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7820809 #
Numero do processo: 10384.006503/2007-60
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/05/2007 PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. ART. 41. LEI Nº 8.212/91. MP Nº 449/08. REVOGAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O art. 65, I, da MP nº 449/08 revogou o art 41 da Lei n° 8.212/91, não havendo mais fundamento legal para a responsabilização pessoal do dirigente de órgão público pelas infrações a obrigações previdenciárias acessórias, revogação essa que, por conceder ao contribuinte tratamento mais benéfico em relação à multa, deve ser aplicado de forma retroativa, nos termos do art. 106 do CTN. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Exonerado
Numero da decisão: 2402-007.326
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA

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CUSTEIO. AUTO DE INFRAÇÃO. DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. ART. 41. LEI Nº 8.212/91. MP Nº 449/08. REVOGAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. O art. 65, I, da MP nº 449/08 revogou o art 41 da Lei n° 8.212/91, não havendo mais fundamento legal para a responsabilização pessoal do dirigente de órgão público pelas infrações a obrigações previdenciárias acessórias, revogação essa que, por conceder ao contribuinte tratamento mais benéfico em relação à multa, deve ser aplicado de forma retroativa, nos termos do art. 106 do CTN. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 00 65 03 /2 00 7- 60 Fl. 127DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na Sistemática dos Recursos Repetitivos prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Nessa prumada, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019, proferido no âmbito do processo n° 13558.001477/2007-32 - OSIAS ERNESTO LOPES, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Cuida o presente de Recurso Voluntário em face de acórdão que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. O lançamento, consubstanciado no DEBCAD 37.033.758-1, refere-se a multa pessoal aplicada sobre o Secretário de Administração do município de Itabuna em virtude de ter deixado de declarar em GFIP fatos geradores de contribuições previdenciárias nas competências de 3/2002 a 9/2004, infringindo, assim sendo, o disposto no art. 32, IV, § 5º da Lei 8.212/91. Regularmente impugnado o lançamento, a instância de piso julgou-o procedente, por meio do acórdão assim ementado: Fl. 128DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Em seu recurso voluntário, o recorrente estruturou sua defesa nos seguintes tópicos: I - Ilegitimidade da parte: Prevalência da Lei Nacional. Ausência na Lei Orgânica do município de Itabuna de regra expressa, clara, específica delegando responsabilidades sobre GFIP a secretário municipal. Diretor de Departamento - Natural delegado de funções e encargos. Da jurisprudência no âmbito administrativo. A condição de agente político do secretário municipal - suas conseqüências - responsabilidades. Sobre o Decreto Municipal nº 5.932/01 (art 46) - quanto à responsabilidade do diretor de RH no cumprimento de atividades básicas relativas à legislação de pessoal. II - Da irretroatividade da Lei Processual - aplicação da lei nova - prejuízo ao recorrente - nulidade processual. III - Da satisfação dada à solicitação constante da TIAF. IV - Do caso fortuito ou de força maior. V - Do papel auditorial da secretaria do planejamento e finanças. VI - Do princípio constitucional da proporcionalidade. VII - Da correção das irregularidades dentro do prazo original do decreto nº 3.048/91. VIII - Do entendimento jurisprudencial das cortes judiciais sobre a questão. Mais a frente, em 22.7.09, o recorrente apresentou nova petição, por meio da qual encaminhou outros documentos, bem como passou a sustentar a revogação do artigo 41 da Lei 8.212/91. É o relatório." Convém salientar que as referências específicas presentes no relatório do acórdão paradigma suso transcrito são exclusivas do Processo Administrativo Fiscal nº 13558.001477/2007-32, não guardando relação com o presente repetitivo. Relatados sumariamente os fatos relevantes. Fl. 129DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 Voto Conselheiro Denny Medeiros da Silveira - Relator. Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. Nesse contexto, ao presente litígio aplica-se o decidido no Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019, proferido no âmbito do processo n° 13558.001477/2007-32 - OSIAS ERNESTO LOPES, paradigma ao qual o presente processo encontra-se vinculado. Transcreve-se, a seguir, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto condutor proferido pelos Conselheiro Maurício Nogueira Righetti, digno Relator da decisão paradigma suso citada, reprise-se, Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária, de 4 de junho de 2019. Acórdão nº 2402-007.323 - 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Conselheiro Maurício Nogueira Righetti - Relator O contribuinte teria tomado ciência do acórdão recorrido em 29.8.08 e apresentou seu Recurso Voluntário, tempestivamente, em 23.9.08. Observados os demais requisitos para admissibilidade, dele passo a conhecer. A multa impingida, de natureza objetiva, tinha espeque, à época, no artigo 41 da Lei 8.212/91, que possuía a seguinte redação: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição Nesse rumo, a considerar que teria havido o descumprimento do dever instrumental determinado pelo artigo 32 da Lei 8.212/91, aplicou-se a multa prevista em seu § 5º. Ocorre que com o posterior advento da Medida Provisória 449/2008, houve a expressa revogação daquele artigo 41 da Lei 8.212/91, revogação esta, mantida pela Lei 11.941/2009, produto de sua conversão. É certo que o ato do lançamento deve-se reportar sempre a lei vigente à época da sua produção. Contudo, há situações em que o próprio CTN, especificamente em seu art. 106, autoriza excepcionalmente que fatos passados sejam regulados pela legislação futura. Vejamos: Art 106 - A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: Fl. 130DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2402-007.326 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10384.006503/2007-60 1 - em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação da penalidade à infração dos dispositivos interpretados; 11- tratando-se de ato não definitivamente julgado: quando deixe de defini-lo como infração; quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo;e quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua Prática Com efeito, forço concluir que não mais subsiste fundamento legal para a exigência da multa à época aplicada. No mesmo sentido, o enunciado da Súmula CARF nº 65, verbis: Súmula CARF nº 65: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Face ao exposto, VOTO no sentido de CONHECER do recurso para DAR-LHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti" Alertamos, uma vez mais, que as referências específicas presentes no voto condutor do acórdão paradigma encimado são exclusivas do Processo Administrativo Fiscal nº 13558.001477/2007-32, não havendo relação com o presente repetitivo, aqui se aplicando, tão somente, a decisão de mérito lá proferida. Nesse contexto, pelas razões de fato e de Direito ora expendidas, voto por CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Relator. Fl. 131DF CARF MF

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7786441 #
Numero do processo: 10805.721978/2016-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012 ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 611-A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. 2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma. PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL. O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA. A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa.
Numero da decisão: 2402-007.237
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI

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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012 ART. 24 DA LINDB. INAPLICABILIDADE. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. EFEITOS DAS DECISÕES JUDICIAIS. REGRAMENTO PROCESSUAL PRÓPRIO. 1. O Código Tributário Nacional tem norma específica que regulamenta os efeitos das decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, os quais, inclusive, não coincidem com os efeitos a que se pretende atribuir através do art. 24 da LINDB. 2. Ademais, o art. 146 do Código é claro ao determinar que a modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos adotados pela autoridade administrativa no exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a fato gerador ocorrido posteriormente à sua introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não retroativos. 3. O direito processual já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas vinculantes deste CARF. NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE. O art. 611-A da CLT não pode retroagir para alcançar situações que já estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. PLR. PERIODICIDADE. PAGAMENTOS RELATIVOS A PLANOS DE DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO. 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para que a participação não substitua e nem complemente a remuneração. 2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012, não tendo havido infringência à norma. PLR. ACORDO. APLICAÇÃO. EMPREGADOS. SINDICATO. BASE TERRITORIAL. O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se aplica, tão somente, aos empregados que pertençam à base territorial do sindicato signatário do acordo. CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES. NÃO INCIDÊNCIA. A hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8212/91 abrange, expressamente, tanto a educação tecnológica, quanto a educação profissional dos empregados, bastando que o curso esteja vinculado às atividades desenvolvidas pela empresa.

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício. Quanto ao recurso voluntário, em relação à extensão do acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por voto de qualidade, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Thiago Duca Amoni, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento. Em relação aos reembolsos escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente e Redator Designado (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Mauricio Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.

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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 27; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2069; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2­C4T2  Fl. 2.712          1 2.711  S2­C4T2  MINISTÉRIO DA FAZENDA  CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS  SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO    Processo nº  10805.721978/2016­72  Recurso nº               De Ofício e Voluntário  Acórdão nº  2402­007.237  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  8 de maio de 2019  Matéria  CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL  Recorrentes  GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA              FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2012 a 31/12/2012  ART.  24  DA  LINDB.  INAPLICABILIDADE.  NORMAS  GERAIS  DE  DIREITO  TRIBUTÁRIO.  APLICAÇÃO  DO  CÓDIGO  TRIBUTÁRIO  NACIONAL.  EFEITOS  DAS  DECISÕES  JUDICIAIS.  REGRAMENTO  PROCESSUAL PRÓPRIO.   1. O Código Tributário Nacional  tem norma  específica  que  regulamenta  os  efeitos  das  decisões  dos  órgãos  singulares  ou  coletivos  de  jurisdição  administrativa,  os  quais,  inclusive,  não  coincidem  com  os  efeitos  a  que  se  pretende atribuir através do art. 24 da LINDB.  2. Ademais,  o  art.  146 do Código é  claro  ao determinar que a modificação  introduzida,  de  ofício  ou  em  conseqüência  de  decisão  administrativa  ou  judicial,  nos  critérios  jurídicos  adotados  pela  autoridade  administrativa  no  exercício do lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um mesmo  sujeito  passivo,  quanto  a  fato  gerador  ocorrido  posteriormente  à  sua  introdução, de tal forma que tal modificação tem efeitos prospectivos, e não  retroativos.  3. O direito processual  já estabelece uma lógica de precedentes (baseada no  mesmo valor de segurança jurídica), a exemplo das decisões com repercussão  geral, das decisões proferidas em recursos repetitivos, ou as próprias súmulas  vinculantes deste CARF.  NOVA CLT. APLICAÇÃO RETROATIVA. IMPOSSIBILIDADE.  O  art.  611­A  da  CLT  não  pode  retroagir  para  alcançar  situações  que  já  estavam definitivamente consolidadas quando da sua entrada em vigência.  CONTRIBUIÇÕES  DEVIDAS  À  SEGURIDADE  SOCIAL.  PLR.  PERIODICIDADE.  PAGAMENTOS  RELATIVOS  A  PLANOS  DE  DIFERENTES EXERCÍCIOS. CUMPRIMENTO DA LEGISLAÇÃO.      AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 72 19 78 /2 01 6- 72 Fl. 2712DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.713          2 1. O que a lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de  valores que descumpra a periodicidade mínima estabelecida, até mesmo para  que a participação não substitua e nem complemente a remuneração.   2. Os pagamentos de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos,  pois o primeiro corresponde ao PLR 2011 e o segundo à antecipação do PLR  2012, não tendo havido infringência à norma.  PLR.  ACORDO.  APLICAÇÃO.  EMPREGADOS.  SINDICATO.  BASE  TERRITORIAL.  O acordo para pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) se  aplica,  tão  somente,  aos  empregados  que  pertençam  à  base  territorial  do  sindicato signatário do acordo.  CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. REEMBOLSO  ESCOLAR DESTINADO AOS EMPREGADOS. CURSOS SUPERIORES.  NÃO INCIDÊNCIA.   A  hipótese  de  exclusão  da  alínea  "t"  do  §  9º  do  art.  28  da  Lei  8212/91  abrange,  expressamente,  tanto  a  educação  tecnológica,  quanto  a  educação  profissional  dos  empregados,  bastando  que  o  curso  esteja  vinculado  às  atividades desenvolvidas pela empresa.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento  ao  recurso  de  ofício.  Quanto  ao  recurso  voluntário,  em  relação  à  extensão  do  acordo coletivo da matriz para os empregados dos escritórios regionais, negado provimento por  voto  de  qualidade,  sendo vencidos  os Conselheiros  João Victor Ribeiro Aldinucci  (Relator),  Thiago  Duca  Amoni,  Renata  Toratti  Cassini  e  Gregório  Rechmann  Junior,  que  deram  provimento. Em relação ao aditamento do acordo de PLR, negado provimento por maioria de  votos, sendo vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Renata Toratti  Cassini  e  Gregório  Rechmann  Junior,  que  deram  provimento.  Em  relação  aos  reembolsos  escolares, dado provimento por unanimidade de votos. Designado para redigir o voto vencedor  o Conselheiro Denny Medeiros da Silveira.  (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira  ­ Presidente e Redator Designado  (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator  Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:  Denny  Medeiros  da  Silveira,  Luis  Henrique  Dias  Lima,  João  Victor  Ribeiro  Aldinucci,  Paulo  Sergio  da  Silva,  Thiago  Duca  Amoni  (Suplente  Convocado),  Mauricio  Nogueira  Righetti,  Renata  Toratti  Cassini e Gregorio Rechmann Junior.  Fl. 2713DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.714          3 Relatório  A  10ª  Turma  da  DRJ/RPO  fez  um  relato  preciso  do  lançamento,  da  impugnação e dos incidentes ocorridos até a prolatação do acórdão de impugnação, que passa a  integrar, em parte, o presente relatório:  Trata­se  de  crédito  tributário  constituído  pela  fiscalização  e  materializado por meio de Auto de Infração (AI) contra o sujeito  passivo acima identificado, verificado em 22 estabelecimentos da  empresa em diversos municípios nos estados de SP, RJ, DF, MG,  PR, SC, RS, BA e PE,  lançado em 20/06/2016 e  com a  ciência  pessoal  ao  contribuinte  em  29/06/2016  (fls.  1596/1599),  com  lançamento das seguintes contribuições previdenciárias:    Constituíram  fatos  geradores  das  contribuições  lançadas  as  seguintes verbas:  ­  PRL  Excedente:  valores  pagos  a  título  de  participação  nos  resultados aos empregados em cargos subordinados em período  inferior a seis meses, no período de 01/2012 a 12/2012;  ­ PRL a Líderes Excedente no Semestre:  valores pagos a  título  de  participação  nos  resultados  aos  empregados  em  cargos  de  líderes  ou  superiores  em  período  inferior  a  seis  meses,  no  período de 01/2012 a 12/2012;  ­ PRL em Unidades sem Acordo Coletivo: valores pagos a título  de participação nos resultados aos empregados de unidades sem  Acordo Coletivo  ou  qualquer  outro  instrumento  de  negociação  coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012;  ­  PRL  Líderes:  valores  pagos  a  título  de  participação  nos  resultados  aos  empregados  em  cargos  de  líderes  ou  superiores  sem  Acordo  Coletivo  ou  qualquer  outro  instrumento  de  negociação coletiva, no período de 01/2012 a 12/2012; e   ­  Reembolso  Escolar:  valores  pagos  a  título  de  reembolso  escolar em desacordo com a legislação.  A  fiscalização  informa  que  aplicou  a  alíquota  GILRAT  declaradas pela própria empresa em GFIP para todo o período,  em concordância com decisão judicial transitada em julgado no  Mandado  de  Segurança  nº  2007.61.14.000461­7  da  2ª  Vara  Federal da 14ª Subseção Judiciária de São Bernardo do Campo  –  SP,  que  garantiu  ao  contribuinte  o  direito  de  recolher  Fl. 2714DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.715          4 conforme  o  enquadramento  decorrente  da  atividade  preponderante de cada estabelecimento.  Foi aplicada a multa de 75% decorrente do lançamento de ofício  realizado.  O  contribuinte  apresentou  impugnação,  em  28/07/2016  (Termo  de  Solicitação  de  Juntada  a  fl.  1604),  às  fls.  1605/1634,  e  anexos, com as considerações a seguir descritas.  1. Reclama a tempestividade da impugnação, afirmando ter sido  cientificado  em 29/06/2016  e  que  o  prazo  para  impugnação  se  encerraria somente em 29/07/2016.  2. Alega ausência de motivação adequada para identificação do  fato  gerador  da  obrigação  tributária  constituída,  com  base  na  afirmação  de  que  não  teria  sido  desconstituída  a  natureza  indenizatória  das  verbas  tributadas,  condição  necessária  para  aplicação  do  art.  28,  §9º,  da  Lei  nº  8.212/1991,  como  fundamento do  lançamento. Constrói raciocínio segundo o qual  a  incidência  das  contribuições  sociais  é  primariamente  estabelecida sobre verbas de natureza remuneratória, nos termos  do art. 11, da Lei nº 8.212/1991, e do art. 195, da CF. Reforça  com decisão administrativa do CARF, sob a égide dos recursos  repetitivos, que estabelece não ser taxativo o referido rol do art.  28, §9º, devendo ser examinado, no caso concreto, se a parcela  paga  ao  empregado  possui  natureza  salarial,  devendo  ser  excluídas dessa incidência as que tenham natureza indenizatória.  Considera  que  o  PLR  estaria  abrangido  por  imunidade  tributária,  que  o  reembolso  escolar  não  teria  natureza  contraprestativa e, mais especificamente, que o PLR referente à  unidade de Sorocaba remete a pagamentos de 06/2011, que não  foram objeto do lançamento (06/2012), resultando em insanável  vício material do lançamento por imprecisão na identificação e  discriminação  da  matéria  tributária  e  conseqüentemente  com  preterição do direito de defesa.  3.  Insurge­se  contra  a  tributação  dos  pagamentos  de  PLR  por  periodicidade inferior a um semestre, alegando que há somente  dois  pagamentos  de  PLR  para  cada  funcionário  em  cada  ano  civil,  portanto  estaria  atendida  a  condição  legal  que  proíbe  “periodicidade  inferior  a  um  semestre  civil  ou  mais  de  duas  vezes no mesmo ano civil”.  Fundamenta  sua  posição  com  trechos  da  exposição de motivos  na MP nº 794/1994, que deu origem a regulamentação do PLR e  à Lei nº 10.101/2000 usada pela fiscalização para fundamentar o  lançamento,  com  a  Consulta  Técnica  INSS  nº  507/2004,  que  conclui pela possibilidade de pagamento de PLR em “no máximo  duas vezes no ano civil, ainda que no mesmo semestre civil”, e  traz decisões do CARF e do TST no mesmo sentido. Ressalta que  os pagamentos considerados referem­se a programas e acordos  coletivos distintos, o que já foi motivação para decisão do CARF  favorável  ao  contribuinte  em  outro  processo.  Reforça  que  a  interpretação da fiscalização foi demasiadamente formalística e  literal,  inclusive  apontando  que  a  legislação  imediatamente  Fl. 2715DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.716          5 posterior, a Lei nº 12.832/2013, passou a aceitar pagamentos de  PLR  com  intervalos mínimos  de  3 meses,  invocando  também  o  princípio da retroatividade da norma favorável.  4.  Combate  a  imposição  do  lançamento  ao  PLR  pago  aos  empregados  em  cargos  de  liderança  de  unidades  que  a  fiscalização considerou não abrangidas pelos acordos coletivos  por  entender  que  todos  esses  empregados  estariam  abrangidos  pelos  acordos  firmados.  Expõe  haver  cláusula  nos  Acordos  Coletivos de São José dos Campos, Sorocaba, Mogi das Cruzes,  São  Paulo  e  Gravataí  prevendo  expressamente  a  possibilidade  de  inclusão  deeses  funcionários mediante  simples  aditamento  e  que  havia  acordo  coletivo  específico  para  todos  esses  funcionários  provendo  tal  aditamento  e  contemplando  todos  os  estabelecimentos da impugnante na PLR de 2011. Para a PLR de  2012,  havia  previsão  expressa  da  possibilidade  de  antecipação  do pagamento da PLR para as unidades de São Paulo, Mogi das  Cruzes,  Recife,  Belo  Horizonte,  Porto  Alegre,  Brasília,  Rio  de  Janeiro  e  Salvador,  o  qual  não  teria  sido  considerado  pela  autoridade  lançadora.  Reforça  que  esses  acordos  não  estabeleceram  qualquer  formalidade  para  o  aditamento  e  tampouco  exigiram  nova  anuência  dos  respectivos  sindicatos,  pois  já haviam autorizado o aditamento com expresso respaldo  dos  sindicatos  signatários.  Traz  decisão  administrativa  do  CARF. Menciona  que  a  própria  fiscalização  reconheceu  que  a  PLR  paga  a  esse  empregados  no  estabelecimento  matriz  observou todos os requisitos legais.  Acrescenta que os acordos têm abrangência nacional, conforme  estatuto social do sindicato signatário, que anexa, e entende que  a  lei  não  veda  a  extensão  do  PLR  do  estabelecimento  matriz  para  os  estabelecimentos  filiais.  Ressalta  a  inclusão,  no  lançamento do PLR de  líderes  e  superiores proveniente de São  José dos Campos, de funcionário que não ocupava nenhuma das  funções  discriminadas  (seria  horista  e  não  líder  ou  superior)  e  tampouco era proveniente da fábrica de São José dos Campos.  5. Contesta  o  lançamento  do  PLR  pago  a  funcionários  lotados  em  pequenos  escritórios  regionais  por  falta  de  cobertura  de  acordo  coletivo,  sob  a  alegação  de  que  eles  estariam  cobertos  pela  extensão  do  acordo  coletivo  da  matriz,  pois  a  limitação  territorial da abrangência do sindicato não possuiria um caráter  absoluto.  Traz  Portaria  do MTE  que  admite  tal  extensão  para  empresa  que  presta  serviço  em  local  diverso  da  sua  sede.  Defende  que  a  interpretação  do  PLR,  enquanto  integrante  do  contrato  de  trabalho,  deve  se  dar  de  forma  mais  favorável  ao  trabalhador, nos termos da CLT. Justifica essa extensão com os  altos  custos  envolvidos  na  mobilização  de  outros  sindicatos.  Destaca que o sindicato signatário do acordo coletivo da matriz  possui notória credibilidade no território nacional, não havendo  prejuízo ao trabalhador, conforme extratos da imprensa que cola  aos autos, e traz decisão do CARF sobre extensão do acordo em  caso de prestação de serviço em localidade fora da abrangência  do  sindicato.  Acrescenta  que  o  referido  PLR  teve  um  sucesso  estrondoso e não representou prejuízo aos empregados.  Fl. 2716DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.717          6 6.  Refuta  a  incidência  da  contribuição  previdenciária  sobre  despesas  escolares  dos  funcionários  custeadas  a  título  de  reembolso escolar afirmando não haver nenhuma vedação legal  ao custeio de cursos de nível superior voltados para capacitação  profissional  dos  funcionários.  Sustenta  que  a  lei  adota  um  conceito  amplo  de  educação  profissional  e  tecnológica  que  também  abrange  os  cursos  de  nível  superior  e  pós­graduação,  exigindo  apenas  a  vinculação  com  a  atividade  desempenhada.  Entende  ser  exatamente  esse  o  escopo  de  seu  tradicional  programa  de  reembolso  escolar  implementado  desde  1970,  esclarecendo que os cursos abrangidos referem­se, entre outros,  a  cursos  de  Engenharia  Elétrica,  Engenharia  Mecânica,  Administração,  Gestão  de  Negócios,  Gestão  de  Produção,  os  quais  apresentam  inequívoca  vinculação  com  as  atividades  desenvolvidas pelo impugnante.  Traz comprovantes a título de exemplo, decisões de Turma e da  CSRF do CARF e jurisprudência do STJ.  7. Reclama a  exclusão  do  lançamento  do GILRAT,  adjetivando  de imprecisa e incongruente sua apuração a partir da aplicação  de  FAP  superior  ao  obtido  pelo  impugnante  em  decisão  administrativa  (1,7724  e  1,770,  ao  invés  de  1,4074),  conforme  havia informado à fiscalização em resposta ao TIF nº 06, o que  teria caracterizado atribuição de critério de lançamento distinto  do efetivamente lançado. Traz decisão administrativa. Esclarece  que  o  impugnante  teria  sido  orientado  pela  própria  RFB  a  informar  em  GFIP  o  FAP  de  1,0000  para  2012  por  ter  apresentado impugnação à majoração de seu FAP.  8.  Taxa  de  irregular  a  incidência  de  juros  moratórios  sobre  a  multa  sancionatória de ofício de 75%, por  ser desvinculada da  obrigação  tributária  principal.  Traz  decisão  administrativa  e  jurisprudência do TRF da 4º Região.  Encerra requerendo a improcedência dos  lançamentos  fiscais e  de  toda  e  qualquer  exigência  fiscal  que  deles  decorram  e,  alternativamente,  a  nulidade  do  lançamento  sob  a  rubrica  GILRAT e o afastamento da incidência de todo e qualquer juros  sobre  a  multa  de  ofício  de  75%  sobre  eventual  saldo  remanescente.  A  10ª  Turma  da  DRJ/RPO  julgou  a  impugnação  procedente  em  parte,  conforme decisão cujo acórdão e ementa são, respectivamente, as seguintes:  Acordam  os  membros  da  10ª  Turma  de  Julgamento,  por  unanimidade  de  votos,  julgar  procedente  em  parte  a  impugnação, para  excluir os  valores  lançados no  levantamento  “PLR  EXCEDENTE”,  mantendo­se  o  restante  do  crédito  tributário, nos termos do voto do relator.  Intime­se  para  pagamento  do  crédito  mantido  no  prazo  de  30  dias  da  ciência,  salvo  interposição  de  recurso  voluntário  ao  Conselho  Administrativo  de  Recursos  Fiscais,  em  igual  prazo,  conforme  facultado pelo art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de  Fl. 2717DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.718          7 março de  1972,  alterado pelo  art.  1º  da Lei  n.º  8.748,  de  9  de  dezembro de 1993, e pelo art. 32 da Lei 10.522, de 19 de julho  de 2002.  Submeta­se  à  apreciação  do  Conselho  Administrativo  de  Recursos Fiscais, por força de recurso necessário, considerando  a  exoneração  do  crédito  tributário  no  valor  total  de  R$  69.360.582,71,  considerando  tributo  e multa,  portanto  superior  ao valor de alçada. A exoneração do crédito procedida por este  acórdão  só  será  definitiva  após  o  julgamento  em  segunda  instância.  .........................................................................................................  NULIDADE.  ARGÜIÇÃO  DE  MOTIVAÇÃO  INADEQUADA.  INAPLICABILIDADE.   Não  caracteriza  fundamento  de  preliminar  de  nulidade  a  argüição de motivação  inadequada decorrente de eventual erro  de  interpretação na  qualificação  jurídica  dos  fatos  verificados,  por se tratar de análise afeta ao mérito e não a vício de natureza  processual.  PLR.  PERIODICIDADE  SEMESTRAL.  CRITÉRIO  DE  APLICAÇÃO.  A  vedação  legal  ao  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre  civil,  ou mais  de  duas  vezes  no mesmo  ano  civil,  não  atinge  o  pagamento de parcelas dessa natureza que porventura ocorram  em  intervalo  inferior  a  seis  meses,  desde  que  se  refiram  a  programas de exercícios distintos ou que não seja caracterizada  a periodicidade pela constatação de pelo menos dois  intervalos  subseqüentes inferiores a seis meses.  ACORDO COLETIVO. PLR. EXTENSÃO A EMPREGADOS DE  UNIDADES  SOB  CIRCUNSCRIÇÃO  DE  SINDICATO  DIVERSO  DO  SINDICATO  SIGNATÁRIO.  INADMISSIBILIDADE.  Em  respeito  aos  princípios  da  unicidade  sindical  e  da  territorialidade, não é admissível a extensão de acordo coletivo,  ou  de  cláusulas  específicas  relativas  a  instituição  de  participação nos lucros e resultados, assinado por um sindicato  para abranger empregados de unidades sujeitas à representação  sindical  distinta  da  signatária  do  acordo,  por  falta  de  representatividade.  REEMBOLSO  ESCOLAR.  GRADUAÇÃO  FORA  DO  CONCEITO  LEGAL  DE  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  E  TECNOLÓGICA. INCIDÊNCIA.  Incide contribuição previdenciária sobre o valor relativo a plano  educacional, ou bolsa de estudo, que vise ao custeio de curso de  Fl. 2718DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.719          8 graduação  fora  do  conceito  legal  de  educação  profissional  e  tecnológica de empregados.  CONTRIBUIÇÃO  AO  SAT/RAT.  ALÍQUOTA  PONDERADA  PELO  FATOR  ACIDENTÁRIO  DE  PREVENÇÃO  ESTABELECIDO. AUSÊNCIA DE CONTESTAÇÃO AO FATOR  APURADO.  Não  comprovada  a  existência  de  contestação  administrativa,  direcionada  ao  órgão  competente,  pendente  de  decisão,  a  alíquota  para  custeio  dos  benefícios  concedidos  em  razão  do  grau  de  incidência  de  incapacidade  laborativa  decorrente  dos  riscos  ambientais  do  trabalho  deve  ser  ajustada  pelo  Fator  Acidentário de Prevenção ­ FAP estabelecido por aquele órgão.  JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO.  A multa  de  ofício,  sendo parte  integrante  do  crédito  tributário,  está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro  dia do mês subsequente ao do vencimento.  .........................................................................................................  O montante exonerado implicou a interposição de recurso de ofício.   Intimado  da  decisão  em  11/04/2017,  pela  abertura  dos  arquivos  digitais  correspondentes no link Processo Digital, o sujeito passivo interpôs seu recurso voluntário em  10/05/2017,  no  qual  basicamente  reiterou  os  fundamentos  da  impugnação  a  respeito  da  (i)  natureza não  tributável  da PLR  e dos  reembolsos  escolares  e  da  (ii)  não  incidência de  juros  moratórios sobre a multa de ofício.   Iniciado  o  julgamento  neste  Conselho,  o  representante  do  contribuinte  apresentou petição requerendo a aplicação do Decreto­Lei nº 4.657/1942 (Lei de Introdução às  Normas  do  Direito  Brasileiro  ­  LINDB),  com  as  alterações  dadas  pela  Lei  nº  13.655/2018,  assim como a aplicação do art. 611­A da CLT, que, no seu entender, teria caráter interpretativo.  Na  sequência,  a  Fazenda  Nacional  requereu  sua  notificação  formal  de  referida  petição.  Em  virtude  disso,  o  processo  foi  retirado  de  pauta  com  vista  ao  atendimento  da  solicitação  da  PGFN.  Em sua manifestação, a Procuradoria basicamente pediu o  indeferimento da  aplicação do art. 24 da LINDB e do art. 611­A da CLT.   É o relatório.   Voto Vencido  Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator  1  Conhecimento  O recurso voluntário é  tempestivo e estão presentes os demais  requisitos de  admissibilidade,  devendo,  portanto,  ser  conhecido.  O  recurso  de  ofício  também  deve  ser  Fl. 2719DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.720          9 conhecido, porque  a decisão  recorrida exonerou o  sujeito passivo do pagamento de  tributo  e  encargos  de  multa  em  valor  total  de  R$  69.360.582,71,  montante  este  superior  a  R$  2.500.000,00, conforme previsto na Portaria MF nº 63/2017. Veja­se:  Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  (DRJ)  recorrerá  de  ofício  sempre  que  a  decisão  exonerar  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa,  em  valor  total  superior  a  R$  2.500.000,00  (dois  milhões  e  quinhentos  mil  reais).  § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo.  §  2º  Aplica­se  o  disposto  no  caput  quando  a  decisão  excluir  sujeito  passivo  da  lide,  ainda  que  mantida  a  totalidade  da  exigência do crédito tributário.  2  LINDB   Basicamente, e no entender da recorrente, a revisão quanto à validade de ato,  contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, deve levar em consideração as orientações  gerais da época, entre as quais se incluiria a jurisprudência judicial ou administrativa, tendo em  vista a norma do art. 24 da LINDB. Veja­se o texto legal:  Art.  24.  A  revisão,  nas  esferas  administrativa,  controladora  ou  judicial, quanto à validade de ato, contrato, ajuste, processo ou  norma  administrativa  cuja  produção  já  se  houver  completado  levará  em  conta  as  orientações  gerais  da  época,  sendo  vedado  que,  com  base  em  mudança  posterior  de  orientação  geral,  se  declarem  inválidas  situações  plenamente  constituídas.(Incluído  pela Lei nº 13.655, de 2018)  Parágrafo  único.  Consideram­se  orientações  gerais  as  interpretações  e  especificações  contidas  em  atos  públicos  de  caráter  geral  ou  em  jurisprudência  judicial  ou  administrativa  majoritária,  e  ainda  as  adotadas  por  prática  administrativa  reiterada e de amplo conhecimento público.(Incluído pela Lei nº  13.655, de 2018)  Em sendo assim, e de acordo com a tese do sujeito passivo, a observância do  artigo retro mencionado implicaria afastar os efeitos do lançamento.  No entanto, entendo que o Código Tributário Nacional tem norma específica  que  regulamenta  os  efeitos  das  decisões  dos  órgãos  singulares  ou  coletivos  de  jurisdição  administrativa,  os  quais,  inclusive,  não  coincidem  com  os  efeitos  a  que  se  pretende  atribuir  através do art. 24 da LINDB.   Art.  100.  São  normas  complementares  das  leis,  dos  tratados  e  das convenções internacionais e dos decretos:  I  ­  os  atos  normativos  expedidos  pelas  autoridades  administrativas;  Fl. 2720DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.721          10 II ­ as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição  administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa;  III  ­  as  práticas  reiteradamente  observadas  pelas  autoridades  administrativas;  IV ­ os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o  Distrito Federal e os Municípios.  Parágrafo  único.  A  observância  das  normas  referidas  neste  artigo exclui a  imposição de penalidades, a cobrança de juros  de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo  do tributo.  Sobre  esse dispositivo,  segue  a  inexcedível doutrina do Prof. Luís Eduardo  Schoueri:  Deve­se  atentar  que  meras  decisões  de  órgãos  julgadores  administrativos  não  são  as  "normas  complementares"  a  que  se  refere  o  Código.  Apenas  aquelas  cuja  eficácia  normativa  seja  assegurada por lei é que ali estariam.   Assim,  por  faltar  lei  federal  que  dê  eficácia  normativa  às  decisões administrativas, em processos administrativos em geral  não pode o contribuinte invocar, como razão para a adoção de  determinado  comportamento,  o  fato  de  um  colegiado  administrativo,  em  determinado  caso,  ter  adotado  tal  entendimento.  A  tal  contribuinte  não  virá  em  socorro  o  parágrafo  único  do artigo  100  do Código Tributário Nacional.  Sua  adoção  consistente,  entretanto,  poderá  indicar  "prática  reiterada", como se verá abaixo.   Tratando­se  solução  de  consulta  Cosit  ou  solução  de  divergência,  seu  efeito  vinculante  é  assegurado  no  âmbito  da  Secretaria  da Receita Federal  do Brasil,  respaldando  o  sujeito  passivo  que  a  aplicar,  independentemente  de  ser  o  consulente,  nos  termos  do  artigo  9º  da  Instrução  Normativa  (RFB)  n.  1.396/2013, na redação dada pela Instrução Normativa (RFB) n.  1.434/20131.   Quer  dizer,  em  confronto  com  o  art.  100,  a  recorrente  pretende  atribuir  eficácia normativa às decisões do Conselho, com efeitos ainda mais extensos do que aqueles  atribuídos pelo Código  (o art. 24 afastaria  todo o  lançamento, diferentemente do art. 100), o  que me parece equivocado. Veja­se que a observância das decisões a que a lei atribua eficácia  normativa excluiria a  imposição de penalidades, a cobrança de  juros de mora e a atualização  monetária, mas não o próprio tributo; e a doutrina retro mencionada evidencia que, "por faltar  lei  federal  que  dê  eficácia  normativa  às  decisões  administrativas,  em  processos  administrativos  em  geral  não  pode  o  contribuinte  invocar,  como  razão  para  a  adoção  de  determinado comportamento, o fato de um colegiado administrativo, em determinado caso, ter  adotado tal entendimento".   O  art.  146,  inc.  III,  da  Constituição  Federal,  preleciona  que  cabe  à  lei  complementar estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, entre as quais se                                                              1 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 133.   Fl. 2721DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.722          11 inclui  a  norma  do  art.  100  do  CTN,  que  enumera  as  normas  complementares  das  leis,  das  convenções internacionais e dos decretos.   Além  disso,  o  próprio  art.  146  do  Código  é  claro  ao  determinar  que  a  modificação introduzida, de ofício ou em conseqüência de decisão administrativa ou judicial,  nos  critérios  jurídicos  adotados  pela  autoridade  administrativa  no  exercício  do  lançamento  somente  pode  ser  efetivada,  em  relação  a  um mesmo  sujeito  passivo,  quanto  a  fato  gerador  ocorrido  posteriormente  à  sua  introdução,  de  tal  forma  que  tal  modificação  tem  efeitos  prospectivos, e não retroativos, ao contrário do que pretende fazer crer a recorrente.   Por  outro  lado,  a  interpretação  da  recorrente  não  resiste  às  normas  processuais que  tratam, entre outras questões, das decisões do Supremo Tribunal Federal em  controle  concentrado  de  constitucionalidade,  dos  enunciados  de  súmula  vinculante,  dos  acórdãos  em  julgamento  de  recursos  extraordinário  e  especial  repetitivos,  etc,  estes  sim  de  observância  obrigatória  por  parte  deste  Conselho,  ex  vi  do  disposto  no  art.  62  do  seu  Regimento Interno.   No mais, adiro às seguintes razões de decidir, do voto proferido pelo ilustre  Conselheiro  Daniel  Ribeiro  Silva,  no  PAF  16561.720065/2013­82,  neste  ponto  julgado  por  unanimidade de votos:  Não há como negar que o valor que se busca com tal norma é  nobre, qual seja, o de garantir a segurança jurídica, em especial  aos contribuintes que acabam por serem obrigados a interpretar  e aplicar uma legislação tributária absolutamente complexa.  Entretanto,  entendo que não se pode buscar,  sob  esse pretexto,  ampliar  o  alcance  ou  impor  a  aplicação  de  uma  norma  (expressiva  de  um  valor  jurídico  importante),  sobre  outras  normas  jurídicas  já postas  e absolutamente aplicáveis.  Seria,  a  meu ver, buscar a segurança gerando ainda mais insegurança ao  próprio sistema jurídico.  É  fato  conhecido  que  o  contexto  de  criação  da  norma  tiveram  como pano de  fundo os processos de controle das contratações  públicas,  em  especial  aqueles  das  instâncias  de  controle  dos  gastos públicos, como o TCU e a CGU.  Tal  fato  é  manifestado  claramente  quando  se  aprecia  a  justificação do PL, de autoria do Senador Antônio Anastasia:  Como  fruto  da  consolidação  da  democracia  e  da  crescente  institucionalização do Poder Público, o Brasil desenvolveu, com  o passar dos anos, ampla legislação administrativa que regula o  funcionamento,  a atuação dos mais diversos órgãos do Estado,  bem  como  viabiliza  o  controle  externo  e  interno  do  seu  desempenho.  Ocorre  que,  quanto  mais  se  avança  na  produção  dessa  legislação, mais se retrocede em termos de segurança jurídica.  O  aumento  de  regras  sobre  processos  e  controle  da  administração  têm  provocado  aumento  da  incerteza  e  da  Fl. 2722DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.723          12 imprevisibilidade  e  esse  efeito  deletério  pode  colocar  em  risco  os ganhos de estabilidade institucional.  Outrossim, exatamente por isso que o texto da norma fala em ato  administrativo,  contrato  administrativo,  ajuste  administrativo,  processo administrativo ou norma administrativa. É a conclusão  que se chega da concordância verbal do dispositivo, bem como  da  interpretação  sistemática  do  seu  parágrafo  único  e  demais  artigos inseridos da alteração legislativa.  [...]  Como bem manifestado pela Conselheira Livia Di Carli em voto  sobre o tema:  A entrega de declaração pelo contribuinte, pelo que se opera o  "autolançamento"  ou  o  "lançamento  por  homologação",  não  gera  situação  plenamente  constituída,  já  que  por  definição  a  apuração feita pelo contribuinte é sempre provisória e precária,  sujeita a homologação da autoridade  competente,  não havendo  que  se  falar  em  "situação  plenamente  constituída"  antes  da  homologação (expressa ou tácita) pela autoridade fiscal.  [...]  Entretanto,  ressalto que o direito processual  já  estabelece uma  lógica  de  precedentes  (baseado  no  mesmo  valor  de  segurança  jurídica),  a  exemplo  de  decisões  com  repercussão  geral  ou  as  próprias súmulas administrativas vinculantes deste CARF.  Entretanto, em todos esses casos há um procedimento específico  para sua produção, e defender a aplicação direta do art. 24 da  LINDB me parece ser tentar burlar um sistema de precedentes já  posto.  Ainda,  necessário  lembrar  que  o  direito  tributário  possui  regramento  próprio  na Constituição Federal  que  não  pode  ser  ignorado, em especial quando se analisa a hierarquia das fontes  normativas.  O artigo 146 da Constituição Federal estabelece que a edição de  normas  gerais  em matéria  tributária  é matéria  reservada  à  lei  complementar. E tem uma razão de ser em função da repartição  de competências tributárias entre diversos entes federativos.  É  esse  o  status  do  Código  Tributário  Nacional  e  de  qualquer  norma que pretenda veicular norma geral em matéria tributária.  Assim,  já causa estranheza que o  legislador  tenha pretendido o  alcance que defende a Recorrente por meio da edição de uma lei  ordinária federal.  Ademais, merece menção que o Núcleo de Estudos Fiscais (NEF)  da FGV Direito SP realizou recente colóquio com o objetivo de  debater  os  possíveis  impactos  da  Nova  Lei  de  Introdução  às  Normas  de  Direito  Brasileiro  (LINDB)  no  direito  tributário  (https://direitosp.fgv.br/evento/novaleideintroducaonormasdireit obrasileirolindbobjetivandoprincipiosestruturantesd).  Fl. 2723DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.724          13 No  referido  evento,  um dos  idealizadores  do  projeto  de  lei  que  gerou a alteração da LINDB (Prof. Carlos Ari Sundfeld) ao ser  indagado  sobre  a  aplicação  do  art.  24  da  LINDB  ao  processo  administrativo  tributário,  foi  contundente  ao  afirmar  que  no  direito  tributário  já  existem  os  artigos  100  e  146  do  CTN  que  trazem o  "mesmo  valor"  buscado  pela  LINDB,  e  que  o  art.  24  não  se  prestaria  como  algo  novo,  mas  sim  um  reforço  de  aplicação à norma já existente.  Isto  porque  que  o  CTN  possui  regramento  específico  sobre  a  matéria,  estabelecendo  o  artigo  100  que  a  observância  das  chamadas normas complementares  (das  leis, dos  tratados e das  convenções  internacionais e dos decretos) exclui  tão somente a  imposição  de  penalidades,  a  cobrança  de  juros  de  mora  e  a  atualização  do  valor  monetário  da  base  de  cálculo  do  tributo.  Jamais o principal de tributo.  Da mesma forma, o artigo 146 do CTN traz regramento próprio  sobre  o  efeito  intertemporal  da  introdução  de  novos  critérios  jurídicos  –  leia­se,  nova  interpretação  –  no  processo  de  constituição do crédito tributário.  Ou ainda, o próprio art. 112 do CTN determina a interpretação  mais  benéfica  ao  contribuinte  de  normas  que  cominem  penalidade.  Diante  disso,  dar  ao  artigo  24  da  LINDB  o  alcance  que  a  Recorrente  pretende  é,  ao  fim  e  ao  cabo,  acreditar  que  lei  ordinária  federal  poderia  trazer  uma  espécie  de  exceção  à  norma  do  artigo  100  do CTN,  o  que  vai  de  encontro  a  regras  básicas  de  interpretação  das  normas  em  um  sistema  constitucional complexo como o brasileiro.  Permito­me  citar,  novamente,  trecho  de  voto  da  Conselheira  Livia Di Carli sobre o tema:  o  alcance  pretendido  pela  Recorrente  em  nome  da  "segurança  jurídica" acabaria por "engessar" o contencioso administrativo,  impossibilitando­o  de  evoluir  com  eficiência,  retirando  dos  debates  tributários  a  tecnicidade  da  especialização  dos  Tribunais/Conselhos  de  Recursos  Fiscais,  que  diuturnamente  lidam  com  casos  que  envolvem  critérios  contábeis,  situações  e  documentos específicos que o Poder Judiciário não tem condição  (e nem estrutura) para analisar, o que acabaria por aumentar a  vulnerabilidade dos contribuintes trazendo, veja só, insegurança  jurídica.  Nesse  contexto,  entendo  que  uma  interpretação  do  sistema  jurídico  constitucional, tributário e processual resulta na conclusão de que o art. 24 não tem os efeitos  pretendidos pela recorrente.  Fl. 2724DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.725          14 Quanto  ao  art.  202,  igualmente  sem  razão  o  sujeito  passivo,  pois,  como  frisado  pela  Procuradoria,  "a  tributação  de  valores  pagos  a  título  de  PLR  com  base  na  legislação de regência não está alicerçada em abstrações ou normas indeterminadas". Muito  pelo  contrário,  a  presente  autuação  está  objetivamente  calcada  no  descumprimento  dos  requisitos previstos nas legislações que desvinculam a PLR, o plano educacional e a bolsa de  estudo  da  remuneração  dos  trabalhadores,  vendo­se,  ainda,  que  a  autoridade  lançadora  não  lançou mão de valores jurídicos abstratos.   3  Nova CLT  No meu entender, a tese de que o art. 611­A da CLT3 é norma de “eminente  caráter interpretativo” está equivocada.   Tal  norma  estabelece  a  prevalência  da  convenção  coletiva  e  do  acordo  coletivo  de  trabalho  sobre  a  lei,  quando  dispuserem  sobre  a  participação  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa,  mas  as  situações  pretéritas,  objeto  do  lançamento,  já  estavam  definitivamente consolidadas quando da entrada em vigência do novo dispositivo legal.  O art. 6º da LINDB, em consonância com a Constituição Federal (art. 5º, inc.  XXXVI),  preleciona  que  "a  Lei  em  vigor  terá  efeito  imediato  e  geral,  respeitados  o  ato  jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada", não se admitindo, assim, a aplicação  retroativa da nova lei, para alcançar e modificar os efeitos dos atos já praticados pelas partes,  sob pena, inclusive, de violação ao princípio da segurança jurídica.   O CTN excepciona  a aplicação da  lei  a  fatos  futuros, em se  tratando de  lei  expressamente interpretativa, o que não é o caso do art. 611­A, como já frisado, e até porque o  legislador não afirmou, de forma expressa, que tal regra seria meramente interpretativa.   Quando  da  formulação  dos  planos  e  dos  pagamentos,  a  recorrente  estava  ciente de que deveria cumprir rigorosamente a Lei 10101/00. Ela estava igualmente ciente dos  requisitos para a desvinculação do reembolso escolar da remuneração dos trabalhadores.   4  Recurso de ofício  A DRJ julgou parcialmente procedente a  impugnação, porque, em relação à  acusação relativa ao descumprimento da regra da periodicidade, entendeu que os pagamentos  de 01/2012 e 06/2012 são relativos a programas distintos, pois o primeiro corresponde ao PLR  2011 e o segundo à antecipação do PLR 2012.   Neste tocante, a interpretação da DRJ está de acordo com a lei e o recurso de  ofício deve ser desprovido.                                                               2  Art.  20.    Nas  esferas  administrativa,  controladora  e  judicial,  não  se  decidirá  com  base  em  valores  jurídicos  abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão.                                (Incluído pela Lei nº  13.655, de 2018)    Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de  ato,  contrato,  ajuste,  processo  ou  norma  administrativa,  inclusive  em  face  das  possíveis  alternativas.               (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)  3 Art.  611­A.   A convenção  coletiva  e o  acordo  coletivo de  trabalho  têm prevalência  sobre  a  lei  quando,  entre  outros, dispuserem sobre:    (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).  XV ­ participação nos lucros ou resultados da empresa.                       (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017)  Fl. 2725DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.726          15 O que a  lei veda é o pagamento antecipado ou a distribuição antecipada de  valores  que  descumpra  a  periodicidade  mínima  estabelecida,  até  mesmo  para  que  a  participação não substitua e nem complemente a  remuneração. A  regra da periodicidade está  inserida no art. 3º abaixo transcrito, que trata exatamente da impossibilidade de a participação  substituir ou complementar a remuneração devida ao empregado, para não ficar caracterizada a  habitualidade, que é própria dos salários, os quais sabidamente integram a base de cálculo das  contribuições devidas à seguridade social, diferentemente da PLR.   Art.3oA  participação  de  que  trata  o  art.  2º  não  substitui  ou  complementa a remuneração devida a qualquer empregado, nem  constitui  base  de  incidência  de  qualquer  encargo  trabalhista,  não se lhe aplicando o princípio da habitualidade.  §1oPara  efeito  de  apuração  do  lucro  real,  a  pessoa  jurídica  poderá  deduzir  como  despesa  operacional  as  participações  atribuídas aos empregados nos lucros ou resultados, nos termos  da presente Lei, dentro do próprio exercício de sua constituição.  §2oÉ  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados da empresa em periodicidade inferior a um semestre  civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil.  §  2oÉ  vedado  o  pagamento  de  qualquer  antecipação  ou  distribuição  de  valores  a  título  de  participação  nos  lucros  ou  resultados da empresa em mais de 2 (duas) vezes no mesmo ano  civil  e  em  periodicidade  inferior  a  1  (um)  trimestre  civil.(Redação  dada  pela Lei  nº  12.832,  de  2013)(Produção  de  efeito)  A  própria  fiscalização  asseverou  no  relatório  fiscal  que  o  pagamento  final  relativo  ao  ano  de  2011  foi  efetuado  em  01/2012,  e  que  o  pagamento  efetuado  em  06/2012  seria atinente à antecipação relativa a esse ano. Veja­se:  75.  Conforme  Acordos  Coletivos  apresentados,  para  os  empregados horistas e mensalistas, excetuados líderes e acima, a  empresa efetuou o pagamento final relativo ao ano de 2011 em  01/2012 [...].  Fica evidente, no entender deste relator, a inexistência de descumprimento da  regra da periodicidade, pois a empresa não antecipou valores em dissonância com a regra do §  2º do art. 3º vigente à época dos fatos geradores, devendo ser negado provimento ao recurso de  ofício.   5  Recurso voluntário  5.1  EXTENSÃO  DO  ACORDO  COLETIVO  DA  MATRIZ  PARA  OS  EMPREGADOS  DOS  ESCRITÓRIOS  REGIONAIS DA RECORRENTE  Neste  ponto,  a  recorrente  afirmou  que  os  empregados  dos  escritórios  regionais  estariam  cobertos  pela  extensão  do  acordo  coletivo  da  matriz,  pois  a  limitação  territorial  da  abrangência  do  sindicato  não  possuiria  caráter  absoluto,  conforme  Portaria  do  Ministério do Trabalho. Ela defendeu, ainda, que a interpretação da PLR, enquanto integrante  Fl. 2726DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.727          16 do  contrato  de  trabalho,  deve  se  dar  de  forma mais  favorável  ao  trabalhador,  nos  termos  da  CLT.   A DRJ  divergiu  desse  entendimento,  arvorando­se  no  alegado  princípio  da  unicidade, segundo o qual o sindicato teria competência territorial.  Pois  bem.  Neste  ponto,  é  necessário  recordar  que  a  não  incidência  das  contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista  na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei  Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade  legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente:  Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de  outros que visem à melhoria de sua condição social:  XI  ­  participação  nos  lucros,  ou  resultados,  desvinculada  da  remuneração,  e,  excepcionalmente,  participação  na  gestão  da  empresa, conforme definido em lei;  E diferentemente do que costumeiramente se afirma, a PLR não é apenas um  instrumento de integração entre o capital e o trabalho, visando a incrementar a produtividade,  mas sobretudo um direito social do trabalhador. Tanto o caput do artigo, como o capítulo no  qual  ele  está  inserido,  não  deixam  margem  para  dúvidas.  Essa  circunstância  tem  passado  despercebida, mormente porque a lei regulamentadora parece tê­la deixado em segundo plano,  nem mesmo fazendo menção à expressão direitos sociais.   Muito embora a lei regulamentadora pareça ter negligenciado a participação  nos lucros ou resultados como um direito social, pois nem mesmo faz qualquer menção a esse  respeito, fato é que a Constituição a outorgou como um efetivo direito daquela natureza, o que  deve ser levado em consideração pelo aplicador da lei, na busca da máxima eficácia da norma  constitucional.  Os direitos sociais visam a criar as condições materiais necessárias ao alcance  da igualdade real entre o dono do capital e o trabalhador. Segundo José Afonso da Silva, "são  prestações  positivas  proporcionadas  pelo  Estado  direta  ou  indiretamente,  enunciadas  em  normas constitucionais, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, direitos  que  tendem  a  realizar  a  igualização  de  situações  sociais  desiguais"  (Curso  de  Direito  Constitucional Positivo, 12ª ed., rev., Malheiros Editores, 1996, p. 277).  Buscando igualar o empregador e o trabalhador, a Constituição lhe outorgou  o direito à participação nos lucros ou resultados e na própria gestão da empresa. Não fosse a  Constituição e a consequente regra imunizante, o trabalhador não teria as condições materiais  necessárias para participar dos lucros ou resultados, os quais, por consectário lógico, decorrem  do capital do qual ele não é dono.   Toda interpretação, portanto, deve ter como norte os direitos sociais. E diante  de  interpretações plausíveis e alternativas, o exegeta deve adotar aquela que se amolda à Lei  Maior. O ministro  Luís  Roberto Barroso  decompõe o  princípio  da  interpretação  conforme  a  Constituição nos seguintes termos:  Fl. 2727DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.728          17 1) Trata­se da escolha de uma interpretação da norma legal que  a mantenha em harmonia com a Constituição, em meio a outra  ou outras possibilidades interpretativas que o preceito admita.  2) Tal interpretação busca encontrar um sentido possível para a  norma, que não é o que mais evidentemente resulta da leitura de  seu texto.  3) Além da eleição de uma linha de interpretação, procede­se à  exclusão  expressa  de  outra  ou  outras  interpretações  possíveis,  que conduziriam a resultado contrastante com a Constituição.  4)  Por  via  de  conseqüência,  a  interpretação  conforme  a  Constituição  não  é  mero  preceito  hermenêutico,  mas,  também,  um mecanismo  de  controle  de  constitucionalidade  pelo  qual  se  declara ilegítima uma determinada leitura da norma legal."  (Interpretação e aplicação da constituição : fundamentos de uma  dogmática constitucional transformadora. 3. ed. Saraiva, p. 181­ 182)  Deve  ser  abandonado,  pois,  o  eventual  rigor  interpretativo,  para  compatibilizar a leitura da Lei nº 10.101/2000 com a Constituição,  inclusive para viabilizar a  fruição  do  direito  à  PLR  pela  maioria  dos  trabalhadores  da  empresa,  sendo  oportuno  rememorar a seguinte lição doutrinária:  [...]  numa  primeira  acepção,  representa  o  princípio  protetor  a  atuação  sobre  as  normas  disponíveis,  para  que, havendo  duas  ou mais  soluções possíveis, seja priorizada aquela que melhor  atende aos anseios do direito do trabalho do ponto de vista da  decência do trabalho, da dignidade do trabalhador e do avanço  da legislação social, o que pode ser resumido pela expressão da  norma mais favorável4.  O  sindicato  da matriz  ou  do  estabelecimento  que  concentra  a  produção  da  empresa  tem  grande  representatividade  sobre  os  direitos  dos  trabalhadores,  sendo  razoável  admitir a extensão do acordo coletivo por ele firmado, para outras localidades, mormente para  empregados  lotados  em  escritórios  regionais.  Tal  circunstância  não  passou  despercebida  por  este Conselho no  julgamento do PAF 10805.721660/2015­19, da mesma empresa recorrente,  como se vê no seguinte trecho do voto condutor do acórdão, de autoria do Conselheiro Carlos  Henrique de Oliveira:  Ora,  havendo  determinação  do Direito  do  Trabalho  do  uso  de  norma  mais  favorável  e  não  havendo  vedação  do  Direito  Tributário  para  tanto  ainda  mais  quanto  ao  gozo  de  direitos  constitucionais  é  forçoso  reconhecer  que  a  extensão  de  acordo  sobre a PLR firmado com sindicato representativo da categoria  profissional  de  determinada  localidade  que  contém  quantidade  representativa  de  trabalhadores  da  empresa  (matriz  ou  estabelecimento  que  concentra  o  cerne  da  produção),  pode  ser  estendido  aos  demais  trabalhadores  sem  descumprimento  dos  requisitos da Lei nº 10.101/00.                                                              4 Homero Batista Mateus da Silva, Curso de Direito do Trabalho Aplicado, Parte Geral, Ed. Elsevier, fls. 224.  Fl. 2728DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.729          18 Ademais, e como bem pontuado no PAF 10805.723248/2013­63, também do  mesmo sujeito passivo:  [...]  a  questão  a  ser  apreciada  diz  respeito  a  possibilidade  de  aplicabilidade  do  Acordo  Coletivo  de  Trabalho  supra  mencionado amparar os trabalhadores da empresa que prestam  serviço  em  locais  distintos  daqueles  da  base  territorial  do  sindicato.  Para que não haja  incidência de contribuições previdenciárias,  a PLR paga a empregados deve resultar de negociação entre a  empresa  e  seus  empregados,  por  comissão  escolhida  pelas  partes,  integrada,  também,  por  um representante  indicado pelo  sindicato da respectiva categoria; e/ou por convenção ou acordo  coletivo.  Em regra, o enquadramento sindical deve levar em consideração  a base territorial do local da prestação dos serviços. Entretanto,  o  entendimento  do  Ministério  do  Trabalho  e  Emprego,  sintetizado na Ementa nº 12, aprovada pela Portaria nº 1, de 22  de março de 2002, publicada no Diário Oficial da União de 25  de  março  de  2002,  é  no  sentido  de  que  esta  regra  deve  ser  ressalvada  quando  se  tornar  necessária  a  observância  dos  princípios  constitucionais  que  prescrevem  a  irredutibilidade  de  salários  e  do  direito  adquirido  e,  ainda,  na  hipótese  de  transferência temporária do empregado, in verbis:  CONVENÇÃO  OU  ACORDO  COLETIVO  DE  TRABALHO.  LOCAL  DA  PRESTAÇÃO  DE  SERVIÇO.  Empresa  que  presta  serviço  em  local  diverso  de  sua  sede,  independentemente  de  possuir filial neste local, deve atender às condições de trabalho e  salariais  constantes  do  instrumento  coletivo  firmado  pelos  sindicatos  do  local  da  prestação  do  serviço,  em  virtude  das  limitações  decorrentes  dos  critérios  de  categoria  e  de  base  territorial,  ainda  que  não  tenha  participado  da  negociação  de  que  resultou  a  convenção  coletiva.  Ficam  ressalvados  os  princípios  constitucionais  que  prescrevem  a  irredutibilidade  de  salários  e  de  direito  adquirido,  bem  como  as  hipóteses  de  transferência  transitória do empregado, nos  termos do § 3º, do  art.  469,  da Consolidação  das  Leis  do  Trabalho” Por  certo,  o  pagamento  da  PLR  nos  termos  do  Acordo Coletivo  negociado,  inclusive  para  trabalhadores  que  prestam  serviço  em  locais  distintos  daqueles  da  base  territorial  do  sindicato,  configura  direito adquirido dos empregados que se enquadrem nos critérios  estabelecidos no instrumento coletivo.  Destarte, concluo que o referido acordo coletivo de trabalho tem  o  condão  de  amparar  a  PLR  paga  aos  seus  empregados,  inclusive, aos trabalhadores da empresa que prestam serviço em  locais distintos daqueles da base territorial do sindicato.  Ou  seja,  a  extensão  da  PLR  pactuada  em  acordo  coletivo  de  trabalho para trabalhadores da empresa que prestam serviço em  locais distintos daqueles da base territorial do sindicato, não é,  por si só, fato que altere a natureza do pagamento efetuado.  Fl. 2729DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.730          19 5.2  ADITAMENTO DA PLR: FUNCIONÁRIOS LÍDERES DE GRUPO  Trata­se, aqui, do levantamento PLR LÍDERES, relativo à participação paga  aos empregados lotados em cargos de liderança e diretoria, vinculados aos estabelecimentos de  São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre, Brasília, Rio de Janeiro e  Salvador.   De  acordo  com  a  fiscalização,  os  valores  teriam  sido  pagos  sem  Acordo  Coletivo ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva.   O sujeito controverteu, ao argumento de que a cláusula 4ª, § 2º, dos Acordos  Coletivos  das  PLRs  2011/2012,  de  São  José  dos  Campos,  Sorocaba, Mogi  das  Cruzes,  São  Paulo  e  Gravataí  teria  previsto  expressamente  a  possibilidade  de  inclusão  daqueles  funcionários  mediante  simples  aditamento.  Diante  de  tal  possibilidade,  teria  sido  firmado  acordo  coletivo  específico  para  todos  os  funcionários  de  cargos  de  supervisão  e  acima,  em  aditamento  à  cláusula  4ª,  §  2º,  dos  Acordos  Coletivos  anteriormente  mencionados,  contemplando  todos os  estabelecimentos da  recorrente na PLR de 2011.  Igualmente,  haveria  acordo  coletivo  específico  para  esses  funcionários,  firmado  por  sindicato  com  abrangência  nacional, contemplando todos os estabelecimentos da recorrente na PLR 2012.  Neste  particular,  e  segundo  se  observa  na  decisão  recorrida,  a  DRJ  não  discordou da possibilidade de aditamento dos planos e nem dos aditamentos em si, mas sim da  possibilidade  de  sua  assinatura  por  outro  sindicato,  que  não  a  própria  entidade  sindical  signatária do acordo original. Veja­se:  Portanto,  mesmo  existindo  previsão  de  aditamento  ao  acordo  para  inclusão  de  disposições  adicionais,  esse  aditamento  não  poderia  ser  suprido  por  instrumento  assinado  por  outro  sindicato que não o próprio  signatário do acordo original,  sob  pena  de  violação  do  princípio  da  unicidade  estabelecido  na  norma constitucional.  Ocorre  que  o  §  2º  da  cláusula  4ª  supra  mencionado  realmente  não  exigiu  nenhuma  formalidade  específica  para  o  aditamento.  Mais  importante  ainda,  tal  dispositivo  facultou à própria empresa  realizar o citado aditamento em favor dessa categoria especial de  empregados  (vide  abaixo).  Quer  dizer,  o  acordo  originário  não  só  não  proibiu  que  outro  sindicato  viesse  a  firmar  as  novas  condições  em  favor  de  tais  funcionários,  como  também  determinou que a própria empresa poderia fazê­lo.     De  todo  modo,  às  fls.  562  e  seguintes  vislumbra­se  o  acordo  coletivo  específico para os empregados ocupados em cargos de liderança alocados na unidade de Mogi  das  Cruzes;  e  às  fls.  584  e  seguintes  vê­se  o  acordo  coletivo  dessa  categoria,  firmado  pela  Fl. 2730DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.731          20 empresa  e  pelo  Sindicato  de  Metalúrgicos  de  São  Paulo,  abrangendo  os  funcionários  estabelecidos  em  escritórios  regionais  de São Paulo,  Sorocaba,  Porto Alegre, Recife, Rio  de  Janeiro, Salvador, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte.   Logo,  equivocou­se a  fiscalização quando afirmou que  inexistiriam acordos  coletivos para essa categoria especial, ou qualquer outro instrumento de negociação coletiva. A  recorrente  demonstrou  a  existência  dos  supra  citados  instrumentos  negociais,  de  tal maneira  que  a  autoridade  administrativa  deveria  ter  demonstrado  outras  infringências  aptas  a  desconstituir os pagamentos efetuados a título de PLR.   Nesse contexto, o recurso voluntário deve ser provido neste ponto.   5.3  REEMBOLSOS ESCOLARES  O  lançamento  foi  efetuado  ao  argumento  genérico  de  que  os  cursos  superiores  não  estariam  enquadrados  na  hipótese  de  exclusão  do  art.  28,  §  9º,  “t”,  da  Lei  8212/91. Veja­se:    O acórdão de impugnação teve até um entendimento diverso da fiscalização,  pois  afirmou  que  um  curso  de  "educação  profissional  de  nível  superior,  graduação  e  pós­ graduação (inciso III, § 2º, art. 39 da Lei nº 9.394, de 1996, introduzido pela Lei nº 11.741, de  2008)" realmente teria o seu custo não integrante do salário de contribuição. Veja­se:  Combinando o o art. 28, § 9º, alínea “t”, da Lei 8.212/1991, com  o  art.  39,  §  2º,  inciso  III,  da  Lei  9.394/1996,  temos  que,  se  o  curso  patrocinado  pela  sociedade  empresária  atender  aqueles  pré­requisitos,  estará  sim  albergado  pela  norma  isentiva  de  contribuições previdenciárias.  Ainda sobre o tema, o Decreto nº 5.773, de 9 de maio de 2006,  dispõe em seu art. 42:  Art.  42.  A  autorização,  o  reconhecimento  e  a  renovação  de  reconhecimento  de  cursos  superiores  de  tecnologia  terão  por  base  o  catálogo  de  denominações  de  cursos  publicado  pela  Secretaria  de  Educação  Profissional  e  Tecnológica.  (Redação  dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007) (grifou­se)  A versão mais recente do referido catálogo é aquela referente ao  ano de 2016 publicada no sítio do MEC na internet, no endereço  http://portal.mec.gov.br/catalogonacional­dos­cursos­uperiores­ de­tecnologia­.  Como  se  vê,  com  esta  nova  legislação,  foi  instituído  um  curso  qualificado  como  educação  profissional  de  nível  superior,  graduação  e  pós­graduação  (inciso  III,  §  2º,  art.  39  da  Lei  nº  Fl. 2731DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.732          21 9.394,  de  1996,  introduzido  pela  Lei  nº  11.741,  de  2008),  cujo  custo  é  passível  de  não  integração  ao  salário  de  contribuição,  nos termos da alínea “t”, § 9º, art. 28 da Lei nº 8.212, de 1991.  Contudo, a DRJ realmente acabou por introduzir um novo fundamento para  manter a autuação, pois, diferentemente da autoridade fiscal, a qual se arvorou no argumento  genérico segundo o qual a educação superior não estaria abrangida pela hipótese de exclusão, o  acórdão de impugnação asseverou que a recorrente não teria informado e comprovado um rol  de cursos custeados a seus empregados. Veja­se:  Não obstante, a empresa deixou de informar e comprovar um rol  de cursos custeados a seus empregados, conforme descrito pela  fiscalização em seu relatório (itens 11 a 198, fls. 1086/1087), e,  daqueles  que  foram  informados  e  comprovados,  custeou  tanto  cursos  de  formação  profissional  e  tecnológica,  que  foram  devidamente afastados do objeto do lançamento (planilha às fls.  1371/1392),  como  cursos  de  graduação  fora  desse  grupo  (Administração, Engenharia, Gerenciamento de Projetos) [...]  A rigor, poder­se­ia afirmar que a decisão a quo seria nula neste particular,  pois, ao inovar, preteriu o direito de defesa da contribuinte, na dicção do inc. II do art. 59 do  Decreto 70235/72. Todavia, o § 3º deste artigo preleciona que, quando puder decidir de mérito  a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora  não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir­lhe a falta. É o caso dos autos.   Primeiramente, cabe observar que o reembolso escolar objeto da autuação é  aquele relativo aos valores pagos aos empregados, e não aos seus dependentes. Isso está muito  claro no item 196 do relatório fiscal e no excerto transcrito acima, do acórdão recorrido, que  alude expressamente a "cursos custeados a seus empregados".   Em segundo lugar, veja­se que a hipótese de exclusão da alínea "t" do § 9º do  art.  28  da  Lei  8212/91  abrange,  expressamente,  tanto  a  educação  tecnológica,  quanto  a  educação  profissional  dos  empregados,  bastando  que  o  curso  esteja  vinculado  às  atividades  desenvolvidas pela empresa.   Art. 28. Entende­se por salário­de­contribuição:  § 9º Não  integram o salário­de­contribuição para os  fins desta  Lei,  exclusivamente:(Redação  dada  pela  Lei  nº  9.528,  de  10.12.97)  t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que  vise  à  educação  básica  de  empregados  e  seus  dependentes  e,  desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à  educação profissional e  tecnológica de empregados, nos termos  da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,  e:(Redação dada  pela Lei nº 12.513, de 2011)  Do  acórdão  de  impugnação,  observa­se  que  se  trataria  de  cursos  de  administração, engenharia, gerenciamento de projetos, etc (vide excerto acima), os quais, por  razões  óbvias,  estão  vinculados  às  atividades  fins  de  uma  empresa  que  tem  entre  os  seus  objetos sociais as seguintes atividades:  Fl. 2732DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.733          22   Ademais,  tais  verbas  não  têm  natureza  salarial  porque  não  se  destinam  a  retribuir o trabalho prestado ou colocado à disposição do empregador. São, em verdade, verbas  empregadas para o trabalho, e não pelo trabalho, como já consignado pelo STJ no julgamento  do REsp 324.178  ­ PR,  ressalvadas, evidentemente, as hipóteses em que  ficar comprovado o  pagamento de salários através de reembolsos escolares pagos de forma simulada.   Segue o entendimento deste Conselho a respeito da matéria:  [...]  BOLSAS  DE  ESTUDOS.  REEMBOLSO.  EDUCAÇÃO  SUPERIOR.  EXCLUSÃO  DE  PARTE  DOS  EMPREGADOS.  POSSIBILIDADE.  AVALIAÇÃO DO  CASO  CONCRETO.  NÃO  INCIDÊNCIA.   Avaliado o caso concreto à luz da legislação aplicável aos fatos  geradores  ocorridos  no  ano  de  2008,  as  despesas  relativas  a  reembolso  de  educação  superior  aos  segurados  empregados,  quando comprovadamente se referem a cursos de capacitação e  qualificação  profissionais  vinculados  às  atividades  desenvolvidas  pela  empresa, mesmo que  excluídos  do  benefício  os  menores  aprendizes,  os  empregados  contratados  por  prazo  determinado e os empregados afastados do trabalho por motivo  de doença ou acidente de trabalho, não integra a base de cálculo  previdenciária.  [...]  (CARF, Relator(a) CLEBERSON ALEX FRIESS, Acórdão 2401­ 004.212, julgado em 08/03/2016)  .........................................................................................................  [...]  SALÁRIO  INDIRETO.  AUXÍLIO  EDUCAÇÃO  DESTINADO  AOS  EMPREGADOS.  NÍVEL  SUPERIOR.  CURSOS  DE  CAPACITAÇÃO  E  QUALIFICAÇÃO.  POSSIBILIDADE  DE  ENQUADRAMENTO.  A descrição prevista no art. 28, §9º, "t" da lei 8212/91, admite a  interpretação de que a educação superior estaria abrangida nos  cursos de capacitação ou mesmo qualificação profissional até a  edição  da  Lei  nº  12.513,  de  2011,  que  alterou  o  dispositivo,  devendo  a  autoridade  fiscal,  apresentar  o  descumprimento  da  extensão a todos ou da desvinculação das atividades na empresa  para respaldar o lançamento.  Fl. 2733DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.734          23 (CSRF,  Acórdão  9202­006.578,  Relator(a)  ANA  PAULA  FERNANDES, Redator designado MÁRIO PEREIRA DE PINHO  FILHO, julgado em 20/03/2018)  Logo, o recurso voluntário deve ser provido também neste tocante.   6  Conclusão  Diante  do  exposto,  voto  no  sentido  de  conhecer  e  negar  provimento  ao  recurso de ofício, e de conhecer e dar provimento ao recurso voluntário.   (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci   Voto Vencedor  Denny Medeiros da Silveira – Redator Designado.  Acompanho  o  Ilustre  Relator  nas  demais  questões,  porém,  com  a maxima  venia,  divirjo  quanto  à  extensão  do  acordo  coletivo  para  os  empregados  dos  escritórios  regionais  da  Recorrente  e  quanto  à  assinatura  de  aditamento  do  acordo  para  pagamento  de  Participação nos Lucros e Resultados (PLR) por sindicato não signatário do acordo original.  Da extensão do acordo coletivo  De fato, a PLR é um direito do trabalhador, previsto na Carta Republicana.  Dessa forma, visando proteger esse direito, o Estado estabeleceu regras que  devem ser rigorosamente observadas.  Uma  dessas  regras  diz  respeito  à  participação  da  entidade  sindical  dos  empregados na negociação para pagamento de PLR. Vejamos:  Lei 10.101, de 9/12/00:  Art. 2º  A  participação  nos  lucros  ou  resultados  será  objeto  de  negociação  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  mediante  um  dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de  comum acordo:  I ­ comissão paritária escolhida pelas partes, integrada, também,  por  um  representante  indicado  pelo  sindicato  da  respectiva  categoria; (Redação dada pela Lei nº 12.832, de 2013)   II ­ convenção ou acordo coletivo.  Da  exegese  dos  dispositivos  acima,  tem­se  que  a  PLR  será  objeto  de  negociação  entre  a  empresa  e  os  empregados  e  que  tal  negociação  deverá  ser  realizada  mediante comissão paritária ou convenção/acordo coletivo.  Fl. 2734DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.735          24 Pois  bem,  no  caso  sob  análise,  cada  um  dos  sindicatos  envolvidos  na  negociação  para  pagamento  da  PLR  possui  uma  área  territorial  específica  de  abrangência,  o  que torna injustificável a extensão do acordão a empregados de regiões não abrangidas pelos  sindicatos signatários, sendo nessa linha a decisão recorrida:   Ora,  o  núcleo  da  questão  aqui  é  a  representatividade  sindical  para  determinado  grupo  vinculado  a  determinada  localidade  associado  à  abrangência  estabelecida  no  acordo  coletivo.  A  representatividade  de  um  sindicato  é  estabelecida  em  seu  instrumento  de  constituição  e  engloba  um  ou mais municípios,  sendo o município a área mínima de abrangência e esta deve se  submeter ao princípio da unicidade sindical, tudo nos termos do  art.  8º,  II,  da  CF1.  Por  seu  turno,  a  abrangência  do  acordo  coletivo  é  estabelecida  em  cláusula  específica  e  fica  restrita  à  abrangência territorial do sindicato.  No caso concreto, tem­se diversos sindicatos, cada um signatário  de  um  acordo  coletivo  específico  e  com  cobertura  territorial  expressa sobre as respectivas áreas de abrangência. Portanto, o  princípio  da  unicidade  sindical  impõe  que  não  é  possível  a  extensão de qualquer desses acordos para áreas abrangidas por  outros  acordos  ou  por  outros  sindicatos  à  revelia  dessas  entidades.  (Grifos no original)  Em suma, ao se aceitar a extensão dos acordos a empregados de regiões não  abrangidas pelos sindicatos signatários, estar­se­á aceitando que empregados recebam valores a  título de PLR sem que os sindicatos, ao qual estejam filiados, tenham participado efetivamente  da negociação, o que viola o regramento protetivo do direito em tela.  Sobre a base territorial do sindicato, vide o que dispõe o art. 520 da CTL5:  Art. 520. Reconhecida como sindicato a associação profissional,     ser­lhe­á  expedida  carta  de  reconhecimento,  assinada  pelo  ministro  do  Trabalho,  Indústria  e  Comércio,  na  qual  será  especificada  a  representação  econômica  ou  profissional  conferida e mencionada a base territorial outorgada.  Insta  trazermos à baila,  também, a  seguinte decisão da Câmara Superior de  Recursos Fiscais deste Conselho, consignada no Acórdão nº 9202­007.292, de 23/10/18:  ACORDO  DE  PLR  HOMOLOGADO  POR  UM  SINDICATO  EXTENSIVO  ÀS  DEMAIS  LOCALIDADES  DA  EMPREGADORA  ABRANGIDA  POR  OUTROS  SINDICATOS.  INADMISSIBILIDADE.  Em  respeito  aos  princípios  da  unicidade  sindical,  em  sua  territorialidade,  e  da  interpretação  restritiva  da  legislação  que  leva  à  exclusão  da  tributação,  não  é  aceitável  um  sindicato  reger  o  acordo  de PLR  dos  trabalhadores  da mesma  empresa  em  locais  que  são  territorialmente  abrangidos  por  outro  sindicato.                                                              5 Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto­Lei nº 5.452, de 1/5/43.  Fl. 2735DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.736          25 (Grifo nosso)  Destaca­se,  ainda,  que  os  próprios  acordos  coletivos  firmados  entre  a  empresa  e as  entidades  sindicais  estabeleceram,  expressamente,  a  sua  abrangência  territorial,  como se vê nesse excerto do relatório fiscal, fl. 1.063, referente ao sindicato de São Caetano do  Sul/SP:  46.  A  empresa  apresentou  Acordo  Coletivo  firmado  com  o  Sindicato  dos  Trabalhadores  nas  Indústrias  Metalúrgicas,  Mecânicas,  de  Material  Elétrico  e  Eletrônico,  Siderúrgicas,  Veículos e de Autopeças de São Caetano do Sul, estado de São  Paulo,  acordo  específico  sobre  a  PARTICIPAÇÃO  NOS  RESULTADOS  – ANO  2012,  datado  de  24  de maio  de  2012,  com  vigência  de  1°  de  janeiro  de  2012 até  31  de  dezembro  de  2012.  47.  Na  Cláusula  Segunda  o  Acordo  estabelece  sua  abrangência territorial: São Caetano do Sul/SP.  (Grifos no original)  Logo,  não  se  trata  de  mero  rigor  interpretativo,  mas  sim  de  proteção  ao  direito  dos  empregados  de  verem  a  sua  representação  sindical  participando  efetivamente  da  negociação para pagamento da PLR.  Sendo  assim,  não  há  como  se  acolher  a  defesa  em  relação  à  extensão  dos  acordos a empregados situados fora da abrangência territorial dos sindicatos signatários.  Do aditamento do acordo  Aqui também não merece guarida a defesa apresentada.  Segundo  o  Relator,  a  fiscalização  teria  se  equivocado  ao  afirmar  que  inexistiriam  "acordos  coletivos  para  funcionários  líderes  de  grupo  ou  qualquer  outro  instrumento de negociação coletiva", uma vez que a Recorrente teria "demonstrado a existência  dos  instrumentos  negociais,  de  tal  maneira  que  a  autoridade  administrativa  deveria  ter  demonstrado  outras  infringências  aptas  a  desconstituir  os  pagamentos  efetuados  a  título  de  PLR".  Todavia, o  relatório  fiscal,  fls. 1.082 e 1.083, demonstra, de forma clara, as  unidades sem acordo coletivo. Confira­se:  XII  –  DAS  UNIDADES  SEM  ACORDO  COLETIVO  PARA  PAGAMENTO DE PARTICIPAÇÃO NOS RESULTADOS  173.  Ocorreram  pagamentos  a  título  de  participação  nos  resultados  aos  estabelecimentos  59.275.792/0011­21,  59.275.792/0012­02,  59.275.792/0013­93,  59.275.792/0023­65,  59.275.792/0025­27,  59.275.792/0030­94,  59.275.792/0031­75,  59.275.792/0081­34  e  59.275.792/0093­78  no  período  de  01  a  06/2012.  Fl. 2736DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.737          26 174. Conforme resposta ao TIF nº 4, entregue pela empresa em  02/03/2016,  as  unidades,  exceto  Joinville,  seguem  o  Acordo  Coletivo da planta matriz.  175.  Neste  ponto  ressaltamos  a  Cláusula  Segunda  do  Acordo  citado, segundo a qual a abrangência territorial é São Caetano  do  Sul/SP  (2012  item  39  –  2011  item  53),  a  Cláusula  Quinta,  segundo  a  qual  o  adiantamento  será  concedido  mediante  depósito bancário em conta­corrente dos empregados no âmbito  de representação do Sindicato (2012 item 42 – 2011 item 56), e a  Cláusula  Décima  Primeira,  segundo  a  qual  estão  abrangidos  pelo Acordo os empregados que  integram o estabelecimento da  General Motors  do  Brasil  Ltda  em  São  Caetano  do  Sul  (2012  item 50 – 2011 item 60), e, portanto, o Acordo não é extensivo a  outros municípios.  176.  Assim  sendo,  em  relação  às  unidades  indicadas  no  item  173,  todos  os  pagamentos  a  título  de  participação  nos  resultados,  rubrica 302P – PRÊMIO PART. RESULTADO da  folha de pagamento, não se enquadram no disposto no art. 28, §  9º, alínea  j da Lei nº 8.212/91, e, portanto,  integram a base de  cálculo das contribuições previdenciárias.  [...]  178. Para  os  empregados  de  nível  de  liderança  e Diretoria,  a  empresa  apresentou  Acordos  Coletivos  de  Trabalho  2012  –  Liderança  /  Diretoria  com  o  Sindicato  dos  Trabalhadores  nas  Indústrias  Metalúrgicas,  Mecânicas  e  de  Material  Elétrico  de  São Paulo e Mogi das Cruzes de um lado e de outro as filiais e  escritórios regionais em Recife, CNPJ 59.275.792/0011­21, Belo  Horizonte,  CNPJ  59.275.792/0012­02,  Porto  Alegre,  CNPJ  59.275.792/0013­93, Brasília, CNPJ 59.275.792/0025­27, Rio de  Janeiro,  CNPJ  59.275.792/0030­94,  Salvador,  CNPJ  59.275.792/0093­78 , os quais, nas respectivas Cláusula Quinta,  estabelece  a  data  de  29/03/2013  para  pagamento,  estando,  portanto, fora do período estabelecido no presente procedimento  fiscal.  179. Em relação a unidade Joinville, CNPJ 59.275.792/0020­12,  a  empresa  apresentou  Acordo  Coletivo  para  pagamento  de  participação nos resultados, o qual estabeleceu o pagamento em  31/01/2013.  (Grifo no original)   Como  se  percebe,  a  própria  Recorrente  informou,  à  fiscalização,  que  as  unidades sem acordo específico, à exceção da unidade de Joinville, seguem o acordo coletivo  da planta matriz.  Ora, sem adentrarmos na possibilidade ou não dos aditamentos, as cláusulas  Segunda,  Quinta  e  Décima  Primeira  do  acordo  coletivo  da  planta  matriz,  como  visto  na  transcrição  acima,  fixam  a  abrangência  do  acordo,  inclusive  em  relação  aos  aditamentos,  apenas para os empregados que integram o estabelecimento da General Motors do Brasil Ltda.  de São Caetano do Sul/SP, não sendo, portanto, "extensivo a outros municípios".   Fl. 2737DF CARF MF Processo nº 10805.721978/2016­72  Acórdão n.º 2402­007.237  S2­C4T2  Fl. 2.738          27 Ademais,  para os  empregados  de nível  de  liderança  e Diretoria,  vinculados  aos  estabelecimentos de São Paulo, Mogi das Cruzes, Recife, Belo Horizonte, Porto Alegre,  Brasília, Rio de Janeiro e Salvador, os acordos apresentados se referem à PLR paga em ano­ calendário não abarcado pelo procedimento fiscal sob análise.  Dessa  forma,  cotejando­se  esse quadro  fático  com a  necessidade  de  efetiva  participação  do  sindicato,  na  negociação,  conforme  tratado  no  item  anterior  desse  voto,  entendemos por correto o posicionamento do órgão  julgador de primeiro grau ao não aceitar  que  o  aditamento  seja  "assinado  por  outro  sindicato  que  não  o  próprio  signatário  do  acordo  original", pois  tal situação importaria em "violação do princípio da unicidade estabelecido na  norma constitucional".  Conclusão  Isso  posto,  voto  por  DAR  PROVIMENTO  PARCIAL  ao  recurso  voluntário, cancelando o lançamento apenas em relação aos valores pagos a título "reembolsos  escolares", nos termos do voto do Relator.  (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira                                Fl. 2738DF CARF MF

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Numero do processo: 14751.002246/2009-84
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA. A incidência ou não do imposto de renda sobre a verba gabinete requer perquirir a sua natureza jurídica: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a tributação. Os requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória da verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e (ii) prestação de contas de sua utilização. NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE. As normas ditas "interpretativas" podem retroagir, observados alguns critérios, dentre eles o de não introduzirem inovação no ordenamento jurídico.
Numero da decisão: 2402-007.272
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI

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2402­007.272  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  09 de maio de 2019  Matéria  IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA  Recorrente  MARCELO VICTOR CORREIA DOS SANTOS   Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2007  IRPF. VERBA DE GABINETE. NATUREZA JURÍDICA.  A  incidência  ou  não  do  imposto  de  renda  sobre  a  verba  gabinete  requer  perquirir  a  sua  natureza  jurídica:  a)  se  indenizatória,  que,  via  de  regra,  não  retrata hipótese de incidência da exação; ou b) se remuneratória, ensejando a  tributação.  Os  requisitos  necessários  para  caracterização  da  natureza  indenizatória  da  verba de gabinete são (i) a previsão de destinação na norma que a instituiu e  (ii) prestação de contas de sua utilização.  NORMAS INTERPRETATIVAS. RETROATIVIDADE.   As  normas  ditas  "interpretativas"  podem  retroagir,  observados  alguns  critérios,  dentre  eles  o  de  não  introduzirem  inovação  no  ordenamento  jurídico.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário.    (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira ­ Presidente  (assinado digitalmente)  Renata Toratti Cassini ­ Relatora     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 00 22 46 /2 00 9- 84 Fl. 523DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 524          2   Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:    Denny  Medeiros  da  Silveira,  Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti,  Paulo Sergio  da Silva,  João  Victor  Ribeiro  Aldinucci,  Thiago  Duca  Amoni  (Suplente  Convocado),  Gregório  Rechmann  Junior e Renata Toratti Cassini.     Relatório  Por bem descrever os fatos, adoto o relatório constante da decisão recorrida,  que reproduzo abaixo:  Do Auto De Infração  Em desfavor  do Contribuinte,  acima  identificado,  foi  lavrado o  Auto  de  Infração,  às  fls.  02/06,  relativo  ao  imposto  de  renda  pessoa fisica (IRPF) do exercício 2008, que lhe exige imposto no  valor de R$ 116.798,09, ao qual são acrescidos juros de mora no  valor  de  R$  18.419,05  e  multa  de  oficio  no  valor  de  R$  87.598,56.  Antes  do  inicio  do  Procedimento  Fiscal,  houve  a  Operação  denominada "Taturana", iniciada após o oficio n°. 4400­ COAF­ MF  ­  Conselho  de  Controle  de  Atividades  Financeiras  do  Ministério  da  Fazenda,  o  qual  noticiava  ao Ministério Publico  Federal  o  entrelaçamento  financeiro  e movimentações  atípicas,  envolvendo  membros  do  Poder  Legislativo  do  Estado  de  Alagoas,  funcionários,  além  de  terceiros  sem  nenhuma  vinculação  com  a  Assembléia  Legislativa.  Tal  Operação  desencadeou várias ações fiscais.  A  ação  fiscal  em  questão  iniciou­se  com  a  expedição,  em  07/04/2009,  do  Termo  de  Inicio  de  Procedimento  Fiscal,  às  fl.  09/12, pelo qual foi solicitado ao contribuinte que apresentasse,  em  relação  ao  ano­calendário  2007,  a  documentação  relacionada no Termo de Inicio de Fiscalização, de fl. 09/14.  Constatou­se, na ação fiscal,  ilícito tributário, ou seja, omissão  de  rendimentos  recebidos  de  pessoa  jurídica,  sem  vinculo  empregaticio.  Como um dos objetos da  intimação  foi os valores  recebidos da  Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, a  titulo de verba  de gabinete, apontou­se a totalidade dos valores recebidos pelo  contribuinte  e  ordens  bancárias,  que  foram  relacionadas,  requisitando­se  os  documentos  relativos  a  prestação  de  contas  prevista  nas  normas  administrativas  que  regem  a  verba  de  gabinete e esclarecimentos sobre os valores recebidos acima do  limite  para  a  verba  de  gabinete,  conforme  limite  previsto  nas  normas administrativas emanadas pela Assembléia legislativa do  Estado de Alagoas.  Fl. 524DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 525          3 Intimado  e  reintimado,  o  Contribuinte  apresentou  certidões,  cópias  de  normas  administrativas  de  lavra  da  Assembléia  Legislativa do Estado de Alagoas e argumentação no sentido de  que:  os  documentos  relativos  às  prestações  de  contas  foram  entregues a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas; e não  havia  recebido  valores  de  verba  de  gabinete  acima  do  limite  previsto  em  face  de  norma  interpretativa  da  Assembléia  Legislativa do Estado de Alagoas, Resolução 482/2008 e demais  normas relativas administrativas regentes da matéria.  Na  mesma  linha,  também  foi  encaminhada  Intimação  à  Assembléia  Legislativa  do  Estado  de  Alagoas,  solicitando:  apresentação dos documentos originais das prestações de contas  dos  valores  entregues  ao  contribuinte  a  titulo  de  verba  de  gabinete  ou  suas  cópias,  no  caso  de  os  originais  terem  sido  objeto de apreensão; e eventual Termo de Apreensão.  Em  atendimento  à  intimação,  a  Assembléia  Legislativa  do  Estado  de  Alagoas  encaminhou  o  Oficio  ,  no  qual  aduziu  as  informações  que  entendeu  pertinentes,  afirmando  que:  houve  prestação  de  contas  por  parte  do  contribuinte;  os  documentos  das  prestações  de  contas  dos  deputados  teriam  sido  objeto  de  busca e a apreensão pela Policia Federal; e não foi encontrado  o Termo de Busca e Apreensão, além de não possuir cópias dos  documentos apreendidos.  Após  solicitação  por  parte  da  RFB,  a  Policia  Federal  encaminhou  os  documentos  apreendidos  na  Assembléia  Legislativa  do  Estado  de  Alagoas,  sendo  dada  ciência  ao  Contribuinte  que  não  havia  nenhum  documento  relacionada  à  prestação de contas da utilização de verbas recebidas, a titulo de  verbas de gabinete.  Afirma, ainda, o Auditor, reiterando esclarecimentos já expostos,  que  as  infrações  deste  Auto  de  Infração  tem  a  mesma  capitulação  e  são  ambas  omissão  de  rendimentos  recebidos  de  pessoa jurídica, sem vinculo empregaticio, porém são situações  distintas.  Um  dos  fatos  geradores  é  o  recebimento  de  valores,  sob o  titulo de verba de gabinete,  todavia não houve prestação  de  contas,  sendo  esta  condição  necessária  para  caracterizar  a  verba  indenizatória.  Outro  fato  gerador  é  o  recebimento  de  valores acima do limite previsto para verba indenizatória. Essas,  ainda  que  houvessem  sido  objeto  de  prestação  de  contas,  também  seriam  tributáveis,  uma  vez  que  pagas  em  valores  superiores ao limite previsto nas normas de regência.  Em suma, segundo a Autoridade Fiscal, os valores lançados no  presente  AI,  como  bases  de  calculo,  referem­se  a  valores  recebidos a titulo de verba de gabinete que não se caracterizam  como verba indenizatória, uma vez que se subsumem a hipótese  do  art.  43,  inciso  X,  do  Decreto  n°  3.000/99  (RIR199),  que  considera  tributáveis os  rendimentos do  trabalho assalariado e  assemelhados.  Da Impugnação  Fl. 525DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 526          4 Cientificado,  via  postal,  em  17/10/2008,  o  Contribuinte  apresentou  sua  impugnação,  em  17/11/2008,  onde  alega  ser  absolutamente  improcedente  a  autuação  fiscal  lavrada,  ao  se  considerar  como  tributável  a  verba  indenizatória  das  despesas  de  gabinete  parlamentar,  de  responsabilidade  do  Requerente.  Com mais especificidade, argumenta:  I — há de se reafirmar que a verba de gabinete recebida por este  parlamentar no exercício de  referência  foi pura decorrência de  suas  aches  parlamentares,  sempre  efetuadas  às  despesas  em  plena obediência aos textos legais que regem a questão na órbita  do Parlamento Estadual Alagoano, não podendo ser confundida,  em hipótese alguma, com rendimentos não declarados;  II — a questão é versada no Regimento Interno da Assembléia,  sendo  a  matéria  regulada  por  diversas  Resoluções,  tendo  a  Resolução de nº 482/2008, dispositivo interpretativo, pacificado  o  entendimento  sobre  os  limites  indenizatórios.  Aduz  que  as  Resoluções  estabelecem  os  limites  indenizatórios  de  ressarcimento de verba de gabinete;  IV — Em resumo, a Assembleia Legislativa, através da Res. 482,  de  16.07.2008,  interpretando  os  termos  das  resoluções  anteriores,  reafirmou  um  valor  como  sendo  o  limite  de  pagamento  de  verbas  de  gabinete,  pelo  que  nenhuma  anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos  Senhores  Deputados  Estaduais  para  fazer  frente  às  suas  despesas com atuação parlamentar;  V — o Impugnante sempre realizou suas prestações de contas,  depositando­as  mensalmente  na  Diretoria  Financeira  da  Assembléia Legislativa Alagoana. Quanto às destinações dadas  aos  referidos  recursos,  recebidos  no  período  objeto  de  fiscalização  e  que  se  referem  aos  pagamentos  de  despesas  previstos  no  art.  1°  da  Resolução  n.  392,  de  1995,  resta  comprovado que  todas essas despesas  seguiram o discriminado  no  Regimento  Interno  da  Casa  Legislativa  e  obedeceram  a  Resolução;   VI —apresenta valores ditos como recebidos, a titulo de verba de  gabinete, e despendidos, reiterando o aspecto indenizatório dos  mesmos.  Por fim, colaciona aos autos diversos verbetes da jurisprudência  administrativa  sobre  o  tema,  tentando  justificar  suas alegações  defensórias,  requerendo  a  improcedência  do  lançamento,  em  questão.  A  DRJ  julgou  a  impugnação  improcedente  e  manteve  o  lançamento  em  decisão assim ementada:  ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FiSICA ­  IRPF  Ano­calendário: 2007  Fl. 526DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 527          5 DECISÕES ADMINISTRATIVAS. EFEITOS.   As decisões administrativas não se constituem em normas gerais,  razão pela qual  seus  julgados não  se aproveitam em relação a  qualquer outra ocorrência, senão àquela objeto da decisão.  ONUS DA PROVA. FATO ALEGADO.   Se  o  ônus  da  prova,  por  presunção  legal,  é  de  quem  alegar  o  fato,  cabe  ao  Contribuinte  a  prova  de  que  houve  a  efetiva  prestação de contas.  OMISSÃO DE RENDIMENTOS. LANÇAMENTO DE OFÍCIO.  Seri  efetuado  lançamento  de  oficio  no  caso  de  omissão  de  rendimentos  tributáveis percebidos pelo contribuinte e omitidos  na declaração de ajuste anual.  VERBA  DE  GABINETE.  INCIDÊNCIA  TRIBUTARIA.  REQUISITOS.  Havendo  norma  prevendo  seu  pagamento,  previsão  de  destinação  na  norma  que  a  institui  e  prestação  de  contas,  os  rendimentos percebidos a titulo de verba de gabinete são verbas  de  caráter  indenizatôrio.  Ausente  algum  destes  requisitos,  impõe­se a incidência tributária.  IMPOSTO SOBRE A RENDA. INCIDÊNCIA.  A  incidência  do  Imposto  sobre  a  Renda  independe  da  denominação  da  receita  ou  do  rendimento,  da  localização,  condição  jurídica  ou  nacionalidade  da  fonte,  da  origem  e  da  forma de percepção.  Impugnação Improcedente  Crédito Tributário Mantido  Intimado aos 19/03/12 dessa decisão (fls. 330), o recorrente interpôs recurso  voluntário aos 18/04/12 (fls. 334 ss.), no qual reproduz os mesmos os argumentos já  trazidos  em suas manifestações anteriores e anexou aos autos cópias dos documentos que alega terem  sido apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas como prestação de contas dos valores  recebidos a título de verba de gabinete.  Não houve contrarrazões.  É o relatório.          Fl. 527DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 528          6 Voto             Conselheira Renata Toratti Cassini ­ Relatora  O recurso voluntário é  tempestivo e estão presentes os demais  requisitos de  admissibilidade, pelo que dele conheço.  Conforme  relatado,  por meio  do  auto  de  infração  foram  apuradas  infrações  consistentes em omissão de rendimentos recebidas de pessoa jurídica sem vínculo empregatício  decorrentes  de  fatos  geradores  distintos,  quais  sejam:  a)  o  recebimento  de  valores  pelo  recorrente  a  título  de  verba  de  gabinete  sem  a  necessária  prestação  de  contas,  condição  necessária para a caracterização da natureza dessa verba como indenizatória; e b) recebimento  de  valores  a  título  de  verba  de  gabinete  acima  do  limite  previsto,  de modo  que,  ainda  que  houvessem sido objeto de prestação de contas, mesmo assim, seriam tributáveis em razão de  terem sido pagos em valores superiores ao limite previsto nas normas de regência.   Da natureza indenizatória da verba recebida ­ da prestação de contas  Em seu recurso voluntário, o recorrente alega, em síntese, que "não tem o que  se discutir" quanto à natureza indenizatória da verba de gabinete. Para amparar seu argumento  nesse sentido, cita trecho do Parecer PGFN nº 1.084, de 05/06/07 no qual consta que:  "Dos  julgados  trazidos  à  baila,  depreende­se  a  tendência,  sobretudo  do  Superior  Tribunal  de  Justiça,  em  consolidar  o  entendimento  de  que  verbas  com  destinação  similar  à  "verba  indenizatória  do  exercício  parlamentar"  como  a  "verba  de  gabinete",  por  exemplo,  são  verbas  de  caráter  indenizatório  e  que,  não  implicando  acréscimo  patrimonial,  estão  fora  da  incidência do imposto de renda".  Cita, também, julgados do então Conselho de Contribuintes e precedente do  STJ (AgRg no REsp 1041436/ES) no mesmo sentido.  No  mais,  afirma  que  prestou  contas  mês  a  mês  em  relação  à  verba  de  gabinete  recebida,  que  os  documentos  foram  analisados  e  a  natureza  das  despesas  e  os  ressarcimentos  postulados  foram  aprovados. Afirma  que  sempre  realizou  suas  prestações  de  contas,  depositando­as mensalmente  na  Diretoria  Financeira  da  Assembleia  Legislativa  de  Alagoas,  "as  quais,  por  conseguinte,  eram  levadas  ao  conhecimento  público  oficial  porque,  mês  a mês,  eram  lançadas  no  SIAFEM,  conforme pode  se  extrair  da Certidão  emitida  pelo  Diretor Financeiro da Assembleia Legislativa...".  Alega, ainda, ser "absolutamente despropositada e inaceitável a conclusão do  Ilustre  Auditor­Fiscal,  para  sustentar  seu  voto,  na  condição  de  Relator  do  processo  de  impugnação da DRJ/Recife, ao por em dúvida a Certidão emitida pela Diretoria Financeira da  Assembléia Legislativa, em que se atesta que o Recorrente entregou suas prestações de contas,  afirmando em seu relatório, que "a referida certidão foi emitida em data posterior àquela da  apreensão  dos  documentos  pela  Polícia  Federal.  Portanto,  torna­se  inconsistente  uma  certidão, posterior à apreensão dos documentos, atestar a prestação de contas, com base nos  arquivos  da  Diretoria  Financeira,  tendo  em  vista  informação  de  que  a  documentação  Fl. 528DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 529          7 encontrar­se­ia de posse do Departamento de Polícia Federal, não constando sequer cópias  para exame por pare da Secretaria da Receita Federal do Brasil.".  Diz  que  a  certidão  em questão  foi  emitida  justamente para  auxiliar  em  sua  defesa quando de sua autuação, que, a propósito, foi decorrência da ação policial por meio da  qual se deu a apreensão daqueles documentos. Assim, conclui que a certidão somente poderia  ter sido expedida após a apreensão.  Por fim, procedeu à juntada aos autos dos documentos de fls. 359 e seguintes,  que se trataria das cópias dos documentos apresentados à Assembleia Legislativa de Alagoas  como prestação de contas dos valores recebidos a título de verba de gabineta no ano de 2007.  Pois bem.  Inicialmente,  cumpre  anotar  que,  como  bem  observado  pelo  r.  auditor  no  Termo  de  Verfificação  Fiscal,  embora  o  menciondo  Parecer  PGFN  n°  1084/2007  tenha,  de  fato,  concluído  que  há  uma  tendência  nos  julgados  do  STJ  no  sentido  de  que  verbas  com  destinação similar à "verba de gabinete" são verbas de caráter indenizatório e, não implicando  acréscimo  patrimonial,  estão  fora  da  incidência  do  imposto  de  renda, mencionado  parecer  também tratou dos requisitos necessários para caracterização da natureza indenizatória  da  verba de  gabinete, quais  sejam  (i)  a previsão de destinação na norma que  institui  a  verba E (ii) a prestação de contas.  Julgados  do  Conselho  de  Contribuintes  citados  pelo  recorrente  em  seu  recurso são,  igualmente, nesse mesmo sentido, uma vez que concluem que valores  recebidos  sob  a  rubrica  "verba  de  gabinete",  sobre  os  quais  devem  ser  prestadas  contas,  não  se  enquadram no conceito de renda.   E  nesse  sentido,  também,  é  o  precedente  do  Superior  Tribunal  de  Justiça  apontado pelo recorrente (AgRg no REsp 1041436/ES). Com efeito, da análise da íntegra do  julgado, fica claro que a não incidência do imposto de renda sobre a verba em questão depende  da  análise  de  sua  natureza,  se  indenizatória  ou  não.  O  próprio  precedente,  aliás,  faz  referência, como suporte ao ali decidido, a outros julgados no mesmo sentido daquele próprio  Tribunal Superior, dentre os quais citamos o julgado abaixo, qual seja REsp 842931/MG, rel.  Min. LUIZ FUX, 1ª Turma, j. 24/10/06, DJ 20/11/06, p. 287):  TRIBUTÁRIO.  PARLAMENTARES.  IMPOSTO  DE  RENDA.  VIOLAÇÃO  DO  ART.  535,  II,  DO  CPC.  INOCORRÊNCIA.  VERBAS  PERCEBIDAS  A  TÍTULO  DE  AJUDA  DE  CUSTO.  NÃO  INCIDÊNCIA  DO  IRRF.  VERBAS  INDENIZATÓRIAS  DESTINADA A RESSARCIR DESPESAS DO GABINETE.  1. As verbas de gabinete recebidas pelos parlamentares, embora  pagas de modo constante, não se incorporam aos seus subsídios.  (Precedentes do STJ e do STF: Resp 689052/AL, 1ª Turma, Rel.  Min.  José Delgado, DJ  06/06/2005; RE  204.143/RN, Rel. Min.  Octávio Galloti, DJ 12/12/1997)  2.  É  que  a  incidência  do  imposto  de  renda  sobre  a  verba  intitulada "ajuda de custo" requer perquirir a natureza jurídica  desta: a) se indenizatória, que, via de regra, não retrata hipótese  de  incidência  da  exação;  ou  b)  se  remuneratória,  ensejando  a  tributação.  Fl. 529DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 530          8 3.  In  casu,  a  instância  a  quo,  com  ampla  cognição  fático­ probatória,  assentou  tratar­se  a  verba  de  ajuda  de  custo  percebida  pelo  parlamentar,  destinada  ao  custeio  de  despesas  com  o  gabinete,  necessárias  ao  desempenho  da  atividade  parlamentar,  com  nítida  natureza  indenizatória,  sujeita,  inclusive,  à  prestação  de  contas,  o  que  se  revela  inconciliável  com o quantum percebido a título salarial.  (...)  Desse  modo,  não  há  como  negar  que  essas  verbas  não  se  revestem  de  cunho  salarial  ou  remuneratório.  Não  correspondem,  de  fato,  a  qualquer  contraprestação  do  serviço  prestado pelo empregado. Não pode incidir sobre elas, portanto,  o imposto de renda. (...)"  5.  Inexiste  ofensa  ao  art.  535,  do  CPC,  quando  o  tribunal  de  origem pronuncia­se de forma clara e suficiente sobre a questão  posta  nos  autos.  Ademais,  o  magistrado  não  está  obrigado  a  rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que  os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar  a decisão.   6. Recurso especial desprovido. (Destacamos)  Nessa linha, no presente caso, as normas disciplinadoras da verba de gabinete  estabelecem a sua utilização em determinadas destinações, a prestação de contas e limite a ser  indenizado,  de  modo  que  a  falta  de  algum  dos  requisitos  a  descaracteriza  como  verba  indenizatória.  A disciplina relativa à  indenização com despesa de gabinete parlamentar no  Estado de Alagoas está prevista na Resolução da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas  de nº 392/95, que dispõe:  Art. 1º. Os Gabinetes dos Senhores Deputados  serão matidos à  conta de indenização das depesas de que trata o § 2º do art. 77,  da  Resolução  nº  369  de  11  de  janeiro  de  1993,  efetuada  com  material  de  expediente,  passagens,  assistência  social  e  outras  correlatas.  Art. 2º. A  indenização de que  trata o artigo anterior  será paga  mensalmente e não pode exceder de R$ 10.000,00 (dez mil reais)  cada pagamento.  Art. 3º. Os Senhores Deputados, ao requerer ao 1º Secretário o  pagamento da indenização, farão juntar ao pedido a prestação  de contas do mês vencido.  Parágrafo Único ­ Os eventuais saldos existentes ao fim de cada  Sessão  legislativa  deverao  ser  recolhidos  ao  Departamento  Financeiro deste Poder até o dia 15 (quinze) do mês subsequente  ao encerramento.  (...).  Fl. 530DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 531          9 O art. 77, § 2º da da Resolução nº 369 de 11 de janeiro de 1993, por sua vez,  dispõe o seguinte:  Art. 77. O subsídio, dividido em parte fixa e variável, e ajuda de  custo,  serão  estabelecidos  no  fim  de  cada  legislatura  para  a  subsequente.  (...)  §2º  Considera­se  ajuda  de  custo  a  compensação  de  despensas  com  transporte  e  indenização  com  despesa  de  gabinete  parlamentar a outras imprescindìveis para o comparecimento à  Sessão  Legislativa  Ordinária  ou  à  Sessão  decorrente  de  convocação extraordinária.  O  recorrente  afirma  que  prestou  contas  em  relação  à  verba  de  gabinete  recebida, depositando mensalmente suas prestações de contas junto à Diretoria Financeira da  Assembleia Legislativa de Alagoas, conforme determina a legislação, o que se poderia verificar  da  Certidão  emitida  pelo  Diretor  Financeiro  daquele  órgão  público,  reproduzida  em  seu  recurso, a fls. 341.   Acrescenta,  ainda,  que  "para  espancar  qualquer  dúvida  que  ainda  se  (sic)  remanesça  sobre  a  comprovação  dos  gastos  de  ação  parlamentar  do  Recorrente",  anexa  aos  autos  "cópias  dos  documentos  tempestivamente  apresentados  a  (sic) Assembléia Legislativa,  afastando  de  uma  vez  por  todas  as  insinuações  levadas  a  termo  pela  fiscalização  no  caso  presente [de que] não teria havido a necessária prestação de contas" (fls. 359/519).  Ocorre  que  a  documentação  anexada  aos  autos  com  o  recurso  voluntário  demonstra exatamente o contrário do que pretende o recorrente.   Com  efeito,  conforme  se  constata  dos  aludidos  documentos,  se  houve  prestação  de  contas,  fato  é  que  os  respectivos  processos,  relativos  aos meses  de  fevereiro  a  novembro de 2007, teriam dado entrada na Diretoria Financeira da Assembléia Legislativa do  Estado de Alagoas apenas aos 23/09/2009, ou seja, dois anos ou mais após os pagamentos  terem sido realizados, contrariando o art. 3º da Resolução nº 392/05 e a própria afirmação do  recorrente, no sentido de que prestava suas contas mês a mês, depositando­as mensalmente  junto à Diretoria Financeira da Assembleia Legislaltiva de Alagoas.  Ora,  como  é  possível  que  prestasse  suas  contas mês  a mês,  depositando­as  mensalmente  junto  à  Diretoria  Financeira  da  Assembléia  Legislativa  de  Alagoas,  se  os  documentos juntados aos autos, que o recorrente afirma se tratar de "cópias dos documentos  tempestivamente  apresentados  a  (sic)  Assembléia  Legislativa",  estão  todos  registrados  com a mesma data de entrada naquele órgão público, qual seja 23 de setembro de 2009?  Esse  fato  também  põe  em  cheque  a  aludida  Certidão  reproduzida  pelo  recorrente em seu recurso a fls. 341, emitida pelo Diretor Financeiro da Assembléia Legislativa  do Estado de Alagoas, que abaixo também reproduzimos:  Fl. 531DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 532          10     Note­se que, conforme destacado em amarelo, acima, a Certidão em questão  está  datada  de  21  de  maio  de  2009.  No  entanto,  ela  certifica  fato  que,  como  o  recorrente  demonstra com a documentação  juntadada  aos  autos  com o  seu  recurso  voluntário,  somente  teria  ocorrido  após  a  sua  emissão,  posto  que  se,  de  fato,  houve  prestação  de  contas  dos  valores  por  ele  recebidos  a  título  de  verba  de  gabinete  no  ano  de  2007,  os  documentos  correspondentes a essa prestação de contas somente foram entregues à Assembleia Legislativa  de Alagoas no dia 23 de setembro de 2009.  Assim, também por essa razão, a Certidão em questão se revela inconsistente,  e toda a farta documentação constante dos autos demonstra que não houve prestação de contas  no presente caso concreto como determinam as normas de regência da verba de gabinete ora  questionada.  Do limite de gastos da Verba de Gabinete  O  recorrente  afirma que  os  valores  recebidos  a  título  de  verba  de  gabinete  sempre  respeitaram  os  limites  estabelecidos  nas  Resoluções  da  Assembleia  Legislativa  de  Alagoas que disciplinam matéria.  Nessa linha, esclarece que a Assembléia Legislativa, por meio da Resolução  nº 482, de 16/07/08, "interpretando os termos das Resoluções nº 392/06 e nº 471/07, reafirmou  o valor de R$ 39.100,00 como sendo o limite de pagamento para a verba de gabinete, pelo que  nenhuma anormalidade pode recair sobre esses pagamentos efetuados aos Deputados Estaduais  para fazer frente às suas despesas com atuação parlamentar".  O  art.  2º  da Resolução  392/05,  acima  transcrito,  previu  o  valor mensal  da  verba de gabinete em R$ 10.000,00, que seria o limite de cada pagamento.   Posteriormente,  como  esclarece  o  Termo  de  Verificação  Fiscal,  resoluções  que se seguiram atribuíram indexadores a esse valor de R$ 10.000,00, conforme abaixo:  Fl. 532DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 533          11 a)  a  Resolução  428/2002  atribui  um  indexador  de  52,20%  sobre  a  parcela  paga prevista no art. 2º da Resolução 392/95, a vigorar a partir de dezembro/01;   b)  a  Resolução  nº  462/06  atribuiu  um  multiplicador  de  2,0  (dois  inteiros)  sobre  a  parcela  paga  prevista  no  art.  2º  da  Resolução  nº  392/05,  a  vigorar  a  partir  de  dezembro/06; e  c)  a  Resolução  471/07  atribuiu  um  multiplicador  de  2,91  (dois  inteiros  e  noventa e um centésimos) sobre a parcela paga prevista no art. 2º da Resolução nº 392/05, a  vigorar a partir de abril/07.  De acordo com as normas em questão, os valores­limite para o pagamento da  verba de gabinete estão expressos no quadro abaixo:    Finalmete,  foi editada a Resolução 482/081, com objetivo de "interpretar" o  art.  2º  da  Resolução  392/05  e  o  art.  1º  da  Resolução  nº  471/07,  determinando  que  a  verba  indenizatória criada pela Resolução nº 392/95, fixada em valor máximo de R$ 10.000,00 pelo  art.  2°,  sobre  a  qual  foi  atribuída  o  multiplicador  de  2,91  (dois  inteiros  e  noventa  e  um  centésimos) pela Resolução n° 471/07, compõe e se incorpora à sua própria base de cálculo,  tendo como resultado R$ 39.100,00.  Ou seja, a pretexto de "interpretar" as resoluções nºs 392/05 e 471/07, o que  fez  a Resolução  nº  482/08,  na verdade,  foi  criar norma nova,  alterando o  limite máximo  para  a  verba  de  gabinete  dos  parlamentares  estaduais,  ao  estabelecer  que  os  valores  máximos  a  serem  ressarcidos  aos  parlamentares  do  Estado  de  Alagoas  seriam  aqueles  resultantes da multiplicação de determinado  índice  (2,91)  pelo valor da verba,  adicionado­se  esse resultado ao valor inicial da própria verba ("compõe e se incorpora à sua própria base de  cálculo").  Como bem observado pela Fiscalização no Termo de Verificação Fiscal (fls.  102),  "é  sabido  que  as  normas  ditas  "interpretativas"  podem  retroagir,  observados  alguns  critérios, dentre eles o de não introduzirem invação no ordenamento" (Destacamos).                                                               1 Art 1°  ­ A verba  indenizatória, criada pela Resolução no 392, de 19/06/1995,  fixáda em valor máximo de R$  10.000,00  (dez mil  reais) pelo  art. 2° daquele diploma normativo,  sobre a qual  foi atribuida o multiplicador de  2,91 (dois inteiros e noven a e hum) pela resolução n.° 471, de 24/04/07, que compõe e se incorpora a sua base  cálculo,  têm como resultado o montante  inicial mais o  seu multiplicador,  totalizando em R$ 39.100,00 (trinta e  nove mil e cem reais).  Parágrafo  único  ­  Para  os  fins  de  encontrar  o  valor  total  da  verba  indenizatória  toma­se  como  base  a  seguinte  fórmula:  VTVBI = Vo + V1 x Vo, onde:   VTVBI ­  valor total da verba indenizatória procurada.  Vo ­ verba indenizatória inicial fixada pelo art. 2° da Resolução n° 392/1995.  V1 ­ coeficiente multiplicador da verba inderiizatória atribuido pela  Resolução n° 471/2007  Art.2° ­ Esta resolução entrará em vigor na data de sua publicação.    Fl. 533DF CARF MF Processo nº 14751.002246/2009­84  Acórdão n.º 2402­007.272  S2­C4T2  Fl. 534          12 Portanto,  a  Resolução  nº  482,  de  16  de  julho  de  2008,  supostamente  interpretativa, mas que, na verdade, introduziu no ordenamento jurídico direito novo, não pode  ser  fundamento  para  aferição  do  limite  do  valor  recebido  pelos  parlamentares  do  Estado  de  Alagoas ­ pelo recorrente, inclusive ­ a título de verba de gabinete no ano de 2007.  Desse modo,  considerando os  valores­limite  para o  pagamento  da verba  de  gabinete constantes do quadro acima, elaborado nos termos das Resoluções nº 392/95, 428/02,  462/06 e 471/07,  e que  a Fiscalização apurou o  excesso  recebido pelo  recorrente no período  autuado,  conforme  quadro  constante  do  Termo  de  Verificação  Fiscal  a  fls.  105,  abaixo  reproduzido, não tem razão o recorrente em sua irresignação.      Conclusão  Por  todo  o  exposto,  voto  no  sentido  de  negar  provimento  ao  recurso  voluntário.  (assinado digitalmente)  Renata Toratti Cassini ­ Relatora                            Fl. 534DF CARF MF

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Numero do processo: 10880.908397/2006-79
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 22 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.755
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal que deverá ser cientificada à contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Denny Medeiros da Silveira - Presidente Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI

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2402­000.755  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  07 de junho de 2019  Assunto  SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA  Recorrente  CIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO ­ SABESP  Recorrida  FAZENDA NACIONAL     Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  converter  o  julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do  Brasil realize as verificações e procedimentos discriminados no voto que segue na resolução,  consolidando  o  resultado  da  diligência  em  Informação  Fiscal  que  deverá  ser  cientificada  à  contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias.  Denny Medeiros da Silveira ­ Presidente  Renata Toratti Cassini ­ Relatora    Participaram  do  presente  julgamento  os  Conselheiros:    Denny  Medeiros  da  Silveira,  Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti,  Paulo Sergio  da Silva,  João  Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado), Gregório Rechmann  Junior e Renata Toratti Cassini.   Relatório  Por bem descrever os fatos até a decisão de primeira instância, adoto relatório da  decisão recorrida, que transcrevo abaixo:  Trata­se da Manifestação de Inconformidade, de fls. 8/16, apresentada  contra o Despacho Decisório Eletrônico de fls. 6, da DERAT/SPO, que  não  homologou  a  compensação  declarada  no  PER/DCOMP  04482.00280.050603.1.3.04­0961,  para  extinguir  o  débito  de  IRRF,  código 5706­1, apurado na la semana de maio de 2003, no montante de     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .9 08 39 7/ 20 06 -7 9 Fl. 1078DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.079          2 R$  1.326.629,23,  com  crédito  decorrente  do  pagamento  indevido  no  valor  de  R$  1.109.129,03,  realizado  por  meio  de  DARF  pago  em  30/04/2002, que teria sido recolhido indevidamente.  O motivo  da  não  homologação,  conforme  despacho  de  fls.  06,  é  que  teriam sido localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados,  mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte,  não  restando  crédito  disponível  para  compensação da  totalidade  dos  débitos informados no PER/DCOMP.      A  conclusão  do  despacho  decisório  foi  assim  apresentada:  Diante  as  inexistência do crédito, NÃO HOMOLOGO a compensação declarada.  Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente  compensados, para pagamento até 31/01/2008.    Cientificado, em 08/02/2008, por via postal, conforme doc. de fls. 07, o  contribuinte  apresentou,  em  10/03/2008,  a  Manifestação  de  Inconformidade  de  fls.  08/16,  acompanhada  dos  documentos  de  fls.  17/152, com as seguintes alegações:  ­ teria recolhido o DARF, código de receita 5706 (IRRF — Juros Sobre  o Capital Próprio),  cujo principal  foi R$ 4.599.938,78 e multa de R$  303.595,95,  totalizando R$ 4.903.534,73, e o reconhecimento contábil  do  recolhimento  do  tributo,  teria  sido  realizado  pelo  regime  de  competência, em 31/03/2002 (Anexo 03).  ­ findos os prazos indicados para que os acionistas comprovassem sua  eventual  condição  de  isenção/imunidade,  tal  como  o  'Aviso  aos  Acionistas"  teria  feito  previsão  em seu  item  II,  teria apurado  o valor  efetivo,  a  titulo  de  IRRF  devido,  seria  de R$  3.167.385,42,  conforme  relatório  pormenorizado  de  acionistas  que  acompanha  a  presente  (Anexo 04).  ­  teriam ocorrido erros materiais no preenchimento do DARF (Anexo  06),  no  período  de  apuração  que  em  vez  de  06/04/2002,  seria  31/03/2002.  A  evidência  do  erro  pode  ser  constatada  cotejando­se  o  citado documento com a escrituração contábil da recorrente, vez que,  conforme já anunciamos, tal lançamento foi atribuído à 31 de março de  2002  (,  nexo;03).  Este  erro  não  causou  qualquer  prejuízo  para  a  arrecadação.  ­  teriam  ocorrido  duas  impropriedades  em  relação  a  DCTF  do  período: o crédito foi declarado na DCTF do 2° trimestre e o correto  seria no 1°  trimestre de 2002,  esta  falha  teve vincula  ção  inequívoca  Fl. 1079DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.080          3 com  o  erro  cometido  no  preenchimento  do  campo  "Período  de  Apuração" do DARF.  ­ e a outra falha formal seria a ausência da retificação da DCTF, para  indicar o correto débito de IRRF sobre os JSCP do período que teria  passado do valor de R$ 4.599.938,78 para 3.167.385,42.  ­ o recolhimento teria sido no montante de R$ 4.599.938,78 (principal),  devendo  ser  o  saldo  remanescente  em  seu  favor  de R$  1.432.553,36,  referente  ao  tributo  e  de  R$  94.548,52  de  multa  a  devolver  proporcionalmente, perfazendo um crédito a ser restituído/compensado  de R$ 1.527.101,88 ern valores históricos.  ­  apresentou  o  Per/Dcomp  sob  análise  para  guitar  o  débito  no  montante de R$ 1.326.629,23, código de receita 5706, com período de  apuração  l  a  sem/maio/2003,  com  vencimento  em  07/05/2003,  aproveitando o equivalente a R$ 1.109.129,03 de seu indébito.  ­ na página 2 do Per/Dcomp (Anexo 5) verifica­se que foi indicado no  campo "Valor Original do Crédito Inicial", o valor de R$ 1.109.129,03,  e o valor correto que deveria ter sido indicado seria R$ 1.527.101,88.  ­  ainda  tratando­se  da  Per/Dcomp,  em  especial  a  folha  3,  vez  que  o  Período de Apuração contido no DARF utilizado para recolhimento do  IRRF  sobre  os  JSCP  demonstrou­se  errôneo,  merece  reparo  a  linha  "Período  de  Apuração",  para  fazer  constar,  corretamente,  a  data  de  31/03/2002.  ­  as  irregularidades  formais  não  poderiam  se  sobrepor  à  realidade  fática, corroborada por documentos  idôneos e capazes de demonstrar  inequivocamente o direito creditório da Recorrente.  A DRJ  julgou  a Manifestação  de  Inconformidade  apresentada  pelo  recorrente  improcedente e manteve a não homologação da compensação, em decisão assim ementada:  ASSUNTO:  NORMAS  DE  ADMINISTRAÇÃO  TRIBUTARIA  Ano­ calendário:  2003  DECLARAÇÃO  DE  COMPENSAÇÃO.  PAGAMENTO  INDEVIDO.  COMPENSAÇÃO.  ­  Não  comprovada  a  ocorrência  de  PAGAMENTO  INDEVIDO,  indefere­se  o  pedido  de  restituição,  com  a  conseqüente  não  homologação  da  compensação  vinculada ao crédito indeferido.  O  crédito  usado  em  compensação  há  que  ser  revestido  de  liquidez  e  certeza na data da transmissão da PERDCOMP.  Solicitação Indeferida Intimado dessa decisão aos 01/09/09 (fls. 165), o  recorrente apresentou  recurso  voluntário  aos  01/10/09  (fls.  204/217),  alegando, em síntese:  ­  a  homologação  das  compensações  é  ato  vinculado  que  cabe  à  autoridade  administrativa que se depara com a satisfação de todas as exigências impostas pela lei para que  o  crédito  seja  considerado  extinto,  dentre  as  quais  está  a  existência  e  suficiência  do  crédito  invocado pelo contribuinte;  ­ é dever de ofício da autoridade fiscal aferir se há correspondência entre aquilo  que  está  demonstrado  documentalmente  por  meio  das  informações  constantes  dos  deveres  Fl. 1080DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.081          4 instrumentais  e  as  demais  provas  juntadas  aos  autos  em  obdiência  ao  princípio  da  verdade  material  que  rege  o  processo  administrativo  fiscal,  sob  pena  de  exigência  de  tributo  consubstanciado  em  fato  gerador  inexistente.  Cita  julgados  deste  Tribunal  no  sentido  da  necessidade de valoração dos fatos em detrimento da forma;  ­  a  autoridade  julgadora  de  primeira  instância  sequer  considerou  que  as  informações  contidas  no  DARF,  DCTF  e  na  própria  PER/DCOMP  refletiam  ou  poderiam  refletir  a  verdade  fática  da  situação,  julgando  improcedente  o  pedido  do  recorrente  ao  argumento de que "... uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida qualquer alteração do  seu  conteúdo",  escusando­se  da  análise  das  provas  carreadas  aos  autos  do  processo  administrativo, o que torna nulo o acórdão recorrido;  ­  ofereceu  ao  julgador  a  quo  prova  documental  que  permitia  facilmente  a  identificação  nominal  de  cada  um  dos  seus  acionistas  beneficiários  do  JCP,  detalhando  o  tratamento  tributário dispensado a cada um deles  (imune,  isento ou  tributado), os  respectivos  valores  bruto  e  líquido, montante  do  imposto  retido,  bem  como  os  números  de  inscrição  no  cadastro  do  MF  (CNPJ  e  CPF),  sendo  que  os  valores  indicados  estão  amparados  pelos  lançamentos contábeis do imposto pago e do valor a ser recuperado constantes do Livro Diário  do recorrente, também anexado aos autos;  ­  a  ausência  de  retenção  do  imposto  relativamente  aos  beneficiários  caracterizados como "fundo de investimento em ações" decorre de disposição expressa de lei,  qual seja o art. 28, § 10, "b" da Lei nº 9532/97;  ­  não  obstante  os  fatos  narrados,  procede  à  juntada  aos  autos  de  extratos  de  consultas dos CNPJ's dos seus acionistas obtidas no sítio da Receita Federal do Brasil na rede  mundial de computadores, que demonstram que  todos os acionistas  tratados como isentos ou  imunes apresentam "Código e Descrição da Atividade Econômica Principal" compatível com  esse  tratamento  que  lhes  foi  dispensado  (fls.  256/1080);  e,  por  fim,  ­  ausência  de  responsabilidade  da  fonte  pagadora  após  consumado  o  período  de  apuração  do  imposto  de  renda  e  da  entrega  das  respectivas  declarações  pelos  beneficiários  uma  vez  que  a  responsabilidade  da  fonte  pagadora  se  exaure  no  exato  momento  em  que  o  beneficiário  do  pagamento  deve  apresentar  sua  declaração  de  rendimentos.  A  partir  de  então,  eventual  responsabilidade acerca do imposto devido passa a ser do beneficiário do rendimento.  Não houve contrarrazões.  É o relatório.    Voto  Conselheira Renata Toratti Cassini ­ Relatora  O  recurso  voluntário  é  tempestivo  e  estão  presentes  os  demais  requisitos  de  admissibilidade, devendo, portanto, ser conhecido.  O recorrente apresentou PER/DComp visando ao aproveitamento de excesso de  recolhimentos de IRRF sobre o pagamento de Juros Sobre o Capital Próprio relativamente ao  Fl. 1081DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.082          5 primeiro trimestre de 2002 (1T02) para quitação de débito de tributo da mesma espécie (IRRF­  Juros Sobre Capital Próprio) da competência da 1ª semana de maio de 2003.  O  despacho  decisório,  fundado  nas  informações  da  DCTF  e  do  PER/Dcomp,  entendeu que os valores  recolhidos a título de IRRF sobre JCP relativamente ao 1T02 teriam  sido  integralmente  utilizados  para  quitação  de  débitos  do  contribuinte,  não  restando  crédito  disponível  para  compensação  dos  débitos  pretendidos,  acarretando  a  não  homologação  da  compensação declarada.  Em  sua manifestação  de  inconformidade,  o  recorrente  defendeu  a  necessidade  do  despacho  decisório  ser  reformado  em  razão  de  terem  sido  apurados  vícios  formais  no  preenchimento do documento de arrecadação (DARF), na DCTF e na própria PER/Dcomp.  O  acórdão  recorrido,  por  sua  vez, mesmo  à  vista  das  informações  quanto  aos  erros de fato cometidos pelo recorrente no preenchimento da DCOMP, houve por bem manter  a decisão que não homologou a compensação ao argumento de que "pesa sobre o contribuinte a  exatidão dos valores informados, visto que, uma vez analisada a DCOMP, não é mais admitida  qualquer alteração do seu conteúdo", pelo que "o alegado erro de preenchimento da DCOMP  não  pode  ser  admitido,  eis  que,  a  retificação  do  crédito  tem  a  mesma  natureza  de  uma  Declaração  de  Compensação  de  débitos  não  homologados  o  que  não  é  permitido  pela  legislação".  Ademais, acrescentou que:  "no tocante ao mérito do indébito, em razão do que alguns acionistas  seriam isentos e imunes ao IR, tais como o Governo do Estado de São  Paulo, à época detinha quase 70% do capital da Recorrente, e que as  Prefeituras  Municipais  e  Entidades  de  Previdência  Complementar  também integravam seu quadro acionário e que não eram passíveis de  tributação pelo IRRF. Corrobora sua alegação com a apresentação do  relatório  pormenorizado  de  acionistas  (anexo  04)  onde  constaria  o  total de IRRF devido.  Ocorre,  entretanto,  que  na  referida  lista  constam  vários  acionistas,  entre  eles,  por  exemplo,  em  fls.  130,  a  empresa"  LW  FUNDO  DE  INVESTIMENTOS EM AÇÕES", para o qual não foi colacionado aos  autos a razão de o contribuinte considerá­lo imune ou isento ao IRRF  sobre os JSCP".  Prossegue  argumentando  que  não  foram  juntados  aos  autos  documentos  que  comprovassem a efetiva condição de isentos ou imunes dos acionistas assim qualificados pela  recorrente.   De  fato,  conforme  reconhece  o  próprio  recorrente,  por  ocasião  dos  lavantamentos  promovidos  em  face  da  não  homologação  da  compensação,  constatou­se  a  ocorrência de erros materiais no preenchimento do DARF que deram origem ao recolhimento a  maior, da DCTF e, também, da DCOMP.  A decisão recorrida, como dito, entendeu que o alegado erro de preenchimento  da DCOMP não pode ser admitido, uma vez que a retificação do crédito tem a mesma natureza  de uma Declaração de Compensação de débitos não homologados, o que não é permitido pela  legislação. Ademais,  embora  reconheça  que o  recorrente  apresentou  relatório  pormenorizado  Fl. 1082DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.083          6 de acionistas no qual constaria o total de IRRF devido e, de fato, haja previsão legal expressa  no art. 28, § 10, "b", da Lei nº 9.532/971 da não incidência de IRRF sobre JCP recebidos por  fudos  de  investimentos,  entendeu  que  tais  dados  não  eram  suficientes  para  comprovar  a  condição de isenção/imunidade dos acionistas do recorrente, e que não foram colacionados aos  autos  os  referidos  documentos,  que  comprovassem  a  efetiva  condição  de  isentos  e  imunes  daqueles acionistas".  Dispõe  o  art.  56  da  IN/RFB  nº  460/04  que  após  a  emissão  do  Despacho  Decisório, não é mais possível que o contribuinte proceda à retificação da DCOMP.  Todavia, no que diz respeito à possibilidade de erro ou retificação da DCOMP,  adoto  o  posicionamento  da Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto  (1ª  Seção,  3ª  Câmara,  1ª  Turma  Ordinária)  proferido  recentemente  nos  autos  do  processo  nº  13005.901308/200912,  segundo  o  qual  "o  erro  de  preenchimento  de  Dcomp  não  possui  o  condão  de  gerar  um  impasse  insuperável,  uma  situação  em  que  o  contribuinte  não  pode  apresentar uma nova declaração,  não  pode  retificar  a  declaração  original,  e nem pode  ter  o  erro saneado no processo administrativo, sob pena de tal  interpretação estabelecer uma  preclusão que inviabiliza a busca da verdade material pelo processo administrativo fiscal,  além  de  permitir  um  indevido  enriquecimento  ilícito  por  parte  do  Estado,  ao  auferir  receita não prevista em lei"2 (Destacamos).  Essa decisão serviu de paradigma para o julgamento de diversos outros recursos  neste Tribunal  na  sistemática  dos  recursos  repetitivos,  prevista no  art.  47,  §§  1º,  2º  e 3º,  do  Anexo  II,  do RICARF,  aprovado  pela  Portaria MF  343,  de  09  de  junho  de  2015,  dentre  os  quais  cito  o Acórdão de nº  1301003.441,  do  qual  transcrevo  os  seguintes  trechos,  para  que  integrem o presente voto como razões de decidir:  (...)  Segundo  o  Despacho  Decisório,  todo  o  DARF  relacionado  estava  alocado para um débito, de  tal  forma que não restou nenhum crédito  disponível  a  ser  compensado,  não  homologando  a  compensação  pleiteada.  De  igual  forma  entendeu  o  acórdão  recorrido,  que  na  data  da  transmissão da Perdcomp, o crédito não se encontrava líquido e certo,  bem como faltou ao recorrente trazer a prova do indébito tributário.  (...)  O ponto aqui é que a PerdComp apresentada pelo contribuinte contém  erro material, e tal fato, por si só não pode embasar a negação ao seu  direito de crédito, bem como leva ao enriquecimento ilícito do Estado.  Dessa forma, este Colegiado tem tido o entendimento de se reconhecer  parte  do  requerido  pelo  recorrente,  no  sentido  de  não  lhe  suprimir  instâncias  de  julgamento,  e  oportunizar  que  documentos  sejam                                                              1 Art. 28 (...)  § 10. Ficam isentos do imposto de renda:  (...)  b) os juros de que trata o art. 9º da Lei nº 9.249, de 1995, recebidos pelos fundos de investimento.  2 Acórdão nº 1301003.432 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária  Fl. 1083DF CARF MF Processo nº 10880.908397/2006­79  Resolução nº  2402­000.755  S2­C4T2  Fl. 1.084          7 analisados  a  fim  de  analisar  o  efetivo  erro  e  consequentemente  seu  direito de crédito.  Assim, tendo em vista o princípio da busca da verdade material, já que  juntou documentos, ainda que em sede recursal, daquilo que faria jus  ao seu direito, voto no sentido de se afastar o óbice de retificação da  PerdComp apresentada.  E  dessa  forma,  a  unidade  de  origem  poderá  verificar  o  mérito  do  pedido, acerca da existência do crédito e da respectiva compensação,  bem como analisar a liquidez e certeza do referido crédito, nos termos  do art. 170, do CTN.  Posteriormente,  pode­se  seguir  o  rito  processual  habitual.  (Destacamos)  Contudo,  para  fins  de  homologação  da  DCOMP,  necessária  a  apreciação  do  direito creditório do recorrente.   Neste  ponto,  entendo  não  ser  possível  homologar,  neste  momento,  a  compensação declarada pelo recorrente, uma vez que isso implicaria supressão da competência  da Unidade de Origem para análise do direito creditório.  Desse  modo,  considerando  a  possibilidade  de  apreciação  e  correção  do  erro  material  no  preenchimento  do  PER/DComp  e  os  demais  documentos  relacionados  (DARF  e  DCTF) por parte do recorrente, entendo que os presentes autos devem retornar à Unidade  de Origem para que analise o mérito do pedido do recorrente e emita despacho decisório  complementar, seguindo­se, a partir de então, o rito processual de praxe.  É como voto.  (assinado digitalmente)  Renata Toratti Cassini   Fl. 1084DF CARF MF

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7800492 #
Numero do processo: 10820.003730/2008-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jun 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jul 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 DECADÊNCIA. Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do primeiro dia do ano seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido realizado. DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação tanto da efetividade dos serviços prestados como dos correspondentes pagamentos. DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à efetiva prova de seu pagamento. DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS. A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação, precluindo o direito de fazê-lo em outro momento processual, salvo a impossibilidade de sua anterior apresentação.
Numero da decisão: 2402-007.285
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos os conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior, que deram provimento parcial ao recurso, reconhecendo a ocorrência da decadência do direito de o Fisco realizar o lançamento em relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no ano-calendário de 2002. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira- Presidente. (documento assinado digitalmente) Paulo Sergio da Silva - Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima, Maurício Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, Renata Toratti Cassini e Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente convocado).
Nome do relator: PAULO SERGIO DA SILVA

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2402­007.285  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  7 de junho de 2019  Matéria  IMPOSTO SOBRE A RENDA DA PESSOA FÍSICA   Recorrente  ROMOALDO PUNHALI MASSEROTTO  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA ­ IRPF  Ano­calendário: 2002, 2003, 2004, 2005, 2006  DECADÊNCIA.  Caracterizada conduta dolosa por parte do contribuinte, a contagem do prazo  decadencial aplicável é a prevista no art. 173, I, do CTN, ou seja, a partir do  primeiro  dia  do  ano  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  realizado.  DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO.  O direito à dedução de despesas médicas está condicionado à comprovação  tanto  da  efetividade  dos  serviços  prestados  como  dos  correspondentes  pagamentos.  DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.  O direito de dedução de despesas com pensão alimentícia está condicionado à  efetiva prova de seu pagamento.  DO PEDIDO DE JUNTADA DE PROVAS.  A prova documental deve ser juntada quando da interposição da impugnação,  precluindo  o  direito  de  fazê­lo  em  outro  momento  processual,  salvo  a  impossibilidade de sua anterior apresentação.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  em  negar  provimento  ao  recurso voluntário. Vencidos  os  conselheiros Gabriel Tinoco Palatnic, Renata  Toratti  Cassini  e  Gregório  Rechmann  Junior,  que  deram  provimento  parcial  ao  recurso,  reconhecendo  a  ocorrência  da  decadência  do  direito  de  o  Fisco  realizar  o  lançamento  em  relação à dedução com pensão alimentícia e com dependente, no ano­calendário de 2002.     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 82 0. 00 37 30 /2 00 8- 28 Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 161          2 (documento assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira­ Presidente.  (documento assinado digitalmente)  Paulo Sergio da Silva ­ Relator.    Participaram da  sessão de  julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros  da  Silveira, Gregório Rechmann Junior, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luís Henrique Dias Lima,  Maurício Nogueira Righetti,  Paulo Sergio  da Silva, Renata Toratti Cassini  e Gabriel Tinoco  Palatnic (Suplente convocado).    Relatório  Trata­se  de  recurso  voluntário  (fls.  146)  pelo  qual  o  recorrente  se  indispõe  contra decisão em que a autoridade de piso considerou improcedente impugnação apresentada  contra lançamento de IRPF, no valor de R$ 20.955,97 (acrescidos de juros e multa), incidentes  sobre rendimento omitidos de trabalho com vínculo empregatício, glosa de dedução  indevida  de dependentes, glosa de dedução  indevida de pensão  judicial, glosa de dedução  indevida de  despesas médicas, declaradas nas DIRPF dos exercícios de 2003 a 2007.  Consta da decisão recorrida (131) o seguinte resumo dos fatos verificados até  aquele momento processual:      Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 162          3       Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 163          4 Ao analisar o caso, em 12.11.2008, entendendo a autoridade de piso que: i) o  próprio  contribuinte  reconheceu  a  procedência  da  glosa  da  despesa  declarada  em  relação  à  Olga Punhali Masserotto e da glosa da despesa com plano de saúde UNIMED com seu pai; ii)  o  crédito  lançado  não  foi  atingido  pela  decadência;  iii)  foi  correta  a  glosa  da  despesa  com  pensão  judicial;  e  iv)  foi  correta  a  glosa  de  dedução  das  despesas  médicas;  decidiu  pela  improcedente da impugnação apresentada.  Irresignado,  o  contribuinte  apresentou  recurso  voluntário,  reforçando  os  argumentos da impugnação, para pedir o cancelamento do auto de infração.  É o relatório.  Voto             Conselheiro Paulo Sergio da Silva, Relator.  Da admissibilidade  O  recurso  é  tempestivo  e  atende  aos  requisitos  legais  para  sua  admissibilidade, portanto, deve ser conhecido.  Sobre as alegações do contribuinte  Trata­se de  recurso meramente  procrastinatório,  onde  o  contribuinte  apenas  reitera  as  alegações  da  impugnação,  sem  trazer  qualquer  comprovante  ou  justificativa  para  afastar os fatos apontados pela auditoria.  Da decadência  Especificamente sobre a alegação de decadência do direito de o fisco lançar  os fatos ocorridos no ano de 2002, deve­se observar que um dos critérios para a determinação  da regra contagem do prazo decadencial aplicável é a existência ou não de dolo de fraude ou  simulação na conduta do contribuinte. Caso existente esse dolo, deve ser aplicada a contagem  decadencial  prevista  no  art.  173,  I,  do  CTN,  conforme  entendimento  do  STJ,  em  sede  de  recursos repetitivos:    Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 164          5   No  caso  concreto,  consta  dos  autos  que  o  contribuinte  atuou  com  dolo  de  fraude (tanto é que a multa de ofício, nesse período, foi com a qualificadora), dessa forma, a  contagem  do  prazo  decadencial  aplicável  ao  caso  é  a  prevista  no  art.  173,I,  do  Código  Tributário  Nacional,  isto  é,  a  partir  do  primeiro  dia  do  ano  seguinte  ao  que  o  lançamento  poderia ter sido realizado.  Assim, considerando que o fato gerador do  IRPF é complexivo, somente se  completando ao fim de cada ano­calendário, e considerando, ainda, que eventual lançamento de  obrigação  devida  pelo  contribuinte  somente  poderia  ser  realizada  após  esgotado  o  prazo  de  apresentação  da  declaração  de  ajuste  anual  (em  30  de  abril  do  ano  seguinte),  tem­se  que  a  contagem decadencial referente a esse fato gerador (ocorrido em 31.12.2002) teve início apenas  em 01.01.2004 e  terminaria  em 31.12.20018, não  fosse a  constituição do  crédito,  referente  a  esse período,  ter ocorrido  em 25.07.2008,  afastando a possibilidade de decadência do direito  creditório.   Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 165          6 Assim, entende­se que nenhuma parte do crédito discutido  foi  atingido pela  decadência.  Quanto à glosa do pagamento de pensão alimentícia  Aduz o contribuinte, também, que pagou fora da folha de pagamento pensão  alimentícia referente ao período de 02.2003 a 06.2003 e que, por isso, deve ser excluída a glosa  referente a tais valores, pois foram efetivamente pagos.   No  entanto,  o  contribuinte  não  apresenta  qualquer  prova  que  demonstre  tal  pagamento, devendo, em razão disso, ser rejeitada tal alegação.  Quanto à glosa das despesas médicas  Quanto à glosa das médicas, por entender que deve ser adotado no presente  voto o mesmo juízo aplicado pela autoridade de piso, nos termos do art. 57, § 3º, Anexo II, do  Regimento  Interno  do CARF  (RICARF),  aprovado pela Portaria MF nº  343,  de 9/6/15,  com  redação  dada  pela  Portaria  MF  nº  329,  de  4/6/17,  colaciona­se  excerto  daquela  decisão,  tratando da matéria:    Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 166          7     Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10820.003730/2008­28  Acórdão n.º 2402­007.285  S2­C4T2  Fl. 167          8 Especificamente em relação ao comprovante que o contribuinte diz possuir e  estar  aguardando  "solicitação"  do  fisco  para  juntá­lo  aos  autos,  analisada  a  impugnação,  verifica­se que  o  recorrente  informou que  já  detinha  tal  documento  à  época  da  apresentação  daquela  defesa,  portanto,  com  fulcro  no  art.  16,  §4º,  do  decreto  70235/72,  entende­se  que  precluiu o direito de o recorrente fazer tal demonstração.   Conclusão  Posto  isso,  voto  por CONHECER  do  recurso  voluntário  e NEGAR­LHE  PROVIMENTO, mantendo o crédito discutido.  Assinado digitalmente  Paulo Sergio da Silva – Relator                                Fl. 167DF CARF MF

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Numero do processo: 15504.000192/2008-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 12 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 2402-000.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências, negar provimento ao recurso da Zurich Minas Brasil Seguros S/A quanto ao mérito e dar provimento aos recursos interpostos pelas Contribuintes solidárias. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório A fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrou a seguinte NFLD em face do sujeito passivo: (a) NFLD 37.123.819-6, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do art. 22 da Lei 8212/91, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros ou resultados - PLR. De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente, tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade. Os valores consolidados na NFLD referem-se aos seguintes levantamentos: (1) Participação nos lucros - empregados; (2) Participação nos lucros - diretores estatutários e conselheiros; (3) Participação nos lucros - estabelecimentos encerrados - empregados. Quanto aos planos dos empregados, afirmou-se que: vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro e agosto; não há planos de metas; não há qualquer previsão de mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado; os pagamentos não observaram a legislação específica. Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmou-se que: independente de previsão nos planos, eles receberam valores a título de PLR. Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração: Afirmou-se, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A: A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil Seguradora Vida e Previdência apresentaram impugnação tempestiva, cujos fundamentos são basicamente os mesmos dos recursos voluntários. A DRJ, contudo, julgou as impugnações improcedentes, em decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. Entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades, Lei 8.212/91, art. 28, inciso I. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei especifica, integra o salário de contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'. Para o contribuinte individual, entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28, inciso III. 0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao principio da estrita legalidade. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX. Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009. A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e, no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorando-se nos seguintes argumentos: decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN; os valores pagos a título de PLR não têm natureza remuneratória, por força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF; a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; a lei não exige a estipulação de metas; a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o caráter não remuneratório da PLR; a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional; quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º, da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração; sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II e III, da Lei 8212/91 deve ser cancelada, pois foi revogada pela Lei 11.941/09. As demais contribuintes solidárias basicamente refutaram a existência de solidariedade, argumentando que: não estão configuradas nenhuma das hipóteses previstas no art. 124 do CTN; a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal; é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar. Em sessão realizada em 6 de março de 2018, o julgamento do feito foi convertido em diligência, tendo em vista que: É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido, a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal. Portanto, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, para que o CARF ou a unidade de origem juntem aos autos os documentos que porventura demonstrem que as empresas solidárias tenham sofrido o lançamento ora discutido, tais como notificações, ofícios, etc. A unidade de origem, em Belo Horizonte, prestou informações, nas quais esclareceu que as empresas integrantes do grupo econômico realmente foram oficiadas por ocasião da lavratura da NFLD (fls. 1407/1408 do e-Processo). Os ofícios anexados em cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e seguintes do e-Processo). Sem contrarrazões. É o relatório. Voto vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Conhecimento Os recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos. A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria suscitada na ação judicial. No mandado de segurança, a contribuinte discute a legalidade do adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam outros aspectos relacionados ao lançamento, mais precisamente a legalidade da PLR, a insubsistência da multa de mora aplicada e a inexistência de solidariedade das empresas integrantes do grupo econômico. Lembre-se que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de observância obrigatória pelos conselheiros, é cabível a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que a não apreciação da matéria estranha à lide judicial implica cerceamento do direito de defesa do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa, em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro mencionada. Recurso voluntário da Zurich Minas Brasil Seguros SA (Companhia de Seguros Minas Brasil) Decadência O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considera-se realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. E caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacou-se) Neste caso concreto, é inconteste que a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, seja porque o presente lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de 2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de fl. 112 do e-Processo, no campo "informação complementares", demonstra que o fiscal examinou as guias de recolhimento da Previdência Social - GPS. É aplicável, portanto, o prazo previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado. Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2 do e-Processo), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, devendo ser acolhida a alegação de decadência. Inconstitucionalidades A respeito das alegações de inconstitucionalidades abaixo reproduzidas, cabe lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme prevê a sua Súmula 2: (a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; (b) a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional. A verificação de que a norma seria inconstitucional exacerbaria a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negando-se provimento ao recurso neste particular, devendo-se, ainda, ser reproduzido o verbete sumular acima citado: Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Legalidade da PLR Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva. Já o § 1º do art 2º supra mencionado preleciona que dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Neste caso concreto, contudo, os instrumentos decorrentes da negociação não têm quaisquer regras substantivas, muitos menos adjetivas, que pudessem permitir que os empregados da recorrente aferissem as informações dos planos. Como admitido pela contribuinte, e como se vê no relatório fiscal, os planos falam apenas no percentual da participação dos empregados, conforme o lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação. Vale lembrar que um dos objetivos da Lei é incrementar a produtividade dos trabalhadores, objetivo este comprometido pela falta de delimitação das regras que deveriam ser cumpridas. Neste Conselho, é consenso que os planos devem conter regras claras e objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO. Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento da participação nos lucros ou resultados possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Quando o instrumento de negociação coletiva prevê que os planos de metas e resultados serão elaborados posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2401-005.733, de 12/09/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DEFINIÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. A participação nos lucros ou resultados da sociedade concedida pela empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial.Compete aos empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendem aos seus anseios, desde que sejam regras claras e objetivas. (CARF, acórdão 2301-005.532, de 08/08/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS - PLR. Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros;A legislação regulamentadora da PLR não veda que a negociação quanto a distribuição do lucro, seja concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido. (CARF, acórdão 2202-004.815, de 02/10/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE METAS E CRITÉRIOS. INEXISTÊNCIA DE PACTO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. A ausência de fixação prévia de metas e critérios (pacto prévio) caracteriza inexistência de regras claras e objetivas previamente ao início do período aquisitivo ao recebimento de PLR, decorrendo o descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte, a incidência de contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2402-006.978, de 13/02/2019) Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401-005.733: Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação nos lucros ou resultados devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º, da Lei nº 10.101, de 2000: [...] Os critérios e as condições têm que estar expressamente consignados no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do seu detalhamento em documentação apartada, como mecanismo para viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as regras gerais. Logo, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, pois o descumprimento do disposto no art. 2º, § 1º, da Lei 10101/00, viabiliza a incidência das contribuições lançadas pela fiscalização, sendo até mesmo desnecessário analisar a questão relativa à periodicidade dos pagamentos. Inexigibilidade da multa de mora A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119, de observância obrigatória por parte dos conselheiros, nos termos do art. 45, inc. VI, do Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. No caso concreto, houve o descumprimento de obrigação principal (NFLD 37.123.819-6) e acessória (AI 37.123.820-0), de tal forma que a aplicação do princípio da retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Recurso das empresas solidárias As contribuintes solidárias basicamente entendem que a autoridade fiscal não comprovou o interesse comum deles no fato gerador realizado pela Zurich Minas Brasil Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91. Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídico-tributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colaciona-se, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009). [...] (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015) ................................................................................................ PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. [...] 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. [...] (AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013) ......................................................................................................... (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011. Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Não tendo havido demonstração de que todas as pessoas jurídicas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador da obrigação principal, deve ser afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (a) conhecer do recurso voluntário interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negar-lhe provimento; (b) conhecer e dar provimento aos recursos voluntários interpostos pelas contribuintes solidárias. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto vencedor
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do Brasil verifique, em seus sistemas informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às competências 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, consolidando o resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências, negar provimento ao recurso da Zurich Minas Brasil Seguros S/A quanto ao mérito e dar provimento aos recursos interpostos pelas Contribuintes solidárias. Designado para redigir a resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Thiago Duca Amoni (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório A fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrou a seguinte NFLD em face do sujeito passivo: (a) NFLD 37.123.819-6, para a constituição das contribuições devidas à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do art. 22 da Lei 8212/91, incidentes sobre as remunerações pagas ou creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros ou resultados - PLR. De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente, tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade. Os valores consolidados na NFLD referem-se aos seguintes levantamentos: (1) Participação nos lucros - empregados; (2) Participação nos lucros - diretores estatutários e conselheiros; (3) Participação nos lucros - estabelecimentos encerrados - empregados. Quanto aos planos dos empregados, afirmou-se que: vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro e agosto; não há planos de metas; não há qualquer previsão de mecanismos de aferição das informações referentes ao cumprimento do acordado; os pagamentos não observaram a legislação específica. Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmou-se que: independente de previsão nos planos, eles receberam valores a título de PLR. Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração: Afirmou-se, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A: A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil Seguradora Vida e Previdência apresentaram impugnação tempestiva, cujos fundamentos são basicamente os mesmos dos recursos voluntários. A DRJ, contudo, julgou as impugnações improcedentes, em decisão assim ementada: CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. SOLIDARIEDADE. GRUPO ECONÔMICO. Entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades, Lei 8.212/91, art. 28, inciso I. A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou creditada em desacordo com a lei especifica, integra o salário de contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'. Para o contribuinte individual, entende-se por salário de contribuição a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28, inciso III. 0 processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes tais diplomas devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao principio da estrita legalidade. As empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX. Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009. A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e, no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorando-se nos seguintes argumentos: decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN; os valores pagos a título de PLR não têm natureza remuneratória, por força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF; a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; a lei não exige a estipulação de metas; a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o caráter não remuneratório da PLR; a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional; quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º, da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração; sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II e III, da Lei 8212/91 deve ser cancelada, pois foi revogada pela Lei 11.941/09. As demais contribuintes solidárias basicamente refutaram a existência de solidariedade, argumentando que: não estão configuradas nenhuma das hipóteses previstas no art. 124 do CTN; a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal; é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à lei complementar. Em sessão realizada em 6 de março de 2018, o julgamento do feito foi convertido em diligência, tendo em vista que: É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido, a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal. Portanto, o presente julgamento deve ser convertido em diligência, para que o CARF ou a unidade de origem juntem aos autos os documentos que porventura demonstrem que as empresas solidárias tenham sofrido o lançamento ora discutido, tais como notificações, ofícios, etc. A unidade de origem, em Belo Horizonte, prestou informações, nas quais esclareceu que as empresas integrantes do grupo econômico realmente foram oficiadas por ocasião da lavratura da NFLD (fls. 1407/1408 do e-Processo). Os ofícios anexados em cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e seguintes do e-Processo). Sem contrarrazões. É o relatório. Voto vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator Conhecimento Os recursos voluntários são tempestivos, visto que interpostos dentro do prazo legal de trinta dias, e estão presentes os demais requisitos de admissibilidade, devendo, portanto, serem conhecidos. A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria suscitada na ação judicial. No mandado de segurança, a contribuinte discute a legalidade do adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam outros aspectos relacionados ao lançamento, mais precisamente a legalidade da PLR, a insubsistência da multa de mora aplicada e a inexistência de solidariedade das empresas integrantes do grupo econômico. Lembre-se que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de observância obrigatória pelos conselheiros, é cabível a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que a não apreciação da matéria estranha à lide judicial implica cerceamento do direito de defesa do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa, em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro mencionada. Recurso voluntário da Zurich Minas Brasil Seguros SA (Companhia de Seguros Minas Brasil) Decadência O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art. 173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado pela fiscalização. Se o sujeito passivo antecipa o montante do tributo, mas em valor inferior ao efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não com o recolhimento tem início; em não havendo concordância, deve haver lançamento de ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação, casos em que se aplica o art. 173, inc. I. Expirado o prazo, considera-se realizada tacitamente a homologação pelo Fisco, de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial. E caracteriza pagamento antecipado qualquer recolhimento de contribuição previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. No mesmo sentido, o entendimento do colendo STJ em sede de recurso representativo de controvérsia: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543-C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontra-se regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial rege-se pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando-se inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida-se de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deu-se em 26.03.2001. 6. Destarte, revelam-se caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacou-se) Neste caso concreto, é inconteste que a recorrente efetuou o recolhimento das contribuições incidentes sobre as demais verbas de natureza salarial, seja porque o presente lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de 2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de fl. 112 do e-Processo, no campo "informação complementares", demonstra que o fiscal examinou as guias de recolhimento da Previdência Social - GPS. É aplicável, portanto, o prazo previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado. Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2 do e-Processo), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, devendo ser acolhida a alegação de decadência. Inconstitucionalidades A respeito das alegações de inconstitucionalidades abaixo reproduzidas, cabe lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária, conforme prevê a sua Súmula 2: (a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei ordinária, é inconstitucional; (b) a periodicidade imposta pelo art. 3º, § 2º, da Lei 10101/00, é inconstitucional. A verificação de que a norma seria inconstitucional exacerbaria a competência originária desta Corte administrativa, que é a de órgão revisor dos atos praticados pela Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela Constituição Federal, negando-se provimento ao recurso neste particular, devendo-se, ainda, ser reproduzido o verbete sumular acima citado: Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Legalidade da PLR Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido. A não incidência das contribuições sobre a PLR é uma imunidade, vez que é uma norma de não tributação prevista na Constituição Federal. Ao estabelecer que tal verba está desvinculada da remuneração, a Lei Maior criou uma norma negativa de competência, impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente: Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; Como se conclui pela leitura do texto, a norma constitucional é de eficácia limitada, pois expressamente atribuiu à lei a competência para estabelecer os pressupostos dessa não vinculação. A própria execução da norma constitucional e o estabelecimento dos requisitos necessários para a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da regulamentação mediante lei. O STF e o STJ, a propósito, compartilham de igual entendimento, como se pode ver, respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp 95.339/PA. No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000, que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, através, conforme o caso, de comissão paritária escolhida pelas partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa partipação será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, devendo sim ser objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva. Já o § 1º do art 2º supra mencionado preleciona que dos instrumentos decorrentes da negociação deverão constar regras claras e objetivas quanto à fixação dos direitos substantivos da participação e das regras adjetivas, inclusive mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo. Neste caso concreto, contudo, os instrumentos decorrentes da negociação não têm quaisquer regras substantivas, muitos menos adjetivas, que pudessem permitir que os empregados da recorrente aferissem as informações dos planos. Como admitido pela contribuinte, e como se vê no relatório fiscal, os planos falam apenas no percentual da participação dos empregados, conforme o lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação. Vale lembrar que um dos objetivos da Lei é incrementar a produtividade dos trabalhadores, objetivo este comprometido pela falta de delimitação das regras que deveriam ser cumpridas. Neste Conselho, é consenso que os planos devem conter regras claras e objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes: PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS. REGRAS CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO. Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento da participação nos lucros ou resultados possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Quando o instrumento de negociação coletiva prevê que os planos de metas e resultados serão elaborados posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2401-005.733, de 12/09/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. DEFINIÇÃO DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. A participação nos lucros ou resultados da sociedade concedida pela empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e trabalho, não integra a base de cálculo das contribuições previdenciárias, por força do disposto no artigo 7º, inciso XI, da CF, sobretudo por não se revestir da natureza salarial.Compete aos empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que melhor atendem aos seus anseios, desde que sejam regras claras e objetivas. (CARF, acórdão 2301-005.532, de 08/08/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS - PLR. Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas, de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a frustrar o direito do trabalhador quanto a sua participação na distribuição dos lucros;A legislação regulamentadora da PLR não veda que a negociação quanto a distribuição do lucro, seja concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido. (CARF, acórdão 2202-004.815, de 02/10/2018) PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI 10.101/2000. AUSÊNCIA DE FIXAÇÃO PRÉVIA DE METAS E CRITÉRIOS. INEXISTÊNCIA DE PACTO PRÉVIO. AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS. DESCONFORMIDADE COM A LEI REGULAMENTADORA. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA. A ausência de fixação prévia de metas e critérios (pacto prévio) caracteriza inexistência de regras claras e objetivas previamente ao início do período aquisitivo ao recebimento de PLR, decorrendo o descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte, a incidência de contribuição previdenciária. (CARF, acórdão 2402-006.978, de 13/02/2019) Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401-005.733: Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação nos lucros ou resultados devem ser claras e objetivas para que os critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição, reduzindo a possibilidade de discricionariedade do empregador, mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º, da Lei nº 10.101, de 2000: [...] Os critérios e as condições têm que estar expressamente consignados no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do seu detalhamento em documentação apartada, como mecanismo para viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as regras gerais. Logo, deve ser negado provimento ao recurso voluntário, pois o descumprimento do disposto no art. 2º, § 1º, da Lei 10101/00, viabiliza a incidência das contribuições lançadas pela fiscalização, sendo até mesmo desnecessário analisar a questão relativa à periodicidade dos pagamentos. Inexigibilidade da multa de mora A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119, de observância obrigatória por parte dos conselheiros, nos termos do art. 45, inc. VI, do Regimento Interno deste Conselho: Súmula CARF nº 119: No caso de multas por descumprimento de obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de ofício referentes a fatos geradores anteriores à vigência da Medida Provisória n° 449, de 2008, convertida na Lei n° 11.941, de 2009, a retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. No caso concreto, houve o descumprimento de obrigação principal (NFLD 37.123.819-6) e acessória (AI 37.123.820-0), de tal forma que a aplicação do princípio da retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação entre a soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e acessória, aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Recurso das empresas solidárias As contribuintes solidárias basicamente entendem que a autoridade fiscal não comprovou o interesse comum deles no fato gerador realizado pela Zurich Minas Brasil Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc. IX, da Lei 8212/91. Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação jurídico-tributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de solidariedade tem pressupostos legais próprios, entre os quais se inclui a realização do fato gerador por mais de uma pessoa. A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colaciona-se, abaixo, a ementa de duas decisões recentes, para, em seguida, transcrever a numeração de sucessivas decisões no mesmo sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO FISCAL. ISS. SUJEIÇÃO PASSIVA. ARRENDAMENTO MERCANTIL. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. VERIFICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN, não basta o fato de as empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, o que por si só, não tem o condão de provocar a solidariedade no pagamento de tributo devido por uma das empresas' (HARADA, Kiyoshi. 'Responsabilidade tributária solidária por interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no Ag 1.055.860/RS, Rel. Min. Denise Arruda, Primeira Turma, julgado em 17.2.2009, DJe 26.3.2009). [...] (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015) ................................................................................................ PROCESSO CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO. LEGITIMIDADE PASSIVA. GRUPO ECONÔMICO. SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ. [...] 4. Correto o entendimento firmado no acórdão recorrido de que, nos termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não bastando o mero interesse econômico na consecução de referida situação. [...] (AgRg no AREsp 429.923/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013) ......................................................................................................... (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012; (ii) AgRg no REsp 1535048/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 21/09/2015; (iii) AgRg no AREsp 21.073/RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011, DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011, DJe 14/06/2011. Logo, muito embora o art. 30, inc. IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário Nacional, que requer um plus para a efetiva existência de solidariedade, a saber: o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Não tendo havido demonstração de que todas as pessoas jurídicas tinham interesse comum na situação constitutiva do fato gerador da obrigação principal, deve ser afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de: (a) conhecer do recurso voluntário interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de 01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negar-lhe provimento; (b) conhecer e dar provimento aos recursos voluntários interpostos pelas contribuintes solidárias. (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto vencedor

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2402­000.750  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária  Data  7 de maio de 2019  Assunto  Solicitação de Diligência  Recorrente  ZURICH MINAS BRASIL SEGUROS S.A.  Recorrida  FAZENDA NACIONAL     Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Resolvem  os  membros  do  colegiado,  por  maioria  de  votos,  converter  o  julgamento em diligência para que a Unidade de Origem da Secretaria da Receita Federal do  Brasil  verifique,  em seus  sistemas  informatizados,  se houve o  recolhimento de contribuições  sociais  previdenciárias  em  relação  às  competências  01/2002,  02/2002,  03/2002,  04/2002,  08/2002  e  09/2002,  consolidando  o  resultado  da  diligência  em  Informação  Fiscal,  acompanhada das telas do sistema, que deverá ser cientificada à Contribuinte para que, a seu  critério, apresente manifestação em 30 (trinta) dias. Vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro  Aldinucci (Relator), que votou por reconhecer a decadência em relação a essas competências,  negar  provimento  ao  recurso  da  Zurich  Minas  Brasil  Seguros  S/A  quanto  ao  mérito  e  dar  provimento  aos  recursos  interpostos  pelas Contribuintes  solidárias. Designado  para  redigir  a  resolução o Conselheiro Luís Henrique Dias Lima.  (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira ­ Presidente    (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator    (assinado digitalmente)  Luís Henrique Dias Lima ­ Redator Designado    Participaram do presente julgamento os conselheiros Luís Henrique Dias Lima,  João  Victor  Ribeiro  Aldinucci,  Paulo  Sérgio  da  Silva,  Thiago  Duca  Amoni  (Suplente  Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e  Denny Medeiros da Silveira.     RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 04 .0 00 19 2/ 20 08 -1 6 Fl. 1437DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.438          2 Relatório  A  fiscalização  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  lavrou  a  seguinte  NFLD em face do sujeito passivo:  (a) NFLD 37.123.819­6, para a constituição das contribuições devidas  à seguridade social relativas ao adicional de 2,5% previsto no § 1º do  art.  22  da  Lei  8212/91,  incidentes  sobre  as  remunerações  pagas  ou  creditadas a segurados empregados a título de participação nos lucros  ou resultados ­ PLR.   De acordo com o relatório fiscal, o citado adicional foi apurado separadamente,  tendo em vista que a empresa impetrou mandado de segurança para discutir a sua legalidade.   Os valores consolidados na NFLD referem­se aos seguintes levantamentos:  (1) Participação nos lucros ­ empregados;  (2) Participação nos lucros ­ diretores estatutários e conselheiros;  (3) Participação nos lucros ­ estabelecimentos encerrados ­ empregados.   Quanto aos planos dos empregados, afirmou­se que:  a)  vários trabalhadores receberam três parcelas de PLR: em janeiro, fevereiro  e agosto;  b)  não há planos de metas;  c)  não  há  qualquer  previsão  de  mecanismos  de  aferição  das  informações  referentes ao cumprimento do acordado;   d)  os pagamentos não observaram a legislação específica.  Quanto aos planos dos diretores não empregados e conselheiros, afirmou­se que:  e)  independente  de  previsão  nos  planos,  eles  receberam  valores  a  título  de  PLR.   Também foram lavradas as seguintes NFLDs e os seguintes Autos de Infração:  Fl. 1438DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.439          3   Afirmou­se, ainda, que a empresa autuada seria integrante do seguinte grupo  econômico, liderado pelo Banco Mercantil do Brasil S/A:    A contribuinte e as empresas acima mencionadas, com exceção da Minas Brasil  Seguradora Vida e Previdência apresentaram  impugnação  tempestiva, cujos  fundamentos  são  basicamente os mesmos dos recursos voluntários.   A  DRJ,  contudo,  julgou  as  impugnações  improcedentes,  em  decisão  assim  ementada:  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  SALÁRIO  DE  CONTRIBUIÇÃO.  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS.  CONSTITUCIONALIDADE.  LEGALIDADE.  SOLIDARIEDADE.  GRUPO ECONÔMICO.  Entende­se por salário de contribuição a remuneração auferida, assim  entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a  qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades,  Lei 8.212/91, art. 28, inciso I.  Fl. 1439DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.440          4 A participação nos lucros ou resultados da empresa, quando paga ou  creditada  em  desacordo  com  a  lei  especifica,  integra  o  salário  de  contribuição, Lei 8.212/91, artigo 28, §9°, alínea `j'.  Para o contribuinte individual, entende­se por salário de contribuição  a remuneração auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de  sua atividade por conta própria, durante o mês, Lei 8.212/91, art. 28,  inciso III.  0  processo  administrativo  não  é  via  própria  para  a  discussão  da  constitucionalidade  das  leis  ou  legalidade  das  normas.  Enquanto  vigentes  tais  diplomas  devem  ser  cumpridos,  principalmente  em  se  tratando  da  administração  pública,  cuja  atividade  está  atrelada  ao  principio da estrita legalidade.  As  empresas  que  integram  grupo  econômico  de  qualquer  natureza  respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta  lei, Lei 8.212/91, artigo 30, inciso IX.  Todas as empresas foram intimadas em 06/05/2009, através de correspondências  com avisos de recebimento, e interpuseram recurso voluntário em 05/06/2009.   A Companhia de Seguros Minas Brasil reafirmou a preliminar de decadência e,  no mérito, defendeu a legalidade dos planos, arvorando­se nos seguintes argumentos:  1.  decadência das contribuições anteriores a novembro de 2002, cujo prazo  deve ser contado na forma do art. 150, § 4º, do CTN;  2.  os  valores  pagos  a  título  de  PLR  não  têm  natureza  remuneratória,  por  força do art. 7º, inc. XI e art. 218, § 4º, da CF;  3.  a  tentativa  de  impor  limites  à  fruição  do  benefício,  por  meio  de  lei  ordinária, é inconstitucional;  4.  a lei não exige a estipulação de metas;  5.  a Convenção Coletiva de Trabalho tem força normativa ao determinar o  caráter não remuneratório da PLR;  6.  a  periodicidade  imposta  pelo  art.  3º,  §  2º,  da  Lei  10101/00,  é  inconstitucional;  7.  quanto à participação paga aos diretores não empregados, o art. 152, § 1º,  da LSA, deixa claro que ela não pode ser caracterizada como remuneração;  8.  sucessivamente, a multa de mora aplicada com base no art. 35, incs. I, II  e  III,  da  Lei  8212/91  deve  ser  cancelada,  pois  foi  revogada  pela  Lei  11.941/09.   As  demais  contribuintes  solidárias  basicamente  refutaram  a  existência  de  solidariedade, argumentando que:  Fl. 1440DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.441          5 9.  não  estão  configuradas  nenhuma das hipóteses  previstas no  art.  124 do  CTN;  10.  a autoridade fiscal não demonstrou que elas possuíam interesse comum  na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal;  11.  é inviável a aplicação de solidariedade de direito prevista no art. 30, inc.  IX, da Lei 8212/91, porque a responsabilidade tributária é matéria reservada à  lei complementar.  Em  sessão  realizada  em  6  de  março  de  2018,  o  julgamento  do  feito  foi  convertido em diligência, tendo em vista que:  É imprescindível, assim, verificar se as empresas integrantes do grupo  econômico realmente sofreram os efeitos do lançamento ora discutido,  a fim de sopesar se o ato causou gravame nas suas esferas jurídicas, de  forma a caracterizar a existência de legitimidade recursal.  Portanto,  o  presente  julgamento  deve  ser  convertido  em  diligência,  para  que  o  CARF  ou  a  unidade  de  origem  juntem  aos  autos  os  documentos  que  porventura  demonstrem  que  as  empresas  solidárias  tenham  sofrido  o  lançamento  ora  discutido,  tais  como  notificações,  ofícios, etc.  A  unidade  de  origem,  em  Belo  Horizonte,  prestou  informações,  nas  quais  esclareceu  que  as  empresas  integrantes  do  grupo  econômico  realmente  foram  oficiadas  por  ocasião  da  lavratura  da  NFLD  (fls.  1407/1408  do  e­Processo).  Os  ofícios  anexados  em  cumprimento à diligência demonstram que inclusive foi aberto prazo para defesa (fls. 1409 e  seguintes do e­Processo).   Sem contrarrazões.   É o relatório.  Voto vencido  Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci ­ Relator  1  Conhecimento  Os recursos voluntários  são  tempestivos, visto que  interpostos dentro do prazo  legal  de  trinta  dias,  e  estão  presentes  os  demais  requisitos  de  admissibilidade,  devendo,  portanto, serem conhecidos.  A propósito, as matérias ventiladas nos recursos não coincidem com a matéria  suscitada na  ação  judicial. No mandado de segurança,  a  contribuinte discute  a  legalidade do  adicional de 2,5%, ao passo que neste Processo Administrativo Fiscal as empresas questionam  outros  aspectos  relacionados  ao  lançamento,  mais  precisamente  a  legalidade  da  PLR,  a  insubsistência  da  multa  de  mora  aplicada  e  a  inexistência  de  solidariedade  das  empresas  integrantes do grupo econômico.   Fl. 1441DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.442          6 Lembre­se que, nos termos da Súmula CARF 1, que tem efeito vinculante e é de  observância obrigatória pelos conselheiros,  é cabível a apreciação, pelo órgão de  julgamento  administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Entendo, a propósito, que  a não apreciação da matéria estranha à lide judicial  implica cerceamento do direito de defesa  do contribuinte e o indevido impedimento do seu direito de acesso à instância administrativa,  em ofensa ao art. 5º, inc. LV, da Constituição Federal, a par da violação à Súmula CARF retro  mencionada.   2  Recurso  voluntário  da  Zurich  Minas  Brasil  Seguros  SA  (Companhia  de  Seguros  Minas Brasil)  2.1  DECADÊNCIA  O critério de determinação da regra decadencial aplicável (art. 150, § 4º ou art.  173, inc. I) é a existência de pagamento antecipado do tributo, ainda que parcial, mesmo que  não tenha sido incluída na sua base de cálculo a rubrica ou o levantamento específico apurado  pela fiscalização.   Se  o  sujeito  passivo  antecipa  o montante  do  tributo, mas  em valor  inferior  ao  efetivamente devido, o prazo para a autoridade administrativa manifestar se concorda ou não  com  o  recolhimento  tem  início;  em  não  havendo  concordância,  deve  haver  lançamento  de  ofício no prazo determinado pelo art. 150, § 4º, salvo a existência de dolo, fraude ou simulação,  casos em que se aplica o art. 173, inc. I.   Expirado o prazo, considera­se realizada tacitamente a homologação pelo Fisco,  de maneira que essa homologação tácita tem natureza decadencial.   E  caracteriza  pagamento  antecipado  qualquer  recolhimento  de  contribuição  previdenciária na competência do fato gerador, independentemente de ter sido incluída na base  de cálculo do recolhimento a rubrica específica (ex. custeio de alimentação) exigido no Auto  de Infração. Essa questão foi definitivamente pacificada com a edição da Súmula CARF 99:  Súmula  CARF  nº  99:  Para  fins  de  aplicação  da  regra  decadencial  prevista  no  art.  150,  §  4°,  do  CTN,  para  as  contribuições  previdenciárias,  caracteriza  pagamento  antecipado  o  recolhimento,  ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte  na  competência  do  fato  gerador  a  que  se  referir  a  autuação, mesmo  que  não  tenha  sido  incluída,  na  base  de  cálculo  deste  recolhimento,  parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.  No  mesmo  sentido,  o  entendimento  do  colendo  STJ  em  sede  de  recurso  representativo de controvérsia:   PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE  CONTROVÉRSIA.  ARTIGO  543­C,  DO  CPC.  TRIBUTÁRIO.  TRIBUTO  SUJEITO  A  LANÇAMENTO  POR  HOMOLOGAÇÃO.  CONTRIBUIÇÃO  PREVIDENCIÁRIA.  INEXISTÊNCIA  DE  PAGAMENTO  ANTECIPADO.  DECADÊNCIA  DO  DIREITO  DE  O  FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO  TRIBUTÁRIO.  TERMO  INICIAL.  ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS  PREVISTOS  NOS  ARTIGOS  150,  §  4º,  e  173,  do  CTN.  IMPOSSIBILIDADE.  Fl. 1442DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.443          7 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito  tributário  (lançamento  de  ofício)  conta­se  do  primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia  ter  sido  efetuado, nos casos em que a  lei não prevê o pagamento antecipado  da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre,  sem  a  constatação  de  dolo,  fraude  ou  simulação  do  contribuinte,  inexistindo  declaração  prévia  do  débito  (Precedentes  da  Primeira  Seção:  REsp  766.050/PR,  Rel.  Ministro  Luiz  Fux,  julgado  em  28.11.2007,  DJ  25.02.2008;  AgRg  nos  EREsp  216.758/SP,  Rel.  Ministro  Teori  Albino  Zavascki,  julgado  em  22.03.2006,  DJ  10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux,  julgado em  13.12.2004, DJ 28.02.2005).  2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário,  importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o  crédito  tributário  pelo  lançamento,  e,  consoante  doutrina  abalizada,  encontra­se  regulada  por  cinco  regras  jurídicas  gerais  e  abstratas,  entre as quais  figura a  regra da decadência do direito de  lançar nos  casos  de  tributos  sujeitos  ao  lançamento  de  ofício,  ou  nos  casos  dos  tributos  sujeitos  ao  lançamento  por  homologação  em  que  o  contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz  de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max  Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210).  3.  O  dies  a  quo  do  prazo  quinquenal  da  aludida  regra  decadencial  rege­se  pelo  disposto  no  artigo  173,  I,  do  CTN,  sendo  certo  que  o  "primeiro  dia  do  exercício  seguinte  àquele  em  que  o  lançamento  poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro  dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se  trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelando­se  inadmissível  a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos  nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração  de  desarrazoado  prazo  decadencial  decenal  (Alberto  Xavier,  "Do  Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio  de  Janeiro,  2005,  págs..  91/104;  Luciano  Amaro,  "Direito  Tributário  Brasileiro",  10ª  ed.,  Ed.  Saraiva,  2004,  págs..  396/400;  e  Eurico  Marcos  Diniz  de  Santi,  "Decadência  e  Prescrição  no  Direito  Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199).  5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuida­se de tributo sujeito  a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento  antecipado  das  contribuições  previdenciárias  não  restou  adimplida  pelo  contribuinte,  no que concerne aos  fatos  imponíveis ocorridos no  período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição  dos créditos tributários respectivos deu­se em 26.03.2001.  6.  Destarte,  revelam­se  caducos  os  créditos  tributários  executados,  tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o  Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo.  7.  Recurso  especial  desprovido.  Acórdão  submetido  ao  regime  do  artigo 543­C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.  (REsp  973.733/SC,  Rel.  Ministro  LUIZ  FUX,  PRIMEIRA  SEÇÃO,  julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (destacou­se)  Fl. 1443DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.444          8 Neste  caso  concreto,  é  inconteste que  a  recorrente  efetuou o  recolhimento das  contribuições  incidentes  sobre  as  demais  verbas  de  natureza  salarial,  seja  porque  o  presente  lançamento é relativo apenas às parcelas da PLR, seja porque atinente apenas ao adicional de  2,5%, questionado pela contribuinte em sede de mandado de segurança. Ademais, o TEAF de  fl.  112  do  e­Processo,  no  campo  "informação  complementares",  demonstra  que  o  fiscal  examinou as guias de recolhimento da Previdência Social ­ GPS. É aplicável, portanto, o prazo  previsto no art. 150, § 4º, do Código, tendo em vista a existência de recolhimento antecipado.   Logo, quando o lançamento foi notificado ao contribuinte, em 20/12/07 (v. fl. 2  do e­Processo), realmente havia transcorrido o prazo decadencial das contribuições de 01/2002,  02/2002,  03/2002,  04/2002,  08/2002  e  09/2002,  devendo  ser  acolhida  a  alegação  de  decadência.   2.2  INCONSTITUCIONALIDADES   A  respeito  das  alegações  de  inconstitucionalidades  abaixo  reproduzidas,  cabe  lembrar que o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei  tributária, conforme prevê a sua Súmula 2:  (a) a tentativa de impor limites à fruição do benefício, por meio de lei  ordinária, é inconstitucional;  (b)  a  periodicidade  imposta  pelo  art.  3º,  §  2º,  da  Lei  10101/00,  é  inconstitucional.   A verificação de que a norma seria  inconstitucional exacerbaria a competência  originária  desta  Corte  administrativa,  que  é  a  de  órgão  revisor  dos  atos  praticados  pela  Administração, bem como invadiria a competência atribuída especificamente ao Judiciário pela  Constituição  Federal,  negando­se  provimento  ao  recurso  neste  particular,  devendo­se,  ainda,  ser reproduzido o verbete sumular acima citado:  Súmula CARF 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre  a inconstitucionalidade de lei tributária.  2.3  LEGALIDADE DA PLR  Neste ponto, o recurso voluntário deve ser igualmente desprovido.   A  não  incidência  das  contribuições  sobre  a PLR  é  uma  imunidade,  vez  que  é  uma norma de não  tributação prevista na Constituição Federal. Ao  estabelecer que  tal  verba  está  desvinculada  da  remuneração,  a  Lei Maior  criou  uma  norma  negativa  de  competência,  impedindo o próprio exercício de atividade legislativa para criar imposição fiscal a ela atinente:  Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros  que visem à melhoria de sua condição social:  XI  ­  participação  nos  lucros,  ou  resultados,  desvinculada  da  remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa,  conforme definido em lei;  Como  se  conclui  pela  leitura  do  texto,  a  norma  constitucional  é  de  eficácia  limitada,  pois  expressamente  atribuiu  à  lei  a  competência  para  estabelecer  os  pressupostos  Fl. 1444DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.445          9 dessa  não  vinculação.  A  própria  execução  da  norma  constitucional  e  o  estabelecimento  dos  requisitos  necessários  para  a  participação  dos  trabalhadores  nos  lucros  ou  resultados  da  empresa, e a sua consequente desvinculação da remuneração, indubitavelmente dependiam da  regulamentação  mediante  lei.  O  STF  e  o  STJ,  a  propósito,  compartilham  de  igual  entendimento, como se pode ver,  respectivamente, no RE 505.597/RS e no AgRg no AREsp  95.339/PA.   No plano infraconstitucional, a regulamentação atual está na Lei nº 10.101/2000,  que “dispõe sobre a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa e dá  outras providências”. Em seu art. 2º, a lei prevê que a PLR será objeto de negociação entre a  empresa  e  seus  empregados,  através,  conforme o  caso, de comissão paritária  escolhida pelas  partes, convenção coletiva ou acordo coletivo. É inquestionável, pois, que a lei prevê que essa  partipação  será  objeto  de  negociação  entre  a  empresa  e  seus  empregados,  devendo  sim  ser  objeto de acordo mediante comissão paritária, acordo coletivo ou convenção coletiva.  Já  o  §  1º  do  art  2º  supra  mencionado  preleciona  que  dos  instrumentos  decorrentes  da  negociação  deverão  constar  regras  claras  e  objetivas  quanto  à  fixação  dos  direitos substantivos da participação e das regras adjetivas,  inclusive mecanismos de aferição  das  informações  pertinentes  ao  cumprimento  do  acordado,  periodicidade  da  distribuição,  período de vigência e prazos para revisão do acordo.  Neste  caso  concreto,  contudo,  os  instrumentos  decorrentes  da  negociação  não  têm  quaisquer  regras  substantivas,  muitos  menos  adjetivas,  que  pudessem  permitir  que  os  empregados  da  recorrente  aferissem  as  informações  dos  planos.  Como  admitido  pela  contribuinte,  e  como  se  vê  no  relatório  fiscal,  os  planos  falam  apenas  no  percentual  da  participação dos empregados, conforme o  lucro da empresa, sem, entretanto, definirem quais  regras materiais e adjetivas iriam mensurar e balizar essa participação.   Vale  lembrar  que  um  dos  objetivos  da Lei  é  incrementar  a  produtividade  dos  trabalhadores, objetivo este comprometido pela  falta de delimitação das  regras que deveriam  ser cumpridas.   Neste  Conselho,  é  consenso  que  os  planos  devem  conter  regras  claras  e  objetivas, conforme se vê nos seguintes precedentes:  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS  OU  RESULTADOS.  REGRAS  CLARAS E OBJETIVAS NO ACORDO. DESCUMPRIMENTO.  Por exigência da lei específica, as regras devem ser claras e objetivas  para que os critérios e condições do recebimento da participação nos  lucros  ou  resultados  possam  ser  passíveis  de  aferição,  reduzindo  a  possibilidade  de  discricionariedade  do  empregador,  mediante  avaliações  de  cunho  subjetivo.  Quando  o  instrumento  de  negociação  coletiva  prevê  que  os  planos  de metas  e  resultados  serão  elaborados  posteriormente, os valores pagos a título de participação nos lucros ou  resultados integram a base de cálculo da contribuição previdenciária.  (CARF, acórdão 2401­005.733, de 12/09/2018)  PARTICIPAÇÃO  NOS  LUCROS  E  RESULTADOS.  DEFINIÇÃO  DE  REGRAS CLARAS E OBJETIVAS.  Fl. 1445DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.446          10 A participação nos  lucros ou resultados da sociedade concedida pela  empresa a seus funcionários, como forma de integração entre capital e  trabalho,  não  integra  a  base  de  cálculo  das  contribuições  previdenciárias, por  força do disposto no artigo 7º,  inciso XI, da CF,  sobretudo  por  não  se  revestir  da  natureza  salarial.Compete  aos  empregadores, trabalhadores e sindicatos estabelecerem as regras que  melhor  atendem  aos  seus  anseios,  desde  que  sejam  regras  claras  e  objetivas.  (CARF, acórdão 2301­005.532, de 08/08/2018)  PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS ­ PLR.  Os instrumentos de negociação devem adotar regras claras e objetivas,  de forma a afastar quaisquer dúvidas ou incertezas, que possam vir a  frustrar  o  direito  do  trabalhador  quanto  a  sua  participação  na  distribuição  dos  lucros;A  legislação  regulamentadora  da  PLR  não  veda  que  a  negociação  quanto  a  distribuição  do  lucro,  seja  concretizada após sua realização, é dizer, a negociação deve preceder  ao pagamento, mas não necessariamente advento do lucro obtido.  (CARF, acórdão 2202­004.815, de 02/10/2018)  PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS. PLR. SEGURADOS  EMPREGADOS. REQUISITOS DA LEI  10.101/2000. AUSÊNCIA DE  FIXAÇÃO  PRÉVIA  DE  METAS  E  CRITÉRIOS.  INEXISTÊNCIA  DE  PACTO PRÉVIO.  AUSÊNCIA DE REGRAS CLARAS E OBJETIVAS.  DESCONFORMIDADE  COM  A  LEI  REGULAMENTADORA.  CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INCIDÊNCIA.  A  ausência  de  fixação  prévia  de  metas  e  critérios  (pacto  prévio)  caracteriza  inexistência  de  regras  claras  e  objetivas  previamente  ao  início  do  período  aquisitivo  ao  recebimento  de  PLR,  decorrendo  o  descumprimento da lei que regulamenta a matéria, atraindo, destarte,  a incidência de contribuição previdenciária.  (CARF, acórdão 2402­006.978, de 13/02/2019)  Como bem esclarecido no voto condutor do acórdão 2401­005.733:  Com efeito, por exigência da lei específica, as regras da participação  nos  lucros  ou  resultados  devem  ser  claras  e  objetivas  para  que  os  critérios e condições do recebimento possam ser passíveis de aferição,  reduzindo  a  possibilidade  de  discricionariedade  do  empregador,  mediante avaliações de cunho subjetivo. Eis a redação do art. 2º, § 1º,  da Lei nº 10.101, de 2000:   [...]  Os critérios e as condições  têm que estar expressamente consignados  no instrumento de negociação, ainda que se admita a possibilidade do  seu detalhamento  em documentação apartada,  como mecanismo para  viabilizar a operacionalização, desde que mantida a harmonia com as  regras gerais.  Fl. 1446DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.447          11 Logo,  deve  ser  negado  provimento  ao  recurso  voluntário,  pois  o  descumprimento  do  disposto  no  art.  2º,  §  1º,  da  Lei  10101/00,  viabiliza  a  incidência  das  contribuições  lançadas  pela  fiscalização,  sendo  até  mesmo  desnecessário  analisar  a  questão  relativa à periodicidade dos pagamentos.   2.4  INEXIGIBILIDADE DA MULTA DE MORA  A tese recursal da retroatividade benigna é rechaçada pela Súmula CARF 119,  de  observância  obrigatória  por  parte  dos  conselheiros,  nos  termos  do  art.  45,  inc.  VI,  do  Regimento Interno deste Conselho:  Súmula  CARF  nº  119:  No  caso  de  multas  por  descumprimento  de  obrigação principal e por descumprimento de obrigação acessória pela  falta de declaração em GFIP, associadas e exigidas em lançamentos de  ofício  referentes  a  fatos  geradores  anteriores  à  vigência  da  Medida  Provisória  n°  449,  de  2008,  convertida  na Lei  n°  11.941,  de  2009,  a  retroatividade benigna deve ser aferida mediante a comparação entre a  soma das penalidades pelo descumprimento das obrigações principal e  acessória,  aplicáveis  à  época  dos  fatos  geradores,  com  a  multa  de  ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996.  No  caso  concreto,  houve  o  descumprimento  de  obrigação  principal  (NFLD  37.123.819­6)  e  acessória  (AI  37.123.820­0),  de  tal  forma  que  a  aplicação  do  princípio  da  retroatividade benigna não implica o cancelamento da multa moratória, mas sim a comparação  entre  a  soma  das  penalidades  pelo  descumprimento  das  obrigações  principal  e  acessória,  aplicáveis à época dos fatos geradores, com a multa de ofício de 75%, prevista no art. 44 da Lei  n° 9.430, de 1996.  3  Recurso das empresas solidárias   As  contribuintes  solidárias  basicamente  entendem que  a  autoridade  fiscal  não  comprovou  o  interesse  comum  deles  no  fato  gerador  realizado  pela  Zurich  Minas  Brasil  Seguros SA e que seria inviável a aplicação da solidariedade de direito prevista no art. 30, inc.  IX, da Lei 8212/91.   Pois bem. No meu entendimento, não basta que a lei ordinária estenda a relação  jurídico­tributária a uma terceira pessoa, sendo necessário, sim, que tal pessoa tenha interesse  comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Noutro giro, a regra matriz de  solidariedade  tem  pressupostos  legais  próprios,  entre  os  quais  se  inclui  a  realização  do  fato  gerador por mais de uma pessoa.   A Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento de  que a existência de grupo econômico, por si só, não é suficiente para ensejar responsabilidade  solidária, na forma prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional. Colaciona­se, abaixo, a  ementa  de  duas  decisões  recentes,  para,  em  seguida,  transcrever  a  numeração  de  sucessivas  decisões no mesmo sentido:  PROCESSUAL CIVIL E  TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO  AGRAVO  EM  RECURSO  ESPECIAL.  EXECUÇÃO  FISCAL.  ISS.  SUJEIÇÃO  PASSIVA.  ARRENDAMENTO  MERCANTIL.  GRUPO  Fl. 1447DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.448          12 ECONÔMICO.  SOLIDARIEDADE.  VERIFICAÇÃO.  IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ.  1. "'Na responsabilidade solidária de que cuida o art. 124, I, do CTN,  não  basta  o  fato  de  as  empresas  pertencerem  ao  mesmo  grupo  econômico,  o  que  por  si  só,  não  tem  o  condão  de  provocar  a  solidariedade no pagamento de  tributo devido por uma das empresas'  (HARADA,  Kiyoshi.  'Responsabilidade  tributária  solidária  por  interesse comum na situação que constitua o fato gerador')" (AgRg no  Ag  1.055.860/RS,  Rel. Min. Denise Arruda,  Primeira  Turma,  julgado  em 17.2.2009, DJe 26.3.2009).  [...]  (AgRg no AREsp 603.177/RS, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES,  PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/03/2015, DJe 27/03/2015)  ................................................................................................  PROCESSO  CIVIL.  VIOLAÇÃO  DO  ART.  535  DO  CPC.  INEXISTENTE. EXECUÇÃO FISCAL. CRÉDITO PREVIDENCIÁRIO.  LEGITIMIDADE  PASSIVA.  GRUPO  ECONÔMICO.  SOLIDARIEDADE. INEXISTÊNCIA. SÚMULA 7/STJ.  [...]  4. Correto o entendimento  firmado no acórdão  recorrido de que, nos  termos do art. 124 do CTN, existe responsabilidade tributária solidária  entre empresas de um mesmo grupo econômico, apenas quando ambas  realizem conjuntamente a situação configuradora do fato gerador, não  bastando  o  mero  interesse  econômico  na  consecução  de  referida  situação.  [...]  (AgRg  no  AREsp  429.923/SP,  Rel.  Ministro  HUMBERTO MARTINS,  SEGUNDA TURMA, julgado em 10/12/2013, DJe 16/12/2013)  .........................................................................................................  (i) AgRg no Ag 1415293/RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA  FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 21/09/2012;  (ii)  AgRg  no  REsp  1535048/PR,  Rel.  Ministro  NAPOLEÃO  NUNES  MAIA  FILHO,  PRIMEIRA  TURMA,  julgado  em  08/09/2015,  DJe  21/09/2015;  (iii)  AgRg  no  AREsp  21.073/RS,  Rel.  Ministro  HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/10/2011,  DJe 26/10/2011; (iv) AgRg no Ag 1392703/RS, Rel. Ministro MAURO  CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/06/2011,  DJe 14/06/2011.  Logo, muito embora o art. 30,  inc.  IX, da Lei 8.212/1991, preveja a existência  de solidariedade entre as empresas que integram o mesmo grupo econômico, entendo que tal  dispositivo deve ser interpretado em conformidade com o art. 124, inc. I, do Código Tributário  Nacional,  que  requer um plus  para  a  efetiva  existência de  solidariedade,  a  saber:  o  interesse  comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.  Fl. 1448DF CARF MF Processo nº 15504.000192/2008­16  Resolução nº  2402­000.750  S2­C4T2  Fl. 1.449          13 Não  tendo  havido  demonstração  de  que  todas  as  pessoas  jurídicas  tinham  interesse  comum  na  situação  constitutiva  do  fato  gerador  da  obrigação  principal,  deve  ser  afastada a solidariedade imputada às ora recorrentes.   4  Conclusão  Diante  do  exposto,  voto  no  sentido  de:  (a)  conhecer  do  recurso  voluntário  interposto pela Zurich Minas Brasil Seguros SA, reconhecer a decadência das contribuições de  01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002, e, no mérito, negar­lhe provimento;  (b)  conhecer  e  dar  provimento  aos  recursos  voluntários  interpostos  pelas  contribuintes  solidárias.   (assinado digitalmente)  João Victor Ribeiro Aldinucci   Voto vencedor  Conselheiro Luís Henrique Dias Lima ­ Redator Designado.  Não obstante o bem elaborado voto do i. Relator, dele divirjo no que diz respeito  ao  reconhecimento  de  recolhimento  antecipado  de  contribuições  previdenciárias  incidentes  sobre as demais verbas de natureza salarial, advindo, por consequência, decadência pela regra  especial do art. 150, § 4º,, do CTN, uma vez que não consta dos autos elementos probatórios  suficientes a essa conclusão.   A  mera  alegação  da  autoridade  lançadora  de  que  examinou  as  guias  de  recolhimento da previdência social (GPS), sem acostar aos autos as telas dos sistemas da RFB  que  comprovam os  recolhimentos  efetuados  pelo Recorrente,  não  é  suficiente  para  atestar  o  efetivo  recolhimento  antecipado de  contribuições  sociais  previdenciárias,  de  forma  a  atrair  a  regra  especial  de  decadência  prevista  no  art.  150,  §  4º,,  do CTN  em  face  das  competências  01/2002, 02/2002, 03/2002, 04/2002, 08/2002 e 09/2002.  Desta forma, voto por converter o julgamento em diligência para que a Unidade  de  Origem  da  Secretaria  da  Receita  Federal  do  Brasil  verifique,  em  seus  sistemas  informatizados, se houve o recolhimento de contribuições sociais previdenciárias em relação às  competências  01/2002,  02/2002,  03/2002,  04/2002,  08/2002  e  09/2002,  consolidando  o  resultado da diligência em Informação Fiscal, acompanhada das respectivas telas dos sistemas  da RFB, que deverá ser cientificada à Contribuinte, para, a seu critério, manifestar­se no prazo  de 30 (trinta) dias.    (assinado digitalmente)  Luís Henrique Dias Lima      Fl. 1449DF CARF MF

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Numero do processo: 10803.720137/2012-34
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Jul 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006 RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. O reexame de decisões proferidas no sentido da exoneração de créditos tributários e encargos de multa se impõe somente nos casos em que o limite de alçada supera o previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, aplicando-se o limite vigente na data do julgamento do recurso, conforme enunciado de nº 103 da súmula da jurisprudência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais.
Numero da decisão: 2402-007.320
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em não conhecer do recurso de ofício, por não atingimento do limite de alçada. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Renata Toratti Cassini - Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti, Paulo Sergio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Gregório Rechmann Junior e Renata Toratti Cassini.
Nome do relator: RENATA TORATTI CASSINI

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2402­007.320  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  04 de junho de 2019  Matéria  CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS            Recorrente  Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo  Interessado  EUROFARMA LABORATORIOS S/A    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2006  RECURSO DE OFÍCIO. LIMITE DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO.  O  reexame  de  decisões  proferidas  no  sentido  da  exoneração  de  créditos  tributários e encargos de multa se impõe somente nos casos em que o limite  de alçada supera o previsto no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro  de  2017,  aplicando­se  o  limite  vigente  na  data  do  julgamento  do  recurso,  conforme  enunciado  de  nº  103  da  súmula  da  jurisprudência  do  Conselho  Administrativo de Recursos Fiscais.      Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam os membros do colegiado, em não conhecer do  recurso de ofício,  por não atingimento do limite de alçada.  (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira ­ Presidente  (assinado digitalmente)  Renata Toratti Cassini ­ Relatora    Participaram  do  presente  julgamento  os  conselheiros:    Denny  Medeiros  da  Silveira,  Luis Henrique Dias Lima, Mauricio Nogueira Righetti,  Paulo Sergio  da Silva,  João  Victor Ribeiro Aldinucci, Gabriel Tinoco  Palatnic  (Suplente Convocado), Gregório Rechmann  Junior e Renata Toratti Cassini.        AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 3. 72 01 37 /2 01 2- 34 Fl. 462DF CARF MF Processo nº 10803.720137/2012­34  Acórdão n.º 2402­007.320  S2­C4T2  Fl. 462          2 Relatório  Trata­se  de  recurso  de  ofício  interposto  contra  acórdão  da  Delegacia  da  Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza que reconheceu a decadência do crédito  tributário constante dos autos de  infração de nºs 37.378.810­0, 37.378.811­8, 37.378.812­6 e  37.378.813­4 (fls. 03/06), por meio dos quais foram formalizados créditos tributários incluindo  o período de 02 a 08/2006, conforme descrição a seguir:  1) Autos de Infração de Obrigações Principais:    2) Auto de  Infração nº  37.378.810­0,  lavrado por descumprimento  à Lei nº  8.212/91, art. 32,  IV, § 5º, por  terem sido apresentadas Guias de Recolhimento do Fundo de  Garantia do Tempo de Serviço e de Informações à Previdência Social – GFIP's com dados não  correspondentes  aos  fatos  geradores  de  todas  as  contribuições  previdenciárias.  A  multa  foi  aplicada no montante de R$ 396.194,40.  A DRJ/SPI julgou a impugnação procedente, reconhecendo a decadência dos  créditos tributários, nos termos do art. 150, § 4º do CTN.   Entendeu  que  embora  o  Termo  de  Verificação  e  Conclusão  Fiscal  mencinasse, no capítulo 2, a expressão "dos fatos e indícios de fraude", não havia "uma linha  sequer  descrevendo  qualquer  conduta  sua  [da  autuada]  que  se  assemelhasse  à  (sic)  prática  fraudulenta", concluindo que "Na verdade, ela e outras empresas foram fiscalizadas e autuadas  unicamente por suposto não recolhimento de tributo. Cabe à autoridade fiscal comprovar que o  sujeito  passivo  agiu  com  dolo,  fraude  ou  simulação,  não  podendo  tais  condutas  serem  presumidas. Não pode, pois, ser aplicado o art. 173, I, do Código Tributário Nacional".  Acrescentou, ainda, que de todo modo, mesmo que se entendesse aplicável ao  caso o art. 173,  I do CTN, considerando que a contribuinte  foi notificada do  lançamento aos  20/12/2012, ainda assim, "o prazo expirou antes da notificação. Tratando­se de fatos ocorridos  em 2006, o primeiro dia do  exercício  seguinte  àquele  em que o  lançamento poderia  ter  sido  efetuado foi 1º/01/2007, tendo­se encerrado o prazo para a sua constituição em 1º/01/2012".  Essa  decisão  foi,  então,  submetida  à  apreciação  deste  tribunal,  conforme  disposição contida no art. 34, I do Decreto nº 70.235/72 e do art. 1º da Portaria MF nº 03/08,  em razão do valor exonerado, à época, ultrapassar o valor de alçada estabelecido por este ato  normativo.  É o relatório.    Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10803.720137/2012­34  Acórdão n.º 2402­007.320  S2­C4T2  Fl. 463          3 Voto             Conselheira Renata Toratti Cassini – Relatora  Como relatado, o Recurso de Ofício interposto pela DRJ tem amparo no art.  34, I do Decreto nº 70.235/1972:  Art. 34. A autoridade de primeira  instância  recorrerá de ofício  sempre que a decisão:  I  ­  exonerar  o  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa  de  valor  total  (lançamento  principal  e  decorrentes)  a  ser  fixado  em  ato  do  Ministro  de  Estado  da  Fazenda. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção  de efeito)   (...). (Destacamos)  A autoridade julgadora de primeira instância observou a Portaria MF nº 3, de  03 de janeiro de 2008, então vigente, que estabelece, em seu art. 1°, o limite para interposição  de recurso de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento do tributo e  encargos de multa em valor total superior a R$ 1.000.000,00.  Esse  valor,  todavia,  foi  majorado  pela  Portaria  MF  nº  63,  de  10/02/2017,  atualmente em vigor, que estabelece em R$ 2.500.000,00 o valor de alçada para a interposição  de recurso de ofício em hipóteses que tais, conforme abaixo:  Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da  Receita  Federal  do  Brasil  de  Julgamento  (DRJ)  recorrerá  de  ofício  sempre  que  a  decisão  exonerar  sujeito  passivo  do  pagamento  de  tributo  e  encargos  de  multa,  em  valor  total  superior  a  R$  2.500.000,00  (dois  milhões  e  quinhentos  mil  reais).   De  outra  parte,  de  acordo  com  o  Enunciado  nº  103  da  súmula  da  jurisprudência  deste  Tribunal,  para  fins  de  conhecimento  de  recurso  de  ofício,  deve­se  observar  o  limite  de  alçada  vigente  na  data  de  sua  apreciação  pela  segunda  instância  administrativa:  Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de  ofício,  aplica­se  o  limite  de  alçada  vigente  na  data  de  sua  apreciação em segunda instância.  No  presente  caso,  a  decisão  recorrida  reconheceu  a  decadência  de  todo  o  crédito tributário constituído por meio dos autos de infração de nºs 37.378.810­0, 37.378.811­ 8, 37.378.812­6 e 37.378.813­4.    Desse modo, conforme se pode verificar dos autos de infração anexados a fls.  03/06, o valor total do crédito tributário exonerado, correspondente à soma do principal e  Fl. 464DF CARF MF Processo nº 10803.720137/2012­34  Acórdão n.º 2402­007.320  S2­C4T2  Fl. 464          4 multa, perfaz R$ 2.305.048,83, inferior, portanto, ao estabelecido no art. 1º da Portaria MF nº  63/2017, impondo­se o não conhecimento do recurso de ofício.  Conclusão  Por todo o exposto, voto por não conhecer do recurso de ofício.    (assinado digitalmente)  Renata Toratti Cassini                           /  Fl. 465DF CARF MF

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Numero do processo: 10640.004310/2008-87
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 05 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jun 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA (IRPF) Ano-calendário: 2005 BITRIBUTAÇÃO. NULIDADE DA AUTUAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Não restando caracterizada a exigência de duas ou mais infrações sobre uma mesma base de cálculo, não há que se falar em nulidade da autuação por bitributação. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento.
Numero da decisão: 2402-007.366
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: GREGORIO RECHMANN JUNIOR

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NULIDADE DA AUTUAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA. Não restando caracterizada a exigência de duas ou mais infrações sobre uma mesma base de cálculo, não há que se falar em nulidade da autuação por bitributação. LANÇAMENTO COM BASE EM DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATOS GERADORES A PARTIR DE 01/01/1997. A Lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Luis Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Gabriel Tinoco Palatnic (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 00 43 10 /2 00 8- 87 Fl. 265DF CARF MF Fl. 2 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 Relatório Trata-se de recurso voluntário em face da decisão da 4ª Tuma da DRJ/JFA, consubstanciada no Acórdão nº 09-22.978 (fl. 232) que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Nos termos do relatório do referido Acórdão, tem-se que: Trata o presente processo do Auto de Infração de fls.02/09 lavrado pela Fiscalização em 14/10/2008, contra o contribuinte retro identificado, que resultou na cobrança do crédito tributário relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, referente ao exercício financeiro de 2006, no montante de R$ 1.091.013,31, sendo R$ 447.989,84 de imposto de renda, R$ 514.002,40 de multa proporcional (passível de redução), e R$ 129.021,07 de juros de mora calculados até 30/09/2008. O lançamento efetuado decorreu da apuração pela autoridade fiscal de omissão de rendimentos da atividade rural, no montante de R$ 52.674,16, e de omissão de rendimentos, no montante de R$ 1.596.685,79, caracterizada por depósitos bancários cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada, ambas ocorridas durante o ano-calendário de 2005, segundo consta no item "Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal”, às fls. 04/06 – parte integrante do Auto de Infração ora contestado — e no Relatório Fiscal fls. 10/21. Foram aplicadas multa proporcional qualificada e agravada de 225% (duzentos e vinte e cinco por cento) sobre a fração do imposto de renda relativa à omissão de rendimentos da atividade rural, por ter concluído a fiscal autuante que se encontra configurado, em tese, nessa infração, a ocorrência de crime contra a Ordem Tributária e por falta de atendimento por parte do contribuinte às intimações fiscais para prestar esclarecimentos, e multa proporcional agravada de 112,5 % (cento e doze virgula cinco por cento) sobre a fração do imposto de renda relativa à omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários com origem não comprovada, por falta de atendimento por parte do contribuinte às intimações fiscais para prestar esclarecimentos, tudo conforme expresso no Relatório Fiscal acima mencionado. (...) Em sua peça impugnatória de fls.208/214, o contribuinte insurge-se contra o lançamento efetuado, quando, após tecer comentários sobre a conduta profissional da fiscal autuante, apresenta seus argumentos que em apertada síntese, são os seguintes: 1) O crédito tributário ora exigido é impagável por parte do contribuinte uma vez que estamos falando de um pequeno produtor rural, que apesar de ter movimentado uma quantia considerável em sua conta/corrente, não apresentou exteriorização de riqueza alguma; 2) A doutrina e a jurisprudência são vastas em admitir que não existe renda presumida, havendo que ser real, não tem que se confundir os depósitos que circularam na conta do contribuinte com a renda por este; 3) O contribuinte em momento algum se eximiu de entregar os documentos solicitados pelo Fisco, procurando demonstrar que seus únicos rendimentos teriam como origem a atividade rural, apresentando as notas fiscais de venda e compra de gado, não conseguindo apresentar todas as notas que acobertassem as movimentações efetuadas por ser a região muito pobre, algumas transações foram feitas sem notas, outras notas se perderam e não foram lançadas; 4) A fiscal autuante incorreu em erro de bi- tributação visto que considera como receita sem origem comprovada a totalidade da movimentação bancária do contribuinte, descontando os cheques devolvidos e os empréstimos bancários, tributando sobre o valor acima descrito (R$ 1.96.685,99), tendo este como base para cálculo do imposto devido e, também, em um segundo momento, calcula imposto devido sobre um valor (20%)) que tem como base as notas fiscais de venda do gado (R$ 26.370,82), considerado como rendimento arrecadado com a atividade rural, ocorrendo portanto a tributação de dois valores sobre a mesma base de cálculo, sendo correto o valor total movimentado menos o valor comprovado pela venda de gado, o que não ocorreu; 5) Na primeira autuação a auditora fiscal considerou o contribuinte como agricultor, tornando Fl. 266DF CARF MF Fl. 3 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 como base as notas de compra e venda de gado, ou seja, acolheu a alegação de que a sua renda provinha de atividade rural e, na segunda autuação, considerou que o contribuinte não teria comprovado sua movimentação bancária e que todo valor seria renda omitida, não abatendo sequer os valores computados na atividade rural; 6) Cabe ao Fisco comprovação de que o contribuinte, no caso em tela, possuía outra fonte de renda diferente da alegada pelo mesmo - atividade rural - o que não ocorreu, pois o presente Auto de Infração foi lavrado através de presunções não comprovadas pelo Fisco, que inverteu o ônus da prova. Para corroborar seus argumentos, o impugnante cita ementas de acórdãos do Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda. A DRJ julgou improcedente a impugnação do sujeito passivo, nos termos da ementa abaixo reproduzida: OMISSSÃO DE RENDIMENTOS DA ATIVIDADE RURAL. ARBITRAMENTO. A falta de entrega da DIRPF e de escrituração do Livro Caixa para apuração do resultado da exploração da atividade rural implica o arbitramento da base de cálculo, à razão de vinte por cento da Receita Bruta obtida no ano-calendário correspondente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Com a edição da Lei n° 9.430/96, a partir de 01/01/1997 passaram a ser caracterizados como omissão de rendimentos, sujeitos a lançamento de oficio, os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais a pessoa física ou jurídica, regularmente intimada, não comprove a origem dos recursos utilizados nessas operações. INSTRUÇÃO DA PEÇA IMPUGNATÓRIA. PROVA. MOMENTO DE APRESENTAÇÃO. A impugnação deve ser instruída com os documentos em que se fundamentar e que comprovem as alegações de defesa, precluindo o direito do impugnante fazê-lo em outro momento processual. Lançamento Procedente Cientificado dessa decisão, o Contribuinte apresentou o recurso voluntário de fls. 243 a 251, reiterando os termos da impugnação apresentada. É o relatório. Voto Conselheiro Gregório Rechmann Junior, Relator. O recurso voluntário é tempestivo e atende os demais requisitos de admissibilidade. Deve, portanto, ser conhecido. Conforme se infere do relatório supra, trata-se, o presente caso, de lançamento fiscal em decorrência da apuração, pela fiscalização, das seguintes infrações: 1. omissão de rendimentos da atividade rural, no montante de R$ 52.674,16, e 2. omissão de rendimentos, no montante de R$ 1.596.685,79, caracterizada por depósitos bancários cuja origem não foi comprovada. Fl. 267DF CARF MF Fl. 4 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 O Recorrente, reiterando os termos da impugnação apresentada, limitou-se, em sua peça recursal, a pugnar pela nulidade da autuação em decorrência de bitributação (cobrança de valores distintos apurados a partir de uma mesma base de cálculo) e pela improcedência da autuação embasada em presunção. É dizer: sobre o mérito das acusações fiscais propriamente dito, o Recorrente nada disse. Não contestou, de forma clara e específica, os valores apurados pela fiscalização seja em relação à omissão de rendimentos da atividade rural, seja em relação à omissão de rendimentos, caracterizada por depósitos bancários cuja origem dos recursos utilizados nessas operações não foi comprovada. Feito este breve esclarecimento, passemos, então, à análise das teses defensivas do Recorrente. Da Nulidade da Autuação. Bitributação. Neste ponto, assim se manifestou o Contribuinte em sua peça recursal: (...) a fiscal incorreu em um erro que acarretou nulidade do presente auto de infração, pois ao considerar a base de cálculo para a lavratura do mesmo, autuou o contribuinte em parte por omissão de renda rural e a outra parte por omissão de renda por falta de comprovação da origem da movimentação. E ao fazer os cálculos que entende devidos, declara como receita sem origem comprovada a totalidade da movimentação bancária de R$ 1.596.685,99 (um milhão, quinhentos e noventa e seis mil, seiscentos e oitenta e cinco reais e noventa e nove centavos), descontando os cheques devolvidos e os empréstimos bancários, tributando sobre todo o valor acima descrito, tendo este como base para cálculo do imposto devido, da multa e dos juros pelo atraso. No entanto, em um segundo momento, também calcula como devido mais um valor que tem como base as notas fiscais de venda do gado, que totaliza R$ 263.370,82 (duzentos e sessenta e três mil, trezentos e setenta reais e oitenta e dois centavos), sendo devido tributo pela omissão de renda de valores arrecadados com a atividade rural, ocorrendo portanto a tributação de dois valores sobre a mesma base de cálculo, sendo correto o abatimento do valor total movimentado menos o valor comprovado pela venda de gado, o que não ocorreu, havendo portanto BITRIBUTAÇÃO, o que gera NULIDADE do presente auto infração. (grifos originais) A DRJ, por seu turno, destacou que: Mesmo admitindo-se que os valores constantes das referidas Notas Fiscais Avulsas de Produtor, elencadas no Demonstrativo de fls.22, se referem a operações de venda de gado bovino efetuadas mediante pagamento à vista, para se acatar a pretensão do impugnante era necessário que houvesse coincidência de datas e valores nos referidos documentos em relação aos depósitos bancários de origem não comprovada, listados nos Demonstrativo de fls.15/21. A mera possibilidade de que o contribuinte teria, devido às operações comerciais efetuadas, disponibilidade financeira para efetuar os depósitos bancários em foco não é suficiente para elucidar a questão. Para efeito de determinação da receita omitida os créditos são analisados individualizadamente, a teor do disposto no artigo 42, parágrafo 3º, da Lei nº 9.430/1996. Seria preciso que o interessado apresentasse elementos que vinculassem as mencionadas operações comerciais diretamente aos depósitos bancários apontados pela fiscal autuante, de modo a estabelecer um nexo lógico razoável visando afastar a sua responsabilidade quanto à repercussão tributária daqueles valores. Não há reparos a serem feitos na decisão de primeira instância neste particular. Fl. 268DF CARF MF Fl. 5 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 De fato, o que pretende o Recorrente é se valer do montante identificado pela fiscalização como rendimentos da atividade rural – assim tributado pela fiscal autuate como omissão de rendimentos da atividade rural, considerando que o Contribuinte apresentou Declaração de Isento no ano-calendário em análise – para deduzir do montante apurado como omissão de receitas a partir de depósitos bancários sem origem comprovada. Ora, para tanto, caberia ao Contribuinte demonstrar, de forma clara e evidente, que os valores recebidos como rendimentos da atividade rural correspondem a parte dos depósitos bancários identificados pela fiscalização como de origem não comprovada e vice- versa. Não é pelo simples fato de a fiscalização ter constatado que o contribuinte obteve no ano-calendário em análise rendimentos oriundos da atividade rural que todos os créditos identificados em suas contas bancárias se referem a receitas de tal atividade. Como bem pontuado pela DRJ, o Contribuinte não apresenta, contudo, nenhuma documentação capaz de comprovar esta sua afirmativa. E o fato de não ter entregue à Receita Federal sua DIRPF/2006, embora estivesse obrigado a fazê-lo, impossibilitou à autoridade revisora analisar a natureza de seus rendimentos tributáveis, que podem, em tese, incluir rendimentos de outras fontes pagadoras como trabalho assalariado e não-assalariado, aplicações financeiras, aluguel de bens móveis e imóveis, etc. Nega-se, portanto, provimento ao recurso voluntário neste particular. Da Improcedência do Lançamento embasado Unicamente em Presunção. Inversão do Ônus da Prova. Superada a preliminar de nulidade, tem-se que a irresignação do Recorrente em sua peça recursal se restringe à argumentação de que caberia ao Fisco a comprovação de que o Contribuinte, no caso em tela, possuía outra fonte de renda diferente da alegada pelo mesmo - atividade rural - o que não ocorreu, pois o presente Auto de Infração foi lavrado através de presunções não comprovadas pelo Fisco, que inverteu o ônus da prova. Sobre o tema, deve ser esclarecido que o que se tributa não são os depósitos bancários, como tais considerados, mas a omissão de rendimentos por eles representada. Os depósitos bancários são apenas a forma, o sinal de exteriorização, pelos quais se manifesta a omisso de rendimentos objeto de tributação. Depósitos bancários se apresentam, num primeiro momento, como simples indício da existência de omissão de rendimentos. Entretanto, esse indício, por expressa disposição legal, se transforma na prova da omissão de rendimentos, quando o contribuinte, tendo a oportunidade de comprovar a origem dos recursos aplicados em tais depósitos, se nega a fazê-lo, ou não o faz satisfatoriamente. A Lei n° 9.430, de 1996, que embasou o lançamento, com as alterações introduzidas pelo art. 4° da Lei n° 9.481, de 13 de agosto de 1997, e pelo art. 58 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002, assim dispõe acerca dos depósitos bancários: Art. 42. Caracterizam-se também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa, física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1° O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferida ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. Fl. 269DF CARF MF Fl. 6 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 §2° Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeter-se-ão às normas de tributação especificas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3° Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I - os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II - no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$12. 000, 00 (doze mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano-calendário, não ultrapasse o valor de R$80.000, 00 (oitenta mil reais). O dispositivo estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos, que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. A presunção transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata-se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Assim, ao fazer uso de uma presunção legalmente estabelecida, o Fisco fica dispensado de provar o fato alegado, qual seja omissão de rendimentos, cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção, provar que o fato presumido não existiu. Cabe ao Fisco comprovar apenas o fato definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção. Ocorrida a situação fática, no caso depósitos bancários de origem não comprovada, evidenciada está a infração. Ao contribuinte incumbe demonstrar a exata correlação entre cada valor depositado em sua conta bancária e a correspondente origem do recurso. A DRJ, sobre a matéria, destacou que: O assunto em tela, a partir de 1997, passou a ter um disciplinamento diferente daquele previsto na Lei nº 8.021/1990, estabelecido agora pela Lei n° 9.430 de 27.12.1996, que aplica-se ao fatos geradores futuros ou pendentes ocorridos a partir de 0l/01/1997. (...) Desta forma, o legislador, a partir da referida data, não estabeleceu uma nova hipótese de incidência do imposto de renda, nem equiparou depósitos bancários incomprovados à renda. Simplesmente, agora, instituiu um outro tipo de norma legal: aquela que prevê um novo tipo de presunção legal de omissão de rendimentos, definindo, ao mesmo tempo, as normas balizadoras do "como" se determinará o valor omitido. Pode-se dizer ter a aludida Lei n° 9.430/1996 estabelecido que, não logrando o titular comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária, tem-se a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, presumir que os recursos depositados traduzem rendimentos do contribuinte. Há a inversão do ônus da prova, característica das presunções legais: o contribuinte é quem deve demonstrar que o numerário creditado não é renda tributável. Afasta-se, assim, toda e qualquer argumentação da Recorrente referente à improcedência do lançamento com base em presunções, razão pela qual, voto por negar provimento ao recurso ao voluntário neste particular. Fl. 270DF CARF MF Fl. 7 do Acórdão n.º 2402-007.366 - 2ª Sejul/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária Processo nº 10640.004310/2008-87 Conclusão Ante o exposto, concluo o voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (documento assinado digitalmente) Gregório Rechmann Junior Fl. 271DF CARF MF

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Numero do processo: 35196.000913/2005-83
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 31/07/2004 a 31/01/2005 REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO. CONTABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO. Em se tratando de documentos e/ou informações imprescindíveis à análise do direito creditório, a sua não apresentação, tal como requisitada em intimação fiscal, poderá dar ensejo ao arquivamento do processo sem análise do mérito, a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99.
Numero da decisão: 2402-007.306
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI

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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva, Denny Medeiros da Silveira (presidente), João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatinic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.

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2402­007.306  –  4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária   Sessão de  4 de junho de 2019  Matéria  REQUERIMENTO DE RESTITUIÇÃO DE RETENÇÃO  Recorrente  R A COM METALURGICA E MONTAGENS LTDA  Recorrida  FAZENDA NACIONAL    ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS  Período de apuração: 31/07/2004 a 31/01/2005  REQUERIMENTO  DE  RESTITUIÇÃO  DE  RETENÇÃO.  CONTABILIDADE. NÃO APRESENTAÇÃO. ARQUIVAMENTO.  Em se tratando de documentos e/ou informações imprescindíveis à análise do  direito creditório, a sua não apresentação, tal como requisitada em intimação  fiscal, poderá dar ensejo ao arquivamento do processo sem análise do mérito,  a teor do artigo 40 da Lei 9.784/99.       Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.  Acordam  os  membros  do  colegiado,  por  unanimidade  de  votos,  em  negar  provimento ao recurso voluntário.  (assinado digitalmente)  Denny Medeiros da Silveira ­ Presidente  (assinado digitalmente)  Mauricio Nogueira Righetti ­ Relator  Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Sergio da Silva,  Denny Medeiros  da Silveira  (presidente),  João Victor Ribeiro Aldinucci, Mauricio Nogueira  Righetti,  Gabriel  Tinoco  Palatinic  (suplente  convocado),  Luis  Henrique  Dias  Lima,  Renata  Toratti Cassini e Gregorio Rechmann Junior.  Relatório     AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 19 6. 00 09 13 /2 00 5- 83 Fl. 756DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 757          2 Cuida  o  presente  de  Recurso  Voluntário  em  face  de  acórdão  que  julgou  improcedente  a  Manifestação  de  Inconformidade  apresentada  pelo  sujeito  passivo  contra  o  Despacho Decisório emitido em 26/11/09 pelo Delegado da Receita Federal em Curituba/PR,  que  determinou o  arquivamento  do Requerimento  de Restituição  de Retenção  de  fls.  01  por  falta da apresentação de documentos.  Assim foi ementado o acórdão (fls. 729/735) recorrido:    Apresentou Recurso Voluntário às fls. 738/752, por meio do qual reiterou as  razões  de  sua  defesa  anterior,  nos  termos  que  se  seguem,  extraídos  do  relatório  da  decisão  recorrida:        Fl. 757DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 758          3             É o relatório.  Voto             Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator    O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 18/8/10, consoante se  denota  de  fls.  737,  e  apresentou  seu  Recurso  Voluntário,  tempestivamente,  em  17/9/10,  conforme fl. 738. Observados os demais requisitos para admissibilidade, dele passo a conhecer.  Fl. 758DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 759          4 A  controvérsia  posta  nestes  autos  resume­se  quanto  à  apresentação  de  documentos necessários à análise do pleiteado direito creditório.  Vejamos:  Cumpre  registrar,  inicialmente, que  teriam sido  analisados, em conjunto, os  Requerimentos  de  Restituição  de  Retenção  ­  RRR  formalizados  nos  autos  a  seguir  relacionados,  cujos  formulários  asseguravam  ser  o  recorrente  optante  pelo  SIMPLES  e  detentor de contabilidade regular:      Os  pedidos  dessa  natureza  devem,  por  força  de  norma  própria,  ser  acompanhados de informações que tendam a demonstrar, minimamente, a verossimilhança da  apuração desse crédito.  Por  exemplo,  o  formulário  em  que  se  pediu  o  indébito  exigiu  as  seguintes  informações:     Junto  a  ele,  deveria  ser  apresentado,  em  determinado Anexo,  a  relação  das  notas fiscais em relação as quais haveria o destaque da retenção, com as seguintes informações:    A  julgar  pelas  datas  de  protocolo  que  lá  constaram,  percebe­se  que  a  instrução  dos  RRR  era  disciplinada  pelos  artigos  216  e  207  das  Instruções  Normativas  nº  100/2003 e nº 3/2005, respectivamente, a seguir colacionados. Confira­se:  Instrução Normativa INSS/DC nº 100, de 18/12/03  Art. 216. Os documentos necessários à instrução do processo de  restituição da retenção são os seguintes:  I  ­  Requerimento  de  Restituição  da  Retenção  (RRR),  conforme  formulário  constante  do Anexo  V,  disponível  na  Internet  no  endereço http://www.previdencia.gov.br/;  II  ­  original  e  cópia  do  contrato  social  e  última  alteração  contratual que identifique os responsáveis pela administração ou  PROCESSO  COMPETÊNCIAS  VLR TOT PRINC DT PROTOC  10980.003755/2008­99 12/2005 a 12/2006  119.273,85 *20/03/2008  35196.000634/2005­10 07/2003 a 05/2004  23.158,12 12/04/2005  35196.000913/2005­83 07/2004 a 01/2005  44.365,33 18/05/2005  35196.001264/2006­19 06/2005 a 11/2005  29.933,72 25/04/2006  35196.001788/2005­29 02/2005 a 05/2005  38.288,33 10/10/2005  * Data da abertura do processo  Fl. 759DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 760          5 pela  gerência  da  sociedade,  ou  estatuto  social  e  ata  em  que  conste  a  atual  diretoria  da  sociedade  ou  associação,  ou  o  registro de firma individual, conforme o caso;  III ­ original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos  de  prestação  de  serviços  emitidos  pela  empresa  prestadora  de  serviços  na  competência  objeto  do  pedido  de  restituição,  que  serão  conferidos  com  os  dados  registrados  no  demonstrativo  citado no inciso VII;  IV ­ original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos  de prestação de serviços emitidos por subcontratada;  V  ­  original  e  cópia  dos  resumos  das  folhas  de  pagamento  específicas,  referentes  a  cada  contratante  dos  serviços  e  ao  setor administrativo da requerente;  VI ­ original e cópia do resumo geral consolidado de  todas as  folhas  de  pagamento,  com  o  respectivo  demonstrativo  de  cálculo das contribuições sociais e da base de cálculo utilizada;  VII  ­  demonstrativo  das  notas  fiscais,  faturas  ou  recibos  de  prestação  de  serviços,  elaborado  pela  empresa  requerente,  totalizado por contratante e assinado pelo representante legal da  empresa, conforme formulário constante do Anexo VI;  VIII ­  relatório das retenções emitido pelo Sistema Empresa de  Recolhimento  do  FGTS  e  Informações  à  Previdência  Social  (SEFIP);   IX  ­  original  e  cópia  da  Guia  de  Recolhimento  do  FGTS  e  Informações  à  Previdência  Social  (GFIP)  relativa  às  duas  últimas  competências  anteriores  à  data  do  protocolo  da  restituição, caso as mesmas estejam incluídas no requerimento;   Redação anterior:  X  ­  “Consulta  pelo  CNPJ”  e  “Ficha  Cadastral”,  atualizados,  fornecidos pela Secretaria da Receita Federal (SRF) e original  e cópia do recibo de entrega da Declaração Anual Simplificada  da  Receita  Federal,  relativo  às  competências  envolvidas  no  pedido  de  restituição,  para  as  empresas  optantes  pelo  SIMPLES.  X  ­  extratos  de  “Consulta  pelo  CNPJ”  ou  “Ficha  cadastral”  atualizados,  fornecidos  pela  Secretaria  da  Receita  Federal,  ou  original  e  cópia  do  recibo  de  entrega  da  Declaração  Anual  Simplificada  da  Receita  Federal,  do  exercício  findo,  para  as  empresas  optantes  pelo  SIMPLES. (Modificado  pela  INSTRUÇÃO  NORMATIVA  INSS/DC  Nº  105,  DE  24  DE  MARÇO DE 2004 ­ DOU DE 26/03/2004)  XI  ­  contrato  de  prestação  de  serviço; (Incluído  pela  INSTRUÇÃO  NORMATIVA  INSS/DC  Nº  105,  DE  24  DE  MARÇO DE 2004 ­ DOU DE 26/03/2004)  Fl. 760DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 761          6 XII ­ para cumprimento do disposto no inciso II do § 4° do art.  225,  a  requerente  deverá  apresentar  cópia  do  último  balanço  patrimonial  e  declaração,  sob  as  penas  da  lei,  firmada  pelo  representante  legal  e  pelo  contador  responsável  com  identificação  de  seu  registro  no  Conselho  Regional  de  Contabilidade  (CRC),  de  que  a  empresa  possui  escrituração  contábil  regular. (Incluído  pela  INSTRUÇÃO  NORMATIVA  INSS/DC  Nº  105,  DE  24  DE  MARÇO  DE  2004  ­  DOU  DE  26/03/2004)  Parágrafo único. Deverá ser apresentada procuração do sujeito  passivo  outorgada  por  instrumento  particular,  com  firma  reconhecida  em  cartório,  ou  por  instrumento  público,  com  poderes  específicos  para  representar  o  requerente,  se  for  o  caso.  Instrução Normativa SRP nº 3, de 14/7/05.    Art. 207. Os documentos necessários à instrução do processo de  restituição da retenção são os seguintes:  I  ­  Requerimento  de  Restituição  da  Retenção  ­  RRR,  conforme  formulário  constante  do  Anexo  VIII,  disponível  na  Internet  no  endereço www.previdencia.gov.br;  II  ­  original  e  cópia  do  contrato  social  e  última  alteração  contratual que identifique os responsáveis pela administração ou  pela  gerência  da  sociedade,  ou  estatuto  social  e  ata  em  que  conste  a  atual  diretoria  da  sociedade  ou  associação,  ou  o  registro de  firma  individual ou de empresário  individual, assim  considerado  pelo  art.  931  da  Lei  nº  10.406,  de  2002  (Código  Civil), conforme o caso;  III ­ original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos  de  prestação  de  serviços  emitidos  pela  empresa  prestadora  de  serviços  na  competência  objeto  do  pedido  de  restituição,  que  serão  conferidos  com  os  dados  registrados  no  demonstrativo  citado no inciso VII;  IV ­ original e cópia das notas fiscais, das faturas ou dos recibos  de prestação de serviços emitidos por subcontratada;  V  ­  original  e  cópia  dos  resumos  das  folhas  de  pagamento  específicas, referentes a cada contratante dos serviços e ao setor  administrativo da requerente;  VI  ­  original  e  cópia  do  resumo geral  consolidado de  todas  as  folhas de pagamento, com o respectivo demonstrativo de cálculo  das contribuições sociais e da base de cálculo utilizada;  VII  ­  demonstrativo  das  notas  fiscais,  faturas  ou  recibos  de  prestação  de  serviços,  elaborado  pela  empresa  requerente,  totalizado por contratante e assinado pelo representante legal da  empresa, conforme formulário constante do Anexo IX;  Fl. 761DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 762          7 VIII  ­  original  e  cópia  da  GFIP  relativa  às  duas  últimas  competências anteriores à data do protocolo da restituição, caso  as mesmas estejam incluídas no requerimento;  IX ­ contrato de prestação de serviço;  X  ­  para  cumprimento  do  disposto  no  inciso  II  do  parágrafo  único  do  art.  216,  a  requerente  deverá  apresentar  cópia  do  último  balanço  patrimonial  e  declaração,  sob  as  penas  da  lei,  firmada  pelo  representante  legal  e  pelo  contador  responsável  com  identificação  de  seu  registro  no  Conselho  Regional  de  Contabilidade  ­  CRC,  de  que  a  empresa  possui  escrituração  contábil regular.  §  1º  Deverá  ser  apresentada  procuração  do  sujeito  passivo  outorgada por  instrumento  particular,  com  firma  reconhecida  em  cartório,  ou  por  instrumento  público,  com  poderes  específicos para representar o requerente, se for o caso.  § 2º Para restituição do acréscimo da retenção, previsto no art.  172,  a  empresa  contratada  deverá  anexar  ao  requerimento  os  documentos  a  que  estiver  obrigada,  dentre  os  previstos  nos  incisos I a V do caput do art. 381.  § 3º A não apresentação do contrato de prestação de serviço não  impedirá a análise do processo de restituição, porém não serão  consideradas quaisquer discriminações referentes a materiais ou  equipamentos  constantes  nas  notas  fiscais  ou  nas  faturas  de  prestação  de  serviço  apresentadas,  conforme  disposto  no  art.  151.  Veja­se  que,  com  isso,  tratam­se  de  meras  informações  para  instrução  do  pedido, não significando dizer que são, a critério da autoridade fiscal, suficientes à sua análise  com vistas a se certificar da liquidez e certeza do crédito a ser restituído.  Há de se ressaltar que a então auditoria previdenciária, após consignar que a  requerente seria optante pelo SIMPLES em 1/7/97, elaborou Representação Administrativa em  17/2/06, endereçada à, à época, SRF, por ter constatado que os serviços consignados nas notas  fiscais examinadas não garantiriam à recorrente sua inclusão e permanência naquele sistema de  tributação privilegiado e, ao final, sobrestou a análise daqueles RRR em função do inciso I do §  1º do artigo 216 da IN SRP 3/2005, não havendo nos autos, tampouco provado pelo recorrente,  a  existência de qualquer decisão  administrativa que, na  forma da  lei,  lhe garantisse o pronto  pagamento do valor pleiteado.  Ao contrário, naquele despacho de sobrestamento foi feito constar que:    Fl. 762DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 763          8      Nesse  sentido,  imaginando­se  que  o  valor  da  contribuição  devida  que  constou  no  RRR  pudesse  ter  sido  informado  levando­se  em  conta  um  percentual  sobre  o  faturamento  da  empresa,  à  luz  do  SIMPLES,  e  não  sobre  sua  folha  de  pagamento,  fez­se  imprescindível que se aguardasse o desenrolar do respectivo Ato Declaratório de Exclusão, sob  pena de se restituir valor a maior, ou mesmo indevido, em flagrante prejuízo ao erário.  Note­se que a opção para referido regime foi, inclusive, citada pelo recorrente  na ação mandamental citada a frente, nos seguintes termos:   A  parte  impetrante  narrou  que,  a  despeito  de  inscrita  no  SIMPLES,  no  exercício  de  suas  atividades  profissionais,  era  recolhida pelo tomador de serviços contribuição previdenciária  no equivalente a 11% do valor da nota fiscal. Acrescentou que,  após  um  determinado  período  de  recolhimentos,  requereu  a  restituição  dos  tributos  por  intermédio  dos  PAF  nºs  35196.001264/2006­19,  35196.001788/2005­29,  10980.003755/2008­99,  35196.  000913/2005­83  e  35196.000634/2005­10.  Aduziu  que,  quando  do  processamento  dos feitos administrativos, o auditor­fiscal responsável promoveu  representação  administrativa,  tendo  por  base  ser  supostamente  indevida  a  adesão  da  impetrante  ao  regime  de  tributação  SIMPLES  e,  por  conta  da  representação,  os  processos  administrativos  teriam  sido  sobrestados.  Destacou  que  nunca  exerceu atividades de locação de mão de obra. Discorreu sobre  seu  direito  à  restituição  das  contribuições  previdenciárias.  Requereu  a  concessão  de  liminar  para  a  autoridade  coatora  restituir os valores retidos nos processos administrativos fiscais  que  estão  prontos  em  seu departamento,  num prazo  razoável  a  ser fixado pelo juízo.  Com  isso  e  a  considerar  que  o  contribuinte  não  trouxe  à  época  qualquer  resultado a ele favorável no referido processo de exclusão e que a Justiça determinou a análise  dos RRR  independentemente  do  seu  desfecho,  penso  que  a  apuração  da  contribuição  devida  passou a ter crucial importância para o cálculo do eventual indébito do contribuinte, na medida  em  que,  muito  provavelmente,  aquele  valor  dar­se­ia,  verdadeiramente,  em  montante  significativamente superior ao por ele informado nos RRR.  Fl. 763DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 764          9 Sobre  esse  tema,  cumpre noticiar que o  citado ADE  já  foi  julgado por  este  CARF, ocasião em que, por maioria de votos, foi mantida sua exclusão do SIMPLES a partir  de 1/4/03. Vide acórdão 1101­00­286, de 19/5/10 ­ processo 10980.002504/2006­25.   Cumpre destacar que em 15.10.09, o Juízo da 7ª Cara Cível da JF de Curitiba  deferiu parcialmente a  liminar  requerida no MS 2009.70.00.021821­7, para determinar que a  autoridade  fiscal  analisasse  os  processos  que  lá  mencionou,  no  prazo  de  90  (noventa  dias).  Referida  decisão,  confirmada  em  sentença,  transitara  em  julgado  após  o  julgamento  da  apelação e da  remessa necessária pelo TRF4, ocasião em que o  relator assim asseverou para  negar­lhes provimento:  No caso em concreto, a autoridade administrativa já finalizou a  análise  dos  processos  administrativos,  concluindo  pelo  arquivamento dos mesmos  supostamente pelo não cumprimento  de  diligências  pelo  requerido.  Esgotado,  portanto,  o  objeto  do mandamus.  Não cabe, aqui, outrossim, adentrar­se no mérito nem do direito  restituitório,  nem  da  necessidade  ou  não  de  apresentação  de  documentos  outros  ou  de  realização  de  perícia  para  apuração  do quantum,  ou,  ainda,  do  cabimento  ou  não  de  correção  monetária.  Todavia, antes mesmo de ter sido deferida a liminar, a autoridade fiscal, em  9/10/09, emitiu a intimação nº 301/2009, com ciência ao contribuinte em 16/10/99, no intuito  de obter os seguintes documentos e informações:          Fl. 764DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 765          10       A  análise  iniciada  pelo  auditor,  a  julgar  pelos  termos  de  sua  intimação,  objetivava  fosse  averiguada  tanto  da  correção  do  valor  da  contribuição  devida  (daí  a  necessidade em se auditar os itens da folha de pagamento em consonância com os lançamentos  contábeis), quanto às retenções sofridas e recolhidas (daí a intimação para apresentar as notas  fiscais  emitidas,  bem  como  algumas  GPS  de  determinadas  competências,  até  mesmo  para  identificar os tomadores que eventualmente não recolheram a retenção por ventura efetuada).  Em  5/11/09,  o  contribuinte  protocolizou  junto  ao  CAC  ­  Centro  de  Atendimento ao Contribuinte da Agencia da Receita Federal em Campo Mourão/PR, petição  na  qual  asseverou  i)  que  todos  os  documentos  obrigatórios  já  haviam  sido  apresentados  no  momento  do  protocolo  dos  requerimentos  e  ii)  que,  não  obstante,  estaria  novamente  apresentando os documentos solicitados, elencando­os no mesmo petitório.  Há  de  se  observar  que  o  termo  fiscal  foi  claro  ao  determinar  que  os  documentos  e/ou  esclarecimentos  deveriam  ter  sido  apresentados  junto  à  "Central  de  Restituição e Reembolso Previdenciário", setor que, ao que tudo indica, seria o especializado  para  receber  tais documentos e esclarecimentos. Todavia, optou o  recorrente em protocolizar  sua petição em um setor que, a  rigor, não detém a expertise necessária para avaliar quanto a  eventual  deficiência  no  que  toca  aos  itens  apresentados  e  em que  formato  deveriam  ter  sido  apresentados. Há, na maioria das vezes e no máximo, uma conferência visual nos moldes do  "cara x crachá".  Destaque­se  que,  segundo  o  relatório  fiscal  de  fls.  666/669,  teria  sido  reiterado  ao  patrono  da  recorrente  a  necessidade  de  que  tais  documentos  e  esclarecimentos  fossem apresentados tal como explicitado na intimação.  Fl. 765DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 766          11 Ao checar a documentação que lhe foi passada pelo protocolo, a autoridade  fiscal constatou, dentre outras coisas, que o CD no qual deveria constar os dados da folha de  pagamento e contabilidade estava vazio, tratando­se de um disco "virgem"; que a empresa não  teria apresentado o "Recibo de Entrega de Arquivos Digitais", documentos este emitido pelo  SVA  ­  Sistema  de  Validação  e  Autenticação  de  Arquivos  Digitais,  conforme  determina  o  MANAD ­ Manual Normativo de Arquivos Digitais.  Nesse  ponto,  insta  observar  que  tal  exigência  constou  expressamente  da  intimação fiscal.  Em resumo, os dados extraídos dos sistemas informatizados do contribuinte ­  folha  de  pagamento  e  contabilidade  ­  quando  obrigado  a  apresentá­los  ao  Fisco,  devem  obedecer a um lay­out normativamente pré­determinado, para que o auditor possa auditá­los de  forma célere e eficiente por meio de programas próprios. Com isso, essa adequação ao lay­out  é  checada  pelo  SVA,  que,  após  criar  uma  chave  que  relaciona  o  conteúdo  que  está  sendo  apresentado  em mídia  ao  que  foi  por  ele  conferido,  gera  e  emite um  "Recibo  de Entrega de  Arquivos Digitais" que deve ser conferido e assinado por quem receberá a mídia.  Insta destacar excerto da decisão recorrida sobre esse tema:      Nesse rumo, é de se notar que tal procedimento, ao que tudo indica, não foi  efetuado pelo recorrente. Alternativamente, sequer teria apresentado tais documentos em meio  físico/papel, notadamente seus livros contábeis e fiscais, muito embora houvesse informado ser  detentor de regular contabilidade   Constatada essas deficiências e  já  transcorrido o prazo assinalado no termo  fiscal, o auditor teria entrado em contato com empresa, por duas vezes (manhã de 18/11/09 e  tarde de 19/11/09), através do telefone consignado no RRR, com o fim de que fossem supridas  as faltas identificadas até o dia 24/11/09.  Não  atendida  a  exigência,  o  feito  foi  arquivado  a  teor  do  artigo  40  da  Lei  9.784/99.  No que toca aos contatos que teriam sido feitos, em que pese não se tratarem  de intimações fiscais em seu sentido formal, não foram textual e diretamente desmentidos pelo  recorrente em seu recurso. Veja­se:  Fl. 766DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 767          12       Pelo  todo  o  exposto,  a  tomar  por  válida  e  imprescindível  a  intimação  nº  301/2009  e  que  não  teria  havido  a  entrega  dos  arquivos  digitais  acompanhados  do  correspondente "Recibo de Entrega de Arquivos Digitais", gerado e emitido a partir do SVA ­  Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais, conforme determina o MANAD ­  Manual  Normativo  de  Arquivos  Digitais,  bem  como  pelo  fato  de  o  recorrente  não  ter  apresentado,  seja  em  sua Manifestação  de  Inconformidade,  seja  em  seu Recurso Voluntário,  referidos  arquivos  digitais  ou,  ao  menos,  sua  escrituração  em  meio  físico,  não  vejo  irregularidade  no  decreto  de  arquivamento,  tampouco  evidências  de  que  a  autoridade  fiscal  tivesse agido de forma pessoal e ilegal a ensejar seu impedimento para atuar no caso, consoante  o disposto no artigo 18 da Lei 9.784/99.  A título meramente ilustrativo e levando­se em conta as informações constantes  no RRR, sem efetuar qualquer verificação acerca de sua correção, adicionei à contribuição  devida, o produto das alíquotas abaixo, uma vez que o contribuinte, em tese, não as considerou  na apuração de seu crédito, consoante demonstrariam os resumos de sua folha de pagamento  acostados aos autos, onde se evidencia a não apuração da COTA EMPRESA, TERCEIROS e  SAT. Confira­se o padrão (fls. 33):  i) a cota patronal de 20%;  ii) terceiros da ordem de 5,8 %, em função do FPAS 507 que constou das GFIP;  iii) SAT de 3%, considerando o CNAE 28.11­8­00 (fls. 9), consoante anexo V  do Decreto 3.048/99, antes da alteração promovida pelo Dec.6.042/2007     Assim sendo, adotei a seguinte metodologia:  A  partir  da  base  de  cálculo  determinada  nos  resumos  das  folhas  de  pagamento, abaixo indicados, estimei as contribuições a cargo da empresa à alíquota de 28,8%  (PATRONAL  20%  +  SAT  3%  + TERCEIROS  5,8%),  adicionei­as  à  cota  dos  segurados  também lá informada e comparei­as com as retenções reclamadas no RRR, quando então pôde­ Fl. 767DF CARF MF Processo nº 35196.000913/2005­83  Acórdão n.º 2402­007.306  S2­C4T2  Fl. 768          13 se notar que, no geral, não haveria a imediata demonstração do crédito. Em outras palavras, a  considerar  a  alíquota  concentrada  de  28,8%,  em  5  dos  7  períodos  não  haveria  evidência  de  saldo credor a favor do recorrente.  Frise­se que aqui, da mesma sorte, não efetuei qualquer verificação acerca do  valor  determinado  pelo  sujeito  passivo  como  sendo  a  base  de  cálculo  do  INSS  naqueles  resumos.   A  B  D  E  F  E  G  COMP  VALOR RETIDO  BC DE INSS  FLS  EMPRESA  EMPREGADO  (B ­ (E + F))  RESULTADO  jul/04  14.662,65  20.803,09  33  5.991,29  1.821,49  6.849,87    ago/04  8.972,38  27.274,23  96  7.854,98  2.390,90  ­1.273,50 NÃO HAVERIA CRÉDITO  set/04  6.630,32  22.915,64  146  6.599,70  2.008,70  ­1.978,08 NÃO HAVERIA CRÉDITO  out/04  4.442,03  24.479,29  195  7.050,04  2.216,75  ­4.824,76 NÃO HAVERIA CRÉDITO  nov/04  5.066,58  17.513,95  244  5.044,02  1.504,56  ­1.482,00 NÃO HAVERIA CRÉDITO  dez/04  9.095,34  23.911,11  249  6.886,40  2.201,46  7,48    jan/05 12.163,73  35.710,40 355  10.284,60  3.300,41  ­1.421,28 NÃO HAVERIA CRÉDITO                      TOTAL DO PROCESSO =>  ­4.122,26 NÃO HAVERIA CRÉDITO  Por  fim,  que  toca  à  alegação  de  que  teria  havido  bi­tributação,  impõe­se  destacar  que  uma  vez  que  a  análise  de  mérito  não  foi  levada  a  efeito  em  função  do  não  atendimento à intimação fiscal, tal análise restou prejudicada, como acertadamente concluiu a  decisão recorrida.  Face  ao  exposto,  VOTO  no  sentido  de  CONHECER  do  recurso  para  NEGAR­LHE provimento.  (assinado digitalmente)  Mauricio Nogueira Righetti                                Fl. 768DF CARF MF

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Numero do processo: 10980.010154/2007-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 06 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Jul 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002 IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. COMPENSAÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO NO AJUSTE ANUAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE RETENÇÃO. Ausente comprovação de retenção de imposto de renda referente ao ano-calendário objeto do lançamento, é procedente a autuação.
Numero da decisão: 2402-007.403
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima - Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Paulo Sérgio da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci, Maurício Nogueira Righetti, Gabriel Tinoco Palatnic (suplente convocado), Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA

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