo do tempo, e registrar as mutações patrimoniais de acordo com o regime de competência. 207. Reportase: (i) ao Princípio da Competência aos moldes dispostos no art. 9°, da Resolução CFC n° 750, de 29/12/1993, que estipula o reconhecimento das transações e outros eventos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento e a simultaneidade da confrontação das receitas e das correlatas despesas; (ii) ao Princípio do Confronto das Despesas com as Receitas e com os Períodos Contábeis, em razão do qual devem ser diferidos os gastos que proporcionarão receitas futuras na medida em que tais receitas sejam auferidas; e (iii) ao Princípio da Realização da Receita, segundo o qual “A receita é considerada realizada, e, portanto, passível de registro pela Contabilidade, quando produtos ou serviços produzidos ou prestados pela Entidade são transferidos para outra Fl. 990DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 991 39 entidade ou pessoa física com a anuência destas e mediante pagamento ou compromisso de pagamento”. 208. Conclui que os gastos incorridos em contas de resultado devem ser reconhecidos conjuntamente com as receitas de venda, motivo por que a legislação societária usa o custeio da absorção e registra que a legislação tributária estabelece que a apuração do lucro real deve ser precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com a observância das leis comerciais (artigo 247, do RIR/99), pelo que, também para fins tributários, as empresas devem adotar o custeio por absorção. 209. Depois, passa a arrazoar sobre as disposições contidas nos arts. 289 a 297 do RIR/99, que dispõe sobre “Custos de Bens e Serviços” da pessoa jurídica e, na seqüência, sobre o sistema de custeio da FORD. 210. Sustenta que a empresa possui sistemas e rígido controle da quantidade de materiais e valores dos materiais produtivos (matérias primas) e intermediários (demais bens do processo produtivo não encaixados no conceito de matériasprimas), e que tais sistemas têm interface com a contabilidade, o que possibilita que todas as suas operações sejam anotadas nos livros societários. 211. Expõe que a contribuinte efetua o registro dos materiais produtivos e intermediários por intermédio de “lançamento a débito em conta de Ativo (estoque) com base no valor da nota fiscal de aquisição, líquido dos tributos recuperáveis” e que, em contrapartida, “escritura a obrigação de pagar em conta de Passivo”. 212. Descreve teste exemplificativo feito para evidenciar a existência de controle das quantidades de matériasprimas em estoque e as de produtos em elaboração. 213. Observa que, após a sua utilização na fabricação dos veículos, a FORD escritura os valores das matériasprimas em conta contábil de produtos acabados por meio de redução da conta de produtos em elaboração e que, por ocasião da venda do veículo, a correspondente receita é consignada em conta de resultado do exercício, o que também faz para o custo das matériasprimas (reconhecidos na conta contábil de resultado “23B01A00 – Custo VeículosRevend/Cons”, em que os custos das peças são escriturados pelo valor do último pedido de compras na data da fabricação do veículo, sendo que a diferença entre o custo de aquisição constante das notas fiscais e o do valor do pedido é reconhecida na conta contábil 24A01). 214. Afirma que o “BOM” é obtido pela contribuinte mediante relatórios extraídos do sistema FIRS, sendo que, como a diferença entre o efetivo custo de aquisição e o valor do pedido é escriturada em conta de resultado, o custo das matériasprimas dos produtos vendidos é reconhecido pelo seu efetivo valor de aquisição. 215. Diz que os custos indiretos (gastos com energia elétrica, armazenagem, fretes, depreciação e mãodeobra) são registrados em conta de resultado do exercício e que, para expurgar o montante pertinente aos veículos não vendidos “a Empresa, com base em critérios de rateio, determina a parcela de custo correspondente a tais veículos e realiza a escrituração a débito em conta de ativo e a crédito em conta de resultado” (58ª Lauda do Parecer Técnico), objetivando estes lançamentos a ativação dos gastos de produtos fabricados mas não vendidos, procedimento este que, consoante a empresa de consultoria, observa os Fl. 991DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 992 40 princípios citados no item 207 acima e relevam a aderência ao custeio por absorção, em que os gastos incorridos em produtos não vendidos são ativados. 216. Registra o comentado Parecer Técnico que, para atender aos citados princípios, a contribuinte emprega a metodologia denominada “reconhecimento de receita” (ou “revenue recognition”), a qual “consiste em excluir do resultado do exercício os valores das receitas e custos dos bens cuja transferência do título legal ou posse não foram realizadas aos clientes”. Além disto, assegura que este método é relevante para atendimento das regras contábeis, mormente as da Norma de Procedimento Contábil – NPC nº 14/01, emitida pelo Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON. 217. Expressa que, à maneira do item 4, da NCP 14, receita é a entrada bruta de benefícios econômicos relacionados às atividades ordinárias da pessoa jurídica e que incrementam seu patrimônio, excluídas as contribuições dos sócios/acionistas, estando estabelecido nos arts. 15, 16, 20 e 23 desta Norma que: 217.1. a receita somente deve ser reconhecida quando for provável que os benefícios econômicos relativos à transação serão recebidos pela empresa; e 217.2. a receita de venda de produtos/mercadorias deve ser registrada, dentre outros, desde que (i) os riscos e benefícios significativos decorrentes da propriedade já tenham sido transferidos ao comprador; (ii) o valor da receita possa ser medido com segurança; (iii) seja provável que o benefício econômico decorrente da transação seja percebido pela empresa; e (iv) os custos referentes à transação possam ser medidos com segurança. 218. Consigna que, normalmente, “a transferência dos riscos e benefícios da propriedade coincide com a transferência do título legal ou da passagem da posse para o comprador” e que a recorrente, que escriturou a receita e os respectivos custos antes da tradição do veículo, adotou o “revenue recognition”, para que sua contabilidade refletisse os princípios contábeis que orientam o tema. 219. Relembra ter sido identificada a existência de rígido sistema de controle das matériasprimas utilizadas no processo produtivo, da quantidade de peças em seus estoques e dos correspondentes valores e que, como a FORD extrai dos seus sistemas relatórios com informações dos itens adquiridos, quantidade de entradas, movimentos para a produção, estoques diários, e, além disto, adota custeio por absorção, podese inferir que a contribuinte possui custeio integrado e coordenado com a contabilidade. IV.2. Do cálculo do crédito presumido de IPI: 220. Em seu item 5.5, o Parecer Técnico narra que foram analisados os “cálculos preparados pela Ford e que foram objeto de questionamento fiscal, referentes aos meses de janeiro a dezembro de 2011”, tendo sido detectada a necessidade de revisão dos cálculos, aos moldes adiante relatados, sendo que, no recálculo, foi “utilizada a metodologia da apropriação direta”. Ademais, narra haver sido verificada “a materialidade da diferença entre os cálculos originais da Ford e o valor do recálculo”. IV.2.1. Das receitas que devem integrar a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS para fins de apuração do incentivo: Fl. 992DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 993 41 221. Desfia o Parecer Técnico que o benefício tratado nos correntes autos é regional, devendo ser apurado a partir da contribuição para o PIS/PASEP e na COFINS devidas pelo estabelecimento de Camaçari. 222. Articula que, como o incentivo corresponde ao dobro das contribuições incidentes sobre as vendas no mercado interno, seria o benefício cabível tanto em relação ao faturamento dos veículos nacionalmente produzidos, quanto o dos veículos importados comercializados no Brasil. 223. Justifica que, em face de expressas previsões nas Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, na base de cálculo do incentivo não devem ser consideradas as receitas: (i) de vendas para o exterior (que representem ingresso de divisas) e para a ZFM; (ii) de vendas canceladas; e (iii) de vendas de veículos da frota, que possuem natureza não operacional. 224. O Parecer Técnico acentua que a contribuinte, na apuração da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, computou receitas de vendas de veículos de fabricação própria e importados na base de cálculo do crédito presumido de IPI e, além disto, receitas de vendas para a ZFM, sendo que estas últimas receitas, que seriam equiparadas a exportação, foram excluídas pela empresa de consultoria para cálculo do incentivo, o que ocasionou pequenas diferenças em relação às bases de cálculo levantadas pela empresa. Reporta que, no mais, foi constatada, a partir de testes, a exatidão das informações constantes das listagens de notas fiscais. IV.2.2. Dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS: 225. Sobre o direito a creditamento no âmbito da sistemática nãocumulativa da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o Parecer Técnico, inicialmente, lista as hipóteses de creditamento previstas no art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003. 226. Após, diz que a contribuinte deve apurar, separadamente, os créditos decorrentes de custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com as vendas no mercado interno e aqueles vinculados às receitas de exportação, observados, a critério da pessoa jurídica, os métodos e apropriações de créditos constantes nos §§8° e 9°, dos arts. 3°, da das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, quais sejam: apropriação direta (cujo emprego pressupõe sistema de custo integrado e coordenado) e rateio proporcional. 227. Depois de repisar o entendimento de que a FORD possui sistema de custo integrado e coordenado com a contabilidade – e que , assim, estaria apta a adotar o método de apropriação direta ressalta que, embora no DACON dos meses de janeiro de 2009 a dezembro de 2011, a contribuinte informou que usou o método de rateio proporcional, “na prática, ao se utilizar da BOM (vide item 5.1.5 Do Sistema de Custeio da Ford), forma de apropriação direta, pois leva em conta as matérias primas efetivamente utilizadas no processo produtivo no mês da venda de cada veículo, para o cálculo do crédito do PIS e da COFINS, a Ford adotou metodologia da apropriação direta”. 228. Ademais, realça que “o valor das matérias primas é significativamente superior aos demais gastos gerais de fabricação, evidencia que na essência, a Ford optou pela apropriação direta” e, assim, “deve ser considerado o cálculo do crédito pela apropriação direta” e, por conseqüência, devese “buscar na contabilidade os montantes passíveis de cálculo do crédito”. Fl. 993DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 994 42 229. O Parecer Técnico reproduziu o seguinte trecho de orientação relacionada à apropriação direta colhida do sítio, na internet, da RFB12: “Observação: No caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas sujeitas à incidência nãocumulativa e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa, os créditos serão determinados, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: apropriação direta, aplicandose ao valor dos bens utilizados como insumos, aos custos, às despesas e aos encargos comuns, adquiridos no mês, a relação percentual entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa e os custos totais incorridos no mês, apurados por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou rateio proporcional, aplicandose ao valor dos bens utilizados como insumos, aos custos, às despesas e aos encargos comuns, adquiridos no mês, a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas no mês”. 230. Perfilha o entendimento de que, de acordo com orientação acima, a contribuinte “deve apurar a relação percentual entre os custos vinculados à receita sujeita à incidência nãocumulativa (no presente caso, sobre os custos dos veículos computados na base de cálculo do incentivo) e os custos totais incorridos no mês” e que, para tanto, devem ser identificadas na contabilidade as contas contábeis que registram os custos totais incorridos no mês. 231. Continua expondo que, uma vez que o benefício foi concedido para o estabelecimento de Camaçari e não para toda a pessoa jurídica , o método de apropriação previsto nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637/2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833/2003, deve considerar, na apropriação direta, os custos incorridos em Camaçari. 232. Anota que “Para a identificação do percentual mencionado na manifestação da RFB, a Ford deve dividir o custo das mercadorias vendidas no mercado interno pelo estabelecimento de Camaçari pelo custo total do estabelecimento de Camaçari (fórmula Custo da Mercadoria Vendida no Mercado Interno do Estabelecimento de Camaçari/ Custo da Mercadoria Vendida total do Estabelecimento de Camaçari)”. 233. No item 5.5.3.9, o Parecer Técnico consigna que “A Ford, em seu cálculo original, utilizouse de percentual sobre a receita para identificar os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação”, sendo que, para identificação destes valores, a empresa de consultoria adotou o critério aludido nos itens 227 a 230 acima e realizou “os ajustes no valor dos créditos a serem considerados para fins do cálculo do incentivo”. 234. Menciona que os créditos sobre as matériasprimas dos veículos fabricados pela FORD no Brasil são reconhecidos por intermédio do “BOM”, no qual figura a relação de todas as matériasprimas utilizadas na montagem de cada um dos veículos e o respectivo custo, considerandose o valor do último pedido de compra na data de fabricação do veículo e destaca que no sistema FIRS constam os valores (tanto líquidos como com inclusão dos tributos recuperáveis) de cada uma das peças utilizadas no processo produtivo. Fl. 994DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 995 43 235. Realça que como o “BOM” considera o valor das peças na data de fabricação dos veículos – e não o custo de aquisição efetivamente incorrido na data da compra da matériaprima – devese realizar ajuste, como aquele procedido na contabilidade e que “devese considerar o saldo da conta contábil 24A01 do estabelecimento de Camaçari para fins de ajustes”, sendo que tais acertos, de baixos percentuais, não produzem efeitos significantes no cálculo do incentivo. 236. Garante ser possível adotar o “BOM” para apuração das bases de cálculo dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e que os créditos sobre veículos importados podem ser obtidos na Declaração de Importação. 237. Elucida, outrossim, que, como as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus foram excluídas do cálculo do incentivo, o mesmo fez a empresa de assessoria no tocante aos correspondentes custos. 238. O Parecer Técnico salienta, ainda, que o crédito da contribuição para o PIS/ PASEP e da COFINS é calculado, na apropriação direta, a partir dos valores dos insumos escriturados na contabilidade, sendo que “os custos contabilizados não levam em conta os tributos recuperáveis incidentes sobre os bens adquiridos”, ao passo que “a legislação aplicável do PIS e da COFINS possibilita o cálculo do crédito sobre o valor da aquisição dos insumos no qual se incluem os tributos recuperáveis”, razão por que “sobre os valores escriturados na contabilidade devem ser imputados os tributos recuperáveis para a determinação da base de cálculo de crédito do PIS e da COFINS” (item 5.3, 71ª lauda do Parecer). 239. Quanto aos insumos indiretos, diz que a contribuinte pode apurar créditos com: (i) gastos com PDI13; (ii) despesas de frete incorridas na distribuição (vendas de veículos) e nas aquisições de matériasprimas; (iii) gastos gerais de fabricação [serviços de manutenção, materiais intermediários (graxa, luvas, etc) e energia elétrica]; (iv) retroativo de preços; e (v) depreciação de bens do ativo. Sobre estas rubricas, atestadas pela empresa de consultoria junto ao SPED/Fiscal e outros documentos e cujos créditos esta empresa calculou créditos por meio de apropriação direta, extraio os seguintes registros constantes do Parecer Técnico: 239.1. gastos com PDI: não apurados originalmente pela FORD e, embora inexpressivos, devem ser admitidos; 239.2. fretes na distribuição: calculado pela FORD com base nas notas fiscais de aquisição, tendo sido constatada “a necessidade de alteração do procedimento para considerar o método da apropriação direta, devese identificar o montante a ser computado na base de cálculo do crédito”; 239.2.1. para tanto, foi utilizado o relatório denominado “CS 783”, extraído do sistema CAPS (Sistema de contas a pagar) que apresenta os gastos incorridos com frete distribuição e identifica as correspondentes Notas Fiscais, tendo sido identificado, por meio de análise e testes, a consistência dos valores constantes do relatório com aqueles escriturados no SPED contábil, e, assim, foram calculados os créditos a partir dos registros contábeis com utilização do método de apropriação direta. 239.3. fretes incorridos nas compras: “Do mesmo modo do ocorrido para o frete distribuição, para o crédito do frete compras, a Ford realizou o cálculo do montante com base nas notas fiscais, enquanto para a identificação dos custos relacionados aos veículos Fl. 995DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 996 44 exportados foi aplicado o fator de rateio apurado com base nas receitas líquidas” e que, constatada a “necessidade de alteração do procedimento, adotamos a mesma metodologia acima apresentada para identificar qual montante deve ser computado na base de cálculo do crédito”, sendo que, ao final, após igualmente ter sido detectada a consistência dos dados apresentados nos relatórios com os escriturados no SPED contábil, foram calculados os créditos pela apropriação direta através dos registros contábeis; 239.4. gastos gerais de fabricação: sobre os gastos gerais de fabricação [identificados no item 5.2.5.4 do Parecer Técnico como serviços de manutenção, materiais intermediários (graxa, luva, etc) e energia elétrica], “a Ford realizou o cálculo do crédito com base nas notas fiscais, enquanto para a identificação dos custos relacionados aos veículos exportados foi aplicado o fator de rateio apurado com base nas receitas líquidas”, sendo que “na apropriação direta, deve o contribuinte considerar os saldos contábeis para fins de determinação dos créditos. Para a identificação dos valores dos gastos gerais de fabricação a serem considerados no cálculo do incentivo realizamos os mesmos testes mencionados nos tópicos acima e verificamos a aderência dos valores considerados” (item 5.5.3.4 do Parecer Técnico). 239.5. retroativo de preço: diferenças pactuadas a título de pagamentos complementares feitos pela FORD a seus fornecedores atinentes a aquisições pretéritas de insumos; 239.5.1 sobre esta parcela, não foram inicialmente calculados créditos pelos estabelecimentos em Taubaté e em São Bernardo do Campo, o que foi feito pela empresa de consultoria, que afirma para tanto ter adotado os mesmos procedimentos descritos anteriormente; 239.6. depreciação de bens do ativo: créditos descontados à fração de 1/24 e 1/48 sobre o valor de aquisição de ativo fixo. IV.2.3. Dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre transferências realizadas entre estabelecimentos: 240. Relativamente aos créditos das nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS sobre insumos transferidos por outras filiais da empresa ao estabelecimento incentivado, ressalva que a FORD não considerou os valores de gastos gerais de fabricação, tais como serviços de manutenção, materiais intermediários, energia elétrica, frete incorrido nas compras e crédito sobre ativo imobilizado. 240.1. Narra que a Lei nº 9.440/97 não prevê a necessidade de segregar os créditos e débitos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS decorrentes de operações do estabelecimento situado na região incentivada dos demais estabelecimentos situados nas demais regiões, e, por conseqüência, não indica a forma pela qual deve ser calculado crédito no caso em que o estabelecimento recebe insumos de outras regiões. 240.2. Diferencia que a segregação dos créditos vinculados às receitas no mercado interno e às receitas de exportação por um dos no tocante à qual há obrigatoriedade de adoção de um dos métodos previsto nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 é imposta pela legislação. Fl. 996DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 997 45 240.3. Em face do que consta acima, o Parecer Técnico apresenta entendimento no sentido de que, como a legislação não prevê um método específico para que a FORD transfira créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS de outros estabelecimentos para aquele situado em Camaçari, tal transferência, , sendo necessária, pode ser realizada por um ou mais métodos razoáveis e não vedados pela lei, na trilha da inteligência adotada pela Solução de Divergência COSIT nº 23, de 23/09/2013. 240.4. Logo, o Parecer Técnico que, no cálculo dos créditos referentes aos insumos transferidos para a filial em Camaçari pelos estabelecimentos da FORD em São Bernardo do Campo e em Taubaté, considerou “o percentual obtido mediante o somatório das saídas de venda/revenda e transferências de SBC e Taubaté dividido pelo total das transferências de produção para Camaçari” e aplicou este percentual “sobre o valor dos insumos dos estabelecimentos de São Bernardo do Campo e de Taubaté e o resultado obtido foi considerado no cálculo para fins de apuração do incentivo”. IV.2.4. Do “revenue recognition” – reconhecimento de receita: 241. Consigna o Parecer Técnico que o método “revenue recognition”, adotado pela FORD, “é aderente à legislação na medida em que a receita e correspondentes custos são reconhecidos na contabilidade apenas quando satisfeitos determinados requisitos (no caso a concretização da venda por meio da tradição dos bens)” e que, deste modo, “os saldos contábeis mensais não contemplam as receitas decorrentes das vendas já faturadas, mas cujas mercadorias não foram entregues aos clientes”. 242. Acentua que “Como para a base de cálculo do PIS e da COFINS são considerados os valores das vendas faturadas, o ajuste do efeito do ‘revenue recognition’, para o cálculo dos créditos de PIS e COFINS, é um procedimento que oferece equilíbrio entre as receitas tributadas e os custos deduzidos” e que eventual equívoco na aplicação desta sistemática implicaria, em tese, “apenas antecipação ou postergação do crédito, isto é, não produziria efeito ao longo do tempo quanto à apuração do valor do principal do crédito. Isto porque, os custos correspondentes às vendas tributadas em mês anterior serão computados como crédito no mês subseqüente”. 243. Quanto à questão, diz, no item 5.4, que “Independentemente do ‘revenue recognition’ produzir, em tese, efeito temporal, para o cálculo do incentivo, deve ser considerado o ‘revenue recognition’ para fins de apuração do cálculo dos créditos de PIS e COFINS”; contudo, mais adiante no item 5.5.3.10, articula que “Conforme demonstrado no item 5.4, os ajustes de ‘revenue recognition’ escriturados na contabilidade devem ser desconsiderados para fins de apuração do PIS e da COFINS” e que “Deste modo, desconsideramos os ajustes do ‘revenue recognition’ escriturados na contabilidade, referentemente aos veículos elegíveis ao benefício, para fins de determinação dos valores a serem considerados no cálculo do incentivo”. IV.3. Conclusão: 244. Conclui o segundo Parecer Técnico que a Ford: (i) possui sistema de custeio integrado e coordenado com a contabilidade; e (ii) referentemente aos meses do ano de 2011, calculou crédito em valor superior ao que apuramos, em “valores imateriais” quando comparados com a totalidade de créditos passíveis de utilização por este Incentivo. V. Da Resolução: Fl. 997DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 998 46 245. Em sessão realizada aos 20/10/2014, decidiu esta Turma converter o julgamento em diligência, nos termos da Resolução nº 001.900, fls. 638/677. 246. Na ocasião, ponderouse que: 246.1. No recurso interposto, a recorrente assevera que, no cálculo do fator de rateio dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS da filial em Camaçari efetuado para fins de definição do crédito presumido de IPI aqui tratado, a autoridade fiscal teria incorrido em equívoco, consistente na nãoconsideração, dentre outras saídas daquele estabelecimento, de transferências de produtos para outras filiais; 246.2. De forma assemelhada, a manifestante disse que a definição, pela Fiscalização, dos créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS atinentes a insumos oriundos da filial em São Bernardo do Campo14 apropriados na filial em Camaçari com vistas ao cálculo do reportado incentivo também apresentaria engano, materializado na nãoconsideração, no total das saídas daquela Unidade, de vendas de mercadorias sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) e de vendas de mercadorias produzidas destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109), o que teria acarretado uma maior proporção das saídas para Camaçari em relação às vendas totais, o aumento dos créditos a serem transferidos para a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e, consequentemente, a diminuição da base de cálculo do incentivo. Tal afirmação é corroborada por Parecer Técnico anexado pela contribuinte aos 10/04/2014 sobre o qual acima já se relatou; 246.3. Inobstante acostada, às fls. 1.133/1.291, do processo administrativo nº 13502.721308/201314, cópia de “Registros Fiscais de Apuração dos Valores de IPI” concernentes à filial em Camaçari, naqueles autos inexistem elementos suficientes para formação do convencimento relativo à alegação de que, no cálculo do fator de rateio, não teriam sido consideradas todas as saídas da filial em Camaçari: primeiramente, porque este documento não possui, relativamente ao ano de 2009, detalhamento das saídas por CFOP; depois, porquanto, apesar de neste documento haver, para os anos de 2010 e 2011, esta especificação, os registros correlatos devem ser conferidos com a escrituração fiscal/contábil da contribuinte (o que também deve ocorrer para o ano de 2009); 246.4. Ainda que estivesse comprovado que, no cálculo do rateio, não foram incluídas determinadas saídas de produtos fabricados, seria necessário verificar se o universo dos insumos que estão sendo rateados compreende aqueles empregados na industrialização dos produtos cujas saídas a requerente diz não terem sido consideradas; 246.5. Não há elementos que viabilizem a apreciação do argumento discorrido no item 246.2 acima, pois não constam dos presentes autos (nem nos do processo administrativo nº 13502.721308/201314) os Livros de Apuração de IPI (nem os correspondentes elementos da escrita contábil/fiscal que corroborem estas anotações) da unidade da contribuinte em São Bernardo do Campo (neste ponto, vale a mesma observação do parágrafo anterior). 247. Diante dos fatos acima narrados, com fundamento no art. 18, do Decreto nº 70.235/72, o julgamento foi convertido em diligência pela Turma e, por consequencia, os presentes autos à Unidade de Origem no sentido de que a autoridade fiscal: Fl. 998DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 999 47 247.1. verificasse, no Livro Registro de Apuração do IPI do estabelecimento em Camaçari e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil, a eventual existência de saídas de produtos fabricados nesta filial que acaso não tivessem sido consideradas, quando do cálculo do fator de rateio, no total das saídas de citado estabelecimento e, com atenção para a observação do item 246.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido além daqueles já apurados no curso da fiscalização; 247.2. confirmasse, no Livro de Apuração do IPI da filial em São Bernardo do Campo e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil que legitimassem as anotações consignadas neste Livro, a eventual existência de saídas de mercadorias fabricadas neste estabelecimento sujeitas à substituição tributária do ICMS (CFOP 5.401 e 6.401) ou destinadas à ZFM e à Área de Livre Comércio (CFOP 6.109) que acaso não tivessem sido consideradas para fins de apuração da parcela de créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a serem transferidos para a filial em Camaçari e, com atenção para a observação do item 246.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido à contribuinte além daqueles já apurados no curso da Fiscalização antes efetuada; 247.3. na hipótese de serem apurados valores adicionais a título do crédito presumido de IPI discutido neste processo, reconstituísse a escrita fiscal do IPI da contribuinte e informasse a repercussão de tal reconstituição no Auto de Infração (indicando os valores do imposto lançado cujas exigências deveriam ser mantidas) e no Pedido de Ressarcimento objeto deste processo administrativo, informando, se fosse o caso, as importâncias a serem ressarcidas em complemento àquelas inicialmente admitidas; 247.4. da Resolução e do resultado da diligência fosse dada ciência o sujeito passivo e lhe facultasse se pronunciar a respeito dos aspectos alvo da diligência determinada, no prazo de 30 (trinta) dias, findo o qual deveria este processo administrativo ser devolvido, com ou sem manifestação da diligenciada, a esta DRJ para continuidade do julgamento. VI. Do Relatório de Diligência: 248. Concluída a diligência, as autoridades fiscais elaboraram o Relatório de fls. 708/716, em que, inicialmente, expõem os termos da diligência solicitada e comentam as premissas e a metodologia da ação fiscal originária. 249. Na sequência, o Relatório de Diligência discorre sobre a questão exposta no item 247.1: inicialmente, quanto às saídas sob os CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403 e, após, sobre as saídas das mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151. 250. Relativamente às saídas de mercadorias sob o CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403, esclarece que elas não foram incluídas – nem deveriam em face da metodologia adotada no cálculo do rateio, pois se referem a produtos simplesmente revendidos, o que a própria descrição dos aludidos CFOP evidenciaria. Sobre a questão, complementa que: 250.1. a contribuinte foi intimada a apresentar a relação de Notas Fiscais de entrada e de saída dos bens classificados sob os supraditos CFOP, tendo apontado os seguintes detalhamentos: (i) CFOP 5.152: Veículo importado pela Ford em Camaçari e incorporado à Fl. 999DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1000 48 frota desta planta; (ii) CFOP 6.152: Transferência de veículos importados para as plantas de São Bernardo, Jaguar e Land Rover. Ainda, existem algumas peças transferidas para testes na filial de Tatuí (campo de provas); (iii) CFOP 5.403: Venda de veículos importados para clientes localizados dentro do estado da Bahia no regime de ICMS Substituição Tributária; (iv) CFOP 6.403: Venda de veículos importados para clientes localizados fora do estado da Bahia no regime de Substituição Tributária; 250.2. os dados apresentados pela contribuinte foram verificados no SPED Fiscal e foi constado que as entradas dos produtos, que posteriormente saíram sob os CFOP mencionados no subitem antecedente, foram classificadas sob o CFOP 3102 – Compras para comercialização, com o NCM 87033290 – Automóveis de passageiros e outros veículos; 250.3. a contribuinte informou – e a Fiscalização confirmou – que tais entradas se referem a veículos importados e foram registradas, no DACON segregado, na Ficha 06B – Pis e Cofins na importação alíquotas diferenciadas; 250.4. a planta de Camaçari apenas fabrica os modelos Ecosport e Fiesta Flex e, assim, todos os demais veículos saídos deste estabelecimento foram importados; 250.5. caso fossem consideradas as saídas de mercadorias sob os CFOP nº º 5152, 5403, 6152 e 6403 o percentual correspondente aos veículos importados apropriaria uma parcela de créditos dos custos, despesas e encargos vinculados à fabricação de bens, sem que, para isto, tivesse utilizado quaisquer destes insumos. 251. Já no tocante às saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151, da filial em Camaçari, consiga que: 251.1. a contribuinte foi intimada a informar a destinação dos produtos saídos sob os códigos acima e a apresentar a relação das Notas Fiscais de saída e, em resposta, disse tais saídas se destinavam a filiais e/ou centro de distribuição de peças; 251.2. o sujeito passivo também foi intimado a informar se os insumos constantes da linha 06A, item II, do DACON segregado, foram integralmente destinados à fabricação de veículos ou foram transferidos para outras filiais e, em atendimento, disse que: “A regra geral é que cada planta efetue sua própria aquisição para a realização de sua atividade (fabricação/comercialização), não obstante o exposto, na relação de insumos comprados para industrialização pela planta de Camaçari, temos alguns casos específicos de transferências de materiais para as plantas de São Bernardo do Campo, Tatuí e Pirajá, as quais demonstramos nas planilhas elaboradas no item 1.2 do grupo TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS”; 251.3. em resposta ao item 1.2 da intimação, que solicitou planilha discriminativa dos valores mensais das transferências e a relação de Notas Fiscais, a contribuinte apresentou a seguinte explicação: “Com base nos arquivos de compras – ficha 06A, item II, incluímos o número da peça (part number) e a descrição. Em seguida, comparamos com o Sped fiscal (notas fiscais de transferências) e desenvolvemos as planilhas mensais, demonstrando os CFOP’s de transferências, quais sejam: 5.151, 5.152, 6.151 e 6.152, assim como, identificação Fl. 1000DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1001 49 do produto transferido e destino dos mesmos. A identificação destes insumos está no grupo superior do arquivo com o item TRANSFERÊNCIA DE INSUMOS. Ressaltamos ainda, que há peças transferidas que não referemse a insumos, tais como, veículos produzidos que são incorporados a frota e/ou insumos que são transformados em outras peças, e essas estão identificadas como TRANSFERÊNCIA DE PRODUÇÃO”. 251.4. “Foi apresentada planilha com a relação das notas fiscais (planilha item 1.2), discriminando, entre outros, o código do produto, CFOP, classificação, NCM, CNPJ destinatário. Em relação à classificação, o contribuinte atribuiu a origem dos bens a: veículos (V), importados (I), peças e assessórios importados (lP&A), comprados (C) e fabricados (F). Também foi atribuída a denominação "#N/D, referindo aos bens cuja origem o contribuinte não localizou/classificou”; 251.5. a análise foi feita considerando as duas verificações apontadas na Resolução da DRJ: se houve saídas de produtos fabricados que não foram consideradas no cálculo do rateio, e se os insumos rateados foram utilizados na industrialização de tais produtos; 251.6. em relação à saída, foi constatado que os bens saídos sob os CFOP nº 5151 e 6151 não foram incluídos no fator de rateio; 251.7. a planilha apresentada evidencia que a contribuinte deu saída, sob os CFOP acima, a veículos e peças cujas origem/entradas se referem tanto a bens utilizados como insumos, como a bens oriundos de outras filiais; 251.8. para atender ao disposto no item 247 acima, é necessário que os produtos transferidos tenham utilizado, na sua fabricação, insumos que foram rateados e, consequentemente, incluídos na apuração do crédito da filial em Camaçari, realizada pela Fiscalização e expresso no demonstrativo de fls. 60 a 62 do processo; 251.9. o demonstrativo acima se baseou em informações do DACON segregado apresentado pela contribuinte, que demonstra a aquisições de insumos nas fichas 06A, item II, e 06B – Pis e Cofins na importação de insumos; 251.10. “Em relação aos veículos, a planilha apresentada pelo contribuinte mostra a saída de veículos fabricados na filial de Camaçari (Ecosport e Fiesta flex), que foram incorporados ao ativo permanente da empresa. Os insumos utilizados na fabricação desses produtos foram incluídos no rateio elaborado de ofício (fls. 60 a 62). Ou seja, os créditos dos insumos foram concedidos ao contribuinte. Ocorre que, de acordo com a metodologia estabelecida no trabalho fiscal, o incentivo da Lei 9.440/97 incide somente sobre a receita da venda de veículos. Consequentemente, só podem ser considerados créditos em relação a estas receitas”; 251.11. “a legislação do PIS e COFINS só admite o desconto dos créditos relativos aos bens e serviços utilizados como insumos na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Como os veículos foram destinados ao ativo imobilizado, o crédito relativo aos insumos utilizados na fabricação não poderia ser utilizado”; Fl. 1001DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1002 50 251.12. as saídas dos supraditos veículos devem compor o cálculo do fato de rateio, de modo a destacar a parcela dos créditos vinculados à fabricação destes bens, com reflexos na reconstituição do crédito presumido de IPI, sendo que os valores utilizados no cálculo do fator de rateio serão líquidos do IPI, consoante metodologia empregada no trabalho fiscal; 251.13. sobre as saídas de peças, foi constatado que parte delas foi adquirida pela filial de Camaçari e estão incluídas nas Fichas 06A, item II, e 06B Pis e Cofins na importação insumos, do DACON segregado e, portanto, fizeram parte do rateio elaborado de ofício, sendo que outra parcela foi proveniente das filiais de São Bernardo do Campo e Taubaté (motor e transmissão), e o crédito correspondente foi apropriado à filial de Camaçari, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, item 5.5 (fls. 49 e 50), pelo que também fizeram parte do rateio elaborado pela fiscalização, com a consequente concessão dos créditos ao contribuinte; 251.14. “Em que pese estas peças não terem sido utilizadas na fabricação de veículos, concluímos que as saídas devem ser incluídas no cálculo do fator de rateio, de forma a segregar a parcela dos créditos correspondentes às peças que foram transferidas e as que foram utilizadas no processo produtivo. Tal providência se faz necessária devido à metodologia utilizada no cálculo do crédito presumido da Lei n° 9.440/97, onde foi determinado que o incentivo incide somente sobre a receita de venda dos veículos fabricados no estabelecimento de Camaçari”; 251.15. “Nesse sentido, como somente as vendas dos veículos fabricados foram utilizadas no cálculo do incentivo, conforme folhas 57 a 59, então somente os créditos vinculados às estas vendas devem ser considerados”; 251.16. pelas razões acima, as saídas de peças sob os CFOP 5151 e 6151 comporão o cálculo do fator de rateio, com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI, consoante anexo I, no qual são demonstrados os valores concernentes a veículos e peças saídos sob referidos CFOP, cujos totais foram adicionados ao Anexo “D”. 252. Avante, passa do Relatório de Diligência à saídas, da filial de São Bernardo do Campo, realizadas sob os CFOP nº 5401, 6401 e 6109. Sobre o assunto, comenta que: 252.1. por meio dos arquivos de Notas Fiscais extraídos do SPED Fiscal, constatouse que os bens saídos sob os códigos acima são veículos modelos Ka e Courier, além de pickups e caminhões, fabricados naquela Unidade; 252.2. “A exemplo da filial Camaçari, os insumos utilizados na fabricação dos aludidos veículos foram informados no DACON segregado, fichas 06A, item II, e 06B Pis e Cofins na importação insumos. Conforme demonstrado na apuração dos créditos da filial de SBC (fls. 72 a 74), os valores correspondentes a essas fichas compuseram o montante que foi apropriado na definição dos créditos transferidos para a filial de Camaçari”; 252.3. logo, concluise que as saídas sob os comentados CFOP, promovidas pela filial de São Bernardo do Campo, devem compor o cálculo do fator de rateio do Anexo “H” (fls. 75 a 77), com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI (registra o Relatório de Diligência que “Os valores que serão utilizados no cálculo do fator de rateio serão líquidos de IPI e ICMS substituição tributária, conforme metodologia utilizada no trabalho Fl. 1002DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1003 51 fiscal. Também excluiremos o seguro destacado na nota fiscal, por ser cobrado separadamente do preço do produto”). 253. Alfim, expõem as autoridades fiscais diligenciantes que, diante de todo o exposto: (i) alterouse os Anexos A, B, C, D, G e H; (ii) reconstituiuse a escrita fiscal do IPI do sujeito passivo e, como consequencia, os valores a serem ressarcidos a título de IPI sofreram alterações, consoante segue: VIII. Do pronunciamento da contribuinte em relação ao Relatório de Diligência: 254. Cientificada da conclusão da diligência realizada, a contribuinte, por meio da petição de fls. 744/751, alegou, preliminarmente, que esta Turma teria se olvidado de requerer que a autoridade diligenciante efetuasse verificações concernentes à transferência de créditos da filial da contribuinte em Taubaté para o estabelecimento incentivado, razão por que requereu que fosse determinada nova diligência para levantamento completo do cálculo do rateio, com abrangência da filial em Taubaté, sob pena de cerceamento do direito de defesa. 255. Adiante, quanto às conclusões da autoridade fiscal diligenciante no tocante às saídas sob os CFOP nº 5.152, 5.403, 6.152 e 6.403 da filial em Camaçari, criticou a conclusão da Fiscalização de que tais saídas não deveriam ser consideradas pois atinentes a simples revenda de mercadorias (que não de produtos fabricados em Camaçari) porque o pressuposto do lançamento de ofício é o de que, da receita de venda de veículos, deveriam ser excluídas as vendas de produtos importados. 256. É que a recorrente reputa que a questão acima é matéria controvertida nos autos, cuja decisão é de exclusiva competência desta DRJ, sendo descabido à Fiscalização se recusar a atender à determinação objeto da Resolução expedida por este Colegiado por supostamente contrariar a metodologia empregada na apuração que levou ao lançamento de ofício. Por isto, requereu o retorno dos autos à Origem para completa instrução, em cumprimento aos princípíos da verdade material e do direito de ampla defesa. 257. Na sequencia, opôsse à inclusão, no Anexo D, da parcela correspondente às vendas para a ZFM como integrante da receita de venda no mercado interno, na medida em que, por força de lei, tais vendas são, para todos os efeitos legais, equiparadas a exportação. Fl. 1003DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1004 52 258. Sobre o fator de rateio, queixouse que não deveriam seus cálculos considerar as parcelas atinentes ao ICMS, à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS, por se tratarem de tributos que têm por natureza jurídica a nãocumulatividade, e, por isto mesmo, recuperáveis pelo contribuinte, não integrando a receita de vendas no mercado interno. 259. Outrossim, contesta “a conclusão da d. Fiscalização ao computar o valor das operações de saídas de veículos destinados ao ativo imobilizado para fins de cálculo do fator de rateio, de forma a destacar a parcela dos créditos vinculados à fabricação desses bens, com reflexo na reconstituição do crédito presumido de IPI” pois, conforme a recorrente “Se tais operações de saídas de veículos para integrar o ativo imobilizado não são computadas na receita de venda no mercado interno, tampouco podem ser considerados os créditos relativos aos insumos e encargos necessários à fabricação dos mesmos, que, portanto, devem ser excluídos, implicando necessariamente o refazimento dos cálculos para apuração do fator de rateio nesse particular”. 260. Encerrando, requereu a realização de nova diligência para necessárias apurações ao cálculo do rateio de créditos originários da filial em Taubaté e para que fossem sanados os equívocos que a recorrente alegou terem sido cometidos pelas autoridades diligenciantes." A DRJ no Recife (PE) julgou a manifestação de inconformidade procedente em parte e o Acórdão n° 1151.272, datado de 21 de outubro de 2015, foi assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI PREVISTO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. APURAÇÃO SOBRE O FATURAMENTO DA REVENDA DE BENS IMPORTADOS. DESCABIMENTO. É descabida a apuração do créditopresumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A da Lei nº 9.440/97, em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidentes sobre ao faturamento auferido com a revenda de veículos importados. ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS. VINCULAÇÃO AO MÉTODO ADOTADO PELA MATRIZ. O método utilizado pelo estabelecimento beneficiado com o crédito presumido de IPI previsto nos arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar, no cálculo do incentivo, os créditos da nãocumulatividade de contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incentivados é vinculado àquele adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos na apuração centralizada das Fl. 1004DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1005 53 contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. CONVÊNIO ICMS Nº 51/00. PARCELA DO ICMS REPARTIDA COM O ESTADO DA CONCESSIONÁRIA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. É devida por responsabilidade própria da montadora e não por substituição a parcela do ICMS que, na forma do Convênio ICMS nº 51/00, é repartida com o Estado de localização da concessionária que fará a entrega do veículo diretamente faturado ao consumidor pela montadora, devendo referida parcela integrar a base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. VENDAS PARA CONSUMO NA ZONA FRANCA DE MANAUS. TRIBUTAÇÃO Á ALÍQUOTA ZERO. MANUTENÇÃO DOS CORRESPONDENTES CRÉDITOS DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E DA COFINS DEVIDAS PARA FINS DE APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI TRATADO NOS ARTS. 1º, IX, 11, IV, E 11A, DA LEI Nº 9.440/97. As receitas de vendas de veículo para consumo na Zona Franca de Manaus estão submetidas à alíquota zero, não tendo natureza de receitas de exportação, devendo ser mantidos os respectivos créditos para o cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas para fins de apuração do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. ADICIONAL APURADO EM DILIGÊNCIA. UTILIZAÇÃO INTEGRAL PARA DIMINUIÇÃO DO SALDO DEVEDOR DO IMPOSTO. VALOR A SER RESSARCIDO/ COMPENSADO. INEXISTÊNCIA. Inexistre valor do imposto a ser ressarcido/compensado quando tenha sido integralmente utilizado, para redução do saldo devedor do imposto cobrado por meio de Auto de Infração, o valor adicional do crédito presumido de IPI de que tratam os arts. 1º, inciso IX, 11, inciso IV, e 11A, da Lei nº 9.440/97, apurado em diligência em função da diminuição, em relação ao procedimento fiscal inicial, da apropriação de créditos da não cumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS pelo estabelecimento incentivado e de seus reflexos no incremento do mencionado benefício. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2011 a 30/06/2011 Fl. 1005DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1006 54 DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de realização de diligência em relação a aspectos tidos como prescindíveis pela autoridade julgadora. DECRETO. FUNDAMENTO DE INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DA APLICAÇÃO OU INOBSERVÂNCIA PELOS ÓRGÃOS DE JULGAMENTO ADMINISTRATIVO. VEDAÇÃO. Aos órgãos de julgamento administrativo é vedado, ressalvadas exceções não configuradas nos autos, afastar, sob fundamento de inconstitucionalidade, a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que ratificou os argumentos contidos na manifestação de inconformidade. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou contrarrazões ao recurso voluntário, em que apresenta argumentos para sustentar a glosa de créditos presumidos de IPI. É o relatório. Fl. 1006DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1007 55 Voto Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Tratase de indeferimento de Pedidos de Ressarcimento (PER) de créditos presumidos do IPI (Lei n° 9.440/97) apurados no 2° trimestre de 2011, ao qual foram vinculadas Declarações de Compensação (DCOMP), que, por conseguinte, não foram homologadas. Com efeito, a presente contenda é apenas um dos resultados do trabalho de auditoria dos cálculos dos créditos presumidos de IPI do período compreendido entre o 1° trimestre de 2009 ao 4° trimestre de 2011. Por se tratarem de processos conexos, os que abrigam os indeferimentos dos PER dos demais trimestres, o auto de infração (processo n° 13502.721308/201314), lavrado para lançamento de ofício dos saldos devedores de IPI resultantes das glosas, e parte das multas isoladas por não homologação de compensações vinculadas aos PER encontramse nesta pauta para julgamento. Há duas questões de mérito no centro desta contenda, acerca do cálculo do crédito presumido do IPI: i) se pode ou não ser calculado sobre a receita da revenda de produtos importados; e ii) os critérios para identificação dos créditos de PIS e COFINS relativos às receitas de vendas nos mercados interno ou externo , a serem deduzidos das contribuições devidas sobre as vendas no mercado interno, bases de cálculo do incentivo fiscal. Cumpre mencionar que a DRJ determinou a realização de diligência, basicamente para verificar se havia saídas de produtos fabricados na filial de Camaçari (BA), São Bernardo do Campo (SP) e Taubaté (SP) que não haviam sido computadas nos fatores de rateio adotados para cálculo do crédito presumido de IPI. A diligência (fls. 715 a 734) concluiu que realmente havia saídas não computadas no citado cálculo, cujos impactos foram os de redução dos valores das glosas, com reflexo nas DCOMP, e redução dos saldos devedores lançados de ofício, em sede do processo n° 13502.721308/201314. Passo então ao exame de cada um dos argumentos de defesa, na ordem e sob os títulos utilizados no recurso voluntário. "V AS RECEITAS DE VENDA DE VEÍCULOS IMPORTADOS INTEGRAM O FATURAMENTO PARA FINS DE APURAÇÃO DO PIS E DA COFINS, BASE DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI DA LEI N° 9.440/97" Fl. 1007DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1008 56 Os argumentos apresentados na peça recursal são essencialmente os mesmos da manifestação de inconformidade, os quais foram criteriosamente apreciados pela DRJ, com cuja decisão concordo e dela faço minha razão de decidir, com fulcro no § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: "(. . .) X.3. Da impossibilidade de apuração do créditopresumido de IPI previsto na Lei nº 9.440/97 em relação a revenda de bens importados: 271. O inciso IX, do art. 1º, caput, da Lei n 9.440/97, reconhece o direito ao crédito presumido corresponde ao dobro da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS que incidiram sobre o faturamento das “empresas referidas no §1º”, o qual, por seu turno, preceitua que “O disposto no caput aplicase exclusivamente às empresas instaladas ou que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste, e que sejam montadoras e fabricantes” dos produtos descritos nas alíneas “a” a “h” deste parágrafo legal. 272. A primeira questão a ser dirimida é se a contribuinte tem, ou não, direito a apurar o incentivo aqui analisado em relação à revenda de bens importados. 273. O questionamento acima não se resolve pela simples análise textual do art. 1º, IX e §1º, da Lei nº 9.440/97, pois este dispositivo autoriza o alcance de duas conclusões totalmente conflitantes, a depender da maior (ou menor) ênfase que for conferida a cada um dos termos contidos na lei: (i) a atingida pela manifestante, que se apega ao significado da expressão “faturamento” inserta no texto legal; e (ii) e a alcançada pela autoridade fiscal, que se concentra na expressão “sejam montadoras e fabricantes” embutida nestes dispositivos. 274. Aliás, a própria recorrente, conquanto, sobremaneira inspirada no art. 111, do CTN, critique a SCI COSIT nº 17/2012 por ter se valido de uma interpretação não tão literal – e mais teleológica do incentivo fiscal em análise (27a/28ª e 33a laudas da Manifestação de Inconformidade), de modo um tanto contraditório sustenta, na 22ª laudas deste recurso, que o texto do art. 1º e 1A, do Decreto nº 3.893/2001 (assim como os dos arts. 112 e 135, do RIPI/2002 e 2010, respectivamente) deveria ser sistematicamente analisado – o que só vem a reforçar a impossibilidade de se interpretar, apenas de forma textual, o benefício fiscal contendido, até porque, tal como ensina Carlos Maximiliano e outros tantos doutrinadores, tal interpretação é a mais pobre e precária. 275. O benefício fiscal deve ser visualizado nos seus múltiplos aspectos, porquanto ele encerra, em essência, uma perda de arrecadação. O incentivo não pode gerar desequilíbrio, tampouco criar condições mais favoráveis aos beneficiados sem uma contraprestação ao Estado e à sociedade, sob pena de flagrante afronta ao interesse público inerente ao crédito tributário. Daí o cabimento da interpretação teleológica e sistemática sobre o assunto, desde que não amplie o alcance do favor fiscal expressamente previsto na lei. 276. Neste contexto, o art. 111, do CTN, embora fale em interpretação literal, está se referindo a interpretação restritiva, de modo a inviabilizar, nas situações ali descritas, interpretação que estenda a suspensão/exclusão do crédito tributário, a isenção e a dispensa do descumprimento de obrigações acessórias a outras situações que não aquelas expressas em lei. Nesta diretriz, confirase ementa do STJ no RESP n° 1.410.259/PR, DJ de 09/10/2015: Fl. 1008DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1009 57 “TRIBUTÁRIO. BENEFÍCIO FISCAL. REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. ART. 1º, XIV, DA LEI N. 10.925/2004. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. 1. As disposições tributárias que concedem benefícios fiscais demandam interpretação literal, a teor do disposto no art. 111 do CTN. 2. O art. 1º, XIV, da Lei n. 10.925/2004 reduz à alíquota zero de PIS e COFINS incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno de farinha de trigo classificada no código 1101.00.10 da TIPI, o que restringe o benefício apenas ao produto especificamente enquadrado no indigitado código classificatório. 3. A farinha de rosca não pode ser enquadrada no apontado código, pois as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), no Capítulo 11, ao explicitar as Considerações Gerais, apenas estabelecem que a farinha de rosca devem submeterse à posição 1101 (Farinhas de trigo ou de mistura de trigo com centeio) para fins classificatórios, mas em nada a equiparam à farinha de trigo prevista no código 1101.00.10. 4. Ou seja, a farinha de rosca enquadrase na posição 11.01, mas não se pode deduzir deste fato que sua classificação seja no específico código 1101.00.10, o que afasta a pretensão recursal da parte de beneficiarse da alíquota zero, porquanto inviável a interpretação extensiva almejada. Recurso especial improvido” (g.n.). 277. A propósito da possibilidade de o intérprete se socorrer de outros métodos, que não o exclusivamente gramatical, para atingir o alcance da norma que dispõe sobre incentivos fiscais, reproduzo excerto do voto condutor do Acórdão n º 20177.690, proferido pela Primeira Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes no processo administrativo n º 13962.000040/9894: “No caso do crédito presumido de IPI, que é incentivo fiscal criado com a finalidade específica de anular, ao menos em parte, o efeito indesejável da ‘exportação de tributos’, não se pode prescindir da interpretação teleológica, pois se trata da própria razão de ser do incentivo” (g.n.) 278. Assim, no caso vertente, não se deve menoscabar, na interpretação do benefício examinado, a sua finalidade, que, de forma incontroversa, é, aos moldes descritos na Exposição de Motivos da Lei nº 9.440/97 (EM nº 613/1996 MF), o de fomentar o desenvolvimento regional, aumentar o nível de emprego e descentralizar o setor industrial no Brasil, bem como neutralizar as desvantagens naturais existentes nas regiões incentivadas em relação às demais do País. 279. E pergunto: em que a revenda de produtos importados proporciona a descentralização de setor industrial no Brasil??? Respondo sem dificuldades: em nada! 280. Ademais, concordo com a afirmação das autoridades fiscais lançadoras no sentido de que é a industrialização na Região incentivada que tem maiores Fl. 1009DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1010 58 condições potenciais de oportunizar o fomento do desenvolvimento regional e incrementar o nível de empregos, o que somente de forma extremamente discreta e totalmente desproporcional em relação ao incentivo ocorre por intermédio de mera operação de revenda de bens importados. 281. Portanto, dentre as duas interpretações que se pode extrair dos termos literais do art. 1º, caput e §1º, da Lei nº 9.440/97, é a da autoridade fiscal recorrida, na senda de que o crédito presumido é indevido em relação às operações de revenda de bens importados, já que o benefício pressupõe a “montagem ou fabricação”, a que mais se afina com a interpretação teleológica do benefício e, por isto, deve ser sobrepor àquela dada pela manifestante. 282. Não bastassem as razões acima, a impossibilidade de apuração do incentivo sobre a revenda de produtos importados está categoricamente disposta no art. 1º, caput, do Decreto nº 3.893/2001, in verbis: Art. 1º Às empresas referidas no §1º do art. 1º da Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, poderá ser concedido, até 31 de dezembro de 2010, o incentivo fiscal do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, nº 8, de 3 de dezembro de 1970 e nº 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante correspondente à aplicação da alíquota de 7,30% (sete vírgula trinta por cento) sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria, desde que as referidas empresas tenham: (...) (g.n.) 283. Com efeito, o art. 1º acima é de meridiana clareza ao acentuar que benefício analisado corresponde à aplicação da alíquota de 7,30% sobre o faturamento “decorrente de vendas de produtos de fabricação própria” – o que, sem margens para incertezas, afasta o faturamento decursivo da revenda de bens (importados ou não), que, com evidência, não são de fabricação própria da empresa incentivada. 284. Em semelhante diretriz, o art. 1A, do Decreto nº 3.893/2001, incluído pelo art. 1º, do Decreto nº 5.710, de 24/02/2006, que passou a disciplinar o cálculo do crédito presumido por pessoa jurídica submetida ao regime de incidência não cumulativa: “Art. 1A. A partir do início da efetiva aplicação, pelo contribuinte, do regime de incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de nãocumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.) 285. Realmente, o comando normativo faz expressa remissão ao “montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º”, e, por seu turno, este art. 1º, como patenteado acima, cuida de crédito presumido de IPI a ser calculado sobre o faturamento restrito às vendas de produtos de fabricação própria, não tendo o art. 1A trazido qualquer alteração expressa nesta limitação. Fl. 1010DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1011 59 286. Por fim, temse que, com a edição da Lei nº 12.218/2010, foi incluído o art. 11A à Lei nº 9.440/97, com vigência a partir de 01/01/2011, consoante ressalva o art. 3º daquela lei: "Art. 11A. As empresas referidas no § 1º do art. 1º, entre 1º de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, poderão apurar crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nºs 7, de 7 de setembro de 1970, 8, de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno, multiplicado por: (...) § 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda." 287. Para o art. 11A, da Lei nº 9.440/97, valem as mesmas ressalvas feitas ao art. 1º desta Lei acerca da impossibilidade de se adotar uma interpretação unicamente gramatical do dispositivo, bem como é aproveitada a mesma conclusão relativa ao incentivo do art. 1º no tocante à impossibilidade do benefício ser calculado em relação a operações de revenda de produtos importados, pois, de modo semelhante ao primeiro analisado, o objetivo do incentivo do aludido art. 11A é, de conformidade com a Exposição de Motivos da Lei nº 12.218/2010 (EM nº 166/2009 MF/MCT/MDIC), o de implementar medidas complementares à política de desenvolvimento produtivo no País, reforçando a regionalização da indústria automotiva Brasileira. 288. A restrição também se extrai do Decreto nº 7.422/2010 (que regulamentou o aludido art. 11A), o qual, em seu art. 2º, reportase aos produtos referidos no inciso IV, do art. 2º, do Decreto nº 2.179/97, que, por seu turno, refere se a produtos montados ou fabricados pelas empresas beneficiárias: Decreto nº 7.422/2010: “Art. 2. As empresas de que trata o § 1º do art. 1º da Lei no 9.440, de 1997, instaladas nas regiões Norte, Nordeste e Centro Oeste, poderão apurar, entre 1o de janeiro de 2011 e 31 de dezembro de 2015, crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI como ressarcimento da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS, no montante do valor das contribuições devidas, em cada mês, decorrente das vendas no mercado interno dos produtos referidos no inciso IV do art. 2º do Decreto nº 2.179, de 18 de março de 1997, multiplicado por (...)”(g.n.) Decreto nº 2.179/97: Fl. 1011DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1012 60 “Art. 2º Para os fins deste Decreto, consideramse: (...) IV "Beneficiários": as empresas instaladas e que venham a se instalar nas regiões Norte, Nordeste e CentroOeste e que sejam montadoras e fabricantes de: a) veículos automotores terrestres de passageiros e de uso misto de duas rodas ou mais e jipes; b) caminhonetas, furgões, pickups e veículos automotores de quatro rodas ou mais para transporte de mercadorias de capacidade máxima de carga não superior a quatro toneladas; c) veículos automotores terrestres de transporte de mercadorias de capacidade de carga igual ou superior a quatro toneladas, veículos terrestres para transporte de dez pessoas ou mais e caminhõestratores; d) tratores agrícolas e colheitadeiras; e) tratores, máquinas rodoviárias e de escavação e empilhadeiras; f) carroçarias para veículos automotores em geral; g) reboques e semireboques utilizados para o transporte de mercadorias; h) partes, peças e componentes, conjuntos e subconjuntos acabados e semiacabados e pneumáticos, destinados aos produtos relacionados nesta e nas alíneas anteriores; (...)” 289. Ainda no plano regulamentar, destacase que o art. 135, do Decreto nº 7.212/2010, também restringe, incisivamente, o benefício aos produtos de fabricação própria: “Art. 135. Poderá ser concedido às empresas referidas no § 1º, até 31 de dezembro de 2010, o incentivo fiscal do crédito presumido do IPI, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares no 7, de 7 de setembro de 1970, no 8, de 3 de dezembro de 1970, e no 70, de 30 de dezembro de 1991, no montante correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o valor do faturamento decorrente da venda de produtos de fabricação própria (Lei nº 9.440, de 14 de março de 1997, art. 11, caput e inciso IV)” (g.n.). 290. Não se olvide que, consoante art. 26A, caput, do Decreto nº 70.235/72, a autoridade julgadora administrativa está proibida de “afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade”, ressalvadas apenas as hipóteses (aqui não configuradas) taxativamente listadas no § 6º deste dispositivo. Fl. 1012DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1013 61 291. Sendo ainda mais exato, saliento que, nos casos em que a inconstitucionalidade haja sido proferida pelo STF no controle difuso de inconstitucionalidade – ainda que sob repercussão geral o afastamento, pela autoridade julgadora de primeira instância administrativa, da norma nestes termos declarada inconstitucional pela Suprema Corte depende de manifestação da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (art. 19, §5º, da Lei nº 10.522/2002). 292. Outrossim, realço que, aos moldes do art. 7º, IV, da Portaria RFB nº 341, de 12/07/2011, a autoridade administrativa de julgamento de primeira instância deve observar as normas legais e regulamentares, dentre as quais se incluem os decretos, que integram a legislação tributária (art. 96, do CTN). 293. Complementado os fundamentos acima, mencionase a Portaria Ministerial nº 258, de 14/10/2001, e as cláusulas constantes do Termo de Compromisso de Rerratificação ao Termo Aditivo de Ratificação de Habilitação MDIC/SDP/Nº 168/I/02, de 02/02/2002 assinado pela ora manifestante, que têm como pressuposto, aos moldes referenciados pela autoridade fiscal recorrida, a realização de industrialização pela beneficiária do incentivo. 294. Destaco, ainda, que o TVF em que se fundamentou o Despacho Decisório combatido se fundamenta, dentre outras normas, nos Decretos regulamentares acima citados e na Lei 9.440/97 e alterações, não tendo adotado como base legal a SCI COSIT nº 17/2012, de que reproduziu a ementa. O que, no máximo, verificase é a coincidência de parte dos argumentos usados pela autuação em relação aos constantes da SCI – mas não de todos, já que, por exemplo, diferentemente da SCI, a Fiscalização não faz comparação do benefício examinado com o incentivo da Lei nº 9.826/99. Isto não significa, todavia, que a Fiscalização tenha adotado a SCI como fundamento legal de sua conclusão, pelo que as críticas da recorrente dirigidas especificamente a este ato administrativo caem no vazio, assim como ocorre em relação à alegação de que a manifestante não estaria submetida à referida Solução de Consulta Interna. 295. Pelos fundamentos acima, improcedente a pretensão da contribuinte em calcular o crédito presumido debatido em relação à contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS incidente sobre as receitas decorrentes de revenda de produtos importados. Isto posto , nego provimento aos argumentos contidos no presente tópico. "VI OS CRITÉRIOS LEGAIS PARA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PIS E COFINS E DA INOCORRÊNCIA DE ERRO NA ADOÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI" Conforme mencionado no item anterior, de acordo com o art. 11A da Lei n° 9.440/97, o crédito presumido de IPI equivale ao dobro das contribuições devidas sobre as vendas no mercado interno de produtos de fabricação própria. Contudo, para a apuração do incentivo, o contribuinte deve segregar de sua apuração consolidada o PIS e a COFINS devidos (resultado do cotejo de débitos e créditos) e incidentes sobre as vendas dos produtos de fabricação própria dos que recaem sobre as demais, tais como receitas de revenda de produtos e exportação. Fl. 1013DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1014 62 Assim, verificase que, quanto maior forem os valores dos créditos, menores serão as contribuições devidas e, por conseguinte, a base de cálculo do crédito presumido de IPI. O dispositivos legais assim dispõem: Lei n° 9.440/97, §§ 1° e 2° do art. 11 A "§ 1º No caso de empresa sujeita ao regime de apuração não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. (Incluído pela Lei nº 12.218, de 2010) § 2º Para os efeitos do § 1º, o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (Incluído pela Lei nº 12.218, de 2010) Lei n° 10.833/03, §§ 8° e 9° do art. 3° § 3º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas na forma do § 1º, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno." "§ 8o Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou II rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal." Fl. 1014DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1015 63 A controvérsia reside no critério de apuração dos créditos relativos a cada tipo de receita. A recorrente, para fins de cálculo do incentivo fiscal em comento, adotou dois métodos distintos: i) o "método do rateio proporcional" foi utilizado para calcular os créditos vinculados às despesas de energia elétrica, armazenagem, frete, serviços e bens do imobilizado; e ii) o método denominado de Bill of Material (BOM), para determinação dos demais insumos, o qual, segundo apurado pela fiscalização, aproximase do "método da apropriação direta" (inciso II do § 8° do art. 3° da Lei n° 10.833/03). Em sua defesa, a recorrente alegou que não havia dispositivo legal que a obrigasse a adotar o mesmo método da matriz. E por meio de argumentos e pareceres técnicos, sustenta que o método de custos adotado pode ser considerado como de apropriação direta, pois coordenado e integrado com o restante da escrituração mercantil, nos termos do art. 294 do RIR/99. A fiscalização e a DRJ, por seus turnos, entendem que o contribuinte deveria ter utilizado o método do rateio proporcional (inciso I do § 8° do art. 3° da Lei n° 10.833/03), pois o estabelecimento matriz o utilizava para outros fins (provavelmente, para fins de determinação do saldo de créditos de PIS e COFINS que, para fins de compensação, não requeriam que se esperasse pelo fim do respectivo trimestre calendário, porém poderiam ser imediatamente compensados). Adicionalmente, a fiscalização apontou várias inconsistências no cálculo dos custos, por meio do método Bill of Material, concluindo que não poderia ser considerado como coordenado e integrado ao restante da escrituração. Concordo com a fiscalização e a DRJ. Entendo que, para fins de cálculo do crédito presumido de IPI, deveria ter sido adotado o método aplicado pela matriz, qual seja, o do rateio proporcional. Assim, não adentrei na discussão acerca da adequação ou não à legislação do IRPJ do método Bill of Material. Desta forma,, faço do respectivo trecho do voto condutor da decisão da DRJ minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99): "X.4. Da vinculação do método a ser adotado pelo estabelecimento incentivado na determinação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas para cálculo do benefício analisado àquele empregado pela matriz: 296. A questão a ser aqui inicialmente elucidada é se o método usado pelo estabelecimento beneficiado pelo incentivo previsto nos arts. 1º, IX, 11 e 11A, da Lei nº 9.440/97, para determinar os créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas referentes aos insumos aplicados na industrialização dos bens incetivados, está, ou não, vinculado ao método adotado pela matriz para calcular os créditos destes mesmos insumos quando da apuração centralizada das contribuições devidas na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. Fl. 1015DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1016 64 297. Para resolver o questionamento, devese atentar para três questões extremamente relevantes: 298. A primeira é que, a depender do método adotado, haverá alteração dos valores da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a pagar no regime não cumulativo. Este aspecto, bastante evidente, não foi debatido pela defendente, apesar de a autoridade fiscal ter apresentado exemplo concreto para demonstrar esta circunstância (vide item 40 acima). 299. A segunda, é que, nos termos do art. 15, da Lei nº 9.779/99, a apuração da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS devidas pelo regime não cumulativo deve ser feita de forma centralizada pela matriz: “Art. 15. Serão efetuados, de forma centralizada, pelo estabelecimento matriz da pessoa jurídica: (...) III a apuração e o pagamento das contribuições para o Programa de Integração Social e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servido Público PIS/PASEP e para o Financiamento da Seguridade Social COFINS” (g.n.). 300. E a terceira questão é que, nos termos do art. 1º, IX, da Lei nº 9.440/97, o benefício é calculado “no valor correspondente ao dobro das referidas contribuições que incidiram sobre o faturamento” (g.n.) – o que, à toda evidência, pressupõe a efetiva incidência da contribuição devida sobre o faturamento, tal como disciplinado pelo art. 1ºA do Decreto nº 3.893, de 2001, incluído pelo Decreto nº 5.710, de 2006, que assim estipula (reproduzo novamente o dispositivo): “o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1o corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de não cumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.). 301. No mesmo sentido acima, está o art. 11A, § 1º , da Lei nº 9.440/97, que preceitura que “o montante do crédito presumido de que trata o caput será calculado com base no valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, decorrentes das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda” (g.n.) 302. Destarte, como a adoção, pelo estabelecimento beneficiado, de método de cálculo das contribuições devidas sobre as operações incentivadas distinto daquele empregado pela matriz na apuração centralizada da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre estas mesmas operações (agregadas às demais da pessoa jurídica) resulta em valores devidos distintos destas contribuições, concluise que o método adotado pela matriz vincula o da filial, de modo que o crédito presumido possa realmente corresponder ao dobro das contribuições efetivamente devidas. 303. Pensar de modo diverso é subverter a força normativa da linguagem empregada, bem como aceitar resultado não condizente com o bom senso, o razoável, o racional. 304. Ademais, não se pode desprezar que a instituição de um benefício fiscal é orientada por parâmetros de renúncia fiscal, que, no caso vertente, está correlacionado com os valores da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS Fl. 1016DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1017 65 efetivamente devidos, não podendo ser adotado outro parâmetro do qual resulte o indevido alagamento do incentivo e, por conseqüência, da renúncia fiscal. 305. Não menos importantes sobre a questão são as ponderações entalhadas no TVF acerca do fato de que a pessoa jurídica constitui uma unidade só, e de que a contabilidade da pessoa jurídica deve integrar um único sistema contábil, até mesmo porque os resultados das filiais devem ser incorporados na escrituração da matriz (itens 37 a 39 e 41 a 46 acima), argumentos estes que também adoto, ao lado dos aqueles acima já esposados, no presente Voto. 306. Elucidese que o fato de a filial não poder se aproveitar de créditos referentes a produtos por ela exportados e de ela eventualmente possuir custos, despesas e encargos distintos da matriz não inviabiliza a adoção do mesmo método de rateio proporcional utilizado na apuração devida de modo centralizado pela matriz, desde que respeitadas, quando do emprego deste método, as características da filial. 307. A mesma lógica dos itens 298 a 306 acima impõe, independentemente de disposição normativa expressa, que, no cálculo do incentivo, a segregação dos créditos da nãocumulatividade de todo e qualquer veículo não incentivado – não apenas dos exportados – seja feita pelo mesmo método adotado pela matriz. 308. Neste ponto, chamo a atenção que a Solução de Divergência Cosit n° 23/2013 (citada no segundo Parecer Técnico), não trata da questão específica aqui analisada. De todo modo, a invocada Solução de Divergência ressalva, em seu item 15, que “a forma de despesas administrativas pode, em tese, ficar a critério do contribuinte, desde que tais operações estejam de acordo com as normas e padrões de contabilidade geralmente aceitos, ou que não levem a resultado diferente do legítimo, assim como devem permitir a suficiente clareza e segurança para a verificação e so controles por parte da autoridade fiscal” (g.n.). Logo, concluise que, no caso vertente, é impossível a adoção de critério de rateio proporcional que não embasado na receita bruta, pois a adoção de distintos critérios conduz à divergentes resultados. 309. Saliento, particularmente no tangente à separação dos créditos relacionados ao mercado interno e ao externo que, apesar de, originariamente, a Lei nº 9.440/97 não tenha expresso que fosse feita por um dos métodos previsto nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/ 2003, o art. 1º, do Decreto nº 5.710, de 01/03/2006, que acrescentou o art. 1A ao Decreto nº 3.893/2001 (sobre o qual cabem as observações dos itens 290 a 292 acima) faz literal menção a respeito: “Art. 1º. O Decreto n° 3.893, de 22 de agosto de 2001, passa a vigorar acrescido do seguinte artigo: ‘Art. 1 º A. A partir do início da efetiva aplicação, pelo contribuinte, do regime de incidência nãocumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, o montante do crédito presumido de IPI de que trata o art. 1º corresponderá ao dobro do valor das contribuições efetivamente devidas, em cada mês, no regime de nãocumulatividade, decorrente das vendas no mercado interno, considerandose os débitos e os créditos referentes a essas operações de venda. § 1º Para os efeitos do caput , o contribuinte deverá apurar separadamente os créditos decorrentes dos custos, despesas e Fl. 1017DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1018 66 encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportações, observados os métodos de apropriação de créditos previstos nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e nos §§ 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 2º Para apuração do valor da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins devidas na forma do caput, devem ser utilizados os créditos decorrentes da importação e da aquisição de insumos no mercado interno.’ (g.n.) 310. Logo, desde o Decreto n° 5.710/2006 já havia disposição regulamentar determinando, para segregação dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS vinculados ao mercado interno e ao externo, a adoção de um dos métodos previstos nos §§8º e 9º, do art. 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, sendo que, posteriormente, tal determinação foi incluída pela Lei nº 12.218/2010 no art. 11A, da Lei nº 9.440/97. 311. Ora, no caso vertente, consoante se observa nos documentos de fls. 1.292/2.713 do processo administrativo nº 13502.721308/201314, a própria contribuinte, na Ficha 01 – “Dados Iniciais”, inseriu, no campo “Método de Determinação dos Créditos”, de todos os 36 (trinta e seis) DACON entregues em relação aos meses de janeiro/2009 a dezembro/2011 a informação “Vinculados à Receita Auferida no Mercado Interno e de Exportação Com Base na Proporção da Receita Bruta Auferida” (g.n.), o que, como foi relatado por este Relator, foi confirmado pelo sujeito passivo em resposta à intimação que lhe foi dirigida no curso do procedimento fiscal. 312. No recurso interposto, mais uma vez, a recorrente, em mais de uma passagem, é peremptória ao dizer que usou o rateio proporcional. Apenas para exemplificar: 312.1. na 46ª lauda, terceiro parágrafo, da Manifestação de Inconformidade, ao registrar que “Logo, carece de qualquer fundamento legal a afirmação feita às págs. 17 do TVF quando sugere que a Requerente deveria adotar o método de rateio proporcional que fora empregado pela matriz para apuração do PIS e da COFINS” (g.n.); 312.2. na 50ª lauda, segundo parágrafo, da Manifestação de Inconformidade, em que conclui que “Desta forma, é impróprio o levantamento realizado pela Fiscalização para a quantificação dos créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos suportados pela Requerente, tomando em consideração o método de rateio proporcional pelo qual optara o estabelecimento Matriz, para fins de apuração do valor das contribuições que irão compor a base do crédito presumido de IPI a que faz jus a Requerente” (g.n.). 313. Aqui destaco que, conquanto o segundo Parecer Técnico concentre, quase que totalmente, seus esforços em evidenciar que a contribuinte disporia de sistema de contabilidade de custo integrada e coordenada com a escrituração, em nenhum momento é comprovado que, de fato, contrariamente ao que foi dito pelo próprio sujeito passivo nos DACON por ele entregues, no curso do procedimento fiscal e na Manifestação de Inconformidade interposta nos autos, o estabelecimento matriz da pessoa jurídica também tenha adotado o mesmo método supostamente inicialmente usado pela filial incentivada (apropriação direta). Aliás, referido Parecer Técnico – que, conforme ele mesmo ressalva, apenas se limitou ao ano de Fl. 1018DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1019 67 2011, enquanto a autuação envolve os anos de 2009, 2010 e 2011 –, sequer se fez acompanhar de demonstrativos nos quais estivesse evidenciado que, realmente, a matriz tenha realizado apropriação direta. 314. Aliás, o Parecer Técnico é contraditório sobre a questão, pois, embora afirme, em seu item 5.2.3., que a FORD teria realizado apropriação direta, posteriormente diz em seu item 5.3.3.9 que “A Ford, em seu cálculo original, utilizouse de percentual sobre a receita para identificar os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas auferidas com a venda no mercado interno e os créditos decorrentes dos custos, despesas e encargos vinculados às receitas de exportação” e que “Para a identificação das parcelas dos citados valores, utilizamos o critério mencionado no item 5.2.7 acima e realizamos os ajustes no valor dos créditos a serem considerados para fins de cálculo do incentivo”!!! 315. Anoto que a contribuinte, na Impugnação ao Auto de Infração Complementar objeto do processo administrativo nº 13502.721308/201314, bem como na Manifestação de Inconformidade interposta em face do segundo Despacho Decisório proferido no processo administrativo nº 13819.904873/201262, ambos os recursos interpostos após a apresentação do comentado Parecer Técnico, continua a dizer que a matriz adotou o método de rateio proporcional. 316. Portanto, concluo que o estabelecimento matriz da pessoa jurídica utilizou, para apurar, de forma centralizada, a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS devida na forma das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, o rateio proporcional previsto no art. 40, § 1º, I, da IN SRF nº 594/2005; então, pelos fundamentos esquadrinhados, deve usar este mesmo método para definir os créditos (e, por consequência, o valor efetivamente devido) destas contribuições para fins de levantamento do crédito presumido de IPI tratado na Lei nº 9.440/97. 317. Patenteado que a contribuinte deve aplicar, no cálculo do incentivo analisado, o mesmo método empregado pela matriz para segregar os créditos da não cumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS e, ainda, evidenciado que a matriz adotou o método de rateio proporcional, perde sentido analisar se o chamado método “Bill of material”, adotado pela manifestante, permite, ou não, apurar adequadamente o crédito presumido de IPI debatido. 318. No entanto, apenas para argumentar, registro estarem caracterizadas diversas inconsistências no método de segregação de créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS utilizado pela contribuinte no cálculo do benefício. Para exemplificar: 318.1. exclusão, nos custos contabilizados, do ICMS devido por responsabilidade própria, da contribuição para o PIS e da COFINS da base da receita de vendas, circunstância que distorce os cálculos e, inclusive, o Parecer Técnico diz ter ajustado (vide item 236 acima); 318.2. efeito de antecipação/postergação do gozo do incentivo advindo da utilização do “Revenue Recognition”, conforme inclusive admitido no Parecer Técnico; 318.3. exclusão, da base de cálculo das contribuições, de ICMS supostamente a título de substituição tributaria, mas que, na verdade, é devido por responsabilidade própria; Fl. 1019DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1020 68 318.4. consideração do valor das peças na data de fabricação dos veículos – e não o custo de aquisição efetivamente incorrido na data da compra da matériaprima – o que exige a realização de ajustes; 319. Ademais, anoto, ainda para argumentar, que o método empregado pelo Parecer Técnico para segregar os créditos da nãocumulatividade foi distinto daquele utilizado pela contribuinte, como se verifica, por exemplo, no tocante aos fretes nas compras, aos fretes nas vendas aos gastos gerais de fabricação, relativamente aos quais, consoante relatado nos itens 237.2, 237.3 e 237.4 acima, a contribuinte teria realizado rateio a partir da receita líquida e o Parecer procedeu à apropriação direta. 320. Não me alongo sobre as circunstâncias citadas nos dois parágrafos antecedentes, nem me debruço sobre as demais supostas irregularidades da contabilidade da contribuinte denunciadas no TVF, porque o exame destas questões perde sentido a partir das conclusão de que aqui devem os créditos serem segregados por meio do método do rateio proporcional em relação à receita bruta. E, por esta mesma razão, perde sentido avaliar o argumento da contribuinte de que, na apropriação direta, seria possível a rateio proporcional de determinados custos comuns. 321. Feitas as observações acima, julgo improcedente as Manifestação de Inconformidade, na parte em que pretendem afastar o método de rateio proporcional para segregação dos créditos referentes aos produtos incentivados. X.5. Do primeiro Parecer Técnico: 322. O primeiro Parecer Técnico, inovando os termos da defesa apresentada pela contribuinte, sugere que os créditos da nãocumulatividade da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS a ser considerado no cálculo do incentivo aqui abordado fosse estabelecido mediante a aplicação, sobre a totalidade dos créditos da FORD, da relação percentual da receita bruta da venda de produtos incentivados (ou seja, excluindose as exportações e a receita de veículos importados do estabelecimento em Camaçari) e a receita total da Ford. 323. No entanto, o procedimento adotado pela Fiscalização permite calcular, com melhor exatidão, o crédito presumido de IPI, eis que, na metodologia inovadora proposta pelo primeiro parecer técnico – que sequer foi defendida pela recorrente na Manifestação de Inconformidade , a apuração da filial em Camaçari, estabelecimento incentivado, é fortemente influenciada pelas receitas e pelos créditos de outros estabelecimentos da pessoa jurídica, aos quais não se estende o comentado incentivo. Em razão do exposto, mantémse a metodologia empregada pela Fiscalização. 324. Outra inovação trazida pelo primeiro Parecer Técnico em relação à defesa, é a alegação de que o rateio realizado teria segregado custos comuns às atividades de revenda e de produção (como energia elétrica e fretes), o que teria distorcido a alocação de créditos para Camaçari. 325. Ocorre, primeiro, a que questão acima não foi ventilada na Manifestação de Inconformidade e configura matéria preclusa que não poderia ser atravessada tardiamente pelo Parecer Técnico, que sequer apresentou qualquer demonstrativo, a título exemplificativo que fosse, de qual seria o eventual incentivo adicional a que faria jus a contribuinte em razão da comentada circunstância. Ambas as circunstâncias são suficientes para rejeitar a alegação. Fl. 1020DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1021 69 326. Atentese que o segundo Parecer Técnico, no terceiro parágrafo de sua 66ª lauda, deixa claro que “o valor das matérias primas é significativamente superior aos demais gastos gerais de fabricação”, o que leva a crer que, plagiando os termos deste Parecer, que eventual diferença de incentivo analisado em razão da situação comentada é “imaterial” quando comparado com os valores totais envolvidos, especialmente quando se atenta para o fato de que as atividades da FORD são essencialmente industriais. Não fosse assim, decerto a recorrente e a empresa de consultoria teria tido o cuidado de melhor conduzir a questão e teria elaborado mínimos demonstrativos que viabilizassem o atendimento do pleito. 327. As demais questões ventiladas no primeiro Parecer Técnico, naquilo que interessa à solução da presente lide, foram objeto de diligência cuja conclusão ensejarão a redução da autuação inicialmente formalizada, nos termos adiante expostos. Portanto, nego provimento aos argumentos da recorrente. "VII QUANTO AOS CRÉDITOS ORIGINADOS DE OUTROS ESTABELECIMENTOS" Peças já submetidas à industrialização são transferidas das filiais de Taubaté e São Bernardo do Campo para a de Camaçari, onde o processo produtivo é concluído. Para fins do cálculo do crédito presumido de IPI, em relação às peças transferidas, são computados créditos tão somente relacionados aos custos diretos (ex: matéria prima), desconsiderandose, os demais, tais como, como graxa, estopa, energia elétrica, armazenagem, frete etc.. Tal fato, como vimos, redunda no aumento do valor do incentivo fiscal. Diante disto, a fiscalização apurou os demais custos e ajustou o cálculo do crédito presumido de IPI, adotando o método do rateio proporcional. A DRJ, motivada por contestação do contribuinte, requereu diligência para, entre outros motivos, verificar se havia transferências de mercadorias, cujos custos de fabricação e respectivas receitas de venda não haviam sido computadas nos cálculos dos créditos presumidos de IPI. A diligência não propôs retificação dos cálculos dos citados demais custos de fabricação de peças transferidas. A recorrente, por sua vez, limitouse a reiterar que entende que o método de apropriação direta seria o mais adequado (questão tratada no tópico anterior) e a consignar que a fiscalização teria computado custos como o de frete entre estabelecimentos da mesma empresa os quais a RFB notoriamente não aceita na base de cálculo dos créditos de PIS e COFINS. Em outras palavras, não contestou o procedimento da fiscalização de adicionar ao cálculo do crédito presumido de IPI os demais custos de fabricação das peças transferidas. Assim, nego provimento aos argumentos da recorrente, que, com efeito, não têm relação direta com a questão central discutida neste tópico. Fl. 1021DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1022 70 "VIII QUANTO AO SUPOSTO ERRO NA DETERMINAÇÃO DO FATOR DE RATEIO" A fiscalização identificou que o contribuinte adotou dois métodos de rateio dos custos, para fins de determinação dos créditos de PIS e COFINS a serem computados no cálculo do crédito presumido de IPI: i) para os custos com energia elétrica, armazenagem, frete e bens do imobilizado, adotou o rateio proporcional, qual seja, a participação percentual das receitas com vendas de produtos de fabricação própria, que estão dentro do escopo do incentivo fiscal, na receita total; e ii) nos cálculo dos custos diretos, adotou o método que denominou de Bill of material, cujo resultado se aproxima do método da apropriação direta. Conforme discutido anteriormente, a fiscalização recalculou o incentivo fiscal, adotando, para todos os fins, o método do rateio proporcional. Não obstante, na parte em que o contribuinte adotou o método que o agente fiscal julgava como correto (rateio proporcional), teria cometido erros no cálculo, que são tratados nos tópicos seguintes. "VIII a Sobre o item X 7 da decisão recorrida" Para fins do rateio proporcional, a recorrente excluiu o ICMS das receitas com vendas no mercado interno, procedimento que sustentou em todos os momentos processuais, pois entende que o tributo não compõem a receita e, por conseguinte, não pode sofrer tributação pelo PIS e a COFINS. A fiscalização recorreu às Lei n° 10.637/03 e 10.833/03, nos dispositivos em que definiram que a base de cálculo é receita bruta, da qual somente poderia ser excluído o ICMS devido por substituição tributária. A DRJ ratifica este posicionamento, acrescentando menções às Súmulas STJ 68 e 94. Já manifesteime perante esta turma no sentido de que devemos aplicar o Acórdão publicado no Diário de Justiça de 02/10/2017, relativo ao RE n° 574.706PR, cuja repercussão geral foi reconhecida, que dispõe que o ICMS não compõe as bases de cálculo do PIS e da COFINS. Contudo, no presente caso, para que pudesse dar provimento aos argumentos da recorrente, teria de constar na peça de defesa, que: i) o contribuinte comprovadamente não pagava e tampouco contabilizava PIS e COFINS sobre ICMS; ii) ao calcular as contribuições devidas, sobre as quais calculou o crédito presumido de IPI, também não computou o ICMS, pois, caso contrário, haveria distorções no cálculo do incentivo fiscal. Isto posto, não tenho fundamento para propor alterações nos cálculos da fiscalização, efetuado com base nos registros contábeis e fiscais do contribuinte. "VIII b Sobre o item X 8 da decisão recorrida" Para fins do rateio proporcional, a recorrente excluiu das receitas as que diziam respeito a veículos faturados, porém que, até então, não haviam saído do estabelecimento. Adicionalmente, excluiu a parcela do ICMS incidente sobre vendas em que teria figurado exclusivamente como responsável por substituição tributária, nos termos do Convênio ICMS 51/00. Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1023 71 No primeiro caso, a fiscalização não acatou tal exclusão, em razão de as receitas correspondentes terem sido computadas no cálculo das contribuições devidas, base de cálculo do crédito presumido de IPI. Pelo mesmo motivo apresentado pela fiscalização, não dou provimento aos argumentos da recorrente. Ademais, cumpre mencionar que o simples fato de os bens não terem saído do estabelecimento não significa que ainda não havia disponibilidade econômica e jurídica da renda correspondente, isto é, que a receita ainda não havia sido auferida. No segundo, a fiscalização consignou que não aceitou a exclusão, pois o valor se referia a ICMS próprio. A meu ver, o Convênio ICMS n° 51/00 determina que a montadora destaque na nota fiscal o ICMS próprio e o ICMS sujeito ao regime da substituição tributária, que é o incidente sobre a venda da concessionária para o consumidor final. Assim, em tese, está correta a recorrente. Contudo, segundo a fiscalização, o ICMS objeto da controvérsia foi contabilizado a débito de conta de resultado, tal qual é registrado o ICMS "próprio" o valor integra a receita com venda e é contabilizado como despesa com ICMS, para que então seja conhecida a receita líquida com vendas. O ICMS substituição tributária, por seu turno, não é contabilizado em conta de resultado não integra a receita com vendas e tampouco é registrado como despesa com ICMS. E, neste ponto, o que a fiscalização consignou não foi contestado. Portanto, os lançamentos contábeis evidenciam que o indigitado ICMS era o devido por operações próprias, tal qual concluiu a fiscalização, e não o relativo à parcela em que figurava como sujeito passivo por substituição. Isto posto, nego provimento aos argumentos da recorrente. "VIII c Sobre o item X 9 da decisão recorrida" Reproduzo abaixo o respectivo trecho do Termo de Verificação Fiscal, em que a controvérsia é detalhadamente descrita e cuja conclusão foi ratificada pela DRJ: Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1024 72 Em primeiro lugar, cumpre esclarecer que, ao computar as vendas com CKD no somatório das receitas com exportação, reduziu o percentual de participação das vendas de produtos de fabricação própria no total das receitas. Com isto, o percentual de créditos de PIS e COFINS a serem deduzidos das contribuições devidas sobre as vendas de produtos de fabricação própria também diminuiu. Como resultado final, houve aumento do incentivo fiscal, equivalente ao dobro das contribuições devidas sobre as vendas de produtos de fabricação própria. A recorrente afirma, porém sem comprovar, que os CKD constituem "kits" de fabricação própria. E aduz que, se a diligência pleiteada em primeira instância tivesse sido realizada, tal questão teria sido esclarecida. Se a recorrente tivesse carreado aos autos provas do que afirma, esta turma poderia ou acatar suas alegações ou, caso fosse necessário (ex: as provas fossem constituídas Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1025 73 por grande número de documentos e de alto nível de complexidade), converter o julgamento em diligência, para obtenção dos esclarecimentos adicionais que fossem necessários. Contudo, não podemos dar provimento a argumentos infundados ou mesmo determinar a realização de diligências para produção de provas em favor do contribuinte, o que não encontraria respaldo no decreto n° 70.235/72. Portanto, nego provimento. "VIII d Sobre o item X 10 da decisão recorrida" A controvérsia foi bem descrita e enfrentada pela DRJ, de cujos argumentos faço minha razão de decidir (§ 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99): "X.10. Das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus: 368. Sobre o assunto, a polêmica gira em torno da inclusão, ou não, das receitas de veículos de fabricação própria da ora recorrente, que foram vendidos a pessoas jurídicas revendedoras domiciliadas na Zona Franca de Manaus, na receita de vendas no mercado interno para fins de rateio dos créditos da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. 369. Tem razão a Fiscalização ao considerar que a operação comentada está sujeita à alíquota zero, diante da meridiana clareza do disposto no art. 2º, caput e § 1º, da Lei nº 10.996/2004: “Art. 2º. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas de vendas de mercadorias destinadas ao consumo ou à industrialização na Zona Franca de Manaus ZFM, por pessoa jurídica estabelecida fora da ZFM. § 1º Para os efeitos deste artigo, entendemse como vendas de mercadorias de consumo na Zona Franca de Manaus ZFM as que tenham como destinatárias pessoas jurídicas que as venham utilizar diretamente ou para comercialização por atacado ou a varejo. (...)” 370. Notese que, se o legislador considerasse, para fins da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS nãocumulativas, que as operações de remessa de produtos para consumo na Zona Franca de Manaus caracterizassem operações de exportação, nenhum sentido teria que a Lei nº 10.996/2004 atribuísse alíquota zero a tais operações, pois em data anterior à edição desta lei, quando foi implantada a sistemática nãocumulativa de referidas contribuições, elas não incidem sobre receitas de exportação (art. 5º, I, da Lei nº 10.637/2002, e art. 6º, I, da Lei nº 10.833/2003). 371. Acrescentese que o comando do art. 4º, do DL nº 288/67, apenas é aplicável aos tributos “constantes da legislação em vigor” quando de sua edição, consoante não deixa margens para incertezas o texto deste dispositivo legal, assim redigido: Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1026 74 “Art 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro” (g.n.) 372. Como tanto a contribuição para o PIS/PASEP e como a COFINS (seja pelo regime nãocumulativo aqui tratado, seja pelo regime cumulativo) apenas foram criadas após a edição do Decretolei nº 288/67, o art. 4º deste diploma legal não tem qualquer efeito sobre mencionadas contribuições. 373. Portanto, não tem razão a recorrente ao afirmar que os valores por ela auferidos com as vendas para a Zona Franca de Manaus equivaleriam a receitas de exportação, pois tais importâncias representam, na realidade, receitas de vendas no mercado interno sobre as quais recai a alíquota zero. 374. No sentido acima, reproduzo o voto condutor do julgado proferido aos 20/05/2013 pela 1ª Turma, 2ª Câmara, da 3ª Seção do CARF proferido no processo administrativo nº 10670.001491/200590: "Em relação à isenção das receitas ora tributadas, a contribuinte sustenta que, conforme previsto no artigo 4º Decretolei nº 288/67, as operações que destinam a ZFM mercadorias nacionais são, "para todos os efeitos fiscais", equivalentes a uma exportação brasileira para o exterior. Observase, contudo, que o citado DL 288/67, ao estabelecer esta equiparação, restringiu seus efeitos a legislação em vigor: Art. 4º A exportação de mercadorias de origem nacional para consumo ou industrialização na Zona Franca de Manaus, ou reexportação para o estrangeiro, será para todos os efeitos fiscais, constantes da legislação em vigor, equivalente a uma exportação brasileira para o estrangeiro. (grifo nosso) Referese, portanto, apenas aos tributos vigentes à data da promulgação deste Decretolei, no ano de 1967. As contribuições sociais, por sua vez, foram instituídas posteriormente; o PIS em 1970, por meio da Lei Complementar nº 07, e a Cofins em 1991, pela Lei Complementar nº 70. Constatase ainda que o DL 288/67, mesmo que tivesse este teor, não poderia modificar a legislação superveniente que instituísse novos tributos, projetando os efeitos desta isenção para o futuro indiscriminadamente. Ademais, o fato de ter sido publicada lei posterior, qual seja a MP n° 202, convertida na Lei n° 10.996, de 2004, reduzindo a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins para as receitas em comento necessariamente significa que antes desta publicação estas receitas eram tributadas, caso contrário a nova lei seria totalmente desnecessária, hipótese não recomendada pela hermenêutica jurídica. Concluise, desta forma, que as receitas de vendas a empresas situadas na ZFM não podem ser equiparadas às receitas de vendas de exportação para fins de incidência destes tributos” (Acórdão nº 3201001.281). Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1027 75 375. Ocorre que, apesar de submetidas à alíquota zero, as operações aqui tratadas autorizam a manutenção do crédito da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, a partir da edição da Lei nº 11.033/2004, que assim preceitua em seu art. 17: Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações. 376. Diante do exposto, também improcede a Manifestação de Inconformidade quanto ao aspecto abordado." Concluo por negar provimento aos argumentos. "IX DOS EQUÍVOCOS DOS CÁLCULOS CONSTANTES DA EXIGÊNCIA FISCAL" Apesar de discordar de sua aplicação entende que poderia adotar dois diferentes métodos de apropriação de custos na filial Camaçari e o rateio proporcional na matriz a recorrente aponta três supostos erros nos cálculos do rateio proporcional efetuado pela fiscalização, os quais, abaixo enumero e aprecio: i) Cômputo das receitas de veículos faturados, porém não saídos do estabelecimento: os argumentos foram examinados e rechaçados, no tópico "VIII b Sobre o item X 8 da decisão recorrida". ii) Adoção do método de rateio "Bill of Material" e cômputo do ICMS próprio no cálculo do rateio proporcional: os argumentos foram apreciados e rechaçados nos tópicos "VI OS CRITÉRIOS LEGAIS PARA APURAÇÃO DOS CRÉDITOS DE PIS E COFINS E DA INOCORRÊNCIA DE ERRO NA ADOÇÃO DO MÉTODO UTILIZADO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI" e "VIII a Sobre o item X 7 da decisão recorrida". iii) Vendas de Camaçari não computadas no rateio proporcional e inclusão indevida das vendas para a Zona franca de Manaus: reproduzo a resposta dada pela DRJ, de que faço minha razão de decidir: "380. A terceira questão acima – as saídas da filial em Camaçari que a recorrente disse não teriam sido consideradas no denominador do fato de rateio foi objeto de diligência solicitada por esta Turma, ocasião em que a autoridade diligenciante prestou, em relação às saídas sob os CFOP n° 5152, 5403, 6152 e 6403, as informações contidas nos itens 248 (e subitens) acima e no tocante aos CFOP n° 5151 e 6151, as informações dos itens 249 (e subitens) acima. 381. Em relação às primeiras saídas acima, têm razão os diligenciantes ao asseverarem que, por se referirem a produtos importados simplesmente revendidos ou incorporados à frota da contribuinte, elas não deveriam ser consideradas no rateio, pois é óbvio que nestes produtos não foram empregados os insumos a serem rateados. Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1028 76 382. Sobre as saídas acima, a contribuinte, na manifestação sobre o resultado da diligência, limitouse a falar que a questão é exatamente a matéria controvertida nos autos e que seria descabido à autoridade fiscal se recusar a atender a diligência solicitada por esta DRJ. 383. Ocorre que, como bem anotado no Relatório de Diligência, esta DRJ solicitou que fosse verificada, no Livro Registro de Apuração do IPI do estabelecimento em Camaçari e nos demais pertinentes Livros/Documentos da escrita fiscal/contábil que legitimassem as anotações consignadas neste Livro, a eventual existência de saídas de produtos fabricados nesta filial que acaso não tivessem sido consideradas, quando do cálculo do fator de rateio, no total das saídas de citado estabelecimento e, com atenção para a observação do item 244.4 acima e para eventuais outros aspectos que tivessem interferência na questão, e elaborasse, se fosse o caso, demonstrativo mensal de crédito presumido de IPI adicional a ser reconhecido além daqueles já apurados no curso da fiscalização. 384. Portanto, nada mais fez a autoridade fiscal que dar fiel cumprimento ao requerido por esta DRJ. Ademais, acima este Relator já votou contrariamente ao direito à consideração do incentivo sobre a revenda de veículos importados, sendo os mesmos fundamentos em que se baseia a conclusão a respeito aplicáveis aos veículos importados incorporados à frota da recorrente (CFOP nº 5.152, fl. 791). 385. Saliento que muito pertinente é a ponderação embutida no Relatório de Diligência no sentido de que caso fossem consideradas as saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5152, 5403, 6152 e 6403 o percentual correspondente aos veículos importados apropriaria uma parcela de créditos dos custos, despesas e encargos vinculados à fabricação de bens, sem que, para isto, tivesse utilizado quaisquer destes insumos. 386. Destarte, as saídas ora examinadas não devem ser consideradas na definição do fator de rateio aos moldes pretendidos pela recorrente. 387. Prosseguindo, no tocante às saídas de mercadorias sob os CFOP nº 5151 e 6151 da filial em Camaçari, as autoridades diligenciantes concluíram que elas realmente deveriam fazer parte do fator de rateio, consoante fundamentos e nos moldes descritos no item 249 (e subitens) acima, que aqui acato. 388. A propósito das saídas acima, queixouse a diligenciada no que pertine à inclusão, no Anexo D, das vendas para a ZFM como integrante das receitas de vendas. No entanto, segundo fundamentos esquadrinhados no item “X.10. Das receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus”, sobre as receitas de vendas para a Zona Franca de Manaus incide a contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sob a alíquota zero, não se podendo tais vendas serem tratadas como operações de exportação." Nego provimento aos argumentos contidos neste tópico. CONCLUSÃO Nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 13819.904877/201241 Acórdão n.º 3301004.697 S3C3T1 Fl. 1029 77 Marcelo Costa Marques d'Oliveira (assinado digitalmente) Fl. 1029DF CARF MF
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Numero do processo: 10980.004085/2004-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO.
No caso de substituição tributária só é cabível a restituição da quantia paga na hipótese de não se realizar o fator gerador presumido.
Numero da decisão: 3301-004.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Jose Henrique Mauri - Presidente.
Marcelo Costa Marques d'Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques dOliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) eValcir Gassen.
Nome do relator: MARCELO COSTA MARQUES D OLIVEIRA
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FATO GERADOR PRESUMIDO. No caso de substituição tributária só é cabível a restituição da quantia paga na hipótese de não se realizar o fator gerador presumido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Jose Henrique Mauri Presidente. Marcelo Costa Marques d'Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente Substituto), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d’Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semiramis de Oliveira Duro, Ari Vendramini, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado) eValcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 00 40 85 /2 00 4- 02 Fl. 222DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 223 2 Relatório Adoto o relatório da decisão de primeira instância: "Tratase de Pedido de Restituição protocolado em 17/06/2004, no valor de R$ 7.138,18, correspondente a recolhimentos feitos a título de Programa de Integração Social – PIS, relativos aos períodos de apuração fevereiro/1999 a junho/2000. A contribuinte assim fundamenta seu direito à restituição: RESTITUIÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO AO PIS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA SOBRE AQUISIÇÃO DE GASOLINA E ÓLEO DIESEL DA REVENDEDORA (DISTRIBUIDORA), NOS TERMOS DOS ARTS. 4o A 6o DA LEI N.° 9.718/98 ALTERADA PELO ART. 3o DA LEI N.° 9.990/2000, ART. 6o DA IN/SRF N.° 06/99 ALTERADA PELA IN/SRF N.° 24/99, E ARTS. 42 E 92, II, DA MEDIDA PROVISÓRIA N.° 2.15835/2001. ... AS BASES DE CÁLCULO PARA APURAÇÃO DO CRÉDITO A RESTITUIR FORAM OBTIDAS NAS NOTAS FISCAIS DE AQUISIÇÃO DE GASOLINA E ÓLEO DIESEL DIRETAMENTE DA REVENDEDORA (DISTRIBUIDORA) CUJAS PLANILHAS ESTÃO EM ANEXO. Por meio do Despacho Decisório nº 719, de 16/10/2012, a DRF de origem indeferiu o Pedido fundamentando que para os recolhimentos efetuados antes de 17/06/1999 ocorreu a extinção do direito de pleitear a restituição. Quanto ao mérito, fundamentou, em síntese: '... Logo, no período compreendido no pedido do interessado (02/1999 a 06/2000) constatase que os distribuidores e comerciantes varejistas não estavam obrigados ao recolhimento das contribuições desde a vigência da Lei n º 9.718, de 1998 (por substituição tributária), passando pelas novas normas ditadas pela Lei nº 9.990, de 2000 (tributados por alíquota “zero”). Voltando ao pedido de restituição formulado à fl. 01, não há hipótese legal que ampare a pretensão do interessado. Na condição de comerciante varejista de combustíveis (gasolina e diesel), as contribuições para o PIS e COFINS eram, e ainda são, tributos devidos na origem de toda a cadeia comercial envolvida, e não faz sentido a Administração Tributária conceder a devolução do que foi pago anteriormente, justamente em um modelo de tributação concentrada. A única hipótese de devolução dos tributos pagos antecipadamente, era o ressarcimento, ao consumidor final pessoa jurídica, dos valores correspondentes à incidência na venda a varejo, na hipótese de aquisição de gasolina automotiva ou óleo diesel, diretamente da distribuidora. Não é a situação da requerente. Em vista de todo o exposto é de se indeferir o presente pedido de restituição.' Fl. 223DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 224 3 Cientificada dessa decisão em 19/11/2012, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade em 28/11/2012, alegando, em síntese e fundamentalmente, que: · seu direito creditório decorre do fato de serem as bases de cálculo definidas pela Lei nº 9.718, de 1998, quanto às contribuições devidas em relação às suas operações de revenda de combustíveis muito maiores do que aquelas efetivamente por praticadas; · o fato de o Fisco ter levado mais de sete anos para analisar o seu pedido importa em reconhecimento do mesmo, tendo em vista disposições contidas na Lei nº 9.784, de 1999, bem como a aplicação por analogia do prazo de homologação estabelecido no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, para as compensações. Demais disso, os autos constam instruídos com todas as provas necessárias para a análise do pedido, e sobre elas nada suscitou a autoridade fiscal. Ao final requer reconhecimento do direito creditório, com a devida atualização monetária pela Selic desde a data do protocolo até o efetivo pagamento." A DRJ em Ribeirão Preto (SP) julgou a manifestação de inconformidade improcedente e o Acórdão n° 1445.529 foi assim ementado: "Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/02/1999 a 30/06/2000 SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. FATO GERADOR PRESUMIDO. No caso de substituição tributária só é cabível a restituição da quantia paga na hipótese de não se realizar o fator gerador presumido. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" Irresignado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, em que repete os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 225 4 Voto O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Em 17/06/04, o contribuinte, atuante no comércio varejista de gasolina e óleo diesel, protocolizou Pedido de Restituição (fl. 04) de parte do PIS cobrado pelas refinarias de petróleo, na condição de contribuintes substitutos. Os recolhimentos eram relativos aos períodos de apuração 02/1999 a 06/2000, no montante de R$ 7.138,18. Por meio do Despacho Decisório n° 719/2012 (fls. 178 a 183), datado de 16/10/12 (19/10/12 foi a data da ciência da decisão pelo contribuinte) , o pedido de restituição foi indeferido. Em relação ao período de 02/99 a 17/06/99, o Fisco considerou que já havia decaído o direito de pedir restituição ( artigos 168 e 169 do CTN e inciso I do Parecer PGFN CAT n° 1.538/99). Sobre o restante do período, sob a alegação de que não tinha respaldo legal. Em suas peças de defesa, a recorrente sustentou que: i) Com base no § único do art. 4° da Lei n° 9.718/98, as refinarias cobraram PIS sobre bases de cálculo equivalentes a quatro vezes o seu preço de venda, que se verificaram "bem maiores do que as efetivamente praticadas pelo contribuinte no momento da revenda final dos produtos comercializados". Por este motivo, houve cobrança a maior de PIS e, por conseguinte, o direito à restituição. ii) Adicionalmente, alega que o pedido teria sido tacitamente homologado, haja vista terem se passado mais de cinco anos entre a data da apresentação e a do despacho decisório, pois a forma de atuar da fiscalização teria infringido os artigos 2°, 3° e 7° e 48 da Lei n° 9.784/98. iii) Apesar de não existir previsão expressa que trate de homologação tácita de pedido de restituição, deve ser adotado, por analogia, o § 5° do art. 74 da Lei n° 9.430/96, que dispõe que é de cinco anos o prazo para homologação tácita de declaração de compensação. iv) Pleiteia que o crédito seja reconhecido, "com juros de 1% e correção monetária taxa Selic desde a data do protocolo administrativo". Notase que não enfrentou a questão da decadência do direito de pleitear a restituição. A DRJ ratificou o procedimento fiscal, ressalvando a questão da decadência, que julgou não impugnada. Sobre o período de 18/06/99 a 30/06/00, reiterou que inexiste previsão legal sobre o direito alegado. E refutou os argumentos que defendiam a homologação tácita: i) em razão da demora na apreciação do pedido de restituição, por falta de respaldo legal; e Fl. 225DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 226 5 ii) pela aplicação do §5° do art. 74 da Lei n° 9.430/96, pois este trata, exclusivamente, de homologação tácita de pedido de compensação, não podendo ser aplicado o princípio da analogia. Em primeiro lugar, consigno minha discordância em relação à questão da decadência. O período em que teriam ocorrido os supostos pagamentos a maior de PIS era o de 02/99 a 06/00 e o pedido de restituição foi protocolizado em 17/06/04. A Súmula CARF n° 91, editada por força da decisão do STJ, em regime de repercussão geral, em sede do RE 566.621/RS, dispõe que: "Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador." Portanto, no caso em discussão, não se operou a decadência do direito de pleitear a restituição. E, por se tratar de matéria de ordem pública, ainda que não impugnada, entendo que a DRJ deveria ter apreciado a questão e retificado o despacho decisório. Não obstante, para fins de economia processual, e suportado pelo Princípio do Formalismo Moderado, não proponho a anulação da decisão de primeira instância e retorno do processo para reexame da questão, uma vez que a conclusão final da DRJ não seria afetada. A despeito da questão da decadência, aquela corte negou o pedido também porque não havia respaldo legal para o pedido de restituição e não se verificara a alegada homologação tácita. E, com efeito, reputo corretos os demais argumentos que também não reconheciam o direito creditório, dos quais, inclusive, farei minha razão de decidir acerca da legitimidade da totalidade dos créditos pleiteados (02/1999 a 06/2000), nos termos do § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: "(. . .) No que tange ao lapso temporal transcorrido para que o pleito da contribuinte fosse analisado, em que pese suas alegações, fato é que a legislação não prevê prazo para que a Administração Tributária aprecie os pedidos de restituição de tributos. Outrossim, a tais pedidos não se aplicam o prazo estabelecido no art. 74 da Lei nº 9.430, de 1996, para a apreciação das declarações de compensação, haja vista sua natureza jurídica diversa, que opera efeitos constitutivos e extintivos de débitos a partir da data de transmissão. Digase ainda que os dispositivos da Lei nº 9.784, de 1999, citados pela contribuinte, muito embora versem sobre atos do processo administrativos (ciência ao interessado, intimação, petição, dever de decidir), não respaldam a conclusão de que, diante da demora na análise do pedido, deve ser seu pleito considerado como reconhecido. Ademais, ressaltese que a atuação da Administração Pública regrase pela legalidade. Assim é que a busca pela eficiência – aqui compreendida a resposta ao administrado em prazo mais breve possível – não prescinde da verificação da legitimidade pleito, especialmente no caso de restituição de tributos. A própria súmula do Supremo Tribunal Federal citada pela contribuinte confirma que não há que se falar em direitos adquiridos em face de atos ilegais. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 227 6 Dessa forma, não há que se falar em reconhecimento de crédito tributário objeto de pedido de restituição por preclusão. No que tange ao mérito, a fundamentação trazida no pedido da contribuinte, de que o valor recolhido a título de contribuições no regime de substituição tributária teria sido maior do que o devido no momento do fato gerador, não encontra respaldo no § 7º do art. 150 da Constituição Federal, o qual alberga a restituição apenas na hipótese de não se realizar o fato gerador: '(...) § 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (destaque acrescido)' Aliás, o Supremo Tribunal Federal já deixou assentado esse mesmo entendimento, consoante se verifica, entre outros, no julgado na Adin nº 1851, assim ementada: 'A EC n.º 03/93, ao introduzir no art. 150 da CF/88 o § 7.º, aperfeiçoou o instituto, já previsto em nosso sistema jurídico tributário, ao delinear a figura do fato gerador presumido e ao estabelecer a garantia de reembolso preferencial e imediato do tributo pago quando não verificado o mesmo fato a final. A circunstância de ser presumido o fato gerador não constitui óbice à exigência antecipada do tributo, dado tratarse de sistema instituído pela própria Constituição, encontrandose regulamentado por lei complementar que, para definirlhe a base de cálculo, se valeu de critério de estimativa que a aproxima o mais possível da realidade. A lei complementar, por igual, definiu o aspecto temporal do fato gerador presumido como sendo a saída da mercadoria do estabelecimento do contribuinte substituto, não deixando margem para cogitarse de momento diverso, no futuro, na conformidade, aliás, do previsto no art. 114 do CTN, que tem o fato gerador da obrigação principal como a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas definitivo, não dando ensejo a restituição ou complementação do imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua nãorealização final. Admitir o contrário valeria por despojarse o instituto das vantagens que determinaram a sua concepção e adoção, como a redução, a um só tempo, da máquinafiscal e da evasão fiscal a dimensões mínimas, propiciando, portanto, maior comodidade, economia, eficiência e celeridade às atividades de tributação e arrecadação. Ação conhecida apenas em parte e, nessa parte, julgada improcedente.' (destacouse) Demais disso, na sistemática introduzida pelo art. 4º da Lei nº 9.718, de 1998, o valor do PIS e da Cofins a ser retido pela refinaria independe do preço efetivamente praticado pela substituída ao revender o produto no mercado varejista, já que toma como base de cálculo exclusivamente o preço de venda da substituta para aplicação dos coeficientes legais. Tendo sido apurado, pelo substituto, o valor Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10980.004085/200402 Acórdão n.º 3301004.580 S3C3T1 Fl. 228 7 do tributo a ser pago de acordo com os parâmetros legais, não existe pagamento indevido ou a maior, senão que o estritamente definido em lei. Em consonância com o entendimento acima expresso, trazse ementa de decisão da 1ª Turma do STJ, de 24/04/2007, em sede de Agravo Regimental no Recurso em Mandado de Segurança (22040/RN): 'TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA PARA FRENTE OU PROGRESSIVA. OPERAÇÃO SUBSEQÜENTE. BASE DE CÁLCULO INFERIOR À CONSIDERADA PARA O RECOLHIMENTO ANTECIPADO. RESTITUIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. I Esta Corte, adotando entendimento consolidado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADIN 1.851 4/AL, firmou orientação no sentido da impossibilidade de restituição/creditamento da importância recolhida, quando a operação subseqüente à cobrança do tributo, sob a modalidade de substituição tributária para frente ou progressiva, se realizar com valor inferior à base de cálculo presumida. Precedentes: RMS nº 20263/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJ de 15.05.2006; AgRg no Ag nº 720644/GO, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, DJ de 20.02.2006; AgRg no Ag nº 489785/MG, Rel.Ministro FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 07.11.2005; AgRg no Ag nº388881/MG, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, DJ de 21.02.2005.' II Agravo regimental improvido.' Nesse contexto, inexiste base legal que ampare o pleito de reconhecimento de direito creditório formulado nestes autos. Em face do exposto, voto pela improcedência da manifestação de inconformidade." Com base no acima exposto, nego provimento ao recurso voluntário. É como voto. Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira Fl. 228DF CARF MF
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Numero do processo: 10314.002517/2002-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Ano-calendário: 2002
VISTORIA ADUANEIRA. EMPRESA DEPOSITÁRIA. EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. ROUBO DE MERCADORIAS.
A responsabilidade tributária da empresa de armazenamento aduaneiro não é excluída no caso de roubo de mercadoria, evento que não se constitui, ordinariamente, em caso fortuito puro ou de força maior.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-003.746
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso. Vencidos os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade (relator), Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Laercio Cruz Uliana Junior. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Winderley Morais Pereira na reunião anterior.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
(assinado digitalmente)
Marcelo Giovani Vieira - Redator Designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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EMPRESA DEPOSITÁRIA. EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. ROUBO DE MERCADORIAS. A responsabilidade tributária da empresa de armazenamento aduaneiro não é excluída no caso de roubo de mercadoria, evento que não se constitui, ordinariamente, em caso fortuito puro ou de força maior. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em negar provimento ao Recurso. Vencidos os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade (relator), Tatiana Josefovicz Belisário, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Laercio Cruz Uliana Junior. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Marcelo Giovani Vieira. Nos termos do Art. 58, §5º, Anexo II do RICARF, o conselheiro Leonardo Correia Lima Macedo não votou nesse julgamento, por se tratar de questão já votada pelo conselheiro Winderley Morais Pereira na reunião anterior. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 25 17 /2 00 2- 23 Fl. 1677DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.678 2 Marcelo Giovani Vieira Redator Designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Por retratar com fidelidade os fatos, adoto, com os devidos acréscimos, o relatório produzido em primeira instância, o qual está consignado nos seguintes termos: "Trata o presente processo da Notificação de Lançamento de fls. 93/98 por meio da qual é feita a exigência das importâncias originais de R$ 96.186,28 e R$ 48.093,14, concernentes ao Imposto de Importação (II) e Multa de Ofício, respectivamente. A infração apurada pela fiscalização e relatada na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal, fls. 97 e 98, foi, em síntese, a seguinte: Vistoria Aduaneira Falta de Mercadoria — Depositário: Em face de pedido de vistoria aduaneira, tendo em vista indícios de falta na carga acobertada pela DTA1 de n° 05220 de 24/07/2002, por invasão nas dependências da EADI INTEGRAL/SBCAMPO, conforme boletim de ocorrência de n° 007697/2002 de 30/07/2002, constituiuse a Comissão de Vistoria Aduaneira, processo n° 10314.002197/200210, formada pelos Auditores Fiscais da Receita Federal, AFRF Pedro Batista Vilela matricula 14.707 e AFRF Flávio Ferreti — matrícula 64.196, com fins a apurar a extensão da falta e a responsabilidade tributária respectiva, nos termos do art. 468 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85. Com fulcro no art. 474, incisos I e II, do Regulamento Aduaneiro (aprovado pelo Decreto no 91.030/85), intimouse o Depositário, o Importador e a Cia Seguradora, para o acompanhamento da Vistoria Aduaneira. O Depositário alegou embora mantenha vigilância nas dependências da EADI, não foi possível evitar a penetração, devido a quantidade (treze elementos) e os mesmos estarem fortemente armados. Ao final da vistoria, apurouse a responsabilidade do DEPOSITÁRIO pela falta TOTAL das mercadorias discriminadas na declaração de importação de n° 02/06704784 registrada em 29/07/2002, arts. 478, caput c/c artigo 60, parágrafo único do Decretolei n° 37/66 e artigo 479 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto n° 91.030/85. Fl. 1678DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.679 3 Sobre o valor do imposto, também incide a multa 50%, prevista no artigo 521, inciso II, alínea "d" do Decreto n° 91.030/85. Enquadramento Legal: Artigo 32, inciso I, parágrafo único, alínea "b", do Decretolei n° 37/66, com redação dada pelo Decretolei n° 2.472/88, arts. 1°, 77, inciso II, 81, inciso II, 83, 86, parágrafo único, 87, inciso II, alínea "c", 89, inciso II, 99, 100, 103, 107, 467, inciso II, 468, 479, 481, 499, 500, 501, inciso I, 508, 549 e 550, inciso I do RA, aprovado pelo Decreto n° 91.030/85. Inconformado com a .autuação acima descrita, cuja ciência ocorreu em 18/09/2002 (fls. 99), o contribuinte, em 23/09/2002, apresenta impugnação (fls. 106/108), alegando o seguinte: "INTEGRAL TRANSPORTE E AGENCIAMENTO MARÍTIMO LTDA., com endereço na Estrada Assumpta Sabatini Rossi, n° 920, Bairro Batistini, São Bernardo do Campo, Estado de São Paulo, inscrita no CNPJ sob o n° 43.145.945/002239, na qualidade de PERMISSIONÁRIA do "Contrato de Permissão para Prestação de Serviços Públicos de Movimentação e Armazenagem de Mercadorias em Estação Aduaneira Interior EADI São Bernardo do Campo" tendo sido intimada da Notificação de lançamento em epígrafe lavrada em 18 de setembro de 2002 por esta D. D. Comissão, vem, respeitosamente, à presença de V. Sas., apresentar sua DEFESA ADMINISTRATIVA, nos termos do artigo 550, inciso 1 do Regulamento Aduaneiro, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 1. De acordo os artigos 468 e seguintes do Regulamento Aduaneiro (Decreto n° 91.030/85), as instalações da EADI SBC foram vistoriadas em 01 de julho de 2002, por esta D. D. Comissão. 2. Conforme consta do item 16 "observações" do próprio Termo de Vistoria Aduaneira e também do Boletim de Ocorrência do 3° Distrito Policial SBC de n° 007697/20002, por volta das 01:20 hs. (uma hora e vinte minutos) da madrugada do dia 30 de julho de 2.002, as dependências da EADI/SBC foram invadidas por 03 (três) indivíduos que, mediante grave ameaça exercida pelo emprego de arma de fogo, renderam o vigia da estação aduaneira e obrigaramno a abrir o portão do depósito, para que adentrasse ao recinto um caminhão com mais 10 (dez) homens armados que, juntamente com os indivíduos que já estavam lá dentro, roubaram a carga de relógios e canivetes depositada nas dependências da Permissionária. 3. Tanto que, no próprio dia 30 de julho, a Permissionária comunicou o ocorrido à Inspetoria da Receita Federal, solicitando as providências cabíveis por parte desta D.D. Comissão. Fl. 1679DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.680 4 4. Ocorre que o Termo de Vistoria Aduaneira lavrado não registrou essas circunstâncias de forma clara e adequada, resultando em apuração equivocada da responsabilidade do Depositário. 5. Assim, tendo tomado ciência do "Termo de Vistoria" em questão, a Permissionária protocolou petição manifestando sua ressalva expressa quanto à conclusão adotada no respectivo termo. 6. De se ressaltar, que o Regulamento Aduaneiro (artigos 479 e 480) é claro ao estabelecer que é presumida a responsabilidade do depositário por avaria ou falta de mercadoria sob sua custódia, desde que não haja prova de caso fortuito ou força maior que possa excluir a sua responsabilidade. 7. 0 que é exatamente o caso dos autos !! 8. Ao contrário do que consta do Termo de Vistoria Aduaneira, NÃO houve "dano ou avaria" da mercadoria em questão causada pelo depositário e sim, à toda evidência, MOTIVO DE FORÇA MAIOR (ROUBO), nos exatos termos do que dispõe o artigo 480 do Regulamento Aduaneiro, a ensejar a exclusão da responsabilidade da Permissionária/Depositária pelo pagamento: (i) dos tributos (imposto de importação) apurados em relação à mercadoria, conforme artigo 478 do RA, (ii) da multa pelo "extravio ou falta" da mercadoria, conforme artigo 521, inciso II alínea "d". 9. Neste sentido, vejamos alguns julgados: "RESPONSABILIDADE CIVIL. Veículo roubado — Assalto a mão armada ocorrido na tapeçaria onde se encontrava o auto para reparos. Ação de terceiro inevitável pela prestadora de serviços causa de exclusão da responsabilidade da Ré." (Apelação n° 706.2142 São Paulo, 11ª Câmara, julgado em 06.04.1998, Juiz António Marson v.u.) "ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA Busca e Apreensão Conversão em ação de depósito. Bem furtado. Configuração de Motivo de Força Maior. Artigo 1.277 do Código Civil desobrigação do depositário em restituir o bem ou o equivalente em dinheiro possibilidade de cobrança do saldo devedor em aberto por medida processual adequada Inadmissibilidade de prisão civil." (Rel. Juiz Melo Colombini, 11ª Câmara, vu. 14.09.95 Apelação 1° TAC n° 557.44562)" 10. Diante dos argumentos acima expendidos, requer seja reformada a decisão de fls. destes autos, reconhecendose a isenção de responsabilidade da Permissionária pelos fatos narrados, com fundamento no artigo 480 do Decrete n° 91.030/85 (Regulamento Aduaneiro) e, conseqüentemente, a inexigibilidade do crédito tributário e da multa prevista no artigo 521, inciso II alínea "d" do mesmo diploma legal. Fl. 1680DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.681 5 11. Anexo cópias da procuração e R.G do Sr. Aurélio de Oliveira Freitas, e do Contrato Social e última alteração." A impugnação apresentada foi julgada improcedente, no julgamento de primeira instância, nos termos do Acórdão DRJ/FOR 0812.227, de 14/11/2007, decisão proferida pelos membros da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza/CE., cuja ementa dispõe, verbis: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Anocalendário: 2002 TRÂNSITO ADUANEIRO. EXTRAVIO TOTAL DA CARGA. CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. ROUBO. Boletim de ocorrência não é prova da ocorrência de assalto, mas da sua comunicação à autoridade policial. Mesmo havendo comprovação desse fato, ônus exclusivo do contribuinte, a ocorrência do caso fortuito e força maior ainda requereria prova de ausência de culpa. O roubo não se enquadra na excludente de responsabilidade de caso fortuito ou de força maior. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2002 EXAME DA LEGALIDADE E DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS. Não compete à autoridade administrativa o exame da legalidade/constitucionalidade das leis, porque prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário. SENTENÇAS JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões judiciais não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão aquela objeto da decisão, à exceção das decisões do STF sobre inconstitucionalidade da legislação. Lançamento procedente" O recurso voluntário foi interposto de forma hábil e tempestiva, em que a recorrente, em breve síntese, aduz: (i) o Termo de Vistoria Aduaneira e também do Boletim de Ocorrência do 3° Distrito Policial — SBC de n°. 007697/2002, por volta das 01h20min (uma hora e vinte minutos) da madrugada do dia 30.07.2002, as dependências da EADI/SBC foram invadidas por indivíduos que, mediante grave ameaça exercida pelo emprego de arma de fogo, renderam o vigia da estação aduaneira e obrigaramno a abrir o portão do depósito, para que adentrasse ao recinto um caminhão e roubaram a carga de relógios e canivetes depositadas nas dependências da recorrente; Fl. 1681DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.682 6 (ii) o Termo de Vistoria Aduaneira lavrado não registrou essas circunstâncias de forma clara e adequada, resultando em apuração equivocada da responsabilidade do depositário; (iii) no caso dos autos, ocorreu evento de força maior (roubo), nos exatos termos do que dispõe o artigo 480 do Regulamento Aduaneiro, a ensejar a exclusão da sua responsabilidade; (iv) cita jurisprudência administrativa que corrobora sua defesa, no sentido de que o roubo constitui caso fortuito ou força maior excludente da responsabilidade; (v) informa que já foi considerada isenta de qualquer responsabilidade pelo episódio por decisão transitada em julgado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em ação judicial que lhe foi movida pela seguradora ACE Seguradora S.A., que indenizou a dona da carga roubada e anexa cópia do acórdão; e (vi) que a decisão judicial proferida pelo Tribunal de Justiça manteve a decisão de primeiro grau, que reconheceu a impossibilidade de a recorrente evitar o roubo, diante do grau de violência empregado pelos marginais, muito embora tivesse ela, recorrente, tomado todas as precauções possíveis para tanto; Pugna a recorrente, ao final, o provimento do seu recurso. O processo foi encaminhado a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tendo sido convertido o julgamento em diligência, conforme Resolução nº 3202 00.017, de 26 de agosto de 2010. Mencionada Resolução determinou a adoção das seguintes providências: "Solicite ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo cópias das decisões monocráticas e colegiadas relativas ao processo judicial acostado às fls. 163 e seguintes, inclusive resultados de perícias e elementos de prova constantes dos autos ou citadas nas decisões judiciais; Solicite ao cartório daquele órgão judicial a certidão de objeto e pé do processo mencionado no item 1, acima. Intime a recorrente para que junte os meios de prova que julgar pertinentes, suficientes para afastar a culpa em decorrência de negligência, imprudência ou imperícia, ou por não ter, em tese, tomado as medidas de segurança necessárias à guarda eficaz das mercadorias sob custódia da União; Intime a recorrente a comprovar o pagamento da indenização na hipótese do sinistro comprovado nos autos; Intime a recorrente a trazer aos autos cópia do inquérito policial, inclusive com elementos de prova e depoimentos, e eventual ação penal." Em petição datada de 18/11/2011 a recorrente anexou aos autos a seguinte documentação: Fl. 1682DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.683 7 (i) cópia de sentença proferida na Ação de Rito Ordinário (autos processuais n° 1833/03) que tramitou perante a 6° Vara Cível do Foro de São Bernardo do Campo movida por ACE SEGURADORA S/A contra INTEGRAL TRANSPORTE E AGENCIAMENTO MARÍTIMO LTDA., foi julgada improcedente em 13.02.06; (ii) Recurso de Apelação interposto por ACE Seguradora S/A; (iii) Contrarrazões oferecidas pela recorrente ao Recurso de Apelação; (iii) decisão proferida no Recurso de Apelação n° 70799129, ao qual o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou provimento em julgamento realizado em 22 de novembro de 2006; e (iv) Certidão de Objeto e Pé que demonstra o trânsito em julgado da decisão em relação à recorrente. Na sequência, foram anexados ao presente processo, fotocópia integral da ação judicial já anteriormente mencionada. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Relator Assiste razão à recorrente. A decisão recorrida adotou como fundamento para julgar improcedente a impugnação que o roubo não seria uma causa excludente de responsabilidade,não se enquadrando como caso fortuito ou força maior. Tal decisão está embasada nos seguintes termos: "Confirma esse entendimento o já citado Parecer Normativo CST n 2 39, de 1978, ao preceituar, em seus itens 1 e 4, que os prejuízos sofridos de créditos não recebidos, ônus de avais ou fianças, abalroamento de veículos, indenizações civis, roubo, furto, etc., não decorrem de caso fortuito ou de força maior. Concluise com esses fundamentos que o roubo não pode, de forma nenhuma, tipificar a ocorrência de caso fortuito ou força maior. Tanto o furto como o roubo são riscos previsíveis, inerentes à própria atividade exercida pela autuada (transporte de mercadorias estrangeiras), para os quais deve ela permanentemente acautelada e aparelhada, tornandoos evitáveis. Fl. 1683DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.684 8 O roubo, mesmo qualificado, como evento previsível a quem explora serviços de transporte, comporta medidas preventivas colimando evitálo. Não as tendo tomado a responsável, facilitou a atuação do(s) criminoso(s), pelo que, comprovada a culpa da obrigada, no caso in vigilando, impõese o nãoreconhecimento de caso fortuito ou força maior." Com o devido respeito, tal posicionamento não merece prosperar. Não considerou a decisão recorrida o fato de a recorrente ter sido vítima de roubo perpetrado por quadrilha/bando fortemente armada com armas de fogo composto por 13 (treze) integrantes. É uníssono o entendimento de que o roubo, em casos como o presente, constitui caso fortuito ou força maior, conforme entendimento do Superior Tribunal de Justiça, in verbis: "AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. TRANSPORTE DE CARGAS. ROUBO. FORÇA MAIOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE. 1. Consagrouse na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça o entendimento de que o roubo de cargas, em regra, caracterizase como caso fortuito ou de força maior, excludente de responsabilidade do transportador. 2. Agravo regimental não provido." (AgRg no REsp 1374460/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/06/2016, DJe 09/06/2016) "AGRAVO REGIMENTAL. AÇÃO REGRESSIVA. SEGURO. ROUBO DE CARGA. MOTIVO DE FORÇA MAIOR. RESPONSABILIDADE DA TRANSPORTADORA. EXCLUSÃO. 1. Pacífico nesta Corte o entendimento de que o roubo de carga, com uso de arma de fogo, configura força maior a elidir a responsabilidade da transportadora perante a seguradora do proprietário da mercadoria transportada, o que acarreta a improcedência da ação regressiva de ressarcimento de danos. 2. Agravo Regimental improvido." (AgRg no AREsp 408.398/SP, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/10/2013, DJe 07/11/2013) "RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. CORREIOS. ROUBO DE CARGAS. RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA. EXCLUSÃO. MOTIVO DE FORÇA MAIOR. 1. A empresa de Correios é de natureza pública federal, criada pelo Decretolei n. 509/69, prestadora de serviços postais sob Fl. 1684DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.685 9 regime de privilégio, cuja harmonia com a Constituição Federal, em parte, foi reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADPF n. 46/DF, julgada em 5.8.2009, relator para acórdão Ministro Eros Grau. Os Correios são, a um só tempo, empresa pública prestadora de serviço público em sentido estrito, e agente inserido no mercado, desempenhando, neste caso, típica atividade econômica e se sujeitando ao regime de direito privado. 2. Destarte, o caso dos autos revela o exercício de atividade econômica típica, consubstanciada na prestação de serviço de "recebimento/coleta, transporte e entrega domiciliar aos destinatários em âmbito nacional" de "fitas de vídeo e/ou material promocional relativo a elas", por isso que os Correios se sujeitam à responsabilidade civil própria das transportadoras de carga, as quais estão isentas de indenizar o dano causado na hipótese de força maior, cuja extensão conceitual abarca a ocorrência de roubo das mercadorias tansportadas. 3. A força maior deve ser entendida, atualmente, como espécie do gênero fortuito externo, do qual faz parte também a culpa exclusiva de terceiros, os quais se contrapõem ao chamado fortuito interno. O roubo, mediante uso de arma de fogo, em regra é fato de terceiro equiparável a força maior, que deve excluir o dever de indenizar, mesmo no sistema de responsabilidade civil objetiva. 4. Com o julgamento do REsp. 435.865/RJ, pela Segunda Seção, ficou pacificado na jurisprudência do STJ que, se não for demonstrado que a transportadora não adotou as cautelas que razoavelmente dela se poderia esperar, o roubo de carga constitui motivo de força maior a isentar a sua responsabilidade. 5. Recurso especial provido." (REsp 976.564/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 20/09/2012, DJe 23/10/2012) Não obstante o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, a recorrente anexou ao processo decisões judiciais que a isentaram de qualquer responsabilidade do evento que trata o presente processo. Em sentença proferida nos autos de Ação de Rito Ordinário (autos processuais n° 1833/03) que tramitou perante a 6° Vara Cível do Foro de São Bernardo do Campo, o MM. juízo julgou improcedente referida ação movida contra a recorrente, consignando que: "O ponto controvertido da demanda cingese à análise da aplicação da força maior, corno excludente de responsabilidade, no caso concreto. A ré Integral afirmou que contratou os serviços de duas empresas distintas visando a segurança de seu armazém, juntando, para tanto, os contratos. Fl. 1685DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.686 10 Uma delas instalou dezesseis câmeras, alarme e controle de acesso ao terminal. A outra, para fornecimento de quatro guardas armadas, em dois turnos. Depositou ainda a mercadoria dentro de um cofre, trancado por cadeado. O armazém, segundo as provas colhidas, é fechado por muro de cinco metros ou tela de três metros de altura, dependendo do local. A ré Integral alegou que não poderia ter evitado o roubo visto que, além de todas as precauções adotadas, sua empresa foi invadida por treze homens. Três deles, armados, renderam o vigia, abriram os portões. quando adentrou urn caminhão com outros dez indivíduos. A testemunha Marcelo, arrolada pela requerente. relatou que a ré Integral foi vítima de roubo a mão aramada, sendo resguardada por dois vigilantes, naquele momento. Confirmou ainda que a carga estava dentro do cofre (fls. 574). Ante as peculiaridades do caso , restou evidente que a ré Integral adotou todas as medidas necessárias visando o armazenamento da mercadoria de forma segura. Foram contratados segurança, sistema eletrônico de monitoramento e alarme, construídos muros e telas altas, além de cofre com cadeados. (...) Ante o exposto, julgo IMPROCEDENTE o pedido formulado por ACE Seguradora S/A contra Integral Transporte e Agenciamento Marítimo Lida. Julgo IMPROCEDENTES as lides secundárias movidas contra Generali do Brasil e IRB Brasil Resseguros S/A. Em razão da sucumbência, condeno a autora no pagamento de custas. despesas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% do valor atualizado da causa, inclusive a favor das litisdenunciadas. visto que deu causa às denunciações da lide." Por sua vez, o E. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, ao apreciar o Recurso de Apelação Interposto por ACE Seguradora S/A,manteve a sentença de 1° grau, estando o decisum ementado nos seguintes termos: "SUBROGAÇÃO Pretensão de ressarcimento de importância paga a segurada — Transporte de mercadorias — Contrato — Inexecução em decorrência de roubo por bando armado — Causa de exclusão de responsabilidade da transportadora improcedência da ação. Negado provimento ao recurso. A responsabilidade da transportadora é objetiva até que, configurado o fato irresistível da força major, que está demonstrado, sem que houvesse qualquer negligência da transportadora, deuse o roubo com a perda da mercadoria em exclusão da responsabilidade por corolário lógico." Fl. 1686DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.687 11 Assim, o Poder Judiciário em relação ao evento roubo do qual a recorrente foi vítima decidiu pela exclusão de sua responsabilidade, o que repercute diretamente no julgamento do caso em apreço, pois não há como adotar entendimento diverso ao já consolidado em decisão judicial. Dispunha o Regulamento Aduaneiro vigente à época dos fatos (Decreto 91030/1985): Art. 479 O depositário responde por avaria ou falta de mercadoria sob sua custódia, assim como por danos causados em operação de carga ou descarga realizada por seus prepostos. Parágrafo único Presumese a responsabilidade do depositário no caso de volumes recebidos sem ressalva ou protesto. Art. 480 Ao indicado como responsável cabe a prova de caso fortuito ou força maior que possa excluir sua responsabilidade. § 1º Para os fins deste artigo, e no que respeita ao transportador, os protestos formados a bordo de navio ou de aeronave somente produzirão efeito se ratificados pela autoridade judiciária competente. § 2º As provas excludentes de responsabilidade poderão ser produzidas por qualquer interessado, no curso da vistoria." Não obstante os argumentos antes expendidos, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF possui precedentes de que o roubo configura causa de exclusão da responsabilidade tributária. conforme a seguir: "Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 24/12/2004 VISTORIA ADUANEIRA. EXTRAVIO DE MERCADORIA MEDIANTE ROUBO. EXCLUSÃO DA RESPONSABILIDADE. O roubo de carga mediante ação de quadrilha fortemente armada se subsume ao disposto no artigo 595 do Regulamento Aduaneiro à época vigente (Decreto nº 4.543, de 26/12/2002), excluindo a responsabilidade do depositário pelos tributos devidos em relação à mercadoria roubada.Recurso ao qual se dá provimento." (Processo 19814.000160/200525; Acórdão 3802 000.173; Relator Conselheiro ad hoc Francisco José Barroso Rios; Sessão de 15/03/2010) "Assunto: Regimes Aduaneiros Data do fato gerador: 15/04/2005 VISTORIA ADUANEIRA. EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE. CASO FORTUITO OU DE FORÇA MAIOR. ROUBO OU FURTO DE MERCADORIAS. COMPROVADO Fl. 1687DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.688 12 Roubo de carga à mão armada comprovado, ocorrido no recinto do Depositário (Porto Seco), constitui causa excludente de responsabilidade do depositário (arts. 591 e 595 do RA/02) no caso de falta de mercadoria apurada em processo de vistoria aduaneira." (Processo 19814.000162/200514; Acórdão 3802 000.175; Relator Conselheiro Francisco José Barroso Rios; Sessão de 15/03/2010) "TRÂNSITO ADUANEIRO. CASO FORTUITO OU FORÇA MAIOR. ROUBO DE CARGA.COMPROVADO Roubo de carga à mão armada, no transporte em Trânsito Aduaneiro, constitui causa excludente de responsabilidade do importador/transportador (arts. 478 e 480 do RA) no caso de falta de mercadoria apurada em processo vistoria aduaneira. Precedentes: Ac. CSRF/0304.467, 30332.175 e 30330.966. Recurso especial negado." (Processo 10711.002810/9824; Acórdão CSRF/0305.181; Relator Conselheiro OTACÍLIO DANTAS CARTAXO; Sessão de 12/02/2007) Ainda, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região TRF4: "TRIBUTÁRIO. ADUANEIRO. AUSÊNCIA DE CONCLUSÃO DA OPERAÇÃO DE TRÂNSITO ADUANEIRO. COMUNICAÇÃO À AUTORIDADE FISCAL. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO E MULTAS. TRANSPORTE DE CARGA. ROUBO. FORÇA MAIOR. NÃO COMPROVAÇÃO DE DESÍDIA OU FRAUDE. 1. A interrupção da operação de trânsito aduaneiro, segundo o art. 277, caput e § 2º, do Regulamento Aduaneiro (Decreto nº 91.030/1985), deve ser imediatamente comunicada à repartição fiscal, para que sejam adotadas as providências cabíveis, com a realização de vistoria ou a lavratura de termo circunstanciado. 2. Embora seja obrigação do transportador imediatamente comunicar à autoridade fiscal qualquer razão decorrente de fato alheio à vontade que possa acarretar a interrupção do trânsito aduaneiro, a imediatidade é deveras de pouca importância no caso de carga roubada, já que se torna impossível e irrelevante realizar vistoria aduaneira e lavrar termo circunstanciado, pelo simples fato de que não há o que vistoriar ou relatar. 3. O auto de infração sequer aponta ou invoca a data em que foi comunicado o roubo como motivo determinante do ato, resumindose a questão, por conseguinte, a acolher a ocorrência de roubo, devidamente noticiada pelo transportador, como razão para não concluir a operação de trânsito aduaneiro e afastar a exigência de tributos e multas. 4. Nada obstante o disposto no art. 136 do CTN e no art. 94, § 2º, do DL nº 37/1966, no sentido de que a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato, a motivação da conduta deve ser examinada sempre, uma vez que, se não Fl. 1688DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.689 13 houver dolo nem culpa, não se cogita de infração da legislação tributária. 5. O roubo do caminhão transportador e da carga consiste em motivo de força maior, que exclui a culpa e o dolo e, portanto, afasta a responsabilidade do transportador. Entendimento em sentido contrário, aliás, implicaria penalizar o particular pela omissão do Estado em oferecer segurança à população e acolher a ideia de que a violência faz parte dos riscos do empreendimento, o que obrigaria a empresa a contratar segurança privada e seguro contra roubo que incluísse eventuais autuações fiscais. 6. A responsabilização da autora somente mostrarseia viável nas hipóteses de flagrante desídia da empresa durante o transporte da carga ou de evidência de fraude. Tais circunstâncias, entretanto, não restaram comprovadas nos autos, prevalecendo o argumento relativo à ocorrência de força maior." (TRF4, AC 5013184 12.2012.4.04.7002, PRIMEIRA TURMA, Relator JOEL ILAN PACIORNIK, juntado aos autos em 10/09/2015) (destaque nosso). "EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. REMESSA OFICIAL. INTERPOSIÇÃO DE OFÍCIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. TRÂNSITO ADUANEIRO. ROUBO DA MERCADORIA. FORÇA MAIOR. 1. A sentença está sujeita ao reexame necessário, porquanto o valor da controvérsia excede o limite de sessenta salários mínimos. 2. Configura força maior o roubo de mercadoria internalizada sob o regime de trânsito aduaneiro, afastando a possibilidade de exigência de tributos e aplicação de multa. Somente se comprovada a fraude ou, ainda, a falta de cuidado da empresa transportadora, é que se poderia atribuirlhe a responsabilidade pelo descumprimento da tarefa de entregar a mercadoria no local predeterminado." (TRF4, AC 5014159 34.2012.4.04.7002, SEGUNDA TURMA, Relatora CARLA EVELISE JUSTINO HENDGES, juntado aos autos em 26/03/2014) Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário interposto. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Voto Vencedor Conselheiro Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado Peço licença ao relator para divergir de seu entendimento quanto à exclusão de responsabilidade tributária da recorrente, por motivo de roubo da mercadoria da qual era depositária. Fl. 1689DF CARF MF Processo nº 10314.002517/200223 Acórdão n.º 3201003.746 S3C2T1 Fl. 1.690 14 É que a responsabilidade das empresas de armazenamento aduaneiro abrange exatamente os cuidados de proteção da carga armazenada, naqueles casos em que a causa da falta da mercadoria pudesse ser evitada por medidas da depositária, como os casos de perda, extravio ou roubo. Tais eventos, ainda que possam conter algum grau de fortuidade, dependem, em maior grau, das ações preventivas da depositária. Tratase do chamado risco implícito. Diferentemente, o evento fortuito puro ou de força maior que pudesse excluir a responsabilidade da recorrente seria aquele raro e prevalecente, tais como tragédias coletivas, fenômenos climáticos avassaladores, contra os quais as ações preventivas da depositária seriam inúteis. Observo que a grande maioria dos precedentes deste Carf são nesse sentido. Cito, como exemplos, os Acórdãos seguintes, de Turmas diversas: 9303005.767, 3402 002.854, 3202001.356, 3101001.370, 3102002.188, 3201001.147, 3403001.722. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marcelo Giovani Vieira, Redator Designado Fl. 1690DF CARF MF
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Numero do processo: 16561.720011/2015-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2010
INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL.
A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro.
AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE.
Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presume-se que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido.
ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS.
As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária.
INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE.
Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional - CTN.
Numero da decisão: 2202-004.360
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor.
(Assinado digitalmente)
Waltir de Carvalho- Presidente Substituto.
(Assinado digitalmente)
Junia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
(Assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora Designada.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Ano-calendário: 2010 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presume-se que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS. As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional - CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Waltir de Carvalho- Presidente Substituto. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. (Assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias - Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2010 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. AUSÊNCIA DE RETENÇÃO. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. LEGALIDADE. Não tendo a fonte pagadora efetuado a retenção que lhe cabia realizar, presumese que assumiu o ônus do IRRF, hipótese em que a base de cálculo deve ser reajustada para considerar o valor efetivamente transferido ao beneficiário como líquido. ALEGAÇÕES NÃO COMPROVADAS. As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência tributária. INCIDÊNCIA DE JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. APLICABILIDADE. Após o lançamento, incidem juros sobre a multa de ofício, pois, esta integra o crédito tributário lançado, não havendo que se fazer distinção em relação à aplicação da regra contida no artigo 161 do Código Tributário Nacional CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 56 1. 72 00 11 /2 01 5- 89 Fl. 764DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Junia Roberta Gouveia Sampaio (Relatora) e Martin da Silva Gesto, que deram provimento integral ao recurso, e o Conselheiro Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deu provimento parcial para admitir a imputação de pagamento efetuado posteriormente. Foi designada a Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias para redigir o voto vencedor. (Assinado digitalmente) Waltir de Carvalho Presidente Substituto. (Assinado digitalmente) Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. (Assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de autuação por não ter o Recorrente realizado a retenção do Imposto de renda e proventos de qualquer natureza de residentes ou domiciliados no exterior em razão de operação de incorporação de ações ocorrida em 29/10/2009. Aponta a fiscalização como enquadramento legal os artigos 674, 675, 682, 683, 684 e 685 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto de Renda RIR 1999. Foi lançado o montante de total de R$ 32.893.704,39, com juros de mora e multa de ofício aplicada no percentual de 75%. Em 23/12/2010, a BRASIL ECODIESEL INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BIOCOMBUSTÍVEIS E ÓLEOS VEGETAIS S.A. (“ECODIESEL”), nome que então designava a fiscalizada VANGUARDA AGRO S.A. (“VAGRO”), incorporou as ações da MAEDA S.A. AGROINDUSTRIAL (“MAEDA”) na forma prevista no artigo 252 da lei 6.404/76 – Lei das SA. Conforme registra o Protocolo e Justificação, a Relação de Substituição foi estabelecida em 1 ação ordinária de emissão da ECODIESEL para cada 3,6395 ações ordinárias de emissão da MAEDA (doc.202D, cláusula 1.1). O Capital Social da ECODIESEL foi aumentado em R$ 320.139.973,78, com a emissão de 358.941.555 ações da ECODIESEL “integralizadas com as ações de emissão da MAEDA e atribuídas aos acionistas da MAEDA, de acordo com a Relação de Substituição mencionada na Cláusula 1.1. 4. Como resultado da incorporação de ações, a MAEDA tornouse subsidiária integral da ECODIESEL e os antigos acionistas daquela tornaramse acionistas desta. Em razão da incorporação de ações, foram emitidos pela ECODIESEL em favor de KILINACO INVESTMENTS LIMITED (“KILINACO”) e MAHI INVESTMENT LIMITED (“MAHI”). Fl. 765DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 765 3 As participações de KILINACO e MAHI foram adquiridas ao custo de R$ 15.245.432,64 e R$ 6.250.917,84, respectivamente. É o que consta nos Contratos de Câmbio apresentados pela MAEDA, pelos quais foram integralizadas nesta as participações daquelas. A fiscalização entendeu que as referidas empresas obtiveram ganho de capital ao confrontar os mencionados custos com os valores das subscrições na ECODIESEL. De acordo com o impugnante, ora Recorrente, a incorporação de ações não importa em ganho de capital, pelos seguintes motivos: a) o negócio se realiza entre a pessoa jurídica incorporada e a incorporadora, sem manifestação de vontade de seus acionistas; b) a troca de uma participação acionária pela outra dela decorrente se enquadra como subrogação real; c) a caracterização do fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital requer a realização financeira do acréscimo de valor auferido pelo bem negociado; d) Impossibilidade de incidência do imposto de renda, pois, segundo o regime de caixa, aplicável às contribuintes por força do art. 18 da Lei nº 9.249, de 1995, apenas haveria ocorrência de fato gerador no momento da realização da renda. O ganho de capital não ocorreria com a simples troca das ações por valor superior ao custo da aquisição, mas apenas quando elas fossem alienadas no mercado; e) o fato gerador do IRRF e o respectivo ganho de capital só teria ocorrido quando da alienação das ações da ECODIESEL pelas empresa KILINACO e MAHI f) o IRRF não poderia ter sido exigido da autuada, visto que ela, em virtude de o negócio não ter gerado fluxo financeiro, não teria como efetuar retenção e se ressarcir do eventual custo com o recolhimento do tributo. g) Teria havido dupla tributação sobre o ganho de capital: a primeira sobre a alienação EDODIESEL da ações da MAEDA, e a segunda pela alienação das ações da ECODIESEL as referidas sociedades estrangeiras haviam recebido em substituição às ações da MAEDA sendo que, em relação à segunda alienação, teria sido devidamente recolhido o imposto de renda sobre o ganho de capital; Além do exposto a Impugnante alegou nulidade da ação fiscal uma vez que não lhe foi dada a oportunidade de se manifestar sobre os documentos apresentados pela TM CACHOEIRA, uma das sócias da MAEDA, os quais foram utilizados pela fiscalização para lavratura do auto de infração. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto DRJ julgou improcedente a impugnação conforme se constata pela ementa abaixo transcrita (fls. 624/669): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 23/12/2010 NULIDADE. Fl. 766DF CARF MF 4 Somente são nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente, bem como os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 23/12/2010 ÔNUS DA PROVA. REDUÇÃO INDEVIDA. Compete ao contribuinte comprovar as afirmações que importem redução, exclusão, suspensão ou extinção do crédito tributário. GANHO DE CAPITAL. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. GANHO DE CAPITAL. PESSOA JURÍDICA RESIDENTE NO EXTERIOR. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO Os ganhos de capital auferidos por pessoas jurídicas sediadas no exterior, nas alienações de bens e direitos localizados no Brasil, estão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, devido pela adquirente, na qualidade de responsável ou substituto tributário. REAJUSTAMENTO DA BASE DE CÁLCULO Considerase que a pessoa jurídica obrigada ao pagamento assumiu o ônus do imposto e o rendimento será considerado líquido, cabendo à fonte pagadora reajustar o rendimento, nos termos do art. 725 do Decreto nº 3000, de 26 de março de 1999 RIR/1999, para fins de recolhimento do imposto Irresignado, o contribuinte apresentou o Recurso Voluntário de fls. 679/729, no qual reitera os argumentos utilizados quando da Impugnação, requerendo, preliminarmente, a nulidade do procedimento de fiscalização ou, caso assim não se entenda, o cancelamento integral do Auto de Infração ou, subsidiariamente, (I) impossibilidade de reajustarse a base de cálculo do IRRF da forma como pretendida pela fiscalização (II) a necessidade de apuração da referida base em moeda estrangeira e extinção da multa e dos juros aplicados. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarazões ao Recurso Voluntário (fls. 901/929), na qual alega reitera as razões já expostas na decisão recorrida. É o relatório. Fl. 767DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 766 5 Voto Vencido Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora O recurso preenche os pressupostos legais de admissibilidade devendo, portanto, ser conhecido. A discussão central do presente processo é complexa e gira em torno da operação denominada incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei nº 6.404/76, nos seguintes termos: Art. 252. A incorporação de todas as ações do capital social ao patrimônio de outra companhia brasileira, para convertêla em subsidiária integral, será submetida à deliberação da assembléiageral das duas companhias mediante protocolo e justificação, nos termos dos artigos 224 e 225. § 1º. A assembléiageral da companhia incorporadora, se aprovar a operação, deverá autorizar o aumento do capital, a ser realizado com as ações a serem incorporadas e nomear os peritos que as avaliarão; os acionistas não terão direito de preferência para subscrever o aumento de capital, mas os dissidentes poderão retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230. § 2º. A assembléiageral da companhia cujas ações houverem de ser incorporadas somente poderá aprovar a operação pelo voto de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, e se a aprovar, autorizará a diretoria a subscrever o aumento do capital da incorporadora, por conta dos seus acionistas; os dissidentes da deliberação terão direito de retirarse da companhia, observado o disposto no art. 137, II, mediante o reembolso do valor de suas ações, nos termos do art. 230. § 3º. Aprovado o laudo de avaliação pela assembléiageral da incorporadora, efetivarseá a incorporação e os titulares das ações incorporadas receberão diretamente da incorporadora as ações que lhes couberem.(grifamos) Foram citados como enquadramentos legais da infração os artigos 684 e 685 do RIR/99, o artigo 18 da Lei nº 9.249/95, e 26 e 47 da Lei nº 10.833/03 abaixo transcritos: Art.684.Os residentes ou domiciliados no exterior sujeitamse às mesmas normas de tributação previstas para os residentes ou domiciliados no País, em relação aos: I rendimentos decorrentes de aplicações financeiras de renda fixa; II ganhos líquidos auferidos em operações realizadas em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas; Fl. 768DF CARF MF 6 III rendimentos obtidos em aplicações em fundos de renda fixa e de renda variável e em clubes de investimento. Parágrafo único.Sujeitamse à tributação, nos termos dos arts 782 e 783 os rendimentos e ganhos de capital decorrentes de aplicações financeiras, auferidos por fundos, sociedades de investimento e carteiras de valores mobiliários de que participem, exclusivamente, pessoas físicas ou jurídicas, fundos ou outras entidades de investimento coletivo, residentes, domiciliados ou com sede no exterior. Art.685.Os rendimentos, ganhos de capital e demais proventos pagos, creditados, entregues, empregados ou remetidos, por fonte situada no País, a pessoa física ou jurídica residente no exterior, estão sujeitos à incidência na fonte: Ià alíquota de quinze por cento, quando não tiverem tributação específica neste Capítulo, inclusive: a)os ganhos de capital relativos a investimentos em moeda estrangeira; b)os ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos; c)as pensões alimentícias e os pecúlios; d)os prêmios conquistados em concursos ou competições; IIà alíquota de vinte e cinco por cento: a)os rendimentos do trabalho, com ou sem vínculo empregatício, e os da prestação de serviços; b) ressalvadas as hipóteses a que se referem os incisos V, VIII, IX, X, e XI do art. 691, os rendimentos decorrentes de qualquer operação, em que o beneficiário seja residente ou domiciliado em país que não tribute a renda ou que a tribute à alíquota máxima inferior a vinte por cento, a que se refere o art. 245 §1º Prevalecerá a alíquota incidente sobre rendimentos e ganhos de capital auferidos pelos residentes ou domiciliados no País, quando superior a quinze por cento. §2º No caso do inciso II, a retenção na fonte sobre o ganho de capital deve ser efetuada no momento da alienação do bem ou direito, sendo responsável o adquirente ou o procurador, se este não der conhecimento, ao adquirente, de que o alienante é residente ou domiciliado no exterior. §3º O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no País Lei 9.249/95 Art. 18. O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no País Fl. 769DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 767 7 Lei nº 10.833/03 Art. 26. O adquirente, pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no Brasil, ou o procurador, quando o adquirente for residente ou domiciliado no exterior, fica responsável pela retenção e recolhimento do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital a que se refere o art.18 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, auferido por pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no exterior que alienar bens localizados no Brasil (...) Art. 47. Sem prejuízo do disposto no art.10 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995 e no art. 7º da Lei nº 9.959, de 27 de janeiro de 2000, o ganho de capital decorrente de operação, em que o beneficiário seja residente ou domiciliado em país ou dependência com tributação favorecida, a que se refere o art. 24 da Lei nº 9.430 de 27 de dezembro de 1996, sujeitase à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de 25% (vinte e cinco por cento). Para solução da controvérsia posta nos autos, entendo fundamental a análise das seguintes questões: a) A incorporação de ações pode ser definida como espécie de alienação prevista no artigo 3º, §3º da Lei 7.713/88? b) O recebimento das ações da empresa incorporadora pelos sócios da incorporada caracteriza integralização de capital com bens? c) a tributação do ganho apurado na incorporação das ações pode ser tributada pelo Imposto de Renda Pessoa Física, mesmo não tendo havido qualquer recebimento ou fluxo de recursos? 1) PRELIMINARES O Recorrente alega que o lançamento em questão é nulo em razão dos seguintes fatos: a) não lhe foi dada a oportunidade de se manifestar sobre os documentos apresentados pela TM CACHOEIRA, uma das sócias da MAEDA, os quais foram utilizados pela fiscalização para lavratura do auto de infração; b) a autuação estaria exigindo crédito tributário já pagos por terceiros. Quanto a primeira alegação, não há que se falar em ofensa ao princípio do contraditório, uma vez que o procedimento de fiscalização é de natureza inquisitorial. Como esclarece JAMES MARINS: Na etapa fiscalizatória, não há porém, processo, exceto quando já se chegou à etapa litigiosa, após o ato de lançamento ou de imposição de penalidades e sua respectiva impugnação. Nesse caso, por já estar configurada a litigiosidade diante da pretensão estatal (tributária ou sancionatória) poderá haver fiscalização com o objetivo de carrear provas ao Processo Administrativo. A fiscalização levada a efeito como etapa preparatória do ato de lançamento tem caráter meramente procedimental. Disso decorre que as discussões que trazem à etapa anterior ao lançamento questões concernentes a Fl. 770DF CARF MF 8 elementos tipicamente processuais, em especial as garantias do due process of law, confundem momentos logicamente distintos. Primeiramente, não há processo, há procedimento que atende a interesses da Administração. O escopo de tal procedimento é justamente fundamentar um ato de lançamento e, em certos casos, instruir um eventual processo futuro. “O procedimento administrativo fiscalizador interessa apenas ao Fisco e tem finalidade instrutória, estando fora da possibilidade, ao menos enquanto mera fiscalização, dos questionamentos processuais do contribuinte. É justamente a presença, ou não, de uma pretensão deduzida ante ao contribuinte, que separa o procedimento, atinente exclusivamente ao interesse do Estado, do processo, que vincula, além dos Estado, o contribuinte.” A característica inquisitorial do lançamento é reconhecida pelo Superior Tribunal de Justiça, conforme se observa pela ementa abaixo transcrita: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. ARBITRAMENTO. AFERIÇÃO INDIRETA. IRREGULARIDADE NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. REVISÃO. MATÉRIA FÁTICOPROBATÓRIA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7∕STJ. 1. Hipótese em que o Tribunal de origem consignou, com base na prova dos autos, que "o procedimento administrativo tributário, antes da consumação do lançamento fiscal, é eminentemente inquisitório, já que o contribuinte deve apenas suportar os poderes de investigação do fisco e colaborar com a prestação de informações e documentos, justamente para que a verdade material seja alcançada. Após a notificação do contribuinte acerca do lançamento, abrese a possibilidade de contraditório e de ampla defesa, o que de fato foi oportunizado à empresa embargante. Conquanto esse momento seja próprio para que o contribuinte apresente as provas e os documentos hábeis a refutar os vícios e as falhas na contabilidade que ensejaram o arbitramento, a empresa, na via administrativa, não cumpriu com o seu ônus a contento. Tentou suprir a falha na via judicial, juntando a este processo balancetes mensais e GRPS, contudo, não é possível, pelo simples exame desses elementos de prova, constatar que a desconsideração da contabilidade da empresa resulta da simples escrituração errônea de alguns fatos contábeis" (fl. 627, eSTJ). 2. A revisão desse entendimento implica reexame de fatos e provas, obstado pelo teor da Súmula 7∕STJ. 3. Agravo Regimental não provido. (AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.445.477 – S, Relator: Ministro Herman Benjamin, DJ 24/06/2014) Em relação a nulidade relativa ao valor do lançamento que teria deixado de considerar os valores posteriormente recolhidos entendo se confundem com o mérito e, por isso, será juntamente com ele analisada. Em face do exposto, rejeito as preliminares. Fl. 771DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 768 9 2) DA NATUREZA JURÍDICA DA INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. Conforme ressaltado pela Procuradoria da Fazenda, existe grande controvérsia quanto a natureza jurídica do instituto da Incorporação de Ações. Os pontos comuns em todas as manifestações (fiscalização, recorrente, procuradoria da fazenda) é o de que a incorporação de ações é uma modalidade de concentração empresarial em que se mantém a personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas, passando, assim, a ter um só acionista (subsidiária integral). Ao buscar subsídio da jurisprudência deste Conselho, verificase que a Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao analisar a questão no Acórdão 9202003.579, na sessão de 03 de março de 2015, adotou o posicionamento da corrente que entende que a Incorporação de Ações se caracteriza como permuta não havendo, portanto, ganho de capital a ser tributado pelo Imposto de Renda Pessoa Física. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2008 IRPF OPERAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE AÇÕES INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. A figura da incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei n° 6.404/76, difere da incorporação de sociedades e da subscrição de capital em bens. Com a incorporação de ações, ocorre a transmissão da totalidade das ações (e não do patrimônio) e a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios, pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, devem, apenas, promover tal alteração em suas declarações de ajuste anual. Ademais, nos termos do artigo 38, § único, do RIR/99, a tributação do imposto sobre a renda para as pessoas físicas está sujeita ao regime de caixa, sendo que, no caso, o contribuinte não recebeu nenhum numerário em razão da operação autuada. Não se aplicam à incorporação de ações o artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713/88, nem tampouco o artigo 23 da Lei n° 9.249/95. Inexistência de fundamento legal que autorize a exigência de imposto de renda pessoa física por ganho de capital na incorporação de ações em apreço.Recurso especial negado. (grifamos) Fl. 772DF CARF MF 10 Ao elaborar o voto vencedor, o Conselheiro Manoel Coelho Arruda Junior, após mencionar a divergência nas decisões do CARF sobre o tema, assim expões suas razões: Sob minha ótica, “incorporação de ações” não se confunde com “incorporação de sociedades” nem tampouco com “subscrição de capital em bens” e, portanto, inexiste fundamento legal que dê sustentação ao lançamento. Na incorporação de empresas, ocorre a transmissão do patrimônio da incorporada para a incorporadora, com a extinção daquela. Já a integralização de capital consiste na subscrição de capital, quando uma sociedade comercial é constituída, ou seja, os sócios assinam um termo prometendo injetar valores na empresa, quer sob a forma de dinheiro ou de bens e direitos A integralização do capital é o cumprimento da promessa, quando do sócio efetivamente entrega os valores ou bens para a empresa. O artigo 23 da Lei n° 9.249/95 trata de operações de transferência de bens e direitos a título de integralização de capital, sendo, pois, inaplicável ao caso, segundo penso, na medida em que incorporação de ações não representa subscrição de capital em bens. Pela não ocorrência de alienação, mas de mera substituição, de participação societária, entendo que não pode dar sustentação à exigência o artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713/88. Já pela figura da incorporação de ações, transmitese a totalidade das ações (e não do patrimônio), sendo que a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem, obviamente, ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios, pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, deverão, apenas, promover a alteração acima referida em suas declarações de ajuste anual. (...) No mesmo sentido, leciona NELSON EIZIRIK [Incorporação de ações: aspectos polêmicos. São Paulo: Editora Quartier Latin do Brasil, 2009, p. 7899]: A incorporação de ações constitui a operação pela qual uma sociedade anônima é convertida em subsidiária integral de outra companhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n. 6.404/1976. A incorporação de ações para o fim de constituição de subsidiária integral constitui manifestamente um instituto Fl. 773DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 769 11 jurídico decorrente do processo crescente de concentração empresarial. O moderno capitalismo caracterizase, conforme pode ser observado na prática de negócios, por um alto grau de concentração econômica , o qual decorre de três fatores essenciais: a) da existência de economias de escala que a concentração possibilita, quer ao nível da unidade técnica de produção, quer ao nível da gestão empresarial, dado que os empresários buscam sempre minimizar seus custos de produção e de distribuição dos produtos; b) o impacto dos avanços tecnológicos na produção econômica; como a inovação tecnológica constitui uma das principais fontes de lucros das empresas e dada a maior dificuldade de seu desenvolvimento em unidade isoladas de produção, há uma tendência crescente para a concentração; c) da necessidade de diversificação na produção e distribuição dos produtos, com a consequente diminuição dos riscos inerentes a uma atividade monoprodutora. É inegável que uma das funções básicas do moderno direito societário é a de prover os instrumentos jurídicos adequados à instrumentalização e disciplina legal do processo de concentração empresarial. Nesse sentido, podemos verificar, conceitualmente, a existência de dois grandes grupos de instrumentos jurídicos societários aptos a instrumentalizarem a concentração empresarial: a dois institutos que permitem a conjugação de atividades, porém mantida a personalidade jurídica das empresas, como ocorre com os grupos de sociedades; e a dois institutos que instrumentalizam a concentração por integração ou interpretação societária, como ocorre nas fusões e incorporações , em que desaparece a personalidade jurídica de uma das empresas envolvidas. Além dos institutos clássicos acima referidos, a disciplina jurídicosocietária prevê determinados institutos híbridos, como é o caso da incorporação de ações para constituição de subsidiária integral, na qual procedese a uma modalidade de concentração empresarial em que se mantém a personalidade jurídica da companhia cujas ações são incorporadas, passando ela, porém a ter apenas um acionista. [...] Tratase, portanto, de típica operação de integração empresarial, que não se confunde com a operação de aumento de capital, embora traga, como uma de suas consequências, por força da incorporação das ações da incorporada ao capital da incorporadora, o aumento de capital desta última. [...]A subscrição constitui o ato pelo qual alguém transfere a título de propriedade bens ou direitos de seu patrimônio para Fl. 774DF CARF MF 12 o patrimônio da sociedade, passando tais bens ou direitos a integrar o fundo comum ou social. Em contrapartida à conferência dos bens para a integralização do capital social, são atribuídas ao subscritor, que passará a gozar, a partir de então, do ‘status socii’. A subscrição de capital em bens, está prevista nos artigos 7º a 10 da Lei das S.A, encerra um contrato entre a sociedade e o novo acionista. Na incorporação de ações, por outro lado, é estabelecida uma relação entre duas sociedades – a incorporadora e aquela cujas ações serão incorporadas. Verificase, assim, a convergência de vontades entre as duas companhias, cujas assembleias aprovam a operação de incorporação de ações pode ser deliberada por maioria, não exigindo a unanimidade. [...] Uma outra diferença entre a subscrição e a incorporação de ações centrase no elemento vontade. Com efeito, na subscrição, o subscritor manifesta sua vontade de se tornar sócio da companhia. Tratase de ato unilateral e voluntário, pelo qual a pessoa que deseja se tornar acionista da sociedade manifesta a sua vontade de contribuir para o capital social, obrigandose por determinado número de ações. Na incorporação de ações, ao contrário, prescindese da vontade do acionista da companhia cujas ações serão incorporadas. A operação é aprovada por maioria e independentemente da vontade do acionista minoritário, cabendolhe, apenas no caso de dissidência, o exercício do direito de recesso. Na incorporação de ações, assim, haverá subscrição, independentemente da vontade do acionista minoritário, de ações da sociedade incorporadora com a totalidade das ações do capital social da companhia cujas ações serão incorporadas. [...] Na incorporação de ações, assim como ocorre na incorporação de sociedades, os acionistas da companhia incorporada perdem a titularidade das ações de sua propriedade e, em contrapartida, recebem ações de emissão da incorporadora. Contudo, a operação de incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei Societária, não se confunde com a incorporação de sociedades. Nos termos do artigo 227 da Lei Societária, a incorporação de sociedade constitui operação mediante a qual uma das sociedades é absorvida por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações. Assim, em decorrência da incorporação, a sociedade incorporada desaparece e o seu patrimônio é incorporado à sociedade incorporadora, que realiza um aumento de capital a ser subscrito com a versão do patrimônio da incorporadora. Fl. 775DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 770 13 Os acionistas da incorporadora perdem os direitos que tinham em relação ao patrimônio da sociedade extinta e passam a ser acionistas da sociedade incorporadora, recebendo, em substituição às suas antigas ações, ações de emissão da sociedade incorporadora. A Lei n. 6.404/76 especificou, nos três parágrafos do artigo 227, o procedimento a ser observado tanto pela companhia incorporadora quanto pela incorporada. Por sua vez, a incorporação de ações, como antes referido, constitui operação pela qual uma sociedade anônima é convertida em subsidiária integral de outra companhia brasileira, estando expressamente prevista no artigo 252 da Lei n. 6.404/76. Não há, na hipótese prevista no artigo 252 da Lei das SA, embora a norma mencione “incorporação” de ações, incorporação de uma sociedade por outra. (...) [...]A incorporação de ações disciplinada no artigo 252 da Lei das S.A constitui negócio plurilateral, cujo objeto é a integração de participação societária, mediante a agregação de todas as ações da incorporadora ao patrimônio da incorporadora, mantida a personalidade jurídica da incorporada. Ou seja, não há, na incorporação de ações, a extinção da sociedade, cujas ações foram “incorporadas”, muito menos a sucessão em seus direitos e obrigações. (... ) Uma das principais características da operação de incorporação de ações é a compulsoriedade da transferência das ações dos acionistas, independentemente de seu consentimento. Isto é, verificase a total ausência do elemento volitivo para a efetivação e concretização deste tipo de operação. (grifos no original) (...) A partir dessa conclusão, surgem algumas indagações: a) o contribuinte que consta da autuação pessoa fisica percebeu/recebeu algo em operação? Entendo que não, pois não houve a venda de ações. Não houve realização monetária neste momento; b) Ocorreu integralização de capital por pessoa física, sujeita a tributação pela Lei 9.249? Entendo que não, pois houve incorporação de ações, entre pessoas jurídicas, instituto jurídico definido em lei, diverso da integralização de ações Fl. 776DF CARF MF 14 c) Há hipótese de incidência do IRPF nessa operação, sobre a pessoa física? Entendo que haverá quando a pessoa física vender suas ações. Aliás, é bom destacar que a Declaração de Rendimentos da Pessoa Física do contribuinte, sujeito passivo da relação jurídicotributária, não foi alterada, persistindo com o mesmo valor, mesmo após a incorporação de ações, haja vista que não houve alteração do patrimônio. Não se deve esquecer as lições do Professor Alberto Xavier que leciona: "A tributação sobre eventual ganho de capital apenas ocorrerá caso de alienação futura das ações da companhia incorporadora, sendo então tal ganho a diferença entre o preço de alienação e o custo originário constante da declaração de bens"; d) Por derradeiro, questionase: sendo o contribuinte acionista com poder de decisão na assembleia geral e, por conseguinte, definido a incorporação, não seria a hipótese de se tributar pela existência de elemento de vontade? Entendo que não, pois, conforme lições do Professor NELSON EIZIRIK, na incorporação de ações é estabelecida uma relação entre duas sociedades – a incorporadora e aquela cujas ações serão incorporadas. Verificase, assim, a convergência de vontades entre as duas companhias, cujas assembléias aprovam a operação de incorporação de ações pode ser deliberada por maioria, não exigindo a unanimidade. Ademais, na incorporação de ações, ao contrário, prescindese da vontade do acionista da companhia cujas ações serão incorporadas. A operação é aprovada por maioria e independentemente da vontade do acionista minoritário, cabendolhe, apenas no caso de dissidência, o exercício do direito de recesso. (grifamos) Assim como precedente supra mencionado, entendo que a incorporação de ações não configura alienação e, por esse motivo, não poderia se sujeitar ao imposto de renda sobre ganho de capital. Ademais, conforme será demonstrado a seguir, ainda que se considere que a natureza jurídica da operação configure alienação, ausente o aspecto temporal da realização da renda, uma vez que à operação analisada aplicase o regime jurídico próprio das pessoas físicas. 2) DA REALIZAÇÃO DA RENDA NO IMPOSTO DE RENDA SOBRE GANHO DE CAPITAL NAS PESSOAS FÍSICAS. O artigo 18 da Lei nº 9.249/95 determina que os investidores não residentes, sendo eles pessoas físicas ou jurídicas, estão sujeitos às mesmas regras estabelecidas para as pessoas físicas no que diz respeito aos ganhos de capital: "Art. 18 O ganho de capital auferido por residente ou domiciliado no exterior será apurado e tributado de acordo com as regras aplicáveis aos residentes no país. O artigo 26 da Instrução Normativa nº 208/2002 corrobora essa conclusão ao determinar que: "Art. 26 a alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva Fl. 777DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 771 15 sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. Dessa forma, o regime jurídico aplicável à operação autuada é aquele previsto para as pessoas físicas, motivo pelo qual, as conclusões do precedente acima transcrito são aplicáveis ao caso em questão. O código tributário nacional, ao definir o conceito de renda, não tratou da chamada realização da renda. Menciona apenas, em seu artigo 43, a confusa e controversa expressão "disponibilidade jurídica e econômica": "Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Independente da natureza jurídica atribuída a operação de incorporação de ações, entendo que a solução da controvérsia requer também a resposta à seguinte questão: de acordo com a nossa legislação, quando se dá a realização da renda no caso do imposto de renda pessoa física? Para responder a essa pergunta é imprescindível lembrar que os conceitos utilizados na definição de renda das pessoas físicas e pessoas jurídicas são distintos. O conceito de renda no caso das pessoas físicas é tratado pela legislação como "fluxo" e nas pessoas jurídicas como acréscimo. O artigo 43 do CTN deu conta dos diversos regimes jurídicos utilizados para tributação, respectivamente, da renda das pessoas jurídicas e físicas. Conforme esclarece Misabel Derzi: "É preciso registrar nos países ocidentais, separa os contribuintes em pessoas físicas e jurídicas e submeteos a tratamento jurídico distintos. Podemos falar em dois conceitos de renda diferenciados: o primeiro é utilizado pela lei para apurar a renda da pessoa física e o outro é empregado na determinação da renda da pessoa jurídica. Deriva daí o conceito ambíguo e complexo do Código Tributário Nacional, que procurou abranger, de forma mais ampla possível, ambos os tratamentos jurídicos. Do ponto de vista econômico fiscal, classicamente, também são duas as principais corrente que buscam apreender o conceito de renda: 1 como excedente, ou acréscimo de riqueza, considerando o fluxo de satisfações e serviços consumidos (Irving Fischer) ou meramente disponíveis (Hewett), representados por seu valor monetário, fluxo que engloba as entradas e saídas em um período determinado de tempo. É conceito que melhor se ajusta àquele empregado pelo legislador na apuração da renda da pessoa física. Fl. 778DF CARF MF 16 (...) 2como acréscimo de valor ou de poder econômico ao patrimônio, apurada a renda pela comparação dos balanços de abertura e de encerramento de determinado período. É o conceito utilizado na apuração da renda da pessoa jurídica, especialmente as sociedades comerciais. (...) Explica K. Tipke (Steurrecht. Ein sytmaticher Grundriss. 9. Köl, 1983, p. 213) que o dualismo tem longa tradição,pois ainda no século XIX, a lei cedeu às exigências dos empresários do comércio e da indústria, que insistiram em identificar o lucro com o resultado da contabilidade comercial. A diferença de tratamento legal, dispensado à pessoa física e à pessoa jurídica, ainda hoje, está assentada nos seguintes argumentos: 1. do risco do empreendimento, sendo a atividade empresarial muito mais sensível às oscilações da economia; 2. da necessidade de afetação de um patrimônio às atividades empresariais. Portanto, esse patrimônio, destinado à atividade produtiva, capaz de gerar renda, é cercado de cuidado especial. É renda apenas o que dele deriva, o que dele se cria ou se acresce. Para a pessoa jurídica empresarial, o resultado negativo, ou prejuízo, é perda de capital próprio, perda decorrente de trocas externas que são fluxos financeiros, que saem do patrimônio da sociedade em valor superior ao dos que entram. Mas, além disso, o prejuízo pode decorrer também da perda de valor dos bens do patrimônio, causada pela ocorrência dos riscos a que estão sujeitos, independentemente da saída de fluxo financeiro. (Ver Bulhões Pedreira, Finanças e Demonstrações Financeiras da Companhia, Rio de Janeiro, Ed. Forense, 1989, p. 454.) Ou seja, ainda que o fluxo de receita e despesa, relativo à atividade comercial e produtiva da empresa, se mantenha no mesmo nível, o prejuízo pode advir da perda de bem do ativo por ação da natureza, baixa por se ter tornado inservível, ou venda abaixo do preço de custo. Enfim, o patrimônio da pessoa empresarial, afetado a suas atividades, está sujeito a outros riscos, que podem desgastálo, reduzirlhe a utilidade econômica, ou tornálo obsoleto. Esses decréscimos de valor não são e não podem ser ignorados pelo legislador, permitinhdolhes a dedução, a fim de que possa ser reposto, recomposto e mantido o patrimônio empresarial, do qual depende a sobrevivência do empreendimento econômico. (BALEEIRO, Aliomar Direito Tributário Brasileiro 10ª edição , 1999, Ed.Forense, p. 289/290, atualizado por Misabel Abreu Machado Derzi)(grifamos) A legislação, por sua vez, ao tratar do imposto de renda pessoa física deu conta desses conceitos diferenciados. Em se tratando de IRPF, o elemento fundamental é o fluxo de recursos financeiros, conforme se verifica pelo disposto no artigo 38 do Regulamento do Imposto de Renda: "Art. 38. A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição Fl. 779DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 772 17 jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. Parágrafo único. Os rendimentos serão tributados no mês em que forem recebidos, considerado tal o da entrega de recursos pela fonte pagadora, mesmo mediante depósito em instituição financeira a favor do beneficiário. (grifamos) Em razão dos diferentes conceitos de renda acima expostos, entendo que a resolução da controvérsia dos autos não se limita à resposta sobre a natureza jurídica da operação de incorporação de ações. É imprescindível também que se responda a seguinte questão: em que momento ocorre a realização da renda no imposto de renda pessoa física tendo em vista o conceito de renda como fluxo? Como demonstrado acima, a alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. Sendo assim, é fundamental que se esclareça quando ocorre a realização da renda no imposto de renda pessoa física. Como esclarece Brandão Machado ao tratar do conceito de renda: XXXIII Em parecer emitido em 1970, Rubens Gomes de Souza explicou que a expressão disponibilidade econômica corresponde a rendimento ou provento realizado, isto é, em dinheiro, e disponibilidade jurídica corresponde a rendimento ou provento adquirido, mas ainda não realizado. A disponibilidade econômica inclui a jurídica. Em outro parecer do mesmo ano, o tributarista voltou a tratar do tema, quando, então, afirmou que a aquisição da disponibilidade econômica significa realização da renda. Por realização, Rubens Gomes de Souza entendia a manifestação, pela fonte produtora, de um acréscimo de valor patrimonial a que o titular do rendimento tem direito adquirido (ou virá a ter) em razão de título jurídico atual ou futuro; e disponibilidade jurídica vem a ser o que os financistas chamam separação da renda, que é o fato de o lucro de uma empresa, por exemplo, ser efetivamente distribuído como dividendo (...) (MACHADO, Brandão Breve exame crítico do art. 43 do CTN, in " Estudos sobre o Imposto de Renda em memória de Henry Tilbery, coord. Ives Gandra da Silva Martins, Editora Resenha Tributária Ltda, São Paulo, Julho /94, p. 122) Em outro artigo, ao tratar da não incidência do imposto de renda sobre ganho de capital na promessa de venda de ações, o mencionado autor destaca que, embora presente na tributação da pessoa jurídica, é na tributação das pessoas físicas que a realização da renda se torna mais imperativa: XVI Na sistemática da tributação da renda, é fundamental, como hoje universalmente se reconhece, o princípio da realização, por vezes não observado pelo legislador tributário de muitos Estados e descurado da doutrina brasileira. (...) Fl. 780DF CARF MF 18 O princípio da realização está presente na tributação da renda da pessoa física ou jurídica, mas é precisamente na tributação da pessoa física que a aplicação do princípio se torna mais imperativa. (...) . O débito legítimo do imposto de renda pessoa física pressupõe, em regra, disponibilidade financeira obtida no mesmo período em que auferiu a renda (...) De qualquer modo, o que sobreleva é o fato de receber o contribuinte a receita para atender à obrigação de pagar o imposto. Isso é fundamental. (grifamos) (MACHADO, Brandão Imposto de renda. Ganhos de Capital. Promessa de Venda de Ações. DecretoLei nº 1.510, de 1976, in Revista de Direito Tributário Atual, vol 11/12 Editora: Resenha Tributária/IBDT 1992, p.1032) (grifamos) Quanto a esse ponto (realização da renda no imposto de renda pessoa física) a Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 16 de fevereiro de 2016, Acórdão 9202 003.770, firmou o entendimento de que o ganho de capital, nas hipóteses de venda a prazo, se dá no momento do efetivo recebimento dos valores por parte da pessoa física: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2006, 2007, 2008, 2009 DECADÊNCIA OMISSÃO DE RENDIMENTOS GANHO DE CAPITAL. Ganho de capital auferido na alienação do imóvel rural o fato gerador se dá no momento do efetivo ganho de capital. Em sendo o pagamento parcelado o fato gerador também será tomado a cada parcela separadamente. Nesse sentido, merece transcrição o voto da Conselheira Relatora Ana Paula Fernandes: Ora, estamos tratando de ganho de capital, desse modo, por uma questão de interpretação lógica e respeitando a interpretação sistemática do conjunto de normas que compõem o arcabouço legal aplicável ao caso, não resta dúvida, se o pagamento ocorre a prazo o ganho de capital também ocorre a prazo e conseqüentemente o fato gerador se "renova" a cada parcela, observese os arts. 2 e 21, § 2 da Lei 7.713/88. LEI Nº 7.713, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1988. Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Art. 3º (...) § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes Fl. 781DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 773 19 de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. ......... Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. Não há dúvidas de que a tributação do IRPF segue o regime de caixa – o fato gerador ocorre na medida do recebimento de rendimentos. De modo que assiste razão a fazenda nacional quando alega que a ocorrência do fato gerador ou fato imponível faz nascer a obrigação tributária. A alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação. Portanto, o fato gerador não ocorre na data de alienação, mas sim, quando do recebimento das parcelas que representam o ganho de capital (grifamos) Conforme se vê pela decisão acima transcrita, para a Câmara Superior o aspecto temporal do imposto de renda pessoa física ocorre com o recebimento dos rendimentos decorrentes do ganho de capital. Em outras palavras, a decisão acima transcrita afirma, textualmente, que, em se tratando de imposto de renda pessoa física, a "alienação de bens, por si só, não faz nascer a obrigação de pagar tributo, portanto, somente a alienação não constitui fato gerador. É fato gerador o recebimento de rendimentos decorrentes de ganho de capital produzido na alienação" Diante do exposto, a realização da renda só ocorreu no momento em que as sociedades de KILINACO e MAHI alienaram as ações da ECODIESEL que receberam na operação de incorporação ora discutida. 4) CONCLUSÃO Em face de todo exposto, rejeito as preliminares e, no mérito, dou provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Voto Vencedor Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Fl. 782DF CARF MF 20 Congratulo a i. Conselheira Júnia Roberta Gouveia Sampaio, pelo brilhantismo com que fundamentou seu voto. Entretanto, peço vênia para divergir de seu posicionamento, no que toca ao mérito. A principal controvérsia do processo está no questionamento se a incorporação de ações é considerada alienação ou não. Verificando todos os argumentos trazidos pela Relatora, e os julgados já existentes relativos à matéria, filiome à corrente que considera tal operação como alienação, cuja diferença positiva enseja ganho de capital passível de tributação. Tal assertiva foi brilhantemente exposta na declaração de voto da Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo, no Acórdão nº 9202003.579, de 03/03/2015, em que foi abordada matéria e fatos semelhantes aos discutidos nos presentes autos. Por concordar com a tese construída com farta fundamentação legislativa e doutrinária, peço vênia para transcrever trechos do acórdão, adotandoos como razões de decidir: Com efeito, não existe regramatriz de incidência de Imposto de Renda que contemple, especifica e literalmente, o ganho eventualmente obtido na operação de incorporação de ações. Entretanto, isso não significa que a operação se encontre a salvo da tributação, já que também não existe norma legal excluindo ou isentando da tributação tal operação. Assim, resta perquirir se, na esteira da Lei Complementar, bem como do § 4o, do art. 2o, da Lei nº 7.713, de 1988, acima transcrito, o ganho obtido na operação de incorporação de ações, na sua essência e materialidade, estaria contemplado em regramatriz de incidência do Imposto de Renda. Para tanto, é necessário que se abstraia a denominação "incorporação de ações", constante do artigo 252 da Lei nº 6.404, de 1976, cuja impropriedade foi inclusive remarcada pela doutrina, aqui representada por Fran Martins, cujo texto foi colacionado na peça de autuação: "(...) apesar de falar a lei em incorporação (que na realidade não é), permanece existindo a sociedade que se converte em subsidiária integral, pois na verdade as suas ações são transferidas pelos acionistas para a sociedade controladora, recebendo esses acionistas, da primeira sociedade, em troca de suas ações, ações da controladora." (Martins, Fran. Comentários à Lei das Sociedades Anônimas, 4a edição, revista e atualizada por Roberto Papini. Rio de Janeiro: Forense, 2010, p. 1.040) [...] Destarte, verificase que o negocio jurídico tipificado no art, 252 da Lei nº 6.404, de 1976, embora seja denominado "incorporação de ações", tratase, na sua essência, de uma modalidade de alienação, materializada pela transferência de ações, dos sócios daquela que passará a ser subsidiária integral, para a empresa incorporadora, a título de subscrição de capital não com dinheiro, mas sim com bens. Em contrapartida a incorporadora, ao invés de numerário, paga o respectivo preço também em ações. Assim, ocorrendo alienação, a qualquer título, independentemente da denominação que seja atribuída à operação, é cabível a incidência do Imposto de Renda, no caso de eventual ganho, conforme os dispositivos legais já Fl. 783DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 774 21 colacionados, constantes da Lei Complementar e da Lei nº 7.713, de 1988. Mesma linha de raciocínio foi desenvolvido pelo Conselheiro Antonio Bezerra Neto, no acórdão nº 1401001.682, de 09/08/2016, e pelo conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, no Acórdão nº 9202005.618, de 25/07/2017, cujas ementas transcrevo abaixo: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2007 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. NATUREZA JURÍDICA. GANHO DE CAPITAL. TRIBUTAÇÃO. A incorporação de ações por envolver uma transferência de titularidade das ações da incorporada, dadas em pagamento em uma conferência de aumento de capital, para a incorporadora, caracterizase como uma espécie do gênero alienação. No caso concreto, como houve a valorização a preço de mercado das ações dadas em pagamento, gerouse um acréscimo patrimonial tributável pelo ganho de capital. INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ACIONISTA. DIREITO DE RECESSO. A incorporação de ações seguirá os ditames das deliberações das assembleias gerais das companhias incorporadora e incorporada. Os acionistas da incorporada, que não concordarem com o evento de incorporação de ações, tem a opção de se retirar da sociedade, podendo se reembolsar do valor de suas ações. [...] (acórdão nº 1401001.682) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Data do fato gerador: 08/07/2009, 18/08/2009 INCORPORAÇÃO DE AÇÕES. ALIENAÇÃO. GANHO DE CAPITAL. A incorporação de ações constitui uma forma de alienação. O sujeito passivo transfere ações, por incorporação de ações, para outra empresa, a título de subscrição e integralização das ações que compõem seu capital, pelo valor de mercado. Sendo este superior ao valor de aquisição, a operação importa em variação patrimonial a título de ganho de capital, tributável pelo imposto de renda, ainda que não haja ganho financeiro. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional, e sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9202005.618). Diante dessas considerações, entendo que, quando da incorporação das ações da MAEDA pela VANGUARDA AGRO S.A, elas foram reavaliadas a um valor de mercado, Fl. 784DF CARF MF 22 superior ao seu custo, e o resultado da avaliação foi utilizado para integralizar o aumento de capital efetuado pela VANGUARDA AGRO S.A. Quanto ao argumento da não ocorrência da realização da renda, utilizo a seguinte situação hipotética, a fim de demonstrar que a renda se realiza no momento da incorporação de ações. Caso hipotético: as ações das empresas abaixo apresentam os seguintes custos de aquisição: VANGUARDA AGRO S.A.: R$ 10.000,00 MAEDA: R$ 1.000,00 Suponhamos que a VANGUARDA AGRO S.A. esteja interessada em tornar a MAEDA sua subsidiária integral, para isso, ela teria duas alternativas: 1) adquirir ações desta empresa pagando aos acionistas desta em espécie (moeda corrente) ou em bens mensuráveis em espécie, excluindoos da sociedade; 2) pagar essa aquisição com suas próprias ações, mantendo os acionistas na sociedade, situação em que ocorreria uma incorporação de ações da MAEDA. Para isso, a VANGUARDA AGRO S.A teria que saber o valor das ações da MAEDA, a fim de calcular quantas das suas ações seriam necessárias para pagar pelas ações desta empresa. Após a avaliação pelo valor de mercado, por meio de laudo, concluiu que as ações da MAEDA estavam valoradas em R$ 5.000,00. Com isso, a VANGUARDA AGRO S.A resolve aumentar o capital social emitindo ações no valor de R$ 5.000,00, a fim de que os sócios da MAEDA permaneçam na sociedade, subscrevendo essas ações. Veja que pelo § 1º do art. 252 da Lei nº 6.404/76 não há direito de preferência dos acionistas da VANGUARDA AGRO S.A para a subscrição do aumento de capital, como forma de permitir a incorporação das ações, pois, caso eles tivessem direito de preferência, os sócios da MAEDA não conseguiriam subscrever todas as novas ações emitidas pela VANGUARDA AGRO S.A, o que impediria que aquela empresa se tornasse subsidiária integral. De acordo com a situação hipotética, podemos concluir que, para a incorporação de ações houve a necessidade de valorar as ações da MAEDA, o que demonstra a efetiva realização da renda. Na operação foram utilizadas todas as ações valoradas em R$ 5.000,00 para subscrever o aumento de capital da VANGUARDA AGRO S.A. Perceba que a emissão de novas ações pela VANGUARDA AGRO S.A só foi possível após conhecimento do valor das ações da MAEDA. A partir do momento da subscrição das ações, os acionistas da MAEDA têm direito a todos os benefícios decorrentes das ações, tais como, distribuição de lucros, bonificações, dividendos, etc; ou seja, adquirem a efetiva titularidade delas. Isso demonstra dois ganhos que podem ser obtidos quando da subscrição das ações da VANGUARDA AGRO S.A, pelos sócios da MAEDA, suas antigas ações nesta empresa quando valoradas ao valor de mercado, proporcionam um ganho de capital de R$ 4.000,00. Por outro lado, suas ações avaliadas proporcionaram investimento que poderiam lhe render benefícios decorrentes das ações subscritas. Essa hipótese demonstra que a realização da renda se efetiva no momento da incorporação de ações. É certo que, o ganho de capital se dá no momento do efetivo recebimento dos valores por parte da pessoa física, como entende a i. Relatora. Contudo, no caso sob análise, o efetivo recebimento ocorreu no momento da aquisição/incorporação das ações, pois, o Fl. 785DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 775 23 pagamento pela aquisição pode se dar de várias formas, com dinheiro, imóveis, jóias, obras de arte, e também com ações societárias, no caso, as novas ações da VANGUARDA AGRO S.A. Quanto ao argumento da recorrente de que teria ocorrido dupla tributação, com enriquecimento ilícito do Fisco, uma vez que as empresas KILINACO e MAHI alienaram posteriormente suas participações obtendo ganho de capital, e provavelmente tenha sido feita a retenção do imposto de renda, entendo não lhe assistir razão. Ora, a defesa alega a cobrança de tributo em duplicidade sem trazer aos autos qualquer comprovante de recolhimento que suporte tal alegação. O fato de as empresas KILINACO e MAHI terem alienado posteriormente suas participações societárias, obtendo ganho de capital, não tem qualquer relação com a operação da recorrente, por se referirem a fatos geradores diversos, e terem ocorrido em diferentes momentos. Portanto, não encontro motivo para acolher tal alegação. Com relação ao reajustamento da base de cálculo, considero ter sido efetuado corretamente, em função de o art. 26 da Lei nº 10.833/2003 estabelecer a responsabilidade da fonte situada no Brasil pela retenção e recolhimento quando se tratar de pagamento a residente ou domiciliado no exterior, assim, quando a recorrente deixa de efetuar a retenção, assume para si o ônus do imposto que seria devido pelo beneficiário, não exigindo a Lei nº 4.154/62 o acordo entre as partes, porque a assunção do ônus é estabelecida pela própria Lei. Nesse sentido, cabe transcrever trecho do acórdão nº 2201003.745, de 05/07/2017, cujos fundamentos adoto como razões de decidir: Reajustamento da base de cálculo Quanto ao reajustamento da base de cálculo, afirma a recorrente que tal prática ofenderia o princípio da legalidade, uma vez que não haveria previsão legal. Ocorre, entretanto, que a Lei nº 4.154, de 28 de novembro de 1962, expressamente prevê que: Art. 5o Ressalvados os casos previstos nos artigos 100 e 101 do Regulamento mencionado no artigo 1o, quando a fonte pagadora assumir o ônus do imposto devido pelo beneficiado, a importância paga, creditada, empregada, remetida ou entregue, será considerada como líquida, cabendo o reajustamento do respectivo rendimento bruto, sobre o qual recairá o tributo. Esta é uma medida de isonomia, já que garante ao mesmo benefício percebido a mesma tributação, de forma que haverá idêntica incidência tributária quando dois contribuintes tiverem recebido de suas fontes pagadoras idêntico valor. É também uma medida de controle fiscal, já que impede a manipulação do valor que serve como base de cálculo, impedindo que a fonte considere apenas a parcela efetivamente transferida ao beneficiário (líquido) e não o rendimento efetivo (bruto). Acrescento que, a assunção do ônus se presume não por declaração de vontade, mas pelo comportamento adotado pela fonte pagadora ao fazer a transferência do Fl. 786DF CARF MF 24 valor integral ao beneficiário do rendimento, quando cabia a ela proceder à retenção de parte dele. A recorrente alega a incorreção na apuração da base de cálculo, pois no seu entendimento deveria ter sido efetuada integralmente em moeda estrangeira. Tal alegação já foi rebatida com precisão pelo acórdão recorrido, motivo pelo qual adota os seguintes trechos como razões de decidir: [...] com relação à apuração do ganho de capital, aplicamse as orientações contidas no art. 26 da Instrução Normativa SRF nº 208, de 27 de setembro de 2002, que assim esclarece: "Art. 26. A alienação de bens e direitos situados no Brasil realizada por nãoresidente está sujeita à tributação definitiva sob a forma de ganho de capital, segundo as normas aplicáveis às pessoas físicas residentes no Brasil. § 1o O ganho de capital é determinado pela diferença positiva entre o valor de alienação e o custo de aquisição do bem ou direito. § 2o O custo de aquisição dos bens ou direitos adquiridos: I até 1995 pode ser atualizado com base nos índices constantes no Anexo I; II a partir de 1996 não está sujeito a atualização. § 3o O valor de aquisição do bem ou direito para fins do disposto neste artigo deve ser comprovado com documentação hábil e idônea. § 4o Na impossibilidade de comprovação, o custo de aquisição é: I apurado com base no capital registrado no Banco Central do Brasil, vinculado à compra do bem ou direito; II igual a zero, nos demais casos. § 5º Na apuração do ganho de capital de nãoresidente não se isenções e reduções previstas para o residente no Brasil " (grifou se) Analisando o disposto no art. 18 c/c o art. 17 da Lei n° 9.249, de 1995, no § 3o do art. 685 do Decreto n° 3.000, de 1999, bem como as orientações contidas no art. 26 da Instrução Normativa SRF n° 208, de 2002, é de se concluir que o ganho de capital auferido por nãoresidente no País é determinado pela diferença positiva entre o valor de alienação (em Reais) e o custo de aquisição (em Reais) do bem, este podendo ser atualizado monetariamente até 31 de dezembro de 1995, sendo que, na impossibilidade de comprovação com documentação hábil e idônea, o custo de aquisição deve ser apurado com base no capital registrado no Banco Central do Brasil (vinculado à compra do bem ou direito) ou ser igual a zero. Neste ponto, registrese que o custo de aquisição apurado pela fiscalização fora aquele informado em reais em contratos de Fl. 787DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 776 25 câmbio apresentados pela própria contribuinte como comprovantes dos pagamentos efetuados pelas empresas KILINACO e MAHI quando da integralização do capital da empresa MAEDA. Estes valores, inclusive, são comprovados (observadas as alterações cambiais, como bem destaca a contribuinte) pelas atas de assembléia extraordinária, colacionadas pela impugnante, onde determinadas as operações de integralização de capital. Reprisese: as operações foram todas realizadas em moeda nacional, havendo documento hábil a comprovar tais valores, tornando desnecessária qualquer conversão em dólar para posterior conversão em reais. (Grifos no original). Diante do acima exposto, entendo não caber qualquer alteração na base de cálculo. Juros sobre multa de ofício Cabe destacar que, ao contrário do que entende a impugnante, a legislação autoriza a cobrança de juros de mora sobre o valor da multa de ofício. Registrese, que, a teor das disposições contidas nos artigos 113, § 1º, e 139 do Código Tributário Nacional (CTN), verificase que a penalidade pecuniária, a despeito de não ser tributo, faz parte do crédito tributário. Por conseguinte, temse que a cobrança das multas lançadas de ofício deve receber o mesmo tratamento dispensado pela legislação ao crédito tributário. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. [...] Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. (Grifouse) Ressaltese que a fundamentação para a futura cobrança dos juros de mora sobre a multa de ofício é sustentada no art. 161 do CTN, quando dispõe acerca da incidência de juros de mora sobre o crédito tributário não pago no vencimento, que são devidos seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo das penalidades cabíveis: Código Tributário Nacional (CTN): Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. O art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, dispõe sobre a incidência dos juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados Fl. 788DF CARF MF 26 pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorram a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica. Essa mesma lei, em seu art. 43, estabelece expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento, e de um por cento no mês de pagamento. O caput do artigo se refere à formalização de exigência de crédito tributário correspondente, exclusivamente, a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Lei n.º 9.430/96: Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. [...] Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Lei nº 9.716, de 1998). (Grifouse) Dessa forma, o CTN admite a incidência de juros de mora sobre as multas lançadas de ofício. Ademais, a Lei nº 10.522/02, por meio de seu art. 17, incluiu o § 8º no art. 84 da Lei nº 8.981/95, que dispõe, de forma geral, que os juros de mora se aplicam aos demais créditos da Fazenda Nacional, cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional. Assim, ainda que se interprete que a exigência de juros de mora sobre a multa de ofício, após seu vencimento, não está incluída no art. 61 da Lei nº 9.430/96, prospera a interpretação de que os juros são devidos sobre a multa de ofício, considerandose o disposto no § 8º do art. 84 da Lei nº 8.981/95. Cabe reiterar, no caso, que o conceito de crédito tributário abrange a multa de ofício, de forma que, não efetuado o pagamento no prazo legal, o contribuinte se caracteriza em débito para com a União, incidindo juros de mora sobre o principal e a multa de ofício. Conclusão Fl. 789DF CARF MF Processo nº 16561.720011/201589 Acórdão n.º 2202004.360 S2C2T2 Fl. 777 27 Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar as preliminares e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Redatora Designada. Fl. 790DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.725280/2012-76
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jul 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
RECURSO ESPECIAL. ART. 67 DO RICARF. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA.
Deve ser conhecido o Recurso Especial da Divergência quando restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência foi aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AUTUAÇÃO PELO REGIME DE CAIXA. RECÁLCULO PARA APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSSIBILIDADE.
Consoante decidido pelo STF na sistemática estabelecida pelo art. 543-B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o Imposto de Renda Pessoa Física sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência, sem qualquer óbice ao recálculo do valor devido, para adaptá-lo às determinações do RE.
Numero da decisão: 9202-006.874
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Redatora Designada e Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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ART. 67 DO RICARF. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. Deve ser conhecido o Recurso Especial da Divergência quando restar comprovado que, em face de situações equivalentes, a legislação de regência foi aplicada de forma divergente, por diferentes colegiados. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. AUTUAÇÃO PELO REGIME DE CAIXA. RECÁLCULO PARA APLICAÇÃO DO REGIME DE COMPETÊNCIA. POSSIBILIDADE. Consoante decidido pelo STF na sistemática estabelecida pelo art. 543B do CPC no âmbito do RE 614.406/RS, o Imposto de Renda Pessoa Física sobre os rendimentos recebidos acumuladamente deve ser calculado de acordo com o regime de competência, sem qualquer óbice ao recálculo do valor devido, para adaptálo às determinações do RE. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões do recurso voluntário, vencidas as conselheiras Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri (relatora), Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes, que lhe negaram provimento. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada e Presidente em Exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 52 80 /2 01 2- 76 Fl. 138DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão que deu provimento ao recurso voluntário do contribuinte para determinar o cancelamento do lançamento por meio do qual exigese IRPF sobre rendimentos recebidos acumuladamente em razão de decisão proferida em ação judicial. O acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2011 IRPF. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. FORMA DE TRIBUTAÇÃO. JULGAMENTO DO STF EM REPERCUSSÃO GERAL. Nos casos de rendimentos recebidos acumuladamente, deve o imposto de renda ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em deveriam ter sido pagos, sob pena de violação dos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, consoante assentado pelo STF no julgamento do RE nº 614.406 realizado sob o rito do art. 543B do CPC, não prosperando, assim, lançamento constituído em desacordo com tal entendimento. Inconformado com a decisão, a Fazenda Nacional apresentou o presente recurso. A recorrente requer a aplicação ao caso do entendimento externado no acórdão paradigma o qual encaminhou pela manutenção do auto de infração, apenas determinando a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação das tabelas progressiva vigentes na época da aquisição dos rendimentos regime de competência. Intimado o contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pelo não conhecimento do recurso e no mérito pelo seu não provimento. De forma resumida arguiu o recorrido que a o direito de a Fazenda Nacional pleitear a manutenção do lançamento com o recálculo do valor apurado estaria precluso uma vez que tal tese foi expressamente afastada pela Delegacia de Julgamento quando da análise da peça de impugnação. Afirma que há uma verdadeira desorientação da recorrente sendo incompreensível seus argumentos. Defende que quando da apresentação da respectiva declaração do imposto, considerando que as verbas acumuladas foram recebidas em abril/2010, usou da prerrogativa constante do §7º do art. 12A Fl. 139DF CARF MF Processo nº 11065.725280/201276 Acórdão n.º 9202006.874 CSRFT2 Fl. 139 3 da Lei nº 7.713/88, direito que não pode ser afastado pela IN 1.127/11, a qual fixou data diversa da lei. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Da delimitação da lide: Inicialmente, diante do teor da peça de contrarrazões, se faz importante expor que este Colegiado não tem competência para se manifestar sobre o pedido de restituição elaborado pelo contribuinte. Primeiro porque não se trata de matéria que foi objeto de recurso especial e, portanto, não preenche as exigências formais do art. 67 do RICARF, e segundo porque tratase de tema expressamente enfrentado pela Delegacia de Julgamento que assim entendeu: "Quanto ao pedido de restituição formulado ao final da impugnação, refiro que o mesmo deverá ser formulado à Delegacia da Receita Federal em Novo Hamburgo a qual, de acordo com Regimento Interno da Receita Federal do Brasil, é o órgão competente para apreciar pedido desta espécie." Contra esse entendimento o contribuinte não fez qualquer contraponto no seu Recurso Voluntário, razão pela qual devese concluir pelo trânsito em julgado da matéria. Do Conhecimento: Antes de analisarmos o mérito, pertinente também tecer algumas considerações acerca do conhecimento do recurso. Conforme exposto no relatório, por meio do Recurso Especial a Fazenda Nacional devolve a este Colegiado a discussão acerca do critério utilizado para o cálculo do IRPF incidente sobre rendimento recebidos acumuladamente, mais especificamente sobre a possibilidade de retificação de lançamento que na origem utilizouse do critério de caixa para o cálculo do imposto. Discutese sobre a possibilidade ou não do órgão julgador refazer o lançamento na tentativa de corrigir o equívoco perpetrado pela autoridade lançadora. Afirma o Recorrido que a discussão devolvida pela Fazenda Nacional estaria preclusa, pois já havia sido negada pela Delegacia de Julgamento quanto da análise da impugnação. Quanto a este ponto devemos destacar que não há que se falar em preclusão em relação aos argumentos da Fazenda Nacional, isso porque salvo casos que configuram hipóteses de interposição de embargos de declaração sua primeira oportunidade de se manifestar no processo administrativo fiscal se dá com a apresentação do Recurso Especial Fl. 140DF CARF MF 4 para contrapor os fundamentos de acórdão que lhe seja desfavorável. Não há qualquer previsão normativa no sentido de a Fazenda Nacional, quanto parte do processo administrativo, se vincular às razões de decidir do órgão julgador de primeira instância. É importante destacar que o recurso é baseado no art. 67, do Regimento Interno (RICARF), o qual define que caberá Recurso Especial de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Portanto, tratase de recurso com cognição restrita, não podendo a CSRF ser entendida como uma terceira instância, ela é instância especial, responsável pela pacificação de conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica. Assim, para caracterização de divergência interpretativa exigese como requisito formal que os acórdãos recorrido e aqueles indicados como paradigmas sejam suficientemente semelhantes para permitir o 'teste de aderência', ou seja, deve ser possível avaliar que o entendimento fixado pelo Colegiado paradigmático seja perfeitamente aplicável ao caso sob análise, assegurando assim o provimento do recurso interposto. E no presente caso entendo que este requisito foi cumprido. Diante de todo o exposto, conheço do recurso interposto pela Fazenda Nacional. Do mérito: Inicialmente, não tenho dúvidas de que o mérito da questão já foi decidido tanto pelo Superior Tribunal de Justiça quanto pelo Supremo Tribunal Federal, respectivamente sob os ritos do Recurso Repetitivo e da Repercussão Geral. Estamos falando do RESP 1.118.429/SP e do RE 614.406/RS, que receberam as seguintes ementas: RESP 1.118.429/SP TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA PESSOA FÍSICA. AÇÃO REVISIONAL DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PARCELAS ATRASADAS RECEBIDAS DE FORMA ACUMULADA. 1. O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado. Não é legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Precedentes do STJ. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. RE 614.406/RS IMPOSTO DE RENDA – PERCEPÇÃO CUMULATIVA DE VALORES – ALÍQUOTA. A percepção cumulativa de valores há de ser considerada, para efeito de fixação de alíquotas, presentes, individualmente, os exercícios envolvidos. Fl. 141DF CARF MF Processo nº 11065.725280/201276 Acórdão n.º 9202006.874 CSRFT2 Fl. 140 5 Em relação ao julgado do STJ a tese firmada traz o seguinte texto: O Imposto de Renda incidente sobre os benefícios previdenciários atrasados pagos acumuladamente deve ser calculado de acordo com as tabelas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos, observando a renda auferida mês a mês pelo segurado, não sendo legítima a cobrança de IR com parâmetro no montante global pago extemporaneamente. Assim, pelo fato de constar no texto da ementa e também da tese firmada referência ao fato de se ter discutido o pagamento de benefícios previdenciários há quem defenda a aplicação do julgado somente a estes casos. Entretanto, em relação ao julgado do Supremo Tribunal Federal, considerando o tema fixado para a Repercussão Geral é possível darlhe maior abrangência já que a redação da delimitação do tema ficou assim consignada: Tema 368 Incidência do imposto de renda de pessoa física sobre rendimentos percebidos acumuladamente. Neste último caso, vale mencionar que não foi feita qualquer ressalva quanto a origem dos rendimentos discutidos. Tal fato fica ainda mais cristalino quando nos debruçamos sobre a fundamentação utilizada pelo Ministro Marco Aurélio que levou em consideração o princípio da isonomia e o da capacidade contributiva. Em voto vista, a Ministra Carmem Lúcia citando a exposição de motivos da Medida Provisória nº 497/2010 (convertida na Lei n. 12.350/2010 que deu origem ao art. 12A da Lei 7.713/88) resume bem a questão: “52. Tratase da tributação de pessoa física que não recebeu o rendimento à época própria, recebendo em atraso o pagamento relativo a vários períodos. Nos termos do art. 12 da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, esses rendimentos seriam tributados no mês do recebimento mediante a aplicação da tabela mensal, o que muitas vezes resulta em um imposto de renda muito superior àquele que seria devido caso o rendimento fosse pago no tempo devido” Assim, resta indiscutível a aplicação ao caso do art. 62, §2º, do Regimento Interno do CARF, o qual determina que as decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos que lhe foram submetidos. Ocorre que, embora os Tribunais Superiores tenham decido sobre a aplicação do regime de competência para fins de cobrança do IRPF sobre rendimentos recebidos acumuladamente e em que pese haver manifestação em sentido contrário, entendo que em nenhum momento os julgados analisaram a tese acerca da possibilidade de se determinar a correção de um lançamento fiscal que tenha adotado o critério de caixa declarado inconstitucional. Diante do entendimento dos nossos tribunais, vejamos a situação do lançamento: exigese do contribuinte imposto de renda apurado conforme sistemática declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Ainda que o auto de infração não faça menção expressa ao art. 12 da Lei nº 7.713/88, tendo fundamentado a autuação nos artigos 1º a 3º da lei, ainda assim a forma utilizada para cobrança do tributo permanece viciada. E aqui entendo tratarse de vício que leva ao cancelamento do lançamento, pois a inconstitucionalidade impacta diretamente nos critérios quantitativos do lançamento uma vez que a depender da aplicação do regime de caixa ou de competência teremos alterações significativas de base de cálculo e alíquotas. Neste cenário, nos parece pouco razoável admitir Fl. 142DF CARF MF 6 a possibilidade de 'refazimento' do lançamento, sob pena de violação ao violação ao art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A partir do citado dispositivo é pacifico o entendimento de o lançamento tributário ser procedimento de competência exclusiva da autoridade administrativa fiscal, cujo objetivo é verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, culminar penalidade. Com essa premissa, entendo que o julgador administrativo não tem competência para proceder novo lançamento valendose de critério para o cálculo do imposto não ventilado pela autoridade administrativa, novo critério inclusive inexistente quando da ocorrência do fato gerador. Por fim, e mais uma vez, fazendo uma abordagem histórica acerca da criação do art. 12A da Lei nº 7.713/88, o qual trouxe norma para adequar o sistema ao entendimento da jurisprudência que vinha se consolidando, vale mencionar que por meio da Mensagem de Veto nº 702, ao projeto de conversão que deu origem à Lei nº 12.350/2010, consolidouse o entendimento de que um novo critério jurídico não poderia ser aplicado de forma retroativa. Vejamos: MENSAGEM Nº 702, DE 20 DE DEZEMBRO DE 2010. § 8º do art. 12A da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, inserido pelo art. 44 do Projeto de Lei de Conversão “§ 8o O disposto neste artigo aplicase retroativamente aos fatos geradores não alcançados pela decadência ou prescrição.” Razões do veto “A aplicação retroativa da norma tributária gera insegurança jurídica sobre as situações definitivamente constituídas, produzindo efeitos de difícil mensuração nas esferas administrativas e judiciais. Além disso, o CTN, lei materialmente complementar e regra geral do direito tributário, estabelece no art. 144 que o lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada.” O próprio art. 12A em seu §7º é expresso ao limitar sua aplicação apenas aos rendimentos recebidos a partir do anocalendário de 2010, o que me parece reforçar a tese da impossibilidade de refazimento do presente lançamento e cobrança do imposto com base no regime de competência. Diante de todo o exposto, nego provimento ao recurso da Fazenda Nacional. Fl. 143DF CARF MF Processo nº 11065.725280/201276 Acórdão n.º 9202006.874 CSRFT2 Fl. 141 7 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Redatora Designada Discordo do voto da Ilustre Relatora, no que tange ao mérito do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. O apelo visa rediscutir a manutenção do lançamento relativo a omissão de rendimentos recebidos acumuladamente, determinandose tão somente o recálculo do Imposto de Renda com base nas tabelas progressivas da época em que os rendimentos deveriam ter sido pagos. No acórdão recorrido, entendeuse pelo cancelamento da exigência. A matéria não é nova neste Colegiado e já foi objeto de inúmeros julgamentos, com provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. Dentre esses julgados, destacase o Acórdão nº 9202006.000, de 27/09/2017, da lavra do Ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, cujos fundamentos ora adoto e colaciono como minhas razões de decidir: "Sem dúvida, reconhecese aqui, em linha com o recorrido, que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto, porém, que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do TRF4 acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer, na forma ali determinada, a 'incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)', afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Fl. 144DF CARF MF 8 Código Tributário Nacional, não se estando destarte, diante de utilização de critério jurídico equivocado ou vício material no lançamento efetuado. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, constantes de efl. 38, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute, ainda que em montante diverso daquele apurado quando do lançamento, o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pelo contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando o contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, note se, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas 'em dia' e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. Assim, não há que se falar em impossibilidade de recálculo do montante devido pelo Contribuinte pelo regime de competência, de sorte que o Recurso Especial da Fazenda Nacional deve ser provido. Fl. 145DF CARF MF Processo nº 11065.725280/201276 Acórdão n.º 9202006.874 CSRFT2 Fl. 142 9 Em sede de Contrarrazões, o Contribuinte alega que o entendimento aplicado pela Fiscalização e pela decisão de Primeira Instância, no sentido da adoção do regime de caixa, não se coadunaria com o pedido contido no Recurso Especial da Procuradoria, que pugna pela aplicação do regime de competência. Em face de tal alegação, esclareçase que, ao tempo da autuação, em 2012, e da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ), em 27/03/2013, não havia transitado em julgado o RE 614.406/RS, que deu fundamento à aplicação do regime de competência. Com efeito, o trânsito em julgado do citado RE ocorreu apenas em 11/12/2014. Até então, conforme bem esclareceu o voto proferido pelo Ilustre Conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior, acima colacionado, a Fiscalização e o Julgador de Primeira Instância estavam vinculados à legislação então vigente, da qual o citado RE ainda não poderia fazer parte, eis que pendente de decisão definitiva, o que somente ocorreu, repitase, em dezembro de 2014. Destarte, não há que se falar em falta de transparência ou de cerceamento de direito de defesa, o que, aliás, sequer foi cogitado no acórdão recorrido, que assim registrou, às fls. 08 do respectivo voto condutor: "Deve ser registrado não ser o caso de se cogitar de nulidade, ao menos nos termos regrados pelo art. 59 do Decreto nº 70.235/72, visto ter sido o lançamento realizado por autoridade competente, com o devido respeito ao direito de defesa." Diante do exposto, conheço do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando o retorno do processo ao colegiado de origem, para apreciação das demais questões constantes do Recurso Voluntário, não abordadas no acórdão recorrido em virtude da desconstituição do lançamento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 146DF CARF MF
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Numero do processo: 13508.000335/2008-24
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 06 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2009
SIMPLES NACIONAL. VEDAÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS.
Não pode recolher os tributos na forma do Simples Nacional a pessoa jurídica que possua débito com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa.
Não tendo sido regularizada a totalidade dos débitos no prazo de 30 (trinta) dias da ciência do ADE, deve ser mantido o efeito da exclusão do Simples Nacional no processo administrativo fiscal de controle de legalidade do ato administrativo.
Numero da decisão: 1003-000.014
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Relatora e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: CARMEN FERREIRA SARAIVA
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VEDAÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITOS. Não pode recolher os tributos na forma do Simples Nacional a pessoa jurídica que possua débito com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Não tendo sido regularizada a totalidade dos débitos no prazo de 30 (trinta) dias da ciência do ADE, deve ser mantido o efeito da exclusão do Simples Nacional no processo administrativo fiscal de controle de legalidade do ato administrativo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Relatora e Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório A Recorrente optante pelo Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional foi excluída de ofício pelo Ato Declaratório Executivo DRF/FSA/BA nº 214.479, de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 8. 00 03 35 /2 00 8- 24 Fl. 83DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 84 2 22.08.2008, fl. 02, com efeitos a partir de 01.01.2009, com base nos fundamentos de fato e de direito indicados: Art. 1º Fica excluída do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) a pessoa jurídica, a seguir identificada, em virtude de possuir débitos com a Fazenda Pública Federal, com exigibilidade não suspensa, relacionados no item "Pessoa Jurídica", assunto "Simples Nacional", do Sítio da Secretaria da Receita Federal do Brasil na internet, no endereço eletrônico <www.receita.fazenda.gov.br>, conforme disposto no inciso V do art. 17 da Lei Complementar n2 123, de 14 de dezembro de 2006, e na alínea "d" do inciso II do art. 3º, combinada com o inciso I do art. 5º, da Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007: Nome Empresarial: PAULINO BATISTA REIS CNPJ. 13.744.230/000107 Art. 2º Os efeitos da exclusão darseão a partir do dia 1º de janeiro de 2009, conforme disposto no inciso IV do art. 31 da Lei Complementar nº 123, de 2006. Art. 3º Tomarseá sem efeito a exclusão, caso a totalidade dos débitos da pessoa jurídica sejam pagos ou parcelados no prazo de 30 (trinta) dias contados da data da ciência deste Ato Declaratório Executivo (ADE). Cientificada, a Recorrente apresentou a impugnação. Está registrado nos excertos da ementa e do voto condutor do Acórdão da 4ª Turma/DRJ/SDR/BA nº 15.21.684, de 19.11.2009, fls. 5859: EXCLUSÃO DE OFICIO. DÉBITO PARA COM A FAZENDA PÚBLICA FEDERAL. PRAZO PARA REGULARIZAÇÃO. A existência de débito da pessoa jurídica para com a Fazenda Pública Federal, com exigibilidade não suspensa, veda a opção pelo Simples Nacional. Em caso de exclusão de ofício o ato só será revertido se o débito for regularizado dentro do prazo para impugnação. Manifestação de Inconformidade Improcedente [...] A consulta ao sistema SIVEX, opção "Consulta débitos após prazo para regularização", evidencia que remanescem na Dívida Ativa da União/PGFN os débitos inscritos sob nº 5020000136311 e 5060000341607, bem como do Simples Federal na RFB, código de receita 6106, período de apuração 04/2006, que figuram entre outros débitos que geraram a exclusão de oficio do Simples Nacional. Notificada em 21.12.2009, fl. 60, a Recorrente apresentou o recurso voluntário em 13.01.20101, fl. 61, esclarecendo a peça atende aos pressupostos de admissibilidade. Discorre sobre o procedimento fiscal contra o qual se insurge. A respeito do motivo do ato de exclusão, a Recorrente esclarece que não restou evidenciado porque: A Receita Federal do Brasil resolve através do processo acima, excluir do simples nacional empresa supra citada no exercício de 2009, alegando débitos pendentes nos meses de 09, 10, 11 e 12 de 2006 vencidos em 10, 11, 12 de 2006 e 01/2007, respectivamente, valores estes compensados através de Dcomp com Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 85 3 diversos processos e retificados através de declaração simplificada da pessoa jurídica em 16/10/2008, recibo 403103001921, alega também o débito pendente junto à procuradoria da fazenda nacional parcelado pelo através do REFIS e suspenso de oficio. Quanto ao debito junto a PGFN, já se encontra parcelado Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009, conforme cópias anexo. Em resumo: NÃO EXISTE DÉBITO COM A RECEITA FEDERAL, DÉBITO COM A PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA NACIONAL FOI PARCELADO LEI 11.941. Concernente ao pedido expõe que: À vista de todo o exposto, demonstrada, espera e requer a recorrente seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose a exclusão do simples nacional e a continuidade no mesmo. É o Relatório. Voto Conselheira Carmen Ferreira Saraiva, Relatora O recurso voluntário apresentado pela Recorrente atende aos requisitos de admissibilidade previstos nas normas de regência, em especial no Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972. Assim, dele tomo conhecimento. A Recorrente discorda da exclusão do Simples Nacional, uma vez que os débitos indicados foram compensados ou parcelados, ou seja, estão extintos ou com a exigibilidade suspensa . O tratamento diferenciado, simplificado e favorecido pertinente ao cumprimento das obrigações tributárias, principal e acessória, aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte relativo aos impostos e às contribuições estabelecido em cumprimento ao que determina no inciso X do art. 170 e no art. 179 da Constituição Federal de 1988 pode ser usufruído desde que as condições legais sejam preenchidas. Com o escopo de implementar esses princípios constitucionais foi editada a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que instituiu o Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte Simples Nacional. O Simples Nacional está regulamentado pelo Comitê Gestor do Simples Nacional (CGSN). A opção do sujeito passivo deve ser manifestada por meio da internet até o último dia útil do janeiro sendo irretratável para todo anocalendário oportunidade em que presta declaração quanto ao nãoenquadramento nas vedações legais. A exclusão por comunicação decorrente de opção ou de obrigatoriedade é feita pela internet. O pressuposto é de que não pode recolher os tributos na forma do Simples Nacional a pessoa jurídica que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 86 4 (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Excepcionalmente é permitida a permanência da pessoa jurídica como optante pelo Simples Nacional mediante a comprovação da regularização do débito no prazo de até 30 (trinta) dias contados a partir da ciência da comunicação da exclusão 1. Ainda atinente a matéria, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o Recurso Extraordinário com Repercussão Geral RE 6275432 com trânsito em julgado em 14.11.2014, cuja decisão definitiva de mérito ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF3: Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida. Microempresa e empresa de pequeno porte. Tratamento diferenciado. Simples Nacional. Adesão. Débitos fiscais pendentes. Lei Complementar nº 123/06. Constitucionalidade. Recurso não provido. 1. O Simples Nacional surgiu da premente necessidade de se fazer com que o sistema tributário nacional concretizasse as diretrizes constitucionais do favorecimento às microempresas e às empresas de pequeno porte. A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, em consonância com as diretrizes traçadas pelos arts. 146, III, d, e parágrafo único; 170, IX; e 179 da Constituição Federal, visa à simplificação e à redução das obrigações dessas empresas, conferindo a elas um tratamento jurídico diferenciado, o qual guarda, ainda, perfeita consonância com os princípios da capacidade contributiva e da isonomia. 2. Ausência de afronta ao princípio da isonomia tributária. O regime foi criado para diferenciar, em iguais condições, os empreendedores com menor capacidade contributiva e menor poder econômico, sendo desarrazoado que, nesse universo de contribuintes, se favoreçam aqueles em débito com os fiscos pertinentes, os quais participariam do mercado com uma vantagem competitiva em relação àqueles que cumprem pontualmente com suas obrigações. 3. A condicionante do inciso V do art. 17 da LC 123/06 não se caracteriza, a priori, como fator de desequilíbrio concorrencial, pois se constitui em exigência imposta a todas as pequenas e as microempresas (MPE), bem como a todos os microempreendedores individuais (MEI), devendo ser contextualizada, por representar também, forma indireta de se 1 Fundamentação legal: art. 179 da Constituição Federal, art. 33 e art. 39 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007,e Resolução CGSN nº 15, de 23 de julho de 2007, art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965, § 2º do art. 9º do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977. 2 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Acórdão em Recurso Extraordinário nº 62.7543/RS. Órgão Julgador: Tribunal Pleno. Relator: Ministro Dias Toffoli. Julgado em 30 out. 2013. Publicado no DJe em 20 out.2014. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+627543 %2ENUME%2E%29+OU+%28RE%2EACMS%2E+ADJ2+627543%2EACMS%2E%29&base=baseAcordaos& url=http://tinyurl.com/a35tf3a>. Acesso em 27 mai. 2018. 3 Fundamentação legal: 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 87 5 reprovar a infração das leis fiscais e de se garantir a neutralidade, com enfoque na livre concorrência. 4. A presente hipótese não se confunde com aquelas fixadas nas Súmulas 70, 323 e 547 do STF, porquanto a espécie não se caracteriza como meio ilícito de coação a pagamento de tributo, nem como restrição desproporcional e desarrazoada ao exercício da atividade econômica. Não se trata, na espécie, de forma de cobrança indireta de tributo, mas de requisito para fins de fruição a regime tributário diferenciado e facultativo. 4 Consta no voto condutor do Acórdão da 4ª Turma/DRJ/SDR/BA nº 15.21.684, de 19.11.2009, fls. 5859, cujos fundamentos são adotadas nessa segunda instância de julgamento: É de sé considerar tempestiva a manifestação de inconformidade, pois, como descrito no despacho do órgão preparador (fl. 52), o Aviso de Recebimento (AR) que atestaria a data de ciência do ADE foi extraviado. Pois bem, a existência de débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, com exigibilidade não suspensa, veda a opção pelo Simples Nacional, conforme define o art. 17, inciso V, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, in verbis: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: [...] V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social .INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Consta da NOTA TÉCNICA SIMPLES NACIONAL nº 001/2008, que o contribuinte que regularizar os débitos geradores da exclusão de ofício dentro do prazo de trinta dias contados da ciência do ADE poderá continuar no Simples Nacional, in verbis: 3 PERMANÊNCIA NO SIMPLES NACIONAL POR REGULARIZAÇÃO DOS DÉBITOS O contribuinte que regularizar a totalidade dos débitos motivadores da emissão do ADE, dentro do prazo de trinta dias contados da ciência (AR ou Edital), terá a sua exclusão do Simples Nacional automaticamente tornada sem efeito, ou seja, o contribuinte continuará no Simples Nacional, não havendo necessidade de apresentar contestação. Embora a manifestante alegue que a PJ está com os seus débitos parcelados na PGFN, através do REFIS, e em dia com o parcelamento, constatase que isso não é verdade, pois as telas de consulta do sistema da PGFN, anexas pelo órgão preparador do processo (43/46), em 09/12/2008, confirmam que a contribuinte foi excluída do REFIS em 01/04/2004. 4 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudenciaRepercussao/verAndamentoProcesso.asp?incidente=3922675&numero Processo=627543&classeProcesso=RE&numeroTema=363>. Acesso em: 10 mar.2015. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 88 6 Igualmente, as telas de consulta feita em 17/11/2009 confirmam que ainda remanesce dívida do parcelamento/REFIS, contemplando débitos nos âmbitos da PGFN e da RFB, constando, outrossim, a data de exclusão do programa em 01/04/2004, denotando que não houve qualquer alteração desde a data de rescisão do aludido parcelamento. A consulta ao sistema SIVEX, opção "Consulta débitos após prazo para regularização", evidencia que remanescem na Dívida Ativa da União/PGFN os débitos inscritos sob nº 5020000136311 e 5060000341607, bem como do Simples Federal na RFB, código de receita 6106, período de apuração 04/2006, que figuram entre outros débitos que geraram a exclusão de oficio do Simples Nacional. Assim, restando provado nos autos que a manifestante não regularizou integralmente os débitos geradores da exclusão de oficio, dentro do prazo da contestação, voto por considerar a manifestação de inconformidade improcedente. Especificamente sobre o pedido de cancelamento da exclusão no Simples Nacional, cabe ressaltar que o princípio da legalidade estabelece os limites da atuação administrativa e tem por objeto o exercício de direitos individuais em benefício da coletividade e nesse sentido a vontade da Administração Pública decorre tão somente da lei de modo que apenas pode fazer o que a lei permite. Vale lembrar que por essa razão, o servidor não pode por um mero ato administrativo conceder direitos, criar obrigações ou impor proibições aos sujeitos passivos sem previsão legal (art. 37 da Constituição Federal). A Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, determina que a opção pelo Simples Nacional da pessoa jurídica enquadrada na condição. O indeferimento da opção será formalizado mediante ato da Administração Tributária e a exclusão do Simples Nacional será feita de ofício ou mediante comunicação das pessoas jurídicas optantes. É de fato irrelevante o fato de possa ter havido intenção inequívoca de permanecer na sistemática, uma vez que não há permissivo legal que ampare sua pretensão, pois restou comprovado que possui débito com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. A exclusão do Simples Nacional tem natureza jurídica declaratória de uma circunstância impeditiva preexistente expressamente prevista em lei, permitindo a retroação de seus efeitos, independentemente se efetuado por comunicação da pessoa jurídica ou de ofício. Tendo em vista a falta do procedimento voluntário, a exclusão de ofício deve ser efetivada por ato declaratório da autoridade fiscal que jurisdicione o sujeito passivo, assegurado o contraditório e a ampla defesa, observada a legislação relativa ao processo administrativo fiscal. Nesse sentido, verificando a circunstância preexistente impeditiva, a Recorrente deveria proceder a alteração voluntária, e como não o fez foi excluída de ofício, independentemente do lapso temporal ocorrido entre a data da opção e a ciência da exclusão, de acordo com a legislação de regência da matéria. O ato de exclusão surte efeito a partir do anocalendário subseqüente ao da ciência da comunicação da exclusão, termo a partir do qual fica sujeita às normas de tributação aplicáveis às demais pessoas jurídicas. Verificase que a Recorrente não poderia recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional por possuir débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 89 7 A legislação de regência permite que a pessoa jurídica que regularizar a totalidade dos débitos motivadores da emissão do ADE, dentro do prazo de trinta dias contados da ciência (AR ou Edital), terá a sua exclusão do Simples Nacional automaticamente tornada sem efeito, ou seja, o contribuinte continuará no Simples Nacional, não havendo necessidade de apresentar contestação. Está comprovado nos autos que "como descrito no despacho do órgão preparador (fl. 52), o Aviso de Recebimento (AR) que atestaria a data de ciência do ADE foi extraviado". Nesse sentido, a Recorrente considerase validamente intimada na data da apresentação prematura da Contestação à Exclusão do Simples Nacional em 21.10.2008, fl. 01, conforme determina § 4º do art. 218 do Código de Processo Civil previsto na Lei nº 10.105, de 15 de março de 2015, que se aplica subsidiariamente ao Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que trata do Processo Administrativo Fiscal. Em sede recurso voluntário é apresentado o Recibo de Pedido de Parcelamento da Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, fl. 73, que atesta: A pessoa jurídica acima identificada solicitou Parcelamento de Saldo Remanescente dos Programas Refis, Paes, Paex e Parcelamentos Ordinários art. 3º PGFN Demais Débitos, de que trata a Lei nº 11.941, de 2009. Este pedido de parcelamento somente produzirá efeitos com o correspondente pagamento da primeira prestação, em valor não inferior a R$ 100,00, que deve ser efetuado até o último dia útil de 11/2009, com código de receita 1204. O Darf para pagamento da 1ª prestação está disponível para impressão nas páginas da Secretaria da Receita Federal do Brasil ou da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional na Internet. Confirmação recebida via internet pelo Agente Receptor SERPRO em 27/11/2009 às 09:16:19 (horário de Brasília). Recibo: 00067299898299655940 Efetuado com Código de Acesso CNPJ: 13.744.230 Sobre produção de todos os meios de prova, vale esclarecer que no presente caso se aplicam as disposições do processo administrativo fiscal que estabelece que a peça de defesa deve ser formalizada por escrito incluindo todas as teses e instruída com os todos documentos em que se fundamentar, precluindo o direito de a Recorrente praticar este ato e apresentar novas razões em outro momento processual, salvo a ocorrência de quaisquer das circunstâncias ali previstas, tais como fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos5. Analisando todas as circunstâncias constantes nos autos inferese que a Recorrente foi notificada do ato de exclusão em 21.10.2008, fl. 01, e em 27.11.2009 houve confirmação do recebimento via internet da solicitação de parcelamento de débitos, ou seja após o prazo legal do trintídio estipulado em lei para comprovar a regularização da totalidade dos débitos motivadores da emissão do Ato Declaratório Executivo DRF/FSA/BA nº 214.479, de 22.08.2008, fl. 02. 5 BRASIL. Planalto. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972. art. 16. Dispinível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d70235cons.htm>. Acesso em: 27 mai.2018. Fl. 89DF CARF MF Processo nº 13508.000335/200824 Acórdão n.º 1003000.014 S1C0T3 Fl. 90 8 Não tendo sido regularizada a totalidade dos débitos no prazo de 30 (trinta) dias da ciência do ADE, deve ser mantido o efeito da exclusão do Simples Nacional no processo administrativo fiscal de controle de legalidade do ato administrativo. Esclareçase que o ato de exclusão tem caráter meramente declaratório, de modo que seus efeitos retroagem à data da efetiva ocorrência da situação excludente. Por essa razão os efeitos da exclusão do Simples desde 01.01.2009 está correta. No que concerne à interpretação da legislação indicada pela Recorrente, cabe esclarecer que somente devem ser observados os atos para os quais a lei atribua eficácia normativa, o que não se aplica ao presente caso, nos termos do art. 100 do Código Tributário Nacional. A alegação relatada na peça recursal, consequentemente, não está justificada. Temse que nos estritos termos legais o procedimento fiscal está correto, conforme o princípio da legalidade a que o agente público está vinculado (art. 37 da Constituição Federal, art. 116 da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 26A do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972 e art. 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de julho de 2015). Em assim sucedendo, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10850.901461/2013-77
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO.
A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório.
Numero da decisão: 1402-003.029
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente).
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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DIREITO CREDITÓRIO. A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Edgar Bragança Bazhuni, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Paulo Mateus Ciccone (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 14 61 /2 01 3- 77 Fl. 38DF CARF MF Processo nº 10850.901461/201377 Acórdão n.º 1402003.029 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo (SP) assim ementado: "ASSUNTO: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2012 RESTITUIÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. A simples retificação de declarações para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido" O caso foi assim relatado pela instância a quo, in verbis: "Trata o presente processo de Pedido de Restituição [...], transmitida em 27/12/2012, por meio da qual o contribuinte acima identificado solicita restituição de direito creditório decorrente de pagamento indevido ou a maior de IRPJ (código 2089) do período de apuração 30/09/2012. Despacho Decisório (fl. 04) da Delegacia da Receita Federal em São José do Rio Preto indeferiu o Pedido de Restituição em virtude da inexistência de crédito, sob a seguinte fundamentação: "A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados pra quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. " Cientificado do Despacho Decisório por via postal em 14/05/2013, o contribuinte apresentou, em 07/06/2013, manifestação de inconformidade (fl. 03), alegando que teve indeferido seu pedido de restituição pelo fato de não ter retificado suas declarações (DCTF, DACON e DIPJ), porém pleiteia novamente o crédito afirmando ter corrigido todas as declarações." Inconformada com a decisão da Instância a quo, a recorrente interpôs recurso voluntário, no qual traz a seguinte explicação para retificar a DCTF, DACON e DIPJ: "Isto tudo foi feito quando constatado que a empresa LC ASSISTÊNCIA MÉDICA S/S LTDA, recolheu o IRPJ sendo 4,80% e a CSLL sendo 2,88% na Fl. 39DF CARF MF Processo nº 10850.901461/201377 Acórdão n.º 1402003.029 S1C4T2 Fl. 4 3 sua totalidade, e a empresa INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO E ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE, CNPJ N° 00.376.056/000145, também havia retido e recolhido o IRRF 1,5%, Código 1708 e o PIS/COFINS/CSLL 4,65% Código 5952." Em seu pedido, requer que se aceite as retificações das declarações, pleiteando o crédito novamente referente ao PER/DCOMP acima identificado. Fl. 40DF CARF MF Processo nº 10850.901461/201377 Acórdão n.º 1402003.029 S1C4T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.078, de 11/04/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10850.901450/2013 97, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.078): "O Recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos, portanto dele conheço. O recorrente teve seu pedido de restituição indeferido o fato de que, ainda que tenha sido localizado pagamento ao qual se amolda aquele apontado na PER/DCOMP como origem do crédito, o valor correspondente já teria sido utilizado para a extinção anterior de outro débito. Isso equivale a dizer que o valor do DARF foi integralmente consumido na extinção, por pagamento, de débito regularmente registrado nos arquivos da Receita Federal, motivo pelo qual não há saldo disponível para restituir. O recorrente alega que retificou as declarações DCTF, DACON e DIPJ para redução de tributos, pois recolheu o IRPJ e a CSLL na sua totalidade, contudo a empresa INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO E ASSISTÊNCIA INTEGRAL A SAÚDE, CNPJ N° 00.376.056/000145, também havia retido e recolhido o IRRF e o PIS/COFINS/CSLL. Uma vez que a administração tributária tenha iniciado procedimento fiscal para verificar as obrigações tributárias referentes a determinado período e tributo, não mais se pode falar em espontaneidade na entrega de declaração retificadora. Dessa forma, uma vez que a administração tributária emite decisão com base em declaração regularmente entregue, não é lícito que o recorrente retifique a informação que levou àquela decisão e pretenda que seja a nova informação aceita sem passar pelo crivo do Autoridade Fiscal. Sendo assim, deveria o recorrente ter apresentado sua manifestação de inconformidade acompanhada de elementos probatórios que permitissem à autoridade julgadora constatar a efetiva ocorrência dos alegados equívocos cometidos em suas declarações anteriores, nos termos do artigo 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972. Fl. 41DF CARF MF Processo nº 10850.901461/201377 Acórdão n.º 1402003.029 S1C4T2 Fl. 6 5 Contudo, apesar das alegações, o recorrente não traz quaisquer documentos (notas fiscais, recibos, comprovante de pagamento) que comprovem que houve a retenção dos referidos valores de IRRF, CSLL, PIS e COFINS. Além de não comprovar a retenção dos referido tributos, também não houve a demonstração de que os valores retidos seriam suficientes para quitar integralmente os tributos apurados a partir de seus livros comerciais e fiscais. Desse modo, sendo do recorrente o ônus de provar o crédito que alegava ter, nos termos do artigo 333, I, do Código de Processo Civil, e não tendo se desincumbido de referido ônus, cumpre indeferir seu pedido de restituição e de compensação, por falta de comprovação da existência do crédito. Conclusão Ante o exposto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 42DF CARF MF
score : 1.0
