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Numero do processo: 19740.000672/2008-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
PROGRAMA DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS OU RESULTADOS PLR.
VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO.
O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR.
A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto.
AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS EMPREGADOS. REEMBOLSO DE DESPESAS COM FACULDADE. POSSIBILIDADE.
O art. 28, §9º, “t” da Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados para custeio de despesas com educação básica e superior, incluindo neste cursos de graduação ou de especialização.
MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA.
O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991.
Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN).
Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza.
Numero da decisão: 2301-002.860
Decisão: ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento do auxílio educação, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em anular o lançamento por vício formal; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a).
Nome do relator: LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES
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VALOR FIXO PAGO DESVINCULADO DO ATINGIMENTO DE METAS OU RESULTADOS. IRREGULARIDADE. INCLUSÃO NO SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. O Programa de Participação nos Lucros e Resultados PLR tem como finalidade integrar os empregados nos resultados positivos da empresa e incentivá los a buscar o melhor desempenho, sendo a previsão de metas ou alcance de lucro ou resultados, individuais ou coletivos, requisitos necessários à regularidade do PLR. A previsão de pagamento de um valor fixo desvinculado do atingimento de qualquer meta ou resultado configura se como remuneração para efeito de incidência da contribuição previdenciária, por não se coadunar com o propósito constitucional do instituto. AUXÍLIO EDUCAÇÃO AOS EMPREGADOS. REEMBOLSO DE DESPESAS COM FACULDADE. POSSIBILIDADE. O art. 28, §9º, “t” da Lei nº 8.212/1991 prevê a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados para custeio de despesas com educação básica e superior, incluindo neste cursos de graduação ou de especialização. MULTA MORATÓRIA. PENALIDADE MAIS BENÉFICA. O não pagamento de contribuição previdenciária constituía, antes do advento da Lei nº 11.941/2009, descumprimento de obrigação acessória punida com a multa de mora do art. 35 da Lei nº 8.212/1991. Revogado o referido dispositivo e introduzida nova disciplina pela Lei 11.941/2009, devem ser comparadas as penalidades anteriormente prevista Fl. 485DF CARF MF 2 com a da novel legislação (art. 35 da Lei nº 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei nº 9.430/1996), de modo que esta seja aplicada retroativamente, caso seja mais benéfica ao contribuinte (art. 106, II, “c” do CTN). Não há que se falar na aplicação do art. 35A da Lei nº 8.212/1991 combinado com o art. 44, I da Lei nº 9.430/1996, já que estes disciplinam a multa de ofício, penalidade inexistente na sistemática anterior à edição da MP 449/2008, somente sendo possível a comparação com multas de mesma natureza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, I) Por maioria de votos: a) em negar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso nesta questão; b) em dar provimento ao recurso, na questão da não integração ao Salário de Contribuição dos valores referentes ao pagamento do auxílio educação, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em anular o lançamento por vício formal; c) em dar provimento parcial ao Recurso, no mérito, para que seja aplicada a multa prevista no Art. 61, da Lei nº 9.430/1996, se mais benéfica à Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). Vencidos os Conselheiros Bernadete de Oliveira Barros e Marcelo Oliveira, que votaram em manter a multa aplicada; III) Por unanimidade de votos: a) em negar provimento ao Recurso nas demais alegações da Recorrente, nos termos do voto do(a) Relator(a). (Assinado digitalmente) LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS - Presidente da Terceira Câmara e da Segunda Seção de Julgamento na data da formalização. (Assinado digitalmente) JOÃO BELLINI JÚNIOR - Relator ad hoc na data da formalização. EDITADO EM: 20/12/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCELO OLIVEIRA (Presidente), WILSON ANTONIO DE SOUZA CORREA, BERNADETE DE OLIVEIRA BARROS, DAMIÃO CORDEIRO DE MORAES, MAURO JOSE SILVA, LEONARDO HENRIQUE PIRES LOPES (Relator). Fl. 486DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 485 3 Relatório Conselheiro João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato de o conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê-lo. Esclareço que aqui busco reproduzir o relato do Conselheiro, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Trata se de Auto de Infração lavrado em face da AZUL COMPANHIA DE SEGUROS GERAIS, por ter, esta empresa, deixado de recolher a contribuição previdenciária, incidente sobre os valores pagos a segurados a título de Participação nos Lucros e Resultados (empregados), Reembolso Faculdade (empregados), Previdência Privada (empregados e diretores) e Prêmios (empregados e diretores), conforme se infere do Relatório Fiscal. Apresentada impugnação, foi mantido o lançamento fiscal, pela decisão recorrida. Irresignada, interpôs o contribuinte Recurso Voluntário contra a decisão acima transcrita. Em seguida, apresentou petição, requerendo desistência parcial do recurso, mantendo-o apenas no tocante às verbas pagas a título de PLR e Reembolso Faculdade, de modo que suas razões recursais podem ser resumidas às seguintes: 1) A previsão de pagamento de uma parcela fixa não contraria a legislação sobre o PLR, não tendo sido apurado pela fiscalização se a empresa auferiu lucro ou não para tal pagamento; 2) O requisito legal de que o PLR tem que ser precedido por negociação coletiva de trabalho entre empresa e empregados teria sido satisfeita pela Convenção Coletiva de Trabalho; 3) O art. 7º, XI da Constituição Federal é auto aplicável; 4) Os valores recebidos a título de PLR o foram eventualmente, recaindo na hipótese do art. 28, §9º, alínea “e”, item 7 da Lei nº 8.212/1991; 5) O reembolso dos valores pagos aos empregados referentes aos cursos de graduação e MBA enquadra se na hipótese contida no art. 28, §9, “t” da Lei nº 8.212/1991, abrangendo, também, educação superior. Assim, vieram os autos a este Conselho de Contribuintes por meio de Recurso Voluntário. Fl. 487DF CARF MF 4 Sem Contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Para registro e esclarecimento, pelo fato de o conselheiro responsável pelo relatório ter deixado o CARF antes de sua formalização, fui designado AD HOC para fazê-lo. Esclareço que aqui busco reproduzir o relato do Conselheiro, com o qual não necessariamente concordo. Feito o registro. Do Mérito Sendo o Recurso tempestivo, passo ao seu exame. Do Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR Em seu Recurso a Recorrente pleiteia o reconhecimento da regularidade do seu Programa de Participação nos Lucros ou Resultados PLR, cujos pagamentos foram considerados como verbas remuneratórias tributáveis pela contribuição previdenciária. Narra o Relatório Fiscal que os pagamentos efetuados àquele título fundamentaram-se na Convenção Coletiva de Trabalho específica sobre Participação dos Empregados nos Lucros ou Resultados das Empresas de Seguros Privados e de Capitalização em 2003. Segundo previsto na Cláusula 2a da Convenção, no encerramento do exercício, em 31/12/2003, todos os empregados em efetivo exercício receberiam, uma única vez, no prazo de pagamento da remuneração de janeiro/2004, a importância fixa de R$ 950,00. Já a Cláusula 3a da referida Convenção previa que, apresentando a empresa lucro líquido ou resultados nos balanços de 31/12/2003 e tivessem disponibilidade financeira, efetuariam até 31/07/2004 o pagamento, de uma única vez, da importância equivalente a 40% do salário base previsto na Convenção Coletiva, acrescidos do valor fixo de R$ 286,00 aos empregados admitidos até 31/12/2002 e em efetivo exercício em 31/12/2003, limitada a soma a R$ 3.480,00. Afirma o AFRFB que não havia qualquer critério para pagamento do montante fixo de R$ 950,00, previstos na Cláusula 2a da Convenção Coletiva independentemente de qualquer lucro ou resultado. Fl. 488DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 486 5 Entendeu, portanto, que somente a segunda parcela paga até 31/07/2004 é que teria observado a Lei 10101/2000, o que não teria ocorrido com a primeira parcela de R$ 950,00, paga juntamente com a remuneração de janeiro/2004. Para se aferir a tributação das verbas pagas a título de Participação nos Lucros ou Resultados da Empresa, deve-se ter em mente o instituto previsto pela Constituição Federal, no seu art. 7°, XI, que previu como direito do trabalhador a "participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei". Sendo norma constitucional de eficácia limitada, foi necessária a edição da Lei n° 10.101/2000 para disciplinar o PLR. Ocorre que referida Lei não foi tão específica em prever todas as formalidades, critérios e condições para elaboração do Programa, devendo, por isso, tal liberdade concedida aos elaboradores ser interpretada amplamente, sem restringir-lhe a eficácia, desde que seja observada sua finalidade e as exigências legalmente postas, evitando- se, por outro lado, qualquer tentativa de sua utilização como meio de burla à tributação e de substituição da remuneração dos empregados. O que se observa é que a Lei previu apenas os seguintes requisitos: Negociação entre empresa e empregados, com representantes de ambas as categorias; Regras claras e objetivas; Mecanismos de verificação das informações relevantes para atingir as metas; Previsão da periodicidade da distribuição, do período de vigência e dos prazos. Assim, a partir do escopo constitucional e das normas legais atinentes ao tema, verifica-se se o PLR corresponde à parcela não fixa da remuneração do trabalhador que guarda uma relação direta com o desempenho da empresa. Não deve, portanto, ser confundida com aumentos reais de salários que são incorporados devidamente à remuneração, mesmo quando baseados na produtividade ou qualquer outro indicador de eficiência. Tão pouco se trata de um simples abono sem nenhuma ligação com o resultado do empreendimento. O PLR é, simultaneamente, uma parcela variável da remuneração do trabalhador e um prêmio pelos resultados econômicos financeiros ou físico operacionais alcançados. Tal programa permite que o empregado participe dos resultados da atividade, distribuindo-lhe valores a partir do atingimento de metas, estabelecidas por meio de critérios claros e objetivos, sem, contudo, empregar-lhe os riscos que lhe são inerentes, até porque estes devem permanecer com o empregador investidor. Trata-se, portanto, da interligação de vários indicadores que, a partir de uma análise conjunta, irão definir o valor final a ser pago àqueles que dele participam. Estes indicadores são, entre outros, o comportamento do lucro, a rentabilidade e a evolução do desempenho dos empregados. O PLR é, portanto, um tipo de remuneração flexível, pois é influenciado pelos resultados da produtividade, pela performance da empresa com relação a seu lucro. Fl. 489DF CARF MF 6 Por ser uma medida que preserva o interesse de todos os envolvidos na produção, a Lei exige a participação de representantes de todos os interessados na elaboração. Todos esses requisitos, na verdade, buscam garantir que o PLR tenha a participação das duas categorias (empregados e empregadores) tanto no momento de sua elaboração quanto de sua execução, podendo ser acompanhado por todos os envolvidos quanto ao cumprimento e ao alcance de metas. No caso dos autos, os valores autuados referem-se à parcela fixa, prevista no valor de R$ 950,00 paga a todos os empregados da empresa, tendo como único critério estar o empregado em efetivo exercício em 31/12/2003. Ora, esse valor fixo foi previsto independentemente do alcance de qualquer meta individual ou coletiva. Ainda que seja possível a previsão de pagamento de PLR sem que haja lucro, com vinculação apenas em resultados determinados, deveriam estes ter sido dispostos no PLR como critério para pagamento do valor fixo de R$ 950,00, o que não ocorreu no caso. Não existe vinculação com qualquer meta, lucro ou resultado, o que impede o reconhecimento de que aquela verba teria feição de participação nos lucros e resultados da empresa. Já expressei, por vezes, entendimento de que seria possível a fixação de pagamento mínimo em caso de atingimento de meta pessoal, ainda que a geral da empresa não fosse alcançada, pois isto serviria como incentivo ao empregado a buscar os melhores resultados para a empresa, sem desconsiderar os esforços empreendidos. Contudo, no caso em comento, não existe qualquer meta objetiva ou incentivo aos empregados, já que estes receberiam independentemente de qualquer esforço adicional. Não cabe, portanto, a alegação da Recorrente de que a fiscalização deveria verificar se efetivamente não ocorreu lucro na empresa, pois a fiscalização não afirmou que a verba não poderia ser enquadrada como PLR porque não teria se verificado o resultado positivo, mas sim porque o pagamento se daria independentemente de qualquer resultado. O erro ocorreu na própria norma que o fundamentou (Cláusula 2a da Convenção), e não no momento da aferição dos critérios para pagamento, o que torna irrelevante a verificação dos fatos que o circundam. Do Reembolso-faculdade Ao contrário do que afirmado pela fiscalização, a exclusão do salário de contribuição dos valores pagos aos empregados a título de auxílio educação compõe toda a educação, inclusive superior, pois se refere a curso de capacitação e qualificação profissional, previsto no art. 28, §9°, "t" da Lei n° 8.212/1991, na redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores em comento: § 9° Não integram o salário-de-contribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...). t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art 21 da Lei 9394, de 20 de dezembro de 1996 e a cursos de qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja Fl. 490DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 487 7 utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo. Além de estar previsto em norma expressa do texto legal, o intuito do legislador, de incentivar o custeio e investimento na capacitação da mão-de-obra, é também alcançado através do pagamento de cursos de especialização ou de graduação em nível superior. É bem verdade que a legislação exige que o benefício seja extensivo a todos os empregados da empresa. Contudo, não se tem notícia nos autos, até porque não apontado pela fiscalização, de que apenas parcela dos empregados e diretores tenha acesso. Deste modo, sendo omisso o relatório fiscal sobre este ponto, presume-se que o contribuinte teria cumprido dita exigência, pois do contrário deveria ter havido a indicação expressa pelo AFRFB. Assim, neste ponto, deve ser reformada a decisão recorrida. Da multa aplicada A autuação em comento refere-se ao descumprimento pelo contribuinte da sua obrigação tributária principal, consistente no dever de recolher a contribuição previdenciária dentro do prazo previsto em lei. Além do pagamento do tributo não recolhido, a legislação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores previa a imposição ao contribuinte da penalidade correspondente ao atraso no pagamento, conforme art. 35 da Lei nº 8.212/1991, que escalonava a multa (I) de 4% a 20%, quando o valor devido não tivesse sido incluído em notificação fiscal de lançamento, (II) de 12% a 50% para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal, e (III) de 30% a 100% nos casos em que o débito já tivesse sido inscrito em dívida ativa. Como se depreende do caput do art. 35 referido (sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos...) a penalidade decorria do atraso no pagamento, independentemente de o lançamento ter sido efetuado de ofício ou não. Em outras palavras, não existia na legislação anterior a multa de ofício, aplicada em decorrência do lançamento de ofício pela auditoria fiscal, mas apenas a multa de mora, oriunda do atraso no recolhimento da contribuição. A punição do art. 35 da referida lei dirigia-se à demora no pagamento, sendo mais agravada/escalonada de acordo com o momento em que fosse recolhida. Ocorre que, com o advento da MP n° 449/2008, posteriormente convertida na Lei n° 11.941/2009, o art. 35 da Lei n° 8.212/1991 foi revogado, tendo sido incluída nova redação àquele art. 35. A análise dessa nova disciplina sobre a matéria, introduzida em dezembro/2008, adquire importância em face da retroatividade benigna da legislação posterior que culmine penalidade mais benéfica ao contribuinte, nos termos do art. 106, II do CTN, in verbis: Fl. 491DF CARF MF 8 Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratando-se de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Cabe, portanto, analisar as disposições introduzidas com a referida MP n° 449/2008 e mantidas com a sua conversão na Lei n° 11.941/2009: Art. 35 da Lei nº 8.212/1991 Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 61 da Lei nº 9.430/1996 Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. À primeira vista, a indagação de qual seria a norma mais favorável ao contribuinte seria facilmente resolvida, com a aplicação retroativa da nova redação do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996, sendo esta última a utilizada nos casos em que a multa de mora excedesse o percentual de 20% previsto como limite máximo pela novel legislação. Contudo, o art. 35A, também introduzido pela mesma Lei n° 11.941/2009, passou a punir o contribuinte pelo lançamento de ofício, conduta esta não tipificada na legislação anterior, calculado da seguinte forma: Fl. 492DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 488 9 Art. 35-A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplica-se o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no ano-calendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. Pela nova sistemática aplicada às contribuições previdenciárias, o atraso no seu recolhimento será punido com multa de 0,33% por dia, limitado a 20% (art. 61 da Lei n° 9.430/1996). Sendo o caso de lançamento de ofício, a multa será de 75% (art. 44 da Lei n° 9.430/1996). Não existe qualquer dúvida quanto à aplicação da penalidade em relação aos fatos geradores ocorridos após o advento da MP n° 449/2008. Contudo, diante da inovação em se aplicar também a multa de ofício às contribuições previdenciárias, surge a dúvida de com que norma será cotejada a antiga redação do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 para se verificar a existência da penalidade mais benéfica nos moldes do art. 106, II, “c” do CTN. Isto porque, caso seja acolhido o entendimento de que a multa de mora aferida em ação fiscal está disciplinada pelo novo art. 35 da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 61 da Lei 9.430/1996, terá que ser limitada ao percentual de 20%. Ocorre que alguns doutrinadores defendem que a multa de mora teria sido substituída pela multa de ofício, ou ainda que esta seria sim prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/1991, na sua redação anterior, na medida em que os incisos II e III previam a aplicação da penalidade nos casos em que o débito tivesse sido lançado ou em fase de dívida ativa, ou seja, quando tivesse decorrido de lançamento de ofício. Contudo, nenhum destes dois entendimentos pode prevalecer. Consoante já afirmado acima, a multa prevista na redação anterior do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 destinava-se a punir a demora no pagamento do tributo, e não o pagamento em razão de ação fiscal. O escalonamento existente era feito de acordo com a fase do pagamento, isto é, quanto mais distante do vencimento do pagamento, maior o valor a ser pago, não sendo punido, portanto, a não espontaneidade do lançamento. Fl. 493DF CARF MF 10 Também não seria possível se falar em substituição de multa de mora por multa de ofício, pois as condutas tipificadas e punidas são diversas. Enquanto a primeira relaciona-se com o atraso no pagamento, independentemente se este decorreu ou não de autuação do Fisco, a outra vincula-se à ação fiscal. Por outro lado, não me parece correta a comparação da nova multa calculada conforme o art. 35A da Lei n° 8.212/1991 c/c o art. 44, I da Lei n° 9.430/1996 (multa de ofício prevista em 75% do valor da contribuição devida) com o somatório das multas previstas no art. 32, §4° e 5° e no revogado art. 35 ambos da Lei n° 8.212/1991. Em primeiro lugar, esse entendimento somente teria coerência, o que não significa legitimidade, caso se entendesse que a multa de ofício substituiu as penalidades tanto pelo descumprimento da obrigação principal quanto pelo da acessória, unificando-as. Nesses casos, concluindo-se pela aplicação da multa de ofício, por ser supostamente a mais benéfica, os autos de infração lavrados pela omissão de fatos geradores em GFIP teriam que ser anulados, já que a penalidade do art. 44, I da Lei n° 9.430/1996 (multa de ofício) estaria substituindo aquelas aplicadas em razão do descumprimento da obrigação acessória, o que não vem sendo determinado pelo Fisco. Em segundo lugar, não se podem comparar multas de naturezas distintas e aplicadas em razão de condutas diversas. Conforme determinação do próprio art. 106, II do CTN, a nova norma somente retroage quando deixar de definir o ato como infração ou quando cominar-lhe penalidade menos severa. Tanto em um quanto no outro caso verifica-se a edição de duas normas em momentos temporais distintos prescrevendo a mesma conduta, porém com sanções diversas. Assim, somente caberia a aplicação do art. 44, I da Lei n° 8.212/1996 se a legislação anterior também previsse a multa de ofício, o que não ocorria até a edição da MP n° 449/2008. A anterior multa de mora somente pode ser comparada com penalidades que tenha a mesma ratio, qual seja, o atraso no pagamento das contribuições. Revogado o art. 35 da Lei n° 8.212/1991, cabe então a comparação da penalidade aplicada anteriormente com aquela da nova redação do mesmo art. 35, já transcrita acima, que remete ao art. 61 da Lei n° 9.430/1996. Não só a natureza das penalidades leva a esta conclusão, como também a própria alteração sofrida pelo dispositivo. No lugar da redação anterior do art. 35, que dispunha sobre a multa de mora, foi introduzida nova redação que também disciplina a multa de mora, agora remetendo ao art. 61 da Lei n° 9.430/1996. Estes dois dispositivos é que devem ser comparados. Diante de todo o exposto, não é correto comparar a multa de mora com a multa de ofício. Esta terá aplicação apenas aos fatos geradores ocorridos após o seu advento. Para fins de verificação de qual será a multa aplicada no caso em comento, deverão ser cotejadas as penalidades previstas na redação anterior do art. 35 da Lei n° 8.212/1991 com a instituída pela sua nova redação (art. 35 da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996) aplicando-lhe a que for mais benéfica. Fl. 494DF CARF MF Processo nº 19740.000672/2008-45 Acórdão n.º 2301-002.860 S2-C3T1 Fl. 489 11 Conclusão Ante o exposto, conheço do Recurso Voluntário para DAR-LHE PARCIAL PROVIMENTO, apenas para que sejam excluídas do lançamento as parcelas referentes aos valores pagos aos empregados a título de reembolso faculdade, bem como para que seja aplicada a penalidade prevista no art. 35 da Lei n° 8.212/1991, com a redação dada pela Lei n° 11.941/2009, c/c o art. 61 da Lei n° 9.430/1996, caso seja mais benéfica para o contribuinte. É como voto. Foi assim que o Conselheiro votou na sessão de julgamento, conforme registro. (Assinado digitalmente) João Bellini Júnior - Relator ad hoc na data da formalização. Fl. 495DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13005.000147/2010-81
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 13 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Jan 26 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.087
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Gerson Macedo Guerra Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: GERSON MACEDO GUERRA
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 00 01 47 /2 01 0- 81 Fl. 157DF CARF MF 2 Gerson Macedo Guerra – Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório Tratase o presente de lançamento de multa por apresentação de GFIP's, com dados não correspondentes a todas as contribuições previdenciárias, pois o contribuinte declarou como se entidade filantrópica isenta fosse e com isto deixou de calcular as contribuições patronais devidas sobre as remunerações de empregados e contribuintes individuais de janeiro de 2006 a dezembro de 2007. Na aplicação da multa já foi considerada a retroatividade do artigo 106, II, "c", do CTN, conforme se pode verificar da seguinte passagem do Relatório Fiscal (fl. 11): "Como resultado do procedimento fiscal, além do lançamento do crédito de contribuições incidentes sobre os salários dos empregados e contribuintes individuais (Obrigação Principal), a cargo da empresa, temse a constituição da multa conforme demonstrado em anexo com as contribuições devidas e não informadas em GFIPGuia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social, nos termos do art.32,IV e § 3 o, da Lei n° 8.212/1991, acrescentados pela Lei n° 9.528/1997, combinado com o artigo 225, IV, § 4 o , e multa fixada no artigo 283, I, combinado com o artigo 284 e artigo 373, do Decreto n° 3048/99 (Regulamento da Previdência Social). (...) Em Demonstrativo anexo consta o comparativo de cálculo das multas aplicáveis de todo período. Sempre aplicando o principio da retroatividade tributária mais benéfica ao contribuinte.Sendo assim, no presente Auto de Infração, está sendo cobrada somente a multa por descumprimento de obrigação acessória dos meses em que foi cobrada a multa moratória de 24%(vinte e quatro por cento).As duas somadas restaram mais benéficas em relação a multa de oficio de 75%(setenta e cinco por cento) previsto na Lei n° 9.430/96." No regular curso do processo administrativo a 2ª Turma Ordinária, da 3ª Câmara, da 2ª Seção deste Tribunal, deu parcial provimento ao Recurso Voluntário, determinando que a Receita Federal não tem que somar multa por descumprimento de obrigação com multa por descumprimento de acessória. Para a Turma a análise tem que ser isolada, nos seguintes termos: Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador: 11/02/2010 Ementa: RETROATIVIDADE BENIGNA. GFIP. MEDIDA PROVISÓRIA N º 449. REDUÇÃO DA MULTA. Fl. 158DF CARF MF Processo nº 13005.000147/201081 Acórdão n.º 9202005.087 CSRFT2 Fl. 158 3 As multas relativas à Gfip foram alteradas pela Medida Provisória n º 449 de 2008, esta mais benéfica para o infrator com a inclusão do art. 32A à Lei n º 8.212. Conforme previsto no art. 106, inciso II do CTN, a lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da Segunda Turma da Terceira Câmara da Segunda Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, por unanimidade em conceder provimento parcial ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. A multa deve ser calculada considerando as disposições da Medida Provisória n º 449 de 2008, mais precisamente o art. 32A, inciso II, que na conversão pela Lei n º 11.941 foi renumerado para o art. 32A, inciso I da Lei n º 8.212 de 1991. Nesse contexto, foi tempestivamente apresentado Recurso Especial pela Fazenda Nacional. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarrazões, pugnando pelo não provimento do Recurso Especial da Fazenda Nacional. É o relatório. Voto Conselheiro Gerson Macedo Guerra Relator O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Fl. 159DF CARF MF 4 A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 13005.000147/201081 Acórdão n.º 9202005.087 CSRFT2 Fl. 159 5 A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou Fl. 161DF CARF MF 6 omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 162DF CARF MF Processo nº 13005.000147/201081 Acórdão n.º 9202005.087 CSRFT2 Fl. 160 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação Fl. 163DF CARF MF 8 acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: Fl. 164DF CARF MF Processo nº 13005.000147/201081 Acórdão n.º 9202005.087 CSRFT2 Fl. 161 9 I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Fl. 165DF CARF MF 10 Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Gerson Macedo Guerra Fl. 166DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720386/2012-40
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Jan 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2007, 2008, 2009
ÁGIO. FUNDAMENTO LEGAL. REQUISITOS. AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. AMORTIZAÇÃO.
O ágio fiscal encontra suas premissas legais nos dispositivos do art. 20 do Decreto-Lei n. 1.598/1977, arts. 7o e 8o da Lei n. 9.532/1997 e arts. 385 e 386 do RIR/1999. Nestes termos, resumidamente, em-se que os requisitos - legais - para a amortização do ágio podem ser assim delineados: (i) uma regra que determina que o registro e mensuração do ágio, deve ocorrer quando houver aquisição de participação societária em coligada ou controlada (via cisão, fusão ou incorporação), donde seu custo de aquisição deverá ser desdobrado em valor do patrimônio líquido e ágio, sendo este (ágio) relacionado à rentabilidade futura (neste caso, oriundo de projeções do fluxo de caixa), e, por fim, (ii) a regra de amortização do ágio que, observando o disposto na norma de registro e mensuração, permitirá a amortização do ágio nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados após a incorporação (reversa), cisão ou fusão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Estes os requisitos prescritos na legislação de regência do ágio fiscal.
ÁGIO (INTERNO). PARTES RELACIONADAS (OU NÃO). INCORPORAÇÃO REVERSA. POSSIBILIDADE.
No caso em tela não há que se falar em ágio interno, ou seja, o ágio oriundo de operações societárias ocorrida entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Porém, ainda que de partes relacionadas se tratasse, a circunstância de a operação haver sido praticada por empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico, em nada descaracteriza o direito da contribuinte em amortizar o ágio fiscal. A distinção entre ágio oriundo de operação entre empresas relacionadas, ou não, é irrelevante para fins de aplicação da legislação fiscal.
Ocorrendo a incorporação reversa, o ágio fiscal poderá ser amortizado, nos moldes do disposto nos artigos citados anteriormente.
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. PROPÓSITO NEGOCIAL. EMPRESA VEÍCULO.
Os dispositivos legais concernentes ao registro e amortização do ágio fiscal não vedam que as operações societárias sejam realizadas, única e exclusivamente, com fins ao aproveitamento do ágio. Bem como, nota-se que tal regra não esta presente em nenhum outro dispositivo legal de nosso sistema jurídico, seja nacional ou federal. Neste tom, registra-se, nenhuma norma pátria veda que a realização de negócios tenha por finalidade a redução da carga tributária - de forma lícita. É o que se observa no §3o, art. 2 o da Lei das SA, o qual dispõe que a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades (empresa veículo), também, como forma de beneficiar-se de incentivos fiscais.
Some-se a tal assertiva o fato de que a contribuinte possuía motivação negocial, clara, posto que encontrava-se impedida, por regras da ANEEL, de realizar a incorporação diretamente. Motivo pelo qual se valeu de uma empresa veículo.
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. DIRETORES DA COMPANHIA. ATOS PRATICADOS COM INFRAÇÃO À LEI. ART. 135, III, DO CTN.
Ainda que não houve sido afastada a glosa de amortização do ágio fiscal, insubsistente seria a manutenção dos diretores da companhia no polo passivo da lide, uma vez que a fiscalização não comprovou a pratica de qualquer ato doloso por parte das pessoas físicas.
Numero da decisão: 1302-001.978
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Talita Pimenta Félix - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: TALITA PIMENTA FELIX
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 20; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2368; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T2 Fl. 1.378 1 1.377 S1C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720386/201240 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1302001.978 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de setembro de 2016 Matéria Ágio IRPJ e CSLL Recorrente COMPANHIA LUZ E FORÇA SANTA CRUZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2007, 2008, 2009 ÁGIO. FUNDAMENTO LEGAL. REQUISITOS. AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. AMORTIZAÇÃO. O ágio fiscal encontra suas premissas legais nos dispositivos do art. 20 do DecretoLei n. 1.598/1977, arts. 7o e 8o da Lei n. 9.532/1997 e arts. 385 e 386 do RIR/1999. Nestes termos, resumidamente, emse que os requisitos legais para a amortização do ágio podem ser assim delineados: (i) uma regra que determina que o registro e mensuração do ágio, deve ocorrer quando houver aquisição de participação societária em coligada ou controlada (via cisão, fusão ou incorporação), donde seu custo de aquisição deverá ser desdobrado em valor do patrimônio líquido e ágio, sendo este (ágio) relacionado à rentabilidade futura (neste caso, oriundo de projeções do fluxo de caixa), e, por fim, (ii) a regra de amortização do ágio que, observando o disposto na norma de registro e mensuração, permitirá a amortização do ágio nos balanços correspondentes à apuração do lucro real, levantados após a incorporação (reversa), cisão ou fusão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração. Estes os requisitos prescritos na legislação de regência do ágio fiscal. ÁGIO (INTERNO). PARTES RELACIONADAS (OU NÃO). INCORPORAÇÃO REVERSA. POSSIBILIDADE. No caso em tela não há que se falar em ágio interno, ou seja, o ágio oriundo de operações societárias ocorrida entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico. Porém, ainda que de partes relacionadas se tratasse, a circunstância de a operação haver sido praticada por empresas pertencentes a um mesmo grupo econômico, em nada descaracteriza o direito da contribuinte em amortizar o ágio fiscal. A distinção entre ágio oriundo de operação entre empresas relacionadas, ou não, é irrelevante para fins de aplicação da legislação fiscal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 03 86 /2 01 2- 40 Fl. 1379DF CARF MF 2 Ocorrendo a incorporação reversa, o ágio fiscal poderá ser amortizado, nos moldes do disposto nos artigos citados anteriormente. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. PROPÓSITO NEGOCIAL. EMPRESA VEÍCULO. Os dispositivos legais concernentes ao registro e amortização do ágio fiscal não vedam que as operações societárias sejam realizadas, única e exclusivamente, com fins ao aproveitamento do ágio. Bem como, notase que tal regra não esta presente em nenhum outro dispositivo legal de nosso sistema jurídico, seja nacional ou federal. Neste tom, registrase, nenhuma norma pátria veda que a realização de negócios tenha por finalidade a redução da carga tributária de forma lícita. É o que se observa no §3o, art. 2 o da Lei das SA, o qual dispõe que a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades (empresa veículo), também, como forma de beneficiar se de incentivos fiscais. Somese a tal assertiva o fato de que a contribuinte possuía motivação negocial, clara, posto que encontravase impedida, por regras da ANEEL, de realizar a incorporação diretamente. Motivo pelo qual se valeu de uma empresa veículo. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. DIRETORES DA COMPANHIA. ATOS PRATICADOS COM INFRAÇÃO À LEI. ART. 135, III, DO CTN. Ainda que não houve sido afastada a glosa de amortização do ágio fiscal, insubsistente seria a manutenção dos diretores da companhia no polo passivo da lide, uma vez que a fiscalização não comprovou a pratica de qualquer ato doloso por parte das pessoas físicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Alberto Pinto Souza Junior, Ana de Barros Fernandes Wipprich e Luiz Tadeu Matosinho Machado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Talita Pimenta Félix Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Alberto Pinto Souza Júnior, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Marcelo Calheiros Soriano, Rogério Aparecido Gil, Ana de Barros Fernandes Wipprich, Talita Pimenta Félix e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Fl. 1380DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.379 3 Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo, COMPANHIA LUZ E FORÇA SANTA CRUZ e pelos responsáveis tributários, WILSON PINTO FERREIRA JÚNIOR e JOSÉ ANTÔNIO DE ALMEIDA FILIPPO, em 10/02/2014 (fls. 1280/1335), em face do Acórdão n. 1651.520 proferido pela 7a Turma da DRJ/SP1 (fls. 1219/1268), que retrata infração relativa à ausência de pagamento de IRPJ e CSLL, em razão da redução indevida do Lucro Real, motivada pela dedução de ágio resultante de aquisição societária e posterior incorporação, cujo crédito total corresponde ao montante de R$ 35.390.713,45, relativo aos anos calendários de 2007 a 2009, com aplicaçãoo de multa de ofício qualificada. 1. Da Descrição FáticoJurídica: sob a perspectiva da fiscalização A DRF em São Paulo relata que a Nova 4 Participações Ltda (N4P), em 02/10/2006, ao comprar ações da Cia Brasileira de Alumínio (CBA), adquiriu o controle acionário da Cia Luz e Força Santa Cruz (Recorrente), uma vez que aquela detinha 99,9923% do capital social desta, registrando ágio resultante da aquisição deste investimento no montante de R$ 111.366.701,35. Aproximadamente um ano após tal operação, em 17/11/2007, a Nova 4 Participações Ltda foi incorporada pela Cia Luz e Força Sta. Cruz (Sta. Cruz), passando a deduzir o ágio constituído naquela operação. Antes dessas operações, a única quota da N4P (em nome de Wilson Pinto Ferreira Júnior) foi transferida para a CPFL Energia S.A. (CPFL), empresa que passou a ser titular da totalidade das quotas do capital social da N4P. Assim, com a incorporação desta, a Recorrente passou a ser controlada diretamente pela CPFL. Tais fatos demonstram o controle exercido, pela CPFL, nas duas empresas em foco (N4P e Sta. Cruz). A N4P (tendo seu contrato social alterado para holding de instituição não financeira, em 21/09/2006) comprou as ações da CBA com financiamento obtido junto ao Banco do Brasil, e segundo a fiscalização, tal fato somente foi possível com aval da CPFL Energia, pois a N4P não teria capacidade operacional e financeira para obtêlo. Intimada a fazer esclarecimentos e apresentar documentos, a Recorrente declara que o ágio (oriundo da operação de aquisição de ações da Cia Brasileira de Alumínio) fundamentase na expectativa de geração de resultado futuro, realizado com base nas projeções de fluxo de caixa da empresa. E ao elucidar o não registro do ágio nas DIPJ relata que, como não haveria reflexo contábil da amortização do ágio na empresa CPFL Santa Cruz, em razão de, inicialmente, a Nova 4 Participações Ltda ser controladora daquela (CPFL), não caberia tal informação. 2. Do Julgamento Realizado Pela 7a Turma da DRJ/SP1 Em julgamento realizado em 10/10/2013, a Turma, por unanimidade de votos, assim se pronunciou: ÁGIO NA AQUISIÇÃO DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. LUCRO REAL. REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA AUTORIZAR A DEDUTIBILIDADE FISCAL DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. De acordo com os termos da legislação de regência, a dedutibilidade da amortização de ágio decorrente da aquisição de investimentos permanentes demandam a plena Fl. 1381DF CARF MF 4 observância dos seguintes requsitos essenciais: (i) a realização das operações originais entre partes não relacionadas; (ii) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; (iii) a comprovação do fundamento econômico do pagamento do ágio, como sendo a rentabilidade futura do investimento. REORGANIZAÇÃO SOCIETÁRIA. ÁGIO INTERNO NA AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS. INCORPORAÇÃO REVERSA. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. INTERMEDIAÇÃO DO NEGÓCIO ATRAVÉS DE EMPRESA VEÍCULO NTEGRANTE DO MESMO GRUPO SOCIETÁRIO. A outorga da dedutibilidade da amortização do ágio demanda que a reorganização societária esteja regularmente amparada em atos societários que não se manifestem eivados de simulação decorrentes de vício social desenvolvido através medidas seqüências e coordenadas entre entidades participantes do mesmo grupo societário. Demonstrada a falta de lisura na execução da reorganização societária defronte a ausência de propósito negocial e da artificialidade das operações societárias promovidas intragrupo, torna imperativo a manutenção dos efeitos da glosa efetuada no procedimento de fiscalização em decorrência da caracterização de ágio interno proveniente da realização de incorporação reversa. MULTA QUALIFICADA. ADMISSIBILIDADE DE APLICAÇÃO. DEMONSTRAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE CONDUTAS DISSIMULATÓRIAS E FRAUDULENTAS PROMOVIDAS EM CONLUIO. DOLO. INEXISTÊNCIA DE DUBIEDADE NA APLICAÇÃO DA PENALIDADE. Caracterizada prática de condutas dolosas executadas em conluio entre as entidades participantes da transação societária, incluindose o próprio contribuinte, todas elas tendentes a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a cognição por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias essenciais e materiais, denotase cabível a aplicação da multa qualificada de 150%. Outrossim, descabe cogitar a existência de indícios de dúvida quanto a cominação da penalidade tributária quando demonstrado que a autoridade lançadora acautelou se quanto à descrição das condutas praticadas em conluio entre as com as demais entidades participantes do transação societária para efeito de determinação da qualificação da multa de ofício. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. ADMISSIBILIDADE DE ATRIBUIÇÃO DA SUJEIÇÃO PASSIVA AOS DIRETORES DA COMPANHIA. ATOS PRATICADOS COM INFRAÇÃO À LEI. De acordo com a legislação de regência, os diretores respondem solidariamente pelos créditos tributários autuados em face do sujeito passivo da obrigação tributária principal nas circunstâncias em que revelado o exercício de atos societários em nome da companhia com violação ao ordenamento jurídico, com a prática de atos simulados. Em razão desta decisão, a Recorrente e os coobrigado foram cientificados (fls. 1.27576), em 10/01/2014, e interpuseram Recurso Voluntário (fls. 1280/1335), em peça única,em 10/02/2014, cujas alegações pautaramse nos seguintes argumentos: a) Dedutibilidade do ágio: a.1) Partes relacionadas. A comprovação de relação entre as partes é quase impossível, pois no setor de energia elétrica é comum a existência de conglomerados, que nem sempre possuem interesses convergentes com suas controladas. Lado outro, o simples fato do ágio ser interno não valida a autuação fiscal, pois não existe legislação no Brasil que restrinja o aproveitamento do ágio interno. Alega que a DRJ concluiu precipitadamente que as partes da operação possuem relação, o que teria ensejado o nascimento de ágio interno. Bem como, que a CPFL Energia seria controlada em última instância pelo Grupo Votorantim, ao qual pertencia a CBA. Defende que os organogramas (elaborados pela DRJ/SP1) teriam sido organizados de forma a amparar a tese Fl. 1382DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.380 5 fiscal, excluindo várias acionárias das empresas lá indicadas, o que transparece relação mais direta entre as empresas do que, na verdade, o são. Aduz que, “seguindose o raciocínio no v. acórdão, todas as empresas que atuam no setor de energia elétrica no País seriam partes relacionadas!” (efl. 1289). Conforme o organograma apresentado (efl. 1290), há – pelo menos – 10 outras empresas entre CPFL Energia e a CBA. Em relação aos casos em que alguém também integra o conselho de outra empresa, revela que não se trata de conluio, pois há que se verificar se tal pessoa de fato compareceu a reuniões e participou das deliberações do Conselho. Outrossim, destaca que o conceito de “partes relacionadas” não vem da legislação, mas de norma da CVM, que já foi rejeitada pelo CARF (Acórdão n. 1302001.184). Deste modo, ainda que fosse possível comprovar a relação entre as parte da operação e o enquadramento do caso concreto neste conceito, isto, por si só, não validaria a autuação. Inclusive, este pensamento foi desenvolvido pelo acórdão recorrido e não pela fiscalização, extrapolandoo. Afirma que a circunstância do ágio surgir entre empresas de um mesmo conglomerado não embasa a autuação, visto que à época não havia qualquer restrição. Dado afeível pela jurisprudência do CARF (Acórdão n. 1101000.841), ou seja, não secrejeita o aproveitamento do ágio simplesmente por ele ser interno. a.2) Efetivo pagamento. Aponta que a fiscalização não foi direcionada para este ponto, mas sim para a amortização do ágio – ou seja, não investigou sobre o efetivo pagamento. Tal ponto apenas foi trazido pelo acórdão recorrido, que teria julgado de forma extrapetita. Afirma que “a autuação é muito explícita no sentido de que as razões que impediriam a regular amortização do ágio são (i) a suposta ausência de propósito negocial da operação e (ii) a indevida utilização da Nova 4 como empresa veículo” (efl. 1297). Com efeito, “a Fiscalização examinou detalhadamente a forma como foi quitado o valor pago pela Nova 4 à CBA quando da aquisição da Recorrente Santa Cruz com ágio. E constatou, a partir dessa análise, que o pagamento se deu (...)” (efl. 1297). Portanto, tal fato não teria sido apontado pela fiscalização. Não obstante, juntou extrato bancário que demonstra a transação realizada, quitando a obrigação, no valor de R$ 203.000.000,00. a.3) Utilização de empresaveículo. Aduz que a Nova 4 foi constituída 05 anos antes da operação aqui observada, ou seja, não foi criada com o propósito de viabilizar a operação. Lado outro, ainda que se tratasse de empresaveículo, trouxe acórdãos do CARF demonstrando a possibilidade de utilização deste tipo de empresa (Acórdãos n. 140200.802 e 1402001.409). Acerca da simulação, afirma que ainda que a CPFL Energia houvesse incorporado diretamente a Recorrente, ainda existiria o referido ágio. Todavia, em razão de vedações específicas do setor de energia elétrica, tal operação não poderia se concretizar. b) Ausência de previsão legal do “propósito negocial”. Lado outro, alega a existência deste, pois existia legítimo interesse para que a Recorrente integrasse o grupo da CPFL Fl. 1383DF CARF MF 6 Energia. Destarte, esta seria a finalidade da operação, não podendo a empresa deixar de aproveitar o benefício legal relativo ao ágio. Todavia, ela estava impedida – por regras do setor – de incorporar diretamente a Recorrente. Portanto, o ágio seria mera consequência deste objetivo e não o motivo determinante para a realização da operação. Veja: Repitase que o real propósito da operação era incorporar o Ativo da Recorrente Santa Cruz, e não apenas permitir um posterior aproveitamento do ágio decorrente desta aquisição, mediante a incorporação reversa. Entretanto, uma vez autorizado pela legislação o aproveitamento desse benefício fiscal, não havia motivo para que este não fosse utilizado. Vejase que a Lei n. 9.074/95, que estabelece as normas para outorga e permissões de serviços públicos e trata da desverticalização do setor elétrico brasileiro, em seu art. 4o parágrafo 5o, IV e V, expressamente proíbe que as concessionárias do serviço de distribuição de energia elétrica – tais como a Recorrente Santa Cruz – exerçam, cumulativamente a atividade objeto da concessão, a geração e transmissão de energia elétrica, assim como a participação direta ou indireta em outras sociedades ou o desempenho de atividades estranhas ao seu ramo de atuação, dentre outras vedações: (...) Ocorre que, como dito acima, a CPFL Energia é uma holding pura, dedicando se justamente à participação em outras sociedades, de forma direta ou indireta, que possuam o mesmo ramo de atuação, dentre elas sociedades que se destinam à distribuiçãoo, geração e transmissão de energia elétrica. Isso significa que, caso a Santa Cruz não incorporasse a sua controladora Nova 4, teria de ser pleiteada a transferência de outorga da concessão do serviço de distribuiçãoo de energia elétrica para a Nova 4 junto à ANEEL, e isso seria muito mais custoso do ponto de vista regulatório, do que o simples pedido de transferência de controle societário junto à ANEEL (o que foi feito e aprovado pela referida agência). Por outro lado, argumenta ter cumprido todos os requisitos legais para o aproveitamento do ágio. Inclusive, aponta que “o fundamento do ágio pago pela Nova 4 na aquisição da Recorrente Santa Cruz foi a expectativa de geração de resultado futuro, com base nas projeções de fluxo de caixa, demonstradas no anexo II do Protocolo de Justificação da Incorporação” (efl. 1312). Argumenta ainda sobre as vantagens econômicas auferidas pela CPFL Energia a partir da incorporação, que superaram o crédito tributário lavrado. c) Ilegitimidade passiva dos diretores. Alega que a fiscalização teria simplesmente incluído os solidários na autuação, sem comprovar sua conduta dolosa ou ilícita, com fundamento no art. 135, III do CTN. Outrossim, aduz que “uma vez que a CPFL Energia não foi a empresa autuada – e nem poderia ser – sequer faz sentido atribuirse responsabilidade aos referidos diretores pelas decisões tomadas em nome da CPFL Energia e de sua controladora Nova 4.” d) Descabimento da multa qualificada. O dolo não teria sido comprovado, ou seja, a aplicação da qualificadora se deu por presunção. É o relatório. Voto Fl. 1384DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.381 7 Conselheira Talita Pimenta Félix O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade estabelecidos pelo do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, comportando a suspensão da exigibilidade das importâncias autuadas, razão pela qual tomo conhecimento. Em julgamento realizado pela 7a Turma da DRJ/SP1, realizado em 10/10/2013, restou decidido que a Recorrente não cumpriu os requisitos essenciais à dedutibilidade do ágio, ou seja, (i) a operação societária foi realizada entre partes relacionadas, já que a Companhia Luz e Força Santa Cruz (SANTA CRUZ) e a Nova 4 Participações (N4P), pertenciam ao controle comum da CPFL, atuando a N4P como empresaveículo, configurando o chamado ágio interno; (ii) que não ocorreu o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio (iii) comprovação do fundamento econômico do pagamento do ágio, como sendo a rentabilidade futura; (iv) que não existiu propósito negocial; (v) foi mantida a multa qualificada, por ocorrência de condutas dissimulatórias e fraudulentas, promovidas com conluio e dolo, e por fim, (vi) foi mantida a responsabilidade solidária dos diretores da companhia, por pratica de atos praticados com infração à lei. Inferese dos fatos e direitos alegados que a lide, cujo tema central retrata a despesa de amortização fiscal de ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura, demanda o posicionamento desta Turma Cameral quanto às questões que seguem. Das normas que regulamentam a matéria A problemática envolvendo a amortização fiscal do ágio tem seu ponto de partida na amplitude dada pelo aplicador do direito ao interpretar o disposto nos arts. 7o e 8o da Lei n. 9.532/97 c/c o art. 20 do DecretoLei n. 1.598/77 e os arts. 385 e 391 do RIR/99. E neste caso, como a materialidade ocorreu em novembro de 2007, não há que se falar em aplicação da Lei n. 12.973/14, de modo distinto entendem os defensores da tese da lei interpretativa. Adotando as regrasmatrizes estabelecidas por ROBERTA BORDINI ao construir as duas normas jurídicas envolvidas nas despesas de amortização do ágio, cujas bases de raciocínio fundamse na estrutura hipotéticocondicional delineadas por PAULO DE BARROS CARVALHO, duas são as regras jurídicas envolvidas nesta operação: primeira, a norma jurídica de apuração do ágio, ou seja, as prescrições relacionadas ao seu registro e mensuração; a segunda, a norma de amortização do ágio. Notase que as regras devem obedecer respectiva ordem cronológica, deste modo, no início, constituise o ágio mediante operação de aquisição de ações com base no valor do patrimônio líquido acrescido de valor com fundamento em expectativa de rentabilidade futura. Em etapa subsequente, ocorre nova operação comercial, em que a pessoa jurídica absorve o patrimônio de outra, e passa a deduzir a despesa com o ágio. O intervalo de tempo em que essas operações ocorre costuma gerar controvérsia entre fisco e contribuinte. Ponto que não será aqui abordado, uma vez que não foi questionado pela fiscalização. Nesta tônica, a norma jurídica que rege a apuração (registro e mensuração) do ágio para fins fiscais prescreve em seu antecedente que, se (i) a pessoa jurídica adquirir participação societária em coligada ou controlada, e (ii) a obrigatoriedade da sociedade avaliar o investimento pelo valor do patrimônio líquido, no consequente, deve ser (iii) a obrigação do Fl. 1385DF CARF MF 8 adquirente desdobrar o custo de aquisição em valor do patrimônio líquido e do ágio, neste último caso, deverá mencionar o (iv) fundamento econômico que o motivou, devendo ser relacionado ao (iv.1) valor de mercado dos bens, (iv.2) rentabilidade futura e (iv.3) fundo de comércio, intangíveis e outras razões econômicas. Conforme se depreende do Termo de Verificação Fiscal, a subsunção do fato à norma de registro e mensuração do ágio foi realizada da seguinte maneira: · Em 02/10/2006 a N4P adquiriu o controle acionário (99,9923%) da SANTA CRUZ, mediante operação de compra e venda de ações realizada com a CBA. A aquisição ocorreu via empréstimo junto ao Banco do Brasil, mediante aval ofertado pela CPFL Energia. · A N4P desdobrou o custo da aquisição (R$203.000.000,00) em valor do patrimônio líquido e do ágio fundamentado em expectativa de geração de resultado futuro com base nas projeções de fluxo de caixa da empresa (Anexo II do Instrumento Particular de Protocolo e Justificação de Incorporação). Este, o ágio, no valor de R$ 111.793.621,55. Somente após a constituição desta norma individual e concreta de dever instrumental (regra de apuração do ágio), aferível nos registros contábeis da empresa incorporada, poderá a contribuinte cogitar em proceder à amortização do ágio. E para fazêlo, novamente deverá promover a subsunção do fato à norma (regra de amortização do ágio), que é retratada pela descrição no antecedente da circunstância em que, se (H) “uma pessoa jurídica absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio fundamentado no valor de rentabilidade da sociedade investida, com base em previsão dos resultados nos exercícios futuros da sociedade investida”; deve ser C – “a amortização do valor do ágio nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração”. A subsunção do fato à norma de amortização do ágio pode ser descrita da seguinte forma, seguindo a estrutura da regra matriz construída por ROBERTA BORDINI: · Em 17/11/2007, por meio da incorporação às avessas, a N4P foi incorporada pela SANTA CRUZ. · Momento a partir do qual lhe é permitido deduzir o ágio constituído na N4P. Importante relembrar que essa construção pautase nas normas que regem o tema aplicável a todas as materialidades ocorridas no período compreendido entre os anos de 1998 e 2013, portanto, relativas a fatos anteriores à edição da MP 627, posteriormente convertida na Lei 12.973/2013. Após breve menção legislativa, fazse uma síntese fáticojurídica de acordo com as informações colacionadas aos autos e mencionadas pela fiscalização e pela 7a Turma da DRJ/SP1, sendo possível concluir que: Fl. 1386DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.382 9 · Em 26/11/2002: ocorre a constituição da N4P (empresa veículo), 05 (cinco) anos antes da ocorrência da operação que gerou o ágio. A existência da empresa, neste momento, é reconhecida pelo acórdão da DRJ/SP1. · Em 21/09/2006: pouco antes da aquisição da participação societária na SANTA CRUZ, a N4P altera seu “objeto social da sede para holding de instituições nãofinanceiras”. · Em 02/10/2006: a N4P adquire 99,9923% das ações da SANTA CRUZ, mediante transação de compra e venda realizada com a Cia Brasileira de Alumínio (CBA), pelo valor de R$ 203.000.000,00. O custo de aquisição foi desdobrado em valor do Patrimônio Líquido e ágio, este, fundamentado em expectativa de geração de resultado futuro com base nas projeções de fluxo de caixa. · Por não demonstrar capacidade operacional e financeira para obter empréstimo, com fins à aquisição da participação societária, a N4P teve que se valer de aval da CPLF Energia para conseguir recursos junto ao Banco do Brasil, como garantia do pagamento do financiamento. Após tal fato, em maio de 2007, o débito foi assumido pela sua controladora CPFL ENERGIA, que em contrapartida realizou um AFAC (Adiantamento para Futuro Aumento de Capital) na N4P, “visando viabilizar o processo de incorporação” desta pela CPFL ENERGIA. · A CPFL ENERGIA exercia controle nas duas empresas envolvidas na transação, de acordo com o quadro societário informado nas DIPJ, bem como, pelo seu envolvimento no empréstimo e por assumir o financiamento em nome da N4P. · No anocalendário de 2006 o valor de seu Patrimônio Líquido era de R$ (1.522.608,94). No demonstrativo do Balanço Patrimonial, database de 31 de outubro de 2007, cujas contas de Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido totalizam R$ 208.142.623,00, os valores que se destacam são o investimento (R$ 108.409.547,00), o ágio apurado em aquisição societária (R$ 111.366.701,35) e o Capital Social no valor de R$ 205.643.981,00. Este valor corresponde à participação societária da CPFL ENERGIA (R$ 205.643.980) e de WILSON P FERREIRA JÚNIOR (R$ 1,00) na composição do Capital Social da N4P. Desta forma, conclui que a N4P somente existiu como empresa pela sua participação societária na SANTA CRUZ. · Quanto à atividade da holding N4P, aduz que esta não demonstrou ser empresa operacional. E respondendo a solicitação fiscal que requereu demonstração das despesas operacionais relacionadas à atividade de holding, a Recorrente apresenta provas de pagamentos de despesas relativas à registros na JUCESP no valor de R$ 4.742,54. · O TVF fundamenta as irregularidades na constituição e dedutibilidade do ágio nos arts. 385, 386 e 391 do RIR/99. Fl. 1387DF CARF MF 10 · Imputa à contribuinte e aos responsáveis a multa qualificada por sonegação, entendendo que os atos foram artificiais, apenas formalmente revelados em documentação ou na escrituração mercantil ou fiscal Os argumentos trazidos pela Recorrente serão mencionados no curso argumentativo deste voto. Ágio interno, pagamento e empresaveículo (holding) A premissa primeira que clama enfrentamento diz respeito à tomada de posição desta Turma sobre a sujeição passiva envolvida na formação do ágio, ou seja, há que se delimitar1 se o mesmo se originou de operação societária realizada entre partes relacionadas, ou não. Neste aspecto, vale mencionar que tanto a 7a Turma da DRJ/SP1, quanto a fiscalização, imprimem grande relevância a este fato, debruçandose longamente com a finalidade de demonstrar que tais operações ocorreram dentro do mesmo grupo econômico, configurando o denominado ágio interno. Tal fato pode ser observado mediante a leitura de trecho do acórdão recorrido: (…) REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA AUTORIZAR A DEDUTIBILIDADE FISCAL DA AMORTIZAÇÃO DO ÁGIO. De acordo com os termos da legislação de regência, a dedutibilidade da amortização de ágio decorrente da aquisição de investimentos permanents demandam a plena observância dos seguintes requisitos essenciais: (i) a realização das operações originais entre partes não relacionadas; (ii) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio; (iii) a comprovação do fundamento econômico do pagamento do ágio, como sendo a rentabilidade futura do investimento. (Sem grifo no original). Pois bem, conforme se infere do trecho transcrito acima, a 7a Turma da DRJ/SP1 aponta a obrigatoriedade de o ágio ter sido constituído por operação realizada entre partes não relacionadas, como sendo um requisito essencial instituído pela legislação de regência. Ocorre que em nenhum momento de seu voto notase qualquer menção legal às normas que regulamentam a dedutibilidade fiscal da amortização do ágio. Referida citação somente ocorre no TVF, donde registra os artigos 385, 386 e 391 do RIR/99. E neste aspecto questiono: a qual lei referese a ementa do acórdão recorrido? Dentre as três possíveis hipóteses, estaria a Turma Julgadora a fundamentar tal interpretação na Lei n. 12.973/2014, compreendendoa como lei meramente interpretativa, e neste sentido retroagindo com fins a ser aplicada ao caso concreto? Claro, já que somente assim poderia fazer retroagir sua vigência à situação fática descrita nestes autos. E se assim o for, os requisitos tidos por essenciais pela 7a Turma da DRJ/SP1 adequarseiam perfeitamente à esta lei. No entanto, há um importantíssimo obstáculo a ser superado: a possibilidade de se compreender tal dispositivo legal como meramente interpretativo. Ou, seria esse o ágio de natureza contábil, que possui objetiva restrição à dedutibilidade de sua amortização? Porque de ágio fiscal, fundado nos dispositivos prescritos nos arts. 7o e 8o da Lei n. 9.532/97 c/c o art. 20 do DecretoLei n. 1.598/77 e os arts. 385 e 391 do RIR/99, não se trata. Já que não foram esses os dispositivos legais citados e enfrentados pelas partes nestes autos, tanto fiscalização, quanto a 7a Turma da DRJ/SP1. Fl. 1388DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.383 11 A necessária e indispensável percepção quanto à distinção existente entre o ágio de natureza fiscal e contábil produz relevantes consequências na aplicação das regras que os regem o tema em debate: o ágio fiscal. Por sua relevância, registro o comentário realizado pelo Conselheiro Alberto Pinto Souza Júnior em voto proferido na sessão de 14/09/2016, ao se manifestar sobre o Caso Alvorada Cartões, em que cita Luiz Alberto Warat (in Derecho y su Lenguaje), ao ensinar que: “Sem a rigorosidade da linguagem não há ciência. Fazer ciência é traduzir numa linguagem rigorosa os dados do mundo”. Ou seja, retrata este autor a essência da teoria do construtivismo lógico semântico, capitaneada por Paulo de Barros Carvalho e difundida por Aurora Tomazini de Carvalho. Ainda, e por último, seria possível entender a expressão nos termos da legislação como uma construção fundada no comportamento da fiscalização, posteriormente, respaldado por este Conselho, conforme tem se observado, especialmente após a vigência da Lei n. 12.973/2014? Enfim, o raciocínio jurídico que não parece ser simples construir é dizer que o Decretolei n. 1.598/77 c/c com a Lei n. 9.532/97, permitam compreender como requisitos emanados por seus comandos que as operações societárias devam ser realizadas entre partes não relacionadas. E, ainda que o fosse, no caso em tela a relação não se deu entre partes relacionadas. A referência que ora se deseja fazer aponta para a parte do enunciado da ementa que diz que de acordo com os termos da legislação de regência, e conclui por dizer que a lei requer plena observância de requisitos essenciais. A pergunta que se faz é muito simples: a que lei se refere a DRJ/SP1? E neste caso, parece não haver tal resposta nos autos, seja no TVF, ou no acórdão recorrido. Pois bem, ante o exposto, deixo assente meu posicionamento quanto à percepção de que o ordenamento jurídico positivo inexigia (i) que o ágio fosse originado de operação societária realizada entre partes não relacionadas, bem como, que o (ii) efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio, fosse tido como requisito à validação, seja de sua constituição, seja de sua amortização fiscal. O que dirá aduzilos como requisitos essenciais. No entanto, ainda que esta Conselheira interprete o sistema jurídico deste modo, também não se nega que a jurisprudência que vem sendo construída por este Conselho Administrativo, especialmente após a conversão da MP 627 na Lei n. 12.973/2014, tem fundamentado suas manifestações em diversos elementos2 estranhos às normas que regulamentam o ágio fiscal. Para tanto, cito os seguintes argumentos abordados pelos julgadores: espécies de ágio (interno, intragrupo, ágio de si mesmo, ágio indireto), efetivo pagamento/fluxo financeiro, propósito negocial, empresaveículo, reais investidoras, alteração de controle das sociedades envolvidas, atuação de agentes independentes, ‘despesa’ submetida ao conceito do art. 299 do RIR/99, padrões normais de mercado (princípio do arm’s lenght) e ‘complemento’ das leis comerciais e fiscais. Por fundamentação das manifestações dos conselheiros do CARF refirome tanto às discussões que se convertem em normas individuais e concretas (cujo produto é a decisão proferida pelos colegiados: os acórdãos), quanto aos debates travados durante os julgamentos (processo/procedimento com fins à formação do produto), que não Fl. 1389DF CARF MF 12 necessariamente são reproduzidos nos votos. E muitas vezes tais discussões apontam os reais motivos que atuam na formação da convicção do ato de julgar. Retornando. O fato de reconhecer o peso que tais elementos tem adquirido, especialmente nos últimos tempos, para os julgamentos realizados nesta Corte, impõe que sejam enfrentados. Neste sentido, o ágio interno (aquele oriundo de operação societária realizada entre partes relacionadas) tem sido considerado, cumulado com a ausência de fluxo financeiro, utilização de empresaveículo e propósito negocial, como fatores determinantes à manutenção das autuações de glosa de ágio. Pois bem, nestes autos a fiscalização e a 7a Turma da DRJ/SP1 atribuem à contribuinte a realização de uma operação simulada com fins à formação de um ágio fictício, e para respaldar seu entendimento, parte do pressuposto da ideia de que o ágio se originou de uma operação realizada entre partes relacionadas. Nesta seara, salta aos olhos a importância do aplicador do direito não apenas para dizer ‘o direito’, mas também, e principalmente, para construir os fatos jurídicos relevantes à sua construção. E aqui, ao observar a quantidade de empresas envolvidas neste vínculo societário, seja mediante a representação por holdings e/ou consórcios empresariais, entendo que não há que se falar em controle acionário direto, ou mesmo relevante, da CPFL ENERGIA na N4P e na SANTA CRUZ no ano em que ocorreu a operação de formação do ágio (fls. 795 do TVF). Quanto à formação de convicção sobre a situação fática, há que se registrar que os organogramas apresentados pela fiscalização e pela 7a Turma da DRJ/SP1 representam de forma simplificada e muito resumida o grau de complexidade das empresas envolvidas nesta relação. Seguindo essa trilha (quanto à densidade das empresas envolvidas), ainda que admitindo que a “inferência acerca do vínculo subsistente entre as entidades que compõem os grupos societários não se determina de forma tão intuitiva”, a DRJ conclui tratarse de ‘ágio interno’. Divergindo da perspectiva desta perspectiva, entendo que razão possui a Recorrente ao alegar que “o raciocínio elaborado pela DRJ para concluir que as empresas envolvidas na operação são partes relacionadas fundamentase em laços muito tênues”. E tal fato pode ser notado quando se observa os organogramas colacionados pela fiscalização e pelo açordão recorrido, em oposição ao apresentado pela contribuinte. Para os primeiros, as relações entre as partes envolvidas seriam diretas e simples, já, para o segundo, as relações englobam um número expressivo de conglomerados econômicos. A ideia que se deseja com esta inferência aponta um terceiro termo à ideia do tudo ou o nada, em outro giro, cogitase a possibilidade de ser aduzida a existência de operação societária realizada por partes vinculadas, sem que esta premissa conduza (necessariamente) ao juízo de que todos os envolvidos tenham se unido para praticar determinada conduta. Neste momento, oportuna é a análise do chamado controle direto ou indireto exercido pelas controladoras sob suas controladas, ou seja, em relações envolvendo grandes grupos empresariais, nos quais há uma quantidade substancial de empresas envolvidas, é relevante que se determina a real relação de controle, para que se possa falar em ágio interno. Lembro que referido raciocínio somente foi realizado em respeito à diretriz que este Conselho vem perseguindo, porém, esta circunstância não confronta com meu posicionamento de que o Fl. 1390DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.384 13 ágio interno era aceito até a edição da Lei n. 12.973/2014. Claro, ressalvas devem ser feitas e ágios fictícios glosados, o que não se entende ser o caso destes autos. Quanto à intitulada empresaveículo, no mesmo tom do raciocínio adotado para afastar a exigência de que as operações de ágio sejam realizadas entre partes relacionadas, entendo inexistir qualquer vedação legal que instaurava tal impedimento. E não se diga, como pretende a fiscalização e a DRJ, que tal empresa não demonstrou ser operacional, uma vez que a natureza das empresas societárias denominadas holdings lhe permite tal comando. Ainda que, mais uma vez, discorde desta exigência que tem sido instituída pela jurisprudência, e não pela lei, tais comentários fazemse prudentes. Neste tom, a N4P, distintamente do afirmado pela DRJ, não foi criada para ser utilizada como empresa cuja finalidade era transportar o ágio oriundo da aquisição das ações da SANTA CRUZ, tendo em vista que esta foi criada em 02/10/2006, ou seja, 05 anos antes da operação que gerou o ágio por expectativa de resultado futuro. Há que se deixar muito claro que em nenhum momento a fiscalização, ou mesmo o acórdão recorrido, fizeram qualquer menção à veracidade do fundamento econômico do ágio ora debatido, bem como, da validade das provas que o embasaram. Forma de comprovação da aquisição: pagamento como gênero No que pertine ao pagamento do custo de aquisição, a discussão é saber se ocorreu o pagamento, ou não, bem como, em qual abrangência pode ser compreendido o signo linguístico “aquisição”. Em respeito às regras do direito (e do jogo)3, as premissas aqui adotadas como ponto de partida para a formação da construção de raciocínio jurídico, fundamentamse no direito positivo brasileiro. De tal modo que, se o antecedente da norma jurídica que regulamenta a apuração do ágio (registro e mensuração) prescrever que este somente será formado por pessoa jurídica que adquirir participação societária, sem fazer qualquer restrição à forma que esta ocorrer, não cabe ao interprete e aplicador fazêlo. Especialmente, se a atuação do interprete atuar de modo a limitar direitos, não respaldados pela legislação. Ressalvase, claro, os casos em que há comprovação de irregularidades nesta situação, repito, o que entendo inexistir neste caso. Neste aspecto, a 7a Turma da DRJ/SP1 pontua, de modo objetivo, que o efetivo pagamento do custo de aquisição do ágio é um requisito necessário para que a lei de regência autorize a dedutibilidade fiscal da amortização do ágio. Conforme assinalado em linhas pretéritas. Quanto ao pagamento, a Recorrente aduz haver ocorrido alteração de critério jurídico por entender que o acórdão recorrido inovou ao fundamentar parte de seu voto com fulcro neste elemento. Entretanto, entendo que razão não lhe assiste, uma vez que tais dados constavam no TVF, sendo, por este motivo, utilizados como fundamentação do acórdão, ora recorrido. Fl. 1391DF CARF MF 14 No caso em estudo, os fatos registram que a N4P efetuou empréstimo bancário junto ao Banco do Brasil, com aval da CPFL ENERGIA, para adquirir 99,99% das ações da SANTA CRUZ que estavam em poder da CBA. Nesta operação de aquisição societária foi gerado o ágio com fundamento em rentabilidade futura, aqui, tida como negociação original. Um ano após, aproximadamente, a CPFL ENERGIA assumiu a responsabilidade pela quitação do empréstimo bancário perante a instituição financeira. Ato contínuo, a CPFL ENERGIA realiza um AFAC na SANTA CRUZ, fato que ocorre após a operação de incorporação reversa. A partir de tais elementos fáticos, é formulada a acusação fiscal de que a Nova 4 não teria demonstrado ser empresa operacional, sendo a aquisição da participação societária na Cia Luz e Força Santa Cruz, com pagamento de expressivo ágio, o único evento de relevância durante o período que existiu como empresa. Ademais, a própria aquisição somente teria ocorrido mediante empréstimo tomado junto ao Banco do Brasil, com aval da CPFL Energia. Contesta também o exercício da atividade de holding pela Nova 4 Participações, objeto social incluído em 21/09/2006, pouco antes da aquisição das participações societárias. Nas palavras da fiscalização, a holding seria basicamente uma empresa criada para participar de outras empresas como sócia ou acionista, com o objetivo de administrálas. Assim, para que seja assim considerada, não bastaria a menção da atividade em seu contrato social, sendo necessário o exercício da atividade ali designada. Consoante tal narração fáticojurídica, que sintetiza a operação de aquisição das ações da SANTA CRUZ pela N4P, por intermédio da CBA, concluise que houve pagamento. Deste modo, entendo haver a Recorrente cumprido o requisito exigido pela lei que valida o registro e amortização do ágio fiscal. Do Propósito Negocial Quais são os critérios hábeis prescrever qual, ou quais, os propósitos negociais em uma compra e venda entre empresas relacionadas ao setor elétrico nacional? Pois bem, penso ser esse o ponto central ao se discutir o “propósito negocial” nestes autos. De tão relevante, tal setor é regulamentado por uma agência nacional que foi criada com o fim de “regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica, em conformidade com as políticas e diretrizes do governo federal”, art. 2 da Lei n. 9.427 de 1996. O argumento de que a CPFL ENERGIA poderia ter adquirido diretamente a SANTA CRUZ desrespeita o arcabouço normative pátrio. Registrase, as vedações da legislação regulatória do setor elétrico brasileiro não permitia a incorporação da daquela sobre esta. É valido mencionar, também, que o direito tributário é um direito de superposição, ou seja, a aplicação de suas normas deve respeitar os demais institutos. Retornando ao passado, à data de ocorrência do acontecimento fático descrito na AGE, squal comportamento a ser adotado seria o mais prudente: (i) entender correta a realização das duas operações societárias, de tal modo que ao fim a a incorporadora adquirisse o direito de amortizar o ágio gerado por expectativa de rentabilidade futura, nos exatos moldes das operações (não apenas incentivadas pelo Governo Federal), mas, por ele instituída, ou, (ii) Fl. 1392DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.385 15 que realizasse a aquisição direta e sem direito a tal amortização, de modo contrário ao comportamento tido por “comum” à época, o que poderia, inclusive, ocasionar um ato de má gestão administrativa? O olhar para essa situação não pode, muito menos, deve ser o olhar de hoje. Consoante todo o exposto, temse que naquele momento, econômico políticolegislativo, não havia qualquer impedimento à atuação societária estabelecida de modo a gerar o ágio pode ser reconhecida como o “propósito negocial” dessa operação. O que não significa, em nenhuma hipótese, que tais expressões, em termos genéricos, representem, em sua essência o que hoje é exigido pela fiscalização federal como exigibilidade de presença de critérios economicamente imprescindíveis a validar a formação de ágio. O olhar de hoje, para as operações societárias ocorridas após a edição da Lei 12.973/2014, permitem essa construção, o que não se passou em 2006, momento dessa ocorrência que ora se discute. Ao se falar em propósito negocial, ou mesmo, em sua ausência, me questiono quais critérios foram utilizados para se chegar a tal conclusão. São critérios estabelecidos pela lei? Caso contrário, é possível se reconhecer capacidade/habilidade técnica, seja da fiscalização, ou mesmo, dos conselheiros/julgadores para apreciar a existência ou não de propósito negocial? Ainda, tal tema é observado sob qual perspectiva: da entidade/empresa/mercado econômico ou do Fisco? A perspectiva de que apenas o usual, necessário e normal é o devido e legal, distorce as regras que regem as operações negociais. A incapacidade dos aplicadores do direito em reconhecer a complexidade e sofisticação do mundo dos negócios, não pode ser compreendida pelos mesmos (seja fiscalização e/ou julgadores administrativos e judiciais) como desnecessária, como exemplo, o fato de uma empresa possuir mais empréstimo do que capital, por esse motivo inclusive, foi criada a lei da subcapitalização, apontamentos estes feito por Roberto Quiroga Mosquera4. As operações societárias possuem um repertório fático denso e, possivelmente, ainda não compreendidos (quiçá, incompreensíveis) por muitos de nós, operadores do direito (tributário). Tal incompreensão pode ter o condão de desqualificar operações negociais? Penso que não. Há um certo egocentrismo do direito tributário em crer que o foco de (quase) todas as reorganizações societárias tenham como (único) fim a economia fiscal daí advinda, afinal de contas, elas podem darse por uma enormidade de fatores. Da multa qualificada e da responsabilidade solidária dos diretores da companhia, por pratica de atos praticados com infração à lei. Em razão de meu posicionamento pelo afastamento da glosa promovida pela autoridade fiscal, deixo de analisar a multa qualificada, bem como, a responsabilização imputada aos diretores da companhia. Por fim, vale menção ao trabalho realizado por Tathiane dos Santos Piscitelli em sua obra, "Argumentando pelas consequências no direito tributário ", em apertada síntese, esta obra se refere à argumentação jurídica construída do "fim para o início", ou seja, no caso dos autos, tal dado se traduz pelo alcance que obtiveram as operações que originaram ágios Fl. 1393DF CARF MF 16 fiscais. De tal modo, a fiscalização promoveu uma série de autuações milionárias, sem respaldo legal. Resta saber se este Conselho, e outras Cortes de Justiça, seguirão validando tal comportamento. CONCLUSÃO Em face o exposto, conheço o Recurso Voluntário e voto por dar provimento ao pleito da Recorrente. É como voto. Talita Pimenta Félix Relatora Fl. 1394DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.386 17 1 Sobre esta obrigatoriedade, mais será dito adiante. Fl. 1395DF CARF MF 18 2 Citados elementos foram colhidos de casos julgados entre abril e agosto de 2016, aproximadamente, 42 acórdãos. Fl. 1396DF CARF MF Processo nº 19515.720386/201240 Acórdão n.º 1302001.978 S1C3T2 Fl. 1.387 19 3 Vide Gregório Robles. Fl. 1397DF CARF MF 20 4 Abradt Congressos. Publicado na rede mundial de computadores em 20/07/2012, em youtube. Fl. 1398DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.007511/2007-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 29 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2005
PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR
Constatando-se a antecipação de pagamento parcial do tributo aplica-se, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador.
RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA.
O Relatório de Representantes Legais representa mera formalidade exigida pelas normas de fiscalização, em que é feita a discriminação das pessoas que representavam a empresa ou participavam do seu quadro societário no período do lançamento, não acarretando, na fase administrativa do procedimento, qualquer responsabilização das pessoas constantes daquela relação.
DISPONIBILIZAÇÃO DE PLANO EDUCACIONAL E ODONTOLÓGICO APENAS A EMPREGADOS COM DETERMINADO TEMPO DE VÍNCULO COM A EMPRESA. NÃO ATENDIMENTO A REGRA QUE ESTABELECE QUE A ISENÇÃO É CONDICIONADA AO FORNECIMENTO DO BENEFÍCIO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO.
O estabelecimento norma empresarial que permita a fruição de plano educacional e odontológico apenas por empregados com determinado tempo de permanência na empresa, pela legislação vigente à época dos fatos geradores, feria a regra de isenção que exige que o benefício seja estendido a todo o quadro funcional, acarretando na incidência de contribuição sobre a verba.
PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO EXTENSÃO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA.
Os valores vertidos pela empresa para custeio do plano de previdência fechada somente não sofrem a tributação previdenciária quando disponibilizados a todos os seus empregados e dirigentes.
PAGAMENTO DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS A SEGURADOS SEM VÍNCULO DE EMPREGO. FALTA DE PREVISÃO DA SUA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS.
Os valores pagos aos administradores (diretores não empregados) a título de participação nos lucros sujeitam-se a incidência de contribuições, por não haver norma que preveja a sua exclusão do salário-de-contribuição.
CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE.
Conforme decisão plenária do STF, adotada na sistemática do art. 543-B do CPC, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho.
Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 2402-005.463
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para negar-lhe provimento e, em relação ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em conhecê-lo em parte, para na parte conhecida afastar a preliminar relativa à exclusão das pessoas jurídicas arroladas como solidárias, por afastar o pedido de exclusão das pessoas listadas na relação de representantes legais, por reconhecer a decadência até a competência 11/2002 e, no mérito, dar-lhe provimento parcial para excluir o levantamento CTM, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho e Bianca Felícia Rothschild, que também excluíam o levantamento relativo ao PLR de dirigentes .
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo
Relator e Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Junior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci e Theodoro Vicente Agostinho.
Nome do relator: KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 18; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2260; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 753 1 752 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.007511/200717 Recurso nº De Ofício e Voluntário Acórdão nº 2402005.463 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de agosto de 2016 Matéria CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS Recorrentes RF REFLORESTADORA S/A FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1997 a 31/12/2005 PREVIDENCIÁRIO. PRAZO DECADENCIAL. PAGAMENTO ANTECIPADO. CONTAGEM A PARTIR DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR Constatandose a antecipação de pagamento parcial do tributo aplicase, para fins de contagem do prazo decadencial, o critério previsto no § 4.º do art. 150 do CTN, ou seja, cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. RELATÓRIO DE REPRESENTANTES LEGAIS. INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. O Relatório de Representantes Legais representa mera formalidade exigida pelas normas de fiscalização, em que é feita a discriminação das pessoas que representavam a empresa ou participavam do seu quadro societário no período do lançamento, não acarretando, na fase administrativa do procedimento, qualquer responsabilização das pessoas constantes daquela relação. DISPONIBILIZAÇÃO DE PLANO EDUCACIONAL E ODONTOLÓGICO APENAS A EMPREGADOS COM DETERMINADO TEMPO DE VÍNCULO COM A EMPRESA. NÃO ATENDIMENTO A REGRA QUE ESTABELECE QUE A ISENÇÃO É CONDICIONADA AO FORNECIMENTO DO BENEFÍCIO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO. O estabelecimento norma empresarial que permita a fruição de plano educacional e odontológico apenas por empregados com determinado tempo de permanência na empresa, pela legislação vigente à época dos fatos geradores, feria a regra de isenção que exige que o benefício seja estendido a todo o quadro funcional, acarretando na incidência de contribuição sobre a verba. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 75 11 /2 00 7- 17 Fl. 753DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 2 PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR. NÃO EXTENSÃO A TODOS OS EMPREGADOS E DIRIGENTES. INCIDÊNCIA. Os valores vertidos pela empresa para custeio do plano de previdência fechada somente não sofrem a tributação previdenciária quando disponibilizados a todos os seus empregados e dirigentes. PAGAMENTO DE PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS A SEGURADOS SEM VÍNCULO DE EMPREGO. FALTA DE PREVISÃO DA SUA EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DAS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Os valores pagos aos administradores (diretores não empregados) a título de participação nos lucros sujeitamse a incidência de contribuições, por não haver norma que preveja a sua exclusão do saláriodecontribuição. CONTRIBUIÇÃO INCIDENTE SOBRE O VALOR DAS FATURAS RELATIVAS A SERVIÇOS PRESTADOS POR COOPERADOS INTERMEDIADOS POR COOPERATIVA DE TRABALHO. INCONSTITUCIONALIDADE. Conforme decisão plenária do STF, adotada na sistemática do art. 543B do CPC, é inconstitucional a contribuição incidente sobre as faturas relativas a serviços prestados por cooperados intermediados por cooperativa de trabalho. Recursos de Ofício Negado e Voluntário Provido em Parte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Fl. 754DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 754 3 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso de ofício, para negarlhe provimento e, em relação ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, em conhecêlo em parte, para na parte conhecida afastar a preliminar relativa à exclusão das pessoas jurídicas arroladas como solidárias, por afastar o pedido de exclusão das pessoas listadas na relação de representantes legais, por reconhecer a decadência até a competência 11/2002 e, no mérito, darlhe provimento parcial para excluir o levantamento CTM, vencidos os conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci, Theodoro Vicente Agostinho e Bianca Felícia Rothschild, que também excluíam o levantamento relativo ao PLR de dirigentes . (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Relator e Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Ronnie Soares Anderson, Amílcar Barca Teixeira Junior, Túlio Teotônio de Melo Pereira, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felicia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci e Theodoro Vicente Agostinho. Fl. 755DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 4 Relatório Tratase da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito – NFLD n.º 37.112.2147, lavrada contra a WEG INDÚSTRIAS S/A, antiga razão social da RF REFLORESTADORA S/A, para exigência da contribuição dos segurados e das contribuições patronais destinadas a Seguridade Social, inclusive aquela destinada ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes de riscos ambientais do trabalho – GILRAT, e para outras entidades ou fundos (INCRA e SEBRAE), incidentes sobre as remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados, agrupadas nos seguintes levantamentos: a) levantamentos AB1 e AB2: remunerações pagas aos segurados empregados a título de ABONO, ocorridos em 02/1997, 02/1999, 05/1999, 07/1999, 05/2000 e 07/2000, informados em Folha de Pagamento, os quais foram estipulados em Convenções Coletivas de Trabalho (CCT); b) levantamento PLE: remunerações pagas aos segurados empregados sob o titulo de PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS, ocorridas em 03/1997, 08/1997 e 03/1998, sem que houvesse formalização de um acordo, previsto nas MP 794/1994, 1397/1996 e reedições posteriores; c) levantamentos PL1 e PL2: remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais (dirigentes) sob o titulo de PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS E RESULTADOS, ocorridas em 03/1997, 08/1997, 03/1998, 03/2003, 08/2003, 03/2004, 08/2004, 03/2005 e 08/2005; d) levantamentos AE1, AE2 e CTN: remunerações pagas aos segurados empregados sob os títulos de AUXÍLIO ESCOLAR e CURSOS TÉCNICOS, na forma de reembolso parcial de matrículas e mensalidades de cursos técnicos, graduação, pósgraduação, idiomas e outros, no período de 01/1997 a 12/2005, não disponibilizados a todos os empregados e dirigentes da empresa; e) levantamentos PC1 e PC2: valores mensais destinados à entidade fechada de previdência privada "WEG Seguridade Social WSS", a cargo da patrocinadora, no período de 01/1997 a 12/2005, não disponibilizada a todos os empregados e dirigentes da empresa; f) levantamento AOD: encargos mensais com assistência odontológica prestada aos seus segurados, através da contratação de Plano Coletivo Empresarial mantido pela Odonto Jaraguá Ltda, no período de 05/1999 a 12/2005, não disponibilizada a todos os empregados e dirigentes da empresa; g) levantamento PPA: remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais (dirigentes) na forma de contratação, em nome destes, de planos de previdência privada aberta (BRADESCO PREVIDÊNCIA e PREVER/UNIBANCO AIG), lançadas na contabilidade na conta "Previdência Privada Administradores n°. 522020115", ocorridas em 03/2000,08/2000 e 03/2001, sendo que tais planos podem ser resgatados a qualquer tempo; h) levantamento PLP: remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais (dirigentes) na forma de contratação, em nome destes, de planos de previdência Fl. 756DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 755 5 privada aberta, porém, lançadas na contabilidade na conta de provisão do Passivo "Participações no Resultado n°. 217510100", em 03/2001 e 03/2002; i) levantamento PPR: remunerações pagas aos segurados contribuintes individuais (dirigentes) na forma de contratação, em nome destes, de planos de previdência privada aberta, porém, lançadas na contabilidade na mesma conta de despesas com a previdência fechada da WSS (embora com esta não se confunda), em 08/2001, 12/2001, 08/2002, 11/2003, 12/2003,06/2004 a 12/2004 e 07/2005; j) levantamento CTM: valor bruto da prestação de serviços de cooperados associados à cooperativa de trabalho, constantes em notas fiscais ou faturas emitidos pela UNIMED do Estado de Santa Catarina e UN1MED Joinville. Foram arroladas como devedoras solidárias, em razão da existência de grupo econômico, as empresas WEG S/A (CNPJ 84.429.695/000111); WEG Participações e Serviços S/A (CNPJ 83.489.963/000128); WEG Equipamentos Elétricos S/A (CNPJ 07.175.725/000160) e WEG Exportadora S/A (CNPJ 04.719.045/000171). Afirma o fisco que a empresa WEG S/A detém o controle acionário da notificada e das empresas WEG Equipamentos Elétricos S/A e WEG Exportadora S/A. Já a empresa WEG Participações e Serviços S/A é controladora da WEG S/A. Desta forma, foi configurada a responsabilidade solidária das empresas do grupo, as quais foram cientificadas do lançamento. A notificada, regularmente cientificada do lançamento, em 12/12/2007, apresentou, em conjunto com as demais empresas solidárias, o instrumento de impugnação (fls. 301/328), juntando cópias de documentos (fls. 329/466), no qual, em síntese, alegaram: a) não se enquadrando as empresa e pessoas físicas tidas como devedoras solidárias nas hipóteses dos artigos 134 e 135 do CTN, devem as mesmas ser excluídas do polo passivo da NFLD; b) deve ser declarada a decadência do crédito para as competências anteriores a 12/2002; c) alínea "p" do § 9°. do art. 28 da Lei n°. 8.212/1991, que fundamentou a incidência de contribuições sobre os valores relativos ao plano de previdência privada somente podem ser aplicados a fatos geradores ocorridos a partir de março de 1998; d) os abonos salariais foram pagos em cumprimento a Convenções Coletivas de Trabalho, não podendo ser alcançadas pela incidência de contribuições, haja vista que a norma coletiva é de cumprimento obrigatório; e) não podia suspender o pagamento da PLR, a qual era disponibilizada desde 1991, tendo o acordo com os seus empregados sido firmado em 1997, além de que sobre tal verba não há o que se falar em tributação para a Seguridade Social; f) com base na Lei n.º 6.404/1976 e face à disposição expressa no seu Estatuto Social, a empresa, através das deliberações do seu Conselho de Administração, calculou e efetuou o pagamento da participação dos Administradores nos lucros.Assim, não há razão para sua tributação; Fl. 757DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 6 g) as verbas com educação eram disponibilizadas a todos os trabalhadores que preenchessem determinados requisitos, além de que as mesmas não se prestaram a retribuir o trabalho; h) os valores vertidos ao plano de previdência complementar não são suscetíveis de tributação, posto que pago segundo critério da impessoalidade, além de que não é verba salarial. Houve erro na composição da base de cálculo para esses fatos geradores, haja vista que não poderia incidir sobre os valores destinados aos empregados com mais de um ano de empresa, para os quais não havia restrição ao fornecimento do benefício. h) a verba assistência odontológica não pode sofrer a exação, posto que não possui natureza salarial; i) o fato de efetuar uma contribuição complementar para os planos de previdência privada de seus administradores não empregados não descaracteriza esta verba como isenta da incidência de contribuições sociais; j) por outro lado a lei não exige que se façam depósitos de forma mensais e iguais, nada impede, portanto, que os aportes sejam efetuados de forma semestral ou anual, ou mesmo com outra periodicidade. É natural, então, que sendo depósitos semestrais ou anuais, os valores dos aportes também serão substancialmente maiores; k) a incidência de contribuições sobre as faturas pagas a cooperativa de trabalho afronta á Constituição, no inciso I do art. 195. A defesa foi aditada, fls. 470/473, constando a alegação de que a Autoridade Fiscal, indevidamente, efetuou o lançamento também sobre valores contabilizados (contas 412080220, 412085220, 512080220 e 512085220) relativos a despesas com a participação de seus empregados em seminários, simpósios, cursos técnicos de operação de máquinas, etc. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento – DRJ em Florianópolis (SC) determinou a realização de diligência fiscal, fls. 487/488, para que o fisco se manifestasse sobre a alegação de inclusão na apuração de pagamentos relativos a treinamento de funcionários. Na informação fiscal prestada às fls. 492/493, a Autoridade Fiscal fez a discriminação em planilhas das despesas com educação, determinando a exclusão de parte dos valores lançados. A notificada se manifestou sobre os termos da diligência fiscal, fls. 520/521, concordando com as exclusões efetuadas e ratificando os termos da defesa. A DRJ exarou o acórdão de fls. 604/626, dando provimento parcial à defesa para afastar da apuração os valores que o fisco, em sede de diligência fiscal, sugeriu como indevidos. As demais alegações da defesa foram rejeitadas. Desta decisão houve recurso de ofício. Cientificado da decisão em 10/06/2008, o sujeito passivo interpôs recurso voluntário em 30/06/2008, fls. 630/661, no qual repetiu as alegações apresentadas na defesa e na manifestação sobre a diligência fiscal. Ao final, requer a exclusão das solidárias do polo passivo da NFLD, a declaração de decadência parcial e, no mérito, o reconhecimento da improcedência do lançamento. Fl. 758DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 756 7 À fl. 686 há requerimento do sujeito passivo desistindo do recurso na parcela relativa ao levantamento PPR para o período de 11/2003 a 12/2005. Foi atravessada pela empresa petição de fls. 729/730, dando notícia de decisões de turma ordinária e da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF que afastam a incidência de contribuições sobre valores vertidos a plano de previdência complementar disponibilizado apenas para os empregados e dirigentes que tinham remuneração superior ao teto do saláriodecontribuição do RGPS. Outros precedentes do CARF foram apresentados pela recorrente, fls. 749/751, desta feita para demonstrar que não foram consideradas desconformidades com a norma isentiva o estabelecimento de tempo mínimo na empresa para os segurados usufruírem dos benefícios de auxílio educacional e previdência privada. É o relatório. Fl. 759DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 8 Voto Conselheiro Kleber Ferreira de Araújo Relator Admissibilidade O recurso de ofício atinge o limite de alçada fixado por ato do Ministro da Fazenda, merecendo conhecimento. O recurso voluntário merece conhecimento, posto que preenche os requisitos de tempestividade e legitimidade. Todavia, não há de ser conhecida a matéria que o sujeito passivo desistiu da discussão e efetuou o recolhimento das contribuições correspondentes (levantamento PPR). Recurso de Ofício O fato que levou o fisco a sugerir a exclusão de parcelas na informação prestada às fls. 492/493 foi a inclusão na base de cálculo despesas de custeio de cursos de aprimoramento profissional, cujo comparecimento dos empregados se deu no interesse da empresa. Observase assim que a exclusão pela DRJ foi procedente, haja vista serem desembolsos para o trabalho, não apresentando caráter remuneratório. Neste sentido, devo negar provimento ao recurso necessário. Decadência É cediço que, com a declaração de inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n.º 8.212/1991 pela Súmula Vinculante n.º 08, editada pelo Supremo Tribunal Federal em 12/06/2008, o prazo decadencial para as contribuições previdenciárias passou a ser aquele fixado no CTN. Quanto à norma a ser aplicada para fixação do marco inicial para a contagem do quinquídio decadencial, o CTN apresenta três normas que merecem transcrição: Art. 150 (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. ....................................................................................... Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: Fl. 760DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 757 9 I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. (...) A jurisprudência majoritária do CARF, seguindo entendimento do Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial n.º 973.733/SC, julgado na sistemática do art. 543C do CPC) tem adotado o § 4.º do art. 150 do CTN para os casos em que há antecipação de pagamento do tributo, ou até nas situações em que não havendo a menção à ocorrência de recolhimentos, com base nos elementos constantes nos autos, seja possível se chegar a uma conclusão segura acerca da existência de pagamento antecipado. O art. 173, I, tem sido tomado para as situações em que comprovadamente o contribuinte não tenha antecipado o pagamento das contribuições, na ocorrência de dolo, fraude ou simulação e também para os casos de aplicação de multa por descumprimento de obrigação acessória. Por fim, o art. 173, II, merece adoção quando se está diante de novo lançamento lavrado em substituição ao que tenha sido anulado por vício formal. Na situação sob enfoque, verifico que, embora não haja relatórios discriminando as guias de recolhimento apresentadas ou o abatimento de créditos do contribuinte no Discriminativo Sintético do Débito, os autos levamme a concluir que havia guias de recolhimento para o período, uma vez que o lançamento diz respeito a verbas não consideradas pela empresa como base de cálculo de contribuições, sendo que as verbas registradas em folhas de pagamento e declaradas na GFIP não foram objeto de lançamentos, como se pode ver do item 10 do Relatório Fiscal da NFLD . Há de se concluir assim que havia guias de recolhimento para o período. Assim, entendo que deva ser aplicada a norma do art. 150, § 4.º, do CTN, para a contagem do prazo de decadência para os processos de exigência da obrigação principal, mesmo verificando que o sujeito passivo não reconheceu a incidência de contribuições sobre as bases de cálculo apuradas. Esse entendimento encontrase alinhado com a jurisprudência sumulada no âmbito do CARF, como se vê: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Esse posicionamento conduzme à conclusão de que devam ser excluídas pela caducidade as competências até 11/2002, haja vista que a cientificação do lançamento ocorreu em 12/12/2007. Fl. 761DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 10 Remanescem do lançamento os levantamentos PL2 (participação nos lucros e resultados para contribuintes individuais), AE2 e CTN (reembolso despesas com educação), PC2 (previdência complementar fechada) , AOD (assistência odontológica); PPR (previdência privada para diretores) e CTM (cooperativa de trabalho médico). A exclusão da responsabilidade solidária das pessoas físicas A preliminar relativa impossibilidade se arrolar os diretores da recorrente como devedores solidários não deve ser acolhida. É preciso que se tenha em conta que a relação de representantes legais da empresa, que constitui anexo da NFLD, é uma formalidade prevista nas normas de fiscalização que tem cunho meramente informativo, não causando qualquer ônus, na fase administrativa, para as pessoas elencados. Somente após o trânsito administrativo da lide tributária é que o órgão responsável pela inscrição em Dívida Ativa verificará a ocorrência dos pressupostos legais para imputação da responsabilidade tributárias aos representantes da pessoa jurídica. Assim, nessa fase processual não há o que se falar em responsabilidade solidária dos gestores da empresa. Esse entendimento inclusive já se encontra sumulado no âmbito do CARF, como se pode ver: "Súmula CARF nº 88: A Relação de CoResponsáveis CORESP”, o “Relatório de Representantes Legais – RepLeg” e a “Relação de Vínculos – VÍNCULOS”, anexos a auto de infração previdenciário lavrado unicamente contra pessoa jurídica, não atribuem responsabilidade tributária às pessoas ali indicadas nem comportam discussão no âmbito do contencioso administrativo fiscal federal, tendo finalidade meramente informativa." A exclusão da responsabilidade solidária das pessoas jurídicas Alegase no recurso conjunto das codevedoras, que a responsabilidade solidária pelo crédito tributário das empresas mencionadas no relato fiscal deve ser afastada uma vez que não se configuraram as hipóteses dos artigos 134 e 135 do CTN. Não hei de concordar com essa tese. Verificase dos autos que WEG Participações e Serviços S.A controla a WEG S/A que, por sua vez, detém o controle acionário da notificada, bem como das empresas WEG Equipamentos Elétricos S.A e WEG Exportadora S.A. A existência de grupo econômico na espécie é inquestionável, tanto que no recurso não se contesta essa evidência. Nesse sentido, diante do que dispõe o art. 30, IX, da Lei n.º 8.212/1991, há sim a responsabilidade solidária das referidas empresas, como se pode ver do invocado dispositivo: Art. 30. ... IX. as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei; Pois bem a solidariedade presente no caso sob apreciação decorre da lei e tem por fundamento a previsão do art. 124 do CTN, que ao tratar da responsabilidade tributária, assim estabelece: Fl. 762DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 758 11 Art. 124. São solidariamente obrigadas: II. as pessoas expressamente designadas por lei. Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta beneficio de ordem. Portanto, deve ser mantido o laço de solidariedade estabelecido na presente NFLD. O abono salarial e participação nos lucros a empregados As contribuições sobre essas rubricas foram afastadas pela decadência, portanto, as alegações relativas às mesmas perderam o objeto. Também não vou me pronunciar, pelas mesmas razões, sobre o inconformismo quanto à aplicação retroativa da legislação que instituiu o requisito de extensão a todos os empregados dos planos de previdência privada para que não incidissem contribuições sobre os pagamentos efetuados pelo empregador a esse título, uma vez que a modificação legislativa data do ano de 1997, portanto a suposta ausência de fundamento legal para incidência referese a contribuições alcançadas pela decadência. Dos reembolsos de despesas com educação A razão do fisco haver tributado tais verbas, como se infere do item 4.5.3 e 4.5.4 do relatório fiscal da NFLD n.º 37.112.2147, fl. 75, é a não disponibilização a todos os empregados e dirigentes da empresa, uma vez que eram excluídos os empregados com menos de 12 meses vínculo. A empresa alega que, além da verba não possuir natureza salarial, o fato da empresa estabelecer requisitos impessoais para a sua fruição não lhe retira o requisito de disponibilização a todos os empregados e dirigentes. Inicialmente, vejamos a legislação que trata da matéria, na redação vigente no período de ocorrência dos fatos geradores: “Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa [...]§ 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] Fl. 763DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 12 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do artigo 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo.” Percebese das normas acima para que o valor pago a título de Plano Educacional/Bolsa de Estudos não seja incluído na base de cálculo das contribuições previdenciárias, deverá preencher os seguintes requisitos: 1) vinculação à atividade da empresa; 2) não substituição de parcela salarial; e 3) extensão a todos os funcionários. É de se observar que ao se deparar com o caso concreto, o intérprete há de se ater aos requisitos acima, verificando se os mesmos foram observados na disponibilização do benefício pelo sujeito passivo aos seus trabalhadores. É que se tratando norma isentiva, a sua interpretação deve ser nos estritos termos fixados pela norma, não se admitindo o alargameto das balizas normativas. É isso que prevê o art. 111, II, do CTN: “Art. 111. Interpreta se literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I – suspensão ou exclusão do crédito tributário; II – outorga de isenção; III – dispensa do cumprimento de obrigações acessórias” Extraise dos autos que o fisco, com esteio em documentos exibidos pela empresa, conclui que as verbas destinadas à educação não estavam disponíveis a todos os trabalhadores a serviço da empresa, posto que era estabelecida uma barreira temporal, doze meses de permanência no emprego. Mesmo reconhecendo que não é despropositada a tese da empresa de que o requisito temporal, embora existente, poderia ser suprido por todos os empregados, não posso, na interpretação da norma legal, afastarme dos seus preceitos objetivos. Ao me deparar com a cláusula que estipula um mínimo de permanência na empresa para a percepção do benefício educacional, sou forçado a dar razão ao órgão recorrido, uma vez que a não extensão a todos os empregados e dirigentes, retira da espécie um dos requisitos erigidos pelo legislador como essencial para que a mesma não viesse a sofrer a tributação. Posso concluir que havendo o impedimento para segurados com menos de 12 meses na empresa, a verba não era extensível a totalidade dos trabalhadores, sendo cabível a tributação sobre a mesma. Fl. 764DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 759 13 Quanto à jurisprudência trazida à colação pela recorrente, mister elucidar que os entendimentos nelas expressos sobre a matéria ficam restritos às partes do processo judicial, não cabendo à extensão dos efeitos jurídicos de eventual decisão ao presente caso, até que nossa Suprema Corte tenha se manifestado em definitivo a respeito do tema. Por outro lado, as divergências de entendimento entre as turmas do CARF devem ser solucionadas mediante remédio próprio que é o recurso especial à CSRF. O plano de previdência complementar de entidade fechada Alega a recorrente que não há incidência de contribuições previdenciárias sobre os valores vertidos ao plano de benefícios da Entidade Fechada de Previdência Complementar — WEG Seguridade Social, bem como defende a regularidade deste; que está disponível a todos os que preenchem determinados critérios impessoais; que a contribuição da patrocinadora não representa retribuição pelo trabalho prestado, tampouco, o pagamento é feito a uma pessoa física; e que o lançamento, se cabível a exigência, deveria incidir somente na proporção dos colaboradores excluídos do plano, ou seja, que mantiveram vinculo empregatício com duração inferior a um ano. A DRJ conclui pela tributação da verba, pela mesma razão do item precedente, qual seja a exigência de um ano de efetiva prestação de serviço à empresa para participação no plano de previdência. Eis as palavras lançadas no relatório: 4.6.4. A restrição quanto ao período para participar do plano encontrase formalizada no Manual de Administração de Pessoal Gestores, bem como no Regulamento da WSS, documentos da época, nos seguintes termos: Regulamento Básico da Weg Seguridade Social: "Art. 5°. Todos os empregados com mais de 01 (um) ano de vínculo de emprego com as Patrocinadoras, adquirem a condição de Participante do INSTITUTO". Manual de Administração de Pessoal – Gestores: 7.1.2.1 QUEM PODE PARTICIPAR Qualquer colaborador com mais de 1 ano de trabalho nas empresas WEG pode inscrever se como participante da WSS.". (...) 4.6.6. A legislação previdenciária, no art. 28, § 9°, alínea "p", da Lei no 8.212/91, dispõe sobre a nãoincidência de contribuições previdenciárias sobre valores destinados a financiar programas de previdência complementar de seus segurados, sendo requisito que o programa seja disponibilizado a todos os empregados e dirigentes da empresa, o que não ocorreu. (...) Apresentemos agora a norma que trata do tema: Art. 28 (...) Fl. 765DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 14 § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) p) o valor das contribuições efetivamente pago pela pessoa jurídica relativo a programa de previdência complementar, aberto ou fechado, desde que disponível à totalidade de seus empregados e dirigentes, observados, no que couber, os arts. 9º e 468 da CLT; (...) Percebese do dispositivo reproduzido pela DRJ que recairemos na mesma questão discutida no tópico em que foi tratada a concessão de plano educacional, ou seja, ao impor o requisito de 12 meses de trabalho na empresa para que seus empregados e dirigentes ingressassem no plano de previdência, a empresa deixou de cumprir o requisito legal da norma de isenção, qual seja a extensão do benefício a todos os segurados. Não poderia, sob pena de abandonar a coerência no julgamento de acolher a tese da empresa de que a barreira temporal não afastaria o aludido requisito. Quanto à impossibilidade de tributação em razão da verba não se subsumir ao conceito de remuneração, peço licença para transcrever voto da Conselheira Elaine Cristina Vieira, o qual utilizo como fundamento para a minha conclusão: Para iniciarmos a análise da procedência ou não do lançamento, importante identificar quais as contribuições apuradas pelo lançamento. Assim, foram apuradas contribuições sobre os valores pagos s pessoas físicas, enquanto empregados. De acordo com o previsto no art. 28 da Lei n ° 8.212/1991, para o segurado empregado entendese por saláriodecontribuição: Art.28. Entendese por saláriodecontribuição: I para o empregado e trabalhador avulso: a remuneração auferida em uma ou mais empresas, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou creditados a qualquer título, durante o mês, destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma, inclusive as gorjetas, os ganhos habituais sob a forma de utilidades e os adiantamentos decorrentes de reajuste salarial, quer pelos serviços efetivamente prestados, quer pelo tempo à disposição do empregador ou tomador de serviços nos termos da lei ou do contrato ou, ainda, de convenção ou acordo coletivo de trabalho ou sentença normativa; (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 10/12/97)grifo nosso. Segundo o ilustre professor Arnaldo Süssekind em seu livro Instituições de Direito do Trabalho, 21ª edição, volume 1, editora LTr, o significado do termo remuneração deve ser assim interpretado: No Brasil, a palavra remuneração é empregada, normalmente, com sentido lato, correspondendo ao gênero do qual são espécies principais os termos salários, vencimentos, ordenados, soldo e honorários. Como salientou com precisão Martins Catharino, “costumeiramente chamamos vencimentos a remuneração Fl. 766DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 760 15 dos magistrados, professores e funcionários em geral; soldo, o que os militares recebem; honorários, o que os profissionais liberais ganham no exercício autônomo da profissão; ordenado, o que percebem os empregados em geral, isto é, os trabalhadores cujo esforço mental prepondera sobre o físico; e finalmente, salário, o que ganham os operários. Na própria linguagem do povo, o vocábulo salário é preferido quando há prestação de trabalho subordinado.” Não se pode descartar o fato de que os valores pagos á título de previdência complementar, não representam alguma espécie de ganho. Pelo contrário, estão inseridos no conceito lato de remuneração, assim compreendida a totalidade dos ganhos recebidos como contraprestação pelo serviço executado. Também convém reproduzir a posição da professora Alice Monteiro de Barros acerca da distinção entre utilidades salariais e não salariais: "As utilidades salariais são aquelas que se destinam a atender às necessidades individuais do trabalhador, de tal modo que, se não as recebesse, ele deveria despender parte de seu salário para adquirilas. As utilidades salariais não se confundem com as que são fornecidas para a melhor execução do trabalho. Estas equiparamse a instrumentos de trabalho e, conseqüentemente, não têm feição salarial." (Processo n.º 12259.000008/200716. Acórdão 240101.912, 2.ª Seção de Julgamento/ 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, 28/07/2011). Quanto o pedido para que fossem excluídos do levantamento os segurados com mais de um ano de empresa, embora tentadora, essa tese não resiste a uma leitura mais cuidadosa da norma isentiva. É que se o fisco fosse tributar o benefício apenas dos trabalhadores com menos de um ano de empresa, a base de cálculo do tributo seria nula, uma vez que esses empregados e dirigentes não faziam parte do plano de previdência fechada, em razão da barreira temporal. Nesses casos, ou o plano cumpre os requisitos legais para afastar a tributação, ou todos os pagamentos efetuados para o seu custeio devem sofrer a incidência de contribuições. Também não se deve acatar a exclusão das parcelas que não estivessem vinculadas especificamente ao custeio dos benefícios programados. Na verdade, não sendo o benefício disponibilizado de acordo com a regra de isenção, a totalidade dos pagamentos, independentemente da destinação que o plano lhes dê, é assumida pela empresa em benefício dos empregados e dirigentes e, se não alcançados pela norma isentiva, são considerados saláriodecontribuição. Fl. 767DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 16 A assistência odontológica A razão para a tributação desse verba foi a mesmíssima que ocasionou a exigência sobre o plano educacional e a previdência privada, tanto que no recurso as empresas alegam: 136. Como se trata da mesma fundamentação (não disponibilização para todos os empregados, face carência de tempo de empresa) utilizada em relação ao auxilio escolar e cursos técnicos, e como forma de economia, a Impugnante valese dos mesmos argumentos utilizados em relação ao auxilio escolar e cursos técnicos, os quais são tidos como integralmente aqui transcritos. Por esse motivo, furtarmeei de repetir os argumentos lançados acima, apenas salientando que a norma aplicável é a alínea “q” do § 9.º do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991. Participação nos lucros ou resultados para diretores Andou bem o fisco quando incluiu na base de cálculo do lançamento as quantias repassadas aos administradores não empregados a título de participação nos lucros. Tenho me manifestado reiteradas vezes aqui neste colegiado que a exclusão da participação nos lucros recebida por diretores não empregados da base de cálculo das contribuições sociais não encontra amparo constitucional, tampouco legal. Para mim, a tributação para a Seguridade Social alcança os pagamentos de PLR aos administradores (diretores não empregados), enquadrados no Regime Geral de Previdência Social RGPS na condição de contribuintes individuais. Vale ressaltar que essa discussão em nosso Tribunal Administrativo encontra decisões nos dois sentidos. Uns entendem que a exclusão dessa parcela do saláriode contribuição tem guarida no que dispõe a Lei das S/A (Lei n.º 6.404/76). Há os que, de modo diverso, afirmam que a única lei a regular essa matéria seria a Lei n.º 10.101/2000, a qual, por tratar apenas do pagamento de PLR a empregados, não exoneraria da tributação as verbas pagas a título de PLR aos contribuintes individuais. Filiamonos a segunda corrente. De fato, a própria Corte Constitucional reconheceu que a PLR, somente a partir da edição da MP 794/1994, por várias vezes reeditada e finalmente convertida na Lei n.º 10.101/2000, passou a não integrar a base de cálculo das contribuições previdenciárias. É o que se observa do julgado do STF acima mencionado (RE n.° 596.441/RS), onde o Pretório Excelso firma o entendimento de que somente após a edição da MP n.° 794/1994 é que excluise a PLR do saláriodecontribuição. Percebese, então, que, se o STF entendeu que não havia lei regulamentando o pagamento de PLR antes da edição da MP n.º 794/1994, não há como acolher o entendimento de que a expressão “lei específica” contida na alínea “j” do § 9.º do art. 28 da Lei n.º 8.212/1991 também se refera à Lei n.º 6.404/1976. Fl. 768DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO Processo nº 10920.007511/200717 Acórdão n.º 2402005.463 S2C4T2 Fl. 761 17 De se concluir que a Lei n.º 8.212/1991 ao excluir da incidência das contribuições os pagamentos efetuados de acordo com a lei específica, quis se referir à PLR paga em conformidade com a Lei n.º 10.101/2000, a qual é destinada apenas aos empregados. A Lei da PLR em nenhum momento trata do pagamento da verba a trabalhadores não empregados, por outro lado, em seu art. 2.º é expressa em se reportar às pessoas físicas que mantém com o empregador o vínculo de emprego. Eis o texto: Art.2oA participação nos lucros ou resultados será objeto de negociação entre a empresa e seus empregados, mediante um dos procedimentos a seguir descritos, escolhidos pelas partes de comum acordo: Icomissão escolhida pelas partes, integrada, também, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria; IIconvenção ou acordo coletivo. Vêse, assim, que a lei da PLR não contempla o pagamento de participação nos lucros aos contribuintes individuais. Toda a instituição e regulamentação do pagamento visam ao segurado empregado. Outra evidência que vem reforçar essa tese é que o art. 7. da Constituição Federal é, fora de dúvida, dirigido aos trabalhadores que se vinculam ao empregador por vínculo de emprego. Ao lado do da participação nos lucros estão os direitos tais como: seguro desemprego, FGTS, férias, horas extraordinárias, aviso prévio, etc. Por esse motivo uma interpretação sistemática do texto constitucional leva à conclusão de que o inciso XI daquele dispositivo não alcança os administradores não empregados, mas apenas os trabalhadores que laboram sob a proteção da CLT. Assim, devem ser tributadas os pagamentos a diretores não empregados a título de PLR, posto que a não há previsão normativa para sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Inconstitucionalidade da contribuição lançada com base no inciso IV do art. 22 da Lei n.º 8.212/1991 Conforme requereu a contribuinte, devemos reconhecer impossibilidade de se tributar os valores relativos às faturas emitidas pela cooperativa que prestou serviços à autuada. É que em sessão plenária realizada em 23/04/2014, o STF, ao decidir sobre o RE n. 595.838, declarou por unanimidade a inconstitucionalidade do inciso IV do art. 22 da Lei n.º 8.212/1991, o qual fundamentou o lançamento. Portanto, considerando que os únicos fatos geradores apontados no AI dizem respeito aos serviços prestados pela cooperativa de trabalho médico, representada pelo levantamento CTM. Conclusão Assim, voto por conhecer e negar provimento ao recurso de ofício e por conhecer em parte do recurso voluntário, para na parte conhecida afastar a preliminar relativa à Fl. 769DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO 18 exclusão das pessoas jurídicas arroladas como solidárias, por afastar o pedido de exclusão das pessoas listadas na relação de representantes legais, por reconhecer a decadência até a competência 11/2002 e, no mérito, por lhe dar provimento parcial para excluir o levantamento CTM. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo. Fl. 770DF CARF MF Impresso em 29/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/08/2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 24/08 /2016 por KLEBER FERREIRA DE ARAUJO
score : 1.0
Numero do processo: 10280.721812/2009-93
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Aug 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ARL-ÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE
A falta de averbação da ARL-Área de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR.
Recurso especial conhecido e negado.
Numero da decisão: 9202-004.366
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
(Assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora
(Assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo Redatora-Designada
EDITADO EM: 11/09/2016
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva - Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Redatora-Designada EDITADO EM: 11/09/2016 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ARLÁREA DE RESERVA LEGAL. AVERBAÇÃO NA MATRÍCULA DO IMÓVEL. IMPRESCINDIBILIDADE A falta de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel inviabiliza a sua exclusão da tributação do ITR. Recurso especial conhecido e negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva (relatora) e Ana Paula Fernandes, que lhe deram provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Designada para redigir o voto vencedor a conselheira Maria Helena Cotta Cardozo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 18 12 /2 00 9- 93 Fl. 190DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 2 (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo – RedatoraDesignada EDITADO EM: 11/09/2016 Participaram do presente julgamento, os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Gerson Macedo Guerra e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Ausente, justificadamente o conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Cuidase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o Acórdão nº 2802001.215 da 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF, julgado na sessão de 30 de novembro de 2011, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 SUJEIÇÃO PASSIVA, POSSUIDOR A QUALQUER TITULO. Comprovado nos autos que o contribuinte detinha a posse do imóvel rural à época do fato gerador, é ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural na qualidade de possuidor a qualquer título, sendo irrelevante a existência de documento legítimo de propriedade. ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimila da base de cálculo para apuração do ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. A menos que o contribuinte apresente Laudo Técnico de Avaliação, elaborado por engenheiro agrônomo ou florestal, com elementos de convicção suficientes para demonstrar que o valor da terra nua é inferior ao Fl. 191DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721812/200993 Acórdão n.º 9202004.366 CSRFT2 Fl. 10 3 valor constante do Sistema de Preços de Terras da Secretaria da Receita Federal SIPT, mantémse o valor arbitrado pela fiscalização. Recurso Negado Na origem, tratase de Notificação de Lançamento nº 01.246344, que tem por objeto Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural incidente sobre o imóvel rural denominado “Fazenda Jamef”, com NIRF – Número do Imóvel na Receita Federal 5.504.827.7, referente ao exercício 2005, a título de glosa de valores de “área de reserva legal” e “alteração do valor da terra nua”. Os fatos geradores foram assim descritos pela autoridade fiscal (fl. 3): Área de Reserva Legal não comprovada Descrição dos fatos: Após regularmente intimado, o contribuinte não comprovou a isenção da área declarada a título de reserva legal no imóvel rural. O documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT) foi alterado e os seus valores encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. ART 10 PAR 1 E INC II E AL "A" L 9393/96 Valor da Terra Nua declarado não comprovado Descrição dos Fatos: Após regularmente intimado, o sujeito passivo não comprovou por meio de Laudo de Avaliação do imóvel, conforme estabelecido na NBR 14.6533 da ABNT, o valor da terra nua declarado. No Documento de Informação e Apuração do ITR (DIAT), o valor da terra nua foi arbitrado, tendo como base as informações do Sistema de Preços de Terra – SIPT da RFB. Os valores do DIAT encontramse no Demonstrativo de Apuração do Imposto Devido, em folha anexa. Complemento da Descrição dos Fatos: Os valores apurados neste Lançamento de Oficio decorrem da falta de recolhimento do ITR em virtude' da glosa (total) (e) (parcial), (respectivamente), das áreas declaradas exclusas da tributação a titulo de (Áreas de Preservação Permanentes e de Utilização Limitada Área de Reserva Legal), e sua conseqüente reclassificação como área tributável, tendo em vista que o contribuinte não logrou êxito, mediante documentação comprobatória prevista na legislação do imposto em epigrafe, na isenção das áreas supramencionadas, conforme os procedimentos de auditoria interna de Malhas da RFB, mediante verificação dos dados informados na Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR DIAC/DIAT). O processo judicial alegado pela empresa ainda não transitou em julgado (Comarca de Igarapé Miri n° 2001.1.0000053). O contribuinte apresentou impugnação requerendo a improcedência da notificação fiscal, pois aduz que, em que pese ter firmado contrato de compra e venda do bem, não houve, por impossibilidade jurídica, a transferência da propriedade e o notificado jamais Fl. 192DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 4 tomou posse do bem, nem a título precário, razão pela qual não pode ser enquadrado como sujeito passivo do crédito tributário. A impossibilidade jurídica decorre de uma ação judicial ajuizada pelo Instituto de Terras do Pará (ITERPA) perante a Comarca de IgarapéMiri, visando a nulidade e cancelamento da matrícula, transcrições e averbações da propriedade, na qual foi concedida a liminar para impedir eventuais anotações na matrícula desde a aquisição originária em 1967. Em que pese os impedimentos, o contribuinte alegou ter recolhido os tributos incidentes sobre o imóvel, a fim de resguardar os seus interesses, mas, por não ser proprietário, não pode ser responsabilizado pelo lançamento suplementar. Aduziu, também: a decadência do lançamento, pois decorreram cinco anos entre o fato gerador, exercício 2005, e o lançamento por arbitramento suplementar, em 08/06/2009; que a exigência do ADA com base na IN/SRF fere o princípio da legalidade; que a forma de cálculo do VTN seguindo a NBR 14.6533 da ABNT afronta o princípio da legalidade. Ao examinar a impugnação, a Delegacia Regional de Julgamento julgou improcedente, mantendo o crédito tributário, motivando a interposição do Recurso Voluntário, apenas reiterando os argumentos. Do julgamento do Recurso Voluntário, os membros da Turma, por unanimidade, acordaram por negar provimento ao recurso por entender que: as provas nos autos comprovam que o contribuinte detinha a posse do imóvel, a qualquer título, sendo ele o sujeito passivo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural; é imprescindível a averbação no registro do imóvel da área de reserva legal para obter a isenção do imposto; o valor da terra nua arbitrado pela fiscalização deve ser mantido diante da ausência de apresentação de Laudo Técnico de Avaliação válido. Contra a r. decisão, o contribuinte opôs Embargos de Declaração aduzindo que “não há comprovação de qualquer ato condizente com o exercício da posse” e requerendo manifestação expressa a este respeito, mas o recurso não foi admitido. Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Especial visando rediscutir a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal para exclusão da tributação do ITR, suscitando como paradigma os acórdãos nºs 30237.930 e 210100.406. Devidamente intimada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, reiterando os termos da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 193DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721812/200993 Acórdão n.º 9202004.366 CSRFT2 Fl. 11 5 Voto Vencido Conselheira Patrícia da Silva Relatora Quanto à admissibilidade, entendo cumpridos todos os requisitos e delimito a matéria sobre a necessidade ou não de averbação em registro de imóveis de área de reserva legal. Da Área de Utilização Limitada/Reserva Legal A glosa deuse por não ter sido atendida à averbação de reserva legal, no Cartório de Registro de Imóveis, à época do fato gerador do ITR, no caso, em 1 de janeiro de 2005. Outrossim, lembro que a reserva legal, por definição de lei, é a área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa. Quanto à necessidade de averbação da área de reserva legal em Cartório, esta Câmara Superior de Recursos Fiscais, proferido no RP/303123968, de autoria do Ilustre Conselheiro Otacílio Dantas Cartaxo, in verbis: A matéria subjudice foi abordada de forma analítica e exaustiva no acórdão n° 30331.340 pelo ilustre Conselheiro Zenaldo Loibman, que passou a modelar a jurisprudência deste egrégio Conselho, e tomo de empréstimo suas razões de julgar, verbis: Para analisar a questão das áreas de reserva legal, de preservação permanente e de interesse ecológico, devo dizer que a matéria esteve pacificada no âmbito deste Terceira Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes por algum tempo no sentido de se entender dispensável a averbação da área de reserva legal à margem do registro no Cartório competente, mas recentemente levantouse questão sobre uma nova interpretação defendida pela emérita Conselheira Anelise D. Prieto, a respeito do § 7o do art. 10 introduzido na Lei 9.393/96 pela MP 2.166 67/2001, quando confrontado com o que determina a Lei 4.771/66, com a redação dada pela MP 1.511/96 e alterações posteriores determinadas pela própria MP 2.16667/2001. Analisemos com cuidado. Uma consulta ao texto da Medida Provisória n° 2.16667, publicada no DOU de 25/08/2001, esclarece que ela determinou alterações na Lei 4.771/65 (arts. Fl. 194DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 6 Io , 4o, 14, 16 e 44) e também acrescentou um § 7o ao art. 10° da Lei 9.393/1996. Sublinhese que o mesmo texto normativo, a MP 2.16667/2001, determinou alterações na Lei 4.771/65 (Código Florestal) e na Lei 9.393/96, incluindo neste um § 7o que trata especificamente de declaração para fim de isenção de áreas de preservação permanente, reserva legal e de servidão florestal. A questão que se pretende levantar como uma nova interpretação a ser dada ao disposto no referido § 7o , seria a de que a redação da Lei 4.771/65 manteria a exigência de averbação à margem da matrícula do imóvel no cartório de registro de imóveis, e que a não satisfação de tal exigência desautorizaria o reconhecimento de isenção das áreas mencionadas no cálculo do ITR. Uma interpretação sistemática e teleológica do dispositivo legal não autoriza tal entendimento. Como se justificaria que o mesmo texto legal, a MP 2.166 67/2001, pudesse ao recomendar alterações no Código Florestal pretender que se observasse como requisito para o reconhecimento da isenção do ITR a averbação da áreas mencionadas e, em outra passagem destinar comando que alteração a redação da Lei 9.393/96 para introduzir precisamente o § 7o do art. 10, com a determinação de que a declaração para o fim de isenção do ITR, relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" (preservação permanente e reserva legal) e "d" (servidão florestal) do inciso II, § I o do art. 10, não está sujeita à previa comprovação por parte do declarante, acrescentando, ainda, que é de responsabilidade do declarante qualquer comprovação posterior, pelo fisco, de inveracidade da declaração. De fato não há contradição na MP citada. As referências que existem na Lei 4.771/65 (Código Florestal), já consideradas as alterações introduzidas pela MP, são claramente voltadas ao cuidado de manter tais áreas sob preservação, onde a averbação da área de reserva legal ou de servidão florestal devem ser feitas para que conste nos termos de transmissão do imóvel a qualquer título. Observase idêntica preocupação quanto à posse do imóvel rural, conforme art. 16, § 10 da Lei 4.771/65, quando, por não ser viável a providência da averbação na matrícula do imóvel, assegurase a área de reserva legal mediante Termo de Ajustamento de Conduta firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Ora, se não há obrigatoriedade sequer de prévia comprovação para o fim especificado de informar a existência de áreas legalmente isentas de ITR, muito menos há de que as respectivas áreas estejam averbadas no Cartório de Imóveis. O comando da averbação tem como finalidade, distinta do aspecto tributário, qual seja a segurança ambiental, a conservação do estado das áreas na hipótese de transmissão a qualquer título, para que se confirme, civil e penalmente, a responsabilidade de terceiros eventuais adquirentes. Tanto é assim que mesmo no caso em que não se pode falar em averbação na matrícula do imóvel no CRI, quando por exemplo se trate de posse, ainda assim devese garantir o que interessa ao Código Florestal, a garantia da responsabilidade do posseiro e de eventuais adquirentes do imóvel, a qualquer título, o que se faz por outro instrumento, o Termo de Ajustamento de Conduta, a ser firmado pelo possuidor com o órgão ambiental competente. Consiste numa declaração de compromisso de conservação de características ecológicas básicas e proibição de supressão Fl. 195DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721812/200993 Acórdão n.º 9202004.366 CSRFT2 Fl. 12 7 de vegetação, constando evidentemente a localização da reserva legal, porque é ela que define o caráter da área, previsto em lei. E frágil e superficial, concentrar na averbação do ADA junto à matrícula do imóvel ou no Termo de Ajustamento de Conduta perante o IBAMA, a responsabilidade de constituição do direito de isenção. A exclusão de tais áreas do universo tributável pelo ITR, não se dá por benesse do IBAMA ou da SRF, mas exclusivamente por se tratar de área definida legalmente, em termos de características ecológicas e localização especifica no território nacional. Por meio da IN SRF 60/2001, a administração tributária tentou estabelecer um vínculo entre a necessidade de averbação do ADA e o gozo da isenção. Ocorre que a averbação prevista, na Lei 4.771/65, visava tãosomente a responsabilizar o proprietário e eventuais adquirentes pela conservação ambiental. Com isso o procedimento da SRF feriu de morte o princípio da legalidade. Não há base legal para tal procedimento. É até possível entender asua utilidade para um controle tributário que além de se municiar de ato declaração do contribuinte (que se fosse só por isso seria inútil), vise, isto sim, a seleção de contribuintes para fiscalização. Não se pode admitir é a política de omissão em fiscalizar o ITR, assim como não se justifica a omissão do IBAMA em termos de fiscalização ambiental. No entanto, é para isso que aponta a mencionada IN SRF, parece esperar que apenas uma providência cartorial e burocrática de declaração do IBAMA mediante informações prestadas pelo contribuinte, averbada em Cartório de Imóveis, possa ter a virtude de constituir uma exclusão tributária. Agir assim é faltar ao compromisso social de fiscalização do tributo, e, principalmente, é afastarse perigosamente do Estado de Direito. É por suas características e localização, que a área indicada se enquadra ou não na definição legal de utilização limitada ou de preservação permanente, e por esse motivo está ou não excluída de tributação, e a constatação disso assim como não deve se restringir à leitura da DITR, não deve se restringir ao ADA, esteja ou não averbado. A primeira vista nada impede a SRF de estabelecer penalidade por descumprimento de obrigação acessória, motivada pela não apresentação de ADA averbado, ou de Termo de Ajustamento de Conduta protocolado junto ao IBAMA, no prazo fixado pela própria SRF, mas apenas por que este fato pode representar um entrave ao procedimento de fiscalização, a infração ao prazo ou à averbação exigida por ato normativo expedido pela SRF não pode de forma alguma ter o alcance de criar, além da lei, requisito ou condição para o gozo de isenção. Poderia, no máximo, além de motivar uma multa por descumprimento de obrigação acessória, constituir critério de prioridade para a seleção de contribuintes a serem fiscalizados. Entender diferente, que um aspecto tributário importante como definir um requisito para o beneficio da isenção, mesmo se dispondo de um ambiente legal construído, Fl. 196DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 8 específico e em vigor na Lei 9.393/96, pudesse estar transferido, injustificadamente, para outro diploma legal, cuja finalidade é absolutamente distinta da tributária, é forçar demasiadamente um raciocínio que erige um castelo de areia para explicar que o ato de averbar, neste caso do ADA, de alguma forma pudesse ser importante para a isenção do ITR. Ao contrário, é da tradição tributária brasileira que, independentemente do título do rendimento, ele deve ser tributado, a renda independentemente de sua origem, é tributada. Da mesma foram no ITR, em que o proprietário, enfiteuta ou possuidor a qualquer título (inclusive usufrutuário), é contribuinte. Por outro lado, nada impede que, eventualmente, a administração tributária possa pôr em dúvida, serem as áreas declaradas efetivamente de preservação permanente ou de reserva legal, ou de servidão florestal, mesmo quando reconhecidas por via de ato declaratório ambiental do IBAMA averbado. Nesse caso cabe investigar, solicitar comprovações idôneas a demonstrar o estado da propriedade. O que não se admite é que se afirme sustentação legal no Código Florestal, inexistente, para exigir averbação das áreas isentas do ITR, como précondição, obstáculo ao reconhecimento, dessa áreas como isentas no cálculo do ITR. O parágrafo 8º do artigo 16, do Código revogado, após redação dada pela Medida Provisória 2.16667, de 2001, determinava que a área de reserva legal deveria ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel no registro de imóveis competente. O intuito desse dispositivo era trazer ao fólio real importante informação quanto aos limites da reserva, uma vez que averbação no registro público garantiria publicidade irrestrita, oponível a todos, erga omnis. Esse tipo de infração ao disposto no Código Florestal pode e deve acarretar sanção punitiva, mas que não atinge em nada o direito de isenção do ITR quanto a essas áreas se elas forem de fato de preservação permanente, de reserva legal ou de servidão federal, conforme definição dada na Lei 4.771/65 (Código Florestal). A infração cometida contra a Lei 4.771/65 por aquele que não obedece a limitação de uso de propriedade, é crime ambiental, não tributário, não tem o condão de desfazer a condição de área sob reserva legal, ainda que o proprietário lhe tenha dado indevidamente destinação ilícita^deve dar motivo a sanção apropriada que por certo não é de caráter tributário. Esse entendimento se dá em razão da peculiar situação do contribuinte quanto a impossibilidade prática de realizar os registros. Assim voto por DAR PROVIMENTO ao recurso do Contribuinte. (Assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 197DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA Processo nº 10280.721812/200993 Acórdão n.º 9202004.366 CSRFT2 Fl. 13 9 Voto Vencedor Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Designada Primeiramente, cabe esclarecer que a matéria do presente Recurso Especial interposto pelo Contribuinte, conforme o Despacho de Admissibilidade, é unicamente a necessidade de averbação tempestiva da área de Reserva Legal, para exclusão da tributação do ITR. Quanto à matéria ora tratada, discordo do posicionamento da Ilustre Conselheira Relatora, no sentido da desnecessidade de averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para exclusão da tributação do ITRImposto Territorial Rural. O acórdão recorrido assim registrou: "No caso dos autos, a contribuinte não comprovou a averbação da reserva legal à margem da matrícula do imóvel à época do fato gerador nem tampouco apresentou Termo de Ajustamento de Conduta firmado até aquela data, razão pela qual mantémse a glosa efetuada. Destarte, na espécie, não cabe excluir qualquer área ambiental declarada do ITR/2005, para efeitos de exclusão de tributação, mantendose a glosa da área de reserva legal declarada de 7.400,0 há efetuada pela fiscalização." Assim, no que diz respeito à ARLÁrea de Reserva Legal, há um requisito específico para a sua exclusão da tributação do ITR, qual seja, a averbação no registro de imóveis competente. Tal obrigação encontra amparo na Lei nº 4.771, de 1965 (Código Florestal), com a redação dada pela Medida Provisória nº 16667, de 24/08/2001, conforme a seguir: “Art. 16 As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: (...) § 8º A área de reserva legal deve ser averbada à margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código." Como o lançamento se reporta à data de ocorrência do fato gerador do tributo (art. 144 do CTN) e, no que tange ao ITR/2005, este foi fixado em 1º/01/2005 (art. 1º da Lei nº. Fl. 198DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA 10 9.393, de 1996), a averbação da ARL deveria ter sido providenciada até esta data, porém tal providência não foi adotada no presente caso. A despeito das alegações do Contribuinte, no sentido de dispensa da averbação, em função da localização do imóvel na Amazônia Legal, não há previsão legal para o seu acolhimento. E tratandose de exclusão da base de cálculo de tributo, não há que se alargar a interpretação da lei, que é por demais clara no sentido da exigência ora questionada. O Contribuinte alega também que o art. 10 da Lei nº 9.393, de 1996, com as alterações da Medida Provisória nº 2.16667/2001, teria dispensado a averbação da ARLÁrea de Reserva Legal na matrícula do imóvel, para fins de sua exclusão da tributação do ITR. Entretanto, dito dispositivo legal não teve tal escopo, visando tãosomente sedimentar a alteração da modalidade de lançamento anterior do ITR (por declaração, conforme a Lei nº 8.847, de 1994), para lançamento por homologação. Assim, a dispensa de comprovação prévia nada tem a ver com dispensa de averbação, e sim com a sistemática de lançamento, igualando o à modalidade dos demais tributos administrados pela Receita Federal. Destarte, tendo em vista que não foi cumprido requisito essencial para a exclusão da ARLÁrea de Reserva Legal da tributação do ITRImposto sobre a Propriedade Territorial Rural, nego provimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte. (Assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 199DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/09/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 30/09/2 016 por LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS, Assinado digitalmente em 12/09/2016 por MARIA HELENA COTTA CARDOZO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por PATRICIA DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 35318.000039/2007-12
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003
DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL.
O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações.
No caso, em se tratando de lançamento de penalidade, pode-se concluir não ter havido recolhimento antecipado do imposto referente às competências objeto de lançamento. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 173, I, do CTN. Tendo a ciência do lançamento ocorrido em 26/12/2006, deve-se declarar a decadência somente para os fatos geradores ocorridos até a competência 11/00 (inclusive).
Numero da decisão: 9202-004.479
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para manifestação quanto ao mérito, relativamente às competências cuja decadência foi afastada.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543-C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL. O art. 62-A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 - SC, decidido na sistemática do art. 543-C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No caso, em se tratando de lançamento de penalidade, pode-se concluir não ter havido recolhimento antecipado do imposto referente às competências objeto de lançamento. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 173, I, do CTN. Tendo a ciência do lançamento ocorrido em 26/12/2006, deve-se declarar a decadência somente para os fatos geradores ocorridos até a competência 11/00 (inclusive).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para manifestação quanto ao mérito, relativamente às competências cuja decadência foi afastada. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra.
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003 DECADÊNCIA. TRIBUTOS LANÇADOS POR HOMOLOGAÇÃO. MATÉRIA DECIDIDA NO STJ NA SISTEMÁTICA DO ART. 543C DO CPC. REGRA DO ART. 173, I, DO CTN, APENAS QUANDO EXISTIR PAGAMENTO PARCIAL. O art. 62A do RICARF obriga a utilização da regra do REsp nº 973.733 SC, decidido na sistemática do art. 543C do Código de Processo Civil, o que faz com a ordem do art. 150, §4o, do CTN, só deva ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nas demais situações. No caso, em se tratando de lançamento de penalidade, podese concluir não ter havido recolhimento antecipado do imposto referente às competências objeto de lançamento. Assim, aplicável a tais períodos a regra do art. 173, I, do CTN. Tendo a ciência do lançamento ocorrido em 26/12/2006, devese declarar a decadência somente para os fatos geradores ocorridos até a competência 11/00 (inclusive). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 35 31 8. 00 00 39 /2 00 7- 12 Fl. 782DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 783 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos à turma a quo, para manifestação quanto ao mérito, relativamente às competências cuja decadência foi afastada. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gérson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2403000.325, prolatado pela 3a Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 08 de fevereiro de 2011 (efls. 669 a 683). Ali, por unanimidade de votos, deuse provimento parcial ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e a decisão a seguir: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/08/2000 a 30/03/2003 DECADÊNCIA. CUSTEIO.DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO INFORMAÇÃO DE FATOS GERADORES DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. Ocorre a decadência com a extinção do direito pela inércia de seu titular, quando sua eficácia foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado, e este se esgotou sem que esse exercício tivesse se verificado. As edições da Súmula Vinculante n° 8 exarada pelo Supremo Tribunal Federal STF e da Lei Complementar n° 128 de dezembro de 2008, artigo 13, I , “a ”,determinaram que são inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. A apresentação de GFIP com dados que não correspondam à totalidade dos fatos geradores das contribuições previdenciárias caracteriza infração, ensejando a lavratura de Auto de Infração para cominação da multa cabível. Decisão: por maioria de votos, em acatar a preliminar de decadência até a competência 11/2001, inclusive, nos termos do Art. 150, § 4º, CTN. Votou pelas conclusões Paulo Maurício Fl. 783DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 784 3 Pinheiro Monteiro. Vencido Carlos Alberto Mees Stringari que Votou com base no Art. 173 do CTN. No mérito, por unanimidade de votos, determinar o recálculo da multa com base no Art. 32A da Lei 8.212/91, na redação dada pela Lei 11.941/2009, com a prevalência da multa mais benéfica ao contribuinte. Enviados os autos à Procuradoria da Fazenda Nacional para fins de ciência, ocorrida em 14/04/2011 (efl. 693) esta apresentou, na mesma data, embargos de declaração de efls. 697 a 702, os quais restaram rejeitados conforme despachos de efls. 703 a 710. Cientificada da rejeição dos embargos em 06/05/11 (efl. 711), a PGFN ingressa, em 09/05/11 (efl. 713), com Recurso Especial (efls. 714 a 724 e anexos), com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido pela 6a. Câmara do então 2o. Conselho de Contribuintes, através do Acórdão 20601.878, prolatado em 05 de fevereiro de 2009, e, ainda, em relação ao decidido pela 2a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a. Seção deste CARF, em 27/10/2009, através do Acórdão 240200.182 de ementas e decisões a seguir transcritas. Acórdão 20601.878 Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/05/2000 a 30/06/2006 PREVIDENCIÁRIO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA DESCUMPRIMENTO INFRAÇÃO. Consiste em infração à legislação previdenciária, a empresa deixar de informar mensalmente ao INSS por intermédio da GFIP Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, os dados cadastrais, todos os fatos geradores de contribuições previdenciárias e outras informações de interesse do mesmo. MULTA RELEVAÇÃO REQUISITOS. A multa só poderá ser relevada se o infrator formular pedido e corrigir a falta, dentro do prazo de impugnação, ainda que não contestada a infração, desde que seja o infrator primário e não tenha ocorrido nenhuma circunstância agravante. O descumprimento de qualquer dos requisitos impede que o contribuinte faça jus ao benefício. LEGISLAÇÃO POSTERIOR MULTA MAIS FAVORÁVEL APLICAÇÃO. A lei aplicase a ato ou fato pretérito, tratandose de ato não definitivamente julgado quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua Fl. 784DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 785 4 prática.Assunto: Normas Gerais de Direito TributárioPeríodo de apuração: 01/05/2000 a 30/06/2006 DECADÊNCIA ARTS 45 E 46 LEI Nº 8.212/1991 INCONSTITUCIONALIDADE STF SÚMULA VINCULANTE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS ART 173, I, CTN. De acordo com a Súmula Vinculante nº 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional.O prazo de decadência para constituir as obrigações tributárias acessórias relativas às contribuições previdenciárias é de cindo anos e deve ser contado nos termos do art. 173, I, do CTN. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/05/2000 a 30/06/2006 OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA RESPONSABILIDADE CONDOMÍNIO ILEGITIMIDADE PASSIVA INOCORRÊNCIA. Conforme dispõe a legislação de regência, equiparamse à empresa para fins de responsabilização pelo recolhimento de contribuições previdenciárias, bem como pelo cumprimento das obrigações acessórias, as associações de qualquer natureza, inclusive os condomínios. INCONSTITUCIONALIDADE/ILEGALIDADE. É prerrogativa do Poder Judiciário, em regra, a argüição a respeito da constitucionalidade ou ilegalidade e, em obediência ao Princípio da Legalidade, não cabe ao julgador no âmbito do contencioso administrativo afastar aplicação de dispositivos legais vigentes no ordenamento jurídico pátrio sob o argumento de que seriam inconstitucionais ou afrontariam legislação hierarquicamente superior. Recurso Voluntário Provido em Parte. Decisão: I) por unanimidade de votos em declarar a decadência das contribuições apuradas até a competência 11/2000; II) por unanimidade de votos: a) em rejeitar a preliminar de nulidade suscitada; e b) no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para adequar o valor da multa disciplinado pela MP n° 449/2008. Acórdão 240200.182 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/08/2006 GFIP. DADOS RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES.INFRAÇÃO. Fl. 785DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 786 5 Constitui infração, punível na forma da Lei, a apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme disposto na Legislação. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo,portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Decisão: por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para, nas preliminares, excluir do cálculo da multa as contribuições apuradas até a competência 11/2000, anteriores a 12/2000, vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Cleusa Vieira de Souza, que votaram pela aplicação do § 4 0, Art. 150 do CTN. Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que se recalcule a multa conforme a Lei 11.941/2009, a fim de utilização do novo cálculo, caso seja mais benéfico à recorrente, nos termos do voto do relator. Em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda quanto à decadência: a) Que não houve pagamento antecipado, mesmo porque se trata de auto de infração (lançamento de multa, penalidade), cujo lançamento será sempre de ofício, não por homologação. Ressalta que o termo inicial de decadência deslocase para o fato gerador, nos termos do art. 150, §4o. do CTN, tão somente quando o lançamento for por homologação e o contribuinte efetuar o pagamento antecipado; b) Por conta disso, entende que, no caso, como não foi recolhido tributo, nada há a homologar e se aplica como termo inicial da decadência o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Ressalta que a correta aplicação do decidido no âmbito do Recurso Repetitivo REsp 973.733/SC pelo Superior Tribunal de Justiça levaria à aplicação, in casu, do referido art. 173. Requereu, assim, o conhecimento e o provimento do recurso para que seja afastada a decadência decretada pelo Colegiado a quo. O recurso foi admitido consoante despacho de efls. 735 a 738. Encaminhados os autos à autuada para fins de ciência, ocorrida em 21/06/2011 (efl. 741), a contribuinte apresentou, em 19/07/11, contrarrazões de efls. 745/746, onde pugna pela aplicação do Parecer PGFN/CAT no. 1.617, de 2008, entendendo que deve ser aplicado, para fins de contagem do prazo decadencial, o §4o. do art. 150 do CTN, requerendo a manutenção da decisão recorrida. É o relatório. Fl. 786DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 787 6 Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, assim, dele conheço. As contrarrazões apresentadas pela autuada são intempestivas. Passo à análise de mérito. De se notar, para fins do deslinde da questão, a vinculação deste CARF às decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça quando submetidas ao regime do art. 543 C do Código de Processo Civil, a partir do disposto no art. 62, §2o. do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho em vigor, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015: RICARF Art. 62. (...) (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Assim, ainda que se admita que a questão relativa à contagem do prazo decadencial é bastante tormentosa (daí a adoção de diversas interpretações relativas à matéria no âmbito deste Conselho), de se reconhecer que o Superior Tribunal de Justiça – STJ, órgão máximo de interpretação das leis federais, recentemente pacificou, sob a sistemática de recursos repetitivos, o entendimento no sentido de que a regra do art. 150, §4o, do CTN só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, I nos demais casos. Reproduzse, a seguir, a ementa do Recurso Especial nº 973.733 SC (2007/01769940), julgado em 12 de agosto de 2009, devidamente submetido à sistemática prevista no art. 543C do Código de Processo Civil, sendo, assim, referido decisum, repitase, de observância obrigatória neste CARF, a partir do disposto no art. 62, §2o. do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho em vigor, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reza a decisão : PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO Fl. 787DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 788 7 CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 163/210). 3. O dies a quo do prazo qüinqüenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs. 183/199). (...) 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (destaques do original) Desta forma, ao adentrar o mérito da questão, este CARF forçosamente deve abraçar a interpretação do Recurso Especial nº 973.733/SC supra, no sentido de que a regra do Fl. 788DF CARF MF Processo nº 35318.000039/200712 Acórdão n.º 9202004.479 CSRFT2 Fl. 789 8 art. 150, §4o, do CTN, só deve ser adotada nos casos em que o sujeito passivo antecipar o pagamento e não for comprovada a existência de dolo, fraude ou simulação, prevalecendo os ditames do art. 173, nos demais casos. No caso em questão, em se tratando de lançamento de penalidade decorrente de descumprimento de obrigação acessória, cediço, em meu entendimento, que se está diante de caso onde a lei não prevê qualquer pagamento antecipado da exação, visto que totalmente incompatível com sua natureza. Assim, não há que se falar, aqui, em lançamento por homologação, se tratando o presente lançamento, notese, para fins de contagem de prazo decadencial, de obrigação tributária autônoma em relação à eventual obrigação principal constituída em NFLD. Destarte, de se realizar, aqui, a contagem do prazo decadencial na forma disposta pelo art. 173, I da Lei no. 5.172 de 25 de outubro de 1966 (CTN). Desta maneira é que, mais especificamente, considerandose que, in casu, a ciência do auto se deu em 26/12/2006 (efl. 206), só restam alcançadas pela decadência as competências até 11/00 (inclusive). Diante do exposto,voto por dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, a fim de que se aplique na contagem do prazo decadencial o art. 173, I do CTN, devendose, assim, afastar a decadência para todos os fatos geradores ocorridos para as competências de 12/2000 a 11/2001, com retorno dos autos à turma a quo, para manifestação quanto ao mérito, relativamente às competências acima, cuja decadência foi afastada. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 789DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.724140/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Sep 13 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 01.
A teor da Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário não conhecido.
RECURSO DE OFICIO
Em atenção ao recurso de ofício previsto no artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72, permite-se reiterar os termos e fundamentos da decisão recorrida.
Recurso de Oficio Negado.
Recurso Voluntário Não Conhecido
Numero da decisão: 3402-003.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício e não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Antônio Carlos Atulim - Presidente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Rafaela Camargo Mazzoni, OAB/SP nº 280.089.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Importação - II Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONCOMITÂNCIA. AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 01. A teor da Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário não conhecido. RECURSO DE OFICIO Em atenção ao recurso de ofício previsto no artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72, permite-se reiterar os termos e fundamentos da decisão recorrida. Recurso de Oficio Negado. Recurso Voluntário Não Conhecido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício e não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim - Presidente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Rafaela Camargo Mazzoni, OAB/SP nº 280.089.
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AÇÃO JUDICIAL. SÚMULA CARF Nº 01. A teor da Súmula CARF nº 01, importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Recurso Voluntário não conhecido. RECURSO DE OFICIO Em atenção ao recurso de ofício previsto no artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72, permitese reiterar os termos e fundamentos da decisão recorrida. Recurso de Oficio Negado. Recurso Voluntário Não Conhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício e não conhecer do Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Antônio Carlos Atulim Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 41 40 /2 01 2- 39 Fl. 39922DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Waldir Navarro Bezerra Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Antônio Carlos Atulim, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Jorge Olmiro Lock Freire, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Proferiu sustentação oral pela Recorrente, a Dra. Rafaela Camargo Mazzoni, OAB/SP nº 280.089. Relatório Tratase o presente processo sobre Autos de Infração lavrados para exigência de tributos, juros e multas em virtude de discordância da fiscalização sobre as classificações fiscais utilizadas para as mercadorias importadas pela interessada entendendo que aqui se trata de classificação fiscal de aparelhos de ar condicionado do tipo "splitsystem", sendo esses aparelhos formados por duas partes: uma unidade condensadora (parte externa do aparelho, também chamada pela fiscalizada de “grupo frigorífico”) e uma unidade evaporadora (parte interna do aparelho). Foram lançados Imposto sobre a Importação II, Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, COFINS, PIS, multa regulamentar de um por cento sobre o valor aduaneiro por classificação incorreta e multas por falta de recolhimento de II, de IPI, de COFINS e de PIS no prazo regulamentar, além de juros moratórios. Por bem descrever os fatos, adoto o relatório objeto da decisão recorrida, de nº 1667.451, prolatada pela 24ª Turma da DRJ em São Paulo (SP), que a seguir transcrevo seus principais trechos (fls. 39.775/3.9788): "(...) O Fisco defendeu a classificação fiscal NCM 8415.10.11 (splitsystem, sistema com elementos separados, com capacidade inferior ou igual a 30.000 frigorias/hora das máquinas e aparelhos de arcondicionado que contenham um ventilador motorizado e dispositivos próprios para modificar a temperatura e a umidade, incluindo as máquinas e aparelhos em que a umidade não seja regulável separadamente, para todas as mercadorias importadas enquanto a interessada utilizou as classificações 8415.82.10 (arcondicionado com ventilador motorizado e dispositivos próprios para modificar a temperatura e a umidade, com capacidade até 30000 frigorias/hora), 8415.90.10 (Unidades evaporadoras, internas, de aparelho de ar condicionado do tipo splitsystem, sistema com elementos separados, com capacidade inferior ou igual a 30.000 frigorias/hora das máquinas e aparelhos de arcondicionado que contenham um ventilador motorizado e dispositivos próprios para modificar a temperatura e a umidade, incluindo as máquinas e aparelhos em que a umidade não seja regulável separadamente), 8415.90.20 (Unidades condensadoras, externas, de aparelho de arcondicionado do tipo splitsystem, sistema com elementos separados, com capacidade inferior ou igual a 30.000 frigorias/hora das máquinas e aparelhos de arcondicionado que contenham um ventilador motorizado e dispositivos próprios para Fl. 39923DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.724140/201239 Acórdão n.º 3402003.226 S3C4T2 Fl. 39.923 3 modificar a temperatura e a umidade, incluindo as máquinas e aparelhos em que a umidade não seja regulável separadamente), 8418.69.40 (Grupos frigoríficos de compressão para refrigeração ou para arcondicionado, com capacidade inferior ou igual a 30.000 frigorias/hora de refrigeradores, congeladores, freezer, e outros materiais, máquinas e aparelhos para a produção de frio, com equipamento elétrico ou outro; bombas de calor, excluindo as máquinas e aparelhos de arcondicionado da posição 84.15). 8418.69.99 (outros materiais, máquinas e aparelhos para a produção de frio, com equipamento elétrico ou outro; bombas de calor, excluindo as máquinas e aparelhos de arcondicionado da posição 84.15) e 8415.90.00 (que até 30/09/2011, Resolução CAMEX nº 69/2011, se referia a partes das máquinas e aparelhos de arcondicionado que contivessem um ventilador motorizado e dispositivos próprios para modificar a temperatura e a umidade, incluindo as máquinas e aparelhos em que a umidade não fosse regulável separadamente). A fiscalização informa que os aparelhos são formados, basicamente, por duas partes: uma unidade condensadora (parte externa do aparelho, também chamada pela fiscalizada de “grupo frigorífico”) e uma unidade evaporadora (parte interna do aparelho) e que, por meio de pesquisas nos sistemas da Receita Federal, principalmente extrações de dados do DWAduaneiro, verificouse que a FUJITSU, marca conhecida no mercado pela comercialização de aparelhos de ar condicionado tipo split system, nunca tinha registrado nenhuma DI para a importação de aparelhos de ar condicionado (NCM 8415.10.11). Porém, havia registrado uma série de DI para a importação de unidades condensadoras e outra série de DI para a importação de unidades evaporadoras. (...) A interessada impugnou os autos de infração alegando, em síntese, que: conforme laudo técnico que traz anexo, elaborado por engenheiro, é impreciso e equivocado afirmar que a mera junção ou montagem com o simples encaixe da condensadora com a evaporadora formaria um sistema complexo do conjunto do ar condicionado split system. além da condensadora e da evaporadora, um split system deverá conter os materiais elencados a seguir, que não são por ela importados: tubos de cobre, isolamento térmico para esses tubos, fita para acabamento, proteções para passagem de tubos, fluido refrigerante, cabos elétrico e de alimentação, tubo de dreno e sistama de suporte. importa apenas a evaporadora, a condensadora e suas peças de reposição. as informações utilizadas pela fiscalização, colhidas na internet, são direcionadas a um público consumidor leigo, com caráter e Fl. 39924DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 apelo publicitário, razão pela qual não apresenta informações técnicas em seu site. o laudo técnico diz que nem sempre um único modelo de condensadora encaixase em outro modelo de evaporadora porque existem condensadoras que, após a realização da infraestrutura com os equipamentos e materiais adicionais mencionados, podem ser conectados com diversos modelos de evaporadoras diferentes, aí sim formando um split system. apresenta notas fiscais de venda com quantidades diferentes de evaporadoras e de condensadoras e também catálogos que demonstram a flexibilidade de combinações. realiza suas importações separadamente, ora condensadoras, ora evaporadoras, dependendo da situação dos exportadores não cabendo a alegação da autoridade fiscal de que a Fujitsu estaria fracionado as importações para fugir de alíquotas mais gravosas. fracionar ou não os produtos não é sua opção por depender dos fornecedores. o fato de como serão utilizadas as evaporadoras e as condensadoras não é conhecido no momento da importação, podendo serem diversas evaporadoras utilizadas a partir de uma só condensadora. em vários casos os produtos são vendidos separadamente, conforme relação de notas fiscais de venda. o mercado pode mudar para que sejam vendidas mais evaporadoras do que condensadoras apesar de ter se comportado de certa forma no período fiscalizado. a incidência tributária tem a ver com a importação e não com a venda dos produtos, não devendo prosperar o argumento do Fisco ainda que a importadora soubesse a destinação. sempre foram aprovadas e liberadas as importações. todos os subitens utilizados se referem a partes dos aparelhos de ar condicionados com suas diversas descrições técnicas enquanto a fiscalização utilizou a NCM indicada para o split system. ao contrário do que preceitua a fiscalização, vale dizer que o subitem NCM com a descrição contendo as expressões condensadoras ou evaporadoras é mais específico, conforme regra 3 A, e mais apropriado do que o subitem NCM para split system. deve ser afastada a aplicação da Nota 4 da Seção XVI e da RGI 2 A. não é possível acoplar ou encaixar uma evaporadora a uma condensadora sem diversos materiais já citados, tubos de cobre, isolamento térmico para esses tubos, fita para acabamento, proteções para passagem de tubos, fluido refrigerante, cabos elétrico e de alimentação, tubo de dreno e sistama de suporte. informações do MDIC sobre volumes globais de exportação da Ásia comprovam um significativo volume de importações com os Fl. 39925DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.724140/201239 Acórdão n.º 3402003.226 S3C4T2 Fl. 39.924 5 mesmos subitens de classificações fiscais utilizado pela impugnante. devem ser respeitados os princípios da legalidade e do direito de propriedade e da segurança jurídica. a multa de um por cento deve ser afastada por não ter havido erro de classificação e, caso seja entendido que houve erro, por ter importado de boa fé teria cometido mero equívoco formal que, com base no ADN COSIT 12/97 não deve ser punível com multa. não são cabíveis o PIS e a COFINS por não ter errado a classificação mas, caso se entendam devidos os débitos cobrados, deve ser concedido à impugnante o direito de apurar o crédito correspondente ao recolhimento complementar para que seja utilizado em operações futuras. as intimações sejam efetuadas em nome do patrono da causa administrativa. Através da impugnação, a interessada também alegou que já houve autuações pretéritas relativas às declarações de importação 07/14476000, 07/14566688, 07/13652513 e 07/13652777, que foi desconsiderado, de acordo com as fls. 119 e 120, do Auto de Infração, ter havido recolhimento do IPI para as declarações de importação 07/16207367, 07/16331912, 07/15716624, 07/15716365 e 07/15716993 à alíquota de 5%, o que somou o montante de R$ 121.822,85 a serem descontados dos valores lançados à alíquota de 20%, e para cálculo da multa regulamentar, na fl. 112 do Auto de Infração, com relação à DI 07/17885920, ter sido utilizado o mesmo valor aduaneiro da DI 07/17885911, de R$ 112.648,40 quando o correto é R$ 1.292,86, o que resultou em base de cálculo maior em R$ 111.355,54. A fiscalização concordou com todo o conteúdo alegado pela interessada na diligência proposta, elaborando demonstrativo com o valor do crédito tributário lançado indevidamente e a interessada foi cientificada da diligência, discordando do valor total que a fiscalização entendeu que devia ser excluído, pois, enquanto a fiscalização colocou o valor total a ser excluído de R$ 1.400.016,16, a interessada entendeu que o valor seria de R$ 1.688.912,17. Nova diligência foi solicitada para confirmar se a diferença apontada pela interessada seria plausível, uma vez que notamos, especificamente com relação à DI 07/13652513, que o valor por ela apontado a ser excluído era de R$ 462.771,39 enquanto a fiscalização trouxe o valor a ser excluído de R$ 173.875,38 no demonstrativo apresentado. Houve o cumprimento de diligência solicitada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo I (DRJ/SP1) para verificação de alegações da impugnação da fiscalizada com relação aos cálculos dos valores devidos (Despacho 32 – 24ª Turma da DRJ/SP1), constando que o erro apurado ao contribuinte devese ao fato de algumas células da Fl. 39926DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 coluna referente à DI 07/13652513 estarem formatadas como “texto” no programa Excel e, portanto, o valor delas inserido não foi considerado na soma, tendo essa falha sido corrigida e uma nova planilha foi anexada ao eprocesso. A fiscalização informou que o valor total a ser excluído do auto de infração para a DI 07/13652513 é de R$ 418.046,97 e que o valor total a ser excluído do auto de infração como um todo é de R$ 1.644.187,75, conforme demonstrativo elaborado. Em 18/12/2014, a interessada foi cientificada do Despacho de Diligência nº 32 (fls. 39762/39763), bem como do resultado da diligência realizada pelo setor de fiscalização da Delex (fls. 39766/39767), conforme carta de comunicação e termo de abertura de documento às fls. 39770/39772 e, tendo transcorrido o prazo regulamentar sem que houvesse manifestação, a repartição retornou os autos à DRJ para prosseguimento. É o Relatório. A 24ª Turma da DRJ/SPO julgou a Impugnação procedente em parte, cancelando a exigência do crédito tributário no valor de R$ 1.644.187,75, constante do demonstrativo elaborado no corpo da decisão DRJ (quadro demonstrativo à fl. 39.787), que teve ementa vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONDENSADORES E EVAPORADORES. SAÍDAS CONJUNTAS. UNIDADES DE APARELHO DE AR CONDICIONADO DO TIPO “SPLITSYSTEM”. UNIDADE FUNCIONAL. Classificamse no código de aparelho de ar condicionado do tipo “splitsystem” as unidades evaporadoras e condensadoras, fornecidas conjuntamente, pois fica caracterizada a unidade funcional. Aplicação das RGI/SH n.ºs 1 e 2 a), combinado com a Nota 4 da Seção XVI da TIPI. Código NCM 8415.10.11. INTIMAÇÕES. DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO. As intimações, para ciência, devem ser encaminhadas ao domicílio tributário eleito pelo sujeito passivo da obrigação tributária. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do Recurso de Ofício apresentado. O Presidente da 24ª Turma da DRJ/SPO, recorreu de ofício da decisão, em cumprimento ao que dispõe o art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, com redação dada pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, tendo em vista que crédito tributário exonerado excede o limite de R$ 1.000.000,00, definido na Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008. Em 05/05/2015 a empresa tomou ciência da decisão DRJ e em 28/05/2015 apresentou o Recurso Voluntário contra a decisão da DRJ, conforme fls. 39.805/39.840, repisando os termos da impugnação e desta forma sintetizados: Fl. 39927DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.724140/201239 Acórdão n.º 3402003.226 S3C4T2 Fl. 39.925 7 a) da ilegalidade na revisão do lançamento por erro de direito e mudança de critério jurídico, em respeito à jurisprudência do STJ, seja pela inexistência de equívoco em relação a classificação fiscal apregoada, à época, pela recorrente; b) em relação a Classificação Fiscal, argumenta sobre a correta aplicação das Regras de Interpretação do Sistema Harmonizado no presente caso; c) da importação das unidades para venda isolada e reposição; d) da vedação da aplicação de multa de 1% para um mesmo fato reconhecidamente válido princípio da consunção, levandose em conta a concomitância com a aplicação da multa de ofício e pela correta descrição de todos os produtos importados; e) da nãocumulatividade do PIS e da Cofins Importação; Ao final, requer a realização de sustentação oral no julgamento, que as intimações oficiais sejam realizadas em nome dos advogados e pede provimento de seu recurso voluntário, tornando sem efeito os impostos exigidos bem como a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra – Relator Fundase no Auto de Infração contra a Recorrente, que foram lançados Imposto sobre a Importação II, Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, COFINS, PIS, multa regulamentar de um por cento sobre o valor aduaneiro, por classificação incorreta e multas por falta de recolhimento de II, de IPI, de COFINS e de PIS no prazo regulamentar, além de juros moratórios, totalizando R$ 7.226.807,60. 1. DA ADMISSIBILIDADE E ANÁLISE DO RECURSO DE OFÍCIO A decisão recorrida cancelou parcialmente o Auto de Infração, exonerado o sujeito passivo em valores superiores ao definido na Portaria MF nº 03, de 03 de janeiro de 2008, portanto, conheço do Recurso de Ofício. Entendo estar escorreito o entendimento emanado pela decisão recorrida, no que concerne aos créditos tributários exonerados. Nas alegações efetuadas pela empresa em sua impugnação e em procedimento de diligência solicitado pela DRJ, a fiscalização concordou com todo o conteúdo alegado pela Recorrente, nos exatos termos da diligência proposta. Vejase trechos reproduzidos da decisão recorrida (fls. 39.786/39.787) grifei: "(...) Quanto ao cálculo dos valores a serem excluídos do Auto de Infração, ele está em demonstrativo específico, na planilha chamada “Valor da Parcela que Deve Ser Excluída”, anexa a este despacho, do qual a interessada concordou em sua manifestação. Fl. 39928DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Houve autuações pretéritas relativas às declarações de importação 07/14476000, 07/14566688, 07/13652513 e 07/13652777, que foram desconsideradas com relação a recolhimentos do IPI para as declarações de importação 07/16207367, 07/16331912, 07/15716624, 07/15716365 e 07/15716993 à alíquota de 5%, o que somou o montante de R$ 121.822,85 a serem descontados dos valores lançados à alíquota de 20%, e para cálculo da multa regulamentar, na fl. 112 do Auto de Infração, com relação à DI 07/17885920, foi utilizado o mesmo valor aduaneiro da DI 07/17885911, de R$ 112.648,40 quando o correto é R$ 1.292,86, o que resultou em base de cálculo maior em R$ 111.355,54. A fiscalização concordou com todo o conteúdo alegado pela interessada na diligência proposta, elaborando demonstrativo com o valor do crédito tributário lançado indevidamente e a interessada foi cientificada da diligência, discordando do valor total que a fiscalização entendeu que devia ser excluído, pois, enquanto a fiscalização colocou o valor total a ser excluído de R$ 1.400.016,16, a interessada entendeu que o valor seria de R$ 1.688.912,17. Nova diligência foi solicitada para confirmar se a diferença apontada pela interessada seria plausível, o que chegou a um valor de R$ 1.644.187,75, conforme demonstrativo elaborado pela fiscalização do qual a interessada não apresentou manifestação. Deste modo, em atenção ao recurso de ofício previsto no artigo 34, inciso I, do Decreto n° 70.235/72, permitese reiterar os termos e fundamentos da decisão recorrida. Negase, portanto, provimento ao Recurso de Ofício. 2 DO RECURSO VOLUNTÁRIO Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 39.805/39.840, é tempestiva e merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/SPO nº 16 67.451, da 24ª Turma, datado de 08 de abril de 2015. 2.1 PRELIMINAR CONCOMITÂNCIA Consta nos autos, Informação proferida pela Alf/São Paulo (SP) à fl. 39.800, quando da intimação do resultado da decisão recorrida que, "(...) Tendo em vista a existência de depósitos administrativos, para os débitos constantes do demonstrativo “A”, facultase ao interessado interpor Recurso Voluntário ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contados a partir do recebimento desta (data da assinatura do Aviso de Recebimento – AR). Vitrificase que em 11/06/2015, a empresa apresenta requerimento, solicitando o levantamento dos depósitos referente a parcela do crédito exonerado pela DRJ, juntando as cópias dos referidos comprovantes de depósitos (fls. 39.853/39.858). No entanto, constatase que em 11/06/2015 à fl. 39.848 do eprocesso, que a Recorrente protocolou requerimento, informando e solicitando o que segue: Fl. 39929DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.724140/201239 Acórdão n.º 3402003.226 S3C4T2 Fl. 39.926 9 "(...) Tratase de Auto de Infração, abrangendo o período de março de 2007 a dezembro de 2007, no qual foram imputadas à Recorrente diversas infrações decorrentes de suposta classificação fiscal incorreta de mercadorias. Inconformada, a Recorrente apresentou tempestivamente sua Impugnação, esclarecendo que, além de cobranças indevidas por duplicidade ou equívocos procedimentais da fiscalização, o auto de infração desconsiderou as classificações fiscais realizadas em absoluta conformidade com a lei, motivo pelo qual o lançamento tributário não deveria ser mantido. Na seqüência, para evitar qualquer prejuízo com a correção monetária do débito e garantir a suspensão da exigibilidade, a Recorrente efetuou depósitos administrativos em 28/08/2012, no valor integral do débito, nos seguintes valores: R$ 661.054,73, R$ 6.283.068,15, R$ 128.057,32, R$ 27.802,17 e R$ 226.124,50, conforme cópias anexas. Ocorre que, no deslinde regular do feito, o processo foi remetido novamente à fiscalização para manifestação sobre a Impugnação, momento em que restou reconhecido pela própria Administração Pública o equívoco na autuação da quantia de R$ 1.644.187,75 (um milhão, seiscentos e quarenta e quatro mil, cento e oitenta e sete reais e setenta e cinco centavos), parte esta devidamente excluída pela Delegacia Regional de Julgamento. Assim, o lançamento foi julgado procedente em parte, exonerando a Recorrente do valor correspondente a R$ 1.644.187,75, (um milhão, seiscentos e quarenta e quatro mil, cento e oitenta sete reais e setenta e cinco centavos), mantendose a cobrança de R$ 5.582.619,85 pelas infrações decorrentes de suposta classificação fiscal incorreta de mercadorias. Como a Recorrente foi exonerada do pagamento de R$ 1.644.187,75, houve recurso de ofício a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais para discutir o valor exonerado pelos equívocos na autuação. Com relação ao restante da matéria correspondente ao valor histórico de R$ 5.582.619,85, a Recorrente interpôs o competente recurso voluntário a fim de também levar ao CARF a discussão relativa à classificação fiscal ensejadora da cobrança das diferenças de Imposto de Importação, IPI, PISImportação e COFINS Importação e multa regulamentar. Todavia, em razão da jurisprudência do E. Superior Tribunal de Justiça constituir se favorável aos seus interesses sobre o mérito da classificação fiscal utilizada à época das importações, a Recorrente houve por bem valerse de seu direito à jurisdição através do ajuizamento da Ação Anulatória n° 0025614 65.2016.4.01.3400, para discutir a validade da cobrança mantida no valor de R$ 5.582.619,85 (Doc. anexo), desistindo dessa parte da discussão na esfera administrativa. E assim sendo, a discussão administrativa permanece unicamente em relação às inconsistências na formação e cálculos do auto de infração que deram ensejo à exclusão dos R$ 1.644.187.75, as quais a Recorrente requer a ratificação da decisão favorável da Delegacia de Julgamento por este E. Tribunal Administrativo, de modo que seja autorizada a devolução/levantamento da quantia acima mencionada atualizada em razão do depósito realizado". Pois bem. Determina o § 2º do art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979, que a "propositura, pelo contribuinte, de ação anulatória ou declaratória da nulidade do crédito da Fl. 39930DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 10 Fazenda Nacional importa em renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso interposto". No mesmo requerimento, a Recorrente também afirma que está "desistindo dessa parte da discussão na esfera administrativa". É cediço que o art. 38 da Lei nº 6.830, de 1980, traz disposição semelhante em relação às ações judiciais de mandado de segurança, repetição do indébito ou anulatória do ato declarativo da dívida. Nessa linha, o CARF aprovou o enunciado de Súmula CARF nº 01, publicada no DOU de 22/12/2009: "Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial". O art. 87 do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011, regulamentou a matéria no mesmo sentido: Art. 87. A existência ou propositura, pelo sujeito passivo, de ação judicial com o mesmo objeto do lançamento importa em renúncia ou em desistência ao litígio nas instâncias administrativas (Lei no 6.830, de 1980, art. 38, parágrafo único). Parágrafo único. O curso do processo administrativo, quando houver matéria distinta da constante do processo judicial, terá prosseguimento em relação à matéria diferenciada. 3 CONCLUSÃO Posto isto, considerando o pedido de desistência do Recurso apresentado em que o objeto do presente processo é matéria discutida na Ação Anulatória de Débito Fiscal n° 002561465.2016.4.01.3400, em curso na Justiça Federal do Distrito Federal, conforme se constata da petição de fls. 39.878/39.910, que ainda se encontra em julgamento naquela instância do Poder Judiciário Federal, voto no sentido de não conhecer do Recurso Voluntário (concomitância) e negar provimento ao Recurso de Ofício. É como voto. (Assinatura Digital) Waldir Navarro Bezerra Relator. Fl. 39931DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10314.724140/201239 Acórdão n.º 3402003.226 S3C4T2 Fl. 39.927 11 Fl. 39932DF CARF MF Impresso em 13/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 05/09/20 16 por ANTONIO CARLOS ATULIM, Assinado digitalmente em 01/09/2016 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
score : 1.0
Numero do processo: 10865.904922/2012-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2005
COMPENSAÇÃO. REQUISITOS.
É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza.
ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO.
Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado.
PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO
A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazê-lo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia.
PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL.
A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3201-002.339
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DCOMP. Recorrente ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2005 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. É vedada a compensação de débitos com créditos desvestidos dos atributos de liquidez e certeza. ÔNUS DA PROVA. FATO CONSTITUTIVO DO DIREITO NO QUAL SE FUNDAMENTA A AÇÃO. INCUMBÊNCIA DO INTERESSADO. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. PROVA DOCUMENTAL. PRECLUSÃO A prova documental deve ser produzida até o momento processual da reclamação, precluindo o direito da parte de fazêlo posteriormente, salvo prova da ocorrência de qualquer das hipóteses que justifiquem sua apresentação tardia. PROVA DOCUMENTAL. PRINCÍPIO PROCESSUAL DA VERDADE MATERIAL. A busca da verdade real não se presta a suprir a inércia do contribuinte que tenha deixado de apresentar, no momento processual apropriado, as provas necessárias à comprovação dos créditos alegados. Recurso Voluntário Negado. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Votaram pelas conclusões os Conselheiros Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Tatiana Josefovicz Belisário e Cassio Shappo. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 90 49 22 /2 01 2- 13 Fl. 106DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, José Luiz Feistauer de Oliveira, Paulo Roberto Duarte Moreira, Mércia Helena Trajano D'Amorim, Cássio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Tatiana Josefovicz Belisário. Relatório ELO COMERCIO DE COMPONENTES AUTOMOTIVOS LTDA transmitiu PER/DCOMP alegando indébito de Contribuição para o PIS/Pasep. A DRF LIMEIRA emitiu Despacho Decisório Eletrônico não homologando a compensação, em virtude de o pagamento informado ter sido integralmente utilizado para quitação de débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para a compensação declarada. Em Manifestação de Inconformidade a contribuinte alegou, em síntese, que comercializa alguns produtos sujeitos à tributação monofásica (alíquota zero sobre as suas vendas), que foram indevidamente tributados, o que deu origem aos créditos informados no PER/Dcomp. Procurando demonstrar a existência do direito creditório junta ao processo cópia da DCTF retificadora. A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente, nos termos do Acórdão 08026.250. A DRJ fundamentou que a simples retificação da DCTF não é suficiente para comprovar o pagamento indevido ou a maior que o devido, e que a contribuinte não trouxe aos autos elementos comprobatórios do direito creditório utilizado na compensação declarada. Em seu recurso voluntário a Recorrente traz, em resumo, os seguintes argumentos: a) reitera que a origem de seu direito creditório decorre da inclusão indevida, na base de cálculo da contribuição, de receitas oriundas da venda de produtos sujeitos à alíquota 0%, conforme anexo I da Lei nº 10.485/2002 (SILENCIOSO componente do sistema de escapamento NCM 87.08.92.00), que já teriam sofrido tributação obedecendo ao critério monofásico; b) afirma que procurou comprovar o direito creditório com a manifestação de inconformidade acompanhada da DCTF retificadora, mas que, agora, junta aos autos demonstrativo mais detalhado e minucioso (listagem de notas fiscais com indicação dos produtos vendidos com respectivas alíquotas aplicáveis, cópia do Registro de Saídas e da GIA correspondentes), servindo para o reconhecimento de seu direito de crédito ou, pelo menos, para justificar a realização de diligência (cita a Resolução nº 3803000.330 como precedente); c) caso o Colegiado decida pela realização de diligência, informa que todas as notas fiscais relacionadas nos demonstrativos estão sob sua guarda, à disposição do Fisco; Fl. 107DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 3 d) sustenta que a decisão recorrida negou seu direito atendose a aspecto meramente formal, sem observar o princípio da verdade material, que norteia o processo administrativo fiscal. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201002.316, de 24/08/2016, proferido no julgamento do processo 10865.904904/201231, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201002.316): "Observados os pressupostos recursais, a petição de fls. 70 a 78 merece ser conhecida como recurso voluntário contra o Acórdão DRJ/Fortaleza/3ª Turma, nº 0826.232, de 20 de agosto de 2013. No presente caso, a decisão recorrida não acolheu a alegação de erro na apuração da contribuição social, nem a simples retificação da DCTF para efeito de alterar valores originalmente declarados, porque o declarante, em sede de manifestação de inconformidade, não se desincumbiu do ônus probatório que lhe cabia e não juntou nos autos seus registros contábeis e fiscais, acompanhados de documentação hábil, para infirmar o motivo que levou a autoridade fiscal competente a não homologar a compensação ou mesmo para eventualmente comprovar a alegada inclusão indevida de valores na base de cálculo das contribuições, que poderiam levar à reduções de valores dos débitos confessados em DCTF. Agora, já no recurso voluntário, o interessado aporta aos autos novos documentos, que não haviam sido oferecidos à autoridade julgadora de primeira instância. A possibilidade de conhecimento desses novos documentos, não oferecidos à instância a quo, deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal. O PAF, assim dispõe, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. [...]Art. 16. A impugnação mencionará: [...]III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Fl. 108DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 4 [...]§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) [...]Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). O processo administrativo fiscal pode ser considerado como um método de composição dos litígios, empregado pelo Estado ao cumprir sua função jurisdicional, com o objetivo imediato de aplicar a lei ao caso concreto para a resolução da lide. Em razão de vários fatores, a forma como o processo se desenvolve assume feições diferentes. Humberto Theodoro Júnior em "Curso de Direito Processual Civil, vol. I" (ed. Forense, Rio de Janeiro, 2004, p.303) assim diz: “enquanto processo é uma unidade, como relação processual em busca da prestação jurisdicional, o procedimento é a exteriorização dessa relação e, por isso, pode assumir diversas feições ou modos de ser.”. Ensina o renomado autor que “procedimento é, destarte, sinônimo de ‘rito’ do processo, ou seja, o modo e a forma por que se movem os atos do processo”. Neste sentido, o procedimento está estruturado segundo fases lógicas, que tornam efetivos os seus princípios fundamentais, como o da iniciativa da parte, o do contraditório e o do livre convencimento do julgador. Conforme os antes transcritos artigos 14 e 15 do Decreto 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal (PAF), é a impugnação da exigência, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, que instaura a fase litigiosa do procedimento. (grifei) Por sua vez, o art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972, estabelece que as provas devem ser apresentadas juntamente com a impugnação, precluindo o direito de fazêlo em outro momento processual. O sistema da oficialidade, adotado no processo administrativo, e a necessidade da marcha para frente, a fim de que o mesmo possa atingir seus objetivos de solução de conflitos e pacificação social, impõem que existam prazos e o estabelecimento da preclusão. Contudo, uma fria análise da norma pode vir a chocarse com os princípios da verdade material e da ampla defesa. Vejamos que a Lei nº 9.784/1999, que regula o processo administrativo em geral, no art. 3º, possibilita a apresentação de alegações e documentos antes da decisão e, no art. 38, permite que documentos probatórios possam ser juntados até a tomada da decisão administrativa. Entretanto, conforme a melhor doutrina, deve ser aplicada ao caso a lei específica existente, Decreto nº 70.235/1972, que determina o rito do processo administrativo fiscal, em detrimento da lei geral. Fl. 109DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 5 Neste ponto, sobre o momento da apresentação da prova no processo administrativo fiscal, cabe mencionar que de fato existe na jurisprudência uma tendência de atenuar os rigores da norma, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, que indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, no tocante a documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador. Logo, o direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação e será determinado a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, bem como à percepção de que efetivamente houve um esforço na busca de comprovar o direito alegado, que é ônus daquele que objetiva a restituição, ressarcimento e/ou compensação de tributos. Como se vê, as alegações de defesa são faculdades do demandado, mas constituemse em verdadeiro ônus processual, porquanto, embora o ato seja instituído em seu favor, não sendo praticado no tempo certo, surgem para a parte conseqüências gravosas, dentre elas a perda do direito de fazêlo posteriormente, pois operase, nesta hipótese, o fenômeno da preclusão, isto porque, conforme já dito, o processo é um caminhar para a frente, não se admitindo, em regra, ressuscitar questões já ultrapassadas em fases anteriores. O § 4º do art. 16 do PAF estabelece que só é lícito deduzir novas alegações em supressão de instância quando: relativas a direito superveniente, demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Compete ainda ao julgador administrativo conhecer de ofício de matérias de ordem pública, a exemplo da decadência; ou por expressa autorização legal. Finalmente, o § 5º do mesmo dispositivo legal exige que a juntada dos documentos deve ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. Especificamente no caso desses autos, o recorrente não se preocupou em produzir oportunamente os documentos que comprovariam suas alegações, ônus que lhe competia, segundo o sistema de distribuição da carga probatória adotado pelo Processo Administrativo Federal: o ônus de provar a veracidade do que afirma é do interessado, segundo o disposto na Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999, art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido o art. 330 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (CPC): Art. 333. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Fl. 110DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 6 O recorrente tampouco comprovou a ocorrência de qualquer das hipóteses das alíneas “a” a “c” do § 4º do art. 16 do PAF, que justificasse a apresentação tão tardia dos referidos documentos. No caso, o acórdão da DRJ foi bastante claro ao fundamentar suas conclusões pela insuficiência da comprovação do direito creditório alegado quando afirmou: "a simples retificação da DCTF sem que o contribuinte tenha juntado aos autos documentos hábeis e idôneos que comprovem as alterações efetuadas não pode servir como justificativa de eventual erro no preenchimento da DCTF" (grifei). Ao final, a decisão recorrida novamente destaca: "a manifestação de inconformidade procura justificar o erro na declaração DCTF Original mediante retificação da DCTF, após a ciência do Despacho Decisório, sem apresentação de elementos comprobatórios do direito creditório pleiteado no citado PER/DCOMP. (grifei) A propósito dos documentos que instruem a peça recursal (demonstrativos do faturamento mensal, do cálculo dos créditos de PIS e Cofins e das compensações, bem como cópia do registro de saídas e da apuração do ICMS), verificase que o contribuinte anexou uma relação de Notas Fiscais de 7 (sete) páginas de extensão, fls. 79 a 85, afirmando que tal providência o dispensaria da anexação de todas estas notas emitidas no período, em face de seu "grande volume". Quanto à esta alegação, deve ser contraposto que o presente processo já foi instaurado na forma digital, o que em muito facilitaria a juntada da totalidade das referidas notas fiscais. Embora ressalte que todas estas Notas estariam sob sua guarda e poderiam ser imediatamente disponibilizadas na hipótese de realização de diligência, o interessado sequer procurou juntar algumas Notas como amostragem, o que ao menos denotaria um mínimo esforço no sentido de comprovar o efetivo teor das mesmas. Ainda, também não se preocupou em demonstrar a origem das mercadorias que teria revendido, mediante a apresentação das Notas Ficais de aquisição das mesmas, no sentido de comprovar que de fato o fabricante/fornecedor operava sob o regime da tributação monofásica. No caso, optou por reiterar suas alegações quanto à supremacia da verdade material sobre a verdade formal, quando deveria procurar demonstrar de maneira efetiva suas alegações juntando cópias de pelo menos parte de todas estas notas, para que o julgamento ocorresse com base em elementos concretos, capazes de comprovar a veracidade do alegado direito creditório. O recorrente invoca o princípio processual da verdade material. O que deve ficar assente é que o referido princípio destinase à busca da verdade que está para além dos fatos alegados pelas partes, mas isto num cenário dentro do qual as partes trabalharam proativamente no sentido do cumprimento do seu ônus probandi. Em outras palavras, o principio da verdade material autoriza o julgador a ir além dos elementos de prova trazidos pelas partes, quando tais elementos de prova induzem à suspeita de que os fatos ocorreram não da forma como esta ou aquela parte afirma, mas de uma outra forma qualquer (o julgador não está vinculado às versões das partes). Mas isto, à evidência, nada tem a ver com propiciar à parte que tem o ônus de provar o que alega/pleiteia, a oportunidade de produzir algo que, do ponto de vista estritamente legal, já deveria compor, como requisito de admissibilidade, o pleito desde sua formalização inicial. Fl. 111DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 7 Dito de outro modo: da mesma forma que não é aceitável que um lançamento seja efetuado sem quaisquer provas e que se permita posteriormente, em sede de julgamento ou por meio de diligências, tal instrução probatória, também não é aceitável que um pleito, onde se objetiva a restituição de um alegado crédito, seja proposto sem a devida e minuciosa demonstração e comprovação da efetiva existência do indébito e que posteriormente, também em sede de julgamento, se oportunize tais demonstração e comprovação. Pelo exposto, entendo que deve ser afastada a insinuação recursal, implícita no brado pelo princípio da verdade material, de que esta instância de julgamento estaria obrigada a acolher todos e quaisquer documentos que por ventura acompanhem o recurso, primeiro porque existe um evidente limite temporal para a apresentação de provas no rito instituído pelo Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF que no presente caso é o momento processual da apresentação da manifestação de inconformidade, segundo porque o ônus probatório aqui é do contribuinte, quando este pleiteia um ressarcimento ou uma restituição de indébito, tem a obrigação de comprovar inequivocamente o seu alegado direito creditório no momento que contesta o despacho decisório e instaura o contencioso. Como se vê, a documentação juntada ao recurso voluntário não se revela suficiente para atestar liminarmente a liquidez e a certeza do crédito oposto na compensação declarada e demandaria a reabertura da dilação probatória, o que, de regra, como já visto, não se admite na fase recursal do processo, exceto em casos excepcionais. A comprovação do valor do tributo efetivamente devido (e, por conseqüência, do direito à restituição de eventual parcela recolhida a maior) no caso concreto deveria ter sido efetuada mediante apresentação de documentos contábeis e fiscais que patenteassem que o valor da contribuição do período de apuração de interesse não atingiu o valor informado na DCTF vigente quando da emissão do Despacho Decisório aqui analisado, mas apenas o valor informado na DCTF retificadora (que no presente caso sequer efeitos surte quanto à redução deste débito). Como tal documentação não foi juntada no momento processual oportuno e nem mesmo agora em sede de recurso voluntário foi integralmente apresentada, quedou sem comprovação a certeza e liquidez dos créditos do contribuinte contra a Fazenda Pública, atributos indispensáveis para a homologação da compensação pretendida, nos termos do art. 170 do CTN. Sobre a jurisprudência trazida à colação pelo recorrente, inclusive a citada Resolução nº 3803000.330, devese contrapor que se tratam de decisões isoladas, que não se enquadram ao caso em exame e nem vinculam o presente julgamento, podendo cada instância decidir livremente, de acordo com suas convicções. Além disso, tratamse de precedentes que não constituem normas complementares, não têm força normativa, nem efeito vinculante para a administração tributária, pela inexistência de lei nesse sentido, conforme exige o art. 100, II, do CTN. Alertandose para a estrita vinculação das autoridades administrativas ao texto da lei, no desempenho de suas atribuições, sob pena de responsabilidade, motivo pelo qual tais decisões não podem ser aplicadas fora do âmbito dos processos em que foram proferidas. Fl. 112DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA Processo nº 10865.904922/201213 Acórdão n.º 3201002.339 S3C2T1 Fl. 0 8 Com essas considerações, voto por NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário do Contribuinte, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso voluntário, para não reconhecer o direito creditório em litígio e manter a não homologação das compensações. Winderley Morais Pereira Fl. 113DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/09/2016 por EUNICE AUGUSTO MARIANO, Assinado digitalmente em 04/10/20 16 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA
score : 1.0
Numero do processo: 13984.000306/2007-66
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 04 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Dec 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 12/07/2004, 08/10/2004, 10/11/2004, 10/12/2004
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. INDICAÇÃO DE TRÂNSITO EM JULGADO INEXISTENTE. MULTA. CABIMENTO.
A aposição de data de trânsito em julgado da decisão que ampararia o direito creditório sabidamente inverídica constitui o evidente intuito de fraude definido nos arts. 71 e 72 da Lei 4.502 justificando a imposição da multa de 150% do débito que se pretendeu compensar, em nada beneficiando o sujeito passivo a alteração do comando legal que passou a prever a multa apenas quando informação falsa seja aposta na Dcomp.
Numero da decisão: 9303-004.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (Relatora), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora.
(assinado digitalmente)
Júlio César Alves Ramos - Redator designado.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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INDICAÇÃO DE TRÂNSITO EM JULGADO INEXISTENTE. MULTA. CABIMENTO. A aposição de data de trânsito em julgado da decisão que ampararia o direito creditório sabidamente inverídica constitui o evidente intuito de fraude definido nos arts. 71 e 72 da Lei 4.502 justificando a imposição da multa de 150% do débito que se pretendeu compensar, em nada beneficiando o sujeito passivo a alteração do comando legal que passou a prever a multa apenas quando informação falsa seja aposta na Dcomp. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as Conselheiras Tatiana Midori Migiyama, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello (Relatora), que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 98 4. 00 03 06 /2 00 7- 66 Fl. 345DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Júlio César Alves Ramos Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Júlio César Alves Ramos, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Augusto do Couto Chagas (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial por contrariedade à lei interposto pela União Fazenda Nacional (fls. 272 a 284) com fulcro no art. 7º, inciso I, do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais RICSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/07, então vigente, buscando a reforma do acórdão nº 20312.859 (fls. 262 a 269) proferido pela Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, em 07 de maio de 2008, que, por maioria de votos, deu parcial provimento ao recurso da contribuinte para afastar a multa isolada, aplicada em razão da declaração pelo contribuinte de compensação de créditos em discussão judicial. Os fundamentos da decisão foram sintetizados na seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTARIA Data do fato gerador: 12/07/2004, 08/10/2004, 10/11/2004, 10/12/2004 CRÉDITO FINANCEIRO. DISCUSSÃO JUDICIAL. REPETIÇÃO/COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO NA ESFERA ADMINISTRATIVA É vedada a repetição/compensação, na instância administrativa, de crédito financeiro contra a Fazenda Nacional em discussão perante o Poder Judiciário, antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial. A repetição/compensação somente é permitida depois do transito em julgado, condicionada à comprovação, por parte do beneficiário, de que desistiu da execução do titulo judicial perante àquele Poder e, ainda, assumiu todas as custas do processo, inclusive os honorários de advogado. CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL Súmula n° 1. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo. COMPENSAÇÃO INDEVIDA. MULTA QUALIFICADA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 346DF CARF MF Processo nº 13984.000306/200766 Acórdão n.º 9303004.332 CSRFT3 Fl. 346 3 A compensação de créditos financeiros, mesmo que não passíveis de compensação por expressa disposição legal, bem como a declaração nos Pedidos de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/Dcomps), não enseja o lançamento de oficio multa qualificada. Recurso Provido em Parte. Por descrever com clareza os fatos ocorridos no processo administrativo, adota se em parte o relatório do acórdão recorrido, in verbis: [...] A recorrente acima qualificada transmitiu diversos Pedidos de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/Dcomps) às fls. 01/28, declarando a compensação de débitos fiscais do Simples (6106), no valor de R$ 64.724,97 (sessenta e quatro mil setecentos e vinte e quatro reais e noventa e sete centavos), vencidos entre as datas de 10/02/2003 e 10/12/2004, indicando créditos financeiros decorrentes de ressarcimento do Imposto sobre Produtos Industrializados — IPI sobre aquisições de bens isentos, nãotributados e tributados à aliquota zero deste imposto, cujo direito ao creditamento está sendo discutida na esfera judicial, processo n° 2000.72.06.0008198, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF). Por meio do Despacho Decisório n° 127, datado de 23 de março de 2007, às fls. 66/72, a DRF em Lages, SC, não homologou as compensações declaradas, sob o fundamento de que é vedada a compensação de créditos financeiros em discussão judicial com decisão não transitada em julgado. Além disto, encaminhou o processo à Seção de Fiscalização daquela DRF para o lançamento da multa isolada sob o argumento de que as compensações declaradas eram vedadas por expressa disposição legal, ficando assim caracterizadas as infrações previstas nos arts 71 a 73 da Lei n°4.502, de 30 de novembro de 1964. Em atendimento àquele despacho decisório, foi então lavrado o auto de infração e formalizado o processo administrativo n° 13984.000306/200766, exigindose multa isolada, no valor de R$ 97.087,51 (noventa e sete mil oitenta e sete reais e cinqüenta e um centavos), correspondente a 150,0 % dos débitos compensados indevidamente, nos ternos da Lei n° 10.833, de 2003, art. 18. Cientificada do despacho decisório, a requerente interpôs a manifestação de inconformidade às fls. 75/80 para a DRJ em Florianópolis, requerendo a reforma daquela decisão para que fossem homologadas as compensações declaradas por ela e anulada a representação fiscal para fins penais, alegando, que não precisaria aguardar o trânsito em julgado da decisão judicial em que discute os créditos financeiros utilizados nos Per/Dcomps em discussão, tendo em vista que tais créditos seriam admitidos nos termos do art. 11 da Lei n° 9.779, de 1999, o que permitiria as compensações efetuadas por ela. Alegou, ainda, que o julgamento da ação judicial pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da Quarta Regido lhe foi favorável, sendo que o acórdão proferido não restringiu a compensação, descaracterizando assim a alegada fraude, uma vez que apenas exerceu seu direito. Também, o lançamento da multa isolada foi impugnado, nos termos da impugnação às fls. 85/90, do processo n° 13984.000306/200766. Em face do disposto na Lei n° 10.833, de 2003, art. 18, § 3º, e de normas da Secretaria da Receita Federal, o processo referente ao lançamento da multa Fl. 347DF CARF MF 4 isolada foi anexado a este e, posteriormente, remetido para a DRJ em Ribeirão Preto, SP, para julgamento concomitante. Por meio do Acórdão n° 1416.310, datado de 11 de julho de 2007, às fls. 105/110, aquela DRF julgou improcedente a manifestação de inconformidade e julgou procedente o lançamento, assim ementado: "DCOMP. CRÉDITOS NÃO TRANSITADOS EM JULGADO. Por expressa disposição legal, não poderão ser utilizados na compensação administrativa créditos que o contribuinte ainda discute judicialmente. Solicitação Indeferida COMPENSAÇÃO INDEVIDA Quando o interessado declara como líquidos e certos créditos discutidos judicialmente, sem decisão transitada em julgado, caracterizase o expediente fraudulento da falsa declaração para eximirse do pagamento do tributo. Lançamento Procedente" Inconformada com aquele acórdão, a recorrente interpôs o presente recurso voluntário (fls. 115/128) requerendo o seu provimento e conseqüente cancelamento do auto de infração, alegando, em síntese, que: a) tem direito de se creditar do IPI decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem aplicados na industrialização de seus produtos, nos termos da Lei n° 9.779, de 1999, art. 11, assim, não há necessidade de aguardar o trânsito em julgado da ação judicial na qual discute o direito Aquele crédito; b) o indeferimento da compensação em discussão pode configurar afronta à Constituição, uma vez, expropriado indevidamente de seus bens, não pode usar, gozar ou dispor de seu próprio patrimônio; se o contribuinte tem crédito contra a Fazenda Pública, a retenção não motivada desse credito configura ofensa ao principio constitucional da propriedade; "paga e repete" é a tradução ao vernáculo do fato de haver um pagamento de tributo indevido e depois do efetivo pagamento solicitase sua restituição; contestou, ainda, aplicação do CTN, art. 170A que, segundo seu entendimento, prejudica que procura a esfera judicial, bloqueando o direito pelo fato de ter recorrido a ela; c) inexiste fraude porque não agiu com dolo e não cometeu fraude alguma ao apresentar os Per/Dcomps, visando as compensações de seus débitos fiscais, apenas exerceu seu direito; a aplicação da multa somente seria cabível mediante a comprovação da falsidade das declarações apresentadas o que não ocorreu; e, d) não cometeu nenhum crime fiscal que implique representação fiscal para fins penais, o dolo ou a fraude, necessários a tal representação, não foram demonstrados nem provados. (grifouse) O recurso voluntário interposto pela contribuinte foi provido em parte para afastar a multa isolada, nos termos do acórdão nº 20312.859 (fls. 262 a 269) proferido pela Terceira Câmara do extinto Segundo Conselho de Contribuintes, em 07 de maio de 2008, ora recorrido. No ensejo, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial por contrariedade à lei (fls. 272 a 284), postulando a reforma do acórdão para manutenção da multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento) sobre o valor do tributo, sob pena de negativa de vigência ao art. 18 da Lei nº 10.833/2003, ao art. 44, inciso II da Lei nº 9.430/96 e aos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/66. Fl. 348DF CARF MF Processo nº 13984.000306/200766 Acórdão n.º 9303004.332 CSRFT3 Fl. 347 5 A Recorrente embasa seu pleito em conduta supostamente dolosa da contribuinte, para se eximir da obrigação de recolhimento do tributo devido, ao fazer constar nas declarações de compensação a informação inverídica do trânsito em julgado da decisão judicial. Afirma ser vedada a compensação dos créditos tributários em discussão judicial antes do trânsito em julgado da demanda, nos termos do art. 170A do CTN. Aponta, ainda, a existência de divergência jurisprudencial quanto ao afastamento da multa qualificada. O recurso especial foi admitido por meio do despacho nº 340000.145 (fls. 319 a 320), de 13 de agosto de 2012, proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara em exercício à época, por entender terem sido preenchidos os requisitos de demonstração dos dispositivos legais violados e aresto decidido por maioria de votos. A contribuinte também interpôs recurso especial em face do acórdão que deu parcial provimento ao recurso voluntário (fls. 327 a 333), buscando a reforma do mesmo na parte que lhe foi desfavorável e o consequente cancelamento do auto de infração. No entanto, o apelo especial do sujeito passivo não foi admitido, em caráter definitivo, por não terem sido preenchidos integralmente os requisitos de admissibilidade, uma vez ausente a comprovação do dissídio jurisprudencial, nos termos do despacho s/nº (fls. 338 a 339), de 19 de agosto de 2015. Não foram apresentadas contrarrazões ao recurso especial da Fazenda Nacional. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado em 17/03/2016, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Vencido Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial por contrariedade à lei interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 7º, inciso I do RICSRF, aprovado pela Portaria MF nº 147/2007, vigente à época da interposição do apelo, devendo ser processado de acordo com o rito previsto no Regimento Interno da CSRF, conforme determinado pelo art. 4º do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256/2009. No mérito, a controvérsia delimitase na análise da aplicação da multa isolada de 150% (cento e cinquenta por cento), prevista no art. 18 da Lei nº 10.833/03 aos casos de Fl. 349DF CARF MF 6 compensação de créditos tributários imprestáveis para tanto por expressa disposição legal, oriundos de demanda judicial ainda não transitada em julgado. Nos termos do art. 18 da Lei nº 10.833/03, é cabível a imposição da multa isolada quando houver compensação indevida e/ou a prestação de informação falsa, com o intuito de fraude. Para elucidar o enunciado, transcrevese o dispositivo vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, bem como os artigos a que o mesmo faz referência, in verbis: Lei nº 10.833/03 Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal, de o crédito ser de natureza não tributária, ou em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964. [...] § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. Lei nº 9.430/96 Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I de setenta e cinco por cento, nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, pagamento ou recolhimento após o vencimento do prazo, sem o acréscimo de multa moratória, de falta de declaração e nos de declaração inexata, excetuada a hipótese do inciso seguinte; II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] § 2º As multas a que se referem os incisos I e II do caput passarão a ser de cento e doze inteiros e cinco décimos por cento e duzentos e vinte e cinco por cento, respectivamente, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: a) prestar esclarecimentos; b) apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei nº 8.218, de 29 de agosto de 1991, com as alterações introduzidas pelo art. 62 da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991; Fl. 350DF CARF MF Processo nº 13984.000306/200766 Acórdão n.º 9303004.332 CSRFT3 Fl. 348 7 c) apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38. Lei nº. 4.502/64 Art . 71. Sonegação é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do impôsto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. (grifouse) No caso dos autos, na data de 13/06/2000 (fls. 44 a 46), a contribuinte ingressou com demanda judicial contra a Fazenda Nacional, distribuída sob nº 2000.72.06.008198, para o reconhecimento do direito ao crédito tributário de IPI decorrente da aquisição de insumos isentos, nãotributados ou sujeitos à alíquota zero, aplicados na industrialização dos seus produtos. Requereu ainda a autorização para compensação administrativa do montante excedente àquele a ser abatido do IPI devido nas saídas dos produtos. De posse de decisão judicial favorável (fls. 55 a 70), transmitiu pedidos de compensação dos créditos financeiros (fls. 13 a 40), os quais restaram não homologados, por meio do despacho decisório DRF/Lages nº 127/2007, em razão de o crédito originarse de ação judicial não transitada em julgado. Diante da compensação de créditos tributários decorrentes de decisão judicial sem trânsito em julgado, entendeu a fiscalização pela aplicação da multa isolada do art. 18 da Lei nº 10.833/03, agravada nos termos do art. 44 da Lei nº 9.430/96 por suposto intuito de fraude por parte do sujeito passivo, conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 09 a 12). Além disso, no momento do preenchimento das declarações de compensação, a contribuinte informou, em campo próprio, data de trânsito em julgado inexistente, levando ao enquadramento da sua conduta como crime nos termos da Lei nº 8.137/90, com a consequente elaboração de Representação Fiscal para fins Penais. Fl. 351DF CARF MF 8 Ocorre que a imposição da multa qualificada não merece prosperar, tendo em vista não se enquadrar a conduta da empresa como fraude, devendo ser mantida a decisão recorrida neste aspecto. Ao transmitir os pedidos de compensação dos créditos tributários decorrentes de provimento judicial favorável, a empresa não praticou as condutas descritas no art. 72 da Lei nº 4.502/64, mas sim utilizouse de meio de extinção de tributo (a compensação) que acreditava ser válido diante da existência de crédito reconhecido judicialmente. A informação de data, como sendo do trânsito em julgado, em que a contribuinte detinha decisão judicial favorável e que, no seu entender, acolhia os pedidos levados ao Judiciário, não tem o condão de caracterizar fraude. Para reforçar a argumentação expendida, ainda que não tenha sido objeto de recurso especial neste processo administrativo, quanto à possibilidade de restituição/compensação antes do trânsito em julgado, o Superior Tribunal de Justiça posicionouse sobre o tema na sistemática dos recursos repetitivos, conforme disposição do art. 543C do Código de Processo Civil, ao julgar o recurso especial nº. 1164452/MG, em 25/08/2010, cuja ementa segue transcrita: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. LEI APLICÁVEL. VEDAÇÃO DO ART. 170A DO CTN. INAPLICABILIDADE A DEMANDA ANTERIOR À LC 104/2001. 1. A lei que regula a compensação tributária é a vigente à data do encontro de contas entre os recíprocos débito e crédito da Fazenda e do contribuinte. Precedentes. 2. Em se tratando de compensação de crédito objeto de controvérsia judicial, é vedada a sua realização "antes do trânsito em julgado da respectiva decisão judicial", conforme prevê o art. 170A do CTN, vedação que, todavia, não se aplica a ações judiciais propostas em data anterior à vigência desse dispositivo, introduzido pela LC 104/2001. Precedentes. 3. Recurso especial provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução STJ 08/08. (REsp 1164452/MG, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 25/08/2010, DJe 02/09/2010) (grifouse) Desta forma, foi consolidado no âmbito do Superior Tribunal de Justiça entendimento, segundo o qual a vedação contida no art. 170A do Código Tributário Nacional, introduzido pela Lei Complementar nº. 104, de 10 de janeiro de 2001, não se aplica a ações judiciais propostas em data anterior à vigência do referido dispositivo. Neste caso, tendo sido a demanda judicial ajuizada em 13/06/2000, portanto, anteriormente à vigência da Lei Complementar nº 104, de 10/01/2001, não haveria de se falar na vedação à compensação antes do trânsito em julgado da ação, situação que afasta de plano a hipótese de aplicação da multa isolada do art. 18 da Lei nº 10.833/03, pois o crédito seria considerado válido para compensação. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 13984.000306/200766 Acórdão n.º 9303004.332 CSRFT3 Fl. 349 9 Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Voto Vencedor Conselheiro Júlio César Alves Ramos, Redator Designado Por sua maioria, o colegiado divergiu do voto da i. relatora, que negava provimento ao recurso da Fazenda Nacional por não entender configurada qualquer das hipóteses previstas nos arts. 71 a 73 da Lei 4.502/64 que pudesse justificar a manutenção da multa. A divergência decorreu da informação de que ao transmitir suas declarações de compensação a empresa fez nelas constar data de trânsito em julgado sabidamente inexistente. Com efeito, tinha ela pleno conhecimento, quando da transmissão daquelas Dcomp que a decisão que lhe fora favorável em segunda instância estava sendo contestada pela Fazenda Nacional. Em situações que tais, firmouse o entendimento no âmbito dos antigos Conselhos de Contribuintes e do atual CARF que é sim aplicável a multa. E isso porque a aposição de uma data de trânsito em julgado sabidamente falsa atende a todos os requisitos do art. 71 daquela lei, especialmene do seu inciso II, para a caracterização da sonegação ali descrita: ART.71 Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente Não me parece outro o objetivo do contribuinte: ao dizer que possui direito líquido e certo decorrente de uma decisão judicial definitiva nada menos do que induzir a Administração tributária a entender que sua situação, no que tange à obrigatoriedade de Fl. 353DF CARF MF 10 recolhimento do tributo indicado como a compensar, é diversa da verdadeira. Com efeito, aceita a informação, dispensada a necessidade de recolhimento. Enetendo ainda caracterizada a fraude de que cuida o art. 72 da mesma Lei: ART.72 Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. E isso porque, ao assim agir, o contribuinte pretende sim "evitar o pagamento do tributo devido", qual seja, aquele que aponta como compensado. Há, é certo, os que entendem que os dispositivos da Lei 4.502 não são aplicáveis aos procedimentos de compensação por estes últimos não dizerem respeito estritamente às condições relacionadas ao fato gerador da obrigação tributária. Essa crítica é especialmente dirigida ao comando do art. 72, que trata da fraude. É fato inconteste que aí está mesmo a expressão fato gerador, assim como não há como não reconhecer que eles foram concebidos tendo em mira atitudes que se cometem nos atos preparatórios do lançamento por homologação, tais quais as figuras da nota calçada, paralela etc. Ainda assim, não vejo como possamos alegar a inaplicabilidade do ato legal sem estar dele retirando toda sua vigência, dado que é nele mesmo que se encontra a referência àquelas disposições. Em outras palavras, para o legislador que a editou, aquelas condutas se aplicam sim às Dcomp, e apenas ao Judiciário é conferida competência para dizer o contrário. Por fim, não vejo em que uma aplicação retroativa das disposições legais que passaram a prever a multa apenas quando informação falsa seja aposta na Dcomp possa beneficiar o contribuine: a aposição de informação falsa se amolda, à perfeição, a tal definição. Com essas considerações, votou o colegiado por dar provimento ao recurso da Fazenda Nacional, sendo esse o acórdão que me coube redigir. Conselheiro Júlio César Alves Ramos Fl. 354DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.721525/2012-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
AUTO DE INFRAÇÃO. DESMUTUALIZAÇÃO. ASSOCIAÇÃO ISENTA. DEVOLUÇÃO DE TÍTULO PATRIMONIAL. GANHO SUJEITO À TRIBUTAÇÃO.
Sujeita-se à incidência do imposto de renda, computando-se na determinação do lucro real do exercício, a diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta por pessoa jurídica, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver sido entregue para a formação do referido patrimônio.
GANHO DE CAPITAL APURADO PELO CUSTO. INAPLICABILIDADE DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL.
O ganho de capital deve ser apurado levando-se em conta o custo contábil do bem registrado na escrituração da empresa. O método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial não se aplica aos títulos patrimoniais da CETIP.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO.
O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou.
Existem regras expressas e limites temporais que regem a matéria, razão pela qual o não exercício da faculdade conferida pela lei implica em renúncia e preclusão de direito, até porque parece razoável que os direitos, notadamente aqueles de que resultam efeitos tributários, não podem ser exercidos a qualquer tempo, mediante simples e pura liberalidade do interessado.
AUMENTO DE CAPITAL EM CONTROLADA NO EXTERIOR. VARIAÇÃO CAMBIAL ENTRE A DATA DE SUBSCRIÇÃO E A DATA DE REMESSA. PARTE INTEGRANTE DO VALOR DO INVESTIMENTO (ATIVO). IMPOSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO COMO DESPESA.
A variação cambial relacionada ao período compreendido entre a data da deliberação do aumento de capital, subscrição e registro contábil e a data da efetiva liquidação através da remessa dos valores (câmbio) deve ser contabilizada como acréscimo do valor do investimento no exterior e não como despesa.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL
DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA.
A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL dele decorrente.
Numero da decisão: 1201-001.436
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos o Relator e os Conselheiros João Figueiredo e Ronaldo Apelbaum, que lhe davam parcial provimento para afastar as exigências decorrentes da desmutualização da CETIP e dos juros sobre o capital próprio. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida.
(assinado digitalmente)
MARCELO CUBA NETTO - Presidente.
(assinado digitalmente)
LUIS FABIANO ALVES PENTEADO - Relator.
(assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Redator Designado
EDITADO EM: 08/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), João Otavio Oppermann Thomé e Ronaldo Apelbaum.
Nome do relator: LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008 AUTO DE INFRAÇÃO. DESMUTUALIZAÇÃO. ASSOCIAÇÃO ISENTA. DEVOLUÇÃO DE TÍTULO PATRIMONIAL. GANHO SUJEITO À TRIBUTAÇÃO. Sujeita-se à incidência do imposto de renda, computando-se na determinação do lucro real do exercício, a diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta por pessoa jurídica, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver sido entregue para a formação do referido patrimônio. GANHO DE CAPITAL APURADO PELO CUSTO. INAPLICABILIDADE DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. O ganho de capital deve ser apurado levando-se em conta o custo contábil do bem registrado na escrituração da empresa. O método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial não se aplica aos títulos patrimoniais da CETIP. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. Existem regras expressas e limites temporais que regem a matéria, razão pela qual o não exercício da faculdade conferida pela lei implica em renúncia e preclusão de direito, até porque parece razoável que os direitos, notadamente aqueles de que resultam efeitos tributários, não podem ser exercidos a qualquer tempo, mediante simples e pura liberalidade do interessado. AUMENTO DE CAPITAL EM CONTROLADA NO EXTERIOR. VARIAÇÃO CAMBIAL ENTRE A DATA DE SUBSCRIÇÃO E A DATA DE REMESSA. PARTE INTEGRANTE DO VALOR DO INVESTIMENTO (ATIVO). IMPOSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO COMO DESPESA. A variação cambial relacionada ao período compreendido entre a data da deliberação do aumento de capital, subscrição e registro contábil e a data da efetiva liquidação através da remessa dos valores (câmbio) deve ser contabilizada como acréscimo do valor do investimento no exterior e não como despesa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO - CSLL DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao IRPJ aplica-se à CSLL dele decorrente.
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DESMUTUALIZAÇÃO. ASSOCIAÇÃO ISENTA. DEVOLUÇÃO DE TÍTULO PATRIMONIAL. GANHO SUJEITO À TRIBUTAÇÃO. Sujeitase à incidência do imposto de renda, computandose na determinação do lucro real do exercício, a diferença entre o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta por pessoa jurídica, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver sido entregue para a formação do referido patrimônio. GANHO DE CAPITAL APURADO PELO CUSTO. INAPLICABILIDADE DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. O ganho de capital deve ser apurado levandose em conta o custo contábil do bem registrado na escrituração da empresa. O método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial não se aplica aos títulos patrimoniais da CETIP. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. FACULDADE SUJEITA AO REGIME DE COMPETÊNCIA E A CRITÉRIOS TEMPORAIS. DEDUÇÃO EM EXERCÍCIOS POSTERIORES. VEDAÇÃO. O pagamento ou crédito de juros sobre capital próprio a acionista ou sócio representa faculdade concedida em lei, que deve ser exercida em razão do regime de competência. Incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. Existem regras expressas e limites temporais que regem a matéria, razão pela qual o não exercício da faculdade conferida pela lei implica em renúncia e AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 15 25 /2 01 2- 81 Fl. 468DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 2 preclusão de direito, até porque parece razoável que os direitos, notadamente aqueles de que resultam efeitos tributários, não podem ser exercidos a qualquer tempo, mediante simples e pura liberalidade do interessado. AUMENTO DE CAPITAL EM CONTROLADA NO EXTERIOR. VARIAÇÃO CAMBIAL ENTRE A DATA DE SUBSCRIÇÃO E A DATA DE REMESSA. PARTE INTEGRANTE DO VALOR DO INVESTIMENTO (ATIVO). IMPOSSIBILIDADE DE DEDUÇÃO COMO DESPESA. A variação cambial relacionada ao período compreendido entre a data da deliberação do aumento de capital, subscrição e registro contábil e a data da efetiva liquidação através da remessa dos valores (câmbio) deve ser contabilizada como acréscimo do valor do investimento no exterior e não como despesa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL DEMAIS TRIBUTOS. MESMOS EVENTOS. DECORRÊNCIA. A ocorrência de eventos que representam, ao mesmo tempo, fato gerador de vários tributos impõe a constituição dos respectivos créditos tributários, e a decisão quanto à real ocorrência desses eventos repercute na decisão de todos os tributos a eles vinculados. Assim, o decidido quanto ao IRPJ aplicase à CSLL dele decorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Vencidos o Relator e os Conselheiros João Figueiredo e Ronaldo Apelbaum, que lhe davam parcial provimento para afastar as exigências decorrentes da desmutualização da CETIP e dos juros sobre o capital próprio. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Roberto Caparroz de Almeida. (assinado digitalmente) MARCELO CUBA NETTO Presidente. (assinado digitalmente) LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Relator. (assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Redator Designado Fl. 469DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 3 3 EDITADO EM: 08/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcelo Cuba Netto (Presidente), Roberto Caparroz de Almeida, Luis Fabiano Alves Penteado, João Carlos de Figueiredo Neto, Ester Marques Lins de Sousa (suplente convocada), João Otavio Oppermann Thomé e Ronaldo Apelbaum. Relatório Conforme os Termos de Verificação Fiscal (TVF) de fls. 163189, em ação fiscal empreendida junto à contribuinte supramencionada, a fiscalização apurou os fatos descritos a seguir. Desmutualização Cetip Em 29/05/2008, foi aprovada em Assembléia Geral Extraordinária (AGE, fls.147151) a desmutualização da Cetip, com a versão de 99,84% do patrimônio dessa associação para a Cetip S/A, sociedade com finalidade lucrativa. Os efeitos da desmutualização se deram a partir de 01/07/2008. Conforme o item 3.1.2 do Protocolo de Justificação, a variação patrimonial ocorrida desde 01/04/2008, correspondente à parcela cindida, será registrada na Cetip S/A. As Notas Explicativas às demonstrações financeiras da Cetip S/A indicam um incremento de R$18.754.194,00 no patrimônio da associação, o que resulta em aumento de R$37.810,88 para cada título patrimonial. Assim, o valor das 406.650 ações recebidas pela contribuinte como devolução do patrimônio da Cetip totaliza R$444.460,88. Quanto à forma de contabilização dos títulos patrimoniais da Cetip, as associadas registravam a contrapartida da atualização do valor em conta de Reserva de Capital, não afetando o resultado do exercício. Conforme o art.17 da Lei nº 9.532/97, deve ser computada no lucro real e na base de cálculo da CSLL a diferença entre o valor recebido como devolução do patrimônio de entidade isenta e o valor entregue para formação do patrimônio. Portanto, será constituído o crédito tributário de IRPJ e de CSLL relativo ao ganho obtido no recebimento das ações da Cetip S/A. Excesso de Juros – JCP Constatase, então, excesso de pagamento/crédito de JCP no ano calendário de 2008, no valor de R$1.063.813,40, pois o contribuinte, ora recorrente, utilizou taxa superior à variação prorata TJLP para cálculo dos JCP devidos no 4º trimestre de 2008 a seus acionistas, contrariando o art.9º da Lei nº 9.249/95. Fl. 470DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 4 Verificouse também que o contribuinte informou na DIPJ do anocalendário 2008 o pagamento de JCP aos acionistas no montante de R$82.224.107,12, sendo que R$40.703.130,58 correspondem a despesas do anocalendário 2004, conforme detalhado no razão relativo ao período 06/2008 (fls. 25). Apesar disso, o ora recorrente lançou esse valor como despesa do anocalendário 2008, desconsiderando o princípio da competência dos exercícios, reduzindo a base de cálculo do IRPJ e da CSLL do anocalendário 2008. Do exposto, em razão de a contribuinte ter apresentado prejuízo fiscal de R$161.835.030,25 e base negativa de CSLL de R$178.351.843,12, será constituído auto de ajuste do Lucro Real e da base negativa da CSLL, correspondente ao excesso de JCP pagos/creditados em 2008 no valor de R$41.766.943,98, sendo R$1.063.813,40 por utilização de TJLP superior à variação prorata do período de 2008, e R$40.703.130,58 por inobservância do regime de competência e do limite legal de dedução para pagamento de JCP no anocalendário 2008. Despesas de Variação Cambial O Recorrente efetuou, no anocalendário 2008, aporte de capital na agência Fibra Cayman, localizada em Grand Cayman, Ilhas Cayman. O contribuinte contabilizou os aportes de capital antes da efetiva remessa dos recursos, havendo variação cambial gerada pela diferença entre as taxas da data de registro e a data da efetiva remessa de recursos. Essa diferença entre os valores contabilizados e os efetivamente enviados ao exterior deve ser ativada como incremento no aporte de capital, pois tratase de acréscimo ao custo de aquisição do investimento, e não de despesa. Houve um acréscimo patrimonial do Banco Fibra com o aumento do capital social da agência Cayman, e a variação cambial faz parte dessa variação positiva no patrimônio do Banco. Entretanto, o contribuinte considerou, erroneamente, tais variações cambiais como despesas dedutíveis, lançandoas na linha 30Outras Despesas Operacionais, da ficha 05B da DIPJ do anocalendário 2008 (fls.17 e 79), reduzindo indevidamente o lucro real. Impugnação Em razão de a contribuinte possuir prejuízo fiscal e base negativa de CSLL, foram lavrados autos de ajuste das bases negativas. 1) Da indevida glosa de despesas de variação cambial Fl. 471DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 4 5 As despesas relativas à participação detida no exterior decorreram de uma dívida da impugnante, ora recorrente, indexada em moeda estrangeira, sujeita à variação cambial. Entre as datas do registro contábil e da remessa de recursos, verificouse uma variação cambial, aumentando a dívida do impugnante. Segundo este último, não se trata de reconhecimento de variação cambial de participação societária detida no exterior, mas sim de quitação de dívida em moeda estrangeira decorrente de capital subscrito no passado e não integralizado. Alega que tal despesa não pode ser considerada como acréscimo ao custo em reais na aquisição do investimento, pois a subscrição sequer teria sido realizada. A participação societária mantevese a mesma, o que se alterou foi o valor da dívida com a agência Cayman, por se sujeitar à variação cambial. Qualquer variação ocorrida entre a data da subscrição e data da realização do capital de uma sociedade constitui dívida de seu acionista. No momento do envio de remessas ao exterior para liquidação da dívida, o impugnante reconheceu na contabilidade os valores da variação cambial como despesas, sendo tais despesas dedutíveis do lucro real. Pelo exposto, pugnou pelo cancelamento dos autos de infração, por ser indevida a glosa de despesas de variação cambial. 2) Da não aplicação do art. 17 da Lei nº 9.532/97 e da não tributação da atualização dos títulos patrimoniais Não havendo extinção da associação, não há extinção dos respectivos títulos, e tampouco devolução de patrimônio que justifique a aplicação do art.17 da Lei nº 9.532/97. A fiscalização reconhece que a atualização dos títulos não pode ser tributada, por força da Portaria MF nº 785/77, vigente até a presente data. Portanto, argui o impugnante que devem ser afastadas as autuações, pois o que está sendo tributado é a atualização dos títulos, e não “devolução de patrimônio”. Aplicase ao caso o tratamento tributário das avaliações pelo método da equivalência patrimonial (MEP) previsto nos arts. 225 e 389 do RIR/99, que estabelecem a não incidência de IRPJ e de CSLL sobre a atualização dos títulos patrimoniais. No mesmo sentido a Decisão Cosit nº 13/97. Por fim, alega o impugnante que a desmutualização não permite aos associados nenhuma alternativa que não a substituição dos títulos pelas ações. Assim, não existe a prerrogativa de venda dos títulos ou de permuta por um outro ativo. Nesse passo, não há ganho por parte do detentor dos títulos, pois inexiste pagamento em dinheiro ou permuta pela Cetip na desmutualização. Pelo exposto, é indevida a tributação do valor da atualização dos títulos da Cetip, devendo ser cancelada a autuação. Fl. 472DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 6 3) Dos juros sobre o capital próprio: ausência de limitação temporal prevista em lei e necessidade de respeito ao princípio da legalidade Alega o ora recorrente que a legislação não estabelece um limite temporal para o pagamento de JCP, podendo ser deliberado o pagamento em períodos subsequentes ao período em que seria possível efetuar o pagamento. Além disso, que a legislação vinculou a dedução da despesa relativa à TJLP ao momento em que são pagos os JCP, e não ao momento de determinação da base de cálculo dos JCP. No caso, a disponibilização ocorreu no anocalendário 2008, e o pagamento dos JCP respeitou o princípio da competência do exercício, segundo o impugnante. Ao impor limite temporal não previsto em lei, a fiscalização violou o princípio da legalidade (art.5º, II e 150, I, da CF/88, art.97 do CTN e art.2º da Lei nº 9.784/99), devendo ser cancelada a autuação. O patrimônio líquido a ser considerado como base no cálculo dos JCP deve ser aquele relativo ao anocalendário em que poderia ter sido deliberado seu pagamento. O entendimento firmado é no sentido de que, da mesma forma, devem ser levados em conta os valores relativos aos lucros acumulados, reserva de lucros e lucros correntes de cada anocalendário, e a TJLP vigente na época em que os juros poderiam ser distribuídos (2004 e 2008). Nessa linha, a impugnante respeitou os limites de dedutibilidade em relação aos pagamentos de JCP realizados em 2008, calculados com base nos valores registrados nos anos de 2004 e 2008. Alega o impugnante, ora recorrente, que não houve prejuízo ao Fisco a justificar a lavratura dos autos de infração em tela. A contabilização dos JCP em anocalendário posterior ao do anobase de cálculo não postergou o pagamento de IRPJ/CSLL, tampouco reduziu indevidamente o lucro real em qualquer período de apuração. A inexatidão quanto ao período de apuração de escrituração de custo ou dedução somente constituiria fundamento para lançamento de imposto caso haja reconhecimento tardio de receitas ou reconhecimento antecipado de despesas, nos moldes do art.273 do RIR/99. A antecipação de receita, ou o reconhecimento tardio de despesa, não representam hipótese de postergação de imposto ou redução indevida do lucro real. Ademais, alega o impugnante, ao deixar de deduzir os JCP no anocalendário 2004, acabou por recolher imposto acima do que seria devido nesse anocalendário. Por fim, a impugnante concorda com a glosa de prejuízo em razão do excesso de dedução de despesa de JCP no valor de R$1.063.813,40, relativo ao erro na aplicação da TJLP, e realizou o ajuste nos saldos de prejuízo fiscal e de base negativa. Acórdão nº 1657.421 10ª Turma da DRJ/SPO Fl. 473DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 5 7 A impugnante concorda com a glosa de prejuízo em razão do excesso de dedução de despesa de JCP no valor de R$1.063.813,40, relativo ao erro na aplicação da TJLP. Sendo assim, com relação à infração relativa aos JCP, o valor em litígio é de R$40.703.130,58 (R$41.766.943,98 – R$1.063.813,40). Da validade dos autos de infração Entendeuse que somente a inobservância dos pressupostos legais para a constituição do lançamento e para lavratura do auto de infração, ou a incompetência do autuante, são causas suficientes para invalidar a autuação e, consequentemente, o lançamento nela consignado. Como isso não ocorreu no presente caso, descabe a anulação ou cancelamento dos autos de infração em análise. Do processo de desmutualização da Cetip Concluiuse que na operação de desmutualização houve a efetiva devolução dos títulos patrimoniais da entidade isenta aos seus detentores, entre estes a impugnante. Da tributação pelo IRPJ e CSLL do ganho de capital ocorrido na devolução do patrimônio da associação Cetip Em razão de existir uma diferença entre o valor dos bens ou direitos recebidos em devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro, bens ou direitos, que foram entregues para a formação do patrimônio da associação Cetip, aplicouse ao caso o art.17 da Lei nº 9.532/97. Coube ainda frisar que o recebimento do valor dos títulos sob a forma de novas ações emitidas pela sociedade anônima não desnatura o ganho de capital tributável obtido pela impugnante, eis que o próprio dispositivo da Lei nº 9.532/97 lista dinheiro, bens ou direitos recebidos a título de devolução de capital. A impugnante cita a Portaria MF nº 785/77 para justificar a tese de que a atualização dos títulos não poderia ser tributada. A alínea “m” do art. 223 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 76.186/75, que fundamentou a interpretação dada pela Portaria MF nº 785/77, referiase a quinhões ou frações ideais recebidas pelos associados em decorrência de aumentos de capital, e não em decorrência de utilização do método da equivalência patrimonial. A Portaria MF nº 785/77 abordou situação de constituição de reserva, que entendeuse não se confundir com a devolução de patrimônio de entidade isenta aos associados, regulada pelo art.17 da Lei nº 9.532/97. Ademais, mesmo que a Portaria MF nº 785/77 regulasse o evento em análise, sua edição é anterior à Lei nº 9.532/97, pelo que não seria aplicável diante da nova norma. Fl. 474DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 8 A Solução de Consulta Cosit nº 10/2007 reconhece, em seu item 52, que a implementação do § 1º desse art.61 (que trata de restituição aos associados dos valores prestados para formação do patrimônio da entidade isenta) depende, conforme o próprio texto do dispositivo, de deliberação dos associados. Notouse que seria irrelevante, para a ocorrência do ganho de capital, se a impugnante manifestouse contra ou a favor da desmutualização, eis que, ao ingressar na associação Cetip, submetese à vontade da maioria, manifestada nas assembleias. De qualquer forma, não consta dos autos nenhum documento hábil e apto a comprovar eventual contrariedade da impugnante em relação à desmutualização. Coube frisar que a Decisão de Consulta Cosit nº 13/97, arguída pela impugnante, já havia sido superada pela Lei nº 9.532/97, fato confirmado pelo Fisco na Solução de Consulta Cosit nº 10/2007. Entendeuse que o método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial, constante do art.248 da Lei nº 6.404/76, é previsto apenas para sociedades coligadas ou controladas, o que não era o caso de entidades isentas como a associação Cetip. Por conseguinte, tal metodologia de avaliação de investimentos não se aplica aos títulos patrimoniais da entidade isenta Cetip, e não se aplica ao caso o § 1º do art.225 do RIR/99. Pelo mesmo motivo, não se aplica aos títulos patrimoniais das associações isentas o art. 389 do RIR/99, que trata de investimentos em sociedades coligadas ou controladas, o que não se confunde com a situação em tela. Observese que as normas fiscais que disciplinam a exigência de IRPJ aplicamse à CSLL reflexa, no que cabíveis. Da glosa de despesas de variação cambial Aprovados os aumentos de capital, o impugnante efetuou as remessas em 17/03/2008 e 30/09/2008, conforme os contratos de câmbio de fls.101102. Sendo assim, decidiuse que não se sustenta a alegação da impugnante de que teria contraído uma dívida com a agência Cayman, eis que efetuou as remessas para aumento de capital rigorosamente nos prazos previstos para tanto. Pelo exposto, foram consideradas não dedutíveis os valores relativos à variação cambial, eis que tratamse de custo do investimento na agência do exterior. Dos juros sobre capital próprio O procedimento da empresa defende, em princípio, a possibilidade de apropriação em exercícios futuros de despesas anteriormente não apropriadas. Todavia, esse não é o verdadeiro ponto de discussão, pois se não ocorreu realmente o fato gerador da despesa de JCP relativa ao anocalendário 2004, paga ou creditada aos sócios nesse ano, não há que se falar em contabilização postergada de valores que somente seriam dedutíveis anteriormente. Fl. 475DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 6 9 Entendeuse que apenas é dedutível a despesa paga ou incorrida no próprio anocalendário e nos limites legalmente estabelecidos para esse período. Cabe ressaltar que o princípio da competência é um dos princípios fundamentais da contabilidade, encontrandose definido no art. 9º da Resolução nº 750, de 29/12/93, do Conselho Federal de Contabilidade. Em razão de os JCP de R$40.703.130,58 não terem sido pagos/creditados no anocalendário de 2004, não há que se falar em contabilização postergada de valores que somente poderiam ter sido deduzidos naquele ano. Por essa razão, julgouse inaplicável ao caso a hipótese do art.273 do RIR/99. Como o pagamento/crédito da parcela relativa ao anocalendário 2004 ocorreu somente no anocalendário de 2008, houve redução indevida do lucro real do anocalendário 2008, sendo correta a autuação sofrida pela contribuinte. Em relação à redução da base negativa da CSLL, aplicouse o mesmo tratamento dispensado à redução do prejuízo fiscal, em razão de decorrer dos mesmos fatos e dos mesmos elementos de prova. Votouse, então, pela improcedência da impugnação. Recurso Voluntário Da indevida glosa de despesas de variação cambial Entende o recorrente que, caso fique caracterizado um direito, ou uma obrigação do contribuinte, sujeitos a variação da taxa de câmbio, e tal variação gere uma perda ao contribuinte, esta poderá ser deduzida do cálculo do lucro real, por expressa previsão legal. O recorrente argui que não se está a falar do reconhecimento de variação cambial em razão de uma participação societária detida no exterior, como equivocadamente entendeu a DRJ/SPO, mas sim da quitação de dívidas em dólares decorrentes de capital subscrito no passado e não integralizado. Qualquer variação, seja ela monetária ou cambial, que possa ocorrer entre a data da subscrição e a data da realização do capital de uma sociedade constitui dívida do acionista perante essa sociedade. Da inaplicabilidade do art. 17 da Lei nº 9532/97 Alega o recorrente que a suposta extinção, que seria o único argumento para defender a “devolução” do patrimônio aos acionistas, portanto, não ocorreu nem de fato, haja vista que nenhum detentor de títulos foi convocado para receber seus ativos de volta, nem de direito, pois o que ocorreu foi a cisão e posterior incorporação da associação por sociedade anônima, do que se infere que nem mesmo em enfoque estritamente jurídico poderseia falar em uma devolução virtual desses valores. Fl. 476DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 10 Delineando tal quadro, em que o pressuposto da devolução do patrimônio está ausente, impossível a aplicação do art. 17 da Lei nº 9532/97 ao presente caso – não houve, portanto, a subsunção dos fatos à norma. Repisa, assim, neste sentido, os mesmos argumentos trazidos em sede de impugnação, já externados neste relatório. JCP – Ausência de limitação temporal prevista em lei e ferimento ao princípio da legalidade Atesta o recorrente que os lançamentos contábeis e tributários efetivados foram totalmente legítimos e em conformidade com a legislação de regência. Conforme pode se depreender da análise do art. 347 do RIR/99 e da IN SRF nº 11/96, o legislador não estabeleceu um limite temporal para o pagamento de JCP aos titulares, sócios ou acionistas das pessoas jurídicas. Alega violação, portanto, ao princípio da legalidade. Argui o recorrente, então, que o legislador forneceu tão somente a base para o cálculo dos juros e os respectivos limitadores de dedutibilidade, não se preocupando em determinar a forma e/ou os critérios de distribuição, assim como não se ocupou em impor qualquer barreira de natureza temporal. Quanto a observância do regime de competência, o recorrente alega que somente podem ser considerados como despesa financeira no período em que seu pagamento ou crédito for efetivamente deliberado. Argui ainda o recorrente que tanto para o ano de 2004 quanto para o ano de 2008, respeitam os limites de dedutibilidade, se considerados os valores registrados a título de lucro acumulado e reservas de lucro para os referidos anos. Inexistência de prejuízo ao fisco para fundamentar a lavratura dos autos de infração A contabilização dos JCP em anocalendário posterior ao do anobase para o referido cálculo não postergou o pagamento de nenhum imposto/contribuição, nem tampouco reduziu indevidamente o lucro real em qualquer período de apuração. Pugna, por fim, pelo cancelamento integral dos autos de infração. Contrarazões ao Recurso Voluntário Da glosa de supostas despesas de variação cambial Alega a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional que a própria contabilidade apresentada pelo Banco mostra que o montante remetido foi totalmente alocado ao ativo da agência, fazendo parte do patrimônio desta. Fl. 477DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 7 11 Por conseguinte, julga correto o lançamento, pois deve ser ativada a variação cambial, por se tratar de custo para aquisição de um investimento, e não uma despesa dedutível. Houve um acréscimo patrimonial no Banco com o aumento do capital social de sua agência em Cayman, e a variação cambial compõe o aumento desse patrimônio. Da desmutualização Alega que o regime jurídico a que se submetia a CETIP ao tempo das operações só pode ser aquele próprio das associações sem fins lucrativos. As normas legais sobre as associações sem fins lucrativos não contemplam os institutos da cisão, incorporação ou fusão. Sendo assim, o processo de desmutualização culminou com a extinção da associação sem fins lucrativos (CETIP), até então isenta, conduzindo a uma devolução de patrimônio social à Recorrente – que não ofereceu à tributação o ganho ali auferido. Para que uma associação pudesse transferir seu patrimônio a uma sociedade comercial com fins lucrativos, deveria ser promovida a devolução do seu patrimônio aos associados, com a posterior baixa de seus atos no Registro Civil de Pessoas Jurídicas e a subseqüente inscrição na Junta Comercial, constituindose, portanto, outra pessoa jurídica. Dessa forma, afirmouse que as operações societárias resultaram na extinção da CETIP Associação e, conseqüentemente, na devolução de seu patrimônio aos associados. A partir de interpretação sistemática e teleológica das normas que regem as associações sem fins lucrativos, concluiuse que a operação de desmutualização exigiria a prévia extinção da associação e a inevitável devolução patrimonial aos associados – dentre eles o contribuinte. Portanto, por não ter o contribuinte observado as disposições legais que regem a matéria, mormente o art. 61 do Código Civil e o art. 17 da Lei nº 9.532, de 1997, entendeuse que o lançamento tributário realizado não merece reparo. Da inaplicabilidade do método da equivalência patrimonial para avaliação do patrimônio de associações. Postergação da tributação pela Portaria n. 785/77, do Ministério da Fazenda. A recorrente cita a Portaria MF nº 785/77 para justificar a tese de que a atualização dos títulos não poderia ser tributada. No entanto, considerando que o ato normativo é anterior à Lei n. 9.532/97, não seria aplicável diante da nova norma. Atualmente, o artigo 17 da Lei n. 9.532/97 é claro ao estabelecer a incidência de imposto sobre a diferença entre o valor em dinheiro ou de bens recebidos de instituição isenta, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou de bens entregues para formação do respectivo patrimônio. Fl. 478DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 12 Outrossim, a Portaria MF nº 785/77 não excluía a tributação, apenas autorizava a postergação dela para quando houvesse a redução do capital social da bolsa de valores ou sua extinção. A prevalecer a tese do contribuinte, alegouse que nunca houve e nem haverá incidência de qualquer tributo sobre os ganhos patrimoniais obtidos pelas corretoras detentoras de títulos da CETIP Associação – o que descaracterizaria completamente o próprio benefício trazido pela Portaria n° 785, de 1977. Diante disso, ficou evidenciado que a Portaria n° 785, de 1977, apenas postergou a tributação dos ganhos provenientes das atividades desenvolvidas pelas Bolsas de Valores. Tratase da interpretação mais coerente com o ordenamento jurídico, uma vez que não gera distorções e privilégios injustificados, que beneficiariam apenas um seleto grupo de contribuintes. Percebeuse que a recorrente, mais uma vez, tenta trazer para associação civil regime jurídico próprio das sociedades anônimas. Isso porque pretende utilizar o método da equivalência patrimonial – previsto na Lei nº 6.404, de 1976 – para a avaliar o ativo correspondente ao título patrimonial que lhe assegurava a condição de associada da CETIP. Argüiuse, em contrapartida, que a Lei n° 6.404/76 tem como destinatárias as sociedades por ações, que possuem natureza jurídica totalmente diversa das associações. Portanto, fica inviabilizada a pretensão de se aplicar o método de avaliação de investimentos pela equivalência patrimonial ao presente caso, mesmo porque não existe suporte legal para tanto. Conseqüentemente, ao caso também não são aplicáveis os artigos 225 e 389 do RIR/99. Por fim, a dicção do artigo 17 da Lei n. 9.532/97 é suficientemente clara ao dispor que o custo de aquisição é propriamente o valor aportado pelos associados quando da instituição da associação civil, pois o dispositivo menciona (...) o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do referido patrimônio. Dessa forma, restou claro que o custo de aquisição não deve considerar as atualizações dos títulos patrimoniais, haja vista que o valor entregue para a formação do referido patrimônio é que constituiu propriamente o valor com que os associados contribuíram com o patrimônio da CETIP Associação. Requisitos e limites para dedutibilidade de JCP. Da não deliberação, no momento oportuno, sobre o pagamento dos JCP nos limites autorizados pela lei – ato jurídico perfeito. Impossibilidade de resgatar limite dedutível referente a exercício pretérito. Entendeuse que se a empresa, como no caso dos autos, está deliberando sobre JCP de exercícios passados, é certo que o lucro do respectivo período já teve a sua destinação, não estando mais disponível para fins de pagamento na forma pretendida. E se já foi dada destinação ao lucro dos exercícios encerrados, devese respeitar a vontade social externada na assembléia, não podendo ser modificada a qualquer tempo, como se ela não tivesse ocorrido. Ainda, se a empresa, por meio de seus sócios e no momento adequado, decidiu remunerar os sócios apenas com dividendos, ou remunerou por meio de JCP abaixo do Fl. 479DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 8 13 limite dedutível, por óbvio, naquele exercício acabou renunciando à faculdade que lhe foi conferida. Tudo em absoluta conformidade com os princípios da livre iniciativa e da autonomia privada. Porém, no ano subsequente, a parcela dedutível continuará atrelada ao limite trazido pela Lei nº 9.249/95, não sendo possível recuperar a dedutibilidade de despesas que, por determinação da própria empresa, não foi suportada em anos anteriores. A recorrente não pode efetuar a dedução dos valores sem observar os limites impostos pela lei tributária, muito menos tentar se esquivar de tais limites, defendendo que o excesso decorre de faculdade não exercida em anos anteriores. Pelas razões expostas, entendeu a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional que o auto de infração não merece qualquer reparo. Observância do regime de competência – legalidade do artigo 29 da IN SRF 11/96. Como a despesa somente será considerada incorrida quando houver a deliberação, julgouse incompatível defender a aplicação de TJLP sobre o saldo de contas do patrimônio líquido de exercícios anteriores, quando já houve manifestação societária sobre o assunto e ficou decidido pelo pagamento da despesa abaixo do limite dedutível Em suma, não seria possível trazer para o presente a dedução de juros calculados sobre contas do patrimônio líquido de exercícios passados. Para tanto, era necessária a tempestiva manifestação da sociedade. Se isso não ocorreu ou a deliberação foi pelo pagamento de juros abaixo do limite dedutível, é certo que tal fato não irá alterar a dedução do períodobase seguinte, que continuará atrelada aos critérios trazidos pela Lei nº 9.249/95. Em face do exposto, requer a Fazenda Nacional seja negado provimento ao recurso voluntário, mantendose integralmente o auto de infração. É o relatório. Voto Vencido O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e encontrase revestido das formalidades legais cabíveis merecendo ser apreciado. DESMUTUALIZAÇÃO – CETIP – GANHO DE CAPITAL O processo de desmutualização da Cetip aqui analisado deve ser o marco temporal e material que delimita nitidamente a percepção ou não da efetiva disponibilidade econômica e jurídica de um acréscimo patrimonial, que, por conseguinte, deverá questionar a incidência do IRPJ. Este deverá ser o embasamento fático no qual se apoiará o presente julgador para superar a controvérsia apresentada. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 14 Vejamos, a Cetip deixou de ser uma associação sem fins lucrativos para tornarse uma sociedade anônima. Conseqüência lógica e natural, o patrimônio social, que era instrumentalizado por meio de títulos patrimoniais, o passou a ser por meio de ações. Neste passo, a recorrente alega que houve substituição e não devolução do patrimônio, não se aplicando, portanto, o art. 17 da Lei nº 9532/97. A argumentação utilizada pela recorrente permeia a idéia de que a desmutualização se operacionalizou mediante cisão seguida de incorporação, e por isso os títulos patrimoniais foram substituídos pelas ações da nova sociedade, já que há continuidade da entidade. Enquanto entendimento da RFB, exprimido por meio da Solução de Consulta nº 10/07 –Cosit, é no sentido de que tratouse de devolução. Coaduno com a posição defendida pela recorrente. Acerca da incidência do IRPJ e da CSLL sobre o ganho de capital conseqüente à desmutualização das bolsas de valores este relator teve a oportunidade de manifestar seu entendimento em decisão recente. Mantendo o entendimento firmado, a seguir dito raciocínio praticamente idêntico ao voto proferido no âmbito do processo nº 16327.000357/201025, relativo à desmutualização da BM&F, cujas questões relevantes são as mesmas encontradas no presente processo. Primeiro ponto que merece destaque: na desmutualização, a associação não fora extinta ou liquidada. A Cetip fora cindida, de acordo com normas civis e societárias gerais e especiais que prevêem expressamente essa possibilidade: art. 2033 do NCC, artigo 227 da Lei das S.A. e artigo 5 da Resolução CMN 2.690/00. Parte do patrimônio cindido foi incorporada por outras empresas, como prevê o artigo 1116 do Novo Código Civil. A aprovação da operação fora formalizada em Ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada em 29/05/2008. Neste sentido, a contextualização desta operação se mostra essencial, de modo que deve ser aproveitada a transcrição de trechos do relatório construído no acórdão n° 1201001.240 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, de autoria do ilustre conselheiro Marcelo Cuba Netto: “(...) A CETIP Câmara de Custódia e Liquidação, aqui chamada de "CETIP Associação", foi criada como uma associação civil, sem fins lucrativos, cujos associados possuíam títulos patrimoniais da entidade. Em maio de 2008, os associados aprovaram a proposta do chamado processo de "desmutualização", com a transformação da parte operacional da CETIP Associação em uma sociedade anônima que, a partir de 19 de julho de 2008, passou a operar como CETIP S/A Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (CNPJ n9 Fl. 481DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 9 15 09.358.105/000191), aqui chamada de "CETIP S/A". Esta empresa passou a ter capital aberto em 28 de outubro de 2008, com ações negociadas no Novo Mercado da BM&F Bovespa. Em Ata da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 29/05/2008 os associados aprovaram a proposta de desmutualização da CETIP, de onde se extraem as seguintes informações: foi aprovada a cisão patrimonial da CETIP Associação, com incorporação da parcela cindida pela CETIP S/A, bem como a alteração da denominação da CETIP Associação para CETIP Educacional, a partir de 01/07/2008, passando esta última a exercer apenas atividades educacionais; antes da desmutualização, os títulos patrimoniais da CETIP Associação apresentavam dois aspectos distintos para o associado o primeiro, de conteúdo patrimonial, refletia o valor da participação da empresa no capital da CETIP; o segundo, de natureza operacional, permitia a ela o "direito de acesso", ou seja, davalhes o direito de operar na CETIP; com a desmutualização, os detentores de títulos patrimoniais da CETIP Associação transformaramse em acionistas da CETIP S/A, e o acesso aos serviços e sistemas da CETIP deixou de estar vinculado à propriedade de título patrimonial; a devolução do capital aos detentores de títulos patrimoniais ficou estabelecida conforme o item 5.1 do "Instrumento de Protocolo e Justificativa da Operação de Cisão Parcial da CETIP Câmara de Custódia e Liquidação” 2.2) Valor da Desmutualização da CETIP Na A.G.E. da desmutualização foi aprovado o INSTRUMENTO DE PROTOCOLO E JUSTIFICATIVA DA OPERAÇÃO DE CISÃO PARCIAL DA CETIP CÂMARA DE CUSTÓDIA E. LIQUIDAÇÃO, o qual fixa as diretrizes operacionais e econômicas do ato societário. IINTRODUÇÃO 1.1..O presente Protocolo estabelece as condições da operação de cisão parcial da CETIP ASSOCIAÇÃO, com versão da parcela cindida de seu patrimônio para a CETIP S.A. e a conseqüente atribuição de novas ações, a serem emitidas pela CETIP S.A. para os associados da CETIP ASSOCIAÇÃO. A cisão e Incorporação objeto deste Protocolo, desde que aprovadas pelas respectivas assembléias, somente produzirão seus efeitos em 1 de julho de 2008. Com base no patrimônio do balancete de 31 de março de 2008, foi deliberado que seriam cindidos elementos ativos e passivos da CETIP Associação no valor de R$ 201.698.400,00, ou seja Fl. 482DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 16 99,84% do seu patrimônio líquido que na mesma data estava avaliado em R$ 202.018.895,10. Em conseqüência, o patrimônio da CETIP Associação após a cisão se reduziria a R$ 320.495,10, equivalente a R$ 646,16 por título patrimonial. Pela devolução e cisão do patrimônio a cada um dos 496 titulares seriam atribuídas 406.650 ações da CETIP S.A., sem valor nominal. (...) Em suma, o valor do patrimônio que foi efetivamente devolvido pelos titulares da CETIP Associação, e que simultaneamente foi cindido à CETIP S.A., na data em que teve efeito a desmutualização 19 de Julho de 2008 foi de R$ 221.451.393,00, o que equivale a R$ 446.474,58 por associado.(...)” Resta claro que as cisões e incorporações foram objeto de registro em cartório de títulos e documentos, tratandose de reestruturação societária que envolveu associações. Não é preciso dizer que este cartório goza de fé pública, o que significa, nos termos do artigo 1º da Lei 8.935/94, que o cartório garante “a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”. Isso implica dizer que tais atos societários restam plenos e acabados, portanto, registrados com fé pública e homologados pela autoridade monetária competente para deliberar sobre esta matéria. A operação de cisão da Cetip e incorporação em sociedades é, portanto, lícita, válida, e produze efeito de cisão e incorporação para todos os fins de direito e inclusive tributários. O artigo 61 do Novo Código Civil, tão comumente lembrado pelas autoridades fiscais, não trata de cisão e incorporação de associação, mas sim de dissolução da associação. Nessa hipótese, as contribuições feitas pelos associados, atualizadas, podem ser devolvidas aos associados. A devolução do patrimônio é o ato pelo qual a entidade entrega os seus ativos para os associados para que eles façam livre uso dos mesmos. Isso é devolução de patrimônio, por extinção ou dissolução de associação. Do ponto de vista societário, a extinção ou dissolução é distinta da cisão e incorporação. No primeiro caso, a sociedade deixa de existir porque é liquidada juridicamente, apurase o acervo líquido, destinase aos associados nos termos do artigo 61 do Novo Código Civil, encerramse as atividades da entidade. A sociedade deixa de existir. Fl. 483DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 10 17 No segundo caso, o que ocorre é sucessão de parte do patrimônio da associação por outra entidade ou empresa, que o absorve. Não há apuração de acervo líquido ou destinação e entrega aos associados. O patrimônio é destinado à sucessora. Assim, a sociedade Cetip S.A. sucedeu o patrimônio cindido da associação e recebeu dela ativos, passivos e patrimônio. Os associados, nesse momento, não receberam qualquer distribuição de valores ou devolução de acervo, apenas tiveram seus títulos patrimoniais da CETIP ASSOCIAÇÃO substituídos, por sucessão, por ações da CETIP S.A.. A contabilidade registrou, portanto, apenas uma substituição de títulos por ações, não auferindo nesse momento qualquer novo acréscimo patrimonial. A Lei nº 9.532/97 prevê a hipótese de cisão de associações e entidades sem fins lucrativos, nos termos de seu artigo 12, parágrafo 2º, g. Tal dispositivo afirma que, para gozar da isenção de que trata o artigo 15 da mesma Lei, as associações devem “assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que atenda às condições para gozo da” isenção, “no caso de incorporação, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão público”. Assim, a Lei tributária reconhece, a contrário senso, que é, na prática, possível que uma entidade sem fins lucrativos sofra cisão e tenha sua parcela cindida incorporada por uma empresa lucrativa. Desta sorte, e aqui é o ponto que interessa, a permuta de ativos ou a substituição de um ativo por outro em razão de reestruturação societária não são capazes de gerar qualquer acréscimo patrimonial sobre o qual incida o IRPJ ou a CSLL. O Parecer Normativo da SRF nº 504/71, em seu item 5, prevê a possibilidade de que o valor do ativo substituído pode ser atribuído ao ativo recebido, sem realização de ganho ou perda de capital, em operação de permuta. Neste sentido, merece destaque: “Há troca sempre que se presta direito de propriedade, ou posse, e se contrapresta outro direito de propriedade, ou posse, ou qualquer outro direito, inclusive o direito a alguma quantia certa” (Parecer da PGFN 454/92). “Permuta só é tributável quando existe torna, independentemente do bem permutado” (Acórdão do Primeiro Conselho de Contribuintes n o. 10240.751/2006). “Não houve distribuição efetiva de lucros aos sócios, mas mera permuta de bens, uma vez que o valor da participação de cada um dos quotistas foi substituído por ações e quotas de outras empresas (...), gerando mera expectativa de percepção futura de lucro.” (STJ Resp n o. 668.378ES/04). A Portaria 785/77 estabelece o tratamento tributário dos títulos das Bolsas: Fl. 484DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 18 “I. O acréscimo do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital. II. Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no Decretolei nº 1.109/70, art. 3º , § 3º (RIR, art. 237. ).” E o RIR/99 consolida essa legislação no seu artigo 658. Assim, permanece válida a determinação da referida Portaria, para aplicar essa legislação ao caso das bolsas de valores, mercadorias e futuros. Vale ressaltar que, para as empresas tributadas pelo lucro real, presumido ou arbitrado, tal Lei não mais se aplica, para os lucros apurados a partir do anocalendário de 1996, por força do artigo 10 da Lei 9.249/95. Por outro lado, com relação às associações como as bolsas e a Cetip, não houve mudança. Resta claro, da redação da Lei, que a cisão e incorporação do patrimônio cindido em outra entidade não se confunde com devolução ou restituição de capital ao titular. No primeiro caso, a empresa sucessora absorve o patrimônio cindido e isso não gera a tributação de imposto de renda, pois não se equipara aos eventos de liquidação da empresa, distribuição de lucros ou acervo ou redução e devolução de capital. Por sua vez, a empresa sucessora assume a incumbência de cumprir a letra da Lei, ou seja, caso reduza o capital ou seja liquidada, com a entrega do acervo aos seus sócios, acionistas ou titulares (associados), aí sim, somente neste momento, poderá haver tributação. Entendo que a devolução de patrimônio aos associados sempre foi evento sujeito à tributação, nos termos da Lei 8.849/94, que previa contudo uma isenção, caso a devolução de patrimônio se desse após 5 anos da capitalização do superávit contabilizado pela associação. A partir da edição da Lei 9.532/97, qualquer distribuição ou devolução de capital aos associados, em razão da liquidação ou dissolução da associação, estará sujeita à tributação, independentemente do momento em que o acréscimo patrimonial tenha sido percebido e contabilizado pela associação. Essa novidade não altera o fato de que a cisão, do ponto de vista societário, não se confunde com liquidação ou dissolução. Para fins tributários, a própria Lei 8.849/94 já esclareceu que a cisão não significa liquidação, dissolução ou devolução da patrimônio aos titulares. Nem mesmo a Lei 9.532/97 entende diferente. A Lei 9.532/97 tratou os efeitos tributários da cisão de entidades isentas nos artigos 15, parágrafo 3º., artigo 12, parágrafo 2º., g), da Lei 9.532/97. Ali a Lei previu claramente a possibilidade de uma entidade isenta submeter se à cisão vertendo parte de seu patrimônio a uma outra entidade com fins lucrativos, Fl. 485DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 11 19 reconhecendo a plena legalidade desse procedimento societário e determinando seus efeitos tributários. Notase que, nesse caso, a despeito de tributar os titulares da associação isenta, a Lei entendeu que a própria entidade isenta deixou de cumprir uma das condições de isenção, qual seja, verter seu patrimônio para a atividade sem fins lucrativos ou para outras entidades isentas com mesmo objetivo social. Por isso, a Lei 9.532/97 prevê que, se uma entidade isenta sofrer cisão e destinar parte de seu patrimônio para entidade com fins lucrativos, ela perde a isenção, por deixar de atender as condições legais, e passa a sofrer tributação sobre os lucros que até então acumulou e nesse momento não verteu à atividade sem fins lucrativos. A Lei 9.532/97 trata dos efeitos tributários de uma outra reestruturação tributária, diferente da cisão, qual seja, a dissolução da associação, com a consequente devolução de patrimônio aos sócios. Essa dissolução é tratada em outro artigo, 17, da mesma lei. A conseqüência da dissolução, nos termos da Lei, é a tributação do titular da associação. Do ponto de vista tributário, portanto, inclusive sob a Lei 9.532/97, cisão consistentemente não é considerada liquidação ou devolução de capital! A Lei 9.532/97, nos artigos 12 e 15 determina que a entidade isenta, ao deixar que uma empresa lucrativa suceda parte de seu patrimônio, deixa de cumprir a condição para gozo da isenção e passa, a própria entidade, a sofrer tributação. Por essa razão, o artigo 17 da Lei 9.532/97 não se aplica à hipótese de cisão, mas apenas dissolução de associação. Daí também, vale observar, inexiste regra para tributar, pela contribuição social sobre o lucro, a reserva de capital originada da atualização patrimonial dos títulos da bolsa na instituição financeira que os detêm, na hipótese de cisão das bolsas. Tratando da cisão da BOVESPA, em caso completamente análogo ao da Cetip, para a constituição da CBLC, em 1997, assim decidiu a COSIT (grifos meus): Processo de Consulta Decisão Cosit 013, de 10 de novembro de 1997: “Assunto: IRPJ – Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas Ementa: Não constituem fatos capazes de excluir a Bovespa do gozo do benefício de isenção do imposto de renda de que é titular: I – a destinação de parte de seu patrimônio para integralização do capital social de empresa comercial que desempenhará atividades auxiliares (informática e telefonia); II – a sua cisão, com destinação parcial de seu patrimônio para a constituição de empresa comercial que terá atividade correlata (câmara de compensação e custódia de títulos – “clearing”); Fl. 486DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 20 Não apuração de ganho ou perda de capital na alienação pelas corretorasmembros, das ações (da “clearing”), por receberem em substituição a parte do valor do título patrimonial da Bovespa, considerarseá como custo de aquisição das referidas ações o seu valor contábil, que deverá ser proporcional à parcela do valor contábil do título patrimonial que for por elas substituída. Dispositivos legais: Arts. 159, 375 e 376 do RIR/94, Portaria MF 785/77, Res. BACEN 1.656/89, Parecer Cosit 2.111/81 e Pareceres CST/SIPR 2.254/81, 911/83 e 2.867/83. (grifos nossos) Cabe ressaltar, as normas específicas da CVM e Bacen acerca da contabilização das bolsas e das instituições financeiras refletem a aplicação desse exato tratamento. Senão vejamos. Qualquer acréscimo patrimonial ou superávit contabilizado pelas bolsas, incluindo neste ponto também a Cetip, incrementava o valor patrimonial dos títulos por elas emitidos, sendo assim automaticamente capitalizado a todo o fechamento de balanço (Ofício Circular CVM 325/79, artigo 10 da Resolução CMN 1.656/89). Uma vez capitalizados os superávits, ao tratar da contabilização dos títulos nas empresas associadas, o Banco Central do Brasil (BCB), por sua vez, deliberou que as instituições financeiras deveriam, todo o fim do ano, reconhecer em seu ativo permanente o incremento capitalizado dos títulos patrimoniais (Circular do Banco Central n o. 1273/87, itens 1.11.3.3 a 5 das Normas Básicas e contas contábeis 2.1.4.10). Esse acréscimo patrimonial deveria ser lançado à conta de “Reserva de Atualização de Títulos Patrimoniais, 6.1.3.70.00 9”, cuja função é “registrar o valor das atualizações anuais de títulos patrimoniais das bolsas”. Tal tratamento contábil previsto pelo Banco Central do Brasil segue à risca o disposto na legislação tributária no sentido de que o valor do aumento de capital da investida (ativo) deve ser alocado em contrapartida a uma reserva (patrimônio). Essa reserva segue um regime tributário específico da Lei 8.849/94, não afetado pela cisão das bolsas e/ou da Cetip. Em suma, reputo válidas e legais, as operações de cisão da Cetip e sua incorporação em sociedade anônima, tudo nos termos aprovados pela CVM a autoridade competente para dispor sobre o que pode ou não ser feito pelas bolsas e pelas sociedades anônimas. Desta forma, a Recorrente observou as normas da CVM para o tratamento societário da desmutualização, enquanto cisão, e substituiu, em seu ativo, o valor dos títulos patrimoniais das bolsas por ações. A cisão, nos termos dessa Lei, não se confunde com dissolução ou devolução de capital aos titulares, logo, não ocasionou tributação da reserva. Por essa mesma razão, não se aplica à hipótese o artigo 17 da Lei 9.532/97. Firmadas estas premissas e conclusões, deve então esmiuçarse o tratamento contábil das atualizações dos títulos patrimoniais, exprimidos no valor das ações. Fl. 487DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 12 21 A Portaria MF nº 785/197 não prescreve a adoção do MEP e, conseqüentemente, tampouco o seu regime tributário na avaliação dos títulos patrimoniais da Cetip ou das Bolsas de Valores. Cabe ressaltar, o regime nela estabelecido não teve como destinatário, especificamente, a Cetip ou as Bolsas de Valores de modo genérico. Além disso, muito menos veiculou norma que autorizasse a postergação dos acréscimos de valores contabilizados para o momento de ocorrência da redução do capital social ou mesmo, sua própria extinção. A Portaria MF 785/1977 determinou regras para os proprietários dos títulos patrimoniais das antigas Bolsas de Valores. Neste sentido, a redação do primeiro inciso: "Os acréscimos do valor nominal dos títulos patrimoniais das Bolsas de Valores, em decorrência de alteração do seu patrimônio social, não constitui receita nem ganho de capital das sociedades corretoras associadas e, por isso, pode ser excluído do lucro real destas desde que não seja distribuído e constitua reserva para oportuna e compulsória incorporação ao capital" Dito de outro modo, o que a Portaria prescrevia aos proprietários dos títulos patrimoniais das antigas Bolsas de Valores era a obrigação de contabilizar a valorização de seus títulos patrimoniais em conta do ativo (débito em conta do ativo correspondente), podendo excluir a contrapartida do valor da atualização dos títulos de tributação (exclusão do lucro real), desde que fizesse o lançamento dos acréscimos direto em conta de reserva (crédito em conta de reserva de capital no PL), para posterior incorporação ao capital. Idêntico raciocínio se aplica à Cetip, ao caso em tela portanto. A Portaria MF 785/1977 traz ainda, em seu inciso segundo, a seguinte previsão: "Aos aumentos de capital assim procedidos aplicase o disposto no Decretolei nº 1.109/70" Entendo que o inciso II da Portaria vem apenas definir o efeito da aplicação do inciso I (que prescreve a compulsória incorporação ao capital social da atualização, pelos proprietários, de seus títulos patrimoniais das antigas bolsas de valores, como condição para não tributação). Isso porque, define que quanto àqueles aumentos de capital, seria aplicável o disposto no Decretolei nº 1.109/70. Em outras palavras, a norma não trata de hipótese de postergação de tributação, mas sim, de verdadeira isenção condicionada. Ratifica tal entendimento o fato do RIR/1975, após se referir ao artigo 223, "m", no qual a Portaria MF 785/1977 se fundamentou, trazer a seguinte disposição: CAPÍTULO V DA INCIDÊNCIA DO IMPOSTO Seção II Fl. 488DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 22 Art. 227 Além do imposto de que trata o artigo anterior, será cobrado o imposto de 5% (cinco por cento) sobre os lucros distribuídos sob qualquer título ou forma, exceto os atribuídos ao titular de empresa individual, aos sócios das entidades referidas na alínea b do § 1º daquele artigo e aos lucros e dividendos distribuídos pelas empresas de que trata o artigo 293 (...) § 1º O disposto neste artigo não se aplica às bonificações em ações, quotas ou quinhões de capital, distribuídos em decorrência dos aumentos de capital referidos na alínea m do artigo 223, ressalvado o que preceitua o artigo 237 (Lei nº 4.506/64, art. 38, § 1º, e Decretolei 1.109/70, art. 3º) Título VII DA INCORPORAÇÃO DE RESERVAS E LUCROS AO CAPITAL Art. 236 A distribuição de ações, quotas ou quinhões de capital provenientes de aumento de capital, mediante a incorporação de reservas ou lucros em suspenso, não estará sujeita à incidência do imposto, ressalvado o disposto no artigo seguinte (Decretolei nº 1.109/70, art. 3º) Art. 237 Ocorrendo a redução do capital ou a extinção da pessoa jurídica nos 5 (cinco) anos subsequentes, o valor das reservas e dos lucros em suspenso que tenham sido aproveitados em aumento de capital será tributado na pessoa jurídica, como lucro distribuído, ficando os sócios ou acionistas ou o titular, sujeitos ao imposto na declaração de rendimentos ou na fonte, no ano em que ocorrer a extinção ou redução (Decretolei nº 1.109/70, art. 3º, § 3º) §1º O disposto neste Título aplicase aos aumentos de capital realizados pela pessoa jurídica, sócia ou acionista beneficiária, mediante incorporação dos valores recebidos em decorrência da capitalização prevista neste artigo (Decretolei 1.109/70, art. 3º, § 1º). Em outras palavras, a interpretação conjunta da Portaria MF 785/1977 e dos dispositivos do RIR/1975 relacionados, leva à conclusão de que é incontroverso que o regramento estabelecido para a matéria foi o de uma autentica isenção condicionada. Cabe ressaltar, o RIR/99, que trata exatamente de isenção, continua a dar o mesmo tratamento à matéria. Assim, concluise do disposto na Portaria MF 785/1977 quanto aos ganhos registrados em razão de sua valorização é a existência de uma regra de isenção condicionada e não de diferimento de tributação como dá a entender a COSIT na solução de consulta nº 10/2007. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 13 23 E, uma vez preenchida a condição imposta, a isenção se perfectibilizava, ou seja, uma vez incorporada à conta de capital, os valores de atualização patrimonial registrados e cumprido os requisitos impostos na lei, estes se tornam perenemente isentos. Seguindo tal racional, se a Portaria MF 785/1977 existe, então com ela deve ser aplicado o tratamento de neutralidade fiscal dos acréscimos efetuados ao valor nominal dos títulos emitidos, tal como nela disposto. Neste sentido, uma vez admitida a tributação pelo IRPJ e pela CSLL do ganho de capital auferido no processo de desmutualização, esta jamais poderia alcançar os valores capitalizados há mais de cinco anos, eis que, quanto a esses, a isenção teria se consolidado e, portanto, legitimamente, deveriam ter composto o custo de aquisição dos títulos para o cálculo do ganho de capital. Em suma, entendo que as disposições da Portaria MF 785/1977, em relação aos ganhos contabilizados pelos proprietários dos títulos patrimoniais em razão de sua valorização, prevê típica hipótese de isenção condicionada, que, ano a ano, feito o cumprimento dos requisitos impostos em lei, torna isento o ganho auferido de forma definitiva. Partindo da premissa que a Portaria tratava de isenção condicionada, temos que uma vez cumpridos os requisitos impostos em lei, o ganho contabilizado tornavase definitivamente isento, para efeitos de cálculo do ganho de capital nas operações de desmutualização. Desta sorte que deveria a Fiscalização considerar como custo não apenas o custo de aquisição dos títulos patrimoniais, mas, também, todos os valores a ele acrescidos em função da regra nela (Portaria) estabelecida, cuja isenção já havia se consolidado, ou seja, todos os valores contabilizados nos últimos cinco anos anteriores ao lançamento. Assim, indevido o lançamento efetuado, devendo ser cancelado. EXCESSO DE JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO Quanto à dedutibilidade de juros sobre Capital Próprio apurado com base na variação da TJLP de períodos passados, cabe ressaltar que a lei não disciplina precisamente este aspecto. De modo que é essencial se socorrer aos fundamentos e princípios contábeis que devem nortear essa operação, definindo a forma correta de sua contabilização e conseqüente dedutibilidade. Primeiramente é importante relembrar a origem da criação dos Juros sobre Capital Próprio no Brasil. Fl. 490DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 24 A exposição de motivos da Lei n. 9.249/95 traz o seguinte trecho que destaco: " (...) 11. A permissão da dedução de juros pagos ao acionista, até o limite proposto, em especial, deverá provocar um incremento das aplicações produtivas nas empresas brasileiras, capacitandoas e elevar o nível de investimentos, sem endividamento, com evidentes vantagens no que se refere à geração de empregos e ao crescimento sustentado da economia. (...)." Podemos perceber que fora criado instrumento que pudesse remunerar o acionista pela indisponibilidade de seu capital que encontrase aplicado na empresa e que somente poderia ser considerado devolvido em eventual redução de capital. Resta claro que a criação da possibilidade de pagamento de JCP, teve por objetivo criar um instrumento de remuneração dos sócios que trouxesse o mesmo efeito tributário de um endividamento com terceiros estranhos à sociedade, qual seja, a dedução da respectiva despesa financeira, desde que observadas os limites (50% do lucro líquido do exercício antes da dedução dos juros ou 50% do somatório dos lucros acumulados e reserva de lucros, sem computar o resultado do período em curso) e forma de cálculo (aplicação da TJLP sobre as contas do Patrimônio Líquido). O diferencial dos Juros sobre Capital Próprio, portanto, é a possibilidade de dedução da despesa para fins de cálculo do Lucro Real e Base de Cálculo da CSLL. Se assim não fosse, restaria inócua a criação dos Juros sobre Capital Próprio, pois, para remunerar o sócio, já existia o pagamento de dividendos ou a distribuição de lucro. Neste sentido, é fácil concluir que os Juros sobre Capital Próprio nada mais são que dividendos dedutíveis da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Neste sentido, trago lição do Professor Nelson Eizirik: " (...) o pagamento de juros sobre capital próprio e a distribuição de dividendos apresentam o mesmo pressuposto essencial, qual seja, a existência de lucros distribuíveis pela sociedade. Isso significa que os juros sobre capital próprio e os dividendos possuem a mesma natureza, qual seja, a de distribuição de resultados auferidos pela companhia a seus acionistas. Com efeito, caso os juros sobre capital próprio não tivessem tal natureza, poderiam ser pagos, havendo ou não lucros a distribui." (Curso de direito comercial, 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.vol.2, p. 342343) A partir desta construção conceitual, passo a estruturar meu voto neste tópico. Primeiramente, em homenagem ao Princípio da Legalidade, às vezes esquecido pelas autoridades fiscalizadoras, devo lembrar que o art. 9° da Lei n. 9.249/95 não traz qualquer previsão acerca de limitações temporais para que a empresa tome a decisão de pagar JCP e, por conseqüência, efetue o registro da correspondente despesa. Vejamos: " “Art. 9º – A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócio ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas de Fl. 491DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 14 25 patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo – TJLP. § 1o – O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditado.” A despeito desta clara omissão da legislação, o posicionamento da autoridade fiscal é de que há sim uma limitação temporal, que é o exercício corrente, entendimento este que originou a autuação ora em combate. O próprio STJ já se posicionou a respeito desta discussão no julgamento do REsp n. 1.086.752/PR, cuja ementa é a seguinte: " MANDADO DE SEGURANÇA. DEDUÇÃO. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO DISTRIBUÍDOS AOS SÓCIOS/ACIONISTAS. BASE DE CÁLCULO DO IRPJ E DA CSLL. EXERCÍCIOS ANTERIORES. POSSIBILIDADE. I Discutese, nos presentes autos, o direito ao reconhecimento da dedução dos juros sobre capital próprio transferidos a seus acionistas, quando da apuração da base de cálculo do IRPJ e da CSLL no anocalendário de 2002, relativo aos anoscalendários de 1997 a 2000, sem que seja observado o regime de competência. II A legislação não impõe que a dedução dos juros sobre capital próprio deva ser feita no mesmo exercíciofinanceiro em que realizado o lucro da empresa. Ao contrário, permite que ela ocorra em anocalendário futuro, quando efetivamente ocorrer a realização do pagamento. III Tal conduta se dá em consonância com o regime de caixa, em que haverá permissão da efetivação dos dividendos quando esses foram de fato despendidos, não importando a época em que ocorrer, mesmo que seja em exercício distinto ao da apuração. IV "O entendimento preconizado pelo Fisco obrigaria as empresas a promover o creditamento dos juros a seus acionistas no mesmo exercício em que apurado o lucro, impondo ao contribuinte, de forma obliqua, a época em que se deveria dar o exercício da prerrogativa concedida pela Lei 6.404/1976". V Recurso especial improvido" (nosso grifo) Me parece que a decisão do STJ é bem clara, como não poderia deixar de ser, pois, a Lei é clara. Fl. 492DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 26 Contudo, não há como negar, existe farta jurisprudência em sentido contrário neste Conselho. Isso porque, alguns conselheiros seguem a linha de raciocínio de que a Lei n. 9.249/95 ao deixar de dispor sobre limites temporais para o pagamento de JCP, na realidade, deixou de abrir exceção ao Princípio da Competência e, sendo assim, o pagamento de JCP não poderia considerar a TJLP de períodos passados. Para melhor visualizar esta discussão e ponderar sobre os argumentos favoráveis ou contra a dedução de JCP de períodos anteriores, trago um precedente desta própria 1. Turma da 2. Câmara no julgamento do processo n. 19515.001145/200498 (Caso Cigla), no qual restou decidido pelo voto de qualidade pela impossibilidade de dedução dos valores de JCP referentes aos anos anteriores. Neste caso, o Conselheiro Marcelo Cuba Netto, atualmente, nosso ilustre presidente de turma, foi o responsável pela redação do voto vencedor que seguiu o seguinte racional: i) o art 177 da Lei 6.404/76 determina que as pessoas jurídicas devem observar métodos e critérios contábeis uniformes no tempo e registrar as mutações patrimoniais segundo o regime de competência que determina que receitas e despesas devem ser reconhecidas no momento em que forem auferidas ou incorridas, independentemente de seu recebimento ou pagamento. O regime de competência será, portanto, a regra, consistindo mera exceção a adoção do regime de caixa quando expressamente previsto na legislação; ii) no caso dos JCP, a legislação não estabeleceu exceção ao regime de competência. Portanto, para exercer a faculdade de creditar ou pagar JCP a seus sócios, a pessoa jurídica deverá reconhecer a despesa ao longo do tempo em que empregado o capital objeto da remuneração e dentro de cada exercício e iii) constituída, se for o caso, a obrigação de distribuir JCP, a pessoa jurídica poderia extinguila imediatamente através de "pagamento" ao sócio, ou deixar a extinção para momento posterior, caso em que deverá registrar, também imediatamente, o "crédito" ao sócio. Por outro lado, os Conselheiros Régis Magalhães Soares de Queiroz (relator), Antônio Carlos Guidoni Filho e Rafael Correia Fuso, que foram vencidos, sustentaram seu posicionamento na decisão do STJ acima mencionada, concluindo que: i) o STJ já reconheceu que os JCP são espécies do gênero "remuneração dos acionistas", incidentes sobre as reservas patrimoniais retidas am anos anteriores pela Sociedade Anônima; e ii) o entendimento do STJ de que pode a pessoa jurídica efetuar o crédito dos JCP sem que ocorra, necessariamente, o efetivo pagamento imediato (caixa), valendose da capitalização do período, leva à conclusão de que o regime de competência se refere ao momento em que se reconhece a obrigação (crédito) e não ao pagamento efetivo (regime caixa), sendo irrelevante se os JCP foram apurados com base nos lucros de exercícios correntes ou passados. Estou mais alinhado com o voto vencido neste caso sem, contudo, homenagear o Regime de Competência defendido pelo voto vencedor. Explico. O Regime de Competência encontra seu oposto no Regime de Caixa. O primeiro se refere ao momento em que ocorrido determinado evento na vida da empresa (uma venda, por exemplo) e o segundo se refere ao momento da entrada ou saída do dinheiro (pagamento da venda). O primeiro tem natureza contábil e o segundo natureza financeira. Fl. 493DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 15 27 No caso do pagamento de JCP, o regime de competência se refere ao momento em que ocorre a deliberação pelo seu pagamento, momento este em que nasce a obrigação para a empresa. Assim, logicamente, não pode ser confundido com o momento de seu efetivo pagamento que se refere tão somente à saída do caixa. Podemos comparar esta situação com uma simples compra de mercadoria. Segundo o regime de competência, a empresa deve registrar a operação no momento em que a compra é efetuada e não no momento em que tal compra é paga. É simples assim. Da mesma forma, para fins de determinação do momento correto de reconhecimento da despesa de JCP, não pode haver confusão entre nascimento da obrigação e método de cálculo. Isso porque, o Regime de Competência determina o período ou momento em que uma obrigação ou direito deve ser reconhecido. É um instituto que se refere ao aspecto temporal do registro contábil e não à forma de cálculo da obrigação ou direito. O Regime de Competência se refere a tempo e não à valor. Novamente, trata se do aspecto temporal do registro contábil e não do aspecto quantitativo. Quero dizer com isso que no caso do pagamento de JCP, o Regime de Competência determina quando tal despesa deve ser reconhecida, se no momento do seu crédito em decorrência de deliberação neste sentido (certo) ou no momento do efetivo envio do caixa ao sócio ou acionista (errado). Por outro lado, o Regime de Competência não determina quanto deve ser registrado, pois, as regras para cálculo de JCP estão clara e expressamente previstas na Lei n. 9.249/95. Minha conclusão vai no sentido de que o reconhecimento da despesa de JCP deve ocorrer no momento em que se delibera por seu pagamento e se reconhece tal obrigação, pois é neste momento que nasce a obrigação da empresa e o direito do acionista, ainda que calculados com base em patrimônio líquido de anos anteriores. DESPESAS DE VARIAÇÃO CAMBIAL Neste tópico, em razão da clareza da questão que se põe, ouso iniciar pela conclusão: a variação cambial relacionada ao período compreendido entre a data da deliberação do aumento de capital, subscrição e registro contábil e a data da efetiva liquidação através da remessa dos valores (câmbio), em meu entendimento, deve ser tratada, ou seja, contabilizada, como acréscimo do valor do investimento no exterior e não como uma despesa. Fl. 494DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 28 Em outras palavras, o entendimento aqui formulado é no sentido de que a variação cambial percebida passa a integrar o custo de aquisição do investimento. Ora, se entre a data da subscrição e a data de realização do capital houve uma variação cambial, esta valorizou o investimento e elevou o valor de sua aquisição e, a conseqüência será, naturalmente, uma alteração, a maior, deste aporte do capital. De fato, a liquidação do câmbio para integralização do capital no exterior demandou mais caixa em Reais em comparação com o montante que seria necessária se tal liquidação tivesse ocorrido no mesmo momento da subscrição do capital. Por outro lado, isso se transformou num ativo (Investimento) da Recorrente, ou seja, tal valor não saiu de seu patrimônio, houve simples troca de linhas do ativo de Caixa para Investimento. Vale a pena fazer aqui um exercício: caso a Recorrente viesse a alienar sua participação de US$ 100 milhões, pelo valor contábil, para outra instituição no Brasil no mesmo dia em que efetuou a liquidação do câmbio relacionado à integralização do capital, quanto receberia pela venda deste ativo? Acredito que o equivalente de US$ 100 milhões em Reais pela taxa de câmbio do dia desta venda (que no meu exemplo é o mesmo dia da liquidação do câmbio ora em discussão) e não o valor em Reais pelo câmbio da época da subscrição do capital. Isso demonstra que o montante referente à variação cambial tratada pela Recorrente como despesa, na realidade, está incorporada ao seu ativo (investimento), devendo ser tratada como tal. Diante deste fato, resta incontroverso que a despesa referente à esta diferença representada pela variação cambial deve ser glosada, diante do patente equivoco da Recorrente em tratar como despesa valor que deveria ser incorporado ao ativo. Por se tratar de exigência reflexa realizada com base nos mesmos fatos, a decisão de mérito prolatada quanto ao lançamento do imposto de renda pessoa jurídica constitui prejulgado na decisão do lançamento decorrente relativo à CSLL. Conclusão Fl. 495DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 16 29 Diante de todo o exposto, CONHEÇO do RECURSO VOLUNTÁRIO para, no MÉRITO, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, para reconhecer a improcedência do lançamento fiscal em relação à despesa de JCP e à operação de desmutualização da Cetip S/A. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Fabiano Alves Penteado Relator Fl. 496DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 30 Voto Vencedor Apesar dos bem construídos argumentos do I. Relator, vislumbro solução jurídica distinta para o caso sob análise, no que diz respeito à desmutualização da CETIP e aos juros sobre capital próprio, acompanhandoo quanto aos demais tópicos. Em relação aos processos de desmutualização de entidades isentas, já tive a oportunidade de me manifestar em outros julgados, em favor da tributação por ganho de capital. Entendo que os associados receberam as ações objeto da reorganização da CETIP e que os títulos da antiga associação foram extintos. A devolução de títulos de uma S/A, entidade com fins lucrativos, não se confunde com os títulos originários, que representavam a participação numa entidade isenta e sem fins lucrativos, circunstância que justifica a autuação por ganho de capital. Esse entendimento é forte no âmbito deste Conselho e tem sido ratificado nas instâncias judiciais, em decisões relativas a outros processos de desmutualização, como os da Bovespa e da BM&F. Reproduzo, a título ilustrativo, decisão do TRF da 3a Região: Processo 2007.61.00.0351795 AMS 312851, decisão de 19/07/12 PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO MANDAMENTAL. IRPJ. CSLL. BM&F BOLSA DE MERCADORIAS E FUTURO DE SÃO PAULO. OPERAÇÃO DE DESMUTUALIZAÇÃO. TÍTULOS CONVERTIDOS EM AÇÕES DE S/A. LEI 9.532/97, ART. 17. INCIDÊNCIA NA ESPÉCIE. 1. O processo de desmutualização trouxe ganhos patrimoniais à impetrante que passou de simples associada da BM&F à detentora de ações na nova holding, acrescendo ao seu patrimônio as novas ações adquiridas com os valores que havia despendido para a formação da associação e que lhe fora devolvido. 2. A devolução implicou em aplicação de parte dos valores que compunha o patrimônio da associação em ações de empresa com fins lucrativos, o que desnatura o processo de sucessão legal das associações e autoriza a incidência de tributos em razão do acréscimo patrimonial experimentado pela impetrante. 3. Não há que se falar em avaliação pelo método de equivalência patrimonial porquanto o Decreto 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), autoriza a utilização de tal método apenas na hipótese de investimentos em controladas e coligadas, não sendo este o caso dos autos. 4. Também não socorre a impetrante a Solução de Consulta nº 13 de 10/11/97, proferida antes da vigência da Lei 9.532/97. O mesmo vale para a aplicação da Portaria nº MF nº 785/77, já que esta cuidava de "constituição de reserva com os acréscimos Fl. 497DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 17 31 no valor nominal dos títulos" e a exclusão de tais acréscimos ao lucro real, não sendo este o caso dos autos. 5. O processo de desmutualização autoriza a incidência do imposto de renda e da CSLL, como pretendido pelo Fisco, nos exatos termos do quanto disposto no artigo 17 da Lei nº 9.532/97. 6. Apelação que se nega provimento. (grifamos) Portanto, a diferença entre o valor dos bens recebidos em devolução de patrimônio e aquele que fora entregue para a formação do patrimônio da CETIP deve ser tributada, nos termos do que estabelece o artigo 17 da Lei n. 9.532/97: Art. 17. Sujeitase à incidência do imposto de renda à alíquota de quinze por cento a diferença entre o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos de instituição isenta, por pessoa física, a título de devolução de patrimônio, e o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos que houver entregue para a formação do referido patrimônio. § 1º Aos valores entregues até o final do ano de 1995 aplicamse as normas do inciso I do art. 17 da Lei nº 9.249, de 1995. § 2º O imposto de que trata este artigo será: a) considerado tributação exclusiva; b) pago pelo beneficiário até o último dia útil do mês subseqüente ao recebimento dos valores. § 3º Quando a destinatária dos valores em dinheiro ou dos bens e direitos devolvidos for pessoa jurídica, a diferença a que se refere o caput será computada na determinação do lucro real ou adicionada ao lucro presumido ou arbitrado, conforme seja a forma de tributação a que estiver sujeita. § 4º Na hipótese do parágrafo anterior, para a determinação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido a pessoa jurídica deverá computar: a) a diferença a que se refere o caput, se sujeita ao pagamento do imposto de renda com base no lucro real; b) o valor em dinheiro ou o valor dos bens e direitos recebidos, se tributada com base no lucro presumido ou arbitrado. Afasto, portanto, o argumento de que houve mera troca de títulos, assim como entendo que não houve qualquer tipo de transformação, razão pela qual mantenho, quanto a este tópico, o montante autuado. No que tange aos juros sobre o capital próprio, a Recorrente excluiu da apuração do lucro real e da base da CSLL, do anocalendário 2008, despesas relativas aos anoscalendário de 2004 e 2008, como relatado pela decisão de piso. Fl. 498DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 32 Entende a Recorrente que não há limitação temporal para a dedução do JCP e que teria sido observado, na espécie, o princípio da competência. No intuito de enfrentarmos o tema tornase necessário discorrer, ainda que brevemente, sobre a figura dos juros sobre o capital próprio, nos termos da Lei n. 9.249/95 e de todo o arcabouço normativo que cerca a matéria. O conceito de juros sobre o capital próprio decorre do artigo 9o da Lei n. 9.249/95, com a redação dada pela Lei n. 9.430/96: Art. 9º A pessoa jurídica poderá deduzir, para efeitos da apuração do lucro real, os juros pagos ou creditados individualizadamente a titular, sócios ou acionistas, a título de remuneração do capital próprio, calculados sobre as contas do patrimônio líquido e limitados à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP. §1º O efetivo pagamento ou crédito dos juros fica condicionado à existência de lucros, computados antes da dedução dos juros, ou de lucros acumulados e reservas de lucros, em montante igual ou superior ao valor de duas vezes os juros a serem pagos ou creditados.(Redação dada pela Lei nº 9.430, de 1996) § 2º Os juros ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte à alíquota de quinze por cento, na data do pagamento ou crédito ao beneficiário. § 3º O imposto retido na fonte será considerado: I – antecipação do devido na declaração de rendimentos, no caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real; II – tributação definitiva, no caso de beneficiário pessoa física ou pessoa jurídica não tributada com base no lucro real, inclusive isenta, ressalvado o disposto no § 4º; § 4o (Revogado pela Lei nº 9.430, de 1996) § 5º No caso de beneficiário sociedade civil de prestação de serviços, submetida ao regime de tributação de que trata o art. 1º do DecretoLei nº 2.397, de 21 de dezembro de 1987, o imposto poderá ser compensado com o retido por ocasião do pagamento dos rendimentos aos sócios beneficiários. § 6º No caso de beneficiário pessoa jurídica tributada com base no lucro real, o imposto de que trata o § 2º poderá ainda ser compensado com o retido por ocasião do pagamento ou crédito de juros, a título de remuneração de capital próprio, a seu titular, sócios ou acionistas. § 7º O valor dos juros pagos ou creditados pela pessoa jurídica, a título de remuneração do capital próprio, poderá ser imputado ao valor dos dividendos de que trata o art. 202 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sem prejuízo do disposto no § 2º. § 8º Para os fins de cálculo da remuneração prevista neste artigo, não será considerado o valor de reserva de reavaliação de bens ou direitos da pessoa jurídica, exceto se esta for Fl. 499DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 18 33 adicionada na determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido. A leitura do dispositivo legal nos permite, de plano, traçar as principais características dos juros sobre o capital próprio, a saber: a) Tratase de faculdade, que, como tal, poderá ser exercida pela empresa mediante deliberação dos sócios; b) O pagamento ou creditamento deve ser individualizado, em favor dos sócios; c) Possui limites quanto ao montante dos valores pagos ou creditados; d) Obedecem à variação, pro rata dia, da Taxa de Juros de Longo Prazo TJLP; e) Sofrem a incidência do IR Fonte, à alíquota de 15%. Conquanto a Recorrente pugne pelo atendimento ao regime de competência, entendo que a questão dos juros sobre o capital próprio transborda a simples análise e constatação do descumprimento do regime de competência. Isso porque outro ponto relevante para o deslinde da questão diz respeito à faculdade que tem o Contribuinte em deliberar sobre o pagamento ou creditamento dos juros sobre o capital próprio no momento pertinente, e as inegáveis consequências do não exercício dessa prerrogativa. Aqui caberia indagar se a ausência de deliberação implica renúncia ou preclusão de um direito ou, alternativamente, apenas o diferimento dessa prerrogativa, como alega a Recorrente. Neste ponto cabe apresentar a abalizada lição de Edmar Oliveira Andrade Filho1: (...) é impossível, do ponto de vista lógico e jurídico, a imputação, a exercícios passados, dos efeitos produzidos por uma decisão societária atual porque o Balanço, depois de aprovado pelos sócios ou acionistas, constitui ato jurídico perfeito e que só pode ser validamente modificado se demonstrada a anterior ocorrência de erro, dolo ou simulação. Se as pessoas que detinham competência para deliberar sobre o pagamento dos juros não o fizeram e aprovaram as demonstrações financeiras sem que tal obrigação fosse considerada, parece fora de dúvida que elas renunciaram à faculdade prevista em lei. Em decorrência dessa renúncia e considerando que demonstrações contábeis, depois de aprovadas pelos sócios ou 1 ANDRADE FILHO, Edmar Oliveira. IRPJ e CSLL: Juros sobre o Capital Próprio calculado sobre a Movimentação do Patrimônio Liquido os fatos e a consulta. Disponível em: <http://www.fiscosoft.com.br/mainjndex.php?home=home_artigos&m=_&nx_=&viewid=113124>. Fl. 500DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO 34 acionistas são consideradas "ato jurídico perfeito", impõese a conclusão de que elas só podem ser modificadas em caso de erro, dolo ou simulação. Convém ressaltar que a opinião acima apresentada encontra eco majoritário na boa doutrina contábil e tributária. É também o entendimento, entre outros, de Hiromi Higuchi e Celso Hiroyiuki Higuchi, in Imposto de Renda das Empresas: Interpretação e Prática2: (...) a contabilização no períodobase correspondente é condição para a dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio por tratarse de opção do contribuinte. Sem o exercício da opção de contabilizar os juros não há despesa incorrida. É diferente de juros calculados sobre o empréstimo de terceiro porque neste há despesa incorrida, ainda que os juros sejam contabilizados só no pagamento. Como é cediço, os juros sobre o capital próprio representam a remuneração dos sócios ou acionistas por conta dos investimentos feitos na sociedade, com natureza de juros compensatórios, que, ademais, demonstra a necessidade de se segregar as implicações dos juros sobre o capital próprio no âmbito da legislação societária e no âmbito das normas que regulam a dedutibilidade fiscal, com esteio nos ensinamentos de Edmar Oliveira Andrade Filho3: De fato, a remuneração do capital dos sócios ou acionistas é uma faculdade que depende apenas da decisão formal deles próprios por intermédio de deliberação tomada em Assembléia de Acionistas ou Reunião de Quotistas, ou em virtude de cláusula estatutária ou contratual existente. Esta faculdade é garantida por um feixe de normas jurídicas que constituem a esfera particular de ações das pessoas, em que as ações são governadas pelos princípios da livre iniciativa e da autonomia da vontade, delimitados e orientados pelo ordenamento jurídico. (...) Há de se ter presente, todavia, que uma coisa é a possibilidade jurídica do pagamento dos juros e outra, completamente diferente, é o tratamento fiscal que deverá ser dispensado a tais juros. De fato, a dedução dos juros sobre capital está sujeita à observância de limites quantitativos objetivos. (grifamos) Em razão dos argumentos expostos, entendo correto o posicionamento adotado na decisão de piso, cujas conclusões reproduzo e acolho, conforme segue: Logo, em atenção ao regime de competência, as despesas com JCP somente podem ser deduzidas no período de apuração em que forem incorridas, razão pela qual está correta a conclusão da fiscalização de que a impugnante ultrapassou o limite legal de dedução para o anocalendário de 2008. Pelo mesmo motivo, não procede a alegação da impugnante de que teria recolhido imposto a maior no anocalendário 2004. Ressaltese que o pagamento de JCP é uma faculdade da contribuinte, a quem cabe decidir sobre os montantes a serem 2 35a ed., São Paulo, Atlas, 2010, p. 118 3 Edmar Oliveira Andrade Filho, Imposto de Renda das Empresas, ed. Atlas, 7ª edição, p. 274 Fl. 501DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO Processo nº 16327.721525/201281 Acórdão n.º 1201001.436 S1C2T1 Fl. 19 35 pagos aos sócios ou acionistas. A legislação tributária apenas estabelece a observância do regime de competência do exercício e impõe limites à dedução dessa despesa na apuração do lucro real. No caso, a contribuinte informou às fls. 15 que, do total de JCP pagos em 2008, R$ 40.703.130,58 referemse ao anocalendário 2004. O razão de fls.25, relativo ao período 06/2008, também indica que o valor de R$ 40.703.130,58 referese ao ano calendário 2004. Em razão de os JCP de R$ 40.703.130,58 não terem sido pagos/creditados no anocalendário de 2004, não há que se falar em contabilização postergada de valores que somente poderiam ter sido deduzidos naquele ano. Por essa razão, inaplicável ao caso a hipótese do art. 273 do RIR/99. (...) Pelo exposto, não deve ser acolhida a pretensão da impugnante de deduzir, no anocalendário 2008, as despesas relativas a JCP relativo ao anocalendário 2004, pois não foi observado o regime de competência do exercício. À guisa de conclusão, e com esteio em tudo o que foi demonstrado, penso ser incabível a deliberação de juros sobre capital próprio em relação a exercícios anteriores ao da deliberação, posto que os princípios contábeis, a legislação tributária e societária rejeitam tal procedimento, seja pela ofensa ao regime de competência, seja pela apropriação de despesas em exercício distinto daquele que as ensejou. Creio que há, ao contrário do que alega a Recorrente, regras expressas e limites temporais que regem a matéria, razão pela qual o não exercício da faculdade conferida pela lei implica em renúncia e preclusão de direito, até porque parece razoável que os direitos, notadamente aqueles de que resultam efeitos tributários, não podem ser exercidos a qualquer tempo, mediante simples e pura liberalidade do interessado. Ante o exposto, voto por NEGAR provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. (documento assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Redator designado Fl. 502DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 16/ 08/2016 por ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por MARCELO CUBA NETTO, Assinado digitalmente em 19/08/2016 por LUIS FABIANO ALVES PENTEADO
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