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Numero do processo: 10715.001886/2010-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 14/09/2006 a 08/10/2006
REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.
A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.303
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 14/09/2006 a 08/10/2006 REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 14/09/2006 a 08/10/2006 REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 18 86 /2 01 0- 96 Fl. 374DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Inconformada com a autuação, o Contribuinte apresentou Impugnação, que foi julgada parcialmente procedente pela DRJ, com a aplicação retroativa da IN SRF nº 1096/2010, que ampliou o prazo de apresentação de informações para 7 (sete) dias, para afastar a multa em todos os casos em que a informação se deu dentro deste prazo. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho repisando as alegações ofertadas quando da impugnação, acrescentando que com a edição da Instrução Normativa n° 1.096/2010 deixouse de definir como infração a inserção de dados de embarque de mercadorias no Siscomex, quando realizada dentro do prazo de 07 dias e pleiteando ainda a aplicação do instituto da denúncia espontânea após a publicação da Lei nº 12.350/2010, a qual alterou o art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devendose aplicar ao caso o instituto da retroatividade benigna. disposto no art. 106. II. do Código Tributário Nacional. O Recurso Voluntário foi julgado de forma procedente ao Contribuinte. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. Ao julgar o caso, a 3ª Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF deu provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, afastando a possibilidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea às penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela SRF para a prestação de informações à administração aduaneira. Na mesma decisão, determinou que os autos fossem remetidos novamente às Câmaras Baixas para apreciação e deliberação dos demais argumentos apresentados pelo Contribuinte. O contribuinte opôs Embargos de Declaração cuja a admissibilidade foi negada por despacho do Presidente do CARF. Por fim, os autos foram distribuídos à turma 3402, para relatoria do feito. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Fl. 375DF CARF MF Processo nº 10715.001886/201096 Acórdão n.º 3402004.303 S3C4T2 Fl. 3 3 Como se verifica no relatório, apenas o argumento relativo à aplicação da denúncia espontânea em relação a penalidades decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias foi enfrentado no acórdão proferido pela 3ª CSRF, justamente por ter sido o fio condutor do acórdão proferido na Câmara Baixa, que deixou de deliberar sobre os demais pontos, a despeito do I. Relator têlos enfrentado em seu acórdão. Desse modo, cabe a este Colegiado discutir, a despeito de concordância ou não com o mérito da decisão da CSRF, apenas os demais argumentos. A Recorrente alega: i) irrazoabilidade na aplicação da multa; e ii) atribui culpa às "constantes falhas do SISCOMEX" para o descumprimento da obrigação de registro das informações do embarque. Quanto ao primeiro fundamento, alega que a alteração dos prazos para registro foi realizado sem grande divulgação na mídia de massa, e que até 2005 não havia um prazo objetivo, mas a indicação de que o registro deveria ser imediatamente após o embarque. Ora, durante os fatos geradores abarcados pelo presente processo a IN SRF nº 510/2005 já estava vigente, e não pode ninguém se eximir do cumprimento da lei alegando desconhecêla, sobretudo aqueles que trabalham especificamente com determinado setor, como o de transporte de cargas. Além disso, quanto ao argumento de desproporcionalidade, a única possibilidade de não aplicação da multa seria pela declaração de inconstitucionalidade da mesma, o que é vedado expressamente pelo art. 26A do Decreto 70.235/72 e pela Súmula CARF nº 02. Quanto à alegação de constantes falhas no SISCOMEX, a Recorrente não faz qualquer prova a respeito, razão pela qual não há como se aferir se as informações por ela prestadas são verdadeiras ou sequer verossimilhantes. Alegar e não provar é o mesmo que não alegar, devendo o julgador observar as regras de distribuição do ônus probatório. Desse modo, os argumentos não devem prosperar, razão pela qual NEGO provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 376DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10882.000579/2008-41
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2002
MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO.
A norma tributária que prevê o agravamento da multa de ofício tem natureza material e objetiva, sendo acionada pelo descumprimento do prazo estipulado na intimação ou pelo não atendimento, ainda que parcial, da exigência de prestar esclarecimentos, apresentar arquivos ou sistemas ou apresentar documentação comprobatória.
Numero da decisão: 9101-002.990
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento para restabelecer o agravamento da multa de ofício, para o percentual de 225%, vencida a conselheira Cristiane Silva Costa, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(assinado digitalmente)
André Mendes de Moura - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: ANDRE MENDES DE MOURA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2002 MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. A norma tributária que prevê o agravamento da multa de ofício tem natureza material e objetiva, sendo acionada pelo descumprimento do prazo estipulado na intimação ou pelo não atendimento, ainda que parcial, da exigência de prestar esclarecimentos, apresentar arquivos ou sistemas ou apresentar documentação comprobatória.
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AGRAVAMENTO. A norma tributária que prevê o agravamento da multa de ofício tem natureza material e objetiva, sendo acionada pelo descumprimento do prazo estipulado na intimação ou pelo não atendimento, ainda que parcial, da exigência de prestar esclarecimentos, apresentar arquivos ou sistemas ou apresentar documentação comprobatória. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento para restabelecer o agravamento da multa de ofício, para o percentual de 225%, vencida a conselheira Cristiane Silva Costa, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Adriana Gomes Rego, Cristiane Silva Costa, André Mendes de Moura, Luís Flávio Neto, Rafael Vidal de Araújo, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 05 79 /2 00 8- 41 Fl. 1766DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.767 2 Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional (efls. 944/951) em face da decisão proferida no Acórdão nº 1201000.815 (efls. 930/938), pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da Primeira Seção, na sessão de 11/06/2013, no qual foi negado provimento ao recurso de ofício e foi dado parcial provimento ao recurso voluntário para desagravar a multa de ofício. Resumo Processual A autuação fiscal (efls. 681/712), relativa ao anocalendário de 2002, trata de uma única infração tributária, a saber, a omissão de receita da atividade, levantada a partir de circularização realizada entre os clientes da contribuinte. O lançamento de IRPJ se deu a partir do lucro presumido e a multa de ofício foi qualificada e agravada (225%). A Contribuinte apresentou impugnação (efls. 744/774), que foi julgada procedente em parte no julgamento de primeira instância (DRJ), no qual foi reconhecida a ocorrência de decadência de parte do crédito tributário exigido (efls. 808/828). A qualificação e o agravamento das multas de ofício foram mantidos. A exoneração parcial deu ensejo a recurso de ofício. A contribuinte apresentou recurso voluntário (efls. 888/919). A turma ordinária do CARF negou provimento ao recurso de ofício, ratificando a declaração de decadência, e deu parcial provimento ao recurso voluntário para desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao patamar de 150% (efls. 930/938). Foi interposto recurso especial pela Fazenda Nacional (efls. 944/951), admitido em despacho de exame de admissibilidade (efls. 997/1001). A contribuinte não apresentou contrarrazões. A seguir, maiores detalhes sobre a autuação fiscal e a fase contenciosa. Da Autuação Fiscal. O Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal TVF (efl. 662/670) informa, em síntese: Durante o ano 2002, período objeto da ação fiscal, o contribuinte era sociedade civil com fins lucrativos voltada para a atividade de prestação de serviços advocatícios. Nesse período optou pelo lucro presumido como forma de tributação do lucro. A ação fiscal teve início em 29/01/07, quando foi lavrado o Termo de Início da Ação Fiscal intimando o sujeito passivo a apresentar, relativamente ao anocalendário 2002: Fl. 1767DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.768 3 a) Escrituração Contábil nos termos da legislação comercial; b) Livro Caixa e c) Extratos Bancários. Em 12/06/07, foi lavrado Termo de Reintimação Fiscal solicitando novamente os documentos demandados no Termo de Início de Ação Fiscal, haja vista que, decorrido o prazo fixado no mesmo, o sujeito passivo não atendeu ao requerido. Em 26/07/07 foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 02, em que a fiscalização intimou pela terceira vez o sujeito passivo a apresentar a Escrituração Contábil, Livro Caixa e Extratos Bancários relativos ao anocalendário 2002. Em 25/09/07, o sujeito passivo protocolizou correspondência em resposta aos Termos de Intimação recebidos, encaminhando o original do Livro Caixa correspondente ao 2o semestre de 2002 e cópia dos extratos bancários dos meses de Outubro e Novembro de 2002, relativos à contacorrente mantida no Banco Bradesco S.A. Em 08/10/07 foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 03, em que foi requerido ao contribuinte: a) Informar de maneira detalhada a composição mensal das receitas brutas do anocalendário 2002, declaradas na respectiva DIPJ; b) Fornecer cópia do último Balanço Patrimonial levantado pelo sujeito passivo, detalhando os bens do Ativo Permanente; c) Cópia do Plano de Contas de 2002 e d) Arquivos Magnéticos correspondentes aos lançamentos nos Livros Caixa, Diário e Razão de 2002. Também foi feita reintimação para o contribuinte fornecer o Livro Caixa relativo ao 1o semestre de 2002, assim como os extratos bancários do Banco Bradesco S.A. correspondentes aos meses de Janeiro a Setembro e Dezembro de 2002, assim como de outras contas bancárias movimentadas naquele ano. Em 30/10/07, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 04, reintimando o sujeito passivo a fornecer as informações requeridas no Termo de Intimação Fiscal n° 03. Em 01/11/07, o sujeito passivo protocolizou correspondência em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 03, na qual informa que "não conseguiu localizar os documentos referentes ao 1o semestre de 2002. Apresentou, em meio magnético e em papel, composição das receitas brutas declaradas na DIPJ relativas apenas ao 2o semestre de 2002. Forneceu cópia do Balanço Patrimonial levantado em 30/10/07, cópia de escritura de imóvel de propriedade do sujeito passivo, localizado no município de Ibiúna, SP, assim como do certificado de propriedade de veículo de sua propriedade. Forneceu cópia do Plano de Contas Contábil de 2002 e arquivos magnéticos do Livro Caixa relativos ao 2o semestre de 2002. Em 19/11/07, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 05, em que foi solicitado: a) Esclarecer a diferença de R$ 466.001,32 entre o valor das Receitas Brutas relativas a Dezembro de 2002, informadas na correspondência datada de 30/10/07, no valor de R$ 86.724,47, e o valor das Receitas Brutas declaradas na DIPJ, no valor de R$ 552.725,79; b) Esclarecer, apresentando documentação comprobatória hábil e idônea, a origem e natureza de créditos efetuados em 2002 na contacorrente mantida pelo sujeito passivo no Banco Bradesco SA, no valor de R$ 2.142.370,24, e, na eventualidade de corresponderem a recebimento por serviços prestados pelo sujeito passivo, esclarecer em que períodos de apuração foram declarados na correspondente DIPJ e c) Apresentar os Livros Diário e Razão de 2002. Também foi reintimado, pela quarta vez, a apresentar o Livro Caixa correspondente ao 1o semestre de 2002, Extratos bancários faltantes do Banco Bradesco, relativos a 2002, assim como de outras contas bancárias, e a apresentar a composição detalhada das receitas brutas do 1o semestre de 2002. Fl. 1768DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.769 4 Em 12/12/2007, o sujeito passivo protocolizou correspondência em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 05. Relativamente à discrepância nos valores de Receitas Brutas auferidas pelo sujeito passivo no mês de Dezembro de 2002, informa que "não tinham sido relacionadas (na correspondência datada de 30/10/07, esclarecimento da fiscalização), as notas de honorários que, embora faturadas no final do exercício de 2002, só foram recebidas no início de 2003". Alega, ainda, que nos arquivos anteriormente encaminhados, tais valores foram lançados em 31/12/02, nas contascontábeis n°s 1.1.02.10001 "Duplicatas a Receber" e 3.1.03.30001 "Vendas de Serviços Advocatícios". Relativamente aos valores recebidos na contacorrente junto ao Banco Bradesco S.A., no total de R$ 2.142.370,24, confirma que se referem ao recebimento por prestação de serviços, mas não conseguiu até aquele momento identificar em que períodos de apuração essas receitas foram declaradas na DIPJ. Quanto à apresentação dos Livros Diário e Razão de 2002 alega que, por estar sujeito ao regime de tributação pelo lucro presumido, estava dispensado de manter a escrituração contábil completa. Quanto aos documentos relativos ao 1o semestre de 2002, por diversas vezes solicitados pela fiscalização, justifica a não entrega pelo fato de não conseguir localizálos. Em 21/12/07, foi lavrado o Termo de Intimação Fiscal n° 06, em que foi solicitado ao sujeito passivo: a) Esclarecer, fornecendo documentação comprobatória hábil e idônea, a falta de registro contábil das receitas constantes nas notas de honorário e recibos de pagamento emitidos pelo sujeito passivo, assim como dos demais pagamentos recebidos a título de serviços prestados no anocalendário 2002, no valor total de R$ 25.972.061,25,; b) Fornecer cópia dos extratos bancários do anocalendário 2002 relativos à conta corrente mantida pelo sujeito passivo no Unibanco SA e esclarecer as razões pelas quais a movimentação da referida conta não foi transcrita no Livro Caixa fornecido, pertinente ao 2o semestre de 2002. Também foi reintimado mais uma vez a apresentar a escrituração comercial completa, diante dos diversos comprovantes da existência da mesma, assim como os demais documentos e esclarecimentos já solicitados e não atendidos pelo sujeito passivo, especialmente aqueles relativos ao 1o semestre de 2002. Por fim, foi intimado para informar quais documentos não fornecia à fiscalização porque não os havia localizado e quais não fornecia porque julgava ter ocorrido o "decurso de prazo" para fazêlo. Em 18/01/08, o contribuinte enviou correspondência em resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 06, em que apresenta resposta apenas ao questionamento quanto à discrepância no montante de receitas brutas do mês de Dezembro de 2002, declaradas na DIPJ, e aquelas lançadas no Livro Caixa apresentado à fiscalização. Foi tipificada a infração prevista no art. 528 do RIR/99 (omissão de receitas) para o IRPJ (efls. 681/688), conforme a regime de tributação do lucro presumido (32%). A multa de ofício foi qualificada e agravada, atingindo o patamar de 225%. Os lançamentos de PIS/Pasep (efls. 689/696), de Cofins (efls. 697/703) e de CSLL (efls. 704/709) foram realizados como decorrência dos mesmos fatos que fundamentaram o lançamento do IRPJ. Da Fase Contenciosa. A contribuinte apresentou impugnação (efls. 744/774), que foi julgada procedente em parte pela 5ª Turma da DRJ/Campinas, nos termos do Acórdão nº 0524.050 (e fls. 808/828), conforme ementa a seguir. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 1769DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.770 5 Anocalendário: 2002 DECADÊNCIA. Do texto do caput do art. 150 do CTN e seu parágrafo 4o, observase que o legislador elegeu, como condição essencial ao lançamento por homologação, além da antecipação do pagamento pelo sujeito passivo, decorrente de apuração regular, a existência de boafé. Ausentes tais circunstâncias, nos casos em que apurado dolo, fraude ou simulação, o início da contagem do prazo decadencial permanece na regra geral do art. 173,1, do CTN. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa JurídicaIRPJ Anocalendário: 2002 OMISSÃO DE RECEITAS. PROVA DIRETA. Cabível o lançamento de ofício fundado na caracterização de receitas omitidas apuradas com base em documentação obtida junto a clientes do contribuinte e por ele não refutada. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL. PIS. COFINS. Em se tratando de exigência reflexa que tem por base os mesmos fatos que ensejaram o lançamento do IRPJ, a decisão de mérito prolatada no principal constitui prejulgado na decisão do decorrente MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Evidenciadas pela fiscalização circunstâncias que denotam intuito de fraude, regular a qualificação da multa. FALTA DE ATENDIMENTO A INTIMAÇÃO NO PRAZO MARCADO. Mantémse o percentual de 225% nos casos em que o sujeito passivo não atende, no prazo marcado, intimação para prestar esclarecimentos, sendo irrelevantes as alegações de que desnecessários seriam os esclarecimentos ou que estes foram parcialmente prestados, pois mesmo tal justificativa se deu a destempo, ensejando reintimações, formalizadas anteriormente ao decurso do prazo decadencial, com as conseqüências previstas na legislação. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DO SÓCIO ADMINISTRADOR. A impugnação deve mencionar a qualificação do impugnante. Ausente defesa apresentada em nome da pessoa física do sócio administrador, não cabe, em sede de julgamento, apreciar oposição à imputação de responsabilidade a tal sócio, na medida em que a pessoa jurídica não detém legitimidade, e nem interesse, para tanto. A exoneração parcial do crédito tributário deu ensejo a recurso de ofício. A Contribuinte interpôs recurso voluntário (efls. 888/919). A decisão de segunda instância (efls. 930/938) negou provimento ao recurso de ofício, ratificando a declaração de decadência, e deu parcial provimento ao recurso voluntário para desagravar a multa de ofício, reduzindoa ao patamar de 150%, conforme a seguinte ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002 Fl. 1770DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.771 6 DECADÊNCIA TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO DOLO. Nos casos de tributos sujeitos ao lançamento por homologação e, existindo dolo, deve ser aplicado o prazo decadencial inserto no artigo 173,1 do CTN. MULTA QUALIFICADA. Comprovado o evidente intuito de fraude, em razão da sonegação, correta a qualificação da multa. MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. O agravamento da multa de oficio pelo arraso ou não atendimento de intimações e pedidos de esclarecimentos aplica se na hipótese de não atendimento ao teimo de intimação fiscal ou, no caso de atraso de cumprimento, quando este gera efetivo prejuízo ao procedimento fiscal. Foi interposto recurso especial pela Fazenda Nacional (efls. 944/951), em que esta apresentou uma única divergência, a saber, quanto ao agravamento da multa de ofício. Para tanto, foram apresentados como paradigmas da divergência os Acórdãos nº 10421.835 e n°10422.117, cujas ementas estão a seguir transcritas, naquilo que interessa ao feito: Acórdão n° 10421.835: MULTA AGRAVADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa agravada, em um percentual de 112,5% (no caso de multa de oficio) e 225% (no caso de multa qualificada), sempre que o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação do Fisco para prestar esclarecimentos. Acórdão n°10422.117: MULTA DE OFICIO AGRAVAMENTO NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO A falta de atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, à intimação formulada pela autoridade lançadora para prestar esclarecimentos, autoriza o agravamento da multa de lançamento de oficio, desde que a irregularidade apurada seja decorrente de matéria questionada na referida intimação, nos termos do artigo 44, parágrafo 2o, da Lei n°9.430, de 1996. O Despacho de Exame de Admissibilidade (efls. 997/1001) deu seguimento ao recurso e a contribuinte não apresentou contrarrazões. A contribuinte, devidamente cientificada (efl. 1744), não interpôs recurso especial. É o relatório. Fl. 1771DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.772 7 Voto Conselheiro André Mendes de Moura, Relator. Inicialmente, cumpre delimitar que matérias devem ser objeto de apreciação do presente Colegiado. O lançamento tem por objeto a omissão de receita da atividade, do que decorreu o lançamento de IRPJ, a partir do lucro presumido, bem como de seus reflexos (CSLL, PIS, Cofins). A multa de ofício foi qualificada e agravada. Após a decisão recorrida, constatase que: parte da exigência dos tributos foi exonerada, em razão da decadência; foi mantida a qualificação da multa de ofício e foi exonerado o agravamento da multa de ofício. O recurso especial interposto pela Fazenda Nacional (efls. 944/951) questiona apenas a exoneração do agravamento da multa de ofício. A contribuinte não apresentou recurso especial e não apresentou contrarrazões ao recurso da Fazenda Nacional. Assim, resta definitivamente julgado, no âmbito do contencioso administrativo tributário, o crédito tributário relativo aos quatro tributos e respectivos juros de mora, para o anocalendário de 2002, bem como a multa de ofício qualificada. É objeto da apreciação do Colegiado é o agravamento da multa de ofício dos quatro tributos, para o anocalendário de 2002. Em relação à admissibilidade, adoto as razões do Despacho de Admissibilidade de efls. 997/1001, com fulcro no art. 50, §1º da Lei n° 9.784, de 1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, para conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional, que questiona a exoneração do agravamento da multa de ofício, realizado com fundamento no art. 44, §2º, da Lei n° 9.430, de 1996. Passo ao exame do mérito. A questão trazida a esse Colegiado diz respeito à melhor interpretação a ser adotada, no presente processo, do disposto no §2º do artigo 44 da Lei nº 9.420, de 1996, que tem a seguinte redação: § 2º Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) A fiscalização apontou uma série de fatos que foram adotados como fundamento da aplicação do referido dispositivo legal, conforme o TVF de efls. 662/670. Dentre eles, destaco os fatos relatados a seguir. Fl. 1772DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.773 8 Em 29/01/2007, foi dado início à ação fiscal, ocasião em que a contribuinte foi intimada a apresentar sua escrituração contábil, seu Livro Caixa e os extratos bancários de sua movimentação financeira. A intimação não foi atendida. Em 12/06/2007, a contribuinte foi reintimada para apresentar os mesmos documentos, mas também não houve o atendimento. Em 26/07/2007, a contribuinte foi novamente reintimada para apresentar os mesmos documentos. Apenas em 25/09/2007, a contribuinte protocolizou correspondência em que envia à fiscalização o original do Livro Caixa correspondente ao 2o semestre de 2002 e cópia dos extratos bancários dos meses de outubro e novembro de 2002, relativos à contacorrente mantida no Banco Bradesco S.A. Com isso, verificase que a contribuinte respondeu à primeira intimação fiscal apenas nove meses depois de seu recebimento, depois de duas reintimações e, ainda assim, atendeu apenas alguns itens da intimação, pois não apresentou sua escrituração contábil, não apresentou seu Livro Caixa do primeiro semestre de 2002, apresentou os extratos bancários, de sua conta no Banco Bradesco, de apenas dois meses e não apresentou os extratos bancários de sua conta no Unibanco, a qual foi posteriormente descoberta pela fiscalização. Salientese que, durante a ação fiscal, a contribuinte continuou a ser periodicamente intimada para apresentar os documentos faltantes, acima indicados. Todavia, a fiscalização foi encerrada em 01/04/2008 sem que a contribuinte tenha atendido ao requerido. Em 08/10/2007, a contribuinte foi intimada a: i) Informar de maneira detalhada a composição mensal das receitas brutas do anocalendário 2002, declaradas na respectiva DIPJ; ii) fornecer cópia do último Balanço Patrimonial levantado pelo sujeito passivo, detalhando os bens do Ativo Permanente; iii) apresentar cópia do Plano de Contas de 2002 e iv) apresentar os arquivos magnéticos correspondentes aos lançamentos nos Livros Caixa, Diário e Razão de 2002. Essa intimação não foi atendida, o que levou à reintimação realizada em 30/10/2007. A resposta veio em 01/11/2007, embora parcialmente, uma vez que não foi apresentada a composição das receitas brutas declaradas na DIPJ relativa ao 1º semestre de 2002 e não foram apresentados os arquivos magnéticos do Livro Caixa relativos ao 1º semestre de 2002. Salientese que a ação fiscal foi encerrada sem que os documentos faltantes fossem apresentados. Em 21/12/2007, nova intimação à contribuinte para: i) esclarecer a falta de registro contábil das receitas constantes nas notas de honorário e recibos de pagamento por ela emitidos, assim como dos demais pagamentos recebidos a título de serviços prestados, no montante de R$ 25.972.061,25; ii) fornecer cópia dos extratos bancários do anocalendário 2002 relativos à sua conta corrente existente no Unibanco e esclarecer as razões pelas quais a respectiva movimentação não foi transcrita no Livro Caixa fornecido, pertinente ao 2o semestre de 2002. A resposta veio em 18/01/2008, embora limitada ao questionamento quanto à discrepância entre a receita bruta do mês de dezembro de 2002, declarada na DIPJ, e aquela encontrada no Livro Caixa apresentado à fiscalização. Até o final da fiscalização, a contribuinte não apresentou os extratos bancários requeridos. Apesar desses fatos, a decisão recorrida foi no sentido de afastar o agravamento da multa, com o seguinte fundamento (efl. 818): E. por fim. no tocante ao agravamento da multa ao percentual de 225% sob o fundamento de que "embora exaustiva e repetidamente instado a fazêlo, não atendeu às intimações da fiscalização para fornecer o Livro Caixa relativo ao 1º semestre Fl. 1773DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.774 9 de 2002, a composição das receitas brutas desse período, extratos bancários do Banco Bradesco do período de Janeiro a Setembro e Dezembro de 2002 e extratos bancários do Unibanco. Não forneceu também os Livros Diário e Razão de 2002, a despeito das evidências de que dispunha da contabilidade completa e não apenas do Livro Caixa (...)", entendo que este não merece prevalecer. No caso dos autos, o contribuinte não se calou diante dos termos de intimações fiscais emitidos e atendeu à todas intimações fiscais, não cabendo, portanto a majoração da multa, senão vejamos: A intimação de fls. 01 não foi atendida. Houve reintimação às fls. 16. a qual foi atendida às fls. 24 e seguintes; A intimação de fl. 83 não foi atendida. Houve reintimação. a qual foi respondida às fls. 90 e seguintes: A intimação de fls. 112. foi respondida às fls. 115 e seguintes: A intimação de fl. 124. foi respondida às fls. 139 e seguintes. Não há previsão legal para imposição de multa agravada nos casos de não apresentação da documentação nos termos solicitados pela fiscalização, isto porque, o artigo 44. § 2o. da lei 9430/96 prevê o agravamento no casos de não atendimento do sujeito passivo de intimação para (I) prestar esclarecimentos: (II) apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218. de 29 de agosto de 1991 e (III) apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. Além disso, em vista do intuito da legislação, o agravamento é previsto para os casos em que o contribuinte impede ou dificulta o exercício da fiscalização pela autoridade competente, não sendo o caso dos autos. Vêse que a decisão recorrida entendeu que a contribuinte teria atendido às intimações da fiscalização, afastandoa da incidência do §2º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Todavia, verifico que o conteúdo dado ao referido dispositivo legal implica uma interpretação restritiva incabível na espécie. Observase que a interpretação dada na decisão a quo não leva em consideração a expressão "no prazo marcado" contida no texto legal, como se simplesmente não existisse. Contudo, a expressão existe e é relevante, caso contrário não teria sido inserida no texto da lei. É fato incontroverso que a contribuinte demorou nove meses para responder à primeira intimação, coincidentemente, o mesmo tempo alcançado pela decadência do IRPJ e da CSLL, além de parcela importante do tempo de decadência do PIS e da Cofins. Ademais, a interpretação dada na decisão a quo faz com que o atendimento de algum item de uma intimação contendo vários itens tenha o mesmo tratamento do atendimento de todos os itens. Ou seja, segundo essa interpretação, a intimação referida na lei seria a correspondência enviada ao contribuinte e o seu atendimento seria uma outra correspondência em resposta. Entendo que não é esse o conteúdo adequado da norma em tela. Por se tratar de norma impositiva de sanção, esta tem natureza material. Nesse âmbito, a intimação referida Fl. 1774DF CARF MF Processo nº 10882.000579/200841 Acórdão n.º 9101002.990 CSRFT1 Fl. 1.775 10 não é o documento (forma), mas sim a prestação exigida ao contribuinte (matéria). O atendimento referido na norma não é satisfeito com a entrega de uma correspondência intitulada "resposta", há que ser realizada a prestação exigida. Se um dos itens do texto da intimação não foi contemplado, há o descumprimento de uma exigência, o que dá ensejo ao agravamento da multa de ofício, salvo situações excepcionais, o que não foi trazido aos autos. A norma tributária em tela apresenta requisitos de ordem objetiva: cabe a penalidade pelo não atendimento pelo sujeito passivo no prazo marcado para prestar esclarecimentos, apresentar arquivos ou sistemas ou apresentar documentação comprobatória. Na caso em tela, a contribuinte extrapolou prazos largamente, deixou de apresentar arquivos e deixou de apresentar documentação requerida. Consumada a subsunção do fato à norma, aplicase o agravamento. Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e dar provimento ao recurso especial da PGFN, para restabelecer o agravamento da multa de ofício, para o percentual de 225%. (assinado digitalmente) André Mendes de Moura Fl. 1775DF CARF MF
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Numero do processo: 15578.000766/2009-73
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004
DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE.
No Processo Administrativo Fiscal (PAF), aprecia-se a legalidade ou não do despacho decisório, sendo vedado ao órgão julgador trazer nova fundamentação legal que não constava do despacho original. Deve-se anular a decisão da primeira instância para a realização de novo julgamento adstrita aos fundamentos trazidos no despacho decisório que decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação.
Recurso voluntário Parcialmente Provido
Numero da decisão: 3201-003.033
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes no despacho decisório.
Winderley Morais Pereira - Presidente substituto e Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1703; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C2T1 Fl. 2 1 1 S3C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15578.000766/200973 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.033 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Matéria COFINS Recorrente EISA EMPRESA INTERAGRÍCOLA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 DESPACHO DECISÓRIO. FUNDAMENTAÇÃO. INOVAÇÃO NO JULGAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. No Processo Administrativo Fiscal (PAF), apreciase a legalidade ou não do despacho decisório, sendo vedado ao órgão julgador trazer nova fundamentação legal que não constava do despacho original. Devese anular a decisão da primeira instância para a realização de novo julgamento adstrita aos fundamentos trazidos no despacho decisório que decidiu pela homologação parcial do pedido de compensação. Recurso voluntário Parcialmente Provido Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes no despacho decisório. Winderley Morais Pereira Presidente substituto e Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Tatiana Josefovicz Belisário, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade, Orlando Rutigliani Berri, Marcelo Giovani Vieira e Renato Vieira de Avila. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 57 8. 00 07 66 /2 00 9- 73 Fl. 2149DF CARF MF 2 Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. Tratase de pedido de reconhecimento de direito creditório de Cofins decorrente do regime de nãocumulatividade, no período de 01/04/05 a 30/06/05, no valor de R$698.183,61 (fl. 2), para fins de compensação. A autoridade fiscal decidiu (fl. 156) homologar parcialmente as compensações efetuadas, porque entendeu que a contribuinte não possuía o direito creditório no montante declarado. Reconheceu, no entanto, o valor de R$609.321,52, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT/ES nº 2.979/09 (fls. 1136 e ss), em resumo, que: 1. a requerente tem por objeto social o comércio atacadista de café, comércio atacadista de algodão em pluma, fabricação de óleos vegetais e fiação de fibras de algodão, todas atividades com vendas no mercado interno e no mercado externo; 2. em razão da atividade desenvolvida e tendo em vista a apuração do IRPJ com base no lucro real no ano calendário 2005, neste ano ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativa da contribuição; 3. a contribuinte informou despesas (manutenção e reparos) não passíveis de aproveitamento de crédito, visto que não se enquadraram na definição de insumos esboçada pela legislação tributária, e em outras situações, não discriminou os serviços efetivamente incorridos; 4. as vendas de mercadorias realizadas pela empresa pública CONAB, não são tributadas, portanto, não fazem jus ao crédito; 5. há compras de mais de 200 diferentes fornecedores, porém, uma amostragem de mais de 80% das compras de café acabou por definir análise da situação dos 39 maiores fornecedores, 1 é empresa do poder público, restando 38 fornecedores; 6. aproximadamente, 82% destes fornecedores analisados, enquadramse como pessoas jurídicas que se declararam à Receita Federal do Brasil em situação de inatividade, ou simplesmente estão omissas perante o órgão, outras ainda, quando prestaram tais informações, o fizeram de maneira irregular, eis que a receita declarada é totalmente incompatível com o valor das vendas realizadas, isto considerando apenas as operações mercantis com a requerente; 7. registrase que as compras de café de cooperativas foram desconsideradas do cálculo por possuírem tratamento diferenciado no que tange a apuração das contribuições nãocumulativas; 8. se tomados os valores de aquisição que foram declarados, das empresas analisadas, o percentual de aquisições que, em tese, sofreu a incidência do PIS/Pasep na etapa anterior é de impressionantes 29%, sublinhando que o levantamento se contentou em esquadrinhar apenas os valores declarados, independentemente do efetivo recolhimento de tais exações; 9. no caso examinado há presunção de que a abertura destas "pessoas jurídicas" era Fl. 2150DF CARF MF Processo nº 15578.000766/200973 Acórdão n.º 3201003.033 S3C2T1 Fl. 3 3 meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 50% (cinquenta inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002, quando foi publicada a Medida Provisória n° 66/2002, que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas; 10. assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas, que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da nãocumulatividade para as contribuições em comento; 11. não se está afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho; 12. nesse contexto, a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boafé em seu favor, todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento ilegal; 13. não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual; 14. nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé; 15. com estes fundamentos foi providenciado o reenquadramento dessas compras, consideradas irregulares pela presente fiscalização, para aquisições de pessoas físicas garantindose o direito ao crédito presumido, de acordo com a planilha de apuração das contribuições nãocumulativas; 16. o sujeito passivo apurou créditos referentes a embalagens adquiridas, de acordo com o DACON/Demonstrativo Analítico de apuração do PIS, referidas aquisições estão enquadradas nos CFOP de n°s 1920 e 2920, os quais se referem à entrada de sacaria e vasilhame; 17. foram desconsideradas as entradas de mercadorias sob os CFOP de n°s 1122, 2122, 1125 e 2125, visto que referidas aquisições foram contempladas no item Compras Terceiros PJ, conforme declaração do próprio contribuinte às fls. 109/110; 18. verifica se, pelo somatório da documentação apresentada, que o contribuinte não logrou êxito em confirmar as despesas de aluguel informadas, razão pela qual essa diferença foi desconsiderada para fins de apuração dos créditos a descontar; 19. o contribuinte ofereceu à base de cálculo dos créditos despesas de condomínio, mas não há previsão no texto legal para a inclusão desta despesa no âmbito da despesa de Fl. 2151DF CARF MF 4 aluguel, visto que possuem naturezas jurídicas distintas, desta forma, despesas de condomínio não foram consideradas como créditos passíveis de aproveitamento, tendo sido glosadas pela fiscalização; 20. procedeuse, então, à utilização dos créditos na dedução do débito da Cofins apurado no mês, além dos créditos vinculados ao mercado interno, consumiramse, também, créditos atrelados ao mercado externo, de sorte que restou saldo credor, a ser utilizado nas compensações de outros tributos ao final do 2º Trimestre de 2005 no montante de R$609.321,52. Em decorrência de sua decisão, a DRF lavrou auto de infração para exigência da Cofins dos meses de abril/maio de 2005, nos valores de R$892.698,41 e R$284.406,10, respectivamente; além de juros e multa, correspondente ao débito apurado à fl. 135. O citado auto e a correspondente impugnação encontramse no processo nº 15.578.001024/200965, a este apensado. Cientificada da Decisão (fl. 164), em 24/06/10, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 165 e seguintes), em 23/07/10, onde alegou, em resumo, que: 1. o Parecer DRF/VIT/SEORT n° 2.979/2009 ora guerreado tem razões conexas aos Pareceres DRF/VIT/SEORT n.° 2.975/2009, mister se faz o apensamento destes autos àqueles, tudo com vistas a que sejam julgados simultaneamente, evitando se, destarte, decisões conflitantes acerca da mesma matéria; 2. teve limitado seu direito a uma parcela do crédito pleiteado sem que tenham sido dados os fundamentos para a glosa, portanto, pleiteia a nulidade do processo; 3. as despesas pagas às pessoas jurídicas responsáveis pela manutenção e reparos de seus ativos se enquadram verdadeiramente no conceito de insumos albergado pela legislação fiscal de regência; 4. o direito ao crédito da contribuição nascerá em relação a toda e qualquer aquisição de bens e serviços, desde que: (i) tratem se de elementos sem os quais a receita de vendas não se realizaria; e, (ii) não haja vedação legal à apropriação de créditos calculados sobre tais dispêndios; 5. a Requerente esclarece que as tais despesas são registradas na conta 752.600 e referemse à utilização de serviços no beneficiamento do algodão; 6. se o art. 3º, II da Lei n.° 10.833/03 não restringiu o direito ao crédito apenas para as hipóteses em que os serviços são aplicados ou consumidos na produção, o ato administrativo ora mencionado (IN nº 247/02 com redação dada pela IN º 358/03) não poderia criar este limite, sob pena de ofensa ao Princípio da legalidade, alçado a patamares constitucionais por força do art. 150, I da Constituição Federal; 7. nos tributos em que o ônus financeiro é transferido ao adquirente (tributos indiretos) há a obediência ao chamado Princípio Constitucional da NãoCumulatividade, pelo qual o contribuinte possui o direito de abater o tributo cobrado em etapas anteriores do que for devido em decorrência de suas próprias operações; 8. a ideia materializada nesse princípio é a de evitar o chamado efeito cascata, isto é, a incidência de tributo sobre tributo; 9. em relação aos fornecedores inidôneos, a Requerente acosta notas fiscais, comprovantes de pagamentos e de entrada de mercadorias, que comprovam as transações elencadas pelo Sr. AFRF; 10. cumpre destacar que a Lei nº 10.833/2003 não condicionou a apropriação de créditos ao pagamento do produto adquirido, mas sim a sua aquisição; 11. exigir que a Requerente Fl. 2152DF CARF MF Processo nº 15578.000766/200973 Acórdão n.º 3201003.033 S3C2T1 Fl. 4 5 tome os créditos apenas de pessoas jurídicas que estejam em dia com suas obrigações tributárias (principais e acessórias) é no mínimo paradoxal, na medida em que a Requerente não dispõe do mesmo aparato que o Fisco detém para constatar irregularidades tributárias; 12. ainda que existisse regra condicionando o crédito ao pagamento na etapa anterior, tratar seia de dispositivo absolutamente inócuo, na medida em que em virtude do sigilo fiscal (arts. 198 e 199 do CTN) não há como a Requerente constatar se seus fornecedores estão em dia com o Fisco; 13. assim, solicita o cancelamento da glosa referente às aquisições de pessoas jurídicas inidôneas; 14. o Parecer equivocouse ao glosar o crédito pleiteado pela Requerente (registrado na linha 02 da ficha 04 do DACON), na medida em que as embalagens registradas nessa linha do DACON (contabilizadas na conta 755.000) referemse àquelas consumidas na industrialização do óleo de algodão, não guardando qualquer/relação com aquelas adquiridas, sob o CFOP n°s 1.122, 2122, 1125 e 2125; 15. as demais despesas com embalagens citadas referemse às aquisições de sacaria utilizada na exportação, de café (linha 01 do DACON); 16. não há registro em duplicidade e, consequentemente, não há valores à serem glosados; 17. não há como prosperar a glosa efetuada em relação à aluguel, pois todos os dispêndios encontram se devidamente suportados por recibos e comprovantes de pagamento que à Requerente anexará posteriormente; 18. os dispêndios de condomínio compõem o valor da própria despesa de aluguel e, dessa forma, também geram direito ao crédito. A Inconformada cita legislação e jurisprudência, requerendo, ao final, reconhecimento do direito de crédito e homologação das compensações efetuadas." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 Créditos a Descontar. Incidência nãoCumulativa. Não dá direito a crédito gastos ou despesas com bens ou serviços utilizados nas atividades da Empresa, quando não corresponderem ao conceito de insumo ou a outra expressa hipótese legal. Aquisições. Nãosujeitas à Cofins. Crédito Vedado. A Partir de 01/05/04. A alteração promovida pela Lei nº 10.865, de 30 de abril 2004, na Lei nº 10.833/2003, no sentido de vedar o direito ao crédito da nãocumulatividade da Cofins, nos casos de aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, passou a produzir efeitos a partir de 01/05/04. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 Fl. 2153DF CARF MF 6 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Cientificada da decisão, a autuada interpôs recurso voluntário, alegando em sede preliminar que a decisão da primeira instância inovou a matéria discutida nos presentes autos, ao trazer argumentos para manutenção do lançamento resultante de diligência realizada, que trariam afirmações que a Recorrente teria participado de suposto esquema visando gerar, fraudulentamente, créditos da Contribuição ao PIS e da Cofins. No restante do recurso são repisadas as alegações já apresentadas na impugnação. Ao apreciar o recurso voluntário, a turma resolveu converter o julgamento em diligência, nos seguintes termos: Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração do PIS e a COFINS não cumulativos; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as Fl. 2154DF CARF MF Processo nº 15578.000766/200973 Acórdão n.º 3201003.033 S3C2T1 Fl. 5 7 informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. A Unidade de Origem procedeu a diligência determinada pelo CARF, elaborando relatório fiscal. Informando que a Recorrente apresentou documentos referentes à glosa de despesas de manutenção e reparos e de aquisição de embalagens. A auditoria fiscal concluiu por manter a glosa referente a despesas com manutenção e reparo, por entender, que não estariam ligados a atividade de produção da Recorrente. Quanto as aquisições de embalagem, entendeu por acatar as alegações da Recorrente e afastar a glosa referente a este item. Cientificada da diligência, a Recorrente apresentou manifestação ,concordando com o afastamento da glosa sobre as aquisições de embalagem e afirmando que as despesas de manutenção e reparo estariam vinculados a atividade da empresa e portanto, também estariam aptas a serem utilizadas como créditos na apuração das contribuições. Com estas considerações, o processo retornou ao CARF para o prosseguimento do julgamento. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Os recursos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, merecendo, por isto, ser conhecido. Nos termos detalhados no relatório, em sede de recurso voluntário, a Recorrente alega a nulidade da decisão da primeira instância, sob o arrimo que o acórdão teria inovado nos fundamentos inicialmente citados no despacho negatório do pedido de compensação. Consultando a decisão da primeira instância é possível identificar o enfrentamento de matérias referentes a glosa de créditos, por entender que tais operação não estariam incluídas no conceito de insumo e outra discussão quanto a possibilidade de creditamento sobre operações realizadas com empresas que foram identificadas como inaptas ou inexistentes de fato. Para a segundo grupo de créditos glosados, a decisão recorrida trata de dois fundamentos para negar os créditos. O primeiro seria a inexistência de recolhimento das contribuições na etapa anterior e o segundo a existência de fraude na criação e operação de empresas declaradas inexistentes de fato ou declaradas inaptas pela receita federal. O acórdão da primeira instância adotou como fundamento da decisão, a fraude nas operações realizadas com empresas, conforme pode ser verificado no trecho abaixo, extraído no voto condutor do Acórdão da DRJ. Fl. 2155DF CARF MF 8 Assim, considerando os fatos descritos, e sustentados por conjunto probatório robusto constante dos autos, é imperativo concluir que as ‘compras’ efetuadas pelo contribuinte, ora recorrente, de pessoas jurídicas artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária no contexto da nãocumulatividade do PIS/Cofins, além de simular negócios de fato inexistentes para dissimular o negócio real entre o produtor rural/pessoa física e o contribuinte, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública. A análise exposta acima leva à rejeição peremptória de eventual alegação de planejamento tributário, pois demonstra que o autuado participou da criação ou utilizou de pessoas jurídicas de existência fantasmagórica, a fim de interpor elo fictício na cadeia produtiva e, assim, escapar do pagamento de tributo de sua responsabilidade, por meio de compensação de créditos inexistentes de fato, e ainda com vultosos valores de ressarcimento em dinheiro. O trabalho fiscal, por ocasião da diligência realizada, fundouse em amplo material probatório, permitindo o exercício do direito de defesa e ao contraditório. No Relatório é comprovado detalhadamente o acerto das glosas efetuadas. Neste contexto, perderam relevância as notas fiscais e comprovantes de pagamento. Na decisão recorrida é possível identificar claramente que o enfrentamento da matéria, que nega o direito creditório da recorrente, possui como fundamento a aquisição de produtos de pessoas jurídicas, quando na verdade tratariamse de pessoas físicas. A decisão da primeira instância considerou que os dois fundamentos teriam sido enfrentados no despacho decisório, tanto a questão da ausência de recolhimento das contribuições nas etapas anteriores, bem como, a existência de aquisições de "pseudoatacadistas". Quanto ao primeiro fundamento discutido na decisão da DRJ é inequívoco a sua utilização pelo despacho decisório, que consta de forma explicita na sua conclusão, conforme se depreende do trecho abaixo do despacho decisório, exarado pela Unidade de Origem. Em resumo: . Restou demonstrado que não houve incidência econômica dos tributos na maior parte das aquisições realizadas; . A ocorrência da incidência jurídica é duvidosa, uma vez que as pessoas jurídicas que poderiam realizar o aspecto material da hipótese de incidência (faturamento), aparentam ser meros instrumentos para realização de práticas ilegais; . Sob o ponto de vista econômica, não houve qualquer oneração da cadeia produtiva em relação a tais operações; . Em não havendo tal oneração perde o sentido o dualismo cumulatividade x nãocumulatividade que justificou o escopo da alteração da legislação; . Em conclusão, não ocorrendo a indesejada cumulutividade que ensejou a mudança da sistemática da apuração das contribuições em apreço não há que se falar em saldo credor possível de ressarcimento. Fl. 2156DF CARF MF Processo nº 15578.000766/200973 Acórdão n.º 3201003.033 S3C2T1 Fl. 6 9 Quanto ao segundo fundamento, a decisão da Delegacia de Julgamento da RFB afirma existir no despacho decisório menção ao fato de existir fraude na criação e operação dos atacadistas revendedores de café, cito trecho abaixo constante da decisão da DRJ, que detalha estes argumentos. 2º argumento: Compras de “pseudoatacadistas” Se a instrução processual se encerrasse neste ponto, dificilmente poderia prosperar a glosa procedida sub examen. Porém, com a diligência veio o relatório, onde se concluiu que parte dos créditos de PIS/Cofins reivindicados nos pedidos de ressarcimento e utilizados nas declarações de compensação foi gerada através de simulação de aquisições de pessoas jurídicas, quando realmente o foi de aquisições de produtores rurais pessoas físicas. Tratase agora da hipótese já contida Parecer DRF/VIT/SEORT (fls. 247 e ss) de considerar as compras, correspondentes aos fornecedores irregulares, transações fictícias: No caso em questão, aparentemente existiria a intermediação comercial por pessoa jurídica. Entretanto, se ditas "pessoas jurídicas" forem apenas instrumentos para práticas fraudulentas, acobertando vendas realizadas por outros sujeitos, muito provavelmente pessoas físicas, não haveria que se falar em hipótese de incidência de PIS/Pasep e Cofins não cumulativos e, muito menos, em créditos da não cumulatividade como ora pretendido. Entendese que a prova colacionada aos autos no âmbito da diligência lançou nova luz sobre os créditos relativos às compras de café pela contribuinte, que foram glosados pela Autoridade Fiscal. O quadro amplo traçado a partir das Operações Broca e Tempo de Colheita milita desfavoravelmente à contribuinte no que concerne a seu alegado direito de crédito. Além disso, há elementos nos autos que não permitem simplesmente entender pela completa “isenção” do contribuinte na frustração da Receita Federal em sua legítima pretensão de caráter constitucional de amealhar recursos ao Erário. Quanto a este segundo fundamento para afastar os créditos referentes a aquisição das empresas atacadistas consideradas inidôneas, divirjo do entendimento da decisão da primeira instância. Apesar de existir a citação da existência de operações realizadas com empresas inidôneas, o despacho decisório é claro ao afirmar que matéria não esta sendo objeto de enfrentamento e discussão, conforme consta do trecho abaixo extraído do despacho decisório. Fl. 2157DF CARF MF 10 52. No caso examinado há uma presunção que a abertura destas "pessoas jurídicas" era meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 33% (trinta e três inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002 (fls. 210;219), quando foi publicada a Medida Provisória nº 66/2002 que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas. 53. Assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da não cumulatividade para as contribuições em comento. 54. Deixese claro, neste interim, que não se está com isto afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve nenhuma investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho. De forma alguma. Até porque, se isto ocorreu ou vem ocorrendo, estar seia diante de um crime contra a ordem tributária. 55. Nesse contexto, a ausência de provas que una a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boafé em seu favor. Todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento ilegal. Demais disso, não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual. 56. Frisese: nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em um debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé. Neste pormenor aplicase o princípio da prevalência dos interesses públicos sobre os particulares. 57. Como se pode extrair, a situação é paradoxal porquanto a Fazenda Nacional é instada a ressarcir um direito creditório que, como contrapartida, não possui o competente recolhimento dos tributos devidos na etapa imediatamente anterior. 58. Diante do que descortinado, a plausível conclusão conduz à inadmissibilidade do pleito formulado integralmente, no que toca às ditas compras de PJ, sob pena de gerar um claro enriquecimento sem causa em detrimento dos cofres públicos, o que representaria uma cessão de interesses públicos.(grifo nosso) Fl. 2158DF CARF MF Processo nº 15578.000766/200973 Acórdão n.º 3201003.033 S3C2T1 Fl. 7 11 A leitura do despacho decisório deixa evidente que não existiu o aprofundamento da matéria referente a aquisição de empresas inidôneas, tampouco tal fato foi utilizado como fundamento para negar o creditamento das operações da Recorrente. O Processo Administrativo Fiscal tem seu desenvolvimento a partir da existência de um lançamento ou decisão fiscal, que é objeto de questionamento por parte do contribuinte, que utilizando dos instrumentos da impugnação ou da manifestação de inconformidade, define as matérias sobre a qual discorda da decisão da autoridade fiscal. A delimitação da lide, submetida a apreciação dos julgamentos administrativos, está restrita aos fundamentos e fatos arrolados no despacho decisório, delimitado pelos argumentos trazidos pelo contribuinte nos seus recursos. No caso em tela, ao meu sentir, restou claramente identificado como fundamento utilizado no despacho decisório para negar os créditos referentes a aquisição de empresas atacadistas consideradas inidôneas, o fato de não existir o recolhimento das contribuições nas etapas anteriores. Assim, entendo que existiu na decisão da primeira instância, a utilização de fundamentos que não constariam do despacho decisório, determinando que tal decisão seja cancelada para realização de um novo julgamento adstrito aos fundamentos constantes do despacho decisório. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular a decisão da primeira instância e a realização de um novo julgamento considerando unicamente os fundamentos constantes do despacho decisório. Winderley Morais Pereira Fl. 2159DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.004022/2010-26
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Período de apuração: 01/06/2007 a 28/06/2007
REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA
EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN
SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE.
RETROATIVIDADE BENIGNA.
Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna
Numero da decisão: 3302-004.714
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo
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MULTA DO ART. 107, IV, E, DO DECRETO-LEI 37/1966 (IN SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando de descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF 28/1994, a multa instituída pelo artigo 107, IV, e do DL 37/1966, deve ser mitigada diante do novo prazo imposto pela IN SRF 1.096/2010, em decorrência da retroatividade benigna. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencido o Conselheiro Walker Araújo. (assinatura digital) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente (assinatura digital) Lenisa Prado - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Sarah Maria Linhares de Araújo, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, José Renato Pereira de Deus, Charles Pereira Nunes e Lenisa Prado. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 07 15 .0 04 02 2/ 20 10 -2 6 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária agosto de 2017 agosto de 2017 Obrigações Acessórias Obrigações Acessórias AMERICAN AIRLINES INC AMERICAN AIRLINES INC FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL AA Fl. 322DF CARF MF 2 Relatório A questão tem início na lavratura de auto de infração contra a contribuinte American Airlines Inc. consolidando a exigência da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do Decreto-lei 37/1966, com a redação conferida pelo artigo 77 da Lei n. 10.833/2003, regulamentado pelas Instruções Normativas SRF 28, de 1994, e 510, de 2005. De acordo com a descrição dos fatos apresentados pela autoridade fiscal, constatou-se que a contribuinte deixou de registrar as informações de embarque de Declarações de Exportação, na forma e prazo estabelecidos pelo artigo 37 da IN SRF 28/1994. Por esse motivo, foi imposta multa em desfavor da ora recorrente, no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por embarque desacompanhado do respectivo registro no SISCOMEX. Regularmente cientificada sobre a imposição da sanção pecuniária, a contribuinte apresentou impugnação, oportunidade na qual discorreu sobre os seguintes argumentos: a) em razão de erro operacional de seu estabelecimento no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, as informações concernentes ao embarque das mercadorias foram fornecidos ao SISCOMEX com atraso que excedeu entre 1 a 8 dias do prazo previsto na legislação de regência; b) ao contrário do que afirma a autoridade fiscal, para a imposição de multa não basta a mera inobservância da legislação aduaneira; é necessária a demonstração da intenção dolosa do contribuinte em fraudar o controle aduaneiro, bem como a comprovação de dano ao Erário, o que não restou configurado na hipótese dos autos; c) a aplicação da pena é desarrazoada e desproporcional, devendo ser aplicado o que dispõe o artigo 654 do Regulamento Aduaneiro vigente há época dos fatos (Decreto n. 4.543/2002), a qual prevê a relevação da multa quando a infração não tenha resultado em falta ou insuficiência de recolhimento de tributos; d) o Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento que se aplica às infrações de uma mesma espécie, apuradas numa mesma ação fiscal, a teoria da continuidade delitiva, de modo que, ainda que se entendesse pela configuração da infração, esta somente poderia ensejar a imputação de uma multa no valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por todas as infrações apuradas pela fiscalização. A impugnação foi julgada improcedente pela Delegacia de Julgamentos de Florianópolis (SC), em acórdão que resultou na seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 REGISTRO NO SISCOMEX DOS DADOS DE EMBARQUE. PRAZO. Fl. 323DF CARF MF Processo nº 10715.004022/2010-26 Acórdão n.º 3302-004.714 S3-C3T2 Fl. 323 3 O registro dos dados de embarque no Siscomex em prazo superior a 7 dias, contados da data do efetivo embarque, para a via de transporte aérea, caracteriza a infração ontida a línea e", inciso IV, do artigo 107 do DecretoLei n° 37/66. PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA DA LEI TRIBUTÁRIA. Aplica-se a lei tributária, em matéria de penalidades, a ato ou fato pretérito não definitivamente julgado quando for mais benéfica ao sujeito passivo. INFRAÇÃO CONTINUADA. EMBARQUES DIFERENTES. MERA REITERAÇÃO DA CONDUTA INFRACIONAL. É incabível falar em infração continuada quando os atos caracterizadores da infração não resultam do aproveitamento das condições objetivas que balizaram a prática das infrações anteriores. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. Tendo em vista a presunção de constitucionalidade das normas legais que foram legitimamente inseridas no ordenamento jurídico, cabe à autoridade administrativa tão somente verificar se os fatos subsumemse na norma de regência e aplicar a penalidade em face da existência de expressa determinação legal, dado que o lançamento não é atividade discricionária, mas, bem ao contrário, vinculado e obrigatória. Impugnação rocedente em Parte Crédito Tributário Mantido Parte Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário, o que ensejou a subida dos autos a este Conselho. Em 27 de janeiro de 2015, a 1ª Turma Especial desta 3ª Seção de julgamentos, ao apreciar os argumentos defendidos pelo contribuinte, deu provimento ao recurso voluntário, em decisão que foi assim sumariada: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração:01/11/2006 a 30/11/2006 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICAÇÃO ÀS PENALIDADES DE NATUREZA ADMINISTRATIVA. INTEMPESTIVIDADE NO CUMPRIMENTO DE Fl. 324DF CARF MF 4 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RETROATIVIDADE BENIGNA. Aplica-se o instituto da denúncia espontânea às obrigações acessórias de caráter administrativo cumpridas intempestivamente, mas antes do início de qualquer atividade fiscalizatória, relativamente ao dever de informar, no Siscomex, os dados referentes ao embarque de mercadoria destinada à exportação. Recurso Voluntário Provido. Com supedâneo no artigo 67, do Anexo II do RICARF, a Procuradoria da Fazenda Nacional interpôs recurso especial contra a decisão proferida no apelo do contribuinte. Ultrapassado o juízo inicial de admissibilidade, o recurso foi levado a julgamento pela 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, tendo sido parcialmente provido. Segue ementa do acórdão: Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/11/2006 a 30/11/2006 PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do Decreto-lei 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei n. 12.350, de 2010. Recurso Especial Provido em Parte. Naquela assentada, restou determinado que o processo deveria retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas em recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação na oportunidade de seu julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Relatora Lenisa Prado Na oportunidade do primeiro julgamento do recurso voluntário, foram apreciados os seguintes argumentos: Fl. 325DF CARF MF Processo nº 10715.004022/2010-26 Acórdão n.º 3302-004.714 S3-C3T2 Fl. 324 5 (i) Sobre a denúncia espontânea- a turma de julgamento concluiu que a multa imposta deve ser cancelada, em estrita obediência ao artigo 138 do CTN, uma vez que a contribuinte informou à administração tributária as infrações por ela praticadas, antes de iniciado qualquer procedimento fiscalizatório. (ii) Sobre a nulidade do auto de infração- tal argumento não foi reconhecido por aquele Colegiado, já que "a fiscalização apresentou planilha contendo o número das declarações, a data do embarque e a data em que foi enviada a declaração e a que vôo pretendia" o que não resulta na nulidade argüida pelo contribuinte. (iii) Sobre a ausência de dano ao Erário- foi afastada a argumentação sobre inexistência de dano aos cofres públicos porque prevaleceu o entendimento que houve embaraço à fiscalização, já que: "as declarações a que as empresas de transporte são obrigadas a apresentar são obrigações acessórias com finalidade exclusiva de auxiliar a fiscalização das importações e exportações, possibilitando a ciência do que cada empresa que utiliza a transportadora tem transportado, para onde vai e se foi recolhido o tributo a que esta operação está sujeita". (iv) Sobre a multa singular e o Princípio da Proporcionalidade e Razoabilidade - o colegiado não constatou equívocos na decisão proferida na impugnação, já que a multa foi imposta sobre cada informação prestadas em atraso em relação cada vôo (proporcional ao número de viagens). Concluiu-se, portanto, que foram respeitados os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Integram o recurso voluntário as seguintes alegações: 1. PRELIMINARES. SOBRE A NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO POR CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA: * O auto de infração não fornece qualquer elemento que comprove que a contribuinte tenha deixado de prestar informações no prazo de 2 dias; * Não foram indicadas no auto de infração os números das Declarações de Exportação relacionando-os com os respectivos conhecimentos aéreos (AWBs); * Indica a existência de várias decisões administrativas proferidas pelos órgãos julgadores da Receita Federal que declararam nulas as autuações idênticas à que se submete a julgamento. 2. MÉRITO. DA RETROATIO IN MELIUS1. * Após a lavratura do auto de infração foi publicada a Instrução Normativa RFB n. 1.096, de 13/13/2010, que ampliou o prazo para registro dos dados pertinentes no SISCOMEX para 7 dias2. Afirma que o art. 106 do CTN permite que a dilação do prazo pela publicação da recente 1 Transcrição ipsis literis da petição de recurso voluntário. 2 O prazo anterior era de 2 dias, conforme determinava a IN RFB 28, de 27/04/1997. Fl. 326DF CARF MF 6 norma deve gerar benefícios a seu favor, já que não é mais considerada infração o não fornecimento de informações no prazo de 2 dias. Considerando que não poderão ser objeto de deliberação por este Colegiado as matérias abordadas no recurso voluntário e que já foram objeto de deliberação, nos resta apreciar, unicamente, o argumento sobre o fato superveniente, que é a publicação da IN RFB n. 1.096/2010 e se seus efeitos retroagem à data dos fatos descritos no auto de infração. E, sobre esse tópico, filio-me à vasta jurisprudência deste Conselho, que reconhece que os efeitos benignos da IN RFB n. 1.096/2010 devem surtir efeitos em hipóteses análogas à dos autos. Isso porque estamos diante de uma sanção (ainda que na seara tributária) e a melhor interpretação sobre o texto contido no inciso XL do artigo 5º da Constituição Federal 1988 impõe o reconhecimento que a lei penal deverá retroagir, sempre que for para beneficiar o réu (no caso, o contribuinte apenado pela multa). A propósito, e ilustrativamente, segue a ementa de julgado deste Conselho3, o qual adoto como fundamento: TERCEIRA SECÃO DE JULGAMENTO / 2ª CAMARA / 2ª TURMA ORDINARIA / ACÓRDÃO 3202-000.486 em 25/04/2012 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. MULTA. Data do fato gerador: 04/07/2006, 06/07/2006, 10/07/2006, 11/07/2006, 13/07/2006, 15/07/2006, 23/07/2006 e 29/07/2006 REGISTRO EXTEMPORÂNEO DOS DADOS DE EMBARQUE NA EXPORTAÇÃO. MULTA DO ART. 107, IV, 'E' DO DL 37/1966 (INs SRF 28/1994, 510/2005 E 1.096/2010). VIGÊNCIA E APLICABILIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Em se tratando do descumprimento do prazo de registro dos dados de embarque na exportação estabelecido pelo art. 37 da IN SRF no 28/1994, a multa instituída no art. 107, IV, 'e' do Decreto-lei no 37/1966, na redação dada pelo art. 77 da Lei no 10.833/2003, somente começou a ser passível de aplicação a partir de fatos ocorridos a partir de 15/2/2005, data em que a IN SRF no 510/2005 entrou em vigor e fixou prazo de dois dias para o registro desses dados no Siscomex. Uma vez que a IN SRF no 1.096/2010 fixou o prazo de sete dias para o registro dos dados no Siscomex, deve ser aplicada, com fulcro no princípio da retroatividade benigna, a norma mais benéfica ao contribuinte. CONTAGEM DE PRAZO. DIA ÚTIL. A contagem dos prazos estipulados na legislação tributária deve seguir os ditames do artigo 210 do Código Tributário Nacional. Os prazos iniciam e terminam apenas em dias úteis. SISCOMEX. INDISPONIBILIDADE. PROVA. 3 Acórdão n. 3202-000.486, proferido no julgamento do Processo Administrativo n. 10715.001370/2010-41, em 25/04/2012. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 10715.004022/2010-26 Acórdão n.º 3302-004.714 S3-C3T2 Fl. 325 7 A parte que alega a indisponibilidade do sistema SISCOMEX deve apresentar prova irrefutável sobre tal situação. A mera alegação, sem comprovação do alegado, não é capaz de influir no entendimento do julgador. MULTA. EFEITO CONFISCATÓRIO. INCONSTITUCIONALIDADE. SÚMULA N. 02 DO CARF. De acordo com a Súmula n. 02 do CARF, o órgão não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária. Recurso voluntário conhecido em parte. Na parte conhecida, preliminar de nulidade do auto de infração não acolhida e, no mérito, recurso voluntário provido em parte. (grifos adicionados) Assim, entendo que o recurso voluntário deve ser provido para que as multas impostas em decorrência das informações prestadas dentro do prazo de 7 dias (IN SRF n. 1.096/2010) sejam canceladas. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. (assinatura digital) Relatora Lenisa Prado - Relatora Fl. 328DF CARF MF
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Numero do processo: 19515.003733/2008-90
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 18 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998
DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE. STF.
Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Súmula Vinculante nº 8, publicada no Diário Oficial da União em 20/06/2008. o lapso de tempo de que dispõe a Secretaria da Receita Federal do Brasil para constituir os créditos relativos às contribuições previdenciárias e as destinadas a terceiras entidades mencionadas nos artigos 2º e 3º da Lei nº 11.457/07 será regido pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66).
Numero da decisão: 2202-004.018
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício.
(Assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente.
(Assinado digitalmente)
Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Denny Medeiros da Silveira, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: JUNIA ROBERTA GOUVEIA SAMPAIO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE. STF. Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Súmula Vinculante nº 8, publicada no Diário Oficial da União em 20/06/2008. o lapso de tempo de que dispõe a Secretaria da Receita Federal do Brasil para constituir os créditos relativos às contribuições previdenciárias e as destinadas a terceiras entidades mencionadas nos artigos 2º e 3º da Lei nº 11.457/07 será regido pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66).
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa- Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio - Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Denny Medeiros da Silveira, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto e Fernanda Melo Leal.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1665; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2.352 1 2.351 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.003733/200890 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 2202004.018 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 04 de julho de 2017 Matéria Contribuições Sociais Previdenciárias Recorrente FAZENDA NACIONAL Recorrida ALLIANZ SEGUROS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE. STF. Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Súmula Vinculante nº 8, publicada no Diário Oficial da União em 20/06/2008. o lapso de tempo de que dispõe a Secretaria da Receita Federal do Brasil para constituir os créditos relativos às contribuições previdenciárias e as destinadas a terceiras entidades mencionadas nos artigos 2º e 3º da Lei nº 11.457/07 será regido pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício. (Assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Márcio Henrique Sales Parada, Rosy Adriane da Silva Dias, Denny Medeiros da Silveira, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Junia Roberta Gouveia Sampaio, Martin da Silva Gesto e Fernanda Melo Leal. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 37 33 /2 00 8- 90 Fl. 2352DF CARF MF 2 Relatório Tratase de Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD nº 37.012.3956, de 13/12/2006, relativa às contribuições sociais devidas pela empresa sobre a remuneração de segurados empregados e contribuintes individuais, de acordo com o Relatório Fiscal de fls. 877/844, vol. 3. O lançamento incidiu sobre as seguintes bases de cálculo: a) Salário dos empregados: Relação Anual de Informações Sociais RAIS, em razão da não apresentação das folhas de pagamento, ocorrendo a situação prevista no art. 33, §3°, da Lei n.° 8212/91, c/c o art. 233 do Regulamento da Previdência Social aprovado pelo Decreto n.° 3048/99 (arbitramento); b) Prolabore de diretores não empregados: Livros Razão; c) Remuneração de contribuintes individuais: Livros Razão, listagens de pagamentos elaboradas pela empresa e depósitos judiciais. Em sua Impugnação (fls. 1103/1145, vol. 4) a contribuinte alegou, resumidamente, que: a) A aferição pela RAIS não se justifica,uma vez que as folhas de pagamento foram apresentadas, servindo, inclusive, de base à lavratura do Auto de Infração nº 35.718.660 5; b) O Auditor Fiscal não considerou o fato de a empresa ter para a matriz e grande maioria das filiais convênio com o FNDE para recolhimento do Salário Educação. c) não foi incluído como base de cálculo o valor referente à participação nos lucros e resultados; d) não foi deduzido como crédito da Impugnante os valores pagos à título de salário família e salário maternidade; e) não considerou a compensação, no estabelecimento matriz, no período de 01/1998 a 09/1998, de valores recolhidos indevidamente sobre remuneração de autônomos e administradores no período de 09/1989 a 07/1991, com amparo em ação judicial; e f) a fiscalização não apropriou todo o valor do recolhimento efetuado pela Impugnante. g) No período de 01/1999 a 02/2000, o Auditor Fiscal não observou a faculdade de a Impugnante recolher a contribuição sobre a remuneração de administradores e autônomos pela alíquota de 20% sobre a classe do saláriobase, conforme Lei Complementar nº 84/96, Decreto nº 1826 e Ordem de Serviço 151/96. Ainda em relação aos lançamentos sobre remunerações de contribuintes individuais alega que há erro no lançamento para a competência 06/1996; i) o recolhimento da contribuição sobre os honorários da diretoria foi feito em guia apartada, em valores suficientes, sendo injustificados os valores exigidos. Além disso, foi incluído como remuneração valores relativos a provisões de gratificação dos diretores. Fl. 2353DF CARF MF Processo nº 19515.003733/200890 Acórdão n.º 2202004.018 S2C2T2 Fl. 2.353 3 j) As contribuições incluídas no lançamento foram fulminadas pela decadência, estando extintas seja por força do §4º do artigo 150 ou do inciso I do artigo 173 do Código Tributário Nacional. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo (SP) deu provimento à Impugnação em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS. Período de apuração: 01/01/1996 a 31/12/1998 Ementa: DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE. STF Com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 45 da Lei nº 8.212/91, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por meio da Súmula Vinculante nº 8, publicada no Diário Oficial da União em 20/06/2008. o lapso de tempo de que dispõe a Secretaria da Receita Federal do Brasil para constituir os créditos relativos às contribuições previdenciárias e as destinadas a terceiras entidades mencionadas nos artigos 2º e 3º da Lei nº 11.457/07 será regido pelo Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/66) Lançamento Improcedente. É o Relatório Voto Conselheira Junia Roberta Gouveia Sampaio Relatora Como corretamente observado pela decisão recorrida, trata o presente recurso de matéria submetida à Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal. O lançamento discutido nesses autos foi formalizado com fundamento no artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Entretanto, na sessão de 12/06/2008, o Supremo Tribunal Federal STF editou a Súmula Vinculante nº 8, publicada no Diário da Justiça DJ e no Diário Ofícial da União DOU de 20/06/2006, cuja redação é a seguinte: São inconstitucionais o parágrafo único do DecretoLei nº 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/91, que tratam da prescrição e decadência do crédito tributário. De acordo com artigo 2º da Lei nº 11.417/06 (que regulamentou o artigo 103 A da Constituição Federal) as súmulas vinculantes são de observância obrigatória pela Administração Pública, nestes termos: Art. 2o O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, editar enunciado de súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e Fl. 2354DF CARF MF 4 municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma prevista nesta Lei. Sendo assim, a partir do reconhecimento da inconstitucionalidade do prazo de 10 anos previsto no art.45 da Lei nº 8.212, por meio de súmula vinculante, o prazo para o lançamento das contribuições previdenciárias passou a ser o prazo qüinqüenal previsto no artigo 150, §4º do CTN, uma vez que, no presente caso, houve pagamento antecipado (ainda que parcial) de contribuições previdenciárias em todas as competências para todos os estabelecimentos. Os referidos recolhimentos podem ser vistos no DAD Discriminativo Analítico do Débito (fls. 004/207, vol. 1). A constituição do presente crédito foi formalizada em 13/12/2006. Dessa forma, nos termos do art. 150, §4º do CTN, na data do lançamento, poderiam ter sido constituídos créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram a partir da competência 12/2001. Sendo assim, todas as competências incluídas no presente lançamento (de 1996 a 12/1998) encontramse atingidas pela decadência, estando extinto o crédito a elas relativo, nos termos do inciso V do art. 156 do CTN. Em face do exposto, nego provimento ao Recurso de Ofício. (Assinado digitalmente) Júnia Roberta Gouveia Sampaio. Fl. 2355DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13016.000118/2005-23
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 29 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
NÃO-CUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL.
Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da não-incidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-005.372
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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INCIDÊNCIA. CESSÃO ONEROSA DE CRÉDITOS DO ICMS. EXPORTAÇÃO. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado MADEM SA INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE MADEIRAS E EMBALAGENS ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 NÃOCUMULATIVIDADE. CESSÃO DE CRÉDITOS DE ICMS ACUMULADOS DECORRENTES DE EXPORTAÇÕES. EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL VINCULANTE, NA FORMA REGIMENTAL. Havendo decisão definitiva do STF, com repercussão geral, no sentido da nãoincidência da Contribuição para o PIS e da Cofins na cessão onerosa para terceiros de créditos de ICMS acumulados, originados de operações de exportação, ela deverá ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, por força regimental, para fatos geradores anteriores à produção de efeitos da Lei nº 11.945/2009, que expressamente previu a sua exclusão da base de cálculo das contribuições. Recurso Especial do Procurador Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (Suplente convocado), Demes Brito, Luiz Augusto do Couto Chagas (Suplente convocado), Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 6. 00 01 18 /2 00 5- 23 Fl. 146DF CARF MF Processo nº 13016.000118/200523 Acórdão n.º 9303005.372 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão 380300.863. Na parte de interesse ao presente litígio, o colegiado a quo decidiu que a cessão onerosa de créditos do ICMS não compõe a base de cálculo das contribuições do PIS e da COFINS. A Fazenda Nacional requer a reforma do acórdão argumentando, em síntese, que a cessão onerosa de créditos de ICMS é uma operação que equiparase a verdadeira alienação de direitos a titulo oneroso, originando receita tributável, devendo compor a base de cálculo da PIS/ COFINS, conforme dispõe o art. 1° §§ 1º e 2º da Lei nº 10.637/2002, bem como o art. 1° da Lei nº 10.833/2003. Mediante Despacho do Presidente da Câmara competente, foi dado seguimento ao recurso interposto. O contribuinte apresentou contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303005.319, de 25/07/2017, proferido no julgamento do processo 13016.000004/200401, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303005.319): "Os requisitos para se admitir o Recurso Especial foram cumpridos e foram respeitadas as formalidades regimentalmente previstas. A matéria tratada no presente litígio restringese ao fato de se as receitas decorrentes da transferência onerosa de créditos de ICMS, acumulados em razão de exportação para o exterior, devem, ou não, ser excluídas da base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins. O tema não é mais passível de discussão no CARF, haja vista que o Supremo Tribunal Federal já decidiu a questão posta, com a devida declaração de repercussão geral, nos termos do artigo 543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, antigo Código de Processo Civil. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 13016.000118/200523 Acórdão n.º 9303005.372 CSRFT3 Fl. 4 3 O Recurso Extraordinário nº 606.107/RS, que trata da matéria, foi interposto pela Fazenda Nacional, contra decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que considerou inconstitucional a inclusão, na base de cálculo da Contribuição para o PIS e da Cofins não cumulativas, dos valores dos créditos do ICMS provenientes de exportação que fossem cedidos onerosamente a terceiros. Em julgamento realizado pelo pleno do STF, em 22/05/2013, sob a relatoria da Ministra Rosa Weber, foi julgado o mérito, cuja decisão possui a seguinte ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE. HERMENÊUTICA. CONTRIBUIÇÃO AO PIS E COFINS. NÃO INCIDÊNCIA. TELEOLOGIA DA NORMA. EMPRESA EXPORTADORA. CRÉDITOS DE ICMS TRANSFERIDOS A TERCEIROS. I Esta Suprema Corte, nas inúmeras oportunidades em que debatida a questão da hermenêutica constitucional aplicada ao tema das imunidades, adotou a interpretação teleológica do instituto, a emprestarlhe abrangência maior, com escopo de assegurar à norma supralegal máxima efetividade. (...) VI O aproveitamento dos créditos de ICMS por ocasião da saída imune para o exterior não gera receita tributável. Cuidase de mera recuperação do ônus econômico advindo do ICMS, assegurada expressamente pelo art. 155, § 2º, X, “a”, da Constituição Federal. VII Adquirida a mercadoria, a empresa exportadora pode creditarse do ICMS anteriormente pago, mas somente poderá transferir a terceiros o saldo credor acumulado após a saída da mercadoria com destino ao exterior (art. 25, § 1º, da LC 87/1996). Porquanto só se viabiliza a cessão do crédito em função da exportação, além de vocacionada a desonerar as empresas exportadoras do ônus econômico do ICMS, as verbas respectivas qualificamse como decorrentes da exportação para efeito da imunidade do art. 149, § 2º, I, da Constituição Federal. VIII Assenta esta Suprema Corte a tese da inconstitucionalidade da incidência da contribuição ao PIS e da COFINS não cumulativas sobre os valores auferidos por empresa exportadora em razão da transferência a terceiros de créditos de ICMS. (...) Recurso extraordinário conhecido e não provido, aplicandose aos recursos sobrestados, que versem sobre o tema decidido, o art. 543B, § 3º, do CPC. O acórdão foi publicado em 25/11/2013 e o trânsito em julgado deu se em 05/12/2013. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 13016.000118/200523 Acórdão n.º 9303005.372 CSRFT3 Fl. 5 4 Por força da disposição, a seguir transcrita, do § 2º do art. 62 do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, a mencionada decisão do STF deve ser reproduzida por este relator: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 – Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Registrese ainda, a título de observação, que, na forma da Lei nº 10.522/2002, art. 19, § 5º, com a redação dada pelo art. 21 da Lei nº 12.844/2013, também estão vinculadas a este entendimento as Delegacias de Julgamento e as Unidades de Origem da RFB, com a manifestação da PGFN na Nota transcrita parcialmente a seguir, no que interessa a esta discussão: NOTA /PGFN/CRJ/Nº 1.486/2013 (...) 2. Em razão de os referidos julgados terem repercussão na esfera administrativa e requerer atuação efetiva da RFB, e em observância do que foi definido na Nota PGFN/CRJ nº 1114/2012, que cumpre o disposto no Parecer PGFN/CDA nº 2025/2011, estas CRJ examina, infra, os itens referidos no parágrafo anterior, realizando a delimitação do tema ali tratado, nos seguintes termos: (...) 98 – RE 606.107/RS (...) Resumo: não incide PIS e COFINS sobre a cessão a terceiros do crédito presumido do ICMS decorrente de exportação. Data da inclusão:13/12/2013 DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: as verbas referentes à cessão a terceiro de crédito presumido do ICMS decorrente de exportação não constituem base para incidência do PIS e da COFINS. Pelo exposto, voto por dar provimento ao Recurso Especial interposto pelo contribuinte." Fl. 149DF CARF MF Processo nº 13016.000118/200523 Acórdão n.º 9303005.372 CSRFT3 Fl. 6 5 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 150DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13116.001392/2006-72
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Aug 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. ACOLHIMENTO.
A existência de omissão em acórdão de recurso voluntário impõe o conhecimento dos embargos de declaração.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VOTO VENCEDOR. COMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO.
Constatada a ocorrência de omissão pela falta de inclusão de voto vencedor no acórdão embargado, caberá ao colegiado responsável pelo julgamento fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente, sem conferir efeitos infringentes aos aclaratórios.
Numero da decisão: 2402-005.911
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. ACOLHIMENTO. A existência de omissão em acórdão de recurso voluntário impõe o conhecimento dos embargos de declaração. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VOTO VENCEDOR. COMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. Constatada a ocorrência de omissão pela falta de inclusão de voto vencedor no acórdão embargado, caberá ao colegiado responsável pelo julgamento fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente, sem conferir efeitos infringentes aos aclaratórios.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild.
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OMISSÃO. ACOLHIMENTO. A existência de omissão em acórdão de recurso voluntário impõe o conhecimento dos embargos de declaração. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE VOTO VENCEDOR. COMPLEMENTAÇÃO DA DECISÃO. Constatada a ocorrência de omissão pela falta de inclusão de voto vencedor no acórdão embargado, caberá ao colegiado responsável pelo julgamento fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente, sem conferir efeitos infringentes aos aclaratórios. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 11 6. 00 13 92 /2 00 6- 72 Fl. 1510DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho – Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitoza e Bianca Felícia Rothschild. Fl. 1511DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Tratase de embargos declaratórios (fls. 1496/1497) opostos pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional – PGFN em virtude da não inclusão de voto vencedor no Acórdão 210100.480, da 1ª Turma Ordinária / 1ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento do CARF (fls. 1478/1492), julgado em 14/04/2010, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Exercício: 2002, 2003, 2004, 2005 IRPF DECADÊNCIA ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Nos casos de lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário expira após cinco anos a contar da ocorrência do fato gerador. Devem ser apurados em base mensal e tributados anualmente, razão pela qual o fato gerador se perfaz em 31 de dezembro de cada anocalendário. Não ocorrendo a homologação expressa, o crédito tributário é atingido pela decadência após cinco anos da ocorrência do fato gerador (art. 150, § 4° do CTN). FORMA DE APURAÇÃO TRIBUTAÇÃO MENSAL. A partir do anocalendário 1989, o acréscimo patrimonial não justificado deve ser apurado mensalmente, confrontandose os rendimentos do respectivo mês, com transporte para os períodos seguintes dos saldos positivos de recurso, conforme determina o artigo 2° da Lei n° 7.713, 1988. PROVAS. Não tendo o contribuinte logrado comprovar integralmente a origem dos recursos capazes de justificar o acréscimo patrimonial, através de rendimentos tributáveis, isentos ou tributáveis exclusivamente na fonte, é de se manter o lançamento de oficio. A decisão foi redigida nos seguintes termos: ACORDAM os membros do Colegiado, por maioria de votos, em DAR provimento PARCIAL ao recurso para reconhecer como origem de recursos os valores de R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente em janeiro de 2002 e janeiro de 2003. Vencidas as Conselheiras Ana Neyle Olímpio Holanda (Relatora) e Amarylles Reinaldi e Henriques Resende que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka. (Grifos nossos) A despeito das informações contidas no decisum de que a relatora teria saído vencida e que teria sido designado redator para elaborar o voto vencedor, o acórdão foi Fl. 1512DF CARF MF 4 publicado somente com o voto vencido. Por essa razão, em seus aclaratórios, a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN requer a juntada do teor do voto vencedor. Sobre o lançamento, o trecho a seguir, extraído do relatório do acórdão embargado, detalha aspectos referente à matéria objeto do auto de infração que deveria ter sido abordada no voto vencedor: vii) omissão de rendimentos, tendo em vista acréscimo patrimonial a descoberto, onde foi verificado excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados, referente aos anoscalendário 2001 a 2004, exercícios 2002 a 2005, sob o seguinte enquadramento legal: artigos 1° a 3° e §§ da Lei n° 7.713, de 22/12/1988, artigos 10 e 2° da Lei n° 8.134, de 27/12/1990, artigos 1° da Lei n° 9.887, de 07/12/1999, artigo 10 da Medida Provisória n° 22, de 08/01/2002, convertida na Lei n° 10.451, de 10/05/2002, e artigos 55, XIII, e parágrafo único, 806 e 807 do Decreto n° 3.000 de 26/03/1999, Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999. Relativamente às alegações do contribuinte quanto a origem dos recursos excluídos do lançamento por força da decisão atacada, consta do indigitado relatório: Anocalendário 2002 a) aos 26 de setembro, foi distribuída a seu então cônjuge o valor de R$ 50.000,00, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, e, aos 31 de dezembro, foi distribuída a quantia de R$ 247.000,00, que não foi compensada em sua conta bancária, ainda no anocalendário 2001, devendo ser considerado para o fluxo financeiro do ano calendário 2002; b) o recebimento desses valores foi registrado na declaração de ajuste anual, e a não discriminação da disponibilidade na declaração de bens foi um erro formal, que não afasta a realidade dos fatos; c) em fevereiro e abril devem ser acrescidos como recursos, respectivamente, os importes de R$ 13.650,00 e R$ 16.250,00, recebidos pelo então cônjuge, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C; d) embora a distribuição total do lucro esteja escriturada aos 31 de dezembro, os valores foram efetivamente entregues em fevereiro e abril. Anocalendário 2003 a) aos 31 de dezembro, foram distribuídos ao cônjuge R$ 96.100,00, que não foram compensados naquele anocalendário mas que devem ser considerados como recursos no fluxo do ano calendário 2003; b) o recebimento desses valores foi registrado na declaração de ajuste anual, e a não discriminação da disponibilidade na declaração de bens foi um erro formal, que não afasta a realidade dos fatos; Fl. 1513DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 4 5 c) devem ser considerados como recursos os importes de R$ 15.000,00, R$ 18.000,00, R$ 20.000,00, R$ 20.000,00 e R$ 30.000,00, respectivamente, nos meses de fevereiro, abril, maio, agosto, setembro e novembro de 2003, recebidas do então cônjuge, a titulo de adiantamento de lucros da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, conforme comprovam os recibos de fls. 330, 334, 337, 350, 352 e 354; d) embora a distribuição total do lucro esteja escriturada aos 31 de dezembro, os valores foram efetivamente entregues nos meses citados; e) devem ser incluídos como recursos os valores recebidos através de empréstimo da empresa BETCAPITAL LTDA, conforme cópia do contrato de mútuo e recibos e do Livro Diário da referida empresa, nos seguintes montantes: i) R$ 25.000,00 no mês de fevereiro; ii) R$ 100.000,00 no mês de março; iii) R$ 100.000,00 no mês de abril; iv) R$ 75.000,00 no mês de setembro, e v) R$ 50.000,00 no mês de novembro; I) os empréstimos foram devidamente declarados pelas partes; g) devem ser incluídos como recursos o valor de R$ 200.000,00, recebidos pelo recorrente da venda de quotas de capital da empresa BARNA CONSTRUTORA LTDA., conforme demonstra cópia de alteração contratual, em que está demonstrado que a transferência foi onerosa. (Grifos nossos) A despeito das alegações referenciada na peça recursal acerca da origem dos recursos que deram azo ao lançamento em virtude de acréscimo patrimonial a descoberto, extraise do voto vencido que o recorrente não foi capaz de justificar o acréscimo patrimonial aferido pelo Fisco. Vejamos: A norma legal prevê a presunção relativa de omissão de rendimentos por parte do sujeito passivo que, não tendo como justificar o aumento patrimonial, deverá submeter o acréscimo não justificado à tributação, considerandose por ocorrida a prática de um fato tributável ocultado. Este dispositivo legal não veda a produção de provas contrárias à origem não justificada do rendimento, e que também não confere ao agente fiscal liberdade para arbitrar aleatoriamente a base de cálculo, uma vez que estabelece ser o acréscimo — fato conhecido considerado tanto como indicio de receitas como a própria base de cálculo do tributo — passível de tributação. Assim, estando o lançamento por omissão de rendimentos fulcrado em acréscimo patrimonial a descoberto, embora importe em presunção, amparado em base legal, não há que se cogitar de sua nulidade, vez que demonstrado o aporte de patrimônio sem a devida comprovação da origem dos valores aptos a justificálo. Fl. 1514DF CARF MF 6 No caso vertente, entendemos que o recorrente não trouxe aos autos elementos capazes de invalidar o levantamento efetuado pela autoridade fiscal, no sentido de combater os dispêndios realizados para a aquisição de bens e direitos. Forte no exposto, e de tudo que dos autos consta, somos pelo não provimento do recurso voluntário apresentado. Não obstante, o Colegiado acolheu parte das alegações do sujeito passivo, reconhecendo, em relação a janeiro de 2002 e janeiro de 2003, origens de recursos em valores correspondentes a R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente. Entretanto, o voto vencedor a esse respeito não foi inserido no acórdão. É o relatório. Fl. 1515DF CARF MF Processo nº 13116.001392/200672 Acórdão n.º 2402005.911 S2C4T2 Fl. 5 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator Os embargos são tempestivos e atendem aos demais requisitos de admissibilidade, portanto devem ser acolhidos. Primeiramente esclareço meu juízo de que, em razão de o acórdão embargado já contar com decisão de alcance claramente determinado, a este Colegiado cabe fundamentar referida decisão, à luz dos argumentos trazidos na peça recursal e dos elementos de prova oportunamente apresentados pelo recorrente. Assim, os fundamentos contidos neste voto não são necessariamente coincidentes com meu entendimento acerca da matéria em comento. Por outro lado, não restando dúvidas em relação à omissão apontada pela PGFN, voto no sentido de ACOLHER OS EMBARGOS, rerratificando a decisão com o fim suprir a omissão apontada, a partir da apresentação do voto vencedor a seguir, o qual deverá integrar o acórdão embargado: Voto Vencedor Da leitura da decisão contida no voto vencido, verificase que a r. Relatora negou provimento ao recurso voluntário por entender que o recorrente não trouxe aos autos elementos capazes de invalidar o levantamento efetuado pela autoridade fiscal, ou seja, não conseguiu justificar os acréscimos patrimoniais objeto da presente autuação. Ocorre que, conforme consta do recurso voluntário, no ano de 2001 foi distribuído a Andréia Aprígio de Souza Ramos, cônjuge do recorrente, pela empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C, o equivalente a R$ 297.000,00, a titulo de lucro, da seguinte forma: a) R$ 50.000,00 em 29/09/2001 (adiantamento de lucros); e b) R$ 247.000,00 em 31/12/2001. Para corroborar as informações contidas na peça recursal, o sujeito passivo apresentou i) comprovante de rendimentos do cônjuge, atestando o recebimento de rendimentos no valor de R$ 297.000,00 no anocalendário 2001 da empresa Souza Ramos Advogados Associados S/C (fl. 1069); ii) recibo de adiantamento de distribuição de lucros (fl. 1055); e iii) cópia do livro razão da empresa, exercício financeiro 2001 (fl. 1072/1076), no qual há registro, em fl. 1075, de “Transferência do Resultado do Período”, também no valor de R$ 297.000,00. De modo semelhante, em 2002 teria sido distribuído a Andréia Aprígio, pela mesma empresa, parceladamente, o equivalente a R$ 126.000,00, a título de lucro, conforme segue: a) R$ 29.900,00 nos meses de fevereiro e abril de 2002 (adiantamento de lucro); e b) R$ 96.100,00 em 31/12/2002. Fl. 1516DF CARF MF 8 Como forma de comprovar tais asserções foram carreados aos autos os seguintes documentos: i) comprovante de rendimentos do cônjuge, atestando o recebimento de rendimentos no valor de R$ 126.000,00 da Souza Ramos Advogados Associados S/C, ano calendário 2002 (fl. 1070); ii) recibos de adiantamentos de distribuição de lucros que somados totalizam R$ 29.900,00 (fls. 1057/1058); e iii) cópia do livro razão da empresa, exercício financeiro 2001 (fl. 1077/1081), no qual há registro, em fl. 1080, de “Transferência do Resultado do Período”, também no valor de R$ 126.000,00. Aduz o sujeito passivo que os valores pagos título de distribuição de lucro no ultimo dia dos anos de 2001 e 2002 a seu cônjuge, R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, por terem sido compensados em conta bancária da beneficiária somente nos anos subsequentes, deveriam ser considerados nos fluxos financeiros de 2002 e 2003, respectivamente. Conquanto tenha concordado com a r. Relatora no tange aos demais pontos contidos em seu voto, especificamente com relação tais valores, resolveu a Turma Julgadora por considerar as provas apresentadas no apelo recursal como suficientemente aptas a justificar a alegações do sujeito passivo, reconhecendoos como origem de recursos para os anos 2002 e 2003. Desse modo, a conclusão inserta no voto vencedor pode ser resumida nos seguintes termos: “Conclusão Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso voluntário e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para reconhecer como origem de recursos os valores de R$ 247.000,00 e R$ 96.100,00, respectivamente em janeiro de 2002 e janeiro de 2003.” (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 1517DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.912087/2012-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 27/10/2011
RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO.
Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009.
Recurso Voluntário negado.
Numero da decisão: 3301-003.801
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Data do fato gerador: 27/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas.
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Ausência de certeza e liquidez do crédito pleiteado. Recorrente FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA UNICAMP FUNCAMP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 27/10/2011 RESTITUIÇÃO. IMUNIDADE. AUSÊNCIA DE CERTEZA E LIQUIDEZ DO CRÉDITO PLEITEADO. Para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez. No presente caso, não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Recurso Voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros José Henrique Mauri, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Liziane Angelotti Meira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Luiz Augusto do Couto Chagas. Relatório Tratase de manifestação de inconformidade contra Despacho Decisório eletrônico que indeferiu Pedido de Restituição Eletrônico PER referente a alegado crédito de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 91 20 87 /2 01 2- 92 Fl. 191DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 3 2 pagamento indevido ou a maior efetuado por meio do DARF, código de receita 8301 (PIS – Folha de Pagamento). Segundo o Despacho Decisório, o DARF informado no PER foi integralmente utilizado na quitação do respectivo débito, não restando crédito disponível para restituição. Em sua manifestação de inconformidade a interessada argumentou, em resumo, que o pagamento indevido decorre de sua condição de imune às contribuições sociais, nos termos dos art. 150, inciso VI, alínea “c”, art. 195, § 7º, c/c art. 205, art. 6º, art. 203, inciso III, art. 145, § 1º, art. 146, II, todos da Constituição Federal, e do art. 14 do CTN. Discorre sobre sua condição de imune. Requer que seja declarada como Entidade Beneficente de Assistência Social. Ao analisar o caso, a DRJ em Juiz de Fora (MG), entendeu por julgar improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 09051.828, com base primordialmente nos seguintes fundamentos: (i) a imunidade das contribuições sociais está sujeita às exigências estabelecidas pela Lei 12.101/2009; (ii) a Recorrente não possui CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social); (iii) o PIS não está abrangido pela imunidade estabelecida no art. 195, § 7º da Constituição Federal; e (iv) a Recorrente está sujeita ao PIS sobre a Folha de Salários e não sobre o Faturamento. Intimado da decisão e insatisfeito com o seu conteúdo, o contribuinte interpôs, tempestivamente, Recurso Voluntário através do qual alegou, resumidamente: (i) que o STF já teria pacificado seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, que teve repercussão geral reconhecida; (ii) que a Recorrente atende a todos os requisitos da Lei 12.101/2009 para fins de usufruto da imunidade, conforme comprovado no pedido de emissão do CEBAS protocolizado (trata sobre cada um dos requisitos); (iii) que a emissão do CEBAS é um ato administrativo vinculado, constituindo obrigação legal uma vez constatado o atendimento dos requisitos legais para gozo da imunidade; (iv) que a emissão do CEBAS tem caráter declaratório, sendolhe conferidos efeitos retroativos. Requer, ao final, que seja dado provimento ao seu recurso, para fins de deferir o pedido de restituição, por se tratar de instituição imune às contribuições previdenciárias. É o relatório. Voto Conselheiro Luiz Augusto do Couto Chagas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301003.674, de 27 de junho de 2017, proferido no julgamento do processo 10830.900254/201333, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301003.674): Fl. 192DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 4 3 "O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Consoante acima narrado, tratase de Pedido de Restituição Eletrônico PER nº 23871.62072.130912.1.2.040241 referente a alegado crédito de pagamento indevido ou a maior da contribuição previdenciária sobre a folha de salários a cargo do empregador, efetuado por meio do DARF no valor original de R$ 42.011,75. Como é cediço, para fins de concessão de pedido de restituição e/ou compensação de indébito fiscal, é imprescindível que o crédito tributário pleiteado esteja munido de certeza e liquidez, cuja comprovação deve ser efetuada pelo contribuinte. No caso concreto ora analisado, portanto, há de se verificar se o crédito tributário alegado pelo contribuinte encontrase revestido de tais características, sem as quais o pleito não pode ser deferido. Alega o contribuinte que o seu pleito decorre do seu direito seria líquido e certo ao gozo da imunidade. A DRJ, por seu turno, entendeu de forma diversa, conforme se extrai da passagem do voto a seguir transcrita: A imunidade relativa às pessoas jurídicas que prestam assistência social está prevista nos seguintes dispositivos constitucionais: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI instituir impostos sobre:(Vide Emenda Constitucional nº 3, de 1993) a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão. [...] Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: [...] § 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei. A imunidade prevista no artigo 150 acima transcrito é especifica para impostos não abrangendo às contribuições sociais. Portanto, não alcança o PIS/PASEP –Folha de Salários. A imunidade prevista no artigo 195, § 7º, é específica para contribuições para seguridade social e depende da caracterização da entidade como beneficente Fl. 193DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 5 4 de assistência social que atenda às exigências estabelecidas em lei, entre elas a certificação de que trata a Lei 12.101/2009, conforme dispositivos transcritos a seguir: Art. 1o A certificação das entidades beneficentes de assistência social e a isenção de contribuições para a seguridade social serão concedidas às pessoas III do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, quanto às entidades de assistência social. (...) Art. 29. A entidade beneficente certificada na forma do Capítulo II fará jus à isenção do pagamento das contribuições de que tratam os arts. 22 e 23 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, desde que atenda, cumulativamente, aos seguintes requisitos (grifo não original) Com base nos atos acima transcritos, que vinculam este colegiado de 1ª instância administrativa, a contribuinte, por não ser detentora do certificado de entidade beneficente de assistência social, não faz jus à imunidade prevista no artigo 195, § 7º, da CF/88, por descumprir exigência contida em lei. Com lastro no artigo 21 supra, não compete à RFB decidir sobre a concessão de certificados de entidade beneficente de assistência social, não tendo força vinculante as decisões judiciais e o posicionamento da doutrina mencionados pela defesa. De modo que, o pedido, para que seja declarada como Entidade Beneficente da Assistência Social, com força substitutiva do registro e da certificação de que trata o art. 21 da Lei nº 12.101/2009, não pode ser atendido no âmbito desse colegiado. A contribuinte impetrou o mandado de segurança nº 2007.61.05.0129681, junto à 2ª Vara Federal de Campinas, que atualmente tramita no TRF 3º Região, com sentença proferida reconhecendo o direito à imunidade prevista no art. 195, 7º, da CF/88, no tocante à Cofins, desde que cumpridos os requisitos do art. 14 do CTN e os deveres instrumentais acessórios estabelecidos pela legislação fiscal. Portanto, mantida a exigência do certificado de entidade beneficente de assistência social para gozo da imunidade prevista no artigo 195, 7º, da CF/88. Concordo com a conclusão a que chegou a DRJ no trecho acima, por entender que não restou comprovada a certeza e liquidez do crédito pleiteado pelo contribuinte. Embora a Recorrente tenha protocolizado pedido de emissão do CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social) desde 18/12/2013, é certo que este pedido ainda não foi deferido, encontrandose atualmente na situação de "encaminhado". E sendo esta emissão um requisito essencial ao gozo da imunidade pleiteada, nos termos do que determina a Lei nº 12.101/2009, não há como se entender que o crédito tributário objeto da presente demanda seja líquido e certo. Notese que o art. 29 da referida lei dispõe que fará jus à isenção a entidade beneficente certificada. Ademais, como bem destacou a DRJ em sua decisão, a análise quanto ao atendimento dos requisitos dispostos na Lei n. 12.101/2009 e a consequente concessão do Fl. 194DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 6 5 CEBAS não é de competência da Receita Federal do Brasil, ou mesmo deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Nesse contexto, ainda que o ato administrativo de concessão do CEBAS seja plenamente vinculado, e que os seus efeitos sejam declaratórios, conferindolhe aplicação retroativa, tais fatores não afastam a necessidade de que haja a análise quanto a tal pleito por parte da autoridade competente. Sendo assim, não há como se deferir o pleito do contribuinte de restituição apresentado, por faltarlhe certeza e liquidez. De outro norte, importante ainda que se analise o segundo fundamento da decisão recorrida, que assim dispôs: Ainda que a contribuinte fosse detentora de tal certificado, o entendimento da administração tributária é que o PIS/PASEP não está abrangido pelo artigo 195 da Carta Magna, sendo devido o seu recolhimento na forma da lei. No caso vertente, o crédito pretendido decorre de pagamento de PIS/PASEP – Folha de Salários. Cabe, então, observar o disposto no art. 13 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001: Art. 13. A contribuição para o PIS/PASEP será determinada com base na folha de salários, à alíquota de um por cento, pelas seguintes entidades: I templos de qualquer culto; II partidos políticos; III instituições de educação e de assistência social a que se refere o art. 12 da Lei no 9.532, de 10 de dezembro de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, a que se refere o art. 15 da Lei no 9.532, de 1997; V sindicatos, federações e confederações; VI serviços sociais autônomos, criados ou autorizados por lei; VII conselhos de fiscalização de profissões regulamentadas; jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, reconhecidas como entidades beneficentes de assistência social com a finalidade de prestação de serviços nas áreas de assistência social, saúde ou educação, e que atendam ao disposto nesta Lei. (...) Art. 21. A análise e decisão dos requerimentos de concessão ou de renovação dos certificados das entidades beneficentes de assistência social serão apreciadas no âmbito dos seguintes Ministérios: I da Saúde, quanto às entidades da área de saúde; II da Educação, quanto às entidades educacionais; e VIII fundações de direito privado e fundações públicas instituídas ou mantidas pelo Poder Público; IX condomínios de proprietários de imóveis residenciais ou comerciais; e Fl. 195DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 7 6 X a Organização das Cooperativas Brasileiras OCB e as Organizações Estaduais de Cooperativas previstas no art. 105 e seu § 1o da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. [...].” [Grifei]. Por sua vez, os mencionados arts. 12 e 15 da Lei nº 9.532, de 1997, assim dispõem1: Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da Constituição, considerase imune a instituição de educação ou de assistência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída e os coloque à disposição da população em geral, em caráter complementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos. (Vide artigos 1º e 2º da Mpv 2.18949, de 2001) (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda variável. § 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este artigo, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos: [...] Art. 15. Consideramse isentas as instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos. (Vide Medida Provisória nº 215835, de 2001) § 1º A isenção a que se refere este artigo aplicase, exclusivamente, em relação ao imposto de renda da pessoa jurídica e à contribuição social sobre o lucro líquido, observado o disposto no parágrafo subseqüente. [...] § 3º Às instituições isentas aplicamse as disposições do art. 12, § 2°, alíneas "a" a "e" e § 3° e dos arts. 13 e 14. Nesse sentido, o Decreto nº 4.527, de 17 de dezembro de 2002, ao regulamentar a Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins, devidas pelas pessoas jurídicas de direito privado em geral, assim dispõe: Art. 9º São contribuintes do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários as seguintes entidades (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13): [...] III instituições de educação e de assistência social que preencham as condições e requisitos do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997; IV instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural, científico e as associações, que preencham as condições e requisitos do art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997; [...] Fl. 196DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 8 7 Art. 46. As entidades relacionadas no art. 9º deste Decreto (Constituição Federal, art. 195, § 7º , e Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 13, art. 14, inciso X, e art. 17): I não contribuem para o PIS/Pasep incidente sobre o faturamento; e [...] Art. 50. A base de cálculo do PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários mensal, das entidades relacionadas no art. 9º, corresponde à remuneração paga, devida ou creditada a empregados. [...].” [Grifei]. Portanto, considerando as normas legais supracitadas e que a contribuinte se declara imune em razão da atividade por ela exercida (atividades de apoio à educação – exceto caixas escolares), não há incidência da contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento. Entretanto, é devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88. Assim, diante da ausência de certeza do crédito pleiteado, voto por considerar improcedente a manifestação de inconformidade, ratificando o Despacho Decisório que indeferiu a restituição pretendida. Sobre este ponto, o contribuinte alegou em seu recurso voluntário que o STF já pacificou seu entendimento quanto à submissão do PIS à imunidade tributária das contribuições previdenciárias fixada pelo art. 195, parágrafo 7º da Constituição Federal, conforme acórdão proferido no RE 636.941/RS, publicado em 04/04/2014, que teve repercussão geral reconhecida. Da análise do referido julgado, extraise que o STF chegou à seguinte conclusão: A pessoa jurídica para fazer jus à imunidade do art. 195, § 7º, CF/88, com relação às contribuições sociais, deve atender aos requisitos previstos nos artigos 9º e 14, do CTN, bem como no art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98 e Lei nº 12.101/2009, nos pontos onde não tiveram sua vigência suspensa liminarmente pelo STF nos autos da ADIN 2.2085. As entidades beneficentes de assistência social, como consequência, não se submetem ao regime tributário disposto no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.15835/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades (instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e científico e as associações civis que prestem os serviços para os quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou da legislação superveniente sobre a matéria, posto não abarcadas pela imunidade constitucional. A inaplicabilidade do art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e do art. 13, IV, da MP º 2.15835/2001, às entidades que preenchem os requisitos do art. 55 da Lei nº 8.212/91, e legislação superveniente, não decorre do vício da inconstitucionalidade desses dispositivos legais, mas da imunidade em relação à contribuição ao PIS como técnica de interpretação conforme à Constituição. Fl. 197DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 9 8 Ou seja, o STF concluiu que as entidades beneficentes de assistência social não se submetem ao regime tributário disposto no art. 13, IV da MP n. 2.15835/2001, por fazerem jus à imunidade do art. 150, § 7º, da CF/88. E como restou conferida à tese ali assentada repercussão geral e eficácia erga omnes e ex tunc, tal entendimento deverá ser observado por este Conselho, por força do que dispõe o Regimento Interno deste Conselho, in verbis: Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 1º O disposto no caput não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: I que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Portaria MF nº 39, de 2016) II que fundamente crédito tributário objeto de: a) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 103A da Constituição Federal; b) Decisão do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos do art. 543B ou 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), na forma disciplinada pela Administração Tributária; b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) (...). § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverãoser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Com base no entendimento do STF expresso no RE 636.941/RS, há de se reconhecer, portanto, a insubsistência da conclusão constante da decisão recorrida no sentido de seria "devida a contribuição para o PIS/Pasep calculada sobre a folha de salários, conforme definido no art. 13 da MP nº 2.15835, de 2001, independentemente de sua imunidade decorrer do disposto no artigo 150 ou 195 da CF/88". Contudo, para que se possa concluir pela aplicação do julgado do STF ao caso vertente, seria necessário verificar se a Recorrente se enquadra como entidade beneficente de assistência social e se atende os requisitos legais dispostos na legislação pertinente. Ocorre que, consoante anteriormente apontado, o pedido de concessão da CEBAS (Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social), um dos requisitos para o gozo da imunidade, ainda não foi deferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, a Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10830.912087/201292 Acórdão n.º 3301003.801 S3C3T1 Fl. 10 9 quem compete analisar o atendimento dos requisitos dispostos na legislação pertinente (art. 14 do CTN, art. 55, da Lei nº 8.212/91, alterada pelas Lei nº 9.732/98, e Lei nº 12.101/2009). É válido destacar, inclusive, que o STF, ao julgar o RE 636.941/RS tratou expressamente desta certificação, concluindo que "a definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade". É o que se infere da passagem a seguir transcrita, extraída do voto do Ministro Luiz Fux, relator do mencionado RE: Pela análise da legislação, percebese que se tem consagrado requisitos específicos mais rígidos para o reconhecimento da imunidade das entidades de assistência social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88). Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social – CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº 8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009. A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o conceito de imunidade, e de redução das garantias dos contribuintes. Com efeito, a jurisprudência da Suprema Corte indicia a possibilidade de lei ordinária regulamentar os requisitos e normas sobre a constituição e o funcionamento das entidades de educação ou assistência (aspectos subjetivos ou formais). Diante do acima exposto, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo não logrou o contribuinte comprovar que faria jus à imunidade alegada, em razão da ausência da Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), requisito este essencial ao gozo da imunidade, nos termos do que determina o art. 29 da Lei 12.101/2009. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, nego provimento ao recurso voluntário, mantendo o indeferimento do pedido de restituição, conforme fundamentos acima expostos, em razão da não comprovação da certeza e liquidez do crédito pleiteado. (assinado digitalmente) Luiz Augusto do Couto Chagas Fl. 199DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.018256/2009-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2005
DECADÊNCIA. PAGAMENTO ANTECIPADO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL.
Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.
Numero da decisão: 2301-005.047
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário, para acolher a preliminar de decadência do período de 09/2004 a 09/2005, dando-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Andrea Brose Adolfo - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Alexandre Evaristo Pinto - Relator
EDITADO EM: 14/07/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Fabio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Fernanda Melo Leal e Alexandre Evaristo Pinto.
Nome do relator: ALEXANDRE EVARISTO PINTO
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PAGAMENTO ANTECIPADO DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APLICAÇÃO DO ART. 150, §4º, DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário, para acolher a preliminar de decadência do período de 09/2004 a 09/2005, dandolhe provimento. (assinado digitalmente) Andrea Brose Adolfo Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Relator EDITADO EM: 14/07/2017 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 82 56 /2 00 9- 16 Fl. 573DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Andrea Brose Adolfo (Presidente), Júlio César Vieira Gomes, Fabio Piovesan Bozza, Jorge Henrique Backes, Fernanda Melo Leal e Alexandre Evaristo Pinto. Relatório Tratase de crédito lançado pela fiscalização no período de 06/04 a 12/05, consolidado em 18/11/2009, que, conforme informado no Relatório Fiscal (fls. 41 a 53), refere se a contribuições dos segurados, incidente sobre a remuneração paga aos segurados empregados por meio de cartão de premiação, apurado com base em notas fiscais e na contabilidade. Na impugnação (fls. 63 a 107), o contribuinte alegou, em síntese, que: (i) a decadência dos lançamentos relativos às competências junho/2004 a novembro/2004, nos termos do que dispõe o §4° do artigo 150 do CTN; e (ii) a nulidade do Auto de Infração, por ausência da fundamentação legal que ampara o lançamento por aferição indireta, vício insanável, nos termos do artigo 11, inciso III, do Decreto 70.235/72, pois o valor tributável foi apurado com base em valores nominais das notas fiscais ou faturas de serviços emitidas pela empresa SIM Incentive Marketing Ltda. Tendo em vista a impugnação do contribuinte, a instância "a quo" (fls. 247) determinou que a autoridade autuante procedesse Relatório Complementar (fls. 251 a 253) contendo a motivação ausente na autuação. Diante do Relatório Complementar o contribuinte apresentou nova impugnação (fls. 259 a 323), contestando a emissão do Relatório Complementar, uma vez que no seu entendimento não se pode considerar a emissão de relatório fiscal complementar como mero aditamento do Auto de Infração original por tratarse de novo lançamento em sede de revisão. Ademais, como decorrência de tal novo lançamento, o contribuinte alegou a decadência do período de 06/04 a 10/05, pois a impugnante apenas foi cientificada do relatório fiscal complementar em 18/10//2010. A DRJ julgou a impugnação procedente em parte para exclusão das competências 06/04 a 08/04 em função de decadência, e o acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/06/2004 a 31/12/2005 CONTR1BUIÇÃO_PREVIDENCIÁRIA. DECADÊNCIA. SALÁRIO DE CONTRIBUIÇÃO. CARTÕES DE PREMIAÇÃO. PARCELA DE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MULTA. RETROATIVIDADE BENIGNA. MOMENTO DO CALCULO. A regra de decadência é a prevista no Código Tributário Nacional. Entendese por salário de contribuição a remuneração auferida, assim entendida a totalidade dos rendimentos pagos, devidos ou Fl. 574DF CARF MF Processo nº 15504.018256/200916 Acórdão n.º 2301005.047 S2C3T1 Fl. 3 3 creditados a qualquer titulo, inclusive os ganhos habituais sob forma de utilidades. A verba paga pela empresa aos segurados por meio de programa de incentivo, administrado por intermédio de empresas de premiação, é fato gerador de contribuição previdenciária. A lei aplicase a fato pretérito quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. A comparação para determinação da multa mais benéfica apenas pode ser realizada por ocasião do pagamento." Em 13/09/2012, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 436 a 459) reiterando as alegações feitas anteriormente nas impugnações. Em 30/12/2013, o Recorrente apresentou petição (fls. 466 a 468) informando a quitação de parte do crédito tributário discutido nestes autos competências de outubro, novembro e dezembro de 2015, com os benefícios da Lei 12.865/2013, na modalidade pagamento parcelado, requerendo, portanto, a desistência parcial da defesa apresentada com relação aos períodos quitados, no entanto, reiterou a manutenção da discussão quanto à decadência do lançamento relativo às competências de 06/2004 a 09/2005. Em 09/12/1015, a 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF aprovou a Resolução nº 2301000.554 (fls. 493 a 499), que converteu o julgamento em diligência para que a fiscalização verificasse e demonstrasse se efetivamente ocorreram os recolhimentos de contribuição previdenciária que foram indicados pelo Recorrente. Em 09/06/2016, foi emitida a Informação Fiscal (fls. 539 a 540), na qual foi constatada que no período entre junho de 2004 a dezembro de 2005 houve recolhimentos relativos a Contribuições Previdenciárias para todas as competências do referido período. Em 29/06/2016, o Requerente protocolou petição (fls. 546 a 551) reiterando a necessidade de aplicação, ao caso concreto, do disposto no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional, de modo a excluir do lançamento as parcelas anteriores a outubro de 2005, uma vez que atingidas pelo prazo decadencial quinquenal, uma vez que o lançamento válido se deu apenas em 18/10/2010. É o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Evaristo Pinto O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade. Dele conheço. Fl. 575DF CARF MF 4 Vale lembrar que o crédito lançado pela fiscalização abrangia o período de 06/04 a 12/05, no entanto a DRJ já havia decidido pela exclusão das competências 06/04 a 08/04 em função de decadência considerando que a própria DRJ entendeu que o lançamento se deu em 18/10/2010 (fl. 378). Dessa forma, a matéria discutida no âmbito do Recurso Voluntário somente abrangia as competências de 09/04 a 12/05. Ocorre que o Recorrente efetuou o adimplemento do crédito tributário relativo às competências de 10/05 a 12/05 mediante ingresso em programa de parcelamento no âmbito da Lei 12.865/2013, de forma que em 30/12/2013, o Recorrente apresentou petição (fls. 466 a 468) informando a referida quitação e requereu a desistência parcial da defesa apresentada com relação aos períodos quitados, no entanto, reiterou a manutenção da discussão quanto à decadência do lançamento relativo às competências de 06/2004 a 09/2005. Dessa forma, a matéria discutida no presente caso passou a abranger as competências e 09/04 a 09/05. Em 09/12/1015, a 1ª Turma da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento do CARF aprovou a Resolução nº 2301000.554 (fls. 493 a 499), que converteu o julgamento em diligência para que a fiscalização verificasse e demonstrasse se efetivamente ocorreram os recolhimentos de contribuição previdenciária que foram indicados pelo Recorrente. Em 09/06/2016, foi emitida a Informação Fiscal (fls. 539 a 540), na qual foi constatada que no período entre junho de 2004 a dezembro de 2005 houve recolhimentos relativos a Contribuições Previdenciárias para todas as competências do referido período. Diante do exposto, verificouse que houve recolhimentos no período em que o crédito tributário permaneceu sendo discutido, de forma que cabe analisarmos se tal crédito tributário se encontra decaído ou não. Vale destacar que decidiu o STJ no REsp nº 973.733/SC sob rito do artigo 543C do CPC que a regra decadencial prevista no artigo 173, I, do Código Tributário Nacional somente é aplicável quando não houver pagamento antecipado da exação, conforme pode ser depreendido da ementa abaixo: REsp 973.733/SC (...). RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: (...)). (...) Fl. 576DF CARF MF Processo nº 15504.018256/200916 Acórdão n.º 2301005.047 S2C3T1 Fl. 4 5 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008.” (REsp 973.733/SC, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 12.08.2009, DJe 18.09.2009). Ademais, conforme o artigo 62, §2º do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, os entendimentos do STF e STJ deverão ser reproduzidos por essa turma: Art. 62 (...) § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Por fim, cumpre ressaltar que já há Súmula do CARF reiterando tal posicionamento, conforme pode ser observado abaixo: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração.. Dessa forma, voto no sentido de reconhecer a decadência com base no artigo 150, §4º, do Código Tributário Nacional para o crédito tributário relativo ao período que vai de 09/04 a 09/05. Com base no exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Alexandre Evaristo Pinto Relator Fl. 577DF CARF MF 6 Fl. 578DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.725263/2014-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 04 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Aug 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. APRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS POR AMOSTRAGEM. AUSÊNCIA DE NULIDADE
Não deve ser aceita como causa de nulidade a alegação de que o fisco descreveu em seu relato apenas por amostragem as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores, principalmente quando deixa claro a autoridade fiscal que os contratos apresentavam um padrão.
CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO.
O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado.
SERVIÇOS INTELECTUAIS. PRESENÇA DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO EMPREGADO. FATOS GERADORES OCORRIDOS APÓS O ADVENTO DO ART. 129 DA LEI N. 11.196/2005. POSSIBILIDADE.
Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. LANÇAMENTO. DEVER DE OBSERVAR O TETO DA CONTRIBUIÇÃO.
Quando possível verificar a relação das pessoas enquadradas como segurados-empregados que receberam valores através das pessoas jurídicas interpostas e o valor mensal recebido por cada uma, deve-se calcular a contribuição a cargo dos segurados com base na tabela de contribuição para o empregado vigente à época dos fatos (relação das alíquotas por faixa de remuneração), além de observar o teto da contribuição devida por cada segurado.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. RECOLHIMENTO POR PESSOA JURÍDICA INTERPOSTA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE.
As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração.
MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB.
Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei previdenciária passível de multa, nos termos do art. 283, I, a, do RPS.
Constatado que parte dos pagamentos efetuados a empregados não foi incluída nas folhas de pagamento, é de rigor a manutenção da multa.
MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO ARRECADAR CONTRIBUIÇÃO DE SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL.
Deixar a empresa de arrecadar contribuição previdenciária de segurado contribuinte individual, mediante desconto de sua remuneração, constitui infração à lei previdenciária passível de multa, nos termos do art. 283, I, g, do RPS.
Uma vez mantido o lançamento da obrigação principal (contribuições dos segurados), é de rigor a manutenção da multa.
MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO LANÇAR, MENSALMENTE, EM TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE, DE FORMA DISCRIMINADA, FATOS GERADORES, QUANTIAS DESCONTADAS, CONTRIBUIÇÕES E RECOLHIMENTOS.
A empresa é obrigada a lançar em sua contabilidade, mensalmente, de forma discriminada e em títulos próprios, os fatos geradores das contribuições previdenciárias, as contribuições por ela devida e as descontadas, bem como os totais recolhidos (art. 32, inciso II, da Lei n° 8.212/91)
Autoriza a lavratura da multa o fato de o contribuinte contabilizar diversos valores que integram o salário de contribuição de seus empregados na conta de custo dos serviços vendidos e fornecedores nacionais.
MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEIXAR DE PRESTAR À RECEITA FEDERAL AS INFORMAÇÕES CADASTRAIS, CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DE INTERESSE DA MESMA.
A contribuinte deve atender a intimação para apresentar os documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da Receita Federal, ou para prestar os esclarecimentos necessários à fiscalização.
Ao não atender à intimação da autoridade fiscal e deixar de apresentar a documentação solicitada, nem ao menos apresentar os motivos pelo seu não cumprimento, resta tipificada a condição que autoriza a lavratura da multa, mormente quando os documentos solicitados se revelam importantes para a apuração fiscal.
Numero da decisão: 2201-003.717
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Após votações sucessivas restaram vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, e José Alfredo Duarte Filho que davam provimento em maior extensão.
Assinado digitalmente
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente
Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim - Relator.
EDITADO EM: 09/08/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim
Nome do relator: RODRIGO MONTEIRO LOUREIRO AMORIM
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 33; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1921; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T1 Fl. 1.794 1 1.793 S2C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.725263/201408 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2201003.717 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 04 de julho de 2017 Matéria CONTRIBUIÇÕES DA EMPRESA CARACTERIZAÇÃO DE CONTRATO DE TRABALHO Recorrente CAST INFORMATICA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. APRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS POR AMOSTRAGEM. AUSÊNCIA DE NULIDADE Não deve ser aceita como causa de nulidade a alegação de que o fisco descreveu em seu relato apenas por amostragem as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores, principalmente quando deixa claro a autoridade fiscal que os contratos apresentavam um padrão. CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. SERVIÇOS INTELECTUAIS. PRESENÇA DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO EMPREGADO. FATOS GERADORES OCORRIDOS APÓS O ADVENTO DO ART. 129 DA LEI N. 11.196/2005. POSSIBILIDADE. Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 52 63 /2 01 4- 08 Fl. 1794DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.795 2 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. LANÇAMENTO. DEVER DE OBSERVAR O TETO DA CONTRIBUIÇÃO. Quando possível verificar a relação das pessoas enquadradas como seguradosempregados que receberam valores através das pessoas jurídicas interpostas e o valor mensal recebido por cada uma, devese calcular a contribuição a cargo dos segurados com base na tabela de contribuição para o empregado vigente à época dos fatos (relação das alíquotas por faixa de remuneração), além de observar o teto da contribuição devida por cada segurado. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA A CARGO DOS SEGURADOS. RECOLHIMENTO POR PESSOA JURÍDICA INTERPOSTA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. FOLHA DE PAGAMENTO EM DESACORDO COM OS PADRÕES ESTABELECIDOS PELA RFB. Deixar a empresa de preparar folha(s) de pagamento(s) das remunerações pagas ou creditadas a todos os segurados a seu serviço, de acordo com os padrões estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, constitui infração à lei previdenciária passível de multa, nos termos do art. 283, I, “a”, do RPS. Constatado que parte dos pagamentos efetuados a empregados não foi incluída nas folhas de pagamento, é de rigor a manutenção da multa. MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO ARRECADAR CONTRIBUIÇÃO DE SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. Deixar a empresa de arrecadar contribuição previdenciária de segurado contribuinte individual, mediante desconto de sua remuneração, constitui infração à lei previdenciária passível de multa, nos termos do art. 283, I, “g”, do RPS. Uma vez mantido o lançamento da obrigação principal (contribuições dos segurados), é de rigor a manutenção da multa. MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. NÃO LANÇAR, MENSALMENTE, EM TÍTULOS PRÓPRIOS DA CONTABILIDADE, DE FORMA DISCRIMINADA, FATOS GERADORES, QUANTIAS DESCONTADAS, CONTRIBUIÇÕES E RECOLHIMENTOS. A empresa é obrigada a lançar em sua contabilidade, mensalmente, de forma discriminada e em títulos próprios, os fatos geradores das contribuições previdenciárias, as contribuições por ela devida e as descontadas, bem como os totais recolhidos (art. 32, inciso II, da Lei n° 8.212/91) Fl. 1795DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.796 3 Autoriza a lavratura da multa o fato de o contribuinte contabilizar diversos valores que integram o salário de contribuição de seus empregados na conta de “custo dos serviços vendidos” e “fornecedores nacionais”. MULTAS PELO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. DEIXAR DE PRESTAR À RECEITA FEDERAL AS INFORMAÇÕES CADASTRAIS, CONTÁBEIS E FINANCEIRAS DE INTERESSE DA MESMA. A contribuinte deve atender a intimação para apresentar os documentos que contenham as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da Receita Federal, ou para prestar os esclarecimentos necessários à fiscalização. Ao não atender à intimação da autoridade fiscal e deixar de apresentar a documentação solicitada, nem ao menos apresentar os motivos pelo seu não cumprimento, resta tipificada a condição que autoriza a lavratura da multa, mormente quando os documentos solicitados se revelam importantes para a apuração fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguídas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário nos termos do voto do Relator. Após votações sucessivas restaram vencidos os Conselheiros Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, e José Alfredo Duarte Filho que davam provimento em maior extensão. Assinado digitalmente Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator. EDITADO EM: 09/08/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Daniel Melo Mendes Bezerra, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho (suplente convocado), Marcelo Milton da Silva Risso e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relatório Fl. 1796DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.797 4 Cuidase de Recurso Voluntário de fls. 1.684/1.712 interposto contra a Decisão da DRJ em Florianópolis/SC, de fls. 1.640/1.678, que julgou procedente o lançamento de contribuições previdenciárias e multas por descumprimento de obrigações acessórias, originários dos seguintes Autos de Infração: · DEBCAD 51.038.4277: Contribuição previdenciária patronal/empresa, referente à diferença de aplicação do multiplicador FAP sobre a alíquota RAT, no valor total de R$ 732.671,50 (já inclusos juros de mora até o mês da lavratura e a correspondente multa de ofício no percentual de 75%), relativo ao período de 03/2010 a 13/2010 (fls. 03/13); · DEBCAD 51.038.4285: Contribuições previdenciárias a cargo da empresa (parte patronal e SAT/RAT), pela constatação de pagamento de empregados mediante PJ, no valor total de R$ 7.521.373,91 (já inclusos juros de mora até o mês da lavratura e a correspondente multa de ofício no percentual de 75%), relativo ao período de 01/2010 a 12/2010 (fls. 14/19); · DEBCAD 51.038.4293: Contribuições de segurados (empregados), cuja arrecadação e recolhimento é de responsabilidade do Contribuinte, pela constatação de pagamento de empregados mediante PJ, no valor total de R$ 2.760.107,84 (já inclusos juros de mora até o mês da lavratura e a correspondente multa de ofício no percentual de 75%), relativo ao período de 01/2010 a 12/2010 (fls. 20/25); · DEBCAD 51.038.4307: Contribuições devidas a outras entidades/Fundos (Terceiros), pela constatação de pagamento de empregados mediante PJ, no valor total de R$ 2.001.078,20 (já inclusos juros de mora até o mês da lavratura e a correspondente multa de ofício no percentual de 75%), relativo ao período de 01/2010 a 12/2010 (fls. 26/31); · DEBCAD 51.038.4315: CFL 30 – descumprimento de obrigação acessória. Deixar de preparar folhas de pagamento de acordo com padrões e normas estabelecidos pelo órgão competente da Seguridade Social, no valor de R$ 1.812,87 (fl. 32); · DEBCAD 51.038.4323: CFL 34 – descumprimento de obrigação acessória. Deixar de lançar mensalmente em títulos próprios da contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores das contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos, no valor de R$ 18.128,43 (fl. 33); · DEBCAD 51.038.4331: CLF 35 – descumprimento de obrigação acessória. Deixar de apresentar a Secretaria da Receita Federal todas as informações e esclarecimentos necessários à fiscalização, no valor de R$ 18.128,43 (fl. 34); e Fl. 1797DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.798 5 · DEBCAD 51.038.4340: CLF 59 – descumprimento de obrigação acessória. Deixar de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados e trabalhadores avulsos a seu serviço e/ou dos segurados contribuintes individuais, no valor de R$ 1.812,87 (fl. 35). Todos os autos de infração foram lavrados em 21/08/2014, com ciência da RECORRENTE em 27/08/2014. De acordo com o Relatório Fiscal das Infrações (fls. 36/62), as obrigações principais objeto dos DEBCADs 51.038.4285, 51.038.4293 e 51.038.4307 decorrem da constatação de que houve a prestação de serviços à RECORRENTE por segurados pessoas físicas por intermédio de pessoa jurídica, o que caracterizou a relação empregatícia de fato com os segurados contratados (sócios das pessoas jurídicas), cuja remuneração recebida foi considerada como de natureza salarial. Por sua vez, o DEBCAD 51.038.4277 decorre da não utilização da alíquota RAT ajustada pelo multiplicador FAP. Em 25/09/2014, a RECORRENTE apresentou Impugnações específicas para cada DEBCAD (conforme abaixo detalhado). Quando do julgamento do caso, a DRJ de origem, às fls. 1.640/1.678, julgou procedente o lançamento. Tal decisão contém o seguinte relatório, que adoto, por sua clareza e precisão: “Consoante o Relatório Fiscal (REFISC), os fatos geradores apurados no procedimento fiscal são os seguintes: A – Prestação de Serviços por segurado pessoa física por intermédio de pessoa jurídica. A partir do exame da contabilidade da empresa, a fiscalização verificou a contratação de diversas empresas prestadoras de serviços de informática pela CAST INFORMÁTICA S/A no ano de 2010. Destarte, conforme relatado pela autoridade lançadora (itens 1450 do REFISC), durante a ação fiscal que originou a presente autuação, apurouse, por meio dos procedimentos de auditoria fiscal e com supedâneo nas provas e constatações relacionados no Relatório Fiscal, documentos e esclarecimentos apresentados pelo contribuinte, escrituração contábil, contratos de prestação de serviços firmados entre a CAST e os “prestadores de serviços” e folha de pagamento no padrão MANAD, que a Autuada, objetivando reduzir a contribuição previdenciária patronal, ao SAT e para as Terceiras entidades, passou a contratar parte de seus empregados através da prática da “pejotização” – transmutação da pessoa natural em pessoa jurídica. O reconhecimento contábil de tais contratações deuse por meio do registro na conta CUSTO DOS SERVIÇOS VENDIDOS, CÓD. 41101001, do grupo Despesa, e na conta FORNECEDORES NACIONAIS, CÓD. 21201001 do grupo Passivo. Fl. 1798DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.799 6 As atividades contratadas, consoante análise fiscal, possuíam relação inequívoca com o objeto social da contratante. As empresas prestadoras de serviço, com o respectivo objeto do contrato, encontramse arroladas no anexo V. A fiscalização indica que tal prática configurase como simulação, pois a empresa procurou afastar o ato real (utilização de segurados empregados) com o emprego de roupagem diversa (contratação de pessoa jurídica), impondose a aplicação do inciso VII do art. 149 do CTN. O lançamento dos valores referentes a essa rubrica foram identificados pelo código de levantamento – PF. No que tange as contribuições dos segurados empregados, foi calculada mediante a aplicação da alíquota média de 8% (oito por cento). B – DIFERENÇA DE APLICAÇÃO DO MULTIPLICADOR FAP SOBRE A ALÍQUOTA RAT De acordo com o REFISC, itens 5161, a empresa CAST Informática S/A apresentou ao Ministério da Previdência Social – MPS, em 11/01/2010, Contestação Administrativa (Processo nº 44000.001963/20111) em que apresentou impugnação ao Fator Acidentário de Prevenção FAP a ela atribuído para o ano de 2010, no valor de 1,7143. Consta que o pedido inicial foi rejeitado e considerado improcedente, conforme decisão exarada em 25/03/2010 pelo Departamento de Políticas de Saúde e Segurança OcupacionalDPSO, da Secretaria de Políticas de Previdência SocialSPS do MPS. A CAST apresentou recurso à decisão de primeira instância em 11/02/2010, que entretanto foi mantida em sua totalidade, conforme Decisão Terminativa proferida em 2º Instância pela SPS, datada de 05/09/2011. Observando tal decisão, a fiscalização verificou que no período de 01/2010 a 02/2010, a empresa CAST declarou em GFIP para todos os seus estabelecimentos a alíquota RAT ajustada pelo FAP no valor de 1,71%. Todavia, nas demais competências (03 a 12/2010, inclusive décimo terceiro salário, competência 13/2010), o valor declarado e recolhido relativo à alíquota RAT ajustada foi de 1%, ensejando o lançamento das divergências apuradas, conforme Anexo X e IX, no código de levantamento DR. AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. 1. AI DEBCAD nº 51.038.4277 (FL 38): Autuação por infração ao disposto no art. 32, I, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 e art. 225, I e §9º do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, pois a empresa deixou de preparar folha de pagamento das remunerações pagas, devidas ou creditadas aos segurados empregados de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela RFB. Consta que a empresa não incluiu em folha de pagamento, nas Fl. 1799DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.800 7 competências 01/2010 a 12/2010, as verbas referentes a valores pagos a pessoas físicas decorrentes de contratação de interposta pessoa jurídica, conforme descrito nos itens 15 a 45 do REFISC. A multa aplicada para a infração (R$ 1.812,87) está prevista nos arts. 92 e 102 da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, e no Regulamento da Previdência Social (RPS), aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, art. 283, inc I, alínea "a" e art. 373, atualizada pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10 de janeiro de 2014 DOU de 13/01/2014. 2. AI DEBCAD nº 51.038.4323: lavrado por descumprimento ao disposto no art. 32, II, da Lei n° 8.212 , de 24/07/1991, combinado com o art. 225, II, e §§ 13 a 17 do RPS, por deixar a empresa de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos. De acordo com o REFISC, a CAST INFORMÁTICA S/A contabilizou, no período de 01/2010 a 12/2010, o pagamento das verbas referentes à remuneração paga, devida ou creditada aos segurados empregados contratados por intermédio de pessoa jurídica interposta (itens 15 a 50 deste relatório) na conta CUSTO DOS SERVIÇOS VENDIDOS, CÓD. 41101001, do grupo Despesa, e na conta FORNECEDORES NACIONAIS, CÓD. 21201001 do grupo Passivo. A forma de contabilização utilizada pela empresa para consignar tais lançamentos não refletiu a realidade dos fatos apurados pela fiscalização, impedindo a discriminação clara dos valores pagos, em cada competência, dos fatos geradores de contribuição previdenciária. Foi aplicada a multa prevista para a infração (R$ 18.128,43), disposta no art. 92 da Lei nº 8.212/1991, combinado com o art. 283, inciso II, alínea “a”, do RPS, atualizada pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10 de janeiro de 2014 DOU de 13/01/2014. 3. AI DEBCAD nº 51.038.4331: lavrado por descumprimento ao disposto no art. 32, inciso III e §11, da Lei n° 8.212, de 24/07/1991, combinado com o art. 225, inciso III, do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n° 3.048, de 06/05/1999, tendo em vista que a empresa autuada deixou de prestar à Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse da mesma, na forma por ela estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. Consta que, intimada, a Autuada deixou de apresentar à fiscalização todos os Contratos de Prestação de Serviço firmados com as pessoas jurídicas interpostas. Conforme relatado nos itens 15 a 50 do REFISC, deixaram de ser apresentados os contratos firmados pela CAST com as empresas arroladas no Termo de Intimação Fiscal nº 04, de 27/03/2014. Fl. 1800DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.801 8 Foi aplicada a multa prevista no art. 92 da Lei nº 8.212/1991 (R$ 18.128,43), combinado com o art. 283, inciso II, alínea “b”, do RPS, atualizada pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 19, de 10 de janeiro de 2014 DOU de 13/01/2014. 4. AI DEBCAD nº 51.038.4340: lavrado por infração ao disposto no art. 30, inciso I, alínea “a”, da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 e Lei n° 10.666, de 08/05/2003, art. 4°, "caput" , e art. 216, I, "a" do RPS. Consta que a Autuada deixou de arrecadar, mediante desconto das remunerações, as contribuições dos segurados empregados incidentes sobre os valores pagos pela prestação de serviços realizada por intermédio de pessoas jurídicas interpostas contratadas, conforme itens 15 a 50 do REFISC. Foi aplicada a multa prevista no art. 92 da Lei n º 8.212/1991 (R$ 1.812,87), combinado com o art. 283, inciso I, alínea g, do RPS. Elementos de prova Consoante item 99 do REFISC, serviram de prova documental para os lançamentos fiscais os seguintes elementos e documentos: • Estatuto Social e Atas de Assembleias ( AGO e AGE); • GFIP; • Registros de folha de pagamento e de contabilidade apresentados em formato de arquivos digitais, no layout definido pelo Manual Normativo de Arquivos Digitais – MANAD, instituído pela Instrução Normativa MPS/SRP nº. 12/2006, com base na Lei n. 10.666, de 08/05/2003; • Registros contábeis referentes à Escrituração Contábil Digital transmitida pela empresa ao Sistema Público de Escrituração Digital (Sped), instituído pelo Decreto nº 6.022, de 22 de janeiro de 2007(SPED Contábil), utilizados na forma da Instrução Normativa RFB n. 787/2007, para o ano de 2009. • Declarações firmadas pela empresa CAST INFORMÁTICA S/A visando prestar esclarecimentos necessários à fiscalização; • Notas fiscais de prestação de serviço emitidas por pessoas jurídicas interpostas; • Contratos de Prestação de serviço firmados entre a CAST INFORMÁTICA S/A e pessoas jurídicas interpostas; • Consulta aos sistemas informatizados da RFB para obtenção de dados referentes à GFIP, recolhimentos, cadastro de pessoas jurídicas, cadastro de pessoas físicas e DIRF. • Processo Trabalhista n. 127580.2010.5.10.001/TRT 10ª Região – 17ª Vara – BrasíliaDF; Fl. 1801DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.802 9 • Processo Trabalhista n. 16436. 2011.5.10.0014/TRT 10ª Região – 14ª Vara – BrasíliaDF; • Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta n. 30/2010 assinado pela CAST INFORMÁTICA S/A Junto ao Ministério Público do Trabalho MPDFT – 10ª Região. • Recurso Administrativo no. 44000.001963/20111 apresentado pela CAST INFORMÁTICA S/A ao Ministério da Previdência Social – MPS, em 11/01/2010, em que apresentou impugnação o Fator Acidentário de Prevenção – FAP. DA IMPUGNAÇÃO Cientificado pessoalmente das Autuações em 27/08/2014, a Autuada CAST INFORMÁTICA S.A. apresentou impugnações aos Autos de Infração, instruídas com atos constitutivos e atas, nas quais, após breve relato dos fatos, apresenta os motivos para a improcedência dos lançamentos, as quais encontramse abaixo transcritas, em síntese: 1. AI DEBCAD Nº 51.038.4293 (impugnação de fls. 1074 1093) AI DEBCAD nº 51.038.4307 (impugnação de fls. 14851504) AI DEBCAD nº 51.038.4285 (impugnação de fls. 15611580) Expõe que as autuações em referência devem ser revistas, com base nas seguintes alegações: a) Ilegalidade da desconsideração dos contratos com pessoas jurídicas Relata quanto as dificuldades de contratação de mão de obra especializada para atender a demanda do mercado de Tecnologia de Informação (TI); que contrata empregados para atender sua demanda freqüente e que busca profissionais autônomos ou empresas no mercado para atender à demanda especializada, mas que não se trata de contratação de “mão de obra terceirizada”, mas sim de “serviços especializados”. Alega que em face do ordenamento jurídico, cabe ao Poder Judiciário, exclusivamente, a desconsideração do negócio jurídico simulado (arts. 168 do Código Civil). Além desse dispositivo, cita o art. 129 da Lei nº 11.196, de 2005, que estabeleceu que os serviços de caráter personalíssimo, prestados por sociedades nos estritos ditames legais, não podem ser descaracterizados para fins previdenciários e tributários. Que a exegese do dispositivo legal em comento implica nas seguintes considerações: (i) validade da opção pela constituição de uma pessoa mesmo quando os serviços a serem prestados tenham caráter pessoal; (ii) a desconsideração é matéria exclusiva afeta ao Poder Judiciário, nos termos do art. 50 do Código Civil de 2002 (reserva de jurisdição). Fl. 1802DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.803 10 Aduz que as empresas dos prestadores de serviços, ora desconsideradas para efeitos tributários, foram devidamente constituídas, obedecendo todos os trâmites legais. Que não houve regulamentação do parágrafo único do art. 116 do CTN, a fim de justificar a competência do Auditor Fiscal. Cita que a Constituição Federal está alicerçada no princípio da Livre Iniciativa, noticiando a existência de projeto de lei objetivando tratar da regularização da “cadeia produtiva do setor de T.I” (Projeto de Lei nº 4.330, de 2004). b) Da Imprestabilidade do conjunto probatório Contesta a premissa da fiscalização para o lançamento, de suposta terceirização ilícita de “atividade fim”, o que, por si só, não é considerado ilegal. Contesta o procedimento de amostragem adotado pela fiscalização, que analisou alguns casos, sem o necessário aprofundamento, e, a partir disso, caracterizou como empregados da CAST todas as pessoas jurídicas que lhe prestaram serviços no período auditado. Não há que se falar em irregularidade na contratação entre pessoas jurídicas do mesmo ramo. Cita como exemplo os contratos firmado entre a CAST e a Microsoft e também entre a CAST e IBM, sendo as Microsoft e IBM empresas mundialmente famosas, que tem o mesmo objeto da CAST. Questiona se a fiscalização, diante dessas contratações, pode insistir que a CAST burlou a legislação ao contratar referidas empresas para fugir das suas obrigações previdenciárias, negociando com elas sua atividade fim. Com relação as reclamatórias trabalhistas em que houve o reconhecimento de relação de emprego, diz que eventuais decisões judiciais em casos concretos não podem determinar a natureza da relação contratual havida entre a impugnante e todos os seus prestadores de serviços. Além disso, há decisões na Justiça do Trabalho que infirmam a tese de existência de relação de emprego, citando as reclamatórias de José Luis Tadeu Paganini (processo nº 01199201000302001 – TRT 2ª Região) e de Áureo Augusto Freitas (Processo nº 0196736 2011.5.10.0020), sendo que com relação a esse último, o Auditor Fiscal utilizou de exemplo constante nos documentos probatórios, de empresa devidamente contratada, que, como se infere da decisão judicial, não possui qualquer vínculo empregatício com a CAST, fato reconhecido em devido processo legal na Justiça Trabalhista. Defende que tal exemplo contamina todo o Auto de Infração, pois o AuditorFiscal não pode pretender reconhecer vínculo trabalhista, sem qualquer verificação pormenorizada, se o juízo trabalhista, competente para tal, reconheceu em sentença a inexistência do vínculo. Argumenta, ainda, que se fossem consideradas tais condenações, certamente já ocorreu o recolhimento das verbas previdenciárias Fl. 1803DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.804 11 e outros reflexos, e ao pretender cobrar novamente a exação, incorreria a autoridade lançadora no fenômeno do bis in idem. No que respeita a empresa Rocha e Duarte, cujos sócios são os mesmos da impugnante, a presunção lançada pela autoridade fiscal sequer se sustenta pelos seus próprios termos, porque se a empresa contrata seus próprios sócios para desempenhar as mesmas atribuições realizadas na empresa impugnante, não há que se falar de redução da carga tributária, mas ao contrário, porque já houve o recolhimento na CAST da contribuição sobre o pro labore, importando em aumento da carga tributária, considerandose os recolhimentos dos tributos incidentes sobre a prestação de serviços. O fato de alguns sócios das empresas contratadas serem funcionários da impugnante não impede a prestação do serviços por meio de pessoa jurídica, especialmente quando os serviços tem natureza eminentemente intelectual. Que há a subordinação em relação ao regime de relação de emprego, o que não desfigura a outra relação na condição de sócio da pessoa jurídica contratada pela impugnante, ainda que se revele o caráter de pessoalidade na execução dos serviços, conforme autoriza o art. 129 da Lei nº 11.196/2005. Com relação ao local de trabalho, aduz que a localidade da prestação de serviços não está relacionada à subordinação, e que exemplo disso são os contratos de alocação de mão de obra, quando a CAST aloca seus profissionais nos estabelecimentos de cliente, que, no entanto, continuam com o vinculo de subordinação com a impugnante. No que tange ao fato dos contratos possuírem características idênticas, diz que os contratos “modelos” e de “adesão” são utilizados amplamente pelas empresas, defendendo que essa modalidade de contratação é legal, inclusive prevista nos arts. 423 e 424 do CCB. Cita que tais contratos muitas vezes são registrados em cartório e o fato de utilizar um modelo não significa burla a legislação trabalhista e tributária. Defende que a fiscalização não pode se ater a mera amostragem, devendo analisar juridicamente todos os fatos apontados. Que no âmbito do Ministério do Trabalho e Emprego, competente para identificar as relações de trabalho, o Precedente Administrativo nº 56 do MTE, ao normatizar a ação de seus Auditores Fiscais, ordena que essa verificação deve se dar sob todos os aspectos e fatos. Assevera que dois absurdos invalidam o AI, primeiramente, não restou demonstrado no procedimento fiscal que havia subordinação no serviço terceirizado, não sendo possível configurar a relação de emprego, e, em segundo lugar, o lançamento se utilizou de amostragem para presumir que todas as diversas contratações foram ilegais. Fl. 1804DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.805 12 Discorre quanto a necessidade de avaliação individualizada de cada caso, com a respectiva demonstração e prova. Afirma que o Auditor Fiscal não constatou que as empresas citadas na Fiscalização foram constituídas com erro, dolo ou coação. Assim, como não há qualquer declaração nesse sentido, concluiuse que todas as empresas investigadas foram constituídas de forma regular, sem qualquer vício de consentimento, firmando, por conseqüência, negócios jurídicos perfeitos. Que no caso em concreto não há que se falar em terceirização ilícita de “atividadefim” ou em relação de emprego no caso concreto, pois a impugnante utilizouse de empresas constituídas regularmente e que já praticaram suas obrigações previdenciárias. Em homenagem ao princípio da eventualidade, aponta outro absurdo ocorrido pela fiscalização. Destaca, do anexo III do Auto de Infração (Totalização Pagamentos Efetuados) elementos que comprovam que não houve análise real dos fatos colhidos na ação fiscal. Diz que os exemplos demonstram a variação de mais de 80% do valor do pagamento entre um período e outro, questionando por que existiriam pagamentos tão diferentes para uma suposta mesma pessoa, se realmente se trata de pagamento de salário disfarçado. Acrescenta que a atividade fiscal é ato vinculado e que como a Autuação foi procedida com base em Enunciado do TST, restou ferido o princípio da legalidade, porquanto a referida Súmula não criou norma, mas trouxe um instrumento para facilitar a análise de casos de terceirização ilícita por parte da Justiça Trabalhista. Destarte, diz que no caso em concreto esse elemento não tem grande valia, porque os “terceirizados” são todos profissionais autônomos ou vinculados à outras empresas, altamente especializados, e nunca estiveram vinculados à impugnante mediante a presença simultânea de todos os pressupostos da relação de emprego. Requer, ao final, o provimento da impugnação e a anulação do Auto de Infração. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos pelo direito, especialmente a documental. 2. AI DEBCAD nº 51.038.4277 (impugnação de fls. 1150 1153) No que tange à divergência da alíquota de RAT, ajustada pelo FAP, argumenta que, inconformada com o percentual alcançado, apresentou competente Contestação Administrativa, fulcro no art. 202B do Decreto nº 3.048, de 1999, alterado pelo Decreto nº 7.126, de 03 de agosto de 2010, e, nos termos do §3º do mesmo artigo, foi atribuído efeito suspensivo a esse processo. Assim, a alíquota a maior pretendida pela fiscalização não pode ser aplicada até a decisão final do processo administrativo. Fl. 1805DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.806 13 Justifica, nesses termos, que aplicou o FAP até fevereiro de 2010, porque o Decreto nº 7.126/2010 entrou em vigor em março, e o contribuinte optou por aguardar o processo administrativo se findar para aplicar eventual nova alíquota. Requer, ao final, o provimento da impugnação e a anulação do Auto de Infração. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos pelo direito, especialmente a documental. 3. AUTOS DE INFRAÇÃO POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA ACESSÓRIA AI DEBCAD nº 51.038.4340 (impugnação de fls. 11811200). AI DEBCAD nº 51.038.4331 (impugnação de fls. 12571276). AI DEBCAD nº 51.038.1323 (impugnação de fls. 13331352). AI DEBCAD nº 51.038.4315 (impugnação de fls. 14091428). Nas impugnações aos Autos de Infração por descumprimento de obrigação acessória, acima relacionados, o contribuinte apresenta as mesmas razões pertinentes ao descumprimento da obrigação tributária principal, transcritas no item 1, aduzindo que prevalecendo a decisão de anulação do principal, as obrigações acessórias não mais subsistirão.” Conforme já exposto, a DRJ de origem julgou improcedente a impugnação. O acórdão proferido na ocasião possui a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. É segurado obrigatório da Previdência Social, como empregado, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a" da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 e alterações posteriores. COMPETÊNCIA DO AUDITORFISCAL PARA ENQUADRAR O SEGURADO COMO EMPREGADO. Constatado pela fiscalização que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. TRABALHO INTELECTUAL. RELAÇÃO DE EMPREGO. Fl. 1806DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.807 14 O trabalho intelectual não é incompatível com a relação de emprego, se enquadrando como típico empregado o prestador de serviços intelectuais, que, mesmo tendo relativo controle do seu trabalho ou com conhecimento para prestálo de modo auto suficiente, esteja inserido na cadeia produtiva de seu tomador. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2010 PROVAS. JUNTADA POSTERIOR. O prazo para apresentação de provas no processo administrativo fiscal coincide com o prazo de que o contribuinte dispõe para impugnar o lançamento, salvo se comprovada alguma das hipóteses autorizadoras para juntada de documentos após esse prazo. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido DO RECURSO VOLUNTÁRIO A RECORRENTE, devidamente intimada da decisão da DRJ em 13/01/2015, conforme faz prova o “Aviso de Recebimento” de fl. 1.680, apresentou o recurso voluntário de fls. 1.684/1.712 em 12/02/2015. Em suas razões, reiterou os argumentos da Impugnação. Este recurso voluntário compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim O recurso voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos legais, razões por que dele conheço. PRELIMINARES Fl. 1807DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.808 15 Desconsideração da personalidade jurídica como prerrogativa exclusiva do Poder Judiciário e inexistência da Lei Ordinária exigida pelo art. 116, parágrafo único, do CTN A RECORRENTE afirma que a autoridade fiscal seria incompetente para reconhecer eventual relação de emprego entre ela e os sócios das pessoas jurídicas por ela contratadas. Acerca da argumentação da RECORRENTE, de que somente o Poder Judiciário pode desconsiderar a personalidade jurídica, é preciso esclarecer que, no caso, não houve tal desconsideração, mas sim uma análise da situação fática envolvendo a relação empregatícia entre a RECORRENTE e os profissionais sócios das empresas contratadas para prestar serviços. Conforme adiante demonstrado, por preencher os requisitos da relação de emprego, a autoridade fiscal exerceu a sua prerrogativa de afastar a eficácia do contrato dissimulado de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas) como segurados empregados. Como consequência lógica da caracterização da relação de emprego, houve a exigência das contribuições incidentes sobre as remunerações pagas aos segurados empregados. Portanto, ao contrário do que defende a RECORRENTE, não houve a desconsideração de qualquer pessoa jurídica envolvida, mas sim a constatação de uma relação empregatícia envolvendo a RECORRENTE e o sócio/titular de pessoa jurídica por ela contratada. Sendo assim, não houve invasão de competência exclusiva do Poder Judiciário. Ademais, não há que se falar em regulamentação do art. 116 do CTN para que a autoridade lançadora efetue lançamento sobre atos considerados dissimulados. É que a permissão legal que a autoridade fiscal tem para realizar lançamento sobre atos dissimulados decorre da combinação do art. 116, parágrafo único, com o art. 149, VII, ambos do CTN, abaixo transcritos: Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: Fl. 1808DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.809 16 (...) VII quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; A autoridade fiscal apresentou no Relatório Fiscal diversos argumentos que convergem para a constatação de que houve a contratação de pessoas físicas por interposta empresa e demonstrou a existência dos elementos caracterizadores da relação de emprego. Assim, constatou a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica. Portanto, não merece prosperar a alegação de nulidade apresentada pela RECORRENTE, pois perfeitamente possível a realização de lançamento de atos dissimulados, com base no art. 116 c/c o art. 149, VII, do CTN. Lançamento por amostragem. A RECORRENTE alega que o lançamento não deveria prevalecer pois realizado “por amostragem” em relação ao universo de contrato de prestação de serviços firmados pela RECORRENTE. Argumenta, em sua defesa, que não foram analisados todos os contratos e que, portanto, não merecia prosperar o lançamento com base em presunção. No entanto, a despeito das alegações da RECORRENTE, não entendo que o lançamento foi realizado por amostragem. É que, apesar da RECORRENTE não ter apresentado todos os contratos solicitados, a autoridade fiscal analisou, mediante outras documentações e informações obtidas nos bancos de dados da Receita Federal do Brasil, as características dos pagamentos e os detalhes sobre as empresas contratadas pela RECORRENTE. Mediante a análise da contabilidade da RECORRENTE, por exemplo, constatou a totalidade dos pagamentos efetuados às empresas contratadas e os dados destas. Munida de tais dados, a autoridade fiscal realizou pesquisa sobre as empresas nos sistemas da Receita Federal e, a partir do cruzamento de diversas informações (como DIRFs, GFIPs, quantidade de empregados, sócios com vínculo empregatício com a RECORRENTE, notas fiscais, etc.), concluiu pela existência de relação de emprego entre os denominados “fornecedores” e a RECORRENTE. Peguemos o caso da empresa denominada A.S.A CONSULTORIA EM INFORMATICA LTDA – ME (CNPJ 08.464.221/000122), por exemplo. Não consta nos autos contrato social nem notas fiscais que a RECORRENTE tenha apresentado em relação a tal pessoa jurídica. No entanto, em pesquisa nos sistemas cadastrais, a autoridade fiscal constatou que a sócia da referida empresa é (Adriana Rodrigues Carneiro) é pessoa que detinha vínculo empregatício com a RECORRENTE durante o período fiscalizado. Igual pesquisa fez em relação às demais empresas e concluiu que os sócios/titulares de grande parte delas (em torno de 70) tinham alguma relação empregatícia com a RECORRENTE durante o período fiscalizado. Assim, elaborou a planilha de fls. 94/95 para demonstrar tal constatação. Também em pesquisa nos sistemas, a autoridade fiscal constatou que boa parte das empresas apenas declaravam em GFIP a movimentação referente aos rendimentos Fl. 1809DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.810 17 auferidos em decorrência do contrato com a RECORRENTE. Ou seja, não havia outras fontes de renda de tais empresas (fls. 96/115) Ademais, em consulta aos DIRFs, grande maioria das empresas possuem apenas a RECORRENTE como fonte pagadora (fls. 534/761). Todas essas informações foram extraídas de outras fontes, e não unicamente do contrato de prestação de serviços. Conforme jurisprudência do CARF, a suposta amostragem apontada pela RECORRENTE não enseja nulidade do lançamento quando a autoridade fiscal apresenta as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. FALTA DE JUNTADA PELO FISCO DE PROVA. APRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS POR AMOSTRAGEM. AUSÊNCIA DE NULIDADE Não deve ser aceita como causa de nulidade a alegação de que o fisco descreveu em seu relato apenas por amostragem as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores, principalmente quando deixa claro a autoridade fiscal que os contratos apresentavam um padrão. (...) (Acórdão nº 9202004.641; 2ª Câmara Superior de Recursos Fiscais; julgado em 23/11/2016) Portanto, entendo que não há que se falar em amostragem no presente caso em que a fiscalização elaborou prova robusta de que sócios das PJs contratadas agiam conforme o modus operandi da RECORRENTE. MÉRITO Dos fatos constatados pela fiscalização Conforme relatado, a partir do exame da contabilidade da empresa, precisamente na conta CUSTO DOS SERVIÇOS VENDIDOS, CÓD. 41101001, do grupo Despesa, e na conta FORNECEDORES NACIONAIS, CÓD. 21201001 do grupo Passivo, a fiscalização verificou a contratação de diversas empresas prestadoras de serviços por parte da RECORRENTE no período fiscalizado. Posteriormente, quando da análise da documentação apresentada pela RECORRENTE (Notas Fiscais emitidas pelos prestadores de serviço e respectivos contratos de prestação de serviço firmados com essas empresas), a autoridade fiscal constatou a utilização de pessoas jurídicas interpostas visando a contratação e utilização de mão de obra de segurados Fl. 1810DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.811 18 empregados pessoas físicas, em caráter não eventual, mediante contraprestação e em regime de subordinação. Houve ainda remuneração, no mesmo período, a contribuinte individual da empresa por intermédio de pessoa jurídica interposta. No Relatório Fiscal (fls. 36/62), consta que a fiscalização verificou a contratação, pela RECORRENTE, nos moldes acima descritos, de 169 (cento e sessenta e nove) prestadores de serviço, conforme listagem constante no Anexo I do relatório (fls. 63/65), ao passo que a RECORRENTE apresentou Contratos de Prestação de Serviço firmados com 81 (oitenta e uma) das empresas identificadas. Assim, a fiscalização realizou o levantamento individual das contribuições previdenciárias incidentes sobre as verbas pagas, por entender que houve a caracterização do contrato de trabalho entre os sócios/titulares das empresas (relação às fls. 66/67 – Anexo II do Relatório Fiscal), os quais teriam sido contratados mediante contrato de prestação de serviços firmados através de PJs. A totalização dos pagamentos efetuados foi discriminada por lançamento constante da contabilidade da RECORRENTE em nome de cada empresa contratada (Anexos III e IV do Relatório – fls. 68/92) A RECORRENTE se defende sob o argumento, em síntese, de que as empresas contratadas foram devidamente constituídas nos termos da lei e que não poderia prevalecer o lançamento realizado com base em amostragem. Ademais, levanta diversas razões pelas quais entende ser imprestável o conjunto probatório utilizado fiscalização. Com isso, alega que a autoridade lançadora não cumpriu o seu ônus de provar suas alegações. Afirma, também, que os serviços de caráter personalíssimo, prestados por sociedades nos estritos ditames legais, não podem ser descaracterizados para fins previdenciários e tributários, nos termos do o art. 129 da Lei nº 11.196/2005. Ademais, sustenta a RECORRENTE que a fiscalização não tem competência para declarar a relação empregatícia, pois somente a Poder Judiciário pode fazêlo. Neste ponto, apresenta decisões favoráveis da justiça do trabalho em que foram rejeitados os vínculos empregatícios pleiteados pelos reclamantes em face da RECORRENTE, de modo que, no seu entendimento, os profissionais não podem ser considerados seus empregados. Da prerrogativa do auditor fiscal de desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. Sobre o tema, necessário esclarecer que, para o direito, o que vale não é a nomenclatura dada ao negócio jurídico, ou até mesmo a formalidade que o reveste. O que importa mesmo é a situação fática que envolve a realidade de determinado negócio jurídico, ou seja, a sua finalidade. Sendo assim, ao verificar que a contratação de pessoa jurídica possui, na realidade, as características de uma relação empregatícia, a autoridade fiscal possui a prerrogativa de afastar a eficácia do contrato de prestação de serviços e enquadrar os profissionais (sócios das pessoas jurídicas e titulares das firmas individuais) como segurados empregados. Tal possibilidade decorre da competência atribuída ao fiscal para arrecadar, fiscalizar e cobrar as contribuições devidas à Seguridade Social. Neste sentido, transcrevo o art. 229, § 2º, do Decreto nº 3.048/99 (RPS/99): Fl. 1811DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.812 19 Art. 229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) § 2º Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9º, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. O art. 9º, I, do RPS/99 (cuja matriz legal é o art. 12, I, da Lei nº 8.212/91) possui, em sua alínea “a” a seguinte redação: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I como empregado: a) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural a empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado; A possibilidade da autoridade lançadora poder desconsiderar determinado negócio jurídico dissimulado, ante a constatação da ocorrência da relação empregatícia, decorre do princípio da primazia da realidade, que consiste em atribuir maior relevância a realização dos fatos do que os contratos formais. Ao verificar a ocorrência da relação empregatícia, é dever da autoridade fiscal exigir as contribuições previdenciárias incidentes sobre remuneração paga a segurado empregado, sob pena de responsabilidade funcional, conforme dispõe o parágrafo único do art. 142 do CTN: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Portanto, não merece prosperar o argumento da RECORRENTE de que somente o Poder Judiciário teria competência para declarar a relação empregatícia, pois, como visto, a autoridade fiscal tem autonomia para desconsiderar atos dissimulados com a finalidade de enquadrar o trabalhador como segurado empregado para fins de exigência das contribuições devidas. Reiterese que, quando for constatada tal caracterização da relação de emprego, a autoridade fiscal tem o dever de exigir os créditos previdenciários. Neste sentido, válido citar julgado recente da CSRF: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Fl. 1812DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.813 20 Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. CONTRIBUIÇÃO PATRONAL. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. FALTA DE JUNTADA PELO FISCO DE PROVA. APRESENTAÇÃO DOS ELEMENTOS PROBATÓRIOS POR AMOSTRAGEM. AUSÊNCIA DE NULIDADE Não deve ser aceita como causa de nulidade a alegação de que o fisco descreveu em seu relato apenas por amostragem as situações que seriam suficientes à conclusão de ocorrência dos fatos geradores, principalmente quando deixa claro a autoridade fiscal que os contratos apresentavam um padrão. CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. (...) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. (Acórdão nº 9202004.641; 2ª Turma da CSRF; Sessão de 23/11/2016) Também pelos motivos acima entendo que a improcedência de eventual reclamação trabalhista interposta em face da RECORRENTE não tem o condão de afastar o vínculo constatado pela autoridade fiscal para efeitos previdenciários, pois aqui o objeto é uma relação da RECORRENTE com a UNIÃO, regida por normas de direito público, que não podem ser modificadas, afastadas ou alteradas pela vontade das partes. Caracterização de contrato de trabalho. Lançamento das contribuições previdenciárias sobre remuneração paga a segurado empregado. DEBCADs 51.038.4285 (patronal), 51.038.4307 (terceiros) e 51.038.4293 (segurados). Sobre as características da relação de emprego, o art. 3º da CLT dispõe o seguinte: Fl. 1813DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.814 21 Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. De acordo com os ensinamentos de Alice Monteiro de Barros (Curso de Direito do Trabalho, 8. Ed, São Paulo: LTr, 2012, p. 185), o contrato de trabalho é o acordo expresso ou tácito por meio do qual o empregado se compromete a executar, pessoalmente, em favor do empregador um serviço de natureza não eventual, mediante salário e subordinação jurídica. A mesma autora afirma que a nota típica dos contratos de trabalho é a subordinação jurídica, pois é ele que irá distinguir este tipo de contrato dos demais que lhe são afins. Nas palavras de Maurício Godinho Delgado (Curso de Direito do Trabalho, 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 295/296), o elemento “subordinação” interpretase sob a ótica essencialmente objetiva, devendo considerar que “a intenção da lei é se referir à ideia de subordinação quando utiliza o verbete dependência na definição celetista de empregado. Para o consistente operador jurídico onde a CLT escreve ... sob a dependência deste devese interpretar ‘mediante subordinação’”. Assim, com base na legislação, foram estabelecidos quatro requisitos para a constatação da relação de emprego, os quais devem necessariamente estar presentes nos contratos: não eventualidade, pessoalidade, onerosidade e subordinação. Presentes esses quatro requisitos, temse a existência de uma relação empregatícia com todos os direitos e deveres dela decorrentes. No presente caso, consta no Relatório Fiscal (fls. 36/62) os diversos motivos que ensejaram o lançamento do crédito tributário objeto do presente processo, os quais reproduzo abaixo: “22. Os serviços contratados junto a tais empresas possuem relação inequívoca com o objeto social da contratante CAST INFORMATICA, evidenciando a utilização de mão de obra especializada, através das empresas prestadoras interpostas, para execução de serviços diretamente associados à sua atividadefim. (...) 24. As atividades contratadas junto às empresas prestadoras de serviço, de acordo com as cláusulas contratuais pactuadas, envolvem em seu escopo geral o fornecimento de serviços na área de informática, todos fazendo parte do próprio objeto social da contratante. (...) A identificação das empresas prestadoras de serviço com o respectivo objeto contratado encontrase no Anexo V deste relatório. [fl. 93] (...) 27. O caráter proibitivo desse tipo de terceirização de serviços [da atividadefim] já foi reconhecido pelo Tribunal Superior do TrabalhoTST, conforme itens I e III da Súmula (sic) n. 331, que preceituam: (...) Fl. 1814DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.815 22 29. Apesar de indicar nos contratos firmados a inexistência de vínculo empregatício com a contratante em função dos serviços prestados pelas contratadas, a contratante CAST exige expressamente que as contratadas, na pessoa de seus sócios (claúsula 1), prestem o serviço de maneira a observar suas normas procedimentais de atuação. A determinação do local de trabalho também é de exclusiva determinação da CAST (cláusula 2), com reembolso de gastos eventuais havidos hospedagem, locomoção e alimentação. [contratos às fls. 177/533] 30. Os pagamentos, de acordo com o estipulado na cláusula 9 dos Contratos, deveriam ser efetuados na forma de depósito bancário na conta corrente dos próprios sócios pessoas físicas prestadores do serviço. 31. O condicionamento da atuação das supostas empresas com a imposição de cláusulas que evidenciam tanto a subordinação hierárquica dos prestadores de serviço quanto sua dependência econômica e técnica evidencia a existência de características inerentes a uma relação de emprego. Destarte, resta claro que os prestadores de serviço contratados não poderiam trabalhar de acordo com suas preferências ou sua vontade, nem seguir seus métodos próprios de trabalho, mas sim acatar a orientação técnica exclusiva do empregador, devendo seguir seus padrões, normas, prazos e demais exigências. (...) 33. Somase a isso a constatação de que os sócios das empresas contratadas possuíam vínculo como empregados da empresa CAST no período de 01/2010 a 12/2010, alguns com demissão no decorrer do ano, nos setores de Gerência, Coordenação e Diretoria da empresa, numa clara prática de burla aos encargos trabalhistas e previdenciários. As informações constantes do Anexo VI deste relatório demonstram o afirmado. [fls. 94/95.] Podese verificar inclusive, neste Anexo, que o próprio presidente da CAST INFORMATICA S/A, sr. José Calazans da Rocha, foi remunerado mediante a contratação de sua pessoa jurídica, ROCHA E DUARTE CONSULTORES ASSOCIADOS LTDA – EPP, CNPJ 07.311.738/000119. (...) 37. (...) Todas as empresas contratadas apresentaram GFIP somente nos meses em que houve faturamento advindo do contrato de prestação de serviço firmado com a CAST, tendo como único segurado informado o próprio sócio; houve ainda apresentação de GFIP SEM MOVIMENTO por algumas empresas no período de contratação com a CAST. O Anexo VII do Relatório Fiscal contém as informações aqui citadas, mensalmente, por empresa contratada. [fls. 96/115] (...) 39. O comportamento errático das supostas pessoas jurídicas prestadores de serviço quanto ao cumprimento da legislação Fl. 1815DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.816 23 tributária federal também pôde ser constatado pelas consultas efetuadas pela fiscalização em Declarações do Imposto Retido na FonteDIRF. Quando houve a informação, a empresa CAST INFORMATICA SA figura como principal fonte pagadora para as empresas prestadoras de serviço no período fiscalizado. Somente de maneira pontual, porém com valores menores em comparação ao obtido junto à CAST, verificouse receita declarada advinda outra fonte pagadora. Telas de consulta à DIRF que embasam essa afirmação seguem anexas a este Relatório Fiscal, em formato digital. [fls. 534/761] (...) 42. Outro ponto a ser destacado é a utilização de endereços iguais como domicílio tributário pelas das empresas prestadoras de serviço, conforme pesquisa efetuada nos dados cadastrais das mesmas junto à RFB. O Anexo VII deste Relatório Fiscal demonstra a coincidência de endereço das prestadoras de serviço, sendo que em alguns casos mais de 20 (vinte) empresas estão localizadas na mesma sala comercial. [fls. 116 – Anexo VIII] 43.Cabe registrar, ainda, o reconhecimento por parte da Justiça do Trabalho das práticas fraudulentas adotadas pela CAST para a contratação e remuneração de empregados, conforme decisões exaradas nos exemplos abaixo: [cita dois acórdãos] 44. Por fim, houve o reconhecimento, por parte da própria empresa, da existência de contratações irregulares de seus empregados, haja vista a lavratura, em 20/05/2010, do Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta n. 30/2010 junto ao Ministério Público do Trabalho MPDFT – 10a. Região (cópia em anexo) [fls. 1.027/1.032] em que a CAST INFORMÁTICA S/A, em sua cláusula 1a., se compromete a “absterse de contratar trabalhadores por interposta pessoa, física ou jurídica, inclusive cooperativas, para execução de serviços ligados à sua atividadefim”. No caso concreto, entendo que um dos indícios da não eventualidade na prestação de serviços ficou evidenciada pela emissão de notas fiscais em sequência numérica, até em ordem cronológica em alguns casos. Consta no Anexo III do Relatório Fiscal (fls. 68/ 91) o histórico de notas fiscais relativos aos serviços prestados pelas PJs contratadas pela RECORRENTE e que serviram de base para a apuração do crédito tributário, ordenadas por data de lançamento contábil. Analisando tal documento, percebese uma sequência no número das notas emitidas por cada empresa contratada, o que denota o fato de que a empresa apenas emite nota em relação aos serviços contratados pela RECORRENTE. Cito alguns exemplos: · NCN TECNOLOGIA: 07 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 01 a 07); Fl. 1816DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.817 24 · ZEFERINO E CASADO CONSULTORES: 20 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 92 a 115, exceto as de nºs 96, 97, 112 e 113); · KELVE RAFAEL ALVES INFORMATICA: 11 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 14 a 27, exceto as de nºs 15, 17 e 26); · DTPS INFORMATICA LTDA: 11 notas em emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 102 a 115, exceto as de nºs 104, 105 e 114); · JV DESENVOLVIMENTO: 06 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 41 a 48, exceto as de nºs 43 e 46); · PANSERA SOLUCOES EM TECNOLOGIA: 11 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 90 a 102, exceto as de nºs 92 e 100); · WEB CASTRO INFORMATICA: 11 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 104 a 117, exceto as de nºs 105, 111 e 115); · INSIGNIA CONSULTORIA EM INFORMATICA: 09 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 57 a 66, exceto a de nº 59); · SORAYA ARAUJO INFORMATICA LTDA: 12 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 103 a 118, exceto as de nºs 104, 106 e 115); · CLN INFORMATICA LTDA: 11 notas emitidas em relação a serviços prestados à RECORRENTE (numeração de 131 a 144, exceto as de nºs 133, 141, 142); A relação da sequência numérica das notas fiscais emitidas pelos prestadores de serviços ao longo do período fiscalizado é uma clara evidência da não eventualidade do serviço prestado pelas PJs contratadas. Ademais, mediante informações obtidas junto ao banco de dados da Receita Federal, a fiscalização analisou as Declarações do Imposto Retido na FonteDIRF em relação às empresas contratadas (fls. 534/761). Nos casos em que houve a apresentação da referida DIRF, é possível constatar que boa parte das empresas contratadas possuem apenas a RECORRENTE como fonte pagadora. A autoridade fiscal pontua que “a empresa CAST INFORMATICA SA figura como principal fonte pagadora para as empresas prestadoras de serviço no período fiscalizado. Somente de maneira pontual, porém com valores menores em comparação ao obtido junto à CAST, verificouse receita declarada advinda outra fonte pagadora”. Fl. 1817DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.818 25 Da leitura do Relatório Fiscal, percebese que o requisito da pessoalidade se encontra presente em todos os contratos de prestação de serviços analisados, na medida em que tais empresas foram contratadas visando o seu sócio identificado em cada contrato. Esta situação fica evidente através da clausula 1 de todos os contratos, em que a RECORRENTE exige expressamente que as contratadas, na pessoa de seus sócios, prestem o serviço, devendo estes apresentaremse “em nome da CONTRATANTE junto ao CLIENTE, observando as normas procedimentais da CONTRATANTE”. Ou seja, os referidos contratos de prestação de serviço buscavam a atuação do sócio e não da empresa contratada. Ademais, nos termos da cláusula 9 dos Contratos, os pagamentos deveriam ser efetuados na forma de depósito bancário na conta corrente dos próprios sócios das empresas prestadoras de serviço. No Anexo VI do Relatório Fiscal (fls. 96/115) consta relação de todas as GFIPs mensalmente enviadas pelas empresas contratadas no período fiscalizado. Excetuando algumas PJs que apresentaram GFIP sem movimento, todas as GFIPs apresentadas tiveram como único segurado informado o próprio sócio. A ausência de empregados nas empresas prestadoras de serviços é mais um indício que converge para a pessoalidade entre o seu sócio e a RECORRENTE. A onerosidade se revela ante o pagamento acertado da remuneração prevista nos contratos. Ou seja, a prestação do serviço não se deu de forma gratuita. Conforme já exposto, na cláusula 9 dos Contratos (fls. 177/533) há previsão de que os pagamentos deveriam ser efetuados na forma de depósito bancário na conta corrente dos próprios sócios pessoas físicas prestadores do serviço. Ao tratar de conceito e caracterização da subordinação na relação empregatícia, Maurício Godinho Delgado leciona o seguinte (Curso de Direito do Trabalho, 11. ed. São Paulo: LTr, 2012, p. 295): “A subordinação corresponde ao polo antitético e combinado do poder de direção existente no contexto da relação de emprego. Consiste, assim, na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pela qual o empregado comprometese a acolher o poder de direção empresarial no modo de realização de sua prestação de serviços. Traduzse, em suma, na ‘situação em que se encontra o trabalhador, decorrente da limitação contratual da autonomia de sua vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção sobre a atividade que desempenhará’ Como se percebe, no Direito do Trabalho a subordinação é encarada sob o prisma objetivo: ela atua sobre o modo de realização da prestação e não sobre a pessoa do trabalhador.” Ora, de acordo com as lições acima, a subordinação fica evidenciada quando o modo de realizar a prestação dos serviços não decorre da autonomia da vontade do empregado, mas sim da orientação proveniente do empregador, que detém o poder de direção sobre a atividade que o empregado desempenhará. No caso, a subordinação, no meu entendimento, pode ser verificada por diversos fatores. Há subordinação na medida em que os contratos fazem previsão de que: (i) o Fl. 1818DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.819 26 sócio da contratada deve observar as normas procedimentais da RECORRENTE no desenvolver dos trabalhos; (ii) os serviços serão prestados nos escritórios da RECORRENTE ou em local que esta designar; (iii) há previsão de multa por falta injustificada da contratada nos locais da prestação de serviço (1/30 do valor do contrato por dia não trabalhado); (iv) desconto proporcional do valor pactuado quando da não prestação dos serviços nos dias designados pela RECORRENTE, etc. Colaciona abaixo os trechos extraídos do contrato de prestação de serviços: “A CONTRATADA, na pessoa de seu sócio (a) acima identificado (a), deverá apresentarse em nome da CONTRATANTE junto ao CLIENTE, observando as normas procedimentais da CONTRATANTE no que tange aos relatórios e procedimentos diversos, determinações técnicas e comerciais.” “Os serviços objeto deste contrato, a critério da CONTRATANTE e mediante acordo prévio com a CONTRATADA, poderão ser prestados em qualquer dos escritórios da CONTRATANTE, ou em local que a mesma designar.” “Pela inexecução das obrigações da CONTRATADA, principalmente pela falta injustificada de seus profissionais nos locais de prestação de serviço, arcará esta com multa de 1/30 por dia não trabalhado sobre o valor do presente pacto.” “O valor ora avençado está condicionado à prestação de serviços nos dias designados pela CONTRATANTE. A ausência da CONTRATADA ao serviço acarretará o respectivo desconto, proporcionalmente ao valor mensal, relativos aos dias sem a prestação dos serviços.” A RECORRENTE, como forma de prestar sua atividadefim, disponibiliza, aos seus clientes, os sócios das pessoas jurídicas contratadas a fim de que esses prestem os serviços de análise e/ou programação para o desenvolvimento/manutenção/suporte de softwares/sistemas computadorizados, ao cliente indicado pela RECORRENTE, ou até para a ela própria. Ou seja, a RECORRENTE determina o local de trabalho, quem deve ir prestar o serviço, o dever do prestador dos serviços de se identificar em nome da RECORRENTE e de observar as normas procedimentais por ela adotadas. Diante de tais constatações, entendo que a RECORRENTE não buscou contratar os serviços de uma empresa, mas sim os serviços de verdadeiro empregado, ante a pessoalidade, subordinação e não eventualidade manifestas na operação. Os sócios das PJs contratadas agiam conforme o modus operandi da RECORRENTE. Outro aspecto relevante levantado pela fiscalização é o de que “todas as empresas contratadas apresentaram GFIP somente nos meses em que houve faturamento advindo do contrato de prestação de serviço firmado com a CAST” (fls. 96/115), o que atesta a dependência econômica da PJ contratada em relação à RECORRENTE. Não menos importante é o fato de que alguns sócios das PJs contratadas eram empregados da RECORRENTE à época da vigência dos contratos. A fiscalização elaborou Fl. 1819DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.820 27 planilha de fls. 94/95 (anexo VI do Relatório Fiscal) a fim de demonstrar os sócios das PJs que possuíam vínculo empregatício com a RECORRENTE no período fiscalizado (mais de 70). A RECORRENTE afirma não enxergar problemas no fato de um empregado seu lhe prestar serviço paralelo através da pessoa jurídica dele. No entanto, não vejo como distinguir o momento em que ele está atuando como empregado, daquele em que ele está atuando como prestador de serviço. Ora, é evidente que alguém que possua vínculo empregatício com a empresa irá sempre agir com subordinação perante a direção. Assim, entendo que é impossível realizar esta pretensão da RECORRENTE. Portanto, entendo haver evidente subordinação entre os sócios das prestadoras de serviço e a RECORRENTE, pois, pelo conjunto probatório apresentado, fica nítido que a RECORRENTE detém o poder de direção sobre o modo de realização da atividade desempenhada pelo contratado. Por tudo exposto, entendo que, ao contrário do que defende a RECORRENTE, a autoridade lançadora demonstrou e fundamentou as suas razões para caracterizar a relação de emprego existente com os sócios/titulares das empresas contratadas, devendo ser mantido o lançamento das Contribuições previdenciárias a cargo da empresa (parte patronal e SAT/RAT), das Contribuições devidas a Terceiros e das Contribuições dos segurados (empregados), objetos dos DEBCADs 51.038.4285, 51.038.4307 e 51.038.4293, respectivamente. No que diz respeito às contribuições de segurados (empregados – DEBCAD 51.038.4293), importante analisar a questão do possível recolhimento efetuado pela pessoa jurídica interposta, conforme adiante detalhado. DEBCAD 51.038.4293. Contribuições de segurados (empregados). Da correta apuração do tributo. Do Bis in idem alegado em relação às contribuições (patronal e segurados) comprovadamente recolhidas Conforme Discriminativo do débito de fls. 21/23, a autoridade lançadora apurou o crédito de contribuições a cargo dos segurados pela aplicação da alíquota de 8% sobre a totalidade do saláriocontribuição mensalmente pago às pessoas jurídicas interpostas. Contudo, não verifiquei nenhuma análise acerca da aplicação da tabela de contribuição para o empregado (relação das alíquotas por faixa de remuneração) nem da observância ao teto da contribuição devida por cada segurado. Ora, conforme as planilhas elaboradas pela própria fiscalização (Anexos II, III e IV do Relatório Fiscal – fls. 66/92), é perfeitamente possível verificar a relação das pessoas que receberam valores através das PJs interpostas e quanto cada uma recebeu mensalmente. Deste modo, entendo que é plenamente possível calcular qual alíquota aplicável bem como se foi atingido o teto da contribuição mensal devida por cada sócio/titular da PJ interposta prestadora de serviço à RECORRENTE. Também não se deve olvidar que alguns desses sócios das PJs contratadas possuíam vínculo empregatício com a RECORRENTE no período fiscalizado, conforme Fl. 1820DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.821 28 verificado pela própria autoridade lançadora (Anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 94/95). Portanto, devese fazer o cruzamento da folha de pagamento da RECORRENTE para saber a remuneração mensal paga a cada sócio de interposta PJ (na qualidade empregado da RECORRENTE) pois, havendo remuneração, certamente houve a retenção e o recolhimento da contribuição mensal a cargo do segurado. Ademais, CSRF já decidiu que as contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. Válido transcrever novamente o trecho da ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007 (...) CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. (...) CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SEGURADOS RECOLHIDA POR PESSOA JURÍDICA. APROVEITAMENTO. CARACTERIZAÇÃO DE VÍNCULO. POSSIBILIDADE. As contribuições previdenciárias paga pelas pessoas jurídicas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego, deverão ser deduzidas aos valores lançados no auto de infração. (Acórdão nº 9202004.641; 2ª Turma da CSRF; Sessão de 23/11/2016) Assim, entendo ser legítimo o abatimento das contribuições sociais pagas pelas pessoas jurídicas prestadoras de serviços contratadas pela RECORRENTE, cujos sócios/titulares foram, no presente lançamento, enquadrados como segurados empregados da RECORRENTE. Desta forma, somente as contribuições previdenciárias comprovadamente pagas pelas pessoas jurídicas em relação ao seu respectivo sócio (que prestou serviço para a RECORRENTE) deverão ser deduzidas dos valores lançados no presente auto de infração. Referidos valores constam das GFIPs apresentadas pelas PJs interpostas, conforme anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 96/115. Sendo assim, o procedimento correto a ser adotado é: Fl. 1821DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.822 29 (i) Verificar a remuneração recebida mensalmente por cada sócio/titular de pessoa jurídica prestadora de serviço contratada pela RECORRENTE; (ii) Calcular a contribuição a cargo do segurado devida, conforme alíquota correspondente ao rendimento do sócio da PJ cuja contratação foi reclassificada como relação de emprego; (iii) Respeitar o valor máximo (teto mensal) da contribuição devida; (iv) Nos casos em que o sócio da interposta PJ tenha relação empregatícia com a RECORRENTE (Anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 94/95), abater eventual recolhimento da contribuição a cargo do segurado comprovadamente realizado por cada um deles na condição de empregado da RECORRENTE; e (v) Deduzir as contribuições previdenciárias comprovadamente recolhidas pelas pessoas jurídicas interpostas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego (anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 96/115). Da aplicação do art. 129 da Lei 11.196/2005 Por fim, a RECORRENTE pleiteia a aplicação do art. 129 da Lei 11.196/2005 que, segundo entende, teria determinado que as pessoas jurídicas prestadoras de serviços sejam tratadas como tais pelo fisco. É a redação do dispositivo: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Entendo que o dispositivo do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 não tem o condão de afastar a atuação das autoridades fiscais quando comprove a ocorrência da relação de emprego no bojo de contrato firmado entre pessoas jurídicas. Sobre o tema, peço vênia para transcrever trecho do voto proferido pela Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira no acórdão nº 9202004.641 da 2ª Turma da CSRF: Todavia, verificandose presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego (conforme descrito no item anterior) não há de se cogitar da aplicação do art. 129 da Lei n.º 11.196/2005, mas do art. 9.º da CLT, in verbis: Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Fl. 1822DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.823 30 Ou seja, se a Auditoria observa que a execução de um contrato, formalmente firmado entre pessoas jurídicas, na verdade busca desvirtuar uma relação de emprego, esse negócio jurídico há de ser afastado de modo que se preservem os direitos dos empregados consagrados pela Carta Magna. (...) Observese que tal procedimento não implica em desconsideração da personalidade jurídica da empresa, que permanece incólume, mas apenas de caracterização do liame empregatício, privilegiando a realidade verificada durante o procedimento fiscal, em detrimento da aparência formal de que se revestem determinados contratos. Um argumento que nos parece muito válido para chancelar a caracterização de segurado empregado nesses casos diz respeito às considerações lançadas para vetar o parágrafo único do mencionado artigo, que fora assim redigido: Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica quando configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. São ponderações, conforme veremos, que chamam atenção para a necessidade de se preservar a competência da fiscalização para lançar os tributos correspondentes sempre que verificada a existência de trabalho prestado mediante relação de emprego travestido de avenca entre empresas. Eis os termos lançados nas razões do veto do parágrafo único do art. 129 da Lei n. 11.196/2005: “Razões do veto O parágrafo único do dispositivo em comento ressalva da regra estabelecida no caput a hipótese de ficar configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Entretanto, as legislações tributária e previdenciária, para incidirem sobre o fato gerador cominado em lei, independem da existência de relação trabalhista entre o tomador do serviço e o prestador do serviço. Ademais, a condicionante da ocorrência do fato gerador à existência de sentença judicial trabalhista definitiva não atende ao princípio da razoabilidade.” Ademais, entendo que, caso se tratasse uma verdadeira prestação de serviço intelectual, o que importaria seria o resultado final, ou seja, a manutenção concluída, o software desenvolvido, etc. Ao exigirse que a pessoa física do sócio da PJ contratada esteja à disposição da RECORRENTE, podese concluir pela existência da subordinação, conforme já exposto. Com essas considerações, entendo que não devem prosperar as alegações da RECORRENTE acerca da aplicação do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 ao presente caso, haja vista a comprovação, pela autoridade fiscal, da ocorrência da relação de emprego. Fl. 1823DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.824 31 Contribuição previdenciária referente à diferença de aplicação do multiplicador FAP sobre a alíquota RAT. DEBCAD 51.038.4277. No que diz respeito ao lançamento objeto do DEBCAD 51.038.4277 (Contribuição previdenciária patronal/empresa, referente à diferença de aplicação do multiplicador FAP sobre a alíquota RAT), entendo que não merecem prosperar as alegações da RECORRENTE. É que, conforme relatado, referido lançamento teve por base a constatação de que a RECORRENTE não computou o Fator Acidentário Previdenciário – FAP a ela atribuído para o cálculo final da alíquota do tributo RAT (SAT) devido. Conforme Relatório Fiscal, para o ano de 2010, o Ministério da Previdência Social atribuiu à RECORRENTE o FAP no valor de 1,7143. Ocorre que, no período fiscalizado, a RECORRENTE declarou em GFIP a alíquota RAT ajustada pelo FAP no valor de 1,71% somente nas competências 01 e 02/2010. Verificou que deixou de fazer tal ajuste nas demais competências (03/2010 a 12/2010) em razão de impugnação e posterior recurso administrativo apresentados perante o MPS, em 11/01/2010 e 25/03/2010, respectivamente (fls. 1.033/1.038 e 1.051/1.060), em que impugnou o FAP a ela atribuído. No entanto, conforme Decisão Terminativa proferida em 2ª. Instância pela Secretaria de Políticas de Previdência Social – SPS, datada de 05/09/2011, o pedido da RECORRENTE foi rejeitado (fls. 1.061/1.071). Em seu recurso voluntário, alega que apresentou competente Contestação Administrativa, fulcro no art. 202B do Decreto nº 3.048, de 1999 (...) e, nos termos do §3º do mesmo artigo, foi atribuído efeito suspensivo a esse processo”. Neste sentido, argumentou que o ajuste da alíquota do RAT “não pode ser aplicada até a decisão final do processo administrativo”. Contudo, conforme já exposto pela autoridade fiscal, referido processo administrativo em que a RECORRENTE discutiu o multiplicador FAP a ela atribuído findou em 05/09/2011, com a Decisão Terminativa proferida em 2ª Instância pela SPS. Sendo assim, deveria a RECORRENTE ter efetuado o ajuste da alíquota RAT devida no período em que o processo administrativo relativo ao FAP tramitou perante MPS. Portanto, correto o lançamento da diferença de valores devidos em cada competência de 03/2010 a 12/2010 (diferença de alíquota de 0,7143%). Das multas isoladas pelo descumprimento de obrigação acessória As quatro multas lavradas em desfavor da RECORRENTE, pelo descumprimento de obrigações acessórias, foram as seguintes: 1. DEBCAD 51.038.4315 (CFL 30), lavrado em razão da não preparação da folha de pagamento de acordo com os padrões e normas estabelecidos pela Receita Federal do Brasil, no valor de R$ 1.812,87, nos termos do art. 283, I, “a”, do RPS (fl. 32); Fl. 1824DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.825 32 2. DEBCAD 51.038.4323 (CFL 34), lavrado em razão da não contabilização, em título próprio de sua contabilidade, de fatos geradores da Previdência Social, no valor de R$ 18.128,43, nos termos do art. 283, II, “a”, do RPS (fl. 33); 3. DEBCAD 51.038.4331 (CFL 35), lavrado em razão da empresa ter deixado de prestar à RFB informações cadastrais, contábeis e financeiras de interesse da mesma, na forma por ela estabelecida, no valor de R$ 18.128,43, nos termos do art. 283, II, “b”, do RPS (fl. 34); e 4. DEBCAD 51.038.4340 (CFL 59), lavrado em razão da empresa ter deixado de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados, no valor de R$ 1.812,87, nos termos do art. 283, I, “g”, do RPS (fl. 35). Todas elas possuem relação com os Autos de Infração de Obrigação Principal relativos às contribuições da empresa/RAT e dos segurados (DEBCADs nº 51.038.4285 e 51.038.4293, respectivamente). Tendo em vista a procedência do lançamento das obrigações principais, entendo ser de rigor a manutenção das mencionadas multas. A multa do DEBCAD 51.038.4323 (CFL 34) deve ser mantida pois, como amplamente demonstrado, a RECORRENTE deixou de contabilizar, em título próprio de sua contabilidade, diversos valores que integram o salário de contribuição de seus empregados. A autoridade fiscal constatou o registro contábil dos valores na conta CUSTO DOS SERVIÇOS VENDIDOS, CÓD. 41101001, do grupo Despesa, e na conta FORNECEDORES NACIONAIS, CÓD. 21201001 do grupo Passivo, o que autoriza a lavratura da multa. A multa do DEBCAD 51.038.4340 (CFL 59) deve também ser mantida pois, uma vez mantido parcialmente o lançamento da obrigação principal do DEBCAD 51.038.429 3 (contribuições segurados), é de rigor a manutenção da multa por ter a empresa deixado de efetuar os descontos das contribuições devidas pelos segurados. Também deve ser mantida a multa do DEBCAD 51.038.4315 (CFL 30) pois, ao enquadrar como segurados empregados da RECORRENTE os sócios/titulares das pessoas jurídicas prestadoras de serviços contratadas, é consequência lógica que parte dos pagamentos efetuados a empregados deixou de ser incluída nas folhas de pagamento. Por sua vez, a multa objeto do DEBCAD 51.038.4331 (CFL 35) deve ser mantida pois, mesmo após intimação (por meio do TIF número 04 – fls. 145/149), a RECORRENTE deixou de apresentar à fiscalização todos os Contratos de Prestação de Serviço firmados com as pessoas jurídicas interpostas. Conforme já exposto, dos 169 (cento e sessenta e nove) prestadores de serviços identificados pela fiscalização, conforme listagem constante no Anexo I do relatório (fls. 63/65), a RECORRENTE apresentou Contratos de Prestação de Serviço firmados com 81 (oitenta e uma) deles. Importante esclarecer que todas as multas isoladas foram lavradas com base nos valores atualizados pela Portaria Interministerial MPS/MF nº 19/2014. Fl. 1825DF CARF MF Processo nº 10166.725263/201408 Acórdão n.º 2201003.717 S2C2T1 Fl. 1.826 33 CONCLUSÃO Por todo o acima exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, apenas para que, em relação ao DEBCAD 51.038.4293 (contribuição dos segurados), seja observado o teto da contribuição a cargo do segurado devida por cada pessoa enquadrada como segurado empregado da RECORRENTE, bem como para deduzir dos valores lançados no presente auto de infração as contribuições previdenciárias comprovadamente pagas, nos seguintes termos: (a) Nos casos em que o sócio da interposta PJ tenha relação empregatícia com a RECORRENTE (Anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 94/95), abater eventual recolhimento da contribuição a cargo do segurado comprovadamente realizado por cada um deles na condição de empregado da RECORRENTE; e (b) Deduzir as contribuições previdenciárias (patronal e segurados) comprovadamente recolhidas pelas pessoas jurídicas interpostas em relação aos seus sócios, cujas contratações foram reclassificadas como relação de emprego (anexo VI do Relatório Fiscal – fls. 96/115). Assinado digitalmente Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim Relator Fl. 1826DF CARF MF
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