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Numero do processo: 10830.912108/2012-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 28/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.822
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 28/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 21 08 /2 01 2- 70 Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.849, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912108/201270 Acórdão n.º 3301003.822 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 198DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912789/2009-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/10/2004
BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE.
A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários.
TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.
Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizá-lo na compensação de débitos próprios.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-004.611
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE. A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizálo na compensação de débitos próprios. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 89 /2 00 9- 31 Fl. 460DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação de crédito pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep Folha de Salários com débitos débito(s) discriminado(s) no PER/DCOMP nº 17278.32333.311005.1.3.047241. Por bem descrever os fatos, adotase o relatório do acórdão recorrido, a seguir transcrito: DO DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata da Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório emitido eletronicamente (fl. 08), referente ao PER/DCOMP nº 12480.07570.311005.1.3.044461. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a PIS – Folha de Salários no valor original na data de transmissão de R$1.908,20, representado por Darf recolhido em 15/11/2004 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 30/04/2009, conforme documento de fl. 49, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/04, em 02/06/2009, cujo conteúdo, em síntese, o seguinte: registra, inicialmente, a tempestividade da defesa; Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 461 3 assevera que, ao contrário do que supõe a fiscalização, não requereu a utilização daquele crédito para a quitação de qualquer outro débito, mas tão somente daquele objeto do ora discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa); esclarece que o procedimento adotado atendeu regularmente a todos os requisitos da legislação então em vigor, e que a controvérsia que persiste nos autos referese, exclusivamente, à existência do crédito no equivocado entendimento fiscal de que o contribuinte teria pleiteado a compensação de crédito já compensado em processo administrativo diverso; fazendo menção ao art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN), afirma que resta demonstrado o direito creditório postulado, objeto do despacho decisório ora questionado, devendo ser reconhecida e homologada a compensação procedida, desconstituindose a exigência das diferenças apontadas pelo Fisco Federal; assim, ao final, requer seja homologado o direito de compensação, por todos fundamentos aqui apresentados. Na hipótese de não se conhecer a referida homologação, garantindolhe o direito constitucional previsto no artigo 5°, LV, de ampla defesa, requer que a Receita Federal do Brasil apresente as supostas duplicações de compensações alegadas no referido despacho decisório. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e não reconhecido o direito creditório pleiteado, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas, que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/10/2004 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Fl. 462DF CARF MF 4 Em 9/4/2012, a contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou o recurso voluntário em 9/5/2012, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade e, em aditamento, acrescentou as seguintes razões defesa: a) a conclusão do fisco de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitar o débito “partiu do equívoco da recorrente, que deixou de retificar a DCTF a fim de explicitar a inexistência do débito daquela contribuição após tomar ciência do pagamento indevido e proceder à sua compensação com débito diverso, mero erro material, por óbvio”; b) a DRJ inovou ao julgar a manifestação de inconformidade, referindose ao § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002. Ademais, o mencionado Decreto extrapolava previsão legal atinente aos limites de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha; c) a decisão de 1ª instância contrariava o entendimento da Receita Federal, apresentado na Solução de Consulta n.° 412, de 15 de dezembro de 2004, que afastou a Recorrente do rol de contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, entendendo pela incidência exclusiva da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, a qual possui efeito vinculante para a administração, nos termos do art. 100, II, do CTN; d) o Decreto nº 4.524, de 2002, e as Instruções Normativas SRF nº 145, de 1999, e nº 247, de 2002, eram ilegais na parte que prevê a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha na hipótese de deduções de sobras, eis que tal dedução, embora também diga respeito à cooperativa de trabalho, não estava prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001; e) a Recorrente não procedeu a qualquer dedução prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que pudesse justificar a cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, especialmente, as deduções dos incisos I a V do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, que dizem respeito à cooperativas de produção e não à cooperativas de trabalho; f) a Recorrente não deduzira da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento qualquer parcela referente a sobras (inciso VI do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002), tendo depositado em juízo o valor integral da referida contribuição, na modalidade prevista na Lei nº 9.718, de 1998; e g) ao final, afirmou que, sob pena de se contrariar a realidade fática, a obediência ao princípio da legalidade e a própria solução de consulta, que vincula a administração pública, não podia prevalecer o entendimento de 1ª instância. Na Sessão de 16 de outubro de 2014, por meio da Resolução nº 3302 000.450, a composição pretérita deste Colegiado, converteu o julgamento em diligência para que fossem adotadas as seguintes providências: i) A Fiscalização, mediante intimação da Interessada e diante da documentação probatória apresentada, verifique e informe se a contribuinte, no período de apuração objeto do presente litígio, utilizouse das deduções previstas no art. 32 do .Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, mencionada no Acórdão recorrido, anexando documentação probatória; ii) Informar quando foi efetuada a consulta formulada pela contribuinte, anexando cópia da mesma, esta referente à Solução de Consulta nº 412 de 15 de dezembro de 2004; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 462 5 iii) Solicitar manifestação da Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal acerca de: a) efeito da consulta formulada, nos termos disposto no art. 15, IV da Instrução Normativa nº 230, de 25 de Outubro de 2002, tendo em vista o Mandado de Segurança preventivo nº 2002.38.000204732 impetrado pela a contribuinte em 18/06/2002; b) Se diante dos termos da consulta formulada pela contribuinte, a Solução de Consulta nº 412 , de 15 de dezembro de 2004, ao fundamentar sua decisão no Decreto n.° 4.524/2002 e na MP 2.15835/ 2001 a Receita Federal, afastou igualmente a hipótese da cumulação do Pis Folha com o Pis Faturamento prevista no art. 15 da MP 2.15835/ 2001, reproduzida no art. 32 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002; iv).Intimar a contribuinte a apresentar as principais peças (Petição, sentença e Acórdãos) do Mandado de Segurança nº 2002.38.000204732, que deverão ser anexados aos autos; v) prestar demais informações que entendam necessários; vi) dar ciência do resultado da diligência para a contribuinte, concedendolhe prazo para manifestação; vii). retornar o presente processo ao CARF para posterior julgamento. Por meio do Relatório de Diligência Fiscal colacionado aos autos, a autoridade fiscal prestou as seguintes informações: a) a contribuinte apresentara algumas considerações sobre o processo de Mandado de Segurança e as peças do citado processo foram juntadas aos autos b) com base nas informações da memória de cálculo apresentada pela contribuinte e nos valores confirmados no balancete, elaborou o demonstrativo de “DIPJ 2005 Exclusões da Base de Cálculo do PIS – outubro de 2004 = R$ 7.754.625,04”, em que demonstrada que havia “única divergência entre a memória de cálculo e os valores no balancete, em valor pouco significativo. Dessa forma, s.m.j., concluo que as únicas exclusões efetuadas na base de cálculo do Pis foram as informadas pelo contribuinte.”; c) a consulta que originou a Solução de Consulta nº 412, de 2004 fora formalizada por meio do processo nº 10680.013505/200418, protocolizado em 10/11/2004. Os textos da consulta e da Solução de Consulta foram colacionados aos autos; e d) a autoridade fiscal da Disit/SRRF 6ª RF manifestouse sobre as questões elencadas na resolução do CARF, por meio do documento juntado aos autos. Por sua vez, a Disit/SRRF 6ª RF prestou os seguintes esclarecimentos, in verbis: 5. A Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, foi protocolizada em 10/11/2004, gerando o Processo Administrativo nº 10680.013505/200418, o qual foi “convertido Fl. 464DF CARF MF 6 em processo digital” por esta Divisão e encontrase disponível para consulta no Sistema eProcesso; 6. A análise da consulta formulada, que deu origem à SC Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, conforme expressamente informado no seu item “7”, limitouse a examinar “se as receitas que nomeia como taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição.” (grifo não consta do original); 7. Pelo simples exame da petição inicial da consulta não seria possível se constatar que a contribuinte teria, ou não, impetrado anteriormente Mandado de Segurança sobre o mesmo objeto, sendo que, a então consulente prestou as declarações de praxe, previstas no art. 3º , inciso II e alíneas a, b e c, da Instrução Normativa SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002, vigente à época em que apresentou a consulta, no sentido de que o fato exposto não foi objeto de decisão anterior, ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte; 8. Dessa forma, a SC Disit06 nº 412/2004, tão somente examinou a questão posta pela contribuinte, onde, à vista dos elementos do processo, se concluiu que a consulente não preencheria, à época da análise, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade; 9. Oportuno pontuar que, antes de adentrar ao mérito da questão formulada na consulta, foi inicialmente esclarecido à solicitante que o processo de consulta visa a esclarecer dúvida sobre a interpretação da legislação tributária e não se presta a examinar eventual condição de isenção da consulente, hipótese que envolveria análise de situação de fato, qual seja, o atendimento aos requisitos fixados em lei; 10. Evidente assim o fato de que, não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta; 11. Em relação aos efeitos da consulta, tendo em vista o disposto no inciso IV do artigo 15, da então vigente IN SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002 (atual inciso IV da IN RFB nº 1.396/2013), visa tal dispositivo prevenir situação em que a demanda venha a ser objeto de mais de um processo administrativo ou judicial, de forma a se evitar decisões distintas em situações em que haja coincidência de objeto, partes e causa de pedir; 12. Conforme descrito acima, nos itens 8 a 10, a solução de consulta se ateve a analisar a questão relativa ao enquadramento das receitas descritas pela consulente na hipótese isentiva prevista na norma, concluindose que tais receitas estariam sujeitas ao recolhimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, com base na receita bruta; Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 463 7 13. Consta na ementa da SC Disit06 nº 412/2004, relativamente à contribuição para o PIS/Pasep, a seguinte expressão: “A associação que remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, recolhe a contribuição com base na receita bruta.”. Não há uma efetiva concomitância entre o objeto da solução de consulta e a sentença judicial, vez que tratam de situações distintas; embora atinentes à tributação da contribuição para o PIS/Pasep, possuem objeto e fundamentos distintos; 14. Entretanto, há que se destacar que ambas as decisões (administrativa e judicial) convergem no sentido de que, a interessada está sujeita ao recolhimento de contribuição para o PIS/Pasep com base no faturamento; 15. Também é fato que, no processo de consulta administrativa não houve qualquer manifestação ou decisão da SRRF06 no sentido de que a consulente estaria sujeita exclusivamente ao recolhimento da contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu Faturamento, vez que tal situação não foi objeto de análise no referido processo, por não se fundamentar, e tampouco ter sido objeto de questionamento, a aplicação do art. 15 da MP 2.15835/2001, motivo pelo qual há que se concluir que, não há necessidade de reforma da SC Disit06 nº 412/2004, visto que eventual ato dessa natureza não implicaria em qualquer alteração na situação jurídica da consulente no que se refere às conclusões quanto à sua sujeição passiva relativamente à contribuição para o PIS/Pasep. (grifos do original) Cientificada do resultado da diligência, a recorrente prestou os seguintes esclarecimentos/argumentos de defesa: a) ainda que o artigo 15 da MP n.° 2.15835 não tenha sido objeto de análise, a Solução de Consulta n.° 412/2004 era expressa no sentido de que a Recorrente “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários”, inclusive, esse fora o entendimento manifestado pela 3a Turma Ordinária da 4a Câmara desta 3a Seção de Julgamento, por meio do acórdão 3403002.500, em que apreciada a mesma situação, com diferença apenas quanto ao período do crédito e do débito compensado; b) as duas divergências apontadas no relatório fiscal de valor pouco significativo decorreram de mero erro contábil, mas que não impossibilitava a confirmação, pelo fiscal, dos valores que compuseram as exclusões da base de cálculo do “PIS Faturamento, que não envolvem nenhuma das deduções previstas no artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, em especial as sobras”; c) antes da análise das informações colhidas em diligência e explicações acima, imprescindível que esta Turma de Julgamento se pronunciasse sobre a ilegalidade do Decreto n.° 4.524/2002 ao incluir as sobras como dedução que motivaria a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha sem respaldo legal, especialmente, tendo em conta que esta seria a única dedução passível de aproveitamento pela Recorrente (cooperativa de trabalho Fl. 466DF CARF MF 8 médico), dentre as hipóteses de dedução ensejadoras da cobrança concomitante da Contribuição para o PIS/Pasep Folha e da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento. As demais deduções previstas no artigo 32 são todas aplicáveis a cooperativas de produção; d) a dedução das sobras não se encontrava dentre as deduções do artigo 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 (aplicáveis somente a cooperativas de produção e não de trabalho), bem como não se podia fundamentar tal hipótese na Lei 10.676/2003 que, apesar de prever a dedução das sobras, não mencionava, em momento algum, que, ao deduzir as sobras da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, estarseia diante do nascimento do fato gerador da Contribuição para o PIS/Pasep Folha. Assim, somente era possível a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha cumulativamente com a Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento apenas das cooperativas de produção, caso realizada alguma das exclusões do referido art. 15; e e) este Conselho tinha competência para se pronunciar sobre a ilegalidade de atos do Poder Executivo, conforme já decidira a 2a Turma Ordinária da 2a Câmara desta 3a Seção, por meio do acórdão n° 3202000.378 e 1a Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção, por intermédio do acórdão nº 3401001.805. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia envolve questões de direito e de fato. A questão jurídica diz respeito a legalidade do § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas no referido artigo contribuirá, cumulativamente, para a Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. As questões de fato cingese em saber (i) se a Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, reconhecera que a consulente, ora recorrente, estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu faturamento e (ii) e se há provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, das deduções previstas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º da Lei 10.676/2003, e regulamentadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. Em relação a primeira questão, a recorrente alegou que, como a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício não constava da redação do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001, era ilegal § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que previa a inclusão da referida dedução, dentre as condições necessárias para enquadrar a recorrente como contribuinte da Contribuição para o PIS/Pasep incidente, cumulativamente, sobre a folha de salários e sobre o faturamento. A redação do referido preceito regulamentar tem o seguinte teor, in verbis: Art. 32. As sociedades cooperativas, para efeito de apuração da base de cálculo das contribuições, podem excluir da receita bruta o valor (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 15, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 36): Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 464 9 I repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por eles entregues à cooperativa, observado o disposto no § 1º; II das receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III das receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos; e VI das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. [...] § 4º A cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. [...] (grifos não originais) A simples leitura revela que a redação dos incisos do caput do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 não prevê a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício. A previsão dessa dedução somente ocorreu a partir da vigência da Medida Provisória 1.85810/1999, conforme estabelecido no art. 2º da Lei 10.676/2003, que, no seu art. 1º deu redação definitiva à referida dedução. Assim, como a redação do caput do art. 151 da Medida Provisória 2.158 35/2001 não contempla a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do 1 "Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1º Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; Fl. 468DF CARF MF 10 Exercício, inequivocamente, o questionado preceito regulamentar excedeu ao que determinava o comando legal regulamentado, o que é suficiente para inquinálo de ilegal. Entretanto, por força do disposto no caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, fora das situações excepcionadas no seu § 6º, é expressamente vedado a esta instância administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. A mesma vedação consta do art. 62 da Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015) e implica perda do mandato nos termos do art. 45, VI, do RICARF/2015. Não se pode olvidar, ademais, que, embora os referidos preceitos legal e regimental refirase a fundamento de inconstitucionalidade, obviamente, ele alcança a hipótese de ilegalidade, sob pena de completa subversão ao princípio da hierarquia das normas, que põe a normal constitucional no ápice. Em outras palavras, se há vedação para o afastamento sob fundamento inconstitucionalidade com mais razão tal proibição também se estende para os casos de ilegalidade. Superada a questão jurídica, passase a analisar as questões de fato. A primeira a ser analisada diz respeito ao que ficou determinado na SC Disit06 nº 412/2004. Para a recorrente, a referida SC havia determinado que a recorrente estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o faturamento. Para justificar o seu entendimento, a recorrente transcreveu o excerto, extraído da citada SC, em que afirmado que ela “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários.” De outra parte, a autoridade fiscal da Disit06 alegou que a citada solução de consulta limitouse a afirmar que se as receitas descritas pela consulente na petição inicial (taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sobrevivência e atuação da recorrente) não se enquadravamse nas hipóteses dos arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001. Ainda esclareceu a citada autoridade que “não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta.” A razão está com a autoridade fiscal. No caso em tela, a condição que sujeita a recorrente à incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento e sobre a folha de salários não são os arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001, mas o inciso I do § 2º do art. 15 da citada MP. E esse preceito legal não foi objeto da consulta, por conseguinte, sobre ele não houve qualquer análise e orientação no âmbito da referida SC. Dirimida a primeira questão de fato, passase à análise da segunda, que diz respeito à existência de provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, quaisquer das deduções discriminadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º2 da Lei 10.676/2003, e consolidadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." 2 " Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10680.912789/200931 Acórdão n.º 3302004.611 S3C3T2 Fl. 465 11 De acordo com o Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade fiscal concluiu, in verbis: Verificase que, para este mês, há uma única divergência entre a memória de cálculo e os valores no balancete, em valor pouco significativo. Dessa forma, s.m.j., concluo que as únicas exclusões efetuadas na base de cálculo do Pis foram as informadas pelo contribuinte. De fato, com base nos dados apresentados nos referidos balancetes em cotejo com os informados na referida memória de cálculo, confirmase que a referida divergência foi resultado de mero equívoco de natureza contábil/algébrico cometido pela recorrente. Assim, resta comprovado que, no período em referência, a recorrente não utilizou quaisquer das referidas deduções, especialmente, a dedução das sobras apuradas na DRE do período. Além disso, independentemente, da demonstração do referido equívoco, uma leitura atenta dos referidos balancetes revela que a recorrente, no período, não deduziu nenhum dos valores dos itens discriminados no artigo 32 do Decreto 4.524/2002, incluindo as sobras apuradas na DRE. Dessa forma, uma vez demonstrado que a recorrente não estava sujeita a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep sobre a folha de salários, obviamente, o valor da contribuição recolhido a esse título, com o código 8301, era indevido. E o fato de a recorrente não ter procedido, previamente a apresentação da DComp, a retificação da DCTF, obviamente, não tem o condão de transformar em devido o valor do recolhimento indevido. Entender de modo diverso implicaria valoração excessiva da forma em menoscabo ao conteúdo, com evidente afronta ao princípio da verdade material, que rege o processo administrativo fiscal. Por todas essas razões, chegase a inexorável conclusão que o valor recolhido indevidamente a título da “Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários”, código 8301, com os devidos acréscimos legais, é passível de compensação, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996. Por todo o exposto, votase pelo provimento do recurso, para reconhecer o direito de a recorrente realizar a compensação até o limite do valor crédito reconhecido. § 1º As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2º Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3º O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999." Fl. 470DF CARF MF 12 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 471DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.002451/2008-66
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2003
RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103.
Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplica-se o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância.
(Súmula Carf nº 103).
Numero da decisão: 2401-005.017
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2003 RECURSO DE OFÍCIO. CONHECIMENTO. SÚMULA CARF Nº 103. Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. (Súmula Carf nº 103). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso de ofício. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 24 51 /2 00 8- 66 Fl. 1132DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.133 2 Relatório Cuidase de recurso de ofício interposto pela Presidente da 7ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (DRJ/RJ1), em face da decisão administrativa consubstanciada no Acórdão nº 1235.732, cujo dispositivo considerou a impugnação procedente em parte, mantendo parcialmente o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa desse Acórdão (fls. 1.084/1.100): Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2003 DECADÊNCIA.CRÉDITO TRIBUTÁRIO. CONSTITUIÇÃO. PRAZO. Para fins de cômputo do prazo de decadência, não tendo havido qualquer pagamento, aplicase a regra do art. 173, inciso I do CTN, contandose o prazo do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. REMESSA A DOMICILIADO NO EXTERIOR. NÃO COMPROVAÇÃO DA OPERAÇÃO. A aplicação da alíquota zero de IRRF sobre receitas de fretes, auferidos por empresa domiciliada no exterior, provenientes de fontes situadas no País, depende da comprovação da natureza e motivação dos valores remetidos. BASE DE CÁLCULO. ERRO NA APURAÇÃO. INGRESSOS COMPUTADOS COMO REMESSAS DE VALORES. Incabível a tributação de transferências recebidas do exterior como se fossem remessas de valores para o exterior. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte 2. Extraise do Auto de Infração, acostado às fls. 388/411, que o lançamento referese a crédito tributário apurado em decorrência da falta de recolhimento do Imposto sobre a Renda na Fonte, relativo a fatos geradores do anocalendário 2003, incidente sobre remessas de valores ao exterior. 3. A ciência da autuação se deu em 15/10/2008, por meio do procurador da pessoa jurídica, tendo o sujeito passivo apresentado impugnação no prazo legal (fls. 431/448). 4. O colegiado de primeira instância decidiu pela procedência parcial do lançamento fiscal, afastando a incidência da tributação sobre as transferências caracterizadas como recebidas pela pessoa jurídica, e não remetidas ao exterior. Fl. 1133DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.134 3 5. Em razão do valor exonerado ultrapassar o limite de alçada de que trata o art. 1º da Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008, a autoridade competente de primeira instância interpôs o recurso de ofício. 6. A empresa autuada foi cientificada da decisão de piso por edital em 13/04/2012, tendo em conta que infrutífera a intimação via postal (fls. 1.106/1.114). 7. Com relação à parte mantida na decisão de primeira instância, não consta manifestação do sujeito passivo, tendo sido transferido o respectivo crédito tributário para o Processo nº 12448.734699/201287 (fls. 1.124) É o relatório. Fl. 1134DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.135 4 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 8. Diante da não apresentação de recurso voluntário, foi devolvido à apreciação deste órgão "ad quem" tão somente o recurso de ofício. 8.1 Formalizado na própria decisão, o recurso de ofício foi interposto pela autoridade de primeira instância em harmonia com as normas aplicáveis à matéria, dada que a decisão recorrida exonerou o sujeito passivo do pagamento de crédito tributário em valor superior ao limite estabelecido pela Portaria MF nº 3, de 2008. 9. Recentemente, no entanto, a Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, publicada no Diário Oficial da União de 10/02/2017, estabeleceu novo limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento. 9.1 Segundo o novel ato administrativo, o recurso de ofício deverá ocorrer sempre que a decisão de primeira instância exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). 10. Sobre a aplicação do limite de alçada no tempo, por tratarse de norma processual, consolidouse o entendimento no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) da sua aplicação imediata aos processos em curso, em detrimento ao regramento vigente à época da interposição do recurso de ofício. Tal posição consta do enunciado da Súmula nº 103: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. 11. Compulsando os autos, verifico a seguinte configuração para o tributo lançado mais a multa de ofício proporcional, no percentual de 75%: Crédito Tributário Valor Original (R$) (fls. 388) Valor Mantido (R$) (fls. 1.096/1.097) Valor Desonerado (R$) Imposto 2.949.794,17 1.668.358,96 1.281.435,21 Multa Proporcional 2.212.345,43 1.251.268,96 961.076,47 Total 5.152.094,60 2.909.582,92 2.242.511,68 Fl. 1135DF CARF MF Processo nº 18471.002451/200866 Acórdão n.º 2401005.017 S2C4T1 Fl. 1.136 5 12. Como se observa, o valor desonerado pela decisão de piso, para fins de avaliação do juízo de admissibilidade do recurso de ofício, foi inferior ao patamar mínimo de R$ 2.500.000,00. 13. Logo, não conheço do recurso de ofício, por falta de previsão legal, tendo em conta o limite de alçada estabelecido na Portaria MF nº 63, de 2017. Conclusão Ante o exposto, NÃO CONHEÇO do recurso de ofício. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 1136DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.000134/92-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições
Ano-calendário: 1989, 1999, 1991
CONTRIBUIÇÃO AO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL. DECISÃO JUDICIAL PROFERIDO PELO STF NO RE 597.098
Tendo em vista que a Recorrente possui decisão judicial definitiva sobre a matéria objeto da presente demanda, obtida nos autos do RE 597.098, deverá este Conselho Administrativo Fiscal seguir as conclusões constantes daquele julgamento, em que o Supremo Tribunal Federal concluiu que a delegação de competência para fixação de alíquotas desta contribuição não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Logo, não há como serem admitidos os votos proferidos pelo Conselho Monetário Nacional após a promulgação desta Constituição.
NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE.
Não há como se conceber exigível a cobrança da contribuição ao instituto do Açúcar e do Álcool sem que tenha havido a devida publicação do ato que instituiu a alíquota aplicável por parte do Conselho Monetário Nacional, nos termos da legislação de regência.
Recurso Voluntário provido.
Numero da decisão: 3301-003.930
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, deu-se provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de cancelar o auto de infração combatido, em sua integralidade.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Larissa Nunes Girard, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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ementa_s : Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Ano-calendário: 1989, 1999, 1991 CONTRIBUIÇÃO AO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL. DECISÃO JUDICIAL PROFERIDO PELO STF NO RE 597.098 Tendo em vista que a Recorrente possui decisão judicial definitiva sobre a matéria objeto da presente demanda, obtida nos autos do RE 597.098, deverá este Conselho Administrativo Fiscal seguir as conclusões constantes daquele julgamento, em que o Supremo Tribunal Federal concluiu que a delegação de competência para fixação de alíquotas desta contribuição não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Logo, não há como serem admitidos os votos proferidos pelo Conselho Monetário Nacional após a promulgação desta Constituição. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. Não há como se conceber exigível a cobrança da contribuição ao instituto do Açúcar e do Álcool sem que tenha havido a devida publicação do ato que instituiu a alíquota aplicável por parte do Conselho Monetário Nacional, nos termos da legislação de regência. Recurso Voluntário provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, deu-se provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de cancelar o auto de infração combatido, em sua integralidade. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri - Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Larissa Nunes Girard, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente).
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DECISÃO JUDICIAL PROFERIDO PELO STF NO RE 597.098 Tendo em vista que a Recorrente possui decisão judicial definitiva sobre a matéria objeto da presente demanda, obtida nos autos do RE 597.098, deverá este Conselho Administrativo Fiscal seguir as conclusões constantes daquele julgamento, em que o Supremo Tribunal Federal concluiu que a delegação de competência para fixação de alíquotas desta contribuição não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. Logo, não há como serem admitidos os votos proferidos pelo Conselho Monetário Nacional após a promulgação desta Constituição. NÃO OBSERVÂNCIA DO PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. Não há como se conceber exigível a cobrança da contribuição ao instituto do Açúcar e do Álcool sem que tenha havido a devida publicação do ato que instituiu a alíquota aplicável por parte do Conselho Monetário Nacional, nos termos da legislação de regência. Recurso Voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, por unanimidade de votos, deuse provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de cancelar o auto de infração combatido, em sua integralidade. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 0. 00 01 34 /9 2- 93 Fl. 3059DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Larissa Nunes Girard, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente). Fl. 3060DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.060 3 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório constante da decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais, às fls. 3011 e seguintes dos autos: A turma julgadora de primeira instância assim descreveu os fatos: Tratase de auto de infração lavrado em 09/01/92 para exigir Contribuição e o Adicional ao Instituto do Açúcar e do Álcool de que trata o Decretolei n° 308, de 28/02/1967, art. 3º, com as alterações introduzidas pelo Decretolei nº 1,712, de 14/11/1979, arts. 1°e 2° pelo DecretoLei n°1.952, de 15/07/1982, arts. 1°e 3º. O lançamento decorreu da falta de recolhimento da contribuição e do adicional sobre o açúcar e o álcool nos períodos de apuração compreendidos entre maio de 1989 e novembro de 1991 (fl. 21). Regularmente notificado, apresentou o sujeito passivo a impugnação de fls.29/39, instruída com os documentos de fls. 40/66, onde junta cópias de petições e de cartas de fiança bancária. Argüiu em preliminar a nulidade da peça impositiva, sob o argumento de que teria sido lavrada na vigência de ordem judicial com expressa proibição de a União cobrar os tributos e impor multas pelo não recolhimento no período em questão. Com tal proibição os exatores teriam se tornado incompetentes para a prática do ato administrativo de lançamento e o fato de o juiz, posteriormente, ter autorizado a substituição do depósito judicial pela fiança bancária, em nada teria alterado a situação da impugnante, já que ela continuaria protegida pela decisão judicial que autorizara o não recolhimento da exação. No mérito, alegou que a exigência dos tributos, da correção monetária, dos juros de mora e da multa é incabível na espécie por todas as razões por ela invocadas nas iniciais da cautelar e da ação principal que se seguiu, as quais foram inteiramente reprisadas na impugnação e podem assim ser sintetizadas: Ocorrência de violação da vigente Constituição da República (CF/1988), art. 149, por desvio de finalidade, uma vez que com o advento do Decretolei nº 1.952, de 1982 iniciouse o esvaziamento das atividades do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA). A partir de sua vigência o produto arrecadado foi transferido para o Tesouro Nacional e para o Banco Central, conferindose ao Conselho Monetário Nacional a competência tanto para a fixação das alíquotas, como para aprovação da destinação do dinheiro arrecadado. O esvaziamento do IAA teria sido completado com o Decretolei n° 2.401, de 21/12/1987 e com o Decreto n° 96.022, de 09/05/1988. O primeiro proibiu a utilização de recursos do Tesouro Nacional em operações de compra e venda de açúcar para exportação e, o segundo, transferiu a Secretaria cia Receita Federal a competência para administrar, fiscalizar e arrecadar a contribuição e seu adicional; Fl. 3061DF CARF MF 4 Nos termos do Decretolei n° 1.952, art. 3º, pertence ao Conselho Monetário Nacional a competência para afixação das alíquotas. Entretanto, esse órgão não teria deliberado expressa e .formalmente, com a indispensável publicidade oficial a esse respeito, pois as alíquotas continuaram a ser ilegal e indevidamente fixadas pelo IAA. Ainda que, sob a vigência da ordem constitucional anterior, se admitisse como válido uma autarquia assumir a competência delegada a um órgão da administração direta, hoje esse fato seria flagrantemente inconstitucional, pois o art. 25 das disposições constitucionais transitórias revogou, a partir de 180 dias da data da promulgação da nova carta, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional. Em razão disso a Receita Federal não tem suporte legal para cobrar a contribuição e o adicional; O art. 149 da Constituição exige que a instituição das contribuições de intervenção no domínio econômico se efetue por meio de lei complementar e a fixação das respectivas alíquotas por lei ordinária, o que não ocorreu com os tributos ora guerreados. A nova ordem constitucional não mais se compadece com a fixação de alíquotas por órgãos do Poder Executivo, salvo nos casos e condições do art. 153, parágrafo 1º da Carta. Nem mesmo o teto de 20% dos preços do açúcar e do álcool estabelecido pelo Decretolei nº 1.712, art. 3º, pode amparar a pretensão do fisco, já que os preços do açúcar são fixados pelo próprio Executivo (Lei nº 4.870, de 01/12/1965, art.10). Resulta clara, portanto, a violação do principio da legalidade ao qual está sujeita afixação da alíquota de tributos. Requereu fossem acolhidas suas razões para o fim de cancelarse o auto de infração. A decisão de primeiro grau (fls. 89/93) julgou procedente o lançamento sob os seguintes argumentos: a) a autoridade administrativa é incompetente para se manifestar sobre a inconstitucionalidade das leis; b) a competência para a Receita Federal fiscalizar e cobrar a contribuição e seu adicional está prevista no art. 1º do Decreto nº 96.022/88 e no Decretolei nº 2.471/88, não cabendo ao órgão opinar sobre a motivação e tampouco sobre a própria instituição da base de cálculo; c) que embora os valores lançados estivessem "sub judice" e com a exigibilidade suspensa, a autoridade administrativa não podia deixar de efetuar o lançamento, por ser uma atividade vinculada e sob pena de decadência. O Conselho de Contribuintes não tomou conhecimento do recurso voluntário interposto, por entender que houve renúncia às instâncias administrativas e que a propositura de ação judicial não impede a realização do lançamento para a constituição do crédito tributário. A Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do Acórdão CSRF/020676 de fls. 330/347 anulou o processo a partir da decisão de primeiro grau (fls. 89/93), por entender que a propositura de ação declaratória de inexistência de relação jurídica tributária precedente a autuação, não prejudica a análise do mérito no processo administrativo. Assim, a decisão singular foi declarada nula por cerceamento de defesa, uma vez que não teria enfrentado os seguintes aspectos da impugnação: a) o IAA não pode fixar alíquotas da contribuição e do adicional, por lhe faltar competência legal ou constitucional para tanto; b) os Decretosleis nº 1.712/79 e 1952/82, dispõem que somente o Conselho Monetário Nacional é competente para fixar alíquotas, mas esse órgão não as fixou e; c) caso tivesse havido delegação de competência ao IAA nesse sentido, a Fl. 3062DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.061 5 mesma estaria revogada por força do art. 25 das Disposições Constitucionais Transitórias Após a ciência do contribuinte, retornaram os autos para novo julgamento de primeira instância. Remetidos os autos à nova decisão da DRJ, o recurso voluntário foi julgado parcialmente procedente, por meio de acórdão assim ementado (fl. 571): Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1989, 1990, 1991 Ementa: PRELIMINAR. CONCOMITÂNCIA. E pacifico no STJ entendimento segundo o qual ocorre renúncia a esfera administrativa nos casos de concomitância entre processos administrativos e judiciais com o mesmo objeto. Entretanto, tomase conhecimento da impugnação em seu mérito, em estrito cumprimento do acórdão CSRF/020676. CONTRIBUIÇÃO E ADICIONAL AO AÇÚCAR E ÁLCOOL. É jurídica a exigência da contribuição por meio de auto de infração. Precedentes do STJ e do STF. MULTAS. Aplicase a legislação mais benéfica aos atos e fatos não definitivamente julgados. JUROS DE MORA. Excluise os juros de mora com base na TRD, nos termos de ato administrativo emanado da Receita Federal. Interposto recurso voluntário, em sessão do dia 7 de julho de 2004, a Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes não conheceu do mesmo, por entender que a ação declaratória ajuizada pelo contribuinte prejudicaria o seguimento do processo administrativo fiscal (Es. 616630). Em face da decisão da Segunda Câmara do Terceiro de Contribuintes o Contribuinte interpôs recurso especial, o qual logrou provimento pela Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. A CSRF asseverou que a causa de pedir de ambas as lides —judicial e fiscal — seria distinta. Julgando o feito, a 2ª Turma da 1ª Câmara da Terceira Seção do CARF anulou o auto de infração sob o fundamento de vício formal que ocasionou cerceamento do direito de defesa do sujeito passivo. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: Fl. 3063DF CARF MF 6 1989, 1990, 1991 CONTRIBUIÇÃO ADICIONAL SOBRE 0 AÇÚCAR E 0 ÁLCOOL. AUTO DE INFRAÇÃO. PROCESSO ANULADO AB INITIO, POR VICIO FORMAL. Deve ser anulado o Auto de Infração cuja descrição dos fatos é vaga e incompleta, impossibilitando ao autuado conhecer dos fatos cuja irregularidade lhe está sendo apontada, caracterizando o cerceamento do direito de defesa. Processo Anulado. O sujeito passivo opôs embargos de declaração em face do acórdão acima citado, sob os fundamentos de omissão e contradição. Os embargos foram rejeitados nos termos do Acórdão nº 3102.001535, de 27 de junho de 2012. A contribuinte apresentou recurso especial de divergência, que foi admitido pelo despacho nº 3100.317, de 27 de setembro de 2013, no qual pretende discutir a natureza jurídica do vício que anulou o auto de infração. A Fazenda Nacional apresentou recurso especial de divergência, que teve seu seguimento nos termos do despacho nº 3100.324, de 24 de setembro de 2013. A divergência apresentada pela PGFN diz respeito existência do cerceamento do direito de defesa quando a parte demonstra conhecimento dos fatos a ela imputados. Ato contínuo, ao analisar os Recursos Especiais interpostos, a Câmara Superior de Recursos Fiscais entendeu por não conhecer do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo e dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1989, 1990, 1991 Ementa. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. CERCEAMENTO DIREITO de DEFESA. A existência do ato processual não é um fim em si mesmo, mas instrumento utilizado para se atingir determinada finalidade, dentre elas o direito à ampla defesa. Constando da peça acusatória todos os elementos necessários à defesa do acusado, tais como a infração imputada e as bases legais do tributo, da correção monetária, da multa de ofício, dos juros de mora e da taxa referencial diária acumulada, não há cerceamento do direito de defesa. Provado que esse direito não foi violado, não há motivo para se anular o auto de infração. Ao darse provimento ao recurso da Fazenda Nacional para afastar o vício declarado na decisão vergastada, e versando o recurso do sujeito passivo sobre a natureza desse vício, esse recurso perde o objeto. Recurso da Fazenda Nacional provido e do Sujeito Passivo não conhecido. Fl. 3064DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.062 7 Sobre o Recurso Especial da Fazenda Nacional, assim se manifestou o Relator: Como o direito a ampla defesa do sujeito passivo não foi prejudicado, não vejo motivos para anular o auto de infração. Isto posto, não há como deixar de dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional para reformar a decisão vergastada para fins de afastar a nulidade do auto de infração e determinar o retorno dos autos à instância a quo para análise das demais questões não apreciadas em virtude da preliminar de nulidade. Face à tal decisão, o contribuinte opôs embargos declaratórios, os quais foram rejeitados em caráter definitivo, conforme despacho de fls. 3046/3050 dos autos. Sendo assim, os autos retornaram novamente a esta instância de julgamento, para fins de análise do mérito do Recurso Voluntário outrora interposto pelo contribuinte, em razão da inexistência de nulidade do auto de infração combatido. É o relatório. Fl. 3065DF CARF MF 8 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: O Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte às fls. 2548 e seguintes do eprocesso é tempestivo (vide fl. 2547) e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Consoante acima narrado, a Câmara Superior entendeu por afastar a nulidade do auto de infração indicada no voto vencedor do Acórdão nº 310200.554, às fls. 2755 e seguintes do eprocesso, determinando, então, que este Colegiado se debruce acerca do mérito da presente contenda. Importa ainda relatar que, embora o Colegiado tenha concluído no acórdão nº 310200.554 pela nulidade do auto de infração em tela, o fez por maioria de votos, tendo três dos seus Julgadores, naquela oportunidade, votado pelo provimento do Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte em seu mérito, por entenderem que a fixação das alíquotas de cobrança da Contribuição Adicional sobre o Açúcar e o Álcool foi realizada sem amparo legal (vide voto vencido às fls. 2759 e seguintes do eprocesso). De toda sorte, não tendo sido esta última a tese majorítária no Colegiado, e tendo sido a tese de nulidade do auto de infração afastada pela Câmara Superior, retornaram os autos a esta instância de julgamento para fins de análise dos argumentos de mérito apresentados pelo contribuinte em seu Recurso Voluntário. Verificase, então, que a última decisão válida proferida pela DRJ nos presentes autos consta de fls. 571 e seguintes do processo físico (fls. 2526 e seguintes do e processo), cujo teor segue abaixo transcrito: Assunto: Outros Tributos ou Contribuições Anocalendário: 1989, 1990, 1991 Ementa: PRELIMINAR. CONCOMITÂNCIA. E pacifico no STJ entendimento segundo o qual ocorre renúncia a esfera administrativa nos casos de concomitância entre processos administrativos e judiciais com o mesmo objeto. Entretanto, tomase conhecimento da impugnação em seu mérito, em estrito cumprimento do acórdão CSRF/020676. CONTRIBUIÇÃO E ADICIONAL AO AÇÚCAR E ÁLCOOL. É jurídica a exigência da contribuição por meio de auto de infração. Precedentes do STJ e do STF. MULTAS. Aplicase a legislação mais benéfica aos atos e fatos não definitivamente julgados. Fl. 3066DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.063 9 JUROS DE MORA. Excluise os juros de mora com base na TRD, nos termos de ato administrativo emanado da Receita Federal. Lançamento procedente em parte. Face à referida decisão, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário através do qual apresentou os seguintes tópicos de discussão: (1) da impossibilidade de modificação das alíquotas por ato do poder executivo após a promulgação da carta de 1988; (2) da improcedência da autuação em face da não publicação dos autos que estabeleceram as alíquotas; (3) o instituto do açúcar e do álcool é incompetente para fixação das alíquotas; (4) da impossibilidade de imposição de multa e juros de mora. E, como se viu no relatório acima transcrito, é certo que as alegações de concomitância e nulidade do auto de infração combatido restaram superadas pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. Nesse contexto, a análise que ora se faz sobre o presente caso restringese às alegações de mérito apresentadas pelo contribuinte em seu recurso voluntário, até então não apreciadas em definitivo por esta instância de julgamento. É o que será realizado a seguir. (1) Da impossibilidade de modificação das alíquotas por ato do poder executivo após a promulgação da carta de 1988 A matéria ora em discussão foi bem resumida pelo contribuinte em seu recurso voluntário ao assim dispor: Fl. 3067DF CARF MF 10 Sobre o assunto, este Conselho já se manifestou anteriormente no sentido de manter a exigência fiscal, em alguns casos sob o fundamento de que não caberia a este órgão, mas sim ao Judiciário, tratar sobre a ilegalidade/inconstitucionalidade de norma. É o que se infere dos julgados a seguir transcritos. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 01/01/1987 a 30/04/1988 Fl. 3068DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.064 11 CONTRIBUIÇÃO PARA O INSTITUTO DO AÇÚCAR E ÁLCOOL. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. A cobrança da contribuição para o IAA, na conformidade dos Decretosleis 1.712/79 e 1.952/82, não se reveste de inconstitucionalidade e ilegalidade. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido. (Acórdão 3403002.627) *** IAA Contribuição e Adicional Inconstitucionalidade e/ ou ilegalidade de sua cobrança. Não compete â autoridade administrativa pronunciarse sobre inconstitucionalidade e/ou ilegalidade da lei, matéria privativa do Poder Judiciário. Recurso negado. (Acórdão nº 20205.257) Entendo, contudo, que não deve ser esta a solução a ser dada à presente demanda. Isso porque, é cediço que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a matéria em questão, consoante restará esclarecido a seguir. Quando da interposição do Recurso Voluntário, realizada em 2003, havia o contribuinte pleiteado a aplicação da decisão proferida pelo STF nos autos do RE 214.2069, processo este do qual não era parte. Acontece que, nesse ínterim, foi proferida decisão definitiva nos autos do RE 597.098 (a baixa definitiva do processo ocorreu em agosto de 2012), no qual figurou como parte, cujo teor resta transcrito a seguir: Ementa: AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO AO INSTITUTO DO AÇÚCAR E DO ÁLCOOL. RECEPÇÃO PELA CONSTITUIÇÃO DE 1988. A DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA PARA FIXAÇÃO DE ALÍQUOTAS NÃO FOI RECEPCIONADA. ALCANCE DOS PRECEDENTES. É compatível com os precedentes desta Corte a decisão que reconhece a recepção das exações pela Constituição de 1988, mas estabelece que após a referida promulgação a alíquota não pode ser modificada por entidade desprovida de mandato legislativo, de modo que o tributo deve ser calculado de acordo com a alíquota válida no momento da promulgação. Agravo regimental ao qual se nega provimento. Nessa ótica, nos termos da decisão acima transcrita, temse que restou decidido pelo STF que a contribuição ao IAA apenas poderia ser exigida com fundamento no último voto do CMN publicado anteriormente à entrada em vigor da Constituição Federal de 1988. Os votos posteriores à CF/88 não poderiam ser admitidos, em razão da não recepção da delegação de competência para fixação de alíquotas. Esta decisão proferida pelo STF, portanto, deve ser observada por este órgão julgador quando da análise da presente demanda, que versa sobre cobrança relativa aos períodos de apuração compreendidos entre maio de 1989 e novembro de 1991, ou seja, posteriores à Constituição Federal de 1988. Notese, inclusive, que às fls. 1913/1914 dos autos consta planilha em que há uma coluna com a indicação dos atos que embasaram a identificação do valor devido e a correspondente lavratura do auto de infração, de onde se extrai que estes são todos posteriores a 1988 (os atos indicados datam de 1989 em diante). Fl. 3069DF CARF MF 12 Nesse contexto, ainda que a Câmara Superior de Recursos Fiscais tenha afastado a concomitância no caso concreto aqui analisado, é inconteste que o conteúdo do que fora decido no referido RE 597.098 é relevante para a solução da presente contenda. Logo, em razão do entendimento já pacificado pelo STF sobre o tema, entendo que não resta alternativa a Turma Julgadora senão reconhecer que assiste razão ao contribuinte quando alega que após a promulgação da Constituição Federal de 1988, as alíquotas da contribuição ao açúcar a ao álcool não poderiam ser modificadas por meio de ato do poder executivo. Como consequência, deverá ser cancelado o auto de infração combatido em sua integralidade, visto que embasado em atos posteriores a 1988. (2) Da improcedência da autuação em face da não publicação dos atos que estabeleceram as alíquotas Traz o contribuinte ainda em seu Recurso Voluntário o argumento de que a autuação seria improcedente também em razão da ausência de publicação dos atos que estabeleceram as alíquotas, conforme razões a seguir colacionadas, extraídas do recurso voluntário interposto: (...). Fl. 3070DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.065 13 Também quanto a este fundamento, entendo que assiste razão ao contribuinte. Não há como se admitir a aplicação de exigência fiscal ao contribuinte sem que o ato que instituiu a alíquota aplicável tenha sido publicado pelo Conselho Monetário Nacional na forma que prevê a legislação de regência. Nesse sentido, inclusive, trazse a seguir ementa e trecho de voto proferido em julgamento da Câmara Superior de Recursos Fiscais deste Conselho, realizado em 09 de dezembro de 2008 (Processo n. 13873.000086/9136, Acórdão n. 0306.252): ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES CONTRIBUIÇÃO E ADICIONAL SOBRE AÇÚCAR E ÁLCOOL. OFENSA AO PRINCIPIO DA PUBLICIDADE. INEXIGIBILIDADE. Os atos da Administração, em especial aqueles que dêem origem a obrigações tributárias para os administrados serão necessariamente publicizados, sob pena de não serem oponíveis a seus destinatários. " Recurso Especial Negado Fl. 3071DF CARF MF 14 (3) O instituto do açúcar e do álcool é incompetente para fixação das alíquotas Segue o contribuinte dispondo que o Instituto do Açúcar e do Álcool seria incompetente para fixação das alíquotas. Os seus fundamentos podem ser resumidos através da passagem a seguir, extraída do Recurso Voluntário: Novamente, entendo que assiste razão ao contribuinte. Nos termos da legislação de regência, era do Conselho Monetário Nacional a competência para fixar as alíquotas da contribuição em tela, não possuindo eventual publicação realizada pelo IAA o condão de suplantar a ausência de publicação por parte do Conselho Monetário Nacional, nos moldes que a legislação aplicável exigia. (4) Da impossibilidade de imposição de multa e juros de mora. Por fim, apresenta o contribuinte argumento subsidiário no sentido de que não seria possível a imposição de multa e juros de mora no caso concreto ora analisado, visto que, ao tempo em que foi realizado o lançamento de ofício, o crédito tributário em relevo encontravase com a sua exigibilidade suspensa em razão do depósito realizado no processo judicial. Quanto a este ponto, é certo que, uma vez cancelada a exigência fiscal no seu mérito, conforme razões acima explanadas, há de ser cancelada, em consequência, a imposição de multa e juros de mora, tornandose inócua, portanto, a análise da discussão aqui indicada. (5) Da conclusão Sendo assim, diante das razões acima expostas, entendo que assiste razão ao contribuinte no que tange ao mérito da presente contenda. Destaquese, inclusive, que havia seguido neste mesmo sentido o voto vencido proferido no Acórdão nº 310200.554 (vide fls. 2759 e seguintes do eprocesso). Com base nos fundamentos acima expostos, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, para fins de cancelar o auto de infração combatido em sua integralidade. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 3072DF CARF MF Processo nº 10840.000134/9293 Acórdão n.º 3301003.930 S3C3T1 Fl. 3.066 15 Fl. 3073DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14120.000174/2009-67
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2009
INFORMAÇÃO FISCAL PARA CANCELAMENTO DA ISENÇÃO. ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO.
Após as alterações legislativas impostas pela Lei nº 12.101/2009 e pelo Decreto nº 7.237/2010, tornou-se despicienda a lavratura de Informação Fiscal para cancelamento da isenção. Não deve ser conhecido o Recurso Voluntário por perda de objeto.
Numero da decisão: 2401-004.996
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Andréa Viana Arrais Egypto - Relatora.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Nome do relator: ANDREA VIANA ARRAIS EGYPTO
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ALTERAÇÃO LEGISLATIVA. RECURSO VOLUNTÁRIO NÃO CONHECIDO. Após as alterações legislativas impostas pela Lei nº 12.101/2009 e pelo Decreto nº 7.237/2010, tornouse despicienda a lavratura de Informação Fiscal para cancelamento da isenção. Não deve ser conhecido o Recurso Voluntário por perda de objeto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 12 0. 00 01 74 /2 00 9- 67 Fl. 780DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em não conhecer do recurso. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Relatora. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 781DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face do Despacho Decisório (fl. 680), exarado pela DRF/CGEMS, com a publicação do Ato Declaratório Executivo nº 44 de 2009 (fls.681 e 683), que decidiu pelo "Cancelamento de Isenção de Contribuições Sociais" de que tratam os artigos 22 e 23 da Lei no 8.212/1991, concedida à Recorrente. No presente processo, conforme narrado na Informação Fiscal de fls.02 a 08, foi proposto o Cancelamento da Isenção de Contribuições Previdenciárias em virtude de a Recorrente não ter atendido ao disposto nos incisos III a V do artigo 55, da Lei n° 8.212/1991 e nem ao requisito do Decreto 2.536/98 (aplicação de 20% da receita bruta em gratuidade). Ato contínuo foi emitida uma Representação Administrativa RA para o CNAS Conselho Nacional de Assistência Social por descumprimento das condições e dos requisitos previstos nos artigos 2° e 3° do Decreto n° 2.536, de 06/04/1998, que dispunha sobre a concessão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social, alterado pelo Decreto n° 3.504, de 13/06/2000 e, posteriormente, revogado pelo Decreto nº 7.237/2010. A Recorrente, cientificada em 07/07/2009 (fl. 143) da Informação Fiscal que propôs o cancelamento da isenção de contribuições previdenciárias, e em 22/07/2009 protocolou sua Impugnação de fls. 144 a 192 dirigida à DRF/CGEMS. A Seção de Fiscalização SAFIS da DRF/CGEMS emitiu Despacho Decisório (fl. 680) decidindo pelo "Cancelamento de Isenção de Contribuições Sociais", com publicação do Ato Declaratório Executivo nº 44/2009 (fl. 681) no Diário Oficial da União em 14/09/2009 (fl. 682). A Recorrente tomou ciência da Decisão em 22/09/2009 através do TERMO DE CIÊNCIA DE ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO enviado via Correio (AR fl. 684) e, em 21/10/2009 e, tempestivamente, apresentou seu Recurso Voluntário (fls. 685/749) dirigido ao CARF, onde se insurge contra o cancelamento da isenção e pleiteia a anulação do ato administrativo que culminou com o Ato Declaratório Executivo n° 44/2009. No CARF, o Relator proferiu despacho (fls.763/764) devolvendo o processo à origem para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, conforme previsto no art. 45 do Decreto nº 7.237/2010. A Seção de Controle e Acompanhamento Tributário – SACAT da DRF/CGE MS recebeu os Autos e emitiu a Informação Fiscal nº 0234/2013 (fls.759/760), no sentido de que no âmbito da referida DRF todos os procedimentos pertinentes ao cumprimento do art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, foram adotados. Os Autos foram encaminhados a DRJ/CGEMS para a continuidade do trâmite administrativo. Fl. 782DF CARF MF 4 Em 10/07/2014 a DRJ emitiu Despacho de Devolução (fls. 763/764) onde: diz que a matéria tratada nos presentes Autos foge à sua competência, uma vez que os trâmites seguem rito específico previsto no Decreto nº 3.048/1999, combinado com o art. 29, da Lei nº 11.457/2007; e sugeriu o retorno dos Autos à SACAT da DRF/CGEMS a fim de que este seja encaminhado ao presente ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF. É o relatório. Fl. 783DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 4 5 Voto Conselheira Andréa Viana Arrais Egypto Relatora Juízo de admissibilidade A contribuinte apresentou Recurso Voluntário contra o Ato Declaratório Executivo n° 44/2009 que cancelou a isenção conforme publicação do Diário Oficial e Termo de Ciência (fls. 685/749). Conforme se destaca no Relatório, trata o presente processo de cancelamento de isenção de contribuições previdenciárias, de acordo com o narrado na informação fiscal de fls. 02 a 08. Após ciência da Informação Fiscal, o sujeito passivo protocolou impugnação (fls.144 a 192), tendo sido emitido despacho decisório pela DRF/CGEMS pelo cancelamento da isenção (fls.674/680), com a publicação do ADE nº 44/09 (fls.681 e 682). Por ocasião do despacho nº 2401030, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF (fls. 753/754), foi determinado o encaminhamento do presente processo à unidade de origem para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção. A Sacat da DRF/CGE recebeu os autos e emitiu a informação de fl.759, no sentido de que no âmbito da referida DRF todos os procedimentos pertinentes ao cumprimento do art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, já teriam sido adotados, e remeteu os autos a esta DRJ para procedimentos da alçada desta. Em Despacho adunado às fls. 763/764, a DRJ/CGE entendeu que a matéria tratada nos presentes autos foge da competência da DRJ, tendo em vista o rito específico previsto no Decreto nº 3.048/1999. Após informação de fls. 766 o processo foi encaminhado ao CARF. Com efeito, a admissibilidade do Recurso Voluntário passa pela análise da mudança superveniente da legislação através de um breve levantamento cronológico dos fatos: · A Informação Fiscal IF propondo o cancelamento da isenção foi lavrada em 26/06/2009, sendo cientificada à Contribuinte em 07/07/2009 (fl. 143). · Foi apresentada impugnação à IF em 22/07/2009 (fls.144 a 192); · O cancelamento da isenção através do ADE nº 44/09 foi publicado no Diário Oficial em 14/09/2009; · O Recurso Voluntário foi protocolado em 21/10/2009; Fl. 784DF CARF MF 6 · Em 30/11/2009 foi publicada a Lei nº 12.101/2009, que revogou o art. 55 da Lei nº 8.212/1991, e estabeleceu o seguinte: Art. 32. Constatado o descumprimento pela entidade dos requisitos indicados na Seção I deste Capítulo, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará o auto de infração relativo ao período correspondente e relatará os fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. § 1o Considerarseá automaticamente suspenso o direito à isenção das contribuições referidas no art. 31 durante o período em que se constatar o descumprimento de requisito na forma deste artigo, devendo o lançamento correspondente ter como termo inicial a data da ocorrência da infração que lhe deu causa. § 2o O disposto neste artigo obedecerá ao rito do processo administrativo fiscal vigente. · Em 21/11/2010 foi publicado o Decreto nº 7.237/2010, que regulamentou a Lei nº 12.101/2009, e foi posteriormente revogado pelo Decreto nº 8.242/2014 que assim dispõe: Art. 47. O direito à isenção das contribuições sociais somente poderá ser exercido pela entidade a partir da data da publicação da concessão de sua certificação no Diário Oficial da União, desde que atendidos cumulativamente os requisitos previstos na Lei no 12.101, de 2009, e neste Decreto. Art. 48. Constatado o descumprimento de requisito estabelecido pelo art. 46, a fiscalização da Secretaria da Receita Federal do Brasil lavrará auto de infração relativo ao período correspondente, com o relato dos fatos que demonstram o não atendimento de tais requisitos para o gozo da isenção. § 1o Durante o período a que se refere o caput, a entidade não terá direito à isenção e o lançamento correspondente terá como termo inicial a data de ocorrência da infração que lhe deu causa. § 2o A entidade poderá impugnar o auto de infração no prazo de trinta dias, contado de sua intimação. § 3o O julgamento do auto de infração e a cobrança do crédito tributário seguirão o rito estabelecido pelo Decreto no 70.235, de 1972. (...) Art. 50. Os processos para cancelamento de isenção não definitivamente julgados em curso no âmbito do Ministério da Fazenda serão encaminhados a sua unidade competente para verificação do cumprimento dos requisitos da isenção, na forma do rito estabelecido no art. 32 da Lei nº 12.101, de 2009, aplicada a legislação vigente à época do fato gerador. Fl. 785DF CARF MF Processo nº 14120.000174/200967 Acórdão n.º 2401004.996 S2C4T1 Fl. 5 7 Juntamente com a Informação Fiscal a autoridade fiscalizadora ainda lavrou os autos de infração de números 35.193.1622, 35.193.1630, 35.193.1649, 35.193.1657, através dos quais estão sendo discutidos a efetiva existência dos créditos tributários. O processo ora sob julgamento versa sobre a Informação Fiscal relacionada ao cancelamento da isenção da Contribuinte. No entanto, conquanto sua lavratura tenha sido adequada à época, com a mudança da legislação, e tendo em vista a regra insculpida no art. 144, §1º, do CTN, tornouse despicienda a sua propositura, tendo em vista que todos os fatos que justificam a constituição do crédito tributário deverão ser discutidos no bojo dos Autos de Infração correspondentes à exigência dos respectivos créditos, com amplo direito à defesa. Assim, tendo em vista o acima exposto, entendo que a Informação Fiscal perdeu seu objeto, uma vez que a análise do cancelamento da isenção deve ser perfectibilizada nos autos dos Processos Administrativos relacionados aos Autos de Infração, o que tem como consequência a perda de objeto do Recurso Voluntário que busca combatêla. Conclusão Diante do exposto, voto por NÃO CONHECER do Recurso Voluntário por perda do objeto. (assinado digitalmente) Andréa Viana Arrais Egypto Fl. 786DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912049/2012-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 30/09/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.764
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/09/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 49 /2 01 2- 30 Fl. 189DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.790, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 190DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912049/201230 Acórdão n.º 3301003.764 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 197DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.721067/2013-12
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Jun 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Sep 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2009
PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA.
Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzir-se em nítido caráter de provisão (Lei 9.249/1995, art. 13, I). Além disso, não há nenhum antagonismo entre as regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). O sentido delas é o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL.
Numero da decisão: 9101-002.898
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Cristiane Silva Costa e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza.
(assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Flávio Neto - Relator
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Recorrente VALEPAR S/A Recorrida UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão (Lei 9.249/1995, art. 13, I). Além disso, não há nenhum antagonismo entre as regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). O sentido delas é o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto (relator), Cristiane Silva Costa e José Eduardo Dornelas Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio, substituída pelo conselheiro José Eduardo Dornelas Souza. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 10 67 /2 01 3- 12 Fl. 526DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 3 2 Marcos Aurélio Pereira Valadão Presidente (assinado digitalmente) Luís Flávio Neto Relator (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo – Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luis Flavio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Jose Eduardo Dornelas Souza, Gerson Macedo Guerra, Marcos Aurélio Pereira Valadão (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de recurso especial interposto pela VALEPAR S/A (doravante “contribuinte” ou “recorrente”), em que é recorrida Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN” ou “recorrida”), em face do Acórdão n. 1301001.760 (doravante “acórdão a quo” ou “acórdão recorrido”), proferido pela 1a Turma Ordinária da 3a Câmara desta 1a Seção (doravante “Turma a quo”). O recurso especial versa sobre a possibilidade de dedução da base de cálculo da CSLL de tributos com exigibilidade suspensa devido a depósito judicial em sede de Mandado de Segurança. Conforme se colhe do Termo de Verificação Fiscal, esses são os fatos presentes neste caso (fls. 60 e 65 do eprocesso): “Da análise dos documentos apresentados pelo contribuinte verificase que as despesas deduzidas relativas as variações monetárias das contingências tributárias exigibilidade suspensa de PIS e COFINS na apuração do lucro contábil do ano calendário de 2009, no valor de R$ 135.983.021,05, foram adicionados corretamente na apuração do lucro real, conforme Ficha 09A, e LALUR”. (...) “Esta Fiscalização entende que os lançamentos contábeis relativos a essas Contingências Tributárias, incluindo suas variações monetárias, caracterizamse como provisões, por não refletirem obrigações fiscais efetivamente constituídas, sujeitas a exigência certa futura, mas, sim, um provisionamento contra eventuais riscos de as ações terem resultados desfavoráveis, precavendose a empresa contra os consequentes impactos negativos que tal resultado traria a seu patrimônio, impõese, portanto, a adição dos respectivos montantes na determinação da base de cálculo da CSLL”. Fl. 527DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 4 3 (...) “Concluise, assim, que os valores deduzidos na apuração do lucro contábil da empresa a título de contingência tributárias, ou seja, tributos ou contribuições com exigibilidade suspensa nos termos do art. 151 do CTN, devem ser adicionados na determinação da base de cálculo da CSLL, por força do disposto no art. 13, I, da Lei nº 9.249/1995”. A 2ª Turma da DRJ/CTA, por meio do acórdão n. 0644.247, julgou a impugnação administrativa improcedente, mantendo o lançamento em sua integridade (fls. 232 e seg. do eprocesso). A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/2009 LUCRO REAL ANUAL. TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. DEDUÇÃO INDEVIDA COMO DESPESA. PROVISÃO NÃO DEDUTÍVEL. ADIÇÃO À BASE DE CÁLCULO. Devem ser adicionadas ao resultado do períodobase, para determinação da base de cálculo da CSLL, as importâncias antes deduzidas como despesas, segundo o regime de competência, relativas a tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa nos termos do inciso II do art. 151 do CTN. Os lançamentos contábeis efetuados com tal finalidade constituem provisões e não despesas incorridas, em face de sua dependência ao trânsito em julgado de sentença judicial, estando vedada sua dedução de acordo com o disposto no art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. Nesse seguir, foi interposto recurso voluntário pelo contribuinte (fls. 299 e seg. do eprocesso). Na decisão recorrida, a Turma a quo acordou, por maioria dos votos, em negar provimento ao recurso voluntário (fls. 339 e seg. do eprocesso). O acórdão recorrido restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2009 CSLL. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou Fl. 528DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 5 4 contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. Cientificada das aludidas decisões, o contribuinte, tempestivamente, interpôs recurso especial (fls. 363 e seg. do eprocesso), arguindo divergência de interpretação quanto a possibilidade de dedução de tributos com a exigibilidade suspensa. O despacho de admissibilidade (efls. 514 e seg.) admitiu integralmente o referido recurso especial. Em breve síntese, o contribuinte alega em seu recurso que: “Pois, de fato, os tributos suspensos configuramse efetiva obrigação tributária e não mera provisão para riscos, tratandose de obrigação vencida, não merecendo prosperar a decisão recorrida” (efls. 369). “Com a ocorrência do fato gerador, já se tem configurada a obrigação tributária do contribuinte para com o Fisco, o que torna impossível a qualificação das obrigações tributárias cuja exigibilidade esteja suspensa como ‘provisão’. Tratamse, em verdade, se situações – crédito/obrigação tributária com exigibilidade suspensa e provisão – antagônicas” (efls. 369). “É que a indedutibilidade dos tributos com exigibilidade suspensa é expressa para fins de apuração do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica – IRPJ, nos termos do parágrafo 1º do artigo 41 da Lei nº 8.981/95 e do artigo 344 do RIR/99, não existindo qualquer dispositivo legal semelhante aplicável à CSLL” (efls. 370). Cientificada, a PFN apresentou contrarrazões ao recurso especial do contribuinte (fls. 519 e seg. do eprocesso), as quais argumenta, em breve síntese, que: “Observase que existe clara distinção entre os conceitos. Enquanto a despesa representa o dispêndio realizado, o gasto consumado, a característica que determina uma provisão é a sua projeção para o futuro; é uma forma retenção que visa atender despesas supervenientes. A partir dessas considerações, tornase bastante evidente que um tributo cuja exigibilidade encontrase suspensa não representa, absolutamente, uma despesa, vale dizer, um gasto atual e presente. Afigurase muito mais como um dispêndio provável, mas que permanecerá incerto enquanto o crédito estiver sendo discutido” (efls. 521). Fl. 529DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 6 5 “Tributo cuja exigibilidade esteja suspensa não é tributo pago. Somente no futuro, com o pagamento, o tributo representará despesa com efetiva repercussão no conceito de lucro, base de cálculo da CSLL” (efls. 521522) A recorrida não se opôs a admissibilidade do recurso especial. Concluise, com isso, o relatório. Voto Vencido Conselheiro Luís Flávio Neto, Relator. Compreendo que o despacho de admissibilidade bem analisou o cumprimento dos requisitos para a interposição do recurso especial de divergência interposto, razão pela qual não merece reparo. No mérito, há ao menos duas diferentes perspectivas sobre a questão, que podem ser bem identificadas a partir de dois acórdãos do CARF: acórdão 140100.058, de 17.06.2009, do então i. Conselheiro Marcos Shigueo Takata: "Provisão passiva representa urna obrigação incerta, ou certa mas ilíquida. O ato legal, a lei, tem presunção de constitucionalidade e de legitimidade. A obrigação ex lege tributária desfruta desse atributo e só com o trânsito em julgado favorável ao contribuinte têmse derruídas a certeza e a liquidez: obrigação tributária com exigibilidade suspensa não traduz contabilmente uma provisão, mas um contas a pagar diversamente, por ex., de um passivo relativo a uma reclamação trabalhista ainda em curso". acórdão 1101000.792, de 11.09.2012, da então i. Conselheira Edeli Pereira Bessa: "Ocorre que não está em discussão a existência da obrigação, mas sim a sua certeza que decorre, justamente, de sua exigibilidade. Como dito, o passivo deve ser contabilizado, é originariamente uma obrigação legal, mas a retirada de um de seus atributos relevantes, que é a exigibilidade, altera sua natureza para provisão, e enseja a sua indedutibilidade no âmbito da apuração da CSLL. (...) Se a obrigação tributária foi contabilizada como despesa, e antes de seu vencimento, ou mesmo depois deste, a contribuinte é favorecida com decisão judicial que suspende sua exigibilidade, este passivo tem sua natureza alterada, e deve ser reclassificado como provisão, com o conseqüente estorno de seus efeitos na apuração do lucro tributável no momento em que a suspensão da exigibilidade for verificada, para que a dedução somente se efetive quando a exigibilidade for restabelecida". Embora ambas as correntes apresentem argumentos importantes, permissa vênia, compreendo que apenas a primeiro garante coerência ao sistema jurídico edificado pelo legislador tributário, o que pode ser evidenciado por uma interpretação histórica e sistemática dos enunciados legais geralmente suscitados para a regência da matéria. Fl. 530DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 7 6 No caso, a Lei n. 8.981, de 20.01.95, estabeleceu os seguintes enunciados prescritivos: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. § 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. Como se pode observar, o legislador tributário prescreveu a indedutibilidade, da base de cálculo do IRPJ, de débitos tributários que se encontrem com a exigibilidade suspensa por causas específicas e muito bem delimitadas, quais sejam: o depósito do montante integral (inciso II); as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo (inciso III) e a concessão de medida liminar em mandado de segurança (inciso IV). Tal norma, é preciso frisar, se dirige apenas ao IRPJ (e não à CSLL). Expressamente, então, o legislador excluiu hipóteses de suspensão da exigibilidade do crédito tributário dessa norma de restrição de dedutibilidade da base de cálculo do IRPJ, notadamente a "moratória" e outras hipóteses previstas no art. 151 do CTN. Por sua vez, pouco tempo depois, em 26.12.1995, o legislador competente enunciou a Lei n. 9.249, que assim dispõe: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável; Essa segunda norma, como se pode verificar, veda a dedução de "qualquer provisão" da base de cálculo tanto do IRPJ quanto da CSLL, salvo algumas exceções. Compreendo que a única forma de interpretar tais enunciados prescritivos sem que se admita a existência de um caos normativo em que convivem normas vigentes, subsequêntes e irremediavelmente conflitantes é assumir que o legislador, ao prescrever o art. 13, I, trata de questão diversa de tributos cuja exigibilidade se encontre suspensa. Portanto, no caso dos autos, em que se discute a dedutibilidade da base de cálculo apenas da CSLL de tributos e juros com exigibilidade suspensa, não há incidência do art. 41 da Lei n. 8.981/95 (pois este é aplicável apenas ao IRPJ), bem como não incide a restrição do art. 13 da Lei n. 9.249/95 (pois este não é aplicável a tributos com exigibilidade suspensa). Portanto, compreendo assistir razão ao contribuinte quanto a este tema. Fl. 531DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 8 7 O art. 57 da Lei n. 8.981/95 não altera essa conclusão: Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei no 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei no 9.065, de 1995). Referido enunciado prescritivo prevê remissão apenas para questões operacionais específicas e não tem o condão de ampliar o escopo do art. 41 da Lei n. 8.981, de 20.01.95 para alcançar também a CSLL. A ressalva expressa do legislador no art. 57 da Lei nº 8.981/95 deixa claro que, assim como a CSLL tem suas “alíquotas” estabelecidas por regras próprias (a alíquota da CSLL em geral é 9%, sem adicional, e não 15% com adicional de 10%, como se dá com o IRPJ, em geral), também para a “base de cálculo” da CSLL não há remissão necessária aos dispositivos que cuidam do IRPJ. A base de cálculo da CSLL é regulada por enunciados específicos ou, ainda, que cumulem expressamente a tutela dessa contribuição e do IRPJ. Nesse seguir, voto no sentido de DAR PROVIMENTO ao recurso especial. (assinatura digital) Luís Flávio Neto Fl. 532DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 9 8 Voto Vencedor Conselheiro Rafael Vidal de Araujo Redator Designado. Em que pesem as razões de decidir do eminente relator, peço vênia para dele divergir quanto à dedutibilidade de tributos com a exigibilidade suspensa, relativamente à base de cálculo da CSLL. A questão sobre a dedutibilidade de tributos e contribuições com a exigibilidade suspensa, no que toca à base de cálculo da CSLL, gira em torno da incidência ou não do inciso I do art. 13 da Lei n. 9.249/1995, que veda a dedução de provisão que não esteja expressamente autorizada: Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964: I de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimoterceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial a elas aplicável;(Vide Lei 9.430, de 1996) Em relação a esse ponto, é relevante destacar que o conceito de provisão abarca situações variadas. O que caracteriza uma provisão é sua correspondência a situações sobre as quais paira algum grau de incerteza quanto à existência, ao valor, ao vencimento, etc., de uma obrigação ou de uma perda patrimonial. As provisões não abarcam apenas registros de "riscos" de perda patrimonial, como a "provisão para créditos de liquidação duvidosa". Há também provisões para encargos sociais e trabalhistas. Há ainda a própria "provisão para o imposto de renda" constituída no encerramento do período de apuração, quando já consumado o fato gerador. O próprio texto legal do inciso I do art. 13 da Lei 9.249/1995 não restringe o conceito de provisão às provisões para risco de perda patrimonial, que normalmente apresentam um maior grau de incerteza. Nesse passo, não se pode negar que uma obrigação tributária que está sendo discutida em juízo pela contribuinte, que está com a exigibilidade suspensa no contexto de um processo judicial, possui a característica essencial de uma provisão, que é, no caso, a incerteza quanto à sua própria existência. Fl. 533DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 10 9 É até contraditório que a contribuinte questione a existência da obrigação tributária, suspendendo inclusive a sua exigibilidade, e ao mesmo tempo defenda sua dedutibilidade como sendo uma obrigação certa. Não há dúvida de que o mesmo questionamento que resultou na suspensão da exigibilidade da obrigação tributária, poderá também resultar na sua própria extinção. Eis aí a incerteza em relação à existência da obrigação, que a contribuinte procura negar. Em reforço ao que está sendo dito, registro o conteúdo do voto que orientou o Acórdão nº 130100.794, de 17/01/2012, exarado pelo conselheiro Waldir Veiga Rocha, que também colaciona variada jurisprudência sobre o tema: O ponto central da discussão é a natureza das despesas com provisões para pagamento de tributos discutidos em juízo e cuja exigibilidade estava suspensa, se despesas efetivamente incorridas, como quer a interessada, ou se provisões, como entende o Fisco. Como corolário dessa questão, discutese também a dedutibilidade, ou não, de tais despesas (ou provisões) para fins de determinação da base de cálculo da CSLL. A matéria é bastante conhecida, e já foi objeto de apreciação por este colegiado, quando do julgamento dos processos nº 16327.000028/200517 e nº 16327.001299/200671, também sob minha relatoria, resultando, respectivamente, os acórdãos nº 130100.275, de 09/03/2010, e nº 1301 00.642, de 04/08/2011. Por bem refletir meu entendimento sobre o assunto, transcrevo, a seguir, excerto do voto proferido no primeiro processo e reproduzido no segundo, sendo em ambas as ocasiões acompanhado à unanimidade pela Turma. [...] Com efeito, as despesas com tributos, na situação em que estes estão submetidos ao crivo do Poder Judiciário e com exigibilidade suspensa, não se revestem da certeza e da liquidez indispensáveis a que sejam consideradas despesas incorridas a pagar. Em conseqüência, suas contrapartidas, registradas no passivo, se caracterizam como provisões para fazer face a evento futuro e incerto. Não se discute a correção do registro contábil, pertinente à luz dos princípios e convenções da contabilidade, especialmente aquele do conservadorismo. Também não se trata de glosa de despesas tidas por desnecessárias ou não usuais. O ponto central é que as despesas discutidas são incertas tanto para o contribuinte, que as considera indevidas e as discute judicialmente, quanto para o ente tributante, que se vê na dependência de manifestação do Poder Judiciário para que possa exigir o tributo. Isso ficou bem claro no voto condutor do acórdão recorrido, no trecho a seguir transcrito: 13 A obrigatoriedade de pagar os valores dependem de eventos futuros e incertos, ou seja, dependem de decisão judicial. Se for incerto, não pode ser classificado como contas a pagar, que por sua natureza, impõe liquidez e certeza. A provisão, por sua vez, não possui um dos Fl. 534DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 11 10 elementos, quais sejam liquidez e certeza, pois se assim fosse, um termo seria sinônimo do outro. 14 Ao interpor a ação judicial o interessado pretende ver dispensado do recolhimento do tributo. Para a administração tributária demonstra que, segundo seu entendimento, o valor não é devido, como também demonstra para seus sócios e terceiros que luta para não recolher o tributo. Em suma, tanto o interessado, quanto a administração tributária, não têm certeza sobre seus direitos. Ambos aguardam o pronunciamento do poder judiciário. Demonstrada a natureza de provisão dos valores ora discutidos, impõese sua adição para fins de apuração da base de cálculo da CSLL, ex vi do art. 13, inciso I, da Lei nº 9.249/1995. Tal foi exatamente o procedimento do Fisco, o qual reputo correto. [...] A jurisprudência administrativa é farta nessa linha, como se verifica das ementas a seguir transcritas, a título exemplificativo: CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. (Ac. 10194.491, de 29/01/2004. Rec. 136.214. Rel. Cons. Valmir Sandri) (No mesmo sentido, Ac. 103 23.053, de 13/06/2007, Rec. 156.141. Rel. Cons. Leonardo de Andrade Couto) (No mesmo sentido, Ac. 10517.358, de 17/12/2008. Rec. 164.752. Rel. Cons. Marcos Rodrigues de Mello) CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, por traduzirse em nítido caráter de provisão. JUROS DE MORA SOBRE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDAS JUDICIAIS — Por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, os juros de mora sobre tributos cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medidas judiciais seguem a norma de dedutibilidade do principal. Fl. 535DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 12 11 (Ac. 10195.727, de 20/09/2006. Rec. 135.395. Rel. Cons. Paulo Roberto Cortez) IRPJ — CSLL — PROVISÕES NÃO DEDUTIVEIS — TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutíveis para efeito de determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. Assim, a dedutibilidade de tais rubricas somente ocorrerá por ocasião de decisão final da justiça, desfavorável à pessoa jurídica. JUROS DE MORA SOBRE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA POR FORÇA DE MEDIDAS JUDICIAIS — Por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, os juros de mora sobre tributos cuja exigibilidade esteja suspensa por força de medidas judiciais a seguem a norma de dedutibilidade do principal. (Ac. 10196.008, de 01/03/2007. Rec. 151.401. Rel. Cons. Paulo Roberto Cortez) CSLL. DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. ANOCALENDÁRIO 1998. Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, II a IV, do CTN, constituem provisões e não despesas incorridas, estando vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL. (Ac. 10323.031, de 24/05/2007. Rec. 156.083. Rel. Cons. Aloysio José Percínio da Silva) PROVISÕES — provisões somente podem ser deduzidas das bases de cálculo da CSSL se assim a lei expressamente autorizar. Classificamse como tais, os elementos do passivo, cuja exigibilidade, montante ou data de liquidação, isolada ou conjuntamente, não são certos e determináveis no período de apuração. Assim, valores registrados como tributos, contribuições e demais acréscimos, não passíveis de serem exigidos por força de medida judicial, quadramse nesta classificação e devem ser adicionados à base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, se seu registro contábil reduziu o resultado do exercício. (Ac. 10323.037, de 24/05/2007. Rec. 156.322. Rel. Cons. Guilherme Adolfo dos Santos Mendes) CSLL — BASE DE CÁLCULO — DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA — Os tributos e contribuições que estejam com exigibilidade suspensa, nos termos do art. 151, inciso II do CTN, constituem provisões e não despesas incorridas, estando vedada sua dedução para apuração da base de cálculo da CSLL, conforme regra do art. 13, inciso Fl. 536DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 13 12 I, da Lei 9.249/95. (Ac. 10808.126, de 02/12/2004. Rec. 139.544. Rel. Cons. Luiz Alberto Cava Macieira) Esta 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais também já manifestou entendimento de que os tributos com exigibilidade suspensa têm caráter de provisão e, como tais, não são dedutíveis na apuração da CSLL, conforme os seguintes julgados: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. DEDUTIBILIDADE DE TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos discutidos judicialmente, cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151 do Código Tributário Nacional, são indedutiveis para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, por traduzir se em nítido caráter de provisão. O mesmo ocorre com a provisão para juros sobre contingências fiscais os quais, por constituírem acessório dos tributos sobre os quais incidem, devem seguir a norma de dedutibilidade do principal. (Acórdão 910101.214, de 18/10/2011). CSLL. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO. PROVISÕES NÃO DEDUTÍVEIS. TRIBUTOS COM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. Por configurar uma situação de solução indefinida, que poderá resultar em efeitos futuros favoráveis ou desfavoráveis à pessoa jurídica, os tributos ou contribuições cuja exigibilidade estiver suspensa nos termos do art. 151, do Código Tributário Nacional CTN, são indedutíveis para efeito da determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, por traduzirse em nítido caráter de provisão. (Acórdão 9101 001.512, de 20/11/2012). Mesmo aderindo ao entendimento de que os tributos com exigibilidade suspensa têm caráter de provisão, o que já seria suficiente para o deslinde da controvérsia, há ainda outro aspecto a ser examinado. É que a questão sobre a dedutibilidade de tributos e contribuições com a exigibilidade suspensa, no que toca à base de cálculo da CSLL, também costuma ser abordada no contexto das regras previstas no art. 41, §1º c/c art. 57, ambos da Lei nº 8.981/1995: Art. 41. Os tributos e contribuições são dedutíveis, na determinação do lucro real, segundo o regime de competência. § 1º O disposto neste artigo não se aplica aos tributos e contribuições cuja exigibilidade esteja suspensa, nos termos dos incisos II a IV do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, haja ou não depósito judicial. [...] Art. 57. Aplicamse à Contribuição Social sobre o Lucro (Lei nº 7.689, de 1988) as mesmas normas de apuração e de pagamento estabelecidas para o imposto de renda das pessoas jurídicas, inclusive no que se refere ao disposto no art. 38, mantidas a base de cálculo e as alíquotas previstas na legislação em vigor, com as alterações introduzidas por esta Lei. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Fl. 537DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 14 13 Há uma linha de entendimento, adotada inclusive pelo voto do relator, que vê as referidas regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57) como hipóteses excludentes e antagônicas. Ou seja, o tributo com exigibilidade suspensa configuraria efetiva obrigação tributária, e não mera provisão. E nesse passo, como obrigação tributária, a regra que poderia incidir seria aquela prevista na Lei 8.981/1995, e não a da Lei 9.249/1995. O problema, conforme apontado no voto do relator, é que o art. 41, §1º, da Lei 8.981/1995 só é aplicável ao IRPJ, de modo que nenhuma restrição legal haveria para que os tributos com exigibilidade suspensa fossem deduzidos da base de cálculo da CSLL pelo regime de competência. Entretanto, também divirjo do relator quanto a esse tipo de entendimento. Não estamos aqui diante de uma situação em que se pretende estender para a CSLL alguma regra que trata de item específico da base de cálculo do IRPJ. Não é esse o caso. Sabese muito bem que as obrigações tributárias configuram despesa dedutível tanto para o IRPJ, quanto para a CSLL, e que essa possibilidade de dedução é prevista individualmente, tanto nas regras que tratam da base de cálculo do IRPJ, quanto nas regras que tratam da base de cálculo da CSLL. O §1º do art. 41 da Lei 8.981/1995 não criou nenhuma dedução específica para o IRPJ. Esse dispositivo simplesmente definiu um regime (regime de competência ou regime de caixa) para o tipo de despesa que está sendo aqui tratado (despesa com tributos), levando em conta que essa despesa pode estar relacionada a uma obrigação tributária com exigibilidade suspensa. A questão da definição de regime para o reconhecimento de receitas e despesas é tipicamente uma "norma de apuração", e se encaixa exatamente no escopo do art. 57 da Lei 8.981/1995. Basta ver que quando é adotado o regime de caixa para o IRPJ (na apuração do lucro presumido, p/ ex.) este mesmo regime é adotado para a CSLL, também por força do art. 57 da Lei 8.981/1995, e ninguém pensa em alegar que esse dispositivo estaria sendo utilizado para desvirtuar a base de cálculo da CSLL, para acrescentar elementos na base de cálculo da CSLL que não estavam previstos nas suas próprias normas, etc. Assim, a regra do art. 41, §1º, da Lei 8.981/1995 é perfeitamente aplicável à CSLL. Não há nenhum antagonismo entre as referidas regras da Lei 9.249/1995 (art. 13, I) e da Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º, e art. 57). É preciso ter em mente que a palavra do legislador muitas vezes não esgota as possibilidades de sentido que pode ser a ela atribuído. É sempre a interpretação das normas que dá o seu conteúdo ao longo do tempo, compondo as aparentes contradições e os excessos normativos. Fl. 538DF CARF MF Processo nº 16682.721067/201312 Acórdão n.º 9101002.898 CSRFT1 Fl. 15 14 E quanto à matéria em questão, o sentido das regras contidas na Lei 8.981/1995 (art. 41, §1º) e na Lei 9.249/1995 (art. 13, I) é exatamente o mesmo, ou seja, vedar a dedução antecipada de tributo com exigibilidade suspensa, dada a sua condição de incerteza. Nesse contexto, seja como provisão, seja como uma despesa que só pode ser deduzida pelo regime de caixa, os tributos com exigibilidade suspensa não podiam ter sido deduzidos da base de cálculo da CSLL. Desse modo, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte. (assinatura digital) Rafael Vidal de Araujo Fl. 539DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19647.004730/2005-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 21 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 24 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1402-002.618
Decisão:
Nome do relator: LEONARDO LUIS PAGANO GONCALVES
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DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO POSTERIOR COM A UTILIZAÇÃO DO SALDO NEGATIVO. Auto de Infração lavrado no mesmo período de apuração do saldo negativo pleiteado, se no momento da autuação a autoridade fiscal se utiliza do saldo negativo na apuração do imposto a lançar de ofício. O crédito relativo ao saldo negativo cobrado neste processo não pode ser compensado, sob pena de duplicidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acórdão os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Declarouse impedido o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 96 47 .0 04 73 0/ 20 05 -2 5 Fl. 218DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 219 2 (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Leonardo de Andrade Couto (Presidente), Demetrius Nichele Macei, Leonardo Luis Pagano Goncalves, Paulo Mateus Ciccone, Marco Rogerio Borges, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias. Fl. 219DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 220 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário , interpostos contra v. Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (fls.109/113) que negou provimento à Manifestação de Inconformidade do Contribuinte. A Recorrente formalizou o Pedido de Ressarcimento ou Restituição/Declaração de Compensação (Per/DComp) nº 19542.92958.221203.1.3.023306, em 22.12.2003, fls. 1/5, utilizandose do saldo negativo de Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ), no valor de R$ 67.375,42 do anocalendário de 2001, apurado pelo lucro real para fins de compensação do débito ali confessado. Em seguida, em outubro de 2006 foi lavrado Auto de Infração exigindo crédito relativo a 7 infrações, sendo que apenas as duas ultima infrações foram que influenciaram o presente processo de PER/DCOMP. Infração 1. Apropriação de despesa não dedutível de amortização de ágio pelas empresas Telasa, Teleceará, Telern, Telepisa, Telpa e Telpe (IRPJ 2001 a 2004 e CSLL 2000 a 2004). Tem origem na aquisição de operadoras de telefonia em leilão de desestatização do serviço de telecomunicações promovido pela União Federal na década de 1990. Corresponde ao principal ponto dos lançamentos em questão, sendo as demais acusações (à exceção das infrações 5 e 6, adiante descritas) meros desdobramentos da glosa da despesa de ágio; Infração 2. Exclusão indevida de ágio (registrado no Lalur) pelas empresas Telasa, Teleceará, Telern, Telepisa, Telpa e Telpe (IRPJ 2001 a 2004 e CSLL 2000 a 2004). Envolve parcela do ágio amortizada contabilmente pela Bitel/1B2B antes da transferência do ágio da TNC para as operadoras.; Infração 3. Glosa de prejuízos e base negativa de períodos anteriores compensados indevidamente pelas empresas Telern (IRPJ e CSLL 2002 a 2004), Telpa (IRPJ e CSLL do ano base 2002) e Telpe (IRPJ 2002 a 2004 e CSLL 2002 e 2003). É mero reflexo das glosas descritas nos itens anteriores. Como resultado da glosa da amortização do ágio, houve a reversão parcial de prejuízos fiscais e bases negativas dos períodos em que incorridas e, por conseguinte, a exigência de crédito tributário em períodos subsequentes em que compensados (as compensações glosadas, como afirmou o Termo de Encerramento da Ação Fiscal, serão objeto de Autos de Infração específicos do IRPJ e da CSLL); Fl. 220DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 221 4 Infração 4. Dedução a maior de incentivo fiscal de lucro da exploração pelas empresas Telasa, Teleceará, Telern, Telepisa, Telpa e Telpe (IRPJ 2002, a 2004). A fiscalização concluiu que a reversão da Provisão para Manutenção da Integridade do Patrimônio Líquido (PMIPL), criada em razão da incorporação do patrimônio da empresa 1B2B pela TNC (por determinação da Instrução CVM 319/99), teria majorado o cálculo do lucro da exploração, por ter sido tratada como receita operacional, quando, em verdade, deveria ser qualificada como não operacional, o que reduziria o percentual do benefício; Infração 5. Glosa de dedução de CSLL retida na fonte por órgão público. Na DIPJ/1999, anocalendário de 1998, da empresa Telepisa foi informado no ajuste anual o valor de R$ 539,87 a título de dedução de CSLL retida na fonte por órgão público. Entretanto a fiscalização constatou que tal valor já havia sido deduzido pela contribuinte no cálculo das estimativas mensais, razão pela qual, glosou a dedução indevida da CSLL; Infração 6. Deduções indevidas no ajuste anual de antecipações de IRPJ e de CSLL não comprovadas. Glosa de dedução de IRPJ e CSLL mensais pagos por estimativa. A fiscalização não conseguiu confirmar créditos informados em diversas DCOMP’s transmitidas pelas empresas Telasa, Teleceará, Telern, Telepisa, Telpa e Telpe (IRPJ 2001 a 2004 e CSLL 1998 a 2004); e Infração 7. Multas isoladas por falta de pagamento de IRPJ e de CSLL devidas por estimativa mensal. Em razão das infrações apuradas acima, sustenta a fiscalização que as empresas sucedidas teriam deixado de recolher (ou teriam recolhido a menor) os valores devidos pelas estimativas de IRPJ e CSLL, sujeitandose, portanto, à multa isolada de 50%. Envolve as empresas Telasa, Teleceará, Telern, Telepisa, Telpa e Telpe (IRPJ 4º trimestre de 2001, 2002 a 2004 e CSLL 1998 a 2004). Em março de 2007, Delegacia da Receita Federal de Recife intimou a contribuinte, apresentando um Relatório de Informação Fiscal onde informa que devido a uma solução de consulta interna da Receita Federal (de n° 18/06), a qual prevê metodologia de cálculo diferente da que havia sido adotada por eles quando da fiscalização, iriam excluir do Auto de Infração do processo n° 19647.009690/200699 certos valores, que passariam a ser tratados em processos específicos e objetos de cobrança espontânea, acrescidos de multa de mora e juros SELIC. Devido a tal exclusão, foram selecionados 30 processos de PER/DCOMP indicados as fls. 18/19 dos autos deste processo. Fl. 221DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 222 5 Fl. 222DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 223 6 Entre esses processos específicos está o presente processo de compensação, que teve por origem a existência de saldo negativo de imposto de renda pessoa jurídica — IRPJ do ano de 2001, no valor de R$67.375,42. Por isso, a contribuinte apresentou Declaração de Compensação — DCOMP, compensando esse valor com débito fiscal de IRPJ. Frente a tais fatos e a manutenção integral do item 6 do Auto de Infração em primeira instância, o pedido de compensação em epígrafe não foi homologado devido a falta de crédito (falta de saldo negativo de IRPJ, do anocalendário de 2001 (DIPJ/2002)). (Relatório de Informação Fiscal de fls. 8/9 e quadros de fls. 10/15). Em março de 2007, o Relatório de Informação Fiscal fundamento a não homologação da seguinte forma: I. DOS FATOS: 1. Consiste o presente processo de Declaração de Compensação (DCOMP) impetrada pela empresa interessada, de supostos créditos de Saldo Negativo de 1RPJ do anocalendário de 2001 (DIPJ/2002) no valor de R$ 67.375,42, a saber: 2. Na(s) Declaração(Zies) de Compensação — DCOMP, constantes do Anexo III do processo N.° 19647.004738/200591, estão discriminado(s) o(s) débito(s) compensados com o referido crédito. 3. Pelo que cabe a esta fiscalização, buscamos diligenciar a contabilidade da empresa com vistas a informar no presente processo o montante do crédito a ser acatado pela SRF. 2. DAS ANALISES DOS FATOS: 4. Nesse sentido, foram procedidas as diligencias nos assentamentos contábeis e fiscais da empresa (livros Diários, Razões, Balancetes e LALUR) 1 ; nas suas Declarações de Informações Econômico Fiscais — UPI 2 ; nas suas Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais — DCTF 3 ; nas Declarações do Imposto de Renda Retido na Fonte — DIRF entregues à SRF pelas empresas pagadoras, tendo a diligenciada como beneficiária dos rendimentos 4, e nas próprias Declarações de Compensações. 5. Após as análises das peças trazidas aos autos foram elaborados por esta fiscalização os demonstrativos a seguir identificados, com o fim de confirmar ou não a existência do crédito pleiteado e o seu real valor relativo a este processo: Fl. 223DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 224 7 • Demonstrativo de Apuração da Base de Cálculo do IRPJ; • Demonstrativo de Apuração do IRPJ e da Multa pelo Não Recolhimento da Estimativa Mensal por AnoCalendário; • Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do IRPJ (partes A e B). 3. CONCLUSÃO: 6. Com base nos demonstrativos anteriormente citados, relativos ao ano calendário de 2001, em anexo, entendemos INEXISTENTE o direito creditório pleiteado pelo contribuinte para ser utilizado nas compensações dos seus débitos fiscais, informados na Declaração de Compensação, e discriminados no Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do IRPJ do anocalendário de 2001 (partes A e B): 4. OBSERVACÕES FINAIS 7. Os documentos relacionados a este processo constam dos anexos I, II, HI, IV, V e VI juntados ao processo 19647.004738/200591. 8. Sendo essas as informações que prestamos, e entendemos suficientes para as soluções a serem dadas, propomos a NÃO HOMOLOGAÇÃO de todas as compensações discriminadas no demonstrativo acima mencionado, bem como o encaminhamento do presente ao Delegado da Receita Federal em Recife. Por conseqüência, seguindo o entendimento do Relatório Fiscal, foi proferido r. Despacho Decisório não homologando o pedido de compensação. (fls. 16) A Recorrente apresentou manifestação de inconformidade refutando a decisão eis que entende que o procedimento adotado pela fiscalização não é o mais adequado e requer a compensação dos créditos, ou então que se espere a solução definitiva o processo do Auto de Infração para que se tenha certeza da existência do crédito que se pretende compensar. A DRJ, negou provimento a manifestação de inconformidade e não homologou as compensações devido a falta de certeza e liquidez dos créditos relativos ao anocalendário de 2002. A fundamentação do v. acórdão foi no seguinte sentido, conforme abaixo colacionado: [...] Inconformada com o v. acórdão, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos da manifestação de inconformidade. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 225 8 O recurso foi posto em julgamento pela Terceira Turma Especial da Primeira Seção que proferiu Resolução por entender que o presente processo de compensação é conexo com o processo 19647.009690/200699, declinando a competência do julgamento para esta 2ª TO da 4ª Câmara da1ª Seção de Julgamento do E. CARF/MF. Restou também consignado que o que for decidido no processo do Auto de Infração irá repercutir neste processo de Compensação. Ou seja, entenderam, que o presente processo é decorrente do processo 19647.009690/200699. Após Embargos de Declaração, a C. Turma Especial decidiu manter a Resolução e remeter os autos para esta C. Turma Ordinária julgar conjuntamente o processo como o preâmbulo do Auto de Infração. O Recurso Voluntário do processo do Auto de Infração foi julgado da seguinte forma, conforme o resultado do julgamento abaixo colacionado. (Este processo encontrase em sede de Recurso Especial). Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício e acolher a argüição de decadência em relação à exigência da CSLL no anocalendário de 1998, 1999 e 2000. Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para cancelar a exigência da multa isolada. Vencidos os Conselheiros Leonardo de Andrade Couto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votaram por negar provimento ao recurso. Vencidos preliminarmente em votações sucessivas: i) O Conselheiro Carlos Pelá que acolheu a argüição de decadência em relação à amortização do ágio ; ii) Os Conselheiros Paulo Roberto Cortez, Moises Giacomelli Nunes da Silva e Carlos Pelá que davam provimento parcial para afastar a glosa da amortização do ágio na base de cálculo do IRPJ e CSLL, restabelecer parcialmente os saldos de prejuízos fiscais e bases de cálculo negativa da CSLL e cancelar a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. Designado o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto para redigir o voto vencedor. Ou seja, pelo teor do resultado do julgamento, deuse parcial provimento no que diz respeito aos anoscalendário de 2001 a 2004, apenas para excluir a exigência de multa isolada. Como pode ser observado, o acórdão supracitado não anulou o lançamento, e reconheceu que de fato, há crédito tributário a ser exigido. Sendo assim, no presente processo em que se discute a compensação realizada, não haveria que se falar em crédito, mas sim em débito tributário. Quanto ao ajuste de valores que foram apartados do processo do AI de ágio nos termos da Solução de Consulta Interna n° 18 de 13/10/2006, consta a explicação mais detalhada às fls. 11/12 do v. acórdão do Recurso Voluntário do processo final 200699, com o tópico Revisão de Ofício do Lançamento. Vejamos. Em 13/12/2006, a fiscalização apresentou Relatório de Informação Fiscal às fls. 3024/3027 e 3628/3632 (2673/2076 e 3257/3261 papel), esclarecendo que por força da interpretação adotada pela Solução de Fl. 225DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 226 9 Consulta Interna n°. 18 de 13/10/2006 e considerando o disposto no art. 10 da IN SRF n°. 600/2005, constatouse que a metodologia aplicada na elaboração de algumas planilhas de cálculo estavam em desacordo com o tratamento adequado e recomendado pela COSIT. A Solução de Consulta Interna n°. 18 de 13/10/2006 orienta no sentido de que no caso de compensação não homologada, os débitos de IRPJ ou CSLL estimativa não devem ser glosados para apuração do imposto a pagar no saldo de ajuste anual. Dessa forma, para assegurar a correta aplicação da Solução de Consulta mencionada e para observar a uniformidade de tratamento entre o critério adotado nos autos de infração e a metodologia a ser aplicada nos diversos processos de DCOMP em andamento, a fiscalização procedeu a revisão de ofício do lançamento, acatando as estimativas mensais de IRPJ e de CSLL declaradas em DCOMP objeto de compensação não homologada para efeitos de apuração do IRPJ e da CSLL. Ou seja, as estimativas mensais de IRPJ e da CSLL declaradas em DCOMP, objeto de compensação não homologada e que por força da Solução de Consulta citada foram acatadas nesta revisão para efeitos de apuração do IRPJ e da CSLL, serão tratadas em processos específicos e objeto de cobrança espontânea. Os pagamentos de estimativa mensal de IRPJ e da CSLL indevidos ou a maior foram aproveitados nesta revisão para dedução, respectivamente, do IRPJ e da CSLL devidos no anocalendário em que houve o pagamento indevido ou para compor o saldo negativo do período, conforme disposto no art.10 da IN n°. 600/2005. Já os débitos declarados em DCOMP para compensação com tais créditos serão objeto de não homologação e também de cobrança espontânea. A revisão dos valores inicialmente lançados no tocante às infrações 6 e 7, implicou em crédito tributário inferior ao lançado inicialmente. Em manifestação, a autuada afirma que a revisão do lançamento confirma o que foi aduzido na peça impugnatória no sentido de que as exigências relacionadas aos itens 6 e 7 não possuíam adequada fundamentação e nem mesmo simples explicações que possibilitassem saber qual suas origens e motivo. Afirma que a diminuição dos valores deveria ser motivada pelo cancelamento definitivo das exigências e não por sua transposição para outros processos. Assevera a empresa que não tem condições de avaliar o efeito da transposição de valores, pois segundo o próprio Relatório de Ação Fiscal serão cerca de 160 processos ao todo, e que assim, não é possível inferir se ao final haverá aumento ou não do valor da exigência total. Se houver aumento, afirma que haverá violação aos artigos 145 e 149 do CTN e que nesse caso as novas exigências, constantes dos processos de compensação, deverão ser canceladas, homologandose as compensações então realizadas. Finaliza, reafirmando todas as considerações já efetuadas na impugnação. Fl. 226DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 227 10 Insta informar que não consta juntado aos autos cópia do primeiro processo de compensação de número 19647.004738/200591, que foi citado no Relatório de Informação Fiscal. Pesquisando junto ao Comprot, este processo encontrase aguardando distribuição para ser relatado e julgado no CARF/MF. É o Relatório Fl. 227DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 228 11 Voto Conselheiro Leonardo Luis Pagano Gonçalves Relator O Recursos Voluntário é manifestamente tempestivo e sua matéria se enquadra na competência desse E. Colegiado. No processo 19647.009690/200699, objeto da motivação pelo não reconhecimento do crédito que se pretendia compensar (saldo negativo de IRPJ), restou consignado que esta C. Turma decidiu manter parcialmente o Auto de Infração, excluindo apenas exigência relativa a multa isolada do item 7. Pelo que pude constatar, nenhum dos 30 processos derivados da exclusão do crédito objeto do Auto de Infração foi julgado pelo E. CARF. Sendo que todos estão aguardando distribuição ou ainda não subiram para a instância "a quo". Entretanto, em relação ao crédito que poderia irradiar efeitos para estes 30 processos de compensação, o v. acórdão do Recurso Voluntário do processo do Auto de Infração número 19647.009690/200699, manteve integralmente o crédito em relação ao mérito, prejudicando o saldo negativo de IRPJ que se pretendia compensar nestes autos. Ou seja, em cumprimento a Solução de Consulta Interna 18/2006 e o art. 10 da IN SRF n°. 600/2005 a Fiscalização compensou de ofício créditos que se pretendi compensar aqui neste processo, no Auto de Infração de ágio, reduzindo a exigência do lançamento. Tal procedimento adotado pela Fiscalização, que utilizou o crédito que se pretendia compensar nesta DCOMP, acabou por configurar em débito a pagar, não homologando a compensação requerida, conforme exposto no Relatório de Informação Fiscal. Neste sentido, como os créditos que estavam sendo exigidos no Auto de Infração foram "retirados" compensados de ofício pela Fiscalização para serem exigidos e cobrados nos termos da Solução de Consulta Interna 18/2006 nos processos de compensação (DCOMPs), evitando assim a cobrança em duplicidade, entendo que o v. acórdão recorrido está correto, devendo ser mantido em seus termos. Assim, para por uma pá de cal neste assunto, conforme Demonstrativos colacionados no Relatório de Informação Fiscal, além de restar configurado que as estimativas não foram pagas, também restou configurado que não existe o crédito de saldo negativo de IRPJ que se pretendia usar para compensar com os débitos indicados na DCOMP e discriminados no Demonstrativo da Compensação do Crédito Saldo Negativo do CSLL do ano calendário de 2002 (partes A e B). Fl. 228DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 229 12 Por fim, para demonstrar que o procedimento adotado pela Fiscalização foi correto, colaciono a ementa da Solução de Consulta Cosite 18/2006 onde determina a cobrança de tais créditos nas DCOMPs não homologadas: “ Os débitos de estimativas declaradas em DCTF devem ser utilizados para fins de cálculo e cobrança de multa isolada pela falta de pagamento e não devem ser encaminhadas para inscrição em Dívida Ativa da União; Na hipótese de falta de pagamento ou de compensação considerada não declarada, os valores dessas estimativas devem ser glosados quando da apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado em DIPJ, devendo ser exigida eventual diferença do IRPJ ou da CSLL a pagar mediante lançamento de ofício, cabendo a aplicação de multa isolada pela falta de pagamento de estiativa. Na hipótese de compensação não homologada, os débitos serão cobrados com base em Dcomp e, por conseguinte, não cabe a glosa dessas estimativas na apuração do imposto a pagar ou do saldo negativo apurado na DIPJ.” (grifos nossos) De resto, como entendo que o v. acórdão recorrido deve ser mantido em seus termos, colacionoo abaixo para fundamentar meu voto e analisar todas as alegações da Recorrente. 6. Em decorrência de ação fiscal de que foi alvo a contribuinte, efetuouse lançamento para exigirlhe crédito tributário, tendo sido formalizado o processo n° 19647.009690/200699. Motivou a lavratura do auto de infração, entre outras infrações, o irregular tratamento fiscal dado pela impugnante ao ágio havido sobre operações com empresas. 7. 0 lançamento, no tocante ás mencionadas infrações, foi mantido em julgamento proferido pela Quarta Turma desta delegacia através do Acórdão n°21.175, de 13 de dezembro de 2007. 8. Refeitos os cálculos do lucro real e da base de cálculo da CSLL, com o expurgo dos reflexos advindos das infrações, apurouse saldo a pagar, e não saldo negativo da contribuição, conforme demonstrativos de fls. 10/15, inexistindo, portanto, o direito creditório postulado no presente processo. 9. Frisese ser incabível, no âmbito destes autos, a discussão pretendida pela impugnante acerca do tratamento fiscal do ágio, questão que, como já visto, é objeto de demanda no processo n° 19647.009690/200699, já julgado nesta instância administrativa. No presente processo, a contenda está circunscrita ao reconhecimento do direito creditório advindo do saldo negativo da CSLL apurado no ano calendário 2001, a partir do qual reivindica a empresa a compensação com débitos seus. 0 que interessa, aqui, é saber se, A luz da legislação regente, configurouse como indiscutivelmente apurado o saldo negativo, de sorte a habilitalo a compensação. Fl. 229DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 230 13 10. A resposta é negativa, haja vista que, desde o momento em que regularmente inaugurada a discussão sobre o saldo da CSLL, assentouse a circunstância de que o crédito aqui suplicado carece dos atributos de liquidez e certeza, em face do que não pode, A luz do art. 170 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 — Código Tributário Nacional (CTN), 1 ser utilizado na compensação de débitos neste ou em qualquer outro processo. 11. Embora não o requeira expressamente, a impugnante parece pretender o sobrestamento da presente lide até o julgamento final do processo n° 19647.009690/200699. Esclareçase inexistir previsão legal que autorize a suspensão do trâmite processual, como também não há norma que estabeleça o julgamento conjunto dos processos. 12. Alega ainda a impugnante que a decisão atacada teria sido decorrente da revisão de oficio havida nos autos do processo administrativo n° 19647.009690/200699. 0 argumento é equivocado, como passo a expor. 13. Naquele processo verificouse também, além das infrações relacionadas ao ágio , a dedução indevida das estimativas mensais do 1RPJ e da CSLL, que haviam sido objeto de compensação indevida. Em consequência das glosas, foram lavrados autos de infração para cobrança dos tributos ao final dos anoscalendário e da multa isolada pela falta das antecipações mensais. 14. Ocorre que, como as compensações haviam sido declaradas em DCOMPs que constituíam confissão de divida, tinhase por aplicável o entendimento esposado pela Coordenação Geral de Tributação através da Solução de Consulta Interna Cosit n° 18, de 13 de outubro de 2006, segundo o qual não cabe a glosa das estimativas, devendo os débitos ser cobrados com base em DCOMP. Como a referida solução de consulta foi posterior A lavratura dos autos de infração, foram os lançamentos revistos de oficio, reduzindo o crédito tributário antes exigido. 15. Assim, é através do presente processo que o débito da estimativa não homologada será cobrado, razão pela qual reduziuse o lançamento objeto daquele outro processo. 0 não reconhecimento do direito creditório discutido nestes autos em nada decorreu da revisão de oficio havida no processo n° 19647.009690/2006, e o débito que será cobrado por via do presente processo é rigorosamente aquele espontaneamente declarado pela contribuinte na DCOMP. Não sofreu, por conseguinte, nenhuma modificação em virtude do processo n° 19647.009690/200699, não havendo falar em ofensa aos arts. 145, 146 e 149 do CTN. Diante de todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento, mantendo o v. acórdão recorrido em seus termos. Fl. 230DF CARF MF Processo nº 19647.004730/200525 Resolução nº 1402002.618 S1C4T2 Fl. 231 14 A execução desta decisão deve aguardar a decisão definitiva do processo 19647.009690/200699. (assinado digitalmente) Leonardo Luis Pagano Gonçalves. Fl. 231DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.900281/2008-16
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jun 22 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 11 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2001
RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO.
A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal.
Numero da decisão: 1402-002.630
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO DE ANDRADE COUTO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2001 RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO FISCAL. COMPROVAÇÃO CERTA E LÍQUIDA DO INDÉBITO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A comprovação deficiente do indébito fiscal ao qual se deseja compensar ou ter restituído não pode fundamentar tais direitos. Somente o direito creditório comprovado de forma certa e líquida dará ensejo a compensação e/ou restituição do indébito fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Mateus Ciccone, Caio Cesar Nader Quintella, Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei e Leonardo de Andrade Couto (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 04 0. 90 02 81 /2 00 8- 16 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11040.900281/200816 Acórdão n.º 1402002.630 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra despacho decisório da DRF que não reconheceu direito creditório de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), não homologando as compensações com base no valor pretendido. A interessada apresentou PER/Dcomp informando disponibilidade de crédito em seu favor, derivada do pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal de IRPJ, efetuado por Darf. A contribuinte foi regularmente cientificada da decisão da DRF e apresentou tempestivamente manifestação de inconformidade. A contribuinte alega a existência de pagamento a maior do tributo. Sustenta que as divergências foram devidas a erro no preenchimento da DCTF: as informações de recolhimentos de IRPJ e CSLL não foram relacionadas no trimestre de sua competência e sim em outro trimestre. Acrescenta que a DIPJ também não relacionou, equivocadamente, os pagamentos por estimativa. Reconhece que haveria que se retificar a DCTF e DIPJ. A manifestação de inconformidade restou julgada improcedente, não lhe reconhecendo o direito creditório. Essencialmente, o contribuinte não teria apresentado provas do erro alegado e admitido pelo contribuinte, na forma dos arts. 15 e 16, § 4°, do Decreto 70.235/72, posto que o Darf foi utilizado inicialmente para quitar débito, em princípio devido até que se provasse o contrário , de estimativa. Inconformada com tal entendimento, interpôs Recurso Voluntário a este Conselho alegando, principalmente com base no Princípio da Verdade Material, que o equívoco do contribuinte não pode resultar na supressão de seu direito creditório, e que não há amparo legal para a negativa de seu pleito. Não foram apresentadas Contrarrazões pela PGFN. É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo de Andrade Couto, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402002.628, de 22.06.2017, proferido no julgamento do Processo nº 1040.900104/200911, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402002.628): O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, razão pela qual, dele conheço. Por inexistir preliminares, passo a análise de mérito. Fl. 63DF CARF MF Processo nº 11040.900281/200816 Acórdão n.º 1402002.630 S1C4T2 Fl. 4 3 MÉRITO Ainda que o contribuinte não tenha explicitado em seu Recurso, considerando que recolhe IRPJ e CSLL por estimativa mensal, concluise que apure tais tributos pelo lucro real anual. Nos termos do art. 10 da IN SRF nº 460/2004 e art. 10, da IN SRF nº 600/2005, “a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLL a título de estimativa mensal, somente poderá utilizar o valor pago ou retido na dedução do IRPJ ou da CSLL devida ao final do período de apuração em que houve a retenção ou pagamento indevido ou para compor o saldo negativo de IRPJ ou de CSLL do período.” Ou seja, durante a vigência de ambas as instruções normativas, não era permitido, mesmo por PER/DCOMP, utilizarse diretamente de créditos decorrentes de pagamento com DARF em valores indevidos ou maior do que o devido. Essa situação perdurou até o advento da IN RFB 900/2008, que revogou a IN SRF 600/2005 e não trouxe, em seu bojo, a vedação contida na instrução normativa revogada, de tal forma que, a partir de sua vigência, poderia o contribuinte optar em realizar, de imediato, a compensação de DARF pago a título de IRPJ ou CSLL por estimativa de forma indevida ou maior do que a devida e/ou, a seu critério, aguardar o ajuste na DIPJ, de tal forma que os valores recolhidos a maior compusessem o seu saldo negativo de IRPJ ou CSLL. As instruções normativas posteriores – IN RFB 1.300/2012 e alterações posteriores, que tratam da compensação, mantiveram a possibilidade inaugurada com o advento da IN RFB 900/2008. Para por fim a quaisquer dúvidas, foi expedida a Solução de Consulta Interna nº 19 COSIT, que pacificou o seguinte entendimento: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ESTIMATIVAS. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO. O art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, que admite a restituição ou a compensação de valor pago a maior ou indevidamente de estimativa, é preceito de caráter interpretativo das normas materiais que definem a formação do indébito na apuração anual do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, aplicandose, portanto, aos PER/DCOMP originais transmitidos anteriormente a 1º de janeiro de 2009 e que estejam pendentes de decisão administrativa. Caracterizase como indébito de estimativa inclusive o pagamento a maior ou indevido efetuado a este título após o encerramento do período de apuração, seja pela quitação do débito de estimativa de dezembro dentro do prazo de vencimento, seja pelo pagamento em atraso da estimativa devida referente a qualquer mês do período, realizado em ano posterior ao do período da estimativa apurada, mesmo na hipótese de a restituição ter sido solicitada ou a compensação declarada na vigência das IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005. Fl. 64DF CARF MF Processo nº 11040.900281/200816 Acórdão n.º 1402002.630 S1C4T2 Fl. 5 4 A nova interpretação dada pelo art. 11 da IN RFB nº 900, de 2008, aplicase inclusive aos PER/DCOMP retificadores apresentados a partir de 1º de janeiro de 2009, relativos a PER/DCOMP originais transmitidos durante o período de vigência da IN SRF nº 460, de 2004, e IN SRF nº 600, de 2005, desde que estes se encontrem pendentes de decisão administrativa. Dispositivos Legais: Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, arts. 2º e 74; IN SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004; IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005; IN RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008. Fixada a premissa que o contribuinte poderia apresentar PER/DCOMP em razão de pagamento indevido ou maior do que o devido de IRPJ ou CSLL por estimativa, passase a análise de certeza e liquidez dos créditos. A DRF responsável pela análise do PER/DCOMP e emissão do despacho decisório respectivo não questionou a existência do DARF e o seu recolhimento. Apontou, contudo, que o referido DARF teria sido integralmente utilizado para o pagamento da própria estimativa informada como devida e, desta forma, não haveria saldo para a compensação pleiteada pelo contribuinte ou, em alguns casos, reconheceu o pagamento a maior, homologando a compensação até o limite do crédito confirmado. O contribuinte reconhece, notadamente em sua impugnação, que cometeu erros nas informações prestadas em DCTF, embora não esclareça quais, bem como que não informou, nem em DCTF, nem em DIPJ, os recolhimentos das estimativas. Não é possível, à míngua de provas, especular qual seria o erro do contribuinte nas informações prestadas em DCTF. Contudo, a informação de que não teria informado, em DIPJ, os recolhimentos das estimativas, denota que é possível que mesmo no ajuste anual não tenha apurado os saldos negativos de IRPJ e CSLL que faria jus, os quais seriam, nos termos da legislação, passíveis de compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil, exceto previdenciários. Mesmo com a decisão da DRJ em mãos, o que possibilitou a apresentação de recurso voluntário dirigido a este Conselho, o contribuinte não apresentou documentos que pudessem dar a este Julgador elementos para aferir se, de fato, ele possui créditos líquidos e certos passíveis de compensação que pudessem justificar uma mudança no teor da decisão recorrida. Não foi apresentado, por exemplo, uma memória de cálculo com a apuração mensal das estimativas devidas, correlacionadas com os DARF’s pagos e, ao final do período de apuração, o fechamento do valor devido a título de IRPJ e CSLL, em linha com a DIPJ apresentada, para que se pudesse aferir que as estimativas recolhidas durante o ano pudessem ser em valor maior do que os tributos devidos e, assim, verificar a existência de saldo negativo passível de compensação. Desta forma, como não foi possível aferir a liquidez e certeza dos créditos oferecidos à compensação, pressuposto para a homologação (art. 170, CTN), pela inexistência de documentos Fl. 65DF CARF MF Processo nº 11040.900281/200816 Acórdão n.º 1402002.630 S1C4T2 Fl. 6 5 que pudessem comprovar o quanto alegado pelo contribuinte, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo a decisão de primeira instância e a não homologação das compensações declaradas. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Leonardo de Andrade Couto Fl. 66DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.993073/2011-95
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2006
PROVA DOCUMENTAL. ENTREGA INTEMPESTIVA. PRECLUSÃO.
Se o contribuinte não providenciar a entrega da prova documental juntamente com a impugnação, precluirá seu direito de apresentar documentos em outro momento, a menos que (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refira-se a fato ou a direito superveniente; (iii) destine-se a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos (artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972).
PEDIDO DE DILIGÊNCIAS. REQUISITOS PARA O DEFERIMENTO.
O inciso IV do artigo 16 do Decreto nº 70.235/1972 estabelece que o contribuinte deve expor, na peça impugnatória ou recursal, os motivos que justifiquem as diligências requeridas, com a formulação dos quesitos referentes aos exames pretendidos, sob pena de indeferimento.
RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. PROVA DOCUMENTAL. LASTRO DE TERCEIRO.
O pretendente ao reconhecimento do crédito decorrente do saldo negativo de CSLL deve estar municiado com elementos comprobatórios do direito que alega ter, fornecidos por terceiros, independentemente da obediência das fontes pagadoras das receitas auferidas ao comando da legislação que lhes determina a emissão da DIRF.
Numero da decisão: 1301-002.497
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto- Presidente.
(assinado digitalmente)
Flávio Franco Corrêa- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Flávio Franco Corrêa, Jose Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Júnior.
Nome do relator: FLAVIO FRANCO CORREA
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ENTREGA INTEMPESTIVA. PRECLUSÃO. Se o contribuinte não providenciar a entrega da prova documental juntamente com a impugnação, precluirá seu direito de apresentar documentos em outro momento, a menos que (i) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (ii) refirase a fato ou a direito superveniente; (iii) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidos aos autos (artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972). PEDIDO DE DILIGÊNCIAS. REQUISITOS PARA O DEFERIMENTO. O inciso IV do artigo 16 do Decreto nº 70.235/1972 estabelece que o contribuinte deve expor, na peça impugnatória ou recursal, os motivos que justifiquem as diligências requeridas, com a formulação dos quesitos referentes aos exames pretendidos, sob pena de indeferimento. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. SALDO NEGATIVO DE CSLL. PROVA DOCUMENTAL. LASTRO DE TERCEIRO. O pretendente ao reconhecimento do crédito decorrente do saldo negativo de CSLL deve estar municiado com elementos comprobatórios do direito que alega ter, fornecidos por terceiros, independentemente da obediência das fontes pagadoras das receitas auferidas ao comando da legislação que lhes determina a emissão da DIRF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos negar provimento ao recurso voluntário. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 99 30 73 /2 01 1- 95 Fl. 930DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 931 2 (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Presidente), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Flávio Franco Corrêa, Jose Eduardo Dornelas Souza, Milene de Araújo Macedo e Roberto Silva Júnior. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto por TELEFÔNICA BRASIL S/A contra acórdão da DRJ que julgou parcialmente procedente manifestação de inconformidade, apresentada em contestação a despacho decisório que homologou parcialmente a compensação declarada por meio da DCOMP nº 29556.49311.190208.1.3.0360128. Por bem retratar os fatos, reproduzo o relatório da autoridade julgadora a quo, adotandoo: “A interessada transmitiu, em 19 de fevereiro de 2008, a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) numerada 29556.49311.190208.1.3.0360128, alegando dispor de direito creditório oriundo de saldo negativo de CSLL – Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – apurado no exercício de 2007. DESPACHO DECISÓRIO Tal declaração foi examinada pela DRF de origem, que prolatou o Despacho Decisório de nº 009884255, de 1º de novembro de 2011, nos seguintes termos: Analisadas as informações prestadas no documento acima identificado e considerando que a soma das parcelas de composição do crédito informadas no PER/DCOMP deve ser suficiente para comprovar a quitação da contribuição social devida e a apuração do saldo negativo, verificouse: PARCELAS DE COMPOSIÇÃO DO CRÉDITO INFORMADAS NO PER/DCOMP Fl. 931DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 932 3 Valor original do saldo negativo informado no PER/DCOMP com demonstrativo de crédito: R$ 977.852,76 Valor na DIPJ: R$ 977.852,76 Somatório das parcelas de composição do crédito na DIPJ: R$ 298.904.630,63 CSLL devida: R$ 297.926.777,87 Valor do saldo negativo disponível = (Parcelas confirmadas limitado ao somatório das parcelas na DIPJ) (CSLL devida) limitado ao menor valor entre saldo negativo DIPJ e PER/DCOMP, observado que quando este cálculo resultar negativo, o valor será zero. Valor do saldo negativo disponível: R$ 879.194,21 Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página internet da Receita Federal, e integram este despacho. O crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados no PER/DCOMP, razão pela qual HOMOLOGO PARCIALMENTE a compensação declarada no PER/DCOMP acima identificado. De fls. 274 a 277, encontrase tabela intitulada “Parcelas Confirmadas Parcialmente ou Não Confirmadas” da “Análise das Parcelas de Crédito” que compõem o direito creditório. Ao exame, encontrase relação de retenções por fontes pagadoras, ordenadas segundo seu CNPJ, de 00.000.000/000434 a 00.000.000/113395, todas com o código 6190 (“SERVIÇOS RETENÇÃO EM PAGAMENTO POR ÓRGÃO PÚBLICO”). Os valores desta tabela totalizam R$ 98.705,75, dos quais R$ 47,22 foram considerados comprovados e R$ 98.658,53, não comprovados. A par disso, de fls. 254 a 274, encontrase a relação de “Contribuição Social Retida na Fonte – Parcelas Confirmadas”, que englobam diversas fontes pagadoras, cabendo destacar, à fl. 254, indicação da fonte 00.000.000/000191 e, de fls. 256 a 264, das fontes 00.000.000/1136 38 a 00.000.000/578002. Ciente em 21 de novembro de 2011 (fl. 253), a interessada apresentou, em 21 de dezembro de 2011, a manifestação de inconformidade de fls. 279 a 287, assim resumida: [...] Conforme consta do despacho decisório ora combatido, enquanto o valor do saldo negativo informado na DIPJ do ano base de 2006, que foi informado a DIPJ (Doc. 04) e no PER/DCOMP em comento, totaliza R$ 977.852,76 [...], o valor do saldo negativo reconhecido pela Fiscalização foi de apenas R$ 879.194,21 [...]. Isto porque foram apontadas como não comprovadas alguma retenções de CSLL sofridas na fonte no decorrer do anocalendário de 2006 [...] oriundas da prestação de serviços de telefonia pela ora Requerente ao Banco do Brasil [...]. Diz não ter obtido junto à fonte pagadora o comprovante destas retenções e apresenta planilha que [...] relaciona o CNPJ do órgão público tomador do serviço, o valor da operação, os montantes relativos aos tributos (IR e CSLL) que foram retidos Fl. 932DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 933 4 por ocasião do serviço prestado, bem como a escorreita declaração pela Requerente, dos mencionados valores em sua DIPJ. Afirma que “a documentação apresentada, sem prejuízo daquela a ser posteriormente juntada, prestase a comprovar as retenções não confirmadas pela Fiscalização” e que “a falta do Informe de Rendimentos [...] não pode inviabilizar o reconhecimento do crédito pleiteado”. Aduz que “a Fiscalização dispõe de todos os meios necessários para averiguar se, de fato, os valores foram efetivamente retidos pelo órgão público”. Requer seja feita [...] diligência para que a Fiscalização possa, inclusive, intimar o Banco do Brasil S/A a apresentar o competente Informe de Rendimentos [...].” No julgamento em primeira instância, verificouse que a Derat/SP admitira a comprovação de valores retidos por estabelecimentos do Banco do Brasil S/A (CNPJ básico igual a 00.000.000), no total de R$ 234.115,50. Ainda naquela instância, também constatouse, nos sistemas de informação da Receita Federal, que o estabelecimentomatriz do Banco do Brasil S/A apresentara DIRF (número do recibo 12.81.03.94.0088) com a informação de pagamentos e retenções de contribuições (código 6190), efetuados durante o anocalendário de 2006, em nome da interessada, nos montantes respectivos de R$ 23.452.852,53 e R$ 2.216.086,48 Tendo em conta que a CSLL a ser retida na fonte corresponde a 1% dos rendimentos pagos, conforme artigo 34 da Lei nº 10.833/2003 c/c artigo 64, § 6º, da Lei nº 9.430/1996, o valor da retenção incidente, a título de CSLL, é de R$ 234.528,52. Uma vez que a Derat/SP já reconhecera o valor de R$ 234,528,52, cumpria à DRJ atribuir à interessada, e de fato, atribuiu, o direito à diferença, qual seja, R$ 413,02. Decisão de primeira instância às fls. 770/775, assim ementada: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2007 COMPENSAÇÃO DIREITO CREDITÓRIO COMPENSAÇÃO Só é cabível o reconhecimento deste direito quando ele se reveste dos predicados de liquidez e certeza.” Ciência da decisão de primeira instância no dia 06/07/2015, à fl. 784. Recurso a este Colegiado às fls. 786/797, com entrada na repartição de origem no dia 04/08/2015. Nessa oportunidade, aduz o seguinte: a) como narrado nestes autos, a recorrente informou, na DIPJ do anocalendário de 2065 (doc. 4 da manifestação de inconformidade) e no PER/DCOMP examinado, que dispunha do crédito proveniente de saldo negativo de CSLL no valor de R$ 977.852,76, mas a Fiscalização só Fl. 933DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 934 5 reconheceu desse saldo negativo a parcela de R$ 879.194,21, ao argumento de que a retenção na fonte da parte restante não fora comprovada; b) as retenções reputadas como não comprovadas pela Fiscalização são oriundas da prestação de serviços de telefonia ao Banco do Brasil, ao qual impunhase a obrigação, quando do pagamento pelos serviços executados, de reter os montantes concernentes ao imposto de renda e à contribuição social sobre o lucro, por força de expressa imputação do artigo 34 da Lei n° 10.833/2003 c/c artigo 64 da Lei nº 9.430/1996; c) ao final do exercício financeiro, cabia ao Banco do Brasil, tomador do serviço prestado, emitir o correspondente Informe de Rendimentos ao prestador dos serviços, com a expressa indicação do valor do serviço tomado, bem como dos valores concernentes ao IRPJ e à CSLL que foram retidos quando da realização do pagamento; d) ocorre, porém, que, não obstante as várias tentativas para obter o referido documento fiscal, até o momento o Banco do Brasil não o entregou à recorrente. Todavia, como é de conhecimento, por se tratar de instituição pública e em razão do volume de operações que executa, na maioria das vezes é inviável a entrega tempestiva do Informe de Rendimentos aos clientes e prestadores que sofreram a retenção do IRRF e da CSLL; e) diante da ausência do Informe de Rendimentos, não restou alternativa à recorrente senão a apresentação de planilha (vide doc 05 da manifestação de inconformidade), na qual relacionou o CNPJ do estabelecimento bancário tomador do serviço, o valor da operação, os montantes relativos aos tributos (IR e CSLL) que foram retidos por ocasião do pagamento do serviço prestado, bem como a escorreita declaração dos mencionados valores na DIPJ; f) pela análise do aludido documento, fica claro que todos os valores apontados como não identificados pela Receita Federal foram destacados e retidos pelo Banco do Brasil e, por isso, considerados na composição do saldo negativo da CSLL apurado em 2006, declarado pela recorrente em sua DIPJ e no PERD/COMP; g) contudo, o julgador da instância a quo entendeu que a recorrente não teria apresentado documentos capazes de ilidir o trabalho fiscal, desconsiderando a demonstração trazida na citada planilha; Fl. 934DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 935 6 h) de fato, não se pode olvidar que o Informe de Rendimento é documento comprobatório da retenção do IRRF e da CSLL. Contudo, na ausência de comprovantes de retenção anual, porque não fornecidos pela instituição financeira, não pode recair sobre a recorrente qualquer ônus ou sanção pela falta da entrega, como a não homologação da compensação pleiteada; i) sendo possível a comprovação do direito creditório por qualquer documento hábil e idôneo capaz de confirmar os valores efetivamente retidos, como inegavelmente providenciado pela recorrente nestes autos, a compensação pleiteada não deve restar inviabilizada, conforme Solução de Consulta DISIT/SRRF05 n° 4, de 02 de abril de 2013; j) também a jurisprudência deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF vem reconhecendo que tal prova de retenção pode ser efetuada por outros meios que suportem as informações prestadas; k) como se não bastasse o entendimento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais acerca da possibilidade de apresentação de outros documentos para fins de comprovação das retenções promovidas pelos órgãos públicos, destacase, ainda, que a Administração Pública está vinculada ao princípio da verdade material, o qual deve sempre prevalecer sobre a verdade formal; l) no caso vertente, a documentação apresentada, sem prejuízo daquela a ser posteriormente juntada, prestase a comprovar as retenções não confirmadas pela Fiscalização e, por conseguinte, o direito da recorrente à integralidade do saldo negativo de CSLL apurado ao final do anocalendário de 2006; m) como é cediço, a Fiscalização dispõe de todos os meios necessários para averiguar se, de fato, os valores foram efetivamente retidos pelo Banco do Brasil, que é obrigado a transmitir declaração acerca de todas as retenções efetuadas no decorrer do anocalendário; n) caso tenha ocorrido a retenção "não comprovada", uma vez negada a compensação, estarseá diante de cobrança em duplicidade de um mesmo tributo, o que implicará enriquecimento sem causa da União Federal; o) assim, a recorrente reitera seu pedido pela conversão do presente julgamento em diligência, caso se entenda que as provas colacionadas aos autos não sejam suficientes à comprovação das retenções sofridas, intimandose o Fl. 935DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 936 7 Banco do Brasil S/A a apresentar o competente Informe de Rendimentos, a que faz jus à recorrente, para fins de comprovação do seu direito creditório; p) por todo o exposto, requerse, alfim, o provimento do presente recurso voluntário para reformar o acórdão recorrido, decindindose a favor da integral homologação da compensação vindicada pelo PER/DCOMP n° 29556.49311.190208.1.3.030128, com a consequente extinção de débitos relativos à PIS/PASEP, referente ao período de apuração de janeiro de 2008, uma vez comprovada a efetiva existência do crédito compensado pela recorrente; q) em caráter subsidiário, caso este Conselho considere necessária a obtenção de maiores esclarecimentos ou a apresentação de outros documentos, requer a realização de diligência, em especial, a intimação do Banco do Brasil para apresentação dos Informes de Rendimento, em questão. É o relatório. Voto Conselheiro Flávio Franco Corrêa, Relator No presente recurso, reuniramse os requisistos de recorribilidade. Dele conheço. Entende a recorrente que tem direito ao aproveitamento do saldo negativo de CSLL, apurado no calendário de 2006, no valor de R$ 977.852,76, decorrente da retenção da antedita contribuição, quando do pagamento de serviços prestados ao Banco do Brasil, por força do disposto no artigo 34 da Lei nº 10.833/2003 c/c artigo 64, § 6º, da Lei nº 9.430/1996. O valor de aludido crédito foi empregado pela recorrente no encontro de contas com débito de PIS/PASEP referente ao mês de janeiro de 2008, no valor de R$ 1.106.733,75, conforme PER/DCOMP de fls. 02/243. No entanto, a autoridade fiscal apenas reconheceu parcela do direito creditório reclamado, limitandoa à importância de R$ 879.194,21, negandose a admitir o crédito restante por falta de prova da retenção. Uma vez impugnada a decisão expressa no despacho decisório, coube à autoridade julgadora de primeira instância reconhecer o crédito adicional de R$ 413,02, valendose de pesquisa que empreendera na base de dados dos sistemas informáticos da Receita Federal, os quais revelaram a existência de DIRF apresentada em nome do estabelecimentomatriz do Banco do Brasil. Portanto, remanesce pendente de comprovação a quantia de R$ 98.245,53. Na presente instância, a recorrente renova o pedido já exposto na instância a quo, no sentido de que se acolham os dados por ela reunidos na planilha de fls. 764/767 ou, Fl. 936DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 937 8 subsidiariamente, que seja determinada a realização de diligência destinada a colher daquela fonte pagadora elementos comprobatórios da retenção do valor restante. Com efeito, podese perceber que a planilha que anexara à manifestação de inconformidade é composta por uma longa lista dividida em seis colunas: a primeira, com o código de retenção (sempre 6190); a segunda, com a indicação do CNPJ do estabelecimento que efetuou o pagamento do serviço prestado; a terceira, com o valor do pagamento; a quarta, com o valor do imposto de renda retido na fonte; a quinta, com o valor da contribuição social retida na fonte; a sexta, com a indicação do número do item da Ficha 50 da DIPJ, correspondente à contribuição social retida na fonte. A despeito do eventual descumprimento, por parte das fontes pagadoras, quanto às entrega de DIRF e dos Informes de Rendimento, cabe à recorrente, interessada no êxito de seu pleito de restituição/compensação, comprovar o recebimento das receitas, auferidas com as aplicações financeiras, devidamente descontadas das exações incidentes. Isso porque o pretendente ao reconhecimento do crédito deve estar municiado com os elementos comprobatórios do direito que alega ter, independentemente da obediência das fontes de rendimentos ao comando da legislação que lhes determina a emissão de DIRF e dos Informes respectivos, porquanto não se ignora que, enquanto contribuinte, a recorrente necessita lastrear sua contabilidade em documentos hábeis e idôneos a evidenciar os fatos para os quais está obrigada a efetuar o devido registro. Por tal perspectiva, não se pode conceber o emprego da prova pericial ou a realização de diligência para fins de obter material probatório cuja produção esteja na órbita dos encargos do recorrente, tendo em vista a obrigação de conservar os documentos relacionados aos fatos derivados de sua atividade, em conformidade com o artigo 264 do RIR/99: "Art. 264. A pessoa jurídica é obrigada a conservar em ordem, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, os livros, documentos e papéis relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 4º). § 1º Ocorrendo extravio, deterioração ou destruição de livros, fichas, documentos ou papéis de interesse da escrituração, a pessoa jurídica fará publicar, em jornal de grande circulação do local de seu estabelecimento, aviso concernente ao fato e deste dará minuciosa informação, dentro de quarenta e oito horas, ao órgão competente do Registro do Comércio, remetendo cópia da comunicação ao órgão da Secretaria da Receita Federal de sua jurisdição (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10). § 2º A legalização de novos livros ou fichas só será providenciada depois de observado o disposto no parágrafo anterior (DecretoLei nº 486, de 1969, art. 10, parágrafo único). § 3º Os comprovantes da escrituração da pessoa jurídica, relativos a fatos que repercutam em lançamentos contábeis de exercícios futuros, serão conservados até que se opere a decadência do direito de a Fazenda Pública constituir os créditos tributários relativos a esses exercícios (Lei nº 9.430, de 1996, art. 37). Fl. 937DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 938 9 Por outro lado, também é inegável que a juntada de todo o volume documental deve ser apresentado quando da impugnação tempestiva, precluindo o direito à entrega de documentos em momento futuro, salvo nas situações do artigo 16, § 4º, do Decreto nº 70.235/1972, verbis: “Art. 16 .... § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente; (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeitos) Os motivos expostos pela recorrente para a não entrega dos comprovantes do imposto de renda na fonte não são classificáveis entre os motivos de força maior. Em primeiro lugar, impende pôr em foco que a perda de prazo para a juntada de provas documentais pode decorrer da negligência do recorrente que atue em desrespeito à obrigação de guardar e preservar livros e demais documentos relativos a sua atividade, ou que se refiram a atos ou operações que modifiquem ou possam vir a modificar sua situação patrimonial, a teor do que prescreve o artigo 264 do RIR/99, já citado. Desde o momento em que a recorrente julgou conveniente prestar serviço de telefonia para o Banco do Brasil, tornouse obrigada a corresponder ao zelo exigível na preservação das evidências da tributação, na declaração de IRPJ, dos rendimentos auferidos e a comprovação das retenções efetuadas pela fonte pagadora. Consoante o parágrafo único do artigo 393 do Código Civil em vigor, o evento de força maior verificase no fato necessário cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Fato necessário é aquele que, sendo inescapável a qualquer atitude diligente, dá causa à impossibilidade de cumprimento da obrigação. A falta de apresentação dos comprovantes aludidos não tem como fato necessário a inércia das fontes pagadoras, porque os efeitos da não apresentação eram evitáveis, se a recorrente tivesse conservado notas fiscais de suporte aos lançamentos contábeis, planilhas e outros documentos que lhe oferecessem respaldo para, (i) além de revelar o oferecimento à tributação das receitas auferidas, em harmonia com o artigo 231 do RIR/99, (ii) também comprovar a retenção do imposto de renda na fonte. A ta respeito, vale referir que a jurisprudência deste Egrégio Conselho tem acolhido a comprovação da retenção do imposto retido na fonte à vista dos registros contábeis acompanhados da nota fiscal (ou fatura) respectiva e do recebimento do valor líquido. Confirase: “RETENÇÕES DE IMPOSTO NA FONTE. COMPROVAÇÃO. Na hipótese de a fonte pagadora não fornecer o comprovante anual de retenção, sua prova pode se dar por meio dos registros contábeis do beneficiário, acompanhados da nota fiscal ou fatura e da comprovação do valor líquido quitado pela fonte Fl. 938DF CARF MF Processo nº 10880.993073/201195 Acórdão n.º 1301002.497 S1C3T1 Fl. 939 10 pagadora.” (Acórdão nº 1101000.988 – 1ª Câmara/1ª Turma Ordinária – sessão de 10/10/2013, rel. Conselheira Edeli Pereira Bessa) Ressaltase do julgado selecionado a exigência de comprovação da entrada de divisas, o que não se revela factível sem o lastro de terceira pessoa, afinal “ninguém pode constituir título de prova a favor de si mesmo, porque é justificável a suspeita de que quem afirma, ou negue, um dado de fato o faça, ainda que contra a realidade, porém unicamente para favorecer seu próprio interesse”1. Essa ideia, que está por trás do § 1º do artigo 9º do Decreto lei nº 1.598/1977, consolidouse numa regra geral implícita ao direito probatório, no sentido de que os fatos que impliquem efeitos tributários favoráveis a quem os declara exigem prova documental hábil, o que exclui os que são produzidos pelo próprio declarante. Nesses termos, nego provimento ao recurso, em relação a esse item. É como voto. (assinado digitalmente) Flávio Franco Corrêa. 1 MESSINEO apud SEIXAS FILHO, Aurélio Pitanga. Princípios Fundamentais do Direito Administrativo Tributário – Função Fiscal, 2ª ed.. Rio de Janeiro: Forense, 1996, p. 56. Fl. 939DF CARF MF
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