Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 10166.901435/2009-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2004
IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO.
Comprovado que o valor total pago a título de estimativa compôs parcialmente o saldo negativo do IRPJ do ano de 2004, deve ser reconhecido o saldo do IRPJ em 31/12/2004, no valor residual, e por conseqüência homologar a compensação pleiteada no limite do direito creditório reconhecido objeto do PERDCOMP analisado no presente processo.
Numero da decisão: 1302-002.351
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2004 IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovado que o valor total pago a título de estimativa compôs parcialmente o saldo negativo do IRPJ do ano de 2004, deve ser reconhecido o saldo do IRPJ em 31/12/2004, no valor residual, e por conseqüência homologar a compensação pleiteada no limite do direito creditório reconhecido objeto do PERDCOMP analisado no presente processo.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10166.901435/2009-81
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5786423
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Oct 11 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1302-002.351
nome_arquivo_s : Decisao_10166901435200981.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10166901435200981_5786423.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho.
dt_sessao_tdt : Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
id : 6974941
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:30 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467344650240
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1647; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 2 1 1 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.901435/200981 Recurso nº 000.001 Voluntário Acórdão nº 1302002.351 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2017 Matéria PERDCOMP / IRPJ Recorrente DAN HEBERT S/A CONSTRUTORA E INCORPORADOR (atual denominação: DAN HEBERT ENGENHARIA S/A) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2004 IRPJ. PAGAMENTO INDEVIDO. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO. Comprovado que o valor total pago a título de estimativa compôs parcialmente o saldo negativo do IRPJ do ano de 2004, deve ser reconhecido o saldo do IRPJ em 31/12/2004, no valor residual, e por conseqüência homologar a compensação pleiteada no limite do direito creditório reconhecido objeto do PERDCOMP analisado no presente processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Gustavo Guimarães da Fonseca e Julio Lima Souza Martins. Ausentes justificadamente os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado e Carlos Cesar Candal Moreira Filho. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 90 14 35 /2 00 9- 81 Fl. 265DF CARF MF 2 Os fatos que deram origem ao presente processo estão assim descritos no relatório da decisão recorrida, Acórdão nº 0347.484, de 16 de março de 2012, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Brasília/DF: Tratase da análise da Declaração de Compensação transmitida pelo PER/DCOMP nº 37811.95385.280405.1.3.04.0639, em 28/04/2005, que se utilizou de pretenso crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de IRPJ referente ao P.A. 31/12/2004, no montante principal de R$113.261,49, visando compensar débitos tributários de IRPJ referentes ao primeiro trimestre do ano calendário de 2005. No Despacho Decisório de fl. 29 emitido em 18/02/2009, a autoridade tributária não homologou a compensação declarada, sob a alegação de que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o pagamento por meio de DARF de IRPJ no montante principal de R$218.221,75, do qual informou a contribuinte ser a origem do crédito, já teria sido integralmente utilizado para extinguir o débito do mesmo tributo de F.G. 31/12/2004. Cientificada da decisão proferida pela DRF/Brasília, em 06/03/2009 (fl.43), a interessada apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/06, em 03/04/2009 (carimbo de recepção à fl. 02). Discorre a defesa que a requerente, para o ano calendário de 2004, sendo optante do lucro real anual, ao calcular o tributo a pagar a título de estimativa para o mês de dezembro, valeuse da dedução do IRRF sobre serviços prestados a pessoas jurídicas, motivo pelo qual apurou o IRPJ a pagar de R$104.960,26, valor que consta na DIPJ do período. Por sua vez, efetuou um pagamento por meio de DARF no montante principal de R$218.221,75, idêntico valor declarado em DCTF. Nesse sentido, pretende a retificação da DCTF para alterar o valor confessado para o montante de R$104.960,26, e por consequência requer o reconhecimento do direito creditório, além de protestar provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, especialmente provas documentais que se fizerem necessárias. A mencionada Turma julgadora da DRJ/Brasília/DF julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, conforme decisão proferida no mencionado Acórdão nº 03 47.484, de 16 de março de 2012, fls.45/49, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2004 DÉBITOS CONFESSADOS. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE DE ESCRITA FISCAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. Eventual retificação dos valores confessados em DCTF devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte. Fl. 266DF CARF MF Processo nº 10166.901435/200981 Acórdão n.º 1302002.351 S1C3T2 Fl. 3 3 PROTESTO PELA JUNTADA DE TODAS AS PROVAS ADMITIDAS EM DIREITO. As provas documentais devem ser apresentadas por ocasião da impugnação, sob pena de preclusão processual, exceto nas situações previstas no art. 16, § 4º do PAF. O contribuinte cientificado da mencionada decisão em 04/5/2012, conforme o Aviso de Recebimento AR, fl.52, interpôs o Recurso Voluntário (fls.54/59) ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, protocolizado em 31/5/2012 . As razões aduzidas na peça recursal são, no essencial, as mesmas apresentadas na manifestação de inconformidade, acima relatadas, portanto, desnecessário repetilas. Finalmente a Recorrente requer: ...seja acolhido o presente recurso para o fim de assim ser decidido, cancelandose o débito fiscal reclamado, considerando a empresa não devedora do Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas apurado no 1o Trimestre de 2005, no valor de R$ 111.992,48 (cento e onze mil, novecentos e noventa e dois reais e quarenta e oito centavos), apontado no referido Despacho Decisório, permitindo seja feito os ajustes necessários para regularização das informações na DCTF do mês de dezembro de 2004. Na sessão realizada em 03/03/2016, a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, na qual participou a presente relatora, proferiu a Resolução nº 1201000.199 (fls.204/207), solicitando realização de diligência à DRF/Brasília/DF, para onde os autos foram encaminhados. O Processo foi devolvido ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 209/212, porém, considerada omissa, razão pela qual fora proferida outra Resolução nº 1201000.219 de 13/09/2016 (fls.217/223) para novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF de Brasília/DF atendesse ao solicitado na anterior Resolução nº 1201000.199 (fls.204/207). O Processo foi devolvido ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 246/248, cientificada ao interessado conforme o Aviso de Recebimento (AR), de 30/01/2017, efl.250. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa Relatora O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Dele conheço. O presente processo tem origem no PER/DCOMP nº 37811.95385.280405.1.3.04.0639, transmitido à Receita Federal em 28/04/2005 Fl. 267DF CARF MF 4 (fls.26/31). Tratase de pretenso crédito relativo a pagamento indevido ou a maior de IRPJ, no valor de R$ 113.261,49, decorrente do DARF (código de receita: 2362, Período de Apuração: 31/12/2004, Data de Arrecadação: 31/01/2005, Valor: R$ 218.221,75), visando compensar débitos tributários de IRPJ referentes ao primeiro trimestre do ano calendário de 2005. Conforme relatado, por intermédio do Despacho Decisório de fl.29, emitido eletronicamente em 18/02/2009 pela DRF/Brasília/DF, não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor do contribuinte, sob a alegação de que a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foi localizado o pagamento no valor de R$ 218.221,75, mas integralmente utilizado para quitação de débito do IRPJ, do período de apuração de 31/12/2004, não restando saldo disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ou seja, o pagamento por meio de DARF de IRPJ no montante principal de R$218.221,75, do qual informou o contribuinte ser a origem do crédito, já teria sido integralmente utilizado para extinguir o débito do IRPJ referente ao fato gerador de 31/12/2004, em face do que não homologou a compensação declarada. Irresignado com o Despacho Decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade que analisada em sede de 1ª instância, a 2ª Turma da DRJ/Brasilia/DF, mediante o Acórdão nº 47.484, de 16 de março de 2012, foi julgada IMPROCEDENTE e mantida a não homologação das compensações sob o seguinte fundamento: ... Ocorre que a requerente informou como origem do crédito da DCOMP pretenso pagamento a maior efetuado por meio de DARF. Assim, a Receita Federal, ao analisar o valor recolhido, constatou que, na realidade, tal recolhimento via DARF foi integralmente utilizado para extinguir débito tributário confessado em DCTF, motivo pelo qual o despacho decisório não reconheceu a existência do direito creditório. No que concerne à DCTF, tratase de instrumento de confissão de dívida e constituição definitiva do crédito tributário, conforme legislação de regência (art. 5º do Decretolei n.º 2.124, de 1984, e Instruções Normativas da SRF e RFB que dispõem sobre a DCTF). Nesse contexto, eventual retificação dos valores antes nela informados, procedida pelo interessado ou de ofício devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte. Ou seja, na fase contenciosa, a mera apresentação de informações prestadas em DIPJ, por si só, não se mostra suficiente para comprovar a efetiva ocorrência de erro material no preenchimento do valor do tributo confessado em DCTF. ... Fl. 268DF CARF MF Processo nº 10166.901435/200981 Acórdão n.º 1302002.351 S1C3T2 Fl. 4 5 Da análise dos autos, constatase que a requerente elaborou seu pedido baseado apenas em meras alegações, ou seja, não comprovou nenhum dos motivos previstos na legislação que impediriam a apresentação de quaisquer provas, quando da apresentação da manifestação de inconformidade. Nesse contexto, em relação a novas juntadas de provas na primeira instância de julgamento, entendo que já ocorreu a preclusão processual, nos termos do art. 16, § 4º, do PAF. Assim sendo, pelo exposto, oriento meu voto pela improcedência da manifestação de inconformidade e pelo não reconhecimento do direito creditório pleiteado. O Recorrente alega que a existência do pagamento a maior de IRPJ é constatada pela verificação do valor informado na DIPJ/2005 apresentada pela empresa em confronto com o DARF pago em 31/01/2005, referente ao período de apuração de 31/12/2004, no valor original de R$ 218.221,75, visto que para tal período de apuração, o valor do IRPJ devido é de R$ 104.960,26. O interessado desde a manifestação de inconformidade, alega que sua Declaração de Informações DIPJ/2005 demonstra que o IRPJ de 31/12/2004 é R$ 104.960,26, apenas a DCTF não fora retificada, como pretende, para alterar o valor confessado para o montante devido de R$104.960,26 em consonância com a DIPJ/2005. Conforme relatado, o julgamento do presente recurso voluntário foi iniciado na sessão de 03/03/2016, quando a 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF, na qual participou a presente Relatora, proferiu a Resolução nº 1201000.199 (fls.204/207), convertendo o julgamento em diligência a ser realizada pela DRF/Brasília/DF, nos termos do voto condutor da Resolução do qual transcrevo os seguintes excertos: ... A interessada desde a manifestação de inconformidade, alega que sua Declaração de Informações DIPJ/ 2005 demonstra que o IRPJ de 31/12/2004 é R$ 104.960,26, apenas a DCTF não fora retificada, como pretende, para alterar o valor confessado para o montante devido de R$104.960,26 em consonância com a DIPJ/2005. A Recorrente requer a retificação da DCTF, a fim de que conste, tanto na DCTF quanto na DIPJ, que o valor do IRPJ de 31/12/2004 é R$ 104.960,26. Do despacho decisório da autoridade administrativa da DRF de Brasília não consta qualquer análise acerca das informações prestadas na DIPJ relativa ao ano calendário de 2004 para que se verifique a estimativa Fl. 269DF CARF MF 6 mensal de dezembro de 2004 e o real saldo a pagar do IRPJ em 31/12/2004. A recorrente juntou aos autos cópia da DIPJ/2005 na qual consta à fl.34, o saldo do IRPJ a pagar no valor de R$ 104.960,26 referente ao mês de dezembro de 2004. Portanto, confrontandose o valor apurado demonstrado na DIPJ/2005, fl.34, com o valor recolhido por meio de DARF, temse aparentemente o direito da Recorrente ao crédito do recolhimento a maior de IRPJ no valor de R$113.261,49. Diante do exposto, voto no sentido de que sejam os autos encaminhados à DRF de Brasília/DF, para confrontar a DIPJ/2005 com a escrituração contábil/fiscal, documentação que lhe deu lastro e informar qual o IRPJ a pagar relativo ao mês de dezembro 2004, bem como verificar se na apuração do saldo do ajuste anual o contribuinte deduziu a título de estimativa o valor das estimativas confessadas na DCTF, inferindose o aproveitamento de pagamento a maior. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. GRIFEI Em resposta à diligência demandada pelo CARF, a DRF/Brasília/DF prestou a Informação Fiscal de fls. 209/212, na qual expressa o entendimento acerca da natureza "de um débito confessado em DCTF" e finalmente conclui: ... 13. Deste modo, homologada tacitamente a declaração do Contribuinte, constituiuse definitivamente o credito tributário. Não havendo ao fisco mais margem para eventual alteração nos valores confessados pelo contribuinte. Desta forma, e puramente por se tratar de débito confessado em DCTF, não cabe ao E. CARF requerer que a unidade lançadora aprecie a escrita contábil do Impetrante para eventual alteração nos valores confessados em DCTF, sob o risco de jogar por terra o instituto do lançamento por homologação. ... 20. Portanto, concluise a presente Informação Fiscal que o Impetrante apurou tributo sujeito a lançamento por homologação, confessou o discutido débito em DCTF, e realizou o respectivo pagamento em montante igual ao valor confessado, não havendo portanto, pagamento maior que o devido. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 10166.901435/200981 Acórdão n.º 1302002.351 S1C3T2 Fl. 5 7 Acrescentase ao presente contexto a ocorrência da homologação tácita do lançamento por homologação, nos moldes confessados pelo contribuinte em DCTF. Constituindo definitivamente o crédito tributário confessado pelo Impetrante. Não restando ao fisco qualquer margem para alterar os valores confessados pelo Contribuinte, homologados tacitamente. 21. Nestes termos, retornese ao CARF para julgamento. (GRIFEI) Tendo em vista que a Informação Fiscal de fls. 209/212, acima, não atendeu ao determinado pelo colegiado do CARF, nos termos daquele julgado, foi proferida outra Resolução nº 1201000.219 de 13/09/2016 (fls.217/223) para novamente converter o julgamento em diligência para que a DRF de Brasília/DF atendesse ao solicitado na anterior Resolução nº 1201000.199 (fls.204/207). O Processo foi devolvido ao CARF com a Informação Fiscal de fls. 246/248, cientificada ao interessado conforme o Aviso de Recebimento (AR), de 30/01/2017, efl.250. Dessa feita, apesar de a autoridade fiscal insistir em emitir sua opinião acerca da definitividade das confissões realizadas em DCTF, prestou as informações necessárias para se verificar se de fato o contribuinte efetuou pagamento a maior de IRPJ relativo ao ano calendário de 2004, ou saldo negativo de IRPJ, confrontandose a DIPJ/2005, o LALUR apresentado a autoridade fiscal em sede de diligência, e, os pagamentos efetuados, conforme se depreende do item "9" da planilha constante da Informação Fiscal Diort/DRFBrasília/DF Nº 1348/2016, de 21 de dezembro de 2016 (fls. 246/248). Vale exalçar que a DRJ manteve a decisão administrativa da DRF/Brasília por duplo fundamento: (i) a mera apresentação de informações prestadas em DIPJ, por si só, não se mostra suficiente para comprovar a efetiva ocorrência de erro material no preenchimento do valor do tributo confessado em DCTF, de sorte que, eventual retificação dos valores antes nela informados, procedida pelo interessado ou de ofício devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte e, (ii) que já ocorreu a preclusão processual, nos termos do art. 16, § 4º, do PAF para novas juntadas de provas na primeira instância de julgamento. Pois bem, a diligência determinada nas Resoluções em sede de 2a.instância tem por objeto, exatamente, confrontar a DIPJ/2005 com a escrituração contábil/fiscal, documentação que lhe deu lastro e informar qual o IRPJ a pagar relativo ao mês de dezembro 2004, bem como verificar se na apuração do saldo do ajuste anual o contribuinte deduziu a título de estimativa o valor das estimativas confessadas na DCTF, inferindose o aproveitamento de pagamento a maior. Quanto à ocorrência da preclusão aventada na decisão recorrida, ressaltese que não há uma regra a respeito dos elementos de prova que devem instruir um pedido de restituição ou uma declaração de compensação. Pelas normas atuais, aplicáveis ao caso, nem mesmo há como anexar cópias de livros, de DARF, de Fl. 271DF CARF MF 8 Declarações, etc., porque os procedimentos são realizados por meio de declaração eletrônica PER/ DCOMP sob condição resolutória. E, no tocante à DCTF, em sendo confessada a dívida pelo próprio contribuinte, mediante o cumprimento da obrigação tributária acessória de apresentação da declaração de débitos e créditos tributários federais, apenas tornase desnecessária a atividade do fisco de verificar a ocorrência do fato gerador, apontar a matéria tributável, calcular o tributo e indicar o sujeito passivo, notificandoo de sua obrigação, pois tal já foi feito por ele próprio que, portanto, tem conhecimento inequívoco do que lhe cabia recolher. Há confissão quando uma parte (sujeito passivo da obrigação tributária principal) admite a verdade de um fato (ser devedora do tributo confessado),contrário ao seu interesse e favorável à outra parte (Fisco). A confissão extrajudicial feita por escrito à parte contrária, como se dá mediante a DCTF, serve como título executivo extrajudicial que admite provas contrárias, especialmente a de não ocorrência do fato gerador ou a de extinção do crédito tributário confessado. O contribuinte apresentou DCTF na qual confessa dívida e confrontando com a DIPJ/2005 e LALUR que demonstram o fato gerador, base de cálculo e IRPJ a pagar, alega haver pagamento maior que o devido e requer mediante PER/DCOMP, a compensação de crédito com débito tributário de sua responsabilidade. Conforme explicitado na planilha da última Informação Fiscal (fls. 246/248), item 9, verificase o seguinte: 9. Desta forma, temse a seguinte planilha abaixo, a qual condensa a apuração do IRPJ nos meses de janeiro a dezembro de 2004. O Contribuinte levantou balanço de suspensão/redução em todos os meses. A base de cálculo do Lucro Real, de acordo com o LALUR do Contribuinte (efls.230/243), é R$3.268.737,56. jan/2004 f ev /2004 Mar/2004 abr/2004 mai2004 jun/2004 jul/2004 ago/2004 set/2004 out/2004 nov /2004 dez/2004 BC IRPJ R$ 42.995,61 R$ 40.199,76 R$ 427.128,23 R$ 346.574,31 R$ 1.060.412,60 R$ 802.419,59 R$ 962.749,33 R$ 525.638,13 R$ 1.182.259,48 R$ 1.327.905,58 R$ 2..748.408,60 R$ 3.268.737,56 15% R$ 6.449,34 R$ 6.029,96 R$ 64. 069,23 R$ 51.986,15 R$ 159.061,89 R$ 120.362,94 R$ 144.412,40 R$ 78.845,72 R$ 177.338,92 R$ 199.185,84 R$ 412.261,29 R$ 490.310,63 10% R$ 2.299,56 R$ 19,98 R$ 36.712,82 R$ 26.657,43 R$ 96.041,26 R$ 68.241,96 R$ 82.274,93 R$ 36.563,81 R$ 100.225,95 R$ 112.790,56 R$ 2.840,86 R$ 302.873,76 soma R$ 8.748,90 R$ 6.049,94 R$ 100.782,05 R$ 78.643,58 R$ 255.103,15 R$ 188.604,90 R$ 226.687,33 R$ 115.409,53 R$ 277.564,87 R$ 311.976,40 R$ 665.102,15 R$ 793.184,39 deduções Est. Meses anteriores _ R$ 8.490,93 R$ 8.490,93 R$ 98.219,28 R$ 98.219,28 R$ 248.740,67 R$ 248.740,67 R$ 248.740,67 R$ 248.740,67 R$ 270.471,31 R$ 304.008,97 R$ 648.611,70 retenção R$ 3.185,38 R$ 4.575,12 R$ 972,42 IR a Pagar R$ 8.490,93 R$ 2.682,19 R$ 89.728,35 R$ 21.655,16 R$ 147.336,01 R$ 64.950,29 R$ 27.829,84 R$ 136.484,97 R$ 17.155,52 R$ 33.537,66 R$ 343.630,31 R$ 104.960,26 confessado em DCTF R$ 1.753,40 R$ 98.682,11 R$ 137.793,67 R$ 17.155,52 R$ 33.537,66 R$ 343.630,31 R$ 218.221,75 Como se vê, analisando especificamente os valores relativos ao mês de dezembro de 2004, confrontando o valor do "IR a pagar" por estimativa no valor de R$ 104.960,26 declarado na DIPJ/2005, com o valor de R$ 218.221,75 "confessado em DCTF e pago", chegase ao aparente pagamento a maior aventado pelo interessado, na ordem de R$ 113.261,49, (218.221,75.104.960,26). De outra banda, verificase que no decorrer do ano calendário de 2004 o Contribuinte nos meses de janeiro e maio confessou em DCTF (e pagou) valor do IRPJ por estimativa a menor que o apurado em DIPJ, e que nos meses de março e dezembro confessou em DCTF valores maiores que o apurado em DIPJ, de sorte que, de janeiro a dezembro de 2004 fora confessado e pago de IRPJ por estimativa o total de R$ 850.774,42 (conforme planilha). Fl. 272DF CARF MF Processo nº 10166.901435/200981 Acórdão n.º 1302002.351 S1C3T2 Fl. 6 9 Registrese que os valores do IRPJ por estimativa a menor que o apurado em DIPJ relativos aos meses de janeiro e maio, serviriam de base para a autoridade administrativa exigir a multa isolada por recolhimento de estimativa a menor prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei nº 9.430/96, mas não é o caso tratado nos presentes autos. Desse modo, fazse mister analisar o ajuste anual em relação ao ano calendário de 2004, para verificar a existência de saldo credor ou devedor de IRPJ anual, e, não em relação ao valor específico da estimativa de 31/12/2004. Perscrutandose a DIPJ/2005, Ficha 12A Calculo do Imposto de Renda Sobre o Lucro Real e a planilha constante da Informação Fiscal, verifico o seguinte em relação ao IRPJ apurado em 31/12/2004: Imposto sobre o Lucro Real 15% ......................................................... R$ 490.310,63 10% ......................................................... R$ 302.873,76 Soma ....................................................... R$ 793.184,39 Deduções Operação de Caráter Cultural ................. R$ 20.000,00 PAT ......................................................... R$ 19.000,00 IR mensal pago por estimativa ..............R$ 753.751,96 Com efeito, do valor confessado e pago de IRPJ por estimativa no total de R$ 850.774,42 (conforme planilha), fora utilizado, no ajuste, como dedução do IRPJ anual devido, apenas o valor de R$ 753.751,96, resultando um saldo negativo de IRPJ na ordem de R$ 97.022,46. Portanto, comprovado que o valor total pago a título de estimativa compôs parcialmente o saldo negativo do IRPJ do ano de 2004, deve ser reconhecido o saldo negativo do IRPJ em 31/12/2004, no valor residual, e por conseqüência homologar a compensação pleiteada no limite do direito creditório reconhecido objeto do PERDCOMP analisado no presente processo. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento parcial ao Recurso Voluntário para homologar a compensação no limite do saldo reconhecido de R$ R$ 97.022,46 relativo ao ano calendário de 2004. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 273DF CARF MF 10 Fl. 274DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.003116/2004-12
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004
MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento.
No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
Numero da decisão: 9303-005.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : 3ª SEÇÃO
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplica-se a retroatividade benigna e cancela-se a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04.
turma_s : 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
dt_publicacao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10920.003116/2004-12
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5764309
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Aug 30 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 9303-005.406
nome_arquivo_s : Decisao_10920003116200412.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DEMES BRITO
nome_arquivo_pdf_s : 10920003116200412_5764309.pdf
secao_s : Câmara Superior de Recursos Fiscais
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
id : 6911248
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467361427456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1561; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 681 1 680 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10920.003116/200412 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303005.406 – 3ª Turma Sessão de 25 de julho de 2017 Matéria MULTA ISOLADA COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CIA. INDUSTRIAL H. CARLOS SCHNEIDER ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/07/2003 a 31/03/2004 MULTA ISOLADA NO PATAMAR DE 75%. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. AUSÊNCIA DE FRAUDE E SONEGAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833/03, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051/04, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração com dolo, fraude, sonegação ou conluio, no percentual qualificado de 150% por cento. No caso as declarações foram entregues antes de 22/11/2005, não houve comprovação de dolo, aplicase a retroatividade benigna e cancelase a multa aplicada no patamar de 75% em razão das alterações normativas trazidas pela lei nº11.051/04. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 31 16 /2 00 4- 12 Fl. 681DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 682 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento no artigo 5º, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, a época sob o Regimento Interno do extinto Segundo Conselho de Contribuinte, contra acórdão nº20311.148, proferido pela Terceira Câmara, que decidiu em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário, para cancelar sete Autos de Infração relativos à multa isolada no percentual de 75%, objetos dos Processos n°s 10920.003111/200481, 10920.003112/200426,10920.003113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412 e 10920.003117/200459, mantendo o indeferimento das compensações pleiteadas. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Tratase das vinte nove Declarações de Compensação relacionadas às fls. 186/187, por meio das quais a requerente pretende compensar débitos próprios de diversas espécies tributárias, com crédito prêmio do IPI de terceiro, que lhe foi cedido pela empresa conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de espécies tributárias, com crédito Fábrica de Artigos de Couro LTDA, conforme a escritura pública de cessão de créditos datada de 25/09/2002 (cópia às fls. 135/138). NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO COMPENSAÇÃO. REGRAS ESPECÍFICAS. CESSÃO DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO NA SEARA TRIBUTÁRIA. Consoante o art. 170 do CTN a compensação em matéria tributária segue regras específicas, pelo que a cessão de direito, por meio da qual o titular cede créditos tributários que lhe foram reconhecidos na via judicial a terceiro, não permite a este utilizar tais créditos para compensar seus débitos. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. COMPENSAÇÃO COM CRÉDITOS DE TERCEIROS: PEDIDOS FORMULADOS APÓS 07/04/2000. IMPOSSIBILIDADE. A possibilidade de utilização de créditos oriundos de restituição ou ressarcimento para compensação com débitos de terceiros foi autorizada pelo art. 15 da IN SRF n° 21/97, tendo permanecido até 07/04/2000, data após a qual foi revogada pela IN SRF n° 41, publicada em 10/04/2000. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA NO PERCENTUAL DE 75%. IMPROCEDÊNCIA. CRÉDITOS DE TERCEIROS. DOLO NÃO CARACTERIZADO. LEI N° 11.051, DE 30/12/2004. RETROATIVIDADE BENIGNA. Fl. 682DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 683 3 Nos termos do art. 18, caput § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei n° 11.051, de 29/12/2004, a multa isolada sobre o valor de débito compensado indevidamente só se aplica na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Na situação em que os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, têm origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, a multa no percentual básico de setenta e cinco por cento é inaplicável. Recurso provido em parte. Inconformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpôs o presente Recurso, sustentando que deve prevalecer a interpretação do art. 18, parágrafo 4º, da lei 10.833/2003, com redação dada pela lei nº 11.051/2004, no sentido de que subsiste a multa isolada nos casos de fraude, conluio e sonegação ou na hipótese do inciso II do parágrafo 12 do artigo 74 da lei nº 9.430/96, com alíquotas correspondentes do artigo 44 da lei 9.430/96. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, a Fazenda Nacional aponta como paradigmas os acórdãos nº 20217.360 e nº 20400.776. Em seguida, por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial, foi dado seguimento ao recurso, fls.606/608. Contudo, a Contribuinte utilizandose da prerrogativa concedida pelo art. 1º da lei nº 11.941/2009, e, em atendimento ás condições estabelecidas pelo art. 13 da Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 06/2009, manifestouse pela desistência integral do recurso especial interposto, fls. 663/664. A desistência integral do recurso especial interposto em relação ao processo principal (10920.001575/200453) para inclusão no parcelamento do art. 1° da Lei n° 11.941/2009, encontrase parcelado na referida lei, contudo, a Contribuinte manteve o seu recurso em relação às multas isoladas, processos apensados nºs10920.003111/200481, 10920.003112/2004726,10920.008113/200471, 10920.003114/200415, 10920.003115/2004 60, 10920.003116/200412, 10920.003117/200459. Apesar de estarem apensos, estão pendentes de decisão definitiva em razão de recurso especial interposto pela União perante a CSRF/CARF (fls.390 processo principal), fls. 676. É o relatório. Fl. 683DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 684 4 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. A matéria divergente posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito a aplicação ou não da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) em compensações não homologadas. Com efeito, a decisão recorrida decidiu em cancelar a multa isolada no percentual de 75%, referente a compensações não homologadas, com fundamento de que o art. 18, caput e § 2° da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, com a redação dada pelo art. 25 da Lei nº 11.051, de 29/12/2004, aplicandose somente sobre o valor do débito compensado indevidamente e na hipótese de infração dolosa, no percentual qualificado de cento e cinqüenta por cento. Considerando que, os créditos empregados na compensação são oriundos de insumos de terceiros, de origem em ação judicial e as declarações de compensação foram entregues antes de 22/11/2005, não tendo sido demonstrada pela fiscalização a existência de dolo, sendo a multa no percentual de setenta e cinco por cento inaplicável. Compulsando aos autos, verifico que a Fiscalização não logrou êxito em comprovar a existência de dolo praticado pela Contribuinte, ademais, as compensações realizadas teve como origem créditos transferidos pela cedente Artigos de Couro LTDA, essa, autora de Ação Ordinária Declaratória nº 89.00136224, transitada em julgada (04/06/96) a qual, foi julgada procedente permitindo a litigante o direito ao Crédito Prêmio do IPI. A multa contida no Auto de Infração, foi lançada com fundamento no art. 18 da Lei nº10.833/2003. Vejamos: “Art.18.O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória n 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarse à imposição de multa isolada em sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6o a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se Fl. 684DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 685 5 refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente". In caso, bem decidiu a decisão recorrida, o art. 18 da Lei nº 10.833/2003, conversão oriunda da MP nº 135, publicada em 31/10/2003, foi introduzida em conjunto com o artigo 17 da primeira, este último alterando o art. 74 da lei nº 9.430/96, de modo a determinar que a declaração de compensação constitui confissão de dívida é instrumento suficiente para exigência dos débitos indevidamente compensados. Contudo, a referia lei tem eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, data de publicação da MP nº 135, de 30/10/2003, no caso em tela, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003. Com efeito, em razão de alterações na legislação tributária, surge a lei 11.051/04, a qual em seu artigo 25, altera as disposições do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, que passou a determinar a aplicação da multa prevista por compensação não declarada somente nas hipóteses de fraude, sonegação ou conluio. O mesmo artigo 25, incluiu o § 2º e o § 4º, em que determinava a aplicação da penalidade do caput às situações em que a compensação não declarada fosse aplicada multa no percentual de 150%, previsto no art. 44, II da Lei nº 9.430/96. Vejamos: "Art. 25. Os arts. 10, 18, 51 e 58 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passam a vigorar com a seguinte redação: Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da não homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. § 2o A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. § 4o A multa prevista no caput deste artigo também será aplicada quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996". Neste sentido, não assiste razão ao apelo Fazendário, com a nova redação do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, restou confirmada que a penalidade somente seria aplicada nas hipóteses do art. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64 no percentual de 150%. Nada obstante, o artigo 18 da lei 10.833/03, foi novamente alterado pelo artigo 117, da lei nº 11.196/051, que modificou o § 4º do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, 1 Art. 117. O art. 18 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte redação: (Vigência) "Art. 18. ........................................................................................ § 4o Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: Fl. 685DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 686 6 passando a incluir as penalidades do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96, o qual permitiu o lançamento da multa no patamar de 75% (setenta e cinco por cento), em síntese, nos pedidos de compensação considerados não declarados, a multa seria exigida, mesmo que não restasse configurada as hipótese previstas no artigos. 71 a 73 da Lei nº 4.502/64. Dessa forma, em razão das alterações normativas, a penalidade por declaração de compensação não declarada, quando não restasse configurada as hipóteses dos art. 71 a 73 da Lei nº 4.502//64, passou a ser novamente exigível a partir de 14/10/05, conforme dispõe o artigo 132 da lei nº 11.196/052. Portanto, a exigência da multa isolada no patamar de 75% (setenta e cinco por cento) não deve prevalecer, se quer houve comprovação nos autos das hipóteses previstas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, ademais, não contém nenhum indício de dolo referente as compensações efetuadas. Sem embargo, os efeitos de aplicação o art. 18 da Lei nº10.833/2003, teve eficácia apenas para as declarações de compensação entregues a partir de 31/10/2003, no presente caso, a primeira declaração de compensação foi apresentada em 29/09/2003, deste modo, penso que as penalidades transmitidas antes da data de 14/10/05, devem ser canceladas, em razão do retroatividade benigna, nos termos do artigo 106, II3, do Código Tributário Nacional CTN. Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Fazenda Nacional. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito I no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis." 2 Art. 132. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, produzindo efeitos: II desde 14 de outubro de 2005, em relação ao disposto: a) no art. 33 desta Lei, relativamente ao art. 15 da Lei no 9.317, de 5 de dezembro de 1996; b) no art. 43 desta Lei, relativamente ao inciso XXVI do art. 10 e ao art. 15, ambos da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003; c) no art. 44 desta Lei, relativamente ao art. 40 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004; d) nos arts. 38 a 40, 41, 111, 116 e 117 desta Lei; 3 Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: II tratandose de ato não definitivamente julgado: Fl. 686DF CARF MF Processo nº 10920.003116/200412 Acórdão n.º 9303005.406 CSRFT3 Fl. 687 7 Fl. 687DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10070.001788/2007-86
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 06 00:00:00 UTC 2010
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Exercício: 2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver contradição entre a decisão e os seus fundamentos.
ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Exercício: 2006
DCTF, SEMESTRAL., MENSAL, ALTERAÇÃO, VEDAÇÃO LEGAL, MULTA.
PERÍODO.
Havendo impedimento legal para retificação de DCTF semestral em mensal à época, sendo necessário procedimento administrativo para tal, não pode ser cobrado do contribuinte a multa por atraso na entrega no período entre o protocolo do pedido de cancelamento e a ciência daquela decisão.
Embargos Acolhidos.
Numero da decisão: 1801-000.274
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para, no mérito, ratificar o Acórdão embargado, esclarecendo quanto a sua execução, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
Nome do relator: Maria de Lourdes Ramirez
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201007
ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver contradição entre a decisão e os seus fundamentos. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2006 DCTF, SEMESTRAL., MENSAL, ALTERAÇÃO, VEDAÇÃO LEGAL, MULTA. PERÍODO. Havendo impedimento legal para retificação de DCTF semestral em mensal à época, sendo necessário procedimento administrativo para tal, não pode ser cobrado do contribuinte a multa por atraso na entrega no período entre o protocolo do pedido de cancelamento e a ciência daquela decisão. Embargos Acolhidos.
turma_s : Primeira Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 10070.001788/2007-86
conteudo_id_s : 5772085
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Oct 09 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1801-000.274
nome_arquivo_s : Decisao_10070001788200786.pdf
nome_relator_s : Maria de Lourdes Ramirez
nome_arquivo_pdf_s : 10070001788200786_5772085.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para, no mérito, ratificar o Acórdão embargado, esclarecendo quanto a sua execução, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.
dt_sessao_tdt : Tue Jul 06 00:00:00 UTC 2010
id : 6937304
ano_sessao_s : 2010
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:21 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467374010368
conteudo_txt : Metadados => date: 2010-12-21T10:02:47Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-12-21T10:02:45Z; Last-Modified: 2010-12-21T10:02:47Z; dcterms:modified: 2010-12-21T10:02:47Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:7228a8c5-6857-4bc8-89f6-a7ec057df36d; Last-Save-Date: 2010-12-21T10:02:47Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-12-21T10:02:47Z; meta:save-date: 2010-12-21T10:02:47Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-12-21T10:02:47Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-12-21T10:02:45Z; created: 2010-12-21T10:02:45Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; Creation-Date: 2010-12-21T10:02:45Z; pdf:charsPerPage: 1286; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-12-21T10:02:45Z | Conteúdo => Si-TE01 Fi 1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n" 10070,001788/2007-86 Recurso n" 142343 Embargos Acórdão n° 1801-00.274 — I" Turma Especial Sessão de 06 de julho de 2010 Matéria AI - Multa DCTF Embargante DERAT - RIO DE JANEIRO/RJ Interessado WEBB NEGÓCIOS S/A ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Exercício: 2006 DCTF, SEMESTRAL., MENSAL, ALTERAÇÃO, VEDAÇÃO LEGAL, MULTA. PERÍODO. Havendo impedimento legal para retificação de DCTF semestral em mensal à época, sendo necessário procedimento administrativo para tal, não pode ser cobrado do contribuinte a multa por atraso na entrega no período entre o protocolo do pedido de cancelamento e a ciência daquela decisão. Embargos Acolhidos, Vistos, relatados e discutidos os presente autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, acolher os embargos de declaração, para, no mérito, ratificar o Acórdão embargado, esclarecendo quanto a sua execução, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado, ANA DE BARROS FERNANDES - Presidente I Y/ Y'n it MARIA pE LOURDE)S' RAMIREZ Relatora EDITADO EM: 12 NOV 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Calmem Ferreira Saraiva, Guilherme Pollastri Gomes, Maria de Lourdes Ramirez, André Almeida Blanco, Rogério Garcia Peres e Ana de Barros Fernandes, Relatório Trata-se de embargos de declaração interpostos pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária do Rio de Janeiro — DERAT/RJ, em razão cio surgimento de dúvidas por ocasião da execução do Acórdão n". 3102-00A30, de 27 de março de 2009, prolatado pela 2" Turma Ordinária da 1" Câmara da 1" Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, Histórico, Contra a empresa WEBB NEGÓCIOS S,A, foi lavrado auto de infração que exige o valor de R$ 41,202,63 a título de multa por atraso na entrega da DCTF relativa ao mês de junho/2006 (fis, 32), Cientificada do lançamento a contribuinte apresentou impugnação tempestiva (fis. 01 a 14) na qual alega que teria apresentado tempestivamente, em 12 de setembro de 2006, mas, equivocadamente, DCTF relativa ao primeiro semestre do ano-calendário 2006, quando estava obrigada a apresentação de DCTE mensal em face do faturamento auferido, Ciente do erro cometido teria tentado retificar a DCTF apresentada erroneamente para fazer constar a periodicidade correta mas o sistema gerador e validador do programa DCTF não teria permitido tal alteração, impedido o processamento da declaração retificadora Diante da impossibilidade de retificar a DCTF teria ingressado, em 09/11/2006, com pedido de cancelamento da DCTF entregue equivocadamente, a fim de regularizar sua situação perante a RFB, tendo sido protocolizado o processo n". 10070.001788/2006-03. Observou que o impedimento para retificar a DCTE decorria de vedação constante dos artigos 12, § 8", e 13 da IN SRF 583, de 2005: Art. 12. A alteração das hifOrmações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 8" A retificação de DCTF não será admitida quando resultar em alteração da periodicidade, mensal ou semestral, de declaração anteriormente apresentada. f 2 r\i Processo na 10070.001788/2007-86 si-TE01 Acórdão o " 1801-00274 Fl 2 Art, 13. A DCTF apresentada com periodicidade diversa da primeira declaração entregue relativa ao mesmo ano-calendário não produzirá efeitos. Necessitava, assim, que a RFB promovesse ao cancelamento da DCTF semestral para que procedesse a entrega das DCTF com periodicidade mensal, observando que a vedação expressa na IN SRF n°, 58.3, de 2005, teria sido superada em 14/12/2006 com a edição da IN SRF n°. 695, de 2006, cujo artigo 13 teria corrigido tal equívoco e permitido a retificação quando verificada a hipótese de entrega indevida de DCTF semestral pelas pessoas jurídicas obrigadas à entrega da DCTF mensal: Art. 13.. A DCTF apresentada com periodicidade diversa da primeira declaração entregue relativa ao mesmo ano-calendário não produzirá efeitos, salvo nos casos de entrega indevida da DCTF Semestral por pessoas jurídicas que se enquadrem nas hipóteses de obrigatoriedade de entrega da DCTF Mensal Parágrafo único. Em se tratando de entrega indevida da DCTF Semestral por pessoas ,jurídicas que se enquadrem nas hipóteses de obrigatoriedade de entrega da DCTF Mensal, será devida a multa pelo atraso na entrega das DCTF Mensais relativas ao período considerado. Entende que a modificação trazida pela IN SRF n°. 695, de 2006, seria suficiente para demonstrar o deseabimento da vedação constante da IN SRF n'. 583, de 2005, representando evidente correção normativa de regulamentação anterior. No pedido final constante da peça impugnatória a contribuinte pleiteou altemativarnente: 1) pelo cálculo da multa tendo por termo final de incidência a data da entrega da DCTF semestral, sob a justificativa de que ao entregar tempestivamente a DCTF semestral restaria demonstrado sua disposição em cumprir com suas obrigações perante a RFB, com o fornecimento de todas as informações e dados solicitados, tendo havido apenas erro na periodicidade das informações, o que reduziria a multa para R$ 11.772,18 [(2 meses X 2% = 4%) X R$ 588.609,131; 2) pelo cálculo da multa tendo por termo final a data do protocolo do pedido de cancelamento da DCTF entregue com periodicidade semestral, pois nesse contexto, para regularizar sua situação e entregar as DCTFs mensais, dependeria da vontade da Administração em proceder ao cancelamento da DCTF entregue erroneamente, o que reduziria a multa para R$ 23.544,36 [(4 meses X 2% = 8%) X R$ 588.609,1.31; 3) pela aplicação da retroatividade benigna prevista no artigo 106, II "c" do CTN, do disposto na IN SRF n° 695, de .2006. À fl. 41 consta cópia do DARF de recolhimento no valor de R$ 5.856,09, sob o código 1345. Apreciando o litígio a DRJ no Rio de Janeiro I/RJ01 julgou a exigência procedente, observando que a impugnante não teria contestado estar obrigada a entrega da DCTF mensal e que não haveria autorizarão legislativa que permitisse a aplicação de outra contagem de prazo ou de outro termo final para a incidência da multa aplicada. n\J 3 Cientificada da decisão a interessada interpôs tempestivamente Recurso Voluntário (fis. 50 a 64) no qual reitera as razões de defesa argüidas na impugnação ao lançamento — Recurso n", 142343. Pelo Acórdão n°, 3102,00.130, de 27 de março de 2009, a Turma Ordinária da 1" Câmara da Primeira Seção deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais deu provimento parcial ao recurso da contribuinte, acolhendo parcialmente o pleito e determinando que a multa por atraso fosse calculada tendo por termo final a data do protocolo do pedido de cancelamento da DCIF entregue sob periodicidade semestral, ou seja, 09/11/2006. O Relatar Conselheiro Luciano Lopes de Almeida Moraes entendeu que a contribuinte não poderia ser penalizada pelo atraso na entrega da declaração no período do protocolo do pedido de cancelamento da DCTF semestral até a ciência do deferimento, pois a recorrente, nesse ínterim, estava à mercê da vontade da Administração em solucionar o problema. Ao final do voto o Relatar consignou: Assim, sopesando direitos e deveres da administração e dos administrados, entendo que a melhor solução para o caso é o afastamento da multa por atraso na entrega da DCIF somente para o período entre o protocolo do pedido de cancelamento da DM semestral e o primeiro dia útil seguinte ao da ciência daquela decisão, procedimento necessário para que o contribuinte pudesse sanar sua falha. A recorrente tomou ciência do Acórdão em 28/10/2009, mediante o "Termo de Vista em Processo" de fl., 77, À fi, 82 consta extrato de pesquisa efetuada junto ao sistema interno da RFB denominado "Consulta DCTF", datada de 30/01/2007, que acusa a entrega pela contribuinte, em 12/09/2006, de Dell' relativa ao 1" Semestre/2006, com o statu_s de "original/ativa", e à fl. 83, cópia do despacho exarado no processo ir., 10070,001788/2006-03 (pedido de cancelamento de DCTF) nos seguintes termos: "Encaminhe-se o p.p. à SRRF07/DIVAT (01107020) face as divergências apontadas a seguir: A receita bruta no ano-calendário 2004 é maior que R$ 30.000,00 (lis. 161); No CNN consta como não obrigada a DCIF mensal em 2006, (159/160), A entrega por crio de DM semestral quando estava obrigada a mensal não consta como motivo para cancelamento de DCTF (11,s, 162)." À fl„ 84 consta extrato de pesquisa realizada em 30/01/2007 junto ao sistema interno da RIS denominado "CNPJ-Consulta", na qual consta que no ano-calendário de 2006 a contribuinte não estaria obrigada a entrega da DC:IF mensal, À fl. 85 encontra-se acostada cópia do seguinte despacho exarado em 07/02/2007, pela Divisão de Administração Tributária da 7" RF no processo n". 10070.001788/2006-03 (pedido de cancelamento de DCTF): "Mediante mensagem de correio eletrônico, a Derat/RJO/Dicat informou a esta Divisão que a pessoa jurídica Webb Negócios S.A, CNPJ 02,890.199/0001-04, entregara, por erro, declaração DM semestral, referente ao 1' semestre de 2006, quando estava obrigada à apresentação da DCIF mensal por haver auferido receita 4 j) Processo n" 10070.001788/2007-86 S 1-T E01 Acórdão n " 1801-00274 El 3 bruta superior a R$ 30 milhões no ano-calendário de 2004, e que, através do presente processo, era solicitado o cancelamento daquela declaração. Informou ainda que o programa de cancelamento de DCTF somente permite o cancelamento para declarações até o ano de 2005 e que no sistema não havia opção que atendesse o presente caso. Por fim, foi informado que a pessoa jurídica não consegue apresentar DCTF mensal. A mensagem foi então repassada, também por correio eletrônico, à Coordenação Geral de Administração Tributária (Corat) que prestou orientação no sentido de lhe ser encaminhado o processo para a solicitação ao Serpro da realização de apuração especial para: a) cancelar a DCTF apresentada indevidamente; e, b) alterar a situação da pessoa jurídica no cadastro do CNPJ. Os procedimentos relativos às DCTFs apresentadas indevidamente encontram-se descritos na Norma de Execução Corat 04/2006 e seus arts 2' e 3" atribuem à Divisão de Controle e Acompanhamento Tributário (Dicat) competência para o deferimento do pedido. Considerando que a pessoa jurídica encontra-se sob a jurisdição administrativa da Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária do Rio de Janeiro, conforme extrato de fis. 159, e que não consta nestes autos decisão acerca do Requerimento de fls. 01, proponho o retorno do presente processo à Derat/RJO/Dicat para que se manifeste quanto ao pedido da pessoa jurídica.. Sendo o mesmo deferido, o processo então devera retornar a esta Divisão para posterior envio à Corat." À fi. 86 encontra-se novo extrato de pesquisa efetuada junto ao mesmo sistema "Consulta DCTF", agora datada de 09/03/2007, onde consta que a contribuinte teria apresentado DCTF mensal relativa a todos os meses do ano-calendário 2006, tempestivamente, todas com o status de "original/ativa" e às fls. 87/88, cópia do Despacho que deferiu o cancelamento da DCTF semestral, exarado no processo n°. 10070.001788/2006-03 — pedido de cancelamento de DCTF, datado de 12/03/2007. Finalmente, às fls. 90, encontram-se as razões de embargos de declaração interpostos pela Derat/R.101: "Considerando-se tratar de auto infração de multa por atraso na entrega da DCTF do mês de JUNHO/2006, referente ao tempo decorrido entre o dia 28/02/2007, data em que se considerou entregue a DCTF — e o dia 07/08/2006 - prazo final para a entrega da DCTF do mês em questão; Considerando-se que houve solicitação de cancelamento da DCTF semestral apresentada, em 09/11/2006, através do processo n", 10070.001788/2006-03, diante da impossibilidade de corrigir seu equívoco de forma espontânea, com a apresentação das DCTF para cada um dos meses do ano de 2006 (fis, 36/.37); Considerando-se que o entendimento da interessada é de que o termo final de incidência da multa por atraso na entrega da DCTF deveria ser a data da entrega da DCTF semestral — 12/09/2006 — eis que a referida DCTF trazia todas as informações necessárias à verificação do adimplemento das obrigações tributárias, devendo o auto de infração ser parcialmente cancelado (fls. 02/03); Considerando o DARF recolhido em 17/10/2007, no valor de R$ 5.886,09 a título de multa pelo atraso na entrega da DCTF (fls. 81); 5 ( Considerando a decisão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Terceira Seção de Julgamento, formalizada no Acórdão 3102-00.130, de 27/03/2009 (fls 68/75), que deu provimento parcial ao recurso, no sentido do 'afastamento da multa por atraso na entrega da DCTF somente para o período entre o protocolo do pedido de cancelamento da DCTF semestral e o primeiro dia útil seguinte ao da ciência daquela decisão, procedimento necessário para que o contribuinte pudesse sanar sua falha'; Considerando-se que ao buscar no processo n". 10070.001788/2006-03 a informação referente a data da ciência da decisão que cancelou a DCTF, pode-se constar os seguintes fatos: encontra-se acostado ao processo extrato do sistema de controle de entrega de DCIF 'Consulta à Declaração — Relação de Declarações', datado de 30101/2007, onde consta o registro de entrega da DCTF semestral em 02/09/2006, referente ao período de 01/01/2006 a 30/06/2006, com o status de 'original/ativa' (fls. 82); 2. a DERAT/DICAT/RJ, setor responsável pela análise do pleito de cancelamento da DCIF semestral, encaminhou questionamento à Superintendência da 7" RI ; informando, dentre outras questões, as seguintes divergências: (, ) No CNP] consta como não obrigada à DCTF mensal em 2006, (.. ). A entrega por erro de DCTF semestral quando estava obrigada a mensal não consta como motivo para cancelamento da DCTF' (fls. 83/84); 3. a Superintendência repassou o questionamento à Coordenação Geral de Administração Tributária (Corat) que prestou orientação no sentido do processo ser encaminhado ao Serpro para realização de apuração especial para: a) cancelar a DCTF apresentada indevidamente; e b) alterar a situação da pessoa jurídica no cadastro CNN (fls. 82); 4. encontra-se acostado ao processo novo extrato do sistema de controle de entrega de DCTF 'Consulta à Declaração — Relação de Declarações', desta vez 09/03/2007 onde não mais consta o registro de entrega de DCIF semestral em 2006, havendo o registro de entrega das DCTF relativas aos meses de janeiro a dezembro de 2006, com o status 'Original/Ativa', todas com data de entrega dentro do prazo legal, nos termos da IN SIZE 482, de 21/12/2004 (fls. 83); 5.. o pleito de cancelamento da DCIF semestral foi deferido em 12/03/2007 (fls.. 85/86), com ciência ao interessado em 23/03/2007, uma sexta-feira (fls. 87), sendo informado no despacho de deferimento que 'mediante apuração especial esta DCTF já foi cancelada e (...) já foi regularizada a entrega das DCIF de 2006 e no cadastro CNPJ consta como obrigada a entrega da DCTF mensal'; Considerando o fato novo não apreciado, à época, pelo E, Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Terceira Seção de Julgamento, qual seja, a regularização da entrega das DCIF mensais do ano de 2006 mediante apuração especial pelo Serpro, suscitando dúvida na execução do Acórdão 3102-00,130; 6 Processo n" 10070001788/2007-86 S1-TE01 Acórdão r.° 1801-00274 Fl 4 Proponho a restituição do processo ao CARF — Terceira Seção de Julgamento, a título de embargos de declaração, para apreciação da questão apontada." É o relatório. Voto Conselheiro MARIA DE LOURDES RAMIREZ PRELIMINARMENTE 1 Cabimento dos Embargos É procedente a dúvida do embargante, órgão responsável pelo cumprimento do Acórdão n". 3102-00,130, de 27 de março de 2009, da 2' Tunna Ordinária da 1 Câmara da 1a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — CARF, Isto porque a própria administração tributária parece demonstrar mudança no entendimento sobre a aplicação da multa por atraso na entrega de DCTF no presente caso. Depois de exaustivamente discutida a procedência da incidência da multa e os critérios para cálculo da penalidade nas esferas administrativas de julgamento, com ciência da contribuinte a respeito do decidido pelo CARF, os órgãos centrais da RFB, encarregados de gerir os bancos de dados internos da RFB, modificaram, da noite para o dia, as informações a respeito das condições de entrega da DCTF da contribuinte. Assim, em 30/01/2007, os sistemas internos acusavam que a contribuinte havia procedido à entrega, em 12/09/2006, da DCTF relativa ao 1° semestre de 2006, o que automaticamente geraria a cobrança de multa por falta ou atraso na entrega da DCTF mensal pois, de acordo com os mesmos sistemas internos a pessoa ,jurídica estaria obrigada à apresentação da DCTF mensal, no ano-calendário 2006, uma vez que sua receita bruta teria ultrapassado 30 milhões no ano-calendário 2004. Já, em 09/03/2007, os mesmos sistemas internos demonstravam que a contribuinte estava com sua situação regular, pois teria apresentado tempestivamente todas as DCTF mensais relativas ao ano-calendário 2006, tendo desaparecido por completo a infração caracterizada pelo atraso na entrega da DCTF, que pudesse ensejar a cobrança da respectiva multa. Diante do confuso quadro que se instaurou, acolho os embargos e passo a decidir o caso, no mérito, 2 Voto MÉRITO 7 Quando a empresa contribuinte procedeu à entrega da DCTF relativa ao I" semestre do ano-calendário 2006 estavam em vigor as disposições da IN SRF rf. 583, de 2005, que não permitia a retificação da DCTF" com o objetivo de mudar a periodicidade de apresentação da declaração e tornando sem efeito jurídico qualquer retificação porventura feita nessas condições.. Estas são as disposições da IN SRF n". 58.3, de 2005: Art. 2" As pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, as imunes e as isentas, deverão apresentar, de forma centralizada, pela matriz- 1 - mensalmente, a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Mensal (DCTF Mensal), observado o disposto no art. 3",. ou II - semestralmente, a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Semestral (DCTF Semestral), observado o disposto no art 4" Art. 3" Ficam obrigadas à apresentação da DCIF Mensal as pessoas jurídicas: 1 - cuja receita bruta auferida no segundo ano-calendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), ou II - cujo somatório dos débitos declarados nas DCTF relativas ao segundo ano-calendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a R$ 3.000.000,00 (três milhões de reais). § .I" Permanecem obrigadas à apresentação da DCTF Mensal no ano-calendário de 2006 as pessoas /w-ídicas que estavam obrigadas a sua apresentação no ano-calendário de 2005, em decorrência de seu enquadramento nos parâmetros de receita bruta auferida ou de débitos declarados 3" Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, Ari, 4" As pessoas jurídicas não enquadradas no disposto no art. 3" deverão apresentar a DCI'F Semestral Art. 8" As pessoas jurídicas deverão apresentar 1 - DCTF Mensal até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores; ou - DCTF Semestral: a) até o quinto dia útil do mês de outubro, no caso de DCTF relativa ao primeiro semestre do ano-calendário, e 8 Processo n" W070 001788/2007-86 SI-TE01 Acórdzio n." 1801-00.274 Fl. 5 b) até o quinto dia útil do mês de abril, no caso de DCTF relativa ao segundo semestre do ano-calendário anterior Art. 10, A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DCTF no prazo .fixado ou que a apresentai- com incorreções ou omissões será intimada a apresentar declaração original, no caso de não- apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á às seguintes multas: 1 - de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos impostos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega dessa declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no § 3", - de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas. § 1" Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso 1 do capta, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não- apresentação, a data da lavratura do auto de infração § 2" Observado o disposto no § 3", as multas serão reduzidas: 1 - em cinqüenta por cento, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de oficio,- II - em 25 %, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3" A multa mínima a ser aplicada será de: 1 - R$ 200,00 (duzentas reais), tratando-se de pessoa jurídica inativa; II - R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Art. 12, A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF mtilicadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 8" A retcação de DCTF não será admitida quando resultar em alteração da periodicidade, mensal ou semestral, de declaração anteriormente apresentada. Art. 13. A DCTF apresentada com periodicidade diversa da primeira declaração entregue relativa ao mesmo ano- calendário não produzirá efeitos. 9 Art. 14. Esta Instrução Normativa entra em vigor em 1" de Janeiro de 2006 Tais disposições, entretanto, não representaram inovação ou modificação no entendimento da Administração Tributária pois há haviam sido expressas na IN SRF" n", 482, em vigor desde 24/12/2004, como se verifica da transcrição abaixo: Art. 1" As normas disciplinadoras da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) são as estabelecidas por esta Instrução Normativa, Art. 2" A partir do ano-calendário de 2005, deverão apresentar, mensalmente, a DCTF, de forma centralizada, pela matriz, as pessoas jurídicas em geral, inclusive as equiparadas, imunes e isentas.. I - cuja receita bruta auferida no segundo ano-calendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a 30 (trinta) milhões de reais; ou II - cujo somatório dos débitos declarados nas DCTF relativas. ao segundo ano-calendário anterior ao período correspondente à DCTF a ser apresentada tenha sido superior a 3 (três) milhões de reais. § ["As pessoas jurídicas não enquadradas no caput deste artigo poderão optar pela entrega mensal das DCTF, 2°A opção referida no 1" será exercida mediante entrega da DCTF relativa ao mês de . janeiro, sendo definitiva e irretratável por todo o ano-calendário § 3" Entende-se por receita bruta a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a classificação contábil adotada para as receitas, conforme o disposto no § 1" do art. .3" da Lei n" 9.718, de 27 de novembro de 1998 Art. 3" As demais pessoas jurídicas deverão apresentar, semestralmente, a DCTF, de forma centralizada, pela matriz Art. 6"A DCTF será apresentada. 1 - pelas pessoas jurídicas de que trata o art. 2", até o quinto dia útil do segundo mês subseqüente ao mês de ocorrência dos fatos geradores,- II - pelas demais pessoas jurídicas: a) até o quinto dia útil do mês de outubro de cada ano- calendário, no caso de DCTF relativa ao primeiro semestre, e b) até o quinto dia útil do mês de abril de cada ano-calendário, no caso de DCTF relativa ao segundo semestre do ano- calendário anterior. 10 Processo n" 10070 001788/2007-86 SI-TE01 Accil dão ri " 1801-00.274 El 6 Art. 8' O sujeito passivo que deixar de apresentar a DCTF nos prazos fixados ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentar declaração original, no caso de não- apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos dentais casos, no prazo estipulado pela SRF, e .sujeitar-se-á às seguintes multas: 1 - de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no esç II - de R$ .20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omitidas § I" Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso I do capta, será considerado conto termo inicial o dia seguinte ao término do prazo originahnente fixado para a entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não-apresentação, a data da lavratura do auto de infração. § 2" Observado o disposto no § 3 0, as multas serão reduzidas: 1- em cinqüenta por cento, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício,' II - em vinte e cinco por cento, se houver a apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. Art. 10. Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 6" A retificação da DCTF não será admitida com o objetivo de alterar a periodicidade, mensal ou semestral, de declaração anteriormente apresentada. Art. 11. A DCTF apresentada COM periodicidade diversa da primeira declaração entregue relativa ao /nesmo ano- calendário não produzirá efeitos Não se pode, assim, admitir que houvesse desconhecimento, por parte da contribuinte, a respeito da obrigatoriedade e das condições para a entrega das DCTF relativas ao ano-calendário de 2006. Mas a interessada em momento algum faz tal alegação. 11 Também não se admite o argumento de que a IN SRF n", 583, de 2005, tivesse sido editada com erro ou lacuna. Como vimos, as disposições da IN SRF n". 583, de 2005, já haviam sido previstas na IN SRF n"„ 482, de 2004. Em verdade, a Administração Tributária modificou os critérios jurídicos da multa por atraso na entrega da DM, mas o fez somente com a edição da IN SRF tf. 695, de 2006, ao atribuir efeitos jurídicos às DCTF semestrais apresentadas, indevidamente, por pessoas jurídicas obrigadas à entrega de DCTF mensais, como se verifica do seguinte dispositivo: Ari 13 A DCTF apresentada com periodicidade diversa da primeira declaração entregue relativa ao mesmo ano-calendário não produzirá efeitos, salvo nos casos de entrega indevida da DCTF Semestral por pessoas jurídicas que se enquadrem nas hipóteses de obrigatoriedade de entrega da DCTF Mensal, Parágrafo único. Em se tratando de entrega indevida da DCTF Semestral por pessoas jurídicas que se enquadrem nas hipóteses de obrigatoriedade de entrega da DCTF Mensal, será devida a multa pelo atraso na entrega das DCTF Mensais relativas . ao período considerado Note-se, porém, que a IN SRF 695, de 2006, determina a aplicação de multa por atraso na entrega da DCTF, mesmo nos casos de entrega indevida da DOTE semestral no lugar da mensal. Conclui-se, portanto, que a incidência da multa por atraso na entrega da DCTF é devida em todo e qualquer caso em que se verifique atraso na entrega. A diferença entre as IN SRF n's 482, de 2004, e 583, de 2005 e a IN SRF 695, de 2006, reside nos critérios jurídicos adotados pela administração no que respeita à atribuição de efeitos jurídicos à DCIT semestral erroneamente apresentada pelas pessoas jurídicas obrigadas à apresentação da DCIF mensal. Assim, até dezembro de 2006, a DCTF semestral apresentada - dentro do prazo legal para apresentação da DCTF semestral - erroneamente pelas pessoas jurídicas obrigadas à apresentação da DCTF mensal, não possuía qualquer efeito. Não existia para o mundo jurídico. Equivalia a uma não apresentação de DCTF. Nesses casos, haveria a incidência da multa por atraso na entrega da DCTF que teria corno termo final, para fins de cálculo, a data da efetiva entrega da correta DCTF mensal, desprezando-se a data da entrega da DM' apresentada com periodicidade semestral. A partir de dezembro de 2006, a DCTF apresentada nessas condições passou a possuir efeitos jurídicos, dentre esses, o efeito da apresentação, intempestiva, da DCTF. Assim, o termo final da incidência da multa por atraso passou a ser a data da apresentação da DCTF semestral, erroneamente apresentada. O problema, no presente caso, residia na impossibilidade de apresentação da nova DCTF, sob a periodicidade mensal, enquanto estivesse ativa, nos sistemas de dados internos da RFB, a DCTF apresentada erroneamente sob a periodicidade semestral, já que era impossível, tanto do ponto de vista prático quanto sob o enfoque legal, a retificação da DM para mudança de periodicidade. Ressalte-se, uma vez mais, que a contribuinte em nenhum momento questionou a aplicação da penalidade. Ao contrário. Em suas razões de defesa admite que procedeu erroneamente à entrega da DCTF semestral quando era obrigada à apresentação da 12 MARIA 'DE ( Processo n" I 0070 001788/2007-86 Acórdão n " 1801-00274 SI-TE01 Fl 7 DCTF mensal, Tanto concorda com a imposição de penalidade, que efetuou o recolhimento da multa no valor de R$ 5,856,09 corno se verifica do comprovante de recolhimento de fl. 41, A contribuinte insurgiu-se, com razão, contra os critérios jurídicos adotados pela Administração Tributária para cálculo dessa penalidade. Nesse contexto, as normas legais em vigor determinavam como termo final para incidência da multa a data da apresentação da DCTF mensal. Mas tal termo final ficava totalmente condicionado à disposição da Administração Tributária em promover o cancelamento da DCTF semestral apresentada, já que os sistemas internos não permitiam a apresentação da nova DCTF mensal„ E não se pode admitir que o contribuinte seja penalizado pela inércia da Administração Tributária. Veja-se que a lacuna ou erro porventura existente não residia na letra da lei e sim nos trâmites administrativos internos da RFB que não disponibilizavam, à contribuinte, ferramentas para que esta procedesse à correção de sua situação, nos termos da lei. Nesse contexto, este órgão colegiado acatou o próprio pedido da interessada, em sede de litígio administrativo devidamente instaurado, e determinou que o termo final da multa por atraso na entrega da DCTF recaísse na data do protocolo do pedido de cancelamento da DCTF semestral apresentada erroneamente. Por todo o exposto voto no sentido acolher os embargos de declaração e, no mérito, confirmar a decisão proferida no Acórdão d. 3102-00,130, de 27 de março de 2009, da 2" Turma Ordinária da 1 a Câmara da 1" Seção de Julgamento do CARF, devendo a multa por atraso na entrega da DCTF relativa ao mês de junho de 2006 ser calculada tendo corno termo final o dia 09/11/2006, data de protocolo do pedido de cancelamento da DCTF semestral erroneamente apresentada pela contribuinte. /ti, 3 LOURDU RAMIREZ - Relatora 91— 13
score : 1.0
Numero do processo: 19515.721887/2013-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE ANÁLISE DO MÉRITO NA DECISÃO DA DRJ ACERCA DE LANÇAMENTO BASEADO EM PARECER DA PGFN. REJEIÇÃO.
Rejeita-se a preliminar levantada em face da demonstração, no voto da Delegacia de Julgamento, de que o ponto foi analisado e considerado que o lançamento baseou-se na decisão concentrada do STF e na mudança da legislação, não apenas no Parecer da PGFN.
PRELIMINAR. RECURSO REPETITIVO DO STJ. IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DA COISA JULGADA EM RELAÇÃO A ATOS PRETÉRITOS. NÃO APLICAÇÃO AO CASO CONCRETO.
Rejeita-se a preliminar que suscita a aplicação de recurso repetitivo do STJ no caso concreto ao se constatar que aquele repetitivo impede a aplicação da modificação da coisa julgada em caso de ação de execução de débito de 1991 alcançado pela coisa julgada material e não atingido pelas mudanças legislativas posteriores, como ocorrido no presente caso.
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG.
Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), deve-se cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação.
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS.
Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 152/ DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia.
INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE.
A incidência de juros sobre a multa de ofício encontra amparo nas normas dos arts. 43 e 61, § 3º da Lei nº 9.430/96.
Numero da decisão: 1401-002.045
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201708
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2009 PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE ANÁLISE DO MÉRITO NA DECISÃO DA DRJ ACERCA DE LANÇAMENTO BASEADO EM PARECER DA PGFN. REJEIÇÃO. Rejeita-se a preliminar levantada em face da demonstração, no voto da Delegacia de Julgamento, de que o ponto foi analisado e considerado que o lançamento baseou-se na decisão concentrada do STF e na mudança da legislação, não apenas no Parecer da PGFN. PRELIMINAR. RECURSO REPETITIVO DO STJ. IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DA COISA JULGADA EM RELAÇÃO A ATOS PRETÉRITOS. NÃO APLICAÇÃO AO CASO CONCRETO. Rejeita-se a preliminar que suscita a aplicação de recurso repetitivo do STJ no caso concreto ao se constatar que aquele repetitivo impede a aplicação da modificação da coisa julgada em caso de ação de execução de débito de 1991 alcançado pela coisa julgada material e não atingido pelas mudanças legislativas posteriores, como ocorrido no presente caso. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG. Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), deve-se cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 152/ DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia. INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A incidência de juros sobre a multa de ofício encontra amparo nas normas dos arts. 43 e 61, § 3º da Lei nº 9.430/96.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Oct 16 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19515.721887/2013-24
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5787766
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1401-002.045
nome_arquivo_s : Decisao_19515721887201324.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
nome_arquivo_pdf_s : 19515721887201324_5787766.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
dt_sessao_tdt : Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
id : 6981814
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467406516224
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 38; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2119; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 702 1 701 S1C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.721887/201324 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1401002.045 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 16 de agosto de 2017 Matéria CSLL Erro de Apuração Recorrente COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUICAO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 PRELIMINAR. AUSÊNCIA DE ANÁLISE DO MÉRITO NA DECISÃO DA DRJ ACERCA DE LANÇAMENTO BASEADO EM PARECER DA PGFN. REJEIÇÃO. Rejeitase a preliminar levantada em face da demonstração, no voto da Delegacia de Julgamento, de que o ponto foi analisado e considerado que o lançamento baseouse na decisão concentrada do STF e na mudança da legislação, não apenas no Parecer da PGFN. PRELIMINAR. RECURSO REPETITIVO DO STJ. IMPOSSIBILIDADE DE MODIFICAÇÃO DA COISA JULGADA EM RELAÇÃO A ATOS PRETÉRITOS. NÃO APLICAÇÃO AO CASO CONCRETO. Rejeitase a preliminar que suscita a aplicação de recurso repetitivo do STJ no caso concreto ao se constatar que aquele repetitivo impede a aplicação da modificação da coisa julgada em caso de ação de execução de débito de 1991 alcançado pela coisa julgada material e não atingido pelas mudanças legislativas posteriores, como ocorrido no presente caso. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. APLICAÇÃO DO DECIDIDO NO RESP Nº 1.118.893/MG. Ainda que as decisões do STJ exaradas sob o regime do art. 543C do CPC (recursos repetitivos) devam ser reproduzidas no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, ao se aplicar o decidido por aquela Corte na verificação dos efeitos de decisões judiciais transitadas em julgado que declararam inconstitucional a Lei nº 7.689, de 1988 (REsp nº 1.118.893/MG), devese cotejar as circunstâncias jurídicas e fáticas que envolvem o caso concreto e a decisão transitada em julgado com os limites do decidido no recurso especial AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 18 87 /2 01 3- 24 Fl. 702DF CARF MF 2 em tela. Discrepâncias normativas e de precedentes demonstram que a hipótese não se subsume ao repetitivo, e justificam a sua não aplicação. INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI Nº 7.689, DE 1988. EFEITOS PROSPECTIVOS DA COISA JULGADA. ALTERAÇÃO DAS CIRCUNSTÂNCIAS JURÍDICAS. Os precedentes dos RE nº 146.733/SP e nº 138.284/CE, posteriormente confirmados no julgamento da ADI nº 152/ DF, possuem força para, com o seu advento, impactar ou alterar o sistema jurídico vigente ao tempo da prolação de decisão judicial, transitada em julgado, que declarou a inconstitucionalidade da Lei nº 7.689, de 1988, fazendo cessar automaticamente sua eficácia. INCIDÊNCIA DE JUROS SELIC SOBRE A MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. A incidência de juros sobre a multa de ofício encontra amparo nas normas dos arts. 43 e 61, § 3º da Lei nº 9.430/96. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Vencidos os Conselheiros Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Daniel Ribeiro Silva e José Roberto Adelino da Silva. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcângelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Lívia De Carli Germano, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relatório Iniciemos com a transcrição do relatório da Delegacia de Julgamento que é bastante detalhado. I – DO LANÇAMENTO Fl. 703DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 703 3 Tratase de auto de infração de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, referente ao anocalendário de 2009, com os lançamentos discriminados no quadro 1 a seguir (principal, multa e juros, calculados até 07.2013). II– DAS INFRAÇÕES LANÇADAS 2. A Empresa foi autuada pelas seguintes infrações à legislação tributária, a saber: 2.1 – FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL .....no contexto dos procedimentos de revisão eletrônica da Declaração de Informações EconômicoFiscais relativa ao anocalendário de 2009 DIPJ/2010 n° 753284 da empresa de Razão Social COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO CNPJ: 47.508.411/000156, foram constatadas divergências entre os valores declarados e recolhidos a título de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e os calculados com base na legislação em vigor e/ou informados pelo sujeito passivo acima especificado na D1PJ em tela, conforme abaixo especificado: l. O valor informado em DIPJ na Ficha 17 Linha 1 referente à "Cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido", encontrase ZERADO. .................................................................................................................................. O contribuinte atendeu à intimação e apresentou a toda documentação solicitada, inclusive quanto às ações judiciais apresentou os seguintes documentos: cópia da petição inicial, cópia da decisão favorável relativa ao processo n° 90.00049326, cópia da contestação por parte da união (recurso) em relação ao mesmo processo, cópia do acórdão referente à contestação apresentada e confirmação do novo número atribuído à medida judicial onde consta o número original (n° 90.00049326) e o novo número (n° 000487752.1990.4.01.3400). Notamos a ausência de registros referentes à apuração da CSLL em seu LALUR 2009. Analisando os elementos apresentados, verificamos que a empresa vislumbrando ilegalidades no processo de produção da Lei n° 7.689/88, ingressou, em junho de 1990, com ação declaratória, distribuída sob o n° 90.49326, que tramitou perante a 6a Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, por meio da qual pleiteou "a declaração de inexistência da relação jurídica entre as partes, no que concerne à exigência de pagar a Contribuição Social sobre o Lucro, cuja inconstitucionalidade é manifesta, ou, se assim não entender, que a majoração pretendida pela Lei n° 7856/89, somente é devida sobre fatos jurídicos acontecidos a partir de janeiro de 1990, quando passou a produzir efeitos". Após o regular processamento do feito, foi proferida, nos autos da referida ação, sentença, a qual declarou "a inexistência de relação jurídica entre as autoras e a União, no que tange à Fl. 704DF CARF MF 4 exigência de pagar a Contribuição Social, instituída pela Lei n° 7.689/88, por sua manifesta inconstitucionalidade. A decisão judicial indicada pelo contribuinte apreciou especificamente a Lei n° 7.689/88, porém houve alteração na legislação cuja inconstitucionalidade o contribuinte sustenta ser coisa julgada a seu favor, pela qual pretende ad eternum ser liberado do recolhimento da contribuição social. Portanto, a questão que se coloca é a imutabilidade da coisa julgada em face de legislação superveniente e da manifestação do STF acerca da regra tributária, albergada pela decisão judicial transitada em julgado, julgada inconstitucional a quo, cujo entendimento é alterado (ou não) em sede de ADI. Estes incidentes foram superados pelo Plenário do STF, que em sede de julgamento da ADI 15, reconheceu a Constitucionalidade da Lei n° 7.689 de 15/12/88, afastandoa apenas para os artigos 8o e 9o , conforme abaixo: Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, conheceu da ação direta e julgoua parcialmente procedente para declarar a inconstitucionalidade dos artigos 8o e 9o da Lei n " 7.689, de 15 de dezembro de 1988, julgando, no mais, improcedentes os pedidos formulados. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Senhor Ministro Joaquim Barbosa e a Senhora Ministra Cármen Lúcia e, neste julgamento, a Senhora Ministra Eilen Gracie (Presidente). Presidiu o julgamento o Senhor Ministro Gilmar Mendes (VicePresidente). Plenário, 14.06.2007. O ProcuradorGeral da Fazenda Nacional em 30 de março de 2011 editou o PARECER PGFN/CRJ/N° 492/2011 (publicado no DOU em 26/05/2011), versando sobre o assunto, onde destacamos o seguintes tópicos: "...Ocorre que a imutabilidade e a eficácia vinculante da decisão transitada em julgado apenas recairá sobre os desdobramentos futuros da declaração, nela contida, de existência ou inexistência da relação jurídica de direito material sucessiva deduzida em juízo, se e enquanto permanecerem inalterados os suportes fático e jurídico existentes ao tempo da sua prolação, ou seja, se e enquanto continuarem ocorrendo aqueles mesmos fatos e continuar a incidir (ou a não incidir) aquela mesma norma sob os quais o juízo de certeza se formou. Alteradas as circunstâncias fáticas ou jurídicas existentes à época da prolação da decisão, o que se faz possível em face da natureza conhecidamente dinâmica dos fatos e do direito, essa decisão naturalmente deixa de produzir efeitos vinculantes, dali para frente; tratase da cláusula rebus sic stantibus subjacente às sentenças em geral, com especial destaque àquelas que se voltam à disciplina de relações jurídicas de trato continuado..." "...Mas a alteração legislativa não é a única mudança no suporte jurídico existente ao tempo da prolação da decisão tributária passada em julgado que, por fazer surgir uma relação jurídica tributária diversa da nela apreciada, mostrase capaz de fazer cessar a sua eficácia vinculante, para o futuro: conforme restará demonstrado no tópico a seguir, a consolidação da jurisprudência do STF em sentido diverso daquele sufragado na decisão tributária transitada em julgado também representa, em determinadas hipóteses, significativa alteração do suporte jurídico sob o qual o juízo de certeza nela contido se formou, e, assim, revelase capaz de fazer cessar a eficácia vinculante dele emanada. b) O advento de precedente objetivo e definitivo do STF em sentido diverso do sufragado em anterior decisão tributária transitada em julgado representa circunstância jurídica nova e Fl. 705DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 704 5 faz cessar a sua eficácia vinculante b.l) A jurisprudência do Plenário do STF, em controle concentrado ou, em algumas hipóteses, difuso de constitucionalidade, possui força para impactar ou alterar o sistema jurídico vigente " Diante do exposto concluímos que o contribuinte não pode ser valer de uma decisão transitada em julgado, em Acórdão proferido pelo TRF Ia Região, reconhecendo a inconstitucionalidade in totum da Lei n° 7.689, de 1.988, cuja decisão foi superada sucessivamente por decisões proferidas pelo STF (órgão maior que é o guardião da Constituição Federal). Em decorrência do exposto acima, estamos procedendo ao lançamento de ofício das importâncias devidas a titulo de CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, que não foi recolhida e nem declarado em DCTF. ................................................................................................................................... III DA IMPUGNAÇÃO 3 Em 01/10/2013, a Empresa apresentou impugnação ao Auto de infração (fls. 358/390), e alega em síntese: Do Entendimento Pacificado no STJ sobre o Trânsito em Julgado da CSLL Recurso Repetitivo Conforme já mencionado anteriormente, o ponto nuclear da discussão estabelecida nos autos do presente processo administrativo reside na análise da extensão dos efeitos da decisão transitada em julgado favoravelmente à Impugnante, na qual restou decidido ser inexistente a relação jurídicotributária entre ela e a União no que tange à CSLL instituída pela Lei n° 7.689/88. ................................................................................................................................... no momento em que transitou em julgado a decisão favorável à Impugnante nos autos da Ação Declaratória n° 90.00049326, restou estabelecida, direta e decisivamente, a conduta a ser por ela seguida, em norma individual e concreta estabelecida pelo TRF da Ia Região Fiscal, e, como decorrência, jamais a Impugnante poderia ser punida por estar cumprindo uma decisão judicial. ................................................................................................................................... Resta evidente, portanto, que esta decisão, que como já se afirmou, já possui formalização de trânsito em julgado, reconheceu a inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/88 e, portanto, reconheceu e garantiu diretamente à Impugnante, mediante a emissão de norma individual e concreta, o seu direito de não se submeter ao recolhimento da CSLL nos termos de referida legislação. Assim, diante da existência de norma individual e concreta, decorrente de decisão judicial proferida especificamente para orientar e regular a conduta da Impugnante no que se refere à CSLL, bem como diante do fato de que essa decisão transitou em julgado, resta evidente que o entendimento do Sr. I. Auditor Fiscal no presente caso não está em sintonia com interpretação pacificada pelo STJ, nem tampouco com a decisão definitiva proferida pelo TRF de modo específico e individual, devendo esta E. Turma Julgadora cancelar a presente autuação, em obediência à coisa julgada e à segurança jurídica. De fato, é necessário destacar que na sessão de julgamento realizada dia 23/03/2011, a Ia Seção do Superior Tribunal de Justiça reconheceu a ilegalidade da cobrança de CSLL em Fl. 706DF CARF MF 6 face dos contribuintes que obtiveram decisões transitadas em julgado, nas quais tenha havido o reconhecimento da inconstitucionalidade material da Lei n° 7.689, de 1988. ................................................................................................................................... Frisese, outrossim, que a decisão mencionada transitou em julgado em 09/05/11 e a matéria julgada foi tratada em sede do rito dos recursos repetitivos (artigo 543 C do CPC2 ) cujo entendimento deve ser aplicado aos demais casos análogos. Ou seja, verificase que o Superior Tribunal de Justiça, ao analisar matéria idêntica à tratada no presente processo administrativo, reconheceu os limites materiais e temporais da coisa julgada, tendo decidido, por unanimidade de votos, que as alterações legislativas posteriores à Lei n° 7.689/88 referentes à CSLL não alteraram todos os critérios da regramatriz de incidência tributária, razão pela qual, ao contrário do entendimento manifestado pelo Sr. Agente Fiscal, os efeitos da declaração de inexistência de relação jurídico tributária subsistem até a presente data para o contribuinte que tem decisão judicial transitada em julgado nesse sentido, como é o caso da Impugnante. ................................................................................................................................... Concluise, portanto, de acordo com a decisão acima citada, a conclusão adotada pelo Sr. Agente Fiscal está em claro desacordo com o que vem decidindo o Superior Tribunal de Justiça sobre o tema, já que este C. Tribunal, ao contrário do Sr. Agente Fiscal, manifestase no sentido de que não se poderia exigir a CSLL de contribuinte que possui decisão definitiva afastando a aplicação da lei n° 7.689/88 em razão de sua inconstitucionalidade. Sendo assim, em linha com o entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça, requer se que seja cancelada a autuação ora impugnada reconhecendose a impossibilidade de se exigir CSLL da Impugnante, em atendimento à decisão proferida nos autos da ação ordinária 90.00049326. Da Aplicação do Artigo 62A do Regimento Interno do CARF – Recentes Precedentes Nesse cenário, havendo decisão de mérito proferida pelo STJ sobre a questão ora discutida, não se pode olvidar posicionamento manifestado pelo E. Conselho Administrativo, determinando, em casos como o que se analisa no presente processo administrativo, a aplicação do que dispõe o artigo 62A do Regimento Interno do CARF. Confirase: "Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543 B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF." Ressaltese,inclusive, que a aplicação do entendimento acima exarado, por imposição do artigo 62A, já tem sido prática costumeira pelos I. Conselheiros das Turmas do E.CARF, conforme se verifica dos acórdãos recentemente publicados....... ................................................................................................................................... Portanto, considerando que a Impugnante tem, a seu favor, decisão judicial transitada em julgado, que determina expressamente a inexistência de relação jurídica entre ela e a União no que tange ao recolhimento da CSLL nos termos da Lei n° 7.689/88, e que o STJ já se manifestou no sentido de que, ainda que sobrevenham decisões do STF contrárias à referida decisão, não se pode negar a coisa julgada, requerse que esta C. Turma Julgadora, diante do disposto no artigo 62A do Regimento Interno do CARF, determine o cancelamento do auto de infração lavrado para exigência da CSLL, objeto do presente processo administrativo. Fl. 707DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 705 7 Da Impossibilidade de Motivar a Autuação Fiscal ora Combatida no Parecer PGFN n° 492/2011 Direito de Lançamento Exclusivamente em Relação a Fatos Geradores Ocorridos Após 07 de Fevereiro de 2011 .......Nos termos do entendimento manifestado pelo Sr. Agente Fiscal no TVF que o auto de infração ora combatido, não haveria que se falar em mutabilidade da coisa julgada em direito tributário na hipótese de superveniência de decisão contrário do Plenário do STF. Para fundamentar seu posicionamento, o Sr. Agente Fiscal valeuse da interpretação formalizada pela d. Procuradoria da Fazenda Nacional no Parecer P G F N / C R J / N 492/2011, conforme se verifica na transcrição apontada às fls. 03 da presente impugnação. Ocorre que, ao sim proceder, a d. Fiscalização deixou de se atentar para o fato de que o Parecer P G N F / C R J / N 0 492/2011 expressamente limita o direito de cobrança, pelo Fisco, do tributo relativo a fatos geradores praticados exclusivamente a partir de 26 de maio de 2011, data de publicação do referido Parecer, em respeito ao disposto no artigo 146 do CTN,.......... ................................................................................................................................... Com efeito, a inteligência manifesta no indigitado Parecer n° 492/2011 leva à impossibilidade de cobrança da CSLL em relação a fatos geradores anteriores à sua publicação, devendose, portanto, ser obedecida a decisão judicial transitada em julgado, em respeito ao princípio da não surpresa e segurança jurídica e à norma contida no já citado artigo 146 do Código Tributário Nacional, que regulamenta os efeitos das alterações de critérios jurídicos no exercício dos lançamentos. Verificase, portanto, que, com base no que determina o próprio Parecer PGFN 492/2011, a declaração de constitucionalidade da Lei n° 7689/88, prolatada pelo Supremo Tribunal Federal, nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 15, transitada em julgado em 17/09/2007, somente legitimaria a cobrança de tributo decorrente da pratica de fatos geradores ocorridos a partir de 26 de maio de 2011 data da publicação do Parecer. Portanto, o que se vislumbra no presente caso, é uma tentativa do Fisco de exigir tributo não devido pela Impugnante, tendo em vista o reconhecimento judicial definitivo e transitado em julgado, baseandose, para tanto, em suposta alteração de circunstâncias jurídicas que em nenhum momento ocorreram. .................................................................................................................................. Da Inexistência de Relação Jurídico Tributária entre a Impugnante e a União em decorrência da Lei n° 7.689/88 ................................................................................................................................... .......conforme relatado anteriormente e reconhecido pelo Sr. Agente Fiscal no TVF que acompanha o auto de infração, em 25 de junho de 1990, a Impugnante propôs Ação Ordinária Declaratória de Inexistência de Relação JurídicoTributária(n° 90.00049366) em face da União, no que concerne à exigência de pagar a CSLL, evidenciando, para tanto, a inconstitucionalidade da Lei n° 7.689/88. A referida ação foi julgada procedente nos seguintes termos: “Isto posto, julgo procedente a presente ação e declaro a inexistência de relação jurídica entre as autoras e a União Federal, no que tange à exigência de pagar a Contribuição Social, instituída pela Lei n° 7.689/88, por sua manifesta inconstitucionalidade." (g. n.) Fl. 708DF CARF MF 8 A Procuradoria da Fazenda Nacional não interpôs recurso de apelação em face dessa decisão, tendo o Magistrado de primeiro grau, porém, remetido de ofício os autos do processo ao Tribunal Regional Federal da Ia Região, que negou provimento à remessa de ofício, mantendo intacta a sentença tal como proferida. Não houve, tampouco, interposição de Recurso Especial ou Extraordinário em face do acórdão proferido pelo Tribunal, tendo a decisão transitado em julgado em 20 de fevereiro de 1992. ................................................................................................................................... Ao assim agir, contudo, o Fisco afronta gravemente o instituto constitucional da coisa julgada, merecendo, portanto, o auto de infração em questão ser integralmente cancelado, sob pena de ser admitida incontestável violação constitucional. Sobre as Relações Jurídicas "Continuativas" e os Limites Objetivos da Coisa Julgada Para justificar o seu posicionamento e motivar a lavratura do auto de infração ora combatido, o Sr. Agente Fiscal afirmou no TVF que a coisa julgada poderia ser mutável nas hipóteses em surgem relações jurídicas distintas daquela que foi apreciada na decisão transitada em julgado, respaldandose, para tanto, na decisão proferida pelo STF na ADI n° 15 e no Parecer PGFN/CPJ n° 492/2011. ................................................................................................................................... ..............no caso da incidência da RMIT, cada ocorrência é única e não se repete, a cada acontecimento! Como decorrência, a incidência da Lei n° 7.689/88, faz surgir, cada vez que o contribuinte realiza a conduta abstratamente descrita na hipótese, uma única relação jurídica que, inclusive, se exaure com o pagamento para então, no ano seguinte, novamente se operasse a positivação da norma jurídica em abstrato prevista por referida legislação, caso ocorresse a hipótese nela prevista, e, assim, surgiria nova relação jurídica independente da anterior. Com base neste raciocínio, notase, de imediato, que não há que se falar em relações jurídicas "continuativas,, no presente caso, como entendeu, equivocadamente o Sr. Agente Fiscal, visando relativizar a coisa julgada, pois cada relação jurídica decorrente da incidência da Lei n° 7.689/88 é única, dependente do ato do contribuinte de auferir lucro. Isso porque, no momento em que o TRF da Ia Região reconheceu ser inaplicável à Impugnante, o conteúdo da Lei n° 7.689/88, tendo em vista sua manifesta inconstitucionalidade, editou norma individual e concreta que obstou a incidência, desde então, da RMIT da CSLL e, como consequência, apenas e tão somente se houver uma alteração da RMIT de referida contribuição (o que não ocorreu, como se verá adiante) é que será possível se cogitar da relativização da coisa julgada a que faz jus a Impugnante. ................................................................................................................................... Em outros termos, a sentença que transitou em julgado favoravelmente à Impugnante, paralisou a incidência da Lei n° 7.689/88 na sua totalidade, em razão de sua manifesta inconstitucionalidade, não especificando (como não poderia, por estar adstrita aos termos do pedido feito pela Impugnante) qualquer limitação temporal à validade de referida decisão. ................................................................................................................................... Portanto, dúvidas não há de que, (i) uma vez tendo a Impugnante proposto ação meramente declaratória de inexistência de relação jurídica entre ela e o Fisco, no que concerne à não incidência da Lei n° 7.689/88 por máculas no ato de formação desta Lei, insurgindose, portanto, contra a hipótese de incidência em abstrato prevista na referida norma, e não contra uma cobrança determinada e precisamente identificada quanto ao valor, e em Fl. 709DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 706 9 coordenadas de espaço e tempo (ato concreto), e, (ii) uma vez acolhido pelo órgão Judicial o pedido por ela pleiteada— que deve guardar exata conexão com aquele fato narrado — não poderá ocorrer, uma vez que paralisada por decisão judicial transitada em julgado, a incidência de todos os critérios formadores da Lei n° 7.689/88, não nascendo, portanto, a obrigação tributária referente à CSLL para a Impugnante. Como decorrência, não poderia o Fisco neste momento pretender exigir a CSLL que entende devida, em absoluta afronta à coisa julgada, motivo pelo qual aguarda a Impugnante que esta C. Turma Julgadora determine o cancelamento integral da autuação fiscal originária do presente processo administrativo, mantendose, assim, intacta a segurança jurídica que norteia o ordenamento jurídico brasileiro. Inocorrência de Relação Jurídica "Continuativa" e a Impossibilidade de Aplicação do Artigo 471, inciso I do Código de Processo Civil. Ainda, a fim de demonstrar o equívoco de raciocínio cometido pela PGFN no Parecer citado pela d. Fiscalização no TVF, e evidenciar a necessidade de cancelamento da autuação ora combatida, passase a demonstrar, uma vez mais, a inexistência da relação jurídica continuativa (como mencionado anteriormente) no caso em questão. Dispõe o artigo 471 do Código de Processo Civil: "Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, salvo: I se, tratandose de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; II nos demais casos prescritos em lei." Em primeiro lugar, há uma determinação legal expressa destinada ao órgão judicante: está impedido de decidir novamente a mesma lide, isto é, não pode apreciar objeto que já tenha sido objeto de pronunciamento por órgão judicial — e com muito maior razão por qualquer outro órgão. ................................................................................................................................... ........ a parte que se vê na necessidade de que seja revisto o conteúdo da sentença deverá expressamente pedir ao Juízo a revisão, o que não foi realizado, já que não houve o ajuizamento de ação rescisória pela União. ................................................................................................................................... No caso da Impugnante, foi proferida sentença que determinou a paralisação da incidência integral da Lei n° 7.689/88. Isto significa que, para o futuro, relativamente à aplicação da Lei n° 7.689/88, não haveria mais o nascimento de qualquer relação jurídica tributária entre a Impugnante e o Fisco, quanto mais de natureza continuativa. Se assim é, não há que se falar em alteração das normas que disciplinam a relação tributária continuativa entre as partes. Mas, ainda que fosse possível a caracterização de uma relação jurídica continuativa no presente caso, o que se admite apenas a título de argumentação, não ocorreu qualquer modificação de fato ou de direito que possa sustentar qualquer revisão do que foi estatuído na decisão proferida. ................................................................................................................................... Fl. 710DF CARF MF 10 De se ver, portanto, que existindo uma norma individual e concreta, decorrente de decisão transitada em julgado, que determine o comportamento do contribuinte, não em específicas situações, mas relativamente à conduta que seria abstratamente considerada como hipótese, não poderia o Fisco, em hipótese alguma, pretender desobedecer tal ordem judicial sob a alegação de que as decisões posteriores do STF teriam o condão de relativizar a coisa julgada em direito tributário. Por fim, em qualquer situação, jamais o Fisco poderia proceder à autuação da Impugnante — cujo objeto se reporta à mesma lide oportuna e definitivamente decidida pelo Poder Judiciário — sem pleitear a intervenção do Judiciário simplesmente porque perdeu o prazo para ingressar com a Ação Rescisória (instrumento correto para que se fizesse a "revisão" do que foi estatuído em sentença transitada em julgado). Assim, por todo o exposto (ausência de relação continuativa, não alteração de fato ou direito e não apresentação de rescisória pela União) deverá essa E. Turma Julgadora, em obediência à coisa julgada, cancelar o auto de infração originário do presente processo administrativo. Da Legislação Superveniente e da Ausência de Alteração dos Critérios Formadores da Regra Matriz da CSLL ............a decisão judicial passada em julgado favoravelmente à Impugnante determinou a paralisação da incidência da Lei n° 7.689/88 na sua totalidade. Isto quer dizer que os cinco critérios da regramatriz de incidência (material, espacial, temporal, quantitativo e pessoal) foram congelados no que tange à incidência da Lei n° 7.689/88, porque aquela regra havia sido formada com máculas. ................................................................................................................................... Diante disso, seria possível, neste momento, pretender que a legislação a ela superveniente, que apenas trouxe de forma esparsa alguns dos critérios da hipótese de incidência da Lei n° 7.689/88, fosse capaz de — como em um toque de mágica — retirar aquele selo impeditivo de sua aplicação? Confirase, neste sentido, as alterações legislativas aplicadas à CSLL, para que reste evidenciada a impossibilidade de se questionar uma decisão judicial transitada em julgado em razão de alterações legislativas supervenientes: ................................................................................................................................... Assim, está mais do que provado que a legislação, posteriormente publicada à decisão transitada em julgado favoravelmente à Impugnante (1992), não modificou integralmente a Fl. 711DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 707 11 regra matriz de incidência da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido da forma como foi instituída pela Lei n° 7.689/88. .................................................................................................................................. Com efeito, sem a aplicação da Lei n° 7.689/88, não se consegue reunir todos os elementos da regra matriz de incidência da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, de modo que não se consegue estabelecer o nascimento da relação jurídica tributária que determina o recolhimento do mencionado tributo (obrigação tributária). ................................................................................................................................... Portanto, considerandose que a decisão judicial transitada em julgado de forma favorável à Impugnante está plenamente vigente e não pode, sob pena de afronta ao princípio da segurança jurídica e à coisa julgada, ser modificada, aguardase que o lançamento fiscal ora combatido seja integralmente cancelado, tendo em vista que a Impugnante está judicialmente garantida no seu direito de não efetuar o recolhimento da CSLL. Da Ilegalidade da Incidência dos Juros SELIC sobre a Multa de Ofício Ainda que se entenda pela manutenção da autuação em análise, e da exigência da multa de ofício, o que se alega a título argumentativo, é certo que os juros calculados com base na taxa SELIC não poderão ser exigidos sobre a multa de ofício lançada, por absoluta ausência de previsão legal...... ................................................................................................................................. .............................(i) multa não é tributo; e (ii) só há previsão legal para que os juros calculados à taxa SELIC incidam sobre tributo (e não sobre multa), a cobrança de juros sobre a multa desrespeita o princípio constitucional da legalidade, expressamente previsto nos artigos 5 o , II, e 37 da Constituição Federal8 , o que não pode ser admitido por essa E. Turma Julgadora. ................................................................................................................................. Assim, a exigência de juros calculados à taxa SELIC sobre a multa de ofício representa evidente afronta ao princípio constitucional da legalidade, o que não pode ser admitido. Ante o exposto, caso não sejam acolhidos os demais argumentos aduzidos na presente Impugnação, o que se admite apenas a título argumentativo, a Impugnante aguarda que essa E. Turma Julgadora determine expressamente o cancelamento dos juros de mora, calculados com base na taxa SELIC, sobre a multa de ofício lançada no auto de infração originário do presente processo administrativo . Conclusões: 1) A Impugnante obteve para si decisão judicial (em ação meramente declaratória) já transitada em julgado há 21 (quinze) anos em que foi declarada a inexistência de ralação jurídica entre ela e o Fisco Federal, no que concerne à aplicação (incidência) da Lei n° 7.689/88, sem qualquer restrição quanto a um período determinado; 2) Isto quer dizer que os efeitos decorrentes daquela decisão têm o condão de paralisar a incidência da Lei n° 7.689/88 em seus cinco critérios formadores (material, espacial, temporal, quantitativo e pessoal); Fl. 712DF CARF MF 12 3) Daí decorre que não mais nascerá qualquer relação jurídica entre a Impugnante e o Fisco, no que concerne aos eventos vindouros; 4) A legislação superveniente, não tem o condão de trazer de volta a aplicação da Lei n° 7.689/88 que restou paralisada, por conta da alteração de apenas alguns dos critérios componentes da Contribuição Social sobre o Lucro; DO PEDIDO Pelo exposto, a Impugnante requer a esta E. Turma de Julgamento o recebimento, o conhecimento e o provimento da presente Impugnação, com a consequente desconstituição do crédito tributário exigido e o cancelamento integral do auto de infração originário do presente processo administrativo em razão da impossibilidade de exigência da CSLL. Da análise dos fatos e alegações da impugnação e da autuação a Delegacia de Julgamento proferiu o seguinte julgamento. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE LIMITES OBJETIVOS DA COISA JULGADA Nas relações tributárias de natureza continuativa, não é cabível a alegação da coisa julgada em relação a fatos geradores ocorridos após alterações no ordenamento jurídico que origina a obrigação tributária. Assim não se perpetuam os efeitos da decisão transitada em julgado, que afasta a incidência da Lei n° 7.689/88, sob o fundamento de sua inconstitucionalidade, quando esta foi refutada por decisão plenária do Supremo Tribunal Federal. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, apresentase regular a incidência dos juros de mora sobre os valores da multa de ofício não pagos, a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado da decisão o contribuinte apresentou recuso voluntário no qual aduziu as seguintes alegações: PRELIMINARES Fl. 713DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 708 13 Aponta omissão da Delegacia de Julgamento pela falta de análise de um dos argumentos apresentados pela defesa, razão pela qual, embasado nos precedentes apresentados, solicitado reconhecimento da nulidade da decisão. Repisa os pontos alegados na impugnação sobre a decisão de recurso repetitivo julgado pelo STJ. Será melhor analisado na parte da análise meritória do voto. Neste ponto, suscita que o CARF siga o julgado acima indicado do STJ em sede de recurso repetitivo e apresenta os precedentes abaixo: Fl. 714DF CARF MF 14 Com relação a este ponto, iremos nos pronunciar na análise do mérito, juntamente com os demais argumentos apresentados pelo recorrente MÉRITO No Mérito apresenta as seguintes alegações que, juntas, todas seguem no mesmo sentido de que, acobertada pelo trânsito em julgado de ação judicial individual, não poderia ser imputada pelo lançamento da mesma CSLL relativa a períodos posteriores, vez que decisões judiciais posteriores do STF, mesmo que em sede de controle concentrado de constitucionalidade, não poderiam afetar a coisa julgada. Ainda, nestes argumentos suscita a inexistência de modificações legislativas posteriores que pudessem alterar substancialmente a base jurídica em que foi emitida a decisão judicial que beneficia a empresa. Listemos os pontos de discussão. Fl. 715DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 709 15 Como todos os argumentos acima tratam, em síntese, do mesmo fato que se discute, qual seja, a possibilidade de a decisão do STF, posterior à decisão proferida em ação mandamental individual, poder modificar os efeitos da coisa julgada material. Fl. 716DF CARF MF 16 A Procuradoria da Fazenda Nacional, por seu turno, apresentou contrarrazões nas quais aponta, em síntese, entre outros os seguintes argumentos: Que não existe nulidade na decisão da Delegacia de Julgamento já que houve análise de toda a impugnação por parte daquela delegacia, não necessitando o julgador de rebater ponto a ponto todos os argumentos, quando formar seu convencimento por outras razões. Que a alegada decisão do STJ em sede de recurso repetitivo não se aplica ao caso vez que referiase a caso concreto de cancelamento de CDA relativa a anocalendário 1991; Que leis posteriores modificaram substancialmente a incidência da tributação pela CSLL, notadamente a Lei nº 8.212/91, o que interferiu no objeto da coisa julgada concretizada em controle concentrado. Que a Decisão do STF transitada em julgado em 2007, modificou por definitivo os efeitos da coisa julgada, vez que emitida em face de controle concentrado de constitucionalidade. Que a empresa já vem sendo autuada em outros processos relativos ao mesmo tema e que, no presente caso, em se tratando de lançamento relativo ao ano de 2011, a Decisão do STF deve se impor à anterior decisão proferida em controle difuso de constitucionalidade. Fl. 717DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 710 17 Apresenta precedentes de outros processos da mesma empresa/hipótese para sustentar seus argumentos. É o relatório. Fl. 718DF CARF MF 18 Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, por isso dele tomo conhecimento. Iniciemos com a análise das preliminares levantadas pelo recorrente em sua peça. Neste ponto o recorrente alega que a Delegacia de Julgamento não teria analisado o ponto de discussão relativo ao fato de a fiscalização ter se baseado em Parecer da PGFN para realizar a autuação e, no entanto, conforme sua interpretação, este parecer apresentar entendimento de que somente poderiam ser realizados lançamentos relativos a fatos geradores ocorridos após a edição deste mesmo parecer (maio/2011). Analisando a decisão emitida, verificamos o seguinte trecho que trata do ponto. A decisão judicial indicada pelo contribuinte apreciou especificamente a Lei n° 7.689/88, porém houve alteração na legislação cuja inconstitucionalidade o contribuinte sustenta ser coisa julgada a seu favor, pela qual pretende ad eternum ser liberado do recolhimento da contribuição social. A autoridade tributária reconhece a existência da referida ação judicial. Contudo, entendeu que tal decisão não alcança os fatos geradores posteriores à declaração de constitucionalidade, prolatada pelo Corte Constitucional, dos mesmos dispositivos. Para isso, apóiaseno Parecer PGFN/CRJ/Nº 492/2011 (fls. 337/345). (grifo nosso) De fato, em decisão plenária, o STF declarou a constitucionalidade da CSLL, em sede do RE nº 1467339, em 29/06/92, com a seguinte ementa: Fl. 719DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 711 19 Assim, a presente lide reside no confronto entre os efeitos da coisa julgada que declarou a inconstitucionalidade da CSLL e posterior decisão da Corte Suprema que declarou a sua constitucionalidade. Ora da leitura do trecho acima demonstrase que, apesar de curta a manifestação da Delegacia de Julgamento correu no sentido de que o Parecer da PGFN serviu de apoio à apresentação dos motivos da autuação e que, na discussão sobre esta a base da autuação é que a decisão judicial anterior não pode prevalecer ante a decisão posterior do STF que declarou a constitucionalidade da norma. Assim, a decisão, mesmo que não obrigatoriamente tenha de se manifestar sobre todos os pontos de defesa, quando possa basear sua decisão em outros, neste caso, não se omitiu. Apenas não alongou a discussão neste ponto, vez que considerou, desde seu início, que o fato que alterou a possibilidade de imposição da CSLL contra a empresa foi a decisão do STF sobre o tema e não a edição do Parecer da PGFN. Por isso, rejeito esta preliminar. Neste ponto a argumentação recursal prendese ao fato de o STJ, em julgamento de processo ter se manifestado contra a cobrança da CSLL aos contribuintes que sejam beneficiários de decisão judicial que reconheça a inconstitucionalidade desta. Fl. 720DF CARF MF 20 Tendo em vista a emissão de recente acórdão por parte da Câmara Superior de Recursos Fiscais sobre o mesmo tema e contribuinte, utilizaremos trechos deste acórdão, com o qual comungamos do mesmo entendimento para apresentar nossa análise do caso. Assim, rejeito esta outra preliminar, tendo em vista que, conforme destacado acima a arcabouço jurídico no qual foi emitida a decisão suscitada é diverso do que se verificou à época dos fatos geradores da presente autuação, por isso, tal decisão não poderia ser acatada como base para a anulação deste procedimento. Com relação a este ponto, iremos nos pronunciar na análise do mérito, juntamente com os demais argumentos apresentados pelo recorrente Neste ponto remetemos à análise já acima realizada que rejeitou a preliminar por uma possível omissão da DRJ sobre o argumento. Fl. 721DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 712 21 Aqui, assim, com mais acima salientado, entendemos que o parecer, na parte que trata da possibilidade de modificação dos efeitos da coisa julgada, entende que a modificação e o retorno à possibilidade de lançamento da CSLL, decorreriam da emissão da decisão do STF que em sede de controle concentrado de constitucionalidade, considerou constitucional a incidência da CSLL a partir do ano de 1989. Ora, referida decisão foi prolatada em 2007 e não em 2011. É desta decisão que trata o Parecer da PGFN e não da edição do próprio parecer que, em verdade traz uma análise jurídica dos fatos decorrentes da decisão do STF e a ela se refere não constituindo o próprio parecer em norma jurídica e, assim, marco inicial da possibilidade de autuação, como tentar fazer entender o recorrente. Neste sentido, rejeito também esta preliminar. MÉRITO No Mérito apresenta as seguintes alegações que, juntas, todas seguem no mesmo sentido de que, acobertada pelo trânsito em julgado de ação judicial individual, não poderia ser imputada pelo lançamento da mesma CSLL relativa a períodos posteriores, vez que decisões judiciais posteriores do STF, mesmo que em sede de controle concentrado de constitucionalidade, não poderiam afetar a coisa julgada. Ainda, nestes argumentos suscita a inexistência de modificações legislativas posteriores que pudessem alterar substancialmente a base jurídica em que foi emitida a decisão judicial que beneficia a empresa. Listemos os pontos de discussão. Como todos os argumentos acima tratam, em síntese, do mesmo fato que se discute, qual seja, a possibilidade de a decisão do STF, posterior à decisão proferida em ação mandamental individual, poder modificar os efeitos da coisa julgada material com vistas a possibilitar a imposição de lançamentos da CSLL. Iremos nos socorrer do Acórdão nº 9101.002.583, da 1a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido nos autos do processo nº 19515.003932/200717, que trata de processo do mesmo contribuinte e mesmo objeto, relativo a lançamentos de CSLL dos Fl. 722DF CARF MF 22 anos de 2002 a 2006. Conforme dissemos acima, nesta decisão encontramse os argumentos com os quais comungamos e, assim, demonstram o nosso entendimento sobre o caso. Acórdão nº 9101.002.583 Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo Relatora Fl. 723DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 713 23 Fl. 724DF CARF MF 24 Fl. 725DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 714 25 Fl. 726DF CARF MF 26 Fl. 727DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 715 27 Fl. 728DF CARF MF 28 Fl. 729DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 716 29 Fl. 730DF CARF MF 30 Fl. 731DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 717 31 Fl. 732DF CARF MF 32 Fl. 733DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 718 33 Fl. 734DF CARF MF 34 Fl. 735DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 719 35 Consoante o acórdão acima apresentado com o qual, ratifiquemos, comungamos nosso entendimento, demonstrase que as modificações normativas posteriores sobre a regra de incidência da CSLL, juntamente com a decisão do STF proferida em controle concentrado de constitucionalidade possibilitam, em nosso entender, a realização de lançamentos de CSLL mesmo diante de contribuinte que possuía, anteriormente, ação judicial concessória do direito de não incidência da contribuição. Todos os argumentos apresentados pela recorrente se encontram combatidos no já referido e, em nosso entender, completo acórdão transcrito. Além disso, no presente caso, tentamos realizar o raciocínio contrário para verificar se a conclusão seria a mesma. Lembramos então da época que existiam diversas ações relativas à modificação das alíquotas do PIS. Em diversas destas ações, notadamente as impetradas logo após a edição das normas que alteraram a contribuição, os contribuintes restaram por ter seu direito denegado. Posteriormente o Senado Federal emitiu resolução retirando a validade das normas que alteraram a imposição do PIS. Nestes casos existia coisa julgada material contra estes contribuintes. Mesmo assim, com base na resolução do Senado, estes contribuintes que possuíam decisão contrária puderam exercer o seu direito de crédito relativo aos pagamentos a maior do PIS. Nas relações jurídicas de trato continuativo como são as do presente caso, modificações legislativas e/ou judiciais podem sim interferir na coisa julgada, visto que não se pode eternizar um julgado contra normas posteriores e contra a análise do órgão máximo de controle da constitucionalidade em nossos país. Fl. 736DF CARF MF 36 Por todo o exposto voto, em relação à possibilidade de lançamento da CSLL contra o contribuinte, por negar provimento ao recurso. Com relação à alegação de impossibilidade de incidência de juros calculados pela SELIC sobre a multa de ofício, entendo por bastante elucidativa a argumentação apresentada em voto proferido pela DRJ/Florianópolis no acórdão nº 0738.069 3ª Turma da DRJ/FNS relativo ao assunto. Por isso transcrevo a parte do mesmo o adoto como suficiente para justificar a não aceitação das alegações do recorrente quanto a este ponto. Fl. 737DF CARF MF Processo nº 19515.721887/201324 Acórdão n.º 1401002.045 S1C4T1 Fl. 720 37 Fl. 738DF CARF MF 38 Pelo apresentado acima, entendo estar correta a decisão de Piso na parte em manteve a exigência da aplicação da taxa SELIC sobre o crédito tributário relativo à multa de ofício. Assim, voto por negar provimento ao recurso quanto a este ponto. Por todo o exposto, voto no sentido de rejeitar as preliminares levantadas e no mérito, negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 739DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13709.002610/2005-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
IRRF. DEDUÇÃO.
A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF e sejam efetivamente rendimentos sujeitos ao ajuste anual.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2202-004.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de IRRF no valor de R$ 13.571,11.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
(assinado digitalmente)
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201707
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2001 IRRF. DEDUÇÃO. A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF e sejam efetivamente rendimentos sujeitos ao ajuste anual. Recurso Voluntário Provido em Parte.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13709.002610/2005-35
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5749511
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2202-004.057
nome_arquivo_s : Decisao_13709002610200535.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
nome_arquivo_pdf_s : 13709002610200535_5749511.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de IRRF no valor de R$ 13.571,11. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada.
dt_sessao_tdt : Thu Jul 06 00:00:00 UTC 2017
id : 6877335
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:03 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467413856256
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1390; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 267 1 266 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13709.002610/200535 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2202004.057 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 06 de julho de 2017 Matéria IRPF Recorrente VALUZIO VEIGA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 IRRF. DEDUÇÃO. A dedução a título de IRRF está condicionada à comprovação da retenção do imposto e de que os rendimentos correspondentes tenham sido oferecidos à tributação na DIRPF e sejam efetivamente rendimentos sujeitos ao ajuste anual. Recurso Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso para afastar a glosa de IRRF no valor de R$ 13.571,11. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Fernanda Melo Leal, Denny Medeiros da Silveira, Rosy Adriane da Silva Dias, Martin da Silva Gesto e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 70 9. 00 26 10 /2 00 5- 35 Fl. 267DF CARF MF Processo nº 13709.002610/200535 Acórdão n.º 2202004.057 S2C2T2 Fl. 268 2 Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele elaborado por ocasião da Resolução 2202000.718 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária,na data de 20 de setembro de 2016: Em desfavor do contribuinte, VALUZIO VEIGA., foi lavrado Auto de Infração de fls. 10 a 18 relativo ao Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, exercício 2001, ano calendário 2000, que alterou o resultado da Declaração de Ajuste Anual correspondente ao mencionado período de imposto a restituir no valor de R$ 1.171,29 para imposto suplementar de R$ 13.348,60. Este saldo, acrescido de multa de oficio e juros de mora, totaliza crédito tributário no montante de R$ 34.173,75. O lançamento originouse de procedimento de revisão interna da declaração original (ND 07/15.654.432) entregue pelo contribuinte em 30/04/2001 (fls. 18 a 23, 33 a 36), no qual foi apurada, conforme "Demonstrativo das Infrações" à fl. 14, as seguintes irregularidades: • DEDUÇÃO INDEVIDA DE DESPESA MÉDICA, no valor de R$ 3.356,97; e • DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE, no valor de R$ 13.596,73. Cientificado do lançamento em 29/11/2005, conforme Aviso de Recebimento (AR) à fl. 41, o contribuinte apresentou impugnação, datada de 12/12/2005 (fls. 01 a ó3), na qual apensa documentos comprobatórios de despesas médicas (fls 04 a 09) na tentativa de reiterar a propriedade da dedução. No tocante à glosa de retenção em fonte, informa não ter percebido comprovante de rendimentos por parte da fonte pagadora ROCHA, CALDERON, SODERO E ADVOGADOS ASSOCIADOS, CNPJ 00.580.630/000182, porém ratifica a antecipação sofrida dizendo restar comprovada por cópias de Recibos de Pagamento a Autônomo (RPA) às fls 25 a 28. Sobre estes elementos de prova esclarece que a não indicação da data de emissão era exigência do recebedor da prestação do serviço. A DRJ ao apreciar a matéria julgou o lançamento procedente em parte nos termos da ementa a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 DESPESAS MÉDICAS. DEDUÇÃO. São dedutíveis como despesa médica apenas os dispêndios comprovados por documentação hábil e idônea, segundo formalidades exigidas por lei. Fl. 268DF CARF MF Processo nº 13709.002610/200535 Acórdão n.º 2202004.057 S2C2T2 Fl. 269 3 IRRF. ÔNUS DA PROVA. Não se acata o abatimento de imposto a título de antecipação não respaldado em idônea documentação, cuja apresentação é ônus de quem aproveita. Impugnação Procedente em Parte A autoridade recorrida entendeu como comprovada a glosa de despesa médica consignada em comprovante de rendimentos à fls. 04, entendoa perfeitamente atestada, reconsiderando, pois, a glosa levada a efeito no valor de R$ 1.057,14. Insatisfeito o contribuinte apresenta recurso voluntário reiterando argumentos da impugnação. Destaquese: basta verificar que os valores recebidos do Escritório de Advocacia Rocha, Calderon, Sodero e Advogados Associados, e declarados pelo requerente nos anos calendários de 2000 e 2001, se somados, perfazem o montante do valor declarado na DIRF ano calendário de 2001 pelo tomador do serviço, o que vem reforçar, o afirmado no item acima. Embora o IRRF apresente uma pequena diferença, por certo, esta foi compensada na declaração de Ajuste Anual, uma vez que os valores do Imposto Retido na Fonte, não sofreram na ocasião o abatimento da parcela determinada na Tabela Progressiva do IR Mensal, conforme demonstrado no quadro abaixo Como pode ser verificado, o que ocorreu por parte do tomador do serviço foi um lapso de tempo entre a retenção do imposto e o seu efetivo recolhimento, comprovando que não houve má fé ou qualquer tipo de infração cometida pelo requerente, que declarou o recebimento, oferecendoo a tributação e compensando os valores retidos, conforme determinam as normas legais do imposto de renda. Em 17/01/2013, complementa sua defesa com razões adicionais, entre as quais destaca os valores recebidos do Escritório Rocha Calderon. Indica que tento entregar a cópias dos DARF recolhidos, único documento disponibilizado pela fonte pagadora, mas que não lhe foi possível protocolar tais documentos. Naquela ocasião, considerando as alegações do recurso, decidiuse pela conversão do julgamento em diligência para que (fl. 175): ... o processo ainda não se encontra em condições de ter um julgamento justo, razão pela qual voto no sentido de ser convertido em diligência para que a repartição de origem para que o recorrente apresente no prazo de 20 dias, os DARFs recolhidos e outros eventuais documentos, que respaldem suas alegações. Após vencido o prazo, os autos deverão retornar a esta Câmara para inclusão em pauta de julgamento. Fl. 269DF CARF MF Processo nº 13709.002610/200535 Acórdão n.º 2202004.057 S2C2T2 Fl. 270 4 Providenciada a diligência pela Unidade preparadora, vieram, em suma, os documentos de fls. 185 a 212. Assim, o processo retorna à pauta de julgamentos. Como se pode verificar, o julgamento já foi convertido em diligência duas vezes, a primeira para que o Recorrente apresentasse os DARF com recolhimento do IRRF (vieram, em suma, os documentos de fls. 185 a 212), a segunda a fim de que: a Unidade preparadora: a) anexe aos autos a DIRPF/2002 do contribuinte ou extrato da mesma, no intuito de se fixar quais rendimentos e quais antecipações de pagamento do imposto (retenção na fonte) foram informadas pelo mesmo, naquele exercício, subseqüente ao que aqui se discute; b) informe se houve procedimento de revisão de declaração ou incompatibilidade apontada para este contribuinte, em relação aos rendimentos tributáveis/retenção na fonte, no exercício de 2002; c) manifestese expressamente sobre os DARF de folhas 186, 188, 191, 193 e 195 (valor total de R$ 13.571,11) acerca do registro no sistema da RFB e disponibilidade dos pagamentos. d) intime o contribuinte, na pessoa de seu representante (inventariante), para querendo, manifestarse no prazo legal sobre o resultado da diligência. Foram anexadas as telas de folhas 227 e seguintes, foi feito o Termo de Ciência, com as considerações da DRF de origem, e o contribuinte, mediante inventariante, manifestouse na fl. 245 e seguintes, anexando documentos. É o Relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e atendidas as demais formalidades legais, dele tomo conhecimento. A numeração de folhas a que me refiro a seguir é aquela existente após a digitalização do processo, transformado em arquivo magnético (arquivo .pdf) Na Notificação de Lançamento, originalmente, havia duas infrações: glosa de despesas médicas e glosa de imposto de renda retido na fonte. Quanto à glosa de despesas médicas, a DRJ já dera parcial provimento à impugnação e no recurso o contribuinte se diz conformado com determinada glosa e não questiona expressamente a infração, na parte que lhe foi desfavorável. A questão das despesas médicas, portanto, está fora do litígio a teor do artigo 17 do Decreto nº 70.235, de 1972 (PAF). O que resta resolver é a questão da glosa de imposto de renda retido na fonte (IRRF), no valor de R$ 13.596,73, assim descrita pela Autoridade Fiscal: DEDUÇÃO INDEVIDA DE IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. OS DOCUMENTOS APRESENTADOS NÃO POSSIBILITARAM A CONFIRMAÇÃO DOS RECOLHIMENTOS INFORMADOS. CONSIDERADOS APENAS OS RECOLHIMENTOS INFORMADOS EM DIRF. ENQUADRAMENTO LEGAL: ART. 12, INCISO V DA LEI 9.250/95. Fl. 270DF CARF MF Processo nº 13709.002610/200535 Acórdão n.º 2202004.057 S2C2T2 Fl. 271 5 Na DIRPF/2001, ano calendário de 2000, o contribuinte informou um rendimento de R$ 49.442,64, recebido da fonte Rocha, Calderon e Sodero Advogados Associados, para a qual prestara serviço, com retenção de IRfonte de R$ 13.596,73 (fl. 21). Como não encontrou DIRF correspondente ao valor, para o ano calendário de 2000, a fiscalização procedeu à glosa. O contribuinte apresenta os DARF de fls. 186 e ss., recolhidos em janeiro de 2001. Diz que a empresa reteve em 2000, quando lhe pagou pelos serviços, porém só recolheu à Fazenda Nacional em 2001. A DRF confirmou o recolhimento, anexando as telas mencionadas no relatório. A seguir, anexa outros DARF, também recolhidos em 2001, que seriam, estes sim, relativos às retenções do próprio ano. Na DIRPF 2002, ano calendário 2001, o contribuinte informou novamente essa fonte aqui em comento, com uma retenção de IRfonte de 20.833,79 (fl. 257). Essa declaração não sofreu revisão fiscal, conforme relatório na folha 233. Existem cinco DARF, nas fls. 252 e seguintes, nos valores de R$ 2.945,31; 3.550,30; 1.911,00; 764,50; 4.400,00, o que totalizam R$ 13.571,11. Nas folhas 258 e ss., existem outros DARF, nos valores de R$ 1.551,00; 1.630,20; 4.569,09; 1.265,00; 3.362,50; 2.436,50; 2.859,45 e 3.160,04, o que totalizam R$ 20.833,78 (v. DIRPF na fl. 257). Todos os DARF acima citados constam com data de recolhimento em 2001. Citese precedente Acórdão 2401004.576, Sessão de 07 de fevereiro de 2017: AJUSTE. COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA NA FONTE. COMPROVAÇÃO. Comprovada a retenção do imposto de renda na fonte, correspondente a antecipação para fins de ajuste anual, o contribuinte poderá deduzir o valor do imposto retido na declaração de rendimentos. Recurso Voluntário Provido. CONCLUSÃO Verificase que de fato o contribuinte sofreu retenção de imposto de renda por parte da empresa para a qual prestou serviços e recebeu pagamentos, e que o total retido corresponde, com pequena diferença, ao total declarado nos anos calendário de 2000 e 2001. Entretanto, a fonte não declarou nada como retido em 2000, o que ocasionou o procedimento fiscal e a glosa. Contudo, tendo o contribuinte suportado a retenção e não se valendo da mesma, em sua totalidade, no ano seguinte, para abater do imposto, configurase que realmente houve equívoco da fonte pagadora na DIRF e não pode o contribuinte responder por tal. Fl. 271DF CARF MF Processo nº 13709.002610/200535 Acórdão n.º 2202004.057 S2C2T2 Fl. 272 6 Dessa feita, VOTO por dar parcial provimento ao recurso para considerar como imposto de renda retido na fonte, no ano calendário de 2000, o valor de R$ 13.571,11, relativo à fonte Rocha, Calderon, Sodero e Advogados Associados, CNPJ 00.580.630/0001 82. (assinado digitalmente) Marcio Henrique Sales Parada. Fl. 272DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10640.001921/2005-21
Turma: Segunda Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 22 00:00:00 UTC 2011
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ
Ano calendário: 1999
DIPJ. ENTREGA FORA DO PRAZO ESTABELECIDO. MULTA POR ATRASO. APLICAÇÃO.
É devida multa por atraso na entrega da DIPJ de contribuinte que apresenta declarações após o prazo assinalado para cumprimento da obrigação acessória.
Numero da decisão: 1802-000.789
Decisão: ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de
Julgamento, por unanimidade de votos NEGAR provimento ao recurso.
Matéria: IRPJ - multa por atraso na entrega da DIPJ
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
materia_s : IRPJ - multa por atraso na entrega da DIPJ
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201102
ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Ano calendário: 1999 DIPJ. ENTREGA FORA DO PRAZO ESTABELECIDO. MULTA POR ATRASO. APLICAÇÃO. É devida multa por atraso na entrega da DIPJ de contribuinte que apresenta declarações após o prazo assinalado para cumprimento da obrigação acessória.
turma_s : Segunda Turma Especial da Primeira Seção
numero_processo_s : 10640.001921/2005-21
conteudo_id_s : 5750608
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Aug 03 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 1802-000.789
nome_arquivo_s : Decisao_10640001921200521.pdf
nome_relator_s : ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10640001921200521_5750608.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos NEGAR provimento ao recurso.
dt_sessao_tdt : Tue Feb 22 00:00:00 UTC 2011
id : 6877598
ano_sessao_s : 2011
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:04:05 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467424342016
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 3; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1278; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1TE02 Fl. 48 1 47 S1TE02 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10640.001921/200521 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 180200.789 – 2ª Turma Especial Sessão de 22 de fevereiro de 2011 Matéria IRPJ. Recorrente CAIXA ESCOLAR PEQUENO PRÍNCIPE. Recorrida 5ª Turma/DRJ Rio de Janeiro/RJ. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 DIPJ. ENTREGA FORA DO PRAZO ESTABELECIDO. MULTA POR ATRASO. APLICAÇÃO. É devida multa por atraso na entrega da DIPJ de contribuinte que apresenta declarações após o prazo assinalado para cumprimento da obrigação acessória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 2ª Turma Especial da Primeira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ESTER MARQUES LINS DE SOUSA – Presidente. (assinado digitalmente) EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR – Relator. Fl. 48DF CARF MF Emitido em 30/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa, José de Oliveira Ferraz Corrêa, Edwal Casoni de Paula Fernandes Junior, Nelso Kichel, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Gilberto Baptista Relatório Cuidase de Recurso Voluntário interposto pela contribuinte acima identificada, contra decisão proferida pela 5ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro/RJ. Versa o presente processo sobre o auto de infração (fl. 02) por meio do qual é exigida da recorrente multa por atraso na entrega de sua Declaração de Informações da Pessoa Jurídica DIPJ relativa ao exercício de 2000, ano calendário 1999, no valor de R$ 414,35. Devidamente cientificada, a recorrente apresentou Impugnação (fl. 01) esclarecendo que apresentou a dita declaração fora do prazo porquanto, na qualidade de entidade “isenta” (SIC!) desconhecia a obrigatoriedade de entrega da declaração. A 5ª Turma da DRJ do Rio de Janeiro, nos termos do acórdão e voto de folhas 18 a 20, julgou o lançamento procedente, observandose que o prazo limite para entrega da Declaração, conforme consta do auto de infração objeto do presente processo fora fixado em 31/05/2000, tendo a recorrente apresentadoa extemporaneamente, em 24/06/2004, ensejando, portanto, a aplicação da penalidade pecuniária impugnada. Devidamente cientificada (fl. 23), a recorrente apresentou o requerimento de folha 24 pugnando pela redução da multa aplica. É o relatório. Voto Conselheiro EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR, Relator. O Recurso é tempestivo e dotado dos pressupostos genéricos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A recorrente é empresa isenta e nessa condição, relativamente ao ano calendário 1999, inegavelmente apresentou DIPJ em atraso. Sendo assim, é conveniente relembrar que a obrigação considerada descumprida pela recorrente é do rol das chamadas “obrigações acessórias”, ou seja, daquelas que o Código Tributário Nacional traduz em positivas ou negativas (obrigação de fazer ou não fazer), mirando o interesse da arrecadação e fiscalização tributária, vejamos: Artigo 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. Fl. 49DF CARF MF Emitido em 30/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE Processo nº 10640.001921/200521 Acórdão n.º 180200.789 S1TE02 Fl. 49 3 (...) § 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. (...) É cediço que as obrigações acessórias objetivam dar meios à fiscalização tributária para investigar e controlar o recolhimento de tributos, que nada mais é, do que a obrigação principal a qual o próprio sujeito passivo da obrigação acessória, ou terceiro, estejam ou possam estar jungidos, em resumo, as obrigações acessórias viabilizam a aferição do cumprimento das obrigações tributárias em geral, por tal justificativa é que as obrigações tributárias formais, muito embora independam da efetiva existência de uma obrigação principal, (a exemplo dos autos aqui discutidos visto que a recorrente é imune), se atrelam à possibilidade ou probabilidade de existência destas, dando à administração tributária meios de aferir a realidade fiscal dos contribuintes. No caso dos autos, a recorrente estava como todos os contribuintes estão adstrita ao cumprimento de obrigação acessória, aperfeiçoada na entrega da DIPJ, e o fez em inconteste atraso. É lícito depreender da sistemática vigente, portanto, que a obrigação formal deve ser cumprida da maneira legalmente estabelecida, ou seja, as informações precisam ser apresentadas a tempo e com dados fidedignos ou em caso de erro, retificadas até a data limite estabelecida. Por essas razões encaminho meu voto no sentido de NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. Sala das Sessões, em 22 de fevereiro de 2011 (assinado digitalmente) EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDES JUNIOR Fl. 50DF CARF MF Emitido em 30/09/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE, Assinado digitalmente em 29/09/2011 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 28/09/2011 por EDWAL CASONI DE PAULA FERNANDE
score : 1.0
Numero do processo: 10830.900260/2013-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 13/09/2012
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.685
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201706
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 13/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 10830.900260/2013-91
anomes_publicacao_s : 201708
conteudo_id_s : 5758110
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3301-003.685
nome_arquivo_s : Decisao_10830900260201391.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
nome_arquivo_pdf_s : 10830900260201391_5758110.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
dt_sessao_tdt : Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
id : 6894241
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:05:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467462090752
conteudo_txt : Metadados => date: 2017-08-11T17:40:27Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.5; xmp:CreatorTool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2017-08-11T17:40:27Z; Last-Modified: 2017-08-11T17:40:27Z; dcterms:modified: 2017-08-11T17:40:27Z; dc:format: application/pdf; version=1.5; Last-Save-Date: 2017-08-11T17:40:27Z; pdf:docinfo:creator_tool: pdfsam-console (Ver. 2.4.0e); access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2017-08-11T17:40:27Z; meta:save-date: 2017-08-11T17:40:27Z; pdf:encrypted: true; modified: 2017-08-11T17:40:27Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2017-08-11T17:40:27Z; created: 2017-08-11T17:40:27Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; Creation-Date: 2017-08-11T17:40:27Z; pdf:charsPerPage: 1798; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2017-08-11T17:40:27Z | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10830.900260/201391 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301003.685 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de junho de 2017 Matéria Restituição. Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 13/09/2012 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 90 02 60 /2 01 3- 91 Fl. 170DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.719, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 171DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 172DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 173DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 174DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 175DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 176DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10830.900260/201391 Acórdão n.º 3301003.685 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 178DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13830.903151/2012-32
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/07/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.424
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/07/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 13830.903151/2012-32
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788507
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.424
nome_arquivo_s : Decisao_13830903151201232.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 13830903151201232_5788507.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6984861
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:54 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467469430784
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1576; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13830.903151/201232 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.424 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria Normas Gerais de Direito Tributário Recorrente QUEIJARIA BUFALO D'OESTE LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/07/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INDÉBITO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que as confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada qualquer documentação apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito apto a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 0. 90 31 51 /2 01 2- 32 Fl. 55DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Belo Horizonte, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de PIS. O despacho decisório indeferiu o pedido de restituição por inexistência do crédito pleiteado face a vinculação do DARF nele informado com a quitação de débitos do contribuinte. Em sua manifestação de inconformidade, a recorrente alega em síntese que: (...) a empresa tem seus produtos tributados à alíquota zero de PIS e Cofins, conforme determina o art. 1º, inciso XII, da Lei nº 10.925, de 2004. Faz ainda referência à legislação que autoriza o contribuinte a solicitar o ressarcimento ou restituição dos valores que resultarem em crédito acumulado ou recolhimento que se revelou indevido ou a maior. Destaca que revisou suas apurações de PIS e Cofins e constatou que apurou erroneamente os valores ao tributar receitas sujeitas à alíquota zero, tendo efetuado os pedidos de restituição, via PER/DCOMP. Diante disso, foram retificados os Dacon, revelando saldo credor das referidas contribuições. Afirma ainda que, em data posterior ao protocolo dos pedidos, efetuou também as retificações das DCTF, cujo recibo segue anexo. Diante disso, o recorrente não pode ter seu pedido de restituição indeferido sem que se analise o crédito que lhe deu origem, demonstrado no Dacon retificador que se encontra no banco de dados da Receita Federal. Também é necessário que se verifiquem as DCTF retificadoras apresentadas. Defendeu ainda o direito à incidência da taxa Selic sobre o crédito em debate. Ao final, requer: 1. seja recebida e processada a manifestação de inconformidade; 2. seja determinada nova verificação do Dacon retificador e da DCTF retificadora relativa ao período em debate, para o fim de identificar o crédito objeto deste processo; 3. seja reformado o Despacho Decisório, para o fim de reconhecer integralmente o crédito objeto do PER/DCOMP nº 19327.90131.170910.1.2.043613, que tem origem em pagamento indevido ou a maior demonstrado em Dacon e DCTF; 4. que seja determinada a atualização do crédito pela taxa Selic, nos termos fixados no § 4º do art. 39 da Lei nº 9.250, de 1995; Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 4 3 5. que seja determinado o depósito do valor solicitado e atualizado em conta corrente especificada. Sobreveio então o Acórdão 02060.687, da 2ª Turma da DRJ/BHE, negando provimento à manifestação de inconformidade da Contribuinte, devido a ausência de comprovação do pagamento indevido ou a maior. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.394, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 13830.903129/201292, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.394): "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 5 4 Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à COFINS, decorrente de pagamentos indevidos (receita da venda de seus produtos, queijos, que é reduzida a zero pela legislação da Contribuição). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 6 5 COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Conforme mencionado anteriormente, a Contribuinte não apresentou nenhum documento que comprovasse o crédito alegado. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 7 6 Ressalto que com relação à alegação em manifestação de inconformidade que haveria DCTF retificadora, a decisão recorrida bem coloca que os valores constantes desse documento foram aqueles utilizados pela Fiscalização para a análise do PER/DCOMP, bem como que, com o exame do DACON retificador, fica evidenciada a utilização do crédito em questão. Nesse sentido, destaco o seguinte trecho do acórdão da DRJ: Quanto à alegada retificação da DCTF, registrese que o documento retificador constante dos sistemas mantidos pela Receita Federal, entregue em 28/09/2012 (conf. recibo de entrega), revela a existência do débito no valor que foi considerado no Despacho Decisório e indicado no quadro “UTILIZAÇÃO DOS PAGAMENTOS ENCONTRADOS PARA O DARF DISCRIMINADO NO PER/DCOMP. (...) Nestas condições, fica convalidado em todos os seus termos o Despacho Decisório contestado, que evidencia que o crédito postulado pelo contribuinte foi utilizado conforme especificado no demonstrativo de utilização do pagamento, não restando crédito passível de restituição. Ao não apresentar documentos indispensáveis à apreciação do alegado crédito, o interessado prejudicou a análise por parte da Administração, visto que restou impossibilitada a comprovação de certeza e liquidez do crédito solicitado, conforme preceitua o artigo 170 do CTN. Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 8 7 provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. A jurisprudência do CARF é pacífica sobre o tema, como se depreende das ementas abaixo colacionadas: Ementa(s) Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ÔNUS DA PROVA. ERRO EM DECLARAÇÃO. A DCTF retificadora apresentada após o despacho decisório que não homologa a compensação e a DACON não têm o condão de provar suposto erro de fato que aponta para a inexistência do débito declarado. O contribuinte possui o ônus de prova do direito invocado mediante a apresentação de escrituração contábil e fiscal, lastreada em documentação idônea que dê suporte aos seus lançamentos (Acórdão 3803 006.915, Relator Conselheiro Corintho Oliveira Machado) Ementa(s) NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2009 PIS/COFINS. DCOMP. CRÉDITOS DECORRENTES DE DCTF NÃO RETIFICADA POR DECURSO DE PRAZO (5 ANOS). PER/DCOMP NÃO HOMOLOGADO. INADMISSIBILIDADE DA COMPENSAÇÃO EM VISTA DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO ADUZIDO. A compensação, hipótese expressa de extinção do crédito tributário (art. 156 do CTN), só poderá ser autorizada se os créditos do contribuinte em relação à Fazenda Pública, vencidos ou vincendos, se revestirem dos atributos de liquidez e certeza, a teor do disposto no caput do artigo 170 do CTN. A interessada somente poderá reduzir débito declarado em DCTF se apresentar prova inequívoca da ocorrência de erro de fato no seu preenchimento. A não comprovação da certeza e da liquidez do crédito alegado impossibilita a extinção de débitos para com a Fazenda Pública mediante compensação. PIS/COFINS. DCOMP. DACON RETIFICADOR Embora o DACON seja uma fonte válida de informações Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 9 8 para o Fisco, tomado isoladamente, ele não é prova suficiente do erro alegado, sendo incapaz de elidir o valor inicialmente declarado em DCTF (Acórdão 3802003.316, Relator Conselheiro Waldir Navarro Bezerra) Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 31/01/2005 RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DE DCTF RETIFICADORA. A informação dos valores devidos a título de PIS prestada na DACON não enseja o direito creditório, uma vez que o crédito tributário constituise pela DCTF. No caso de divergência entre os valores declarados em DCTF e DACON, prevalece o montante constituído em DCTF. A DCTF é o instrumento hábil e suficiente para constituição do crédito tributário, por consequência lógica, que o indébito tributário pelo pagamento a maior deve ser apurado pelo confronto com os valores constituídos em DCTF e os valores recolhidos. A desconstituição da confissão depende de robusta prova e detalhada demonstração de materialidade diversa da declara. RECURSO VOLUNTÁRIO NEGADO (Acórdão 3101001.259, Conselheiro Relator Luis Roberto Domingo). Dessarte, não tendo sido em momento algum comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Quanto a correção monetária do crédito, hodiernamente não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo, da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de Recursos, quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. 2 2 Mesmo na inexistência de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13830.903151/201232 Acórdão n.º 3402004.424 S3C4T2 Fl. 10 9 Ademais, fato é que a Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º) trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Contudo, como destacado alhures, não houve a comprovação de crédito a ser utilizado pela Recorrente, de modo que resta prejudicado seu pedido acerca da correção monetária do mesmo. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurisprudência unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito a ̀ atualização do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.001198/2007-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003, 2004
ATIVIDADE RURAL. RECEITA. ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA. DESCARACTERIZAÇÃO.
Na hipótese em que um imóvel rural é comprado e vendido sem que o contribuinte o tenha explorado para a atividade rural, ainda que haja exploração dessa atividade em outros imóveis, o resultado dessas operações deve ser oferecido a tributação como ganho de capital.
GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL. COMPRA E VENDA NA MESMA DATA. APURAÇÃO.
Se o imóvel rural foi comprado e vendido no mesmo dia, em data anterior à da entrega da DIAT, o ganho de capital deve ser apurado considerando os efetivos custo de aquisição e valor de alienação.
Numero da decisão: 2201-003.910
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Dione Jesabel Wasilewski - Relatora.
EDITADO EM: 26/09/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DIONE JESABEL WASILEWSKI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2002, 2003, 2004 ATIVIDADE RURAL. RECEITA. ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA. DESCARACTERIZAÇÃO. Na hipótese em que um imóvel rural é comprado e vendido sem que o contribuinte o tenha explorado para a atividade rural, ainda que haja exploração dessa atividade em outros imóveis, o resultado dessas operações deve ser oferecido a tributação como ganho de capital. GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL. COMPRA E VENDA NA MESMA DATA. APURAÇÃO. Se o imóvel rural foi comprado e vendido no mesmo dia, em data anterior à da entrega da DIAT, o ganho de capital deve ser apurado considerando os efetivos custo de aquisição e valor de alienação.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 19515.001198/2007-51
anomes_publicacao_s : 201709
conteudo_id_s : 5778492
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Sep 28 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 2201-003.910
nome_arquivo_s : Decisao_19515001198200751.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : DIONE JESABEL WASILEWSKI
nome_arquivo_pdf_s : 19515001198200751_5778492.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski - Relatora. EDITADO EM: 26/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 14 00:00:00 UTC 2017
id : 6951850
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:06:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467485159424
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1441; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 470 1 469 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.001198/200751 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.910 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de setembro de 2017 Matéria IRPF GANHO DE CAPITAL Recorrente CLAUDE ALFRED ARMAND FRESNEL Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004 ATIVIDADE RURAL. RECEITA. ESPECULAÇÃO IMOBILIÁRIA. DESCARACTERIZAÇÃO. Na hipótese em que um imóvel rural é comprado e vendido sem que o contribuinte o tenha explorado para a atividade rural, ainda que haja exploração dessa atividade em outros imóveis, o resultado dessas operações deve ser oferecido a tributação como ganho de capital. GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL. COMPRA E VENDA NA MESMA DATA. APURAÇÃO. Se o imóvel rural foi comprado e vendido no mesmo dia, em data anterior à da entrega da DIAT, o ganho de capital deve ser apurado considerando os efetivos custo de aquisição e valor de alienação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) Dione Jesabel Wasilewski Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 11 98 /2 00 7- 51 Fl. 470DF CARF MF 2 EDITADO EM: 26/09/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecilia Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de recurso voluntário (fls. 358/378) apresentado em face do Acórdão nº 1739.899, da 6ª Turma da DRJ/SP2 (fls. 343/352), que negou provimento à impugnação (fls. 164/172) apresentada ao auto de infração (fls. 153/159) pelo qual se exige Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF incidente sobre ganho de capital apurado na alienação de imóvel rural. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 141/146), o fiscalizado seria sócio da Agropecuária Jaciara Ltda., cujo capital social estava representado por 3.933.000 quotas no valor nominal de R$ 1,00, tendo ele 48% de participação nesse capital, o que corresponderia a R$ 1.887.840,00. A Agropecuária Jaciara, por sua vez, possuiria dois imóveis rurais adquiridos por escritura pública com área total de 14.226,194 has. Em 11/07/2002, através de escritura pública de alteração de contrato social, foi reduzido o capital da empresa em 1.031.502 quotas, no valor de R$ 1.031.502,00 e transmitido para os sócios, na proporção da participação de cada um na sociedade, o imóvel Fazenda Prata, com área de 12.744,711 has. Ao impugnante coube a parcela correspondente a R$ 495.120,96. Na mesma data, 11/07/2002, através do Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda, registrado em 03/09/2004, este imóvel (Fazenda Prata) foi alienado, com o que se confirmou Instrumento Particular de Intenção de Venda e Compra de Imóvel Rural que as partes haviam firmado em 08/05/2002. De acordo com as cláusulas do contrato firmado em 11/07/2002, a alienação ocorreu por um valor total de R$ 15.923.646,00, cujo pagamento foi parcelado, prevendo uma parcela inicial em 11/07/2002, e o saldo dividido em parcelas a vencer no dia 30/10 dos anos de 2002 a 2008. Respeitando a proporção na participação de cada condômino, coube ao impugnante o valor de R$ 7.643.350,08. Ainda de acordo com a autoridade fiscal, em análise dos documentos apresentados pelo fiscalizado, não haveria comprovação de exercício da atividade rural por ele. Por outro lado, o fato de os sócios da empresa Agropecuária Jaciara Ltda. terem firmado compromisso de alienação da Fazenda Prata em 08/05/2002 demonstraria que nunca houve a intenção de exploração rural da fazenda pelos sócios. Fl. 471DF CARF MF Processo nº 19515.001198/200751 Acórdão n.º 2201003.910 S2C2T1 Fl. 471 3 Em razão disso, foi apurado o ganho de capital obtido na operação considerando o efetivo preço de compra e venda do imóvel e respeitando a periodicidade nos pagamentos. O auto de infração foi impugnado pelo sujeito passivo, o que deu origem ao Acórdão nº 1739.899, da 6ª Turma da DRJ/SP2, cuja ementa tem a seguinte redação: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002, 2003, 2004 GANHO DE CAPITAL. IMÓVEL RURAL. BENFEITORIAS. BENS RECEBIDOS NA REDUÇÃO DE CAPITAL DE SOCIEDADE AGROPASTORIL. 0 valor de alienação das benfeitorias recebido pelo sócio, pessoa física, em virtude da devolução do capital de sociedade agropastoril, somente pode ser tributado como receita da atividade rural se esse sócio der continuidade a exploração da atividade rural; caso contrário, deverá integrar o valor de alienação do imóvel rural para fins de apuração do ganho de capital. A ciência dessa decisão ocorreu em 29/07/2010 (fl. 355) e o recurso voluntário foi tempestivamente apresentado em 27/08/2010 (fls. 358/378). Em suas razões de recorrer, o contribuinte alega, em síntese, que: 1. Os benefícios relativos à exploração da atividade rural estão adstritos àqueles que exerçam essa atividade e estejam enquadrados como produtores rurais, portanto é relevante o cadastramento da pessoa física ou jurídica que explore atividade rural. 2. A Lei nº 8.023, de 1990, unificou a receita, a despesa de custeio, os investimentos e o resultado da atividade rural de todas as unidades rurais, sendo confirmada essa unificação pelos artigos 11 e 24 da Instrução Normativa 83, de 2001. 3. Os atos que regulamentam a matéria em nenhum momento mandam escriturar ou declarar separadamente, por unidade, os rendimentos, dispêndios e resultados da atividade rural. 4. A legislação não proíbe que o comprador do imóvel utilize como custo as benfeitorias realizadas anteriormente pelo vendedor do referido imóvel. 5. Transcreve dispositivos da Instrução Normativa SRF nº 257, de 2002, que define atividade rural para fins de apuração do imposto de renda da pessoa jurídica, para concluir que ao alienar um imóvel rural a pessoa jurídica que exerce a atividade agropecuária considerará ganho de capital a diferença entre o valor de alienação da terra nua e o custo desta na contabilidade. O valor das benfeitorias e o da depreciação incentivada serão registrados como receita da atividade rural. Fl. 472DF CARF MF 4 6. Como a pessoa jurídica devolveu para os sócios separadamente terra nua e benfeitorias e estes gozam como produtores rurais do direito de alienar o imóvel separando também a terra nua das benfeitorias, sendo a diferença entre o valor de alienação da terra nua e o custo desta tributado como ganho de capital e o valor das benfeitorias tributado como rendimento da atividade rural. 7. Por força do art. 10 da IN nº 84, de 2001, tratandose de imóvel devolvido para a pessoa física produtora rural a partir de 1997, o valor da terra nua a ser considerado como custo para apuração do ganho de capital é o valor declarado pelo alienante no DIAT do ano de aquisição. 8. Um produtor rural pode encerrar suas atividades e, ao alienar os bens utilizados na produção rural, utilizar os incentivos conferidos por lei a esse atividade. 9. O contribuinte comprova que exerceu atividade rural em outras propriedades nos anoscalendário de 2002 a 2004. 10. O contribuinte comprovou que a posse e o domínio da área de 12.744,711 has era transmitido anualmente em média 1.000,00 has e que a área remanescente continuava sendo explorada pelo Recorrente e que continua ainda explorando a área de 1.481, 48 has do referido imóvel. Com base nos argumentos que foram sintetizados acima, pede seja julgado procedente o presente recurso e seja declarada a insubsistência do lançamento tributário. É o que havia para ser relatado. Voto Conselheira Dione Jesabel Wasilewski Relatora O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade e dele conheço. A questão central a ser dirimida neste processo consiste em decidir se a diferença entre o valor de aquisição e alienação atribuído às benfeitorias que compõe um imóvel rural comprado e vendido no mesmo dia, por um produtor rural que explora atividade rural em outros imóveis, pode ser considerado resultado da atividade rural para fins de tributação pelo imposto de renda ou se deve ser oferecido a tributação como ganho de capital. Penso que a segunda opção, tributação como ganho de capital, é a mais correta. Fundamento. A Lei nº 8.023, de 1990, estabelece a forma de tributação dos resultados provenientes da atividade rural (art. 1º) e tem o cuidado de discriminar o que se considera atividade rural (art. 2º) em uma lista exaustiva que compreende a agricultura, pecuária, extração e exploração vegetal e animal, exploração de culturas animais e a transformação de produtos decorrentes de atividade rural, sem que haja alteração na sua composição e características do produto in natura. Fl. 473DF CARF MF Processo nº 19515.001198/200751 Acórdão n.º 2201003.910 S2C2T1 Fl. 472 5 A mera intermediação de animais e produtos agrícolas não constitui atividade rural (art. 2º, parágrafo único), o que faz bastante sentido já que o benefício é conferido tendo em vista os riscos que envolvem a atividade incentivada, que não são suportados por quem pratica apenas a intermediação dos produtos resultantes dela O resultado da atividade rural é a diferença entre as receitas recebidas e as despesas pagas no anobase (art. 4º, caput), sendo que os investimentos são considerados despesas no mês do efetivo pagamento (art. 4º, § 2º). Neste caso, considerase investimento na atividade rural "a aplicação de recursos financeiros, exceto a parcela que corresponder ao valor da terra nua, com vistas ao desenvolvimento da atividade para expansão da produção ou melhoria da produtividade agrícola." (art. 6º), o que revela que o investimento considerado despesa da atividade rural é aquele efetuado com o propósito de expansão ou melhoria da atividade agrícola. Há aqui a união de um elemento objetivo, consistente no dispêndio realizado, e um elemento subjetivo, o fim a que ele se destina. Na alienação de bens utilizados na produção, o valor da terra nua não constitui receita da atividade agrícola e será tributado como ganho de capital (art. 4º, § 3º). Logo, para que seja considerado receita da atividade rural, os bens devem ter sido utilizados na produção, ou seja, geraram receita da atividade rural. Aqui se revela a lógica da regra, pois tudo aquilo que, em um primeiro momento, reduziu a receita da atividade rural, no momento seguinte a aumenta, de forma que ao longo do tempo o resultado tende a ser neutro. Ou seja, a longo prazo, os investimentos em benfeitorias para fins de atividade rural não alteram a receita oferecida à tributação a esse título, a não ser que haja diferença entre o valor de aquisição e o valor de alienação. Pelo que se extrai do texto legal, é possível afirmar que as regras constantes da Lei nº 8.023, de 1990, são aplicáveis a quem exerce efetivamente a atividade rural e nos imóveis explorados por essa pessoa com esse fim. Essa conclusão é confirmada pelo seguinte artigo: Art. 13. Os arrendatários, os condôminos e os parceiros na exploração da atividade rural, comprovada a situação documentalmente, pagarão o imposto de conformidade com o disposto nesta lei, separadamente, na proporção dos rendimentos que couber a cada um. Veja que o proprietário que arrenda o imóvel rural para exploração por terceiro (arrendatário) não está compreendido nessa regra, independente de ele mesmo ser ou não produtor rural. É por isso que a pergunta nº 466 do manual de perguntas e respostas de 2017, contém a seguinte orientação: 466 Como se dintinguem os contratos agrários? Os contratos de arrendamento e parceria são basicamente semelhantes no que concerne à natureza jurídica, pois em todos há cessão de uso e gozo de imóvel ou de área rural, parte ou partes dos mesmos, Fl. 474DF CARF MF 6 incluindo, ou não, outros bens, benfeitorias e facilidades, para ser exercida atividade de exploração agrícola, pecuária, agroindustrial, extrativa vegetal ou mista. Diferem, porém, substancialmente na forma de remuneração do cedente: a) no arrendamento ou subarrendamento, o cedente (arrendador ou subarrendador) recebe do arrendatário ou subarrendatário retribuição certa ou aluguel pelo uso dos bens cedidos (os rendimentos devem ser tributados como aluguéis, separados da atividade rural); b) na parceria ou subparceria, o cedente (parceirooutorgante) partilha com o parceirooutorgado os riscos de caso fortuito e força maior, os frutos, produtos ou lucros havidos, nas proporções estipuladas em contrato, e as variações de preço dos frutos obtidos (apuração na atividade rural – receitas e despesas). Por outro lado, na propriedade em comum, copropriedade ou condomínio, os proprietários, os coproprietários ou os condôminos partilham os riscos, frutos ou resultados havidos, na proporção da parte que lhes caiba no total. Esse entendimento é corroborado pela jurisprudência deste CARF, conforme revela excerto extraído da ementa do Acórdão nº 2202003.761, de relatoria do Conselheiro Dilson Jatahy Fonseca Neto: OMISSÃO DE RENDIMENTO. ARRENDAMENTO RURAL. DECLARAÇÃO COMO PRODUÇÃO RURAL. Ainda que a arrendante também seja produtora rural, não é possível oferecer à tributação como resultado da exploração rural os valores recebidos a título de pagamento de arrendamento a terceiros. No mesmo sentido é a conclusão do Acórdão nº 2402005.365, relator o Conselheiro Ronnie Soares Anderson, de onde é transcrito o que segue: Merece ser explicado, inicialmente, que os rendimentos auferidos em virtude de arrendamento são tributáveis, para o produtor, como resultado da atividade rural, a qual é apurada mediante escrituração do livro Caixa, podendo ser deduzidas as despesas e investimentos incorridos na atividade, a teor do art. 18 da Lei nº 9.250/95. Na ausência de livro Caixa, a base de cálculo do imposto recai sobre 20% da receita bruta. Já o arrendador submete os valores decorrentes do arrendamento ao regime geral estabelecido no art. 21 da Lei nº 4.506/64, ou seja, são eles classificados como rendimento de aluguéis, estando sujeitos à tributação na Declaração de Ajuste Anual da pessoa física sem o abatimento de despesas e benfeitorias, tratamento mais gravoso, à evidência, do que o conferido aos recebimentos advindos da relação de parceria. Por seu turno, a distinção entre arrendamento e parceria é obtida a partir da interpretação dos arts. 95 e 96 da Lei nº 4.504/1964 (Estatuto da Terra), e dos arts. 1º a 4º do Decreto nº 59.566/1966 (Regulamento do Estatuto da Terra). Segundo essas disposições normativas, no arrendamento há ausência de riscos de caso fortuito ou força maior, bem como recebimento de certa retribuição fixa, enquanto na parceria Fl. 475DF CARF MF Processo nº 19515.001198/200751 Acórdão n.º 2201003.910 S2C2T1 Fl. 473 7 riscos do gênero são partilhados, sem haver percepção de valor certo pela produção rural. Com efeito, no contrato de arrendamento o arrendador não sofre os riscos da atividade desenvolvida pelo arrendatário, sobre a qual não possui qualquer ingerência. Já a parceria se assemelha a contrato de sociedade ou consórcio, havendo mútua colaboração para a consecução de um determinado empreendimento agrícola, com a assunção de riscos por ambas as partes, assim como a partilha dos frutos, nas proporções avençadas. Portanto, nada na lei autoriza a conclusão de que um produtor rural que, além de realizar a exploração da atividade rural em um ou mais imóveis, pratica especulação imobiliária em outro, poderá tratar o ganho obtido nesta atividade como resultado da atividade rural. Essa conclusão é ratificada pela Instrução Normativa SRF nº 83, de 2001, no seguinte dispositivo: Art. 11. Considerase resultado da atividade rural a diferença entre os valores das receitas recebidas e das despesas de custeio e dos investimentos pagos no anocalendário, correspondentes a todas as unidades rurais exploradas pela pessoa física. Logo, as receitas e despesas que compõem a apuração do resultado da atividade rural são aquelas relativas a todas as unidades rurais "exploradas" pela pessoa física, o que, por óbvio, se refere à exploração da atividade rural e não imobiliária. Assim, no caso de imóvel no qual o alienante não exerceu atividade rural, a apuração do resultado da alienação e a sua tributação devem seguir as regras relativas à apuração do ganho de capital. Neste caso, da Instrução Normativa SRF nº 84, de 2001, são extraídas as seguintes disposições: Imóvel rural Art. 9o Na apuração do ganho de capital de imóvel rural é considerado custo de aquisição o valor relativo à terra nua. § 1o Considerase valor da terra nua (VTN) o valor do imóvel rural, nele incluído o da respectiva mata nativa, não computados os custos das benfeitorias (construções, instalações e melhoramentos), das culturas permanentes e temporárias, das árvores e florestas plantadas e das pastagens cultivadas ou melhoradas. § 2o Os custos a que se refere o § 1o, quando não tiverem sido deduzidos como despesa de custeio, na apuração do resultado da atividade rural, podem ser computados para efeito de apuração de ganho de capital. Fl. 476DF CARF MF 8 Art. 10. Tratandose de imóvel rural adquirido a partir de 1997, considerase custo de aquisição o valor da terra nua declarado pelo alienante, no Documento de Informação e Apuração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (Diat) do ano da aquisição, observado o disposto nos arts. 8o e 14 da Lei No 9.393, de 1996. § 1o No caso de o contribuinte adquirir: I e vender o imóvel rural antes da entrega do Diat, o ganho de capital é igual à diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição; II o imóvel rural antes da entrega do Diat e alienálo, no mesmo ano, após sua entrega, não ocorre ganho de capital, por se tratar de VTN de aquisição e de alienação de mesmo valor. § 2o Caso não tenha sido apresentado o Diat relativamente ao ano de aquisição ou de alienação, ou a ambos, considerase como custo e como valor de alienação o valor constante nos respectivos documentos de aquisição e de alienação. § 3o O disposto no § 2o aplicase também no caso de contribuinte sujeito à apresentação apenas do Documento de Informação e Atualização Cadastral (Diac). Na hipótese em análise, como o imóvel foi adquirido após 1997, devem ser aplicadas as disposições do art. 10. O contribuinte adquiriu e vendeu o imóvel antes da entrega da Diat, o que leva à aplicação do inciso I, pelo qual o ganho de capital é igual à diferença entre o valor de alienação e o custo de aquisição. Exatamente o que foi feito pela fiscalização neste processo. Estabelecidas essas premissas, passase a análise individualizada dos argumentos apresentados pelo recorrente, na ordem em que foram sintetizados no relatório. 1. Os benefícios relativos à exploração da atividade rural estão adstritos àqueles que exerçam essa atividade e estejam enquadrados como produtores rurais, portanto é relevante o cadastramento da pessoa física ou jurídica que explore atividade rural. Tem razão o recorrente quando afirma que é relevante o exercício da atividade rural, contudo, as regras relativas à tributação da atividade rural não são aplicáveis apenas pela critério subjetivo, ou seja, não é um benefício em favor dos produtores rurais independentemente da natureza da atividade que deu origem ao rendimento. Ao elemento subjetivo deve ser somado o objetivo, o rendimento deve decorrer da exploração da atividade rural e, assim como a compra e venda de produtos rurais não é resultado da atividade rural, o rendimento decorrente do arrendamento de imóveis rurais não é resultado da atividade rural, a mera especulação imobiliária realizada em imóveis rurais também não é resultado da atividade rural. 2. A Lei nº 8.023, de 1990, unificou a receita, a despesa de custeio, os investimentos e o resultado da atividade rural de todas as unidades rurais, sendo confirmada essa unificação pelos artigos 11 e 24 da Instrução Normativa 83, de 2001. Fl. 477DF CARF MF Processo nº 19515.001198/200751 Acórdão n.º 2201003.910 S2C2T1 Fl. 474 9 Tanto o art. 11 quanto o 24 fazem referência às unidades rurais "exploradas" pelo contribuinte. Portanto, não basta ser uma propriedade destinada a atividade rural, ela deve ser assim explorada pelo contribuinte em questão. 3. Os atos que regulamentam a matéria em nenhum momento mandam escriturar ou declarar separadamente, por unidade, os rendimentos, dispêndios e resultados da atividade rural. É verdade que não há qualquer comando estabelecendo a segregação das receitas e dispêndios, mas elas são unidas pela natureza comum que é o de se tratar de resultado da atividade rural, o que não inclui, conforme já se afirmou anteriormente, o resultado da especulação imobiliária em imóvel rural. 4. A legislação não proíbe que o comprador do imóvel utilize como custo as benfeitorias realizadas anteriormente pelo vendedor do referido imóvel. Isto é verdade, mas desde que haja apuração do resultado da atividade rural no imóvel em questão. Ou seja, essas benfeitorias devem ter sido empregadas para a exploração de atividade rural, o que não restou configurado neste processo. Por outro lado, elas serão consideradas efetivamente como custo, mas custo de aquisição para fins de apuração do ganho de capital. 5. Transcreve dispositivos da Instrução Normativa SRF nº 257, de 2002, que define atividade rural para fins de apuração do imposto de renda da pessoa jurídica, para concluir que ao alienar um imóvel rural a pessoa jurídica que exerce a atividade agropecuária considerará ganho de capital a diferença entre o valor de alienação da terra nua e o custo desta na contabilidade. O valor das benfeitorias e o da depreciação incentivada serão registrados como receita da atividade rural. Aqui vale o mesmo raciocínio, pois pressuposto para a aplicação dessa regra é que tenha sido desenvolvida e explorada atividade rural no imóvel pelo alienante. 6. Como a pessoa jurídica devolveu para os sócios separadamente terra nua e benfeitorias e estes gozam como produtores rurais do direito de alienar o imóvel separando também a terra nua das benfeitorias, sendo a diferença entre o valor de alienação da terra nua e o custo desta tributado como ganho de capital e o valor das benfeitorias tributado como rendimento da atividade rural. Conforme já foi ressaltado anteriormente, a separação entre o valor da terra nua e das benfeitorias pressupõe a exploração de atividade rural no imóvel pelo alienante, o que não restou configurado neste processo. 7. Por força do art. 10 da IN nº 84, de 2001, tratandose de imóvel devolvido para a pessoa física produtora rural a partir de 1997, o valor da terra nua a ser considerado como custo para apuração do ganho de capital é o valor declarado pelo alienante no DIAT do ano de aquisição. Na hipótese em questão, a aquisição e alienação ocorreram antes da entrega da DIAT do ano de aquisição, que foi estabelecido pela Instrução Normativa SRF nº 61, de Fl. 478DF CARF MF 10 2001, em 30 de setembro de 2002. Em razão disso, a apuração do ganho de capital deve observar o custo de aquisição e alienação. 8. Um produtor rural pode encerrar suas atividades e, ao alienar os bens utilizados na produção rural, utilizar os incentivos conferidos por lei a esse atividade. Pode. Desde que os bens alienados tenham sido utilizados por ele na exploração da atividade rural, o que não é o caso dos autos. 9. O contribuinte comprova que exerceu atividade rural em outras propriedades nos anoscalendário de 2002 a 2004. Não basta a exploração da atividade rural em outras propriedades. 10. O contribuinte comprovou que a posse e o domínio da área de 12.744,711 has era transmitido anualmente em média 1.000,00 has e que a área remanescente continuava sendo explorada pelo Recorrente e que continua ainda explorando a área de 1.481,48 has do referido imóvel. De acordo com o art. 3º, I, da IN SRF nº 84, de 2001, estão sujeitos à apuração do ganho de capital as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. Portanto, com o "instrumento particular de compromisso de compra e venda" (fls. 61/76) firmado em 11 de julho de 2002, já havia sido realizada a alienação para fins de apuração do ganho de capital. O fato de as escrituras de compra e venda serem outorgadas de forma proporcional ao recebimento do preço não desnatura esse fato, pois a apuração do ganho de capital independe dessa providência. Também não produz qualquer efeito, a alegada exploração da área ainda não escriturada pelos vendedores, pois neste caso estão explorando imóvel que, para fins de imposto de renda, é de terceiro. Conclusão Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário apresentado para, no mérito, negarlhe provimento. Dione Jesabel Wasilewski Relatora Fl. 479DF CARF MF Processo nº 19515.001198/200751 Acórdão n.º 2201003.910 S2C2T1 Fl. 475 11 Fl. 480DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11128.006665/2009-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 10/09/2009
INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO.
O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada.
MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA.
O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificando-as posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva.
REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007.
Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3402-004.446
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Olmiro Lock Freire.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201709
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 10/09/2009 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do Decreto-Lei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificando-as posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007. Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_processo_s : 11128.006665/2009-53
anomes_publicacao_s : 201710
conteudo_id_s : 5788420
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
numero_decisao_s : 3402-004.446
nome_arquivo_s : Decisao_11128006665200953.PDF
ano_publicacao_s : 2017
nome_relator_s : JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
nome_arquivo_pdf_s : 11128006665200953_5788420.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Olmiro Lock Freire. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
dt_sessao_tdt : Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
id : 6984653
ano_sessao_s : 2017
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:07:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713049467496693760
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1894; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11128.006665/200953 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402004.446 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2017 Matéria MULTA REGULAMENTAR ADUANEIRA Recorrente COMPANHIA LIBRA DE NAVEGAÇÃO (incorporadora de CSAV GROUP AGENCIES BRAZIL AGENCIAMENTO DE TRANSPORTES LTDA.) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 10/09/2009 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, "e", do DecretoLei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico (no caso, CNPJ do Consignatário) não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificandoas posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. REVOGAÇÃO ART. 45, §1º, DA INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 800/2007. Dispositivo normativo no qual se fundou a autuação, que trazia uma indevida extensão da determinação legal, foi expressamente revogado pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. Recurso Voluntário Provido. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 12 8. 00 66 65 /2 00 9- 53 Fl. 148DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 3 2 Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. Vencidos os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra e Jorge Olmiro Lock Freire. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de Auto de infração lavrado contra a Recorrente, na condição de agência de navegação responsável pela importação, para exigir multa de R$ 5.000,00 com fulcro na previsão do art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei nº 37/1966, passível de ser aplicada "por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal". Conforme indicado no relatório fiscal da autuação, o fato que ensejou a lavratura da autuação foi a retificação de ofício e a destempo, de informações do Conhecimento eletrônico na forma solicitada pela Recorrente. No entendimento da fiscalização, a retificação solicitada pela Recorrente foi realizada a destempo por ter sido registrada de oficio, em desconformidade com os artigos 45, §1º e 50 da Instrução Normativa n.º 800/2007. Inconformada, a empresa apresentou Impugnação Administrativa, julgada integralmente improcedente pelo Acórdão 08028.253da 2ª Turma da DRJ/FOR, ementado nos seguintes termos: "ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 10/09/2009 AGÊNCIA MARÍTIMA. LEGITIMIDADE PASSIVA. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. A agência marítima que atue como representante, no País, do transportador estrangeiro, é legítima para figurar no polo passivo do auto de infração e responde, em igualdade de condições com aquele, pela infração decorrente do descumprimento da obrigação de prestar, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, informação sobre o veículo e sobre a carga nele transportada. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Fl. 149DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 4 3 Data do fato gerador: 10/09/2009 VÍCIO FORMAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Inexiste vício formal e não se configura o cerceamento do direito de defesa quando o lançamento se reveste das formalidades legais essenciais e o autuado demonstra em sua impugnação haver compreendido as acusações a ele imputadas. JURISPRUDÊNCIA JUDICIAL. EFEITO INTER PARTES. NÃO VINCULAÇÃO. As decisões judiciais proferidas com efeito meramente inter partes não vinculam os julgamentos emanados pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. CONTROLE ADUANEIRO. MOVIMENTAÇÃO DE EMBARCAÇÕES, CARGAS E UNIDADES DE CARGA NOS PORTOS ALFANDEGADOS. PEDIDO DE RETIFICAÇÃO. DESCUMPRIMENTO DE CONDIÇÕES. DESCARACTERIZAÇÃO. Não configura pedido de retificação de conhecimento de carga o pedido que não atenda a pelo menos uma das condições estabelecidas no artigo 23 da Instrução Normativa RFB nº 800, de 27 de dezembro de 2007. ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 10/09/2009 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. DESCABIMENTO. O instituto da denúncia espontânea não se aplica à infração decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória. Impugnação Improcedente" Cientificada desta decisão, a empresa apresentou Recurso Voluntário tempestivo, reiterando suas razões de defesa, alegando em síntese: (i) preliminarmente: (i.1) a ilegitimidade passiva da Recorrente por ter atuado na condição de agente dos transportadores marítimos; e (i.2) a nulidade do Auto de Infração por não ser claro, possuindo uma confusa descrição dos fatos que impediu o ampla exercício de defesa; (ii) no mérito: (ii.1) ausência de tipicidade, sustentando a não caracterização da infração imposta vez que todas as informação de conhecimento do transportador foram oportunamente apresentadas, somente retificadas após pedido do importador; e (ii.2) a necessidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea, com fulcro na nova redação do art. 102, §2º, do Decretolei n.º 37/1966 dada pela Lei n.º 12.350/2010, vez que solicitada a retificação da documentação antes do início do procedimento fiscal. Em seguida, os autos foram direcionados a este Conselho. Fl. 150DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 5 4 É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.436, de 26 de setembro de 2017, proferido no julgamento do processo 11128.003078/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Ressaltese que a decisão do paradigma foi contrária ao meu entendimento pessoal. Todavia, como fui vencido na votação, ao presente processo deve ser aplicada a posição vencedora, conforme consta da ata da sessão do julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402004.436): "O Recurso Voluntário é tempestivo e dele tomo conhecimento, adentrando em suas razões. Primeiramente, importante consignar que, na condição de agente de navegação, representante da transportadora internacional, como reconhecido pela própria Recorrente, não há que se falar na hipótese em ilegitimidade passiva. A fiscalização se respaldou na Instrução Normativa n.º 800/2007 (art. 4º1) para autuar a Recorrente como agente marítimo, por ter sido a responsável pela inserção das informações no SISCOMEX CARGA, disposição normativa fundada do Decretolei n.º 37/1966 (art. 37, §1º2) e no Regulamento Aduaneiro/2002, vigente à época dos fatos (art. 30, §2º3). 1 "Art. 4o A empresa de navegação é representada no País por agência de navegação, também denominada agência marítima. § 1o Entendese por agência de navegação a pessoa jurídica nacional que represente a empresa de navegação em um ou mais portos no País. § 2o A representação é obrigatória para o transportador estrangeiro. § 3o Um transportador poderá ser representado por mais de uma agência de navegação, a qual poderá representar mais de um transportador." 2 "Art. 37. O transportador deve prestar à Secretaria da Receita Federal, na forma e no prazo por ela estabelecidos, as informações sobre as cargas transportadas, bem como sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) § 1o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, e o operador portuário, também devem prestar as informações sobre as operações que executem e respectivas cargas. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003)" (grifei) 3 "Art. 30. O transportador prestará à Secretaria da Receita Federal as informações sobre as cargas transportadas, bem assim sobre a chegada de veículo procedente do exterior ou a ele destinado. § 1o Ao prestar as informações, o transportador, se for o caso, comunicará a existência, no veículo, de mercadorias ou de pequenos volumes de fácil extravio. Fl. 151DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 6 5 Com efeito, quem teria cometido a irregularidade de prestação de informações no presente caso foi a Recorrente, responsável por inserir os dados da operação, navio e mercadorias no SISCOMEX em nome do transportador estrangeiro, ainda que sob sua orientação. Nesse sentido é a jurisprudência deste Conselho: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 16/05/2008 AGENTE MARÍTIMO. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. ILEGITIMIDADE PASSIVA. INOCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada responde pela multa sancionadora da referida infração. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. INFRAÇÃO CONFIGURADA. PENALIDADE. APLICABILIDADE. Restando comprovado nos autos o atraso na prestação de informações dos dados de embarque no SISCOMEX, é aplicável a penalidade prevista na alínea “e”, inciso IV, do artigo 107, do DecretoLei n.º 37, de 1966, com a redação do artigo 77 da Lei n.º 10.833, de 2003." (Processo 11128.007671/200847 Data da Sessão 25/05/2017 Relatora Maria do Socorro Ferreira Aguiar Nº Acórdão 3302004.311 grifei) "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 06/02/2011 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Precedentes da Turma. Ilegitimidade passiva afastada. (...) Recurso Voluntário Negado. Crédito Tributário Mantido." (Processo 11684.720091/201139 Data da Sessão 27/11/2013 Relator Solon Sehn Nº Acórdão 3802 002.315) "Assunto: Obrigações Acessórias § 2o O agente de carga, assim considerada qualquer pessoa que, em nome do importador ou do exportador, contrate o transporte de mercadoria, consolide ou desconsolide cargas e preste serviços conexos, também deve prestar as informações sobre as operações que execute e sobre as respectivas cargas. § 3o Poderá ser exigido que as informações referidas neste artigo sejam emitidas, transmitidas e recepcionadas eletronicamente." Fl. 152DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 7 6 Data do fato gerador: 03/11/2004, 04/11/2004, 08/11/2004, 12/11/2004, 15/11/2004, 18/11/2004, 23/11/2004, 26/11/2004 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE. MATERIALIZAÇÃO DA INFRAÇÃO. IMPOSIÇÃO DA MULTA. OBRIGATORIEDADE. O descumprimento do prazo de 7 (sete) dias, fixado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para o registro, no Siscomex, dos dados do embarque marítimo, subsumese à hipótese da infração por atraso na informação sobre carga transportada, sancionada com a respectiva multa regulamentar. INFRAÇÃO POR ATRASO NA PRESTAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE CARGA TRANSPORTADA. PENALIDADE APLICADA CONTRA O AGENTE MARÍTIMO. LEGITIMIDADE PASSIVA. OCORRÊNCIA. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na informação sobre carga transportada tem legitimidade para integrar o polo passivo da ação de cobrança da multa sancionadora da respectiva infração. Recurso Voluntário Negado." (Processo 11050.001776/200914 Relator Jose Fernandes do Nascimento Nº Acórdão 3802001.565 grifei) Assim, não há que se falar no caso em ilegitimidade passiva. Por outro lado, por entender que cabe ser provido o Recurso Voluntário no mérito, deixo de apreciar a preliminar de nulidade suscitada pela Recorrente em conformidade com o art. 59, §3º do Decreto n.º 70.235/724. Isso porque, confirmase no caso em tela a ausência de tipicidade, inexistindo subsunção dos fatos descritos e documentados pela fiscalização à norma do art. 107, inciso IV, alínea "e" do Decretolei n.º 37/1966. Com efeito, como relatado, a autuação foi lavrada em razão de Pedido de Retificação apresentado pela Recorrente para modificar um dado do CE Mercante, qual seja, o número do CNPJ do Consignatário, indicado no CE mercante com o número 03.3403084/000109, mas que deveria ser alterado para o número 04.732138/000736. É o que se depreende do pedido de retificação anexado ao Auto de Infração (efl. 18): 4 "Art. 59. São nulos: (...) § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993)" Fl. 153DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 8 7 Contudo, como se depreende da expressão do art. 107, IV, "e", do Decretolei n.º 37/1966, essa penalidade somente será aplicada quando as informações relativas ao veículo ou cargas neles transportadas, ou quanto às operações realizadas, deixarem de serem prestadas à Secretaria da Receita Federal. Tratase, portanto, de um tipo que exige uma conduta omissiva por parte do agente: "Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 29.12.2003) (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga; e" (grifei) Atentandose para o presente caso, observase que não ocorreu na hipótese o tipo "deixar de prestar informação", vez que todas as informações envolvendo a operação foram efetivamente prestadas no SISCOMEX. Somente um dado do CE foi retificado (CNPJ do Consignatário) conforme solicitação do importador formulada em 30/07/2008 (efl. 66), após a atracação do navio. Desta forma, inexiste a subsunção do fato descrito pela fiscalização (frisese, de uma forma efetivamente confusa e genérica, como mencionado pela Recorrente) com a norma imputada, devendo ser cancelada a autuação. Nesse exato sentido: "Assunto: Processo Administrativo Fiscal Fl. 154DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 9 8 Anocalendário: 1996, 1997, 1998 INFRAÇÃO. LEGITIMIDADE PASSIVA. AGENTE MARÍTIMO. O agente marítimo que, na condição de representante do transportador estrangeiro, comete a infração por atraso na prestação de informação de embarque responde pela multa sancionadora correspondente. Precedentes da Turma. Ilegitimidade passiva afastada. MULTA REGULAMENTAR. DESCUMPRIMENTO DE DEVER INSTRUMENTAL. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF N.° 28/1994 (ART. 37). DECRETOLEI N° 37/1966 (ART. 107, IV, “E”). RETIFICAÇÃO DE CAMPO DO CONHECIMENTO ELETRÔNICO. INFRAÇÃO NÃO CONFIGURADA. O núcleo do tipo infracional previsto no art. 107, IV, “e, do DecretoLei n° 37/1966, pressupõe uma conduta omissiva do sujeito passivo: deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal. A simples retificação de um dos campos do conhecimento eletrônico não pode ser considerada uma infração, uma vez que, ao prestar informações na forma e no prazo legal, retificandoas posteriormente, o sujeito passivo não pratica uma conduta omissiva. Recurso Voluntário Provido. Crédito Tributário Exonerado." (Processo 11684.000246/201036 Data da Sessão 10/12/2014 Relator Solon Sehn Nº Acórdão 3802 003.962 Unânime grifei) Assim, inexistia respaldo legal para a exigência. Cumpre ainda acrescer que a autuação se fundamentava apenas em dispositivo infralegal do artigo 45, §1º da Instrução Normativa n.º 800/20075, que trazia uma extensão da aplicação do art. 107, IV, 'e' do Decretolei n.º 37/ para a "prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação". Contudo, além desta exigência não se respaldar na lei, como visto, ela foi expressamente revogada pela Instrução Normativa n.º 1.473/2014. 5 "Art. 45. O transportador, o depositário e o operador portuário estão sujeitos à penalidade prevista nas alíneas "e" ou "f" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei no 37, de 1966, e quando for o caso, a prevista no art. 76 da Lei no 10.833, de 2003, pela não prestação das informações na forma, prazo e condições estabelecidos nesta Instrução Normativa. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 1o Configurase também prestação de informação fora do prazo a alteração efetuada pelo transportador na informação dos manifestos e CE entre o prazo mínimo estabelecido nesta Instrução Normativa, observadas as rotas e prazos de exceção, e a atracação da embarcação. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014) § 2o Não configuram prestação de informação fora do prazo as solicitações de retificação registradas no sistema até sete dias após o embarque, no caso dos manifestos e CE relativos a cargas destinadas a exportação, associados ou vinculados a LCE ou BCE. (Revogado(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1473, de 02 de junho de 2014)" Fl. 155DF CARF MF Processo nº 11128.006665/200953 Acórdão n.º 3402004.446 S3C4T2 Fl. 10 9 Diante do exposto, voto por dar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo a exigência da penalidade também foi decorrente de retificação de dados no CE, ou seja, "não ocorreu na hipótese o tipo "deixar de prestar informação", vez que todas as informações envolvendo a operação foram efetivamente prestadas no SISCOMEX". Houve apenas a retificação de dado do CE após a atracação do navio. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 156DF CARF MF
score : 1.0