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Numero do processo: 13782.720206/2013-74
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu May 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. FALTA DE OBJETO. NÃO CONHECIMENTO. CABIMENTO
Correto o não conhecimento da manifestação de inconformidade interposto pela contribuinte, por falta de objeto, já que a exclusão automática da sistemática do Simples Nacional decorreu de ato da empresa e não de ato administrativo, conforme artigos 30 e 31 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
Numero da decisão: 1001-000.458
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, para discutir a falta objeto relativa à manifestação de inconformidade e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ementa_s : Assunto: Simples Nacional Ano-calendário: 2013 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. FALTA DE OBJETO. NÃO CONHECIMENTO. CABIMENTO Correto o não conhecimento da manifestação de inconformidade interposto pela contribuinte, por falta de objeto, já que a exclusão automática da sistemática do Simples Nacional decorreu de ato da empresa e não de ato administrativo, conforme artigos 30 e 31 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1507; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C0T1 Fl. 520 1 519 S1C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13782.720206/201374 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1001000.458 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 04 de abril de 2018 Matéria SIMPLES NACIONAL Recorrente NATIVITTA PLANEJAMENTOS PROJETOS E GERENCIAMENTO EM SAÚDE E AMBIENTE LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. FALTA DE OBJETO. NÃO CONHECIMENTO. CABIMENTO Correto o não conhecimento da manifestação de inconformidade interposto pela contribuinte, por falta de objeto, já que a exclusão automática da sistemática do Simples Nacional decorreu de ato da empresa e não de ato administrativo, conforme artigos 30 e 31 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do Recurso Voluntário, para discutir a falta objeto relativa à manifestação de inconformidade e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 78 2. 72 02 06 /2 01 3- 74 Fl. 520DF CARF MF Processo nº 13782.720206/201374 Acórdão n.º 1001000.458 S1C0T1 Fl. 521 2 Relatório A recorrente postula pela reforma da decisão proferida pela 2ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em Campo Grande (MS), mediante o Acórdão nº 04 38.062, de 16/12/2014 (efls. 498/501). Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento em primeira instância, a seguir transcrito: A contribuinte acima qualificada apresentou manifestação de inconformidade em 20/09/2013 (fls. 02), após ter sido excluída do Simples Nacional. Alegou, em síntese, que em 15/07/2013 foi efetuada a Quarta Alteração Contratual e por erro de digitação foi incluída indevidamente a atividade do CNAE 38222/0, não constante na alteração contratual. O erro não foi percebido nem pela própria RFB, o que acabou provocando a exclusão. Asseverou que o erro é facilmente constatável, bastando verificar os códigos CNAEs cadastrados na lista de atividades constante da referida alteração. Afirmou que foi emitido um novo DBE, solicitando a exclusão do código indevido. Por fim, solicitou a reinclusão no Simples Nacional. Juntou documentos de fls. 03 e seguintes. A DRF/SAORT/CGC/RJ, por meio do Despacho Decisório nº 52/2014 de fls. 439 a 442, concluiu pelo indeferimento da solicitação, sem prejuízo de exclusão de ofício com efeitos retroativos, tendo em vista a empresa exercer atividade impeditiva desde antes do seu ingresso no Simples Nacional. Cientificada em 29/05/2014 (fls. 444), a interessada apresentou manifestação de inconformidade em 25/06/2014 (fls. 449451), alegando, em síntese, que a empresa jamais exerceu efetivamente a atividade “Tratamento e disposição de resíduos perigosos”, a qual retirou de seu objeto social, por ocasião da 3ª Alteração Contratual, registrada em 07/01/2013. Afirmou que o importante, neste caso, são as atividades que efetivamente exerce e não o que consta no CNPJ o Contrato Social. A decisão que indeferiu o pedido, entendeu ser desenvolvida a aludida atividade impeditiva, dentre outros “destinação de resíduos de serviço de saúde”, já que constam os serviços nas notas fiscais presentes nos autos. Entretanto, a empresa nunca prestou nem presta efetivamente tal serviço, comprovados com contratos firmados com empresas, visto que terceirizou o serviço, sendo as executoras efetivas de tais serviços. Citou e transcreveu jurisprudência. Juntou cópias de documentos de fls. 452 e seguintes. Posteriormente, a contribuinte apresentou aditamento à sua manifestação de inconformidade (impugnação), às fls. 471479, reiterando os argumentos expendidos. Juntou os documentos de fls. 480 a 490. A DRJ não conheceu da manifestação de inconformidade por falta de objeto por se tratar de exclusão automática da sistemática do Simples Nacional, decorrente de ato volitivo praticado pela contribuinte, e proferiu acórdão com a seguinte ementa: Fl. 521DF CARF MF Processo nº 13782.720206/201374 Acórdão n.º 1001000.458 S1C0T1 Fl. 522 3 ASSUNTO: SIMPLES NACIONAL Anocalendário: 2013 EXCLUSÃO AUTOMÁTICA DO SIMPLES NACIONAL. ALTERAÇÃO OU INCLUSÃO DE ATIVIDADE VEDADA. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE. FALTA DE OBJETO. Não se conhece de manifestação interposta pelo contribuinte, por falta de objeto, em razão da exclusão automática da sistemática do Simples Nacional, nos expressos termos legais, decorrente de inclusão ou alteração de atividade econômica cujo CNAE conste dentre aqueles relacionados como impeditivo de opção ao Simples Nacional no Anexo VI da Resolução CGSN nº 94/2011. Manifestação de Inconformidade Não Conhecida Sem Crédito em Litígio. Ciente da decisão de primeira instância em 05/01/2015, conforme Aviso de Recebimento à efl. 505, a recorrente apresentou recurso voluntário em 26/01/2015 (efls. 508/516), conforme carimbo à efl. 508. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator Conforme disposição constitucional, a seguir transcrito, o processo administrativofiscal também se rege pelos princípios do devido processo legal, duplo grau de jurisdição e da ampla defesa. Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindose aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; O Decreto 70.235/72, ao dispor sobre o processo administrativofiscal, segue os comandos constitucionais supracitados, estabelecendo o Recurso Voluntário como meio apto para submeter as decisões exaradas pelas Delegacias Regionais de Julgamento ao duplo grau de jurisdição, in casu, a ser exercido por este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. In verbis: Fl. 522DF CARF MF Processo nº 13782.720206/201374 Acórdão n.º 1001000.458 S1C0T1 Fl. 523 4 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Outrossim, é cediço que para se conhecer do recurso é necessário que, além do prazo recursal, outros pressupostos ou requisitos devem ser atendidos, constituindose em elementos indispensáveis a: (i) expressa insatisfação com a decisão impugnada, bem como (ii) exposição das razões que levaram ao contribuinte a demonstrar seu inconformismo com a decisão atacada, ex vi dos arts. 16 e 17 do Decreto nº 70.235/72: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.(Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Portanto, se em nenhuma parte do recurso a recorrente se insurge contra a decisão de primeira instância, prejudicado está o conhecimento da matéria exclusivamente em segunda instância. Havendo decisão de primeira instância proferida por uma Delegacia Regional de Julgamento é sempre cabível o competente Recurso Voluntário, porém, é importante frisar, este deve ser interposto por pessoa legitimada. Tal entendimento está em linha com o disposto pelo art. 63 da Lei 9.784/99, que regulamenta o processo administrativo no âmbito da administração pública federal, conforme se transcreve: Art. 63. O recurso não será conhecido quando interposto: I fora do prazo; II perante órgão incompetente; III por quem não seja legitimado; IV após exaurida a esfera administrativa. Assim, resta evidente que o juízo de admissibilidade do Recurso Voluntário devese voltar tão somente para a verificação do preenchimento dos pressupostos de admissibilidade supra colacionados, não devendo o conhecimento do recurso se confundir com a própria análise do mérito da decisão do juízo a quo. Importa registrar que o não conhecimento do recurso voluntário implica o trânsito em julgado da decisão nos termos propostos pela primeira instância. Fl. 523DF CARF MF Processo nº 13782.720206/201374 Acórdão n.º 1001000.458 S1C0T1 Fl. 524 5 Por outro lado, caso se entenda que a decisão de piso merece reparos de qualquer ordem, tal modificação só pode ocorrer por ocasião do julgamento do mérito recursal, o que só ocorre quando conhecido o Recurso. No caso presente, verificase o cumprimento dos requisitos de admissibilidade do recurso voluntário apresentado pelo recorrente, visto que foi protocolizado no prazo regulamentar (art.15 do Decreto nº 70.235/72) e apresentado por representante legal devidamente qualificado. Porém, dele conheço somente para discutir a falta objeto relativa à manifestação de inconformidade que a DRJ assim considerou e impediu a discussão do mérito. Quanto à decisão da DRJ, importa delimitar a lide. Tratase de solicitação de reenquadramento no Simples Nacional, na forma de pedido de reconsideração da exclusão automática decorrente da inclusão, em seu objetivo social, de uma atividade vedada na sistemática do Simples Nacional, quando da alteração contratual da empresa. Os artigos 30 e 31 da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, assim dispõem sobre o assunto: Art. 30. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das empresas de pequeno porte, darseá: (...) II obrigatoriamente, quando elas incorrerem em qualquer das situações de vedação previstas nesta Lei Complementar; ou (...) § 1o A exclusão deverá ser comunicada à Secretaria da Receita Federal: (...) II na hipótese do inciso II do caput deste artigo, até o último dia útil do mês subseqüente àquele em que ocorrida a situação de vedação; (...) §3º A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equivalerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses: (...) II inclusão de atividade econômica vedada à opção pelo Simples Nacional; (Incluído pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) (Produção de efeitos – vide art. 7º da LC nº 139/2011). III inclusão de sócio pessoa jurídica; (...) Art. 31. A exclusão das microempresas ou das empresas de pequeno porte do Simples Nacional produzirá efeitos: (...) II na hipótese do inciso II do caput do art. 30 desta Lei Complementar, a partir do mês seguinte da ocorrência da situação impeditiva; Fl. 524DF CARF MF Processo nº 13782.720206/201374 Acórdão n.º 1001000.458 S1C0T1 Fl. 525 6 III na hipótese do inciso III do caput do art. 30 desta Lei Complementar: a) desde o início das atividades; b) a partir de 1º de janeiro do anocalendário subsequente, na hipótese de não ter ultrapassado em mais de 20% (vinte por cento) o limite proporcional de que trata o § 10 do art. 3o; Nesse particular, mediante os artigos 73 e 74 da Resolução CGSN nº 94, de 29/11/2011, o Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (CGSN), regulamentou da mesma forma a exclusão do Simples Nacional, e relacionou, em seu anexo VI, os CNAE impeditivos de opção ao Simples Nacional. Assim, a empresa ao incluir, por uma iniciativa sua, uma atividade vedada, provoca a incidência instantânea da norma, não cabendo, portanto, o questionamento pela recorrente desta exclusão, pois falta objeto, já que decorreu de ato seu e não de ato administrativo. Neste sentido, correta foi, portanto, a decisão de primeira instância em não conhecer da manifestação de inconformidade, tendo em vista a incidência da norma vigente no momento do fato, acima transcrita. Assim, voto para CONHECER PARCIALMENTE para discutir a falta objeto relativa à manifestação de inconformidade e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 525DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.001873/2007-96
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed May 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS.
Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA.
Não geram direito a crédito os valores relativos à contratação de mão-de-obra temporária, por não configurarem pagamento de bens ou serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços.
REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS COM ENERGIA ELÉTRICA. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO.
Somente dão direito a crédito no âmbito do regime da não cumulatividade os valores gastos com o consumo de eletricidade, não sendo considerados créditos os valores pagos a outro título as empresas concessionárias de energia elétrica.
Numero da decisão: 9303-006.631
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS. Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONTRATAÇÃO DE MÃO-DE-OBRA TEMPORÁRIA. Não geram direito a crédito os valores relativos à contratação de mão-de-obra temporária, por não configurarem pagamento de bens ou serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS COM ENERGIA ELÉTRICA. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Somente dão direito a crédito no âmbito do regime da não cumulatividade os valores gastos com o consumo de eletricidade, não sendo considerados créditos os valores pagos a outro título as empresas concessionárias de energia elétrica.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento. Votaram pelas conclusões os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1855; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => CSRFT3 Fl. 1.417 1 1.416 CSRFT3 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS Processo nº 10920.001873/200796 Recurso nº Especial do Procurador Acórdão nº 9303006.631 – 3ª Turma Sessão de 11 de abril de 2018 Matéria 63.697.4349 COFINS CRÉDITO CONCEITO DE INSUMO APLICÁVEL NA APURAÇÃO DE CRÉDITOS DAS CONTRIBUIÇÕES NÃO CUMULATIVAS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado INDÚSTRIAS ZIPPERER S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO DE CREDITAMENTO. INSUMOS. Na sistemática de apuração não cumulativa da Cofins, a possibilidade de creditamento, na modalidade aquisição de insumos, deve ser apurada tendo em conta o produto destinado à venda ou o serviço prestado ao público externo pela pessoa jurídica. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. CONTRATAÇÃO DE MÃODEOBRA TEMPORÁRIA. Não geram direito a crédito os valores relativos à contratação de mãodeobra temporária, por não configurarem pagamento de bens ou serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação ou produção de bens ou produtos destinados à venda ou na prestação de serviços. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS COM ENERGIA ELÉTRICA. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. Somente dão direito a crédito no âmbito do regime da não cumulatividade os valores gastos com o consumo de eletricidade, não sendo considerados créditos os valores pagos a outro título as empresas concessionárias de energia elétrica. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento. Votaram pelas conclusões os AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 00 18 73 /2 00 7- 96 Fl. 1417DF CARF MF 2 conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). Relatório Trata o presente processo de ressarcimento de créditos de PIS oriundos da incidência não cumulativa na exportação, no montante de R$ 134.576,39, referente ao primeiro trimestre do ano de 2006. O despacho decisório de efl. 868 a 873, em 01/08/2007, reconheceu a existência de crédito no montante de R$ 132.986,92. Basicamente, foram glosados valores declarados em DACON que não atenderiam ao conceito de insumo: 1. Linha 02 do Dacon R$ 21.214,96 Bens Utilizados como Insumos. Foram glosadas notas fiscais referentes a aquisições com suspensão de PIS/Cofins, não gerando direito a crédito, conforme § 2, inc. II, do art. 3º da Lei 10.637/2002; 2. Linha 04 do Dacon R$ 955,22 Despesas de Energia Elétrica. Foram glosados os valores das faturas de energia elétrica não incluídos na base de cálculo do ICMS (COSIP); 3. Linha 09 do Dacon R$ 1.376,91 Encargos de Depreciação. Foram glosados os bens que não se enquadram no Inc. VI do Art. 3º da Lei 10.637/2002; 4. Linha 13 do Dacon R$ 31.099,57 Outras Operações com Direito a Crédito. Foram glosados os valores de despesas indiretas referentes a mãodeobra temporária (taxa administrativa, despesas médicas, etc.). Além disso, foi alterado o percentual de exportação utilizado pelo contribuinte na Dacon. Utilizouse o valor das receitas declaradas pelo próprio contribuinte no Dacon. Restou um valor de R$ 11.933,52 a título de crédito de mercado interno, podendo ser utilizado apenas para desconto da própria contribuição. Cientificada do despacho, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, às efls. 898 a 905, em 14/09/2007, para que fossem homologados os ressarcimentos do presente processo. Já a 4ª Turma da DRJ/FNS, no acórdão nº 0723.554, Fl. 1418DF CARF MF Processo nº 10920.001873/200796 Acórdão n.º 9303006.631 CSRFT3 Fl. 1.418 3 prolatado em 18/03/2011, às efls. 1336 a 1351, considerou, por unanimidade, improcedente a manifestação de inconformidade, entendendo que teria havido litígio apenas em relação às glosas dos itens 2) e 4) e sobre realocar valores na DACON para o mercado interno. Intimada do acórdão da DRJ em 19/04/2011 (efl. 1353), a contribuinte, interpôs recurso voluntário, às efls. 1354 a 1362. Em apertado resumo, esgrime os seguintes argumentos: a) o para interpretação do conceito de insumos para fins de créditos do PIS deveria aplicado o mesmo relativo a custos e despesas operacionais para o IRPJ; b) utilizandose o critério acima, o valor da fatura da contratação de mãode obra temporária e o valor da COSIP destacada na fatura de energia elétrica deveriam integrar o cálculo do crédito; c) relativamente à realocação de parte do crédito para o mercado interno, alegou que a própria Receita Federal, por meio de Solução de Consulta da 6ª Região Fiscal tem entendimento no sentido de que o ressarcimento pode ser estendido os créditos consumidos no mercado interno. O recurso voluntário foi apreciado pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em 24/01/2012, resultando no acórdão nº 3403001.361, às efls. 1365 a 1371, que tem as seguintes ementas: REGIME NÃO CUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. No regime não cumulativo da Cofins o conteúdo semântico de “insumo” é mais amplo do que aquele da legislação do IPI e mais restrito do que aquele da legislação do imposto de renda, abrangendo os “bens” e “serviços” que, não sendo expressamente vedados pela lei, forem essenciais ao processo produtivo para que se obtenha o bem o ou o serviço desejado. CRÉDITOS. CONTRATAÇÃO DE MÃODEOBRA TEMPORÁRIA. O crédito em relação ao serviço de colocação de mãodeobra temporária prestado por pessoa jurídica deve ser calculado em relação ao valor integral da nota fiscal emitida pelo prestador do serviço. CRÉDITOS. ENERGIA ELÉTRICA. COSIP. Tratandose de tributo não recuperável, a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública – COSIP, cobrada junto com a fatura de energia elétrica, integra o cálculo do crédito da contribuição. CRÉDITOS NÃO VINCULADOS À RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RESSARCIMENTO. Por expressa disposição legal, é vedado o ressarcimento de créditos calculados em relação a custos, despesas ou encargos que não sejam vinculados à receita de exportação. Fl. 1419DF CARF MF 4 O acórdão teve o seguinte teor: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito de a recorrente calcular o crédito da contribuição em relação aos valores integrais das notas fiscais de prestação de serviço de colocação de mãodeobra e de energia elétrica. O voto condutor afirmou que a caracterização de insumo não se daria nem com a estreiteza do critério adotado para o IPI, nem com a extensão do critério utilizado para fins de custos e despesas do IRPJ. Adota um critério de essencialidade do custo ou despesa, ao processo produtivo, segundo o qual a supressão do bem ou serviço, tido como insumo, afeta a própria existência do produto ou serviços prestados, dentro do padrão de qualidade desejado. Recurso especial de Fazenda Intimada para ciência do acórdão nº 3403001.361 em 20/03/2012 (efl.. 1373), a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência em 30/04/2012, às efls. 1374 a 1395. A Procuradora indica dois acórdãos paradigmas, de nº 20312.488 e nº 202 19.127, que divergem do recorrido pois elaboram entendimento de que, no contexto da não cumulatividade do PIS e da Cofins, o melhor critério para definição de insumos é aquele previsto na legislação do IPI, a teor do Parecer Normativo nº 65/79. Partindo daquele critério, os valores não relacionados aos salários dos empregados na contratação de mãodeobra temporária (taxa administrativa e despesas médicas) e a Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública COSIP, cobrada junto com a fatura de energia elétrica não são despesas que dão origem a concessão de crédito tanto para o PIS e Cofins não cumulativos. Aí se evidencia a divergência para com o acórdão recorrido que flexibilizou o conceito de insumo e, mesmo ciente de que os valores não relacionados aos salários dos empregados na contratação de mãodeobra temporária e a COSIP, cobrada junto com a fatura de energia elétrica, não são utilizados diretamente na fabricação ou produção de bens e serviços, destinados à venda, admitiuos como insumos. A Procuradora requereu que fosse conhecido e provido recurso especial, para reformar o acórdão recorrido, indeferindose na totalidade o pleito do contribuinte. O Presidente da 4ª Câmara de Terceira Seção de Julgamento do CARF, apreciou o recurso especial de divergência da contribuinte em 07/11/2013, no despacho nº 340000.461, às efls. 1410 e 1411, com base nos arts. 67 e 68 do do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria n° 256 de 22/06/2009, dandolhe seguimento. A contribuinte foi intimada (efl. 1413) do acórdão nº 3403001.361 e do despacho de admissibilidade nº 340000.461, em 31/12/2013 (efl. 1414) e não apresentou qualquer manifestação nos autos dentro dos prazos regimentais. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator Fl. 1420DF CARF MF Processo nº 10920.001873/200796 Acórdão n.º 9303006.631 CSRFT3 Fl. 1.419 5 O recurso especial da Procuradoria da Fazenda Nacional é tempestivo, cumpre os requisitos regimentais e dele conheço. No mérito, discordo em tese dos argumentos da recorrente, porém, em face do conhecimento do recurso que me leva à apreciação da matéria, adoto razão de decidir que leva ao seu provimento, isso porque penso que só pode ser tomado por insumo o bem ou serviço que tenha aplicação direta ao processo produtivo ou no serviço prestado. Esse seria um entendimento consoante com a legislação do PIS e da Cofins, ao ver os insumos como bens e serviços passíveis de geração de créditos que devem estar diretamente vinculados ao bem vendido. Diferente é o critério consoante a legislação do IRPJ, utilizado por aqueles que pretendem ver a geração de créditos por todos bens serviços necessários à produção, que, apesar de essenciais, somente de forma mediata levam à composição do produto. Busco arrimo para esta inteligência nos critérios explanados na Solução de Divergência COSIT nº 7 de 23/08/20161, da qual se extrai: 24.No outro extremo das conclusões, verificase que não são considerados insumo, para fins de creditamento no regime da não cumulatividade das contribuições, bens e serviços que mantenham relação indireta ou mediata com a produção de bem destinado à venda ou com a prestação de serviço ao público externo, tais como bens e serviços utilizados na produção da matériaprima a ser consumida na industrialização de bem destinado à venda (insumo do insumo), utilizados em atividades intermediárias da pessoa jurídica, como administração, limpeza, vigilância, etc. 25.Certamente, diversos e plausíveis são os motivos que justificam a adoção desse entendimento restritivo acerca do conceito de insumos para fins de creditamento da não cumulatividade das contribuições em tela. 26.Em primeiro lugar, devese destacar que o legislador estabeleceu um rol específico e detalhado de hipóteses de creditamento no âmbito do regime da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins (art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, e art. 15 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004). Esse fato é evidente e mostrase muito significativo se efetuada uma comparação entre o rol específico e detalhado de hipóteses de creditamento estabelecido pela legislação das contribuições e a definição genérica de despesas dedutíveis estabelecida pela legislação do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ) (art. 47 da Lei nº 4.506, de 30 de novembro de 1964). 27.Com base nessa inconteste diferença de técnicas legislativas adotadas nas legislação dos tributos citados acima, resta clara a correspondente diferença de objetivos/pretensões do legislador. Enquanto na legislação do IRPJ se pretendeu permitir a dedutibilidade de todas as despesas necessárias à atividade da 1 http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/link.action?visao=anotado&idAto=78047 Fl. 1421DF CARF MF 6 empresa, na legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins se pretendeu permitir o creditamento apenas em relação a específicos e determinados dispêndios da pessoa jurídica. 28.Outro fato importante a ser considerado é que a legislação das contribuições, de um lado, estabelece como base de cálculo das contribuições no regime de apuração não cumulativa o valor total das receitas auferidas no mês pelo sujeito passivo tomadas como um todo, independentemente das operações que ocasionaram o ingresso de receitas, salvo exclusões legais (arts. 1º e 2º da Lei nº 10.637, de 2002, e arts. 1º e 2º da Lei nº 10.833, de 2003), e, de outro lado, de maneira oposta, a mesma legislação discrimina especificamente bens, serviços e operações em relação aos quais se permite a apuração de créditos, em preterição à permissão genérica de creditamento em relação a custos e despesas incorridos na atividade econômica do sujeito passivo (art. 3o da Lei no 10.637, de 2002, art. 3o da Lei no 10.833, de 2003, e art. 15 da Lei no 10.865, de 30 de abril de 2004). 29.Diante disso, resta claro que as hipóteses de creditamento das contribuições devem ser entendidas como taxativas e não devem ser interpretadas de forma a permitir creditamento amplo e irrestrito, pois essa interpretação tornaria absolutamente sem efeito o rol de hipóteses de creditamento estabelecido pela legislação. 30.Demais disso, a permissão ampla e irrestrita de creditamento em relação a todos os gastos necessários às atividades da pessoa jurídica, como se insumos fossem, acabaria por subverter a base de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins estabelecida constitucionalmente, desvirtuandoa da receita (Constituição Federal, art. 195, caput, inciso I, alínea “b”) para o lucro, o que se mostra absolutamente incompatível com a base de incidência prevista na Constituição Federal. 31.Ainda perquirindo os fundamentos da adoção de entendimento restritivo sobre os insumos que geram crédito na legislação das contribuições, cumpre analisar o rol de hipóteses de creditamento estabelecido pelo art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e pelo art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003. 32.Conforme se observa, dentre todas as hipóteses de creditamento estabelecidas, apenas duas albergam dispêndios necessária e diretamente atrelados à atividade de produção e prestação de serviços, quais sejam aquisição de insumos e aquisição ou fabricação de bens incorporados ao ativo imobilizado, bem assim apenas duas relativas a dispêndios necessária e diretamente atrelados à revenda de bens, quais sejam a aquisição de bens para revenda e a armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda. 33.Com efeito, insumos e bens do ativo imobilizado são utilizados nas atividades finalísticas da pessoa jurídica e participam direta, específica e inafastavelmente do processo de produção de bens e da prestação de serviços, como também bens para revenda e frete na venda participam igualmente da revenda Fl. 1422DF CARF MF Processo nº 10920.001873/200796 Acórdão n.º 9303006.631 CSRFT3 Fl. 1.420 7 de bens, e suas influências nos respectivos processos econômicos podem ser imediatamente percebidas. 34.Diferentemente, todas as demais hipóteses de creditamento abrangem dispêndios que, conquanto necessários ao desenvolvimento das atividades da pessoa jurídica, podem relacionarse indiretamente com a atividade de produção de bens e prestação de serviços ou revenda de bens, pois também são utilizados em áreas intermediárias da atividade da pessoa jurídica. Exemplificativamente citamse: energia elétrica e térmica; aluguéis de prédios e máquinas; arrendamento mercantil; depreciação ou aquisição de edificações e de benfeitorias em imóveis; e valetransporte, valerefeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados. 35.Deveras, tais dispêndios decorrem da utilização pela pessoa jurídica de bens e serviços necessários à manutenção de todo seu funcionamento ou mesmo de sua existência e não especificamente à produção de bens e prestação de serviço ou à revenda de bens. 36.Daí, resta evidente que não se pretendeu abarcar no conceito de insumo todos os dispêndios da pessoa jurídica incorridos no desenvolvimento de suas atividades, mas apenas aqueles direta e imediatamente relacionados com a produção de bens destinados à venda ou a prestação de serviços. 37.Se o termo insumo tivesse sido utilizado em acepção ampliativa, para abarcar todos os gastos necessários ao funcionamento da pessoa jurídica, todas as hipóteses de creditamento estabelecidas no art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, constituiriam redundância, pleonasmo, letra morta, já que poderiam ser aglomeradas no conceito ampliativo de insumo. 38.Ademais, a adoção desse conceito ampliativo de insumo geraria uma incoerência sistemática decorrente do fato de o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e o inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, concederem créditos apenas em relação aos insumos utilizados nas atividades de produção de bens e de prestação de serviços e não concederem créditos aos insumos utilizados na atividade de revenda de bens. Com efeito, se adotado esse conceito ampliativo de insumo, não parece existir qualquer fundamento para excluir as pessoas jurídicas comerciais do direito a apuração desse crédito. 39.Já a interpretação restritiva do conceito de insumo adotada nesta Solução de Divergência tem o condão de explicar o motivo da exclusão da atividade comercial do direito de creditamento em relação à aquisição de insumos feita pelos citados dispositivos. Eis que, considerandose insumos apenas os bens e serviços diretamente relacionados à atividade de produção de bens e de prestação de serviços, no caso da revenda de bens esses insumos são exatamente os bens para revenda, armazenagem e frete na operação de venda, a cuja aquisição a Fl. 1423DF CARF MF 8 legislação conferiu expressamente direito de creditamento, no inciso I do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e nos incisos I e IX do art. 3º, c/c art. 15, da Lei nº 10.833, de 2003. 40.Destarte, devese reconhecer que o termo insumo consignado no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e no inciso II do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de 2003, foi utilizado em sua acepção restritiva, para alcançar apenas bens e serviços direta e imediatamente relacionados com a produção de bens destinados à venda ou com a prestação de serviços a terceiros. (Grifos do original) O tratamento acima justifica a posição abaixo transcrita: 14. Analisandose detalhadamente as regras constantes dos atos transcritos acima e das decisões da RFB acerca da matéria, podese asseverar, em termos mais explícitos, que somente geram direito à apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins a aquisição de insumos utilizados ou consumidos na produção de bens que sejam destinados à venda e de serviços prestados a terceiros, e que, para este fim, somente podem ser considerados insumo: a) bens que: a.1) sejam objeto de processos produtivos que culminam diretamente na produção do bem destinado à venda (matéria prima); a.2) sejam fornecidos na prestação de serviços pelo prestador ao tomador do serviço; a.3) que vertam sua utilidade diretamente sobre o bem em produção ou sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço (tais como produto intermediário, material de embalagem, material de limpeza, material de pintura, etc); ou a.4) sejam consumidos em máquinas, equipamentos ou veículos que promovem a produção de bem ou a prestação de serviço, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado da pessoa jurídica (tais como combustíveis, moldes, peças de reposição, etc); b) serviços que vertem sua utilidade diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços, o que geralmente ocorre: b.1) pela aplicação do serviço sobre o bem ou pessoa beneficiados pela prestação de serviço; b.2) pela prestação paralela de serviços que reunidos formam a prestação de serviço final disponibilizada ao público externo (como subcontratação de serviços, etc); c) serviços de manutenção de máquinas, equipamentos ou veículos utilizados diretamente na produção de bens ou na prestação de serviços. (Negritei.) Fl. 1424DF CARF MF Processo nº 10920.001873/200796 Acórdão n.º 9303006.631 CSRFT3 Fl. 1.421 9 No caso concreto, os valores relativos a contratação e agenciamento de mão deobra temporária, consistem em atividade meio e não caracterizam insumo, tendo uma relação apenas indireta com a produção. Nessa matéria, adoto o argumento exarado no voto do relator do acórdão da DRJ em Florianópolis, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, às efls. 1349 e 1350: Ingressandose na lide posta, verificase que o objeto da glosa corresponde a valores de despesas indiretas referentes a mão deobra temporária, tais como taxa administrativa e despesas médicas, discriminadas nas notas fiscais de prestação de serviços. A atividade de empresas de locação de serviços temporários apresenta normalmente uma característica mista entre prestação de serviços (agenciamento e recrutamento de mãodeobra) e locação de mãodeobra temporária para o tomador. Desta forma, os serviços prestados pela empresa de trabalho temporário não podem ser enquadrados no conceito de insumo retrocitado, visto que as atividades de agenciamento e de locação de mãodeobra obviamente não são aplicadas diretamente na produção de bens, contribuindo apenas de forma indireta para as atividadesfins da interessada, vez que a empresa de trabalho temporário atua na intermediação da contratação de trabalhadores nos casos expressamente previstos na Lei n° 6.019, 03 de janeiro de 1974. Percebese, portanto, que apenas o trabalho executado pelo empregado temporário é que pode ser considerado como consumido ou aplicado no processo produtivo e nunca os serviços prestados pela empresa de trabalho temporário, a qual atua na função de intermediária na contratação e na seleção dos mesmos. Nesse sentido, observese os termos da Lei n° 6.019, de 1974, in verbis: Art. 2º Trabalho temporário é aquele prestado por pessoa física a uma empresa, para atender à necessidade transitória de substituição de seu pessoal regular e permanente ou à acréscimo extraordinário de serviços. [...] Art. 4° Compreendese como empresa de trabalho temporário a pessoa física ou jurídica urbana, cuja atividade consiste em colocar à disposição de outras empresas, temporariamente, trabalhadores, devidamente qualificados, por elas remunerados e assistidos, (grifo nosso) Resta clara, portanto, a diferença entre o trabalho realizado pelos empregados temporários e o serviço prestado pela empresa de trabalho temporário. Enquanto no primeiro o objeto do contrato de prestação de serviços é o próprio serviço que será aplicado nas atividadesfim da contribuinte, na segunda Fl. 1425DF CARF MF 10 situação, agenciamento e a locação de mãodeobra, o objeto não é a prestação de serviços na atividade produtiva, mas sim a locação temporária de trabalhadores. Assim, como o objeto do contrato celebrado com a empresa de trabalho temporário é o agenciamento e a locação de mãode obra e não a prestação de um serviço consumido ou aplicado nas atividades produtivas, concluise não haver direito a desconto de créditos em relação às despesas com a contratação de mãodeobra temporária, vistos as mesmas não estarem expressamente previstas na legislação e não se conformarem ao conceito de insumo previsto em lei. (Sublinhei.) Neste processo não foi questionado se a mãodeobra poderia ou não ser considerada insumo. Ela foi considerada insumo, pois a decisão de primeira instância deixou bem claro que o valor da mãodeobra não foi objeto de glosa. A glosa recaiu apenas e tão somente sobre as demais despesas atreladas à mãodeobra, que foram embutidas no preço do serviço prestado. Evidentemente que, no caso concreto, as parcelas referentes aos pagamentos dessa notas que não foram originalmente glosadas, estão abrigadas pela impossibilidade de reformatio in pejus, contudo, as parcelas glosadas o foram corretamente. Já a contribuição para custeio do Serviço de Iluminação Pública COSIP não está diretamente relacionada à produção, mas sim à localização da empresa em determinado município, haja vista que tal contribuição decorre do art. 149A da Constituição Federal, com a seguinte redação: Art. 149A Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 39, de 2002) Claro está que essa contribuição não depende da produção e, por visar a iluminação pública, ainda que seja um custo para a empresa, não está diretamente vinculada à energia elétrica aplicada na produção, sendo necessária para realização de suas atividades administrativas como um todo. Aliás, também o voto da DRJ/FNS já salientava que a Lei nº 10.637/2002, em seu art. 3º, inc. IX, já definia que os créditos do PIS não cumulativo passíveis de desconto seriam calculados com base na "energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica". Ou seja, é o consumo de energia intrínseco à produção que leva ao crédito, mas não a contribuição para serviços de iluminação pública que pode, ou não, ter por base o consumo. Se a referida contribuição tivesse por base de cálculo o número de postes na rua (poderia a legislação municipal assim definir), não haveria qualquer dúvida de que inexistiria vínculo com a produção ou serviços das pessoas jurídicas. Dessarte, entendo que os gastos em litígio não caracterizam insumos necessários à produção do período, para fins de creditamento do PIS não cumulativo. Fl. 1426DF CARF MF Processo nº 10920.001873/200796 Acórdão n.º 9303006.631 CSRFT3 Fl. 1.422 11 Assim, com base em fundamento diverso daquele exposto pela recorrente, voto pelo provimento do recurso, para que sejam mantidas as glosas dos créditos relativos aos gastos com despesas tomadas por insumos no acórdão a quo. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por conhecer do recurso especial de divergência da Procuradoria da Fazenda Nacional, para darlhe provimento. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 1427DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.005655/2008-81
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas.
CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. DESPESA COM INSTRUÇÃO. CONTRIBUINTE E DE DEPENDETES.
Condição de dependente estabelecida na legislação. Comprovação das despesas de instrução da própria contribuinte e de dependente para efeito de dedução do imposto. Comprovação da despesa e da dependência por documentos acostados ao processo.
Numero da decisão: 2001-000.385
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Jose Alfredo Duarte Filho - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2005 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. DESPESA COM INSTRUÇÃO. CONTRIBUINTE E DE DEPENDETES. Condição de dependente estabelecida na legislação. Comprovação das despesas de instrução da própria contribuinte e de dependente para efeito de dedução do imposto. Comprovação da despesa e da dependência por documentos acostados ao processo.
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. DESPESA COM INSTRUÇÃO. CONTRIBUINTE E DE DEPENDETES. Condição de dependente estabelecida na legislação. Comprovação das despesas de instrução da própria contribuinte e de dependente para efeito de dedução do imposto. Comprovação da despesa e da dependência por documentos acostados ao processo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 56 55 /2 00 8- 81 Fl. 145DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de despesas médicas, instrução e dependente. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 5.388,35, a título de imposto de renda pessoa física suplementar, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2005. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que a Recorrente deveria ter apresentado comprovação complementar referente aos pagamentos de despesas médicas, instrução e dependente, além dos recibos apresentados. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente na comprovação da despesa, especialmente no que se refere a documentos suplementares aos recibos apresentados e identificação dos serviços prestados, como segue: Tratase de Notificação de Lançamento lavrada em face de Flávia Roberto Cançado, CPF 917.898.42620, relativa ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2006, anocalendário 2005, formalizando a exigência de imposto suplementar de R$5.388,35, multa de oficio e juros de mora calculados até março de 2008, totalizando R$10.670,54. De acordo com os Relatórios de fls. 13 e 14 — Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal — o imposto ora lançado decorreu de glosa do valor de R$1.404,00, correspondente a dedução indevida com dependente bem como glosa do valor de R$3.065,00 indevidamente deduzido a titulo de despesas com instrução, pelo fato do dependente ter apresentado declaração em separado e as despesas relativas a Livraria Jofrafe Ltda. Foi glosado, ainda, o valor de R$15.125,00, deduzido a titulo de despesas médicas, por falta de comprovação do efetivo pagamento. Foi mantida apenas a parte de despesa médica referente a Unimed (R$3.717,18). (...) A notificação de lançamento foi lavrada, como relatado, pela glosa de dedução de um dependente, da correspondente despesa com instrução Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 146 3 e por falta de comprovação de despesas médicas lançadas na Declaração de Ajuste Anual da contribuinte Exercício 2004. Na peça impugnatória, a contribuinte alega, em relação ao dependente glosado que tratase de seu marido, que não possuía renda no ano base em questão e que o mesmo apresentou a declaração de ajuste com valores zerados apenas para manter seu CPF. Consultando os sistemas da RFB, cumpre reconhecer razão à autuada já que na declaração, constante A fl. 23, não foram informados rendimentos tributáveis. Não constam quaisquer Dirf para o Sr. Marcos Tadeu Candido Ribeiro, que é marido da contribuinte, conforme ficou demonstrado na certidão de casamento (fl.22). A declaração foi apresentada com todos os campos zerados. Muito embora o correto nestes casos era apresentar a declaração de isento e não a declaração zerada, como aconteceu, no caso presente, entendo que não se pode atribuir um ônus desnecessário à contribuinte, razão pela qual deve ser reconhecido o direito de deduzir o valor relativo àquele dependente, bem como admitir a dedução da despesa de instrução, paga ao Centro de Ensino Superior de Vespasiano Ltda, devidamente comprovada pelos documento de fl. 24. Fica mantida a glosa do valor de R$867,00 de pagamento declarado a Livraria Jofrafe Ltda, por falta de previsão legal. Em relação a glosa de despesas médicas, a contribuinte alega que, ao atender a intimação apresentando todos os recibos de despesas médicas, cumpriu com todas as exigências. Diz que os apresenta novamente e que junta extratos bancários com valores de saques que suportam os pagamentos efetuados. Veja que ante ao valor das deduções pleiteadas, cabe à autoridade fiscal, por imposição legal, tomar as cautelas necessárias para preservar o interesse público implícito na defesa da correta apuração do tributo, que se infere da interpretação do §1° do artigo 73 do RIR/99. De acordo com o art. 8°, inc. II, alínea "a" da Lei n° 9.250, de 1995, na declaração de ajuste anual, para apuração da base de cálculo do imposto, poderão ser deduzidos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, restringindose aos pagamentos efetuados pelo contribuinte relativos ao seu tratamento e ao de seus dependentes. De acordo com o § 2°, III do precitado dispositivo, a dedução fica condicionada ainda a que os pagamentos sejam especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e CPF ou CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação de cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Fl. 147DF CARF MF 4 Por sua vez, o art. 73 do Decreto n° 3.000, de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR11999, dispõe: "Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora." (DecretoLei n2 5.844, de 1943, art. 11, §32). (...) Nesta seara, salientese que, em principio, admitemse como provas de pagamentos os recibos fornecidos pelos profissionais prestadores dos serviços. Entretanto, como destacado na Notificação de Lançamento, pode a autoridade fiscal, a seu juízo, com base no citado art. 73 do RIR/1999, quando as deduções forem exageradas, exigir outros meios complementares de provas em relação a todas ou a algumas despesas declaradas. Exigese nesses casos, a comprovação da prestação dos serviços e, principalmente, da efetiva realização dos pagamentos correspondentes. Para a comprovação da efetividade dos pagamentos sugerese: cópias de cheques fornecidas pela instituição bancária, comprovantes de depósitos na conta do prestador dos serviços, comprovantes de transferências eletrônicas de fundos, transferências interbancárias, comprovantes de transmissão de ordens de pagamentos, e, no caso de pagamentos efetuados em dinheiro, extratos bancários que demonstrem a realização de saques em datas e valores coincidentes ou aproximados aos pagamentos em questão, podendo também a interessada apresentar outros que julgar convenientes, desde que surtam os devidos efeitos legais. Com efeito, inexiste obrigação legal de que o contribuinte efetue os pagamentos com cheque cruzado e nominal, mas deve ter em conta que, caso tenha intenção de beneficiarse de dedução de despesa médica, a questão passa a envolver não apenas ele e o profissional de saúde, mas também o Fisco. Nesse sentido, deve acautelarse, mantendo sob sua guarda os elementos de prova da efetividade do serviço e do pagamento, pois ao contribuinte incumbe o ônus da prova da regularidade da dedução pleiteada, ao contrário do que alega a impugnante. A situação tornase ainda mais complexa quando o interessado alega ter efetuado pagamento em dinheiro, como é o caso. Nada impede que o faça, mas é razoável admitir que o fato é de difícil comprovação. (...) Os recibos oferecidos, por si sós, são considerados insuficientes para a aceitação da referida dedução no montante declarado, levando em conta o valor envolvido, pois, na verdade, fazem prova tão somente das declarações neles contidas, não dos fatos declarados. (...) Ante o exposto, voto por considerar procedente em parte a impugnação ao lançamento consubstanciado na Notificação de Lançamento de fls. 12 a 15, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício 2006, ano calendário 2005, para manter em parte o crédito tributário, que passa de R$5.388,35 para R$3.950,93 (três mil Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 147 5 novecentos e cinquenta reais e noventa e três centavos) com os devidos acréscimos legais. Assim, conclui o acórdão vergastado pela improcedência parcial da impugnação para manter a exigência, em parte, o imposto suplementar de R$ 3.950,93, referente à glosa do valor das despesas deduzidas do imposto. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, a Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) De inicio sustenta o órgão julgador a quo que os recibos acostados aos autos não podem ser admitidos como única forma de prova das despesas médicas, razão pela qual não há comprovação suficiente das despesas médicas utilizadas pelo contribuinte recorrente. Os requisitos legais acerca de tais recibos são somente aqueles constantes do art. 80, § 1°, III do RIR/99, quais sejam exclusivamente a indicação do nome, endereço e número de inscrição no CPF ou CNPJ de quem os recebeu. Sendo assim, percebese claramente que os recibos juntados atendem a tais requisitos, não podendo pairar dúvidas sobre eles. Assim, devem ser tidos como válidos os recibos apresentados. Por outro lado, no que se refere A alegação de que os recibos não podem ser admitidos como única forma de comprovação das despesas, é de se observar que o recibo emitido pelo beneficiário é prova suficiente, na relação civil firmada entre as partes, dos pagamentos firmados, não havendo na legislação tributária outros elementos necessários para provar a existência desta relação. E de se observar que o art. 80, § 1 0, inciso III do RIR/99 estabelece que será necessária a produção de outros meios de prova da despesa realizada, como a indicação do cheque nominativo pelo qual o pagamento foi efetuado, quando não existe a documentação comum para comprovar o pagamento, qual seja o respectivo recibo. Isto se observa quando este dispositivo diz que: "podendo, na falta de documentação, ser feita a indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento". Assim, como no presente caso todas as despesas consideradas pelo recorrente estão provadas através dos recibos, os quais atendem aos requisitos previstos na legislação, não há que se exigir outros elementos de prova. Neste ponto, se a lei não exige do contribuinte a apresentação de outro documento, não pode o agente público fazêlo, pena de ofensa ao principio da legalidade insculpido no art. 5°, II e 37 da CR/88. E não se pode dizer que as deduções pleiteadas são exageradas, posto que contemplam valores normais a serem pagos no período de 1 ano a profissionais da área de saúde. É de se observar que a recorrente é Fl. 149DF CARF MF 6 médica, o que faz com que saiba da necessidade de procurar bons profissionais, pagando os honorários por estes cobrados. Neste ponto é de se dizer que a glosa sob o argumento de que as deduções utilizadas são exageradas se pauta em fundamento extremamente superficial e subjetiva, insuficiente para fundamentar uma autuação tributária. Ora, como é por demais sabido, a Constituição da República garante a liberdade econômica e de iniciativa, podendo cada profissional estabelecer os honorários a serem pagos por seus serviços, bem como a forma com que estes honorários são pagos. Não pode o poder público estabelecer ingerência sobre isto, não podendo interferir na maneira pela qual o profissional define seus honorários e a maneira de pagamento/recebimento. Por outro lado, é livre o administrado, no caso a recorrente, para escolher o profissional que pretende contratar, especialmente para questões relacionadas aos cuidados com a saúde, cabendo à recorrente, e somente a ela, aceitar ou não os honorários e a forma de pagamento estabelecida por seus médicos e psicólogos. (...) Diante destas decisões, percebese que cabe ao fisco provar, de forma indubitável, que o contribuinte valeuse de recibos graciosos e falsos, ônus do qual o fisco não se desincumbiu no presente caso, o que é inquestionável, já que se valeu somente, repitase, de subjetivas incertezas, presunções e desconfianças. (...) De mais a mais, a prova produzida pela recorrente no presente caso é robusta. Além de apresentar todos os recibos com probatórios das despesas com saúde consideradas (recibos que atendem aos requisitos legais), a recorrente apresentou extratos bancários demonstrando saques suficientes para justificar todos os pagamentos realizados em dinheiro aos seus médicos, psicólogos, etc... Ora, não há qualquer impedimento que o contribuinte realize pagamento aos seus médicos, psicólogos, odontólogos, etc, em dinheiro. E no presente caso esta forma de pagamento está fartamente provada, não podendo pairar dúvidas sobre isto. (...) Importante destacar, neste ponto, que além dos extratos juntados, a recorrente juntou aos autos memorial descritivo indicando cada saque, realizado para fins de pagamento de cada uma de suas despesas exteriorizadas pelos recibos em questão. Ora, vejase que a recorrente teve o cuidado de demonstrar não s6 a regularidade de pagamentos em dinheiro, mas também o saque especifico realizado para cada pagamento especifico, vinculandoos. (...) Destarte, está fartamente comprovada a efetiva realização das despesas com saúde consideradas na Declaração de Ajuste Anual da recorrente, não havendo então razão para persistir a autuação neste ponto. Diante de todo o exposto, a contribuinte recorrente pede a reforma da decisão recorrida no ponto em que manteve a autuação, de forma a se considerar como válidos os recibos que demonstram pagamentos com despesas com saúde juntados aos autos, tendoos por aptos e Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 148 7 legítimos para justificar a dedução destas despesas da base de cálculo do imposto de renda da recorrente, anulandose assim todo o auto de infração impugnado e extinguindose todo o crédito tributário por ele constituído. É o relatório. Voto Conselheiro Jose Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A questão de ter o marido como dependente ficou superada pela decisão da DRJ, quando reconheceu a propriedade da classificação de dependente para efeitos fiscais, aceitando como dedutível as despesas por ele efetuadas e tendo a Recorrente como mantenedora, nos termos do referido Acórdão na parte que dá provimento às alegações da impugnação, como segue: Consultando os sistemas da RFB, cumpre reconhecer razão à autuada já que na declaração, constante as fls. 23, não foram informados rendimentos tributáveis. Não constam quaisquer Dirf para o Sr. Marcos Tadeu Candido Ribeiro, que é marido da contribuinte, conforme ficou demonstrado na certidão de casamento (fl.26). A declaração de ajuste foi apresentada com todos os campos zerados. Muito embora o correto nestes casos era apresentar a declaração de isento e não a declaração zerada, como aconteceu, no caso presente, entendo que não se pode atribuir um ônus desnecessário à contribuinte, razão pela qual deve ser reconhecido o direito de deduzir o valor relativo àquele dependente, bem como admitir a dedução das despesas de instrução, paga ao Centro de Ensino Superior de Vespasiano Ltda, devidamente comprovada pelos documento de fl. 24. Fica mantida a glosa do valor de R$867,00 de pagamento declarado a Livraria Jofrafe Ltda, por falta de previsão legal. No que se refere às despesas médicas a divergência é de natureza interpretativa da legislação quanto à observância maior ou menor da exigência de formalidade da legislação tributária que rege o fulcro do objeto da lide. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro, a busca do direito, pela contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à validade cabal do documento comprobatório, quando se trata tão somente da apresentação da nota fiscal ou do recibo de prestação de serviço. O texto base que define o direito da dedução do imposto e a correspondente comprovação para efeito da obtenção do benefício está contido no inciso II, alínea “a” e “b” e Fl. 151DF CARF MF 8 no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 e 81 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Lei nº 9.250/95. Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; b) a pagamentos de despesas com instrução do contribuinte e de seus dependentes, efetuados a estabelecimentos de ensino, relativamente à educação infantil, compreendendo as creches e as préescolas; ao ensino fundamental; ao ensino médio; à educação superior, compreendendo os cursos de graduação e de pósgraduação (mestrado, doutorado e especialização); e à educação profissional, compreendendo o ensino técnico e o tecnológico, até o limite anual individual de: (...) § 2º O disposto na alínea a do inciso II: I aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza; II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; V no caso de despesas com aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias, exigese a comprovação com receituário médico e nota fiscal em nome do beneficiário. Decreto nº 3.000/99 Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 149 9 Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (grifei) (...) Art. 81. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados a estabelecimentos de ensino relativamente à educação préescolar, de 1º, 2º e 3º graus, cursos de especialização ou profissionalizantes do contribuinte e de seus dependentes, até o limite anual individual de um mil e setecentos reais. (...) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, neste caso, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Somese a isso a realidade de que o órgão fiscalizador tem plenas condições e pleno poder de fiscalização, na questão tributária, com absoluta facilidade de identificação, tão somente com a informação do CPF ou CNPJ, sobre a outra banda da relação pagadorrecebedor do valor da prestação de serviço. Fl. 153DF CARF MF 10 O dispositivo legal (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99) vai além no sentido de dar conforto ao pagador dos serviços prestados ao prever que no caso da falta da documentação, assim entendido como sendo o recibo ou nota fiscal de prestação de serviço, poderá a comprovação ser feita pela indicação de cheque nominativo pelo qual poderia ter sido efetuado o pagamento, seja por recusa da disponibilização do documento, seja por extravio, ou qualquer outro motivo, visto que pelas informações contidas no cheque pode o órgão fiscalizador confrontar o pagamento com o recebimento do valor correspondente. Além disso, é de conhecimento geral que o órgão tributante dispõe de meios e instrumentos para realizar o cruzamento de informações, controlar e fiscalizar o relacionamento financeiro entre contribuintes. O termo “podendo” do texto legal consiste numa facilitação de comprovação dada ao pagador e não uma obrigação de fazêlo daquela forma. Descabe, assim, o rigor na exigência para a apresentação de comprovação suplementar sobre o contribuinte possuidor da documentação originária do pagamento nas condições em que a lei estabelece, especialmente porque a autoridade fiscalizadora pode obter informação de confirmação da outra parte. Razão não há para a dissociação de ambos os polos na relação e estabelecer exigência rigorosa de um e nada de outro, porque a operação é conjunta e correspondente, com reflexos constatáveis nas informações dos dois contribuintes. Ademais, o dispositivo legal permite a comprovação por um ou outro meio, admitindo que na falta de um se faça através de outro. Não há no texto legal qualquer indicativo para a exigência das duas comprovações. Observese a clareza do texto quando diz (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99): “..., podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;”. Acrescentese, por oportuno, que o meio de pagamento ‘dinheiro vivo’ dispõe de força legal denominada ‘curso forçado’, ao contrário do ‘cheque’. Por isso a importância probante de relevância no documento que quita o pagamento, seja recibo ou nota fiscal de prestação de serviço. No caso, há que se considerar a presunção de idoneidade da comprovação apresentada em obediência ao que dispõe a legislação. Mais ainda, em razão da ausência da apresentação, por parte do fisco, de indícios que coloquem em dúvida a idoneidade dos recibos apresentados pela Recorrente. Não basta a simples desconfiança do agente público incumbido da auditoria para que se obrigue o contribuinte a apresentar prova suplementar se não há elementos desabonadores da boa fé de quem usa a documentação especificada na lei para o exercício do direito à dedução na apuração do resultado tributário da pessoa física. O Código Civil, Lei nº 10.406/2002, em seu art. 219 diz que: “As declarações constantes de documentos assinados presumemse verdadeiros em relação aos signatários.” Neste sentido, os recibos em questão presumemse verdadeiros porque aceitos pelas partes contratantes identificadas no documento, de forma que não é razoável a decisão do Fisco de rejeitar os comprovantes como prova válida, sem a indicação de elementos que os desqualifiquem. Se os documentos são válidos para o prestador dos serviços oferecer os valores à tributação, os mesmos documentos deverão ser válidos também para a dedução legal de quem os recebe como comprovação de pagamentos. Por juízo subjetivo ou simples desconfiança, sem sequer a indicação de indícios de inidoneidade da documentação, não pode a autoridade lançadora fazer exigências fora dos limites da lei. O procedimento fiscal busca amparo no que dispõe o art. 73 e seu § 1º, do Decreto nº 3.000/99, para posicionar o ônus da prova unicamente no contribuinte, nos termos em que a seguir se descreve: Art. 73. Todas as deduções estão sujeitas a comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º). (grifei) Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 150 11 § 1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). (grifei) No ordenamento jurídico brasileiro o decreto regulamentador é uma norma expedida pelo poder executivo que tem como função pormenorizar os preceitos fixados na lei, dentro dos limites nela insertos, sendo considerados, por isso, atos secundários. Seu alcance cingese aos limites da lei não podendo criar situações que obrigue ou limite direitos além daqueles constantes na lei que regulamenta. Neste quesito específico das deduções de despesas médicas temos o que dispõe a Lei nº 9.250/95, em seu art. 8º, § 2º, incisos II e III, que foi objetivamente regulamentado no Decreto 3.000/99, no art. 80, § 1º, incisos II e III. Assim, a regulamentação deste item de despesa dedutível aqui se esgota porque o objeto tratado foi abordado de forma direta e específica, não permitindo outras exigências porque a lei não concede extensões de procedimento fiscalizatório nem limitação quantitativa de direitos. Neste sentido descabe a utilização do art. 73 e seu § 1º, conforme citado no Lançamento, por se tratar de dispositivo genérico que aparece no Decreto Regulamentador no capítulo das Disposições Gerais de Deduções, vinculado ao longínquo DecretoLei nº 5.844 de 1943, muito distante no tempo e do contexto jurídico atual. A rigidez dos termos do art. 73 e § 1º está mais para o período em que foi concebido do que para os dias atuais. A origem do conteúdo do texto vem do período do DecretoLei acima citado, mais precisamente do ano de 1943, anterior, portanto, às quatro últimas Constituições do Brasil (1946, 1967, 1969 e 1988) e, muito distante do conceito atual de Direito do Contribuinte e do Estado de Direito. Além disso, mesmo na vigência do referido DecretoLei a austeridade do instrumento não era plena, visto que o art. 79, § 1º, do mesmo diploma legal lhe impunha limitações, no seguinte dizer: “Art. 79. Farseá o lançamento ex officio: § 1º Os esclarecimentos prestados só poderão ser impugnados pelos lançadores, com elemento seguro de provo, ou indício veemente de sua falsidade ou inexatidão.”. A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inciso II, diz que “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Da mesma forma, o art. 150, inciso I, vai na mesma direção ao determinar que: “Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”. A verdade posta é que ao reduzir ou limitar deduções a Autoridade Lançadora estaria aumentando tributo sem lei que estabeleça. Estamos sob a égide da Constituição Federal de 1988 e, quando a Carta Magna menciona o termo “lei” ela se refere aquele instrumento jurídico emanado do Poder Legislativo, como órgão de representação do povo, nascido do devido processo constitucional. O decretolei, por sua vez, constituíase numa espécie de ato normativo com origem no Poder Executivo em caso de urgência ou de interesse público relevante. Ou seja, um decreto que fazia às vezes de lei que vigorou até a Constituição Federal de 1988. A doutrina aceita que o decreto lei tenha valor vigorante enquanto não contrariar lei posterior. Contudo, o DecretoLei nº 5.844/1943, ao não constituirse em lei, contraria a Constituição vigente, nos dispositivos antes citados (inciso II, art. 5º e inciso I, art. 150 – CF/1988). Assim que, o art. 73 do Decreto nº 3.000/99 não encontra sustentação quando busca apoio no DecretoLei nº 5.844/1943, porque lei não é. Portanto, o juízo da autoridade lançadora não pode ser estabelecido de forma subjetiva, tampouco por critérios Fl. 155DF CARF MF 12 de proporcionalidades não definidos quanto à deduções exageradas. Tudo para o resguardo do recomendável equilíbrio da relação fiscocontribuinte e do equilíbrio do direito entre as partes na lide, a luz do ordenamento jurídico atual. A Lei não dispõe dessa parametrização e nem define de quanto deve ser essa dedução exagerada, tampouco fixa uma percentagem entre gasto com saúde e renda do contribuinte. Qual seria a quantificação razoável dessa comparação? Além disso, incabível a desconfiança fiscal de colocar em dúvida a existência de moléstia ou da necessidade de cuidados médicos ou odontológicos do contribuinte porque o que a lei realmente exige é a comprovação do pagamento da prestação de serviço. Eventual desconfiança de que o profissional teria fornecido comprovação de serviço que não prestou caracterizaria conluio entre as partes contratantes, o que não foi apontado no histórico do Lançamento. Admitirse que os recibos não representam uma verdadeira prestação de serviço conduz à conclusão lógica de que teria ocorrido conluio entre profissional e paciente, ambos contribuintes do imposto, com o objetivo de lesar o fisco, e assim estariam enquadrados em multa qualificada, o que não foi o caso de apontamento no Lançamento. Em socorro ao posicionamento que busca resguardar o direito do contribuinte tomamse emprestados os termos da doutrina que trata da necessária clareza da motivação nos atos da administração pública, trazida pelo sempre bem citado Hely Lopes Meireles, quando descreve a necessidade da motivação do ato administrativo, que assim se posiciona: “Para se ter a certeza de que os agentes públicos exercem a sua função movidos apenas por motivos de interesse público da esfera de sua competência, leis e regulamentos recentes multiplicam os casos em que os funcionários, ao executarem um ato jurídico, devem expor expressamente os motivos que o determinaram. É a obrigação de motivar. O simples fato de não haver o agente público exposto os motivos de seu ato bastará para tornálo irregular; o ato não motivado, quando o devia ser, presumese não ter sido executado com toda a ponderação desejável, nem ter tido em vista um interesse público da esfera de sua competência funcional.” No mesmo sentido a Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, no seu art. 50, diz que: “os atos administrativos deverão ser motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; decidam processos administrativos de concurso ou seleção público; decidam recursos administrativos...”. O Novo Código de Processo Civil, embora posterior aos fatos da ocorrência do lançamento, pode ser utilizado em apoio à interpretação aqui esposada, porque mais benéfico à Recorrente, contém dispositivos pertinentes que devem ser trazidos à colação, de vez que transitam na mesma linha de entendimento que aborda a observância do direito do contribuinte de forma moderna e em consideração ao Estado de Direito. O Código avança no sentido de estabelecer o equilíbrio de forças das partes no processo de julgamento, como se vê na orientação do art. 7º, como segue: “Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório”. (grifei) Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10680.005655/200881 Acórdão n.º 2001000.385 S2C0T1 Fl. 151 13 Traz reforço ainda o CPC para esse entendimento quando suaviza o posicionamento anterior que atribuía ao contribuinte, de forma quase que exclusiva, o ônus da prova, e inaugura a possibilidade das partes atuarem em prol de uma instrução colaborativa, a fim de oferecer ao julgador melhores subsídios para proferir a decisão, sem que se faça uso da regra do ônus da prova de forma unilateral. Este novo procedimento está explicitado no § 1º, do art. 373, da seguinte forma: § 1o Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. De forma semelhante o art. 6º do CPC reforça este entendimento colaborativo ao dizer que “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. CONCLUSÃO Cabe ressaltar que a decisão de primeiro grau não veda a possibilidade da ocorrência de pagamento dos serviços em espécie porque a moeda brasileira é de curso forçado, obrigando a todos a aceitação em dinheiro para quitação de qualquer obrigação financeira, ao contrário de outros meios de pagamento. A decisão prolatada no Acórdão da DRJ não se fundamenta na falsidade documental, mas a falta de comprovação da necessidade da prestação do serviço médico, por documentação suplementar que indique a ocorrência de moléstia, como se a Autoridade Lançadora fosse ao mesmo tempo fiscal de rendas e dos serviços de saúde. Essa exigência da Autoridade Lançadora fazse inapropriada porque a legislação não requer comprovação da enfermidade, mas sim a comprovação dos pagamentos. No que se refere a limites, o legislador os fixa quando assim o quer. Faz isso, por exemplo, no caso do imposto sobre a renda, na dedução de despesas com instrução, em que limita os gastos com despesas escolares do contribuinte e de seus dependentes, independentemente do valor total que tenha dispendido com instrução no período. No caso de despesas médicas a lei não fixa limites, portanto, desarrazoado critério definidor de quantitativo, proporcionalidade sobre a renda ou qualquer outro parâmetro que “a juízo da autoridade lançadora” possa entender como “deduções exageradas” (art. 73 e §1º do Decreto nº 3.000/99, herdados do DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 3º e 4º), porque a lei em vigor assim não determina e, “ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (inciso II, art. 5º, CF). Logo, legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pela contribuinte, comprovado mediante apresentação de nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Desnecessária qualquer declaração posterior firmada pelo profissional prestador do serviço porque aqueles comprovantes já cumprem a função legalmente exigida. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da Fl. 157DF CARF MF 14 documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pela contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Por fim, incabível a exigência que perpassa a relação fiscocontribuinte no intento de comprovar a necessidade do atendimento médico sobre informações que dizem respeito tão somente a relação médicopaciente, em resguardo a intimidade pessoal na questão de saúde da pessoa fiscalizada, de vez que situações absolutamente diferentes e sem pertinência simultânea. No caso, constatase nos autos que os serviços prestados correspondem a especialidade técnica de profissional habilitado na área médica, de acordo com as necessidades especificas dos beneficiários dos tratamentos e, com o fornecimento de comprovantes de pagamento dos serviços prestados. Foram anexados ao processo, em complementação, documentos que suprem as exigências da autoridade autuante, notadamente no que se refere à identificação dos pagamentos mediante apresentação de demonstrativo de retiradas de valores das contas bancárias, como se vê nas fls. 42 a 45, além da farta apresentação de cópias das contas bancárias que identificam a movimentação financeira em volumes e datas compatíveis com as despesas realizadas, identificandoas, mediante sinalização no próprio extrato bancário. Neste sentido, a apresentação de documentação complementar não inova e supre a exigência fiscal, como constatável no processo. Assim que, no exame da documentação acostada ao processo, verificase que a Recorrente apresentou a documentação comprobatória das despesas realizadas e a correspondente comprovação dos pagamentos aos profissionais, na forma exigida pela legislação, e por isso a utilizou como dedutível na declaração de ajuste do imposto. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito DAR PROVIMENTO, restabelecendose a dedução das despesas, restando, por consequência, improcedente a íntegra do lançamento. (assinado digitalmente) Jose Alfredo Duarte Filho Fl. 158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.017600/2010-78
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Apr 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Jun 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/07/2005 a 31/08/2007
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.677
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício.
(assinado digitalmente)
Ana Cecília Lustosa da Cruz - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ
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APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 01 76 00 /2 01 0- 78 Fl. 365DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho (suplente convocado), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional contra o Acórdão n.º 2301002.937 proferido pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF, em 11 de julho de 2012, no qual restou consignada a seguinte ementa, fls. 119: ASSUNTO: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/07/2005 a 31/08/2007 MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FUNDAMENTAÇÃO DEVIDA. DECADÊNCIA. DUPLICIDADE DE EXAÇÃO. INEXISTÊNCIA. MULTA DE OFÍCIO. OBSERVÂNCIA DA LEI MAIS BENÉFICA. Apresentar a empresa GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições sociais previdenciárias constitui infração à legislação, nos termos do artigo 32, IV e § 5º, da Lei n.º 8.212/91. A multa exigida do contribuinte é a vigente na época em que ocorreram os fatos geradores, devendo retroagir a penalidade mais benigna prevista posteriormente pela legislação. O direito do Fisco de autuar a empresa por descumprimento de obrigação acessória decai nos termos do inciso I do art. 173 do Código Tributário Nacional. A exigência e multa por inadimplemento da obrigação principal não se confunde com a penalidade decorrente do descumprimento da obrigação acessória. Em relação a aplicação de multa pelo descumprimento de obrigação acessória previdenciária, o seu cálculo final deve observar o disposto no artigo 32A, da Lei 8.212/91, nos termos da redação dada pela Lei 11.941/09. Recurso Voluntário Provido em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Conforme consta do Relatório Fiscal, fls. 5 a 8, a empresa está sendo autuada por apresentar o documento a que ser refere na Lei 8.212, de 24.07.91, art. 32, inciso IV e § 3º, acrescentado pela Lei 9528 , de 10.12.97, Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, das competências 07/2005, 07/2006, 09/2006, 05/2007 e 08/2007, com dados não cor respondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, infringindo o disposto na Lei 8212, de 24.07.91, art. 32, inciso Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10830.017600/201078 Acórdão n.º 9202006.677 CSRFT2 Fl. 3 3 IV e § 5 °, acrescentado pela Lei 9.528, de 10.12. 97 combinado com art. 225, IV , § 4° do Regulamento da Previdência RPS, aprovado pelo Decreto 3.048, de 06.05.99. Dentro do prazo regulamentar, a Contribuinte apresentou impugnação, fls. 427 a 480. Com a análise da impugnação apresentada, a Delegacia da Receita Previdenciária em Campinas/SP julgou procedente o lançamento fiscal, fls. 255 a 262. Em decorrência da análise do Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, foi dado provimento parcial ao recurso, nos termos abaixo transcritos, 961 a 972: 50. Diante do exposto, CONHEÇO do recurso voluntário para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO PARCIAL, para: a) decotar do lançamento os valores referentes às contribuições destinadas à participação nos lucros ou resultados; b) reduzir a multa aplicada conforme determina o artigo 32A, da Lei n.º 8.212/91, nos termos da redação dada pela Lei 11.941/09, se mais benéfica ao contribuinte. Posteriormente, foi interposto Recurso Especial da Procuradoria da Fazenda Nacional, fls. 134 a 146, por entender a recorrente que o aresto merece reforma, visto que o acórdão recorrido diverge do paradigma, em síntese, no que diz respeito ao critério de comparação para fins de aferição da multa mais benéfica, em virtude das alterações dos dispositivos da Lei 8.212/91, que tratam dessa matéria, pela MP 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. Foi realizado exame de admissibilidade, fls. 161 a 163, sendo dado seguimento ao citado Recurso para a rediscussão da questão suscitada. No que se refere ao mérito, a Recorrente aduz, em síntese, que: a) com o advento da MP 449/2008, instituiuse uma nova sistemática de constituição dos créditos tributários, o que torna essencial a análise de pelo menos dois dispositivos: artigo 32A e artigo 35A, ambos da Lei 8.212/91; b) toda vez que houver o lançamento da obrigação principal, além do descumprimento da obrigação acessória, a multa lançada será única, qual seja, a prevista no artigo 35A da Lei 8.212/91; c) a NFLD e o Auto de Infração devem ser mantidos, com a ressalva de que, no momento da execução do julgado, a autoridade fiscal deverá apreciar a norma mais benéfica: se as duas multas anteriores (art. 35, II, e 32, IV, da norma revogada) ou o art. 35A da MP 449). Por meio de contrarrazões, fls. 543 a 548, a Contribuinte se insurgiu relativamente ao conhecimento e ao mérito do recurso, sustentando, em síntese, que: Fl. 367DF CARF MF 4 a) o recurso interposto com apenas um acórdão adotado como paradigma, em ofensa aos §§ 6º e 9º do art. 67 do RICARF sequer deveria ter sido admitido; c) houve acerto do acórdão ao determinar a observância da nova redação conferida ao art. 32A da Lei n.º 8.212/91 pela Lei n.º 11.941/09 e limitar a multa no patamar de R$ 20,00 para cada grupo de 10 informações incorretas, ou de 2% a no máximo 20% incidente sobre o montante das contribuições informadas, o recurso ora contrarrazoado não poderia se valer de outra manobra que não fosse confundir a natureza e a finalidade das penalidades. Ao Recurso Especial interposto pela Contribuinte foi negado seguimento, de acordo com o Despacho de Admissibilidade de fls. 351 a 357. Houve reexame de admissibilidade do Recurso, contudo foi mantida a negativa de seguimento, fls. 359. É o relatório Voto Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz Relatora 1. Do conhecimento. Alega a Recorrida que o recurso interposto com apenas um acórdão adotado como paradigma, em ofensa aos §§ 6º e 9º do art. 67 do RICARF, sequer deveria ter sido admitido. Para melhor compreensão do teor do Acórdão paradigma (240100.127) utilizado pela Fazenda, cabe mencionar um trecho da decisão: Asseverese que todas as contribuintes decorrentes da omissão em GFIP foram objeto de lançamento, por meio das notificações já mencionadas e, a meu ver, tendo havido o lançamento de oficio, não se aplicaria o art. 32A, sob pena de bis in idem. Considerando o principio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea "c", do Código Tributário Nacional, hi que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face As alterações trazidas. No caso das notificações conexas e já julgadas, prevaleceram os valores de multa aplicados nos moldes do art. 35, inciso II, revogado pela MP 449/2008, o qual previa uma multa maxima de cinqüenta por cento, ou seja, inferior ao percentual de setenta e cinco por cento estabelecido pela nova regra. Assim, para evitar o bis in idem, o cálculo da multa deve ser efetuado pela aplicação do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, excluindose os valores das multas lançadas Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10830.017600/201078 Acórdão n.º 9202006.677 CSRFT2 Fl. 4 5 nas notificações correspondentes. Sobre o tema, o Despacho de Admissibilidade deixa evidente a divergência, conforme abaixo transcrito: Afirma que a hipótese em análise no paradigma é idêntica a que hora se reporta. Isso porque, o que se encontrava em julgamento era exatamente o auto de infração, por descumprimento de obrigação acessória em que também se lavrou NFLD em decorrência da mesma ação fiscal. Explica que, naquela ocorrência, consignouse que o dispositivo legal a ser aplicado passa a ser o art. 35A da Lei 8.212/91, que nos remete ao art. 44, I da Lei 9430/96, e não o art. 32A da Lei 8.212/91, conforme entendeu a Câmara a quo, haja vista que este preceito normativo somente se aplica às situações em que somente tenha havido descumprimento de obrigação acessória relacionada à GFIP. Havendo lançamento de tributo, a multa passa a ser aplicada nos termos do art. 35A da Lei 8.212/91. Mediante análise dos autos, vislumbro a similitude das situações fáticas nos acórdãos recorrido e paradigma, motivo pelo qual entendo que está configurada a divergência jurisprudencial apontada. As decisões em comento referemse a auto de infração lavrado pelo descumprimento da obrigação tributária acessória prevista na Lei n° 8.212/1991, no art. 32, inciso IV e § 5°, acrescentado pela Lei n° 9.528/1997 c/c o art. 225, inciso IV e § 4° do Decreto n° 3.048/1999 que consiste em a empresa apresentar GFIP — Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. Identificada a divergência suscitada, cumpre esclarecer que, consoante dispõe o Regimento Interno do CARF, para a demonstração da divergência, podem ser indicados até dois paradigmas, como abaixo transcrito: Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. § 6º Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. § 7º Na hipótese de apresentação de mais de 2 (dois) paradigmas, serão considerados apenas os 2 (dois) primeiros indicados, descartandose os demais. Assim, ao contrário do alegado pela Recorrida, não há obrigatoriedade da indicação de dois paradigmas, sendo este o limite máximo e não o mínimo. Fl. 369DF CARF MF 6 Pelo exposto, identificada a divergência jurisprudencial apontada pela Recorrente e o devido prequestionamento da matéria, conheço do recurso. 2. Da retroatividade benigna Conforme narrado, a controvérsia reside na aplicação das penalidades relativas às contribuições previdenciárias previstas na Lei n.º 8.212/91, com alterações promovidas pela MP n.º 449/2008, convertida na Lei n.º 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. Sobre o tema, utilizome do voto de lavra do Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos abaixo transcrito. Cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 10830.017600/201078 Acórdão n.º 9202006.677 CSRFT2 Fl. 5 7 Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no auto de infração de obrigação acessória AIOA somado com a multa aplicada na NFLD do auto de infração da obrigação principal AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da Fl. 371DF CARF MF 8 declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Fl. 372DF CARF MF Processo nº 10830.017600/201078 Acórdão n.º 9202006.677 CSRFT2 Fl. 6 9 Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade Fl. 373DF CARF MF 10 limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora Fl. 374DF CARF MF Processo nº 10830.017600/201078 Acórdão n.º 9202006.677 CSRFT2 Fl. 7 11 fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3ºA análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35 A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Diante do exposto, voto conhecer do Recurso Especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional e, no mérito, darlhe provimento para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº14, de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Ana Cecília Lustosa da Cruz. Fl. 375DF CARF MF 12 Fl. 376DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11543.002116/2001-51
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 08 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Jun 19 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1997
DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA.
Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO.
A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente.
Numero da decisão: 1001-000.484
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
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ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. INEXISTÊNCIA DE CRÉDITO. A restituição de créditos tributários só pode ser efetuada com crédito líquido e certo do sujeito passivo; no caso, o crédito pleiteado é inexistente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 54 3. 00 21 16 /2 00 1- 51 Fl. 334DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 335 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (efls. 279 a 283) interposto pela ora recorrente contra o Acórdão nº 9.207, de 22/12/2005, proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Rio de Janeiro/RJ (efls. 284 a 292), objetivando a reforma do referido julgado. Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir excertos do relatório da Resolução n.° 101 02.667/2008, da extinta Primeira Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, quando na ocasião foi acordado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência: (grifos não constam do original) Trata o presente processo de pedido de restituição de saldo negativo do Imposto sobre a Renda do anocalendário de 1997 (fls. 42) cumulado com pedidos de compensação (fls. 60/67). A autoridade fiscal indeferiu o pedido por meio do Despacho Decisório de fls. 158/161, sob a fundamentação de que o valor devido do Imposto de Renda Pessoa Jurídica para o anocalendário de 1997 suplantava o valor do IRRF (linha 15 da ficha 08 da DIPJ/1998) não existindo saldo negativo a ser restituído. A autoridade tributária chegou a tal conclusão após refazer o demonstrativo de lucro real, tendo em vista que o requerente teria compensado prejuízos fiscais em percentual superior ao limite legal de 30%. Tendo tomado ciência da decisão de indeferimento de sua solicitação em 13 de abril de 2005, a autuada insurgiuse apresentando a manifestação de inconformidade (fls. 174/180) em 12 de maio de 2005, em que narra, em suma, os seguintes fatos e argumentos: 1. que a autoridade fazendária direcionou suas verificações acerca da legalidade dos créditos tributários de forma absurda e equivocada, indicando como motivo para o indeferimento a inexistência de saldo negativo de IRPJ, por ter deixado de recolher IRPJ em virtude de ter compensado indevidamente prejuízos fiscais em valores superiores ao limite de 30% do lucro líquido. 2. que a autoridade tributária não levou em consideração que a compensação do lucro líquido em percentual superior a 30% já fora objeto de lançamento tributário, que tramita no PAF n° 11543.005745/200214, o qual encontrase com sua exigibilidade suspensa. Por este motivo não poderia ser esta a motivação do indeferimento do pleito ora analisado. Outrossim a utilização de percentual superior a 30% do lucro líquido ajustado para a compensação de prejuízos fiscais estava acobertado em sentença judicial nos autos de Ação Ordinária n° 95.00670194 e de Medida Cautelar n° 95.00161354, em tramitação na 17a Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro. A autoridade julgadora de primeira instância decidiu a questão por meio do acórdão n° 9.207/2005 indeferindo a manifestação de inconformidade do sujeito passivo, tendo sido lavrada a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 335DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 336 3 Anocalendário: 1997 Ementa: INCONSTITUCIONALIDADE OU ILEGALIDADE. A autoridade administrativa não possui.competência para apreciar a inconstitucionalidade ou ilegalidade de lei ou ato normativo do poder público, cabendo tal prerrogativa unicamente ao Poder Judiciário. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. Não tendo a contribuinte logrado comprovar a existência de créditos líquidos e certos contra a Fazenda Pública, não pode a autoridade administrativa autorizar a pleiteada restituição/compensação. Solicitação Indeferida. O referido acórdão concluiu com base nas seguintes razões de decidir: 1 que os mesmos princípios aplicados à restituição do indébito tributário devem ser aplicados à compensação por serem ambas dependentes do reconhecimento do pagamento indevido ou a maior que o devido. 2 que a restituição de valor indevido depende da comprovação deste e que, no presente caso os supostos pagamentos aguardam julgamento (administrativo e judicial) por instâncias superiores, pelo quê não se pode afirmar que tais pagamentos são indevidos. 3 desta forma, não há direito líquido e certo a restituir ou compensar, conforme exige o artigo 170 do CTN. Cientificado da decisão de primeira instância em 23 de janeiro de 2006, irresignado pelo indeferimento de sua manifestação de inconformidade, o sujeito passivo apresentou em 21 de fevereiro de 2006 o recurso voluntário de fls. 263/267, em que apresenta as seguintes razões de defesa: 1. que os presentes autos se referem aos pagamentos indevidos a serem objeto de competente devolução (IRRF), não devendo ser confundidos com o aventado saldo positivo apurado pela autoridade fazendária quando da análise do pleito e que é objeto de lançamento específico, pelo quê não poderia obstaculizar a restituição pleiteada. 2. que a restituição do IRRF somente poderia ser alcançada pelos efeitos de eventual débito fiscal, acaso este estivesse definitivamente constituído, o que não teria ocorrido. 3. Afirma ainda que o procedimento adotado de utilizarse de compensação de prejuízos fiscais acima do limite de 30% do lucro líquido está amparado em decisão judicial em pleno vigor. 4. que é absurda a afirmação de que não houve comprovação do pagamento indevido, por estarem os supostos pagamentos sujeitos a decisões judicial e administrativa de instâncias superiores, já que a matéria que aguarda as citadas decisões (compensação acima dos 30%) não tem nada a ver com o objeto do pedido (créditos de IRRF). 5. que os créditos de IRRF não foram contestados pela autoridade fazendária ou pela autoridade julgadora de primeiro grau. Fl. 336DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 337 4 A 2a Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes declinou da competência de analisar o recurso interposto em favor desta E. Câmara por meio do acórdão n° 10248.639. Transcrevo, a seguir, as considerações do Relator que propôs a converter o julgamento em diligência, conforme a Resolução n.° 10102.667/2008: O objeto do pedido era inicialmente "a restituição do imposto de renda retido na fonte sobre operações financeiras anocalendário de 1997" (fls. 01), o qual foi transformado por petição da própria requerente para "IRPJ a compensar e/ou restituir do anobase de 1997" (fls. 41 e 42). Inicialmente fazse necessário identificar o objeto do pedido de restituição já que até a própria recorrente apresentou dois pedidos com dois objetos distintos, além de ter reafirmado diversas vezes a necessidade de não se confundir a restituição dos valores que indica de IRRF e o saldo "positivo" de IRPJ indicado pela autoridade tributária que indeferiu inicialmente seu pleito. Os recolhimentos de IRRF que se pretende serem restituídos são decorrentes de rendimentos obtidos em aplicações financeiras, conforme fazem prova os documentos trazidos aos autos pela peticionante. O tratamento tributário de tais valores encontrase estabelecido no artigo 76 da Lei n° 8.981/1995, com alteração da Lei n° 9.065/1995, verbis: Art. 76. O imposto de renda retido na fonte sobre os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável, ou pago sobre os ganhos líquidos mensais, será: I deduzido do apurado no encerramento do período ou na data da extinção, no caso de pessoa jurídica submetida ao regime de tributação com base no lucro real; II definitivo, no caso de pessoa jurídica não submetida ao regime de tributação com base no lucro real, inclusive isenta, e de pessoa física. (...) § 2º Os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e de renda variável e os ganhos líquidos produzidos a partir de 1 o de janeiro de 1995 integrarão o lucro real. Do disposto se infere que o IRRF é dedução do imposto de renda devido no período e, portanto, só será possível sua restituição no caso de inexistência de saldo de imposto devido no período ou na hipótese de seu valor exceder o valor devido. Obviamente a verificação da existência ou não de imposto devido ao final do período depende da verificação da correta apuração de sua base de cálculo. Foi esse o motivo do indeferimento do pleito do interessado por parte da autoridade tributária de seu domicílio fiscal. Ao perquirir a correta apuração do imposto devido no período, aquela autoridade verificou que a recorrente havia efetuado compensação de prejuízos fiscais em percentual acima do limite de 30% do lucro líquido, o que feria o artigo 15 da Lei n° 9.065/1995. Fl. 337DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 338 5 Portanto, não cabem os argumentos trazidos pela recorrente dando conta do desvio na verificação levada a cabo pela Delegacia da Receita Federal em Vitória (ES). O objeto do pedido de restituição não é o IRRF recolhido, mas sim o saldo negativo do IRPJ, porventura existente no período, conforme foi consignado pela requerente no pedido de fls. 42. Cabe agora analisar outros dois argumentos trazidos à baila pela recorrente: 1) que a compensação levada a cabo em percentual superior ao limite legal está amparada em medidas judiciais em pleno vigor; e 2) que o crédito tributário correspondente ao excesso de compensação de prejuízos não pode ter influência no pedido de restituição ora analisado tendo em vista que é objeto de lançamento de ofício ainda em tramitação na esfera administrativa. No tocante à possibilidade de discussão em sede administrativa de matéria levada ao crivo do Poder Judiciário, o Primeiro Conselho de Contribuintes, já sumulou seu entendimento contrário, por meio da Súmula 1º CC n° 01: Súmula 1º CC nº 1: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de oficio, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Ocorre que, pelo próprio texto da súmula citada, podemos verificar que é necessária a análise das questões extravagantes, ou seja daquelas questões que não se enquadrem dentre as discutidas judicialmente. Neste sentido cabe verificar a potencial influência da discussão levada a cabo em sede do PAF n° 11543.005745/200214 quanto às questões extravagantes constantes do recurso voluntário apresentado. Nele tramita o lançamento de oficio no qual foi constituído o crédito tributário relativo ao excesso de compensação de prejuízos fiscais. O recurso n° 149.323, no qual restou contestado tal lançamento, foi a julgamento na sessão de 28 de fevereiro de 2007, resultando no acórdão n° 10809219, tendo sido lavrada o seguinte resultado e ementa: Por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso de oficio e, quanto ao recurso voluntário, por unanimidade de votos, ACOLHER a preliminar de decadência para cancelar a exigência do fato gerador de 31,12.97 e, no mérito, NEGAR provimento ao recurso. Ausente momentaneamente o Conselheiro José Henrique Longo. Fez sustentação oral pela recorrente a advogada Dra. Mariana Jesus Lourenço. Ementa: IRPJ DECADÊNCIA Afastada a hipótese de intuito de fraude, dolo ou simulação pelo contribuinte, aplicase a regra contida no artigo 150, § 4" do Código Tributário Nacional, pela qual em se tratando de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o prazo decadencial para constituição do crédito tributário é de cinco anos, contado da ocorrência do fato gerador. Fl. 338DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 339 6 POSTERGAÇÃO Para caracterização da postergação nos termos do PN Cosit nº 02/96, há a necessidade de pagamento espontâneo do imposto correspondente em períodos subseqüentes. TAXA SELIC Aplicação da Súmula n. 04 do Primeiro Conselho de Contribuintes. Recurso de oficio negado. Preliminar de decadência acolhida. Recurso voluntário negado. Conforme visto o lançamento relativamente ao período ao qual se refere a restituição pleiteada foi considerado decaído, o que implicaria no reconhecimento do saldo negativo do IRPJ na forma como constante da Declaração de Rendimentos entregue pelo interessado. No entanto, ao verificar no sítio dos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda a tramitação atual do referido PAF vêse que, contra aquela decisão, foi interposto recurso de divergência pela Procuradoria da Fazenda Nacional, o qual se encontra pendente de julgamento: Número do Recurso: 108149323 Tipo do Recurso: RECURSO DE DIVERGÊNCIA Número do Processo:11543.005745/200214 Nome do Recorrente: FAZENDA NACIONAL Nome do Interessado(a): TRISTÃO COMPANHIA DE COMÉRCIO EXTERIOR Por tal motivo, o outro ponto indicado para discussão: a existência de Ação Ordinária n° 95.00670194 e d e Medida Cautelar n° 95.00161354, em tramitação na 17a Vara da Justiça Federal no Rio de Janeiro em que é discutida a possibilidade de compensação integral do prejuízo fiscal, sem o limite de 30% do lucro líquido, perderia sua importância em relação ao caso presente, posto que, se confirmado o acórdão 10809219 pela CSRF, não existiria crédito tributário a ser exigido. Como a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs Recurso de Divergência contra tal acórdão, fazse necessário aguardar a solução daquele, antes de proferir a decisão destes autos, em face da estreita relação entre as duas lides estabelecidas. Desta forma, voto no sentido de CONVERTER o julgamento em diligência para remeter os presentes autos à repartição de origem com o fito de aguardar a decisão definitiva na esfera administrativa do julgamento do PAF n° 11543.005745/200214, após o quê deverá ser juntado a este processo cópia daquela decisão definitiva e proceder ao retorno dos presentes autos ao Primeiro Conselho de Contribuintes para sua decisão. É o Relatório. Voto Fl. 339DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 340 7 Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni, Relator A SECATDRFVITES, em atendimento ao determinado pela Resolução nº 10102.667 da 1ª Câmara do 1º CC, de 15/08/2008, juntou a Informação em Recurso Especial do processo nº 11543.005745/200214 (Despacho à efls. 329/330), cujo excerto transcrevo a seguir: (...) Através da petição de fl. 389, o sujeito passivo manifesta desistência de seu recurso e renuncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundam o presente processo, com vistas a usufruir da norma exonerativa estabelecida pela Lei n° 11.941/2009. Como resultado dessa desistência, extinguese a lide em relação a todo o crédito tributário que seja passível de recurso. Tal circunstância envolveria, no presente caso, não só a exigência mantida pela decisão recorrida, objeto do recurso especial do sujeito passivo (não admitido), como também a questão da decadência, matéria do recurso da Fazenda Nacional admitido e pendente de julgamento. (...) De todo modo, verificase no p. processo despacho de encaminhamento da EPARCESPECIAISSECATDRFVITES, com a informação de desistência do recurso voluntário do processo nº 11543.005745/200214, conforme Termo a seguir reproduzido: DESPACHO DE ENCAMINHAMENTO Tratase de pedido de restituição/compensação, que teve o crédito não reconhecido pela DRF. A decisão foi mantida na DRJ e aguardava a decisão administrativa definitiva do processo 11543.005745/200214, para prosseguimento do julgamento pelo CARF. O contribuinte renunciou na esfera administrativa no processo 11543.005745/200214, que atualmente encontrase parcelado no âmbito da Lei 11.941/2009. Proponho o envio do presente a equipe de cobrança para retorno ao CARF, conforme determinado pela Resolução nº 10102.667 da 1ª Câmara do 1º CC, de 15/08/2008. Isto posto, sendo o objeto do pedido de restituição formulado com base no saldo negativo do IRPJ e mantida a vedação à compensação de prejuízos fiscais em percentual superior ao limite legal de 30%, objeto do processo 11543.005745/200214, não subsiste mais as alegações apostas pela recorrente no presente recurso voluntário, conforme todo o relato acima. Neste sentido, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Fl. 340DF CARF MF Processo nº 11543.002116/200151 Acórdão n.º 1001000.484 S1C0T1 Fl. 341 8 Fl. 341DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11050.003270/2005-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jun 07 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005
COFINS NÃO-CUMULATIVO. HIPÓTESES DE CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO APLICAÇÃO E PERTINÊNCIA COM AS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE PRODUTIVA. SERVIÇOS TÉCNICOS TERCEIRIZADOS ESSENCIAIS NAS AÉREAS DE ENGENHARIA, PLANEJAMENTO E GESTÃO DE SISTEMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DE PLATAFORMA DE PETRÓLEO. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
Por serem imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento e à manutenção do complexo processo produtivo da plataforma petrolífera destinada à venda, que constitui o objeto do mister social da Recorrente, as locações de serviços técnicos tercerizados prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país e habilitadas a presta-los, se inserem no conceito de insumo, assim como seus custos se inserem obrigatoriamente no custo do produto final (plataforma petrolífera) destinada à venda.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-006.083
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento. Vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à Conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 COFINS NÃO-CUMULATIVO. HIPÓTESES DE CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO APLICAÇÃO E PERTINÊNCIA COM AS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE PRODUTIVA. SERVIÇOS TÉCNICOS TERCEIRIZADOS ESSENCIAIS NAS AÉREAS DE ENGENHARIA, PLANEJAMENTO E GESTÃO DE SISTEMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DE PLATAFORMA DE PETRÓLEO. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. Por serem imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento e à manutenção do complexo processo produtivo da plataforma petrolífera destinada à venda, que constitui o objeto do mister social da Recorrente, as locações de serviços técnicos tercerizados prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país e habilitadas a presta-los, se inserem no conceito de insumo, assim como seus custos se inserem obrigatoriamente no custo do produto final (plataforma petrolífera) destinada à venda. Recurso Especial do Procurador Negado.
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HIPÓTESES DE CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO APLICAÇÃO E PERTINÊNCIA COM AS CARACTERÍSTICAS DA ATIVIDADE PRODUTIVA. SERVIÇOS TÉCNICOS TERCEIRIZADOS ESSENCIAIS NAS AÉREAS DE ENGENHARIA, PLANEJAMENTO E GESTÃO DE SISTEMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DE PLATAFORMA DE PETRÓLEO. POSSIBILIDADE DE CREDITAMENTO O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. Por serem imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento e à manutenção do complexo processo produtivo da plataforma petrolífera destinada à venda, que constitui o objeto do mister social da Recorrente, as locações de serviços técnicos tercerizados prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país e habilitadas a prestalos, se inserem no conceito de insumo, assim como seus custos se inserem obrigatoriamente no custo do produto final (plataforma petrolífera) destinada à venda. Recurso Especial do Procurador Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 05 0. 00 32 70 /2 00 5- 16 Fl. 811DF CARF MF Processo nº 11050.003270/200516 Acórdão n.º 9303006.083 CSRFT3 Fl. 812 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento. Vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (Suplente convocado), Valcir Gassen (Suplente convocado em substituição à Conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de recurso especial de divergência, tempestivo, interposto pela Fazenda Nacional ao amparo do art. 67, Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, em face do Acórdão nº 3402001.982, cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/11/2005 a 30/11/2005 COFINS NÃOCUMULATIVIDADE RESSARCIMENTO CONCEITO DE INSUMO CRÉDITOS RELATIVOS A SERVIÇOS TÉCNICOS TERCEIRIZADOS NAS AÉREAS DE ENGENHARIA, PLANEJAMENTO E GESTÃO DE SISTEMAS DE CONTROLE DE QUALIDADE UTILIZADOS NO PROCESSO PRODUTIVO DE PLATAFORMA DE PETRÓLEO – LEIS Nº 10.637/02 E Nº 10.684/03. O princípio da não cumulatividade da COFINS visa neutralizar a cumulação das múltiplas incidências da referida contribuição nas diversas etapas da cadeia produtiva até o consumo final do bem ou serviço, de modo a desonerar os custos de produção destes últimos. A expressão “insumos e despesas de produção incorridos e pagos”, obviamente não se restringe somente aos insumos utilizados no processo de industrialização, tal como definidos nas legislações de regência do IPI e do ICMS, mas abrange também os serviços terceirizados utilizados no processo produtivo de bens e serviços. Em razão da natureza intangível dos serviços, associada à natureza do processo produtivo e não ao produto gerado resultante deste processo, o que qualifica um determinado serviço como insumo, não é o seu o contato físico com o produto, mas sim a sua imprescindibilidade à existência, funcionamento, aprimoramento ou à manutenção de outros Fl. 812DF CARF MF Processo nº 11050.003270/200516 Acórdão n.º 9303006.083 CSRFT3 Fl. 813 3 processos produtivos de bens ou serviços. Por serem imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento e à manutenção do complexo processo produtivo da plataforma petrolífera destinada à venda, que constitui o objeto do mister social da Recorrente, as locações de serviços técnicos tercerizados prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no país e habilitadas a prestalos, se inserem no conceito de insumo, assim como seus custos se inserem obrigatoriamente no custo do produto final (plataforma petrolífera) destinada à venda (art. 290, inc. I do RIR/99) O presente processo referese a pedido de Ressarcimento de Crédito da COFINS NãoCumulativa, relativo ao período de apuração de 01/11/2005 a 30/11/2005, incidente sobre os serviços terceirizados utilizados no processo produtivo de bens e serviços, mais especificamente serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade nas áreas química, petroquímica, petróleo e congêneres. A 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira de Julgamento do CARF, por maioria de votos, deu provimento parcial ao recurso voluntário para assegurar o direito ao ressarcimento dos créditos de COFINS e de PIS em relação às aquisições de serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade nas áreas química, petroquímica, petróleo e congêneres, efetivamente prestados ao contribuinte. A Fazenda apresentou recurso especial (fls. 714 a 734), suscitando divergência relativamente aos itens considerados como insumos: serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade. O Recurso Especial da Fazenda Nacional foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, no que diz respeito ao conceito de insumo utilizado para fins de creditamento da COFINS, conforme despacho de admissibilidade (fls. 736 a 738). O sujeito passivo apresentou suas contrarrazões (fls. 746 a 778). É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Conforme relatado, o tempestivo recurso foi integralmente admitido pela comprovação da divergência suscitada, no que diz respeito ao conceito de insumo utilizado para fins de creditamento de COFINS. Visando comprovar a divergência, a Fazenda Nacional apresentou como paradigma o Acórdão nº 20312.448, cujos inteiro teor da ementa foi transcrita no recurso. Fl. 813DF CARF MF Processo nº 11050.003270/200516 Acórdão n.º 9303006.083 CSRFT3 Fl. 814 4 O confronto das decisões comprova a divergência. Enquanto a turma a quo reconheceu como insumo as aquisições de serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade nas áreas química, petroquímica, petróleo e congêneres, efetivamente prestados ao contribuinte, por serem imprescindíveis à existência, funcionamento, aprimoramento ou à manutenção de outros processos produtivos de bens ou serviços do contribuinte, não sendo necessário o contato físico com o produto, a decisão paradigma, em sentido contrário, adotou a interpretação restritiva do conceito de insumo, tal como prescreve a legislação do IPI e o PN CST 65/79. Diante da comprovação do dissídio jurisprudencial alegado e atendido os demais requisitos de admissibilidade, conheço do recurso. Portanto, a matéria devolvida ao Colegiado cingese à questão do conceito de insumo para fins de creditamento de PIS e COFINS, em especial os serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade. Os arts. 3º, inciso II das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, dispõem sobre a possibilidade de a pessoa jurídica descontar créditos relacionados a bens e serviços, utilizados como “insumo” na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Visando normatizar o termo “insumo” a Receita Federal editou as Instruções Normativas, IN SRF nº 247/02, art. 66, § 5º, no caso do PIS e IN SRF nº 404/04, art. 8º, § 4º para a Cofins. Nelas, o fisco limitou a abrangência do termo “insumos” utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda, à matériaprima, ao produto intermediário, ao material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Em se tratando de serviços, os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços. Necessário, ainda, que os bens não estejam incluídos no ativo imobilizado, bem assim, os serviços sejam prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, sendo aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto ou prestação do serviço. De modo a esclarecer o alcance de tais normas em relação a casos concretos, foram editadas diversas Soluções de Consultas, por vezes conflitantes, as quais acabaram por ensejar a elaboração de inúmeras Soluções de Divergência. Na sequência dos acontecimentos, decorridos alguns anos desde a edição das leis criadoras do PIS e da Cofins na sistemática não cumulativa, percebese ser cada vez mais intenso o coro a rejeitar a não cumulatividade dessas contribuições de modo tão restritivo, nos moldes do IPI. A jurisprudência do CARF caminhou no sentido a considerar que o conceito de insumos trazido pelas normas de regência se posiciona de forma intermediária entre o conceito restritivo do IPI e aquele mais extensivo (do IRPJ). Soluções que aplicam puramente a legislação do IPI ou do IRPJ estão ficando como posições isoladas e não mais tem prosperado, em termos de votação das inúmeras turmas que tratam da matéria. Entendo que o termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência Fl. 814DF CARF MF Processo nº 11050.003270/200516 Acórdão n.º 9303006.083 CSRFT3 Fl. 815 5 não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos. Em casos similares de minha relatoria (Acórdãos 9303002.630 e 9303 003.195), este colegiado aplicou esse conceito intermediário, entendendo como “insumo” aquele elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. O STJ tem reconhecido o direito aos créditos de PIS e COFINS com base no critério da essencialidade, conforme extraise do excerto da ementa do REsp 1.246.317: 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Com efeito, o conceito a ser utilizado nesse voto será a relação direta com o processo produtivo, dentro do critério da essencialidade (se o bem e o serviço são considerados essenciais na prestação de serviço ou produção, e se a produção ou prestação de serviço são dependentes efetivamente da aquisição dos bens e serviços), além de outras permissivas contidas na lei, por óbvio. Feitos todos esses comentários, passemos à análise dos insumos, objeto do presente caso: serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade. Assim dispõe o artigo 3º do Estatuto Social da companhia (fl. 9) acerca de seu objetivo social: Os itens glosados pela fiscalização relativos a serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade estão perfeitamente vinculados às atividades operacionais da recorrida. Conforme destacado no voto condutor do acórdão recorrido, constatase que tais serviços terceirizados destinados ao funcionamento, aprimoramento e manutenção da plataforma petrolífera destinada à venda são considerados essenciais ao processo produtivo. Fl. 815DF CARF MF Processo nº 11050.003270/200516 Acórdão n.º 9303006.083 CSRFT3 Fl. 816 6 A Recorrida, em suas contrarrazões, faz referência expressa aos parágrafos 36 a 43 de seu recurso voluntário, nos quais demonstra detalhadamente os aspectos relacionados à construção da plataforma P53 e a importância dos serviços tomados. Analisando os fatos e as alegações da Recorrente, constatase que a decisão recorrida não merece reparos. Não adotamos o entendimento esposado pela Fazenda Nacional acerca da necessidade de contato físico para configurar o bem ou serviço como insumo, conforme previsto na legislação do IPI. De acordo com o nosso entendimento já explicitado no presente voto e em outros de nossa relatoria, adotamos o critério da essencialidade do bem e serviço na prestação de serviço ou produção. Concluise que os serviços técnicos terceirizados nas aéreas de engenharia, planejamento e gestão de sistemas de controle de qualidade são essenciais à construção, funcionamento, aprimoramento e manutenção da plataforma petrolífera, eis que a subtração desses insumos no seu processo produtivo acarretaria perda substancial de qualidade do produto. Nenhuma ressalva há que ser feita na decisão recorrida, e deve ser mantida a reversão da glosa relativa aos serviços tomados acima referidos. Diante do exposto, voto por NEGAR provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, mantendo integralmente a decisão recorrida. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 816DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13971.721485/2014-47
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 17 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012, 2013
SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. SUBSUNÇÃO À TRIBUTAÇÃO REGULAR.
Procedida a exclusão da empresa do SIMPLES NACIONAL, a partir do período em que se processarem os efeitos desta, deve a empresa sujeitar-se à tributação aplicável às demais pessoas jurídicas.
Numero da decisão: 1301-003.070
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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Recorrente BZM INDUSTRIA E COMERCIO DE AUTO PECAS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. SUBSUNÇÃO À TRIBUTAÇÃO REGULAR. Procedida a exclusão da empresa do SIMPLES NACIONAL, a partir do período em que se processarem os efeitos desta, deve a empresa sujeitarse à tributação aplicável às demais pessoas jurídicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros, Roberto Silva Junior, Jose Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Amelia Wakako Morishita Yamamoto e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Ausente justificadamente a Conselheira Bianca Felícia Rothschild. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 72 14 85 /2 01 4- 47 Fl. 766DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 767 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 0835.744, proferido pela 6ª Turma da DRJ/FOR, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: Do Ato Declaratório Tratase do Ato Declaratório Executivo da Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau/SC, nº 21/2014, assinado digitalmente em 16.06.2014, por meio do qual a empresa em epígrafe foi excluída do Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES NACIONAL. A exclusão do SIMPLES NACIONAL surtiu efeitos a partir de 01/01/2009 e deuse: I) Pela negativa não justificada da exibição de documentos e informações sobre bens e movimentação financeiras (artigo 29, inciso II, da LC 123/2006 e artigo 5º, inciso II da Resolução CGSN nº 15/2007). II. Pela falta da escrituração do livro caixa (artigo 29, inciso VIII, da LC 123/2006 e artigo 5º, inciso VIII da Resolução CGSN nº 15/2007). III. Por prática reiterada de infração ao disposto na LC 123 (artigo 29, inciso V, da LC 123/2006 e no artigo 5º, inciso V da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007). IV. Por ultrapassar o faturamento anual de R$ 2.400.000,00 no ano calendário 2011, considerando a receita omitida (artigo 3º, Inciso II e § 9º (redação original) e no artigo 29, inciso I, ambos da Lei Complementar 123/2006 e do artigo 3º, inciso II, “a” da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007 e artigo 12, I da Resolução CGSN nº 04 de 30/05/2007) . V. Pela utilização de interpostas pessoas como sócios (artigo 29, Inciso IV da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso IV da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007). VI. Por ser remanescente de desmembramento (qualquer forma) da pessoa jurídica com a criação de outra empresa e da utilização de uma empresa que se encontrava paralisada, com finalidade de dividir o faturamento e empregados (3º, § 4º, IX da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso XI da Fl. 767DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 768 3 Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12, inciso X da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007). VII. Por ter a participação de pessoa física em seu quadro social que é sócia em outra empresa participante do SIMPLES NACIONAL (3º, § 4º, III da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso XI da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12º, inciso IV da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007). O Ato Declaratório foi precedido de representação fiscal para efeito de exclusão, nos seguintes termos (fls. 595 e ss): As empresas BZM Indústria e Comércio de Auto Peças LTDA – CNPJ 03.608.391/000110, ROBERTO BUTSCH INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE AUTO PEÇAS LTDA ME CNPJ 04.782.187/000183 e KREIZEN INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE PEÇAS AUTOMOTIVAS LTDA – CNPJ 10.567.112/000182 formam um grupo econômico de fato; DA NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS conquanto (re)intimado, o contribuinte deixou de apresentar livros contábeis (livros Diário e Razão) ou livros caixa e seus respectivos documentos em que se assentaram os lançamentos, bem como os extratos de toda movimentação financeira e bancária: tais fatos configuram hipótese de exclusão de ofício do Simples Nacional, quais sejam: Pela negativa não justificada da exibição de documentos e informações sobre bens e movimentação financeiras (artigo 29, inciso II, do LC 123/2006 e artigo 5º, inciso II da Resolução CGSN nº 15/2007). Pela falta da escrituração do livro caixa (artigo 29, inciso VIII, do LC 123/2006 e artigo 5º, inciso VIII da Resolução CGSN nº 15/2007). DA OMISSÃO DE RECEITA há mais de mil notas fiscais não registradas nos livros de registro de saída e omitada da Declaração Anula do Simples Nacional – DASN, período de 07/2009 a 12/2011; conquanto intimado, o contribuinte não esclareceu o motivo da falta de registro já citada; o faturamento real da empresa, no ano de 2011, de acordo com a declaração prestada pela empresa (doc 09) e confirmado com as notas fiscais extraídas do SPED, ultrapassa o limite para inclusão como empresa do Simples; tais fatos configuram hipótese de exclusão de ofício do Simples Nacional, quais sejam: Fl. 768DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 769 4 Por prática reiterada de infração ao disposto na Lei Complementar 123 (deixar de declarar, na forma do artigo 25 da Lei Complementar 123/2006, parte da receita bruta e deixar de apurar o tributo devido na forma do artigo 18, § 1º e § 3º da Lei Complementar 123/2006 relativo à receita bruta omitida), previsto no artigo 29, inciso V, da LC 123/2006 e no artigo 5º, V da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007. Por ultrapassar o faturamento anual de R$ 2.400.000,00, no ano de 2011, nos termos do artigo 3º, Inciso II e § 9º (redação original) e no artigo 29, inciso I, ambos da Lei Complementar 123/2006 e do artigo 3º, inciso II, “a” da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007 e artigo 12, I da Resolução CGSN nº 04 de 30/05/2007. DA CONSTITUIÇÃO DE INTERPOSTAS PESSOAS E DO GRUPO ECONÔMICO as três empresa já citadas possuem mesmo endereço e atividade, vejase: i) BZM: Objeto Social no Contrato Social – “3ª) A sociedade terá por objetivo social a exploração do ramo de fabricação e comércio de auto peças, máquinas e equipamentos industriais, automação e montagens industriais”. ii. ROBERTO BUTSCH: Objeto Social na 2ª Alteração do Contrato social – “3ª) A sociedade terá por objetivo social a exploração do ramo de fabricação e comércio de auto peças de máquinas e equipamentos industriais, de automação e de montagens industriais”. iii) KREIZEN: Objeto Social no Contrato Social – “3ª) A sociedade terá por objetivo social a exploração do ramo de fabricação e comércio de auto peças, acessórios e equipamentos e produtos automotivos; de máquinas e equipamentos industriais, de automação e de montagens industriais; representações comerciais; importação e exportação”. [...] Os endereços das empresas constantes dos contratos sociais e alterações são muito próximos, o que por si só denotam que funcionam no mesmo local: i.BZM Rodovia Ivo Silveira, 10466, Km 11, Bairro Barracão– Gaspar – SC ii. ROBERTO BUTSCH Rodovia Ivo Silveira, km 10 – Sala B, 10500 – Bairro Barracão – Gaspar – SC. iii. KREIZEN Rodovia Ivo Silveira, km 10, 10500 – Sala A – Bairro Barracão – Gaspar – SC. O Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA descreve vários setores idênticos das empresas: Fl. 769DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 770 5 i.Setor: Produção Área de aproximadamente 300 m2, pé direito aproximado de 7 m .... (PPRA BZM 2008/2009 e PPRA ROBERTO BUTSCH 2008/2009, 2011/2012); ii. Setor: Ferramentaria – Ambiente de aproximadamente 300 m2 ... (KREIZEN 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012); iii. Setor: Montagem Ambiente de aproximadamente 300 m2, pé direito aproximadamente de 7 m ... (PPRA KREIZEN 2009/2010, 2010/2011, 2011/2012 e PPRA ROBERTO BUTSCH 2008/2009, 2009/2010, 2011/2012); iv. Setor: Acabamento Ambiente de aproximadamente 300 m2, pé direito aproximadamente de 7 m ... (PPRA KREIZEN 2010/2011); v. Setor: Usinagem Ambiente de aproximadamente 300 m2, pé direito medindo 7m, ... (PPRA KREIZEN 2010/2011, 2011/2012, PPRA ROBERTO BUTSCH 2008/2009, 2009/2010, 2011/2012). Em visita à empresa, a Fiscalização constatou que as três pessoas jurídicas funcionam no mesmo local, os empregados trabalham em conjunto, não há limitação entre as empresas, tampouco, indicação de placas que pudessem indicar existência apartada delas; continua: O departamento pessoal (RH) das empresas BZM, ROBERTO BUTSCH e KREIZEN é realizado pela funcionária Marilene Machado Lenzi, conforme declarou no Termo de Entrevista (DOC 11). 50. Em entrevista (DOC 11) com SILVIO JOÃO MERISIO (Registro: ROBERTO BUTSCH), coordenador do setor de montagem, declarou que Ademar Venera, Sidnei Schaefer, Cristiane Schlucobier, Jacson da Silva, Jéssica Carbolin da Silva e Jéssica da Silva Cardoso trabalham no seu setor e não sabe onde estão registrados. Na informação prestada pela empresa em GFIP5 observase que Ademar Venera, Sidnei Schaefer e Jéssica Carbolin da Silva estão registrados na BZM, Cristiane Schlucobier está registrada na ROBERTO BUTSCH, Jacson da Silva e Jéssica da silva Cardoso estão registrados na KREIZEN. 51. Em outra entrevista (DOC 11) com JORGE LANG JUNIOR (Registro: BZM), encarregado geral de produção, relatou que José de Borba, Salatiel de Souza, Rogério Nicolete, Rogério Russi, Fernando Kohler, Luciano Soares Chagas, Luciano Maraschi e Wagner dos Santos fazem parte do setor que é encarregado. Na informação prestada pela empresa em GFIP observase que Salatiel de Souza, Rogério Nicolete, Rogério Russi, Fernando Kohler, Luciano Maraschi estão registrados na BZM, José de Fl. 770DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 771 6 Borba e Wagner dos Santos estão registrados na ROBERTO BUTSCH, Luciano Soares Chagas está registrado na KREIZEN. Nas entrevistas (DOC 11) com os empregados Anderson Costa e João Rogério Baptista, registrados na BZM, informaram que o dono da empresa era Paulo Bittencourt (Paulo Roberto Butsch Bittencourt), demais empregados entrevistados informaram que a dona da empresa é a Cristiane (Cristiane Lang). Paulo Roberto Butsch Bittencourt não aparece como sócio das empresas BZM, ROBERTO BUTSCH e KREIZEN. Tais empresas foram constituídas em nome de seus filhos (alguns menores) e de sua companheira, conforme quadro elaborado pela Fiscalização; outros fatos relatados foram: Paulo Roberto Butsch Bittencourt e sua companheira Cristiane Lang utilizaram interpostas pessoas, seus filhos, para compor o quadro societário das empresas optantes do Simples Nacional. 59. Na BZM constam a companheira de Paulo Roberto Butsch Bittencourt (Cristiane Lang) e sua filha menor (Bruna Albino Bittencourt) da qual é representante legal. 60. Na ROBERTO BUTSCH constam a companheira de Paulo Roberto Butsch Bittencourt (Cristiane Lang) e seu filho (Paulo Roberto Bittencourt Filho). 61. Já na KREIZEN constam dois filhos de Paulo Roberto Butsch Bittencourt (Thiago Bittencourt e Thayrine Lang Bittencourt), sendo que Thayrine Lang Bittencourt é filha de Cristiane Lang que é represente legal da menor. há procuração outorgada pela empresa Roberto Butsch para Cristiane Lang; Cristiane Lang é sócia administradora da BZM e administradora da Roberto Butsch, conforme citada procuração anexada aos autos (doc 13); há várias reclamatórias trabalhistas em desfavor das três empresas concomitantemente, o que demonstra, pela petição inicial destas, a formação de grupo econômico de fato; as reclamatórias foram encerradas por meio de acordo, sem contestação das empresas; a Fiscalização conclui da seguinte forma: A gestão administrativofinanceira das duas empresas é exercida pelos administradores do negócio Sr. Paulo Roberto Butsch e sua companheira Sra.Cristiane Lang. Parentes (filhos) estão nos atos contratuais da representada como parte figurativa do processo, isto é, a sociedade possui um Fl. 771DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 772 7 único comando, independentemente de onde estejam registrados os trabalhadores. Tudo é feito na sua administração: o RH, a compra, a venda, o expediente, a produção, o pagamento, a execução do serviço etc são realizados pelos administradores do negócio. O objetivo do grupo é desenvolver a atividade com três empresas paralelas para dividir o faturamento e diminuir os encargos previdenciários. Os segurados trabalham para o mesmo patrão, os pagamentos são feitos pelo mesmo financeiro, o RH e o Financeiro são os mesmos. Ficou evidenciado a intenção da empresa BZM em desmembrar a atividade com outras duas empresas (ROBERTO BUTSCH e KREIZEN), utilizando como sócios, interpostas pessoas, seus filhos, inclusive menores, sendo que os verdadeiros proprietários são Paulo Roberto Butsch Bittencourt e Cristiane Lang, com o fim de fatiar o faturamento e continuar a usufruir os benefícios concedidos pelo SIMPLES NACIONAL. a soma do faturamento das empresas excede o limite anual para permanência no Simples Nacional nos anos de 2009, 2010 e 2011; tais fatos configuram hipótese de exclusão de ofício do Simples Nacional, quais sejam: Por constituir a sociedade com interpostas pessoas, prevista no artigo 29, Inciso IV da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso IV da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007. Por ser remanescente de desmembramento (qualquer forma) da pessoa jurídica com a criação da KREIZEN e da utilização de uma empresa que se encontrava paralisada (ROBERTO BUTSCH, anteriormente denominada Seven Life Indústria e Comércio Ltda), com finalidade de dividir o faturamento e empregados. Incorreu na hipótese de exclusão do SIMPLES NACIONAL prevista no artigo 3º, § 4º, IX da Lei Complementar 123/2006 e artigo 5º, inciso XI da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12º, inciso X da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007. Por ter a participação de pessoa física em seu quadro social (CRISTIANE LANG) que é sócia em outra empresa (ROBERTO BUTSCH) participante do SIMPLES NACIONAL e por isso incorreu na hipótese de exclusão do SIMPLES NACIONAL prevista 3º, § 4º, III da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso XI da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12º, inciso IV da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007. quanto aos efeitos da exclusão, explica a auditoria que; Como as ocorrências mais remotas são aquelas dos incisos II, IV e VIII do art. 29 da Lei Complementar 123 e nos incisos II, IV e Fl. 772DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 773 8 VIII da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007, a exclusão do Simples nacional darseá a partir de 01/01/2009, conforme disposto no artigo 29, § 1º da Lei Complementar 123/2006 e artigo 6º, inciso VI da Resolução CGSN nº 15/2007. Da Manifestação de Inconformidade A empresa BZM foi intimada do Ato Declaratório Executivo em 24.06.2014. Em 21.07.2014, apresentou manifestação de inconformidade, na qual alega: FORMA DE ATUAÇÃO E INEXISTÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO não houve sonegação de informações e a empresa sempre esteve à disposição do agente fiscal, fornecendo todas as informações solicitadas; houve descompasso entre exigências da fiscalização e possibilidade de atendimento, devido ao porte diminuto da empresa; os valores apresentados à fiscalização coincidem com o faturamento da empresa, conforme verificado pela própria fiscalização; eventual descumprimento de “uma ou outra” obrigação acessória não constitutiva de hipótese de incidência não é hábil para exclusão do Simples, mas, eventualmente, aplicação de multa, se necessário; não há grupo econômico; desde a fundação, a empresa dedicase a produção de um componente automobilístico denominado impulsor de partida, componente este complexo; continua: O que ocorre é que houve uma especialização na produção do aludido componente, sendo que hoje sua produção é dividida em diversas partes autônomas e independentes. Algumas destas empresas encontramse localizadas nas proximidades da ora contribuinte, e detém no seu quadro societário pessoas com determinado vínculo familiar com os sócios desta contribuinte, mas inexiste qualquer relação entre as mesmas. não há vínculo entre as empresas, os sócios e administradores são distintos, os clientes são distintos, cada qual faz frente as suas próprias despesas e agem de forma autônoma e independente; contratos sociais, procurações, supostas entrevistas não são hábeis ao propósito da fiscalização; continua: Fl. 773DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 774 9 [...] a complexidade e especialização do processo produtivo imposto verificado entre as empresas mencionadas afigura de difícil identificação para aqueles que não detém o conhecimento técnico necessário. [...] O que ocorre verdadeiramente é o apego dos membros familiares (Estirpe Bittencourt) à indústria metal mecânica. Parte substancial de seus membros dedicamse a esta atividade, de forma que não se afigura difícil defrontarse na cidade de Gaspar com empresas, do ramo metal mecânico, que tenham em seu quadro societário pessoas de sobrenome Bittencourt. [...] Quanto ao fato de eventualmente a sócia administradora desta contribuinte (Cristina Lang) ter praticado um ou outro ato, por meio de procuração, em auxílio a algum membro de sua família, este de forma alguma pode gerar qualquer vínculo entre as empresas. não há prova capaz de sustentar qualquer vínculo societário entre contribuinte e as empresas; as afirmações contidas em petição inicial são unilaterais não comprovadas; os acordos firmados entre as partes não implicam em reconhecimento dos fatos alegados pelo autor, conforme entendimento dos Tribunais; o PAF deve regerse pela busca da verdade real e não por suposições ou convicções pessoais da fiscalização; existem evidências que derrogam completamente as suspeitas da constituição, organização e funcionamento das empresas; pela ausência de elementos capazes de subsidiar a autuação, a exação deve ser extinta. DOS DOCUMENTOS ACOSTADOS os documentos acostados não fazem prova e a conclusão fiscal fundase em análise isolada dos documentos, sem a devida contextualização com a realidade; aduz ainda: Contrariamente à conclusão fiscal, os documentos acostados aos autos evidenciam que não existia o malsinado "grupo econômico de fato", nem tampouco que haveria a utilização de interpostas pessoas, quanto menos, o descumprimento de obrigações fiscais. DAS PROVAS outros elementos de descaracterização da imposição fiscal serão, oportunamente apresentados, caso seja necessário; requer produção de prova por todos os meios admitidos, inclusive diligências, caso persistam dúvidas; Fl. 774DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 775 10 Requer extinção/cancelamento do Ato Declaratório Executivo. É o relatório. Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 0835.744, pela 6ª Turma da DRJ/FOR, com o seguinte ementário: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2010, 2011, 2012 e 2013 SIMPLES NACIONAL. EXCLUSÃO. SUBSUNÇÃO À TRIBUTAÇÃO REGULAR. Procedia a exclusão da empresa do SIMPLES NACIONAL, a partir do período em que se processarem os efeitos desta, deve a empresa sujeitarse à tributação aplicável às demais pessoas jurídicas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Sem Crédito em Litígio Após intimada (efls. 751), a empresa autuada apresenta, tempestivamente, seu respectivo Recurso Voluntário, pugnando pelo provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso apresentado pela empresaautuada é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. Como relatado, através do Ato Declaratório Executivo nº 21, de 2014, a recorrente foi excluída da sistemática de tributação conhecida como SIMPLES NACIONAL, com efeitos a partir de 01/01/2009, pelas seguintes razões: I) Pela negativa não justificada da exibição de documentos e informações sobre bens e movimentação financeiras (artigo 29, inciso II, da LC 123/2006 e artigo 5º, inciso II da Resolução CGSN nº 15/2007). II. Pela falta da escrituração do livro caixa (artigo 29, inciso VIII, da LC 123/2006 e artigo 5º, inciso VIII da Resolução CGSN nº 15/2007). III. Por prática reiterada de infração ao disposto na LC 123 (artigo 29, inciso V, da LC 123/2006 e no artigo 5º, inciso V da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007). Fl. 775DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 776 11 IV. Por ultrapassar o faturamento anual de R$ 2.400.000,00 no ano calendário 2011, considerando a receita omitida (artigo 3º, Inciso II e § 9º (redação original) e no artigo 29, inciso I, ambos da Lei Complementar 123/2006 e do artigo 3º, inciso II, “a” da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007 e artigo 12, I da Resolução CGSN nº 04 de 30/05/2007) . V. Pela utilização de interpostas pessoas como sócios (artigo 29, Inciso IV da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso IV da Resolução CGSN nº 15 de 23/07/2007). VI. Por ser remanescente de desmembramento (qualquer forma) da pessoa jurídica com a criação de outra empresa e da utilização de uma empresa que se encontrava paralisada, com finalidade de dividir o faturamento e empregados (3º, § 4º, IX da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso XI da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12, inciso X da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007). VII. Por ter a participação de pessoa física em seu quadro social que é sócia em outra empresa participante do SIMPLES NACIONAL (3º, § 4º, III da Lei Complementar 123/2006 e no artigo 5º, inciso XI da Resolução CGSN 15 de 23/07/2007 e no artigo 12º, inciso IV da Resolução CGSN 04 de 30/05/2007). Assim, cada uma das motivações apontadas pela fiscalização são suficientes para fundamentar a exclusão da recorrente do SIMPLES NACIONAL, importando que sejam analisadas, separadamente. Motivação nº 1: Não apresentação de documentos A primeira motivação reside na negativa não justificada de apresentação de documentos, tais como Livro Caixa e extratos bancários. A defesa alega dificuldade de atendimento de entrega de documentação, por ter haver apenas uma pessoa encarregada da tarefa. Aduz ainda pequena importância dos documentos solicitados e ausência de irregularidade quanto aos valores devidos e recolhidos. Estes argumentos não se sustentam, em face do transcurso do tempo entre à data de requerimento destes documentos até o presente julgamento, além da importância da documentação exigida, quais sejam, documentos de caixa e a movimentação financeira. Assim, incide a norma do art. 29, II, da Lei Complementar 123/2006, a seguir transcrita: Lei Complementar 123/2006: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] II for oferecido embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos a que estiverem obrigadas, bem como pelo não fornecimento de Fl. 776DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 777 12 informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade que estiverem intimadas a apresentar, e nas demais hipóteses que autorizam a requisição de auxílio da força pública; Logo, caracterizada situação impeditiva de manutenção no referido regime simplificado, devese manter a exclusão da recorrente, por tal motivo. Motivação nº 2 da Exclusão – Não escrituração do Livro Caixa A recorrente não apresentou resistência quanto a este fato, sendo inclusive considerada matéria não impugnada, nos termos do artigo 17 do PAF. Tal situação também impede a permanência no SIMPLES NACIONAL, conforme artigo a seguir transcrito: Lei Complementar 123/2006: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] VIII houver falta de escrituração do livrocaixa ou não permitir a identificação da movimentação financeira, inclusive bancária; Motivações nºs 3 e 4 da Exclusão – Prática reiterada de infração e extrapolação ao limite anual de faturamento Em procedimento de fiscalização, constatouse existir mais de mil notas não registradas nos livros de registros de saída e omitidas da Declaração Anual do Simples Nacional DASN, período de 07/2009 a 12/2011, o que se afigura prática reiterada de infração. Este fato também não foi contestado pelo contribuinte em sua defesa inicial, inexistindo, assim, lide a esse respeito. Acerca do faturamento, a recorrente limitouse a afirmar que os valores apresentados à fiscalização coincidem com o faturamento da empresa, porém, ao contrário do alegado, quando consideradas as notas omitidas, o faturamento extrapola os limites legais de permanência no SIMPLES NACIONAL, para o período fiscalizado. Esta situação se encontra regulada pelos seguintes dispositivos da citada Lei Complementar nº 123/2006: Art.3 ºPara os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:[...] II no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Fl. 777DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 778 13 §9º A empresa de pequeno porte que, no anocalendário, exceder o limite de receita bruta anual previsto no inciso II do caput deste artigo fica excluída, no mês subsequente à ocorrência do excesso, do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata oart. 12, para todos os efeitos legais, ressalvado o disposto nos §§ 9oA, 10 e 12. [...] Art. 25. A microempresa ou empresa de pequeno porte optante pelo Simples Nacional deverá apresentar anualmente à Secretaria da Receita Federal do Brasil declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais, que deverá ser disponibilizada aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observados prazo e modelo aprovados pelo CGSN e observado o disposto no§ 15A do art. 18.Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando:] I verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória; [...] V tiver sido constatada prática reiterada de infração ao disposto nesta Lei Complementar; Motivação nº 5 da Exclusão Ser a empresa remanescente de desmembramento No entender da fiscalização, a BZM é fruto de desmembramento com a criação da Kreizen e utilização de empresa que se encontrava paralisada (Roberto Butsch), o que incorreria em hipótese de exclusão, prevista no art. 3º, §4º, IX, da LC 123/2006: Lei Complementar 123/2006: Art.3º Para os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere oart. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:[...] §4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata oart. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: [...] Fl. 778DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 779 14 IX resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anoscalendário anteriores; Compulsando os autos, encontro o contrato social da empresa BZM (fls. 92/103), e ao analisálo, verifico que ela é resultante da primeira alteração contratual da empresa Metalúrgica Cleiton LTDA, que alterou o nome para BZM em 01.12.2000. Assim, não há que se falar em desmembramento ou cisão de empresa, por este fato, sendo certo ainda inexistir outros elementos que se possa levar à conclusão de que a citada empresa seja fruto de cisão ou desmembramento. No mais, ainda que se assim fosse, sua criação ocorreu há mais de cinco anos da data de sua opção pelo SIMPLES NACIONAL, que ocorreu em 2009. Assim, devese confirmar o entendimento da DRJ, que afastou esta hipótese de exclusão do SIMPLES. Motivação nº 6 da Exclusão – Participação em quadro social Nos termos da Representação Fiscal de Exclusão, a fiscalização afirma que a Sra. Cristiane Lang participa do capital social tanto da BZM quanto da empresa Roberto Butsch, sendo que ambas são inscritas no SIMPLES NACIONAL, no referido período fiscalizado. A defesa nega, encaminhando suas razões pela inexistência de gupo econômico e que os sócios e administradores são distintos. Contudo, não é isso que demonstram as provas carreadas aos autos, pois o exame dos contratos sociais anexados (fls. 92/149) não deixam dúvida da condição de sócia da Sra. Cristiane, no caso, de ambas as empresas. A decisão recorrida noticia ter realizado em 27.11.2005consulta ao sítio do SIMPLES NACIONAL, verificando que a empresa Roberto Butsch é optante do Simples Nacional desde 01.07.2007. Acresçase que a fiscalização elaborou quadro (fl. 621) para somar a receita bruta global destas empresas, concluindo pela extrapolação do limite legal para permanência do citado programa simplificado, de acordo com o que estabelece o artigo 3º, §4º, III, da Lei Complementar nº 123, de 2006: Lei Complementar 123/2006: Art.3ºPara os efeitos desta Lei Complementar, consideramse microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere oart. 966 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:[...] §4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar, incluído o regime de que trata Fl. 779DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 780 15 o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa jurídica: [...] III de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo; Motivações nsº 7 e 8 da Exclusão – Formação de grupo econômico e utilização de interpostas pessoas A fiscalização apresentou diversos elementos convergentes que demonstram a atuação de um grupo econômico de fato, vejase: o objetivo social das empresas é o mesmo, além de endereços próximos ou funcionando no mesmo local; PPRA apontando setores idênticos das empresas; empregados trabalhando juntos ajudando ambas as empresas a atingir o objetivo do grupo, conforme declarações destes; as empresas são familiares, com mãe e filhos figurando formalmente nos contratos sociais, tendo a participação gerencial oculta do Sr. Paulo Roberto Butsch Bittencourt; há procuração outorgada pela empresa Roberto Butsch para Cristiane Lang; Cristiane Lang é sócia administradora da BZM e administradora da Roberto Butsch, conforme citada procuração anexada aos autos (doc 13); há várias reclamatórias trabalhistas em desfavor das três empresas concomitantemente, o que demonstra, pela petição inicial destas, a formação de grupo econômico de fato; constatação, in loco, pela fiscalização, de que tudo é feito na sua administração dos pais: o RH, a compra, a venda, o expediente, a produção, o pagamento, a execução do serviço etc são realizados pelos administradores do negócio. Esses fatos constituem material probante suficiente para sustentar a existência sim de grupo econômico e de utilização de interpostas pessoas (filhos, inclusive, menores de idade). Não se trata de mera presunção sustenta a recorrente, mas de provas robusta e contundentes, todas no mesmo sentido. Não é o caso de obstar eventual atividade econômica familiar, mas de reconhecimento de que há, de fato, um agrupamento de empresas, que, por ventura, são da mesma família, que trabalham em prol do conjunto empresarial, sob direção unificada e objetivos comuns. Fl. 780DF CARF MF Processo nº 13971.721485/201447 Acórdão n.º 1301003.070 S1C3T1 Fl. 781 16 Embora argumente a recorrente que o referido grupo econômico nunca existiu, tal alegação, como se vê, não se coaduna com as provas existentes nos autos, mormente quando se evidencia os fatos, tomados em conjunto, acima relacionados. Vejase o que dispõe a LC 126/2007 sobre o tema: Lei Complementar nº 126/2007: Art. 29. A exclusão de ofício das empresas optantes pelo Simples Nacional darseá quando: [...] I verificada a falta de comunicação de exclusão obrigatória; [...] IV a sua constituição ocorrer por interpostas pessoas; Portanto, deve ser mantida a exclusão nos moldes efetuados, considerandose as motivações aqui analisadas, sendo certo que todas são autônomas e suficientes para embasar o Ato de exclusão aqui em discussão. Conclusão Isso posto, voto por negar provimento ao recurso, no sentido de manter a exclusão e os efeitos fixados no ADE de exclusão da empresa recorrente. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 781DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.010081/2005-58
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Jun 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 14/12/2001
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO EM REGIME DE RECURSOS REPETITIVOS. CONSELHEIROS DO CARF. OBSERVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. APLICAÇÃO RESTRITA.
Apenas as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ em regime de recursos repetitivos que versem sobre matéria idêntica àquela que seja objeto da lide deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte.
BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS E CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS. DESPACHO ADUANEIRO. OBRIGATORIEDADE.
O Código Tributário Nacional determina que a concessão do benefício fiscal exige prova, apresentada pelo interessado, do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato. Não gera direito adquirido e o benefício será revogado sempre que ficar comprovado que o beneficiário não tinha direito ao favor ou deixou de tê-lo.
O reconhecimento do benefício fiscal instituído pelo Regime Automotivo depende da comprovação de quitação dos tributos e contribuições federais, inclusive no momento do despacho aduaneiro, o que pode ser verificado depois do despacho.
Numero da decisão: 9303-006.655
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 14/12/2001 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO EM REGIME DE RECURSOS REPETITIVOS. CONSELHEIROS DO CARF. OBSERVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. APLICAÇÃO RESTRITA. Apenas as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça - STJ em regime de recursos repetitivos que versem sobre matéria idêntica àquela que seja objeto da lide deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS E CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS. DESPACHO ADUANEIRO. OBRIGATORIEDADE. O Código Tributário Nacional determina que a concessão do benefício fiscal exige prova, apresentada pelo interessado, do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato. Não gera direito adquirido e o benefício será revogado sempre que ficar comprovado que o beneficiário não tinha direito ao favor ou deixou de tê-lo. O reconhecimento do benefício fiscal instituído pelo Regime Automotivo depende da comprovação de quitação dos tributos e contribuições federais, inclusive no momento do despacho aduaneiro, o que pode ser verificado depois do despacho.
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BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS E CONDIÇÕES. Recorrente CONTINENTAL BRASIL INDÚSTRIA AUTOMOTIVA LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 14/12/2001 SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DECISÃO EM REGIME DE RECURSOS REPETITIVOS. CONSELHEIROS DO CARF. OBSERVAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. APLICAÇÃO RESTRITA. Apenas as decisões proferidas pelo Superior Tribunal de Justiça STJ em regime de recursos repetitivos que versem sobre matéria idêntica àquela que seja objeto da lide deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. BENEFÍCIO FISCAL. REQUISITOS E CONDIÇÕES. COMPROVAÇÃO DE QUITAÇÃO DOS TRIBUTOS E CONTRIBUIÇÕES FEDERAIS. DESPACHO ADUANEIRO. OBRIGATORIEDADE. O Código Tributário Nacional determina que a concessão do benefício fiscal exige prova, apresentada pelo interessado, do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato. Não gera direito adquirido e o benefício será revogado sempre que ficar comprovado que o beneficiário não tinha direito ao favor ou deixou de têlo. O reconhecimento do benefício fiscal instituído pelo Regime Automotivo depende da comprovação de quitação dos tributos e contribuições federais, inclusive no momento do despacho aduaneiro, o que pode ser verificado depois do despacho. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 81 4. 01 00 81 /2 00 5- 58 Fl. 262DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo Contribuinte contra o acórdão n.º 380200.988, que negou provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem no pedido de restituição de imposto de importação protocolado pelo Contribuinte. Sustenta que pagou a maior imposto de importação por não haver aplicado o benefício fiscal de 40% previsto na legislação, notadamente na Lei n° 10.182/01. Mediante despacho decisório o pedido de restituição foi indeferido por não atender todas as condições legais no momento de ocorrência do fato gerador do imposto (CTN, art. 179, L. 9.069/95 art. 60, Dec. 4.543/2002, art. 109). Inconformado com a decisão, o Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, que: habilitouse junto ao SISCOMEX para fruição dos benefícios da Lei 10.182/2001. Para tal, uma das condições era a comprovação de regularidade com o pagamento de todos os tributos e contribuições sociais federais, tendo apresentado ao DECEX todas as CNDS (Certidões negativas de Débitos para com a Receita Federal); posteriormente, com fundamento no art. 60, da Lei nº 9.069/95, a requerente foi compelida à apresentação de CND a cada importação, visando demonstrar sua regularidade com o pagamento de todos os tributos e contribuições sociais federais. Assim, nos períodos nos quais se encontrava impossibilitada de apresentar a competente CND, segundo suas palavras, acabava não usufruindo o benefício fiscal da Lei nº 10.182/01, para o qual já se encontrava habilitada. diante do cenário exposto, o II referente à importação registrada na DI tratada neste processo foi integralmente recolhido, ou seja, a requerente não se valeu do benefício fiscal de redução do imposto do qual era detentora por estar, reiteradamente, sendo compelida a apresentar a respectiva CND e, naquele momento, encontrarse impossibilitada de apresentála; menciona a título de jurisprudência a Solução de Consulta SRF n° 10, de 04 de junho de 2003, referente à Lei n° 8.032, de 12 de abril de 1990 e ementas de dois julgados do Superior Tribunal de Justiça (Recurso Especial n° 413.934 e Recurso Especial n° 434.621) , ambos relacionados ao regime aduaneiro de “drawback”. Argumenta que o caso ora discutido guarda correlação com os tratados na jurisprudência mencionada; Fl. 263DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 4 3 na Lei 10.182/2001 não há previsão para apresentação de CND’s (Certidões negativas de Débitos para com a Receita Federal) a cada despacho; à época do fato gerador já havia cumprido todos os requisitos e condições exigidos legalmente para usufruir a redução de caráter especial, e pagou indevidamente o imposto integral. Menciona o art. 109, III, do Regulamento Aduaneiro (Decreto 4.543/2001), para comprovar que caberá redução total ou parcial do imposto pago indevidamente, em diversos casos, entre os quais: “... III verificação de que o contribuinte , à época do fato gerador, era beneficiário de isenção ou de redução concedida em caráter geral, ou já havia preenchido as condições e requisitos exigíveis para concessão de isenção ou de redução de caráter especial (Lei 5.172/66, art. 144)”. Contudo, a Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ e, na sequência, o recurso voluntário apresentado teve o provimento negado pelo colegiado a quo. O Contribuinte interpôs, então, Recurso Especial suscitando divergência quanto à exigência de apresentação da Certidão Negativa de Débito em cada um dos processos de importação que utilizaram benefício tributário. O Recurso Especial do Contribuinte foi admitido, mediante despacho de admissibilidade do então Presidente da Segunda Câmara da Terceira Seção do CARF. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões manifestando pelo não provimento do Recurso Especial do Contribuinte, mantendose o v. acórdão recorrido. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303006.633, de 10/04/2018, proferido no julgamento do processo 10314.010742/200586, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade e quanto ao mérito (Acórdão 9303006.633): "Da Admissibilidade Fl. 264DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 5 4 O Recurso Especial do Contribuinte é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso conforme despacho de fls. 234 e 235. Do Mérito A questão trazida a debate versa sobre o momento em que se deve exigir a certidão de regularidade fiscal para fruição da redução tarifária trazida no Regime Automotivo previsto na Lei n.º 10.182/01. De um lado, o sujeito passivo defende que a certidão negativa de débito deve ser apresentada, apenas, por ocasião do pleito do benefício, ou seja, no momento da concessão do benefício fiscal perante SECEX/MIDCT, enquanto a Fazenda Nacional exige que tal comprovação seja feita a cada despacho aduaneiro das mercadorias importadas ao abrigo desse regime." (...)1 "Em que pesem os robustos argumentos trazidas à colação pela i. Relatora do processo, ouso divergir da decisão que encaminhava, pelas razões que a seguir passo a declinar. De plano, releva destacar que o recurso especial repetitivo nº 1.041.237/SP, de lavra do Ministro Luis Fux, assim como a súmula 5692 do Superior Tribunal de Justiça, não se aplicam ao caso concreto. Para maior clareza, transcrevo a seguir a ementa do REsp nº 1.041.237. RECURSO ESPECIAL Nº 1.041.237 SP (2008/00604621) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADORES : CLAUDIO XAVIER SEEFELDER FILHO MARIA FERNANDA DE FARO SANTOS E OUTRO(S) RECORRIDO : ROYAL CITRUS SA ADVOGADO : OSVALDO SAMMARCO E OUTRO(S) EMENTA PROCESSO CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. REGIME DE DRAWBACK. DESEMBARAÇO ADUANEIRO. CERTIDÃO NEGATIVA DE DÉBITO (CND). INEXIGIBILIDADE. ARTIGO 60, DA LEI 9.069/95. 1. Drawback é a operação pela qual a matériaprima ingressa em território nacional com isenção ou suspensão de impostos, para ser reexportada após sofrer beneficiamento. 2. O artigo 60, da Lei nº 9.069/95, dispõe que: "a concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais" . 3. Destarte, ressoa ilícita a exigência de nova certidão negativa de débito no momento do desembaraço aduaneiro da respectiva importação, se a 1 Deixouse de transcrever o voto vencido por não se aplicar à solução do litígio neste processo, uma vez que o entendimento nele expresso restou vencido. Contudo, sua íntegra consta do acórdão do processo paradigma (9303 006.633). 2 Na importação, é indevida a exigência de nova certidão negativa de débito no desembaraço aduaneiro, se já apresentada a comprovação da quitação de tributos federais quando da concessão do benefício relativo ao regime de drawback. Fl. 265DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 6 5 comprovação de quitação de tributos federais já fora apresentada quando da concessão do benefício inerente às operações pelo regime de drawback (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 839.116/BA, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 21.08.2008, DJe 01.10.2008; REsp 859.119/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 06.05.2008, DJe 20.05.2008; e REsp 385.634/BA, Rel. Ministro João Otávio de Noronha, Segunda Turma, julgado em 21.02.2006, DJ 29.03.2006). 4. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008 Como não é difícil perceber, o REsp nº 1.041.237 decidiu sobre o tratamento que deve ser concedido às importações processadas sob o Regime Aduaneiro Especial de Drawback, o que, definitivamente, não é o caso dos autos. Como é cediço, em se tratando de matéria sumulada ou decidida em regime de repercussão geral ou de recursos repetitivos, a norma abstrata que nasce da jurisprudência consolidada nesse rito processual é de aplicação restrita. Assenta entendimento válido para as circunstâncias específicas narradas no leading case de que decorre e, por conseguinte, não comporta extensão de efeitos. Assim, ainda que a cognição lógica da decisão tomada no REsp nº 1.041.237 sugira uma linha de entendimento que pudesse afetar a matéria ora controvertida, o fato é que naquele discutiase a exigência de certidão negativa no desembaraço de importações beneficiadas pelo Regime Especial de Drawback, enquanto, neste, discutese a exigência de certidão negativa no desembaraço de importações beneficiadas pelo Regime Automotivo. Não sendo o caso vertente um retrato fiel da matéria decidida pelo Superior Tribunal de Justiça, afastase a aplicação do REsp nº 1.041.237. E não tem melhor sorte a recorrente quando se adentra à essência da lide. Concessa venia, o art. 60 da Lei 9.069/95 não deixa margem de dúvidas sobre o momento no qual será exigida do contribuinte a comprovação da quitação dos tributos e contribuições federais. Tal como se lê, há expressa menção a dois momentos: o momento da concessão e o momento do reconhecimento, se não vejamos. “Art. 60. A concessão ou reconhecimento de qualquer incentivo ou benefício fiscal, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal fica condicionada à comprovação pelo contribuinte, pessoa física ou jurídica, da quitação de tributos e contribuições federais.” (grifos acrescidos) Mais uma vez pedindo vênia, entendo que a leitura empregada pela i. Relatora do voto vencido, no sentido de que a locução ou significa "num ou noutro momento", nunca nos dois, não me parece consentânea com a intenção do legislador ordinário. Por certo, o que pretendeu foi estabelecer uma exigência que estivesse de acordo com os ditames do Código Tributário Nacional, que atribui ao administrado o dever de comprovar o preenchimento dos requisitos e condições não somente no momento da concessão do benefício fiscal, mas também no da fruição do mesmo, sob pena de revogação do mesmo. Observese. Art. 179. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato para concessão. (grifos acrescidos) Fl. 266DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 7 6 § 1º Tratandose de tributo lançado por período certo de tempo, o despacho referido neste artigo será renovado antes da expiração de cada período, cessando automaticamente os seus efeitos a partir do primeiro dia do período para o qual o interessado deixar de promover a continuidade do reconhecimento da isenção. § 2º O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicandose, quando cabível, o disposto no artigo 155. (grifos acrescidos) Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrandose o crédito acrescido de juros de mora: I com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito. A toda evidência, a disciplina veiculada nas normas tributárias de hierarquia superior deixa claro que o benefício fiscal é concedido mediante prova apresentada pelo interessado do preenchimento das condições e do cumprimento dos requisitos previstos em lei ou contrato, não gera direito adquirido e será revogado não somente quando ficar comprovado que o beneficiário não tinha direito ao favor, mas também quando deixou de tê lo. Ou seja, aplicandose essas premissas à lide, concluise que a empresa beneficiada pelo Regime Automotivo deve atestar a regularidade de que ora se trata (i) no momento em que lhe é deferido o direito a participar do Programa, (ii) durante o despacho aduaneiro e (ii) depois dele. E nem se diga que o princípio da especificidade atrai a aplicação da Lei nº 10.182/2001, afastando a exigência contida no art. 60 da Lei 9.069/95. Não há nenhuma incompatibilidade entre as disposições normativas contidas num e noutro diploma legal. Definitivamente, não vejo como pudesse prosperar uma interpretação que remeta à uma espécie de revogação tácita do disposto no art. 60 da Lei 9.069/95 com a edição da Lei nº 10.182/2001. Outra questão de relevo, no caso concreto, é o fato de que a importação objeto da lide foi desembaraçada no canal verde de conferência. Neste canal, como se sabe, as mercadorias são liberadas sem qualquer tipo de controle ou verificação. Em tais circunstância, o preenchimento das condições e requisitos para a concessão do benefício fiscal somente poderá ser atestado em momento posterior. Por fim, em relação á referência feita pela relatora ao voto do conselheiro Winderley, observo que naqueles votos, conforme transcrito pela relatora, deu se o entendimento de que não cabia à unidade da Receita Federal exigir do contribuinte um documento, no caso a CND, cuja emissão é de sua responsabilidade, mas que o benefício fiscal somente poderia ser negado mediante comprovação de que o interessado não detinha a "regularidade fiscal", ou seja, a Receita Federal não tem que pedir ao contribuinte um documento emitido por ela própria, mas concessa venia, ele não afastou a necessidade de comprovar a regularidade fiscal para fruição do benefício. Por todo exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte." Fl. 267DF CARF MF Processo nº 10814.010081/200558 Acórdão n.º 9303006.655 CSRFT3 Fl. 8 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 268DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13629.720094/2012-43
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue May 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE ISENÇÃO COMPROVADA.
A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle.
Numero da decisão: 2001-000.349
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal - Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1436; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C0T1 Fl. 2 1 1 S2C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13629.720094/201243 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2001000.349 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 20 de março de 2018 Matéria IRPF: MOLÉSTIA GRAVE Recorrente ELVIO PIRES PONTES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2010 PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE ISENÇÃO COMPROVADA. A condição de portador de moléstia enumerada no inciso XIV do artigo 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e alterações, deve ser comprovada mediante apresentação de laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) José Ricardo Moreira Presidente em exercício (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Ausente, justificadamente, o conselheiro Jorge Henrique Backes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 62 9. 72 00 94 /2 01 2- 43 Fl. 76DF CARF MF 2 Relatório Contra o contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento, fls. 17 a 21, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2010, anocalendário de 2009, por meio do qual foi constatado que os rendimentos foram indevidamente considerados como isentos por moléstia grave, gerando , assim, o saldo de imposto de renda suplementar de R$7.851,46, acompanhado da multa de 75% e dos juros de mora correspondentes. O interessado foi cientificado da notificação em 12/01/2012 e apresentou impugnação em 18/0712012 (fls. 02 e ss), alegando, em síntese, que o rendimento é isento, por se tratar de proventos da aposentadoria pagos a portador de moléstia grave. A DRJ Rio de Janeiro, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que o contribuinte não logrou êxito em comprovar a condição de moléstia grave para fins de isenção de imposto de renda no exercício de 2010 por não ter descrito o laudo a data de início da doença, tendo, por isso, considerado que teria sido a partir da data da assinatura do laudo, a qual ocorreu em dezembro de 2009. Em sede de Recurso Voluntário, repisa a contribuinte as mesmas razões alegadas na impugnação e junta, mais uma vez, o laudo do serviço médico oficial, corroborando a sua situação de portador de moléstia grave, contraída desde 2005. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Moléstia Grave O presente lançamento decorre de glosa efetuada pela autoridade tributária em função de rendimento recebido e declarado como isento em função de moléstia grave. Entende a DRJ Rio de Janeiro que o contribuinte não logrou comprovar que o mesmo seria portador de moléstia prevista na legislação autorizativa para concessão do benefício da isenção do IRPF eis que o laudo não teria sido emitido por serviço médico oficial. Em relação à isenção dos proventos de aposentadoria auferidos por portadores de moléstia grave, a matéria sob análise está disciplinada no art. 39, XXXI e XXXIII do RIR/1999, da seguinte forma: Fl. 77DF CARF MF Processo nº 13629.720094/201243 Acórdão n.º 2001000.349 S2C0T1 Fl. 3 3 “Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis d controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial.” Há, portanto, dois requisitos básicos para que haja o reconhecimento da isenção em discussão: (a) que os rendimentos sejam de proventos de aposentadoria ou reforma ou, ainda, recebidos a título de pensão; e (b) exista laudo pericial, emitido por serviço médico oficial atestando ser o contribuinte portador de uma das moléstias previstas em lei. Fl. 78DF CARF MF 4 A título de comprovação de sua isenção, o contribuinte traz aos autos todos os documentos exigidos por lei . Inclusive em sede de Recurso Voluntário trouxe mais uma vez o laudo emitido por serviço médico oficial, confirmado a situação de cardiopatia grave desde 2005, derrubando, assim, o argumento que servira de fundamento pela DRJ para o não reconhecimento do benefício tributário. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Fl. 79DF CARF MF Processo nº 13629.720094/201243 Acórdão n.º 2001000.349 S2C0T1 Fl. 4 5 Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na total comprovação pelo Contribuinte da sua condição de portador de moléstia grave desde o ano calendário de 2005, nos termos da lei, entendo que deve ser dado provimento ao Recurso Voluntário considerados os rendimentos como isentos para fins fiscais. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e DAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para reconhecer a situação de isenção fiscal do Contribuinte por ser portador de moléstia grave e, por consequencia, considerar os seus rendimentos como isentos. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 80DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.901126/2015-00
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon May 14 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2012
Ementa:
COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. INOVAÇÃO PROCESSUAL. VEDAÇÃO. ESTABILIZAÇÃO DO PEDIDO.
A alteração do pedido ou da causa de pedir não é admitida após ciência do despacho decisório, em face da estabilização do pedido. Não sendo hipótese de inexatidão material, que pode ser corrigida de ofício ou a pedido, descabe a retificação de declaração de compensação tributária após ciência do despacho decisório, para inclusão de pedido de novos créditos, pois a alteração ou mudança do pedido configura inovação processual vedada, exigindo-se, por conseguinte, a apresentação de novo PER/DCOMP para compensação dos débitos remanescentes.
DCOMP. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. NÃO COMPROVAÇÃO.
Não comprovadas a liquidez e a certeza do crédito informado em declaração de compensação, não se homologam as compensações vinculadas.
Numero da decisão: 1302-002.677
Decisão: Vistos, relatado e discutido os autos
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho, que foi substituído no colegiado pelo Conselheiro Julio Lima Souza Martins. Ausência momentânea do Conselheiro Rogério Aparecido Gil.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: MARCOS ANTONIO NEPOMUCENO FEITOSA
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DE MELO & CIA LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012 Ementa: COMPENSAÇÃO TRIBUTÁRIA. INOVAÇÃO PROCESSUAL. VEDAÇÃO. ESTABILIZAÇÃO DO PEDIDO. A alteração do pedido ou da causa de pedir não é admitida após ciência do despacho decisório, em face da estabilização do pedido. Não sendo hipótese de inexatidão material, que pode ser corrigida de ofício ou a pedido, descabe a retificação de declaração de compensação tributária após ciência do despacho decisório, para inclusão de pedido de novos créditos, pois a alteração ou mudança do pedido configura inovação processual vedada, exigindose, por conseguinte, a apresentação de novo PER/DCOMP para compensação dos débitos remanescentes. DCOMP. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. NÃO COMPROVAÇÃO. Não comprovadas a liquidez e a certeza do crédito informado em declaração de compensação, não se homologam as compensações vinculadas. Vistos, relatado e discutido os autos Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente justificadamente o conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho, que foi substituído no colegiado pelo Conselheiro Julio Lima Souza Martins. Ausência momentânea do Conselheiro Rogério Aparecido Gil. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 90 11 26 /2 01 5- 00 Fl. 124DF CARF MF Processo nº 13888.901126/201500 Acórdão n.º 1302002.677 S1C3T2 Fl. 125 2 (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Julio Lima Souza Martins (suplente convocado), Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa (Relator), Paulo Henrique Silva Figueiredo, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias, e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Por bem relatar o processo em comento, adoto o relatório da DRJ/SPO, a seguir transcrito, litteris: “Trata o presente processo da declaração de compensação – DCOMP – nº 04759.06017.200513.1.3.044637, cujo montante de débito é de R$2.179,19, e o crédito originário de pagamento indevido ou a maior que o devido relativo a um DARF, código de receita nº 5993, período de apuração 29/02/2012, no valor de R$33.407,44, recolhido em 30/03/2012. O despacho decisório não reconheceu o direito creditório e, consequentemente, não homologou a compensação dos débitos indicados, em razão do pagamento ter sido utilizado para quitar um débito confessado em DCTF de iguais características (fl. 28). A Interessada tomou ciência do despacho decisório em 13/05/2015 (fl. 34) e apresentou manifestação de inconformidade em 22/05/2015 (fls. 02/03), por meio de seu procurador (fl. 04), alegando que: 1 DOS FATOS Constatamos um erro na apuração dos Impostos no ano de 2012 da empresa A. A. de Melo, onde foram efetuados pagamentos a maior referente à IRPJ e Adicional de IRPJ. Diante dessa revisão, utilizamos essa diferença para compensação de IRPJ e CSLL referente aos seguintes meses: Abril, Maio, Junho e parcial de Julho/2013. Ocorre que na época do preenchimento das PERDCOMP'S não houveram (sic) as devidas retificações das DCTF'S do ano de 2012, tendo como consequência, todos os nossos pedidos INDEFERIDOS, sob a alegação de que "não restaremse (sic) crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP". 2 DO DIREITO Fl. 125DF CARF MF Processo nº 13888.901126/201500 Acórdão n.º 1302002.677 S1C3T2 Fl. 126 3 A empresa acima identificada possui direito de efetuar a compensação de impostos pagos a maior conforme determina o Art. 74 da Lei 9.430/96 conforme transcrevemos: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão.) 3 – DO MÉRITO Conforme identificamos acima, a Compensação foi INDEFERIDA pelo ilmo. Auditor pois, verificouse a divergência de informações através da DCTF. Essas divergências foram devidamente corrigidas (anexo) e, assim, com base no dispositivo legal supracitado, requeremos o reconhecimento do crédito tributário assim como a compensação mediante as PERDCOMPs enviadas anteriormente. Senhor julgador, são estes, em síntese, os pontos de discordância apontados nesta Impugnação: a) Indeferimento de nossas PERDCOMPs. 4 DOCUMENTOS ANEXADOS Estão anexados a esta Impugnação os seguintes documentos: a) Despacho Decisório de Intimação; b) Darf pago a maior; c) Recibo da DCTF entregue em 2012 (sem retificação); d) Retificação das DCTF's (Declaração e Recibo), efetuados em 15/05/2015; e) Memorial de Cálculo; f) Declaração e Recibo das PERDCOMP. 5 DO PEDIDO À vista do exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência total, do lançamento, requer que seja acolhida a presente Impugnação assim como o reconhecimento e compensação do crédito demonstrado apurado”. A Manifestação de Inconformidade fora julgada improcedente por unanimidade de votos, como denota a ementa do Acórdão n º 1676.805 a seguir transcrita: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Fl. 126DF CARF MF Processo nº 13888.901126/201500 Acórdão n.º 1302002.677 S1C3T2 Fl. 127 4 Anocalendário: 2012 DCOMP. CRÉDITO. LIQUIDEZ E CERTEZA. NÃO COMPROVAÇÃO. Não comprovadas a liquidez e a certeza do crédito informado em declaração de compensação, não se homologam as compensações vinculadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido” Inconformada com a decisão retro, a recorrente interpôs Recurso Voluntário, inovando apenas em um ponto: alega que o Auditor não encontrou o alegado crédito pois houve erro no preenchimento da retificação das DCTF’s, efetuadas em 15/05/2015, especificamente com relação ao preenchimento do campo “VINCULAÇÃO DO CRÉDITO”; afirma que o referido erro fora devidamente retificado em conformidade com a Legislação vigente e demonstrado nos anexos deste recurso, e anexa a Retificação da DIPJ referente ao exercício de 2012, efetuado em 04/05/2017. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator. Presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, tomo conhecimento do presente Recurso Voluntário. Como relatado, apenas em sede de recurso voluntário a recorrente alega ter retificado a declaração que embasaria o crédito e que deu lastro a PERDCOMP analisada neste processo. No entanto, registrase mais uma vez, que os documentos carreados aos autos não são hábeis e idôneos à comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. Ademais, forçoso esclarecerse que o documento intitulado Declaração de Compensação (DCOMP) se presta a formalizar o encontro de contas entre o contribuinte e a Fazenda Pública, por iniciativa do primeiro a quem cabe, portanto, a responsabilidade pelas informações sobre os créditos e os débitos, cabendo à autoridade tributária a sua necessária verificação e validação. O pedido de compensação delimita a amplitude de exame do direito creditório alegado pelo sujeito passivo quanto ao preenchimento dos requisitos de liquidez e de certeza necessários à extinção de créditos tributários. Instaurado o contencioso, não se admite Fl. 127DF CARF MF Processo nº 13888.901126/201500 Acórdão n.º 1302002.677 S1C3T2 Fl. 128 5 que o contribuinte altere o pedido mediante a modificação do direito creditório aduzido na declaração de compensação, posto que tal procedimento desnatura o próprio objeto do processo. Apenas nas situações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão poderão ser corrigidos de ofício ou a requerimento do sujeito passivo, como determina o art. 32 do Decretolei n.º 70.235/72. Porém, este não é o caso dos autos. In casu, a empresa alega ter crédito perante o Fisco por ter efetuado pagamentos a maior referente à IRPJ e Adicional de IRPJ, porém não carreia aos autos documentos contábeis e fiscais que respaldem a diferença existente entre o valor supostamente devido e o DARF recolhido. Com efeito, as planilhas, DCTFs e DIPJ retificadora do ano calendário 2012 não demonstram, nem comprovam o indébito frente à ausência de documentação de suporte. Corroborando com esse entendimento, cabe trazer a baila trecho da decisão da DRJ, litteris: Conclusão Pelo exposto, NEGO provimento ao recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa Relator Fl. 128DF CARF MF Processo nº 13888.901126/201500 Acórdão n.º 1302002.677 S1C3T2 Fl. 129 6 Fl. 129DF CARF MF
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