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Numero do processo: 10580.723075/2009-89
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Exercício: 2005
Ementa:
ANTECIPAÇÕES OBRIGATÓRIAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (súmula CARF nº 105).
Numero da decisão: 1301-001.916
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER os embargos para, no mérito, DAR-LHES provimento PARCIAL para cancelar a multa isolada.
"documento assinado digitalmente"
Wilson Fernandes Guimarães
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado).
Nome do relator: WILSON FERNANDES GUIMARAES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Exercício: 2005 Ementa: ANTECIPAÇÕES OBRIGATÓRIAS. MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (súmula CARF nº 105).
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MULTA ISOLADA. CONCOMITÂNCIA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício (súmula CARF nº 105). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, CONHECER os embargos para, no mérito, DARLHES provimento PARCIAL para cancelar a multa isolada. "documento assinado digitalmente" Wilson Fernandes Guimarães Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Wilson Fernandes Guimarães, Paulo Jakson da Silva Lucas, Luiz Tadeu Matosinho Machado (suplente convocado), Hélio Eduardo de Paiva Araújo e Gilberto Baptista (suplente convocado). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 30 75 /2 00 9- 89 Fl. 570DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10580.723075/200989 Acórdão n.º 1301001.916 S1C3T1 Fl. 571 2 Relatório Trata o presente de embargos de declaração interpostos pela empresa em epígrafe, tendo por objeto o acórdão nº 1301001.801, prolatado por esta Primeira Turma na sessão de julgamento realizada em 05 de março de 2015. Em conformidade com o documento de fls. 525, a contribuinte foi cientificada do acórdão prolatado em segunda instância em 13/04/2015, de modo que, tendo impetrado os EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em 20/04/2015, o fez com observância do prazo regimental. No referido julgado, o Colegiado pronunciouse no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Alega a contribuinte que, "em relação à desistência parcial da lide para fins de adesão aos benefícios previstos na Lei nº 11.941/2009, foi aplicado entendimento de que a Embargante teria desistido de toda a matéria, com exceção da multa isolada", porém, ela desistiu tão somente da matéria que não havia sido impugnada, que correspondeu ao montante de R$ 102.724,11. Afirma que, na petição de fls. 368/383, cometeu erro ao informar que restaria apenas a matéria relativa à MULTA ISOLADA, mas que "o pedido de renúncia é específico para a matéria reconhecida e paga do débito". Adita que, se o Relator do acórdão embargado ficou com dúvida sobre a matéria que deveria ser apreciada, deveria prevalecer a petição do Recurso Voluntário, "que além de ser bastante clara, delimitando a desistência, é ratificada pelo DARF que se encontra anexo à petição de fls. 368383". Diz, ainda, que o acórdão foi obscuro e contraditório em relação à amplitude da desistência por ela apresentada; que, na medida em que só foi apreciada a matéria relacionada à multa isolada, houve omissão em relação aos demais argumentos trazidos pelo Recurso Voluntário; e que o acórdão é omisso acerca da aplicação da súmula CARF nº 105. Os embargos foram admitidos por meio do despacho de fls. 568/569. É o Relatório. Fl. 571DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10580.723075/200989 Acórdão n.º 1301001.916 S1C3T1 Fl. 572 3 Voto Conselheiro Wilson Fernandes Guimarães Atendidos os requisitos de admissibilidade, conheço do apelo. Em sentido contrário ao sustentado pela embargante, destaco que a questão da delimitação da lide foi suficientemente apreciada pelo acórdão, conforme excertos abaixo reproduzidos. [...] Na decisão prolatada em primeira instância consta registro no sentido de que a impugnação interposta pela autuada foi de caráter parcial, visto que não houve contestação em relação aos montantes devidos a título de IRPJ e de CSLL em razão das bases de cálculo consideradas, mas tão somente no que tange ao imposto de renda e a contribuição social a pagar. Na impugnação, a contribuinte contestou os valores considerados pela autoridade fiscal relativamente à dedução a título de incentivo fiscal (PAT); à estimativa de IRPJ do mês dezembro; e à estimativa de CSLL do mês de dezembro. Requereu, ainda, a dedução do IRRF no valor de R$ 93.783,37 da estimativa mensal de IRPJ do mês de dezembro. Conforme relato anterior, em documento protocolizado em 24 de fevereiro de 2010, a contribuinte apresentou DESISTÊNCIA PARCIAL da impugnação. No referido documento resta consignado, in verbis: [...] De outro lado, diante do estímulo oferecido pelo Fisco Federal, as requerentes entendem que é interessante a adesão aos termos da Lei 11.941/2009 c/c Portaria 06/2009, por isto, efetuaram o pagamento do débito parcialmente para efetuar o pagamento à vista do valor principal do débito, utilizando os prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL para pagamento da parcela de juros. Nesse cenário é que a Requerente, em cumprimento às disposições da transação a que adere, desistem parcialmente de forma expressa e irrevogável, tendo em vista o pagamento à vista do débito principal, utilizando a base negativa de CSLL para pagamento dos juros, renunciando ao direito em que se funda no tocante a parte reconhecida e paga do débito, remanescendo somente a parte referente à multa isolada lançada no referido processo, pelo que pedem seja homologada a desistência parcial nos termos da Lei nº 11947/2009. (GRIFO DO ORIGINAL) No recurso voluntário apresentado, entretanto, a contribuinte argumenta que suas razões são dirigidas para a parcela mantida em primeira instância, o que revela distinção em relação ao documento de desistência acima referenciado, eis que na Fl. 572DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10580.723075/200989 Acórdão n.º 1301001.916 S1C3T1 Fl. 573 4 referida parcela (mantida) é identificado débito de IRPJ que foi impugnado e parcialmente mantido pela Turma Julgadora de primeiro grau (R$ 97.366,19), enquanto na desistência a contribuinte assegura que a matéria não alcançada pelo pedido diz respeito exclusivamente às multas isoladas. O quadro abaixo, extraído das informações consignadas na decisão de primeira instância, clarifica a questão. IMPUGNADO ESPÉCIE FG REFERÊNCIA LANÇADO NÃO IMPUGNADO EXONERADO MANTIDO IRPJ 2004 159.225,10 50.065,56 11.793,35 97.366,19 CSLL 2004 57.008,45 52.658,55 4.349,00 0,00 MULTA ISOLADA IRPJ DEZEMBRO 2004 79.612,55 5.897,27 73.715,28 MULTA ISOLADA CSLL DEZEMBRO 2004 28.504,22 2.174,94 26.329,28 Conforme nota, apesar de a desistência ter sido protocolizada em data posterior à correspondente ao pronunciamento da autoridade julgadora de primeira instância, a ciência do ato decisório em questão só foi formalizada em 17 de janeiro de 2011 (aviso de recebimento às fls. 397), logo, não seria possível à contribuinte relacionar o pedido de desistência à parcela mantida em primeira instância, eis que desconhecida à época da sua apresentação. O extrato de fls. 436, indicativo da consolidação do parcelamento requerido, confirma que o valor de R$ 97.366,19 foi objeto de desistência por parte da Recorrente, embora integre a denominada PARCELA MANTIDA em primeira instância, como demonstrado no quadro acima. O que se constata, e os elementos reunidos ao processo confirmam (documentos de fls. 388 e 442/443), é que, em razão do fato de as parcelas não impugnadas do crédito tributário constituído terem sido apartadas, formando o processo administrativo nº 10580.720227/201114, elas não foram consideradas no parcelamento requerido pela Recorrente, o que motivou a interposição de pedido de regularização por parte dela (da Recorrente). Vêse, pois, que, diferentemente do alegado pela embargante, inexistiu dúvida de qualquer natureza acerca da amplitude do pedido de desistência formulado. A informação acerca do fato de tal pedido ter sido formalizado em data anterior à ciência da decisão prolatada em primeira instância, na verdade, constitui argumento a favor da tese de que a desistência não poderia fazer referência à "parcela mantida em primeira instância", vez que, à época, ela não era conhecida. Verificase, também, que o voto condutor do acórdão questionado, ao afirmar que "o extrato de fls. 436, indicativo da consolidação do parcelamento requerido, confirma que o valor de R$ 97.366,19 foi objeto de desistência por parte da Recorrente, embora integre a denominada PARCELA MANTIDA", adita fundamento irrefutável acerca da verdadeira pretensão da contribuinte ao apresentar o pedido de desistência em debate. Fl. 573DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES Processo nº 10580.723075/200989 Acórdão n.º 1301001.916 S1C3T1 Fl. 574 5 Obviamente, restringindose a controvérsia à MULTA ISOLADA, não caberia à decisão apreciar questões que com tal matéria não guardasse relação. No que tange à MULTA ISOLADA, contudo, penso que é merecedor de acolhimento o argumento da embargante de que o acórdão foi omisso em relação à aplicação da súmula CARF nº 105. Para fins de aplicação da multa isolada em razão da falta de recolhimento de antecipações obrigatórias (estimativas), a autoridade autuante serviuse do art. 44, II, da Lei nº 9.430/96, na redação que lhe foi dada pela Medida Provisória nº 351, de 2007, convertida na Lei nº 11.488, também de 2007. Tratando de lançamento tributário relativo ao ano calendário de 2004, penso que a referência feita a alteração trazida pela Lei nº 11.488, de 2007, conectase, tão somente, ao disposto no art. 106, II, c, do Código Tributário Nacional, isto é, objetivou, única e exclusivamente, a aplicação do percentual de 50%, haja vista a retroatividade benigna traduzida pela norma em referência. Penso que não poderia ser diferente, pois, tratandose, como dito, de ausência de recolhimento de estimativas no ano de 2004, a norma tributária penal que poderia servir de suporte para aplicação da sanção não poderia ser outra senão a trazida pelo art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430, de 1996. Assim, por força do disposto no art. 72 do Regimento Interno em vigor, deve se aplicar ao presente caso a súmula CARF nº 105, abaixo transcrita. Súmula CARF nº 105 : A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Diante de todo o exposto, conduzo meu voto no sentido de CONHECER OS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO para, no mérito, DARLHES PROVIMENTO PARCIAL para cancelar a MULTA ISOLADA. “documento assinado digitalmente” Wilson Fernandes Guimarães – Relator Fl. 574DF CARF MF Impresso em 01/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/02/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES, Assinado digitalmente em 01/0 2/2016 por WILSON FERNANDES GUIMARAES
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Numero do processo: 16682.900884/2010-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 01 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 19 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
Ementa:
IRPJ. SALDO NEGATIVO DISPONÍVEL. PER/DCOMP.
Verificado o saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, relativo ao ano calendário de 2006, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.04-3112, tratado no presente processo, respeitado o limite do crédito reconhecido e o saldo disponível ainda não utilizado pelo contribuinte.
Numero da decisão: 1201-001.324
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito.
(documento assinado digitalmente)
Marcelo Cuba Netto - Presidente
(documento assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Luis Fabiano Alves Penteado e Roberto Caparroz de Almeida.
Nome do relator: ESTER MARQUES LINS DE SOUSA
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camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2006 Ementa: IRPJ. SALDO NEGATIVO DISPONÍVEL. PER/DCOMP. Verificado o saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, relativo ao ano calendário de 2006, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.04-3112, tratado no presente processo, respeitado o limite do crédito reconhecido e o saldo disponível ainda não utilizado pelo contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto - Presidente (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Luis Fabiano Alves Penteado e Roberto Caparroz de Almeida.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2089; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.900884/201092 Recurso nº 000.001 Voluntário Acórdão nº 1201001.324 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 2 de fevereiro de 2016 Matéria PER/DCOMP Crédito IRPJ Recorrente AZUL COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 Ementa: IRPJ. SALDO NEGATIVO DISPONÍVEL. PER/DCOMP. Verificado o saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, relativo ao ano calendário de 2006, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112, tratado no presente processo, respeitado o limite do crédito reconhecido e o saldo disponível ainda não utilizado pelo contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito. (documento assinado digitalmente) Marcelo Cuba Netto Presidente (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto, Ester Marques Lins de Sousa, João Carlos de Figueiredo Neto, Luis Fabiano Alves Penteado e Roberto Caparroz de Almeida. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 08 84 /2 01 0- 92 Fl. 202DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 3 2 Relatório Por economia processual e bem descrever os fatos adoto parte do Relatório da decisão recorrida que transcrevo a seguir: I) Do PER/DCOMP Versa o presente processo sobre manifestação de inconformidade interposta contra Despacho Decisório (Eletrônico) proferido pela Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ, que não homologou a compensação efetivada por meio do PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112, de débito de estimativa de CSLL (cód. 2469), relativo ao período de apuração fevereiro/2007, no valor de R$ 7.226,97, com o crédito de R$ 7.226,97, oriundo de pagamento indevido ou a maior de estimativa de IRPJ, realizado por meio de DARF (cód. 2319), referente ao período de apuração 30/11/2006, no valor total de R$ 24.089,90. II) Do Despacho Decisório 2. O Despacho Decisório de fls. 07/10 (nº de rastreamento 880540406), emitido em 06/09/2010, apresenta a seguinte fundamentação, decisão e enquadramento legal: “Limite do crédito analisado, correspondente ao valor do crédito original na data de transmissão informado no PER/DCOMP: 7.226,97. Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado, foi constatada a improcedência do crédito informado no PER/DCOMP por tratarse de pagamento a título de estimativa mensal de pessoa jurídica tributada pelo lucro real, caso em que o recolhimento somente pode ser utilizado na dedução do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devida ao final do período de apuração ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou CSLL do período. ... III) Da manifestação de inconformidade 3. Inconformada com a decisão, da qual tomou ciência em 22/09/2010 (AR, fls.11), interpôs a interessada a manifestação de inconformidade de fls. 12/20, instruída com os documentos de fls. 21/49, alegando, em síntese, que: 3.1. os valores compensados devem ser homologados parcialmente, em face de erro formal cometido no preenchimento da DIPJ/2007, ano calendário 2006, que ocasionou informação incorreta do crédito pleiteado; Fl. 203DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 4 3 3.2. a manifestação de inconformidade suspende a exigibilidade dos débitos, nos termos do art. 74, § 11, da Lei nº 9.430/1996, com as alterações introduzidas pela Lei nº 10.833/2003; 3.3. o crédito utilizado no PER/DCOMP não homologado advém de retenções provenientes de órgão público, pagamentos de estimativas mensais e estimativas compensadas com saldos de períodos anteriores, conforme consta na Ficha 12B da DIPJ/2007; 3.4. ocorre que, os valores apontados, os quais podem ser comprovados através dos documentos que instruem sua manifestação, não foram informados na DIPJ, mas foram posteriormente utilizados no pedido de compensação como imposto indevido, quando o correto seria como saldo negativo; 3.5. após o recebimento do Despacho Decisório, retificou a Ficha 12B da DIPJ/2007, assim como o PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.021936, como forma de corroborar o acima exposto, constituindo assim um saldo negativo de R$ 103.179,76, o qual faz jus; 3.6. reconhece que, considerar o crédito como imposto indevido e não como saldo negativo, gera uma diferença a ser recolhida aos cofres públicos, no entanto, o valor não deve corresponder à totalidade exigida no Despacho Decisório, mas somente à multa e aos juros atualizados; 3.7. assim, considerou o crédito como pagamento indevido ou a maior quando da transmissão do PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112 em 28/03/2007, no total de R$ 7.226,97 (principal: R$ 5.877,97; multa: R$ 1.175,60; juros: R$ 173,40), porém o correto seria considerar o valor principal atualizado pela taxa SELIC de janeiro/2007 até março/2007, totalizando R$ 6.051,37, restando uma diferença a ser recolhida de R$ 1.175,60; 3.8. o erro no preenchimento da DIPJ e do PER/DCOMP não exclui o direito à utilização do saldo mencionado, uma vez que se tratam de erros formais, sendo dever da Administração Pública a busca pela verdade material, ou seja, tais como se apresentam na realidade, sendo certo que, para tanto, devem ser considerados todos os dados, informações e documentos a respeito da matéria aqui tratada; 3.9. desse modo, a simples ocorrência de erro formal não macula a existência do crédito pleiteado, conforme já reiterado inúmeras vezes pelas DRJ (Acórdãos nº 1518706/ 2009 e nº 0620283/ 2008) e pelo CARF (Acórdão nº 10417249/ 1999) acerca da situação fática de erro de preenchimento de meio eletrônico, ao concluírem, em suma, que a verdade material deve prevalecer sobre a formal; 3.10. o equívoco jamais pode culminar na desconsideração do crédito oriundo do saldo negativo apurado no ano calendário de 2006, não havendo qualquer mácula na efetiva existência do Fl. 204DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 5 4 crédito a ser compensado, tendo em vista que, em hipótese alguma a forma pode se sobrepor à essência; 3.11. é nítida a existência do crédito a que tem direito e que agora é compelida a devolver aos cofres públicos; 3.12. se a manifestação de inconformidade não for acolhida estará a Receita Federal obtendo vantagem patrimonial sem justa causa, o que constitui enriquecimento ilícito, instituto esse fortemente repudiado tanto pelos Tribunais Administrativos como pelos Tribunais Superiores do Judiciário; 3.13. diante do exposto, demonstrada a improcedência parcial do indeferimento do pleito, requer a homologação parcial da compensação efetuada, devendo ser considerada a diferença recolhida em DARF anexo. ... A 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento (DRJ/RJ1/RJ) indeferiu o pleito, conforme decisão proferida no Acórdão nº 1242.020, de 31 de outubro de 2011, cientificado ao interessado em 19/12/2013 (Aviso de Recebimento, AR). A decisão recorrida possui a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 06/09/2010 LUCRO REAL ANUAL. PER/DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR DE ESTIMATIVA UTILIZADO NA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO AINDA PENDENTE DE ANÁLISE OU ALTERAÇÃO.CRÉDITO NÃO RECONHECIDO. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. Comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, compõe o saldo negativo apurado ao término do ano calendário e que esse saldo credor, pleiteado em dois outros PER/DCOMP, se encontra pendente de análise pela autoridade administrativa competente, não se reconhece o direito creditório e não se homologa a compensação declarada, por ausência de liquidez e certeza do crédito pleiteado (art.170 do CTN). Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Conforme o despacho de encaminhamento, a pessoa jurídica interpôs recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, em 18/01/2013. A Recorrente insurgese contra o acórdão recorrido por haver concluído que, em decorrência da pendência de análise dos PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.02 0768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, bem como da possibilidade de modificação dos PER/DCOMPs enviados e da apresentação de novos pedidos de compensação que se utilizem Fl. 205DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 6 5 do mesmo saldo negativo, o direito creditório ora pleiteado não seria liquido e certo. Nestes termos, não homologara a compensação declarada. A Recorrente diz que o entendimento é equivocado, pelo que o acórdão recorrido, deve ser integralmente reformado. Alega que: não cabe prejuízo ao julgamento, por depender o presente processo da análise de outras compensações, pois, afronta o principio da eficiência, em razão da não homologação do pedido de compensação por ausência de julgamentos de processos vinculados ao mesmo crédito. a autoridade Fiscal limitouse a afirmar que o crédito pleiteado por meio da PER/DCOMP formalizada nos presentes autos não apresentavam liquidez e certeza, sem ao menos possuir consistente fundamentação e provas, atendo se somente a fatos advindos de hipotéticas alterações nas compensações envolvendo o mesmo crédito. de acordo com o principio da verdade material,deve o julgador analisar se, de fato, ocorreu a hipótese abstratamente prevista na norma e em caso de manifestação do contribuinte, verificar aquilo que é realmente verdade,independente do alegado e provado. no âmbito do processo administrativo, além da Verdade Real, impera o Principio da Oficialidade, o qual impõe à Autoridade Fiscal o dever de impulsionar o feito, efetuando diligências, solicitando documentos, com o fito de concluir o processo administrativo em fiel consonância com a verdade real e com a realidade dos fatos. o acórdão proferido nos presentes autos deve ser prontamente reformado, devolvendose os autos aos órgãos fiscalizatórios competentes para analisar o direito creditório da Requerente, bem como a regularidade das declarações de compensação transmitidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de modo a verificar o verdadeiro e correto valor do Saldo Negativo da Requerente no ano calendário de 2006 e, por conseguinte, do montante do crédito efetivamente disponível para utilização nas compensações formalizadas no presente processo administrativo, bem como em eventuais outros processos. Finalmente requer seja dado provimento ao recurso voluntário, para que sejam homologadas as compensações requeridas, tendo em vista a existência de crédito a favor da Recorrente decorrente da apuração de saldo negativo de IRPJ em 31/12/2006. Caso não seja este o entendimento desse colegiado, requer a baixa dos autos para os órgãos fiscalizatórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil para que procedam a análise do crédito objeto dos presentes autos, em conjunto com os demais processos e PER/DCOMP que envolvam o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ do ano base encerrado em 31/12/2006. Protesta a Recorrente pela exposição de razões adicionais às aqui expendidas, bem como pela sustentação oral de suas razões quando do julgamento do Recurso Voluntário por essa Turma julgadora. A extinta Turma Especial da 1ª Seção de Julgamento do CAR, com o intuito de esclarecer os fatos, mediante a Resolução nº 1802000.318, de 11/09/2013, decidiu pela conversão do julgamento em diligência para a Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Maiores Contribuintes – Demac/RJO informar, se da análise dos PER/DCOMPs n° Fl. 206DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 7 6 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, e outros, restou reconhecido o saldo credor de IRPJ do ano calendário de 2006, no montante de R$ 103.179,78 e, qual a sua utilização para fins de compensação de débitos, para que se possa homologar ou não a compensação declarada pelo contribuinte e extinção dos débitos de que tratam os presentes autos e informar se os PER/DCOMPs n° 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 constam de processo administrativo fiscal em tramitação e se existem decisões administrativas em relação a tais PER/DCOMPs. A Demac/RJO elaborou Despacho conclusivo para a análise, cientificado ao sujeito passivo em 22/11/2014, que se manifestou em 08/12/2013. Os autos foram devolvidos ao CARF para prosseguir o julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ester Marques Lins de Sousa O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72. Dele conheço. Para facilitar o entendimento da lide transcrevo o voto condutor da Resolução nº 1802000. 318, de 11/09/2013, mencionada no relatório acima, no sentido de elucidar os fatos: Conforme relatado, o crédito de R$ 7.226,97, aventado nos presentes autos, referese a pagamento indevido ou a maior de estimativa de IRPJ, realizado por meio de DARF (cód. 2319), no valor total de R$ 24.089,90, referente ao período de apuração de 30/11/2006. declarado no PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112 (fls.02/06). Os fatos e fundamentos para o indeferimento do pleito, em sede de primeira instância, estão bem explicados no voto condutor do acórdão recorrido do qual se extraem os seguintes excertos: ... 7. Em consulta ao Sistema IRPJ, verifico que a interessada apresentou três DIPJ no ano calendário de 2006: a original (nº 1220872), em 29/06/2007, uma retificadora/cancelada (nº 1514415), em 25/08/2008, e outra retificadora/ativa (nº 1570152), em 21/10/2010, após a ciência do Despacho Decisório em 21/09/2010. Em todas três, são idênticos os valores das estimativas mensais informados na Ficha 11 (“Cálculo do Imposto de Renda Mensal por Estimativa”), os quais totalizam R$ 9.617.173,50 (fls.53/64), como demonstrado a seguir: ... Fl. 207DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 8 7 8. A interessada afirma, que após o recebimento do Despacho Decisório procedeu à retificação da Ficha 12B da DIPJ/2007, passando a fazer jus ao saldo negativo de R$ 103.179,76. 9. O Sistema IRPJ confirma (fls. 65/67), que o motivo do acréscimo do saldo negativo está no preenchimento da Ficha12B (“Cálculo do IR sobre o Lucro Real”), eis que, enquanto nas duas primeiras DIPJ a parcela dedutível do “Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa” apresenta o valor de R$ 9.617.173,50, na DIPJ retificadora/ativa consta R$ 9.652.441,32. Consequentemente, o saldo negativo de R$ 67.911,94 das duas primeiras restou acrescido para R$ 103.179,76 na última DIPJ, como sintetizado a seguir: ... 10. Alega a interessada que, por essa razão, também efetuou a retificação do PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.02 1936 após a ciência do Despacho Decisório. De fato, no PER/DCOMP retificador de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 (fls.33/45) declara a compensação de débito de IRPJ utilizando o crédito de R$ 67.850,66, proveniente do saldo negativo retificado de R$ 103.179,76. Após a compensação, o saldo do crédito original soma o montante de R$ 35.329,10. 11. Em pesquisa ao Sistema SIEFWeb (fls. 108), constato que a interessada também transmitiu, na mesma data, outro PER/DCOMP, de nº 34109.77151.211010.1.7.026122 (fls. 68/71), no qual se utiliza de parcela do referido crédito remanescente de R$ 35.329,10, para compensar débito de IRPJ, apurando, após a compensação, o saldo de crédito de R$ 35.267,82. 12. Assim, há necessidade de se averiguar se o excesso recolhido a título de estimativa de IRPJ integra o saldo negativo de R$ 103.179,76 pleiteado no PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768, e se esse excesso foi utilizado para compensação de algum débito. ... 16. Com base nos dados informados na DIPJ/2007 retificadora/ativa, nas DCTF do ano calendário de 2006 e nos recolhimentos de estimativa efetuados constantes do Sistema SIEFWeb, elaborei o seguinte demonstrativo: ... 17. De sua análise, fica evidente que a interessada cometeu, de fato, um erro material no preenchimento das duas primeiras DIPJ/2007, ao deixar de informar na Ficha 12B das respectivas declarações o efetivo valor do “Imposto de Renda Mensal Pago por Estimativa” – R$ 9.652.441,32 – e, consequentemente, do saldo negativo – R$ 103.179,78 após todos os recolhimentos de Fl. 208DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 9 8 estimativa de IRPJ efetuados. Por essa razão, procedeu à entrega da terceira e última DIPJ/2007, ainda que após o recebimento do Despacho Decisório. 18. Vêse, assim, que todas as estimativas de IRPJ recolhidas a maior, no período de julho a dezembro/2006, totalizando o valor original de R$ 35.267,84, compõem efetivamente o saldo negativo de R$ 103.179,78, pleiteado no PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e no PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. 19. A conduta da interessada de promover a retificação da DIPJ/2007 após a ciência do Despacho Decisório, bem demonstra o seu intuito de pleitear como crédito oriundo de saldo negativo, tanto os complementos de estimativa efetivamente recolhidos como os valores recolhidos a maior. Prova está na retificação do PER/DCOMP nº 33829.68784.230207.1.3.021936 pelo de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e, ainda, na transmissão do PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122, para declarar compensação de débitos com crédito oriundo do saldo negativo de R$ 103.179,78, no qual se incluem os valores pagos em excesso. Desse modo, a presente análise deve se ater ao mencionado saldo negativo retificado. 20. Sobre a matéria, o artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispõe que os créditos contra a Fazenda Pública devem ser líquidos e certos: ... 21. No caso concreto, o crédito pleiteado não apresenta, todavia, os requisitos de liquidez e certeza exigidos no referido diploma legal, pelos motivos que passo a expor. 22. Os PER/DCOMP de nº 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122, por meio dos quais a interessada utiliza como crédito, para efeito de compensação, parte do saldo negativo de R$ 103.179,78, ainda se encontram pendentes de análise conclusiva, de acordo com as informações extraídas do Sistema SIEFWeb (fls. 105 e 107). Em decorrência, o exame desse saldo credor não se consumou até a presente data, podendo ele ser confirmado ou não pela autoridade administrativa de jurisdição da interessada, do mesmo modo que o saldo remanescente de R$ 35.267,82 indicado no PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. 23. Vale ressaltar, que descabe nesta instância administrativa o exame do referido saldo negativo, eis que, se assim ocorresse, estarseia incorrendo em supressão de instância, com evidente prejuízo para a interessada no que concerne à sua defesa. 24. Outro fator que contribui para aumentar a incerteza quanto ao valor do crédito é o fato de o saldo negativo se referir ao ano calendário de 2006. Nessas condições, uma vez ocorrido o fato gerador em 31/12/2006, tem a interessada a possibilidade de, no Fl. 209DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 10 9 prazo decadencial de 5 (cinco) anos, ou seja, até 31/12/2011, alterar pedidos feitos em PER/DCOMP anteriores ou mesmo apresentar novos pedidos, com a finalidade de compensar débitos com crédito proveniente desse saldo negativo, de vez que os excessos recolhidos de julho a dezembro/2006 se encontram disponíveis. 25. À vista do exposto, voto no sentido de não acolher as razões da manifestação de inconformidade interposta, motivo pelo qual não reconheço o direito creditório pleiteado no PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112 e não homologo a compensação nele declarada, do débito de CSLL, PA fevereiro/2007. Como se vê, a conclusão da DRJ é que: Comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, compõe o saldo negativo apurado ao término do ano calendário e que esse saldo credor, pleiteado em dois outros PER/DCOMP, se encontra pendente de análise pela autoridade administrativa competente, não se reconhece o direito creditório e não se homologa a compensação declarada, por ausência de liquidez e certeza do crédito pleiteado (art.170 do CTN). A Recorrente não se insurge quanto ao entendimento expendido pela DRJ no sentido de que o valor pleiteado no PER/DCOMP sob análise decorre de excesso de estimativa que compõe o saldo credor do IRPJ, declarado na DIPJ/2007, objeto de compensação em dois outros PER/DCOMP. A pretensão da Recorrente em sede recursal é que, os PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 em que se analisa o saldo credor do IRPJ de 2006, não sejam óbice para a deliberação do pleito de que tratam os presentes autos. A Recorrente pede que sejam devolvidos os autos aos órgãos fiscalizatórios competentes para analisar o direito creditório da Requerente, bem como a regularidade das declarações de compensação transmitidas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, de modo a verificar o verdadeiro e correto valor do Saldo Negativo da Requerente no ano calendário de 2006 e, por conseguinte, do montante do crédito efetivamente disponível para utilização nas compensações formalizadas no presente processo administrativo, bem como em eventuais outros processos. Finalmente requer seja dado provimento ao recurso voluntário, para que sejam homologadas as compensações requeridas, tendo em vista a existência de crédito a favor da Recorrente decorrente da apuração de saldo negativo de IRPJ em 31/12/2006. Caso não seja este o entendimento desse colegiado, requer a baixa dos autos para os órgãos fiscalizatórios da Secretaria da Receita Federal do Brasil para que procedam a análise do crédito objeto dos presentes autos, em conjunto com os demais processos e Fl. 210DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 11 10 PER/DCOMP que envolvam o aproveitamento do saldo negativo de IRPJ do ano base encerrado em 31/12/2006. Resta comprovado que o crédito pleiteado no PER/DCOMP objeto destes autos, oriundo de pagamento a maior de estimativa de IRPJ, relativo ao período de julho/2006, compõe o saldo negativo de R$ 103.179,78, apurado ao término do ano calendário de 2006, utilizado para compensação de débitos. Com efeito, descaracterizado o indébito do pagamento de estimativa, em virtude da afirmação acima, pode, em tese, ser atendido, em parte, o pedido formulado, na forma de saldo negativo, desde que reconhecido e informados os débitos compensados, via PER/DCOMP. Diante do exposto, voto no sentido de que os presentes autos sejam encaminhados à Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ, que expediu o despacho decisório, para diligenciar e informar, se da análise dos PER/DCOMPs n° 16859.80336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.02 6122, e outros, restou reconhecido o saldo credor de IRPJ do ano calendário de 2006, no montante de R$ 103.179,78 e, qual a sua utilização para fins de compensação de débitos, para que se possa homologar ou não a compensação declarada pelo contribuinte e extinção dos débitos de que tratam os presentes autos. Finalmente informar se os PER/DCOMPs n° 16859.8 0336.211010.1.7.020768 e 34109.77151.211010.1.7.026122 constam de processo administrativo fiscal em tramitação e se existe decisões administrativas em relação a tais PER/DCOMPs. Realizada a diligência, deve ser elaborado relatório circunstanciado, do qual deve ser dada ciência ao Contribuinte para sua manifestação, se do seu interesse, no prazo de 30 (trinta dias). Apresentada a manifestação ou transcorrido o prazo, devem os autos retornar ao CARF para prosseguimento do julgamento. ... A Delegacia de Maiores Contribuintes no Rio de Janeiro – DEMAC/RJ após verificar a situação dos mencionados PER/DCOMP, conforme constam do sistema SIEF Web, proferiu despacho com a seguinte informação: (...) PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122 (fls. 164). A compensação pleiteada neste PER/DCOMP foi totalmente homologada. O crédito é de saldo negativo de IRPJ do exercício 2007 e seu valor transmitido é de R$ 35.329,10. O débito no valor de R$ 65,50, código de receita 231901, data do fim do PA 30/06/2007 e vencimento em 31/07/2007 foi extinto. O PER/DCOMP com informação do crédito é o de nº 33829.68784.230207.1.3.021936. Fl. 211DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO Processo nº 16682.900884/201092 Acórdão n.º 1201001.324 S1C2T1 Fl. 12 11 PER/DCOMP nº 30693.88902.170707.1.3.028798 (fls. 165). Este PER/DCOMP foi cancelado pela retificadora 34109.77151.211010.1.7.026122. ... PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768 (fls. 170). A compensação pleiteada neste PER/DCOMP foi totalmente homologada. O crédito é de saldo negativo de IRPJ do exercício 2007 e seu valor transmitido é de R$ 103.179,76. O débito no valor de R$ 69.261,95, código de receita 231901, data do fim do PA 31/01/2007 e vencimento em 28/02/2007 foi extinto. ... Depreendese da informação acima que houve o reconhecimento total de saldo negativo do IRPJ relativo ao ano calendário de 2006 no valor de R$ 103.179,76, do qual foi utilizado parte à compensação homologada do débito de R$ 69.261,95 mediante o PER/DCOMP nº 16859.80336.211010.1.7.020768, e outra parte à compensação homologada do débito de R$ 65,50 mediante o PER/DCOMP nº 34109.77151.211010.1.7.026122. Desse modo, verificado o mencionado saldo negativo no valor de R$ 103.179,76, inexiste óbice para que a pessoa jurídica possa utilizar o valor remanescente do referido saldo negativo para outro pedido de compensação, no caso o PER/DCOMP nº 27872.20428.280307.1.3.043112, respeitado o limite do crédito reconhecido e o valor ainda não utilizado pelo contribuinte. Diante do exposto, voto no sentido de DAR provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito creditório no valor total de R$ 103.179,76, devendo a DCOMP objeto do presente processo ser homologada até o limite do crédito reconhecido, observadas, todavia, as demais compensações já realizadas com o mesmo crédito. (documento assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa. Fl. 212DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/ 02/2016 por ESTER MARQUES LINS DE SOUSA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por MARCELO CUBA NETTO
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Numero do processo: 19515.002396/2009-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Wed Jan 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE.
Descabe a alegação de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais e o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento.
IRPJ.CSLL. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS.
É cabível o arbitramento do lucro se a pessoa jurídica, durante a ação fiscal, deixar de exibir a escrituração que a ampararia na tributação com base no lucro real.
ARBITRAMENTO. INCONDICIONALIDADE.
Inexiste arbitramento condicional, sendo inócua a pretensão do contribuinte em apresentar a escrituração depois do lançamento para efeito de verificação da apuração do lucro real.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA.
A Lei n° 9.430/96, em seu art. 42, estabeleceu a presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta corrente ou de investimento.
MÚTUO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO.
Os valores correspondentes à entrega e o recebimento de mútuos devem ser comprovados por documentação hábil e idônea nas respectivas datas de entrega e recebimento dos valores.
Numero da decisão: 1401-001.452
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade, no mérito, NEGAR provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Antonio Bezerra Neto Relator e Presidente
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto.
Nome do relator: Antonio Bezerra Neto
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NULIDADE. Descabe a alegação de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais e o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento. IRPJ.CSLL. ARBITRAMENTO. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS FISCAIS E CONTÁBEIS. É cabível o arbitramento do lucro se a pessoa jurídica, durante a ação fiscal, deixar de exibir a escrituração que a ampararia na tributação com base no lucro real. ARBITRAMENTO. INCONDICIONALIDADE. Inexiste arbitramento condicional, sendo inócua a pretensão do contribuinte em apresentar a escrituração depois do lançamento para efeito de verificação da apuração do lucro real. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS E VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA. ORIGEM NÃO COMPROVADA. ÔNUS DA PROVA. A Lei n° 9.430/96, em seu art. 42, estabeleceu a presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta corrente ou de investimento. MÚTUO. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. Os valores correspondentes à entrega e o recebimento de mútuos devem ser comprovados por documentação hábil e idônea nas respectivas datas de entrega e recebimento dos valores. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 23 96 /2 00 9- 02 Fl. 2975DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto – Relator e Presidente Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Ricardo Marozzi Gregorio, Marcos de Aguiar Villas Boas, Fernando Luiz Gomes de Mattos, Livia De Carli Germano e Antonio Bezerra Neto. Fl. 2976DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 4 3 Relatório Tratase de recurso voluntário contra o Acórdão nº 0528.038, da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em CampinasSP. Adoto e transcrevo o relatório constante na decisão de primeira instância: Trata o presente processo de autos de infração de Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), referentes a fatos geradores ocorridos no curso do ano calendário de 2005. Reproduzo, a seguir, excertos do Termo de Verificação Fiscal de fls. 132/153: 1 DOS FATOS E DA DESCRIÇÃO DA INFRAÇÃO [...] Ao longo da ação fiscal a empresa foi intimada e reintimada a apresentar os seguintes documentos e esclarecimentos, cujos 04 (quatro) TERMOS DE INTIMAÇÕES FISCAIS seguem anexos: 1º) Em 09/06/2008 Termo de Início de Procedimento Fiscal e Intimação Fiscal Documentação solicitada neste termo: LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; A empresa não apresentou documentação alguma. 2o) Em 01/07/2008 Termo de Reintimacão Fiscal Documentação solicitada: LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; A empresa não apresentou documentação alguma. 3o) Em 14/07/2008 Termo de Reintimacão Fiscal LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; Fl. 2977DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 5 4 A empresa apresentou apenas cópia dos extratos bancários, que por sua vez demonstram a totalidade de sua movimentação financeira. Os livros fiscais não foram novamente disponibilizados a fiscalização. [...] 4o) Em 18/05/2009 Termo de Intimação Fiscal a empresa foi intimada, via correios com aviso de recebimento RO 74829246 BR a apresentar: a) Comprovação da origem dos valores creditados em suas contasbancárias, oriundos dos extratos bancários disponibilizados. b) Esclarecimentos dos representantes legais dos motivos pelos quais a empresa não declarou faturamento algum na DIPJ 2006 anocalendário 2005. c) Livros Diário e Razão. A empresa não apresentou documentação ou esclarecimento algum. 2 DO ENQUADRAMENTO LEGAL E DA JURISPRUDÊNCIA Levandose em consideração: A não apresentação dos livros fiscais e a falta de comprovação da origem dos valores nos extratos bancários por ela entregues; b) A empresa não ter sequer entregue DIPJ e DCTF ano calendário 2005, vide telas em anexo extraídas dos sistemas c) A empresa não ter sequer entregue DIPJ e DCTF ano calendário 2005, vide telas em anexo extraídas dos sistemas informatizados da Receita Federal (folha 148) que comprovam a falta das mesmas. d) Não constar recolhimento algum referente aos tributos federais por ela devidos, tais como PIS, COFINS, IRPJ e CSLL. E de acordo com o artigo 530, inciso III do Regulamento do IR, aprovado pelo decreto 3000/99, bem como a lei 8.981/95 no seu artigo 47 e a lei 9.430/96 em seus artigos 27, inciso I e 42, arbitrouse a base tributável. [...] Em virtude da falta de elementos, haja vista que a empresa não apresentou os livros fiscais, bem como documentação que comprove a origem dos valores creditados em seus extratos bancários, ou seja, depositados em suas contas bancárias, utilizouse os extratos bancários para se chegar à base tributável. Desse modo, por presunção legal, com fulcro no Art. 42 da Lei 9.430/96, ficou caracterizado como omissão de receitas, os valores creditados em suas contas correntes, conforme consta nos extratos bancários em anexo, cuja origem não foi devidamente comprovada. [...] Inconformado com a autuação da qual tomou ciência em 27/6/2009 (fls. 187), o contribuinte apresentou impugnação em 29/7/2009 (fls. 190/194), alegando: Fl. 2978DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 6 5 a) Que a tributação do IRPJ e da CSLL, através do arbitramento do lucro e da base de cálculo da CSLL, seria medida extrema, e que somente se justificaria na impossibilidade do exame da contabilidade da empresa; b) Que a demora na localização e apresentação dos livros contábeis, para a empresa que mantém escrituração regular e revestida das formalidades legais, não justificaria o abandono do Lucro Real e a determinação dos tributos com base no lucro arbitrado; c) Que os livros contábeis teriam sido apresentados junto com a Impugnação; d) Que a tributação das receitas presumidas, no montante de R$14.548.561,51, referente à totalidade dos recursos financeiros, próprios e de terceiros, que transitaram por contas bancárias escrituradas, para o contribuinte que apurou receitas totais de R$943.342,45, seria contrária ao disposto no art. 43 do Código Tributário Nacional (CTN); e) Que a magnitude do montante exigido a título de impostos e contribuições, pelo regime do lucro arbitrado, representaria verdadeiro confisco ou penalização adicional ao contribuinte, muito além da prevista pela legislação tributária (multa de ofício); f) Que os créditos nos extratos bancários estariam devidamente registrados, com coincidência de datas e valores, nos livros contábeis, o que elidiria, de maneira sumária, a presunção legal de omissão de receitas; g) Que a origem dos recursos creditados nos extratos bancários decorreriam das operações da empresa (serviços) e da captação de recursos junto a terceiros (empréstimos e mútuos), conforme documentos apresentados na impugnação, o que eliminaria a presunção na qual se funda o auto de infração. h) Que seria necessária a realização de diligência para o devido saneamento do processo. Por fim, requereu: a) Que fosse realizada diligência; b) Que os autos de infração fossem cancelados. É o relatório. A DRJ, manteve integralmente os lançamentos, nos termos das ementas abaixo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 2979DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 7 6 Data do fato gerador: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 ARBITRAMENTO DE LUCROS. A não apresentação dos livros contábeis e fiscais durante o procedimento de fiscalização autoriza a realização do arbitramento dos lucros. A posterior juntada destes livros na impugnação não tem o condão de desconstituir o lançamento realizado por arbitramento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITAS. Nos termos do art. 42 da Lei n° 9.430/96, caracteriza omissão de receita os valores creditados em conta de depósito ou investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente notificado, não comprove a origem dos recursos utilizados, mediante documentação hábil e idônea. Caso a comprovação da origem seja feita apenas na impugnação, o contribuinte passa a ter que comprovar não apenas a origem dos recursos, mas também que foram tributados, na hipótese de se tratar de receitas que devem compor a base de cálculo dos tributos abrangidos no lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. CONTRATOS DE MÚTUO COM OS SÓCIOS. COMPROVAÇÃO. Para comprovar que os valores depositados referemse a empréstimos concedidos pelos seus sócios, o contribuinte deve apresentar documentos que demonstrem, de forma inequívoca, que estas operações efetivamente ocorreram. Estes documentos devem evidenciar, efetivamente, a entrega dos recursos pelos sócios, e a entrada destes recursos nas contas bancárias do contribuinte. LANÇAMENTOS DE CSLL, PIS E COFINS. Aplicamse aos lançamentos de CSLL, PIS e COFINS as mesmas conclusões e razões de decidir consideradas para o lançamento do IRPJ, por serem comuns os seus fundamentos fáticos e jurídicos. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005, 31/12/2005 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. A Autoridade Administrativa julgadora não possui atribuição para apreciar a arguição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de atos normativos. DILIGÊNCIA. A realização de diligência não se presta à produção de provas que o sujeito passivo tinha o dever de trazer à colação junto com a peça impugnatória. Irresignada com a decisão de primeira instância a interessada tomou ciência em 28/01/2013 (AR de fls. 282) e interpôs recurso voluntário a este CARF, em 27/02/2014, (fls. 313/321), repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação e, aduzindo em complemento: a “estranheza” das operações de mútuo revela apenas uma opinião pessoal do julgador da DRJ. Não haveria nada de inusitado em abrir determinado limite de crédito a outrem. Os valores emprestados também não precisam sair, necessariamente, das contas bancárias do mutuante. Ele pode emprestar em dinheiro “vivo”, pode pedir que alguém faça o depósito diretamente, etc. Fontes de recursos diferentes também explicam a necessidade de vários depósitos no mesmo dia. De qualquer forma, não há nada de ilegal nessa prática. Fl. 2980DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 8 7 a DRF/São Paulo fiscalizou a escrita da empresa Pottencial Assessoria e Consultoria Ltda. (PAC), sucessora da recorrente nos direitos e obrigações previstos no contrato de prestação de serviços efetuados entre esta última e o Banco Pottencial S/A (docs. anexos) e lá também observou a existência de inúmeros empréstimos concedidos pelos sócios Argeu, Carlos e João (planilha anexa). Após analisar os Livros Diário e Razão que lhe foram entregues, nos quais os mútuos foram lançados seguindo a mesma sistemática adotada aqui, a DRF/São Paulo considerou que a origem dos depósitos bancários foi comprovada de maneira satisfatória e, com isso, validou a escrituração. Anexa documentos referentes a essa fiscalização (fls. 324/361). seja como for (e para que não se diga que a autuada não se desincumbiu de ônus processual que é dela), a recorrente informa que já contratou uma auditoria independente para analisar a escrituração referente ao anobase de 2005, checar se ela está respaldada em documentação hábil e idônea e emitir parecer/laudo conclusivo. Assim que esse trabalho estiver pronto, ela o juntará aos autos. Em 14/03/2014, apresenta, a destempo, aditivo ao recurso voluntário, requerendo a apresentação de laudo pericial a seu favor intencionando desconstituir o auto de infração. Para tanto o perito traz tabelas relacionando os depósitos cujas origens foram consideradas não comprovadas com as folhas dos livros Diário e Razão onde se encontrariam contabilizados e correlacionando os respectivos valores a cada um dos sócios; Às Fls. 858/1332, em 14/03/2014 foram anexados também a destempo novos documentos (guias de depósitos bancários) pretendendo demonstrar que os depósitos autuados por presunção legal foram efetuados pelos respectivos sócios, na esteira da tese defendida de que os depósitos seriam na verdade empréstimos efetuados pelos sócios. Também nesse mesmo aditivo, a Recorrente ainda contesta que não foi intimada para comprovar a origem dos depósitos de forma individualizada como manda a Lei, mas sim de forma resumida. É o relatório. Fl. 2981DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 9 8 Voto Conselheiro Antonio Bezerra Neto, Relator. O recurso reúne as condições de admissibilidade, dele tomo conhecimento. Preliminar de nulidade Preliminarmente, a recorrente imputa o presente AI com o vício da nulidade, em função de se ter arbitrado indevidamente o seu lucro, quando o problema é que foram extraviados os seus livros. Apenas para um melhor esclarecimento sobre o assunto, transcrevese o dispositivo que rege a matéria no processo administrativo fiscal. Prescreve o art. 59 do Decreto 70235/72 com a nova redação dada pela Lei 8748/93: Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa; Por conseguinte, considerase nulo o ato, se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, não tendo se caracterizado quaisquer das situações, pois não se põe em dúvida a competência do autor, nem há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal, e levados ao conhecimento, da autuada, levando a mesma a defenderse plenamente através da peça impugnatória acostada aos autos. Acrescentese que, quando muito, em se admitindo o fato da autoridade lançadora ter cometido algum engano com relação à matéria de fato ou a sua subsunção à norma, tratarseia então de questão de mérito e não de preliminar de nulidade. E como ficará bem demonstrado mais adiante, nem mesmo isso aconteceu. Cabe salientar que a fase preliminar do procedimento fiscal tem natureza inquisitorial não se aplicando nesse momento o princípio do contraditório e da ampla defesa. Outrossim, o contribuinte não conseguiu provar que de fato entregou os livros contábeis. A esse respeito, cabe salientar que o Fiscal merece fé de ofício. O contribuinte ao invés de entregar os livros diretamente na fiscalização, pretendeu fazer essa entrega junto ao CAC, que por sua vez deu recibo de que os documentos precisariam ser verificados pelo próprio autuante. O Fiscal não acusou a presença dos referidos livros e intimou novamente o contribuinte a entregálos sem obter qualquer resposta. A partir desse momento é que o lucro foi arbitrado. Fl. 2982DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 10 9 A esse respeito o TVF foi bem elucidativo: Ao longo da ação fiscal a empresa foi intimada e reintimada a apresentar os seguintes documentos e esclarecimentos , cujos 04 (quatro) TERMOS de INTIMAÇÕES FISCAIS seguem anexos: 1°) Em 09/06/2008 Termo de Inicio de Procedimento Fiscal e Intimação Fiscal Documentação solicitada neste termo: LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; A empresa não apresentou documentação alguma. 2°)Em 01/07/2008 Termo de Reintimacão Fiscal Documentação solicitada: LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; A empresa não apresentou documentação alguma. 3°)Em 14/07/200808 Termo de Reintimação Fiscal Documentação solicitada: LIVROS DIÁRIO E RAZÃO; EXTRATOS BANCÁRIOS; A empresa apresentou apenas cópia dos extratos bancários, que por sua vez demonstram a totalidade de sua movimentação financeira. Os livros fiscais não foram novamente disponibilizados a fiscalização. Saliento o fato de que a cópia dos extratos bancários não foram entregues pessoalmente ao Auditor fiscal . A empresa preferiu deixálos na Receita Federal ,no setor responsável pela recepção de documentos setor de protocolos. Anexado aos extratos, a empresa apresentou resposta ao termo de reintimação fiscal(que segue anexa à folha 08) ,onde listava os documentos ora entregues na receita federal. Em tal relação constavam, além dos extratos bancários ,os livros fiscais. O agente administrativo que recepcionou os documentos carimbou a segunda via da relação entregue,indicando que os mesmos não foram conferidos já que o mesmo não tem competência legal para fazêlo e o sigilo fiscal deve ser preservado, ficando a cargo do auditor fiscal a posterior conferência dos mesmos (vide carimbo posterior conferência). Quando o auditor fiscal recebeu os documentos percebeu a falta dos livros fiscais. A empresa provavelmente cometeu um erro na hora de fazer tal relação , já que posteriormente, a mesma foi novamente intimada a apresentar os livros fiscais e preferiu não se manifestar. 4°)Em 18/05/2009 Termo de Intimação Fiscal a empresa foi intimada , via correios com aviso de recebimento RO 74829524 6 BR a apresentar : Fl. 2983DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 11 10 a)Comprovação da origem dos valores creditados em suas contas bancárias, oriundos dos extratos bancários por ela disponibilizados. b)Esclarecimentos dos representantes legais dos motivos pelos quais a empresa não declarou faturamento algum na DIPJ 2006 ano calendário 2005. c)Livros Diário e Razão. A empresa não apresentou documentação ou esclarecimento algum. O silêncio no Direito fala alto em determinados contexto. E nesse contexto, se o contribuinte acha que houve algum equívoco do fiscal no recebimento do livro não é admissível que ficasse silente no momento em que lhe foi dado conhecimento pelo fiscal de que os referidos livros não haviam sido entregues. Nesse ponto, ratifico a conclusão do fiscal: A empresa provavelmente cometeu um erro na hora de fazer tal relação , já que posteriormente, a mesma foi novamente intimada a apresentar os livros fiscais e preferiu não se manifestar. Ademais o que supostamente teria sido entregue seriam cópias dos livros, pois os documentos foram apresentados novamente em fase impugnatória no intuito de reverter o arbitramento (vide mérito), implicando que mesmo se houvesse havido algum extravio das referidas cópias a situação ainda poderia ser revertida, bastando ter apresentado aos fiscal novas cópias. Assim, rejeito a preliminar de nulidade suscitadas. MÉRITO Arbitramento Em relação ao arbitramento do lucro, a recorrente apesar de ter sido intimada e reintimada diversas vezes a apresentar os livros contábeis e fiscais (Diário e Razão). só o fez intempestivamente já em fase impugnatória. Após quase um ano após a primeira intimação, em face da ausência dos livros comerciais obrigatórios, a autoridade fiscal arbitrou o lucro do contribuinte: Termo de Intimação Fls. Data de ciência Prazo Livros solicitados 1 3/4 09/06/2008 01/07/2008 Diário e Razão 2 6 01/07/2008 I 14/07/2008 Diário e Razão 3 7 14/07/2008 21/07/2008 Diário e Razão 4 9 19/05/2009 20 dias Diário e Razão Cabe salientar que todos os dois livros são obrigatórios (artigos 258 a 260 do RIR/99). O Art. 260, por exemplo, é bastante claro a respeito da necessidade dos livros contábeis: Diário e Razão. A não apresentação dos livros comerciais obrigatórios e auxiliares e os livros fiscais, onde se acham transcritas as operações da empresa, implica na impossibilidade do conhecimento e da apuração da receita e/ou despesa da empresa sob fiscalização, impedindo, Fl. 2984DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 12 11 portanto, a apuração do lucro real. Na verdade, o arbitramento é uma medida de salvaguarda do crédito tributário, não cabendo ao fiscal autuante permanecer à espera de que o contribuinte cumprisse suas obrigações fiscais quando lhe fosse conveniente. A autoridade fiscal, então, acertadamente, arbitrou o lucro, com fundamento no artigo 530, inciso III do RIR/1999, abaixo transcrito: “Art.530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): (...) III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o Livro Caixa, na hipótese do parágrafo único do art. 527; (...) Em função desse contexto, cabe enfatizar novamente, não restou ao fisco outra opção senão proceder a apuração do imposto com base no lucro arbitrado, tomandose por base a receita conhecida. da DIPJ acrescida das Receitas não contabilizadas. Quanto à esse aspecto, a jurisprudência já sinalizou também que a desclassificação da escrita fiscal para fins de arbitramento de lucro não tem o condão de afastar a eficácia das receitas declaradas, para fins de enquadramento no art. 532 do RIR/99, conforme ementa abaixo reproduzida: IRPJ ARBITRAMENTO DE LUCROS A desclassificação da escrita para fins de arbitramento de lucros não significa que devam ser desconsideradas as receitas escrituradas e declaradas pelo sujeito passivo. (1ºCC Ac. 10706845, 7ª C., Rel. Francisco de Assis Vaz Guimarães, data da sessão 17/10/2002). O comando do art. 535 do RIR/99, de outra banda, destinase à situação em que não se conhece a receita bruta: Em relação ao seu argumento de que arbitramento é uma medida extrema, apesar de concordar que o arbitramento deva ser utilizado com parcimônia, principalmente naqueles casos em que a Lei apesar de delimitar objetivamente as situações que ensejariam o arbitramento, deixa margem para alguma subjetividade, como é o caso de se considerar a “escrituração imprestável”, no caso concreto, não há margem para subjetividade, não se aplicando ao caso esse argumento de que foi utilizado medida extrema. A hipótese de arbitramento por falta de entrega dos livros contábeis é fechada e objetiva, não comportando margem a dúvidas. Outrossim, o argumento de que o arbitramento seria confiscatório, também está longe de ser verdadeiro. Apesar de ser matéria que foge ao contencioso administrativo por tangenciar questões de inconstitucionalidade, cabe aqui algumas considerações. A Recorrente, na verdade, confunde confisco com presunção legal. A falta de apresentação da documentação solicitada dá causa ao arbitramento do lucro, que, em si, não é uma penalidade, mas sim uma apuração da base de cálculo do imposto. A Lei estatui hipóteses de arbitramento que uma vez ocorridas se presumiria desconhecido o lucro a ser tributado, Fl. 2985DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 13 12 situação em que a Lei partindo do mecanismo consagrado da presunção forneceria meios para que se parta de algo conhecido, mas relacionado indiretamente com o lucro tributável (receita bruta conhecida, capital, lucro real de períodos anteriores, etc.) e se desvele esse lucro tributável até então desconhecido, através da aplicação de coeficientes sobre a base de cálculo conhecida. Esse algo desconhecido, então, passa por meio de uma ficção legal a ser considerado como conhecido, ou em outras palavras, como a verdade provável ou presumida por lei. Logo, a Lei não está penalizando, mas apenas presumindo/arbitrando o lucro a partir de dados conhecidos, situação essa dado causa pelo próprio contribuinte por não manter a escrituração regular ou, como no caso concreto, não fornecêla à fiscalização. Arbitramento Condicional Também não socorre à Recorrente pleitear que agora se leve em consideração livros entregues após o lançamento, em fase impugnatória, pois não existe lançamento condicional, não podendo essa apresentação intempestiva reverter o arbitramento corretamente efetuado pela Fiscalização. O momento próprio para apresentação da escrita contábil e fiscal é durante o procedimento de fiscalização. Nesse mesmo passo tem se posicionado o CARF: ARBITRAMENTO DO LUCRO FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS A falta de apresentação de livros e documentos à autoridade fiscal é motivo suficiente para que se arbitre o lucro da pessoa jurídica. (Acórdão 10517.186, Sessão de 17/09/2008) IRPJ ARBITRAMENTO DE LUCRO FALTA DE APRESENTAÇÃO DOS LIVROS OBRIGATÓRIOS E DOCUMENTOS PERTINÊNCIA Cabe o arbitramento do lucro quando o Contribuinte, apurando lucro real, não apresentou os Livros Contábeis e Fiscais que suportaram a declaração apresentada. Correto o procedimento que tomou como base de cálculo do lançamento a receita bruta declarada. (Acórdão n° 10807765, Sessão de 14/04/2004). IRPJ/CSLL ARBITRAMENTO APRESENTAÇÃO POSTERIOR DA DOCUMENTAÇÃO INEFICÁCIA Inexistindo o arbitramento condicional, o ato administrativo de lançamento não é modificável pela posterior apresentação do documentário cuja falta de apresentação durante a ação fiscal restou plenamente caracterizada.(Acórdão 10708884, Sessão de 25/01/2007). Dessa forma, o arbitramento deve ser mantido Fl. 2986DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 14 13 PRESUNÇÃO LEGAL Depósitos bancários de origem não comprovada A infração de omissão de receitas foi caracterizada pela não comprovação, mediante documentação hábil e idônea, da origem dos recursos movimentados em contacorrente, nos termos do art. 42 da Lei 9.430/96. O art. 42, da Lei nº 9.430/1996 é cristalino ao determinar que a omissão de receitas pode ser caracterizada por meio de valores creditados em conta de depósito mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Ora, como se vê da descrição dos fatos, a empresa não apresentou documentação que comprovasse a origem dos recursos daqueles diversos depósitos. A recorrente não logrou comprovar, através de documentação hábil e idônea, coincidentes em datas e valores, a origem dos recursos recebidos em conta bancária. Em sede impugnatória e recursal, a interessada ao invés de tentar provar os fatos alegados, se limita a tecer considerações de direito, no sentido de enfraquecer o lançamento por ter sido lastreado apenas em presunções que desrespeitariam o CTN, bem assim com outras considerações genéricas. Em relação às presunções, a argumentação da recorrente denota um total desconhecimento da existência do art. 42 da Lei nº 9.43096 que representa um verdadeiro marco em termos de presunção legal de omissão de receitas, verbis: LEI n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996 DOU de 30.12.96 “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Tratandose de uma presunção legal de omissão de rendimentos, o ônus da prova fica invertido, a autoridade lançadora eximese de provar no caso concreto a sua ocorrência, transferindo o ônus da prova à contribuinte. O contribuinte, por sua vez, não logrando êxito nessa tarefa que se lhe impunha, como ocorre no caso presente, temse a autorização para considerar ocorrido o fato gerador, ou seja, por presunção legal se toma como verdadeiro que os recursos depositados representam rendimentos do contribuinte. Por se tratar de uma presunção relativa juris tantum, somente a apresentação de provas hábeis e idôneas pode refutar a presunção legal regularmente estabelecida. Caso concreto Insurgese ainda quanto ao fato de a DRJ ter descaracterizado os contratos de mútuo. Fl. 2987DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 15 14 Com o intuito de comprovar que inúmeros depósitos são referentes às operações de mútuo, a Recorrente apresentou os seguintes documentos, ainda na fase impugnatória: a) Contratos de Mútuo (fls. 197/202); b) Livro Diário (Anexo V); c) Livro Razão (Anexos I a IV). No caso, apresentou três contratos de mútuo, tendo como mutuante, respectivamente, Argeu de Lima Géo, Carlos Géo Quick, João de Lima Géo Filho, todos sócios da pessoa jurídica em análise, conforme pode ser constatado no documento de fls. 207. Os contratos de mútuo possuem cláusulas idênticas. Reproduzo, a seguir, as cláusulas 2B e 2C dos contratos mencionados: B) VALOR MUTUADO: O presente contrato tem por OBJETO, a transferência de importância de até o limite R$3.500.000,00 (três milhões e quinhentos mil reais). C) Os valores serão liberados conforme solicitação do MUTUÁRIO ao MUTUANTE, até o limite estabelecido no campo "B". Em relação ao aspecto material, que a meu ver, é o que prepondera, a DRJ afirmou acertadamente que o contribuinte não se desincumbiu de provar a origem dos recursos através de contrato de mútuo, pois não demonstrou nesse caso, o que é de mais importante, a efetividade da entrega dos recursos dos mutuantes (empréstimos dos sócios) para ela, a mutuaria. Não há prova nos autos de que foi os sócios que transferiram para ela tais recursos, conforme contratos de mútuos. A esse respeito, a principio cabe salientar que a carga de prova esperada foi muito bem delimitada pela decisão de piso: Resta, assim, analisar a alegação de que parte dos valores depositados referemse à captação de recursos junto a terceiros (empréstimos e mútuos). Cabe lembrar, no entanto, que o contribuinte não apresentou os livros Diário e Razão à Fiscalização, mesmo sendo intimado a fazêlo por várias vezes. Também não apresentou qualquer resposta à intimação para que justificasse a origem dos depósitos bancários, fato este que deu ensejo ao lançamento efetuado com base na presunção legal estabelecida no art. 42 da Lei n° 9.430/96. Sendo assim, a reversão dos efeitos da presunção citada somente poderá se dar mediante a existência de provas robustas que demonstrem, de forma inequívoca, que os valores depositados são decorrentes das operações de mútuo por ele alegadas. Cabe salientar que não é um indício isolado trazido pela DRJ que foi determinante para desconstituir “a prova” trazida pela Recorrente, em fase impugnatória, diga se de passagem. Afora os fundamentos trazidos pela DRJ com os quais me filio, ainda acrescento outros: Falta de comprovação da efetividade dos referidos empréstimos, supostamente feitos pelos seus sócios. Fl. 2988DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 16 15 Os contratos de mútuo foram feitos entre partes ligadas, seja pela existência de sócio em comum, o que, também, digase de passagem, à evidência enfraquece ainda mais a robustez dos mesmos, pois no caso a imparcialidade é quebrada. O caráter não usual de diversos empréstimos de uma mesma pessoa, no mesmo dia, de valores pequenos e por meios variados (cheques, dinheiro e outros). Não havendo referências a datas e valores emprestados, os contratos não são aptos a comprovar que os montantes depositados referemse às operações de mútuo. Esperavase que a Recorrente apresentasse no mínimo um controle gerencial, na forma de um contacorrente, onde ficasse controlado individualizadamente todos os empréstimos, amortizações e atualizações monetárias e a demonstração de liquidação, se existente. E não se diga que isso não foi solicitado. É ônus da prova do contribuinte. Contratos de mútuo não foram registrados em cartórios de título e documentos. Não se está há dizer, obviamente, que o contrato só poderá ser utilizado como prova se devidamente registrado, todavia, se não há registro, será prova mais frágil, dependente de outros meios de prova para sua comprovação. Outrossim, a exigência do registro do contrato a fim de que opere efeito contra terceiros encontrase prevista na Parte Geral do Código Civil. Embora o convencimento advenha da junção de todos esses indícios desfavoráveis à Recorrente, cabe ressaltar que de todos os indícios, há um que se sobressai sobre todos os demais e que a meu ver foi determinante. Tratase da falta de comprovação da efetividade dos referidos empréstimos, supostamente feitos pelos seus sócios. Nesse passo, o mero registro destas supostas operações nos livros Diário e Razão não é suficiente para demonstrar a ocorrência destes empréstimos, pois, como já foi dito, a Recorrente deveria ter demonstrado, de forma inequívoca, a entrega dos recursos pelos sócios e a entrada destes recursos em suas contas. Em resumo, considero que não foi comprovada a causa ou a motivação dos recursos creditados nas contas bancárias da recorrente, pela apresentação de documentos fiscais hábeis e idôneos coincidentes em datas e valores. O contribuinte em sua defesa também alega de forma genérica que a origem dos recursos creditados nos extratos bancários também decorreriam das operações da empresa (serviços). Ora, mas para se elidir a presunção de omissão de receitas nas instâncias julgadoras, conforme bem explicou a decisão de piso, o contribuinte deve comprovar também que os valores depositados não são tributáveis ou que já foram objeto de tributação. Como as receitas decorrentes da prestação de serviços são tributáveis, e como o contribuinte não declarou, tampouco recolheu nenhum tributo, a ilação que se pode extrair é que o montante apresentado pelo contribuinte a este título (fls. 196) não tem o condão de reduzir o valor lançado, pelo contrário, apenas confirma a presunção de que houve omissão de receitas. Outrossim, não é vinculante o fato de a fiscalização ter se comportado de tal ou qual maneira em outro processo similar a este, isso não caracteriza mudança de critério jurídico, de outra forma teríamos que assumir também que a fiscalização nunca erra. Portanto, mantenho o lançamento nesse aspecto. Fl. 2989DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 17 16 Laudo Pericial e documentação juntada a destempo Como é sabido laudo pericial algum tem efeito vinculante para o julgador que tem a livre convicção para formar sua opinião pelo conjunto de provas trazidos aos autos. O laudo pericial não traz nenhum elemento de prova novo, a não ser tentar melhor identificar a contabilização dos depósitos através de sua localização pelas folhas dos livros Diário e Razão. Mas, como já se disse a mera contabilização não é suficiente para provar que de fato existiu os mútuos, na linha já fundamentada em tópico anterior. Outrossim, a mera afirmação de que os sócios teriam capacidade econômica para suportar praticamente quase todos os depósitos considerados pela fiscalização não tem o condão de provar nada. É mera alegação apoiada no argumento de autoridade do perito. Outrossim, a mera juntada de cópias de guias de depósitos (fls. 8581332) (feitos em dinheiro) não comprova que a efetividade dos depósitos ocorreu. Quando feitas em cheque, nem ao menos o número do cheque aprece na guia. A Recorrente ao invés de aproveitar a oportunidade para os casos de cheque, demonstrar através de extratos a transferência de numerário dos sócios para a empresa, contentase em acostar declaração dos próprios interessados de que fizeram tais depósitos em cheques, como é o caso do depósito em cheque no valor de R$ 850.032,52, em que cada um dos sócios declarou que depositou um terço desse valor (fls. 858/859). Não há sequer entre as provas acostas uma cópia sequer de cheque depositado. Aliás, chamo de novo atenção para aticipidade desses depósitos feitos de forma amiúde, sua grande maioria em dinheiro,e em valores muitas vezes irrisórios, feitos pela mesma pessoa, querer se passar com natureza de empréstimo. A respeito dessa estranheza a DRJ muito bem ilustrou o caso: (...)Ademais, analisandose a tabela acima, é possível constatar que, por diversas vezes, um mesmo sócio teria efetuado diversos empréstimos ao contribuinte no mesmo dia. Tomese como exemplo o dia 21/1/2005. Neste dia, consta que o sócio Argeu de Lima Géo teria efetuado três empréstimos ao contribuinte (R$150,00 em cheque; R$35,00 em dinheiro e R$58,16 em dinheiro). Ora, não é crível que um sócio tenha que emprestar dinheiro por diversas vezes em um único dia para a pessoa jurídica. Ainda mais sendo empréstimos de valores pequenos, com casas decimais, realizados por intermédio de depósito em dinheiro e em cheque. Embora o convencimento advenha da junção de todos esses indícios desfavoráveis à Recorrente, cabe ressaltar que de todos os indícios, há um que se sobressai sobre todos os demais e que a meu ver foi determinante. Justamente foi essa falta de conexão individualizada que deveria existir entre os depósitos bancários e os referidos contratos de mútuo. Ora, no contrato de mútuo está acordado um valor global de empréstimo que por sua vez não tem uma ou mais datas certas em que os mesmos seriam liberados. A única coincidência positiva quantitativamente falando é quase desprezível. É apenas o fato de que os empréstimos supostamente efetuados em valores miúdos e datas aleatórias, mais parecendo um conta corrente, são menores do que os valores consigandos nos mútuos. Daí o único meio que ligaria uma coisa (contratos) em outra (depósitos) seria um controle contábil desses “contascorrentes” ou no mínimo um controle gerencial, mas nada disso fez. Fl. 2990DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO Processo nº 19515.002396/200902 Acórdão n.º 1401001.452 S1C4T1 Fl. 18 17 Em resumo, considero que não foi comprovada a causa ou a motivação dos recursos creditados nas contas bancárias da recorrente, quer pela apresentação de documentos fiscais hábeis e idôneos coincidentes em datas e valores, quer pela sua escrituração contábil ou elementos extracontábeis. Cabe salientar que o fisco não precisa provar o nexo causal entre os depósitos e o fato que represente a omissão das receitas. A contribuinte é que tem o dever de comprovar. E ela não fez adequadamente essa carga de prova. Da mesma forma que ocorre com a autuação de pagamento sem causa que cabe a tributação do fonte, se trata aqui de demonstrar de forma simplória de onde veio o recurso, como já se colocou alhures, mas precisa também que se descortine a real motivação do negócio jurídico em causa para que o fiscal possa então aprofundar a investigação e, se for o caso, poder autuar terceiros buscando a tributação desses valores se for o caso. No aditivo ao recurso feito a destempo (fls. 818/819), a Recorrente ainda contesta que não foi intimada para comprovar a origem dos depósitos de forma individualizada como manda a Lei. A argumentação é de todo improcedente, a esse respeito basta que se aponte a tabela feita de forma individualizada que consta as fls. 10/25, que seguiu em anexo ao Termo de Intimação de fls. 09. De fato, às fls. 26, consta também tabela com o resumo mensal dos depósitos e deve ser esta tabela a que se refere o contribuinte. Bem se vê que ele deturpa o contexto no qual está inserido tal resumo. Lançamentos Reflexos (CSLL/PIS/COFINS) Por estar sustentado na mesma matéria fática, os mesmos fundamentos devem nortear a manutenção da exigência lançada por via reflexa. Por todo o exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, nego provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Antonio Bezerra Neto Fl. 2991DF CARF MF Impresso em 06/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO, Assinado digitalmente em 30/12/2015 por ANTONIO BEZERRA NETO
score : 1.0
Numero do processo: 10880.726317/2011-26
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Dec 10 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o recurso em diligência nos termos do voto do relator. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 26 31 7/ 20 11 -2 6 Fl. 2900DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.897 2 "4. O processo em exame versa sobre pedido de ressarcimento de crédito de Cofins pertinente a receitas de exportação, no montante de R$ 18.415.192,29, o qual teria sido apurado no 4° trimestre de 2007 pelo regime nãocumulativo. 5. Ao referido pedido se acham vinculadas diversas declarações de compensação. 6. Em despacho decisório exarado nas fls. 2.448/2.482, a Equipe especial de Auditoria (EQAUD) da DERAT/SPO deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento, reconhecendo o crédito de R$ 872.342,07, e homologou até esse valor as compensações declaradas. 7. Intimada da decisão por via postal em 03/04/2012 (fl. 2.486), apresentou a contribuinte em 27/04/2012 — tempestivamente portanto — a manifestação de inconformidade anexa às fls. 2.490/2.536, cujo teor resumo a seguir, acompanhada de alguns documentos. Resumo da impugnação I. Dos créditos sobre bens sujeitos à alíquota zero (fls. 3/6 do recurso) a) Alega basicamente que os bens sujeitos à alíquota zero trazem embutidos em seu preço tanto o Pis quanto a Cofins, visto que, incidindo nas etapas anteriores da comercialização, essas contribuições oneram em cascata o custo do produto final, que é adquirido como insumo pela empresa. b) Assim — prossegue — ainda que tenha adquirido insumos tributados à alíquota zero, é fato incontestável tratarse de operações sujeitas ao pagamento dessas contribuições, de modo que não incide no caso o óbice a que alude o art. 3o, § 2o, da lei n° 10.833/2003. c) Cita em seu favor jurisprudência do STJ e do CARF, afirmando tratarse de posicionamento unânime nos tribunais administrativos e judiciais. d) Argumenta ainda que — caso se entenda não lhe assistir direito aos créditos integrais decorrentes da aquisição de produtos sujeitos à alíquota zero — devese reconhecer nesse caso seu direito ao crédito presumido previsto no art. 8o da lei n° 10.925/2004, calculado sobre o valor dos bens citados no art. 3o, II, da lei n° 10.833/2003. II. Do crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais Insumos adquiridos de pessoas físicas (fls. 6/11 do rec.) e) Esclarece inicialmente que, segundo o entendimento da autoridade administrativa, na apuração do crédito presumido relativo às aquisições de pessoas físicas, a recorrente “deveria aplicar a alíquota de 35% previstas (sic) no inciso III do §3° do artigo 8° da Lei n° 10.925/04 de acordo com cada insumo adquirido”. f) Acrescenta que, ainda segundo a referida autoridade, a contribuinte “teria utilizado, equivocadamente, a alíquota de 4,56% sobre as aquisições de alguns insumos”, quando, na verdade, deveria ter aplicado a alíquota de 2,66%. g) Discordando dessa tese, alega em síntese que os percentuais de crédito presumido previstos no art. 8° da lei n° 10.925/2004 devem ser aplicados em função dos produtos elaborados (no caso produtos de origem animal, sobretudo carne de suínos e aves, classificados no capítulo 2 da TIPI) e não — como afirma a autoridade administrativa — em função dos insumos utilizados (no caso, além de insumos vegetais, animais vivos, classificados no capítulo 1). h) Assim, prossegue, as empresas agroindustriais que fabricam produtos de origem animal, como é o seu caso, têm direito ao crédito presumido calculado à alíquota de 60% (art. 8°, § 3°, I), pouco Fl. 2901DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.898 3 importando se os insumos adquiridos de pessoa física ou pessoa jurídica são de origem animal ou vegetal, da mesma forma que as fabricantes de bens de origem vegetal, independentemente da natureza dos insumos utilizados, devem creditarse com base na alíquota de 35% (art. 8°, § 3°, III), relativa a produtos vegetais. i) Escudada em tal raciocínio e considerando a alíquota de 7,6% prevista no art. 2o da lei n° 10.833/2003, contesta a glosa dos créditos presumidos por ela apropriados à alíquota de 4,56% (60% X 7,6%), glosados por entender a autoridade fiscal que a alíquota aplicável seria 2,66% (35% X 7,6%). [Vide a esse respeito o item 33 na fl. 13 do despacho decisório) j) Observa que sua interpretação do art. 8o está de acordo com o pronunciamento da Receita Federal no processo de consulta n° 134/09, da 8a Região Fiscal, cuja ementa reproduz nas fls. 9/10 do recurso. j1) Argumenta ainda que a intenção do legislador teria sido conceder aos produtores de bens de origem animal maior percentual de crédito presumido devido ao fato de sua cadeia de custos ser mais onerada pelo Pis e pela Cofins do que a cadeia de custos relativa à produção de bens de origem vegetal. j2) Pondera também que, se a intenção do legislador fosse realmente conceder o direito ao crédito presumido com base nas entradas, teria incluído no inciso I do § 3° do art. 8° os animais vivos, visto tratarse do “principal insumo de parte significativa da agroindústria de alimentos de origem animal”. j3) Concluindo, contesta as glosas realizadas, declarando corretos os procedimentos que adotou para apropriarse do crédito presumido sobre os insumos adquiridos de pessoas físicas. III. Do conceito de insumo (fls. 11/19 do recurso) K) Em longa dissertação entremeada de citações de doutrina e jurisprudência administrativa, salientando a ausência de positivação do conceito de insumo nas leis que disciplinam o regime não cumulativo do Pis e da Cofins e invocando os arts. 290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda, advoga a tese de que o referido termo deve ser entendido em acepção ampla, abarcando todos os custos de produção e despesas operacionais necessários à atividade geradora de receita da pessoa jurídica, tais como matériasprimas, máquinas, equipamentos, capital, mãodeobra, energia elétrica, marketing, produtos intermediários, arrendamentos, etc. l) Assevera que qualquer outra interpretação que se aplique à não cumulatividade do Pis e da Cofins implicaria afronta à Constituição Federal, particularmente aos princípios da isonomia tributária, do nãoconfisco e da capacidade contributiva. m) Nesse sentido, salientando a impossibilidade de restringir o conceito de insumo a determinadas operações, para fins de tomada de créditos, visto estar ligado aos custos e despesas inerentes à atividade ensejadora de receita tributável, alega que as instruções normativas n° 247/2002 (art.66) e n° 404/2004 (art.8°) — em que, abusivamente, se fundam diversas respostas a consulta — extrapolam a competência regulamentar do Poder Executivo, “aplicando restrições que não encontram respaldo no sistema de nãocumulatividade criado para o PIS/COFINS”. IV. Das glosas resultantes do conceito de insumo adotado pela autoridade fiscal (fls. 19/46 do recurso) Fl. 2902DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.899 4 n) Esclarece de início que a autoridade administrativa glosou créditos oriundos da aquisição dos bens indicados na linha 2 do DACON por entender que não se enquadram no conceito de insumo delimitado no artigo 8° , § 4°, inciso I, alíneas " a " e " b ", da IN SRF n° 404/2004. o) Discordando da glosa, sob a alegação de que tais bens teriam sido consumidos no processo produtivo, protesta pela posterior juntada de laudos técnicos que demonstrarão de forma detalhada sua utilização no referido processo, mencionando especialmente os seguintes insumos: a) Combustíveis e lubrificantes; b) Produtos utilizados na movimentação e armazenagem de cargas; c) Produtos utilizados no sistema de refrigeração/aquecimento; d) Serviços prestados; e) Produtos químicos utilizados no tratamento de efluentes, limpeza e higienização dos ambientes de trabalho. IV. 1 Da utilização da graxa no processo produtivo (fls. 20/22) p) Afirma que a “graxa”, assim como o “óleo lubrificante”, é uma espécie do gênero “lubrificante”, tendo portanto previsão legal o direito ao crédito sobre sua aquisição, visto que o art. 3o, II, da lei n° 10.833/2003 menciona expressamente os “combustíveis e lubrificantes”. q) Com base em excerto transcrito do despacho decisório, assevera que o próprio auditor fiscal admite que a “graxa” é um “lubrificante”, acrescentando que em momento algum a referida lei limitou o direito ao crédito apenas aos “óleos lubrificantes”, como afirma a dita autoridade. r) Ressalta ainda ser a “graxa” essencial a seu processo produtivo, tendo fundamental importância para manter em pleno funcionamento as máquinas e equipamentos nele utilizados. IV. 2 Das despesas de comissões sobre vendas (fls. 27/29) s) Reconhece que, embora as despesas de comissões sobre vendas devessem constar da linha 03 das fichas 06A e 16A do DACON, as registrou indevidamente na linha 07 como despesas com armazenagem. t) Entretanto, prossegue, como tais despesas também são insumos, devem ser reclassificadas na referida linha 03, devendose reconhecer os créditos delas decorrentes. u) Retomando alguns dos argumentos expendidos ao discutir o conceito de insumo, observa que as despesas com comissão de vendas, ou seja, as comissões pagas a representantes comerciais autônomos de acordo com os pedidos de compra que obtenham, constituem insumos porque são essenciais à atividade da empresa, viabilizandolhe a comercialização das mercadorias produzidas. IV. 3 Das despesas de armazenagem e fretes nas operações de venda (fls. 22/27 e 29/46) v) Inicialmente relata, de forma bastante pormenorizada, as várias fases da auditoria realizada pela autoridade fiscal no tocante a este tópico, bem como as conclusões a que ela chegou (fls. 22/27). x) Passa em seguida a examinar individualmente cada uma das rubricas glosadas, aduzindo diversos argumentos: 1a Rubrica: Créditos relativos a armazenagem (fl. 27) y) Reconhece que, de fato, parte do montante registrado como despesa com armazenagem se refere a aluguéis pagos a pessoas jurídicas que foram indevidamente classificados na linha 07. z) A seu ver, tais parcelas devem ser consideradas como créditos nas linhas 05 e 06 das fichas 06A e 16A dos DACON do período fiscalizado, tratandose portanto de “mera reclassificação na Fl. 2903DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.900 5 declaração e não de glosa a afetar o valor do pedido de ressarcimento analisado”. 2a Rubrica: Créditos relativos a frete sobre transferência de mercadorias entre estabelecimentos da empresa (fls. 29/35) aa) Retomando argumentos já expendidos ao tratar do conceito legal de insumo, refuta novamente a legitimidade da IN SRF n° 404/2004, sob a alegação de que as leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003 jamais o definiram nem tampouco “previram a aplicação subsidiária de uma outra norma”. bb) Afirma, em síntese, que as transferências de mercadorias entre centros de distribuição (CD) ou entre estes e lojas varejistas não têm outro propósito senão a operação de venda, constituindo etapa essencial à atividade econômica da pessoa jurídica, de modo que todas essas operações geram direito ao creditamento do frete e não apenas o “deslocamento da mercadoria da loja varejista para o consumidor final, como querem fazer crer as autoridades fiscais”. cc) Acrescenta que “o «frete transferência» compõe o custo de produção ou comercialização de uma mercadoria, dentro da acepção de insumo já plenamente defendida nesta manifestação de inconformidade” e que o legislador, ao valerse da expressão “operação de venda” em vez de referirse à “venda” propriamente dita, não teve outro intuito senão o de “conferir crédito de PIS e COFINS sobre o frete para transporte de mercadorias, sempre que este transporte estiver relacionado à atividade de venda”. dd) Cita em seu favor um excerto de doutrina, uma sentença judicial e um acórdão do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). ee) Assinala que as Soluções de divergência mencionadas no despacho decisório se originam não apenas de decisões desfavoráveis, senão também de decisões favoráveis aos contribuintes, como o demonstra a Solução de Consulta n° 71/2005, da 9ª Região Fiscal, cuja ementa reproduz na fl. 32 da manifestação de inconformidade. ff) Alega ainda que “as manifestações da RFB em respostas a consulta sobre IMPOSSIBILIDADE de creditamento sobre o valor incorrido a título de fretes entre estabelecimentos de uma mesma empresa não encontra[m] supedâneo legal e transgride[m] elementos nevrálgicos ínsitos a nãocumulatividade do PIS/COFINS, razão pela qual a glosa procedida deve ser revertida”. gg) Concluindo as considerações a respeito deste tópico, observa haver juntado à manifestação de inconformidade, como forma de provar o alegado, “cópia de demonstrativo contendo resumo das entradas e saídas por CFOP envolvendo os CDs da fiscalizada nas filiais abaixo citadas nos períodos de 10 a 12/2007, 10 a 12/2008, 10 a 12/2009 (docs): SP CD JANDIRA FILIAL 147; DF CD BRASILIA LFILIAL 163; BA CD SIMOES FILHO FILIAL 345”. 3a Rubrica: Créditos relativos a frete pago na subcontratação de transporte de carga (fls. 35/39) — Tese 1 hh) Afirma constar de seu objeto social a atividade de “transporte rodoviário de mercadorias próprias e de terceiros” (fl. 2.541) e que possui filiais em diversos estados habilitadas perante a ANTT (Agência Nacional de Transporte Terrestre) para o exercício dessa função (fls. 2.569/2.574). ii) Como não dispõe de frota própria — prossegue —, subcontrata transportadores autônomos (pessoas físicas) e transportadoras (pessoas jurídicas), utilizandoos Fl. 2904DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.901 6 não apenas para atividade de transporte interno, mas também para transportar mercadorias de terceiros, conforme documentos anexos às fls. 2.567/2.568, o que corrobora “a efetividade de seu objeto social quanto a prestação de serviços de transporte rodoviário de carga”. jj) Conclui daí, em vista de “sua legítima atividade de transporte”, assistirlhe direito ao creditamento dos custos com a contratação de transportadores, seja por meio de crédito ordinário, consoante o art. 3o, II, das leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003 (subcontratação de pessoa jurídica), seja por meio de crédito presumido, na forma do art. 3o, § 19, II, e § 20, da lei n° 10.833/2003 (subcontratação de pessoa física). Reproduz em parte o referido art. 3o nas fls. 36/37 da manifestação de inconformidade. kk) Alega que o fato de haver enquadrado, por equívoco, o custo em causa na linha 07 dos DACON entregues (“frete na operação de venda”) não significa a inexistência de direito a crédito, cabendo à autoridade fiscal alocar e considerar o dito custo nas linhas 03 (“insumo – contratação de transportador PJ”) e 18 (“crédito presumido – contratação de transportador PF”) das fichas 06A e 16A, “conforme amplamente demonstrado durante a auditoria fiscal e também nesta manifestação”. ll) Quanto à afirmação de que a atividade de transporte por ela exercida não gera receita, contida na fl. 31, item 103, do despacho decisório, afirma não haver nenhuma exigência legal que condicione à geração de receita o direito ao crédito, sujeito apenas às condições previstas no art. 3o, §§ 2o e 3o, das leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003, as quais enumera na fl. 38 da manifestação de inconformidade. mm) Em remate, argumenta que — na hipótese de os custos com sub contratação de transportadoras não serem aceitos como insumos da atividade de serviços de transporte — é manifesta a possibilidade de enquadrálos, alternativamente, como insumos da atividade agroindustrial, no que toca às “aquisições de serviços de transporte junto a pessoas jurídicas”, como mostrará a seguir. 3a Rubrica: Créditos relativos a frete pago no transporte de insumos e matériaprima no sistema de parceria (fls. 39/46) — Tese 2 nn) Discorrendo sobre o conceito de integração vertical ou verticalizada (agrupamento de diversas fases da cadeia produtiva dentro de uma mesma empresa), observa adotar, em suas atividades agroindustriais, a chamada “integração para trás”, controlando a produção de seus “inputs” (insumos), bem como seus canais de distribuição. oo) Descreve de maneira pormenorizada as diversas fases do processo produtivo, assim como o sistema de parceria que lhe é inerente, procurando demonstrar a existência de “uma série de movimentos logísticos de insumos e matériasprima” necessários ao ciclo de produção. pp) Afirma não se resumir sua atividade ao abate e processamento de carne, visto que seu processo produtivo abarca, “além da planta industrial de abate, as fabricas de rações, os domicílios rurais dos parceiros agrícolas, os custos com medicação, vacinas, veterinário, assistência técnica aos produtos parceiros”, etc. qq) Assim, no seu entender, “os fretes incorridos nos deslocamentos de Fl. 2905DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.902 7 insumos e matériasprimas da Seara para o produtor parceiro e vice versa fazem parte do seu custo de aquisição de mercadorias para fabricação de produtos destinados a venda”. rr) Informa terem sido objeto de glosa os CFOP de saída, acrescentando que, embora não tenham a denominação de venda, estão diretamente vinculados à venda ou ao processo produtivo, sendo incontestável que geram crédito de Pis e Cofins. ss) Relaciona a seguir alguns CFOP que deram origem a fretes cujo crédito foi glosado, explicando por que, a seu ver, lhe dariam direito a crédito: 5151 Transferência de Produção do Estabelecimento (Vide fl. 43). 5451 Remessa de Animal ou de Insumo p/ Estabelecimento Produtor (Vide fl. 43). 5501 Remessa de produção do estabelecimento, com fim específico de exportação (Vide fls. 43/44). 5152 Transferência de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros (Vide fl. 44). 5503 Devolução de mercadoria recebida com fim específico de exportação (Vide fl. 44). 5905/6905 Remessa para depósito fechado ou armazém geral (Vide fl. 44). 5923 Remessa de mercadoria por conta e ordem de terceiros, em venda à ordem ou em operações com armazém geral ou depósito fechado (Vide fls. 44/45). 6151 Transferência de produção do estabelecimento (Vide fl. 45). 7949 Outra Saída de Mercadoria ou Prestação de Serviço Não Especificada (Vide fl. 45). tt) Assevera ser “notório que todas as atividades acima discriminadas estão vinculadas ao processo produtivo, não havendo justificativa plausível para a glosa realizada pela fiscalização”. uu) Em remate, afirma que os citados fretes constituem insumos de sua atividade produtiva, nos termos do art. 3o, II, das leis n° 10.637/2002 e n° 10.833/2003 — tomado o termo insumo na acepção já exposta — e portanto geram direito a crédito do Pis e da Cofins, conforme o demonstra o acórdão do CARF cuja ementa reproduz nas fl. 46. V. Do Pedido (fls. 46/47 do recurso) vv) Por fim, dando por encerrada a exposição de suas razões de defesa, requer: 1. a suspensão da exigibilidade do crédito tributário; 2. o reconhecimento integral do crédito pleiteado, bem como a homologação total das compensações que realizou; e, 3. na hipótese de este órgão julgador não se convencer de seus argumentos, a conversão do julgamento em diligência. ddd) No mais, “protesta pela juntada de novos documentos a fim de corroborar todas as argumentações acima expostas”. 8. Posteriormente, em 29/06/2012, apresentou a recorrente um aditamento à manifestação de inconformidade (fls. 2.585/2.612), cujo teor resumo abaixo, acompanhado de alguns documentos. Resumo do aditamento à manifestação de inconformidade I. Do conceito de insumo e glosas a ele vinculadas (fls. 1/17 do rec.) a) Informa que — como já observou na manifestação de inconformidade — a autoridade administrativa glosou créditos oriundos da aquisição dos bens indicados na linha 2 do DACON por Fl. 2906DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.903 8 entender que não se enquadram no conceito de insumo delimitado no artigo 8°, § 4°, inciso I, alíneas " a " e " b ", da IN SRF n° 404/2004. b) Tais bens, acrescenta, relacionados nas fls. 17/20 do despacho decisório, foram agrupados pela referida autoridade nos seguintes itens: a) Combustíveis e lubrificantes; b) Produtos utilizados na movimentação e armazenagem de cargas; c) Produtos utilizados no sistema de refrigeração/aquecimento; d) Serviços prestados; e) Produtos químicos utilizados no tratamento de efluentes, limpeza e higienização dos ambientes de trabalho. c) Contestando as glosas em apreço, afirma que os produtos citados devem ser considerados como insumos utilizados no processo produtivo, porquanto “foram integralmente consumidos durante o processo de produção das mercadorias comercializadas”. d) Argumenta que, ao contrário do que afirma a fiscalização, “o conceito de insumo dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade do PIS e da COFINS deve ser entendido como qualquer custo ou despesa necessária à atividade da empresa, nos termos da legislação do IRPJ, não devendo ser utilizado o conceito trazido pela legislação do IPI, uma vez que a materialidade de tal tributo é diversa da materialidade do PIS e da COFINS”. e) “Desse modo, prossegue, a legislação atinente à não cumulatitividade da apuração do PIS e da COFINS permite o creditamento em relação à aquisição de todo e qualquer insumo, sem limitações, sendo inaplicável ao presente caso, portanto, o conceito de insumo atinente à apuração e recolhimento do IPI.” f) Observando que a autoridade tributária glosou os créditos relativos a uma extensa gama de produtos, listados nas fls. 3/4 do recurso em exame, considera improcedente essa glosa, por tratarse de “combustíveis aplicados em seu processo produtivo, no qual sofrem desgaste físico que legitima, inquestionavelmente, o creditamento efetuado”. g) Ressalta que tanto o art. 3o, II, da lei n° 10.833/2003 quanto o art. 8°, I, “b”, da IN SRF n° 404/2004 admitem “o creditamento de combustíveis utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou prestação de serviços”, donde conclui ser “de todo arbitrária, ilegal e inadmissível” a glosa realizada. h) Em seguida, nas fls. 5/6 do recurso, apresenta sucinta descrição dos produtos citados nas fls. 3/4 (exceto a soda cáustica), indicando seu emprego no processo produtivo. i) Observa, além disso, ter juntado “aos autos laudo técnico que discrimina a destinação dos produtos adquiridos e a sua utilização como insumo no processo produtivo”. j) Cita ainda em seu favor uma Solução de Consulta da 9ª Região Fiscal, uma Solução de Divergência da Cosit e um acórdão relativo à própria Seara Alimentos S/A, proferido pela DRJ 2 do Rio de Janeiro, o qual, segundo se depreende do trecho transcrito, versa sobre “óleo diesel para geradores de combustível utilizado no processo produtivo da empresa” (fls. 7/8 do recurso). k) Apoiada sobretudo nesse acórdão, assinala que “a própria Secretaria da Receita Federal admite o crédito de COFINS sobre a aquisição de combustíveis em processo produtivo ou prestação de serviços”. l) Nas fls. 9/15 do recurso em exame, apresenta nova listagem de produtos, com a descrição de suas características e utilização, Fl. 2907DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.904 9 alegando tratarse de insumos empregados em seu processo produtivo que também teriam sido objeto de glosa por parte da fiscalização. m) Tais produtos podem ser divididos em 5 categorias: 1ª. Produtos incluídos pela autoridade fiscal na tabela do item 49.b do despacho decisório (Produtos Utilizados na Movimentação e Armazenagem de Cargas); 2ª. Produtos incluídos pela autoridade fiscal na tabela do item 49.c do despacho decisório (Produtos Utilizados no Sistema de Refrigeração / Aquecimento de caldeiras e fornos industriais); 3ª. Serviços incluídos pela autoridade fiscal na tabela do item 49.d do despacho decisório (Serviços Prestados — Serviços não considerados como insumos); 4ª. Produtos incluídos pela autoridade fiscal na tabela do item 49.e do despacho decisório (Produtos Químicos utilizados no tratamento de efluentes, limpeza e higienização dos ambientes de trabalho); 5ª. Produtos não mencionados pela autoridade fiscal. n) Retomando argumentos já expostos na manifestação de inconformidade a respeito da acepção “ampla” que entende se deva atribuir ao termo “insumo”, afirma que o “conceito de insumo para fins de creditamento de PIS e COFINS nãocumulativo deve abranger todo e qualquer custo e despesa necessária à atividade da empresa, conforme é previsto na legislação do IRPJ, devendo ser afastada, portanto, o conceito trazido pela legislação do IPI”. o) Cita em seu favor alguns acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), acrescentando tratarse de tese já abraçada pelo próprio STJ. p) Concluindo este tópico, reitera acharse anexado “ao presente aditamento laudo técnico que comprova a destinação dos insumos adquiridos no quarto trimestre de 2007, os quais deram origem aos créditos glosados, corroborando os argumentos apresentados pela Manifestante”. II. Do crédito presumido decorrente de atividades agroindustriais Insumos adquiridos de pessoas jurídicas (fls. 17/23 do rec.) q) No tocante aos insumos adquiridos de pessoas físicas, reitera os argumentos já expendidos na manifestação de inconformidade, alegando em síntese que, “se uma empresa agroindustrial comercializa produtos de origem animal, suas aquisições de insumos de pessoa física devem gerar crédito presumido à alíquota de 60%, pouco importando se o insumo adquirido para o processo produtivo é animal ou vegetal”. r) Passando a discorrer sobre o crédito presumido decorrente de insumos adquiridos de pessoas jurídicas, previsto no art. 8o, III, da lei n° 10.925/2004, alega que, segundo afirma a própria autoridade fiscal, só geram direito a essa modalidade de crédito os insumos adquiridos em venda realizada com suspensão da exigibilidade da Cofins, nos termos do art. 9° desse diploma legal. s) Observa que o aproveitamento da referida suspensão está condicionado ao cumprimento da formalidade prevista no § 2° do art. 2° da IN SRF n° 660/2006, assim redigido: “§ 2º Nas notas fiscais relativas às vendas efetuadas com suspensão, deve constar a expressão «Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS», com especificação do dispositivo legal correspondente”. t) Assim, fiandose no pressuposto de ser “requisito obrigatório para a Fl. 2908DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.905 10 suspensão da exigibilidade do PIS/PASEP e da COFINS incidentes sobre as vendas dos produtos agropecuários” a inclusão da expressão citada na nota fiscal de venda, conclui que “o não atendimento desse requisito implica na renúncia do aproveitamento dessa suspensão da exigibilidade pelo vendedor dos produtos agropecuários, culminando, ainda, na obrigatoriedade do recolhimento das aludidas contribuições”. u) Em outras palavras, continua, a pessoa jurídica que tenha vendido produtos agropecuários sem informar nas notas fiscais que a venda foi efetuada com suspensão da exigibilidade do Pis e da Cofins “renunciou ao aproveitamento desse benefício, sujeitandose assim ao pagamento das contribuições sobre essas vendas em sua integralidade”. v) Voltando à afirmação de que só há direito ao crédito presumido a que alude, em seu inciso III, o art. 8° da lei n° 10.925/2004 se a venda se der com a suspensão da exigibilidade das contribuições em apreço, declara ser “inquestionável que as vendas não amparadas pela aludida suspensão dão direito ao creditamento integral das aludidas contribuições”. Isso porque nesse caso os fornecedores estão sujeitos ao pagamento integral do Pis e da Cofins. x) Feitas essas considerações, informa que, no caso em estudo, ao examinar as notas fiscais de venda de insumos agropecuários adquiridos de pessoas jurídicas, verificou a ausência da expressão «Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS». y) Observa que, diante desse fato, “apurou créditos de PIS/COFINS sobre as aquisições de insumos realizadas no período de apuração em destaque, mediante a aplicação da alíquota integral de 1,65% (PIS/PASEP) e 7,6% (COFINS), os quais são pleiteados no presente pedido de ressarcimento”. z) Afirma que, ao assim proceder, “agiu com total boafé e dentro do que determina a legislação”, visto que, dada a ausência da informação em apreço nas notas fiscais de vendas, não tinha como pressupor que os insumos adquiridos estavam acobertados pelo benefício da suspensão da exigibilidade das contribuições. aa) Reitera que realizou o creditamento do Pis e da Cofins pela alíquota integral em evidente boafé, “não podendo ser penalizada com as glosas em questão por suposto creditamento indevido, como no presente caso”. bb) Desviandose do assunto em causa, declara eivado de “nulidade absoluta” o “lançamento do crédito tributário” praticado pelo Fisco, por “imputar responsabilidade a terceiro que age em estrita boafé”. cc) Afirma ser possível inferir “por conclusão lógica que as aquisições de insumos agropecuários de pessoa jurídica vinculadas ao caso em tela sofreram a tributação pela COFINS, o que pela sistemática da nãocumulatividade” lhe confere plenos direitos de apropriarse integralmente de créditos dessa contribuição sobre as referidas aquisições. Cita em seu favor uma Solução de Consulta na fl. 22 do recurso. dd) Por essa razão, ausente a suspensão da exigibilidade, entende que “as aquisições dos insumos agropecuários glosadas deveriam ter sido incluídas pela fiscalização na rubrica correspondente aos bens utilizados como insumos adquiridos de pessoas jurídicas domiciliadas no País, as quais estariam sujeitas à incidência dessas contribuições, Fl. 2909DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.906 11 gerando crédito normal calculado à alíquota de 1,65% PIS/PASEP e 7,6% COFINS”. ee) Reiterando seu direito ao crédito da Cofins mediante aplicação da alíquota integral, “sob pena de ofensa ao princípio da não cumulatividade, uma vez que tais insumos foram devidamente tributados na etapa anterior”, “protesta pela posterior juntada das notas fiscais relativas às vendas dos insumos comercializados por pessoa jurídica domiciliada no País, das quais deixou de constar a expressão «Venda efetuada com suspensão da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS», razão pela qual houve apropriação dos créditos em seu valor integral”. III. Do ressarcimento do crédito presumido (fls. 23/27 do recurso) ff) Afirma que o art. 16 da lei n° 11.116/2005 instituiu a possibilidade legal de ressarcimento ou compensação do crédito presumido apurado nos termos dos arts. 8° e 15 da lei n° 10.925/2004, quando não tenha sido utilizado em sua totalidade, pela pessoa jurídica adquirente, na dedução do Pis e da Cofins por ela devidos a cada mês. gg) Alega que o ADI n° 15/2005 e a IN SRF n° 660/2006, ao vedarem o ressarcimento e a compensação do saldo credor do referido crédito, feriram os princípios da legalidade e da hierarquia das leis, visto que, além de contrariarem o disposto no art. 16 da lei n° 11.116/2005, citado acima, impuseram restrições não previstas na mencionada lei n° 10.925/2004. hh) Conclui que, por essas razões, “deve ser reconhecido o direito ao ressarcimento e compensação do saldo de créditos presumidos apurados na forma do art. 8° , da Lei n° 10.925/2004, para os períodos em discussão”. ii) Ad argumentandum, caso não sejam acolhidas as alegações respeitantes à ilegalidade dos atos normativos citados, recorre a novo argumento, discorrendo sobre a possibilidade de ressarcir ou compensar o crédito presumido em causa com base na lei n° 12.350/2010, “cujos artigos 55, e § 7° e 56A introduziram no ordenamento jurídico a permissão legal para o ressarcimento e compensação dos saldos de créditos presumidos apurados nos termos do artigo 8° da Lei n° 10.925/2004”. jj) Pondera que, muito embora tenha a referida lei entrado em vigor apenas em 20/12/2010 e estabeleça que somente a partir de 01/01/2011 se poderá formalizar os pedidos de ressarcimento de créditos apurados no anocalendário de 2007, tratase de “mera questão temporal”, não podendo impedir a recorrente de reaver os créditos a que faz jus. Isso porque essa lei teria convalidado o procedimento adotado pela empresa. kk) É que, no seu entender, conquanto tenha formalizado o pedido de ressarcimento de saldo de crédito presumido relativo ao 4° trimestre de 2007 quando ainda não havia previsão legal para tanto, a posterior edição da lei n° 12.350/2010, que introduziu a possibilidade do ressarcimento, lhe convalidou o ato praticado. ll) Assim, assevera que, não havendo embasamento para a glosa do crédito em questão, deve, quanto a ele, ser integralmente reconhecido o pedido de ressarcimento formulado pela empresa. mm) Em arremate a suas razões de defesa, reitera os termos da manifestação de inconformidade já apresentada, requerendo seja julgada procedente e integralmente reconhecidos os créditos de Cofins Fl. 2910DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.907 12 vinculados a operações de exportação apurados no 4° trimestre de 2007." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2007 a 31/12/2007 REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITO. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. É legítima a glosa do crédito pleiteado sempre que a requerente deixar de observar as normas que disciplinam a matéria. ALEGAÇÕES DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. Não compete ao julgador da esfera administrativa a análise de questões que versem sobre a legalidade ou constitucionalidade de norma tributária regularmente editada. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto Recurso Voluntário repisando as alegações já apresentadas na manifestação de inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Estáse as voltas novamente com a discussão sobre o creditamento de insumos para apuração das contribuições sobre o PIS e a COFINS. Matéria que tem sido objeto de julgamento em diversas turmas desta terceira seção. É cediço que a situação atual do julgamento no CARF é de aplicar o conceito de insumos em relação ao processo produtivo do contribuinte, adotando uma posição intermediária entre aquela considerada pela Receita Federal, com base na IN SRF 404/04 e aquela defendida por muitos contribuintes em que todas as despesas e aquisições realizadas estariam incluídas no conceito de insumo. Em razão destes posicionamentos, nos deparamos com situações distintas no processo. A Fiscalização ao auditar a empresa, utilizando as regras da IN 404/04, não se atem Fl. 2911DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.908 13 ao exame detalhado da situação das aquisições e despesas incorridas no processo produtivo, utilizando critérios que ao sentir da Fiscalização são suficientes para afastar tais despesas do conceito de insumo, procedendo assim, as glosas aos créditos informados pelo contribuinte. De outro giro, o contribuinte ao se deparar com a posição adotada pelo Fisco e considerando o seu próprio entendimento sobre o conceito de insumo. Apresenta os seus recursos administrativos alegando que as aquisições de bens e serviços informados como insumo em sua totalidade são procedentes, aplicando um conceito amplo em que todas as despesas seriam aptas a serem consideradas para fruição dos créditos das contribuições. Conforme dito alhures, as turmas do CARF vem entendendo que para a definição das despesas com aquisição de bens e serviços que possam ser consideradas insumos para aproveitamento de créditos é necessária uma definição clara de quais produtos e serviços estão sendo pleiteados, além de identificar em qual momento e fase da processo produtivo eles estão vinculados. Assim, em muitas situações, tanto os relatórios e trabalhos de auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, quanto os documentos e argumentos apresentados pelos contribuintes em seus recursos, não são suficientes para a definição de quais despesas estariam incluídas no conceito de insumo a serem consideradas possíveis de gerar créditos no cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos. Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração da COFINS não cumulativa; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. Concluída tais verificações, os autos deverão ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 2912DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 10880.726317/201126 Resolução nº 3201000.569 S3C2T1 Fl. 2.909 14 Fl. 2913DF CARF MF Impresso em 18/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 18/01/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 11/01/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
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Numero do processo: 11634.001528/2010-46
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 15 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Mar 23 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Data do fato gerador: 08/11/2010
DECADÊNCIA. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS.
Sujeitam-se ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN.
AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32-A DA LEI Nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA.
As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32-A à Lei nº 8.212/91.
Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, c, do CTN sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada.
INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO.
Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26-A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2401-004.085
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DAR-LHE PROVIMENTO PARCIAL, tão somente para que o valor da penalidade pecuniária seja recalculado, tomando-se em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32-A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c', do CTN. Vencidos Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que negavam provimento ao Recurso Voluntário por entenderem correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido.
(assinado digitalmente)
André Luís Mársico Lombardi Presidente e Relator
(assinado digitalmente)
Arlindo da Costa e Silva Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (Vice-Presidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI
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Fatos Geradores Recorrente SALUSTIANO & SILVA FILHO LTDA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Data do fato gerador: 08/11/2010 DECADÊNCIA. OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. Sujeitamse ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários decorrem sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN. AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’, do CTN sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. INCONSTITUCIONALIDADE. AFASTAMENTO DE NORMAS LEGAIS. VEDAÇÃO. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Art. 26A do Decreto nº 70.235/72, e art. 62 do Regimento Interno do CARF. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 63 4. 00 15 28 /2 01 0- 46 Fl. 137DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 2 Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, CONHECER do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, tão somente para que o valor da penalidade pecuniária seja recalculado, tomandose em consideração as disposições inscritas no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, se e somente se o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, 'c', do CTN. Vencidos Relator e os Conselheiros CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA e CLEBERSON ALEX FRIESS, que negavam provimento ao Recurso Voluntário por entenderem correto o critério de aplicação da multa estipulado na Portaria PGRF/RFB 14/2009. O Conselheiro ARLINDO DA COSTA E SILVA fará ainda o voto vencedor sobre a matéria em que o Relator restou vencido. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi – Presidente e Relator (assinado digitalmente) Arlindo da Costa e Silva –Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros André Luís Mársico Lombardi (Presidente), Luciana Matos Pereira Barbosa (VicePresidente), Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Theodoro Vicente Agostinho, Rayd Santana Ferreira, Carlos Henrique de Oliveira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 138DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 138 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância que julgou a impugnação do contribuinte improcedente, mantendo o crédito tributário lançado pelo descumprimento de obrigação acessória (fls. 104 e seguintes). Adotamos o relatório do acórdão do órgão a quo (fls. 105 e seguintes), que bem resume o quanto consta dos autos: Tratase de Auto de Infração – DEBCAD nº 37.272.9134 (fls. 4 a 8 –adotase a numeração do processo em meio digital), cadastrado no COMPROT sob nº 11634.001528/201046, lavrado contra a pessoa jurídica Salustiano e Silva Filho Ltda ME, CNPJ 06.158.819/000168, por apresentar Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP, com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. 2. Em decorrência da infração praticada, foi aplicada a multa prevista no art. 32, §5º, da Lei nº 8.212/1991, acrescentado pela Lei nº 9.528/1997, e Regulamento da Previdência Social (RPS) aprovado pelo Decreto nº 3.048/1999, art. 284, inciso II, no valor de R$ 164.655,85 (cento e sessenta e quatro mil, seiscentos e cinquenta e cinco reais e oitenta e cinco centavos). 3. Segundo o Relatório Fiscal (fls. 920), o sujeito passivo, procedeu indevidamente à elaboração e à entrega das GFIPs, no período de 01/2005 a 06/2010, como empresa integrante do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES (Lei nº 9.317/1996) e do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte – Simples Nacional (Lei Complementar n° 123/2006), “[...]ocorrendo assim a omissão de informações e remunerações de segurados, com reflexos e conseqüências na informação a menor das contribuições patronais previstas na Lei 8.212/91, Art. 22, Inciso III e Art. 21, respectivamente”. 4. O referido relatório informa não terem sido configuradas circunstâncias agravantes ou atenuantes, conforme arts. 209 e 291 do RPS. 5. A fundamentação legal da infração, da multa aplicada e da gradação da multa encontramse expostas nos itens Descrição Sumária da Infração e Dispositivo Legal Infringido, Dispositivo Legal da Multa Aplicada e Dispositivos Legais da Gradação da Multa Aplicada, respectivamente, todos constantes da folha de rosto do Auto de Infração. Fl. 139DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 4 6. A contribuinte, por meio de seu representante legal (Procuração à fl. 65) apresentou impugnação (fls. 5364) (...) (...) (destaques nossos) Como afirmado, a impugnação apresentada pela recorrente foi julgada, tendo a recorrente apresentado o recurso voluntário de fls. 124/135, no qual alega, em apertada síntese: * decadência das competências de 01 a 11/2005; * a autuação é indevida porque no período compreendido era optante do Simples; * multa confiscatória; * indevida aplicação da taxa Selic. É o relatório. Fl. 140DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 139 5 Voto Vencido Conselheiro André Luís Mársico Lombardi, Relator Decadência. Alega a recorrente a decadência parcial do lançamento, com base no art. 150, § 4°, do CTN, sendo que deveriam ser desconsiderados os fatos geradores ocorridos até 11/2005. É sabido que se sujeitamse ao regime referido no art. 173 do CTN os procedimentos administrativos de constituição de créditos tributários decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias, uma vez que tais créditos tributários originamse sempre de lançamento de ofício, jamais de lançamento por homologação, circunstância que afasta, peremptoriamente, a incidência do preceito tatuado no § 4º do art. 150 do CTN. Portanto, não assiste razão à recorrente quanto à contagem do prazo decadencial. Efeitos da exclusão do Simples Nacional. Alega a recorrente que a autuação é indevida porque no período compreendido era optante do Simples. Todavia, consta que as exclusões tiveram efeitos retroativos, conforme consta do Relatório Fiscal: a) SIMPLES FEDERAL, Ato Declaratório do Executivo n°. 069, de 05 de Novembro de 2010, tendo em vista a ocorrência da hipótese de exclusão prevista no Artigo 14, inciso I, da Lei 9.317, de 05 de dezembro de 1996, disciplinado pelo Artigo 23, Inciso I e § único da IN. SRF. n° 608, de 09/01/2006. b) SIMPLES NACIONAL, Os mesmos fatos foram constatados a partir de 01/08/2007, Ato Declaratório do Executivo n°. 070, de 05 de Novembro de 2010, amparado pelo Artigo 29, Incisos I e V da Lei Complementar n° 123, de 14/12/06 e Artigo 5o, Incisos I e V da Resolução CGSN n° 15 de 23/07/2007. Portanto, não assiste razão à recorrente. Inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais. Quanto às alegações relativas aos aspectos de inconstitucionalidade e ilegalidade dos acréscimos legais, cumpre ressaltar que o art. 26A do Decreto nº 70.235/72, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, estabelece óbice intransponível aos órgãos de julgamento deste Conselho Administrativo para afastar a aplicação ou deixar de observar normas tributárias inseridas no Fl. 141DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 6 ordenamento jurídico mediante leis, decretos, tratado ou acordos internacionais sob fundamento de inconstitucionalidade. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §1o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §2o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §3o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §4o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §5o (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009) §6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009) Não fosse o bastante, a Súmula CARF nº 2, de observância vinculante para as Turmas de Julgamento, exorta não ser o CARF órgão competente para se pronunciar a respeito da inconstitucionalidade de lei de natureza tributária (vide ainda artigo 62 do RICARF). Súmula CARF nº 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Especificamente quanto à incidência de juros moratórios equivalentes à Taxa Selic. Especificamente, temse a Súmula CARF n° 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Fl. 142DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 140 7 Portanto, não há qualquer viabilidade jurídica para o acatamento, por esta instância recursal, do pleito da recorrente. Multas. Direito Intertemporal. As multas aplicadas não merecem reparo, visto que a autoridade fiscal adotou os critérios estabelecidos na Portaria Conjunta PGFN/RFB n° 14/2009. Ademais, nos termos da referida Portaria, para o período até novembro de 2008, será no momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, que ocorrerá a análise da penalidade mais benéfica (alínea "c" do inciso II do art. 106 do CTN), devendo haver comparação da soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal (art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) e de obrigações acessórias (§§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009) com a multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, aplicando a mais benéfica em cada competência. Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) André Luís Mársico Lombardi Relator Fl. 143DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 8 Voto Vencedor Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Redator designado AUTO DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. CFL 68. ENTREGA DE GFIP COM OMISSÕES E/OU INCORREÇÕES. ART. 32A DA LEI Nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em que pesem as valiosas considerações expostas pelo Ilustre Relator, não comungo data venia a tese aviada no Parecer PGFN CAT nº 443/2009 que, na aplicação do princípio da retroatividade da lei tributária mais benigna, prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, pugna pelo comparativo entre a multa de ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescentado pela MP nº 449/2008, e a soma da sanção decorrente de infração à obrigação principal (recolhimento do tributo) com a sanção decorrente de infração à obrigação acessória (declaração dos fatos geradores em GFIP), como se estas ambas tivessem sido substituídas por aquela multa de ofício, ora estipulada na novel legislação. Urge, de plano, ser destacado que no Direito Tributário vigora o princípio tempus regit actum, conforme expressamente estatuído pelo art. 144, caput, do CTN, de modo que o lançamento tributário é regido pela lei vigente à data de ocorrência do fato gerador, ainda que posteriormente modificada ou revogada. Código Tributário Nacional CTN Art. 144. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. §1º Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. §2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido. Nessa perspectiva, dispõe o código tributário, ad litteram, que o fato de a norma tributária haver sido revogada, ou modificada, após a ocorrência concreta do fato Fl. 144DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 141 9 jurígeno imponível, não se constitui motivo legítimo, tampouco jurídico, para se desconstituir o crédito tributário correspondente. O princípio jurídico suso invocado, no entanto, não é absoluto, sendo excepcionado pela superveniência de lei nova, nas estritas hipóteses em que o ato jurídico tributário, ainda não definitivamente julgado, deixar de ser definido como infração ou deixar de ser considerado como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo, ou ainda, quando a novel legislação lhe cominar penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Ocorre, no entanto, que as normas jurídicas que disciplinavam a cominação de penalidades decorrentes da não entrega de GFIP ou de sua entrega contendo incorreções foram alteradas pela Lei nº 11.941/2009, produto da conversão da Medida Provisória nº 449/2008. Tais modificações legislativas resultaram na aplicação de sanções que se mostraram mais benéficas ao infrator que aquelas então derrogadas. Nesse panorama, a supracitada Lei federal revogou os §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212/91, fazendo introduzir no bojo desse mesmo Diploma Legal o art. 32A, ad litteris et verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no §3º deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) §1º Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §2º Observado o disposto no §3º deste artigo, as multas serão reduzidas: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Fl. 145DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 10 I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação.(Incluído pela Lei nº 11.941/2009). §3 A multa mínima a ser aplicada será de: (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Originariamente, a conduta infracional consistente em apresentar GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores era, originariamente, punível com pena pecuniária correspondente a cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo 4º do art. 32 da Lei nº 8.212/91. Todavia, a Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, alterou a memória de cálculo da penalidade em tela, passando a impor a multa de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de dez informações incorretas ou omissas, mantendo inalterada a tipificação legal da conduta punível. A multa acima delineada será aplicada ao infrator independentemente de este ter promovido ou não o recolhimento das contribuições previdenciárias correspondentes, a teor do inciso I do art. 32A acima transcrito, fato que demonstra tratarse a ora discutida imputação, de penalidade administrativa motivada, unicamente, pelo descumprimento de obrigação instrumental acessória. Assim, a sua mera inobservância consubstanciase infração e implica a imposição de penalidade pecuniária, em atenção às disposições estampadas no art. 113, §3º do CTN. Nada obstante, a Secretaria da Receita Federal do Brasil editou a IN RFB nº 1.027/2010, que assim dispôs em seu art. 4º: Instrução Normativa RFB nº 1.027, de 22/04/2010 Art. 4º A Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, passa a vigorar acrescida do art. 476A: Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, Fl. 146DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 142 11 de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. §1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. §2º A comparação de que trata este artigo não será feita no caso de entrega de GFIP com atraso, por se tratar de conduta para a qual não havia antes penalidade prevista. Óbvio está que os dispositivos selecionados encartados na IN RFN nº 1.027/2010 extravasaram o campo reservado pela CF/88 à atuação dos órgãos administrativos, que não podem ultrapassar o âmbito da norma legal que rege a matéria ora em relevo, tampouco inovar o ordenamento jurídico. Para os fatos geradores ocorridos antes da vigência da MP nº 449/2008, não vislumbramos existir motivo para serem somadas as multas por descumprimento da obrigação principal e com aquelas decorrentes da inobservância de obrigações acessórias, para, em seguida, se confrontar tal somatório com o valor da multa calculada segundo a metodologia descrita no art. 35A da Lei nº 8.212/1991, para, só então, se apurar qual a pena administrativa se revela mais benéfica ao infrator. Entendo não proceder a tese que defende a comparação entre a multa de ofício prevista no art. 35A com a soma da multa de mora prevista no art. 35, II, e a multa pelo descumprimento de obrigação acessória prevista no art. 32, IV, todos da Lei nº 8.212/91, para fins de determinação da penalidade mais benéfica ao infrator, visando à aplicação do Princípio da Retroatividade Benigna inscrito no art. 106, II, ‘c’, do CTN. Isso porque não procede, ao meu sentir, a alegação de que a multa pelo descumprimento de Obrigação Principal formalizada mediante Lançamento de Ofício prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, estaria apenando, conjuntamente, tanto descumprimento da Obrigação Tributária Principal lançada quanto o Fl. 147DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 12 Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91, a justificar o somatório de multas. Tratamse de duas condutas absolutamente distintas, autônomas e independentes, portando cada uma natureza jurídica diferenciada, regramento jurídico diverso, tipificação específica e distinta, e penalidade própria. Tanto que o Contribuinte pode proceder das seguintes maneiras: I. Recolher o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. II. Recolher o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. III. Recolher o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. IV. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. V. Recolher parcialmente o tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VI. Recolher parcialmente o tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. VII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. VIII. Não recolher qualquer tributo devido e declarar parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP. IX. Não recolher qualquer tributo devido e não entregar as GFIP correspondentes. A declaração de todos os Fatos Geradores de Contribuição Previdenciária nas GFIP é uma obrigação acessória prevista no inciso IV da Lei nº 8.212/91. A declaração parcial dos fatos geradores na GFIP (hipóteses II, V e VIII) constituise violação à obrigação acessória acima citada, e implica a aplicação imediata da penalidade prevista no §5º do mesmo artigo 32 já mencionado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS. (Inciso acrescentado pela Lei nº 9.528/97) (...) §4º A não apresentação do documento previsto no inciso IV, independentemente do recolhimento da contribuição, sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente a multa Fl. 148DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 143 13 variável equivalente a um multiplicador sobre o valor mínimo previsto no art. 92, em função do número de segurados, conforme quadro abaixo: (Parágrafo e tabela acrescentados pela Lei nº 9.528/97) 0 a 5 segurados 1/2 valor mínimo 6 a 15 segurados 1 x o valor mínimo 16 a 50 segurados 2 x o valor mínimo 51 a 100 segurados 5 x o valor mínimo 101 a 500 segurados 10 x o valor mínimo 501 a 1000 segurados 20 x o valor mínimo 1001 a 5000 segurados 35 x o valor mínimo acima de 5000 segurados 50 x o valor mínimo §5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97) De outro eito, a não declaração dos fatos geradores na GFIP (hipóteses III, VI e IX) também se configura como violação à mesma obrigação acessória assentada no inciso IV da Lei nº 8.212/91, e importa na aplicação imediata da penalidade prevista no §4º do mesmo artigo 32 já citado, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação de tal multa caso tenha ocorrido lançamento de ofício da Obrigação Tributária Principal correspondente. De outro giro, o não recolhimento total ou parcial da Obrigação Tributária Principal (hipóteses IV a IX) configurase caso determinante para o lançamento de ofício, nos termos do art. 37 da Lei nº 8.212/91 c.c. art. 142 do CTN, inexistindo qualquer regramento que exclua a aplicação da multa pelo descumprimento da obrigação acessória prevista no inciso IV do art. 32 da Lei nº 8.212/91, nas hipóteses em que os fatos geradores correspondentes não tenham sido declarados, ou tenham sido declarados de maneira incompleta na GFIP correspondente. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos Fl. 149DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 14 fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. §1º Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). §2º Por ocasião da notificação de débito ou, quando for o caso, da inscrição na Dívida Ativa do Instituto Nacional do Seguro Social INSS, a fiscalização poderá proceder ao arrolamento de bens e direitos do sujeito passivo, conforme dispuser aquela autarquia previdenciária, observado, no que couber, o disposto nos §§ 1º a 6º, 8º e 9º do art. 64 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997. (Incluído pela Lei nº 9.711/98). Código Tributário Nacional Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Ora... A extinção do crédito tributário decorrente de infração a obrigação tributária constituise hipótese de anistia, a qual se encontra contida no campo da reserva legal, nos termos do art. 97, VI, do CTN, somente podendo ser concedida mediante lei específica federal (in casu) que regule exclusivamente a anistia, ou a correspondente contribuição, a teor do §6º do art. 150 da CF/88. Código Tributário Nacional Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: (...) VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 175. Excluem o crédito tributário: I a isenção; II a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias Fl. 150DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 144 15 dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente. Constituição Federal de 1988 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) §6º Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155, §2º, XII, ‘g’. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 3/93) Notese que de acordo com o disposto no inciso I do art. 111 do CTN, só há que se falar em exclusão de crédito tributário nas hipóteses expressamente previstas na lei específica, o que, convenhamos, não é o presente caso, uma vez que inexiste qualquer previsão no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, que exclua o Crédito Tributário decorrente do descumprimento da Obrigação Tributária Acessória estampada no art. 32, IV, da Lei nº 8.212/91. Código Tributário Nacional Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; Merece ser citado que antes da vigência da MP nº 449/2008 pairava uma dúvida na Fiscalização a respeito do procedimento a ser adotado nos casos em que o Contribuinte declarava os fatos geradores nas GFIP, mas não procedia ao recolhimento do tributo devido. A legislação tributária afirmava que o Crédito Tributário encontravase lançado (art. 33, §7º, da Lei nº 8.212/91), contudo, o art. 37 da mesma lei determinava a lavratura do lançamento de ofício, uma vez que restava configurado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições em foco. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 33. Ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11, bem como as Fl. 151DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 16 contribuições incidentes a título de substituição; e à Secretaria da Receita Federal – SRF compete arrecadar, fiscalizar, lançar e normatizar o recolhimento das contribuições sociais previstas nas alíneas ‘d’ e ‘e’ do parágrafo único do art. 11, cabendo a ambos os órgãos, na esfera de sua competência, promover a respectiva cobrança e aplicar as sanções previstas legalmente. (Redação dada pela Lei nº 10.256/2001). §7º O crédito da seguridade social é constituído por meio de notificação de débito, autodeinfração, confissão ou documento declaratório de valores devidos e não recolhidos apresentado pelo contribuinte. (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.528/97). Art. 37. Constatado o atraso total ou parcial no recolhimento de contribuições tratadas nesta Lei, ou em caso de falta de pagamento de benefício reembolsado, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem, conforme dispuser o regulamento. Parágrafo único. Recebida a notificação do débito, a empresa ou segurado terá o prazo de 15 (quinze) dias para apresentar defesa, observado o disposto em regulamento. A MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, veio a estabelecer um novo procedimento, na medida em que estatuiu que o lançamento de ofício não seria mais necessário nas hipóteses em que houvesse declaração dos fatos geradores nas GFIP, conforme se depreende da nova redação do citado art. 37 da Lei nº 8.212/91. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 37. Constatado o nãorecolhimento total ou parcial das contribuições tratadas nesta Lei, não declaradas na forma do art. 32 desta Lei, a falta de pagamento de benefício reembolsado ou o descumprimento de obrigação acessória, será lavrado auto de infração ou notificação de lançamento. (Redação dada pela Lei nº 11.941/2009). (grifos nossos) Portanto, a contar da vigência da MP nº 449/2008, as hipóteses de conduta do Contribuinte passaram a receber o seguinte tratamento por parte da Fiscalização: I. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Conduta regular. Nada a fazer. II. O Contribuinte recolheu o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Fl. 152DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 145 17 Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. III. O Contribuinte recolheu o tributo devido e não entregou a GFIP Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. IV. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. V. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP – Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. VI. O Contribuinte recolheu parcialmente o tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício da parcela não recolhida, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou integralmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Não cabe lançamento de ofício. Cobrança administrativa do débito declarado e não recolhido, com a multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. VIII. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e declarou parcialmente os fatos geradores correspondentes nas GFIP Cobrança administrativa do débito correspondente aos fatos geradores declarados e não recolhido, acrescido da multa de mora prevista no art. 35 da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009; Lançamento de ofício da parcela não recolhida correspondente aos fatos geradores não declarados, acrescida da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, em relação aos fatos geradores não declarados. IX. O Contribuinte não recolheu qualquer tributo devido e não entregou a GFIP Lançamento de ofício do tributo devido, acrescido da multa prevista no art. 35A da Lei nº 8.212/91, e Aplicação de multa pelo descumprimento de Obrigação Acessória, conforme inciso II do art. 32A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009. Assim, o Lançamento de Ofício somente deve ocorrer nas hipóteses em que não tenha havido o recolhimento do tributo e, cumulativamente, não tenha havido declaração ou tenha havido declaração incorreta dos fatos geradores nas GFIP correspondentes, como Fl. 153DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 18 assim determina o art. 44 da Lei nº 9.430/96 c.c. art. 35A da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, in verbis: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Incluído pela Lei nº 11.941/2009). Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Ou seja, o disposto no inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/96 apenas restringe a lavratura do lançamento de ofício às hipóteses em que não houve recolhimento total ou parcial do tributo devido e, cumulativamente, não se operou a entrega da GFIP ou entregouse a GFIP com informações inexatas ou omissas. Não se deslembre que a legislação previdenciária tomou “emprestada” uma norma tributária que havia sido redigida em conformidade com a Legislação Fazendária já preexistente, fato que explica o não casamento perfeito dos termos utilizados em ambos os ramos do Direito Tributário em questão. Se nos antolha, portanto, que o exame da retroatividade benigna deve se adstringir ao confronto entre a penalidade imposta pelo descumprimento de obrigação acessória, calculada segundo a lei vigente à data de ocorrência dos fatos geradores e a penalidade pecuniária prevista na novel legislação pelo descumprimento da mesma obrigação acessória, não havendo que se imiscuir com a multa decorrente de lançamento de ofício de obrigação tributária principal. Lé com lé, cré com cré. (Jurandir Czaczkes Chaves, 1967). Tal retroatividade não se coaduna com a hipótese prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN, a qual se circunscreve a penalidades aplicáveis a infrações tributárias de idêntica natureza jurídica, in casu, penalidade pecuniária decorrente do descumprimento de obrigação acessória. Notese que o princípio tempus regit actum somente será afastado quando a lei nova cominar ao FATO PRETÉRITO, in casu, o descumprimento de determinada obrigação acessória, penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Dessarte, nos termos do CTN, para fins de retroatividade de lei nova, é incabível a comparação Fl. 154DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 146 19 entre (a) o somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 e das multas aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32, ambos da Lei nº 8.212/991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212/91, acrescido pela Lei nº 11.941/2009, inexistindo regra de hermenêutica que nos autorize a extrair dos documentos normativos acima revisitados interpretação jurídica que admita a comparação entre a multa derivada do somatório previsto na alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da IN RFB nº 971/2009 e o valor da penalidade prevista na alínea ‘b’ do inciso I do mesmo dispositivo legislativo suso aludido, para fins de retroatividade de lei tributária mais benéfica. De outro eito, mas trigo de outra safra, o art. 97 do CTN estatui que somente a lei formal pode dispor sobre a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos e tratar de hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Código Tributário Nacional CTN Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I a instituição de tributos, ou a sua extinção; II a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; III a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do §3º do artigo 52, e do seu sujeito passivo; IV a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65; V a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido Fl. 155DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 20 fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Mostrase flagrante que a alínea ‘a’ do inciso I do art. 476A da Instrução Normativa RFB nº 971/2009, acrescentado pela IN RFB nº 1.027/2010, é tendente a excluir, sem previsão de lei formal, penalidade pecuniária imposta pelo descumprimento de obrigação acessória nos casos em que a multa de ofício, aplicada pelo descumprimento de obrigação principal, for mais benéfica ao infrator. Tal hipótese não se enquadra, de forma alguma, na situação de retroatividade benigna prevista pelo art. 106, II, ‘c’, do CTN, pois emprega como parâmetros de comparação penalidades de natureza jurídica diversa, uma pelo descumprimento de obrigação principal e a outra, pelo descumprimento de obrigação acessória. Há que se reconhecer que as penalidades acima apontadas são autônomas e independentes entre si, pois que a aplicação de uma não afasta a incidência da outra e vice versa. Nesse contexto, não se trata de retroatividade da lei mais benéfica, mas, sim, de dispensa de penalidade pecuniária estabelecida mediante Instrução Normativa, favor tributário que somente poderia emergir da lei formal, a teor do inciso VI, in fine, do art. 97 do CTN. É mister ainda destacar que o art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela Medida Provisória nº 449/2008, apenas se refere ao lançamento de ofício das contribuições previdenciárias previstas nas alíneas ‘a’, ‘b’ e ‘c’ do parágrafo único do art. 11 dessa mesma Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a outras entidades e fundos, não produzindo qualquer menção às penalidades administrativas decorrentes do descumprimento de obrigação acessória, assim como não o faz o remetido art. 44 da Lei nº 9.430/96. Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) II de 50% (cinquenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) Fl. 156DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI Processo nº 11634.001528/201046 Acórdão n.º 2401004.085 S2C4T1 Fl. 147 21 a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Incluída pela Lei nº 11.488/2007) §1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) (...) §2o Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488/2007) I prestar esclarecimentos; (Renumerado da alínea "a", pela Lei nº 11.488/2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Renumerado da alínea "b", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Renumerado da alínea "c", com nova redação pela Lei nº 11.488/2007) §3º Aplicamse às multas de que trata este artigo as reduções previstas no art. 6º da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, e no art. 60 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991. §4º As disposições deste artigo aplicamse, inclusive, aos contribuintes que derem causa a ressarcimento indevido de tributo ou contribuição decorrente de qualquer incentivo ou benefício fiscal. Assim, em virtude da total independência e autonomia entre as obrigações tributárias principal e acessória, o preceito inscrito no art. 35A da Lei nº 8.212/91, incluído pela MP nº 449/2008, não projeta qualquer efeito sobre os Autos de Infração lavrados em razão Fl. 157DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI 22 exclusiva de descumprimento de obrigação acessória associada às Guias de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social. Uma vez que a penalidade pelo descumprimento de obrigação acessória encontrase prevista em lei, somente o Poder Legislativo dispõe de competência para dela dispor. A legislação complementar, na forma de Instrução Normativa emanada do Poder Executivo, é pai pequeno no terreiro, não podendo dispor autonomamente de forma contrária a diplomas normativos de mais graduada estatura na hierarquia do ordenamento jurídico, in casu, a lei formal, e assim extrapolar os limites de sua competência concedendo anistia para exclusão de crédito tributário, em flagrante violação às disposições insculpidas no §6º do art. 150 da CF/88, o qual exige lei em sentido estrito. Vislumbrase inaplicável, portanto, a referida IN RFB nº 1.027/2010, por ser flagrantemente ilegal. Como demonstrado, é possível a aplicação da multa isolada em GFIP, mesmo que o sujeito passivo haja promovido, tempestivamente, o exato recolhimento do tributo correspondente, conforme assentado no art. 32A da Lei nº 8.212/91. Nesse contexto, afastada por ilegalidade a norma estatuída pela IN RFB nº 1.027/2010, por representar a novel legislação encartada no art. 32A da Lei nº 8.212/91 um benefício ao contribuinte, verificase a incidência do preceito encartado na alínea ‘c’ do inciso II do art. 106 do CTN, devendo ser observada a retroatividade benigna, sempre que a multa decorrente da sistemática de cálculo realizada na forma prevista no art. 32A da Lei nº 8.212/91 cominar ao Sujeito Passivo uma penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência da infração. Assim, tratandose o presente caso de hipótese de entrega de GFIP contendo informações incorretas ou com omissão de informações, deverá ser aplicada a penalidade prevista no inciso I do art. 32A da Lei nº 8.212/91, se e somente se esta se mostrar mais benéfica ao Recorrente. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para que a penalidade a ser aplicada ao sujeito passivo seja recalculada, tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I e §3º, II, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente e tão somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente, em atenção ao princípio da retroatividade benigna prevista no art. 106, II, ‘c’, do CTN. (assinado digitalmente) Arlindo da Costa e Silva –Redator designado Fl. 158DF CARF MF Impresso em 23/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBARDI, Assinado digitalmente em 21/ 03/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 20/03/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOM BARDI
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Numero do processo: 16832.000057/2010-36
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005
SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS.
Entende-se por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria.
A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais a seu serviço.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. APLICÁVEL À RELAÇÃO PREVIDENCIÁRIA
Assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, segundo o qual, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato, de sorte que sua realização no âmbito tributário ocorre com a aplicação do princípio da verdade material, o qual permite que no processo administrativo o julgador busque a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.992
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente
Natanael Vieira dos Santos - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2005 SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. Entendese por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria. A empresa é obrigada a recolher, nos prazos definidos em lei, as contribuições previdenciárias a seu cargo, incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas, a qualquer título, aos segurados contribuintes individuais a seu serviço. CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA REALIDADE. APLICÁVEL À RELAÇÃO PREVIDENCIÁRIA Assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, segundo o qual, a verdade dos fatos impera sobre qualquer contrato formal, ou seja, caso haja conflito entre o que está escrito e o que ocorre de fato, prevalece o que ocorre de fato, de sorte que sua realização no âmbito tributário ocorre com a aplicação do princípio da verdade material, o qual permite que no processo administrativo o julgador busque a verdade, ainda que, para isso, tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 83 2. 00 00 57 /2 01 0- 36 Fl. 1801DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.802 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo Presidente Natanael Vieira dos Santos Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 1802DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.803 3 Relatório 1. Tratase de recurso voluntário interposto por FOREVER LIVING PRODUCTS BRASIL LTDA., em face da decisão da Delegacia da Receita Feral do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ) que julgou improcedente a impugnação apresentada pelo sujeito passivo e manteve o lançamento do crédito tributário, referente ao período de 01/2005 a 12/2005. 2. Por bem retratar os acontecimentos referidos nos presentes autos, passo a adotar, em parte, o Relatório do acórdão recorrido (fls. 1381/1387): 2.1. O crédito tributário lançado (DEBCAD 37.264.6026) em litígio, refere se à Contribuição para a Seguridade Social, a cargo do segurado, incidente sobre as remunerações pagas aos contribuintes individuais, no total de R$ 2.508.919,50, consolidado em 28/01/2010. 2.2. Em seu relatório de fls. 21/25, o AuditorFiscal esclarece que o presente lançamento referese às contribuições que incidem sobre os pagamentos aos prestadores de serviço (autônomos), creditados pela autuada sob a denominação de bônus. 2.3. Explica o autuante que observou divergências entre os valores declarados na DIRF como rendimento do trabalho sem vínculo empregatício e os informados na GFIP da autuada. Após a resposta da intimação dirigida ao contribuinte para esclarecer o fato e com base na análise dos contratos fornecidos pelo mesmo, concluiu o auditor que os valores definidos pelo sujeito passivo como Bônus são na realidade compensações pagas pela empresa a distribuidores com base no volume de produtos que ele, e o grupo de colaboradores por ele formado, adquiriram para revenda, de acordo com os requisitos delineados no contrato. 2.4. Relata também o auditor que foram identificadas na conta denominada "Prêmio Produtividade", apropriações classificadas como despesas referentes ao provisionamento de prêmios, os quais eram devidos aos distribuidores que alcançassem metas estabelecidas pela matriz no exterior, fato que demonstraria que a empresa efetua tais pagamentos com recursos próprios. 2.5. Informa, ainda, o auditor que sobre o valor bruto das bonificações creditadas aos autônomos foi aplicado o percentual de 11% a fim de se obter a cota dos segurados, respeitandose o teto do saláriodecontribuição. Acosta planilha demonstrativa. 3. Cientificada do lançamento em 29/01/2010 (fls 01), a autuada apresentou a sua defesa em 01/03/2010 (fls. 1345/1355), a respeito da qual o julgador a quo decidiu pela procedência do lançamento e cuja decisão (fl. 1381) restou ementada nos seguintes termos: DOS SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS. OBRIGAÇÃO DE RETENÇÃO . São devidas as contribuições para a Seguridade Social incidentes sobre a remuneração paga aos segurados Fl. 1803DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.804 4 contribuintes individuais (art.21 da Lei 8.212/91 c/c art.4°, caput da Lei 10.666/03). Entendese por salário de contribuição dos segurados contribuintes individuais a remuneração por eles auferida em uma ou mais empresas ou pelo exercício de suas atividades por conta própria. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido." 4. Irresignada com o resultado proferido na primeira instância, após ter sido devidamente intimada (cópia AR fl. 1388) a contribuinte interpôs recurso voluntário às fls. 1604/1612, no qual, em síntese, traz os seguintes argumentos: a) entende que a Delegacia de Julgamento não analisou adequadamente os fundamentos apresentados ao longo do processo e, por isso, a decisão de primeira instância administrativa deve ser integralmente reformada, de forma que o presente AI seja cancelado, bem como todas as exigências fiscais dele decorrentes; b) alega que o fato gerador da contribuição previdenciária (pagamento de valores a prestadores de serviços autônomos) não ocorreu, pois não existe vínculo de trabalho entre a recorrente e os compradores/distribuidores de seus produtos, afirmando, inclusive, que o vinculo existente é puramente de consumo (compra e venda); c) a recorrente explica que desenvolve atividades voltadas basicamente à importação e comercialização dos produtos fabricados pelo Grupo Forever Living Products (FLP) e que, também, presta serviços que consistem na administração de bens de terceiros (compradores). Salienta que ambas as atividades mencionadas acima são feitas através de expressa autorização prevista em seu Contrato Social e explica que a segunda das atividades consiste apenas na administração e gestão de recursos de propriedade e interesse de seus compradores, que decorrem da contribuição de cada um para a formação de um fundo a ser posteriormente distribuído aos próprios compradores de acordo com o volume das operações de compra dos produtos FLP. Ou seja, tais valores não são utilizados em interesse próprio pela recorrente e nem incorporados ao seu patrimônio; d) esclarece que segue um "Plano de Marketing Único", onde todos os compradores para que comprem e vendam mais devem realizar mais indicações de compradores, fazendo um trabalho forte de marketing. Todavia, qualquer benefício que a recorrente recebe é meramente indireto, visto que o objetivo primário do comprador/distribuidor não é divulgar a marca e sim aumentar sua rede para receber maiores prêmios; e) acentua, ainda, que o art. 12 da Lei nº 8.212/91 explicita quais são os segurados obrigatórios da Previdência Social e que "compradores" e "consumidores" não se enquadram nesse rol. Assim sendo, não poderia a Fl. 1804DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.805 5 Fiscalização Federal, frente à omissão da lei, utilizarse da analogia e exigir um tributo não previsto em lei, como bem nos diz o art. 108, § 1º, do CTN; f) afirma que os prêmios distribuídos por ela não podem ser considerados contraprestações por serviços prestados, isto porque, não há desembolso da própria para o pagamento dos prêmios. Os valores transitam a título de "Valor de Alocação de Rede VAR", já entrando em suas contas correntes com destinação certa, ou seja, da mesma forma que ingressam, são devolvidos, beneficiando todos os compradores que mantiveram vínculo com as compras que lhes deram causa. 5. Apresentados os argumentos recursais, não houve contrarrazões fiscais e os autos seguiram a este Conselho para análise. É o relatório. Fl. 1805DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.806 6 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. PRELIMINARMENTE 2. A peça recursal, basicamente, apresenta os argumentos utilizados na impugnação e, como reforço de argumentação traz Parecer Técnico Jurídico de lavra do ilustre Professor Heleno Tavares Torres (fls. 1614/1612), bem como, em memorial apresentado a recorrente discorre e conclui igualmente ao referido jurista que os bônus são valores correspondentes ao VAR, alocados no fundo financeiro, são integralmente destinados aos distribuidores, de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing, o que confirma que a recorrente não pode utilizar tais recursos segundo a sua livre conveniência. Ao contrário, os recursos correspondentes ao VAR (Valor de Alocação de Rede) são afetados a uma finalidade específica, relativa ao programa de marketing multinível, razões pelas quais os distribuidores não podem ser qualificados como contribuintes individuais, nos termos da legislação previdenciária, uma vez que não há a prestação de serviços pelos distribuidores credenciados no âmbito do Plano de Marketing a ensejar a incidência tributária. 3. Como sintetizado no relatório referente aos presentes autos, entende a recorrente que a Delegacia de Julgamento não analisou adequadamente os fundamentos apresentados ao longo do processo e, por isso, a decisão de primeira instância administrativa deve ser integralmente reformada, de forma que o presente AI seja cancelado, bem como todas as exigências fiscais dele decorrentes, haja vista à inocorrência do fato gerador da exação ora guerreada. DO OBJETO SOCIAL DA RECORRENTE E ATIVIDADES QUE VINCULAM ESTA COM SEUS DISTRIBUIDORES/COMPRADORES 4. Com base na documentação constante dos autos e no apontado pela fiscalização, observese que a recorrente tem por objeto social duas atividades distintas a saber: (I) importação e comercialização dos produtos FLP e (II) a prestação de serviços de administração de bens de terceiros. 5. Nas consecuções dos objetivos sociais da empresa, surgemse duas relações jurídicas com os Distribuidores/Compradores (Pessoas Físicas), quais sejam: aquela (I) de compra e venda e uma outra típica (II) de prestação de serviços de gestão. 6. Ou seja, sumariamente pode se afirmar que a primeira relação jurídica apontada corresponde a venda direta dos produtos a consumidores finais, cuja operação se dar com base em instrumento específico denominado de "Contrato de Distribuição", firmado entre Fl. 1806DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.807 7 a empresa e as pessoas físicas, assim entendidas aqueles que adquirem produtos da FLP e os distribuem por sua conta a consumidores finais. 7. Ocorre que, ainda na busca de desenvolver seus objetivos sociais, a empresa autuada utilizase da estratégia de "marketing de rede". ou "marketing de multinível", descrita no "Plano de Marketing Único", o qual tem por finalidade motivar os Distribuidores/Compradores a adquirirem e estimularem a comprar os produtos FLP, sem qualquer relação onerosa direta entre a recorrente e aqueles adquirentes. 8. Por força desse Plano de Marketing, ao qual o distribuidor é contratualmente aderente ou vinculado, com vistas ao incentivo à distribuição dos produtos FLP, há a formação de um fundo pelos participantes (compradores/vendedores), cujos recursos, mediante contrato de prestação de serviços são entregues e administrados pela recorrente, com posterior distribuição sob a forma de bônus, tudo conforme o dito Plano de Marketing, de sorte que é nesse contexto que surge a segunda relação com os Distribuidores/Compradores prestação de serviços de gestão, onde aqueles, em realidade, são os que usufruem dessas prestações. 9. Dessas observações iniciais, inferese que tratase de modelo de negócio onde não implica em relação de emprego, em prestação de serviços autônomos ou de distribuição comercial, em nome da empresa, por parte dos beneficiários dos prêmios ou bônus que tem origem em fundo formado pelos próprios Distribuidores/Compradores, por meio do chamado "Valor de Alocação de Rede" VAR, e, apenas rateado entre eles pela contratada, conforme contrato de administração mantido para tanto. DA CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO E DA INEXISTÊNCIA DE VÍNCULO DE TRABALHO ENTRE A RECORRENTE E SEUS DISTRIBUIDORES 10. Uma primeira questão que não pode ser negligenciada na análise desta contenda é a apreciação pormenorizada da acusação fiscal, de modo que seja verificado se efetivamente a autoridade lançadora se desincumbiu do ônus de descrever a contento a ocorrência do fato gerador. 11. Um dos principais argumentos utilizados para edificação do lançamento é que os valores repassados às pessoas físicas considerados contribuintes individuais era despesa suportada pela empresa autuada e não originários de um fundo constituído de percentual das vendas efetuadas pelos distribuidores. 12. Assim, o fisco se manifestou sobre essa questão: "Conforme informação prestada pelo contribuinte em atendimento ao T I F de 13/01/2010, tais prêmios eram devidos a distribuidores que alcançassem uma dada meta estabelecida pela matriz nos Estados Unidos. Entretanto, apesar de informar que os valores dos prêmios são oriundos de percentual pago pelos distribuidores na aquisição de produtos, constatase que a empresa apropria tais valores como sua despesa, ou seja, reconhece contabilmente que efetua os pagamentos com recursos próprios." Fl. 1807DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.808 8 13. Todavia, a fiscalização não identificou a conta contábil de despesa em que foram lançados os supostos pagamentos aos contribuintes individuais. Observo que no relatório há referência a uma conta onde teriam sido provisionados os desembolsos de prêmios no exercício de 2006. Ocorre que, sendo o lançamento relativo às competências de 2005, não logrou a autoridade fiscal indicar qual a conta de despesa abrigou as quantias tomadas como base de cálculo das contribuições. Verificase, assim, que não restou efetivamente comprovado que no período do lançamento os valores repassados às pessoas físicas se constituíam em efetiva despesa da autuada. 14. Nesse sentido, sendo frágil o principal pilar em que se edificou o lançamento, entendo que deve ser declarada a sua improcedência, por falta de uma descrição precisa do fato gerador, como exige o art. 142 do CTN. 15. Mesmo tendo concluído acerca da improcedência pela ausência de precisão na narrativa acusatória, não me furtarei de enveredar pelo mérito, de modo a concluir se os fatos precariamente narrados pelo fisco amoldamse a hipótese de incidência de contribuições sociais. 16. Assim, não obstante tenha esta Turma já analisado e decidido pela não tributação de bônus da espécie, nos autos do PAF nº 12448.725700/201100, Acórdão nº 2301 004.218, de 06/11/2014, este Conselheiro, na sequência, passa a fazer alguns apontamentos acerca da constituição do crédito tributário, bem como sobre institutos e regras que, no caso concreto, devem no seu entender serem observados. 17. No curso da fiscalização, conforme consta do Relatório Fiscal (fl. 22) foram solicitados, por meio de Termo Intimação Fiscal TIF, 11/06/2009, a apresentação de contratos com contribuintes individuais. Conforme contratos apresentados, os mesmos são de duas espécies, padronizadas: Contrato de Distribuição e Contrato de Prestação de Serviços. No primeiro caso, a FLP Brasil concede ao distribuidor o direito de revenda dos seus produtos, que tenham sido por ele adquiridos junto à FLP Brasil. Dispõe ainda tal espécie de contrato: "4. Obrigações e Responsabilidades da FLP Brasil 4.1 Sem prejuízo das demais obrigações que lhe são impostas por lei ou ainda nesse instrumento, a FLP Brasil se obriga a: a. Fornecer os produtos aos Distribuidores e contabilizar as compras feitas por estes de acordo com plano de marketing da FLP Brasil; b. Pagar as bonificações por volume devidas aos Distribuidores que não estiverem violando o presente contrato, de acordo com os vários níveis e tipos previstos no plano de marketing da FLP Brasil. (...). 5. Patrocínio 5.1 Segundo os termos e condições da Declaração de Políticas da FLP, o Distribuidor poderá submeter à FLP Brasil solicitação para credenciamento de terceiros como Distribuidores Independentes dos Produtos. Fl. 1808DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.809 9 5.1.1 Caso essa(s) pessoa(s) apresentada(s) pelo Distribuidor seja(m) aprovada(s) pela FLP Brasil, todas as compras por ela(s) efetuadas por novas pessoas apresentadas por tal Distribuidor(es) em cada mês proporcionarão ao Distribuidor a possibilidade de subir de nível no plano de marketing, de acordo com os critérios contidos na Declaração de Políticas da FLP". Nos contratos de prestação de serviços, por sua vez, encontram se as seguintes disposições: "1. Objetivo 1.1 A prestação pela FLP Brasil ao distribuidor dos seguintes serviços de: Controle das importâncias entregues pelo Distribuidor para alocações dentro do mesmo grupo; Cálculo das bonificações por volume de acordo com o plano de marketing da FLP Brasil; Distribuição das bonificações por volume ao Distribuidor e demais membros do grupo. 2. Remuneração 2.1 Em contrapartida à prestação do dos serviços objeto deste Contrato,o distribuidor pagará à FLP Brasil a importância de R$ 1,00 (hum real) no mês em que o mesmo efetuar compras na FLP." 18. No que tange às bonificações apontadas na alínea "b" acima, em resumo, aduz a contribuinte que referido pagamento não decorre de serviços tomados e sim por ela prestados administração de fundos formados pelos próprios distribuidores na devolução dos recursos, consistentes no partilhamento dos pertinentes valores entre os distribuidores, tudo de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing, não ficando caracterizada nessa relação quaisquer prestação de serviços pelos beneficiários das bonificações. Os recursos administrados e partilhados tem por base as seguintes disposições contratuais: "Após a aquisição do produto com desconto, o distribuidor pode utilizálo para consumo próprio ou revendêlo no mercado de varejo. O distribuidor tem ampla liberdade para usar ou revender os produtos adquiridos com a marca FLP, sem qualquer subordinação ou vinculação no exercício de sua atividade. Assim, o distribuidor equiparase a um empreendedor independente, na medida em que pode utilizar ou comercializar com ampla liberdade os produtos adquiridos, sem a necessidade de prestação de contas à Recorrente. Ao optar pela aquisição de determinado produto da linha FLP, o distribuidor credenciado paga dois valores diferentes à Recorrente: um primeiro valor, que corresponde ao preço da mercadoria adquirida; e um segundo valor, denominado de Valor de Alocação de Rede (VAR), que corresponde ao fundo financeiro que posteriormente será partilhado entre os Fl. 1809DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.810 10 distribuidores, de acordo com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing." 19. De fato, na modelagem de negócio, e do transcrito do Relatório Fiscal, o que se verifica dos instrumentos contratuais acostados aos autos é que os distribuidores autorizados adquirem produtos da recorrente para revendêlos e, quando da liquidação das aquisições, parte do valor, como obrigação desses mesmos distribuidores são entregues e administrados pela autuada como fundo financeiro, o qual por sua vez, periodicamente, é dividido e/ou rateado entre os distribuidores, em conformidade com os critérios estabelecidos no Plano de Marketing a que todos se subordinam e têm prévio conhecimento. 20. Assim, assiste razão a autuada, pelos motivos que passo a discorrer. 21. No entanto, não foi esse o entendimento da fiscalização, bem como resumiu o nobre Conselheiro Dr. Wilson Antonio de Souza Correa em seu voto proferido nos autos nº 12448.725700/201100 que também analisou questão análoga: "(...) para a Fiscalização os valores pagos aos prestadores de serviços têm como base as vendas por eles realizadas e para a Defendente os valores pagos têm como base as compras realizadas por seus contratantes/compradores. É como se ela estivesse bonificando os seus compradores, ou seja, quanto mais compra, mais recebe bônus e ela é paga por seus distribuidores para gerir este ‘Plano de Marketing Único’, ainda que seja 1 real ao mês." 22. Nesse ponto, por tudo anteriormente evidenciado, verificase que para a fiscalização chegar a tal conclusão, sem aterse a realidade do contrato, além de interpretação equivocada dos instrumentos, do que de fato ocorria, de forma simplória, toma como "divergências entre as remunerações constantes na Declaração de Imposto de Renda Retido na Fonte DIRF, anocalendário 2005, e as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social GFIP válidas informadas pelo sujeito passivo, no que se refere aos rendimentos lançados sob o código 0588 da DIRF (rendimento do trabalho sem vinculo empregatício)," por entender que os bônus por ter natureza prestacional deveriam ter composto referida declaração GFIP. 23. No que tange aos instrumentos contratuais disponibilizados para análise da fiscalização, importante registrar que os mesmos têm metodologia própria de interpretação, a respeito do que, insisto, mesmo que não tragam um primor de clareza tem de serem interpretados levandose em conta, salvo situações opostas à Fazenda Pública, com vistas alterar a definição de sujeito passivo tributário (Art. 123, do CTN), à vontade ou intenção das partes, como estabelecido no art. 112 do Código Civil Brasileiro (CCB), in verbis: CTN: Art. 123. Salvo disposições de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Fl. 1810DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.811 11 CCB: Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 24. Notese que, no caso, nunca foi a intenção ou vontade da recorrente tomar um serviço dos distribuidores/Vendedores, mas de prestar serviço aos mesmos, relativamente à administração de fundo financeiro formado pelos seus distribuidores/vendedores e rateio entre eles, o que de fato ocorre. 25. Isto demonstra que o Auditor autuante não investigou a verdade real dos fatos, limitandose a afirmar que se tratava de prestação de serviços realizados por segurado contribuinte individual e cotejando com o montante que foram objeto da DIRF e GFIP em relação a esses beneficiários, sem comprovar a efetiva prestação de serviços pelos mesmos. Assim, resta evidente, que o procedimento adotado pelo Auditor autuante, em não observar a efetiva ocorrência do fato gerador, por desdobramento lógico fica evidente seu equivoco e inobservância ao previsto no art. 142 do CTN, o que fulmina o lançamento realizado, dada a ausência efetiva de ocorrência do fato gerador. 26. Essa forma simplória do Auditor em estabelecer e evidenciar a ocorrência do fato gerador também foi apontada no voto proferido nos autos do PAF nº 12448.725700/201100 que teve como relator o Conselheiro Wilson Antonio de Souza Correa, a respeito do que trago a colação trecho do decidido: "(...). Entretanto, quando trata das BONIFICAÇÕES, onde informa a Fiscalização que observou divergências entre os valores declarados na DIRF como rendimento do trabalho sem vínculo empregatício e os informados na GFIP da Recorrente, sendo incluindo na base da cálculo do lançamento, o que julgo indevido, eis que ausente a comprovação de fato gerador que possa justificar. Veja, a bonificação declarada e que não consta na DIRF não representa um fato ou conjunto de fatos a que o legislador vincula o nascimento da obrigação jurídica de pagar um tributo determinado. Alguns doutrinadores do direito tributário propõem distinguir fato descrito na hipótese legal (hipótese de incidência) e fato imponível. Nesse sentido, a definição de Geraldo Ataliba é precisa: "Tal é a razão pela qual sempre distinguirmos estas duas coisas, denominando hipótese de incidência ao conceito legal (descrição legal, hipotética de um fato, estado de fato, ou conjunto de circunstâncias de fato) e fato imponível, efetivamente acontecido num determinado tempo ou local, configurando rigorosamente a hipótese de incidência". O Código Tributário Nacional do Brasil (CTN) utiliza a expressão fato gerador tanto no momento que se refere ao que Geraldo Ataliba chamou de hipótese de incidência tanto quanto Fl. 1811DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.812 12 ao fato imponível, deixando para que o intérprete da norma reconheça o significado referido segundo o contexto em que se encontra. O CTN faz menção ao fato gerador nos artigos 114 e 115. De acordo com o texto do artigo 114 do CTN, fato gerador da obrigação principal é a hipótese definida em lei como necessária e suficiente para o surgimento da obrigação tributária. Por sua vez, o artigo 115 diz que fato gerador da obrigação acessória é a hipótese que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Nesta seara, vejo que as bonificações não estão rigorosamente incluídas em hipótese de incidência (Grifei), razão pela qual excluo do lançamento, conforme requerido pelo Recorrente. Com razão em parte." 27. Ainda, conjugandose o objeto social da recorrente com o disposto no contrato de distribuição e ao de prestação de serviço, com base no qual efetuase o pagamento do bônus, facilmente detectase que as pessoas físicas, que entendeu a fiscalização como sendo prestadores de serviço, apenas adquirem produtos da recorrente para revendêlos e, quando da liquidação das aquisições, parte do valor, como obrigação desses mesmos distribuidores são entregues e administrados pela autuada como fundo financeiro, o qual, por sua vez, periodicamente, é dividido e/ou rateado entre os distribuidores. 28. Vejase que, não somente pelo que se plasma nos instrumentos analisados, mas também pela realidade dos fatos, apenas para argumentar, sabese que, assim como na relação trabalhista, também na relação previdenciária é aplicável o princípio da primazia da realidade, de forma que o que vale é a ocorrência real dos fatos e não o que está escrito. Assim, mesmo que não fossem textualmente compreendidos os instrumentos envolvidos, dado ao que não se constata nenhuma prestação de serviço dos beneficiários dos bônus para a recorrente, tomandose por fundamento o princípio da primazia da realidade, não há o que se falar em ocorrência do fato gerador da contribuição social previdenciária ora exigida. 29. Para este Conselheiro está em consonância com o referido princípio protetivo aquele denominado na seara do processo administrativo tributário como verdade material, princípio pelo qual se exige a demonstração cabal dos fatos trazidos pelas partes, permitindo assim ao julgador uma decisão adequada a cada caso concreto, de forma a garantir a legalidade da apuração da ocorrência do fator gerador e a constituição do crédito tributário. 30. Dessa feita, a configuração do fato gerador deve levar em consideração os elementos materiais que constituem o negócio realizado e não os registros contábeis, forma ou nomenclatura atribuído pelos particulares. 31. Com supedâneo nesse princípio significa dizer: mesmo que fosse considerada a existência de uma relação prestacional entre a empresa e os beneficiados (compradores e vendedores), mesmo assim, reiterese, o referido bônus daquela relação não decorreria, uma vez que os ditos pagamentos consubstanciamse ou decorrem de mera Fl. 1812DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S Processo nº 16832.000057/201036 Acórdão n.º 2402004.992 S2C4T2 Fl. 1.813 13 devolução de valores colocados sob a guarda e/ou administração da recorrente pelos distribuidores autorizados. 32. Do até aqui apontado, o que se constata dos autos é a inocorrência do fato gerador das contribuições ora exigidas, eis que em momento algum se verificou o pagamento por prestação de serviço remunerado pelos segurados, razão pela qual não deve subsistir o lançamento em análise, de sorte que não há caracterização da ocorrência da situação fática da obrigação tributária. 33. Assim, no presente caso, não há que se falar em exigibilidade da contribuição social previdenciária porque as bonificações, como já demonstrado, não têm como contrapartida prestação de serviços a recorrente por Distribuidores/Vendedores de produtos FLP por ela fornecidos. CONCLUSÃO 34. Pelo exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento, nos termos alinhavados. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 1813DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 11/0 3/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 11/03/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S
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Numero do processo: 10280.722252/2009-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 28 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Feb 12 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3402-000.749
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro.
Antonio Carlos Atulim - Presidente
Diego Diniz Ribeiro - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Carlos Augusto Daniel Neto, Jorge Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula e Diego Diniz Ribeiro.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Resolvem, os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. Ausente a Conselheira Valdete Aparecida Marinheiro. Antonio Carlos Atulim Presidente Diego Diniz Ribeiro Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Antonio Carlos Atulim, Carlos Augusto Daniel Neto, Jorge Lock Freire, Valdete Aparecida Marinheiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais de Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula e Diego Diniz Ribeiro. RELATÓRIO 1. Adoto o relatório do acórdão recorrido por retratar suficientemente a lide, o que faço nos seguintes termos: Tratase de pedido de ressarcimento de crédito da COFINS – exportação (regime nãocumulativo) relativo ao 3º trimestre de 2007, transmitido em 28/11/2007, cumulado com as declarações de compensação anexas aos autos. Por meio do relatório fiscal de 283/285 a fiscalização propôs o reconhecimento parcial do crédito requerido em razão dos seguintes fatos: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 02 80 .7 22 25 2/ 20 09 -9 4 Fl. 1013DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10280.722252/200994 Resolução nº 3402000.749 S3C4T2 Fl. 1.014 2 1) Foram glosadas as notas fiscais referente a refratários, posto que os mesmos não se caracterizam como gastos de manutenção de consumo rápido, visto que é substituído a intervalos superiores a 1900 dias, conforme laudo fornecido pela empresa em anexo, a relação das notas fiscais objeto da glosa estão em anexo. Foram glosados também os gastos de transportes referentes a refratários, uma vez que esses não são considerados como insumos; 2) Foram glosados créditos decorrentes de serviços, em razão desses serviços não terem sido aplicados ou consumidos na produção; 3) Foram glosados créditos tomados com base na depreciação nos anos de 2004, 2005, 2006 e 2007, com a seguinte motivação: “Relação Notas Fiscais de Bens glosados do Ativo Imobilizado para Utilização na Fabricação de Produtos Destinados a Venda ou na Prestação de Serviços 2004, 2005, 2006, 2007; Demonstrativo Ativo Imobilizado maio/2004 a dez/2005, (1/48 avos); Demonstrativo Ativo Imobilizado de jan/2006 a dez/2006, jan/2007 a dez/2007, (1/12 avos); Memória de cálculo da Depreciação (Base do Ativo Imobilizado),julho/ 2007, agosto/2007 e setembro/2007, elaborados por esta fiscalização, para se obter os créditos decorrentes de depreciação acelerada incentivada e os que foram objeto de glosa, por se tratarem de produtos não alcançados pelo disposto no art. 1º , § 2 ° , I, da IN 457/04, LEI n° 11.196/2005, Dec. N° 5.789/2006 e Dec. 5.988/2006, como também as edificações e instalações, que se referem a produtos só abrangidos para a apuração do crédito, a partir de janeiro de 2007, conforme disposto no art. 6º da Lei 11.488/2007, acelerada incentivada (2 anos) 1/24 avos por mês.(...)” A DRJ – Belém, por meio do Acórdão 24.228, de 14 de fevereiro de 2012, manteve as glosas e a homologação parcial das compensações. Regularmente notificado daquela decisão em 06/03/2012, o contribuinte manejou em tempo hábil o recurso voluntário em 03/04/2012, alegando em síntese que tem direito à tomada do crédito diretamente sobre o valor dos bens incorporados ao imobilizado; que o conceito de insumo empregado pela fiscalização destoa daquele adotado pela jurisprudência do CARF; que o art. 6º da Lei 10.833/2003 garante o direito à tomada do crédito em relação a qualquer bem ou serviço vinculado à receita de exportação; que tem direito ao crédito relativo à aquisição de máquinas e equipamentos com base na Lei nº 11.196/2005 e seu regulamento; que o material refratário participa diretamente no processo industrial e que tanto faz ser considerado como imobilizado ou como para gerar créditos no regime nãocumulativo. 2. Em sessão de julgamento realizada em 22 (vinte e dois) de maio de 2013, o então Relator do caso, Conselheiro Antonio Carlos Atulim, acompanhado dos demais julgadores da 3a. Turma Ordinária, reconheceu a conexão do presente feito com o processo Fl. 1014DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10280.722252/200994 Resolução nº 3402000.749 S3C4T2 Fl. 1.015 3 administrativo n. 10280.722250/200903, com trâmite por esta 2a. Turma Ordinária e de relatoria do Conselheiro Gilson Macedo Rosemburg Filho. por tal motivo, nesta mesma oportunidade também foi reconhecida a prevenção do Conselheiro Gilson, o que motivou o encaminhamento do caso em análise ao referido julgador, nos termos do art. 49, §7º do RICARF então vigente. 3. Ato contínuo, referido caso foi pautado para julgamento, oportunidade em que, em razão de dúvidas de ordem fáticas, se reconheceu a necessidade de baixar o processo em diligência para que a fiscalização tomasse as seguintes providências: (i) apontasse, sob uma perspectiva fática, qual a relação existente entre os dispêndios realizados a título de transporte e coprocessamento de rejeito gasto de cubas – RGC, de beneficiamento de banho eletrolítico, de processamento de borra de alumínio e refratários e o transporte de rejeitos industriais, com a produção industrial do Recorrente; e, ainda (ii) relacionasse as máquinas, os equipamentos e as edificações do parque industrial do Recorrente e seus os respectivos custos. 4. Em resposta a tal diligência, a fiscalização sumariamente se manifestou nos seguintes termos: (i) que os dispêndios realizados a título de transporte e coprocessamento de rejeito gasto de cubas – RGC, de beneficiamento de banho eletrolítico, de processamento de borra de alumínio e refratários e o transporte de rejeitos industriais, com a produção industrial do Recorrente não dariam crédito de PIS e COFINS, uma vez que não são aplicados diretamente no processo produtivo, nem consumidos no processo produtivo; e (ii) em relação ao maquinário, equipamentos e edificações do parque industrial do Recorrente, limitouse a anexar uma relação com tais bens sem, todavia, precisar seus respectivos custos. 5. É o relatório. RESOLUÇÃO Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 6. Diante do quadro narrado acima, tenho que a diligência não foi cumprida satisfatoriamente. Nesse sentido, insta destacar que a baixa de processos de julgamento para diligência tem uma finalidade própria, qual seja, o esclarecimento de determinadas questões de ordem fática imprescindíveis para o adequado e justo julgamento de um determinado caso. 7. E isso se deve ao fato de não mais se acreditar na existência de um julgador onisciente ou, para me valer da expressão de Dworkin, do juiz Hércules, em especial quando se está diante de intrincadas situações fáticas que demandam conhecimentos técnicos que vão para muito além do conhecimento puramente jurídico, exatamente como ocorre no caso em comento, onde se discute, a grosso modo, o processo produtivo do alumínio. Fl. 1015DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10280.722252/200994 Resolução nº 3402000.749 S3C4T2 Fl. 1.016 4 8. Nesse sentido, a baixa de um processo para diligência como no caso aqui tratado é, em última análise, um pedido de cooperação que o julgador direciona às partes litigantes, as quais, por vivenciarem/experimentarem os fatos, são os mais aptos para deles tratarem. E esse "pedido" não implica qualquer demérito à atividade judicante. Pelo contrário, seu reconhecimento pelo julgador e a substancial participação dos ligantes resultam na construção de um processo efetivamente democrático e cooperativo1, de modo a permitir a formação em conjunto (materialmente dialética) da decisão mais justa possível para o caso a ser decidido. 9. A efetivação do citado princípio da cooperação promove uma importante ruptura com a autocrática e embolorada ideia de que o julgador é o único responsável e, principalmente, capacitado a “dizer” o direito (iura novit curia), prestigiando, portanto, a comparticipação dos envolvidos na lide, o que está em perfeita sintonia com um país que pretende levar a sério o significado de um Estado Democrático de Direito também no âmbito das relações processuais. 10. Dito isso, resta claro que o pedido de diligência anteriormente efetuado não tinha por escopo que a fiscalização qualificasse juridicamente os dispêndios alhures mencionados, mas sim para que ela (fiscalização) detalhasse o processo produtivo da Recorrente e apontasse, de forma analítica, (i) em que momento há a integração de tais dispêndios no processo produtivo e (ii) com qual finalidade. Da mesma forma se deu o pedido de indicação da relação do maquinário, equipamentos e edificações do parque industrial do Recorrente e o consequente cotejo com os seus respectivos custos. Acontece que tais medidas naõ foram cumpridas pela fiscalização, conforme visto alhures. 11. Sendo assim, voto no sentido de novamente baixar o processo em diligência para que, sob uma perspectiva exclusivamente fática, sejam tomadas as seguintes providências: (i) descrição integral e analítica do processo produtivo da Recorrente, com especial ênfase para a (a) participação e (b) importância dos dispêndios realizados a título de transporte e coprocessamento de rejeito gasto de cubas – RGC, de beneficiamento de banho eletrolítico, de processamento de borra de alumínio e refratários e o transporte de rejeitos industriais; e, ainda (ii) o detalhamento analítico do maquinário, equipamentos e edificações do parque industrial do Recorrente que foram objeto de glosa e o cotejo com os seus respectivos custos. 12. Da conclusão da diligência deve ser dada ciência ao contribuinte, abrindo lhe o prazo de trinta dias para, querendo, pronunciarse sobre o feito, o que deve ser feito com especial ênfase para as questões fáticas aqui tratadas. 13. Ato contínuo, sejam devolvidos os autos para seu processamento e julgamento por este Tribunal Administrativo. 1 Não é por acaso que o princípio da cooperação é uma das grandes conquistas do novo Código de Processo Civil, o qual, embora pendente de vigência, já serve como balizador hermenêutico. Nesse esteio, convém a análise do art. 6o do NCPC, "in verbis": "Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva." Fl. 1016DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10280.722252/200994 Resolução nº 3402000.749 S3C4T2 Fl. 1.017 5 14. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator Fl. 1017DF CARF MF Impresso em 12/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 11/02/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
score : 1.0
Numero do processo: 10830.006338/2001-45
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Nov 27 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Sep 30 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001
COMPENSAÇÃO - NECESSIDADE DE INSTRUMENTO PRÓPRIO - Lei 9.340/1996 e IN 21/1997 - INFORMAÇÃO DE COMPENSAÇÃO EM DCTF - IMPOSSIBILIDADE DE SUPRIR A AUSÊNCIA DE INSTRUMENTO PRÓPRIO - INEXISTÊNCIA DE COMPENSAÇÃO - JUROS E MULTA DE MORA EXIGÍVEIS SOBRE DÉBITOS CONFESSADO E NÃO COMPENSADOS.
A compensação de créditos e débitos entre tributos e contribuições de espécies diferentes na égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, com regulamentação pela IN SRF 21/1997, e alterações posteriores, prevê que o pedido deva ser feito ao ente fiscal através de formulários específicos. A informação da compensação em DCTF não supre a ausência do pedido em formulários específicos, acarretando a inexistência de compensação e a exigibilidade de juros e multa de mora sobre os débitos confessados em DCTF.
A posterior compensação dos débitos vencidos através de PER/Dcomp, prescrita no art.49 da Lei 10.637/2002, que é uma legislação de compensação posterior, tendo os débitos em DCTF retificada sido mantido em valores nominais, não acarreta a validação de declaração inexistente na sistemática anterior, muito menos denúncia espontânea, devendo os débitos compensados no PER/Dcomp ter a incidência de multa e juros de mora.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9303-003.230
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo (Substituta convocada), Fabíola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Sessão).
Nome do relator: Relator
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Recorrente MABE CAMPINAS ELETRODOMÉSTICOS S/A (nova denominação de GE DAKO S/A) Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 COMPENSAÇÃO NECESSIDADE DE INSTRUMENTO PRÓPRIO Lei 9.340/1996 e IN 21/1997 INFORMAÇÃO DE COMPENSAÇÃO EM DCTF IMPOSSIBILIDADE DE SUPRIR A AUSÊNCIA DE INSTRUMENTO PRÓPRIO INEXISTÊNCIA DE COMPENSAÇÃO JUROS E MULTA DE MORA EXIGÍVEIS SOBRE DÉBITOS CONFESSADO E NÃO COMPENSADOS. A compensação de créditos e débitos entre tributos e contribuições de espécies diferentes na égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, com regulamentação pela IN SRF 21/1997, e alterações posteriores, prevê que o pedido deva ser feito ao ente fiscal através de formulários específicos. A informação da compensação em DCTF não supre a ausência do pedido em formulários específicos, acarretando a inexistência de compensação e a exigibilidade de juros e multa de mora sobre os débitos confessados em DCTF. A posterior compensação dos débitos vencidos através de PER/Dcomp, prescrita no art.49 da Lei 10.637/2002, que é uma legislação de compensação posterior, tendo os débitos em DCTF retificada sido mantido em valores nominais, não acarreta a validação de declaração inexistente na sistemática anterior, muito menos denúncia espontânea, devendo os débitos compensados no PER/Dcomp ter a incidência de multa e juros de mora. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 00 63 38 /2 00 1- 45 Fl. 701DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso especial. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Júlio César Alves Ramos (Substituto convocado), Rodrigo da Costa Pôssas, Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva, Joel Miyazaki, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo (Substituta convocada), Fabíola Cassiano Keramidas (Substituta convocada), Maria Teresa Martínez López e Otacílio Dantas Cartaxo (Presidente da Sessão). Relatório Os fatos foram assim descritos no relatório do acórdão recorrido: A interessada em epígrafe pediu o ressarcimento do saldo credor do IPI, apurado no período em destaque, para ser utilizado na compensação dos débitos declarados. 0 direito creditório foi reconhecido pelo regular Despacho Decisório de fl. 112, que homologou as compensações declaradas até o limite deste. Quanto à parcela não homologada, ocorreu que a PER/Dcomp foi emitida após o vencimento do débito, o que implicou a imputação de acréscimos legais. Tempestivamente a contribuinte apresentou sua manifestação de inconformidade alegando, basicamente, que o débito já tinha sido confessado quando entregou a DCTF em 14/11/2001, retificada espontaneamente, em 10/08/2005, com a relação da compensação efetuada através da PER/Dcomp emitida em 08/08/2005. Assim, com base no art. 138 do CTN, entende que a multa e os juros são indevidos e que a compensação deveria ter se dado nos moldes da PER/Dcomp entregue. A DRJ em Ribeirão Preto SP indefere a solicitação, em decisão assim ementada: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 Ementa: COMPENSAÇÃO. DÉBITOS VENCIDOS. MULTA. JUROS. Na compensação de créditos com débitos de espécies diferentes já vencidos, cabível a imputação de multa de mora e juros de mora sobre os débitos não recolhidos nos prazos legalmente estabelecidos. Solicitação Indeferida Da referida decisão, recorre a contribuinte. Fl. 702DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10830.006338/200145 Acórdão n.º 9303003.230 CSRFT3 Fl. 690 3 Julgando o feito, o Colegiado da Câmara recorrida negou provimento ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados IPI Período de apuração: 01/04/2001 a 30/06/2001 Ementa: COMPENSAÇÃO. PROCEDIMENTO. O contribuinte efetuou a compensação de forma indevida, utilizandose de procedimento somente criado posteriormente à data da mesma. A compensação de tributos de espécies diferentes depende de procedimento próprio, nos termos da lei vigente à época dos fatos (Lei nº 9.430/96, arts. 71 e seguintes). A posterior apresentação de PER/Dcomp e retificação da DCTF não tem o condão de convalidar o procedimento indevido. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. Não deve ser aplicada a figura da denúncia espontânea para débitos informados em DCTF sem pagamento ou compensação. Precedentes do STJ. O art. 138 é aplicável mediante o pagamento com a atualização do débito, e não em valores históricos. Recurso negado. Foi apresentados embargos de declaração pelo contribuinte, que foram rejeitados liminarmente por despacho decisório da Câmara recorrida. Inconformada, o contribuinte apresentou recurso especial, onde pugna pelo reconhecimento da compensação através de DCTF apresentada em 2001. O apelo do contribuinte logrou seguimento, nos termos do despacho de admissibilidade. Regularmente cientificado do acórdão e do recurso fazendário, a Fazenda Nacional apresenta contrarrazões, pugnando para que seja mantido o acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. A teor do relatado, a matéria que se apresenta a debate aborda a utilização de informação de compensação em DCTF para servir ou suprir a falta de instrumento de compensação de débitos de diferentes espécies sob o regime de compensação da Lei 9.430/1996, artigos 73 e 74, na redação original, que tinha regulamentação própria. Fl. 703DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO 4 O Colegiado a quo, no acórdão recorrido, entendeu que não era possível a utilização de informação de compensação em DCTF para servir de instrumento de compensação de débitos de diferentes espécies sob o regime de compensação da Lei 9.430/1996, artigos 73 e 74, na redação original, que tinha regulamentação própria, e suprir a ausência do instrumento previsto normativamente. Ainda expressou que a compensação dos mesmos débitos através de instrumento (PER/Dcomp) de norma posterior, que é o art.49 da Lei 10.637/2002, e a posterior alteração na DCTF, em 2005, sem alteração do valor histórico dos débitos, sob a égide desta nova forma de compensação, não tinham o condão de retroagir e convalidar a compensação pleiteada pelo contribuinte na DCTF original, em 2001, não se caracterizando como denúncia espontânea. Então os débitos compensados através da sistemática de compensação contida no art.49 da Lei 10.637/2002, que deu nova redação ao art.74 da Lei 9.430/1996, devem ter a incidência de juros e multa de mora, por estarem vencidos no momento desta. De sua parte, a contribuinte, alega que até a instituição da Declaração de Compensação, pela Lei n° 10.637/2002, a informação prestada em DCTF acerca de compensação com crédito postulado em ressarcimento supre a ausência do formulário "Pedido de Compensação" de que trata a IN 21/1997, sob a égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, devendo se aplicar o instituto da denúncia espontânea sobre a multa e os juros de mora, de forma que a compensação seja realizada por valores históricos do débitos, já que realizada no momento da entrega da DCTF original (2001). Outrossim, também solicita, caso seja necessário, se faça diligência para a verificação da fidedignidade da compensação em DCTF realizada em 2001. A Fazenda Nacional, nas contrarrazões, solicita a manutenção do acórdão recorrido. Argumenta que, primeiramente, as compensações em DCTF não podem ser homologadas por desrespeitar a regulamentação legal sobre a compensação, devendo ser obedecida pelos entes públicos. Posteriormente, afirma a compensação é regulada pelo Direito Público e não pelo Direito Privado, sob pena de desrespeito ao art.109 e 170 do CTN. Por fim, apresenta a assertiva de que as DCTF´s não são, nem foram, meios hábeis para que o contribuinte realizasse compensações entre tributos de diferentes espécies, por não se enquadrarem em quaisquer das formas de compensação previstas no ordenamento jurídico regido pelos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430/96, com as alterações posteriores, e demais atos normativos atinentes à matéria. Para melhor entendimento do tema é necessário uma retrospectiva histórica sobre o sobre o instituto da compensação no âmbito do Direito Público. Começa pela previsão contida no art.170 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrita: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. A previsão para a compensação foi efetivada pela Lei 8.383/1991, em seu art.66, que permitiu a compensação entre tributos e contribuições de mesma espécie, por conta e risco do contribuinte, Art. 66. Nos casos de pagamento indevido ou a maior de tributos, contribuições federais, inclusive previdenciárias, e receitas patrimoniais, mesmo quando resultante de reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória, o contribuinte poderá efetuar a compensação desse valor no Fl. 704DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10830.006338/200145 Acórdão n.º 9303003.230 CSRFT3 Fl. 691 5 recolhimento de importância correspondente a período subseqüente. § 1º A compensação só poderá ser efetuada entre tributos, contribuições e receitas da mesma espécie. Posteriormente, esta norma legal foi restringida pelo art.39 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que determinava que os tributos e contribuições deviam ser de mesma espécie e destinação constitucional. Após, foi editada a Lei 9.430/1996, que em seu artigos 73 e 74, em sua redação original previam a compensação entre tributos e contribuições de diferentes espécies, abaixo transcrita: Art. 73. Para efeito do disposto no art. 7º do Decreto‑ lei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, a utilização dos créditos do contribuinte e a quitação de seus débitos serão efetuadas em procedimentos internos à Secretaria da Receita Federal, observado o seguinte: I o valor bruto da restituição ou do ressarcimento será debitado à conta do tributo ou da contribuição a que se referir; II a parcela utilizada para a quitação de débitos do contribuinte ou responsável será creditada à conta do respectivo tributo ou da respectiva contribuição. Art. 74. Observado o disposto no artigo anterior, a Secretaria da Receita Federal, atendendo a requerimento do contribuinte, poderá autorizar a utilização de créditos a serem a ele restituídos ou ressarcidos para a quitação de quaisquer tributos e contribuições sob sua administração. (Destaque nosso) Então, para se fazer a compensação entre créditos e débitos de tributos e contribuições de diferentes espécies era necessário um requerimento do contribuinte através de procedimento interno da SRF. Tal previsão foi regulamentada pela IN 21, de 1997, posteriormente alterada pela IN 97, de 1997, abordando o ressarcimento, restituição e compensação, da seguinte forma em seu art.12: Art. 12. Os créditos de que tratam os arts. 2º e 3º, inclusive quando decorrentes de sentença judicial transitada em julgado, serão utilizados para compensação com débitos do contribuinte, em procedimento de ofício ou a requerimento do interessado. § 1º A compensação será efetuada entre quaisquer tributos ou contribuições sob a administração da SRF, ainda que não sejam da mesma espécie nem tenham a mesma destinação constitucional. § 2º A compensação de ofício será precedida de notificação ao contribuinte para que se manifeste sobre o procedimento, no prazo de quinze dias, contado da data do recebimento, sendo o seu silêncio considerado como aquiescência. Fl. 705DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO 6 § 3º A compensação a requerimento, formalizada no "Pedido de Compensação" de que trata o Anexo III, poderá ser efetuada inclusive com débitos vincendos, desde que não exista débitos vencidos, ainda que objeto de parcelamento, de obrigação do contribuinte. (Redação dada pela IN SRF n º 73/97, de 15/09/1997 ) § 4º Será admitida, também, a apresentação de pedido de compensação após o ingresso do pedido de restituição ou ressarcimento, desde que o valor ou saldo a utilizar não tenha sido restituído ou ressarcido. § 5º Se o valor a ser ressarcido ou restituído, na hipótese do § 4º, for insuficiente para quitar o total do débito, o contribuinte deverá efetuar o pagamento da diferença no prazo previsto na legislação específica. § 6º Caso haja redução no valor da restituição ou do ressarcimento pleiteado, a parcela do débito a ser quitado, na hipótese do § 4º, excedente ao valor do crédito que houver sido deferido, ficará sujeita à incidência de acréscimos legais. § 7º A utilização de crédito decorrente de sentença judicial, transitada em julgado, para compensação, somente poderá ser efetuada após atendido o disposto no art.17. § 8º A parcela do crédito, passível de restituição ou ressarcimento em espécie, que não for utilizada para a compensação de débitos, será devolvida ao contribuinte mediante emissão de ordem bancária na forma da Instrução Normativa Conjunta SRF/STN nº 117, de 1989. § 9º Os pedidos de compensação de débitos, vencidos ou vincendos, de um estabelecimento da pessoa jurídica com os créditos a que se refere o inciso II do art. 3º, de titularidade de outro, apurados de forma descentralizada, serão apresentados na DRF ou IRF da jurisdição do domicílio fiscal do estabelecimento titular do crédito, que decidirá acerca do pleito. (Incluído pela IN SRF n º 73/97, de 15/09/1997 ) § 10. Na hipótese do parágrafo anterior, a compensação será pleiteada por meio do formulário ‘Pedido de Compensação’, de que trata o Anexo III. (Incluído pela IN srf Nº 73/97, de 15/09/1997) Então fica claro que a compensação de créditos e débitos tributários entre tributos e contribuições de diferentes espécies deveria ser feita pelo contribuinte ao ente fiscal através de pedidos contidos em formulários específicos, contido em anexo desta norma administrativa. Observe que legislação acima se falou em formulários contido em Anexo, que não são, nem se confundem como uma DCTF. A Declaração de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) foi instituída pela Instrução Normativa nº 129/1986, expedida pelo Secretário da Receita Federal por delegação de competência contida na Portaria MF 118/1984, com base na autorização prevista no art.5º ,§1º e § 2º do DecretoLei 2.128/1984, abaixo transcrito: Fl. 706DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO Processo nº 10830.006338/200145 Acórdão n.º 9303003.230 CSRFT3 Fl. 692 7 Art. 5º O Ministro da Fazenda poderá eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais administrados pela Secretaria da Receita Federal. § 1º O documento que formalizar o cumprimento de obrigação acessória, comunicando a existência de crédito tributário, constituirá confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência do referido crédito. § 2º Não pago no prazo estabelecido pela legislação o crédito, corrigido monetariamente e acrescido da multa de vinte por cento e dos juros de mora devidos, poderá ser imediatamente inscrito em dívida ativa, para efeito de cobrança executiva, observado o disposto no § 2º do artigo 7º do Decretolei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. Logo, a DCTF é um instrumento de confissão de dívidas. A regulamentação da DCTF por outras instruções normativas, como a IN 73/1996, que inclui informações sobre pagamentos ou compensações não a transforma em declaração de compensação sob a égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, nem supre a ausência de pedido de compensação regulado pela IN 21/1997, posteriormente alterada pela IN 97, de 1997, que regulamentaram os artigos de lei retrocitados, pois não há nas instruções normativas que regulam a DCTF previsão para que ela tenha tal função. Por isso, a DCTF tem caráter informativo sobre as compensações e os pagamentos, já que não são confissão de dívida, devendo ser averiguados para verificar se realmente existiram. Somente a declaração nos formulários previstos na IN 21/1997, posteriormente alterada pela IN 97, de 1997, que regulam a compensação sob a égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, na redação original, é que tem caráter constitutivo de compensação, não havendo previsão para que outro tipo de declaração supra sua ausência. Por conseguinte, interpreto que, após uma análise mais profunda do assunto, a informação de compensação em DCTF não pode suprir a compensação que não foi realizada nos instrumentos previstos na IN 21/1997, posteriormente alterada pela IN 97, de 1997, que regulam a compensação sob a égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original. Em não havendo a compensação dos débitos contidos na DCTF original, de 2001, estes são passíveis dos acréscimos legais decorrente da extinção fora do prazo de vencimento, que seriam, no caso dos autos, a multa e os juros de mora. Diante desta conclusão, fica prejudicado o pedido do contribuinte para se faça diligência para a verificação da fidedignidade da compensação em DCTF verificado em 2001. Visando esclarecer o litígio, devese explicar que a retificação em 2005 da DCTF original, de 2001, que foi somente para informar o número do PER/Dcomp da compensação sob a égide do art.49 da Lei 10.637/2002, sem alteração do valor histórico dos débitos, não tem o condão de fazer incidir a nova legislação sobre a legislação anterior (artigos Fl. 707DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO 8 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original), de forma que o contribuinte readquira a espontaneidade e caracterize denúncia espontânea. Isto porque, primeiramente, não há previsão legal para que a legislação da compensação sob a égide do art.49 da Lei 10.637/2002, que deu nova redação ao art. 74 da lei 9.430/1996, que institui a compensação por PER/Dcomp, retroaja para atingir uma compensação de período anterior a sua vigência, que era regulado pelo artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, em um instrumento (DCTF) que não era considerado como adequado para suprir a ausência da compensação no instrumento apropriado na legislação anterior. Concomitantemente, os débitos contidos na DCTF de 2001 não sofreram alteração no valor nominal na retificação desta em 2005, sendo que na original estes débitos foram considerados não compensados, conforme analisamos anteriormente, estando sujeitos a juros de mora, que independe de haver ou não denúncia espontânea, e a multa de mora, pois não há denúncia espontânea de débito confessados e não pagos na data de vencimento, sendo que compensação não é pagamento, nos termos da jurisprudência do STJ. Portanto, os débito contidos na DCTF original de 2001 não foram extintos por compensação, pois a informação de compensação nesta não é o instrumento adequado para configurar ou suprir uma declaração de compensação na égide dos artigos 73 e 74 da Lei 9.430/1996, em sua redação original, estando estes passíveis de juros e multa de mora no momento que o contribuinte fez a compensação deste sob legislação posterior, que é o art.49 da Lei 10.637/2002, que deu nova redação ao art. 74 da lei 9.430/1996, instituindo o PER/Dcomp, haja vista que não há retroação da norma de compensação para validar uma declaração de compensação inexistente, nem a caracterização da denúncia espontânea. Ante o exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso especial da contribuinte. Henrique Pinheiro Torres Relator Fl. 708DF CARF MF Impresso em 30/09/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 04/09/2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/ 2015 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 04/09/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BA RRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10805.001827/2002-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 1999
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DE CO-TITULAR. NULIDADE. SÚMULA CARF Nº 29.
Cumpre decretar a nulidade de lançamento baseado em depósitos de origem não comprovada, quando não intimados todos os co-titulares das contas conjuntas, conforme entendimento consolidado na Súmula CARF nº 29: "Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento".
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2402-004.706
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário.
Ronaldo de Lima Macedo, Presidente
Ronnie Soares Anderson, Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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DEPÓSITOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO DE COTITULAR. NULIDADE. SÚMULA CARF Nº 29. Cumpre decretar a nulidade de lançamento baseado em depósitos de origem não comprovada, quando não intimados todos os cotitulares das contas conjuntas, conforme entendimento consolidado na Súmula CARF nº 29: "Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento". Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 80 5. 00 18 27 /2 00 2- 07 Fl. 215DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 2 ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Ronaldo de Lima Macedo, Presidente Ronnie Soares Anderson, Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo, Kleber Ferreira de Araújo, Lourenço Ferreira do Prado, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 216DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.001827/200207 Acórdão n.º 2402004.706 S2C4T2 Fl. 216 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II (SP) DRJ/SPOII, que julgou procedente em parte Auto de Infração de Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF), exigindo crédito tributário no valor total de R$ 184.871,55 relativo ao anocalendário 1998. O lançamento decorreu da constatação de omissão de rendimentos caracterizada por depósitos bancários de origem não comprovada no montante de R$ 298.598,30, verificada na contacorrente de nº 0435.009303 mantida pelo autuado no Banco Itaú S/A (fls. 129/139). Em sua impugnação (fls. 150/160), o contribuinte alegou, em apertada síntese, que: movimenta todo o numerário de sua pessoa física e de sua empresa, Padaria e Confeitaria Idalina, CNPJ nº 57.537.128/000106 naquela conta, assim como aluguéis percebidos; parte dos depósitos nada mais são que movimentação do mesmo numerário, retirados em uma data e depositados em outra, sendo que fração advém da conta poupança e de indenização do carro. Solicita ao final seja considerado improcedente o Auto de Infração. A instância de primeiro grau manteve parcialmente o lançamento (fls. 162/168), consubstanciando seu entendimento na seguinte ementa de acórdão: DA COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DE DEPOSITOS BANCARIOS. A lei n° 9430/96, que teve vigência a partir de 01/01/1997, estabeleceu, em seu art. 42, uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente quando o titular da conta bancária não comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos valores depositados em sua conta de depósito ou investimento. DO VALOR INDEVIDAMENTE APONTADO COMO OMISSÃO DE RENDIMENTO. Por se tratar de conta de depósito mantida em Instituição Financeira, conjunta entre três titulares, em caso de declaração em separado, a omissão de rendimentos deve ser efetuada dividindose os rendimentos pelo número de Fl. 217DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 4 titulares desta conta, com base no § 6° do art. 42 da Lei n° 9.430/96. O contribuinte interpôs recurso voluntário em 19/12/2008 (fls. 172/185), pedindo a reforma da decisão a quo e aduzindo, em resumo, que: houve erro material no lançamento, visto que a conta examinada tinha três titulares e somente o recorrente foi fiscalizado, sendo que "tanto um quanto outro, poderia justificar os depósitos"; a prorrogação do Mandado de Procedimento Fiscal não observou os dispositivos legais de regência. É o relatório. Fl. 218DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO Processo nº 10805.001827/200207 Acórdão n.º 2402004.706 S2C4T2 Fl. 217 5 Voto Conselheiro Ronnie Soares Anderson, Relator O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Rezam o caput e § 6º do art. 42 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996: Art.42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º a 5º Omissis § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Com efeito, no caso de contas bancárias de titularidade conjunta, é necessário, para a correta aferição dos aspectos quantitativos e pessoais do consequente normativo da regra matriz de incidência tributária, a intimação de todos os seus cotitulares. Compulsando os autos às fls. 39/40, pode ser verificado na ficha cadastral da conta bancária em evidência a contacorrente de nº 009303 mantida na agência 0435 do Banco Itaú S/A. que ela possui mais dois titulares além do autuado, a saber Maria Madalena Jorge Guapo, CPF nº 226.594.04887, cônjuge virago do referido, e André Alexandre Jorge Guapo, CPF nº 163.578.89865, filho de ambos. Não há qualquer elemento de prova nos autos que indique que esses co titulares, que não constam na DIRPF/1999 como dependentes do recorrente (fls. 6/9), tenham sido intimados para esclarecer a origem dos depósitos bancários creditados na conta em apreço. A matéria foi objeto da Súmula CARF nº 29, foi aprovada pelo Pleno da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) em sessão de 8/12/2009, e de observância obrigatória para os membros do CARF, nos termos do caput do art. 72 do Regimento Interno do CARF (RICARF Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015). Leiase o teor da súmula: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Fl. 219DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO 6 Vale consignar que com a publicação em 14/7/2010 no D.O.U da Portaria MF nº 383, de 12/7/2010, foi atribuído à Súmula CARF nº 29 efeito vinculante em relação à administração tributária federal. Cumpre, portanto, aplicar a referida Súmula ao caso concreto, cancelandose a exigência fiscal. Ante o exposto, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. Ronnie Soares Anderson. Fl. 220DF CARF MF Impresso em 11/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2015 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 22/12/20 15 por RONNIE SOARES ANDERSON, Assinado digitalmente em 23/12/2015 por RONALDO DE LIMA MACEDO
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Numero do processo: 13884.720004/2008-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Feb 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE.
Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão.
PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1).
ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA ÁREA TRIBUTÁVEL. REQUISITOS.
Considera-se área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural previstas no art. 3º do Código Florestal, para as quais exista ato do Poder Público declarando-as como de preservação permanente.
Numero da decisão: 2202-003.118
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso de ofício, para negar-lhe provimento, e não conhecer dos recursos voluntários.
Assinado digitalmente
MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator
Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1). ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA ÁREA TRIBUTÁVEL. REQUISITOS. Considera-se área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural previstas no art. 3º do Código Florestal, para as quais exista ato do Poder Público declarando-as como de preservação permanente.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso de ofício, para negar-lhe provimento, e não conhecer dos recursos voluntários. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA - Presidente e Relator Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA.
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INTEMPESTIVIDADE. Não se conhece de apelo à segunda instância, contra decisão de autoridade julgadora de primeira instância, quando formalizado depois de decorrido o prazo regulamentar de trinta dias da ciência da decisão. PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. NÃO CONHECIMENTO. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. (Súmula CARF nº 1). ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. EXCLUSÃO DA ÁREA TRIBUTÁVEL. REQUISITOS. Considerase área de preservação permanente as florestas e demais formas de vegetação natural previstas no art. 3º do Código Florestal, para as quais exista ato do Poder Público declarandoas como de preservação permanente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso de ofício, para negarlhe provimento, e não conhecer dos recursos voluntários. Assinado digitalmente MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 72 00 04 /2 00 8- 17 Fl. 375DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 2 Composição do Colegiado: participaram da sessão de julgamento os Conselheiros MARCO AURÉLIO DE OLIVEIRA BARBOSA (Presidente), JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO, PAULO MAURÍCIO PINHEIRO MONTEIRO, EDUARDO DE OLIVEIRA, JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARTIN DA SILVA GESTO, WILSON ANTÔNIO DE SOUZA CORRÊA (Suplente convocado) e MÁRCIO HENRIQUE SALES PARADA. Relatório Foi emitida contra o contribuinte ÉDIPO BOTURÃO notificação de lançamento de fls. 1 a 6, relativa ao exercício 2005, do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR), em relação ao imóvel denominado Sitio Una localizado no Município de São Sebastião SP, n° de inscrição na Receita Federal 3.197.4538, sendo R$ 3.667.941,24 de imposto, R$ 2.750.955,93 de multa de ofício e R$ 1.187.312,57 de juros de mora, no valor total de R$ 7.606.209,74. O contribuinte foi intimado a apresentar comprovação das áreas de preservação permanente, bem como do Valor da terra Nua VTN declarados em sua DITR, tendo apresentado cópia de dois Atos Declaratórios Ambientais ADA, declaração do Instituto Florestal da Secretaria do meio ambiente e a informação que deixava de apresentar laudo técnico por entender estar dispensado pelo § 7° do artigo 10 da lei 9.393/96. A autoridade fiscal então efetuou o lançamento de oficio por entender que não havia ADA para o exercício de 2004, pela falta de laudo técnico para comprovação das áreas de preservação permanente, falta de certidão de órgão público para áreas de preservação permanente enquadradas no artigo 3° da lei 4.771/65 e falta de comprovação do VTN através de ludo técnico. Assim, a área de preservação permanente foi reduzida a zero e o VTN arbitrado de conformidade com o sistema SIPT, Sistema de Preços de Terras da Receita Federal. Como conseqüência dessas alterações ocorreu a redução do grau de utilização, aumento do VTN e aumento do imposto. O contribuinte apresentou sua impugnação alegando em síntese o seguinte: diferentemente do alegado pela autoridade fiscal, apresentou o ADA solicitado quando da intimação preliminar, conforme documento anexado, que volta a apresentar em relação a 2004 e 2005; a maior parte da área do imóvel foi atingida pela criação do Parque Estadual da Serra do Mar, através do decreto estadual nº 10.251/77 sendo o remanescente submetido a tombamento, conforme resolução CONDEPHAAT n° 40/1985 e a exclusão da base de cálculo do ITR foi feita em razão disso; Fl. 376DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13884.720004/200817 Acórdão n.º 2202003.118 S2C2T2 Fl. 376 3 quanto ao laudo técnico exigido, o parágrafo 7° do artigo 10 da Lei nº 9.393/96 o dispensa, ficando a cargo da fiscalização a conformidade do lançamento à regra impositiva do tributo; desde a entrada em vigor da Lei nº 9.393/96, a terra da impugnante não teve alterações, tendo sido declarada dessa forma desde 1997, pois, como visto, incluindo parte do Parque da Serra do Mar, a área em questão está sujeita às restrições da Lei nº 4.771/65, não havendo tributo devido pela condição de área de preservação ou, ainda, reserva ambiental; cita decisões judiciais e do Conselho de Contribuintes, tentando trazer para o seu caso especifico os entendimentos ali esposados; junta decisão do Conselho de Contribuintes, que trata da mesma área em relação ao exercício de 1999, cujo resultado lhe foi totalmente favorável. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) DRJ/CGE julgou procedente em parte a impugnação, por unanimidade de votos, tendo acatado a área de 1.776,2 hectares como sendo de preservação permanente e reduzido o imposto para R$ 1.478.907,94. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. As áreas de preservação permanente enquadradas no artigo 3° da lei 4.771/65 para serem excluídas da tributação do ITR deverão assim estar declaradas através de ato do Poder Público na data do fato gerador. VTN. Matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte considerase matéria não impugnada, de conformidade com as normas de regência. Lançamento Procedente em Parte Tendo em vista que o crédito tributário exonerado foi superior ao limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008, foi submetido à apreciação do CARF o recurso de ofício. O contribuinte foi cientificado da decisão em 22/01/2009 (fl. 216 do e processo e fl. 205 do processo físico). A empresa Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda., coproprietária do imóvel, conforme cadastro à fl. 186 do eprocesso (fl. 173 do processo físico), interpôs recurso voluntário em 16/02/2009 (fls. 219 a 230 do eprocesso), no qual repisa os argumentos da impugnação. Em 26/05/2009, o Espólio de Édipo Boturão, representado pela sua inventariante, por meio de procurador constituído, requereu o redirecionamento dos processos relativos ao ITR para as empresas Alemoa S/A Imóveis e Participações (CNPJ n.° 58.128.687/000125); Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ n.° Fl. 377DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 4 46.773.065/000170; Aldeia Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ n.° 46.772.58810001 00); e Núcleo Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ n.° 46.772.570/000109), em virtude de serem estas as adquirentes do imóvel rural em referência (fls. 251 e 252 do eprocesso). Em 03/09/2009, Ana Maria Reis Boturão, Iris Reis Boturão e Sônia Maria Rutigliano Boturão, por intermédio de procurador habilitado, apresentaram uma petição (fls. 255 a 261), em que alegam, em síntese: são titulares de frações ideais de duas propriedades localizadas no Município de São Sebastião, Estado de São Paulo, no Distrito de Maresias, Bairro de Una, conforme as matriculas 40.047 e 40.049 do Cartório de Registro de Imóveis local; ocorre que também são proprietários de frações ideais dessas mesmas áreas, a Sra. Maria da Conceição Antunes Boturão e Sr. Edgar Boturão Sobrinho, viúva e filho de Ediro Boturão, respectivamente; Édipo Boturão (CPF/MF n. 072.619.69834) foi, ainda, proprietário de fração ideal de outra área, também localizada no Município de São Sebastião, Estado de São Pulo, área essa que foi objeto de autuação por falta de pagamento de ITR pretensamente devido; os aludidos fatos geradores de obrigação tributária, que foram objeto de autuações e deram origem ao processo de ARROLAMENTO DE BENS PESSOA FÍSICA, ocorreram em datas posteriores à sua morte, conforme comprova a cópia de seu Atestado de Óbito, em anexo (doc. 2); as requerentes têm com eles duas áreas de terra e estão encontrando sérias dificuldades em vendêlas, em virtude do arrolamento de bens; Édipo Boturão faleceu em 15 de julho de 1999, porém a Receita Federal resolveu autuálo como responsável pela falta de pagamento de ITR, que teve seu fato gerador ocorrido nos exercícios de 2003 e seguintes, quase quatro anos após seu óbito, o que caracteriza erro na identificação do sujeito passivo; destaquese que a viúva de Édipo Boturão, Maria da Conceição Antunes Boturdo, e seu único herdeiro, Edgar Boturão Sobrinho, alienaram a área que deu origem às autuações, conforme comprova cópia das escrituras acostadas (doc. 4); conforme se constata da leitura das escrituras em questão, tal alienação foi feita sem qualquer ressalva e os adquirentes das frações ideais das áreas, que foram um dia de Edipo Boturão e que deram origem às autuações, recorreram, em nome próprio, ao Poder Judiciário, objetivando afastar a estapafúrdia medida consistente neste arrolamento; Na mesma petição, solicitaram a concessão de tutela antecipada que afastasse, de pronto, o Arrolamento de Bens perpetrado descabidamente contra Édipo Boturão; O Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região, em decisão monocrática, concedeu, de plano, a tutela pleiteada, afastando, assim, o Arrolamento dos Bens de Édipo Boturão, conforme comprova cópia da decisão (doc. 5). Ao final, requer que seja anulado o lançamento efetuado com o arquivamento definitivo do processo em causa. Anexa as cópias dos seguintes documentos: Certidão de Óbito Fl. 378DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13884.720004/200817 Acórdão n.º 2202003.118 S2C2T2 Fl. 377 5 de Édipo Boturão; Instrumento Particular de Compromisso de Venda e Compra, com Dação em Pagamento, subordinado a condições suspensivas e outras avenças, celebrado com a empresa Gafisa S.A.; Escritura de Retificação e Ratificação de Venda e Compra, relativa ao imóvel em referência (NIRF nº 3.197.4538); e publicação da decisão judicial de antecipação de tutela (Processo nº 2009.03.00.0181937), ajuizado pela empresa Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda. Em consulta aos sítios da Justiça Federal Seção Judiciária de São Paulo (www.jfsp.jus.br) e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (www.trf3.jus.br), verificase que foi julgado procedente o pedido formulado pela autora, Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda., nos autos do processo nº 000135969.2009.4.03.6104, nos seguintes termos: Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para declarar insubsistentes as autuações ou lançamento de ITR referentes ao imóvel da requerente, com matrícula n. 12.010 no Cartório de Registro de Imóveis de São Sebastião, fundadas unicamente na não apresentação de Ato Declaratório Ambiental, bem como vedar à ré a proceder a novas autuações sobre a referida propriedade com base na mesma exigência e impedila de arrolar bens da requerente em razão dos créditos tributários anulados nestes termos. Decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região negou seguimento à apelação da União Federal e à remessa oficial. É o relatório. Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Relator. RECURSO DE OFÍCIO A decisão de primeira instância exonerou um valor de crédito tributário superior ao limite de alçada previsto na Portaria MF nº 03/2008, razão pela qual o recurso de ofício deve ser conhecido. O voto vencedor concluiu que deve ser acatada a área de 1.776,2 hectares de preservação permanente, pelos seguintes fundamentos: a) Efetivamente ocorreu a entrega tempestiva do ADA ao IBAMA, conforme documento de fls. 28, porém com área superior ao que seria permitido, considerando que somente parte da área do imóvel encontrase inserida dentro do Parque da Serra do Mar conforme informado pelo Instituto Florestal da Secretaria do Meio Ambiente do estado de São Paulo, fls.32; b) a condição de que somente parte da área acima mencionada está inserida no Parque da Serra do Mar está confirmada pelo contribuinte e a área remanescente objeto de tombamento através de resolução do CONDEPHAAT 40/1985 não atende ao disposto no artigo 3° da lei 4.771/65 que prevê que a área de preservação permanente seja assim declarada por ato do poder público, e, no caso, somente a Fl. 379DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 6 área inserida no Parque estadual da serra do mar assim foi declarada através do decreto estadual 10.251/77. Além da área objeto de tombamento ainda sobra uma área que nem ao menos foi objeto de tombamento, no podendo, portanto, ser aceita como área de preservação permanente; c) a questão do laudo técnico fica superada, porquanto, o caso requer o ato do Poder Público, atendido em parte; Tendo em vista que a documentação acostada aos autos pelo Contribuinte comprova, efetivamente, a área de 1.776,2 hectares como sendo de preservação permanente, não merece reparo a decisão de primeira instância, que deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos. RECURSO VOLUNTÁRIO Constam dos autos a interposição de três recursos, os quais serão analisados separadamente. a) Espólio de Édipo Boturão: O contribuinte foi cientificado da decisão em 22/01/2009 (fl. 216 do e processo e fl. 205 do processo físico) e o recurso impetrado em 26/05/2009 (fls. 251 e 252 do eprocesso e fls. 244 e 245 do processo físico), fora do prazo legal de 30 dias. O Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, assim estabelece: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. [...] Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) II – por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] § 2° Considerase feita a intimação: I – na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II – no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) [...] Fl. 380DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA Processo nº 13884.720004/200817 Acórdão n.º 2202003.118 S2C2T2 Fl. 378 7 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos 30 (trinta) dias seguintes à ciência da decisão. Portanto, o recurso do Espólio de Édipo Boturão foi interposto após o prazo legal, carecendo do pressuposto processual da tempestividade, razão pela qual não merece ser conhecido. b) Ana Maria Reis Boturão, Iris Reis Boturão e Sônia Maria Rutigliano Boturão: Além de intempestivo, posto que foi apresentado em 03/09/2009 (fls. 254 a 261 do eprocesso e fls. 247 a 255 do processo físico), quando já ultrapassado o prazo legal do recurso voluntário, o requerimento carece do pressuposto de legitimidade, porquanto as pessoas que o subscreveram, acima nominadas, não são coproprietárias do imóvel em questão, tampouco são herdeiras do espólio. Elas alegam que estão sendo prejudicadas em virtude do arrolamento de bens efetuado em função deste lançamento sobre outros imóveis, dos quais são coproprietárias com o Espólio de Édipo Boturão. Portanto, esse recurso não deve ser conhecido, por intempestividade e pela falta de legitimidade das partes. c) Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda. O recurso voluntário interposto pela empresa Alemoa Empreendimentos Imobiliários Ltda. é tempestivo, contudo verificase que ocorreu o ajuizamento de uma ação pela empresa, coproprietária do imóvel objeto desse lançamento, a qual foi julgada procedente, conforme abaixo (processo nº 000135969.2009.4.03.6104). A apelação da União e o reexame necessário tiveram negado o seu seguimento pelo TRF3ª Região. Diante do exposto, julgo PROCEDENTE o pedido, nos termos do artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil, para declarar insubsistentes as autuações ou lançamento de ITR referentes ao imóvel da requerente, com matrícula n. 12.010 no Cartório de Registro de Imóveis de São Sebastião, fundadas unicamente na não apresentação de Ato Declaratório Ambiental, bem como vedar à ré a proceder a novas autuações sobre a referida propriedade com base na mesma exigência e impedila de arrolar bens da requerente em razão dos créditos tributários anulados nestes termos. O imóvel referido na ação judicial matrícula nº 12.010 no Cartório de Registro de Imóveis de São Sebastião é o mesmo que foi objeto do lançamento aqui questionado, conforme se observa pela Escritura de Retificação e Ratificação de Venda e Compra às fls. 317 a 322 do eprocesso (fls. 312 a 317 do processo físico), cuja transcrição parcial encontrase abaixo: [...] é senhora e legitima possuidora de 2,13450% do imóvel situado no perímetro urbano da cidade, comarca do 1º Cartório de Registro de imóveis de São Sebastião, neste Estado, que no todo assim se descreve: UMA ÁREA DE TERRAS, situada no bairro de Una, distrito de Maresias, município e Comarca de São Sebastião, com as seguintes confrontações: [...]; Código no INCRA 6430330009302; área total: 2.976,5ha; lançado pela Secretaria da Receita Federal: (Nirf) 3.197.4538, valor total fixado para a totalidade do imóvel, conforme área total: 2.976,5ha fixado Documento do 1TR em R$ 2.358.527,88 para o exercício de 2008 e atribuem a parte ideal ora transacionada o valor de RS 50.342,77; B) que, ela outorgante vendedora Fl. 381DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA 8 adquiriu a parte ideal de dito imóvel conforme consta das matriculas 15.555, transcrição 12.010 e da matricula n ° 14,278 do 1° Cartório de Registro de imóveis de São SeibastiãoSP; (grifos nossos). Desse modo, tendo a discussão deste processo sido submetida à apreciação do Poder Judiciário, entendo que esta instância administrativa está impedida de examinála. É o caso de se aplicar a Súmula CARF nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. O contribuinte não pode discutir a mesma matéria em processo judicial e administrativo. Em havendo coincidência de objetos nos dois processos, é de se afastar a competência dos órgãos administrativos para se pronunciarem sobre a questão. A propositura de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois da autuação, com o mesmo objeto, importa renúncia às instâncias administrativas, ou seja, desistência de eventual recurso interposto. Ante o exposto, voto no sentido de: a) conhecer do recurso de ofício para negarlhe provimento; b) não conhecer dos recursos voluntários. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Relator Fl. 382DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA, Assinado digitalmente em 15/02/2016 por MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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