Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,832)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,591)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,670)
- Primeira Turma Ordinária (15,233)
- Segunda Turma Ordinária d (15,173)
- Primeira Turma Ordinária (15,154)
- Primeira Turma Ordinária (14,996)
- Segunda Turma Ordinária d (13,751)
- Primeira Turma Ordinária (12,642)
- Primeira Turma Ordinária (11,720)
- Segunda Turma Ordinária d (11,624)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,276)
- Terceira Câmara (63,081)
- Segunda Câmara (50,556)
- Primeira Câmara (16,110)
- 3ª SEÇÃO (15,670)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,620)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (114,906)
- Segunda Seção de Julgamen (107,667)
- Primeira Seção de Julgame (70,831)
- Primeiro Conselho de Cont (49,033)
- Segundo Conselho de Contr (48,539)
- Câmara Superior de Recurs (37,022)
- Terceiro Conselho de Cont (25,920)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,033)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,813)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,834)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,264)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- HELCIO LAFETA REIS (3,156)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,781)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,330)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,786)
- 2019 (30,944)
- 2018 (26,035)
- 2024 (25,830)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,451)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,978)
- 2010 (18,056)
- 2008 (17,071)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,267)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,847)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,011)
- 2005 (12,075)
Numero do processo: 16327.001717/2010-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO.
As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Não-cumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS não-cumulativa.
Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa, reputa-se correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgando-se improcedente o recurso de ofício.
RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS.
Constatado tratar-se de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta Rendas a Apropriar, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negando-se provimento o recurso de ofício.
PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE.
Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia.
TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN.
Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratar-se de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62-A do RICARF.
GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00.
De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permite-se a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento.
OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação.
ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados.
GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência.
Numero da decisão: 1101-001.225
Decisão: Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas STN e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa.
(documento assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
ANTÔNIO LISBOA CARDOSO - Relator
(documento assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
Nome do relator: ANTONIO LISBOA CARDOSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Primeira Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.001717/2010-14
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5415026
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1101-001.225
nome_arquivo_s : Decisao_16327001717201014.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANTONIO LISBOA CARDOSO
nome_arquivo_pdf_s : 16327001717201014_5415026.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas STN e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Presidente. (documento assinado digitalmente) ANTÔNIO LISBOA CARDOSO - Relator (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vice-presidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5779339
ano_sessao_s : 2014
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃO-CUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Não-cumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS não-cumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência não-cumulativa, reputa-se correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgando-se improcedente o recurso de ofício. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratar-se de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta Rendas a Apropriar, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negando-se provimento o recurso de ofício. PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE. Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN. Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratar-se de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62-A do RICARF. GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permite-se a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento. OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação. ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados. GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência.
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:42 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475384745984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 24; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2616; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 699 1 698 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.001717/201014 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 1101001.225 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 02 de dezembro de 2014 Matéria IRPJ/CSLL Omissão de receitas e Glosa de despesas Recorrentes SOROCRED CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Nãocumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS nãocumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa, reputase correta a decisão que exonerou a parcela correspondente da exigência lançada, julgandose improcedente o recurso de ofício. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratarse de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta “Rendas a Apropriar”, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período, e conseqüentemente negandose provimento o recurso de ofício. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 17 17 /2 01 0- 14 Fl. 700DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 700 2 PRELIMINAR DE NULIDADE. CONFUSÃO COM O MÉRITO. INVIABILIDADE. Se torna inviável analisar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitado se confunde com o próprio mérito da controvérsia. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECADÊNCIA. APURAÇÃO TRIMESTRAL SEM ANTECIPAÇÃO DE PAGAMENTO. AUSÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. RECURSOS REPETITIVOS (STJ). CONTAGEM A PARTIR DO FATO GERADOR. ART. 173, I, DO CTN. Considerando a inexistência de antecipação de pagamento, anão tendo ocorrido circunstâncias capazes de caracterizar dolo, fraude ou simulação, o prazo decadencial deve ser contato a partir da data do fato gerador, em conformidade com o art. 150, § 4º do Código Tributário Nacional (CTN, bem como pelo fato de tratarse de assunto pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62A do RICARF. GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO ABAIXO DE R$5.000,00. De acordo com o art. 9º da Lei nº 9.430, de 1996, permitese a dedutibilidade das perdas no recebimento de créditos, tomada na escrituração após seis meses do vencimento, desde que inferiores aos patamares inferiores aos ali previstos, desde que vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento. OMISSÃO DE RECEITAS. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. Se há evidências de que as receitas omitidas no período fiscalizado poderiam ter sido reconhecidas em período posterior, este fato deve ser investigado para determinar se a infração cometida foi de falta de recolhimento ou de mera postergação. ENCARGOS FINANCEIROS DE DIREITOS CREDITÓRIOS. Além da possibilidade de a falta de registro das receitas correspondentes a encargos financeiros de direitos creditórios representar mera postergação de recolhimento, esta irregularidade não afeta o lucro tributável se praticada depois do prazo em que a lei permite a exclusão destes resultados. GLOSA DE PERDAS NO RECEBIMENTO DE CRÉDITOS. A glosa de perdas classificadas como indedutíveis no período fiscalizado demanda confronto individualizado dos créditos baixados com aqueles passíveis de dedução, e identificação do período no qual a perda foi escriturada, com vistas a apurar os efeitos de possível inobservância do regime de competência. Acordam os membros do colegiado em: 1) por unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício; 2) por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar de nulidade do lançamento; 3) por unanimidade de votos, REJEITAR a arguição de Fl. 701DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 701 3 decadência; 4) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas “STN” e encargos financeiros de financiamento, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 5) por maioria de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas de encargos financeiros de créditos vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias, vencido o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, acompanhado pelo Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, divergindo os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone e Paulo Reynaldo Becari; 6) por unanimidade de votos, DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à glosa de perdas, votando pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa, Benedicto Celso Benício Júnior, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e o Presidente Marcos Aurélio Pereira Valadão, restando o Relator Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso vencido em suas razões, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Foi designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Edeli Pereira Bessa. (documento assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Presidente. (documento assinado digitalmente) ANTÔNIO LISBOA CARDOSO Relator (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão (presidente da turma), Benedicto Celso Benício Júnior (vicepresidente), Edeli Pereira Bessa, Paulo Mateus Ciccone, Paulo Reynaldo Becari e Antônio Lisboa Cardoso. Relatório Tratase de recursos de ofício e voluntário em face da decisão que julgou parcialmente procedente os autos de infração relativos ao IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURÍDICA – IRPJ (fls. 129 a 134), por OMISSÃO DE RECEITAS e por DESPESAS INDEDUTÍVEIS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO, e de TRIBUTOS REFLEXOS, a saber, CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO – CSLL (fls. 145 a 150), PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO SOCIAL – PIS (fls. 135 a 139) e CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – COFINS (fls. 140 a 144), sobre os fatos geradores ocorridos em 31/12/2005 (4º trimestre de 2005) e lavrados pela DEINF/SPO, em 22/12/2010, conforme sintetiza a ementa do acórdão a seguir reproduzida: Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento 388 em São Paulo I (SP) Fl. 702DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 702 4 Acórdão 1640.087 – 8 ª Turma da DRJ/SP1 Sessão de 28 de junho de 2012 Processo 16327.001717/201014 Interessado SOROCRED CREDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO S/A CNPJ/CPF 04.814.563/000174 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Data do fato gerador: 31/12/2005 AUTO DE INFRAÇÃO. OMISSÃO DE RECEITAS. DESPESAS INDEDUTÍVEIS. PRELIMINARES. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Quando as informações e documentos contidos nos autos são suficientes para a formação do juízo de convicção do julgador sobre o fato ensejador do lançamento fiscal, eventuais diligências requeridas tornamse prescindíveis. NULIDADE. INCOMPETÊNCIA DA AUTORIDADE LANÇADORA. INOCORRÊNCIA. Constatado estar o contribuinte incluído, por normativos legais, entre os jurisdicionados da unidade fazendária de origem do lançamento, rejeitase a alegação de nulidade por pretensa incompetência da autoridade fiscal da referida unidade para a constituição do crédito tributário. NULIDADE. OFENSA AO DIREITO À AMPLA DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste ofensa ao direito de defesa quando o lançamento contém descrição detalhada dos fatos, em Termos individualizados para cada infração, com informações, demonstrativos e fundamentação legal que permitem ao contribuinte ter compreensão exata das infrações a ele imputadas. DECADÊNCIA. INOCORRÊNCIA. Na inexistência de pagamento, e conforme entendimento assente do STJ, o prazo decadencial de 5 anos para a constituição do crédito tributário deve ser contado nos termos do artigo 173 do CTN, a saber, do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado. MÉRITO. DISTINÇÃO ENTRE RECEITAS DE SERVIÇOS E RECEITAS FINANCEIRAS PARA FINS DE TRIBUTAÇÃO DO IRPJ E DA CSLL. IRRELEVÂNCIA A diferenciação de receitas, para fins de tributação pelo IRPJ e pela CSLL, somente é relevante quando se mostra impossível identificarse a atividade do contribuinte ou quando este possui Fl. 703DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 703 5 atividades diversificadas tributadas no lucro presumido ou arbitrado. Sendo conhecida a atividade que originou as receitas e estando o contribuinte sujeito ao regime de apuração do lucro real, como verificado na presente situação, a receita omitida, independentemente de sua natureza, deve ser adicionada ao lucro líquido para apuração do lucro real. CONTABILIZAÇÃO DE RECEITAS DE SERVIÇO E DE REFINANCIAMENTO EM CONTA REDUTORA DE ATIVO. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. O regime de competência é o regime prevalente adotado pelas leis comerciais e pela legislação fiscal para a contabilização das receitas, por ser o mais apropriado para refletir a realidade do patrimônio líquido e suas alterações. Neste regime as receitas devem ser contabilizadas no período em que são auferidas, independentemente de sua realização em moeda, e no Resultado, não em conta redutora de ativo, in casu, em “Rendas a Apropriar”. RECEITAS DE SERVIÇOS E DE REFINANCIAMENTO. EXIGÊNCIA FISCAL SOBRE TOTAL CREDITADO NA CONTA REDUTORA SEM CONSIDERAR OS VALORES DEBITADOS. Constatado tratarse de crédito constituído, a título de Omissão de Receitas, sobre o total de Receitas de Serviços e de Refinanciamento contabilizadas na conta “Rendas a Apropriar”, redutora de Ativo, constituição essa realizada sem considerar o saldo inicial da conta, originário do período de apuração anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final do período, deve ser exonerada a parcela do crédito relativa às receitas oferecidas à tributação no período. RECEITAS DE ENCARGOS FINANCEIROS DE CRÉDITOS, DECORRENTES DE MORA. NATUREZA DE INDENIZAÇÃO NÃO SUJEITA À TRIBUTAÇÃO. DESCABIMENTO. INOBSERVÂNCIA DO REGIME DE COMPETÊNCIA. As normas que disciplinam o tratamento tributário dos juros, ao determinarem que os juros ganhos devem ser incluídos no lucro operacional, e os juros pagos ou incorridos podem ser deduzidos como despesas operacionais, não fazem distinção quanto à natureza remuneratória ou indenizatória desses encargos. Rejeitase a contestação quando seus elementos não possuem consistência e força demonstrativa para respaldar as alegações de oferecimento das receitas de encargos financeiros à tributação, nos moldes estabelecidos pelas normas fiscais de regência, em específico quanto à observância do regime de competência na sua contabilização. DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO. EXCESSO DE DEDUÇÃO. CABIMENTO DE GLOSA. Improcede o questionamento da glosa do excesso na dedução das perdas, quando o contribuinte não produz prova cabal, Fl. 704DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 704 6 mediante informações e documentos hábeis e idôneos, demonstrando o eventual equívoco na apuração do referido excesso, in casu, que o banco de dados das operações de créditos utilizado pela autoridade fiscal não seria apropriado para a apuração das perdas financeiras. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. As normas fiscais que disciplinam a exigência com respeito ao IRPJ Aplicamse à CSLL reflexa, no que cabíveis. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS NÃO CUMULATIVO. COFINS NÃOCUMULATIVA. RECEITAS DE SERVIÇOS DAS ADMINISTRADORAS DE CARTÕES DE CRÉDITO. SUJEIÇÃO ÀS CONTRIBUIÇÕES CONSOANTE DISCIPLINAMENTO DA IN SRF nº 247/2002. RECEITAS FINANCEIRAS SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. As administradoras de cartão de crédito estavam sujeitas ao regime de PIS Nãocumulativo e ao da COFINS cumulativa consoante os termos da IN SRF nº 247/2002, sendo que, posteriormente, com a promulgação da Lei nº 10.833/2003, passaram a ser contribuintes da COFINS nãocumulativa. Estando reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa, deve ser exonerada a parcela correspondente da exigência lançada. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte De acordo com os Termos de Verificação Fiscal (fls. 93 a 124), a autoridade fiscal noticia, em síntese, que o autuado presta serviços de intermediação na emissão de Cartão de Crédito para consumidores finais adquirirem bens e serviços em estabelecimentos comerciais credenciados, mediante cobrança através de Boleto Bancário ou Fatura mensal, em cujas operações foi constatada OMISSÃO DE RECEITAS em relação ao Serviço de Transação Nacional (STN) e de Refinanciamento e de Encargos Financeiros (EF). Em relação aos lançamentos no Razão Contábil relativos ao 4º trimestre de 2005, decorrentes de Serviços de Transação Nacional (STN) cobrados por tarifa, feitos a débito da conta “Titulares de Cartões a Receber”, do Ativo Circulante, e a crédito de conta redutora de Ativo, “Rendas a Apropriar Titulares Cartão STN”, teriam sido realizados de forma incorreta, segundo a legislação vigente, pois que a contrapartida do aumento no Ativo Circulante ocorrido quando da emissão das faturas teria que ser feita em conta de Resultado, não em conta redutora de Ativo, e, com observância do regime de competência. Igualmente teria procedido com respeito a Receitas de Refinanciamento decorrentes de encargos financeiros cobrados dos Titulares de Cartão de Crédito, em renegociações de dívidas, pois teria registrado a contrapartida do lançamento a débito da conta Fl. 705DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 705 7 “Titulares de Cartões a Receber”, como crédito na conta redutora “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões EF”, ao invés da conta de Resultado. Assim, no 4º Trimestre de 2005, fora caracterizada a ocorrência de “Omissão de Receitas” de R$ 9.482.777,86 relativos a “Receita de Serviço de Transação Nacional – STN” e de R$ 2.267.289,73 referentes a “Receita de Refinanciamento”, totalizando R$ 11.750.067,59, valores estes que não teriam sido oferecidos à tributação, contrariando o preconizado no artigo 177 da Lei nº 6.404/76, nos artigos 247, 248 e 275 do RIR/99, e no artigo 25 da Lei nº 8.981/95. Do mesmo modo, apurouse omissão de “Receitas de Encargos Financeiros”, nos valores de R$ 5.374.359,13 e R$ 4.257.075,57, totalizando R$ 9.631.434,70, para o 4º trimestre de 2005, pela falta de contabilização, no Lucro Líquido do Exercício, de juros e multa de mora cobrados sobre créditos vencidos, respectivamente, até 60 dias e não pagos e há mais de 60 dias e não pagos, descumprindose o previsto no artigo 373 do RIR/99 e no artigo 11, § 2º, da Lei nº 9.430/96, apuração essa demonstrada nos arquivos “Apropriação de Juros – Carteira Vencidos até 60 dias “ e “Apropriação de Juros – Carteira Vencidos até 180 dias “ contido no disco compacto (CD) anexado, preparado com base em informações fornecidas pelo autuado. Consta ainda que foi apurado, ainda, GLOSA DE DESPESAS DE PERDAS COM OPERAÇÕES DE CRÉDITO também no 4º trimestre de 2005, pois, conforme consignado na DIPJ do anocalendário de 2005, teria considerado como despesa dedutível na apuração do Lucro Real do referido trimestre, o valor de R$ 12.571.758,03, a título de “Perdas com Operações de Crédito”, quando, segundo as normas legais aplicáveis, especificamente os artigos 9º e 10 da Lei nº 9.430/96, créditos até R$ 5.000,00 vencidos há mais de 6 meses, e de acordo com levantamento efetuado com base nos registros magnéticos fornecidos pelo autuado, o referido valor deveria ser de apenas R$ 10.259.878,51, com excesso de R$2.311.879,52 (= R$ 12.571.758,03 R$ 10.259.878,51), cujo crédito tributário correspondente fora constituído no presente lançamento. Cientificada em 12/07/2012, conforme confirmação de entrega por Sedex 10 (445/446) a Contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 487 e seguintes, em 13/08/2012, em síntese, reiterando as alegações constantes da impugnação, requerendo, com fulcro no princípio da verdade material, o retorno dos autos a DRJ para a análise dos documentos juntados posteriormente à impugnação e que não foram considerados pela decisão recorrida, bem como recusouse a realizar a diligência necessária pleiteada para melhor apuração dos fatos. A Recorrente alega em seu recurso voluntário ter ocorrido a decadência no que tange aos meses 10/2005, 11/2005 e 12/2005, dado que o autuado teria sido notificado em 22/12/2010, todavia, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrido o fato gerador, há que se definir o início do prazo decandencial que pode darse na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, iniciandose na dada do fato gerador, ou na forma prevista no artigo 173, I, isto é, ocorrido o fato gerador o prazo decadencial somente se inicia no primeiro dia do exercício seguinte. Em relação ao lançamento aduz que a decisão recorrida laborou em manifesto equívoco, vez que não houve qualquer omissão de receitas, estando maculado todo o lançamento, ensejando seu cancelamento, vez que não ocorreram nenhuma das hipóteses previstas nos Arts. 281, 283, 286 e 287 do RIR/99, que justificariam o arbitramento da receita Fl. 706DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 706 8 supostamente omitida, mas que na verdade não ocorreu, ensejando igualmente a nulidade do lançamento, por inexistência de enquadramento legal e base de cálculo dos tributos cobrados e tidos por omitidos, citando jurisprudência deste colendo CARF. Quanto ao ao mérito alega ser pessoa jurídica que se dedicava, à época dos fatos, à atividade de administração de cartões de crédito de sua própria emissão, sob a denominação de “Sorocred Administradora de Cartões de Credito”, e que também optava pelo regime de apuração do Lucro Real Trimestral, nos termos dos art. 2º e 3º, da Lei nº 9.430, de 1996, quando foram apontadas pela Fiscalização as seguintes supostas irregularidades: 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e Encargos Financeiros de Financiamento (EF); 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias; 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, e; 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. De forma detalhada e pormenorizada passa a discorrer, em seu recurso, em síntese, da seguinte forma: 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e sobre Encargos Financeiros de Financiamento (EF); A Recorrente alega que ao contrário do que acontece com a maioria das empresas administradoras de cartões de crédito, vez não atua na cobrança de mensalidades, anualidades ou de qualquer outro pagamento fixo periódico e obrigatório, mas pela cobrança “baseada na emissão do documento de cobrança”, seja ele a fatura ou o boleto bancário, de modo que o cliente só paga pelo serviço quando efetivamente utilizado. Logo, o “fato gerador” da tarifa não é a aquisição de bens e serviços, mas a emissão da fatura ou o boleto bancário, inclusive no caso de pagamento via boleto, a tarifa é cobrada a cada documento emitido pela Recorrente. Em síntese, diz que a operação é realizada da seguinte forma: 1º) quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN para cada emissão de boleto, cujo valor estará incluído no total a pagar expresso pelo documento; 2º) quando o titular optar pela emissão de fatura mensal, o titular pagará um único STN, cujo montante também estará incluído no valor desta fatura. Assim, diz ser equivocada a premissa adotada pela Fiscalização, de que há a cobrança de STN a cada aquisição de bens ou serviços, todavia, concretamente, o direito à cobrança de tarifa se dá no vencimento de cada documento (fatura ou boleto). No que diz respeito aos Encargos de Financiamentos afirma a Recorrente devidos pelos seus clientes quando optavam pelo parcelamento de suas compras, com juros, tratandose de encargos devidos pelo financiamento e não de encargos devidos pela inadimplência do cliente. Fl. 707DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 707 9 Ora, os juros nunca são diretamente apropriados ao resultado, mas sim na medida em que incorridos, ou seja, ao longo do período do financiamento, não havendo que se falar em omissão de receitas, pois, a receita sempre foi apropriada no resultado da Recorrente, demonstrando haver insanável equívoco da Fiscalização e da decisão recorrida no enquadramento da suposta infração. Assim é que, mês a mês, a partir do primeiro vencimento, à medida que as parcelas do financiamento fossem vencendo é que a Recorrente reconhecia a correspondente receita relativa aos encargos de financiamento (EF), por competência, baixando a conta “Rendas a Apropriar”, dado que adquiria, a cada vencimento, o direito ao recebimento destes encargos. 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias Segundo a Recorrente, tratamse de encargos financeiros decorrentes das faturas/boletos não pagos pelos clientes titulares de cartão, em razão de inadimplência, os quais foram reconhecidos em momento posterior, conforme autoriza o art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996. 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito A Recorrente alega em seu recurso tratarse de despesas com créditos de liquidação duvidosa, tratada na Seção III, da Lei nº 9.430, de 1996, denominada “Perdas no Recebimento de Créditos”, aplicandose ao caso o disposto no art. 9º, da mencionada lei, e conclui dizendo que tais créditos não possuem garantia e situamse no patamar abaixo de R$5.000,00 (cinco mil reais), o que permite a dedutibilidade seja tomada na escrituração após seis meses do vencimento. 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. Aduz a Recorrente que este item resvala no mesmo equívoco já demonstrado e defendido pela Recorrente no item relativo à “Omissão de Receitas STN e EF”, já que o fundamento utilizado pela d. autoridade autuante para se concluir pelas supostas irregularidades é exatamente o mesmo: a forma de contabilização da operação de cartões da Recorrente. Assim, diz que, se o cliente não paga a fatura/boleto, o valor é inteiramente lançado em conta de “provisão para devedores duvidosos” (PDD) e só é baixada para conta de despesa (resultado) após seis meses de vencimento do título, de acordo com o permissivo legal constante na Lei n. 9.430/96. Nenhum desse lançamento, porém, impactam o PIS e a COFINS que já havia sido pago (o impacto é apenas nas bases do IRPJ e da CSLL. Argui, por fim, alternativamente, a nulidade do lançamento, pela eventual hipótese de postergação no pagamento, nos termos do Parecer Normativo COSIT nº 2, de 28.08.1996, que define a postergação como sendo aquelas parcelas que foram espontaneamente pagas pelo contribuinte em períodobase posterior, diz ser exatamente o caso da Recorrente, uma vez adotada a premissa de que a data de reconhecimento da receita seria a do momento da efetivação das compras pelos clientes titulares do cartão. É o relatório. Fl. 708DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 708 10 Voto Vencido Conselheiro ANTÔNIO LISBOA CARDOSO Os recursos são tempestivos e atendem aos requisitos de admissibilidade. Recurso de Ofício Conforme relatado e especialmente do disposto no v. voto condutor do Acórdão recorrido, o recurso de ofício deve ser negado por seus próprios fundamentos, tendo sido cancelado parte da exigência de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS referente à Omissão de Receitas e a relativa à incidência de PIS e Cofins não Cumulativos sobre as receitas financeiras. Inicialmente, em relação à exoneração de parte do crédito tributário referente às “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões STN” (alterandose de R$9.482.777,86 para R$4.888.105,73), e igualmente, quanto à conta “Receitas de Refinanciamento” (alterandose de R$2.267.289,73 para R$1.393.796,29), em razão da Fiscalização não ter levado em consideração o saldo inicial da referida conta, por isso nenhum reparo deve ser feito à decisão recorrida, conforme permite dizer os seguintes trechos do voto condutor do v. acórdão recorrido, in verbis: 30. O exame do Balancete Contábil Analítico (fls. 323) e do descrito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 93 a 95) mostra que a autoridade lançou como Omissão de Receitas de Serviços de Transação Nacional, o valor total creditado na conta “Rendas a Apropriar Titulares de Cartões STN”, conta nº 1.2.01.01.095, de R$ 9.482.777,86, relativo ao 4º trimestre de 2005, sem levar em consideração o saldo inicial da conta, originário do trimestre anterior, bem como os débitos efetuados na conta e o saldo final. 31. Caso tivesse levado em consideração o apontado, o que seria o correto, o valor tributável do lançamento fiscal com respeito às referidas Receitas de STN, poderia ser, no máximo, o valor do saldo final do 4º trimestre de 2005, ou seja, R$ 4.888.105,73 (fl. 323), que corresponderia à parcela das Receitas de STN creditadas no trimestre e que não teria sido oferecida à tributação. Tal resultado decorreria do fato de que os valores debitados no trimestre, de R$ 8.541.506,88, e que foram oferecidos à tributação, conforme se pode verificar no Balanço de Resultados (fl. 327), seria composta pelo saldo do trimestre anterior da conta, ou seja, R$ 3.946.834,75, e pelo restante, R$ 4.594.672,13, constituído das Receitas do Trimestre lançadas a crédito. Se as Receitas lançadas a crédito foram de R$ 9.482.777,86 e as oferecidas à tributação, de R$ 4.594.672,13, a diferença, de R$ 4.888.105,73, seria o valor das Receitas do 4º trimestre não oferecidas à tributação. 32. Tendo em conta que os documentos e informações apresentados pelo autuado não demonstram que os valores das Receitas de STN do 4º trimestre de 2005 oferecidos à tributação tenham sido superiores a R$ 4.594.672,12, resta manter como base tributável o valor do saldo do referido trimestre, de R$ 4.888.105,73, em lugar dos R$ 9.482.777,86, lançados como base tributável. Fl. 709DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 709 11 33. Da mesma forma, pelas mesmas razões acima, o valor tributável lançado de “Receitas de Refinanciamento”, de R$ 2.267.289,73 (fls. 96 a 100 e 323), deve ser reduzido, em razão do demonstrado pelo autuado no Balancete Contábil Analítico (fl. 323), para R$ 1.393.796,29 (fl. 323), que é o saldo da conta “Rendas a Apropriar de Titulares de Cartões EF”, nº 1.2.01.01.096, sendo, assim, exonerado o valor de R$ 873.493,44 (= R$ 2.267.289,73 – R$ 1.393.796,29). 34. Ao emitir as faturas, ato que caracterizava o auferimento de receitas, no decorrer do 4º trimestre de 2005, relativas às cobranças de tarifa de serviços de intermediação, denominados “Serviços de Transação Nacional – STN”, e aos valores de “Receitas de Refinanciamento” decorrentes de renegociação de dívidas dos titulares dos cartões de crédito, o autuado deveria ter reconhecido integralmente tais receitas, com o devido lançamento dos valores faturados, a crédito do Resultado, incluindoos, assim, na apuração do Lucro Real, consoante determinam as normas fiscais de regência. Ao registrar parte de tais valores na conta redutora de ativo “Rendas a Apropriar”, a ser debitada quando do recebimento dos valores, o autuado não optou pela contabilização das receitas pelo regime de competência, descumprindo o prescrito nas normas fiscais de regência, como acima demonstrado. Não tendo assim procedido, teve a autoridade de corrigir essa conduta infracional, por dever de ofício, mediante a lavratura do presente Auto de Infração de Omissão de Receitas, embora excedendo o que seria tributável. 35. De fato, esse critério de contabilização, como bem destacado pela autoridade lançadora, vai flagrantemente de encontro ao critério de contabilização estabelecido pelas regras tanto da contabilidade societária como da contabilidade fiscal, que impõem a adoção do regime de competência. Neste regime, as receitas devem ser registradas no período em que são auferidas, e os custos e despesas no período em que são incorridos. No critério que adotou, o autuado deixou de apropriar como receitas do Período, parte dos valores lançados na presente exigência como “Omissão de Receitas”, como mencionado. Por fim, em relação à exoneração do crédito tributário relativo às Contribuições PIS e Cofins os valores tributáveis lançados referentes às “Receitas de Refinanciamento”, “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias” e “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos há mais de 60 dias” do 4º trimestre de 2005, também deve ser julgado improcedente o recurso de ofício, porquanto se referem a período posterior ao Decreto nº 5.442, 9 de maio de 2005, que reduziu à alíquota zero do PIS e Cofins sobre as receitas financeiras obtidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime da nãocumulatividade, Art. 1o Ficam reduzidas a zero as alíquotas da Contribuição para o PIS/PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS incidentes sobre as receitas financeiras, inclusive decorrentes de operações realizadas para fins de hedge, auferidas pelas pessoas jurídicas sujeitas ao regime de incidência nãocumulativa das referidas contribuições. Parágrafo único. O disposto no caput: I não se aplica aos juros sobre o capital próprio; Fl. 710DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 710 12 II aplicase às pessoas jurídicas que tenham apenas parte de suas receitas submetidas ao regime de incidência não cumulativa da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS. Portanto, correta a decisão recorrida que exonerou as exigências do PIS e da COFINS sobre os valores tributáveis lançados referentes às “Receitas de Refinanciamento”, “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias” e “Receitas de Encargos Financeiros Vencidos há mais de 60 dias”, bem como quanto à exoneração de parte dos valores tributados de “Receitas de Serviços de Transação Nacional – STN”, conforme mencionado anteriormente. Passo agora a analisar o recurso voluntário. Inicialmente entendo ser improcedente a arguição de nulidade do lançamento A preliminar de nulidade do lançamento deve ser rejeitada, pois, apesar de alegar erro de enquadramento legal e da base de cálculo adotada pela Fiscalização, todavia, e afirmar que não houve qualquer omissão de receita, todavia, tais premissas se confundem com o mérito do processo, sendo inviável examinar a preliminar de nulidade cujo fundo de direito suscitada se confunde com o próprio mérito da controvérsia, o que será apreciado no tópico seguinte. DECADÊNCIA A Recorrente alega em seu recurso voluntário ter ocorrido a decadência no que tange aos meses 10/2005, 11/2005 e 12/2005, dado que o autuado teria sido notificado em 22/12/2010, todavia, nos tributos sujeitos a lançamento por homologação, ocorrido o fato gerador, há que se definir o início do prazo decandencial que pode darse na forma do artigo 150, § 4º, do CTN, iniciandose na dada do fato gerador, ou na forma prevista no artigo 173, I, isto é, ocorrido o fato gerador o prazo decadencial somente se inicia no primeiro dia do exercício seguinte. Ao tratar do aspecto temporal do imposto de renda das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido ou arbitrado, o artigo 1º da Lei nº 9.430, de 1996, assim dispõe: Art. 1º. A partir do anocalendário de 1997, o imposto de renda das pessoas jurídicas será determinado com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada anocalendário, observada a legislação vigente, com as alterações desta Lei. Da norma acima transcrita depreendese de que durante o anocalendário, para as pessoas tributadas com base real, presumido ou arbitrado, temse a ocorrência de quatro períodos de apuração e de ocorrência dos respectivos fatos geradores do IRPJ e da CSLL. Para os fatos geradores que ocorreram no quarto trimestre de 2005, o lançamento só poderia ser efetivado no anocalendário seguinte, iniciandose o prazo decadencial, no caso, somente em 1º 1° de janeiro de 2007, encerrandose em 1º de janeiro de 2011, logo, quando a Recorrente deu ciência aos autos de infração, em 22/12/2010, o crédito tributário ainda não havia sido fulminado pela decadência, em conformidade, também com o art. 173, I, do CTN, tendo em vista a inexistência de antecipação de pagamento, ainda que de forma parcial. Fl. 711DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 711 13 Esse assunto encontrase definitivamente pacificado pelo colendo Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do art. 543C do Código de Processo Civil, nos autos do RE Nº973.733/SC, em sede de recursos repetitivos, o qual deve ser reproduzido por este colendo CARF, por força do disposto no art. 62A do RICARF. Assim, rejeito a preliminar de decadência. 1 – Omissão de Receitas “STN” (Serviço de Transmissão Nacional) e Encargos Financeiros de Financiamento (EF); A Recorrente alega em seu recurso, que ao contrário do que acontece com a maioria das empresas administradoras de cartões de crédito, vez não atua na cobrança de mensalidades, anualidades ou de qualquer outro pagamento fixo periódico e obrigatório, mas pela cobrança “baseada na emissão do documento de cobrança”, seja ele a fatura ou o boleto bancário, de modo que o cliente só paga pelo serviço quando efetivamente utilizado. Logo, o “fato gerador” da tarifa não seria a aquisição de bens e serviços, mas a emissão da fatura ou o boleto bancário, inclusive no caso de pagamento via boleto, a tarifa é cobrada a cada documento emitido pela Recorrente. Em síntese, diz que a operação é realizada da seguinte forma: 1º) quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN para cada emissão de boleto, cujo valor estará incluído no total a pagar expresso pelo documento; 2º) quando o titular optar pela emissão de fatura mensal, o titular pagará um único STN, cujo montante também estará incluído no valor desta fatura. Assim, diz ser equivocada a premissa adotada pela Fiscalização, de que há a cobrança de STN a cada aquisição de bens ou serviços, todavia, concretamente, o direito à cobrança de tarifa se dá no vencimento de cada documento (fatura ou boleto). No que diz respeito aos Encargos de Financiamentos afirma a Recorrente devidos pelos seus clientes quando optavam pelo parcelamento de suas compras, com juros, tratandose de encargos devidos pelo financiamento e não de encargos devidos pela inadimplência do cliente, vez que os juros não são diretamente apropriados ao resultado, mas sim na medida em que incorridos, ou seja, ao longo do período do financiamento, não havendo que se falar em omissão de receitas, pois, a receita sempre foi apropriada no resultado da Recorrente, demonstrando haver insanável equívoco da Fiscalização e da decisão recorrida no enquadramento da suposta infração. Assim diz que, mês a mês, a partir do primeiro vencimento, à medida que as parcelas do financiamento fossem vencendo é que a Recorrente reconhecia a correspondente receita relativa aos encargos de financiamento (EF), por competência, baixando a conta “Rendas a Apropriar”, dado que adquiria, a cada vencimento, o direito ao recebimento destes encargos. Em que pese a argumentação construída pela Recorrente na tentativa de demonstrar que a conclusão da decisão recorrida sobre a apuração das receitas decorrentes do denominado “Serviço de Transação Nacional – STN”, sustentando que teria apropriado as receitas decorrentes das tarifas STN no período em que auferidas, todavia, não obteve êxito em Fl. 712DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 712 14 demonstrar que a decisão recorrida estivesse equivocada, pelo contrário, a decisão recorrida ajustou a exigência aos patamares realmente devidos, determinando a exclusão do saldo inicial da conta, o que foi objeto, inclusive, do recurso de ofício. De Acordo com o Termo de Responsabilidade para Utilização do Cartão de Crédito Sorocred, de fls. 27 e seguintes, consta que o pagamento de STN só será devido, em duas situações, primeiro, quando o titular optar pela emissão de boleto bancário, pagará um STN pela emissão de cada boleto emitido, já incluído no próprio documento emitido, e, quando o titular optar pela emissão de fatura mensal representativa de todas as transações nacionais, também pagará um STN, cujo valor estará incluído no pagamento da própria fatura mensal, e foi o que foi exigido nos Autos de Infração, ora guerreados, com os reparos corretos feitos pela decisão recorrida, vez que não haviam sido considerados os saldos iniciais dessas contas. Assim, se de fato a afirmação da Recorrente de que sempre teria apropriado a receita de tarifas de STN no momento em que foram aferidas, pelo que não haveria que se falar em omissão de receitas, todavia, essa afirmação não condiz com os resultados apurados na própria documentação apresentada à Fiscalização. Igualmente correta a decisão recorrida quanto ao momento da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária, tanto em relação às receitas de STN, bem como àquelas decorrentes de “Receitas de Refinanciamento”, pelo teor da impugnação e do recurso apresentado, a pretensão da Recorrente seria apropriar as receitas decorrentes de STN e dos respectivos encargos financeiros no momento em que os mesmos fossem sendo efetivamente recebidos, ou seja, pelo regime de caixa, o que ficou definitivamente demonstrado pela decisão recorrida não ser isso possível, nos termos do arts. 177 e 187, da Lei nº 6.404/76, que rege as Sociedades Anônimas, os quais determinam que as despesas e receitas devem ser reconhecidas na realização do exercício, “independentemente de sua realização em moeda”. Essa mesma metodologia foi adotada pela legislação tributária aplicável às empresas optantes do lucro real, conforme permite dizer os arts. 6º e 67, do Decretolei nº 1.598/77, citado na decisão recorrida, in verbis: Art 6º Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária. § 1º O lucro líquido do exercício é a soma algébrica de lucro operacional (art. 11), dos resultados não operacionais, do saldo da conta de correção monetária (art. 51) e das participações, e deverá ser determinado com observância dos preceitos da lei comercial. [...] Art 67 Este Decretolei entrará em vigor na data da sua publicação e a legislação do imposto sobre a renda das pessoas jurídicas será aplicada, a partir de 1º de janeiro de 1978, de acordo com as seguintes normas: [...] XI o lucro líquido do exercício deverá ser apurado, a partir do primeiro exercício social iniciado após 31 de dezembro de 1977, Fl. 713DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 713 15 com observância das disposições da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. (grifado). Igualmente assim dispõe o art. 25, da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, in verbis: Art. 25. A partir de 1º de janeiro de 1995, o Imposto de Renda das pessoas jurídicas, inclusive das equiparadas, será devido à medida em que os rendimentos, ganhos e lucros forem sendo auferidos. Logo, deve ser reputadas improcedentes as argumentações da Recorrente contra a exigência de receitas decorrentes de “Serviço de Transação Nacional – STN”, bem como sobre encargos financeiros correspondentes, vez que tais receitas foram apuradas de acordo com as informações contábeis e fiscais disponibilizadas pela própria Recorrente, ocorridas dentro do exercício fiscalizado. 2 – Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias; Consta da decisão recorrida que as receitas decorrentes de encargos financeiros relativos aos créditos vencidos até 60 dias e também há mais de 60 dias, não foram reconhecidas pela Recorrente nas respectivas competências, mas sim no dia do pagamento da fatura. Segundo a Recorrente, tratamse de encargos financeiros decorrentes das faturas/boletos não pagos pelos clientes titulares de cartão, em razão de inadimplência, os quais foram reconhecidos em momento posterior, conforme autoriza o art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996, que assim dispõe: Art. 11. Após dois meses do vencimento do crédito, sem que tenha havido o seu recebimento, a pessoa jurídica credora poderá excluir do lucro líquido, para determinação do lucro real, o valor dos encargos financeiros incidentes sobre o crédito, contabilizado como receita, auferido a partir do prazo definido neste artigo. § 1º Ressalvadas as hipóteses das alíneas a e b do inciso II do § 1º do art. 9º, o disposto neste artigo somente se aplica quando a pessoa jurídica houver tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito. § 2º Os valores excluídos deverão ser adicionados no período de apuração em que, para os fins legais, se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica credora ou em que reconhecida a respectiva perda. § 3º A partir da citação inicial para o pagamento do débito, a pessoa jurídica devedora deverá adicionar ao lucro líquido, para determinação do lucro real, os encargos incidentes sobre o débito vencido e não pago que tenham sido deduzidos como despesa ou custo, incorridos a partir daquela data. § 4º Os valores adicionados a que se refere o parágrafo anterior poderão ser excluídos do lucro líquido, para determinação do Fl. 714DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 714 16 lucro real, no período de apuração em que ocorra a quitação do débito por qualquer forma. [...] Apesar da Recorrente alegar que se trata da hipótese prevista no caput do art. 11, da Lei nº 9.430, de 1996, todavia, em nenhum momento dos autos logrou comprovar ter atendido às condições impostas pela referida lei, quais seja, aquelas previstas nas alíneas “a” e “b”, do inciso II, do § 1º do art. 9º, bem como ter tomado as providências de caráter judicial necessárias ao recebimento do crédito, o que no caso não aconteceu. Desta forma, sem razão à Recorrente, voto por negar provimento ao recurso também em relação às receitas decorrentes de “Encargos Financeiros Vencidos até 60 dias e a mais de 60 dias” 3 – Glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, e; A decisão recorrida manteve a glosa de despesas de perdas com operações de crédito por ter constatado excesso de dedução no 4º trimestre de 2005, conforme detectado na DIPJ do referido exercício, bem como pelo cotejo dos arquivos magnéticos produzidos pela própria Recorrente. O lançamento foi mantido ainda pelo fato da contestação ter sido genérica, sem ter precisado os valores que teriam sido glosados e que contrariariam disposto na Lei nº 9.430/96. A Recorrente alega, porém, tratarse de despesas com créditos de liquidação duvidosa, prevista na Seção III, da Lei nº 9.430, de 1996, denominada “Perdas no Recebimento de Créditos”, defendendo a aplicação ao caso o disposto no art. 9º, da mencionada lei, e conclui dizendo que tais créditos não possuem garantia e situamse no patamar abaixo de R$5.000,00 (cinco mil reais), o que permite a dedutibilidade seja tomada na escrituração após seis meses do vencimento. O dispositivo citado pela Recorrente, que daria guarida à dedução das despesas glosadas pela Fiscalização, assim dispõe (Lei nº 9.430/96): Art. 9º As perdas no recebimento de créditos decorrentes das atividades da pessoa jurídica poderão ser deduzidas como despesas, para determinação do lucro real, observado o disposto neste artigo. § 1º Poderão ser registrados como perda os créditos: I em relação aos quais tenha havido a declaração de insolvência do devedor, em sentença emanada do Poder Judiciário; II sem garantia, de valor: a) até R$ 5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento; Fl. 715DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 715 17 b) acima de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) até R$ 30.000,00 (trinta mil reais), por operação, vencidos há mais de um ano, independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento, porém, mantida a cobrança administrativa; De acordo com o referido artigo, apesar de se tratar de créditos sem qualquer garantia de valor, todavia, as referidas deduções não estão autorizadas para quaisquer despesas pela inadimplência relativas a créditos não recebidos, mas há que ficar demonstrado que se referem a operações vencidas há mais de seis meses, o que no caso ficou comprovado. Nesse sentido a decisão foi lacônica, tendo se limitado a dizer o seguinte: “...Aduz, também que o lançamento teria considerado 6 meses para as perdas da carteira, quando o correto seria considerar o período maior, de 180 dias. 47. A contestação do autuado, de novo, peca por ser genérica, sem precisar períodos e critérios utilizados pela autoridade que caracterizariam procedimento incorreto que teria levado à apuração do excesso de dedução glosado. Portanto inexistem elementos suficientes para se identificar erro no procedimento de verificação adotado pela autoridade, tendo em conta que os resultados apurados foram obtidos pelo exame dos registros magnéticos produzidos e apresentados pelo próprio autuado. Portanto, também, como respeito à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, o lançamento deve ser mantido. Na verdade bastaria a decisão recorrida ter dito que as despesas glosadas se referiam a operações de crédito vencidas a menos de 6 (seis) meses, visto que no caso a Lei assegura a dedutibilidade apenas as despesas decorrentes de operações de crédito inadimplentes, até R$5.000,00 (cinco mil reais), por operação, vencidos há mais de seis meses, “independentemente de iniciados os procedimentos judiciais para o seu recebimento”. Logo, com razão a Recorrente, devendo ser afastadas as glosas relativas às operações de crédito, até R$5.000,00 (cinco mil reais) por operação, as quais estejam inadimplentes há mais de seis meses, em conformidade com o art. 9º, II, “a”, da Lei nº 9.430, de 1996. 4 – Exclusão Indevida da Base de Calculo do PIS e da Cofins. Aduz a Recorrente que este item resvala no mesmo equívoco já demonstrado e defendido pela Recorrente no item relativo à “Omissão de Receitas STN e EF”, já que o fundamento utilizado pela d. autoridade autuante para se concluir pelas supostas irregularidades é exatamente o mesmo: a forma de contabilização da operação de cartões da Recorrente. Assim, diz que, se o cliente não paga a fatura/boleto, o valor é inteiramente lançado em conta de “provisão para devedores duvidosos” (PDD) e só é baixada para conta de despesa (resultado) após seis meses de vencimento do título, de acordo com o permissivo legal constante na Lei n. 9.430/96. Nenhum desse lançamento, porém, impactam o PIS e a COFINS que já havia sido pago (o impacto é apenas nas bases do IRPJ e da CSLL. Fl. 716DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 716 18 Sem razão à Recorrente, porquanto, a decisão Recorrida manteve exclusivamente na base de cálculo das contribuições PIS e Cofins, as Receitas de Serviços de Transação Nacional (STN), as quais, pelas mesmas razões enfrentadas no primeiro tópico, devem integrar a base de cálculo das aludidas contribuições. Ao final, argumenta a Recorrente, requer, alternativamente, a nulidade do lançamento, pela eventual hipótese de postergação no pagamento, nos termos do Parecer Normativo COSIT nº 2, de 28.08.1996, que define a postergação como sendo aquelas parcelas que foram espontaneamente pagas pelo contribuinte em períodobase posterior, diz ser exatamente o caso da Recorrente, uma vez adotada a premissa de que a data de reconhecimento da receita seria a do momento da efetivação das compras pelos clientes titulares do cartão. Todavia, deve ser rejeitada essa preliminar alternativa da Recorrente, para tanto, haveria que se reconhecer a legalidade do procedimento adotado pela mesma, sem levar em consideração o regime de competência a que está submetida as Pessoas Jurídicas tributadas com base no lucro real, qual seja, o regime de competência e não de caixa, como pretende fazer crer a Recorrente. Em face do exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso de ofício, e em relação ao recurso voluntário, rejeitar as preliminares de nulidade e de decadência suscitadas, para no mérito, darlhe provimento parcial, para reconhecer o direito à Recorrente de deduzir as despesas decorrentes de operações de crédito, até R$5.000,00 I(cinco mil reais) por operação, cujos clientes estevam inadimplentes há mais de seis meses, em conformidade com o art 9º, II, “a”, da Lei nº 9.430, de 1996. Sala das Sessões, em 02 de dezembro de 2014 (documento assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso Relator Voto Vencedor Conselheira EDELI PEREIRA BESSA Inicialmente no que tange à omissão de receitas de taxa referente ao Serviço de Transação Nacional e de encargos financeiros, a autoridade lançadora constatou que a contribuinte contabilizava tais parcelas a débito da conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber, e a crédito de contas redutoras deste ativo sob nº 1.2.01.01.095 ou 096 – Rendas a apropriar titulares de cartões STN ou EF. Considerando a cláusula quinta do Termo de Responsabilidade para Utilização do Cartão de Crédito SOROCRED e Outras Avenças, firmou o entendimento de que a contabilização não espelhava a verdadeira mutação patrimonial positiva ocorrida, pois o aumento do ativo revelava ganho auferido pela autuada, que deveria ser reconhecido em conta de resultado, e não em conta redutora do ativo circulante. Concluiu, assim, que os ganhos auferidos no 4o trimestre de 2005 (R$ 2.267.289,73 por receita de refinanciamento e R$ 9.482.777,86 por receita de STN), foram omitidos. Acrescentou que em consultas nos sistemas DCTF e SINAL da Secretaria da Receita Fl. 717DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 717 19 Federal do Brasil, para verificar se porventura as receitas auferidas no último trimestre de 2005 foram recolhidas pelo contribuinte em atraso, com os devidos acréscimos legais previstos para pagamentos em atraso, não foi localizado qualquer pagamento. No julgamento de 1a instância, observouse que a autoridade lançadora computou nos valores autuados o saldo inicial das contas representativas de rendas a apropriar. Assim, as receitas tributáveis no 4o trimestre/2005 foram reduzidas de R$ 9.482.777,86 para R$ 4.888.105,73, e de R$ 2.267.289,73 para R$ 1.393.796,29. E, quanto às parcelas remanescentes, foi consignado no voto condutor da decisão de 1a instância que ao registrar parte de tais valores na conta redutora de ativo “Rendas a Apropriar”, a ser debitada quando do recebimento dos valores, o autuado não optou pela contabilização das receitas pelo regime de competência, descumprindo o prescrito nas normas fiscais de regência, como acima demonstrado. Importa considerar, porém, que se a conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber é reduzida pelas outras duas contas mencionadas, ela necessariamente estaria integrada pelo total dos créditos a receber (em outras palavras, o total do direito foi debitado naquela conta, e o crédito foi partilhado entre conta de resultado e as contas redutoras, revelando a omissão originalmente vislumbrada pela autoridade lançadora). Neste contexto, o recebimento dos valores ensejará débito em disponibilidades e crédito na conta nº 1.201.01.006 – Titulares de Cartões a Receber, para liquidação do direito. Por sua vez, as contas redutoras de ativo, para serem liquidadas, deverão receber lançamentos a débito em contrapartida a uma conta credora, que na argumentação razoável do sujeito passivo, seria uma conta de receita. Estas evidências e a condução do trabalho fiscal, bem como da decisão de 1a instância apontam no sentido que a infração cometida pelo sujeito passivo seria a inobservância do regime de competência, e em tais condições do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000/99 prescreve que: Art. 273. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de receita, rendimento, custo ou dedução, ou do reconhecimento de lucro, somente constitui fundamento para lançamento de imposto, diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa, se dela resultar (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 5º): I a postergação do pagamento do imposto para período de apuração posterior ao em que seria devido; ou II a redução indevida do lucro real em qualquer período de apuração. § 1º O lançamento de diferença de imposto com fundamento em inexatidão quanto ao período de apuração de competência de receitas, rendimentos ou deduções será feito pelo valor líquido, depois de compensada a diminuição do imposto lançado em outro período de apuração a que o contribuinte tiver direito em decorrência da aplicação do disposto no § 2º do art. 247 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 6º). § 2º O disposto no parágrafo anterior e no § 2º do art. 247 não exclui a cobrança de atualização monetária, quando for o caso, multa de mora e juros de mora pelo prazo em que tiver ocorrido postergação de pagamento do imposto em virtude de inexatidão quanto ao período de competência (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 7º, e DecretoLei nº 1.967, de 23 de novembro de 1982, art. 16). Todavia, a autoridade lançadora interpretou equivocadamente este dispositivo legal, e apenas investigou a eventual existência de declaração ou recolhimento de débito em Fl. 718DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 718 20 atraso, pertinente ao 4o trimestre/2005. Necessário seria, nos termos do que acima transcrito, verificar se as receitas a apropriar contabilizadas no 4o trimestre/2005 foram levadas a resultado em períodos de apuração subsequentes, com eventual recolhimento de tributo naqueles períodos, os quais poderiam ser reclassificados como pagamentos pertinentes ao período autuado, e a eles imputados para exigência apenas da diferença de imposto, atualização monetária, quando for o caso, ou multa. Por esta razão, a preliminar deduzida pela recorrente acerca da nulidade do lançamento por erro de qualificação jurídica da infração, em verdade, confundese com o mérito da exigência, e evidencia que os elementos reunidos pela autoridade lançadora não eram suficientes para a acusação formulada. Desnecessário, portanto, avaliar a qualidade da prova trazida em defesa, devendo ser declarada a improcedência das exigências remanescentes após o julgamento de 1a instância, as quais já não contemplavam, também, a Contribuição ao PIS e a COFINS lançadas sobre as receitas omitidas de natureza financeira (R$ 2.267.289,73, reduzida para R$ 1.393.796,29), em razão do disposto no art. 1o do Decreto nº 5.164/2004. Diante do exposto, considerando que o I. Relator já expôs as razões para negar provimento ao recurso de ofício nesta parte, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, relativamente à infração de omissão de receitas de taxa referente ao Serviço de Transação Nacional e de encargos financeiros. A segunda infração questionada pela recorrente diz respeito à omissão de receitas correspondentes a encargos financeiros vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias. No Termo de Verificação Fiscal às fls. 109/113, reportandose aos encargos financeiros de créditos vencidos há mais de 60 dias, a autoridade lançadora destacou o necessário reconhecimento de tais receitas pro rata temporis, bem como a possibilidade de sua exclusão do lucro líquido após dois meses de vencimento do crédito, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.430/96, para posterior adição no período de apuração em se tornarem disponíveis para a pessoa jurídica, ou em que tenha reconhecido a respectiva perda, e constatou que: Em sua contabilidade o contribuinte não segue os ditames do art. 11 da Lei 9.430/96 e seu respectivo parágrafo 2o. Ou seja, os juros auferidos a partir do terceiro mês do vencimento do crédito não são apropriados em conta de resultado, como também não são controlados na Parte B do LALUR. Desta forma quando os créditos se tornam disponíveis para o contribuinte no momento do reconhecimento da perda ou recebimento/parcelamento do crédito não é feita a devida adição ao Lucro Real, dos encargos financeiros incorridos, para apuração do IRPJ e da CSLL. Para apuração correta dos encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido, após decorridos sessenta dias do seu vencimento ate sua liquidação ou baixa, utilizamos o arquivo denominado "Titulares a Receber" dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2005, entregues pelo contribuinte, a esta fiscalização, e que foram por ele confeccionados em 07 de julho de 2010. Para o cálculo dos encargos financeiros foram utilizadas as informações constante das faturas (fls. a ) que são: juros de mora de 15% am e multa de mora de 2%. Na tabela abaixo reproduzimos os valores apurados que segundo a legislação fiscal vigente deveriam ter sido adicionados ao lucro liquido do exercício no ultimo trimestre de 2005: [...] Fl. 719DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 719 21 Anexamos ao presente termo, um CD que contém um arquivo denominado: "APROPRIAÇÃO DE JUROS CARTEIRA VENCIDOS ATE 180 DIAS", para cada mês do quarto trimestre de 2005, contendo a relação de créditos que foram objeto do calculo da apropriação dos juros. Os arquivos foram validados no sistema de validação de arquivos SVA da SRFB, e fazem parte integrante e indissociável do presente termo de verificação fiscal. A omissão de receitas totalizou R$ 4.257.075,57, no 4o trimestre/2005, se sujeitouse à incidência de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS. Além disso, no Termo de Verificação Fiscal de fls. 118/122, abordando os encargos financeiros vencidos até 60 dias, a autoridade lançadora reproduziu as análises anteriores, e acrescentou que: Em sua contabilidade o contribuinte não segue os ditames da lei comercial e tampouco da legislação fiscal, pois não apropria os encargos financeiros auferidos, partir do primeiro dia de vencimento do credito em conta de resultado, e por conseguinte não oferece ao lucro real. Para apuração correta dos encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido e não pago, nos primeiros sessenta dias do seu vencimento, utilizamos o arquivo denominado "Titulares a Receber" dos meses de outubro, novembro e dezembro de 2005, entregues pelo contribuinte, a esta fiscalização, e que foram por ele confeccionados em 07 de julho de 2010. Para o calculo dos encargos financeiros foram utilizadas as informações constante das faturas (fls. a ) que são: juros de mora de 15% am e multa de mora de 2%. Na tabela abaixo reproduzimos os valores apurados que segundo a legislação fiscal vigente deveriam ter sido adicionados ao lucro liquido do exercício no ultimo trimestre de 2005: [...] Anexamos ao presente termo, um CD que contém um arquivo denominado: "APROPRIAÇÃO DE JUROS CARTEIRA VENCIDOS ATE 60 DIAS", para cada mês do quarto trimestre de 2005, contendo a relação de créditos que foram objeto do calculo da apropriação dos juros. Os arquivos foram validados no sistema de validação de arquivos — SVA da SRFB, e fazem parte integrante e indissociável do presente termo de verificação fiscal. A omissão de receitas totalizou R$ 5.374.359,13, no 4o trimestre/2005, e se sujeitouse à incidência de IRPJ, CSLL, Contribuição ao PIS e COFINS. Concluise, do exposto, que a primeira irregularidade constatada pela Fiscalização diz respeito aos juros que deixaram de ser apropriados pela contribuinte após decorridos sessenta dias do seu vencimento até sua liquidação ou baixa. Já no segundo termo, a autoridade lançadora constatou que os encargos incorridos até 60 (sessenta) dias não eram apropriados a partir do primeiro dia do vencimento crédito, sem que tenha ocorrido o seu recebimento. E, neste sentido, a autoridade julgadora de 1a instância consignou que: 44. O autuado informa que as receitas de encargos financeiros, tantos para os créditos vencidos até 60 dias como para aqueles vencidos há mais de 60 dias, não teriam sido reconhecidas na data de competência, mas sim no dia do pagamento da fatura, conforme estaria demonstrado nos Anexos 09 (DVD 39) (fl. 345), 10 (DVD 40) (fl. 346) e 12 a 20 (fls. 348 a 365), para os meses de 10/2005, 11/2005 e 12/2005. Fl. 720DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 720 22 45. Esses elementos de contestação, além de declaradamente revelarem a inobservância do regime de competência, não possuem consistência e força demonstrativa para respaldar convincentemente as alegações feitas pelo autuado, de oferecimento dos Encargos Financeiros à tributação, nos moldes estabelecidos pelas normas fiscais de regência. Sendo genéricos, carecemselhes, inclusive, especificidade necessária para evidenciar eventual erro nos demonstrativos apresentados pela autoridade fiscal (fls. 114, 118, 119, 123, 125 e 128). A recorrente também afirma, neste ponto, a nulidade do lançamento por não se tratar de omissão de receitas, aduz que a receita correspondente foi integralmente contabilizada quando do pagamento da fatura em atraso pelo cliente titular do cartão de crédito, e acrescenta que, ante a possibilidade de exclusão destas parcelas do lucro tributável, somente se poderia questionar este procedimento sob o ponto de vista contábil. Novamente a preliminar de nulidade confundese com o mérito da exigência, porque, na primeira acusação, a autoridade fiscal não informou que os encargos classificados como receitas omitidas teriam sido pagos pelos clientes da contribuinte no período autuado. A adição correspondente às receitas classificadas como omitidas teria decorrido da falta de apropriação em conta de resultado dos juros auferidos a partir do terceiro mês do vencimento do crédito, tanto que a apuração teve em conta os encargos financeiros, incidentes sobre o crédito vencido, após decorridos sessenta dias do seu vencimento. Assim, não só em razão de a irregularidade caracterizar eventual inobservância do regime de competência, à semelhança do item anterior, mas também porque a falta de reconhecimento, no resultado, das receitas em referência não teria repercussão no lucro tributável pelo IRPJ e pela CSLL, em razão da exclusão autorizada em lei, não podem subsistir as exigências destes tributos. Com referência à segunda acusação, a autoridade lançadora apurou que a contribuinte não apropriava os encargos financeiros auferidos, a partir do primeiro dia de vencimento do crédito em conta de resultado, mas nada informou acerca do procedimento adotado para contabilização do recebimento destes valores. Assim, embora eventuais omissões de receitas possam ter se verificado, as investigações fiscais deveriam ter sido aprofundadas para excluir a hipótese de mera postergação de tributos, sujeitos a lançamento na forma do art. 273 do RIR/99. Por tais razões, considerando que o I. Relator já expressou as razões para negar provimento ao recurso de ofício também nesta parte, o presente voto é no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário relativamente à omissão de receitas correspondentes a encargos financeiros vencidos até 60 dias e vencidos há mais de 60 dias. Prosseguindo, a recorrente discorda da glosa de despesas de perdas com operações de crédito, assim motivada pela Fiscalização às fls. 101/104: Para análise e conferência da exatidão dos valores reconhecidos pelo contribuinte como despesa operacional dedutível na apuração do IRPJ e CSLL, tomamos o arquivo magnético denominado "Carteira de Titulares", confeccionados pelo contribuinte em 07/07/2010, e separamos, todos os créditos que atingiram seis meses de vencimento, em cada um dos meses do quarto trimestre de 2005, e que por conseguinte tornaramse dedutíveis pela Lei 9430/96. A seguir apresentamos o resultado apurado: [...] Fl. 721DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 721 23 Comparandose o valor considerado dedutível pelo contribuinte em sua DIPJ 2006, no quarto trimestre de 2005, com o valor apurado por esta fiscalização com base nos arquivos magnéticos fornecido pelo próprio contribuinte "Carteira de Titulares" chegase à conclusão que o contribuinte considerou uma dedução, na apuração do IRPJ do quarto trimestre de 2005, superior a permitida em lei no valor de R$ 2.311.879,52 (12.571.758,03 10.259.878.51). A autoridade lançadora observa que todos os créditos detidos pela contribuinte são inferiores a R$ 5.000,00, de modo que sua dedução como perda é possível a partir do momento em que se encontram vencidos há mais de seis meses. Todavia, na análise de arquivo magnético fornecido pelo sujeito passivo, apurouse que a totalização dos créditos vencidos há mais de seis meses em cada mês do 4o trimestre/2005 resultariam em uma dedução trimestral inferior àquela computada pela contribuinte em sua DIPJ. A autoridade julgadora de 1a instância consignou que: 46. Em relação à parte do lançamento referente à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito decorrente do excesso de dedução levado a efeito pelo autuado no 4º trimestre de 2005, conforme consta na DIPJ do ano, observase que tal excesso foi apurado pela autoridade com base no disposto nos artigos 9º e 10 da Lei nº 9.430/96, e de acordo com o levantamento que a autoridade realizou nos registros magnéticos fornecidos pelo autuado. O autuado insurgese contra o fato alegando que o banco de dados fornecido não poderia ser utilizado para esse fim, tendo a autoridade considerado apenas a carteira de titulares de cartões para efetuar a verificação das perdas financeiras, cruzando dados incompatíveis pelo período de apuração. Aduz, também, que o lançamento teria considerado 6 meses para as perdas da carteira, quando o correto seria considerar o período maior, de 180 dias. 47. A contestação do autuado, de novo, peca por ser genérica, sem precisar valores, períodos e critérios utilizados pela autoridade que caracterizariam procedimento incorreto que teria levado à apuração do excesso de dedução glosado. Portanto inexistem elementos suficientes para se identificar erro no procedimento de verificação adotado pela autoridade, tendo em conta que os resultados apurados foram obtidos pelo exame dos registros magnéticos produzidos e apresentados pelo próprio autuado. Portanto, também, como respeito à glosa de Despesas de Perdas com Operações de Crédito, o lançamento deve ser mantido. A recorrente argumenta que o arquivo utilizado pela Fiscalização não se presta à verificação do total dos contratos inadimplidos que já teriam cumprido os requisitos da Lei nº 9.430/96, pois acabou por cruzar dados incompatíveis em função do período de apuração, e afirma ter apresentado elementos suficientes em impugnação, os quais evidenciariam a nulidade do auto de infração. Reportase à mídia juntada à sua defesa anterior, contendo a relação completa dos contratos enquadrados na regra fiscal e que mencionava expressamente os valores envolvidos, e observa que contabiliza as perdas de acordo com as disposições tributárias, porque à época não era regulada pelo Banco Central do Brasil. Constatase que a apuração fiscal não confronta individualmente os créditos deduzidos como perda com aqueles passíveis de dedução em razão do arquivo magnético fornecido pelo sujeito passivo, nem submete sua apuração previamente ao fiscalizado, para esta conferência. Em conseqüência, a glosa é promovida por valores totais mensais, sem distinguir perdas que poderiam ter sido, apenas, antecipadas, sujeitandose ao disposto no art. 273 do RIR/99, antes transcrito. Fl. 722DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA Processo nº 16327.001717/201014 Acórdão n.º 1101001.225 S1C1T1 Fl. 722 24 Em tais condições, a eventual conversão do julgamento em diligência para confrontação das informações utilizadas pela autoridade fiscal e dos demonstrativos em arquivos magnéticos apresentados na defesa se prestariam a complementar as análises fiscais que não foram desenvolvidas antes do prazo decadencial. Por estas razões, a exigência não pode subsistir, devendo ser DADO PROVIMENTO ao recurso voluntário. Estas as razões, portanto, para DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário e cancelar integralmente a exigência formulada, na medida em que também negado provimento ao recurso de ofício nos termos do voto do I. Relator. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Redatora Fl. 723DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 22/12/20 14 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOS O, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por EDELI PEREIRA BESSA
score : 1.0
Numero do processo: 10730.909691/2011-89
Turma: Primeira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Jan 06 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 15/04/2005
LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%.
As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitam-se à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998.
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO.
No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a não-apresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a não-homologação da declaração de compensação.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3801-004.357
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Flávio de Castro Pontes Presidente
(assinado digitalmente)
Paulo Sergio Celani Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
Nome do relator: PAULO SERGIO CELANI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 15/04/2005 LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%. As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitam-se à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO. No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a não-apresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a não-homologação da declaração de compensação. Recurso Voluntário Provido.
turma_s : Primeira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Jan 06 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10730.909691/2011-89
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5414474
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3801-004.357
nome_arquivo_s : Decisao_10730909691201189.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : PAULO SERGIO CELANI
nome_arquivo_pdf_s : 10730909691201189_5414474.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes Presidente (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira.
dt_sessao_tdt : Thu Sep 18 00:00:00 UTC 2014
id : 5778787
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475409911808
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2067; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE01 Fl. 2 1 1 S3TE01 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10730.909691/201189 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3801004.357 – 1ª Turma Especial Sessão de 18 de setembro de 2014 Matéria DCOMP ELETRONICO PAGAMENTO A MAIOR OU INDEVIDO Recorrente SUCESI REPRESENTACOES LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/04/2005 LUCRO PRESUMIDO. REGIME CUMULATIVO. ALÍQUOTA DE 3%. As pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido sujeitamse à tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO VOLUNTÁRIO. PROVA. MOMENTO. No julgamento de segunda instância administrativa, devem ser apreciados e aceitos como prova do direito de crédito utilizado em declaração de compensação não homologada, documentos fiscais e contábeis apresentados no recurso voluntário, quando apenas na decisão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve o despacho decisório eletrônico, fica claro que a nãoapresentação destes documentos é a razão para o indeferimento do pedido de crédito e a nãohomologação da declaração de compensação. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário. Os Conselheiros Flávio de Castro Pontes e Marcos Antônio Borges votaram pelas conclusões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 90 96 91 /2 01 1- 89 Fl. 48DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.909691/201189 Acórdão n.º 3801004.357 S3TE01 Fl. 3 2 (assinado digitalmente) Flávio de Castro Pontes – Presidente (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani – Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Flávio de Castro Pontes, Paulo Sergio Celani, Marcos Antônio Borges, Sidney Eduardo Stahl, Maria Inês Caldeira Pereira da Silva Murgel e Paulo Antônio Caliendo Velloso da Silveira. Relatório Conforme relatório do acórdão recorrido, tratase o presente processo de apreciação de compensação declarada em PER/DCOMP, de crédito referente a valor da Cofins que teria sido recolhido a maior com débito trituário da contribuinte. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de origem, por meio de despacho decisório eletrônico, não reconheceu ou reconhecer parcialmente o direito de crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento foi total ou parcialmente utilizado para quitar débito declarado em DCTF. Cientificada do despacho eletrônico, a interessada apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega que, no exercício de 2004 e parte de 2005, a empresa pagou indevidamente a COFINS com base na alíquota de 7,4% quando deveria ser de 3%, porque enquadravase no regime cumulativo. Demonstrou, para o período de apuração que ensejou o pagamento indevido ou a maior, o erro no cálculo, como apurou o valor a que teria direito e como apropriou este valor na compensação de débito para com a Fazenda Nacional. Afirma que a Secretaria da Receita Federal do Brasil –RFB estaria cometendo um equívoco, ao alegar que o crédito já foi utilizado em quitação de débitos da empresa. A Delegacia da Receita Federal do Julgamento em Ribeirão PretoDRJ/RPO julgou a manifestação de inconformidade improcedente, conforme ementa a seguir: “Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: (...) MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. ALEGAÇÃO SEM PROVAS. Cabe ao contribuinte no momento da apresentação da manifestação de inconformidade trazer ao julgado todos os Fl. 49DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.909691/201189 Acórdão n.º 3801004.357 S3TE01 Fl. 4 3 dados e documentos que entende comprovadores dos fatos que alega.” Após, foi apresentado recurso voluntário, no qual a recorrente repete as alegações da manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Sergio Celani, Relator. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos para ser julgado por esta turma especial. A recorrente afirma que apesar de estar submetida à tributação do IRPJ com base no lucro presumido, o que implicaria ter que recolher a Cofins à alíquota de 3% sob o regime cumulativo, equivocadamente calculou a contribuição aplicando alíquota maior. Após ter verificado o erro, procedeu à compensação dos valores que entendeu ter recolhido a maior com débitos perante a Fazenda Nacional de Cofins, contribuição para o PIS/Pasep, IRPJ e CSLL. São vários os processos em julgamento nesta Turma Especial. Nos processos em que a recorrente compensou os supostos créditos com IRPJ e CSLL, as Declarações de Compensação evidenciam que a recorrente se enquadrava no lucro presumido, o que ensejaria a tributação da Cofins no regime cumulativo, por força do art. 10 da Lei nº 10.833, de 2003, à alíquota básica de 3%, prevista no art. 8º da Lei nº 9.718, de 27/11/1998. Cito: “Art. 10 . Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: ( Vide Medida Provisória nº 252, de 15/06/2005 ). I as pessoas jurídicas referidas nos §§ 6º, 8º e 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, e na Lei nº 7.102, de 20 de junho de 1983; II as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido ou arbitrado; III as pessoas jurídicas optantes pelo SIMPLES; IV as pessoas jurídicas imunes a impostos; V os órgãos públicos, as autarquias e fundações públicas federais, estaduais e municipais, e as fundações cuja criação tenha sido autorizada por lei, referidas no art. 61 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição; (...)” Fl. 50DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.909691/201189 Acórdão n.º 3801004.357 S3TE01 Fl. 5 4 A decisão da Delegacia da Receita Federal de origem, por meio de despacho eletrônico, pela nãohomologação da compensação declarada baseouse na nãocomprovação da existência de crédito disponível. A decisão da Delegacia da Receita Federal do Julgamento que manteve o despacho decisório fundamentouse na nãoapresentação de comprovantes fiscais e contábeis, em especial notas fiscais e livros fiscais e contábeis, relativos ao crédito pleiteado por meio de despacho eletrônico, constando do voto do acórdão recorrido que a contribuinte limitouse a afirmar que efetuou pagamento indevido, sem demonstrar contabilmente como teria apurado o novo valor do tributo devido. Compulsando os autos, constato que a empresa apresentou, antes do julgamento de primeira instância administrativa, planilha com demonstrativo de pagamentos a maior, informando para o período de apuração o faturamento, o valor pago, o valor devido e o valor pago a maior; cópia de nota fiscal de serviços; e cópia de comprovante de recolhimento. Em julgamentos anteriores de casos semelhantes, votei por negar provimento ao recurso voluntário, na falta de comprovação plena da certeza e liquidez do crédito pleiteado, porém, após ficar vencido sozinho em todos eles, considerando o princípio do colegiado, adoto a posição majoritária da turma, nos casos de despacho eletrônico em que a contribuinte apresenta na fase recursal documentos e demonstrativos que indiquem possuir bom direito, para aplicar o princípio da verdade material e da vedação ao enriquecimento sem causa para mitigar em parte a exigência de plena comprovação na manifestação de inconformidade ou mesmo no recurso voluntário da liquidez do crédito, limitandome a tratar da existência do direito de crédito e ressalvando à Secretaria da Receita Federal do Brasil o poder/dever de verificar na escrita fiscal e contábil da interessada sua liquidez. Esclareço que esta postura leva em consideração que a retificação da DCTF não é condição para o deferimento do pedido de crédito ou para a homologação da compensação declarada e que a ausência nos autos dos livros contábeis e fiscais, quando apresentados os documentos fiscais e demonstrativos dos cálculos do tributo recolhido a maior ou indevidamente e do tributo devido, pode ser suprida, no momento da execução da decisão administrativa, por meio de diligência fiscal ou intimação fiscal para apresentação dos livros pela contribuinte. No presente caso, em que a decisão administrativa se concretizou por meio de despacho eletrônico sem qualquer intimação para que a interessada prestasse informações ou apresentasse provas necessárias à análise do pleito, a Lei nº 9.784, de 29/01/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, ampara o entendimento segundo o qual a administração tributária poderia. Cito: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 37. Quando o interessado declarar que fatos e dados estão registrados em documentos existentes na própria Administração responsável pelo processo ou em outro órgão administrativo, o órgão competente para a instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos ou das respectivas cópias. (...) Fl. 51DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES Processo nº 10730.909691/201189 Acórdão n.º 3801004.357 S3TE01 Fl. 6 5 Art. 39. Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de provas pelos interessados ou terceiros, serão expedidas intimações para esse fim, mencionandose data, prazo, forma e condições de atendimento. Parágrafo único. Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão competente, se entender relevante a matéria, suprir de ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão. A mesma lei estabelece que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer, com base nas notas fiscais e demonstrativos acostados aos autos, o direito de crédito referente à diferença entre a Cofins efetivamente paga e a devida pela tributação cumulativa à alíquota de 3%, e homologar a compensação declarada até o limite do crédito disponível, ressalvando que a Delegacia da Receita Federal do Brasil deverá apurar a liquidez do crédito com base nos livros fiscais e contábeis da contribuinte. (assinado digitalmente) Paulo Sergio Celani. Fl. 52DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 22/12/2014 por PAULO SERGIO CELANI, Assinado digitalmente em 24/12/2014 por FLAVIO DE CASTRO PONTES
score : 1.0
Numero do processo: 11065.721200/2011-22
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO.
O dolo é elemento indispensável para justificar a aplicação da penalidade agravada. A contabilização de custos inexistentes e a utilização de notas fiscais inidôneas visando a reduzir o lucro e ocultar finalidade ou destinatário de pagamentos realizados constituem condutas dolosas e impõem o lançamento da multa de ofício de 150%.
MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO.
A vedação constitucional do confisco é direcionada a tributos e não a multa, sendo dirigida ao legislador.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC.
CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO.
Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplica-se ao lançamento reflexo alusivo à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ.
Numero da decisão: 1402-001.874
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a argüição de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Paulo Roberto Cortez, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Cristiane Silva Costa que votaram por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento a Conselheira Cristiane Silva Costa.
(assinado digitalmente)
LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez, Cristiane Silva Costa e Leonardo de Andrade Couto.
Nome do relator: FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2007, 2008, 2009 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. O dolo é elemento indispensável para justificar a aplicação da penalidade agravada. A contabilização de custos inexistentes e a utilização de notas fiscais inidôneas visando a reduzir o lucro e ocultar finalidade ou destinatário de pagamentos realizados constituem condutas dolosas e impõem o lançamento da multa de ofício de 150%. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. A vedação constitucional do confisco é direcionada a tributos e não a multa, sendo dirigida ao legislador. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplica-se ao lançamento reflexo alusivo à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 11065.721200/2011-22
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5425056
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Feb 10 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1402-001.874
nome_arquivo_s : Decisao_11065721200201122.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR
nome_arquivo_pdf_s : 11065721200201122_5425056.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a argüição de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Paulo Roberto Cortez, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Cristiane Silva Costa que votaram por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento a Conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO - Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez, Cristiane Silva Costa e Leonardo de Andrade Couto.
dt_sessao_tdt : Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
id : 5810202
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:50 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475416203264
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 38; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2189; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1.328 1 1.327 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.721200/201122 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1402001.874 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de novembro de 2014 Matéria IRPJ Recorrente ALTUS SISTEMAS DE INFORMATICA S A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ILEGALIDADE OU INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. APRECIAÇÃO. COMPETÊNCIA DA AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INEXISTÊNCIA. Salvo nos casos de que trata o artigo 26A, do Decreto nº 70.235, de 1972, o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, não tem competência para conhecer de matéria que sustente a insubsistência do lançamento sob o argumento de que a autuação se deu com base norma inconstitucional ou ilegal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 GLOSA DE CUSTOS. CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO POR EMPREITADA OU DE FORNECIMENTO A PREÇO PREDETERMINADO DE BENS E SERVIÇOS. Somente é dedutível a parcela do custo comprovada. O custo orçado ou estimado pelo percentual de execução física do contrato (realização da obra), com preço predeterminado, apenas é admissível em contratos que tenham prazo de execução superior a um ano. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. O dolo é elemento indispensável para justificar a aplicação da penalidade agravada. A contabilização de custos inexistentes e a utilização de notas fiscais inidôneas visando a reduzir o lucro e ocultar finalidade ou destinatário de pagamentos realizados constituem condutas dolosas e impõem o lançamento da multa de ofício de 150%. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 72 12 00 /2 01 1- 22 Fl. 1328DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.329 2 MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. A vedação constitucional do confisco é direcionada a tributos e não a multa, sendo dirigida ao legislador. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. CABIMENTO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. CSLL. DECORRÊNCIA. LANÇAMENTO REFLEXO. Versando sobre as mesmas ocorrências fáticas, aplicase ao lançamento reflexo alusivo à CSLL o que restar decidido no lançamento do IRPJ. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a argüição de nulidade da decisão de primeira instância e, no mérito, por voto de qualidade, em negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Paulo Roberto Cortez, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Cristiane Silva Costa que votaram por dar provimento parcial ao recurso para cancelar a exigência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Ausente o Conselheiro Carlos Pelá. Participou do julgamento a Conselheira Cristiane Silva Costa. (assinado digitalmente) LEONARDO DE ANDRADE COUTO Presidente. (assinado digitalmente) FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Frederico Augusto Gomes de Alencar, Carlos Pelá, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Moisés Giacomelli Nunes da Silva, Paulo Roberto Cortez, Cristiane Silva Costa e Leonardo de Andrade Couto. Fl. 1329DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.330 3 Relatório Altus Sistemas de Informática S.A. recorre a este Conselho contra decisão de primeira instância proferida pela 5ª Turma da DRJ Porto Alegre/RS, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Por pertinente, transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): “Trata o presente processo de exigências de imposto de renda da pessoa jurídica (IRPJ), contribuição social sobre o lucro líquido (CSLL) e imposto de renda retido na fonte (IRRF), referentes a fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, conforme Autos de Infração e Anexos de fls. 803846 e Relatório da Ação Fiscal e planilhas (RAF) de fls. 759802. O crédito tributário apurado decorre das seguintes irregularidades fiscais, que estão detalhadas no relatório fiscal: Descrição das Irregularidades. Item do relatório Tributo Multa de ofício % Período Falta de adição de despesas com brindes ao lucro real e base de cálculo da CSLL. 3.1 IRPJ e CSLL 75 2008 Glosa de despesas documentação não foi apresentada. 3.2 IRPJ e CSLL 75 2008 Antecipação de despesas provisão de fretes sobre vendas 3.3.1 IRPJ e CSLL 75 2008 Antecipação de despesas provisão de indenização em reclamatória trabalhista 3.3.2 IRPJ e CSLL 75 2008 Cálculo dos tributos postergados itens 3.3.1 e 3.3.2. 3.3.3 IRPJ e CSLL Glosa de despesas Raul Cordeiro de Paula. 3.4 IRPJ e CSLL 150 2007, 2008 e 2009 IRF sobre pagamentos a beneficiário não identificado/pagamentos sem causa. 3.5 IRRF 150 2007, 2008 e 2009 Glosa de custos de execução de contratos de longo prazo. 3.6 IRPJ e CSLL 150 2009 Foram lavrados 3 (três) autos de infração, onde constam os seguintes enquadramentos legais e percentuais da multa de ofício: A) Imposto de Renda Pessoa Jurídica (auto de infração fl. 803 total crédito tributário R$ 2.845.618,12). 1. Glosa de custos (item 3.6 do RAF) arts. 251 e parágrafo único, 300 e 407 do Decreto n° 3.000, de 1999 (RIR/99); IN SRF n° 21/1979. Multa de ofício: 150%. 2. Glosa de despesas (item 3.4 do RAF) arts. 249, I, 251 e parágrafo único, 299, §§ 1° e 2°, e 300 do RIR/99. Multa de ofício: 150%. 3. Glosa de despesas (item 3.2 do RAF) arts. 251 e parágrafo único, e 300 do RIR/99. Multa de ofício: 75%. Fl. 1330DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.331 4 4. Despesas indedutíveis (item 3.1 do RAF) arts. 247, 249, I e VIII, 251 e parágrafo único, e 299 do RIR/99. Multa de ofício: 75%. 5. Antecipação de despesas (item 3.3 do RAF) arts. 248, 249, I, 251, 273, I e §§, 274 e 335 do RIR/99. Multa de Ofício: 75% B) Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (auto infração de fl. 811 total do crédito tributário R$ 1.023.902,76). 1. Falta de adição de despesas com brindes (item 3.1 do RAF) arts. 2° e § 1°, 13, VII, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; e art. 3° da Lei n° 7.689, de 1988, com alterações introduzidas pelo art. 17 da Lei n° 11.727, de 2008. Multa de ofício: 75%. 2. Glosa de despesas (item 3.2 do RAF) art. 2° e §§, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; arts. 299, §§ 1° e 2°, e 300 do RIR/99; e art. 37 da Lei n° 10.637, de 2002. Multa de ofício: 75%. 3. Glosa de despesas (item 3.4 do RAF) art. 2° e §§, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; art. 299, §§ 1° e 2°, e 300 do RIR/99; e art. 37 da Lei n° 10.637, de 2002. Multa de ofício: 150%. 4. Glosa de custos (item 3.6 do RAF) art. 2° e §§, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; arts. 251 e parágrafo único, 300 e 407 do RIR/99; e art. 3° da Lei n° 7.689, de 1988, com alterações introduzidas pelo art. 17 da Lei n° 11.727, de 2008. Multa de ofício: 150%. 5. Antecipação de despesas (item 3.3 do RAF) art. 2° e §§, da Lei n° 7.689, de 1988; art. 13, I, da Lei art. 28 da Lei n° 9.430, de 1996; art. 273, I e §§, do RIR/99; art. 37 da Lei n° 10.637, de 2002. Multa de ofício: 75%. C) IRRF (auto de infração de fl. 819 total do crédito tributário R$4.451.077,56) 1. IRRF sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa (item 3.5 do RAF) art. 674 e §§ do RIR/99. Multa de ofício: 150%. Os valores da multa de ofício estão lançados com percentuais de 75% e 150%, conforme está nos autos: 75% IR e CSLL art. 44, inciso I, da Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 2007. 150% IR e CSLL art. 44, inciso I e § 1°, da Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 2007. 150% IRRF art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 1996; e art. 44, inciso I e § 1°, da Lei n° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 2007. O juros de mora estão sendo exigidos com fundamento nos arts. 6°, § 2° (IRPJ, CSLL) e 61, § 3° (IRRF), da Lei n° 9.430, de 1996. Para a exigência relativa à CSLL, acrescentese o art. 28 da citada lei. Fl. 1331DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.332 5 O valor total do crédito tributário, na data da autuação, é de R$8.320.598,54 (fl. 2). A multa de ofício com o percentual de 150% aplicada sobre os tributos apurados em decorrência das infrações descritas nos itens 3.4 e 3.5 do relatório fiscal utilização de notas fiscais inidôneas (notas fiscais "frias"), emitidas em nome da pessoa jurídica Raul Cordeiro de Paulo. Consta que a fiscalizada valeuse de tais documentos para justificar pagamentos efetuados a "beneficiário não identificado e cuja causa não foi comprovada". Na infração descrita no item 3.6 do relatório fiscal glosa de custos de execução de contratos de longo prazo o motivo para exigência da multa com o percentual de 150%, conforme o relatório fiscal, é o seguinte (fl. 774): Cumpre recordar que a fiscalizada inventou os valores do "Controle do Contrato de Longo Prazo" n° 1111/021SOS0015 em razão de a fiscalização haver apurado diferenças nos saldos da conta 2110901021001Custos a Incorrer a partir do mês de janeiro/2009, conforme demonstrado no Termo de Constatação e Intimação Fiscal lavrado em 13/01/2011 (fls. 674 item 3 e 688 a 695) e na Planilha 4 anexa ao presente relatório. Tendo em vista que, de acordo com o previsto na Instrução Normativa SRF n° 21/1979, tanto as receitas quanto as despesas dos contratos com prazo de execução física superior a doze meses devem compor o resultado do contribuinte segundo o progresso dessa execução, a fiscalizada teve que inventar tanto valores de receita quanto valores de custo para neutralizar as diferenças apuradas pela fiscalização no saldo da conta 2110901021001Custos a Incorrer. [...] sonegação é a ação dolosa tendente a impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Foi exatamente essa a atitude da fiscalizada ao apresentar o "controle do Contrato de Longo Prazo" n° 1111/02ISOS0015. Quando a fiscalizada foi confrontada, por meio do Termo de Constatação e Intimação Fiscal lavrado em 13/01/2011 (fls. 674 item 3 e 688 a 695), a respeito das diferenças nos saldos da conta ... Custos a Incorrer, ela criou artificialmente o referido controle a fim de tentar convencer a fiscalização de que as diferenças em questão seriam inexistentes. No entanto o ardil da fiscalizada não resistiu aos questionamentos do Termo de Intimação Fiscal lavrado em 25/02/2011 (fl. 716). (Grifouse.) A autuada, tempestivamente, por meio de seus procuradores (procurações à fl. 946948 Altemo Advogados Associados), impugnou parcialmente os lançamentos com documentos (fls. 852892), alegando, em síntese, sob os seguintes títulos, o seguinte: I Dos fatos Depois de descrever as infrações fiscais identificadas pelo fisco, a defesa registra que a impugnação é parcial, impondo a suspensão da exigibilidade quanto ao IRPJ e CSLL, conjuntamente às multas de oficio agravadas em 150%, respectivamente: a) custo ou despesas não comprovadas glosa de custos de execução de contratos de longo prazo; b) redução indevida do lucro líquido glosa Fl. 1332DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.333 6 de custos de execução de contratos de longo prazo. Quanto ao IRRF, impugna a multa agravada com o percentual de 150%. Assim, diz a defesa, a fase contenciosa parte do crédito tributário contestado, na sequência, demonstrado. II Do direito A. Custos ou despesas não comprovadas Glosa de custos de execução de contratos de longo prazo períodobase 2009 A defesa inicialmente registra que desde o início da fiscalização apresentou os documentos e esclarecimentos quanto ao regime especial de tributação para contratos de empreitada ou fornecimento de bens ou serviços a serem produzidos mediante execução em prazo superior a um ano com preço predeterminado (art. 407 do RIR/99 e IN SRF 21/79), e acrescenta: [..] A respeito da diferença a maior de R$ 1.454.038,85 encontrada no saldo credor registrado na conta 2110901021001Custos a Incorrer em 31.12.2009, a Impugnante expendeu que por ocasião do cumprimento do Termo de Constatação e Intimação Fiscal, de 15.12.2010, por equívoco, não juntou documentos que justificavam a diferença de R$ 1.454.038,85 encontrada na Planilha 2 que integra o Termo de Constatação e Intimação Fiscal, de 13.01.2011, então requerendo a juntada de "Controles de Contratos de Longo Prazo" que faltaram anexar naquela ocasião, apensando planilha alusiva aos Contratos n. 4570047229, n. 1111/021SOS0015 e n. CN4200007. Em cumprimento ao Termo de Intimação Fiscal, de 25.02.2011, especificamente quanto ao fornecimento de bens ou serviços à empresa Global Engenharia Ltda., anexou cópia da "Ordem de Serviço n. 1111/021SOS0015 UTE Global I e II" e do seu respectivo Instrumento Particular de Contrato de Fornecimento de Equipamentos; apensou as Notas Fiscais NF 56157, NF 55923, NF 55941, NFe n. 000.002.557 Série 3 (DANFE), conforme fls. 754 a 757 dos autos, referindo haverem sido contabilizadas e reconhecidas as suas correspondentes receitas realizadas no ano calendário de 2009, através de lançamentos contábeis demonstrados em planilha, os quais espelham faturamento e pagamento detalhados pela "Cláusula Sétima" do "Instrumento Particular de Contrato de Fornecimento de Equipamento". Com efeito, diante da "Ordem de Serviço n. 1111/021SOS0015" referente ao Instrumento Particular de Contrato e Fornecimento de Equipamentos firmado com Global Engenharia Ltda., comparativamente ao respectivo "Controle de Contrato de Longo Prazo" apresentado pela Impugnante, a Fiscalização constatou divergências com esse, no sentido de que aquela ordem de serviço foi pactuada em 12.08.2009, prevendo o prazo de noventa dias para a correspondente prestação de serviços no valor total de R$ 2.400.000,00, e ainda, que as notas fiscais relativas a tal ordem de serviço foram emitidas em 30.10.2009, 06.11.2009 e 21.12.2009, datas essas em que a própria Fiscalização constata terem sido efetivamente escrituradas as correspondentes receitas da prestação Fl. 1333DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.334 7 de serviço (fl. 758 dos autos), ao que tudo indica, comparativamente ao seu SPEDcontábil. Contudo, diante dos erros de fato incorridos pela Impugnante no Controle de Contrato de Longo Prazo" de fls. 714, em princípio, como a documentação exterioriza prestação de serviços pactuada para um prazo de noventa dias (v.g. curto prazo), a Fiscalização desconsiderou os valores constantes do referido "Controle de Contrato de Longo Prazo", todavia, desconsiderando apenas o cômputo dos seus custos na apuração do Lucro Real (IRPJ) e da Base de Cálculo Ajustada (CSLL) do ano de 2009, sem exclusão das suas correlatas receitas também contabilizadas em inobservância do regime de competência no apontado período base, preterindo a verdade material ocorrida na espécie.(Grifou se.) A conclusão fiscal vai além, pois, exclusivamente em face da contratação com a Global Engenharia Ltda, além da glosa de custos incorridos vinculada a cobrança de IRPJ e de CSLL, aplicou multa proporcional qualificada de 150%, motivada por suposta elaboração do respectivo "Controle de Contrato de Longo Prazo" mediante evidente intuito de fraude, caracterizada (tipificada) por sonegação fiscal, conforme seguintes excertos do Relatório da Ação Fiscal: [...] Contudo, no caso concreto se impõe reconhecer a verdade dos fatos ocorridos, prestigiandose o dever jurídico das autoridades fazendárias de tomarem decisões com base na legalidade e nos fatos tal como se apresentam em realidade, para que sejam corrigidas à luz da verdade, essencialmente, para se prestigiar o Princípio da Legalidade e da Verdade Material, pois a investigação da autoridade fazendária deve trazer aos autos os fatos realmente acontecidos, isto é, a sua realidade, para que as autoridades julgadoras formem suas convicções, para só então decidir subjetivamente em face das provas que objetivamente instruem o pleito da Impugnante, ainda mais quando se ingressa na fase contenciosa de sua apreciação (fatos), aonde deve ser respeitado o contraditório e a ampla defesa assegurado aos acusados em geral, mesmo em processos administrativos. [...] Ocorre que, a se considerar a ótica fiscal, no sentido de que a contratação de serviços em questão firmada com Global Engenharia Ltda, a rigor, evidencia contrato de produção em curto prazo, uma vez desconsiderado o "Controle de Contrato de Longo Prazo" constante a fl. 714, verificase que embora seja do contribuinte o ônus da prova dos eventuais "erros de fato" por si cometidos, não se pode olvidar que a autoridade fazendária tem o dever legal de atuar na devida instrução do processo, conforme dispõe o art. 36 da Lei n. 9.784/99. Com efeito, d.m.v., preterida a busca da verdade material da espécie que se cuida, esclareçase que tal circunstância fática exigiria, por parte da Fiscalização, Fl. 1334DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.335 8 aplicação do art. 408 do Decreto n. 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda RIR). [...] As normas complementares que regem a hipótese constam do item 2 (2.1 e 2.2) da Instrução Normativa SRF n. 21/79: [...] Nesse cenário, como se vê, qualquer que seja o prazo de vigência do contrato, quando a construção por empreitada ou cada unidade dos bens ou serviços deva ser produzida em prazo igual ou inferior a doze meses, a preço unitário e quantidades, o resultado deve ser apurado quando completada a execução de cada unidade, tenha ou não sido faturada. Dessa forma, fácil inferir que a apuração do resultado dos "Contratos de Produção em Curto Prazo" abrangem suas correspondentes receitas e custos, não podendo a Fiscalização singelamente glosar a dedução de seus custos, conservando a tributação de suas correspondentes receitas, a pretexto de que os custos deduzidos no ano de 2009, supostamente na ótica fiscal, por decorrerem de contrato cuja execução não é de longo prazo, mas sim cuja natureza seria de "Produção em Curto Prazo", não podem ser antecipadamente deduzidos do lucro real (IRPJ) e da base de cálculo ajustada (CSLL), sob pena de redução indevida do lucro líquido apurado para o períodobase de 2009. Todavia, a infração que aqui se impugna, a rigor, decorre de mera inexatidão contábil, sem efeitos tributários, uma vez que o registro também antecipado de sua correspondente receita, destaquese, neutralizou quaisquer prejuízos supostamente causados ao Fisco, já que, a suposta antecipação de custo glosada sequer dá azo à postergação do pagamento de tributos para período posterior ao que seria devido. Tal ilação surge, confrontandose o valor do custo que foi objeto da glosa capitulada no item 3.6 do Relatório da Ação Fiscal, num montante de R$ 1.064.357,04, com o valor das receitas que foram escrituradas no mesmo períodobase (2009), nos valores de R$ 900.000,00 (out/09), R$ 866.479,59 (nov/09), R$ 932.007,40 e R$ 7.927,74 (dez/09), totalizando escrituração de receita bem superior àquela, digase, no montante de R$2.706.414,73. Como já se disse, a própria fiscalização certificou a contabilização das receitas oriundas das notas fiscais vinculadas a "Ordem de Serviço" n. 1111/021SOS0015, conforme fls. 754 a 757 e fl. 758 dos autos. Recompondose o lucro real do períodobase de 2009, embora a adição realizada pela Fiscalização à vista do suposto "Valor Tributável" de R$ 1.064.357,04 (glosa de custos), verificase que paradoxalmente a Fiscalização, diante das mesmas bases tributáveis não procedeu à exclusão das correspondentes receitas antecipadas num montante de R$ 2.706.414,71, a rigor, circunstância que inclusive causaria a diminuição do lucro tributável em R$ 1.642.057,67, no ano Fl. 1335DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.336 9 de 2009. Vêse assim que diante das inexatidões contábeis a determinar inobservancias do regime de competência de custos e receitas aquele relacionadas, a Fiscalização preteriu a recomposição do lucro tributável mediante exclusão de receitas antecipadas, em prol da adição de custos que antecipados se relacionam àquelas. Tal circunstância causa absurda violação ao comando legal inscrito no § 2° do art. 247 do Decreto n. 3.000/99 (RIR). [...] Por tal motivo, não se justifica a infração objeto dos lançamentos tributários do IRPJ e CSLL, no períodobase de 2009, relacionada à antecipação de custos derivada de suposta execução de contrato de curto prazo, com inobservância do regime de competência, sob a ótica fiscal, indevidamente reduzindo o lucro líquido do exercício, eis que, a Fiscalização preteriu a correspondente antecipação de receitas levada a efeito e que decorre do mesmo contrato de prestação de serviços, interpretado como de execução em curto prazo, relevese, receitas essas que antecipadas por também inobservarem o regime de competência, sobejam o montante do custo deduzido no mesmo período de apuração (2009), descaracterizando por completo a infração assim tipificada. A desconstituição do lançamento tributário do IRPJ e CSLL, defendida nesse tópico, a exigir extinção do correlato crédito tributário, encontra amparo na inteligência do art. 273, II, do Decreto n. 3.000/99, que tem o seguinte teor: [...] Dessa forma, diz a defesa, o crédito tributário assim lançado está alicerçada em erro de direito cometido pela autoridade fazendária. Em apoio aos argumentos apresentados estão transcritos entendimentos da doutrina. Diante do equivoco referido, a defesa defende a desconstituição dos lançamentos do IRPJ e da CSLL derivado da glosa de custos referida (item 3.6 do relatório fiscal). Acrescenta em linha subsidiária, o seguinte: [...] apenas acaso desconsiderada a subsunção da matéria à capitulação legal do art. 408 do Decreto n. 3.000/99 (Produção em Curto Prazo), conforme acima expendido, temse que, inobstante o erro de fato cometido pela Impugnante no "Controle de Contrato de Longo Prazo" de fl. 714 dos autos, ao consignar ter sido iniciada em 12.01.09 a execução do contrato de prestação de serviços com Global Engenharia Ltda., comparativamente a data de início e prazo de execução constantes da Ordem de Serviço n. 1111/021S OS0015, respectivamente, 12.08.2009 e prazo de execução de noventa dias, importa esclarecer que o prazo de execução da aludida prestação foi classificado como de"Produção em Longo Prazo" porque sua produção efetivamente se estendeu por mais de doze meses, embora tal não se tenha previsto por ocasião da Fl. 1336DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.337 10 pactuação contratual ocorrida em 12.08.2009, importando explicitar que diante da Revisão B, C, D e E da Ordem de Serviço n. 1111/021SOS0015, firmada com Global Engenharia Ltda., a data de término do referido contrato teve previsão de encerramento para 31.03.2011. Com efeito, se o convencimento dos insignes julgadores de primeiro grau subsumir o contrato em questão como de execução em longo prazo com Global Engenharia Ltda., à vista de suas subsequentes revisões, importa atentar à disciplina legal do art. 407 do Decreto n. 3.000/99, máxime combinada ao item 2.3 da Instrução Normativa SRF n. 21/79, a seguir transcrita: [...] Em suma, conforme planilhas anexas (doe. 02) que corrigem o erro de fato ocorrido "Controle de Contrato de Longo Prazo" de fl. 714 dos autos, há que se considerar a regra estampada na segunda parte do item 2.3. da Instrução Normativa SRF n. 21/79: "A parte do resultado correspondente ao períodobase em que se iniciou a execução será tributado, acrescida de juros e correção monetária (Decretolei 1.598/77. art. 6° , § 7o), juntamente com a do período base seguinte." Nesse sentido, em apertada suma, observandose as planilhas arroladas como doc. 02, verificase que o "Custo Total" do "Controle de Contrato de Longo Prazo", vinculado a Ordem de Serviço n. 1111/021SOS0015 firmada com Global Engenharia Ltda., entre os meses de outubro e novembro de 2009, computou os montantes de R$ 623.785,59 e de R$ 625.605,88, totalizando "Custo Total" de R$1.249.391,47, o qual, subtraído do "Custo Incorrido" entre os meses de outubro, novembro e dezembro de 2009, respectivamente, R$ 73.253,33, R$ 236.465,38 e R$ 176.462,79, num total de R$ 486.181,50 ("Custo Incorrido"), por sua diferença de R$ 763.209,97 (R$ 1.249.391,47 menos R$ 486.181,50), justifica parte do saldo existente para a conta 2110901021001 Custos a Incorrer que deveria ser de R$ 4.335.369,21 (R$ 3.572.159,24 acrescido da diferença supra de R$ 763.209,97), e não de R$ 3.572.159,24, como quer a Fiscalização, consoante calculado para o períodobase de 2009, na Planilha 4 do Relatório da Ação Fiscal. Apenas subsidiariamente à defesa contrária à infração capitulada como "indevida redução do lucro líquido" do períodobase de 2009, por acrescer ao lucro tributável do IRPJ e da CSLL, "Valor Tributável" de R$ 1.064.357,04, decorrente de suposto excesso no períodobase de 2009 para a conta "2110901021001 Custos a Incorrer" (custos de Contratos de Execução de Longo Prazo), a rigor, regularizado o erro de fato cometido pela Impugnante no "Controle de Contrato de Longo Prazo" de fl. 714 dos autos, conforme acima expendido, o excesso da referida conta "2110901021001 Custos a Incorrer" existente no períodobase de 2009, Ad argumentandum tantum, para efeito de raciocínio, somente motivaria recomposição do lucro líquido mediante adição de "Valor Tributável" em montante máximo de R$ 301.147,07 (R$ 1.064.357,04 menos R$ 763.209,97), relativamente aos autos de infração do IRPJ e da CSLL, outrossim, atingindo reflexamente Fl. 1337DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.338 11 parte da multa proporcional qualificada em 150%, eis que, como se vê, a prorrogação da execução da "Ordem de Serviço n. 1111/02 1SOS0015", por prazo superior a 12 meses, justifica ainda em 2009 a dedução dos custos desse contrato, num montante de R$ 763.209,97, a ser acrescida a conta "2110901021001 Custos a Incorrer". Conforme a jurisprudência da antiga estrutura do Segundo Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, o erro de fato alegado após instaurada a fase litigiosa do procedimento fiscal deve ser apreciado pelos órgãos julgadores em esfera administrativa... [...] No dizer de HUGO DE BRITO MACHADO, o contribuinte há de ter "oportunidade de formular impugnação na qual provará, se for o caso, que os fatos por ele declarados não ocorreram, ou não ocorreram como declarados, ou, ainda, que o significado jurídico tributário aos mesmos atribuídos pela autoridade administrativa não está de conformidade com a lei tributária." E isto porque seria "absurdo obrigálo a pagar porque declarou, sem direito de demonstrar que errou ao declarar". O princípio da legalidade conduz o agir da Administração Pública aos olhos da lei, mas não é só. Como adverte ALBERTO XAVIER, a "aplicação da norma tributária, na generalidade dos casos, não se esgota numa mera operação intelectual." Vale dizer, não basta a existência de uma previsão normativa geral e abstrata; "é essencial que, no caso concreto, tenham efetivamente acontecido os fatos aos quais a lei estipulou como conseqüência." Ao final, a defesa, referindose a princípios que norteiam o processo administrativo tributário, principalmente, o da ampla defesa e do contraditório, da legalidade, da finalidade, da motivação, da razoabilidade e da eficiência, pelas razões acima expendidas, entende que devem ser desconstituídos os lançamentos tributários de IRPJ e de CSLL, quanto à glosa ust.s da execução de contrato de longo prazo, objeto dos item 001 e item 004 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) dos respectivos autos de infração, e, por conseqüência, extinto os créditos tributários correspondentes, inclusive seus consectarios legais (multa de ofício qualificada e juros SELIC). B. Inaplicável a multa de 150% do item 3.6 do relatório da ação fiscal. Ausência de lesão ao erário. Eventual existência de dúvida. Diz a defesa que há equívoco na exigência fiscal descrita no "item A" da impugnação e, consequentemente, na exigência da respectiva multa de ofício, tendo em vista a ocorrência da inexatidão contábil relatada. Registra que a multa combatida ofende as disposições expressas no art. 112 do Código Tributário Nacional (CTN), pois o citado dispositivo legal manda interpretar a lei tributária, que define infrações ou que comine penalidade, de maneira mais favorável ao acusado em caso de dúvida quanto à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, e quanto à natureza ou extensão dos seus efeitos. Em apoio aos argumentos apresentados está transcrita jurisprudência sobre o tema. Fl. 1338DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.339 12 No caso dos autos, a dúvida estaria expressa no relatório fiscal, item 4.3: A princípio, não seria possível afirmar se a diferença no saldo da conta 2110901021001Custos a Incorrer em 31/12/2009 é decorrente de lançamentos efetuados intencionalmente pela fiscalizada apenas com o intuito de reduzir seu lucro líquido, ou se é decorrente de simples equívocos nos lançamentos efetuados na conta em questão. [...] Além disso, diz a defesa, não cabe cogitar a existência de evidente intuito de fraude no presente caso, pois não há ação maliciosa com intenção de lesar os cofres públicos. Está transcrita parte de voto em acórdão do CARF sobre o assunto. Em suma, diz a defesa, evidenciase que a inobservância do regime de competência, quanto a suposta antecipação de custos, que exige a recomposição do lucro tributável do períodobase, inclusive mediante exclusão das receitas correlatas àquele (custo), que também foram antecipadas para fins de apuração dos tributos devidos, não constitui fundamento para lançamento de tributo, uma vez que dos seus cômputos, não resulta recolhimento a menor de tributos no respectivo período, inexistindo assim, a infração capitulada como redução indevida do lucro real e do lucro líquido ajustado. Assim, a infração fiscal descrita, que supostamente buscava benefício fiscal à autuada, não reúne as características essenciais do evidente intuito de fraude, e, portanto, sonegação. C. Caráter confiscatório da multa. Itens 3.4, 3.5 e 3.6 do relatório fiscal multa 150%. A defesa alega que nas hipóteses como a destes autos, a aplicação da multa de ofício qualificada do art. 44, §1° da Lei n. 9.430/1996, com redação dada pelo artigo 14 da Lei n. 11.488/2007, também não se mantém com a aplicação dos princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade que garantem a manutenção do patrimônio do contribuinte em detrimento de drásticas e radicais penas confiscatórias. Depois relatar doutrina sobre o tema e transcrever o art. 2°, parágrafo único, VI, da Lei n° 9.784, de 1999, conclui que a aplicação de multa 150% do valor de IRPJ, CSLL e IRRF lançados não se mostra necessária e nem proporcional em sentido estrito, visto que dá ensejo a exagerada lesão ao patrimônio da impugnante, configurando nítido efeito confiscatório de sua propriedade. Assim, fazse necessário a redução do percentual que não configure confisco. D. Indevida cobrança de juros de mora sobre as multas de lançamento de ofício Neste subtítulo, a defesa opõemse à cobrança de juros sobre as multas de ofício, porque inexiste base legal. Diz que o art. 61, § 3°, da Lei n° 9.430, de 1996, trata somente de débitos decorrentes de tributos e contribuições para com a União, não se referindo a débitos de qualquer natureza para com a Fazenda Nacional. Acrescenta que o entendimento acima é reforçado quando a Lei n° 9.430, de 1996, no seu art. 43, parágrafo único, previu, expressamente, multa de ofício apenas quando lançada isoladamente ou em conjunto, somente com juros. Em apoio as argumentos apresentados estão transcritos entendimentos da jurisprudência sobre essa questão. III Do pedido Fl. 1339DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.340 13 A impugnante requer o seguinte: 1. desconstituição com extinção do crédito tributário relativamente ao item 3.6 do Relatório da Ação Fiscal (item 001 e item 004 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) dos autos de Infração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), pelas razões expostas nos itens A e B; 2. desconstituição com extinção do crédito tributário em face da penalidade qualificada em 150%, aplicada proporcionalmente aos tributos descritos nos itens 3.4 (IRPJ e CSLL), 3.5 (IRRF) e 3.6 (IRPJ e CSLL) do Relatório da Ação Fiscal, inaplicável à espécie haja vista os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da vedação ao confisco, conforme razões expendidas no item C; 3. a extinção dos créditos tributários em decorrência da indevida cobrança de juros de mora sobre as multas lançadas de ofício, conforme defendido no item D; 4. que todas as intimações e comunicações relativas ao presente feito realizadas em nome da procuradora Marta Ione Guex de Oliveira, no seu endereço profissional. Posteriormente, a defesa aditou a impugnação parcial apresentada anteriormente (fls. 893941), alegando, em síntese, o seguinte: I Dos fatos Formaliza expressa desistência ao parcelamento do IRRF informado na impugnação parcial ocorrida em 29/04/2011, pelos seguintes motivos: i. a presunção de inexistência de despesa/custo glosada a título de IRPJ e CSLL, por si só, não autoriza lançamento de IRRF a título de pagamento sem causa/beneficiário não identificado, quando ausente a comprovação do efetivo pagamento, ônus de prova que é da Fiscalização; ii. a aplicação do art. 674, caput e §1° do Decreto n. 3.000/99, relativamente ao IRRF de beneficiário não identificado/pagamento sem causa, não pode ser cumulada à tributação do IRPJ/CSLL derivada de redução de lucro vinculada a glosa de despesa/custo cuja efetividade da prestação de serviço foi desconsiderada, sob pena de dupla tributação sobre a mesma base de cálculo baseada nos valores de notas fiscais consideradas inidôneas; iii. a glosa de despesas/custos calcada em documentos considerados inidôneos, no caso de incidência concomitante à tributação do IRRF prevista no art. 674 do Decreto n. 3.000/99, a rigor, conduz à instituição de penalidade cobrada como tributo (IRRF), que não pode ser cumulada com penalidade de ofício. Assim, diz a defesa, amparada pelo direito de petição qualificado como impugnação, cujo exercício, no caso concreto, está franqueado até o dia 02.05.2011, requer sejam "os fatos, direito e pedido da impugnação parcial ocorrida em 29.04.2011", retificados quanto ao parcelamento da parcela do IRRF nela informada Fl. 1340DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.341 14 e ora desistido, e, mais, que constem aditados para também serem apreciados por esta Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Porto Alegre as razões de mérito (direito) que passa a aduzir e, por fim, o pedido, rogando que os efeitos da suspensão da exigibilidade (art. 151, III do CTN) abranja o crédito tributário lançado a título de IRRF. Registra que, com isso, conservase em fase contenciosa a integralidade do crédito tributário de IRRF lançado (tributo, multa de 150% e juros). II. Do direito A. Da indevida cobrança de IRRF sobre pagamento a beneficiário não identificado/pagamento sem causa Alega que o trabalho fiscal está calcado num conjunto de indícios que visam convencer os julgadores de que, efetivamente, ocorreu a materialidade da hipótese de incidência prevista no art. 61 da Lei n. 8.981/95, que dá base legal ao art. 674 do Decreto n. 3.000/99 (RIR), digase, o "pagamento efetuado pelas pessoas jurídicas", condição esta indispensável para a aplicação do dispositivo em foco. Diz que o fisco presumiu que houve pagamento a beneficiário não identificado, no entanto a tributação está centrada em livros contábeis que registram pagamentos à pessoa jurídica Raul Cordeiro de Paula, a qual foi desconsiderada como real beneficiária desses rendimentos, pois os documentos fiscais correspondentes foram declarados inidôneos para justificar a dedutibilidade da despesa/custo da prestação de serviço. Em outras palavras: i. na escrituração contábil da fiscalizada constam lançamentos a crédito de contas do ativo circulante relativos a pagamentos supostamente efetuados a Raul Cordeiro de Paula; ii. a fiscalizada não apresentou qualquer documentação de que tais pagamentos foram efetuados em favor do suposto emitente das notas fiscais; iii. os elementos obtidos no curso do procedimento de fiscalização trazem a certeza de que o verdadeiro beneficiário de tais pagamentos não foi Raul Cordeiro de Paula. Assim, a Fiscalização conclui que os pagamentos relacionados devem ser considerados como efetuados a beneficiários não identificado e cuja causa não foi comprovada, motivo pelo qual tais valores estariam supostamente sujeitos à incidência do imposto de renda. E acrescenta a defesa: Ora, é evidente que a instrução fiscal levada a cabo não confere adequado suporte comprobatório ao lançamento tributário de IRRF constituído, saltando à vista a limitação existente na identificação do pagamento erigido como suporte fático do auto de infração de IRRF combatido, pois como já se disse, a comprovação direta (não presumida!) do pagamento é a condição indispensável à capitulação da infração descrita, grosso modo, como pagamento por pessoa jurídica a beneficiário não identificado/pagamento sem causa. Como se vê, a falta de investigação aprofundada visando revelar e tributar o real titular da renda vinculada ao referido pagamento, Fl. 1341DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.342 15 não subsume o caso concreto à descrição eleita como critério material da exação fiscal, circunstância que expõe a inadequada aplicação do art. 674 do Decreto n. 3.000/99 ao caso dos autos, uma vez que a prova do fato tributado não se exaure com a simples indicação de que a causa da operação não foi comprovada (v.g. notas inidôneas) e de que na escrituração da Impugnante não há identificação do beneficiário do pagamento. Na presente autuação de IRRF há que se diferenciar este caso dos normalmente analisados quanto à incidência de IRRF sobre pagamento a beneficiário não identificado/pagamento sem causa, uma vez que, segundo o material contido na peça acusatória, e fonte para se nortear o processo, não há comprovação de que os recursos considerados inexistentes como despesa/custo da prestação de serviço,tornaramse renda efetiva de terceiro, circunstância que macula a autuação fiscal por falta de comprovação da hipótese de incidência, singelamente presumida na investigação fiscal, todavia, o que não autoriza dar feições de prova de efetivo pagamento a mero indício que não se presta como hipótese de incidência do IRRF que se combate. Entende a defesa que o ponto essencial da questão envolve a comprovação da movimentação financeira ocorrida, pois para imposição dessa tributação depende da efetiva comprovação de que houve o pagamento a algum beneficiário que não constou identificado. Questiona por que os registros contábeis, que foram desclassificados para efeito de comprovação da efetivado dos gastos com a contratação dos serviços, levam à comprovação de pagamento a beneficiário não identificado? Acrescenta que a comprovação do efetivo pagamento, da movimentação de recursos financeiros em prol de beneficiário que não foi identificado, não foi o foco da peça acusatória. O que se vê, diz defesa, é a total falta de investigação e exploração de instrumentos potencialmente à disposição da fiscalização, por exemplo, a verificação da movimentação financeira. Assim, a prova do pagamento é ônus da fiscalização, sem a qual não se sustenta o lançamento tributário. Em apoio a esse entendimento, estão transcritas ementas de acórdãos do antigo Conselho de Contribuintes/MF. Em linha subsidiária, a defesa expõe que, inobstante a perfunctória investigação fiscal levada a efeito, calha também impugnar a tributação de IRRF porque incide sobre a mesma base tributável do IRPJ/CSLL, à vista da regra do art. 304 do Decreto n. 3.000/99 comparativamente ao comando legal do art. 61 da Lei n. 6.981/95, espelhado pelo art. 674 do RIR/99. Com efeito, o comando legal espelhado pelo art. 674 do Decreto n. 3.000/99, a rigor, instituiu verdadeiro bis in idem, senão uma efetiva penalidade mascarada de IRRF, assim punindo os pagamentos a beneficiários não identificados, o que é vedado pelo art. 3° do CTN, que impede a cobrança de penalidade como tributo. Por fim, a defesa reproduz as impugnações quanto ao caráter confiscatório da multa de 150% cobrada proporcionalmente à exigência do IRRF, e quanto a cobrança de juros de mora sobre as multas de ofício lançadas (fls. 899917), conforme impugnação parcial protocolada em 29.04.2011, que acima está relatada, não sendo portanto necessário repetilas. III Do pedido Fl. 1342DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.343 16 A impugnante requer: a) sejam os fatos, direito e pedido da impugnação parcial, ocorrida em 29/04/2011, retificados quanto ao parcelamento da parcela do IRRF nela informado e ora desistido; b) que seja apreciado o aditamento da impugnação apresentada em 29.04.2011, particularmente quanto ao crédito tributário de IRRF integralmente contraditado, para rogar: (i) desconstituição do lançamento tributário com extinção do crédito tributário relativamente ao item 3.5 do Relatório da Ação Fiscal; (ii) desconstituição com extinção do crédito tributário em face da penalidade qualificada em 150%, aplicada ao IRRF descrito no item 3.5 (IRRF) do Relatório da Ação Fiscal, inaplicável à espécie haja vista os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e da vedação ao confisco; (iii) que os efeitos da suspensão da exigibilidade abranjam todo o crédito tributário lançado a título de IRRF; c) a extinção dos créditos tributários em decorrência da indevida cobrança de juros de mora sobre as multas lançadas de ofício; d) que todas as intimações e comunicações relativas ao presente feito realizadas, sempre e necessariamente, em nome do procuradora Marta Ione Guex De Oliveira, no endereço profissional. Em 06 de maio de 2011, apresentou requerimento para explicitar e ratificar as impugnações apresentadas anteriormente, quanto a parte do crédito tributário parcelado, relativamente ao lançamentos de IRPJ e CSLL (fls. 956961), onde consta o seguinte: [...] tendo impugnado todo o crédito tributário de IRPJ e CSLL vinculado ao item 3.6 do Relatório da Ação Fiscal (integrante dos respectivos autos de infração de IRPJ e CSLL), correspondentes ao item 001 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração do IRPJ e item 004 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração da CSLL, inclusive as correlatas multas de ofício proporcionais de 150% de IRPJ e CSLL a propósito cominadas, outrossim, tendo impugnado, exclusivamente as multas de ofício proporcionais de 150% (IRPJ e CSLL) cominadas quanto ao item 3.4 do Relatório da Ação Fiscal (integrante dos respectivos autos de infração de IRPJ e CSLL), decorrentes do item 002 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração do IRPJ e item 003 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração da CSLL, e ainda, tendo impugnado a integralidade do crédito tributário de IRRF vinculado ao item 3.5 do Relatório da Ação Fiscal (integrante do auto de infração de IRRF), objeto do item 001 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração do IRRF, inclusive a correlata multa de ofício proporcional de 150% cominada, de outra forma, conforme evidenciam os documentos ora apensados como doc. 03, e conforme posto nas impugnações dos Autos de Infração do IRPJ/CSLL/IRRF, ratifica que, na mesma sua Impugnação, requereu o parcelamento do crédito tributário de IRPJ e CSLL, especificamente (i) objeto dos Fl. 1343DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.344 17 itens 3.1 a 3.3 do Relatório da Ação Fiscal (integrante do auto de infração de IRPJ e CSLL), correspondente aos itens 003, 004 e 005 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração do IRPJ, bem como correspondente aos itens 001, 002 e 005 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração da CSLL, inclusive as correlatas multas de ofício proporcionais de 75% cominadas (IRPJ e CSLL); e, (ii) exclusivamente (tributo e contribuição, exceto as multas de ofício proporcionais de 150% infligidas) o IRPJ e CSLL vinculados ao item 3.4 do Relatório da Ação Fiscal (integrante dos respectivos autos de infração de IRPJ e CSLL), item 002 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração do IRPJ e item 003 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) do Auto de Infração da CSLL, tudo constituído através dos respectivos lançamentos não impugnados nessas partes (IRPJ e CSLL), objeto do processo administrativo n. 11065.721200/201122, já tendo providenciado o necessário para tanto, inclusive efetuado o pagamento da primeira parcela no vencimento do prazo que lhe concede a Lei 8.218/91. em seu art. 6°. inciso II, ou seja, em 02/05/2011 (doc. 04). Resumindo, a defesa entende que estão impugnados: a) todo o crédito tributário de IRPJ e CSLL vinculado ao item 3.6 do Relatório da Ação Fiscal, inclusive a multa de ofício de 150%; b) somente a multa de ofício de 150% (IRPJ e CSLL), referente à infração descrita no item 3.4 do Relatório da Ação Fiscal; c) integralmente o crédito tributário relativo ao IRRF vinculado ao item 3.5 do Relatório da Ação Fiscal , inclusive a multa de ofício proporcional de 150%. Assim, temse os seguintes valores: 1. IRPJ A. IRPJ P.A. B. Valor tributável RS C. Valor do imposto D. Parte não litigiosa E. Parte litigiosa F. Item R.A.F G. Multa % 12/2007 879.476,15 219.869,03 219.869,03 3.4 150 12/2008 1.098.701,22 274.675,30 (8.275.57) 266.399.73 3.4 150 1.924,07 3.2 75 1.950,50 3.1 75 159.541.50 22.543.95 22.543.95 3.3 75 Somas 288.943,68 288.943,68 12/2009 1.064.357,04 266.089,25 266.089,25 3.6 150 1.184.339,85 296.084.96 296.084.96 0 3.4 150 Somas 562.174,21 296.084,96 266.089,25 Total geral 1.070.986,92 804.897.67 266.089,25 Fl. 1344DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.345 18 2. CSLL A. CSLL P.A. B. Valor tributável RS C. Valor da contribuição D. Parte não litigiosa E. Parte litigiosa F. Item R.A.F G. Multa % 12/2007 879.476,15 79.152,85 79.152,85 3.4 150 12/2008 1.098.701,22 98.883,10 3.4 150 1.924,07 3.2 75 1.950.50 348,71 3.1 75 3.172.70 3.3 75 Somas 102.604,51 102.604,51 12/2009 1.064.357,04 95.792,13 95.792,13 3.6 150 1.184.339,85 106.590.59 106.590.59 0 3.4 150 Somas 384.140,08 288.347,95 95.792,13 3. IRRF A. IRRF P.A. B. Valor tributável R$ C. Valor do imposto D. Parte não litigiosa E. Valor questionado F. Item R.A.F G. Multa 0/ % Diversos Diversos 1.622.468,22 1.622.468,22 3.5 150 As parcelas não litigiosas foram transferidas para o processo n° 13054 720.117/201191, conforme despacho de fls. 971 e "Termo de Transferência de Crédito Tributário" de fl. 969. É o relatório.” A decisão de primeira instância, representada no Acórdão da DRJ nº 10 34.417 (fls. 9721.005) de 22/09/2011, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento. A decisão foi assim ementada. “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. Exorbita à competência das autoridades julgadoras a apreciação acerca de suposta inconstitucionalidade ou ilegalidade de ato integrante do ordenamento jurídico vigente. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. Apresentada a primeira impugnação tempestivamente, a autuada exerceu o seu direito de defesa, não podendo voltar a fazêlo devido a ocorrência da preclusão consumativa, ou seja, a consumação do ato processual contestatório. IMPUGNAÇÃO. PRECLUSÃO LÓGICA. A confissão do débito em pedido de parcelamento constitui impeditivo lógico para apresentação de impugnação sobre o mesmo débito. Fl. 1345DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.346 19 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 GLOSA DE CUSTOS. CONTRATOS DE CONSTRUÇÃO POR EMPREITADA OU DE FORNECIMENTO A PREÇO PREDETERMINADO DE BENS E SERVIÇOS. Somente é dedutível a parcela do custo comprovada. O custo orçado ou estimado pelo percentual de execução física do contrato (realização da obra), com preço predeterminado, apenas é admissível em contratos que tenham prazo de execução superior a um ano. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2007, 2008, 2009 MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO. O dolo é elemento indispensável para justificar a aplicação da penalidade agravada. A contabilização de custos inexistentes e a utilização de notas fiscais inidôneas visando a reduzir o lucro e ocultar finalidade ou destinatário de pagamentos realizados constituem condutas dolosas e impõem o lançamento da multa de ofício de 150%. MULTA DE OFÍCIO. CONFISCO. A vedação constitucional do confisco é direcionada a tributos e não a multa, sendo dirigida ao legislador. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. EXIGÊNCIA NÃO FORMULADA NO AUTO DE INFRAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE DE PRONUNCIAMENTO PELA DRJ. Os juros de mora incidiram unicamente sobre os tributos lançados e não tendo o auto de infração formulado exigência de juros sobre a multa de ofício lançada, inexiste a respeito qualquer contraditório suscetível de apreciação pela turma de julgamento da DRJ. LANÇAMENTO DECORRENTE. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. A solução dada ao litígio principal, relativo ao IRPJ, aplicase ao lançamento decorrente, quando não houver fatos ou argumentos novos a ensejar decisão diversa.” Contra a aludida decisão, da qual foi cientificada em 23/12/2011 (A.R. de fl. 1.017) a interessada interpôs recurso voluntário em 26/01/2012 (fls. 1.0191.091) onde repisa os argumentos apresentados em sua impugnação. É o relatório. Fl. 1346DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.347 20 Voto Conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar O recurso voluntário reúne os pressupostos de admissibilidade previstos na legislação que rege o processo administrativo fiscal. Dele, portanto, tomo conhecimento. Resumo da lide A Recorrente apura o montante de tributos e contribuições pela sistemática do lucro real anual e teve contra si lavrados três Autos de Infração, um relativo ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), outro à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e, por último, o relativo ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), todos dos períodosbase de 2007 a 2009. Relativamente ao Auto de Infração do IRPJ, o fundamento da autuação girou em torno de (i) custos ou despesas não comprovadas — glosa de custos de execução de contratos de longo prazo; (ii) custos ou despesas não comprovadas glosa de despesas — Raul Cordeiro de Paula; (iii) custos ou despesas não comprovadas glosa de despesas cuja documentação comprobatória não foi apresentada; (iv) despesas indedutíveis — falta de adição de despesas com brindes ao lucro real; e (v) inobservância do regime de escrituração — antecipação de despesas. Relativamente ao Auto de Infração do ÇSLL, em torno de (i) redução indevida do lucro líquido falta de adição de despesas com brindes à base de cálculo da CSLL; (ii) redução indevida do lucro líquido glosa de despesas cuja documentação comprobatória não foi apresentada; (iii) redução indevida do lucro líquido glosa de despesas Raul Cordeiro de Paula; (iv) redução indevida do lucro líquido glosa de custos de execução de contratos de longo prazo; e (v) falta de recolhimento da CSLL antecipação de despesas. Por fim, relativamente ao Auto de Infração do IRRF, em torno de (i) imposto de renda na fonte sobre pagamentos a beneficiários não identificados/pagamentos sem causa. Oportunamente a Recorrente requereu o parcelamento parcial dos Autos de Infração do IRPJ e da CSLL lançados e, de outra forma, impugnou a integralidade das multas proporcionais cominadas em 150%, rogando a suspensão da exigibilidade dos créditos tributários até a sua extinção integral, e teve deferido parcelamentos de: parte do IRPJ, resultante dos itens 002 a 005 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) desse Auto de Infração, respectivamente, custos ou despesas não comprovadas — glosa de despesas — Raul Cordeiro de Paula; custos ou despesas não comprovadas — glosa de despesas cuja documentação comprobatória não foi apresentada; despesas indedutíveis falta de adição de despesas com brindes ao lucro real; inobservância do regime de escrituração — antecipação de despesas; e parte da CSLL, resultante dos itens 001, 002, 003 e 005 da Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(s) desse Auto de Infração, respectivamente, redução indevida Fl. 1347DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.348 21 do lucro líquido falta de adição de despesas com brindes à base de cálculo da CSLL; redução indevida do lucro líquido glosa de despesas cuja documentação comprobatória não foi apresentada; redução indevida do lucro líquido glosa de despesas Raul Cordeiro de Paula; falta de recolhimento da CSLL antecipação de despesas. Paralelamente, apresentou impugnação parcial aos mesmos autos de Infração do IRPJ e da CSLL, protocolizada no dia 29.04.2011, rogando a suspensão da exigibilidade das correspondentes parcelas dos principais, multas e juros, respectivamente, contestando as infrações em torno dos (i) custos ou despesas não comprovadas — glosa de custos de execução de contratos de longo prazo; e da (ii) redução indevida do lucro líquido glosa de custos de execução de contratos de longo prazo. Nessa ocasião, relativamente ao Auto de Infração de IRRF, efetivamente, apenas contestou a multa de ofício proporcional, pois pretendia parcelar o tributo em si, qual seja, o valor principal do IRRF lançado. Todavia, diante da recusa da competente unidade fazendária a este seu pleito, tempestivamente, no dia 02.05.2011, a Recorrente também o impugnou através de aditivo aquela impugnação para que abrangesse o principal do IRRF, além da multa proporcional agravada em 150%, eis que o requerimento equivocado do pretendido parcelamento, natimorto pela vedação legal expressa ao parcelamento de tributos passíveis de retenção, não equivale a renunciar ao direito à sua contestação, sobretudo exercido com irresignação tempestiva. Em que pese a vedação ao parcelamento de IRRF, expressamente, a Recorrente formalizou desistência ao mesmo, concomitantemente à sua impugnação complementar ao último Auto de Infração de IRRF, protocolizada em 02.05.2011, porque: (i) a presunção de inexistência de despesa/custo (pela contratação de serviço) glosada a título de IRPJ e CSLL, por si só, não autoriza o lançamento de IRRF a título de pagamento sem causa/beneficiário não identificado, quando ausente a comprovação do efetivo pagamento, ônus de prova que é da Fiscalização; e ainda, porque (ii) a aplicação do art. 674, caput e §1° do Decreto n. 3.000/99, relativamente ao IRRF de beneficiário não identificado/pagamento sem causa, não pode ser cumulado ao IRPJ/CSLL derivado de redução de lucro vinculada a glosa de despesa/custo cuja efetividade da prestação de serviço foi desconsiderada, sob pena de dupla tributação sobre a mesma base de cálculo consistente em valores de notas fiscais consideradas inidôneas; e por fim, por que (iii) a glosa de despesas/custos calcada em documentos considerados inidôneos, no caso de incidência concomitante à tributação do IRRF prevista no art. 674 do Decreto n. 3.000/99, a rigor, conduz à instituição de penalidade cobrada como tributo (IRRF), vedada cumular com penalidade de ofício. Com tal impugnação complementar do dia 02.05.2011, requereu fossem os FATOS, DIREITO e PEDIDO da impugnação de 29.04.2011 retificados quanto ao pretendido parcelamento do IRRF nela informada e objeto de expressa desistência, e, mais, que constassem aditados para também serem apreciadas as razões de mérito (DIREITO) e, por fim, o PEDIDO, rogando que os efeitos da suspensão da exigibilidade abrangesse a integralidade do crédito tributário lançado a título de IRRF, multa de 150% e juros. Fl. 1348DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.349 22 Entretanto, contradizendo as alegações da defesa, o acórdão de primeira instância julgouas improcedentes, e ainda, relativamente à irresignação contrária ao valor principal do IRRF, manifestada em impugnação do dia 02.05.2011, consideroua estranha às defesas apresentadas em 29.04.2011, nesse particular, sentenciando a carência de litígio, bem como, em última análise, a definitividade desta matéria na instância administrativa a pretexto de estar preclusa. A decisão de primeira instância, veiculada pelo Acórdão n. 1034.417 – 5ª Turma da DRJ/POA, de 22.09.2011, ademais, deixou de apreciar a matéria relativa à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, abstendose a Turma Julgadora de se pronunciar a respeito, nesse particular, "não conhecendo" do correspondente "Pedido" da impugnação. Este CARF, por meio da Resolução n. 1402000.154 4a Câmara/2a Turma Ordinária, de 07.11.2012, determinou o retorno dos autos ao primeiro grau de julgamento, para que fosse prolatada nova decisão, apreciando a matéria da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Passo ao voto. Do aditamento da impugnação parcial. Da preliminar de nulidade da decisão recorrida Conforme relatado, a Recorrente aditou impugnação parcial aos autos de infração relativos ao IRPJ, CSLL e IRRF, para desistir do parcelamento e contestar a exigência relativa ao IRRF (principal) e ao IRPJ e à CSLL e, ainda no prazo legal para impugnar (fls. 893/941 e 956/968). Com esse requerimento, pretendia a defesa ver instaurada a fase contenciosa sobre a integralidade do IRPJ, CSLL e do IRRF lançado (tributo, multa de 150% e juros). Com efeito, entendo, tal qual na decisão recorrida, que deuse a preclusão do direito de impugnar da defendente. Sigo a decisão recorrida em seus fundamentos na forma a seguir apresentada. Quando a questão envolve o tema impugnação em processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, devese observar as determinações constantes no Decreto n.° 70.235, de 1972 (PAF), especificamente os arts 14 a 16, que regem a matéria: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...] Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; Fl. 1349DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.350 23 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n° 8.748, de 1993) [...] § 4° A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) § 5° A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) § 6° Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei n° 9.532, de 1997) Assim, o rito estabelecido na legislação vigente para o processo administrativofiscal é: 1. a impugnação é o ato que instaura o contencioso administrativo; tratase da peça vestibular do litígio a ser dirimido (art. 14); 2. não concordando com a exigência fiscal, o autuado tem direito de apresentar sua discordância por meio da impugnação, dentro do prazo de 30 dias contados da data em que for feita a intimação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar (art. 15); 3. a prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, ou, refirase a fato ou direito superveniente, ou, destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos (art. 16 e § 4°); Nos caso dos autos, temse a impugnação tempestiva de fls. 852/892, onde não consta discordância quanto à exigência do IRRF (do valor principal) e parte do IRPJ e CSLL, objetos de adesão ao parcelamento conforme documentos de fls. 964/965 e 966/967, respectivamente. Fl. 1350DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.351 24 Com efeito, vêse que ao aditar a impugnação e requerer desistência ao parcelamento (fl. 894), a interessada juntou ao processo a cópia do pedido (PEPAR) e a relação dos respectivos débitos (DIPAR) de IRRF (fls. 934941), que foram lançados, conforme o auto de infração e anexos de fls. 819/846. Procedimento semelhante se deu com relação ao IRPJ (964/965) e à CSLL (966/967). Notese que nos requerimentos apresentados (PEPAR), procotolizados em 02/05/2011 (fl. 934, 964 e 966), a impugnante declarou que o pedido de parcelamento importa em confissão irretratável da dívida e configura confissão extrajudicial, nos termos dos artigos 348, 353 e 354 do Código de Processo Civil. Quanto à tramitação do processo, devese registrar também as disposições contidas no art. 17 do PAF, verbis: Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n° 9.532, de 1997) Emerge, nesse caso, o instituto da preclusão ou seja, a perda de uma faculdade processual. Fredie Didier JR, in Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, Edições Podivm, 2007, p. 248, defini preclusão como "a perda de uma situação jurídica ativa processual", e acrescenta, p. 250: [...] Frisese: a preclusão não serve somente à ordem, à segurança e à celeridade do processo. Não se resume à condição de mera mola impulsionadora do processo. A preclusão tem, igualmente, fundamentos éticospolíticos, na medida em que busca preservar a boafé e a lealdade no itinerário processual. A preclusão é técnica, pois, a serviço do direito fundamental à segurança jurídica, do direito à efetividade (como impulsionadora do processo) e da proteção da boafé. [...] O mesmo autor descreve quatro espécies de preclusão classificadas de acordo com o respectivo fato jurídico (fls. 251255): 1. Preclusão temporal Consiste na perda do poder processual em razão do seu não exercício no momento oportuno. 2. Preclusão lógica Fundamentase na perda de faculdade/poder processual por ter se praticado ato incompatível com seu exercício. Como exemplo, esta hipótese ocorre quando a parte aceita expressa ou tacitamente a decisão, o que é incompatível com o exercício da faculdade de impugnála (recorrer). O autor também descreve outro exemplo: há preclusão lógica do direito de produzir prova do fato confessado, pois ao confessar, a parte perde o direito de produzir prova do fato confessado. A parte que deu causa ao defeito processual, não pode pedir a sua invalidação (art. 243 CPC). 3. Preclusão consumativa Fl. 1351DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.352 25 O mesmo autor descreve que preclusão consumativa consiste na perda de faculdade/poder processual, em razão de ter sido exercido, pouco importando se bem ou mal exercido, e acrescenta (p. 254, op. cit): Já se praticou o ato processual pretendido, não sendo possível corrigilo, melhorálo ou repetilo. Observase quando já se consumou a faculdade/poder processual. [...] É o que ocorre, por exemplo, quando a parte oferece sua contestação ou interpõe seu recurso de apelação no quinto dia do prazo (que é de quinze dias, relembrese), mas esquece de deduzir um argumento importante; como já se consumou sua faculdade de recorrer, não pode, nos 10 dias restantes do prazo, corrigir melhorar ou repetir a sua contestação/recurso. (Grifouse.) 4. Preclusãosanção ou preclusão punitiva Ocorre quando a preclusão resulta da prática de um ato ilícito, tendo a natureza jurídica de sanção. Como exemplo: a confissão ficta, decorrente do não comparecimento ao depoimento pessoal (art. 343, § 2°, do CPC), que é considerado um dever da parte (art. 340, I, CPC), implica preclusão do direito de provar fato confessado, mas, desta feita, como decorrência de um ilícito (p. 255, op. cit.). Observase, no caso, que ocorreu a preclusão lógica, pois a impugnante requereu o parcelamento do débito relativo ao IRRF (principal) e IRPJ e CSLL, conforme cópia do pedido de fls. 934/941, protocolizado na ARF em São Leopoldo, RS. Ocorre que formalizar o pedido de parcelamento do débito e contestálo ao mesmo tempo (02/05/2011), são atos incompatíveis com o exercício da faculdade processual. Por oportuno, transcrevese o ensinamento de Fredie Didier Jr, que consta na obra citada, fl.253: [...] E a idéia de preclusão lógica é a tradução, no campo do direito processual, do princípio da boa fé objetiva, mas especificamente do vetusto brocardo do nemo potest venire contra factum proprium (ninguém pode comportar se contrariamente aos seus próprios atos), hoje considerado integrante no conteúdo da cláusula geral da boa fé objetiva. [...] Assim, deixase de apreciar as razões contidas na segunda peça contestatória (fls. 893920) apresentada pela autuada em 02/05/2011, relativamente à exigência do IRRF, em face de já ter se operado a preclusão, traduzida pela entrega em momento pretérito de impugnação plenamente válida e pelo pedido de parcelamento. Acrescentese que, com esta conclusão, não podem restar feridos dispositivos legais ou princípios como o da legalidade, pois, expressamente, o Decreto 70.235, de 1972, limita a contestação ao lançamento a um único ato que é a impugnação, apresentada dentro do prazo de trinta dias a contar da ciência da exigência. Como conseqüência, há que ser afastada a preliminar de nulidade da decisão recorrida. Da delimitação do litígio Fl. 1352DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.353 26 Consideradas a preclusão acima e afastada a preliminar de nulidade da decisão recorrida, a matéria remanescente, objeto de recurso, se limita a seguinte: a) item 3.6 do Relatório da Ação Fiscal (glosa de custos de execução de contratos de longo prazo) todo o crédito tributário de IRPJ e CSLL lançados, inclusive a multa de ofício de 150%; b) somente as multas de ofício de 150% (IRPJ, CSLL e IRRF) referentes às infrações fiscais descritas nos itens 3.4 (glosa de despesas Raul Cordeiro de Paula) e 3.5 (IRRF sobre pagamentos a beneficiário não identificado/pagamentos sem causa) do Relatório da Ação Fiscal. Passo a sua análise. Do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica Da glosa de custos de execução de contratos de longo prazo. R$ 1.064.357,04 ano calendário 2009 item 3.6 do relatório fiscal. Para facilitar a apreciação desta questão, inicialmente, descrevese a origem do valor tributável, identificado na conta contábil "2110901021001 Custos a incorrer", conforme está nos autos : a) a referida conta é utilizada para escrituração dos custos com contratos de longo prazo apropriados conforme o percentual de execução dos respectivos projetos; b) a fiscalizada efetua registros a crédito dessa conta, tendo como contrapartida uma conta de resultado, para apropriar os custos ainda não realizados efetivamente (registro no débito), que são considerados dedutíveis para fins fiscais; especificamente, os valores são escriturados na conta "35501010201004 Serviços de Terceiros PJ" (fls. 696705); c) na medida que os custos são efetivamente realizados, a citada conta "custos a incorrer" é debitada, tendo como contrapartida (crédito) uma conta de resultado (reversão); d) ao mesmo tempo da operação descrita na línea "c" (acima), ocorre o registro no débito de conta de resultado tendo como contrapartida (crédito) uma conta patrimonial (ex.:estoques, bancos) pelo valor dos custos que já haviam sido apropriados, mas que não haviam sido efetivamente realizados. Assim, o saldo da conta contábil "custos a incorrer" deve ser igual ao somatório dos custos apropriados de todos os contratos em execução (custo total, dedutível), subtraído do somatório dos custos efetivamente realizados de todos os contratos em execução (custo efetivo), no período. Fl. 1353DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.354 27 Nesse sentido, acompanho os fundamentos adotados na decisão recorrida na forma a seguir apresentada. A fiscalizada elabora "Controles de Contratos de Longo Prazo" (fls. 561 a 577 e 659 a 664) e esse resultado consolidado pode ser verificado na "Planilha 4" elaborada pelo autuante e anexada ao relatório fiscal. Vêse que, em 31/12/2008, o saldo da conta "custos a incorrer" (fl. 696 saldo inicial de 2009 = 729.471.01 + 4.072.326,08) corresponde ao valor apurado no confronto entre o "custo total" e o "custo incorrido", no montante de R$4.801.797,09 (fl. 798). No entanto, essa coincidência de valores não acontece a partir de janeiro de 2009. Vêse que conta contábil "custos a incorrer", em 31/12/2009 (fl. 705), apresenta um saldo de R$ 4.636.516,28 e, na planilha, que resume os custos efetivos e deduzidos de cada contrato (fl. 802), o saldo apurado é de R$ 3.572.159,24, evidenciando a diferença de R$1.064.357,04. Tendo em vista que a contrapartida dos lançamentos na conta "custos a incorrer" (no crédito) é realizada a débito na conta "35501010201004 Serviços de Terceiros PJ" (fls. 696705), a existência de um saldo a maior na conta "custos a incorrer" significa que o custo está majorado indevidamente, ocasionando, consequentemente, a redução indevida do lucro líquido da pessoa jurídica. A fiscalizada prestou esclarecimentos ao autuante sobre essa divergência (fls. 707711 e 718720), no entanto, as informações e documentos apresentados pela interessada não foram aceitos pelo autuante, conforme está no relatório fiscal (fl. 769770): [...] a fiscalizada apresentou cópia do documento de fls. 721 e 722, identificado como "Ordem de Serviço n° 1111/021SOS0015 ... referente ao Instrumento Particular de Contrato e Fornecimento de Equipamentos a ser firmado entre Global Engenharia LTDA e Altus Sistemas de Informática SA, para o fornecimento do sistema de supervisão e controle". Tal ordem de serviço foi firmada somente em 12/08/2009, e nela está previsto o prazo de noventa dias para prestação de serviços no valor total de R$ 2.400.000,00. Além disso, as notas fiscais relativas a tal ordem de serviço foram emitidas somente em 30/10/2009, 06/11/2009 e 21/12/2009 (fls. 754 a 757). Da mesma forma, a escrituração das receitas referentes à ordem de serviço ocorreu nas respectivas datas em que as notas fiscais foram emitidas (fl. 758). Dessa maneira, verificase que o "Controle de Contrato de Longo Prazo" de fl. 714, apresentado pela fiscalizada a fim de afastar a diferença apurada pela fiscalização na conta 2110901021001Custos a Incorrer, não se presta para tal. Isto porque o contrato em questão (Ordem de Serviço n° 1111/021SOS 0015) foi firmado somente em agosto/2009, com prazo de execução inferior a doze meses, não tendo, portanto, a condição prevista para o reconhecimento dos custos na forma do disposto na Instrução Normativa SRF n° 21/1979. Salientese ainda que no "Controle de Contrato de Longo Prazo" apresentado a fiscalizada fez constar valores de receitas e de custos em todos os meses de janeiro a julho/2009, período em que o contrato sequer havia sido firmado. Concluise, então, que o "Controle de Contrato de Longo Prazo" constante a fl. 714 foi elaborado pela fiscalizada com o único intuito de justificar as diferenças apuradas pela fiscalização relativamente a conta 2110901021001 Fl. 1354DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.355 28 Custos a Incorrer. Assim, estão sendo desconsiderados os valores constantes do referido "Controle de Contrato de Longo Prazo". Desconsiderandose tais valores, verificase que em 31/12/2009 a conta 2110901021001Custos a Incorrer apresenta saldo credor superior em RS1.064.357,04 ao que deveria apresentar, conforme demonstrado na Planilha 4 anexa ao presente relatório. Isso posto, a diferença no valor de RS 1.064.357,04 entre o saldo credor registrado na conta 2110901021001Custos a Incorrer em 31/12/2009 (R$ 4.636.516,28) e o saldo que tal conta deveria apresentar nessa data (R$3.572.159,24, conforme demonstrado na Planilha 4 anexa) está sendo acrescida às bases de cálculo do IRPJ e da CSLL da fiscalizada relativas ao anocalendário 2009. Os argumentos da defesa estão descritos no relatório deste voto. Cabe destacar, em síntese, as seguintes razões da defesa: 1° que há erros de fato na elaboração do demonstrativo denominado "Controle de Contrato de Longo Prazo", referente à "Ordem de Serviço n° 1111/021SOS0015 (fl. 714); 2° na hipótese de ser desconsiderado o citado controle, a rigor, evidenciase contrato de produção de curto prazo. Em consequência, aplicamse as disposições do art. 408 do RIR/99, e item 2 da IN SRF 21/79, ou seja, "o resultado deve ser apurado quando completada a execução de cada unidade, tenha ou não sido faturada"; 3° ainda, se a execução do contrato não é de longo prazo, devese considerar o registro antecipado das receitas decorrentes do referido contrato (R$2.706.414,73), o que neutralizaria qualquer prejuízo ao fisco, pois, dessa forma, não teria sido observado o regime de competência para registro da receita e dos respectivos custos. Em linha subsidiária (fl. 864), na hipótese do caso em análise não se submeter à capitulação legal do art. 408 do RIR/99, inobstante o erro de fato cometido na elaboração do controle do referido contrato (fl. 714), a defesa acrescenta que o prazo de execução da aludida prestação foi reclassificada como de "produção em longo prazo", porque a produção se estendeu por mais de 12 meses, embora tal prazo não esteja previsto no contrato inicial de 12/08/2009. Nesse caso, seria aplicável a determinação contida no art. 407 do RIR/99, combinado com o item 2.3 da IN SRF n° 21/79. Ainda, como argumentação, considerando os custos totais e incorridos referentes aos meses de outubro e novembro de 2009, a defesa registra que uma recomposição do valor tributável chegaria, no máximo, ao montante de R$ 301.147,07 (fl. 866). Transcrevemse, também, os dispositivos legais que tratam do tema: RIR/99 Produção em Longo Prazo Fl. 1355DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.356 29 Art. 407. Na apuração do resultado de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço prédeterminado, de bens ou serviços a serem produzidos, serão computados em cada período de apuração (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 10): I o custo de construção ou de produção dos bens ou serviços incorridos durante o período de apuração; II parte do preço total da empreitada, ou dos bens ou serviços a serem fornecidos, determinada mediante aplicação, sobre esse preço total, da percentagem do contrato ou da produção executada no período de apuração. (Grifouse) § 1° A percentagem do contrato ou da produção executada durante o período de apuração poderá ser determinada (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 10, § 1°): 1 com base na relação entre os custos incorridos no período de apuração e o custo total estimado da execução da empreitada ou da produção; ou II com base em laudo técnico de profissional habilitado, segundo a natureza da empreitada ou dos bens ou serviços, que certifique a percentagem executada em função do progresso físico da empreitada ou produção. § 2° Na apuração dos resultados de contratos de longo prazo, devem ser observados na escrituração comercial os procedimentos estabelecidos nesta Seção, exceto quanto ao diferimento previsto no art. 409, que será procedido apenas no LALUR. Art. 408. O disposto no artigo anterior não se aplica às construções ou fornecimentos contratados com base em preço unitário de quantidades de bens ou serviços produzidos em prazo inferior a um ano, cujo resultado deverá ser reconhecido à medida da execução (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 10, § 2°). IN SRF n° 21, de 13/03/1979 (DOU 19/03/1979) Uniformiza o procedimento de apuração de resultado de contratos, com prazo de execução superior a um ano, de construção por empreitada ou de fornecimento de bens ou serviços a serem produzidos. [...] 2 Produção em Curto Prazo Qualquer que seja o prazo de vigência do contrato, quando a construção por empreitada ou cada unidade dos bens ou serviços deva ser produzida em prazo igual ou inferior a 12 (doze) meses, a preço unitário de quantidades, o resultado Fl. 1356DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.357 30 devera ser apurado quando completada a execução de cada unidade, tenha ou não sido faturada: Na aplicação do disposto neste item é irrelevante que a execução da unidade, iniciada num períodobase, se conclua no períodobase seguinte. No contrato que abranger múltiplas construções por empreitada, ou o múltiplo fornecimento de bens ou serviços com base em preço unitário e previr prazo de ate um ano para a execução de cada unidade, sem prejuízo do disposto no subitem seguinte, o resultado devera ser apurado ao termino da execução de cada unidade, independentemente de a execução ser simultânea ou seqüencial. Quando ocorrer que, num contrato em que a execução tenha sido prevista de boa fé para prazo não superior a um ano, a execução se prolongue por mais de doze meses, o resultado será apurado nos termos dos itens seguintes. A parte do resultado correspondente ao períodobase em que se iniciou a execução será tributada, acrescida de juros e correção monetária (Decretolei n° 1598/77, artigo 6°, parágrafo 7°), juntamente com a do períodobase seguinte. 3 Produção em Longo Prazo O contrato de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens e serviços a serem produzidos, com prazo de execução física superior a 12 (doze) meses, terá seu resultado apurado, em cada períodobase, segundo o progresso dessa execução: Preço predeterminado é aquele fixado contratualmente, sujeito ou não a reajustamento, para execução global; no caso de construções, bens ou serviços divisíveis, o preço predeterminado é o fixado contratualmente para cada unidade. A apuração do resultado em cada períodobase, e sua inclusão na determinação do lucro liquido, será feita ainda que não ocorrida a transferência de propriedade e independentemente de ter sido ou não recebido ou faturado qualquer adiantamento do preço. O contrato de construção por empreitada ou de fornecimento de bens e serviços a serem produzidos com prazo indeterminado reputase contrato com prazo de execução superior a um ano, exceto se a execução for completada dentro de um ano. No caso dos autos, conforme informação prestada pela autuada (fl. 412), os registros na conta contábil "custos a incorrer" decorrem de contratos com duração superior a um ano e com preço predeterminado. Os resultados são obtidos pelo critério de "avaliação do andamento da execução por medição", que considera a percentagem de execução física da empreitada avaliada em laudo técnico de medição, conforme detalhamento ali descrito. Ou seja, os registros contábeis na conta passiva "2110901021001 Custos a Incorrer" decorrem de contratos de produção em longo prazo. Fl. 1357DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.358 31 A infração fiscal resulta da existência de um saldo a maior na conta "custos a incorrer" custo majorado que reduz indevidamente o lucro líquido da pessoa jurídica, tendo em vista a desconsideração do "Controle de contratos de longo prazo" (fl. 714), pois o contrato relativo à Ordem de Serviço n° 1111/021SOS0015 foi firmado em agosto de 2009, com prazo de até 90 dias, significando execução física inferior a doze meses. No recurso, nenhum elemento novo foi juntado pela defesa. Como se vê, há somente argumentos que já foram relatados. A autuada foi intimada a apresentar a cópia do contrato firmado com Global Engenharia Ltda. (fl. 716), mas apresentou o documento denominado "Instrumento Particular de Contrato de Fornecimento Equipamentos" (fl. 723), sem data e sem assinaturas, com características de minuta. Além desse documento, estão nos autos, a cópia da ordem de serviço com data de 12/08/2009 e as cópias das notas fiscais de vendas emitidas em outubro, novembro e dezembro de 2009, relativas a tal contrato. De acordo com a informação prestada pela interessada (fl. 719), está confirmado que as referidas notas fiscais foram contabilizadas e as receitas reconhecidas no anocalendário de 2009, espelhando o faturamento e pagamento previsto na "Cláusula Sétima" do referido contrato. Entretanto, onde estão as provas relativas às revisões/prorrogações do contrato (Revisão B e C fl. 714) ? Se o contrato é de longo prazo, onde estão os documentos que possam comprovar o cumprimento da obrigação contratual nesse novo prazo? Notese que a diferença entre o custo total (deduzido) e o custo incorrido (efetivo), referente ao contrato 1111/021SOS0015, relacionado no demonstrativo de "controle de contratos de longo prazo" de 2009 (fl. 715), correspondente, efetivamente, ao valor tributável apurado nos autos: Custo incorrido (efetivo) Custo total (deduzido) Diferença R$ 1.063.183,94 R$ 2.127.540,98 R$ 1.064.357,04 Nesse momento é importante lembrar a disposição contida no art. 251 do RIR/99, que assim dispõe: Dever de Escriturar Art. 251. A pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais (DecretoLei n° 1.598, de 1977, art. 7°). Parágrafo único. A escrituração deverá abranger todas as operações do contribuinte, os resultados apurados em suas atividades no território nacional, bem como os lucros, rendimentos e ganhos de capital auferidos no exterior (Lei n° 2.354, de 29 de novembro de 1954, art. 2°, e Lei n° 9.249, de 1995, art. 25). (Grifouse.) Registrese também que somente a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte, conforme estabelece o art. 923 do Fl. 1358DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.359 32 RIR/99: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (Decreto Lei n° 1.598, de 1977, art. 9°, § 1°). Acrescente que o principal meio de provar determinado ato é a prova documental, pois os documentos provam a história dos fatos econômicos e permitem a descoberta da verdade. É o ensinamento de Paulo Celso Bergstrom Bonilha na obra "Da Prova no Processo Administrativo Tributário, Editora LTr, 1992, pág. 105: A própria documentação histórica dos fatos tributáveis, relacionados com fatos econômicos e que podem ocorrer em grande número (operações comerciais, industriais e financeiras, por exemplo), demanda a utilização de documentos em larga escala, seja por parte do contribuinte, seja por parte do fisco. Inevitavelmente, as controvérsias deduzidas no processo administrativo tributário necessitarão de provas dessa natureza, justificandose a afirmação de que a prova documental tem importância quantitativa e qualitativa, pois a descoberta da verdade dependerá, fundamentalmente, do exame dessa prova. Com os elementos juntados aos autos, não há possibilidade de considerar que as receitas e os custos vinculados referemse efetivamente a contratos com execução superior a um ano (art. 407 do RIR/99), mas de curto prazo, tendose como termo final aquele previsto na Ordem de Serviço de fl. 721, que aconteceu no anocalendário de 2009. Ocorre que o "Controle de Contrato de Longo Prazo" (fl. 714), que foi apresentado pela impugnante pretendendo afastar a diferença apurada pela fiscalização na citada conta "Custos a Incorrer", não pode ser aceito como documento hábil, pois devese confirmar a conclusão fiscal (fl. 770): [...] o "Controle de Contrato de Longo Prazo" constante a fl. 714 foi elaborado pela fiscalizada com o único intuito de justificar as diferenças apuradas pela fiscalização [...] Assim, o custo total (deduzido) contabilizado, efetivamente, está em desacordo com art. 407 do RIR/99 e item 3 da IN SRF n° 21, de 1979. Também, não ocorre o reconhecimento antecipado de receita (fls. 754758), para que seja aplicada a orientação contida o item 2 da IN SRF n° 21, de 1979, pois, o termo final de 90 dias após o dia 12 de agosto de 2009 ainda ocorreu no anocalendário de 2009. Dessa forma, interpretandose os fatos como "produção em curto prazo", temse que o resultado foi apurado ainda no anocalendário de 2009, onde as receitas e os custos efetivos (incorridos), vinculados à Ordem de Serviço (1111/021SOS0015), estão computados corretamente na apuração do resultado do período. Em consequência, não merece ser apreciada a argumentação apresentada subsidiariamente, propondo a alteração do valor tributável para R$ 301.147,07, pois a glosa de custos está de acordo com os dispositivos fiscais citados nos autos, não havendo possibilidade de apuração de outro valor tributável. Fl. 1359DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.360 33 Diante do exposto, a tributação sobre valor dessa infração fiscal deve ser mantida para efeitos do IRPJ e CSLL, conforme consta nos autos. Da qualificadora da multa de ofício. A multa com o percentual de 150% foi lançada com amparo no art. 44, inciso e § 1°, da Lei n.° 9.430, de 1996, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488, de 2007, que assim dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de ^^^^^declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007) [... ] § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei n° 11.488, de 2007 Grifouse) Para explicitar a aplicabilidade dessa multa, transcrevemse também os dispositivos da Lei n.° 4.502, de 30 de novembro de 1964, que a fundamentam, in verbis: Art. 71 Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72 Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73 Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. (Grifouse) Temse que, para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade que esteja caracterizado o intuito doloso. Ademais, podese afirmar que cada ato ilícito carrega uma determinada carga de lesão à ordem tributária, onde determinadas condutas são tão graves a ponto de, por si só, imediatamente consubstanciarem o intuito Fl. 1360DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.361 34 doloso. Outros procedimentos, de menor poder ofensivo, se analisados individualmente não caracterizam a ação premeditada, no entanto, podem evidenciar o dolo quando reiteradamente praticados ao longo de um determinado tempo. Analisamse, agora, os casos concretos descritos nos autos: Multa de ofício Infrações fiscais descritas no relatórios fiscal: item 3.4 Glosa de despesas Raul Cordeiro de Paula Registrese, inicialmente que a defesa não contesta a ocorrência da infração fiscal descrita no item 3.4 do relatório fiscal, pois até providenciou o parcelamento dos tributos apurados. O autuante concluiu que as notas fiscais apresentadas para comprovação dessas despesas registradas na contabilidade da autuada são inidôneas (notas fiscais frias), o que, reiterese, não foi contestado pela então impugnante. Quanto a esse tópico, alega a defesa o caráter confiscatório da multa com o percentual de 150%, pois, no seu entender, estaria contrariando os princípios constitucionais da razoabilidade e da proporcionalidade, que garantem a manutenção do patrimônio do contribuinte. Alega, ainda, que multas com percentuais de 100% ou 75% também violam os princípios constitucionais descritos. Requer a redução do percentual de modo a não configurar confisco. Multa de ofício Infração fiscal descrita no item 3.5 do relatório fiscal (IRRF) Pagamentos a beneficiário não identificado/pagamentos sem causa Conforme os autos, na escrituração da fiscalizada constam lançamentos a crédito de contas do ativo circulante (bancos) relativos a pagamentos supostamente efetuados a Raul Cordeiro de Paula, conforme planilha n° 2, de fls. 778789, em decorrência do registro das notas fiscais inidôneas, descritas no item 3.4 do relatório fiscal. A autuada foi intimada para apresentar os elementos que permitissem identificar o beneficiário ou a causa dos pagamentos efetuados, não entanto, não ocorreu o esclarecimento devido. A autuada concordou com a infração fiscal e não impugnou tempestivamente a exigência fiscal apurada. Contesta somente a multa de ofício com o percentual de 150%. Ocorre que a reclamação contra a exigência do principal (IRRF), apresentada posteriormente, está sendo considerada preclusa. No recurso apresenta os mesmos argumentos acima relatados, pois fazem parte da mesma contestação apresentada letra C da impugnação (fl. 876). Multa de ofício Infração fiscal descrita no item 3.6 do relatório fiscal Glosa de custos de execução de contratos de longo prazo Fl. 1361DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.362 35 Nesta infração fiscal, entendeu o autuante que a atitude da fiscalizada de apresentar o "Controle do Contrato de Longo Prazo" n° 1111/02ISOS0015, criado artificialmente, segundo suas conclusões, para tentar justificar a diferença encontrada na conta "custos a incorrer", evidencia a sua ação dolosa. A defesa, por outro lado, em síntese alega que a irregularidade decorre de mera inexatidão contábil, sem efeito tributário, principalmente, pela inobservância do regime de competência (exclusão das receitas), inexistindo ânimo de fraudar ou prejudicar o fisco, como também inexistem manobras ou artifícios que visem vantagem tributária. Assim, diz a defesa, se for considerada a escrituração antecipada não só dos custos do suposto contrato de produção em curto prazo, mas também as correspondentes receitas, estão neutralizados quaisquer prejuízos ao fisco. Conclusões sobre a incidência da multa de ofício 150% Reiterese o anteriormente exposto: para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos da Lei n° 4.502, de 1964, há necessidade que esteja caracterizado o intuito doloso. Com referência à infração descrita no item 3.4 do relatório fiscal Glosa de despesas, está evidente a intenção dolosa da impugnante. Escriturar notas fiscais inidôneas (notas fiscais frias), emitidas em nome de Raul Cordeiro de Paula, fato que não é contestado pela defesa, significa, efetivamente, reduzir o lucro líquido da pessoa jurídica, tendo como conseqüência a redução das bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Além disso, a autuada aproveitouse dessas notas fiscais inidôneas para justificar a saída de recursos financeiros de seu ativo, conforme está descrito no item 3.5 do relatório fiscal, ou seja, encobrindo a ocorrência de pagamentos a beneficiário não identificado/causa não comprovada. Ora, escriturar "notas fiscais frias" ao longo dos anoscalendário de 2007, 2008 e 2009, conforme a relação constante da "planilha 1" elaborada pelo autuante (fls. 776 777), é a prova da vontade, dolosa, por parte da autuada de reduzir os tributos devidos, conduta que se enquadra na ordem expressa no art. 71 da Lei n° 4.502, de 1964. Quanto à infração descrita no item 3.6 do relatório fiscal, que trata da glosa de custos de execução de contratos de longo prazo, concluiuse na análise do mérito, que o documento "Controle de Contrato de Longo Prazo" (fl. 714), que foi apresentado pela impugnante pretendendo afastar a diferença apurada pela fiscalização na citada conta "Custos a Incorrer", foi elaborado pela fiscalizada com o único intuito de justificar as diferenças apuradas pela fiscalização, ou seja, a autuada pretendeu simplesmente, com a contabilização de custos orçados, ainda não incorridos, vinculados a contrato de execução de obras/serviços que não se enquadra no conceito de longo prazo (art. 407 do RIR/99/99), reduzir tributos devidos. Por que as provas relativas às revisões/prorrogações do contrato (Revisão B e C fl. 714) não foram apresentadas? Ainda, se o contrato é de longo prazo, onde estão os documentos que possam comprovar o cumprimento da obrigação contratual nesse novo prazo? Não se está diante de um mero erro na escrituração, mas da intenção do agente de praticar o ato ilícito, com consciência e representação de que o ato praticado Fl. 1362DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.363 36 alcançaria o objetivo almejado, qual seja, o de impedir o conhecimento pelo fisco da ocorrência do fato gerador do tributo devido e reduzir o tributo devido. Diante do exposto, entendese correto a qualificadora da multa (150%) pela presença da circunstância definida no artigo 71 da Lei n° 4.502, de 1964. Do caráter confiscatório da multa Também não ocorre confisco com a exigência da multa com esse percentual. A multa punitiva está prevista em lei vigente, não cabendo ao órgão do Poder Executivo deixar de aplicála enquanto não reconhecida sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal. Além disso, a vedação constitucional é quanto à utilização de tributo com efeito confiscatório, não se referindo a multa por atos ilícitos. E mais, dirigese ao legislador, e não ao aplicador da lei. Com referência à alegação da defesa de que a multa não se mostra necessária e nem proporcional e à solicitação de redução do percentual de modo a não configurar confisco, devese registrar que o lançamento tributário é atividade administrativa plenamente vinculada à lei, sob pena de responsabilidade funcional, a teor do art. 142, caput e parágrafo único, do CTN, cuja redação determina, ipsis litteris: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, não há possibilidade de redução da multa de oficio lançada. Ainda, com referência à suposta ilegalidade e/ou inconstitucionalidade de dispositivos legais que a amparam a exigência do crédito tributário, viuse que a autoridade administrativa não pode se afastar da aplicação da norma legal validamente editada de acordo com o processo legislativo constitucionalmente estabelecido, o que somente pode acontecer se as leis forem afastadas do mundo jurídico pelo Supremo Tribunal Federal, ou pelo Senado Federal. Boa ou má, justa ou injusta, a lei vigente foi editada por quem detém competência para tal, e vincula a atuação do agente administrativo, que dela não pode se afastar sem ver maculado de vício o ato que negar eficácia plena a seus dispositivos literais. Portanto, é inócuo suscitar tais alegações na esfera administrativa, pois não se pode, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar textos legais legitimamente inseridos no ordenamento jurídico nacional. Dos juros de mora incidentes sobre a multa de oficio A recorrente questiona a cobrança de juros de mora à taxa Selic sobre a multa de ofício. Afirma que inexiste base legal para essa exigência e apresenta vários julgados deste Conselho que amparam sua tese. Fl. 1363DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.364 37 A aplicação de taxa de juros lastreadas em indicadores do mercado financeiro iniciouse com a Lei nº Lei nº 8.981/95, cujo art. 84 dispõe: Art. 84. Os tributos e contribuições sociais arrecadados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores vierem a ocorrer a partir de 1º de janeiro de 1995, não pagos nos prazos previstos na legislação tributária serão acrescidos de: I juros de mora, equivalentes à taxa média mensal de captação do Tesouro Nacional relativa à Dívida Mobiliária Federal Interna; (...) Em Seguida, a Lei nº 9.065/95 substituiu o indicador pela taxa SELIC: Art. 13. A partir de 1º de abril de 1995, os juros de que tratam a alínea "c" do parágrafo único do art. 14 da Lei nº 8.847, de 28 de janeiro de 1994, com a redação dada pelo art. 6º da Lei nº 8.850, de 28 de janeiro de 1994, e pelo art. 90 da Lei nº 8.981, de 1995, o art. 84, inciso I, e o art. 91, parágrafo único, alínea "a.2" da Lei nº 8.981, de 1995, serão equivalente à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia SELIC para títulos federais, acumulada mensalmente. (...) Por seu turno, a Lei nº 9.430/1996, ao remodelar a multa de mora incidente nos pagamentos em atraso, estabeleceu em parágrafo que sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal incidirão juros de mora à taxa SELIC, veja: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. Com base nessa disposição a Receita Federal vem entendendo que a multa de ofício também está sujeita aos juros de mora à taxa SELIC, a partir do seu vencimento. O cerne da questão está, pois, na interpretação que se deve dar à expressão “débitos decorrentes de tributos e contribuições”. De fato o não pagamento de tributos e contribuições nos prazos previstos na legislação faz nascer o débito. Portanto, o débito decorre do não pagamento de tributos e contribuições nos prazos. Também nesse sentido é a multa de ofício débito decorrente de tributos e contribuições. Isso porque ela resulta, nos exatos termos da alínea a do art. 44 da Lei nº Fl. 1364DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO Processo nº 11065.721200/201122 Acórdão n.º 1402001.874 S1C4T2 Fl. 1.365 38 9.430/96, da punição aplicada pela fiscalização à falta de pagamento ou recolhimento dos tributos e contribuições, após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória. A jurisprudência neste Conselho é predominante no sentido de que é cabível a apreciação da matéria pelo contencioso administrativo e de que a aplicação da taxa Selic à multa de ofício é correta. Nesse sentido já se manifestou este E. Colegiado quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA — MULTA DE OFÍCIO — OBRIGAÇÃO PR1NICIPAL — A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de oficio proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Aplicável, portanto, a SELIC como taxa de juros de mora sobre a multa de oficio. Da tributação correlata Tendo em vista a estreita relação entre o lançamento do IRPJ ora analisado e aqueles relativos à CSLL, por decorrerem dos mesmos elementos de prova e se referirem à mesma matéria tributável, estendo o aqui decidido para aqueles lançamentos. Conclusões Diante do exposto, voto no sentido rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida para, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Frederico Augusto Gomes de Alencar Relator Fl. 1365DF CARF MF Impresso em 10/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 21/01/2015 por FREDERICO AUGUSTO GOMES DE ALENCAR, Assinado digitalmente em 09/02/2015 por LEONA RDO DE ANDRADE COUTO
score : 1.0
Numero do processo: 10850.907661/2011-71
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000
ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE.
A contribuição instituída pela Lei nº 9.718/1998 incide sobre o faturamento da pessoa jurídica, não alcançando as demais receitas auferidas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição instituído anteriormente à Emenda Constitucional nº 20/1998.
Numero da decisão: 3803-006.780
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Hélcio Lafetá Reis - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Paulo Renato Mothes de Moraes e Jacques Maurício F. Veloso de Melo.
Nome do relator: HELCIO LAFETA REIS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000 ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. A contribuição instituída pela Lei nº 9.718/1998 incide sobre o faturamento da pessoa jurídica, não alcançando as demais receitas auferidas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição instituído anteriormente à Emenda Constitucional nº 20/1998.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10850.907661/2011-71
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5414907
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3803-006.780
nome_arquivo_s : Decisao_10850907661201171.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : HELCIO LAFETA REIS
nome_arquivo_pdf_s : 10850907661201171_5414907.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Paulo Renato Mothes de Moraes e Jacques Maurício F. Veloso de Melo.
dt_sessao_tdt : Wed Dec 10 00:00:00 UTC 2014
id : 5779220
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:37 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475435077632
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1937; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 422 1 421 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10850.907661/201171 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.780 – 3ª Turma Especial Sessão de 10 de dezembro de 2014 Matéria COFINS RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO Recorrente GV HOLDING S/A (Sucessora de ITABENS EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES S/A) Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000 REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO NO CARF. As decisões definitivas de mérito proferidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na sistemática da repercussão geral deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2000 a 30/11/2000 ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. FATURAMENTO. INCONSTITUCIONALIDADE. A contribuição instituída pela Lei nº 9.718/1998 incide sobre o faturamento da pessoa jurídica, não alcançando as demais receitas auferidas. O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu pela inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição instituído anteriormente à Emenda Constitucional nº 20/1998. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, para reconhecer o direito creditório. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 0. 90 76 61 /2 01 1- 71 Fl. 422DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 17/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10850.907661/201171 Acórdão n.º 3803006.780 S3TE03 Fl. 423 2 Hélcio Lafetá Reis Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Corintho Oliveira Machado (Presidente), Hélcio Lafetá Reis (Relator), Belchior Melo de Sousa, João Alfredo Eduão Ferreira, Paulo Renato Mothes de Moraes e Jacques Maurício F. Veloso de Melo. Relatório Tratase de retorno dos autos da repartição de origem com os resultados da diligência determinada por esta 3ª Turma Especial quando da apreciação do Recurso Voluntário interposto para se contrapor à decisão da DRJ Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada em decorrência do não reconhecimento do direito creditório pleiteado por meio de Pedido Eletrônico de Restituição (PER), pelo fato de que o pagamento informado já havia sido integralmente utilizado na quitação de débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte requereu a plena restituição, alegando tratarse de indébito decorrente da inconstitucionalidade já declarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998, dispositivo esse que promovera o alargamento da base de cálculo da contribuição para além do faturamento. A DRJ Ribeirão Preto/SP não reconheceu o direito creditório, considerando a inexistência de saldo credor, a inocorrência de retificação da DCTF, a ausência de efeitos erga omnes da decisão do STF e a falta de prova do alegado recolhimento a maior. Cientificado da decisão, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário e requereu o reconhecimento do direito à plena restituição da contribuição calculada sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, argüindo que a retificação de declaração não podia se sobrepor ao direito substantivo, direito esse devidamente comprovado por meio de documentação idônea, e que as decisões de inconstitucionalidade proferidas em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal deviam ser observadas pelo Fisco. Ao apreciar o Recurso Voluntário, esta 3ª Turma Especial decidiu por converter o julgamento em diligência à repartição de origem para que a autoridade administrativa auditasse a escrituração contábilfiscal da pessoa jurídica, assim como os documentos fiscais que a lastreiam, com vistas a se apurarem o faturamento e as demais receitas auferidas no período, bem como a contribuição devida, tendose em conta a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição. Cumprida a diligência, concluiu a repartição de origem que as receitas escrituradas pelo Recorrente não eram decorrentes da venda de mercadorias e/ou da prestação de serviços, tratandose, em sua totalidade, de receitas de origem financeira, receitas essas estranhas ao objeto social da pessoa jurídica. Ressaltou a autoridade administrativa que caso o crédito objeto do presente Pedido de Restituição (PER) viesse a ser deferido, deverseia considerar que ele já havia sido quase totalmente utilizado na Declaração de Compensação (DCOMP) nº 18841.87240.151208.1.3.040514, conforme demonstrava o cálculo efetuado no Sistema de Apoio Operacional (SAPO). Fl. 423DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 17/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10850.907661/201171 Acórdão n.º 3803006.780 S3TE03 Fl. 424 3 Foi apensado ao presente o processo nº 10850.723009/201449, que cuida da Declaração de Compensação do crédito controvertido nestes autos. Cientificado dos resultados da diligência, o Recorrente destacou o reconhecimento do crédito pela própria Fiscalização, o que, segundo ele, viabilizava a homologação da compensação declarada. É o relatório. Voto Conselheiro Hélcio Lafetá Reis O recurso é tempestivo, atende as demais condições de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Conforme acima relatado, controvertese nos autos acerca do pedido de restituição e de declaração de compensação relativos à contribuição apurada sobre receitas que extrapolam o conceito de faturamento, com fundamento na inconstitucionalidade declarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do alargamento da base de cálculo promovido pelo art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998. A referida inconstitucionalidade foi proferida pelo STF1 em julgamento definitivo submetido à sistemática da repercussão geral (art. 543B do Código de Processo Civil CPC), cujo teor deve ser, obrigatoriamente, observado por este Colegiado, por força do contido no art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF. A Lei n° 9.718, decorrente da conversão da Medida Provisória nº 1.724, de 29 de outubro de 1998, foi publicada em novembro de 1998, quando vigia a redação original do art. 195, I, “b”, da Constituição Federal, em que se previa apenas o faturamento como hipótese de incidência da contribuição social, não constando a possibilidade de alcançar outras receitas auferidas pela pessoa jurídica, o que veio a ocorrer somente em dezembro do mesmo ano por meio da Emenda Constitucional n° 20. De acordo com o entendimento do STF2, o alargamento posterior da base de cálculo das contribuições de “faturamento” para “receita e faturamento”, operada por meio da Emenda Constitucional n° 20/1998, não teve o condão de convalidar legislação anterior que previa a incidência da Cofins e da Contribuição para o PIS sobre a totalidade das receitas da pessoa jurídica. Não se pode olvidar que o termo faturamento referese ao somatório das receitas decorrentes de vendas de mercadorias ou serviços, conforme se depreende do contido no art. 2° da Lei Complementar n° 70, de 1970, in verbis: 1 Em 27 de novembro de 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, no âmbito do Recurso Extraordinário nº 585.235, cujo mérito da repercussão geral foi julgado em 10 de setembro de 2008, pela inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo do PIS e da Cofins prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, cujo teor passou, desde então, a vincular os demais órgãos judiciais e o CARF. 2 REs nº 585.235, 346.084, 357.950, 358.273, 390.840, dentre outros. Fl. 424DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 17/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10850.907661/201171 Acórdão n.º 3803006.780 S3TE03 Fl. 425 4 Art. 2° A contribuição de que trata o artigo anterior será de dois por cento e incidirá sobre o faturamento mensal, assim considerado a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviço de qualquer natureza. (grifei) Parágrafo único. Não integra a receita de que trata este artigo, para efeito de determinação da base de cálculo da contribuição, o valor: a) do imposto sobre produtos industrializados, quando destacado em separado no documento fiscal; b) das vendas canceladas, das devolvidas e dos descontos a qualquer título concedidos incondicionalmente. O fato de o Supremo Tribunal Federal ter considerado o conceito de faturamento equivalente ao de “receita bruta” não pode ser interpretado como dilatação autorizada do alcance de tais institutos, pois o termo “receita bruta” foi considerado como coincidente com o de faturamento, ou seja, a totalidade das receitas provenientes da venda de mercadorias e serviços. A possibilidade de se tributarem outras receitas somente passou a vigorar após a vigência da Emenda Constitucional n° 20, de 1998, quando se incluiu, dentre as hipóteses de fatos geradores das contribuições sociais, a “receita” genericamente considerada. Dessa forma, por força do contido no art. 62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, que estipula que as decisões definitivas do STF proferidas na sistemática da repercussão geral devem ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento de recursos no âmbito do CARF, concluise pelo direito do contribuinte de obter a restituição de recolhimentos relativos à contribuição apurada sobre as receitas não abrangidas pelo conceito de faturamento. Tendo a repartição de origem confirmado, em sede de diligência, que a totalidade do valor do crédito pleiteado neste processo decorria da apuração da contribuição sobre receitas financeiras, receitas essas estranhas ao objeto social da pessoa jurídica, temse por comprovado o direito creditório pleiteado. Destaquese que referido crédito já foi quase totalmente utilizado na Declaração de Compensação identificada na planilha de cálculo efetuado no Sistema de Apoio Operacional (fls. 398 a 400), declaração essa controvertida no âmbito do processo administrativo nº 10850.723009/201449, processo esse apensado ao presente processo. Diante do exposto, voto por DAR PROVIMENTO ao recurso, para reconhecer o direito creditório decorrente da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da contribuição promovido pela art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718, de 1998. É como voto. (assinado digitalmente) Hélcio Lafetá Reis Relator Fl. 425DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 17/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS Processo nº 10850.907661/201171 Acórdão n.º 3803006.780 S3TE03 Fl. 426 5 Fl. 426DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS, Assinado digitalmente em 17/12/2014 p or CORINTHO OLIVEIRA MACHADO, Assinado digitalmente em 11/12/2014 por HELCIO LAFETA REIS
score : 1.0
Numero do processo: 10972.720080/2011-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2007, 2008
AÇÃO JUDICIAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONCOMITÂNCIA.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Recurso voluntário não conhecido.
Numero da decisão: 3202-001.321
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em não conhecer do recurso voluntário.
Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira - Presidente.
Charles Mayer de Castro Souza - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira (presidente), Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201409
camara_s : Segunda Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2007, 2008 AÇÃO JUDICIAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso voluntário não conhecido.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10972.720080/2011-41
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5404619
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Dec 08 00:00:00 UTC 2014
numero_decisao_s : 3202-001.321
nome_arquivo_s : Decisao_10972720080201141.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
nome_arquivo_pdf_s : 10972720080201141_5404619.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em não conhecer do recurso voluntário. Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira - Presidente. Charles Mayer de Castro Souza - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira (presidente), Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Thiago Moura de Albuquerque Alves.
dt_sessao_tdt : Wed Sep 17 00:00:00 UTC 2014
id : 5749873
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:20 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475439271936
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1928; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T2 Fl. 909 1 908 S3C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10972.720080/201141 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3202001.321 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de setembro de 2014 Matéria PIS. COFINS. MULTA Recorrente UNIMED UBERABA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2007, 2008 AÇÃO JUDICIAL. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONCOMITÂNCIA. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso voluntário não conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, em não conhecer do recurso voluntário. Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira Presidente. Charles Mayer de Castro Souza Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira (presidente), Gilberto de Castro Moreira Junior, Charles Mayer de Castro Souza, Rodrigo Cardozo Miranda, Luís Eduardo Garrossino Barbieri e Thiago Moura de Albuquerque Alves. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 97 2. 72 00 80 /2 01 1- 41 Fl. 910DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 2 Relatório Trata o presente processo de autos de infração lavrados contra a contribuinte acima identificada, constituindo crédito tributário decorrente da Contribuição para o Programa de Integração Social – PIS e para Financiamento da Seguridade Social – Cofins, referente a períodos de apuração compreendidos nos anoscalendário de 2007 e 2008, nos valores respectivos de R$ 2.331.703,44 e R$ 10.747.257,73, incluídos multa proporcional e juros de mora. Por bem retratar os fatos constatados nos autos, transcrevo o Relatório da decisão de primeira instância administrativa, in verbis: Contra a interessada foram lavrados autos de infração que lhe exigem o seguinte crédito tributário, com juros de mora calculados até setembro de 2011: R$ 5.057.580,24 de Cofins; R$ 1.896.492,29 de juros de mora; R$ 3.793.185,20 de multa proporcional (passível de redução); R$ 1.097.325,71 de PIS/Pasep; R$ 411.383,43 de juros de mora; R$ 822.994,30 de multa proporcional (passível de redução). Segundo a Descrição dos Fatos e Enquadramento(s) Legal(is) constantes dos autos de infração, os lançamentos decorreram de “Insuficiência de Recolhimento” das contribuições pelo regime cumulativo, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal – TVF anexo. Os demonstrativos das contribuições apuradas pela fiscalização constam do Anexo I do TVF, sendo que o valor das linhas “TOTAL RECEITAS” e “TOTAL DEDUÇÕES/EXCLUSÕES” foram extraídos do Anexo I do Termo de Constatação e Intimação de 15/09/2011. A autoridade lançadora afirmou ainda que a constatação da falta de recolhimento e de confissão em DCTF deveuse a “valores não comprovados a título de "GLOSAS" extraídos do Anexo II do Termo de Constatação e Intimação de 15/09/2011 e da amostra constante do Termo de Constatação e Intimação de 22/07/2011”. No Termo de Constatação e Intimação de 15/09/2011, as glosas de deduções e exclusões da base de cálculo das contribuições foram assim sintetizadas: FILIAL CNPJ: 17.774.738/000290 – FARMÁCIA UNIMED UBERABA. • ICMS SOBRE VENDAS por falta de previsão legal. • VENDA DE PRODUTOS SUJEITOS A ALÍQUOTA ZERO por falta de comprovação. • RECEITAS FINANCEIRAS/RECEITAS EVENTUAIS/OUTRAS RECEITAS por falta de previsão legal. MATRIZ CNPJ: 17.774.738/000109 UNIMED COOPERATIVA DE TRABALHO. Fl. 911DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 910 3 • RECEITAS FINANCEIRAS/RECEITAS EVENTUAIS/OUTRAS RECEITAS por falta de previsão legal. • CUSTOS — por falta de previsão legal. • RELATIVAS ao inciso III do art. 2° da MP n° 215835 por falta de demonstração e comprovação. • SOBRAS pela impossibilidade de apuração face à ausência de segregação de atos cooperativos e não cooperativos. Cientificada dos lançamentos, a autuada apresentou impugnação, na qual, consoante os argumentos ali aduzidos, ao final assim pediu: Em face de todo o exposto e comprovado acima, REQUER: a) O recebimento da presente impugnação e determinação da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em comento, ex vi do art. 151, inciso III, do Código Tributário Nacional; b) No mérito, seja dado o merecido provimento/procedência/deferimento à presente impugnação (julgandose improcedente a lavratura do Auto de Infração ora combatido) para: i. Anular o Auto de Infração referente aos dois tributos aqui discutidos (PIS e COFINS), por conta da exação em atos cooperativos; ii. Independentemente da nulidade, a improcedência do Auto de Infração, ante a definição jurídicoeconômica de operadora de planos de saúde da Recorrente, reconhecendose a possibilidade de se proceder a necessários ajustes na base de cálculo do PIS e da COFINS, de forma a recolher somente o que se configurar efetiva receita (comissão/taxa de administração); iii. Considerar como corretas as deduções da base de cálculo/exclusões da receita realizadas pela impugnante, nos moldes como foram especificamente aqui impugnadas as glosas realizadas pela autoridade fiscal, diante das hipóteses legais abordadas e também desconsiderando, para fins de oferecimento à tributação, aqueles valores que realmente não representam receitas da cooperativa (CTN, art. 110); iv. Eventualmente, acaso não acatadas todas as impugnações às glosas realizadas pela fiscalização, que sejam analisadas, tópico a tópico, a fim de permitirse as deduções/exclusões de determinadas rubricas ali explicadas; c) Deixase de apresentar cópia dos procedimentos judiciais em que a matéria, no que tange ao contribuinte/impugnante, fora apreciada, em razão da suspensão do processo e ausência do trânsito em julgado, cf. bem constou das fls. 04/37 e 129/135 do processo. (Dec. 70.235, art. 16, inciso V). Todavia, atento à razoabilidade, acaso entenda necessária, requer, desde já, a Fl. 912DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 4 concessão de prazo para a juntada das cópias, a serem extraídas diretamente dos autos judiciais mencionados; d) O prazo de 60 dias (ou outro razoável) para juntar (i) os documentos mencionados na manifestação administrativa da impugnante em 08/09/2011, fls. 148/150, nesta peça (item III) apontado como item 5 Livros da Farmácia; (ii) os documentos mencionados na manifestação administrativa da impugnante em 15/09/2011, fls. 258/264, nesta peça (item III) apontado como item 2 comprovação das Glosas do Anexo II de fls. 271/274), eis que tais documentos encontramse "represados" na empresa de arquivamento de documentos MEMOVIP em Belo Horizonte/MG, nos moldes da alínea "a" do §4° c/c §5° do art. 16 do Decreto n. 70.235/72; e) A produção de perícia contábil nos documentos já apresentados e nos demais a serem apresentados oportunamente (livros, etc), fundamentando o pedido na divergência de interpretação entre a orientação contábil da ANS e a procedida pela autoridade fiscal, acerca da norma que orienta a contabilidade da impugnante e as deduções não admitidas (explicadas na alínea " C " do item IV.2.), nos moldes do inciso IV do art. 16 c/c art. 18, ambos do Decreto n. 70.235/72, desde já indicando o perito da impugnante ao final desta impugnação e apresentando os respectivos quesitos; f) Comprovar o alegado por todos os meios de prova admitidos, inclusive juntada posterior de documentação e a perícia pugnada acima. [...] Por meio do Despacho nº 42 – 1ª Turma da DRJ/JFA, 07 de março de 2012, foi determinada a realização de diligência, nos seguintes termos (fls. 409/410 – adotada a numeração do processo eletrônico): a) providencie a juntada das petições iniciais, e eventuais aditivos, que informaram os processos judiciais nºs 2000.38.02.0005829 (Cofins) e 2000.38.02.0018720 (PIS/Pasep); b) verifique, à luz do disposto na Lei n.º 10.147/2001, das informações constantes do DVD juntado à impugnação e dos documentos fiscais que o respaldam, a pertinência da exclusão das receitas sujeitas à alíquota zero na venda de produtos farmacêuticos da filial Farmácia Unimed; c) cientifique a contribuinte do resultado da diligência, reabrindo o prazo de trinta dias para que esta apresente razões adicionais de defesa. O resultado da diligência encontrase consubstanciado no respectivo Termo de Encerramento, às fls. 733/735, do qual se destacam os seguintes trechos: 4. Juntamos nas fls. 416 a 439 a petição inicial e nas fls. 440 a 613 os demais recursos e peças apresentados pelo contribuinte, relativamente ao Mandado de Segurança nº 2000.3802.0005829. Fl. 913DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 911 5 5. Juntamos nas fls. 614 a 650 a petição inicial e nas fls. 651 a 708 os demais recursos e peças apresentados pelo contribuinte, relativamente ao Mandado de Segurança nº 2000.3802.0018720. [...] 7. Anexamos nos autos fls. 709 a 732 todos os relatórios de validação constantes do CD. Ressaltamos que os relatórios apontam a existência de vários registros com erros: Código de Classificação Fiscal da Mercadoria (NCM) inválido e Código de Classificação Fiscal da Mercadoria (NCM) inexistente. A classificação fiscal é o código necessário para verificar se o produto está ou não sujeito à alíquota zero, portanto, os registros com erros nessa informação serão desconsiderados. [...] 9. Nos testes de consistência de totais mensais de saídas constantes dos arquivos magnéticos com livros fiscais, concluímos que os arquivos magnéticos apresentados não contemplam a integralidade das operações da FARMACIA UNIMED UBERABA. 10. Nos testes de consistência de totais mensais de entradas constantes dos arquivos magnéticos com livros fiscais, concluímos que os arquivos magnéticos apresentados não contemplam a integralidade das operações da FARMACIA UNIMED UBERABA. 11. Verificamos por amostragem várias notas fiscais de entrada/saída com NCM sujeito a alíquota zero, para constatar que de fato o contribuinte adquiriu/vendeu tais mercadorias no período. 12. Filtramos nos arquivos relativos a notas fiscais de saída, as notas fiscais não canceladas, com CFOP de vendas, cujos NCM são aqueles contidos nos arts. 1º e 2º da Lei nº 10.147/2000, desconsiderando aqueles que foram apontados como inconsistentes: NCM inconsistentes na análise dos dados: LOG DE IMPORTAÇÃO – NCM INVALIDO OU INEXISTENTE: 30043200, 30043938, 30049083, 30049098, 30049990, 30049079, 33049099, 85098000, 99000063, 38049199, 30045099 e 00000020. Do resultado dessa análise apontamos o total mensal das receitas de vendas passíveis de exclusão por estarem sujeitas a alíquota zero: [...] Fl. 914DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 6 13. Sintetizamos no Anexo I ao presente Termo o relatório analítico com todas as notas fiscais de saída que foram resultado dos filtros aplicados, que totalizam os valores mensais acima. A contribuinte então apresentou razões adicionais de defesa às fls. 777/803, na qual assim concluiu e requereu: Em face de todo o exposto e comprovado acima, REQUER: a) Cf. exposto no item I: i. Determinar a análise minuciosa (perícia contábil/diligência complementar Decreto n. 70.235/72, art. 16, IV c/c art. 18) no DVD em anexo (Decreto n. 70.235/72, art. 16, §4°) apresentado ao Fiscal que se recusou a recebelo no qual consta a lista dos produtos da filial Farmácia Unimed no período sujeitos à alíquota zero (Lei n. 10.147/2000) com identificação de todos os NCM's corretos e válidos a fim de que seja a aludida receita excluída da apuração fiscal ocorrida no auto de infração combatido; ii. Caso seja formalmente instaurado a perícia contábil, desde já ratificase a indicação do mesmo perito que o Contribuinte indicou em sua Impugnação, tendo agora como o quesito: a) Poderia o Sr. perito, por meio de uma conferência minuciosa do relatório constante do DVD em anexo com o auto de infração, a respeito dos produtos sujeitos à alíquota zero (Cf. determina a Lei n. 10.147/2000) cujos NCM's estão no relatório, identificar quais as receitas que estão sendo tributadas e deveriam ter sido excluídas do auto de infração? Favor descrever minuciosamente, com emissão de relatório. b) Cf. exposto no item II, promover a juntada do Acórdão n° 3403001.289 proferido nos autos do Recurso Voluntário n° 248.448 (Processo n. 10650.001996/20073) pela 4a Câmara/3a Turma Ordinária na 3a Seção de Julgamento do CARF Conselho Administrativo de Recursos Fiscais do Ministério da Fazenda, em sessão do dia 09 de novembro de 2011 (portanto, decisão exarada depois da apresentação da |i Impugnação Decreto n. 70.235, art. 16, §4°, "b"), o qual analisou grande parte das razões de mérito abarcadas na Impugnação apresentada neste Processo Administrativo Tributário, em que o CARF deu êxito à Unimed Uberaba contra autuação fiscal similar promovida pela Receita Federal de Uberaba. Por fim, em 03/06/2013, a impugnante trouxe aos autos dois acórdãos proferidos recentemente pelo CARF (fls. 810/850), corroborando seus argumentos. Foi formalizado o processo nº 15254.720006/201315, em papel, para fins de controle das duas mídias apresentadas pela contribuinte. É o relatório. A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Juiz de Fora julgou improcedente a impugnação, proferindo o Acórdão DRJ/JFA n.º 0944.910, de 4/7/2013 (fls. 854 e ss.), assim ementado: Fl. 915DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 912 7 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2007, 2008 SOCIEDADES COOPERATIVAS. BASE DE CÁLCULO. EXCLUSÕES E DEDUÇÕES. É incabível exclusão ou dedução da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins não previstas expressamente na legislação de regência, uma vez que essas hipóteses de redução estão listadas em numerus clausus. OPERADORAS DE PLANOS DE SAÚDE. BASE DE CÁLCULO. COMPROVAÇÃO. DEDUÇÕES ESPECÍFICAS. Não obstante o dever de comprovar por meio de documentação hábil os valores escriturados, as deduções destinadas às operadoras de plano de saúde não autorizam à exclusão dos custos decorrentes do atendimento a seus usuários, como despesas hospitalares, honorários médicos, custos com exames, etc, para fins de apuração da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins. O inciso III do § 9º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, somente autoriza as operadoras de planos de assistência à saúde a deduzirem da base de cálculo do PIS/Pasep e da Cofins o valor correspondente às indenizações efetivamente pagas por uma operadora, referente aos atendimentos médicos efetuados em beneficiários (clientes) pertencentes à outra operadora de plano de saúde, deduzido das importâncias recebidas a título de transferência de responsabilidade. FARMÁCIA UNIMED. RECEITAS DE VENDA SUJEITAS À ALÍQUOTA ZERO. Para as pessoas jurídicas não enquadradas na condição de industrial ou de importador, as alíquotas das contribuições estão reduzidas a zero quando da venda de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, com as ressalvas de determinadas exceções legais. Assim, deve ser cancelada a parcela do crédito tributário que, comprovadamente, advém de receitas dessas operações. AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. A submissão de matéria à tutela autônoma e superior do Poder Judiciário implica renúncia à via administrativa quanto ao mesmo objeto. CONSTITUCIONALIDADE. LEGALIDADE. COMPETÊNCIA. Falece competência à autoridade julgadora para a apreciação de aspectos relacionados com a constitucionalidade ou legalidade de normas tributárias. Fl. 916DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 8 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. Deve ser indeferido o pedido de diligência ou perícia, quando esses procedimentos forem considerados prescindíveis para a solução do litígio, mormente quando já efetuada diligência a fim de formar a convicção quanto à matéria probatória. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Irresignada, a contribuinte apresentou, no prazo legal, recurso voluntário de fls. 891/902, por meio do qual, depois de relatar os fatos, aduz: Preliminarmente A Autoridade julgadora negou a análise do DVD apresentando razões adicionais à impugnação após o início da diligência complementar. Negouse a receber, e até mesmo protocolar, o DVD, que continha os códigos necessários à segregação dos produtos da filial Farmácia Unimed sujeitos à alíquota zero. Apresentouse justificativa suficiente para a apresentação do referido documento. Houve cerceamento ao direito de defesa. A Turma julgadora deve se pronunciar sobre as decisões do CARF referidas na impugnação que tratam de matéria idêntica. As ações judiciais não significam renúncia ao processo administrativo. Logo, não há concomitância. Mérito Reitera todas as argumentações já expostas na impugnação. O CARF é atingido pelas decisões vinculantes prolatadas pelo STF. Não há concomitância. Quanto à exclusão do ICMSST da base de cálculo das contribuições devidas pela filial Farmácia Unimed, a autoridade julgadora considerou que a Recorrente teria se equiparado a um atacadista, quando na verdade utilizouse de um exemplo comparativo para exemplificar a situação. Quanto à identificação dos produtos da Farmácia Unimed, reportase ao que já consignou a respeito da juntada do DVD. As diretrizes da ANS devem ser seguidas. Não prospera a alegação de que algumas das deduções previstas na MP n.º 2.15835, de 2001, não se aplicam à Recorrente, pois onde a lei não determina não é lícito ao intérprete fazêlo. Quanto ao inciso III do § 9º do art. 3º da Lei n.º 9.718, de 1998, reportase à decisões recentes do CARF dando guarida à interpretação da ANS e da Recorrente. Às fls. 907/908, a Recorrente noticia que, em 25 de outubro de 2013, foi publicada a Lei n° 12.873, de 24 de outubro de 2013 (conversão da Medida Provisória MP nº 619, de 6 de junho de 2013), que acrescentou o §9A ao art.3° da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, veiculando norma expressamente interpretativa que findou a discussão a respeito da matéria em litígio. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. Fl. 917DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 913 9 É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Segundo noticia a fiscalização, os valores das contribuições que são objeto do lançamento decorreram de valores de deduções e exclusões da base de cálculo que podem assim ser sintetizadas: I – FILIAL CNPJ n.º 17.774.738/000290 – FARMÁCIA UNIMED UBERABA: ICMS sobre vendas (falta de previsão legal), venda de produtos sujeitos a alíquota zero (falta de comprovação) e receitas financeiras/receitas eventuais/outras receitas (falta de previsão legal). II – MATRIZ CNPJ n.º 17.774.738/000109 – UNIMED COOPERATIVA DE TRABALHO: receitas financeiras/receitas eventuais/outras receitas (falta de previsão legal), custos (falta de previsão legal), previstas no inciso III do art. 2° da MP n° 2.15835 (falta de demonstração e comprovação) e sobras (impossibilidade de apuração face à ausência de segregação de atos cooperativos e não cooperativos). Impugnado, o lançamento foi mantido em parte pela instância de piso. No recurso voluntário, a Recorrente sustenta, em caráter preliminar, cerceado o direito de defesa, uma vez que autoridade julgadora teria se negado a analisar DVD com razões adicionais à impugnação. Diz que ficou impedida até mesmo de protocolar o DVD, no qual constariam códigos necessários à segregação dos produtos da filial Farmácia Unimed sujeitos à alíquota zero (a tributação à alíquota zero decorre, com algumas exceções legais, da venda, pela filial, de produtos farmacêuticos, de perfumaria, de toucador ou de higiene pessoal, nos termos dos arts. 1º e 2º da Lei n.º 10.147, de 2001). Embora o mencionado DVD não tenha sido objeto de análise pela autoridade diligenciadora, o foi pelo relator da decisão recorrida, como expressamente registrou nos parágrafos que passamos a reproduzir: Em sede de diligência, então, a fiscalização verificou, pelos totais mensais de saída e de entrada, que os arquivos magnéticos não contemplam a integralidade das operações escrituradas da Farmácia Unimed Uberaba e apontou os valores de receitas passíveis de exclusão na apuração da base de cálculo das contribuições. As correspondentes notas fiscais de saída foram relacionadas no Anexo I do Termo de Encerramento de Diligência (fls. 736/772). Essas notas fiscais foram encontradas por meio da aplicação de filtros sobre os arquivos magnéticos, tendo como parâmetro o CFOP de venda, cujos NCM são aqueles contidos nos arts. 1º e 2º da Lei n.º 10.147/2002. Nada mais natural e racional, em face da quantidade de dados constantes dos arquivos magnéticos. Fl. 918DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 10 Embora a contribuinte sustente que apresentou, às fls. 413/732, em sede de diligência a documentação solicitada, quanto à matéria sob exame, nesse intervalo de folhas consta apenas os Relatórios Sintéticos de Mensagens de Validação (fls. 709/732), relativos aos arquivos magnéticos apresentados. A leitura desses Relatórios revela a existência de várias mensagens sobre Código de Classificação Fiscal (NCM) inválido ou inexistente, confirmando o relatado no encerramento da diligência. A contribuinte quer a realização de perícia contábil e a análise do novo DVD juntado a suas razões adicionais de defesa, sob o argumento de que este foi “apresentado ao Fiscal porém não juntado por ele em sua diligência”. Todavia, do exame dos arquivos contidos nesse novo DVD não vislumbro diferenças que justifiquem o pleito da impugnante. Juntese a isso o fato de a contribuinte ter tido diversas oportunidades e tempo suficiente para comprovar as receitas que estariam sujeitas à alíquota zero. Entretanto, sequer apontou, nem a título de exemplo, quais vendas que estariam sujeitas à alíquota zero e não foram relacionadas no Anexo I do Termo de Encerramento de Diligência. Isto posto, devem ser excluídas das bases de cálculo das contribuições somente os valores de receitas discriminados no Termo de Encerramento de Diligência (fl. 734), num montante de R$ 39.725,86, para o ano de 2007, e R$ 17.633, 17, para o ano de 2008. Notese que o relator ressaltou não existirem diferenças entre os DVDs entregues pela Recorrente em momentos distintos, em ordem a justificar o pleito de realização de nova diligência ou mesmo de uma perícia. Esse argumento – que não foi contestado no recurso voluntário –, somado ao fato de não haver prova de que a Recorrente tenha de fato sido impedida de apresentar o novo DVD, autoriza a conclusão a que se chegou na decisão recorrida: a desnecessidade do pedido de diligência/perícia e a legitimidade da exclusão apenas dos valores levantados na diligência. No que respeita à renúncia ao processo administrativo em face da reconhecida concomitância de parte da matéria discutida nos autos com aquela discutida nas ações mandamentais impetradas pela Recorrente, tratase de tema há muito pacificado neste Colegiado Administrativo, tanto que editado Súmula CARF n.º 1, cuja redação é a seguinte: “Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”. Isso porque, cabe destacar, reconhecese ao Poder Judiciário o monopólio da jurisdição, não cabendo à Administração Pública definir matéria submetida à apreciação do EstadoJuiz. Há de registrar, contudo, que a concomitância, segundo nos parece, é muito mais ampla do que aquela reconhecida pela instância de piso. Para ilustrar o que se afirma, transcrevemse os mesmos parágrafos das decisões judiciais proferidas nas ações mandamentais impetradas pela Recorrente: Fl. 919DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 914 11 Processo n°. 2000.38.02.005829 (Cofins) Tratase de ação de Mandado de Segurança Individual impetrada por UNIMED UBERABA LTDA. COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO contra o DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM UBERABA (UNIÃO FEDERAL) "objetivando absterse de efetivar o recolhimento a título de COFINS para os atos cooperativos próprios de suas finalidades, nos termos estabelecidos pela Lei 9.718/98 e pela Medida Provisória 1.858/99 e suas reedições." [...] ‘TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL — COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO — PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS A TERCEIROS NÃO ABRANGIDA PELA DEFINIÇÃO DE ATO COOPERATIVO — INCIDÊNCIA DA COFINS. 1. "Denominamse atos cooperativos os praticados entre cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associados para a consecução dos objetivos sociais" (Lei n° 5.764/71, art. 79, caput") 2. Não se enquadrando a prestação de serviços a terceiros na definição de atos cooperativos, possível a incidência da COFINS, nos exatos termos em que determina a Lei n° 9.718/98, tida por constitucional por esta Corte (Arguição de Inconstitucionalidade na AMS n° 1999.01.00.0960532/MG, Rel designado Juiz CARLOS MOREIRA ALVES, Corte Especial, maioria, DJ II 24 SET 2001, p.135). 3. Apelação e remessa oficial tida por interposta providas. 4. Peças liberadas pelo Relator em 25/03/2003 para publicação do acórdão.’ [Grifei]. Processo n°. 2000.38.02.0018720 (PIS) Tratase de ação de Mandado de Segurança Individual impetrada por UNIMED UBERABA LTDA. COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO contra o DELEGADO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL EM UBERABA (UNIÃO FEDERAL) "objetivando seja determinado à autoridade impetrada que se abstenha de praticar qualquer ato no sentido de exigirlhe os recolhimentos do PIS sob os atos cooperativos próprios das finalidades da impetrante. Requer seja declarado por sentença, incider tantum, a inconstitucionalidade da Lei 9.718/98, MP 1.858/99 e suas reedições e dos normativos AD. SRF n°. 88/99 e IN. SRF n°. 145/99. Pede seja reconhecido o direito à compensação dos valores recolhidos indevidamente no percentual de 1% sobre a folha de salários do mês (Dec. 2.445/88, art. 1º , IV) e no percentual de 0,65% calculado sobre os atos não cooperativos (Lei 9.715/99, art. 2º , §1°), já que a LC 07/70, recepcionada totalmente pelo art. 239 da CF/88 que não Fl. 920DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA 12 foi revogado, não previa a contribuição para o PIS pelas sociedades cooperativas, cuja compensação darseá nos moldes estabelecidos no art. 66, da Lei 8383/91, para que possa, inclusive, compensálos com quaisquer outros tributos administrados pela Receita Federal." [...] ‘CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. PIS. COOPERATIVA DE CRÉDITO. ISENÇÃO. BENEFÍCIO FISCAL. LEI N. 9.718/98. MEDIDA PROVISÓRIA N. 1.858/1998. ATO COOPERATIVO. ADEQUADO TRATAMENTO TRIBUTÁRIO. FATURAMENTO. RECEITA BRUTA. BASE DE CÁLCULO. EMENDA CONSTITUCIONAL N. 20/1998. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGO 195, INCISO I, ALÍNEA "b" ("VACATIO LEGIS") E ARTIGO 239. PRINCÍPIOS DA HIERARQUIA DAS LEIS, DA ISONOMIA, DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA E DA UNIVERSALIDADE. 1. A isenção é "benesse" que emerge da política fiscal do Estado e pode, se não condicionada e por prazo certo, ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo. 2. O artigo 146, inciso III, letra "c", da Constituição Federal, não concedeu imunidade fiscal às cooperativas, mas sim adequado tratamento tributário. 3. A isenção tributária, não sendo matéria adstrita à lei complementar, pode ser revogada por lei ordinária ou por medida provisória. 4. O Supremo Tribunal Federal firmou o entendimento de que a contribuição social denominada PIS não está inserida dentre aquelas reservadas pela Constituição Federal de 1988 à lei complementar e pode ser alterada por lei ordinária (Ação Declaratória de Constitucionalidade n. 1/DF). 5. É orientação consolidada na Suprema Corte que os conceitos de "faturamento" e "receita bruta" são equivalentes para efeitos fiscais (Recursos Extraordinários n. 150.764/PE, 150.7551/PE, 44.9713/DF). 6. A Lei n. 9.718/1998, em face da vacatio legis, adquiriu eficácia plena quando já se encontrava em vigor a Emenda Constitucional n. 20/1998, modificativa do artigo 195 da Constituição Federal, o que afasta a existência de sua afirmada desarmonia com a referida emenda. 7. O artigo 239 da Constituição Federal de 1988, ao recepcionar o Programa de Integração Social PIS, limitouse a disciplinar a arrecadação e a distribuição dos recursos amealhados a esse título, deixando outros regramentos para a legislação infraconstitucional. 8. A exigibilidade de lei complementar restringese a novas contribuições, o que não é o caso do PIS. Fl. 921DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA Processo nº 10972.720080/201141 Acórdão n.º 3202001.321 S3C2T2 Fl. 915 13 9. A Corte Especial deste Tribunal Regional Federal da 1a Região declarou a constitucionalidade dos artigos 2º, 3º "caput", § 1º , Lei n. 9.718/1998, que alteraram a base de cálculo do PIS. 10. A par do princípio da universalidade, o sistema da seguridade social será custeado por toda a sociedade, direta ou indiretamente. Inexistência de antinomia entre o disposto no artigo 146, inciso III, alínea "c", da Constituição Federal e a sujeição das cooperativas ao financiamento da seguridade social.’ [Grifei]. Ora, a Recorrente objetivou impedir o Fisco de exigir as contribuições sobre atos cooperativos mediante o reconhecimento judicial da inconstitucionalidade da Lei n.º 9.718, de 1998, da Medida Provisória – MP n.º 1.858, de 1999, e suas reedições, do Ato Declaratório SRF n°. 88, de 1999, e da Instrução Normativa SRF n°. 145, de 1999, atos normativos que constituem, como se constata do campo próprio dos autos de infração, o próprio fundamento legal da exigência. Assim sendo, e salvo melhor juízo, o objeto do presente processo administrativo coincide com o objeto das ações mandamentais ajuizadas pela Recorrente, de modo que qualquer discussão envolvendo temas correlatos deve ser travada quando da execução do julgado. Ante o exposto, rejeito a preliminar de nulidade e, no mérito, não conheço do recurso voluntário por concomitância de matéria na esfera judicial. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 922DF CARF MF Impresso em 08/12/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 2 6/10/2014 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 05/12/2014 por IRENE SOUZA DA TRINDADE TORRES OLIVEIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13858.000137/2010-13
Turma: Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007
CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS POR INTERPOSTA PESSOA JURÍDICA.
A contratação de empregados por interposta pessoa jurídica é conduta simulada, devendo a Fiscalização efetuar o lançamento de ofício, conforme previsão no artigo 149, inciso VII, do Código Tributário Nacional - CTN.
Havendo extensa prova da ausência de autonomia e independência da pessoa jurídica considerada interposta pessoa, correta a autuação da verdadeira responsável pelas operações realizadas.
A sociedade que contrata empregados mediante interposta pessoa jurídica é responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e contribuições devidas a Terceiros, decorrentes da relação de emprego.
MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO.
Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.
Nova Lei limitou a multa de mora a 20%.
A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Não ocorre cerceamento de defesa quando o lançamento está revestido de todos requisitos legais e o contribuinte tem a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa.
REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS
O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais.
PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. INDEFERIMENTO.
O indeferimento do pedido de perícia não caracteriza cerceamento do direito de defesa, quando demonstrada sua prescindibilidade.
Considerar-se-á como não formulado o pedido de perícia que não atenda aos requisitos previstos no artigo 16, IV c/c §1° do Decreto n° 70.235/72.
Numero da decisão: 2403-002.636
Decisão: Recurso Voluntário provido em Parte
Crédito Tributário Mantido em Parte
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ( art. 61, da Lei nº 9.430/96) ao artigo 35 da Lei nº 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues
Carlos Alberto Mees Stringari
Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Ivacir Julio de Souza, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues. Ausente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201407
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS POR INTERPOSTA PESSOA JURÍDICA. A contratação de empregados por interposta pessoa jurídica é conduta simulada, devendo a Fiscalização efetuar o lançamento de ofício, conforme previsão no artigo 149, inciso VII, do Código Tributário Nacional - CTN. Havendo extensa prova da ausência de autonomia e independência da pessoa jurídica considerada interposta pessoa, correta a autuação da verdadeira responsável pelas operações realizadas. A sociedade que contrata empregados mediante interposta pessoa jurídica é responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e contribuições devidas a Terceiros, decorrentes da relação de emprego. MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplica-se a ato ou fato pretérito, tratando-se de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nova Lei limitou a multa de mora a 20%. A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não ocorre cerceamento de defesa quando o lançamento está revestido de todos requisitos legais e o contribuinte tem a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de perícia não caracteriza cerceamento do direito de defesa, quando demonstrada sua prescindibilidade. Considerar-se-á como não formulado o pedido de perícia que não atenda aos requisitos previstos no artigo 16, IV c/c §1° do Decreto n° 70.235/72.
turma_s : Terceira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Jan 07 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 13858.000137/2010-13
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5414681
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2403-002.636
nome_arquivo_s : Decisao_13858000137201013.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
nome_arquivo_pdf_s : 13858000137201013_5414681.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Recurso Voluntário provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ( art. 61, da Lei nº 9.430/96) ao artigo 35 da Lei nº 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Ivacir Julio de Souza, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues. Ausente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto.
dt_sessao_tdt : Wed Jul 16 00:00:00 UTC 2014
id : 5778994
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:29 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475460243456
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 30; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2268; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T3 Fl. 2 1 1 S2C4T3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13858.000137/201013 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2403002.636 – 4ª Câmara / 3ª Turma Ordinária Sessão de 16 de julho de 2014 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrente BOM PASSO INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE CALÇADOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/12/2007 CONTRATAÇÃO DE EMPREGADOS POR INTERPOSTA PESSOA JURÍDICA. A contratação de empregados por interposta pessoa jurídica é conduta simulada, devendo a Fiscalização efetuar o lançamento de ofício, conforme previsão no artigo 149, inciso VII, do Código Tributário Nacional CTN. Havendo extensa prova da ausência de autonomia e independência da pessoa jurídica considerada interposta pessoa, correta a autuação da verdadeira responsável pelas operações realizadas. A sociedade que contrata empregados mediante interposta pessoa jurídica é responsável pelo recolhimento das contribuições previdenciárias e contribuições devidas a Terceiros, decorrentes da relação de emprego. MULTA DE MORA. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENÉFICA. ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO. Conforme determinação do Código Tributário Nacional (CTN) a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado, quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Nova Lei limitou a multa de mora a 20%. A multa de mora, aplicada até a competência 11/2008, deve ser recalculada, prevalecendo a mais benéfica ao contribuinte. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Não ocorre cerceamento de defesa quando o lançamento está revestido de todos requisitos legais e o contribuinte tem a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 8. 00 01 37 /2 01 0- 13 Fl. 1837DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 2 O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. PEDIDO DE PERÍCIA. REQUISITOS. INDEFERIMENTO. O indeferimento do pedido de perícia não caracteriza cerceamento do direito de defesa, quando demonstrada sua prescindibilidade. Considerarseá como não formulado o pedido de perícia que não atenda aos requisitos previstos no artigo 16, IV c/c §1° do Decreto n° 70.235/72. Recurso Voluntário provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela Lei nº 11.941/2009 ( art. 61, da Lei nº 9.430/96) ao artigo 35 da Lei nº 8.212/91, prevalecendo o valor mais benéfico ao contribuinte. Vencido o conselheiro Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro na questão da multa. Votaram pelas conclusões os conselheiros Ivacir Julio de Souza, Paulo Maurício Pinheiro Monteiro, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues Carlos Alberto Mees Stringari Presidente e Relator Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Mees Stringari (Presidente), Paulo Mauricio Pinheiro Monteiro, Ivacir Julio de Souza, Elfas Cavalcante Lustosa Aragão Elvas e Daniele Souto Rodrigues. Ausente o Conselheiro Marcelo Magalhães Peixoto. Fl. 1838DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 3 3 Relatório Tratase de recurso voluntário apresentado contra Decisão da Delegacia da Secretaria da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I, Acórdão 1634.827 da 11ª Turma, que julgou a impugnação improcedente. O lançamento e a impugnação foram assim relatadas no julgamento de primeira instância: DA AUTUAÇÃO Tratase de Auto de Infração (AI) DEBCAD n° 37.272.5007, lavrado pela Fiscalização contra a empresa em epígrafe, relativo a contribuições devidas à Seguridade Social, da parte da empresa, e para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho (GILRAT). O montante lançado, incluindo juros e multa, é de R$ 8.508.186,94 (oito milhões, quinhentos e oito mil e cento e oitenta e seis reais e noventa e quatro centavos), abrangendo o período de 01/2005 a 13/2005, 01/2006 a 13/2006, e 01/2007 a 13/2007 consolidado em 01/06/2010. O Relatório Fiscal, de fls. 140 a 187, informa que: • Durante a auditoria fiscal realizada, constatouse que o Contribuinte BOM PASSO Indústria e Comércio de Calçados Ltda. (nome fantasia TENNY WEE e ou SCHIO) utilizou as empresas BREMAR Industrialização de Cabedais para Terceiros Franca LtdaEPP; BI6 Serviços de Pesponto em Calçados Ltda. ME; EVOLUTION Industrialização de Cabedais para Terceiros Ltda.; SS Industrialização de Cabedais para Calçados Ltda. EPP; EXX'S Serviços de Pesponto em Calçados Ltda. ME; PRO TÊNIS Industrialização de Cabedais para Terceiros Franca Ltda. EPP; SYSTEM Serviço de Pesponto em Calçados Ltda. ME; ULTIMAX Serviço de Pesponto em Calçados Ltda. ME; e TIGRA Serviços de Pesponto em Calçados Ltda. ME,como interpostas pessoas, com a finalidade de contratar segurados com redução de encargos previdenciários, uma vez que por serem optantes pelo SIMPLES, não recolhem contribuições previdenciárias patronais e para Outras Entidades e Fundos; Fl. 1839DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 4 Nas DIPJ's (Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica) da BOM PASSO, anos calendários 2005 e 2006 (fls. 198/208), não há valores declarados no campo 05 da ficha 04A (Custo do Pessoal Aplicado na Produção), mas no campo 13 da mesma ficha (Serviços Prestados por Pessoa Jurídica) estão declarados valores consideráveis; No ano de 1999 a grande maioria dos funcionários da BOM PASSO foi transferida para as empresas BREMAR e PRO TÊNIS (tabelas à fl. 142, e telas do sistema CNIS — Cadastro Nacional de Informações Sociais, fls. 209/232); O senhor Eduardo Felipe Cruz, contador da BOM PASSO (fl. 251) é também o contador responsável das empresas interpostas, que informam como email de contato o email da BOM PASSO, tennywee@tennywee.com.br (DIPJ's às fls. 233/250 e documento de fl. 252); Durante a auditoria foram feitas verificações físicas, conforme Termos de Constatação 01 e 02 (fls. 263/266) e tópico III, item 7 do Relatório, e foram colhidos depoimentos, conforme os Termos de Declarações dos sócios das empresas interpostas e da funcionária da enfermaria (fls. 293/302) e tópico III, item 8 do Relatório. Dentre outros fatos, foi apurado que: As empresas BREMAR, BI6, EVOLUTION, TIGRA, SS, PRO TENIS,e SYSTEM localizamse na Rua André Garcia Gomes n°s 300, 260, 220, 360, 340, 240, 320, respectivamente, em um mesmo prédio. A ULTIMAX localizase na Rua André Garcia Gomes n° 400, e se encontra no mesmo prédio do endereço da Rua Joaquim Correa Júnior, n° 4.290, relativo à empresa EXXS; Os corredores externos, a portaria, o refeitório, o ambulatório, os sanitários, e o departamento de RH são comuns a todas as empresas interpostas, sendo que o RH também é responsável pela BOM PASSO. Nas paredes existem logomarcas com o nome TENNYWEE, nome fantasia da BOM PASSO; O Sr. Israel Dener N. Gomes, que é sócio proprietário da ULTIMAX, declarou que presta o serviço de RH para todas as interpostas, inclusive para a BOM PASSO, mas depois retificou dizendo que não é o responsável pelo RH da BOM PASSO, e que apenas esclarece as dúvidas da funcionária responsável. No entanto, conforme fotos de fls. 284 e 287, o nome "BOM PASSO" consta na sala onde trabalha o Sr. Israel; Nas GFIP's da BOM PASSO e das empresas interpostas, no sistema GFIPWEB, consta como responsável o Sr. Israel, e como email o endereço deptopessoal@tennywee.com.br (telas de fls. 253/262); Todos os sócios afirmaram que abriram suas empresas depois de entendimento com o Sr. Alexandre Ferreira, proprietário da Autuada, e que prestam serviços exclusivamente para a Bom Passo, a qual fornece toda a matériaprima; Fl. 1840DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 4 5 • O tópico 9 e subitens do Relatório apresentam o resultado da análise de documentos da BOM PASSO em cotejo com documentos das empresas interpostas. Foram constatados os seguintes fatos relevantes: Ficou caracterizado o rodízio de vínculos empregatícios dos funcionários e sócios entre as empresas interpostas e a BOM PASSO. Por exemplo, os sócios proprietários Sr. Maurício Tótoli da BREMAR, e Sra. Nilsa Orlanda Gomide da PRO TÊNIS, são empregados da BOM PASSO; Nos contratos de locação de imóveis das interpostas empresas, fls. 326/330, 468/472, 554/558, 648/652, 760/764, 872/876, 952/953, 1011/1019, e 1116/1120, assinaram, na qualidade de fiadores e principais pagadores da Locatária, o Sr. Antônio Orlandino Ferreira (sócio proprietário da BOM PASSO no período fiscalizado), e sua esposa Sra. Maria Aparecida Ferreira, que renunciaram, expressamente, ao benefício de ordem estabelecido pelo artigo 827 do Código Civil; Todas as interpostas pessoas jurídicas receberam empréstimos financeiros da BOM PASSO, através de mútuo, conforme contratos sem registro juntados às fls. 346/352, 479/487, 569/576, 662/667, 773/777, 886/892, 960/963, e 1.027/1.035, e cópia de Livro Caixa à fi. 1.125. No caso dos empréstimos feitos a BREMAR, ULTIMAX, EXXS, e SS, não estão registrados os lançamentos correspondentes na contabilidade da BOM PASSO; Da análise da contabilidade da Autuada, foram constatados pagamentos de INSS, FGTS, DARF, IPTU, farmácia, aluguel, conta de luz, quinzenas, salários e rescisões de funcionários, das empresas interpostas, pela BOM PASSO, a teor das planilhas de fls. 414/420, 518/531, 595/604, 707/711, 818/824, 925/928, 985/991, 1.082/1.095, 1.159; Pelos contratos sociais da fiscalizada, fls. 1368/1417, a matriz da BOM PASSO, CNPJ 58.733.585/000139 foi localizada na Rua André Garcia Gomes 320 até dezembro de 2005, no mesmo prédio das interpostas. Entretanto, conforme fls. 1418/1419, este é o endereço das correspondências bancárias emitidas em 15/02/2007 e 06/07/2007; Em diligência realizada na CPFL, constatouse que a única consumidora de energia elétrica no terreno das interpostas é a do endereço Rua André Garcia Gomes, 320, em nome da BOM PASSO (contratos de fls. 1.279/1.304); Todas as interpostas empresas são optantes pelo SIMPLES. Já a BOM PASSO desenquadrouse do SIMPLES no ano de 1999, mesmo período em que começou a transferir seus empregados para as interpostas; Diante dos fatos descritos e elementos de provas anexos ao Relatório, a Fiscalização constatou que as empresas BREMAR, B16, EVOLUTION, SS, EXX'S, PRO TÊNIS, SYSTEM, Fl. 1841DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 6 ULTIMAX, e TIGRA, constituem empresas interpostas, subordinadas, e, deste modo, os segurados empregados e os administradores (contribuintes individuais) das interpostas pessoas jurídicas foram considerados, para fins previdenciários, como segurados empregados da BOM PASSO; Constituem fatos geradores das contribuições lançadas as remunerações dos segurados empregados e contribuintes individuais contidas nas GFIP's das empresas BREMAR, BI6, EVOLUTION, SS, EXX'S, PRO TÊNIS, SYSTEM, ULTIMAX e TIGRA; O tópico "VI Da Constituição do Crédito" apresenta a fundamentação legal das contribuições lançadas, bem como da multa aplicada. A Fiscalização informa que foi feita a comparação das multas vigentes antes e depois alterações efetuadas pela MP 449/2008, convertida na Lei n° 11.941/2009, de forma a atender o previsto na alínea "c" do inciso II do artigo 106 do Código Tributário Nacional; A legislação anterior é mais benéfica ao Contribuinte em todas as competências fiscalizadas, conforme demonstrativo às fls. 1.440 a 1.442; O item 3 e subitens, do tópico VI, descreve cada um dos levantamentos que integram o Auto de Infração. Os salários de contribuição apurados são os constantes das GFIP's das empresas interpostas. O fato de estas empresas interpostas serem optantes pelo SIMPLES implicou em que não fossem calculadas nem recolhidas as contribuições patronais e de Terceiros, sendo que no presente AI foram lançadas as contribuições patronais; Foram constatadas a realização de condutas que, em tese, tipificam os crimes previstos nos artigos Io e 2o da Lei n° 8.137/1990, em virtude da omissão de contribuições sociais através de conduta simulada (fraude). Tal conduta será objeto de Representação Fiscal para Fins Penais (RFFP), com comunicação à autoridade competente (Ministério Público), para as providências cabíveis. Os elementos caracterizadores e de prova, da situação fática descrita, estão anexados às fls. 188/199, 202/399, 402/599, 602/799, 802/999, 1.002/1.199, 1.202/1.399, 1.402/1.419, 1.462/1.527. Complementam o Relatório do Auto de Infração, e encontramse anexos ao Auto de Infração: IPC Instruções para o Contribuinte, de fls. 02 a 03; DD Discriminativo do Débito, de fls. 04 a 84; RL Relatório de Lançamentos, de fls. 85 a 135; FLD Fundamentos Legais do Débito, de fls. 136 a 137; Relatório de Vínculos, de fl. 138; Termo de Início de Procedimento Fiscal, fls. 1.420 a 1.421; Termos de Intimação Fiscal n°s 01 a 07 e AR's Avisos de Recebimento, fls. 1.422 a 1.434; Termos de Ciência de Prorrogação de Prazo e de Continuidade de Procedimento Fiscal n°s 01 a 04 e AR's, fls. 1.435 a 1.439; Demonstrativo "SAFIS Comparação de Multas", fls. 1.440 a 1.442; Recibos de Entrega de Arquivos Digitais e Relatórios de Resumo da Validação de Arquivo, fls. 1.443 a Fl. 1842DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 5 7 1.461; Termo de Encerramento do Procedimento Fiscal TEPF, fl. 1.528. Consta Termo de Juntada por Apensação, à fl. 1.530, dos processos de n°s 13858.000144/201015 e 13858.000145/2010 51, ao presente processo n° 13858.000137/201013. DA IMPUGNAÇÃO Tendo sido cientificada do Auto de Infração em 09/06/2010, fl. 01, a Autuada impugnou o lançamento tempestivamente, conforme despacho de fl. 1.652, através do instrumento de fls. 1.533 a 1.580, com juntada dos seguintes documentos, por cópias simples/ autenticadas: Alteração Contratual e Consolidação de Contrato Social, fls. 1.583/1.589; Documentos de Identidade do sócio, fl. 1.590; Contratos de Prestação de Serviços e de Locação de Imóvel Urbano Não Residencial, fls. 1.591/1.650. De início, apresenta um breve relato sobre o Auto de Infração em epígrafe, sintetizando os argumentos apresentados pela Fiscalização. Após, apresenta as alegações a seguir: Preliminarmente Da Possível Configuração de Crime Contra a Ordem Tributária Insurgese contra a formalização de Representação Fiscal para Fins Penais, em que vê uma ameaça, e que foi precipitada, pois foi baseada em "entendimento" da Fiscalização, sem decisão administrativo sobre o fato, e sem que fosse oferecida a competente defesa. Tanto na esfera penal, como no direito tributário, as presunções não são aceitas, é competência do Fisco provar a ocorrência do fato gerador correspondente na vida real à hipótese de incidência do tributo que pretende cobrar. O procedimento do Fisco maculou o princípio da ampla defesa. Afirma que no ramo do direito penal não existe sonegação culposa, exigese que tenha havido dolo. Não defende os sonegadores, mas pretende que haja tratamento justo aos empresários, pois a Lei n° 8137/91 contém hipótese que nem em tese pode ser considerada como crime de sonegação. Pelo exposto, requer que seja acolhida a preliminar, com a desconstituição do AI em tela. Para efeito de argumentação, passa a apresentar suas razões de mérito. Do Direito Da Terceirização Ao contrário do entendimento da Fiscalização, a BOM PASSO organizou sua cadeia produtiva utilizandose de empresas terceirizadas, visando obter uma otimização de custos de Fl. 1843DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 8 produção, uma melhoria na qualidade dos produtos que comercializa, além de poder se dedicar ao desenvolvimento dos produtos, gestão da marca, e estratégia de comercialização e distribuição, a exemplo de grandes empresas. Observa que as empresas ULTIMAX, SYSTEM, EXX'S, TIGRA, BI6, são notoriamente especializadas em pesponto de calçados, e as empresas BREMAR, EVOLUTION, PRO TÊNIS, são conhecidas no mercado como especialistas em cabedais para fabrico de calçados. Discorre sobre a terceirização, a qual conceitua como um processo de administração moderno, onde transfere para terceiros atividades que não estão essencialmente ligadas à atividade principal da empresa. Transcreve o Enunciado 331 do TST. A prestadora detém o poder de comando, seus empregados são a ela subordinados. A pessoalidade somente ocorre em relação à prestadora, para a tomadora não importa qual trabalhador será colocado no posto de serviço. Não devem ser terceirizadas atividades que envolvem aspectos estratégicos, planejamento e a condução do processo, mas a execução pode ser feita por terceiros. No presente caso as terceirizadas são especializadas na produção de parte do processo produtivo, sem que possa ser apontada nenhuma fraude, pois são empresas independentes, sem qualquer vínculo de subordinação entre si, com sedes próprias e contabilidades independentes, ao contrário do que alega a Fiscalização. Preliminarmente Do Exercício do Direito de Defesa Cumpre salientar que o presente Auto de Infração lastreiase em documentos contábeis obtidos em outras empresas, de sua contabilidade, aos quais a Autuada não teve acesso. Assim, no caso em tela é difícil o direito de defesa da Impugnante, que não pode ser penalizada por equívocos ou documentos que não foram produzidos por ela. Do Mérito Impugnação aos Elementos Fáticos Probatórios Apontados pela Fiscalização Passa a analisar os itens contidos no tópico "III Dos Elementos Fáticos Probatórios" do Relatório Fiscal. 1)A Fiscalização aponta que a GFIP da BOM PASSO tem 133empregados, mas reportagens da imprensa local declaram que a empresa tem de 900 a 1500funcionários. No entanto, "notícia de imprensa" não é elemento de prova. O Fisco verificou que nas DIPJ's, anos calendários 2005/2006, não há valores declarados no campo "Custo do Pessoal Aplicado na Produção", enquanto que no campo "Serviços Prestados por Pessoa Jurídica" os valores são consideráveis. Realmente, após Fl. 1844DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 6 9 o advento da terceirização, os custos deslocaramse para o pagamento das empresas terceirizadas, mas neste fato não há indício de ilegalidade. 3) e 4) Para chegar à conclusão de que "a grande maioria dos funcionários da BOM PASSO foram transferidos para a BREMAR e PRO TÊNIS" a Fiscalização promoveu uma interpretação distorcida sobre a realidade dos fatos: A rescisão dos contratos foi feita no ano de 1999, e os contratos de terceirização passaram a ser firmados em 2003. A empresa não foi criada para abarcar empregados demitidos; Para impingir fato tão grave, a Fiscalização não poderia ser feita por amostragem. Uma completa verificação demonstraria que apenas um pequeno contingente de trabalhadores preferiu transferirse para outra empresa, na expectativa de melhores rendas. 5)O fato do contador Sr. Eduardo Felipe Cruz ser o contador da BOM PASSO e das empresas interpostas, não constitui indício de fraude, não implica em dizer que há subordinação entre as empresas. O contador presta serviços a outras empresas (apresenta relação à fl. 1.543). E a Fiscalização omitiu o fato de que o Sr. Eduardo, há anos, não presta mais serviços de contabilidade às empresas mencionadas, apenas à BOM PASSO. O contador das empresas terceirizadas que acompanhou a auditoria foi o Sr. Fernando Paneguti. Empresas podem ter contador, ou advogado, em comum, mas isto não significa que não têm independência e autonomia, não significa ingerência de uma empresa sobre a outra. 6)Nunca se negou que o Sr. Eduardo era o contador da Impugnante. A BOM PASSO disponibilizou a ele o email deptopessoal@tennywee.com.br para agilizar a prestação de serviços, e o fato deste email ter sido disponibilizado para a prestação de serviços de outros clientes não é prova de nada. 7 e 7.1) No tocante ao item "Verificação Física", realmente as terceirizadas são pequenas empresas que se localizam dentre de um mesmo terreno, mas naquele local existem muitas outras que não prestam serviços à BOM PASSO. O local é muito simples, os custos são partilhados, porém não se trata de um local montado pela Impugnante. Como justificar que outras empresas (dá exemplos), não elencadas no Auto, estejam ali localizadas? Informa que a incubadora de empresas de Franca, mantida por órgão público, é composta por mais de 20 empresas no mesmo galpão, com recepção, banheiros, e refeitório comuns. A marca de fantasia TENYWEE é muito conhecida na cidade, e as pequenas empresas propagandeiam ser prestadoras de serviço para a marca, na tentativa de angariar novos clientes. Fl. 1845DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 10 O fato do RH das empresas ser conduzido pela mesma pessoa (Sr. Israel Dener N. Gomes) também não é prova de simulação, é muito comum principalmente em empresas do interior. E neste setor as pessoas se conhecem, já trabalharam juntas, o que não constitui fraude ou ilegalidade. O Sr. Israel Dener N. Gomes não presta serviços só para as empresas citadas. 7.3 e 7.4) Estes itens não revelam nada de irregular, todos os sócios foram encontrados e prestaram depoimento espontaneamente. 8) Dos Termos de Declarações dos Sócios das Empresas Interpostas e da Funcionária da Enfermaria. Os depoimentos prestados pelos sócios não abalam o fato de que a Impugnante, legitimamente, utiliza empresas terceirizadas em parte de seu processo produtivo, o que não infringe regra trabalhista ou previdenciária. A BOM PASSO fornece a matéria prima para que haja um "padrão" de produto, um mesmo aspecto final de acabamento. Os argumentos apresentados com relação ao contador se aplicam ao profissional responsável pelo RH, são profissionais que prestam serviços não somente às empresas envolvidas. Esta funcionária presta serviços a todas as empresas localizadas no prédio, não apenas às "interpostas". As empresas são pequenas, não haveria condições financeiras para que cada uma possuísse ambulatório com médico e enfermeiro próprios. Das Empresas Interpostas Alega que o Fiscal tentou, sem sucesso, demonstrar que as empresas "interpostas" não são independentes, constituindo apenas uma forma de reduzir encargos. Mencionando os itens do Relatório Fiscal, passa a tecer considerações sobre cada uma das empresas, às fls. 1.547/1.575, sinteticamente apresentadas a seguir: 9.1) BREMAR A empresa existe desde 1996, muito antes da redução no quadro de funcionários da BOM PASSO. Já existia regularmente, e já esteve estabelecida em outro endereço, antes de localizarse no mesmo terreno da BOM PASSO. Não nega que a BOM PASSO, interessada na qualidade dos serviços prestados pela BREMAR, sempre a apoiou, na medida em que reduziria seus custos, e permitiria a possibilidade de pequenos empresários. 9.1.2 e 9.1.2.3) O fato de o sócio continuar sendo modelista da BOM PASSO demonstra que não houve transferência irregular de funcionários. A Impugnante não tem acesso à contabilidade da BREMAR, mas caso seja verdade que ela presta serviços exclusivamente à Defendente, isto se deve apenas a questões Fl. 1846DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 7 11 gerenciais da terceirizada, não a questões contratuais envolvendo as empresas. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da BREMAR, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a BREMAR continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da BREMAR, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquer irregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOM PASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.2) B16 9.2.1)O fato de a sociedade ter sido formada por exfuncionários da BOM PASSO não é ilegal. A Impugnante não tem acesso à contabilidade da BI6, mas caso seja verdade que ela presta serviços exclusivamente à Defendente, isto se deve apenas a questões gerenciais da terceirizada, não a questões contratuais envolvendo as Fl. 1847DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 12 empresas. O fornecimento de matéria prima pela BOM PASSO referese a questões de qualidade do produto, e evita diferença no acabamento final. O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da B16 não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da BI6, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a B16 continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da BI6, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. E inverídica e fantasiosa a alegação de que o contrato de prestação de serviços foi firmado de forma extemporânea, visto que assinado pelo sócio Amarildo que não tinha poderes para administrar a sociedade entre 2005 e 2006. No tocante à questão de pagamentos de quinzena, salários, rescisões e INSS pagos pela BOM PASSO segundo planilhas, aduz que planilhas não são prova de pagamento. 9.2.4.7)Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquerirregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOMPASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. Fl. 1848DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 8 13 9.3) SYSTEM A SYSTEM já existia desde 2005, com outro objeto social (panificadora), e os sócios aproveitaram a oportunidade de criar uma empresa terceirizada, alterando o objeto social para o ramo de calçados. O fato de a sociedade ter sido formada por ex funcionários da BOM PASSO não é ilegal. O fornecimento de matéria prima pela BOM PASSO referese a questões de qualidade do produto, e evita diferença no acabamento final. O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da SYSTEM não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. O sócio apontou que pretendia obter uma maior renda com a abertura da empresa, e que a administra pessoalmente, tornando legal a terceirização. Observa que, diferente do relatado pela Fiscalização, o sócio da SYSTEM "não afirmou" prestar serviços apenas em favor da BOM PASSO. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da SYSTEM, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a SYSTEM continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da SYSTEM, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, Fl. 1849DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 14 estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. A Fiscalização alega que a SYSTEM, mesmo conseguindo cobrir suas despesas durante o período, recebeu empréstimos da BOM PASSO. Não foi levado em consideração que o dinheiro tem utilização não só para pagamento de despesas como também para incremento dos negócios, como melhorias do processo produtivo, como é o caso. A primeira Nota Fiscal emitida pela SYSTEM é de janeiro de 2006, o que é coerente com a assinatura do Contrato de Prestação de Serviços que ocorreu em outubro de 2005. 9.3.4.7) Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquer irregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOM PASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.4) EVOLUTION 9.4.1)A empresa existe desde 1999, tinha vida negocial própria. O fato dea sociedade ter sido formada por exfuncionários da BOM PASSO não é ilegal. Ressalta que a empresa já esteve estabelecida em outro endereço, antes de localizarse no mesmo terreno da BOM PASSO. Ou seja, há todo um histórico que não foi abordado. 9.4.2)A Impugnante não tem acesso à contabilidade da EVOLUTION,mas caso seja verdade que ela presta serviços exclusivamente à Defendente, isto se deveapenas a questões gerenciais da terceirizada, não a questões contratuais envolvendo asempresas. O fornecimento de matéria prima pela BOM PASSO referese a questões dequalidade do produto, e evita diferença no acabamento final. O fato do Sr. Israel serresponsável pelo RH da EVOLUTION não faz prova de fato obscuro, este profissional prestaserviços a outras empresas. A EVOLUTION é especializada em solados, fornecendo tal componente para o fabrico do produto final. Assim, não há que se falar em interposição, e sim em terceirização. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da EVOLUTION, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a EVOLUTION continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da EVOLUTION, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. Fl. 1850DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 9 15 O fato de a empresa ter superávit não impedia a assinatura do contrato, que foi firmado por liberalidade. Não há prova de que a BOM PASSO "bancou" o caixa da empresa. 9.4.4.4) O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e I4> quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquer irregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de confecção de solados a BOM PASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.5) PRO TÊNIS 9.5.1)A empresa foi constituída em 1995, sempre com o objeto social de"industrialização para outros estabelecimentos". A sociedade tem vida negocial própria, o fatode ter sido adquirida posteriormente por exfuncionários da BOM PASSO não é ilegal. Ressalta que a empresa já esteve estabelecida em outro endereço, antes de localizarse no mesmo terreno da BOM PASSO. Ou seja, há todo um histórico que não foi abordado. 9.5.2)A Impugnante não tem acesso à contabilidade da PRO TÉNIS, mascaso seja verdade que ela presta serviços exclusivamente à Defendente, isto se deve apenas aquestões gerenciais da terceirizada, não a questões contratuais envolvendo as empresas. O fatodo Sr. Israel ser responsável pelo RH da PRO TÉNIS não faz prova de fato obscuro, esteprofissional presta serviços a outras empresas. 9.5.2.3) A Fiscalização não tem embasamento para fazer a afirmativa "Verificase que a PRO TÊNIS só presta serviços para a BOM PASSO, mesmo tendo 14 anos de atividade". O contrato de prestação de serviços foi firmado em 2003, enquanto Fl. 1851DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 16 que a sociedade foi constituída em 1995, especialmente para prestar serviços a outras empresas. O fato de "estar" prestando serviços somente para a BOM PASSO, o que se admite apenas por conjectura, provavelmente se deve à crise no setor calçadista, não por força de contrato. 9.5.3)A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, comojá exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato delocação da PRO TÉNIS, que já se mostrava empresa essencial dentro do processo produtivo daImpugnante. Mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feitocorretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pelaprestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. J" 9.5.4) O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a PRO TENIS continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da PRO TENIS, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato de a empresa ter superávit não impedia a assinatura do contrato, que foi firmado por liberalidade. Não há prova de que a BOM PASSO "bancou" o caixa da empresa. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquer irregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de confecção de solados a BOM PASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.6) ULTIMAX 9.6.1.1) O fato de a sociedade ter sido formada por ex funcionários da BOM PASSO não é ilegal. Não se pode negar, porém, que a Impugnante sempre apoiou a empresa, vendo ali uma possibilidade bilateral de sucesso. Fl. 1852DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 10 17 9.6.2.1) O fornecimento de matéria prima pela BOM PASSO referese a questões de qualidade do produto, e evita diferença no acabamento final. O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da B16 não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. 9.6.3) A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da ULTIMAX, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. 9.6.4) O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a ULTIMAX continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da ULTIMAX, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo c quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. No tocante à questão de pagamentos de quinzena, INSS, IPTU. Aluguel, conta de luz, pagos pela BOM PASSO segundo planilhas, aduz que planilhas não são prova de pagamento. 9.6.4.7)Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquerirregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOMPASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. Fl. 1853DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 18 9.7) EXXS A EXXS foi constituída em 2005, com o objeto social "serviço de pesponto para calçados", ou seja, sua vocação era prestar serviços terceirizados. O contrato dc prestação de serviços foi assinado em 2006, e somente em 2008 a EXXS mudouse para o galpão onde se iniciou a fiscalização. A Impugnante não tem acesso à contabilidade da EXXS, mas caso seja verdade que ela presta serviços exclusivamente à Defendente, isto se deve apenas a questões gerenciais da terceirizada, não a questões contratuais envolvendo as empresas. O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da EXXS não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de locação da EXXS, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. 9.7.4) O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a EXXS continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da EXXS, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato de a empresa ter superávit não impedia a assinatura do contrato, que foi firmado por liberalidade. Não há prova de que a BOM PASSO "bancou" o caixa da empresa. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquer irregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de confecção de solados a BOM PASSO com Fl. 1854DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 11 19 autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.8) SS 9.8.1.1) A empresa foi criada em 2004, e o fato de ter sido formada por exfuncionários da BOM PASSO não é ilegal. Ressalta que a empresa já esteve estabelecida em outro endereço, antes de localizarse no mesmo terreno da BOM PASSO. Ou seja, há todo um histórico que não foi abordado. Não nega que sempre apoiou a SS, vendo uma possibilidade bilateral de sucesso. 9.8.2) O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da SS não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. 9.8.4) A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de ' locação da SS, que já se mostrava empresa essencial dentro do processo produtivo da Impugnante. Mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. 9.8.5) O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a SS continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da SS, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Fl. 1855DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 20 Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. No tocante à questão de pagamentos de INSS e farmácia pagos pela BOM PASSO segundo planilhas, aduz que planilhas não são prova de pagamento. 9.8.5.7)Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquerirregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOMPASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. 9.9) TIGRA 9.9.1.1) O fato de a sociedade ter sido formada por ex funcionários da BOM PASSO não é ilegal. Não se pode negar, porém, que a Impugnante sempre apoiou a empresa, vendo ali uma possibilidade bilateral de sucesso. O fornecimento de matéria prima pela BOM PASSO referese a questões de qualidade do produto, e evita diferença no acabamento final. O fato do Sr. Israel ser responsável pelo RH da TIGRA não faz prova de fato obscuro, este profissional presta serviços a outras empresas. A BOM PASSO sempre apoiou a existência das terceirizadas, como já exposto, por isso o Sr. Antonio Orlandino Ferreira, sócio, foi um dos fiadores do contrato de ,' locação da TIGRA, mas havia acordo verbal de que se o pagamento do aluguel não fosse feito corretamente, ou existisse débito, tais valores seriam descontados do pagamento devido pela prestação de serviços. Nada há de errado na renúncia ao benefício de ordem. 9.9.4) O Contrato de mútuo foi regular, e vem sendo pago regularmente, pois a TIGRA continua prestando serviços à Impugnante. Como a BOM PASSO necessita da prestação de serviços da TIGRA, achou prudente conceder o empréstimo na forma de mútuo. 9.9.4.2 e 9.9.4.3) O Fiscal alega que mesmo a empresa conseguindo cobrir suas despesas durante o período, recebeu empréstimos da BOM PASSO. Entretanto, o dinheiro não é utilizado somente para pagamento das despesas, mas também para incremento dos negócios, como melhoria do processo produtivo. O fato do contrato de prestação de serviços ser por prazo indeterminado não é relevante. Poderia ser rescindido pela parte interessada mediante notificação (cláusula terceira). Foi acordado que o preço seria vinculado ao modelo e quantidade do pedido, valor este constante da nota fiscal. Não há obrigatoriedade de registrar o contrato. Com relação aos pagamentos de alugueres, água, e luz, observa que no imóvel existem outras inúmeras empresas sediadas. Com relação ao pagamento de luz, informa que a conta era emitida no Fl. 1856DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 12 21 nome da BOM PASSO porque no quarteirão existe apenas um transformador e a CPFL não aceita o desmembramento, mas as empresas pagavam, mensalmente, a projeção de débito emitida pela Impugnante. Para verificar a coincidência dos valores lançados na conta "prestadores de serviços" com os valores das notas fiscais, bastaria que a Fiscalização atentasse para os descontos relativos a pagamentos parcelados. Ressalta que a fiscalização feita nestas contas foi por amostragem, e requer, desde já, perícia contábil. Todas as folhas de pagamento bem como os recolhimentos previdenciários nunca foram feitos pela autuada, estando rechaçada a alegação de que existam comprovantes de tais pagamentos. 9.9.4.7)Conclui que a Fiscalização não logrou demonstrar qualquerirregularidade na terceirização firmada, pois a terceirizada presta serviços de pesponto a BOMPASSO com autonomia, tendo contabilidade totalmente dissociada da Autuada. Das Demais Provas para as Empresas Interpostas E natural que o Sr. Israel Dener Narciso Gomes figurasse como preposto no Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca, pois este profissional é especialista em RH e presta serviços para diversas empresas, inclusive para outras empresas não mencionadas na autuação. Não constitui prova de interposição de empresas a solicitação de horas assinada pelo Sr. Israel. Nada impede que um mesmo profissional coordene o RH de várias empresas pequenas, sendo possível conciliar os trabalhos. Conforme constatado em diligência na CPFL, a única unidade consumidora de energia elétrica no terreno das interpostas é a do endereço Rua André Garcia Gomes, 320, em nome da BOM PASSO. Isto se deve ao fato de que no galpão existe apenas um transformador, sendo impossível, inclusive por questões de segurança, que houvesse um transformador para cada uma das empresas sediadas no local. 10.5) Com relação a equipamentos de proteção individual, agendas com o logotipo TENNYWEE, tal fato se deve à força da marca, e material promocional, nunca por subordinação de uma empresa a outra. Da Constituição do Crédito A Fiscalização entendeu que as empresas BREMAR, BI6, EVOLUTION, SS, EXXS, PRO TÊNIS, SYSTEM, ULTIMAX e TIGRA constituem empresas interpostas utilizadas pela BOM PASSO para contratar segurados com redução de encargos Fl. 1857DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 22 previdenciários. Tal conduta ofendeu o disposto nos artigos 9o e 444 da Consolidação das Leis do Trabalho. Entretanto, na verdade a Fiscalização encontrou um sistema de trabalho terceirizado e forçou seu enquadramento como uma interposição de mão de obra. Discorre sobre a terceirização, transcrevendo doutrina, e alega que nenhuma norma de proteção ao trabalho foi violada. Por esta razão, não há que se cogitar na consideração do vínculo empregatício entre a BOM PASSO e as empresas terceirizadas. Alega que a multa aplicada, foi confiscatória e inconstitucional. Cita julgado. Uma vez reconhecida a terceirização havida, não há que se falar em recolhimento da cota patronal. Também espera que sejam afastadas as contribuições previdenciárias resultantes do enquadramento dos sócios das empresas como se fossem empregados da BOM PASSO. Restou demonstrado que estes sócios têm total autonomia sobre seu negócio, sem nenhum vínculo de subordinação com a BOM PASSO. Da Realização de Perícia no Auto de Infração e na Documentação Fiscal da Impugnante À Impugnante recai a obrigação de provar origem e perfazimento dos cálculos do Auto de Infração, bem como a legalidade e lisura de seus dados contábeis. Requer a produção de prova pericial, que identificará todas as operações realizadas pela Impugnante, considerando que a Fiscalização baseouse em amostragem, e considerando ainda a gravidade dos fatos que estão sendo imputados à Defendente. Isto porque necessita usar todos os meios de prova ao seu alcance, como forma de demonstrar, exatamente, se os cálculos apresentados na autuação estão corretos, assim como para comprovar os argumentos aqui expostos. Transcreve doutrina, e coloca sua documentação fiscal à disposição. Do Requerimento Preliminarmente, requer que o Auto de Infração seja julgado nulo. No mérito, após a realização da perícia requerida, requer que o AI seja julgado improcedente. Alternativamente, caso a autuação seja julgada procedente, requer que seja afastada a multa, de caráter confíscatório. A Impugnante protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, bem como aditar esta petição na medida em que possa trazer elementos esclarecedores, em busca da verdade real. Fl. 1858DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 13 23 Inconformada com a decisão, a recorrente apresentou recurso voluntário onde alega/questiona, em síntese: · Representação Fiscal para Fins Penais. · Ampla defesa. · A Bom Passo organizou sua cadeia produtiva utilizandose de empresas terceirizadas visando obter uma otimização de custos de produção e uma melhoria na qualidade dos produtos que comercializa. Tal organização não encontra qualquer óbice nossa legislação. · Ainda que tal estrutura tenha acabado por beneficiar a recorrente também tributariamente, não implica em dizer que tenha agido de forma simulada ou fraudulenta, com o intuito de fraudar o fisco ou deixar de pagar impostos, como entendeu equivocadamente a decisão ora recorrida. · Terceirização é um processo que pode ter duas faces independentes, mas não excludentes: o a desativação, parcial ou total, dos setores produtivos, a empresa que terceiriza deixa de "produzir" e passa a "comprar" produtos de outras empresas; o a contratação de uma ou mais empresas que alocam trabalhadores para a execução de algum serviço no interior da empresa do cliente. · As empresas terceirizadas são independentes. · O fato de existirem nas paredes logomarcas com o nome Tennywee, nome de fantasia da Bom Passo, funciona muito mais como propaganda das empresas terceirizadas, que na tentativa de angariar novos clientes propagam que prestam serviços a esta empresa, devido a sua fama e alcance de sua marca. Mas de modo algum a existência de adesivos pode representar subordinação. · Discorre sobre cada uma das empresas terceirizadas, como na impugnação. · Multa. · Perícia. É o relatório. Fl. 1859DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 24 Voto Conselheiro Carlos Alberto Mees Stringari, Relator O recurso é tempestivo e por não haver óbice ao seu conhecimento, passo à análise das questões pertinentes. REPRESENTAÇÃO FISCAL PARA FINS PENAIS Quanto à Representação Fiscal Para Fins Penais, verificase que essa é uma questão sobre a qual o CARF possui decisões reiteradas e, por essa razão foi editada Súmula, cuja observância é obrigatória para estes conselheiros. Abaixo apresento a Súmula número 28. Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. CONTRADITÓRIO E DIREITO DE DEFESA A Constituição Federal de 1988 prevê, a garantia do contraditório e a plenitude do direito de defesa. A Administração Pública, ao promover o controle interno da legalidade de seus atos, por meio de um processo administrativo, deve necessariamente observar os princípios inerentes ao devido processo legal. No processo administrativo fiscal, o contraditório se instaura com a interposição da impugnação ou da manifestação de inconformidade. A ampla defesa, que não significa defesa ilimitada, explicitada como garantia constitucional no artigo 5°, inciso LV, da Constituição, materializase na oportunidade concedida ao sujeito passivo de oporse à pretensão do fisco, fazendo serem conhecidas e apreciadas todas as suas alegações de caráter processual e material, bem como as provas com que pretenda provar as suas alegações. Fl. 1860DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 14 25 Entendo que este processo respeita o direito do contribuinte à ampla defesa. Neste processo não vislumbro qualquer cerceamento de defesa, uma vez que: (i) os procedimentos fiscais, realizados junto à Impugnante, seguiram rigorosamente a legislação em vigor; (ii) a empresa teve ciência da autuação, a qual foi efetuada de modo que o Contribuinte tivesse pleno conhecimento dos fundamentos de fato e de direito que o motivaram, cabendo observar que lhe é facultado, ainda, ter vista dos autos relativos aos AI's lavrados contra ela durante a ação fiscal; (iii) a Autuada manifestouse com a apresentação de impugnação, (iiii) a Autuada manifestouse com apresentação de recurso voluntário. Quanto às questões fáticas aqui presentes, concordo com a manifestação do voto condutor da decisão de primeira instância: Ao contrário do que afirma a Impugnante, o presente lançamento não se baseia em documentos contábeis obtidos em outras empresas, aos quais a Autuada não tem acesso. No caso em análise, foi observado plenamente o princípio da verdade material: foram examinadas as GFIP's, os valores constantes do sistema CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais), DIPJ's, contabilidade, contratos de mútuo e de prestação de serviços, que são elementos que a própria Autuada produziu e apresentou à Fiscalização. A escrituração contábil foi disponibilizada pela BOM PASSO em arquivo digital, identificada mediante os Recibos de Entrega de Arquivos Digitais, de fls. 1.443 a 1.461, emitido pelo Sistema de Validação e Autenticação de Arquivos Digitais (SVA) o que comprova a integralidade dos arquivos digitais, contendo a contabilidade da empresa, fornecidos pelo Contribuinte. Também foram feitas Verificações Físicas, conforme Termos de Constatação 01 e 02 (fls. 263/266) e tópico III, item 7 do Relatório, e foram colhidos depoimentos, conforme os Termos de Declarações dos sócios das empresas interpostas e da funcionária da enfermaria (fls. 293/302) e tópico III, item 8 do Relatório. A consulta à contabilidade das empresas prestadoras foi feita em virtude da aplicação da técnica de auditoria conhecida como circularização. Cumpre ressaltar que o Relatório Fiscal identifica claramente a origem da autuação, e que a existência dos anexos DD Discriminativo do Débito, RL Relatório de Lançamentos, e FLD Fundamentos Legais do Débito, recebidos pelo Contribuinte, que contêm as bases de cálculo, as alíquotas, as rubricas, os valores das contribuições devidas e dos acréscimos legais, bem como os dispositivos legais que fundamentam o lançamento efetuado, propiciaram o pleno exercício do direito do contraditório e da ampla defesa, constitucionalmente assegurado aos litigantes em processo administrativo. PERÍCIA Fl. 1861DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 26 A perícia se reserva à elucidação de pontos duvidosos que requerem conhecimentos especializados para o deslinde de litígio, não se justificando a sua realização quando o fato probando puder ser demonstrado pela juntada de documentos e neste caso, a prova documental carreada aos autos era suficiente para o esclarecimento da questão. A perícia deve ser deferida apenas quando a prova do fato depender de conhecimento técnico especial, hipótese inocorrente nos autos. A Empresa não apresentou nenhum aspecto inédito evidenciado após a auditoria fiscal, cuja apreciação requeira exame especial ou técnico. Não constam da peça defensiva elementos que justifiquem a peritagem, o que torna desnecessária a perícia solicitada. Nesse sentido, cabe observar o ensinamento dos ilustres Doutrinadores: "Vale destacar que a perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora e, apenas ela pode avaliar sua pertinência para a solução da lide. A prova pericial mostrase útil somente quando não se puder encontrar a verdade de outra forma mais simples. Por esta razão, freqüentemente, as autoridades de primeira instância têm indeferido as solicitações de diligência ou perícias sob o fundamento de que as informações requeridas pelo contribuinte não seriam necessárias à solução do litígio ou já estariam contempladas nos autos. Na verdade, grande parte dos requerimentos de perícia no processo administrativo fiscal versa sobre o exame de dados constantes da escrita fiscal do contribuinte, calo teor já é do conhecimento do auditor fiscal antes da lavratura do auto de infração. Apenas seria necessário o reexame por outro especialista se bem demonstrada a questão que se queira discutir no levantamento fiscal, e o motivo pelo qual a prova não possa ser trazida diretamente aos autos, já que os julgadores administrativos têm, como requisito para o exercício de suas funções, o conhecimento da matéria tributária. Simples pedidos de perícia da documentação contábil e fiscal do contribuinte desacompanhados da devida justificativa de sua imprescindibilidade são tidos, via de regra, como meramente protelatórios." (Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado, Marco Vinícius Neder e Maria Teresa Martínez Lopez, Dialética, p. 195) MÉRITO O fisco, após auditoria, concluiu que a recorrente BOM PASSO Indústria e Comércio de Calçados Ltda. (nome fantasia TENNY WEE e/ou SCHIO), utilizou as empresas BREMAR Industrialização de Cabedais para Terceiros Franca LtdaEPP; BI6 Serviços de Pesponto em Calçados Ltda. ME; EVOLUTION Industrialização de Cabedais para Terceiros Ltda.; SS Industrialização de Cabedais para Calçados Ltda. EPP; EXX'S Serviços de Pesponto em Calçados Ltda. ME; PRO TÊNIS Industrialização de Cabedais para Terceiros Franca Ltda. EPP; SYSTEM Serviço de Pesponto em Calçados Ltda. ME; ULTIMAX Serviço de Pesponto em Calçados Ltda. ME; e TIGRA Serviços de Pesponto em Calçados Fl. 1862DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 15 27 Ltda. ME,como interpostas pessoas, com a finalidade de contratar segurados com redução de encargos previdenciários, uma vez que por serem optantes pelo SIMPLES, não recolhem contribuições previdenciárias patronais e para Outras Entidades e Fundos. A recorrente afirma que organizou sua cadeia produtiva utilizandose de empresas terceirizadas visando obter uma otimização de custos de produção e uma melhoria na qualidade dos produtos que comercializa e que tal organização não encontra qualquer óbice nossa legislação. Concordo com posicionamento da fiscalização pelo conjunto das razões abaixo: · Documentos Diversos Conforme Termo de retenção e constatação de documentos a fls. 1305 a 1307, foram encontradas no endereço da Rua Geraldo Garcia do Nascimento, 2540, onde se localizava a filial da BOM PASSO, vários talonários de notas fiscais de saída das empresas interpostas Fichas de entrega de equipamento de proteção individual de funcionários de várias das empresas interpostas em papel com logotipo da TENNY WEE a fls. 1310 a 1315; Atestado médico de funcionária da SS em papel timbrado da TENNY WEE a fls. 1316. Mapa gerencial único de controle de gastos de telefone das diversas empresas, tendo como referência de coleta a BOM PASSO, a fls. 1317 a 1319. Agenda de reunião, gerenciais contendo avaliação de desempenho, e comunicados internos de produção todos referentes às empresas do grupo, com o timbre da TENNY WEE a fls. 1320 a 1366. · Pagamento de despesas: Da análise da contabilidade da Autuada, foram constatados pagamentos de INSS, FGTS, DARF, IPTU, farmácia, aluguel, conta de luz, quinzenas, salários e rescisões de funcionários, das empresas interpostas, pela BOM PASSO, como demonstrado nas planilhas de fls. 414/420, 518/531, 595/604, 707/711, 818/824, 925/928, 985/991, 1.082/1.095, 1.159, que reproduzem os lançamentos contábeis da Autuada. · Empréstimos: Todas as interpostas pessoas jurídicas receberam empréstimos financeiros da BOM PASSO, através de mútuo, conforme contratos sem registro juntados às fls. 346/352, 479/487, 569/576, 662/667, 773/777, 886/892, 960/963, e 1.027/1.035, e cópia de Livro Caixa à fl. 1.125. No caso dos empréstimos feitos a BREMAR, ULTIMAX, EXXS, e SS, não estão registrados os lançamentos correspondentes na contabilidade da BOM PASSO; · Fiança: Fl. 1863DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 28 Nos contratos de locação de imóveis das interpostas empresas, fls. 326/330, 468/472, 554/558, 648/652, 760/764, 872/876, 952/953, 1011/1019, e 1116/1120, assinaram, na qualidade de fiadores e principais pagadores da Locatária, o Sr. Antonio Orlandino Ferreira (sócio proprietário da BOM PASSO no período fiscalizado), e sua esposa Sra. Maria Aparecida Ferreira, que renunciaram, expressamente, ao benefício de ordem estabelecido pelo artigo 827 do Código Civil; · Instalações das empresas: Segundo a CPFL, a única consumidora de energia elétrica no terreno das interpostas é a do endereço Rua André Garcia Gomes, 320, em nome da BOM PASSO (contratos de fls. 1.279/1.304). Nas paredes existem logomarcas com o nome TENNYWEE, nome fantasia da BOM PASSO. A Matriz da BOM PASSO, de CNPJ: 58.733.585/000139, foi localizada na Rua André Garcia Gomes 320, que é no mesmo prédio das interpostas, até dezembro de 2005, sendo alterado seu endereço a partir desta data. Porem a correspondência bancária da BOM PASSO apresentada a esta fiscalização traz o endereço da André Garcia Gomes 320 com emissão em 15/02/2007 e 06/07/2007, conforme fls. 1418 e 1419. Todas as empresas contratadas funcionavam em 2 prédios, que se encontram num mesmo terreno, que ocupa uma quadra inteira. Os corredores externos, a portaria, o refeitório, o ambulatório, os sanitários, e o departamento de RH são comuns a todas as empresas interpostas. · Empregados: O departamento de RH é comum a todas as empresas interpostas, sendo que o RH também é responsável pela BOM PASSO. O senhor Eduardo Felipe Cruz, contador da BOM PASSO, durante o período fiscalizado, era também o contador responsável das empresas interpostas, que informam como email de contato o email da BOM PASSO, tennywee@tennywee.com.br (DIPJ's às fls. 233/250 e documento de fl. 252). O Sr. Israel Dener N. Gomes, que é sócio proprietário da ULTIMAX, declarou que presta o serviço de RH para todas as interpostas, inclusive para a BOM PASSO, mas depois retificou dizendo que não é o responsável pelo RH da BOM PASSO, e que apenas esclarece as dúvidas da funcionária responsável. No entanto, conforme fotos de fls. 284 e 287, o nome "BOM PASSO" consta na sala onde trabalha o Sr. Israel. Nas GFIP's da BOM PASSO e das empresas interpostas, no sistema GFIPWEB, consta como responsável o Sr. Israel, e como email o endereço deptopessoal@tennywee.com.br (telas de fls. 253/262). No ano de 1999 a grande maioria dos funcionários da BOM PASSO foi transferida para as empresas BREMAR e PRO TÊNIS (tabelas à fl. 142, e telas do sistema CNIS Cadastro Nacional de Informações Sociais, fls. 209/232). Vários sócios das empresas “terceirizadas” são empregados de outras empresas do “grupo”. Fl. 1864DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI Processo nº 13858.000137/201013 Acórdão n.º 2403002.636 S2C4T3 Fl. 16 29 Diligência efetuada no Sindicato das Industrias de Calçados de Franca, foram localizados vários termos de rescisão de contratos de trabalho das empresas interpostas e também da BOM PASSO tendo a mesma assinatura como preposto/representante, conforme fls. 1191 a 1265. A do Sr Israel Dener Narciso Gomes, que conforme descrito acima teve vínculos empregaticios com várias interpostas, e a do Sr. Deodato Borges da Silva Junior, que conforme tela consulta de vínculos empregaticios do trabalhador do sistema CNIS(CADASTRO NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS) A FLS. 1266 a 1268, também teve vinculo empregaticio com várias interpostas. Também foi localizadas, no mesmo sindicato, várias solicitações de compensação de horas feitas pelas empresas interpostas, assim como pela BOM PASSO, assinadas pelo Sr. Israel Dener Narciso Gomes, conforme fls. 1269 a 1278. · Prestação de serviço com exclusividade: Todos os sócios afirmaram que abriram suas empresas depois de entendimento com o Sr. Alexandre Ferreira, proprietário da Autuada, e que prestam serviços exclusivamente para a Bom Passo, a qual fornece toda a matériaprima. A numeração das Notas Fiscais de Prestação de Serviços é seqüencial no caso de cada prestadora, conforme planilhas contendo os lançamentos contábeis da recorrente. Em razão da caracterização de interposta pessoa, entendo correto o lançamento na recorrente. MULTA DE MORA A multa de mora aplicada teve por base o artigo 35 da Lei 8.212/91, que determinava aplicação de multa que progredia conforme a fase e o decorrer do tempo e que poderia atingir 50% na fase administrativa e 100% na fase de execução fiscal. Ocorre que esse artigo foi alterado pela Lei 11.941/2009, que estabeleceu que os débitos referentes a contribuições não pagas nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. 61 da Lei 9.430/96, que estabelece multa de 0,33% ao dia, limitada a 20%. Visto que o artigo 106 do CTN determina a aplicação retroativa da lei quando, tratandose de ato não definitivamente julgado, lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática, princípio da retroatividade benigna, impõese o cálculo da multa com base no artigo 61 da Lei 9.430/96 para comparála com a multa aplicada com base na redação anterior do artigo 35 da Lei 8.212/91 (presente no crédito lançado neste processo) para determinação e prevalência da multa mais benéfica. Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: Fl. 1865DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI 30 I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. CONCLUSÃO À vista do exposto, voto pelo provimento parcial do recurso, determinando o recálculo da multa de mora, com base na redação dada pela lei 11.941/2009 ao artigo 35 da Lei 8.212/91 e prevalência da mais benéfica ao contribuinte. Carlos Alberto Mees Stringari Fl. 1866DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI, Assinado digitalmente em 1 9/12/2014 por CARLOS ALBERTO MEES STRINGARI
score : 1.0
Numero do processo: 10314.005977/2010-13
Turma: Terceira Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 24/05/2010
CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA.
É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial.
JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE.
Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
Numero da decisão: 3803-006.652
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Belchior Melo de Sousa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
Nome do relator: BELCHIOR MELO DE SOUSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201411
ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 24/05/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontrava-se suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial.
turma_s : Terceira Turma Especial da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Dec 18 00:00:00 UTC 2014
numero_processo_s : 10314.005977/2010-13
anomes_publicacao_s : 201412
conteudo_id_s : 5413875
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 3803-006.652
nome_arquivo_s : Decisao_10314005977201013.PDF
ano_publicacao_s : 2014
nome_relator_s : BELCHIOR MELO DE SOUSA
nome_arquivo_pdf_s : 10314005977201013_5413875.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa - Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes.
dt_sessao_tdt : Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
id : 5778188
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:33:51 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475470729216
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 10; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2322; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3TE03 Fl. 307 1 306 S3TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.005977/201013 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3803006.652 – 3ª Turma Especial Sessão de 11 de novembro de 2014 Matéria II/IPI/PISCOFINSIMPORTAÇÃO AUTO DE INFRAÇÃO Recorrente SOC. BENEFICIENTE DE SENHORAS HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 24/05/2010 MATÉRIA SUBMETIDA AO JUDICIÁRIO. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. INTIMAÇÕES. ATOS PROCESSUAIS. PROCURADOR As normas do Processo Administrativo Fiscal não têm previsão para que a Administração Tributária efetue as intimações de atos processuais administrativos na pessoa e no domicílio profissional do advogado constituído pelo sujeito passivo da obrigação tributária. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 24/05/2010 CRÉDITO TRIBUTÁRIO SUB JUDICE. LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. É lícito ao Fisco, visando prevenir a decadência, lavrar auto de infração para constituir crédito tributário cuja exigibilidade encontravase suspensa por força de liminar em mandado de segurança. O crédito assim constituído deve permanecer com a exigibilidade suspensa enquanto não modificados os efeitos da medida judicial. JUROS DE MORA. LANÇAMENTO PARA PREVENIR DECADÊNCIA. LEGALIDADE. Os juros de mora acrescidos ao principal objeto de lançamento para prevenir decadência declaram a mora e o dies a quo da sua contagem, para fins da AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 00 59 77 /2 01 0- 13 Fl. 307DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 2 incidência no ato da sua cobrança, se e quando se erguer a eficácia do lançamento com o desprovimento da ação judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração, em não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Poder Judiciário, e em negar provimento quanto aos juros. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Presidente (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Corintho Oliveira Machado, Belchior Melo de Sousa, Hélcio Lafetá Reis, João Alfredo Eduão Ferreira, Jorge Victor Rodrigues e Paulo Renato Mothes de Moraes. Relatório O presente processo é constituído de autos de infração, lavrado para exigência de crédito tributário referente a Imposto de Importação, Imposto sobre Produtos Industrializados, CofinsImportação e PISImportação, incidentes sobre a importação de equipamentos de procedência estrangeira destinados, conforme declarado pela Interessada, à utilização nas atividades essenciais da entidade. Conforme a descrição dos fatos, os desembaraços das Declarações de Importação (DIs), foram efetuados sem o recolhimento dos tributos incidentes na importação, em cumprimento da decisão nos autos do processo judicial 2004.61.00.0289717, aviado na 22ª Vara Federal de São Paulo, em que foi determinado que se procedesse ao desembaraço aduaneiro das mercadorias importadas por esta pessoa jurídica. O objeto da ação judicial é a declaração da inexistência da relação jurídico tributária que a obrigue a recolher impostos e contribuições sociais federais devidos na importação, tendo como fundamento a imunidade de que goza em relação aos impostos e isenção às contribuições. Houve decisão favorável ao deferimento de tutela antecipada, e, posteriormente, a confirmação por meio de sentença, sem decisão definitiva transitada em julgado até a data das autuações. Ante este provimento, os autos de infração foram lavrados com o fito de prevenir a decadência, sendo informando que a exigibilidade estava suspensa até a decisão final. Em impugnação apresentada, a Autuada arrazoou, em síntese, que: a) o Auto de Infração é meio que se configura inadequado à constituição do crédito tributário, nas circunstâncias do caso. Se não houve prática de infrações por parte do Fl. 308DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005977/201013 Acórdão n.º 3803006.652 S3TE03 Fl. 308 3 contribuinte, não se trata o caso de aplicação de penalidade, decorrendo disso que o instrumento jurídico correto é a Notificação de Lançamento; b) os juros moratórios devem ser afastados, pois inexistem os pressupostos de fato que autorizariam a sua imposição; c) é uma entidade de assistência social, que atua na área da saúde, tendo sido declarada de utilidade pública federal, fazendo jus, portanto, à imunidade prevista na Constituição Federal; d) o Ato Declaratório n° 9/06 do Procurador Geral da Fazenda Nacional reconhece a imunidade de entidades como a da Impugnante, encerrando qualquer discussão; Em julgamento da lide, a DRJ/Florianópolis assentou, em síntese, que: a) a interessada indicou na declaração de importação não haver valor de crédito tributário a ser recolhido. O benefício que pleiteou não foi reconhecido pela Autoridade Aduaneira; b) a lavratura de Auto de Infração não pode ser considerada inadequada, visto que sob a ótica da Fazenda a interessada deixou de recolher, por ocasião do registro da declaração de importação, os tributos em questão; c) dos dispositivos do art. 9º e 10º do Decreto n° 70.235/72 tanto a exigência do crédito tributário quanto a aplicação de penalidade isolada podem ser formalizados por Auto de Infração ou Notificação de Lançamento; visto que a redação do dispositivo legal não permite estabelecer limites ao alcance de cada espécie de instrumento para formalização; d) a formalização do presente crédito tributário mediante a lavratura de Auto de Infração assegura maior benefício ao exercício do direito de defesa e do contraditório à Interessada, pois este instrumento possui não apenas a Disposição Legal Infringida, mas a Descrição do Fato; Quanto ao mérito: a) da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade não conheceu do recurso, por ter sido a matéria levada à apreciação do Judiciário, o que implica em renúncia às instâncias administrativas. b) da incidência dos juros de mora no lançamento sustentou que mesmo inexigível o crédito tributário, o prazo de pagamento do tributo não é alterado, prevalecendo tal prazo para fins de sua incidência no caso de decisão judicial final desfavorável ao contribuinte. Considerou que, a rigor, os juros de mora não precisam ser indicados na autuação para serem exigidos, porque, como acessório, seguem o principal. O destaque dos juros de mora incidentes até a data da lavratura da autuação é apenas demonstrativo. A decisão foi ementada como segue: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 24/05/2010 Fl. 309DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 4 AÇÃO JUDICIAL. EFEITOS. LANÇAMENTO DESTINADO A PREVENIR DECADÊNCIA. FORMALIZAÇÃO CABÍVEL. A discussão da matéria tributável na esfera judicial não elide o dever da autoridade administrativa de constituir o crédito tributário. A propositura de qualquer ação judicial anterior, concomitante ou posterior a procedimento fiscal, com o mesmo objeto da autuação, importa em renúncia ou desistência à apreciação da mesma matéria na esfera administrativa, porém a matéria divergente terá prosseguimento normal. Cientificada da decisão em 09/10/2013, irresignada, a Interessada apresentou recurso voluntário, em 18/10/2013, em que reitera os termos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Belchior Melo de Sousa, Relator O recurso é tempestivo e atende os demais requisitos para sua admissibilidade, dele conheço. Preliminar de Nulidade Auto de Infração como meio inadequado à constituição do crédito tributário A Recorrente apela para a nulidade da constituição do crédito tributário, em virtude de ter sido formalizada por meio de Auto de Infração e não Notificação de Lançamento, uma vez que o crédito constituído encontrase com a exigibilidade suspensa, não tendo cometido qualquer infração à legislação. Vista unicamente sob o seu ângulo, tem razão a Defendente quando afirma não ter cometido infração, considerando que se encontra amparada pelo provimento judicial provisório antecipatório da tutela, obtido em 29//11/2004. Sob o olhar do Fisco, porém, a subsistência da lide, o mérito da controvérsia em aberto e a possibilidade (não importa em que medida) de resultado favorável à Fazenda, são os eventos que motivaram a constituição do crédito tributário. Neste prisma, o campo Descrição dos Fatos do Auto de Infração consigna o registro tanto do fato jurídico tributário como do fato jurídico da ocorrência da infração consistente na falta de recolhimento, ao desamparo da imunidade invocada. 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE II 001 IMPORTAÇÃO NÃO AMPARADA POR IMUNIDADE IPI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DA COFINS IMPORTAÇÃO DI 001 FALTA/INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO DO PIS/PASEP IMPORTAÇÃO DI 0 importador submeteu a despacho aduaneiro de importação, pleiteando IMUNIDADE TRIBUTARIA para o Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e para as contribuições sociais (PIS e COFINS) incidentes na Fl. 310DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005977/201013 Acórdão n.º 3803006.652 S3TE03 Fl. 309 5 importação das mercadorias descritas e amparadas pelas declarações de importação no 09/02330394 e 10/12642404 (anexo I). Cumpre observar que a alegada imunidade abrange apenas os impostos sobre patrimônio, renda e serviços das entidades previstas na alínea "c", do inciso VI do art. 150 da Constituição Federal. Este entendimento tem como fundamento o disposto na alínea "a" do inciso III do art. 146 da Constituição Federal, que remete a Lei Complementar a definição das diversas espécies de tributos. Esta definição, por sua vez, é tratada pelo Código Tributário Nacional (aprovado pela Lei no 5.172/66 e recepcionado pelo atual texto constitucional) em seu Titulo III. [...] Além de todo o exposto acerca da não extensão da imunidade constitucional, o importador ao pleitear a imunidade dos tributos não apresentou, no curso do despacho, documentação que atestasse o cumprimento dos requisitos necessários para obtenção da renuncia fiscal dos tributos bem como Certificado de Entidade de Assistência Social válido, documento que atesta seu caráter de assistência social, pleiteando a liberação das mercadorias com base na ação judicial preventiva supracitada. Portanto, entende esta fiscalização que o beneficio fiscal da imunidade não pode ser concedido à autuada. [...] A multa prevista no art. 44, inciso I da Lei no 9.430/96 não foi aplicada em cumprimento ao disposto no § 1º do artigo 63 do mesmo dispositivo Legal (a Decisão Judicial suspendeu a exigibilidade do crédito tributário em 29/11/2004, anterior ao registro das DI's). O registro do fato jurídico tributário implicou no lançamento, que corresponde ao valor dos tributos que deveriam ter sido recolhidos no desembaraço aduaneiro. O registro do fato jurídico da ocorrência da infração, traz na esteira a sustação do seu efeito que corresponderia à imposição da multa de ofício, em face da tutela antecipada obtida na ação judicial aviada sob o nº 2004.61.00.0289717[1]. Assim, não obstante descrita a infração, o Auto de Infração deixa de fixar apenas a relação jurídica quanto à imposição da penalidade. Dado o contorno sob o qual se lavra Auto de Infração para prevenção de decadência quando sua materialidade encontrase em discussão na esfera judicial e presente a infração, ante o não reconhecimento do direito pleiteado, pela Autoridade aduaneira , podese sustentar que este instrumento não é impróprio para a constituição do crédito tributário, pelo fato de seu conteúdo estar adstrito unicamente ao lançamento. Este entendimento encontrase bem ajustado ao que dispõe o art. 9º do Decreto nº 70.235/72, que não distingue os usos do Auto de Infração e da Notificação de Lançamento seja para tributo ou penalidade, verbis: 1 Em cumprimento ao art. 63, § 1º, da Lei nº 9.430/96. Fl. 311DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 6 Art. 9o A exigência do crédito tributário e a aplicação de penalidade isolada serão formalizados em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada tributo ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Grifos acrescidos) Entre os requisitos obrigatórios do Auto de Infração está a descrição do fato, ausente das exigências para a Notificação de Lançamento, ao tempo em que o seu inciso III aponta para a necessidade de indicação da disposição legal infringida (ainda que na condição de "se for o caso"), denotando que este instrumento pode veicular também penalidade: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do notificado; II o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III a disposição legal infringida, se for o caso; IV a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Parágrafo único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processo eletrônico. A doutrina, por sua vez, apenas identifica o uso indistinto de um ou outro instrumento de que as Administrações Tributárias tem se servido para introduzir suas imposições, tanto tributárias como sancionatórias. Assim, esclarece James Marins: "O auto de infração, no âmbito da Receita Federal e a Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD), utilizada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), são espécies de documentos fiscais elaborados pela Administração para corporificar atos de imposição. O auto de infração ou a NFLD frequentemente engloba no mesmo suporte físico vários atos impositivos referentes a diversas relações jurídicas, ora não Fl. 312DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005977/201013 Acórdão n.º 3803006.652 S3TE03 Fl. 310 7 sancionatórias, como o lançamento, ou relações jurídicas sancionatórias, como aplicação de multa por Paulo de Barros Carvalho, na mesma vertente, noticia o uso do auto de infração como peça portadora não só do ato de imposição de penalidade: Em súmula, dois atos administrativos, ambos introdutores de norma individual e concreta no ordenamento positivo: um, de lançamento, produzindo regra cujo antecedente é fato lícito e o consequente uma relação jurídica de tributo; outro, o auto de infração, veiculando u'a norma que tem, no suposto, a descrição de um delito e, no consequente, a instituição de liame jurídico sancionatório, cujo conteúdo da prestação tanto pode ser um valor pecuniário (multa) como uma conduta de fazer ou não fazer. Tudo seria simples, realmente, se o auto de infração apenas conduzisse para o ordenamento a mencionada regra individual e concreta que mencionei. Nem sempre é assim. Que, de vezes, sob a epígrafe "auto de infração", deparamonos com dois atos: um de lançamento, exigindo o tributo devido; outro, de aplicação de penalidade, pela circunstância de o sujeito passivo não ter recolhido, em tempo hábil, a quantia pretendida pela Fazenda. Dáse a conjunção, num único instrumento material, sugerindo até possibilidades híbridas. Mera aparência. Não deixam de ser normas jurídicas distintas postas por expedientes que, por motivos de comodidade administrativa estão reunidas no mesmo suporte físico. Pela frequência com que ocorrem essas conjunções, falam alguns, em "auto de infração" em sentido largo (dois atos no mesmo instante) e "auto de infração"stricto sensu", para denotar a peça portadora de norma individual e concreta de aplicação de penalidade a quem cometeu ilícito tributário. A lição acima destaca a natureza distinta dos atos administrativos do lançamento e da imposição sancionatória e a decorrente autonomia destes. Uma vez autônomos e, via de regra, postos no mesmo instrumento de constituição das exigências, o Auto de Infração, não se deve ver inadequação se vier veicular apenas um desses atos: a formalização da relação jurídica tributária tendente a prevenir decadência, mesmo que inexista a penalidade. Pelo exposto, rejeito a preliminar. Mérito Da incidência dos tributos na importação, em face de imunidade Travase no processo judicial nº 2004.61.00.0289717 discussão sobre a in/existência de relação jurídica tributária que obrigue a Recorrente ao pagamento de tributos tais como os lançados no presente Auto de Infração , que não estejam classificados no rol dos impostos obre o patrimônio, na acepção restrita que dá a Fazenda a esta classe de tributos. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 8 Corroboro o entendimento já assentado na decisão recorrida, segundo o que este debate não pode ser travado no âmbito deste processo administrativo. O provimento que aqui se der ou negar tornarseá sem efeito ante decisão superveniente em rumo diverso no aludido processo. Logo, de raso, devese aplicar a Súmula CARF nº 1, eis que presente a conexão de matérias[2]. Da incidência dos juros de mora no lançamento Cabe lembrar que o presente processo é dependente da ação nº 2004.61.00.0289717. O provimento judicial definitivo, a seu tempo, deitará por terra este processo. Alternativamente, o desprovimento referenderá a incidência prevenida, suscitará a mora e ensejará a cobrança dos tributos aqui lançados com a inclusão dos juros de mora, com amparo do art. 61, § 3º, cujo lapso de tempo de sua aplicação estenderseá até o mês do pagamento. Uma vez que é vedada a incidência somente da multa de ofício no lançamento para prevenir decadência, os juros podem ser incluídos no lançamento, sem o caráter de ser valor fixo, como o são o principal e a multa. Demais disso, considero que os juros não estão constituídos na data e na linguagem normativa do lançamento, distintamente do que se dá com o principal. Concebo que ao estarem presentes em todo e qualquer lançamento representam o conteúdo declaratório da mora até o momento em que não haja impugnação, para fins da incidência futura, na conformidade com o art. 61, § 3º, da Lei nº 9.430/96, quando se tornar eficaz o lançamento, seja com o trânsito em julgado do desprovimento do pedido em ação judicial ou com a definitividade da decisão em processo administrativo. Os juros não estão a incidir (no que entendo ser o melhor sentido jurídico deste verbo), na composição do crédito tributário pelo lançamento, porquanto seu valor não é definitivo, na hipótese de suspensão de exigibilidade, vindo a sêlo somente quando, em tempo futuro, a então Contribuinte vier a ser chamada a efetuar a quitação do crédito lançado. Nesse diapasão, os juros no lançamento são mero indicativo de sua aderência ao principal e do dies a quo do intervalo de tempo até o mês do pagamento, na ocasião da cobrança. Se se pudesse dizer que os juros têm sua constituição efetivada no lançamento, como admitir a sua fluência protraindose no tempo até a quitação do crédito tributário? Por fim, mesmo não estando configurada a mora no momento do lançamento, em face da suspensão da exigibilidade, a presença dos juros no lançamento, pela razão supra, não representa prejuízo algum à Recorrente. Pedido de intimação no endereço do advogado Quanto a este pedido, no rito do Processo Administrativo Fiscal não há respaldo legal para que a Administração Tributária efetue as intimações na pessoa e no domicílio do advogado constituído pelo contribuinte. Este entendimento é assente nos julgamentos no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF). O princípio do informalismo é próprio do processo administrativo, e nesse pressuposto os administrados detêm a capacidade de postular, sendo facultativa a representação por advogado. Em observância das disposições do art. art. 23 do Decreto nº 70.235/72, as 2 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO Processo nº 10314.005977/201013 Acórdão n.º 3803006.652 S3TE03 Fl. 311 9 intimações devem ser feitas diretamente ao administrado, em seu domicílio tributário, não implicando em nulidade do acórdão o desatendimento deste pleito da Contribuinte: Art. 23. Farseá a intimação: I pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de quem o intimar; II por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo; III por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante: a) envio ao domicílio tributário do sujeito passivo; ou b) registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo. [...] § 2° Considerase feita a intimação: I na data da ciência do intimado ou da declaração de quem fizer a intimação, se pessoal; II no caso do inciso II do caput deste artigo, na data do recebimento ou, se omitida, quinze dias após a data da expedição da intimação; III se por meio eletrônico: a) 15 (quinze) dias contados da data registrada no comprovante de entrega no domicílio tributário do sujeito passivo; b) na data em que o sujeito passivo efetuar consulta no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, se ocorrida antes do prazo previsto na alínea a; ou c) na data registrada no meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo; IV 15 (quinze) dias após a publicação do edital, se este for o meio utilizado. § 3o Os meios de intimação previstos nos incisos do caput deste artigo não estão sujeitos a ordem de preferência. § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo: I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO 10 § 5o O endereço eletrônico de que trata este artigo somente será implementado com expresso consentimento do sujeito passivo, e a administração tributária informarlheá as normas e condições de sua utilização e manutenção. § 6o As alterações efetuadas por este artigo serão disciplinadas em ato da administração tributária. [grifos aqui] Pelo exposto, voto por rejeitar a preliminar de nulidade do auto de infração; por não conhecer do recurso quanto à matéria submetida à apreciação do Judiciário, e por negar provimento quanto à incidência dos juros no lançamento. (assinado digitalmente) Belchior Melo de Sousa Fl. 316DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/12/2014 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 11/12/20 14 por BELCHIOR MELO DE SOUSA, Assinado digitalmente em 17/12/2014 por CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 16327.000683/2010-32
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007
DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN.
A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001.
APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA.
A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do ano-calendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 1101-001.119
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
(assinado digitalmente)
Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência
(assinado digitalmente)
Antônio Lisboa Cardoso -Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência).
Nome do relator: ANTONIO LISBOA CARDOSO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201406
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2007 DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN. A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do ano-calendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade. Recurso Provido.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 16327.000683/2010-32
anomes_publicacao_s : 201502
conteudo_id_s : 5423984
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed Feb 04 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 1101-001.119
nome_arquivo_s : Decisao_16327000683201032.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : ANTONIO LISBOA CARDOSO
nome_arquivo_pdf_s : 16327000683201032_5423984.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência (assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso -Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência).
dt_sessao_tdt : Tue Jun 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5803398
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:39 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475482263552
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2335; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C1T1 Fl. 346 1 345 S1C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16327.000683/201032 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 1101001.119 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 3 de junho de 2014 Matéria IRPJ Recorrente Alfa Corretora de Câmbio e Valores Mobiliários S/A Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 DENUNCIA ESPONTÂNEA. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL (MPF). CARACTERIZAÇÃO. ART. 138 DO CTN. A despeito do disposto no parágrafo único do art. 138, do CTN, somente impede a ocorrência da denuncia espontânea, o procedimento fiscal relacionado com a infração, assim considerado o Mandado de Procedimento Fiscal nos termos do Decreto nº 3.724, de 2001. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do anocalendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício, vez que a infração é a mesma para as duas cominações, a saber, a falta de pagamento de tributo, sendo inviável a aplicação de penalidades em duplicidade. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da PRIMEIRA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida, e por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do Relator. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e José Sérgio Gomes. Vencido o Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho, que negava provimento ao recurso. Farão declaração de votos, os Conselheiros Edeli Pereira Bessa e Luiz Tadeu Matosinho Machado. AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 06 83 /2 01 0- 32 Fl. 653DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 347 2 (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa, no Exercício da Presidência (assinado digitalmente) Antônio Lisboa Cardoso Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Benedicto Celso Benício Júnior, José Sérgio Gomes, Marcos Vinícius Barros Ottoni, Antônio Lisboa Cardoso (relator), e Edeli Pereira Bessa (no exercício da Presidência). Relatório Cuidase de recurso em face da decisão da DRJ/SP(I) que manteve o auto de infração de IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ, relativamente ao anocalendário 2007, e de multa isolada pela falta de recolhimento de estimativas mensais do IRPJ dos meses de agosto e outubro de 2007, referentes às operações de desmutualização da Bolsa de Valores de São Paulo — Bovespa e da Bolsa de Mercadorias e Futuros — BM&F, conforme sintetiza a ementa a seguir reproduzida: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007 LANÇAMENTO. ESPONTANEIDADE. PAGAMENTO EFETUADO ANTES DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. A espontaneidade do sujeito passivo é excluída com o início do procedimento fiscal, que ocorre com o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificando o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto. Pagamento efetuado antes da lavratura do auto de infração por sujeito passivo que perdera a espontaneidade não tem o condão de interromper o curso normal da ação fiscal. Deve ser lançado o crédito tributário total, sendo o pagamento efetuado utilizado para amortização do crédito tributário apurado, cobrandose eventual saldo remanescente. CONCOMITÂNCIA ENTRE MULTA ISOLADA E MULTA ACOMPANHADA DE TRIBUTO. A multa de oficio aplicada isoladamente sobre o valor do imposto apurado por estimativa que deixou de ser recolhido no curso do anocalendário é aplicável concomitantemente com a multa de oficio calculada sobre Fl. 654DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 348 3 o imposto devido com base no lucro real anual igualmente não recolhido, em face de se tratar de infrações distintas. NOTIFICAÇÃO PARA ASSISTIR À SESSÃO DE JULGAMENTO. SUSTENTAÇÃO ORAL. Não há previsão legal para que o contribuinte seja notificado para assistir às sessões de julgamento ou para fazer sustentação oral. Segundo as normas vigentes, a impugnação administrativa deve ser formalizada por escrito e o seu julgamento em primeira instância é realizado pelas Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que são órgãos de deliberação interna. PROCESSO ADMINISTRATIVO. CONEXÃO. JULGAMENTO CONJUNTO. Tratandose de processos relativos aos mesmos fatos, eles devem ser distribuídos preferencialmente para a mesma Turma de Julgamento, em atendimento ao princípio da eficiência no serviço público e evitandose a prolação de decisões conflitantes. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido De acordo com o Termos de Verificação Fiscal (fls. 146 a 163), consta que na ocasião das operações de desmutualização, a contribuinte era detentora de um título patrimonial de corretora de mercadorias (adquirido por R$1.612.000,00), um título patrimonial de membro de compensação e um título patrimonial de sócio efetivo, todos de emissão da BM&F, além do título patrimonial n° 04 de emissão da Bovespa, que foi desdobrado em doze novos títulos. No processo de desmutualização, a Bovespa e a BM&F deixaram de ser instituições sem fins lucrativos e se tornaram sociedades por ações, e as corretoras detentoras de títulos patrimoniais dessas instituições tornaramse acionistas da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A. Alega a fiscalização que, nesse momento, ficou caracterizada a dissolução das associações isentas, tendo ocorrido a devolução do patrimônio dessas associações aos sócios, incidência do IRPJ sobre o ganho de capital correspondente à diferença entre o valor contábil pelo qual foi realizada a capitalização da Bovespa Holding S/A e da BM&F S/A e o custo de aquisição dos títulos patrimoniais (a rt . 17 da Lei n° 9.532/97). A fiscalização acrescenta que, nas operações de desmutualização, a contribuinte recebeu, em devolução do patrimônio, 8.481.144 ações da Bovespa Holding S/A, pelo valor de R$18.825.595,33 (R$2,2197 por ação) e 9.869.625 ações da BM&F S/A pelo valor de R$9.869.625,00 (R$1,00 por ação). Assim, foram apurados, a título de IRPJ, os montantes de R$4.282.834,13 na desmutualização da Bovespa ocorrida em agosto/2007, e de R$1.878.609,69 na desmutualização da BM&F ocorrida em outubro/2007. Fl. 655DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 349 4 A fiscalização também verificou que esses valores, acrescidos de juros de mora, foram recolhidos pela contribuinte em 19/03/2008, que formalizou o processo n°16327.000429/200810 a fim de manifestar sua denúncia espontânea perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil — RFB (fls. 13 a 17). Todavia, nessa data, a contribuinte estava sob procedimento fiscal, haja vista o Termo de Diligência Fiscal / Solicitação de Documentos n° 0001 lavrado em 05/03/2008 (fls. 03), não estando amparada pela espontaneidade, razão pela qual tal pagamento não teve o condão de extinguir o crédito tributário. Acrescenta que a conduta da contribuinte também não encontrava amparo no a rt. 909 do RIR/99, que permite o pagamento, até o vigésimo dia subseqüente ao início do procedimento fiscal, de débitos já declarados, visto que os valores recolhidos não estavam previamente declarados em DCTF. Transcrevo a seguir os fundamentos e razões da decisão recorrida, que julgou improcedente a impugnação, mantendo o lançamento em sua totalidade: DA CONEXÃO COM OUTROS PROCESSOS Em sua impugnação, a contribuinte requer a conexão deste processo com os processos de números 16327.000429/200810 (denúncia espontânea) e 16327.000682/201098 (auto de infração de CSLL e multa isolada). Em relação ao processo n° 16327.000429/200810, não há lide administrativa a ser apreciada por este órgão julgador. Além disso, cópias dos documentos do referido processo relevantes para o presente julgamento foram juntadas às fl s. 13 a 17. Logo, não há motivo para que o processo, que se encontra no arquivo geral (fls. 266), seja encaminhado a esta DRJ. No que tange ao processo n° 16327.000682/201098, que trata do lançamento de oficio da CSLL e da multa isolada, verificase que a base de cálculo é diversa, visto que uma parcela do IRPJ é objeto de discussão judicial nos autos do mandado de segurança n° 98.00040811, estando com a exigibilidade suspensa e tendo sido lançado no processo n° 16327.000680/201007. DA TRIBUTAÇÃO DA DEVOLUÇÃO DO PATRIMÔNIO DAS INSTITUIÇÕES ISENTAS E DA DENÚNCIA ESPONTÂNEA Embora a contribuinte alegue, em sua impugnação, que não houve ganho de capital a ser oferecido à tributação, ela própria apresentou, em 19/03/2008, documento no qual afirma que "apurou, em levantamento realizado, insuficiências nos recolhimentos de Imposto de Renda — Pessoa Jurídica (IRPJ) ..." (fls. 13), tendo efetuado o pagamento dos tributos acrescidos de juros moratórios ( fls. 14 a 17). Considerou a decisão recorrida que, naquela data, a impugnante reconheceu, perante a RFB, a existência de valores não oferecidos à tributação pela CSLL nos meses de agosto e outubro de 2007, não havendo litígio quanto à incidência da CSLL sobre a matéria em questão. A impugnante alega que efetuou os pagamentos de forma espontânea, visto que havia apenas uma diligência em curso e não uma fiscalização. Fl. 656DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 350 5 A respeito da denúncia espontânea, a mesma não foi reconhecida por desatendimento ao disposto no art. 138 do Código Tributário Nacional – CTN, vez que, o Termo lavrado em 05/03/2008 deu início ao procedimento fiscal para apurar o recolhimento do IRPJ e da CSLL nas operações de desmutualização da Bovespa e da BM&F ocorridas em 2007. Assim, os pagamentos realizados em 19/03/2008 não podem ser considerados espontâneos, não sendo hábeis para descaracterizar a infração cometida. Logo, é cabível o lançamento de oficio do tributo, acompanhado da multa de ofício e dos juros de mora DA APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA ISOLADA E MULTA ACOMPANHADA DE TRIBUTO A impugnante se insurge contra a exigência da multa isolada, sob o argumento de que a legislação não prevê a hipótese de aplicação concomitante de penalidade isolada com multa de oficio após o encerramento do período de apuração. Consta que de acordo com o art. 44 da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007, à luz das disposições do a rt. 44 da Lei n°. 9.430/96 acima transcritas, verificase que o contribuinte que deixar de recolher CSLL devida por estimativa estará sujeito, no caso de lançamento de oficio, à multa isolada de 50% sobre o montante não recolhido, ainda que venha a ser apurado prejuízo fiscal ao final do período de apuração. Assim, se a penalidade em tela seria aplicável mesmo na hipótese de se verificar prejuízo ao final do período de apuração, essa multa é imposta não em razão do pagamento insuficiente do tributo devido ao final do anobase, mas sim pela falta de cumprimento de outra obrigação distinta, que é o recolhimento antecipado da estimativa mensal, previsto no art . 6°, c/c art. 2°, da Lei n° 9.430/96. Observando que a multa de oficio de 75%, capitulada no art. 44, inciso I, da Lei n°. 9.430/96, tem como pressuposto, no caso vertente, o lançamento de oficio da CSLL do anocalendário de 2007 que deixou de ser recolhido pela impugnante em razão da não tributação dos valores recebidos quando da desmutualização da BOVESPA e da BM&F. Já a multa isolada de 50% aplicada na presente autuação, cujo fundamento de validade reside no a rt . 44, inciso II, "b", da Lei n°. 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, tem como antecedente a falta do pagamento de estimativas de CSLL devidas nos meses de agosto e outubro de 2007 Cientificada por meio do Aviso de Recebimento (AR) de fls. 637, em 19/10/2011, foi interposto o recurso voluntário em 09/11/2011, reiterando, em síntese, as alegações constante da impugnação, afirmando que os processos de desmutualização da Bovespa e da BM&F não resultaram em ganho de capital, visto que os pa rticipantes receberam, em pagamento dos títulos patrimoniais (avaliados pelo valor patrimonial), ações das sociedades anônimas constituídas também pelo mesmo valor patrimonial contábil. Acrescenta que os investimentos permanentes no capital social da Bovespa e da BM&F, representados pelos títulos patrimoniais, foram corrigidos monetariamente e ajustados ao valor patrimonial das sociedades, de acordo com o art. 185 da Lei n° 6.404/76 (Lei das S/A) e com a Portaria do Ministro da Fazenda n° 785/77. Fl. 657DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 351 6 Sustenta que não houve omissão do ganho de capital, pois a matéria tributável foi devidamente informada à RFB por meio do processo administrativo n° 16327.000429/200810 e a CSLL no valor de R$2.437.494,26 foi integralmente paga. Acrescenta que o auto de infração constitui duplicidade de lançamento, visto que a CSLL estava devidamente constituída e extinta pelo pagamento em data anterior à lavratura do auto de infração. Alega que, na data do recolhimento, havia apenas um procedimento de diligência (MPFD), visando à coleta de informações. Acrescenta que a diligência não pode excluir sua espontaneidade, pois a interrupção da espontaneidade somente ocorre quando o procedimento administrativo tem um objeto preciso e expresso. Argumenta que somente foi notificada do MPFF em 13/07/2009, ocasião em que foi instaurado o procedimento de fiscalização do IRPJ e da CSLL de 2007 e excluída a espontaneidade. Sustenta também que a autoridade lançadora não poderia ter desconsiderado os pagamentos efetuados. Argumenta que, no lançamento de oficio, há de se apurar ,o saldo devedor e, caso este exista, aplicar a penalidade correspondente. Acrescenta que a autoridade lançadora deveria ter imputado os valores recolhidos ao montante lançado de oficio, ainda que tomasse o pagamento como não espontâneo. Insurgese, por fim contra a exigência da multa isolada, alegando que o art. 44, II, da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pela Lei n° 11.488/2007, não prevê a hipótese de aplicação concomitante de penalidade isolada com multa de oficio após o encerramento do período de apuração. Requer, ao final:i) o cancelamento do auto de infração; ii) a conexão deste processo administrativo com os processos de números 16327.000429/200810 (denúncia espontânea) e 16327.000683/201032 (auto de infração relativo ao IRPJ — devolução do patrimônio associativo em ações); iii) a notificação quanto à hora e local da realização da sessão de julgamento, para que possa estar presente, por si ou através de advogado, para apresentação de memoriais, sustentação oral, etc. É o relatório. Voto Conselheiro Antônio Lisboa Cardoso, Relator O recurso é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais pertinentes. Inicialmente deve ser registrado que a Recorrente ingressou junto ao Poder Judiciário, com mandado de segurança destinado à exclusão dos valores do Imposto de Renda e da CSLL de sua própria base de cálculo, tendo recebido liminar favorável, estando o assunto pendente de decisão definitiva do Egrégio Supremo Tribunal Federal (STF) nos autos do RE nº 554.545, sobrestado até o julgamento do RE nº 344.994, pelo Plenário do STF. Fl. 658DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 352 7 Desta forma, o recurso deve ser conhecido, em parte, em razão da opção da Recorrente estar discutindo parcialmente o assunto no âmbito do Poder Judiciário, conforme determina a Súmula CARF nº 1: Conforme bem esclarece a Recorrente em seu recurso, as controvérsias dos presentes autos cingemse às figuras da Espontaneidade e da Multa Isolada aplicada após o encerramento do período de apuração, em concomitância com a multa proporcional. Conforme relatado, a controvérsia dos presentes autos se refere à ocorrência ou não da espontaneidade, considerando o fato dos pagamentos terem ocorrido em 19/03/2008, e o Termo de Diligência Fiscal (D) nº 2.008.000569, datado de 05/03/2008. Não considerado pela Recorrente como inicio de procedimento fiscal, pelo fato de se destinar à verificação de valores suspensos, sem a designação do tributo e matéria a ser fiscalizada, sendo que o Mandado de Procedimento Fiscal nº 2009.002719, competente ocorreu em julho de 2009, com expressa indicação da matéria, tributo e período a ser verificado. De fato, de acordo com o TERMO DE DILIGÊNCIA FISCAL/ SOLICITAÇÃO de fls. 348, datado de 05/03/2008, apesar de ser medida preparatória, não tem o condão de afastar a denúncia espontânea prevista no art. 138, do Código Tributário Nacional (CTN), que assim dispõe: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Dispõe o art. 7º do Decreto nº 70.235/72, que o procedimento fiscal tem início com o primeiro ato de ofício cientificando o sujeito passivo da obrigação tributário, senão vejamos: Art. 7º O procedimento fiscal tem início com: (Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. § 2° Para os efeitos do disposto no § 1º, os atos referidos nos incisos I e II valerão pelo prazo de sessenta dias, prorrogável, Fl. 659DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 353 8 sucessivamente, por igual período, com qualquer outro ato escrito que indique o prosseguimento dos trabalhos. Logo não é qualquer procedimento ou diligência fiscal que determina o início da ação fiscal, a qual só se inicia com o Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído pelo Decreto nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, co a redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007, que assim dispõe em seu art. 2º: Art. 2o Os procedimentos fiscais relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil serão executados, em nome desta, pelos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil e somente terão início por força de ordem específica denominada Mandado de Procedimento Fiscal (MPF), instituído mediante ato da Secretaria da Receita Federal do Brasil. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). § 1o Nos casos de flagrante constatação de contrabando, descaminho ou qualquer outra prática de infração à legislação tributária, em que o retardamento do início do procedimento fiscal coloque em risco os interesses da Fazenda Nacional, pela possibilidade de subtração de prova, o AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil deverá iniciar imediatamente o procedimento fiscal e, no prazo de cinco dias, contado de sua data de início, será expedido MPF especial, do qual será dada ciência ao sujeito passivo. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). § 2o Entendese por procedimento de fiscalização a modalidade de procedimento fiscal a que se referem o art. 7o e seguintes do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972. (Redação dada pelo Decreto nº 6.104, de 2007). Embora a jurisprudência dominante deste colendo CARF seja no sentido de atribuir efeito relativo o MPF, contudo só consta sua dispensa nos casos expressamente previstos, como nos casos de flagrante de contrabando, descaminho e malha fina, in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2009 REVISÃO INTERNA DE DECLARAÇÃO. INTIMAÇÃO PRÉVIA. Em sede de procedimento fiscal de revisão interna de declarações, o lançamento de ofício pode ser feito com os elementos de que dispuser a repartição, sendo desnecessária a prévia intimação do sujeito passivo para esclarecer as divergências constatadas no cotejo das declarações. MALHA FISCAL. MPF. DESNECESSIDADE. Na forma do ato normativo que disciplina o instrumento, não é necessária a emissão prévia de MPF para a execução de procedimento de malha fiscal. Fl. 660DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 354 9 AUTO DE INFRAÇÃO. LOCAL DA LAVRATURA. É válido o auto de infração lavrado no interior da repartição, como resultado do trabalho de revisão interna de declarações. MALHA FISCAL. INSTRUÇÃO PROBATÓRIA. As informações prestadas pelo sujeito passivo em declarações entregues ao Fisco, em cumprimento de suas obrigações tributárias acessórias, constituem suporte probatório válido para o lançamento de ofício. (Ac. 1102000.896, julgado em 11/07/2013, rel. Conselheiro JOAO OTAVIO OPPERMANN THOMÉ) No caso em tela, o “Termo de Início de Ação Fiscal”, com as formalidades que o ato exige, só veio ocorrer em 13/07/2009 de fls. 440, conforme AR de fls. 441, se reportando ao “MPFF: 08.1.66.002009002719 Data: 08/07/2009”, e considerando o recolhimento dos valores de IRPJ e CSLL, dos períodos de apuração de agosto e outubro de 2007, vencidas em 30/09/2007 e 30/11/2007, cujos recolhimentos se deram em 19/03/2008, acrescido de juros Selic (fls. 358/362) configurando assim a denúncia espontânea prevista no art. 138, do CTN. A outra questão debatida nos presentes autos se refere à possibilidade de exigência de multa isolada sobre o imposto apurado por estimativa que deixou de ser recolhido no curso do anocalendário, aplicada após o encerramento do período de apuração, em concomitância com a multa proporcional, em conformidade com os arts. 222 e 843, do RIR/99 c/c art. 44, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.430/96, alterado pelo art. 14, da Lei nº 11.488/2007. Entendo que a multa isolada pelo não pagamento do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido só é devida no curso do anocalendário, não podendo ser a mesma exigida posteriormente em concomitância com a multa de ofício (ainda que esta não seja devida), pois, conforme leciona Edmar Oliveira Andrade Filho (in Imposto de Renda das Empresas, Ed. Atlas, 10ª edição, São Paulo, 2013, pp. 960 e ss), discorda da aplicação concomitante da multa isolada e de ofício e afirma que “_ a falta de pagamento de tributo _ é único e não existem dois prejuízos ao Fisco; desse modo, é inviável a aplicação de penalidade em duplicidade.)”, ambas as multas se tornam ilegítimas ao incidirem sobre bases de cálculos sobrepostas. Nesse sentido a jurisprudência deste colendo CARF é reiteradamente majoritária favorável ao contribuinte, conforme sintetiza a ementa abaixo, parcialmente transcrita: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2005, 2006, 2007 APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA. A aplicação concomitante de multa de oficio e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo. (Ac. 1401 000.850, rel. Conselheiro Alexandre Antonio Alkmim Teixeira, sessão de 11/09/2012). Fl. 661DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 355 10 No mesmo sentido assentou a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1999 MULTA DE OFÍCIO ISOLADA. DECADÊNCIA. A multa de oficio isolada, aplicada pelo não recolhimento de estimativas de CSLL, por ser lançada exclusivamente de oficio, regese pela regra normal de decadência prevista no art. 173, I do CTN. APLICAÇÃO CONCOMITANTE DE MULTA DE OFÍCIO E MULTA ISOLADA.Incabível a aplicação concomitante de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas no curso do período de apuração e de ofício pela falta de pagamento de tributo apurado no balanço. A infração relativa ao não recolhimento da estimativa mensal caracteriza etapa preparatória do ato de reduzir o imposto no final do ano. A primeira conduta é meio de execução da segunda. A aplicação concomitante de multa de ofício e de multa isolada na estimativa implica em penalizar duas vezes o mesmo contribuinte, já que ambas as penalidades estão relacionadas ao descumprimento de obrigação principal que, por sua vez, consubstanciase no recolhimento de tributo. (Ac. CSRF nºº 9101001.801, rel. Conselheira Karem Jureidini Dias, julgado na sessão de 20/11/2013, vencidos os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres e Marcos Aurélio Valadão). Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso. Sala das Sessões, em 3 de junho de 2014 Antônio Lisboa Cardoso Fl. 662DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 356 11 Declaração de Voto Conselheira EDELI PEREIRA BESSA A autoridade lançadora relata no Termo de Verificação Fiscal que a contribuinte inicialmente foi submetida a procedimento de diligência, no qual foram lavradas intimações entre as datas de 05/03/2008 e 25/08/2008. Posteriormente, o procedimento foi convertido em Fiscalização, ensejando novas intimações apenas em 13/07/2009. Ao final, constatouse que a contribuinte auferiu ganhos de capital em razão das operações de desmutualização da Bovespa e da BM&F. Apurado o crédito tributário devido, a autoridade fiscal consignou que: Com base nos valores apontados acima como base de cálculo (Quadros III e IV), o contribuinte recolheu em 19/03/2008, os valores devidos a título de estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, sem incluir no cálculo dos acréscimos legais, a multa de mora, sendo que tal procedimento foi objeto do processo de denúncia espontânea n° 16327.000429/200810, relativo ao período de apuração de agosto e outubro de 2007 (fls.130). Entretanto, quanto o contribuinte fez tais recolhimentos se encontrava sob ação fiscal, conforme consta do Termo de Diligência Fiscal/Solicitação de documentos n° 0001, lavrado em 05/03/2008, às 11:15 horas (cópias às fls. 3). Ressaltase que os valores apurados pelo contribuinte como insuficiência de estimativas do IRPJ e da CSLL do período de 08 e 10/2007, não foram declarados nas respectivas DCTFs segundo a própria informação do contribuinte (fls. 94), fato esse confirmado nas informações prestadas nas DCTF do período de 08 e 10/2007, conforme detalhado abaixo: [...] Na medida em que o recolhimento se verificou depois de iniciado o procedimento fiscal e sem o acréscimo de multa de mora, foi afastada a aplicação do art. 138 do CTN, consoante a conclusão assim consignada no Termo de Verificação Fiscal de fls. 152/154: Portanto, conforme demonstrado anteriormente, o contribuinte encontravase sob ação fiscal quando procedeu ao recolhimento parcial (pois não incluiu no pagamento a multa de mora) de tributos não declarados, não estando amparado pelo instituto da espontaneidade. Portanto, referido recolhimento não tem o condão de extinguir o crédito tributário. O recolhimento foi efetuado indevidamente pelo contribuinte e poderá ser objeto de pedido de restituição e/ou compensação, nos termos da legislação fiscal em vigor, e podendo ser posteriormente aproveitamento, inclusive, na redução de saldo devedor de crédito tributário ora constituído de ofício. Além do crédito tributário devido no ajuste anual do anocalendário 2007, a autoridade lançadora também aplicou multa isolada em razão da insuficiência de recolhimento das estimativas devidas em agosto e outubro/2007. Impugnando a exigência, a contribuinte defendeu a inexistência de ganho de capital nas operações de desmutualização, mas observou que a omissão deste ganho não se verificou porque houve o pagamento do tributo com denúncia espontânea, o qual não se trata Fl. 663DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 357 12 de um recolhimento indevido como afirmou o Auditor Fiscal, mas sim de crédito tributário devidamente constituído e extinto pelo pagamento. Defendeu que houve duplicidade de lançamento, pois a constituição do crédito tributário foi revelada pelo pagamento. Questionou a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada, argumentou que a diligência inicialmente realizada não excluiu sua espontaneidade, e pediu o cancelamento da exigência. A Turma Julgadora de 1a instância declarou improcedente a impugnação, mantendo integralmente o crédito tributário lançado, inclusive a multa isolada, mas determinando que os valores recolhidos fosse utilizados para quitação parcial do crédito tributário caso ainda estivessem disponíveis. Observou que a contribuinte reconheceu os ganhos auferidos ao promover os recolhimentos de 19/03/2008, mas afastou a pretendida espontaneidade porque iniciado o procedimento fiscal em 05/03/2008. Às fls. 281/283 constam os demonstrativos de imputação dos pagamentos aos débitos lançados, em razão da qual o principal exigido foi reduzido de R$ 6.161.443,80 para R$ 1.203.861,83, sujeitandose à multa de ofício de 75% e juros de mora, ao passo que as multas isoladas foram integralmente mantidas. Em recurso voluntário, a interessada inicialmente discorre sobre a inexistência de ganho de capital nas operações analisadas, mas expressamente consigna que o tema Desumutualização não está em litígio, e centra a discussão na desconsideração dos recolhimentos que, em seu entendimento, seria espontâneos. Observa que somente teve conhecimento do resultado final da imputação promovida pela autoridade administrativa local, e assim contesta a exigência na integralidade, antes porém mencionando a existência do processo administrativo nº 16327.720915/201153, com vistas a refutar a alegação de que teria reconhecido a tributação sobre os ganhos apurados pela Fiscalização. Assevera que estaria revisando seus atos voluntários para decidir, inclusive, da interposição de Pedido de Restituição. Argúi a nulidade do julgamento de primeira instância em razão de sua realização sem notificação prévia à interessada, defende a espontaneidade do pagamento em razão de o procedimento fiscal somente ter se iniciado em julho/2009, e quanto ao acolhimento parcial dos pagamentos afirma a iliquidez e incerteza dos valores remanescentes em razão de a DRJ não poder devolver a questão para definição da DEINF e por alteração do lançamento. Defende que a tributação do ganho somente poderia se verificar ao final do anocalendário, sendo impróprio seu cômputo na base de cálculo das estimativas mensais. Reitera a incerteza da exigência, e abordando a espontaneidade do pagamento, consigna sua interpretação acerca das operações de desmutualização, para depois questionar a decisão recorrida que não observou o teor das intimações e negou espontaneidade ao seu procedimento. Finaliza manifestandose contrariamente à aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada. Inicialmente cumpre rejeitar a argüição de nulidade do julgamento de 1a instância porque inexiste autorização legal para participação do sujeito passivo na sessão de julgamento realizada em 1a instância, de modo que a autoridade julgadora não estava obrigada a cientificar previamente o sujeito passivo de sua realização. No mérito, deve ser aplicada a Súmula CARF nº 75: A recuperação da espontaneidade do sujeito passivo em razão da inoperância da autoridade fiscal por prazo superior a sessenta dias aplicase retroativamente, alcançando os atos por ele praticados no Fl. 664DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 358 13 decurso desse prazo. O pagamento alegado pela contribuinte foi realizado em 19/03/2008, e está demonstrado no Termo de Verificação Fiscal que, depois do último termo lavrado durante o procedimento fiscal de diligência, em 25/08/2008, somente foi lavrado outro termo de intimação, já sob procedimento de fiscalização, em 13/07/2009. Evidente, assim, que a contribuinte recuperou a espontaneidade originalmente excluída, revelandose espontâneo o pagamento promovido em 19/03/2008. Observase, ainda, que os débitos pagos não estavam declarados, como reconhecido no Termo de Verificação Fiscal. Inaplicável, portanto, a restrição decorrente da Súmula STJ nº 360: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Diante deste contexto, resta verificar se foram cumpridos os demais requisitos do Código Tributário Nacional para configuração da denúncia espontânea: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. A denúncia da infração foi objeto do processo administrativo nº 16327.000429/200810, como noticiado no Termo de Verificação Fiscal, e embora no recolhimento não tenha sido computada a multa moratória, como exigido pela Fiscalização, sua dispensa se impõe ante o que decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp nº 1.149.022, no rito do art. 543C do Código de Processo Civil e, assim, de observância obrigatória por este Conselho, nos termos do art. 62A do RICARF: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose Fl. 665DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 359 14 exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, ano base 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine . 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) E isto porque os juros de mora imputados aos recolhimentos foram regularmente calculados. A autoridade fiscal indica que parcelas do crédito tributário principal lançado ao final do anocalendário 2007 já seriam devidas em agosto/2007 (R$ 4.282.834,13) e em outubro/2007 (R$ 1.878.609,69), inclusive aplicando multa isolada sobre as estimativas que assim deixaram de ser recolhidas. Por sua vez, os recolhimentos de fls. 14/15 apresentam as seguintes características: Fl. Principal Fato Gerador Vencto. Pagamento Juros % Total 14 4.282.834,13 31/8/2007 28/9/2007 19/3/2008 228.703,34 5,34% 4.511.537,47 15 1.878.609,69 31/10/2007 30/11/2007 19/3/2008 67.066,36 3,57% 1.945.676,05 6.161.443,82 Observase que a contribuinte calculou corretamente os juros moratórios, porque acumulou a variação da taxa SELIC a partir, e inclusive, do mês subseqüente ao do vencimento de cada parcela, até o mês anterior ao do pagamento, acrescendo 1% de juros no mês de pagamento. E, porque calculou os efeitos da mora desde o vencimento das estimativas que, segundo a Fiscalização, seriam devidas desde agosto/2007 e outubro/2007, desfez também a infração de falta de recolhimento de estimativas, além da falta de recolhimento verificada no ajuste anual de 2007. Ressaltese que os efeitos da denúncia espontânea não pode ser afastados em razão de a contribuinte não ter retificado as DCTF à época em que promoveu os recolhimentos. Isto porque o caso presente é diferenciado, na medida em que o sujeito passivo recuperou a Fl. 666DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 360 15 espontaneidade depois dos pagamentos aqui considerados. Assim, no momento em que estes foram promovidos, a retificação da DCTF estava vedada nos termos da Instrução Normativa RFB no 786/2007: Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto alterar os débitos relativos a impostos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU, nos casos em que importe alteração desses saldos; II cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas na DCTF, sobre pagamento, parcelamento, compensação ou suspensão de exigibilidade, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou III em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada sobre o início de procedimento fiscal. [...] De outro lado, embora sem retificar a DCTF, a contribuinte denunciou a infração, reconhecendo os tributos devidos por meio de declaração consignada nos autos do processo administrativo nº 16327.000429/200810. Logo, ante a recuperação da espontaneidade e os efeitos retroativos conferidos a esta em razão da Súmula CARF no 75, não há como negar que houve a denúncia da infração frente à petição dirigida à autoridade fiscal, ainda que a DCTF não tenha sido retificada. Assim, reunidos os requisitos expressos no art. 138 do CTN, e em observância ao que decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no rito dos recursos repetitivos, devese concluir que a contribuinte procedeu a regular denúncia espontânea da infração, motivo pelo qual deixou de ser devida a multa moratória. Extinto, portanto, o crédito tributário antes do lançamento ora em litígio, devem ser afastadas as penalidades aplicadas, tanto a proporcional como a isolada, subsistindo apenas o principal lançado ao qual devem ser alocados os pagamentos espontaneamente promovidos, nada restando a ser exigido do sujeito passivo. Desnecessária, assim, qualquer abordagem acerca da tributação dos resultados decorrentes das operações de desmutualização. O pagamento espontâneo do tributo posteriormente lançado enseja o cancelamento da exigência correspondente e eventual discussão acerca da inexistência do crédito tributário pago somente pode ser iniciada em face de pedido de restituição ou declaração de compensação apresentados segundo o rito legalmente previsto. Esclareçase, ainda, que o processo administrativo nº 16327.720915/201153 veicula exigência de Contribuição ao PIS em decorrência das operações mencionadas, e não opera efeitos em relação à presente exigência. Fl. 667DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 361 16 Por tais razões, o presente voto é no sentido de também DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para afastar a multa de ofício e determinar que o principal lançado seja extinto pelos pagamentos promovidos com os benefícios da denúncia espontânea em 19/03/2008, exonerandose, ainda, a multa isolada aplicada em razão da falta de recolhimento de estimativas em agosto e outubro/2007. (documento assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA – Conselheira Fl. 668DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 362 17 Declaração de Voto Conselheiro LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Em que pese tenha acolhido o entendimento de que o contribuinte recuperou a espontaneidade no curso do procedimento fiscal, em obediência à Súmula CARF nº 75, nos termos da declaração de voto proferida pela Conselheira Edeli Pereira Bessa, votei pelo não provimento do recurso por entender que a interessada não cumpriu os requisitos exigidos à luz da jurisprudência do STJ, expressa pelo mencionado REsp nº 1.149.022, proferido no rito do art. 543C do Código de Processo Civil, pelas razões que passo a expor. Entendo que a jurisprudência do STJ, representada no acórdão do REsp nº 1.149.022, acolhe a denúncia espontânea com base no lançamento por homologação levado à efeito pelo sujeito passivo, antes de qualquer ação por parte do Fisco, mediante a retificação da declaração original do débito, concomitante ao pagamento da diferença apurada. Vislumbro dois requisitos a serem observados com vistas ao reconhecimento da denúncia espontânea: a declaração do débito (ou retificação do débito anteriormente declarado) e o pagamento do tributo ou diferença de tributo apurada. É o que se extrai do acórdão referido, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a conseqüente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e Resp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que "a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte" (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o Fl. 669DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO Processo nº 16327.000683/201032 Acórdão n.º 1101001.119 S1C1T1 Fl. 363 18 crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): "No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Asim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional." 6. Conseqüentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (grifei) Como se extrai do julgado, a declaração do débito por parte do sujeito passivo elide a necessidade de constituição formal do crédito pelo Fisco e, ocorrendo o seu pagamento, configurase a denúncia espontânea, segundo o STJ. No caso sob exame o contribuinte, no curso da ação fiscal na qual recuperou a sua espontaneidade devido à inércia do Fisco, promoveu o pagamento das diferenças de tributos não declaradas originalmente, mas não retificou a declaração constitutiva do crédito tributário. Apenas teria informado por escrito à fiscalização que reconhecia o débito e que efetuou a sua quitação. Entendo que o sujeito passivo deixou de cumprir requisito formal essencial ao reconhecimento da denúncia espontânea, pois não promoveu o lançamento por homologação, mediante a apresentação da declaração constitutiva do crédito tributário respectivo, o que dispensaria qualquer providência por parte do Fisco. Inexistindo tal providência, entendo correta a realização do lançamento de ofício por parte do Fisco, com vistas a constituição do crédito tributário devido. Por tais razões, votei por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Conselheiro Fl. 670DF CARF MF Impresso em 04/02/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 04/02/20 15 por EDELI PEREIRA BESSA, Assinado digitalmente em 01/08/2014 por ANTONIO LISBOA CARDOSO, Assinado digitalmente em 16/01/2015 por LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
score : 1.0
Numero do processo: 10580.727208/2009-96
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2004, 2005, 2006
RECOMPOSIÇÃO SALARIAL. ABONO URV. São tributáveis as parcelas recebidas a título de recomposição salarial para compensar os efeitos inflacionários. Inexistência de dispositivo legal autorizativo da não incidência/isenção.
IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO. A competência para legislar sobre Imposto de Renda é da União. Não se reconhece legislação que seja emitida sem esse requisito formal.
MULTA DE OFÍCIO. Comprovado que a fonte pagadora induziu o contribuinte ao erro, considera-se que houve boa-fé do contribuinte e exonera-se a multa de ofício. Conforme Súmula CARF n. 73.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Numero da decisão: 2101-002.643
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para exonerar o contribuinte da multa de ofício por erro escusável.
LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente.
MARIA CLECI COTI MARTINS - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, MARIA CLECI COTI MARTINS, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, EDUARDO DE SOUZA LEAO
Nome do relator: MARIA CLECI COTI MARTINS
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201412
camara_s : Primeira Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2004, 2005, 2006 RECOMPOSIÇÃO SALARIAL. ABONO URV. São tributáveis as parcelas recebidas a título de recomposição salarial para compensar os efeitos inflacionários. Inexistência de dispositivo legal autorizativo da não incidência/isenção. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO. A competência para legislar sobre Imposto de Renda é da União. Não se reconhece legislação que seja emitida sem esse requisito formal. MULTA DE OFÍCIO. Comprovado que a fonte pagadora induziu o contribuinte ao erro, considera-se que houve boa-fé do contribuinte e exonera-se a multa de ofício. Conforme Súmula CARF n. 73. Recurso Voluntário Provido em Parte
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 08 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 10580.727208/2009-96
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5414863
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue Jan 13 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2101-002.643
nome_arquivo_s : Decisao_10580727208200996.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : MARIA CLECI COTI MARTINS
nome_arquivo_pdf_s : 10580727208200996_5414863.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para exonerar o contribuinte da multa de ofício por erro escusável. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente. MARIA CLECI COTI MARTINS - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO, HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR, MARIA CLECI COTI MARTINS, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, EDUARDO DE SOUZA LEAO
dt_sessao_tdt : Wed Dec 03 00:00:00 UTC 2014
id : 5779176
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:34:35 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475500089344
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1944; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C1T1 Fl. 2 1 1 S2C1T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.727208/200996 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2101002.643 – 1ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 03 de dezembro de 2014 Matéria IRPF Recorrente MARIO AUGUSTO ALBIANI ALVES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2004, 2005, 2006 RECOMPOSIÇÃO SALARIAL. ABONO URV. São tributáveis as parcelas recebidas a título de recomposição salarial para compensar os efeitos inflacionários. Inexistência de dispositivo legal autorizativo da não incidência/isenção. IMPOSTO DE RENDA. COMPETÊNCIA LEGISLATIVA DA UNIÃO. A competência para legislar sobre Imposto de Renda é da União. Não se reconhece legislação que seja emitida sem esse requisito formal. MULTA DE OFÍCIO. Comprovado que a fonte pagadora induziu o contribuinte ao erro, considerase que houve boafé do contribuinte e exonerase a multa de ofício. Conforme Súmula CARF n. 73. Recurso Voluntário Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso, para exonerar o contribuinte da multa de ofício por erro escusável. LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS (Presidente), DANIEL PEREIRA ARTUZO, HEITOR DE SOUZA AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 72 08 /2 00 9- 96 Fl. 146DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 2 LIMA JUNIOR, MARIA CLECI COTI MARTINS, ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA, EDUARDO DE SOUZA LEAO Relatório O Recurso Voluntário visa reverter a decisão proferida no Acórdão 1523.599 3a. Turma da DRJ/SDR que julgou improcedente o lançamento tributário no contribuinte. O processo trata de omissão de rendimentos de IRPF correspondente aos anos 2004, 2005 e 2006, referentes à diferença de valores salariais devidos em função da indexação dos salários em URV no período 01/04/1994 a 31/08/2001. O processo havia sido sobrestado ex officio pela Resolução 2101000.017, desta Turma Ordinária. Considerando que as razões para o sobrestamento não mais subsistem, estáse procedendo a análise do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte. Transcrevo a seguir as alegações do recorrente no Recurso Voluntário, conforme relatado na Resolução supra: a) não classificou indevidamente os rendimentos recebidos a título de URV, pois o enquadramento de tais rendimentos como isentos de imposto de renda encontrase em perfeita consonância com a legislação instituidora de tal verba indenizatória; b) segundo a legislação que regulamenta o imposto de renda, caberia à fonte pagadora, no caso o Estado da Bahia, e não ao autuado, o dever de retenção do referido tributo. Portanto, se a fonte pagadora não fez tal retenção, e levou o autuado a informar tal parcela como isenta, não tem este último qualquer responsabilidade pela infração; c) mesmo que tal verba fosse tributável, não caberia a aplicação da multa de ofício, pois o autuado teria cometido erro escusável em razão de ter seguido orientações da fonte pagadora; d) o Ministério da Fazenda, em resposta a Consulta Administrativa feita pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, também, teria manifestadose pela inaplicabilidade da multa de ofício, em razão da flagrante boafé dos autuados, ratificando o entendimento já fixado pelo AdvogadoGeral da União através da Nota AGU/AV 12/2007. Na referida resposta, o Ministério da Fazenda reconhece o efeito vinculante do comando exarado pelo Advogado Geral da União perante à PGFN e a RFB; e) o lançamento fiscal seria nulo, por ter tributado de forma isolada os rendimentos apontados como omitidos, deixando de considerar a totalidade dos rendimentos e deduções cabíveis; f) ainda que o valor decorrente do recebimento da URV em atraso fosse considerado como tributável, não caberia tributar os juros incidentes sobre ele, tendo em vista sua natureza indenizatória; Fl. 147DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.727208/200996 Acórdão n.º 2101002.643 S2C1T1 Fl. 3 3 g) em razão da distribuição constitucional das receitas, todo o montante arrecadado a título de imposto de renda incidente sobre os valores pagos a título de URV teriam como destinatário o próprio Estado da Bahia. Assim, se este último classificou legalmente tais pagamentos como indenização, foi porque renunciou ao recebimento; h) é pacífico que a União é parte ilegítima para figurar no polo passivo da relação processual nos casos em que o servidor deseja obter judicialmente a isenção ou a não incidência do IRRF, posto que, além de competir ao Estado tal retenção, é dele a renda proveniente de tal recolhimento. Pelo mesmo motivo, poderia concluirse que a União é parte ilegítima para exigir o referido imposto se o Estado não fizer tal retenção; i) independentemente da controvérsia quanto à competência ou não do Estado da Bahia para regular matéria reservada à Lei Federal, o valor recebido a título de URV tem natureza indenizatória. Neste sentido já se pronunciou o Supremo Tribunal Federal, o Presidente do Conselho da Justiça Federal, Primeiro Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, Poder Judiciário de Rondônia, Ministério Publico do Estado do Maranhão, bem como, ilustres doutrinadores; j) o STF, através da Resolução nº 245, de 2002, deixou claro que o abono conferido aos Magistrados Federais em razão das diferenças de URV tem natureza indenizatória, e que, por esse motivo, não sofre a incidência do imposto de renda. Assim, tributar estes mesmos valores recebidos pelos Magistrados Estaduais constitui violação ao princípio constitucional da isonomia. Voto Conselheira MARIA CLECI COTI MARTINS O recurso é tempestivo, atende aos requisitos legais e dele conheço. Preliminarmente o contribuinte alega ilegitimidade ativa da União para cobrar imposto de renda com base no art. 157, I da Constituição Federal de 1988. A Turma a quo assim se pronunciou sobre o assunto: "É certo que, por determinação constitucional, se o Estado da Bahia tivesse efetuado a retenção do IRRF, o valor arrecadado lhe pertenceria. Entretanto, tal retenção não alteraria a obrigação do contribuinte de oferecer a integralidade do rendimento bruto à tributação do imposto de renda na declaração de ajuste anual. A exigência em foco se refere ao imposto de renda incidente sobre rendimentos da pessoa física (IRPF) e não ao IRRF que deixou de ser retido indevidamente pelo Estado da Bahia. Portanto, tanto a exigência do tributo, Fl. 148DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 4 quanto o julgamento do presente lançamento fiscal, é da competência exclusiva da União". Grifei Não merece reparos a decisão a quo quanto a esse aspecto, pois a competência constitucional para instituir e legislar (além de fiscalizar, cobrar, autuar, etc.) sobre o imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza é da União, conforme art. 153, inc. III da CF/88 e art. 6 da lei 5172/66. Tal competência é indelegável. Como a competência legislativa sobre o tributo em questão é única e exclusiva da União, não se reconhece, no âmbito deste processo administrativo federal tributário, diplomas legais que não sejam oriundos de tal competência, como por exemplo, legislação estadual que teria considerado tal verba como indenizatória. Assim, não há que se falar em supressão de instâncias, violação do contraditório ou da ampla defesa. Também não deve prosperar o argumento de isonomia com os magistrados federais, tendo em vista a Resolução/STF 245/2002. Tal resolução não é lei federal (i.e. obedeceu os trâmites previstos para a elaboração e aprovação dentro das casas legislativas que compõem o Congresso Nacional) e abrange apenas membros do Poder Judiciário da União. Portanto, não pode ser considerada no âmbito deste processo administrativo tributário federal. Relativamente ao mérito, o contribuinte alega que a natureza da URV é indenizatória, porque visava corrigir o poder aquisitivo do cruzeiro real em relação à URV. Assim, a nova moeda (URV) não seria contaminada pelo ciclo inflacionário e evitaria a perda do poder aquisitivo da moeda antiga, o cruzeiro real. Em que pese o argumento da defasagem salarial ante o aumento da inflação e, neste caso a correção salarial não representaria aumento de patrimônio ou renda, mas manutenção dos mesmos não existem dispositivos legais que definam, em caso de aumento salarial, o que seria reposição salarial e o que seria aumento de renda/patrimônio e tampouco essa distinção na forma de tributação. São tributados igualmente os aumentos salariais que corrigem defasagem em relação à inflação e aqueles aumentos de salário reais, que realmente significam aumento de patrimônio do trabalhador. Assim, não se pode considerar o argumento do contribuinte, por falta de previsão legal. Considerar o reajuste salarial motivo do rendimento recebido acumuladamente como parcela indenizatória, seria tratar de forma não isonômica os contribuintes que recebem reajustes salariais para corrigir o valor da inflação e têm esses valores tributados como se aumento salarial fosse. Sob outro ângulo, o par. 2, art. 108 do Código Tributário Nacional estabelece que "o emprego da equidade não poderá resultar na dispensa do pagamento do devido tributo" e, no caso deste processo, não há que se falar em quebra da capacidade contributiva, pois os rendimentos recebidos acumuladamente pelo contribuinte estão sendo tributados conforme legislação federal vigente no País. Não tributar tais rendimentos, seria dispensar tratamento diferenciado ao contribuinte, o que não condiz com um Estado Democrático de Direito. Observase ainda que o constituinte elegeu como direitos dos trabalhadores (art. 7, IV, CF/88) "salário mínimo nacionalmente unificado,... com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo..", contudo, não definiu qualquer dispositivo isentivo de imposto de renda para os tais reajustes periódicos que somente preservariam o poder aquisitivo do salário. Entendo que as diferenças salariais decorrentes da URV são acréscimos salariais (não importando se seriam reajustes em decorrência da inflação ou aumento real de salário) que não teriam sido incorporados aos salários na época própria. A partir do momento em que são recebidos, se constituem em renda tributável cujo fato gerador é definido pelo art. 43 da Lei 5172/66 (Código Tributário Nacional). Caso tivessem sido recebidos na época certa, Fl. 149DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Processo nº 10580.727208/200996 Acórdão n.º 2101002.643 S2C1T1 Fl. 4 5 teriam sido devidamente tributados. Os valores do principal recebidos acumuladamente são sim produto do trabalho e, como tal, devem ser tributados. O art. 43 da Lei 5172/66 define como fato gerador do imposto a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda (o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos) e de proventos de qualquer natureza, (quaisquer acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior). Mais ainda, no par. 1o. do mesmo artigo fica claro que "a incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento". Com relação ao lançamento do tributo que deveria ter sido retido na fonte, o entendimento deste Conselho está expresso na Súmula CARF n. 12 determina que: “Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção.” Compulsandose os autos, verificouse que a fonte pagadora realmente fez constar no informe de rendimentos os valores recebidos acumuladamente como não tributáveis, e o próprio contribuinte entende que tais valores realmente não seriam tributáveis. Não obstante, a existência de um dispositivo legal considerando a verba não tributável foi decisiva para que o requerente adotasse o procedimento incorreto. Desta forma, entendo que o erro é escusável, em acordo com a súmula 73 do CARF, a seguir transcrita. MULTA DE OFÍCIO. COMPROVANTE DE RENDIMENTOS COM ERRO. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL CONFORME OS COMPROVANTES EMITIDOS PELA FONTE PAGADORA. SÚMULA CARF Nº 73. Erro no preenchimento da declaração de ajuste do imposto de renda, causado por informações erradas, prestadas pela fonte pagadora, não autoriza o lançamento de multa de ofício. A metodologia de cálculo do tributo devido já está consoante o parecer PGFN/CRJ N. 287/2009, conforme a Jurisprudência do STJ; ou seja, cálculo do tributo tendo em vista o regime de competência. O parecer está assim ementado: "Tributário. Rendimentos tributáveis recebidos acumuladamente. O imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente deve ser calculado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos. Jurisprudência pacífica do Egrégio Superior Tribunal de Justiça." O recolhimento mensal do tributo, cuja retenção seja feita na fonte, constitui se numa antecipação do imposto devido a ser calculado definitivamente na declaração de ajuste anual. Caso tenha sido retido um valor mensal inferior ao necessário, haverá que ser compensado no imposto a pagar da declaração de ajuste anual. Fl. 150DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS 6 O acórdão de primeira instância explicitou a forma de cálculo dos valores devidos enfatizando que, "nos anos calendários em questão, as bases de cálculo declaradas já sujeitavam o contribuinte à incidência do imposto de renda em sua alíquota máxima, bem como, já tinham sido aproveitadas as parcelas a deduzir previstas legalmente. Nesta situação, o imposto apurado mediante aplicação direta da alíquota máxima sobre os rendimentos omitidos coincide com o imposto apurado com base na tabela progressiva sobre a base de cálculo ajustada em razão da omissão". Enfatizase a distinção entre anocalendário (ano em que o rendimento é recebido) com exercício, que se refere ao ano em que é feito o ajuste anual (normalmente no ano seguinte). Assim, como exemplo, os rendimentos recebidos relativamente ao anocalendário 1994 referemse à tributação ocorrida no exercício 1995, que na tabela progressiva de IRPF, na faixa de tributação do contribuinte consta 26,6%, corretamente aplicado pela autoridade fiscal. As verbas não tributáveis recebidas no processo já foram excluídas da base de cálculo na decisão da primeira instância, conforme fl. 131 dos autos. Além do mais, a autoridade fiscal já havia desconsiderado tais valores no lançamento fiscal, conforme auto de infração (fls. 25). O contribuinte se insurge contra a tributação dos juros recebidos acumuladamente. Entretanto, a legislação em vigor é taxativa ao determinar a sua tributação nos termos do art.55, XIV, do RIR: Art. 55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, § 4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts.24, § 2º, inciso IV, e 70, § 3º, inciso I): (...) XIV os juros compensatórios ou moratórios de qualquer natureza, inclusive os que resultarem de sentença, e quaisquer outras indenizações por atraso de pagamento, exceto aqueles correspondentes a rendimentos isentos ou não tributáveis; O presente processo não trata de verbas decorrentes de rescisão de contrato de trabalho e, portanto, não se lhe pode aplicar o decidido no REsp 1089720/RS. Recurso voluntário provido em parte para exonerar o contribuinte da multa de ofício por erro escusável, consoante jurisprudência deste Conselho. MARIA CLECI COTI MARTINS Relatora Fl. 151DF CARF MF Impresso em 13/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/12/2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 15/12/ 2014 por MARIA CLECI COTI MARTINS, Assinado digitalmente em 16/12/2014 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720670/2013-05
Turma: Terceira Turma Especial da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Exercício: 2009
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE REMUNERAÇÃO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
A LC n°109/2001 alterou a regulamentação da matéria antes adstrita à Lei n. 8.212/1991, admitindo que, no caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a concessão pela empresa a grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria não caracteriza remuneração sujeito à incidência de contribuições previdenciárias. A aportes diferentes para trabalhadores com salário distintos não desnatura as características do benefício, um vez que quem ganha mais terá motivos para pagar mais, pois poderá pretender mais se aproximar de seu salário real quando se aposentar.
Recurso Voluntário Provido - Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 2803-003.710
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Oseas Coimbra Junior que fará declaração de voto. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. Sustentação oral Advogado Dr Gabriel Lacerda Troianelli, OAB/SP nº78.656.
(Assinado digitalmente)
Helton Carlos Praia de Lima - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Gustavo Vettorato - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: GUSTAVO VETTORATO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201410
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Exercício: 2009 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE REMUNERAÇÃO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A LC n°109/2001 alterou a regulamentação da matéria antes adstrita à Lei n. 8.212/1991, admitindo que, no caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a concessão pela empresa a grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria não caracteriza remuneração sujeito à incidência de contribuições previdenciárias. A aportes diferentes para trabalhadores com salário distintos não desnatura as características do benefício, um vez que quem ganha mais terá motivos para pagar mais, pois poderá pretender mais se aproximar de seu salário real quando se aposentar. Recurso Voluntário Provido - Crédito Tributário Exonerado
turma_s : Terceira Turma Especial da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
numero_processo_s : 19515.720670/2013-05
anomes_publicacao_s : 201501
conteudo_id_s : 5421973
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu Jan 29 00:00:00 UTC 2015
numero_decisao_s : 2803-003.710
nome_arquivo_s : Decisao_19515720670201305.PDF
ano_publicacao_s : 2015
nome_relator_s : GUSTAVO VETTORATO
nome_arquivo_pdf_s : 19515720670201305_5421973.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Oseas Coimbra Junior que fará declaração de voto. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. Sustentação oral Advogado Dr Gabriel Lacerda Troianelli, OAB/SP nº78.656. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima - Presidente. (Assinado digitalmente) Gustavo Vettorato - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior.
dt_sessao_tdt : Tue Oct 07 00:00:00 UTC 2014
id : 5797614
ano_sessao_s : 2014
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 10:35:22 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713047475507429376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2149; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2TE03 Fl. 468 1 467 S2TE03 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720670/201305 Recurso nº 19.515.720670201305 Voluntário Acórdão nº 2803003.710 – 3ª Turma Especial Sessão de 07 de outubro de 2014 Matéria Contribuições Previdenciárias Recorrente BRADESPAR S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Exercício: 2009 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE REMUNERAÇÃO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A LC n°109/2001 alterou a regulamentação da matéria antes adstrita à Lei n. 8.212/1991, admitindo que, no caso de plano de previdência complementar em regime aberto, a concessão pela empresa a grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria não caracteriza remuneração sujeito à incidência de contribuições previdenciárias. A aportes diferentes para trabalhadores com salário distintos não desnatura as características do benefício, um vez que quem ganha mais terá motivos para pagar mais, pois poderá pretender mais se aproximar de seu salário real quando se aposentar. Recurso Voluntário Provido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. Vencido o Conselheiro Oseas Coimbra Junior que fará declaração de voto. O Conselheiro Helton Carlos Praia de Lima votou pelas conclusões. Sustentação oral Advogado Dr Gabriel Lacerda Troianelli, OAB/SP nº78.656. (Assinado digitalmente) Helton Carlos Praia de Lima Presidente. (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 06 70 /2 01 3- 05 Fl. 469DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 469 2 Gustavo Vettorato Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Helton Carlos Praia de Lima (presidente), Gustavo Vettorato, Eduardo de Oliveira, Ricardo Magaldi Messetti, Oséas Coimbra Júnior, Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 470 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão a quo que manteve o lançamento de contribuições previdenciárias sobre verbas consideradas como remuneração oriundas de retirada de plano de previdência privada, conforme os seguintes fundamentos do relatório fiscal: I) o plano de previdência privada da Bradesco Previdência e Seguros S.A. que segue as regras registradas no documento reproduzido às fls. 172 a 178 (6º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada) não observa o disposto na alínea “p” do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, visto que só pode ter como participantes Diretores Estatutários, Diretores Técnicos e os investidos em Cargos de Assessor da Diretoria; II) o valor das contribuições para este plano de previdência privada não está claramente estabelecido no seu próprio contrato (documento de fls. 172 a 178); III) o beneficiário pode, a qualquer momento, mediante expressa autorização da Instituidora (Autuada), resgatar parte ou a totalidade da “Conta de Reserva do Participante – Parte Instituidora” e da “Conta de Reserva do Participante – Parte Participante”; IV) o montante das contribuições à previdência privada efetuadas no ano de 2009 em favor do diretor Renato da Cruz Gomes quase se iguala ao valor total das remunerações registradas como pagas ao mesmo no referido ano. Na longa peça recursal alega: que os valores em questão não se enquadram no conceito de remuneração (saláriodecontribuição) na forma do art. 28, I, da Lei n 8212/1991; que as verbas atendem a isenção do art. 28, I, §9º, da Lei n. 8.212/1991; aplicação do art. 2º, do Dec.Lei n. 2296/1986, art. 202 da Constituição Federal, e art. 68, da Lei Complementar 109/2001, que excluiriam de forma expressa da base de cálculo de verbas pagas à entidades de previdência complementar, não integrando remuneração de participantes; que a existência dois tipos de planos de previdência diversos, mas que abrangente a todos os funcionários não descaracteriza a aplicação disposto no art. 28, §9º, p, da Lei n. 8.212/1991; traz precedentes do próprio CARF/MF; que a multa qualificada aplicada é equivocada, pois não houve demonstração de indício de fraude; não poder haver aplicação de multa sobre juros de mora. É o relatório. Fl. 471DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 471 4 Voto Conselheiro Gustavo Vettorato I O recurso foi apresentado tempestivamente, conforme supra relatado, atendido os pressupostos de admissibilidade, assim deve o mesmo ser conhecido. II – Em análise direta ao mérito, no que tange os fundamentos do lançamento podese analisar um a um. Quanto à alegação fiscal (I) de que o plano de previdência privada da Bradesco Previdência e Seguros S.A. segue as regras registradas no documento reproduzido às fls. 172 a 178 (6º Termo Aditivo ao Contrato de Previdência Privada), mas não observa o disposto na alínea “p” do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, visto que só pode ter como participantes Diretores Estatutários, Diretores Técnicos e os investidos em Cargos de Assessor da Diretoria, o mesmo é contraditório ao próprio relatório. Observese que o próprio relatório assume que este é um dos planos ofertados aos colaboradores da recorrente, e que fazem parte de um conjunto de planos de previdência que abrangem todos os funcionários, mesmo que com características diversas entre si, vinculadas aos cargos e responsabilidades de cada colaborador. Quanto a alegação fiscal (II) de que o valor das contribuições para este plano de previdência privada não está claramente estabelecido no seu próprio contrato (documento de fls. 172 a 178), em que não haveria determinação de valores máximos ou mínimos de contribuição à entidade de previdência privada, também não merece manutenção. Observese que o lançamento, nem o julgamento de primeiro grau, trazem o fundamento jurídico que determinam que haja tais limitadores, o art. 41, da Lei Complementar 109/2001, diz respeito apenas a competência de fiscalização, não de livre convicção sem autorização legal, o ato de lançamento tributário é estritamente vinculado (art. 142, do CTN). Quanto à alegação fiscal (III e IV) de que poderia o beneficiário com autorização da Instituidora (Autuada), resgatar parte ou a totalidade da “Conta de Reserva do Participante – Parte Instituidora” e da “Conta de Reserva do Participante – Parte Participante”, e em montante que das contribuições à previdência privada efetuadas no ano de 2009 em favor do diretor Renato da Cruz Gomes quase se iguala ao valor total das remunerações registradas como pagas ao mesmo no referido ano. Novamente, observese que o lançamento, nem o julgamento de primeiro grau, trazem o fundamento jurídico que determinam que haja tais limitadores que pretende impor. Comentários idênticos ao parágrafo anterior. Por si só, os argumento fiscais gerariam a nulidade do lançamento, por vicio na construção da norma individual e concreta, pois tanto contêm contrariedade fática como fundamentase em norma geral e abstrata inexistente, mas vaise além. Ressaltese a alínea “p” do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, determina que para não ser considerada como base de cálculo as verbas pagas a entidades de previdência privada, desde que haja disponibilidade a todos funcionários. Em nenhum ponto Fl. 472DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 472 5 está estabelecido que o plano deve ser igual para todos os funcionários, eles devem ser ofertados planos a todos, mas pode haver diferenciação conforme estabelecido e aprovado pelos órgãos de fiscalização de planos de previdência privada e/ou complementar. Inclusive atentase que as regras de previdenciárias sob o regime de capitalização determinam que as retiradas que serão sempre proporcionais ou equivalentes aos valores de contribuição dentro de sua participação do fundo previdenciário. O que também corresponderia ao disposto no art. 68, da Lei Complementa n. 109/2001. Ainda,a mesma forma que o argumento fiscal exige interpretação restritiva da norma isentiva (art. 111, I e II do CTN), há a necessidade de ambivalência, em favor do contribuinte, isso é, não pode a fiscalização exigir requisito a mais daquele determinado na própria legislação (art. 108 a 110, do CTN). No tema acima, já foi abordado pelo Câmara Superior do CARF/MF, no acórdão n. 9202003.193, na sessão 07.05.2014, da lavra do Cons. Gustavo Lian Haddad, do qual transcrevese a ementa e trechos relevantes do voto condutor: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração:01/01/2002 a 31/12/2004 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE REMUNERAÇÃO PARA FINS DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. A LCn°109/2001 alterou a regulamentação da matéria antes adstrita à Lei n. 8.212/1991, passando a admitir que no caso de plano de previdência complementar em regime aberto a concessão pela empresa a grupos de empregados e dirigentes pertencentes a determinada categoria não caracteriza saláriodecontribuição sujeito à incidência de contribuições previdenciárias. Recurso especial conhecido e provido. VOTO (...) No mérito, a discussão nos presentes autos se refere à obrigatoriedade de se disponibilizar programa de previdência privada complementar(em regime aberto) à totalidade dos empregados e dirigentes para que tais valores não integrem o saláriodecontribuição e, consequentemente, não estejam sujeitos à incidência de contribuições previdenciárias. A fiscalização aplicou à espécie o art.28,§9°,p,daLei8.212/91, segundo o qual contribuições da empresa para planos de previdência privada de seus empregados e dirigentes somente não estão sujeitas a contribuições previdenciárias se estiverem disponíveis à totalidade de seus empregados e dirigentes. In verbis: “Art.28.Entendese por saláriodecontribuição: Fl. 473DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 473 6 (...) § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei,exclusivamente: (...) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregado se dirigentes,observados,no que couber,os arts.9º e 468 da CLT;”(Destaquei) Referido dispositivo foi incluído na Lei 8.212/91 no âmbito das alterações promovidas pela Lei 9.528,dedezembrode1997. Nada obstante o dispositivo acima transcrito não tenha sido expressamente revogado, a regulação da matéria foi substancialmente alterada pela Emenda Constitucional 20/1998 e pela Lei Complementar n.109/2001. Com o advento da Emenda Constitucional 20/1998, que alterou o art.202 da Constituição Federal, a previsão de que as contribuições pagas pelo empregador a título de previdência privada para seus empregados não integram a remuneração do empregado ganhou status constitucional, in verbis: “Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado deforma autônoma em relação ao regime geral de previdência social,será facultativo,baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado,e regulado por lei complementar. (...) § 2° As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência privada não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes, nos termos da lei.”(Destaquei) A Lei Complementar 109/2001 foi aprovada para regulamentar o referido dispositivo constitucional e previu, no mesmo sentido da Constituição Federal, que as contribuições do empregador feitas a entidades de previdência privada não estão sujeitas a tributação e contribuições de qualquer natureza: “Art. 68. As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstos nos estatutos, regulamentos e planos de benefícios das entidades de previdência complementar não integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos participantes. (...) Fl. 474DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 474 7 Art. 69. As contribuições vertidas para as entidades de previdência complementar,destinadas ao custeio dos planos de benefícios de natureza previdenciária,são dedutíveis para fins de incidência de imposto sobre a renda, nos limites e nas condições fixa das em lei. § 1º Sobre as contribuições de que trata o caput não incidem tributação e contribuições de qualquer natureza. (...)” (Destaquei) Da leitura dos dispositivos acima se constata que eles não contêm a condição antes prevista no art.28,§9°,p, da Lei n. 8.212/91. Isto é, nos termos dos arts. 68 e 69 acima citados, as contribuições que o empregador faz ao plano de previdência complementar do empregado não devem ser consideradas parte de sua remuneração e, especificamente, sobre elas não devem incidir quais quer tributos ou contribuições. Especificamente em relação aos planos abertos de previdência complementar, como é o caso dos presentes autos(conformeitem4.6doRelatóriofiscaldaNFLD,fls.549),a Lei Complementar 109/2001 permite de forma expressa que sejam disponibilizados pelo empregado Ra grupos de uma ou mais categorias específicas dos seus empregados: Dos Planos de Benefícios de Entidades Abertas Art. 26. Os planos de benefícios instituídos por entidades abertas poderão ser I individuais, quando acessíveis a quaisquer pessoas físicas;ou II coletivos, quando tenham por objetivo garantir benefícios previdenciários a pessoas físicas vinculadas, direta ou indiretamente,a uma pessoa jurídica contratante. §1oO plano coletivo poderá ser contratado por uma ou várias pessoas jurídicas. § 2o O vínculo indireto de que trata o inciso II deste artigo referese aos casos em que uma entidade representativa de pessoas jurídicas contrate plano previdenciário coletivo para grupos de pessoas físicas vinculadas a suas filiadas. § 3oOs grupos de pessoas de que trata o parágrafo anterior poderão ser constituídos por uma ou mais categorias específicas de empregados de um mesmo empregador,podendo abranger empresas coligadas, controladas ou subsidiárias,e por membros de associações legalmente constituídas, de caráter profissional ou classista, e seus cônjuges ou companheiros e dependentes econômicos.(Destaquei) A Lei Complementar109/2001 não apenas omitiu a condição antes prevista no art.28,§9°,p,daLei8.212/91(isto é,estabeleceu Fl. 475DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 475 8 que as contribuições do empregador a plano de previdência privada ou complementar dos empregados não devem ser consideradas como remuneração destes e não se submetem à incidência de qualquer imposto ou contribuição) como também expressamente permitiu o estabelecimento de planos de previdência complementar abertos coletivos ,os quais podem ser compostos por grupos de uma ou mais categorias específicas deu mesmo empregador. A ratio motivadora do legislador complementar parece ter sido o de estimular a poupança privada pelos vários meios possíveis, inclusive a instituição de programas pelos empregadores em benefício de categorias específicas de empregados quando se tratar de plano aberto, oferecido pelo mercado, evitando o “engessamento” que por certo desestimularia a concessão de planos se houvesse rigidez exagera da quanto no público alvo do plano. Neste ponto, ainda que se entenda que a regulamentação do art.202,§2º,da Constituição Federal deveria ter sido veiculada por lei formalmente ordinária, em vista do previsto na parte final do dispositivo, a conclusão seria que, nesta parte,a Lei Complementar 109/2001 atua materialmente como lei ordinária, regulando a matéria de modo diferente da regulamentação anterior daLei8.212/91,com as alterações da Lei 9.528/97. A noção de que as leis complementares em sua forma também o são em sua substância ou matéria apenas e tão somente quando regulam matérias reservadas a esta espécie legislativa pela Constituição é assente na moderna doutrina e na jurisprudência do E.Supremo Tribunal Federal, consagrada no julgamento da ADIN 4.0715 (que tratou da COFINS de sociedades civis). Neste caso, o plenário do E. STF entendeu que lei ordinária poderia revogar previsão de lei complementar anterior que tratava de matéria não reservada especificamente à lei complementar pela Constituição Federal já que, neste ponto a previsão contida em lei complementar tem status de lei ordinária (é materialmente lei ordinária). Deste modo, entendo que a condição estabelecida pelo artigo 28, §9º, p, da Lei 8.212/91, isto é, a cláusula “desde que o programa de previdência complementar, aberto ou fechado, esteja disponível à totalidade de empregados e dirigentes” para que a contribuição do empregador a plano de previdência complementar não sofra incidência de contribuição previdenciária não é aplicável aos casos de previdência privada complementar em regime aberto coletivo, uma vez que legislação posterior (arts. 68 e 69 c/c art. 26, §§ 2º e 3º, todos da Lei Complementar 109/2001 e transcritos acima) deixou de prever tal condição e, além disto, expressamente previu a possibilidade de o empregador contratar a previdência privada para grupos ou categorias específicas de empregados. Por óbvio que tal faculdade não pode servir de propósito a transmudar remuneração ou prêmio em contribuição a Fl. 476DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 476 9 previdência privada não tributável, aspecto que deve ser aferido considerando as circunstâncias fáticas do caso. (...) No caso presente, a Recorrente Serasa instituiu dois planos habituais em favor de seus empregados – um básico e um complementar, ambos com contribuições regulares e limitadas nos termos do Plano de fls. 291 e seguintes. Foram instituídos junto a duas instituições financeiras, sendo a eles elegíveis todos os funcionários com idade entre 18 e 50 anos, que tenham ultrapassado o período de experiência e que recebem acima do limite da previdência social (oficial). A meu ver, as exclusões de elegibilidade em questão se aplicam a categorias específicas de empregados, estando dentro dos limites da faculdade conferida ao empregador pelo art. 26, § 3º da Lei Complementar 109/2001, não constituindo discriminação ou escolha aleatória ou subjetiva de pessoas pelo empregador que pudesse transmudar a contribuição para a previdência privada em prêmio, mas eleição de uma ou mais classes ou categorias de empregados a serem beneficiados. Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de conhecer o recurso especial interposto pela Recorrente nos limites em que admitido pelos Despachos nº 2400449/2011, de 12/09/2011 (fls. 556), e nº 2400518R/2011, de 28/11/2011 (fls.561), para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO para excluir da exigência a parcela relativa aos planos abertos de previdência privada em regime aberto. Argumentos da decisão acima são adotados plenamente pelo presente voto. Ainda, há o entendimento de que indiferentemente à obediência ao disposto na alínea “p” do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei nº 8.212/1991, os do art. 2º, do Dec.Lei n. 2296/1986, art. 202 da Constituição Federal, e art. 68 e 69, da Lei Complementar 109/2001, já excluiriam tais verbas da base de cálculo das contribuições previdenciárias, pois declaradamente não teriam natureza remuneratória. O art.. 28, I, da Lei n. 8.212/1991, determina que a hipótese de incidência da norma tributária deve ser aplicada apenas em caso de pagamento de verbas de natureza remuneratória. Isso já foi consolidado nesta mesma turma especial, no recente Acórdão n. 2803003.103, julgado em 18.03.2014, da lavra condutora do Cons. Eduardo de Oliveira, do qual transcrevese trechos do voto condutor: Todavia, apesar das digressões, acima, entendo que no caso em tela aplicase integralmente o que estabelecido no artigo 28, § 9º, alínea “p”, da lei 8.212/91, haja vista que os motivos que levaram a autoridade fiscal lançadora e o julgador de primeiro a concluírem que o plano de previdência privado, não é extensivo a todos os trabalhadores e dirigentes e que há diversidade de contrapartida, não excluem a natureza não remuneratória da verba. As explicações do fisco, como dito acima, para considerar a previdência privada base de cálculo, como a seguir transcritas e Fl. 477DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 477 10 confrontadas a seguir, não permitem esta interpretação, é o que se demonstrará em seguida. Analisando referida planilha, constatase que os aportes foram feitos para o presidente da empresa, diretores da empresa e para mais quatro segurados empregados (Marlene Kuse Soares – Chefe de Departamento Pessoal, Nei Renato Cogo – Comprador, Oclir Luiz Gusso – Chefe de Contabilidade, Gilberto Basso – Acionista e Ivo José Thimming Assessor Diretoria). Através da folha de pagamento, verificouse que, os quatro segurados empregados são ocupantes dos cargos que detêm os maiores salários pagos pela empresa. Nenhum empregado pertencente a cargos com remunerações inferiores aderiu ao Plano de Previdência. Constatase, também, através da planilha fornecida pela empresa, que os aportes feitos para os contribuintes individuais (presidente e diretores) são diferenciados. O aporte de maior valor é feito para o presidente. Para os diretores os valores são menores, sendo que alguns diretores possuem valores iguais entre si e outros possuem valores diferentes (menores). Quanto aos aportes feitos para os segurados empregados, os valores são extremamente inferiores. A uma, porque basta que a empresa empregadora ponha o plano à disposição, mas não se exige a adesão maciça dos trabalhadores, ainda, que um único trabalhador faça sua adesão isso não descaracteriza o plano. A duas, porque a existência de aportes distintos para trabalhadores com salário distintos não viola o espírito do benefício, um vez que quem ganha mais terá motivos para pagar mais, pois poderá pretender mais se aproximar de seu salário real quando se aposentar. Alias, é isso que ocorre no RGPS, quem mais ganha, mais paga para aproximarse do teto. Assim, entendo que os levantamentos PV2 – PREV PRIV SEGURADOS EMPREGADOS e PW2 – PREV PRIV CONTRIB INDIVIDUAIS, devem ser excluídos dos lançamento que compõe o presente PAF. Dessa forma, não restam dúvidas da insubsistência do lançamento. III – Isso posto, voto por conhecer o recurso voluntário, para, no mérito, para DARLHE provimento, no sentido de reformar o julgamento a quo e cancelar o respectivo lançamento. É como voto. (Assinado Digitalmente) Gustavo Vettorato Relator Fl. 478DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 478 11 Declaração de Voto Conselheiro Oseas Coimbra Sr. Presidente, A lei 8212/91 determina: § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) ... p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (Incluída pela Lei nº 9.528, de 10.12.97) A disponibilidade a totalidade dos empregados e dirigentes é condição para que o valor das contribuições não sejam consideradas como salário de contribuição. Há direta ofensa a norma isentiva, pois o plano se resume a Diretores Estatutários, Diretores Técnicos e os investidos em cargo de Assessor da Diretoria, da Instituidora, participantes dos Planos I e II mantidos pela mesma, não sendo assim extensível a todos os trabalhadores. O objetivo do programa de previdência complementar é assegurar a continuidade de receita quando da aposentadoria do segurado, formando reserva financeira para manter ou aumentar seu padrão de consumo. Os empregados de maior salário por certo demandam maior contra partida por parte da empresa, em razão da necessidade de formação de maior poupança. Apesar desse maior aporte, o objetivo é o mesmo para todos os cargos – manter o nível salarial quando da aposentadoria. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 479 12 Assim sendo, um alto executivo demanda, em termos proporcionais, a mesma razão de incremento que os menos qualificados, sob pena de desvirtuar o benefício. No caso concreto entendo que há clara remuneração disfarçada de pagamento a previdência complementar. Senão vejamos a percuciente análise da r. decisão, que incorporo a meu voto. Da mesma forma, embora o artigo 27 da Lei Complementar nº 109/2001 assegure aos participantes de plano de benefício de entidade aberta o direito de resgate de recursos das reservas técnicas, provisões e fundos (total ou parcialmente), entendo que, para fins tributários, o resgate sistemático dos valores depositados para formação da reserva caracterizam a natureza remuneratória dos pagamentos efetuados. ... Porém, para a Lei nº 8.212/1991, que concedeu isenção aos pagamentos de planos de previdência complementar efetuados pelo empregador, a inviabilização da formação das reservas caracteriza a natureza remuneratória dos pagamentos efetuados pelo empregador, em razão da constatação de que o objetivo visado pela concessão da isenção não será atingido. Se os pagamentos não se destinam a garantir a concessão de um benefício futuro, não se justifica que sejam os mesmos isentados da tributação. ... É um contrasenso, portanto, asseverar que os pagamentos questionados visavam propiciar ao Sr. Renato da Cruz Gomes uma complementação previdenciária, após a autoridade fiscal ter constatado, através do exame de DIRF da empresa Bradesco Vida e Previdência S.A., que o referido senhor efetuou, no ano de 2011, resgate no montante de R$ 9.768.008,37 de plano de previdência privada desta pessoa jurídica. Esse fato caracteriza que o plano não atende ao objetivo fixado no artigo 1º da Lei Complementar 109/2001 para o regime de previdência privada de caráter complementar: a constituição de reservas que garantam a constituição de benefício futuro. ... Somase às evidências já expostas, o fato do montante total das contribuições ao plano de previdência privada quase se igualar à remuneração registrada como recebida, no ano de 2009, pelo diretor Renato da Cruz Gomes. Contribuições tão elevadas não seriam necessárias para financiar um plano que visa apenas complementar o benefício decorrente da Previdência Social, já que este plano tem por objetivo manter, de forma aproximada, o nível da renda auferida pelo segurado antes da inatividade. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO Processo nº 19515.720670/201305 Acórdão n.º 2803003.710 S2TE03 Fl. 480 13 Verificase, portanto, que os pagamentos questionados não visaram a constituição de reservas garantidoras de benefícios, restando evidente a sua natureza remuneratória. Os efeitos práticos da formalização do plano de previdência privada foi apenas o de permitir à Autuada, ao invés de depositar os pagamentos diretamente na conta do diretor Renato da Cruz Gomes, efetuar o depósito dos valores na conta do plano de previdência privada. O referido diretor, porém, tem direito ao resgate sem carência, inviabilizando a formação das reservas e auferindo, na prática, uma complementação salarial. Não foi objetivo do legislador conceder isenção a pagamentos dessa natureza. Dessa feita, tenho como irreprochável a r. decisão, posto que configurada a verba remuneratória disfarçada de contribuição a plano de previdência privada. Conselheiro Oseas Coimbra Fl. 481DF CARF MF Impresso em 29/01/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assinado digitalmente em 29/01/2015 por HELTON CARLOS PRAIA DE LIMA, Assinado digitalmente em 15/01/2015 por OSEAS COIMBRA JUNIOR, Assi nado digitalmente em 27/01/2015 por GUSTAVO VETTORATO
score : 1.0