Busca Facetada
Turma- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Quarta Câmara (13,751)
- Segunda Seção de Julgamen (13,751)
- Outros imposto e contrib (705)
- Outras penalidades (ex.MU (203)
- CPSS - Contribuições para (177)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (27)
- Outros proc. que não vers (18)
- IRPF- auto de infração el (7)
- IRPF- ação fiscal - Ac.Pa (6)
- IRF- ação fiscal - outros (5)
- Pasep- ação fiscal (todas (5)
- CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁR (4)
- IPI- ação fsical - audito (4)
- IRF- ação fiscal - ñ rete (4)
- IRPF- ação fiscal - omis. (4)
- IRPF- ação fiscal - outro (4)
- DCTF_IRF - Auto eletroni (3)
- RONALDO DE LIMA MACEDO (1,112)
- GREGORIO RECHMANN JUNIOR (1,085)
- DENNY MEDEIROS DA SILVEIR (937)
- FRANCISCO IBIAPINO LUZ (776)
- ANA MARIA BANDEIRA (704)
- JULIO CESAR VIEIRA GOMES (581)
- NEREU MIGUEL RIBEIRO DOMI (556)
- LUIS HENRIQUE DIAS LIMA (551)
- ANA CLAUDIA BORGES DE OLI (521)
- DIOGO CRISTIAN DENNY (399)
- JOAO VICTOR RIBEIRO ALDIN (376)
- RENATA TORATTI CASSINI (372)
- LOURENCO FERREIRA DO PRAD (361)
- RAFAEL MAZZER DE OLIVEIRA (337)
- MARCELO OLIVEIRA (288)
- 2023 (1,576)
- 2020 (1,397)
- 2021 (1,324)
- 2019 (1,231)
- 2012 (1,014)
- 2011 (880)
- 2010 (877)
- 2018 (874)
- 2016 (804)
- 2014 (678)
- 2013 (632)
- 2024 (558)
- 2017 (530)
- 2015 (348)
- 2022 (326)
- 2023 (1,646)
- 2020 (1,357)
- 2021 (1,352)
- 2019 (1,213)
- 2016 (929)
- 2018 (765)
- 2014 (733)
- 2010 (719)
- 2011 (714)
- 2024 (603)
- 2013 (573)
- 2017 (545)
- 2012 (476)
- 2015 (330)
- 2022 (286)
- de (13,682)
- por (13,526)
- do (13,445)
- os (13,401)
- membros (13,245)
- votos (13,146)
- colegiado (12,578)
- unanimidade (11,954)
- acordam (11,945)
- recurso (11,327)
- e (11,301)
- julgamento (11,268)
- conselheiros (10,742)
- presidente (10,611)
- participaram (10,597)
Numero do processo: 10384.006503/2007-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/05/2007
PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. ART. 41. LEI Nº 8.212/91. MP Nº 449/08. REVOGAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO.
O art. 65, I, da MP nº 449/08 revogou o art 41 da Lei n° 8.212/91, não havendo mais fundamento legal para a responsabilização pessoal do dirigente de órgão público pelas infrações a obrigações previdenciárias acessórias, revogação essa que, por conceder ao contribuinte tratamento mais benéfico em relação à multa, deve ser aplicado de forma retroativa, nos termos do art. 106 do CTN.
Recurso Voluntário Provido
Direito Creditório Exonerado
Numero da decisão: 2402-007.326
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/05/2007 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. ART. 41. LEI Nº 8.212/91. MP Nº 449/08. REVOGAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O art. 65, I, da MP nº 449/08 revogou o art 41 da Lei n° 8.212/91, não havendo mais fundamento legal para a responsabilização pessoal do dirigente de órgão público pelas infrações a obrigações previdenciárias acessórias, revogação essa que, por conceder ao contribuinte tratamento mais benéfico em relação à multa, deve ser aplicado de forma retroativa, nos termos do art. 106 do CTN. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Exonerado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10384.006503/2007-60
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6032583
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.326
nome_arquivo_s : Decisao_10384006503200760.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA
nome_arquivo_pdf_s : 10384006503200760_6032583.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
id : 7820809
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052119502684160
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-07-08T11:01:02Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-07-08T11:01:02Z; Last-Modified: 2019-07-08T11:01:02Z; dcterms:modified: 2019-07-08T11:01:02Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-07-08T11:01:02Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-07-08T11:01:02Z; meta:save-date: 2019-07-08T11:01:02Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-07-08T11:01:02Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-07-08T11:01:02Z; created: 2019-07-08T11:01:02Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; Creation-Date: 2019-07-08T11:01:02Z; pdf:charsPerPage: 1605; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-07-08T11:01:02Z | Conteúdo => S2-C 4T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 10384.006503/2007-60 Recurso Voluntário Acórdão nº 2402-007.326 – 2ª Seção de Julgamento / 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de junho de 2019 Recorrente JOSE PERES DA SILVA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/05/2007 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. ART. 41. LEI Nº 8.212/91. MP Nº 449/08. REVOGAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O art. 65, I, da MP nº 449/08 revogou o art 41 da Lei n° 8.212/91, não havendo mais fundamento legal para a responsabilização pessoal do dirigente de órgão público pelas infrações a obrigações previdenciárias acessórias, revogação essa que, por conceder ao contribuinte tratamento mais benéfico em relação à multa, deve ser aplicado de forma retroativa, nos termos do art. 106 do CTN. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 00 65 03 /2 00 7- 60 Fl. 127DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Nessa prumada, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019, proferido no âmbito do processo n° 13558.001477/2007-32 - OSIAS ERNESTO LOPES, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Cuida o presente de Recurso Voluntário em face de acórdão que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. O lançamento, consubstanciado no DEBCAD 37.033.758-1, refere-se a multa pessoal aplicada sobre o Secretário de Administração do município de Itabuna em virtude de ter deixado de declarar em GFIP fatos geradores de contribuições previdenciárias nas competências de 3/2002 a 9/2004, infringindo, assim sendo, o disposto no art. 32, IV, § 5º da Lei 8.212/91. Regularmente impugnado o lançamento, a instância de piso julgou-o procedente, por meio do acórdão assim ementado: Fl. 128DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Em seu recurso voluntário, o recorrente estruturou sua defesa nos seguintes tópicos: I - Ilegitimidade da parte: Prevalência da Lei Nacional. Ausência na Lei Orgânica do município de Itabuna de regra expressa, clara, específica delegando responsabilidades sobre GFIP a secretário municipal. Diretor de Departamento - Natural delegado de funções e encargos. Da jurisprudência no âmbito administrativo. A condição de agente político do secretário municipal - suas conseqüências - responsabilidades. Sobre o Decreto Municipal nº 5.932/01 (art 46) - quanto à responsabilidade do diretor de RH no cumprimento de atividades básicas relativas à legislação de pessoal. II - Da irretroatividade da Lei Processual - aplicação da lei nova - prejuízo ao recorrente - nulidade processual. III - Da satisfação dada à solicitação constante da TIAF. IV - Do caso fortuito ou de força maior. V - Do papel auditorial da secretaria do planejamento e finanças. VI - Do princípio constitucional da proporcionalidade. VII - Da correção das irregularidades dentro do prazo original do decreto nº 3.048/91. VIII - Do entendimento jurisprudencial das cortes judiciais sobre a questão. Mais a frente, em 22.7.09, o recorrente apresentou nova petição, por meio da qual encaminhou outros documentos, bem como passou a sustentar a revogação do artigo 41 da Lei 8.212/91. É o relatório." Convém salientar que as referências específicas presentes no relatório do acórdão paradigma suso transcrito são exclusivas do Processo Administrativo Fiscal nº 13558.001477/2007-32, não guardando relação com o presente repetitivo. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 129DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira - Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Nesse contexto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019, proferido no âmbito do processo n° 13558.001477/2007-32 - OSIAS ERNESTO LOPES, paradigma ao qual o presente processo encontra-se vinculado. Transcreve-se, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelos Conselheiro Maurício Nogueira Righetti, digno Relator da decisão paradigma suso citada, reprise-se, Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019. Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Conselheiro Maurício Nogueira Righetti - Relator O contribuinte teria tomado ciência do acórdão recorrido em 29.8.08 e apresentou seu Recurso Voluntário, tempestivamente, em 23.9.08. Observados os demais requisitos para admissibilidade, dele passo a conhecer. A multa impingida, de natureza objetiva, tinha espeque, à época, no artigo 41 da Lei 8.212/91, que possuía a seguinte redação: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição Nesse rumo, a considerar que teria havido o descumprimento do dever instrumental determinado pelo artigo 32 da Lei 8.212/91, aplicou-se a multa prevista em seu § 5º. Ocorre que com o posterior advento da Medida Provisória 449/2008, houve a expressa revogação daquele artigo 41 da Lei 8.212/91, revogação esta, mantida pela Lei 11.941/2009, produto de sua conversão. É certo que o ato do lançamento deve-se reportar sempre a lei vigente à época da sua produção. Contudo, há situações em que o próprio CTN, especificamente em seu art. 106, autoriza excepcionalmente que fatos passados sejam regulados pela legislação futura. Vejamos: Art 106 - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: Fl. 130DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 1 - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados; 11- tratando-se de ato não definitivamente julgado: quando deixe de defini-lo como infração; quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;e quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua Prática Com efeito, forço concluir que não mais subsiste fundamento legal para a exigência da multa à época aplicada. No mesmo sentido, o enunciado da Súmula CARF nº 65, verbis: Súmula CARF nº 65: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para DAR-LHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti" Alertamos, uma vez mais, que as referências específicas presentes no voto condutor do acórdão paradigma encimado são exclusivas do Processo Administrativo Fiscal nº 13558.001477/2007-32, não havendo relação com o presente repetitivo, aqui se aplicando, tão somente, a decisão de mérito lá proferida. Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Relator. Fl. 131DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10805.721978/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012
ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO.
1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB.
2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos.
3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF.
NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE.
O art. 611-A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO.
1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração.
2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma.
PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL.
O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo.
CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA.
A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa.
Numero da decisão: 2402-007.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012 ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 611-A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. 2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma. PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL. O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA. A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10805.721978/2016-72
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6020950
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.237
nome_arquivo_s : Decisao_10805721978201672.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 10805721978201672_6020950.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
id : 7786441
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:26 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052119970349056
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 27; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2069; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 2.712 1 2.711 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10805.721978/201672 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402007.237 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 8 de maio de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL Recorrentes GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012 ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 611A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 19 78 /2 01 6- 72 Fl. 2712DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.713 2 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. 2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma. PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL. O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA. A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Fl. 2713DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.714 3 Relatório A 10ª Turma da DRJ/RPO fez um relato preciso do lançamento, da impugnação e dos incidentes ocorridos até a prolatação do acórdão de impugnação, que passa a integrar, em parte, o presente relatório: Tratase de crédito tributário constituído pela fiscalização e materializado por meio de Auto de Infração (AI) contra o sujeito passivo acima identificado, verificado em 22 estabelecimentos da empresa em diversos municípios nos estados de SP, RJ, DF, MG, PR, SC, RS, BA e PE, lançado em 20/06/2016 e com a ciência pessoal ao contribuinte em 29/06/2016 (fls. 1596/1599), com lançamento das seguintes contribuições previdenciárias: Constituíram fatos geradores das contribuições lançadas as seguintes verbas: PRL Excedente: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos subordinados em período inferior a seis meses, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL a Líderes Excedente no Semestre: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos de líderes ou superiores em período inferior a seis meses, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL em Unidades sem Acordo Coletivo: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados de unidades sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012; PRL Líderes: valores pagos a título de participação nos resultados aos empregados em cargos de líderes ou superiores sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012; e Reembolso Escolar: valores pagos a título de reembolso escolar em desacordo com a legislação. A fiscalização informa que aplicou a alíquota GILRAT declaradas pela própria empresa em GFIP para todo o período, em concordância com decisão judicial transitada em julgado no Mandado de Segurança nº 2007.61.14.0004617 da 2ª Vara Federal da 14ª Subseção Judiciária de São Bernardo do Campo – SP, que garantiu ao contribuinte o direito de recolher Fl. 2714DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.715 4 conforme o enquadramento decorrente da atividade preponderante de cada estabelecimento. Foi aplicada a multa de 75% decorrente do lançamento de ofício realizado. O contribuinte apresentou impugnação, em 28/07/2016 (Termo de Solicitação de Juntada a fl. 1604), às fls. 1605/1634, e anexos, com as considerações a seguir descritas. 1. Reclama a tempestividade da impugnação, afirmando ter sido cientificado em 29/06/2016 e que o prazo para impugnação se encerraria somente em 29/07/2016. 2. Alega ausência de motivação adequada para identificação do fato gerador da obrigação tributária constituída, com base na afirmação de que não teria sido desconstituída a natureza indenizatória das verbas tributadas, condição necessária para aplicação do art. 28, §9º, da Lei nº 8.212/1991, como fundamento do lançamento. Constrói raciocínio segundo o qual a incidência das contribuições sociais é primariamente estabelecida sobre verbas de natureza remuneratória, nos termos do art. 11, da Lei nº 8.212/1991, e do art. 195, da CF. Reforça com decisão administrativa do CARF, sob a égide dos recursos repetitivos, que estabelece não ser taxativo o referido rol do art. 28, §9º, devendo ser examinado, no caso concreto, se a parcela paga ao empregado possui natureza salarial, devendo ser excluídas dessa incidência as que tenham natureza indenizatória. Considera que o PLR estaria abrangido por imunidade tributária, que o reembolso escolar não teria natureza contraprestativa e, mais especificamente, que o PLR referente à unidade de Sorocaba remete a pagamentos de 06/2011, que não foram objeto do lançamento (06/2012), resultando em insanável vício material do lançamento por imprecisão na identificação e discriminação da matéria tributária e conseqüentemente com preterição do direito de defesa. 3. Insurgese contra a tributação dos pagamentos de PLR por periodicidade inferior a um semestre, alegando que há somente dois pagamentos de PLR para cada funcionário em cada ano civil, portanto estaria atendida a condição legal que proíbe “periodicidade inferior a um semestre civil ou mais de duas vezes no mesmo ano civil”. Fundamenta sua posição com trechos da exposição de motivos na MP nº 794/1994, que deu origem a regulamentação do PLR e à Lei nº 10.101/2000 usada pela fiscalização para fundamentar o lançamento, com a Consulta Técnica INSS nº 507/2004, que conclui pela possibilidade de pagamento de PLR em “no máximo duas vezes no ano civil, ainda que no mesmo semestre civil”, e traz decisões do CARF e do TST no mesmo sentido. Ressalta que os pagamentos considerados referemse a programas e acordos coletivos distintos, o que já foi motivação para decisão do CARF favorável ao contribuinte em outro processo. Reforça que a interpretação da fiscalização foi demasiadamente formalística e literal, inclusive apontando que a legislação imediatamente Fl. 2715DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.716 5 posterior, a Lei nº 12.832/2013, passou a aceitar pagamentos de PLR com intervalos mínimos de 3 meses, invocando também o princípio da retroatividade da norma favorável. 4. Combate a imposição do lançamento ao PLR pago aos empregados em cargos de liderança de unidades que a fiscalização considerou não abrangidas pelos acordos coletivos por entender que todos esses empregados estariam abrangidos pelos acordos firmados. Expõe haver cláusula nos Acordos Coletivos de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Gravataí prevendo expressamente a possibilidade de inclusão deeses funcionários mediante simples aditamento e que havia acordo coletivo específico para todos esses funcionários provendo tal aditamento e contemplando todos os estabelecimentos da impugnante na PLR de 2011. Para a PLR de 2012, havia previsão expressa da possibilidade de antecipação do pagamento da PLR para as unidades de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, o qual não teria sido considerado pela autoridade lançadora. Reforça que esses acordos não estabeleceram qualquer formalidade para o aditamento e tampouco exigiram nova anuência dos respectivos sindicatos, pois já haviam autorizado o aditamento com expresso respaldo dos sindicatos signatários. Traz decisão administrativa do CARF. Menciona que a própria fiscalização reconheceu que a PLR paga a esse empregados no estabelecimento matriz observou todos os requisitos legais. Acrescenta que os acordos têm abrangência nacional, conforme estatuto social do sindicato signatário, que anexa, e entende que a lei não veda a extensão do PLR do estabelecimento matriz para os estabelecimentos filiais. Ressalta a inclusão, no lançamento do PLR de líderes e superiores proveniente de São José dos Campos, de funcionário que não ocupava nenhuma das funções discriminadas (seria horista e não líder ou superior) e tampouco era proveniente da fábrica de São José dos Campos. 5. Contesta o lançamento do PLR pago a funcionários lotados em pequenos escritórios regionais por falta de cobertura de acordo coletivo, sob a alegação de que eles estariam cobertos pela extensão do acordo coletivo da matriz, pois a limitação territorial da abrangência do sindicato não possuiria um caráter absoluto. Traz Portaria do MTE que admite tal extensão para empresa que presta serviço em local diverso da sua sede. Defende que a interpretação do PLR, enquanto integrante do contrato de trabalho, deve se dar de forma mais favorável ao trabalhador, nos termos da CLT. Justifica essa extensão com os altos custos envolvidos na mobilização de outros sindicatos. Destaca que o sindicato signatário do acordo coletivo da matriz possui notória credibilidade no território nacional, não havendo prejuízo ao trabalhador, conforme extratos da imprensa que cola aos autos, e traz decisão do CARF sobre extensão do acordo em caso de prestação de serviço em localidade fora da abrangência do sindicato. Acrescenta que o referido PLR teve um sucesso estrondoso e não representou prejuízo aos empregados. Fl. 2716DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.717 6 6. Refuta a incidência da contribuição previdenciária sobre despesas escolares dos funcionários custeadas a título de reembolso escolar afirmando não haver nenhuma vedação legal ao custeio de cursos de nível superior voltados para capacitação profissional dos funcionários. Sustenta que a lei adota um conceito amplo de educação profissional e tecnológica que também abrange os cursos de nível superior e pósgraduação, exigindo apenas a vinculação com a atividade desempenhada. Entende ser exatamente esse o escopo de seu tradicional programa de reembolso escolar implementado desde 1970, esclarecendo que os cursos abrangidos referemse, entre outros, a cursos de Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Administração, Gestão de Negócios, Gestão de Produção, os quais apresentam inequívoca vinculação com as atividades desenvolvidas pelo impugnante. Traz comprovantes a título de exemplo, decisões de Turma e da CSRF do CARF e jurisprudência do STJ. 7. Reclama a exclusão do lançamento do GILRAT, adjetivando de imprecisa e incongruente sua apuração a partir da aplicação de FAP superior ao obtido pelo impugnante em decisão administrativa (1,7724 e 1,770, ao invés de 1,4074), conforme havia informado à fiscalização em resposta ao TIF nº 06, o que teria caracterizado atribuição de critério de lançamento distinto do efetivamente lançado. Traz decisão administrativa. Esclarece que o impugnante teria sido orientado pela própria RFB a informar em GFIP o FAP de 1,0000 para 2012 por ter apresentado impugnação à majoração de seu FAP. 8. Taxa de irregular a incidência de juros moratórios sobre a multa sancionatória de ofício de 75%, por ser desvinculada da obrigação tributária principal. Traz decisão administrativa e jurisprudência do TRF da 4º Região. Encerra requerendo a improcedência dos lançamentos fiscais e de toda e qualquer exigência fiscal que deles decorram e, alternativamente, a nulidade do lançamento sob a rubrica GILRAT e o afastamento da incidência de todo e qualquer juros sobre a multa de ofício de 75% sobre eventual saldo remanescente. A 10ª Turma da DRJ/RPO julgou a impugnação procedente em parte, conforme decisão cujo acórdão e ementa são, respectivamente, as seguintes: Acordam os membros da 10ª Turma de Julgamento, por unanimidade de votos, julgar procedente em parte a impugnação, para excluir os valores lançados no levantamento “PLR EXCEDENTE”, mantendose o restante do crédito tributário, nos termos do voto do relator. Intimese para pagamento do crédito mantido no prazo de 30 dias da ciência, salvo interposição de recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em igual prazo, conforme facultado pelo art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de Fl. 2717DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.718 7 março de 1972, alterado pelo art. 1º da Lei n.º 8.748, de 9 de dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei 10.522, de 19 de julho de 2002. Submetase à apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por força de recurso necessário, considerando a exoneração do crédito tributário no valor total de R$ 69.360.582,71, considerando tributo e multa, portanto superior ao valor de alçada. A exoneração do crédito procedida por este acórdão só será definitiva após o julgamento em segunda instância. ......................................................................................................... NULIDADE. ARGÜIÇÃO DE MOTIVAÇÃO INADEQUADA. INAPLICABILIDADE. Não caracteriza fundamento de preliminar de nulidade a argüição de motivação inadequada decorrente de eventual erro de interpretação na qualificação jurídica dos fatos verificados, por se tratar de análise afeta ao mérito e não a vício de natureza processual. PLR. PERIODICIDADE SEMESTRAL. CRITÉRIO DE APLICAÇÃO. A vedação legal ao pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil, não atinge o pagamento de parcelas dessa natureza que porventura ocorram em intervalo inferior a seis meses, desde que se refiram a programas de exercícios distintos ou que não seja caracterizada a periodicidade pela constatação de pelo menos dois intervalos subseqüentes inferiores a seis meses. ACORDO COLETIVO. PLR. EXTENSÃO A EMPREGADOS DE UNIDADES SOB CIRCUNSCRIÇÃO DE SINDICATO DIVERSO DO SINDICATO SIGNATÁRIO. INADMISSIBILIDADE. Em respeito aos princípios da unicidade sindical e da territorialidade, não é admissível a extensão de acordo coletivo, ou de cláusulas específicas relativas a instituição de participação nos lucros e resultados, assinado por um sindicato para abranger empregados de unidades sujeitas à representação sindical distinta da signatária do acordo, por falta de representatividade. REEMBOLSO ESCOLAR. GRADUAÇÃO FORA DO CONCEITO LEGAL DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA. INCIDÊNCIA. Incide contribuição previdenciária sobre o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise ao custeio de curso de Fl. 2718DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.719 8 graduação fora do conceito legal de educação profissional e tecnológica de empregados. CONTRIBUIÇÃO AO SAT/RAT. ALÍQUOTA PONDERADA PELO FATOR ACIDENTÁRIO DE PREVENÇÃO ESTABELECIDO. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO AO FATOR APURADO. Não comprovada a existência de contestação administrativa, direcionada ao órgão competente, pendente de decisão, a alíquota para custeio dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho deve ser ajustada pelo Fator Acidentário de Prevenção FAP estabelecido por aquele órgão. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. ......................................................................................................... O montante exonerado implicou a interposição de recurso de ofício. Intimado da decisão em 11/04/2017, pela abertura dos arquivos digitais correspondentes no link Processo Digital, o sujeito passivo interpôs seu recurso voluntário em 10/05/2017, no qual basicamente reiterou os fundamentos da impugnação a respeito da (i) natureza não tributável da PLR e dos reembolsos escolares e da (ii) não incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício. Iniciado o julgamento neste Conselho, o representante do contribuinte apresentou petição requerendo a aplicação do DecretoLei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LINDB), com as alterações dadas pela Lei nº 13.655/2018, assim como a aplicação do art. 611A da CLT, que, no seu entender, teria caráter interpretativo. Na sequência, a Fazenda Nacional requereu sua notificação formal de referida petição. Em virtude disso, o processo foi retirado de pauta com vista ao atendimento da solicitação da PGFN. Em sua manifestação, a Procuradoria basicamente pediu o indeferimento da aplicação do art. 24 da LINDB e do art. 611A da CLT. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. O recurso de ofício também deve ser Fl. 2719DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.720 9 conhecido, porque a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total de R$ 69.360.582,71, montante este superior a R$ 2.500.000,00, conforme previsto na Portaria MF nº 63/2017. Vejase: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. 2 LINDB Basicamente, e no entender da recorrente, a revisão quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, deve levar em consideração as orientações gerais da época, entre as quais se incluiria a jurisprudência judicial ou administrativa, tendo em vista a norma do art. 24 da LINDB. Vejase o texto legal: Art. 24. A revisão, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa cuja produção já se houver completado levará em conta as orientações gerais da época, sendo vedado que, com base em mudança posterior de orientação geral, se declarem inválidas situações plenamente constituídas.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. Consideramse orientações gerais as interpretações e especificações contidas em atos públicos de caráter geral ou em jurisprudência judicial ou administrativa majoritária, e ainda as adotadas por prática administrativa reiterada e de amplo conhecimento público.(Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Em sendo assim, e de acordo com a tese do sujeito passivo, a observância do artigo retro mencionado implicaria afastar os efeitos do lançamento. No entanto, entendo que o Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; Fl. 2720DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.721 10 II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Sobre esse dispositivo, segue a inexcedível doutrina do Prof. Luís Eduardo Schoueri: Devese atentar que meras decisões de órgãos julgadores administrativos não são as "normas complementares" a que se refere o Código. Apenas aquelas cuja eficácia normativa seja assegurada por lei é que ali estariam. Assim, por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento. A tal contribuinte não virá em socorro o parágrafo único do artigo 100 do Código Tributário Nacional. Sua adoção consistente, entretanto, poderá indicar "prática reiterada", como se verá abaixo. Tratandose solução de consulta Cosit ou solução de divergência, seu efeito vinculante é assegurado no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, respaldando o sujeito passivo que a aplicar, independentemente de ser o consulente, nos termos do artigo 9º da Instrução Normativa (RFB) n. 1.396/2013, na redação dada pela Instrução Normativa (RFB) n. 1.434/20131. Quer dizer, em confronto com o art. 100, a recorrente pretende atribuir eficácia normativa às decisões do Conselho, com efeitos ainda mais extensos do que aqueles atribuídos pelo Código (o art. 24 afastaria todo o lançamento, diferentemente do art. 100), o que me parece equivocado. Vejase que a observância das decisões a que a lei atribua eficácia normativa excluiria a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização monetária, mas não o próprio tributo; e a doutrina retro mencionada evidencia que, "por faltar lei federal que dê eficácia normativa às decisões administrativas, em processos administrativos em geral não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter adotado tal entendimento". O art. 146, inc. III, da Constituição Federal, preleciona que cabe à lei complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, entre as quais se 1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 133. Fl. 2721DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.722 11 inclui a norma do art. 100 do CTN, que enumera as normas complementares das leis, das convenções internacionais e dos decretos. Além disso, o próprio art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos, ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente. Por outro lado, a interpretação da recorrente não resiste às normas processuais que tratam, entre outras questões, das decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade, dos enunciados de súmula vinculante, dos acórdãos em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos, etc, estes sim de observância obrigatória por parte deste Conselho, ex vi do disposto no art. 62 do seu Regimento Interno. No mais, adiro às seguintes razões de decidir, do voto proferido pelo ilustre Conselheiro Daniel Ribeiro Silva, no PAF 16561.720065/201382, neste ponto julgado por unanimidade de votos: Não há como negar que o valor que se busca com tal norma é nobre, qual seja, o de garantir a segurança jurídica, em especial aos contribuintes que acabam por serem obrigados a interpretar e aplicar uma legislação tributária absolutamente complexa. Entretanto, entendo que não se pode buscar, sob esse pretexto, ampliar o alcance ou impor a aplicação de uma norma (expressiva de um valor jurídico importante), sobre outras normas jurídicas já postas e absolutamente aplicáveis. Seria, a meu ver, buscar a segurança gerando ainda mais insegurança ao próprio sistema jurídico. É fato conhecido que o contexto de criação da norma tiveram como pano de fundo os processos de controle das contratações públicas, em especial aqueles das instâncias de controle dos gastos públicos, como o TCU e a CGU. Tal fato é manifestado claramente quando se aprecia a justificação do PL, de autoria do Senador Antônio Anastasia: Como fruto da consolidação da democracia e da crescente institucionalização do Poder Público, o Brasil desenvolveu, com o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o funcionamento, a atuação dos mais diversos órgãos do Estado, bem como viabiliza o controle externo e interno do seu desempenho. Ocorre que, quanto mais se avança na produção dessa legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica. O aumento de regras sobre processos e controle da administração têm provocado aumento da incerteza e da Fl. 2722DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.723 12 imprevisibilidade e esse efeito deletério pode colocar em risco os ganhos de estabilidade institucional. Outrossim, exatamente por isso que o texto da norma fala em ato administrativo, contrato administrativo, ajuste administrativo, processo administrativo ou norma administrativa. É a conclusão que se chega da concordância verbal do dispositivo, bem como da interpretação sistemática do seu parágrafo único e demais artigos inseridos da alteração legislativa. [...] Como bem manifestado pela Conselheira Livia Di Carli em voto sobre o tema: A entrega de declaração pelo contribuinte, pelo que se opera o "autolançamento" ou o "lançamento por homologação", não gera situação plenamente constituída, já que por definição a apuração feita pelo contribuinte é sempre provisória e precária, sujeita a homologação da autoridade competente, não havendo que se falar em "situação plenamente constituída" antes da homologação (expressa ou tácita) pela autoridade fiscal. [...] Entretanto, ressalto que o direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseado no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo de decisões com repercussão geral ou as próprias súmulas administrativas vinculantes deste CARF. Entretanto, em todos esses casos há um procedimento específico para sua produção, e defender a aplicação direta do art. 24 da LINDB me parece ser tentar burlar um sistema de precedentes já posto. Ainda, necessário lembrar que o direito tributário possui regramento próprio na Constituição Federal que não pode ser ignorado, em especial quando se analisa a hierarquia das fontes normativas. O artigo 146 da Constituição Federal estabelece que a edição de normas gerais em matéria tributária é matéria reservada à lei complementar. E tem uma razão de ser em função da repartição de competências tributárias entre diversos entes federativos. É esse o status do Código Tributário Nacional e de qualquer norma que pretenda veicular norma geral em matéria tributária. Assim, já causa estranheza que o legislador tenha pretendido o alcance que defende a Recorrente por meio da edição de uma lei ordinária federal. Ademais, merece menção que o Núcleo de Estudos Fiscais (NEF) da FGV Direito SP realizou recente colóquio com o objetivo de debater os possíveis impactos da Nova Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB) no direito tributário (https://direitosp.fgv.br/evento/novaleideintroducaonormasdireit obrasileirolindbobjetivandoprincipiosestruturantesd). Fl. 2723DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.724 13 No referido evento, um dos idealizadores do projeto de lei que gerou a alteração da LINDB (Prof. Carlos Ari Sundfeld) ao ser indagado sobre a aplicação do art. 24 da LINDB ao processo administrativo tributário, foi contundente ao afirmar que no direito tributário já existem os artigos 100 e 146 do CTN que trazem o "mesmo valor" buscado pela LINDB, e que o art. 24 não se prestaria como algo novo, mas sim um reforço de aplicação à norma já existente. Isto porque que o CTN possui regramento específico sobre a matéria, estabelecendo o artigo 100 que a observância das chamadas normas complementares (das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos) exclui tão somente a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Jamais o principal de tributo. Da mesma forma, o artigo 146 do CTN traz regramento próprio sobre o efeito intertemporal da introdução de novos critérios jurídicos – leiase, nova interpretação – no processo de constituição do crédito tributário. Ou ainda, o próprio art. 112 do CTN determina a interpretação mais benéfica ao contribuinte de normas que cominem penalidade. Diante disso, dar ao artigo 24 da LINDB o alcance que a Recorrente pretende é, ao fim e ao cabo, acreditar que lei ordinária federal poderia trazer uma espécie de exceção à norma do artigo 100 do CTN, o que vai de encontro a regras básicas de interpretação das normas em um sistema constitucional complexo como o brasileiro. Permitome citar, novamente, trecho de voto da Conselheira Livia Di Carli sobre o tema: o alcance pretendido pela Recorrente em nome da "segurança jurídica" acabaria por "engessar" o contencioso administrativo, impossibilitandoo de evoluir com eficiência, retirando dos debates tributários a tecnicidade da especialização dos Tribunais/Conselhos de Recursos Fiscais, que diuturnamente lidam com casos que envolvem critérios contábeis, situações e documentos específicos que o Poder Judiciário não tem condição (e nem estrutura) para analisar, o que acabaria por aumentar a vulnerabilidade dos contribuintes trazendo, veja só, insegurança jurídica. Nesse contexto, entendo que uma interpretação do sistema jurídico constitucional, tributário e processual resulta na conclusão de que o art. 24 não tem os efeitos pretendidos pela recorrente. Fl. 2724DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.725 14 Quanto ao art. 202, igualmente sem razão o sujeito passivo, pois, como frisado pela Procuradoria, "a tributação de valores pagos a título de PLR com base na legislação de regência não está alicerçada em abstrações ou normas indeterminadas". Muito pelo contrário, a presente autuação está objetivamente calcada no descumprimento dos requisitos previstos nas legislações que desvinculam a PLR, o plano educacional e a bolsa de estudo da remuneração dos trabalhadores, vendose, ainda, que a autoridade lançadora não lançou mão de valores jurídicos abstratos. 3 Nova CLT No meu entender, a tese de que o art. 611A da CLT3 é norma de “eminente caráter interpretativo” está equivocada. Tal norma estabelece a prevalência da convenção coletiva e do acordo coletivo de trabalho sobre a lei, quando dispuserem sobre a participação nos lucros ou resultados da empresa, mas as situações pretéritas, objeto do lançamento, já estavam definitivamente consolidadas quando da entrada em vigência do novo dispositivo legal. O art. 6º da LINDB, em consonância com a Constituição Federal (art. 5º, inc. XXXVI), preleciona que "a Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada", não se admitindo, assim, a aplicação retroativa da nova lei, para alcançar e modificar os efeitos dos atos já praticados pelas partes, sob pena, inclusive, de violação ao princípio da segurança jurídica. O CTN excepciona a aplicação da lei a fatos futuros, em se tratando de lei expressamente interpretativa, o que não é o caso do art. 611A, como já frisado, e até porque o legislador não afirmou, de forma expressa, que tal regra seria meramente interpretativa. Quando da formulação dos planos e dos pagamentos, a recorrente estava ciente de que deveria cumprir rigorosamente a Lei 10101/00. Ela estava igualmente ciente dos requisitos para a desvinculação do reembolso escolar da remuneração dos trabalhadores. 4 Recurso de ofício A DRJ julgou parcialmente procedente a impugnação, porque, em relação à acusação relativa ao descumprimento da regra da periodicidade, entendeu que os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012. Neste tocante, a interpretação da DRJ está de acordo com a lei e o recurso de ofício deve ser desprovido. 2 Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 3 Art. 611A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre: (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017). XV participação nos lucros ou resultados da empresa. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017) Fl. 2725DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.726 15 O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. A regra da periodicidade está inserida no art. 3º abaixo transcrito, que trata exatamente da impossibilidade de a participação substituir ou complementar a remuneração devida ao empregado, para não ficar caracterizada a habitualidade, que é própria dos salários, os quais sabidamente integram a base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, diferentemente da PLR. Art.3oA participação de que trata o art. 2º não substitui ou complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem constitui base de incidência de qualquer encargo trabalhista, não se lhe aplicando o princípio da habitualidade. §1oPara efeito de apuração do lucro real, a pessoa jurídica poderá deduzir como despesa operacional as participações atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição. §2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil. § 2oÉ vedado o pagamento de qualquer antecipação ou distribuição de valores a título de participação nos lucros ou resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano civil e em periodicidade inferior a 1 (um) trimestre civil.(Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013)(Produção de efeito) A própria fiscalização asseverou no relatório fiscal que o pagamento final relativo ao ano de 2011 foi efetuado em 01/2012, e que o pagamento efetuado em 06/2012 seria atinente à antecipação relativa a esse ano. Vejase: 75. Conforme Acordos Coletivos apresentados, para os empregados horistas e mensalistas, excetuados líderes e acima, a empresa efetuou o pagamento final relativo ao ano de 2011 em 01/2012 [...]. Fica evidente, no entender deste relator, a inexistência de descumprimento da regra da periodicidade, pois a empresa não antecipou valores em dissonância com a regra do § 2º do art. 3º vigente à época dos fatos geradores, devendo ser negado provimento ao recurso de ofício. 5 Recurso voluntário 5.1 EXTENSÃO DO ACORDO COLETIVO DA MATRIZ PARA OS EMPREGADOS DOS ESCRITÓRIOS REGIONAIS DA RECORRENTE Neste ponto, a recorrente afirmou que os empregados dos escritórios regionais estariam cobertos pela extensão do acordo coletivo da matriz, pois a limitação territorial da abrangência do sindicato não possuiria caráter absoluto, conforme Portaria do Ministério do Trabalho. Ela defendeu, ainda, que a interpretação da PLR, enquanto integrante Fl. 2726DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.727 16 do contrato de trabalho, deve se dar de forma mais favorável ao trabalhador, nos termos da CLT. A DRJ divergiu desse entendimento, arvorandose no alegado princípio da unicidade, segundo o qual o sindicato teria competência territorial. Pois bem. Neste ponto, é necessário recordar que a não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; E diferentemente do que costumeiramente se afirma, a PLR não é apenas um instrumento de integração entre o capital e o trabalho, visando a incrementar a produtividade, mas sobretudo um direito social do trabalhador. Tanto o caput do artigo, como o capítulo no qual ele está inserido, não deixam margem para dúvidas. Essa circunstância tem passado despercebida, mormente porque a lei regulamentadora parece têla deixado em segundo plano, nem mesmo fazendo menção à expressão direitos sociais. Muito embora a lei regulamentadora pareça ter negligenciado a participação nos lucros ou resultados como um direito social, pois nem mesmo faz qualquer menção a esse respeito, fato é que a Constituição a outorgou como um efetivo direito daquela natureza, o que deve ser levado em consideração pelo aplicador da lei, na busca da máxima eficácia da norma constitucional. Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são prestações positivas proporcionadas pelo Estado direta ou indiretamente, enunciadas em normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos que tendem a realizar a igualização de situações sociais desiguais" (Curso de Direito Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277). Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição lhe outorgou o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a Constituição e a consequente regra imunizante, o trabalhador não teria as condições materiais necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem do capital do qual ele não é dono. Toda interpretação, portanto, deve ter como norte os direitos sociais. E diante de interpretações plausíveis e alternativas, o exegeta deve adotar aquela que se amolda à Lei Maior. O ministro Luís Roberto Barroso decompõe o princípio da interpretação conforme a Constituição nos seguintes termos: Fl. 2727DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.728 17 1) Tratase da escolha de uma interpretação da norma legal que a mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra ou outras possibilidades interpretativas que o preceito admita. 2) Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a norma, que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de seu texto. 3) Além da eleição de uma linha de interpretação, procedese à exclusão expressa de outra ou outras interpretações possíveis, que conduziriam a resultado contrastante com a Constituição. 4) Por via de conseqüência, a interpretação conforme a Constituição não é mero preceito hermenêutico, mas, também, um mecanismo de controle de constitucionalidade pelo qual se declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal." (Interpretação e aplicação da constituição : fundamentos de uma dogmática constitucional transformadora. 3. ed. Saraiva, p. 181 182) Deve ser abandonado, pois, o eventual rigor interpretativo, para compatibilizar a leitura da Lei nº 10.101/2000 com a Constituição, inclusive para viabilizar a fruição do direito à PLR pela maioria dos trabalhadores da empresa, sendo oportuno rememorar a seguinte lição doutrinária: [...] numa primeira acepção, representa o princípio protetor a atuação sobre as normas disponíveis, para que, havendo duas ou mais soluções possíveis, seja priorizada aquela que melhor atende aos anseios do direito do trabalho do ponto de vista da decência do trabalho, da dignidade do trabalhador e do avanço da legislação social, o que pode ser resumido pela expressão da norma mais favorável4. O sindicato da matriz ou do estabelecimento que concentra a produção da empresa tem grande representatividade sobre os direitos dos trabalhadores, sendo razoável admitir a extensão do acordo coletivo por ele firmado, para outras localidades, mormente para empregados lotados em escritórios regionais. Tal circunstância não passou despercebida por este Conselho no julgamento do PAF 10805.721660/201519, da mesma empresa recorrente, como se vê no seguinte trecho do voto condutor do acórdão, de autoria do Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira: Ora, havendo determinação do Direito do Trabalho do uso de norma mais favorável e não havendo vedação do Direito Tributário para tanto ainda mais quanto ao gozo de direitos constitucionais é forçoso reconhecer que a extensão de acordo sobre a PLR firmado com sindicato representativo da categoria profissional de determinada localidade que contém quantidade representativa de trabalhadores da empresa (matriz ou estabelecimento que concentra o cerne da produção), pode ser estendido aos demais trabalhadores sem descumprimento dos requisitos da Lei nº 10.101/00. 4 Homero Batista Mateus da Silva, Curso de Direito do Trabalho Aplicado, Parte Geral, Ed. Elsevier, fls. 224. Fl. 2728DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.729 18 Ademais, e como bem pontuado no PAF 10805.723248/201363, também do mesmo sujeito passivo: [...] a questão a ser apreciada diz respeito a possibilidade de aplicabilidade do Acordo Coletivo de Trabalho supra mencionado amparar os trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato. Para que não haja incidência de contribuições previdenciárias, a PLR paga a empregados deve resultar de negociação entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo coletivo. Em regra, o enquadramento sindical deve levar em consideração a base territorial do local da prestação dos serviços. Entretanto, o entendimento do Ministério do Trabalho e Emprego, sintetizado na Ementa nº 12, aprovada pela Portaria nº 1, de 22 de março de 2002, publicada no Diário Oficial da União de 25 de março de 2002, é no sentido de que esta regra deve ser ressalvada quando se tornar necessária a observância dos princípios constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e do direito adquirido e, ainda, na hipótese de transferência temporária do empregado, in verbis: CONVENÇÃO OU ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. LOCAL DA PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. Empresa que presta serviço em local diverso de sua sede, independentemente de possuir filial neste local, deve atender às condições de trabalho e salariais constantes do instrumento coletivo firmado pelos sindicatos do local da prestação do serviço, em virtude das limitações decorrentes dos critérios de categoria e de base territorial, ainda que não tenha participado da negociação de que resultou a convenção coletiva. Ficam ressalvados os princípios constitucionais que prescrevem a irredutibilidade de salários e de direito adquirido, bem como as hipóteses de transferência transitória do empregado, nos termos do § 3º, do art. 469, da Consolidação das Leis do Trabalho” Por certo, o pagamento da PLR nos termos do Acordo Coletivo negociado, inclusive para trabalhadores que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato, configura direito adquirido dos empregados que se enquadrem nos critérios estabelecidos no instrumento coletivo. Destarte, concluo que o referido acordo coletivo de trabalho tem o condão de amparar a PLR paga aos seus empregados, inclusive, aos trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato. Ou seja, a extensão da PLR pactuada em acordo coletivo de trabalho para trabalhadores da empresa que prestam serviço em locais distintos daqueles da base territorial do sindicato, não é, por si só, fato que altere a natureza do pagamento efetuado. Fl. 2729DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.730 19 5.2 ADITAMENTO DA PLR: FUNCIONÁRIOS LÍDERES DE GRUPO Tratase, aqui, do levantamento PLR LÍDERES, relativo à participação paga aos empregados lotados em cargos de liderança e diretoria, vinculados aos estabelecimentos de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador. De acordo com a fiscalização, os valores teriam sido pagos sem Acordo Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva. O sujeito controverteu, ao argumento de que a cláusula 4ª, § 2º, dos Acordos Coletivos das PLRs 2011/2012, de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes, São Paulo e Gravataí teria previsto expressamente a possibilidade de inclusão daqueles funcionários mediante simples aditamento. Diante de tal possibilidade, teria sido firmado acordo coletivo específico para todos os funcionários de cargos de supervisão e acima, em aditamento à cláusula 4ª, § 2º, dos Acordos Coletivos anteriormente mencionados, contemplando todos os estabelecimentos da recorrente na PLR de 2011. Igualmente, haveria acordo coletivo específico para esses funcionários, firmado por sindicato com abrangência nacional, contemplando todos os estabelecimentos da recorrente na PLR 2012. Neste particular, e segundo se observa na decisão recorrida, a DRJ não discordou da possibilidade de aditamento dos planos e nem dos aditamentos em si, mas sim da possibilidade de sua assinatura por outro sindicato, que não a própria entidade sindical signatária do acordo original. Vejase: Portanto, mesmo existindo previsão de aditamento ao acordo para inclusão de disposições adicionais, esse aditamento não poderia ser suprido por instrumento assinado por outro sindicato que não o próprio signatário do acordo original, sob pena de violação do princípio da unicidade estabelecido na norma constitucional. Ocorre que o § 2º da cláusula 4ª supra mencionado realmente não exigiu nenhuma formalidade específica para o aditamento. Mais importante ainda, tal dispositivo facultou à própria empresa realizar o citado aditamento em favor dessa categoria especial de empregados (vide abaixo). Quer dizer, o acordo originário não só não proibiu que outro sindicato viesse a firmar as novas condições em favor de tais funcionários, como também determinou que a própria empresa poderia fazêlo. De todo modo, às fls. 562 e seguintes vislumbrase o acordo coletivo específico para os empregados ocupados em cargos de liderança alocados na unidade de Mogi das Cruzes; e às fls. 584 e seguintes vêse o acordo coletivo dessa categoria, firmado pela Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.731 20 empresa e pelo Sindicato de Metalúrgicos de São Paulo, abrangendo os funcionários estabelecidos em escritórios regionais de São Paulo, Sorocaba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte. Logo, equivocouse a fiscalização quando afirmou que inexistiriam acordos coletivos para essa categoria especial, ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva. A recorrente demonstrou a existência dos supra citados instrumentos negociais, de tal maneira que a autoridade administrativa deveria ter demonstrado outras infringências aptas a desconstituir os pagamentos efetuados a título de PLR. Nesse contexto, o recurso voluntário deve ser provido neste ponto. 5.3 REEMBOLSOS ESCOLARES O lançamento foi efetuado ao argumento genérico de que os cursos superiores não estariam enquadrados na hipótese de exclusão do art. 28, § 9º, “t”, da Lei 8212/91. Vejase: O acórdão de impugnação teve até um entendimento diverso da fiscalização, pois afirmou que um curso de "educação profissional de nível superior, graduação e pós graduação (inciso III, § 2º, art. 39 da Lei nº 9.394, de 1996, introduzido pela Lei nº 11.741, de 2008)" realmente teria o seu custo não integrante do salário de contribuição. Vejase: Combinando o o art. 28, § 9º, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com o art. 39, § 2º, inciso III, da Lei 9.394/1996, temos que, se o curso patrocinado pela sociedade empresária atender aqueles prérequisitos, estará sim albergado pela norma isentiva de contribuições previdenciárias. Ainda sobre o tema, o Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006, dispõe em seu art. 42: Art. 42. A autorização, o reconhecimento e a renovação de reconhecimento de cursos superiores de tecnologia terão por base o catálogo de denominações de cursos publicado pela Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. (Redação dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007) (grifouse) A versão mais recente do referido catálogo é aquela referente ao ano de 2016 publicada no sítio do MEC na internet, no endereço http://portal.mec.gov.br/catalogonacionaldoscursosuperiores detecnologia. Como se vê, com esta nova legislação, foi instituído um curso qualificado como educação profissional de nível superior, graduação e pósgraduação (inciso III, § 2º, art. 39 da Lei nº Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.732 21 9.394, de 1996, introduzido pela Lei nº 11.741, de 2008), cujo custo é passível de não integração ao salário de contribuição, nos termos da alínea “t”, § 9º, art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991. Contudo, a DRJ realmente acabou por introduzir um novo fundamento para manter a autuação, pois, diferentemente da autoridade fiscal, a qual se arvorou no argumento genérico segundo o qual a educação superior não estaria abrangida pela hipótese de exclusão, o acórdão de impugnação asseverou que a recorrente não teria informado e comprovado um rol de cursos custeados a seus empregados. Vejase: Não obstante, a empresa deixou de informar e comprovar um rol de cursos custeados a seus empregados, conforme descrito pela fiscalização em seu relatório (itens 11 a 198, fls. 1086/1087), e, daqueles que foram informados e comprovados, custeou tanto cursos de formação profissional e tecnológica, que foram devidamente afastados do objeto do lançamento (planilha às fls. 1371/1392), como cursos de graduação fora desse grupo (Administração, Engenharia, Gerenciamento de Projetos) [...] A rigor, poderseia afirmar que a decisão a quo seria nula neste particular, pois, ao inovar, preteriu o direito de defesa da contribuinte, na dicção do inc. II do art. 59 do Decreto 70235/72. Todavia, o § 3º deste artigo preleciona que, quando puder decidir de mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. É o caso dos autos. Primeiramente, cabe observar que o reembolso escolar objeto da autuação é aquele relativo aos valores pagos aos empregados, e não aos seus dependentes. Isso está muito claro no item 196 do relatório fiscal e no excerto transcrito acima, do acórdão recorrido, que alude expressamente a "cursos custeados a seus empregados". Em segundo lugar, vejase que a hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa. Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente:(Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e:(Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) Do acórdão de impugnação, observase que se trataria de cursos de administração, engenharia, gerenciamento de projetos, etc (vide excerto acima), os quais, por razões óbvias, estão vinculados às atividades fins de uma empresa que tem entre os seus objetos sociais as seguintes atividades: Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.733 22 Ademais, tais verbas não têm natureza salarial porque não se destinam a retribuir o trabalho prestado ou colocado à disposição do empregador. São, em verdade, verbas empregadas para o trabalho, e não pelo trabalho, como já consignado pelo STJ no julgamento do REsp 324.178 PR, ressalvadas, evidentemente, as hipóteses em que ficar comprovado o pagamento de salários através de reembolsos escolares pagos de forma simulada. Segue o entendimento deste Conselho a respeito da matéria: [...] BOLSAS DE ESTUDOS. REEMBOLSO. EDUCAÇÃO SUPERIOR. EXCLUSÃO DE PARTE DOS EMPREGADOS. POSSIBILIDADE. AVALIAÇÃO DO CASO CONCRETO. NÃO INCIDÊNCIA. Avaliado o caso concreto à luz da legislação aplicável aos fatos geradores ocorridos no ano de 2008, as despesas relativas a reembolso de educação superior aos segurados empregados, quando comprovadamente se referem a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, mesmo que excluídos do benefício os menores aprendizes, os empregados contratados por prazo determinado e os empregados afastados do trabalho por motivo de doença ou acidente de trabalho, não integra a base de cálculo previdenciária. [...] (CARF, Relator(a) CLEBERSON ALEX FRIESS, Acórdão 2401 004.212, julgado em 08/03/2016) ......................................................................................................... [...] SALÁRIO INDIRETO. AUXÍLIO EDUCAÇÃO DESTINADO AOS EMPREGADOS. NÍVEL SUPERIOR. CURSOS DE CAPACITAÇÃO E QUALIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE DE ENQUADRAMENTO. A descrição prevista no art. 28, §9º, "t" da lei 8212/91, admite a interpretação de que a educação superior estaria abrangida nos cursos de capacitação ou mesmo qualificação profissional até a edição da Lei nº 12.513, de 2011, que alterou o dispositivo, devendo a autoridade fiscal, apresentar o descumprimento da extensão a todos ou da desvinculação das atividades na empresa para respaldar o lançamento. Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.734 23 (CSRF, Acórdão 9202006.578, Relator(a) ANA PAULA FERNANDES, Redator designado MÁRIO PEREIRA DE PINHO FILHO, julgado em 20/03/2018) Logo, o recurso voluntário deve ser provido também neste tocante. 6 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e negar provimento ao recurso de ofício, e de conhecer e dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Denny Medeiros da Silveira – Redator Designado. Acompanho o Ilustre Relator nas demais questões, porém, com a maxima venia, divirjo quanto à extensão do acordo coletivo para os empregados dos escritórios regionais da Recorrente e quanto à assinatura de aditamento do acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) por sindicato não signatário do acordo original. Da extensão do acordo coletivo De fato, a PLR é um direito do trabalhador, previsto na Carta Republicana. Dessa forma, visando proteger esse direito, o Estado estabeleceu regras que devem ser rigorosamente observadas. Uma dessas regras diz respeito à participação da entidade sindical dos empregados na negociação para pagamento de PLR. Vejamos: Lei 10.101, de 9/12/00: Art. 2º A participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: I comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013) II convenção ou acordo coletivo. Da exegese dos dispositivos acima, temse que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e os empregados e que tal negociação deverá ser realizada mediante comissão paritária ou convenção/acordo coletivo. Fl. 2734DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.735 24 Pois bem, no caso sob análise, cada um dos sindicatos envolvidos na negociação para pagamento da PLR possui uma área territorial específica de abrangência, o que torna injustificável a extensão do acordão a empregados de regiões não abrangidas pelos sindicatos signatários, sendo nessa linha a decisão recorrida: Ora, o núcleo da questão aqui é a representatividade sindical para determinado grupo vinculado a determinada localidade associado à abrangência estabelecida no acordo coletivo. A representatividade de um sindicato é estabelecida em seu instrumento de constituição e engloba um ou mais municípios, sendo o município a área mínima de abrangência e esta deve se submeter ao princípio da unicidade sindical, tudo nos termos do art. 8º, II, da CF1. Por seu turno, a abrangência do acordo coletivo é estabelecida em cláusula específica e fica restrita à abrangência territorial do sindicato. No caso concreto, temse diversos sindicatos, cada um signatário de um acordo coletivo específico e com cobertura territorial expressa sobre as respectivas áreas de abrangência. Portanto, o princípio da unicidade sindical impõe que não é possível a extensão de qualquer desses acordos para áreas abrangidas por outros acordos ou por outros sindicatos à revelia dessas entidades. (Grifos no original) Em suma, ao se aceitar a extensão dos acordos a empregados de regiões não abrangidas pelos sindicatos signatários, estarseá aceitando que empregados recebam valores a título de PLR sem que os sindicatos, ao qual estejam filiados, tenham participado efetivamente da negociação, o que viola o regramento protetivo do direito em tela. Sobre a base territorial do sindicato, vide o que dispõe o art. 520 da CTL5: Art. 520. Reconhecida como sindicato a associação profissional, serlheá expedida carta de reconhecimento, assinada pelo ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, na qual será especificada a representação econômica ou profissional conferida e mencionada a base territorial outorgada. Insta trazermos à baila, também, a seguinte decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho, consignada no Acórdão nº 9202007.292, de 23/10/18: ACORDO DE PLR HOMOLOGADO POR UM SINDICATO EXTENSIVO ÀS DEMAIS LOCALIDADES DA EMPREGADORA ABRANGIDA POR OUTROS SINDICATOS. INADMISSIBILIDADE. Em respeito aos princípios da unicidade sindical, em sua territorialidade, e da interpretação restritiva da legislação que leva à exclusão da tributação, não é aceitável um sindicato reger o acordo de PLR dos trabalhadores da mesma empresa em locais que são territorialmente abrangidos por outro sindicato. 5 Consolidação das Leis do Trabalho, DecretoLei nº 5.452, de 1/5/43. Fl. 2735DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.736 25 (Grifo nosso) Destacase, ainda, que os próprios acordos coletivos firmados entre a empresa e as entidades sindicais estabeleceram, expressamente, a sua abrangência territorial, como se vê nesse excerto do relatório fiscal, fl. 1.063, referente ao sindicato de São Caetano do Sul/SP: 46. A empresa apresentou Acordo Coletivo firmado com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas, de Material Elétrico e Eletrônico, Siderúrgicas, Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, estado de São Paulo, acordo específico sobre a PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS – ANO 2012, datado de 24 de maio de 2012, com vigência de 1° de janeiro de 2012 até 31 de dezembro de 2012. 47. Na Cláusula Segunda o Acordo estabelece sua abrangência territorial: São Caetano do Sul/SP. (Grifos no original) Logo, não se trata de mero rigor interpretativo, mas sim de proteção ao direito dos empregados de verem a sua representação sindical participando efetivamente da negociação para pagamento da PLR. Sendo assim, não há como se acolher a defesa em relação à extensão dos acordos a empregados situados fora da abrangência territorial dos sindicatos signatários. Do aditamento do acordo Aqui também não merece guarida a defesa apresentada. Segundo o Relator, a fiscalização teria se equivocado ao afirmar que inexistiriam "acordos coletivos para funcionários líderes de grupo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva", uma vez que a Recorrente teria "demonstrado a existência dos instrumentos negociais, de tal maneira que a autoridade administrativa deveria ter demonstrado outras infringências aptas a desconstituir os pagamentos efetuados a título de PLR". Todavia, o relatório fiscal, fls. 1.082 e 1.083, demonstra, de forma clara, as unidades sem acordo coletivo. Confirase: XII – DAS UNIDADES SEM ACORDO COLETIVO PARA PAGAMENTO DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS 173. Ocorreram pagamentos a título de participação nos resultados aos estabelecimentos 59.275.792/001121, 59.275.792/001202, 59.275.792/001393, 59.275.792/002365, 59.275.792/002527, 59.275.792/003094, 59.275.792/003175, 59.275.792/008134 e 59.275.792/009378 no período de 01 a 06/2012. Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.737 26 174. Conforme resposta ao TIF nº 4, entregue pela empresa em 02/03/2016, as unidades, exceto Joinville, seguem o Acordo Coletivo da planta matriz. 175. Neste ponto ressaltamos a Cláusula Segunda do Acordo citado, segundo a qual a abrangência territorial é São Caetano do Sul/SP (2012 item 39 – 2011 item 53), a Cláusula Quinta, segundo a qual o adiantamento será concedido mediante depósito bancário em contacorrente dos empregados no âmbito de representação do Sindicato (2012 item 42 – 2011 item 56), e a Cláusula Décima Primeira, segundo a qual estão abrangidos pelo Acordo os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda em São Caetano do Sul (2012 item 50 – 2011 item 60), e, portanto, o Acordo não é extensivo a outros municípios. 176. Assim sendo, em relação às unidades indicadas no item 173, todos os pagamentos a título de participação nos resultados, rubrica 302P – PRÊMIO PART. RESULTADO da folha de pagamento, não se enquadram no disposto no art. 28, § 9º, alínea j da Lei nº 8.212/91, e, portanto, integram a base de cálculo das contribuições previdenciárias. [...] 178. Para os empregados de nível de liderança e Diretoria, a empresa apresentou Acordos Coletivos de Trabalho 2012 – Liderança / Diretoria com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de São Paulo e Mogi das Cruzes de um lado e de outro as filiais e escritórios regionais em Recife, CNPJ 59.275.792/001121, Belo Horizonte, CNPJ 59.275.792/001202, Porto Alegre, CNPJ 59.275.792/001393, Brasília, CNPJ 59.275.792/002527, Rio de Janeiro, CNPJ 59.275.792/003094, Salvador, CNPJ 59.275.792/009378 , os quais, nas respectivas Cláusula Quinta, estabelece a data de 29/03/2013 para pagamento, estando, portanto, fora do período estabelecido no presente procedimento fiscal. 179. Em relação a unidade Joinville, CNPJ 59.275.792/002012, a empresa apresentou Acordo Coletivo para pagamento de participação nos resultados, o qual estabeleceu o pagamento em 31/01/2013. (Grifo no original) Como se percebe, a própria Recorrente informou, à fiscalização, que as unidades sem acordo específico, à exceção da unidade de Joinville, seguem o acordo coletivo da planta matriz. Ora, sem adentrarmos na possibilidade ou não dos aditamentos, as cláusulas Segunda, Quinta e Décima Primeira do acordo coletivo da planta matriz, como visto na transcrição acima, fixam a abrangência do acordo, inclusive em relação aos aditamentos, apenas para os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda. de São Caetano do Sul/SP, não sendo, portanto, "extensivo a outros municípios". Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 10805.721978/201672 Acórdão n.º 2402007.237 S2C4T2 Fl. 2.738 27 Ademais, para os empregados de nível de liderança e Diretoria, vinculados aos estabelecimentos de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, os acordos apresentados se referem à PLR paga em ano calendário não abarcado pelo procedimento fiscal sob análise. Dessa forma, cotejandose esse quadro fático com a necessidade de efetiva participação do sindicato, na negociação, conforme tratado no item anterior desse voto, entendemos por correto o posicionamento do órgão julgador de primeiro grau ao não aceitar que o aditamento seja "assinado por outro sindicato que não o próprio signatário do acordo original", pois tal situação importaria em "violação do princípio da unicidade estabelecido na norma constitucional". Conclusão Isso posto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao recurso voluntário, cancelando o lançamento apenas em relação aos valores pagos a título "reembolsos escolares", nos termos do voto do Relator. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Fl. 2738DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.002246/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA.
A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação.
Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização.
NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE.
As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico.
Numero da decisão: 2402-007.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA. A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização. NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE. As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 14751.002246/2009-84
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6022351
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.272
nome_arquivo_s : Decisao_14751002246200984.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RENATA TORATTI CASSINI
nome_arquivo_pdf_s : 14751002246200984_6022351.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
dt_sessao_tdt : Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
id : 7791659
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052120032215040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 12; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1496; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 523 1 522 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14751.002246/200984 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402007.272 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 09 de maio de 2019 Matéria IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA Recorrente MARCELO VICTOR CORREIA DOS SANTOS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA. A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização. NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE. As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 00 22 46 /2 00 9- 84 Fl. 523DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 524 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante da decisão recorrida, que reproduzo abaixo: Do Auto De Infração Em desfavor do Contribuinte, acima identificado, foi lavrado o Auto de Infração, às fls. 02/06, relativo ao imposto de renda pessoa fisica (IRPF) do exercício 2008, que lhe exige imposto no valor de R$ 116.798,09, ao qual são acrescidos juros de mora no valor de R$ 18.419,05 e multa de oficio no valor de R$ 87.598,56. Antes do inicio do Procedimento Fiscal, houve a Operação denominada "Taturana", iniciada após o oficio n°. 4400 COAF MF Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Ministério da Fazenda, o qual noticiava ao Ministério Publico Federal o entrelaçamento financeiro e movimentações atípicas, envolvendo membros do Poder Legislativo do Estado de Alagoas, funcionários, além de terceiros sem nenhuma vinculação com a Assembléia Legislativa. Tal Operação desencadeou várias ações fiscais. A ação fiscal em questão iniciouse com a expedição, em 07/04/2009, do Termo de Inicio de Procedimento Fiscal, às fl. 09/12, pelo qual foi solicitado ao contribuinte que apresentasse, em relação ao anocalendário 2007, a documentação relacionada no Termo de Inicio de Fiscalização, de fl. 09/14. Constatouse, na ação fiscal, ilícito tributário, ou seja, omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sem vinculo empregaticio. Como um dos objetos da intimação foi os valores recebidos da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, a titulo de verba de gabinete, apontouse a totalidade dos valores recebidos pelo contribuinte e ordens bancárias, que foram relacionadas, requisitandose os documentos relativos a prestação de contas prevista nas normas administrativas que regem a verba de gabinete e esclarecimentos sobre os valores recebidos acima do limite para a verba de gabinete, conforme limite previsto nas normas administrativas emanadas pela Assembléia legislativa do Estado de Alagoas. Fl. 524DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 525 3 Intimado e reintimado, o Contribuinte apresentou certidões, cópias de normas administrativas de lavra da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas e argumentação no sentido de que: os documentos relativos às prestações de contas foram entregues a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas; e não havia recebido valores de verba de gabinete acima do limite previsto em face de norma interpretativa da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, Resolução 482/2008 e demais normas relativas administrativas regentes da matéria. Na mesma linha, também foi encaminhada Intimação à Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, solicitando: apresentação dos documentos originais das prestações de contas dos valores entregues ao contribuinte a titulo de verba de gabinete ou suas cópias, no caso de os originais terem sido objeto de apreensão; e eventual Termo de Apreensão. Em atendimento à intimação, a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas encaminhou o Oficio , no qual aduziu as informações que entendeu pertinentes, afirmando que: houve prestação de contas por parte do contribuinte; os documentos das prestações de contas dos deputados teriam sido objeto de busca e a apreensão pela Policia Federal; e não foi encontrado o Termo de Busca e Apreensão, além de não possuir cópias dos documentos apreendidos. Após solicitação por parte da RFB, a Policia Federal encaminhou os documentos apreendidos na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, sendo dada ciência ao Contribuinte que não havia nenhum documento relacionada à prestação de contas da utilização de verbas recebidas, a titulo de verbas de gabinete. Afirma, ainda, o Auditor, reiterando esclarecimentos já expostos, que as infrações deste Auto de Infração tem a mesma capitulação e são ambas omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica, sem vinculo empregaticio, porém são situações distintas. Um dos fatos geradores é o recebimento de valores, sob o titulo de verba de gabinete, todavia não houve prestação de contas, sendo esta condição necessária para caracterizar a verba indenizatória. Outro fato gerador é o recebimento de valores acima do limite previsto para verba indenizatória. Essas, ainda que houvessem sido objeto de prestação de contas, também seriam tributáveis, uma vez que pagas em valores superiores ao limite previsto nas normas de regência. Em suma, segundo a Autoridade Fiscal, os valores lançados no presente AI, como bases de calculo, referemse a valores recebidos a titulo de verba de gabinete que não se caracterizam como verba indenizatória, uma vez que se subsumem a hipótese do art. 43, inciso X, do Decreto n° 3.000/99 (RIR199), que considera tributáveis os rendimentos do trabalho assalariado e assemelhados. Da Impugnação Fl. 525DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 526 4 Cientificado, via postal, em 17/10/2008, o Contribuinte apresentou sua impugnação, em 17/11/2008, onde alega ser absolutamente improcedente a autuação fiscal lavrada, ao se considerar como tributável a verba indenizatória das despesas de gabinete parlamentar, de responsabilidade do Requerente. Com mais especificidade, argumenta: I — há de se reafirmar que a verba de gabinete recebida por este parlamentar no exercício de referência foi pura decorrência de suas aches parlamentares, sempre efetuadas às despesas em plena obediência aos textos legais que regem a questão na órbita do Parlamento Estadual Alagoano, não podendo ser confundida, em hipótese alguma, com rendimentos não declarados; II — a questão é versada no Regimento Interno da Assembléia, sendo a matéria regulada por diversas Resoluções, tendo a Resolução de nº 482/2008, dispositivo interpretativo, pacificado o entendimento sobre os limites indenizatórios. Aduz que as Resoluções estabelecem os limites indenizatórios de ressarcimento de verba de gabinete; IV — Em resumo, a Assembleia Legislativa, através da Res. 482, de 16.07.2008, interpretando os termos das resoluções anteriores, reafirmou um valor como sendo o limite de pagamento de verbas de gabinete, pelo que nenhuma anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos Senhores Deputados Estaduais para fazer frente às suas despesas com atuação parlamentar; V — o Impugnante sempre realizou suas prestações de contas, depositandoas mensalmente na Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa Alagoana. Quanto às destinações dadas aos referidos recursos, recebidos no período objeto de fiscalização e que se referem aos pagamentos de despesas previstos no art. 1° da Resolução n. 392, de 1995, resta comprovado que todas essas despesas seguiram o discriminado no Regimento Interno da Casa Legislativa e obedeceram a Resolução; VI —apresenta valores ditos como recebidos, a titulo de verba de gabinete, e despendidos, reiterando o aspecto indenizatório dos mesmos. Por fim, colaciona aos autos diversos verbetes da jurisprudência administrativa sobre o tema, tentando justificar suas alegações defensórias, requerendo a improcedência do lançamento, em questão. A DRJ julgou a impugnação improcedente e manteve o lançamento em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FiSICA IRPF Anocalendário: 2007 Fl. 526DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 527 5 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS. As decisões administrativas não se constituem em normas gerais, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão. ONUS DA PROVA. FATO ALEGADO. Se o ônus da prova, por presunção legal, é de quem alegar o fato, cabe ao Contribuinte a prova de que houve a efetiva prestação de contas. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Seri efetuado lançamento de oficio no caso de omissão de rendimentos tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos na declaração de ajuste anual. VERBA DE GABINETE. INCIDÊNCIA TRIBUTARIA. REQUISITOS. Havendo norma prevendo seu pagamento, previsão de destinação na norma que a institui e prestação de contas, os rendimentos percebidos a titulo de verba de gabinete são verbas de caráter indenizatôrio. Ausente algum destes requisitos, impõese a incidência tributária. IMPOSTO SOBRE A RENDA. INCIDÊNCIA. A incidência do Imposto sobre a Renda independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Intimado aos 19/03/12 dessa decisão (fls. 330), o recorrente interpôs recurso voluntário aos 18/04/12 (fls. 334 ss.), no qual reproduz os mesmos os argumentos já trazidos em suas manifestações anteriores e anexou aos autos cópias dos documentos que alega terem sido apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas como prestação de contas dos valores recebidos a título de verba de gabinete. Não houve contrarrazões. É o relatório. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 528 6 Voto Conselheira Renata Toratti Cassini Relatora O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, pelo que dele conheço. Conforme relatado, por meio do auto de infração foram apuradas infrações consistentes em omissão de rendimentos recebidas de pessoa jurídica sem vínculo empregatício decorrentes de fatos geradores distintos, quais sejam: a) o recebimento de valores pelo recorrente a título de verba de gabinete sem a necessária prestação de contas, condição necessária para a caracterização da natureza dessa verba como indenizatória; e b) recebimento de valores a título de verba de gabinete acima do limite previsto, de modo que, ainda que houvessem sido objeto de prestação de contas, mesmo assim, seriam tributáveis em razão de terem sido pagos em valores superiores ao limite previsto nas normas de regência. Da natureza indenizatória da verba recebida da prestação de contas Em seu recurso voluntário, o recorrente alega, em síntese, que "não tem o que se discutir" quanto à natureza indenizatória da verba de gabinete. Para amparar seu argumento nesse sentido, cita trecho do Parecer PGFN nº 1.084, de 05/06/07 no qual consta que: "Dos julgados trazidos à baila, depreendese a tendência, sobretudo do Superior Tribunal de Justiça, em consolidar o entendimento de que verbas com destinação similar à "verba indenizatória do exercício parlamentar" como a "verba de gabinete", por exemplo, são verbas de caráter indenizatório e que, não implicando acréscimo patrimonial, estão fora da incidência do imposto de renda". Cita, também, julgados do então Conselho de Contribuintes e precedente do STJ (AgRg no REsp 1041436/ES) no mesmo sentido. No mais, afirma que prestou contas mês a mês em relação à verba de gabinete recebida, que os documentos foram analisados e a natureza das despesas e os ressarcimentos postulados foram aprovados. Afirma que sempre realizou suas prestações de contas, depositandoas mensalmente na Diretoria Financeira da Assembleia Legislativa de Alagoas, "as quais, por conseguinte, eram levadas ao conhecimento público oficial porque, mês a mês, eram lançadas no SIAFEM, conforme pode se extrair da Certidão emitida pelo Diretor Financeiro da Assembleia Legislativa...". Alega, ainda, ser "absolutamente despropositada e inaceitável a conclusão do Ilustre AuditorFiscal, para sustentar seu voto, na condição de Relator do processo de impugnação da DRJ/Recife, ao por em dúvida a Certidão emitida pela Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa, em que se atesta que o Recorrente entregou suas prestações de contas, afirmando em seu relatório, que "a referida certidão foi emitida em data posterior àquela da apreensão dos documentos pela Polícia Federal. Portanto, tornase inconsistente uma certidão, posterior à apreensão dos documentos, atestar a prestação de contas, com base nos arquivos da Diretoria Financeira, tendo em vista informação de que a documentação Fl. 528DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 529 7 encontrarseia de posse do Departamento de Polícia Federal, não constando sequer cópias para exame por pare da Secretaria da Receita Federal do Brasil.". Diz que a certidão em questão foi emitida justamente para auxiliar em sua defesa quando de sua autuação, que, a propósito, foi decorrência da ação policial por meio da qual se deu a apreensão daqueles documentos. Assim, conclui que a certidão somente poderia ter sido expedida após a apreensão. Por fim, procedeu à juntada aos autos dos documentos de fls. 359 e seguintes, que se trataria das cópias dos documentos apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas como prestação de contas dos valores recebidos a título de verba de gabineta no ano de 2007. Pois bem. Inicialmente, cumpre anotar que, como bem observado pelo r. auditor no Termo de Verfificação Fiscal, embora o menciondo Parecer PGFN n° 1084/2007 tenha, de fato, concluído que há uma tendência nos julgados do STJ no sentido de que verbas com destinação similar à "verba de gabinete" são verbas de caráter indenizatório e, não implicando acréscimo patrimonial, estão fora da incidência do imposto de renda, mencionado parecer também tratou dos requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete, quais sejam (i) a previsão de destinação na norma que institui a verba E (ii) a prestação de contas. Julgados do Conselho de Contribuintes citados pelo recorrente em seu recurso são, igualmente, nesse mesmo sentido, uma vez que concluem que valores recebidos sob a rubrica "verba de gabinete", sobre os quais devem ser prestadas contas, não se enquadram no conceito de renda. E nesse sentido, também, é o precedente do Superior Tribunal de Justiça apontado pelo recorrente (AgRg no REsp 1041436/ES). Com efeito, da análise da íntegra do julgado, fica claro que a não incidência do imposto de renda sobre a verba em questão depende da análise de sua natureza, se indenizatória ou não. O próprio precedente, aliás, faz referência, como suporte ao ali decidido, a outros julgados no mesmo sentido daquele próprio Tribunal Superior, dentre os quais citamos o julgado abaixo, qual seja REsp 842931/MG, rel. Min. LUIZ FUX, 1ª Turma, j. 24/10/06, DJ 20/11/06, p. 287): TRIBUTÁRIO. PARLAMENTARES. IMPOSTO DE RENDA. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INOCORRÊNCIA. VERBAS PERCEBIDAS A TÍTULO DE AJUDA DE CUSTO. NÃO INCIDÊNCIA DO IRRF. VERBAS INDENIZATÓRIAS DESTINADA A RESSARCIR DESPESAS DO GABINETE. 1. As verbas de gabinete recebidas pelos parlamentares, embora pagas de modo constante, não se incorporam aos seus subsídios. (Precedentes do STJ e do STF: Resp 689052/AL, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 06/06/2005; RE 204.143/RN, Rel. Min. Octávio Galloti, DJ 12/12/1997) 2. É que a incidência do imposto de renda sobre a verba intitulada "ajuda de custo" requer perquirir a natureza jurídica desta: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Fl. 529DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 530 8 3. In casu, a instância a quo, com ampla cognição fático probatória, assentou tratarse a verba de ajuda de custo percebida pelo parlamentar, destinada ao custeio de despesas com o gabinete, necessárias ao desempenho da atividade parlamentar, com nítida natureza indenizatória, sujeita, inclusive, à prestação de contas, o que se revela inconciliável com o quantum percebido a título salarial. (...) Desse modo, não há como negar que essas verbas não se revestem de cunho salarial ou remuneratório. Não correspondem, de fato, a qualquer contraprestação do serviço prestado pelo empregado. Não pode incidir sobre elas, portanto, o imposto de renda. (...)" 5. Inexiste ofensa ao art. 535, do CPC, quando o tribunal de origem pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Ademais, o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão. 6. Recurso especial desprovido. (Destacamos) Nessa linha, no presente caso, as normas disciplinadoras da verba de gabinete estabelecem a sua utilização em determinadas destinações, a prestação de contas e limite a ser indenizado, de modo que a falta de algum dos requisitos a descaracteriza como verba indenizatória. A disciplina relativa à indenização com despesa de gabinete parlamentar no Estado de Alagoas está prevista na Resolução da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas de nº 392/95, que dispõe: Art. 1º. Os Gabinetes dos Senhores Deputados serão matidos à conta de indenização das depesas de que trata o § 2º do art. 77, da Resolução nº 369 de 11 de janeiro de 1993, efetuada com material de expediente, passagens, assistência social e outras correlatas. Art. 2º. A indenização de que trata o artigo anterior será paga mensalmente e não pode exceder de R$ 10.000,00 (dez mil reais) cada pagamento. Art. 3º. Os Senhores Deputados, ao requerer ao 1º Secretário o pagamento da indenização, farão juntar ao pedido a prestação de contas do mês vencido. Parágrafo Único Os eventuais saldos existentes ao fim de cada Sessão legislativa deverao ser recolhidos ao Departamento Financeiro deste Poder até o dia 15 (quinze) do mês subsequente ao encerramento. (...). Fl. 530DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 531 9 O art. 77, § 2º da da Resolução nº 369 de 11 de janeiro de 1993, por sua vez, dispõe o seguinte: Art. 77. O subsídio, dividido em parte fixa e variável, e ajuda de custo, serão estabelecidos no fim de cada legislatura para a subsequente. (...) §2º Considerase ajuda de custo a compensação de despensas com transporte e indenização com despesa de gabinete parlamentar a outras imprescindìveis para o comparecimento à Sessão Legislativa Ordinária ou à Sessão decorrente de convocação extraordinária. O recorrente afirma que prestou contas em relação à verba de gabinete recebida, depositando mensalmente suas prestações de contas junto à Diretoria Financeira da Assembleia Legislativa de Alagoas, conforme determina a legislação, o que se poderia verificar da Certidão emitida pelo Diretor Financeiro daquele órgão público, reproduzida em seu recurso, a fls. 341. Acrescenta, ainda, que "para espancar qualquer dúvida que ainda se (sic) remanesça sobre a comprovação dos gastos de ação parlamentar do Recorrente", anexa aos autos "cópias dos documentos tempestivamente apresentados a (sic) Assembléia Legislativa, afastando de uma vez por todas as insinuações levadas a termo pela fiscalização no caso presente [de que] não teria havido a necessária prestação de contas" (fls. 359/519). Ocorre que a documentação anexada aos autos com o recurso voluntário demonstra exatamente o contrário do que pretende o recorrente. Com efeito, conforme se constata dos aludidos documentos, se houve prestação de contas, fato é que os respectivos processos, relativos aos meses de fevereiro a novembro de 2007, teriam dado entrada na Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas apenas aos 23/09/2009, ou seja, dois anos ou mais após os pagamentos terem sido realizados, contrariando o art. 3º da Resolução nº 392/05 e a própria afirmação do recorrente, no sentido de que prestava suas contas mês a mês, depositandoas mensalmente junto à Diretoria Financeira da Assembleia Legislaltiva de Alagoas. Ora, como é possível que prestasse suas contas mês a mês, depositandoas mensalmente junto à Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa de Alagoas, se os documentos juntados aos autos, que o recorrente afirma se tratar de "cópias dos documentos tempestivamente apresentados a (sic) Assembléia Legislativa", estão todos registrados com a mesma data de entrada naquele órgão público, qual seja 23 de setembro de 2009? Esse fato também põe em cheque a aludida Certidão reproduzida pelo recorrente em seu recurso a fls. 341, emitida pelo Diretor Financeiro da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, que abaixo também reproduzimos: Fl. 531DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 532 10 Notese que, conforme destacado em amarelo, acima, a Certidão em questão está datada de 21 de maio de 2009. No entanto, ela certifica fato que, como o recorrente demonstra com a documentação juntadada aos autos com o seu recurso voluntário, somente teria ocorrido após a sua emissão, posto que se, de fato, houve prestação de contas dos valores por ele recebidos a título de verba de gabinete no ano de 2007, os documentos correspondentes a essa prestação de contas somente foram entregues à Assembleia Legislativa de Alagoas no dia 23 de setembro de 2009. Assim, também por essa razão, a Certidão em questão se revela inconsistente, e toda a farta documentação constante dos autos demonstra que não houve prestação de contas no presente caso concreto como determinam as normas de regência da verba de gabinete ora questionada. Do limite de gastos da Verba de Gabinete O recorrente afirma que os valores recebidos a título de verba de gabinete sempre respeitaram os limites estabelecidos nas Resoluções da Assembleia Legislativa de Alagoas que disciplinam matéria. Nessa linha, esclarece que a Assembléia Legislativa, por meio da Resolução nº 482, de 16/07/08, "interpretando os termos das Resoluções nº 392/06 e nº 471/07, reafirmou o valor de R$ 39.100,00 como sendo o limite de pagamento para a verba de gabinete, pelo que nenhuma anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos Deputados Estaduais para fazer frente às suas despesas com atuação parlamentar". O art. 2º da Resolução 392/05, acima transcrito, previu o valor mensal da verba de gabinete em R$ 10.000,00, que seria o limite de cada pagamento. Posteriormente, como esclarece o Termo de Verificação Fiscal, resoluções que se seguiram atribuíram indexadores a esse valor de R$ 10.000,00, conforme abaixo: Fl. 532DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 533 11 a) a Resolução 428/2002 atribui um indexador de 52,20% sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução 392/95, a vigorar a partir de dezembro/01; b) a Resolução nº 462/06 atribuiu um multiplicador de 2,0 (dois inteiros) sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução nº 392/05, a vigorar a partir de dezembro/06; e c) a Resolução 471/07 atribuiu um multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noventa e um centésimos) sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução nº 392/05, a vigorar a partir de abril/07. De acordo com as normas em questão, os valoreslimite para o pagamento da verba de gabinete estão expressos no quadro abaixo: Finalmete, foi editada a Resolução 482/081, com objetivo de "interpretar" o art. 2º da Resolução 392/05 e o art. 1º da Resolução nº 471/07, determinando que a verba indenizatória criada pela Resolução nº 392/95, fixada em valor máximo de R$ 10.000,00 pelo art. 2°, sobre a qual foi atribuída o multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noventa e um centésimos) pela Resolução n° 471/07, compõe e se incorpora à sua própria base de cálculo, tendo como resultado R$ 39.100,00. Ou seja, a pretexto de "interpretar" as resoluções nºs 392/05 e 471/07, o que fez a Resolução nº 482/08, na verdade, foi criar norma nova, alterando o limite máximo para a verba de gabinete dos parlamentares estaduais, ao estabelecer que os valores máximos a serem ressarcidos aos parlamentares do Estado de Alagoas seriam aqueles resultantes da multiplicação de determinado índice (2,91) pelo valor da verba, adicionadose esse resultado ao valor inicial da própria verba ("compõe e se incorpora à sua própria base de cálculo"). Como bem observado pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (fls. 102), "é sabido que as normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem invação no ordenamento" (Destacamos). 1 Art 1° A verba indenizatória, criada pela Resolução no 392, de 19/06/1995, fixáda em valor máximo de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pelo art. 2° daquele diploma normativo, sobre a qual foi atribuida o multiplicador de 2,91 (dois inteiros e noven a e hum) pela resolução n.° 471, de 24/04/07, que compõe e se incorpora a sua base cálculo, têm como resultado o montante inicial mais o seu multiplicador, totalizando em R$ 39.100,00 (trinta e nove mil e cem reais). Parágrafo único Para os fins de encontrar o valor total da verba indenizatória tomase como base a seguinte fórmula: VTVBI = Vo + V1 x Vo, onde: VTVBI valor total da verba indenizatória procurada. Vo verba indenizatória inicial fixada pelo art. 2° da Resolução n° 392/1995. V1 coeficiente multiplicador da verba inderiizatória atribuido pela Resolução n° 471/2007 Art.2° Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação. Fl. 533DF CARF MF Processo nº 14751.002246/200984 Acórdão n.º 2402007.272 S2C4T2 Fl. 534 12 Portanto, a Resolução nº 482, de 16 de julho de 2008, supostamente interpretativa, mas que, na verdade, introduziu no ordenamento jurídico direito novo, não pode ser fundamento para aferição do limite do valor recebido pelos parlamentares do Estado de Alagoas pelo recorrente, inclusive a título de verba de gabinete no ano de 2007. Desse modo, considerando os valoreslimite para o pagamento da verba de gabinete constantes do quadro acima, elaborado nos termos das Resoluções nº 392/95, 428/02, 462/06 e 471/07, e que a Fiscalização apurou o excesso recebido pelo recorrente no período autuado, conforme quadro constante do Termo de Verificação Fiscal a fls. 105, abaixo reproduzido, não tem razão o recorrente em sua irresignação. Conclusão Por todo o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Fl. 534DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.908397/2006-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.755
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10880.908397/2006-79
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6035885
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-000.755
nome_arquivo_s : Decisao_10880908397200679.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RENATA TORATTI CASSINI
nome_arquivo_pdf_s : 10880908397200679_6035885.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Denny Medeiros da Silveira - Presidente Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
dt_sessao_tdt : Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
id : 7827812
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:27 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052120490442752
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1786; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 1.078 1 1.077 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.908397/200679 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2402000.755 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 07 de junho de 2019 Assunto SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA Recorrente CIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO SABESP Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Denny Medeiros da Silveira Presidente Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. Relatório Por bem descrever os fatos até a decisão de primeira instância, adoto relatório da decisão recorrida, que transcrevo abaixo: Tratase da Manifestação de Inconformidade, de fls. 8/16, apresentada contra o Despacho Decisório Eletrônico de fls. 6, da DERAT/SPO, que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP 04482.00280.050603.1.3.040961, para extinguir o débito de IRRF, código 57061, apurado na la semana de maio de 2003, no montante de RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 08 39 7/ 20 06 -7 9 Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.079 2 R$ 1.326.629,23, com crédito decorrente do pagamento indevido no valor de R$ 1.109.129,03, realizado por meio de DARF pago em 30/04/2002, que teria sido recolhido indevidamente. O motivo da não homologação, conforme despacho de fls. 06, é que teriam sido localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação da totalidade dos débitos informados no PER/DCOMP. A conclusão do despacho decisório foi assim apresentada: Diante as inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada. Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 31/01/2008. Cientificado, em 08/02/2008, por via postal, conforme doc. de fls. 07, o contribuinte apresentou, em 10/03/2008, a Manifestação de Inconformidade de fls. 08/16, acompanhada dos documentos de fls. 17/152, com as seguintes alegações: teria recolhido o DARF, código de receita 5706 (IRRF — Juros Sobre o Capital Próprio), cujo principal foi R$ 4.599.938,78 e multa de R$ 303.595,95, totalizando R$ 4.903.534,73, e o reconhecimento contábil do recolhimento do tributo, teria sido realizado pelo regime de competência, em 31/03/2002 (Anexo 03). findos os prazos indicados para que os acionistas comprovassem sua eventual condição de isenção/imunidade, tal como o 'Aviso aos Acionistas" teria feito previsão em seu item II, teria apurado o valor efetivo, a titulo de IRRF devido, seria de R$ 3.167.385,42, conforme relatório pormenorizado de acionistas que acompanha a presente (Anexo 04). teriam ocorrido erros materiais no preenchimento do DARF (Anexo 06), no período de apuração que em vez de 06/04/2002, seria 31/03/2002. A evidência do erro pode ser constatada cotejandose o citado documento com a escrituração contábil da recorrente, vez que, conforme já anunciamos, tal lançamento foi atribuído à 31 de março de 2002 (, nexo;03). Este erro não causou qualquer prejuízo para a arrecadação. teriam ocorrido duas impropriedades em relação a DCTF do período: o crédito foi declarado na DCTF do 2° trimestre e o correto seria no 1° trimestre de 2002, esta falha teve vincula ção inequívoca Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.080 3 com o erro cometido no preenchimento do campo "Período de Apuração" do DARF. e a outra falha formal seria a ausência da retificação da DCTF, para indicar o correto débito de IRRF sobre os JSCP do período que teria passado do valor de R$ 4.599.938,78 para 3.167.385,42. o recolhimento teria sido no montante de R$ 4.599.938,78 (principal), devendo ser o saldo remanescente em seu favor de R$ 1.432.553,36, referente ao tributo e de R$ 94.548,52 de multa a devolver proporcionalmente, perfazendo um crédito a ser restituído/compensado de R$ 1.527.101,88 ern valores históricos. apresentou o Per/Dcomp sob análise para guitar o débito no montante de R$ 1.326.629,23, código de receita 5706, com período de apuração l a sem/maio/2003, com vencimento em 07/05/2003, aproveitando o equivalente a R$ 1.109.129,03 de seu indébito. na página 2 do Per/Dcomp (Anexo 5) verificase que foi indicado no campo "Valor Original do Crédito Inicial", o valor de R$ 1.109.129,03, e o valor correto que deveria ter sido indicado seria R$ 1.527.101,88. ainda tratandose da Per/Dcomp, em especial a folha 3, vez que o Período de Apuração contido no DARF utilizado para recolhimento do IRRF sobre os JSCP demonstrouse errôneo, merece reparo a linha "Período de Apuração", para fazer constar, corretamente, a data de 31/03/2002. as irregularidades formais não poderiam se sobrepor à realidade fática, corroborada por documentos idôneos e capazes de demonstrar inequivocamente o direito creditório da Recorrente. A DRJ julgou a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo recorrente improcedente e manteve a não homologação da compensação, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Ano calendário: 2003 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO. COMPENSAÇÃO. Não comprovada a ocorrência de PAGAMENTO INDEVIDO, indeferese o pedido de restituição, com a conseqüente não homologação da compensação vinculada ao crédito indeferido. O crédito usado em compensação há que ser revestido de liquidez e certeza na data da transmissão da PERDCOMP. Solicitação Indeferida Intimado dessa decisão aos 01/09/09 (fls. 165), o recorrente apresentou recurso voluntário aos 01/10/09 (fls. 204/217), alegando, em síntese: a homologação das compensações é ato vinculado que cabe à autoridade administrativa que se depara com a satisfação de todas as exigências impostas pela lei para que o crédito seja considerado extinto, dentre as quais está a existência e suficiência do crédito invocado pelo contribuinte; é dever de ofício da autoridade fiscal aferir se há correspondência entre aquilo que está demonstrado documentalmente por meio das informações constantes dos deveres Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.081 4 instrumentais e as demais provas juntadas aos autos em obdiência ao princípio da verdade material que rege o processo administrativo fiscal, sob pena de exigência de tributo consubstanciado em fato gerador inexistente. Cita julgados deste Tribunal no sentido da necessidade de valoração dos fatos em detrimento da forma; a autoridade julgadora de primeira instância sequer considerou que as informações contidas no DARF, DCTF e na própria PER/DCOMP refletiam ou poderiam refletir a verdade fática da situação, julgando improcedente o pedido do recorrente ao argumento de que "... uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo", escusandose da análise das provas carreadas aos autos do processo administrativo, o que torna nulo o acórdão recorrido; ofereceu ao julgador a quo prova documental que permitia facilmente a identificação nominal de cada um dos seus acionistas beneficiários do JCP, detalhando o tratamento tributário dispensado a cada um deles (imune, isento ou tributado), os respectivos valores bruto e líquido, montante do imposto retido, bem como os números de inscrição no cadastro do MF (CNPJ e CPF), sendo que os valores indicados estão amparados pelos lançamentos contábeis do imposto pago e do valor a ser recuperado constantes do Livro Diário do recorrente, também anexado aos autos; a ausência de retenção do imposto relativamente aos beneficiários caracterizados como "fundo de investimento em ações" decorre de disposição expressa de lei, qual seja o art. 28, § 10, "b" da Lei nº 9532/97; não obstante os fatos narrados, procede à juntada aos autos de extratos de consultas dos CNPJ's dos seus acionistas obtidas no sítio da Receita Federal do Brasil na rede mundial de computadores, que demonstram que todos os acionistas tratados como isentos ou imunes apresentam "Código e Descrição da Atividade Econômica Principal" compatível com esse tratamento que lhes foi dispensado (fls. 256/1080); e, por fim, ausência de responsabilidade da fonte pagadora após consumado o período de apuração do imposto de renda e da entrega das respectivas declarações pelos beneficiários uma vez que a responsabilidade da fonte pagadora se exaure no exato momento em que o beneficiário do pagamento deve apresentar sua declaração de rendimentos. A partir de então, eventual responsabilidade acerca do imposto devido passa a ser do beneficiário do rendimento. Não houve contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Renata Toratti Cassini Relatora O recurso voluntário é tempestivo e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido. O recorrente apresentou PER/DComp visando ao aproveitamento de excesso de recolhimentos de IRRF sobre o pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio relativamente ao Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.082 5 primeiro trimestre de 2002 (1T02) para quitação de débito de tributo da mesma espécie (IRRF Juros Sobre Capital Próprio) da competência da 1ª semana de maio de 2003. O despacho decisório, fundado nas informações da DCTF e do PER/Dcomp, entendeu que os valores recolhidos a título de IRRF sobre JCP relativamente ao 1T02 teriam sido integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos pretendidos, acarretando a não homologação da compensação declarada. Em sua manifestação de inconformidade, o recorrente defendeu a necessidade do despacho decisório ser reformado em razão de terem sido apurados vícios formais no preenchimento do documento de arrecadação (DARF), na DCTF e na própria PER/Dcomp. O acórdão recorrido, por sua vez, mesmo à vista das informações quanto aos erros de fato cometidos pelo recorrente no preenchimento da DCOMP, houve por bem manter a decisão que não homologou a compensação ao argumento de que "pesa sobre o contribuinte a exatidão dos valores informados, visto que, uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do seu conteúdo", pelo que "o alegado erro de preenchimento da DCOMP não pode ser admitido, eis que, a retificação do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados o que não é permitido pela legislação". Ademais, acrescentou que: "no tocante ao mérito do indébito, em razão do que alguns acionistas seriam isentos e imunes ao IR, tais como o Governo do Estado de São Paulo, à época detinha quase 70% do capital da Recorrente, e que as Prefeituras Municipais e Entidades de Previdência Complementar também integravam seu quadro acionário e que não eram passíveis de tributação pelo IRRF. Corrobora sua alegação com a apresentação do relatório pormenorizado de acionistas (anexo 04) onde constaria o total de IRRF devido. Ocorre, entretanto, que na referida lista constam vários acionistas, entre eles, por exemplo, em fls. 130, a empresa" LW FUNDO DE INVESTIMENTOS EM AÇÕES", para o qual não foi colacionado aos autos a razão de o contribuinte considerálo imune ou isento ao IRRF sobre os JSCP". Prossegue argumentando que não foram juntados aos autos documentos que comprovassem a efetiva condição de isentos ou imunes dos acionistas assim qualificados pela recorrente. De fato, conforme reconhece o próprio recorrente, por ocasião dos lavantamentos promovidos em face da não homologação da compensação, constatouse a ocorrência de erros materiais no preenchimento do DARF que deram origem ao recolhimento a maior, da DCTF e, também, da DCOMP. A decisão recorrida, como dito, entendeu que o alegado erro de preenchimento da DCOMP não pode ser admitido, uma vez que a retificação do crédito tem a mesma natureza de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados, o que não é permitido pela legislação. Ademais, embora reconheça que o recorrente apresentou relatório pormenorizado Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.083 6 de acionistas no qual constaria o total de IRRF devido e, de fato, haja previsão legal expressa no art. 28, § 10, "b", da Lei nº 9.532/971 da não incidência de IRRF sobre JCP recebidos por fudos de investimentos, entendeu que tais dados não eram suficientes para comprovar a condição de isenção/imunidade dos acionistas do recorrente, e que não foram colacionados aos autos os referidos documentos, que comprovassem a efetiva condição de isentos e imunes daqueles acionistas". Dispõe o art. 56 da IN/RFB nº 460/04 que após a emissão do Despacho Decisório, não é mais possível que o contribuinte proceda à retificação da DCOMP. Todavia, no que diz respeito à possibilidade de erro ou retificação da DCOMP, adoto o posicionamento da Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto (1ª Seção, 3ª Câmara, 1ª Turma Ordinária) proferido recentemente nos autos do processo nº 13005.901308/200912, segundo o qual "o erro de preenchimento de Dcomp não possui o condão de gerar um impasse insuperável, uma situação em que o contribuinte não pode apresentar uma nova declaração, não pode retificar a declaração original, e nem pode ter o erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal interpretação estabelecer uma preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal, além de permitir um indevido enriquecimento ilícito por parte do Estado, ao auferir receita não prevista em lei"2 (Destacamos). Essa decisão serviu de paradigma para o julgamento de diversos outros recursos neste Tribunal na sistemática dos recursos repetitivos, prevista no art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015, dentre os quais cito o Acórdão de nº 1301003.441, do qual transcrevo os seguintes trechos, para que integrem o presente voto como razões de decidir: (...) Segundo o Despacho Decisório, todo o DARF relacionado estava alocado para um débito, de tal forma que não restou nenhum crédito disponível a ser compensado, não homologando a compensação pleiteada. De igual forma entendeu o acórdão recorrido, que na data da transmissão da Perdcomp, o crédito não se encontrava líquido e certo, bem como faltou ao recorrente trazer a prova do indébito tributário. (...) O ponto aqui é que a PerdComp apresentada pelo contribuinte contém erro material, e tal fato, por si só não pode embasar a negação ao seu direito de crédito, bem como leva ao enriquecimento ilícito do Estado. Dessa forma, este Colegiado tem tido o entendimento de se reconhecer parte do requerido pelo recorrente, no sentido de não lhe suprimir instâncias de julgamento, e oportunizar que documentos sejam 1 Art. 28 (...) § 10. Ficam isentos do imposto de renda: (...) b) os juros de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, recebidos pelos fundos de investimento. 2 Acórdão nº 1301003.432 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10880.908397/200679 Resolução nº 2402000.755 S2C4T2 Fl. 1.084 7 analisados a fim de analisar o efetivo erro e consequentemente seu direito de crédito. Assim, tendo em vista o princípio da busca da verdade material, já que juntou documentos, ainda que em sede recursal, daquilo que faria jus ao seu direito, voto no sentido de se afastar o óbice de retificação da PerdComp apresentada. E dessa forma, a unidade de origem poderá verificar o mérito do pedido, acerca da existência do crédito e da respectiva compensação, bem como analisar a liquidez e certeza do referido crédito, nos termos do art. 170, do CTN. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. (Destacamos) Contudo, para fins de homologação da DCOMP, necessária a apreciação do direito creditório do recorrente. Neste ponto, entendo não ser possível homologar, neste momento, a compensação declarada pelo recorrente, uma vez que isso implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Desse modo, considerando a possibilidade de apreciação e correção do erro material no preenchimento do PER/DComp e os demais documentos relacionados (DARF e DCTF) por parte do recorrente, entendo que os presentes autos devem retornar à Unidade de Origem para que analise o mérito do pedido do recorrente e emita despacho decisório complementar, seguindose, a partir de então, o rito processual de praxe. É como voto. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Fl. 1084DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10820.003730/2008-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006
DECADÊNCIA.
Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado.
DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.
O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos.
DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento.
DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS.
A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação.
Numero da decisão: 2402-007.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no ano-calendário de 2002.
(documento assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira- Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Paulo Sergio da Silva - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado).
Nome do relator: PAULO SERGIO DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 DECADÊNCIA. Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos. DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento. DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS. A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10820.003730/2008-28
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6024297
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.285
nome_arquivo_s : Decisao_10820003730200828.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO SERGIO DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10820003730200828_6024297.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no ano-calendário de 2002. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira- Presidente. (documento assinado digitalmente) Paulo Sergio da Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado).
dt_sessao_tdt : Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
id : 7800492
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:11 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052120948670464
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1839; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 160 1 159 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10820.003730/200828 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402007.285 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 7 de junho de 2019 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA Recorrente ROMOALDO PUNHALI MASSEROTTO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 DECADÊNCIA. Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos. DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento. DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS. A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no anocalendário de 2002. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 37 30 /2 00 8- 28 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 161 2 (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente. (documento assinado digitalmente) Paulo Sergio da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado). Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 146) pelo qual o recorrente se indispõe contra decisão em que a autoridade de piso considerou improcedente impugnação apresentada contra lançamento de IRPF, no valor de R$ 20.955,97 (acrescidos de juros e multa), incidentes sobre rendimento omitidos de trabalho com vínculo empregatício, glosa de dedução indevida de dependentes, glosa de dedução indevida de pensão judicial, glosa de dedução indevida de despesas médicas, declaradas nas DIRPF dos exercícios de 2003 a 2007. Consta da decisão recorrida (131) o seguinte resumo dos fatos verificados até aquele momento processual: Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 162 3 Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 163 4 Ao analisar o caso, em 12.11.2008, entendendo a autoridade de piso que: i) o próprio contribuinte reconheceu a procedência da glosa da despesa declarada em relação à Olga Punhali Masserotto e da glosa da despesa com plano de saúde UNIMED com seu pai; ii) o crédito lançado não foi atingido pela decadência; iii) foi correta a glosa da despesa com pensão judicial; e iv) foi correta a glosa de dedução das despesas médicas; decidiu pela improcedente da impugnação apresentada. Irresignado, o contribuinte apresentou recurso voluntário, reforçando os argumentos da impugnação, para pedir o cancelamento do auto de infração. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio da Silva, Relator. Da admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos legais para sua admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Sobre as alegações do contribuinte Tratase de recurso meramente procrastinatório, onde o contribuinte apenas reitera as alegações da impugnação, sem trazer qualquer comprovante ou justificativa para afastar os fatos apontados pela auditoria. Da decadência Especificamente sobre a alegação de decadência do direito de o fisco lançar os fatos ocorridos no ano de 2002, devese observar que um dos critérios para a determinação da regra contagem do prazo decadencial aplicável é a existência ou não de dolo de fraude ou simulação na conduta do contribuinte. Caso existente esse dolo, deve ser aplicada a contagem decadencial prevista no art. 173, I, do CTN, conforme entendimento do STJ, em sede de recursos repetitivos: Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 164 5 No caso concreto, consta dos autos que o contribuinte atuou com dolo de fraude (tanto é que a multa de ofício, nesse período, foi com a qualificadora), dessa forma, a contagem do prazo decadencial aplicável ao caso é a prevista no art. 173,I, do Código Tributário Nacional, isto é, a partir do primeiro dia do ano seguinte ao que o lançamento poderia ter sido realizado. Assim, considerando que o fato gerador do IRPF é complexivo, somente se completando ao fim de cada anocalendário, e considerando, ainda, que eventual lançamento de obrigação devida pelo contribuinte somente poderia ser realizada após esgotado o prazo de apresentação da declaração de ajuste anual (em 30 de abril do ano seguinte), temse que a contagem decadencial referente a esse fato gerador (ocorrido em 31.12.2002) teve início apenas em 01.01.2004 e terminaria em 31.12.20018, não fosse a constituição do crédito, referente a esse período, ter ocorrido em 25.07.2008, afastando a possibilidade de decadência do direito creditório. Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 165 6 Assim, entendese que nenhuma parte do crédito discutido foi atingido pela decadência. Quanto à glosa do pagamento de pensão alimentícia Aduz o contribuinte, também, que pagou fora da folha de pagamento pensão alimentícia referente ao período de 02.2003 a 06.2003 e que, por isso, deve ser excluída a glosa referente a tais valores, pois foram efetivamente pagos. No entanto, o contribuinte não apresenta qualquer prova que demonstre tal pagamento, devendo, em razão disso, ser rejeitada tal alegação. Quanto à glosa das despesas médicas Quanto à glosa das médicas, por entender que deve ser adotado no presente voto o mesmo juízo aplicado pela autoridade de piso, nos termos do art. 57, § 3º, Anexo II, do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9/6/15, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 4/6/17, colacionase excerto daquela decisão, tratando da matéria: Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 166 7 Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10820.003730/200828 Acórdão n.º 2402007.285 S2C4T2 Fl. 167 8 Especificamente em relação ao comprovante que o contribuinte diz possuir e estar aguardando "solicitação" do fisco para juntálo aos autos, analisada a impugnação, verificase que o recorrente informou que já detinha tal documento à época da apresentação daquela defesa, portanto, com fulcro no art. 16, §4º, do decreto 70235/72, entendese que precluiu o direito de o recorrente fazer tal demonstração. Conclusão Posto isso, voto por CONHECER do recurso voluntário e NEGARLHE PROVIMENTO, mantendo o crédito discutido. Assinado digitalmente Paulo Sergio da Silva – Relator Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.000192/2008-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências, negar provimento ao recurso da Zurich Minas Brasil Seguros S/A quanto ao mérito e dar provimento aos recursos interpostos pelas Contribuintes solidárias. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Relatório
A fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrou a seguinte NFLD em face do sujeito passivo:
(a) NFLD 37.123.819-6, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do art. 22 da Lei 8212/91, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros ou resultados - PLR.
De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente, tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade.
Os valores consolidados na NFLD referem-se aos seguintes levantamentos:
(1) Participação nos lucros - empregados;
(2) Participação nos lucros - diretores estatutários e conselheiros;
(3) Participação nos lucros - estabelecimentos encerrados - empregados.
Quanto aos planos dos empregados, afirmou-se que:
vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro e agosto;
não há planos de metas;
não há qualquer previsão de mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado;
os pagamentos não observaram a legislação específica.
Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmou-se que:
independente de previsão nos planos, eles receberam valores a título de PLR.
Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração:
Afirmou-se, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A:
A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil Seguradora Vida e Previdência apresentaram impugnação tempestiva, cujos fundamentos são basicamente os mesmos dos recursos voluntários.
A DRJ, contudo, julgou as impugnações improcedentes, em decisão assim ementada:
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO.
Entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades, Lei 8.212/91, art. 28, inciso I.
A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei especifica, integra o salário de contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'.
Para o contribuinte individual, entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28, inciso III.
0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao principio da estrita legalidade.
As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX.
Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009.
A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e, no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorando-se nos seguintes argumentos:
decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN;
os valores pagos a título de PLR não têm natureza remuneratória, por força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF;
a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional;
a lei não exige a estipulação de metas;
a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o caráter não remuneratório da PLR;
a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional;
quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º, da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração;
sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II e III, da Lei 8212/91 deve ser cancelada, pois foi revogada pela Lei 11.941/09.
As demais contribuintes solidárias basicamente refutaram a existência de solidariedade, argumentando que:
não estão configuradas nenhuma das hipóteses previstas no art. 124 do CTN;
a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal;
é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar.
Em sessão realizada em 6 de março de 2018, o julgamento do feito foi convertido em diligência, tendo em vista que:
É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido, a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal.
Portanto, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, para que o CARF ou a unidade de origem juntem aos autos os documentos que porventura demonstrem que as empresas solidárias tenham sofrido o lançamento ora discutido, tais como notificações, ofícios, etc.
A unidade de origem, em Belo Horizonte, prestou informações, nas quais esclareceu que as empresas integrantes do grupo econômico realmente foram oficiadas por ocasião da lavratura da NFLD (fls. 1407/1408 do e-Processo). Os ofícios anexados em cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e seguintes do e-Processo).
Sem contrarrazões.
É o relatório.
Voto vencido
Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
Conhecimento
Os recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos.
A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria suscitada na ação judicial. No mandado de segurança, a contribuinte discute a legalidade do adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam outros aspectos relacionados ao lançamento, mais precisamente a legalidade da PLR, a insubsistência da multa de mora aplicada e a inexistência de solidariedade das empresas integrantes do grupo econômico.
Lembre-se que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de observância obrigatória pelos conselheiros, é cabível a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que a não apreciação da matéria estranha à lide judicial implica cerceamento do direito de defesa do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa, em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro mencionada.
Recurso voluntário da Zurich Minas Brasil Seguros SA (Companhia de Seguros Minas Brasil)
Decadência
O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização.
Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I.
Expirado o prazo, considera-se realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial.
E caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99:
Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia:
PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE.
1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005).
2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210).
3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199).
5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001.
6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo.
7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.
(REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacou-se)
Neste caso concreto, é inconteste que a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, seja porque o presente lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de 2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de fl. 112 do e-Processo, no campo "informação complementares", demonstra que o fiscal examinou as guias de recolhimento da Previdência Social - GPS. É aplicável, portanto, o prazo previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado.
Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2 do e-Processo), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, devendo ser acolhida a alegação de decadência.
Inconstitucionalidades
A respeito das alegações de inconstitucionalidades abaixo reproduzidas, cabe lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme prevê a sua Súmula 2:
(a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional;
(b) a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional.
A verificação de que a norma seria inconstitucional exacerbaria a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negando-se provimento ao recurso neste particular, devendo-se, ainda, ser reproduzido o verbete sumular acima citado:
Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Legalidade da PLR
Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido.
A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;
Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA.
No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva.
Já o § 1º do art 2º supra mencionado preleciona que dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo.
Neste caso concreto, contudo, os instrumentos decorrentes da negociação não têm quaisquer regras substantivas, muitos menos adjetivas, que pudessem permitir que os empregados da recorrente aferissem as informações dos planos. Como admitido pela contribuinte, e como se vê no relatório fiscal, os planos falam apenas no percentual da participação dos empregados, conforme o lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação.
Vale lembrar que um dos objetivos da Lei é incrementar a produtividade dos trabalhadores, objetivo este comprometido pela falta de delimitação das regras que deveriam ser cumpridas.
Neste Conselho, é consenso que os planos devem conter regras claras e objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes:
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO.
Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento da participação nos lucros ou resultados possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Quando o instrumento de negociação coletiva prevê que os planos de metas e resultados serão elaborados posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária.
(CARF, acórdão 2401-005.733, de 12/09/2018)
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DEFINIÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS.
A participação nos lucros ou resultados da sociedade concedida pela empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial.Compete aos empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendem aos seus anseios, desde que sejam regras claras e objetivas.
(CARF, acórdão 2301-005.532, de 08/08/2018)
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS - PLR.
Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros;A legislação regulamentadora da PLR não veda que a negociação quanto a distribuição do lucro, seja concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido.
(CARF, acórdão 2202-004.815, de 02/10/2018)
PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE METAS E CRITÉRIOS. INEXISTÊNCIA DE PACTO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.
A ausência de fixação prévia de metas e critérios (pacto prévio) caracteriza inexistência de regras claras e objetivas previamente ao início do período aquisitivo ao recebimento de PLR, decorrendo o descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte, a incidência de contribuição previdenciária.
(CARF, acórdão 2402-006.978, de 13/02/2019)
Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401-005.733:
Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação nos lucros ou resultados devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º, da Lei nº 10.101, de 2000:
[...]
Os critérios e as condições têm que estar expressamente consignados no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do seu detalhamento em documentação apartada, como mecanismo para viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as regras gerais.
Logo, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, pois o descumprimento do disposto no art. 2º, § 1º, da Lei 10101/00, viabiliza a incidência das contribuições lançadas pela fiscalização, sendo até mesmo desnecessário analisar a questão relativa à periodicidade dos pagamentos.
Inexigibilidade da multa de mora
A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119, de observância obrigatória por parte dos conselheiros, nos termos do art. 45, inc. VI, do Regimento Interno deste Conselho:
Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.
No caso concreto, houve o descumprimento de obrigação principal (NFLD 37.123.819-6) e acessória (AI 37.123.820-0), de tal forma que a aplicação do princípio da retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.
Recurso das empresas solidárias
As contribuintes solidárias basicamente entendem que a autoridade fiscal não comprovou o interesse comum deles no fato gerador realizado pela Zurich Minas Brasil Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91.
Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídico-tributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa.
A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colaciona-se, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido:
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.
1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009).
[...]
(AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015)
................................................................................................
PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ.
[...]
4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação.
[...]
(AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013)
.........................................................................................................
(i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011.
Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.
Não tendo havido demonstração de que todas as pessoas jurídicas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador da obrigação principal, deve ser afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes.
Conclusão
Diante do exposto, voto no sentido de: (a) conhecer do recurso voluntário interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negar-lhe provimento; (b) conhecer e dar provimento aos recursos voluntários interpostos pelas contribuintes solidárias.
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci
Voto vencedor
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
camara_s : Quarta Câmara
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 15504.000192/2008-16
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6020289
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-000.750
nome_arquivo_s : Decisao_15504000192200816.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 15504000192200816_6020289.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
dt_sessao_tdt : Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
id : 7780840
ano_sessao_s : 2019
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências, negar provimento ao recurso da Zurich Minas Brasil Seguros S/A quanto ao mérito e dar provimento aos recursos interpostos pelas Contribuintes solidárias. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório A fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrou a seguinte NFLD em face do sujeito passivo: (a) NFLD 37.123.819-6, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do art. 22 da Lei 8212/91, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros ou resultados - PLR. De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente, tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade. Os valores consolidados na NFLD referem-se aos seguintes levantamentos: (1) Participação nos lucros - empregados; (2) Participação nos lucros - diretores estatutários e conselheiros; (3) Participação nos lucros - estabelecimentos encerrados - empregados. Quanto aos planos dos empregados, afirmou-se que: vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro e agosto; não há planos de metas; não há qualquer previsão de mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado; os pagamentos não observaram a legislação específica. Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmou-se que: independente de previsão nos planos, eles receberam valores a título de PLR. Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração: Afirmou-se, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A: A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil Seguradora Vida e Previdência apresentaram impugnação tempestiva, cujos fundamentos são basicamente os mesmos dos recursos voluntários. A DRJ, contudo, julgou as impugnações improcedentes, em decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. Entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades, Lei 8.212/91, art. 28, inciso I. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei especifica, integra o salário de contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'. Para o contribuinte individual, entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28, inciso III. 0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao principio da estrita legalidade. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX. Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009. A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e, no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorando-se nos seguintes argumentos: decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN; os valores pagos a título de PLR não têm natureza remuneratória, por força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF; a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; a lei não exige a estipulação de metas; a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o caráter não remuneratório da PLR; a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional; quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º, da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração; sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II e III, da Lei 8212/91 deve ser cancelada, pois foi revogada pela Lei 11.941/09. As demais contribuintes solidárias basicamente refutaram a existência de solidariedade, argumentando que: não estão configuradas nenhuma das hipóteses previstas no art. 124 do CTN; a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal; é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar. Em sessão realizada em 6 de março de 2018, o julgamento do feito foi convertido em diligência, tendo em vista que: É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido, a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal. Portanto, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, para que o CARF ou a unidade de origem juntem aos autos os documentos que porventura demonstrem que as empresas solidárias tenham sofrido o lançamento ora discutido, tais como notificações, ofícios, etc. A unidade de origem, em Belo Horizonte, prestou informações, nas quais esclareceu que as empresas integrantes do grupo econômico realmente foram oficiadas por ocasião da lavratura da NFLD (fls. 1407/1408 do e-Processo). Os ofícios anexados em cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e seguintes do e-Processo). Sem contrarrazões. É o relatório. Voto vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Conhecimento Os recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos. A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria suscitada na ação judicial. No mandado de segurança, a contribuinte discute a legalidade do adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam outros aspectos relacionados ao lançamento, mais precisamente a legalidade da PLR, a insubsistência da multa de mora aplicada e a inexistência de solidariedade das empresas integrantes do grupo econômico. Lembre-se que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de observância obrigatória pelos conselheiros, é cabível a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que a não apreciação da matéria estranha à lide judicial implica cerceamento do direito de defesa do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa, em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro mencionada. Recurso voluntário da Zurich Minas Brasil Seguros SA (Companhia de Seguros Minas Brasil) Decadência O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considera-se realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. E caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacou-se) Neste caso concreto, é inconteste que a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, seja porque o presente lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de 2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de fl. 112 do e-Processo, no campo "informação complementares", demonstra que o fiscal examinou as guias de recolhimento da Previdência Social - GPS. É aplicável, portanto, o prazo previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado. Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2 do e-Processo), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, devendo ser acolhida a alegação de decadência. Inconstitucionalidades A respeito das alegações de inconstitucionalidades abaixo reproduzidas, cabe lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme prevê a sua Súmula 2: (a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; (b) a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional. A verificação de que a norma seria inconstitucional exacerbaria a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negando-se provimento ao recurso neste particular, devendo-se, ainda, ser reproduzido o verbete sumular acima citado: Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Legalidade da PLR Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva. Já o § 1º do art 2º supra mencionado preleciona que dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Neste caso concreto, contudo, os instrumentos decorrentes da negociação não têm quaisquer regras substantivas, muitos menos adjetivas, que pudessem permitir que os empregados da recorrente aferissem as informações dos planos. Como admitido pela contribuinte, e como se vê no relatório fiscal, os planos falam apenas no percentual da participação dos empregados, conforme o lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação. Vale lembrar que um dos objetivos da Lei é incrementar a produtividade dos trabalhadores, objetivo este comprometido pela falta de delimitação das regras que deveriam ser cumpridas. Neste Conselho, é consenso que os planos devem conter regras claras e objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO. Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento da participação nos lucros ou resultados possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Quando o instrumento de negociação coletiva prevê que os planos de metas e resultados serão elaborados posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2401-005.733, de 12/09/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DEFINIÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. A participação nos lucros ou resultados da sociedade concedida pela empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial.Compete aos empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendem aos seus anseios, desde que sejam regras claras e objetivas. (CARF, acórdão 2301-005.532, de 08/08/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS - PLR. Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros;A legislação regulamentadora da PLR não veda que a negociação quanto a distribuição do lucro, seja concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido. (CARF, acórdão 2202-004.815, de 02/10/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE METAS E CRITÉRIOS. INEXISTÊNCIA DE PACTO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. A ausência de fixação prévia de metas e critérios (pacto prévio) caracteriza inexistência de regras claras e objetivas previamente ao início do período aquisitivo ao recebimento de PLR, decorrendo o descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte, a incidência de contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2402-006.978, de 13/02/2019) Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401-005.733: Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação nos lucros ou resultados devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º, da Lei nº 10.101, de 2000: [...] Os critérios e as condições têm que estar expressamente consignados no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do seu detalhamento em documentação apartada, como mecanismo para viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as regras gerais. Logo, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, pois o descumprimento do disposto no art. 2º, § 1º, da Lei 10101/00, viabiliza a incidência das contribuições lançadas pela fiscalização, sendo até mesmo desnecessário analisar a questão relativa à periodicidade dos pagamentos. Inexigibilidade da multa de mora A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119, de observância obrigatória por parte dos conselheiros, nos termos do art. 45, inc. VI, do Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. No caso concreto, houve o descumprimento de obrigação principal (NFLD 37.123.819-6) e acessória (AI 37.123.820-0), de tal forma que a aplicação do princípio da retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Recurso das empresas solidárias As contribuintes solidárias basicamente entendem que a autoridade fiscal não comprovou o interesse comum deles no fato gerador realizado pela Zurich Minas Brasil Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91. Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídico-tributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colaciona-se, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009). [...] (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015) ................................................................................................ PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. [...] 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. [...] (AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013) ......................................................................................................... (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011. Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Não tendo havido demonstração de que todas as pessoas jurídicas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador da obrigação principal, deve ser afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (a) conhecer do recurso voluntário interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negar-lhe provimento; (b) conhecer e dar provimento aos recursos voluntários interpostos pelas contribuintes solidárias. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto vencedor
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:09 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052121756073984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1917; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 1.437 1 1.436 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15504.000192/200816 Recurso nº Voluntário Resolução nº 2402000.750 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 7 de maio de 2019 Assunto Solicitação de Diligência Recorrente ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências, negar provimento ao recurso da Zurich Minas Brasil Seguros S/A quanto ao mérito e dar provimento aos recursos interpostos pelas Contribuintes solidárias. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 00 19 2/ 20 08 -1 6 Fl. 1437DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.438 2 Relatório A fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrou a seguinte NFLD em face do sujeito passivo: (a) NFLD 37.123.8196, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do art. 22 da Lei 8212/91, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros ou resultados PLR. De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente, tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade. Os valores consolidados na NFLD referemse aos seguintes levantamentos: (1) Participação nos lucros empregados; (2) Participação nos lucros diretores estatutários e conselheiros; (3) Participação nos lucros estabelecimentos encerrados empregados. Quanto aos planos dos empregados, afirmouse que: a) vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro e agosto; b) não há planos de metas; c) não há qualquer previsão de mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado; d) os pagamentos não observaram a legislação específica. Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmouse que: e) independente de previsão nos planos, eles receberam valores a título de PLR. Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração: Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.439 3 Afirmouse, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A: A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil Seguradora Vida e Previdência apresentaram impugnação tempestiva, cujos fundamentos são basicamente os mesmos dos recursos voluntários. A DRJ, contudo, julgou as impugnações improcedentes, em decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. Entendese por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades, Lei 8.212/91, art. 28, inciso I. Fl. 1439DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.440 4 A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei especifica, integra o salário de contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'. Para o contribuinte individual, entendese por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28, inciso III. 0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao principio da estrita legalidade. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX. Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009. A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e, no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorandose nos seguintes argumentos: 1. decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN; 2. os valores pagos a título de PLR não têm natureza remuneratória, por força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF; 3. a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; 4. a lei não exige a estipulação de metas; 5. a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o caráter não remuneratório da PLR; 6. a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional; 7. quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º, da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração; 8. sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II e III, da Lei 8212/91 deve ser cancelada, pois foi revogada pela Lei 11.941/09. As demais contribuintes solidárias basicamente refutaram a existência de solidariedade, argumentando que: Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.441 5 9. não estão configuradas nenhuma das hipóteses previstas no art. 124 do CTN; 10. a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal; 11. é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar. Em sessão realizada em 6 de março de 2018, o julgamento do feito foi convertido em diligência, tendo em vista que: É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido, a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal. Portanto, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, para que o CARF ou a unidade de origem juntem aos autos os documentos que porventura demonstrem que as empresas solidárias tenham sofrido o lançamento ora discutido, tais como notificações, ofícios, etc. A unidade de origem, em Belo Horizonte, prestou informações, nas quais esclareceu que as empresas integrantes do grupo econômico realmente foram oficiadas por ocasião da lavratura da NFLD (fls. 1407/1408 do eProcesso). Os ofícios anexados em cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e seguintes do eProcesso). Sem contrarrazões. É o relatório. Voto vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento Os recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos. A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria suscitada na ação judicial. No mandado de segurança, a contribuinte discute a legalidade do adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam outros aspectos relacionados ao lançamento, mais precisamente a legalidade da PLR, a insubsistência da multa de mora aplicada e a inexistência de solidariedade das empresas integrantes do grupo econômico. Fl. 1441DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.442 6 Lembrese que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de observância obrigatória pelos conselheiros, é cabível a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que a não apreciação da matéria estranha à lide judicial implica cerceamento do direito de defesa do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa, em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro mencionada. 2 Recurso voluntário da Zurich Minas Brasil Seguros SA (Companhia de Seguros Minas Brasil) 2.1 DECADÊNCIA O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considerase realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. E caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.443 7 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacouse) Fl. 1443DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.444 8 Neste caso concreto, é inconteste que a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, seja porque o presente lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de 2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de fl. 112 do eProcesso, no campo "informação complementares", demonstra que o fiscal examinou as guias de recolhimento da Previdência Social GPS. É aplicável, portanto, o prazo previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado. Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2 do eProcesso), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, devendo ser acolhida a alegação de decadência. 2.2 INCONSTITUCIONALIDADES A respeito das alegações de inconstitucionalidades abaixo reproduzidas, cabe lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme prevê a sua Súmula 2: (a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; (b) a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional. A verificação de que a norma seria inconstitucional exacerbaria a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negandose provimento ao recurso neste particular, devendose, ainda, ser reproduzido o verbete sumular acima citado: Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. 2.3 LEGALIDADE DA PLR Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.445 9 dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva. Já o § 1º do art 2º supra mencionado preleciona que dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Neste caso concreto, contudo, os instrumentos decorrentes da negociação não têm quaisquer regras substantivas, muitos menos adjetivas, que pudessem permitir que os empregados da recorrente aferissem as informações dos planos. Como admitido pela contribuinte, e como se vê no relatório fiscal, os planos falam apenas no percentual da participação dos empregados, conforme o lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação. Vale lembrar que um dos objetivos da Lei é incrementar a produtividade dos trabalhadores, objetivo este comprometido pela falta de delimitação das regras que deveriam ser cumpridas. Neste Conselho, é consenso que os planos devem conter regras claras e objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO. Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento da participação nos lucros ou resultados possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Quando o instrumento de negociação coletiva prevê que os planos de metas e resultados serão elaborados posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2401005.733, de 12/09/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DEFINIÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. Fl. 1445DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.446 10 A participação nos lucros ou resultados da sociedade concedida pela empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial.Compete aos empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendem aos seus anseios, desde que sejam regras claras e objetivas. (CARF, acórdão 2301005.532, de 08/08/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS PLR. Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros;A legislação regulamentadora da PLR não veda que a negociação quanto a distribuição do lucro, seja concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido. (CARF, acórdão 2202004.815, de 02/10/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE METAS E CRITÉRIOS. INEXISTÊNCIA DE PACTO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. A ausência de fixação prévia de metas e critérios (pacto prévio) caracteriza inexistência de regras claras e objetivas previamente ao início do período aquisitivo ao recebimento de PLR, decorrendo o descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte, a incidência de contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2402006.978, de 13/02/2019) Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401005.733: Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação nos lucros ou resultados devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º, da Lei nº 10.101, de 2000: [...] Os critérios e as condições têm que estar expressamente consignados no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do seu detalhamento em documentação apartada, como mecanismo para viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as regras gerais. Fl. 1446DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.447 11 Logo, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, pois o descumprimento do disposto no art. 2º, § 1º, da Lei 10101/00, viabiliza a incidência das contribuições lançadas pela fiscalização, sendo até mesmo desnecessário analisar a questão relativa à periodicidade dos pagamentos. 2.4 INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE MORA A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119, de observância obrigatória por parte dos conselheiros, nos termos do art. 45, inc. VI, do Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. No caso concreto, houve o descumprimento de obrigação principal (NFLD 37.123.8196) e acessória (AI 37.123.8200), de tal forma que a aplicação do princípio da retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. 3 Recurso das empresas solidárias As contribuintes solidárias basicamente entendem que a autoridade fiscal não comprovou o interesse comum deles no fato gerador realizado pela Zurich Minas Brasil Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91. Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídicotributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colacionase, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO Fl. 1447DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.448 12 ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009). [...] (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015) ................................................................................................ PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. [...] 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. [...] (AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013) ......................................................................................................... (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011. Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Fl. 1448DF CARF MF Processo nº 15504.000192/200816 Resolução nº 2402000.750 S2C4T2 Fl. 1.449 13 Não tendo havido demonstração de que todas as pessoas jurídicas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador da obrigação principal, deve ser afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes. 4 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (a) conhecer do recurso voluntário interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negarlhe provimento; (b) conhecer e dar provimento aos recursos voluntários interpostos pelas contribuintes solidárias. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto vencedor Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Redator Designado. Não obstante o bem elaborado voto do i. Relator, dele divirjo no que diz respeito ao reconhecimento de recolhimento antecipado de contribuições previdenciárias incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, advindo, por consequência, decadência pela regra especial do art. 150, § 4º,, do CTN, uma vez que não consta dos autos elementos probatórios suficientes a essa conclusão. A mera alegação da autoridade lançadora de que examinou as guias de recolhimento da previdência social (GPS), sem acostar aos autos as telas dos sistemas da RFB que comprovam os recolhimentos efetuados pelo Recorrente, não é suficiente para atestar o efetivo recolhimento antecipado de contribuições sociais previdenciárias, de forma a atrair a regra especial de decadência prevista no art. 150, § 4º,, do CTN em face das competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002. Desta forma, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das respectivas telas dos sistemas da RFB, que deverá ser cientificada à Contribuinte, para, a seu critério, manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 1449DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10803.720137/2012-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006
RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO.
O reexame de decisões proferidas no sentido da exoneração de créditos tributários e encargos de multa se impõe somente nos casos em que o limite de alçada supera o previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, aplicando-se o limite vigente na data do julgamento do recurso, conforme enunciado de nº 103 da súmula da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 2402-007.320
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Renata Toratti Cassini - Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. O reexame de decisões proferidas no sentido da exoneração de créditos tributários e encargos de multa se impõe somente nos casos em que o limite de alçada supera o previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, aplicando-se o limite vigente na data do julgamento do recurso, conforme enunciado de nº 103 da súmula da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10803.720137/2012-34
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6034530
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.320
nome_arquivo_s : Decisao_10803720137201234.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : RENATA TORATTI CASSINI
nome_arquivo_pdf_s : 10803720137201234_6034530.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
id : 7824828
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:49:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052121878757376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1642; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 461 1 460 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10803.720137/201234 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 2402007.320 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de junho de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo Interessado EUROFARMA LABORATORIOS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. O reexame de decisões proferidas no sentido da exoneração de créditos tributários e encargos de multa se impõe somente nos casos em que o limite de alçada supera o previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, aplicandose o limite vigente na data do julgamento do recurso, conforme enunciado de nº 103 da súmula da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 01 37 /2 01 2- 34 Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10803.720137/201234 Acórdão n.º 2402007.320 S2C4T2 Fl. 462 2 Relatório Tratase de recurso de ofício interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza que reconheceu a decadência do crédito tributário constante dos autos de infração de nºs 37.378.8100, 37.378.8118, 37.378.8126 e 37.378.8134 (fls. 03/06), por meio dos quais foram formalizados créditos tributários incluindo o período de 02 a 08/2006, conforme descrição a seguir: 1) Autos de Infração de Obrigações Principais: 2) Auto de Infração nº 37.378.8100, lavrado por descumprimento à Lei nº 8.212/91, art. 32, IV, § 5º, por terem sido apresentadas Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP's com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. A multa foi aplicada no montante de R$ 396.194,40. A DRJ/SPI julgou a impugnação procedente, reconhecendo a decadência dos créditos tributários, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. Entendeu que embora o Termo de Verificação e Conclusão Fiscal mencinasse, no capítulo 2, a expressão "dos fatos e indícios de fraude", não havia "uma linha sequer descrevendo qualquer conduta sua [da autuada] que se assemelhasse à (sic) prática fraudulenta", concluindo que "Na verdade, ela e outras empresas foram fiscalizadas e autuadas unicamente por suposto não recolhimento de tributo. Cabe à autoridade fiscal comprovar que o sujeito passivo agiu com dolo, fraude ou simulação, não podendo tais condutas serem presumidas. Não pode, pois, ser aplicado o art. 173, I, do Código Tributário Nacional". Acrescentou, ainda, que de todo modo, mesmo que se entendesse aplicável ao caso o art. 173, I do CTN, considerando que a contribuinte foi notificada do lançamento aos 20/12/2012, ainda assim, "o prazo expirou antes da notificação. Tratandose de fatos ocorridos em 2006, o primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado foi 1º/01/2007, tendose encerrado o prazo para a sua constituição em 1º/01/2012". Essa decisão foi, então, submetida à apreciação deste tribunal, conforme disposição contida no art. 34, I do Decreto nº 70.235/72 e do art. 1º da Portaria MF nº 03/08, em razão do valor exonerado, à época, ultrapassar o valor de alçada estabelecido por este ato normativo. É o relatório. Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10803.720137/201234 Acórdão n.º 2402007.320 S2C4T2 Fl. 463 3 Voto Conselheira Renata Toratti Cassini – Relatora Como relatado, o Recurso de Ofício interposto pela DRJ tem amparo no art. 34, I do Decreto nº 70.235/1972: Art. 34. A autoridade de primeira instância recorrerá de ofício sempre que a decisão: I exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa de valor total (lançamento principal e decorrentes) a ser fixado em ato do Ministro de Estado da Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) (...). (Destacamos) A autoridade julgadora de primeira instância observou a Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008, então vigente, que estabelece, em seu art. 1°, o limite para interposição de recurso de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento do tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00. Esse valor, todavia, foi majorado pela Portaria MF nº 63, de 10/02/2017, atualmente em vigor, que estabelece em R$ 2.500.000,00 o valor de alçada para a interposição de recurso de ofício em hipóteses que tais, conforme abaixo: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). De outra parte, de acordo com o Enunciado nº 103 da súmula da jurisprudência deste Tribunal, para fins de conhecimento de recurso de ofício, devese observar o limite de alçada vigente na data de sua apreciação pela segunda instância administrativa: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. No presente caso, a decisão recorrida reconheceu a decadência de todo o crédito tributário constituído por meio dos autos de infração de nºs 37.378.8100, 37.378.811 8, 37.378.8126 e 37.378.8134. Desse modo, conforme se pode verificar dos autos de infração anexados a fls. 03/06, o valor total do crédito tributário exonerado, correspondente à soma do principal e Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10803.720137/201234 Acórdão n.º 2402007.320 S2C4T2 Fl. 464 4 multa, perfaz R$ 2.305.048,83, inferior, portanto, ao estabelecido no art. 1º da Portaria MF nº 63/2017, impondose o não conhecimento do recurso de ofício. Conclusão Por todo o exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini / Fl. 465DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.004310/2008-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 05 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF)
Ano-calendário: 2005
BITRIBUTAÇÃO. NULIDADE DA AUTUAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA.
Não restando caracterizada a exigência de duas ou mais infrações sobre uma mesma base de cálculo, não há que se falar em nulidade da autuação por bitributação.
LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997.
A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento.
Numero da decisão: 2402-007.366
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(documento assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Gregório Rechmann Junior - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2005 BITRIBUTAÇÃO. NULIDADE DA AUTUAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Não restando caracterizada a exigência de duas ou mais infrações sobre uma mesma base de cálculo, não há que se falar em nulidade da autuação por bitributação. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10640.004310/2008-87
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6023269
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.366
nome_arquivo_s : Decisao_10640004310200887.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : GREGORIO RECHMANN JUNIOR
nome_arquivo_pdf_s : 10640004310200887_6023269.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Wed Jun 05 00:00:00 UTC 2019
id : 7794842
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:57 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052122416676864
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-06-24T20:51:25Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: Microsoft® Word 2010; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; language: pt-BR; dcterms:created: 2019-06-24T20:51:25Z; Last-Modified: 2019-06-24T20:51:25Z; dcterms:modified: 2019-06-24T20:51:25Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2019-06-24T20:51:25Z; pdf:docinfo:creator_tool: Microsoft® Word 2010; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-06-24T20:51:25Z; meta:save-date: 2019-06-24T20:51:25Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-06-24T20:51:25Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; dc:language: pt-BR; meta:creation-date: 2019-06-24T20:51:25Z; created: 2019-06-24T20:51:25Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; Creation-Date: 2019-06-24T20:51:25Z; pdf:charsPerPage: 1697; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-06-24T20:51:25Z | Conteúdo => S2-C 4T2 Ministério da Economia Conselho Administrativo de Recursos Fiscais Processo nº 10640.004310/2008-87 Recurso Voluntário Acórdão nº 2402-007.366 – 2ª Seção de Julgamento / 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 5 de junho de 2019 Recorrente FRANCISCO CARLOS COELHO Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2005 BITRIBUTAÇÃO. NULIDADE DA AUTUAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Não restando caracterizada a exigência de duas ou mais infrações sobre uma mesma base de cálculo, não há que se falar em nulidade da autuação por bitributação. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 43 10 /2 00 8- 87 Fl. 265DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 Relatório Trata-se de recurso voluntário em face da decisão da 4ª Tuma da DRJ/JFA, consubstanciada no Acórdão nº 09-22.978 (fl. 232) que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nos termos do relatório do referido Acórdão, tem-se que: Trata o presente processo do Auto de Infração de fls.02/09 lavrado pela Fiscalização em 14/10/2008, contra o contribuinte retro identificado, que resultou na cobrança do crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, referente ao exercício financeiro de 2006, no montante de R$ 1.091.013,31, sendo R$ 447.989,84 de imposto de renda, R$ 514.002,40 de multa proporcional (passível de redução), e R$ 129.021,07 de juros de mora calculados até 30/09/2008. O lançamento efetuado decorreu da apuração pela autoridade fiscal de omissão de rendimentos da atividade rural, no montante de R$ 52.674,16, e de omissão de rendimentos, no montante de R$ 1.596.685,79, caracterizada por depósitos bancários cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada, ambas ocorridas durante o ano-calendário de 2005, segundo consta no item "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, às fls. 04/06 – parte integrante do Auto de Infração ora contestado — e no Relatório Fiscal fls. 10/21. Foram aplicadas multa proporcional qualificada e agravada de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento) sobre a fração do imposto de renda relativa à omissão de rendimentos da atividade rural, por ter concluído a fiscal autuante que se encontra configurado, em tese, nessa infração, a ocorrência de crime contra a Ordem Tributária e por falta de atendimento por parte do contribuinte às intimações fiscais para prestar esclarecimentos, e multa proporcional agravada de 112,5 % (cento e doze virgula cinco por cento) sobre a fração do imposto de renda relativa à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, por falta de atendimento por parte do contribuinte às intimações fiscais para prestar esclarecimentos, tudo conforme expresso no Relatório Fiscal acima mencionado. (...) Em sua peça impugnatória de fls.208/214, o contribuinte insurge-se contra o lançamento efetuado, quando, após tecer comentários sobre a conduta profissional da fiscal autuante, apresenta seus argumentos que em apertada síntese, são os seguintes: 1) O crédito tributário ora exigido é impagável por parte do contribuinte uma vez que estamos falando de um pequeno produtor rural, que apesar de ter movimentado uma quantia considerável em sua conta/corrente, não apresentou exteriorização de riqueza alguma; 2) A doutrina e a jurisprudência são vastas em admitir que não existe renda presumida, havendo que ser real, não tem que se confundir os depósitos que circularam na conta do contribuinte com a renda por este; 3) O contribuinte em momento algum se eximiu de entregar os documentos solicitados pelo Fisco, procurando demonstrar que seus únicos rendimentos teriam como origem a atividade rural, apresentando as notas fiscais de venda e compra de gado, não conseguindo apresentar todas as notas que acobertassem as movimentações efetuadas por ser a região muito pobre, algumas transações foram feitas sem notas, outras notas se perderam e não foram lançadas; 4) A fiscal autuante incorreu em erro de bi- tributação visto que considera como receita sem origem comprovada a totalidade da movimentação bancária do contribuinte, descontando os cheques devolvidos e os empréstimos bancários, tributando sobre o valor acima descrito (R$ 1.96.685,99), tendo este como base para cálculo do imposto devido e, também, em um segundo momento, calcula imposto devido sobre um valor (20%)) que tem como base as notas fiscais de venda do gado (R$ 26.370,82), considerado como rendimento arrecadado com a atividade rural, ocorrendo portanto a tributação de dois valores sobre a mesma base de cálculo, sendo correto o valor total movimentado menos o valor comprovado pela venda de gado, o que não ocorreu; 5) Na primeira autuação a auditora fiscal considerou o contribuinte como agricultor, tornando Fl. 266DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 como base as notas de compra e venda de gado, ou seja, acolheu a alegação de que a sua renda provinha de atividade rural e, na segunda autuação, considerou que o contribuinte não teria comprovado sua movimentação bancária e que todo valor seria renda omitida, não abatendo sequer os valores computados na atividade rural; 6) Cabe ao Fisco comprovação de que o contribuinte, no caso em tela, possuía outra fonte de renda diferente da alegada pelo mesmo - atividade rural - o que não ocorreu, pois o presente Auto de Infração foi lavrado através de presunções não comprovadas pelo Fisco, que inverteu o ônus da prova. Para corroborar seus argumentos, o impugnante cita ementas de acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. A DRJ julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo, nos termos da ementa abaixo reproduzida: OMISSSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. ARBITRAMENTO. A falta de entrega da DIRPF e de escrituração do Livro Caixa para apuração do resultado da exploração da atividade rural implica o arbitramento da base de cálculo, à razão de vinte por cento da Receita Bruta obtida no ano-calendário correspondente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Com a edição da Lei n° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. INSTRUÇÃO DA PEÇA IMPUGNATÓRIA. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, precluindo o direito do impugnante fazê-lo em outro momento processual. Lançamento Procedente Cientificado dessa decisão, o Contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 243 a 251, reiterando os termos da impugnação apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Conforme se infere do relatório supra, trata-se, o presente caso, de lançamento fiscal em decorrência da apuração, pela fiscalização, das seguintes infrações: 1. omissão de rendimentos da atividade rural, no montante de R$ 52.674,16, e 2. omissão de rendimentos, no montante de R$ 1.596.685,79, caracterizada por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. Fl. 267DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 O Recorrente, reiterando os termos da impugnação apresentada, limitou-se, em sua peça recursal, a pugnar pela nulidade da autuação em decorrência de bitributação (cobrança de valores distintos apurados a partir de uma mesma base de cálculo) e pela improcedência da autuação embasada em presunção. É dizer: sobre o mérito das acusações fiscais propriamente dito, o Recorrente nada disse. Não contestou, de forma clara e específica, os valores apurados pela fiscalização seja em relação à omissão de rendimentos da atividade rural, seja em relação à omissão de rendimentos, caracterizada por depósitos bancários cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada. Feito este breve esclarecimento, passemos, então, à análise das teses defensivas do Recorrente. Da Nulidade da Autuação. Bitributação. Neste ponto, assim se manifestou o Contribuinte em sua peça recursal: (...) a fiscal incorreu em um erro que acarretou nulidade do presente auto de infração, pois ao considerar a base de cálculo para a lavratura do mesmo, autuou o contribuinte em parte por omissão de renda rural e a outra parte por omissão de renda por falta de comprovação da origem da movimentação. E ao fazer os cálculos que entende devidos, declara como receita sem origem comprovada a totalidade da movimentação bancária de R$ 1.596.685,99 (um milhão, quinhentos e noventa e seis mil, seiscentos e oitenta e cinco reais e noventa e nove centavos), descontando os cheques devolvidos e os empréstimos bancários, tributando sobre todo o valor acima descrito, tendo este como base para cálculo do imposto devido, da multa e dos juros pelo atraso. No entanto, em um segundo momento, também calcula como devido mais um valor que tem como base as notas fiscais de venda do gado, que totaliza R$ 263.370,82 (duzentos e sessenta e três mil, trezentos e setenta reais e oitenta e dois centavos), sendo devido tributo pela omissão de renda de valores arrecadados com a atividade rural, ocorrendo portanto a tributação de dois valores sobre a mesma base de cálculo, sendo correto o abatimento do valor total movimentado menos o valor comprovado pela venda de gado, o que não ocorreu, havendo portanto BITRIBUTAÇÃO, o que gera NULIDADE do presente auto infração. (grifos originais) A DRJ, por seu turno, destacou que: Mesmo admitindo-se que os valores constantes das referidas Notas Fiscais Avulsas de Produtor, elencadas no Demonstrativo de fls.22, se referem a operações de venda de gado bovino efetuadas mediante pagamento à vista, para se acatar a pretensão do impugnante era necessário que houvesse coincidência de datas e valores nos referidos documentos em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, listados nos Demonstrativo de fls.15/21. A mera possibilidade de que o contribuinte teria, devido às operações comerciais efetuadas, disponibilidade financeira para efetuar os depósitos bancários em foco não é suficiente para elucidar a questão. Para efeito de determinação da receita omitida os créditos são analisados individualizadamente, a teor do disposto no artigo 42, parágrafo 3º, da Lei nº 9.430/1996. Seria preciso que o interessado apresentasse elementos que vinculassem as mencionadas operações comerciais diretamente aos depósitos bancários apontados pela fiscal autuante, de modo a estabelecer um nexo lógico razoável visando afastar a sua responsabilidade quanto à repercussão tributária daqueles valores. Não há reparos a serem feitos na decisão de primeira instância neste particular. Fl. 268DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 De fato, o que pretende o Recorrente é se valer do montante identificado pela fiscalização como rendimentos da atividade rural – assim tributado pela fiscal autuate como omissão de rendimentos da atividade rural, considerando que o Contribuinte apresentou Declaração de Isento no ano-calendário em análise – para deduzir do montante apurado como omissão de receitas a partir de depósitos bancários sem origem comprovada. Ora, para tanto, caberia ao Contribuinte demonstrar, de forma clara e evidente, que os valores recebidos como rendimentos da atividade rural correspondem a parte dos depósitos bancários identificados pela fiscalização como de origem não comprovada e vice- versa. Não é pelo simples fato de a fiscalização ter constatado que o contribuinte obteve no ano-calendário em análise rendimentos oriundos da atividade rural que todos os créditos identificados em suas contas bancárias se referem a receitas de tal atividade. Como bem pontuado pela DRJ, o Contribuinte não apresenta, contudo, nenhuma documentação capaz de comprovar esta sua afirmativa. E o fato de não ter entregue à Receita Federal sua DIRPF/2006, embora estivesse obrigado a fazê-lo, impossibilitou à autoridade revisora analisar a natureza de seus rendimentos tributáveis, que podem, em tese, incluir rendimentos de outras fontes pagadoras como trabalho assalariado e não-assalariado, aplicações financeiras, aluguel de bens móveis e imóveis, etc. Nega-se, portanto, provimento ao recurso voluntário neste particular. Da Improcedência do Lançamento embasado Unicamente em Presunção. Inversão do Ônus da Prova. Superada a preliminar de nulidade, tem-se que a irresignação do Recorrente em sua peça recursal se restringe à argumentação de que caberia ao Fisco a comprovação de que o Contribuinte, no caso em tela, possuía outra fonte de renda diferente da alegada pelo mesmo - atividade rural - o que não ocorreu, pois o presente Auto de Infração foi lavrado através de presunções não comprovadas pelo Fisco, que inverteu o ônus da prova. Sobre o tema, deve ser esclarecido que o que se tributa não são os depósitos bancários, como tais considerados, mas a omissão de rendimentos por eles representada. Os depósitos bancários são apenas a forma, o sinal de exteriorização, pelos quais se manifesta a omisso de rendimentos objeto de tributação. Depósitos bancários se apresentam, num primeiro momento, como simples indício da existência de omissão de rendimentos. Entretanto, esse indício, por expressa disposição legal, se transforma na prova da omissão de rendimentos, quando o contribuinte, tendo a oportunidade de comprovar a origem dos recursos aplicados em tais depósitos, se nega a fazê-lo, ou não o faz satisfatoriamente. A Lei n° 9.430, de 1996, que embasou o lançamento, com as alterações introduzidas pelo art. 4° da Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, e pelo art. 58 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, assim dispõe acerca dos depósitos bancários: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa, física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferida ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. Fl. 269DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 §2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I - os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12. 000, 00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000, 00 (oitenta mil reais). O dispositivo estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. A presunção transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata-se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Assim, ao fazer uso de uma presunção legalmente estabelecida, o Fisco fica dispensado de provar o fato alegado, qual seja omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção, provar que o fato presumido não existiu. Cabe ao Fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção. Ocorrida a situação fática, no caso depósitos bancários de origem não comprovada, evidenciada está a infração. Ao contribuinte incumbe demonstrar a exata correlação entre cada valor depositado em sua conta bancária e a correspondente origem do recurso. A DRJ, sobre a matéria, destacou que: O assunto em tela, a partir de 1997, passou a ter um disciplinamento diferente daquele previsto na Lei nº 8.021/1990, estabelecido agora pela Lei n° 9.430 de 27.12.1996, que aplica-se ao fatos geradores futuros ou pendentes ocorridos a partir de 0l/01/1997. (...) Desta forma, o legislador, a partir da referida data, não estabeleceu uma nova hipótese de incidência do imposto de renda, nem equiparou depósitos bancários incomprovados à renda. Simplesmente, agora, instituiu um outro tipo de norma legal: aquela que prevê um novo tipo de presunção legal de omissão de rendimentos, definindo, ao mesmo tempo, as normas balizadoras do "como" se determinará o valor omitido. Pode-se dizer ter a aludida Lei n° 9.430/1996 estabelecido que, não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, tem-se a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. Há a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais: o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Afasta-se, assim, toda e qualquer argumentação da Recorrente referente à improcedência do lançamento com base em presunções, razão pela qual, voto por negar provimento ao recurso ao voluntário neste particular. Fl. 270DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 Conclusão Ante o exposto, concluo o voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 271DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 35196.000913/2005-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 31/07/2004 a 31/01/2005
REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO. CONTABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO.
Em se tratando de documentos e/ou informações imprescindíveis à análise do direito creditório, a sua não apresentação, tal como requisitada em intimação fiscal, poderá dar ensejo ao arquivamento do processo sem análise do mérito, a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99.
Numero da decisão: 2402-007.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/07/2004 a 31/01/2005 REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO. CONTABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO. Em se tratando de documentos e/ou informações imprescindíveis à análise do direito creditório, a sua não apresentação, tal como requisitada em intimação fiscal, poderá dar ensejo ao arquivamento do processo sem análise do mérito, a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 35196.000913/2005-83
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6023057
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.306
nome_arquivo_s : Decisao_35196000913200583.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
nome_arquivo_pdf_s : 35196000913200583_6023057.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
id : 7793255
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:47:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052122678820864
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1518; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 756 1 755 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 35196.000913/200583 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402007.306 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 4 de junho de 2019 Matéria REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO Recorrente R A COM METALURGICA E MONTAGENS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 31/07/2004 a 31/01/2005 REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO. CONTABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO. Em se tratando de documentos e/ou informações imprescindíveis à análise do direito creditório, a sua não apresentação, tal como requisitada em intimação fiscal, poderá dar ensejo ao arquivamento do processo sem análise do mérito, a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 19 6. 00 09 13 /2 00 5- 83 Fl. 756DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 757 2 Cuida o presente de Recurso Voluntário em face de acórdão que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pelo sujeito passivo contra o Despacho Decisório emitido em 26/11/09 pelo Delegado da Receita Federal em Curituba/PR, que determinou o arquivamento do Requerimento de Restituição de Retenção de fls. 01 por falta da apresentação de documentos. Assim foi ementado o acórdão (fls. 729/735) recorrido: Apresentou Recurso Voluntário às fls. 738/752, por meio do qual reiterou as razões de sua defesa anterior, nos termos que se seguem, extraídos do relatório da decisão recorrida: Fl. 757DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 758 3 É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 18/8/10, consoante se denota de fls. 737, e apresentou seu Recurso Voluntário, tempestivamente, em 17/9/10, conforme fl. 738. Observados os demais requisitos para admissibilidade, dele passo a conhecer. Fl. 758DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 759 4 A controvérsia posta nestes autos resumese quanto à apresentação de documentos necessários à análise do pleiteado direito creditório. Vejamos: Cumpre registrar, inicialmente, que teriam sido analisados, em conjunto, os Requerimentos de Restituição de Retenção RRR formalizados nos autos a seguir relacionados, cujos formulários asseguravam ser o recorrente optante pelo SIMPLES e detentor de contabilidade regular: Os pedidos dessa natureza devem, por força de norma própria, ser acompanhados de informações que tendam a demonstrar, minimamente, a verossimilhança da apuração desse crédito. Por exemplo, o formulário em que se pediu o indébito exigiu as seguintes informações: Junto a ele, deveria ser apresentado, em determinado Anexo, a relação das notas fiscais em relação as quais haveria o destaque da retenção, com as seguintes informações: A julgar pelas datas de protocolo que lá constaram, percebese que a instrução dos RRR era disciplinada pelos artigos 216 e 207 das Instruções Normativas nº 100/2003 e nº 3/2005, respectivamente, a seguir colacionados. Confirase: Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18/12/03 Art. 216. Os documentos necessários à instrução do processo de restituição da retenção são os seguintes: I Requerimento de Restituição da Retenção (RRR), conforme formulário constante do Anexo V, disponível na Internet no endereço http://www.previdencia.gov.br/; II original e cópia do contrato social e última alteração contratual que identifique os responsáveis pela administração ou PROCESSO COMPETÊNCIAS VLR TOT PRINC DT PROTOC 10980.003755/200899 12/2005 a 12/2006 119.273,85 *20/03/2008 35196.000634/200510 07/2003 a 05/2004 23.158,12 12/04/2005 35196.000913/200583 07/2004 a 01/2005 44.365,33 18/05/2005 35196.001264/200619 06/2005 a 11/2005 29.933,72 25/04/2006 35196.001788/200529 02/2005 a 05/2005 38.288,33 10/10/2005 * Data da abertura do processo Fl. 759DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 760 5 pela gerência da sociedade, ou estatuto social e ata em que conste a atual diretoria da sociedade ou associação, ou o registro de firma individual, conforme o caso; III original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos de prestação de serviços emitidos pela empresa prestadora de serviços na competência objeto do pedido de restituição, que serão conferidos com os dados registrados no demonstrativo citado no inciso VII; IV original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos de prestação de serviços emitidos por subcontratada; V original e cópia dos resumos das folhas de pagamento específicas, referentes a cada contratante dos serviços e ao setor administrativo da requerente; VI original e cópia do resumo geral consolidado de todas as folhas de pagamento, com o respectivo demonstrativo de cálculo das contribuições sociais e da base de cálculo utilizada; VII demonstrativo das notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, elaborado pela empresa requerente, totalizado por contratante e assinado pelo representante legal da empresa, conforme formulário constante do Anexo VI; VIII relatório das retenções emitido pelo Sistema Empresa de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (SEFIP); IX original e cópia da Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) relativa às duas últimas competências anteriores à data do protocolo da restituição, caso as mesmas estejam incluídas no requerimento; Redação anterior: X “Consulta pelo CNPJ” e “Ficha Cadastral”, atualizados, fornecidos pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e original e cópia do recibo de entrega da Declaração Anual Simplificada da Receita Federal, relativo às competências envolvidas no pedido de restituição, para as empresas optantes pelo SIMPLES. X extratos de “Consulta pelo CNPJ” ou “Ficha cadastral” atualizados, fornecidos pela Secretaria da Receita Federal, ou original e cópia do recibo de entrega da Declaração Anual Simplificada da Receita Federal, do exercício findo, para as empresas optantes pelo SIMPLES. (Modificado pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 105, DE 24 DE MARÇO DE 2004 DOU DE 26/03/2004) XI contrato de prestação de serviço; (Incluído pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 105, DE 24 DE MARÇO DE 2004 DOU DE 26/03/2004) Fl. 760DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 761 6 XII para cumprimento do disposto no inciso II do § 4° do art. 225, a requerente deverá apresentar cópia do último balanço patrimonial e declaração, sob as penas da lei, firmada pelo representante legal e pelo contador responsável com identificação de seu registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), de que a empresa possui escrituração contábil regular. (Incluído pela INSTRUÇÃO NORMATIVA INSS/DC Nº 105, DE 24 DE MARÇO DE 2004 DOU DE 26/03/2004) Parágrafo único. Deverá ser apresentada procuração do sujeito passivo outorgada por instrumento particular, com firma reconhecida em cartório, ou por instrumento público, com poderes específicos para representar o requerente, se for o caso. Instrução Normativa SRP nº 3, de 14/7/05. Art. 207. Os documentos necessários à instrução do processo de restituição da retenção são os seguintes: I Requerimento de Restituição da Retenção RRR, conforme formulário constante do Anexo VIII, disponível na Internet no endereço www.previdencia.gov.br; II original e cópia do contrato social e última alteração contratual que identifique os responsáveis pela administração ou pela gerência da sociedade, ou estatuto social e ata em que conste a atual diretoria da sociedade ou associação, ou o registro de firma individual ou de empresário individual, assim considerado pelo art. 931 da Lei nº 10.406, de 2002 (Código Civil), conforme o caso; III original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos de prestação de serviços emitidos pela empresa prestadora de serviços na competência objeto do pedido de restituição, que serão conferidos com os dados registrados no demonstrativo citado no inciso VII; IV original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos de prestação de serviços emitidos por subcontratada; V original e cópia dos resumos das folhas de pagamento específicas, referentes a cada contratante dos serviços e ao setor administrativo da requerente; VI original e cópia do resumo geral consolidado de todas as folhas de pagamento, com o respectivo demonstrativo de cálculo das contribuições sociais e da base de cálculo utilizada; VII demonstrativo das notas fiscais, faturas ou recibos de prestação de serviços, elaborado pela empresa requerente, totalizado por contratante e assinado pelo representante legal da empresa, conforme formulário constante do Anexo IX; Fl. 761DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 762 7 VIII original e cópia da GFIP relativa às duas últimas competências anteriores à data do protocolo da restituição, caso as mesmas estejam incluídas no requerimento; IX contrato de prestação de serviço; X para cumprimento do disposto no inciso II do parágrafo único do art. 216, a requerente deverá apresentar cópia do último balanço patrimonial e declaração, sob as penas da lei, firmada pelo representante legal e pelo contador responsável com identificação de seu registro no Conselho Regional de Contabilidade CRC, de que a empresa possui escrituração contábil regular. § 1º Deverá ser apresentada procuração do sujeito passivo outorgada por instrumento particular, com firma reconhecida em cartório, ou por instrumento público, com poderes específicos para representar o requerente, se for o caso. § 2º Para restituição do acréscimo da retenção, previsto no art. 172, a empresa contratada deverá anexar ao requerimento os documentos a que estiver obrigada, dentre os previstos nos incisos I a V do caput do art. 381. § 3º A não apresentação do contrato de prestação de serviço não impedirá a análise do processo de restituição, porém não serão consideradas quaisquer discriminações referentes a materiais ou equipamentos constantes nas notas fiscais ou nas faturas de prestação de serviço apresentadas, conforme disposto no art. 151. Vejase que, com isso, tratamse de meras informações para instrução do pedido, não significando dizer que são, a critério da autoridade fiscal, suficientes à sua análise com vistas a se certificar da liquidez e certeza do crédito a ser restituído. Há de se ressaltar que a então auditoria previdenciária, após consignar que a requerente seria optante pelo SIMPLES em 1/7/97, elaborou Representação Administrativa em 17/2/06, endereçada à, à época, SRF, por ter constatado que os serviços consignados nas notas fiscais examinadas não garantiriam à recorrente sua inclusão e permanência naquele sistema de tributação privilegiado e, ao final, sobrestou a análise daqueles RRR em função do inciso I do § 1º do artigo 216 da IN SRP 3/2005, não havendo nos autos, tampouco provado pelo recorrente, a existência de qualquer decisão administrativa que, na forma da lei, lhe garantisse o pronto pagamento do valor pleiteado. Ao contrário, naquele despacho de sobrestamento foi feito constar que: Fl. 762DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 763 8 Nesse sentido, imaginandose que o valor da contribuição devida que constou no RRR pudesse ter sido informado levandose em conta um percentual sobre o faturamento da empresa, à luz do SIMPLES, e não sobre sua folha de pagamento, fezse imprescindível que se aguardasse o desenrolar do respectivo Ato Declaratório de Exclusão, sob pena de se restituir valor a maior, ou mesmo indevido, em flagrante prejuízo ao erário. Notese que a opção para referido regime foi, inclusive, citada pelo recorrente na ação mandamental citada a frente, nos seguintes termos: A parte impetrante narrou que, a despeito de inscrita no SIMPLES, no exercício de suas atividades profissionais, era recolhida pelo tomador de serviços contribuição previdenciária no equivalente a 11% do valor da nota fiscal. Acrescentou que, após um determinado período de recolhimentos, requereu a restituição dos tributos por intermédio dos PAF nºs 35196.001264/200619, 35196.001788/200529, 10980.003755/200899, 35196. 000913/200583 e 35196.000634/200510. Aduziu que, quando do processamento dos feitos administrativos, o auditorfiscal responsável promoveu representação administrativa, tendo por base ser supostamente indevida a adesão da impetrante ao regime de tributação SIMPLES e, por conta da representação, os processos administrativos teriam sido sobrestados. Destacou que nunca exerceu atividades de locação de mão de obra. Discorreu sobre seu direito à restituição das contribuições previdenciárias. Requereu a concessão de liminar para a autoridade coatora restituir os valores retidos nos processos administrativos fiscais que estão prontos em seu departamento, num prazo razoável a ser fixado pelo juízo. Com isso e a considerar que o contribuinte não trouxe à época qualquer resultado a ele favorável no referido processo de exclusão e que a Justiça determinou a análise dos RRR independentemente do seu desfecho, penso que a apuração da contribuição devida passou a ter crucial importância para o cálculo do eventual indébito do contribuinte, na medida em que, muito provavelmente, aquele valor darseia, verdadeiramente, em montante significativamente superior ao por ele informado nos RRR. Fl. 763DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 764 9 Sobre esse tema, cumpre noticiar que o citado ADE já foi julgado por este CARF, ocasião em que, por maioria de votos, foi mantida sua exclusão do SIMPLES a partir de 1/4/03. Vide acórdão 110100286, de 19/5/10 processo 10980.002504/200625. Cumpre destacar que em 15.10.09, o Juízo da 7ª Cara Cível da JF de Curitiba deferiu parcialmente a liminar requerida no MS 2009.70.00.0218217, para determinar que a autoridade fiscal analisasse os processos que lá mencionou, no prazo de 90 (noventa dias). Referida decisão, confirmada em sentença, transitara em julgado após o julgamento da apelação e da remessa necessária pelo TRF4, ocasião em que o relator assim asseverou para negarlhes provimento: No caso em concreto, a autoridade administrativa já finalizou a análise dos processos administrativos, concluindo pelo arquivamento dos mesmos supostamente pelo não cumprimento de diligências pelo requerido. Esgotado, portanto, o objeto do mandamus. Não cabe, aqui, outrossim, adentrarse no mérito nem do direito restituitório, nem da necessidade ou não de apresentação de documentos outros ou de realização de perícia para apuração do quantum, ou, ainda, do cabimento ou não de correção monetária. Todavia, antes mesmo de ter sido deferida a liminar, a autoridade fiscal, em 9/10/09, emitiu a intimação nº 301/2009, com ciência ao contribuinte em 16/10/99, no intuito de obter os seguintes documentos e informações: Fl. 764DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 765 10 A análise iniciada pelo auditor, a julgar pelos termos de sua intimação, objetivava fosse averiguada tanto da correção do valor da contribuição devida (daí a necessidade em se auditar os itens da folha de pagamento em consonância com os lançamentos contábeis), quanto às retenções sofridas e recolhidas (daí a intimação para apresentar as notas fiscais emitidas, bem como algumas GPS de determinadas competências, até mesmo para identificar os tomadores que eventualmente não recolheram a retenção por ventura efetuada). Em 5/11/09, o contribuinte protocolizou junto ao CAC Centro de Atendimento ao Contribuinte da Agencia da Receita Federal em Campo Mourão/PR, petição na qual asseverou i) que todos os documentos obrigatórios já haviam sido apresentados no momento do protocolo dos requerimentos e ii) que, não obstante, estaria novamente apresentando os documentos solicitados, elencandoos no mesmo petitório. Há de se observar que o termo fiscal foi claro ao determinar que os documentos e/ou esclarecimentos deveriam ter sido apresentados junto à "Central de Restituição e Reembolso Previdenciário", setor que, ao que tudo indica, seria o especializado para receber tais documentos e esclarecimentos. Todavia, optou o recorrente em protocolizar sua petição em um setor que, a rigor, não detém a expertise necessária para avaliar quanto a eventual deficiência no que toca aos itens apresentados e em que formato deveriam ter sido apresentados. Há, na maioria das vezes e no máximo, uma conferência visual nos moldes do "cara x crachá". Destaquese que, segundo o relatório fiscal de fls. 666/669, teria sido reiterado ao patrono da recorrente a necessidade de que tais documentos e esclarecimentos fossem apresentados tal como explicitado na intimação. Fl. 765DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 766 11 Ao checar a documentação que lhe foi passada pelo protocolo, a autoridade fiscal constatou, dentre outras coisas, que o CD no qual deveria constar os dados da folha de pagamento e contabilidade estava vazio, tratandose de um disco "virgem"; que a empresa não teria apresentado o "Recibo de Entrega de Arquivos Digitais", documentos este emitido pelo SVA Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, conforme determina o MANAD Manual Normativo de Arquivos Digitais. Nesse ponto, insta observar que tal exigência constou expressamente da intimação fiscal. Em resumo, os dados extraídos dos sistemas informatizados do contribuinte folha de pagamento e contabilidade quando obrigado a apresentálos ao Fisco, devem obedecer a um layout normativamente prédeterminado, para que o auditor possa auditálos de forma célere e eficiente por meio de programas próprios. Com isso, essa adequação ao layout é checada pelo SVA, que, após criar uma chave que relaciona o conteúdo que está sendo apresentado em mídia ao que foi por ele conferido, gera e emite um "Recibo de Entrega de Arquivos Digitais" que deve ser conferido e assinado por quem receberá a mídia. Insta destacar excerto da decisão recorrida sobre esse tema: Nesse rumo, é de se notar que tal procedimento, ao que tudo indica, não foi efetuado pelo recorrente. Alternativamente, sequer teria apresentado tais documentos em meio físico/papel, notadamente seus livros contábeis e fiscais, muito embora houvesse informado ser detentor de regular contabilidade Constatada essas deficiências e já transcorrido o prazo assinalado no termo fiscal, o auditor teria entrado em contato com empresa, por duas vezes (manhã de 18/11/09 e tarde de 19/11/09), através do telefone consignado no RRR, com o fim de que fossem supridas as faltas identificadas até o dia 24/11/09. Não atendida a exigência, o feito foi arquivado a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99. No que toca aos contatos que teriam sido feitos, em que pese não se tratarem de intimações fiscais em seu sentido formal, não foram textual e diretamente desmentidos pelo recorrente em seu recurso. Vejase: Fl. 766DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 767 12 Pelo todo o exposto, a tomar por válida e imprescindível a intimação nº 301/2009 e que não teria havido a entrega dos arquivos digitais acompanhados do correspondente "Recibo de Entrega de Arquivos Digitais", gerado e emitido a partir do SVA Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, conforme determina o MANAD Manual Normativo de Arquivos Digitais, bem como pelo fato de o recorrente não ter apresentado, seja em sua Manifestação de Inconformidade, seja em seu Recurso Voluntário, referidos arquivos digitais ou, ao menos, sua escrituração em meio físico, não vejo irregularidade no decreto de arquivamento, tampouco evidências de que a autoridade fiscal tivesse agido de forma pessoal e ilegal a ensejar seu impedimento para atuar no caso, consoante o disposto no artigo 18 da Lei 9.784/99. A título meramente ilustrativo e levandose em conta as informações constantes no RRR, sem efetuar qualquer verificação acerca de sua correção, adicionei à contribuição devida, o produto das alíquotas abaixo, uma vez que o contribuinte, em tese, não as considerou na apuração de seu crédito, consoante demonstrariam os resumos de sua folha de pagamento acostados aos autos, onde se evidencia a não apuração da COTA EMPRESA, TERCEIROS e SAT. Confirase o padrão (fls. 33): i) a cota patronal de 20%; ii) terceiros da ordem de 5,8 %, em função do FPAS 507 que constou das GFIP; iii) SAT de 3%, considerando o CNAE 28.11800 (fls. 9), consoante anexo V do Decreto 3.048/99, antes da alteração promovida pelo Dec.6.042/2007 Assim sendo, adotei a seguinte metodologia: A partir da base de cálculo determinada nos resumos das folhas de pagamento, abaixo indicados, estimei as contribuições a cargo da empresa à alíquota de 28,8% (PATRONAL 20% + SAT 3% + TERCEIROS 5,8%), adicioneias à cota dos segurados também lá informada e compareias com as retenções reclamadas no RRR, quando então pôde Fl. 767DF CARF MF Processo nº 35196.000913/200583 Acórdão n.º 2402007.306 S2C4T2 Fl. 768 13 se notar que, no geral, não haveria a imediata demonstração do crédito. Em outras palavras, a considerar a alíquota concentrada de 28,8%, em 5 dos 7 períodos não haveria evidência de saldo credor a favor do recorrente. Frisese que aqui, da mesma sorte, não efetuei qualquer verificação acerca do valor determinado pelo sujeito passivo como sendo a base de cálculo do INSS naqueles resumos. A B D E F E G COMP VALOR RETIDO BC DE INSS FLS EMPRESA EMPREGADO (B (E + F)) RESULTADO jul/04 14.662,65 20.803,09 33 5.991,29 1.821,49 6.849,87 ago/04 8.972,38 27.274,23 96 7.854,98 2.390,90 1.273,50 NÃO HAVERIA CRÉDITO set/04 6.630,32 22.915,64 146 6.599,70 2.008,70 1.978,08 NÃO HAVERIA CRÉDITO out/04 4.442,03 24.479,29 195 7.050,04 2.216,75 4.824,76 NÃO HAVERIA CRÉDITO nov/04 5.066,58 17.513,95 244 5.044,02 1.504,56 1.482,00 NÃO HAVERIA CRÉDITO dez/04 9.095,34 23.911,11 249 6.886,40 2.201,46 7,48 jan/05 12.163,73 35.710,40 355 10.284,60 3.300,41 1.421,28 NÃO HAVERIA CRÉDITO TOTAL DO PROCESSO => 4.122,26 NÃO HAVERIA CRÉDITO Por fim, que toca à alegação de que teria havido bitributação, impõese destacar que uma vez que a análise de mérito não foi levada a efeito em função do não atendimento à intimação fiscal, tal análise restou prejudicada, como acertadamente concluiu a decisão recorrida. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 768DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.010154/2007-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002
IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE RETENÇÃO.
Ausente comprovação de retenção de imposto de renda referente ao ano-calendário objeto do lançamento, é procedente a autuação.
Numero da decisão: 2402-007.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201906
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE RETENÇÃO. Ausente comprovação de retenção de imposto de renda referente ao ano-calendário objeto do lançamento, é procedente a autuação.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10980.010154/2007-51
anomes_publicacao_s : 201907
conteudo_id_s : 6025017
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.403
nome_arquivo_s : Decisao_10980010154200751.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
nome_arquivo_pdf_s : 10980010154200751_6025017.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
dt_sessao_tdt : Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
id : 7804487
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:48:18 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713052122800455680
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1304; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 41 1 40 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10980.010154/200751 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402007.403 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 6 de junho de 2019 Matéria IRPF Recorrente VACIL1NA VOLOCHEN Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE RETENÇÃO. Ausente comprovação de retenção de imposto de renda referente ao ano calendário objeto do lançamento, é procedente a autuação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 01 54 /2 00 7- 51 Fl. 41DF CARF MF Processo nº 10980.010154/200751 Acórdão n.º 2402007.403 S2C4T2 Fl. 42 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário (efls. 35/36) em face do Acórdão n. 06 24.500 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) DRJ/CTA (efls. 28/30), que julgou improcedente a impugnação (efl. 02), apresentada em 27/08/2007, mantendo o crédito tributário consignado no lançamento constituído em 21/08/2007 (efl. 25) mediante o Auto de Infração Imposto de Renda Pessoa Física no total de R$ 2.747,80 (efls. 03/07) com fulcro em compensação indevida de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF). Cientificada do teor do Acórdão n. 0624.500 em 04/02/2010 (efl. 33), a impugnante, agora Recorrente, apresentou Recurso Voluntário na data de 23/02/2010 alegando, em linhas gerais, que o IRRF glosado foi efetivamente recolhido sob Código de Receita 0561. Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n. 70.235/72 e alterações posteriores, portanto dele conheço. Ao apreciar a impugnação, a instância de piso assim concluiu: Em sede de recurso voluntário, a Recorrente reconhece que o recolhimento de IRRF Código de Receita 0561 valor de R$ 1.192,35 data: 26/12/2001 (efls. 15/16 e 37/38) referese ao anocalendário 2001, mas esclarece que isto ocorreu pelo fato de ter recebido as informações referentes ao anocalendário 2002 quando já havia apresentado a Fl. 42DF CARF MF Processo nº 10980.010154/200751 Acórdão n.º 2402007.403 S2C4T2 Fl. 43 3 declaração de ajuste anual referente ao anocalendário 2001 na condição de isenta e que não se ateve às datas, inclusive do recolhimento do DARF, havendo declarado normalmente no ano calendário 2002. De plano, resta constatada que, de fato, o IRRF glosado no valor de R$ 1.192,35 referese ao anocalendário 2001 e em sendo assim não se presta para compensação do imposto devido no anocalendário 2002, caracterizandose assim a procedência do lançamento em apreço. Ante o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 43DF CARF MF
score : 1.0