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Numero do processo: 13964.000286/2003-38
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Jul 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001
LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
No denominado lançamento por homologação, em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, descabe falar em denúncia espontânea de infração na circunstância em que os valores foram declarados e recolhidos fora do vencimento.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF COM REPERCUSSÃO GERAL APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 91.
Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.
CORREÇÃO MONETÁRIA. UFIR.
A partir de 01/01/1996, os débitos fiscais não são mais corrigidos pela variação da UFIR.
ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 02
Aplicação da Súmula CARF nº. 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001
PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO.
A compensação de débitos tributários só pode ser efetuada com créditos líquidos e certos do sujeito passivo; no caso, os créditos pleiteados são inexistentes.
Numero da decisão: 1001-000.563
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001 LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. No denominado lançamento por homologação, em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, descabe falar em denúncia espontânea de infração na circunstância em que os valores foram declarados e recolhidos fora do vencimento. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF COM REPERCUSSÃO GERAL APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplica-se o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. CORREÇÃO MONETÁRIA. UFIR. A partir de 01/01/1996, os débitos fiscais não são mais corrigidos pela variação da UFIR. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 02 Aplicação da Súmula CARF nº. 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A compensação de débitos tributários só pode ser efetuada com créditos líquidos e certos do sujeito passivo; no caso, os créditos pleiteados são inexistentes.
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA DE INFRAÇÃO. INOCORRÊNCIA. No denominado lançamento por homologação, em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, descabe falar em denúncia espontânea de infração na circunstância em que os valores foram declarados e recolhidos fora do vencimento. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO. DEFINIÇÃO DO TERMO INICIAL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF COM REPERCUSSÃO GERAL APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 91. Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. CORREÇÃO MONETÁRIA. UFIR. A partir de 01/01/1996, os débitos fiscais não são mais corrigidos pela variação da UFIR. ALEGAÇÃO DE CONTRARIEDADE A PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DA SÚMULA CARF Nº. 02 Aplicação da Súmula CARF nº. 02: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001 PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 96 4. 00 02 86 /2 00 3- 38 Fl. 965DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 966 2 A compensação de débitos tributários só pode ser efetuada com créditos líquidos e certos do sujeito passivo; no caso, os créditos pleiteados são inexistentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efls. 863/911) interposto pela ora recorrente contra o Acórdão nº 0714.399, de 24/10/2008, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis/SC (efls. 841/852), objetivando a reforma do referido julgado. Dos fatos: A recorrente apresentou DCOMP para compensar débitos do PIS/PASEP (PA 10 e 11/2002) e da COFINS (PA 11 e 12/2002 e 01 a 04/2003), apontando como origem dos créditos pleiteados valores recolhidos a título de multa de mora (R$13.168,42) e "Pagamento Indevido ou a Maior" (R$5.965,77), apurados no processo administrativo n.° 13964.000286/200338. A recorrente invocou a Denúncia Espontânea disposta no art. 138 do CTN, para afastar a incidência da multa de mora sobre o pagamento de tributos efetuados em atraso. Como o primeiro Pedido de Restituição foi considerado nãoformulado por não ter sido feito de forma eletrônica (conforme estabelece o art. 3º da Instrução Normativa SRF n° 323/2003), a recorrente apresentou Declaração de Compensação em 07/08/2003, cujos valores dos créditos foram discriminados pela contribuinte (às fls. 50/56) nas "planilhas explicativas", sendo a seguir transcritos em planilha única: Nº Código do Tributo Data do Recolhimento Valor Recolhido Valor Devido Valor Disponível Valor Disponível Atualizado Origem Recolhimento Fl. Total por Tributo Fl. 966DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 967 3 1 2172 10/04/1997 2.646,64 61,97 2.584,67 5.771,31 Recolhido a maior DCTF X DARF 51 2 2172 26/12/1997 5.017,92 4.765,35 252,57 527,75 Multas art. 138 CTN 3 2172 04/09/1998 6.365,68 5.411,66 954,02 1.820,84 Multas art. 138 CTN 4 2172 20/01/1999 986,86 838,32 148,54 267,97 Multas art. 138 CTN 5 2172 31/03/1999 1.021,13 872,04 149,09 262,16 Multas art. 138 CTN 6 2172 14/05/1999 3.331,46 2.791,30 540,16 919,14 Multas art. 138 CTN 7 2172 18/05/1999 1.055,33 906,24 149,09 253,69 Multas art. 138 CTN 8 2172 20/05/1999 3.218,76 2.751,31 467,45 795,41 Multas art. 138 CTN 9 2172 21/05/1999 3.234,95 2.943,54 291,41 495,86 Multas art. 138 CTN 10 2172 22/06/1999 5.646,93 5.431,83 215,10 361,67 Multas art. 138 CTN 11 2172 17/08/1999 6.751,11 6.094,68 656,43 1.081,86 Multas art. 138 CTN 12 2172 16/12/1999 730,30 610,96 119,34 189,73 Multas art. 138 CTN 13 2172 20/12/2000 5.348,36 5.261,54 86,82 123,62 Multas art. 138 CTN 14 2172 30/03/2001 1.374,54 1.225,45 149,09 207,09 Multas art. 138 CTN 15 2172 27/04/2001 1.387,40 1.238,31 149,09 205,21 Multas art. 138 CTN 13.283,31 16 2362 30/04/1997 1.587,99 1.550,80 37,19 83,04 Recolhido a maior DCTF X DARF 52 83,04 17 2456 30/03/2001 439,43 392,79 46,64 64,78 Multas art. 138 CTN 53 18 2456 27/04/2001 443,54 396,90 46,64 64,20 Multas art. 138 CTN 128,98 19 2484 30/04/1997 1.270,39 1.240,64 29,75 66,43 Recolhido a maior DCTF X DARF 54 20 2484 15/12/1998 1.229,64 1.041,25 188,39 344,38 Multas art. 138 CTN 21 2484 14/05/1999 1.202,02 1.012,25 189,77 322,91 Multas art. 138 CTN 733,72 22 5993 21/10/1998 1.154,39 978,96 175,43 330,46 Multas art. 138 CTN 55 23 5993 17/12/1998 1.932,13 1.646,88 285,25 521,44 Multas art. 138 CTN 24 5993 12/05/1999 2.980,20 2.518,37 461,83 785,85 Multas art. 138 CTN 25 5993 12/05/1999 1.502,54 1.265,32 237,22 403,65 Multas art. 138 CTN 26 5993 18/05/1999 1.332,59 1.116,52 216,07 367,66 Multas art. 138 CTN 2.409,06 27 8109 15/04/1997 860,16 840,01 20,15 44,99 Recolhido a maior DCTF X DARF 56 28 8109 20/05/1998 583,01 487,99 95,02 187,45 Multas art. 138 CTN 29 8109 21/05/1998 872,05 780,27 91,78 181,05 Multas art. 138 CTN 30 8109 29/12/1998 695,17 582,71 112,46 205,58 Multas art. 138 CTN 31 8109 19/04/1999 598,00 590,21 7,79 13,44 Multas art. 138 CTN 32 8109 18/05/1999 721,80 604,77 117,03 199,14 Multas art. 138 CTN 33 8109 15/12/1999 1.095,74 918,68 177,06 281,49 Multas art. 138 CTN 34 8109 23/10/2000 1.336,76 1.136,47 200,29 290,22 Multas art. 138 CTN 35 8109 27/10/2000 693,14 586,97 106,17 153,84 Multas art. 138 CTN 36 8109 31/10/2000 622,62 526,18 96,44 139,74 Multas art. 138 CTN 37 8109 04/04/2001 947,10 889,04 58,06 79,91 Multas art. 138 CTN 38 8109 14/05/2001 2.455,73 2.063,95 391,78 534,58 Multas art. 138 CTN 39 8109 14/05/2001 827,79 695,73 132,06 180,2 Multas art. 138 CTN 40 8109 17/07/2002 582,00 578,18 3,82 4,46 Multas art. 138 CTN 2.496,09 TOTAL 19.134,19 Mediante Despacho Decisório (fl. 348 a 352), a DRF de Florianópolis/SC homologou parcialmente os seguintes créditos, tendo a autoridade declarado que: Dos pagamentos apontados como origem do crédito pleiteado, apenas os relacionados abaixo apresentam saldo disponível passível de utilização na compensação de débitos, totalizando o montante de R$ 1.293,22. Valor Recolhido Tributo Data Arrecadação Principal Multa Juros Valor Pleiteado Valor Disponível 2172 20/05/1999 2.724,07 467,45 27,24 467,45 116,87 2172 21/05/1999 2.943,54 291,41 0,00 291,41 184,56 2172 17/08/1999 6.027,84 656,43 66,84 656,43 656,43 2172 16/12/1999 596,70 119,34 14,26 119,34 119,34 2172 20/12/2000 5.261,54 86,82 0,00 86,82 34,74 5993 18/05/1999 1.080,33 216,07 36,19 216,07 59,21 8109 31/10/2000 482.20 96,44 43,98 96,44 91,91 8109 14/05/2001 1.958,88 391,78 105,07 391,78 17,52 8109 14/05/2001 660,31 132,06 35,42 132,06 12,64 Fl. 967DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 968 4 Montante Original Passível de Restituição em R$ 1.293,22 O mesmo Despacho Decisório não reconheceu os demais créditos, pelos seguintes fundamentos, em suma: 1 Pagamentos efetuados em data anterior à 5 anos da apresentação válida de Declaração de Compensação (ou seja, antes de 07/08/1998) foram alcançados pela decadência, além de terem sido integralmente alocados aos débitos apurados nos períodos correspondentes. Quanto aos valores recolhidos a título de multa de mora, além de afirmar que a espontaneidade de que trata o artigo 138 do CTN não afasta a incidência da multa de mora, os outros argumentos no Despacho Decisório para a nãohomologação dos créditos foram: 2 "Os pagamentos da COFINS, código 2172, data de arrecadação 20/01/1999, 30/03/2001, 27/04/2001, 31/03/1999, 18/05/1999 (fls. 329/330) e do IRPJ, código 2456, data de arrecadação 30/03/2001 e 27/04/2001 (fls. 331) foram integralmente alocados para quitação do parcelamento deferido no processo administrativo n.° 13964.000057/9994, não apresentando nenhum saldo disponível". 3 "Os pagamentos da COFINS, código 2172, data de arrecadação 04/09/1998, 14/05/1999 e 22/06/1999 (fls. 325); da CSLL, código 2484, data de arrecadação 15/12/1998 e 14/05/1999 (fls. 326); do IRPJ, código 5993, data de arrecadação, 21/10/1998, 17/12/1998, 12/05/1999 e 12/05/1999 (fls. 326); do PIS, código 8109, data de arrecadação 29/12/1998, 19/04/1999, 18/05/1999, 15/12/1999, 23/10/2000, 27/10/2000, 04/04/2001 e 17/07/2002 (fls. 327/328) foram integralmente alocados aos débitos apurados nos períodos correspondentes, não apresentando nenhum saldo disponível". Da manifestação de inconformidade Irresignada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade (f. 365 a 390), na qual argumenta, em síntese, quanto à ineficácia da decisão e da atuação do órgão julgador e dos direitos e garantias individuais; da imprescritibilidade e da ilegalidade do art. 3° da Lei Complementar n° 118/05 da nova posição do STJ; da realização de diligências para a busca da verdade material; contra a cobrança da multa de mora no caso de denúncia espontânea; e da conversão em UFIR para atualização monetária dos tributos. A DRJ julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade e publicou o acórdão com a seguinte ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/1991 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PRAZO DECADENCIAL. O direito de pleitear a restituição extinguese com o decurso do prazo decadencial de cinco anos, contado da data do pagamento indevido. PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. PRAZO PARA HOMOLOGAÇÃO. Fl. 968DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 969 5 O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Expirado esse prazo, sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologada a compensação. CORREÇÃO MONETÁRIA. UFIR. A partir de 01/01/1996, os débitos fiscais não são mais corrigidos pela variação da UFIR. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 07/08/1998 a 14/05/2001 CONTESTAÇÃO AO DESPACHO DECISÓRIO. INAUGURAÇÃO DA FASE LITIGIOSA. A apresentação de manifestação de inconformidade às Delegacias de Julgamento, contra despacho decisório exarado pela autoridade competente das Delegacias da Receita Federal do Brasil, instaura a fase litigiosa. ARGUIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. Ciente da decisão de primeira instância em 10/11/2008, conforme Aviso de Recebimento à efl. 861, a recorrente encaminhou o recurso voluntário via Sedex Correios, sendo postado em 26/11/2008, conforme carimbo aposto no envelope (efl. 961). É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator O recurso apresentado atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, que regula o processo administrativofiscal (PAF). Dele conheço. No recurso interposto a recorrente reitera os apresentados em sede de primeira instância, ou seja, em suma, discorre sobre o lançamento por homologação; da ilegalidade do art. 3° da Lei Complementar n° 118/05 e da decisão do STJ que "derrubou a intenção do governo federal de reduzir, de forma retroativa, de dez para cinco anos o prazo para que empresas pegam a devolução de tributos pagos a maior". Reitera os argumentos da denúncia espontânea e da Fl. 969DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 970 6 conversão em UFIR para atualização monetária dos tributos, sobre os Direitos e Garantias Individuais. Questiona a decisão da primeira instância quanto à incompetência para apreciação de ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação. Entende que o órgão administrativo, possui sim, competência para julgar a inconstitucionalidade dos atos normativos e cita alguns julgados do antigo Conselho de Contribuintes e doutrina para sustentar sua posição. Da denúncia espontânea Penso que a solução da presente controvérsia passa, necessariamente, pela apreciação das disposições legais que tratam da incidência de MULTA na cobrança de tributos e contribuições administrados pela Receita Federal. A Lei nº. 9.430, de 1996, diploma legal em vigor que trata da matéria, assim dispõe: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: ... Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. § 1º A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do tributo ou da contribuição até o dia em que ocorrer o seu pagamento. § 2º O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento. § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Vêse, pois, que, tratandose de lançamento de ofício, as multas aplicáveis são as descritas no artigo 44 da lei. Nos demais casos, a multa é a assinalada pelo artigo 61. A súmula nº. 360 do Superior Tribunal de Justiça, tratando da denúncia espontânea, preconizou: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lançamento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo. Fl. 970DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 971 7 Ainda que, a partir da aplicação das disposições do art. 138 do CTN em detrimento do disposto no art. 61 da Lei nº. 9.430/96, não se avance na análise acerca de um possível afastamento por parte da autoridade administrativa da lei de vigência, o que, no caso deste Colegiado, poderseia argumentar não ser possível face as disposições do art. 62 do Regimento Interno, entendo que o pronunciamento do Superior Tribunal de Justiça refletido na súmula acima reproduzida decorre do fato de que, no lançamento por homologação, o dever de apurar a base de cálculo do tributo, efetuar o seu pagamento e, por meio de declaração, prestar as informações relativas a esses procedimentos à Administração Tributária, é do próprio sujeito passivo. Nesse contexto, revelase absolutamente impróprio dizer que o sujeito passivo que cumpre com as determinações prescritas pela legislação para a modalidade de lançamento em referência está “denunciando espontaneamente" a infração. Assim, mesmo desconsiderando qualquer análise acerca da ausência de conflito entre a norma trazida pelo art. 138 do CTN e a preconizada pelo art. 61 da Lei nº. 9.430/96, resta fora de dúvida que, nos tributos e contribuições submetidos ao denominado lançamento por homologação, tendo o sujeito passivo antecipado o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, descabe falar em denúncia espontânea da infração. O Superior Tribunal de Justiça, apreciando recurso especial representativo de controvérsia (art. 543 do CPC), escudandose na súmula nº 360, reafirmou que "a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco" (Resp 1149022/SP RECURSO ESPECIAL 2009/01341424, Relator o Ministro Luiz Fux). Quanto à esta matéria, portanto, não é merecedora de reparos a decisão de primeiro grau. Do prazo prescricional Quanto à prescrição do direito de pleitear o indébito tributário, discordo da decisão proferida pela DRJ. A respeito dessa matéria, houve pronunciamento do STF em sede de repercussão geral no RE n° 566.621 (j. 4/8/2011), e do STJ sob o rito de recurso repetitivo nos REsp n° 1.002.932/SP (j. 25/11/2009) e n° 1.269.570/MG (j. 23/5/2012), julgados os quais deve este Colegiado observar, tendo em vista o disposto no 62 Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 343 de 09/06/2015. O entendimento exarado por esses tribunais superiores é no sentido de que o prazo para o contribuinte pleitear restituição de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, para os pedidos protocolizados antes da vigência da Lei Complementar n° 118/05, ou seja, antes de 09/06/2005, é de 5 (cinco) anos, conforme o artigo 150, § 4° do CTN, somado ao prazo de 5 (cinco) anos previsto no artigo 168, I desse Código. Fl. 971DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 972 8 Em outros termos, os contribuintes têm nessas situações o prazo total de 10 (dez) anos, a partir do fato gerador, para pleitear restituição do tributo indevidamente recolhido. Nesse rumo, diversas decisões da CSRF já se pronunciaram, como por exemplo os Acórdãos nos 9900000.382 (j. 28/8/2012), 9202003176 (j. 6/5/2014) e 9202004.021 (j. 12/5/2016). O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula CARF nº. 91: Súmula CARF n° 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador. De sua parte, a Procuradoria, em interpretação do RE n° 566.621, aprovou o Parecer PGFN/CRJ/N° 1247/2014, no qual concluiu que: (...) os já mencionados precedentes posteriores, bem como o atual contexto, recomendam a adoção de orientação mais flexível, entendendo, sob a ótica da ratio decidendi do julgado em repercussão geral (Tema n° 04), que, em se tratando de pleito administrativo anterior à vigência da LC n° 118/2005 ou de demanda judicial que, embora posterior, seja a este (anterior) relativa (art. 169 do CTN), deve ser observada a sistemática da "tese dos cinco mais cinco". Desta forma, e por força do quanto disposto na Súmula CARF n° 91 do CARF, concluise que o prazo para o pedido de restituição efetuado antes da entrada em vigor da Lei Complementar n° 118/05, tem como termo inicial a data do pagamento indevido, findando o mesmo após dez anos. Traçado esse sintético panorama do tema, temse no caso concreto que o contribuinte protocolizou pedido de compensação em 07/08/2003. Como o pedido de restituição é anterior à Lei Complementar que alterou o Código Tributário Nacional, nos termos da Súmula CARF nº. 91, nenhum dos créditos relacionados acima foram alcançados pela prescrição. No entanto, considerando que a DRF/Florianópolis, ao analisar os pagamentos efetuados antes de 07/08/1998, constatou que os mesmos foram integralmente alocados aos débitos apurados nos períodos correspondentes, não há, portanto, para a recorrente direito creditório sobre estes pagamentos. Da apreciação de ilegalidade e inconstitucionalidade da legislação Com em relação às supostas inconstitucionalidades alegadas, como acertadamente consignou a decisão recorrida é vedado ao julgador administrativo negar aplicação de lei sob alegação de inconstitucionalidade. O tema é pacificado no âmbito deste Conselho Administrativo, nos termos da Súmula CARF nº. 02: Súmula CARF nº. 02: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de Lei Tributária”. Fl. 972DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 973 9 Outrossim, a autoridade administrativa é vinculada à legalidade estrita, seja nos termos da Lei 8.112 de 1990, em seu artigo 116, III, seja pelo artigo 41, inciso IV, do Anexo II, do atual Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015. Assim, a partir do momento em que a norma é inserida em nosso sistema legislativo, é obrigação da autoridade administrativa a sua aplicação, não cabendo ao julgador administrativo expressar seu juízo de valor por eventuais injustiças que esta norma tenha causado, papel este incumbido aos tribunais competentes. A hipótese colocada, sem dúvida alguma, configura aquela a situação prevista na Súmula acima mencionada, desta forma, entendo que a decisão recorrida não merece ser reformada quanto aos pontos alegados pela recorrente. Quanto aos demais argumentos, estes foram fundamentadamente afastados em primeira instância, pelo que peço vênia, para transcrever, a seguir, excertos do voto condutor do acórdão recorrido, adotandoo desde já como razões de decidir, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999 c/c o §3º do art. 57 do RICARF: Da ineficácia da decisão, da atuação do órgão julgador e dos direitos e garantias individuais (...) Em análise do argüido, constatase que não assiste razão à recorrente. Conforme caput do art. 47 da Instrução Normativa n° 600/2005, a competência para promover a homologação de compensação declarada pelo sujeito passivo é do titular da Delegacia da Receita Federal que, à data da homologação, tenha jurisdição sobre o domicílio fiscal do contribuinte: Art. 47. A homologação de compensação declarada.pelo sujeito passivo à SRF será promovida pelo titular da DRF, da Derat ou da Deinf que, à data da homologação, tenha jurisdição sobre o domicílio tributário do sujeito passivo, No caso em concreto, consta que o despacho decisório (f. 352) foi subscrito pelo chefe da Seção de Orientação e Análise Tributária Seort, com base na delegação de competência constante da Portaria DRF/FNS n° 159/2007, publicada no DOU de 29/06/2007. Deste modo, havendo resistência à pretendida compensação, por parte da autoridade competente, o sujeito passivo pode apresentar manifestação de inconformidade à Delegacia de Julgamento, inaugurando, assim, o litígio. É o que prevê o art. 48 da referida IN SRF n° 600/2005, nos seguintes termos: Art. 48. É facultado ao sujeito passivo, no prazo de trinta dias, contado da data da ciência da decisão que indeferiu seu pedido de restituição ou de ressarcimento ou, ainda, da data da ciência do despacho que nãohomologou a compensação por ele efetuada, apresentar manifestação de inconformidade contra o nãoreconhecimento do direito creditório ou a nãohomologação da compensação. Fl. 973DF CARF MF Processo nº 13964.000286/200338 Acórdão n.º 1001000.563 S1C0T1 Fl. 974 10 Como se vê, o procedimento de análise das declarações de compensação apresentadas teve início na DRF que jurisdiciona o domicílio do sujeito passivo, em estrita observância à legislação processual em vigor. Por outro lado, consta do despacho decisório recorrido, a motivação para não considerar na composição do indébito os encargos moratórios, assim como os pagamentos efetuados há mais de cinco anos da entrega da declaração de compensação. Ante tal fundamentação, o interessado pode exercer plenamente seu direito de defesa, apresentando as razões de sua discordância, de modo que não se verifica qualquer ato que possa caracterizar excesso por parte da autoridade a quo. Da conversão em UFIR (...) Acerca do assunto, é de se esclarecer que a correção pela UFIR não se aplica ao caso dos autos, pois só foram aceitos pagamentos efetuados a partir de 07/08/1998, pois já havia transcorrido o prazo para repetição dos valores recolhidos anteriormente a esta data. Nesta data já não havia previsão para correção pela UFIR dos débitos tributários, posto que o art. 30 da Lei n° 9.249/95, determinou que: Art. 30 Os valores constantes da legislação tributária, expressos em quantidade de UFIR serão convertidos em Reais pelo valor da UFIR vigente em 1 o de janeiro de 1996. Destarte, não merece acolhida o pleito da recorrente. Por todo o exposto acima, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 974DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720906/2013-24
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CONCOMITÂNCIA DE PEDIDOS NA MATÉRIA MERITÓRIA.
A propositura pelo sujeito passivo, contra a Fazenda, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto quanto ao mérito do litígio, importa a renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto.
Numero da decisão: 3302-005.394
Decisão: Recurso de Ofício Negado
Crédito Tributário Mantido em Parte
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário.
[assinado digitalmente]
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
[assinado digitalmente]
Maria do Socorro Ferreira Aguiar - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo.
Nome do relator: MARIA DO SOCORRO FERREIRA AGUIAR
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CONCOMITÂNCIA DE PEDIDOS NA MATÉRIA MERITÓRIA. A propositura pelo sujeito passivo, contra a Fazenda, de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou posteriormente à autuação, com o mesmo objeto quanto ao mérito do litígio, importa a renúncia às instâncias administrativas ou desistência de eventual recurso interposto. Recurso de Ofício Negado Crédito Tributário Mantido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário. [assinado digitalmente] Paulo Guilherme Déroulède Presidente. [assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar Relatora. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, José Fernandes do Nascimento, José Renato Pereira de Deus, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Jorge Lima Abud, Diego Weis Júnior, Raphael Madeira Abad e Walker Araújo. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 09 06 /2 01 3- 24 Fl. 1645DF CARF MF 2 Relatório Por bem descrever os fatos ocorridos até o presente momento processual, os quais foram relatados de forma minudente, adoto o relatório da r. decisão recorrida, conforme a seguir transcrito: Trata o presente processo de autos de infração de fls. 984/991 e 992/1001, lavrados pela Deinf/SPO em decorrência da falta de recolhimento do Pis e da Cofins, consubstanciando exigência de crédito tributário referentes aos fatos geradores ocorridos no período de 01/06/2009 a 31/12/2010, nos valores totais de R$ 4.884.159,11 (Pis) e R$ 30.056.363,67 (Cofins). A autuação fiscal recaiu sobre as receitas financeiras, em especial sobre as correspondentes aos investimentos compulsórios efetuados com vistas à formação das chamadas "reservas técnicas". Isso porque, por ocasião do procedimento fiscal, o contribuinte foi intimado (Termo nº 06) a (i) justificar a não inclusão de tais receitas na base de cálculo das contribuições, a (ii) demonstrar o valor das citadas reservas técnicas, fazendo referência à respectiva base legal de cada componente, bem como a (iii) demonstrar a parcela das receitas financeiras que não seja decorrente da aplicação dos aludidos investimentos compulsórios (fl. 487). Em resposta ao solicitado no item (i) esclareceu por meio do documento de 10/07/2013 “que a partir da revogação do parágrafo 1º do artigo 3º da Lei 9.718/98 pela Lei n° 11.941/09, artigo 79, inciso XII, as receitas financeiras, inclusive aquelas oriundas de investimentos compulsórios efetuados para a formação das reservas técnicas da seguradora, deixaram de compor a base de cálculo do PIS e da COFINS a partir de 06/2009" (fls. 488/489). Não tendo apresentado resposta aos itens (ii) e (iii) supra, o contribuinte foi novamente intimado (Termo nº 08) a apresentar os esclarecimentos faltantes (fl. 964). Em resposta datada de 23/07/2013 (fls. 965/966), a empresa reiterou o constante da resposta de 10/07/2013. No item 2 a 4 manteve igualmente o teor da citada resposta, cuja cópia é apresentada a seguir: ”2. Considerando a resposta do item anterior, deixamos de apresentar os valores das reservas técnicas tendo em vista não fazerem parte da base de cálculo do PIS e da COFINS. 3. Considerando a resposta do item 1 deixamos de apresentar as receitas financeiras decorrentes dos investimentos compulsórios, tendo em vista não fazerem parte da base de cálculo do PIS e da COFINS. (...)”A empresa optou por não apresentar o valor das reservas técnicas e das demais receitas financeiras, fazendo referência à respectiva base legal de cada componente (itens 2 e 3 da intimação) e, assim, dada a divergência de interpretação entre o contribuinte e a União sobre os efeitos da revogação do §1° do art. 3º da Lei n° 9.718/1998 decidiu a Fiscalização pelo lançamento tributário de Pis e Cofins para períodos de apuração a partir de 06/2009 sobre a totalidade das receitas financeiras Fl. 1646DF CARF MF Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302005.394 S3C3T2 Fl. 1.646 3 (exceto os valores de receitas de imóveis de renda) constantes na conta 36.1 – Receitas Financeiras, conforme planilhas apresentadas pelo contribuinte em 28/03/2013. Inconformada, a recorrente apresentou impugnação, alegando em síntese: (i) a nulidade do Auto de Infração por ter sido lavrado sem a descrição dos fatos, por não demonstrar a composição do grupo “receita financeira”, de acordo com a Resolução CNSP nº 86, de 2002, acarretando o cerceamento de defesa; (ii) que as receitas financeiras auferidas pela recorrente não correspondem ao conceito de faturamento nos termos da Lei nº 9.718, de 1998, considerando a revogação do §1º do artigo 3º da referida lei pela Lei nº 11.941, de 2009; (iii) que as receitas de resseguro, cosseguro e retrocessão não representam ingresso efetivo de receita; (iv) a não incidência das exações sobre as reservas técnicas; (v) a inaplicabilidade da multa agravada de 112,5%; e (vi) a inaplicabilidade da taxa Selic sobre a multa de ofício (fls. 1012/1039). Em 28/04/2014, a 16ª turma da DRJ/RJ1, proferiu o Acórdão nº 1262.875 (fls. 1223/1243), cuja ementa foi vazada nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010 NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Tendo sido o auto de infração lavrado em estreita obediência aos ditames da norma processual regente, dando total condição ao impugnante de expressar plenamente sua inconformidade com a exigência nele efetuada, não há que se falar em cerceamento do direito de defesa muito menos na nulidade do procedimento fiscal. AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. Em face do princípio constitucional de unidade de jurisdição, a existência de ação judicial, em nome da interessada, importa renúncia às instâncias administrativas quanto à mesma matéria, sendo de se aplicar o que for definitivamente decidido pelo Poder Judiciário. MATÉRIA TRIBUTÁVEL. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DA PROVA. DEVER DA FISCALIZAÇÃO. No momento de se verificar os fatos constitutivos de seu direito de exigir determinada exação fiscal, a Fazenda Pública tem o dever de provar o que vier a constituir. Na ocasião, em respeito ao princípio da unidade de jurisdição, consagrado no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal de 1988 e alinhado ao entendimento perfilhado por meio do Parecer PGFN nº 25.046/1978 e do Ato Declaratório Normativo Cosit nº 03/1996 o colegiado não examinou o mérito das alegações suscitadas por meio dos itens (i) a (iv), em razão de haver Fl. 1647DF CARF MF 4 concomitância de questões levadas à apreciação do Poder Judiciário por meio dos processos judiciais nº 99.00140400 (Cofins) e nº 2005.61.00.0112354 (Pis). Todavia, esta DRJ exonerou a autuação fiscal por ter entendido que inexiste previsão legal que autorize que o arbitramento da base de cálculo seja efetuado da forma como ocorrido, ou seja, atribuindolhe indiscriminadamente o valor total das receitas financeiras por estarem indisponíveis os valores correspondentes às reservas técnicas, ainda que tal indisponibilidade tenha decorrido da negativa do contribuinte em prestar tais informações ao Fisco. Com a exoneração total do crédito tributário lançado, restaram prejudicadas as alegações referentes às questões (v) e (vi) trazidas na peça impugnatória referentes ao agravamento da multa de ofício para o patamar de 112,50% e à incidência de juros de mora sobre a aludida penalidade. Em apreciação de recurso de ofício interposto nos termos do art. 34, inciso I, do Decreto nº 70.235, de 1972, a 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do CARF, por meio do Acórdão nº 3302002.835, de 28 de janeiro de 2015, reformou a decisão de primeira instância para restabelecer integralmente a exação fiscal original, por entender que constitui dever do contribuinte prestar os esclarecimentos necessários solicitados pela autoridade fiscal, acarretando a falta ou recusa a possibilidade de lançamento com as informações de que se dispuser (fls. 1265/1274). Com isso, a aludida decisão devolveu para apreciação por este colegiado as questões relativas ao agravamento da multa de ofício para o patamar de 112,50% e à incidência de juros de mora sobre a aludida penalidade, as quais não foram objeto de apreciação anterior, conforme teor do Acórdão nº 1262.875, de 28/04/2014, da 16ª turma da DRJ/RJ1 (fls. 1223/1243). (grifei) O contribuinte interpôs os Embargos de Declaração contra suposta obscuridade da decisão do CARF (fls. 1284/1290), os quais tiveram negado o seguimento, nos termos do Despacho nº 3302030, de 03 de junho de 2015, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do CARF (fls. 1312/1313). Apresentou, então, Recurso Especial (fls. 1322/1327) à Câmara Superior, o qual não foi conhecido pela 3ª Turma da CSRF por ausência de dissídio jurisprudencial, tendo em vista que o acórdão apontado como paradigma trata de discussão distinta da aqui debatida. Assim, não haveria que se falar em divergência jurisprudencial, quando estão em confronto situações diversas, que atraem incidências específicas, cada qual regida por legislação própria. Não se estaria diante de divergência interpretativa, mas fática (Acórdão nº 9303003.429, fls. 1391/1395). Contra a referida decisão, o contribuinte interpôs os embargos de fls. 1404/1408, os quais foram rejeitados em caráter definitivo (fl. 1432). Desta feita, como já adiantado, retornaramse os autos para esta 16ª turma da DRJ/RJO para que fossem apreciadas exclusivamente as questões relativas à aplicação da multa de Fl. 1648DF CARF MF Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302005.394 S3C3T2 Fl. 1.647 5 ofício agravada ao patamar de 112,50% e à incidência de juros de mora sobre a referida multa, as quais não foram objeto de juízo anterior. Nesse sentido, foram essas as considerações do sujeito passivo acerca da matéria trazidas na peça impugnatória de 25/09/2013 (fls. 1031/1036): Na remota hipótese de se considerar devido o lançamento exigido na presente autuação, o que se admite apenas a título de argumentação, há de se convir que a multa então aplicada não deve subsistir; Impossível entender pela omissão de informações, já que, intimada, a Impugnante apresentou os esclarecimentos e os documentos solicitados pela Fiscalização. Basta analisar as fls. 17/49 e 482/963 dos autos, para concluir que a impugnante atendeu a todas as solicitações fiscais; Nada obstante, é importante frisar que, atualmente, o processo conta com mais de 1000 folhas; ou seja, como pode a impugnante ter sido omissa com a enorme quantidade de documentos juntados aos autos; Com o devido acatamento, não cabe à Impugnante trazer os referidos documentos nos exatos moldes exigidos pela Fiscalização, obrigandoa a declarar algo que não concorda, como admitir/confessar situações que não estão de acordo com o entendimento da lei; Mas, independentemente da forma em que foram apresentados, é fato que a impugnante colaborou com a Fiscalização, sendo inviável a aplicação de penalidade agravada por suposta omissão; Aplicar multa de 112,5% sob o argumento de que a impugnante não atendeu o requerido na fiscalização é completamente contraditório, pois, a própria autuação teve como base as planilhas apresentadas pela empresa, no decorrer do processo de fiscalização; De toda forma, caso se admita que a impugnante deixou de prestar as informações solicitadas pelo Fisco, o que se admite apenas e tão somente para argumentar, é fato que tal procedimento não causou qualquer prejuízo ao Erário; Não é demais ressaltar que a impugnante em momento algum agiu com dolo, fraude ou simulação, tendo cooperado com a fiscalização e respondido a todas as intimações recebidas. Dessa forma, a penalidade de 112,5% transcende desproporcionalmente os limites da razoabilidade, carregando consigo efeitos confiscatórios; A questão é pacífica desde longa data. O Ministro Moreira Alves já reconheceu, por exemplo, que o STF admite a "redução da multa moratória imposta com base em lei, quando ela Fl. 1649DF CARF MF 6 assume, pelo seu montante desproporcionado, feição confiscatória" (RE nº 91.707. DJ 29/2/1980); Conforme amplamente exposto, portanto, resta demonstrada a aversão da jurisprudência à aplicação de multas exorbitantes, mormente em casos como o presente, em que a impugnante agiu sempre pautada no princípio da boafé, prestando todas as informações solicitadas ao Fisco, não ensejando, desse modo, qualquer dano ao Erário Público; Diante desse cenário, resta evidente que a multa no presente caso deve ser relevada, ou, ao menos, reduzida; Sustenta também que, na remota hipótese de ser mantida a exigência fiscal, ainda assim a presente impugnação merece ser parcialmente acolhida para afastar a incidência da taxa de juros Selic sobre a multa de ofício, Tal exigência não deve prevalecer sob pena de afronta ao artigo 161, do CTN, o qual dispõe que, somente "o crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis"; Com efeito, na medida em que existe uma forma específica de indenização do Erário, qual seja, o acréscimo de juros de mora e correção monetária como forma de ajuste do valor devido (principal), tornase abusiva a incidência de juros sobre a multa de ofício, constituindose como um plus de caráter eminentemente sancionatório; Nesse sentido é o posicionamento da 1ª Câmara do então 1º Conselho de Contribuintes, entendimento também compartilhado pelos tribunais judiciais, conforme jurisprudências citadas na peça impugnatória; e Portanto, é inconteste que a multa de ofício possui natureza de sanção e, por conseguinte, não deve ser corrigida monetariamente, ou seja, sobre ela não devem ser aplicados juros de mora. É o relatório. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento sintetizou, na ementa a seguir transcrita , a decisão proferida. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010 AÇÃO JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA DE OBJETO. A propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual recurso de qualquer espécie interposto, tornando administrativamente definitivo o crédito tributário discutido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/06/2009 a 31/12/2010 LANÇAMENTO. PREVENÇÃO DE DECADÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CABIMENTO. Fl. 1650DF CARF MF Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302005.394 S3C3T2 Fl. 1.648 7 Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Assim, inconformada com a decisão de primeira instância, a empresa após ciência em 10/02/2017, conforme Termo de Abertura de Documento, fl. 1.565, apresenta em 14/03/2017, através da Solicitação de Juntada de fl. 1.567, a petição de fls.1.570/1.579, na qual recompõe os fatos e atos processuais e ao final requer: a juntada de planilha discriminativa de suas receitas financeiras, relativa ao período de 06/2009 a 12/2010, bem como dos balancetes e quadros 16 FIP da SUSEP que a embasaram (Doc.02),para fins de que o valor da presente autuação seja revisto, correspondendo tão somente às receitas financeiras decorrentes da aplicação dos investimentos compulsórios formadores das reservas técnicas (vide planilha em Excel anexa). em observância ao princípio da verdade material, requer seja determinada a realização de diligência para que seja apurado o real valor das bases de cálculo do PIS e da COFINS da REQUERENTE, a qual, desde já, se coloca à disposição para prestar informações e/ou apresentar documentos que julgarem necessários. a revisão do lançamento no que diz respeito à sua base de cálculo, devendo ser mantida a r. decisão da DRJ Acórdão 12 84.546 quanto às suas conclusões acerca da concomitância de objeto com as discussões judiciais sobre a matéria, com a consequente suspensão de exigibilidade do crédito tributário, e exclusão da multa de ofício, tal como decidido. É o relatório. Voto Conselheira Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Relatora: RECURSO DE OFÍCIO Tal como relatado, após todo o trâmite processual até então, remanescem as seguintes questões, conforme determina a parte dispositiva do voto, proferido no 1º Acórdão de Recurso de Ofício nº 3302002.835, de 28/01/2015, fls.1265/1274, da relatoria do i. Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède: Diante do exposto, voto para dar provimento ao recurso de ofício e devolver o processo à instância a quo, para julgamento Fl. 1651DF CARF MF 8 das alegações acerca da inaplicabilidade da multa agravada de 112,5% e da inaplicabilidade da taxa Selic sobre a multa de ofício. Em virtude do provimento ao recurso de ofício, assim se manifesta a decisão de piso, após circunstanciar todo o trâmite processual, administrativo e judicial, de interesse para a decisão da lide, conforme acórdão de fls.1.530/1.548, peças, as quais deixo de reproduzir, visto que desnecessária a repetição, haja vista que além de minudentemente destacadas pela instância a quo, fazem parte da instrução processual. Tendo sido feito o registro histórico dos processos judiciais supra, temse, que, à data da autuação fiscal, em 27/08/2013 (fls. 984 e 992), a Impetrante encontravase amparada: No caso da Cofins, pela liminar concedida em 28/03/2011 no âmbito da Medida Cautelar nº 2833, referendada pela 2ª Turma do STF em Acórdão de 05/04/2011, por meio da qual se assegurou, até final julgamento do recurso extraordinário em questão, a suspensão da exigibilidade de eventual crédito tributário fundado no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, com exclusão, no entanto, do pleito concernente à suspensão de exigibilidade dos créditos tributários decorrentes da aplicação do art. 3º, § 5º, da Lei nº 9.718/1998 (fls. 1490/1507); e No caso do Pis, pela ratificação em segunda instância da decisão de 25/08/2006, por meio da qual fora declarada incidentalmente a inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998 e o direito de a Impetrante não ser compelida ao recolhimento do Pis sobre receitas que excedam o faturamento, nos termos definidos na Lei Complementar nº 07/1970, incidindo, contudo, nas receitas decorrentes de prêmios pagos pelos segurados. A referida decisão foi mantida pelo Acórdão de 17/05/2012 proferido pela Terceira Turma do TRF3ª Região (fls. 694/710 e 1155/1161). (grifei). Nesse sentido, considerando que o presente lançamento recaiu sobre as receitas financeiras, em especial sobre as correspondentes aos investimentos compulsórios efetuados com vistas à formação das chamadas "reservas técnicas", e, em vista dos provimentos judiciais supra, os quais garantiram ao contribuinte o direito a não ser tributado em relação a receitas que excedam o seu faturamento, dentre as quais, se incluem as receitas financeiras, entendo que o auto de infração deveria ter sido lavrado apenas com o objetivo de evitar a decadência e, dessa forma, com suspensão da exigibilidade do tributo e sem o acréscimo da multa de ofício de 75%, nos termos do art. 63 da Lei nº 9.430/1996. Dessa maneira, com a exoneração total da multa de ofício lançada, não há que se falar em agravamento da penalidade aplicada e, assim, resta prejudicada a análise das questões trazidas na peça impugnatória referentes ao agravamento previsto no art. 44, § 2º, da Lei nº 9.430/1996 e à incidência de juros de mora sobre a multa de ofício.(grifei). Notese que a empresa foi cientificada do auto de infração em 27/08/2013 (fls. 983, 984 e 992), no entanto, a ação fiscal foi deflagrada através do TIF Nº 01, fl.15, de Fl. 1652DF CARF MF Processo nº 16327.720906/201324 Acórdão n.º 3302005.394 S3C3T2 Fl. 1.649 9 30/01/2013, quando já vigia a suspensão da exigibilidade das exigências de PIS/COFINS incidente sobre as receitas financeiras decorrentes da aplicação dos investimentos compulsórios formadores das reservas técnicas, sendo incabível à espécie, o lançamento da multa de ofício prevista no 1art. 44, da Lei nº 9.430, de 1996, tampouco o seu agravamento, uma vez que a autoridade administrativa aplica uma penalidade partindo da pena básica, nesse caso sendo inaplicável a penalidade de 75%, incabível se torna o seu agravamento, pois carece de substrato de aplicação. Ante o exposto, voto por negar provimento ao Recurso de Ofício. RECURSO VOLUNTÁRIO Dos requisitos de admissibilidade O Recurso Voluntário apresentado, conforme fundamentos a seguir destacados não preenche os pressupostos legais de admissibilidade, portanto, não deve ser conhecido. Cumpre esclarecer quanto às matérias apresentadas em sede recursal que após o provimento do Recurso de Ofício, conforme Acórdão 3302002.835, de 28/01/2015, fls.1.265/1.274, o contribuinte interpôs Embargos de Declaração contra suposta obscuridade da decisão do CARF, fls. 1284/1290, os quais tiveram negado o seguimento, nos termos do Despacho nº 3302030, de 03 de junho de 2015, da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara do CARF, fls. 1312/1313. 1 Débitos com Exigibilidade Suspensa Art.63.Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo.(Vide Medida Provisória nº 75, de 2002) § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição.(Vide Medida Provisória nº 75, de 2002) Fl. 1653DF CARF MF 10 Em seguida foi apresentado Recurso Especial, fls. 1.322/1.327 à Câmara Superior, o qual não foi conhecido pela 3ª Turma da CSRF por ausência de dissídio jurisprudencial, desse modo a decisão tornouse definitiva no âmbito administrativo, por força das disposições do 2inciso II, do artigo 42 do Decreto nº 70.235, de 1972, não comportando mais a discussão provocada pela peça de fls.1.570/1.579, logo não se conhece do recurso voluntário interposto. Ante o exposto, VOTO por NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO DE OFÍCIO E NÃO CONHECER DO RECURSO VOLUNTÁRIO. [Assinado digitalmente] Maria do Socorro Ferreira Aguiar 2 Art. 42. São definitivas as decisões: I de primeira instância esgotado o prazo para recurso voluntário sem que este tenha sido interposto; II de segunda instância de que não caiba recurso ou, se cabível, quando decorrido o prazo sem sua interposição;(grifei). III de instância especial Fl. 1654DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10768.016419/94-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/11/1993 a 30/11/1993
MEDIDAS PROVISÓRIAS. PRAZO PARA SUAS REEDIÇÕES. CUMPRIMENTO.
Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, para fins da contagem do prazo de 30 dias, previsto no artigo 62, parágrafo único da Constituição Federal (em sua redação anterior à EC n. 32/2001), o termo ad quem a ser considerado é a data da reedição ou da conversão da medida provisória em lei, e não da publicação. Tendo a Medida Provisória n. 380/93 sido editada no último dia do prazo para tanto (01/12/1993), deve ser integralmente aplicada ao caso concreto.
Numero da decisão: 3402-005.105
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, Relator. Designada a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Redatora designada
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/11/1993 a 30/11/1993 MEDIDAS PROVISÓRIAS. PRAZO PARA SUAS REEDIÇÕES. CUMPRIMENTO. Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, para fins da contagem do prazo de 30 dias, previsto no artigo 62, parágrafo único da Constituição Federal (em sua redação anterior à EC n. 32/2001), o termo ad quem a ser considerado é a data da reedição ou da conversão da medida provisória em lei, e não da publicação. Tendo a Medida Provisória n. 380/93 sido editada no último dia do prazo para tanto (01/12/1993), deve ser integralmente aplicada ao caso concreto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Vencido o Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, Relator. Designada a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 76 8. 01 64 19 /9 4- 28 Fl. 822DF CARF MF 2 Thais De Laurentiis Galkowicz Redatora designada Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Vinicius Guimarães (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire), Maysa de Sá Pittondo Deligne, Carlos Augusto Daniel Neto e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Para bem relatar o feito, socorrome do relatório da decisão reformada pelo Acórdão nº 9303004.908: Tratase de exigência tributária relativa à Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofíns) e à contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) decorrente de fatos geradores ocorridos em novembro de 1993, com a multa de ofício e os juros moratórios correspondentes, ensejada pela constatação de diferença entre os valores declarados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) e os valores pagos dessas contribuições. Os créditos tributários foram constituídos em Notificações de Lançamento (NL), uma para cada contribuição, que foram regularmente impugnadas, motivando o acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ II (DRJ/RJOII) constante das fls. 163 e 164, por meio do qual julgouse procedente em parte os lançamentos, para cancelar a multa de ofício aplicada por tratarse de débito declarado em DCTF, recorrendose de ofício dessa decisão. A contribuinte, por sua vez, interpôs o recurso voluntário constante das fls, 185 a 198, para esclarecer que as diferenças apuradas decorrem da inobservância da Medida Provisória (MP) n° 368, de 29 de outubro de 1993, que alterou a data da conversão dos valores de tributos em Unidade Fiscal de Referência (Ufir) para cruzeiros reais, pois procedeu em consonância com as Leis n*^ 8.383, de 30 de dezembro de 1991, e n° 8.541, de 23 de dezembro dei 992, e alegar, em síntese, que: I ~ não poderia a instância recorrida terse negado a apreciar os argumentos aduzidos na impugnação, pois as questões suscitadas não dizem respeito à inconstitucionalidade da MP, mas, sim, a sua eficácia; II ~ em conformidade com o art. 62 da Constituição Federal, com a redação vigente à época da ocorrência dos fatos geradores autuados, a MP perde sua eficácia desde a sua edição, se não for convertida em lei no prazo de trinta dias de sua publicação; III a Medida Provisória n° 368, de 1993, publicada em 1“ de novembro de 1993, sofreu retificações publicadas em 8 de novembro de 1993, todavia, o termo de início do prazo de trinta dias previsto no supracitado art. 62 é a data da publicação original, não se podendo considerar a publicação das Fl. 823DF CARF MF Processo nº 10768.016419/9428 Acórdão n.º 3402005.105 S3C4T2 Fl. 823 3 retificações que, inclusive, não se deu com o texto integral da MP, mas apenas das alíneas retificadas; IV 0 dispositivo que trata do prazo de recolhimento e forma de conversão em cruzeiros reais da quantidade de Ufir pelo valor desta no dia do vencimento e não mais pelo valor do dia anterior mantevese inalterado em relação à publicação de 1° de novembro de 1993; V como não foi convertida em lei a Medida Provisória n® 368, de 1993, caducou em 30 de novembro de 1993 e a Medida Provisória n° 380, de 1993, publicada em 2 de dezembro de 1993, não poderia restaurar seus efeitos ou sua aplicabilidade, tampouco retroagir seu conteúdo aos fatos geradores anteriores a sua publicação; O CARF julgou improcedente o Recurso de Ofício, e deu provimento ao Recurso Voluntário, o que ensejou Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional que ensejou a reforma da decisão proferida pela Quarta Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes, em acórdão assim ementado: DÉBITOS DECLARADOS EM DCTF. POSSIBILIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. A confissão dos débitos em DCTF dispensa, mas não impede, sua constituição por meio de lançamento de ofício. Diante disso, retornam os autos ao CARF para que seja proferida nova decisão, sobre a parcela que foi reformada pela CSRF. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto, Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. O cerne da questão diz respeito aos seguintes pontos: I) A lei 8.383/91, em seu art. 53, IV, determinava que a conversão das contribuições para cruzeiros reais através da multiplicação de seu valor em UFIR pelo valor desta no último dia do mês de ocorrência dos fatos geradores, isto é, no dia anterior ao vencimento. II) A MP 368/1993, publicada em 01/11/1993 e retificada em 08/11/1993, alterou a data de conversão de UFIR para Cruzeiros Reais, tomando como base o valor da UFIR diária na data do pagamento, conforme prescrevia o art. 3º da MP. Fl. 824DF CARF MF 4 III) O Contribuinte alega que a MP 368/1993 teria perdido sua eficácia em razão de não ter sido, no prazo de 30 dias, apreciada pelo Congresso Nacional e, consequentemente, à conversão das contribuições deveria se aplicar o disposto na lei 8383/91, que previa a conversão pela data anterior à do vencimento. IV) No dia 02/12/1993, o Poder Executivo fez editar a MP nº 380/1993, tentando lhe dar vigência retroativa com a finalidade de manter inalterado o sistema previsto na MP 368, que perdeu a validade. V) Diante desse quadro, o Contribuinte pagou o PIS e a COFINS da competência do mês de novembro/1993 utilizandose da conversão determinada pela Lei 8383/91, declarando o débito em DCTF adotando essa metodologia. Diante disso, partimos à análise do caso. É notório que o a Constituição Federal deixa patente a excepcionalidade da Medida Provisória, em seu contexto, ao definila como, com forca de lei, isto é, é lei sob condição resolutiva, editada pelo Presidente da Republica apenas e tão somente em casos de relevância e urgência (CF/88, artigo 62), e cujos efeitos estão condicionados à conversão em lei formal, pelo Congresso Nacional, dentro do prazo determinado. Era o que determinava o art. 62 em sua redação vigente à época: Art. 62.Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetêlas de imediato ao Congresso Nacional, que, estando em recesso, será convocado extraordinariamente para se reunir no prazo de cinco dias. Parágrafo único. As medidas provisórias perderão eficácia, desde a edição, se não forem convertidas em lei no prazo de trinta dias, a partir de sua publicação, devendo o Congresso Nacional disciplinar as relações jurídicas delas decorrentes. A dicção é absolutamente clara: a partir do dia de sua publicação, iniciase a contagem dos 30 dias de vigência, haja vista até mesmo os requisitos de urgência e relevância que possibilitam a sua edição. Vide, por exemplo, os artigos 7° da Medida Provisória nº 368/93 e 8° da Medida Provisória n° 380/93, que assim determinam. Neste contexto, a MP nº 368/93, publicada em 01/11/1993, perdeu sua eficácia ex tunc em 30/11/1993, voltando a viger o artigo 38, §3º da Lei nº 8541/92 (que alterou a Lei nº 8383/91). Assim, a MP nº 380/1993, editada em 01/12/1993, não poderia retroagir para atingir fatos geradores ocorridos até 30/11/1993, por vedação expressa do art. 105 do CTN, verbis: Art. 105. A legislação tributária aplicase imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do artigo 116. Frisese, inclusive, a existência de diversos precedentes favoráveis ao contribuinte no Primeiro Conselho de Contribuintes, ao enfrentar exatamente a mesma matéria desses autos, a exemplo do Proc. nº 10768.007164/200210 Fl. 825DF CARF MF Processo nº 10768.016419/9428 Acórdão n.º 3402005.105 S3C4T2 Fl. 824 5 NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO MEDIDAS PROVISÓRIAS. INEFICÁCIA EFEITOS Perdida a eficácia "ex tunc" de Medida Provisória, restaurase a norma legal anteriormente vigente, por esta derrogada ou revogada. Recurso provido. Ante o exposto, voto por dar provimento integral ao Recurso Voluntário do Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Voto Vencedor Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Redatora designada Com a devida vênia, ouso divergir do Ilustre Relator no que tange às suas conclusões a respeito da contagem do prazo para a reedição das medidas provisórias em questão. Isto porque, segundo a letra do artigo 62, parágrafo único, da Constituição Federal, em sua redação original, bem como a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, contase como termo a quo a publicação da primeira medida provisória e como termo ad quem a data da edição da nova medida provisória, e não da sua publicação. Vejamos: CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL. PISPASEP. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGESIMAL: MEDIDA PROVISÓRIA: REEDIÇÃO. I. Princípio da anterioridade nonagesimal: C.F., art. 195, § 6º: contagem do prazo de noventa dias, medida provisória convertida em lei: contase o prazo de noventa dias a partir da veiculação da primeira medida provisória. II. Inconstitucionalidade da disposição inscrita no art. 15 da Med. Prov. 1.212, de 28.11.95 " aplicandose aos fatos geradores ocorridos a partir de lº de outubro de l995" e de igual disposição inscrita nas medidas provisórias reeditadas e na Lei 9.715, de 25.11.98, artigo 18. III. Não perde eficácia a medida provisória, com força de lei, não apreciada pelo Congresso Nacional, mas reeditada, por meio de nova medida provisória, dentro de seu prazo de validade de trinta dias. IV. Precedentes do S.T.F.: ADIn 1.617MS, Ministro Octavio Gallotti, "DJ" de 15.8.97; ADIn 1.610DF, Ministro Sydney Sanches; RE nº 221.856PE, Ministro Carlos Velloso, 2ª T., 25.5.98. V. R.E. conhecido e provido, em parte. (RE 232896 / PA PARÁ RECURSO EXTRAORDINÁRIO, Relator(a): Min. CARLOS Fl. 826DF CARF MF 6 VELLOSO, Julgamento: 02/08/1999, Órgão Julgador: Tribunal Pleno) Com efeito, conforme asseverado na decisão agravada, esta Corte já concluiu pela constitucionalidade das reedições da Medida Provisória nº 1.212/1995, até sua conversão na Lei nº 9.715/1998. Saliento que para fins da contagem do prazo de 30 dias, previsto no artigo 62, parágrafo único, da Constituição Federal (redação anterior à Emenda Constitucional nº 32/2001), o termo a ser considerado é a data da reedição ou da conversão da medida provisória em lei, e não a da publicação. Nesse sentido, trago à colação os seguintes julgados:(...) (Embargos de Declaração em Agravo de Instrumento n. 795.839/BA, 1 Relator Ministro Luis Fux, julgamento em de 6 de outubro de 2015). Pois bem, no presente caso, as datas relevantes para a análise do Colegiado são as seguintes: 01/11/1993 (segundafeira): publicação da MP 368/93 02/11/1993: início da contagem do prazo de 30 dias do artigo 62, parágrafo único da Constituição Federal, em sua redação original, aplicável ao período em questão. 01/12/1993: fim do prazo de vigência da MP 368/93 e edição da MP 380/93 02/12/1993: publicação da MP 380/93 Assim, a MP 380/93 foi editada no último dia do prazo para tanto (01/12/1993), sendo descabida a argumentação esposada pela Recorrente e, portando, devendo ser negado provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz 1 Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO AO PIS. REEDIÇÕES DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 1.212/1995 ATÉ SUA CONVERSÃO NA LEI Nº 9.715/1998. VALIDADE. ARTIGO 62, PARÁGRAFO ÚNICO, DA CONSTITUIÇÃO (REDAÇÃO ANTERIOR À EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 32/2001). PRAZO DE 30 DIAS. TERMO. DATA DA REEDIÇÃO OU DA CONVERSÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA EM LEI, E NÃO A DA PUBLICAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. Fl. 827DF CARF MF Processo nº 10768.016419/9428 Acórdão n.º 3402005.105 S3C4T2 Fl. 825 7 Fl. 828DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.011384/2005-89
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997, 1998, 1999, 2000
CONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL. SIMILITUDE FÁTICA. DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DA DIVERGÊNCIA,
A demonstração da divergência e similitude fática legitimam o conhecimento de recurso especial.
NULIDADE MATERIAL. LUCRO REAL. APURAÇÃO ANUAL SEM QUE PREENCHIDA HIPÓTESE LEGAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. REGRA.
Há nulidade material do lançamento tributário efetuado com equívoco na identificação do fato gerador. O lucro real, de acordo com a legislação vigente, é apurado trimestralmente, salvo na hipótese de expressa manifestação do sujeito passivo com o pagamento de estimativas, na forma do artigo 222, do RIR/1999
Numero da decisão: 9101-003.540
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões, quanto ao conhecimento, os conselheiros André Mendes de Moura e Adriana Gomes Rêgo e quanto ao mérito, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente
(assinado digitalmente)
Cristiane Silva Costa Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 1997, 1998, 1999, 2000 CONHECIMENTO. RECURSO ESPECIAL. SIMILITUDE FÁTICA. DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DA DIVERGÊNCIA, A demonstração da divergência e similitude fática legitimam o conhecimento de recurso especial. NULIDADE MATERIAL. LUCRO REAL. APURAÇÃO ANUAL SEM QUE PREENCHIDA HIPÓTESE LEGAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. REGRA. Há nulidade material do lançamento tributário efetuado com equívoco na identificação do fato gerador. O lucro real, de acordo com a legislação vigente, é apurado trimestralmente, salvo na hipótese de expressa manifestação do sujeito passivo com o pagamento de estimativas, na forma do artigo 222, do RIR/1999
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões, quanto ao conhecimento, os conselheiros André Mendes de Moura e Adriana Gomes Rêgo e quanto ao mérito, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo - Presidente (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
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RECURSO ESPECIAL. SIMILITUDE FÁTICA. DEMONSTRAÇÃO ANALÍTICA DA DIVERGÊNCIA, A demonstração da divergência e similitude fática legitimam o conhecimento de recurso especial. NULIDADE MATERIAL. LUCRO REAL. APURAÇÃO ANUAL SEM QUE PREENCHIDA HIPÓTESE LEGAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. REGRA. Há nulidade material do lançamento tributário efetuado com equívoco na identificação do fato gerador. O lucro real, de acordo com a legislação vigente, é apurado trimestralmente, salvo na hipótese de expressa manifestação do sujeito passivo com o pagamento de estimativas, na forma do artigo 222, do RIR/1999 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do Recurso Especial, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que não conheceram do recurso. No mérito, por unanimidade de votos, acordam em negarlhe provimento. Votaram pelas conclusões, quanto ao conhecimento, os conselheiros André Mendes de Moura e Adriana Gomes Rêgo e quanto ao mérito, o conselheiro Rafael Vidal de Araújo. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 01 13 84 /2 00 5- 89 Fl. 1364DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de processo originado pela lavratura de Auto de Infração de CSLL com relação a fatos geradores ocorridos em 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000 e 31/12/2001, com imposição de multa de 75% (fls. 4/15). O contribuinte foi intimado quanto ao lançamento em 07/12/2015. O contribuinte apresentou impugnação administrativa (fls. 127, volume 2), decidindo a pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador pela manutenção do auto de infração (fls. 346, volume 3): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000, 31/12/2001 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário relativo às contribuições destinadas a financiar a Seguridade Social extinguese com o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contados da data da ocorrência do fato gerador. AÇÕES JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO PELA ESFERA ADMINISTRATIVA NA PARTE QUE NÃO HA IDENTIDADE DE OBJETO. As matérias em que não há identidade de objeto, não submetidas, portanto, ao Poder Judiciário, devem ser apreciadas na esfera administrativa, não ocorrendo, na espécie, desrespeito ao principio da unicidade jurisdicional adotado pelo sistema jurídicobrasileiro. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL Anoscalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001. Ementa: ENTIDADES DE PREVIDÊNCIA PRIVADA FECHADA. BASE DE CALCULO DA CSLL. Fl. 1365DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.365 3 A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido das Entidades Fechadas de Previdência Privada é o resultado positivo (superávit) apurado no encerramento do período de apuração, deduzindose do saldo disponível as reservas matemáticas e de contingências, observadas ainda as demais hipóteses de adições e exclusões previstas na legislação da CSLL. BASE NEGATIVA DA CSLL. LIMITE DE 30% PARA COMPENSAÇÃO. Nos balanços encerrados a partir de 1° de janeiro de 1995, o lucro somente poderá ser reduzido pela utilização de, no máximo, 30% da base negativa de períodos anteriores. Lançamento Procedente O contribuinte apresentou recurso voluntário (fls. 409, volume 3), que foi acolhido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara para anular o julgamento de primeira instância. O acórdão foi ementado da forma seguinte (fls. 945): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Exercício: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 PROCESSO TRIBUTÁRIO. CONCOMITÂNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. INOCORRÊNCIA. A impetração de mandado de segurança coletivo por associação de classe não impede que o contribuinte associado pleiteie individualmente tutela de objeto semelhante ao da demanda coletiva, já que aquele (mandado de segurança) não induz litispendência e não produz coisa julgada em desfavor do contribuinte nos termos da lei. A renúncia à instância administrativa de que trata o art. 38 da Lei n. 6.830/80 pressupõe ato de vontade do contribuinte expressado mediante litisconsórcio com a associação na ação coletiva ou propositura de ação individual de objeto análogo ao processo administrativo, o que não se verifica na hipótese. CERCEAMENTO DO DIREITO À AMPLA DEFESA. NÃO ENFRENTAMENTO DE TODOS OS ARGUMENTOS DE DEFESA. NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO. Afastadas a concomitância e a renúncia à discussão administrativa, é de se reconhecer a nulidade da decisão de primeira instância que deixou de apreciar todos os argumentos de impugnação. Nova decisão deve ser proferida, em atenção ao duplo grau de jurisdição previsto nas regras de regência do processo administrativo fiscal. A Procuradoria foi intimada desta decisão, informando não apresentaria recurso (fls. 989). O contribuinte foi intimado do acórdão em 17/06/13 (fls. 994). Fl. 1366DF CARF MF 4 Nesse contexto, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento proferiu nova decisão, decidindo por julgar parcialmente procedente a Impugnação Administrativa (fls. 1.045/1087): ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 NULIDADE. Descabe a arguição de nulidade quando o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente e em consonância com a legislação vigente. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. Devem ser negadas as solicitações de diligência consideradas desnecessárias à solução do litígio. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. Ainda que se trate de tributo sujeito ao lançamento por homologação, não havendo pagamento antecipado, o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário decai com o transcurso do prazo de cinco anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, como veio a ocorrer no caso dos anoscalendário de 1997 e 1998, diferentemente dos anoscalendário de 1999, 2000 e 2001, nos quais a decadência não se operou. AÇÕES JUDICIAL E ADMINISTRATIVA. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO. INEXISTÊNCIA DE IDENTIDADE DE OBJETO. O Mandado de Segurança Coletivo impetrado por entidade associativa da qual faz parte o contribuinte não acarreta renúncia ao direito deste se defender, individualmente, na esfera administrativa, uma vez que a decisão judicial só fará coisa julgada se for favorável ao contribuinte, não havendo, portanto, que se falar em concomitância entre as demandas judicial e administrativa. LANÇAMENTO DE CRÉDITO TRIBUTÁRIO SEM EXIGIBILIDADE SUSPENSA. MULTA DE OFICIO. APLICABILIDADE. Cabe o lançamento de multa de oficio na constituição do crédito relativo a tributos e contribuições de competência da União, cuja exigibilidade não houver sido suspensa, na forma do artigo 151 do Código Tributário Nacional (CTN). JUROS DE MORA. TAXA SELIC. Fl. 1367DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.366 5 A cobrança de débitos para com a Fazenda Nacional, após o vencimento, acrescidos de juros moratórios calculados com base na taxa referencial do SELIC está amparada em lei ordinária e não contraria disposições constitucionais ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. CAMPO DE INCIDÊNCIA. ISENÇÃO. Às Entidades Fechadas de Previdência Privada (EFPP) não é vedada a apuração de lucro, tecnicamente chamado de resultado superavitário, desde que este não represente um fim em si mesmo, mas sim um meio para satisfazer o objeto que justifica sua existência, assim como não se encontram fora do campo de incidência da CSLL, além do que, no caso concreto, a entidade não gozava de isenção nos períodos de apuração tratados no presente lançamento. ENTIDADES FECHADAS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA. BASE DE CÁLCULO DA CSLL. A base de cálculo da CSLL das EFPP é o resultado positivo (superávit) apurado no encerramento do período de apuração, com base na Demonstração do Resultado do Exercício, deduzindose do saldo disponível as reservas matemáticas e de contingência, observadas ainda as demais hipóteses de adições e exclusões previstas na legislação da CSLL. COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DA CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. Em relação ao aproveitamento de suposta base de cálculo negativa da CSLL de períodos anteriores, o pleito não pode ser considerado porque não foram apuradas nem declaradas bases de cálculo da CSLL em períodos anteriores e nem nos períodos fiscalizados, até porque a contribuinte apresentou declarações na condição de imune, conforme registros no sistema da Receita Federal. COMPENSAÇÃO DE BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS DA CSLL DE PERÍODOS ANTERIORES. LIMITE DE 30%. Nos balanços encerrados a partir de 1º de janeiro de 1995, a base de cálculo da CSLL somente poderá ser reduzida em 30%, no máximo, pela compensação das bases negativas apuradas em períodos anteriores. Em síntese, a Delegacia da Receita Federal acolheu, em parte, pedido de reconhecimento da decadência, exonerando o crédito tributário relacionado aos anos de 1997 e 1998. Nesse contexto, os autos foram remetidos ao CARF tanto por força de recurso de ofício, quanto pela interposição de recurso voluntário pelo contribuinte. Fl. 1368DF CARF MF 6 A 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara decidiu por dar provimento ao recurso voluntário, julgando prejudicado o recurso de ofício, em acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/12/1997, 31/12/1998, 31/12/1999, 31/12/2000, 31/12/2001 LUCRO REAL. REGRA GERAL. APURAÇÃO TRIMESTRAL. PRETENSÃO DE APURAÇÃO ANUAL SEM OBSERVÂNCIA DAS SITUAÇÕES PREVISTAS EM LEI. IMPOSSIBILIDADE. Nos termos do artigo 220, do Regulamento do Imposto de Renda, a regra geral é a exigência do imposto de renda, e, por conseguinte, da contribuição social sobre o lucro líquido, por período de apuração trimestral. Para que o critério temporal passe de trimestral para anual é necessário expressa manifestação do sujeito passivo, acompanhada, se for o caso, do pagamento das estimativas, conforme previsto no parágrafo único do artigo 222 do Regulamento do Imposto de Renda. Em não havendo manifestação de opção pelo lucro real anual prevalece a regra geral de apuração trimestral, sendo incabível, nestas situações, a exigência de imposto de renda de forma anual. Recurso Voluntário Provido. Recurso de Ofício Prejudicado. Os autos foram remetidos à Procuradoria em 24/03/2015 (fls. 5862), que opôs embargos de declaração em 24/04/2017, alegando omissão a respeito de planilhas apresentadas pelo contribuinte à fiscalização. Estes embargos foram rejeitados pelo Presidente de Turma (fls. 1282/1285) Em 02/05/2017, os autos foram remetidos à Procuradoria da Fazenda Nacional (fls. 1286), que interpôs recurso especial em 16/05/2017 (fls. 1287/1305). Neste recurso, a Procuradoria sustenta divergência quanto aos seguintes temas: (i) Natureza do vício (sustentando ser vício formal), matéria tratada pelos seguintes acórdãos indicados como paradigmas: (i.a) 320100248 do qual se destaca: “É nulo, por vício formal, o lançamento tributário quando não estiverem presentes todos os elementos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, bem como, quando se constatar confusa contextualização dos elementos de prova que visavam determinar o fato gerador da obrigação, e os que forem formalizados com erro na determinação da matéria tributável, posto que, por representar preterição de uma formalidade essencial, caracterizase cerceamento do direito de defesa.”; (i.b) 120100193, constando deste acórdão que: “Deve a fiscalização intimar o contribuinte para que este identifique o aspecto temporal da CSLL. Não o fazendo, deve o fisco adotar a apuração trimestral. A adoção do regime anual sem anuência do Fl. 1369DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.367 7 contribuinte leva ao erro na identificação do aspecto temporal, implicando na nulidade do lançamento. Lançamento anulado de ofício.”. (ii) A possibilidade de retificação do lançamento, constando como paradigmas os acórdãos nº (ii.a) 130200.163, extraindose desta decisão que “O fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração, vez que, concretizada a hipótese de incidência, ainda que disso decorram exações inferiores as que foram consignadas nas peças acusatórias, remanesce o dever do contribuinte de cumprir com a obrigação tributária principal correspondente”; (ii.b) 9101002.608, verbis: “O fato de o sistema eletrônico de apuração de tributos ter replicado nos autos de infração de PIS e COFINS as mesmas datas dos fatos geradores de IRPJ e CSLL, agrupando as bases mensais nessas datas, não acarreta a nulidade dos lançamentos de PIS e COFINS. Se a referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005; e se não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31/03/2005, 30/06/2005, 30/09/2005 e 31/12/2005, cabe apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente.” O recurso especial foi parcialmente admitido pelo Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção (Conselheiro Rafael Vidal de Araújo), conforme despacho às fls. 1.309, destacandose trecho a seguir. a) Nulidade pela Natureza do Vício A PFN argui que o vício na motivação, em face de confusa contextualização dos elementos de prova que visavam determinar o fato gerador gera nulidade do lançamento por vício formal e que erro na determinação da matéria tributável acarreta vício de natureza formal. Para fins de análise, tem cabimento transcrever excertos dos acórdãos apresentados como paradigmas: Acórdão n° 320100.248, de 10.07.2009:(...) Fl. 1370DF CARF MF 8 Acórdão n° 120100.193, de 06.11.2009: (...) Examinando os acórdãos paradigmas verificase que trazem o entendimento de que é nulo, por vício formal, o lançamento tributário quando não estiverem presentes todos os elementos do artigo 142 do Código Tributário Nacional, bem como, quando se constatar confusa contextualização dos elementos de prova que visavam determinar o fato gerador da obrigação, e os que forem formalizados com erro na determinação da matéria tributável, posto que, por representar preterição de uma formalidade essencial, caracterizase cerceamento do direito de defesa. Deve a fiscalização intimar o contribuinte para que este identifique o aspecto temporal da CSLL. Não o fazendo, deve o fisco adotar a apuração trimestral. A adoção do regime anual sem anuência do contribuinte leva ao erro na identificação do aspecto temporal, implicando na nulidade do lançamento. (...) O acórdão recorrido, por seu turno, vem considerar que o lançamento efetuado em desacordo com período de apuração do tributo de opção do Sujeito Passivo gera nulidade por vício material. Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados revelamse discordantes, demonstrando qual a legislação tributária que está sendo interpretada de forma divergente, qual seja, art. 59 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e art. 142 do Código Tributário Nacional já que o acórdão recorrido entendeu que o lançamento efetuado em desacordo com período de apuração do tributo de opção do Sujeito Passivo configura vício material apto a ensejar a nulidade do lançamento e os julgados paradigmas, ao revés, defende que a natureza do vício nesse caso é formal. b) Possibilidade de Retificação do Lançamento A PFN diz que há possibilidade de realizar ajustes na base de cálculo quando se constata erro na periodicidade de apuração. (...) Examinando os acórdãos paradigmas verificase que trazem o entendimento de que o fato de a autoridade autuante ter considerado períodos de apuração trimestrais na determinação do montante devido a título de PIS e COFINS, não impede que, em sede de revisão, a autoridade administrativa julgadora retifique as bases de cálculo correspondentes a cada um dos meses de encerramento do referido período de apuração. Se a referência temporal que consta dos autos de infração de PIS e COFINS consiste apenas na indicação das datas de ocorrência dos fatos geradores, assim discriminadas: 31.03.2005, 30.06.2005, 30.09.2005 e 31.12.2005; e se não há dúvida de que ocorreram fatos geradores das contribuições PIS e COFINS em 31.03.2005, 30.06.2005, 30.09.2005 e 31.12.2005, cabe apenas ajustar a base de cálculo desses fatos geradores aos valores das Fl. 1371DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.368 9 receitas auferidas em março, junho, setembro e dezembro de 2005, respectivamente. (...) O acórdão recorrido, por seu turno, vem considerar que conforme se observa, embora a regra geral de apuração do IRPJ (e, consequentemente, da CSLL) seja apuração trimestral, pode o contribuinte optar pela tributação anual, desde que haja manifestação expressa da pessoa jurídica nesse sentido, o que, a meu ver, não consta nos autos e assim a exigência formalizada em desacordo com os artigos 220 e 222 do RIR/99 não deve prevalecer, até mesmo por infringência ao art. 142 do CTN. Portanto, as conclusões sobre a matéria ora recorrida nos acórdãos examinados não se revelam discordantes, não restando plenamente configurada a divergência jurisprudencial pela PGFN. Os acórdãos paradigmas tratam dos fatos geradores do PIS e da Cofins. O julgado recorrido interpreta os arts. 220 e 222 do RIR, de 1999, sobre os períodos de apuração do IRPJ e da CSLL. (...) Com fundamento nas razões acima expendidas, DOU SEGUIMENTO EM PARTE ao presente recurso especial da PGFN, a saber: I) existe a divergência jurisprudencial indicada em relação ao seguinte item: a) Nulidade pela Natureza do Vício II) não existe a divergência jurisprudencial indicada em relação ao seguinte item: b) Possibilidade de Retificação do Lançamento A Procuradoria foi intimada da decisão que negou em parte conhecimento ao seu recurso especial (fls. 1.323), sem que tenha interposto agravo desta decisão. O contribuinte apresentou contrarrazões ao recurso em 27/07/2017, nas quais alega, em síntese: (i) Não conhecimento do recurso especial pela falta de demonstração da divergência pelo Recorrente, pois o único paradigma (320100.248) trata de imposição de multa capitulada no artigo 23, V, do DecretoLei 1.455/76, decorrente da conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro; (ii) O acórdão paradigma 320100248 teria ainda situação fática bastante distinta, eis que a Turma julgadora entendeu que o auto de infração “não descreve a matéria tributável de forma completa e clara”, enquanto no caso dos autos não houve questionamento a respeito da descrição da matéria tributável; Fl. 1372DF CARF MF 10 (iii) Não seria possível o conhecimento do recurso especial quanto ao segundo tema (possibilidade de retificação do lançamento), por falta da demonstração da divergência e falta de similitude fática; (iv) No mérito, sustenta que o CSLL seria apurado em períodos trimestrais, na forma do artigo 1º, da Lei nº 9.430/1996 e artigos 220 a 222, do RIR/1999, sem que o contribuinte tenha optado pela apuração anual com estimativas mensais; (v) Alega, ainda, a nulidade material do lançamento, na medida em que lançada a CSLL em regime anual, quando deveria lançar trimestralmente; (vi) Por fim, questiona o mérito sobre a alegada possibilidade de retificação de lançamento. É o relatório. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa, Relatora Conhecimento: O recurso é tempestivo, passo, assim, a analisar as condições de conhecimento contestadas pelo Recorrido: (a) Não conhecimento do recurso especial pela falta de demonstração da divergência pelo Recorrente, pois o único paradigma (320100.248) trata de imposição de multa capitulada no artigo 23, V, do DecretoLei 1.455/76, decorrente da conversão da pena de perdimento em multa equivalente ao valor aduaneiro; (b) O acórdão paradigma 320100248 teria ainda situação fática bastante distinta, eis que a Turma julgadora entendeu que o auto de infração “não descreve a matéria tributável de forma completa e clara”, enquanto no caso dos autos não houve questionamento a respeito da descrição da matéria tributável; O contribuinte ainda questiona o conhecimento do recurso especial da Procuradoria quanto ao segundo tema (possibilidade de retificação de lançamento). No entanto, como a matéria não foi conhecida pelo Presidente de Câmara, sem interposição de agravo pela Procuradoria, concluise pela definitividade da decisão pelo não conhecimento da matéria, sem que seja necessário pronunciamento por esta Turma da CSRF. Pelas mesmas razões, não tomarei conhecimento das contrarrazões de mérito relacionado a este segundo tema. Fl. 1373DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.369 11 1. Demonstração da Divergência A Procuradoria apresentou recurso especial sustentando divergência na interpretação a respeito de nulidade formal, sendo indicados dois acórdãos paradigmas (3201 00248 e 120100193). O contribuinte recorrido questiona o conhecimento do recurso, tanto pela insuficiência na demonstração da divergência, quanto pela falta de similitude fática com o primeiro paradigma (320100248). Passo a enfrentar a demonstração da divergência. A demonstração analítica da divergência encontra previsão no artigo 67, §8º, do RICARF (Portaria MF 343/2015): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 8º A divergência prevista no caput deverá ser demonstrada analiticamente com a indicação dos pontos nos paradigmas colacionados que divirjam de pontos específicos no acórdão recorrido A exigência, aliás, decorre da interpretação do Decreto nº 70235/1972, que estabelece como condição do recurso especial a existência de interpretação divergente entre Colegiados do CARF: Art. 37. O julgamento no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais farseá conforme dispuser o regimento interno. § 2o Caberá recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais, no prazo de 15 (quinze) dias da ciência do acórdão ao interessado: II – de decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara, turma de Câmara, turma especial ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. Assim, por força do Decreto nº 70.235/1972 e do anterior RICARF, exigese a demonstração da divergência pelo Recorrente. No caso dos autos, a Procuradoria trata da divergência na interpretação da legislação tributária relativamente ao primeiro tema do recurso especial (natureza do vício) às fls. 5 a 8 do seu recurso especial, tratando de confrontar o que entende distinto na entre as conclusões dos acórdãos paradigmas com o acórdão recorrido. Destacamse as razões da Recorrente: Diversamente, manifestouse a 1ª Turma da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, a qual, diante de vício na motivação do lançamento, inclusive no que toca à apresentação dos elementos de prova, decidiu anular o auto por vício formal. Confirase, por oportuno, o que constou na ementa do acórdão paradigma nº 320100.248, transcrita na integralidade na forma do art. 67, § 11 do RICARF: (...) Fl. 1374DF CARF MF 12 A fim de melhor demonstrar a divergência jurisprudencial transcrevese trecho do voto condutor do acórdão paradigma nº 320100.248: (...) Notese que, diante de hipótese semelhante, em que se observou vício na motivação, em face de confusa contextualização dos elementos de prova que visavam determinar o fato gerador, a Primeira Turma da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF resolveu anular o lançamento por vício formal, destacando ainda que erro na determinação da matéria tributável acarreta vício de natureza formal. Diante de vício na motivação do lançamento, relacionado à deficiência probatória, o Colegiado a quo considerou existir vício material, enquanto a Primeira Turma da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF concluiu existir vício de natureza formal. Patente, portanto, a divergência jurisprudencial no que toca à interpretação do art. 142 do CTN e dos arts. 59 e 60 do Decreto nº 70.235/72. Noutro giro, a Primeira Turma da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF entendeu que erro na identificação do aspecto temporal do fato gerador acarreta nulidade do lançamento por vício formal. Confirase, por oportuno, a ementa do acórdão paradigma nº 120100.193, transcrita na integralidade: (...) A fim de melhor demonstrar a divergência jurisprudencial, transcrevese trecho do voto condutor do acórdão paradigma nº 120100.193: (...) Vejase que, no acórdão paradigma nº 120100.193, da mesma forma que ocorreu nos presentes autos, a Primeira Turma da Segunda Câmara da Primeira Seção do CARF entendeu que houve erro na identificação do aspecto temporal do fato gerador. Entretanto, enquanto o Colegiado a quo entendeu tratarse de vício material, a Turma prolatora do paradigma entendeu que tal vício possui natureza formal. A despeito de efetivamente constar sinteticamente as razões pelas quais se entendeu pela divergência na interpretação da lei tributária, entendo cumprido o requisito pelo Recorrente, afinal, não se exige tanto rigor na comprovação da divergência especialmente diante da formalidade moderada em processos administrativos. Diante disso, rejeito o pedido de não conhecimento por insuficiência na demonstração analítica da divergência. 2. Similitude fática O contribuinte ainda sustenta que não haveria similitude fática entre recorrido e paradigmas. O primeiro acórdão paradigma (nº 320100.248, processo administrativo nº 10410.002728/200782) trata do seguinte contexto fático, descrito em seu relatório: Fl. 1375DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.370 13 Por bem descrever os fatos, adoto integralmente o relatório componente da decisão recorrida, às fls. 674/692, que transcrevo, a seguir: "Tratase de lançamento da multa capitulada no art. 23, inciso V e seus parágrafos, do DecretoLei n° 1.455, de 07/04/1976, com a redação alterada pelo art. 59 da Lei n° 10.637, de 30/12/2002, no valor total de R$ 1 i 1.212.754,90 (fls. 01/02), inerente à conversão da pena de perdimento em multa correspondente ao valor aduaneiro das mercadorias importadas através das Declarações de Importação – DI’s – listadas às fls. 31/34 Segundo a descrição dos fatos e enquadramento legal objeto do auto de infração em evidência (fls. 02), complementado pelo Relatório de Ação Fiscal de fls. 08/30, o lançamento foi motivado pela constatação da ocultação do verdadeiro responsável pelas operações de importação, infração a qual ensejaria a aplicação da pena de perdimento de que trata o art. 23, inciso V e § 1°, do Decretolei n° 1.455/76. Contudo, pelo fato de as mercadorias não terem sido encontradas ou por já terem sido consumidas houve a conversão da citada penalidade em multa equivalente ao valor aduaneiro das mercadorias, conforme § 30 da prescrição legal acima reportada. (...) Diante deste contexto fático decidiu a Turma prolatora do primeiro acórdão paradigma (nº 320100.248): O art. 142 do CTN estabeleceu os requisitos essenciais para a constituição do crédito tributário e este artigo deve ser interpretado conjuntamente com o art. 10 do Decreto n° 70.235/1972 e sob o enfoque do princípio consagrado no art. 5°, inciso LV, da Constituição Federal, o que resultará na conclusão de que a determinação da matéria tributável, a descrição dos fatos e o cálculo do montante do tributo devem estar perfeitamente explicitados no auto de infração, acompanhados ainda dos documentos em que se embasam, com vista a assegurar o contraditório e a ampla defesa ao recorrente, o que não aconteceu no caso presente. Assim sendo, observase que como o auto de infração não descreve a matéria tributável de forma completa e clara, impedindo a compreensão do crédito tributário apurado e consequentemente ensejando o cerceamento do direito de defesa, logo, cumpre declarar sua nulidade, nos termos do art. 59, II; do Decreto n° 70.235/72 c/c art. 5°, inciso LV, e art. 37, caput, da Constituição Federal. Diante do exposto, voto por negar o recurso de oficio, tendo em vista, a nulidade dos lançamentos, em razão de vício formal, sem prejuízo da formalização de novos autos de infração, observado o disposto no art. 173, inciso II, do Código Tributário Nacional. Fl. 1376DF CARF MF 14 A despeito do acórdão paradigma tratar de penalidade aduaneira, entendo que ambos os casos tratam da interpretação da legislação tributária sobre os requisitos do lançamento tributário (arts. 142, do CTN, 10 e 59 do Decreto 70235), concluindo de forma distinta quando analisaram autos de infração equivocados na identificação da matéria tributável. Assim, concluo pelo conhecimento do recurso especial quanto ao primeiro paradigma (320100.248), entendendo pela existência de similitude fática suficiente à análise do tema por esta Turma. Passo à análise do segundo acórdão paradigma (acórdão nº 120100193, processo nº 10510.001098/200539), extraindose o contexto fático de seu relatório: O presente processo cuida de auto de infração para lançamento de CSLL, referentes aos anos calendários 2000, 2001 e 2002 (...) O lançamento decorreu de insuficiência de recolhimento da contribuição, devido ao ajuste decorrente da exclusão do contribuinte do SIMPLES pelo Ato Declaratório nº 340.042/2000, em vista da prática de atividade não permitida (...) A nulidade sustentada pelo contribuinte no caso, foi julgada pela Turma prolatora do acórdão recorrido com os seguintes fundamentos: A fiscalização indicou o período de apuração da CSLL errado quando apurou a contribuição com base anual, sem que o contribuinte tenha optado por essa forma de apuração. A regra geral determina que no silêncio do contribuinte a apuração será trimestral. (...) Ou seja a determinação da base de cálculo do imposto de renda pelo lucro arbitrado pressupões períodos de apuração trimestrais, sendo defeso à fiscalização, por não haver previsão legal, transformar o lucro arbitrado ex officio em regime de apuração anual, eis que opção por tal aspecto temporal é privativa do contribuinte. No silêncio do contribuinte, aplicase a regra geral que prevê aspecto temporal trimestral. (...) Dessa forma, o lançamento é nulo e deve ser revisto de ofício na primeira oportunidade, consoante inc. IX, do artigo 149 do CTN: Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: (...) IX – quando comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. (grifos originais) O segundo paradigma tem situação também similar ao acórdão recorrido, tratandose de lançamento de CSLL em período anual, quando deveria ser trimestral. Em que Fl. 1377DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.371 15 pese tal similitude fática, a conclusão do segundo acórdão paradigma (120100193), analisando a legislação tributária, foi pelo reconhecimento de vício formal. Assim, conheço do recurso especial também quanto ao segundo paradigma. 3. Conclusão de Conhecimento Conforme razões expostas, voto por conhecer do recurso especial da Procuradoria. Mérito: Passo a analisar o mérito da única matéria recursal: natureza do vício do lançamento. O tema foi julgado da forma seguinte pelo acórdão recorrido, conforme voto do Conselheiro Relator, Fernando Brasil de Oliveira Pinto: Compulsando os autos, verifico, de fato, que o lançamento foi realizado baseandose no lucro real anual. Intimado a demonstrar a apuração das bases de cálculo da CSLL, o Recorrente apresentou as planilhas de fls. 7780 com demonstração de resultado do exercício em bases anuais. Com base em tais informações o lançamento foi realizado com base no lucro real anual, tendo a decisão de primeira instância mantido a exigência justamente em razão da prestação das informações, por parte da Recorrente, em bases anuais. Contudo, aduz o Recorrente que não foi realizada qualquer opção pela apuração anual, sendo aplicável a regra geral de tributação do lucro real, e, por conseguinte, da CSLL, na forma trimestral, o que implicaria a nulidade do lançamento, já que o lançamento foi formalizado com base na apuração anual da CSLL. No caso concreto, além de o Recorrente entender não estar sujeito à incidência de CSLL, quando instado a demonstrar qual seria a base de cálculo da CSLL apresentou demonstrativos onde teria apurado, em tese, base de cálculo negativa de CSLL nos períodos objeto de lançamento. Em princípio, corroborando a decisão de primeira instância, tendo sido apresentadas demonstrações de resultado de exercício em bases anuais em resposta à intimação para demonstração das bases de cálculo da CSLL, restaria suprida a necessidade de opção formal pela tributação com base no lucro real anual. Fl. 1378DF CARF MF 16 Contudo, conforme consta nas fls. 8589 dos autos, foram apresentadas também pelo Recorrente demonstrações das bases de cálculo da CSLL não em bases anuais, mas sim mensais. A partir das exclusões e compensações ali indicadas, repitase, em bases mensais, é que a autoridade fiscal autuante as somou para fins de quantificação anual das adições e exclusões que entendeu cabíveis na apuração da base de cálculo da CSLL. Nesse cenário, não resta evidente a opção do contribuinte pela forma de apuração anual, devendo prevalecer, a meu juízo, a regra geral de apuração trimestral do lucro real, a teor do que dispõem os artigos 220 e 222 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000, de 1999, transcritos a seguir: (...) Conforme se observa, embora a regra geral de apuração do IRPJ (e, consequentemente, da CSLL) seja apuração trimestral, pode o contribuinte optar pela tributação anual, desde que haja manifestação expressa da pessoa jurídica nesse sentido, o que, a meu ver, não consta nos autos. (...) Logo, entendo que a exigência formalizada em desacordo com os artigos 220 e 222 do RIR/99 não deve prevalecer, até mesmo por infringência ao art. 142 do CTN, devendo ser anulada por vício material. Por conseguinte, resta prejudicada a análise do mérito de recurso, bem como do recurso de ofício. Lembro que a Procuradoria apresentou embargos de declaração, tratando de documentos apresentados à fiscalização. Os embargos foram rejeitados pelo Presidente de Câmara. Entendo que o acórdão recorrido não merece reparos. Afinal, o vício do lançamento é efetivamente material, pela aplicação do da aplicação do artigo 142, do CTN e aos artigos 10 e 59, do Decreto nº 70.235/1972. Dispõe o artigo 142, do Código Tributário Nacional: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Destaco, ainda, a redação dos artigos 10 e artigo 59, do Decreto nº 70.235/1972: Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; Fl. 1379DF CARF MF Processo nº 10580.011384/200589 Acórdão n.º 9101003.540 CSRFT1 Fl. 1.372 17 III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Lembro que a nulidade por vício formal é tratada pela Lei nº 4.717/1965, que regula a ação popular, conforme artigo 2º, alínea b e Parágrafo único, alínea b.: Art. 2º São nulos os atos lesivos ao patrimônio das entidades mencionadas no artigo anterior, nos casos de: a) incompetência; b) vício de forma; c) ilegalidade do objeto; d) inexistência dos motivos; e) desvio de finalidade. Parágrafo único. Para a conceituação dos casos de nulidade observarseão as seguintes normas: (...) b) o vício de forma consiste na omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato; Apenas na hipótese de “omissão ou na observância incompleta ou irregular de formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do ato” é possível se reconhecer nulidade por vício formal. No caso destes autos, o lançamento foi formalizado com claro equívoco quanto ao fato gerador, afinal, a regra geral de apuração do IRPJ é pelo regime trimestral do lucro real, salvo se houver clara opção do contribuinte, na forma do artigo 222, do RIR/1999. A nulidade do lançamento, assim, é material, como acertadamente decidiu a Turma a quo. Em caso similar ao presente, proferi voto no mesmo sentido (nesta mesma reunião de abril de 2018, acórdão 9101003.497). No caso destes autos não há qualquer indício de nulidade formal no lançamento. Por tais razões, voto por negar provimento ao recurso especial da Procuradoria quanto ao pedido para reconhecimento de vício formal. Fl. 1380DF CARF MF 18 Conclusão Diante destas razões, voto por conhecer e negar provimento ao recurso especial da Procuradoria, mantendo o acórdão recorrido. (assinado digitalmente) Cristiane Silva Costa Fl. 1381DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.721844/2013-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008, 2009
SIGILO BANCÁRIO. DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.
O STF decidiu, em fevereiro de 2016, que os dispositivos da LC 105/2001 - que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial - não violam a Constituição, pois não resultam em quebra de sigilo bancário, mas sim, em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros.
LUCRO ARBITRADO.
O arbitramento é a forma de apurar o lucro preconizada pela legislação tributária quando não é apresentada a escrituração contábil da empresa a ela obrigada.
OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA.
Correta a aplicação da presunção legal de omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários.
BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO DA RECEITA AUFERIDA. OPERAÇÕES DE FOMENTO MERCANTIL. FATOR ANFAC.
No caso das pessoas jurídicas que exercem atividade de factoring, a base tributável deve ser apurada pela aplicação, sobre o valor dos depósitos/créditos bancários, do "Fator de compra", indicador publicado pela ANFAC-Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil-Factoring.
MULTA QUALIFICADA.
Correta a aplicação da multa qualificada de 150%, em razão do intuito de sonegação fiscal e fraude.
AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL.
O decidido no mérito do IRPJ repercute na tributação reflexa.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008, 2009
SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA.
Correta a imputação de responsabilidade solidária aos coobrigados apontados, visto terem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal.
Numero da decisão: 1301-002.972
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário da pessoa jurídica para reduzir a base de cálculo do arbitramento aplicando-se os índices médios mensais de lucratividade de factoring, veiculadas pela ANFAC, e, por maioria de votos, negar provimento aos recursos voluntários dos coobrigados, vencido o Conselheiro Relator. Designado o Conselheiro Nelson Kichel para redigir o voto vencedor.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
(assinado digitalmente)
Nelso Kichel - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2008, 2009 SIGILO BANCÁRIO. DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O STF decidiu, em fevereiro de 2016, que os dispositivos da LC 105/2001 - que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial - não violam a Constituição, pois não resultam em quebra de sigilo bancário, mas sim, em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. LUCRO ARBITRADO. O arbitramento é a forma de apurar o lucro preconizada pela legislação tributária quando não é apresentada a escrituração contábil da empresa a ela obrigada. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Correta a aplicação da presunção legal de omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO DA RECEITA AUFERIDA. OPERAÇÕES DE FOMENTO MERCANTIL. FATOR ANFAC. No caso das pessoas jurídicas que exercem atividade de factoring, a base tributável deve ser apurada pela aplicação, sobre o valor dos depósitos/créditos bancários, do "Fator de compra", indicador publicado pela ANFAC-Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil-Factoring. MULTA QUALIFICADA. Correta a aplicação da multa qualificada de 150%, em razão do intuito de sonegação fiscal e fraude. AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. O decidido no mérito do IRPJ repercute na tributação reflexa. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Ano-calendário: 2008, 2009 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Correta a imputação de responsabilidade solidária aos coobrigados apontados, visto terem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal.
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EXTRATOS BANCÁRIOS. ATIVIDADE FACTORING Recorrente THEODORO BARRIGUELLA ME Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 SIGILO BANCÁRIO. DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O STF decidiu, em fevereiro de 2016, que os dispositivos da LC 105/2001 que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial não violam a Constituição, pois não resultam em “quebra” de sigilo bancário, mas sim, em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. LUCRO ARBITRADO. O arbitramento é a forma de apurar o lucro preconizada pela legislação tributária quando não é apresentada a escrituração contábil da empresa a ela obrigada. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Correta a aplicação da presunção legal de omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários. BASE DE CÁLCULO. APURAÇÃO DA RECEITA AUFERIDA. OPERAÇÕES DE FOMENTO MERCANTIL. FATOR ANFAC. No caso das pessoas jurídicas que exercem atividade de factoring, a base tributável deve ser apurada pela aplicação, sobre o valor dos depósitos/créditos bancários, do "Fator de compra", indicador publicado pela ANFACAssociação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil Factoring. MULTA QUALIFICADA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 14 0. 72 18 44 /2 01 3- 70 Fl. 6349DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.350 2 Correta a aplicação da multa qualificada de 150%, em razão do intuito de sonegação fiscal e fraude. AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. O decidido no mérito do IRPJ repercute na tributação reflexa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Correta a imputação de responsabilidade solidária aos coobrigados apontados, visto terem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário da pessoa jurídica para reduzir a base de cálculo do arbitramento aplicandose os índices médios mensais de lucratividade de factoring, veiculadas pela ANFAC, e, por maioria de votos, negar provimento aos recursos voluntários dos coobrigados, vencido o Conselheiro Relator. Designado o Conselheiro Nelson Kichel para redigir o voto vencedor. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator (assinado digitalmente) Nelso Kichel Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Breno do Carmo Moreira Vieira (suplente convocado em substituição ao Conselheiro Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro), Ângelo Antunes Nunes (suplente convocado para manter paridade do colegiado), Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado em substituição à Conselheira Bianca Felícia Rothschild) e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausentes justificadamente os Conselheiros Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 6350DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.351 3 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 1677.022, proferido pela 4ª Turma da DRJ/SP1, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente as impugnações apresentadas, com a manutenção do crédito tributário constituído e das responsabilidades solidárias atribuídas. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Em decorrência de ação fiscal levada a efeito junto ao contribuinte acima identificado e, diante de irregularidades apuradas, foram lavrados Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS E COFINS, por meio dos quais constituiuse crédito tributário no importe de R$65.739.583,70, aí incluídos os valores do imposto, contribuições, multa de ofício qualificada e dos juros de mora (estes calculados até 30/08/2013). 2. A DRF Campo Grande/MS lavrou o Auto de Infração do IRPJ que assim descreve, resumidamente (fls. 03 a 13). 2.1. Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo sujeito passivo supracitado, efetuamos o presente Lançamento de Oficio, tendo em vista que foram apuradas as infração (ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 2.2. Razão do arbitramento no(s) período(s): 03/2008, 06/2008, 09/2008, 12/2008, 03/2009, 06/2009, 09/2009 e 12/2009. 2.3. Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte, sujeito a tributação com base no Lucro Real, não possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais. Enquadramento Legal: a partir de 01/04/1999 Art. 530, inciso I, do RIR/99. I RECEITA OPERACIONAL OMITIDA (ATIVIDADE IMOBILIÁRIA OMISSÃO DE RECEITA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS) Auto de Infração com base no Lucro Arbitrado, anos calendário 2008 e 2009. 2.4. No dia 05/06/2012, foi lavrado Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, e encaminhado por via Postal com AR. O mesmo voltou como número não existente, datado de 12/06/2012. Foi feita uma nova tentativa de ciência, enviando o Termo para o endereço do proprietário da empresa. O mesmo retornou como não procurado, em 09/08/2012. Foi afixado o Edital, com ciência em 27/08/2012. 2.5. No referido Termo, o contribuinte foi intimado a apresentar os seguintes documentos, referentes aos anoscalendário de 2.008 e 2.009. Fl. 6351DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.352 4 Livros Caixa ou Diário e Razão (Lucro Presumido) Livros Diário e Razão (Lucro Real) Livro Registro de Apuração do Lucro Real (LALUR) Livros auxiliares da escrituração Contrato/Estatuto Social e suas alterações Extratos bancários das contas correntes empresa Extratos bancários das contas poupança da empresa Extratos de contas bancárias e de aplicações financeiras Recibos de Entrega das últimas declarações DCTF mensais e DIRF anuais Recibos de Entrega das últimas declarações do IRPJ 2.6. Após decorrido o prazo, não houve resposta. 2.7. No dia 05/09/2012 foi encaminhado ao Banco Bradesco S/A a Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira Nº 01.4.01.002012000195. Nela foram solicitados os extratos das movimentações de contacorrente, aplicações, dados cadastrais e procurações outorgando poderes para terceiros movimentar as contascorrentes. 2.8. No dia 04/04/2013 nos foi encaminhado pelo banco Bradesco as informações acima descritas, referentes à agência 2100, contas 210390, 210439 e 224820. 2.9. Os dados confirmam que a conta está em nome da pessoa jurídica, pertencente a Theodoro Barriguella, com o nome fantasia TH Factoring e com endereço Av. Afonso Pena , número 3504, 15 andar, sala 155, Campo GrandeMS. Constavam no cadastro com poderes de representação, com forma de assinatura “isoladamente”, Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior (AGBJ), CPF 489.228.03134 e Anacleto Gonçalves Barriguella (AGB), CPF 349.552.75834. No instrumento público de procuração, datado de 16/02/2006, o Sr. Theodoro Barriguella outorga conjunta ou isoladamente, os mais amplos gerais e ilimitados poderes para administrar e gerir a empresa, entre outros, abrir e movimentar contascorrentes, a AGBJ, AGB e Ângelo Vitório Barriguella (AVB), CPF 705.116.91149. 2.10. Diante desta situação, após a análise dos extratos, foram encaminhadas Intimações para cada um dos outorgados, no dia 22/04/2013, solicitando os esclarecimentos através de documentação hábil e comprobatória da origem dos depósitos bancários apresentados no anexo enviado. As ciências ocorreram em 25/04/2013. No dia 30/04/2013 nos foram enviadas as respostas. Fl. 6352DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.353 5 2.11. O Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, bem como o Sr. Ângelo Vitório Barriguella informaram que apesar de constarem como procuradores da empresa, não tiveram participação nas operações financeiras realizadas pela pessoa jurídica, mas que visando atender a intimação, solicitavam dilatação do prazo por 60 dias, e apresentavam uma correspondência enviada ao Banco Bradesco solicitando as informações necessárias ao atendimento, assinadas pelo sr. Anacleto Gonçalves Barriguella. 2.12. O Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella apresenta em seu próprio nome, solicitação de 60 dias de dilatação de prazo para atendimento e também a correspondência enviada ao Banco Bradesco. 2.13. No dia 29/05/2013, recebemos Relatórios Gerais de Movimentação (descontos de cheque e duplicatas) e Relatórios de Duplicatas e Cheques liquidados. Solicita prazo de 60 (sessenta) dias para a comprovação documental mencionada nos relatórios. Foi deferido prazo de 30 (trinta) dias para o ano calendário 2008 e de 60 (sessenta) dias para o anocalendário 2009. 2.14. No dia 05/06/2013, foi apresentada uma solicitação de cópia dos extratos da contacorrente nº 21.043 dos períodos de maio de 2008 a dezembro de 2.009, por ter até aquele momento logrado êxito em obter somente uma quantidade mínima dos extratos. No intuito de agilizar a conclusão da fiscalização, no dia 10/06/2013 foi entregue à procuradora, o CD original contendo as informações da movimentação financeira fornecidas pelo banco Bradesco S/A. 2.15. No dia 28/06/2013, o contribuinte apresentou 7 anexos. Eles continham os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança e respectivas planilhas de liquidação, referentes às contas e anos movimentados. 2.16. No dia 29/07/2013, foram entregues documentos, como planilhas de justificativas de movimentação das contas com compras de ativos e relações de devoluções de cheques. Foi apresentada também a Escritura Pública de Revogação de Mandado, datada de 27/02/2009, com a exclusão de Ângelo Vitório Barriguella e de Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e outorgada uma nova apenas com poderes para o Sr.Anacleto Gonçalves Barriguella. 2.17. No dia 21/08/2013 foi entregue pessoalmente ao procurador, o Termo de Intimação Fiscal, solicitando a apresentação dos Livros Diário e Razão, Contrato Social e alterações e o LALUR dos períodos fiscalizados. 2.18. No dia 06/09/2013 foi apresentado um requerimento solicitando um prazo de 10 (dias) para a apresentação dos Livros solicitados e apresentando cópias de Instrumento Particular de Fomento Mercantil com cliente, Contrato/Estatuto Social/Certidão Simplificada da JUCEMS bem como o Termo de Fl. 6353DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.354 6 Inventariante nos Autos de Inventário n° 0822533 53.20013.8.12.00001 em que é inventariado o sr. Theodoro Barriguella. 2.19. No dia 06/09/2013 recebemos por escrito, que não se logrou êxito em localizar os Livros Diário, Razão e LALUR do período fiscalizado. 2.20. Diante dos seguintes fatos: 2.20.1. A empresa teve sua abertura no dia 23/01/2006, com endereço informado nos cadastros na Rua 15 de Agosto, n. 32, em Corguinho MS. Este endereço não existe. 2.20.2. As DIPJ dos anoscalendário de 2.008 e 2.009 foram entregues como INATIVA, apesar do movimento financeiro apresentado. 2.20.3. As Declarações de Débitos e Créditos Tributários /Federais (DCTF) dos anoscalendário de 2008 e 2009 foram entregues sem valores declarados. 2.20.4. O contribuinte, pelo tipo de atividade descrita no CNAE 6491300/Sociedades de Fomento mercantil factoring) do CNPJ , estava obrigado a tributação pelo Lucro Real. Conforme relatos acima, o contribuinte não apresentou a documentação solicitada. LIVRO DIÁRIO 2.20.5. Sem prejuízo de exigências especiais da lei, é obrigatório o uso de Livro Diário. LIVRO RAZÃO 2.20.6. A pessoa jurídica tributada com base no lucro real deverá manter, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário, mantidas as demais exigências e condições previstas na legislação (Lei 8.218/1991, artigo 14, e Lei 8.383/1991, artigo 62) . 2.20.7. A não manutenção do livro razão, nas condições determinadas, implicará o arbitramento do lucro da pessoa jurídica (Lei 8.218/1991, artigo 14, parágrafo único, e Lei 8.383/1991, artigo 62). LIVROS FISCAIS 2.20.8. A pessoa jurídica, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, deverá possuir os seguintes livros (Lei 154/1947, artigo 2°, e Lei 8.383/1991, artigo 48, e Decretolei 1.598/1977, artigo 8º e 27): III de Apuração do Lucro Real LALUR ; Fl. 6354DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.355 7 2.20.9. Ao fim de cada período de incidência do imposto, o contribuinte deverá apurar o lucro liquido mediante a elaboração, com observância das disposições da lei comercial, do balanço patrimonial, da demonstração do resultado do período de apuração e da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados (Decretolei 1.598/1977, artigo 7°, § 4º, e Lei 7.450/1985, artigo 18). 2.20.10. O proprietário, firma individual, tinha como domicilio, endereço na zona rural de Corguinho/MS. Deve ser observado que o mesmo já tinha 89 anos de idade à época da abertura da empresa. 2.20.11. No entanto, no dia 16/02/2006 foi lavrada Escritura Pública no 1º Tabelião De Notas e de Protestos de Letras e Títulos Nelson Marquezi , Presidente Prudente, SP, concedendo os mais amplos gerais e ilimitados poderes aos Srs. Anacleto Gonçalves Bariguella, Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, entre os quais o poder abrir e movimentar contas correntes, podendo agir em conjunto ou separadamente. 2.20.12. A empresa abriu conta no Banco Bradesco SA, agência Coronel Antonino, Campo Grande MS, em 15/03/2006, já constando no cadastro como nome fantasia TH Factoring e com endereço Av Afonso Pena 3504, 15 andar, sala 155, em Campo Grande MS. 2.20.13. Na abertura das contas, constam como representantes, Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Anacleto Gonçalves Barriguella com poderes para assinar isoladamente pela empresa. 2.20.14. Diante da apresentação das procurações, das informações do banco, e de que o empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fica caracterizada que a empresa foi administrada por seus procuradores. 2.21. O lançamento foi efetuado através do arbitramento do lucro, com base nos depósitos bancários com qualificação da multa, e será efetuada a Representação Fiscal para Fins Penais pelo indicio de Crime Contra a Ordem Tributária, Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1.990, art. 1º. “Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: (Vide Lei n° 9.964, de 10.4.2000). I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias.” 2.22. Demonstrativo dos valores utilizados como base de cálculo deste lançamento é parte integrante do Auto de Infração. (...). Fl. 6355DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.356 8 2.22.1. Segundo Demonstrativo de apuração do imposto de renda da pessoa jurídica (Lucro Arbitrado), foi apurado imposto e multa de ofício no valor de R$33.302.764,02 (R$8.021.463,38 + R$5.299.642,23 + R$19.981.658,41), mais juros de mora de R$5.736.896,55 (calculados até 30/08/2013), totalizando IRPJ de R$39.039.660,57, conforme parcialmente indicado na tabela a seguir. 2.23. Enquadramento legal: Arts. 532 e 537, do RIR/99. 2.24. No que se refere à atualização monetária e às penalidades aplicáveis, os enquadramentos legais correspondentes constam dos respectivos demonstrativos de cálculo. 2.25. Fazem parte do presente Auto de Infração todos os termos, demonstrativos, anexos e documentos nele mencionados. 2.26. Os lançamentos de PIS, COFINS e CSLL tiveram por fundamentos os mesmos motivos descritos em relação ao IRPJ. 3. Foram lavrados “Termos de Sujeição Passiva Solidária”, nos termos do art. 124 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), em relação aos senhores ANACLETO GONÇALVES BARRIGUELLA, CPF 349.552.75834 (fls. 80 e 81); GONÇALVES BARRIGUELLA JÚNIOR, CPF 489.228.031 34 (fls. 82 e 83) e ÂNGELO VITÓRIO BARRIGUELLA, CPF 705.116.91149 (fls. 84 e 85), nos seguintes termos, em linhas gerais. 3.1. No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, foram apurados os seguintes fatos: (repete o informado nos subitens 2.20.1., 2.20.10., 2.20.11., 2.20.12., 2.20.13. e 2.20.14.). 3.2. Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que tratam o Autos de Infração lavrado relativamente ao IRPJ, CSLL, PIS e a COFINS na data de 25/09/2013, contra o sujeito passivo supra referido, cujas vias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. Fl. 6356DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.357 9 4. Em 17/10/2013, foram cientificados do referido Auto de Infração o sujeito passivo (espólio de Theodoro Barriguella; na pessoa de Anacleto Gonçalves Barriguella, inventariante; fl. 5.739) e os sujeitos passivos solidários (fls. 5.737, 5.738 e 5.740), que apresentaram, em 19/11/2013, impugnação em conjunto (fls. 5.746 a 5.762). Na mesma data, apresentaram impugnação em separado os sujeitos passivos solidários Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior (fls. 5.861 a 5.868) e Ângelo Vitório Barriguella (fls. 5.958 a 5965). Sinteticamente, seguem os argumentos utilizados pelo representante do sujeito passivo. I) Considerações Iniciais. 4.1. No Termo de Sujeição Passiva Solidária de fls. 82/83 e 84/85, é afirmado que: “Diante da apresentação das procurações, das informações do banco e de que o empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fíca caracterizado que a empresa foi administrada por seus procuradores: a procuração outorgando poderes a Anacleto Gonçalves Barrighella Júnior e Ângelo Vitório Barriguella, foram revogadas em 27/02/2009”. 4.2. Esse tema, relativo à imputação da solidariedade, será objeto de impugnação apartada. II) Os fatos pertinentes à requisição administrativa e obtenção dos extratos bancários quer serviram de base para o arbitramento. 4.3. Através de ação fiscal foi exigido dos impugnantes IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, tendo constado da folha de continuação do auto de infração que “o lançamento foi efetuado através do arbitramento do lucro, com base nos depósitos bancários ...”. 4.4. E, esses depósitos bancários foram obtidos nos extratos fornecidos pelo Banco Bradesco, em atenção à Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira N 01.4.01.002012 000195, como referido na folha de continuação do auto de infração. 4.5. É dizer que a exigência tributária aqui contrastada tem base em extratos e depósitos bancários requisitados diretamente pela autoridade administrativa, sem a indispensável autorização judicial. Daí, antes de abordar o mérito da pretensão, em sede de preliminar aduz o seguinte. III) A insubsistência da exigência tributária resultante de violação da garantia de que trata o inciso XII do art. 5º da Constituição Federal. 4.6. A Constituição Federal, no inciso XII do art. 5º, estabelece: “É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a Fl. 6357DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.358 10 lei estabelece para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.” 4.7. Assim, a proteção expressa nesse dispositivo, é o direito à inviolabilidade de dados contida no direito à privacidade do cidadão. Afigurase indiscutivelmente como um direito fundamental protegido por regras intangíveis que regem um Estado Democrático de Direito. Traz doutrina e jurisprudência em socorro de sua tese. 4.8. Todos esses expedientes representam indisfarçável ilegalidade, por decorrência de inconstitucionalidade material, tendo em vista a garantia constitucional que protege, nas condições supra referidas, o denominado sigilo bancário como também o direito adquirido. 4.9. Com a devida venia, não buscaram e não buscam os impugnantes no presente feito administrativo, o controle de constitucionalidade de lei, cuja atribuição, é inquestionavelmente do Poder Judiciário de um modo geral, relativamente ao controle difuso, e ao Colendo Supremo Tribunal Federal em sede de controle concentrado. 4.10. O que pretendem demonstrar isto sim, é que a exigência com base em depósitos bancários, e especialmente em informações obtidas pela Autoridade Administrativa junto às instituições financeiras, guarda ilegalidade palmar que não pode por questão de coerência e de lógica, se contrapor, às balizas legais estabelecidas em todo o Sistema Jurídico vigente. IV) Os fatos relevantes ocorridos no curso da ação fiscal. 4.11. Regularmente intimados para esclarecer a origem dos ingressos contidos nos extratos bancários, em pronto atendimento, no prazo assinado, apresentaram inicialmente os seguintes esclarecimentos: 1 Relatório Geral de Movimentação (Descontos de cheques e duplicatas). O presente relatório, do anocalendário de 2009, identifica todas as operações de descontos de cheques e duplicatas realizadas, inclusive a receita produzida em cada operação, referentes às contascorrentes 21.039 e 21.043 do Banco Bradesco. 2 Relatórios de Duplicatas e Cheques descontados e liquidados. Os relatórios referidos identificam os cheques e as duplicatas descontadas, contidas no Relatório Geral de Movimentação citados no item 1 acima, devidamente liquidados, cujas quantias retornaram para a contacorrente movimento em forma de crédito. Fl. 6358DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.359 11 Temos assim no Relatório Geral, de forma exemplificativa, os descontos de cheques e duplicatas do anocalendário de 2009, lançados a débito nos contascorrentes bancários. Já nos relatórios referidos no item 2, comprovase exemplificativamente que aquelas quantias que saíram por ocasião dos descontos, retornaram para as contascorrentes por ocasião da respectiva liquidação. Essa comprovação, em razão da exiguidade do tempo é apenas exemplificativa e diz respeito ao mês de janeiro de 2009. Esclarece no entanto que vem elaborando um demonstrativo completo de todo o período sob fiscalização, objetivando comprovar e justificar com documentação idônea, todos os ingressos que representam rendimentos, bem como aqueles ingressos resultantes da liquidação dos descontos efetuados e que por essa razão, devidamente comprovados, não representam rendimentos tributáveis. Assim, ao pressuposto da garantia da verdade material, espera comprovar documentalmente, que parte substancial dos ingressos elencados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos n° 0001, não representam rendimentos tributáveis. Para tanto, vem perante Vossa Senhoria, ante a comprovação documental acima mencionada, dizer que para a complementação desses serviços que conduzem aos esclarecimentos necessários, necessitará de prazo razoável para a conclusão desses serviços, que estima no mínimo em 60 (sessenta) dias, em face do grande volume de papéis que estão sendo manuseados na elaboração desse demonstrativo. 4.12. A esses esclarecimentos foram juntados os documentos comprobatórios da atividade de factoring de fls. 899 a 1.095. 4.13. Para a sequência de atendimento à fiscalização, foram solicitadas cópias dos extratos bancários requisitados junto ao Banco Bradesco, o que foi prontamente atendido, constando da folha de continuação do auto de infração o seguinte registro: “No intuito de agilizar a conclusão da fiscalização, no dia 10/06/2013 foi entregue à procuradora Christiane Gonçalves da Paz, OAB/MS 10.081, o CD original contendo as informações da movimentação financeira fornecida pelo Banco Bradesco S/A”. 4.14. Com base nesses extratos e na documentação referente às suas atividades, ainda em atendimento à intimação para esclarecer e comprovar a origem dos depósitos bancários, no prazo assinado, esclareceu e comprovou o seguinte: Dando sequência ao atendimento do contido no Termo de Solicitação de Esclarecimentos n° 0001, apresenta os documentos anexos com os seguintes esclarecimentos: (...) Fl. 6359DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.360 12 Então, para bem esclarecer as origens solicitadas, em face do grande volume de documentos e também para cumprir o primeiro prazo de 30 dias que lhe foi assinado, está anexando, para comprovar as referidas origens, os documentos a seguir descritos e contidos nos seguintes anexos: No anexo 01 encontramse encartados os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança fornecidos pelo Banco Bradesco — c/c 21.039 do ano de 2008 e respectiva Planilha que comprova que todas as liquidações daquele período, correspondem precisamente aos créditos listados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos, nas datas respectivas; No anexo 02 encontramse encartados os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança fornecidos pelo Banco Bradesco c/c 21.039 do ano de 2009 e respectiva Planilha que comprova que todas as liquidações daquele período, correspondem precisamente aos créditos listados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos, nas datas respectivas; No anexo 03 encontramse encartados os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança fornecidos pelo Banco Bradesco — c/c 21.043 do ano de 2008 e respectiva Planilha que comprova que todas as liquidações daquele período, correspondem precisamente aos créditos listados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos, nas datas respectivas; No anexo 04 encontramse encartados os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança fornecidos pelo Banco Bradesco c/c 21.043 do ano de 2009 e respectiva Planilha que comprova que todas as liquidações daquele período, correspondem precisamente aos créditos listados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos, nas datas respectivas; No anexo 05 encontramse encartados os Extratos de Movimentação da Carteira de Cobrança fornecidos pelo Banco Bradesco — c/c 23.386 do ano de 2009 e respectiva Planilha que comprova que todas as liquidações daquele período, correspondem precisamente aos créditos listados no anexo ao Termo de Solicitação de Esclarecimentos, nas datas respectivas; No anexo 06 Planilha de Movimentação de Carteira de Cobrança fornecida pelo Banco Bradesco c/c 21.039 do ano de 2007. Nessa planilha são consideradas as movimentações do período com a demonstração do saldo final do ano calendário de 2007 que produziu repercussão financeira no anocalendário de 2008. No anexo 07 Planilha de Movimentação de Carteira de Cobrança fornecida pelo Banco Bradesco c/c 21.043 do ano Fl. 6360DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.361 13 de 2007. Nessa planilha são consideradas as movimentações do período com a demonstração do saldo final do ano calendário de 2007 que produziu repercussão financeira no anocalendário de 2008. Acrescenta que, esses os documentos que logrou recuperar. Tratandose de documentação fornecida pela própria entidade financeira, a origem dos depósitos solicitada, restou inteiramente comprovada, exsurgindo daí a denominada verdade material. 4.15. Os documentos referidos Extratos de Movimentação de Carteira de Cobrança fornecidos pela Instituição Financeira, encontramse encartados nas fls. 1.103 a 2.895 dos presentes autos. Fazem eles prova plena da atividade de factoring da pessoa jurídica fiscalizada. 4.16. Não tendo logrado localizar os livros solicitados (Diário, Razão e LALUR), elaborou o demonstrativo que se encontra encartado nas fls. 5.122 e 5.171 COMPOSIÇÃO DAS ENTRADAS BANCÁRIAS, onde demonstra e comprova com a documentação de fls. 4.436 a 4.480, "o total líquido da movimentação financeira com atividade de factoring”, resultado de todas as exclusões demonstradas, reduzidas do total das entradas bancárias. 4.17. Essa atividade de factoring é expressamente reconhecida pela própria autoridade fiscal quando afirma textualmente: "O contribuinte, pelo tipo de atividade descrita no CNAE 64913 00/Sociedades de Fomento Mercantil Factoring do CNPJ, estava obrigado a tributação pelo lucro real. Conforme relatos acima, o contribuinte não apresentou a documentação solicitada". 4.18. O IRPJ e a CSLL foram exigidos por arbitramento e apurados na modalidade demonstrada no documento de fls. 15/16, levando em conta o coeficiente para a atividade de Serviços em Geral, desconsiderando a especificidade das atividades da impugnante. 4.19. O mesmo se deu em relação ao PIS e a COFINS. Os demonstrativos de fls. 17 e 18, fazem certo que tanto o PIS quanto a COFINS, embora incontroversa a atividade de factoring da impugnante, incidiram sobre o total das entradas bancárias e não sobre a receita bruta da atividade. 4.20. Em tais condições, insubsistente a ação fiscal, como adiante demonstrará articuladamente. V) A insubsistência da ação fiscal em razão do erro na apuração da base de cálculo que sustentou a autuação fiscal. 4.21. A base de cálculo tributária compõe o elemento quantitativo da hipótese de incidência e, portanto, submetida inteiramente à garantia da estrita legalidade tributária e da tipicidade cerrada da tributação. Fl. 6361DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.362 14 4.22. No caso presente, a atividade de factoring desenvolvida pela impugnante, como demonstrado, é incontroversa. Nessas condições, eventuais receitas presumidamente omitidas, mesmo sob à luz do art. 42 da Lei n° 9.430/96, não poderiam resultar do total dos créditos bancários, após os expurgos comprovados. 4.23. No caso de lançamento de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS por arbitramento, quando a atividade comprovada é a de factoring, em razão do caráter extraordinário dessa atividade, há que se considerar o que dispõe no plano normativo as leis e as respectivas normas complementares, especialmente em razão da indispensável observância da legalidade na prática de atos regrados, como é o caso do lançamento tributário. 4.24. E, nesse plano, a ADN Cosit 31/97, de forma expressa, estabeleceu que a receita bruta das factorings resultante da aquisição de crédito é a diferença entre o valor de face dos títulos de créditos ou direitos creditórios adquiridos e o preço pago pelas suas aquisições. 4.25. Ainda, especificamente para o PIS e COFINS, dispõe o § 3º do art. 10 do Decreto n° 4.524/02 que a receita bruta das factorings, em relação à aquisição de créditos, é a diferença entre o valor de face dos títulos de créditos ou direitos creditórios e o valor de suas aquisições. 4.26. Assim, nos termos da legislação tributária e das normas complementares, a receita bruta da atividade de factoring é obtida mediante a multiplicação do Fator ANFAC divulgado pela Associação Comercial de Fomento Mercantil ANFAC sobre o valor dos créditos bancários após os expurgos. 4.27. Esse fator, representa na realidade o porcentual médio correspondente à diferença entre o valor de face dos títulos de créditos ou direitos creditórios adquiridos e o preço de suas aquisições, sendo inafastável a sua aplicação sobre os valores dos créditos bancários constantes do lançamento impugnado, para se chegar a efetiva receita bruta da atividade. Traz jurisprudência administrativa. VI) A insubsistência do agravamento da penalidade. 4.28. No item 4 da presente impugnação, esclarece que os impugnantes, quando regularmente intimados para informar a origem dos ingressos contidos nos extratos bancários, em pronto atendimento e sempre no prazo que lhes foi assinado, prestaram as informações solicitadas, apresentando toda a documentação que compõe as 5.736 folhas do presente processo. 4.29. Como demonstrado, em momento algum causou embaraços à fiscalização. O próprio contexto do auto de infração relata o atendimento prestado pelos impugnantes no curso da ação fiscal, sempre esclarecendo e informando o quanto necessário. Somente não apresentou os livros solicitados, por não têlos encontrado em razão de mudanças que ocorreram com a troca dos responsáveis pela contabilidade. Fl. 6362DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.363 15 4.30. Mas ainda assim, no intuito de atender a fiscalização, elaborou finalmente a composição das entradas bancárias e os respectivos expurgos, o que revela a total ausência de embaraço ou de tentativa de embaraço à fiscalização, o que por si só é suficiente para afastar o agravamento da multa de ofício. Traz jurisprudência administrativa sobre agravamento de multa de ofício. 4.31. Por todo o exposto, esperam os impugnantes pelo acolhimento integral das razões alinhadas na preliminar, para a insubsistência total da ação fiscal. Superada, no entanto, no mérito, sejam acolhidas as demais razões precedentemente alinhadas, com a adoção do Fator ANFAC na apuração da receita bruta dos impugnantes e o afastamento da qualificadora da multa de ofício, tudo como medida de direito e de justiça. 5. Observase que Anacleto Gonçalves Berguella não apresentou Impugnação em separado. As Impugnações de Anacleto Gonçalves Berguella Júnior (fls. 5.861 a 5.868) e de Ângelo Vitório Berguella (fls. 5.958 a 5.965) trazem basicamente os mesmos fundamentos, a seguir sumariados (tomarei como base a de AGBJ, visto que são semelhantes). 5.1. As exigências impugnadas referemse aos anoscalendário 2008 e 2009. Nos Termos de Sujeição Passiva Solidária de fls. 82/83, como fundamento a justificar a inclusão do impugnante no polo passivo da relação tributária aqui contrastada constou as seguintes afirmações: “O proprietário, firma individual, tinha como domicílio, endereço na zona rural de Corguinho/MS. Deve ser observado que o mesmo já tinha 89 anos de idade a época da abertura da empresa; (...) Diante da apresentação das procurações, das informações do banco, e de que o Empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fica caracterizada que a empresa foi administrada por seus procuradores: A procuração outorgando poderes a Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior foi revogada em 27/02/2009”. 5.2. Inicialmente, para registrar que embora figurando no polo passivo da integralidade do crédito tributário aqui impugnado, correspondente a 2008 e 2009, não considerou o lançamento que a procuração que teria conduzido ao entendimento da solidariedade, foi revogada em 27/02/2009. 5.3. Se efetivamente restasse demonstrado o interesse comum na realização do fato gerador, essa indigitada solidariedade não poderia ultrapassar a data da revogação acima noticiada. 5.4. Além da afirmação de que nas contas abertas no Bradesco figuraram como representantes da pessoa jurídica outorgante, Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, ora impugnante e Fl. 6363DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.364 16 Anacleto Gonçalves Barriguella, não há uma única referência a qualquer atividade que tenha o impugnante praticado no sentido de induzir à presunção de interesse comum na realização do fato gerador da obrigação tributária exigida na autuação aqui impugnada. 5.5. Em momento algum demonstrou a fiscalização que o impugnante teria interesse comum na situação que conduziria à realização do fato gerador da exação. Em momento algum se demonstrou e se comprovou nos presentes autos o interesse comum do impugnante na realização do fato jurídico tributário resultante do fato gerador da obrigação tributária pretendida. Traz doutrina e jurisprudência. 5.6. Assim, ninguém pode ser compelido a pagar tributo sem que tenha realizado ou participado da realização de um fato definido como tributário pela lei competente, sendo inadmissível imputar se responsabilidade solidária com base exclusivamente nas presunções simples ou presunções de homem, ante a severa garantia da tipicidade cerrada da tributação. 5.7. Viola mesmo a garantia da legalidade, da certeza e segurança jurídica, da capacidade contributiva, da tipicidade cerrada da tributação, a inclusão do impugnante no pólo passivo da relação tributária, sem uma única prova do interesse comum na realização do fato gerador da obrigação tributária a que está submetido. 5.8. Enfatizese. A solidariedade deverá ser provada. Jamais presumida (art. 265 Código Civil). 5.9. Por outro lado, no lançamento tributário que envolve ato jurídico regrado, daqueles que exige para sua conformação adequada motivação, não é permitida a inclusão no polo passivo de obrigação tributária, inclusive com imposição de pena pecuniária, de terceira pessoa, sem que para tanto disponha a autoridade fiscal de elementos seguros de prova dessa responsabilidade. 5.10. Exige o preceito legal, por decorrência dos pressupostos constitucionais da certeza e segurança jurídica, bem como da estrita legalidade tributária, que a solidariedade de que trata o art 124, inciso I, do CTN, somente será caracterizada, na exata medida da configuração dos pressupostos específicos ali delineados. 5.11. Significa que a lei, por decorrência de garantias constitucionais, exclui o arbítrio, retirando da Administração a discricionariedade, impondo a conformação de seus atos aos pressupostos legais de legitimidade do ato perpetrado, exigindo por consequência, nessa conformação, a demonstração inconcussa, incontroversa, de elementos seguros que comprovem aquela alegada solidariedade. 5.12. Essa vedação à discricionariedade, como exaustivamente sustentada na doutrina e na jurisprudência, decorre, Fl. 6364DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.365 17 precisamente, da necessidade de se dar efetividade às garantias constitucionais que enfeixam o denominado Estatuto do Contribuinte, para que assim se cumpra o primado de um verdadeiro Estado Democrático de Direito. Traz jurisprudência. 5.13. De outro lado, necessário destacar que a presunção de solidariedade utilizada no presente feito para incluir o impugnante no polo passivo da relação jurídico tributária impugnada, acabou por sufragar o pressuposto do “in dubio pro fisco”, em frontal oposição às regras expressas do art. 112 do Código Tributário Nacional, que em sentido diametralmente oposto estabelece que: “A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado (...)”. 5.14. Mas não é só. 5.15. Relevante ainda destacar a necessidade, para efeito de imposição de penalidade, de se considerar o sistema jurídico em toda a sua integralidade, levandose em conta a hierarquia dos princípios, e sobretudo dos princípios jurídicos constitucionais, pedra angular do sistema, na feliz expressão de Celso Antônio Bandeira de Mello. 5.16. Assim, em tema de imposição de penalidade, em sede de garantia fundamental diz a CF/ 88 no inciso XLV do art. 5º que: “Nenhuma pena passará da pessoa do condenado...”. O próprio Código Tributário Nacional, recepcionado na condição de lei complementar, adotou em tema de tributação e imposição de penalidade, regras próprias do Direito Penal, quando claramente estabelece: a) aplicação retroativa da lei (retroatividade benigna art.106); b) lei nova não tratar como infração certo acontecimento, assim anteriormente considerado; c) lei nova cominar penalidade menos severa que a vigente ao tempo da infração; d) aplicação do princípio In dúbio pro reo (art. 112); e) individualização da pena (art. 137); f) exclusão da pena pelo arrependimento eficaz (art. 138). 5.17. Dessa forma, também sob esse enfoque não há como legitimarse a imposição de pena a um terceiro, por meras conjecturas, meras presunções e sem uma única indicação da forma pela qual teria o impugnante revelado interesse comum na realização do fato gerador. 5.18. Por todo o exposto espera o impugnante pelo acolhimento integral das razões de impugnação precedentemente alinhadas, Fl. 6365DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.366 18 para a sua exclusão do pólo passivo da relação tributária informada no Termo de Sujeição Passiva Solidária de fls. 82/83, tudo como medida de direito e de justiça. 6. Após analisar o presente processo, este julgador encaminhou o em diligência à delegacia autuante para que fosse esclarecido: (i) se os senhores Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Ângelo Vitório Barriguella participaram da administração da empresa, emitiram cheques, se foram beneficiados pelos resultados obtidos na autuada e/ou praticaram outros atos que demonstrem interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, especificando o período em que tais fatos teriam ocorrido, mesmo se após o autuado; e (ii) se pronuncie sobre outras questões que entender relevantes, elaborando, ao final, relatório conclusivo – recalculando, se for o caso, o crédito tributário a eles referentes ,com a juntada dos documentos pertinentes, inclusive cópia de cheques, se relevante. 7. Em resposta, a autuante informou o quanto segue. 7.1. Em atendimento ao pedido de diligência, constante ás f!s. 6063 a 6068, seguem as seguintes informações: 7.1.1. No dia 27/02/2009, foi revogada de forma unilateral e integralmente a procuração lavrada no livro 596 as paginas 065066 em 16/02/2006, no 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Presidente Prudente , São Paulo. A procuração dava amplos e ilimitados poderes para Anacleto Gonçalves Barriguella, Angelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior para gerir a Theodoro Barriguella CNPJ 07.811.859/000120.( (firma mercantil individual.) Cópia anexa. 7.1.2. No mesmo dia 27/02/2009 foi lavrada uma nova procuração, onde o Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella ficava responsável por "gerir e administrar os negócios, direitos e interesses da sociedade", com amplo e ilimitados poderes, porém expressos e especiais. Escritura lavrada no livro 664 fls 047/050 1º Tabelião de Notas e de Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Presidente Prudente , São Paulo, (copia anexa). 7.1.3. Em relação aos Srs. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Ângelo Gonçalves Barriguella, informamos que no decorrer da ação fiscal, os procuradores dos autuados, Sr. Aires Gonçalves, Christriane Gonçalves da Paz e Leda de Moraes Ozuna Higa apresentaram uma relação de documentos, dentre os quais se encontravam cópias de cheques de 2008 (anexo 38) pag 5.690. As cópias não foram anexadas ao Auto pelo grande volume de documentos e por não fazerem parte da base do lançamento. Ao analisarmos os mesmos, encaminho anexo cópias onde se demonstram as similaridades entre as assinaturas presentes nos cheques e as constantes nos pedidos de dilatação de prazo entregues no dia 30 de abril de 2013 nesta DRF, com as assinaturas com firma reconhecida pelo 8º Serviço Notorial Tabelião Helio Giugni de Oliveira na comarca de Campo Grande/MS, de cada um dos autuados solidariamente. Fl. 6366DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.367 19 8. O relatório foi encaminhado aos impugnantes. Em 20/11/2014, os senhores Anacleto Gonçalves Berghella Júnior e Ângelo Vitório Berghella se manifestaram nos seguintes termos. 8.1. No Pedido de Diligência de fls. 6.063/6.068, é requisitada do autor do procedimento a comprovação da existência nos autos de alguma referência a qualquer atividade de Ângelo e Anacleto Júnior como participantes na administração da empresa fiscalizada. 8.2. No Relatório Conclusivo apresentado, de plano, é confirmada a revogação das procurações outorgadas aos requerentes em 27.02.2009. 8.3. No que diz respeito ao mérito do questionamento, limitouse a fiscalização a juntar cópias de documentos que "não foram anexadas aos autos pelo grande volume de documentos e por não fazerem parte da base do lançamento", sobre os quais diz apenas o seguinte: “Ao analisarmos os mesmos, encaminho anexo cópias onde se demonstram as similaridades entre as assinaturas presentes nos cheques e as constantes nos pedidos de dilatação depravo entregues no dia 30.04.2013 nesta DRF...”. 8.4. No caso, tratase de imputação de solidariedade, que deve estar devida e suficientemente fundamentada e comprovada, de sorte a conduzir à mais completa certeza do interesse comum na realização do fato gerador. 8.5. Na realidade, o que se tem de forma clara é que inexistem nos autos elementos sólidos a comprovar esse interesse comum na realização do fato gerador, sendo certo que como já asseverado na impugnação, a solidariedade deverá ser provada, jamais presumida, como dispõe o art. 265, do Código Civil. 8.6. Ademais, é do próprio Relatório Conclusivo que se extrai a certeza da inexistência nos autos desses elementos sólidos exigidos para a comprovação da solidariedade, como exigido no art. 124, do CTN. 8.7. Afirma ainda o autor do procedimento a existência de "grande volume de documentos", dos quais extraiu alguns (poucos mesmo), para buscar cumprir o desiderato almejado na diligência, os quais "não foram anexados aos autos por não jazerem parte da base de lançamento". 8.8. Evidenciada está, pois, a absoluta inexistência, tanto nos autos, quanto neste grande volume de documentos que não foram anexados, de elementos sólidos de comprovação do alegado interesse comum na realização do fato gerador, sendo certo que mesmo que os cheques tivessem sido firmados pelos requerentes, não seriam eles, isoladamente, suficientes para determinar a exigência da sólida comprovação da propalada solidariedade. Fl. 6367DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.368 20 8.9. Em verdade, a diligência não se desincumbiu do que lhe foi requisitado, resultando do seu teor a leitura palmar da absoluta inexistência de comprovação da imputação da solidariedade, sendo certo que se existissem tais comprovações, ainda que não referidas na autuação, esta seria a oportunidade. Se não o fez, por certo que pela inexistência de tais documentos, de tais comprovações. 8.10. Por essas razões, reiteram integralmente o pedido inicial, esperando pela exclusão dos requerentes do polo passivo da autuação fiscal impugnada e informada no Termo de Sujeição Passiva Solidária de fls. 84/85 e 82/83, tudo como medida de direito. 9. Em 27/01/2015, o presente processo foi novamente encaminhado em diligência (fls. 6121 a 6123), de modo a verificar: (i) se a revogação por escritura pública, de 27/02/2009 (fls. 5.691 a 5.693), da procuração lavrada em 16/02/2006 (fls. 107 a 109), foi levada ao conhecimento do banco, e, se sim, em que data? e (ii) quem movimentou, no período de 27/02/2009 a 31/12/2009, as contas bancárias sob análise (agência 2100, c/c 21.0390, 21.0439, 22.4820 e 23.3862), anexando, se for o caso, cópia de cheque(s), por cada um assinado, a título exemplificativo. 9.1. A autuante deve ainda se pronunciar sobre a atuação de todos os responsáveis solidários, indicando o início e fim da atividade de cada um deles, relativamente ao período autuado (anoscalendário 2008 e 2009), justificando sua conclusão e elaborando, ao final, relatório conclusivo. 10. A autoridade diligenciada assim se pronunciou (fls. 6161 e 6162), sinteticamente: 10.1. Em atendimento ao pedido de diligência, solicitamos as seguintes informações ao Banco Bradesco: 10.1.1. Quando houve o atendimento do RMF citado, nos foi apresentado o cadastro do contribuinte com uma procuração para movimentação por seus procuradores. Se a revogação por escritura pública, de 27/02/2009, da procuração lavrada em 16/02/2006, foi levada ao conhecimento do banco, e, se sim, em que data. 10.1.2. Quem movimentou, no período de 27/02/2009 a 31/12/2009, as contas bancárias sob análise (agência 2100, c/c 21.0390, 21.0439, 22.4820 e 23.3862), anexando, se for o caso, cópia de cheque(s), por cada um assinado, a título exemplificativo. 10.2. O Banco Bradesco enviou a resposta no dia 16/04/2015, onde encaminha cópia das fichas cadastrais e dos cartões de assinatura (cópia anexa) e informa que, após pesquisa nos arquivos das contas, não localizou o instrumento de revogação da procuração lavrada em 16/02/2006. Fl. 6368DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.369 21 10.3. Informo ainda que não foram apresentadas pela instituição financeira nenhuma cópia de cheque conforme solicitado. Como relatado no primeiro relatório conclusivo (fls 6012 a 6110) esta fiscalização teve acesso a algumas cópias de cheques do ano de 2.008 que demonstram as similaridades entre as assinaturas presentes nos cheques e as constantes nos pedidos de dilatação de prazo entregues no dia 30 de abril de 2013 nesta DRF, com as assinaturas com firma reconhecida pelo 8º Serviço Notorial Tabelião Helio Giugni de Oliveira na comarca de Campo Grande/MS, de cada um dos autuados solidariamente. Não há documentos do ano de 2.009. 11. A Impugnante assim se expressou, sobre o resultado da nova diligência: 11.1. Na sua manifestação datada de 16 de abril de 2015, diz o Bradesco que após pesquisas efetuadas no arquivo da conta corrente mencionada, não localizou o instrumento de revogação da procuração lavrada em 16 de fevereiro de 2006. 11.2. Afirmam contudo os requerentes que, quando da revogação daquela procuração, que se deu em 27 de fevereiro de 2009, muito embora não tivessem exigido protocolo, foi entregue na Instituição a comprovação da revogação, bem como a nova procuração lavrada na mesma data, já referido no relatório conclusivo anterior, em atendimento ao pedido de diligência de fls. 6.063/6.068. 11.3. Diz ainda o Relatório Conclusivo sobre o qual se manifesta nesta ocasião, que a Instituição Financeira não apresentou uma única cópia de cheques, conforme solicitado pela. fiscalização. 11.4. Reiteram assim os impugnantes, em todos os seus termos o contido em suas razões de impugnação, esperando pelo seu acolhimento, como requerido em cada impugnação, tudo como medida de direito. 12. Observouse um erro na sequência de numeração dos anexos. Há três arquivos “Documentos Diversos”, com numeração em sequência, conforme tabela abaixo: Fl. 6369DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.370 22 13. Em 24/10/2013, foi juntado, por apensação, o processo nº 10140.721847/201311 (fl. 5.741). 14. É o relatório. Passo ao voto. Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 1677.022, pela 4ª Turma da DRJ/SP1, com o seguinte ementário: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2008, 2009 SIGILO BANCÁRIO. DESNECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. O STF decidiu, em fevereiro de 2016, que os dispositivos da LC 105/2001 que permitem à Receita Federal receber dados bancários de contribuintes fornecidos diretamente pelos bancos, sem prévia autorização judicial não violam a Constituição, pois não resultam em “quebra” de sigilo bancário, mas sim, em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. Preliminar indeferida. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008, 2009 LUCRO ARBITRADO. O arbitramento é a forma de apurar o lucro preconizada pela legislação tributária quando não é apresentada a escrituração contábil da empresa a ela obrigada. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA. Fl. 6370DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.371 23 Correta a aplicação da presunção legal de omissão de receita em razão da não comprovação da origem dos depósitos bancários. BASE DE CÁLCULO. FACTORING. ENTENDIMENTO DA RFB. FATOR ANFAC. Mesmo na hipótese de tratarse de uma atividade de factoring, devese aplicar o índice de 38,40% sobre a receita bruta apurada. Não há previsão legal que ampare o uso do Fator ANFAC na apuração da base de cálculo. MULTA QUALIFICADA. Correta a aplicação da multa qualificada de 150%, em razão do intuito de sonegação fiscal e fraude. AUTOS REFLEXOS. PIS. COFINS. CSLL. O decidido no mérito do IRPJ repercute na tributação reflexa. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2008, 2009 SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. IMPUGNAÇÃO. Correta a imputação de responsabilidade solidária aos senhores Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, CPF 489.228.03134, e Ângelo Vitório Barriguella, CPF 705.116.91149, visto terem interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO POR ANACLETO GONÇALVES BARRIGUELLA. EFEITOS. Havendo pluralidade de sujeitos passivos, a ausência de impugnação por parte de um deles (CPF 349.552.75834) acarreta, contra o revel, a preclusão temporal do direito de praticar o ato impugnatório, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Nessa hipótese, a impugnação tempestiva apresentada por outro sujeito passivo solidário suspende a exigibilidade do crédito tributário igualmente em relação ao que não impugnou o lançamento fiscal. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Após intimados (fls. 6329 a 6301), a empresa autuada e coobrigados, excepcionado o Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella, CPF 349.552.75834, apresentam, em peça separada, tempestivamente, Recurso Voluntário, pugnando pelo provimento, onde apresentam argumentos que serão posteriormente analisados. É o Relatório. Fl. 6371DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.372 24 Voto Vencido Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator Os recursos apresentados pela empresa autuada e coobrigados são tempestivos e reúnem os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, deles conheço. Como relatado, tratase de lançamento relativo ao anoscalendário de 2008 e 2009, efetuado através de arbitramento de lucro, com base nos extratos bancários, com qualificação de multa, por meio do qual constituise crédito tributário de IRPJ, e seus reflexos (CSLL, PIS e COFINS), no importe de R$ 65.739.583,70. O lucro do período foi arbitrado em razão do contribuinte, sujeito à tributação com base no Lucro Real, não possuir escrituração na forma das leis comerciais e fiscais. Houve ainda imputação de corresponsabilidade aos senhores Anacleto Gonçalves Barriguella, Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, e Ângelo Vitório Barriguella, fundamentado no artigo 124, I do CTN. Sem preliminares, ingressase ao mérito. Quanto ao mérito, vêse que o contribuinte apresentou declarações à Receita Federal do Brasil, indicando que sua forma de tributação, no período autuado, foi a tributação pelo Lucro Real, o que impõe a necessidade de manutenção em dia de escrituração contábil/fiscal, inclusive que o contribuinte conserve, em boa guarda, toda a documentação em que se lastreia, de modo seja disponibilizada ao Fisco, assim que solicitado, nos termos da lei de regência (artigos 251, 264 e 276, do RIR/99). O contribuinte alega, em resposta ao Termo de Intimação Fiscal de 21/08/2013, que: "efetivamente até o momento não logrou localizar os Livros Diário/Razão e LALUR, extraviados que foram, como já esclarecido, em razão das diversas mudanças do escritório". Diante disso, sendo intimado e não apresentando os documentos pertinentes necessários à apuração da base de cálculo do imposto e contribuições, penso acertada a iniciativa da fiscalização de arbitrar o lucro, nos termos do artigo 530, inciso I, do RIR/99. Em relação à argüição de quebra de sigilo bancário, há de afastála, em face do entendimento do STF, através do julgamento do RE 601.314, com repercussão geral, no sentido da constitucionalidade do art. 6º da LC 105/2001, reconhecendo assim, o acesso do Fisco aos dados bancários para fins de constituição do crédito tributário, devendo, apenas, o procedimento de acesso ser fundamentado e informações obtidas preservadas. Com referência à caracterização dos depósitos bancários de origem não comprovada como omissão de receitas, também não há que dar razão à irresignação do contribuinte, em face do que dispõe o art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Tal dispositivo estabeleceu um presunção de omissão de receitas, autorizando a exigência de imposto de renda e de contribuições correspondentes, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou Fl. 6372DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.373 25 jurídica, regulamente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Assim, a inversão legal do ônus da prova é perfeitamente aceita por nosso ordenamento jurídico, e transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos utilizados para efetuar os depósitos bancários. Após intimado a comprovar a origem dos valores creditados em sua conta, o contribuinte apresentou diversos documentos, corroborando que sua atividade é a de fomento comercial (factoring), não contesta o valor da movimentação bancária, porém, questiona a não aplicação do fator ANFAC na apuração da correta base de cálculo. Embora a decisão recorrida valore que os documentos apresentados pela autuada não sejam hábeis a caracterizar o exercício de atividade de factoring, penso não haver lide a este respeito, pois na quantificação do lucro arbitrado, é fato incontroverso que o fiscal autuante aplicou o percentual de 38,4%, percentual estabelecido para a atividade de factoring, sendo, à propósito, mantido pela decisão recorrida. Importa dizer: o fisco imputou ao recorrente a prática da atividade de factoring, com a aplicação de um coeficiente elevado de arbitramento. Somese a isso que foram juntados pela recorrente vários documentos inerentes à atividade de factoring, tais como: contrato de fomento mercantil, cheques de compra de ativos, entre outros documentos, ratificando, assim, sua atividade empresarial. Porém, apesar de aplicar tal percentual, a fiscalização não considerou que a receita bruta da atividade de factoring não corresponde ao depósito em conta corrente. Assim, o caminho percorrido pela fiscalização, no sentido de aproveitar os depósitos de origem injustificada para equiparálos à receita bruta total, despreza peculiaridade da atividade que o próprio Fisco atribuiu à interessada, o que deve ser aqui reparado. A aplicação literal do artigo 42 da Lei nº 9.430, de 1996 não se coaduna com as empresas de factoring, sendo necessário compatibilizar o dispositivo legal de presunção de receitas com a atividade cujo faturamento não resulta do mero somatório dos recebimento e sim da diferença entre a soma desses valores e a soma das importâncias de aquisição dos títulos ou direitos creditórios adquiridos. Observese: no caso das pessoas jurídicas que exercem atividade de factoring, não há como partir do pressuposto de que os depósitos bancários, sem origem comprovada, reflitam a receita mantida à margem da contabilidade, como se presume, de ordinário, em relação às empresas comerciais ou prestadoras de serviços. Isso porque, a receita bruta da atividade de factoring decorrente da aquisição de créditos é a diferença entre o valor a receber ou recebido e o preço pago pela aquisição dos créditos, sendo que os depósitos bancários apenas refletem os valores de face dos títulos adquiridos. Tal entendimento, poderia levar à conclusão de cancelar a totalidade da exigência fiscal aqui discutida, por erro de direito na determinação do montante tributável, na forma em que ocorreu no julgamento do Acórdão nº 10322.502, de relatoria do I. Conselheiro Flávio Franco Correa, cujo excerto do voto de interesse transcrevese a seguir: Fl. 6373DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.374 26 (...) Reparese: no caso das pessoas jurídicas que exercem atividade de factoring, não há como partir do pressuposto de que os depósitos bancários, sem origem comprovada, reflitam a receita sonegada, como se presume, de ordinário, em relação às empresas comerciais ou prestadoras de serviço. Diversamente, nas pessoas jurídicas do ramo de factoring, os depósitos bancários só podem refletir os valores de face dos títulos adquiridos, enquanto a receita bruta resulta da subtração entre tais valores e as importâncias referentes à aquisição dos respectivos títulos, como orientam o ADN Cosit n° 31/97 e o artigo 10, § 30, do Decreto n° 4.524, de 2002. Em suma, para corresponder à conceituação jurídica relativa à receita bruta da atividade de factoring, apenas os depósitos bancários não promovem a presunção de que, na ausência de comprovação de suas origens, a receita sonegada equivale, justamente, ao somatório dos referidos depósitos, no período de apuração. Em vista do relatado, reparo que os autos de infração ora examinados exibem erros de direito, na determinação do montante tributável, o que me leva a PROVER o recurso e considerar prejudicadas as demais questões suscitadas pela recorrente. (grifei) Ocorre que tal interpretação pode implicar em entraves no uso da presunção legal de omissão de receitas com base no artigo 42 da Lei nº 9.430/96, nas empresas de factoring, ao se negar efetividade ao citado artigo legal. Desta forma, penso que a melhor solução para o caso em apreço, está em conciliar os dois extremos, quais sejam, exonerar o contribuinte de qualquer exigência (precedente anterior) ou tributar todos os depósitos como se rendas fossem (autuação). Há os índices de faturamento das factorings apurados e divulgados pela Associação Nacional das Sociedades de Fomento Mercantil – Factoring (ANFAC). É o fator de compra dos títulos de crédito ou direitos, chamado Fator ANFAC. Portanto, o Fator ANFAC permite estabelecer a presunção da receita bruta das factorings quanto à aquisição das duplicatas, sendo o percentual médio correspondente à diferença entre o valor de face dos títulos de crédito e o preço de suas aquisições. Em vista disto, a receita omitida deve ser considerada o valor dos créditos bancários, feitos os devidos expurgos, com a aplicação do Fator ANFAC. LANÇAMENTOS REFLEXOS Os lançamentos do Programa de Integração Social PIS, da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL foram lavrados em decorrência da omissão de receita apurada. De igual forma, Fl. 6374DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.375 27 o arbitramento de lucros levado a efeito em relação ao IRPJ impõe a mesma sistemática de apuração à CSLL. Assim, considerando as conclusões do IRPJ, e não tendo fatos ou argumentos novos a ensejar conclusão diversa, é de se manter a simetria em tais exigências, ante a íntima relação e causa e efeito. Diante do exposto, os lançamentos reflexos devem ser mantidos parcialmente, considerandose como receitas omitidas os valores indicados nas tabelas reproduzidas no item anterior deste voto. DA MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA A recorrente insurgese contra a aplicação da multa qualificada de 150%, sustentado que a penalidade imposta viola princípios constitucionais, e que o STF, através de sua composição plenária, decidiu no RE 582.461/SP, que as multas fiscais não podem ultrapassar o patamar de 100% do tributo exigido e, que tal entendimento deve ser de observância obrigatória por parte deste Conselho, a teor do que prevê o art. 62 do RICARF. Não merecem agasalhos estas alegações. A previsão de multa de 150% encontrase no artigo 44, §1º da Lei nº 9.430, de 1996 e Lei 4.502, de 30 de novembro de 1964, a seguir transcritos: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007) ......................................................................................................... .......................... § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Medida Provisória nº 351, de 22 de janeiro de 2007) ____________________________________________________ _____________ Art 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: Fl. 6375DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.376 28 I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art . 72. Fraude é tôda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art . 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. Os fatos explanados pela fiscalização caracterizam a figura da sonegação, pois evidenciam, de forma inequívoca, o intuito deliberado, por parte do contribuinte, de impedir o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência dos fatos geradores correspondentes a seu faturamento. A conduta do contribuinte consistiu em movimentar estratosféricos recursos financeiros à margem da contabilidade, além de apresentar declarações falsas, nas DIPJ e nas DCTF, de inexistência de débitos a título de imposto e contribuições, o que afasta qualquer dúvida quanto à existência de dolo, no sentido de ter a consciência e querer a conduta de sonegação descrita no art. 71 da Lei nº 4.502/64. Desta forma, tratase da existência de prova direta de sonegação de receitas, a acarretar a supressão no recolhimento de tributos, não sendo a qualificação calcada apenas em extratos de movimentação financeira, emitidos por bancos. As omissões dolosas na prestação de informações sobre os tributos devidos, ao preencher a DCTF, sem valores declarados, e DIPJ, como se tratasse de empresa inativas, correspondem, por adequação típica, à moldura do artigo 71 da Lei nº 4.502/1964, afinal a recorrente, manifestando vontade livre e consciência da conduta e dos objetivos almejados, escondeu do Fisco sua condição de contribuinte dos tributos cujas bases de cálculo decorreram das receitas auferidas, além de retardar ou omitir o conhecimento do lucro real, da base de cálculo da CSLL e das receitas sujeitas à tributação do PIS/PASEP e da Cofins. Quanto à argüição de inconstitucionalidade da multa aplicada, é certo ser inócuo suscitar tal alegação no âmbito administrativo, pois a autoridade fiscal deve cumprir as determinações legais e normativas de forma plenamente vinculada, não podendo, sob pena de responsabilidade funcional, desrespeitar as normas da legislação tributária, em observância ao art. 142, parágrafo único, do CTN, sendo certo, igualmente, que o julgamento mencionado pela recorrente não se amolda aos termos contidos no artigo 62 do Regime Interno deste Conselho, por inexistir repercussão geral no referido julgado. Assim, voto pela manutenção da multa qualificada. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Fl. 6376DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.377 29 Registrese que o Senhor Anacleto Gonçalves Barriguella não apresentou impugnação em nome próprio, sendo declarado revel, pela decisão recorrida, mantendose assim sua responsabilidade solidária. Por outro lado, os Srs. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Ângelo Vitório Barriguella foram cientificados do Termo de Sujeição Passiva e recorrem a este Conselho. Como seus 2 (dois) recursos possuem igual teor, serão analisados conjuntamente. Afirma o fisco que pelas provas coletadas e anexadas ao PAF, ficou evidenciada que a empresaautuada foi administrada de fato pelos 3 (três) coobrigados, restando caracterizada a sujeição passiva solidária, nos termos do artigo 124, I do CTN. Os fundamentos para tal imputação foram elencados nos itens 1 a 6 do referido Termo, a seguir reproduzidos: Por ocasião da impugnação, a recorrente sustentou que os fundamentos acima alinhados não são suficientes, para imputação da solidariedade descrita no art. 124, I, vez que em tal disposição legal exigese interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Aduz ainda que como as procurações que lhes outorgam poderes foram revogadas em 27/02/2009, assim, eventual interesse comum não poderia ultrapassar tal data. A DRJ manteve o lançamento a responsabilidade solidária, nos termos do lançamento, o que motivou a interposição de recurso voluntário a este Conselho, devolvendo a análise da matéria. Fl. 6377DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.378 30 O caso em tela referese à atribuição da solidariedade tributária, com base no art. 124, I, do CTN, consubstanciado no fato de pessoas físicas receberem da pessoa jurídica instrumento procuratório, com escopo de movimentar a conta bancária da empresa. Segundo autoridade autuante, estas pessoas administravam a sociedade informalmente. A responsabilidade solidária do artigo 124, inciso I do CTN, utilizado pela autoridade fiscal para atribuir a responsabilidade solidária aos sócios de fato da autuada, não se aplica ao caso em análise. De acordo com o Código Civil, artigo 264, há solidariedade quando na mesma obrigação concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito ou obrigado à dívida toda. A solidariedade tributária referida no artigo 124, inciso I do CTN é atribuída às pessoas, seja física ou jurídica, que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Ou seja, há interesse comum quando, por exemplo, determinada empresa regularmente constituída se una a uma outra pessoa, física ou jurídica, com escopo de executar determinado projeto. A receita advinda dos serviços prestados será objeto de tributação e, ambos, responderão solidariedade pelo adimplemento da obrigação. Assim, nos casos de responsabilidade solidária, decorrente do artigo 124, I do CTN, temos mais de um contribuinte para o mesmo fato gerador, e ambos participam da conduta que gera a obrigação tributária. O interesse comum do citado artigo legal não está relacionado a atos ilícitos, como também não é o interesse econômico. Com efeito, a doutrina deixa claro que o conceito de "interesse comum", referido no art. 124, I, do CTN, possui uma dimensão jurídica própria, e não um significado meramente econômico. Nesse sentido, é a lição de LUIS EDUARDO SCHOUERI: Mesmo que duas partes em um contrato fruam vantagens por conta do não recolhimento de um tributo, isso não será, por si, suficiente para que se aponte um interesse comum. Eles podem ter interesse comum em lesar o Fisco. Pode o comprador, até mesmo, ser conivente com o fato de o vendedor não ter recolhido o imposto que devia. Pode, ainda, ter tido um ganho financeiro por isso, já que a inadimplência do vendedor poder ter sido refletida no preço. Ainda assim, comprador e vendedor não tem interesse comum no fato jurídico tributário. 1 PAULO DE BARROS CARVALHO: Aquilo que vemos repetirse com freqüência, em casos dessa natureza, é que o interesse comum dos participantes no acontecimento factual não representa um dado satisfatório para a definição do vínculo de solidariedade. Em nenhuma dessas circunstâncias cogitou o legislador desse elo que aproxima os participantes do fato, o que ratifica a precariedade do método preconizado pelo inc. I do art. 124 do Código. Vale, sim, para situações em que não haja bilateralidade no seio do fato tributado, como, por exemplo, na incidência do IPTU, em que duas ou mais pessoas são proprietárias do mesmo imóvel. Tratandose, porém de ocorrências em que o fato se consubstancie pela presença de pessoas, em posições contrapostas, com objetivos antagônicos, a solidariedade vai instalarse entre os sujeitos que estiverem no 1 Schoueri, Luis Eduardo. Direito Tributário. 2ª ed. Saraiva: 2012, p. 503 Fl. 6378DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.379 31 mesmo pólo da relação, se e somente se for esse o lado escolhido pela lei para receber o impacto jurídico da exação. É o que se dá no imposto de transmissão de imóveis, quando dois ou mais são os compradores; no ICMS, sempre que dois ou mais forem os comerciantes vendedores; no ISS, toda vez que dois ou mais sujeitos prestarem um único serviço ao mesmo tomador. 2 RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA O art. 124 diz que "são solidariamente obrigadas" as pessoas enquadradas num dos seus dois incisos, isto é, as que "tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal" (inciso I) e as que sejam "expressamente designadas por lei" (inciso II). Desta disposição normativa já se pode destacar que a solidariedade prevista no inciso I não é entre responsáveis, porque a solidariedade, especialmente nesse inciso, é ente pessoas que tenha o dever de cumprir a obrigação tributária como contribuintes, e assim o sejam desde o momento da ocorrência do respectivo fato gerador, para cuja ocorrência agiram pessoalmente e em relação à qual detém a respectiva capacidade tributária. Realmente, quando essa norma verdadeiramente prescreve em caráter geral a solidariedade tributária passiva das "pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal", está aludindo a interesse que deve ser diretamente relacionado ao fato gerador (à situação que o constitua) e que torna essas pessoas contribuintes por igual quanto à respectiva e única obrigação tributária. Como dito anteriormente, nas situações objetivadas pelo inciso I do art. 124, a solidariedade nasce originária e naturalmente, a ponto de dispensar sua determinação por lei do poder tributante competente. Para ela, basta o CTN, ao contrário da solidariedade admitida pelo inciso II do mesmo artigo, que depende de norma específica. 3 JOSE JAYME DE MACEDO OLIVEIRA: Em sede tributária, o CTN enumera duas situações denunciativas da configuração da solidariedade de fato, no inciso I, e de direito, no inciso II. Quanto à primeira, embora o dispositivo não defina o que vem a ser "interesse comum", exsurge que envolve ela as pessoas que tenham participação comum no fato gerador, ou seja, que o hajam praticado conjuntamente. SE a hipótese de incidência de IPTU é a propriedade imobiliária urbana e se José e Maria são ambos donos de um único imóvel, há solidariedade entre ambos, sito é o Município pode exigir o pagamento do total do tributo de qualquer dos dois. Pagando um, o problema do ressarcimento pelo outro é questão nãotributária. 4 SACHA CALMON NAVARRO COELHO: O inciso I (do artigo 124 do CTN) noticia a solidariedade natural. É o caso dos dois irmãos que são coproprietários pro indiviso de um trato de terra. Todos são, naturalmente, codevedores solidários do imposto territorial rural (ITR). 5 2 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário, p. 311 3 Op. cit. 4 Oliveira, José Jayme Macedo de. Código Tributário Nacional Comentários. doutrina e Jurisprudência, p. 337 5 Curso de Direito Tributário Brasileiro. Ed. Forense. 7ª edição. p. 708 Fl. 6379DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.380 32 RENATO LOPES BECHO: Que é ter interesse comum no fato gerador? Parecenos ser quando há mais de uma pessoa ocupando o mesmo pólo de uma relação jurídica (agora não de natureza tributária). Especifiquemos melhor. Há situações econômicas em que mais de uma pessoa ocupa uma mesma posição em relação a outras. É o ocorre na coopropriedade. Quando houver mais de um proprietário (contribuinte), haverá solidariedade entre eles". E ainda: " entre comprador e vendedor poderá haver solidariedade, mas essa não é decorrência de interesse comum entre eles., posto que os interesses são distintos, ainda que convergentes. Se existir solidariedade entre comprador e vendedor ela será decorrência da lei, tendo por fundamento a expressa disposição legal. Nos termos do art. 124 do CTN, essa eventual solidariedade estará baseada no artigo 124, II, e terá que ser composta com outra disposição normativa. 6 ANDRÉA M. DARZÉ: O mero interesse social, moral o econômico no pressuposto factico do tributo não autoriza a aplicação do artigo 124, I, do CTN. Deve haver interesse jurídico comum, que surge a partir da existência de direito e deveres idênticos, entre pessoas situadas no mesmo pólo da relação jurídica de direito privado tomada pelo legislador como suporte factual da incidência do tributo, ou mais de uma pessoa realizando o verbo eleito como critério material do tributo, quando esta representar situação jurídica. 7 No caso em concreto, o fato gerador tributário considerado foi "auferir receitas", do que decorreu a tributação pelo IRPJ e seus reflexos, apurada mediante presunção legal de omissão de receitas, na forma do art. 42 do Lei nº 9.430/96. Não há como afirmar, e nem restou demonstrado isso nos autos, de que tais pessoas físicas participaram de alguma forma no fato gerador do imposto. A pessoa jurídica auferiu receitas, não estas pessoas, portanto, não há que se falar na aplicação do artigo consignado. Por outro lado, na hipótese de pessoas físicas terem agido, comprovadamente, com infração à lei ou estatuto, excesso de poderes, dando causa a situações que tenham gerado fatos tributários cujas obrigações fiscais não tenham sido cumpridas, caberia aplicação da responsabilidade pessoal e não solidária prevista no artigo 135 do CTN, o que implicaria em outra forma e fundamento de lançamento. Nesta hipótese, se atribuída a responsabilidade pessoal destas pessoas, terse ia possível até a exclusão da pessoa jurídica do pólo passivo da autuação fiscal, visto que não se estaria diante de hipótese de solidariedade ou subsidiariedade, mas de responsabilidade pessoal do agente. Entretanto, esta não foi a hipótese legal tratada nos autos. Observese que a fiscalização, em que pese não indicar o artigo 135, do CTN, poderia ter descrito e comprovado condutas infracionais praticadas pelos coobrigados indicados, evidenciando violação da lei, estatuto ou contrato social, evidenciando, que estas pessoas teriam agido com excesso de poderes e extrapolando funções próprias para as quais foram constituídas. Mas, não o fez. 6 Becho, Renato Lopes. A Responsabilidade Tributária dos Sócios tem Fundamento Legal? RDDT 182/107. nov/2010. 7 Darzé, Andréa M. Responsabilidade Tributária solidariedade e Subsidiariedade. Ed. Noeses. 2010, p. 231 Fl. 6380DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.381 33 É de ser dizer, é ônus da Administração Fazendária a individualização da conduta fraudulenta praticada pelo coobrigado apontado no Termo de Sujeição Passiva, o que não restou demonstrado nos autos. De fato, poderia a fiscalização ter realizado diligências nos fornecedores, a fim de comprovar a participação de fato de um ou de todos coobrigados, evidenciando, por exemplo que seriam mentores e diretamente beneficiados por eventual esquema criminoso desvendado pela fiscalização. Porém, como se vê, isso não ocorreu. Com efeito, considerando que a responsabilidade do artigo 135 do CTN representa uma penalidade pela prática de ato ilícito, é evidente que somente o próprio autor da infração pode sofrer as suas conseqüências, não podendo essa responsabilidade ser generalizada e atribuída indistintamente, sem que tenha sido demonstrado no que consistiu a suposta infração cometida por cada um dos coobrigados apontados. A jurisprudência do CARF deixa clara a necessidade de individualização de condutas praticadas por cada coobrigado para que lhe seja atribuída a responsabilidade prevista no artigo 135, do CTN, bem como a demonstração (prova) da prática do ato ilícito de maneira dolosa, senão vejamos: RESPONSABILIDADE DE TERCEIRO. NECESSIDADE DE INDICAR A CONDUTA ILÍCITA PRATICADA PELO AGENTE E O REFLEXO DESTA NO NÃO PAGAMENTO DO TRIBUTO. O sócio, o gerente ou administrador pode vir a ser terceiro responsável não pelo fato de guardar tal condição, mas sim por ato ilícito que venha a praticar. Neste sentido, para se atribuir responsabilidade aos diretores, é necessário apontar a conduta praticada por estes. No caso dos autos, atribuiuse a responsabilidade com base no artigo 135, III, do CTN, que trata de "atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos". No entanto, a autoridade autuante não descreveu um único fato supostamente praticados pelos agentes indicados que refletisse conduta destes caracterizando infração à lei ou aos estatutos da empresa. Em síntese, imputou se responsabilidade pelo simples fato de que o nome das referidas pessoas constava da ata de eleição do Conselho de Administração, situação que revela absolutamente incabível. Recurso de ofício negado. Recurso Voluntário Provido em Parte (Processo 10510.722642/201172, Acórdão 1402001.197, Data da Sessão: 13.9.2013). Assim, porque não há razão para suportar a atribuição da responsabilidade solidária prevista no artigo 124, I do CTN, consignada no auto de infração e, também, porque não há nos autos prova suficiente que justifique a aplicação da responsabilidade pessoal, não sendo este fundamento adotado no lançamento (art. 135 do CTN), é de se afastar a questão da responsabilidade solidária. CONCLUSÃO Assim, diante do exposto, voto no sentido de: Fl. 6381DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.382 34 em relação ao recurso da pessoa jurídica, dar provimento parcial tão somente para reduzir a base de cálculo do arbitramento para que se apliquem os índices de lucratividade de factoring, veiculadas pela ANFAC,utilizandose, no caso, como critério a media mensal divulgada; em relação aos recursos dos coobrigados, dar provimento para excluir os Srs. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Ângelo Vitório Barriguella do pólo passivo da obrigação tributária. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 6382DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.383 35 Voto Vencedor Conselheiro Nelso Kichel, Redator Designado. Com a devida vênia ao ilustre Conselheiro Relator, ouso divergir de seu entendimento acerca do afastamento da responsabilidade solidária imputada pelo fisco “Termos de Sujeição Passiva Solidária”, nos termos do art. 124 da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN) aos Srs. ANACLETO GONÇALVES BARRIGUELLA JÚNIOR, CPF 489.228.03134 (fls. 82 e 83) e ÂNGELO VITÓRIO BARRIGUELLA, CPF 705.116.91149 (fls. 84 e 85). Registrese que os Srs. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Ângelo Vitório Barriguella foram cientificados dos respectivos Termos de Sujeição Passiva e recorreram a este Conselho. Como seus 2 (dois) recursos possuem igual teor, serão analisados conjuntamente. Obs: O fisco também imputou sujeição passiva solidária ao Sr.Anacleto Gonçalves Barriguella, o qual foi devidamente intimado, porém não apresentou impugnação na primeira instância; portanto é sujeito passivo solidário revel nos presentes autos. Quantos aos fatos, consta dos autos: que, em 25/09/2013, a fiscalização da DRF/Campo Grande lavrou autos de infração do IRPJ e reflexos (CSLL, PIS e Cofins), anoscalendário 2008 e 2009, montante do crédito tributário lançado de ofício R$ 65.739.583,70, em face da seguinte infração imputada (efls. 03/79), in verbis: (...) 001RECEITA OPERACIONAL OMITIDA (...) OMISSÃO DE RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (...) que houve o arbitramento de ofício do lucro: (...) Razão do arbitramento no (s) períodos( s) : 03/2008, 06/2008, 09/2008, 12/2008, 03/2009, 06/2009, 09/2009, 12/2009. Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte, sujeito à tributação com base no lucro real, não possui escrituração na forma das leis comerciais e fiscais. Enquadramento Legal: A partir de 01/04/1999 Art. 530, inciso I, do RIR/99. Fl. 6383DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.384 36 Auto de Infração com base no Lucro Arbitrado, anoscalendário 2008 e 2009. No dia 05/06/2012, em cumprimento das atribuições de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil e, de acordo com o Registro de Procedimento Fiscal 01.4.01.00201200212, foi lavrado Termo de Inicio do Procedimento Fiscal, e encaminhado por via Postal com AR.. O mesmo voltou como numero não existente, datado de 12/06/2012. Foi feita uma nova tentativa de ciência, enviando o Termo para o endereço do proprietário da empresa. O mesmo retornou como não procurado, em 09/08/2012. Foi afixado o Edital, com ciência em 27/08/2012. No referido Termo, o contribuinte intimado a apresentar os seguintes documentos, referentes aos anoscalendário 2008 e 2009. (...) Após decorrido o prazo, não houve resposta. No dia 05/09/2012 foi encaminhado ao Banco Bradesco S/A a Requisição de Informação sobre Movimentação Financeira Nº 01.4.01.002012000195. Nela foram solicitados os extratos das movimentações de contacorrente, aplicações, dados cadastrais e procurações outorgando poderes para terceiros movimentar as contascorrentes. No dia 04/04/2013 nos foi encaminhado pelo banco Bradesco as informações acima descritas, referentes a agencia 2100, contas 210390, 210439 e 224820. Os dados confirmam que a conta está em nome da pessoa jurídica, pertencente a Theodoro Barriguella, com o nome fantasia TH Factoring e com endereço Av. Afonso Pena , numero 3504, 15 andar, sala 155, Campo GrandeMS Constavam no cadastro com poderes de representação, com forma de assinatura "isoladamente", Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, CPF 489.228.03134 e Anacleto Gonçalves Barriguella, CPF 349.552.75834. O instrumento público de procuração, datado de 16/02/2006, o Sr. Theodoro Barriguella outorga conjunto ou isoladamente, os mais amplos gerais e ilimitados poderes para administrar e gerir a empresa, entre outros, abrir e movimentar contas correntes a Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, CPF 489.228.03134 e Anacleto Gonçalves Barriguella, CPF 349.552.75834 e Ângelo Vitório Barriguella, CPF 705.116.91149. (...) No dia 06/09/2013 recebemos por escrito, que não se logrou êxito em localizar os Livros Diário, Razão e LALUR do período fiscalizado. Diante dos seguintes fatos: Fl. 6384DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.385 37 1 A empresa teve sua abertura no dia 23/01/2006, com endereço informado nos cadastros na Rua 15 de Agosto, n. 32, em Corguinho MS. Este endereço não existe. 2 As DIPJ dos anoscalendário de 2.008 e 2.009 foram entregues como INATIVA, apesar do movimento financeiro apresentado. 3As Declarações de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) dos anoscalendário de 2008 e 2009 foram entregues sem valores declarados. 4O contribuinte, pelo tipo de atividade descrita no CNAE 6491 300 (Sociedades de Fomento mercantil factoring) do CNPJ, estava obrigado a tributação pelo Lucro Real. Conforme relatos acima, o contribuinte não apresentou a documentação solicitada. (...) 5 O proprietário, firma individual, tinha como domicilio, endereço na zona rural de Corguinho/MS. Deve ser observado que o mesmo já tinha 89 anos de idade a época da abertura da empresa; 6 No entanto, no dia 16/02/2006 foi lavrada Escritura Pública no 1º Tabelião De Notas e de Protestos de Letras e Títulos Nelson Marquezi, Presidente Prudente, SP, concedendo os mais amplos gerais e ilimitados poderes aos Srs. Anacleto Gonçalves Bariguella, Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, entre os quais o poder abrir e movimentar contas correntes, podendo agir em conjunto ou separadamente: 7A empresa abriu conta no Banco Bradesco S/A, agência Coronel Antonino, Campo Grande MS, em 15/03/2006, já constando no cadastro como nome fantasia TH Factoring e com endereço Av Afonso Pena 3504, 15 andar, sala 155, em Campo Grande MS. 8Na abertura das contas, contam como representantes, Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Anacleto Gonçalves Barriguella com poderes para assinar isoladamente pala empresa; 9Diante da apresentação das procurações, das informações do banco, e de que o empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fica caracterizada que a empresa foi administrada por seus procuradores; O lançamento foi efetuado através do arbitramento do lucro, com base nos depósitos bancários com qualificação da multa, e será efetuada a Representação Fiscal para Fins Penais pelo indicio de Crime Contra a Ordem Tributária, Lei n° 8.137, de 27 de dezembro de 1.990, art. 1º. (...) Fl. 6385DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.386 38 Demonstrativo dos valores utilizados como base de calculo deste lançamento é parte integrante do Auto de Infração. (...) TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA (...) Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior (...) No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, foram apurados os seguintes fatos: 1)A empresa teve sua abertura no dia 23/01/2006, com endereço informado nos cadastros na Rua 15 de Agosto, n. 32, em Corguinho MS. Este endereço não existe. 2)O proprietário, firma individual, tinha como domicilio, endereço na zona rural de Corguinho/MS. Deve ser observado que o mesmo já tinha 89 anos de idade a época da abertura da empresa: 3)No entanto, no dia 16/02/2006 foi lavrada Escritura Pública no 1o Tabelião De Notas e de Protestos de Letras e Títulos Nelson Marquezi , Presidente Prudente, SP, concedendo os mais amplos gerais e ilimitados poderes aos Srs. Anacleto Gonçalves Bariguella, Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior., entre os quais o poder abrir e movimentar contas correntes, podendo agir em conjunto ou separadamente: 4)A empresa abriu conta no Banco Bradesco SA, agência Coronel Antonino, Campo Grande MS, em 15/03/2006, já constando no cadastro como nome fantasia TH Factoring e com endereço Av Afonso Pena 3504, 15 andar, sala 155, em Campo Grande MS 5) Na abertura das contas, contam como representantes, Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Anacleto Gonçalves Barriguella com poderes para assinar isoladamente pala empresa; 6) Diante da apresentação das procurações, das informações do banco, e de que o Empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fica caracterizada que a empresa foi administrada por seus procuradores: A procuração outorgando poderes a Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior foi revogada em 27/02/2009. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n* 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que tratam o Autos Fl. 6386DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.387 39 de Infração lavrado relativamente ao IRPJ, CSLL, PIS e a COFINS na data de 25/09/2013, contra o sujeito passivo supra referido, cujas vias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. E, para surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo, em duas vias de igual teor e forma, assinado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, cuja ciência pelo sujeito passivo solidário darseá por Via Postal com Aviso de Recebimento (AR). (...) TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA (...) Ângelo Vitório Barriguella (...) No exercício das funções de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, foram apurados os seguintes fatos: 1) A empresa teve sua abertura no dia 23/01/2006, com endereço informado nos cadastros na Rua 15 de Agosto, n. 32, em Corguinho MS. Este endereço não existe. 2) O proprietário, firma individual, tinha como domicilio, endereço na zona rural de Corguinho/MS. Deve ser observado que o mesmo já tinha 89 anos de idade a época da abertura da empresa: 3) No entanto, no dia 16/02/2006 foi lavrada Escritura Pública no 1o Tabelião De Notas e de Protestos de Letras e Títulos Nelson Marquezi , Presidente Prudente, SP, concedendo os mais amplos gerais e ilimitados poderes aos Srs. Anacleto Gonçalves Bariguella, Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, entre os quais o poder abrir e movimentar contas correntes, podendo agir em conjunto ou separadamente: 4) A empresa abriu conta no Banco Bradesco SA, agencia Coronel Antonino, Campo Grande MS, em 15/03/2006, já constando no cadastro como nome fantasia TH Factoring e com endereço Av Afonso Pena 3504, 15 andar, sala 155, em Campo Grande MS 5) Na abertura das contas, contam como representantes, Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e Anacleto Gonçalves Barriguella com poderes para assinar isoladamente pala empresa; 6) Diante da apresentação das procurações, das informações do banco, e de que o Empresário individual possuía domicilio em cidade diferente da empresa, fica caracterizada que a empresa foi administrada por seus procuradores: A procuração Fl. 6387DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.388 40 outorgando poderes a Angelo Vitório Barriguella foi revogada em 27/02/2009. Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124 da Lei n^ 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional). Fica o sujeito passivo solidário supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que tratam o Autos de Infração lavrado relativamente ao IRPJ, CSLL, PIS e a COFINS na data de 25/09/2013, contra o sujeito passivo supra referido, cujas vias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. E, para surtir os efeitos legais, lavramos o presente Termo, em duas vias de igual teor e forma, assinado pelo AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil, cuja ciência pelo sujeito passivo solidário darseá por Via Postal com Aviso de Recebimento (AR). (...) Como visto, a empresa autuada, firma individual, foi constituída, em 23/01/2006, em nome de um Senhor de 89 anos de idade, Sr. THEODORO BARRIGUELLA, com objeto social atividade mercantil factoring. E, poucos dias depois, no dia 16/02/2006, foi lavrada Escritura Pública no 1º Tabelião De Notas e de Protestos de Letras e Títulos Nelson Marquezi, Presidente Prudente, SP, pela qual o Sr. THEODORO BARRIGUELLA concedeu procuração com os mais amplos gerais e ilimitados poderes para administrar e gerir a empresa, entre os quais o poder de abrir e movimentar contas correntes bancárias, aos outorgados Srs. Anacleto Gonçalves Barriguella, Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior agir, atuar, em conjunto ou separadamente, independentemente de ordem de nomeação (efls. 107/109). Ou seja, terceiros, não integrantes do quadro social, mas do mesmo núcleo familiar, assumiram a empresa, mediante procuração instrumento público, que lhes outorgou mandato com amplos e ilimitados poderes para administrar, gerir a empresa. Nos anoscalendário 2008 e 2009, empresa sujeita à apuração do lucro real, apresentou as DIPJ como empresa INATIVA, e apresentou as DCTF com os campos zerados, sem faturamento. No entanto, nesses anoscalendário a empresa teve movimentação financeira a crédito em suas contas bancárias em montante acima de R$ 100.000.000,00 (cem milhões de reais). Intimada a empresa não apresentou os livros da escrituração contábil e fiscal. O lucro foi arbitrado de ofício. A empresa nada recolheu de tributos federais quanto aos fatos geradores desses anoscalendário, pois informou ao fisco estar INATIVA e apresentou as DCTF com valores zerados. Fl. 6388DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.389 41 Como demonstrado, os fatos são cristalinos, de clareza meridiana, contundentes, apontando que a empresa autuada, firma individual, foi constituída em nome de interposta pessoa (Senhor de 89 anos de idade), utilizada por terceiros (procuradores legais com procurações com amplos e ilimitados poderes de administração e gestão) com propósito de sonegar totalmente tributos e contribuições federais, dolo intenso, fraude, visando a suprimir essas exações fiscais, mormente nos anoscalendário 2008 e 2009, períodos objeto destes autos. Ainda, esses fatos indiciários reunidos pela fiscalização RFB indicam que esses terceiros (procuradores legais) compõem mesmo núcleo familiar e são os reais proprietários da empresa, donos de fato, entre os quais estão os Srs. Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, responsáveis solidários pelo crédito tributário lançado de ofício objeto dos autos, nos termos do art. 124, I, do CTN. Entretanto, os recorrentes sustentam que os fundamentos arrolados pela fiscalização da RFB não são suficientes para imputação da solidariedade descrita no art. 124, I, uma vez que em tal disposição legal exigese interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Aduzem ainda que as procurações que lhes outorgavam poderes foram revogadas em 27/02/2009 e que, assim, eventual interesse comum não poderia ultrapassar tal data. Não procede a irresignação dos recorrentes. O fato de, em 27/02/2009, o Sr. THEODORO BARRIGUELLA ter revogado as procurações do Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, Ângelo Vitório Barriguella e do Sr. Anacleto Gonçalves Bariguella (efls. 5692/5693) e, ato contínuo, nessa mesma data, ter voltado a renomear, como procurador legal da empresa, desta vez, apenas o Sr. Anacleto Gonçalves Barriguella (efls. 5695/5698), isso não retira, não afasta, os elementos de provas indiciários que apontam, seguramente, que todas essas pessoas, que administraram e geriram a empresa em 2008 e 2009, sempre foram as proprietárias (donos de fato) da empresa. Essa mudança nas procurações legais, na verdade, foi mero ajuste formal (todos os citados pertencem ao mesmo núcleo familiar e diretamente ligados e envolvidos com a empresa), não alterando a condição de donos de fato da empresa. Nesse sentido, cabe transcrever a fundamentação do voto condutor do acórdão recorrido, nessa parte, onde consta que a instituição bancária sequer ficou sabendo da citada revogação da procuração (efls 6240/6241), in verbis: (...) RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Como o senhor Anacleto Gonçalves Barriguella não apresentou defesa em nome próprio, ele é declarado revel, sendo mantida a responsabilização solidária. Quanto aos sujeitos passivos solidários AGBJ e AVB, eles alegam inicialmente que as procurações que lhes outorgavam poderes foram revogadas em 27/02/2009; assim, eventual interesse comum não poderia ultrapassar tal data. 23.1. O presente processo foi encaminhado em diligência, tendo sido enviada correspondência ao Banco Bradesco com a Fl. 6389DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.390 42 seguinte indagação: “se a revogação por escritura pública, de 27/02/2009, da procuração lavrada em 16/02/2006, foi levada ao conhecimento do banco”. Em resposta, o banco informa que: “após pesquisa nos arquivos das contas, não localizou o instrumento de revogação da procuração lavrada em 16/02/2006”. Ou seja, para o banco continuava valendo a procuração lavrada em 16/02/2006. Assim, observase que mesmo após a data de 27/02/2009, os senhores AGBJ e AVB continuaram com procuração para operar as contas correntes naquela instituição. (...) Esse fato, portanto, é mais um elemento de prova que indica que os responsáveis solidários eram os donos de fato da empresa, anoscalendário 2008 e 2009. Na sequência, ainda, consta consignado no auto de infração que ocorreu a abertura do inventário judicial em que é inventariado o Sr. THEODORO BARRIGUELLA, até então o titular formal da empresa individual. Quanto a essas procurações e abertura de inventário judicial, consta expressamente do autos de infração, in verbis: (...) No dia 29/07/2013, foram entregues documentos, como planilhas de justificativas de movimentação das contas com compras de ativos e relações de devoluções de cheques. Foi apresentada também a Escritura Publica de Revogação de Mandado, datada de 27/02/2009, com a exclusão de Ângelo Vitório Barriguella e de Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior e outorgada uma nova apenas com poderes para o Sr.Anacleto Gonçalves Barriguella. (...) No dia 06/09/2013 foi, (...), apresentando cópias de Instrumento Particular de Fomento Mercantil com cliente, Contrato/Estatuto Social/Certidão Simplificada da JUCEMS bem como o Termo de Inventariante nos Autos de Inventário n° 0822533 53.20013.8.12.00001 em que é inventariado o Sr. Theodoro Barriguella. (...) Ainda, quanto à caracterização da utilização pelos responsáveis solidários da interposição de pessoa, consta da fundamentação do voto condutor da decisão recorrida (efls. 6248/6250), in verbis: (...) 23.2.5. Ademais, observase que desde a criação da empresa sob análise (23/01/2006), houve o concurso dos três responsáveis solidários, que a administraram durante o período sob exame. Fl. 6390DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.391 43 23.2.5.1. De se notar que à folha 5.713 consta documento emitido pelo Poder Judiciário de Campo Grande, Vara de Sucessões, intitulado Termo de Compromisso de Inventariante, com as seguintes informações: Autos nº 082253353.2013.8.12.0001 Ação: Inventário Inventariado: THEODORO BERGHELLA “Aos 23 de julho de 2013, nesta cidade e Comarca de Campo Grande, Estado de Mato Grosso do Sul, compareceu Anacleto Gonçalves Berghella, CPF 349.552.75834, sendo por este informado que vinha, nos termos da Lei e de acordo com a decisão prolatada à fl. 15, firmar o compromisso de inventariante, onde é inventariado Theodoro Berghella, CPF 041.118.34868 ...” 23.2.5.2. Consultas aos Sistemas CNPJ e Portal IRPJ, da RFB, indicam, respectivamente, que: (i) a empresa em epígrafe continua na situação “ATIVA” no cadastro; e (ii) ela entregou DIPJ como Inativa em relação a todos os exercícios de 2009 até 2016 (anoscalendário de 2008 a 2015). 23.2.6. Destarte, correta a responsabilização dos administradores, com base no interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação tributária, conforme disposto no artigo 124, do CTN, (...) 23.2.7. A aplicação do art. 124, I, do CTN em casos de interposição de pessoas é pacífica na jurisprudência administrativa. Vejase, nos domínios: 1 “idg.carf.fazenda.gov.br”: “RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERPOSTA PESSOA. Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas (“laranjas”) que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contas correntes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124, I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que constituía o fato gerador da obrigação principal”. (Acórdão n° 1301001.525, de 08/05/2014.) 2 “empresario.com.br”: ”RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Comprovado nos autos como verdadeiro sócio da pessoa jurídica, pessoa física, acobertada por terceiras pessoas (“laranjas”) que apenas emprestavam o nome para que este realizasse operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contascorrentes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124, I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que Fl. 6391DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.392 44 constituía o fato gerador da obrigação principal.” (Acórdão nº 10809.617) 3 “lexml.gov.br/”: “RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas ("laranjas") que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contascorrentes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124, I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que constituía o fato gerador da obrigação principal. Esse interesse comum inexistia nas empresas que com eles apenas realizavam operações comerciais normais, não se podendo, "ipso facto", responsabilizálas solidariamente pelo crédito tributário da fiscalizada.” (Acórdão nº 10708692, de 16/08/2006) 23.2.6. Portanto, verificase que a presente responsabilização encontra previsão legal, à qual se subsumem os fatos. (...) Como dito anteriormente, os elementos de provas colhidos pela fiscalização (provas indiciarias) constantes dos autos, aponta que os Srs. Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior, também, são proprietários de fato da empresa e, por conseguinte, são responsáveis solidários pelo crédito tributário, em face do interesse comum na situação de que trata o art. 124, I, do CTN, quanto aos anoscalendário 2008 e 2009. Assim, demonstrado que pessoas físicas, ausentes do quadro societário da pessoa jurídica autuada, são seus verdadeiros controladores, dirigentes e beneficiários do resultado econômico, correta a determinação de responsabilidade solidária pelos tributos devidos pela empresa, pois caracterizado interesse comum no fato gerador da obrigação tributária, conforme preceitua o inciso I do art. 124 do Código Tributário Nacional. Esse entendimento está consonância com os precedentes jurisprudenciais deste CARF, cujas ementas dos julgados transcrevo, in verbis: Ementa(s) Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Ano calendário: 2010, 2011 ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO ADMINISTRADOR DE FATO. ART. 135, III. CABIMENTO. NATUREZA DA RESPONSABILIDADE DO ADMINISTRADOR. EXCLUSÃO DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE.A jurisprudência deste Conselho é firme no sentido de que a responsabilidade dos sócios, gerentes ou administradores (sejam formais ou de fato), prevista no art. 135, III é solidária e não exclui do pólo passivo a pessoa jurídica administrada. Sendo notória a ascendência do sujeito apontado como o administrador de fato das empresas pertencentes ao seu grupo familiar revela se indiscutivelmente este que era o responsável de fato pela gestão dos negócios da empresa indicada no pólo passivo da Fl. 6392DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.393 45 autuação. (...). (Acórdão 1302002.549 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, Sessão de 20/02/2018, Relator e Presidente Luiz Tadeu Matosinho Machado). NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM.Configurado o interesse comum nas situações que constituem o fato gerador dos tributos, pela prova de existência de identificação entre o responsável solidário e a contribuinte, resta caracterizada a sujeição passiva solidária nos termos do art. 124, I, c/c art. 135, III, ambos do CTN. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERPOSTA PESSOA.Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas ("laranjas") que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contas correntes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 124, I, do Código Tributário Nacional, pelo interesse comum na situação que constituía o fato gerador da obrigação principal. (Acórdão 1301001.525 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 08/05/2014, Relator Paulo Jakson da Silva Lucas Relator). SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135 DO CTN. No caso de outorga de procuração com poderes plenos e ilimitados de administração e gerência, cumulado com a interposição de pessoas (“laranjas”) para induzir as autoridades fiscais a erro, cabível a imputação de responsabilidade tributária aos administradores e sócios de fato da pessoa jurídica, nos termos do art. 135 do CTN. (Acórdão nº 1102001.320–1ª Câmara/2ªTurma Ordinária, Sessão de 24/03/2015, Relator João Otávio Oppermann Thomé – Redator ad hoc). SUJEIÇÃO PASSIVA POR RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERESSE COMUM DE PESSOA FÍSICA QUE COMANDA, DE FATO, A PESSOA JURÍDICA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. ART. 124 I CTN. Uma vez comprovado que a pessoa física ausente do quadro societário da pessoa jurídica autuada, é seu verdadeiro controlador, dirigente e beneficiário do resultado econômico, correta a determinação de responsabilidade solidária pelos tributos devidos pela empresa, pois caracterizado interesse comum no fato gerador da obrigação tributária, conforme preceitua o inciso I do art. 124 do Código Tributário Nacional. (Acórdão nº 3401003.809 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária, Sessão de 26/06/2017, Relator LEONARDO OGASSAWARA DE ARAÚJO BRANCO). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. ART. 135, III. DOLO. PODERES DE GERÊNCIA. Os administradores são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou Fl. 6393DF CARF MF Processo nº 10140.721844/201370 Acórdão n.º 1301002.972 S1C3T1 Fl. 6.394 46 estatutos, desde que cabalmente provado o dolo. (Acórdão nº 3301003.159–3ªCâmara/1ªTurma Ordinária, Sessão de 27/01/2017, Relatora Semíramis de Oliveira Duro). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. CABIMENTO. Os administradores, mandatários, prepostos e empregados são responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, bem assim as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal.(Acórdão nº 1302001.962–3ª Câmara/2ªTurma Ordinária, Sessão de 11/08/2016, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa Redator designado). Ante o exposto, restou demonstração o interesse comum dos coobrigados na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal. Devese manter a sujeição passiva solidária dos recorrentes Srs. Ângelo Vitório Barriguella e Anacleto Gonçalves Barriguella Júnior (Art. 124, I, do CTN). Por tudo que foi exposto, voto para negar provimento aos recursos voluntários dos coobrigados. É como voto. (assinado digitalmente) Nelso Kichel Fl. 6394DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.725276/2014-73
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 27 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA E REFORMA OU PENSÃO. LAUDO PERICIAL. COMPROVAÇÃO. ISENÇÃO.
A isenção do IRPF sobre proventos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão ao portador de moléstia grave está condicionada a comprovação da patologia mediante laudo pericial, devidamente justificado. Elementos justificam na forma documental a data da ocorrência da situação alegada.
Declaração de ajuste do Imposto de Renda considera os rendimentos de aposentadoria como abrangidos pela isenção em razão de Moléstia Grave.
A glosa por recusa de aceitação dos comprovantes apresentados pelo contribuinte deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a inocorrência da situação na data apontada no documento. O laudo médico apresentado pelo Recorrente está confirmado na decisão do laudo oficial.
Numero da decisão: 2001-000.292
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente.
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2011 MOLÉSTIA GRAVE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA E REFORMA OU PENSÃO. LAUDO PERICIAL. COMPROVAÇÃO. ISENÇÃO. A isenção do IRPF sobre proventos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão ao portador de moléstia grave está condicionada a comprovação da patologia mediante laudo pericial, devidamente justificado. Elementos justificam na forma documental a data da ocorrência da situação alegada. Declaração de ajuste do Imposto de Renda considera os rendimentos de aposentadoria como abrangidos pela isenção em razão de Moléstia Grave. A glosa por recusa de aceitação dos comprovantes apresentados pelo contribuinte deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a inocorrência da situação na data apontada no documento. O laudo médico apresentado pelo Recorrente está confirmado na decisão do laudo oficial.
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PROVENTOS DE APOSENTADORIA E REFORMA OU PENSÃO. LAUDO PERICIAL. COMPROVAÇÃO. ISENÇÃO. A isenção do IRPF sobre proventos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão ao portador de moléstia grave está condicionada a comprovação da patologia mediante laudo pericial, devidamente justificado. Elementos justificam na forma documental a data da ocorrência da situação alegada. Declaração de ajuste do Imposto de Renda considera os rendimentos de aposentadoria como abrangidos pela isenção em razão de Moléstia Grave. A glosa por recusa de aceitação dos comprovantes apresentados pelo contribuinte deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a inocorrência da situação na data apontada no documento. O laudo médico apresentado pelo Recorrente está confirmado na decisão do laudo oficial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 72 52 76 /2 01 4- 73 Fl. 76DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por omissão à tributação de rendimentos considerados isentos pelo Recorrente em razão da alegada moléstia grave no período. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 1.575,22, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2011. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta a falta de comprovação suficiente para justificar a não aceitação da isenção, nos moldes que entende devam ser atendidos os requisitos legais, com a apresentação de elementos de forte comprovação da ocorrência da moléstia alegada no espaço temporal da utilização do benefício fiscal da isenção. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que os comprovantes não se enquadram nas exigências da legislação em vigor à época da ocorrência, como a seguir dispõe: Contra o contribuinte acima identificado, foi lavrada a notificação de lançamento de fl. 10, emitida em 01/09/2014, relativa ao imposto sobre a renda das pessoas físicas do anocalendário 2011, que constatou a omissão de rendimentos pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social INSS e pela Fundação Vale do Rio Doce de Seguridade Social VALIA, nos valores de R$ 34.997,35 e R$ 11.740,44, respectivamente. (...) O impugnante informa ser portador de cardiopatia grave, razão pela qual, entende que os rendimentos auferidos seriam isentos do IR, nos termos do art. 6º da lei 7.713/88. (...) Dessa maneira, para que possa ser concedida a isenção, se faz necessário o cumprimento cumulativo de dois requisitos, a saber: que ele seja portador de uma das doenças mencionadas no texto legal, e Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10530.725276/201473 Acórdão n.º 2001000.292 S2C0T1 Fl. 77 3 que os rendimentos auferidos sejam provenientes de aposentadoria, reforma ou pensão. A discussão não gira em torno da natureza do rendimento, visto que os mesmos são decorrentes de aposentadoria, mas sim, se a doença do impugnante é caracterizada como cardiopatia grave. Em sua impugnação o contribuinte apenas colacionou aos autos relatórios e laudos médicos de entidades privadas, razão pela qual, o despacho decisório deferiu a solicitação de manutenção total da exigência. No entanto, em manifestação posterior, o impugnante anexa às fls. 44 e 45, relatório médico emitido pela Dra. Mônica de O. Trevisan (CRM 22414), em papel timbrado do Centro de Saúde Luis Eduardo Magalhães, Prefeitura de Serrinha BA. Em dito documento a médica atesta que o impugnante é portador de insuficiência cardíaca classe funcional II NYHA, secundária à cardiopatia reumática, tendo sido submetido à cirurgia cardíaca com troca valvar aórtica por prótese mecânica em 02/07/2007. Finaliza o relatório informando as doenças diagnosticadas mediante os códigos CID: I50 (Insuficiência Cardíaca), I06 (Doenças Reumáticas da Válvula Aórtica), I10 (Hipertensão Essencial) e E78.0 (Hipercolesterolemia Pura). O laudo não informa expressamente ser o impugnante portador de cardiopatia grave. (...) Isto posto, voto no sentido de considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário constituído. Assim, ao final, conclui a decisão de piso pela improcedência da impugnação para manter o crédito tributário exigido, pelo não reconhecimento do direito à isenção pleiteada referente período. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: Fl. 78DF CARF MF 4 (...) (...) (...) Fl. 79DF CARF MF Processo nº 10530.725276/201473 Acórdão n.º 2001000.292 S2C0T1 Fl. 78 5 (...) (...) É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A questão aqui tratada é de reconhecimento ou não ao direito à isenção do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, para portadores de moléstia grave prevista em lei, devendo para isso preencher os requisitos básicos, cumulativamente, no mesmo período, de recebimento de rendimentos de aposentaria, reforma, reserva remunerada ou pensão com a existência da enfermidade que permite a isenção do imposto. O de natureza legal conforme disposto na legislação tributária que rege a questão, especialmente o art. 6º, inciso XIV da Lei nº 7.713, de 1988, com a redação da Lei nº 11.052, de 2004, assim estabelece: Art. 6º Ficam isentos do imposto de renda os seguintes rendimentos percebidos por pessoas físicas: (...) Fl. 80DF CARF MF 6 XIV – os proventos de aposentadoria ou reforma motivada por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome da imunodeficiência adquirida, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma. (grifei) Em sequência temse o previsto no inciso XXXIII, artigo 39 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto 3.000/99, "não entrarão no cômputo do rendimento bruto": "XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º);" O parágrafo 4º do mesmo dispositivo define as condições para reconhecimento de tal isenção: "§4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº9.250, de 1995, art. 30 e § 1º)." Seguindo no disciplinar das condições para verificação de enquadramento de contribuintes nas regras isentivas, o artigo 5º do mesmo artigo assim dispõe: "§5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicam se aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo pericial ou do parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial." A matéria inclusive já se encontra sumulada no CARF: Súmula CARF nº 43: Os proventos de aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, motivadas por acidente em serviço e os Fl. 81DF CARF MF Processo nº 10530.725276/201473 Acórdão n.º 2001000.292 S2C0T1 Fl. 79 7 percebidos por portador de moléstia profissional ou grave, ainda que contraída após a aposentadoria, reforma ou reserva remunerada, são isentos do imposto de renda. Súmula CARF nº 63. Para gozo da isenção do imposto de renda da pessoa física pelos portadores de moléstia grave, os rendimentos devem ser provenientes de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão e a moléstia deve ser devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. Outro, o de natureza comprobatória da existência da moléstia grave e a constatação da data de início da comprovação do direto ao benefício fiscal, apontado em laudo pericial específico, para esse fim elaborado, fulcro do objeto da lide. Assim, os elementos comprobatórios para a concessão da isenção do Imposto sobre a Renda no caso de Moléstia Grave, cumulativamente no mesmo período, são: 1 – Ser o contribuinte portador de moléstia especificada na Lei; 2 – Ser o contribuinte recebedor de rendimentos de aposentadoria, reforma, reserva remunerada ou pensão; 3 – Dispor o contribuinte de Laudo que constate a Doença Grave, identificando a data do início da ocorrência e, na falta desta informação a que corresponda à realização dos exames definidores da moléstia. Postas as condições para concessão da desoneração tributária em lide cumpre analisar, no caso concreto, a situação fática e legal de enquadramento do Recorrente. O Contribuinte efetuou sua declaração do Imposto de Renda considerando os rendimentos de aposentadoria no item específico que isenta do tributo com base no inciso XIV, art. 6º, da Lei nº 7.713/88 e inciso XXXIII, do art. 39, do Decreto nº 3.000/99, e por essa providência usufruir do benefício fiscal da isenção em razão da existência de sua moléstia considerada grave. A lide aponta de maneira fulcral para a questão da prova e data da constatação da moléstia e da data de início da efetiva causalidade do pressuposto básico e definidor do direito ao benefício da isenção com base nos dispositivos legais antes citados. Os relatórios médicos particulares que atestam a doença foram juntados ao processo (fl. 03, 04, 05), datados, respectivamente de 03/07/2014, 16/01/2007 e 22/12/2006. Todos abordam a questão da moléstia em estágio avançado e relatam a gravidade do quadro da doença. Ressaltese que esse quadro de gravidade foi o motivo que originou a aposentadoria por invalidez, de forma precoce aos 50 anos de idade. Assim, a partir de então produziuse os efeitos para o benefício da isenção do Imposto sobre a Renda. Observese que o relatório médico do Setor de Cardiocirúrgica do Hospital – Hospital São Rafael – Hospital Aliança – Hospital da Bahia, com data de 16/01/2007, relata que o eco cardiograma demonstra estenose aórtica severa calcificada. O cateterismo de 10/01/2007, mostrou estenose grave aórtica e afirma ainda que possui indicação para cirurgia cardíaca para a troca válvula aórtica, com brevidade (fl. 41). Fl. 82DF CARF MF 8 Informação médica do Hospital São Rafael de 22/12/2006, relata que o paciente Ivaldo Praxedes Cavalcante, então com 50 anos, tem estenose aórtica severa, e está em período préoperatório de cirurgia cardíaca e solicita exame preparatório de coronariográfica (fl.42). Em sequência, o laudo médico de avaliação do Centro de Saúde da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Serrinha do Estado da Bahia atesta a existência de insuficiência cardíaca funcional II NYHA, secundária à cardiopatia reumática antes detectada. Ou seja, o laudo confirma a cardiopatia que deu origem a cirurgia para a colocação de prótese mecânica em 02/07/2007, e ainda detecta uma segunda anomalia de insuficiência cardíaca demonstrando de forma cabal a vulnerabilidade da saúde física do paciente Contribuinte (fls. 44, 45, 65 e 66). Assim, em razão do laudo oficial ter sido firmado considerando que os efeitos definidores da cardiopatia grave e da afirmação apontada nos laudos médicos particulares que reportam o estágio definidor da enfermidade a partir dos anos de 2006 e 2007, e ainda, a apresentação de estágio de demência com expedição de Sentença Judicial de interdição, desde períodos anteriores ao exercício do aproveitamento da isenção do Imposto sobre a Renda, demonstrase por evidente o direito ao beneficio fiscal. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, para reconhecer a isenção tributária sobre os proventos de aposentadoria como constante na declaração do Imposto sobre a Renda. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 83DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13749.000859/2009-63
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005
DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
Numero da decisão: 2001-000.332
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2005 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo ano-calendário da obrigação tributária.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1525; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13749.000859/200963 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.332 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 20 de março de 2018 Matéria IRPF: DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS Recorrente MARCOS PEREIRA TAVARES DÓREA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2005 DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DEDUTIBILIDADE. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Inteligência do art. 80 do Decreto 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda RIR). A dedução de despesas médicas na declaração de ajuste anual do contribuinte está condicionada à comprovação hábil e idônea no mesmo anocalendário da obrigação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 74 9. 00 08 59 /2 00 9- 63 Fl. 81DF CARF MF 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2005, anocalendário de 2004, por meio do qual foram glosadas despesas médicas no valor total de R$ 27.500,00 por falta de comprovação de pagamento, gerando um crédito tributário de imposto de renda pessoa física suplementar no valor de R$17.646,00. O interessado foi cientificado da notificação e apresentou impugnação de fls 01 a 03, juntando recibos para evidenciar a prestação do serviço. Alega, em síntese, que nenhuma irregularidade foi praticada. A DRJ Teresópolis, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que os comprovantes fornecidos e juntados ao processo pelo Contribuinte não seriam suficientes para comprovar as despesas, devendo, por essa razão, ser mantida a glosa das despesas médicas. Em sede de Recurso Voluntário, alega o contribuinte que não é possível manterse a glosa de despesa com tratamento de despesas médicas, sob o fundamento da falta de comprovação da prestação de serviço, quando os próprios emitentes dos recibos, reconhecem têlos prestados. Apresenta, para tanto, provas ratificadoras, capazes elidir quaisquer dúvidas quanto as despesas médicas despendidas, por meio de recibos detalhados e principalmente declarações emitidas pelos profissionais, as quais seguem em anexo ao RV, com todas as informações necessárias de acordo com a lei. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Glosa de despesas médicas Nos termos do artigo 8°, inciso II, alínea "a", da Lei 9.250/1995, com a redação vigente ao tempo dos fatos ora analisados, são dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda pessoa física as despesas a título de despesas médicas, psicológicas e dentárias, quando os pagamentos são especificados e comprovados. Lei 9.250/1995: Fl. 82DF CARF MF Processo nº 13749.000859/200963 Acórdão n.º 2001000.332 S2C0T1 Fl. 3 3 Art. 8°. A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. (...) § 2º O disposto na alínea ‘a’ do inciso II: (...) II restringese aos pagamentos feitos pelo contribuinte, relativos ao seu próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro de Pessoas Jurídicas de quem recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.” O Recorrente apresentou os recibos dos pagamentos relativos ao tratamento de fisioterapia, psicologia e neurologia contendo nome completo dos prestadores, com CPF/CNPJ dos prestadores, credenciamento profissional, valor pago pelo contribuinte, endereço completo dos profissionais, ratificando a veracidade das informações contidas nos recibos apresentados. Em sede de Recurso Voluntário até declaração juntou, de cada uma das despesas apresentadas. A decisão de primeira instancia sustentou que o Recorrente não comprovou as despesas médicas, nos seguintes termos: “[...] Se o contribuinte for instado a comprovar as deduções, como autoriza a Lei, não deverá apenas indicar, mas sim apresentar documentação ou cheque nominativo, que são as duas possibilidades de comprovação eficazes. A contrário senso, se o contribuinte dispor de documentação suficiente para comprovar, de acordo com os dispositivos precedentemente analisados, a prestação do serviço a quem foi prestado, e a efetividade da despesa, desnecessária a indicação de cheque nominativo. Fl. 83DF CARF MF 4 É a conseqüência lógica e coerente com uma interpretação sistemática da legislação, que não limitou a forma de comprovar a um documento específico, quando bem poderia, mas adotou, ao contrário, um termo coletivo 'documentação' , que abre amplas possibilidades de comprovação , sem que tenha sido fixado que apenas um documento seria a prova cabal, e, muito menos, qual seria esse documento. Portanto, se inexistir a fixação legal dos meios de prova e de seu respectivo valor para esta finalidade, excetuandose o uso de provas ilícitas, em conformidade com a LVI, art 5 da Constituição Federal, podese provar a ocorrência das despesas em apreço por quaisquer modos que sejam adequados e suficientes para tanto. Se não há disposição legal que estabeleça que um único documento seja apto a comprovar tais requisitos, não pode o contribuinte, no caso de existir motivadas razões ('todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação , a juízo da autoridade lançadora e ou se tais deduções não forem cabíveis , poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte") para considerar que um documento é insuficiente para a comprovação pretendida, eximirse do ônus probatório pela mera afirmação de que o referido documento seria suficiente. Além disso, as declarações constantes de documentos particulares presumemse verdadeiras apenas em relação às partes que participaram do ato, como dispunha o art. 131, caput, do Código Civil de 1916...... Desta forma, para fazer efeito perante terceiros , não está dispensada a comprovação das declarações inseridas em documentos particulares, como afirma...... A única exceção que se vislumbra, na situação em particular e por expressa disposição normativa, ocorreria se o documento em questão fosse o cheque nominativo, situação em que somente não poderia ser aceito, para comprovação da despesa, mediante prova, a ser produzida pelo Fisco, de que não se referiu ao pagamento de uma despesa médica...... Portanto, o entendimento neste julgamento, sobre dedução com despesas médicas, é coincidente com o lançamento que deve ser mantido integralmente . [...]” No caso concreto, demonstrase, ao longo do processo, que a autoridade fiscal simplesmente entende que os recibos e as declarações emitidas pelos prestadores dos serviços, assinadas e datadas pelos mesmos, não foram suficientes para comprovar as despesas. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13749.000859/200963 Acórdão n.º 2001000.332 S2C0T1 Fl. 4 5 De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na fundamentação do lançamento no sentido de que os documentos simplesmente não foram suficientes bem como intenção do contribuinte em evidenciar a existência das despesas declaradas, entendo que deve ser acatado o pedido do Contribuinte para reformar a decisão a quo e manter a dedução das despesas médicas em análise. CONCLUSÃO: Fl. 85DF CARF MF 6 Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para acatar a dedução das despesas médicas ora glosadas em comento. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 86DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19740.000528/2008-17
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
LANÇAMENTO PARA PREVENIR A DECADÊNCIA. EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS.
Na data do lançamento havia provimento judicial suspendendo a exigibilidade do crédito, portanto, o lançamento existiu tão-somente para prevenir a decadência, descabendo a inclusão dos acréscimos legais.
Numero da decisão: 9202-006.882
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Patrícia da Silva - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: PATRICIA DA SILVA
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EXCLUSÃO DE MULTA E JUROS. Na data do lançamento havia provimento judicial suspendendo a exigibilidade do crédito, portanto, o lançamento existiu tãosomente para prevenir a decadência, descabendo a inclusão dos acréscimos legais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 74 0. 00 05 28 /2 00 8- 17 Fl. 540DF CARF MF 2 A Fazenda Nacional, inconformada com o decidido no Acórdão n° 2302 01.232, proferido pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF em 28/07/2011, interpôs recurso especial à Câmara Superior de Recursos Fiscais. Segue abaixo a ementa do acórdão recorrido: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004 Ementa: AÇÃO JUDICIAL. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. A suspensão da exigibilidade do crédito (artigo 151 do CTN) não impede o Fisco de proceder ao lançamento, eis que esta é atividade vinculada e obrigatória (art. 142 do CTN) e visa impedir a ocorrência da decadência. AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme art. 126, § 3º, da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 307 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se na impugnação houver matéria distinta da constante do processo judicial. AÇÃO JUDICIAL. DEPÓSITO. INOCORRÊNCIA DE MORA. O depósito judicial descaracteriza a inadimplência, não sendo devidos os acréscimos decorrentes da mora a partir da sua efetivação, observados os valores depositados/devidos e as datas dos depósitos/vencimentos das contribuições. Os depósitos judiciais realizados à disposição do credor impedem a fluência dos juros, a partir do implemento do depósito. Não incide a multa de mora se os valores foram depositados antes de qualquer procedimento fiscalizatório, tendo em vista o disposto no art. 63 da Lei nº 9.430, de 1996. Recurso Voluntário Provido em Parte. A ciência do Acórdão se deu em 26/02/2015, conforme a abertura dos documentos na Caixa Postal, considerada o Domicílio Tributário Eletrônico (DTE) do contribuinte perante a RFB, ao que, o mesmo opôs tempestivamente Embargos de Declaração, que não foram acolhidos e cuja ciência da negativa se deu em 26/05/2015, também através da Caixa Postal DTE. O presente recurso especial foi interposto em 10/06/2015. Segundo a recorrente que o entendimento adotado pela e. Câmara a quo diverge frontalmente do consubstanciado nos acórdãos paradigmas n.º 240100.278 e 2401 00.263, os quais colaciona como paradigmas e os seguintes argumentos: Fl. 541DF CARF MF Processo nº 19740.000528/200817 Acórdão n.º 9202006.882 CSRFT2 Fl. 541 3 Impende considerar que nos casos da existência ações judiciais suspendendo a exigibilidade do crédito, por força de disposição legal, inciso II do art. 151 do CTN, não há que se falar em cobrança, ao menos enquanto presente a condição de suspensão. No entanto, a lavratura do auto de infração como um todo incluindo a multa de mora visou à prevenção da decadência do direito da Fazenda Pública, sendo o lançamento mero ato de formalização do crédito, não se confundindo com os de cobrança. Ainda que conste do auto de infração a intimação para impugnar a exigência, é de se ressaltar que essa medida visa a dar oportunidade à interessada de se manifestar quanto a eventual matéria diversificada. Desta feita verificase que este não é o momento oportuno para exclusão da multa uma vez que somente após o término do litígio processual é que se pode verificar se a multa será ou não devida. Já que se o contribuinte obtiver êxito em sua demanda a multa será eliminada juntamente com o tributo objeto deste processo, porém caso a pretensão da contribuinte não seja atendida pelo Judiciário a multa de mora deve ser exigida juntamente com principal. Na origem, O lançamento referese às contribuições previdenciárias, que estão sendo discutidas judicialmente através do processo n.º 2007.51.01.0247481 na 16ª Vara Federal do Rio de Janeiro, conforme relatado no Relatório Fiscal, foram levantadas com o objetivo de prevenir a decadência e foi anexada cópia da guia de depósito judicial à fl. 121 e documentos comprobatórios de fls. 122 a 125. Cientificada a contribuinte pugna pela manutenção do a quo. É o relatório. Voto Conselheira Patrícia da Silva Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. É oportuno esclarecer, entretanto, que não há que se confundir “suspensão da exigibilidade do crédito tributário” com a impossibilidade de lançamento. A “suspensão” referese tão somente a exigibilidade do crédito previdenciário por via de execução, ou seja, do adimplemento forçado em juízo, impedindo que sejam praticados, contra o sujeito passivo, atos de natureza constritiva, expropriatórios ou assemelhados, ainda que esgotada a fase administrativa. O próprio art. 151 do Código Tributário Nacional, ao disciplinar o assunto, relaciona as hipóteses que “suspendem a exigibilidade do crédito tributário”, dispondo sobre os efeitos das situações fáticas que indica: moratória, depósito do montante integral do crédito tributário, concessão de medida liminar em mandado de segurança, concessão de medida Fl. 542DF CARF MF 4 liminar ou de tutela antecipada em outras espécies de ação judicial e parcelamento. Tais fatores não atingem o crédito em si, em quaisquer de seus elementos existenciais, mas somente sua exigibilidade. Quando falamos em incidência jurídica estamos pressupondo a linguagem do direito positivo projetandose sobre o campo material das condutas intersubjetivas para organizálas deonticamente. Como anotamos, a norma geral e abstrata, para alcançar o inteiro teor de sua juridicidade, reivindica, incisivamente, a edição de norma individual e concreta, a ser emitida por órgão credenciado pelo sistema. Todavia, nesse percurso podem ocorrer ingerências mediante a edição de outras normas individuais e concretas, que impliquem suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Integrando o ordenamento pela satisfação dos requisitos que se fizerem necessários, a norma jurídica de suspensão de exigibilidade do crédito tributário é válida e como tal se mantém até o momento em que deixa de pertencer ao sistema, sendo dali retirada por outra norma que assim o determine. Nos termos da fundamentação do a quo: Assim, ao contrário do que pretende a recorrente, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não afeta a efetividade do lançamento escorreito, feito por autoridade competente dentro dos moldes definidos em lei. Em regra, quando o contribuinte ajuíza ação para afastar a cobrança de determinada contribuição, não fica a Fazenda Pública impedida de proceder ao lançamento, pois este, segundo o parágrafo único do art. 142 do CTN, constitui atividade vinculada e obrigatória da autoridade administrativa, sob pena de responsabilidade funcional. Neste sentido, é a inteligência do Superior Tribunal de Justiça, consolidado em acórdão da lavra da Segunda Turma, cuja ementa é ora transcrita: "TRIBUTÁRIO – MANDADO DE SEGURANÇA – MEDIDA LIMINAR – RECURSO ADMINISTRATIVO – LANÇAMENTO – EFETIVAÇÃO DE NOVOS LANÇAMENTOS – POSSIBILIDADE – CTN, ARTS. 151, I E III E 173 – PRECEDENTES. A concessão da segurança requerida suspende a exigibilidade do crédito tributário, mas não tem o condão de impedir a formação do título executivo pelo lançamento, paralisando apenas a execução do crédito controvertido."(STJ – Segunda Turma – RESP 75075 – Relator Ministro Francisco Peçanha Martins, DJ 14.04.2003, p.206)." Por outro lado, o lançamento do débito, mesmo estando a Fazenda Pública impossibilitada de cobrar, tem como objetivo resguardar o crédito previdenciário do prazo decadencial. Note se que o prazo decadencial não se interrompe nem se suspende com a interposição de medida judicial, fluindo a partir da ocorrência do fato gerador ou da data prevista em lei, e, em razão disso, eventual demora na solução do processo judicial poderia acarretar a perda do direito de constituir o crédito pelo lançamento, caso a impugnante fosse vencida no pleito judicial. Desta forma, o ajuizamento de ação pelo contribuinte visando afastar a cobrança de determinada contribuição não impede a Fl. 543DF CARF MF Processo nº 19740.000528/200817 Acórdão n.º 9202006.882 CSRFT2 Fl. 542 5 Administração de proceder ao lançamento, ainda que haja causa de suspensão da exigibilidade do crédito, ficando, neste caso, suspensos tão somente os atos executórios de cobrança. Assim, verifico que a fiscalização agiu no estrito cumprimento de seu dever legal, eis que o lançamento é ato vinculado e obrigatório, procedendo corretamente ao lançar o crédito previdenciário, o qual ficará com sua exigibilidade suspensa até o final da demanda judicial ou até decisão judicial que lhe possibilite a cobrança. Restou comprovado nos autos a existência de depósitos judiciais à disposição da União, conforme documentos de fls.121 a 125, para as competências de 01/2004 a 12/2004, período desta autuação. Portanto, a partir do depósito judicial não são devidos juros, pois os valores depositados garantem a instância , não se podendo falar em inadimplemento do contribuinte, já que os valores estão à disposição da seguridade social. A cobrança da multa moratória, por sua vez, está prevista de forma genérica no art. 35 da Lei nº 8.212/91 e regulamentada no art. 239 do Regulamento da Previdência Social – RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048/1999, vigente à época da autuação. E, conforme previsto no § 5º do citado artigo, caso o contribuinte efetue o depósito durante o prazo para impugnação, a partir de então não flui a multa de mora, pois o crédito já está garantido. No caso em tela, os depósitos foram efetuados antes do início da ação fiscal, em 02/10/2007, não havendo que se falar em multa, pois não existe inadimplemento por parte do contribuinte, uma vez que os valores depositados ficaram à disposição da Fazenda Nacional. Também, o art. 63 da Lei nº 9.430/96, dispôs de forma específica que: “Art. 63. Na constituição de crédito tributário destinada a prevenir a decadência, relativo a tributo de competência da União, cuja exigibilidade houver sido suspensa na forma dos incisos IV e V do art. 151 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não caberá lançamento de multa de ofício. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.15835, de 2001) § 1º O disposto neste artigo aplicase, exclusivamente, aos casos em que a suspensão da exigibilidade do débito tenha ocorrido antes do início de qualquer procedimento de ofício a ele relativo. § 2º A interposição da ação judicial favorecida com a medida liminar interrompe a incidência da multa de mora, desde a concessão da medida judicial, até 30 dias após a data da publicação da decisão judicial que considerar devido o tributo ou contribuição.” Fl. 544DF CARF MF 6 Portanto, a imposição de multa de mora, no caso específico do lançamento para prevenir a decadência deve obedecer o dispositivo acima, pois a legislação previdenciária trata da questão de forma genérica, enquanto que o art. 63 da Lei nº 9.430/96 é específico ao disciplinar a matéria em relação à existência de medida judicial que suspenda a exigibilidade do crédito. Ante o exposto, conheço o Recurso Especial da Fazenda Nacional e negolhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Patrícia da Silva Fl. 545DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.914994/2012-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri May 04 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3201-001.254
Decisão: Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente em exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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(assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente em exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte supra identificado em face de decisão da DRJ Ribeirão Preto/SP que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade manejada para se contrapor ao Despacho Decisório que não homologara a compensação declarada, sob o argumento de que o pagamento informado havia sido localizado mas utilizado na quitação de débitos do contribuinte. Na Manifestação de Inconformidade, o Impugnante alegou que não era contribuinte da Cofins, tratandose de uma cooperativa, nos termos dos artigos 3º e 4º da Lei nº 5.764/71, que somente praticava atos com cooperados. Argumentou que sua atividade era a coordenação de serviços de saúde, laboratoriais e de hospitais para seus cooperados, de modo que todos seus atos eram cooperativos, isentos da Cofins. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 30 .9 14 99 4/ 20 12 -7 6 Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10830.914994/201276 Resolução nº 3201001.254 S3C2T1 Fl. 130 2 Concluiu, pleiteando o reconhecimento da ineficácia do despacho decisório e do direito creditório e, por conseguinte, a homologação da compensação. A decisão da Delegacia de Julgamento, denegatória do direito pleiteado, fundamentouse na constatação de que a isenção da Cofins para as cooperativas, prevista no art. 6°, I, da Lei Complementar n° 70, de 1991, vigorou até outubro de 1999, tendo sido revogada expressamente, a partir de novembro de 1999, pela Medida Provisória (MP) nº 1.858 6, de 1999, passando as cooperativas, a partir de então, a apurar a base de cálculo da contribuição da mesma forma das demais pessoas jurídicas. Destacou o órgão julgador de primeira instância que os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente eram passíveis de restituição/compensação se os indébitos reunissem as características de liquidez e certeza. Cientificado da decisão, o contribuinte pleiteou o provimento do Recurso Voluntário, interposto de forma hábil e tempestiva, ou, alternativamente, a conversão do feito em diligência, em respeito ao princípio da verdade material, arguindo o seguinte: a) possui direito ao crédito pleiteado em respeito ao princípio da verdade material; b) o acórdão recorrido é insubsistente, pois a Administração deveria ter investigado com maior afinco a origem do crédito indicado, não se limitando unicamente à alegação de ausência de crédito; c) a prova de que o mero argumento de vinculação à obrigação confessada em DCTF não é suficiente para a negativa do direito creditório é que somente com a decisão recorrida que os fundamentos de direto foram aduzidos, ao arrepio do contraditório e da ampla defesa, extrapolandose os limites da lide que foram demarcados pelo indeferimento no despacho decisório; d) no acórdão proferido pela DRJ, não foi consignada nenhuma objeção ao fato de se tratar de uma cooperativa, cujos atos cooperativos não sofrem a incidência da Cofins; e) a Constituição Federal prevê tratamento diferenciado às cooperativas e os artigos 3°, 4º e 5º da Lei n° 5.764/1971 trazem, respectivamente, a definição de sociedade cooperativa, as suas características e a possibilidade de adoção de objeto de qualquer gênero de serviços, operação ou atividade; f) a discussão travada nos autos não diz respeito à isenção da Cofins, mas à não incidência da contribuição sobre os atos cooperativos, estes preceituados pelo art. 79 da Lei n° 5764/1971; g) no caso em apreço, há o exercício de coordenação de serviços de saúde, laboratoriais e de hospitais para seus cooperados, decorrendo das contribuições desses mesmos cooperados todos os valores nela ingressados, valores esses destinados à contratação de médicos, dentistas, psicólogos, serviços de laboratórios e de hospitais, todos eles diretamente ligados à sua atividade. h) a matéria está submetida à Repercussão Geral no Supremo Tribunal Federal (RE 672215). Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10830.914994/201276 Resolução nº 3201001.254 S3C2T1 Fl. 131 3 É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido na Resolução nº 3201001.249, de 20/03/2018, proferido no julgamento do processo 10830.914988/201219, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução nº 3201001.249): Depreendese do caderno processual, que não há oposição em relação ao fato de que a recorrente praticou atos cooperativos. Assim, o cerne da questão está em apreciar o direito de a recorrente ter afastada a tributação pela COFINS, dos atos cooperativos típicos por ela praticados, quais sejam, de operações entre a Cooperativa e seus associados, o que lhe conferiria o direito de ter retornado ao seu patrimônio o valor pago a maior a título de COFINS, o que viabilizaria a compensação pretendida. Ocorre que, no caso em debate tanto o despacho decisório, quanto a decisão proferida em sede de manifestação de inconformidade informam não estar comprovada a certeza e a liquidez do direito creditório. A decisão, portanto, foi no sentido de que inexiste crédito apto a lastrear o pedido da recorrente. No entanto, entendo como razoável as alegações produzidas pela recorrente aliado aos documentos apresentados nos autos, o que atesta que procurou se desincumbir do seu ônus probatório em atestar a existência dos créditos alegados. Neste contexto, a teor do que preconiza o art. 373 do diploma processual civil, teve a manifesta intenção de provar o seu direito creditório, sendo que tal procedimento, também está pautado pela boafé. Assim, entendo que há dúvida razoável no presente processo acerca da liquidez, certeza e exigibilidade do direito creditório, o que justifica a conversão do feito em diligência, não sendo prudente julgar o recurso em prejuízo da recorrente, sem que as questões aventadas sejam dirimidas. Diante do exposto, voto pela conversão do julgamento em diligência à repartição de origem, para que seja intimada a recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias, renovável uma vez por igual período, a apresentar (i) os cálculos e (ii) outros documentos, porventura, ainda necessários aptos a comprovar os valores pretendidos. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado pela recorrente e se o mesmo é suficiente para a extinção do débito existente tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10830.914994/201276 Resolução nº 3201001.254 S3C2T1 Fl. 132 4 Isto posto, deve ser oportunizada à recorrente o conhecimento dos procedimentos efetuados pela repartição fiscal, inclusive do relatório elaborado pela fiscalização, com abertura de vistas pelo prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período, para que se manifeste nos autos, para, na sequência, retornarem os autos a este colegiado para prosseguimento do julgamento. Os fatos que ensejaram a conversão em diligência do julgamento do processo paradigma também se encontram presentes nestes autos, justificando, por conseguinte, a aplicação da mesma decisão a este processo. Portanto, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu converter o julgamento em diligência, para que a repartição de origem intime o Recorrente para, no prazo de 30 (trinta) dias, renovável uma vez por igual período, apresente (i) os cálculos e (ii) outros documentos porventura ainda necessários aptos a comprovar os valores pretendidos. Deve, ainda, a autoridade administrativa informar se há o direito creditório alegado e se ele é suficiente para a extinção do débito existente, tomando por base toda a documentação apresentada pelo contribuinte. Após, concedase o prazo de 30 (trinta) dias ao Contribuinte para que tome conhecimento dos procedimentos realizados pela repartição de origem, inclusive do relatório a ser elaborado pela Fiscalização, e se manifeste, a seu critério, acerca do resultado da diligência. Concluída a instrução do feito, retornem os autos para julgamento. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 132DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19311.000017/2010-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei.
CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA.
Inexiste cerceamento de defesa quando os valores lançados são obtidos em documentos elaborados pela própria empresa, e os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO
Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento.
MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE
O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2).
JUROS À TAXA SELIC
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO.
A isenção prevista no artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico.
INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO.
O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores.
Numero da decisão: 2202-004.353
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso.
(assinado digitalmente)
Waltir de Carvalho - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rosy Adriane da Silva Dias - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: ROSY ADRIANE DA SILVA DIAS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 AUTO DE INFRAÇÃO. FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os valores lançados são obtidos em documentos elaborados pela própria empresa, e os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS À TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4º do Decreto-Lei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores.
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FORMALIDADES LEGAIS. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Auto de Infração lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, apresentando adequada motivação jurídica e fática, goza dos pressupostos de liquidez e certeza, podendo ser exigido nos termos da lei. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Inexiste cerceamento de defesa quando os valores lançados são obtidos em documentos elaborados pela própria empresa, e os relatórios integrantes do Auto de Infração oferecem as condições necessárias para que o contribuinte conheça o procedimento fiscal e apresente a sua defesa contra o lançamento fiscal efetuado. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO Não se cogita da aplicação do art. 138 do CTN quando não há pagamento. MULTA DE OFÍCIO. NÃO CONFISCO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). JUROS À TAXA SELIC A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 00 00 17 /2 01 0- 61 Fl. 1299DF CARF MF 2 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4º do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei nº 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1º de janeiro de 1989 (vigência da Lei nº 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. INTIMAÇÃO NO ENDEREÇO DO ADVOGADO. O domicílio tributário do sujeito passivo é o endereço postal, fornecido pelo contribuinte à Secretaria da Receita Federal do Brasil para fins cadastrais, ou o eletrônico por ele autorizado. Inexiste previsão legal para encaminhamento das intimações ao endereço dos procuradores. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. No mérito, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso. Vencidos os Conselheiros Martin da Silva Gesto, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Dílson Jatahy Fonseca Neto, que deram provimento integral ao recurso. (assinado digitalmente) Waltir de Carvalho Presidente. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waltir de Carvalho, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Paulo Sergio Miranda Gabriel Filho, Rosy Adriane da Silva Dias e Martin da Silva Gesto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão nº 0264.313, proferido pela 9a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belo Horizonte (DRJ/BHE), que julgou procedente o lançamento, mantendo a cobrança do crédito tributário. Foi lançado o Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, decorrente de omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos, relativo ao ano calendário 2008, no Fl. 1300DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.300 3 montante de R$ 1.397.008,51 (um milhão, trezentos e noventa e sete mil, oito reais e cinquenta e um centavos), incluídos multa de ofício e juros de mora. Pela clareza, reproduzo o relatório do acórdão recorrido, na parte relativa ao procedimento fiscal: Do Procedimento Fiscal De acordo com o TVF a ação fiscal teve origem depois de analisada a Declaração de Ajuste Anual do exercício 2009, na qual a contribuinte informou ter recebido no anocalendário 2008 como rendimentos isentos e não tributáveis a importância deR$5.925.076,59. Procedeuse então à intimação da contribuinte em 28/10/2009, por meio do Termo de Início do Procedimento Fiscal, fls. 476 e 477, para apresentar diversos documentos relacionados aos rendimentos declarados. Em 16/11/2009 a fiscalizada protocolou na DRF/Jundiaí o documento de fl. 479 a 493 no qual esclarece que os rendimentos declarados como isentos na DAA/2009 são originários da venda de participações societárias nas sociedades Comercial Guilherme Mamprim Ltda (posteriormente denominada Comercial Frango Assado), Centro de Serviços Frango Assado Norte Ltda, Centro de Serviços Frango Assado Suleste Ltda, Centro de Serviços Frango Assado Sudoeste Ltda e Carvalho Pinto Automotivos e Conveniências Ltda. Para fins de melhor entendimento as referidas empresas serão aqui tratadas respectivamente como: “COMERCIAL”, “FRANGO ASSADO NORTE”, “FRANGO ASSADO SUDOESTE”, “FRANGO ASSADO SULESTE” e “CARVALHO PINTO”. Na resposta discorreu sobre o histórico da participação na COMERCIAL e sua cisão parcial, com reversão de parte do capital social para criação da Frango Assado Empreendimentos e Participações S/A (FASPAR), do ingresso nas outras quatro sociedades e da alienação das participações nas empresas. Juntou contratos, alterações contratuais e asseverou que o ganho de capital obtido na alienação está protegido pelo manto da isenção prevista no artigo 4º, alínea “d” do DecretoLei 1510/76 e nem mesmo com a revogação do dispositivo pela Lei 7.713/88 ele teria perdido o direito alegado. No item 3.2 e subitens do TVF a autoridade lançadora tece considerações acerca da inexistência de direito adquirido e conclui que o ganho de capital auferido corresponde a rendimento que deveria ter sido oferecido à tributação. Informa a fiscalização que buscou identificar qual parcela e quantidade do montante total de quotas possuía a contribuinte no momento da alienação e que havia cumprido a condição do artigo 4º, alínea d, do DecretoLei 1.510/76, durante sua vigência. Fl. 1301DF CARF MF 4 Esta apuração consta da Tabela 1 Evolução do Capital Social da COMERCIAL, fl. 1.021. Da análise dos dados examinados conclui que a grande maioria do capital social da COMERCIAL é composta por quotas que não compunham o patrimônio da fiscalizada na vigência do citado dispositivo legal, uma vez que foram subscritas e integralizadas posteriormente à revogação daquele normativo. As sociedades FRANGO ASSADO NORTE, FRANGO ASSADO SULESTE e FRANGO ASSADO SUDOESTE foram constituídas em 09/10/1998, com capital vertido da COMERCIAL (conforme 32ª alteração contratual da COMERCIAL, de 09/10/1998,e contratos sociais de constituição das pessoas jurídicas). A CARVALHO PINTO foi constituída em 01/02/1999, conforme contrato social de constituição da pessoa jurídica. Os sócios fundadores da pessoa jurídica são Gabriel Alfio Tomaselli, CPF 365.992.55868, e Márcia Galucci Tomaselli, CPF 258.301.718 26, e seu capital social, de R$12.000,00, foi integralizado em moeda corrente por tais sócios. Apenas em 29/11/2005 a empresa foi adquirida pela FASPAR. A autoridade lançadora refutou a tese apresentada, segundo a qual, apesar de constituídas após a revogação do DecretoLei 1.510/76, as participações nas empresas mencionadas anteriormente também estariam abrangidas pela isenção daquele dispositivo legal, uma vez que a FASPAR originouse de cisão parcial da COMERCIAL e que as outras sociedades empresárias possuíam como sócio principal a FASPAR, tendo sido mantida a mesma proporção de participação de cada sócio. A não aceitação desse argumento reside no fato de que no universo de cotas da COMERCIAL, somente pequena parcela enquadravase no dispositivo citado, pois de acordo com a Tabela 1, as cotas cindidas para a formação do capital social da FASPAR não gozavam da isenção. Ressalta a autoridade fiscal que do total de cotas alienadas, 15.770.000, apenas 436 cumpriam o prazo de cinco anos descrito no citado DecretoLei. Ainda que o contribuinte possuísse as ações por mais de 5 (cinco) anos no inicio da vigência da Lei 7.713, de 1988, se ele não alienou a participação societária até esse momento, não ocorreu o fato gerador do IRPF. Conforme documentação apresentada pela fiscalizada verificou a autoridade autuante que a planilha de fl. 489 contém a correta apuração do ganho de capital obtido por ele na operação objeto do procedimento fiscal com base no Contrato de Compra e Venda de Quotas e outras Avenças, firmado em 23 de setembro de 2008 entre a contribuinte e os demais sócios, de um lado, e Yami Comércio de Alimentos Ltda, CNPJ 07.757.091/000153, de outro, onde constam os valores da operação, a corretagem paga pela intermediação do negócio e o montante recebido pelo fiscalizada, na proporção de sua participação societária. Sociedade Empresária Preço de Alienação (RS) Custo de Aquisição (RS) Comissão (RS) Ganho de Capital (RS) Fl. 1302DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.301 5 Comercial Frango Assado 4.354.375.00 478.438,00 74.467,00 3.801.470,00 Frango Assado Norte 372.812,50 5.220,00 6.558,50 361.034,00 Frango Assado Sudoeste 366.250,00 3.7/9,00 6.576,00 355.955,00 Frango Assado Suleste 214.062,50 5.063,00 2.972,50 206.027,00 Carvalho Pinto 270.625,00 375,00 4.707,00 265.543,00 Total 5.578.125,00 492.815,00 95.281,00 4.990.029,00 Cientificado da autuação, a recorrente apresentou impugnação (fls. 1029/1192), que foi julgada improcedente pela DRJ/BHE, cuja decisão teve a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2009 PRELIMINAR. NULIDADE. Uma vez que o auto de infração foi lavrado com estrita observância das normas reguladoras da atividade de lançamento, não há que se cogitar de nulidade. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NECESSIDADE DE SER ACOMPANHADA DE PAGAMENTO DO TRIBUTO DEVIDO. O instituto da denúncia espontânea está previsto no artigo 138 do Código Tributário Nacional e exige que esta seja acompanhada, se for o caso, do pagamento devido e dos juros de mora. Na ausência do pagamento do tributo devido fica descaracterizada a denúncia espontânea. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. GANHO DE CAPITAL. PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. ALIENAÇÃO. ISENÇÃO. DIREITO ADQUIRIDO. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, nos termos do art. 178 do Código Tributário Nacional, pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo, sem que gere direito adquirido ao contribuinte. As vendas de ações efetuadas por pessoas físicas após 1º de janeiro de1989 estão sujeitas ao imposto de renda sobre o lucro auferido, ainda que,na data da alienação, a participação societária já conte com mais de cinco anos no domínio do alienante. Inaplicável a isenção contida no Fl. 1303DF CARF MF 6 artigo. 4ºdo Decretolei nº 1.510, de 1976, por se encontrar revogada no momento da ocorrência do fato gerador. MOMENTO DE OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. APLICAÇÃO DE LEI VIGENTE. O lançamento reportase à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e regese pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. CUSTO DE AQUISIÇÃO. QUOTAS RECEBIDAS EM BONIFICAÇÃO. No caso de quotas distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio. MULTA DE OFÍCIO. PREVISÃO LEGAL. REDUÇÃO IMPOSSIBILIDADE. Nos lançamentos de ofício, a aplicação da multa de 75% sobre o tributo não pago no vencimento ou pagamento a menor, foi estabelecida por lei, cuja validade não pode ser contestada na via administrativa. A redução da multa de ofício somente é concedida se cumpridos os requisitos previstos na legislação tributária. JUROS DE MORA. PREVISÃO LEGAL. Os juros de mora incidem sobre o imposto apurado no lançamento fiscal por expressa disposição legal. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS. A instância administrativa é incompetente para se manifestar sobre a constitucionalidade de leis. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada com a decisão da DRJ/BHE, cuja ciência se deu em 30/03/2015, a recorrente apresentou Recurso Voluntário em 10/04/2015 (fls. 1223/1268), repisando os argumentos da impugnação, que são por ela resumidos nos seguintes trechos: 2.1. A nulidade "ab initio" do Auto de Infração, via acolhimento das seguintes preliminares arguidas: a) Cerceamento do direito de defesa em face da impossibilidade de compreensão e entendimento da metodologia e critérios técnicos utilizados na elaboração da Tabela 1 anexa ao Termo de Verificação Fiscal, intitulada "Evolução do Capital Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda", devendo o Auto de Infração ser cancelado em sua totalidade pela cominação de nulidade; Fl. 1304DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.302 7 b) Ilegitimidade da aplicação das multas moratórias e das multas punitivas, correspondentes à multa de ofício de 75% e aos juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC, mormente por estarem presentes os pressupostos necessários para acionamento do benefício fiscal emergente do instituto jurídico da denúncia espontânea, devendo o Auto de Infração ser cancelado ou refeito, para exclusão de tais valores do crédito tributário reclamado no referido Auto de Infração; c) Anulação integral do lançamento fiscal em caso de reconhecimento do "direito adquirido" ao não pagamento do IRPF, restando (i) afastada qualquer possibilidade de nulidade parcial do lançamento; e (ii) prejudicada qualquer análise do questionamento relativo à forma de apuração dos valores lançados. 2.2. Caso não seja esse o entendimento dos E. Julgadores, o que nos afigura improvável "venia máxima rogata", quanto ao mérito, via acolhimento das razões de reforma articuladas, requer seja decretada a nulidade ou a extinção do Auto de Infração ora inquinado, com o conseqüente cancelamento do débito fiscal reclamado. 2.3. Com base no instituto jurídico da preclusão, requer seja reconhecida a perda do direito da Fazenda Nacional em realizar qualquer exame ou questionamento quanto (i) à eventual existência de novas subscrições ou aquisições ocorridas a partir de 25/09/1996 e suas respectivas bonificações, tratandose de período não considerado no Auto de Infração ora inquinado; (ii) à qualquer outro ato, evento ou operação ocorrido a partir de 25/09/1996, que implique na eventual descaracterização dos requisitos exigidos para enquadramento na condição insculpida no art. 4o, alínea "d", do DecretoLei nº 1.510/76, ensejando a perda do benefício fiscal previsto naquele diploma legal. Em relação ao mérito, em apertada síntese, os argumentos da recorrente foram desenvolvidos nos seguintes tópicos: · Do direito adquirido à isenção (ou não pagamento) do imposto de renda sobre o ganho de capital auferido na alienação das "participações societárias" · Da aplicação do disposto no art. 178 do CTN, visto tratarse "in casu" de isenção onerosa. concedida por prazo certo e em função de determinadas condições · Das bonificações e filhotes adquiridas a custo zero. e que se referem às aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983 · Da preclusão quanto ao direito da fazenda nacional examinar e/ou questionar as aquisições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 Fl. 1305DF CARF MF 8 · Dos aumentos de capital e das aquisições e subscrições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 · Das mutações ocorridas no quinhão societário do contribuinte no período de 08/08/1983 a 25/09/1996 · Das bonificações adquiridas a custo zero e que são decorrentes das mesmas aquisições e subscrições ordinariamente havidas em agosto de 1983. Dos pedidos A recorrente requer reforma da decisão recorrida; nulidade do auto de infração e cancelamento do débito fiscal; caso prevaleça o lançamento, que seja refeito o cálculo para incluir o valor de R$ 2.128.926,12, corrigido e atualizado até 09/2008, no custo de aquisição das quotas alienadas; intimação no endereço do advogado; consideração dos argumentos da impugnação. É o relatório. Voto Conselheira Rosy Adriane da Silva Dias Relatora O Recurso Voluntário é tempestivo, e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminares. Nulidade. Inocorrência Cerceamento do direito de defesa. Preterição do direito de defesa Aduz a recorrente que a decisão da DRJ/BHE concordou que a Tabela 01 “Evolução do Capital Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda.” foi elaborada de forma equivocada. Diz que nem o julgador conseguiu entender e explicar a metodologia e os critérios técnicos utilizados pelo Auditor Fiscal na elaboração da Planilha, e mesmo assim faz ilações para disfarçar sua incompreensão, ignorando que essa confusa e inexplicável tabela impossibilitou seu direito de defesa e contraditório. Acrescenta que ficou sem saber como o autuante chegou à conclusão de que apenas 436 quotas estavam enquadradas nas regras de isenção, e que o valor do capital inicial considerado em um período não coincide com o valor do capital social final do período anterior, mesmo após a conversão da moeda, havendo dificuldade em reconstituir os quantitativos de quotas, inclusive para apurar a ocorrência de novas subscrições ou aquisições. Assevera que o Auditor Fiscal utilizou critério subjetivo inservível como elemento de prova. Infirma que se uma quota cumpriu os requisitos de isenção, por lógica todas cumpriram. Aduz que aparentemente o autuante dividiu quantitativos de quotas por índices de conversão da moeda vigente no país, o que é inadmissível, e que não sabe porque ele utilizou como fator de redução o índice de 2,75, para chegar às 436 quotas, que nada mais é Fl. 1306DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.303 9 que um fator de conversão da moeda, decorrente dos diversos planos econômicos. Faz algumas indagações: Porque adotou como ponto de partida o capital social vigente em 01/10/1993, e não o capital social existente em 1983, quando originariamente as quotas foram havidas pelo Contribuinte? Porque não aplicou este fator sobre o capital social de CR$ 300.000.000,00, existente em 1983? Ou então, porque não retroagiu à data de aquisição ou subscrição das quotas para fins de demonstrar fundamentadamente a evolução do capital social e as mutações patrimoniais ocorridas nas quotas detidas pelo Contribuinte? Qual o embasamento técnicojurídico e legal para se aplicar índices de conversão da moeda sobre quantidades de quotas? Como pôde afirmar, com tão mínima e ilegítima fundamentação, que as restantes 3.839.564 quotas (considerando o montante de 3.840.000 quotas existente em 25/09/1996) não estariam legalmente referenciadas às quotas havidas originariamente pelo Contribuinte em agosto de 1983? Afirma que a quantidade de quotas foi obtida, pelo Auditor Fiscal, por simples cálculo matemático, e que a tentativa para apurar o enquadramento das quotas na condição prevista no art. 4º, alínea “b”, do Decretolei nº 1.510/76 deveria levar em conta a data em que as quotas foram originariamente adquiridas ou subscritas (08/08/1983), para verificar a sua permanência no patrimônio do contribuinte pelo período condicional de 5 (cinco) anos. Ressalta que o desconhecimento do contribuinte sobre a razão de as únicas quotas por ele subscritas ou adquiridas de 08/1983 a 09/2008 não estarem enquadradas na condição de isenção do imposto de renda, pela forma de elaboração da tabela, prejudicou seu exercício ao contraditório e ampla defesa, sendo nulo Auto de Infração por ter sido lavrado sem clareza a matéria fática que o ensejou. Nesse sentido cita jurisprudência do Conselho de Contribuintes. Sem razão a recorrente. Percebese que o cerceamento de defesa alegado por ela, está baseado na tabela 1 (fls. 1021), ao afirmar que esta é incompreensível, não demonstrando de onde o Auditor Fiscal tirou os valores, para fins de lançamento fiscal. Pois bem, então vamos à análise da tabela, motivo de insatisfação da recorrente. Analisando os documentos apresentados pela recorrente durante a fiscalização, às fls. 495/999, percebese que a tabela a que ela se refere apenas resume as alterações contratuais desses documentos, com os exatos números e valores das quotas pertencentes aos sócios da empresa, de acordo com cada mutação contratual, pois a primeira parte da tabela repete os valores constantes às fls. 497/500: SITUAÇÃO EM 08/08/1983 COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM LTDA. COTAS VALOR (CR$) PARTICIPAÇÃO CAPITAL TOTAL 30.000.000 300.000.000,00 ANA THOMÉ MAMPRIM 3.750.000 37.500.000,00 12,50% ARNALDO MAMPRIM 7.500.000 75.000.000,00 25,00% Fl. 1307DF CARF MF 10 JOSE CESAR TRIVELATO 5.000.000 50.000.000,00 16,67% SIMONE ROSA TRIVELATO 2.500.000 25.000.000,00 8,33% ANTONIO ROMILDO ROVERE 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IVONE ROVERE 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IVETE ROVERE CHIQUETTO 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IZILDINHA ROVERE CHIQUETTO 1.500.000 15.000.000,00 5,00% IVANA ROSA ROVERE ZILLETI 1.500.000 15.000.000,00 5,00% EDNA MARIA MAMPRIM BRUNELLO 937.500 9.375.000,00 3,13% ELINOR CELIA MAMPRIM MARINI 937.500 9.375.000,00 3,13% MARLENE MAMPRIM FORATO 937.500 9.375.000,00 3,13% VALMIK ANTONIO MAMPRIM 937.500 9.375.000,00 EUNICE ROSA MAMPRIM MIRIAM THIVELATO VALOR UNITÁRIO DA COTA CR$ 10,00 A tabela discrimina por sócio, a quantidade de quotas, o valor delas e o percentual de cada sócio no patrimônio da sociedade. Além disso, o Auditor Fiscal esclarece na própria tabela que essa era a situação em 08/08/1983. Assim, para a determinação do custo de aquisição o autuante considerou as quotas desde a aquisição (08/08/1983), ao contrário do que afirma a recorrente. A tabela é bem didática, pois separa as quotas que a recorrente tinha antes da revogação do Decretolei, e na sequência as compara de acordo com os aumentos de capital ocorridos em 01/10/1993 e 25/09/1996. Pela tabela vêse que o capital social da empresa Comercial Guilherme Mamprim Ltda, em 08/08/1983 era constituído por 30 (trinta) milhões de quotas, no valor de 10,00 cada uma. Continuemos a análise pela segunda parte da tabela: AUMENTO DE CAPITAL OCORRIDO EM 01/10/1993 AUMENTO DO CAPITAL CAPITAL APOS AUMENTO VALOR ORIGINAL EM CRUZEIROS VL. CONVERTIDO P/ CRUZEIRO REAL COTAS ORIGINAIS ISENTAS VALOR COTAS VALOR COTAS PART. 1.200.000.000,00 1.200.000,00 120.000 46.800.000,00 4.680.000 48.000.000,00 4.800.000 150.000.000,00 150.000,00 15.000 5.850.000,00 585.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 300.000.000,00 300.000,00 30.000 5.700.000,00 570.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 200.000.000,00 200.000,00 20.000 3.800.000,00 380.000 4.000.000,00 400.000 8,33% 100.000.000,00 100.000,00 10.000 3.900.000,00 390.000 4.000.000,00 400.000 8,33% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 60.000.000,00 60.000,00 6.000 2.340.000,00 234.000 2.400.000,00 240.000 5,00% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 37.500.000,00 37.500,00 3.750 1.462.500,00 146.250 1.500.000,00 150.000 3,13% 6.000.000,00 600.000 6.000.000,00 600.000 12,50% 4.000.000,00 400.000 4.000.000,00 400.000 8,33% CR$ 10,00 Neste ponto, cabe abrir um parêntese para observar que na primeira parte da tabela o capital social era de Cr$ 300.000.000,00, e na segunda parte da tabela, aparece no Fl. 1308DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.304 11 valor de Cr$ 1.200.000.000,00. Isso ocorreu em função da alteração contratual de 06/10/1992 (fls. 404), na qual o capital social foi elevado a esse patamar. Aliás, às fls. 466/471, é possível ver os aumentos de capital social, desde 08/06/1970, partindo de NCr$ 280.000,00, em sequência 5.600.000,00 (18/03/1976), 14.000.000 (13/04/78), 41.400.000,00 (28/09/79), 60.000.000,00 (23/10/80), 76.000.000,00 (02/10/81), 150.000.000,00 (01/09/1982), 300.000.000,00 (06/06/1983), 600.000.000,00 (30/07/1984), 1.200.000.000 (20/06/1985), NCZ$ 480.000,00 (15/08/1989), CR$ 120.000.000,00 (24/09/91). Essa informação é importante porque a recorrente alega que o Auditor Fiscal deveria levar em conta a data em que as quotas foram originariamente adquiridas ou subscritas (08/08/1983). E o pequeno histórico demonstra que isso foi considerado pela fiscalização. A segunda parte da tabela resume o aumento do capital social (fls. 507) de Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para CR$ 48.000.000 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais), decorrente do aproveitamento das cotas de lucros acumulados representadas por 4.800.000 cotas ao valor de 10,00, conforme trecho abaixo, fls. 473/483: 1) O capital social inteiramente realizado fica aumentado de Cr$ 1.200.000,000,00 (hum bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) com aproveitamento das cotas de lucros acumulados representadas por 4.800.000 de cotas no valor de CR$ 10,00 cada uma, distribuídas na proporção de suas cotas a saber: Como se vê, o Auditor Fiscal converteu as quotas antigas que valiam Cr$ 1.200.000,000,00 (um bilhão e duzentos milhões de cruzeiros) para cruzeiros reais (CR$) que resultou no valor de CR$ 1.200.000,00 (um milhão de duzentos cruzeiros reais), conforme consta na tabela. Veja que o Auditor é didático ao apresentar que 1.200.000.000,00 cruzeiros era o valor original, e na coluna ao lado ele coloca esse mesmo valor só que convertido para 1.200.000,00 cruzeiros reais, ou seja, para que não reste dúvidas: Cr$ 1.200.000.000,00 = CR$ 1.200.000,00. Na coluna seguinte ele conclui que o número de quotas isentas era 120.000, POR QUE? Porque a empresa estipulou, conforme trecho acima transcrito, que o valor de cada quota era CR$ 10,00, e para que não reste dúvidas 1.200.000,00/10,00 = 120.000. Assim, se CR$ 1.200.000,00 era o valor das quotas antigas, então 120.000 era o número de quotas antigas, existentes ANTES do aumento de capital social para CR$ 48.000.000,00, proveniente dos lucros acumulados. Fl. 1309DF CARF MF 12 Veja que se a empresa tem CR$ 1.200.000,00 de capital social e o aumenta para CR$ 48.000.000,00, o valor acrescido ao capital existente é CR$ 48.000.000,00 1.200.000,00 = 46.800.000,00, conforme demonstrado na tabela. Aliás o Auditor Fiscal separa muito bem esses valores, ao apresentar na tabela o VALOR DO AUMENTO DO CAPITAL e o VALOR DO CAPITAL APÓS O AUMENTO: E dessa forma ele discrimina as QUOTAS ISENTAS, que correspondiam aos CR$ 1.200.000,00 existentes antes da capitalização, e QUOTAS NÃO ISENTAS, decorrentes da capitalização de 46.800.000,00, que somadas resulta no valor do capital social da empresa em 01/10/1993: 48.000.000,00. E, por que o Auditor Fiscal chamou de isentas as 120.000 quotas? Porque elas representavam os Cr$ 1.200.000.000,00 (um bilhão e duzentos milhões de reais) existentes antes de 01/10/1993. Veja que o DecretoLei nº 1.510/76 foi revogado em 22/12/1988, então se a empresa tinha as quotas desde 08/08/1983 ela permaneceu com elas por mais de 5 anos que era a condição para a isenção. Como o aumento decorreu de lucros acumulados é certo que houve aumento do valor de quotas. Se antes existiam 120.000 quotas, depois da distribuição de lucros acumulados passou a existir 4.800.000, dentro das quais 4.680.000 foram consideradas pela fiscalização como quotas não isentas, porque emitidas após a revogação do DecretoLei de isenção. Agora vamos para a terceira parte da Tabela: AUMENTO DO CAPITAL OCORRIDO EM 25/09/1996 COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM LTDA. VALOR CONVER TIDO PARA REAL AUMENTO DE CAPITAL CAPITAL TOTAL VALOR COTAS ISENTA S VALOR DEMAIS COTAS COTAS ISENT AS DEMAIS COTAS CAPITAL TOTAL 17.454,55 3.822.545,45 3.840.000,00 436,36 3.839.563,63 436 3.839.564 ANA THOMÉ MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 54,55 479.945,45 55 479.945 ARNALDO MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 109,09 479.890,91 109 479.891 JOSE CESAR TRIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 72,73 319.927,27 73 319.927 SIMONE ROSA TRIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 36,36 319.963,64 36 319.964 ANTONIO ROMILDO ROVERE 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVONE ROVERE 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVETE ROVERE CHIQUETTO 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 ZILDINHA ROVERE CHIQUETTO 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 IVANA ROSA ROVERE ZILLETI 872,73 191.127,27 192.000,00 21,82 191.978,18 22 191.978 EDNA MARIA MAMPRIM BRUNELLO 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 ELINOR CELIA MAMPRIM MARINI 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 MARLENE MAMPRIM FORATO 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 VALMIK ANTONIO MAMPRIM 545,45 119.454,55 120.000,00 13,64 119.986,36 14 119.986 EUNICE ROSA MAMPRIM 2.181,82 477.818,18 480.000,00 0,00 480.000,00 0 480.000 MIRIAM THIVELATO 1.454,55 318.545,45 320.000,00 0,00 320.000,00 0 320.000 VALOR UNITÁRIO DA COTA 1,00 Fl. 1310DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.305 13 Veja que ela apresenta o aumento de capital ocorrido em 25/09/1996. Lembro que a unidade monetária dessa época era o Real. Por consequência, os CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) quando convertidos para reais, resultaram em R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos), que é o mesmo valor que aparece na tabela, e consta na 26ª alteração contratual (fls. 523/524): "CLÁUSULA PRIMEIRA" DO AUMENTO DO CAPITAL SOCIAL (I) Resolvem os atuais sóciosquotistas, por unanimidade, aumentar o Capital Social da Sociedade, que é atualmente de R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos) para R$ 3.840.000,00 (três milhões, oitocentos e quarenta mil reais), ou seja, um aumento de R$3.822.545,45 (três milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos) totalmente integralizado neste ato mediante o aproveitamento e capitalização dos recursos e reservas abaixo identificados, apurados de conformidade com o Balanço Patrimonial e demais Demonstrações Financeiras encerrado em 31/08/96, a saber: (a) R$ 1.693.619,33 (um milhão, seiscentos e noventa e três mil, seiscentos e dezenove reais e trinta e três centavos) do saldo existente na conta de "Reservas de Capital C. Monetária do Capital Social". (b) R$ 352,10 (trezentos e cinquenta e dois reais e dez centavos) do saldo existente na conta de "Lucros Acumulados" de exercícios anteriores a 1989; e (c) R$ 2.128.574,02 (dois milhões, cento e vinte e oito mil, quinhentos e setenta e quatro reais e dois centavos) de parte do saldo existente na conta de "Lucros Acumulados" de exercícios posteriores a 1.989. (grifei) Pelo trecho acima transcrito, a própria empresa converteu o valor de CR$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de cruzeiros reais) para R$ 17.454,55 (dezessete mil, quatrocentos e cinquenta e quatro reais e cinquenta e cinco centavos). Portanto, O Auditor Fiscal procedeu da mesma forma que ela; ele converteu os valores de cruzeiros reais para reais, mantendo o custo originário, tanto é que o valor das quotas isentas que era de CR$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil cruzeiros de reais) virou R$ 436,36 (quatrocentos e trinta e seis reais, e trinta e seis centavos), que é o valor que a recorrente diz não saber de onde veio. Veja ainda que, o aumento de capital ocorrido em 25/09/1996, no valor de R$ 3.822.545,45 (três milhões, oitocentos e vinte e dois mil, quinhentos e quarenta e cinco reais e quarenta e cinco centavos) foi posterior à revogação do Decretolei de isenção, por isso, o Auditor Fiscal não considerou que as quotas emitidas em decorrência desse aumento estavam amparadas pela isenção, razão pela qual as QUOTAS ISENTAS aparecem separadas das DEMAIS QUOTAS (quotas não isentas), cujo somatório resulta no valor do capital total da empresa. Fl. 1311DF CARF MF 14 Portanto, como se vê a tabela que a recorrente diz ser incompreensível, só contém valores constantes, nos próprios arquivos societários da empresa Comercial Guilherme Mamprim Ltda. Reproduzindo os exatos termos do Contrato e Alterações Contratuais. Além disso, a metodologia utilizada pela fiscalização para determinação do custo de aquisição das quotas, foi o mesmo utilizado pela empresa, qual seja, converteu o valor do capital social à unidade monetária vigente à época dos aumentos de capital. E mais, a recorrente diz não saber de onde o autuante tirou o índice de 2,75, para chegar às 436 quotas. Ora, a resposta está contida na própria 26ª Alteração do Contrato Social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, fls. 524: (II) Em face do aumento do Capital Social efetivado na forma do TÍTULO (I) desta "CLÁUSULA PRIMEIRA", e, considerando se ainda as alterações havidas na política econômicamonetária do país, a qual Implementou o "Programa de Estabilização Econômica" alterandose a Unidade do Sistema Monetário Nacional, a qual passou a denominarse o "REAL R$" a partir de 1º de Julho de 1.994, observada a paridade de CR$ 2.750,00 (dois mil, setecentos e cinquenta cruzeiros reais) para cada "UM REAL" (ou) para cada uma URV), o Capital Social de RS 3.840.000,00 (três milhões, oitocentos e quarenta mil reais), totalmente integralizado, representado por 3.840.000 (três milhões, oitocentas e quarenta mil) quotas, no valor nominal de R$ 1,00 (um real) cada uma, fica distribuído e detido pela própria Sociedade (quotas mantidas em tesouraria) e pelos atuais SÓCIOSQUOTISTAS componentes de cada "GRUPO FAMILIAR", da seguinte forma: (Grifei). Aqui, retomando os questionamentos da recorrente no início deste tópico, entendo que a fiscalização adotou como ponto de partida o capital vigente em 1983. Verificase do histórico de aumentos de capital que a própria empresa já aplicava o fator de conversão das moedas a cada alteração contratual, até chegar ao valor de Cr$ 1.200.000.000,00 (06/10/1992) apresentado na tabela, e utilizado pelo Auditor Fiscal para demonstração das parcelas que estavam inclusas na isenção. Não foi utilizado o índice de conversão sobre o número de quotas, mas sobre o valor das quotas, e a partir dele, encontrado o número de quotas pela divisão do valor total delas, pelo valor unitário atribuído pela própria empresa. Por fim, a demonstração de que as 3.839.564 quotas não estavam abrangidas pela isenção, está apresentada na tabela, conforme exposto ao longo deste tópico. Ademais, o direito constitucional à ampla defesa e ao contraditório, disposto no inciso LV do art. 5º, da Constituição Federal de 1988, tem por finalidade possibilitar aos litigantes, seja em processo judicial ou administrativo, o direito à reação contra atos desfavoráveis, momento esse em que a parte interessada exerce o direito à ampla defesa e ao contraditório. Dessa forma, quando a Administração, antes de decidir o mérito de uma questão administrativa, dá à parte contrária oportunidade de impugnar da forma mais ampla que entender, em hipótese alguma, pode ser acusada de negar ao contribuinte o exercício do direito à ampla defesa e ao contraditório. Fl. 1312DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.306 15 Logo, concluise que não houve qualquer tipo de cerceamento do direito de defesa, pois os Autos de Infração foram lavrados em obediência ao princípio da estrita legalidade, expondo com objetividade e clareza a origem do lançamento de crédito, sua composição, bem como os dispositivos legais e os documentos que o fundamentaram, atendendo a todos os dispositivos normativos sobre a matéria, permitindo assim, o exercício do direito constitucional ao contraditório e à ampla defesa do contribuinte. Anulação integral do lançamento fiscal em face do reconhecimento do "direito adquirido" ao não pagamento do IRPF. Inocorrência A recorrente pugna pela nulidade total do lançamento, e diz que o Auditor Fiscal se limitou a: [...] analisar a evolução do capital social da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, apenas no período de 08/08/1983 a 25/09/1996, deixando de examinar e/ou de questionar as alterações contratuais e/ou as mutações patrimoniais ocorridas nas participações societárias do Contribuinte posteriormente à 25/09/1996, ou seja, desde 25/09/1996 até setembro de 2008 (data de alienação das quotas). Portanto, está precluso o direito da Fazenda Nacional questionar eventual descumprimento da condição prevista no art. 4º. alínea "d", do DecretoLei 1.510/76, em relação às mutações patrimoniais ocorridas nas participações societárias a partir de 25/09/1996, isto é, a partir do quantitativo equivalente a 3.840.000 quotas. Acrescenta que se reconhecido o direito adquirido ao não pagamento de IRPF, fica prejudicado o questionamento sobre existência de novas subscrições, aquisições ou eventos ocorridos a partir de 25/09/1996, que levem à perda do benefício fiscal da isenção. Cita jurisprudência do STJ sobre a impossibilidade de nulidade parcial quando o vício compromete todo o lançamento, e diz que se reconhecido direito adquirido nulo estará todo o lançamento. Requer sejam considerados os argumento constantes no item 3.1, subitem 3.1.1 da impugnação (3.1.1. DA CONFUSA E FANTASIOSA TABELA 1 ANEXA AO TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL:), fls. 1018/1020. Ora, a alegação da recorrente não tem qualquer fundamento, dado que o Auditor Fiscal apresentou a evolução do capital da Comercial Guilherme Mamprim Ltda, para demonstrar quais quotas estavam albergadas pela isenção e quais as que não estavam. E, a partir dela efetuou o lançamento de acordo com o custo de aquisição declarado pela recorrente. Ademais, qualquer análise posterior para verificação da isenção arguida pela recorrente, não pode deixar de considerar o histórico de evolução das quotas da empresa, a fim de apurar o custo de aquisição das cotas e do respectivo ganho de capital na alienação delas. Ressalto que, o processo administrativofiscal de exigência de crédito tributário referente às contribuições previdenciárias é regido pelo Decreto nº 70.235/72, que dispõe sobre a nulidade dos atos nos seguintes termos: Art. 59. São nulos: I – os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 1313DF CARF MF 16 II – os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Nesse aspecto, o Auto de Infração contém todos os elementos e requisitos necessários de formação válida, tendo sido lavrado de acordo com os dispositivos legais e normativos que disciplinam o assunto, observado o art. 142 e seu parágrafo único, da Lei nº 5.172/66, não havendo, portanto, que se falar de nulidade do lançamento. A questão do direito adquirido, por se referir ao próprio mérito, será analisada, em momento oportuno. Denúncia espontânea. Multa de ofício. Juros à taxa Selic A recorrente arrazoa que, antes do início do procedimento fiscal declarou expressamente a alienação da totalidade das quotas e participações societárias que detinha nas sociedades do Grupo “Frango Assado”, e a comissão paga à “IGC Partners”, tendo apurado e informado corretamente o ganho de capital decorrente da operação, que foi lançado como rendimentos isentos e não tributáveis, conforme Declaração de Ajuste Anual do Ano Calendário de 2008, e não agiu com máfé, por entender que tinha direito adquirido à isenção do imposto de renda, nos termos do art. 4º, alínea “d”, do Decretolei nº 1.510, de 27/12/1976, e ainda com a existência de decisões administrativas e judiciais reconhecendo seu direito adquirido ao benefício fiscal decorrente desse dispositivo legal, não podendo ser penalizada com aplicação de multas confiscatórias e juros de mora. Cita o art. 138 do CTN, e interpreta que não há obrigatoriedade de pagar o tributo declarado para que reste caracterizada a denúncia espontânea, e a expressão "se for o caso", não tem o significado dado pelo julgador a quo, nem concorda com a afirmação deste de que teria efetuado a classificação indevida de rendimentos, e diz não se aplicar ao caso a norma do art. 841 do RIR, porque não fez declaração inexata, nem omitiu qualquer elemento sobre a alienação de quotas e participações societárias, e deixou de efetuar o recolhimento porque baseado em dispositivo legal, doutrina e jurisprudência. Transcreve jurisprudência e doutrina sobre denúncia espontânea e inexigibilidade de multa punitiva, e sobre o entendimento de que a multa moratória tem natureza punitiva. Arrazoa ser ilegítima a aplicação da multa de ofício de 75% e aos juros de mora em percentual equivalente à taxa SELIC. Não assiste razão à defendente, a perda da espontaneidade se deu em 28/10/2009, data em que a recorrente tomou ciência do Termo de Início do Procedimento Fiscal (fls. 478), nos termos do parágrafo único do art. 138 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional – CTN) e do art. 7º do Decreto nº 70.235, de 06 de março de 1972: Código Tributário Nacional Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. (Grifouse) Decreto nº 70.235/72 Fl. 1314DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.307 17 Art. 7º O procedimento fiscal tem início com:(Vide Decreto nº 3.724, de 2001) I o primeiro ato de ofício, escrito, praticado por servidor competente, cientificado o sujeito passivo da obrigação tributária ou seu preposto; II a apreensão de mercadorias, documentos ou livros; III o começo de despacho aduaneiro de mercadoria importada. § 1° O início do procedimento exclui a espontaneidade do sujeito passivo em relação aos atos anteriores e, independentemente de intimação a dos demais envolvidos nas infrações verificadas. (Grifouse) Portanto, conforme dispositivos acima transcritos, enquanto estiver abrigado sob o manto da espontaneidade, o sujeito passivo poderá confessar débitos não declarados, retificar declarações e formular consultas, ficando a salvo da imposição de multa de ofício desde que efetue o recolhimento dos tributos devidos com os acréscimos moratórios cabíveis. Excluída, por outro lado, a espontaneidade do interessado, ele ficará sujeito à imposição de multa de ofício, ainda que reconheça a procedência do lançamento. Da mesma forma, não serão acolhidas como eficazes as declarações entregues após o início da ação fiscal, conforme art. 147, § 1º do CTN: “A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento”. Portanto, o início do procedimento de fiscalização, mediante termo próprio ou qualquer outro ato escrito que o caracterize, retira do sujeito passivo a espontaneidade em denunciar irregularidades para os fins de declarar e retificar declarações referentes aos tributos objeto do procedimento fiscal a que está submetido. A recorrente, ao informar em sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), como isento rendimento que não estava alcançado pelo instituto da isenção, deixou de oferecêlo à tributação, e, consequentemente, não houve o recolhimento do imposto devido, portanto, não se trata de caso de denúncia espontânea. Esclarecese ainda à recorrente que, a responsabilidade por infrações fiscais independe da intenção do agente, conforme art. 136 do Código Tributário Nacional: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Em relação ao argumento da recorrente de que é ilegal a multa de ofício, lembro que a este Conselho não é dado se pronunciar sobre ilegalidade e inconstitucionalidade de Lei em plena vigência, ou deixar de aplicála, nos termos do art. 26A do Decreto nº 70.235/72 e Súmula CARF nº 2: Fl. 1315DF CARF MF 18 Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. Súmula CARF n° 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Quanto à alegação sobre juros à taxa Selic, a questão se encontra pacificada neste Conselho, sendo objeto da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF n° 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Do mérito Da aplicação do disposto no art. 178 do CTN, visto tratarse "in casu" de isenção onerosa, concedida por prazo certo e em função de determinadas condições A recorrente argumenta que quando da publicação da Lei nº 7.713/88, já possuía as participações societárias por mais de 5 anos, tendo direito adquirido ao benefício fiscal conferido pelo Decretolei nº 1.510/76, independente da data de alienação das participações societárias. Assevera que se implementada a condição à isenção antes da revogação da lei, a isenção se mantém mesmo se a alienação ocorrer na vigência da lei revogadora, pois no caso se trata de isenção concedida sob condição onerosa. Cita Súmula nº 544/STF, e diz que o caso se amolda a ela, sendo vedada a revogação dessa isenção, acrescenta jurisprudência do STJ sobre cumulação dos requisitos previstos no art. 178 do CTN para se considerar a isenção irrevogável, e julgados do CSRF sobre direito adquirido à isenção em decorrência do Decreto Lei nº 1.510/76 (102134080, CSRF/0400.215, CSRF/0103.266, CSRF/0102.973, CSRF/01 02.974, CSRF/01 03.349 e CSRF/0103.725). Discorre sobre o caráter de onerosidade da isenção pleiteada, acrescentando julgados do Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais, e CARF (acórdãos 2102002.966, 2102002.967, 2202002.468, 9202003.542, 9202002.805). A controvérsia cingese à extensão da isenção concedida pelo Decretolei nº 1.510/76, revogada pela Lei nº 7.713/88, quanto às quotas alienadas em períodos em que vigia a lei revogadora, sendo esse o objeto do lançamento fiscal. Então vamos analisar essa isenção: Decretolei nº 1.510/76 Art 1º O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos. Art 2º O rendimento tributável de acordo com o artigo anterior será determinado pela diferença entre o valor da alienação e o custo de subscrição ou aquisição da participação societária, corrigido monetariamente segundo a variação das Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) Fl. 1316DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.308 19 [...] Art 4º Não incidirá o imposto de que trata o artigo 1º: (Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) [...] d) nas alienações efetivadas após decorrido o período de cinco anos da data da subscrição ou aquisição da participação. A Lei nº 7.713/88 revogou expressamente os dispositivos acima transcritos: Art. 1º Os rendimentos e ganhos de capital percebidos a partir de 1º de janeiro de 1989, por pessoas físicas residentes ou domiciliados no Brasil, serão tributados pelo imposto de renda na forma da legislação vigente, com as modificações introduzidas por esta Lei. [...] § 5º Ficam revogados todos os dispositivos legais concessivos de isenção ou exclusão, da base de cálculo do imposto de renda das pessoas físicas, de rendimentos e proventos de qualquer natureza, bem como os que autorizam redução do imposto por investimento de interesse econômico ou social. [...] Art. 58. Revogamse o art. 50 da Lei nº 4.862, de 29 de novembro de 1965, os arts. 1º a 9º do DecretoLei nº 1.510, de 27 de dezembro de 1976, os arts. 65 e 66 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, os arts. 1º a 4º do Decreto Lei nº 1.641, de 7 de dezembro de 1978, os arts. 12 e 13 do DecretoLei nº 1.950, de 14 de julho de 1982, os arts. 15 e 100 da Lei nº 7.450, de 23 de dezembro de 1985, o art. 18 do DecretoLei nº 2.287, de 23 de julho de 1986, o item IV e o parágrafo único do art. 12 do DecretoLei nº 2.292, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 2º do DecretoLei nº 2.301, de 21 de novembro de 1986, o item III do art. 7º do DecretoLei nº 2.394, de 21 de dezembro de 1987, e demais disposições em contrário. (Grifei) O art. 178 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), dispõe sobre a possibilidade da revogação da isenção nos seguintes termos: Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.(Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) Como a recorrente se firma no direito adquirido à isenção, entendo que o art. 178 do CTN claramente derruba essa tese, à exceção de a isenção ter sido por prazo certo E sob determinadas condições. Em função da exceção disposta no CTN, é oportuno analisar se a isenção de que tratava a alínea "d" do art. 4º do Decretolei nº 1.510/76 atendia aos requisitos Fl. 1317DF CARF MF 20 para que essa isenção não fosse revogada a qualquer tempo. Ora, não vejo no trecho do DecretoLei qualquer dispositivo que diga por quanto tempo essa isenção se estenderá, o que diz o Decreto Lei é que as quotas tinham que ficar em poder dos sócios por 5 anos, para que tivessem direito à isenção, mas não diz, por exemplo, que a isenção albergada em função desse dispositivo vigorará por 5, 10 ou 20 anos, assim, não havia um tempo estimado para que a pessoa física gozasse dela. De outro lado, vejo apenas presente o segundo trecho do CTN, sob "determinadas condições", sendo esse, de caráter oneroso, porque, se quisesse gozar da isenção, a pessoa física ficaria impedida de alienar as participações por um determinado prazo, ou seja, ela não teria as participações disponíveis para venda. Assim, não estando presentes todos os elementos para impedir que a isenção pudesse ser revogada ou modificada a qualquer tempo, entendo que não há direito adquirido a essa isenção. Aliás esse foi o entendimento dos acórdãos 9202004.507 e 9202004.506, ambos de 25/10/2016: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Exercício: 2004 GANHO DE CAPITAL. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. A isenção prevista no artigo 4o do DecretoLei nº 1.510, de 1976, por ter sido expressamente revogada pelo artigo 58 da Lei n° 7.713, de 1988, não se aplica a fato gerador (alienação) ocorrido a partir de 1o de janeiro de 1989 (vigência da Lei n° 7.713, de 1988), pois inexiste direito adquirido a regime jurídico. Recurso Especial Negado. Acrescento que, a lei vigente à data da alienação das participações societárias era a Lei nº 7.713/88, e, portanto, nos termos do art. 144 do CTN, era ela que deveria ser aplicada. Em relação à Súmula nº 544/STF, citada pelo recorrente, ela foi aprovada na Sessão Plenária de 03/12/1969, portanto, anterior à nova redação do art. 178 do CTN, dada pela Lei Complementar nº 24, de 07 de janeiro de 1975. Dessa forma, só pode ser interpretada diante do novo texto, pois Súmula do STF não pode vir em contrariedade à Lei. Aliás, uma simples leitura ao art. 178 do CTN antes e depois da Lei Complementar 24/75 já demonstra a nova interpretação que deve ser feita à Súmula citada pelo recorrente: Art. 178. A isenção, salvo se concedida por prazo certo ou em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do artigo 104. (Ressaltei) Art. 178 A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104. (Redação dada pela Lei Complementar nº 24, de 1975) (Ressaltei) Neste ponto, esclareço que a auditoria considerou que as quotas isentas, conforme demonstrado nas tabelas acima, por terem sido alienadas após a revogação da Lei de isenção não gozavam do instituto do direito adquirido. Portanto, o lançamento fiscal se refere Fl. 1318DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.309 21 ao imposto sobre ganho de capital na alienação das participações societárias adquiridas: 1) após a revogação da Lei de isenção, 2) antes da revogação da Lei de isenção; nos dois casos alienadas após essa revogação, pois como visto acima é perfeitamente possível a revogação de isenção que não seja concedida por prazo certo E sob determinadas condições. Portanto, não cabe a aplicação da referida Súmula ao presente caso. Das bonificações e filhotes adquiridos a custo zero, e que se referem às aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983 A recorrente arrazoa não proceder o argumento do julgador a quo "que as disposições do Parecer Normativo CST nº 68/77 não se aplicam às bonificações emergentes das aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983, mesmo que se tratem de bonificações decorrentes de aumento de capital ocorrido após a vigência da Lei revogadora, ou seja, após a vigência da Lei nº 7.713/88". Diz que o parecer teve por objetivo esclarecer as questões sobre as bonificações decorrentes das participações societárias enquadradas na isenção aqui discutida, acrescentando que o parecer: [...] é absolutamente claro quanto à definição para efeitos da tributação do Art. 1º do referido DecretoLei, que as bonificações são adquiridas a custo zero nas datas das subscrições ou aquisições a que correspondem, estendendose tal definição para todas e quaisquer bonificações emergentes das participações societárias originariamente havidas a partir de 1983, mesmo aquelas havidas após a sua revogação, mas originárias das participações societárias mantidas pelo Contribuinte desde 1983. Com efeito, se o recebimento das bonificações relativas às aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983 está isento do imposto nada mais racional tenha o DecretoLei nº 1.510/76 disposto que elas só podem ser computadas a custo zero, ou seja, tais bonificações não podem ser consideradas nova aquisição ou nova subscrição de quotas. Por sua vez, não se aplica ao presente caso, a alegação do D. Julgador "a quo" de que, em face do disposto no parágrafo único, do Art. 10 da Lei nº 9.249/95, no caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Sem razão a recorrente. A meu ver correto o entendimento do julgador a quo, o Parecer Normativo CST nº 68/77, que tinha caráter interpretativo, considerou as regras vigentes à época de sua emissão. Não se pode esquecer que a cada alteração da legislação há necessidade de nova interpretação à luz dos dispositivos então vigentes. E nesse aspecto, estou de acordo com os argumentos esboçados no acórdão recorrido, por isso, adotoos como razões de decidir: Verificase que a autuada considerou que as bonificações, mesmo que distribuídas posteriormente a 31/12/1983, estariam Fl. 1319DF CARF MF 22 isentas por terem origem daquelas que supostamente gozavam de isenção. De fato, o artigo 5o do Decretolei nº 1.510/1976 trazia regramento para apuração do ganho de capital, especialmente sobre o rateio das bonificações, tanto que remetia ao artigo 1o, ambos revogados pela Lei nº 7.713/1988. Já o Parecer Normativo CST nº 68/1977, ato normativo de caráter interpretativo, tinha o propósito de esclarecer o tratamento a ser dado às bonificações recebidas e a forma de cômputo delas na apuração de eventuais ganhos de capital. Referido artigo definia que para efeitos da tributação do artigo 1o do mesmo DecretoLei, as bonificações são adquiridas a custo zero nas datas das subscrições ou aquisições a que correspondem, mas a validade do dispositivo perdurou até a vigência da lei revogadora, Lei nº 7.713/1988. Portanto, desde 1º de janeiro de 1989 o tratamento tributário a ser considerado em relação às bonificações possui regramento nos §§ 3o e 4o do artigo 16 da Lei nº 7.713/1988: Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: (...) § 3o No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art. 36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. § 4o O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. Por sua vez, o parágrafo único do artigo 10 da Lei nº 9.249/1995 estabelecia a forma de cálculo do custo de aquisição das ações distribuídas em decorrência do aumento do capital por incorporação do lucro e de reservas, como segue: Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. Parágrafo único. No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. Fl. 1320DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.310 23 Disto depreendese que não há qualquer razão legal para ratear as bonificações adquiridas posteriormente a 31/12/1983 na forma estabelecida pelo Decretolei nº 1.510/1976 visto que no regramento tributário atual as bonificações/quotas distribuídas pela empresa mediante incorporação de lucros ou reservas são consideradas ações novas cujo custo de aquisição é dado em função da origem das reservas que resultaram na distribuição das ações a titulo de bonificação. (grifei) Acrescento que, se compararmos os trechos do revogado art. 5º do Decreto lei nº 1.510/76, e os parágrafos 3º e 4º do art. 16 da Lei nº 7.713/1988, iremos ver que a troca da palavra "bonificações" por "participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação", nos dará a certeza de que esses aumentos de capital originam novas participações, e não são filhotes, como entende a recorrente. Decretolei nº 1.510/76 Lei nº 7.713/1988 Art 5º Para os efeitos da tributação prevista no artigo 1º deste Decretolei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem. (Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) Art. 16 [...] § 3o No caso de participação societária resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, que tenham sido tributados na forma do art. 36 desta Lei, o custo de aquisição é igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista beneficiário. § 4o O custo é considerado igual a zero no caso das participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros e reservas, no caso de partes beneficiárias adquiridas gratuitamente, assim como de qualquer bem cujo valor não possa ser determinado nos termos previsto neste artigo. O argumento da recorrente, de que as bonificações emergentes das participações societárias originariamente havidas a partir de 1983, eram computadas a custo zero, e que isso se estenderia às bonificações decorrentes daquelas participações, mesmo após a revogação do DecretoLei de isenção, fazme relembrar o histórico da legislação sobre a tributação dos lucros distribuídos, brilhantemente narrado pelo ilustre conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, relator do Processo 12448.736152/201135, Acórdão nº 9202 003.700, julgado em 27 de janeiro de 2016, e que aqui é trazido para esclarecer à recorrente da razão de àquela época as bonificações serem computadas a custo zero, e porque, posteriormente, passaram a compor o custo das participações pelo valor da capitalização decorrente dos lucros acumulados: Para fins de contextualização histórica da questão, cumpre referir que, nos termos da legislação anteriormente vigente, a capitalização de lucros, assim como a distribuição de ações bonificadas, não tinha qualquer efeito na determinação do custo de aquisição da participação societária dos proprietários da pessoa jurídica. Com efeito, naquele período: o lucro distribuído era passível de tributação; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias não era alterado quando da capitalização de lucros pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado como igual a zero. Fl. 1321DF CARF MF 24 Nesse sentido, cabe referência aos arts. 727 e 810 do Decreto 1.041, de 1994. (a) Art. 727 — lucros distribuídos até 1988 eram tributados: Art. 727. Os dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses, apurados em balanço de periodobase encerrado até 31 de dezembro de 1988, pagos por pessoa jurídica, inclusive sociedade em conta de participação, a pessoa física residente ou domiciliada no Pais, estão sujeitos à incidência de imposto exclusivamente na fonte, à alíquota de (DecretosLeis n°s 1.790/80, art. 1o, 2.065/83, art. 1o, 1, a, e 2.303/86, art. 7oparágrafo único): ... (b) Art. 810 — o custo de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucro era igual a zero: Art. 810. O custo de aquisição de títulos e valores mobiliários, de quotas de capital... § 2o O custo é considerado igual a zero (Lei n° 7.713/88, art. 16, §4e): a) no caso de participações societárias resultantes de aumento de capital por incorporação de lucros ou reservas, apurados até 31 de dezembro de 1988; Reparase aqui a coerência dos dispositivos acima referidos. Como, na época, a distribuição de lucros era tributada, a capitalização do lucro não alterava o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a participação societária fosse alienada, o valor do lucro capitalizado seria alcançado pelo ganho de capital. Ora, a partir de 1996, temos uma clara mudança de tratamento na distribuição de lucro, que passou a não ser tributada, nem na fonte, nem na declaração de ajuste, nos termos do disposto no art. 10, da Lei nº 9.249, de 1995. Assim: o lucro distribuído deixou de ser tributado; e consequentemente, o custo de aquisição das participações societárias passou a ser alterado quando da capitalização de lucros distribuíveis pela pessoa jurídica, inclusive no caso de distribuição de ações bonificadas, cujo valor de aquisição devia ser considerado igual ao desse lucro capitalizado. A seguir, encontrase reproduzido o caput do art. 10 da Lei n° 9.249, de 1995, e seu respectivo parágrafo. [...] Reparase. da mesma forma que no sistema vigente anteriormente, a coerência dos dispositivos acima referidos. Como a distribuição de lucros deixou de ser tributada, a capitalização do lucro distribuível passou a alterar o custo de aquisição da participação societária. Assim, quando a Fl. 1322DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.311 25 participação societária fosse alienada, o valor do lucro (distribuível isento e capitalizado) não seria alcançado pelo ganho de capital. Como se percebe, as bonificações tinham um motivo para serem computadas a custo zero, que era permitir a tributação dos lucros quando as participações societárias fossem alienadas; posteriormente quando o lucro distribuído passou a ser isento, o custo de aquisição das participações decorrentes dos aumentos de capital por incorporação de lucros passou a ser a parcela do lucro capitalizado, ou seja elas deixaram de ser computadas a custo zero. Essa disposição também constava nos revogados arts. 1º e 5º do DecretoLei nº 1.510/76: Art 1º O lucro auferido por pessoas físicas na alienação de quaisquer participações societárias está sujeito à incidência do imposto de renda, na cédula "H" da declaração de rendimentos.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) [...] Art 5º Para os efeitos da tributação prevista no artigo 1º deste Decretolei, presumese que as alienações se referem às participações subscritas ou adquiridas mais recentemente e que as bonificações são adquiridas, a custo zero, às datas de subscrição ou aquisição das participações a que corresponderem.(Revogado pela Lei nº 7.713, de 1988) Veja que, o custo zero a que se refere o art. 5º é aplicável para os efeitos do art. 1º, que tratava da tributação do lucro auferido pelas pessoas físicas, e não à alínea "d" do art. 4º desse Decretolei. Portanto, não vejo fundamento na afirmação da recorrente de que o DecretoLei tenha estabelecido que as bonificações decorrentes de aquisições e subscrições originariamente havidas em 1983 devem ser computadas com custo zero e por isso não poderiam ser consideradas nova aquisição ou nova subscrição de quotas. O que entendo é que, a lei revogadora trouxe uma nova sistemática para a apuração do custo de aquisição das participações societárias e respectivo ganho de capital quando da alienação dessas participações, e foi justamente a legislação vigente à época dos fatos geradores que o Auditor Fiscal corretamente aplicou, qual seja, o § 3º do Art. 16 da Lei nº 7.713/1988, que também está disposto no parágrafo único, do Art. 10 da Lei nº 9.249/95. Da preclusão quanto ao direito da Fazenda Nacional examinar e/ou questionar as aquisições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 A recorrente arrazoa que, como o Auditor Fiscal se limitou a analisar a evolução do capital social do período de 08/08/1983 a 25/09/1996, estaria precluso o direito de o julgador a quo realizar qualquer exame quanto às eventuais novas subscrições ou aquisições a partir de 25/09/1996, que implicasse em descaracterizar os requisitos para gozo da isenção do art. 4º, alínea "d", do Decretolei nº 1.510/76. Sem razão a recorrente, conforme debatido quando da análise das preliminares, o Auditor Fiscal apenas discriminou na tabela 1, a evolução do capital social, de acordo com as alterações contratuais, como forma de demonstrar as quotas que estavam amparadas pela isenção pleiteada pela recorrente, não estabelecendo qualquer limite ao julgador a quo, para analisar se as quotas adquiridas após 25/09/1996 estavam ou não isentas, e o custo de aquisição considerado pela fiscalização, de acordo com o que estabelece a legislação Fl. 1323DF CARF MF 26 vigente a respeito, conforme debatido no tópico anterior. Aliás, insta lembrar que o lançamento teve como partida, o custo de aquisição informado pela própria recorrente, e constante nos arquivos societários da Comercial Guilherme Mamprim Ltda. Dos aumentos de capital e das aquisições e subscrições e respectivas bonificações ocorridas a partir de 25/09/1996 A recorrente aduz ter se retirado da Comercial Guilherme Mamprim Ltda. em 30/12/1996, e a partir dessa data não recebeu bonificação nos aumentos de capital dessa empresa, não fez subscrição, aquisição de novas quotas, aporte ou injeção de recursos, e não possui créditos ou adiantamento para aumento de capital nessa empresa, e considera que os eventos ocorridos a partir dessa data são de exclusiva titularidade da controladora FASCAR, que não se confundem com as mutações ocorridas no patrimônio da recorrente. Acrescenta que: [...] no período de 25/09/1996 a 11/08/2008, as únicas quotas recebidas em bonificação pelo Contribuinte, oriundas da capitalização de lucros acumulados, foram decorrentes do aumento de capital social da COMERCIAL GUILHERME MAMPRIM ocorrido conforme 26a. Alteração Contratual, firmada aos 25/09/1996, o que nos leva à inevitável conclusão de que: • O valor de R$ 2.128.926,12, oriundo da capitalização de lucros acumulados não representa, em hipótese alguma, quaisquer outras subscrições ou aquisições de novas quotas, tratandose "in casu" de filhotes ou bonificações adquiridas a custo zero. • As referidas quotas recebidas em bonificação, em virtude da capitalização de lucros, adquiridas a custo zero, são decorrentes de aumento de capital, não por subscrição pública ou particular de quotas, mas por força de simples capitalização de lucros e/ou reservas, com aumento ou ajuste nos quantitativos de quotas, as quais foram atribuídas ao Contribuinte sem a necessidade de aportes de capital e na mesma proporção do número de quotas que possuía (art. 169 da Lei das Sociedades Anônimas). Assevera que se o valor de R$ 2.128.926,12 for considerado como subscrição e aquisição de novas quotas, ele deverá ser computado no custo de aquisição das participações/quotas alienadas e deduzido do ganho de capital auferido pela contribuinte. Sem razão a recorrente, observase que, o lançamento fiscal foi efetuado com as informações prestadas pela própria recorrente durante a ação fiscal, onde ela aponta qual o valor do ganho de capital obtido com a alienação de suas participações societárias, conforme fls. 1020. O aumento de capital de R$ 2.128.926,12 já está incluso no custo de aquisição apurado pela recorrente, pois, conforme se verifica às fls. 523, pela 26ª Alteração Contratual da Comercial Guilherme (25/09/1996), houve um aumento no capital social para R$ 3.840.000,00. Ocorre que, em 11/08/2008 houve outro aumento de capital de 14.740.000,00 para 15.310.000,00 (fls. 795), sendo que desse valor, R$ 478.438,00 é o valor das quotas da recorrente, que foi utilizado por ele para apuração do custo de aquisição, e também da fiscalização (fls. 1020). Portanto, nenhum recálculo tem que ser feito no lançamento fiscal, visto que o custo de aquisição está de acordo com o declarado pela recorrente e de acordo com os contratos sociais e alterações contratuais. Fl. 1324DF CARF MF Processo nº 19311.000017/201061 Acórdão n.º 2202004.353 S2C2T2 Fl. 1.312 27 Demais argumentos · Das mutações ocorridas no quinhão societário do contribuinte no período de 08/08/1983 a 25/09/1996: Aduz que em relação aos 3,125% de participação societária que tinha no Grupo Frango Assado, em 08/08/1983, equivalente às 937.500 quotas, entre essa data e 25/09/1996 não ocorreram quaisquer atos ou eventos que implicassem na mutação desse percentual, sendo que as havidas decorreram de adequação do capital social à unidade monetário vigente no país e/ou são filhotes ou bonificações adquiridas a custo zero, face a capitalização de lucros e ou reservas. Todas as participações societárias alienadas em 2008 (492.815) já faziam parte de seu patrimônio em 08/1983, e eram isentas pelo Decretolei nº 1.510/76, e se referem às mesmas 120.000 quotas que ele detinha em 25/09/1996, que por sua vez são as 937.500 quotas que tinha em 08/1983. · Das bonificações adquiridas a custo zero, e que são decorrentes das mesmas aquisições e subscrições originariamente havidas em agosto de 1983: Cita Parecer Normativo CST nº 68. de 23/09/1977 e Parecer Normativo CST nº 39, de 19/10/1981, e diz que eles deixam claro que as bonificações decorrentes de aumento de capital por incorporação de lucros apurados ou reservas constituídas com esses lucros não são consideradas nova aquisição ou subscrição de quotas, para que fossem deveria haver dupla transferência, das reservas da sociedade para os sócios, a título de dividendos e destes para a sociedade a título de novos aportes. Os aumentos de capital corridos na Comercial Guilherme decorreram de incorporação de Reserva de Correção Monetária do Capital Social e de Reservas de Lucros. Cita art. 2º da Lei nº 9.064/95, que alterou a Lei nº 8.849/94. Requer consideração do item 3.1, subitem 3.1.2 da Impugnação (3.1.2. DAS BONIFICAÇÕES E FILHORES (sic) ADQUIRIDAS A CUSTO ZERO, E QUE SE REFEREM ÀS AQUISIÇÕES E SUBSCRIÇÕES ORIGINALMENTE HAVIDAS EM AGOSTO DE 1983:), fls. 1068/1073. Os argumentos já foram analisados ao longo deste voto, de onde se conclui que a isenção pleiteada pela recorrente não se aplica à alienação de participações societárias adquiridas após a revogação da alínea "d" do art. 4º do Decretolei nº 1.510/76. Intimação no endereço do advogado Por fim, a recorrente requereu que todas as intimações atinentes ao recurso voluntário fossem realizadas em nome de seu advogado no endereço lá constante. O artigo 23 do Decreto nº 70.235/72 disciplina integralmente a matéria. Seus incisos I, II e III configuram as modalidades de intimação, atribuindo ao Fisco a discricionariedade de escolher qualquer uma delas. Nesse sentido, o § 3º estipula que os meios de intimação previstos nos incisos do caput do artigo 23 não estão sujeitos a ordem de preferência. O inciso II considera que a intimação via postal deve acontecer no domicílio tributário apenas do sujeito passivo. Já o § 4º dispõe que, para fins de intimação, o domicílio Fl. 1325DF CARF MF 28 tributário do contribuinte pode ser apenas em dois locais: no endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; ou no endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo. De tais regras, concluise pela inexistência de intimação postal na figura do procurador do sujeito passivo. Assim, a intimação via postal, no endereço dos procuradores, não acarretaria qualquer efeito jurídico de intimação, pois estaria em desconformidade com o artigo 23, inciso II e §§ 3º e 4º, do Decreto n° 70.235/72. Sendo assim, é de indeferir o pleito da recorrente. Conclusão Diante do exposto, voto por conhecer do recurso para, rejeitar as preliminares, e no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relatora Fl. 1326DF CARF MF
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