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Numero do processo: 10880.693413/2009-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3302-000.855
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10880.693416/2009-08, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Resolvem os membros do Colegiado, por maioria de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e Diego Weis Jr, que negavam provimento ao recurso voluntário. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .6 93 41 3/ 20 09 -6 6 Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento indevido ou a maior e aproveitar esse crédito com débito de outro tributo. De acordo com o Despacho Decisório constante nos autos, o alegado crédito já havia sido utilizado para a quitação de outro débito, não restando, portanto, valor disponível para a compensação do débito por ela indicado no Per/Dcomp. Dessa forma, não foi homologada a compensação declarada. Ciente dessa decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega, em síntese, que: a manifestante não sabe qual seria, na realidade, o motivo do indeferimento do direito creditório e, consequentemente, da não homologação da compensação declarada. apenas supõe que o direito creditório tenha sido negado em virtude de não ter sido localizada a DCTF retificadora que corrigiu o valor do débito devido. entretanto, não se pode aceitar que a contribuinte seja obrigada a se defender com base em suposições, sem ter segurança quanto ao motivo que determinou a glosa, pois o Decreto n° 70.235/1972 é claro ao determinar que os atos proferidos por autoridades administrativas que prejudicam ou impossibilitam o direito de defesa do contribuinte são eivados de nulidade. há de se observar que o Despacho Decisório ora combatido não contém uma descrição precisa e congruente dos fatos que ensejaram a sua emissão. Tal omissão e imprecisão impedem o pleno conhecimento das circunstâncias que levaram ao indeferimento do seu direito creditório, implicando grandes dificuldades e embaraços ao direito da ampla defesa e do contraditório. a própria fundamentação legal utilizada como embasamento para o indeferimento do direito creditório ora pleiteado foi indicada de modo apenas genérico, não permitindo a identificação de qual o equivoco teria sido pretensamente cometido. Em síntese, não constam, no Despacho Decisório, informações precisas acerca das supostas incorreções cometidas, evidenciando a nulidade do ato administrativo em apreço. o valor do pagamento ora discutido decorre, inequivocamente, da tributação de receitas que não se enquadram no conceito de faturamento. sobre a tributação das receitas que não se enquadram no conceito de faturamento (base de cálculo prevista pela Lei 9.718/1998), é assente que tal exigência não está de acordo com o direito. Isto porque, o Supremo Tribunal Federal já declarou a sua inconstitucionalidade. Ademais, no caso ora analisado, a manifestante obteve decisão judicial definitiva que a possibilita não observar a base de cálculo prevista na Lei 9.718/1998. independentemente da decisão judicial definitiva favorável à manifestante, o direito creditório deve ser reconhecido, pois, como já mencionado, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade do alargamento das bases de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 4 3 o não reconhecimento da inconstitucionalidade da lei já declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal viola princípios consagrados pelo ordenamento jurídico brasileiro, dentre os quais se destacam o "Principio da Moralidade” e o "Principio da Eficiência". muito embora a manifestante acredite que o seu direito creditório será reconhecido com a conseqüente homologação da compensação efetuada, em função do Principio da Eventualidade, não há como se furtar em apresentar a sua discordância em relação à exigência de multa e juros, na hipótese dos julgadores entenderem que o indeferimento deva prevalecer. no caso em tela, não há que se falar em imposição de multa e juros por atraso no pagamento, já que a manifestante quitou tempestivamente, por meio da DCOMP não homologada, o débito compensado. não há que se alegar mora ao quitar o débito equivocadamente exigido, uma vez que esta apresentou DCOMP com objetivo de cumprir sua obrigação, sendo que, a não homologação da DCOMP apresentada não é, por si só, fato caracterizador de mora do contribuinte. a exoneração da multa e dos juros deverá ser reconhecida, pois a manifestante não incorreu em mora, tendo apresentado tempestivamente a DCOMP para quitação integral do débito tributário compensado. Diante dessas alegações, a interessada solicita: o cancelamento total do Despacho Decisório ora combatido, com a declaração de sua nulidade, pois, em preliminar, é comprovado o cerceamento do direito de defesa. na hipótese de se entenderem que não deve ser declarada a nulidade do Despacho Decisório, a manifestante pede e espera que, no mérito, o seu direito creditório seja deferido e, conseqüentemente, homologada a compensação declarada. caso o indeferimento do direito creditório seja mantido, o que se admite apenas a título de argumentação, deve ser afastada a exigência de multa e juros de mora pelos motivos já expostos. Por fim, a manifestante protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em Direito, sobretudo a diligência fiscal. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório, julgando improcedente a manifestação de inconformidade. Intimada da decisão recorrida, a Recorrente interpôs recurso voluntário reproduzindo as matérias de mérito já apresentadas em sua manifestação de inconformidade. É o relatório. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Resolução 3302000.853, de 25 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.693416/200908, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Resolução 3302000.853): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele tomo conhecimento. A questão tratada nestes autos não é nova neste Conselho e, já foi analisado nos autos do Processo Administrativo nº 10880.693376/200996 (acórdão paradigma nº 3401001.361), instaurada contra a mesma empresa, de relatoria do i. Conselheiro Robson José Bayerl que, entendeu por bem converter o julgamento em diligência para verificar a origem do crédito pleiteado pela Recorrente com base nos documentos já carreados aos autos e outros que fizerem necessários. Neste caso, por concordar com os argumentos explicitados por aquela relator e, visando dar o mesmo tratando processual, adoto as razões do citado Conselheiro como causa de decidir o presente processo, a saber: Como questão preliminar, cabe examinar a exigência de retificação da DCTF correspondente, como condição para repetição do indébito, consoante acentuado pela decisão recorrida. A tese defendida pelo colegiado a quo é que o impedimento à alteração do valor declarado a título de Cofins, dezembro/1999, obstaria o direito à restituição do montante pago indevidamente, mesmo que não ocorrida a decadência desse direito, nos termos do art. 165, I do Código Tributário Nacional, por entender que o crédito tributário já se encontrava formalmente homologado e definitivamente extinto perante a Fazenda Nacional. Todavia, ainda que o art. 150, § 4º do CTN disponha que a fluência do prazo de 05 (cinco) anos corporifica homologação tácita e transmuta o lançamento e respectivo pagamento em causa de extinção do crédito tributário, não se pode olvidar que o mencionado art. 165, I do mesmo diploma legal também garante o direito, independente de prévio protesto, à restituição do tributo pago em quantia maior que a devida, desde que observada a temporalidade do requerimento próprio (art. 168), o que se verificou nesse processo. Nestes autos, o decurso do prazo veda a constituição de crédito tributário complementar àquele declarado pelo sujeito passivo (art. 150, § 4º), entretanto, não obstaculiza a devolução do indébito, ao passo que feito o pedido dentro do prazo de 05 (cinco) anos do recolhimento(arts. 165, I e 168), mormente na situação sub examine, Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 6 5 onde a quantia indevida corresponde justamente ao pagamento feito a destempo, acrescido de multa e juros de mora. Demais disso, esquadrinhando a IN SRF 600/05, vigente por ocasião da transmissão da PERDCOMP, não se localiza qualquer imposição de retificação da DCTF como requisito para processamento do pedido de restituição aviado, salvo na hipótese de pedido de ressarcimento de crédito presumido de IPI (Leis nº 9.363/96 e 10.276/01), segundo o art. 16, § 5º, II do ato normativo. Portanto, mostrase improcedente a questão vestibular erigida pela decisão recorrida como fundamento à denegação do recurso. Tocante ao mérito, observase que o motivo inicial à não homologação da compensação realizada se lastreou em uma suposta utilização do direito creditório para “quitação” de outros tributos, de forma tal que não haveria saldo disponível para a compensação realizada. Notase, também, que a Administração Tributária em momento algum contestou diretamente a existência do crédito vindicado, mas sim sua utilização em outra finalidade. Em outra linha argumentativa exposta na decisão de primeira instância, o acolhimento da manifestação de inconformidade, em situações como estas, exigiria a demonstração documental das razões arroladas pelo recorrente, o que não se verificou. Nesse passo, é certo que na primeira oportunidade processual o recorrente não produziu a prova necessária, limitandose a anexar cópias de declarações, que, por si só, assim como sua ausência não serve de causa ao indeferimento de restituição, também não é suficiente ao seu deferimento. Contudo, em recurso voluntário, o contribuinte trouxe demonstrativo de apuração e balancetes, o que, a meu sentir, consubstancia um início razoável de prova a justificar o retorno dos autos à DRF de jurisdição para exame das alegações do recorrente a respeito do direito invocado (pagamento indevido de Cofins ante à inconstitucionalidade do conceito de faturamento veiculado pela Lei nº 9.718/98, decidida em repercussão geral no RE 585.235QO, de 10/09/2008). Poderseia, em princípio, indagar acerca da preclusão temporal para coleção da prova documental, à luz do art. 16 do Decreto nº 70.235/72, contudo,não se nega que o despacho decisório contestado é fruto de verificações automáticas de sistema, realizadas a partir de declarações prestadas pelo contribuinte, sem qualquer participação das autoridades administrativas, que sequer assinam o despacho decisório, eis que validado por meio de chancela eletrônica. Não se deseja, aqui, ser refratário à modernidade ou às inovações tecnológicas, porém, não se pode perder de vista os princípios norteadores do processo administrativo fiscal, valendo registrar que esta Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem orientado sua jurisprudência no sentido que em situações como a deste processo, onde há um início razoável de prova, composto por documentos outros que não apenas declarações ou Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 7 6 mesmo debates eminentemente retóricos, deve o julgamento ser convertido em diligência para análise da procedência do direito invocado. Demais disso, ao fato constitutivo do direito ao crédito tributário posto pela Administração tributária – vinculação do direito de crédito a outro débito de titularidade do sujeito passivo –, contrapõe o recorrente um fato modificativo desse mesmo direito – a existência de pagamento a maior e o pedido tempestivo de sua restituição, acompanhado de início de prova –, o que milita em favor da verificação de procedência dessa alegação. Assim, considerando que o processo não se encontra em condições de julgamento, proponho sua conversão em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, ∙ Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. Diante do exposto, voto por converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10880.693413/200966 Resolução nº 3302000.855 S3C3T2 Fl. 8 7 Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. É como voto." Importante frisar que os documentos juntados pela contribuinte no processo paradigma, como prova do direito creditório, encontram correspondência nos autos ora em análise. Desta forma, os elementos que justificaram a conversão do julgamento em diligência no caso do paradigma também a justificam no presente caso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu converter o julgamento em diligência para que seja informado e providenciado o seguinte: Verificação da legitimidade ativa do requerente para pleitear a restituição de quantia recolhida por outra pessoa jurídica, alegadamente incorporada, com juntada da documentação relativa à alteração societária em comento; Aferição da procedência jurídica e quantificação do direito creditório indicado pelo contribuinte, empregado sob forma de compensação; Informação se, de fato, o crédito foi utilizado para outra compensação, restituição ou forma diversa de extinção do crédito tributário, como registrado no despacho decisório; Informação se o crédito apurado é suficiente para liquidar a compensação realizada; e, Elaboração de relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados e conclusões alcançadas. Em seguida, abrase vista ao recorrente pelo prazo de 30 (trinta) dias, para, querendo, manifestarse, findos os quais deverão os autos retornar a este Conselho Administrativo para prosseguimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 164DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.001626/2011-09
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2006
NULIDADE DE LANÇAMENTO
Constatada a inexistência de qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há nulidade do lançamento de ofício.
LANÇAMENTO DE OFÍCIO.
No desempenho das atividades de verificação da regularidade do cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias pelo contribuinte, e de formalização dos créditos tributários daí decorrentes, os agentes fiscais têm uma atuação estritamente vinculada à Lei. Verificada a ocorrência de infração à legislação tributária, por dever de ofício, esses agentes públicos devem proceder à formalização da exigência dos tributos, acréscimos legais e penalidades aplicáveis.
FASE DE AUDITORIA. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DO CONTRADITÓRIO.
Os procedimentos no curso da auditoria fiscal, cujo início foi regularmente cientificado à contribuinte, não determinam nulidade, por cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao princípio do contraditório, do auto de infração correspondente, pois tais direitos só se estabelecem após a ciência do lançamento ou após a respectiva impugnação, conforme o caso, ainda mais quando todos os fatos que motivaram a autuação estão devidamente historiados nos autos.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Caracterizam omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, deixe de comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO.
Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão.
EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO.
Não se toma conhecimento das alegações de defesa referentes a matéria que não são objetos de lançamento no presente processo.
SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO.
Havendo a omissão de receita tributável pelo IRPJ, aplica-se idêntico entendimento aos demais tributos e contribuições sociais, com a incidência sobre os mesmos fatos.
Numero da decisão: 1201-002.508
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
ESTER MARQUES LINS DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
Nome do relator: RAFAEL GASPARELLO LIMA
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2006 NULIDADE DE LANÇAMENTO Constatada a inexistência de qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há nulidade do lançamento de ofício. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No desempenho das atividades de verificação da regularidade do cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias pelo contribuinte, e de formalização dos créditos tributários daí decorrentes, os agentes fiscais têm uma atuação estritamente vinculada à Lei. Verificada a ocorrência de infração à legislação tributária, por dever de ofício, esses agentes públicos devem proceder à formalização da exigência dos tributos, acréscimos legais e penalidades aplicáveis. FASE DE AUDITORIA. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DO CONTRADITÓRIO. Os procedimentos no curso da auditoria fiscal, cujo início foi regularmente cientificado à contribuinte, não determinam nulidade, por cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao princípio do contraditório, do auto de infração correspondente, pois tais direitos só se estabelecem após a ciência do lançamento ou após a respectiva impugnação, conforme o caso, ainda mais quando todos os fatos que motivaram a autuação estão devidamente historiados nos autos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Caracterizam omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, deixe de comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período-base a que corresponder a omissão. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Não se toma conhecimento das alegações de defesa referentes a matéria que não são objetos de lançamento no presente processo. SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO. Havendo a omissão de receita tributável pelo IRPJ, aplica-se idêntico entendimento aos demais tributos e contribuições sociais, com a incidência sobre os mesmos fatos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) ESTER MARQUES LINS DE SOUSA - Presidente. (assinado digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2006 NULIDADE DE LANÇAMENTO Constatada a inexistência de qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há nulidade do lançamento de ofício. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No desempenho das atividades de verificação da regularidade do cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias pelo contribuinte, e de formalização dos créditos tributários daí decorrentes, os agentes fiscais têm uma atuação estritamente vinculada à Lei. Verificada a ocorrência de infração à legislação tributária, por dever de ofício, esses agentes públicos devem proceder à formalização da exigência dos tributos, acréscimos legais e penalidades aplicáveis. FASE DE AUDITORIA. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DO CONTRADITÓRIO. Os procedimentos no curso da auditoria fiscal, cujo início foi regularmente cientificado à contribuinte, não determinam nulidade, por cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao princípio do contraditório, do auto de infração correspondente, pois tais direitos só se estabelecem após a ciência do lançamento ou após a respectiva impugnação, conforme o caso, ainda mais quando todos os fatos que motivaram a autuação estão devidamente historiados nos autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 00 16 26 /2 01 1- 09 Fl. 630DF CARF MF 2 DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RECEITA. ORIGEM. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Caracterizam omissão de receita, por presunção legal, os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, deixe de comprovar, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no períodobase a que corresponder a omissão. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Não se toma conhecimento das alegações de defesa referentes a matéria que não são objetos de lançamento no presente processo. SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES. LANÇAMENTO REFLEXO. Havendo a omissão de receita tributável pelo IRPJ, aplicase idêntico entendimento aos demais tributos e contribuições sociais, com a incidência sobre os mesmos fatos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) ESTER MARQUES LINS DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) RAFAEL GASPARELLO LIMA Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ester Marques Lins de Sousa (presidente), Eva Maria Los, Luis Fabiano Alves Penteado, José Carlos de Assis Guimarães, Luis Henrique Marotti Toselli, Rafael Gasparello Lima, Paulo Cezar Fernandes de Aguiar e Gisele Barra Bossa. Relatório O acórdão nº 0235.906, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belo Horizonte (DRJ/BHE), julgou improcedente a impugnação administrativa, conforme se extrai da sua ementa: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Fl. 631DF CARF MF Processo nº 15504.001626/201109 Acórdão n.º 1201002.508 S1C2T1 Fl. 631 3 Anocalendário: 2006 LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No desempenho das atividades de verificação da regularidade do cumprimento das obrigações tributárias principais e acessórias pelo contribuinte, e de formalização dos créditos tributários daí decorrentes, os agentes fiscais têm uma atuação estritamente vinculada à Lei. Verificada a ocorrência de infração à legislação tributária, por dever de ofício, esses agentes públicos devem proceder à formalização da exigência dos tributos, acréscimos legais e penalidades aplicáveis. DEPÓSITO BANCÁRIO. ORIGEM NÃO COMPROVADA. RECEITA OMITIDA. Caracterizam omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito mantida junto a instituição financeira, quando o contribuinte, regularmente intimado, não comprova, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. OMISSÃO DE RECEITAS. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. Verificada a omissão de receita, o imposto a ser lançado de ofício deve ser determinado de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 FASE DE AUDITORIA. INOCORRÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OFENSA AO PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E DO CONTRADITÓRIO. Os procedimentos no curso da auditoria fiscal, cujo início foi regularmente cientificado à contribuinte, não determinam nulidade, por cerceamento ao direito de defesa ou ofensa ao princípio do contraditório, do auto de infração correspondente, pois tais direitos só se estabelecem após a ciência do lançamento ou após a respectiva impugnação, conforme o caso, ainda mais quando todos os fatos que motivaram a autuação estão devidamente historiados nos autos. NULIDADE DE LANÇAMENTO Verificada nos autos a inexistência de qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72, não há que se falar em nulidade. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO PROVAS As simples alegações desprovidas dos respectivos documentos comprobatórios não são suficientes para afastar a exigência Fl. 632DF CARF MF 4 tributária. A presunção legal de omissão de receita inverte o ônus da prova, incumbindo ao autuado elidir de forma cabal a acusação fiscal. EXCLUSÃO DO SIMPLES. MATÉRIA NÃO OBJETO DO LANÇAMENTO. Não se toma conhecimento das alegações de defesa referentes a matéria que não são objetos de lançamento no presente processo. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 IRPJ SIMPLES OMISSÃO DE RECEITAS. Constatada a falta de escrituração da movimentação bancária, é legítimo o lançamento de ofício como omissão de receitas. ASSUNTO: OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Anocalendário: 2006 SIMPLES. OMISSÃO DE RECEITAS. O decidido para o lançamento de IRPJ estendese aos lançamentos dos demais tributos com os quais compartilha o mesmo fundamento de fato e para o qual não há outras razões de ordem jurídica que lhes recomenda tratamento diverso. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Resumidamente, o acórdão recorrido narrou os fatos que proporcionaram a imposição fiscal: I Do Auto de Infração e Termo de Verificação Fiscal Mediante o processo em epigrafe foram lavrados os autos de infração Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e demais tributos relativos ao anocalendário de 2006 – SIMPLES, fls. 18 a 65, com a seguinte descrição: “001 OMISSÃO DE RECEITAS DEPÓSITOS BANCÁRIOS NÃO ESCRITURADOS VENDAS RECEBIDAS EM CARTÕES DE CRÉDITO Valor apurado conforme extratos bancários apresentados pelo contribuinte, bem como receitas provenientes de vendas de mercadorias recebidas através de administradores de cartões de crédito VISA e Redecard, CONFORME DESCRITO no Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do presente Auto de Infração. 002 INSUFICIÊNCIA DE RECOLHIMENTO Fl. 633DF CARF MF Processo nº 15504.001626/201109 Acórdão n.º 1201002.508 S1C2T1 Fl. 632 5 Insuficiência de valor recolhido apurada conforme demonstrativo de apuração dos valores não recolhidos, do demonstrativo de apuração do imposto/contribuição sobre diferenças apuradas e do demonstrativo de apuração dos valores devidos para cada um dos tributos, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, parte integrante do presente Auto de Infração.” O Termo de Verificação Fiscal, de fls. 68 a 73, apresenta histórico dos procedimentos fiscais, do qual se extraem os trechos a seguir reproduzidos. “Em cumprimento às exigências da operação principal, apuração do IRPJ, apurado pela modalidade do SIMPLES, e após análise dos elementos apresentados pela empresa, a fiscalização apurou os fatos abaixo descritos, bem como adotou os procedimentos a seguir explicitados. A empresa fiscalizada, PALACE JÓIAS LTDA, CNJP: 64.376.759/000156 utiliza o nome de fantasia NOBRE JÓIAS, assim como a empresa DESIGN COMÉRCIO DE JÓIAS E RELÓGIOS LTDA, CNPJ: 25.623.547/000174, e a empresa MAVIPEA JÓIAS LTDA – ME, CNPJ: 00.103.095/00019. As três empresas acima citada são optantes pelo SIMPLES e possuem o mesmo quadro societário. Desta forma, tendo em vista o montante de receitas apuradas para as três empresas e conforme os incisos II e IX do art. 9º da Lei nº 9.317/96, combinados com os artigos 12º, 13º e 14º abaixo transcritos, serão efetuados os lançamentos relativos ao ano calendário de 2006 na modalidade do SIMPLES, com a posterior proposição de exclusão das empresas desta modalidade de apuração de tributos e a conclusão da fiscalização com os lançamentos relativos ao anocalendário de 2007.” Depois de transcrever a legislação citada, continua: “Dentre a documentação apresentada pelo contribuinte, foram considerados os livros contábeis(LIVRO CAIXA), os documentos fiscais de apuração do ICMS, os valores apurados através dos extratos bancários apresentados pelo contribuinte e os valores apurados através dos extratos fornecidos pelas administradoras de cartões de crédito – VISA e Redecard. A planilha de apuração da receita bruta através dos extratos bancário apresentados pelo contribuinte, encontrase anexada ao presente termo, bem como a planilha de apuração da receita bruta através dos extratos fornecidos pelas administradores de cartões de crédito.” Em seguida, apresenta tabela com os valores mensais, discriminando os valor declarado (PJSI 2007), a Receita escriturada no Livro Caixa, a Receita apurada Cartões de Crédito e Débito, a Receita apurada Créditos Bancários (extratos) e a Receita Considerada. Fl. 634DF CARF MF 6 Das fls. 74 a 87, encontramse os demonstrativos dos valores consolidados na tabela indicado no corpo do Termo de Verificação Fiscal, elaborados com base nos documentos bancários de fls. 145 a 284. Em 20/08/2010, foi emitido o Termo de Intimação nº 002, fls. 294/295, acompanhado da relação de fls. 296 a 330 para que a empresa comprovasse, “com documentos hábeis e idôneos, coincidente em datas e valores a origem dos valores creditado em sua conta corrente, conforme planilha de Relação de Depósitos/Créditos Bancário Para Comprovar Origem” Não consta dos autos qualquer manifestação da interessada sobre a intimação para comprovação da origem dos valores relacionados pela fiscalização. O Termo de Encerramento Fiscal, de fls. 391, informa o encerramento parcial da ação fiscal, destacando os valores referentes ao anocalendário de 2006. II – DA IMPUGNAÇÃO A empresa apresenta sua impugnação de fls. 394/395, afirmando no tópico I – Dos Fatos que: “Como se depreende do relatório constante do Termo de Verificação Fiscal, a Impugnante foi excluída do Simples em razão de seus sócios participarem de outras empresas cuja receita bruta foi superior a R$2.400.000,00 (Dois milhões e quatrocentos mil reais).” No tópico II – Dos fundamentos, argumenta que não ultrapassou o limite legal em 2006 e que não consta dos autos prova de que as outras empresas também tivessem ultrapassado. Conclui que “Assim, pelo que se emana dos autos a Exclusão é um exercício de presunção, e como tal não pode fundamentar o lançamento fiscal que deve ser cancelado por IMPROCEDENTE.” No tópico III – No mérito, propugna pela exclusão dos valores apresentados pela fiscalização por se tratarem de somatórios de documentos individuais e/ou tiveram origem em outra empresa do mesmo grupo. Encerrando, no tópico IV – Do pedido, reitera o entendimento de que a exclusão do Simples deve ser cancelada bem como o lançamento, por inexistência de diferenças de receitas. A contribuinte interpôs o tempestivo Recurso Voluntário, reiterando os mesmos argumentos da impugnação administrativa. É o relatório. Voto Conselheiro Rafael Gasparello Lima, Relator. Fl. 635DF CARF MF Processo nº 15504.001626/201109 Acórdão n.º 1201002.508 S1C2T1 Fl. 633 7 O Recurso Voluntário é tempestivo, havendo os demais pressupostos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. De acordo com artigo 57, parágrafo terceiro, do Regulamento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (RICARF), aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, adoto e transcrevo a "decisão de primeira instância", concordando com seu inteiro teor, ressalvando que inexistiu novos argumentos ou provas, quando da interposição do Recurso Voluntário: A empresa tomou ciência dos autos de infração em 28/01/2011, fls.19, e apresenta sua impugnação em 25/02/2011, fls. 394. Inicialmente, registrese que a impugnante contesta a sua exclusão do Simples, afirmando que “Como se depreende do relatório constante do Termo de Verificação Fiscal, a Impugnante foi excluída do Simples”. Não é este o termo consignado no Termo de Verificação Fiscal. A fiscalização não afirma que a impugnante esteja sendo excluída da sistemática favorecida. Ao contrário, afirma de maneira cristalina que haverá posterior proposição para exclusão, como facilmente se constata do termo abaixo transcrito. “Desta forma, tendo em vista o montante de receitas apuradas para as três empresas e conforme os incisos II e IX do art. 9º da Lei nº 9.317/96, combinados com os artigos 12º, 13º e 14º abaixo transcritos, serão efetuados os lançamentos relativos ao ano calendário de 2006 na modalidade do SIMPLES, com a posterior proposição de exclusão das empresas desta modalidade de apuração de tributos e a conclusão da fiscalização com os lançamentos relativos ao ano calendário de 2007.” O destaque no trecho transcrito não é do original. Assinalese, por oportuno, que a autoridade fiscal encarregada dos trabalhos não detém competência para proceder à exclusão. Esta competência é da autoridade jurisdicionante, a saber, o Senhor Delegado da Receita Federal do Brasil em Belo Horizonte, que não apresenta qualquer manifestação nos autos. Portanto, por absoluta ausência de objeto, não se toma conhecimento de qualquer argumento referente à exclusão da impugnante do SIMPLES. Assim, atendida a legislação de regência, tomase conhecimento da impugnação no que se refere aos autos de infração constantes do presente processo, que tratam de omissão de receitas na sistemática do simples. De plano, destaquese que não encontra guarida o argumento de que o lançamento fiscal deve ser cancelado por estar fundamentado na exclusão. Fl. 636DF CARF MF 8 Não está. O lançamento fiscal está fundamentado no entendimento da fiscalização de que houve omissão de receita caracterizada pela ausência de oferecimento à tributação dos valores constantes na movimentação bancária e recebimento de valores de administradoras de cartão de crédito/débito por parte da impugnante. Assim, considerando que a empresa no ano calendário de 2006 era optante pelo SIMPLES, a exigência fiscal respeitou a opção da impugnante e procedeu à exigência segundo as determinações legais atinentes a esta modalidade de tributação. No tópico III – No mérito, a impugnante afirma, segundo o trecho a seguir transcrito, na integra que: “Independente das falhas que impõe cancelamento da exigência fiscal, no mérito hão que ser excluídas da movimentação bancária, as transferências eletrônicas de dinheiro (TED), sejam elas realizadas pelas Redecart, pois são somatórios de documentos individuais já elencados, o que importaria em valores dobrados ou pela exclusão de TED’S que tiveram origem em outra empresa do mesmo grupo, não significando depósitos pela Impugnante. Este procedimento demonstrará que os valores declarados pela Impugnante à Secretaria de Estado da Fazenda e sobre os quais efetuou o recolhimento do Simples estão corretos, não havendo diferenças a serem pagas, confirmando a improcedência do lançamento.” Quais são as falhas? A impugnante não as revela. De fato, não as revela por não existirem. O procedimento fiscal seguiu rigorosamente as determinações legais. Examinados os documentos bancários e das administradoras, a impugnante foi regularmente intimada a comprovar a origem dos valores depositados em suas contas correntes. Esclareçase que o lançamento tem como fundamento os valores depositados por terceiros na conta da impugnante e não depósitos efetuados pela impugnante, como assinalado no trecho acima transcrito. Portanto, não existe qualquer vício que possa macular o trabalho fiscal. A impugnante pretende que se exclua da relação que lhe foi apresentada pela fiscalização valores que, segundo ela, seriam duplicados e/ou depósitos que tiveram origem em outra empresa do mesmo grupo. Primeiro, a impugnante , seja quando foi intimada, seja na fase de defesa, não relaciona e comprova com documentos hábeis quais seriam estes valores. Segundo, se são originários de empresas do mesmo grupo não significa que não possam ser receitas da impugnante. O que não se pode considerar são transferências entre contas da mesma titularidade. Explicando melhor para que não lhe persista qualquer dúvida. Se a impugnante mantém conta no Banco A e no Banco B, e transfere valores de uma conta para outra, obviamente estes valores não podem ser objeto de tributação. Pelo exame dos valores constantes da relação que lhe foi apresentada, de fls. 304 a 314, constatase o registro de alguns valores ao título TED. Se a impugnante demonstrasse a origem Fl. 637DF CARF MF Processo nº 15504.001626/201109 Acórdão n.º 1201002.508 S1C2T1 Fl. 634 9 destes valores, como, por exemplo, sendo transferência entre contas da mesma titularidade, naturalmente estes valores deveriam ser excluídos. A impugnante também não informa, e muito menos comprova, quais seriam os valores das transferências eletrônicas que teriam sido duplicados pela fiscalização. Simplesmente alega. E a simples alegação, destituídas de provas, não pode afastar a exigência fiscal. Como determina a legislação, nos casos de lançamento com base em extrato bancário, a presunção legal de omissão de receita inverte o ônus da prova, incumbindo ao autuado elidir de forma cabal a acusação fiscal. Não o fazendo, nenhum reparo há de ser feito quanto ao lançamento. Pelo exposto, os três itens relacionados no tópico IV – Do Pedido não encontram guarida, uma vez que: 1) Os autos não tratam de exclusão do Simples. Portanto, como já explicitado, não integra o litígio e não pode ser apreciado. 2) A pretensão de se cancelar os autos e realizar novo lançamento, “em caso de informações não constantes dos autos” revelase incabível, uma vez que o procedimento fiscal encontra se embasado em documentos regularmente apresentados e fundamentado nos preceitos legais. 3) Não há que se falar em cancelamento da exigência pela “exclusão dos TED’S da movimentação bancária da Impugnante, porque não foram depósitos realizados por esta.” A exigência deve ser mantida porque, primeiro, a impugnante não trouxe aos autos documentos comprobatórios da origem dos valores depositados em sua conta corrente. Segundo, porque como já se afirmou, não existe qualquer valor que se refira a depósitos efetuados PELA impugnante. A exigência fiscal se fundamenta em depósitos realizados NAS contas da impugnante, na estrita obediência das determinações legais. Se atendida tal pretensão, todos os valores deveriam ser excluídos e sepultada estaria a lei que determina a exigência tributária com base em depósitos bancários. CONCLUSÃO Pelo exposto, encaminho o meu voto para não conhecer da impugnação no que diz respeito às alegações referentes à exclusão do Simples e, no mérito, julgar improcedente a impugnação quanto ao lançamento do IRPJ e demais tributos. A Recorrente não evidenciou qualquer argumento jurídico que infirmasse a constituição do crédito tributário, ocasionando sua preservação integral, consoante o acórdão recorrido. Não há qualquer esclarecimento sobre as receitas omitidas, nem elementos suficientes para inverter o ônus da prova, que é próprio da Recorrente. Fl. 638DF CARF MF 10 A presunção relativa de omissão de receita é impugnável pela Recorrente, porém, necessário documentos hábeis e idôneos que evidenciem o contrário, segundo o artigo 42 da Lei nº 9.430/1996. O artigo 923 do Regulamento do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (RIR/1999), aprovado pelo Decreto nº 3.000/1999, reafirma que "a escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais." A presunção juris tantum foi estabelecida em norma vigente, invertendo o ônus de prova quanto à omissão de receitas para a contribuinte. O atual Código de Processo Civil, subsidiariamente, aplicável ao processo administrativo tributário, prevê tal hipótese no seu artigo 374: "Art. 374. Não dependem de prova os fatos: (...) IV— em cujo favor milita presunção legal de existência ou de veracidade." Isto posto, voto pelo conhecimento do Recurso Voluntário e NEGOLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rafael Gasparello Lima Relator Fl. 639DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15165.722278/2013-59
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Dec 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004
EMBARGOS INOMINADOS. ART. 66 DO RICARF. LAPSO MANIFESTO.
Verificado erro no dispositivo do acórdão em cotejo com o teor do voto condutor e ementa, devem ser acolhidos os embargos inominados para a devida correção.
Embargos Acolhidos, sem efeitos infringentes.
Numero da decisão: 3301-005.329
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente
(assinado digitalmente)
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora
Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Liziane Angelotti Meira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 EMBARGOS INOMINADOS. ART. 66 DO RICARF. LAPSO MANIFESTO. Verificado erro no dispositivo do acórdão em cotejo com o teor do voto condutor e ementa, devem ser acolhidos os embargos inominados para a devida correção. Embargos Acolhidos, sem efeitos infringentes.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira - Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro - Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Liziane Angelotti Meira e Semíramis de Oliveira Duro.
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FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2002 a 31/12/2004 EMBARGOS INOMINADOS. ART. 66 DO RICARF. LAPSO MANIFESTO. Verificado erro no dispositivo do acórdão em cotejo com o teor do voto condutor e ementa, devem ser acolhidos os embargos inominados para a devida correção. Embargos Acolhidos, sem efeitos infringentes. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Participaram da presente sessão de julgamento os Conselheiros Winderley Morais Pereira (Presidente), Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Valcir Gassen, Ari Vendramini, Salvador Candido Brandão Junior, Liziane Angelotti Meira e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 16 5. 72 22 78 /2 01 3- 59 Fl. 523DF CARF MF Processo nº 15165.722278/201359 Acórdão n.º 3301005.329 S3C3T1 Fl. 524 2 Relatório Tratamse de embargos inominados propostos por esta Relatora, nos termos do art. 66 do RICARF, em face do acórdão n° 3301004.850, julgado em 25 de julho de 2018. Os embargos foram admitidos, conforme despacho do Presidente desta turma julgadora. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro, Relatora Em 25 de julho de 2018, foi prolatado o acórdão n° 3301004.850, que deu provimento ao recurso voluntário da Recorrente, com a seguinte ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/04/2008 PENALIDADE ADUANEIRA. DECADÊNCIA. ART. 139 DO DECRETOLEI 37/66. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o art. 139 do DecretoLei n. 37/1966. Recurso Voluntário Provido. Constou o voto condutor: Entendo que assiste razão à Recorrente SS Trade quanto à ocorrência da decadência. Explico. A decadência em matéria aduaneira é regida pelo art. 139 do Decretolei nº 37/66, que determina o prazo de decadencial de 5 anos para impor penalidades, a contar da data da infração, no caso, o registro da declaração de importação: Art.139 No mesmo prazo do artigo anterior se extingue o direito de impor penalidade, a contar da data da infração. A DI autuada foi registrada em 14/04/2008, por sua vez o auto foi cientificado em 25/07/2013. O prazo final era 14/04/2013. A jurisprudência do CARF é pacífica quanto a contagem do prazo decadencial, nos termos do art. 139 do DL 37/66: Acórdão n° 3301003.255, Relator Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho: DECADÊNCIA. INFRAÇÕES ADUANEIRAS. Fl. 524DF CARF MF Processo nº 15165.722278/201359 Acórdão n.º 3301005.329 S3C3T1 Fl. 525 3 A decadência em matéria aduaneira é regida pelo art. 139 do Decretolei nº 37/66, que determina o prazo de decadencial de 5 anos para impor penalidades, a contar da data da infração, no caso, o registro da declaração de importação. Acórdão n° 3401004.351, Relator Rosaldo Trevisan: PENALIDADE ADUANEIRA. DECADÊNCIA. Em matéria aduaneira, o direito de impor penalidade se extingue no prazo de cinco anos a contar da data da infração, conforme estabelece o art. 139 do Decreto Lei n° 37/1966. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário, em virtude da ocorrência da decadência. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Ocorre que no dispositivo do acórdão constou: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Observase, erro no dispositivo do acórdão, face ao teor do voto condutor e sua ementa. Logo, houve lapso manifesto, o que demanda a interposição destes Embargos Inominados, prescritos no art. 66 do RICARF. Dessa forma, o dispositivo do acórdão deve ser alterado para: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Diante do exposto, voto por acolher os embargos inominados, sem efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 525DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.937250/2011-53
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2005
FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO.
Inexiste direito creditório quando o contribuinte deixa de comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior.
Numero da decisão: 1402-003.169
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: conselheiros Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: PAULO MATEUS CICCONE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2005 FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO. Inexiste direito creditório quando o contribuinte deixa de comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: conselheiros Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 FALTA DE COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. INEXISTÊNCIA DE DIREITO CREDITÓRIO. Inexiste direito creditório quando o contribuinte deixa de comprovar a ocorrência de pagamento indevido ou a maior. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: conselheiros Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Ailton Neves da Silva, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Demetrius Nichele Macei, Paulo Mateus Ciccone. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 93 72 50 /2 01 1- 53 Fl. 67DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 3 2 Relatório Adoto o bem elaborado relatório do v. acórdão recorrido: O presente processo trata de Manifestação de Inconformidade contra Despacho Decisório [...] emitido eletronicamente [...] referente ao PER/DCOMP [...]. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a SIMPLES – Código de Receita 6106, no valor original na data de transmissão de R$ 350,60, representado por Darf recolhido em 05/01/2006 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório, o interessado apresenta manifestação de inconformidade alegando que o Despacho Decisório foi recebido e assinado por pessoa não habilitada para receber tal correspondência, que o assinante não é sócio e não representa legalmente a requerente; que a intimação não é válida, porque não esta formalmente revestida dos requisitos da lei e que dessa forma trás consigo a nulidade do ato praticado e conseqüentemente a nulidade do processo; pede que em preliminares seja declarada a nulidade da notificação do Despacho Decisório, entregue sem a observância dos ditames da lei, contrariando os dispostos nos art. 214,215,247 do Código de Processo Civil; que efetuou a compensação conforme art. 66, da Lei 8383/91; que a partir de 30/09/2003, foi instituído o processo eletrônico de pedido de compensação, o qual o contribuinte não tem como esclarecer a origem do crédito; que a Constituição Federal em seu art. 195 explicita que o PIS irá incidir sobre o faturamento obtido pelas empresas; que o fato gerador do PIS/Cofins é o faturamento, não podendo ampliar tal conceito para o ICMS que é faturado pelo Estado; que o valor do ICMS destacado na nota fiscal da manifestante é para simples registro contábil fiscal, sendo que em hipótese alguma deve ser Fl. 68DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 4 3 incluído na base de cálculo do PIS; Pede a reforma do despacho decisório e a homologação da compensação. Em seguida, a DRJ proferiu v. acórdão negando provimento a impugnação. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2005 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Inconformada, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Mateus Ciccone Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1402003.165, de 16/05/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.937246/2011 95, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1402003.165): "O Recurso Voluntário é tempestivo, trata de matéria de competência desta Corte Administrativa e preenche todos os demais requisitos de admissibilidade previstos em lei, portanto, dele tomo conhecimento. Da nulidade da citação do r. Despacho Decisório: Em relação a nulidade da citação por não ter sido recebida pelo representante legal da empresa, entendo que não deve ser acolhida. Em relação a esta matéria, este E. Tribunal já pacificou seu entendimento e editou a Súmula CAR 9, com o texto abaixo colacionado. SÚMULA CARF N.o 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 5 4 eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. De acordo com a cópia do AR (fl. 9), a Recorrente foi devidamente notificada. Sendo assim, afasto a preliminar relativa a nulidade da citação do r. Despacho Decisório. Da nulidade do r. Despacho Decisório: Em relação a nulidade alegada pela Recorrente de que o r. Despacho Decisório é confuso, não determina claramente a matéria, bem como não fundamenta adequadamente a não homologação da compensação dos créditos, entendo que não merece ser acolhida. A Recorrente conseguiu entender perfeitamente os motivos pela qual seu pedido de compensação não foram homologados. Tanto foi assim, que apresentou manifestação de inconformidade e Recurso Voluntário apresentando argumentos de defesa contra a não homologação da compensação do crédito. Ademais, a matéria relativa a nulidade no processo administrativo tributário é regida exclusivamente pelos arts. 59 e 60 do Dec. n.º 70.235, de 1972, abaixo transcritos: "Art. 59 São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidas por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. ................................................... Art. 60 As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." O despacho contestado não é nulo eis que não afrontou nenhuma das hipóteses do inciso II do art. 59 acima transcrito e foi lavrado por autoridade competente, sendo que não houve preterição do direito de defesa. Desta forma, nega provimento a esta preliminar de nulidade. Mérito: Fl. 70DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 6 5 Conforme r. Despacho Decisório a compensação do crédito não foi homologada devido ao fato de o valor de R$ 325,51 constante no DARF ter sido integralmente alocado para a quitação de outros débito do contribuinte. A Recorrente apresenta alegação em sua manifestação de inconformidade e Recurso Voluntário, mas não traz aos autos nenhuma prova ou fato que possa modificar tanto o r. Despacho Decisório, como o v. acórdão recorrido. O Darf foi integralmente utilizado para o pagamento do débito declarado pelo contribuinte, não restando saldo para operar a compensação, inexistindo provas ou argumentos que provem situação diferente da que foi apontada no r. Despacho Decisório. A Recorrente também questiona a legalidade da legislação que regula o instituto da compensação defendendo a exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais, porém não traz aos autos nenhum documento que relacione que os créditos objeto da compensação se referem a tal exclusão do ICMS da base de cálculo das contribuições sociais. Assim, ainda que o alegado direito existisse, a Recorrente não faria jus à compensação, pois não apresenta sequer um documento fiscal que confirme a necessária liquidez ao crédito pleiteado. Desta forma, afasta a alegação da Recorrente relativa exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS, eis que não verifiquei ser matéria versada nos autos. De resto, colaciono a parte do v. acórdão recorrido relativa a esta matéria para fundamentar meu voto. EXCLUSÃO DE ICMS A base de cálculo das Contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/ PASEP e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS é o faturamento. Somente a lei pode modificar a base de cálculo do tributo. A legislação do PIS/PASEP e da COFINS prevê exclusões da base de cálculo. Especificamente quanto ao Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, excluemse da receita bruta o ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário, no regime cumulativo, e a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação em ambos regimes. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 7 6 Da mesma forma, também não acato a alegação da Recorrente relativa a ilegalidade da Instrução Normativa que tornou o procedimento de compensação e restituição de seus créditos por meio de mecanismo eletrônico denominado PER/DCOMP. Até o presente momento não existe qualquer manifestação do judiciário relativa a ilegalidade da IN 320/2003 que regulamentou o procedimento da PER/DCOMP. De resto, em relação a esta alegação da Recorrente utilizo os fundamentos do v. acórdão recorrido para fundamento meu voto. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE DA INSTRUÇÃO NORMATIVA Não se acolhem as alegações de ilegalidade da Instrução Normativa que regulamenta a compensação. Ao contrário do alegado, as condições para o contribuinte efetuar compensação podem ser estabelecidas por atos normativos. O art. 170 do CTN, assim disciplina: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. De acordo com o dispositivo transcrito, a lei pode autorizar a compensação sob determinadas condições e garantias. Ainda conforme art. 170 do CTN, a lei que autorizar a compensação pode estipular referidas condições e garantias ou pode atribuir à autoridade administrativa o poder de as estipular. Na espécie, a autorização da compensação foi dada pelo art. 74 da Lei n.º 9.740, de 1996. Seu § 14, incluído pela Lei nº 11.051, de 2004, autoriza, expressamente, a Secretaria da Receita Federal a disciplinar o que dispõe o artigo. Portanto, as instruções normativas expedidas pela Receita Federal são instrumentos legítimos para estipular condições não expressamente previstas em lei. Ainda que assim não fosse, os argumentos do contribuinte não teriam proveito neste foro. Os atos normativos expedidos pela Receita Federal compõem a legislação tributária e a todos vinculam (art. 96 e art. 100 do CTN). A autoridade fiscal não se pode furtar ao cumprimento da legislação vigente, pois sua atividade é plenamente vinculada, sob pena de responsabilidade funcional (parágrafo único do art. 142 do CTN). De acordo como o inciso V do art. 7º da Portaria do Ministro da Fazenda n.º 341, de 12 de julho de 2011, “são deveres do julgador observar o disposto no art. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10880.937250/201153 Acórdão n.º 1402003.169 S1C4T2 Fl. 8 7 116, III, da Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro de 1990, bem como da RFB expresso em atos normativos”. Por fim, o que a impugnante alega ser entendimento do Judiciário não pode ser imposto ao fisco. Via de regra, entendimentos expressos em decisões judiciais ficam restritos às partes integrantes do processo, não cabendo a extensão dos seus efeitos jurídicos a terceiros. Conseqüentemente, não se estende à impugnante a jurisprudência por ela invocada. Pelo exposto e por tudo que consta processado nos autos, conheço do Recurso Voluntário e nego provimento, mantendo o v. acórdão recorrido. " Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Mateus Ciccone Fl. 73DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.720165/2017-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Nov 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/03/2012 a 31/03/2013
SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL.
ESTORNO DE SUPERVENIÊNCIA DE DEPRECIAÇÃO
Os ajustes de superveniência de depreciação são meramente escriturais e temporais e têm como objetivo único e exclusivo o de aperfeiçoar a informação contábil prestada pelas demonstrações financeiras aos usuários. De forma alguma podem aumentar ou diminuir o efetivo resultado econômico-financeiro
VALOR RESIDUAL GARANTIDO.
Não cabe ao fisco questionar o valor residual garantido estipulado em contrato, tendo em vista que a lei permite às partes estipular livremente. Não há base legal para desconsiderar o VRG contratual para que seja aplicado outro. O VRG serve de garantia ao arrendador em relação ao bem arrendado, convertendo-se em preço de compra em caso de opção do arrendatário. No encerramento do contrato, por ser preço de compra do bem, o valor pactuado configura receita de ativo imobilizado, devendo ser excluído da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, nos termos do art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998.
Numero da decisão: 3301-005.179
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/03/2012 a 31/03/2013 SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. ESTORNO DE SUPERVENIÊNCIA DE DEPRECIAÇÃO Os ajustes de superveniência de depreciação são meramente escriturais e temporais e têm como objetivo único e exclusivo o de aperfeiçoar a informação contábil prestada pelas demonstrações financeiras aos usuários. De forma alguma podem aumentar ou diminuir o efetivo resultado econômico-financeiro VALOR RESIDUAL GARANTIDO. Não cabe ao fisco questionar o valor residual garantido estipulado em contrato, tendo em vista que a lei permite às partes estipular livremente. Não há base legal para desconsiderar o VRG contratual para que seja aplicado outro. O VRG serve de garantia ao arrendador em relação ao bem arrendado, convertendo-se em preço de compra em caso de opção do arrendatário. No encerramento do contrato, por ser preço de compra do bem, o valor pactuado configura receita de ativo imobilizado, devendo ser excluído da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, nos termos do art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
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ESTORNO DE SUPERVENIÊNCIA DE DEPRECIAÇÃO Os ajustes de superveniência de depreciação são meramente escriturais e temporais e têm como objetivo único e exclusivo o de aperfeiçoar a informação contábil prestada pelas demonstrações financeiras aos usuários. De forma alguma podem aumentar ou diminuir o efetivo resultado econômicofinanceiro VALOR RESIDUAL GARANTIDO. Não cabe ao fisco questionar o valor residual garantido estipulado em contrato, tendo em vista que a lei permite às partes estipular livremente. Não há base legal para desconsiderar o VRG contratual para que seja aplicado outro. O VRG serve de garantia ao arrendador em relação ao bem arrendado, convertendose em preço de compra em caso de opção do arrendatário. No encerramento do contrato, por ser preço de compra do bem, o valor pactuado configura receita de ativo imobilizado, devendo ser excluído da base de cálculo das contribuições para o PIS e para a COFINS, nos termos do art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 01 65 /2 01 7- 13 Fl. 11772DF CARF MF 2 WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior Relatório Tratase de auto de infração de fls. 10781096 para constituição do crédito tributário de PIS e COFINS cumulativos supostamente incidentes sobre receitas de arrendamento mercantil dos períodos de apuração março de 2012 até março de 2013. Conforme Termo de Verificação Fiscal (fls. 10971152) verificase que a presente autuação decorre de um procedimento de fiscalização de PIS e COFINS para verificar a incidência destas contribuições sobre o resultado econômico das operações e arrendamento mercantil realizada nos exercícios de 2012 e 2013. Afirma a autoridade fiscal que a apuração do PIS e da Cofins das empresas de arrendamento mercantil era definida para os períodos de apuração em questão pela IN 247/02 e seu anexo I, elaborado com base Plano de Contas das Instituições Financeiras – Cosif, bem como Instrução Normativa RFB nº 1.285/2012, servindo de fundamento para a apuração da base de cálculo das contribuições, tendo em vista as limitações da DACON. Analisando as DACON do período, a d. fiscalização constatou que a Recorrente deduziu do seu faturamento (receita bruta da operação de arrendamento mercantil), os valores referentes a “Venda de Bens do Ativo Permanente” (em grande parte da conta de VRG) e ainda exclui valores a título de “Despesas de Arrendamento Mercantil, representada em grande parte pela conta de “Despesas de Depreciação”. Com estas deduções, as bases de cálculo das contribuições entre março de 2012 até março de 2013 se tornaram negativas. A d. fiscalização afirmou que a Recorrente apurava a base de cálculo das contribuições PIS/COFINS sobre os resultados econômicos de suas operações de arredamento mercantil financeiro ao longo do prazo contratual das operações de arrendamento, todavia, no encerramento daquelas operações, parte das receitas foram estornadas contabilmente e excluídas das bases de cálculo das contribuições. Entendeu a fiscalização que a Recorrente realizou uma dupla dedução da base de cálculo em relação às mesmas despesas, isto é, a Recorrente, no momento do encerramento das operações de arrendamento mercantil, promoveu a diminuição das bases de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, nos termos do art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998, apurando bases de cálculos negativas das contribuições. A base ficava negativa, segundo a fiscalização, pela utilização de dois valores contábeis: estorno de receitas e resultados na venda de valores residuais dos bens arrendados (VRG). Segundo a fiscalização, esses dois elementos (estorno e Fl. 11773DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.773 3 resultado na venda) são advindos dos mesmos elementos econômicos e contábeis utilizados para se encontrar o resultado econômico do arrendamento mercantil, quais sejam, as prestações contratuais (receitas) e as depreciações dos bens (despesas). A fiscalização, por fim, não entendeu irregular os ajustes realizados durante o prazo contratual das operações de arrendamento mercantil, quais sejam, ajustes de superveniências de depreciações apropriadas durante o prazo contratual, A irregularidade está na apuração das bases de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins com os ajustes promovidos no encerramento de cada contrato de arrendamento (receita na alienação do bem) e que culminaram por repercutir na apuração das bases de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins. Isso porque quando da baixa do imobilizado no encerramento do contrato, diz a fiscalização que a Recorrente praticou fraude contábil ao registrar na conta de "lucros na alienação de bens" sem a respectiva contrapartida de ingresso de recursos financeiros, pois estes valores foram recebidos antecipadamente durante o contrato com o VRG diluído nas prestações. Estas constatações da fiscalização podem ser extraídas do trecho abaixo: Constatado que no encerramento dos contratos de curso normal pelo exercício da opção de compra pelo arrendatário inexiste resultado econômico adicional aos já contabilizados no curso da operação – ausência de recebimento de recursos financeiros equivalentes ao pretenso lucro. Constada ainda contradição entre as informações prestadas pela DIBENS em relação à conta utilizada como origem na apuração do pretenso Lucro na Alienação de Bens, inicialmente a conta de passivo “Credores por Antecipação de VRG” e no final a conta de ativo “VRG a Balancear”. Constatado que independentemente da conta utilizada, a DIBENS se utiliza de forma fraudulenta dos valores representativos do VRG para apurar pretensos Lucros na Alienação de Bens, valores estes posteriormente excluídos da base de cálculo do PIS/COFINS. Constatado que mediante abuso de forma e de direito representado pela utilização sistemática nos contratos de arrendamento de percentuais de VRG superiores aos efetivamente devidos, há ao final da operação a geração de despesas de Insuficiências de Depreciação. Constatado que ao encerramento da operação a combinação de geração de pretensos Lucros na Alienação de Bens que são posteriormente excluídos com a geração de Insuficiências de Depreciação decorrentes de VRG acima de seu valor contábil transforma bases de cálculo positivas – relativas às Rendas de Arrendamento – em bases de cálculo negativas, inclusive afetando o recolhimento referente às demais operações da DIBENS – Rendas em Aplicações Financeiras. Por todo o exposto se lavra a presente autuação, com multa qualificada, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. Fl. 11774DF CARF MF 4 Assim, o fundamento do auto de infração reside no suposto procedimento fraudulento da Recorrente no encerramento das operações de arrendamento mercantil financeiro de, mediante utilização de porcentagens de VRG acima dos que seriam devidos pela existência de saldos não depreciados do bem objeto de arrendamento, gerar artificialmente despesas de Superveniência de Depreciação e de pretensos "Lucros" na Alienação de Bens, pretensos Lucros estes posteriormente excluídos da base de cálculo do PIS/COFINS. Sobre o Valor Residual Garantido, assim fundamentou a fiscalização a partir de um exemplo de 01 contrato específico: As contas VRG a Realizar e VRG a Balancear registram quando da contratação da operação o total do VRG estipulado– no início, diluído ou no final e aguardam o encerramento da operação para serem baixadas conforme a opção do arrendatário. Compõem o Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo e a segunda é retificadora da primeira. A conta Credores por Antecipação de VRG recebe o registro de todos os valores pagos a este título pelo arrendatário e também é baixada no encerramento da operação conforme a opção do arrendatário. Compõe o Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo, e tem como contrapartida a conta de Disponibilidades, por representar o ingresso das parcelas de antecipação. Importante ressaltar que a própria DIBENS chama esta conta em seus controles internos de “FUNDO DE RESGATE” ou pela sigla FRP, nome este apropriado à finalidade a que ela se destina. Finalmente cabe observar que estas 3 contas são utilizadas na apuração do resultado mensal de Superveniência de Depreciação, conforme destacado no item 3 deste TVF. (...) Conforme verificado nas contas gráficas e nos razonetes apresentados, ao encerramento do contrato, tendo recebido a totalidade das contraprestações, as 3 contas passam a ter o mesmo saldo, em nosso Exemplo nº 2 o valor de R$ 1.328.579,86. A partir deste momento nenhum valor adicional é recebido, conforme indicado pela própria DIBENS no atendimento ao questionamento quanto à totalidade dos valores recebidos, no caso R$ 1.527.639,70 . O primeiro lançamento é de realização do VRG estipulado contratualmente, sendo debitada a conta de Fundo de Resgate e creditada a conta de VRG a Realizar, zerando ambas.(...) Apesar de correto o procedimento da DIBENS acima descrito e obtido através de insistentes questionamentos por esta fiscalização, ela inicialmente afirmou em resposta ao TIF nº 05 já acima transcrita que o Fundo de Resgate era baixado contra Lucros na Alienação de Bens (...) Neste expediente resposta informou que o valor debitado em Caixa ou outra conta adequada era proveniente do Fundo de Resgate, procedimento este impossível, uma vez que o Fundo de Reserva tem natureza credora e é justamente a contrapartida de Disponibilidades e não há ingresso de novos recursos financeiros. Em paralelo é feita a apuração do ajuste mensal de Fl. 11775DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.774 5 Superveniência de Depreciação conforme normativa do BACEN, cálculo este que também não merece reparo desta fiscalização, no caso igual a R$ 1.142.208,13: conforme acima indicado este valor é composto de duas partes, a primeira igual a R$ 1.136.865,58 referente ao ajuste mensal e a segunda igual a R$ 5.342,55 referente a diferenças de cálculo ao longo do contrato, diferenças estas que não são objeto de análise na presente auditoria. Também em paralelo é feita a baixa da Depreciação Acumulada no valor de R$ 1.150.285,72, lançamento em contrapartida ao Imobilizado de Arrendamento que possuía um saldo de R$ 1.342.000,00: após este ajuste, o Imobilizado de Arrendamento fica com um saldo de R$ 191.714,28, valor este equivalente ao valor não depreciado do bem arrendado e que representa seu valor econômico neste momento. Após estes lançamentos, restam 3 contas com saldo neste momento: VRG a Balancear no valor credor de R$ 1.328.579,86 – saldo implantado no início da operação, Imobilizado de Arrendamento no valor devedor de R$ 191.714,28 e Despesas de Superveniência de Depreciação no valor devedor de R$ 1.136.865,58. Até este ponto não há qualquer reparo a ser feito por esta fiscalização aos procedimentos adotados pela DIBENS. É justamente a partir daí que se identifica a fraude contábil engendrada pela DIBENS de modo a gerar um pretenso Lucro na Alienação de Bens e posteriormente excluílo na apuração da base de cálculo das contribuições em questão. (...) a DIBENS aloca o valor total de VRG a Balancear ao Imobilizado de Arrendamento, “ressuscitando” um valor já amortizado via despesa de depreciação. Sem fundamentação econômica, transfere um valor do Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo para o Ativo Permanente e deste para o resultado. A seguir, baixa o novo saldo do Imobilizado de Arrendamento para o resultado na conta Lucros na Alienação de Bens, gerando um pretenso valor de R$ 1.136.865,58 que posteriormente será excluído da base de cálculo das contribuições. Esta é a caracterização da fraude contábil. Apenas a título de comentário o objetivo da Contabilidade e da Ciência Contábil é o de registrar dos fatos econômicos e não o contrário, a partir de registros contábeis criar fatos econômicos inexistentes, qual seja atribuir ao Imobilizado de Arrendamento um valor inexistente . (grifos do original) Afirmou que o abuso está na utilização de um VRG conforme o contrato (abuso de forma), quando deveria ter utilizado o VRG Contábil, correspondente ao saldo do bem arrendado não depreciado quando de sua alienação. Fl. 11776DF CARF MF 6 O valor do pretenso Lucro na Alienação de Bens é determinado não por condições de mercado onde ocorre uma alienação entre partes independentes em um mercado competitivo mas por mero artifício contábil com abuso de Direito, uma vez que é exatamente igual à diferença entre o percentual de VRG contratual e o VRG Contábil e tem como “efeito colateral” a criação de saldos fictícios de ativo de Superveniência de Depreciação. Este saldo de ativo de Superveniência de Depreciação também é igual ao valor do pretenso Lucro na Alienação de Bens. (grifos do original) Afirmou que o VRG não é o preço para o exercício da opção de compra, assim, não há que se falar em alienação, tendo em vista que o VRG se trata apenas de realização de uma garantia previamente caucionada. Quando do exercício da opção de compra pelo arrendatário ao final do contrato, não ocorre nenhum resultado econômico adicional em relação ao que já foi apropriado anteriormente ao longo da operação, havendo pura e simplesmente a transferência da propriedade do bem arrendado. Tratase de um mero ato jurídico que não traz reflexos econômicos. Afirmou que a característica essencial da operação de arrendamento mercantil é de financiamento e não de compra e venda de bens. Afirmou que, embora a atividade fosse lucrativa, o procedimento contábil adotado gerou apuração de bases de cálculo negativas das contribuições sociais. A lucratividade da Recorrente decorre das rendas auferidas ao longo da operação de arrendamento como retorno ao capital investido, assim, quando do encerramento de operações não há que se falar em apuração de “Lucro na Alienação de Bens”, uma vez que há apenas a recuperação do capital investido sem contrapartida de um efetivo ingresso de disponibilidades. Reconhece que contabilmente está correto, utilizando, inclusive, os ajustes contábeis determinados na Circular 1.429/89, quais sejam, as denominadas "Superveniência de Depreciação" ou "Insuficiência de Depreciação, registradas contabilmente como receitas ou despesas contábeis, tendo como contrapartida contábil correspondente conta do ativo. Essas receitas por ajustes de superveniências de depreciações criadas são apropriadas durante o prazo contratual da operação de arrendamento mercantil e possibilitam a determinação de seus resultados econômicofinanceiros e durante o período do arrendamento a Recorrente realizou os ajustes contábeis determinados na Circular 1.429/89. Apesar disso, para fins fiscais este procedimento foi entendido como incorreto e com fraude fiscal, na medida em que as receitas decorrem do retorno do capital investido nas operações de arrendamento mercantil, não devendo haver influência nesta apuração o encerramento das operações (lucro na alienação de bens), pois representa apenas recuperação do capital investido. No caso do PIS/COFINS, reconhece a isenção prevista na Lei 9.718/1998, ao prever a exclusão de venda de ativos imobilizados da base de cálculo das contribuições, mas considera que a manobra engendrada pela Recorrente não se enquadra na isenção, já que os valores registrados como Lucros de Alienação são valores inexistentes. A d. fiscalização afirmou que não questionou os procedimentos de apuração das bases de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins realizados durante o prazo contratual Fl. 11777DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.775 7 das operações de arrendamento mercantil. O que foi questionado são os procedimentos promovidos no encerramento de cada operação de arrendamento e que culminaram por repercutir na apuração das bases de cálculo da contribuição ao PIS e da Cofins, tendo em vista que não houveram novos contratos de arrendamento mercantil no período. Constatado que no encerramento dos contratos de curso normal pelo exercício da opção de compra pelo arrendatário inexiste resultado econômico adicional aos já contabilizados no curso da operação – ausência de recebimento de recursos financeiros equivalentes ao pretenso lucro. Constada ainda contradição entre as informações prestadas pela DIBENS em relação à conta utilizada como origem na apuração do pretenso Lucro na Alienação de Bens, inicialmente a conta de passivo “Credores por Antecipação de VRG” e no final a conta de ativo “VRG a Balancear”. Constatado que independentemente da conta utilizada, a DIBENS se utiliza de forma fraudulenta dos valores representativos do VRG para apurar pretensos Lucros na Alienação de Bens, valores estes posteriormente excluídos da base de cálculo do PIS/COFINS. Constatado que mediante abuso de forma e de direito representado pela utilização sistemática nos contratos de arrendamento de percentuais de VRG superiores aos efetivamente devidos, há ao final da operação a geração de despesas de Insuficiências de Depreciação. Constatado que ao encerramento da operação a combinação de geração de pretensos Lucros na Alienação de Bens que são posteriormente excluídos com a geração de Insuficiências de Depreciação decorrentes de VRG acima de seu valor contábil transforma bases de cálculo positivas – relativas às Rendas de Arrendamento – em bases de cálculo negativas, inclusive afetando o recolhimento referente às demais operações da DIBENS –Rendas em Aplicações Financeiras. Por todo o exposto se lavra a presente autuação, com multa qualificada Com lançamento de ofício, por meio de auto de infração, constituindose crédito tributário de PIS/COFINS dos períodos de apuração janeiro e fevereiro de 2012, a fiscalização aplicou a multa de ofício qualificada de 150% pela identificação, em tese, de prática de crime contra a ordem tributária. Entendeu presente a fraude, pela forma como contabilizados os estornos de depreciação e por deduzir da base de cálculo das contribuições o lucro na alienação dos bens. Pela forma que foram realizadas, a apuração de pretensos “Lucros na Alienação de Bens” posteriormente excluídos associada à utilização de percentuais de VRG descasados com a realidade econômica das operações gerando artificialmente despesas de “Superveniência de Depreciação” influenciando negativamente as bases de cálculo das contribuições caracterizaram a fraude definida no Art. 72 da Lei 4.502/74, Fl. 11778DF CARF MF 8 uma vez que o contribuinte tenta modificar as características essenciais do fato gerador da contribuição ao PIS/COFINS, como se este fosse definido pelos registros contábeis e não pelas características econômicas e jurídicas das operações de arrendamento mercantil realizadas. No período em análise a DIBENS apresentou um lucro líquido, por suas atividades, de mais de R$ 2 bilhões em 2012 e de mais de R$ 1,6 bilhão até março de 2013, conforme respectivos LALUR. Em que pesem os resultados econômicofinanceiros positivos de suas operações, as bases de cálculo de contribuição ao PIS/COFINS foram negativas em R$ 4.915.384.595,24 em 2012 e também negativas em R$ 1.349.176.907,01 em 2013, conforme detalhamento mensal apresentado no item 1 deste TVF. (...)Exige um enorme esforço a interpretação de que leis possam ter determinado que os resultados econômicos positivos das operações de arrendamento mercantil devam, ou possam, ser revertidos ao final da operação, para que as companhias de arrendamento reconheçam os resultados econômicos de suas atividades pelo resultado da alienação dos bens de arrendamento. E carece de esforço ainda maior, a interpretação de que, além de isentar os seus “novos resultados” – relativos à venda de bens – leis ou normas subalternas possibilitem que os valores estornados contabilmente sejam também utilizados para reduzir os resultados econômicofinanceiros de outras atividades, como por exemplo, os resultados das aplicações financeiras da companhia. Excluir valores contábeis que permitiram determinar e aferir o resultado das operações de arrendamento mercantil das bases de cálculo das contribuições sociais no decorrer das operações, além de ilógico é ilegal, e, quando tal procedimento é realizado exclusivamente para reduzir as contribuições sociais devidas, constitui, em tese, sonegação e fraude, termos dos Arts. 71 e 72, da Lei 4.502/64 e crime contra a ordem tributária, nos termos dos Artigos 1º, inciso II e 2º inciso I, da Lei 8.137/90. Também aplicou responsabilidade tributária do art. 124, II, CTN combinado com o DecretoLei n° 1 598/1977. Aplicação de responsabilidade solidária da sociedade sucessora decorrente da cisão parcial realizada em 28 de fevereiro de 2013, tendo em vista que após esta operação societária, parcela do patrimônio da Recorrente relativa às suas operações de arrendamento mercantil foi transferida ao Banco Itaucard S.A. Notificada da autuação, a Recorrente apresentou impugnação (fls. 1178 1248) argumentando que sua apuração de PIS e COFINS sobre a receita bruta com operações de arrendamento mercantil seguiu rigorosamente os comandos da legislação de regência, especificamente a Lei 9.178/1998, artigos 2º, 3º, § 3º, IV, bem como os §§ 5º e 6º e Lei nº 9.701/1998, artigo 1º, I e III, aplicando ainda a forma de apuração prevista na IN SRF 247/2002 e IN SRF 1285/2012. Afirmou ainda que seu plano contábil COSIF seguiu as determinações do Banco Central constantes da Circular BACEN nº 1273/1987, atualizada pela Circular BACEN Fl. 11779DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.776 9 nº 1429/1089. Estas circulares estabelecem as normas básicas para a contabilização e apuração do resultado com arrendamento mercantil; Referidas circulares são de obediência obrigatória pelas instituições financeiras e estas normas COSIF fazem referência à Portarias do Ministério da Fazenda nº 564/1978 e 140/1985, elaboradas com base em uma lei tributária, o Decretolei 1.598/1977; Destacou que o próprio Anexo I da IN SRF nº 247/2002 adotou os códigos das contas do COSIF para especificar como se apura a base de cálculo do PIS e da COFINS, com isso, a escrituração contábil COSIF foi adotada pela legislação tributária para apuração das contribuições; Afirmou que seguiu rigorosamente o COSIF na sua contabilidade, e também o ANEXO I da IN SRF nº 247/2002, recolhendo as contribuições sociais conforme apuração estipulada por estes normativos em cada mês durante a vigência de cada contrato de arrendamento mercantil; Quanto à alienação do bem arrendado, afirmou que o art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998 previu a exclusão destas receitas da base de cálculo das contribuições; Quanto ao VRG e as superveniências de depreciações (estornos ou complementos), afirmou que o item 1.11.8 do COSIF os bens arrendados devem ser registrados em conta do ativo permanente (hoje não circulante), como imobilizado de arrendamento, conforme determinado pela Lei nº 6.099/1974 art. 3º, e mensalmente devem ser realizados os ajustes para refletir as baixas dos bens arrendados (valor presente das contraprestações dos arrendamentos valor contábil do contrato); Assim, a diferença encontrada da subtração acima, se positiva, deve ser lançada a débito no ativo imobilizado em contrapartida a crédito em conta de receita, "Renda de Arrendamentos", ou, se negativa, deve ser lançada a crédito no ativo e debitada uma conta de despesa como contrapartida, "Superveniências de Depreciações" e "Insuficiências e Depreciações"; Os estornos ou complementos de superveniência de depreciação também são lançados a credito ou a débito na conta do ativo relacionada com o contrato, tendo como contrapartida a mesma conta de receita (renda de arrendamentos) ou despesas (despesas de arrendamento), refletindo o acréscimo ou a redução do saldo desta conta do ativo; As alienações dos bens arrendados são operações distintas do próprio arrendamento mercantil, e ocorrem no encerramento dos arrendamentos. Assim, seja pelo exercício da opção, seja para terceiros, as alienações são registradas em contas específicas em "Lucros de Alienação de Bens Arrendados" e "Perdas em Arrendamento a Amortizar", a depende se houve ganho ou perda, conforme itens 1.11.8.7 e 8 das Normas Básicas da circular nº 1429; Comparou estas normas COSIF com a IN SRF nº 247/2002 para evidenciar a forma de contabilização e a apuração da COFINS e do PIS, pois, consta do ANEXO I que as superveniências de depreciação integram as "Rendas de Arrendamentos", sendo adicionadas à base de cálculo das contribuições (ou diminuídas da mesma conta quando for estornadas); as insuficiências de depreciação ("Despesas de Arrendamento"), são diminuídas da base de cálculo e quando estornadas são adicionadas na mesma conta; os ganhos decorrentes da Fl. 11780DF CARF MF 10 alienação dos bens arrendados são excluídos da base de cálculo, separadamente das depreciações e das superveniências e insuficiências de depreciação; Quanto ao VRG, se recebido antecipadamente ou se for diluído ao longo do contrato, a contabilização a este título é feita a crédito a conta do passivo, não transitando em conta de resultado, portanto, não fazendo parte da apuração das contribuições. Este VRG só será lançado em conta de receita no momento da venda do bem, ao final do arrendamento, como preço de venda, e o ganho de capital nesta alienação é excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS; O VRG, se recebido antecipado ou diluído no contrato, deve ser lançado a crédito no passivo (como em qualquer venda com recebimento antecipado. Quando da opção de compra, o passivo é debitado com lançamento a crédito em conta de receita. Não existe VRG superior ao devido, como insinua a fiscalização, pois VRG tem valor certo e determinado pactuado entre as partes; Por ter seguido o COSIF e a IN SRF247/2002, recolhendo as contribuições em cada mês de acordo com o ANEXO I, o auto de infração deve ser julgado improcedente, em razão do art. 100 do CTN, sendo mais ainda indevida a aplicação da multa qualificada de 150%; na medida em que não pode haver "fraude fiscal" se o procedimento adotado obedece ao Banco Central e as normas da Receita Federal (que adotou o COSIF); Os saldos negativos na base de cálculo destas contribuição não significa manipulação fraudulenta dos números, mas sim por decorrência das deduções autorizadas nos §§ 5º e 6º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998, superveniências de depreciação e como decorrência da diminuição dos contratos na carteira de arrendamento da Recorrente, inclusive, a fiscalização foi informada que em 2012 e 2013 não houve novos contratos de arrendamento, apenas foram se encerrando os contratos ativos, com as consequentes alienações dos ativos imobilizados relacionados; Assim, os saldos negativos derivam das deduções e exclusões legais e das circunstâncias de tempo em que haja mais ou menos contratos novos e liquidados dos mais antigos. O correto é verificar em cada contrato, por toda sua duração, o montante das bases de cálculo para constatar que todas as receitas de arrendamento do contrato integraram as bases de cálculo e não houve dedução em dobro das deduções e exclusões permitidas em lei; O estorno da superveniência das depreciações não reduz a base de cálculo, apenas anula os valores antes tributados, mês a mês, em decorrência dos critérios contábeis adotados pelas instruções normativas que fixam a base de cálculo tributária, que, ao final, se revelam excessivas; Se ao final do contrato o saldo existente for de insuficiências de depreciação, há um crédito final para a conta de resultado, aumentando a base de cálculo das contribuições neste momento, porém, no TVF só foi mencionado o cenário contrário, quando o saldo for de superveniência de depreciações, quando diminui a base de cálculo, isto é, a autoridade fiscal questionou a legalidade dos estornos porque reduziu a base de cálculo, mas não questionou a legalidade das receitas derivadas das superveniências que antes haviam majorado a base de cálculo; Afirmou ainda que a Lei 9.701/1998, art. 1º, III, "d" prevê a dedução da base de cálculo as despesas de arrendamento mercantil, incluindose as depreciações; Fl. 11781DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.777 11 O resultado da base de cálculo conforme ANEXO I da IN depende de vários componentes, uns positivos outros negativos, e a exclusão da alienação do ativo é um dos componentes negativos da soma. Nestes termos, afirmou que não se trata, simplesmente, de lançamentos meramente contábeis alterarem a base de cálculo das contribuições, mas sim de normas complementares à legislação tributárias (instruções normativas) que complementam as normas legais em torno da base de cálculo das contribuições adotando como referência as contas da contabilidade segundo o COSIF, que decorre da Lei 4.595/1964 e Lei 6.099/1974; Por fim, insiste que o cancelamento dos valores em razão dos estornos de superveniências não passavam de cancelamento de valores que antes foram oferecidos às tributação, durante a vida do contrato, de modo que isto apenas anulou base de cálculo anteriormente aumentada. A autoridade fiscal não foi coerente com sua premissa, pois não diminuiu a base de cálculo nos meses em que as superveniências foram incluídas na receita, bem como também não fez esta diminuição em relação aos saldos de insuficiências de depreciação ao final dos contratos. Assim, o resultado positivo de cada operação de arrendamento mercantil foi devida e integralmente tributado ao longo do contrato; o estorno do saldo final de superveniências de depreciação, não reduziu o valor tributável no encerramento do contrato, apenas corrigiu os valores de superveniências registrados que ao longo do contrato aumentaram as bases de cálculo das contribuições mensalmente; Contesta a acusação de crime de sonegação fiscal e fraude, afirmando que no máximo poderia haver uma divergência de interpretação do COSIF e da IN SRF 247/2002, mas em verdade a fiscalização quer tributar a alienação por via indireta, afastando a isenção, construindo uma forma de escrituração contábil e fiscal não adequada e contrária a legislação. Não se pode admitir a afirmação de que a venda no encerramento do contrato é um mero ato jurídico que não traz novo resultado econômico; A Recorrente afirma não ter praticado fraude, pois não falseou a verdade, nem mesmo ocultou as operações. Todos os eventos fáticos foram registrados em sua contabilidade em obediência às normas legais, fiscais e regulatórias emitidas pelo BACEN; Não houve ocultação ou alteração das características essenciais do fato gerador, pois o tributo incide sobre a receita bruta deduzidas das reduções legais, e isso foi oferecido à tributação, ainda que tenha havido estornos de depreciação e isenção de venda de imobilizado; Impugnou também a aplicação dos juros de mora sobre a multa de ofício, afirmando que a Lei 9.430/1996 apenas prevê sua aplicação sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições. A responsável solidária também apresentou impugnação (fls. 12711274) para contestar a responsabilidade solidária atribuída, em decorrência de sucessão pela cisão parcial realizada em 2013. Afirma que não pode ser responsável solidária pelo crédito tributário ora constituído, pois a parcela do patrimônio da DIBENS revertida para a sucessora (BANCO ITAUCARD), representa 0,0306383% do patrimônio líquido total cindido. Fl. 11782DF CARF MF 12 Os dispositivos legais que tratam da responsabilidade por operação societária, no caso, a cisão, o art. 5º do DecretoLei n° 1 598/1977, estabelece um limite para a responsabilidade, que é o montante do patrimônio da cindida transferido para a sucessora; Também contesta a aplicação do DecretoLei n° 1 598/1977 para o PIS e para a COFINS, tendo em vista ser uma lei aplicável ao IRPJ, conforme seu art. 1º. Em 20/09/2017, a 3ª Turma da DRJ/BHE proferiu o acórdão nº 0274.699, julgando improcedente as impugnações para manter a totalidade do crédito tributário, bem como manter integralmente o vínculo de responsabilidade solidária em discussão neste processo. (fls. 13711430): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Anocalendário: 2012, 2013 ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO. Cabível o lançamento de ofício quando devidamente demonstrado que a instituição financeira, quando do encerramento de suas operações de arrendamento mercantil financeiro, reduzia indevidamente a base de cálculo da contribuição para o PIS, mediante artifício envolvendo a estipulação de valores abusivos de VRG (Valor Residual Garantido), a apuração de pretensos lucros na alienação de bens posteriormente excluídos da base de cálculo, bem como a geração artificial de despesas de insuficiência de depreciação ou de estornos de receitas de superveniência de depreciação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2012, 2013 ARRENDAMENTO MERCANTIL FINANCEIRO. Cabível o lançamento de ofício quando devidamente demonstrado que a instituição financeira, quando do encerramento de suas operações de arrendamento mercantil financeiro, reduzia indevidamente a base de cálculo da Cofins, mediante artifício envolvendo a estipulação de valores abusivos de VRG (Valor Residual Garantido), a apuração de pretensos lucros na alienação de bens posteriormente excluídos da base de cálculo, bem como a geração artificial de despesas de insuficiência de depreciação ou de estornos de receitas de superveniência de depreciação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2012, 2013 MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Duplicase o percentual da multa de ofício a ser aplicada, se comprovadas as circunstâncias previstas em lei como caracterizadoras de infração qualificada. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Fl. 11783DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.778 13 A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, após o seu vencimento, está prevista pelos artigos 43 e 61, § 3º, ambos da Lei nº 9.430, de 1996. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CISÃO PARCIAL. Respondem solidariamente pelos tributos da pessoa jurídica a sociedade cindida e a sociedade que absorver parcela do seu patrimônio, no caso de cisão parcial. O entendimento estampado no v. acórdão decorre da convicção de que, analisandose os elementos que constam dos autos, a Recorrente realmente engendrou uma fraude contábil, de modo a "gerar artificialmente despesas de Superveniência de Depreciação e de pretensos Lucros na Alienação de Bens". Fundamentou que durante o contrato foram devidamente computadas as receitas de superveniência de depreciação apuradas em cada um dos meses anteriores ao mês de encerramento do contrato, mas, mesmo levando em consideração tais receitas, o resultado global da operação de arrendamento é negativo. Para sua argumentação se utiliza do mesmo exemplo utilizado pelo agente fiscal e descrito no TVF, o contrato nº 4937312, liquidado em 2013: Fl. 11784DF CARF MF 14 Comentando a coluna "Superveniência de Depreciação", afirmou que estas parcelas integraram a receita durante o contrato, gerando um montante de R$ 1.142.208,13 até dezembro de 2012. Em janeiro teve a última parcela do arrendamento (coluna "Rendas Apropriadas") que ao final somou R$ 1.136.865,58 a título de superveniência de depreciação que no encerramento do contrato foram estornados. Este estorno, somado com o lucro na alienação de bem, de mesmo valor, gerou uma indevida base de cálculo negativa das contribuições para o mês de janeiro/2013. Assim se expressou a r. decisão: Ora, ainda que se considerem adequados no plano formal os registros contábeis da contribuinte, o certo é que o autuante logrou êxito em demonstrar que não tem substância econômica o lucro excluído da base de cálculo das contribuições, uma vez que efetivamente ele não existe, tendo sido artificialmente obtido mediante utilização abusiva, na quase totalidade dos contratos, de VRG muito superior ao valor contábil residual do bem arrendado, correspondente ao seu saldo não depreciado. Quanto ao VRG, sustentou ainda que, embora a legislação estabeleça que o VRG pode ser livremente pactuado pelos contratantes, esta liberdade de pactuação não implica que se possa arbitrariamente estipular um VRG que não guarde nenhuma aderência com a realidade econômica, muito menos que o fisco não possa se opor a planejamentos tributários abusivos que se valham indevidamente dessa liberdade, como é o caso em questão. (grifos não constam do original). E continua: Desnecessário dizer que a Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, bem como a Instrução Normativa RFB nº 1285, de 13 de agosto de 2012, não fazem nenhuma menção e muito menos autorizam que se faça uso de planejamentos tributários abusivos que levem à supressão ilegítima da apuração das contribuições em questão. Logo, não há como admitir a pretensão da contribuinte de que se promova, sob a alegação de que tais normas foram observadas, a exclusão da imposição de penalidades e da cobrança de juros de mora de que trata o art. 100, parágrafo único, do CTN. Mantém a aplicação da multa qualificada em 150% por entender comprovada a fraude e a simulação, mantém os juros sobre a multa de ofício. Mantém, ainda, a responsabilidade solidária da sociedade sucessora em razão da cisão parcial. Cientificada a DIBENS da r. decisão em 28/09/2017, e o BANCO ITAUCARD em 11/10/2017, ambas apresentaram, no prazo, Recurso Voluntário. A DIBENS apresentou seu recurso (fls 14441514) repisando os argumentos trazidos na impugnação, sustentando não fazer sentido nenhum a acusação fiscal de criar um lucro de venda de imobilizado apenas para aproveitar de uma isenção de PIS e COFINS, sendo que se não "criado" este lucro, não haveria a incidência. Ademais, a criação deste lucro fictício na venda do ativo aumentou sua base de cálculo do IRPJ e CSLL, não havendo efeito prático e nem ganhos tributários a criação deste suposto planejamento tributário abusivo. Afirma que não há qualquer fraude, já que seguiu a legislação contábil e fiscal específica e obrigatória para a atividade de arrendamento mercantil, assim como os Fl. 11785DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.779 15 efeitos fiscais tributação pelo PIS/COFINS sobre as rendas de arrendamento, isenção das contribuições sobre o lucro na venda de bens do permanente e a consequente tributação do ganho de capital auferido pelo IRPJ e CSLL. Acerca dos fundamentos da r. decisão sobre fraude, ou abuso do direito, abuso de forma e planejamento tributário abusivo, a Recorrente afirmou que adotou os procedimentos contábeis previstos na COSIF e fiscais previstos na IN SRF nº 247/2002, trata se, assim, da aplicação direta da lei e de seus consequentes efeitos próprios. Isto porque o regime jurídico, contábil e fiscal, do arrendamento mercantil deixa muito pouco espaço de atuação à autonomia das partes. Estáse no âmbito das normas públicas, de adoção mandatória, onde pouco campo de manobra existe para o autorregramento da vontade, sendo que a fixação do valor de VRG, nos contratos de arrendamento mercantil financeiro, é uma dessas poucas hipóteses em que os contratantes podem estabelecer livremente o seu valor e, não por acaso, é uma das muitas disposições normativas que a fiscalização pretende desconsiderar. Afirmou que a DRJ/BHE inovou a autuação fiscal, pois, não foi discutido nos autos, antes da decisão da DRJ, qualquer aspecto relacionado à substância econômica, porque não foi esta a motivação do TVF, dado que o critério em que este se baseou – abuso na utilização de VRG em valor superior ao valor contábil do bem no encerramento do contrato – não se confunde com substância econômica, até por ser errado em si mesmo. Trouxe doutrina e jurisprudência do STJ para, comentando a legislação, demonstrar que o VRG é aquele definido no contrato pelas partes e não o valor contábil do bem após as depreciações. O Banco Itaucard S.A também apresentou Recurso voluntário (fls. 1532 1544) para trazer novamente os argumentos da sua impugnação, acrescentando alguns conceitos de operações societárias da lei das sociedades por ações, bem como o código civil para argumentar pela divisibilidade da responsabilidade solidária, imputando apenas até o montante de patrimônio sucedido (0,0306383% dos débitos fiscais da DIBENS). Para se referir à DIBENS, será utilizado o termo "Recorrente" e para se referir ao Banco Itaucard, o termo "Recorrente solidário" A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 1770 1746) para argumentar pela manutenção do auto de infração, tendo como base a manipulação contábil do VRG, não podendo se aproximar da totalidade das receitas da operação de arrendamento mercantil, o que transformaria o leasing num contrato de compra e venda a prazo; Argumenta ainda sobre a base de cálculo das contribuições bem como o conceito de faturamento traçado pelo STF. Propõe uma interpretação teleológica da isenção sobre as receitas de vendas de ativo imobilizado para limitar o sentido do texto aos ativos imobilizados relacionados com a atividade operacional da pessoa jurídica. Os bens arrendados, embora ativo imobilizado por determinação do BACEN e da Lei 6.099, não pode receber o benefício da isenção do inciso IV do § 2° do art. 3° da Lei 9.718/1998, pois são bens não relacionados com sua atividade operacional e esta deve ser a interpretação adequada da lei. Fl. 11786DF CARF MF 16 A recorrente apresentou petição para juntar um laudo técnico elaborado pela KPMG (fls. 1752 1804) com diversos anexos (fls. 1.805 6.753) Voto Conselheiro SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR De início, cabe apontar que a autoridade fiscal elabora um longo arrazoado tratando da contabilidade COSIF e da legislação tributária de regência do PIS e da COFINS, incluindo a IN SRF nº 247/2002, para tratar da base de cálculo das contribuições. Em sua fundamentação, traz argumentos sobre alguns pontos relevantes para justificar a autuação: 1. As receitas de arrendamento mercantil vêm diminuindo ao longo do tempo, tendo em vista a inexistência de contratos novos durante os exercícios de 2012 e 2013, apenas havendo receitas dos já em andamento, bem como diversos encerramentos de contrato. Em razão dos encerramentos dos contratos, a conseqüência é o aparecimento dos fenômenos a seguir; 2. Nos termos do COSIF, durante o contrato há superveniências de depreciação lançadas a crédito em conta de receita, que é levada à tributação do PIS e da COFINS. Quando do encerramento do contrato, devese fazer o estorno dos saldos de superveniências de depreciação, para anular as incidências tributárias sobre este quantum ao longo do contrato, mas que, por não serem receitas, não poderiam ser tributados. O estorno reduz a base de cálculo das contribuições no mês de encerramento do contrato, já que o montante de todas as parcelas mensais a este títulos são deduzidas de uma vez, mas isso é feito para anular o efeito tributário. Estes estornos de superveniência de depreciação não são objeto do auto de infração; 3. No encerramento do contrato, o Valor Residual Garantido é utilizado como preço de compra na alienação dos bens do ativo imobilizado (os bens arrendados), conforme montante definido em contrato. Conforme Lei 9.718, artigo 3º, as receitas com venda de imobilizado serão excluídas da base de cálculo. Porém, argumenta a fiscalização que o VRG utilizado pela Recorrente foi um valor inexistente, criado no momento do encerramento do contrato, fruto de uma fraude contábil, gerando um volume de exclusão que levou a base de cálculo das contribuições a ficar negativa. TVF, fls. 1.120: O cerne da questão é o procedimento da DIBENS no encerramento das operações de arrendamento mercantil financeiro de, mediante utilização de porcentagens de VRG acima dos que seriam devidos pela existência de saldos não depreciados do bem objeto de arrendamento, gerar artificialmente despesas de Superveniência de Depreciação e de pretensos Lucros na Alienação de Bens, pretensos Lucros estes posteriormente excluídos da base de cálculo do PIS/COFINS. Não obstante a atividade lucrativa da instituição financeira, o procedimento contábil adotado pela DIBENS, além de propiciar Fl. 11787DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.780 17 a exclusão dos resultados econômicos obtidos com as operações, culminou com a apuração de bases de cálculo negativas das contribuições sociais. Se comprova nesta auditoria que as operações de arrendamento mercantil da DIBENS são lucrativas, lucratividade esta decorrente das rendas auferidas ao longo da operação de arrendamento como retorno ao capital investido, sendo que no encerramento de operações não há que se falar em apuração de “Lucro na Alienação de Bens”, uma vez que há apenas a recuperação do capital investido e nada mais. Em outras palavras, o pretenso Lucro não tem como contrapartida o efetivo ingresso de disponibilidades. Caracterizase assim um planejamento abusivo de modo a inibir a ocorrência do fato gerados das contribuições em questão. (grifos do original) Este é o ponto da autuação fiscal, o montante utilizado como VRG na opção de compra do bem arrendado, ao término do contrato, sendo que, para a fiscalização, o valor correto deveria ser o saldo contábil do ativo (após as depreciações) e não o VRG definido no contrato, representando um abuso de forma e um abuso de direito. Pois bem, embora constatado que o único objeto da autuação fiscal é o montante registrado na contabilidade a título de VRG para o exercício da opção de compra do bem, segundo as normas COSIF, ressaltese, convém tecer algumas considerações acerca dos estornos de superveniência de depreciação, pois o TVF é confuso e, alguns pontos contraditórios afirmando em algumas passagens que a combinação dos estornos de superveniências de depreciação com a utilização do VRG contratual como receita de alienação do ativo ser a causa da base de cálculo negativa das contribuições, passo a analisar também este ponto. DAS SUPERVENIÊNCIAS DE DEPRECIAÇÃO Conforme a circular BACEN 1273/1987, que instituiu o institui o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional COSIF, Seção 7, as receitas com arrendamento mercantil devem ser reconhecidas pelo regime de competência, no mês em que devidas, independentemente de ingresso financeiro. Ainda, mês a mês é preciso calcular o valor presente do contrato em contraposição com o valor contábil do bem arrendado. Se a diferença for positiva, deve ser lançado em receita, na mesma conta, e integrar a base de cálculo no período 2. Operações ao Amparo da Portaria MF 140/84 1 – As contraprestações a receber, assim entendidas a soma de todas as contraprestações a que contratualmente se obriga o arrendatário, são registradas a débito das adequadas contas do subgrupo Operações de Arrendamento Mercantil, em contrapartida a adequada conta retificadora do subgrupo. 2 – As contraprestações são computadas como receita efetiva na data em que forem exigíveis. (...) Fl. 11788DF CARF MF 18 4 – Os encargos das operações ao amparo da Portaria MF 140/84 apropriam se em conformidade com os critérios de avaliação e apropriação contábil nela previstos, até a sua extinção A Circular BACEN nº 1.429/1989 introduziu alterações na Circular 1273 para estabelecer o tratamento das superveniências de depreciaçã: 5.5. A escrituração contábil e as demonstrações financeiras ajustamse com vistas a refletir os resultados das baixas dos bens arrendados. Os ajustes efetuamse mensalmente, conforme segue: a) calculase o valor presente das contraprestações dos contratos, utilizandose a taxa interna de retorno de cada contrato. Consideramse, para este efeito, os Arrendamentos e Subarrendamentos a Receber, inclusive os cedidos, os VALORES RESIDUAIS A REALIZAR, inclusive os recebidos antecipadamente, e os registrados em CRÉDITOS DE ARRENDAMENTO EM LIQUIDAÇÃO; b) apurase o valor contábil dos contratos pelo somatório das contas abaixo: (+) ARRENDAMENTOS A RECEBER RECURSOS INTERNOS (+) ARRENDAMENTOS A RECEBER RECURSOS EXTERNOS (+) ARRENDAMENTOS A RECEBER EM ATRASO () RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTOS A RECEBER RECURSOS INTERNOS () RENDAS A APROPRIAR DE ARRENDAMENTOS A RECEBER RECURSOS EXTERNOS (+) SUBARRENDAMENTOS A RECEBER (+) SUBARRENDAMENTOS A RECEBER EM ATRASO () RENDAS A APROPRIAR DE SUBARRENDAMENTOS A RECEBER (+) VALORES RESIDUAIS A REALIZAR () VALORES RESIDUAIS A BALANCEAR (+) CRÉDITOS DE ARRENDAMENTO EM LIQUIDAÇÃO () RENDAS A APROPRIAR DE CRÉDITOS DE ARRENDAMENTO EM LIQUIDAÇÃO (+) BENS ARRENDADOS () VALOR A RECUPERAR () DEPRECIAÇÃO ACUMULADA DE BENS ARRENDADOS (+) BENS NÃO DE USO PRÓPRIO (relativos aos créditos de arrendamento mercantil em liquidação); Fl. 11789DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.781 19 (+) PERDAS EM ARRENDAMENTOS A AMORTIZAR () AMORTIZAÇÃO ACUMULADA DO DIFERIDO Perdas em Arrendamento a Amortizar c) o valor resultante da diferença entre "a" e "b", acima, constitui o ajuste da carteira em cada mês. 6. O valor do ajuste apurado conforme a letra "c" do item supra registrase por complemento ou estorno, em DESPESAS DE ARRENDAMENTO ou RENDAS DE ARRENDAMENTOS RECURSOS INTERNOS ou outra conta adequada, em contrapartida com INSUFICIÊNCIAS DE DEPRECIAÇÕES ou SUPERVENIÊNCIAS DE DEPRECIAÇÕES. Assim, a diferença encontrada da subtração acima (valor presente valor contábil), se positiva, deve ser lançada a débito no ativo imobilizado (aumentandoo) em contrapartida a crédito em conta de receita, "Renda de Arrendamentos". Essas receitas por ajustes de superveniências de depreciações criadas são, com isso, apropriadas durante o prazo contratual da operação de arrendamento mercantil e possibilitam a determinação de seus resultados econômicofinanceiros, conforme Circular 1273/1987 do BACEN, mediante o registro na conta contábil de Rendas de Arrendamento Mercantil Financeiro – 7.1.2.10.00.1(Código no Cosif), na subconta de Receitas por Ajustes de Superveniências de Depreciações. Conforme o relato da própria autoridade fiscal no TVF, durante todo o período do contrato a Recorrente realizou os registros contábeis destes lançamentos conforme o COSIF e ofereceu à tributação de PIS e COFINS, como parte da receita bruta do período, nos termos do ANEXO I da IN SRF 247/2002. Durante o período do arrendamento, a DIBENS realizou os ajustes contábeis determinados na Circular 1.429/89, que são registrados, se positivos, na conta contábil de Rendas de Arrendamento Mercantil Financeiro – 7.1.2.10.001 (Código no Cosif), na subconta de Receitas por Ajustes de Superveniências de Depreciações, codificada no plano de contas da DIBENS sob nº 7130.001.003.0016 e que tem como contrapartida a conta do ativo: Superveniências de Depreciações – 2.3.2.30.008 (codificação Cosif) (atenção para evitar uma eventual confusão entre contas contábeis com nomes parecidos, uma do ativo e outra de resultado). No caso da DIBENS também os ajustes negativos são registrados na conta 7130.001.003.0016 e transferidos através de lançamentos manuais para a conta 8.1.3.10.104 – Depreciação de Bens Arrendados, conta interna 8139.001.002.0005 – Insuficiência de Depreciação. Assim, as “Superveniências de Depreciação” foram contabilizadas pela recorrente a débito do ativo relacionado ao contrato, tendo como contrapartida um crédito à receita, na conta de “Rendas de Arrendamentos Financeiros” (conta 7.1.2.10.001), aumentando a base de cálculo das contribuições, já que esta conta também consta do Anexo I Fl. 11790DF CARF MF 20 da IN SRF n. 247/2002, que, apesar de revogado em agosto de 2013, continuou sendo utilizada pela RFB, conforme relatado pela própria autoridade fiscal no TVF. Cabe observar de que apesar de revogado pela IN RFB 1.285/12, o anexo I da IN SRF 247/02 continuou servindo de auxílio para a demonstração da apuração da base de cálculo das contribuições em questão, tendo em vista as limitações da DACON. Percebese, com isso, que tais montantes integraram a base de cálculo da COFINS e da contribuição ao PIS, juntamente com as receitas de arrendamento mercantil ("alugueis") dos respectivos bens. Desta feita, os estornos quando do encerramento do contrato são necessários para anular estas superveniências de depreciação tributadas durante o contrato, pois o valor presente do contrato já é igual a zero. Por oportuno, necessário observar que despesas com depreciações não se confundem com "superveniências de depreciação", são fenômenos distintos, apesar do nome parecido. As despesas de depreciação, estas sim, são deduzidas da base de cálculo das contribuições conforme o art. 1º, III, "d” da Lei 9701/1998 acima transcrito. Assim as “Depreciações dos Bens Arrendados” são calculadas sobre o custo de aquisição dos bens arrendados. por sua vez, as “Superveniências de Depreciação” integram as “Rendas de Arrendamentos” (conta COSIF 7.1.2.10.001), pois são adicionadas à base de cálculo do PIS e da COFINS conforme IN SRF n. 247/2002, e seu valor é encontrado se houver diferença positiva entre o a diferença entre valor presente dos contratos e o seu valor contábil. Percebese, por fim, que as superveniências de depreciação foram adicionadas à base de cálculo, incidindo as contribuições mês a mês, com bases majoradas pela existência desses lançamentos contábeis a crédito de receita e no encerramento do contrato os estornos são necessários para anular este efeito tributário. Neste sentido, esta 1ª Turma Ordinária desta 3ª Câmara, em voto do ilustre Conselheiro Marcelo Costa Marques d'Oliveira, já se pronunciou, em caso semelhante, sobre este ponto: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2011 a 31/12/2011 SOCIEDADES DE ARRENDAMENTO MERCANTIL. SUPERVENIÊNCIA DE DEPRECIAÇÃO Os ajustes de superveniência de depreciação são meramente escriturais e temporais e têm como objetivo único e exclusivo o de aperfeiçoar a informação contábil prestada pelas demonstrações financeiras aos usuários. De forma alguma podem aumentar ou diminuir o efetivo resultado econômico financeiro do contrato, base de cálculo das contribuições para o PIS e a COFINS. (Acórdão 3301004.760 – 3ª Seção / 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária. Relator Marcelo Costa Marques d'Oliveira. Sessão de 21/06/2018) Fl. 11791DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.782 21 Em seu voto, assim concluiu o ilustre Relator: Isto posto, ao fim de cada contrato, o eventual saldo existente nas contas de insuficiência ou superveniência de depreciação devem ser estornados, cujos lançamentos a crédito ou débito de conta de resultado do exercício devem aumentar ou reduzir as bases de PIS e COFINS do respectivo mês, de forma que, se consideradas todas as bases tributáveis apuradas ao longo do tempo de duração do contrato, tais ajustes não tenham aumentado ou diminuído a tributação pelas contribuições do resultado econômicofinanceiro da operação. Resta, assim, afastada qualquer consideração de glosa deste estornos, tendo em vista que estes ajustes servem apenas para anular a tributação realizada durante o contrato. No entanto, como estes estornos dos saldos de superveniência de depreciação coincidiam com o montante de VRG antecipado ou diluído registrado em conta do passivo, que também foram excluídos da base de cálculo, a autoridade fiscal, afirmou que isso representa uma dedução em duplicidade. Em verdade, o que se questiona no TVF não é a forma como contabilizada as superveniências ou o valor residual garantido, mas sim seus impactos fiscais, especialmente a suposta manipulação fraudulenta do montante do VRG no momento do encerramento do contrato, somente para excluir da base de cálculo em razão do mandamento legal previsto no art. 3º da Lei 9.718/1998. Com isso, o objeto da autuação não são os estornos de superveniência de depreciação, nem mesmo a possibilidade de existência de VRG antecipado ou diluído para utilização na opção de compra, mas sim um VRG fictício, diferente de um "VRG contábil". Nem mesmo, cabe ponderar, a contabilização destes lançamentos de estornos de superveniências de depreciação foi questionada, pois expressamente reconhecida como de acordo com o COSIF. O que se questiona, e este é o objeto da autuação fiscal, é o valor utilizado como VRG, um montante definido em contrato de forma abusiva e fraudulenta. Assim, a autoridade fiscal afirma que o valor correto seria o de um VRG contábil equivalente ao saldo contábil do bem registrado na contabilidade. Assim, a fiscalização afirmou que o VRG utilizado pela Recorrente é inexistente, não podendo ser utilizado como valor representante de um lucro na alienação dos bens. Não é possível um valor inexistente usufruir de uma isenção fiscal, afirmase no TVF. Portanto, para o deslinde da causa, resta avaliar a natureza do valor residual garantido e qual o montante pode ser utilizado para a opção de compra do bem ao final do contrato. DO VALOR RESIDUAL GARANTIDO A d. fiscalização afirmou que a Recorrente, no período de março/2012 até março/2013, apresentou resultados lucrativos, inclusive sendo tributada pelo IRPJ e pela CSLL, porém, no mesmo período, estranhamente apresentou bases de cálculo negativas de PIS e COFINS, utilizandose de manobra contábil para criar um valor inexistente a título de Fl. 11792DF CARF MF 22 alienação de bens do ativo imobilizado, apenas para usufruir da isenção prevista no art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998. Entretanto, digo, ter atividade lucrativa não significa que se tenha, ao final de cada mês, base de cálculo de PIS e de COFINS. Primeiro porque a apuração do lucro tem metodologia própria e independente da apuração da base de cálculo das contribuições, que incidem sobre receita bruta. Segundo porque a Lei 9.718/1998 e Lei 9.701/1998 expressamente permitiram algumas exclusões e deduções da receita bruta mensal, tais como, despesas de intermediação financeira, depreciação dos bens arrendados por instituição de arrendamento mercantil, devoluções e vendas canceladas, exclusão de dividendos recebidos por participação societária, prejuízos sofridos em aplicações de renda fixa e variável, bem como a exclusão das receitas com a venda de ativo imobilizado. A partir destas deduções previstas em lei, pode acontecer que num dado período a base de cálculo das contribuições seja negativa pois há muitas deduções e exclusões, como dividendos e ganhos de capital pela venda de imobilizado, que afetam a base de cálculo destas contribuição, mas não afetam a apuração do lucro contábil, justamente porque apurase de outra maneira. Lei nº 9.718/1998 Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações introduzidas por esta Lei. Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2o compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977(...) § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das contribuições a que se refere o art. 2º, excluemse da receita bruta: I as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos Industrializados IPI e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário; (Redação vigente na época dos fatos) II as reversões de provisões e recuperações de créditos baixados como perda, que não representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliação de investimentos pelo valor do patrimônio líquido e os lucros e dividendos derivados de investimentos avaliados pelo custo de aquisição, que tenham sido computados como receita; (Redação vigente na época dos fatos) IV a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente. (redação vigente na época dos fatos) V a receita decorrente da transferência onerosa a outros contribuintes do ICMS de créditos de ICMS originados de operações de exportação, conforme o disposto no inciso II do § Fl. 11793DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.783 23 1o do art. 25 da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996. (Redação vigente na época dos fatos) § 5º Na hipótese das pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, serão admitidas, para os efeitos da COFINS, as mesmas exclusões e deduções facultadas para fins de determinação da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP. § 6o Na determinação da base de cálculo das contribuições para o PIS/PASEP e COFINS, as pessoas jurídicas referidas no § 1o do art. 22 da Lei no 8.212, de 1991, além das exclusões e deduções mencionadas no § 5o, poderão excluir ou deduzir: I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; c) deságio na colocação de títulos; d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; (grifos não constam do original) A Lei nº 9.701/1998 acrescenta ainda a possibilidade de deduzir da base de cálculo do PIS e da COFINS as despesas com arrendamento mercantil incorridas pela arrendadora se for uma instituição financeira de arrendamento mercantil: Art. 1º Para efeito de determinação da base de cálculo da Contribuição para o Programa de Integração Social PIS, de que trata o inciso V do art. 72 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, as pessoas jurídicas referidas no § 1º do art. 22 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, poderão efetuar as seguintes exclusões ou deduções da receita bruta operacional auferida no mês: (...)II valores correspondentes a diferenças positivas decorrentes de variações nos ativos objetos dos contratos, no caso de operações de "swap" ainda não liquidadas; .(Revogado pela Medida Provisória nº 215835, de 2001) III no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e Fl. 11794DF CARF MF 24 valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: a) despesas de captação em operações realizadas no mercado interfinanceiro, inclusive com títulos públicos; b) encargos com obrigações por refinanciamentos, empréstimos e repasses de recursos de órgãos e instituições oficiais; c) despesas de câmbio; d) despesas de arrendamento mercantil, restritas a empresas e instituições arrendadoras; (grifos não constam do orignal Estas previsões legais foram repetidas pela Instrução Normativa nº 247/2002, em seus artigos 27 à 29, que vigorou até agosto/2012, quando foi publicada a Instrução Normativa RFB nº 1285, de 13 de agosto de 2012, que passou a tratar destas exclusões e deduções em seus artigos 7º e 8º Feitas estas observações sobre as deduções e exclusões da base de cálculo do PIS/COFINS, resta agora analisar o denominado "Valor Residual Mínimo". A Lei nº 6.099/1974 prevê em seu art. 5º que o contrato de arrendamento mercantil deve conter disposições sobre a opção de compra do bem arrendado, incluindo seu preço: Lei n. 6.099/1974: Art. 1º O tratamento tributário das operações de arrendamento mercantil regerseá pelas disposições desta Lei. Art. 3º Serão escriturados em conta especial do ativo imobilizado da arrendadora os bens destinados a arrendamento mercantil. (...) Art 5º Os contratos de arrendamento mercantil conterão as seguintes disposições: a) prazo do contrato; b) valor de cada contraprestação por períodos determinados, não superiores a um semestre; c) opção de compra ou renovação de contrato, como faculdade do arrendatário; d) preço para opção de compra ou critério para sua fixação, quando for estipulada esta cláusula. (...) Art. 12 Serão admitidas como custos das pessoas jurídicas arrendadoras as cotas de depreciação do preço de aquisição de bem arrendado, calculadas de acordo com a vida útil do bem. Art. 13 Nos casos de operações de vendas de bens que tenham sido objeto de arrendamento mercantil, o saldo não depreciado será admitido como custo para efeito de apuração do lucro tributável pelo imposto de renda. Fl. 11795DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.784 25 (grifos não constam do original) Da leitura da Portaria do Ministério da Fazenda nº 140/1984, ao tratar do valor residual garantido, percebese que há o reconhecimento de que o VRG não precisa ser entregue ao arrendador apenas na finalização do contrato, podendo ser antecipado ou mesmo diluído nas prestações mensais. Assim, estabelece em qual conta contábil deve ser registrado o VRG antecipado ou recebido durante as contraprestações do contrato, o que foi seguido pela Recorrente, como constatado pela própria d. fiscalização: I As contraprestações de arrendamento mercantil serão computadas no lucro líquido do períodobase em que forem exigíveis; II As parcelas de antecipação do valor residual garantido ou do pagamento por opção de compra serão tratadas como passivo do arrendador e ativo do arrendatário, não sendo computadas na determinação do lucro real; (grifos não constam do original) Como se observa, é ínsita à racionalidade econômica do leasing financeiro a preservação de um valor mínimo em favor do arrendador pelo produto financiado, a servirlhe de garantia (daí o nome: valor residual garantido) no caso de não exercida a opção de compra pelo arrendatário. Isso porque o arrendador imobiliza um capital para aquisição de um bem para uso do arrendatário por meio de um contrato típico, o de arrendamento mercantil. A propósito, inclusive, a Portaria MF n° 564/78, que orientava a tributação das arrendadoras nas operações de arrendamento mercantil, definiu o VRG como sendo preço contratual estipulado para o exercício da opção de compra, ou valor contratualmente garantido pela arrendatária que será recebida pela arrendadora na venda a terceiros do bem arrendado, na hipótese de não ser exercida a opção de compra: Portaria MF nº 564/1978 Considerando que o DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, introduziu substanciais modificações na apuração dos resultados das pessoas jurídicas; Considerando que as operações de arrendamento mercantil encerram especificidades que demandam tratamento tributário diferenciado; Considerando a conveniência de conciliar as disposições legais com a necessidade de prover as empresas arrendadoras de procedimentos contábeis e Demonstrações Financeiras adequadas, resolve: 1. Esta Portaria disciplina a tributação pelo Imposto sobre a Renda das operações de arrendamento mercantil previstas na Lei nº 6.099, de 12 de setembro de 1974, e praticadas por sociedades autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil. 2. Para os efeitos desta Portaria considerase: (...) Fl. 11796DF CARF MF 26 Valor Residual Garantido: preço contratualmente estipulado para exercício da opção de compra, ou valor contratualmente garantido pela arrendatária como mínimo que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros do bem arrendado, na hipótese de não ser exercida a opção de compra. (grifos não constam do original) A própria regulamentação do Conselho Monetário Nacional pela Resolução n° 2.309/1996 ao dispor: Art. 5°. Considerase arrendamento mercantil financeiro a modalidade em que: I as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recurso investidos; II – as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendatária; III – o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. (grifos não constam do original) Passando agora a tratar da escrituração contábil do valor residual garantido, o Banco Central, em atendimento à Portaria MF 140/1984 e Portaria MF 564/1978 acima transcritas, tratou do assunto no Plano Contábil COSIF estabelecido pela Circular BACEN 1237/1987 para estabelecer que o VRG recebido antecipadamente deve ser registrado a crédito em conta do passivo, tendo como contrapartida um débito em conta CAIXA ou equivalente de disponibilidades: SEÇÃO 7: Operações de Arrendamento Mercantil 10. Antecipação do Valor Residual Garantido 1 – As parcelas de antecipação do Valor Residual Garantido escrituram se em CREDORES POR ANTECIPAÇÃO DE VALOR RESIDUAL, em contrapartida com a adequada conta de Disponibilidades. (...) CREDORES POR ANTECIPAÇÃO DE VALOR RESIDUAL CÓDIGO: CLASSIFICAÇÃO:4.9.9.08.008 PASSIVO CIRCULANTE E EXIGÍVEL A LONGO PRAZO – Outras Obrigações – Diversas SUBTÍTULOS: FUNÇÃO: Registrar o valor das parcelas de antecipação do valor residual garantido. FUNCIONAMENTO: Fl. 11797DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.785 27 Creditada pelo valor das parcelas de antecipação Debitada pelas baixas procedidas. Na seção em que trata da contabilização do bem arrendado como ativo permanente pela arrendadora, a Circular BACEN 1237/1987, com a redação dada pela Circular BACEN 1429/1989, assim dispôs: SEÇÃO 11 Ativo Permanente Seção 8 Imobilizado de Arrendamento 1. Imobilizado de Arrendamento compõese dos bens de propriedade da instituição, arrendados a terceiros. 2. Os bens objeto de contratos de arrendamento são registrados no desdobramento Bens Arrendados, pelo seu custo de aquisição, composto dos seguintes valores: preço normal da operação de compra acrescido dos custos de transporte, seguros, impostos e gastos para instalação necessários à colocação do bem em perfeitas condições de funcionamento. 3. A instituição deve abrir desdobramentos de uso interno para os subtítulos de BENS ARRENDADOS, destinados a registrar, separadamente, os bens arrendados ao amparo das Portarias MF 564/78 e 140/84. 4. A depreciação dos bens arrendados reconhecese mensalmente, nos termos da legislação em vigor, devendo ser registrada a débito de DESPESAS DE ARRENDAMENTO, subtítulo Depreciação de Bens Arrendados, em contrapartida com DEPRECIAÇÃO ACUMULADA DE BENS ARRENDADOS, a qual figura como conta retificadora do subgrupo Imobilizado de Arrendamento. (...) 7. O resultado na venda de valor residual, decorrente do exercício da opção de compra pela arrendatária, ou pela apropriação do valor residual garantido, contabilizase: a) a crédito de LUCROS NA ALIENAÇÃO DE BENS ARRENDADOS, se positivo; b) a débito de PERDAS EM ARRENDAMENTOS A AMORTIZAR, se negativo. 8. Os lucros ou prejuízos na venda a terceiros, não arrendatários, são registrados, respectivamente, a crédito de LUCROS NA ALIENAÇÃO DE VALORES E BENS ou a débito de PREJUÍZOS NA ALIENAÇÃO DE VALORES E BENS. (grifos não constam do original) A Circular BACEN 1237/1987 evidencia o registro destes lançamentos: CAPÍTULO: Elenco de Contas – 2 Fl. 11798DF CARF MF 28 SEÇÃO: Função e Funcionamento das Contas – 2 TÍTULO: LUCROS NA ALIENAÇÃO DE BENS ARRENDADOS CÓDIGO: CLASSIFICAÇÃO: 7.1.2.60.006 CONTAS DE RESULTADO CREDORAS – Receitas Operacionais – Rendas de Arrendamento Mercantil SUBTÍTULOS: FUNÇÃO: Registrar os lucros apurados na venda do valor residual de bens arrendados, que constituam receita efetiva da instituição, no período. FUNCIONAMENTO: Creditada pelo valor dos lucros auferidos, recebidos ou não. Debitada por ocasião do balanço, para apuração do resultado. A Instrução Normativa SRF nº 247/2002 estabeleceu, em seu anexo I, a conta 7.1.2.60.006 para registrar estes LUCROS NA ALIENAÇÃO DE BENS ARRENDADOS. Da análise legislativa aplicável ao caso, percebese que o valor residual garantido pode ser o preço livremente entabulado entre as partes para servir de pagamento do bem arrendado no caso de opção de compra do bem ao término do contrato. Ainda, percebese que este VRG não precisa ser pago apenas ao final do contrato, podendo ser antecipado e/ou diluído nas prestações mensais. Se isso ocorrer, este ingresso financeiro deve ser registrado a débito em conta de disponibilidades no ativo, tendo como contrapartida um lançamento a crédito em conta específica do passivo, a fim de evidenciar a transação e para que esta não transite pelo resultado, pois, ainda não é receita. Nesses termos, o VRG somado com as contraprestações pelo "aluguel" (renda de arrendamento) e demais despesas eventuais, deve equivaler ao montante necessário para que o arrendador possa recuperar o valor do bem arrendado e possa obter, ainda, um retorno do investimento, resguardandose ao máximo o desejável equilíbrio econômico financeiro do contrato. A fiscalização, neste ponto, acusa a Recorrente de ter usado o percentual de VRG abusivo, pois representava 99% do valor do bem arrendado, conforme exemplo trazido no TVF, contrato nº 49 37312 (juntado aos autos em fls. 1.879 1.890). Com isso, a d. fiscalização afirmou que o valor correto deveria ser um suposto "VRG Contábil", o qual é inexistente na legislação vigente e, ao que parece, é confundido com o “valor residual do ativo”, ou seja, o saldo contábil do bem no momento do encerramento. Ao fundamentar sua decisão neste ponto, o v. acórdão afirmou que o TVF alegou que haveria abuso na utilização de VRG em valor superior ao valor contábil do bem no encerramento do contrato. Afirmou, neste ponto, que o VRG pode ser definido livremente pelas partes contratantes, verbis: Não há dúvida de que, nos termos do art. 5º, III, da Resolução nº 2.309, de 28 de agosto de 1996, em relação ao arrendamento mercantil financeiro, o preço para o exercício da opção de Fl. 11799DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.786 29 compra é "livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado". Contudo, a liberdade de pactuação não implica que se possa arbitrariamente estipular um VRG que não guarde nenhuma aderência com a realidade econômica, muito menos que o fisco não possa se opor a planejamentos tributários abusivos que se valham indevidamente dessa liberdade, como é o caso em questão. O v. acórdão de piso tocou num pouco um tanto quanto sensível de nossa legislação tributária, pois, não há previsão legal do que seja "planejamento tributário abusivo", nem mesmo abuso de forma ou abuso do direito para que possam ser utilizados como fundamentos jurídicos de uma autuação fiscal, muito menos de uma decisão. Desta feita, não é possível fundamentar um acórdão, quanto menos uma autuação fiscal, em argumentos sem previsão legal. O direito tributário fundase no princípio da legalidade, não podendo haver imposições tributárias conforme uma suposta interpretação do aplicador da lei em cada caso concreto, sob pena de se tributar por analogia. A falta de definição sobre o que seja abuso do direito ou planejamento tributário abusivo, ou abuso de formas jurídicas, não permite sua aplicação no direito tributário, sob pena de se permitir que o aplicador defina, caso a caso e a seu sabor, o que entende por abusivo, desestruturando o sistema tributário. Nem mesmo o abuso do direito previsto no direito civil pode ser aplicado no direito tributário, pois o art. 187 do código civil estabelece estar presente o abuso do direito quando um sujeito, detentor de um direito, ao exercêlo comete abuso, pois o exerce além dos limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boafé ou pelos bons costumes. Percebese que não é possível considerar planejamento tributário abusivo, por abuso do direito e abuso de forma, como se fossem institutos presentes em nosso ordenamento jurídico, para desconsiderar um suposto planejamento tributário para aplicar uma tributação mais gravosa porque o contribuinte ofendeu a boafé e os bons costumes. O direito tributário, repitase, fundase na legalidade e não nos bons costumes. Ainda, também não há parâmetros para se definir o que seja abuso de formas, diante da ausência de previsão legal, nem mesmo a d. fiscalização trouxe fundamentos jurídicos para fundamentar porque o VRG contratual é abusivo. Ademais, o fato gerador do PIS/COFINS não se prende a formas jurídicas, mas sim às demonstrações de capacidade contributiva caracterizadas pela legislação tributária como receita. Não é necessária uma forma específica para obtenção de receita, não sendo compatível o argumento de abuso de forma. Ademais, apenas em conclusão, o art. 116, parágrafo único do CTN permite a desconsideração de atos e negócios jurídicos praticados pelo contribuinte para esconder (dissimular) o fato gerador. No caso em análise não houve a pratica de um negócio jurídico simulado para esconder um negócio jurídico válido, já que tudo consta de contratos e das demonstrações contábeis e fiscais conforme legislação exposta acima. O que se discute, nos termos do auto de infração, é o valor lançado na contabilidade e no DACON a título de lucros na alienação de bens arrendados decorrente do montante entabulado contratualmente como valor residual garantido. Fl. 11800DF CARF MF 30 Há que se discordar da fiscalização acerca dos limites da deliberação das partes para fixação do VRG, com o objetivo de impor à Recorrente um suposto VRG contábil que o agente fiscal entendeu correto. Isso porque a lei não faz esta limitação e não cabe à autoridade fiscal o fazer, pretendendo aplicar um "VRG contábil" que não tem nem definição legal. O art. 6º da Lei 6.099/1974 prevê uma possibilidade ao Conselho Monetário Nacional de estabelecer índices máximos para a soma das contraprestações, acrescida do preço para exercício da opção da compra nas operações de arrendamento mercantil. Desempenhando este papel, o referido Conselho editou a Resolução n° 2.309/1996 para estabelecer em seu art. 5º, III que o preço para a opção de compra pode ser o valor de mercado ou pode ser definido livremente pelas partes. A pretensão do Fisco parece ser um tanto irrazoável, tendo em vista que VRG não tem nenhuma ligação com valor contábil do bem, mas sim com o preço da opção de compra ou a garantia do arrendador em caso de não opção pela compra. Ademais, cabe destacar que o valor contábil, ao término do contrato, sempre será inferior ao valor histórico do bem, tendo em vista as depreciações realizadas. O Superior Tribunal de Justiça possui jurisprudência pacificada no sentido de que o VRG pode ser livremente pactuado entre as partes, não cabendo ao Fisco desconsiderar o VRG definido em contrato. É o que se depreende, a exemplo, do julgado abaixo: ARRENDAMENTO MERCANTIL. LEASING. ANTECIPAÇÃO DO PAGAMENTO DO VALOR RESIDUAL GARANTIDO. DESCARACTERIZAÇÃO DA NATUREZA CONTRATUAL PARA COMPRA E VENDA À PRESTAÇÃO. LEI 6.099/94, ART. 11, § 1º. NÃO OCORRÊNCIA. AFASTAMENTO DA SÚMULA 263/STJ. 1. O pagamento adiantado do Valor Residual Garantido VRG não implica necessariamente antecipação da opção de compra, posto subsistirem as opções de devolução do bem ou prorrogação do contrato. Pelo que não descaracteriza o contrato de leasing para compra e venda à prestação. 2. Como as normas de regência não proíbem a antecipação do pagamento da VRG que, inclusive, pode ser de efetivo interesse do arrendatário, deve prevalecer o princípio da livre convenção entre as partes. 3. Afastamento da aplicação da Súmula 263/STJ. 4. Embargos de Divergência acolhidos." (EREsp n° 213.828/RS, Relator para o acórdão Ministro Edson Vidigal, Corte Especial, julgado em 7/5/2003, DJ 29/9/2003) Do voto do Relator, seguido pela maioria dos ministros, quanto à finalidade do VRG, extraise: Temse, pois, que o Valor Residual Garantido não se refere diretamente à Opção de Compra . Cabe ao arrendador a recuperação do valor empregado para a obtenção empresarial. Fl. 11801DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.787 31 Após o término do pagamento das parcelas, tem o arrendatário a opção de comprar o bem, tendo que pagar o Valor Residual previamente estabelecido. Se ele não quiser optar pela compra, nem renovar o contrato, deve devolver o bem ao arrendador, que terá como uma garantia mínima por parte do arrendatário o Valor Residual Garantido, na venda do bem a um terceiro . Assim, se o bem for vendido por um preço equivalente ao VRG, nada se tem a acertar; caso vendido por um valor inferior, deverá o arrendatário pagar a diferença à arrendadora . A antecipação do pagamento do valor residual não implica necessariamente na opção de compra, haja vista que, se no término do contrato, o arrendatário não se interessar pela compra , por se encontrar o bem com tecnologia superada ou por qualquer outro motivo, terá a quantia devolvida ou não, de acordo com o preço que o bem for vendido a um terceiro. Caso vendido pelo mesmo valor do VRG ou por preço superior, será totalmente devolvido ao arrendatário o valor do VRG por ele antecipado; caso vendido por valor inferior, receberá o arrendatário apenas a diferença . Portanto, a antecipação não implica necessariamente na opção de compra. (grifos não constam do original) A partir desse excerto, percebese que a Corte manifestou o entendimento de que o VRG possui a função tanto de preço na opção de compra, quanto de garantia. Assim, o VRG pago antecipadamente não constitui propriamente pagamento prévio do bem arrendado, nem mesmo sua prévia manifestação pela opção de compra. Servirá como preço da opção de compra se manifestada pelo arrendatário ao final do contrato, mas também tem a função de garantia de um valor mínimo garantido ao arrendador no caso de não exercida dita opção. Com isso e somente ao final do contrato, exercida a opção de compra, o VRG é o valor do pagamento. Caso não exercida a opção de compra o VRG antecipado ou recebido diluído juntamente com as parcelas representa uma garantia do arrendador como o mínimo a receber pelo bem outrora arrendado. Este bem terá que ser vendido a terceiro e, se no mercado não conseguir o valor equivalente ao VRG, o saldo mantido a este título serve para complementar este valor de venda e o restante é devolvido ao arrendatário. Quanto a isso, o STJ também já se manifestou a impossibilidade de descaracterização do contrato pelo Fisco, a exemplo do REsp 390.286RS: TRIBUTÁRIO IMPOSTO DE RENDA ARRENDAMENTO MERCANTIL LEASING DESCARACTERIZAÇÃO DO CONTRATO PELO FISCO. 1. A jurisprudência tem entendido que o contrato de leasing deve ser respeitado como tal, em nome do princípio da liberdade de contratar. 2. Somente quando o leasing estiver contemplado em uma das situações de repúdio, previstas na Lei 6.099/74 (artigos, 2º, 9º, 11, § 1º, 14 e 23), é que se tem autorização legal para a descaracterização do arrendamento mercantil e imputação das consequências. Fl. 11802DF CARF MF 32 Também não socorre o Fisco o argumento de que o recebimento antecipado do preço da opção de compra transforma o arrendamento mercantil em contrato de compra e venda. Isso porque o contrato de arrendamento mercantil é um contrato típico e complexo, previsto em lei, contendo apenas características de compra e venda, aluguel e financiamento. Ademais, é a própria legislação que estabelece a possibilidade de receber o valor residual garantido de forma antecipada. Neste sentido, é entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça a manutenção da natureza de arrendamento mercantil quando do recebimento antecipado do VRG. Súmula nº 293. STJ. A cobrança antecipada do valor residual garantido (VRG) não descaracteriza o contrato de arrendamento mercantil. Assim, uma vez entendido que o VRG pode ser livremente pactuado entre as partes e que, uma vez exercida a opção de compra ao final do contrato, este valor convertese em preço de aquisição do bem. O VRG que antes estava registrado no passivo da arrendadora, receberá um lançamento a débito tendo como contra partida um crédito em conta de resultado "Lucros de venda de bens arrendados". O fato de não haver entrada de dinheiro em caixa neste momento da opção de compra, não significa que VRG é preço para pagamento. O VRG entrou em disponibilidades em momento anterior, pois foi antecipado ou diluído. Como juridicamente, durante o contrato o bem configura ativo permanente da pessoa jurídica arrendadora, quando da venda do bem, o valor recebido pelo preço deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da COFINS por expressa disposição do art. 3º, § 2º, IV da Lei 9.718/1998 A d. Procuradoria da Fazenda Nacional, em sede de contrarrazões, trouxe argumentos sobre uma releitura do art. 3º, § 2º, IV, que, em que pese ser argumento não existente na acusação fiscal, merece alguns comentários. Afirma a d. Procuradoria que este dispositivo merece uma interpretação teleológica, buscando o espírito desta norma, que é o de isentar destas contribuições os lucros decorrentes das venda de ativos imobilizados quando estes ativos não estão relacionados com a atividade operacional da pessoa jurídica. Tais ativos imobilizados, sujeitos a isenção, por serem alheios à atividade operacional, são aqueles que mantém a atividade da empresa, o que não é o caso da Recorrente. Neste sentido, como a atividade operacional da Recorrente é arrendamento mercantil, isentar a venda de bens arrendados significa isentar de tributos a receita decorrente da alienação do ativo permanente da Recorrente quando este bem era utilizado na atividade operacional típica da empresa, representando a alienação destes ativos, receita operacional da pessoa jurídica. Caso a venda de bens fosse a atividade da Recorrente, certamente estas receitas seriam operacionais, no entanto, há que se discordar, também, com a d. Procuradoria. Isso porque a atividade operacional da Recorrente não é venda de ativos, mas sim obter receitas com arrendamento mercantil. Assim, a receita operacional decorre dos frutos que estes ativos rendem para a arrendadora na atividade de arrendamento mercantil, e não a venda do bem em si. Fl. 11803DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.788 33 Assim, fixado os pontos de que a lei não estabeleceu limitações ao VRG, podendo ser livremente pactuado pelas partes, mesmo que recebido antecipadamente, na opção de compra o VRG serve como pagamento do preço do ativo e a receita pela alienação deste ativo deve ser excluída da base de cálculo do PIS e da COFINS. Analisando o exemplo trazido pela própria fiscalização, o contrato nº 4937312, verificase os seguintes aspectos: Valor do bem era de 1.342.000,00; VRG foi definido em 99% do valor do bem, ou seja, 1.328.579,86. Este VRG foi recebido uma parte antecipado (na assinatura do contrato) e o restante do VRG foi diluído em 36 parcelas: · VRG antecipado 471.699,58 (no recebimento há um lançamento a débito em disponibilidade e crédito em conta no passivo) · VRG diluído 23.802,23 (x 36) ((no recebimento há um lançamento a débito em disponibilidade e crédito em conta no passivo) A contraprestação mensal ainda era composta pelo valor do rendimento do arrendamento mercantil no valor de R$ 5.529,44 Assim, o valor total das contraprestações mensais pelo arrendamento era de R$ 29.331,67 (contraprestação mensal + VRG diluído) Ao final do contrato, com a opção de compra, todo o VRG já estava no passivo da arrendadora. Então, em relação ao bem, pelo custo original de aquisição de 1.342.000 o arrendatário pagou 1.328.579,86 de VRG + 199.059,84 contraprestações pelo arrendamento, totalizando R$ 1.527.639,70. O VRG total foi excluído da base de cálculo das contribuições, por ser considerado valor pela venda do ativo permanente. Este cenário foi confirmado pela fiscalização (que não concordou com o montante do VRG) e confirmado também pelo laudo técnico elaborado pela KPMG. Considerase neste voto que o VRG total corresponde ao preço pela venda do bem, sendo isto o objeto da exclusão da base de cálculo das contribuições. No entanto, para ser excluído da base de cálculo, antes, estes valores devem ter sido incluídos no resultado e no DACON, linha 1, como receita bruta, para que depois possa ser excluído da base de cálculo na linha 6 do DACON. A acusação fiscal, desde o início, afirmou que estes "lucros de alienação" não poderiam ser excluídos, retirando estas exclusões das DACON para que a receita fosse totalmente tributada. A d. fiscalização, no TVF argumenta que esta receita não poderia ter sido Fl. 11804DF CARF MF 34 excluída porque seu valor é fictício, "inventado". Admite que a Recorrente poderia excluir estes valores da base de cálculo por ser receita de alienação de imobilizado e que teria jus à isenção se o valor não fosse fraudulento. Sobre este ponto, o laudo da KPMG afirma, categoricamente, que estes valores foram incluídos na receita bruta e, por isso, foram posteriormente excluídos. Conforme descrito na resposta ao quesito 3.5, as receitas de vendas de bens arrendados foram registradas no COSIF 7.1.2.60.006 “Lucros na Alienação de Bens Arrendados” e não compuseram as bases de cálculo do PIS e da COFINS dos referidos períodos. (...) Vale destacar, ainda, que foi possível observar nas DACONs referentes aos períodos de apuração de março do ano calendário de 2012 a março do anocalendário de 2013 que o COSIF 7.1.2.60.00 6 “Lucros na Alienação de Bens Arrendados” integrou o total da receita bruta (linha 01 das fichas 08B e 18B) e foi excluído na linha 06 “Vendas de Bens do Ativo Permanente” dessas mesmas fichas. Destacamos que nos documentos disponibilizados não observamos que tais valores tenham sido adicionados nas bases de cálculo do PIS e da COFINS dos períodos de apuração compreendidos entre o mês de março do anocalendário de 2012 e o mês de março do anocalendário de 2013. (...) verificamos que a Dibens Leasing não excluiu em duplicidade das bases de cálculo do PIS e da COFINS os valores a título de venda de bens do ativo imobilizado, uma vez que foi possível constatar que esses valores compuseram a receita de arrendamento mercantil e foram excluídos a título de lucros na alienação de bens do ativo imobilizado. (grifos não constam do original) Uma vez demonstrada a inclusão das receitas de venda de alienação de bens do ativo imobilizado na base de cálculo das contribuições, e por não se tratar de receita operacional de arrendamento mercantil, deve ser, com base no art. 3º da Lei nº 9.718/1998, excluída da base de cálculo do PIS e da COFINS. Isto posto, conheço do recurso voluntário para dar provimento, restando prejudicada a análise da multa qualificada e responsabilidade solidária. SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator Fl. 11805DF CARF MF Processo nº 16327.720165/201713 Acórdão n.º 3301005.179 S3C3T1 Fl. 11.789 35 Fl. 11806DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.013322/2007-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 05 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2002, 2003
DECADÊNCIA. IRPF. AJUSTE ANUAL.
Não há que se falar em decadência, quando o lançamento, ainda que se valha da regra posta no § 4º do artigo 150 do CTN, é cientificado ao contribuinte dentro dos 5 (cinco) anos a contar do fato gerador em questão, que, no caso dos rendimentos sujeitos ao ajuste anual, dá-se no dia 31 de dezembro.
ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO
Tratando-se de imposto em que a incidência na fonte se dá por antecipação daquele a ser apurado na declaração de ajuste anual, inexiste responsabilidade tributária concentrada, exclusivamente, na pessoa da fonte pagadora, sendo correta a autuação do beneficiário quando não está comprovada a efetiva retenção.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO.
Recurso não conhecido em relação à matéria não trazida na impugnação por deixar de compor a lide, ficando definitivamente constituída na esfera administrativa.
Numero da decisão: 2402-006.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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IRPF. AJUSTE ANUAL. Não há que se falar em decadência, quando o lançamento, ainda que se valha da regra posta no § 4º do artigo 150 do CTN, é cientificado ao contribuinte dentro dos 5 (cinco) anos a contar do fato gerador em questão, que, no caso dos rendimentos sujeitos ao ajuste anual, dáse no dia 31 de dezembro. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Tratandose de imposto em que a incidência na fonte se dá por antecipação daquele a ser apurado na declaração de ajuste anual, inexiste responsabilidade tributária concentrada, exclusivamente, na pessoa da fonte pagadora, sendo correta a autuação do beneficiário quando não está comprovada a efetiva retenção. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO VOLUNTÁRIO. Recurso não conhecido em relação à matéria não trazida na impugnação por deixar de compor a lide, ficando definitivamente constituída na esfera administrativa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso para, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 01 33 22 /2 00 7- 20 Fl. 144DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Mario Pereira de Pinho Filho, Mauricio Nogueira Righetti, Denny Medeiros da Silveira, Jamed Abdul Nasser Feitoza, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Renata Toratti Cassini e Gregório Rechmann Junior. Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração para cobrança do IRPF, relativo aos exercícios 2003 e 2004, no importe de R$ 28.264,50, acrescido de multa de oficio (75%) e juros legais Selic. Como infração, foi apontada a omissão de rendimentos do trabalho com vínculo empregatício recebidos de pessoa jurídica. Regulamente intimado do lançamento, apresentou Impugnação, que, como dito, foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, com a seguinte ementa: ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO Tratandose de imposto em que a incidência na fonte se dá por antecipação daquele a ser apurado na declaração de ajuste anual, inexiste responsabilidade tributária concentrada, exclusivamente, na pessoa da fonte pagadora, sendo correta a autuação do beneficiário quando não está comprovada a efetiva retenção. Provada a relação pessoal e direta do contribuinte com a situação que constitua o fato gerador, improcede a alegação de erro na identificação do sujeito passivo. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Prevalece o lançamento de oficio de rendimentos do trabalho com vinculo empregatício recebidos de pessoas jurídicas não oferecidos à tributação na Declaração de Ajuste Anual. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RESPONSABILIDADE DO BENEFICIÁRIO DOS RENDIMENTOS E DA FONTE PAGADORA. Compete ao contribuinte oferecer a totalidade de seus rendimentos A tributação, ainda, que os mesmos não tenham sofrido a devida retenção do imposto. Invocar a responsabilidade da fonte pagadora não exime o contribuinte do pagamento do imposto, acrescido dos encargos legais e penalidades aplicáveis. Em seu Recurso Voluntário de fls. 128/137 aduz, em resumo: Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10380.013322/200720 Acórdão n.º 2402006.631 S2C4T2 Fl. 3 3 Que há a impossibilidade de atribuir a responsabilidade do imposto à autuada, eis que a fonte pagadora é que seria a responsável tributária e que inexistem disposições trazendo a ela a responsabilidade solidária ou subsidiária. Que a autuação foi ancorara em meros recibos assinados pela recorrente, sendo que após afirmar que não recebera a integralidade dos valores, o Fisco deveria ter diligenciado junto à sua movimentação bancária. Que houve a decadência com relação as competências até 11/2002. É o relatório. Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do acórdão recorrido em 20.06.2012 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 17.07.2012. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a, parcialmente, conhecer. No tocante à alegação de decadência, inobstante não ter sido suscitada na impugnação, cumpre destacar que IRPF, no caso de rendimentos sujeitos ao ajuste anual, tem seu fato gerador dimensionado (base de cálculo) em 31 de dezembro, resultado do levantamento de várias operações ao longo do anocalendário. É o que se decidiu chamar de fato gerador complexivo. Nesse ponto, abstraindose da análise acerta de qual deva ser a regra utilizada e a considerar que a ciência do lançamento derase em 07.11.2007 e a competência mais remota é de 31.12.2002, não há que se falar em decadência. Quanto à responsabilização pelo tributo, sustenta erro na sujeição passiva, pelo fato de a fonte pagadora ser a responsável pelo seu recolhimento. Não lhe assiste razão. A retenção, no casos dos autos, dáse sob a sistemática da antecipação do tributo, não eximindo o contribuinte de, ao final, levar o rendimento correspondente à apuração anual. Vejamos o que diz o artigo 85 do RIR/99. Art. 85. Sem prejuízo do disposto no § 2º do art. 2º, a pessoa física deverá apurar o saldo em Reais do imposto a pagar ou o valor a ser restituído, relativamente aos rendimentos percebidos no anocalendário (Lei nº 9.250, de 1995, art. 7º). E mais, a apuração que deve ser promovida pela fonte pagadora, com vistas à retenção e ao recolhimento não observa, necessariamente, as mesmas regras que tem para a apuração do ajuste anual. Fl. 146DF CARF MF 4 Por fim, quanto ao mérito propriamente dito, a recorrente aduz que os valores de seus rendimentos a título de prólabore não eram, em verdade, aqueles caracterizados pelo recibos de fls. 91/99, por ela assinados, no importe de R$ 5.000,00 cada. Assim sendo, por mais que tenha assinado e apresentado ao Fisco tais recibos, alega que este último deveria diligenciar junto à sua movimentação financeira com o fito de se certificar acerca do real valor omitido, em prestígio ao princípio da verdade material. Todavia, impõese registrar que a recorrente, em sua impugnação de fls. 109/111, não trouxe referido ponto de defesa ao contencioso, razão pela qual, em sede recursal, não deve ser conhecido. Frente ao exposto, voto por CONHECER parcialmente do recurso e, na parte conhecida, NEGARLHE provimento. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 147DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10930.000349/2005-17
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 29/10/2004
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO . ERRO FORMAL. CONTRADIÇÃO.
Ao se constatar a existência de contradição, os embargos devem ser acolhidos para corrigir o erro havido, passando a integrar o julgado.
Numero da decisão: 3201-004.267
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais).
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Vinicius Toledo de Andrade - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: LEONARDO VINICIUS TOLEDO DE ANDRADE
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1604; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 455 1 454 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10930.000349/200517 Recurso nº Embargos Acórdão nº 3201004.267 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 27 de setembro de 2018 Matéria IPI Embargante FAZENDA NACIONAL Interessado GRÁFICA PORTO BELO LTDA ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 29/10/2004 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO . ERRO FORMAL. CONTRADIÇÃO. Ao se constatar a existência de contradição, os embargos devem ser acolhidos para corrigir o erro havido, passando a integrar o julgado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisário, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 00 03 49 /2 00 5- 17 Fl. 455DF CARF MF Processo nº 10930.000349/200517 Acórdão n.º 3201004.267 S3C2T1 Fl. 456 2 Relatório Tratamse de tempestivos Embargos de Declaração opostos pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Londrina/PR, em face do Acórdão nº 3201003.627, da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara, proferido em sessão de 17/04/2018, cuja Ementa abaixo se transcreve: “ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 31/01/2003, 30/04/2003, 31/07/2003, 31/10/2003, 30/01/2004, 30/04/2004, 30/07/2004, 29/10/2004 ALEGAÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA 2 DO CARF. APLICAÇÃO. De conformidade com a Súmula CARF nº 2, este Colegiado não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. ATRASO NA ENTREGA DA DIFPAPEL IMUNE. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. NÃO CONFIGURAÇÃO. SÚMULA N° 49 DO CARF. Conforme a Súmula n° 49 do CARF, “a denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração”. MULTA POR FALTA DE ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. PREVISÃO LEGAL. É cabível a aplicação da multa por ausência da entrega da chamada “DIF Papel Imune”, pois esta encontra fundamento legal no art. 16 da Lei nº 9.779/99 e no art. 57 da MP nº 2.15835/2001, regulamentados pelos arts. 1º, 11 e 12 da IN SRF n° 71/2001. VALOR A SER APLICADO A TÍTULO DE MULTA POR ATRASO OU FALTA DA ENTREGA DA “DIF PAPEL IMUNE”. Com a vigência do art. 1º da Lei nº 11.945/2009, a partir de 16/12/2008 a multa pela falta ou atraso na apresentação da “DIF Papel Imune” deve ser cominada em valor único por declaração não apresentada no prazo trimestral, e não mais por mês calendário, conforme anteriormente estabelecido no art. 57 da MP nº 2.15835/2001. RETROATIVIDADE BENIGNA. APLICAÇÃO. MATÉRIA DE ORDEM PÚBLICA. Por força da alínea “c”, inciso II do art. 106 do CTN, há que se aplicar a retroatividade benigna aos processos pendentes de julgamento quando a nova lei comina penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da ocorrência do fato." Alega a embargante a ocorrência de contradição quanto à correta quantidade de trimestres a ser considerada na execução do Acórdão embargado. Fl. 456DF CARF MF Processo nº 10930.000349/200517 Acórdão n.º 3201004.267 S3C2T1 Fl. 457 3 Os embargos foram devidamente admitidos pelo Sr. Presidente da 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do CARF, conforme a seguir: "Diante do exposto, constatase a presença de elementos indiciários suficientes para a admissão dos aclaratórios. A meu pensar, essas inconsistências devem ser examinadas e esclarecidas pelo colegiado, a fim de possibilitar a plena execução do aresto. Com essas considerações, para os fins previstos no § 7o do art. 65 do RICARF, com a redação que lhe foi dada pela Portaria MF nº 39, de 12 de fevereiro de 2016, DOU SEGUIMENTO aos embargos interpostos. Encaminhese o presente processo ao Relator, Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, para inclusão em pauta." É o relatório. Voto Conselheiro Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Relator Assiste razão à embargante. Por um lapso, este Conselheiro, procedeu a contagem equivocada do número de trimestres a serem considerados para fins de execução do julgado. Realmente, o Auto de Infração compreende 8 (oito) trimestres e não 7 (sete) como constou no Acórdão embargado, conforme se depreende da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal abaixo reproduzido: Fl. 457DF CARF MF Processo nº 10930.000349/200517 Acórdão n.º 3201004.267 S3C2T1 Fl. 458 4 Assim, é de se proceder a correção dos erros havidos para que na parte da fundamentação do voto passe a constar: "Com a sistemática mais benéfica, estabelecida pela Lei n° 11.945/2009, a multa de R$ 2.500,00, para micro e pequenas empresas deve ser exigida em relação a cada obrigação em atraso, no caso, 8 (oito) trimestres. No total, portanto, a multa que deverá incidir, conforme o exposto, será no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais 8 trimestres x R$ 2.500,00)." E, na parte dispositiva, passe a constar: "Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Diante do exposto, voto em acolher os Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para que a multa seja adequada ao que dispõe o texto da Lei n° 11.945, de 4 de junho de 2009, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Fl. 458DF CARF MF Processo nº 10930.000349/200517 Acórdão n.º 3201004.267 S3C2T1 Fl. 459 5 (assinado digitalmente) Leonardo Vinicius Toledo de Andrade Relator Fl. 459DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10875.903291/2015-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Nov 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2014
PERDCOMP - CRÉDITO ORIUNDO DE RETIFICAÇÃO DE DCTF - LIQUIDEZ E CERTEZA - ÔNUS DO CONTRIBUINTE
O contribuinte que justifica a origem de seu crédito a partir de indébito surgido tão só com a retificação de sua DCTF, transmitida após o despacho decisório, deve, obrigatoriamente, comprovar a correção dos novos valores retificados mediante documentos hábeis e idôneos, pena de não reconhecimento do direito creditório por falta de liquidez e certeza.
Numero da decisão: 1302-003.114
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10875.902721/2015-13, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2014 PERDCOMP - CRÉDITO ORIUNDO DE RETIFICAÇÃO DE DCTF - LIQUIDEZ E CERTEZA - ÔNUS DO CONTRIBUINTE O contribuinte que justifica a origem de seu crédito a partir de indébito surgido tão só com a retificação de sua DCTF, transmitida após o despacho decisório, deve, obrigatoriamente, comprovar a correção dos novos valores retificados mediante documentos hábeis e idôneos, pena de não reconhecimento do direito creditório por falta de liquidez e certeza.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10875.902721/2015-13, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2014 PERDCOMP CRÉDITO ORIUNDO DE RETIFICAÇÃO DE DCTF LIQUIDEZ E CERTEZA ÔNUS DO CONTRIBUINTE O contribuinte que justifica a origem de seu crédito a partir de indébito surgido tão só com a retificação de sua DCTF, transmitida após o despacho decisório, deve, obrigatoriamente, comprovar a correção dos novos valores retificados mediante documentos hábeis e idôneos, pena de não reconhecimento do direito creditório por falta de liquidez e certeza. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10875.902721/201513, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Luiz Tadeu Matosinho Machado, Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Flávio Machado Vilhena Dias e Gustavo Guimarães da Fonseca. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 87 5. 90 32 91 /2 01 5- 49 Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10875.903291/201549 Acórdão n.º 1302003.114 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório Cuida o feito de pedido de compensação aviado pelo recorrente, objetivando o reconhecimento de um crédito decorrente de pretenso pagamento indevido concernente ao IRPJ, incorrido no anocalendário de 2014, pago, através de DARF específico, em três parcelas. Por meio de despacho decisório a DRF de Guarulhos houve por bem não homologar a citada compensação, fundamentando a sua decisão na inexistência de crédito em decorrência da vinculação de DARF à pagamento, sem qualquer sobra de crédito a compensação. Inconformado, o contribuinte manejou a sua manifestação de inconformidade, informando, de início, ter incorrido em erro no preenchimento da DCTF que teria originado o valor indevidamente pago, promovendo, em seguida, a sua retificação. Passo seguinte, traz longo arrazoado para justificar a possibilidade de se retificar a predita DCTF, mesmo após a prolação de despacho decisório, afirmando, outrossim, ter logrado demonstrar a origem e liquidez de seu direito creditório. Como argumento supletivo, sustentou que a Unidade de Origem não teria promovido a correta atualização do crédito pleiteado que, segundo entende, deveria ser corrigido pela variação da SELIC, acrescido de juros moratórios à ordem 1%, incidentes até a data da efetiva utilização do indébito em processo compensatório.Tendo em conta esta alegada irregularidade, conclui que o despacho decisório seria nulo. Juntou à sua peça de defesa, cópias do comprovante (DARF) de recolhimento do IRPJ, das DCTF retificadoras e respectivos recibos de transmissão e da DIPJ/AC2014. Instada a analisar o caso, a DRJ de Recife/PE, houve por bem julgar improcedente a manifestação de inconformidade, mormente pela ausência de prova da liquidez e certeza. Após a ciência do acórdão acima, o contribuinte interpôs o seu recurso voluntário, por meio do qual reprisa os argumentos já despendidos em sua impugnação, à exceção de alegação nova concernente à inconstitucionalidade da multa isolada aplicada em razão de violação ao princípio do nãoconfisco. Este é o relatório. Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10875.903291/201549 Acórdão n.º 1302003.114 S1C3T2 Fl. 4 3 1302003.107, de 20/09/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10875.902721/2015 13, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302003.107): "O recurso é tempestivo e dele conheço em parte. Isto porque, no que toca ao argumento novo trazido com as razões de insurgência já se teria operado a preclusão, à luz dos preceitos do art. 16, III, do Decreto 70.235/72. Considerandose, neste passo, que o recurso devolve apenas a matéria impugnada, por interpretação dos preceitos do art. 33 do citado diploma normativo, e com espeque na regra encartada no art. 1.013 do CPC (aplicado ao processo tributário administrativo de forma supletiva) e, tendo em conta que este argumento não foi suscitado em momento apropriado, não como dele tomar conhecimento, ao menos não nesta instância. I Da prejudicial aventada pelo recorrente. Me permitam aqui inverter a ordem de análise dos argumentos do recorrente para tratar da, aparente, alegação de nulidade do despacho decisório por não aplicar, a seu ver, corretamente os critérios de atualização do crédito oriundo de indébito tributário. Dizse aparentemente porque o contribuinte, efetivamente, diz que o despacho deveria ser considerado insubsistente, única parte do arrazoado apresentado que justificaria, até mesmo, o conhecimento desta matéria. Isto porque, o despacho decisório não promoveu a atualização do crédito pretendido, porque, simplesmente, não reconheceu a sua existência. A alegada nulidade, digase, justificarseia acaso a Unidade Origem tivesse reconhecido parcialmente o direito creditório em decorrência, exclusivamente, de erro de atualização, mas, insistase, este não é o caso. Não há iliquidez, nulidade, insubsitência no despacho por conta de uma alegação etérea e desconectada da realidade dos autos, de que não se teria observado as regras de atualização do crédito postulado, porque, reprisese, a DRF não homologou, em toda a sua extensão, o direito creditório do contribuinte. A DRJ até se deu ao trabalho de esclarecer como se opera a atualização do indébito tributário, justificando a inocorrência de incidência concomitante da incidência de juros de mora 1% e da variação da SELIC... permissa venia, era, pelo que expus acima, de todo desnecessária semelhante explicação, já que o pedido do contribuinte não tem qualquer lógica dentro da estrutura do processo. Assim, voto por afastar esta "prejudicial". Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10875.903291/201549 Acórdão n.º 1302003.114 S1C3T2 Fl. 5 4 II Do mérito. Quanto ao mérito, melhor sorte não aproveita ao contribuinte. Como se extrai do relatório acima, o recorrente, para justificar o pleito compensatório, apresenta, após a manifestação de inconformidade, DCTFs retificadoras, reduzindose o montante do débito a ser pago, ali descrito; não trouxe, todavia, nenhum documento, argumento, dica, sugestão sobre os motivos pelos quais teria incorrido no erro do preenchimento da DCTF original, fazendo com que o direito creditório surgisse espontaneamente. O problema é que, como a origem do crédito está jungida a estes exclusivamente ao citado erro de preenchimento da DCTF, cabia ao recorrente, desde a sua manifestação de inconformidade (=impugnação), trazer os documentos necessários à demonstração da liquidez e certeza do crédito cuja compensação se postulava. Essa, digase, é a mens legis do art. 170, caput, do CTN, quando franqueia aos entes federados a realização compensação, senão vejamos: A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Os pressupostos, pois, do direito creditório a ser utilizado pelo sujeito passivo da obrigação tributária é a sua liquidez e certeza, pressupostos estes que antecedem o próprio pedido de compensação. Por isso, e não por outra razão, compete ao contribuinte demonstrar tais liquidez e certeza; é ônus do sujeito passivo e não da Administração Tributária. Toda a alegação concernente à possibilidade de apresentar a DCTF retificadora após o despacho decisório é dispicienda; não me oponho, de forma alguma, à retificação de declarações ou documentos após o início de ação fiscal ou, mesmo, como no caso, após a prolação de despacho que não homologa compensações. Esta possibilidade está explicitada na legislação de regência e a única consequência de sua apresentação extemporânea seria o afastamento da aplicação dos preceitos do art. 138 do CTN. O problema é que não basta retificar a DCTF; por força mesmo do art 170 acima reproduzido, impõese ao contribuinte demonstrar, documentalmente (por meio de livros contábeis e fiscais) os motivos pelos quais teria incorrido em erro, demonstrando, outrossim, a correção dos novos valores informados. E, como já dito, o recorrente não se dignou, nem mesmo, a explicar qual seria, efetivamente, o erro incorrido Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10875.903291/201549 Acórdão n.º 1302003.114 S1C3T2 Fl. 6 5 quando do preenchimento da DCTF original, aliás, como bem pontuado pelo acórdão ora questionado. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 138DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.902543/2012-09
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Nov 30 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do fato gerador: 14/02/2007
ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO (PIS/COFINS). IMPOSSIBILIDADE.
O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
Numero da decisão: 3302-005.980
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e José Renato Pereira de Deus, que davam provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do fato gerador: 14/02/2007 ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO (PIS/COFINS). IMPOSSIBILIDADE. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1465; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10880.902543/201209 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3302005.980 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 26 de setembro de 2018 Matéria RESTITUIÇÃO Recorrente DOW BRASIL SUDESTE INDUSTRIAL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 14/02/2007 ICMS. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO (PIS/COFINS). IMPOSSIBILIDADE. O ICMS compõe a base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS, integrando, portanto, o conceito de receita bruta. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado) e José Renato Pereira de Deus, que davam provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Walker Araujo, Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), José Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior e Raphael Madeira Abad. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 90 25 43 /2 01 2- 09 Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada, mantendo a decisão da repartição de origem de indeferir o Pedido de Restituição (PER) da contribuição (PIS/Cofins), em razão do fato de que o pagamento informado como origem do crédito já se encontrava utilizado para quitação de outros débitos da titularidade do contribuinte. Em sua Manifestação de Inconformidade, o contribuinte alegou que o direito creditório decorria do pagamento a maior da contribuição, dada a inclusão indevida do ICMS em sua base de cálculo. A Delegacia de Julgamento (DRJ), por meio do acórdão nº 09061.737, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, considerando ser incabível a exclusão do valor devido a título de ICMS da base de cálculo do PIS ou da Cofins, pois aludido valor é parte integrante do preço das mercadorias e dos serviços prestados, exceto quando referido imposto é cobrado pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de substituto tributário, o que não consta ser o caso da interessada. Cientificado da decisão de primeira instância, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário e reiterou os argumentos trazidos na Manifestação de Inconformidade, especialmente o novel posicionamento do STF no sentido de declarar a inconstitucionalidade da manutenção do ICMS na base de cálculo das contribuições. É o relatório. Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), aprovado pela Portaria MF 343, de 9 de junho de 2015, aplicandose, portanto, ao presente litígio o decidido no Acórdão nº 3302005.969, de 26/09/2018, proferida no julgamento do processo nº 10880.679818/201114, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3302005.969): O Recurso Voluntário foi apresentado de modo tempestivo, se reveste dos demais requisitos de admissibilidade previstos na legislação de regência e a matéria é de competência deste Colegiado. A presente discussão jurídica gravita exclusivamente em torno da possibilidade jurídica de se computar, na base de cálculo do PIS e da COFINS, o ICMS incidente sobre as mercadorias vendidas ou dos serviços prestados. A recorrente insurgese contra a inclusão do ICMS no faturamento, base de cálculo das contribuições exigidas, no caso específico Cofins e PIS, argüindo ser inconstitucional sua cobrança. Ressalta que o parágrafo primeiro do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, norma conhecida como alargamento da base de cálculo dessas contribuições, foi reconhecida como inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Assim concluindo ser inconstitucional a cobrança da Cofins e do PIS sobre os valores indevidos na base de cálculo do faturamento, mais precisamente do ICMS. Argumenta que o valor do ICMS não revela medida de riqueza. Em razão da similitude com o presente caso concreto, adoto as razões de decidir da I. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302 004.158), que também foi adotado pelo I. Conselheiro Walker Araújo, processo administrativo nº 13609.000892/200998 (acórdão 3302005.708), que peço venia para transcrever: "II Mérito II.3 ICMS/ISSQN na base de cálculo do PIS/COFINS Conforme relatado anteriormente, alega a Recorrente que o pedido de restituição referese a créditos decorrentes de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS/ISSQN na base de cálculo das contribuições. Cita e pede aplicação do RE 240.7852/MS. Para dirimir a controvérsia sobre a inclusão ou não do ICMS/ISSQN na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS e afastar a aplicação da decisão proferida pela Suprema Corte ao presente caso, empresto as razões de decidir da i. Conselheira Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza, nos autos do processo administrativo nº 10283.902818/201235 (acórdão 3302004.158): Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 5 4 A controvérsia cingese sobre a inclusão ou não do ICMS na base de cálculo da contribuição para o PIS/Pasep e da COFINS. A situação que permeia os tribunais na atualidade é de dois posicionamentos conflitantes quanto à inclusão ou não do tributo na base de cálculo do PIS e da COFINS. O Superior Tribunal de Justiça no REsp 1144469/PR, em sistema de recursos repetitivos assim decidiu: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, §2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e §1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 6 5 empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da nãocumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃOAPLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 7 6 Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (REsp 1144469/PR; Relator: Napoleão Nunes Maia Filho; Relator para o acórdão: Mauro Campbell Maques) (grifos não constam no original) Já o Supremo Tribunal Federal, no RE 574.706RG/PR, julgou, no dia 15.03.2017, no sentido de que: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto da Relatora, Ministra Cármen Lúcia (Presidente), apreciando o tema 69 da repercussão geral, deu provimento ao recurso extraordinário e fixou a seguinte tese: "O ICMS não compõe a base de cálculo para a incidência do PIS e da Cofins". Vencidos os Ministros Edson Fachin, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Nesta assentada o Ministro Dias Toffoli aditou seu voto. Plenário, 15.3.2017. (grifos não constam do original) No âmbito do regimento interno deste Egrégio Tribunal Administrativo, existe previsão normativa em seu artigo 62, anexo II, sobre a obrigatoriedade de se observar os precedentes em sistema de repetitivos e/ou repercussão geral na análise dos casos: RICARF Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (...) II que fundamente crédito tributário objeto de: (...) b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei n º 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10880.902543/201209 Acórdão n.º 3302005.980 S3C3T2 Fl. 8 7 julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. Em razão da obrigatoriedade por parte do conselheiro em aplicar o RICARF, acima exposto, os argumentos da Recorrente de desnecessidade de previsão legal para a exclusão do ICMS por respeito ao princípio da capacidade contributiva e da impossibilidade de considerar o ICMS como parte integrante do faturamento ficam, desde já, encontramse fundamentados com a aplicação do precedente obrigatório. Portanto, em conformidade com o REsp 1.144.469/PR, que firmou para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", é negado provimento ao recurso voluntário. Aplicase ao ISSQN, os mesmos fundamentos explicitados pelo Superior Tribunal de Justiça para manter o ICMS na base de cálculo do PIS/COFINS, considerando, inclusive, que o RESP 1.144.469/PR tratou dos referidos impostos. III. Conclusão Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Assim, pelas já esposadas razões, voto por negar provimento ao presente Recurso Voluntário. Destaquese que, não obstante o processo paradigma se referir unicamente à Contribuição para o PIS, a decisão ali prolatada se aplica nos mesmos termos à Cofins. Importa registrar, ainda, que, nos presentes autos, as situações fática e jurídica encontram correspondência com as verificadas no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Portanto, aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 142DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13886.000237/2003-75
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Nov 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2000
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO BASEADO EM SALDO NEGATIVO. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. OBRIGATORIEDADE. PODER/DEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALEGAÇÃO DE PRAZO DECADENCIAL A PARTIR DA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. INAPLICABILIDADE.
A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei.
Encerrado o exercício social, o sujeito passivo efetua a apuração, ocasião em que pode constituir crédito tributário ou compor saldo negativo. A verificação do saldo negativo composto não se submete a prazo decadencial para aferição de sua certeza e liquidez. A decadência opera apenas sobre o direito material, sendo vedado efetivar lançamento de ofício.
Carecendo o indébito de comprovação, quando o ônus da prova compete ao contribuinte, não há, realmente, que se falar em compensação.
Recurso Voluntário Negado
Direito Creditório Não Reconhecido
Numero da decisão: 1002-000.454
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Ailton Neves da Silva - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonam Rocha de Medeiros - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros.
Nome do relator: LEONAM ROCHA DE MEDEIROS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO BASEADO EM SALDO NEGATIVO. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. OBRIGATORIEDADE. PODER/DEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALEGAÇÃO DE PRAZO DECADENCIAL A PARTIR DA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. INAPLICABILIDADE. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. Encerrado o exercício social, o sujeito passivo efetua a apuração, ocasião em que pode constituir crédito tributário ou compor saldo negativo. A verificação do saldo negativo composto não se submete a prazo decadencial para aferição de sua certeza e liquidez. A decadência opera apenas sobre o direito material, sendo vedado efetivar lançamento de ofício. Carecendo o indébito de comprovação, quando o ônus da prova compete ao contribuinte, não há, realmente, que se falar em compensação. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1724; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T2 Fl. 493 1 492 S1C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13886.000237/200375 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1002000.454 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 04 de outubro de 2018 Matéria IRPJ PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente AUTO VIACAO OURO VERDE LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO E DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO BASEADO EM SALDO NEGATIVO. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. OBRIGATORIEDADE. PODER/DEVER DA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA. ALEGAÇÃO DE PRAZO DECADENCIAL A PARTIR DA COMPOSIÇÃO DO SALDO NEGATIVO. INAPLICABILIDADE. A compensação para extinção de crédito tributário só pode ser efetivada com crédito líquido e certo do contribuinte, sujeito passivo da relação tributária, sendo que o encontro de contas somente pode ser autorizado nas condições e sob as garantias estipuladas em lei. Encerrado o exercício social, o sujeito passivo efetua a apuração, ocasião em que pode constituir crédito tributário ou compor saldo negativo. A verificação do saldo negativo composto não se submete a prazo decadencial para aferição de sua certeza e liquidez. A decadência opera apenas sobre o direito material, sendo vedado efetivar lançamento de ofício. Carecendo o indébito de comprovação, quando o ônus da prova compete ao contribuinte, não há, realmente, que se falar em compensação. Recurso Voluntário Negado Direito Creditório Não Reconhecido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 6. 00 02 37 /2 00 3- 75 Fl. 493DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 494 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Ailton Neves da Silva Presidente. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ailton Neves da Silva (Presidente), Ângelo Abrantes Nunes, Breno do Carmo Moreira Vieira e Leonam Rocha de Medeiros. Relatório Cuidase, o caso versando, de Recurso Voluntário (efls. 371/383) ― autorizado nos termos do art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal, interposto com efeito suspensivo e devolutivo, apenso aos Processos ns.º 3886.000361/200331 e 13886.000480/200393 ―, protocolado pela recorrente, indicada no preâmbulo, devidamente qualificada nos fólios processuais, relativo ao inconformismo com a decisão de primeira instância (efls. 351/360), proferida em sessão de 06 de agosto de 2010, consubstanciada no Acórdão n.º 1232.561, da 6.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ I (DRJ/RJ1), que, por maioria de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade (efls. 269/273), que pretendia reformar o Despacho Decisório (DD), emitido em 14/12/2007 (efls. 253/262), emanado pela Autoridade Administrativa que analisou o Pedido de Restituição manual (efl. 04), protocolado em 28/02/2003, a Declaração de Compensação manual (efl. 05), protocolada em 28/02/2003, a Declaração de Compensação manual (efl. 15), protocolada em 06/03/2003, a Declaração de Compensação manual (efls. 298/299), protocolada em 27/03/2003, e a Declaração de Compensação manual (efls. 317/318), protocolada em 29/04/2003, e não homologou integralmente as compensações declaradas, por não reconhecer a totalidade do direito crédito vindicado, cujo acórdão restou assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA AnoCalendário: 2000, 2001 COMPENSAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. SALDO NEGATIVO. ESTIMATIVA MENSAL. GLOSA. PRAZO. Pode a autoridade fiscal, dentro do prazo legal para a homologação da compensação declarada, glosar a quitação não comprovada de estimativas mensais, para fins de aferição da legitimidade do saldo negativo pleiteado, independentemente de estar extinto, por decurso de prazo, o direito de cobrança de tais estimativas. COMPENSAÇÃO. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. SALDO NEGATIVO. ESTIMATIVA MENSAL. PREJUÍZO FISCAL. Para fins de acompanhamento do fluxo de utilização do saldo negativo de período anterior, a obrigação legal de quitar as estimativas mensais de IRPJ e CSLL ao longo de determinado Fl. 494DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 495 3 ano independe de considerações acerca do resultado fiscal anual. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Vejase o contexto fático dos autos, incluindo seus desdobramentos e teses da manifestação de inconformidade, conforme se extrai do relatório constante no Acórdão do juízo a quo: Tratase de Declarações de Compensação apresentadas em 28/02/2003 (fls. 01 e 12) [efls. 04 e 15], 27/03/2003 (fls. 288/289) [efls. 298/299] e 29/04/2003 (fls. 306/307) [efls. 317/318], nas quais a interessada utiliza créditos oriundos de saldos negativos de IRPJ e CSLL dos anoscalendário 2000 e 2001, a fim de compensar débitos próprios referentes a estimativas mensais de IRPJ e CSLL do anocalendário 2003. Os quadros abaixo detalham os créditos e débitos envolvidos neste processo: Crédito Ano Débito Ano IRPJ CSLL 2003 IRPJ CSLL 2000 10.359,80 6.593,40 Jan 6.070,01 2.766,33 Fev 14.576,79 6.090,97 2001 13.859,45 7.212,16 Mar 3.572,45 4.948,26 A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Piracicaba, mediante o Despacho Decisório DRF/PCA n.º 1817, de 14/12/2007, homologou parcialmente a compensação efetuada, ao reconhecer como direito creditório somente os montantes de R$ 9.633,78 e R$ 6.593,40, relativos, respectivamente, aos saldos negativos de IRPJ e CSLL do anocalendário 2000 (fls. 245/254) [efls. 253/262]. A decisão da DRF/Piracicaba baseouse em dois fatos. O primeiro deles diz com a composição do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000. Afirmou a autoridade fiscal: No anocalendário 2000, o contribuinte abateu das estimativas mensais com IRRF o valor de R$ 11.142,93 (fls. 136/161) [efls. 143/168], no entanto somente comprovou retenções na fonte no valor de R$ 9.994,00 (fls. 97/106) [efls. 101/114], valor este utilizado integralmente na dedução das estimativas de IRPJ dos meses de janeiro, maio, junho e julho de 2000 (fls. 136/161) [efls. 143/168]. Constatase que houve um remanescente de débito referente à estimativa de IRPJ do mês de julho de 2000 no valor de 1.148,93, tendo em vista que só havia R$ 3.156,00 (9.994,00 1.178,32 1.142,78 4.216,90 = 3.156,00) como remanescente de IRRF para ser utilizado como abatimento da estimativa de julho, a qual tinha o valor de R$ 4.304,93 (4.304,93 3.156,00 = 1.148,93). A autoridade fiscal, então, reduziu o valor do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000 para R$ 23.070,32 (o saldo negativo informado na DIPJ era de R$ 24.219,25; assim: R$ 24.219,25 R$ 1.148,93 = R$ 23.070,32). Quanto aos demais saldos negativos declarados em DIPJ ― CSLL de 2000 (R$ Fl. 495DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 496 4 13.805,56), IRPJ de 2001 (R$ 13.859,45) e CSLL de 2001 (R$ 7.212,16) ―, foram todos aceitos no despacho decisório. O segundo ponto fundamental na decisão da DRF/Piracicaba concerne à constatação, por meio da análise das DCTFs dos anoscalendários 2001 e 2002, de que "o contribuinte já compensou (em conformidade com o artigo 14 da IN 21 de 1997) débitos tributários de IRPJ e CSLL com saldo negativo de IRPJ e CSLL referente a período idêntico ao pleiteado neste processo", conforme a seguinte tabela inserta no despacho decisório: À vista disso, a autoridade fiscal concluiu, com o auxílio do Sistema de Apoio Operacional ― Neo Sapo (fls. 112 e 239) [e fls. 120 e 251]: a) haver resíduos de saldos negativos de IRPJ e CSLL do anocalendário 2000, nos valores de R$ 9.633,78 e R$ 6.825,29, respectivamente; b) não haver resíduos de saldos negativos de IRPJ e CSLL do anocalendário 2001 para serem compensados nas declarações de compensação objeto deste processo. Cientificada do despacho decisório em 18/01/2008 (fls. 238 verso) [efl. 267], a interessada manifestou sua inconformidade em 15/02/2008 (fls. 260/265) [efls. 269/273]. Alegou, em síntese: a) a impossibilidade de subtrairse a quantia de R$ 1.148,93 do saldo negativo do IRPJ de 2000, face à extinção do crédito tributário relativo à estimativa de julho de 2000, em razão da fluência do prazo previsto no art. 150, § 4.º, do Código Tributário Nacional; b) que o fato de ter havido prejuízo contábil e fiscal em 2001 e 2002 faz com que as estimativas quitadas com saldo negativo de período anterior devam ser desconsideradas ("fato que determina o retorno dos saldos negativos relativos ao IRPJ e a CSLL ao status quo ante", nas palavras da interessada às fls. 261) [efl. 270], pois, segundo esse raciocínio, terseia verificado que havia antecipação a ser feita. A tese de defesa não foi acolhida pela DRJ, mantendose o não reconhecimento do direito crédito na parte que não havia sido acolhido e, por conseguinte, não homologando a compensação respectiva na extensão pleiteada, eis, em síntese, nas palavras do juízo de primeira instância, as razões de decidir do meritum causae: Não tem razão a interessada ao arguir não poder a autoridade fiscal, para fins de avaliação da legitimidade do direito creditório requerido, glosar o valor da estimativa de IRPJ de julho de 2000 quitada com imposto de renda cuja Fl. 496DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 497 5 retenção não foi comprovada, sob o argumento de que se extinguiu o crédito tributário correspondente a tal estimativa, por decurso de prazo para sua constituição e cobrança. Estamos diante de situações completamente díspares. De fato, a autoridade fiscal não poderia exigir a parcela da estimativa do IRPJ de julho de 2000 cuja quitação não foi comprovada, uma vez que o prazo para tanto já havia transcorrido in albis na data do despacho decisório. Mas não é isso o que ela faz. Na espécie, é a interessada que pleiteia o reconhecimento do direito creditório referente ao saldo negativo de IRPJ de 2000. A autoridade fiscal simplesmente indefere motivadamente uma parcela desse saldo. E o faz dentro do prazo previsto na legislação de regência (art. 74, § 5.º, da Lei 9.430/96). A compensação de prejuízo fiscal é um bom exemplo para ilustrar a confusão da argumentação da interessada nesse ponto. Com a atual limitação de 30%, a compensação de prejuízo fiscal pode levar 10 anos para ser integralmente efetuada. Nessa hipótese, a pessoa jurídica deve comprovar a existência do prejuízo no momento de sua compensação, com a apresentação da documentação de 10 anos atrás. O Fisco, por sua vez, tem 5 anos para averiguar a correção do procedimento compensatório, a partir do ano em que se operou a compensação. Se não for comprovada a existência do prejuízo compensado, a compensação será glosada, mas o resultado do período do qual adveio o prejuízo (10 anos atrás) não poderá ser atingido pelo Fisco, por estar protegido pelo instituto da decadência (v. art. 37 da Lei n.º 9.430/96). Reputo correta, portanto, a redução do valor do saldo negativo de IRPJ do anocalendário 2000 para R$ 23.070,32, por conta da glosa da quitação da estimativa de julho no valor de R$ 1.148,93. Também não merece acolhida jurídica o raciocínio da interessada no que tange ao "retorno dos saldos negativos relativos ao IRPJ e a CSLL ao status quo ante" em razão da verificação de prejuízo contábil e fiscal em 2001 e 2002. E isso pelo simples fato de que a obrigação legal de quitar as estimativas mensais de IRPJ e CSLL ao longo de determinado ano independe de considerações acerca do resultado contábil e fiscal anual. Tanto é assim que o art. 44, inciso II, alínea 'b', da Lei n.º 9.430/96 prevê multa isolada de 50% sobre o valor da estimativa mensal que deixar de ser efetuada, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a CSLL ao final do anocalendário correspondente. Diante de todo o exposto, pronunciome no sentido de negar provimento à manifestação de inconformidade apresentada e ratificar o Despacho Decisório DRF/PCA n.º 1817, de 14/12/2007. Do recurso voluntário No recurso voluntário (efls. 371/383), o contribuinte reitera, com outras palavras, os argumentos suscitados na manifestação de inconformidade (efls. 269/273) para vindicar o direito creditório pretendido e a solução do litígio. Fl. 497DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 498 6 Nesse contexto, sobreveio determinação para encaminhamento destes autos para o Egrégio Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF (efl. 490). Em continuidade ao trâmite processual, em 14/10/2014, foi juntado por apensação a este processo, os processos ns.º 3886.000361/200331 (efl. 491) e 13886.000480/200393 (efl. 492). Posteriormente, os processos foram distribuídos para este relator. É o que importa relatar. Passo a devida fundamentação analisando os juízos de admissibilidade e de mérito para, posteriormente, finalizar em dispositivo. Voto Conselheiro Leonam Rocha de Medeiros, Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Outrossim, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal, inclusive estando adequada a representação processual, e apresentase tempestivo (intimação em 24/08/2010, efls. 362/363, e protocolo recursal realizado em 23/09/2010, efl. 371), tendo respeitado o trintídio legal, na forma exigida no art. 33 do Decreto n.º 70.235, de 1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal. Demais disto, observo a plena competência deste Colegiado, na forma do art. 23B, do Regimento Interno do CARF, com redação da Portaria MF n.º 329, de 2017, haja vista que as turmas extraordinárias são competentes para apreciar recursos voluntários de reconhecimento de direito creditório, até o valor em litígio de 60 (sessenta) salários mínimos, assim considerado o valor constante do sistema de controle do crédito tributário. Outrossim, a Portaria CARF n.º 111, de 20 de julho de 2018, que estabelece o momento da verificação do valor em litígio para fins de definição da competência das Turmas Extraordinárias (TE's), disciplina que a verificação do valor em litígio, para fins de definição da competência das TE's, será realizada pela Divisão de Sorteio e Distribuição da Coordenação de Gestão do Acervo de Processos (Disor/Cegap) no momento do sorteio do processo administrativo fiscal para a turma de julgamento, bem como define que permanecerá na competência das referidas turmas o recurso voluntário cujo processo administrativo fiscal sofra atualização de valor após o sorteio para a turma ou para o conselheiro relator, desde que a partir dessa atualização o valor em litígio não exceda a 120 (cento e vinte) salários mínimos. Neste caso cabe informar que o valor constante no sistema do eprocesso para o direito creditório que a contribuinte busca reconhecer está registrado como sendo de R$ 726,02. Portanto, conheço do Recurso Voluntário. Fl. 498DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 499 7 Mérito Quanto ao mérito não assiste razão ao recorrente. Explico. Trata o presente caso de pedido de restituição (CTN, art. 165, I), alegando originalmente o contribuinte que possui crédito contra a Administração Tributária, combinado com pedido de declaração de compensação, oportunidade em que o sujeito passivo efetua o encontro de contas, sob condição resolutória de sua ulterior homologação pela Autoridade Fiscal (Lei 9.430, art. 74, caput, §§ 1.º e 2.º). Afinal, como reza o Código Civil, se duas pessoas forem ao mesmo tempo credor e devedor uma da outra, as duas obrigações extinguemse, até onde se compensarem (CC, art. 368). O regime jurídico da compensação tem fundamento no art. 170 do Código Tributário Nacional (CTN) dispondo que a lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Neste diapasão, inicialmente, o instituto da compensação tributária foi regido pelo art. 66 da Lei n.º 8.383, de 1991, sendo, posteriormente, fixadas novas regras para compensação de tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil no art. 74 da Lei 9.430, de 1996, com suas alterações. Para que se tenha a compensação tornase necessário que o contribuinte comprove que o seu crédito (montante a restituir) é líquido e certo. Pois bem. Basicamente, sustenta o contribuinte duas teses a serem conhecidas em sequência por serem escalonadas, guardando entre si relação de prejudicialidade, sendo a segunda conhecida se vencida a primeira, a saber: a) necessidade de retorno ao status quo ante em relação as compensações apresentadas tendo por débito estimativas quando após o encerramento do exercício se apurou saldo negativo, inexistindo tributos a pagar, assim supostamente perdendo efeito as compensações; e b) impossibilidade de glosa da composição de saldo negativo, especialmente quanto as rubricas das estimativas que o compõem e que já possuem mais de cinco anos quando do despacho decisório. Passo a analisar cada uma delas. a) Necessidade de retorno ao status quo ante em relação as compensações apresentadas tendo por débito estimativas quando após o encerramento do exercício se apurou saldo negativo, inexistindo tributos a pagar, assim supostamente perdendo efeito as compensações: Para a referida tese, concessa venia, não assiste razão ao contribuinte. Vejase pretende o sujeito passivo, com outras palavras, "cancelar" a Declaração de Compensação, sob o argumento de que o débito indicado era de estimativas, antecipações, e, ao final do exercício, apurouse saldo negativo, tanto no IRPJ, como também na CSLL, de modo que, ainda não tido sido resolvidas em definitivo as DCOMP's, deverseia retornar ao status quo ante, inclusive para serem liberados os créditos objetos dos pedidos de restituição, os quais estavam apontados para o encontro de contas. Alega o contribuinte que sendo a compensação uma espécie de "pagamento" e não havendo tributo a pagar na apuração efetivada no final do exercício, Fl. 499DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 500 8 inclusive sendo apurado saldo negativo no encerramento contábil e fiscal, então a solução seria o retorno ao estado anterior, no sentido de que sequer "estimativas" em forma de antecipações precisariam serem quitadas. Com a devida licença, não posso concorda com essa hermenêutica. A tese vai de encontro ao próprio regime de apuração escolhido pelo contribuinte, o qual prevê as antecipações através das estimativas a serem recolhidas nas épocas próprias. Demais disto, a lógica do sistema estabelece que na data prevista para o recolhimento da estimativa, por força de norma jurídica própria, a antecipação é efetivamente devida, tanto que não há repetição de indébito da estimativa, se recolhida a tempo e modo nos exatos limites do apurado e efetivamente devido na ocasião. Eventual crédito do contribuinte, face a um possível saldo negativo no final do exercício, torna este restituível (o "saldo negativo") e não propriamente as estimativas. Observese que, em regra, a atualização monetária do direito a crédito é focada no momento do efetivo recolhimento indevido e, no caso de estimativas, como não há que se falar em indébito quando do recolhimento no limite de sua quantificação na sua época própria, não existe repetição da estimativa propriamente dita. No caso de saldo negativo o que o sistema outorga ao contribuinte é um direito a crédito exatamente do saldo negativo apurado no final do exercício e, diferentemente da regra de repetição a partir do efetivo recolhimento, o cálculo da atualização monetária deste direito creditório tem por base o encerramento do exercício, quando exatamente ocorre a apuração da composição do saldo negativo. Não há repetição a partir de cada estimativa recolhida; elas compõe a totalidade do saldo negativo e este já apurado e devidamente constituído é que se torna apto ao pedido de restituição. No mais, pela lógica apresentada, correto o apontamento deduzido pela decisão vergastada: "... a obrigação legal de quitar as estimativas mensais de IRPJ e CSLL ao longo de determinado ano independe de considerações acerca do resultado contábil e fiscal anual." b) Impossibilidade de glosa da composição de saldo negativo, especialmente quanto as rubricas das estimativas que o compõem e que já possuem mais de cinco anos quando do despacho decisório: Para a referida tese, também não assiste razão ao contribuinte. O caso dos autos traz Declarações de Compensação apresentadas em 28/02/2003 (efls. 04 e 15), em 27/03/2003 (efls. 298/299) e em 29/04/2003 (efls. 317/318), analisadas por meio do Despacho Decisório DRF/PCA n.º 1817, de 14/12/2007 (efls. 253/262), com intimação em 18/01/2008 (efl. 267), sendo os créditos indicados oriundos de saldos negativos de IRPJ e CSLL dos anoscalendário 2000 e 2001, no mais parcela do crédito não reconhecido e objeto da controvérsia que remanesce é a quantia de R$ 1.148,93 do saldo negativo do IRPJ de 2000, relativo à estimativa de julho de 2000, o qual foi glosado, sob o argumento de que não restou comprovado. Analisando a documentação dos autos, verifico que, realmente, não há comprovação de certeza e liquidez para a referida parcela controversa. Fl. 500DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 501 9 O contribuinte quer crer que devese reconhecer a impossibilidade da glosa, uma vez que superado os cinco anos da composição do saldo negativo, quando do despacho decisório, deverseia reconhecer a certeza e liquidez do saldo negativo, independentemente das DCOMP's estarem no prazo do quinquênio legal para se atestar a certeza e liquidez. O fato é que este Egrégio conselho de Recursos Fiscais em diversas oportunidades analisou a referida tese e a negou, conforme Acórdãos ns.º 9101003.708, 1401002.730, 1401002.779, 1302002.871, 1001000.489, 1201001.912, 9101003.156, dentre outros. Para aclarar o tema cito duas ementas destes acórdãos: Acórdão n.º 9101003.156 Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 1998 ÔNUS DA PROVA. PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. O artigo 74, §§ 9.º, 10 e 11 da Lei n.º 9.430, de 1996, com redação dada pela Lei n.º 10.833, de 2003, predicam que o rito da compensação segue as regras do Decretolei n.º 70.235, de 1972 (PAF), sendo que a prova de liquidez e certeza do crédito tributário pleiteado para fins de indébito tributário é do contribuinte. DÉBITOS CONFESSADOS. RETIFICAÇÃO. NECESSIDADE DE ESCRITA FISCAL. NÃO COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. TRATAMENTO MANUAL DE INFORMAÇÕES. Eventual retificação dos valores confessados em DCTF devem ter por fundamento os dados da escrita fiscal do contribuinte acompanhados de documentação de suporte. Tendo sido o despacho decisório resultado de tratamento manual de informações, a falta de comprovação da retificação do débito confessado, em análise realizada com base em documentação apresentada pela empresa, demonstra com exatidão a inexistência do direito creditório pleiteado. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DE SALDO NEGATIVO ORIGINADO EM ANOS ANTERIORES. APRECIAÇÃO DA LIQUIDEZ E CERTEZA. GLOSA DE SALDO NEGATIVO SEM TRIBUTO A PAGAR. DECADÊNCIA. INAPLICABILIDADE. Quando o crédito utilizado na compensação tem origem em saldos negativos de anos anteriores, há que se proceder com análise da apuração de cada um dos anoscalendário pretéritos, que serviram para a composição do saldo negativo utilizado como direito creditório. Tratase de apreciação no qual não se aplica contagem de decadência, vez que se restringe à verificação da liquidez e certeza do crédito tributário. Caso resulte em glosa de saldo negativo sem desdobramento em tributo a pagar, não se constitui em lançamento de ofício, razão pela qual não se submete à contagem do prazo decadencial. Tratase de situação complemente diferente daquela em que a glosa do saldo negativo tem como resultado tributo a pagar, ocasião na qual o correspondente lançamento de ofício só poderá ser efetuado caso esteja Fl. 501DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 502 10 dentro do prazo decadencial previsto na legislação tributária. Acórdão n.º 9101003.156 Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL Anocalendário: 1997, 1998, 1999, 2000, 2001 DECADÊNCIA APURAÇÃO DE SALDOS NEGATIVOS FATOS PASSADOS COM REPERCUSSÃO FUTURA A decadência, no direito tributário, operação tão só sobre o direito material do fisco de, a partir da ocorrência do fato gerador do tributo, promover o respectivo lançamento, não afetando fatos estranhos ao aspecto temporal da hipótese de incidência e que, não obstante pertencentes a períodos anteriores, contribuem, lado outro, para a tipificação perfeita do aspecto quantitativo. A decadência, portanto, não afeta o poder/dever do fisco de investigar fatos passados com repercussão futura. (...) De mais a mais, a Solução de Consulta Interna n.º 16, datada de 18 de junho de 2012, EProcesso n.º 19535.720002/201170, da CoordenaçãoGeral de Contencioso Administrativo e Judicial (COSIT), esclarece em sua ementa que: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO É dever da autoridade, ao analisar os valores informados em Dcomp para fins de decisão de homologação ou não da compensação, investigar a exatidão do crédito apurado pelo sujeito passivo. A homologação tácita de declaração de compensação, tal qual a homologação tácita do lançamento, extingue o crédito tributário, não podendo mais ser efetuado lançamento suplementar referente àquele período, a menos que, no caso da compensação de débitos próprios vincendos, esta tenha sido homologada tacitamente e ainda não se tenha operado a decadência para o lançamento do crédito tributário. Todavia, não há previsão legal de homologação tácita de saldos negativos ou pagamentos a maior, devendo a repetição de indébito por meio de declaração de compensação obedecer aos dispositivos legais pertinentes. Não se submetem à homologação tácita os saldos negativos de IRPJ e da CSLL apurados nas declarações apresentadas, a serem regularmente comprovados pelo sujeito passivo, quando objeto de declaração de compensação, devendo, para tanto, ser mantida a documentação pertinente até que encerrados os processos que tratam da utilização daquele crédito. Dispositivos Legais: Art. 74 da Lei n.º 9.430, de 27 de dezembro de 1996; arts. 144, 149, 150, 156 e 170 da Lei n.º 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN); arts. 368 e 369 da Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil); art. 264 do Decreto n.º 3.000, de 26 de março de 1999. Fl. 502DF CARF MF Processo nº 13886.000237/200375 Acórdão n.º 1002000.454 S1C0T2 Fl. 503 11 Deste modo, não visualizo erro in iudicando ou in procedendo na decisão da primeira instância, cabendo a este relator verificar o controle de legalidade deste autos, pelo que estando os atos em conformidade com o direito é de se negar razão ao recorrente. Dispositivo Ante o exposto, de livre convicção, relatado, analisado e por mais o que dos autos constam, voto em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, em lhe negar provimento. É como Voto. (assinado digitalmente) Leonam Rocha de Medeiros Relator Fl. 503DF CARF MF
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