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Numero do processo: 10921.000132/2010-83
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Aug 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 10/01/2006 a 30/12/2009
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO DE EMBARQUE. SISCOMEX. TRANSPOTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. REPRESENTAÇÃO.
A agência marítima, por ser representante, no país, de transportador estrangeiro, é solidariamente responsável pelas respectivas infrações à legislação tributária e, em especial, a aduaneira, por ele praticadas, nos termos do art. 95 do Decreto-lei nº 37/66.
LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. CLAREZA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA.
Descritas com clareza as razões de fato e de direito em que se fundamenta o lançamento, atende o auto de infração o disposto no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, permitindo ao contribuinte que exerça o seu direito de defesa em plenitude, não havendo motivo para declaração de nulidade do ato administrativo assim lavrado.
INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA E, DO DECRETO-LEI Nº 37/66.
O contribuinte que presta informações fora do prazo sobre o embarque de mercadorias para exportação incide na infração tipificada no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-lei nº 37/66, sujeitando-se à penalidade correspondente.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3401-003.882
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan Presidente
Robson José Bayerl Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 10/01/2006 a 30/12/2009 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. INFORMAÇÃO DE EMBARQUE. SISCOMEX. TRANSPOTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. REPRESENTAÇÃO. A agência marítima, por ser representante, no país, de transportador estrangeiro, é solidariamente responsável pelas respectivas infrações à legislação tributária e, em especial, a aduaneira, por ele praticadas, nos termos do art. 95 do Decretolei nº 37/66. LANÇAMENTO. DESCRIÇÃO DOS FATOS. CLAREZA. NULIDADE. INEXISTÊNCIA. Descritas com clareza as razões de fato e de direito em que se fundamenta o lançamento, atende o auto de infração o disposto no art. 10 do Decreto nº 70.235/72, permitindo ao contribuinte que exerça o seu direito de defesa em plenitude, não havendo motivo para declaração de nulidade do ato administrativo assim lavrado. INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE. INOBSERVÂNCIA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. O contribuinte que presta informações fora do prazo sobre o embarque de mercadorias para exportação incide na infração tipificada no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66, sujeitandose à penalidade correspondente. Recurso voluntário negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 1. 00 01 32 /2 01 0- 83Fl. 226DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan – Presidente Robson José Bayerl – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Cuidase de auto de infração para exigência da multa prevista no art. 107, IV, “e” do DecretoLei nº 37/66, em razão do descumprimento do prazo para prestação de informação, no SISCOMEX, sobre embarque de mercadorias para exportação. Em impugnação o contribuinte sustentou ilegitimidade passiva, por desempenhar atividade de agente marítimo e não transportador; nulidade do auto de infração, por vício na descrição dos fatos; decadência do direito de exigir a penalidade; falta de tipicidade da conduta; ocorrência de denúncia espontânea em relação à prestação das informações, ainda que extemporaneamente; inexistência de prejuízo ao erário; e ofensa aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. A DRJ Florianópolis/SC manteve o lançamento em decisão assim ementada: “AGENTE MARÍTIMO. REPRESENTANTE DO TRANSPORTADOR ESTRANGEIRO. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES. LEGITIMIDADE PASSIVA. Respondem pela infração à legislação aduaneira, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para a sua prática. DADOS DE EMBARQUE. INFORMAÇÃO INTEMPESTIVA. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A penalidade que comina a prestação intempestiva de informação referente aos dados de embarque de mercadorias destinadas à exportação é aplicada por viagem do veiculo transportador. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTANCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. Não compete às autoridades administrativas proceder à análise da constitucionalidade ou legalidade das normas tributárias que regem a Fl. 227DF CARF MF Processo nº 10921.000132/201083 Acórdão n.º 3401003.882 S3C4T1 Fl. 11 3 matéria sob apreço, posto que essa atividade é de competência exclusiva do Poder Judiciário.” Em recurso voluntário o recorrente fulcrou sua defesa na ilegitimidade passiva, vício formal do lançamento, falta de tipicidade da conduta e ocorrência da denúncia espontânea a afastar a imposição da multa, basicamente repetindo, nesses pontos, a argumentação exordial. A 1ª Turma Ordinária/4ª Câmara/3ª SEJUL/CARF/MF, por intermédio do Acórdão 3401002.441, de 26/11/2013, à unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, em decisão cuja ementa está vazada nos seguintes termos: “INFORMAÇÕES SOBRE A CARGA TRANSPORTADA. RESPONSABILIDADE DA AGÊNCIA MARÍTIMA. A agência marítima, por ser representante, no país, de transportadora estrangeira, é solidariamente responsável pelas infrações previstas no Decretolei nº 77, de 1966. CORRETA DESCRIÇÃO DOS FATOS. FALTA DE MOTIVO PARA DECLARAÇÃO DE NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. Quando o auditorfiscal relata com clareza e precisão os fatos ocorridos, não há motivo para declarar a nulidade do auto de infração com fundamento em falha na descrição dos fatos. INFORMAÇÃO SOBRE O EMBARQUE PRESTADA FORA DO PRAZO. CONDUTA DESCRITA NO ART. 107, INCISO IV, ALÍNEA ‘E’, DO DECRETOLEI Nº 37/66. O contribuinte que tiver prestado as informações sobre as mercadorias embarcadas somente após o prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal comete a infração descrita no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66. MULTA PREVISTA NA LEGISLAÇÃO. CÁLCULO CORRETO. No caso em tela, foi aplicada a multa de R$ 5.000,00 por cada embarque com informação prestada fora do prazo, conforme previsão do art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66. Portanto, não há que se falar em montante desproporcional ou desarrazoado. INFORMAÇÃO SOBRE AS MERCADORIAS EMBARCARDAS PRESTADAS FORA DO PRAZO, MAS ANTES DO PROCEDIMENTO FISCAL. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. APLICABILIDADE. EXCLUSÃO DA MULTA. Aplicase a denúncia espontânea, nos termos do § 2º, do art. 102, do Decretolei nº 37/66 c/c o art. 138, do CTN, excluindose a multa aplicada, quando a agência marítima presta informação sobre a carga embarcada fora do prazo, mas antes do procedimento fiscal.” Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs recuso especial, que foi acolhido pela Câmara Superior de Recursos Fiscais, por sua 3ª Turma (9303003.598), verbis: Fl. 228DF CARF MF 4 “PENALIDADE ADMINISTRATIVA. ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU PRESTAÇÃO DE INFORMAÇÕES. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE. A denúncia espontânea não alcança as penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil para prestação de informações à administração aduaneira, mesmo após o advento da nova redação do art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, dada pelo art. 40 da Lei nº 12.350, de 2010.” O dispositivo do aresto determinou a devolução do processo à câmara baixa para apreciação das demais questões aviadas em recurso voluntário: “Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, em dar provimento parcial ao recurso especial para considerar inaplicável ao caso a denúncia espontânea, devendo o processo retornar à instância a quo para apreciação das demais questões trazidas no recurso voluntário e que não foram objeto de deliberação por aquele Colegiado. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.” É o relatório. Voto Conselheiro Robson José Bayerl, Relator Inicialmente, dada a peculiaridade da situação, necessária a delimitação do objeto deste julgamento. Consoante voto condutor, nada obstante o integral enfrentamento das questões postas em recurso voluntário, a denúncia espontânea consubstanciaria questão prejudicial que impediria o conhecimento das demais matérias e, uma vez ultrapassada aquela, no recurso especial, imporseia nova manifestação a seu respeito: “Afastada a aplicação da denúncia espontânea, necessário verificar o efeito desse entendimento sobre o resultado do julgamento, tendo em vista que a decisão neste processo será aplicada a diversos outros, na sistemática prevista nos §§ 1º a 3º do art. 47 do RICARF (recursos repetitivos). Como a denúncia espontânea é questão prejudicial de mérito, impede o julgamento das demais questões afetas à exigência da penalidade em foco. Portanto, ainda que o voto condutor do recorrido tenha se pronunciado sobre outras questões de mérito, tal pronunciamento não representa julgamento pelo colegiado a quo, constituindo, apenas, manifestação pessoal do relator. Por isso, afastada a denúncia espontânea, deve o processo retornar à instância a quo para que sejam enfrentadas as questões de mérito trazidas pelo Sujeito Passivo no recurso voluntário.” (grifo no original) Fl. 229DF CARF MF Processo nº 10921.000132/201083 Acórdão n.º 3401003.882 S3C4T1 Fl. 12 5 Data maxima venia, ouso divergir desse posicionamento. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart1 assim conceituam as denominadas “questões prejudiciais”: “As questões prejudiciais, portanto são questões (pontos de fato ou de direito controvertidos) que constituem antecedente lógico para o conhecimento da pretensão do autor, mas que não são decididas pelo juiz da causa, e sim, incidentalmente, resolvidas por ele, porque sobre elas ninguém pede decisão específica do magistrado, já que não compõem o bojo do pedido formulado pelo autor – e o juiz somente pode proferir sentença, que seja efetivamente de mérito, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o formulado pelo autor (art. 459 do CPC).” Fredie Didier Júnior2 se manifesta sobre o assunto da seguinte maneira: “Considerase questão prejudicial aquela cuja solução dependerá não a possibilidade nem a forma do pronunciamento sobre a outra questão, mas o teor mesmo desse posicionamento. A questão prejudicial funciona como uma espécie de placa de trânsito, que determina para onde o motorista (juiz) deve seguir. Costumase dizer que as questões prejudiciais podem ser objeto de um processo autônomo. São exemplos de questões prejudiciais: a) a validade do contrato, na demanda que se pretende a sua execução; b) a filiação, na demanda por alimentos; c) a inconstitucionalidade da lei, na demanda em que se pretenda a repetição do indébito tributário, etc. Quando a questão prejudicial é o próprio objeto litigioso do processo (questão a ser resolvida principaliter), a doutrina costuma referirse à causa prejudicial, ao invés de ‘questão prejudicial’, expressão que ficaria restrita à situação em que o exame da questão fará parte apenas da fundamentação da decisão. É, como visto, um problema terminológico: basta que se tenha em vista que tanto é questão a que apenas será conhecida como aquela que, além disso, será decidida.” Pontualmente, a dita questão prejudicial é antecedente lógico da subseqüente, porém, sobre ela não haverá decisão específica, salvo se, no decorrer no processo, mostrarse necessária tal providência, como lecionam os autores citados. No caso vertente, a matéria indicada como questão prejudicial, denúncia espontânea, exige decisão específica sobre o seu acolhimento ou não, como razão para o afastamento da autuação e, como não bastasse, enquanto “questão” (ponto controvertido), não é antecedente lógico de julgamento das demais matérias arroladas em recurso, a ilegitimidade passiva, o vício formal do lançamento e a ausência de tipicidade, mas sim, o contrário. Com efeito, só há que se debater a ocorrência de “denúncia espontânea” se, anteriormente, for decidido que o recorrente é o sujeito passivo da exigência, que o instrumento 1 Manual do processo de conhecimento. 4ª edição revista, atualizada e ampliada. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2005. Pág. 155. 2 Curso de direito processual civil. Teoria geral do processo e processo de conhecimento. Volume I. 11ª edição revista, ampliada e atualizada. Salvador: Editora JusPodium, 2009. Pág. 301. Fl. 230DF CARF MF 6 de lançamento é válido e que a sua conduta está devidamente tipificada como infração na legislação tributária. Portanto, a relação de prejudicialidade se verifica entre a ilegitimidade/atipicidade e a denúncia espontânea, não o inverso. Em conclusão, para o caso dos autos não haveria matéria remanescente a ser julgada por este colegiado, representando a decisão corporificada no Acórdão nº 3401002.441, de 26/11/2013, não opinião pessoal do relator, mas entendimento definitivo do colegiado, que teria esgotado sua atribuição judicante. Admitase que, para a finalidade da aplicação do julgamento, como paradigma representativo de controvérsia, nos recursos repetitivos a que alude o art. 47 do RICARF/2015, a “denúncia espontânea” possa ser tomada como questão prejudicial, porque não encerraria a divergência se incide ou não a multa do art. 107, IV do DL 37/66 aos casos de inobservância do prazo para registro de embarque no SISCOMEX, mormente se considerada sua aplicação, por analogia, aos demais recursos repetitivos e o grau de abstração que deveria ostentar a decisão paradigmática, sob pena de ineficácia da medida. Entretanto, como asseverado, entendo que o mesmo raciocínio não pode ser aplicado, por extensão, ao caso presente, onde os demais argumentos, em ordem lógica de julgamento, devem preceder à matéria “denúncia espontânea”. Em que pese estar convencido que o tema “denúncia espontânea”, nestes autos, não represente questão prejudicial ante os demais, o que acarretaria falta objeto à remessa procedida pela Câmara Superior de Recursos Fiscais e, em consequência, razão suficiente para seu não conhecimento, no desiderato de evitar debates improfícuos, postergando ainda mais a solução do litígio, passo ao reexame do recurso voluntário. Nesse passo, replico a decisão estampada no Acórdão nº 3401002.441, de cujo julgamento participei e por não vislumbrar motivo para alteração de posicionamento sobre os temas remanescentes – ilegitimidade passiva, vício formal do lançamento e atipicidade da conduta –, adoto como razão de decidir, oportunidade que peço licença para coligir o voto vencedor pronunciado naquela assentada, ao qual acompanhei in totum: “1. Da ilegitimidade passiva A Recorrente alega sua ilegitimidade passiva, por ser mera agência de navegação marítima. Todavia a alegação da Recorrente não prospera. Conforme elucida o art. 4º, da IN/SRF nº 800, de 28 de dezembro de 2007, as agências marítimas são as representantes da empresa de navegação estrangeira no país. Por sua vez, o parágrafo único, inciso II, do art. 32, do Decretolei nº 37/66 dispõe que é responsável solidário pelo imposto ‘o representante, no país, do transportador estrangeiro’. Nessa linha, é inquestionável que a Recorrente é responsável solidária, nos termos do art. 128, do CTN. Portanto, não resta dúvida quanto à responsabilidade passiva da Recorrente. 2. Da nulidade do auto de infração por erro na descrição dos fatos Fl. 231DF CARF MF Processo nº 10921.000132/201083 Acórdão n.º 3401003.882 S3C4T1 Fl. 13 7 A Recorrente sustenta que o auto de infração é nulo em razão da incorreta descrição dos fatos, pois no auto de infração ela é indicada como transportadora quando, na realidade, é agência marítima. A alegação da Recorrente não é suficiente para causar a nulidade do auto de infração, pois, como mencionado acima, ela é representante da transportadora internacional e, como tal, é responsável pelas informações, figurando, assim, como transportadora no SISCOMEX. Logo, não há motivo para declarar o auto de infração nulo. 3. Da descrição legal da conduta O enquadramento legal da infração praticada pela Recorrente é o art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37, de 18 de novembro de 1966, que assim dispõe: ‘Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: (...) IV – de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): (...) e) por deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada à empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga’. A Recorrente alega que, muito embora tenha prestado as informações intempestivamente, não praticou o ato descrito no decretolei, pois não deixou de prestar a informação. Todavia a alegação apresentada não corresponde à melhor interpretação da norma. A tipificação da conduta não é apenas deixar de prestar informação, mas também deixar de prestar na forma ou no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal. Nessa linha, se o sujeito apresentar as informações depois do prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, estará cometendo a infração de ‘deixar de prestar informação sobre veículo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal’. No caso em tela, não se discute se a informação foi prestada tempestiva ou intempestivamente, pois o descumprimento do prazo foi confessado pela Recorrente. O que se discute é se o atraso na informação é a conduta tipificada no art. 107, inciso IV, alínea ‘e’, do Decretolei nº 37/66 e, como já analisado, a conduta da Recorrente está enquadrada de forma correta, de modo que não cabe o cancelamento do auto de infração.” Fl. 232DF CARF MF 8 O agente marítimo, na qualidade de representante do transportador estrangeiro, no país, por força do art. 95 do DL 37/66, responde pela infração consistente na prestação de informações sobre embarques de exportação, no SISCOMEX, fora do prazo, sendo legitimado passivo a figurar no lançamento respectivo. Quanto ao alegado vício formal, o auto de infração descreve claramente a infração imputada ao sujeito passivo, arrolando todas as razões de fato e de direito que ensejaram a sua lavratura, atendendo fielmente as disposições do art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Concernente, à atipicidade da conduta, não acode o direito ao recorrente, haja vista que, prevista a obrigação de informar em prazo definido os embarques de exportação no sistema próprio, inobservada temporalidade da informação, plenamente cabível a infração prescrita no art. 107, IV, “e” do DL 37/66, consoante o qual é aplicável a multa de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), aplicável àquele que deixa de prestar informação sobre carga ou sobre as operações que execute, no prazo estabelecido pela Secretaria da Receita Federal, à empresa de transporte internacional ou ao agente de carga. Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Robson José Bayerl Fl. 233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.722110/2011-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jul 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
Sendo a autuada uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem por objetivo e finalidade a promoção do setor artesanal mineiro e de sua cultura, e em razão do regime especial de tributação do ICMS a que estava submetida conforme autorizado pelo Estado de Minas Gerais, deve-se concluir que o valor indicado nas notas fiscais emitidas para fins de registro das operações realizadas diretamente pelos artesãos não deve compor a base de cálculo da COFINS por falta de previsão legal, pois não representam receita da Recorrente.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 3301-003.947
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
José Henrique Mauri - Presidente.
(assinado digitalmente)
Maria Eduarda Alencar Câmara Simões - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Larissa Nunes Girard, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente).
Nome do relator: MARIA EDUARDA ALENCAR CAMARA SIMOES
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Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) José Henrique Mauri Presidente. (assinado digitalmente) Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d´Oliveira, Antônio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões (Relatora), Larissa Nunes Girard, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e José Henrique Mauri (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 72 21 10 /2 01 1- 39 Fl. 2434DF CARF MF 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o relatório da decisão da DRJ de fls. 2.409 e seguintes dos autos: Lavrouse contra o contribuinte identificado o Auto de Infração de fls. 02/13, relativo à Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, totalizando um crédito tributário de R$ 5.814.399,04, incluindo multa de ofício e juros moratórios, correspondente aos períodos especificados em fls. 05/06. O enquadramento legal encontrase citado em fls. 06. Segundo o Termo de Verificação Fiscal (TVF), fls. 14/16, foram constatadas diferenças de declaração e recolhimento da Cofins. As receitas que não se enquadraram no conceito de atividades próprias foram tributadas pela Cofins, conforme disposto no artigo 47 da IN SRF 247/2002. Cientificado em 28/03/2011 (fls. 16), o interessado apresentou, em 26/04/2011, impugnação ao lançamento, conforme arrazoado de fls. 234/264, acompanhado dos documentos de fls. 265/2406, com as suas razões de defesa. A seguir, estão mostrados excertos da impugnação: A exigência é improcedente, porque não houve a suposta percepção de receita pela entidade. Conforme demonstra o estatuto, a impugnante é uma sociedade civil sem fins lucrativos, organizada nos termos da Lei 9.637/98, tendo como objetivo a promoção de atividades no segmento artesanal mineiro e incentivo à cultura regional. As atividades da autuada consistem em oferecer aos seus associados diversos serviços tendentes a legalizar e facilitar a atividade artesanal, oferecendo apoio e orientação nas áreas técnica, gerencial, mercadológica e fiscal, visando proporcionar mais oportunidades de comercialização, divulgação dos produtos e integração da classe. Sua receita, ao contrário do que concluiu a Fiscalização advém das contribuições de seus associadosartesãos e destinamse unicamente a cobrir os custos para manutenção e organização da associação. Portanto, descabe totalmente, por falta de legalidade, a exigência fiscal formulada. O Fisco optou por tributar indistintamente todas as vendas efetuadas através da Inscrição Estadual Coletiva, como se fossem receitas próprias. Em 1988, quando a associação ainda estava iniciando seus trabalhos, o Estado de Minas Gerais cedia talonário de notas fiscais avulsas para acobertar a venda de mercadorias pelos artesãos associados. Nessa ocasião, a associação funcionava como uma espécie de “Divisão de Tributação da SEF/MG, inclusive com funcionários cedidos pelo Estado. Em 1991, o Estado de Minas Gerais entendeu que a Central Mãos de Minas deveria possuir talonário de nota fiscal. Autorizada pela SEF, a associação continuou o processo de “legalização” das vendas realizadas pelos artesãos, mas, deste momento em diante, emitindo notas fiscais com talonário próprio, utilizando sua inscrição estadual. Fl. 2435DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.435 3 Em 1997, foi instituído o Programa de Fomento ao Desenvolvimento das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte do Estado de Minas Gerais – MICRO GERAES, através da Lei 12.708/97, posteriormente alterada pela Lei 13.437/99. Esta legislação, equiparando as associações de produtores artesanais às cooperativas, nas operações que realizassem em nome dos associados, permitiu que estas se enquadrassem naquele regime (artigo 20, inciso I), obrigandoas entretanto, a requerer INSCRIÇÃO ESTADUAL COLETIVA no Cadastro de contribuintes do ICMS (artigo 21, inciso I). Em 15/07/1998, através do PTA 16.0000006897, a Superintendência da Receita Estadual deferiu o pedido da associação para alterar o Regime Especial nº 12.95.0053 3, concedido em 1995, adequandoo aos termos da nova legislação. Posteriormente, foi criado o Anexo X do RICMS/MG, aprovado pelo Decreto 43.080/2002, para regulamentar a questão do SIMPLES MINAS, instituído pela Lei 15.219/2004, e também formalizar a questão da INSCRIÇÃO ESTADUAL COLETIVA das associações, nos termos do artigo 4º, III, “b”. A associação de produtores artesanais, então microempresa com inscrição estadual coletiva, continuou operando em nome dos associados, ficando responsável pelo pagamento do imposto devido pelos mesmos (uma espécie de responsabilidade por substituição tributária), nos termos do artigo 17 do Anexo X. Nesta sistemática, a associação emite a nota fiscal por solicitação de seus associados, nas saídas promovidas pelos mesmos. As mercadorias saem diretamente da residência ou oficina do artesão para o destinatário, não havendo qualquer vinculação contratual da associação em tais operações. A Associação fica sujeita ao pagamento mensal do ICMS devido pelos associados, que lhe repassam os valores devidos em função das vendas efetuadas por cada um. Em 12/11/2004, a Superintendência Regional da Fazenda Estadual em Belo Horizonte, através do PTA 16.000101969.51, deferiu novo pedido de concessão de Regime Especial à Central Mãos de Minas, em condições semelhantes ao anterior, com vigência até 31/12/2005, prorrogado até 2006. Ocorre que a impugnante vinha encontrando dificuldade na operacionalização do Regime Especial, pois, ao emitir nota fiscal modelo 1 por PED. Cujo registro exigia informação das mercadorias por item, deparavase com a informação “ESTOQUE NEGATIVO”. Isso ocorria porque não havia entrada de mercadorias, já que os produtos artesanais não transitavam pelo estabelecimento da associação. Esta situação a levou a formular consulta à Superintendência da Secretaria de Estado da Fazenda de Minas Gerais, cuja resposta foi dada através da “Consulta de Contribuintes 20/2006”. (PTA 16.00012843403), dispensandoa de emitir nota fiscal de entrada e de contabilizar essas operações, nos seguintes termos: “SIMPLES MINAS – MICROEMPRESA COM INSCRIÇÃO COLETIVA – SAÍDAS DIRETAMENTE DO COOPERADO OU ASSOCIADO – EMISSÃO POR PED. Na saída de produto de artesanato regional, promovida diretamente pelo cooperado ou associado, com destino a contribuinte do imposto, a microempresa com inscrição coletiva, usuária de PED, registrará Fl. 2436DF CARF MF 4 as mercadorias em seu sistema de controle e emitirá nota fiscal de saída modelo 1 ou 1A, em nome do cooperado ou associado, sendo desnecessária a emissão de nota fiscal de entrada.” Já em dezembro/2006, foi sancionada a Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas –LC 123/2006, regulamentada pelo Decreto 6.2404/2007, conforme previsão do artigo 146, inciso III, alínea “d”, da Constituição Federal. Com isso, e por força do disposto no artigo 94 do ADCT, todos os regimes especiais relacionados foram revogados. Para permitir a continuidade do projeto da INSCRIÇÃO ESTADUAL COLETIVA, o Estado de Minas Gerais sancionou o Decreto 44.562/2007, que revogou o Anexo X e alterou diversos dispositivos do RICMS/02, dentre os quis se destaca, por sua relevância, o artigo 441 da Parte 1 do Anexo IX. Como visto, a Secretaria de Estado da Fazenda sempre teve interesse na manutenção do funcionamento da Central Mãos de Minas, porque esta associação se revelou um excelente mecanismo para evitar que os artesãos operassem na informalidade. Daí os constantes incentivos governamentais. A cobrança do crédito tributário ora contestado, além de configurar exigência indevida, poderá acarretar a extinção da associação, fazendo com que milhares de artesãos voltem a atuar na informalidade, ou mesmo abandonem a profissão – o que, sem dúvida, terá impacto negativo na arrecadação do Município, do Estado, e da própria União Federal. O objetivo do prévio estudo da legislação estadual mineira – o que espera ter sido atendido – é demonstrar que as informações prestadas pela Central Mãos de Minas à SEF/MG referemse a obrigações tributárias dos seus associados, razão pela qual não poderão ser levadas em consideração para fins de exigência da Cofins, conforme razões a seguir aduzidas. INEXIGIBILIDADE DA COFINS SOBRE RECEITA DE TERCEIROS A Receita Federal, entendendo que a base de cálculo da contribuição para financiamento da Seguridade Social equivalia à receita informada pela Autuada aos órgãos da Receita Estadual, através dos Livros de Registro e Apuração do ICMS, efetuou o lançamento da COFINS sobre a diferença encontrada, ignorando o fato de tratarse de operações acobertada pela Inscrição Estadual Coletiva – objeto do tópico anterior. Todavia, o lançamento foi efetuado em manifesta contrariedade à legislação federal, uma vez eu o conceito de faturamento foi indevidamente alargado pelo Fisco, para alcançar receitas que pertenciam a terceiros, e não à autuada. O valor da notas fiscais emitidas não corresponde a receitas da entidade, mas tão somente à disponibilização de documentos que permitem a circulação das mercadorias dos artesãos mineiros sob sua chancela, circulação essa autorizada pelo Fisco Estadual exatamente para viabilizar a política pública de apoio à produção artesanal de Minas Gerais. Com efeito, conforme demonstram os extratos bancários em anexo, a Central Mãos de Minas NUNCA RECEBEU o produto da venda das mercadorias, nas operações realizadas entre seus associados e os adquirentes. Esses valores eram depositados diretamente na conta dos artesãos, pelos compradores. Como se extrai do estatuto, balanço, extrato bancário, Livro Diário e Razão, e demais documentos entregues à Fiscalização, as únicas receitas da Associação são: Fl. 2437DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.436 5 1) Taxa de administração de 3% sobre o valor da nota fiscal, paga pelo artesão, a título de doação; 2) Contribuição anual de R$ 100,00 dos artesãos do interior; e 3) Contribuição mensal de R$ 25,00 dos artesãos da capital. Conforme determina a legislação que rege as entidades sem fins lucrativos, tais receitas eram destinadas exclusivamente à manutenção e funcionamento da instituição, e, como cediço, são isentas da Cofins, nos termos do artigo 13 da MP 2.15835/2004 e artigo 47, inciso II, da IN SRF 247/2002. Assim, não há que se falar em Cofins a recolher no período. A possibilidade de exigência da Cofins sobre a receita deuse somente com a Lei 10.833/2003, que instituiu, na esteira da autorização trazida pela EC 42/03, a forma de cobrança nãocumulativa da contribuição, mediante majoração da alíquota de 3% para 7,6%, com a contrapartida do direito ao abatimento do crédito do tributo pago na operação anterior. A base de cálculo da Cofins, na vigência da Lei 10.833, foi definida como o faturamento, “assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil”, tendo a lei esclarecido que “o total das receitas compreende a receita bruta de vendas de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas”. Assim atualmente, podese afirmar que a Cofins incide sobre o faturamento (receita bruta operacional) quando sujeita à sistemática da Lei 8.718/98 (regime cumulativo), e sobre a receita bruta, quando submetida à sistemática da Lei 10.833/03(regime nãocumulativo). O STF, ao tratar da inconstitucionalidade do artigo 3º, §1º, da Lei 9.718/98, assentou as definições de faturamento e receita bruta, sendo o primeiro a “receita derivada da venda de bens e/ou da prestação de serviços” e a segunda “totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica”, que inclui “a receita bruta das vendas e serviços, gerais, administrativas e nãooperacionais” (RE 346.084/PR). Assentadas essas premissas, um questionamento permanece: seja no conceito restritivo de “faturamento”, seja naquele mais ampliativo de “receita bruta”, é possível a cobrança da Cofins sobre as intituladas “Receitas de Terceiros”? Segundo a Norma Brasileira de Contabilidade – NBC T 19.41 – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas, aprovada pela RESOLUÇÃO CFC Nº 1.255/2009: “Receitas são aumentos de benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entradas ou aumentos de ativos ou diminuições de passivos, que resultam em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aportes dos proprietários da entidade”. Sobre o conceito de receita, também deve ser lembrado o Pronunciamento do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil – IBRACON – NPC nº 14 de 18/01/2001. O faturamento (ou receita) tributável pela Cofins, portanto, deve ser considerada a entrada que, sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, se integra ao patrimônio da empresa, acrescendoo, incrementandoo. Fl. 2438DF CARF MF 6 Por conseguir um plus, que se integra ao conjunto de bens e direitos de titularidade da pessoa jurídica, denota revelação de riqueza, devendo ser considerado sob a perspectiva do PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA, previsto no artigo 145, § 1º, da Constituição Federal. A incidência da Cofins sobre receitas de terceiros altera a conformação da contribuição prevista no artigo 195, inciso I, alínea “b”, da Constituição, de modo que o lançamento hostilizado afronta as disposições do artigo 110 do CTN. Insta relembrar, ainda, que há previsão legal para a exclusão de “receitas de terceiros” com relação a algumas atividades específicas, como, por exemplo, a publicidade e a propaganda, que se utilizam de veículos de comunicação. Tal norma de diminuição da base de cálculo da Cofins está prevista no artigo 53 da Lei 7.450/85 e no artigo 651, II, §1º do RIR. Destarte, em vista do disposto no artigo 150, inciso II, da Constituição, que veda a instituição de tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação de equivalência, não se poderia exigir Cofins sobre receitas de terceiros de quaisquer empresas. O Conselho de Contribuintes já teve a oportunidade de analisar alguns casos em que se discutiu justamente o conceito de receita para fins de incidência da Cofins, tendo restado assentada a intributabilidade das “receitas de terceiros”, por refugirem ao conceito jurídico de “receita”. E não apenas a jurisprudência consolidada nos órgãos julgadores administrativos alberga a tese do contribuinte. Também são inúmeras as decisões favoráveis proferidas no âmbito dos Tribunais Superiores. Ademais, não há fundamento legal para, de forma automática, tomar como receita os valores registrados no Livro de Apuração do ICMS, sendo certo que a Fiscalização, no caso em tela, não se dignou aprofundar as investigações para constatar se as receitas, de fato, pertenciam à autuada – o que inquina de nulidade o auto de infração. Também neste aspecto socorre a tese do contribuinte a jurisprudência do antigo Conselho de Contribuintes do MF, atual CARF, que condena a simples presunção não comprovada como meio para exigir tributo. Os ingressos contábeis, portanto, somente constituirão receita tributável quando se destinarem a incorporar o patrimônio da empresa – o que, como visto, deve ser demonstrado pelo Fisco através de provas contundentes. Quando a receita é alheia, contudo, a incidência da Cofins traz efeitos confiscatórios, violando o artigo 150, inciso IV, da Constituição, eis que o faturamento efetivamente tributado não pertence ao titular do ingressos – que não terá o seu patrimônio aumentado – mas sim a outrem. Desse modo, requer seja dado provimento à presente impugnação, para desconstituir o lançamento, posto que a exigência da Cofins, no caso em tela, extrapola a conformação constitucional da contribuição , prevista no artigo 195, I, em nítida afronta ao artigo 110 do CTN, ao princípio da capacidade contributiva, previsto no artigo 145, § 1º, da CF, e à vedação ao confisco, prevista no artigo 150, IV, da CF. DO CÁLCULO DA COFINS PELA REGRA DA CUMULATIVIDADE A Cofins exigida foi indevidamente calculada segundo a regra da não cumulatividade, quando a associação inserese nas hipóteses excepcionais, que admitem a aplicação da regra da cumulatividade. Fl. 2439DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.437 7 Tendo como objetivo aumentar o nível de emprego e reduzir as desigualdades regionais, as atividades da Central Mãos de Minas propiciam a elevação da ocupação da mãodeobra qualificada e especializada, constituída pelos produtores artesanais, fixandoos em suas regiões de origem, contribuindo com o desenvolvimento econômico dessas localidades. Desse modo, inegável que a autuada tem participação relevante na consecução da assistência social, nos termos do artigo 203, inciso III, da CF. Ademais, como se extrai desse mesmo Protocolo de Intenções, na sua cláusula segunda, alínea “b”, a autuada também promove treinamentos e cursos de capacitação para pessoas de todas as idades interessadas em desenvolver habilidades voltadas para o artesanato, de modo que seus benefícios são concedidos a toda a coletividade, independentemente de contraprestação, em observância aos princípios da universalidade e da generalidade. Desse modo, podese dizer que a associação também contribui para os objetivos sociais previstos no artigo 205 da CF, que elenca a educação como direito de todos, a ser promovida com a colaboração da sociedade. Ora, as entidades que promovem assistência social nos termos dos artigos 203 e 205 são beneficiadas com IMUNIDADE, nos termos do artigo 150, inciso VI, alínea “c”, e do artigo 195, § 7º, ambos da Constituição Federal. A Central Mãos de Minas qualificase como entidade de fins filantrópicos, reconhecida de utilidade pública federal, estadual e municipal, que não remunera seus diretores, promove assistência social beneficente e aplica eventual superávit na melhoria de instalações e serviços da associação e no setor assistencial, observando em sua integralidade o disposto no artigo 12, parágrafo 2º, da Lei 9.537. O artigo 9º, inciso IV, alínea “c” do CTN, praticamente repete a regra de imunidade prevista na Carta Magna, instituindo os requisitos necessários à fruição do benefício estão elencados no artigo 14 do mesmo diploma. Fazendo jus à imunidade, ao contrário do que asseverou a Fiscalização, a Autuada enquadrase nas hipóteses de exceção à regra da tributação da Cofins pelo regime não cumulativo, mais especificamente a prevista no inciso IV, do artigo 10, da Lei nº 10.833/2003. E, permanecendo sujeita à tributação de Cofins segundo a sistemática prevista na LC 70/91 e na Lei 9.718/98, a contribuição deve ser calculada mediante aplicação da alíquota de 3% e não à alíquota de 7,6%. RESUMO DA DEFESA 1) A simples existência das notas fiscais não configura o recebimento de receitas por parte da entidade. Não há percepção de receitas atribuíveis à entidade, do ponto de vista contábil, jurídico ou tributário. 2) A Central Mãos de Minas apenas fornece as notas fiscais, com autorização do Fisco Estadual, para que os artesãos comercializem seus produtos. São os próprios artesãos que vendem seu artesanato e recebem eles mesmos o resultado financeiro da venda, sem nenhuma interveniência da Central Mãos de Minas. Como, então, afirmar que a entidade recebeu os valores e que eles constituem sua receita? 3) Receitas são entradas de elementos para o ativo da empresa, na forma de bens ou direitos que sempre provocam um aumento da situação líquida. Ora, os Fl. 2440DF CARF MF 8 valores tidos como receitas no presente lançamento fiscal sequer transitaram pelas contascorrentes bancárias da entidade. Jamais poderiam ser considerados como receitas, eis que não provocaram qualquer aumento da situação líquida da entidade. 4) As atividades exercidas pela entidade, de “promover ou apoiar diretamente a comercialização dos produtos artesanais” e “constituirse em centro de documentação e informação, sistematizando e divulgando dados técnicoeconômicos de interesse do setor artesanal”, explicam a divergência apontada pelo Fisco entre os registros nos livros de ICMS e a receita declarada à Receita Federal do Brasil. 5) Omissão de receita, fora das hipóteses de aplicação das presunções legais, tem que ser inteiramente provada pela fiscalização. A existência de diferenças entre as vendas constantes do Livro de Apuração do ICMS e a receita total escriturada pela pessoa jurídica, por não se enquadrar em nenhum das hipóteses que autorizam lançar mão de presunção legal de omissão de receitas, é um indício que reclama aprofundamento das investigações. 6) Na absurda hipótese de se autorizar a incidência da Cofins sobre receitas de terceiros, forçoso, ao menos, admitirse que o lançamento foi feito mediante aplicação indevida da regra da nãocumulatividade, quando a associação, por se tratar de entidade imune, faria jus ao cálculo da contribuição segundo as regras da cumulatividade. DOS ELEMENTOS DE PROVA Além dos documentos já apresentados à Fiscalização, que constam do processo administrativo fiscal, a impugnante vem requerer a juntada de outros elementos probantes, com vistas a reforçar os argumentos apresentados para desconstituição do lançamento, a saber: 1) Extrato emitido pelo Banco do Brasil, relativo ao período de 29/12/2006 a 31/12/2008, das contascorrente 65.020X, 55.12461, 51578 e 63.560X; 2) Livro de Registro de Entrada de Mercadorias; 3) Livros Diário e Razão de 2007 e 2008; 4) DIPJ de 2008 e 2009; 5) Demonstração de Resultados de 31/12/2007 e 31/12/2008. Com relação aos documentos constantes de folhas 198/199 e 202/204 – demonstração do resultado dos anos de 2007 e 2008 – verificase que as receitas auferidas pela associação eram ínfimas, se comparadas aos valores considerados pela Fiscalização como receitas sujeitas à incidência da Cofins. Como se vê dos extratos bancários, os valores movimentados pela associação nas contascorrente de sua titularidade, durante o período autuado, são irrisórios, relativamente aos valores tomados como receita sujeita à tributação pela contribuição. Esses extratos, aliados aos dados constantes dos Livros Diário e Razão, têm o condão de comprovar que os valores tributados não transitaram pelas contas da entidade, e muito menos pelo seu patrimônio, nem sequer de forma transitória. Por fim, através de uma análise do Livro de Registro de Entrada de Mercadorias, esta Delegacia poderá verificar que as mercadorias, cujo produto da venda foi tributada pela Cofins, nunca deram entrada no estabelecimento da impugnante. Fl. 2441DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.438 9 DO PEDIDO 1) Seja dado integral provimento à presente impugnação, para desconstituir o lançamento, por ausência de ocorrência do fato gerador da contribuição, posto que a exigência da Cofins, no caso em tela, extrapola sua conformação constitucional, prevista no artigo 195, inciso I, em nítida afronta ao artigo 110 do CTN, e ao princípio da capacidade contributiva, previsto no artigo 145, §1º, da CF; 2) Sucessivamente, na absurda hipótese de serem rechaçados os argumentos iniciais, requer, ao menos, o reconhecimento do direito ao cálculo da Cofins pela regra da cumulatividade, para determinar a reformulação do crédito tributário mediante aplicação da alíquota de 3% sobre a receita arbitrada, porque a situação da autuada enquadrase na regra de exceção prevista no artigo 10, inciso IV, da Lei nº 10.833/2003, por se tratar de entidade imune, nos termos do artigo 150, inciso VI, alínea “c”, e do artigo 195, § 7º, da CF/88. Ao analisar o caso, a DRJ entendeu, à unanimidade de votos, por julgar improcedente o lançamento em decisão que restou assim ementada: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 Receita Bruta A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Constou ainda da decisão da DRJ que a exoneração do crédito só seria definitiva após o julgamento em segunda instância, por força do disposto no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008. Os autos, portanto, vieramse conclusos para fins de análise do Recurso de Ofício. É o relatório. Fl. 2442DF CARF MF 10 Voto Conselheira Maria Eduarda Alencar Câmara Simões: Embora a decisão recorrida tenha mencionado a Portaria MF n. 3/2008, é cediço que o limite do recurso de ofício encontrase atualmente previsto na Portaria MF n. 63 de 09 de fevereiro de 2017, que dispõe que a decisão de primeira instância administrativa encontrase sujeita à confirmação por este Conselho quando exonerar o contribuinte do pagamento de valor superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No presente caso, a DRJ exonerou crédito tributário no importe de R$ 5.814.399,04 (cinco milhões, oitocentos e quatorze mil, trezentos e noventa e nove reais e quatro centavos), pelo que se apresenta cabível e necessária a análise do recurso de ofício por esta Turma Julgadora. Conforme relatado acima, o cerne da presente demanda é identificar se os valores extraídos do livro de registros de apuração do ICMS, relativos às notas fiscais fornecidas aos artesãos com autorização do Fisco Estadual, devem integrar a base de cálculo da COFINS devida pela empresa autuada. Quanto à base de cálculo da COFINS, assim dispõe a Lei nº 10.833/2003: Art. 1o A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil. § 1o Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica com os seus respectivos valores decorrentes do ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976. § 2o A base de cálculo da Cofins é o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, conforme definido no caput e no § 1o. Ou seja, com base na legislação de regência, a COFINS incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, compreendendo o total das receitas a receita bruta e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. De outro norte, para que melhor se analise o caso vertente, é importante que tenha em mente que a empresa autuada é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem por objetivo e finalidade a promoção do setor artesanal mineiro e de sua cultura. É o que se extrai da passagem do estatuto da sociedade a seguir colacionada: Fl. 2443DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.439 11 Importante destacar, ainda, que restou demonstrado pela sociedade autuada nos presentes autos que esta se enquadrava em um regime especial de tributação perante a Secretaria da Fazenda do Estado de Minas Gerais, situação em que emitia, com autorização do Fisco Estadual, notas fiscais em nome de terceiros, relativo a vendas realizadas diretamente por estes, e cuja receita (de terceiros) não transitava em momento algum nos cofres da entidade autuada. Ademais, consoante se extrai da informação fiscal de fl. 14 e seguintes dos autos, verificase que o auto de infração em relevo foi lavrado com base na diferença identificada entre as receitas declaradas à Receita Federal e as informações prestadas à Secretaria Estadual de Minas Gerais, com base nos Livros de Apuração do ICMS fornecidos pela empresa. É o que se extrai da passagem a seguir colacionada: Nesse contexto, percebese que, diante do regime especial a que estava submetida a empresa autuada, há de se reconhecer que os registros de apuração do ICMS não deveriam ter sido utilizados como parâmetro para fins de identificação do valor devido pela empresa a título de COFINS, pois esta movimentação, decerto, não corresponde à receita da empresa autuada. Consoante determina a Lei nº 10.833/2003, a COFINS incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, compreendendo o total das receitas a receita bruta e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Ocorre que no caso vertente o livro de apuração de ICMS indica, na verdade, a existência de receita de terceiros, que decerto não se enquadra na base de cálculo da COFINS, nos termos da legislação de regência. Fl. 2444DF CARF MF 12 Nesse norte, entendo que a matéria restou corretamente abordada pela decisão recorrida, ao concluir pela improcedência do auto de infração combatido, pelo que adoto os fundamentos ali constantes como razão de decidir, passando a reproduzilos: O significado de receita pode ser analisado tendo como base o conceito de receita bruta usado para fins do imposto de renda da pessoa jurídica, que está estabelecido no art. 31 da Lei n.º 8.981, de 20 de janeiro de 1995, in verbis: Art. 31. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado auferido nas operações de conta alheia. A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. Integra a receita bruta o resultado auferido nas operações de conta alheia (comissões pela intermediação de negócios). Não representam operações em conta própria as vendas de artesanato com o artesão recebendo o dinheiro ou cheques que serão depositados na conta do artesão/produtor/vendedor, sem a mercadoria ter transitado pelo patrimônio da Central Mãos de Minas. Essa venda do artesão não representa serviço prestado pelo autuado e, também, não equivale a resultado auferido nas operações de conta alheia, porque não se trata de recebimento de comissões. Por outro lado, o Conselho Federal de Contabilidade, através da RESOLUÇÃO CFC Nº. 1.187, de 28 de agosto de 2009, aprovou a NBC TG 30 – Receitas, definindo: A receita é definida na NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis como aumento nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos que resultam em aumentos do patrimônio líquido da entidade e que não sejam provenientes de aporte de recursos dos proprietários da entidade. As receitas englobam tanto as receitas propriamente ditas como os ganhos. A receita surge no curso das atividades ordinárias da entidade e é designada por uma variedade de nomes, tais como vendas, honorários, juros, dividendos e royalties. As NBC TG são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (Iasb); e as Normas Brasileiras de Contabilidade editadas por necessidades locais, sem equivalentes internacionais. À luz dessa definição resta analisar se a venda de artesanato pelo artesão, sem a entrada de mercadorias na “Central Mãos de Minas” e sem a entrada de dinheiro ou cheques no impugnante representa Receita Bruta ou não. A “Central Mãos de Minas” fornece as notas fiscais, com autorização do Fisco Estadual, para que os artesãos comercializem seus produtos. São os próprios artesãos que vendem seus trabalhos artesanais e recebem eles mesmos o resultado financeiro da venda, sem nenhuma interveniência da Central Mãos de Minas. A operação acima descrita não gera entrada de recursos no contribuinte. Também não acarreta aumento nas contas “caixa”, “bancos”, “títulos a receber” ou em qualquer outro tipo de ativo. Essa venda do “artesanato” pelo artesão, tampouco gera diminuição de passivos que resultem em aumentos do Fl. 2445DF CARF MF Processo nº 10680.722110/201139 Acórdão n.º 3301003.947 S3C3T1 Fl. 2.440 13 Patrimônio Líquido. Essa operação também não representa ganho por parte da entidade em análise. O registro contábil de uma venda consiste, por um lado, no lançamento à crédito de “Receita” e a débito de “Caixa”, quando a venda é feita a vista, ou a débito de “Clientes”(Títulos a receber), quando se vende a prazo. Se não houver entrada de recursos financeiros no ativo não há como registrar a receita. Por outro lado, a venda deve acarretar um lançamento a débito do custo da mercadoria vendida e a crédito de estoque, para baixa do mesmo. A moderna contabilidade ainda funciona de acordo com o método das partidas dobradas, criado por Luca Pacioli no final do século XV. Em contabilidade, um lançamento a crédito deve ter a contrapartida a débito. Por isso é impossível ter somente um lançamento a crédito, ou somente receita sem entrada de recursos no patrimônio. É também impossível dar baixa no estoque sem ter a entrada do mesmo. A mercadoria vendida e recebida pelo artesão não representou entrada no patrimônio do autuado e não teve custo para a Central Mãos de Minas. Na presente situação, o resultado da venda do artesanato fica com o artesão e não transita pelo patrimônio do contribuinte. A Central Mãos de Minas funciona com base em um regime especial, pois não é obrigada a escriturar o livro de entradas de mercadorias, mas registra as vendas dos artesãos no livro de saída de ICMS. Em regra geral não se pode admitir que uma organização ou uma empresa comercial apure receita de vendas sem ter entradas de mercadorias. Por isso, em uma situação especial como a presente, é incorreto tributar a Cofins a partir dos valores lançados no livro de Registro de Saídas de Mercadorias, que é escriturado apenas para um certo controle do Estado sobre o valor mínimo de ICMS a que o artesão é obrigado a pagar. Contabilmente, vale reforçar que é inconcebível imaginar uma situação em que há vendas de mercadorias, mas não há custo das mercadorias vendidas. No caso da Central Mãos de Minas não é possível dar baixa no estoque na hora da venda do artesão e em contrapartida apurar o custo da mercadoria vendida. O autuante considerou que as saídas registradas no livro de controle do ICMS representam receitas não próprias, tributandoas. Porém, reprisese, os valores considerados no lançamento não representam receita do contribuinte. Para justificar a condição especial da Central Mãos de Minas, o impugnante cita, entre outros atos, a Consulta nº 20/2006, publicada no Diário Oficial do Estado de Minas Gerais de 23/02/2006, cuja ementa está descrita a seguir: Diário Oficial do Estado de Minas Gerais (DOEMG) de 23/02/2006 Consulta nº : 020/2006 PTA nº : 16.00012843403 Origem : Belo Horizonte MG Ementa: Simples Minas Microempresa com Inscrição Coletiva Saídas Diretamente do Cooperado ou Associado Emissão por PED Na saída de produto de artesanato regional, promovida diretamente pelo cooperado ou associado, com destino a contribuinte do imposto, a microempresa com inscrição coletiva, usuária de PED, registrará as Fl. 2446DF CARF MF 14 mercadorias em seu sistema de controle e emitirá nota fiscal de saída, modelo 1 ou 1A, em nome do cooperado ou associado, sendo desnecessária a emissão de nota fiscal de entrada. Outros atos normativos que justificam a condição do autuado são, também, citados como os Decretos 44.562/2007, 44.970/2008 e 45.412/2010 que autorizaram os artesãos a recolher o ICMS com redução da base de cálculo. A análise da aplicação da regra da cumulatividade ao contribuinte resta prejudicada na medida em que o autuado está sendo exonerado dos valores lançados. Ante o exposto, encaminho meu voto no sentido de considerar improcedente o lançamento e recorrer de ofício do crédito exonerado, por força do disposto no art. 34 do Decreto nº 70.235, de 1972. Ou seja, em razão do regime especial a que estava submetida a sociedade autuada, resta forçoso concluir que o valor indicado nas notas fiscais emitidas para fins de registro das operações realizadas diretamente pelos artesãos não deve compor a base de cálculo da COFINS devida pela empresa autuada, por falta de previsão legal, pois não representam receita da sociedade autuada. Diante das razões acima expostas, entendo que deverá ser negado provimento ao Recurso de Ofício, mantendose a decisão recorrida em sua integralidade. É como voto. Maria Eduarda Alencar Câmara Simões Relatora Fl. 2447DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.002577/2009-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 25 00:00:00 UTC 2012
Ementa: Período de apuração: 01/01/2008 a 31/03/2008
RESTITUIÇÃO DE TRIBUTOS. IMPOSSIBILIDADE.
Não estando a fiscalização de posse de todas as informações necessárias à apuração dos tributos devidos e pagos a maior, e de outras informações necessárias ao convencimento da autoridade tributária de que não há dívidas com o fisco em aberto, não deve a fiscalização devolver o montante alegado pelo contribuinte. E dever de quem solicita a restituição apresentar todos os documentos necessários à comprovação do direito alegado.
Numero da decisão: 3201-000.863
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: Judith Amaral Marcondes Armando
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Numero do processo: 15504.730950/2013-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jun 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Aug 01 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010
CONTRATAÇÃO DE PESSOA FÍSICA POR INTERPOSTA EMPRESA. OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO.
O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado.
SERVIÇOS INTELECTUAIS. PRESENÇA DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO EMPREGADO. FATOS GERADORES OCORRIDOS APÓS O ADVENTO DO ART. 129 DA LEI N. 11.196/2005. POSSIBILIDADE.
Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas.
Numero da decisão: 2201-003.666
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as pessoas físicas que não tiveram o vínculo reconhecido em reclamatória trabalhista e aquelas que não perceberam seguro de vida ou assistência médica. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra (Relator) e Marcelo Milton da Silva Risso que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira.
(Assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Redator designado
(Assinado digitalmente)
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as pessoas físicas que não tiveram o vínculo reconhecido em reclamatória trabalhista e aquelas que não perceberam seguro de vida ou assistência médica. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra (Relator) e Marcelo Milton da Silva Risso que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. (Assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira - Presidente e Redator designado (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
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OCORRÊNCIA DOS ELEMENTOS CARACTERIZADORES DA RELAÇÃO DE EMPREGO. EXIGÊNCIA DAS CONTRIBUIÇÕES SOBRE REMUNERAÇÃO PAGA A SEGURADO EMPREGADO. O fisco, ao constatar a ocorrência da relação empregatícia, dissimulada em contratação de pessoa jurídica, deve desconsiderar o vínculo pactuado e exigir as contribuições sociais sobre remuneração de segurado empregado. SERVIÇOS INTELECTUAIS. PRESENÇA DA RELAÇÃO DE EMPREGO. CARACTERIZAÇÃO COMO SEGURADO EMPREGADO. FATOS GERADORES OCORRIDOS APÓS O ADVENTO DO ART. 129 DA LEI N. 11.196/2005. POSSIBILIDADE. Mesmo após a entrada em vigor do art. 129 da Lei n. 11.196/2005, é possível ao fisco, desde que consiga comprovar a ocorrência da relação de emprego, caracterizar como empregado aquele trabalhador que presta serviço intelectuais com respaldo em contrato firmado entre pessoas jurídicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em rejeitar as preliminares arguidas e, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para excluir do lançamento as pessoas físicas que não tiveram o vínculo reconhecido em reclamatória trabalhista e aquelas que não perceberam seguro de vida ou assistência médica. Vencidos os Conselheiros Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra (Relator) e Marcelo Milton da Silva Risso que negavam provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 73 09 50 /2 01 3- 91 Fl. 1973DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.932 2 (Assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente e Redator designado (Assinado digitalmente) Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão administrativa de primeira instância proferida pela DRJ Rio de Janeiro que julgou procedente em parte o lançamento tributário formalizado por intermédio de Autos de Infração. Adotamos, em parte, o relatório da decisão de primeira instância pela sua completude e capacidade de elucidação dos fatos O presente processo versa sobre Autos de Infração (DEBCAD 51.053.1253) nos quais são exigidas as contribuições previdenciárias patronais, especificamente sobre o adicional do FAP (art. 10 da Lei n° 10.666/2003, Decreto 3.048/1999, art.202A, atualizado pelo Decreto 6.957/2009, assim como na Resolução CNPS n° 1.316, de 2010), incidindo sobre o GILRAT, organizadas nos seguintes levantamentos. LEVANTAMENTO DJ (DIFERENÇA FAP DECISÃO JUDICIAL) incidentes sobre valores pagos a pessoas físicas, sócios de empresas interpostas, considerados pela fiscalização como segurados empregados, através de notas fiscais. LEVANTAMENTO DF (DIFERENÇA FAP FOLHA DE PAGAMENTO) Calculada sobre os valores mensais de folha de pagamento, declaradas em GFIP, como base de cálculo para as contribuições previdenciárias. Em seu relatório (fls. 14/26), esclarece o autuante que a Contribuição adicional do FAP Fator Acidentário de Prevenção sobre o GILRAT de 3,0% em 2010, com acréscimo de 1,5855, resultando em alíquota de 1,7565%. Explica que houve decisão judicial, em caráter liminar, da 21a Vara Federal, de 23022010 que determinou ao fisco que se abstivesse de exigir da impetrante a contribuição do SAT/RAT majorada pelo índice do FAP, garantindo seu direito de continuar recolhendo a exação com base nas alíquotas previstas no art. 22, II, da Lei n. 8212/91. Em 24062010 (fls. 666/671) o Fl. 1974DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.933 3 mesmo juízo, em sentença de mérito, manteve a decisão liminar até o julgamento final da lide. Dessa forma, informa que apurou o crédito previdenciário em separado da parcela do FAP que majorou o RAT em 2010, ficando o mesmo sobrestado, para fins de evitar a decadência do crédito tributário, até o trânsito em julgado do processo judicial. Os lançamentos citados referemse tanto ao levantamento PJ que engloba os segurados empregados sócios das empresas interpostas, como da folha de pagamento normal da empresa levantamento DF, informando que ambos encontramse sub judice. Anexa cópias das decisões liminar e de mérito em mandado de segurança (fls. 657/671) e planilha com os valores bases para cálculo do levantamento DF (valores extraídos das folhas de pagamento). Em relação ao levantamento DJ, o Autuante informa que as contribuições apuradas incidem sobre remunerações pagas a segurados caracterizados como empregados, mediante notas fiscais de prestação de serviços, emitidas por pessoas jurídicas, as quais foram consideradas intermediárias na relação contratual entre a autuada e tais pessoas físicas que lhes prestaram serviços com pessoalidade, mediante remuneração, de forma não eventual e com subordinação. Fundamentou no que preceitua a Lei n° 8.212/91 art. 12, inciso I, alínea "a". Esclarece o Auditor que a fiscalização na empresa ECM S.A PROJETOS INDUSTRIAIS caracterizase por uma continuidade da auditoria fiscal referente ao exercício de 2008, que culminou em detalhado trabalho, com diligências e perícias, tendo sido pormenorizados os fatos geradores de contribuições previdenciárias nos pagamentos realizados a pessoas físicas, sócios de pessoas jurídicas interpostas. Salienta que se tratam das mesmas pessoas jurídicas intermediadoras, recebendo pagamentos mensais, via Notas Fiscais, repetindose, em 2009 e 2010, os mesmos fatos colhidos na Ação referente a 2008. Relata que a empresa se recusou a informar à RFB quais sócios ou sócio de cada empresa contratada prestavam serviço efetivamente, sob a alegação que se trataria de contratação por empreitada. Salienta que as empresas interpostas não estão expostas ao risco da atividade econômica, pois que suas despesas operacionais para checagem da elaboração dos projetos ou execução são custeadas pela empresa contratante ECM S.A. Os funcionários estão sujeitos ao cumprimento de prazos, normas e procedimentos da contratante. Explicita: “Todas as Pessoas Jurídicas interpostas, através das pessoas fisicas/sócios que atuam efetivamente na prestação do serviço em 2009 e 2010, período desta ação fiscal, constantes nos Anexos IJIJUJV ( ordem de nota fiscal e Fl. 1975DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.934 4 ordem alfabética, 2009/2010) tem o benefício do seguro de vida. Uma quantidade significativa destas supracitadas Pessoas Jurídicas, também tem contabilizado em seu nome (com benefício obviamente da pessoa físicassócio que presta o serviço) benefícios como Plano de Saúde e Vale Refeição. Além de a maioria ter suas despesas de Telefone e Viagens pagos pela empresa contratante, mesmo que não existindo previsão contratual. Sobre estas rubricas detalharemos mais à frente. ” Destaca, ainda, que todas as empresas/sócios recebem o benefício seguro de vida nos moldes contidos na Convenção Coletiva de Trabalho CCT 2009/2010 Cláusula Vigésima Sexta. Expõe que quantidade significativa destes também recebem o beneficio de assistência Médica, também previsto na Convenção, e que tais sócios prestam o serviço em caráter exclusivo, sem o concurso de empregados e com escritório nas dependências da contratante. No item 6.2.3 demonstra que vários sócios das empresas interpostas recebem Vale Refeição nos mesmos moldes da referida CCT. Acrescenta que há pagamento de contas telefônicas das empresas interpostas, ressaltando que as despesas dos benefícios relacionados não estão previstas nos contratos de prestação de serviço efetivados entre as partes, apesar de serem custeadas pela contratante. Anexa cópias dos supracitados contratos, destacando que seguem um padrão uniforme. No Anexo X, o auditor acosta relação de segurados empregados registrados na empresa que recebem remuneração como tal, declarados em GFIP e ao mesmo tempo agem como sócios de empresas que prestam serviços a ECM, recebendo, além dos salários, parcela da remuneração significativa mediante Nota Fiscal. Tais contratos estão assinados pelos mesmos segurados empregados sócios constantes no Anexo X. Cita o TERMO DE REGISTRO DE INSPEÇÃO DO TRABALHO, de 2006 em que a Auditoria do Trabalho verificou que a empresa ECM foi intimada a registrar diversos empregados, que, segundo a fiscalização da DRT: “trabalhavam como Prestadores de Serviços Pessoas Jurídicas”. Fl. 1976DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.935 5 No item 8 o auditor expôs sua análise quanto aos pressupostos da relação de emprego observados na Ação Fiscal: Não Eventualidade: (...) “Todas as atividades dos sócios contratados mediante empresas interpostas são de profissionais vinculados ao objeto social da empresa ECM S.A . São Engenheiros, projetistas, arquitetos, desenhistas, entre outros. Durante toda fiscalização anterior realizada no período de 2008 e agora nos períodos de 2009 e 2010, praticamente TODOS os sócios das empresas interpostas, sem o concurso de empregado, com exclusividade, continuam a prestar o mesmo serviço a contratante, ou seja, elaboração de projetos de engenharia ” (...) Pessoalidade: No período fiscalizado 2009 e 2010, o sócio ou os sócios das empresas interpostas, sem o concurso de empregados, com exclusividade na prestação do serviço à empresa ECM S.A , prestaram o serviço técnico para qual foram contratados, com garantia de seguro de vida, plano de assistência médica, vale refeição, todas verbas previstas na convenção coletiva do trabalho da categoria, além de pagamento de despesas efetuadas pelos sócios, tais como telefones e despesas de viagem conforme comprovamos anteriormente. Remuneração: Os anexos I, II, III, IV, comprovam os pagamentos mensais, mediante nota fiscal numerada, em sua maioria, as empresas interpostas, recebendo os valores da prestação do serviço, o sócio ou os sócios que prestam efetivamente o serviço, na qualidade de pessoa física, técnicos de áreas diversas de projetos de engenharia, que tem, inclusive, várias despesas pagas pelo empregador/contratante, como telefone e viagens para acompanhamento dos projetos por eles elaborados, sendo que estas despesas não estão previstas no contrato de prestação de serviço, com a PJ interposta. Subordinação e Dependência: (...) Face à necessidade de interligação entre os profissionais é preciso que estejam em mesmo ambiente de trabalho, na maioria das vezes. Exatamente por este motivo que no Contrato de Empreitada Padrão, que a empresa firma com as pessoas físicas, mediante interposição de pessoa jurídica, estabelece na sua Cláusula Primeira 1.3 que: “O objeto contratado poderá ser desenvolvido por profissionais (sócios/e ou empregados) da contratada em escritórios disponibilizados pela ECM em sua sede, mediante contrato de comodato, tácito ou escrito ”. Fl. 1977DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.936 6 Em sua Cláusula 4.1 “A contratada se obriga a executar o objeto contratado dentro dos prazos combinados, com boa qualidade e dentro dos padrões, normas, critérios e procedimentos da ECM”. (SUBORDINAÇÃO JURÍDICA) Cláusula 8.1 “Pelo presente instrumento, a contratada cede a ECM, em caráter irrevogável e irretratável, de forma total e exclusiva, pelo período máximo permitido na legislação vigente, os direitos patrimoniais de propriedade intelectual e autoria, relativamente a todo e qualquer produto material ou intelectual, resultante deste contrato, ” Cláusula 8.2 “Todo e qualquer trabalho resultante do presente contrato será de propriedade exclusiva da ECM... O crédito lançado encontrase fundamentado na legislação constante do anexo de "Fundamentos Legais do Débito FLD", com os períodos de vigência e as alíquotas aplicadas sobre a base de cálculo do débito com os respectivos períodos de vigência estão discriminadas no relatório "DD Discriminativo do Débito”. O Relatório de Lançamentos RL, relaciona os lançamentos efetuados nos sistemas específicos para apuração com observações sobre sua natureza ou fonte documental. Da impugnação Cientificada do lançamento em 11/11/2013, a autuada apresentou sua impugnação em 11/12/2013, através do instrumento de fls. 679/773, aduzindo, em síntese, o seguinte: Preliminarmente, aduz a nulidade dos Autos de Infração em razão de não restarem acostadas ao processo cópia dos lançamentos contábeis obtidos via SPED e as respostas às intimações. Não foi solicitado pelo Auditor que a Impugnante apresentasse os contratos firmados com seus clientes. Afirma que houve dirigismo contra a Impugnante, “(...)uma pré concepção da autuação, que acabou sendo um procedimento não de investigação, mas sim de busca de provas para uma suposta situação de ilicitude julgada existente antes mesmo da fiscalização, e não como consequência desta, como deveria ser, fato este confessado pelo Fiscal ao signatário da presente desde a apresentação da primeira resposta pela Impugnante (desde já o signatário põese à disposição das autoridades administrativas e judiciais para confirmar o que ora se afirma)”. Frisa os princípios da verdade material e da eventualidade. Fl. 1978DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.937 7 Propõe a incompetência do Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil para desconsiderar a personalidade jurídica das contratadas e reconhecer vínculo empregatício. “ (...) o §2° do art. 229 do Decreto n° 3.048/99 não deu autorização para o Auditor desconsiderar a personalidade jurídica das contratadas pela Impugnante. (...) a aplicação do instituto da desconsideração da personalidade jurídica compete tão somente aos juízes”. Afirma que o procedimento do Auditor de ignorar a existência de contratos de empreitada entre a Impugnante e as pessoas jurídicas das quais as aludidas pessoas físicas eram representantes gerou ofensa a uma série de princípios constitucionais e de legislação ordinária, tais como livre iniciativa, livre exercício profissional, livre atividade econômica, livre associação etc, cuja exegese sistemática apontaria para a plena licitude da conduta da autuada. Defende a competência exclusiva da Justiça do Trabalho e da Fiscalização do Trabalho para declarar a existência de vínculo de emprego, competência esta ampliada com o advento da Emenda Constitucional n° 45, em 08/12/2005. “Nopresente caso, para deixar ainda mais claro como a atitude do i. Fiscal causou grave prejuízo, é oportuno frisar que em 2005 a Impugnante sofreu fiscalização trabalhista realizada pelo Órgão de Fiscalização do Trabalho em sua sede (DOC. 08), que compreendia o período 2005, sendo que naquela oportunidade constatouse nenhuma irregularidade. ” Afirma que o judiciário trabalhista nos poucos processos de pedido de vínculo empregatício, houve por bem declarar os contratos por ela firmados como escorreitos e conforme a lei, pelo que não haveria razão, pois, para que esta D. Delegacia de Julgamento decida diferente. Argumenta que não houve descrição do fato gerador por faltar a identificação dos requisitos da relação de emprego individualmente para cada segurado empregado. Cita Parecer Técnico CJ N° 2.324 (DOU de 07/11/2000), aprovado pelo então Ministro Waldeck Orneia, determinando a análise "caso a caso" para a caracterização do vínculo de emprego. Alega que para nenhum dos empregados foi descrito o serviço por ele prestado, nem discriminada individualmente a remuneração paga relacionandoos às contratadas, bem como não individualizados os requisitos à configuração do vínculo empregatício. Afirma que o trabalho teria sido superficial, eis que sem diligência no estabelecimento ou coleta de depoimento dos envolvidos, que o Auditor teria presumido que os representantes legais das sociedades Fl. 1979DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.938 8 seriam as pessoas que tivessem prestado materialmente os serviços e pessoalmente recebido seguro de vida, plano de saúde e valerefeição. Aduz que o Autuante não seguiu os critérios já decididos pela Delegacia de Julgamento e pelo CARF para o caso, afirmando que o Fiscal cometeu os mesmos erros da fiscalização anterior (relativamente ao ano de 2008), que as pessoas físicas discriminadas no arrazoado continuam a ser consideradas empregadas da Impugnante. Alega que há incongruências entre os Anexos I a IV do Relatório Fiscal e entre estes a lista de representantes legais apresentada pela Impugnante no decorrer da fiscalização. Argumenta que sempre cumpriu com as obrigações fiscais e que está sendo obrigada a deixar centenas de trabalhadores desempregados, em função de autuações tão descabidas. Defende a legalidade das contratações firmadas com as pessoas jurídicas em questão, inexistência de vínculo empregatício, e, que não houve planejamento tributário, evocando ainda o art. 129 da Lei n° 11.196/05 para defender que não existiria margem para que a autoridade administrativa considerasse a relação entre a pessoa física prestadora e a empresa contratante para fins de tributação, aduzindo: “Neste caso e pelo absurdo, ainda que planejamento tributário fosse, careceria ao Auditor competência para desconsiderar tais contratações, uma vez que, para tanto, dependería da regulamentação prevista do art. 116 do CTN que ainda não adentrou em nosso Ordenamento. ” Afirma que a disponibilização de seguros e o adiantamento de despesas são “contraprestações acordadas dentro da mais lícita liberdade negocial, não se podendo inferir a partir disso a existência de vínculo empregatício” (...) Justifica que assim o faz porque lhe é mais barato contratar em maior volume, sendo mais vantajoso economicamente do que esperar que tais despesas sejam incluídas no custo do serviço tomado (incidências tributárias). Entende inaplicável o método de apuração indireta da base de cálculo (arbitramento) ou, pela eventualidade, pede a retificação de erros na base de cálculo. Traz entendimento do TRF no sentido de que deve ser afastada a aferição indireta quanto é possível a aferição direta. Afirma que o caso configura confisco. Fl. 1980DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.939 9 Em relação à relatada falta de previsão dos benefícios nos contratos firmados, justifica que “tratouse apenas de uma forma de a Impugnante diminuir o impacto causado pela previsão contida na cláusula 3.2 dos contratos de empreitadas, no sentido de que todas as despesas incorridas pela contratada necessárias à realização dos serviços serão incluídas no preço. “O fato de algumas delas terem sido custeadas parcialmente ou administradas pela Impugnante não significa que deixaram de estar no preço dos serviços, uma vez que, na prática o efeito do repasse de custos existiu, ainda que menor do que seria se as próprias contratadas tivessem incluído tais custos na Nota Fiscal e/ou administrado parte deles.” Em relação aos empregados que também prestaram serviços por meio de pessoas jurídicas, argumenta: Tais alegações do Fiscal são outros resultados da visão limitada que possui a respeito das normas que se aplicam às sociedades. Ora, o fato de uma pessoa ser empregada não a impede de constituir sociedade e mesmo de ser sua representante legal. E a qualidade de sóciogerente de uma sociedade limitada, como visto acima, não significa que necessariamente serão estas as pessoas que executarão materialmente o serviço pela sociedade. Em suma, nada do constatado pelo Fiscal permitia a ele que concluísse que os supostos empregados por ele mencionados trabalhavam para a Impugnante ao mesmo tempo como empregados e sócios de pessoas jurídicas por ela contratadas. Frisese, além, que o Auditor não prova que tais empregados tenham recebido remuneração por meio das respectivas contratadas. Nada há de ilegal, portanto, nesta situação. Quanto à menção do relatório acerca do desrespeito ao produto da Auditoria do Trabalho no sentido de que algumas pessoas físicas teriam voltado a prestar serviço à ECM S/A PROJETOS INDUSTRIAIS por meio de pessoas jurídicas, esclarece “que o registro de determinados profissionais foi um imperativo de ordem comercial e não um reconhecimento de conduta ilegal. Preferiuse, na ocasião, acatar o entendimento da Delegacia do Trabalho para que não se criassem embaraços à conclusão de um serviço”. Argumenta que não se pode inferir que há pessoalidade: Do simples fato não provado de que as contratadas não possuíam empregados não resulta a pessoalidade alegada, já que o vínculo de emprego não é a única forma possível de contratação de trabalho em nosso Direito. Ou seja, dada a autonomia conferida pela cláusula 1.3, poderiam as contratadas, por exemplo, subcontratar outras pessoas jurídicas, contratar autônomos, etc. Não havia, outrossim, Fl. 1981DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.940 10 exclusividade, conforme cláusula 1.4 dos contratos firmados. A também mera circunstância de se disponibilizar a um determinado profissional seguro de vida, plano de saúde, valerefeição e adiantamentos não significa, por si só, que este prestador não pudesse se fazer substituir dentro da autonomia de gerência que as contratadas possuíam para a execução dos ajustes por elas firmados. E ainda que assim não fosse, não se poderia concluir pela existência de pessoalidade, uma vez que o fato ora suposto de terem apenas as pessoas físicas elencadas nos Anexos I a IV executado materialmente os serviços das pessoas jurídicas lá também mencionadas não teria decorrido de uma condição negocial imposta pela Impugnante, mas sim de uma opção gerencial da própria contratada. Isto significa que o caráter intuito personae, na relação empregatícia, deve ser buscada na vontade do tomador, e não do prestador, o que não ocorreu in casu. Entende que a nãoeventualidade deve ser afastada no presente caso, afirmando que apenas são nãoeventuais os profissionais que realizam a concepção das soluções de engenharia, identificam quais serviços especializados serão necessários contratar e posteriormente os integram, formatando o resultado final a ser entregue a seus clientes. Acrescenta que possui uma equipe de centenas de empregados para tais tarefas. Defende a ausência de subordinação por não haver coordenação, por parte da ECM S/A de prestação de serviços, mas sim de resultados de cada consultoria e projetos especializados contratados. Ataca: “Querer deduzir subordinação da Cláusula 4.1 dos contratos, também, é outra impropriedade perpetrada pelo Auditor no Relatório Fiscal. Ora, compromissos com relação a prazo e qualidade e mesmo a definição acerca de padrões, normas, critérios e procedimentos a serem seguidos são naturais em contratos de prestação de serviço, e não revelam subordinação pelo simples fato de por si só não denotarem interferência no modo como o serviço é prestado. Raciocinar diferente, como fez o Fiscal, seria o mesmo, por exemplo, que dizer que um acadêmico quando escreve um artigo científico está subordinado à ABNT e que, ao contratar um marceneiro para fazer um armário para suas residências, V. Sas., ilustres julgadores, estariam subordinando o profissional a ponto de ter vinculo de emprego com ele por definirem a cor, o modelo, a madeira do imóvel, bem como o momento mais adequado de sua entrega e instalação! ” Fl. 1982DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.941 11 Quanto ao fato de as contratadas cederem a título oneroso os direitos intelectuais, entende que apenas comprova a efetiva inexistência de relação empregatícia. Qualifica como falaciosa a caracterização da subordinação feita pelo Auditor através de cláusula contratual que estaria a vedar a subcontratação: “Primeiro, é no mínimo discutível a tese de que a contratação de consultorias e projetos especializados, no caso, se trata de subcontratação, uma vez que é intenso o trabalho de processamento dos resultados de tais contratações que é feito pela Impugnante em sua atividade de integração, de sorte que o que o cliente recebe é, de fato, um produto com a cara e a alma da Impugnante, e não apenas um repasse de projetos intermediados. Segundo, ainda que subcontratação fosse, ela representaria, no máximo, uma infração a regra contratual e nunca uma prova cabal de vínculo empregatício. ” (...) De mencionar ainda que a forma de remuneração pelas empreitadas demonstra bem que os profissionais das contratadas não estavam à disposição da Impugnante, pois estas faturavam de acordo apenas com o número de horas efetivamente gastas para a produção dos projetos e das consultorias, e não por hora a disposição, assumindo cada qual das contratadas, portanto, os riscos dos seus respectivos empreendimentos. Acosta declarações das Pessoas Jurídicas contratadas no intuito de demonstrar a inexistência de vínculos empregatícios. Aponta equívocos na apuração da base de cálculo em planilha especificando as notas fiscais por pessoa jurídica considerada no lançamento. Pede a exclusão do levantamento referente ao Sr. Karl William Shurskis argumentando que haveria uma transação judicial sem reconhecimento de vínculo empregatício e que não fora contestada pela PGFN. Pede o cancelamento da emissão da Representação Fiscais para Fins Penais, aduzindo que não teria havido dolo, fraude ou simulação. Requer seja cancelado o Auto de Infração em referência em razão da inconstitucionalidade e ilegalidade do adicional FAP; Pede diligência. Fl. 1983DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.942 12 Das Diligências e manifestações da Autuada: Tendo em vista os apontamentos de duplicidades pela impugnante, os Autos foram baixados em diligência para que o Autuante revisasse a apuração das bases de cálculo. Foi solicitado na mesma ocasião que se elucidasse as supostas incongruências relatadas pela Defesa no que tange à listagem de pessoas físicas e jurídicas. Às fls 1.088/ 1.109, o Autuante respondeu aos questionamentos da Defendente em cada tópico, explicitando e apontando seus fundamentos fáticos nos itens do relatório e documentos acostados. Quanto ao questionado na diligência fiscal, ressalta que os registros foram retirados diretamente da contabilidade da empresa, tendo sido, portanto, os lançamentos contábeis em duplicidade provenientes de equívoco da própria empresa. Entretanto, reconhece que se trata de fato de duplicidade, motivo pelo qual propôs a retificação das bases de cálculo nos termos descritos. Propõe também a retificação da coluna sócios/segurados empregados considerando as informações fornecidas posteriormente pelo contribuinte. Mantém seu entendimento em relação à caracterização de segurado empregado de Karl William Shurskis. Em 05/03/2015 foi proposta nova diligência (fls. 1.390/ 1.392) considerando que o CARF, em julgamento da ação fiscal anterior, havia se pronunciado pela necessidade de apontamento de outros indícios da relação de emprego de determinadas pessoas físicas, tais como Eduardo Portillo e Alexandre Magno. Nesta segunda diligência, solicitouse à Fiscalização, em síntese: Indicação dos elementos que reforçassem a pessoalidade da relação estabelecida entre a Autuada e as pessoas que representavam as empresas Ellport Engenharia Ltda e Construtora Ramos Ribeiro. Análise das ações judiciais indicadas pela Impugnante no item 64 de sua manifestação, verificando se o objeto e período coincidiriam com o do lançamento, visando excluir do mesmo aquelas que porventura estivessem arroladas em decisão judicial pelo não reconhecimento do vínculo empregatício, em respeito ao que prevê o art. 102, § 6° da IN 971/2009. Comprovação do recebimento pelo contribuinte da totalidade dos documentos listados pela autoridade fiscal. Fl. 1984DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.943 13 Foi reiterado o que solicitado na diligência anterior, a saber, que os valores a serem excluídos fossem detalhados nos moldes do sistema informatizado utilizado pela RFB. A segunda Informação Fiscal (fls. 1.396/ 1.406) reforça as afirmativas do Autuante. Destaca: Quanto a alegação da empresa de que as PJEllport Engenharia e Construtora Ramos Ribeiro prestaram poucos meses o serviço à ECM, temos a informar que: Nas duas PJ citadas foram lançadas na contabilidade SEGURO DE VIDA. Anexamos planilhas onde se demonstra que foi efetivado o pagamento de seguro de vida aos sócios/segurados empregados das empresas supracitadas em 2009 e 2010, com lançamento contábil formalizado em nome da PJ. 3.1) Reiteramos o que foi informado no relatório fiscal dos autos de infração, que em TODAS as PJ interpostas listadas nos ANEXOS I, II (ordem alfabética de PJ) 2009 e Anexos III e IV (ordem alfabética de PJ) 2010 foram lançadas na contabilidade pagamentos de seguro de vida. Além disso, em muitas também ocorreu lançamentos de plano de saúde Anexo VII, pagamento de telefone e outras verbas de natureza trabalhista (demais anexos). Podese verificar no AnexoV (ordem alfabética de PJ) 2009 lançamentos de seguros de vida e Anexo VI (ordem alfabética de PJ) 2010 lançamentos de seguros de vida. (...) No caso específico da ECM Projetos Industriais os lançamentos de seguro de vida, planos de saúde foram efetivados em nome de Pessoas Jurídicas, que realmente não precisam de seguro de vida e assistência médica e odontológica. Os lançamentos corretos deveriam ser em nome do sócio que efetivamente presta o serviço mediante empresa interposta. As apólices de seguro, no entanto, são efetivadas em nome da pessoa física. A empresa alega que em sua defesa apresentou ao FISCO relação de sócios com seguro de vida. Pode se verificar que a relação apresentada pela seguradora nos documentos da impugnação, foram dos sócios que NÃO tem seguro de vida. Já o plano de saúde que não engloba todas as PJ, este sim, foi enviado com a relação dos que possuem este benefício. Fl. 1985DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.944 14 3.4) Com relação às empresas ELLPORT Engenharia Ltda e Construtora Ramos Ribeiro, vamos destacar parte dos Anexos V 2009 DOCC 4 e Anexos VI 2010 DOCC 5, onde constam os pagamentos de seguros as supracitadas PJ, inclusive em meses onde não foi emitida nota fiscal de serviços. Acrescenta que, com relação ao questionamento sobre acordos conciliatórios não considerados, a contestação da empresa anexou acordos, mas deixou de anexar decisão de mérito do mesmo período do lançamento em questão na qual o magistrado reconhece o vínculo empregatício de um sócio de PJ CLR Desenhos Ltda, onde na sentença se descreve em detalhes como se efetivava a prestação de serviços dessa “pessoa jurídica” dentro da empresa ECM, com testemunhas, demonstrando subordinação, pessoalidade, não eventualidade, etc. Transcreve parte da sentença e do acórdão na Informação Fiscal e ressalta que anexou a íntegra das decisões judiciais ao relatório. Frisa: Parte da sentença que se encontra anexo a este relatório na íntegra, reconhecendo o vínculo empregatício do sócio segurado empregado, cuja empresa PJ foi incluída em nosso lançamento Anexo I, II,III,IV, tinha plano de saúde e seguro de vida em nome da PJ. CRL DESENHOS LTDA sócio Carlos Rogério Maia. (...) 4.3) MAIS UMA VEZ ESTAMOS APRESENTANDO AS DECISÕES JUDICIAIS TRABALHISTAS A TÍTULO DE ILUSTRAÇÃO E REFORÇODE NOSSO ENTENDIMENTO QUE NO CASO DA PJ EM TELA SEVERIFICA OS PRESSUPOSTOS BÁSICOS DA CARACTERIZAÇÃO DE EMPREGADO NOS TERMOS DA CLT. POR OUTRO LADO FICA CLARO NOS TERMOS DA LEI 8212/91 ART.12, I, alínea "a” A CARACTERIZAÇÃO TAMBÉM COMO SEGURADO EMPREGADO, OU SEJA: NÃO EVENTUALIDADE, SUBORDINAÇÃO, REMUNERAÇÃO E PESSOALIDADE. Com relação a Karl William Shurskis/PJ KWS Consultoria Ltda, Gilson Antônio Mendes de Queiroz/PJ Estrutural Projetos Industriais, Edílson Nery/PJ Nery Project Ltda, Eloisio Borges de Lima/PJ Borges & Sanna Projetos Ltda, Edson Pereira/PJ ERP Desenhos, Projetos e Planejamento Ltda e Haroldo Alves/PPI Projetos e Informática Ltda, ressalta o Autuante que não houve julgamento de mérito Fl. 1986DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.945 15 relativamente ao vínculo empregatício dos sócios, motivo pelo qual entende que não se aplica o disposto no art. 102 da IN 971/2009. Sobre a CLR DESENHOS LTDA, reforça que várias foram as ações impetradas por pessoas jurídicas interpostas que possuem objeto social similar a, justamente no período que foi prolatada sentença de primeira instância, posteriormente confirmada pelo Tribunal, confirmando o vínculo empregatício do sócio. Discorre sobre as diferenças entre os institutos de Direito Previdenciário e do Direito do Trabalho, destacando a autonomia dos ramos e reforçando o entendimento afirmado em decisão do CARF (PROCESSO COMPROT 10680.722449/2010 54) já citada no relatório da primeira diligência fiscal. Confirma o reconhecimento de duplicidades na base de cálculo e anexa planilha com base de cálculo e contribuições remanescentes por competência, DEBCAD e rubrica do levantamento PJ Segurado Empregado Pessoa Jurídica nos termos solicitados pela DRJ RJO. A empresa foi cientificada desta diligência fiscal em 10/07/2015. Às fls. 1.602/ 1.604 informou listagem de Acordos Trabalhistas anexados aos Autos. Em Manifestação (fls. 1.516/ 1.521), produziu as seguintes argumentações: Reafirma que os anexos listados no parágrafo 4 da Manifestação anterior não foram por ela recebidos. Afirma que, no caso das empresas Ellport Engenharia Ltda e Construtora Ramos Ribeiro, não restou comprovado a que suposto segurado empregado o benefício de seguro de vida era dirigido. Evoca o princípio da Primazia do Poder Judiciário para condicionar a incidência da contribuição previdenciária no âmbito administrativo ao reconhecimento do vínculo empregatício na esfera judicial. Inconformada com os lançamentos, a contribuinte juntou documentação e apresentou impugnação. A DRJ Rio de Janeiro julgou improcedente a impugnação, cuja decisão restou consubstanciada na seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2009 a 31/12/2010 AÇÃO JUDICIAL. RENÚNCIA AO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO. MATÉRIA DIFERENCIADA. A propositura pelo sujeito passivo de ação judicial, por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento, que Fl. 1987DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.946 16 tenha por objeto idêntico pedido sobre o qual trate o processo administrativo, importa renúncia ao contencioso administrativo, conforme art. 126, § 3°, da Lei no 8.213/91, combinado com o art. 307 do RPS, aprovado pelo Decreto 3.048/99. O julgamento administrativo limitarseá à matéria diferenciada, se na impugnação houver matéria distinta da constante do processo judicial, conforme art. 35 da Portaria RFB n° 10.875/2007. PROCEDIMENTO FISCAL. NATUREZA INQUISITÓRIA. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. CERCEAMENTO DE DIREITO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. Por ter o procedimento fiscal natureza inquisitória, não se aplica nessa fase o direito ao contraditório e à ampla defesa. Somente depois de cientificado da exigência e dos elementos em que se funda, o contribuinte impugna a exigência, devendo para tanto lhe ser franqueadas amplas condições para o exercício do direito de defesa. Verificandose que o auto de infração e seus anexos permitem ao autuado amplas condições de conhecer os fundamentos da exigência e, portanto, exercer o amplo direito ao contraditório, não há falarse em cerceamento do direito de defesa no processo administrativo fiscal. CARACTERIZAÇÃO DE SEGURADO EMPREGADO. ENQUADRAMENTO PARA FINS TRIBUTÁRIOS. É segurado obrigatório da Previdência Social, como empregado, a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, nos termos do art. 12, inciso I, alínea "a" da Lei n° 8.212, de 24 de julho de 1991 e alterações posteriores. Constatado que a contratação de pessoa jurídica deuse na atividade fim da empresa e envolveu todos os pressupostos da relação de emprego, impõese a configuração do fato gerador atinente à contribuição previdenciária. O auditor poderá desconsiderar o vínculo pactuado com o trabalhador e enquadrálo como segurado empregado desde que preenchidas as condições, efetuando o enquadramento como segurado empregado, conforme previsto no artigo 229, §2° do Decreto 3.048/99. PERSONALIDADE JURÍDICA DE EMPRESA TERCEIRIZADA. DESCONSIDERAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A imposição da incidência imperativa das normas tributárias inscritas na Lei n° 8.212/91 sobre a empresa tomadora e sobre o segurado não implica a desconsideração da personalidade jurídica da empresa prestadora de serviços, a qual permanece produzindo todos os demais efeitos no mundo jurídico. Fl. 1988DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.947 17 Irresignado, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário (fls. 1632/1735) em 13/06/2016, em face da decisão da qual foi cientificado em 23/05/2016, alegando, em síntese, que: al) omissão da juntada de documentos imprescindíveis ao exercício do contraditório e da ampla defesa, garantias do devido processo legal ou, na eventualidade, a conversão do julgamento em diligência para que o Auditor Fiscal responsável os junte aos autos; e a2) incompetência do Auditor Fiscal da Secretaria da Receita Federal do Brasil para desconsiderar a personalidade jurídica das contratadas dos apontadas pela fiscalização e reconhecer vínculo empregatício; b) o cancelamento dos Autos de Infração em razão da: b.l) inconstitucionalidade e ilegalidade do adicional FAP; b.2) não identificação dos requisitos da relação de emprego para cada seguradoempregado, descumprindo legislação de regência e, por conseqüência, não descrevendo sequer minimamente o fato gerador; b.3) utilização de critérios absurdos e presunções não previstas em lei para a caracterização dos elementos do vínculo empregatício de modo geral; b.4) da legalidade das contratações firmadas entre a Recorrente e as pessoas jurídicas listadas nos Anexos I a IV do Primeiro Relatório Fiscal, com a inexistência de vínculo empregatício entre a Relatório e as pessoas físicas listadas nos Anexos I a IV do Primeiro Relatório Fiscal; b.5) da ofensa ao art. Io, IV; art. 5o, II, XII e XVII e art. 170, capuí e parágrafo único da CF/88 e ao art. 44, II; art. 594; art. 610, §2° e art. 981 do Código Civil; b.6) da ofensa ao art. 129 da Lei n. 11.196/05; b.7) da inexistência de planejamento tributário pela Recorrente ou, pela eventualidade, compreendendose como ocorrido o planejamento, da impossibilidade de aplicação do art. 116 do CTN, por ausência de regulamentação legal; b.8) da inaplicabilidade do método de apuração indireta da base de cálculo (arbitramento). c) pela eventualidade, na hipótese de validação do lançamento, que se determine: cl) a exclusão da base de cálculo dos pagamentos feitos a pessoas jurídicas cujos sócios ajuizaram reclamação trabalhista contra a Recorrente postulando vínculo empregatício (vide tópico II. 1.2.13); c2) nos casos em que mais de um sócio da mesma contratada tenha sido considerado empregado da Recorrente, que se divida o valor da Nota Fiscal igualmente entre os mesmos, excluindo, em qualquer caso (isto é, nos casos também em que só há um sócio por contratada) da base de cálculo os pagamentos relacionados a pessoas Fl. 1989DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.948 18 físicas que não tenham recebido concomitantemente seguro de vida/acidentes e seguro saúde (vide tópico II. 1.2.3); c3) a exclusão dos lançamentos em duplicidade remanescentes (vide tópico II. 1.2.12). Do cancelamento da emissão de reclamação para fins penais. Requer o cancelamento da emissão de reclamação para fins penas tendo em vista a inexistência de fraude, dolo ou simulação. É o relatório. Voto Vencido Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Considerações Iniciais Matéria submetida ao Poder Judiciário Renúncia ao Contencioso Administrativo De início, impende ressaltar que o presente processo tem os os mesmos elementos de prova do processo nº 15504.730950/201391. Ambos são decorrentes da mesma ação fiscal e, segundo a Fiscalização, só foram apartados em função do vertente possuir ação judicial questionando o adicional do FAP. Como relatado, de acordo com a Fiscalização: houve decisão judicial, em caráter liminar, da 21ª Vara Federal, de 23022010 que determinou ao fisco que se abstivesse de exigir da impetrante a contribuição do SAT/RAT majorada pelo índice do FAP, garantindo seu direito de continuar recolhendo a exação com base nas alíquotas previstas no art. 22, II, da Lei n. 8212/91. Em 24062010 (fls. 666/671) o mesmo juízo, em sentença de mérito, manteve a decisão liminar até o julgamento final da lide. Dessa forma, informa que apurou o crédito previdenciário em separado da parcela do FAP que majorou o RAT em 2010, ficando o mesmo sobrestado, para fins de evitar a decadência do crédito tributário, até o trânsito em julgado do processo judicial. Os lançamentos citados referemse tanto ao levantamento PJ que engloba os segurados empregados sócios das empresas interpostas, como da folha de pagamento normal da empresa levantamento DF, informando que ambos encontramse sub judice. Como se vê, a matéria objeto deste processo administrativo é a mesma daquela constante da ação judicial ajuizada pela autuada. Fl. 1990DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.949 19 Com efeito, nos termos do art. 5°, XXXV, da Constituição Federal, é assegurado a todos o acesso ao Poder Judiciário para defesa de seus direitos, sendo que as decisões judiciais transitadas em julgado se revestem do caráter de definitividade e de imutabilidade, sendo, portanto, a ultima ratio na solução de conflitos. Submetida determinada matéria à apreciação do Poder Judiciário, cuja decisão se reveste do caráter definitivo e imutável prevalecendo na ordem jurídica, qualquer outra discussão paralela mostrase inoportuna e ineficiente, diante do fato de que prevalecerá a decisão judicial. O tema não merece maiores digressões e já se encontra sumulado (Súmula CARF n° 1), com o seguinte teor: Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Como se vê, cabe a apreciação por esse Tribunal Administrativo, da matéria diferenciada, que, no caso, são os questionamentos da recorrente quanto à inexistência de fato gerador para se apurar o FAP. Segundo o seu entendimento, os contratos celebrados com os prestadores de serviços estão sob a órbita do Direito Civil, não havendo que se falar em caracterização do vínculo empregatícios. Passemos à análise das razões recursais, no que tange à matéria diferenciada da submetida ao crivo do Poder Judiciário. Preliminarmente Da alegada omissão da juntada de documentos imprescindíveis ao exercício do contraditório e da ampla defesa A decisão de primeira instância valorou todas as manifestações efetuadas pela recorrente, quando cientificada do resultado das duas diligências determinadas pela DRJ Rio de Janeiro. Ainda que eventualmente alguns desses petitórios não tenham sido juntados aos presentes autos, as manifestações compõe o processo nº 10805.721660/201519, o qual se funda nos mesmos elementos de prova do vertente processo. Assim, temse a certeza que todas as manifestações do sujeito passivo foram apreciadas pela decisão de piso e valoradas para a formação da convicção do julgador. Em sede recursal, a recorrente procedeu à juntada de cópias de suas manifestações, suprindo qualquer omissão de ausência de documentos essenciais ao desfecho da presente lide. Desse modo, não vislumbro qualquer prejuízo à defesa, restando afastada a argüição de nulidade por cerceamento ao direito de defesa. Incompetência da Receita Federal do Brasil para desconsiderar a personalidade jurídica e reconhecer vínculo empregatício Fl. 1991DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.950 20 De início, impende ressaltar que não houve desconsideração da personalidade jurídica das empresas que efetuaram contratos com a recorrente. A desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do art. 50, do Código Civil é de exclusiva competência do Poder Judiciário. A autoriade fiscal efetuou a desconsideração do negócio jurídico que tinha uma aparência formal de ajuste contratual submetido às regras do Direito Civil, para caracterizar a relação de emprego, uma vez que se constataram presentes na realidade fática, os requisitos da pessoalidade, onerosidade, não eventualidade e subordinação. Desse modo, agiu o Fisco, com base no parágrafo único, do art. 116, do Código Tributário Nacional, verbis: Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Ademais, a Fiscalização, é competente para, diante do caso concreto, interpretar se determinada relação jurídica revestese das características do vínculo de emprego. Essa autorização é dada pelo Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/1999, que no § 2.° do art. 229 dispõe: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) §2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) Desse modo, resta demontrada a competência do Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil para reconhecer o vínculo de emprego para fins fiscais. Do Mérito Da Caraterização dos Segurados Empregados – Não aplicabilide do art. 129 da Lei nº 11.196/2005 Como já abordado em sede de preliminar, que ora se confunde com o mérito, a autoridade fiscal tem o poderdever caracterizar o segurado empregado para fins previdenciários, caso constate situação jurídica motivadora. Após o advento da Lei nº 11.196/2005, que introduziu no ordenamento jurídico brasileiro a norma insculpida em seu art. 129, passou a ser comum a prática adotada pelas Fl. 1992DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.951 21 empresas empregadoras de contratação de pessoas jurídicas, muitas das vezes com o objetivo de substituir a mão de obra assalariada, pensando estaream abalizadas por um dispositivo legal permissimo. Todavia, a referida norma não foi inaugurada para precarizar as relações de trabalho. Muito pelo contrário, o objetivo foi regular situações em que verdadeiras pessoas jurídicas prestam serviços intelectuais em caráter personalíssimo, ou não, a um tomador de serviços, sem que se submetam ao poder diretivo desse. Reza o art. 129, da Lei nº 11.196/2005: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Qualquer relação jurídica que se proteja sob o manto do dispositivo legal supra citado, mas que se revista das características de uma relação de emprego, deve ser rechaçada, para se adequar à realidade fática encontrada, devendo prevalecer o principia da primazia da realidade, que encontra suas raízes no Direito do Trabalho, mas que se irradia para todo o direito, que é uno. A divisão em ramos do direito só se justifica para fins didáticos e acadêmicos. Assim sendo, deparandose a Fiscalização tributária com uma situação que constitua fato gerador da contribuição social previdenciária, tem o poderdever, de acordo com o balizamento definido no art. 142, do CTN, de lançar o crédito tributário correspondente. Deverá prevalecer a realidade da relação jurídica de emprego sobre a forma, a contratação de pessoas jurídicas para a realização de trabalhos intelectuais. No caso que se cuida, poucas vezes me deparei com um relatório fiscal, que se consubstancia na motivação do ato administrativo de lançamento, de tamanha completude, que esmiúça com riqueza de detalhes toda a situação fática encontrada e a tentativa do sujeito passivo de efetuar um planejamento tributário ilícito, objetivando não recolher os tributos devidos e reduzir e não adimplir com os direitos trabalhistas dos prestadores de serviços disfarçados de pessoa jurídica. A Fiscalização, é competente para, diante do caso concreto, interpretar se determinada relação jurídica revestese das características do vínculo de emprego. Essa autorização é dada pelo Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/1999, que no § 2.° do art. 229 dispõe: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) §2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as Fl. 1993DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.952 22 condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) A autoridade fiscal apresenta robusto arcabouço probatório que converge para o reconhecimento dos sócios das pessoas jurídicas como segurado da Previdência Social na qualidade de segurado empregado. Vejamos alguns aspectos da narrativa fiscal que corrobora para essa conclusão: Salienta que as empresas interpostas não estão expostas ao risco da atividade econômica, pois que suas despesas operacionais para checagem da elaboração dos projetos ou execução são custeadas pela empresa contratante ECM S.A. Os funcionários estão sujeitos ao cumprimento de prazos, normas e procedimentos da contratante. Explicita: Todas as pessoas jurídicas interpostas, através das pessoas físicas/sócios que atuam efetivamente na prestação do serviço em 2009 e 2010 têm o benefício do seguro de vida. Uma quantidade significativa das pessoas jurídicas, também tem contabilizado em seu nome (com benefício da pessoa física sócio que presta o serviço) benefícios como plano de saúde e vale refeição. Além de a maioria ter suas despesas de telefone e viagens pagos pela empresa contratante, mesmo que não existindo previsão contratual. Destaca, ainda, que todas as empresas/sócios recebem o benefício seguro de vida nos moldes contidos na Convenção Coletiva de Trabalho CCT 2009/2010 Cláusula Vigésima Sexta. Expõe que quantidade significativa destes também recebem o benefício de assistência Médica, também previsto na Convenção, e que tais sócios prestam o serviço em caráter exclusivo, sem o concurso de empregados e com escritório nas dependências da contratante. Demonstrouse que vários sócios das empresas interpostas recebem vale refeição nos mesmos moldes da referida CCT. Houve pagamento de contas telefônicas das empresas interpostas, ressaltando que as despesas dos benefícios relacionados não estão previstas nos contratos de prestação de serviço efetivados entre as partes, apesar de serem custeadas pela contratante. Havia um contrato padrão uniforme. Foi juntada aos autos relação de segurados empregados registrados na empresa que recebem remuneração como tal, declarados em GFIP e ao mesmo tempo agem como sócios de empresas que prestam serviços a ECM, recebendo, além dos salários, parcela da remuneração significativa mediante nota fiscal. Tais contratos estão assinados pelos mesmos segurados empregados sócios. Há Termo de Registro de Inspeção do Trabalho, de 2006 em que a Auditoria do Trabalho verificou que a empresa ECM foi intimada a registrar diversos empregados, que, segundo a fiscalização da DRT: “trabalhavam como Prestadores de Serviços Pessoas Jurídicas”. Fl. 1994DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.953 23 A autoridade fiscal assim expôs sua análise quanto aos pressupostos da relação de emprego observados na ação fiscal: Não Eventualidade: (...) “Todas as atividades dos sócios contratados mediante empresas interpostas são de profissionais vinculados ao objeto social da empresa ECM S.A . São Engenheiros, projetistas, arquitetos, desenhistas, entre outros. Durante toda fiscalização anterior realizada no período de 2008 e agora nos períodos de 2009 e 2010, praticamente TODOS os sócios das empresas interpostas, sem o concurso de empregado, com exclusividade, continuam a prestar o mesmo serviço a contratante, ou seja, elaboração de projetos de engenharia ” (...) Pessoalidade: No período fiscalizado 2009 e 2010, o sócio ou os sócios das empresas interpostas, sem o concurso de empregados, com exclusividade na prestação do serviço à empresa ECM S.A , prestaram o serviço técnico para qual foram contratados, com garantia de seguro de vida, plano de assistência médica, vale refeição, todas verbas previstas na convenção coletiva do trabalho da categoria, além de pagamento de despesas efetuadas pelos sócios, tais como telefones e despesas de viagem conforme comprovamos anteriormente. Remuneração: Os anexos I, II, III, IV, comprovam os pagamentos mensais, mediante nota fiscal numerada, em sua maioria, as empresas interpostas, recebendo os valores da prestação do serviço, o sócio ou os sócios que prestam efetivamente o serviço, na qualidade de pessoa física, técnicos de áreas diversas de projetos de engenharia, que tem, inclusive, várias despesas pagas pelo empregador/contratante, como telefone e viagens para acompanhamento dos projetos por eles elaborados, sendo que estas despesas não estão previstas no contrato de prestação de serviço, com a PJ interposta. Subordinação e Dependência: (...) Face à necessidade de interligação entre os profissionais é preciso que estejam em mesmo ambiente de trabalho, na maioria das vezes. Exatamente por este motivo que no Contrato de Empreitada Padrão, que a empresa firma com as pessoas físicas, mediante interposição de pessoa jurídica, estabelece na sua Cláusula Primeira 1.3 que: “O objeto contratado poderá ser desenvolvido por profissionais (sócios/e ou empregados) da contratada em escritórios disponibilizados pela ECM em sua sede, mediante contrato de comodato, tácito ou escrito ”. Fl. 1995DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.954 24 Em sua Cláusula 4.1 “A contratada se obriga a executar o objeto contratado dentro dos prazos combinados, com boa qualidade e dentro dos padrões, normas, critérios e procedimentos da ECM”. (SUBORDINAÇÃO JURÍDICA) Cláusula 8.1 “Pelo presente instrumento, a contratada cede a ECM, em caráter irrevogável e irretratável, de forma total e exclusiva, pelo período máximo permitido na legislação vigente, os direitos patrimoniais de propriedade intelectual e autoria, relativamente a todo e qualquer produto material ou intelectual, resultante deste contrato... Cláusula 8.2 “Todo e qualquer trabalho resultante do presente contrato será de propriedade exclusiva da ECM... O crédito lançado encontrase fundamentado na legislação constante do anexo de "Fundamentos Legais do Débito FLD", com os períodos de vigência e as alíquotas aplicadas sobre a base de cálculo do débito com os respectivos períodos de vigência estão discriminadas no relatório "DD Discriminativo Do Débito”. O Relatório de Lançamentos RL, relaciona os lançamentos efetuados nos sistemas específicos para apuração com observações sobre sua natureza ou fonte documental. Em razão do quadro probatório coligido, entendeu a autoridade autuante que a empresa fiscalizada contratou profissionais pessoas físicas por meio de PJ, sendo que estas emitiam ao final de cada mês notas fiscais de serviço para justificar o recebimento de remunerações daquelas, mascarando a verdadeira relação jurídica existente entre ambos, de um lado, profissionais pessoas físicas como empregados de fato e, de outro, a ECM S/A como empregador, dada a existência dos pressupostos fáticojurídicos da relação de emprego, definidos nos artigos 2° e 3° da CLT e, bem assim, no inciso I do art. 12 da Lei 8.212, de 1991, quais sejam: pessoalidade, não eventualidade, subordinação e remuneração. E não poderia ser outra a solução adotada pela Fiscalização. Diante da vasta narração fática, evidenciaramse presentes com robustez os requisitos da relação de emprego. É de clareza solar a ocorrência da pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação. Essa última, pode ser facilmente constatada através da cláusula contratual que assegura à recorrente, exclusividade sobre os direitos de autoria aplicados ou originados dos contratos celebrados com as supostas pessoas jurídicas. Assim, diferentemente da decisão proferida por este CARF que decidiu processo semelhante com os fatos geradores de 2008, entende que restaram caracterizados à robustez os elementos caracterizadores da relação de emprego para fins previdenciários. A concessão de planos de saúde e seguros de vida aos sócios das pessoas jurídicas são apenas dois dos vastos elementos que se prestam para formar a convicção do julgador nesse sentido. A Câmara Superior de Recursos Fiscais já enfrentou caso análogo ao dos autos, como se infere do voto da eminente Conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Fl. 1996DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.955 25 proferido através do acórdão nº 9202004.641 2a Turma da CSRF, cujos excertos relacionados ao tema transcrevemos abaixo: Primeiramente, entendo que no procedimento em questão a AUTORIDADE FISCAL EM IDENTIFICANDO a condição de vínculo empregatício com empresa que simulou a contratação por intermédio de empresas interpostas, procedeu a caracterização de vínculo de emprego para efeitos previdenciários na empresa notificada, que encontravase, na verdade na condição de empregadora. A Auditoria Fiscal, tendo inegavelmente a atribuição de aplicar a legislação previdenciária, é competente para, diante do caso concreto, interpretar se determinada relação jurídica revestese das características do liame de emprego. Essa autorização é dada pelo Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto n.° 3.048/1999, que no § 2.° do art. 229 dispõe: Art.229. O Instituto Nacional do Seguro Social é o órgão competente para: (...) §2° Se o Auditor Fiscal da Previdência Social constatar que o segurado contratado como contribuinte individual, trabalhador avulso, ou sob qualquer outra denominação, preenche as condições referidas no inciso I do caput do art. 9°, deverá desconsiderar o vínculo pactuado e efetuar o enquadramento como segurado empregado. (...) Por outro lado, a constituição do crédito tributário sobre as parcelas pagas aos empregados é autorizada ao Fisco, conforme dispõe a Lei n.° 11.457/2007: “Art. 6° São atribuições dos ocupantes do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil: I no exercício da competência da Secretaria da Receita Federal do Brasil e em caráter privativo: constituir, mediante lançamento, o crédito tributário e de contribuições; (...) Assim, de pronto, afasto qualquer alegação de incompetência da autoridade fiscal para caracterização de vínculo, e que essa competência seria adstrita ao poder Judiciário. Passo agora a identificar os pontos trazidos pelo contribuinte em seu recurso especial aos quais deuse seguimento ao recurso. Item (a): art. 12, I da Lei n° 8.212/91 e dos requisitos para a configuração do seguradoempregado (existência de processos Fl. 1997DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.956 26 trabalhista no bojo do qual foi reconhecida a inexistência de vínculo empregatício entre as mesmas partes do presente caso. Conforme descrito acima, entendo encontrarse dentro da competência da autoridade fiscal a caracterização de vínculo de emprego para efeitos previdenciários, desde que devidamente demonstrado por meio dos elementos identificados durante a fiscalização que esclarecem como se dava efetivamente a contratação dos serviços. Notese que um dos princípios norteadores do direito quanto a formação de vínculo de emprego é o da "primazia da realidade", ou seja, atribuise maior relevância a realizados dos fatos, ou como no caso concreto, como se dava a prestação de serviço do que os contratos formalmente apresentados. Contudo, ao contrário do argumentado, a improcedência de reclamatórias trabalhistas não afasta o vínculo configurado para efeito previdenciários, tendo em vista a autonomia da autoridade fiscal, prevista na legislação. Da leitura do dispositivo normativo descrito acima, não se identifica o condicionamento da formação dos vínculos de emprego à existência de reclamatórias trabalhistas procedentes,. No presente caso, a utilização indevida de contratação de pessoas jurídicas foi também suscitada pela autoridade fiscal do ministério do trabalho, que inclusive comunicou a situação à Receita Federal, ensejando o presente lançamento. Quanto a impossibilidade de formação de vínculo por força do disposto na lei 11.196/05, entendo que razão não assiste ao recorrente. A suposta incompatibilidade entre o § 2.° do art. 229 do RPS e o art. 129 da Lei n.° 11.196/2005 pode ser resolvida mediante interpretação sistemática das normas aplicáveis à espécie. Eis o dispositivo: Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tão somente à legislação aplicável às pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil. Dos termos legais acima, percebese que o dispositivo é aplicável às prestações de serviço intelectuais realizados por pessoas jurídicas, mesmo que esse serviço deva ser obrigatoriamente prestado pelo sócio ou qualquer empregado e independentemente de haver designação de obrigações aos trabalhadores. Fl. 1998DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.957 27 Todavia, verificandose presentes os elementos caracterizadores da relação de emprego (conforme descrito no item anterior) não há de se cogitar da aplicação do art. 129 da Lei n.° 11.196/2005, mas do art. 9.° da CLT, in verbis: Art. 9° Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Ou seja, se a Auditoria observa que a execução de um contrato, formalmente firmado entre pessoas jurídicas, na verdade busca desvirtuar uma relação de emprego, esse negócio jurídico há de ser afastado de modo que se preservem os direitos dos empregados consagrados pela Carta Magna. Vejamos trecho do relatório fiscal: Observese que tal procedimento não implica em desconsideração da personalidade jurídica da empresa, que permanece incólume, mas apenas de caracterização do liame empregatício, privilegiando a realidade verificada durante o procedimento fiscal, em detrimento da aparência formal de que se revestem determinados contratos. Um argumento que nos parece muito válido para chancelar a caracterização de segurado empregado nesses casos diz respeito às considerações lançadas para vetar o parágrafo único do mencionado artigo, que fora assim redigido: Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica quando configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. São ponderações, conforme veremos, que chamam atenção para a necessidade de se preservar a competência da fiscalização para lançar os tributos correspondentes sempre que verificada a existência de trabalho prestado mediante relação de emprego travestido de avenca entre empresas. Eis os termos lançados nas razões do veto do parágrafo único do art. 129 da Lei n. 11.196/2005: “Razões do veto O parágrafo único do dispositivo em comento ressalva da regra estabelecida no caput a hipótese de ficar configurada relação de emprego entre o prestador de serviço e a pessoa jurídica contratante, em virtude de sentença judicial definitiva decorrente de reclamação trabalhista. Entretanto, as legislações tributária e previdenciária, para incidirem sobre o fato gerador cominado em lei, independem da existência de relação trabalhista entre o tomador do serviço e o prestador do serviço. Ademais, a condicionante da ocorrência do fato gerador à existência de sentença judicial trabalhista Fl. 1999DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.958 28 definitiva não atende ao princípio da razoabilidade ” (grifamos) A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho corrobora o entendimento de que o artigo 129 da Lei 11.196/2005 não teve o condão de legalizar toda e qualquer prestação de serviço por meio de pessoa jurídica, ficando a salvo a relação de emprego. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 1.VÍNCULO DE EMPREGO CONFIGURADO. PROFISSIONAL CONTRATADO MEDIANTE PEJOTIZAÇÃO(LEI N° 11.196/2005, ART. 129). ELEMENTOS DA RELAÇÃO DE EMPREGO EVIDENCIADOS. PREVALÊNCIA DA RELAÇÃO EMPREGATÍCIA. A relação empregatícia é a principal fórmula de conexão de trabalhadores ao sistema socioeconômico existente, sendo, desse modo, presumida sua existência, desde que incontroversa a prestação de serviços (Súmula 212, TST). A Constituição da República, a propósito, elogia e estimula a relação empregatícia, ao reportar a ela, direta ou indiretamente, várias dezenas de princípios, regras e institutos jurídicos. Em conseqüência, possuem caráter manifestamente excetivo fórmulas alternativas de prestação de serviços a alguém por pessoas naturais, como, ilustrativamente, contratos de estágio, vínculos autônomos ou eventuais, relações cooperativadas, além da fórmula apelidada de pejotização. Em qualquer desses casos além de outros , estando presentes os elementos da relação de emprego, esta prepondera, impõese e deve ser cumprida. No caso da fórmula do art. 129 da Lei n° 11.196, de 2005, somente prevalecerá se o profissional pejotizado tratarse de efetivo trabalhador autônomo ou eventual, não prevalecendo a figura jurídica como mero simulacro ou artifício para impedir a aplicação da Constituição da República, do Direito do Trabalho e dos direitos sociais e individuais fundamentais trabalhistas. Trabalhando a Obreira cotidianamente no estabelecimento empresarial e em viagens a serviço, com todos os elementos fático jurídicos da relação empregatícia, deve o vínculo de emprego ser reconhecido (art. 2°, caput, e 3°, caput, CLT), com todos os seus consectários pertinentes. Notese que o TRT deixa claro, a propósito, a presença da subordinação jurídica em todas as suas três dimensões (uma só já bastaria, como se sabe), ou seja, a tradicional, a objetiva e a estrutural. 2. VÍNCULO EMPREGATÍCIO RECONHECIDO EM JUÍZO. FÉRIAS EM DOBRO. DECISÃO DENEGATÓRIA. MANUTENÇÃO. É devido o pagamento em dobro das férias vencidas, ainda que o vínculo de emprego somente Fl. 2000DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.959 29 tenha sido reconhecido em Juízo (exegese do art. 137 da CLT). Precedentes. Sendo assim, não há como assegurar o processamento do recurso de revista quando o agravo de instrumento interposto não desconstitui os fundamentos da decisão denegatória, que subsiste por seus próprios fundamentos. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR 63935.2010.5.02.0083, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 19/06/2013, 3a Turma, Data de Publicação: 21/06/2013)(grifamos) Há um outro precedente também do TST que não poderíamos deixar de citar, posto que vem bem nessa linha de entendimento de que a norma do art. 129 da Lei 11.196/05 não autoriza a prestação de serviços com as típicas características da relação de emprego por meio da interposição de pessoas jurídicas. Vejamos: AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. 1) NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. 2) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PROTELATÓRIOS. MULTA. 3) VERBAS RESCISÓRIAS. 4) RECONHECIMENTO DE VÍNCULO DE EMPREGO. TRABALHO EMPREGATÍCIO DISSIMULADO EM PESSOA JURÍDICA. FENÔMENO DA PEJOTIZAÇÃO. PREVALÊNCIA DO IMPÉRIO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (ART. 7°, CF/88). MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126/TST. A Constituição da República busca garantir, como pilar estruturante do Estado Democrático de Direito, a pessoa humana e sua dignidade (art. 1°, caput e III, CF), fazendoo, entre outros meios, mediante a valorização do trabalho e do emprego (art. 1°, IV, in fine; Capítulo II do Título II; art. 170, caput e VIII; art. 193), da subordinação da propriedade à sua função social (art. 5°, XXIII) e da busca do bem estar e da justiça sociais (Preâmbulo; art. 3°, I, III e IV, ab initio; art. 170, caput; art. 193). Com sabedoria, incentiva a generalização da relação empregatícia no meio socioeconômico, por reconhecer ser esta modalidade de vínculo o patamar mais alto e seguro de contratação do trabalho 16 humano na competitiva sociedade capitalista, referindose sugestivamente a trabalhadores urbanos e rurais quando normatiza direitos tipicamente empregatícios (art. 7°, caput e seus 34 incisos). Nessa medida incorporou a Constituição os clássicos Fl. 2001DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.960 30 incentivos e presunção trabalhistas atávicos ao Direito do Trabalho e que tornam excetivos modelos e fórmulas não empregatícias de contratação do labor pelas empresas (Súmula 212, TST). São excepcionais, portanto, fórmulas que tangenciem a relação de emprego, solapem a fruição de direitos sociais fundamentais e se anteponham ao império do Texto Máximo da República Brasileira. Sejam criativas ou toscas, tais fórmulas têm de ser suficientemente provadas, não podendo prevalecer caso não estampem, na substância, a real ausência dos elementos da relação de emprego (caput dos artigos 2° e 3° da CLT). A criação de pessoa jurídica, desse modo (usualmente apelidada de pejotização), seja por meio da fórmula do art. 593 do Código Civil, seja por meio da fórmula do art. 129 da Lei Tributária n° 11.196/2005, não produz qualquer repercussão na área trabalhista, caso não envolva efetivo, real e indubitável trabalhador autônomo. Configurada a subordinação do prestador de serviços, em qualquer de suas dimensões (a tradicional, pela intensidade de ordens; a objetiva, pela vinculação do labor aos fins empresariais; ou a subordinação estrutural, pela inserção significativa do obreiro na estrutura e dinâmica da entidade tomadora de serviços), reconhecese o vínculo empregatício com o empregador dissimulado, restaurandose o império da Constituição da República e do Direito do Trabalho. Por tais fundamentos, que se somam aos bem lançados pelo consistente acórdão regional, não há como se alterar a decisão recorrida. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR 98161.2010.5.10.0006, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 29/10/2012, 3a Turma, Data de Publicação: 31/10/2012)(destacamos) Assim, mesmo após a edição da Lei n.° 11.196/2005 é perfeitamente aplicável os preceitos do § 2.° do art. 229 do RPS, não devendo prevalecer a tese de incompetência da Auditoria Fiscal para caracterizar a relação de emprego e fazer valer os ditames da legislação previdenciária, uma vez que a norma citada não pode ser utilizada como PEJOTIZAÇÃO. PREVALÊNCIA DO IMPÉRIO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA (ART. 7°, CF/88). MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126/TST. A Constituição da República busca garantir, como pilar estruturante do Estado Democrático de Direito, a pessoa humana e sua dignidade (art. 1°, caput e III, CF), fazendoo, entre outros meios, mediante a valorização do trabalho e do emprego (art. 1°, IV, in fine; Fl. 2002DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.961 31 Capítulo II do Título II; art. 170, caput e VIII; art. 193), da subordinação da propriedade à sua função social (art. 5°, XXIII) e da busca do bem estar e da justiça sociais (Preâmbulo; art. 3°, I, III e IV, ab initio; art. 170, caput; art. 193). Com sabedoria, incentiva a generalização da relação empregatícia no meio socioeconômico, por reconhecer ser esta modalidade de vínculo o patamar mais alto e seguro de contratação do trabalho 16 humano na competitiva sociedade capitalista, referindose sugestivamente a trabalhadores urbanos e rurais quando normatiza direitos tipicamente empregatícios (art. 7°, caput e seus 34 incisos). Nessa medida incorporou a Constituição os clássicos incentivos e presunção trabalhistas atávicos ao Direito do Trabalho e que tornam excetivos modelos e fórmulas não empregatícias de contratação do labor pelas empresas (Súmula 212, TST). São excepcionais, portanto, fórmulas que tangenciem a relação de emprego, solapem a fruição de direitos sociais fundamentais e se anteponham ao império do Texto Máximo da República Brasileira. Sejam criativas ou toscas, tais fórmulas têm de ser suficientemente provadas, não podendo prevalecer caso não estampem, na substância, a real ausência dos elementos da relação de emprego (caput dos artigos 2° e 3° da CLT). A criação de pessoa jurídica, desse modo (usualmente apelidada de pejotização), seja por meio da fórmula do art. 593 do Código Civil, seja por meio da fórmula do art. 129 da Lei Tributária n° 11.196/2005, não produz qualquer repercussão na área trabalhista, caso não envolva efetivo, real e indubitável trabalhador autônomo. Configurada a subordinação do prestador de serviços, em qualquer de suas dimensões (a tradicional, pela intensidade de ordens; a objetiva, pela vinculação do labor aos fins empresariais; ou a subordinação estrutural, pela inserção significativa do obreiro na estrutura e dinâmica da entidade tomadora de serviços), reconhecese o vínculo empregatício com o empregador dissimulado, restaurandose o império da Constituição da República e do Direito do Trabalho. Por tais fundamentos, que se somam aos bem lançados pelo consistente acórdão regional, não há como se alterar a decisão recorrida. Agravo de instrumento desprovido. (AIRR 98161.2010.5.10.0006, Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 29/10/2012, 3a Turma, Data de Publicação: 31/10/2012)(destacamos) Assim, mesmo após a edição da Lei n.° 11.196/2005 é perfeitamente aplicável os preceitos do § 2.° do art. 229 do RPS, Fl. 2003DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.962 32 não devendo prevalecer a tese de incompetência da Auditoria Fiscal para caracterizar a relação de emprego e fazer valer os ditames da legislação previdenciária, uma vez que a norma citada não pode ser utilizada como escudo para proteger situações de clara afronta aos princípios dos Direitos Previdenciário e Trabalhista. Na situação posta em julgamento não existe dúvida quanto à verdadeira relação jurídica dos sócios das pessoas jurídicas contratadas para atingir os objetivos sociais da empresa, que exerciam a atividade fim da recorrente, com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade e subordinação, requisitos da relação de emprego que restaram sobejamente comprovado nos autos. Merece ser refutada, também, a alegação recursal de que a autoridade fiscal deveria ter configurado o vínculo de forma individualizada para cada segurado. Não há essa obrigatoriedade na legislação. Se todos os contratos eram semelhantes e decorriam da mesma situação jurídica; sendo uma praxe da empresa contratar empregados com a roupagem de prestação de serviços por intermédio de pessoas jurídicas, não há óbice para que todas as notas fiscais sejam somadas para compor a base de cálculo de incidência da contribuição previdenciária. Destaquese, contudo, que todos os segurados caraterizados como empregados e os respectivos valores recebidos constam de planilhas anexas ao Auto de Infração. Desse modo, não procedem as alegações recursais. Da inconstitucionalidade e ilegalidade do adicional FAP A recorrente em longo arrazoado sustenta a inconstitucionalidade do adicional do Fator Acidentário de Prevenção FAP. Quanto a estes argumentos, cabe destacar, de pronto, que este não é o foro adequado para discussão nesse sentido, seja pelo que dispõe o artigo 26A do Decreto nº 70.235/72, seja pelo que dispõe a Súmula CARF n° 2: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Repitase o que dito no início, esta questão foi submetida ao Poder Judiciário, o que importa renúncia à via administrativa. Da Aferição Indireta Inferese dos elementos constantes dos autos que não houve uma aferição indireta propriamente dita. Houve sim, uma caraceterização de sócios das pessoas jurídicas formando um liame jurídico diretamente com a recorrente na condição de segurados empregados. Fl. 2004DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.963 33 A base de cálculo foi aferida diretamente, posto que ela é coincidente com o valor das notas fiscais das pessoas jurídicas interpostas que prestavam serviços sob a roupagem de uma relação jurídica de direito civil. Da Redução da Base de Cálculo Cumpre ressaltar que a decisão de piso já reduziu o valor da base de cálculo e, consequetemente, o valor do crédito tributário lançado. Todavia, em suas razões recursais o sujeito passivo requer uma redução em maior extensão, nos seguintes termos: Contratada Comp. Descrição do Equívoco Referência nos Autos Eletrônicos TECSAI TECN. SIST. DE AUTOMOAÇÃO IND. LTDA abr/09 NF 225, no valor de R$ 8.054,28, lançada em duplicidade Planilha de fls. 10851180, p. 16 Planilha de fls. 11811274, p. 42 DHEMARCAS LTDA jun/09 NF 168, no valor de R$ 3.038,00, lançada em duplicidade Planilha de fls. 10351180, p. 11 Planilha de fls. 11811274, p. 42 PFB AUTOMAÇÃO E CONTROLE INDUSTRIAL LTDA set/09 NF 57, no valor de R$ 24.524,23, lançada em duplicidade Planilha de fls. 10851180, p. 35 Planilha de fls. 11311274, p. 34 TREVISANI VIEIRA VALADARES LTDA set/09 NF 209, no valor de R$ 7.030,03, lançada em duplicidade Planilha de fls. 10851180, p. 36 Planilha de fls. 11811274, pp. 42 43 SIMETRIA DESENHOS TÉCNICOS LTDA jan/10 NF 63, no valor de R$ 5.356,56, lançada em duplicidade Planilha de fls. 12751310, p. 03 Planilha de fls. 1.3111346, p. 30 ZMS PROJETOS LTDA jun/10 NF 72, no valor de R$ 4.935,36, lançada em duplicidade Planilha de fls. 12751310, p. 17 Planilha de fls. 1.3111346, p. 35 GEDRAKIS ASSESSORIA EM PROJETOS LTDA set/10 NF 51, no valor de 4.853,84, lançada em duplicidade Planilha de fls. 12751310, p. 24 Planilha de fls. 1.3111346, p. 13 LINDENBERG & CORRÊA LTDA set/10 NF 176, no valor de R$ 10.757,00, lançada em duplicidade Planilha defls. 12751310, p. 25 Planilha de fls. 1.3111346, p. 18 Analisando as questões ventiladas de duplicidade da base de cálculo, resultando em lançamento maior que o devido, não verificamos a duplicidade alegada pelo sujeito passivo, além da redução já verificada pela Fiscalização e já considerada pela decisão de piso. Das Ações Trabalhistas Pleiteia o sujeito passivo que sejam excluídos do presente lançamento os segurados cuja relação de emprego não fora reconhecida pela Justiça do Trabalho. Contudo, cumpre ressaltar que essa instância administrativa não se vincula às decisões tomadas no âmbito da Justiça do Trabalho, que se limitam a pôr termo a um conflito de interesse privado, enquanto que este Tribunal Administrativo está julgando em sede de recurso o processo administrativo fiscal. Não há vinculação entre a esfera privada (relação trabalhista) e o lançamento do crédito tributário (relação jurídicotributária). Fl. 2005DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.964 34 Assim, não obstante pudesse o julgador administrativo formar o seu convencimento balizado em questões tratadas na querela trabalhista, não há obrigatoriedade de seguir os julgados trabalhistas, sendo certo que pode o Fisco caracterizar a relação de emprego para fins fiscais, ainda que a Justiça do Trabalho tenha declarado a inexistência do vínculo empregatício. Dessa forma, não há como ser atendido o pleito recursal. Da Representação Fiscal para Fins Penais Em relação à alegação da recorrente em relação à Representação Fiscal para Fins Penais, tem aplicabilidade ao caso a Súmula Vinculante nº 28, verbis: Súmula CARF nº 28: O CARF não é competente para se pronunciar sobre controvérsias referentes a Processo Administrativo de Representação Fiscal para Fins Penais. Destarte, deixamos de apreciar as alegações recursais no que pertine à Representação Fiscal para Fins Penais. Conclusão Diante de todo o exposto, voto conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, negarlhe provimento. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Voto Vencedor Conselheiro Carlos Henrique de Oliveira Redator designado Em que pesem os argumentos e logicidade do voto do ilustre Conselheiro Relator, ouso dele discordar nos pontos abaixo explicitados. Assim, mister algumas considerações sobre a prestação de serviços personalíssimos por pessoa jurídica. Preceitua a Carta da República que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, com expressa garantia para todos do livre exercício de qualquer atividade econômica. Assim está redigido o artigo 170: "Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: (...) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de Fl. 2006DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.965 35 autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei." O preceito constitucional é claro em garantir que qualquer do povo pode exercer todo tipo de atividade econômica encontrando, por óbvio, na lei, o limite desse exercício. Dessa constatação, podemos inferir que é lícito ao profissional que presta serviços, fazêlo por meio de uma pessoa jurídica, uma vez que o exercício dessa atividade econômica não encontra óbice legal, tampouco a constituição de uma empresa com essa mister ofende a ordem jurídica. Cediço que a conformação societária dessa pessoa jurídica é critério daquele que a constitui, existindo no ordenamento pátrio diversos modelos societários que se amoldam a esse mister . Constituída a pessoa jurídica, essa ficção passa a contar com a tutela do ordenamento jurídico que empresta personalidade ficta a essa pessoa, que passa a ser objeto e sujeito de direito. Não obstante, a prestação de serviços atividade econômica cujo o objeto é uma obrigação de fazer por vezes também é prestada por uma pessoa física, realizada pelo trabalho dessa pessoa, atividade também valorizada pelo mesmo comando constitucional acima mencionado. Por muito tempo, a doutrina distinguiu pelo atributo da pessoalidade, a prestação de serviços realizado pela pessoa jurídica daquele prestado pela pessoa física. Assim, quando o contratante precisava que tal serviços fosse prestado por determinada pessoa, era essa a contratada, em razão da característica única que é atributo típico do ser humano, do trabalhador. Se, por outro lado, a prestação do serviço se resumia a um objetivo determinado, um 'facere' pretendido, a contratação de pessoa jurídica atendia a essa necessidade, vez que despicienda a característica de personalidade para a execução do objeto do contrato de prestação de serviços. Se por um lado, no âmbito dos contratos, tal diferenciação interessa somente às partes, causando pouco, ou nenhum, impacto a terceiros, por outro, no âmbito tributário, tal diferenciação é ponto fulcral, em razão da diferenciação da exação incidente sobre as duas formas de prestação de serviços, menos onerosa quando prestada por pessoa jurídica. O menor custo tributário, tanto para o contratante, quanto para o prestador de serviços, fomentou uma crescente transformação de pessoas físicas que prestavam serviços, trabalhadores portanto, em empresas. Em 2005, com o advento da Lei nº 11.196, a legislação tributária passou a explicitamente admitir tal fenômeno. Vejamos a redação do artigo 129: "Art. 129. Para fins fiscais e previdenciários, a prestação de serviços intelectuais, inclusive os de natureza científica, artística ou cultural, em caráter personalíssimo ou não, com ou sem a designação de quaisquer obrigações a sócios ou empregados da sociedade prestadora de serviços, quando por esta realizada, se sujeita tãosomente à legislação aplicável às Fl. 2007DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.966 36 pessoas jurídicas, sem prejuízo da observância do disposto no art. 50 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 Código Civil." Claríssima a disposição legal. Havendo prestação de serviços por meio de pessoa jurídica, mesmo que atribuição de obrigações às pessoas físicas, e sendo esses serviços de natureza intelectual, assim compreendidos os científicos, os artísticos e os culturais, o tratamento fiscal e previdenciário deve ser aquele aplicável as pessoas jurídicas, exceto no caso de desvio de finalidade ou confusão patrimonial, como consta das disposições do artigo 50 do Código Civil Brasileiro. Não obstante o exposto, cediço recordar que a CLT impõe limite legal à prestação de serviços por pessoa jurídica. Tal limite se expressa exatamente na relação de trabalho. Vejamos as disposições da Lei Trabalhista: " Art. 2º Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. (...) Art. 3º Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. (...) Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação." (destaquei) Patente o limite da prestação de serviços personalíssimos por pessoa jurídica: a relação de emprego. Ao recordarmos as disposições do CTN, constantes não só do parágrafo único do artigo 116, como também do inciso VII do artigo 149, podemos asseverar que, encontrando a Autoridade Tributária as características da relação de emprego na contratação de prestação de serviços por pessoa jurídica, surge o direito do Fisco de desconsiderar tal situação jurídica, vez que dissimuladora do contrato de trabalho, e constituir o crédito tributário decorrente da constatação do fato gerador verificado com o trabalho da pessoa física. Dito de maneira diversa: para que haja o lançamento tributário por desconsideração da prestação de serviços por meio de pessoa jurídica é ônus do Fisco a comprovação da existência da relação de emprego entre a pessoa física que prestou os serviços objeto da desconsideração da personalidade jurídica e o contratante desses serviços. A doutrina trabalhista é assente em reconhecer o vínculo de emprego quando presentes, simultaneamente, as características da pessoalidade, da onerosidade, da habitualidade e da subordinação. Fl. 2008DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.967 37 Confrontemos as disposições da melhor lição trabalhista com os ditames específicos da Lei nº 11.196/05, com o objetivo de encontrarmos a exata diferenciação entre a relação de emprego e a prestação de serviços por pessoa física. Em primeiro lugar é necessário observar que a pessoalidade não é relevante no distinção em apreço. Tal afirmação se corrobora com a simples leitura do artigo 129 da Lei nº 11.196, que explicitamente afasta a questão do caráter personalíssimo e da atribuição de obrigações às pessoas que compõe a sociedade prestadora de serviços. Em segundo lugar, forçoso reconhecer que a habitualidade não apresenta relevância como fato distintivo entre a prestação de serviços por pessoa física ou jurídica, vez que tanto numa como em outra, a habitualidade, ou ausência desta, podem estar presentes. Nesse ponto é necessário recordar que nas relações comerciais também se instaura uma relação de confiança, decorrente do conhecimento da excelência na prestação de serviços do fornecedor habitual. A análise da onerosidade também não ajuda no traço distintivo. Cediço que tanto no emprego quanto na mera relação comercial de prestação de serviços, o pagamento pelos serviços prestados está presente. Logo, o ponto fulcral da distinção é a subordinação. Somente na relação de emprego o contratante, no caso empregador, subordina o prestador de serviços, no caso , o empregado. Porém, não se pode, sob pena de ofensa ao direito, entender que qualquer forma de direção da prestação de serviços é a subordinação típica das normas trabalhistas. Esta, a subordinação trabalhista, se apresenta em duas situações específicas. A primeira se observa quando o empregador, no nosso caso o contratante da prestação de serviços conduz, ordena, determina a prestação de serviços. É a chamada subordinação subjetiva onde o prestador de serviços, o trabalhador, recebe ordens específicas sobre seu trabalho, assim entendida a determinação de como trabalhar, de como executar as tarefas a ele, trabalhador, atribuídas. É a subordinação típica, aquela presente no modelo fordistataylorista de produção. Modernamente, encontramos o segundo modelo de subordinação, erroneamente chamado por muitos de subordinação jurídica. Não se pode admitir tal denominação, quanto mais a afirmação que esta subordinação decorre do contrato. Ora, qualquer contrato imputa direitos e deveres e por certo, desses decorre subordinação jurídica, posto que derivada de um negócio jurídico que atribui obrigações. Essa moderna subordinação é a chamada subordinação estrutural, nos dizeres de Maurício Godinho Delgado. É a subordinação consubstanciada pela inserção do trabalhador no modelo organizacional do empregador, na relação institucional representada pelo fluxo de informações e de prestação de serviços constante do negócio da empresa contratante desses serviços. Mister realçar que é por meio da subordinação estrutural que o empregador, o tomador de serviços que subordina o prestador, garante seu padrão de qualidade, uma vez que controla todo o fluxo da prestação dos serviços necessários a consecução do mister constante Fl. 2009DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.968 38 de seu objeto social, ou seja, é por meio de um modelo de organização que há o padrão de qualidade necessário e o controle das atividades e informações imprescindíveis para a prestação final dos serviços, para a elaboração do produto, para a venda da mercadoria que é o fim da atividade econômica pretendida pelo contratante dos serviços, pelo empregador. Com essa considerações, a solução da lide tributária instaurada por meio do presente recurso voluntário será encontrada a partir da comprovação, ou não, da existência da relação de emprego, consubstanciada pela comprovação da subordinação, entre as pessoas físicas que prestaram os serviços mencionados no auto de infração e a Recorrente. Observo que não soube a Autoridade Lançadora comprovar a subordinação por meio da verificação da inserção na estrutura organizacional do sujeito passivo de todos os prestadores de serviço por meio de pessoas jurídicas. Não há nos autos prova cabal de tal controle dos fluxos de trabalho pela Recorrente. Ressalto, com tintas fortes, que mero controle do produto da prestação de serviços, de seu resultado final, não torna a prestadora de serviços subordinada, do ponto de vista trabalhista, à Contratante. Como dito acima, mero controle contratual não indica a subordinação do contrato de trabalho e sim um direito do contratante de verificar se o objeto da prestação de serviços avençada foi cumprido de acordo com os padrões ajustados. Isso, reafirmo com o perdão pela repetição, é ínsito ao contrato de prestação de serviços. Como ensina Silvio de Salvo Venosa (Direito Civil, III, Contratos em Espécie, 14ª ed., Ed. Atlas, pg.231), ao tratar do objeto e do alcance da prestação de serviços: "O objeto desse contrato é uma obrigação de fazer, uma conduta, tanto material, como intelectual. A lei não faz distinção quanto à natureza do serviço. Se o prestador não foi contratado para certo e determinado trabalho, entendese que sua obrigação diz respeito a todo e qualquer serviço compatível com suas forças e condições, dai então os chamados serviços gerais nos usos trabalhistas (art. 601). Não pode o dono do serviço exigir do prestador que faça o que o seu físico ou seu intelecto não suporta. Por outro lado, não pode também o prestador de serviços recusarse a desempenhar atividade para o qual foi contratado e que era de sua ciência. Importa que fiquem bem claros os serviços contratados." (destaquei) Reproduzo trechos fundantes da imputação fiscal sobre a subordinação, segundo o claro e fiel relatório apresentado no voto, que explicitam as razões da autoridade lançadora sobre o tema: " Ainda sobre a relação de emprego, preceitua também o Art. 3º da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT: “Considerase empregado toda pessoa física que prestar serviço de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste (grifo nosso) e mediante salário. Parágrafo único. Não Fl. 2010DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.969 39 haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição do trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual”. Frisamos as palavras subordinação e dependência na RELAÇÃO DE EMPREGO, como forma de chamar a atenção para o fato que a CLT ao afirmar sob dependência deste, nos permite visualizar de forma clara e convincente a relação de emprego que queremos demonstrar, senão vejamos: Quem conhece um projeto de Engenharia sabe que várias áreas da engenharia trabalham em conjunto: Civil, mecânica, elétrica, eletrônica, projetistas, desenhistas e muitas vezes arquitetos. Precisa que haja sincronia entre estas áreas, para que se possa cumprir o cronograma físico do projeto. Acompanhar o desenvolvimento do projeto no campo (local que se desenvolve) fazendo os ajustes necessários. As áreas técnicas supracitadas precisam estar dentro do cronograma do projeto, cada qual em seu setor. Logicamente para que isso ocorra é preciso coordenação, supervisão de quem contratou os profissionais (subordinação jurídica), no intuito de disponibilizar o trabalho final ao contratante maior, ou seja, por exemplo, uma Mineradora. A empresa ECM S.A desenvolve projetos para grandes empresas, tais como: Cia Vale do Rio Doce, Mineração Corumbaense, MMX Mineração S.A, Samarco Mineração, entre outras. Face à necessidade de interligação entre os profissionais é preciso que estejam em mesmo ambiente de trabalho, na maioria das vezes. Exatamente por este motivo que no Contrato de Empreitada PADRÃO, que a empresa firma com as pessoas físicas, mediante interposição de pessoa jurídica, estabelece na sua Cláusula Primeira – 1.3 que: “O objeto contratado poderá ser desenvolvido por profissionais (sócios/e ou empregados) da contratada em escritórios disponibilizados pela ECM em sua sede, mediante contrato de comodato, tácito ou escrito”. Em sua Cláusula 4.1 – “A contratada se obriga a executar o objeto contratado dentro dos prazos combinados, com boa qualidade e dentro dos padrões, normas, critérios e procedimentos da ECM”. (SUBORDINAÇÃO JURÍDICA) Cláusula 8.1 – “Pelo presente instrumento, a contratada cede a ECM, em caráter irrevogável e irretratável, de forma total e exclusiva, pelo período máximo permitido na legislação vigente, os direitos patrimoniais de propriedade intelectual e autoria, relativamente a todo e qualquer produto material ou intelectual, resultante deste contrato, ...” Verifico a inexistência de prova cabal da subordinação necessária para a caracterização da relação de emprego, verdadeiro óbice à contratação de pessoa jurídica para a prestação pessoal de serviços. Fl. 2011DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.970 40 O que há é a explicitação das responsabilidades dos prestadores de serviços, das obrigações destes na execução da tarefa, de qual o resultado a ser obtido. Porém é possível, como fez o Fisco, antever características da relação de emprego, de algum nível de subordinação estrutural. Necessário considerar as provas indiciárias de tal situação. Em que pese inexistir uma situação patente da relação de emprego, observo situações múltiplas onde há tais características, por exemplo, quando da concessão de típicos benefícios trabalhistas, muitos dos quais constantes de acordos e convenções coletivas firmados pela empresa ou sindicato que a representa. Não se pode olvidar que a comprovação indiciária é suficiente quando o fato a ser provado se demonstra perfeitamente caracterizado pela inferência de várias situações típicas, e cujo conjunto, cuja reunião explicitada, firma e afirma a existência do fato a ser comprovado. É o ocorre no caso em concreto e que me convence da existência de alguns vínculos de emprego dentre os apontados pelo Fisco. Explico melhor minhas razões de decidir, o convencimento que obtenho pelas provas dos autos. Há no caso em apreço a comprovação de contratos de prestação de serviços pessoais. Tais obrigações de fazer, quando presentes os requisitos da relação de emprego em especial da subordinação por expressa determinação da CLT devem se submeter aos ditames aplicáveis às relações típicas do contrato de trabalho, do contrato de emprego. Vejo comprovadas a pessoalidade, a onerosidade, a habitualidade e a subordinação em alguns casos. Tais casos são aqueles em que o Fisco demonstra o pagamento de valores, a entrega de bens, a oferta de benefícios que normalmente são realizados pelo empregador a seus empregados. Não é usual o reembolso de despesas incorridas quando uma pessoa jurídica presta serviço a outra. Também não o é a oferta de seguro de uma pessoa jurídica para o sócio de outra pessoa ficta quando esta presta serviço àquela. Muito mais raro ainda, para não dizer inexistente, que uma pessoa jurídica providencie, pague, ou facilite que os sócios de sua prestadora de serviços obtenha plano de assistência médica. Tais situações demonstram, ao menos indiciariamente, que os sócios dessas prestadoras de serviço estão inseridos no modelo organizacional da contratante, fazendo parte de sua estrutura produtiva e prestando serviços dentro desse modelo de organização e administração dos meios de produção da empresa contratante. Assim, os sócios dessas prestadoras de serviços que obtém tais vantagens tais benesses, são subordinados ao contratante que do serviços deles dispõem de maneira pessoal, onerosa, habitual e subordinada É o que verifico no caso concreto. A caracterização, mesmo que indiciária, da relação de emprego nos casos mencionados. Fl. 2012DF CARF MF Processo nº 15504.730950/201391 Acórdão n.º 2201003.666 S2C2T1 Fl. 1.971 41 Assim, para que reste claro a base de cálculo do lançamento tributário, determino a exclusão dos valores referentes às notas fiscais emitidas pelas empresas cujos sócios não receberam ao menos um dos dois benefícios mais comuns aos empregados: o seguro de vida e a assistência médica. Por óbvio que as pessoas jurídicas cujos sócios propuseram reclamatórias trabalhistas que resultaram em sentença em que não houve o reconhecimento, pelo Juiz do Trabalho, da relação de emprego, devem ser excluídas do lançamento, posto que houve a declaração pela autoridade competente da inexistência do fato jurídico transformado em fato gerador, pela lei tributária. Como dito acima, são somente esses os motivos de minha divergência com o nobre Relator, acompanhando seu voto em todos os demais aspectos. CONCLUSÃO Diante do exposto e pelos fundamentos apresentados, voto por dar provimento parcial ao recurso para retirar do lançamento os valores relativos às prestadoras de serviços cujos sócios não receberam ao menos um entre os benefícios assistência médica e seguro de vida; e também daqueles prestadores de serviços cujos sócios propuseram reclamatória trabalhista e não tiveram seu vínculo reconhecido pela Justiça do Trabalho, órgão competente para declarar a existência de relação de emprego. Carlos Henrique de Oliveira Redator designado Fl. 2013DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10715.003122/2010-35
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 25 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/02/2007 a 28/02/2007
REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR.
A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-004.307
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, o Dr. Bruno Alvarenga Vieira, OAB/SP nº 375.029.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Augusto Daniel Neto - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CARLOS AUGUSTO DANIEL NETO
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/02/2007 a 28/02/2007 REGISTRO DE DADOS DE EMBARQUE EM ATRASO. PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea e, do Decreto-Lei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, o Dr. Bruno Alvarenga Vieira, OAB/SP nº 375.029. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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PENALIDADE APLICADA POR VIAGEM EM VEÍCULO TRANSPORTADOR. A multa prescrita no art. 107, inciso IV, alínea “e”, do DecretoLei nº 37/66 referente ao atraso no registro dados de embarque de mercadorias , destinadas à exportação no Siscomex é cabível quando o atraso é superior a sete dias, nos termos da IN SRF nº 1096/2010. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário para negar provimento, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. Acompanhou o julgamento, pela recorrente, o Dr. Bruno Alvarenga Vieira, OAB/SP nº 375.029. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Augusto Daniel Neto Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire (Presidente), Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maysa de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 71 5. 00 31 22 /2 01 0- 35 Fl. 213DF CARF MF 2 Sá Pittondo Deligne, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase de Auto de Infração que exige do contribuinte a multa pelo atraso na prestação de informações sobre veículo ou carga nele transportada, penalidade prevista no art. 107, inciso IV, alínea "e", do DecretoLei nº 37/1966, cuja redação foi alterada pela Lei 10.833, de 2003. Inconformada com a autuação, o Contribuinte apresentou Impugnação, que foi julgada parcialmente procedente pela DRJ, com a aplicação retroativa da IN SRF nº 1096/2010, que ampliou o prazo de apresentação de informações para 7 (sete) dias, para afastar a multa em todos os casos em que a informação se deu dentro deste prazo. Inconformada, a contribuinte recorre a este Conselho repisando as alegações ofertadas quando da impugnação, acrescentando que com a edição da Instrução Normativa n° 1.096/2010 deixouse de definir como infração a inserção de dados de embarque de mercadorias no Siscomex, quando realizada dentro do prazo de 07 dias e pleiteando ainda a aplicação do instituto da denúncia espontânea após a publicação da Lei nº 12.350/2010, a qual alterou o art. 102 do DecretoLei nº 37/1966, devendose aplicar ao caso o instituto da retroatividade benigna. disposto no art. 106. II. do Código Tributário Nacional. O Recurso Voluntário foi julgado de forma procedente ao Contribuinte. Cientificada do acórdão mencionado o Representante da Fazenda Nacional apresentou recurso especial suscitando divergência quanto à exoneração da penalidade em comento por aplicação da denúncia espontânea prevista no art. 102, § 2º, do Decretolei nº 37/1966, com a nova redação dada pela Lei 12.350/2010. Ao julgar o caso, a 3ª Câmara Superior de Recursos Fiscais deste CARF deu provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, afastando a possibilidade de aplicação do instituto da denúncia espontânea às penalidades infligidas pelo descumprimento de deveres instrumentais, como os decorrentes da inobservância dos prazos fixados pela SRF para a prestação de informações à administração aduaneira. Na mesma decisão, determinou que os autos fossem remetidos novamente às Câmaras Baixas para apreciação e deliberação dos demais argumentos apresentados pelo Contribuinte. O contribuinte opôs Embargos de Declaração cuja a admissibilidade foi negada por despacho do Presidente do CARF. Por fim, os autos foram distribuídos à turma 3402, para relatoria do feito. É o relatório. Voto Fl. 214DF CARF MF Processo nº 10715.003122/201035 Acórdão n.º 3402004.306 S3C4T2 Fl. 3 3 Conselheiro Carlos Augusto Daniel Neto O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Como se verifica no relatório, apenas o argumento relativo à aplicação da denúncia espontânea em relação a penalidades decorrentes do descumprimento de obrigações acessórias foi enfrentado no acórdão proferido pela 3ª CSRF, justamente por ter sido o fio condutor do acórdão proferido na Câmara Baixa, que deixou de deliberar sobre os demais pontos, a despeito do I. Relator têlos enfrentado em seu acórdão. Desse modo, cabe a este Colegiado discutir, a despeito de concordância ou não com o mérito da decisão da CSRF, apenas os demais argumentos. A Recorrente alega, além da questão da denúncia espontânea, a nulidade da autuação por ausência de efetivo embaraço à fiscalização e incongruência do tipo penal eleito; No presente caso foi lavrado Auto de Infração para cobrança da multa prevista na alínea "e" do inciso IV do art. 107 do DecretoLei n° 37/1966, com redação dada pela Lei n° 10.833/2003, abaixo transcrita, haja vista o descumprindo da obrigação acessória disposta no art. 37 da IN SRF no. 28/1994, o qual foi posteriormente alterado pela IN SRF n° 510/2005: Art. 107. Aplicamse ainda as seguintes multas: IV de R$ 5.000,00 (cinco mil reais): e) por deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, aplicada ir empresa de transporte internacional, inclusive a prestadora de serviços de transporte internacional expresso portaaporta, ou ao agente de carga. O teor do art. 44 da IN SRF nº 28/1994 é o seguinte: Art. 44. O descumprimento, pelo transportador, do disposto nos arts. 37, 41 e § 3º do art. 42 desta Instrução Normativa constitui embaraço à atividade de fiscalização aduaneira, sujeitando o infrator ao pagamento da multa prevista no art. 107 do Decreto lei nº 37/66 com a redação do art. 5º do Decretolei nº 751, de 10 de agosto de 1969, sem prejuízo de sanções de caráter administrativo cabíveis. O Recorrente se prende na expressão "embaraço à atividade de fiscalização aduaneira" para considerar atípica a sua conduta, já que o atraso na entrega dos dados de embarque não configuraria embaraço à fiscalização, pois não haveria impedimento à atividade fiscalizatória. O entendimento do Recorrente não merece prosperar, visto que o tipo infracional não é definido pela Instrução Normativa, mas pelo art. 107, IV, "e" do DecretoLei nº 37/66, que define como condição necessária e suficiente da aplicação da multa "deixar de prestar informação sobre veiculo ou carga nele transportada, ou sobre as operações que Fl. 215DF CARF MF 4 execute, na forma e no prazo estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal" como se vê, a existência de um impedimento específico e doloso relativo à atividade fiscalizatória não é elemento do tipo, a despeito de estar presente, no caso, culpa decorrente da negligência no cumprimento de obrigações acessórias aduaneiras. Além disso, o tipo infracional analisado não depende de consequência material específica relativa a fiscalização, exaurindose em sua ocorrência com o transcurso do prazo de prestação de informações. Não se exige, tampouco, dolo específico de lesar o Erário ou o controle aduaneiro, mas não há como se negar a negligência envolvida na omissão do Contribuinte, razão pela qual é plenamente cabível a imputação infracional. Desse modo, os argumentos não devem prosperar, razão pela qual NEGO provimento ao Recurso Voluntário. É como voto. Carlos Augusto Daniel Neto Relator Fl. 216DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15983.720290/2014-76
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 05 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 2401-000.608
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente).
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andréa Viana Arrais Egypto e Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (suplente). RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 59 83 .7 20 29 0/ 20 14 -7 6 Fl. 21145DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.146 2 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 5ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília (DRJ/BSB), cujo dispositivo tratou de considerar improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 0367.696 (fls. 20.993/21.013): ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2010 a 31/12/2011 ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEIS OU ATOS NORMATIVOS. Este órgão de julgamento administrativo não é competente para apreciar alegações de inconstitucionalidade/ilegalidade de leis ou atos normativos. LANÇAMENTO. VALIDADE. AUSÊNCIA DE CERCEAMENTO DE DEFESA. Não há que se falar em nulidade por cerceamento de defesa quando os relatórios que integram o AI trazem todos os elementos que motivaram a sua lavratura e expõem, de forma clara e precisa, a ocorrência do fato gerador da contribuição previdenciária, elencando todos os dispositivos legais que dão suporte ao procedimento do lançamento. PRODUTOR RURAL PESSOA JURÍDICA. SUBROGAÇÃO. A empresa adquirente da produção de produtores rurais pessoas físicas fica subrogada nas obrigações de tais produtores e está obrigada a arrecadar, mediante desconto, a contribuição previdenciária por ele devida. Impugnação Improcedente 2. Extraise do Termo de Verificação Fiscal, às fls. 60/391, que o processo administrativo é composto, na origem, por 2 (três) Autos de Infração (AI), relativamente a fatos geradores ocorridos no período de 01/2010 a 12/2011, nos seguintes termos: (i) AI nº 51.074.3358, referente às contribuições previdenciárias incidentes sobre a receita bruta oriunda da comercialização da produção rural da pessoa física (fls. 4/30); e (ii) AI nº 51.074.3366, relativo à contribuição devida ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), incidente sobre a receita bruta proveniente da comercialização da produção rural (fls. 31/49). Fl. 21146DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.147 3 3. De acordo com a acusação fiscal, além das aquisições de produção rural diretamente de pessoas físicas, foi identificado um mecanismo de interposição fraudulenta nas operações de compra de café, mediante a utilização de pessoas jurídicas intermediárias e inidôneas, constituídas com o único objetivo de aparentar a aquisição de produtos rurais de pessoas jurídicas, quando, na verdade, as operações davamse junto a produtores rurais pessoas físicas. Em consequência da simulação, com participação e anuência da empresa fiscalizada, não houve a retenção, nem o recolhimento das contribuições incidentes sobre a comercialização da produção rural. 3.1 As informações sobre a prática de subterfúgios nas operações comerciais foram obtidas tendo em conta os resultados alcançados pelas operações "Tempo de Colheita", "Broca" e "Robusta", deflagradas pela Polícia Federal a partir do ano de 2007, em que foi descoberto um esquema fraudulento para a redução do pagamento de tributos federais no Estado do Espírito Santo. 4. Para fins de explicitar o lançamento de ofício, o agente fiscal dividiu o crédito tributário em 2 (duas) partes: (i) Levantamento "AA CONTRIBUIÇÃO RURAL E SENAR": Aquisições pela empresa fiscalizada de produção rural de pessoas físicas, segundo valores informados pelo sujeito passivo e corroborados pela documentação apresentada. Nesse caso, o agente lançador considerou inaplicável os efeitos das decisões judiciais no Mandado de Segurança Coletivo impetrado pelo Conselho de Exportadores de Café do Brasil (CECAFÉ), autuado sob o nº 0007528 56.2010.4.01.3400, com tramitação na Seção Judiciária do Distrito Federal, eis que a suspensão da exigibilidade do crédito tributário não alcançaria as contribuições incidentes sobre a comercialização da produção rural após a edição da Lei nº 10.256, de 9 de julho de 2001. Desprezada a ação judicial pela fiscalização, sobre as contribuições lançadas incidiu juros de mora e multa de ofício de 75%. (ii) Levantamento "AB CP RURAL E SENAR INIDÔNEAS": Aquisições pela empresa de produção rural de pessoas físicas, a partir de pessoas jurídicas inidôneas criadas e/ou utilizadas para a simulação de operações comerciais inexistentes. Sobre as contribuições exigidas a fiscalização fez incidir juros de mora e multa de ofício qualificada no percentual de 150%. Fl. 21147DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.148 4 4.1 Exigese as contribuições previdenciárias da empresa adquirente, ora recorrente, na condição de subrogada nas obrigações do produtor rural empregador pessoa física, nos termos do art. 30, incisos III e IV, c/c art. 25, incisos I e II, ambos da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991; na redação dada pela Lei nº 10.256, de 2001. 4.2 Quanto à contribuição devida ao Senar, o lançamento fiscal está amparado no art. 6º da Lei nº 9.528, de 10 de dezembro de 1997, e regulamentação. 5. Cientificado da lavratura dos autos de infração por meio de procurador, em 06/01/2005, conforme fls. 50/54, o sujeito passivo impugnou a exigência fiscal (fls. 20.600/20.632). 6. Intimada da decisão de piso em 21/05/2015, data em que efetuou consulta no endereço eletrônico atribuído pela Administração Tributária, conforme fls. 21.029/21.031, a recorrente apresentou recurso voluntário em 19/06/2015 (fls. 21.032/21.067). 6.1 Em síntese, expõe os seguintes argumentos de fato e de direito em face da decisão de piso que manteve o crédito tributário: (i) a ação judicial proposta pelo CECAFÉ discute a obrigação de retenção e recolhimento das contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção rural da pessoa física, alcançando os fatos geradores na vigência da Lei nº 10.256, de 2001. Á vista disso, a recorrente, como associada do CECAFÉ, estava amparada pela decisão em primeiro grau que concedeu a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, inclusive nos meses com a existência de depósitos judiciais desconsiderados pela fiscalização, sendo descabida a aplicação de juros e multa; (ii) contudo, independentemente da ação judicial, o Supremo Tribunal Federal, nos autos do Recurso Extraordinário nº 363.852/MG, já considerou inconstitucional as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização de produção rural da pessoa física, cujos sólidos fundamentos devem ser aplicados mesmo para o período após o advento da Lei nº 10.256, de 2001, na medida em que a novel legislação não definiu todos os elementos indispensáveis para a cobrança válida da exação. Além do que as contribuições previdenciárias sobre a comercialização rural são também contrárias à Constituição de 1988 por violação aos princípios do "non bis in idem" e da isonomia; (iii) na aquisição por meio de pessoas jurídicas fornecedoras de café não é razoável o desprezo das características e operações típicas inerentes à cadeia de produção e venda do setor cafeeiro. Os negócios jurídicos foram efetivamente Fl. 21148DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.149 5 realizados, não tendo praticado a recorrente qualquer conduta fraudulenta para obtenção de vantagem fiscal, porquanto sempre agiu de boa fé e adotou todas as providências que estavam ao seu alcance para verificar a idoneidade das empresas fornecedoras do produto rural. Logo, a posterior declaração de idoneidade das pessoas jurídicas fornecedoras de café não é capaz de repercutir para atingir os fatos passados, devendo os documentos que lastrearam as aquisições produzirem os efeitos tributários que lhe são próprios; e (iv) ao afastar a personalidade jurídica dos fornecedores de café, atribuindo que houve compras provenientes de produtores rurais pessoas físicas, o lançamento tributário é nulo, dado que o agente fiscal deixou de indicar a base legal para desconsiderar e requalificar as operações realizadas entre as partes. Mesmo a aplicação, se fosse o caso, do parágrafo único do art. 116 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, denominada de Código Tributário Nacional (CTN), exige, obrigatoriamente, a adoção de procedimento administrativo próprio e exclusivo para tal fim, o que não se configurou. Além disso, uma vez descaracterizado os negócios jurídicos realizados pelas partes, a autoridade fazendária deveria indicar no auto de infração os produtores rurais pessoas físicas, que são os contribuintes de direito das contribuições previdenciárias, dos quais a recorrente teria supostamente adquirido o café. 7. Foram apresentadas contrarrazões pela Fazenda Nacional às fls. 21.087/21.116, em que reforça a procedência do conjunto fáticoprobatório carreado pela acusação fiscal e defende a inexistência de razões para o acolhimento da pretensão de reforma do acórdão recorrido. É o relatório. Fl. 21149DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.150 6 VOTO Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator 8. Quanto aos efeitos da ação judicial interposta pelo CECAFÉ, com a ressalva da cognição não exauriente sobre a questão controvertida, verifico a plausibilidade das alegações da recorrente. 9. De fato, a partir das cópias das peças extraídas do processo judicial que instruem os autos deste processo administrativo, é possível inferir que a recorrente, na condição de associada do CECAFÉ, estava acobertada, no período dos fatos geradores sob fiscalização, pela decisão judicial que concedeu o direito de não reter e recolher, por subrogação, as contribuições previdenciárias incidentes sobre a comercialização da produção rural das pessoas físicas (fls. 684/730 e 20.647/20.712). 9.1 O mandado de segurança coletivo foi impetrado no início do ano de 2010, tendo sido deferido, logo em seguida, o pedido de liminar para suspensão da exigibilidade das contribuições previdenciárias previstas no art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991, na forma do inciso IV do art. 151 do CTN, ou seja, sem a necessidade de garantia do crédito tributário mediante o depósito judicial (fls. 20.647/20.649). A liminar foi confirmada por meio de sentença proferida pelo juízo singular no final do ano de 2011 (fls. 714/720). 9.2 Ainda que possa discutirse o que constitui o objeto da ação judicial, tendo em vista a delimitação da causa de pedir e do pedido da demanda, tal questão está integralmente submetida ao Poder Judiciário, sendo plenamente razoável admitir que as obrigações tributárias questionadas dizem respeito, senão exclusivamente, necessariamente também a fatos geradores na vigência da Lei nº 10.256, de 2001, dados os efeitos práticos da suspensão da exigibilidade do crédito tributário pleiteado pelo autor. 9.3 Acrescento, sem alongarme em mais argumentos nesse momento processual, que a Fazenda Nacional, indistintamente, ao manejar agravo de instrumento, embargos de declaração e recurso de apelação, defendeu que a Lei nº 10.256, de 2001, tornou constitucional as contribuições previdenciárias sobre a comercialização da produção do empregador rural pessoa física (art. 25 da Lei nº 8.212, de 1991). 9.4 A título exemplificativo, reproduzo o trecho final do recurso de apelação interposto pela Fazenda Nacional (fls. 20.712): (...) Ante o exposto, no tocante à constitucionalidade da contribuição previdenciária do empregador rural (vulgarmente denominada de "Novo Funrural") sobretudo após o advento da Lei nº 10.256/2001, insta firmar, à guiza de conclusão, as seguintes premissas: A) O RE nº 363.852/MG declarou apenas a inconstitucionalidade das Leis n° 8.540/92 e 9.528/97, abrangendo somente o produtor rural pessoa física com empregados (art. 12, V, "a", da Lei n° 8.212/91); B) A Lei n° 10.256/2001, publicada na vigência da EC n° 20/98, instituiu de forma válida a exação sobre receita ou faturamento, Fl. 21150DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.151 7 tomando constitucional — a partir dai — a contribuição devido pelo produtor rural empregador, conforme expressa observação do voto condutor do RE n" 363.852/MG; C) Não há falar em bitributação porquanto os produtores rurais não são contribuintes da COFINS, por não equiparados à pessoa jurídica; 10. Logo, ao menos no que tange ao Levantamento "AA CONTRIBUIÇÃO RURAL E SENAR", há sinalização clara de concomitância entre processo administrativo fiscal e processo judicial com o mesmo objeto, isto é, a discussão sobre a existência ou não de relação jurídicotributária entre União e a recorrente, associada do CECAFÉ, quanto à obrigação de retenção e recolhimento, por subrogação, das contribuições previdenciárias incidentes sobre as operações de aquisição da produção rural do empregador rural pessoa física. 11. Tal situação implica consequências sobre a análise dos juros de mora e da multa incidentes sobre as contribuições devidas, a julgar pelo início do procedimento fiscal apenas no ano de 2014. É oportuno salientar a ausência de óbice nas decisões judiciais para efetuarse o lançamento de ofício, ainda que para o fim de prevenção da decadência. 12. Segundo os autos, ao longo da ação judicial em andamento, a recorrente esteve protegida ora por liminar, ora por depósito judicial, ora pela sentença de primeiro grau, ou mesmo optou em manter o regular pagamento das respectivas contribuições previdenciárias (fls. 731/735). 13. Devido à interposição de agravo de instrumento e, posteriormente, agravo regimental, cujas decisões modificaram temporariamente a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, há notícias da realização em alguns meses de depósito judicial pelas empresas substituídas. 13.1 Aparentemente, nos meses de abril/2011 a junho/2011, procedeuse ao depósito no montante integral do tributo exigido no Levantamento "AA", o que levaria a inexigibilidade dos juros de mora sobre o crédito tributário (Súmula nº 5 deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). 13.2 Embora, de um lado, a recorrente dá a entender pela inexistência de pedido de levantamento dos depósitos, de outra parte, a sentença autorizou o levantamento dos depósitos efetuados em conta judicial vinculada à ação judicial, relacionados aos períodos de 2010 e 2011, inclusive havendo orientação do escritório de advocacia para a possibilidade da manutenção ou não dos depósitos judiciais realizados, a critério de cada empresa (fls. 706, 713 e 720). 13.3 Não é demais repetir que a autoridade fiscal não se aprofundou sobre a questão, na medida em que desconsiderou os efeitos da ação judicial sobre lançamento tributário, exigindo normalmente os juros de mora e a multa de ofício sobre as contribuições não recolhidas aos cofres públicos. 14. Entendo, desse modo, para o fim de espancar quaisquer dúvidas e permitir a certeza deste julgador a respeito da aplicação do direito aos fatos, a necessidade de esclarecimento adicionais sobre os depósitos judiciais. Fl. 21151DF CARF MF Processo nº 15983.720290/201476 Resolução nº 2401000.608 S2C4T1 Fl. 21.152 8 15. Nesse contexto, VOTO POR CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, com a finalidade de que a unidade preparadora da RFB proceda a intimação da empresa recorrente para: (i) em relação ao crédito tributário exigido no Levantamento "AA CONTRIBUIÇÃO RURAL E SENAR", faça a juntada aos autos da comprovação de que os depósitos judiciais do montante integral das contribuições previdenciárias, nas competências abril/2011 a junho/2011, não foram objeto de levantamento após autorização do Juízo, permanecendo depositados em conta judicial; e (ii) providencie a anexação aos autos das demais decisões proferidas no Processo nº 000752856.2010.4.01.3400, a partir da apelação cível, inclusive. Conclusão Voto, portanto, por converter o julgamento em diligência, nos termos acima propostos. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 21152DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.726114/2011-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2007
GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS PARA INTEGRALIZAÇÃO DE AÇÕES EM VALOR MAIOR DO QUE O CONSTANTE DA DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA.
As pessoas físicas que transferirem a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos por valor superior àqueles registrados na Declaração de Ajuste Anual, estão sujeitas à incidência do imposto de renda sobre a diferença entre o valor atribuído à integralização e o valor constante declaração para os respectivos bens e direitos.
GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL COM INCORPORAÇÃO DE RESERVAS DE LUCROS REALIZADO APÓS A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES.
O aumento de capital social com incorporação de reserva de lucros realizado após a efetivação da alienação das ações não pode ser considerado no custo de aquisição das ações vendidas, pelo evidente fato de o acréscimo do capital social ter ocorrido após a operação que ensejou o ganho de capital.
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE.
O processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes, os dispositivos legais devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao princípio da estrita legalidade.
Numero da decisão: 2401-005.026
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso. No mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arraes Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Solicitou fazer declaração de voto o conselheiro Carlos Alexandre Tortato.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: MIRIAM DENISE XAVIER
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2007 GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS PARA INTEGRALIZAÇÃO DE AÇÕES EM VALOR MAIOR DO QUE O CONSTANTE DA DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. As pessoas físicas que transferirem a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos por valor superior àqueles registrados na Declaração de Ajuste Anual, estão sujeitas à incidência do imposto de renda sobre a diferença entre o valor atribuído à integralização e o valor constante declaração para os respectivos bens e direitos. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL COM INCORPORAÇÃO DE RESERVAS DE LUCROS REALIZADO APÓS A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES. O aumento de capital social com incorporação de reserva de lucros realizado após a efetivação da alienação das ações não pode ser considerado no custo de aquisição das ações vendidas, pelo evidente fato de o acréscimo do capital social ter ocorrido após a operação que ensejou o ganho de capital. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. O processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes, os dispositivos legais devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao princípio da estrita legalidade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso. No mérito, por voto de qualidade, negar-lhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arraes Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Solicitou fazer declaração de voto o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier - Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa.
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GANHO DE CAPITAL. Recorrente CRISTIANO MALUCELLI Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS PARA INTEGRALIZAÇÃO DE AÇÕES EM VALOR MAIOR DO QUE O CONSTANTE DA DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. As pessoas físicas que transferirem a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos por valor superior àqueles registrados na Declaração de Ajuste Anual, estão sujeitas à incidência do imposto de renda sobre a diferença entre o valor atribuído à integralização e o valor constante declaração para os respectivos bens e direitos. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL COM INCORPORAÇÃO DE RESERVAS DE LUCROS REALIZADO APÓS A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES. O aumento de capital social com incorporação de reserva de lucros realizado após a efetivação da alienação das ações não pode ser considerado no custo de aquisição das ações vendidas, pelo evidente fato de o acréscimo do capital social ter ocorrido após a operação que ensejou o ganho de capital. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. O processo administrativo não é via própria para a discussão da constitucionalidade das leis ou legalidade das normas. Enquanto vigentes, os dispositivos legais devem ser cumpridos, principalmente em se tratando da administração pública, cuja atividade está atrelada ao princípio da estrita legalidade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 61 14 /2 01 1- 10 Fl. 147DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso. No mérito, por voto de qualidade, negarlhe provimento. Vencidos os conselheiros Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arraes Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa, que davam provimento ao recurso. Solicitou fazer declaração de voto o conselheiro Carlos Alexandre Tortato. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Relatora e Presidente. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Cleberson Alex Friess, Carlos Alexandre Tortato, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Rayd Santana Ferreira, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Andrea Viana Arrais Egypto e Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 148 3 Relatório Tratase de Auto de Infração, fls. 79/84, que exige do contribuinte R$ 233.298,60 de imposto, acrescido de multa de ofício de 75% e juros moratórios, em razão da apuração de “GANHOS DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS” com omissão de ganho de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores, conforme termo de verificação fiscal de fls. 85/90, fato gerador ocorrido em 02/07. A operação, conforme relatado no acórdão recorrido (fls. 111/112), ocorreu da seguinte forma: Relata o auditor que, conforme a ata da 1ª Assembleia Geral Extraordinária da J. Malucelli Holding S/A, de 02/02/2007, o sócio Cristiano Malucelli integralizou sua participação no capital social da citada empresa mediante a entrega de 5.646.438 ações ordinárias do Paraná Banco pelo valor de R$ 7.813.221,00, sendo emitidas na oportunidade 7.813.221 ações ordinárias nominativas. Na sequência, cita o anexo da 1ª Assembléia Geral Extraordinária da J. Malucelli Holding S/A, consistente no Laudo de Avaliação realizado pela S. Fracaro Assessoria Contábil, a pedido da J. Malucelli Holding S/A, com a finalidade de proceder à avaliação do valor contábil de 67.757.524 ações ordinárias do Paraná Banco S.A., representativas de 67,75% do seu Capital Social, no qual ficou externada a conclusão dos peritos, atribuindoas o valor máximo de R$ 93.759.030,00, para fins de aumento de capital na J. Malucelli Holding S/A. Ressalta que a entrega das ações para a J. Malucelli Holding S/A, em 02/02/07, conforme ata da 1ª Assembleia Geral Extraordinária, ocorreu antes mesmo do aumento de capital realizado pelo Paraná Banco mediante a utilização da reserva de lucros, cuja deliberação ocorreu na 64ª Assembleia Geral extraordinária do Paraná Banco, realizada em 28/02/07. Comenta o auditor também que a avaliação feita pela Fracaro Assessoria Contábil (38,37%) representou uma valorização das ações do Paraná Banco em patamar acima do efetivo aumento do capital social do Paraná Banco, que ficou em 32%. Contudo, segundo o agente fiscal, mesmo após o aumento do capital social, o valor unitário das ações permaneceu em R$ 1,00. Dado este quadro, o fiscal partiu, então, para a apuração do custo de aquisição das ações do Paraná Banco que foram entregues para integralização do capital social da J. Malucelli S/A, chegando ao montante de R$ 6.257.897,00. Fl. 149DF CARF MF 4 Feito isto, tendo em vista o valor da alienação de R$ 7.813.221,00 e o custo de aquisição de R$ 6.257.897,00, apurou se um ganho de capital de R$ 1.555.324,00. Cientificado do Auto de Infração AI, o contribuinte apresentou impugnação, sendo proferido o Acórdão 0737.398 6ª Turma da DRJ/FNS (fls. 110/117) com a seguinte ementa e resultado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2007 GANHO DE CAPITAL. TRANSFERÊNCIA DE BENS E DIREITOS PARA INTEGRALIZAÇÃO DE AÇÕES EM VALOR MAIOR DO QUE O CONSTANTE DA DECLARAÇÃO DE BENS E DIREITOS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO DE RENDA. As pessoas físicas que transferirem a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos por valor superior àqueles registrados na Declaração de Ajuste Anual, estão sujeitas à incidência do imposto de renda sobre a diferença entre o valor atribuído à integralização e o valor constante declaração para os respectivos bens e direitos. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. AUMENTO DE CAPITAL SOCIAL COM INCORPORAÇÃO DE RESERVAS DE LUCROS REALIZADO APÓS A ALIENAÇÃO DAS AÇÕES. O aumento de capital social com incorporação de reserva de lucros realizado após a efetivação da alienação das ações não pode ser considerado no custo de aquisição das ações vendidas, pelo evidente fato de o acréscimo do capital social ter ocorrido após a operação que ensejou o ganho de capital. PROCESSO ADMINISTRATIVO TRIBUTÁRIO. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE E ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA DOS ÓRGÃOS ADMINISTRATIVOS. As Delegacias Regionais de Julgamento são incompetentes para apreciar arguições relativas à inconstitucionalidade e ilegalidade de leis ou atos normativos federais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Cientificado do Acórdão em 6/7/15 (cópia de Aviso de Recebimento AR de fl. 121), o contribuinte apresentou recurso voluntário em 29/7/15, fls. 123/143 (no qual repisa argumentos apresentados na impugnação), que contém, em síntese: Fl. 150DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 149 5 Aduz que a incidência do imposto de renda pressupõe a ocorrência de fato tributário que importe em riqueza nova para o contribuinte, não bastando mera transformação da expressão de riqueza que já lhe pertença. Explica que a recorrente promoveu a transferência das 5.646.438 ações ordinárias que possuía do Paraná Banco e em contrapartida recebeu 7.813.221 ações ordinárias da J. Malucelli Holding S/A, sendo uma relação de equivalência patrimonial. Essa operação implicou somente em uma transformação no patrimônio já detido pela recorrente. Houve na verdade a mera substituição de um bem por outro. Acrescenta que essa operação em nenhum momento se traduziu em dinheiro, mas apenas em substituição de ações, em patamar de equivalência. Entende que a operação de integralização em capital social de pessoa jurídica não está sujeita à incidência de imposto sobre a renda, porquanto constituiu um ato típico, que não se confunde com a hipótese abstrata prevista na Lei 8.981/95, art. 23, §§ 1º e 2º, no qual foi enquadrada pela fiscalização. Cita jurisprudência. Afirma que a integralização de determinado bem (inclusive ações) no capital social não representa aquisição econômica por parte de seu titular. Tratase de um ato típico que não se equipara ou se assemelha a atos de comércio ou de cessão de direitos, afastando a ideia de lucro, ainda que haja oscilação de valor em razão, puramente, da avaliação do bem (ações). Cita doutrina. Conclui que na transferência das ações realizada pelo recorrente não houve sinal de riqueza nova, muito menos geração de disponibilidade econômica ou jurídica. Assim, não há como identificar em tal evento a existência de capacidade contributiva por parte da recorrente, uma vez que não resultou em possibilidade econômica de contribuir para o Erário com o pagamento de tributo. Assevera que o lançamento de ofício do imposto de renda promovido afronta o princípio da capacidade contributiva, disposto na CR/88, art. 145, § 1º. Destaca que a transferência de ações pelo recorrente não teve o condão de alterar a proporção da sua participação societária. Expõe que ficou claro que, na descrição dos fatos, a avaliação recaiu sobre todas as ações do Paraná Banco, sem repercutir na sua distribuição entre os acionistas. Essa constatação confirma que não se consumou incremento no patrimônio do recorrente no momento da entrega de suas ações do Paraná Banco mediante integralização no capital social da J. Malucelli Holding S/A. Diz que deve prevalecer a substância sobre a forma, sendo aplicável a norma isentiva estabelecida na Lei 8.849/94, art. 3ª, § 2º, com redação dada pela Lei 9.064/95, que dispõe sobre o aumento de capital mediante incorporação de lucros ou reservas. Explica que não fosse a questão formal da data de realização da 64ª Assembleia Geral Extraordinária que incorporou lucros que já haviam sido apurados, tributados e reservados para o aumento do capital social do Paraná Banco, por certo não teria sido sequer lavrado o auto de infração contra a recorrente. Expõe que o aumento do valor das ações do recorrente vinculouse à incorporação de lucros para aumento do capital social do Paraná Banco. Frisa que o fato de não terem sido emitidas novas ações, mas alterado o valor nominal das ações existentes, em nada interfere sob o aspecto tributário. Afinal, tratase de Fl. 151DF CARF MF 6 critérios matematicamente equivalentes, que não repercutem na situação patrimonial propriamente dita. Portanto, a seu ver, considerando que na integralização de ações no capital social da J. Malucelli Holding S/A foi computada a parcela dos lucros que cabia à impugnante lucros esses que já haviam sido apurados, tributados e constituídos em reserva pelo Paraná Banco , concluise que a diferença apontada pela fiscalização entre o "custo aquisição" e o "valor da alienação" de tais ações é isenta de imposto de renda, por força da Lei 8.849/94, art. 3º, § 2º. Considera que se trata, na essência, de montante relacionado à utilização da reserva de lucros pelo Paraná Banco para o aumento de seu capital social, acompanhado da integralização de 67,757525% de suas ações (dentre as quais de titularidade do recorrente) no capital social da J. Malucelli Holding S/A. Sustenta que o aspecto substancial da operação deve ser considerado e reconhecido no julgamento deste feito, buscandose o seu real e legítimo propósito com base nas circunstâncias materiais apresentadas. Afirma que no contexto dessa operação situase o ato de transferência para a holding das ações que o recorrente detinha na empresa cujo capital social foi aumentado através da incorporação da reserva de lucros. Frisa ainda que se mantido o auto de infração, restará caracterizada o fenômeno do bis in idem, pela exigência do imposto de renda duas vezes sobre a mesma parcela de lucro (uma vez na pessoa jurídica do Paraná Banco e outra vez na pessoa física do recorrente), o que é vedado em nosso ordenamento jurídico. Requer seja julgado improcedente o auto de infração. É o relatório. Fl. 152DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 150 7 Voto Conselheira Miriam Denise Xavier, Relatora. ADMISSIBILIDADE O recurso voluntário foi oferecido no prazo legal, assim, deve ser conhecido. MÉRITO GANHO DE CAPITAL Inicialmente, destacase que a atividade vinculada do agente administrativo não o permite interpretar a lei de forma diversa, devendo observar o disposto no CTN, art. 142: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. No presente caso o contribuinte integralizou sua participação no capital social da empresa J. Malucelli Holding S/A, mediante a entrega de 5.646.438 ações ordinárias do Paraná Banco pelo valor de R$ 7.813.221,00, sendo emitidas na oportunidade 7.813.221 ações ordinárias nominativas. O valor da participação societária adquirida corresponde ao que foi definido pela avaliação aprovada em assembleia. No patrimônio do acionista ocorreu a saída das ações entregues do Paraná Banco e o ingresso das novas ações, da J. Malucelli Holding S/A. A transferência não se deu mediante a entrega em dinheiro, mas sim em bens (ações). Assim, a transmissão da propriedade dos ativos é onerosa e mensurada em dinheiro, a partir de prévia avaliação de profissionais peritos. A hipótese de integralização de capital por pessoa física, mediante entrega de bens, foi estabelecida no art. 23 da Lei 9.249/95: Art. 23. As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante da respectiva declaração de bens ou pelo valor de mercado. Fl. 153DF CARF MF 8 § 1º Se a entrega for feita pelo valor constante da declaração de bens, as pessoas físicas deverão lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens ou direitos transferidos, não se aplicando o disposto no art. 60 do Decretolei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e no art. 20, II, do Decretolei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. § 2º Se a transferência não se fizer pelo valor constante da declaração de bens, a diferença a maior será tributável como ganho de capital. (grifo nosso) Sendo assim, a transferência de ações é uma forma de alienação em sentido amplo, sendo que a diferença a maior a favor do valor econômico em contraposição ao custo de aquisição da participação na empresa cujas ações estão sendo entregues, constituise em ganho de capital. As operações que importem alienação de bens estão sujeitas à apuração de ganho de capital, de acordo com a Lei 7.713/88, art. 3º: Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. [...] § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. (grifo nosso) § 3º Na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins. (grifo nosso) § 4º A tributação independe da denominação dos rendimentos, títulos ou direitos, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem dos bens produtores da renda, e da forma de percepção das rendas ou proventos, bastando, para a incidência do imposto, o benefício do contribuinte por qualquer forma e a qualquer título. O imposto em questão incidirá sempre que houver aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza, neste último incluído o ganho de capital aqui abordado, o qual é perfeitamente mensurável monetariamente. A lei ao definir o fato gerador do imposto não se reporta à disponibilidade financeira, mas à disponibilidade econômica ou jurídica, CTN, art. 43: Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 151 9 Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. Para o CTN, o fato gerador do imposto se configura possível com o simples acréscimo patrimonial, não se exigindo a disponibilidade financeira ou circulação de numerário correspondente. Vêse, portanto, que a disponibilidade da nova riqueza em pecúnia não é requisito absoluto para a tributação da renda da pessoa física, especialmente diante da hipótese de patrimônio economicamente acrescido pela aquisição de um bem ou direito, como no caso integralização de ações mediante a entrega de ações de outra empresa. Neste caso, independentemente da conversão em pecúnia, estará configurada a realização de renda para a pessoa física a partir do instante em que o bem ou direito esteja incorporado ao seu patrimônio, ou seja, basta para a aquisição da disponibilidade da renda a possibilidade de mensuração econômica do bem ou direito e que, efetivamente, acresça riqueza ao patrimônio do contribuinte. Frisese que o artigo 55 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999, em seus incisos IV e XIII, traz exemplificativamente hipóteses de incidência em que não há recebimento de valores em dinheiro. Art.55. São também tributáveis (Lei nº 4.506, de 1964, art. 26, Lei nº 7.713, de 1988, art. 3º, §4º, e Lei nº 9.430, de 1996, arts. 24, §2º, inciso IV, e 70, §3º, inciso I): [...] IV os rendimentos recebidos na forma de bens ou direitos, avaliados em dinheiro, pelo valor que tiverem na data da percepção; (grifo nosso) [...] XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; Assim, diante da legislação aplicável, especialmente a Lei 7.713/88, art. 3º, § 3º, a conclusão não pode ser outra: o fato gerador do IRPF ocorreu no momento da operação ora tratada, e tendo sido apurado o ganho de capital, correto o lançamento fiscal que apurou o imposto devido. Fl. 155DF CARF MF 10 Logo, não há como se acolher as alegações de que não houve disponibilidade econômica ou jurídica, de que não houve incremento patrimonial e de que não houve alteração na proporção da participação societária. INCONSTITUCIONALIDADE Acrescentese que a validade ou não da lei, em face de suposta ofensa a princípio de ordem constitucional escapa ao exame da administração, pois se a lei é demasiadamente severa, cabe ao Poder Legislativo, revêla, ou ao Poder Judiciário, declarar sua ilegitimidade em face da Constituição. Assim, a inconstitucionalidade ou ilegalidade de uma norma não se discute na esfera administrativa, pois não cabe à autoridade fiscal questioná la, mas tão somente zelar pelo seu cumprimento, sendo o lançamento fiscal um procedimento legal a que a autoridade fiscal está vinculada. Ademais, o Decreto 70.235/72, dispõe que: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. E a Súmula CARF nº 2 determina: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Assim, irrelevantes os argumentos sobre ofensa ao princípio constitucional da capacidade contributiva. INCORPORAÇÃO DE LUCROS Não há como se acatar o argumento de que o aumento do valor das ações do recorrente vinculouse à incorporação de lucros para aumento do capital social do Paraná Banco. Conforme consta do Termo de Verificação Fiscal, a integralização das ações da empresa J. Malucelli Holding S/A aconteceu em 2/2/07, enquanto o aumento de capital do Paraná Banco S/A, com a utilização de reservas de lucros, ocorreu em 28/2/07, logo, em data posterior à alienação. Sendo assim, não há como atribuir ao custo das ações alienadas referido aumento de capital. Cabe aqui citar trecho do acórdão de impugnação que muito bem tratou da matéria: Com efeito, não é possível atribuir ao custo de alienações alienadas o aumento de capital social com a utilização de reservas ocorrido posteriormente. Não se trata apenas de questão formal, como aduz o impugnante, mas de efetiva data em que cada operação foi efetivada. Prova disso é que, conforme Ata da Trigésima Assembléia Geral Ordinária e Sexagésima Quarta Assembleia Geral Extraordinária (fls 76 e 77), de 28/02/2007, na qual foi decidido pelo aumento de capital com reserva de lucros, o Srº. Cristiano Malucelli não participou da reunião, pois não figurava como sócio, de acordo com discriminação dos subscritores contida na própria ata. Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 152 11 Posto isto, não há que se falar em consideração do aumento de capital social com reserva de lucros no custo de aquisição das ações vendidas, visto que na data de sua efetivação, as ações do Srº. Cristiano já haviam sido alienadas à J. Malucelli Holding S/A. Tampouco podese falar em ocorrência "de bis in idem", porquanto o fato gerador do imposto de renda sobre o ganho de capital levantado ocorreu em momento anterior ao aumento do capital social utilizandose a incorporação de reserva de lucros, de modo que não constituiu motivo para a valorização da participação societária do autuado. Logo, não havendo razão também para ser considerado no cômputo do custo de aquisição. CONCLUSÃO Sendo assim, correto o procedimento fiscal que apurou o IRPF ora lançado. Pelo exposto, voto por conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Fl. 157DF CARF MF 12 Declaração de Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Do ganho de capital na operação de incorporação de ações Divirjo da i. relatora quanto a existência do ganho de capital passível de tributação na operação de incorporação de ações detalhadamente descrita no voto acima. Tratase de discussão bastante conhecida neste Conselho e com jurisprudência e doutrina na defesa de ambas as teses. Como destacado nos debates deste julgamento, a 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em 03/03/2015, julgou caso muito semelhante ao presente e entendeu pela não incidência do IRPF na operação, proferindo o Acórdão nº. 9202003.579, cuja ementa restou assim redigida: IRPF OPERAÇÃO DE INCORPORAÇÃO DE AÇÕES INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO DE GANHO DE CAPITAL. A figura da incorporação de ações, prevista no artigo 252 da Lei n° 6.404/76, difere da incorporação de sociedades e da subscrição de capital em bens. Com a incorporação de ações, ocorre a transmissão da totalidade das ações (e não do patrimônio) e a incorporada passa a ser subsidiária integral da incorporadora, sem ser extinta, ou seja, permanecendo com direitos e obrigações. Neste caso, se dá a substituição no patrimônio do sócio, por idêntico valor, das ações da empresa incorporada pelas ações da empresa incorporadora, sem sua participação, pois quem delibera são as pessoas jurídicas envolvidas na operação. Os sócios, pessoas físicas, independentemente de terem ou não aprovado a operação na assembléia de acionistas que a aprovou, devem, apenas, promover tal alteração em suas declarações de ajuste anual. Ademais, nos termos do artigo 38, § único, do RIR/99, a tributação do imposto sobre a renda para as pessoas físicas está sujeita ao regime de caixa, sendo que, no caso, o contribuinte não recebeu nenhum numerário em razão da operação autuada. Não se aplicam à incorporação de ações o artigo 3°, § 3°, da Lei n° 7.713/88, nem tampouco o artigo 23 da Lei n° 9.249/95. Inexistência de fundamento legal que autorize a exigência de imposto de renda pessoa física por ganho de capital na incorporação de ações em apreço.Recurso especial negado. Na ocasião, o i. relator designado para redigir o voto vencedor, Manoel Coelho Arruda Junior, de maneira brilhante e minuciosa abrangeu o tema por diversas perspectivas, todavia, uma delas em especial me chama a atenção, razão pela qual apresento Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 153 13 esta declaração de voto, por entender que a matéria, quando discutida, está passando ao largo de crucial fundamento. Destaco alguns trechos do mencionado acórdão: Por outro lado, não obstante as delimitações negativas que buscamos realizar, é importante salientar que o Texto Constitucional consagra o direito de propriedade (artigo 5º, XXII, da Constituição da República de 1988), a capacidade contributiva (artigo 145, §1º, do mesmo Diploma) e a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III). A tributação consiste em invasão no patrimônio do contribuinte, relativizando o seu direito de propriedade, que destaca parte de sua riqueza (a ser calculada de acordo com o referencial adotado – renda, patrimônio, faturamento, receita, dentre outros) e a entrega ao Estado, como forma de abastecimento dos cofres públicos e concretização dos valores constitucionais perseguidos pela sociedade. Esta invasão, no entanto, não pode aniquilar direitos fundamentais. A capacidade contributiva, a seu turno, impõe que o legislador capte as manifestações de riqueza, previamente estipuladas pelas regras de competência tributária. Com essas palavras, queremos pontuar que só há renda– acréscimo patrimonial – após o confronto entre as receitas e as despesas, de modo a se tributar, efetivamente, riqueza disponível, e não um ônus, uma perda ou, enfim, qualquer decréscimo patrimonial. Nesse diapasão, parecenos que o vocábulo renda só pode significar o acréscimo de riqueza definitivo ao patrimônio do contribuinte, obtido após a dedução das despesas indispensáveis à manutenção da fonte produtora, verificada em determinado período de tempo. O conceito em tela distinguese principalmente da noção de “patrimônio” (que é o conjunto estático de bens) e de “receita” (ingresso patrimonial), vez que sua configuração depende da dedução de determinadas saídas. Do contrário, terseia renda como sinônimo de receita. Posto isso, cabe analisar se a definição do conceito de “renda e proventos de qualquer natureza” realizada pelo legislador nacional complementar, é compatível com a regra de competência do artigo 153, III, da Carta Magna de 1988. [...] A tributação da renda só é possível quando configurada a disponibilidade –econômica ou jurídica – que denote manifestação de capacidade contributiva por parte do contribuinte. A disponibilidade econômica referese à efetiva disponibilidade dos recursos financeiros em caixa, enquanto a disponibilidade jurídica consiste em título jurídico, líquido e certo, que lhe permite obter, incontestavelmente, a realização em dinheiro. O importante, para que se viabilize a incidência do tributo, é que o contribuinte adquira esta disponibilidade e Fl. 159DF CARF MF 14 manifeste capacidade econômica para arcar com a carga tributária que lhe será imposta em razão deste acréscimo. Definir se a incorporação de ações enseja ganho de capital aos acionistas, pessoas físicas da empresa incorporada, exige domínio do conceito constitucional de renda, da sua definição à luz do Código Tributário Nacional e se há subsunção deste evento, ou não, ao critério material da hipótese de incidência da norma tributário. Ademais, é decisivo saber se esta operação societária equiparase à alienação de bens ou direitos por meio de subscrição de ações, conforme disposto no §3º do artigo 3º da Lei nº 7.713/88. De nossa parte, afirmo sem qualquer receio que a incorporação de ações não se equipara à alienação de bens. Alienar tem como acepção de base a transferência de algo a outrem. O Código Civil de 2002, trata a alienação como forma de perda da propriedade, consoante o artigo 1.275, I, e se concretiza quando há um negócio jurídico bilateral, pelo qual o alienante transfere, a título gratuito ou oneroso, determinado bem ou direito ao alienatário. Na incorporação de ações ocorre troca, permuta ou, como enuncia a Lei das Sociedades Anônimas, substituição de ações. Esta transação, frisese, não se dá entre os acionistas da incorporada e a sociedade incorporadora, mas sim entre as duas companhias. Os acionistas da incorporada deliberam sobre a formalização da operação, mas não se exige votação unânime. O sócio que tenha recusado a incorporação, caso não exerça o seu direito de retirada, sofrerá os efeitos da operação societária, passando a ser considerado acionista da incorporadora, de quem receberá novas ações, em substituição àquelas que possuía, cabendolhe efetuar as alterações necessárias em sua declaração de bens. Como se vê, no trecho acima temos as razões do redator do voto vencedor sob o prisma constitucional, ou seja, a análise da incidência ou não do ganho de capital da pessoa física sob o prisma dos conceitos constitucionais de renda que autorizam a tributação. Não se trata de declarar inconstitucional os §§ 2º e 3º do art. 3º da Lei nº 7.713, mas sim de analisar a operação concreta (incorporações de ações) e os seus resultados de acordo com a previsão constitucional e decidir pela incidência ou não da tributação. Neste ponto, fazendo jus ao brilhantismo das razões dispostas no Acórdão nº. 9202003.579 e sendo desnecessário ser repetitivo quanto àquelas, destaco a importância desta discussão tão corrente neste Conselho passar a considerar, mais concretamente, a redação do art. 153, III, da Constituição Federal, além dos mencionados direito de propriedade (artigo 5º, XXII, da Constituição da República de 1988), a capacidade contributiva (artigo 145, §1º, do mesmo Diploma) e a dignidade da pessoa humana (artigo 1º, III). Analisando a questão também sob esse prisma constitucional, a 2ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, no julgamento da Apelação/Remessa Necessária nº 505279342.2011.4.04.7000, em acórdão proferido em 01/09/2015, também entendeu pela não incidência do IRPF em operação idêntica a do presente caso, utilizandose, inclusive, do acórdão nº. 9202003.579 da 2ª Turma da CSRF acima mencionado. Na ocasião, o Des. Otávio Roberto Pamplona, que redigiu o voto vencedor, assim ponderou: Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10980.726114/201110 Acórdão n.º 2401005.026 S2C4T1 Fl. 154 15 Pondero, ademais, que, mesmo que se considerasse a incorporação de ações como ato de alienação, não estaria a situação dos autos enquadrada no âmbito da regra matriz de incidência do IRPF. Pela simples e óbvia razão de que nem toda alienação implica em ganho de capital. Em outras palavras, a realização de uma alienação, por si só, não gera ganho de capital, cujo exemplo típico é a permuta sem torna, ainda que não coincidentes os valores dos bens permutados. Não se aplica, portanto, na espécie, a regra constante no artigo 3º, § 3º, da Lei n. 7.713/88, nem tampouco a inserta no artigo 23 da Lei nº 9.249/95, esta última um dos fundamentos básicos do ato fiscal, assim expressa: Art. 23. As pessoas físicas poderão transferir a pessoas jurídicas, a título de integralização de capital, bens e direitos pelo valor constante da respectiva declaração de bens ou pelo valor de mercado. § 1º Se a entrega for feita pelo valor constante da declaração de bens, as pessoas físicas deverão lançar nesta declaração as ações ou quotas subscritas pelo mesmo valor dos bens ou direitos transferidos, não se aplicando o disposto no art. 60 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977, e no art. 20, II, do Decreto Lei nº 2.065, de 26 de outubro de 1983. § 2º Se a transferência não se fizer pelo valor constante da declaração de bens, a diferença a maior será tributável como ganho de capital. Isso porque, como exaustivamente posto na fundamentação, a incorporação de ações para a criação da subsidiária integral não se confunde com a integralização de capital. Ademais, o artigo 23, acima transcrito, prevê uma faculdade à pessoa física para optar em fazer ou não a reavaliação mercadológica das ações e, caso queira, altere os valores na sua declaração enquanto pessoa física. Já, na hipótese de criação de subsidiária integral, o caso é de avaliação obrigatória, por força da Lei das Sociedades Anônimas, o que justifica o mesmo tratamento dado à permuta sem torna, visto que, conquanto diversos os valores de aquisição e os valores de mercado, não há, aqui também, recebimento de valores, isto é, de renda tributável. [...] Na verdade, admitirse a tributação como consta do ato fiscal implicaria em tributação sobre o patrimônio e não tributação sobre a renda. Mutatis mutandis, em um exemplo simples, seria o mesmo que o legislador determinasse que fossem lançadao, nas declarações de ajuste dos contribuintes pessoas físicas, os valores de seus bens imóveis de acordo com o valor do mercado no final do exercício declarado (desde 31 de dezembro 1995 congelados, portanto, sem correção dos valores; que a posterior legislação Fl. 161DF CARF MF 16 que introduziu tardiamente a redução do ganho de capital não solveu bem a distorção Lei nº 11.196/2005,), e, ao mesmo tempo, determinasse, em razão da mais valia, que fosse ela tributada como renda, a título de ganho de capital. Ou seja, tributação sobre o patrimônio e não sobre a renda. [...] A tudo, ainda, podese acrescentar que a tributação ofenderia o princípio da capacidade contributiva, visto que, como bem posto por Ricardo Mariz de Oliveira, 'a intributabilidade nessas operações decorre do princípio constitucional da capacidade contributiva, o qual, em se tratando do imposto de renda (e também da CSL), está refletido na definição dos respectivo fato gerador, contido no art. 43 do CTN, no sentido de que ele corresponde à aquisição da disponibilização econômica ou jurídica de renda, ou seja, de renda realizada', sendo certo, ainda segundo o aludido autor, que 'qualquer eventual mais valia da ação ou bem recebido, em relação ao custo de aquisição, não passa de valor econômico que a ação ou bem dado já carregava antes do ato, mas que somente seria tributável quando alienado, e agora quando vier ser alienado o bem recebido na troca' (op. cit., p. 202 e 203, respectivamente, vide também, p. 106). Por fim, ofenderia a regra geral de tributação da pessoa física pelo regime de caixa, a qual, só como exceção, é afastada, como, por exemplo, na hipótese do art. 23 da Lei nº 9.249/95, a qual só pode incidir por opção do próprio contribuinte, conforme regra inserta no § 2º do referido artigo, e não por imposição legal ou por discrição da administração tributária. Assim, com base nas razões expostas, dando o devido destaque para os acórdãos proferidos pela 2ª Turma da CSRF deste Conselho (9202003.579) e do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (APELAÇÃO/REEXAME NECESSÁRIO Nº 505279342.2011.4.04.7000/PR), que com brilhantismo tratam exaustivamente da questão de mérito aqui discutida e analisaram a incidência ou não do IRPF sob o prisma da autorização constitucional para sua exigência, entendo que não há que se admitir a existência de ganho de capital passível de tributação na operação de incorporação de ações levada a efeito pelo contribuinte. (assinado digitalmente) Carlos Alexandre Tortato Fl. 162DF CARF MF
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Numero do processo: 15374.720026/2010-87
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 16 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Numero da decisão: 1201-000.270
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que sejam verificadas a existência e a suficiência do crédito e das compensações.
(assinado digitalmente)
Roberto Caparroz de Almeida - Presidente
(assinado digitalmente)
Luis Henrique Marotti Toselli - Relator
Relatório
Trata-se de processo administrativo decorrente da análise de crédito tributário objeto da PER/DCOMP de fls. 06/10, por meio do qual a interessada pretende compensar determinados débitos próprios, identificados nos processos administrativos apensos (18471.000045/2006-05 e 15734.720027/2010-21), com Saldo Negativo de IRPJ referente ao segundo trimestre de 2002, no montante principal de R$ 15.191.024,18.
Após solicitação de diligência (fls. 260/262), foi emitido Parecer Conclusivo (fls. 414/421) que:
Em relação aos PER/DCOMP objeto dos autos, verifica-se que apenas a DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.02-3606 foi alcançada pela decadência, estando o restante do pleito, portanto, tempestivo, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; [...]
Segundo dados declarados na ficha 12A da DIPJ/2003 (ano-calendário de 2002 - fl. 405), o crédito pleiteado foi apurado a partir da dedução, do IRPJ devido no 2o trimestre, de valores relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF;
De fato, o dispositivo da legislação que rege a apuração do crédito de saldo negativo de IRPJ, qual seja, o artigo 231 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99, cuja matriz legal é o parágrafo 4o do artigo 2o da Lei n° 9.430/1996, faculta o sujeito passivo que, na apuração do aludido crédito, deduza do imposto de renda devido no encerramento do exercício, ainda que este seja igual a zero, o valor do IRRF pago ou retido na fonte durante o exercício, desde que, frise-se, os rendimentos correspondentes tenham integrado a base de cálculo do imposto devido, ou seja, tenham integrado o lucro real apurado ao final do exercício; [...]
É de se registrar ainda que, conforme determina o art. 251 do RIR/99, a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, incluindo o dever de respeitar o regime de competência na escrituração de suas operações e resultados, haja vista o que dispõe o art. 273 do mesmo Regulamento; [...]
No 2o trimestre do ano-calendário de 2002, conforme esclarecido no relatório de diligência, as receitas de aplicação financeira somadas ao lucro real através da Linha 24 da Ficha 06A da DIPJ/2003 são aquelas constantes do Razão, Diário e balancetes. Da análise comparativa entre os dados constantes de aludidas contas de resultado em conjunto com aqueles apresentados nos informes de rendimentos (fl. 340/341), verifica-se que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o IRRF integrou o lucro real do 2o trimestre do ano-calendário de 2002, de modo que não há amparo legal para a dedução da totalidade do IRRF retido na apuração do crédito a compensar, mas tão-somente para dedução da parcela do IRRF correspondente ao valor obtido a partir da aplicação da alíquota de 20% (incidente na fonte, vide DIRF - fl. 244) sobre o montante dos rendimentos que efetivamente integrou a base de cálculo do IRPJ do referido trimestre (R$ 25.715.921,94 X 20% = R$ 5.143.184,39);
Apresentou, no final, as seguintes conclusões:
- considerou intempestivo o pedido da DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.02-3606, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; e
- para fins de restituição/compensação, o valor informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78, tendo em vista somente ter sido reconhecido IRRF sobre aplicações financeiras no valor de R$ 5.143.184,39 e não o valor de R$ 20.693.248,35 declarado, já que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o referido IRRF no valor de R$ 25.715.921,94 integrou o lucro real do 2 trimestre do ano-calendário de 2002.Conclui-se que, para fins de restituição / compensação, o valor informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A de R$ 15.191.024,18 foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78.
Cientificada do Parecer Conclusivo, apresentou a contribuinte manifestação de inconformidade (fls. 424/431), a qual foi julgada improcedente por meio da decisão de primeira que possui a seguinte ementa:
CANCELAMENTO. DÉBITOS. DCOMP NÃO HOMOLOGADA. Compete à unidade jurisdicionante o cancelamento de débitos declarados em DCOMP não homologada, nos termos da Portaria MF n° 125/2009.
IRRF. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DA RECEITA CORRESPONDENTE. Somente é possível a dedução do IRRF devidamente retido e recolhido para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado pelo beneficiário que apura o lucro real quando restar devidamente comprovada a tributação da receita correspondente.
RECEITAS FINANCEIRAS. APROPRIAÇÃO. Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem.
DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Incumbe ao contribuinte o ônus da prova quanto à certeza e liquidez de alegado crédito contra a Fazenda Pública que pretenda compensar com débitos apresentados.
Inconformada com o teor da decisão, a interessada interpôs recurso voluntário (fls. 596/601), no qual argumenta que provou a correta contabilização de suas receitas financeiras através da apresentação das DIPJ's de 2002 e 2003, Livro Razão e planilhas demonstrativas, que demonstram possuir saldo suficiente para homologar as compensações, saldo este que deveria ter sido analisado globalmente em razão do regime de competência e da emissão pelas fontes pagadoras dos informes levarem em conta as datas de resgate.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE MAROTTI TOSELLI
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Após solicitação de diligência (fls. 260/262), foi emitido Parecer Conclusivo (fls. 414/421) que: Em relação aos PER/DCOMP objeto dos autos, verifica-se que apenas a DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.02-3606 foi alcançada pela decadência, estando o restante do pleito, portanto, tempestivo, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; [...] Segundo dados declarados na ficha 12A da DIPJ/2003 (ano-calendário de 2002 - fl. 405), o crédito pleiteado foi apurado a partir da dedução, do IRPJ devido no 2o trimestre, de valores relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte - IRRF; De fato, o dispositivo da legislação que rege a apuração do crédito de saldo negativo de IRPJ, qual seja, o artigo 231 do Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99, cuja matriz legal é o parágrafo 4o do artigo 2o da Lei n° 9.430/1996, faculta o sujeito passivo que, na apuração do aludido crédito, deduza do imposto de renda devido no encerramento do exercício, ainda que este seja igual a zero, o valor do IRRF pago ou retido na fonte durante o exercício, desde que, frise-se, os rendimentos correspondentes tenham integrado a base de cálculo do imposto devido, ou seja, tenham integrado o lucro real apurado ao final do exercício; [...] É de se registrar ainda que, conforme determina o art. 251 do RIR/99, a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, incluindo o dever de respeitar o regime de competência na escrituração de suas operações e resultados, haja vista o que dispõe o art. 273 do mesmo Regulamento; [...] No 2o trimestre do ano-calendário de 2002, conforme esclarecido no relatório de diligência, as receitas de aplicação financeira somadas ao lucro real através da Linha 24 da Ficha 06A da DIPJ/2003 são aquelas constantes do Razão, Diário e balancetes. Da análise comparativa entre os dados constantes de aludidas contas de resultado em conjunto com aqueles apresentados nos informes de rendimentos (fl. 340/341), verifica-se que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o IRRF integrou o lucro real do 2o trimestre do ano-calendário de 2002, de modo que não há amparo legal para a dedução da totalidade do IRRF retido na apuração do crédito a compensar, mas tão-somente para dedução da parcela do IRRF correspondente ao valor obtido a partir da aplicação da alíquota de 20% (incidente na fonte, vide DIRF - fl. 244) sobre o montante dos rendimentos que efetivamente integrou a base de cálculo do IRPJ do referido trimestre (R$ 25.715.921,94 X 20% = R$ 5.143.184,39); Apresentou, no final, as seguintes conclusões: - considerou intempestivo o pedido da DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.02-3606, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; e - para fins de restituição/compensação, o valor informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78, tendo em vista somente ter sido reconhecido IRRF sobre aplicações financeiras no valor de R$ 5.143.184,39 e não o valor de R$ 20.693.248,35 declarado, já que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o referido IRRF no valor de R$ 25.715.921,94 integrou o lucro real do 2 trimestre do ano-calendário de 2002.Conclui-se que, para fins de restituição / compensação, o valor informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A de R$ 15.191.024,18 foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78. Cientificada do Parecer Conclusivo, apresentou a contribuinte manifestação de inconformidade (fls. 424/431), a qual foi julgada improcedente por meio da decisão de primeira que possui a seguinte ementa: CANCELAMENTO. DÉBITOS. DCOMP NÃO HOMOLOGADA. Compete à unidade jurisdicionante o cancelamento de débitos declarados em DCOMP não homologada, nos termos da Portaria MF n° 125/2009. IRRF. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DA RECEITA CORRESPONDENTE. Somente é possível a dedução do IRRF devidamente retido e recolhido para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado pelo beneficiário que apura o lucro real quando restar devidamente comprovada a tributação da receita correspondente. RECEITAS FINANCEIRAS. APROPRIAÇÃO. Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Incumbe ao contribuinte o ônus da prova quanto à certeza e liquidez de alegado crédito contra a Fazenda Pública que pretenda compensar com débitos apresentados. Inconformada com o teor da decisão, a interessada interpôs recurso voluntário (fls. 596/601), no qual argumenta que provou a correta contabilização de suas receitas financeiras através da apresentação das DIPJ's de 2002 e 2003, Livro Razão e planilhas demonstrativas, que demonstram possuir saldo suficiente para homologar as compensações, saldo este que deveria ter sido analisado globalmente em razão do regime de competência e da emissão pelas fontes pagadoras dos informes levarem em conta as datas de resgate.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para que sejam verificadas a existência e a suficiência do crédito e das compensações. (assinado digitalmente) Roberto Caparroz de Almeida Presidente (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Relator Relatório Tratase de processo administrativo decorrente da análise de crédito tributário objeto da PER/DCOMP de fls. 06/10, por meio do qual a interessada pretende compensar determinados débitos próprios, identificados nos processos administrativos apensos (18471.000045/200605 e 15734.720027/201021), com Saldo Negativo de IRPJ referente ao segundo trimestre de 2002, no montante principal de R$ 15.191.024,18. Após solicitação de diligência (fls. 260/262), foi emitido Parecer Conclusivo (fls. 414/421) que: · Em relação aos PER/DCOMP objeto dos autos, verificase que apenas a DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.023606 foi alcançada pela decadência, estando o restante do pleito, portanto, tempestivo, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; [...] RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 53 74 .7 20 02 6/ 20 10 -8 7 Fl. 798DF CARF MF Processo nº 15374.720026/201087 Resolução nº 1201000.270 S1C2T1 Fl. 3 2 · Segundo dados declarados na ficha 12A da DIPJ/2003 (ano calendário de 2002 fl. 405), o crédito pleiteado foi apurado a partir da dedução, do IRPJ devido no 2o trimestre, de valores relativos ao Imposto de Renda Retido na Fonte IRRF; · De fato, o dispositivo da legislação que rege a apuração do crédito de saldo negativo de IRPJ, qual seja, o artigo 231 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/99, cuja matriz legal é o parágrafo 4o do artigo 2o da Lei n° 9.430/1996, faculta o sujeito passivo que, na apuração do aludido crédito, deduza do imposto de renda devido no encerramento do exercício, ainda que este seja igual a zero, o valor do IRRF pago ou retido na fonte durante o exercício, desde que, frisese, os rendimentos correspondentes tenham integrado a base de cálculo do imposto devido, ou seja, tenham integrado o lucro real apurado ao final do exercício; [...] · É de se registrar ainda que, conforme determina o art. 251 do RIR/99, a pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real deve manter escrituração com observância das leis comerciais e fiscais, incluindo o dever de respeitar o regime de competência na escrituração de suas operações e resultados, haja vista o que dispõe o art. 273 do mesmo Regulamento; [...] · No 2o trimestre do anocalendário de 2002, conforme esclarecido no relatório de diligência, as receitas de aplicação financeira somadas ao lucro real através da Linha 24 da Ficha 06A da DIPJ/2003 são aquelas constantes do Razão, Diário e balancetes. Da análise comparativa entre os dados constantes de aludidas contas de resultado em conjunto com aqueles apresentados nos informes de rendimentos (fl. 340/341), verificase que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o IRRF integrou o lucro real do 2o trimestre do anocalendário de 2002, de modo que não há amparo legal para a dedução da totalidade do IRRF retido na apuração do crédito a compensar, mas tãosomente para dedução da parcela do IRRF correspondente ao valor obtido a partir da aplicação da alíquota de 20% (incidente na fonte, vide DIRF fl. 244) sobre o montante dos rendimentos que efetivamente integrou a base de cálculo do IRPJ do referido trimestre (R$ 25.715.921,94 X 20% = R$ 5.143.184,39); Apresentou, no final, as seguintes conclusões: considerou intempestivo o pedido da DCOMP de n° 32667.81414.050908.1.3.023606, nos termos do art. 168,1, do Código Tributário Nacional; e para fins de restituição/compensação, o valor informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78, tendo em vista somente ter sido reconhecido IRRF sobre aplicações financeiras no valor de R$ 5.143.184,39 e não o valor de R$ 20.693.248,35 declarado, já que apenas parte das receitas financeiras sobre as quais incidiu o referido IRRF no valor de R$ 25.715.921,94 integrou o lucro real do 2 trimestre do anocalendário de 2002.Concluise que, para fins de restituição / compensação, o valor Fl. 799DF CARF MF Processo nº 15374.720026/201087 Resolução nº 1201000.270 S1C2T1 Fl. 4 3 informado para o saldo negativo de IRPJ na ficha 12A de R$ 15.191.024,18 foi alterado para saldo positivo de R$ 359.039,78. Cientificada do Parecer Conclusivo, apresentou a contribuinte manifestação de inconformidade (fls. 424/431), a qual foi julgada improcedente por meio da decisão de primeira que possui a seguinte ementa: CANCELAMENTO. DÉBITOS. DCOMP NÃO HOMOLOGADA. Compete à unidade jurisdicionante o cancelamento de débitos declarados em DCOMP não homologada, nos termos da Portaria MF n° 125/2009. IRRF. DEDUÇÃO. COMPROVAÇÃO DA TRIBUTAÇÃO DA RECEITA CORRESPONDENTE. Somente é possível a dedução do IRRF devidamente retido e recolhido para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compensado pelo beneficiário que apura o lucro real quando restar devidamente comprovada a tributação da receita correspondente. RECEITAS FINANCEIRAS. APROPRIAÇÃO. Os juros, o desconto, o lucro na operação de reporte e os rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa, ganhos pelo contribuinte, serão incluídos no lucro operacional e, quando derivados de operações ou títulos com vencimento posterior ao encerramento do período de apuração, poderão ser rateados pelos períodos a que competirem. DIREITO CREDITÓRIO. COMPROVAÇÃO. Incumbe ao contribuinte o ônus da prova quanto à certeza e liquidez de alegado crédito contra a Fazenda Pública que pretenda compensar com débitos apresentados. Inconformada com o teor da decisão, a interessada interpôs recurso voluntário (fls. 596/601), no qual argumenta que provou a correta contabilização de suas receitas financeiras através da apresentação das DIPJ's de 2002 e 2003, Livro Razão e planilhas demonstrativas, que demonstram possuir saldo suficiente para homologar as compensações, saldo este que deveria ter sido analisado globalmente em razão do regime de competência e da emissão pelas fontes pagadoras dos informes levarem em conta as datas de resgate. Voto O recurso é tempestivo e cumpre os requisitos legais, razão pela qual dele tomo conhecimento. O relatório de diligência (fls. 401/402) formulou as seguintes respostas às questões solicitadas pela autoridade julgadora: RESPOSTAS "o montante do IRRF foi regularmente contabilizado no período de sua competência (2º trimestre) e se encontra devidamente comprovado por documentação hábil e idônea" O contribuinte apresentou às fls. 220/223 cópia dos informes dos rendimentos financeiros, relativos ao anocalendário de 2002 do Banco Fl. 800DF CARF MF Processo nº 15374.720026/201087 Resolução nº 1201000.270 S1C2T1 Fl. 5 4 do Brasil, bem como as páginas do Livro Razão onde constam os lançamentos do IRRF sobre as aplicações financeiras conforme informados pelo Banco do Brasil, fls. 146/157. Os lançamentos do 2º trimestre conferem com o informe de rendimentos financeiros, observando apenas que foram contabilizados sob o título "IR S REND BB CORP" a soma dos IRRF sobre as aplicações de Renda Fixa e Swap "qual o montante dos rendimentos correspondentes às retenções do IRRF oferecido à tributação no período de sua competência, observando que já foi constatada divergência entre o valor da receita financeira oferecida à tributação na ficha 06A da DIPJ/2003, o valor declarado na ficha 43 da mesma declaração e o montante informado nas DIRF apresentadas pelas fontes pagadoras" O contribuinte ofereceu R$ 25.715.921,94 à tributação no 2º trimestre do anocalendário 2002, sob a rubrica receitas financeiras, conforme livros Diário, Razão e balancetes em anexo, cujo montante escriturado foi transcrito para a Ficha 06A Demonstração de Resultado. Indagado sobre a divergência entre os valores informados na Ficha 43 e na 06A Outras Receitas Financeiras, o contribuinte alega que a divergência é decorrente do fato da contabilidade efetuar os registros por competência do exercício e a fonte pagadora apresentar a informação pelo regime de caixa, acumulando todos os rendimentos financeiros desde a parcela da aplicação até a data do resgate. O contribuinte elaborou as planilhas de suas aplicações financeiras (fls 232/268) e Informe de Rendimentos Financeiros emitidos pelo Banco do Brasil (fls 220/223). Já a decisão de piso assim se manifestou: Constatase, do anteriormente exposto, que o procedimento de apropriar as receitas financeiras pelo regime de competência tem respaldo na legislação tributária, e tais valores não precisam necessariamente guardar relação com os valores de IRPJ retidos na fonte em um determinado período de apuração, já que as apropriações ocorrem em momentos distintos das efetivas retenções. Ressaltese que os livros e documentos contábeis do contribuinte deverão comprovar de forma clara e incontestável o procedimento adotado. No caso dos autos, cabem as seguintes considerações. No Relatório de Diligência (fl. 399), em relação ao montante dos rendimentos correspondentes às retenções do IRRF oferecidos à tributação no período de sua competência, consta que: "O contribuinte ofereceu R$ 25.715.921,94 à tributação no 2otrimestre do anocalendário 2002, sob a rubrica receitas financeiras, conforme livros Diário, Razão e balancetes em anexo, cujo montante escriturado foi transcrito para a Ficha 06A Demonstração de Resultado. Fl. 801DF CARF MF Processo nº 15374.720026/201087 Resolução nº 1201000.270 S1C2T1 Fl. 6 5 Indagado sobre a divergência entre os valores informados na Ficha 43 e na 06A — Outras Receitas Financeiras, o contribuinte alega que a divergência é decorrente do fato da contabilidade efetuar os registros por competência do exercício e a fonte pagadora apresentar a informação pelo regime de caixa, acumulando todos os rendimentos financeiros desde a parcela da aplicação até a data do resgate. O contribuinte elaborou as planilhas de suas aplicações financeiras (fl. 352/388) e Informe de Rendimentos Financeiros emitidos pelo Banco do Brasil (fl. 340/343). " (grifouse) Portanto, em que pese as alegações da interessada, não foi trazido aos autos, nem por ocasião da diligência, nem na apresentação da manifestação de inconformidade, momento propício para contraditar, cópia de sua escrituração fiscal / contábil, tais como dos Livros Razão e/ou Diário, com as contas que evidenciassem o que foi informado na DIPJ/2003 ( 1 o trimestre) e na DIPJ anterior no que diz respeito às receitas financeiras em questão, fazendo o cotejo entre as informações registradas na contabilidade (juntamente com os documentos pertinentes), as prestadas pelas fontes pagadoras relativas aos anos calendário de 2001 (nos sistemas informatizados da RFB constam DIRF nas quais a interessada é beneficiária fl. 558/565) e 2002 e as declaradas para o Fisco, sendo certo que a simples apresentação de planilhas e anexos por ela elaborados não constituem prova hábil para os fins pretendidos. Ocorre, porém, que por ocasião do recurso, a Recorrente elaborou um quadro (fls.598/599), demonstrando a composição da totalidade das receitas incluídas nas suas DIPJ dos anos base de 2001 e 2002, assim como do respectivo IRFonte. Anexou também planilhas demonstrativas que indicam a composição da linha da DIPJ, inclusive com menção à conta contábil; e juntou justamente os respectivos Livros Razões (Docs. 09 a 16), que sempre estiveram à disposição do fisco. Da análise dessa documentação, percebo que nos dois anos em questão, a Recorrente declarou (ou seja, ofereceu à tributação) R$146.498.557,46 a título de rendimentos oriundos de operações financeiras e R$25.004.827,66 de IRFonte. Já as DIRF (fls. 246/249 e 573/577) indicam os seguintes valores: dirf 2001 fls. 573/577 rendimento bruto IRFonte 3426 5.150.976,00 1.030.152,50 5273 3.739.499,37 747.882,56 6800 111.123,36 22.224,53 6813 14.098.406,37 1.409.840,60 Subtotal 23.100.005,10 3.210.100,19 dirf 2002 fls. 246/247 rendimento bruto IRFonte 3426 58.568.574,57 11.713.714,91 5273 50.972.742,05 10.194.548,41 6800 36.882,22 7.397,08 Subtotal 109.578.198,84 21.915.660,40 TOTAL 132.678.203,94 25.125.760,59 Fl. 802DF CARF MF Processo nº 15374.720026/201087 Resolução nº 1201000.270 S1C2T1 Fl. 7 6 Notase, assim, que os valores do crédito de IRFonte são muito próximos, o que demanda uma apuração mais detalhada em busca da verdade material. Ademais, como a decisão foi fundamentada também na ausência de apresentação dos Livros Razões e estes encontramse anexados aos autos, e aparentemente fazem prova em favor da Recorrente, entendo que os fatos demandam uma análise por parte das autoridades fiscais de origem, sob pena de supressão de instância. Ou seja, entendo imprescindível que se faça uma apreciação dos documentos acostados aos autos por ocasião do recurso voluntário e no memorial, notadamente em face do quadro ali indicado e da documentação acostada. Do exposto, VOTO no sentido de CONVERTER O JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA, determinando o retorno dos autos à unidade de origem, para que, diante das considerações e documentos trazidos no processo, inclusive no recurso voluntário e em memorial de julgamento, seja verificado o mérito da existência, suficiência do crédito e das compensações. O resultado da diligência ora solicitada deve constar de relatório conclusivo, o qual deve indicar e justificar se alguma exclusão deve ser feita nos lançamentos, intimandose a contribuinte para se manifestar, caso assim queira, no prazo de 30 (trinta) dias. Após isso devem os autos retornar ao CARF para julgamento do recurso. É como voto. (assinado digitalmente) Luis Henrique Marotti Toselli Fl. 803DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10074.720570/2015-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Sep 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 04/03/2011 a 28/12/2011
OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE DE MERCADORIA IMPORTADA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. AUSÊNCIA DE PROVA. MULTA POR CESSÃO DE NOME. DESCABIMENTO.
É descabida a aplicação da multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, quando não provada a fraude ou simulação negocial, na realização de operações de importação, tendente à ocultação dos reais adquirentes das mercadorias, não se configurando a necessária interposição fraudulenta quando os intervenientes estão respaldados em contratos comerciais válidos, possuem capacidade econômico-financeira e operacional para realização das operações e não restou demonstrada qualquer irregularidade na sua execução, não servindo de prova meras conjecturas fundadas em relações societárias e direitos de exclusividade.
Recurso voluntário provido.
Numero da decisão: 3401-003.966
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Fenelon Moscoso de Almeida Presidente Substituto
Robson José Bayerl Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Participou do julgamento, ainda, em substituição ao Conselheiro Rosaldo Trevisan, o Conselheiro suplente Cleber Magalhães.
Nome do relator: ROBSON JOSE BAYERL
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 04/03/2011 a 28/12/2011 OCULTAÇÃO DO REAL ADQUIRENTE DE MERCADORIA IMPORTADA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. AUSÊNCIA DE PROVA. MULTA POR CESSÃO DE NOME. DESCABIMENTO. É descabida a aplicação da multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, quando não provada a fraude ou simulação negocial, na realização de operações de importação, tendente à ocultação dos reais adquirentes das mercadorias, não se configurando a necessária interposição fraudulenta quando os intervenientes estão respaldados em contratos comerciais válidos, possuem capacidade econômicofinanceira e operacional para realização das operações e não restou demonstrada qualquer irregularidade na sua execução, não servindo de prova meras conjecturas fundadas em relações societárias e direitos de exclusividade. Recurso voluntário provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário apresentado. Fenelon Moscoso de Almeida – Presidente Substituto Robson José Bayerl – Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 07 4. 72 05 70 /2 01 5- 02Fl. 3405DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Participou do julgamento, ainda, em substituição ao Conselheiro Rosaldo Trevisan, o Conselheiro suplente Cleber Magalhães. Relatório Tratase de auto de infração para exigência da multa prevista no art. 33 da Lei nº 11.488/2007, em razão da cessão de nome e documentário fiscal para acobertamento dos reais intervenientes e/ou beneficiários nas operações de importação. Narra a fiscalização que o autuado (doravante CARVALHO) agiu como interveniente das pessoas jurídicas PUIG Brasil Comercializadora de Perfumes S/A (doravante PUIG) e MRA Cosméticos Ltda., sem identificação nas declarações de importação registradas por Ind. e Com. Quimetal S/A (doravante QUIMETAL), sob encomenda daquela primeira empresa. O relatório destaca que a contabilidade e os dados bancários da CARVALHO não revelaram irregularidades entre esta e a PUIG e MRA, bem assim, que todos os envolvidos são empresas existentes de fato, localizadas em instalações adequadas às suas operações. As importações envolvem perfumes diversos de marcas conhecidas internacionalmente (Burberry, Bulgari, Hèrmes, Valentino, Carolina Herrera, Paco Rabanne, Nina Ricci, dentre outras), mobiliário próprio para este tipo de produto e materiais promocionais, asseverando a fiscalização que tanto a PUIG quanto a MRA não possuem habilitação para operar no comércio exterior. O relatório discorre sobre a importação por conta e ordem e a encomendante predeterminado. As razões de autuação em relação às operações com a PUIG são as seguintes: · Que a PUIG tem por controladora (99,97%) a empresa espanhola Antonio Puig S/A, que é a titular do direito de comercialização mundial das marcas importadas e também a exportadora destes produtos à CARVALHO; · que os produtos já vêm acabados e embalados do exterior, cabendo à CARVALHO apenas a etiquetagem/selagem e a recolocação do plástico celofane, o que não revelaria operação de industrialização, nos termos do art. 6º, § 2º do RIPI/10; · intimada, CARVALHO informou que as atividades relacionadas à PUIG, com a mercadoria já nacionalizada, consiste no registro do produto na ANVISA, retirada do celofane original, etiquetagem com as informações em língua portuguesa, aposição do selo de originalidade do produto, “celofanização” e embalagem em caixas de transporte; · que todos os produtos importados, de empresas do grupo Antonio Puig S/A, são destinados à PUIG (Brasil); Fl. 3406DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.530 3 · que os produtos são importados pelo Espírito Santo, em seguida, enviados à CARVALHO, no Rio de Janeiro, para realização das atividades sob sua responsabilidade, e, após, reenviados ao Espírito Santo, para a PUIG, de onde são distribuídas aos revendedores em território brasileiro; · que existem contratos de distribuição e fornecimento firmados entre CARVALHO, PUIG e Antonio Puig S/A; · que, no contrato de fornecimento, entre CARVALHO e Antonio Puig S/A, a definição do preço de venda (custo de importação mais o serviço de “celofanização”) cabe a esta última, não tendo a primeira nenhum poder sobre sua determinação; · que existe contrato de compra e venda entre QUIMETAL, CARVALHO e Antonio Puig S/A, onde esta última empresa detém amplos poderes perante os demais contratantes; e, · que o contrato firmado entre CARVALHO e Antonio Puig S/A impõe que a primeira somente possa fornecer os produtos importados aos compradores autorizados pelo segundo, no caso, PUIG (Brasil). Relativamente à MRA, são os seguintes os fundamentos expendidos: · Que as operações de importação, ao longo de 2011, envolveram, como importadoras, a Eximbiz Coml. Internacional e QUIMETAL, e, como encomendantes, Viva Cosméticos (doravante VIVA) e CARVALHO, respectivamente; · que, tanto a VIVA como a CARVALHO, possuem como sócia majoritária a Srª Ivanilza Carvalho Martins, sendo que esta última empresa, em 2008, recebeu parte dos ativos daqueloutra e um aumento de capital em decorrência de sua cisão parcial; · que a análise sequencial das operações de importação revela que CARVALHO sucedeu a VIVA em relação aos negócios com a MRA; · que a MRA indicava à VIVA de quem compraria as mercadorias e as respectivas quantidades, caracterizando uma compra por encomenda; · que, mesmo intimadas, CARVALHO e MRA se esquivaram de fornecer os contratos relacionados aos produtos envolvidos nas operações (Bulgari, Salvador Dali e Hèrmes); · que a MRA foi a destinatária de todos os produtos importados diretamente dos proprietários das marcas, pela CARVALHO, referentes à Bulgari, Salvador Dali e Hèrmes; · que o modus operandi é o mesmo adotado pela CARVALHO/PUIG; · que as mercadorias são vendidas à MRA em até três dias da data do desembaraço pela QUIMETAL; e, Fl. 3407DF CARF MF 4 · que, além dos contratos já citados, outros contratos de fornecimento foram requisitados e não apresentados, bem assim, o Livro Registro da Produção e do Estoque ou, ainda, controle alternativo. Prossegue a fiscalização aduzindo que a autuada apresentou um laudo técnico que descreve os procedimentos adotados nas operações envolvidas, além de asseverar que possui instalações industriais adequadas à realização das atividades e fabricação de produtos cosméticos, reconhecendo as autoridades fiscais que a autuada efetua operações de industrialização, não, porém, quanto às operações com a PUIG e MRA. Ante o quadro estampado, entendeu a autuante que PUIG e MRA sabiam que estavam encomendando produtos importados por CARVALHO, sem providenciar a habilitação a operar no comércio exterior e tampouco apresentar requerimento à RFB postulando vinculação à CARVALHO e QUIMETAL; que permaneceram ocultas no processo de importação, deixando transparecer que CARVALHO era a real encomendante da mercadoria; que PUIG e MRA beneficiaramse da ocultação, ao perderem a condição de contribuinte do IPI, por equiparação a estabelecimento industrial; que PUIG é vinculada ao fornecedor estrangeiro, nas operações que lhe diz respeito, o que teria lhe propiciado a fuga da legislação de preço de transferência e valoração aduaneira; e, que a QUIMETAL não tinha conhecimento que CARVALHO não era o real encomendante da mercadoria importada, não sendo responsável pela infração em comento. Em impugnação o recorrente defendeu a lisura dos negócios, asseverando que a escolha do modelo obedece a interesses empresariais e logísticos dos envolvidos, PUIG e MRA, que preferem terceirizar as operações de importação e embalagem, o que levou à sua contratação; que os produtos importados não estão prontos para comercialização, necessitando de adequação às normas próprias estabelecidas pela ANVISA, cuidandose de produtos acabados, mas inaptos à comercialização, semiacabados e insumos; que realiza o controle de qualidade e a manipulação industrial; que não há fraude ou qualquer tipo de ocultação nas operações de importação; que inexiste infração catalogada como “interposição fraudulenta do encomendante”; que o auto de infração é nulo por vício no procedimento fiscal, ante a insuficiência probatória, mormente pelo fato da fiscalização nunca ter comparecido ao seu estabelecimento e averiguar suas atividades; que todos os procedimentos realizados foram amplamente expostos, como atesta correspondência de 30/06/2015; que os produtos são submetidos a várias etapas produtivas antes de serem entregues aos clientes (PUIG e MRA); e, que não houve qualquer análise de conteúdo do laudo técnico apresentado. No mérito, alegou ausência dos requisitos para aplicação da multa inflingida, ao passo que não restou provada a interposição fraudulenta, a simulação ou o acobertamento do real importador; que a fiscalização reconheceu a inexistência de irregularidade nas operações de importação; que a autuação criou a figura sui generis da interposição fraudulenta do encomendante; que não restou provado, nos autos, que as operações seriam ilegítimas ou que as negociações internacionais foram conduzidas por PUIG e MRA, ou, ainda, que não possuísse capacidade econômica e financeira para realização das importações; que a jurisprudência do CARF já reconheceu que, ausentes tais requisitos, não há fundamento para aplicação da multa do art. 33 da Lei nº 11.488/07; que as operações comerciais possuem legitimidade econômicojurídica; que a autuada possui instalações industriais próprias e conta com cerca de 700 (setecentos) empregados para realização de suas atividades; que a manipulação de produtos cosméticos é fiscalizada pela ANVISA e que atende as exigências desse órgão para funcionamento; que, distintamente do que afirmado pela autuação, realiza operações de industrialização, como atesta o laudo técnico aviado, ao listar 14 procedimentos tipicamente industriais, dentre eles, exemplificativamente, limpeza e higienização da área de produção, controle de qualidade, abertura de embalagens, encartuchamento, etiquetagem, Fl. 3408DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.531 5 selagem, celofanização e embalagem; que o deslocamento dos produtos entre o Espírito Santo e o Rio de Janeiro tem um propósito empresarial, não representando uma burla à fiscalização; que o vínculo societário entre o fornecedor/adquirente é normal no ramo cosmético, em função dos direito de marca e exclusividade de distribuição, o que, inclusive, justifica a venda apenas às empresas PUIG e MRA; que a falta de poderes decisórios relevantes, no contrato de importação/venda no mercado interno, não é indicativo de fraude, justamente pelas especificidades do setor; que a simulação de negócios exige prova de sua ocorrência, nos termos do art. 167 do Código Civil, não meros indícios; que a análise dos contratos firmados pela recorrente não revela qualquer ilicitude ou irregularidade; que não foram firmados contratos para importação com a MRA, daí porque não apresentados à fiscalização, assim como não existem contratos firmados com o exportador estrangeiro, sendo que o único contrato existente, para fabricação dos produtos que menciona, foi entregue; que não houve omissão deliberada de qualquer contrato celebrado; e, que, mesmo demonstrada a correção dos negócios, mesmo que admissível alguma penalidade, não seria a multa lançada, por ausência do elemento fraudulento. A DRJ Florianópolis/SC manteve o lançamento: “MULTA POR CESSÃO DE NOME. CABIMENTO. Cabe a aplicação da multa prevista no ati. 33 da Lei n.0 11.488/2007 à pessoa jurídica que cede seu nome para realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas ao acobertamento dos reais intervenientes ou beneficiários da operação de importação. RIPI. CARACTERIZAÇÃO DE INDUSTRIALIZAÇÃO. Não caracteriza industrialização quando a natureza do acondicionamento e as características do rótulo do produto atendam, apenas, a exigências técnicas ou outras constantes de leis e de atos administrativos.” O recurso voluntário, com alguma variação, repetiu os argumentos da impugnação, destacando sinteticamente, a ausência de questionamento quanto à capacidade financeira dos intervenientes; a existência de fato e a capacidade operacional da recorrente; nulidade da decisão recorrida, por lastrearse em presunções; nulidade do lançamento por vício no procedimento fiscal; improcedência das razões deduzidas no julgado recorrido; inaplicabilidade da multa; ausência de ocultação de parte nas operações de comércio exterior; ausência de fraude, simulação ou interposição fraudulenta; improcedência da alegação de simples repasse de mercadoria e não caracterização de industrialização; existência de laudo emitido pelo Instituto Nacional de Tecnologia – INT e sua vinculação no processo administrativo; ausência de ilicitude no fato de PUIG e Antonio Puig S/A pertencerem ao mesmo grupo econômico; adequação dos contratos firmados pelas partes; que não houve descumprimento das regras de preço de transferência, valoração aduaneira ou da legislação do IPI; as importações obedeceram as regras de importação por encomenda; ausência de interposição e descabimento da multa prevista no art. 711 do Regulamento Aduaneiro. É o relatório. Voto Fl. 3409DF CARF MF 6 O recurso voluntário preenche os requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido. Inicialmente, registro algumas situações de fato e de direito que servirão de parâmetro ao exame de mérito do lançamento. Nesse sentido, segundo o termo de constatação lavrado, as apurações se concentraram em 03 (três) vertentes: i) verificação da existência de fato das empresas; ii) verificação das origens, disponibilidades e transferências dos recursos utilizados nas operações; e, iii) a condição de real adquirente. Em relação aos dois primeiros itens, a fiscalização asseverou que a investigação pautouse na contabilidade e extratos bancários e, nada obstante a apresentação dos documentos, inclusive extratos bancários originais, não houve detida apuração porque não foram apontadas irregularidades no dossiê da pessoa jurídica, além do que, eventuais fiscalizações a respeito deveriam ser empreendidas pela unidade jurisdicionante da importadora QUIMETAL. Quanto à existência de fato, a partir dos documentos apresentados e consultas à rede mundial de computadores, a fiscalização concluiu pela existência física das pessoas jurídicas envolvidas. Então, não há acusação de ausência de capacidade econômico financeira ou inexistência de fato da autuada, pelo que, a única imputação reside na descaracterização da condição de real adquirente da mercadoria. Outro ponto merecedor de destaque é que não há, nos autos, qualquer afirmação, ilação ou prova de que as empresas PUIG (Brasil) e MRA negociavam diretamente com os fornecedores estrangeiros ou antecipavam recursos financeiros à autuada, como sói ocorrer nesse tipo de operação, mas sim, que ditas empresas, encomendavam os produtos e quantidades diretamente à autuada, no mercado interno, que, por sua vez, promovia a importação, na modalidade por encomenda, através da empresa QUIMETAL. Não há acusação de falsidade material ou ideológica dos documentos que instruíram as operações de importação, mormente as faturas comerciais. Não se questiona o trânsito físico das mercadorias entre os estabelecimentos da QUIMETAL, no Espírito Santo; na CARVALHO, no Rio de Janeiro; e, por fim, da PUIG (Brasil) e MRA, ambas no Espírito Santo. Não se põe em dúvida, também, a realização de atividades fabris pela CARVALHO, ora recorrente, como previstas em contrato, consistentes, no mínimo, na selagem, etiquetagem e “celofanização” dos perfumes importados. Nesse ponto, abro um parêntese para, rebatendo a defesa, esclarecer que essas atividades realizadas pela autuada, a partir do exame dos laudos juntados, bem assim, pelo cotejo entre os produtos discriminados nas declarações de importação e nas notas fiscais de saída, em sua maioria, não configuram “industrialização” para a finalidade da legislação do IPI (Lei nº 4.502/64), em que pese reconhecêlas como operações fabris, do ponto de vista comercial. Como destacado pela fiscalização, ainda que se reconheça que a autuada possui um complexo industrial capaz de manipular fórmulas cosméticas e efetivamente produza certas marcas, os produtos objeto deste auto de infração, em sua integralidade, não passaram por qualquer tipo de manipulação de seu conteúdo “intrafrasco”, mas tãosomente de Fl. 3410DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.532 7 suas embalagens, como é possível verificar das planilhas de correlação (DI x NF Saída) de efls. 1.424/1.522. Nessas planilhas, há clara demonstração que os produtos importados vinham em embalagens destinadas à venda a retalho (30 ml., 50 ml., 60 ml., 75 ml., 80ml., 100 ml., etc.) e assim foram faturadas, quando de sua saída, nesses mesmos recipientes. Então, pelo que se extrai do laudo técnico apresentado às efls. 1.784/1.825, corroborado pelo Relatório Técnico nº 000.918/15, do Instituto Nacional de Tecnologia – INT (efls. 3.119/3.161), relativamente aos produtos importados, tratarseiam de mercadorias semiacabadas, não aptas, no estado em que se encontram, à comercialização, cabendo à autuada duas espécies de “industrialização”, a saber: perfumes recebidos em frascos completamente desembalados, envoltos apenas em cápsulas, como se observa da foto de efl. 1.804/1.806, a que o laudo atribui a “operação industrial” de montagem; e, ii) perfumes já embalados (embalagem de apresentação) prontos para comercialização, mas que, por exigência da legislação da ANVISA, necessitam ser retirados dessas embalagens, etiquetados com informações em português, aplicação de selo de controle/autenticidade e “celofanização”, conforme efls. 1.810/1.812, a que o laudo enquadra como reacondicionamento. Estabelece o Decreto nº 7.212/10, que regulamenta o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, em seu art. 4º, quanto às operações citadas, que montagem é a operação que consista na reunião de produtos, peças ou partes e de que resulte um novo produto ou unidade autônoma, ainda que sob a mesma classificação fiscal, e reacondicionamento, a que importe em alterar a apresentação do produto, pela colocação da embalagem, ainda que em substituição da original, salvo quando a embalagem colocada se destine apenas ao transporte da mercadoria. Transplantando os conceitos da legislação do IPI para industrialização às atividades exercidas, contempladas neste lançamento, inferese que, onde o laudo técnico qualifica como “montagem”, ocorre acondicionamento, pelo encartuchamento das cápsulas de perfumes/desodorantes nas embalagens de apresentação, enquanto que na atividade denominada “reacondicionamento”, inexiste industrialização, pois a simples retirada do plástico celofane, para etiquetagem e selagem, com posterior recolocação, não configura a operação industrial, porquanto este plástico (celofane) não é a embalagem, mas simples envoltório sem qualquer função de acondicionamento, a não ser a conservação da aparência da embalagem, melhorando a sua apresentação. Por pertinente, o controle de qualidade, ainda que de extrema relevância na atividade empresarial moderna, não caracteriza qualquer operação de industrialização descrita no Regulamento do Imposto sobre Produto Industrializado – RIPI. Oportuno acentuar que essa conclusão – que não há integral operação de industrialização nessas atividades –, não afasta a equiparação a estabelecimento industrial dos intervenientes, nos termos da legislação do imposto, para as finalidades nela dispostas. Entretanto, ainda que haja apenas um parcial reconhecimento de realização de operação industrial, nos moldes da legislação de regência do IPI, é irrefutável que a autuada, sob o ponto de vista exclusivamente econômico, realiza operações fabris. Concernente aos demais materiais importados – mobiliário material promocional – (efls. 1.523/1.532), com mais razão ainda inexiste industrialização, eis que a Fl. 3411DF CARF MF 8 atividade se limita a fracionálos e, na melhor das hipóteses, acomodálos em embalagem para transporte, não havendo especificação clara sobre os procedimentos executados nestes produtos. Feitas as colocações iniciais passo ao exame recursal. Respeitante à primeira preliminar argüida, a bem da verdade, uma premissa fática, já pontuei no preâmbulo do voto e volto a fazêlo: é de se reconhecer que não houve questionamento algum em relação à capacidade financeira da importadora direta (QUIMETAL) e da encomendante (CARVALHO – autuada) nas operações realizadas, bem assim, existência de fato e a capacidade operacional desta última. Em seguida, invertendo a ordem de enfrentamento das questões, tocante à nulidade do lançamento por vício na fiscalização, devido, basicamente, ao fato que o AFRFB não compareceu ao estabelecimento da autuada para aferir as atividades por ela executadas nas operações com produtos importados, temse que o procedimento fiscal é eminentemente inquisitivo e, nessa condição, não sujeito ao contraditório ou ampla defesa, ainda que interessante franquear oportunidade de manifestação ao fiscalizado, de maneira que, entendendo as autoridades responsáveis pela condução dos trabalhos a desnecessidade das verificações sugeridas pelo sujeito passivo, não estão obrigadas a observálas, porque a fiscalização é atividade administrativa unilateral, daí porque não há que se falar em defeito algum que inquine a autuação de nulidade. Quanto à invalidade da decisão recorrida, por lastrearse em presunções para manutenção do auto de infração, também não a vislumbro, ao passo que os julgadores de primeira instância administrativa, a partir dos dados disponíveis no processo, como a vinculação societária entre exportador estrangeiro e distribuidor nacional e o regime de exclusividade na comercialização dos produtos importados, dessumiu a ocultação do real beneficiário das importações, não havendo qualquer falha nesse raciocínio. No entanto, se os elementos constantes dos autos são suficientes a embasar essa conclusão é discussão que não envolve nulidade/validade da decisão, enquanto ato administrativo, mas sim a procedência/improcedência dos seus argumentos pela manutenção do lançamento. No mérito, principia o recorrente por alegar o descabimento da multa imposta, em função da regularidade das operações, não havendo qualquer indício de fraude ou ilicitude a configurar conduta infracional tipificada. Da análise dos elementos coligidos aos autos, infiro que assiste razão ao recorrente, pelos razões que passo a expor. Como acentuado na exposição prefacial, a acusação fiscal se assentou basicamente na relação societária entre exportador estrangeiro e distribuidor, a correspondência entre produtos importados e saídos do estabelecimento equiparado a industrial (autuado), prazo exíguo entre o desembaraço e a saída dos produtos, exclusividade para comercialização das marcas e termos dos contratos firmados entre os intervenientes. Em outra frente, não se negou a existência física da autuada, sua capacidade operacional e econômicofinanceira, a realização de atividades fabris como encomendante dos produtos importados, a validade dos contratos para importação dos produtos e a responsabilidade pelas tratativas comerciais com o exportador estrangeiro. A imposição da multa do art. 33 da Lei nº 11.488/07, em princípio e a meu ver, exige prova do consilium fraudis, o conluio, ante o princípio da autonomia patrimonial Fl. 3412DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.533 9 inerente às pessoas jurídicas, eis que as sociedades, à luz do direito civil e comercial, têm existência própria e distinta de seus sócios e, logicamente, das demais pessoas de direito, sejam elas naturais ou jurídicas. Prescreve o mencionado dispositivo: “Art. 33. A pessoa jurídica que ceder seu nome, inclusive mediante a disponibilização de documentos próprios, para a realização de operações de comércio exterior de terceiros com vistas no acobertamento de seus reais intervenientes ou beneficiários fica sujeita a multa de 10% (dez por cento) do valor da operação acobertada, não podendo ser inferior a R$ 5.000,00 (cinco mil reais).” A cessão de nome e/ou documentário fiscal para ocultação de terceiros constitui abuso da personalidade jurídica, consubstanciada na confusão patrimonial, hipótese que acarreta, nos termos do art. 50 do Código Civil, a desconsideração da personalidade jurídica. Assim, em tese, não é possível falarse em cessão de nome/documentário fiscal sem minimamente tangenciar a fraude, que, por sua vez, exige prova específica ou, pelo menos, um forte conjunto indiciário da simulação negocial. Nestes autos, como antecipado, a caracterização da interposição comercial a respaldar a penalidade, na visão da fiscalização, fundouse, basicamente, no fato da PUIG (Brasil) pertencer ao mesmo conglomerado comercial que o exportador estrangeiro, Antonio Puig S/A (Espanha), e pelas informações obtidas nos sítios virtuais, tanto de PUIG quanto de MRA, que ambas seriam as distribuidoras das marcas importadas em território brasileiro, além de uma virtual quebra da cadeia do IPI e burla à legislação de preços de transferência e valoração aduaneira. Ocorre que essa vinculação societária, isoladamente, por não ser vedada pela legislação, não pode ser guindada a indício de ocultação do real adquirente se desacompanhado de outros elementos conducentes a essa situação. Outro indício de interposição narrado pela fiscalização é a correspondência entre os produtos importados e os documentos de saída e o diminuto prazo entre o desembaraço e a emissão da nota fiscal de saída. Contudo, é estreme de dúvidas que o produto importado chega ao país semiacabado e sujeito a algumas providências de adequação à legislação da ANVISA e preparação final para consumo, sendo que o autuado é contratado para, além da realização da importação, adotar as providências necessárias a finalizar a apresentação desses produtos (encartuchamento e “celofanização”, p.e.), antes de despachálos aos destinatários comerciais no território nacional – PUIG e MRA. Também não se discute que a autuada tenha exercido essas atividades fabris sobre os produtos importados objeto do lançamento. A exclusividade de comercialização dos produtos foi outro indício assinalado, o que poderia revelar, de fato, a prefalada interposição, se a autuada (CARVALHO) não possuísse qualquer autorização para realização das importações. Fl. 3413DF CARF MF 10 Nesse ponto, PUIG (Brasil) é o distribuidor exclusivo, no Brasil, das marcas importadas de Antonio Puig S/A, contudo, há contrato comercial formal ajustado entre esta última e a autuada (CARVALHO) concertando a realização das operações de importação e os serviços de preparação dos produtos, antes da entrega ao distribuidor exclusivo. Tocante a esse contrato, entre CARVALHO e Antonio Puig S/A, a fiscalização faz severas críticas aos seus termos, destacando que os prazos de nacionalização, especificações e quantidades a serem importadas são definidas pela interligada brasileira (PUIG Brasil), destinandose exclusivamente a ela a venda do produto nacionalizado e que o preço de venda é definido pelo exportador, não pela autuada, o que demonstraria a qualidade de mera prestadora de serviços da autuada, pertencendo as mercadorias, de fato, à PUIG Brasil. As supostas disparidades deste contrato, em meu entender, não conduzem à cessão fraudulenta do nome para realização de operações de importação, pois, como aduzido, não se provou antecipação de recursos pela PUIG (Brasil) à autuada, ausência de propósito negocial do contrato firmado ou mesmo que as operações ajustadas não tivessem ocorrido, como contratado. A definição das especificações, quantidades e prazos de nacionalização, antes de revelar ocultação do real adquirente, parece atender à logística dos negócios entabulada entre os envolvidos, ao passo que, sendo PUIG (Brasil) o distribuidor exclusivo no país, a esta empresa caberia a avaliação da demanda pelos produtos e não à autuada, que apenas importava e os preparava para distribuição. No que tange à definição de preço no mercado interno, pelo exportador estrangeiro, ainda que não sirva como indício de “cessão de nome”, poderia indicar alguma infração à observância dos valores tributáveis mínimos, consoante legislação do IPI, porém, isso não foi alvo de investigação. A escolha por esta cadeia de negócios, na forma como concebida, ainda que possa ter atendido a um bem elaborado planejamento tributário, apenas pelo seu desenho, não se enquadra na infração catalogada. Não existe norma comercial, tributária ou de outra natureza que obrigue PUIG (Brasil) a importar e preparar para consumo os produtos que distribui, simplesmente porque é coligada com a empresa exportadora estrangeira e detém a exclusividade de comercialização no país. Quanto à MRA, não foi juntado documento algum, tampouco informação, que esta pessoa jurídica seja representante exclusiva, no país, dos produtos importados a ela endereçados, revelandose mera conjectura, a partir da praxe comercial desse ramo de atividade. A fiscalização pressupõe a exclusividade e existência de contratos de distribuição e passa a exigir sua apresentação, ao que, tanto a autuada (CARVALHO) quanto MRA, afirmam sua inexistência, passando a autoridade fiscal a presumir sua propositada ocultação, por entender que esses ajustes demonstrariam a interposição fraudulenta em prejuízo das alegações dos envolvidos. Por outro lado, soa ilógica a alegação de exclusividade, que, acaso ocorrente, não permitiria que a importação fosse efetivada pela autuada sem o consentimento do suposto distribuidor brasileiro (MRA), em função da “praxe comercial desse ramo”, eis que, partindo da mesma lógica da autuação – a verossimilhança –, se houvesse um distribuidor exclusivo e Fl. 3414DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.534 11 um contrato de fornecimento, fatalmente estaria nele previsto que a autuada teria autorização para realizar a operação, como ocorrido no contrato entre a autuada e Antonio Puig S/A. A meu sentir, o fato de não ser apresentado qualquer contrato entre MRA ou CARVALHO com os exportadores estrangeiros, exceção àquele firmado entre ambas, não é relevante para o deslinde do caso, pois, tal qual os instrumentos apresentados, não apontariam cabalmente para qualquer cessão de nome, a não ser por presunção. Demais disso, a prova do fato é ônus de quem acusa, no caso a fiscalização, que deveria provar a existência dos contratos exigidos e da exclusividade, ainda que sua obtenção exigisse a cooperação das exportadoras estrangeiras, não bastando simples alegações de verossimilhança ou o fato de apenas os envolvidos terem importado os cosméticos das marcas. Da mesma forma, não apresenta relevância para caracterizar cessão de nome o fato de MRA utilizar, ao longo de 2011, duas empresas coligadas para efetuar as importações, in casu, a CARVALHO e a VIVA Cosméticos. Por fim, a afirmação que a autuada (CARVALHO), nas operações envolvendo PUIG e MRA, não é encomendante, industrial ou revendedor, “mas sim o de mero ocultador do verdadeiro sujeito passivo/real adquirente/encomendante” acaba por ser contraditória ante outras afirmações da fiscalização, ao reconhecer que a capacidade econômico financeira da autuada não apresenta irregularidade, que realiza determinadas operações fabris antes da entrega dos produtos e que a movimentação da mercadoria entre os estabelecimento é real e não simulada. Como não bastasse e já enfadonhamente repetido, não está demonstrado nos autos, sequer sugerido, que não fossem os importadores (autuada/QUIMETAL) quem encabeçavam as negociações de importação ou que houvesse antecipação de numerário para realização dessas operações de importação, bem assim, que o recebimento pela venda dos produtos, acrescido da prestação de serviços, não ocorresse em contrapartida da respectiva emissão da nota fiscal de venda. Noutra linha argumentativa, a autoridade autuante faz uma explanação acerca das espécies de importação terceirizadas, admitidas pelas normas legais – importação por conta e ordem e a encomendante predeterminado –, destacando o seguinte: “Atualmente, duas formas de terceirização das operações de comércio exterior são reconhecidas e regulamentadas pela Secretaria da Receita Federal (SRF), a importação por conta e ordem e a importação por encomenda . ∙ na importação por encomenda, uma empresa (a encomendante predeterminada), interessada em uma certa mercadoria, contrata uma outra empresa (a importadora) para que esta, com seus próprios recursos, providencie a importação dessa mercadoria e a revenda posteriormente para a empresa encomendante. ∙ na importação por conta e ordem, uma empresa (a adquirente), interessada em uma determinada mercadoria, Fl. 3415DF CARF MF 12 contrata uma prestadora de serviços (a importadora por conta e ordem) para que esta, utilizando os recursos originários da contratante, providencie, entre outros, o despacho de importação da mercadoria em nome da empresa adquirente. No caso da importação ser realizada com recursos do importador, o terceiro será denominado encomendante. No caso da importação ser realizada com recursos do terceiro, este será chamado adquirente. São institutos e nomes distintos, mas que geram as mesmas implicações, pois, em ambas as formas, aquele que solicita uma importação será tratado praticamente como se ele mesmo a tivesse realizado, sofrendo equiparações e imputações de responsabilidade.” As operações autuadas são classificadas na modalidade por encomenda (importação a encomendante predeterminado), porém, aponta a fiscalização como reais encomendantes as pessoas jurídicas PUIG Brasil e MRA e não a autuada e QUIMETAL, importadores de direito, em que pese partir da premissa que as importações foram realizadas com recursos próprios destes últimos. A partir dessa premissa, conclui que houve ocultação dos reais “encomendantes” e, conseqüentemente, a indevida cessão de nome e documentário fiscal a sujeitar a penalidade do art. 33 da Lei nº 11.488/07. Essa ocultação, na ótica fiscal, teria propiciado a quebra da cadeia de IPI, a fuga da legislação de preço de transferência e valoração aduaneira, em vista do malsinado vínculo societário entre empresas envolvidas em parte das operações (Antônio Puig S/A e PUIG Brasil), cristalizandose a ocultação apenas pela adoção da logística de importação, verbis: “A ocultação do real adquirente dos produtos estrangeiros consiste numa atividademeio, geralmente utilizada para tentar ocultar outras infrações e objetivos visados pelos infratores, como por exemplo: a) em caso de lançamento de crédito tributário o patrimônio do real adquirente é protegido da execução fiscal; b) o real adquirente perde a condição de contribuinte do IPI por equiparação a estabelecimento industrial; c) no caso de importador e exportador vinculados, buscas e fugir da legislação de Preço de Transferência e de Valoração Aduaneira, possibilitando que as empresas vinculadas alterem o custo das mercadorias importadas e de suas Receitas da forma que lhes for mais conveniente e d) ‘lavagem’ ou ocultação de bens, direitos e valores. A interposição fraudulenta pode ser presumida ou real. A hipótese de interposição fraudulenta presumida é observada nos casos em que o importador ostensivo não prova a origem dos recursos empregados em operações de comércio exterior. Nesta situação, é licito ao agente fiscal presumir a existência de um sujeito oculto que Fl. 3416DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.535 13 supostamente financiaria a importação e que ao final seria o destinatário dos bens importados. A segunda hipótese é aquela em que o agente fiscal identifica o real beneficiário da importação, seja por vinculação de créditos em conta corrente para arcar com a operação internacional, seja pela logística da operação indicando que a mercadoria foi adquirida para atender a encomendante ou adquirente predeterminado. É exatamente essa logística da importação que será analisada no tópico seguinte, onde examinaremos a relação de fato existente entre a Cosméticos Carvalho e a empresa PUIG Brasil.” Mais uma vez, o autuante indicou a potencial conduta infracional de iludir a legislação do IPI e de valoração aduaneira e preços de transferência, porém, não aprofundou as investigações necessárias ao esclarecimento dessas suposições. Ou seja, a imputação é abstrata e genérica, sem suporte em elementos concretos de convicção. Se existe ou existiu burla à incidência do IPI, à valoração aduaneira ou preços de transferência, não bastariam meras suspeitas ou hipóteses, ainda que fundadas em presunções relativas (hominis) – baseadas nas regras de experiência, pelo que ocorre diuturnamente em situações assemelhadas –, mas a prova dessa ocorrência, através de fiscalização específica sobre essas questões. Desse modo, o único fundamento da autuação se resume no emprego de uma logística operacional que, no cotidiano aduaneiro, tem revelado a pretensão de seus utilizadores à ocultação do real adquirente da mercadoria. É fato que a maioria esmagadora das situações julgadas nesse colégio envolvem fraudes onde as pessoas jurídicas importadoras apenas emprestam seu nome para formalização da importação, registrando declarações de importação, como se fossem próprias, e que, no curso das fiscalizações, constatase que os recursos financeiros são disponibilizados antecipadamente pelos terceiros e também as negociações comerciais são por eles entabuladas, o que demonstraria a interposição fraudulenta. No caso dos autos, contudo, já foi exaustivamente dito que não há prova de antecipação de numerário, reconhecendo a fiscalização, a priori, a ausência de irregularidades na origem dos recursos, e também não se questionou a integral realização das operações, inclusive pedidos aos fornecedores estrangeiros, por parte da autuada. Então, não estando presentes essas situações, cumpria à fiscalização carrear aos autos outros elementos probatórios que demonstrassem a ilicitude fiscal das importações, a refletir indigitada ocultação. A esse respeito, a única alegação sensível atrelouse à vinculação societária entre a PUIG (Brasil), distribuidor, e Antonio Puig S/A exportador. Fl. 3417DF CARF MF 14 Contudo, como já asseverado, a intermediação entre exportador, autuada e distribuidor está assentada em contrato, onde a autuada se comprometeu a realizar as importações e preparar o produto para comercialização, cabendo ao distribuidor pura e simplesmente a remessa dos produtos ao varejo. O fato de o contrato prever cláusulas que retiram da autuada o direito de estabelecer preços e obrigar a entrega dos produtos ao distribuidor exclusivo no país não pode conduzir, por si só, à inferência que houve cessão de nome e/ou documentário fiscal, sem que comprovada a ausência de intuito comercial do ajuste firmado ou a simulação das operações com vistas a dissimular o real negócio jurídico, o que não foi feito nesse trabalho fiscal. A “logística operacional”, de fato, aparenta o emprego de um planejamento tributário destinado à redução da carga tributária, seja pelo desvio da condição de contribuinte equiparado do IPI, com vistas à inobservância do valor mínimo tributável, ou mesmo à valoração aduaneira, contudo, essas situações exigem fiscalização específica e a prova de sua ocorrência ou, ainda, um robusto conjunto probatórioindicário, o que não se verificou nesses autos. A própria decisão recorrida reconhece a liberdade do modelo de negócios entre os particulares: “A escolha entre importar mercadoria estrangeira por conta própria (importação direta) ou por meio de um intermediário contratado para esse fim é livre e perfeitamente legal, seja esse intermediário um prestador de serviço ou um revendedor. Entretanto, tanto o importador quanto o real adquirente ou encomendante, devem ser devidamente identificados perante o Fisco, cumprirem as obrigações acessórias previstas na legislação e, conforme o caso, observar o tratamento tributário específico dessas operações, as quais devem ser expressamente informadas à Aduana por meio da Declaração de Importação DI.” No entanto, a par de admitir a liberdade negocial, condiciona seu exercício à identificação dos envolvidos perante o Fisco, mas não descreve como essa situação, no caso dos autos, deve ser indicada junto à RFB, ou mesmo, qual o fundamento legal ou normativo para tal proceder, eis que a acusação aponta a ocultação do “encomendante do encomendante”. A importação de mercadorias por encomendante predeterminado, a partir de pedido formulado no mercado interno, por empresa nacional, a meu ver, não exige que esse “encomendante nacional” tenha de se submeter a registro para operação no comércio exterior, se nenhum ardil, simulação ou fraude foi utilizada na operação de importação ou mesmo na negociação. Em outra passagem, a decisão reclamada desenvolve um raciocínio análogo à autoridade lançadora, tentando justificar a autuação por presunção ou hipótese: “A impugnante insiste na argumentação de que as operações comerciais realizadas entre as empresas não só são legais como é prática regular no setor de cosméticos que determinadas marcas sejam vendidas exclusivamente para determinados distribuidores. Fl. 3418DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.536 15 De fato, do ponto de vista comercial, estas operações podem ser legais e até previsível que, por se tratarem de marcas conhecidas internacionalmente e por garantia de suas autenticidades, sejam comercializadas dentro de um controle mais rígido por parte dos detentores das marcas ao autorizar a venda por empresas específicas. No entanto, a análise que se faz nos autos é do ponto de vista das operações de comércio exterior que possuem normas a serem obedecidas pelos interessados e é dever da fiscalização aduaneira detectar possíveis cometimentos de infrações, evitando lesões ao interesse público. E é sob esta análise que emerge dos fatos aqui apresentados que, ainda que possa parecer legal a atividade comercial empreendida pelas empresas citadas, percebese que existe uma conexão por interesse em comum entre os envolvidos no negócio: sempre os mesmos exportadores, a Cosméticos Carvalho (e anteriormente também pela Viva) revende os perfumes importados somente para PUIG Brasil e MRA, que, por sua vez, somente estas é que podem vendêlos no mercado interno.” (destacado) De fato, é dever da fiscalização detectar possíveis infrações à legislação, como destacado, porém, ninguém pode ser autuado pelo possível cometimento de uma infração, mas tãosomente pela efetiva prática infracional. Por outro lado, a existência de uma “conexão por interesse em comum entre os envolvidos no negócio” não pode, em hipótese alguma, desacompanhada de prova de fraude ou simulação, ser alçada à condição de razão para exigência de multa por cessão de nome. No mesmo voto, há outro excerto que denota a tênue distinção que se pretende fazer, acerca da regularidade ou não do negócio, para manutenção do lançamento: “Ora, não se está questionando a validade comercial de tais cláusulas. Mas através delas se constata que a relação comercial existente entre estas empresas é, de fato, uma contratação de encomenda de mercadorias associada, em alguns casos, a algum serviço prestado, como a colocação de etiquetas. Não fosse o caso de serem mercadorias importadas, este negócio, provavelmente, não teria nada de irregular. Inclusive o fato de empresas detentoras de marcas controlarem a venda de seus produtos, criando, inclusive, obrigações para seus revendedores, com o fito de preservar a qualidade e o nome da marca. Mas se tratando de mercadorias importadas, a encomenda assume relevância, impondo controle aduaneiro sobre as mesmas para verificação do cumprimento das normas Fl. 3419DF CARF MF 16 estabelecidas, com a finalidade, como já dito, de coibir lesões ao interesse público. E o que se vê de toda esta operação é que, na verdade, tratase de encomenda por parte da empresa Puig Brasil de mercadorias importadas que somente ela pode revender, utilizando a Cosméticos Carvalho como intermediária neste negócio. E ainda que tais mercadorias sofressem qualquer alteração que justificassem sua entrada na Cosméticos Carvalho, esta ‘passagem’, na forma como estabelecido nos contratos, não lhe dá a condição de real proprietária das mercadorias, não possuindo liberdade para negociála nem em valor, quantidade ou compradores. (...) Com relação à empresa adquirente MRA, a fiscalização informa que obteve apenas o contrato firmado com a empresa Compania Universal de Perfumeria Francesa S.A., mas que não continha a relação dos produtos abrangidos e o contrato entre a Cosméticos Carvalho e MRA, e que também não incluía os produtos importados. Assim, dada a não apresentação de contrato ou mesmo apresentação com informações incompletas, não é possível fazer uma análise tal como se deu com a empresa Puig Brasil. Mas salientese, que tal omissão não aproveita a autuada visto que tais contratos refletiriam a mesma relação de interdependência já vista entre estas empresas.” (destacado) Segundo essa exegese, o contrato é válido, mas como o objeto (produto) é estrangeiro, há irregularidade na importação, porque o controle aduaneiro foi ludibriado, mas, ao mesmo tempo, não aponta qual controle aduaneiro foi logrado ou mesmo qual lesão ao interesse público foi perpetrada pela autuada. Em resumo, não consigo vislumbrar qualquer ocultação de real adquirente ou interposição fraudulenta a justificar a cessão de nome ou documentário fiscal, porquanto havia contratos formais para realização das operações de importação, tanto com PUIG (Brasil) como MRA; as atividades contratadas foram efetivamente realizadas; não houve antecipação de numerário, possuindo a autuada capacidade econômicofinanceira e operacional para realização das tarefas ajustadas; as importações foram efetivadas em consonância com as normas baixadas pela RFB; e, os documentos relativos aos negócios foram apresentados. O acervo probatório carreado aos autos não desqualifica as operações na forma como realizadas, lastreandose o lançamento, em minha visão, em presunções relativas, por si só, insuficientes ao desiderato de demonstrar a ocorrência de ocultação dos reais adquirentes das mercadorias importadas. Como assinalado alhures, a fiscalização aparenta enxergar na estrutura de importação montada um planejamento tributário visando a elisão do IPI e do IRPJ, além dos tributos sobre o comércio exterior, pela suposta inobservância de valores tributáveis mínimos, Fl. 3420DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.537 17 valor aduaneiro e preços de transferência, o que se infere pelas seguintes passagens do relatório de autuação: “Conforme será detalhado neste Relatório, a autuada foi contratada pela PUIG Brasil tão somente para acobertar a relação comercial existente entre esta empresa, real importadora, sediada no Brasil, e Antonio Puig S/A. (exportadora, sediada na Espanha, e controladora da PUIG Brasil); visando ocultar das autoridades nacionais a cadeia de comando das operações comerciais, a condição da PUIG Brasil de responsável pela operação de importação e de contribuinte do IPI e o vínculo existente entre o comprador (PUIG Brasil) e o vendedor (sua controladora Antonio Puig S/A). No caso da MRA, a autuada foi contratada para ocultar das autoridades nacionais a condição de responsável pela operação de importação e de contribuinte do IPI da empresa MRA e as relações comerciais existentes entre a MRA e as exportadoras BULGARI CORPORATION OF AMERICA, COFINLUXE S.A. E HERMES PARFUMS. (...) A ocultação do real adquirente dos produtos estrangeiros consiste numa atividademeio, geralmente utilizada para tentar ocultar outras infrações e objetivos visados pelos infratores, como por exemplo: a) em caso de lançamento de crédito tributário o patrimônio do real adquirente é protegido da execução fiscal; b) o real adquirente perde a condição de contribuinte do IPI por equiparação a estabelecimento industrial; c) no caso de importador e exportador vinculados, buscase fugir da legislação de Preço de Transferência e de Valoração Aduaneira, possibilitando que as empresas vinculadas alterem o custo das mercadorias importadas e de suas Receitas da forma que lhes for mais conveniente e d) "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores. (...) Pela relação de interdependência aparentemente existente entre as empresas, tal vai e vem tem por objetivo a não observância de valores tributáveis mínimos para fim de apuração do IPI, pois, por interpretação distorcida da legislação, alguns contribuintes entendem que o valor tributável mínimo não incide quando os estabelecimentos do remetente e do atacadista estão situados em municípios diferentes. Fl. 3421DF CARF MF 18 A Puig Brasil filial 0005, sediada no Espírito Santo, é a destinatária de todas as mercadorias vendidas à Puig Brasil pela empresa Cosméticos Carvalho. Vale destacar a proximidade da data de constituição da referida Puig Brasil filial 0005 (03/03/2010) com a data da assinatura do Contrato de Fornecimento celebrado entre Puig Brasil e Cosméticos Carvalho, com a anuência de Antonio Puig S/A34 22/02/2010, indicando que a constituição de uma filial em município diverso da Cosméticos Carvalho não teria sido feita de forma aleatória, mas, sim, planejada com base nesta interpretação distorcida da legislação do IPI. (...) A justificativa para o trajeto custoso dessas mercadorias era, simplesmente, ocultar das autoridades nacionais a condição de encomendante da PUIG Brasil e, desta forma, desonerála das obrigações relativas ao IPI e ao IRPJ no que tange aos preços de transferência. (...)” (destacado) Estranhamente, porém, passa ao largo dessas questões, suscitando sua possível verificação apenas como argumento para exigência da multa imposta, sem direcionar as verificações a esse rumo. Se havia alguma infração à legislação do IPI, valoração aduaneira ou preços de transferências, não há nos autos qualquer informação de realização de trabalho fiscal tendente a apurar a ocorrência desses ilícitos fiscais, de maneira que manter o lançamento com base nessas suposições, a partir de conjecturas, o que pareceu ser o caso do lançamento e da decisão sob vergasta, corresponde a configurar uma infração apenas por ilações, o que não encontra sustentáculo em lei. A multa pela cessão de nome ou documentário fiscal é uma pena acessória, uma vez que a conduta nela descrita é uma “infraçãomeio” para prática de outros ilícitos tributários, que necessariamente exigem apuração própria e aprofundada, de modo que não vejo possibilidade de sua manutenção isolada, quando não averiguadas as infrações principais, como no caso vertente. Com essas considerações, voto por dar provimento ao recurso. Robson José Bayerl Fl. 3422DF CARF MF Processo nº 10074.720570/201502 Acórdão n.º 3401003.966 S3C4T1 Fl. 2.538 19 Fl. 3423DF CARF MF 20 Fl. 3424DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10680.912790/2009-66
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Aug 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 31/03/2005
BASE DE CÁLCULO. SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE.
A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários.
TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE.
Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizá-lo na compensação de débitos próprios.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 3302-004.612
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Fernandes do Nascimento - Relator.
Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus.
Nome do relator: JOSE FERNANDES DO NASCIMENTO
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SOCIEDADE COOPERATIVA. INOCORRÊNCIA DE DEDUÇÃO DA RECEITA BRUTA. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO SOBRE A FOLHA DE SALÁRIOS. IMPOSSIBILIDADE. A sociedade cooperativa que não utilizar quaisquer das exclusões/deduções previstas nos incisos I a VI do art. 32 do Decreto 4.524/2002, por falta de previsão legal, não está sujeita à Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. TRIBUTO INDEVIDO. INDÉBITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO COM DÉBITOS DO PRÓPRIO CONTRIBUINTE. POSSIBILIDADE. Se comprovada a existência de pagamento de tributo indevido passível restituição, por expressa previsão legal, é assegurado ao contribuinte o direito de utilizálo na compensação de débitos próprios. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. A Conselheira Lenisa Rodrigues Prado votou pelas conclusões. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 91 27 90 /2 00 9- 66 Fl. 460DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Relator. Participaram do julgamento os Conselheiros Paulo Guilherme Déroulède, Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Walker Araújo, José Fernandes do Nascimento, Lenisa Rodrigues Prado, Charles Pereira Nunes, Sarah Maria Linhares de Araújo Paes de Souza e José Renato Pereira de Deus. Relatório Tratase de compensação de crédito pagamento indevido da Contribuição para o PIS/Pasep Folha de Salários com débitos débito(s) discriminado(s) no PER/DCOMP nº 17278.32333.311005.1.3.047241. Por bem descrever os fatos, adotase o relatório do acórdão recorrido, a seguir transcrito: DO DESPACHO DECISÓRIO O presente processo trata da Manifestação de Inconformidade contra o Despacho Decisório emitido eletronicamente (fl. 08), referente ao PER/DCOMP nº 14500.97005.311005.1.3.040729. A Declaração de Compensação gerada pelo programa PER/DCOMP foi transmitida com o objetivo de ter reconhecido o direito creditório correspondente a PIS – Folha de Salários no valor original na data de transmissão de R$2.105,53, representado por Darf recolhido em 15/04/2005 e de compensar o(s) débito(s) discriminado(s) no referido PER/DCOMP. De acordo com o Despacho Decisório, a partir das características do DARF descrito no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Assim, diante da inexistência de crédito, a compensação declarada NÃO FOI HOMOLOGADA. Como enquadramento legal citouse: arts. 165 e 170, da Lei nº 5.172 de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN),art. 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. DA MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE Cientificado do Despacho Decisório em 30/04/2009, conforme documento de fl. 48, o interessado apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 02/04, em 02/06/2009, cujo conteúdo, em síntese, o seguinte: registra, inicialmente, a tempestividade da defesa; assevera que, ao contrário do que supõe a fiscalização, não requereu a utilização daquele crédito para a quitação de qualquer outro débito, mas tão somente daquele objeto do ora Fl. 461DF CARF MF Processo nº 10680.912790/200966 Acórdão n.º 3302004.612 S3C3T2 Fl. 461 3 discutido PER/DCOMP, sendo perfeitamente suficiente para a compensação a ser realizada (documentação anexa); esclarece que o procedimento adotado atendeu regularmente a todos os requisitos da legislação então em vigor, e que a controvérsia que persiste nos autos referese, exclusivamente, à existência do crédito no equivocado entendimento fiscal de que o contribuinte teria pleiteado a compensação de crédito já compensado em processo administrativo diverso; fazendo menção ao art. 156, II do Código Tributário Nacional (CTN), afirma que resta demonstrado o direito creditório postulado, objeto do despacho decisório ora questionado, devendo ser reconhecida e homologada a compensação procedida, desconstituindose a exigência das diferenças apontadas pelo Fisco Federal; assim, ao final, requer seja homologado o direito de compensação, por todos fundamentos aqui apresentados. Na hipótese de não se conhecer a referida homologação, garantindolhe o direito constitucional previsto no artigo 5°, LV, de ampla defesa, requer que a Receita Federal do Brasil apresente as supostas duplicações de compensações alegadas no referido despacho decisório. Por sua vez, a DRF de origem se manifesta a respeito da tempestividade da manifestação de inconformidade apresentada. Sobreveio a decisão de primeira instância, em que, por unanimidade de votos, a manifestação de inconformidade foi julgada improcedente e não reconhecido o direito creditório pleiteado, com base nos fundamentos resumidos nos enunciados das ementas, que seguem transcritos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/03/2005 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Na falta de comprovação do pagamento indevido ou a maior, não há que se falar de crédito passível de compensação. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Em 9/4/2012, a contribuinte foi cientificada da referida decisão e apresentou o recurso voluntário em 9/5/2012, em que reafirmou as razões de defesa aduzidas na manifestação de inconformidade, em aditamento, acrescentou as seguintes razões defesa: a) a conclusão do fisco de que o pagamento havia sido integralmente utilizado para quitar o débito “partiu do equívoco da recorrente, que deixou de retificar a DCTF a fim de explicitar a inexistência do débito daquela contribuição após tomar ciência do Fl. 462DF CARF MF 4 pagamento indevido e proceder à sua compensação com débito diverso, mero erro material, por óbvio”; b) a DRJ inovou ao julgar a manifestação de inconformidade, referindose ao § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002. Ademais, o mencionado Decreto extrapolava previsão legal atinente aos limites de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha; c) a decisão de 1ª instância contrariava o entendimento da Receita Federal, apresentado na Solução de Consulta n.° 412, de 15 de dezembro de 2004, que afastou a Recorrente do rol de contribuintes da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, entendendo pela incidência exclusiva da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, a qual possui efeito vinculante para a administração, nos termos do art. 100, II, do CTN; d) o Decreto nº 4.524, de 2002, e as Instruções Normativas SRF nº 145, de 1999, e nº 247, de 2002, eram ilegais na parte que prevê a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha na hipótese de deduções de sobras, eis que tal dedução, embora também diga respeito à cooperativa de trabalho, não estava prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001; e) a Recorrente não procedeu a qualquer dedução prevista na Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, que pudesse justificar a cobrança da Contribuição para o PIS/Pasep Folha, especialmente, as deduções dos incisos I a V do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, que dizem respeito à cooperativas de produção e não à cooperativas de trabalho; f) a Recorrente não deduzira da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento qualquer parcela referente a sobras (inciso VI do artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002), tendo depositado em juízo o valor integral da referida contribuição, na modalidade prevista na Lei nº 9.718, de 1998; e g) ao final, afirmou que, sob pena de se contrariar a realidade fática, a obediência ao princípio da legalidade e a própria solução de consulta, que vincula a administração pública, não podia prevalecer o entendimento de 1ª instância. Na Sessão de 16 de outubro de 2014, por meio da Resolução nº 3302 000.451, a composição pretérita deste Colegiado, converteu o julgamento em diligência para que fossem adotadas as seguintes providências: i) A Fiscalização, mediante intimação da Interessada e diante da documentação probatória apresentada, verifique e informe se a contribuinte, no período de apuração objeto do presente litígio, utilizouse das deduções previstas no art. 32 do .Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, mencionada no Acórdão recorrido, anexando documentação probatória; ii) Informar quando foi efetuada a consulta formulada pela contribuinte, anexando cópia da mesma, esta referente à Solução de Consulta nº 412 de 15 de dezembro de 2004; iii) Solicitar manifestação da Superintendência Regional da Receita Federal da 6ª Região Fiscal acerca de: a) efeito da consulta formulada, nos termos disposto no art. 15, IV da Instrução Normativa nº 230, de 25 de Outubro de 2002, tendo em vista o Mandado de Segurança preventivo nº 2002.38.000204732 impetrado pela a contribuinte em 18/06/2002; Fl. 463DF CARF MF Processo nº 10680.912790/200966 Acórdão n.º 3302004.612 S3C3T2 Fl. 462 5 b) Se diante dos termos da consulta formulada pela contribuinte, a Solução de Consulta nº 412 , de 15 de dezembro de 2004, ao fundamentar sua decisão no Decreto n.° 4.524/2002 e na MP 2.15835/ 2001 a Receita Federal, afastou igualmente a hipótese da cumulação do Pis Folha com o Pis Faturamento prevista no art. 15 da MP 2.15835/ 2001, reproduzida no art. 32 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002; iv).Intimar a contribuinte a apresentar as principais peças (Petição, sentença e Acórdãos) do Mandado de Segurança nº 2002.38.000204732, que deverão ser anexados aos autos; v) prestar demais informações que entendam necessários; vi) dar ciência do resultado da diligência para a contribuinte, concedendolhe prazo para manifestação; vii). retornar o presente processo ao CARF para posterior julgamento. Por meio do Relatório de Diligência Fiscal colacionado aos autos, a autoridade fiscal prestou as seguintes informações: a) a contribuinte apresentara algumas considerações sobre o processo de Mandado de Segurança e as peças do citado processo foram colacionadas aos autos; b) com base nas informações da memória de cálculo apresentada pela contribuinte e nos valores confirmados no balancete, elaborou o demonstrativo de “DACON Exclusões da Base de Cálculo do PIS – março de 2005 = R$ 7.689.377,03”, em demonstrada divergência que havia “uma divergência elevada entre a memória de cálculo e os valores no balancete. Essa diferença foi originada por erro do contribuinte, que utilizou como “Valores Indenizáveis Líquidos” o total dos débitos da conta sem considerar os créditos. No balancete, à fl. 110, temos: Débitos = R$ 1.765.623,87, Créditos = R$ 531.302,97, Variação = R$ 1.234.320,90 (devedor). Embora esse erro tenha majorado significativamente a exclusão da base de cálculo do Pis, não há indícios de que Federação tenha se utilizado de outras exclusões além das que informou em sua resposta.”; c) a consulta que originou a Solução de Consulta nº 412, de 2004 fora formalizada por meio do processo nº 10680.013505/200418, protocolizado em 10/11/2004. Os textos da consulta e da Solução de Consulta foram colacionados aos autos; e d) a autoridade fiscal da Disit/SRRF 6ª RF manifestouse sobre as questões elencadas na resolução do CARF, por meio do documento juntado aos autos. Por sua vez, a Disit/SRRF 6ª RF prestou os seguintes esclarecimentos, in verbis: 5. A Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, foi protocolizada em 10/11/2004, gerando o Processo Administrativo nº 10680.013505/200418, o qual foi “convertido em processo digital” por esta Divisão e encontrase disponível para consulta no Sistema eProcesso; Fl. 464DF CARF MF 6 6. A análise da consulta formulada, que deu origem à SC Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, conforme expressamente informado no seu item “7”, limitouse a examinar “se as receitas que nomeia como taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sua sobrevivência e atuação constituem receitas de suas atividades próprias, sendo, portanto, isentos dessa contribuição.” (grifo não consta do original); 7. Pelo simples exame da petição inicial da consulta não seria possível se constatar que a contribuinte teria, ou não, impetrado anteriormente Mandado de Segurança sobre o mesmo objeto, sendo que, a então consulente prestou as declarações de praxe, previstas no art. 3º , inciso II e alíneas a, b e c, da Instrução Normativa SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002, vigente à época em que apresentou a consulta, no sentido de que o fato exposto não foi objeto de decisão anterior, ainda não modificada, proferida em consulta ou litígio em que tenha sido parte; 8. Dessa forma, a SC Disit06 nº 412/2004, tão somente examinou a questão posta pela contribuinte, onde, à vista dos elementos do processo, se concluiu que a consulente não preencheria, à época da análise, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, devendo ter o tratamento fiscal geral aplicável às pessoas jurídicas que não gozam de isenção ou imunidade; 9. Oportuno pontuar que, antes de adentrar ao mérito da questão formulada na consulta, foi inicialmente esclarecido à solicitante que o processo de consulta visa a esclarecer dúvida sobre a interpretação da legislação tributária e não se presta a examinar eventual condição de isenção da consulente, hipótese que envolveria análise de situação de fato, qual seja, o atendimento aos requisitos fixados em lei; 10. Evidente assim o fato de que, não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta; 11. Em relação aos efeitos da consulta, tendo em vista o disposto no inciso IV do artigo 15, da então vigente IN SRF nº 230, de 24 de outubro de 2002 (atual inciso IV da IN RFB nº 1.396/2013), visa tal dispositivo prevenir situação em que a demanda venha a ser objeto de mais de um processo administrativo ou judicial, de forma a se evitar decisões distintas em situações em que haja coincidência de objeto, partes e causa de pedir; 12. Conforme descrito acima, nos itens 8 a 10, a solução de consulta se ateve a analisar a questão relativa ao enquadramento das receitas descritas pela consulente na hipótese isentiva prevista na norma, concluindose que tais receitas estariam sujeitas ao recolhimento das contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, com base na receita bruta; 13. Consta na ementa da SC Disit06 nº 412/2004, relativamente à contribuição para o PIS/Pasep, a seguinte expressão: “A Fl. 465DF CARF MF Processo nº 10680.912790/200966 Acórdão n.º 3302004.612 S3C3T2 Fl. 463 7 associação que remunera, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados, recolhe a contribuição com base na receita bruta.”. Não há uma efetiva concomitância entre o objeto da solução de consulta e a sentença judicial, vez que tratam de situações distintas; embora atinentes à tributação da contribuição para o PIS/Pasep, possuem objeto e fundamentos distintos; 14. Entretanto, há que se destacar que ambas as decisões (administrativa e judicial) convergem no sentido de que, a interessada está sujeita ao recolhimento de contribuição para o PIS/Pasep com base no faturamento; 15. Também é fato que, no processo de consulta administrativa não houve qualquer manifestação ou decisão da SRRF06 no sentido de que a consulente estaria sujeita exclusivamente ao recolhimento da contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu Faturamento, vez que tal situação não foi objeto de análise no referido processo, por não se fundamentar, e tampouco ter sido objeto de questionamento, a aplicação do art. 15 da MP 2.15835/2001, motivo pelo qual há que se concluir que, não há necessidade de reforma da SC Disit06 nº 412/2004, visto que eventual ato dessa natureza não implicaria em qualquer alteração na situação jurídica da consulente no que se refere às conclusões quanto à sua sujeição passiva relativamente à contribuição para o PIS/Pasep. (grifos do original) Cientificada do resultado da diligência, a recorrente prestou os seguintes esclarecimentos/argumentos de defesa: a) ainda que o artigo 15 da MP n.° 2.15835 não tenha sido objeto de análise, a Solução de Consulta n.° 412/2004 era expressa no sentido de que a Recorrente “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários”, inclusive, esse fora o entendimento manifestado pela 3a Turma Ordinária da 4a Câmara desta 3a Seção de Julgamento, por meio do acórdão 3403002.500, em que apreciada a mesma situação, com diferença apenas quanto ao período do crédito e do débito compensado; b) a divergência apontada no relatório fiscal decorreu de mero erro contábil, ao tratar como devedora a conta Provisões de Risco, que neste mês específico era credora, mas que esse equívoco não impossibilitava a confirmação, pelo fiscal, dos valores que compuseram as exclusões da base de cálculo do “PIS Faturamento, que não envolvem nenhuma das deduções previstas no artigo 32 do Decreto nº 4.524/2002, em especial as sobras”; c) antes da análise das informações colhidas em diligência e explicações acima, imprescindível que esta Turma de Julgamento se pronunciasse sobre a ilegalidade do Decreto n.° 4.524/2002 ao incluir as sobras como dedução que motivaria a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha sem respaldo legal, especialmente, tendo em conta que esta seria a única dedução passível de aproveitamento pela Recorrente (cooperativa de trabalho médico), dentre as hipóteses de dedução ensejadoras da cobrança concomitante da Fl. 466DF CARF MF 8 Contribuição para o PIS/Pasep Folha e da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento. As demais deduções previstas no artigo 32 são todas aplicáveis a cooperativas de produção; d) a dedução das sobras não se encontrava dentre as deduções do artigo 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 (aplicáveis somente a cooperativas de produção e não de trabalho), bem como não se podia fundamentar tal hipótese na Lei 10.676/2003 que, apesar de prever a dedução das sobras, não mencionava, em momento algum, que, ao deduzir as sobras da base de cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento, estarseia diante do nascimento do fato gerador da Contribuição para o PIS/Pasep Folha. Assim, somente era possível a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep Folha cumulativamente com a Contribuição para o PIS/Pasep Faturamento apenas das cooperativas de produção, caso realizada alguma das exclusões do referido art. 15; e e) este Conselho tinha competência para se pronunciar sobre a ilegalidade de atos do Poder Executivo, conforme já decidira a 2a Turma Ordinária da 2a Câmara desta 3a Seção, por meio do acórdão n° 3202000.378 e 1a Turma Ordinária da 4ª Câmara desta 3ª Seção, por intermédio do acórdão nº 3401001.805. É o relatório. Voto Conselheiro José Fernandes do Nascimento, Relator. O recurso é tempestivo, trata de matéria da competência deste Colegiado e preenche os demais requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. A controvérsia envolve questões de direito e de fato. A questão jurídica diz respeito a legalidade do § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que determina que a cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões da receita bruta previstas no referido artigo contribuirá, cumulativamente, para a Contribuição para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. As questões de fato cingese em saber (i) se a Solução de Consulta (SC) Disit06 nº 412, de 15 de dezembro de 2004, reconhecera que a consulente, ora recorrente, estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o seu faturamento e (ii) e se há provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, das deduções previstas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º da Lei 10.676/2003, e regulamentadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. Em relação a primeira questão, a recorrente alegou que, como a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício não constava da redação do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001, era ilegal § 4º do art. 32 do Decreto 4.524/2002, que previa a inclusão da referida dedução, dentre as condições necessárias para enquadrar a recorrente como contribuinte da Contribuição para o PIS/Pasep incidente, cumulativamente, sobre a folha de salários e sobre o faturamento. A redação do referido preceito regulamentar tem o seguinte teor, in verbis: Art. 32. As sociedades cooperativas, para efeito de apuração da base de cálculo das contribuições, podem excluir da receita bruta o valor (Medida Provisória nº 2.15835, de 2001, art. 15, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 36): Fl. 467DF CARF MF Processo nº 10680.912790/200966 Acórdão n.º 3302004.612 S3C3T2 Fl. 464 9 I repassado ao associado, decorrente da comercialização, no mercado interno, de produtos por eles entregues à cooperativa, observado o disposto no § 1º; II das receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III das receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V das receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos; e VI das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei nº 5.764, de 1971. [...] § 4º A cooperativa que fizer uso de qualquer das exclusões previstas neste artigo contribuirá, cumulativamente, para o PIS/Pasep incidente sobre a folha de salários. [...] (grifos não originais) A simples leitura revela que a redação dos incisos do caput do art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 não prevê a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício. A previsão dessa dedução somente ocorreu a partir da vigência da Medida Provisória 1.85810/1999, conforme estabelecido no art. 2º da Lei 10.676/2003, que, no seu art. 1º deu redação definitiva à referida dedução. Assim, como a redação do caput do art. 151 da Medida Provisória 2.158 35/2001 não contempla a dedução das sobras apuradas na Demonstração do Resultado do 1 "Art. 15. As sociedades cooperativas poderão, observado o disposto nos arts. 2o e 3o da Lei no 9.718, de 1998, excluir da base de cálculo da COFINS e do PIS/PASEP: I os valores repassados aos associados, decorrentes da comercialização de produto por eles entregue à cooperativa; IIas receitas de venda de bens e mercadorias a associados; III as receitas decorrentes da prestação, aos associados, de serviços especializados, aplicáveis na atividade rural, relativos a assistência técnica, extensão rural, formação profissional e assemelhadas; IV as receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização de produção do associado; V as receitas financeiras decorrentes de repasse de empréstimos rurais contraídos junto a instituições financeiras, até o limite dos encargos a estas devidos. § 1º Para os fins do disposto no inciso II, a exclusão alcançará somente as receitas decorrentes da venda de bens e mercadorias vinculados diretamente à atividade econômica desenvolvida pelo associado e que seja objeto da cooperativa. § 2º Relativamente às operações referidas nos incisos I a V do caput: I a contribuição para o PIS/PASEP será determinada, também, de conformidade com o disposto no art. 13; Fl. 468DF CARF MF 10 Exercício, inequivocamente, o questionado preceito regulamentar excedeu ao que determinava o comando legal regulamentado, o que é suficiente para inquinálo de ilegal. Entretanto, por força do disposto no caput do art. 26A do Decreto 70.235/1972, fora das situações excepcionadas no seu § 6º, é expressamente vedado a esta instância administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. A mesma vedação consta do art. 62 da Portaria MF 343/2015 (RICARF/2015) e implica perda do mandato nos termos do art. 45, VI, do RICARF/2015. Não se pode olvidar, ademais, que, embora os referidos preceitos legal e regimental refirase a fundamento de inconstitucionalidade, obviamente, ele alcança a hipótese de ilegalidade, sob pena de completa subversão ao princípio da hierarquia das normas, que põe a normal constitucional no ápice. Em outras palavras, se há vedação para o afastamento sob fundamento inconstitucionalidade com mais razão tal proibição também se estende para os casos de ilegalidade. Superada a questão jurídica, passase a analisar as questões de fato. A primeira a ser analisada diz respeito ao que ficou determinado na SC Disit06 nº 412/2004. Para a recorrente, a referida SC havia determinado que a recorrente estava sujeita, exclusivamente, ao recolhimento da Contribuição para o PIS/Pasep incidente somente sobre o faturamento. Para justificar o seu entendimento, a recorrente transcreveu o excerto, extraído da citada SC, em que afirmado que ela “não preencheria, à época, as condições para o tratamento fiscal previsto nos artigos 13 e 14 da MP n.° 2.15835/2001, que, além de tratar das hipóteses de isenção ou imunidade prevêem, justamente, entidades sujeitas à tributação do PIS incidente sobre a folha de salários.” De outra parte, a autoridade fiscal da Disit06 alegou que a citada solução de consulta limitouse a afirmar que se as receitas descritas pela consulente na petição inicial (taxa de manutenção e demais ingressos destinados a garantir sobrevivência e atuação da recorrente) não se enquadravamse nas hipóteses dos arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001. Ainda esclareceu a citada autoridade que “não foi objeto de questionamento, e tampouco de análise no processo de consulta, o art. 15 da MP 2.15835/2001, reproduzido no art. 32 do Decreto 4.524, de 17 de dezembro de 2002, pois este, conforme se verifica do item 8 deste Parecer, não foi sequer citado, tanto na peça vestibular, assim como na solução da consulta.” A razão está com a autoridade fiscal. No caso em tela, a condição que sujeita a recorrente à incidência cumulativa da Contribuição para o PIS/Pasep sobre o faturamento e sobre a folha de salários não são os arts. 13 e 14 da Medida Provisória 2.15835/2001, mas o inciso I do § 2º do art. 15 da citada MP. E esse preceito legal não foi objeto da consulta, por conseguinte, sobre ele não houve qualquer análise e orientação no âmbito da referida SC. Dirimida a primeira questão de fato, passase à análise da segunda, que diz respeito à existência de provas de que a recorrente não utilizou, no período de apuração, quaisquer das deduções discriminadas no art. 15 da Medida Provisória 2.15835/2001 e no art. 1º2 da Lei 10.676/2003, e consolidadas no art. 32 do Decreto 4.524/2002. II serão contabilizadas destacadamente, pela cooperativa, e comprovadas mediante documentação hábil e idônea, com a identificação do associado, do valor da operação, da espécie do bem ou mercadorias e quantidades vendidas." 2 " Art. 1º As sociedades cooperativas também poderão excluir da base de cálculo da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, sem prejuízo do disposto no art. 15 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, as sobras apuradas na Demonstração do Resultado do Exercício, antes da destinação para a constituição do Fundo de Reserva e do Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social, previstos no art. 28 da Lei no 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Fl. 469DF CARF MF Processo nº 10680.912790/200966 Acórdão n.º 3302004.612 S3C3T2 Fl. 465 11 De acordo com o Relatório de Diligência Fiscal, a autoridade fiscal concluiu, in verbis: Verificase que, para este mês, há uma divergência elevada entre a memória de cálculo e os valores no balancete. Essa diferença foi originada por erro do contribuinte, que utilizou como “Valores Indenizáveis Líquidos” o total dos débitos da conta sem considerar os créditos. No balancete, à fl. 110, temos: Débitos = R$ 1.765.623,87, Créditos = R$ 531.302,97, Variação = R$ 1.234.320,90 (devedor). Embora esse erro tenha majorado significativamente a exclusão da base de cálculo do Pis, não há indícios de que Federação tenha se utilizado de outras exclusões além das que informou em sua resposta. Com base na análise dos dados apresentados nos referidos balancetes em cotejo com os informados na referida memória de cálculo, confirmase o mero equívoco contábil/algébrico cometido pela recorrente, o que, conforme informou a autoridade fiscal, não representava indícios de que a recorrente tivesse se utilizado de outras exclusões além das informadas nos documentos colacionados aos autos. Assim, resta comprovado que, no período em referência, a recorrente não utilizou quaisquer das referidas deduções, especialmente, a dedução das sobras apuradas na DRE do período. Além disso, independentemente, da demonstração do referido equívoco, uma leitura atenta dos referidos balancetes revela que a recorrente, no período, não deduziu nenhum dos valores dos itens discriminados no artigo 32 do Decreto 4.524/2002, incluindo as sobras apuradas na DRE. Dessa forma, uma vez demonstrado que a recorrente não estava sujeita a incidência da Contribuição para o PIS/Pasep sobre a folha de salários, obviamente, o valor da contribuição recolhido a esse título, com o código 8301, era indevido. E o fato de a recorrente não ter procedido, previamente a apresentação da DComp, a retificação da DCTF, obviamente, não tem o condão de transformar em devido o valor do recolhimento indevido. Entender de modo diverso implicaria valoração excessiva da forma em menoscabo ao conteúdo, com evidente afronta ao princípio da verdade material, que rege o processo administrativo fiscal. Por todas essas razões, chegase a inexorável conclusão que o valor recolhido indevidamente a título da “Contribuição para o PIS/PASEP sobre Folha de Salários”, código 8301, com os devidos acréscimos legais, é passível de compensação, nos termos do art. 74 da Lei 9.430/1996. § 1º As sobras líquidas da destinação para constituição dos Fundos referidos no caput somente serão computadas na receita bruta da atividade rural do cooperado quando a este creditadas, distribuídas ou capitalizadas pela sociedade cooperativa de produção agropecuárias. § 2º Quanto às demais sociedades cooperativas, a exclusão de que trata o caput ficará limitada aos valores destinados a formação dos Fundos nele previstos. § 3º O disposto neste artigo alcança os fatos geradores ocorridos a partir da vigência da Medida Provisória no 1.85810, de 26 de outubro de 1999." Fl. 470DF CARF MF 12 Por todo o exposto, votase pelo provimento do recurso, para reconhecer o direito de a recorrente realizar a compensação até o limite do valor crédito reconhecido. (assinado digitalmente) José Fernandes do Nascimento Fl. 471DF CARF MF
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