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Numero do processo: 19515.002348/2006-63
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 09 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001, 2002
ARBITRAMENTO DO LUCRO. ELEVADO PERCENTUAL DE RECEITA SONEGADA. ESCRITURAÇÃO IMPRESTÁVEL. PROVA.
O percentual da receita omitida não é causa de arbitramento, já que tal hipótese não está prevista no artigo 47 da Lei nº 8.981/1995. Por outro lado, deve-se admitir que um elevado percentual de receita sonegada pode denotar que a escrituração é imprestável. Se for esse o caso, impõe-se o arbitramento do lucro, não porque a sonegação é alta, mas em razão da imprestabilidade da escrituração comercial. Ocorre, porém, que a imprestabilidade da escrituração comercial deve ser trazida ao debate e objeto de prova, por parte daquele que alega a impossibilidade de apuração do lucro real. A pura e simples alegação de que a escrituração comercial é imprestável não é o bastante para afastar a tributação do IRPJ com base no lucro real.
Numero da decisão: 9101-003.200
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no me´rito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Lui´s Fla´vio Neto (relator), Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Fla´vio Franco Corre^a.
(assinatura digital)
Adriana Gomes Rego - Presidente em exercício.
(assinatura digital)
Luís Flávio Neto Relator.
(assinatura digital)
Fla´vio Franco Corre^a Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andre´ Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Arau´jo, Lui´s Fla´vio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exerci´cio). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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Recorrente CIMEMPRIMO DISTRIBUIDORA DE CIMENTO LTDA Interessado UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001, 2002 ARBITRAMENTO DO LUCRO. ELEVADO PERCENTUAL DE RECEITA SONEGADA. ESCRITURAÇÃO IMPRESTÁVEL. PROVA. O percentual da receita omitida não é causa de arbitramento, já que tal hipótese não está prevista no artigo 47 da Lei nº 8.981/1995. Por outro lado, devese admitir que um elevado percentual de receita sonegada pode denotar que a escrituração é imprestável. Se for esse o caso, impõese o arbitramento do lucro, não porque a sonegação é alta, mas em razão da imprestabilidade da escrituração comercial. Ocorre, porém, que a imprestabilidade da escrituração comercial deve ser trazida ao debate e objeto de prova, por parte daquele que alega a impossibilidade de apuração do lucro real. A pura e simples alegação de que a escrituração comercial é imprestável não é o bastante para afastar a tributação do IRPJ com base no lucro real. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Cristiane Silva Costa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Flávio Franco Corrêa. (assinatura digital) Adriana Gomes Rego Presidente em exercício. (assinatura digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 23 48 /2 00 6- 63 Fl. 1048DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.049 2 Luís Flávio Neto – Relator. (assinatura digital) Flávio Franco Corrêa – Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flavio Franco Correa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rego (Presidente em exercício). Ausente, justificadamente, o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Tratase de recurso especial interposto por CIMEMPRIMO DISTRIBUIDORA DE CIMENTO LTDA (doravante “contribuinte” ou “recorrente”), em face do acórdão n. 1101000.831 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela então 1a Turma Ordinária, da 1a Câmara, desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). A matéria ora trazida à análise desta Colenda CSRF versa sobre o dever da autoridade fiscal realizar o lançamento de IRPJ e CSLL com base no regime de arbitramento de lucros, na hipótese em que há substancial omissão de receitas pelo contribuinte. Conforme se colhe do acórdão recorrido, o contribuinte teria sido autuado a partir do seguinte contexto fático, in verbis: “Tratase de Auto de Infração que exige o Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica —IRPJ (fls 507/509), no valor de R$ 6.216.574,56, cumulado com multa de oficio, no percentual de 75%, e juros de mora pertinentes calculados até 30/11/2006. Em decorren̂cia desse procedimento principal, foram também formalizados os seguintes lançamentos reflexos, a saber: Contribuição para o PIS/Pasep (fls. 514/516), no valor de R$ 164.257,06, cumulada com multa de oficio, no percentual de 75%, e juros de mora pertinentes, calculados até 30/11/2006.E Contribuição para Financiamento da Seguridade Social Cofins (fls. 521/523), no valor de R$ 758.110,54, cumulada com multa de oficio, no percentual de 75%, e juros de mora pertinentes, calculados ate 30/11/2006. Contribuica̧õ Social sobre o Lucro Liquido CSLL (fls.. 528/530), no valor de R$ 2.263.391,21, cumulada com multa de oficio, no percentual de 75%, pertinentes, calculados até 30/11/2006. Lançamento do IRPJ e Reflexos. Descrição dos Fatos. Na descrição dos fatos, a Fiscalização fez as anotações abaixo transcritas: "001— OMISSÃO DE RECEITAS • OMISSÃO DE RECEITAS / PAGAMENTOS EFETUADOS COM RECURSOS ESTRANHOS CONTABILIDADE Omissão de Receitas caracterizada pelo pagamento de compras não contabilizadas com recursos também não contabilizados, para os quais o contribuinte devidamente intimado não justificou a origem desses recursos, conforme planilhas Anexo I a Anexo XIII, anocalendário 2001 e janeiro/2002 e Termo de Verificação Fiscal anexos ". Do Termo de Verificacã̧o Fiscal — TVF (fls. 4981500). Fl. 1049DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.050 3 Eis os principais pontos abordados pela Fiscalização. (...) "7. Foram intimados todos os fornecedores para que informassem as vendas realizadas no anocalendário de 2001 para a empresa fiscalizada (matriz e filial 08 — Campinas), aviso de recebimento —AR anexos. (... ) 14. Solicitamos aos fornecedores do contribuinte que enviassem planilhas das vendas impressas e devidamente assinadas pelos representantes legais para a instruçaõ processual. 15. Toda a documentação enviada pelos fornecedores está anexada ao processo administrativo fiscal. 16. Realizamos o confronto entre a escrituraca̧õ fiscal do contribuinte, Livros Registro de Entradas n° 15 (matriz) e n° 09 (filial) com as informações prestadas pelos fornecedores, as informações constantes no dossiê e nas DIPJ 2002 e 2003, respectivas ND 0866845 e 1079320. 17. Os resultados estão consignados nas planilhas denominadas de Anexo I a Anexo XIII. As informações das vendas efetuadas para o contribuinte estão discriminadas separadamente para a matriz e para a filial e também por cada estabelecimento dos fornecedores. 18. Constam das planilhas a identificação do documento fiscal emitido pelo fornecedor, sua data, o valor, a data de pagamento pelo contribuinte e o campo “fls.” onde está relacionada a o respectivo documento. A falta de indicação da folha representa que não foi encontrada a escrituração do documento fiscal no respectivo livro Registro de Entradas. 19. Essas planilhas foram entregues ao contribuinte juntamente com o Termo de Intimação Fiscal, de 25/10/2006, no qual foi dado o prazo de 05 (cinco) dias úteis para que justificasse a falta de escrituração (campo 'fls." dos anexos em branco) das notas fiscais de compras de mercadorias constantes das relações nos livros Registro de Entradas n° 15 (matriz) e n° 09 (filial), ( ). 20. O contribuinte também foi intimado a comprovar mediante apresentação de documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados para o pagamento das compras não escrituradas relacionadas nos Anexo I a Anexo XIII. 21. Também estão anexadas ao processo cópias das folhas dos Registros de Inventário e Registro de Entradas n° 15 (matriz) e n° 09 (fI11611 08) do ano calendário de 2001, certificando que essas compras não foram registradas e não compõem o estoque da empresa em 31/12/2001. 22. Elaboramos a Planilha Consolidada Mensal das Omissões de Compras apuradas por fornecedor e pela data do efetivo pagamento no anocalendário de 2001 e janeiro de 2002. Essa planilha contém os valores totais mensais das omissões de compras extraídos dos Anexos I a Anexo XIII 24. Esgotado o prazo regulamentar sem manifestação por parte do contribuinte e não tendo sido justificada a origem dos recursos utilizados para o pagamento das compras não escrituradas/registradas/contabilizadas, procedemos ao lanca̧mento de oficio do cred́ito tributário apurado relativo a omissão de receitas / pagamentos efetuados corn recursos estranhos à contabilidade." A Turma a quo decidiu negar provimento ao recurso de voluntário (efls. 863 e seg.). O acórdão recorrido restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001, 2002 OMISSÃO DE RECEITAS COM BASE NA FALTA DE ESCRITURAÇAÕ DE COMPRAS. O indicio necessário para presunção de omissão de receitas a partir de pagamentos não contabilizados é também demonstrado por Fl. 1050DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.051 4 informações de vários fornecedores que reúnem características suficientes para constituílas como provas testemunhais. FORMA DE APURAÇÃO DO LUCRO. OMISSÃO DE PARTE SUBSTANCIAL DAS RECEITAS TRIBUTÁVEIS. EVIDÊNCIA INSUFICIENTE PARA DESCLASSIFICAÇAÕ DA ESCRITA CONTABIL/FISCAL. Não justifica o arbitramento dos lucros o fato de as receitas omitidas representarem praticamente o mesmo montante das receitas declaradas. DETERMINAÇAÕ DA BASE TRIBUTÁVEL. APROVEITAMENTO DE CUSTOS. As compras omitidas não representam, por si só, custo dedutivel na apuração do lucro tributável. TRIBUTAÇAÕ REFLEXA: CSLL. Tratandose de tributação reflexa, o decidido com relação ao principal (IRPJ) constitui prejulgado às exigências fiscais decorrentes, no mesmo grau de jurisdiçaõ administrativa, em razão de terem suporte fático comum. PIS/COFINS. MATÉRIA OBJETO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. ADESÃO A REGIME ESPECIAL DE PARCELAMENTO . RENUNCIA E/OU DESISTÊNCIA DO DIREITO DE RECORRER. CONFIGURAÇAÕ. Implica renúncia ao direito de recorrer e/ou desistência do recurso acaso interposto, dentre outras circunstan̂cias, a inclusão do crédito tributário altercado em regime especial de parcelamento, consubstanciando verdadeira preclusdo lógica ao exercício da faculdade recursal. MULTA DE OFÍCIO E JUROS DE MORA. O lanca̧mento da multa de oficio no valor de 75% do principal e, ainda, a inciden̂cia de juros de mora, calculados com base na taxa SELIC, estão em conformidade com as regras vigentes. Aplicação da Súmula n° 4 do CARF. O contribuinte opôs embargos de declaração em face do acórdão a quo (efls. 889 e seg.), os quais foram rejeitados por despacho (efls. 897 e seg.). O contribuinte, então, interpôs recurso especial, arguindo divergência de interpretação a respeito de três matérias distintas (efls. 913 seg.). O referido recurso foi admitido apenas parcialmente por despacho (efls. 994 e seg.), quanto à matéria “arbitramento dos lucros por omissão substancial de receitas”. O não conhecimento das matérias “prova do fato indiciaŕio de presunção legal de omissão de receita” e “aproveitamento de custos na omissão de receitas” foi confirmado em sede de reexame de admissibilidade (efls. 1000 e seg.). O contribuinte ajuizou ação judicial (100777107.2015.4.01.3400), a fim de ter admitido integralmente o seu recurso recurso especial (efls. 1009 e seg.). Contudo, não há informação nos autos da concessão de ordem judicial para tanto. A PFN apresentou contrarrazões ao recurso especial (efls. 1034 e seg.), nas quais requer seja negado provimento ao recurso interposto. Concluise, com isso, o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luís Flávio Neto, relator. Fl. 1051DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.052 5 Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial de divergência, razão pela qual não merece reparo, adotandose neste voto os seus fundamentos. Quanto ao mérito do recurso, é fundamental observar que a Constituição Federal atribuiu à lei complementar a função de definir o fatos geradores e bases de cálculo dos impostos: Art. 146. Cabe à lei complementar: (...) III estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, especialmente sobre: a) definição de tributos e de suas espécies, bem como, em relação aos impostos discriminados nesta Constituição, a dos respectivos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes; Cumprindo as vezes desta lei complementar requerida pela Constituição, o Código Tributário Nacional (“CTN”) define abstratamente não apenas o fato gerador do imposto sobre a renda (CTN, art. 43), mas também as suas bases de cálculo, como se observa do art. 44: Art. 44. A base de cálculo do imposto é o montante, real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis. Ainda cumprindo a sua função de estabelecer normas gerais, com a eficácia de vincular a todos os entes tributantes, o CTN também delimita abstratamente as hipóteses em que o recurso ao arbitramento poderá ser excepcionalmente adotado para o cálculo do tributo: Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial. No caso de tributos indiretos, como o ICMS ou o ISS, o preço de bens e serviços corresponde à própria base de cálculo do tributo. Para tributos diretos como o IRPJ e a CSLL, por sua vez, “o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos” são componentes positivos ou negativos na composição da base de cálculo, tomandoos em obrigatoriamente em consideração. Nesses termos, o CTN prescreveu vetores fundamentais quanto ao arbitramento da base de cálculo do imposto em tela: i) a base de cálculo poderá ser arbitrada pela autoridade fiscal (CTN, art. 44); ii) o arbitramento é cabível em hipóteses restritas, que têm como fim proteger o legítimo interesse arrecadatório da União dependente do correto conhecimento quanto ao valor de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos da órbita do contribuinte (CTN, art. 148: “Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, (...) sempre que sejam omissos ou não mereçam fé Fl. 1052DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.053 6 as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado”) iii) presente a hipótese de arbitramento, este passa a ser dever de ofício da autoridade fiscal (CTN, art. 148: “sempre que (...) a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará”). iv) Deve ser assegurado ao contribuinte o direito ao contraditório e ampla defesa (CTN, art. 148: “ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial”). Por se tratar de uma norma geral, ao prescrever as normas de arbitramento para a tributação da renda e do lucro, a União deverá se abster aos lindes delimitados pelo CTN, bem como os intérpretes das leis ordinárias que venham a ser produzidas por esta deverão interpretálas com vistas à concretização dos referidos ditames do art. 148. Prosseguindo o ciclo de positivação ínsito ao Direito tributário brasileiro, o legislador ordinário estabeleceu critérios menos abstratos para a identificação dos casos em que a autoridade fiscal deverá apurar lucro da pessoa jurídica pelo método do arbitramento, bem como as fórmulas que devem ser utilizadas para tanto. É o que se observa dos arts. 47 e seg. da Lei n. 8.981/95: Lei n. 8.981/95 Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o DecretoLei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único; IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; VI o contribuinte não apresentar os arquivos ou sistemas na forma e prazo previstos nos arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 62 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; (Revogado pela Lei nº 9.718, de 1998) VII o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. VIII o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) Fl. 1053DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.054 7 § 1º Quando conhecida a receita bruta, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do Imposto de Renda correspondente com base nas regras previstas nesta seção. § 2º Na hipótese do parágrafo anterior: a) a apuração do Imposto de Renda com base no lucro arbitrado abrangerá todo o anocalendário, assegurada a tributação com base no lucro real relativa aos meses não submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser de escrituração exigida pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real dos períodos não abrangido por aquela modalidade de tributação, observado o disposto no § 5º do art. 37; b) o imposto apurado com base no lucro real, na forma da alínea anterior, terá por vencimento o último dia útil do mês subseqüente ao de encerramento do referido período. Vale observar que os dispositivos da Lei n. 8.981/95 que tratam do arbitramento foram reproduzidos pelo RIR/99 em seus arts. 530 e seg. O legislador ordinário, na diretriz do legislador complementar, especificou hipóteses em que omissões ou inexatidões atinentes à escrituração contábil e fiscal do contribuinte prejudicariam o legítimo interesse arrecadatório da União, dependente do correto conhecimento quanto ao valor de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos da órbita do contribuinte. Assim, deve haver arbitramento pela autoridade fiscal se o contribuinte, submetido ao lucro real, deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. A regra se aplica tanto na hipótese em que o contribuinte sequer os tenha elaborado ou mantido (Lei 8.981/95, art. 47, I), quanto nos casos em que ele os tenha elaborado mas se recuse a apresentálos ao agente fiscal (Lei 8.981/95, art. 47, III; Súmula CARF n. 59). Em específico, deve o contribuinte manter, “em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário” (Lei 8.981/95, art. 47, VII). Notese que os documentos obrigatórios, cuja ausência é capaz de ensejar o arbitramento, incluem livros e registros auxiliares de natureza contábil ou fiscal. Ocorre que o contribuinte deverá utilizar exclusivamente livros ou registros auxiliares para evidenciar hipóteses a utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes daqueles que geralmente seriam adotados em face de alguma norma, inclusive tributária que lhe tenha exigidos ou induzido a tal prática ou, ainda, determinado registros, lançamentos ou ajustes ou a elaboração de outras demonstrações financeiras (Lei n. 6.404, art. 177, § 2; DecretoLei no 1.598, art. 8o, § 2o). O lucro deverá ser arbitrado pela autoridade fiscal se o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares em questão (Lei 8.981/95, art. 47, VIII). Também pode acontecer de o contribuinte apresentar à fiscalização sua escrituração contábil a que está obrigado, mas esta revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que prejudiquem a apuração do tributo, hipótese em que lucro também deve ser arbitrado pela autoridade fiscal. O legislador, contudo, frisou o cabimento do arbitramento apenas na hipótese de alguma dessas máculas tornar a escrituração contábil do contribuinte imprestável para: “a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real” (Lei 8.981/95, art. 47, II). Fl. 1054DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.055 8 Se o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido, o lucro deverá ser arbitrado pela autoridade fiscal (Lei 8.981/95, art. 47, IV). Ademais, o lucro também deverá ser arbitrado pela autoridade fiscal se o contribuinte, embora seja legitimado a optar pelo lucro presumido, deixe de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal ou, no mínimo, o livro Caixa em que tenha escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária (Lei 8.981/95, art. 45 c/c art. 47, III). Há, ainda, previsões mais específicas. Assim, agentes ou representantes do comitente com domicílio fora do país deverá escriturar os seus livros comerciais de modo que demonstre, além dos próprios rendimentos, os lucros reais apurados nas operações de conta alheia, em cada ano. No caso, deve arbitrado o lucro se o contribuinte o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira descumprir esse dever (Lei 8.981/95, art. 47, V). Merece cautela a interpretação do inciso II, art. 47, da Lei 8.981/95, que deixa expresso que o cabimento do arbitramento apenas se as máculas nele tratadas tornarem a escrituração contábil do contribuinte imprestável para: “a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real”. Ocorre que, embora esse dispositivo apresente ressalva expressa, essa mesma diretriz é comum à generalidade dos casos de arbitramento motivados em questões documentais. Uma análise sistemática, que considere ao menos os arts. 146 da Constituição e os arts. 44 e 148 do CTN, evidencia ser inaplicável uma interpretação a contrario sensu, no sentido de que a ressalva contida no inciso II, art. 47, da Lei 8.981/95 seria restrita a este, de forma que os demais incisos deveriam ser aplicados sem os aludidos limites. Interpretação diversa castigaria o legislador por querer se fazer mais claro ao tutelar as hipóteses do inciso II, art. 47, da Lei 8.981/95, convertendo uma pretendida garantia dos administrados em um enfraquecimento ou mesmo negativa de eficácia às normas que já seriam decorrentes da lei complementar préexistente (CTN, arts. 44 e 148). Todos as hipóteses de arbitramento baseadas em questões documentais, previstas pelo art. 47 da Lei 8.981/95, portando, são aplicáveis com o propósito finalístico, qual seja, proteger o legítimo interesse arrecadatório da União, dependente do correto conhecimento quanto ao valor de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos da órbita do contribuinte. Significa dizer que, ausente risco ao legítimo interesse arrecadatório da União, em contexto no qual a administração fiscal tenha condições razoáveis de conhecimento quanto ao valor de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos da órbita do contribuinte, não há permissivo legal ao arbitramento dos lucros. Contudo, quando os requisitos para o arbitramento estiverem presentes, não há discricionaridade, pois passa a ser dever do agente fiscal a apuração do tributo conforme o lucro arbitrado. No presente caso, é preciso decidir se a autoridade fiscal teria ou não o dever de realizar o lançamento de IRPJ e CSLL pelo arbitramento dos lucros, com fundamento no art. 47, II da Lei 8.981/95, em face de substancial omissão de receitas pelo contribuinte, equivalente a aproximadamente 50% de suas receitas. O voto vencedor do acórdão recorrido apresentou os seguintes fundamentos, in verbis (efls. 881 e seg.): Fl. 1055DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.056 9 “Na seqüência, segundo entendimento do I. Relator, o lançamento também restaria prejudicado por ter sido formalizado na sistemática do lucro real. Alegara a contribuinte que a exigência incidiu sobre receita, e naõ sobre lucro, o qual deveria ter sido arbitrado. E, como exteriorizado no voto acima, correspondendo a receita omitida, praticamente, ao valor da receita declarada, somente seria possível concluir que a escrituraca̧õ da contribuinte era imprestável, a ensejar as conseqüências previstas no art. 530, inciso II do RIR/99. Todavia, a maioria da Turma entendeu que o arbitramento dos lucros não é determinado pelo percentual de receitas omitidas. A imprestabilidade da escrita deve ser demonstrada pela Fiscalização, e não pode ser inferida a partir do volume de receitas omitidas. Esta Conselheira Redatora, especificamente, entende que o percentual de receitas omitidas pode, em algumas circunstâncias, ensejar o arbitramento. Mas isto não ocorre quando, do total de receitas apuradas, cerca de 50%, como é o caso, está contabilizado. Assim, não restou caracterizado impedimento à opção feita pela contribuinte, de tributação segundo a sistemática do lucro real trimestral. Irrelevante, portanto, a demonstraçaõ da margem de lucro adotada, em regra, pela empresa”. Por sua vez, o voto vencedor do acórdão n. 10323.251, indicado como paradigma de divergência, apresentou os seguintes fundamentos, in verbis: “Nas hipóteses de opca̧õ pelo regime do lucro real, tomase imperiosa a desclassificação pela Fiscalização da escrituraca̧õ comercial e fiscal eventualmente apresentada pelo contribuinte sempre que (i) apenas parcela reduzida das movimentações realizadas no período estiver respaldada na documentação comercial e fiscal; ou ainda, (II) quando forem glosados custos e despesas em montante significativo em relação à totalidade dos montantes deduzidos pelo contribuinte do lucro líquido. Em casos tais, não há como reconhecer que a escrituracã̧o do contribuinte esteja regular e seja suficiente para determinar o lucro real, por não contemplar (evidentemente) os custos necessariamente incorridos para geracã̧o das receitas tributáveis. Não é crível que o desenvolvimento de atividade econômica formal confira ao contribuinte "renda" (lucro) em montantes superiores a 50% ou 60% das receitas omitidas. Fosse verdadeira tal assertiva, e ressalvada as restritivas hipóteses de vedação legal (inocorrentes no caso), o contribuinte certamente apuraria seu lucro por meio do regime do lucro presumido. Nessas hipóteses, portanto, por não ser possível determinar o lucro real auferido, é necessário que a Fiscalização o apure por meio de arbitramento. Tal assertiva decorre de aplicaca̧õ do disposto no art. 530, II, "h" do RIR199. Ainda que se entenda que os depósitos bancários de origem não comprovada sejam integralmente receitas tributáveis, tal como ocorre nesses autos, é necessário reconhecer que o lucro delas decorrente resulta sempre da subtraca̧õ entre tais valores (receitas) e os (inegáveis) custos auferidos pela pessoa jurídica para o desenvolvimento de atividades econômicas, quaisquer que sejam elas. Nesses casos, não há como admitir que a receita presumida decorrente dos depósitos bancários, sem origem comprovada, reflita integralmente o lucro sonegado, tal como sustenta a Fiscalização nos lançamentos. Compreendo que o acórdão indicado como paradigma de divergência apresenta a interpretação mais adequada às normas que tutelam a hipótese em discussão. O art. 47, II, da Lei 8.981/95, estabelece o dever de a autoridade fiscal realizar o arbitramento da base de cálculo para o lançamento do tributo quanto a escrituração Fl. 1056DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.057 10 contábil deste contiver vícios que a tornem imprestáveis “a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real”. Se a escrituração fiscal mantida pelo contribuinte deixou de evidenciar mais de 50% das receitas auferidas pelo contribuinte, parece fora de dúvida a sua imprestabilidade para a determinação do lucro real ou mesmo para a identificação da efetiva movimentação financeira, sendo, portanto, mandatório o arbitramento. Não havia discricionariedade para que o agente fiscal deixasse de adotar a sistemática do lucro arbitrado. Nesse seguir, voto no sentido de CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso especial. (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Fl. 1057DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.058 11 Voto Vencedor Conselheiro Flávio Franco Corrêa. Com as devidas vênias ao ilustre Relator, é preciso destacar, de início, que o artigo 148 de CTN não se presta a estabelecer requisitos para o arbitramento de lucro. O dispositivo está claramente direcionado à autoridade fiscal, permitindolhe arbitrar valores ou preços de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, sempre que esses valores ou preços: a) sejam base de cálculo de tributo, ou levados em consideração no cálculo do tributo; e b) constem de declarações ou esclarecimentos que não mereçam fé. O de que se cogita, nesse momento, é algo distinto da permissão à autoridade fiscal para arbitrar valores ou preços de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, ou mesmo do atendimento a requisitos objetivos para o arbitramento desses valores e preços. O que se discute agora referese à existência de circunstâncias determinantes do arbitramento do lucro (e não de valores ou preços de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos), na forma da legislação de regência. Como é cediço, o arbitramento do lucro é um método de apuração do resultado tributável pelo IRPJ, que deve ser aplicado quando a apuração do lucro real se revela impossível. Justamente para a proteção do contribuinte, a lei, com o fito de obstar a desconsideração arbitrária da escrituração comercial, por parte da autoridade fiscal, prevê, a numerus clausus, as situações em que o arbitramento do lucro é obrigatório. É o que se vê no artigo 47 da Lei nº 8.981/1995, verbis: "Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o DecretoLei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único; IV o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido; V o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958; Fl. 1058DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.059 12 VI (Revogado pela Lei nº 9.718, de 1998) VII o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário; VIII – o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) § 1º Quando conhecida a receita bruta, o contribuinte poderá efetuar o pagamento do Imposto de Renda correspondente com base nas regras previstas nesta seção. § 2º Na hipótese do parágrafo anterior: a) a apuração do Imposto de Renda com base no lucro arbitrado abrangerá todo o anocalendário, assegurada a tributação com base no lucro real relativa aos meses não submetidos ao arbitramento, se a pessoa jurídica dispuser de escrituração exigida pela legislação comercial e fiscal que demonstre o lucro real dos períodos não abrangido por aquela modalidade de tributação, observado o disposto no § 5º do art. 37; b) o imposto apurado com base no lucro real, na forma da alínea anterior, terá por vencimento o último dia útil do mês subseqüente ao de encerramento do referido período." A recorrente defende o arbitramento do lucro, ao argumento de que 50% da receita apurada não estavam contabilizados. Ora, o percentual da receita omitida não é causa de arbitramento, já que tal hipótese não está prevista no artigo 47 da Lei nº 8.981/1995. Por outro lado, devese admitir que um elevado percentual de receita sonegada pode denotar que a escrituração é imprestável. Se for esse o caso, impõese o arbitramento do lucro, não porque a sonegação é alta, mas em razão da imprestabilidade da escrituração comercial. Ocorre, porém, que a imprestabilidade da escrituração comercial deve ser trazida ao debate e objeto de prova, por parte daquele que alega a impossibilidade de apuração do lucro real. A pura e simples alegação de que a escrituração comercial é imprestável não é o bastante para afastar a tributação do IRPJ com base no lucro real. A recorrente não comprovou a imprestabilidade da escrituração. Ademais, a constatação da omissão de receitas decorreu da aplicação de norma legal que estipula a presunção de omissão de receitas a partir da omissão contábil do registro de compras. A receita omitida assim apurada foi submetida à tributação do lucro real, uma vez ausente qualquer outro motivo determinante da incidência das regras de tributação pelo lucro arbitrado. Por si só, o percentual de 50%, na comparação entre a receita omitida e a receita total, não significa que a apuração do lucro real é inviável. Portanto, não se provando a presença de quaisquer das causas que conduzem à tributação pelo arbitrado, devese manter o lançamento efetuado com base no lucro real. Em face do exposto, conheço do Recurso Especial do contribuinte para, no mérito, negarlhe provimento. É como voto. Fl. 1059DF CARF MF Processo nº 19515.002348/200663 Acórdão n.º 9101003.200 CSRFT1 Fl. 1.060 13 (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Fl. 1060DF CARF MF
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Numero do processo: 10875.000377/2002-01
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 19 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 1997
DÉBITO COMPENSADO.
Descabe a exigência de ofício de débito cujo valor foi extinto mediante compensação.
Numero da decisão: 1201-001.935
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Ester Marques Lins de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Eva Maria Los - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente, Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Leonam Rocha de Medeiros; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: EVA MARIA LOS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 1997 DÉBITO COMPENSADO. Descabe a exigência de ofício de débito cujo valor foi extinto mediante compensação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Ester Marques Lins de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (Presidente, Eva Maria Los, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar, Luis Fabiano Alves Penteado, Luis Henrique Marotti Toselli, Leonam Rocha de Medeiros; ausentes justificadamente José Carlos de Assis Guimarães, Rafael Gasparello Lima e Gisele Barra Bossa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 00 03 77 /2 00 2- 01 Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10875.000377/200201 Acórdão n.º 1201001.935 S1C2T1 Fl. 3 2 Trata o processo de Auto de Infração, págs. 7/21, resultante de Auditoria Interna de Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF do 2º. 3º e 4º trim/1997, em que se constatou falta de recolhimento cód 3373, IRPJ PJ NÃO OBRIGADAS AO LUCRO REAL BALANÇO TRIMESTRAL, no valor de R$58.488,75, exigidos com multa de ofício de 75% e juros de mora, e de código 6570 juros pagos a menor, no valor de R$18,22 (demonstrados nos Anexos III e IV). 2. O contribuinte apresentou impugnação, págs. 3/6, em 08//01/2002. 3. Em 04/02/2006, págs. 114/116, a DRF em Guarulhos/SO emitiu o Despacho Decisório 1.044/06, deferindo pedido de utilização de créditos de IRPJ , Saldo Negativo do anocalendário 1996 e de pagamento a maior no 1º trim/1997, para a compensar os débitos de R$58.488,75 exigidos no auto de infração deste processo. 4. Em 26/02/2012, lançamento foi revisto de ofício, págs 124/129, reduzindo o valor do débito principal para R$53.544,75 e mantendo R$18,22 de juros pagos a menor, pág. 124/128; e a DRF informou que o débito referente as juros foi extinto, por pagamento, pág. 132. 5. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento DRJ em Campinas DRJ/CPS, no Acórdão nº 0539.555, de 27 de novembro de 2012, julgou o lançamento procedente em parte, págs. 161/172: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 1997 COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR QUE O DEVIDO. SALDO NEGATIVO. IRPJ. A compensação entre tributos e contribuições da mesma espécie, com crédito que teria por origem saldo negativo do IRPJ de períodos anteriores, efetuada sem processo, até 30 de setembro de 2002. deve estar respaldada nos meios de prova adequados e suficientes a demonstrar a certeza e liquidez do direito creditório, a disponibilidade de eventual direito creditório, além da efetividade das compensações alegadas. Diante da ausência dos meios probatórios, mantémse a exigência fiscal. MULTA DE OFÍCIO VINCULADA. Em face do princípio da retroatividade benigna, consagrado no Código Tributário Nacional, é cabível a exoneração da multa de lançamento de ofício, para débitos já declarados em DCTF. 6. Cientificado em 21/01/2013, pág. 178, o contribuinte interpôs recurso voluntário tempestivo de págs. 189/205, em 20/02/2013, alegando que o auto de infração, erroneamente, identificou DCTF retificadoras como complementares, o que muda todo o sentido da autuação; que a decisão da DRJ/CPS abusivamente contrariou o Despacho Decisório; assevera que a apuração do direito creditório veio da própria DRF em Guarulhos, emissora do auto de infração; reitera os termos da impugnação; que houve erro de preenchimento, pois em vez de inserir na DCTF "compensação do Saldo Negativo de Exercícios Anteriores", colocou "compensação com DARF"; mas que os registros contábeis espelham os argumentos que apresenta; junta o livro Diário (doc. 03); invoca o art. 112, do CTN e o princípio da verdade material. Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10875.000377/200201 Acórdão n.º 1201001.935 S1C2T1 Fl. 4 3 7. Em 07/11/2013, o CARF emitiu a Resolução 1102000.224, convertendo o julgamento em diligência, págs. 227/233. 8. A diligência e respectivo relatório constam às págs. 237/355, cientificado ao contribuinte em 05/08/2014, que não se manifestou. Voto Conselheira Eva Maria Los, Relatora 9. O Acórdão da DRJ/CPS recorrido, cancelou a multa de ofício vinculada à falta de recolhimento do imposto, sem prejuízo da exigência dos correspondentes juros e multa moratória e manteve a exigência da revisão de ofício, R$53.544,75, porque o contribuinte não apresentou provas, por meio de sua escrituração, do saldo negativo de 1996, nem do recolhimento a maior no 1º trim/1997: 27. Portanto, diante da ausência de qualquer comprovação, não há como aceitar os argumentos ofertados pela contribuinte em sua defesa, permanecendo os débitos remanescentes da revisão de ofício. 10. O relatório de Diligência Fiscal constatou que os registros contábeis/fiscais confirmam as compensações alegadas, efetuadas anteriormente à lavratura do auto de infração, o que o torna insubsistente. Conclusão. Voto por DAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Eva Maria Los Fl. 365DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.721008/2013-17
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.SÚMULA CARF Nº 02
É vedado ao órgão administrativo o exame da constitucionalidade da lei, bem como o de eventuais ofensas pela norma legal aos princípios constitucionais. Aplicação Súmula CARF nº 02.
OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL. PENDÊNCIAS.
Uma vez demonstrada a existência de pendências que impeçam a opção pelo Simples Nacional, não é cabível a admissão do contribuinte neste sistema.
Numero da decisão: 1001-000.263
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.SÚMULA CARF Nº 02 É vedado ao órgão administrativo o exame da constitucionalidade da lei, bem como o de eventuais ofensas pela norma legal aos princípios constitucionais. Aplicação Súmula CARF nº 02. OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL. PENDÊNCIAS. Uma vez demonstrada a existência de pendências que impeçam a opção pelo Simples Nacional, não é cabível a admissão do contribuinte neste sistema.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
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EXAME NA ESFERA ADMINISTRATIVA. IMPOSSIBILIDADE.SÚMULA CARF Nº 02 É vedado ao órgão administrativo o exame da constitucionalidade da lei, bem como o de eventuais ofensas pela norma legal aos princípios constitucionais. Aplicação Súmula CARF nº 02. OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL. PENDÊNCIAS. Uma vez demonstrada a existência de pendências que impeçam a opção pelo Simples Nacional, não é cabível a admissão do contribuinte neste sistema. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 10 08 /2 01 3- 17 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10830.721008/201317 Acórdão n.º 1001000.263 S1C0T1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 65 a 76) interposto contra o Acórdão nº 08029.516, proferido pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza/CE (fls. 52 a 58), que, por unanimidade, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: "ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL. PENDÊNCIAS. Uma vez demonstrada a existência de pendências que impeçam a opção pelo Simples Nacional, não é cabível a admissão do contribuinte neste sistema. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " O contribuinte acima qualificado teve o seu pedido de inclusão no Simples Nacional indeferido tendo em vista a existência de débitos inscritos em Dívida Ativa da União (Procuradoria–Geral da Fazenda Nacional), cuja exigibilidade não estava suspensa, conforme Termo de Indeferimento da Opção Pelo Simples Nacional, fl. 9. Fundamentação Legal: Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V. O interessado apresentou Manifestação de Inconformidade em 27/02/2013 (fls. 2/3), na qual mostrase inconformado com o indeferimento de sua opção pelo Simples Nacional, argumentando que cumpriu todos os requisitos para o enquadramento dentro do prazo. Ao final, requer a procedência do recurso e a sua inclusão no regime de apuração do Simples Nacional." Inconformada com a decisão de primeiro grau que indeferiu a sua Manifestação de Inconformidade, a ora Recorrente apresentou Recurso Voluntário calcado basicamente em duas premissas: (i) que a previsão feita pela LC 123/06 quanto a impossibilidade de adesão ao SIMPLES por empresas em débito para com o fisco violaria a Fl. 80DF CARF MF Processo nº 10830.721008/201317 Acórdão n.º 1001000.263 S1C0T1 Fl. 4 3 Constituição Federal e (ii) que teria havido a regularização dos débitos por meio de adesão de parcelamento. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Passo à análise dos pontos aventados pelo recurso. Conforme relatado, a Recorrente alega em seu recurso que a previsão feita pela Lei Complementar 123/2006 em seu art. 17, inciso V; e na Resolução 94/2011, art. 15, inciso XV, qual seja de vedar a adesão ao SIMPLES por empresa que tenha débitos fiscais não suspensos, violariam a Constituição Federal em seu art. 170, IX, que estabelece o tratamento favorecido às micro e pequenas empresas. Ocorre que é vedado aos julgadores administrativos analisarem a inconstitucionalidade de lei. Tal entendimento já foi sumulado por meio do enunciado CARF de nº 02: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Destarte, tal impeditivo impossibilita o acolhimento das razões da parte enquanto aos argumentos de inconstitucionalidade, razão pela qual afastoos de plano, sem a necessidade de maiores analises quanto ao tema. Seguindo na análise dos demais argumentos da Recorrente, cabe tecer algumas linhas sobre a regularização fiscal do contribuinte na ocasião de sua opção pelo regime simplificado. Primeiramente, impende lembrar que a legislação tributária competente veda a adesão ao regime simplificado por empresas que tenham débito sem a exigibilidade suspensa para com o fisco, conforme se colaciona abaixo. Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: ... V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10830.721008/201317 Acórdão n.º 1001000.263 S1C0T1 Fl. 5 4 Aqui, se faz oportuno colacionar as considerações feitas pela DRJ de origem quanto à aos débitos representados pelo processo nº 10830.500703/201266: " Verificase situação semelhante à já exposta para as pendências dos itens anteriores, ou seja, de acordo com informações colhidas no processo nº 10830.500703/201266, fl. 34 abaixo, houve concessão de parcelamento em 22/11/2012. Verificase porém, pela consulta ao Sistema SiefDocumento de Arrecadação, que, em 31/01/2013, havia débito em aberto, pois não consta a arrecadação das parcelas vencidas em dez/2012 e jan/2013. Tendo em vista que, em 31/01/2013, data limite para a regularização das pendências para inclusão no regime de apuração do Simples Nacional (Resolução CGSN nº 94, de 29/11/2011, artigo 6º, § 2º), os débitos sob análise encontravamse irregulares, conforme acima demonstrado, encaminho meu voto no sentido de indeferir a manifestação de inconformidade apresentada pelo contribuinte." Dos apontamentos acima, feitos pela DRJ de origem, é importante reparar que além das parcelas não pagas, conforme bem apontado na decisão de piso, o próprio parcelamento veio a ser rescindido, causando o cancelamento da suspensão de exigibilidade dos débitos em questão. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 10830.721008/201317 Acórdão n.º 1001000.263 S1C0T1 Fl. 6 5 Desta feita, uma vez que o parcelamento foi rescindido e não há qualquer evidência de que as parcelas em abertas e/ou o saldo remanescente do débito fora prontamente quitado, fica claro que o contribuinte não poderia ter deferida a sua opção pelo Simples. Outrossim, a decisão de piso apontou outros débitos que também foram objeto de parcelamento, e tiveram algumas parcelas não pagas. No entanto, como para obstar o deferimento da Opção pelo Simples basta a existência de apenas um débito sem suspensão da exigibilidade que, no caso, já foi determinado não há necessidade de estender esta análise a cada um dos demais. Portanto, concluo que a argumentação esposada pela Recorrente não encontra amparo jurídico, não merecendo prosperar. Em face a todo o exposto, VOTO pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário, com a consequente manutenção da decisão de origem. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.008138/2005-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 26 00:00:00 UTC 2011
Ementa: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
Ano calendário: 2006
CSLL/PIS/COFINS. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO. Verificado que a recorrente não é contribuinte dos tributos objeto de retenção pela fonte pagadora, efetivamente realizada e
repassada aos cofres públicos, cumpre à autoridade tributária autorizar a compensação com tributos por ela devidos.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 1402-000.570
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: CSL- que não versem sobre exigência de cred. trib. (ex.:restituição.)
Nome do relator: Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira
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materia_s : CSL- que não versem sobre exigência de cred. trib. (ex.:restituição.)
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ementa_s : NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Ano calendário: 2006 CSLL/PIS/COFINS. RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO. Verificado que a recorrente não é contribuinte dos tributos objeto de retenção pela fonte pagadora, efetivamente realizada e repassada aos cofres públicos, cumpre à autoridade tributária autorizar a compensação com tributos por ela devidos. Recurso Provido.
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RECONHECIMENTO DO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO. Verificado que a recorrente não é contribuinte dos tributos objeto de retenção pela fonte pagadora, efetivamente realizada e repassada aos cofres públicos, cumpre à autoridade tributária autorizar a compensação com tributos por ela devidos. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Jaci de Assis Junior, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 166DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 2 2 Relatório ASSOCIAÇÃO DOS MÉDICOS DE HOSPITAL PRIVADOS DO DF recorre a este Conselho contra a decisão proferida pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ/BrasíliaDF em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Em razão de sua pertinência, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Trata o presente processo declaração de compensação – Dcomp (fl. 1), na qual a contribuinte acima identificada compensa pretenso crédito de contribuições (CSLL, COFINS e PIS) retidas na fonte em novembro de 2006, no valor total de R$ 51.310,04, com débito de retenções na fonte (Pagto de PJ a PJ de direito privado), relativo às mesmas contribuições, feitas pela contribuinte na 2ª quinzena de novembro de 2006, no mesmo valor. A autoridade administrativa a quo examinou a questão e no despacho decisório (fls. 36 a 42) não reconheceu o crédito compensado e, em conseqüência, não homologou a declaração de compensação por concluir que a contribuinte não fazia jus ao crédito de retenções de CSLL, PIS e COFINS sofridas em novembro de 2006, por ser incabível a compensação direta com valor a recolher de retenções feitas sobre pagamentos a outras pessoas jurídicas ou órgãos públicos, uma vez que a legislação somente permite deduzir da base de cálculo da CSLL, Pis e Cofins os valores retidos, cuja dedução deve ser feita na escrituração contábil ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica. A contribuinte tomou ciência do despacho decisório em 06/03/2008(AR – fl. 43v). Inconformada, em 20/03/2008, por meio de seus procuradores (Othon de Azevedo Lopes e Renato Soares Peres Ferreira), apresentou a manifestação de inconformidade (fls. 46 a 60), na qual, em resumo, alega que o despacho decisório deve ser reformado para que seja homologada a compensação efetuada e extinto o débito correspondente com base nos seguintes argumentos de defesa: Despacho decisório. apesar de reconhecer de modo expresso o direito à compensação dos valores retidos a título de CSLL, PIS e COFINS, houve por bem não homologar a operação, com a alegação de que, ao realizar a compensação, não teriam sido observados preceitos normativos como o § 1o do artigo 5o da MP n° 413/2008 e o artigo 5o da IN SRF n° 600/2005; os dispositivos normativos invocados não eram aplicáveis à compensação em tela, por não estarem em vigor no instante em que se deu a operação (caso da MP n° 413/2008) ou pelo fato de desconsiderarem especificidades fundamentais da situação tratada ou, ainda, pelo fato de somente poderem ser cumpridos mediante a apresentação de declaração inexata ao Fisco (caso da IN n° 600/2005, se interpretada consoante o § 13 do Despacho Decisório); Fl. 167DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 3 3 é necessário que se descreva a sua situação em relação às indevidas retenções que sofre, nos pagamentos destinados a seus associados e ao aproveitamento dos créditos advindos dessas retenções e que se esclareça a inexistência de qualquer irregularidade nos procedimentos adotados. Isso porque optou pela conduta que melhor permitia ao Fisco o acompanhamento do recolhimento dos tributos devidos; Direito à compensação tributária artigo 74 da Lei n° 9.430/1996 o direito à compensação tributária é expresso e assegurado no artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, como reconhecido no despacho decisório; mas a mesma decisão administrativa entendeu pela não homologação da compensação; ao assim proceder, o Fisco deixou de lado o principal aspecto da controvérsia, ou seja, a existência de um direito legalmente assegurado, que deve ser viabilizado e não obstado pelas autoridades públicas, pois, consoante o artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, verificado o crédito por parte do contribuinte é seu direito compensálo com qualquer débito próprio de tributo administrado pela Receita Federal; deve permear a análise do caso a circunstância de que a compensação, enquanto direito subjetivo, integra o seu patrimônio jurídico e, assim, partindo dessa premissa é que se deve discutir o despacho decisório, adequandoo ao seu direito à compensação tributária; A situação da AMHPDF/Retenções indevidas. atividade/compensações coloca diversas facilidades à disposição de seus associados, intermediando contratos de prestação de serviços médicos que envolvem o exercício da medicina pelos associados e o pagamentos pelos tomadores de serviços (planos de saúde), dos honorários correspondentes. Nessa intermediação contratual, figura como mera intermediária, já que celebra o contrato em nome dos associados e recebe, como mera depositária, os honorários médicos que são repassados aos mesmos prestadores dos serviços; os diversos tomadores de serviços celebram, por seu intermédio, contratos de prestação de serviços médicos a serem prestados pelos associados, em razão do oneroso operacional para o pagamento direto, preferem fazer o depósito da remuneração devida aos associados, para a AMHPDF. Assim, relativamente às contribuições (CSLL, PIS e COFINS), muitas vezes sofre nos pagamentos que recebe como mera intermediária de seus associados, retenções conjugadas desse tributo, código de receita 5952, no montante de 4,65% (artigo 30 da Lei n° 10.833/2003); essas retenções eram feitas pelo fato de os tomadores de serviços julgarem que deveriam assim proceder, por ser ela uma pessoa jurídica que perante eles representava os associados em contratos de prestação de serviços médicos. Na condição de intermediária e ao fato de ser ela mera depositária dos valores que recebia, tornava o relacionamento com os planos confuso; o STJ um dos tomadores de serviços prestados pelos seus associados, por seu intermédio , formulou consulta à Receita Federal, sobre a forma que deveriam realizar as retenções, e na Solução de Consulta COSIT n° 05, de 30/03/2004, esclareceu, em resumo, que, no caso concreto, as retenções deveriam ser realizadas de acordo com a natureza do prestador dos serviços o associado e não a Requerente, mera intermediária e que as retenções de CSLL, PIS e COFINS só eram cabíveis se os serviços fossem prestados por pessoa jurídica; Fl. 168DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 4 4 embora tenha divulgado a Solução de Consulta COSIT n° 05/2004 entre os tomadores de serviços de seus associados, a imensa maioria, em face de enormes dificuldades operacionais, continuou realizando as retenções como se ela fosse a prestadora dos serviços. Tal situação gerou impasse, na medida em que os créditos de retenções deveriam ser apropriados pelos prestadores de serviços médicos (pessoas jurídicas ou físicas); diante de retenções indevidas que não incidem sobre boa parte das atividades que intermedeia (prestação de serviços por pessoas físicas) nem podem ser cobrados sobre suas atividades já que não tem fins lucrativos, isenta de incidência de PIS, COFINS e CSLL, nas formas, respectivamente, dos artigos 13, IV, da MP n° 2.158 34/2001, 14, da mesma MP e 15, § 1o, da Lei n° 9.532/1997 passou a apurar créditos e compensálos com tributos que deveria reter na fonte, de diversas pessoas jurídicas às quais faz repasses. Isso porque são essas as reais prestadoras de serviços; as compensações realizadas eram de créditos de retenções inadequada sobre valores a ser repassados aos associados com débitos de retenções que deveriam ser realizadas, quando dos repasses desses mesmos valores a seus associados pessoas jurídicas, ou seja, tratavase de retenções que tinham a finalidade, de adiantar o pagamento da COFINS, CSLL e PIS, por pessoas jurídicas prestadoras de serviços médicos; essas compensações foram realizadas para solucionar um problema decorrente do descumprimento, pelos tomadores de serviços, da Solução de Consulta COSIT n° 05/2004 que o despacho decisório deixou de homologar, sob o argumento de que não teriam sido observados dispositivos normativos específicos; procedimento de compensação/regular ao realizar a compensação entre valores de tributos retidos, nada mais fez do que seguir a regra geral prevista nos dispositivos normativos que tratam da matéria, o artigo 7o da IN SRF n° 480/2004 e o artigo 5o da IN SRF n° 600/2005. Ou seja, realizou os abatimentos devidos de créditos apurados (período mensal) com os débitos correspondentes ao período seguinte (relativo a retenções mensalmente exigidas); ao proceder à compensação entre os valores indevidamente retidos e os valores a serem retidos (débitos) escolheu a solução que permitia o melhor acompanhamento do recolhimento dos tributos incidentes pelo Fisco, pois, ao realizar o procedimento formalizando todas as suas etapas, inclusive por meio de DCOMP e registros específicos na DCTF, estava em verdade permitindo que o Fisco acompanhasse cada passo da operação; é descabido ser apenada por ter adotado um procedimento seguro para o Fisco, já que a forma adotada permitia melhor controle de suas operações pelas autoridades fiscais. O contraste entre sua lealdade e o procedimento da Administração fica claro a insustentabilidade dos fundamentos do despacho decisório, que aplica retroativamente uma norma tributária para defender a suposta irregularidade da conduta da associação; a dedução e a compensação são formas de extinção de obrigações tributárias a partir da contraposição de créditos do sujeito passivo (tributo a restituir ou a compensar) à obrigação (tributo a recolher). A compensação é o gênero já que na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996, quaisquer créditos e débitos administrados pela Receita Federal pode ser compensado e tem seu procedimento vinculado à apresentação de declarações de compensação ao Fisco, por meio de formulários próprios. A dedução é a espécie, por envolver apenas alguns tributos, em Fl. 169DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 5 5 determinadas circunstâncias (apuração de saldos de CSLL e de PIS e COFINS), não exigindo procedimentos específicos perante o Fisco, mas procedimentos contábeis internos e mera informação nas declarações; a dedução é uma compensação simplificada, para casos específicos, inaplicável a situações sui generis como a ora apreciada, em que resta o recurso à compensação comum. Em outras palavras, seja denominado como compensação ou dedução, cuidase no caso do gênero compensação, já que se trata de duas pessoas que são "ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra" (art. 368 do Código Civil) com autorização legal (art. 170 do CTN); não é apenas pela inexistência de qualquer irregularidade no seu procedimento de compensação que se deve reformar o despacho decisório e homologar a operação. Essa conseqüência se apóia também no fato de que, diante de um impasse que não deu causa, adotou o procedimento que permitia ao Fisco um melhor acompanhamento da situação, sem que se diminuísse qualquer parcela da arrecadação tributária. Ademais, não se pode esquecer que a dedução contábil sugerida é uma espécie de compensação que, em casos complexos como o presente, pode ser declarada expressamente à Autoridade Fiscal; Inexistência de irregularidade/compensação de retenções de PIS e COFINS. não merece qualquer reprimenda ao procedimento escolhido de compensação dos débitos de PIS e COFINS. A desqualificação da compensação, promovida pelo despacho decisório, fundamentouse em ilegal aplicação da MP n° 413/2008, procedimento de todo inviável em face dos artigos 105 e 106 do Código Tributário Nacional e do artigo 150, III, "a", da Constituição Federal; ao interpretar a compensação realizada, a Diort ignorou que os valores pagos a título de PIS e COFINS. Os créditos compensados eram referentes unicamente às aplicações financeiras da associação, tributos que se submetiam a um regime jurídico diverso daquele a que se refere a MP n° 413/2008. Ainda se aplicasse ao caso a MP invocada, ficaria configurada, pelo menos em relação a uma parte dos débitos, a "impossibilidade da dedução" prevista no § 1o do artigo 5o de tal diploma, diante da flagrante desproporção entre os valores pagos a título de PIS e COFINS e os créditos apurados a partir das retenções indevidas sobre os pagamentos realizados à associação; as compensações de PIS e COFINS foram plenamente regulares, tendo sido observados todos os diplomas aplicáveis ao caso, devendo o despacho decisório ser reformado, para que sejam homologados os procedimentos de compensação; não homologação das compensações de pis/cofins/ilegal aplicação retroativa da MP n° 413/2008 a primeira inconsistência da decisão compromete todo o despacho decisório atacado. Tratase da invocação, como razão para a não homologação das compensações de PIS e COFINS, de dispositivo da MP n° 413/2008. A compensação em tela foi realizada antes do dia 03/01/2008, data de publicação da MP n° 413/2008. Assim, não seria possível uma norma constante dessa recentíssima Medida Provisória ser óbice à compensação realizada e declarada muito antes de sua promulgação; é impossível que em 2005 ela observasse a norma que viria a ser editada somente em 2008. É de causar espécie a flagrante violação aos artigos 105 e 106 do Código Tributário Nacional e ao artigo 150, III, "a" da Constituição Federal. A aplicação retroativa da norma foi feita de maneira completamente desenvolta, como se não Fl. 170DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 6 6 existisse a elementar proteção do direito dos contribuintes consubstanciada no princípio da irretroatividade das leis; a decisão adotada no despacho decisório não sobrevive a um simples confronto com a mais rudimentar formulação do princípio da irretroatividade da lei tributária. Motivo suficiente para que se reconheça o seu direito às compensações do Pis e Cofins, que devem ser expressamente homologadas, reformandose a descabida decisão da autoridade fiscal; Os valores a pagar de pis/cofins/aplicações financeiras. a eventual aplicabilidade da MP n° 413/2008 ao caso concreto o que, diante da flagrante violação ao princípio da irretroatividade das leis, se admite apenas em favor da argumentação não faria com que ela fosse a norma aplicável à situação da qual se cuida; a MP n° 413/2008 (artigo 5o, caput) se refere ao pagamento das contribuições em seu regime normal (faturamento) e os pagamentos registrados decorreram de PIS e COFINS sobre aplicações financeiras. Os tributos, assim, embora tenham o mesmo nomen juris não são os mesmos, juridicamente, bastando lembrar que, consoante o artigo 4o do CTN, é o fato gerador que define a natureza jurídica do tributo, sendo irrelevante a sua denominação; a norma se refere ao PIS/COFINS "comuns", incidentes sobre o faturamento, suas disposições não são aplicáveis a tributos que, embora tenham a mesma denominação, são juridicamente diversos. O PIS e a COFINS sobre rendimentos financeiros não têm como fato gerador o faturamento, mas sim o rendimento auferido em aplicações financeiras, que, no caso das entidades sem fins lucrativos, não se configuram como espécie do gênero faturamento. Os tributos são juridicamente distintos, não sendo assim intercambiáveis as normas que a eles se aplicam; nem mesmo a primeira parte do caput do artigo 5o da MP n° 413/2008 é aplicável ou seria aplicável, se não se estivesse ferindo também o princípio da irretroatividade das leis ao caso em tela. Isso porque a norma trata das retenções de PIS e COFINS a serem deduzidas dos valores apurados das contribuições a pagar no período, cujo procedimento diz respeito às retenções devidas, que são consideradas antecipações do pagamento devido ao final do período. No caso em tela, a situação é outra, ou seja, sofreu retenções indevidas que não são antecipações do que é devido ao final do período, mas créditos tributários em sentido próprio. Assim, como se trata de créditos tributários, e não de antecipação do tributo devido ao final do período, não é necessária a dedução, para que se faça a compensação; a obrigação prevista no artigo 5o da MP n° 413/2008 segundo a qual é preciso realizar contabilmente as deduções dos valores a pagar no período, para que se aproveite como crédito tributário o valor retido na fonte de PIS e COFINS não seria aplicável ao caso em tela, ainda que se superasse a intransponível barreira da aplicação retroativa do diploma, pois o que ora se discute é a compensação de valores retidos indevidamente a título de PIS e COFINS sobre o faturamento, sujeitos a regime diverso daquele correspondente ao PIS e à COFINS incidentes sobre aplicações financeiras; não compensação dos valores retidos na fonte/valores a pagar a autoridade fiscal não poderia chegar à conclusão no despacho, no sentido da não homologação das compensações. Isso porque incide, no caso, o § 1o do mesmo Fl. 171DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 7 7 artigo 5o da MP n° 413/2008, que possibilita a compensação dos valores quando o montante retido no mês exceder o valor da respectiva contribuição a pagar; os valores registrados pelo Fisco como recolhidos no mesmo período em que foi apurado o crédito objeto da compensação são claramente inferiores aos montantes dos créditos, conforme o despacho decisório. Tal situação, incontestável, enseja a aplicação ao caso do § 1o do artigo 5o da MP n° 413/2008; à luz do § 2o do mesmo artigo, temse que, havendo excesso na comparação entre o montante retido e a contribuição a pagar no mês em que houve as retenções na fonte, configurase a "impossibilidade de dedução de que trata o caput". Essa situação, por sua vez, faz com que seja possível, nos termos do referido caput, a compensação tributária efetuada; ainda que se ponha a aplicar ao caso em tela a MP n° 413/2008, será necessário concluir pela homologação da compensação. É que, inequivocamente configurado no caso o § 1o do artigo 5o, a restrição constante do caput do mesmo artigo não se aplica, podendo ser feita a compensação independentemente da dedução contábil; o despacho decisório não pode prevalecer, sendo imperioso reconhecer que, diante da total regularidade do procedimento de compensação deve a operação correspondente ser expressamente homologada, extinguindose os débitos tributários respectivos; Direito de compensação dos valores indevidamente retidos a título de CSLL na compensação da CSLL não houve qualquer irregularidade, pois como não era possível a apuração de saldo negativo de CSLL, por ser associação civil sem fins lucrativos, entidade isenta do IRPJ e da CSLL, é inviável e inexigível o cumprimento da norma indicada como aplicável porque, para que se realizasse a apuração de saldo negativo tal como sugerido no despacho decisório, seria indispensável uma declaração inexata da associação, no sentido de que ela seria contribuinte da CSLL; por essas razões deve ser reconhecida a regularidade dos procedimentos de compensação e homologada a mesma, reformandose o despacho decisório que deixou de reconhecêla como válida e suficiente para a extinção dos débitos tributários correspondentes; a AMHPDF entidade isenta do IR/CSLL na condição de associação civil sem fins lucrativos goza de isenção ao IRPJ e da CSLL. Circunstância, ignorada pelo despacho decisório, e fundamental para que se entenda a operação relativa à compensação dos valores retidos a título de CSLL, nos pagamentos que recebe como mera depositária dos honorários devidos aos médicos e clínicas associados; segundo a decisão não seria cabível a compensação "direta" de valores retidos, que deveriam ser antes lançados na escrituração contábil voltada ao "saldo negativo" da CSLL. No entanto, sendo entidade isenta da CSLL, não tem como apurar saldo negativo dessa mesma contribuição; diante de uma retenção indevida pela associação e sendo descabido exigir que ela "apure" os tributos incidentes no mês para que chegar "saldo negativo". Não há saldo negativo de CSLL, mas crédito oriundo de retenção indevida; há peculiaridades do caso examinado que indicam a impossibilidade de apuração de saldo negativo de CSLL, já que a ausência de finalidades lucrativas enseja a inexistência de CSLL devida a ser contraposta aos créditos surgidos com as retenções indevidas; Fl. 172DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 8 8 é correto dizer que a disposição do artigo 5o da IN SRF n° 600/2005, invocada pelo despacho decisório como fundamento para a não homologação das compensações, não é aplicável ao caso apreciado e, ao mesmo tempo, não exclui a regularidade do procedimento adotado pela associação; o dispositivo normativo invocado pela autoridade fiscal menciona apenas que, em caso de apuração de saldo negativo de IRPJ ou CSLL hipótese aplicável unicamente àquelas pessoas que sejam contribuintes desses tributos, obviamente o valor correspondente poderá ser objeto de restituição apenas no mês subseqüente ao trimestre em que se apurou o saldo negativo. Não se aplica tal dispositivo às compensações de créditos oriundos de retenção indevida, como se extrai expressamente de seu texto; o caso em tela não pode ser regido pelas normas que prescrevem a apuração de saldo negativo de CSLL, pois, in casu, não recolhe ordinariamente esse tributo. O crédito decorre de retenções indevidas, e não de superação do saldo a recolher pelo saldo a restituir (saldo negativo). a associação não é contribuinte da CSLL, em sua forma ordinária, não impede que em determinados instantes ela recolha a contribuição que leva esse nome. Isso porque, ao liquidar aplicações financeiras, há o recolhimento da CSLL sobre os rendimentos das aplicações financeiras. No entanto, o tributo recolhido é juridicamente diverso da CSLL "comum", na forma do artigo 4o do CTN, não se aplicando a ele as mesmas regras existentes para a CSLL apurada sobre o lucro líquido. De qualquer maneira, é notável a regularidade das compensações realizadas no âmbito da CSLL, pois nenhuma norma aplicável ao caso foi descumprida; saldo negativo de CSLL/declaração falsa ao Fisco de modo surpreendente, a decisão indica que ela deveria apresentar declaração, porém, por não ter finalidade lucrativa, não é contribuinte da CSLL, gozando de isenção em relação a tal tributo. A declaração sugerida pelo Fisco como forma de viabilizar a apuração de saldo negativo, além de contrariar a lógica da apuração do tributo, pois não há adiantamentos por meio de retenções e posterior apuração, não pode haver saldo, positivo/negativo seria flagrantemente falsa; o cumprimento das obrigações opostas no despacho decisório ao procedimento de compensação adotado, além de ser inexigível em face da situação específica da mesma, depende de apresentação de declaração falsa. Tal entendimento, por ferir os mais elementares princípios do Estado de Direito e a legalidade estrita que deve reger a relação entre o Fisco e os contribuintes, não pode prevalecer, devendo ser totalmente afastado; Do pedido Requer a reforma do despacho decisório e a homologação da compensação realizada, para extingui, de modo definitivo, o débito tributário submetido a tal procedimento. Faz relação de vários processos que tratam de compensação realizada em diferentes períodos e pede sejam apreciados em conjuntos. A decisão recorrida está assim ementada: Restituição/Compensação CSLL, COFINS e PIS Retidas na Fonte. A legislação somente permite deduzir/compensar valores retidos na fonte na base de cálculo da CSLL, PIS e Cofins diretamente na escrituração contábil Fl. 173DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 9 9 ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica que prove haver assumido referido encargo ou no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. Solicitação Indeferida. Cientificada da aludida decisão, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento. É o relatório. Fl. 174DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 10 10 Voto Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Tratase de reconhecimento direito creditório, cumulado com pedido de compensação, relativo a contribuições (CSLL, COFINS e PIS) retidas na fonte em pagamentos realizados à contribuinte. A autoridade administrativa a quo examinou a questão e no despacho decisório (fls. 35 a 41) não reconheceu o crédito compensado e, em conseqüência, não homologou a declaração de compensação por concluir que a contribuinte não fazia jus ao crédito de retenções de CSLL, PIS e COFINS, por ser incabível a compensação direta com valor a recolher de retenções feitas sobre pagamentos a outras pessoas jurídicas ou órgãos públicos, uma vez que a legislação somente permite deduzir da base de cálculo da CSLL, Pis e Cofins os valores retidos, cuja dedução deve ser feita na escrituração contábil ou na Declaração de Isenta ou DACON da pessoa jurídica. A 4a. Turma da DRJ Brasília confirmou esse entendimento. Compulsando os autos, verificase que o Despacho Decisório DRF/BSB/Diort reconheceu de modo expresso o direito à compensação de valores retidos indevidamente a título de CSLL, , PIS e COFINS, na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996. À toda evidência, o procedimento de compensação realizado pela AMHPDF está correto. Isso porque, tanto o direito à crédito pleiteado, quanto o cumprimento das exigências para a compensação foram cumpridos: às operações foram regularmente registrado na escrituração contábil da AMHPDF, apresentada desde a impugnação. A própria administração tributária já reconheceu a impropriedade das retenções, mediante Solução de Consulta COSIT n° 05, de 30 de março de 2004, em que se esclareceu, em resumo, que no caso concreto as retenções deveriam ser realizadas de acordo com 'a natureza do prestador dos serviços o associado, e não a recorrente, mera intermediária e que as retenções de CSLL, PIS e COFINS só eram cabíveis se os serviços fossem prestados por pessoa jurídica. Registrese que as compensações realizadas pela recorrente foram de créditos relativos a retenções inadequadamente realizadas sobre valores a serem repassados aos associados com débitos correspondentes às retenções que efetivamente deveriam ser realizadas, pela associação, Portanto, conforme enfatizado pela recorrente, tratavase de retenções que tinham a mesma finalidade, qual seja , de adiantar o pagamento da COFINS, da CSLL e da contribuição para o PIS, por pessoas jurídicas prestadoras de serviços médicos. Fl. 175DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE Processo nº 10166.008138/200531 Acórdão n.º 140200.570 S1C4T2 Fl. 11 11 Portanto, além de inexistir qualquer descumprimento das normas aplicáveis, como visto, as compensações foram um procedimento adotado pela associação para minimizar os transtornos decorrentes da inobservância, pelos tomadores de serviço. O direito à compensação tributária de tributos indevidamente pagos é expressa e amplamente assegurado na forma do artigo 74 da Lei n° 9.430/1996. Registrese, novamente, que esse direito à compensação foi reconhecido tanto pela Diort/DRF/BSB quanto pela 4a. Turma da DRJ/BSA), mas foi indeferido com fulcro em aspectos formais, absolutamente secundários, haja vista que além de comprovar a materialidade do direito creditório a recorrente cumpriu as formalidades principais, quais seja: escriturou as operações e apresentou as DCOMP. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, homologando as compensações efetuadas pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 176DF CARF MF Emitido em 03/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 03/06/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE Assinado digitalmente em 03/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 03/06/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE
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Numero do processo: 14041.000346/2009-82
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 28 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Mar 08 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.299
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da Relatora. Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da Relatora. Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1614; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 5.623 1 5.622 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 14041.000346/200982 Recurso nº Voluntário Resolução nº 3402001.299 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Data 28 de fevereiro de 2018 Assunto Diligência CPMF Recorrente BRB BANCO DE BRASÍLIA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência nos termos do voto da Relatora. Ausente a Conselheira Maysa de Sá Pittondo Deligne. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. RELATÓRIO Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em Brasília que julgou procedente em parte a impugnação da contribuinte. Em face do banco acima qualificado foi lavrado auto de infração para a exigência de Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF), referente a fatos geradores ocorridos de 12/05/2004 até 31/12/2005, multa de ofício e juros de mora, no montante total de R$1.024.152,71, consolidado até 31/03/2009. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 40 41 .0 00 34 6/ 20 09 -8 2 Fl. 5623DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.624 2 Conforme consta no Termo de Verificação Fiscal que "(...) foi constatado que o BANCO DE BRASÍLIA S/A, na qualidade de responsável tributário [art. 5º, inciso I da Lei n° 9.311/96] pela retenção da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza financeira CPMF, incidente sobre lançamentos a débito em contas correntes de depósito, em contas de depósito de poupança e em contas correntes de empréstimos, bem com a incidente sobre os lançamentos a crédito em contas correntes que apresentaram saldos negativos, até o limite do valor da redução dos saldos devedores [art. 2°, incisos I e II da Lei n° 9.311/96], no período de 06/05/2004 a 31/12/2005 [art. 20 da Lei n° 9.311/96 c/c art. 1° da Lei n° 9.539/97], deixou de realizar a retenção/recolhimento da referida contribuição nos lançamentos efetuados em 55 (cinqüenta e cinco) contas, sem que houvesse embasamento legal para tal procedimento". As contas que deixaram de sofrer retenção da CPMF foram agrupadas pelos motivos que levaram a autuação dessas contas, na seguinte forma: A) Contas cujos titulares são PESSOAS FÍSICAS: A.1) Não retenção motivada por MEDIDA JUDICIAL: a contribuinte não apresentou as medidas judiciais que amparassem tal abstenção; e A.2) Contas caracterizadas como "CONTA INVESTIMENTO": a contribuinte não apresentou nenhuma justificativa para a não retenção da CMPF. B) Contas de titulares declarados como administração pública direta e indireta B.1) Empresas Públicas: além de as empresas públicas estarem impedidas de gozarem de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado, os titulares dessas contas não estavam inscritos como entes da administração pública nos cadastros da Secretaria do Tesouro Nacional — STN e da Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB; B.2) Outras formas de fundações e associações: contas que não se enquadram em nenhuma das condições de não incidência, e cujos titulares não estão inscritos como entes da administração pública nos cadastros da STN e da RFB; B.3) Cartórios: contas com base no art. 2°, incisos I e II da Lei 9.311/96; no art. 3° da Lei 9.492/97, que define que o serviço de recebimento dos valores provenientes de títulos apontados para protestos é exercido de forma privativa pelo Tabelião de Protesto de Títulos; bem como no § 2° do art. 19 da Lei 9.492/97, que estabelece que o valor é disponibilizado primeiramente aos tabeliães. C) Contas de titulares declarados como entidades referidas no inciso III, art. 8º da Lei n° 9.311/96, mas que, na verdade, estão inscritos nos cadastros da RFB com o código de cartórios. D) Contas de titulares declarados como entidades beneficentes: este grupo destaca as contas para as quais o BRB foi intimado a apresentar a declaração pra fins de isenção da CPMF, porém não foi apresentada nenhuma declaração para o período entre 06/05/2004 a 31/12/2004. E) Contas de PESSOA JURÍDICA caracterizadas como "CONTA INVESTIMENTO": o Banco BRB não esclareceu qual seria a condição legal que ensejaria a não retenção da CPMF nestas contas Fl. 5624DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.625 3 Cientificada do lançamento, a interessada apresentou impugnação e documentos, mediante a qual argumentou ser improcedente a cobrança da CPMF ocorrida em relação a 11 (onze) contas que estavam protegidas por isenções legais ou alíquotas zero na forma da legislação. A interessada não impugnou os valores lançados relativamente às contas dos grupos A1 (exceção das contas 024.1046149 e 103.1055646), A2, B1, B2 e E, no total de R$ 45.028,92 (principal). Em relação às contas 026.0077739, 059.9501278, e 159.0000029, 107.0144069, 164.0008516, 176.0000016, 131.0000023 e 153.9500010, dos grupos B3 e C, respectivamente, ela reconheceu como devida a CPMF no montante de R$ 19.682,85, por não ter localizado provas da aplicabilidade de alíquota zero para alguns débitos nas referidas contas. A Delegacia de Julgamento acolheu parcialmente os argumentos da impugnante, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA CPMF Período de apuração: 06/05/2004 a 31/12/2005 ENTIDADE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. DECLARAÇÃO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA SEM RESPONSABILIDADE. Apresentada a declaração na forma prevista na IN SRF nº 44/2001 ou no ADE SRF n° 69/2001, a instituição financeira deixa de ser responsável pela retenção da CPMF sobre a movimentação financeira de entidade beneficente de assistência social. CONTA DE ARRECADAÇÃO. FALTA DE COMPROVAÇÃO. INAPLICÁVEL A ALÍQUOTA ZERO. O sujeito passivo não logrou comprovar documentalmente que as contas abertas em nome de cartórios de protesto de títulos, razão pela qual não fazem jus à alíquota zero estabelecida no art. 8, inciso IV da Lei nº. 9.311/96, com regulamentação da Portaria MF nº 06/97. DÉBITOS ESTORNADOS. TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. Segundo o art. 3°, inciso II, da Lei n° 9.311/96, a CPMF não incide sobre débitos estornados, sendo sua tributação indevida. Devida a retificação da base de cálculo. DÉBITOS CONSIDERADOS EM DUPLICIDADE/ ERRO NA DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. TRIBUTAÇÃO INDEVIDA. O sujeito passivo logrou comprovar que para alguns fatos geradores e contas foram considerados na base de cálculo da CPMF débitos em duplicidade e que a somatória dos débitos ocorridos é inferior à base de cálculo considerada no auto de infração para determinados fatos geradores. Tributação indevida da parcela excedente. Devida a retificação da base de cálculo. FALTA DE RETENÇÃO EM VIRTUDE DE MEDIDA JUDICIAL. FALTA DE COMPROVAÇÃO. TRIBUTAÇÃO DEVIDA. O sujeito passivo não logrou comprovar que os titulares das contas estavam amparados por medida judicial para a não retenção da CPMF. Tributação devida. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 5625DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.626 4 Cientificada em 02 de dezembro de 2009, a autuada apresentou recurso voluntário em 04/01/2009, mediante o qual alegou, em síntese que: a) a decisão recorrida manteve no montante sob cobrança todos os valores já recolhidos; b) as exigências remanescentes formalizadas a título de CPMF sobre a movimentação financeira das contas correntes 024.1046149 e 103.1055646 (Grupo Al), 026.0077739, 164.0009890 e 176.0000016 (Grupo B3), 059.950.1278, 107014.4069, 153.9500010, 159.0000029 e 164.0008516 (Grupo C) não merecem prevalecer, uma vez que a não tributação decorreu de isenção legal (Grupo Al) ou da aplicação da alíquota zero (Grupo B3 e C). Mediante a Resolução nº 3402000.862– 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, de 26 de janeiro de 2017, este Colegiado converteu o julgamento em diligência, nos seguintes termos: (...) Em análise dos documentos acostados à impugnação, entendeu o julgador de primeira instância que não era possível verificar se as contas desses grupos seriam efetivamente de arrecadação e que os valores nela creditados foram verdadeiramente repassados ao cartório ou aos credores/bancos apresentantes, salientando, entretanto, que: "Em que pese os documentos carreados servirem de indício de que a conta aqui tratada pode ser de arrecadação, o que justificaria a realização de diligência para a análise pela autoridade fiscal da documentação acima mencionada junto ao sujeito passivo, entendo por não adotar tal medida haja vista que, tendo o BRB já sofrido lançamentos que tratavam da mesma matéria relativamente a fatos geradores anteriores, os quais foram objeto de apreciação por esta Turma da DRJ/BSA/DF, este deveria ter se esforçado um pouco mais em acumular e organizar de forma didática todos os documentos relativos a tais operações". Conforme assentado na Resolução nº 3401000.737, da 3ª Seção/ 4ª Câmara/ 1ª Turma Ordinária, em sessão de 24/07/2013, esta 3ª Seção de Julgamento do Carf tem orientado sua jurisprudência no sentido de que, em situações em que há alguns indícios de provas, o julgamento pode ser convertido em diligência para análise da nova documentação acostada. Nessa esteira, em referência ao princípio da verdade material, e com fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235/72, voto no sentido de converter o julgamento em diligência para solicitar à fiscalização da DRFBrasília que: (...) a) Mediante intimação à recorrente ou à impetrante ou com auxílio da Procuradoria da Fazenda Nacional, averigue a eventual vigência da medida liminar concedida nos autos do mandado de segurança coletivo nº 1999.01.00.0251066, impetrado pelo SinproDF, à época em que o BRB deveria ter efetuado as retenções da CPMF relativas à conta corrente 103.1055646 de José Domingues Guerra, filiado ao sindicato. b) Com relação às contas 026.0077739, 164.0009890 e 176.0000016 (Grupo B3), Contas 059.9501278, 107.0144069, 153.9500010, 159.0000029 e 164M008516 (Grupo C), analise a documentação acostada aos autos, inclusive solicitando documentos adicionais à contribuinte se necessários, e emita Parecer Conclusivo sobre a sua potencialidade para comprovar os estornos apontados pela recorrente Fl. 5626DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.627 5 e as correspondentes retificações nas bases de cálculo autuadas (itens 4.2.1 a 4.2.6 do recurso voluntário), bem como se as referidas contas correntes destinavamse à arrecadação de valores e se os valores arrecadados nessas contas foram devidamente transferidos para contas de livre movimentação dos apresentantes/credores dos títulos (itens 4.2.7 a 4.29 do recurso voluntário). c) Na oportunidade, manifestese sobre a alegação da recorrente de que a decisão recorrida teria mantido no montante sob cobrança todos os valores já recolhidos, efetuando, se for o caso, a correspondente imputação e informando os valores que remanescem na autuação. d) Cientifique a recorrente do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. e) Por fim, após decorrido o prazo de manifestação da interessada, devolva os autos a este Colegiado para prosseguimento. (...) Concluída a diligência, o AuditorFiscal lavrou o "Termo de Encerramento Diligência Fiscal", no qual informou que: (...) Dessa forma, para cada item acima discriminado, temse o seguinte: a) (...) Conforme Termo de Intimação fiscal anexo às fls.5542/5551, emitido em 12/07/2017, a contribuinte foi intimada a apresentar documentação comprobatória de vigência da medida liminar concedida nos autos do mandado de segurança coletivo nº 1999.01.00.0251066, impetrado pelo SinproDF, à época em que o BRB deveria ter efetuado as retenções da CPMF relativas à conta corrente nº 1031055646 de José Domingues Guerra, filiado ao sindicato. Assim, em 26/07/2017, por meio do Ofício anexo às fls.5556/5557, a contribuinte apresentou a documentação requerida, conforme documentos anexos às fls.5558/5563. b) (...) Neste item da Resolução, verificase que os elementos solicitados se referem, sem exceção, à apreciação e à formação de convicção acerca das provas e alegações já trazidas aos autos pela recorrente, e não à instrução de novos elementos estranhos ao processo. Em outras palavras, o que se pede é o exame das provas e da legalidade dos argumentos da recorrente, assim como os resultados numéricos daí decorrentes. Neste contexto, é dever consignar que esta DRF/BSB não tem competência para as ações solicitadas, vez que a análise jurídica e o convencimento acerca das alegações e provas já instruídas em meio litigioso administrativo, recai, por sua própria definição, às unidades de Julgamento desta Secretaria da Receita Federal do Brasil, bem como, no caso específico, ao órgão colegiado do Ministério da Fazenda, ou seja, ao CARF. Fugiria, portanto, no presente caso, à competência desta DRF/BSB analisar documentos apresentados em sede de impugnação ou recurso Fl. 5627DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.628 6 voluntário, pois tal análise está inserida no contexto do próprio processo de julgamento. Ademais, cumpre observar que o trabalho de análise desta DRF/BSB seria inócuo na medida em que a convicção do Órgão julgador prevaleceria e poderia ser distinta daquela realizada pela fiscalização. Pelo exposto, resta prejudicada a solicitação de Parecer Conclusivo em relação à análise de documentos apresentados pela recorrente. O julgador é livre para formar sua convicção e não está sujeito a seguir Parecer Conclusivo emitido pela fiscalização. Portanto, o que de fato se apresenta nesta fase processual é se o CARF considera os documentos e alegações trazidos aos autos pela recorrente como suficientes à comprovação dos estornos por ela apontados e as correspondentes retificações nas bases de cálculo autuadas (itens 4.2.1 a 4.2.6 do recurso voluntário), bem como à comprovação de que as referidas contas correntes destinavamse à arrecadação de valores e se os valores arrecadados nessas contas foram devidamente transferidos para contas de livre movimentação dos apresentantes/credores dos títulos (itens 4.2.7 a 4.2.9 do recurso voluntário). c) (...) Conforme Termo de Intimação fiscal anexo às fls.5542/5551, emitido em 12/07/2017, a contribuinte foi intimada a apresentar cópia dos comprovantes de recolhimento (DARF), bem como discriminação/detalhamento e indicação de quais créditos tributários (Débito/PA/Valor,etc), constituídos por meio do Auto de Infração de CPMF relativo ao período de 12/05/2004 a 31/12/2005, os referidos recolhimentos se referem. Assim, em 26/07/2017, por meio do Ofício anexo às fls. 5556/5557, a contribuinte apresentou a documentação requerida, conforme documentos anexos às fls.5564/5592. Conforme Despacho proferido pela Divisão de Controle e Acompanhamento Tributário anexo às fls.5613, verificase que o montante de R$ 125.749,68, recolhido pela contribuinte em 02/06/2009, relativos aos valores não impugnados, foram devidamente apartados do presente processo e transferidos para o processo nº 11853.000863/200917, conforme Termo de Recepção de créditos tributários (fls.5597/5600) e extrato do processo cobrança (fls.5601/5612). Dessa forma, os débitos cujos valores foram recolhidos pela contribuinte, NÃO se encontram em cobrança no presente processo. Foram devidamente liquidados e constam controlados no processo nº 11853.000863/200917. Por todo o exposto, encerrase a Diligência ora solicitada por meio da RESOLUÇÃO Nº 3402000.862, CARF 3ª SEÇÃO DE JULGAMENTO 4ª CÂMARA, 2ª TURMA ORDINÁRIA (fls.5533/5539). (...) Intimada da diligência, a recorrente não apresentou manifestação dentro do prazo concedido. É o relatório. Fl. 5628DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.629 7 VOTO Acerca da diligência no âmbito do processo administrativo fiscal, o Decreto nº 70.235/72 e o Decreto nº 7.574/2011 assim dispõem: Decreto nº 70.235/72: Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Art. 29. Na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar as diligências que entender necessárias. Decreto nº 7.574/2011: Art. 35. A realização de diligências e de perícias será determinada pela autoridade julgadora de primeira instância, de ofício ou a pedido do impugnante, quando entendêlas necessárias para a apreciação da matéria litigada (Decreto no 70.235, de 1972, art. 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 9 de dezembro de 1993, art. 1o). Parágrafo único. O sujeito passivo deverá ser cientificado do resultado da realização de diligências e perícias, sempre que novos fatos ou documentos sejam trazidos ao processo, hipótese na qual deverá ser concedido prazo de trinta dias para manifestação (Lei n o 9.784, de 1999, art. 28). Art. 36. A impugnação mencionará as diligências ou perícias que o sujeito passivo pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que Gdesejados, e, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito deverão constar da impugnação (Decreto no 70.235, de 1972, art. 16, inciso IV, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). (...) §3o Determinada, de ofício ou a pedido do impugnante, diligência ou perícia, é vedado à autoridade incumbida de sua realização escusar se de cumprilas. Art. 37. No âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, compete ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil a realização de diligências e de perícias (Decreto no 70.235, de 1972, art. 20, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o; Lei no 10.593, de 2002, art. 6o, com a redação dada pela Lei no 11.457, de 2007, art. 9o). Art. 63. Na apreciação das provas, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção, podendo determinar, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou de perícias, observado o disposto nos arts. 35 e 36 (Decreto no 70.235, de 1972, arts. 29 e 18, com a redação dada pela Lei no 8.748, de 1993, art. 1o). [negritei] Fl. 5629DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.630 8 Conforme se lê nas normas legais e regulamentares acima, a autoridade julgadora pode formar livremente sua convicção na análise da prova, sem prejuízo da prévia determinação da realização de diligências quando entender que elas são necessárias para a análise da matéria sob litígio, sendo vedado à autoridade incumbida de sua realização escusar se de cumprilas. Deve ser observado que não há qualquer outra restrição expressa em relação a faculdade do julgador de determinar a realização de diligência, além de sua própria convicção acerca da sua necessidade para análise da matéria sob litígio, não se olvidando, obviamente, da observância aos princípios da eficiência e da motivação dos atos administrativos. Assim, no presente caso, este Colegiado, ao determinar a realização de diligência, não declinou de sua competência de análise das alegações e provas dos autos em favor da fiscalização, mas, pelo contrário, a fim de melhor exercêla, solicitou previamente à fiscalização a sua valorosa apreciação da documentação e dos argumentos apresentados pela recorrente como elemento modificativo da decisão recorrida. Ademais, a determinação para a realização da diligência foi devidamente motivada por este Colegiado, nos termos do art. 50 da Lei nº 9.784/99, no que concerne ao item b), objeto da recusa de atendimento pela fiscalização. Na Resolução nº 3402000.862 restou consignado que: i) o próprio julgador de primeira instância já havia cogitado de converter o julgamento em diligência em face dos documentos carreados pela então impugnante servirem de indício de que as contas dos Grupos B3 e C seriam de arrecadação como alegado pela impugnante; ii) a 3ª Seção de Julgamento do CARF tem orientado sua jurisprudência no sentido de que, em situações em que há alguns indícios de provas, o julgamento pode ser convertido em diligência para análise da nova documentação acostada; iii) o processo administrativo deve atender ao princípio da verdade material; e iv) a realização de diligência encontra fundamento no art. 18 do Decreto nº 70.235/72: O princípio da eficiência também foi observado na determinação de realização de diligência, eis que o AuditorFiscal que, rotineiramente, efetua fiscalizações complexas envolvendo grande volume de dados dos contribuintes, tendo acesso ao exame de livros de escrituração comercial e fiscal e os comprovantes de lançamentos neles efetuados e podendo efetuar intimações para esclarecimentos dos fatos, teria, em tese, melhores condições do que esta Conselheira Relatora de analisar se as contas Grupos B3 e C seriam de arrecadação como alegado pela recorrente, bem como se teriam ocorrido os estornos apontados e as correspondentes retificações nas bases de cálculo autuadas. Não se desconhece também que é competência do AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, nos termos do art. 2º do Decreto nº 6.641/2008, em caráter privativo, dentre outras atribuições, elaborar e proferir decisões ou delas participar em processo administrativo fiscal; executar procedimentos de fiscalização e examinar a contabilidade dos contribuintes. Fl. 5630DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.631 9 No mais, a diligência solicitada encontra justificativa no princípio do contraditório, nos termos do art. 2º da Lei nº 9.784/99, com a possibilidade de a fiscalização analisar os novos documentos trazidos aos autos pela outra parte, dos quais o AuditorFiscal autuante não tinha conhecimento por ocasião do lançamento, e emitir seu juízo de valor, colaborando para a decisão do julgador dentro da sua livre convicção, sem prejuízo, da manifestação posterior da recorrente e sua participação na formação da opinião do julgador, em favor também do próprio princípio do contraditório e da "paridade de armas". A diligência solicitada vai justamente ao encontro do "contraditório efetivo" incorporado pelo Código de Processo Civil de 2015, pelo qual é assegurado o direito de os sujeitos do processo de participar e influir na formulação da decisão do julgador. 1 Por essas razões, entendo que a solicitação contida no item b) da Resolução nº 3402000.862 deve ser reiterada por este Colegiado. Assim, nos termos do art. 18 do Decreto nº 70.235/72 e arts. 35; 36, §3o; 37 e 63 do Decreto nº 7.574/2011, voto no sentido de determinar à DRF/Brasília a realização de diligência para apurar o que se segue, inclusive, se for o caso, solicitando documentos adicionais à contribuinte e averiguando eventuais lançamentos nos livros obrigatórios de escrituração comercial e/ou fiscal da contribuinte: i) Verifique se a documentação juntada aos autos é suficiente para demonstrar os lançamentos de regularização de débitos (estornos) alegados nos itens 4.2.1 a 4.2.6 do recurso voluntário relativamente às Contas 107.0144069, 026.0007739, 176.0000016 , 153.950001 0, 059.9501278 e 159.0000029 nos períodos de apuração apontados pela recorrente. Em caso 1 No novo Código de Processo Civil ficou consagrado o o contraditório efetivo, pelo qual é assegurado o direito dos sujeitos do processo de participar e influir na formulação do provimento judicial, como restou esclarecido na obra de Humberto Theodoro Júnior: O contraditório, outrora visto com dever de audiência bilateral dos litigantes, antes do pronunciamento judicial sobre as questões deduzidas separadamente pelas partes contrapostas, evoluiu, dentro da concepção democrática do processo justo idealizado pelo constitucionalismo configurador do Estado Democrático de Direito. Para que o acesso à justiça (CF, art. 5º, XXXV) seja pleno e efetivo, indispensável é que o litigante não só tenha assegurado o direito de ser ouvido em juízo; mas há de lhe ser reconhecido e garantido também o direito de participar ativa e concretamente, da formação do provimento com que seu pedido de tutela jurisdicional será solucionado. Quer isto dizer que nenhuma decisão judicial poderá, em princípio, ser pronunciada sem que antes as partes tenham tido oportunidade de manifestarse sobre a questão a ser solucionada pelo juiz. O contraditório, nessa conjuntura, tem de ser prévio, de modo que ao julgador incumbe o dever de primeiro consultar as partes para depois formar seu convencimento e, finalmente, decidir sobre qualquer ponto controvertido importante para a solução da causa, ou para o encaminhamento adequado do processo a seu fim. THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil Teoria geral do direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum vol. Rio de Janeiro: Forense, 2017, p. 86. Scarpinella ensina que: "Contraditório deve ser entendido como possibilidade de participação e colaboração ou cooperação ampla de todos os sujeitos processuais ao longo de todo o processo. E mais: esta participação, colaboração ou cooperação devem ser compreendidas na perspectiva de as partes e eventuais terceiros intervenientes conseguirem influenciar a decisão do juiz". No que bem conclui o Professor que: o modelo de processo trazido pelo CPC de 2015 deve ser entendido como um "processo cooperativo" em que todos os sujeitos processuais cooperem ou colaborem entre si com vistas a uma finalidade comum, qual seja, a prestação da tutela jurisdicional. BUENO, Cassio Scarpinella. Manual de direito processual civil. São Paulo: Saraiva, 2016, p. 47 Fl. 5631DF CARF MF Processo nº 14041.000346/200982 Resolução nº 3402001.299 S3C4T2 Fl. 5.632 10 negativo, intime a recorrente a apresentar, dentro de prazo razoável, os documentos que faltariam para a comprovação dos referidos estornos; ii) Verifique se os elementos que constam nos autos, referidos nos itens 4.2.7 a 4.2.9 do recurso voluntário, são suficientes para demonstrar que as Contas 107.0144069, 164.0008516, 176.0000016, 53.9500010, 059.9501278 e 159.0000029 eram contas de arrecadação de títulos dos apresentantes/credores que, por ordem dos cartórios, seria creditada pelo BRB diretamente nas contas dos respectivos titulares dos valores, para a incidência da alíquota zero da CPMF, nos termos do art. 8°, § 3° da Lei n° 9.311/96, regulamentada pela Portaria MF n° 6/97. Em caso negativo, intime a recorrente a apresentar, dentro de prazo razoável, os documentos que faltariam para a comprovação de que as referidas contas seriam de arrecadação; iii) Analise a documentação referida nos itens anteriores e emita Relatório Conclusivo acerca da sua potencialidade para afastar parcialmente a autuação, e em que medida, no que se refere aos referidos estornos e à incidência da alíquota zero nas contas de arrecadação. iv) Cientifique a recorrente do resultado da diligência, concedendolhe o prazo de 30 (trinta) dias para manifestação, nos termos do art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. v) Por fim, após decorrido o prazo de manifestação da interessada, devolva os autos a este Colegiado para julgamento do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 5632DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.901163/2013-20
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2012
RECURSO VOLUNTÁRIO. MATÉRIA ALHEIA À MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE OU AO ACÓRDÃO RECORRIDO. PRECLUSÃO.
É precluso o direito de se apresentar argumentos que não tenham sido suscitados na manifestação de inconformidade e na decisão recorrida.
RECURSO NÃO APRESENTA NOVAS RAZÕES. DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.
O recorrente, afora os argumentos não suscitados na decisão recorrida, apresenta recurso que basicamente repete e reitera as razões da manifestação de inconformidade. Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador da segunda instância, pelo Regimento Interno do CARF, da proposta de manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos.
Numero da decisão: 3001-000.240
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, deixando de conhecer em relação à preclusão, vencido o conselheiro Renato Vieira que não conheceu do recurso. O conselheiro Cássio Schappo não se manifestou em relação ao conhecimento. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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MATÉRIA ALHEIA À MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE OU AO ACÓRDÃO RECORRIDO. PRECLUSÃO. É precluso o direito de se apresentar argumentos que não tenham sido suscitados na manifestação de inconformidade e na decisão recorrida. RECURSO NÃO APRESENTA NOVAS RAZÕES. DECISÃO RECORRIDA. MANUTENÇÃO PELOS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS. O recorrente, afora os argumentos não suscitados na decisão recorrida, apresenta recurso que basicamente repete e reitera as razões da manifestação de inconformidade. Nestes termos, cumpre ressaltar a faculdade garantida ao julgador da segunda instância, pelo Regimento Interno do CARF, da proposta de manutenção da decisão recorrida pelos seus próprios fundamentos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em conhecer parcialmente do recurso voluntário, deixando de conhecer em relação à preclusão, vencido o conselheiro Renato Vieira que não conheceu do recurso. O conselheiro Cássio Schappo não se manifestou em relação ao conhecimento. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 11 63 /2 01 3- 20 Fl. 62DF CARF MF 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão 0258.355, da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte/MG DRJ/BHE que, em sessão de julgamento realizada no dia 29.07.2014, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconheceu o direito creditório postulado e, por decorrência, não homologou a compensação pleiteada. Dos fatos Por bem sintetizar os fatos, transcrevo o relatório do acórdão recorrido (efls. 36 a 43): DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório com número de rastreamento 43266703, emitido eletronicamente em 01/02/2013, referente ao PER/DCOMP nº 40587.35976.191212.1.3.042732. O PerDcomp foi transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS, Código de Receita 2172, no valor de R$ 7.109,60, decorrente de recolhimento com Darf efetuado em 25/05/2012. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE O interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando, em síntese, o que se segue: que a alegação de que não restou crédito disponível não pode ser entendida como fundamento para o DD; que a autoridade administrativa quedouse inerte na análise de qualquer situação que legitima o crédito postulado; que o processo administrativo no âmbito federal tem regulamentação própria e deve ser observada pela autoridade julgadora; que a Lei 9784, de 1999, no art. 2, inciso VIII, dispõe, entre outros, sobre os princípios da legalidade, motivação e observância das formalidades; Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10880.901163/201320 Acórdão n.º 3001000.240 S3C0T1 Fl. 63 3 que a autoridade não se deu nem sequer ao trabalho de motivar seu despacho; que se torna evidente que a não homologação desta compensação ocorreu por uma questão de sistema de informática, porque o crédito propriamente dito nem sequer foi apreciado; que a autoridade administrativa limitouse a verificar se o pagamento realizado estava disponível em seus sistemas; que diversas situações que acarretariam na restituição do valor recolhido, seja pela inclusão indevida de valores na base de cálculo, seja por erro de fato na apuração do imposto, seja por situações que autorizam o contribuinte a reduzir valores da base de cálculo, hipóteses que são regulamentadas pela IN 1.300/2012; que a autoridade administrativa furtouse em analisar qualquer das possibilidades que ensejaria a restituição postulada; que simplesmente não homologar a compensação sem explicar os motivos da suposta indisponibilidade do crédito, torna a decisão totalmente nula, por não oferecer os elementos necessários para que a empresa possa promover sua defesa e a prova da existência deste crédito; que houve cerceamento de direito de defesa, porque a autoridade nem sequer intimou a empresa a prestar os esclarecimentos necessários; em observância ao princípio constitucional da eficiência, a administração está obrigada a intimar o interessado a fazer os esclarecimentos necessários e comprovar o alegado, sempre que lhe restar dúvidas; que ficou impossibilitada a oportuna apresentação de prova do direito alegado, já que nem a autoridade administrativa sabe o motivo do indeferimento, tampouco a impugnante; há de ser aplicada a regra autorizadora da produção posterior de provas, para o momento em que a lide esteja delineada em seus termos. Ao final, pedese que seja determinada a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, que seja acatada a preliminar de nulidade, que sejam promovidas as diligências necessárias à comprovação do crédito, que este seja reconhecido e que a compensação seja homologada. Da decisão de 1ª Instância A 2ª Turma da DRJ/BHE, ao julgar improcedente a manifestação de inconformidade, exarou citado acórdão, cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: Fl. 64DF CARF MF 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do recurso voluntário Irresignado com os termos do acórdão vergastado, o requerente interpôs recurso voluntário. Saliento, de plano, que referida peça é composta por dois conjuntos de argumentos, um primeiro no qual aduz que a autoridade administrativa deixou de apreciar o processo judicial 001862627.2013.4.03.6100, que segundo alega, está em trâmite na 22ª Vara Federal da Capital/SP e que julgou o pedido procedente, bem como determinou a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins do recorrente; e um segundo em que, fazendo uso de outras palavras, desenvolve os mesmos questionamentos, ou seja, aqueles já apresentados na sua manifestação de inconformidade. No que confere identidade com as alegações suscitadas em ambas as peças (manifestação de inconformidade e recurso voluntário), a fim de evidenciála, tomo a liberdade de transcrever os itens do recurso voluntário a seguir, ipsis litteris: (...) 11. Pois bem, no despacho que indeferiu o pedido da recorrente ficou consignado; A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando credito(sic) disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Grifei 12. Dessa forma, estamos diante de um ato administrativo vinculado, sendo necessário preencher os requisitos atribuídos por lei, isto é, não houvera a fundamentação de quais foram os pagamentos localizados, visto que simplesmente noticia por meio da margem da discricionariedade que foram localizados um ou mais pagamentos. 13. Dessa forma, a violação de qualquer dos princípios da Administração ou do direito administrativo, assim como suas regras, pode inibir a edição do ato, a violação isolada ou conjuntamente, sugere o exercício do controle dos atos da administração, seja por meio da aplicação dos princípios da auto tutela e tutela. 14. Deve a Recorrida rever seus próprios atos, seja para revogá los (quando inconvenientes) seja para anulálos (quando Fl. 65DF CARF MF Processo nº 10880.901163/201320 Acórdão n.º 3001000.240 S3C0T1 Fl. 64 5 ilegais). "..." (Sumula(sic) 473 do Supremo Tribunal Federal))(sic). 15. A atuação administrativa desconforme, ou contraria aos princípios enunciados, carreta (sic), por isso, ao ato a invalidade dos efeitos almejados pelo agente ou pela Administração. 16. Como sabemos, a Constituição da República, em norma revestida de conteúdo VEDATÓRIO (CF, art. 5º, LVI), desautoriza, por incompatível com os postulados que regem uma sociedade fundada em bases democráticas (CF, art. 1º), qualquer prova cuja obtenção, pelo Poder Público, derive de transgressão a cláusulas de ordem constitucional, repelindo, por isso mesmo, quaisquer elementos probatórios que resultem de violação do direito material (ou, até mesmo, do direito processual), não prevalecendo, em consequência, no ordenamento normativo brasileiro, em matéria de atividade probatória, a fórmula autoritária do 'male captum, bene retetum'.(sic) 18.(sic) Assim, esse tipo de procedimento que indeferiu o pedido do contribuinte por meio de um ato discricionário e noticia que foram localizados um ou mais pagamentos, por meio de sua administração tributária, vais ao desencontro aos postulados consagrados pela Constituição da República, e revelamse inaceitáveis e não são corroborados pelo Supremo Tribunal Federal, conforme jurisprudência in verbi(sic): (...) Do encaminhamento O presente processo digital, então, foi encaminhado para ser analisado por este CARF na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Da tempestividade O contribuinte, segundo o "Termo de Abertura de Documento", em 03.11.2015, tomou conhecimento do acórdão de manifestação de inconformidade (efl. 46). Irresignado com a referida decisão, o recorrente, conforme o "Termo de Análise de Solicitação de Juntada" (efl. 60), em 02.12.2015, registrou a solicitação de juntada do recurso voluntário apresentado (efls. 49 a 56). No caso, compulsando as datas acima destacadas e confrontandoas com a legislação processual de regência, concluise que o recurso voluntário é tempestivo. Fl. 66DF CARF MF 6 Do não conhecimento Proferida decisão de primeira instância administrativa que seja total ou parcialmente desfavorável ao contribuinte, desta caberá recurso voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, nos termos do art. 33 do Decreto 70.235, de 06.03.1972: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. O dispositivo acima transcrito não deixa dúvida de que os motivos de fato ou de direito, os pontos de discordância e as razões e provas que o sujeito passivo possuir devem ser apresentados em sede de impugnação/manifestação de inconformidade. Quanto ao recurso voluntário, este deve ser interposto em face da decisão de piso (recorrida), restando precluso o direito de se trazer argumentos que não tenham sido suscitados na impugnação/manifestação de inconformidade ou no decisum a quo. No entanto, compulsando a manifestação de inconformidade e o recurso voluntário constatase, conforme já evidenciado no relatório deste acórdão, que, ainda que em sede de manifestação de inconformidade o recorrente tenha se ocupado em rebater as razões de decidir do despacho decisório, para nela suscitar o acatamento das diversas preliminares aduzidas, no intuito de pretender a declaração de nulidade do despacho, por entender que este está eivado de vício insanável, em face da suposta ausência da exposição dos fundamentos que culminaram com a não homologação da compensação declarada, bem assim, para que fosse determinada a remessa dos autos para a unidade de origem, a fim de esta realizar as diligências necessárias à comprovação do alegado crédito, no recurso voluntário, para além de reprisálas circunstância que será devidamente tratada no próximo tópico, traz argumento sobre o qual foi silente na manifestação de inconformidade, qual seja, a que diz respeito ao fato de que "a autoridade administrativa" deixar "apreciar o processo judicial em tramite(sic) na 22ª Vara Federal da Capital/SP, processo n. 001862627.2013.4.03.6100, que julgou o pedido procedente, bem como determinou a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins". Vejase que, embora desprovidos de consistência, não há como conhecer do argumento contido no recurso voluntário que trata do aventado processo judicial 0018626 27.2013.4.03.6100, eis que a questão nele abordada não foi objeto da manifestação de inconformidade, tampouco da decisão recorrida. Isto porque não pode o recorrente modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso administrativo, sob pena de violação do princípio da congruência e ofender aos preceitos gravados nos artigos 16 e 17 do Decreto 70.235 de 1972 e nos artigos 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil, mormente quando falece razão para somente agora trazer aduzir estes novos questionamentos. Por decorrência, a matéria ventilada no recurso voluntário deve limitarse àquela trazida pelo recorrente em sua manifestação de inconformidade, posto que é defeso à parte contrária ser surpreendida com novos argumentos nesta fase processual, sob pena de violar o princípio do contraditório e da ampla defesa, da supressão de instância e da lealdade processual, que deve preponderar entre as partes e ser incentivada e supervisionada pelo órgão julgador. Da manutenção dos fundamentos da decisão recorrida Dispõe o artigo 57 do Anexo II do RICARF (Portaria MF 343 de 09.06.2015), in verbis: Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10880.901163/201320 Acórdão n.º 3001000.240 S3C0T1 Fl. 65 7 Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: (...) § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. (...) § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) (grifei) Nos termos do faculdade garantida ao julgador do colegiado ad quem, pela norma acima transcrita e grifada, a decisão recorrida deve ser mantida pelos seus próprios fundamentos no que se refere (i) ao pedido de posterior juntada de prova e realização de diligência, (ii) à arguição de nulidade do despacho decisório, (iii) à motivação do despacho decisório, (iv) à falta de intimação para prestar esclarecimentos e, por fim, (v) ao ônus da prova, razão pela qual transcrevo na íntegra seu voto condutor. Vejamos: Voto A manifestação de inconformidade é tempestiva e dela tomase conhecimento. PEDIDO DE POSTERIOR JUNTADA DE PROVA E DILIGÊNCIA O momento oportuno para a juntada de provas em que se fundamentam as alegações é quando da apresentação da impugnação (art. 15 do Dec. n.º 70.235, de 1972). O § 4º e o § 5º do art. 16 do Dec. n.º 70.235, de 1972, instituídos pelo art. 67 da Lei n.º 9.532, de 10 de dezembro de 1997, estabelecem a preclusão da juntada de prova documental depois de trazida a impugnação, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos. Sem a comprovação da ocorrência de uma dessas condições, não há falar em juntada de novos documentos. Alegase que a apresentação de provas não foi possível, porque o interessado não sabe o motivo da não homologação da compensação. O alegado desconhecimento não se justifica, conforme se demonstra no tópico seguinte deste voto. Da mesma forma, considerase não formulado o pedido de diligência que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16 do Dec. n.º 70.235, de 1972, acrescido pelo art. 1.º da Lei n.º 8.748, de 09 de dezembro de 1993 (§ 1º do Fl. 68DF CARF MF 8 mesmo art. 16). O pedido de diligência deve conter os motivos que o justifiquem e os quesitos referentes aos exames desejados, não sendo admitido quando efetuado de forma genérica. De toda sorte, o pedido de diligência deve ser indeferido, por ser prescindível. Não cabe a realização de diligência para sanar a insuficiência de prova das alegações do contribuinte. A diligência só se justifica quando há dúvida diante dos fatos; ela visa a fornecer ao julgador informações necessárias para a formação da sua convicção que não estejam a sua disposição. No caso, há nos autos elementos suficientes para a solução da lide. ARGÜIÇÃO DE NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO Quanto à argüição de nulidade do despacho, ela é descabida. A matéria é regida pelos arts. 59 e 60 do Dec. n.º 70.235, de 1972, abaixo transcritos: "Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ................................................... Art. 60 As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." O despacho contestado não é nulo, porque não observadas as hipóteses do inciso II do art. 59 acima transcrito. O ato foi lavrado por autoridade competente e não houve preterição do direito de defesa. A alegada falta de motivação do despacho não se confirma e a falta de intimação prévia não prejudica a defesa, conforme será demonstrado em tópico mais adiante deste voto. Outras irregularidades, incorreções e omissões não importam nulidade, mas saneamento, quando muito. Entretanto, nada há que demande o saneamento previsto no art. 60 do Dec. n.º 70.235, de 1972, transcrito no item anterior deste voto. No ato contestado não há o que prejudique o próprio processo, ou o estabelecimento da relação jurídica processual, nele constando todas as formalidades exigidas na legislação para que seja considerado válido ou juridicamente perfeito. Em verdade, não se verificam, no despacho decisório, irregularidades, incorreções nem omissões que prejudiquem o reclamante, ou influam na solução do litígio. Motivação do Despacho Decisório O despacho não deixa dúvida quanto à sua motivação: o fundamento de fato para a não homologação é a inexistência do crédito utilizado na compensação; o fundamento legal é, entre outros, o art. 74 da Lei n.º 9.430, de 1996. O caput do referido artigo diz que o sujeito passivo que apurar crédito passível de restituição ou de ressarcimento poderá utilizálo na Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10880.901163/201320 Acórdão n.º 3001000.240 S3C0T1 Fl. 66 9 compensação de débitos próprios. Isso significa que, se o sujeito passivo não apurar crédito passível de restituição ou ressarcimento, não poderá fazer compensação. Portanto, a inexistência do crédito utilizado no PER/DCOMP é fundamento de fato legítimo e suficiente para a não homologação. O despacho decisório explicita de maneira fundamentada, como se concluiu pela inexistência do crédito utilizado. Lá consta que o Darf apresentado como origem do crédito foi utilizado para pagamento de tributo declarado. Entre as informações nele apresentadas, estão o valor original do débito declarado, seu período de apuração e o código do tributo. Demonstrase, assim, que o despacho traz, de forma explícita, a motivação da não homologação. A exposição é clara e exaustiva, não havendo preterição do direito de defesa. A análise da motivação é questão de mérito. Sua eventual improcedência não é motivo de nulidade e não afeta o estabelecimento da relação jurídica processual. Falta de Intimação Para Prestar Esclarecimentos Pelo que dispõe o Decreto nº 70.235, de 1972, não constitui irregularidade a falta de oportunidade para a manifestação do sujeito passivo antes da ciência do despacho decisório de não homologação da compensação. O Decreto nº 70.235, de 1972, rege o processo administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União e o de consulta sobre a aplicação da legislação tributária federal (art. 1º). A sua sistemática compreende a existência de autos de infração ou notificações de lançamento, que formalizam a exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada, nos termos de seu art. 9º, com a redação data pela Lei nº 8.748, de 1993. No caso, não se trata de processo de exigência de crédito tributário, mas de não homologação de compensação. Outras normas facultaram a apresentação de reclamação contra atos administrativos distintos do lançamento e imputaram a competência de seu julgamento, em 1ª instância, também às Delegacias da Receita Federal de Julgamento. Diz o § 9º do art. 74 da Lei n.º 9.430, 27 de dezembro de 1996, que é facultado ao sujeito passivo, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. De acordo com o § 11 do mesmo artigo 74, a manifestação de inconformidade de que trata o § 9º segue o Decreto n.º 70.235, de 1972. O Dec. n.º 70.235, de 1972, tratou da lide fiscal como algo que gira em torno da exigência fiscal e é por ela delimitada. Antes da formalização da exigência, com a ciência do auto de infração, não há o que contestar, não há do que se defender, não há litígio. Intimações para prestar esclarecimentos, quando feitas Fl. 70DF CARF MF 10 no curso das investigações, não conferem contraditório; respostas a elas dadas não constituem defesa, pois sem auto de infração, não há acusação do que se defender. A impugnação da exigência é que instaura a fase litigiosa do procedimento (art. 14 do Dec. n.º 70.235, de 1972). O direito ao contraditório e a ampla defesa surgem com a ciência do lançamento. No processo de nãohomologação de compensação não há auto de infração nem lançamento. O despacho decisório não constitui “decisão” no processo administrativo, e sim ato contra o qual se instaura o litígio. O tratamento que o Decreto determina para o auto de infração deve ser dado ao despacho decisório contestado (ato de nãohomologação da compensação); o tratamento determinado para a impugnação deve ser dado à manifestação de inconformidade. Assim sendo, o litígio só se instaura com a apresentação da manifestação de inconformidade. Antes da ciência do despacho decisório, não há falar em contraditório, muito menos em oportunidade para o sujeito passivo se manifestar contra a motivação da nãohomologação da compensação. Assim sendo, é despropositada a alegação de falta de oportunidade para defesa. A oportunidade foi dada pelo despacho decisório, no qual o sujeito passivo é alertado para o direito ao contraditório que lhe assiste. Tal direito foi exercido com a apresentação de manifestação de inconformidade. A análise que aqui se faz da manifestação de inconformidade comprova que o direito de defesa e o devido processo legal estão sendo respeitados. ÔNUS DA PROVA É condição indispensável para a homologação da compensação pretendida, que o crédito do sujeito passivo contra a Fazenda Pública seja líquido e certo (art. 170 do CTN). Em um processo de restituição, ressarcimento ou compensação, é o contribuinte que toma a iniciativa de viabilizar seu direito ao aproveitamento do crédito, quer por pedido de restituição ou ressarcimento, quer por compensação, em ambos os casos mediante a apresentação do PER/DCOMP, de tal sorte que incumbirá a ele o contribuinte demonstrar seu direito. Levandose em conta que o crédito oferecido à compensação deve ser líquido e certo, concluise que a RFB deve indeferir o pedido ou não homologar a compensação, quando não há certeza e liquidez, como ocorre nos casos de contradição do próprio contribuinte em suas declarações. Se o Darf indicado como origem do crédito utilizado no PER/DCOMP foi anteriormente vinculado em DCTF pelo próprio sujeito passivo a um débito nela declarado, a decisão da RFB de indeferir o pedido de restituição ou de não homologar a compensação está correta. A DCTF tem a natureza jurídica de confissão de dívida e é instrumento hábil e suficiente para a exigência do débito nela confessado. A declaração presumese verdadeira em relação ao declarante (CC, art. 219 e CPC, art. 368). A declaração válida, oportunamente transmitida, faz prova do valor do débito contra Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10880.901163/201320 Acórdão n.º 3001000.240 S3C0T1 Fl. 67 11 o sujeito passivo e em favor do fisco. Assim, para contestar o fundamento do despacho decisório, cabe ao recorrente demonstrar erro ou a falsidade de sua DCTF. Se não o fizer, o motivo do indeferimento permanece. O contribuinte não trouxe aos autos nenhum documento contábil ou fiscal que demonstrasse suas afirmações genéricas. Ele alega que há situações que podem dar ensejo à restituição, como a inclusão indevida de valores na base de cálculo, erro material na apuração do imposto e reduções de valores da base de cálculo que são autorizadas. Contudo, não prova nenhuma situação concreta que o favoreça e que não tenha sido considerada na apuração do débito confessado em DCTF. As verificações efetuadas nos sistemas da Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) e nos autos desse processo podem ser assim consolidadas: (...) Ainda que o DARF utilizado constituísse pagamento indevido, não seria suficiente para fazer frente a tantas compensações com ele pretendidas. O mesmo DARF, no valor de R$ 8.730,85, foi utilizado em 16 PER/DCOMP para compensar débitos que somam R$ 126.257,13, conforme abaixo discriminado: PER/DCOMP Nº PROCESSO TOTAL DÉBITO 1 04149.70481.310712.1.3.040409 10880.901160/201396 8.632,81 2 36094.19042.301012.1.3.048053 10880.901161/201331 8.734,16 3 12303.62092.301012.1.3.049050 10880.901162/201385 6.403,97 4 40587.35976.191212.1.3.042732 10880.901163/201320 7.355,73 5 30023.26009.260313.1.3.042728 9.274,77 6 32770.24109.190413.1.3.040093 8.720,85 7 34217.56586.190413.1.3.040240 8.711,23 8 35783.65062.190413.1.3.041008 8.730,85 9 36580.53877.230513.1.3.049285 8.640,21 10 41183.75600.230513.1.3.048023 9.123,56 11 30295.79067.230513.1.3.049453 5.858,42 12 10698.02195.230513.1.3.044407 9.325,45 13 39690.61584.230513.1.3.045474 9.312,32 14 13124.37746.230513.1.3.047838 6.258,11 15 21738.25268.160813.1.3.040172 6.274,70 16 19945.52157.160813.1.3.049510 4.899,99 SOMA 126.257,13 Fl. 72DF CARF MF 12 Isto porque, ao meu sentir resta absolutamente demonstrado (i) a lisura do procedimento que culminou no despacho decisório, (ii) seus aspectos intrínsecos e extrínsecos e, de resto, (iii) a ausência de fundamentos jurídicos e fáticos que pudessem dar guarida às pretensões do recorrente, posto que não logrou, seja em sede de manifestação de inconformidade seja em fase recursal, comprovar, de forma mínima sequer, a existência do suposto crédito, informado no PER/DCOMP 40587.35976.191212.1.3.042732. Por todos esses fatos, não tenho como chegar a outra conclusão senão a de que a decisão contida no acórdão recorrido é inelutável. Da conclusão Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer da parte do Recurso Voluntário apresentado que trata da não apreciação do processo judicial 0018626 27.2013.4.03.6100, em face da preclusão, e na parte conhecida negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 73DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13851.900219/2006-35
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 03 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 1001-000.428
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa- Presidente.
(assinado digitalmente)
José Roberto Adelino da Silva - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva
Nome do relator: JOSE ROBERTO ADELINO DA SILVA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues, Lizandro Rodrigues de Sousa e José Roberto Adelino da Silva Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da 5ª Turma da DRJ/POR, acórdão nº. 1429.121 , que por unanimidade de votos julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela ora Recorrente, não reconhecendo o seu direito creditório. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 1. 90 02 19 /2 00 6- 35 Fl. 97DF CARF MF 2 Por economia processual passo a adotar o suscinto relatório elaborado pela DRJ, in verbis: A manifestação de inconformidade interposta atende aos pressupostos de admissibilidade. Assim sendo, dela conheço. O valor do indébito com o qual a contribuinte declarou a compensação, objeto deste processo, seria originário de pagamento indevido ou a maior de imposto sobre a renda de pessoa jurídica (IRPJ), código de receita: 3373, no valor de R$ 25.858,64, relativo ao primeiro trimestre de 2002. Com efeito, no que diz respeito ao IRPJ, atinente ao primeiro trimestre do anocalendário de 2002, observo que a contribuinte retificou a DCTF do 2° trimestre de 2002, para alterar, para menos, o quantum da dívida originariamente declarada, de R$ 49.662,52 para R$ 23.505,54, de sorte a delinear o crédito pretendido. Tenhase presente, ainda, que referido ato ocorreu somente em07/06/2008, consoante comprova o recibo de entrega via intemet à fl. 19. A contribuinte, portanto, pretende que o indébito fiscal se exteriorize tão somente com os dados declarados em sua DCTF do 2° trimestre de 2002. Nesse sentido, não se pode olvidar que o reconhecimento de direito creditório contra a Fazenda Nacional exige a averiguação da liquidez e certeza do suposto pagamento a maior de tributo, fazendose necessário verificar a exatidão das informações a ele referentes, confrontandoo com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente e análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o montante de tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado. Inclusive, por se tratar de contribuinte sujeita ao regime de apuração dos tributos com base no lucro real, esta deveria, ao fim de cada períodobase de incidência do tributo, apurar o lucro liquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, que serão transcritos no Livro de Apuração de Lucro Real (LALUR), nos termos dos artigos 7° e seu § 4°, e 8°, inciso I, ambos do DecretoLei n° 1.598. de 1977. in verbis: “Art 7° O lucro real será determinado com base na escrituração que 0 contribuinte deve manter. com observância das leis comerciais e fiscais. K») § 4° Ao fim de cada períodobase de incidência do imposto o contribuinte deverá apurar 0 lucro liquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial. do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 13851.900219/200635 Acórdão n.º 1001000.428 S1C0T1 Fl. 3 3 Art 8° O contribuinte deverá escriturar, além dos demais registros requeridos pelas /eis comerciais e pela legislação tributária, os seguintes livros: 1 de apuração de lucro real. no qual: ' a) serão lançados os ajustes do lucro liquido do exercício, de que tratam os §§ 2°e 3"do artigo 6": b) será transcrito a demonstração do lucro real (§ 1 Ú; (~ )~ 'I Neste contexto, a contribuinte deveria trazer provas, lastreadas em lançamentos contábeis, dentre estas, destacamse: os registros contábeis de conta no ativo do IRPJ a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário e Razão, Lalur, etc., tudo de forma a ratificar o indébito pleiteado. Consoante noção cediça, a escrituração contábil e fiscal mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: ç “art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto Lei nº 1.598, de 1977. art. 93, § 1º ) No caso presente, a recorrente, com o recurso a esta instância julgadora,nada apresentou, além da própria DCTFretificadora. Ora, tal qual o pagamento de tributos e contribuições, que necessita, para convalidar o recolhimento efetuado, de uma série de atos do sujeito passivo, como manter escrituração contábil, baseada em documentos hábeis e idôneos, e a partir desta documentação determinar o tributo devido e recolher o correspondente valor, a restituição também almeja, para materializar o indébito, atividade semelhante. Por tais razões, a contribuinte, quando apresenta uma Declaração de Compensação, deve, necessariamente, provar um crédito tributário a seu favor para ter o direito de extinguir um débito tributário constituído em seu nome, de forma que o reconhecimento do indébito tributário seja 0 fundamento fático e jurídico de qualquer declaração de compensação. A propósito do tema, cumpre destacar 0 informativo de jurisprudência do STJ de n° 320, de 14 a 18 de maio de 2007, que trouxe o seguinte julgado: RESTITUIÇÃO. INDEB1TO. PROVA. RECOLHIMENTOS. A recorrente aduz que a eventua1restituição se cabível, haveria de ser respaldada em prova documental, acostada na inicial, dos valores efetivamente pagos com s devidas comprovações de recolhimento, e ante tal incerteza pode ser a União condenada à Fl. 99DF CARF MF 4 restituição dos valores postulados (vela via da compensação), sob pena de infração ao principio do enriquecimento sem causa. Isso posto, a Turma deu provimento ao recurso.do argumento de que o pressuposto fático do direito de compensar é a existência do indébito. Sem prova desse pressuposto, a sentença teria caráter apenas normativo, condicionada à futura comprovação de um fato. REsp 924.550SC, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, julgado em 15/5/2007. (gn) Nesse sentido, na declaração de compensação apresentada, o indébito não contém os atributos necessários de liquidez e certeza, os quais são imprescindíveis para reconhecimento pela autoridade administrativa de crédito junto à Fazenda Pública, sob pena de haver reconhecimento de direito creditório incerto, contrário, portanto, ao disposto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN). Diante do exposto, VOTO pela improcedência da manifestação de inconformidade. Voto Conselheiro José Roberto Adelino da Silva Relator Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou o recurso voluntário tempestivo e que atende aos demais requisitos de admissibilidade, previstos no Decreto 70.235/72, no qual: Preliminarmente, argumenta, em síntese, que o auditor fiscal utilizouse de presunções para indeferir o seu pleito e que ficou configurado o “abuso de poder”; Alegou cerceamento do seu direito de defesa posto que não foi intimado a prestar esclarecimentos, que deveria ter sido intimado a prestar, em prazo razoável, todos os esclarecimentos e que (reproduzo a seguir: O Auditor do fisco não solicitou à Recorrente qualquer esclarecimento quanto a origem dos créditos, tampouco quanto a contabilização deste, de fato temse que a Recorrente declarou seu crédito por pagamento indevido ou a maior e juntou a declaração dos tributos federais devidos Retificadora) de onde se verifica facilmente a divergência entre os recolhimentos realizados e os valores efetivamente devidos, constatandose assim a diferença a seu favor como crédito, em total desrespeito à garantia constitucional do direito do amplo direito de defesa e do contraditório. Assim, como o contribuinte (Recorrente) não pôde exercer o direito de defesa durante o processo de fiscalização, a lavratura do AIIM em referência, inclusive o lançamento tributário, são nulos. O cerceamento apontado pela Recorrente não diz respeito à oportunidade de defesa e recursos administrativos, mas sim na ação fiscalizadora (verificação da declaração de compensação), Fl. 100DF CARF MF Processo nº 13851.900219/200635 Acórdão n.º 1001000.428 S1C0T1 Fl. 4 5 de forma a evitar a cobrança de débito tributário indevido e conseqüentes prejuízos e despesas correlatas. Igualmente quanto o direito ao contraditório, pois a Recorrente não pode apresentar qualquer argumento contra ao que foi acusada de infringir a legislação, tendo sido, portanto, tolhida de garantia constitucional, uma vez que após a não homologação da declaração de compensação tratase de processo administrativo garantido por legislação especial. Alegações de Mérito: A recorrente é tributada pelo lucro real trimestral; A recorrente, equivocadamente, apurou os valores de CSLL e IRPJ, em cada trimestre, fracionando o recolhimento nos três meses seguintes; Efetuou o pagamento a maior que o devido; Apresenta tabela demonstrando o valor recolhido a maior (fl 39); Argumenta que o relatório denominado "informação fiscal" indicou que os créditos já tinham sido utilizados não restando mais créditos disponíveis; Em síntese, reclama que houve análise dos documentos e que a recorrente não foi notificada para efetuar a comprovação e que não houve diligência; Afirma que houve duplicidade de cobrança; e afirma que os créditos apontados representam tributo pago a maior ou indevidamente e que a sua não homologação resultará em duplicidade, também. Por último, requer: 1) Seja reformada a decisão recorrida e julgado procedente o presente RECURSO em todo seu conteúdo; ` 2) Seja julgada improcedente a cobrança do débito apontado nestes autos e que o valor correspondente seja homologado para efeito de compensação do débito ali apontado; 3) Seja o Processo Administrativo de Declaração de Compensação (PER/DCOMP) homologado em toda sua totalidade e determinado o arquivamento do mesmo; 4) Seja o alegado provado por todos os meios em direito admitidos, inclusive documentais, caso outros, além daqueles que estão sendo juntados nesta data, venham a surgir; . 5) Protestase, desde já por sustentação oral; . 6) E, por fim, seja, dado íntegra*I provimento ao presente RECURSO, para o fim de ser decretada a insubsistência do VALOR NÃO HOMOLOGADO no processo Administrativo 13851300219/200635 de compensação de créditos, sendo este devidamente arquivado. Fl. 101DF CARF MF 6 A recorrente anexou cópias de PERD/COMP, DCTF, BALANCETES e DIPJ para suportar os seus argumentos. A DRJ, por sua vez, alegou, em seu acórdão, que cabe ao contribuinte fazer prova da existência e composição dos débitos, mediante confrontandoo com os registros contábeis e fiscais efetuados com base na documentação pertinente e análise da situação fática, de modo a se conhecer qual seria o montante de tributo devido e comparálo ao pagamento efetuado (antes mencionado, na íntegra e aqui repetido apenas para ratificar os argumentos) como segue: Inclusive, por se tratar de contribuinte sujeita ao regime de apuração dos tributos com base no lucro real, esta deveria, ao fim de cada períodobase de incidência do tributo, apurar o lucro liquido do exercício mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do exercício e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados, que serão transcritos no Livro de Apuração de Lucro Real (LALUR), nos termos dos artigos 7° e seu § 4°, e 8°, inciso I, ambos do DecretoLei n° 1.598. de 1977. in verbis: ... Neste contexto, a contribuinte deveria trazer provas, lastreadas em lançamentos contábeis, dentre estas, destacamse: os registros contábeis de conta no ativo do IRPJ a recuperar, a expressão deste direito em balanços ou balancetes, os Livros Diário e Razão, Lalur, etc., tudo de forma a ratificar o indébito pleiteado. Consoante noção cediça, a escrituração contábil e fiscal mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais, conforme dispõe o artigo 923 do RIR/1999: No caso presente, a recorrente, com o recurso a esta instância julgadora, nada apresentou, além da própria DCTF retificadora. A recorrente anexou diversas provas, entretanto a DCTF retificadora foi apresentada em 07/06/2008, relativamente ao 2° trimestre de 2002, portanto, após transcorrido o prazo decadencial. Não restam dúvidas de que a DCTF constitui confissão de dívida, a alteração do lançamento se dá mediante a retificação da originalmente entregue. Se isto não ocorrer, o crédito tributário fica mantido. O Parecer Normativo COSIT n° 2/2015, assim dispõe: 3 É possível o reconhecimento do crédito com base em provas ou indícios sem a retificação da DCTF? Não. A DCTF é confissão de dívida, portanto sua retificação é imprescindível para o reconhecimento do crédito. A existência de crédito líquido e certo é requisito legal para a concessão da compensação (CTN, art. 170). A divergência entre os valores Fl. 102DF CARF MF Processo nº 13851.900219/200635 Acórdão n.º 1001000.428 S1C0T1 Fl. 5 7 informados na DCTF afasta a certeza do crédito e é razão suficiente para o indeferimento do pedido. A súmula 436 do Superior Tribunal de Justiça STJ assim enunciou: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui crédito tributário, dispensada qualquer outra providência por parte do fisco. Quanto ao pedido de sustentação oral de suas razões de defesa, a recorrente deverá seguir o § 2º, do art. 61A, do RICARF Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que dispõe da forma e do momento oportuno para tal, verbis: § 2º (...) eventual sustentação oral estará condicionada a requerimento prévio, apresentado em até 5 (cinco) dias da publicação da pauta, (...). (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Portanto, nego provimento ao presente recurso não cabendo o reconhecimento do direito creditório. É como voto. (assinado digitalmente) José Roberto Adelino da Silva Fl. 103DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11080.723724/2013-21
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DE OPÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO COM EXIGIBILIDADE NÃO SUSPENSA. MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO.
Se no prazo limite para a opção a empresa possuir débitos sem exigibilidade suspensa perante a Fazenda Pública, não poderá ingressar no Simples Nacional.
Numero da decisão: 1001-000.296
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 SIMPLES NACIONAL. INDEFERIMENTO DE OPÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO COM EXIGIBILIDADE NÃO SUSPENSA. MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO. Se no prazo limite para a opção a empresa possuir débitos sem exigibilidade suspensa perante a Fazenda Pública, não poderá ingressar no Simples Nacional.
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INDEFERIMENTO DE OPÇÃO. EXISTÊNCIA DE DÉBITO COM EXIGIBILIDADE NÃO SUSPENSA. MANUTENÇÃO DO INDEFERIMENTO. Se no prazo limite para a opção a empresa possuir débitos sem exigibilidade suspensa perante a Fazenda Pública, não poderá ingressar no Simples Nacional. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 37 24 /2 01 3- 21 Fl. 71DF CARF MF Processo nº 11080.723724/201321 Acórdão n.º 1001000.296 S1C0T1 Fl. 72 2 Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 11ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento no Rio de Janeiro I (RJ), mediante o Acórdão nº. 1266.308, de 11/06/2014 (efls. 51/55), objetivando a reforma do referido julgado. Em 30/01/2013, a empresa fez a opção pelo Simples Nacional, que foi indeferida, mediante o “Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional”, de 18/02/2013, (efl. 03), sob o fundamento de que a pessoa jurídica incorreu, naquele momento, na(s) seguinte(s) situação(ões) impeditiva(s): Débito previdenciário com a Secretaria da Receita Federal do Brasil, cuja exigibilidade não está suspensa. Lista de Débitos: 1) Débito: 405492731 Débitos não previdenciário com a Secretaria da Receita Federal, cuja exigibilidade não está suspensa: Código da Receita: 6106, Nome do Tributo: SIMPLES, Períodos de apuração: 03 a 07/2007. A interessada apresentou manifestação de inconformidade contra o indeferimento da sua opção pelo Simples Nacional, alegando que os débitos em questão foram quitados em tempo hábil e/ou parcelados. Anexa documentos. A DRJ constatou, nas telas de consulta ao sistema informatizado, inseridas no processo pela DRF, que a empresa quitou todos os débitos nãoprevidenciários (efls. 46/47), no entanto, negou provimento à impugnação pois o débito previdenciário, cujo DEBCAD é o de nº 40.549.2731, encontrase em cobrança pela PGFN, conforme tela de consulta de fls. 43/44. Corrobora a informação, o despacho da DRF, de 08/07/2013 (efl. 45), de que o débito 40.549.2731 encontravase devedor na PGFN desde 09/12/2012. O acórdão ficou assim ementado: ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 SIMPLES NACIONAL. REGULARIZAÇÃO DE PENDÊNCIA IMPEDITIVA FORA DO PRAZO LEGAL. Não regularizadas todas as pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, dentro do prazo previsto na norma, mantémse o indeferimento da opção pelo Simples Nacional. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio. Ciente da decisão de primeira instância em 08/07/2014, conforme Aviso de Recebimento à efl. 59, a Recorrente apresentou recurso voluntário em 06/08/2014 (efls. 62/68), conforme carimbo aposto à efl. 62. É o Relatório. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 11080.723724/201321 Acórdão n.º 1001000.296 S1C0T1 Fl. 73 3 Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. Gira a lide sobre o indeferimento do pedido de inclusão no Simples Nacional, em virtude dos referidos débitos não estarem com a exigibilidade suspensa. A base legal da manutenção do indeferimento foi o art. 17, inciso V, da Lei Complementar 123/2006, verbis: Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; (grifo não consta do original) Nesse particular, mediante o art 6º, §§1º e 2º, da Resolução CGSN nº 94/2011, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), assim dispôs sobre a forma de ingresso no regime especial: DA OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL Art. 6º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio do Portal do Simples Nacional na internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) § 1º A opção de que trata o caput deverá ser realizada no mês de janeiro, até seu último dia útil, produzindo efeitos a partir do primeiro dia do anocalendário da opção, ressalvado o disposto no § 5º. (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, § 2º) § 2º Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Lei Complementar nº 123, de 2006, art. 16, caput) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (grifos não pertencem ao original) No recurso interposto, a recorrente alega que recebeu informação da atendente de que se tratava de "um débito indevido, mas que para evitarmos burocracia, devíamos pagar, o que foi feito conforme poderá ser observado nos registros do órgão, e então compensar em Gfip futura, do mês 09/2012". Anexa tela de consultas ao sistema de arrecadação (efls. 63 a 66). Fl. 73DF CARF MF Processo nº 11080.723724/201321 Acórdão n.º 1001000.296 S1C0T1 Fl. 74 4 Em relação ao suposto débito indevido, a recorrente deveria, para provar o alegado, ter apresentado à Unidade da RFB de sua jurisdição, dentro deste prazo limite, pedido de Revisão de Inscrição em Dívida Ativa, o que não se verifica nos autos. Quanto ao mérito da lide em questão, para inclusão no Simples Nacional a recorrente dispunha do prazo até 31/01/2013, para regularizar eventuais pendências impeditivas, no entanto, a quitação dos débitos, conforme se constata na tela de consulta ao sistema de arrecadação, anexada pela própria recorrente, à efl. 66, somente ocorreu em 04/04/2014, portanto, após o prazo limite para regularização. Por este motivo não tem como prosperar o pedido da recorrente. Pelo exposto, face à comprovada existência de débitos não suspensos perante à Fazenda Nacional na data limite para a opção, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário mantendose o indeferimento da opção pelo Simples Nacional. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 74DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.905178/2012-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.172
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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decisao_txt : Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
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(assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente Substituto), Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Juiz de Fora/MG que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que não homologara a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Na Manifestação de Inconformidade, o contribuinte alegou haver transmitido DCTF retificadora na qual se confirmou o seu crédito e que o quantum informado e pleiteado no PER/DComp era suficiente para a homologação da compensação declarada. Requereu, ainda, a juntada do presente processo a outro processo administrativo alegando haver conexão entre eles. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .9 05 17 8/ 20 12 -1 0 Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10675.905178/201210 Resolução nº 3201001.172 S3C2T1 Fl. 130 2 A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na falta de apresentação de prova documental por parte do interessado que pudesse embasar o indébito tributário alegado. Apontou a autoridade julgadora de primeira instância que a simples retificação da DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não era hábil à modificação do Despacho Decisório. Cientificado da decisão de piso, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e, sucintamente, reiterou a existência do crédito postulado, anexando documentação complementar com vista à comprovação do direito creditório. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.164, de 27/02/2018, proferido no julgamento do processo 10675.905169/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.164): Como relatado, discutese no presente feito a legitimidade de crédito postulado pela Recorrente por meio de PER/DCOMP, correspondente à apuração de COFINS não cumulativa. De acordo com o PER/DCOMP apresentado, o crédito postulado teve origem no pagamento indevido ou a maior de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS. Consoante Despacho Decisório Eletrônico proferido, o crédito indicado seria inexistente, posto que o recolhimento do DARF em questão teria sido integralmente utilizado para a quitação de débito de COFINS declarado pelo próprio contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, a Recorrente aduz que o crédito utilizado é legítimo, informando que: Visando recuperar o crédito tributário acima apontado, a Manifestante providenciou a retificação da DCTF em 04/02/2011, conforme atesta o recibo de entrega nº 35.35.13.86.29.00, e a retificação do DACON em 27/01/2011, consoante atesta o recibo de entrega nº 1078177135. Diante da regular constituição do crédito tributário, através da retificação das obrigações acessórias acima mencionadas, a Manifestante transmitiu o PER/DCOMP nº 33828.46086.280111.1.3.042016 para a Receita Federal do Brasil em 28/01/2011 para compensar o seu lídimo crédito tributário com outros débitos tributários de sua titularidade. Foram anexadas à Impugnação cópias das declarações mencionadas. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10675.905178/201210 Resolução nº 3201001.172 S3C2T1 Fl. 131 3 A Delegacia da Receita Federal indeferiu a Manifestação apresentada ao argumento de que a "compensação é realizada mediante entrega da DCOMP. Assim, o crédito informado deve existir na data da transmissão dessa Declaração" Com efeito, não resta dúvidas de que a retificação da DCTF da Recorrente ocorreu após a transmissão do PER/DCOMP, muito embora esta tenha ocorrido anteriormente à emissão do Despacho Decisório Eletrônico. Não obstante, embora não afaste a possibilidade de revisão do lançamento, a partir dos documentos apresentados pela Recorrente em sede de Manifestação de Inconformidade, entendeu a Turma Julgadora de origem que os documentos apresentados não seriam suficientes para a análise do crédito postulado: Entretanto, a contribuinte limitouse a apresentar a DCTF retificadora e a informar que o crédito decorre da retificação da DCTF. Nada mais foi trazido, como, por exemplo, escrituração contábil, documentos fiscais ou quaisquer outros documentos hábeis e idôneos que demonstrassem a liquidez e certeza do direito creditório pretendido. No presente caso, somente a apresentação de documentos integrantes da escrituração contábil e fiscal da empresa poderiam comprovar o montante do tributo devido no período, e que, desta forma, o pagamento indevido ou a maior efetuado em DARF daria ao interessado crédito passível de ser compensado. São os livros fiscais e contábeis mantidos pelo contribuinte, os elementos capazes de fornecer à Fazenda Nacional conteúdo substancial válido juridicamente para a busca da verdade material dos fatos. Em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente reafirma os argumentos de defesa e, diante dos fundamentos do acórdão recorrido, acrescenta aos autos cópia do seu balancete contábil. Na hipótese dos autos, não houve inércia do contribuinte na apresentação de documentos, além do fato de que a retificação da sua DCTF ocorreu antes da emissão do despacho decisório. O que se verifica é que os documentos inicialmente apresentados em sede de Manifestação de Inconformidade se mostraram insuficientes para que a Autoridade Julgadora determinasse a revisão do crédito tributário. E, imediatamente após tal manifestação, em sede de Recurso Voluntário, foram apresentados novos documentos. Ademais, não se pode olvidar que se está diante de um despacho decisório eletrônico, ou seja, a primeira oportunidade concedida ao contribuinte para a apresentação de documentos comprobatórios do seu direito foi, exatamente, no momento da apresentação da sua Manifestação de Inconformidade. E, foi apenas em sede de acórdão, que tais documentos foram tidos por insuficientes. Sabese quem em autuações fiscais realizadas de maneira ordinária, é, em regra, concedido ao contribuinte diversas oportunidades de apresentação de documentos e esclarecimentos, por meio dos Termos de Intimação emitidos durante o procedimento. Assim, limitar, na autuação eletrônica, a oportunidade de apresentação de documentos à manifestação de inconformidade, aplicando a preclusão relativamente ao Recurso Voluntário, não me parece razoável ou isonômico, além de atentatório aos princípios da ampla defesa e do devido processo legal. Desse modo, voto por CONVERTER O FEITO EM DILIGÊNCIA para que a Autoridade Preparadora efetue a análise do Pedido de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, transmitida anteriormente ao Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10675.905178/201210 Resolução nº 3201001.172 S3C2T1 Fl. 132 4 despacho decisório, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entenda necessário. Após a manifestação fiscal, concedase vista ao contribuinte pelo prazo de 30 (trinta dias) para se manifestar acerca das conclusões. Após, retornemse os autos para julgamento. Da mesma forma que ocorreu no paradigma, neste processo, o contribuinte retificou a DCTF depois da transmissão do PER/DComp mas antes da ciência do despacho decisório. Apesar de o processo paradigma se referir apenas à Cofins, o mesmo raciocínio desenvolvido se aplica também à contribuição para o PIS. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a Autoridade Preparadora efetue a análise da Declaração de Compensação com base nos dados informados em DCTF retificadora, transmitida anteriormente ao despacho decisório, podendo intimar o contribuinte para apresentar demais documentos ou informações que entender necessários. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao Contribuinte para que se manifeste acerca do resultado da diligência. Concluída a instrução do feito, retornem os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13227.902008/2011-61
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/06/2002
DIREITO À RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO
O art. 165 do CTN garante ao contribuinte o direito à restituição de tributos pagos a maior. Contudo, é dele o ônus de comprovar sua liquidez e certeza. Uma vez que não foi carreada aos autos a necessária documentação suporte, os créditos não devem ser reconhecidos.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-004.259
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: JOSE HENRIQUE MAURI
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
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PIS/COFINS. ÔNUS DA PROVA. Recorrente RICAL RACK INDUSTRIA E COMERCIO DE ARROZ LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/06/2002 DIREITO À RESTITUIÇÃO. COMPROVAÇÃO O art. 165 do CTN garante ao contribuinte o direito à restituição de tributos pagos a maior. Contudo, é dele o ônus de comprovar sua liquidez e certeza. Uma vez que não foi carreada aos autos a necessária documentação suporte, os créditos não devem ser reconhecidos. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: José Henrique Mauri (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D'Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 90 20 08 /2 01 1- 61 Fl. 56DF CARF MF Processo nº 13227.902008/201161 Acórdão n.º 3301004.259 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP, transmitido eletronicamente. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem não homologou a compensação declarada em PER/DCOMP pela contribuinte acima qualificada, sob o fundamento de que, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado do Despacho Decisório o interessado apresentou manifestação de inconformidade alegando que, em revisão realizada nos cálculos, a empresa identificou que havia recolhimentos a maior de PIS e Cofins decorrentes de inclusão de receitas isentas na base de cálculo, fato que lhe possibilitaria a restituição e compensação com outros débitos. Constatando que o crédito havia sido indeferido, o contribuinte identificou que isto ocorreu pelo fato de não terem sido retificadas as DCTF, embora o crédito seja totalmente devido. Acrescentou que a resolução das divergências encontradas no cruzamento de informações no sistema da Receita Federal do Brasil que gerou o indeferimento do crédito poderia ser resolvido com uma simples retificação de DCTF. Porém, em função de terem transcorridos mais de cinco anos desde o fato gerador do crédito, o contribuinte fica impossibilitado de retificar as informações. Por isso, requereu a correção da informação prestada em DCTF, a fim de sanar os motivos que ensejaram o indeferimento, se colocando à disposição para comprovar a existência do crédito da forma que a autoridade fiscal entender necessário, e ainda que: a) sejam corrigidos os valores dos tributos devidos em função da impossibilidade do contribuinte retificar as DCTF da época; b) caso entenda a autoridade fiscal necessária a comprovação das bases de cálculo, informe a forma e os documentos que deseja que sejam apresentados; c) sejam declarados homologados os pedidos de restituição; d) sejam declaradas homologadas as compensações. A DRJ em Belo Horizonte (MG) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, sob fundamento da não comprovação da existência e suficiência do crédito postulado, nos termos do Acórdão nº 02051.142. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário em que repisa os argumentos contidos na manifestação de inconformidade e, nos seguintes termos: Fl. 57DF CARF MF Processo nº 13227.902008/201161 Acórdão n.º 3301004.259 S3C3T1 Fl. 4 3 2.1 DA DECADÊNCIA DA POSSIBILIDADE DE RETIFICAR A DCTF INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA DO CREDITO; 2.2 DA INEXISTÊNCIA DE FALTA DE COMPROVAÇÃO INAPLICABILIDADE DO ART 333 DO CPC POSSIBILIDADE DE DETERMINAÇÃO DE DILIGÊNCIAS; 2.3 DA INVIABILIDADE DA MANUTENÇÃO DO ACÓRDÃO RECORRIDO ECONOMIA PROCESSUAL E EFICIÊNCIA. Além de requerer o provimento do seu pleito, requer alternativamente a realização de diligências a fim de que a Recorrente seja intimada a apresentar os documentos comprobatórios do crédito. É o relatório. Voto Conselheiro José Henrique Mauri, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.237, de 02 de fevereiro de 2018, proferido no julgamento do processo 13227.900822/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.237): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade, pelo que dele tomo conhecimento. Quanto à decadência, adotase o entendimento da decisão recorrida de que ao pedido de retificação de informações da DCTF em razão da impossibilidade de o contribuinte retificála transcorridos mais de cinco anos do fato gerador, ainda que fosse possível transmitir a DCTF retificadora, a mera retificação, operada após a ciência do despacho decisório e sem suporte em nenhum outro elemento de prova, não se prestaria para comprovação do pagamento indevido ou a maior. Ademais, conforme se consignou na decisão de piso, a retificação da DCTF não produzirá efeitos quando tiver como objetivo reduzir débitos que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização (art. 9º, § 2o, I, c, da Instrução Normativa RFB nº 1.110, de 24/12/2010, vigente na época). Atualmente o art. 9º, § 5o, da Instrução Normativa RFB nº 1.599, de 11 de dezembro de 2015 é cristalino: § 5ºO direito do sujeito passivo de pleitear a retificação da DCTF extinguese em 5 (cinco) anos contados a partir do Fl. 58DF CARF MF Processo nº 13227.902008/201161 Acórdão n.º 3301004.259 S3C3T1 Fl. 5 4 1º(primeiro) dia do exercício seguinte àquele ao qual se refere a declaração. Portanto, adotase a conclusão constante da decisão recorrida de que já decaíra o direito de o contribuinte proceder à retificação da DCTF. O art. 165 do CTN dispõe que o contribuinte tem direito à restituição de tributos pagos a maior. Contudo, o ônus de provar a liquidez e certeza do direito incumbe àquele que alega detêlo (art. 333 do antigo Código de Processo Civil CPC, em vigor nas datas da apuração do crédito e da emissão do Despacho Decisório, e reproduzido pelo art. 373 do Novo CPC). Dessa forma, é dever da Recorrente comprovar seu crédito e ele teve ampla oportunidade. Assim, tal oportunidade que se encontra precluída em razão de não ter apresentado provas de seu crédito quer na manifestação de inconformidade, quer no Recurso Voluntário. Dessarte, denegase por incabível, o pedido de diligências da Recorrente. Anotese que o fato de a DCTF não ter sido retificada, por si só, definitivamente, não teria o condão de elidir o direito ao crédito garantido pelo art. 165 do CTN. Todavia, para que pudéssemos reconhecêlo, a recorrente deveria ter carreado aos autos demonstrativo da apuração, devidamente conciliado com os livros contábeis. Portanto, nego provimento ao recurso voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Fl. 59DF CARF MF
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