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Numero do processo: 10552.000009/2007-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 5 ANOS.
De conformidade com a jurisprudência dominante neste Colegiado, tratando-se de auto de infração decorrente de descumprimento de obrigação acessória, onde o contribuinte omitiu informações e/ou documentos solicitados pela fiscalização, caracterizando o lançamento de ofício, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 05 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos REs nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria.
In casu, a contribuinte tem o dever de manter em sua guarda toda a documentação pelo prazo de 5 anos, de acordo com a fundamentação acima. Ou seja, qualquer documentação que não obedeça esse prazo, não pode ser exigida.
Numero da decisão: 2401-005.580
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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AVICULTURA E AGROPECUÁRIA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2005 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL DE 5 ANOS. De conformidade com a jurisprudência dominante neste Colegiado, tratando se de auto de infração decorrente de descumprimento de obrigação acessória, onde o contribuinte omitiu informações e/ou documentos solicitados pela fiscalização, caracterizando o lançamento de ofício, o prazo decadencial para a constituição do crédito previdenciário é de 05 (cinco) anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do 173, inciso I, do Código Tributário Nacional, tendo em vista a declaração da inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos dos RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, oportunidade em que fora aprovada Súmula Vinculante nº 08, disciplinando a matéria. In casu, a contribuinte tem o dever de manter em sua guarda toda a documentação pelo prazo de 5 anos, de acordo com a fundamentação acima. Ou seja, qualquer documentação que não obedeça esse prazo, não pode ser exigida. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 55 2. 00 00 09 /2 00 7- 11 Fl. 266DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, darlhe provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Matheus Soares Leite, Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório AVIPAL S.A. AVICULTURA E AGROPECUÁRIA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 11.811/2007 da 6° Turma da DRJ em Porto Alegre/RS, às efls. 155/163, que julgou procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória em razão da contribuinte não ter exibido à fiscalização documentos relacionados com às contribuições previstas na Lei n° 8.212/91, infringindo o disposto no art. 33, § 2° e 3° do mesmo diploma legal (CFL 38), em relação ao período de junho/1995 a dezembro/1995, conforme consta no Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, que se lê á efl. 11. Conforme descrito no Relatório Fiscal da Infração, de fls. 08, a infração foi consolidada pela não apresentação dos seguintes documentos: (a) Contratos de empreitada e subempreitadas de obras de construção civil; (b) notas fiscais de empresas construtoras que participaram das obras; (c)contratos com prestadores de serviços com cessão de mãodeobra; (d)guias de recolhimento da Previdência Social;(e) Relação Anual de Informações Sociais RAIS; (Í) tabela de incidência gerada pelo sistema de folhadepagamento. O “Relatório Fiscal da Infração” registra a inexistência tanto de circunstâncias agravantes quanto de circunstância atenuante, previstas nos artigos 290 e 291 do RPS. Pela infração incorrida, foi aplicada a multa prevista no art. 283, inciso II, alínea “j”, do Regulamento da Previdência Social RPS, combinado com os artigos 92 e 102, da Lei n° 8.212/91 e 373, do RPS, atualizada pela Portaria MPS/GM n.” 822, de 11 de maio de 2005, no valor de R$ 11.017,46 (onze mil, dezessete reais e quarenta e seis centavos). Cientificada pessoalmente da lavratura do Auto de Infração, em 29/12/2005, conforme folha inicial, a autuada apresentou impugnação tempestiva, protocolizada sob n° 35239.000065/200640 em 11/01/2006, conforme documentos de fls. 22/36. Os autos foram encaminhados ao Auditor Fiscal responsável pelo procedimento, a fim de que este, primeiro, fizesse a anexação de cópia do Mandado de Procedimento Fiscal MPFF, de 30 de maio de 2005, bem como dos respectivos MPF Complementares; e, segundo, se manifestasse acerca das alegações da empresa recorrente. Em continuidade, o Auditor Fiscal emitiu Relatório Fiscal Complementar, conforme se lê à fl. 93, esclarecendo que os documentos não apresentados referemse à empresa incorporada Elegê Alimentos S/A, bem como acrescentou informações sobre os documentos não apresentados e que ensejaram a lavratura do AutodeInfração. Também abriu prazo para impugnação por parte do contribuinte em relação aos termos do Relatório Fiscal Complementar. Inconformada com a Decisão recorrida, autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 170/187, procurando demonstrar sua improcedência, repisando em Fl. 268DF CARF MF 4 número, grau e gênero as razões da impugnação, motivo pelo qual, neste aspecto, adoto o relatório da DRJ, em síntese as seguintes razões. Preliminarmente, suscita o que segue: a) A impropriedade, segundo o impugnante, de dar o número 38 como fundamento legal do autodeinfração, pois isto trouxe prejuizo para a defesa. b) Que já havia sido fiscalizada pelo fisco previdenciário até a competência 07/2001. A nova ação fiscal não foi justificada, conforme artigo 149 do Código Tributário Nacional CTN. Assim, houve vício de nulidade em relação ao Mandado de Procedimento Fiscal MPF, complementar, emitido em 10/08/2005, com vencimento em 27/10/2005. Este MPF foi prorrogado em 26/10/2005, mas somente foi apresentado ao impugnante após 27/ 10/2005. Por conseguinte, quando da apresentação do MPF complementar n° 03, de 26/10/2005, o procedimento fiscal já estava extinto pelo decurso do prazo a que se referem os artigos 12 e 13 do Decreto n° 3.969, de 15 de outubro de 2001. c) Que não existe Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD, requerendo a apresentação de folhasde pagamento das competências novembro e dezembro de 2005, da empresa Elegê Alimentos S/A. Menciona, igualmente, que não é informado se os documentos não apresentados referemse a ela própria ou a empresa incorporada Elegê Alimentos S/A. d) Na sequência, o contribuinte autuado passa a tratar sobre decadência. Antes, menciona que atendeu aos documentos solicitados em sua plenitude, com exceção a apresentação de dados em meios magnéticos, uma vez que somente a partir da Lei n° 10.666/2003, foi introduzida possibilidade de requerimento pelo fisco. Assim, a mencionada obrigação acessória sequer poderia ter sido objeto de Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD. Após, acrescenta: I) Em relação a instituto da decadência, remete ao artigo 173, do CTN para afirmar que o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito Tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, pelo que eventual contribuição anterior a 1° de janeiro de 1999 está definitivamente alcançada pelo instituto decadencial. II) Que nem pode ser alegado o artigo 46, da Lei n° 8.212/91, para ser dito que não teria acontecido a decadência, pois isto conflitaria com o comando constante no artigo 146, da Constituição Federal, que preceitua a decadência como matéria reservada exclusivamente à Lei Complementar. Afirma que neste diapasão é a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, bem como do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS. Embora a empresa cite o artigo 46, da Lei 8.212/91, conforme se lê à fl. 32, entendemos que se refere, na verdade, ao artigo 45 da citada Lei, que trata do instituto da Decadência. Fl. 269DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 4 5 Ao final, tece considerações sobre a autuação, ressaltando alguns pontos de sua impugnação. Acrescenta que 0 lançamento deve ser declarado nulo, tendo em vista a ausência de fundamentos legais relativo a arbitramento de contribuições previdenciárias na notificação número 35.839.6824. Transcritas as preliminares argüidas, passaremos a dispor sobre os fundamentos de mérito, senão vejamos: a) Que o autodeinfração e descabido em relação aos documentos que não teriam sido exibidos ao fisco previdenciário. Não teria o impugnante a obrigação de apresentar contratos que não existem, pois tratase de serviços de construção civil de pequeno valor, como repinturas, instalação de caldeira, serviços de terraplenagem, em que o serviço é contratado informalmente, não existindo contrato formal. Afirma que o único serviço existente de cessão de mão deobra foi com a empresa Vigimax Segurança, mas também não existia contrato escrito,o qual não é obrigatório. b) No que pertine à tabela de incidência gerada pelo sistema de folhadepagamento, menciona que ela não è obrigação acessória que conste de decreto ou instrução normativa, sendo que o histórico das verbas deve ser confrontado com o artigo 28, inciso IV, parágrafo 9° da Lei de Custeio. c) Já em relação às guias de recolhimento vinculadas a cessão de mãodeobra em construção civil, não poderiam existir, posto que não trata de serviços sujeitos ao cadastramento de matrícula de obra de construção civil, não havendo cessão de mãode obra, mas apenas a execução de pequenas empreitadas de serviços de menor valor. d) Quanto a Relação Anual de Informações Sociais A RAIS, não existe qualquer embasamento legal, segundo a impugnante, para sua apresentação em período superior a 05 (cinco) anos, uma vez que, tratandose de documento exigido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o referido documento somente pode ser requerido nos últimos 5 (cinco) exercícios. Aduz que existem portarias do Ministério do Trabalho dispondo que a obrigação da empresa em manter a RAIS à disposição da fiscalização do trabalho e de S (cinco) anos. Assim, não estava obrigada a entregar RAIS anteriores ao exercício de 2000. Insurgese também quanto a relação de CoResponsáveis que integra o Auto, sendo inadmissível no teor da legislação. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar o cancelamento do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 270DF CARF MF 6 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo a análise das alegações recursais. PRELIMINAR DA DECADÊNCIA PRAZO PARA GUARDA DE DOCUMENTOS (MÉRITO) A contribuinte, em relação a instituto da decadência, remete ao artigo 173, do CTN para afirmar que o direito de a Fazenda Nacional constituir o crédito Tributário extingue se após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, pelo que eventual contribuição anterior a 1° de janeiro de 1999 está definitivamente alcançada pelo instituto decadencial. Que nem pode ser alegado o artigo 46, da Lei n° 8.212/91, para ser dito que não teria acontecido a decadência, pois isto conflitaria com o comando constante no artigo 146, da Constituição Federal, que preceitua a decadência como matéria reservada exclusivamente à Lei Complementar. Afirma que neste diapasão é a jurisprudência de nossos Tribunais Superiores, bem como do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS. Embora a empresa cite o artigo 46, da Lei 8.212/91, conforme se lê à fl. 32, entendemos que se refere, na verdade, ao artigo 45 da citada Lei, que trata do instituto da Decadência. O exame dessa matéria impõe sejam levadas a efeito algumas considerações, senão vejamos. O artigo 45, inciso I, da Lei nº 8.212/91, estabelece prazo decadencial de 10 (dez) anos para a apuração e constituição das contribuições previdenciárias, como segue: Art. 45 – O direito da Seguridade Social apurar e constituir seus créditos extinguese após 10 (dez) anos contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído; [...] Por outro lado, o Código Tributário Nacional em seu artigo 173, caput, determina que o prazo para se constituir crédito tributário é de 05 (cinco) anos, contados do exercício seguinte àquele em que poderia ter sido lançado, in verbis: Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I – do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; [...] Fl. 271DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 5 7 Com mais especificidade, o artigo 150, § 4º, do CTN, contempla a decadência para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação, nos seguintes termos: Art. 150 O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. [...] § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. O núcleo da questão reside exatamente nesses três artigos, ou seja, qual deles deve prevalecer para as contribuições previdenciárias, tributos sujeitos ao lançamento por homologação. Ocorre que, após muitas discussões a respeito do tema, o Supremo Tribunal Federal, em 11/06/2008, ao julgar os RE’s nºs 556664, 559882 e 560626, por unanimidade de votos, declarou a inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, oportunidade em que aprovou a Súmula Vinculante nº 08, abaixo transcrita, rechaçando de uma vez por todas a pretensão do Fisco: Súmula nº 08: São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Registrese, ainda, que na mesma Sessão Plenária, o STF achou por bem modular os efeitos da declaração de inconstitucionalidade em comento, estabelecendo, em suma, que somente não retroagem à data da edição da Lei em relação a pedido de restituição judicial ou administrativo formulado posteriormente à 11/06/2008, concedendo, por conseguinte, efeito ex tunc para os créditos pendentes de julgamentos e/ou que não tenham sido objeto de execução fiscal. Consoante se positiva da análise dos autos, a controvérsia a respeito do prazo decadencial para as contribuições previdenciárias, após a aprovação/edição da Súmula Vinculante nº 08, passou a se limitar a aplicação dos artigos 150, § 4º, ou 173, inciso I, do Código Tributário Nacional. Indispensável ao deslinde da controvérsia, mister se faz elucidar, resumidamente, as espécies de lançamento tributário que nosso ordenamento jurídico contempla, como segue. Primeiramente destacase o lançamento de ofício ou direto, previsto no artigo 149 do CTN, onde o fisco toma a iniciativa de sua prática, por razões inerentes a natureza do tributo ou quando o contribuinte deixa de cumprir suas obrigações legais. Já o Fl. 272DF CARF MF 8 lançamento por declaração ou misto, contemplado no artigo 147 do mesmo Diploma Legal, é aquele em que o contribuinte toma a iniciativa do procedimento, ofertando sua declaração tributária, colaborando ativamente. Alfim, o lançamento por homologação, inscrito no artigo 150 do Códex Tributário, em que o contribuinte presta as informações, calcula o tributo devido e promove o pagamento, ficando sujeito a eventual homologação por parte das autoridades fazendárias. Dessa forma, estando às contribuições previdenciárias sujeitas ao lançamento por homologação, defende parte dos julgadores e doutrinadores que a decadência a ser aplicada seria aquela constante do artigo 150, § 4º, do CTN, levandose em consideração a natureza do tributo atribuída por lei, independentemente da ocorrência de pagamento, entendimento compartilhado por este conselheiro. Ou seja, a regra para os tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o artigo 150, § 4º, do Código Tributário, o qual somente não prevalecerá nas hipóteses de ocorrência de dolo, fraude ou conluio, o que ensejaria o deslocamento do prazo decadencial para o artigo 173, inciso I, do mesmo Diploma Legal. Não é demais lembrar que o lançamento por homologação não se caracteriza tão somente pelo pagamento. Ao contrário, tratase, em verdade, de um procedimento complexo, constituído de vários atos independentes, culminando com o pagamento ou não. Observese, pois, que a ausência de pagamento não desnatura o lançamento por homologação, especialmente quando a sujeição dos tributos àquele lançamento é conferida por lei. E, esta, em momento algum afirma que assim o é tão somente quando houver pagamento. Não fosse assim, o que se diria quando o contribuinte apura prejuízos e não tem nada a recolher, ou mesmo quando encontrase beneficiado por isenções e/ou imunidades, onde, em que pese haver o dever de elaborar declarações pertinentes, informando os fatos geradores dos tributos dentre outras obrigações tributárias, deixa de promover o pagamento do tributo em razão de uma benesse fiscal? Cabe ao Fisco, porém, no decorrer do prazo de 05 (cinco) anos, contados do fato gerador do tributo, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, proceder à análise das informações prestadas pelo contribuinte homologandoas ou não, quando inexistir concordância. Neste último caso, promover o lançamento de ofício da importância que imputar devida. Aliás, como afirmado alhures, a regra nos tributos sujeitos ao lançamento por homologação é o prazo decadencial insculpido no artigo 150, § 4º, do CTN, o qual dispôs expressamente os casos em que referido prazo deslocarseá para o artigo 173, inciso I, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação comprovados. Somente nessas hipóteses a legislação específica contempla a aplicação de outro prazo decadencial, afastandose a regra do artigo 150, § 4º. Como se constata, a toda evidência, a contagem do lapso temporal em comento independe de pagamento. Ou seja, comprovandose que o contribuinte deixou efetuar o recolhimento dos tributos devidos e/ou promover o autolançamento com dolo, utilizandose de instrumentos ardilosos (fraude e/ou simulação), o prazo decadencial será aquele inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN. Afora essa situação, não se cogita na aplicação daquele dispositivo legal. É o que se extrai da perfunctória leitura das normas legais que regulamentam o tema. Fl. 273DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 6 9 Por outro lado, alguns julgadores e doutrinadores entendem que somente aplicarseia o artigo 150, § 4º, do CTN quando comprovada a ocorrência de recolhimentos relativamente ao fato gerador lançado, seja qual for o valor. Em outras palavras, a homologação dependeria de antecipação de pagamento para se caracterizar, e a sua ausência daria ensejo ao lançamento de ofício, com observância do prazo decadencial do artigo 173, inciso I. Ressaltase, ainda, o entendimento de outra parte dos juristas, suscitando que o artigo 150, 4º, do Código Tributário Nacional, prevalecerá quando o contribuinte promover qualquer ato tendente a apuração da base de cálculo do tributo devido, seja pelo pagamento, escrituração contábil, declaração do imposto em documento próprio, etc. Melhor elucidando, o contribuinte deverá adotar algum procedimento com o fito de apurar o tributo para que pudesse se cogitar em “homologação”. Afora posicionamento pessoal a propósito da matéria, por entender que as contribuições previdenciárias devem observância ao prazo decadencial do artigo 150, § 4°, do Códex Tributário, independentemente de antecipação de pagamento, salvo quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, o certo é que a partir da alteração do Regimento Interno do CARF (artigo 62A), introduzida pela Portaria MF nº 586/2010, os julgadores deste Colegiado estão obrigados a “reproduzir” as decisões do STJ tomadas por recurso repetitivo, razão pela qual deixaremos de abordar aludida discussão, mantendo o entendimento que a aplicação do dispositivo legal retro depende da existência de recolhimentos do mesmo tributo no período objeto do lançamento, na forma decidida por aquele Tribunal Superior nos autos do Resp n° 973.733/SC, assim ementado: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: Resp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco Fl. 274DF CARF MF 10 regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial qüinqüenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Na esteira desse raciocínio, uma vez delimitado pelo STJ e, bem assim, pelo Regimento Interno do CARF que nos lançamentos por homologação a antecipação de pagamento é indispensável à aplicação do instituto da decadência, nos cabe tão somente nos quedar a aludida conclusão e constatar ou não a sua ocorrência. Entrementes, a controvérsia em relação a referido tema encontrase distante de remansoso desfecho, se fixando agora em determinar o que pode ser considerado como antecipação de pagamento no Imposto de Renda Pessoa Física, sobretudo em face das diversas modalidades e/ou procedimentos adotados por ocasião do lançamento fiscal. Na hipótese dos autos, o que torna digno de realce é que a presente autuação decorre do descumprimento de obrigações acessórias, caracterizando, portanto, lançamento de ofício, não se cogitando em antecipação de pagamentos, o que faz florescer, via de regra, a adoção do prazo decadencial inscrito no artigo 173, inciso I, do CTN, na linha inclusive que a jurisprudência dominante no Judiciário e neste Colegiado vem firmando entendimento. Fl. 275DF CARF MF Processo nº 10552.000009/200711 Acórdão n.º 2401005.580 S2C4T1 Fl. 7 11 Ou seja, o simples fato de se tratar de auto de infração por descumprimento de obrigações acessórias, na maioria absoluta dos casos, impede a aplicação do prazo decadencial contemplado no artigo 150, § 4°, do Códex Tributário, uma vez não haver se falar em lançamento por homologação, inexistindo, em verdade, qualquer atividade do contribuinte a ser homologada, razão do próprio lançamento. A infração em debate diz respeito a "não apresentação de documentos" CFL 38, ou seja, o termo inicial para contagem da decadência é a data do fato gerador, ou seja, a não apresentação da documentação. No entanto, de acordo como toda a fundamentação encimada, especialmente no que tange a inconstitucionalidade declarada pelo STF, não caberia a contribuinte apresentar, ter em guarda, documentação de período fora do prazo decadencial retro mencionado. Assim, tendo a fiscalização solicitado em 29/12/2005 com a devida ciência da contribuinte, e que a documentação não exibida referese ao período de 06/1995 à 12/1995, conforme Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD de efl. 12, a exigência fiscal não pode prosperar. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em dissonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e DARLHE PROVIMENTO, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira Fl. 276DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001775/2008-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANUTENÇÃO PARCIAL DA MULTA PELA FALTA DE DECLARAÇÃO DOS MESMOS FATOS GERADORES.
Sendo declarada a procedência parcial do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP.
Numero da decisão: 2401-005.516
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para excluir da base de cálculo da multa aplicada os valores relativos à previdência complementar privada.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Declarou-se impedido o Conselheiro Matheus Soares Leite
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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AUTUAÇÃO DECORRENTE DO DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL DECLARADA PARCIALMENTE PROCEDENTE. MANUTENÇÃO PARCIAL DA MULTA PELA FALTA DE DECLARAÇÃO DOS MESMOS FATOS GERADORES. Sendo declarada a procedência parcial do crédito relativo à exigência da obrigação principal, deve seguir o mesmo destino a lavratura decorrente da falta de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 17 75 /2 00 8- 96 Fl. 204DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, darlhe provimento parcial para excluir da base de cálculo da multa aplicada os valores relativos à previdência complementar privada. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Luciana Matos Pereira Barbosa e Miriam Denise Xavier. Declarouse impedido o Conselheiro Matheus Soares Leite Fl. 205DF CARF MF Processo nº 19515.001775/200896 Acórdão n.º 2401005.516 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório HAMBURG SUD BRASIL LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 1623.495/2009 da 5° Turma da DRJ em São Paulo/SP, às efls. 138/151, que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória por ter apresentado as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP, com os dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV,§ 5°, nas competências de janeiro/2004 a dezembro/2004. O Relatório Fiscal da Infração, de fls. 14, informa, ainda, que não foram informados cm GFIP, e não sofreram a incidência as contribuições previdenciárias, os valores pagos pela empresa a seus empregados a titulo de participação nos resultados (contabilizados como gratificação a funcionários), bem como os valores por ela dispendidos com o programa de previdência privada, sendo que tais valores, por terem sido pagos cm desacordo com as legislações pertinentes, foram considerados pela fiscalização como sujeitos incidência das contribuições para a seguridade social e serviram de base de cálculo para o débito lançado nos Autos de Infração 37.163.3400, 37.163.3419, 37.163.3443, 37.163.3451 e 37.163.3460. Em decorrência da infração encimada, foi aplicada a multa de R$ 81.725,99 (oitenta e um mil e setecentos e vinte e cinco reais e noventa e nove centavos) com base nos dispositivos legais citados no tópico do AI denominado Dispositivo Legal da Multa Aplicada artigo 32, parágrafo 5° da Lei n.° 8.212/91, acrescentado pela Lei n.° 9.528/97, e artigos 284, inciso II (com a redação dada pelo Decreto n.° 4.729/03) e 373 do Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n.° 3.048/99. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão encimada, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 155/161, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Após breve relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, reitera as razões da impugnação, arguindo que os valores de participação nos resultados não integram o salário de contribuição; que não são fatos geradores de contribuição previdenciária e por isso não devem ser declarados em GFIP. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para decretar o cancelamento do Auto de Infração, tornandoo sem efeito e, no mérito, sua absoluta improcedência. Não houve apresentação de contrarrazões. Após, regular processamento do feito, em 17 de janeiro de 2012, foi proposta resolução pela Nobre Conselheira Relatora Dra. Liege Lacroix Thomasi, acatada pela unanimidade do Colegiado, às efls 187/188, in verbis: (...) Fl. 206DF CARF MF 4 O recurso cumpriu com o requisito de admissibilidade devendo ser conhecido. Entretanto, é de se notar que a obrigação principal, relativa ao pagamento de participação nos lucros e resultados aos segurados está sendo discutida em outro processo e somente após o julgamento do mesmo é que se poderá julgar este auto de infração que trata do descumprimento de obrigação acessória decorrente daquela obrigação principal. Assim, entendo que este processo deve ser convertido em diligência para que seja julgado conjuntamente com o processo que trata da obrigação principal conexa a este auto de infração. Em resposta a diligência acima transcrita, a autoridade administrativa (segunda seção do CARF) elaborou despacho à efls. 199, expondo o seguinte: A Resolução 2302000.130 (Relatora: Liége Lacroix Thomasi – 2ª Turma Ordinária/3ª Câmara), fls.187/188, em rápida conclusão vota no sentido de apensar o processo indicado acima aos processos 19515.001769/200839, 19515.001770/200863, 19515.001771/200816, 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805. Os processos 19515.001769/200839, 19515.001770/200863 e 19515.001771/200816 encontramse, nesta data, na unidade de origem da Receita Federal do Brasil, após desistência do sujeito passivo. Já os processos 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805 encontramse, também nesta data, aguardando distribuição e sorteio na Secam 4ª Câmara/2ª Seção de Julgamento. (...) Defiro a conexão proposta na Resolução 2302000.130 (Relatora: Liége Lacroix Thomasi – 2ª Turma Ordinária/3ª Câmara) entre os processos 19515.001775/200896, 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805 e distribuase conforme o Regimento Interno do Carf. Os autos foram sorteados para minha relatoria e conseguinte inclusão em pauta. É o relatório. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 19515.001775/200896 Acórdão n.º 2401005.516 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA Inicialmente saliento que em nenhum momento a contribuinte insurgese quanto ao "mérito", propriamente dito da obrigação acessória, apenas mencionando alguns princípios norteadores do direito. A recorrente manifestase apenas quanto ao mérito das contribuições previdenciárias (obrigação principal). Conforme se depreende do relatório, após a realização de diligência, restou demonstrado que os autos de infração de obrigação principal (PLR), aos quais o presente lançamento está relacionado, não houve julgamento de mérito, por desistência do sujeito passivo. Já os autos de infração principal (PREVIDÊNCIA PRIVADA), foram anexados ao AIOA em questão, pois encontravamse aguardando distribuição e sorteio. Dessa forma, resta a análise do presente auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, agora com ciência da informação acerca do andamento dos autos de infração de obrigação principal. O entendimento deste Relator é que o julgamento dos AI decorrentes de aplicação de multa por omissão de fatos geradores na GFIP deve levar em consideração o que ficou decidido nos AI para exigência da obrigação principal. Assim, os resultados dos julgamentos das lavraturas para cobrança das contribuições tem sido aplicados automaticamente nas demandas em que é discutida a exigência de declaração dos fatos geradores correspondentes na GFIP. Vejam esse julgado da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PROCESSOS CONEXOS. O presente auto de infração diz respeito à infringência ao art. 32, inciso IV, § 5° da Lei n° 8.212/91, por ter o contribuinte apresentado Guia de Recolhimento de Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e informações à Previdência Social em GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Foi declarado nulo em virtude da declaração da nulidade, por vício formal, da NFLD (processo nº Fl. 208DF CARF MF 6 35554.005633/200626) que continha os lançamentos referentes aos fatos geradores tidos como não declarados, em decorrência da conexão existente entre o presente auto de infração e a referida NFLD. Provido o recurso especial da Fazenda Nacional, no sentido de se afastar a nulidade por vício formal apontada no processo nº 35554.005633/200626. Em virtude da existência de conexão entre os processos, igual sorte merece o presente auto de infração. Nos termos em que disciplina o art. 49, § 7º do anexo II da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF, os processos conexos, decorrentes ou reflexos serão distribuídos ao mesmo relator, independentemente de sorteio. (Acórdão 9202001.244, Rel Conselheiro Elias Sampaio Freire, 08/02/2011) Entrementes, como circunstanciadamente demonstrado nos PAF n° 19515.001772/200852 e 19515.001773/200805, no entendimento deste Colegiado, às contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas em comento não se sustentam, o que, ensejou a improcedência parcial dos autos de infrações pertinentes à obrigação principal. Dessa forma, no julgamento do presente Auto de Infração impõese à observância à decisão levada a efeito nas autuações retromencionadas, em face da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Na esteira desse entendimento, uma vez rechaçada parte da exigência fiscal consubstanciada nos Autos de Infração retro (obrigação principal relativas a Previdência Privada), aludida decisão deve, igualmente, ser adotada nesta autuação, afastando, por conseguinte, a penalidade aplicada, na linha do decidido no processo principal. Por todo o exposto, estando os Autos de Infração sub examine parcialmente em dissonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para afastar a multa acerca dos fatos geradores decorrentes da Previdência Privada, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. Rayd Santana Ferreira Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10120.727464/2015-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010, 2011
LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento.
LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. NULIDADE. NÃO APLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE.
Na esteira da jurisprudência dominante no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a existência de eventuais irregularidades na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF, não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, entendimento que, apesar de não compartilhar, adoto em homenagem à economia processual.
GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. ALIENAÇÃO DE BENS COMUNS. APURAÇÃO E TRIBUTAÇÃO EM NOME DE UM DOS CÔNJUGES.
Correto o lançamento de ofício, decorrente da omissão de ganho de capital na alienação de bens comuns do casal, realizado em nome de um dos cônjuges, quando o contribuinte autuado tenha feito a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome.
GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS
Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor de alienação. Devem ter o tratamento de juros e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual
APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL.
Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea, não se equiparando à aludida verba o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações.
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO.
De conformidade com a legislação de regência, na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida.
MULTA QUALIFICADA. NÃO CARACTERIZAÇÃO
Não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção pré-determinada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Insubsistência da aplicação da multa qualificada.
JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO - INAPLICABILIDADE
Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente.
PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE.
De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
Numero da decisão: 2401-005.249
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício e, por maioria, negar-lhe provimento, vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu-lhe provimento. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que acolhia as preliminares. No mérito, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75%; e (ii) afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Relator, que deu provimento parcial para afastar tão somente a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu provimento parcial para afastar apenas a qualificadora da multa de ofício no mês de set/2011. Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento parcial em maior extensão, mantendo a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencidos o Relator e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, os quais, em primeira votação, nos termos do art. 60 do Anexo II do Regimento Interno, davam provimento ao recurso voluntário por aplicação incorreta da sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Designada para redigir o voto vencedor, nas matérias em que o Relator restou vencido, a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. O conselheiro José Alfredo Duarte Filho solicitou a apresentação de declaração de voto.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Redatora Designada.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausente os Conselheiros Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Miriam Denise Xavier e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010, 2011 LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. NULIDADE. NÃO APLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE. Na esteira da jurisprudência dominante no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a existência de eventuais irregularidades na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal - MPF, não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, entendimento que, apesar de não compartilhar, adoto em homenagem à economia processual. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. ALIENAÇÃO DE BENS COMUNS. APURAÇÃO E TRIBUTAÇÃO EM NOME DE UM DOS CÔNJUGES. Correto o lançamento de ofício, decorrente da omissão de ganho de capital na alienação de bens comuns do casal, realizado em nome de um dos cônjuges, quando o contribuinte autuado tenha feito a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome. GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor de alienação. Devem ter o tratamento de juros e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea, não se equiparando à aludida verba o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO. De conformidade com a legislação de regência, na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida. MULTA QUALIFICADA. NÃO CARACTERIZAÇÃO Não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção pré-determinada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Insubsistência da aplicação da multa qualificada. JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO - INAPLICABILIDADE Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendo-lhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência.
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NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. LANÇAMENTO. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. EVENTUAIS IRREGULARIDADES. NULIDADE. NÃO APLICABILIDADE. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE. Na esteira da jurisprudência dominante no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, a existência de eventuais irregularidades na emissão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF, não tem o condão de ensejar a nulidade do lançamento, entendimento que, apesar de não compartilhar, adoto em homenagem à economia processual. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. ALIENAÇÃO DE BENS COMUNS. APURAÇÃO E TRIBUTAÇÃO EM NOME DE UM DOS CÔNJUGES. Correto o lançamento de ofício, decorrente da omissão de ganho de capital na alienação de bens comuns do casal, realizado em nome de um dos cônjuges, quando o contribuinte autuado tenha feito a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome. GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 72 74 64 /2 01 5- 49 Fl. 1411DF CARF MF 2 de alienação. Devem ter o tratamento de “juros” e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea, não se equiparando à aludida verba o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO. De conformidade com a legislação de regência, na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida. MULTA QUALIFICADA. NÃO CARACTERIZAÇÃO Não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Insubsistência da aplicação da multa qualificada. JUROS DE MORA COM BASE NA TAXA SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE Os juros de mora à taxa SELIC só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa de ofício aplicada proporcionalmente. PAF. APRECIAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. IMPOSSIBILIDADE. De conformidade com os artigos 62 e 72, e parágrafos, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, c/c a Súmula nº 2, às instâncias administrativas não compete apreciar questões de ilegalidade ou de inconstitucionalidade, cabendolhes apenas dar fiel cumprimento à legislação vigente, por extrapolar os limites de sua competência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 1412DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 3 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício e, por maioria, negarlhe provimento, vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deulhe provimento. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e, por maioria, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento, vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que acolhia as preliminares. No mérito, por maioria, dar provimento parcial ao recurso voluntário para: (i) excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75%; e (ii) afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o Relator, que deu provimento parcial para afastar tão somente a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencido o conselheiro Cleberson Alex Friess, que deu provimento parcial para afastar apenas a qualificadora da multa de ofício no mês de set/2011. Vencido o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, que deu provimento parcial em maior extensão, mantendo a incidência dos juros sobre a multa de ofício. Vencidos o Relator e o conselheiro José Alfredo Duarte Filho, os quais, em primeira votação, nos termos do art. 60 do Anexo II do Regimento Interno, davam provimento ao recurso voluntário por aplicação incorreta da sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Designada para redigir o voto vencedor, nas matérias em que o Relator restou vencido, a conselheira Andréa Viana Arrais Egypto. O conselheiro José Alfredo Duarte Filho solicitou a apresentação de declaração de voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Redatora Designada. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, José Alfredo Duarte Filho e Rayd Santana Ferreira. Ausente os Conselheiros Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Miriam Denise Xavier e Fernanda Melo Leal. Fl. 1413DF CARF MF 4 Relatório ANTONIO FERNANDO DE OLIVEIRA MAIA, contribuinte, pessoa física, já qualificado nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho da decisão da 2a Turma da DRJ em São Paulo/SP, Acórdão nº 1673.628/2016, às fls. 1.237/1.282, que julgou parcialmente procedente o Auto de Infração concernente ao Imposto de Renda Pessoa Física IRPF, decorrente da constatação de omissão ganhos de capital na alienação de bens e direitos e de rendimentos recebidos classificados indevidamente na DIRPF, em relação aos exercícios 2011 e 2012, conforme peça inaugural do feito, às fls. 02/16, e demais documentos que instruem o processo. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 15/09/2015 (fl. 1.031), nos moldes da legislação de regência, contra o contribuinte acima identificado, constituindose crédito tributário no valor consignado na folha de rosto da autuação, decorrentes dos seguintes fatos geradores: a) RENDIMENTOS RECEBIDOS CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF INFRAÇÃO: RENDIMENTOS RECEBIDOS NÃO TRIBUTADOS OU CLASSIFICADOS INDEVIDAMENTE NA DIRPF O contribuinte omitiu ou classificou indevidamente, na Declaração de Ajuste Anual, rendimentos recebidos de pessoa jurídica, conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal. b) GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS INFRAÇÃO: OMISSÃO/APURAÇÃO INCORRETA DE GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS ADQUIRIDOS EM REAIS Omissão/apuração incorreta de ganhos de capital auferidos na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza adquiridos em reais, conforme detalhado no Termo de Verificação Fiscal A multa foi aplicada no percentual de 75%, com base no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07, para os fatos geradores entre 01/09/2010 e 31/12/2011, exceto para as infrações (omissão/apuração incorreta de ganhos de capital) cujos fatos geradores ocorreram em 31.05.2011, 30.06.2011 e 30.09.2011, para as quais foram aplicadas no percentual de 150%, com base no Art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488/07. A Sra. Telma Romão Maia, CPF 412.550.11149, cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi considerada responsável solidária, com base no art. 124, I, da Lei nº 5.172/66 (CTN), tendo sido lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fls. 1034) e o Termo de Ciência de Lançamentos e Encerramento Total do Procedimento Fiscal – Responsabilidade Tributária (fls. 1036/1039). Do Termo de Verificação Fiscal (fls. 18 a 60), a que se reporta a descrição dos fatos do Auto de Infração (fl.5), extraise o seguinte: O trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). Fl. 1414DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 4 5 A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Após esclarecimento a respeito do valor de alienação e o custo de aquisição das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e da MB Engenharia S/A alienadas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia à Brascan Residential Properties S/A por meio do Contrato de Compra e Venda e outras Avencas celebrado em 17/04/2008, a fiscalização procedeu à análise da apuração de ganho de capital feita pelo contribuinte em relação a esta operação. Com relação à opção da tributação dos ganhos de capital pelo contribuinte, a fiscalização informou que, conforme Certidão de Casamento, o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com a Sra. Telma Romão Maia (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988, e que as ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamentase nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses, o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Como as ações alienadas eram bens comuns ao casal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador fica perfeitamente caracterizado, nos termos do art. 124, da Lei n.º 5.172/66 (Código Tributário Nacional). Portanto, como sujeito passivo da obrigação tributária, consubstanciada no Auto de Infração, a Sra. Telma Romão Maia foi cientificada do presente lançamento. Ressalte se, ainda, que foi lavrado o Termo de Sujeição Passiva Solidária (fl. 1034). Após regular processamento, interposta impugnação, contra exigência fiscal consubstanciada na peça vestibular do feito, a autoridade julgadora de primeira instância achou por bem julgar procedente em parte o lançamento, afastando parte do crédito tributário por entender que o critério utilizado pela fiscalização em relação ao valor de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia não foi correto, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 1673.628, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Fl. 1415DF CARF MF 6 Anocalendário: 2010, 2011 NULIDADE. Somente ensejam a nulidade do lançamento os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. DECLARAÇÃO EM SEPARADO. Na constância da sociedade conjugal, se o casal decide, por sua livre opção, tributar os rendimentos produzidos por bens comuns em nome de apenas um dos cônjuges, esta forma de tributação alcança a totalidade destes rendimentos. CRÉDITO CONTÁBIL. DISPONIBILIDADE JURÍDICA. FATO GERADOR. A disponibilidade jurídica decorre do simples registro do crédito contábil se, no momento do registro, o beneficiário passa a juridicamente dele dispor, embora ainda não esteja, em suas mãos, os respectivos valores. GANHO DE CAPITAL. REAJUSTE DAS PARCELAS Os valores recebidos a título de reajuste, qualquer que seja a denominação (juros, correção monetária, reajuste de parcelas etc.), não compõem o valor de alienação. Devem ter o tratamento de “juros” e serem oferecidos à tributação à medida de seu recebimento, na fonte, quando a alienação for para pessoa jurídica, ou, mediante o recolhimento mensal obrigatório, quando for para pessoa física, e na Declaração de Ajuste Anual. APURAÇÃO DO GANHO DE CAPITAL. DESPESA COM ASSESSORES FINANCEIROS, JURÍDICOS E CONTÁBEIS PARA A CONSUMAÇÃO DE OPERAÇÕES PREVISTAS EM CONTRATO DE COMPRA E VENDA DE AÇÕES. DEDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Na apuração do ganho de capital na alienação de bens e direitos, o alienante poderá deduzir do valor da alienação a importância paga a título de corretagem incorrida na transação desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente e seja comprovada com documentação hábil e idônea. Não se equipara a corretagem o valor pago pelo alienante à assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação de operações previstas em contrato de compra e venda de ações. GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO A PRAZO. Na alienação a prazo, o ganho de capital deve ser apurado como se a venda fosse à vista e o imposto deve ser pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida. APRECIAÇÃO DE ILEGALIDADE. Fl. 1416DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 5 7 Não compete à autoridade administrativa a apreciação de argüições de inconstitucionalidade, ilegalidade, arbitrariedade ou injustiça de atos legais e infralegais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico nacional. MULTA QUALIFICADA É cabível a aplicação da multa qualificada quando restar comprovado que o procedimento adotado pelo contribuinte se enquadra nos pressupostos estabelecidos nos arts. 71,72 e 73 da Lei n. º 4.502/1964. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. Os juros de mora são devidos sobre os débitos de qualquer natureza com a União, não liquidados nos devidos prazos, dentre os quais se inclui a multa de ofício. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Em observância ao disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou procedente em parte o lançamento fiscal. Regularmente intimado e inconformado com a Decisão recorrida, o autuado apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1.351/1.399, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões. Após detalhado relato das fases processuais, bem como dos fatos que permeiam o lançamento, repisa as alegações da impugnação, pugnando preliminarmente pela nulidade por não assistir razão ao fisco quando este afirma que a simples omissão de Telma Romão Maia na apresentação da DAA/2012, combinada com a Declaração apresentada pelo recorrente, constitui opção deste pela tributação integral, pois ambos os cônjuges sempre apresentaram DAA em separado. Demais disso, a omissão de um deles não pode ser convalidada pelo outro, quando consigna formalmente sua opção pela tributação em separado, fato constatado a partir da análise de folhas 1011 e 1021. Conforme assinala a fiscalização, a noticiada omissão de entrega da DAA teria ocorrido apenas em 2012, ao passo que o lançamento alcança vários períodos a contar de 2010. Portanto, a motivação apresentada não pode (e não deve) servir de base para alteração do polo passivo da obrigação tributária, pois, como assinala o art. 123 do CTN, nem mesmo as convenções particulares podem promover essa alteração. Além disso, esclarece que essa faculdade (opção) não é dirigida ao fisco, mas sim ao contribuinte que, espontaneidade sua, pode optar pela tributação em separado, onde cada cônjuge apresenta sua própria declaração de rendimentos (como ocorreu in casu), ou, de outro lado, integralmente em nome de qualquer dos cônjuges, apresentando uma única declaração. Transcreve o art. 7º, §2º, do RIR/99. Cita, ainda, orientação emanada pela SRF, por meio do livro “Perguntas e Respostas”, itens 550 e 586. Sendo o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi arrolada como responsável solidária, com espeque no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Contudo, no caso em exame não se aplica o instituto da solidariedade, posto que ambos os cônjuges partilham a condição de sujeito passivo da obrigação principal, nos termos do art. 121 deste diploma legal. Cita, ainda, os arts. 6º, II, e 7º do RIR/99, o art. 4°, Fl. 1417DF CARF MF 8 da IN SRF nº 15/2001, o art. 22, da IN SRF nº 84/2001, bem como o Acórdão nº 10246829 (CARF); Assim sendo, caso considerado válido o lançamento, mister se faz a segregação do valor autuado a título de ganho de capital, de forma que seja imputado ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia apenas 50% do valor apurado, nos termos do art. 4º, II, da IN SRF nº 15/2001. Ainda preliminarmente, aduz ser nulo o lançamento conforme se verifica nos autos a Sra. Telma Romão Maia nem mesmo foi mencionada no MPF, tampouco intimada a justificar os supostos rendimentos omitidos. Diante disso é de se concluir que o procedimento fiscalizatório está maculado pela nulidade, já que o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia que apresentou DIRPF em separado, teria necessariamente que justificar o motivo da omissão, já que ele, por expressa previsão legal, deveria ter tributado 50% dos aludidos ganhos, mencionando jurisprudência administrativa acerca do tema. Quanto ao mérito, afirma que a primeira infração identificada pela fiscalização consiste no não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39, que corresponde a 50% de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. Nesse caso o combate ao lançamento leva ao enfrentamento de dois pontos igualmente relevantes, que são: a ausência de rendimentos tributáveis e erro na determinação do aspecto temporal do fato gerador. Transcreve a Cláusula 2.3 do Segundo Aditivo. Esclarece que no Contrato de Compra e Venda foi estabelecido (cláusulas 8.1 e 8.4) a obrigação de os vendedores indenizar os compradores por contingências que pudessem ocorrer depois da realização do negócio, o que se verificou de fato em 30.06.2010, levando a repactuação do contrato com a redução do acordado originalmente, não havendo aquisição de renda, mas apenas redução do valor de alienação da empresa (redução de receita), como previsto no Contrato de Compra e Venda. Não obstante isto, denotase também que houve erro na identificação do aspecto temporal do fato gerador, uma vez que a data de quitação (ou redução) desta importância ocorreu em 30.06.2010, e não em 30.09.2010, como considerado pela fiscalização. Transcreve a Cláusula 2.4 do Segundo Aditivo (fls. 136 a 185 dos autos). Caso se admita que a redução do valor do contrato equiparase a renda para fins de incidência do imposto, ainda assim o lançamento deve ser cancelado por inobservância do aspecto temporal. Cita os arts. 142 e 144 do CTN e jurisprudência deste Tribunal. Quanto aos encargos (juros) incidentes sobre o valor da alienação, o Contrato de Compra e Venda de ações contempla a incidência de atualização pelo IGPM, acrescida de 8%, como forma de manutenção do valor avençado quando da quitação das parcelas, ou seja, este acréscimo faz parte da correção do valor da venda. Cita o art. 21 da Lei nº 7.713/88, e a cláusula 1.1 do Instrumento Particular Para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças, datado de 13.04.2011 (fls 738/749 dos autos). Não obstante tratarse de correção preestabelecida em contato e não por mora do devedor, a fiscalização efetuou o lançamento desta rubrica não como ganho de capital, mas como rendimentos sujeitos à tabela progressiva. Fl. 1418DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 6 9 Salienta que o lançamento reportase ao art. 123, §6º do RIR, mas que este parágrafo foi inserido no RIR sem embasamento legal e a instituição, modificação ou majoração de tributos não pode ser veiculada por meio de Decreto. Em relação a glosa de despesas assumidas pelos vendedores com prestadores de serviços contratados para efetivação da venda, no valor de R$21.560.121,69, embora tenha reconhecido que referidos gastos foram necessários para obtenção da receita, a fiscalização realizou a glosa sumariamente por entender que não poderiam ser deduzidos do valor tributável. Alega que todos os gastos necessários à percepção dos rendimentos devem ser levados em consideração para fins de determinação da base tributável. Cita os artigos 123, §5º do RIR/99, e o art. 6º, III, da Lei nº 8.134/90. Foi também tratado como omissão de rendimentos o valor de R$ 48.896.157,20, referente a ações recebidas em permuta. Estes títulos, segundo consta do Acordo de Acionistas firmado em 17.04.2008, não estavam disponíveis em 15.09.2011, data assinalada pela fiscalização como a de ocorrência do fato gerador. Esclarece que no Primeiro Aditivo consta claramente que a venda da empresa e a restrição à liberação das ações aos vendedores deramse de forma casada. Ao observar o Contrato de Venda das Ações, cláusula 5.1, alínea “f” (fls. 67/125), a disponibilidade destes títulos mobiliários estaria sujeita a regramento previsto em Acordo de Acionistas, o que demonstra a indisponibilidade da renda no período assinalado. Cita a cláusula 4.1 do referido Acordo (fls. 532/556). Ainda de acordo com o Contrato de Compra e Venda os compradores, ao mesmo tempo em que ofertaram em permuta ações da BRP, exigiram que as mesmas fossem gravadas em alienação fiduciária. Cita a cláusula 8.11 (fls. 67/125) e o Instrumento Particular de Alienação Fiduciária em Garantia (fls. 457/471), ou seja, em outras palavras, 100% das ações encontravamse indisponíveis para os vendedores, pois mesmo na hipótese de liberação de 20% a partir de 2011 (prevista no Acordo de Acionistas), havia a obrigatoriedade de manter no mínimo 40% alienada fiduciariamente. Explicita que nos termos do art. 43, do CTN, o fato gerador do Imposto de Renda é a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica da renda e as ações recebidas em permuta não poderiam ser livremente comercializadas, sendo na operação de permuta apenas o valor da torna, quando houver, deve ser submetido à tributação. Na permuta a disponibilidade da renda e o acréscimo patrimonial são diferidos para momento futuro e incerto, que somente se perfaz com a efetiva venda e respectivo recebimento. Transcreve trechos de decisões do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, e da ementa de Acórdão do CARF. No caso vertente, a disponibilidade da renda somente ocorreu no ano de 2014, ocasião em que o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia recebeu o produto da venda das ações e, como era de esperar, promoveu a declaração do imposto, ao que comprovam a DAA exercício 2015. Desse modo, tendo em vista que o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia já havia, antes da autuação, realizado a alienação das ações e efetivado o pagamento do imposto incidente sobe o ganho de capital auferido, na pior das hipóteses a fiscalização deveria ter deduzido o valor do imposto pago em homenagem ao que dispõe o Parecer Normativo Cosit n° 2/96. Insurgese quanto a multa qualificada afirmando ter procedido conforme a lei, e, ainda, de acordo com a orientação emanada da Receita Federal, conforme consultas colacionadas. Fl. 1419DF CARF MF 10 Ainda que houvesse tributo sobre a operação, o que se admite apenas para fomentar o debate, a definição do momento exato do surgimento da obrigação tributária, nos termos abordados na impugnação, comporta alto grau de indagação, o que, por si só, afasta a natureza de ato doloso. Quanto a incidência de juros quanto a multa, alega não existir previsão legal acerca desta cobrança, sendo totalmente ilegal e descabível. Por fim, requer o conhecimento e provimento do seu recurso, para preliminarmente decretar a nulidade da Autuação, tornandoa sem efeito e, no mérito, a absoluta improcedência do Lançamento. A Sra. Telma Romão Maia também apresentou Recurso Voluntário, aduzindo as mesmas alegações acima narradas. Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Fl. 1420DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 7 11 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator. Conforme já relatado, o trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Após esclarecimento a respeito do valor de alienação e o custo de aquisição das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e da MB Engenharia S/A alienadas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia à Brascan Residential Properties S/A por meio do Contrato de Compra e Venda e outras Avencas celebrado em 17/04/2008, a fiscalização procedeu à análise da apuração de ganho de capital feita pelo contribuinte em relação a esta operação. Com relação à opção da tributação dos ganhos de capital pelo contribuinte, a fiscalização informou que, conforme Certidão de Casamento, o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com a Sra. Telma Romão Maia (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988, e que as ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamentase nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses, o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações da MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Como as ações alienadas eram bens comuns ao casal, o interesse comum na situação que constituiu o fato gerador fica perfeitamente caracterizado, nos termos do art. 124, da Lei n.º 5.172/66 (Código Tributário Nacional). Fl. 1421DF CARF MF 12 RECURSO DE OFÍCIO Presente o pressuposto de admissibilidade, em razão do crédito desonerado se encontrar sob o manto do limite de alçada, conheço do recurso de ofício e passo a análise da matéria posta nos autos. Após apresentação da impugnação da autuada, o lançamento fora julgado procedente em parte, nos termos do Acórdão nº 1673.628/2016, às efls. 1.237/1.282, da 2a Turma da DRJ em São Paulo/SP, acima ementado, razão pela qual a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício daquele decisum, com arrimo no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008. Com mais especificidade, a DRJ competente, ora guerreada, em síntese, achou por bem rechaçar em parte a pretensão fiscal, afastando parte do crédito tributário por alterar o valor tributável referente à infração (omissão/apuração incorreta de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais) constatada em setembro de 2011, adotando os seguintes fundamentos, in verbis: (...) Dito de outra forma, havia disponibilidade de renda, apta a ensejar a tributação a título de ganho de capital, em relação ao total de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. Já com relação ao valor destas ações, assiste razão ao impugnante quando afirma que o critério utilizado pela fiscalização não está correto, conforme adiante será descrito. A data considerada como de ocorrência do fato gerador foi 15.09.2011, mas a autoridade lançadora adotou (fl. 35) o valor atribuído às ações constante do Instrumento Particular para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças (fls. 628/651), datado de 13.04.2011. Conforme se verifica na cláusula 1.3 do referido Instrumento (fl. 637), o valor unitário atribuído a cada uma das ações dadas em pagamento aos vendedores como parte da segunda parcela foi de R$ 8,20 (oito reais e vinte centavos). Entretanto, embora o Instrumento acima citado tenha sido firmado em abril, o pagamento somente ocorreu em setembro de 2011. Nos termos da IN SRF 84/2001: Art. 19. Considerase valor de alienação: (...);II o valor de mercado, nas operações não expressas em dinheiro; Embora o impugnante tenha juntado (fls. 1147) o que denominou “extrato da Bolsa de Valores Mobiliários com valoração para o dia 15 de setembro de 2011”, não é possível identificar o emissor do referido documento. Neste sentido, o documento apresentado não pode ser aceito. Fl. 1422DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 8 13 Ao se consultar o sítio eletrônico da BOVESPA (www.bmfbovespa.com.br), e acessar a série histórica de cotações, verificase que a cotação da ação (preço médio) para o dia 15.09.2011, foi de R$ 6,49 (seis reais e quarenta e nove centavos). Adotandose a cotação de mercado para a ação em 15.09.2011, cujo valor era de R$ 6,49, e multiplicandose pela quantidade de ações recebidas (5.962.946), obtémse o total de R$ 38.699.519,54 (6,49 x 5.962.946 = R$ 38.699.519,54). Portanto, alterase o valor tributável conforme tabela abaixo: Valor apurado pela fiscalização Valor apurado no julgamento Valor das ações recebidas (R$) 48.896.161,30 38.699.519,54 Custo de aquisição (R$) 1.291.875,70 1.291.875,70 Valor tributável (R$) 47.604.285,60 37.407.643,84 (...) Como se observa dos autos, ao constituir o Ganho de Capital em relação ao total de 5.962.946 das ações percebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, a ilustre autoridade lançadora entendeu por bem adotar o valor atríbuido às ações constantes do Instrumento Particular para Definição de Forma de Pagamento de Parcela Contratual e Outras Avenças (fls. 628/651), ou seja, considerou a data do fato gerador o dia 13/04/2011. Conforme se verifica na cláusula 1.3 do Instrumento encimado (fl. 637), o valor unitário atribuído a cada uma das ações dadas em pagamento aos vendedores como parte da segunda parcela foi de R$ 8,20. Considerando este valor, o Sr. Fiscal chegou ao valor de R$ 48.896.161,30 (8,40 x 5.962.946). Contudo, debruçandose sobre os autos, verificase que embora o Instrumento acima descrito tenha sido firmado em abril, o pagamento apenas ocorreu em setembro de 2011 No que diz respeito à tributação do ganho de capital, especificamente quanto ao valor de alienação, inicialmente cabe transcrever o disposto no art. 19, inc II, da IN SRF 84/2001: Art. 19. Considerase valor de alienação: (...); II o valor de mercado, nas operações não expressas em dinheiro; Ao analisar o voto condutor da decisão de piso, observase que o relator a quo adotou a cotação de mercado para a ação na data do efetivo fato gerador, ou seja, em 15/09/2011, obtendo o valor unitário de R$ 6,49, segundo consulta realizada no sítio eletrônico da BOVESPA. Em face dos fatos acima delineados, uma vez demonstrado que o valor apurado pela fiscalização não corresponde a realidade dos fatos, bem como a legislação de regência, concluiu a Delegacia de Julgamento pela correção deste valor para R$ 38.699.519,54 Fl. 1423DF CARF MF 14 (5.962.946 x 6,49), em obediência a Instrução Normativa acima mencionada, levando em consideração, corretamente, a data de 15/09/2011, bem como a cotação de mercado. Na esteira desse entendimento, não se pode cogitar em irregularidade na decisão levada a efeito pelo julgador de primeira instância, porquanto agiu da melhor forma, com estrita observância da legislação de regência, promovendo a retificação do crédito nos termos encimados. Em vista do exposto, estando à decisão de primeira instância em consonância com os dispositivos legais que regulam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO E NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo o decisum recorrido, nesse ponto, em sua integralidade, pelas razões de fato e de direito acima ofertadas. RECURSO VOLUNTÁRIO Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso voluntário e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR DE NULIDADE FALTA DE INTIMAÇÃO DA CÔNJUGE Preliminarmente, aduz ser nulo o lançamento conforme se verifica nos autos a Sra. Telma Romão Maia nem mesmo foi mencionada no MPF, tampouco intimada a justificar os supostos rendimentos omitidos. Diante disso é de se concluir que o procedimento fiscalizatório está maculado pela nulidade, já que o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia que apresentou DIRPF em separado, teria necessariamente que justificar o motivo da omissão, já que ele, por expressa previsão legal, deveria ter tributado 50% dos aludidos ganhos, mencionando jurisprudência administrativa acerca do tema. São os seguintes os pressupostos do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972, que tratam de nulidade. Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II – os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Verificase, pelo exame do processo, que não ocorreram os pressupostos do supracitado artigo 59, uma vez que todos os atos e termos foram lavrados por Auditor Fiscal da Receita Federal – servidor competente para tal lavratura – perfeitamente identificado em todos esses atos, no decorrer do procedimento fiscal. Especificamente com relação ao Auto de Infração, há de se constatar, de sua análise às fls. 2 a 56, que todos os requisitos previstos no supracitado artigo 10 do Decreto 70.235/1.972, abaixo transcrito, ao contrário do que alega o impugnante, também foram plenamente observados quando de sua lavratura: Art.10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; Fl. 1424DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 9 15 III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de 30 (trinta) dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula.” Resta evidenciada a legitimidade da ação fiscal que deu ensejo ao presente lançamento, cabendo ressaltar que tratase de procedimento de natureza indeclinável para o Agente Fiscalizador, dado o caráter de que se reveste a atividade administrativa do lançamento, que é vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicação de penalidade cabível. De fato, o ato administrativo deve ser fundamentado, indicando a autoridade competente, de forma explícita e clara, os fatos e dispositivos legais que lhe deram suporte, de maneira a oportunizar ao contribuinte o pleno exercício do seu consagrado direito de defesa e contraditório, sob pena de nulidade. E foi precisamente o que aconteceu com os presentes lançamentos. A simples leitura dos anexos das autuações, especialmente o “Termo de Verificação Fiscal” e demais informações fiscais, não deixa margem de dúvida recomendando a manutenção dos lançamentos. Consoante se positiva dos anexos encimados, a fiscalização ao promover os lançamentos demonstrou de forma clara e precisa os fatos que lhes suportaram, ou melhor, os fatos geradores do crédito tributário, não se cogitando na nulidade dos procedimentos. Pelo exposto, temse, portanto, que a autoridade autuante agiu com estrita observância das normas legais que regem a matéria, não tendo como prosperar as alegações de nulidade do lançamento. PRELIMINAR NULIDADE MPF Ainda em sede de preliminar, pugna a contribuinte pela decretação da nulidade do lançamento, por entender haver vícios nos Mandados de Procedimento Fiscal – MPF’s, emitidos em face do fiscalizado, especialmente em razão de não constar o nome da Sra. Telma Romão Maia, a qual fora caracterizada como solidária. Não obstante compartilhar com o entendimento do recorrente, no sentido de que eventual vício no Mandado de Procedimento Fiscal – MPF enseja a nulidade do feito, em casos específicos, o que não se vislumbra na hipótese dos autos, conforme já manifestamos em inúmeras oportunidades, o certo é que a jurisprudência atual deste Colegiado e, principalmente, da Câmara Superior de Recursos Fiscais, afasta a mácula no lançamento decorrente de Fl. 1425DF CARF MF 16 pretensas irregularidades naquele ato, consoante se infere do julgado com sua ementa abaixo transcrita: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 1999 VÍCIOS DO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF.ALEGAÇÃO DE NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Falhas quanto a prorrogação do MPF ou a identificação de infrações em tributos não especificados, não causam nulidade no lançamento. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não pode o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. Recurso voluntário negado.” (2ª Turma da CSRF, Processo nº 10280.001818/200355 – Acórdão nº 920201.757 – Sessão de 27/09/2011) Assim, em homenagem à economia processual, nos quedamos ao posicionamento majoritário deste Egrégio Conselho, o qual não acolhe a nulidade do lançamento decorrente de eventuais irregularidades na emissão do MPF, razão pela qual deixaremos de analisar pontualmente os vícios suscitados pela recorrente, uma vez restar totalmente infrutífero o exame destas questões, o que impõe seja rejeitada a preliminar de nulidade arguida. MÉRITO BEM COMUM DECLARAÇÃO EM SEPARADO LANÇAMENTO EM UM DOS CÔNJUGES A tributação se deu integralmente em relação ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, tendo seu cônjuge sido arrolada como responsável solidária, com base no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Por sua vez o contribuinte pugna preliminarmente pela nulidade por não assistir razão ao fisco quando este afirma que a simples omissão de Telma Romão Maia na apresentação da DAA/2012, combinada com a Declaração apresentada pelo recorrente, constitui opção deste pela tributação integral, pois ambos os cônjuges sempre apresentaram DAA em separado. Demais disso, a omissão de um deles não pode ser convalidada pelo outro, quando consigna formalmente sua opção pela tributação em separado, fato constatado a partir da análise de folhas 1011 e 1021. Conforme assinala a fiscalização, a noticiada omissão de entrega da DAA teria ocorrido apenas em 2012, ao passo que o lançamento alcança vários períodos a contar de 2010. Portanto, a motivação apresentada não pode (e não deve) servir de base para alteração do polo passivo da obrigação tributária, pois, como assinala o art. 123 do CTN, nem mesmo as convenções particulares podem promover essa alteração. Além disso, esclarece que essa faculdade (opção) não é dirigida ao fisco, mas sim ao contribuinte que, espontaneidade sua, pode optar pela tributação em separado, onde cada cônjuge apresenta sua própria declaração de rendimentos (como ocorreu in casu), ou, de Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 10 17 outro lado, integralmente em nome de qualquer dos cônjuges, apresentando uma única declaração. Transcreve o art. 7º, §2º, do RIR/99. Cita, ainda, orientação emanada pela SRF, por meio do livro “Perguntas e Respostas”, itens 550 e 586. Sendo o cônjuge do Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, foi arrolada como responsável solidária, com espeque no art. 124, da Lei nº 5.172/66. Contudo, no caso em exame não se aplica o instituto da solidariedade, posto que ambos os cônjuges partilham a condição de sujeito passivo da obrigação principal, nos termos do art. 121 deste diploma legal. Cita, ainda, os arts. 6º, II, e 7º do RIR/99, o art. 4°, da IN SRF nº 15/2001, o art. 22, da IN SRF nº 84/2001, bem como o Acórdão nº 10246829 (CARF); Assim sendo, caso considerado válido o lançamento, mister se faz a segregação do valor autuado a título de ganho de capital, de forma que seja imputado ao Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia apenas 50% do valor apurado, nos termos do art. 4º, II, da IN SRF nº 15/2001. Primeiramente cabe esclarecer que, conforme relatado, a matéria em questão foi aduzida pelo contribuinte de maneira preliminar, no entanto, por se confundir com o mérito, será analisada nesta oportunidade. Feita essa ponderação, passamos ao enfretamento da demanda. Pois bem. O recorrente não contestou o fato de que era casado ao tempo da alienação das participações societárias. Ressaltese que consta da fl. 891 dos autos cópia da Certidão de Casamento na qual se constata que o contribuinte casou sob o regime de comunhão parcial de bens. O regime de comunhão parcial de bens importa a comunicação de todos os bens adquiridos na constância da sociedade conjugal, sendo que a propriedade e posse dos bens são comuns, ainda que seja adquirido em nome de um dos cônjuges apenas. Entendese que os bens adquiridos na constância da sociedade conjugal a título oneroso presumemse advindos do esforço comum do casal, sendo o patrimônio do casal composto por todos os bens móveis e imóveis comuns. O art. 1.660, do Código Civil Brasileiro (Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002), é claro quanto ao que é incluído no regime de comunhão parcial, destacandose, com relação ao caso que ora se aprecia, o inciso I, que se reproduz a seguir, in verbis: Art. 1.660. Entram na comunhão: I os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Observase que essas determinações constantes no atual Código Civil já estavam previstas no Código anterior aprovado pela Lei n.º 3.071, de 1º de janeiro de 1916, segundo se verifica abaixo: Art. 271. Entram na comunhão: I – os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos cônjuges; Fl. 1427DF CARF MF 18 Verificado que a propriedade é comum, resta saber quem seria o sujeito passivo do imposto de renda incidente sobre ganhos de capital apurado na alienação das participações societárias. Em se tratando de contribuintes casados, a declaração de rendimentos pode ser apresentada em separado ou, opcionalmente, em conjunto. No caso de declaração em separado, cabe transcrever os art. 6° e 7° do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99 (Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999): Art. 6° Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinqüenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges.(grifo nosso) Art. 7° Cada cônjuge deverá incluir, em sua declaração, a totalidade dos rendimentos próprios e a metade dos rendimentos produzidos pelos bens comuns. § 1o O imposto pago ou retido na fonte sobre os rendimentos produzidos pelos bens comuns deverá ser compensado na declaração, na proporção de cinqüenta por cento para cada um dos cônjuges, independentemente de qual deles tenha sofrido a retenção ou efetuado o recolhimento. § 2o Na hipótese prevista no parágrafo único do artigo anterior, o imposto pago ou retido na fonte será compensado na declaração, em sua totalidade, pelo cônjuge que declarar os rendimentos, independentemente de qual deles tenha sofrido a retenção ou efetuado o recolhimento. § 3o Os bens comuns deverão ser relacionados somente por um dos cônjuges, se ambos estiverem obrigados à apresentação da declaração, ou, obrigatoriamente, pelo cônjuge que estiver apresentando a declaração, quando o outro estiver desobrigado de apresentála. Pela leitura dos dispositivos legais acima transcritos, verificase que a regra geral para os rendimentos produzidos pelos bens comuns é a tributação de 50% em nome de cada um dos cônjuges (art. 6°, inciso II). Observase também, o parágrafo único do art. 6° permite, opcionalmente, que os rendimentos produzidos pelos bens comuns sejam tributados integralmente por um dos cônjuges. Mesmo o art. 4º, da IN SRF 15/2001, também citado pelo recorrente, traz esta ressalva em seu parágrafo único: Art. 4° Os rendimentos comuns produzidos por bens ou direitos, cuja propriedade seja em condomínio ou decorra do regime de casamento, são tributados da seguinte forma: (...) II na propriedade em comunhão decorrente de sociedade conjugal, inclusive no caso de contribuinte separado de fato, a tributação, em nome de cada cônjuge, incide sobre cinqüenta por cento do total dos rendimentos comuns; (...) Fl. 1428DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 11 19 Parágrafo único. No caso do inciso II, os rendimentos são, opcionalmente, tributados pelo total, em nome de um dos cônjuges. Nesse aspecto, cabe destacar os esclarecimentos trazidos pelo sitio da Receita Federal, no perguntas e respostas Imposto de Renda da Pessoa Física, acerca da tributação do ganho de capital na alienação de bens comuns decorrentes do regime de casamento, in verbis: 590 Como devem ser consideradas as alienações efetuadas pelos cônjuges, para fins de tributação dos ganhos de capital? As transações efetuadas na constância da sociedade conjugal em regime de comunhão universal ou parcial de bens comuns têm o seguinte tratamento, para efeito de tributação: cada cônjuge deve considerar 50% do ganho de capital. Opcionalmente o total do ganho de capital pode ser tributado por um dos cônjuges, exceto quando se tratar de bens incomunicáveis, caso em que cada um deve tributar o valor que lhe cabe.(g.n.) Atenção: Nas alienações de bens comuns, decorrentes do regime de casamento, o ganho de capital é apurado em relação ao bem como um todo. Apenas a tributação do ganho apurado é que deve ser feita na razão de 50% para cada cônjuge ou, opcionalmente, 100% em um dos cônjuges.(Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, art. 22)(grifamos) Conforme extraí dos dispositivos encimados, concluise que nas alienações de bens comuns, o ganho de capital será apurado em relação ao bem como um todo, devendo a tributação ser feita na razão de 50% para cada cônjuge. Cabendo ainda, a OPÇÃO, entenda se: por escolha/faculdade do contribuinte, a tributação de 100% em um dos cônjuges. No caso em concreto, conforme a fiscalização afirmou, a Sra. Telma Romão Maia não apresentou a DIRPF 2012 (anocalendário de 2011). Por outro lado, na DIRPF 2012 do Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia foi informada a alienação da totalidade das ações das empresas MB Engenharia SPE037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. Cumpre esclarecer que a não apresentação de declaração é um mero descumprimento de obrigação acessória, podendo ser punível com aplicação de multa regulamentar. Fazendo uma análise do lançamento fiscal, verificase que o ganho de capital apurado foi calculado sobre o valor total na venda da participação societária em questão. Seguindo na análise dos cálculos, constatase também que o Imposto de Renda lançado foi calculado sobre esse o valor da totalidade do ganho de capital. Portanto, assiste razão ao Recorrente ao dizer que o Auditor Fiscal não calculou o imposto na razão de 50% (cinquenta por cento) para cada cônjuge. Como a Declaração de Ajuste Anual é feita de forma separada, mesmo que no anocalendário em questão não tenha um dos cônjuges apresentado a DAA (obrigação acessória), da mesma forma não consta como dependente naquela apresentada, assim caberia a Fl. 1429DF CARF MF 20 tributação do imposto de renda de apenas 50% (cinquenta por cento) sobre o ganho de capital da venda das ações pertencentes à sociedade conjugal na fração ideal equivalente a 50% (cinquenta por cento) para cada cônjuge. Como se vê do lançamento, não foi aplicada a sistemática correta para a apuração do ganho de capital na alienação do bem do casal, em que foi perfectibilizado em nome de um dos sujeitos passivos, qual seja, o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia, com a incidência do Imposto de Renda sobre a totalidade do montante apurado a título de ganho de capital, razão porque constatase nitidamente o equívoco da fiscalização na aplicação da base de cálculo tributável. Repiso, os fundamentos da autoridade fiscal e dos julgadores de primeira instância de que por não ter a Sra. Telma Romão Maia apresentado DAA para o exercício 2012, teria o Sr. Antonio optado pela totalidade do ganho de capital, o que pelo exposto encimado, não traduz a realidade da melhor forma, uma vez que a entrega da Declaração trata se de obrigação acessória, não dando ensejo ao fundamento da Fazenda Nacional. Só a título de exemplo, o Sr. Antonio também poderia não ter entregue a Declaração para o ano em questão, e nesse caso, não caberia ao fiscal "escolher" em quem lançar, devendo observar os preceitos legais acima transcritos. Na esteira desse entendimento, impõese acolher a argumentação do contribuinte, no sentido da irregularidade do procedimento eleito pela fiscalização ao promover o lançamento, impondo seja decretada a insubsistência do feito, nos termos encimados. DEMAIS QUESTÕES DE MÉRITO Uma vez vencido em relação à tese acima sustentada, passível, em nosso entendimento, de decretar a improcedência do lançamento, mister se faz adentrar às demais questões de mérito suscitadas pelos contribuintes, senão vejamos. DA TRIBUTAÇÃO DA ANTECIPAÇÃO DO PREÇO NOS TERMOS DO 2º ADITIVO CONTRATUTAL Relativamente a este ponto, suscita o contribuinte que a primeira infração identificada pela fiscalização consiste no não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39, que corresponde a 50% de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. Nesse caso o combate ao lançamento leva ao enfrentamento de dois pontos igualmente relevantes, que são: a ausência de rendimentos tributáveis e erro na determinação do aspecto temporal do fato gerador. Transcreve a Cláusula 2.3 do Segundo Aditivo. Insurgese a contribuinte contra o entendimento fiscal, aduzindo que no Contrato de Compra e Venda foi estabelecido (cláusulas 8.1 e 8.4) a obrigação de os vendedores indenizarem os compradores por contingências que pudessem ocorrer depois da realização do negócio, o que se verificou de fato em 30.06.2010, levando a repactuação do contrato com a redução do acordado originalmente, não havendo aquisição de renda, mas apenas redução do valor de alienação da empresa (redução de receita), como previsto no Contrato de Compra e Venda. Não obstante as substanciosas razões de fato e de direitos arguidas pelo recorrente, seu insurgimento, contudo, não tem o condão de prosperar, pelas razões de fato e de direito que passamos a desenvolver. Fl. 1430DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 12 21 Destarte, na esteira dos preceitos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, a “renda”, fato gerador do imposto objeto da autuação se caracteriza como sendo a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica decorrentes de proventos de qualquer natureza, dentre outros, como segue: “Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1o A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) § 2o Na hipótese de receita ou de rendimento oriundos do exterior, a lei estabelecerá as condições e o momento em que se dará sua disponibilidade, para fins de incidência do imposto referido neste artigo. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001)” Por sua vez, o Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, em seu artigo 2º, caput, assim estabelece: “Art. 2º As pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil, titulares de disponibilidade econômica ou jurídica de renda ou proventos de qualquer natureza, inclusive rendimentos e ganhos de capital, são contribuintes do imposto de renda, sem distinção da nacionalidade, sexo, idade, estado civil ou profissão (Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, art. 43, e Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, art. 4º). §1º São também contribuintes as pessoas físicas que perceberem rendimentos de bens de que tenham a posse como se lhes pertencessem, de acordo com a legislação em vigor (DecretoLei nº 5.844, de 23 de setembro de 1943, art. 1º, parágrafo único, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 45). §2º O imposto será devido à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos, sem prejuízo do ajuste estabelecido no art. 85 (Lei nº 8.134, de 27 de dezembro de 1990, art. 2º).” Na hipótese dos autos, consoante restou muito bem delineado pelo fiscal autuante, o contribuinte fora tributado em razão da compensação, procedida em 2010, de débitos dos vendedores, nos termos dos próprios instrumentos negociais formalizados pelas partes e constantes dos autos, onde ficou devidamente consignado que do preço mínimo a ser pago pelo negócio, seriam deduzidos os créditos possuídos pela MB Engenharia em face de Marcelo, Fernando e partes a eles relacionadas. Fl. 1431DF CARF MF 22 A propósito da matéria, a autoridade julgadora de primeira instância se manifestou com bastante propriedade, motivo pelo qual peço vênia para transcrever excerto do Acórdão recorrido e adotalo como razões de decidir, in verbis: “[...] Passandose ao caso concreto, verificase que o impugnante, juntamente com seu sócio, era detentor de participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A. A fiscalização constatou que o contribuinte Antônio Fernando de Oliveira Maia e seu sócio, o Sr. Marcelo Martins Borba, alienaram à Brascan Residential Properties S/A, CNPJ 07.700.557/000184, por meio do contrato de compra e venda de ações e outras avenças celebrado em 17/04/2008, 14.823.558 ações ordinárias nominativas da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A, CNPJ 09.041.491/000193, representativas de 100% de seu capital votante e total. A aquisição da totalidade das ações da MB Engenharia SPE037 S/A resultou na obtenção de 80% das ações representativas do capital votante e total da empresa MB Engenharia S/A, CNPJ 04.123.616/000100. No mesmo instrumento contratual, foi alienado o restante das ações da MB Engenharia S/A, perfazendo o total de 20% de seu capital votante e total, representadas por 400.000 ações ordinárias, de propriedade direta dos mencionados sócios. Tal operação resultou na aquisição, pela compradora, da totalidade das ações representativas do capital votante e total da MB Engenharia S/A, com exceção de 2 (duas) ações que continuaram a ser detidas pelos vendedores. Em decorrência da referida alienação, cujo contrato foi celebrado em 17.04.2008, o contribuinte, que possuía 50% das ações negociadas, receberia a importância de R$ 20.000.000,00 referentes à primeira parcela (em 2008). Estava previsto, ainda, o recebimento de mais duas parcelas, sendo que a terceira somente seria paga se houvesse redução no valor da segunda parcela, cuja previsão de recebimento era em 30.04.2011. Mas o valor exato da segunda parcela era desconhecido no momento da contratação, já que dependia do resultado da aplicação da fórmula abaixo, cujos componentes estavam vinculados a eventos futuros (vide cláusula 2.4, às fls. 76/77). [...] Embora o valor da segunda parcela fosse desconhecido, a cláusula 2.6 (fl. 83) estipulava um valor mínimo, a ser pago em 30.04.2011, de R$164.000.000,00 (R$82.000.000,00 referentes ao contribuinte), permitindo inclusive aos alienantes apurar, em 2008, o ganho de capital. [...] Com a celebração, em 13.08.2010, do Segundo Aditivo ao Contrato de Compra e Venda, a fórmula para apuração da segunda parcela foi modificada, nos termos da cláusula 1.2.1 (fl. 142): [...] Fl. 1432DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 13 23 Com a cláusula 1.3, abaixo reproduzida, do Segundo Aditivo, foi acrescentado mais um abatimento, no montante de R$ 30.420.958,78: [...] Só para resumir, com o Segundo Aditivo, o cálculo da 2a parcela da venda objeto da presente análise passou a ser: Segunda Parcela = [EBTIDA MB x 5,5] – [Dívida Líquida MB] – [Dívida Líquida Brookfield MB Econômico] – [Pagamento Postergado] – [Desembolso Inicial Atualizado] – [Segundo Desembolso Atualizado] [Terceiro Desembolso Atualizado] – R$ 30.420.958,78 (atualizados até 30.04.2011). Estes R$ 30.420.958,78, como se verá adiante, correspondem à dívida dos vendedores junto à empresa MB Engenharia. Com o Segundo Aditivo também houve modificação no cálculo do Valor Mínimo (chamado de Preço Mínimo na cláusula 2.3, à fl.150) prevendose a dedução dos créditos com partes relacionadas. [...] Nos termos da cláusula 2.3.1, o valor acima (R$ 29.872.221,51) atualizado até 30.06.2010, passou a ser de R$ 30.420.958,78: [...] A cláusula 2.3 do Segundo Aditivo, como visto acima, menciona que os créditos com partes relacionadas são créditos possuídos pela empresa (MB Engenharia) em face dos vendedores, dentre os quais se encontra o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. Nesta cláusula é citado o Anexo 10. A fiscalização autuou o Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia em função da compensação, ocorrida em 2010, de dívida possuída pelos vendedores. Neste sentido, vale a pena transcrever o contido nas fls. 43/44 dos autos: [...] Em outras palavras, as cláusulas do Segundo Aditivo ao Contrato de Compra e Venda de Ações e Outras Avencas transcritas acima estabeleceram a redução do valor da 2ª parcela do preço mediante compensação dos valores devidos pelos alienantes à MB Engenharia S/A.(grifos originais) O lançamento feito na contabilidade da adquirente não deixa qualquer dúvida sobre o fato de que a compensação citada acima ensejou redução da quantia a ser paga na 2ª parcela: foi feito um débito na conta de aquisição de investimento (conta do passivo) e um crédito na conta de empréstimo a partes relacionadas (conta do Fl. 1433DF CARF MF 24 ativo), em 30/09/2010. O cálculo da Segunda Parcela, conforme documento intitulado Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avencas firmado entre Compradora e Vendedores em 29.03.2011, trata o referido valor como “Antecipação do preço conforme segundo aditivo”, e o subtrai, juntamente com os valores pagos referente à Primeira Parcela, do valor real da alienação das ações, resultado da aplicação da fórmula prevista no Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, celebrado entre as partes em 17/04/2008. A insurgência do impugnante no sentido de que houve simples redução no valor de alienação, em razão da obrigação dos vendedores de indenizar os compradores por contingências verificadas após a realização dos negócios, não merece guarida. A fiscalização partiu do pressuposto da veracidade das cláusulas contidas no contrato de compra e venda. E no contato celebrado consta expressamente que do preço mínimo seriam deduzidos créditos possuídos pela MB Engenharia em face de Marcelo, Fernando e partes a eles relacionadas. Não é razoável se imaginar que este trecho foi inserido por equívoco no contrato. O impugnante também alega (fls. 1065/1066) que na cláusula 2.3 do Segundo Aditivo (celebrado em 13.08.2010) os créditos com partes relacionadas estão definidos como perdas identificadas na MB Engenharia. Entretanto, esta informação diverge do contido no item 1 do Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avenças (fls. 670/673) que traz a seguinte afirmação: A Compradora informa que não apurou nenhuma perda relevante no período. Atentese que este Instrumento é mais recente, eis que firmado entre Compradora e Vendedores, em 29.03.2011, portanto, celebrado em data posterior ao 2º Aditivo. Transcrevese, abaixo, o citado item: [...] Também não merece prosperar a alegação do impugnante de que nos lançamentos da conta “Créditos com Partes Relacionadas” não existe menção ao nome dos vendedores e por este motivo está afastada a tese de abatimento do valor da 2a. parcela de dívidas a estes vinculadas. Senão vejamos. Nos termos do pronunciamento do Ibracon podemse definir partes relacionadas como: “Entidades, físicas ou jurídicas, com as quais uma companhia tenha possibilidade de contratar, no sentido lato deste termo, em condições que não sejam as de comutatividade e independência que caracterizam as transações com terceiros alheios à companhia, ao seu controle gerencial ou qualquer outra área de influência.” Da conceituação acima podese extrair que tanto uma pessoa jurídica como pessoa física podem ser consideradas partes relacionadas. Fl. 1434DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 14 25 O fato de não conter nos lançamentos os nomes dos vendedores também não desabona a tese da fiscalização. Os nomes adotados pela contabilidade, por si só, não são capazes de traduzir a real natureza dos lançamentos. O que dizer, por exemplo, de um lançamento denominado “quitação de saldo das vagas de garagem 2 e 3 – apto. 203” ? Portanto, quisesse o impugnante fazer valer suas alegações, bastaria ter apresentado junto com a impugnação as demonstrações contábeis referentes à conta sob comento, acompanhadas dos respectivos documentos probatórios, de modo que ficasse provado, de forma irrefutável, que referidas transações não beneficiaram as pessoas físicas dos sócios, ou seja, que não era dívida dos sócios ao contrário do afirmado na cláusula 2.3 do Segundo Aditivo contratual. Ainda, como bem lembrou a fiscalização, o cálculo da Segunda Parcela, conforme documento intitulado Instrumento Particular de Fixação de Parcelas Contratuais e Outras Avenças (fls. 670/673) firmado entre Compradora e Vendedores, em 29.03.2011, trata o referido valor, em seu Anexo I, como “Antecipação do preço conforme segundo aditivo”, e o subtrai, juntamente com os valores pagos referente à Primeira Parcela, do valor real da alienação das ações, resultado da aplicação da fórmula prevista no Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, celebrado entre as partes em 17/04/2008. Dos dispositivos contratuais acima transcritos, resta claro que o preço de venda das participações societárias estava sujeito a ajuste e somente poderia ser determinado, definitivamente, após o seu recebimento. Do valor mínimo estipulado para pagamento em 30.04.2011 seriam abatidos o valor atualizado correspondente à primeira parcela e o montante de R$ 30.420.958,78. Desse modo, a dedução dos créditos com partes relacionadas diminuiu o valor a receber da segunda parcela ocorrido em 2011, configurandose como pagamento de parte do preço. Diante de todo o acima exposto, entendo que em 30/09/2010, data adotada pela fiscalização como a da ocorrência do fato gerador, o impugnante possuía disponibilidade jurídica sobre o montante de R$ 15.210.479,39 (metade dos R$30.420.958,78 lançados na contabilidade da empresa Brookfield Incorporações S/A), que foram abatidos na 2a parcela do preço. Determina o artigo 116, do CTN, que, salvo disposição de lei em contrário, tratandose de situação jurídica, considerase ocorrido o fato gerador, e existentes os seus efeitos, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos do direito aplicável. Em complementação, o artigo 117, dispõe que, salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos Fl. 1435DF CARF MF 26 condicionais reputamse perfeitos e acabados, sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Tais dispositivos também dispõem que, tratandose de situação de fato, ocorre o fato gerador desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. Ainda, disponibilidade jurídica não se confunde com disponibilidade econômica. Ao se referir à disponibilidade econômica ou jurídica, o legislador entendeu que o fato gerador pode se dar quando houver o pagamento ou simplesmente o crédito. A disponibilidade jurídica decorre do simples crédito desse valor do qual o beneficiário passa a juridicamente dispor, embora ainda não esteja em suas mãos. Já a disponibilidade econômica decorre do recebimento do valor, que se soma ao patrimônio do beneficiário. É a disponibilidade de fato, efetiva. No caso, houve a disponibilidade de renda que se incorporou a titulo definitivo no patrimônio do contribuinte, e a referida disponibilidade somente veio a ocorrer em setembro de 2010, quando dos lançamentos contábeis de baixa da dívida dos sócios junto à empresa. Correta, portanto, a data considerada pela fiscalização como de ocorrência do fato gerador. Quanto a considerar os R$15.210.479,39 como valor sujeito a ganho de capital e não rendimentos sujeitos ao ajuste, deve ser visto que o pagamento da dívida dos vendedores pelo comprador está vinculado a uma operação de alienação de participação societária onde o valor de venda foi superior ao custo de aquisição, sujeita, portanto a ganho de capital. O pagamento por meio de quitação de dívida foi mais uma forma encontrada, ao lado do pagamento em espécie e do pagamento em ações, da quitação do preço, não tendo o condão de mudar a natureza jurídica dos rendimentos, que neste caso estão sujeitos a ganho de capital. De forma diversa ocorreria, por exemplo, se as pessoas físicas dos vendedores tivessem prestado serviços a uma pessoa jurídica, e esta, ao invés de efetuar um pagamento diretamente aos prestadores do serviço, quitasse dívidas dos primeiros junto a terceiros. Neste caso, os rendimentos, configurados pelo pagamento da dívida, estariam sujeitos ao ajuste anual. Dado o exposto, entendo correto o procedimento adotado pela fiscalização de considerar ocorrido ganho de capital em 2010, razão pela qual julgo improcedente a impugnação quanto a esta parte. [...]” Extraise daí que a conduta da autoridade lançadora, corroborada pelo julgador de primeira instância, especialmente em relação à data da ocorrência do fato gerador admitida por ocasião do lançamento, encontramse em compasso com a legislação de regência, não se cogitando na improcedência do feito, como pretende fazer crer o contribuinte. Fl. 1436DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 15 27 DOS JUROS INCIDENTES SOBRE O VALOR DA ALIENAÇÃO Consoante se positiva dos autos, a fiscalização tributou como omissão de rendimentos recebidos a título de juros o valor de R$ 4.944.207,39. A autoridade fiscal, após explicação dos fatos (fls. 52/54) chegou à conclusão de que os juros incidentes sobre o valor da Segunda Parcela (que totalizou R$ 9.888.414,78 para os dois vendedores), constava incluído e totalmente absorvido no primeiro pagamento (da 2ª parcela) ocorrido em maio de 2011. Quanto à Segunda Parcela vale a pena repetir o contido no Termo de Verificação Fiscal (fl. 47): [...] Quanto ao valor de alienação, verificase que o contribuinte informou em seus demonstrativos o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas. Tal quantia é basicamente o montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes, conforme pode ser verificado por meio dos comprovantes de pagamentos apresentados pela empresa adquirente das ações. Isso significa que: Não foram incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, as quantias recebidas em ações (R$ 48.896.157,20) e os montantes pagos a terceiros por conta e ordem dos alienantes (no caso do contribuinte, metade dos R$ 21.560.121,69); Foram, por outro lado, incluídos como valor de alienação, nos citados demonstrativos, o montante recebido a título de juros (Em relação ao contribuinte, metade de R$ 9.888.414,78). [...] No entendimento da fiscalização, o contribuinte deveria ter incluído como valor de alienação a parte recebida em ações e as quantias pagas a terceiros por determinação dos alienantes. Já a parcela referente aos juros deveria ter sido oferecida à tributação como rendimento tributável sujeito ao ajuste anual. Em sua defesa inaugural, relativamente aos encargos (juros) incidentes sobre o valor da alienação, o contribuinte suscita que o Contrato de Compra e Venda de Ações contempla a incidência de atualização pelo IGPM, acrescida de 8%, como forma de manutenção do valor avençado quando da quitação das parcelas, ou seja, este acréscimo faz parte da correção do valor da venda, tratandose de correção preestabelecida em contrato e não por mora do devedor. A fazer prevalecer seu entendimento, alega, ainda, que o lançamento reporta se ao art. 123, §6º do RIR, o qual teria sido inserido no RIR/99 sem embasamento legal, tendo em vista que a instituição, modificação ou majoração de tributos não pode ser veiculada por meio de Decreto, argumentos que, igualmente, não merecem guarida, senão vejamos. Destarte, no que tange à análise de ilegalidades e/ou inconstitucionalidades de leis, como é de conhecimento daqueles que lidam com o processo administrativo fiscal, não cabe a esta instância de julgamento se pronunciar sobre a matéria. Em verdade, às autoridades julgadoras, simplesmente incumbe verificar se houve uma correta aplicação da lei ao fato gerador, isto é, se efetivamente ocorreu a perfeita subsunção do fato à norma jurídica. Fl. 1437DF CARF MF 28 É o que se verifica na hipótese dos autos, onde, no tocante à apuração do ganho de capital, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, ao tratar dos “Ganhos de Capital na Alienação de Bens ou Direitos”, assim dispõe: Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). § 1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. (...). Por sua vez, a Instrução Normativa SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, ao regulamentar a matéria, com mais especificidade tratando da apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas, estabelece o seguinte: Art. 31. Nas alienações a prazo, o ganho de capital é apurado como se a venda fosse efetuada à vista e o imposto é pago periodicamente, na proporção da parcela do preço recebida, até o último dia útil do mês subseqüente ao do recebimento. Parágrafo único. O imposto devido, relativo a cada parcela recebida, é apurado aplicandose: I o percentual resultante da relação entre o ganho de capital total e valor total da alienação sobre o valor da parcela recebida; II a alíquota de quinze por cento sobre o valor apurado na forma do inciso I. Em relação ao “Valor de Alienação”, o Decreto nº 3.000, de 1999, prescreve o que segue: Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): I o preço efetivo da operação, nos termos do § 4º do art. 117; II o valor de mercado nas operações não expressas em dinheiro; (...) § 6º Os juros recebidos não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados na forma dos arts. 106 e 620, conforme o caso.” (grifos acrescidos) Por seu turno, a Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, ao normatizar o dispositivo legal citado e transcrito, no art. 19, § 3º, esclarece que “os valores recebidos a título de reajuste, no caso de pagamento parcelado, qualquer que seja sua designação, a exemplo de juros e reajuste de parcelas, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributados à medida de seu recebimento, na fonte ou mediante o recolhimento mensal obrigatório (carnêleão), quando a alienação for para pessoa jurídica ou para pessoa física, respectivamente, e na Declaração de Ajuste Anual”. Na esteira dos preceitos legais acima transcritos, notadamente o § 6º, do artigo 123, do Decreto nº 3.000, de 1999, e dos esclarecimentos inscritos no § 3º, do artigo 19, Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 16 29 da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, concluise que qualquer importância paga a título de reajuste das parcelas, inclusive a título de juros, não compõem o valor de alienação, devendo ser tributada por meio do Recolhimento Mensal Obrigatório (se recebida de pessoa física) ou na Fonte (se recebida de pessoa jurídica), e na Declaração de Ajuste Anual. Frisese que, mesmo na hipótese de não haver sido efetuada a retenção do imposto de renda na fonte, deverá o contribuinte apresentar a apuração definitiva do imposto de renda na Declaração de Ajuste Anual, conforme orienta o Parecer Normativo COSIT nº 1, de 24 de setembro de 2002 (DOU de 25/09/2002), o que não fora observado pelo recorrente, razão da autuação neste item, impondo seja mantido o lançamento na forma constituída. DA GLOSA DAS DESPESAS Ainda relativamente ao recebimento da 2ª parcela, o fiscal autuante constatou que o contribuinte informou nos demonstrativos de Apuração de Ganho de Capital o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas e que tal quantia corresponde ao montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes. Isso significa que não foram incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, os montantes pagos a terceiros por conta e ordem dos alienantes (no caso do contribuinte, metade dos R$ 21.560.121,69), referentes a despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações. Irresignada com o entendimento da fiscalização, o contribuinte pretende seja afastada aludida imputação fiscal, sob o argumento de que todos os gastos necessários à percepção dos rendimentos devem ser levados em consideração para fins de determinação da base tributável. Mais uma vez, o inconformismo do contribuinte não tem o condão de macular a exigência fiscal, a qual deve ser mantida em sua plenitude, senão vejamos. Destarte, os preceitos contidos no § 5º do artigo 123, do RIR/1999, aprovado pelo Decreto nº 3.000, contempla/possibilita exclusivamente a dedução da importância paga a título de corretagem do valor da alienação do bem ou direito, desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente, como segue: Seção III Valor de Alienação Art. 123. Considerase valor de alienação (Lei nº 7.713, de 1988, art. 19 e parágrafo único): [...] § 5º O valor pago a título de corretagem na alienação será diminuído do valor da alienação, desde que o ônus não tenha sido transferido ao adquirente. [...] No mesmo sentido, os artigos 17, I, “c” e 19, § 4º da IN SRF nº 84, de 11 de outubro de 2001, que dispõe sobre a apuração e tributação de ganhos de capital nas alienações de bens e direitos por pessoas físicas, dispõe o seguinte: “Valores computáveis como custo Fl. 1439DF CARF MF 30 Art. 17. Podem integrar o custo de aquisição, quando comprovados com documentação hábil e idônea e discriminados na Declaração de Ajuste Anual, no caso de: I bens imóveis: [...] c) as despesas de corretagem referentes à aquisição do imóvel vendido, desde que tenha suportado o ônus; [...] Valor de Alienação Art. 19. Considerase valor de alienação: [...] § 4º O valor da corretagem, quando suportado pelo alienante, é deduzido do valor da alienação e, quando se tratar de venda a prazo, com diferimento da tributação, a dedução far seá sobre o valor da parcela do preço recebida no mês do pagamento da referida corretagem. [...] Constatase dos dispositivos legais retromencionados que o legislador foi por demais enfático ao autorizar tão somente os valores pagos a título de corretagem, pela intermediação do negócio, da base de cálculo na apuração do ganho de capital. Ao admitir a exclusão da base de cálculo do ganho de capital as pretensas despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações, teríamos que interpretar o § 5º do artigo 123, do RIR/1999, de forma extensiva, o que vai de encontro com a legislação tributária. Com efeito, nos termos do § 5º do artigo 123, do RIR/1999, não compõe a base de compõe a base de cálculo do ganho de capital os valores pagos a título de corretagem, uma vez observadas as condicionantes inscritas na legislação de regência, sendo defeso a interpretação de referida previsão legal extensivamente, de forma a incluir outras importâncias, senão aquela (s) constante (s) da norma disciplinadora do “benefício” em comento, ou mesmo afastar os requisitos legais para tanto. Não bastasse isso, mister registrar que o fato de aludidas deduções estarem ou não inseridas nos contratos particulares firmados entre as partes, não tem o condão de produzir qualquer efeito perante ao Fisco, por vincular tão somente os contratantes e não terceiros, como a autoridade fazendária, especialmente estando ausente qualquer dispositivo legal que abarque o procedimento adotado pelo recorrente. Nesse sentido, tendo o contribuinte deduzindo indevidamente do cálculo do imposto devido em razão do ganho de capital auferido na alienação sob análise, os valores das despesas incorridas pelos vendedores com a contratação de assessores financeiros, jurídicos e contábeis para a consumação das operações previstas no Contrato de Compra e Venda de Ações, sem qualquer fundamento legal, impondo a manutenção do feito. PERMUTA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA Ainda com relação ao recebimento da 2ª parcela, a fiscalização constatou que o contribuinte informou nos demonstrativos de Apuração de Ganho de Capital o total de R$ 138.937.560,20 referente à venda das ações das duas empresas e que tal quantia corresponde ao montante recebido em moeda corrente por cada um dos alienantes. Entretanto, não foram Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 17 31 incluídos como valor de alienação, nos demonstrativos de apuração de ganhos de capital apresentados pelo contribuinte, as quantias recebidas em ações, que, segundo cálculos efetuados pela autoridade lançadora, somou R$ 48.896.157,20. O contribuinte recebeu um total de 5.962.946 de ações, conforme demonstra o documento de fl. 761. Em sua peça recursal, o contribuinte alega que estas ações não estavam disponíveis em 15.09.2011, data assinalada pela fiscalização como a de ocorrência do fato gerador. O contribuinte argumenta que pelo Contrato de Venda das Ações, a disponibilidade destes títulos mobiliários estaria sujeira a regramento previsto em Acordo de Acionistas, o que demonstra a indisponibilidade da renda no período assinalado. Alega também, que no Primeiro Aditivo consta claramente que a venda da empresa e a restrição à liberação das ações aos vendedores deramse de forma casada. Informa ainda o recorrente que de acordo com o Contrato de Compra e Venda os compradores, ao mesmo tempo em que ofertaram em permuta ações da BRP, exigiram que as mesmas fossem gravadas em alienação fiduciária. Em outras palavras, 100% das ações encontravam indisponíveis para os vendedores, pois mesmo na hipótese de liberação de 20% a partir de 2011, havia a obrigatoriedade de manter no mínimo 40% alienada fiduciariamente nos termos do Instrumento Particular de Alienação Fiduciária em Garantia. O contribuinte acrescentou que como as ações recebidas em permuta não poderiam ser livremente comercializadas, não havia disponibilidade econômica ou jurídica, o que somente ocorreu no ano de 2014, ocasião em que o impugnante recebeu o produto da venda e promoveu a declaração do imposto. Desse modo, tendo em vista que o impugnante já havia, antes da autuação, realizado a alienação das ações e efetivado o pagamento do imposto incidente sobe o ganho de capital auferido, na pior das hipóteses a fiscalização deveria ter deduzido o valor do imposto pago. Em função das argumentações acima expostas serão tecidas adiante, as seguintes considerações. Em primeiro lugar deixese claro que não se trata de operação de permuta como quer fazer crer o impugnante. Já foi demonstrado neste voto, que o recebimento pelos vendedores por meio de ações conferidas pelo comprador compôs parte do preço da operação de compra e venda. Embora o caso que ora se examina não se trate de permuta, vale a pena trazer a lume as lições de Silvio Rodrigues sobre o tema, no seu livro Direito Civil, Ed. Saraiva, 22ª edição: Sua índole é a mesma da compra e venda e difere desse contrato apenas porque nele a prestação de uma das partes consiste em dinheiro, o que não se dá na troca, em que as prestações dos permutantes são em espécie. Essa identidade de natureza decorre do fato de o contrato de compra e venda ser espécie do contrato de troca. Fl. 1441DF CARF MF 32 E mesmo que se tratasse de permuta, o que, repitase, não é o caso, estão sujeitas à apuração de ganho de capital as operações que importem alienação a qualquer título, inclusive permuta (art. 3º, I, IN SRF 84/2001). O fato de parte do pagamento ser em ações não desfigura o contrato de compra e venda, mormente quando a parte recebida em dinheiro representa o maior valor. Neste sentido as lições de Pontes de Miranda em sua obra Tratado de Direito Privado –Parte Especial, Ed. Bookseller, 1ª edição: O comprador presta o preço. Sem preço, não há comprae venda, posto que possa haver preço sem que o contrato seja de compraevenda. Quando se promete, em negócio bilateral, em que há contraprestação em dinheiro, fundo de empresa ou estabelecimento, ou outro patrimônio, há compraevenda. (...) Se a contraprestação é parte em dinheiro e parte um outro bem vendível, temse de indagar qual à parte de maior valor, para que se saiba se o caso é de compraevenda, ou é de troca. Se não há meio para se dizer qual o que vale mais, o contrato é contrato misto de compraevenda e de troca. (...) Nas espécies em que há contraprestação em dinheiro e noutro bem, é de relevância saberse qual o valor que prevalece, porque a resolução por inadimplemento não pode ser por falta do que é secundário. A interpretação do negócio jurídico é que há de dar a resposta exata. Basta lembrar que no caso que ora se examina, mesmo que considerado apenas a 2a parcela do pagamento, ou seja, desconsiderado o adiantamento pago em 2008, foram depositados para o contribuinte em dinheiro, somente no mês de maio e junho de 2011, R$138.937.560,20 (cento e trinta e oito milhões, novecentos e trinta e sete mil, quinhentos e sessenta reais e vinte centavos) valor este muito superior ao recebimento em ações. Em resumo, tratase indubitavelmente de contrato de compra e venda, não havendo o que se falar em permuta. Outra alegação do fiscalizado diz respeito ao fato de que as ações recebidas pelos vendedores não estavam completamente disponíveis em 2011 em função: a) do regramento previsto em Acordo de Acionistas, segundo o qual a possibilidade de alienação destas ações estaria limitada a 20% ao ano a partir de 2011; b) da alienação fiduciária de 40% das ações. Com relação à alienação fiduciária são tecidas as seguintes considerações: Por ser pertinente, são transcritos os dispositivos abaixo, contidos na Lei 10.406/2002 (Código Civil): Da Propriedade Fiduciária Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 18 33 Art. 1.361. Considerase fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor. § 1o Constituise a propriedade fiduciária com o registro do contrato, celebrado por instrumento público ou particular, que lhe serve de título, no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do devedor, ou, em se tratando de veículos, na repartição competente para o licenciamento, fazendose a anotação no certificado de registro. Como leciona Silvio Venosa no seu livro Direito Civil, vol. 5., 3ª ed., Atlas: Na alienação fiduciária ocorre tradição ficta da coisa. A transcrição do contrato no Registro de Títulos e Documentos é essencial para prevalecer com relação a terceiros. Registrese que a alienação fiduciária é utilizada nos negócios onde aquele que visa adquirir um bem móvel, busca recursos de terceiros para esta aquisição, transferindo para o credor o domínio deste bem. Neste sentido, os ensinamentos de Sílvio Rodrigues, no seu livro Direito Civil, 27ª ed., Saraiva: A alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico mediante o qual o adquirente de um bem transfere o domínio do mesmo ao credor que emprestou o dinheiro para pagarlhe o preço, continuando entretanto o alienante a possuílo pelo constituto possessorio, resolvendose o domínio do credor quando for pago de seu crédito Tendo em vista o acima exposto, podese dizer que ainda que se admita como válido o contrato de alienação fiduciária, o contribuinte, para alienar fiduciariamente, deveria estar revestido da condição de proprietário, ocorrendo, desta forma, a disponibilidade jurídica do bem, ou seja, no caso concreto não se pode admitir a indisponibilidade, para efeito de apuração de ganho de capital, com relação a 40% das ações recebidas pelos vendedores e que, segundo o impugnante, foram objeto de alienação fiduciária. Já com relação ao regramento previsto em Acordo de Acionistas, segundo o qual a possibilidade de alienação das ações (recebidas em decorrência do Contrato de Compra e Venda) estaria limitada a 20% ao ano a partir de 2011, também não assiste razão ao recorrente quanto à indisponibilidade. Senão vejamos. O Contrato de Compra e Venda de Ações estabeleceu (cláusula 2.4.1 – fl. 77 dos autos) que a segunda parcela do preço pela aquisição das ações dos vendedores seria pago em 30.04.2011, inclusive, por meio de ações de emissão da BRP (Brascan Residential Properties), a serem emitidas conforme disposto na cláusula 2.4 e seguintes do respectivo contrato. O Acordo de Acionistas (fls. 532/556), firmado em 17.04.2008, ou seja, na mesma data do Contrato de Compra e Venda de Ações, previa em sua cláusula 4.1.1 a limitação da venda das ações dos vendedores em 20% ao ano a partir de 2011, somente para operações realizadas na BOVESPA: Fl. 1443DF CARF MF 34 4.1.1. Observada a alienação fiduciária em garantia, prevista no Contrato de Compra e Venda, a alienação de Ações de propriedade dos Acionistas MB em operações realizadas na BOVESPA deverá observar o disposto na Cláusula 4.1.2 e estará limitada ao montante anual de 20% (vinte por cento) do total das Ações de propriedade dos acionistas MB alienante na data de pagamento da Segunda Parcela, a qual esta prevista para 30.04.2011. Ou seja, a restrição para alienação não era absoluta. Tanto é verdade que a cláusula 4.7 previa a possibilidade de alienação entre os acionistas: 4.7. Não estão sujeitas às obrigações estabelecidas nesta Cláusula as alienações: (i) de Ações de propriedade de qualquer dos Acionistas MB para outro Acionista MB ou em favor de sociedade ou fundo de investimento que não poderá ser estruturado em local que não seja possível a comprovação do seu controlador final de propriedade integral de Marcelo e/ou Fernando; (ii) de 1 (uma) Ação para pessoas que forem eleitas pelos Acionistas MB para o cargo de membro do Conselho de Administração, observado que tais pessoas deverão comprometerse a devolver ao Acionista MB a Ação por elas recebidas caso deixem de ocupar, por qualquer motivo, o cargo de Conselheiro Administrativo. Dito de outra forma, havia disponibilidade de renda, apta a ensejar a tributação a título de ganho de capital, em relação ao total de 5.962.946 ações recebidas pelo Sr. Antonio Fernando de Oliveira Maia. DA MULTA QUALIFICADA Insurgese, ainda, o contribuinte contra a multa qualificada afirmando ter procedido conforme a lei, e de acordo com a orientação emanada da Receita Federal, conforme consultas colacionadas aos autos. Inobstante as alegações de fato e de direito suscitadas pelo contribuinte, mais uma vez, seu inconformismo não merece guarida. Antes mesmo de se adentrar ao mérito da questão, cumpre trazer à baila os dispositivos legais que regulamentam a matéria, que assim prescrevem: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 19 35 Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, assim estabelecem: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Consoante se infere dos dispositivos legais acima transcritos, impõese à autoridade lançadora a observância dos parâmetros e condições básicas previstas na legislação de regência em casos de imputação da multa qualificada que somente poderá ser levada a efeito quando àquela estiver convencida do cometimento do crime (dolo, fraude ou simulação), devendo, ainda, relatar todos os fatos de forma pormenorizada, possibilitando ao contribuinte a devida análise da conduta que lhe está sendo atribuída e, bem assim, ao procurador e às autoridades julgadoras de que o delito efetivamente fora praticado. Em outras palavras, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, conforme se extrai dos julgados com suas ementas abaixo transcritas: MULTA AGRAVADA – Fraude – Não pode ser presumida ou alicerçada em indícios. A penalidade qualificada somente é admissível quando factualmente constatada as hipóteses de fraude, dolo ou simulação. (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.561, Sessão de 16/10/2003) (grifamos) MULTA QUALIFICADA – NÃO CARACTERIZAÇÃO – Não tendo sido comprovada de forma objetiva o resultado do dolo, da fraude ou da simulação, descabe a qualificação da penalidade Fl. 1445DF CARF MF 36 de ofício agravada. (2ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10245.625, Sessão de 21/08/2002) MULTA DE OFÍCIO – AGRAVAMENTO – APLICABILIDADE – REDUÇÃO DO PERCENTUAL – Somente deve ser aplicada a multa agravada quando presentes os fatos caracterizadores de evidente intuito de fraude, como definido nos artigos 71 a 73 da Lei n° 4.502/64, fazendose a sua redução ao percentual normal de 75%, para os demais casos, especialmente quando se referem à infrações apuradas por presunção. (8ª Câmara do 1° Conselho de Contribuintes – Acórdão n° 10807.356, Sessão de 16/04/2003) (grifamos) Na esteira desse raciocínio, ratificando posicionamento pacífico do então 1º Conselho de Contribuintes, o CARF consagrou de uma vez por todas o entendimento acima alinhavado, editando a Súmula nº 14, determinando que: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a QUALIFICAÇÃO da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Na hipótese dos autos, em suma, a autoridade lançadora imputou a conduta dolosa ao contribuinte, com a respectiva aplicação da multa qualificada, em razão dos seguintes fatos: [..] A autoridade lançadora alega que o contribuinte informou em seus demonstrativos de apuração de ganhos de capital os valores de R$ 45.123.380,80, como custo de aquisição da empresa MB Engenharia SPE 037 S/A e de R$ 11.280.845,20 como custo de aquisição da empresa MB Engenharia S/A, quando, conforme demonstrado no Termo de Verificação Fiscal, os valores corretos seriam R$ 7.411.779,00 e R$ 1.560.000,00 respectivamente, e que intimado a esclarecer e documentar tais valores, o fiscalizado limitouse a apresentar documentação que não traz fundamento apto a ensejar possíveis dúvidas quanto ao custo suportado pelo contribuinte na aquisição do bem transacionado. A fiscalização também afirmou que o contribuinte informou em sua Declaração de Ajuste Anual do anocalendário de 2011 (fls. 1020/1026), no quadro bens e direitos, ter adquirido em permuta, ações ordinárias nominativas da empresa Brookfield Incorporações S/A, pelo valor de R$0,01 e que, além de não ter havido permuta, não há fundamento para adoção deste valor para as ações. Para a fiscalização, a introdução de informações falsas pelo contribuinte foi intencional, e objetivava não impactar a declaração com variação patrimonial a descoberto, visto que o recebimento em ações não foi oferecido à tributação. [...] Como se observa, em que pese ter conhecimento da verdadeira base de cálculo do imposto devido, o contribuinte dolosamente prestou informações inverídicas na apuração do ganho de capital objeto do presente lançamento, justificando, portanto, a aplicação da multa qualificada, no percentual de 150% (cento e cinqüenta por cento). Fl. 1446DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 20 37 Em outras palavras, mesmo tendo conhecimento da incorreção de seus atos fiscais, assumiu o risco de continuar assim procedendo (com dolo), com a finalidade precípua de reduzir o saldo do imposto a pagar. Na esteira desse entendimento, resta claro a conduta dolosa do contribuinte, impondo seja corroborada os termos que fundamentam a pretensão fiscal no sentido de manter a aplicação da multa qualificada. JUROS SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Sustenta, ainda, a recorrente que, em caso de procedência do lançamento, seja excluída a incidência de juros sobre a multa de ofício, haja vista esta penalidade não retratar obrigação principal, mas mero encargo que se agrega ao valor da dívida como forma de punir o contribuinte. Além disso, a incidência dos juros sobre a multa carece de disposição legal que lhe dê suporte. Relativamente à matéria, entendo assistir razão à Recorrente. Isso porque o artigo 61 da Lei nº 9.430 não prevê a incidência de juros sobre a multa de oficio, mas apenas a da multa de mora sobre o débito decorrente de tributos e contribuições. Dessa forma, merece guarida a pretensão da contribuinte, consoante restou muito bem explicitado no voto vencido do Acórdão n° 920201.806, o qual me filiei na oportunidade, da lavra do Conselheiro Gustavo Lian Haddad, exarado pela 2a Turma CSRF nos autos do processo n° 10768.010559/200119, de onde peça vênia para transcrever excerto e adotar como razões de decidir, in verbis: [...] Assim, no mérito, a discussão no presente recurso está limitada à incidência dos juros moratórios equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia — SELIC sobre a multa de oficio. Tal discussão já foi examinada pelo antigo Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em diversas oportunidades, sendo que três posições/entendimentos restaram assentados sobre o tema, quais sejam: de que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício a partir do vencimento do prazo da impugnação, sendo que tais juros devem ser calculados pela variação da SELIC; de que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício a partir do vencimento do prazo da impugnação, sendo que tais juros devem ser calculados à razão de 1% ao mês; e de que não é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício. Tanto a primeira quanto a segunda tese admitem a incidência dos juros sobre a multa de ofício por entenderem que o artigo 161 do Código Tributário Nacional assim autoriza, divergindo, no entanto, sobre a possibilidade desses juros serem Fl. 1447DF CARF MF 38 calculados pela SELIC (Lei nº 9.430/1996) ou à razão de 1% ao mês nos termos do enunciado do §1º do Código Tributário Nacional – CTN (1% ao mês). Data máxima vênia, entendo que nenhuma das duas posições é a que mais se coaduna com o ordenamento vigente (não em suas disposições isolados, mas em seu conjunto). Sobre a incidência de juros de mora o citado artigo 161 do CTN determina: “Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.” (original sem grifo) O dispositivo acima referido autoriza a incidência de juros sobre o “crédito não integralmente pago no vencimento”. “Crédito”, por sua vez, é definido no artigo 139 do CTN, que assim dispõe: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” Obrigação tributária, por fim, vem definida no art. 113,verbis: “Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.” A questão a ser enfrentada é a possibilidade dos juros de mora incidirem sobre a multa de ofício, aplicada pela autoridade fiscal proporcionalmente ao tributo lançado, considerando a expressão “penalidade pecuniária” incluída no parágrafo 1º art. 113. Fl. 1448DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 21 39 A meu ver a expressão “penalidade pecuniária” ali referida é a penalidade decorrente da inobservância de determinada obrigação acessória (de fazer ou não fazer), que se converte em obrigação principal nos termos do parágrafo 3º do mesmo artigo 113. Tal expressão jamais poderia ser interpretada como a penalidade pecuniária exigida em conjunto com o tributo não pago, até porque ficaria desprovida de sentido no contexto do dispositivo. Se a penalidade (no caso a multa do ofício) já estivesse incluída na expressão “crédito” sobre o qual incidem os juros de mora nos termos do artigo 161 do mesmo CTN, não haveria razão alguma para a ressalva final constante no referido dispositivo no sentido de que o crédito deve ser exigido “sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis”. Outrossim, com base nessa mesma interpretação, poderia se, inclusive, cogitar da possibilidade de incidência de penalidade (multa) sobre crédito tributário que já englobasse tributo e multa, o que obviamente caracterizaria um non senso jurídico. Ademais, cumpre observar que o conceito de juros advém do direito privado e, conforme preceitua o artigo 110 do CTN, quando as categorias de direito privado estão apenas referidas na lei tributária deve o aplicador se socorrer do direito privado para compreendêlas. No âmbito do direito privado os juros existem para indenizar o credor pela inexecução da obrigação no prazo estipulado. Já a multa não serve para repor ou indenizar o capital alheio, mas para sancionar a inexecução da obrigação. Assim, se os juros remuneram o credor (no caso o Fisco) pela privação do uso de seu capital devem eles incidir somente sobre o que tributo não recolhido no vencimento, e não sobre a multa de ofício, que tem caráter punitivo. A vocação da multa, já suficiente severa, é punir o descumprimento, enquanto a dos juros é remunerar o capital não recebido pelo Estado. Dizer que a multa deve ser “corrigida” é ignorar que a legislação tributária brasileira extinguiu a correção monetária desde 1995, sendo preocupação freqüente das administrações tributárias que se seguiram evitar a indexação automática própria dos regimes inflacionários que foram extremamente prejudiciais à economia brasileira. Com base no raciocínio acima exposto, entendo que o CTN não autoriza a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada proporcionalmente ao tributo, ficando prejudicada a discussão acerca do índice aplicável. Por outro lado e à guisa de argumentação, ainda que se entendesse que o CTN autoriza a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, mister se faz analisar a legislação Fl. 1449DF CARF MF 40 ordinária em vigor no período em que a multa exigida foi aplicada. Nesse sentido, argumentase que a exigência de juros sobre a multa aplicada proporcionalmente estaria amparada no art. 61, §3º da Lei n. 9.430/1996, que assim estabelece: “Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo, incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento.” Do exame do dispositivo resulta que os débitos a que se refere o § 3º são aqueles decorrentes de tributos e contribuições mencionados no caput. Decorrente é aquilo que se segue, que é conseqüente. De fato o não pagamento de tributos e contribuições nos prazos previstos na legislação faz nascer o débito. Em outras palavras, o débito decorre do não pagamento de tributos e contribuições nos prazos. A multa de oficio não é débito decorrente de tributos e contribuições. Ela decorre, nos exatos termos do art. 44 da Lei n°9.430/96, da punição aplicada pela fiscalização às seguintes condutas: a) falta de pagamento ou recolhimento dos tributos e contribuições, após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória; e b) falta de declaração e nos de declaração inexata. Os débitos de tributos e contribuições e de multas (penalidades) têm causas diversas, não se confundindo nos termos do art. 3º do CTN. Enquanto os débitos de tributos e contribuições decorrem da prática dos respectivos fatos geradores, as multas decorrem de violações à norma legal, no caso, da violação do dever de pagar o tributo no prazo legal. Ao utilizar a expressão “os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” a Lei nº 9.430/96 somente pode estar aludindo a débitos não lançados, visto que está normatizando a incidência sobre estes da multa de mora, sendo ilógico entender que ali se contém a multa de ofício lançada proporcionalmente. Ademais, caso a expressão “débitos” constante do art. 61 contemplasse o principal e a multa de ofício, seria imperioso admitir que a multa de ofício, caso não paga no vencimento, sofreria também o acréscimo de multa de mora, tendo em vista Fl. 1450DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 22 41 que o caput do dispositivo expressamente dispõe que “ os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1 de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculados a taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso.” Realmente, este seria o resultado da interpretação do parágrafo 3º do art. 61 de forma isolada, sem se atentar ao que determina o “caput”. Seguindo este raciocínio terseia que admitir que também sobre os juros de mora, que se incluiriam nos “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições”, novamente pudessem ser exigidos juros e multa de mora, o que indica data venia a improcedência da interpretação. Assim, qualquer que seja a ótica sob a qual se interpretam os dispositivos literal, teleológica ou sistemática – entendo que a melhor exegese é aquela que autoriza a incidência de juros somente sobre o valor dos tributos e contribuições, e não sobre o valor da multa de ofício lançada, até porque referido artigo disciplina os acréscimos moratórios incidentes sobre os débitos em atraso que ainda não foram objeto de lançamento. O parágrafo único do art. 43 do mesmo diploma legal Lei 9.430/1996 é absolutamente coerente com a interpretação do art. 61 desenvolvida acima e corrobora a conclusão. Prevê o referido dispositivo a incidência de juros de mora sobre as multas e os juros cobrados isoladamente, verbis: “Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora isolada ou conjuntamente. Parágrafo único – Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento”. Ora, se a expressão “débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições” constante no “caput” do artigo 61 contemplasse também a multa de ofício, não haveria necessidade alguma da previsão do parágrafo único do artigo 43 supra transcrito, posto que a incidência dos juros sobre a multa de ofício lançada isoladamente nos termos do “caput” do artigo já decorreria diretamente do artigo 61. Em face das considerações acima, concluo que não há, seja em lei complementar (CTN) seja na legislação ordinária, interpretação possível a amparar conclusão diversa, merecendo ser excluída da exigência a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada proporcionalmente. Fl. 1451DF CARF MF 42 Os fundamentos acima também foram adotados pela Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos, no Acórdão n. 910100.722, de 08 de novembro de 2010, Relatora a Conselheira Karem Jurendini Dias, que concluiu pela não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO INAPLICABILIDADE – Os juros de mora só incidem sobre o valor do tributo, não alcançando o valor da multa oficio aplicada. No presente caso, os paradigmas apresentados pela Recorrente concluíram que é possível a incidência de juros sobre a multa de ofício, limitandoos entretanto ao patamar mensal de 1% ao mês. Embora o entendimento manifestado no presente voto resultaria em provimento do recurso voluntário em maior extensão (exclusão completa da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício), deve o resultado aterse ao limite da pretensão recursal ora examinada, devendo o recurso ser conhecido e provido nesta extensão. Em face dos substanciosos fundamentos acima transcritos, impõese afastar a incidência dos juros sobre a multa de ofício na forma aplicada nos presentes autos, por absoluta falta de previsão legal. DA APRECIAÇÃO DE QUESTÕES DE INCONSTITUCIONALIDADES/ILEGALIDADES NA ESFERA ADMINISTRATIVA. Relativamente às questões de inconstitucionalidades arguidas pela contribuinte, além dos procedimentos adotados pela fiscalização, bem como a multa e juros ora exigida encontrarem respaldo na legislação previdenciária, cumpre esclarecer, no que tange a declaração de ilegalidade ou inconstitucionalidade, que não compete aos órgãos julgadores da Administração Pública exercer o controle de constitucionalidade de normas legais. Notese, que o escopo do processo administrativo fiscal é verificar a regularidade/legalidade do lançamento à vista da legislação de regência, e não das normas vigentes frente à Constituição Federal. Essa tarefa é de competência privativa do Poder Judiciário. A própria Portaria MF nº 353/2015, que aprovou o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, é por demais enfática neste sentido, impossibilitando o afastamento de leis, decretos, atos normativos, dentre outros, a pretexto de inconstitucionalidade ou ilegalidade, nos seguintes termos: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: Fl. 1452DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 23 43 I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) c) Dispensa legal de constituição ou Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002; d) Parecer do AdvogadoGeral da União aprovado pelo Presidente da República, nos termos dos arts. 40 e 41 da Lei Complementar nº 73, de 10 de fevereiro de 1993; e e) Súmula da AdvocaciaGeral da União, nos termos do art. 43 da Lei Complementar nº 73, de 1993. (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Observese, que somente nas hipóteses contempladas nos parágrafos e incisos do dispositivo regimental encimado poderá ser afastada a aplicação da legislação de regência, o que não se vislumbra no presente caso. A corroborar esse entendimento, a Súmula CARF nº 02, assim estabelece: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. E, segundo o artigo 72, e parágrafos, do Regimento Interno do CARF, as Súmulas, que são o resultado de decisões unânimes, reiteradas e uniformes, serão de aplicação obrigatória por este Conselho. Finalmente, o artigo 102, I, “a” da Constituição Federal, não deixa dúvida a propósito da discussão sobre inconstitucionalidade, que deve ser debatida na esfera do Poder Judiciário, senão vejamos: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendolhe: Fl. 1453DF CARF MF 44 I – processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de Lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de Lei ou ato normativo federal; [...] Dessa forma, não há como se acolher a pretensão da contribuinte, também em relação à ilegalidade e inconstitucionalidade de normas ou atos normativos que fundamentaram o presente lançamento. No que tange a jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar, com relação às decisões exaradas pelo Judiciário, que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo a extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Quanto às demais alegações da contribuinte, não merece aqui tecer maiores considerações, uma vez não serem capazes de ensejar a reforma da decisão recorrida, no mérito, especialmente quando desprovidos de qualquer amparo legal ou fático, bem como já devidamente rechaçadas pelo julgador de primeira instância. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine parcialmente em consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE: 1) CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO E NEGARLHE PROVIMMENTO; 2) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO, rejeitar as preliminares de nulidade do lançamento e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, somente para excluir da exigência fiscal a incidência de juros sobre a multa de ofício, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 1454DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 24 45 Voto Vencedor Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Peço vênia para manifestarme de forma divergente do voto do nobre julgador. Ganho de Capital Alienação de bens comuns Não há dúvidas que as participações societárias alienadas constituemse em bens comuns do Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia e da Srª Telma Romão Maia, casados sob o regime de comunhão parcial. Nas alienações de bens comuns, decorrentes do regime de casamento, o ganho de capital é apurado em relação ao bem como um todo, mediante tributação definitiva em separado dos rendimentos submetidos ao ajuste anual. Via de regra, a incidência do imposto de renda sobre o resultado positivo da alienação é feita na razão de 50% para cada cônjuge ou, por opção dos contribuintes, 100% em um dos cônjuges. Eis a redação do art. 6º do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, que veicula o Regulamento do Imposto de Renda (RIR/99): Art. 6º Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinquenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges. O auto de infração corresponde à apuração do imposto de renda devido sobre o ganho de capital oriundo da alienação das ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A à companhia Brascan Residential Properties S/A, posteriormente denominada de Brookfield Incorporações S/A. Por meio do Contrato de Compra e Venda e Outras Avenças celebrado em 17/04/2008, efetivouse a alienação de um total de 400.000 ações da empresa MB Engenharia S/A e 14.823.558 ações da MB Engenharia SPE 037 S/A, observada a proporção de participação no capital social de cada vendedor. Tratouse de um negócio único e indissociável, cuja apuração do ganho de capital foi realizada à medida do recebimento das parcelas do preço ajustado entre as partes. O Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia, na condição de vendedor, preencheu o Demonstrativo de Apuração de Ganho de Capital no que tange à alienação das Fl. 1455DF CARF MF 46 ações da empresa MB Engenharia S/A, apurando e tributando os respectivos rendimentos, na sua totalidade, exclusivamente em seu nome. Por outro lado, o Recorrente apurou de forma incorreta o valor relativo ao ganho de capital no que diz respeito ao custo de aquisição das ações, o que rendeu ensejo ao lançamento de ofício do imposto de renda, acrescido de juros de mora e multa de ofício qualificada. Como se observa dos elementos dos autos, o contribuinte, Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia, fez opção em apurar e tributar integralmente em seu nome o ganho de capital produzido pela alienação das ações detidas em comunhão de bens com o seu cônjuge. A incorreção na apuração e tributação do ganho de capital da operação, conforme descrito pela fiscalização, não significa que o recorrente pretendeu a imputação de apenas 50% do valor devido em seu nome. O lançamento de ofício nada mais é que uma revisão do procedimento efetuado pelo contribuinte, referindose à totalidade das participações societárias alienadas, devendo manter coerência com a própria opção realizada pelo sujeito passivo de apuração e tributação no percentual de 100%. Cumpre realçar ainda a distinção da situação em apreço daquela em que nenhum dos cônjuges procede à apuração espontânea do ganho de capital auferido na operação de alienação. Nesse último caso, em que não há escolha pela tributação de 100% do ganho de capital por um dos cônjuges, o lançamento quanto ao imposto incidente sobre a omissão do acréscimo patrimonial calculado pela autoridade tributária deve respeitar a razão de 50% para cada cônjuge. À vista do exposto, escorreito o lançamento de ofício realizado em nome de um dos cônjuges motivado pela omissão de ganho de capital na alienação de bens em comunhão resultante da sociedade conjugal, quando o contribuinte autuado, ora recorrente, efetivou a opção, antes do início do procedimento fiscal, em apurar e tributar o total do ganho de capital da operação em seu nome. Assim, nego provimento ao recurso voluntário por entender como correta a sistemática de apuração do ganho de capital na alienação de bem comum do casal. Da multa qualificada Quanto à insurgência da qualificação da multa, verificase que o Auto de Infração formalizou a exigência tributária com a aplicação da multa no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento) sob resultado das apurações das quais, segundo a fiscalização, o contribuinte, de forma intencional, manteve afastadas do campo tributável. A penalidade encontra tipificação do art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, in verbis: Lei nº 9.430/96: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; Fl. 1456DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 25 47 [...] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Por sua vez, os artigos 71, 72 e 73, da Lei nº 4.502/64, ao contemplarem as figuras do “dolo, fraude ou sonegação”, estabelecem o seguinte: Art . 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72.” Conforme dispositivos legais, não basta a indicação da conduta dolosa, fraudulenta, a partir de meras presunções e/ou subjetividades, impondo a devida comprovação por parte da autoridade fiscal da intenção prédeterminada do contribuinte, demonstrada de modo concreto, sem deixar margem a qualquer dúvida, visando impedir/retardar o recolhimento do tributo devido. Este entendimento, aliás, encontrase sedimentado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais conforme Súmula nº 14, abaixo transcrita: Súmula CARF nº 14: A simples apuração de omissão de receita ou de rendimentos, por si só, não autoriza a qualificação da multa de ofício, sendo necessária a comprovação do evidente intuito de fraude do sujeito passivo Com efeito, como muito bem delineado no recurso voluntário, a autoridade lançadora não logrou demonstrar com especificidade a conduta adotada pela Recorrente tendente sonegar tributos intencionalmente, com o fito de justificar a qualificação da multa. Caberia à autoridade lançadora demonstrar de maneira pormenorizada suas razões no sentido de que o contribuinte agiu com dolo, fraude ou simulação, para efeito da conclusão/comprovação do crime arquitetado pelo autuado. Assim, considero o fundamento fiscal insuficiente para a qualificação da multa, impondo seja rechaçada aludida penalidade. Fl. 1457DF CARF MF 48 Conclusão Por todo o exposto, dou parcial provimento ao Recurso Voluntário para excluir a qualificação da multa de ofício, reduzindo a penalidade ao percentual básico de 75% (setenta e cinco por cento). (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto . Fl. 1458DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 26 49 Declaração de Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho De início, é de se ressaltar a complexidade do trabalho técnico de auditoria fiscal realizado, em razão das peculiaridades financeiras da estrutura da operação de alienação das participações societárias e a busca do melhor enquadramento na legislação tributária, considerando o ganho de capital produzido, a forma de pagamentos parcelados, os juros pagos, as exclusões de não recebíveis e a glosa de despesas não dedutíveis para efeito de tributação. O trabalho técnico da fiscalização é de qualidade no que respeita a determinação dos cálculos financeiros e econômicos da operação, e os resultados produzidos para efeito de tributação. Pecou, contudo, ao não trilhar a ordem dos procedimentos requeridos para validação, consistência e higidez do lançamento produzido. O Lançamento foi constituído totalmente em nome do Contribuinte Antonio Fernando de Oliveira Maia, cujo procedimento fiscal de lavratura do Auto de Infração agregou a esposa do autuado, a Contribuinte Telma Romão Maia, como responsável solidária. Do fato, a coproprietária somente tomou ciência oficial depois de encerrada a auditoria fiscal e lavratura do lançamento, com a identificação do crédito tributário referente ao ganho de capital, sem antes, em qualquer momento do processo de fiscalização, ter sido diligenciada ou instada a se manifestar sobre a alienação da participação societária em flagrante desatendimento ao exercício do amplo direito de defesa, visto que detentora legítima de 50% dos bens comuns pertencente ao casal. Pela regra processual o Recurso Voluntário contesta o Acórdão como decisão de piso do contencioso estabelecido no processo, contudo, o alicerce da estruturação do feito que dá origem a lide é o Termo de Verificação Fiscal que relata o passo a passo dos acontecimentos que resultaram no Auto de Infração. Por isso buscamse lá os apontamentos instituidores da argumentação da autoridade fiscal que visam sustentar a imposição da cobrança do crédito tributário constituído. No procedimento de feitura do Lançamento se constata, com nitidez, três impropriedades marcantes. FALTA DE NOTIFICAÇÃO DO SEGUNDO SUJEITO PASSIVO Constatase a ausência da regular notificação da Contribuinte Telma Romão Maia, desde o início da ação fiscal e ausência de intimações para prestar informações sobre a operação de alienação das participações societárias de que dispunha em meação com seu marido, porque unidos numa sociedade conjugal de comunhão de bens, como comprovado nos autos. A inocorrência deste procedimento no que se refere ao segundo sujeito passivo da operação desatende o que determina o art. 844 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, dispositivo este que determina a ação preliminar dos procedimentos para auditoria fiscal e lançamento do Fl. 1459DF CARF MF 50 crédito tributário, que inicia com o despacho de intimação ao interessado. Determina ainda que as intimações serão feitas pessoalmente, mediante declaração de ciente no processo ou AR, como se vê: Art. 844. O processo de lançamento de ofício, ressalvado o disposto no art.926, será iniciado por despacho mandando intimar o interessado para, no prazo de vinte dias, prestar esclarecimentos, quando necessários, ou para efetuar o recolhimento do imposto devido, com o acréscimo da multa cabível, no prazo de trinta dias. § 1º As intimações a que se refere este artigo serão feitas pessoalmente, mediante declaração de ciente no processo, ou por meio de registrado postal com direito a aviso de recepção AR, ou, ainda, por edital publicado uma única vez em órgão de imprensa oficial local, ou afixado em dependência, franqueada ao público, da repartição encarregada da intimação, quando impraticáveis os dois primeiros meios. (grifei). Desde a impugnação o Recorrente busca convencer a Autoridade Tributante de que é forte a improcedência do Lançamento do crédito tributário pelos elementos que determinam a nulidade do auto de infração, em especial a falta de notificação inicial da esposa e a cobrança do tributo de forma integral na sua pessoa física, nos seguintes termos: II – seja julgado nulo e/ou improcedente todo o crédito tributário veiculado no auto de infração ora fustigado, pelas fáticas e jurídicas razões alinhavadas em linhas pretéritas e, especialmente porque o não compartilhamento do lançamento entre os cônjuges, a razão de 50%, assim como a ausência de intimação de um ou de outro são causas de nulidade absoluta. Conforme se constata dos autos, a esposa, legítima proprietária da meia parte dos bens comuns do casal, sequer foi comunicada formalmente do início da ação fiscal, como deveria ter acontecido, em obediência ao estado de direito e amplo direito de defesa, como contribuinte que é para todos os efeitos legais, inclusive e principalmente os de sujeito passivo na operação de ganho de capital na proporção de 50% dos resultados tributáveis. Por inúmeras oportunidades a Autoridade Fiscalizadora contatou com o fiscalizado Antonio Fernando de Oliveira Maia, fazendo solicitação de documentos e informações, bem como o cientificando, periodicamente, da continuidade do procedimento fiscal na forma dos despachos seguintes, entre outros: Em 25/06/2014 o contribuinte tomou ciência do Termo de Início de Procedimento Fiscal, tendo sido solicitada a apresentação do Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças elebrado em 17 de abril de 2008, entre o contribuinte e a empresa Brascan Residential Properties S/A (CNPJ: 07.700.557/000184) e diversos outros documentos relacionados ao mencionado contrato. (...) Em 22/08/2014 foi lavrado Termo de Ciência e Continuação de Procedimento Fiscal cuja ciência deuse em 01/09/2014. Em 22/10/2014 foi lavrado Termo de Intimação Fiscal, solicitando a apresentação de cópia do “Contrato de Diretores”, documento citado na cláusula 7.1 do Contrato de Compra e Venda de Ações e outras Avenças, Fl. 1460DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 27 51 celebrado entre o contribuinte e a empresa à época denominada Brascan Residential Properties S/A (CNPJ: 07.700.557/000184). Em resposta, datada de 29/10/2014, o contribuinte apresentou o documento solicitado sem, contudo, ter juntado o Anexo I, parte integrante do mesmo. Em 17/12/2014 foi lavrado Termo de Ciência e Continuação de Procedimento Fiscal cuja ciência deuse em 24/12/2014. Em 31/03/2015 foi lavrado novo Termo de Intimação Fiscal, cuja ciência ocorreu em 17/04/2015, conforme AR juntado ao processo. Foram solicitados ao contribuinte os seguintes elementos: (...) Em 01/06/2015 foi lavrado Termo de Intimação Fiscal, cuja ciência se deu em 05/06/2015, tendo sido solicitado ao contribuinte os seguintes elementos: Cópia da comprovação do estado civil do fiscalizado no anocalendário de 2011 (Certidão de Casamento). (...) Vêse dos autos que a fiscalização, inclusive, teve conhecimento da situação da comunhão parcial de bens da sociedade conjugal do Recorrente, em razão da solicitação do próprio fisco, quando foi anexada ao processo a certidão de casamento de ambos os coproprietários da participação societária alienada. Ressaltese que em momento algum ocorreu notificação em nome da esposa do fiscalizado, também contribuinte com apresentação sistemática de declaração do imposto de renda em separado do marido, com tal informação constando no campo próprio, evidenciando a condição de pessoa física individual para efeitos tributários. Em razão disso o procedimento fiscal deveria ter sido o de intimar a esposa do Recorrente, como contribuinte e coproprietária da participação societária alienada, para se assim querendo, manifestarse sobre o início da fiscalização, os fatos e o período examinados e assim prestar as informações pertinentes. Isso não ocorreu. Na análise do caso concreto e na observância do que corresponderia a legalidade de procedimento fiscalizatório e, considerando o princípio da equidade, entendo aplicável para esse caso, o que dispõe a Súmula CARF nº 29. Súmula CARF nº 29 (VINCULANTE): Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Se a regra vale para cotitularidades de contas bancárias, cônjuge ou não, por vezes de relativa importância em razão do montante financeiro, em alguns casos de valores baixo, certamente esse mesmo procedimento deve ser observado para coparticipação em investimento e copropriedade de duas ou mais pessoas. O caso presente é de idêntica Fl. 1461DF CARF MF 52 similaridade se não de identidade igualitária aos casos de cotitularidade de contas bancárias tratadas ao abrigo dos termos da Súmula CARF nº 29. Constatado que a esposa do Recorrente não foi cientificada do início da ação fiscal e também porque a ela não foi dirigida nenhuma intimação que a chamasse a se manifestar sobre o procedimento de auditoria que estava sendo realizado sobre ganhos de capital na alienação da participação societária da qual era legítima meeira no corresponde a direitos e deveres e, em apreço a sua condição de contribuinte individual comprovado por sistemático procedimento de entrega da declaração do imposto sobre a renda de forma apartada de seu marido, é de considerar imperativo o reconhecimento da nulidade do lançamento tributário, por vício material, nos termos acima expostos. Isso por si só é suficiente para ferir de morte o Lançamento constituído, contudo outras impropriedades de procedimentos ocorridas no processo desbotam a higidez requerida de um lançamento tributário sustentável, como se verá adiante. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA IMPROPRIEDADE O inadequado enquadramento da esposa meeira na participação societária alienada objeto do Lançamento dessa lide tem relação direta com o tratamento dispensado a Contribuinte Telma Romão Maia no item anterior, contudo, constituise em outra impropriedade do auto de infração lavrado. Equivocouse o fisco ao tipificar a situação da esposa como de responsabilidade solidária, ao contrário da verdadeira situação de fato que é a de contribuinte principal por ser coproprietária da participação societária. Inconfundível a situação de sujeito passivo principal, como meeira na operação que deu causa ao fato gerador, daquela em que foi simplesmente cientificada para constar no Lançamento como responsável solidária. O sujeito passivo principal da obrigação tributária na alienação de seus próprios bens e direitos constitui situação diversa de alguém que venha ter interesse comum em determinado resultado mesmo não sendo o promotor do fato gerador. A Contribuinte Telma Romão Maia enquadrase legalmente no primeiro e não no segundo caso conforme constou no Lançamento. A responsabilidade tributária solidária disposta no art. 124, I, do CTN, diz que a ocorrência se dá quando há interesse comum na situação que constitui o fato gerador. Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; (...) Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. Com efeito, denominase responsável solidário o interessado colocado como sujeito passivo mesmo não estando na condição de contribuinte principal e sem ter relação pessoal e direta com o fato gerador respectivo, porém identificado como beneficiário da operação, direta ou indiretamente. Fl. 1462DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 28 53 A definição contida no art. 121 do CTN é clara ao apartar, para efeito de enquadramento, o contribuinte (I) sujeito passivo da obrigação principal e o responsável (II), como se vê no dispositivo abaixo: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo Único O sujeito passivo da obrigação principal dizse: I contribuinte, quando tenha relação pessoal e direita com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Oportuno ressaltar que o destaque do Parágrafo Único do art. 124 enquadraria a esposa do Recorrente em maior gravame tributário de vez que nesse caso ficaria solidariamente responsável pela totalidade do tributo e sem benefício de ordem, ao passo que como meeira na sociedade conjugal só estará obrigada até o limite de 50% do imposto gerado na ocorrência do fato gerador. Assim, descabe a imputação de solidariedade tributária da arrolada pelo fato preponderante de ser coproprietária da participação societária. Neste caso, a esposa do Recorrente investese unicamente na condição de contribuinte e sujeito passivo principal, porque detentora até então dos haveres alienados e em razão de seu procedimento sistemático de apresentação em separado da declaração do imposto sobre a renda. Restou, portanto, na constituição do Lançamento contestado a ocorrência do descumprimento do disposto no art. 142 do CTN, pela falta de identificação de um dos sujeitos passivos da operação que gerou a obrigação tributária, conforme determinação legal para a validade do auto de infração, que diz: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Assim, a coproprietária das participações societárias, esposa do Recorrente, tendo sido arrolada como responsável solidária e não como sujeito passivo da operação contraria o disposto na legislação tributária, razão pela qual considero imperativo o reconhecimento da nulidade do lançamento tributário, por erro jurídico, nos termos acima expostos. DEFINIÇÃO INDEVIDA DE SUJEITO PASSIVO ÚNICO Tributar a totalidade da operação na pessoa do Recorrente Antonio Fernando de Oliveira Maia, por interpretação subjetiva da autoridade fiscalizadora, sem que estivesse respaldado por qualquer documento declaratório da vontade de um ou de outro contribuinte coproprietário da participação societária alienada e objeto da ação fiscal empreendida, consiste em procedimento equivocado na determinação da constituição do crédito tributário. A decisão Fl. 1463DF CARF MF 54 de concentrar a tributação do ganho de capital em um dos cônjuges alheio a vontade expressa dos Contribuintes alienantes da participação societária consiste em procedimento que não encontra amparo na legislação, porque a opção para esse tipo de decisão é atribuída ao próprio contribuinte interessado e não à autoridade fiscalizadora. Vejamos primeiramente do que se está tratando como base de tributação do imposto sobre a renda como ganho de capital, no dizer do Termo de Verificação Fiscal: O trabalho de fiscalização teve como objetivo efetuar análise tributária da transação de alienação da participação societária nas empresas MB Engenharia SPE 037 S/A e MB Engenharia S/A, realizada entre o fiscalizado e a empresa Brascan Residential Properties S/A, atual Brookfield Incorporações S/A (CNPJ:07.700.557/000184). A participação societária alienada pertencia ao casal que mantêm união conjugal na forma de comunhão de bens que dá a cada um o direito na proporção de 50% dos haveres e atribui obrigação tributária pessoal no mesmo quantitativo proporcional, no presente caso, na obtenção do ganho de capital e ao correspondente pagamento do imposto sobre a renda bipartida. Notese que a situação da sociedade conjugal dos Contribuintes é clara no entendimento da Autoridade Lançadora, inclusive quando constata que a aquisição da participação societária alienada pertencia a ambos, tendo em vista ter sido adquirida em momento posterior ao casamento. Essa constataçãoafirmativa vem em favor do Recorrente, e mostra quão equivocada a decisão de cobrar o quantitativo total do imposto somente do Contribuinte Recorrente, sendo que legalmente a esposa é contribuinte de direito da meia parte do imposto devido na operação de alienação, pelo que se confirma no texto do TVF, como segue: Conforme Certidão de Casamento (cópia extraída do processo n.º 10120.721570/2012 76), o contribuinte é casado em comunhão parcial de bens com TELMA ROMÃO MAIA (CPF: 412.550.11149) desde 26/11/1988. As ações das empresas MB Engenharia S/A e MB Engenharia SPE 037 S/A alienadas por ele à Brascan Residential Properties S/A foram adquiridas em momento posterior à união (vide tópico referente ao custo de aquisição) e, por conseqüência, são definidas como bens comuns ao casal. O reconhecimento pela Autoridade Tributante da condição de sociedade conjugal dos Contribuintes e a constatação de que aquisição da participação societária ocorreu em momento posterior à união matrimonial elucidam, por derradeiro, qualquer dúvida da coparticipação de ambos nos direitos e obrigações do ganho de capital produzido. Assim, como a participação societária alienada pertence a ambos, efetuase a meação de direitos e obrigações na forma da legislação, ficando cada um responsável por sua parte contributiva no ganho de capital e, obrigados individualmente ao pagamento do imposto correspondente. Fl. 1464DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 29 55 Também, em favor do Recorrente, vem o que consta na citação da própria Autoridade Fiscalizadora ao mencionar o texto do art. 6º, do Decreto nº 3.000/99 (fl. 55 do TVF): Art. 6º Na constância da sociedade conjugal, cada cônjuge terá seus rendimentos tributados na proporção de (Constituição, art. 226, § 5º): I cem por cento dos que lhes forem próprios; II cinquenta por cento dos produzidos pelos bens comuns. Parágrafo único. Opcionalmente, os rendimentos produzidos pelos bens comuns poderão ser tributados, em sua totalidade, em nome de um dos cônjuges. (grifei) Em sequência, a Autoridade Fiscalizadora prossegue na argumentação de que o Recorrente teria feito a opção de tributar 100% do ganho de capital na sua declaração, mesmo sem manifestação expressa ou comprovação escrita de que isso teria acontecido voluntariamente pelo Contribuinte, quando observa que (fl. 55 do TVF): No presente caso, por opção do contribuinte, a tributação referente à alienação das citadas ações foi feita por ele. Tal afirmação fundamenta se nos Demonstrativos de Apuração dos Ganhos de Capital anexados à sua DAA/2012. Nesses o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia informou a alienação da totalidade das ações MB Engenharia SPE037 S/A e MB Engenharia S/A possuídas pelo casal. A apuração do crédito tributário, resultado dos trabalhos de fiscalização ora detalhados, foram finalizadas em conformidade com a opção do contribuinte. E como afirmativa derradeira diz, com absoluta subjetividade de interpretação, que a não apresentação da declaração da esposa naquele determinado exercício fiscal estabeleceu a confirmação da aceitação de que a opção da tributação do ganho de capital na declaração do marido ali estava configurada (fl. 55 do TVF): De acordo com os sistemas informatizados da RFB, constatouse que a Sra. Telma Romão Maia não apresentou a DAA/2012 e nem declarou em conjunto com o Sr. Antônio Fernando de Oliveira Maia. Assim dispõe o art. 6º do RIR/99: Essa afirmativa faz concluir que se posteriormente a Contribuinte Telma Romão Maia viesse a apresentar sua declaração de imposto de renda com o oferecimento à tributação de sua parte no ganho de capital, mesmo que extemporânea, o cálculo do montante do tributo devido atribuído pela fiscalização ao Recorrente estaria errado, o que infringe o art. 142 do CTN e motiva a anulação do Lançamento. Em outro ponto do texto do Termo de Verificação Fiscal a Autoridade Fiscalizadora deixa dúvida quanto à afirmação tida como certa da opção de concentrar a tributação do ganho de capital em um só Contribuinte, ao mencionar que em parte dos recebimentos o Recorrente ofereceu a tributação somente a metade da parcela referente a recebimento de juros (fl. 54 do TVF). Fl. 1465DF CARF MF 56 O percentual de 50% do valor em referência, ou seja, R$ 4.944.207,39, corresponde a omissão de rendimentos recebidos a título de juros e sujeitase à tributação na tabela progressiva. Constou também no Termo de Verificação Fiscal que foram constatadas infrações de não oferecimento à tributação de valores recebidos em parcelas referentes à alienação, objeto da auditoria fiscal, na proporção de 50% daqueles recebimentos, como a seguir apresentou o Recorrente em sua defesa (fls. 1352/1354, do processo): 1.4. Assim procedendo, identificou como primeira infração o não oferecimento à tributação do valor de R$ 15.210.479,39 que corresponde a 50% (cinquenta por cento) de R$ 30.420.958,78, tratado no Segundo Aditivo Contratual como redução do valor mínimo da segunda parcela, sendo atribuído R$ 12.168.383,51 pelas ações da MB Engenharia SPE37 S/A, e R$ 3.042.095,88 pelas ações da MB Engenharia S/A. (...) 1.8. A segunda infração apontada pela auditoria fiscal diz respeito aos juros calculados sobre a 2ª (segunda) parcela, no total de R$ 9.888.414,78, sendo que apenas 50% (cinquenta por cento) desse valor foi atribuído ao Recorrente, que corresponde a R$ 4.944.207,39, e submetido à tributação com base na tabela progressiva. Tais informações oferecem dúvidas quanto à base de cálculo determinada para o pagamento do imposto de responsabilidade do contribuinte Recorrente. Se a opção foi de tributar 100% na pessoa do Recorrente, por que nesses casos apontados o oferecido à tributação ocorreu exatamente na metade, que corresponde aos 50% de sua responsabilidade tributária? Há o cálculo da omissão de 50% e há a afirmação da opção voluntária de 100% de tributação na pessoa do Recorrente. Acaso não seriam os outros 50% de responsabilidade tributária da esposa o complemento correspondente à omissão? Pode se concluir de tudo isso que a omissão corresponde à parte de responsabilidade da esposa que não apresentou DAA naquele exercício. Mesmo que a proporção de 50% de omissão apontada refirase a algumas parcelas, e não do todo, a informação suscita incertezas quanto à sustentação de quanto realmente foi oferecido à tributação e quanto exatamente foi omitido de cada um dos coproprietários da participação societária alienada. A Fiscalização, por sua vez, afirma que o fato da esposa, Contribuinte Telma Romão Maia não ter apresentado sua declaração do imposto sobre a renda naquele exercício fiscal de 2012, faz concluir que a opção na concentração da tributação do ganho de capital na declaração do Recorrente foi estabelecida por aquele ato, embora nenhuma confirmação oficial dessa decisão tenha sido requerida dos Contribuintes cônjuges. Neste sentido, a constituição do Lançamento contestado expõe a ocorrência do descumprimento do disposto no art. 142 do CTN, pela falta de identificação de um dos sujeitos passivos da operação que gerou a obrigação tributária, e pela incorreta determinação do montante do tributo devido correspondente a cada um dos cônjuges, conforme determinação legal para a validade do auto de infração, que diz: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o Fl. 1466DF CARF MF Processo nº 10120.727464/201549 Acórdão n.º 2401005.249 S2C4T1 Fl. 30 57 montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. O Acórdão vergastado conclui pela improcedência da impugnação cuja decisão está resumida na ementa, como segue: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010, 2011. NULIDADE. Somente ensejam a nulidade do lançamento os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. GANHO DE CAPITAL. SOCIEDADE CONJUGAL. DECLARAÇÃO EM SEPARADO. Na constância da sociedade conjugal, se o casal decide, por sua livre opção, tributar os rendimentos produzidos por bens comuns em nome de apenas um dos cônjuges, esta forma de tributação alcança a totalidade destes rendimentos. Por sua vez o Recorrente pede em seu recurso voluntário, resumidamente o que segue: Seja julgado nulo e/ou improcedente todo o crédito tributário veiculado no auto de infração ora fustigado, pelas fáticas e jurídicas razões alinhavadas em linhas pretéritas e, especialmente porque o não compartilhamento do lançamento entre os cônjuges, à razão de 50%, assim como a ausência de intimação de um ou de outro são causas de nulidade absoluta. CONCLUSÃO Em realidade ocorreu preterição do direito de defesa porque durante todo o período da auditoria fiscal a Contribuinte Telma Romão Maia, não foi cientificada da ação fiscal, em desatendimento ao que determina o art. 844 e § 1º, do RIR/99. Em nenhum momento da auditoria a Contribuinte foi intimada a prestar informação ou apresentar documentos ou esclarecimentos sobre a operação de alienação que produziu ganho de capital sujeito a tributação, assim como não foi diligenciada nem mesmo em relação aos motivos que a levam a não apresentar declaração do imposto sobre a renda no exercício de 2012, individualmente, como fazia anualmente. A Contribuinte figura no Lançamento, indevidamente, como responsável solidária tendo sido cientificada desse enquadramento somente ao final da auditoria fiscal, mesmo que legalmente sempre tenha estado na condição de contribuinte de fato e de direito porque coproprietária na participação societária alienada. Necessário aclarar a diferença entre alienante e promotor do fato gerador (contribuinte direto) e interessado comum na operação de alienação promovida por terceiros (responsável solidário). Fl. 1467DF CARF MF 58 A Fiscalização sempre se satisfez com as informações transmitidas unicamente pelo Recorrente, sem questionar a participação nos resultados pela meeira legal nos haveres alienados. Também não questionou oficialmente quanto à concordância ou não da tributação levada a efeito pela totalidade tão somente na pessoa de um dos cônjuges. Inconfundível a situação de sujeito passivo da esposa que foi simplesmente cientificada do Lançamento na condição de responsável solidária na alienação da participação nas empresas transacionadas, embora meeira na operação que deu causa ao fato gerador. Inaplicável a responsabilidade solidária atribuída à esposa do Recorrente. O Recorrente foi contatado, intimido e cientificado da continuidade do trabalho de verificação fiscal por inúmeras vezes, tendo a ele sido dirigido requisições de documentos e informações sobre a operação e o resultado do ganho de capital e o correspondente recolhimento do tributo, sem que em nenhum momento tenha a Fiscalização questionado sobre a opção de tributação se em conjunto ou separadamente do cônjuge. Finalmente, a interpretação de que a tributação seria concentrada em somente um dos cônjuges conduziu a resultado dissonante com o disposto na legislação. Pois, de evidente clareza que o dispositivo legal que permite a opção é direcionado ao contribuinte. É direito dado ao contribuinte de tributar conjuntamente ou separadamente. O direito de opção do contribuinte não pode ser passível de interpretação subjetiva do fisco para tributar de uma ou outra forma. Por todo o exposto, tanto nas questões preliminares quanto na de mérito, voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário para considerar extinto o crédito tributário pela ocorrência de erros fáticos e jurídicos que determinam a nulidade do Lançamento. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 1468DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.720190/2007-25
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2003
EMBARGOS INOMINADOS. INEXATIDÃO MATERIAL.
As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Art. 66 do Regimento Interno do CARF.
Numero da decisão: 2401-005.426
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos. No mérito, por maioria, em acolhê-los, sem efeitos modificativos, para sanar a inexatidão material e alterar o dispositivo do acórdão embargado. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess e Miriam Denise Xavier que negavam provimento aos embargos.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos. No mérito, por maioria, em acolhê-los, sem efeitos modificativos, para sanar a inexatidão material e alterar o dispositivo do acórdão embargado. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess e Miriam Denise Xavier que negavam provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
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INEXATIDÃO MATERIAL. As inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita existentes na decisão deverão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, mediante prolação de um novo acórdão. Art. 66 do Regimento Interno do CARF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 01 90 /2 00 7- 25 Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 408 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos, na parte em que foram admitidos. No mérito, por maioria, em acolhêlos, sem efeitos modificativos, para sanar a inexatidão material e alterar o dispositivo do acórdão embargado. Vencidos os conselheiros Cleberson Alex Friess e Miriam Denise Xavier que negavam provimento aos embargos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess. Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 409 3 Relatório Cuidase de embargos em face do Acórdão nº 2101002.394, da 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF (fls. 204/222), cuja ementa e dispositivo estão assim redigidos: NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Não é nulo o lançamento que preenche os requisitos do artigo 11 do Decreto n.º 70.235, de 1972, cujos fatos enquadrados como infração estão claramente descritos e adequadamente caracterizados, permitindo ao contribuinte o exercício da ampla defesa. SUJEIÇÃO PASSIVA. COMPROVAÇÃO DA PROPRIEDADE. São contribuintes do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR o proprietário do imóvel, o titular de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título. Comprova a propriedade do bem imóvel a Certidão de Matrícula no Cartório de Registro de Imóveis competente. Na hipótese, não ficou comprovado que matrícula do imóvel rural tenha sido cancelada, na forma da lei. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. A diligência ou perícia não se presta à produção de prova documental que deveria ter sido juntada pelo sujeito passivo para contrapor aquelas feitas pela fiscalização. ÁREA DE RESERVA LEGAL. COMPROVAÇÃO. Admitese, para o cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, a exclusão da Área de Reserva Legal, desde que, em data anterior à da ocorrência do fato gerador do tributo, tenha sido averbada à margem da matrícula do imóvel rural no Cartório de Registro de Imóveis competente. Na hipótese, não se comprovou a averbação da área de reserva legal ITR. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para a exclusão da Área de Preservação Permanente declarada da área total do imóvel rural, necessário apresentar Ato Declaratório Ambiental ADA protocolado junto ao órgão de controle do meio ambiente. Na hipótese, a interessada não logrou comprovar a Área de Preservação Permanente por meio de documento hábil. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS SIPT. UTILIZAÇÃO DO VTN MÉDIO DECLARADO. O VTN médio declarado por Município, constante do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, sem considerar levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura da Unidade Federada ou do Município, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, por contrariar o disposto no artigo 14, § 1.º, da Lei n.º 9.393, de 1996. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 410 4 alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso. O juízo de admissibilidade dos embargos foi feito pelo Presidente da 2ª Seção de Julgamento do CARF, nos termos do despacho de fls. 401/406: [...] a) INEXATIDÃO MATERIAL No v. acórdão, ora embargado, a Conselheira Relatora esclareceu, em seu voto, que a decisão proferida pelo Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia(TJBA) determinou a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural(ITR) correspondente à Fazenda Taboleirinho, objeto do presente processo, registrando que tal decisão deverá ser cumprida pela Receita Federal do Brasil. Confirase: "Salientamos, por fim, que a decisão proferida pelo Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, no processo administrativo n° 000920757.2013.8.05.0000, determinou a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR correspondente aos imóveis cujas matrículas foram bloqueadas, decisão esta que deve ser cumprida pela repartição de origem, nos termos em que foi exarada." (Grifouse; fl. 222) Na ocasião do julgamento do recurso voluntário da ora EMBARGANTE, após ter sido debatida pelos integrantes dessa Ia Turma, a determinação referida acima foi acolhida por todos os Conselheiros. No entanto, tal determinação deixou de constar do respectivo acórdão. Confirase: "Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso.". b) ERRO DE FATO 01 10.Em seu voto. a Conselheira Relatora afirma que, embora entenda que há indícios veementes da ocorrência de fraude, em razão da constatação da inexistência da matrícula 5817, a qual originou as matrículas 1879 e 1927, a EMBARGANTE ainda Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 411 5 teria legitimidade passiva em relação à cobrança dos débitos de ITR lançados por meio da Notificação de Lançamento originária deste Processo Administrativo, pois ainda não haveria uma decisão definitiva da questão. [...] c) ERRO DE FATO 02 16.A respeito da comprovação da inexistência da matrícula 5817, a qual originou as matrículas 1879 e 1927 do imóvel em questão, consta o seguinte do v. acórdão embargado: "Às fls. 204, foi anexada Certidão do Cartório de Registro de Imóveis e Hipotecas do Primeiro Ofício da Comarca de Barreiras (BA), na qual certifica não constar, dos arquivos do Cartório, a ficha da matrícula Rl5817 em 4 de maio de 1983 Protocolo 13.632 de 29 de abril de 1983, em nome de Ahyrton Carvalho Franca. Por ser relevante para este processo, o documento será também considerado na presente análise. [...] O Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, no seu artigo 65, prevê a possibilidade dos embargos declaratórios. Transcrevemos. Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciarse a turma. Do b) ERRO DE FATO 01 e c) ERRO DE FATO 02 O art. 65 do RICARF permite os embargos de declaração quando revelados no acórdão proferido os vícios ali descritos, não se prestando a analisar inconformidade no decisum, a qual deve ser debatida em via própria. Os argumentos carreados informam que o embargante busca juízo de retratação da decisão, com exame de elementos de prova, através de meio que não tem o condão de alcançar esse fim. Assim, temos que não assiste razão ao embargante quanto aos vícios apontados, pois não restou demonstrado que o r. acórdão deixou de se pronunciar sobre alguma questão suscitada pelas partes, tampouco se apontou obscuridade ou contradição entre os fundamentos e a conclusão do julgado. Vejamos jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça. PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. ART. 535, I E II, DO CPC/1973. OMISSÃO, CONTRADIÇÃO OU OBSCURIDADE. Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 412 6 AUSÊNCIA. REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. DESCABIMENTO. 1. Os embargos de declaração, conforme dispõe o art. 535, I e II, do CPC/1973, destinamse a suprir omissão, afastar obscuridade ou eliminar contradição existente no julgado, o que não ocorre na hipótese em apreço. 2. Não são cabíveis os presentes embargos, haja vista que a real intenção da parte embargante não é sanar alguma omissão, contradição ou obscuridade no acórdão impugnado, e, sim, rediscutir o quanto decidido, buscando efeitos infringentes em situação na qual não são cabíveis. 3. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte. Nesse sentido: STJ, REsp 739.711/MG, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJU de 14/12/2006. 4. Registrese, ainda, que não se pode confundir decisão contrária ao interesse da parte com ausência de fundamentação ou negativa de prestação jurisdicional. Em tal sentido: STJ, REsp 801.101/MG, Rel. Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJe de 23/4/2008. (...)(EDcl nos EDcl nos EREsp 784394 / RS , DJe 17/08/2016) (Grifouse.) Do que posto, temos que as matérias: b) ERRO DE FATO 01 e c) ERRO DE FATO 02, não são passíveis de análise via embargos de declaração, uma vez que não restou demonstrada nenhuma das hipóteses do art. 65 retro. Quanto ao tópico a) INEXATIDÃO MATERIAL, devem ser admitidos os aclaratórios para sanear a omissão da decisão proferida quanto a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Conclusão Diante do exposto, devese acolher parcialmente os Embargos de Declaração, submetendo os autos novamente à apreciação do Colegiado, com vistas a sanar o vício apontado pelo Embargante, referente à matéria: a) INEXATIDÃO MATERIAL. É o relatório. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 413 7 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Tratamse de embargos de declaração (erros de fato 01 e 02) e embargos inominados (inexatidão material), que, nos termos do despacho de admissibilidade, foram apenas acolhidos os aclaratórios para sanar erro material constante na parte do dispositivo do Acórdão nº 2101002.394. Em relação aos Erros de Fato (01 e 02), apontados pelo recorrente, constatou se que não são passíveis de análise via embargos de declaração, uma vez que não restou demonstrada nenhuma hipótese do art. 65 do Regimento Interno do CARF. No tocante a INEXATIDÃO MATERIAL, embargo inominado (art. 66 do RICARF), verificouse a necessidade de sanear a omissão da decisão do Acórdão nº 2101 002.394 (fls. 204/222), quanto a suspensão do pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural. Compulsando os autos, verificase que sobre a matrícula do imóvel nº 1879, (NIRF nº 5.696.1642), objeto da notificação de lançamento, existe uma questão administrativa judicial a ser decidida no âmbito do Conselho da Magistratura do Tribunal de Justiça da Bahia. Neste sentido, é teor do Acórdão no Recurso Administrativo nº 000920757.2013.8.05.0000, fls. 184/197. Portanto, devese alterar a parte do dispositivo, para que também seja incluído a informação referente à suspensão do pagamento do ITR, considerando que essa informação já consta dos fundamentos do acórdão referenciado. Onde se lê: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10530.720190/200725 Acórdão n.º 2401005.426 S2C4T1 Fl. 414 8 Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso. Leiase Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em afastar a alegação de nulidade do auto de infração, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento em parte ao recurso voluntário, para, restabelecer o valor da terra nua declarado, vencida a Conselheira Eivanice Canário da Silva, que votou por dar provimento ao recurso, devendo a unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de jurisdição adotar as providencias cabíveis, nos termos da decisão do Tribunal de Justiça da Bahia (Acórdão Processo Administrativo nº 000920757.2013.8.05.0000), que suspendeu o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR. Conclusão Em vista do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos e, no mérito, acolhêlos parcialmente a fim de sanar a INEXATIDÃO MATERIAL no Acórdão nº 2101 002.394, para incluir na parte do dispositivo conforme acima. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 414DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.003758/2006-56
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. POSSIBILIDADE.
Admitem-se os embargos de declaração uma vez demonstrada a existência de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, o recurso voluntário e o recurso de ofício foram julgados em processos distintos, entretanto os questionamentos foram analisados em conjunto, de forma que não ocorreu vício de contradição ou omissão.
Numero da decisão: 2401-005.486
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em conhecer dos embargos e, no mérito, rejeitá-los.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2002 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. POSSIBILIDADE. Admitem-se os embargos de declaração uma vez demonstrada a existência de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, o recurso voluntário e o recurso de ofício foram julgados em processos distintos, entretanto os questionamentos foram analisados em conjunto, de forma que não ocorreu vício de contradição ou omissão.
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CONTRADIÇÃO. OMISSÃO. POSSIBILIDADE. Admitemse os embargos de declaração uma vez demonstrada a existência de obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos. No caso, o recurso voluntário e o recurso de ofício foram julgados em processos distintos, entretanto os questionamentos foram analisados em conjunto, de forma que não ocorreu vício de contradição ou omissão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em conhecer dos embargos e, no mérito, rejeitálos. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 18 3. 00 37 58 /2 00 6- 56 Fl. 892DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 869 2 Relatório Tratamse de embargos de declaração do sujeito passivo em face dos Acórdãos nº 210100.716 (fls. 801/803 Processo nº 10183.003758/200656 Recurso de Ofício) e Acórdão nº 210100717 (fls. 456/462 Processo nº 10980.720051/200884 Recurso Voluntário), ambos da 2ªSeção/1ª Câmara/1ª TO, processos conexos, julgados na sessão do dia 19/08/2010, cujas ementas e dispositivos estão respectivamente assim redigidos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. SOBREPOSIÇÃO DE ÁREA. A exploração extrativa em área de reserva legal não deve ser considerada como Área utilizada na DITR. Recurso Provido. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso de oficio, nos termos do voto do Relato". [...] ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 ÁREA TOTAL DO IMÓVEL. Existindo prova nos autos da área efetiva do imóvel, devese restabelecer o quantitativo informado pelo contribuinte em sua DITR. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. É isenta de tributação a área de utilização limitada, mesmo que nela haja exploração de atividade extrativa, sob o regime de manejo sustentável. CALCULO DO IMPOSTO DEVIDO. ALÍQUOTA APLICÁVEL. Não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista a glosa da área de exploração extrativa, mantida no recurso de oficio. Recurso provido em parte. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Fl. 893DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 870 3 Às fls. 864/867 (Processo nº 10183.003758/200656), consta despacho de admissibilidade dos embargos, com a seguinte análise: ANÁLISE Os embargos foram interpostos dentro do prazo legal. Em 06/08/2008, o contribuinte apresentou recurso voluntário contra todo o crédito tributário lançado no auto de infração e não apenas contra a parte que havia sido considerada não impugnada, conforme a seguir: SINOPEMA S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS; pessoa jurídica de direito privado, devidamente qualificada nos autos do processo 10183.0037582/200656, Recurso número 142589, vem perante Vossa Senhoria, não se conformando com decisão proferida pela Delegacia Regional de Julgamento de Campo Grande no acórdão 04:12.015, que julgou pela procedência parcial do lançamento de oficio consubstanciado pelo AUTO DE INFRAÇÃO de fls. 2 e seguintes, mantendo a. cobrança da importância especificada às fls. 268, vem apresentar RECURSO ao E. 3o. Conselho de Contribuintes, em Brasília, DF, na forma das razões que abaixo são articuladas. Há que se observar que o relator do acórdão relativo ao crédito tributário sujeito ao recurso de ofício (acórdão 210100.716 — 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária consignou, no relatório, a existência do processo 10980.720051/200884, contudo não considerou as razões/defesa do contribuinte, que estavam anexadas naquele processo. CONCLUSÃO Entendo que houve omissão no julgado, tendo em vista que a impugnação do contribuinte, anexada apenas aos autos do recurso voluntário, referiuse a todo o lançamento tributário, mas fora desconsiderada na análise do recurso de ofício, o que acarretou também o cerceamento do direito de defesa. Assim, proponho que os embargos sejam conhecidos e analisados. Às fls. 555/558 (Processo nº 10980.720051/200884), consta despacho de admissibilidade dos embargos, com a seguinte análise: Analiso a argumentação. Ainda que não tenha encontrado, no âmbito do Recurso Voluntário de efls. 427 a 445, qualquer pedido de julgamento conjunto do presente feito e do Processo 10183.003758/200656, o que descaracteriza a existência de omissão no Acórdão embargado, entendo se estar diante de caso típico de conexão, gerado pelo desmembramento inicialmente realizado, cuja Fl. 894DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 871 4 motivação deixou de subsistir após o ingresso do Recurso Voluntário no âmbito do presente feito, possibilitado por posterior decisão judicial no sentido de reabertura de prazo para interposição do referido recurso (vide efl. 419). Mais especificamente, presente o requisito para reunião de processos por conexão estabelecido no art. 6o, inciso I do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015 (exigência de crédito tributário baseada em fato idêntico). Reforçase tal constatação, ainda, pela própria fundamentação do Acórdão embargado, que se baseia, de forma expressa, no julgamento realizado no âmbito do referido Processo 10183.003758/200656, a fim de negar o pedido relativo à alíquota aplicável deduzido no âmbito do presente, verbis (efl. 462): " (...) Por fim, não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista o provimento ao recurso de oficio, que restabeleceu a glosa efetuada pela fiscalização. (...)" Diante do exposto, ainda que opine pela rejeição dos presentes embargos (dada a inexistência de omissão no acórdão, visto que não deduzido o pedido de reunião de processos no âmbito do Recurso Voluntário do Contribuinte de efls. 427 a 445), entendo como necessário o encaminhamento imediato do presente feito à 1a. Turma Ordinária da 4a. Câmara desta 2a. Seção (Turma responsável pela análise, ainda pendente, dos embargos ingressados contra o Acórdão 2.10100.716, proferido no âmbito do Processo 10183.003758/200656, onde se deduziu o pedido de julgamento conjunto, às efls. 587 a 589 daqueles autos), a fim de que se realize o julgamento conjunto dos embargos ingressados nos feitos conexos, de forma a se evitar que decisões finais conflitantes sejam proferidas e/ou ratificadas. É o relatório. Fl. 895DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 872 5 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Os embargos de declaração dos processos de nºs 10183.003758/200656 e 10980.720051/200884, atendem aos requisitos de admissibilidade, portanto, devem ser conhecidos. Por tratarem de matéria conexa, a presente análise dos aclaratórios deve ser feita em conjunto. Contextualização do Lançamento de Oficio O lançamento do crédito tributário do imposto sobre a propriedade territorial rural controlado neste processo decorreu de procedimento de malha fiscal do exercício 2002, em que foram efetuadas alteração na área total do imóvel e glosas na área de utilização limitada e na área utilizada com exploração extrativa, conforme demonstrativos de fls. 3/29. Impugnado o lançamento em apreço, restou consignado na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de origem (fls. 514/542 Processo 10183.003758/200656), o seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2002 Área Total Matrícula A matricula do imóvel é o documento oficial da propriedade. Alienações ou outras alterações quanto dimensão da Área surtem efeitos a partir da averbação da escritura pública de compra e venda, ou outros documentos oficiais, na matricula. 0 contrato particular, por sua vez, faz efeito somente entre as partes contratantes. Áreas com regime de manejo sustentado O elenco das Áreas não tributáveis constante da legislação não contempla as florestas com exploração de manejo sustentado. Exploração Extrativa A glosa parcial da Área de exploração extrativa é possível ser revertida quando apresentada documentação comprobatória da regularização dessa atividade na propriedade. Lançamento Procedente em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, ACORDAM os integrantes da 1ª Turma de Julgamento desta delegacia, por unanimidade de votos, EM REJEITAR AS PRELIMINARES DE NULIDADE ARGUIDAS PELA INTERESSADA E, NO MÉRITO, CONSIDERAR PROCEDENTE EM PARTE O LANÇAMENTO DO ITR/002, mantendo parcialmente o crédito tributário Fl. 896DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 873 6 exigido, na forma do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, o qual se submete a RECURSO DE OFICIO, perante o Terceiro Conselho de Contribuintes, em atenção ao disposto no art. 34, do Decreto n° 70.235/1972, com as alterações introduzidas pela Lei n° 9.532/1997 e Portaria MF n° 375/2001, art. 2°. [...] 40. Com referência a área de Exploração Extrativa, diversamente do ocorrido com a área isenta no mencionado processo já julgado, a impugnante anexou alguns documentos possíveis de aceitação, o quais não haviam sido apresentados para a fiscalização, principalmente as cópias das matriculas e as certidões do cartório confirmando, especificamente, as averbações do Plano de Manejo, em dimensão total conforme foi declarada pela interessada, 21.540,0 hectares, cuja exploração efetiva está comprovada pelas autorizações e notas fiscais. 41. Com relação ao VTN, como já dito, o mesmo não foi arbitrado pela autoridade lançadora como alegado pela impugnante. Nem mesmo foi objeto de intimação para comprovação. Ele foi calculado pelo sistema a partir do Valor Total do Imóvel e das Benfeitorias, exatamente como consta da declaração, dados que fazem a diferença entre um e outros imóveis da regido. O que houve foi a readequação da área tributada e, com isso, utilizandose dos mesmos valores declarados, o VTN tributado aumentou. 42. Ainda assim, o VTN tributado em pauta será alterado favoravelmente à interessada, considerando a reversão da glosa da área de Exploração Extrativa, pois, aumentará a dimensão da área utilizada, o GU e, em conseqüência, a alíquota de cálculo diminuirá minorando, também, o valor do lançamento. 43. E assim, com a aceitação da totalidade da área de Exploração Extrativa, a mesma e a Área Utilizada passam de 3.555,0 hectares para 21.540,0 hectares como declarados, o Grau de Utilização de 7,1% para 43,0%, a Aliquota de 20,0% diminui para 12,0%, a qual, aplicandose ao VTN tributado, apura um Imposto Devido que passa de R$ 1.878.110,37 para R$ 1.126.866,22, do qual subtraindo o valor calculado pela interessada, R$ 22.250,65, a Diferença de imposto a pagar apurada (apurado — declarado) de R$ 1.855.859,72 passa para 1.104.615,57. Com essa nova diferença encontrada, a multa, os juros de mora e o total do crédito tributário, até a data do lançamento, ficam da seguinte forma: (grifouse) Como se percebe na decisão de piso, a área utilizada com Exploração Extrativa foi restabelecida de 3.555,0 ha para 21,540,0 ha, nos termos informado na DITR/2002. Como consequência, foram alterados o grau de utilização e alíquota e o valor do Imposto devido. Fl. 897DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 874 7 Às fls. 571, consta despacho da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Cuiabá (MT) registrando que o sujeito passivo tomou ciência do Acórdão nº 0412.015/2007 em 31/10/2007 e que não apresentou Recurso Voluntário, que o crédito tributário mantido ( R$ 1.104.615,57) está sendo controlado no processo nº 10980.720051/200884. A parte exonerada (R$ 751.244,15), controlado neste processo, foi encaminhada ao Terceiro Conselho de Contribuintes para julgamento do recurso de ofício. Na ação judicial nº 2008.70.00.0138424 (Mandado de Segurança), em trâmite perante a 4ª Vara Federal de Curitiba, o sujeito passivo foi beneficiado com medida judicial que reabriu o prazo para apresentação de recurso voluntário, conforme dispositivo da sentença abaixo: Ante o exposto, julgo procedente a presente ação mandamental para anular o lançamento tributário desde a notificação fiscal da decisão administrativa que analisou a impugnação do contribuinte, reabrindolhe o prazo para apresentação de recurso voluntário junto ao Conselho de Contribuintes nos autos no. 10183.003758/200656. Consta às fls. 449 (Processo nº 10980.720051/200884) despacho da unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de jurisdição, com o seguinte teor: Este processo foi formalizado para receber parte do credito controlado pelo processo 10183.003758/200656, cujo contribuinte não apresentou recurso voluntário ao conselho de contribuintes (R$ 1.104.615,57), com finalidade de envio a PFNMT para inscrição em DAU. Através do Memorando PFN/PR/DIVIDA ATIVA/N° 1.527/2008, a PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL NO PARANÁ, nos comunicou do deferimento do pedido de liminar nos autos de mandato de segurança n° 2008.70.00.0138424/PR (4a Vara Federal de Curitiba), onde se determinou que fosse reaberto ao contribuinte o prazo para apreciação de recurso voluntário. Em 14/11/2008 o contribuinte, através da INTIMAÇÃO N° 1069/2008SECAT/DRFCUIABÁ/ MT, tomou ciência do acórdão 0412.015 — l a Turma da DRJ/CGE. Em 24/11/2008 apresentou, tempestivamente recurso voluntário. Em Sessão do dia 19 de agosto de 2010, os membros da 1ªTO/1ªCâmara/2ª Seção por unanimidade de votos, resolvem dar provimento ao recurso de oficio, nos termos do voto do Relator, para reformar a decisão a quo para considerar, conforme ementa do Acórdão nº 210100.716 (fls. 801/803), que a exploração extrativa em área de reserva legal não deve ser considerada como área utilizada na DITR. Também em Sessão do dia 19 de agosto de 2010, o Recurso Voluntário foi julgado no processo nº 10980.720051/200884, sendo o resultado pelo provimento parcial do recurso, nos termos do voto do relator. Dos fundamentos do voto, retiramse as seguintes conclusões: Examinado a matéria objeto deste recurso voluntário, entendo que a reserva legal informada pela autuada da DITR de 2002 Fl. 898DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 875 8 deve ser plenamente restabelecida, pois a área de utilização limitada de 19.029,25 hectares, glosada pela fiscalização, corresponde à atividade extrativista indicada nas matriculas nos 6396, 6397 e 6399, realizada sob o regime de manejo sustentável em área de utilização limitada, que é isenta de tributação. Os elementos de prova nos autos dão suporte ao pleito da recorrente para que se restabeleça a área total do imóvel informada na DITR do exercício de 2002. Com efeito, consta dos autos sentença judicial de 2005, em ação de retificação de registro público de imóvel rural, alterando a área de 76.740,00ha para 71.877,7981ha (fls. 210/212). Tal redução também encontra suporte no Oficio do INCRA à fl. 217, datado de 28/07/2006. Da mesma forma, a redução da área vendida a terceiros (2.420,00 hectares), conforme Contrato Particular de Compromisso de Compra e Venda a pessoa, as fls. 213/216, datado de 20/09/1999, deve ser acatada, tendo em vista o disposto no § 2° do artigo 10 do Regulamento do ITR, aprovado pelo Decreto n° 4.382, de 2002, e no manual de perguntas e respostas de 2007, pergunta n° 60, a seguir transcrito. Cumpre ainda observar que o adquirente apresentou DITR da referida área (fls. 163/164): A área total do Imóvel deve se referir a situação existente na data da efetiva entrega da declaração do ITR, independentemente de atualização no registro imobiliário. Por fim, não é possível acolher o pedido da recorrente em relação ao seu enquadramento na alíquota de 0,45%, tendo em vista o provimento ao recurso de oficio, que restabeleceu a glosa efetuada pela fiscalização. Em face ao posto, dou provimento parcial ao recurso. Em resumo, temse o seguinte após julgamento dos recursos voluntários e de ofício: DEMONSTRATIVO DE APURAÇÃO DE ITR/2002 Distribuição da Área do Imóvel (ha) Declarado DITR/2002 Apurado pela MALHA Fiscalização Acórdão nº 04 12.015 DRJ/CGE Acórdãos nºs 2101 00717 (RV) e 2101 00716 (RO)/CARF 01. Área total 69.549,0 76.740,0 76.740,0 69.549,0 02. Área de Preservação Permanente 1.986,0 1.986,0 1.986,0 1.986,00 03. Área de Utilização Limitada 43.627,2 24.598,0 24.598,0 43.627,2 04. Área Tributável (010203) 23.935,8 50.156,0 50.156,0 23.935,8 05. Área Ocupada com Benfeitorias 32,5 32,5 32,5 32,5 06. Área Aproveitável (0405) 23.903,3 50.123,5 50.123,5 23.903,3 Distribuição da Área Utilizada (ha) 07. Produtos Vegetais 0,0 0,0 0,0 0,0 08. Pastagens 0,0 0,0 0,0 0,0 09. Exploração Extrativa 21.540,0 3.555,0 21.540,0 3.555,0 10. Atividade Granjeira/Agrícola 0,0 0,0 0,0 0,0 11. Área Utilizada (07+08+09+10) 21.540,0 3.555,0 21.540,0 3.555,0 12. Grau de Utilização (11/06)*100 90,2% 7,1% 43,0% 14,87% Fl. 899DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 876 9 Cálculo do Valor da Terra Nua (R$) 13. Valor Total do Imóvel 15.169.628,00 15.169.628,00 15.169.628,00 15.169.628,00 14. Valor das Benfeitorias 800.000,00 800.000,00 800.000,00 800.000,00 15. Valor das Culturas Pastagens Florestas 0,00 0,00 0,00 0,00 16. Valor da Terra Nua (131415) 14.369.628,00 14.369.628,00 14.369.628,00 14.369.628,00 Cálculo do Imposto 17. Valor da Terra Nua Tributável (04/01)*16 4.944.588,99 9.390.551,89 9.390.551,89 4.944.588,99 18. Alíquota 0,45 20,00 12,00 20,0 19. Imposto devido (17*18)/100 22.250,65 1.878.110,37 1.126.866,22 988.917,80 Feitos essas breves considerações, passase agora análise da matéria ventiladas nos respectivos embargos. Análise dos Embargos nos Processos nº 10183.003758/200656 e nº 10980.720051/200884 Informa a embargante que noticiou a concessão de medida judicial, que possibilitou a reabertura do prazo para apresentação de recurso voluntário, e que o desmembramento dos autos não mais se justificaria exatamente pelo exercício deste direito. Diz ainda dada a relevância jurídica desta questão, os julgamentos dos recursos das partes sejam unos. Entende que, neste caso, ocorreu omissão no acórdão recorrido. Pois bem. Quanto a esse aspecto, verifico que não ocorreu omissão no julgamento dos recursos quanto a decisão de piso (Acórdão 0412.015 1ª Turma da DRL/CGE), pelas seguintes razões: 1) a uma, os Recursos Voluntários e de Ofício foram julgados na mesma sessão, ocorrida no dia 19 de agosto de 2010, de acordo com o Acórdão nº 210100.717 (Recurso Voluntário) do Processo nº 10980.720051/200884 (fls. 456/462) e Acórdão nº 2101 00.716 (Recurso de Ofício) do Processo nº 10183.003758/200656 (fls. 801/803); 2) a duas, no julgamento do Recurso Voluntário foram abordados os aspectos levantados na sua peça recursal, inclusive nos seus fundamentos o julgador fez referência ao julgamento do Recurso de Ofício, neste termos: Inicialmente, cumpre observar que o recurso de oficio, interposto pelo próprio órgão julgador de primeiro grau (Acórdão n° 0412.015, de 25/05/2007), foi analisado no PAF if 10183.003758/200656, com as seguintes considerações: [...] Foi exatamente esta situação que ocorreu no caso em exame, pois a área de exploração extrativa, considerada na decisão a quo (fl. 261), situase em área de reserva legal, devidamente averbada no cartório imobiliário: Assim, para verificar a correição da declaração apresentada, a declarante foi intimada a comprovar a regularidade das áreas isentas e da de exploração extrativa, porém, como já visto, tais comprovantes foram parcialmente apresentados, pois, apesar de existência de averbação na matricula do imóvel da Reserva Legal e do ADA, parte da Área de Utilização Limitada averbada tratase de área com Plano de Manejo Sustentado, não isenta pela legislação. Além de haver sido informada como de Reserva Legal, a mesma área foi declarada como de exploração extrativa. (..) Fl. 900DF CARF MF Processo nº 10183.003758/200656 Acórdão n.º 2401005.486 S2C4T1 Fl. 877 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso de oficio." Portanto, observase que, apesar de formalmente os recursos estarem em decisões separadas, a análise abordou, de forma conjunta, todos os aspectos do r. acórdão recorrido e que, desta forma, não houve cerceamento de direito na análise dos presentes recursos. Diz o embargante que outro fato a ensejar o cabimentos dos presentes, reside nas circunstâncias de que o provimento do recurso se deu porque: " a área de exploração extrativa, considerada na decisão a quo (fls. 261) situase em área de reserva legal, devidamente averbada no cartório imobiliário", conforme fls. 397/39". Prossegue argumentando que a DRJ de Campo Grande considerou que a impugnante anexou documentos passíveis de aceitação. Entende ainda o embargante, após julgamentos dos recursos, que é indevida a cobrança do valor remanescente do ITR/2002, considerandose que no caso devese aplicar a alíquota de 0,45%. Neste ponto, esclarecese que os embargos, nos termos do art. 65 do Regulamento do CARF, não se prestam a analisar inconformidade no decisum, a qual deve ser debatida em via própria. Na realidade, busca o embargante a modificação da decisão, com exame de elementos de prova, sendo que esse meio não encontra respaldo nas matérias objeto de embargos de declaração. Portanto, sem razão a embargante. Conclusão Em vista do exposto, voto no sentido de rejeitar os embargos de declaração por inexistir omissão a ser sanada. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 901DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15586.000739/2010-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO.
Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão.
Numero da decisão: 2401-005.381
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira.
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ERRO MATERIAL. CONSTATAÇÃO. RECEPCIONADOS EMBARGOS INOMINADOS. ARTIGO 66 RICARF. CORREÇÃO. Nos termos do artigo 66 do Regimento Interno do CARF, restando comprovada a existência de erro material no Acórdão guerreado, cabem embargos inominados para sanear o lapso manifesto quanto ao número da Turma, Câmara e Seção, bem como quanto ao número do Acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 00 07 39 /2 01 0- 35 Fl. 220DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, para corrigir o erro material apontado referente ao número do acórdão, turma, câmara e seção. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho e Rayd Santana Ferreira. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 15586.000739/201035 Acórdão n.º 2401005.381 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório CENTRO EDUCACIONAL CASA DO ESTUDANTE LTDA, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lançado Crédito Previdenciário correspondente à parte dos terceiros, em relação ao período de 01/2006 a 12/2007. Após regular processamento, interposto recurso voluntário à 2ª Seção de Julgamento do CARF, contra decisão de primeira instância, a egrégia 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em 09 de setembro de 2014, achou por bem conhecer do Recurso da contribuinte e NEGARLHE PROVIMENTO, o fazendo sob a égide dos fundamentos consubstanciados no Acórdão, com sua ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BASE DE CÁLCULO. TERCEIROS. A contribuição previdenciária destinada à Terceiros (Salário Educação, INCRA, SESC, SEBRAE, e SEST / SENAT ), tem as mesmas bases de cálculo das obrigações principais de responsabilidade da empresa. Neste sentido , se obrigado a estas , pelo vínculo, obrigado àquelas. Recurso Voluntário Negado. No momento da formalização e apreciação para assinatura, a Nobre Conselheira Liege Lacroix Thomasi, deparouse com a existência de erro material quanto ao número do Acórdão e na indicação da Turma e Câmara julgadora, apreciando de ofício como embargo inominado, com fulcro no art. 66 do RICARF. Diante do exposto, proponho os presentes embargos, a fim de que o processo administrativo seja novamente pautado para saneamento do erro material apontado, conforme despacho, às efls 218/219, com o devido "de acordo" da Presidente da Câmara. É o relatório. Fl. 222DF CARF MF 4 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator Com fulcro no art. 66 do Regimento Interno dos Conselhos Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, adoto o despacho da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Passo Fundo/RS como embargos inominados. Deixo de apreciar a questão da tempestividade, posto que, sendo adotado o despacho como embargos inominados, não há no RICARF prazo para sua interposição. Vejase o teor do artigo 66 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Art. 66. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção, mediante a prolação de um novo acórdão. Como já devidamente lançado no Despacho que propôs o acolhimento dos presentes Embargos, a Conselheira Dra. Liege Lacroix Thomasi, com o "de acordo' da Dra. Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, constatou que houve erro material, inclusive, já se manifestando quanto ao seu posicionamento. Nesse sentido, procedem os Embargos Inominados, impondo seja acolhida sua pretensão para que aludidos erros sejam devidamente saneados. Com efeito, por este acórdão devese prover a correção da inexatidão material devida a lapso manifesto de erro de escrita do número do Acórdão, bem como a Turma e Câmara julgadora para: "Acórdão n° 2403002.678 proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 2ª Seção", conforme consta da ATA DA REUNIÃO DE JULGAMENTO, questão objetiva sobre a qual não paira dúvida. Conforme verificamos na decisão efls. 267, onde se lê, no cabeçalho do acórdão: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Acórdão nº 1101002.678 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Leiase: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Acórdão nº 2403002678 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Fl. 223DF CARF MF Processo nº 15586.000739/201035 Acórdão n.º 2401005.381 S2C4T1 Fl. 4 5 Por todo o exposto VOTO NO SENTIDO DE ACOLHER OS EMBARGOS INOMINADOS de acordo com o artigo 66 do RICARF, para corrigir o erro material constante do Acórdão n° 2403002.678 nos termos da fundamentação, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira. Fl. 224DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35013.000985/2007-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103.
A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observando-se a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente.
Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância".
In casu, aplica-se o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00.
PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA.
A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido contradição em sua fundamentação.
Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II.
MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE.
Aplica-se ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea c, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009.
Numero da decisão: 2401-005.478
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa seja recalculada aplicando-se o disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira (relator) e os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada considerando o disposto na Lei 8.212/91, art. 32-A. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente e Redatora Designada
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". In casu, aplicase o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00. PRELIMINAR NULIDADE DECISÃO DA DRJ. CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. A decisão de piso enfrentou e afastou todos os argumentos feitos pelo sujeito passivo em sede de impugnação, não tendo havido contradição em sua fundamentação. Ademais, o julgador somente está obrigado a enfrentar os argumentos capazes de, em tese, infirmar a conclusão por ele adotada, de acordo com o disposto no inciso IV do § 1º do art. 489 do CPC, combinado com o seu art. 1022, parágrafo único, inciso II. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 01 3. 00 09 85 /2 00 7- 93 Fl. 1641DF CARF MF 2 MULTA/PENALIDADE. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MAIS BENÉFICA. RETROATIVIDADE. Aplicase ao lançamento legislação posterior à sua lavratura que comine penalidade mais branda, nos termos do artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, impondo seja recalculada a multa com esteio na Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. Por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário e rejeitar a preliminar. No mérito, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa seja recalculada aplicandose o disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Vencidos os conselheiros Rayd Santana Ferreira (relator) e os conselheiros Andréa Viana Arrais Egypto e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada considerando o disposto na Lei 8.212/91, art. 32A. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Miriam Denise Xavier. 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Fl. 1642DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.642 3 Relatório FUNDAÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO E PESQUISA ECONOMICO SOCIAL FAPES, contribuinte, pessoa jurídica de direito privado, já qualificada nos autos do processo em referência, recorre a este Conselho do Acórdão n° 1519.074/2009 da 5° Turma da DRJ em Salvador/BA, às efls. 1.591/1.601, que julgou parcialmente procedente o lançamento fiscal, decorrente do descumprimento da obrigação acessória por ter apresentado as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP, com os dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme previsto na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV,§ 5°, nas competências de janeiro/1999 a janeiro/2005. Relata a Autoridade Lançadora que no decorrer da ação fiscal foi constatado que o contribuinte apresentou as GFIP das competências 01/1999 a 01/2005 com omissões de informações relativas às remunerações de segurados empregados relativamente às parcelas de auxílio transporte, refeição, assistência médica e bolsa para estagiários em desacordo com a legislação vigente, bem como todas as remunerações dos segurados contribuintes individuais. Informa o auditor fiscal autuante que a multa foi aplicada em conformidade com o art. 32, §5º da Lei n° 8.212/91 e inciso II do art. 284 e art. 373 do Regulamento da Previdência Social — RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/99. Assim, a multa para cada competência corresponde a 100% (cem por cento) do valor das contribuições sociais previdenciárias devidas ou do valor que seria devido no período em que houvesse a substituição tributária e que não foram declaradas, sendo limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do artigo 32 da Lei nº 8.212/91, atualizados pela Portaria MPS nº 822, DE 11/05/2005, conforme Relatório Fiscal da Multa Aplicada, a fl. 07/13, e Demonstrativo de Segurados com Informações Omissas na GFIP – CFL 68, a fls. 015/1521. Por sua vez, a 5ª Turma da DRJ em Brasília/DF entendeu por bem julgar procedente em parte a impugnação, fazendo excluir do lançamento as obrigações tributárias alcançadas pela decadência (art. 150, §4º do CTN), retificando o cálculo da multa para aplicar a comparação entre a multa de ofício e as multas de mora previstas no art. 35 da Lei nº 8.212/91, com a redação dada pela lei nº 9.876/99, e recorrendo de ofício de sua decisão, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005 DECADÊNCIA. O direito da Seguridade Social de apurar e constituir os seus créditos extinguese após cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte Aquele em que o crédito pode ser exigido. PAGAMENTO ANTECIPADO E HOMOLOGAÇÃO TACITA. Fl. 1643DF CARF MF 4 Tratandose de tributo lançado pela modalidade de lançamento por homologação e pela inexistência de outro prazo legal fixado para esta, considerase homologado o pagamento antecipado e definitivamente extinto o crédito tributário com o transcurso de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, salvo se estivesse comprovada ocorrência de dolo, fraude ou simulação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/1999 a 31/01/2005 APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTARIA. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. AUTO DE INFRAÇÃO. Constitui infração à Legislação Tributária Previdencidria a apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores das contribuições previdencidrias. Em observância ao disposto no artigo 34, inciso I, do Decreto nº 70.235/72, c/c artigo 1º da Portaria MF nº 03/2008, a autoridade julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou procedente em parte o lançamento fiscal. Regularmente intimada e inconformada com a Decisão encimada, a autuada apresentou Recurso Voluntário, às efls. 1.611/1.625, procurando demonstrar sua improcedência, desenvolvendo em síntese as seguintes razões: Dependência do julgamento da NFLD nº 35.900.2110, em razão da prejudicialidade; Nulidade do Acórdão nº 1519.074 – 5ª Turma da DRJ/SDR, na medida em que apresenta contradição em sua fundamentação e ausência de fundamentação legal para aplicação de multa, de modo a comprometer cabalmente a defesa da Recorrente; Que o Despacho Decisório realizou o papel de um novo Lançamento, que reconheceu de oficio a ilegalidade do anterior e o substituiu para efeitos fiscais. Por isso, ocorreu a devolução do prazo para pagar ou impugnar o Auto de Infração. Tal situação gera efeitos diretos na aplicação, ao caso, do art. 150, §4º do CTN; Requer a incidência da retroatividade benigna para fazer aplicar a metodologia de cálculo instituída pela MP nº 449/2008; Após, regular processamento do feito, em 17 de outubro de 2013, foi proposta resolução pelo Nobre Conselheiro Relator Dr. Arlindo da Costa e Silva, acatada pela unanimidade do Colegiado, às efls 1.630/1.634, in verbis: Fl. 1644DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.643 5 (...) Com efeito, os créditos tributários relativos às obrigações tributárias principais correspondentes aos fatos geradores referidos neste Auto de Infração foram apurados mediante a NFLD nº 35.900.2110, lavrada na mesma ação fiscal, objeto do Processo Administrativo Fiscal nº 18050.002705/200805, que promoveu o lançamento tributário das contribuições previdenciárias previstas nos artigos 20 e 22 da Lei nº 8.212/91 e das contribuições sociais destinadas a Outras Entidades e Fundos, incidentes sobre diferenças de folha de pagamento não declaradas em GFIP, e sobre rubricas pagas a segurados empregados a título de auxílio transporte, auxílio refeição, auxílio bolsa estagiários e sobre a remuneração de segurados contribuintes individuais. O lançamento efetuado por intermédio da NFLD n° 37.900.2110 foi julgado procedente em parte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, em sede de 1ª Instância Administrativa, nos termos do Acórdão nº 1518.901– 5ª Turma da DRJ/SDR, de 09 de abril de 2009, sendo certo que, em face de tal decisão, o Notificado interpôs Recurso Voluntário a fls. 3.790/3.853 dos autos do PAF nº 18050.002705/200805, pendente ainda de julgamento na 2ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF. Por todo o exposto, diante da ostensiva relação de prejudicialidade entre ambos os lançamentos, e visando à esquiva de prolação de decisões conflitantes, pugnamos pela conversão do vertente julgamento em diligência fiscal, sobrestandose o trâmite do presente feito até o Trânsito em Julgado da decisão relativa à NFLD n° 35.900.2110 a ser proferida nos autos do Processo Administrativo Fiscal nº 18050.002705/200805. A diligência fiscal ora comandada deverá ser concluída com a juntada aos presentes autos de cópia da decisão administrativa definitiva referida no parágrafo anterior.(...) Após retorno ao Egrégio Conselho, os autos foram sorteados para minha relatoria e conseguinte inclusão em pauta. É o relatório. Fl. 1645DF CARF MF 6 Voto Vencido Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator RECURSO DE OFÍCIO Preliminar de Admissibilidade Á época da interposição do recurso vigia a Portaria MF nº 3/2008, que estabelecia o valor de alçada em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Entretanto, em 10 de fevereiro de 2017 foi publicada a Portaria MF nº 63 que alterou o valor limite para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), vejamos: Portaria MF nº 63/07 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). A verificação do "limite de alçada", em face de Decisão da DRJ favorável ao contribuinte, ocorre em dois momentos: primeiro na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ),para fins de interposição de Recurso de Ofício, no momento da prolação de decisão favorável ao contribuinte, observandose a legislação da época, e segundo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), para fins de conhecimento do Recurso de Ofício, quando da apreciação do recurso, em Preliminar de Admissibilidade, aplicandose o limite de alçada então vigente. É o que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103, assim ementada: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Portanto, depreendese que o limite de alçada a ser definitivamente considerado será aquele vigente no momento da apreciação, pelo Conselho, do respectivo Recurso de Ofício. vinculada pela Súmula Carf nº 103, encimada. No presente caso, o montante de crédito Tributário exonerado foi abaixo do novo limite de alçada, vigente na data do presente julgamento, maio de 2018. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração, sub examine, em parcial consonância com as normas legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente, pelas razões de fato e direito acima esposadas. RECURSO VOLUNTÁRIO Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.644 7 Presente o pressuposto de admissibilidade, por ser tempestivo, conheço do recurso e passo ao exame das alegações recursais. PRELIMINAR Nulidade da decisão de 1° instância Suscita preliminarmente a nulidade da decisão de primeira instância na medida em que apresenta contradição em sua fundamentação e ausência de fundamentação legal para aplicação de multa, de modo a comprometer cabalmente a defesa da Recorrente; Ao analisarmos a decisão de piso, a autoridade julgadora é bastante clara e objetiva em sua fundamentação, especialmente no que concerne a legislação para aplicação da multa, senão vejamos: [...] Analisandose os aspectos formais do Auto de Infração em comento, conclui que se encontram presentes os requisitos necessários para sua validade, quais sejam: a descrição clara e precisa da infração e das circunstâncias em que foi praticada, o dispositivo legal infringido, a penalidade aplicada e os critérios de sua gradação, com a indicação do local, dia e hora de sua lavratura, consoante determina o caput do art. 293 do Decreto 3.048/99. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento a obrigação acessória prevista no artigo 32, IV, da Lei 8.212/91, uma vez que a autuada não declarou em GFIP todos fatos geradores de contribuições previdenciária relativas a seus empregados e contribuintes individuais, o que gerou em uma contribuição previdenciária devida a menor.Ao observar a transcrição acima, não merece prosperar o argumento do contribuinte, pois resta claro que o lançamento não incluiu tal importância, tendo a DRJ manifestado o seu entendimento a respeito. O artigo 32, IV, § 5° da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 9.528 de 10/12/1997, assim dispõe: Lei 8.212/91 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. Pela infração cometida o contribuinte estava ao tempo da autuação incurso na pena prevista no § 5° do art. 32 da Lei n°8.212, de 24 de julho de 1991: "§ 5° A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator 6 pena Fl. 1647DF CARF MF 8 administrativa correspondente 6 multa de cem por cento do valor devido relativo 21 contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei n° 9.528, de 10.12.97). (Revogado pela Medida Provisória n°449, de 2008)" A multa foi calculada atendendo ao disposto nos §§ 4° e 5° do art. 32 da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991, ou seja, em 100% do valor da contribuição não declarada,(...) Conforme depreendese da transcrição encimada, não vislumbro qualquer contradição na fundamentação da decisão de piso, bem como falta de fundamentação. Feitas estas considerações, é patente que não se configurou a ocorrência do propalado cerceamento ao direito de defesa. MÉRITO Despacho Decisório Aduz que o Despacho Decisório realizou o papel de um novo Lançamento, que reconheceu de oficio a ilegalidade do anterior e o substituiu para efeitos fiscais. Por isso, ocorreu a devolução do prazo para pagar ou impugnar o Auto de Infração. Tal situação gera efeitos diretos na aplicação, ao caso, do art. 150, §4º do CTN. Nesse aspecto não assiste razão a recorrente, pois, o fato de ter sido reaberto o prazo para aditamento da impugnação, não implica em nova notificação, sendo certo que a data inicial a ser considerada para efeito da contagem do período decadencial é a da primeira notificação regular ao sujeito passivo, uma vez que o lançamento foi ali perfectibilizado Retroatividade Benigna Por derradeiro, em que pese à procedência do lançamento em seu mérito, destacase que posteriormente à lavratura do Auto de Infração fora publicada a Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, trazendo nova redação ao artigo 32 da Lei nº 8.212/91, acrescentando, ainda, o artigo 32A aquele Diploma Legal, estabelecendo nova forma do cálculo da multa ora exigida e, bem assim, determinando a exclusão da multa de mora do artigo 35 da Lei nº 8.212/91, com a conseqüente aplicação das multas constantes da Lei nº 9.430/96, e, tendo sido protocolado o recurso antes da alteração, analiso de ofício, senão vejamos: Art. 32. A empresa é também obrigada a: I preparar folhasdepagamento das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social; II lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; III – prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de seu interesse, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.645 9 necessários à fiscalização; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) [...] § 1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 6o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 7o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 8o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 9o A empresa deverá apresentar o documento a que se refere o inciso IV do caput deste artigo ainda que não ocorram fatos geradores de contribuição previdenciária, aplicandose, quando couber, a penalidade prevista no art. 32A desta Lei. § 10. O descumprimento do disposto no inciso IV do caput deste artigo impede a expedição da certidão de prova de regularidade fiscal perante a Fazenda Nacional. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 11. Em relação aos créditos tributários, os documentos comprobatórios do cumprimento das obrigações de que trata este artigo devem ficar arquivados na empresa até que ocorra a prescrição relativa aos créditos decorrentes das operações a que se refiram. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Fl. 1649DF CARF MF 10 II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). [...] Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009). Partindo dessa premissa, em face da legislação posterior contemplando penalidades mais benéficas para o mesmo fato gerador, impõese à aplicação desse novo calculo da multa, em observância ao disposto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, que assim prescreve: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.646 11 b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifamos) Antes mesmo de contemplar as razões meritórias, mister analisarmos o disposto no artigo 113 do Código Tributário Nacional, o qual determina que as obrigações tributárias são divididas em duas espécies, principal e obrigação acessória. A primeira diz respeito à ocorrência do fato gerador do tributo em si, por exemplo, recolher ou não o tributo propriamente dito, extinguindo juntamente com o crédito decorrente. Por outro lado, a obrigação acessória relacionase às prestações positivas ou negativas constantes da legislação de regência, de interesse da arrecadação ou fiscalização tributária, sendo exemplo de seu descumprimento deixar a contribuinte de informar em GFIP a totalidade dos fatos geradores das contribuições previdenciárias, situação que se amolda ao caso sub examine. Após a unificação das Secretarias das Receitas Previdenciária e Federal, em Receita Federal do Brasil (“Super Receita”), as contribuições previdenciárias passaram a ser administradas pela RFB que, em curto lapso temporal, compatibilizou os procedimentos fiscalizatórios e, por conseguinte, de constituição de créditos tributários, estabelecendo, igualmente, para os tributos em epígrafe multas de ofício a serem aplicadas em observância à Lei n° 9.430/1996, conforme alterações na legislação introduzidas pela Lei nº 11.941/2009. Como se observa, a nova legislação, de fato, contemplou inédita formula de cálculo de aludidas multas que, em suma, vem sendo conduzida pelo Fisco, da seguinte forma: 1) Na hipótese do descumprimento de obrigações acessórias ocorrer de maneira isolada (p.ex. tão somente deixar de informar a totalidade dos fatos geradores em GFIP), com a ocorrência da observância da obrigação principal (pagamento do tributo devido), aplicarseá para o cálculo da multa o artigo 32A da Lei n° 8.212/91; 2) Por seu turno, quando o contribuinte, além de inobservar as obrigações acessórias, também deixar de recolher o tributo correspondente, a multa a ser aplicada deverá obedecer aos ditames do artigo 35A da Lei n° 8.212/91, que remete ao artigo 44 da Lei n° 9.430/96, determinando a aplicação de multa de ofício de 75%; Não obstante parecer simples, aludida matéria encontrase distante de remansoso desfecho. Isto porque, a legislação anterior apartava as autuações por descumprimento de obrigações acessórias das notificações fiscais (NFLD) decorrentes de inobservância das obrigações principais, levando a efeito multas distintas, inclusive, no segundo caso, com aplicação de multa de mora variável no decorrer do tempo (fases processuais). Assim, com a introdução de novas formas de cálculo da multa, nos casos de descumprimento de obrigações tributárias (principal e acessória), os lançamentos pretéritos, bem como aqueles mais recentes que abarcam fatos geradores relacionados a período anterior a referida alteração, tiveram que ser reanalisados com a finalidade de se verificar a melhor modalidade do cálculo da penalidade e, se mais benéfico, aplicálo. Fl. 1651DF CARF MF 12 A propósito da matéria, o ilustre Conselheiro Júlio César Vieira Gomes se manifestou com muita propriedade, conforme se depreende do excerto do Voto condutor do Acórdão n° 2402001.895, exarado nos autos do processo n° 15983.000199/200892, de onde peço vênia para transcrever e adotar como razões de decidir: [...] O recorrente já se beneficiou do direito à relevação de parte da multa aplicada pela correção parcial da falta, mas ainda não quanto à retroatividade benéfica prevista no artigo 106 do Código Tributário Nacional e em face da regra trazida pelo artigo 26 da Lei n° 11.941, de 27/05/2009 que introduziu na Lei n° 8.212, de 24/07/1991 o artigo 32A. Passo, então, ao exame desse direito. Seguem transcrições: [...] Podemos identificar nas regras do artigo 32A os seguintes elementos: a) é regra aplicável a uma única espécie de declaração, dentre tantas outras existentes (DCTF, DCOMP, DIRF etc): a Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP; b) é possibilitado ao sujeito passivo entregar a declaração após o prazo legal, corrigila ou suprir omissões antes de algum procedimento de ofício que resultaria em autuação; c) regras distintas para a aplicação da multa nos casos de falta de entrega/entrega após o prazo legal e nos casos de informações incorretas/omitidas; sendo no primeiro caso, limitada a vinte por cento da contribuição; d) desvinculação da obrigação de prestar declaração em relação ao recolhimento da contribuição previdenciária; e) reduções da multa considerando ter sido a correção da falta ou supressão da omissão antes ou após o prazo fixado em intimação; e f) fixação de valores mínimos de multa. Inicialmente, esclarecese que a mesma lei revogou as regras anteriores que tratavam da aplicação da multa considerando cem por cento do valor devido limitado de acordo com o número de segurados da empresa: Art. 79. Ficam revogados: I – os §§ 1o e 3º a 8º do art. 32, o art. 34, os §§ 1º a 4º do art. 35, os §§ 1º e 2º do art. 37, os arts. 38 e 41, o § 8º do art. 47, o § 2º do art. 49, o parágrafo único do art. 52, o inciso II do caput do art. 80, o art. 81, os §§ 1º, 2º, 3º, 5º, 6º e 7º do art. 89 e o parágrafo único do art. 93 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; Para início de trabalho, como de costume, devese examinar a natureza da multa aplicada com relação à GFIP, sejam nos Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.647 13 casos de “falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo” ou “informações incorretas ou omitidas”. No inciso II do artigo 32A em comento o legislador manteve a desvinculação que já havia entre as obrigações do sujeito passivo: acessória, quanto à declaração em GFIP e principal, quanto ao pagamento da contribuição previdenciária devida: II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. Portanto, temos que o sujeito passivo, ainda que tenha efetuado o pagamento de cem por cento das contribuições previdenciárias, estará sujeito à multa de que trata o dispositivo. Comparando com o artigo 44 da Lei n° 9.430, de 27/12/1996, que trata das multas quando do lançamento de ofício dos tributos federais, vejo que as regras estão em outro sentido. As multas nele previstas incidem em razão da falta de pagamento ou, quando sujeito a declaração, pela falta ou inexatidão da declaração, aplicandose apenas ao valor que não foi declarado e nem pago. Melhor explicando essa diferença, apresentamos o seguinte exemplo: o sujeito passivo, obrigado ao pagamento de R$ 100.000,00 apenas declara em DCTF R$ 80.000,00, embora tenha efetuado o pagamento/recolhimento integral dos R$ 100.000,00 devidos, qual seria a multa de ofício a ser aplicada? Nenhuma. E se houvesse pagamento/recolhimento parcial de R$ 80.000,00? Incidiria a multa de 75% (considerando a inexistência de fraude) sobre a diferença de R$ 20.000,00. Isto porque a multa de ofício existe como decorrência da constituição do crédito pelo fisco, isto é, de ofício através do lançamento. Caso todo o valor de R$ 100.000,00 houvesse sido declarado, ainda que não pagos, a DCTF já teria constituiria o crédito tributário sem necessidade de autuação. A diferença reside aí. Quanto à GFIP não há vinculação com o pagamento. Ainda que não existam diferenças de contribuições previdenciárias a serem pagas, estará o contribuinte sujeito à multa do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991. Seguem transcrições: LEI Nº 9.430, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a legislação tributária federal, as contribuições para a seguridade social, o processo administrativo de consulta e dá outras providências. ... Seção V Fl. 1653DF CARF MF 14 Normas sobre o Lançamento de Tributos e Contribuições ... Multas de Lançamento de Ofício Art.44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. A DCTF tem finalidade exclusivamente fiscal, diferentemente do caso da multa prevista no artigo 32A, em que independentemente do pagamento/recolhimento da contribuição previdenciária, o que se pretende é que, o quanto antes (daí a gradação em razão do decurso do tempo), o sujeito passivo preste as informações à Previdência Social, sobretudo os salários de contribuição percebidos pelos segurados. São essas informações que viabilizam a concessão dos benefícios previdenciários. Quando o sujeito passivo é intimado para entregar a GFIP, suprir omissões ou efetuar correções, o fisco já tem conhecimento da infração e, portanto, já poderia autuálo, mas isso não resolveria um problema extrafiscal: as bases de dados da Previdência Social não seriam alimentadas com as informações corretas e necessárias para a concessão dos benefícios previdenciários. Por essas razões é que não vejo como se aplicarem as regras do artigo 44 aos processos instaurados em razão de infrações cometidas sobre a GFIP. E no que tange à “falta de declaração e nos de declaração inexata”, parte também do dispositivo, além das razões já expostas, devese observar o Princípio da Especificidade a norma especial prevalece sobre a geral: o artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 traz regra aplicável especificamente à GFIP, portanto deve prevalecer sobre as regras no artigo 44 da Lei n° 9.430/1996 que se aplicam a todas as demais declarações a que estão obrigados os contribuintes e responsáveis tributários. Pela mesma razão, também não se aplica o artigo 43 da mesma lei: Auto de Infração sem Tributo Art.43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, Fl. 1654DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.648 15 a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Em síntese, para aplicação de multas pelas infrações relacionadas à GFIP devem ser observadas apenas as regras do artigo 32A da Lei n° 8.212/1991 que regulam exaustivamente a matéria. É irrelevante para tanto se houve ou não pagamento/recolhimento e, nos casos que tenha sido lavrada NFLD (período em que não era a GFIP suficiente para a constituição do crédito nela declarado), qual tenha sido o valor nela lançado. E, aproveitando para tratar também dessas NFLD lavradas anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, não vejo como lhes aplicar o artigo 35A, que fez com que se estendesse às contribuições previdenciárias, a partir de então, o artigo 44 da Lei n° 9.430/1996, pois haveria retroatividade maléfica, o que é vedado; nem tampouco a nova redação do artigo 35. Os dispositivos legais não são interpretados em fragmentos, mas dentro de um conjunto que lhe dê unidade e sentido. As disposições gerais nos artigos 44 e 61 são apenas partes do sistema de cobrança de tributos instaurado pela Lei n° 9.430/1996. Quando da falta de pagamento/recolhimento de tributos são cobradas, além do principal e juros moratórios, valores relativos às penalidades pecuniárias, que podem ser a multa de mora, quando embora a destempo tenha o sujeito passivo realizado o pagamento/recolhimento antes do procedimento de ofício, ou a multa de ofício, quando realizado o lançamento para a constituição do crédito. Essas duas espécies são excludentes entre si. Essa é a sistemática adotada pela lei. [...] Retomando os autos de infração de GFIP lavrados anteriormente à Lei n° 11.941, de 27/05/2009, há um caso que parece ser o mais controvertido: o sujeito passivo deixou de realizar o pagamento das contribuições previdenciárias (para tanto foi lavrada a NFLD) e também de declarar os salários de contribuição em GFIP (lavrado AI). Qual o tratamento do fisco? Por tudo que já foi apresentado, não vejo como bis in idem que seja mantida na NFLD a multa que está nela sendo cobrada (ela decorre do falta de pagamento, mas não pode retroagir o artigo 44 por lhe ser mais prejudicial), sem prejuízo da multa no AI pela falta de declaração/omissão de fatos geradores (penalidade por infração de obrigação acessória ou instrumental para a concessão de benefícios previdenciários). Cada uma das multas possuem motivos e finalidades próprias que não se confundem, portanto inibem a sua unificação sob pretexto do bis in idem. Agora, temos que o valor da multa no AI deve ser reduzido para ajustálo às novas regras mais benéficas trazidas pelo artigo 32A da Lei n° 8.212/1991. Nada mais que a aplicação do artigo 106, inciso II, alínea “c” do CTN: [...] Fl. 1655DF CARF MF 16 De fato, nelas há limites inferiores. No caso da falta de entrega da GFIP, a multa não pode exceder a 20% da contribuição previdenciária e, no de omissão, R$ 20,00 a cada grupo de dez ocorrências: Art. 32A. (...): I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. Certamente, nos eventuais casos em a multa contida no autodeinfração é inferior à que seria aplicada pelas novas regras (por exemplo, quando a empresa possui pouquíssimos segurados, já que a multa era proporcional ao número de segurados), não há como se falar em retroatividade. Outra questão a ser examinada é a possibilidade de aplicação do §2° do artigo 32A: § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Deve ser esclarecido que o prazo a que se refere o dispositivo é aquele fixado na intimação para que o sujeito passivo corrija a falta. Essa possibilidade já existia antes da Lei n° 11.941, de 27/05/2009. Os artigos 291 e 292 que vigeram até sua revogação pelo Decreto nº 6.727, de 12/01/2009 já traziam a relevação e a atenuação no caso de correção da infração. E nos processos ainda pendentes de julgamento neste Conselho, os sujeitos passivos autuados, embora pudessem fazê lo, não corrigiram a falta no prazo de impugnação; do que resultaria a redução de 50% da multa ou mesmo seu cancelamento. Entendo, portanto, desnecessária nova intimação para a correção da falta, oportunidade já oferecida, mas que não interessou ao autuado. Resulta daí que não retroagem as reduções no §2°: Art.291.Constitui circunstância atenuante da penalidade aplicada ter o infrator corrigido a falta até o termo final do prazo para impugnação. Fl. 1656DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.649 17 §1oA multa será relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. ... CAPÍTULO VI DA GRADAÇÃO DAS MULTAS Art.292. As multas serão aplicadas da seguinte forma: ... V na ocorrência da circunstância atenuante no art. 291, a multa será atenuada em cinqüenta por cento. Retornando à aplicação do artigo 32A da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, ressaltase que a verificação da regra mais benéfica deve ser em relação ao valor da multa aplicada no autode infração, anteriormente à qualquer outra redução em face da correção parcial da falta ou outro motivo. Isto porque a retroatividade benéfica do artigo 106 do CTN se opera no plano da subsunção do fato à nova regra jurídica. A relevação de parte da multa pela correção parcial da falta do decorrer do processo deve ser realizada após a incidência da nova regra. Melhor explicando: devem ser comparadas as duas multas, a aplicada pela fiscalização com a prevista no artigo 32A, inciso II da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, prevalecendo a menor; após, a relevação de parte da multa remanescente na proporção da correção parcial da infração. [...] Na esteira desse entendimento, em que pese à procedência do lançamento em relação ao mérito, impõese determinar o recálculo da multa, com fulcro no artigo 32A da Lei n° 8212/91, na forma prescrita na legislação hodierna mais benéfica, retroagindo, portanto, para alcançar fatos pretéritos. Fazendo prevalecer a multa mais benéfica para a contribuinte. Por todo o exposto, estando o Auto de Infração sub examine em parcial consonância com os dispositivos legais que regulamentam a matéria, VOTO NO SENTIDO DE a) NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente; b) CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO e, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 1657DF CARF MF 18 Voto Vencedor Conselheira Miriam Denise Xavier Redatora Designada INFRAÇÃO E MULTA APLICADA Discordo do relator que entende que deve ser aplicado ao caso em análise o disposto na Lei 8.212/91, art. 32A. Quanto ao dispositivo legal da infração e da multa aplicada, devese observar os seguintes artigos do CTN: Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Assim, a princípio, devese observar a lei vigente à época de ocorrência do fato gerador. Entretanto, em matéria de penalidades, deverá ser considerada a retroatividade da lei mais benéfica, de acordo com o CTN, artigo 106, inciso II. Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 35013.000985/200793 Acórdão n.º 2401005.478 S2C4T1 Fl. 1.650 19 A falta praticada, que foi objeto da presente autuação, apesar de ter sua capitulação legal alterada, continua definida como infração: entrega de GFIP com omissões/incorreções relacionadas a fatos geradores. Sobre a multa aplicada, a partir de 4/12/08, com a publicação da MP 449/08, convertida na Lei 11.941/09, o auditor, ao emitir Auto de Infração por descumprimento de Obrigação Acessória – AIOA relacionado à GFIP, deve considerar a retroatividade da lei mais benéfica, de acordo com o CTN, artigo 106, inciso II. Para tanto, deve comparar as penalidades cabíveis consoante a legislação vigente antes e depois da referida MP, aplicando a multa mais favorável ao sujeito passivo. Contudo, a presente autuação foi lavrada antes de referida mudança, não tendo o auditor fiscal autuante, por óbvio, efetuado referido comparativo, que deverá ser feito por ocasião do pagamento. A multa aplicada tendo em vista as alterações introduzidas pela Lei 11.941/09, é explicada a seguir: Em 4/12/08, foi publicada a Medida Provisória no 449, de 3/12/08, convertida na Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, que modificou a sistemática do cálculo das multas de mora, de ofício e daquelas decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias relacionadas à Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP, anteriormente previstas nos artigos 32 e 35 da Lei 8.212/91, acrescentando os artigos 32A e 35A. Assim, a partir da publicação da MP 449, de 3/12/2008, para os fatos geradores de contribuições previdenciárias anteriores a esta data, deverá ser avaliado o caso concreto e a norma atual deverá retroagir, se mais benéfica, pois em matéria de penalidades deve ser observado o disposto no CTN, artigo 106, inciso II, alínea ‘c’. Desta feita, devem ser vinculados os processos de contribuições não declaradas em GFIP, somandose as multas aplicadas aos lançamentos de obrigação principal com as multas pelo descumprimento de obrigação acessória, e comparando com a nova multa de ofício prevista no artigo 35A da Lei 8.212/91, acrescida, se for o caso, da nova multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91 (relativa a contribuição recolhida e não declarada em GFIP). Assim, a multa deve resultar do comparativo entre os valores que seriam lançados considerando a lei vigente à época do fato gerador (percentual de multa previsto na redação original do artigo 35 da Lei 8.212/91 somado ao valor de multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32, §5o da Lei 8.212/91) com o valor da multa de ofício que teria sido aplicada considerando a redação atual, conforme artigo 44 da Lei 9.430/96 (percentual de 75%) somado, se for o caso, ao valor da multa por descumprimento de obrigação acessória prevista no artigo 32A da Lei 8.212/91. Ocorre, contudo, que os percentuais da multa tanto do artigo 35 da Lei 8.212/91, quanto do artigo 44 da Lei 9.430/96, sofrem variação de acordo com o prazo do pagamento do crédito. Logo, temse que a comparação entre uma e outra modalidade somente poderá ser ratificada por ocasião do pagamento, devendo o valor da multa ser revisto, se for o caso, nos termos da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14, de 4/12/09. Fl. 1659DF CARF MF 20 Os dispositivos legais ora atacados encontravamse em vigor na época da ocorrência dos fatos geradores ou tiveram sua aplicação em razão do princípio da retroatividade benigna de que trata o Código Tributário Nacional, artigo 106, inciso II, alínea “c”. CONCLUSÃO Pelo exposto, no mérito, voto por dar provimento parcial ao recurso voluntário, para que a multa seja recalculada aplicandose o disposto da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14/09. Por ocasião do pagamento ou execução do crédito tributário, deverá ser calculada a multa mais benéfica, considerando o auto de infração conexo, em razão da alteração na legislação previdenciária promovida pela Lei 11.941/09, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 1660DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.000020/2007-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jun 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103.
A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observando-se a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando-se o limite de alçada então vigente.
Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância".
In casu, aplica-se o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00.
Numero da decisão: 2401-005.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Rayd Santana Ferreira - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: RAYD SANTANA FERREIRA
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LIMITE DE ALÇADA. VERIFICAÇÃO VIGENTE NA DATA DO JULGAMENTO EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PREJUDICIAL DE ADMISSIBILIDADE. PORTARIA MF N° 63. SÚMULA CARF Nº 103. A verificação do limite de alçada, para fins de Recurso de Ofício, ocorre em dois momentos: primeiro quando da prolação de decisão favorável ao contribuinte pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ), para fins de interposição de Recurso de Ofício, observandose a legislação da época e segundo quando da apreciação do recurso pelo CARF, em Preliminar de Admissibilidade, para fins de seu conhecimento, aplicando se o limite de alçada então vigente. Entendimento que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103: "Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". In casu, aplicase o limite instituído pela Portaria MF n° 63 que alterou o valor para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 00 20 /2 00 7- 61 Fl. 169DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Jose Luis Hentsch Benjamin Pinheiro, Fernanda Melo Leal (suplente convocada), Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier. Ausente justificadamente a conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 170DF CARF MF Processo nº 15504.000020/200761 Acórdão n.º 2401005.474 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório FUNDAÇÃO HOSPITALAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS FHEMIG, contribuinte, pessoa jurídica, já qualificada nos autos do processo administrativo em referência, teve contra si lavrado Auto de Infração concernente às contribuições previdenciárias destinadas à Seguridade Social relativas à parte patronal, inclusive a destinada ao financiamento da complementação das prestações por acidente do trabalho SAT (para competências até 06/1997) e financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa resultantes dos riscos ambientais do trabalho RAT (para competências a partir de 07/1997) e as contribuições dos segurados empregados incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas aos servidores a ela cedidos no período de 01/1996 a 12/1998. O crédito importa em R$ 4.930.026,47 (quatro milhões, novecentos e trinta mil, vinte e seis reais quarenta e sete centavos), conforme consolidação em 20/12/2006. A auditoria fiscal foi realizada nos termos do Mandado de Procedimento Fiscal— Fiscalização n° 09215217 e seus complementares 01 a 11, tendo os documentos pertinentes sido solicitados mediante Termos de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (fls. 28 a 42).A contribuinte, regularmente intimado, apresentou impugnação requerendo a decretação da improcedência do feito. Por sua vez, a 6ª Turma da DRJ em Belo Horizonte/MG entendeu por bem julgar improcedente o lançamento, exonerando o crédito tributário, por entender que alcançado pela decadência quiquenal, o fazendo sob a égide dos fundamentos inseridos no Acórdão nº 02 18.622/2008, de efls. 157/161, sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/09/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. PRAZO. NOVO ENTENDIMENTO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. APLICAÇÃO DO CTN. RECONHECIMENTO EX OFFICIO. Em que pese não haver sido argüida pelo sujeito passivo, é de se reconhecer, de oficio, a decadência do direito de constituir parte do crédito lançado. É que o Supremo Tribunal Federal decidiu pela inconstitucionalidade do prazo decadencial de 10 (dez) anos, estabelecido na legislação previdenciária, sendo, em conseqüência, aplicável o prazo geral de 5 (cinco) anos determinado pelo CTN. Lançamento Improcedente Em observância ao disposto no artigo 34 do Decreto nº 70.235/72 e alterações introduzidas pelas Leis nºs 8.748/1993 e 9.532/97, c/c a Portaria MF nº 03/2008, a autoridade Fl. 171DF CARF MF 4 julgadora de primeira instância recorreu de ofício da decisão encimada, que declarou improcedente o lançamento fiscal. Após regular processamento, os autos fora distribuídos a este Conselheiro, para relato e inclusão em pauta, o que fazemos nesta assentada. É o relatório. Fl. 172DF CARF MF Processo nº 15504.000020/200761 Acórdão n.º 2401005.474 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Rayd Santana Ferreira Relator RECURSO DE OFÍCIO Preliminar de Admissibilidade Á época da interposição do recurso vigia a Portaria MF nº 3/2008, que estabelecia o valor de alçada em R$ 1.000.000,00 (um milhão de reais). Entretanto, em 10 de fevereiro de 2017 foi publicada a Portaria MF nº 63 que alterou o valor limite para interposição de Recurso de Ofício para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), vejamos: Portaria MF nº 63/07 Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). A verificação do "limite de alçada", em face de Decisão da DRJ favorável ao contribuinte, ocorre em dois momentos: primeiro na Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ),para fins de interposição de Recurso de Ofício, no momento da prolação de decisão favorável ao contribuinte, observandose a legislação da época, e segundo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), para fins de conhecimento do Recurso de Ofício, quando da apreciação do recurso, em Preliminar de Admissibilidade, aplicandose o limite de alçada então vigente. É o que está sedimentado pela Súmula Carf nº 103, assim ementada: Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. Portanto, depreendese que o limite de alçada a ser definitivamente considerado será aquele vigente no momento da apreciação, pelo Conselho, do respectivo Recurso de Ofício. vinculada pela Súmula Carf nº 103, encimada. Tendo em vista que o crédito tributário exonerado pela primeira instância monta a importância de R$ 1.838.931,98 e, portanto, não alcança o limite de alçada, hoje de R$ 2.500.000,00, não levado a efeito os juros. No presente caso, o montante de crédito Tributário exonerado foi abaixo do novo limite de alçada, vigente na data do presente julgamento, maio de 2017. Fl. 173DF CARF MF 6 Nesse diapasão, VOTO NO SENTIDO DE NÃO CONHECER DO RECURSO DE OFÍCIO, em face de o montante de crédito Tributário exonerado situarse abaixo do limite de alçada vigente, pelas razões de fato e de direito acima esposadas. É como voto. (assinado digitalmente) Rayd Santana Ferreira Fl. 174DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11831.003251/2008-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jul 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/2002 a 31/10/2004
LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS.
Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de apresentar GFIP com os dados correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias.
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE.
O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração.
PROCEDIMENTO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO FÁTICA EM RELAÇÃO A UMA EMPRESA INTEGRANTE.
Depende a inclusão de determinada empresa em grupo econômico de fato, caracterizado quando da ação fiscal, de comprovação de sua vinculação comercial, operacional, patrimonial e/ou contábil ao grupo, a partir de uma unidade de direção ou comando. De outra forma, não se pode cogitar a inclusão da empresa no grupo econômico assim caracterizado.
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 2401-005.582
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade e excluir do pólo passivo a Cia União Empreendimentos e Participações. No mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial aos recursos voluntários para que a multa aplicada seja recalculada, considerando as NFLDs correlatas, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. Vencidos os conselheiros Luciana Matos Pereira Barbosa, Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial em maior extensão para que a multa fosse calculada nos termos do art. 32-A da Lei 8.212/91.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa e Matheus Soares Leite.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/2002 a 31/10/2004 LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de apresentar GFIP com os dados correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL - MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração. PROCEDIMENTO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO FÁTICA EM RELAÇÃO A UMA EMPRESA INTEGRANTE. Depende a inclusão de determinada empresa em grupo econômico de fato, caracterizado quando da ação fiscal, de comprovação de sua vinculação comercial, operacional, patrimonial e/ou contábil ao grupo, a partir de uma unidade de direção ou comando. De outra forma, não se pode cogitar a inclusão da empresa no grupo econômico assim caracterizado. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS. Constitui infração à legislação previdenciária deixar a empresa de apresentar GFIP com os dados correspondentes a todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. AUSÊNCIA DE NULIDADE. O Mandado de Procedimento Fiscal é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte. Eventuais omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração. PROCEDIMENTO FISCAL. GRUPO ECONÔMICO DE FATO. NÃO CONFIGURAÇÃO. AUSÊNCIA COMPROVAÇÃO FÁTICA EM RELAÇÃO A UMA EMPRESA INTEGRANTE. Depende a inclusão de determinada empresa em grupo econômico de fato, caracterizado quando da ação fiscal, de comprovação de sua vinculação comercial, operacional, patrimonial e/ou contábil ao grupo, a partir de uma unidade de direção ou comando. De outra forma, não se pode cogitar a inclusão da empresa no grupo econômico assim caracterizado. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14, DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 83 1. 00 32 51 /2 00 8- 45 Fl. 3022DF CARF MF 2 tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso, rejeitar a preliminar de nulidade e excluir do pólo passivo a Cia União Empreendimentos e Participações. No mérito, por voto de qualidade, dar provimento parcial aos recursos voluntários para que a multa aplicada seja recalculada, considerando as NFLDs correlatas, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. Vencidos os conselheiros Luciana Matos Pereira Barbosa, Andréa Viana Arrais Egypto, Rayd Santana Ferreira e Matheus Soares Leite, que davam provimento parcial em maior extensão para que a multa fosse calculada nos termos do art. 32A da Lei 8.212/91. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Andrea Viana Arrais Egypto, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, José Luiz Hentsch Benjamin Pinheiro, Luciana Matos Pereira Barbosa e Matheus Soares Leite. Fl. 3023DF CARF MF Processo nº 11831.003251/200845 Acórdão n.º 2401005.582 S2C4T1 Fl. 3.023 3 Relatório Tratase de Auto de Infração AI Debcad 37.038.8763 (Código de Fundamentação Legal – CFL 68) – por infração à Lei 8.212/91, artigo 32, inciso IV e §5o, c/c Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, artigo 225, inciso IV, por ter a empresa apresentado Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social – GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A multa cabível está prevista na Lei 8.212/91, artigo 32, §5º c/c o Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99, artigo 284, inciso II, e o valor da multa é calculado em 100% (cem por cento) do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada, por competência, aos valores previstos na Lei 8.212/91, artigo 32, §4º. Os valores, não declarados em GFIP, encontramse discriminadas mês a mês, nas oito planilhas, denominadas de I a VIII, que se encontram juntadas aos autos nas fls. 25/1.163. Cientificado do lançamento, o contribuinte apresentou impugnação, sendo proferido o Acórdão 1614.435 12ª Turma da DRJ/SPOI, fls. 2.893/2.913, com a seguinte ementa e resultado: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/11/2006 a 30/11/2006 AI n° 37.038.8763 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. Constitui infração a empresa apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme descrito no artigo 32, inciso IV, § 50 da Lei 8.212/91. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes da Lei n.° 8.212/91, nos termos do art. 30, inc. IX, do mesmo diploma legal. A solidariedade fixada na legislação previdenciária em relação ao grupo econômico (art. 30, inciso IX da Lei n.° 8.212/91 e art. 748 da IN MPS/SRP n.° 03/2005) é bastante ampla. Basta uma das componentes do grupo não cumprir as obrigações previdenciárias, para outra delas assumir a responsabilidade por via da solidariedade, o que possibilita ao FISCO, proceder contra qualquer delas, sem que se possa argüir a defesa de ilegitimidade de parte, ou beneficio de ordem. INCONSTITUCIONALIDADE NA VIA ADMINISTRATRATIVA. Fl. 3024DF CARF MF 4 A ilegalidade e a inconstitucionalidade da lei não se discute em instância administrativa. Tais teses deverão ser discutidas na esfera própria, Supremo Tribunal Federal, conforme competência estabelecida no Capitulo III, da Constituição Federal (art. 102, inciso I, alínea `a'). Lançamento procedente Foram cientificados do acórdão o contribuinte em 10/12/07 (Aviso de Recebimento AR de fl. 2.920) e os responsáveis solidários. A empresa Cia. União Empreendimentos e Participações e Ney Agilson Padilha apresentou o Recurso Voluntário de fls. 2.939/2.958, no qual alega, preliminarmente, nulidade do lançamento por erro nos MPFs, nos relatórios fiscal e de fundamentos legais do débito e questionam a caracterização do grupo econômico e da responsabilidade solidária. A empresa Frigorífico Margem apresentou o recurso voluntário de fls. 2.982/2.983, no qual requer o sobrestamento do julgamento do presente processo até o trânsito em julgado das NFLDs conexas. A empresa autuada apresentou o recurso voluntário de fls. 2.990/2.996, no qual alega haver necessidade de sobrestar o julgamento do presente processo até que sejam julgadas as NFLDs correlatas, pois o acessório deve seguir o principal. Requer a nulidade da autuação. Conforme Resolução de fls. 3.011/3.013, os autos foram baixados em diligência para que fosse informado a localização dos DEBCADs 370388739 e 370388712, informação sobre o andamento dos mesmos e, se possível, a já imediata determinação de vinculação ao presente processo dos dois DEBCADs mencionados e os outros 5 processos referidos no Despacho de fl. 3006. Em despacho de fls. 3.017/3.018 foram apresentadas a localização e informação sobre o andamentos dos processos conexos lavrados na mesma ação fiscal: Debcad Processo Situação Localização 370388763 11831.003.251/200845 Em Julgamento do Recurso Voluntário CARF 370388704 36624.015.759/200609 Aguardando Julgamento de processo conexo CARF 370388720 36624.015.762/200614 Ajuizamento / Distribuição PSFN/JundiaíSP 370388747 36624.015.763/200669 Ajuizamento / Distribuição PSFN/JundiaíSP 370388755 36624.015.760/200625 Ajuizamento / Distribuição PSFN/JundiaíSP 370388739 44023.000.218/200675 Baixado por pagamento Arquivo Geral da SAMFSP 370388712 36624.015.764/200611 Ajuizamento / Distribuição PRFN/3ª RegiãoSP Em pesquisa realizada no sítio do CARF e sistema informatizado (e processo) verificouse os resultados finais dos julgamentos proferidos nos processos conexos. No processo 36624.015.759/200609, foi mantido o grupo econômico e dado provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada conforme art. 35 da Lei 8.212/91. No acórdão de recurso especial foi dado provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e foi determinado que a multa fosse recalculada nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. Esse processo aguarda na origem o julgamento do presente processo para cumprimento do julgado (recálculo da multa mais benigna). Fl. 3025DF CARF MF Processo nº 11831.003251/200845 Acórdão n.º 2401005.582 S2C4T1 Fl. 3.024 5 No processo 36624.015.762/200614, rejeitouse a preliminar de nulidade e foi dado provimento parcial ao recurso voluntário para que a multa fosse recalculada conforme art. 35 da Lei 8.212/91. No acórdão de recurso especial foi dado provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional e foi determinado que a multa fosse recalculada nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. No processo 36624.015.763/200669, negouse provimento aos recursos. Foi negado seguimento ao recurso especial apresentado pelo contribuinte. No processo 36624.015.760/200625, deuse provimento ao recurso voluntário da Cia União Empreendimentos e Participações, para excluíla do pólo passivo. Quanto aos demais recursos voluntários rejeitouse as preliminares e, no mérito, negouse provimento aos recursos. Criouse um espelho desse processo, processo 15922.720051/2015 11, para que fosse julgado o recurso especial da Fazenda Nacional referente à exclusão da Cia União Empreendimentos e Participações da responsabilidade passiva solidária. Foi negado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional. No processo 36624.015.764/200611, negouse provimento aos recursos. É o relatório. Fl. 3026DF CARF MF 6 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. CONEXÃO Diante da evidente conexão entre os autos de infração lavrados na mesma ação fiscal, conforme relatado, buscouse o resultado dos julgamentos das NFLDs correlatas. Por se tratar de auto de infração por descumprimento de obrigação acessória, por não informar em GFIP todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias, o julgamento do presente processo fica condicionado ao resultado do julgamento nos processos relacionados, lavrados na mesma ação fiscal. RECURSO CIA UNIÃO NULIDADE O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é instrumento de controle administrativo e de informação ao contribuinte, o que implica dizer que eventuais irregularidades no texto, prorrogações ou seu vencimento não constituem, por si só, causa de nulidade do lançamento e nem provoca a reaquisição de espontaneidade por parte do sujeito passivo. Estando o contribuinte regulamente intimado do procedimento fiscal e com a espontaneidade suspensa, não há que se falar em vício de forma se foram seguidas as disposições legais pertinentes ao lançamento e à lavratura do auto de infração, contidas no art. 142 da Lei 5.172/66 – Código Tributário Nacional – e no art. 10 do Decreto 70.235/72. Assim, tendo o auditor fiscal competência outorgada por lei para fiscalizar e constituir o crédito tributário pelo lançamento, eventuais omissões ou incorreções no Mandado de Procedimento Fiscal não são causa de nulidade do auto de infração. Decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais demonstra o entendimento do CARF, conforme se vê no Acórdão 9202003.956 – 2ª Turma, de 22/4/16, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2000, 2001 VÍCIOS DO MPF NÃO GERAM NULIDADE DO LANÇAMENTO. As normas que regulamentam a emissão de mandado de procedimento fiscal MPF, dizem respeito ao controle interno das atividades da Secretaria da Receita Federal, portanto, eventuais Fl. 3027DF CARF MF Processo nº 11831.003251/200845 Acórdão n.º 2401005.582 S2C4T1 Fl. 3.025 7 vícios na sua emissão e execução não afetam a validade do lançamento. Recurso Especial negado. Logo, irrelevantes os argumentos sobre irregularidades ou vencimento do MPF. Cumpridos os requisitos do CTN, art. 142, também não há que se falar em erros no relatório fiscal e fundamentos legais do débito FLD. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Conforme relatado, no processo 36624.015.760/200625, deuse provimento ao recurso voluntário da Cia União Empreendimentos e Participações, para excluíla do pólo passivo. Quanto aos demais recursos voluntários rejeitouse as preliminares e, no mérito, negouse provimento aos recursos. Criouse um espelho desse processo, processo 15922.720051/201511, para que fosse julgado o recurso especial da Fazenda Nacional referente à exclusão da Cia União Empreendimentos e Participações da responsabilidade passiva solidária. Foi negado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e a CSRF manteve a exclusão do pólo passivo da Cia União Empreendimentos e Participações (Acórdão 9202005.314). Transcrevese a seguir trechos do Acórdão 9202005.314 – 2ª Turma, de 29/3/17: Noto, a respeito, que todos os outros elementos que foram reunidos pela Fiscalização, bastante convincentes quanto à existência de grupo econômico de cuja direção participava o Sr. Ney Padilha (a saber, depoimentos de empregados, caracterização de sócios figurativos, transferência patrimonial intragrupo excetuada aqui a transferência para constituição da Cia União e posterior alteração societária das empresas, cessão de mão de obra entre as empresas, contratos de arrendamento e posição de garantidores em empréstimos contraídos no exterior) em nenhum momento permitem vincular a referida Cia União, conforme, inclusive, pode ser confirmado pela fundamentação recursal de efls. 2405 a 2412, onde a única citação à Cia. referese às atas aqui citadas. Diante de tal constatação, também entendo que o indício trazido aos autos de presença do Sr. Ney Padilha e de sua cônjuge, Tania Padilha. bem como de seu sogro, Alexandre Elias, no quadro societário da Cia. União, ainda que desde sua constituição, não é elemento suficiente que permitase concluir pertencer àquela Cia. ao grupo econômico aqui caracterizado, imputandolhe, assim, responsabilidade solidária quanto ao débito objeto do presente lançamento. Sendo assim, por ter sido referida responsabilidade solidária já avaliada pela CSRF, adoto o mesmo julgamento proferido no acórdão de recurso voluntário e no acórdão de Fl. 3028DF CARF MF 8 recurso especial citados, para excluir a Cia União Empreendimentos e Participações do pólo passivo. RECURSO DA AUTUADA E DA SOLIDÁRIA FRIGORÍFICO MARGEM Foi solicitado o sobrestamento do julgamento do presente processo até que sejam julgadas as NFLDs correlatas. Todas foram julgadas e o resultado dos julgamentos apresentados no relatório acima. MÉRITO Quanto aos valores lançados nas NFLDs conexas, contendo obrigação principal, em todos elas, no mérito, foi negado provimento aos recursos, mantendose o crédito tributário lançado. Em algumas deuse provimento parcial apenas para que a multa fosse recalculada nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. Inclusive o processo 36624.015.759/200609 está aguardando o presente julgamento para o cumprimento do julgado naquele processo. Sendo assim, como foram totalmente mantidos os lançamentos nas NFLDs contendo obrigação principal, também deverá ser mantida a multa apurada no presente auto de infração. Como explicado nos acórdãos proferidos nos demais processos lavrados na mesma ação fiscal, deverá ser calculada a multa mais benéfica, considerando os autos de infração/NFLDs conexos, em razão da alteração na legislação previdenciária promovida pela Lei 11.941/09, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. CONCLUSÃO Voto por conhecer dos recursos, rejeitar a preliminar de nulidade e excluir do pólo passivo a Cia União Empreendimentos e Participações. No mérito, dou provimento parcial aos recursos voluntários para que a multa aplicada seja recalculada, considerando as NFLDs correlatas, nos termos da Portaria conjunta PGFN/RFB nº 14, de 4/12/09. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 3029DF CARF MF
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Numero do processo: 13726.000004/2004-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 1999
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. SÚMULA CARF Nº 41.
A obrigatoriedade de apresentação do ADA como condição para o gozo da redução do ITR nos casos de área de preservação permanente e de utilização limitada, teve vigência a partir de 2001, inteligência do art. 17-O, da Lei n° 6.938/81, na redação do art. 1°, da Lei n° 10.165/2000.
Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. EMENTA. FUNDAMENTOS.
Acolhem-se os embargos de declaração quando contraditórios os fundamentos do voto condutor e as disposições da ementa e dispositivos do acórdão.
Numero da decisão: 2401-005.422
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, para retificar os fundamentos do voto do acórdão embargado.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 1999 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. SÚMULA CARF Nº 41. A obrigatoriedade de apresentação do ADA como condição para o gozo da redução do ITR nos casos de área de preservação permanente e de utilização limitada, teve vigência a partir de 2001, inteligência do art. 17-O, da Lei n° 6.938/81, na redação do art. 1°, da Lei n° 10.165/2000. Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. EMENTA. FUNDAMENTOS. Acolhem-se os embargos de declaração quando contraditórios os fundamentos do voto condutor e as disposições da ementa e dispositivos do acórdão.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhê-los, sem efeitos infringentes, para retificar os fundamentos do voto do acórdão embargado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess.
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COMPROVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL. SÚMULA CARF Nº 41. A obrigatoriedade de apresentação do ADA como condição para o gozo da redução do ITR nos casos de área de preservação permanente e de utilização limitada, teve vigência a partir de 2001, inteligência do art. 17O, da Lei n° 6.938/81, na redação do art. 1°, da Lei n° 10.165/2000. Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO. EMENTA. FUNDAMENTOS. Acolhemse os embargos de declaração quando contraditórios os fundamentos do voto condutor e as disposições da ementa e dispositivos do acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 72 6. 00 00 04 /2 00 4- 96 Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 125 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e acolhêlos, sem efeitos infringentes, para retificar os fundamentos do voto do acórdão embargado. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa e Cleberson Alex Friess. Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 126 3 Relatório Cuidase de embargos de declaração em face do Acórdão 380200.004 da 2ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento (fls. 102/105), cuja ementa está assim redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1999 ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE UTILIZAÇÃO LIMITADA. A obrigatoriedade de apresentação do ADA como condição para o gozo da redução do ITR nos casos de área de preservação permanente e de utilização limitada, teve vigência a partir de 2001, inteligência do art. 17O, da Lei n° 6.938/81, na redação do art. 1°, da Lei n° 10.165/2000. Recurso Voluntário Provido Consta dos fundamentos do voto da I. Conselheira Relatora, os seguintes termos: A matéria, constante dos autos, versa sobre a exclusão da ora Recorrente, do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES), com efeitos a partir de 1° de janeiro de 2003. Analisando o cumprimento dos requisitos de admissibilidade do presente Recurso Voluntário, urge registrar que o art. 35 do Decreto 70.235, de 06 de mar o de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal determina que "O recurso, perempto, será encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” Observese que à fl. 141 dos autos, a Recorrente foi cientificada da decisão de primeiro grau em 09 de maio de 2007 (quarta feira), tendo, a contar desta data, 30 (trinta) dias para apresentação de recurso voluntário, de conformidade com o artigo 33 do referido Decreto n° 70.235/72: "Art 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro de 30 (trinta) dias seguintes a ciência da decisão. " E ainda o art. 5 “do mesmo Decreto 70. 235/ 72: "Art. 5°. Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. " Dessa forma, o prazo para oferecimento do presente Recurso Voluntário findou em 08 de junho de 2007, sexta feira, e sua Fl. 120DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 127 4 interposição ocorreu somente em 05 de dezembro de 2007 (quarta feira), conforme se pode aferir do carimbo constante do documento de folha 146, ultrapassando, consequentemente, o prazo legal de 30 (trinta) dias determinado pela norma de regência. Do exposto, voto pelo não conhecimento do Recurso Voluntário interposto, dada a sua perempção. A Procuradoria da Fazenda Nacional entende que houve contradição entre os fundamentos do voto da relatora e os termos da ementa e do relatório, da seguinte forma: 1. Analisandose a ementa e o relatório do v. acórdão embargado (além dos autos), observamos claramente que se trata de um processo que analisar o ITR. 2. Ocorre que de FORMA CONTRADITÓRIO, o voto condutor trata de exclusão de contribuinte do SIMPLES, sendo que o recurso não foi conhecido por PEREMPÇÃO. 3. Com efeito, a União (Fazenda Nacional) requer sejam conhecidos e providos os presentes Embargos de Declaração, a fim de ser extirpada a CONTRADIÇÃO apontada, empregando se efeitos de reratificaçao ao julgado. É o relatório. Fl. 121DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 128 5 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator De fato, como apontada pela Procuradoria da Fazenda Nacional, há uma contradição nos fundamentos (voto) da decisão de primeira instância com a ementa e o relatório, o que conduz claramente a admissibilidade dos embargos de declaração. No acórdão, percebese claramente que a ementa e o relatório tratam do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural ITR, exercício de 1999, especificamente os procedimentos administrativos de lançamento de malha valor. Enquanto, nos fundamentos do voto, a I. Julgadora fez referência a exclusão do recorrente do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (SIMPLES). Neste contexto, entendo deva a contradição ser sanada pela prolação de nova decisão. Retificandose os fundamentos do voto condutor e ratificandose a ementa e o dispositivo, que assim restou decidido: Acordam os membros do Colegiado, Por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora. Pois bem. A matéria da presente controvérsia envolve, para fins de comprovação da existência da área de preservação permanente, a apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA), dentro do prazo estipulado pela Instrução Normativa da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), para fins de gozo do beneficio de sua exclusão da área total do imóvel objeto de incidência do ITR, no exercício de 1999. Cabe esclarecer que a exigência de ato declaratório do IBAMA, para fins de comprovação da área de preservação permanente, foi introduzido, inicialmente, na legislação tributária do ITR pelo § 4º do art. 10 da IN SRF no 43/97, com a redação que lhe deu o art. 1º da IN/SRF no 67/97, verbis: § 4º As áreas de preservação permanente e as de utilização limitada serão reconhecidas mediante ato declaratório do lbama, ou órgão delegado através de convênio, para fins de apuração do ITR, observado o seguinte: I (..) II o contribuinte terá o prazo de seis meses, contado da data da entrega da declaração do ITR, para protocolar requerimento do ato declaratório junto ao lbama; III se o contribuinte não requerer, ou se o requerimento não for reconhecido pelo Ibama, a Secretaria da Receita Federal fará o lançamento suplementar recalculando o ITR devido. Entretanto, a obrigatoriedade da utilização do ADA para a finalidade de redução do ITR nos casos de áreas de preservação permanente veio a ser instituída tãosomente Fl. 122DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 129 6 com a vigência do art. 170 da Lei no 6.938/81, e a partir da redação que lhe deu o art. lº da Lei no 10.165, de 27/12/2000, que dispôs, verbis: Art. 170. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental — ADA, deverão recolher ao Ibama a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. [...] §1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (grifo nosso) No caso, analisando o conjunto probatório dos autos, entendo que a motivação da glosa da área de preservação permanente foi a falta de apresentação, dentro do prazo legal, do Ato Declaratório Ambiental ADA. Neste sentido, é o Acórdão 1118.474 da 1ª Turma da DRJ/REC (fls. 66/75), cuja ementa está redigida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 1999 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. COMPROVAÇÃO. A exclusão de áreas declaradas como de preservação permanente da área tributável do imóvel rural, para efeito de apuração do ITR, está condicionada ao seu reconhecimento pelo Ibama ou por órgão estadual competente, mediante Ato Declaratório Ambiental (ADA), ou à comprovação de protocolo de requerimento desse ato àqueles órgãos, no prazo de seis meses, contado da data da entrega da DITR. GLOSA DE ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Deve ser mantida a glosa da área declarada como de preservação permanente nãocomprovada pelo contribuinte, recalculandose, conseqüentemente, o ITR, devendo a diferença apurada ser acrescida das cominações legais, por meio de lançamento de oficio suplementar. Lançamento Procedente Percebese, ainda, que o recorrente logrou comprovar a área de preservação de permanente, carreando aos autos documentos, a exemplo do Laudo Agronômico (fls. 25/26) e do Parecer Técnico do IBAMA (fls. 62/64). Assim, considerando que o lançamento do crédito tributário reportase ao Imposto sobre a Propriedade Territorial, exercício 1999, entendo que na situação aplicase as disposições da Súmula CAR nº 41, que assim dispõe: Súmula CARF nº 41: A não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, não pode motivar o lançamento de ofício relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 13726.000004/200496 Acórdão n.º 2401005.422 S2C4T1 Fl. 130 7 Conclusão Em vista do exposto, voto no sentido de acolher os embargos de declaração, a fim de que sejam ratificados a ementa, o dispositivo e o relatório do Acórdão nº 380200.004 bem como sejam retificados os fundamentos do voto conforme o acima. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 124DF CARF MF
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