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Numero do processo: 12448.728914/2011-20
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 22 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Oct 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2010
DIRPF. DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS.
Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, terapeutas e hospitais. (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Limita-se a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas-CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica-CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento.
Recurso Voluntário Provido.
Numero da decisão: 2202-003.597
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso.
Assinado digitalmente
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente.
Assinado digitalmente
Marcio Henrique Sales Parada - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
Nome do relator: MARCIO HENRIQUE SALES PARADA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2010 DIRPF. DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no ano-calendário, a médicos, terapeutas e hospitais. (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Limita-se a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas-CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica-CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Recurso Voluntário Provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada.
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DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, terapeutas e hospitais. (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). Limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas FísicasCPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa JurídicaCNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento. Recurso Voluntário Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso. Assinado digitalmente Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Presidente. Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa (Presidente), Júnia Roberta Gouveia Sampaio, Dilson Jatahy Fonseca Neto, Rosemary Figueiroa Augusto, Martin da Silva Gesto, Cecília Dutra Pillar, Wilson Antonio de Souza Correa (Suplente Convocado) e Marcio Henrique Sales Parada. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 44 8. 72 89 14 /2 01 1- 20 Fl. 281DF CARF MF Processo nº 12448.728914/201120 Acórdão n.º 2202003.597 S2C2T2 Fl. 282 2 Relatório Adoto como relatório, em parte, aquele utilizado por ocasião da Resolução nº 2202000.675, de 12 de abril de 2016, desta Turma Ordinária, complementandoo ao final (fl. 52): Trata o presente processo de notificação de lançamento (fls. 06/10), emitida em nome da contribuinte acima identificada em decorrência de revisão de sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto de Renda, referente ao exercício de 2010, ano calendário de 2009. 2. Conforme descrição dos fatos foram constatadas infrações referentes à dedução indevida de despesas médicas referentes aos serviços prestados por Cibele dos Santos Coelho, José Américo de Albuquerque Montenegro, Maria Theresinha da Costa Dias, Cristiane de Almeida José Nunes, Leonardo Lessa Telles e Heitor Castro Júnior, por falta de comprovação, no valor de R$ 14.190,00. 3. Em decorrência deste lançamento, apurouse Imposto de Renda Pessoa Física suplementar de R$ 3.902,25, multa de ofício de R$ 2.926,68, além de juros de mora de R$ 473,73 (calculados até 30/06/2011). 4. A contribuinte foi cientificada em 16/06/2011 (fls.17) e apresentou impugnação protocolizada em 27/06/2011 (fls.2/5), onde aponta: a) que é muito idosa e necessita constantemente de cuidados médicos; b) se insurge quanto a aparente inobservância do direito da contribuinte, especificamente em relação ao contido no art.80 do RIR/1999, inciso III: “... podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento”; c) acredita ter ocorrido um lapso na análise dos documentos juntados ou ter ocorrido outra motivação. 4.1. Apresenta listagem dos cheques emitidos às fls. 14/15. 5. Consta às fls.20, tela de Extrato do Processo, onde está informados extinção por pagamento do montante do principal de R$ 2.414,22. A 7ª Turma da DRJ I no Rio de Janeiro/RJ analisou a manifestação de inconformidade concluindo, em resumo, pela improcedência da impugnação, uma vez que em seu entender a despesa médica somente pode ser comprovada por meio de cheque quando neste documento constem as especificações do serviço prestado, ou quando esteja acompanhado de documentação auxiliar que corrobore a alegação do Fl. 282DF CARF MF Processo nº 12448.728914/201120 Acórdão n.º 2202003.597 S2C2T2 Fl. 283 3 contribuinte. A simples apresentação de listagem dos cheques emitidos, feito pelo sujeito passivo, não é meio apto a tal prova. É que não constam dos autos as cópias dos citados cheques, nem nenhum outro documento, mas apenas uma listagem dos mesmos com indicação de quem os recebeu. A ciência dessa decisão deuse em 20/12/2013, através de procurador (fl. 28), e o inventariante da contribuinte falecida apresentou recurso voluntário em 13/01/2014 (protocolo na folha 32), já que, conforme informase na peça recursal, ela viera a óbito em 21/09/2011. Em sede de recurso, discutese a questão da comprovação da despesa, para fins de dedutibilidade da base de cálculo do imposto. O recorrente analisa os artigos 73 e 80 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999, para concluir que basta a indicação do cheque com que foram efetuados os pagamentos para lhe garantir o direito à dedução. Aponta como um fato novo, posterior à impugnação, o falecimento da contribuinte. Decidiuse pela conversão do julgamento em diligência, em suma, nos seguintes termos: ... considero que é necessário aprimorar a instrução processual, para esclarecer os diversos pontos levantados e explicados neste voto. Sendo assim, VOTO pela conversão do julgamento em DILIGÊNCIA, a fim de que: a) a Unidade preparadora, responsável pelo feito fiscal, anexe o "dossiê de fiscalização"... b) Ainda, a Unidade preparadora providencie a anexação de cópia da DIRPF/2010 do contribuinte, que foi objeto de revisão e que está em discussão nestes autos, c) Também, intime o contribuinte interessado dos termos desta Resolução, abrindolhe prazo legal para, querendo, manifestar se e apresentar documentação comprobatória das despesas pleiteadas, como cópia dos cheques utilizados no pagamento (com prova de compensação, por exemplo, microfilmagem)... Cumprida a diligência, vieram aos autos os documentos de folhas 60 a 279, como está informado no despacho de fl. 280. É o relatório. Voto Conselheiro Marcio Henrique Sales Parada, Relator. O recurso é tempestivo, conforme relatado, e, atendidas as demais disposições legais, dele tomo conhecimento. Fl. 283DF CARF MF Processo nº 12448.728914/201120 Acórdão n.º 2202003.597 S2C2T2 Fl. 284 4 A controvérsia que chega a esta instância recursal é parcial, uma vez que, como já anotara a DRJ, verificouse pagamento de parte da exigência tributária. Copio da fl. 26: Mediante o acima exposto nego provimento à impugnação e mantenho o crédito tributário apurado, atentando para a tela de fls. 20, onde está informada a extinção, por pagamento, do montante do principal de R$ 2.414,22 e saldo do principal no montante de R$ 1.488,03, suspenso por julgamento da impugnação. Como fora exposto na Resolução proferida anteriormente, faltavam informações e documentos imprescindíveis nestes autos, sendo fundamental para a solução da controvérsia, que reside tão somente na glosa de despesas médicas declaradas que foram consideradas não comprovadas pela fiscalização, a anexação dos cheques nominativos que serviram para pagar as referidas despesas. Vejamos o artigo 80 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). (...) III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;(destaquei) A contribuinte fora intimada, em 09/05/2011 (fl. 66) a, dentre outros elementos, apresentar "comprovantes originais e cópias de despesas médicas". Declarara as seguintes despesas, na DIRPF (fl. 178), que foram glosadas: CIBELE DOS SANTOS COELHO 1.760,00 JOSE AMERICO DE ALBUQUERQUE MONTENEGRO 2.450,00 THEREZINHA DIAS 5.980,00 CRISTIANE NUNES 2.600,00 LEONARDO LESSA 600,00 HEITOR CASTRO JUNIOR 800,00 Em sede de recurso, sustentou que a apresentação de uma listagem com indicação dos cheques seria suficiente para atender ao dispositivo legal acima destacado. Após a determinação da diligência, a Autoridade Fiscal emitiu a intimação de folha 181, em 30 de maio de 2016, requerendo documentos que pudessem comprovar o "efetivo pagamento das despesas". Fl. 284DF CARF MF Processo nº 12448.728914/201120 Acórdão n.º 2202003.597 S2C2T2 Fl. 285 5 Aparentemente entendendo as razões declinadas na Resolução, a contribuinte respondeu conforme a fl. 183 e vieram aos autos as cópias de cheques das folhas 185 a 215 mais os extratos bancários de fls. 216 a 227. Considero, assim, que está comprovado o efetivo pagamento das despesas, com indicação dos recebedores, cujos nomes, CPF e especialidade médica já haviam sido informados desde a impugnação e VOTO por dar provimento ao recurso para cancelar a exigência fiscal consubstanciada pela Notificação de Lançamento em debate, na parte que ainda estava suspensa para julgamento de recurso voluntário (vide fl. 48/9). CONCLUSÃO Assinado digitalmente Marcio Henrique Sales Parada Fl. 285DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.720174/2007-63
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
OBSCURIDADE. RETIFICAÇÃO.
Contatada a obscuridade apontada em sede de Embargos, é devida a retificação o Acórdão.
Numero da decisão: 2201-003.352
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos propostos para, sanando a obscuridade apontada, retificar a parte dispositiva do Acórdão nº 2802-002.693, de 18/02/14, que passa a ter a seguinte redação: "Ante o exposto, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário para declarar a insubsistência do lançamento apenas na parte controversa, correspondente ao crédito tributário calculado sobre o que exceder o Valor da Terra Nua reconhecido pelo contribuinte e regularmente comprovado mediante a apresentação de Laudo de Avaliação ( R$ 123.418,00)."
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 06/10/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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RETIFICAÇÃO. Contatada a obscuridade apontada em sede de Embargos, é devida a retificação o Acórdão. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer e acolher os embargos propostos para, sanando a obscuridade apontada, retificar a parte dispositiva do Acórdão nº 2802002.693, de 18/02/14, que passa a ter a seguinte redação: "Ante o exposto, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário para declarar a insubsistência do lançamento apenas na parte controversa, correspondente ao crédito tributário calculado sobre o que exceder o Valor da Terra Nua reconhecido pelo contribuinte e regularmente comprovado mediante a apresentação de Laudo de Avaliação ( R$ 123.418,00)." Carlos Henrique de Oliveira Presidente. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 06/10/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CARLOS HENRIQUE DE OLIVEIRA (Presidente), CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, JOSE ALFREDO DUARTE FILHO (Suplente convocado), MARIA ANSELMA COSCRATO DOS SANTOS (Suplente convocada), DENNY MEDEIROS DA SILVEIRA (Suplente convocado), DANIEL MELO MENDES BEZERRA, CARLOS CESAR QUADROS PIERRE, ANA CECILIA LUSTOSA DA CRUZ. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 72 01 74 /2 00 7- 63 Fl. 127DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 2 Tratamse de embargos de declaração propostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional em face do Acórdão nº 2802002.693, fl. 111/115, exarado pela 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ITR. ARBITRAMENTO DO VALOR DA TERRA NUA. INFORMAÇÃO EXTRAÍDA DO SISTEMA DE PREÇO DE TERRAS (SIPT). LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO ELABORADO SEGUNDO AS NORMAS DA ABNT. MEIO HÁBIL PARA CONTRADITAR OS VALORES DO SIPT. Caso o contribuinte não apresente laudo técnico com o valor da terra nua VTN, pode a autoridade fiscal se valer do valor constante do SIPT, como meio hábil para arbitrar o VTN que servirá para apurar o ITR devido. Laudo técnico, assinado por profissional competente e secundado por Anotação de Responsabilidade Técnica ART, é meio hábil para contraditar o valor arbitrado a partir do SIPT. Para desconsiderar o laudo apresentado, a autoridade fiscal deve apontar alguma nulidade formal, contraditálo com outro laudo ou mesmo demonstrar a inviabilidade dos parâmetros utilizados Recurso Provido. Cientificada do Acórdão, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou embargos de declaração formalizado pela petição de fl. 117/119. Aduz a representação da Fazenda: 1. Analisandose com cuidado os autos temos que na parte atinente ao cálculo do Valor da Terra Nua — VTN, entendeu a autoridade fiscal que houve subavaliação, tendo em vista os valores constantes do Sistema de Preço de Terras (SIPT), instituído pela SRF em consonância ao art. 14, caput, da Lei 9.393/96, razão pela qual o VTN declarado para o imóvel na DITR/2003, de R$ 23.000,00 (R$14,23 por hectare), foi aumentado para R$ 1.170.322,09 (R$ 724,03 por hectare), valor este apurado com base nos valores apontados no SIPT, conforme a descrição dos fatos e enquadramento legal, às fls. 02. 2. Nesta contexto, o v. acórdão ora embargado admitiu o "Laudo de Avaliação', doc. de fls. 18/25 e seu anexo, fls. 27, emitido por profissional habilitado, Eng. Civil Francisco de Sousa Neto, acompanhado de ART, devidamente anotada no CREA, fIs. 26, em que se atribui ao imóvel rural avaliado em 2007 o VTN de R$ 123.418,00 ou R$ 76,35/ha, e solicita o seu acolhimento. 3. Como se observa o valor do hectare calculado no laudo de avaliação (R$ 76,35) é INFERIOR ao valor atribuído pela Fl. 128DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10384.720174/200763 Acórdão n.º 2201003.352 S2C2T1 Fl. 128 3 Fiscalização, porém SUPERIOR ao valor declarado pelo contribuinte (R$ 14,23 por hectare). 4. Daí, temos a PATENTE OBSCURIDADE, quando o v. acórdão ora embargado DÁ PROVIMENTO TOTAL ao Recurso Voluntário da contribuinte e NÃO PARCIAL PROVIMENTO. 5. Ora, tal OBSCURIDADE merece ser sanada, considerando que no pedido formulado no Recurso Voluntário pedese o cancelamento da autuação e não a mera adequação do montante devido ao laudo de avaliação apresentado. Em 01 de outubro de 2014, o Sr. Presidente da 2ª Turma Especial da 2ª Seção do CARF, concordando com os termos do despacho de admissibilidade acostado às folhas 122/123, admite os embargos. E o relatório necessário Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Inicialmente, expresso minha concordância com os pressupostos de admissibilidade contidos no despacho de fls. 122/123. Vejamos quais foram os pedidos do contribuinte tanto em sede de impugnação quanto de Recurso Voluntário: Na impugnação, fl. 12/13: (...) Em face da discrepância, não concorda o contribuinte com o lançamento efetuado, requerendo o acolhimento da presente impugnação e retificação da avaliação do bem imóvel segundo os cálculos ora apresentados, que acompanham esta petição Através da presente peça de defesa , o contribuinte indica a real avaliação do imóvel e o correto cálculo do valor da Terra Nua, uma vez que os valores apresentados pela Receita não coincidem com a realidade. (...) A vista de todo exposto, demonstrada a insubsistência e improcedência do procedimento fiscal, espera e requer o impugnante seja acolhida a presente impugnação o para o fim de assim ser decidido, retificandose o débito fiscal reclamado, para constar valor a menor, razoável e proporcional com o de mercado a No Recurso Voluntário, fl. 79 a 86: (...)Ocorre que em 21/11/2007, a contribuinte recebeu Carta Cobrança para recolhimento do referido imposto aceito pela Receita Federal no montante referido na impugnação, com base Fl. 129DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 4 em Laudo Técnico de Avaliação de Imóvel Rural. Àquela época, a contribuinte efetivou o pagamento, acreditando estar quite com a Receita Federal, conforme comprovantes de recolhimento do imposto anexos a este recurso. Entendeu a contribuinte que a decisão' da Receita foi de acatar o valor atribuído na impugnação. (...)Diante do exposto, a contribuinte requer:(...) Julgar a insubsistência e improcedência do procedimento fiscal, aceitando como quite o recolhimento realizado pela contribuinte no processo já arquivado. Assim o Conselheiro Relator German Alejandro San Martín Fernández conduziu o seu voto, no que foi acompanhada por todos os demais membros do colegiado: Por tempestivo e pela presença dos pressupostos recursais exigidos pela legislação, conheço do recurso. A jurisprudência deste E. Sodalício permite, caso o contribuinte não apresente Laudo de Avaliação, o arbitramento do VTN, com base no SIPT, cujos dados são de acesso restrito aos funcionários da RFB. No caso dos autos, o recorrente, por ocasião da Impugnação, apresentou Laudo de Avaliação contestado pela decisão de 1ª instância, sob o fundamento de não atendimento aos requisitos exigidos pelas Normas ABNT 14.653, mormente por chegar a valor inferior ao previsto no SIPT, e por não se utilizar de fontes de pesquisa contemporâneas ao fato gerador (2004). Entretanto, é de se observar que o recorrente, em Impugnação, requer diligência/perícia, indeferida pela decisão de 1ª instância, sob o argumento de que o Laudo de Avaliação apresentado foi suficientemente apreciado pelos integrante da Turma, não havendo matéria controversa ou de complexidade que justifique a produção de prova pericial ou realização de diligência. No caso em julgamento, ao menos no aspecto formal, o Laudo de Avaliação seguiu as Normas ABNT, cabendo ao órgão de julgamento, se inclinado a desconsiderar as conclusões do perito, buscar fundamento em outro Laudo a ser apresentado pela autoridade lançadora ou resultado de perícia a ser realizada no curso do processo administrativo tributário. Caso contrário, provas adicionais deveriam ter sido juntadas durante na fase pré contenciosa. Daí a necessidade, antes de arbitrar o VTN, de deferir a diligência/perícia requerida, de sorte a permitir a contradita do Laudo apresentado e colher informações adicionais a respeito da verdadeira grandeza econômica do fato gerador. Entretanto, conforme visto, a resposta à Diligência foi pela impossibilidade do cumprimento do determinado, por falta de pessoal especializado. Essa resposta me leva à seguinte conclusão. Explico e fundamento. Fl. 130DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA Processo nº 10384.720174/200763 Acórdão n.º 2201003.352 S2C2T1 Fl. 129 5 O Laudo apresentado pelo contribuinte e não contraditado durante o processo administrativo, mormente em face do indeferimento da perícia requerida por ocasião da Impugnação, tornam as suas conclusões aptas para desconsiderar o arbitramento da base de cálculo realizado com base do SIPT. Ademais, se a legislação determina a apuração e a antecipação do pagamento do ITR, por conta e risco do próprio contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária (art. 10 da lei n. 9.393/96), não há se exigir a elaboração prévia de Laudo, de sorte a tornar impossível que o perito colha informações precisas a respeito de exercícios passados, que aliás, provavelmente indicariam valores ainda inferiores daqueles apresentados. É de se considerar que o arbitramento de base de cálculo em matéria tributária é medida extrema. Somente se justifica na total ausência de informações a respeito do fato gerador pelo sujeito passivo ou no caso de imprestabilidade de seus documentos. Não é o que se verifica no caso presente, face à apresentação de Laudo assinado por profissional credenciado e, ao menos formalmente, em respeito às Normas ABNT exigidas. Esta 2ª. Seção, em julgado da 2ª. Turma da 1ª. Câmara, Processo n° 10670.720131/200752, Sessão de 12 de maio de 2010, assim decidiu: ITR. ARBITRAMENTO DO VALOR DA TERRA NUA. INFORMAÇÃO EXTRAÍDA DO SISTEMA DE PREÇO DE TERRAS (SIPT). HIGIDEZ PROCEDIMENTAL. LAUDO TÉCNICO DE AVALIAÇÃO QUE ANALISA PORMENORIZADAMENTE O IMÓVEL RURAL, SEGUNDO AS NORMAS DA ABNT, É MEIO HÁBIL PARA CONTRADITAR OS VALORES DO SIPT. Caso o contribuinte não apresente laudo técnico com o valor da terra nua VTN, pode a autoridade fiscal se valer do valor constante do SIPT, como meio hábil para arbitrar o VTN que servirá para apurar o ITR devido. Entretanto, apresentado laudo técnico, assinado por profissional competente e secundado por Anotação de Responsabilidade Técnica ART, esse é meio hábil para contraditar o valor arbitrado a partir do SIPT. Para desconsiderar o laudo apresentado, a autoridade fiscal tem que apontar alguma nulidade formal, contraditálo com outro laudo ou mesmo demonstrar a inviabilidade dos parâmetros utilizados (erros ou equívocos nos VTNs dos imóveis que serviram de paradigmas para a avaliação, quantidade de paradigmas, alienações de imóveis próximos que confrontem os preços utilizados etc.). Ante o exposto, conheço e dou provimento integral ao Recurso Voluntário. Fl. 131DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA 6 Como bem apontou a Procuradoria da Fazenda, houve alteração do valor da terra nua em procedimento fiscal, que desconsiderou o valor declarado e o arbitrou a partir dos preços médios constantes do Sistema Sipt. Inconformado, o contribuinte impugnou o lançamento juntando laudo de avaliação que atribuiu à terra nua em questão um valor intermediário entre o valor originalmente declarado e aquele considerado no lançamento (oriundo do Sipt). O contribuinte, concordando em parte com o lançamento, recolheu a parcela do crédito tributário que restou incontroversa, dando seguimento à lide administrativa apenas em relação à diferença entre os valores considerados pela Fiscalização (Sipt) e o valor constado n laudo apresentado. Portanto, de plano, vêse que, pelo menos em parte, a ação fiscal é procedente. Na verdade, salta aos olhos a contradição do pedido do contribuinte que, embora objetivasse a aceitação do valor apurado no laudo apresentado em sua impugnação, claramente concordando em parte com o lançamento, tendo recolhido o valor incontroverso, requereu a insubsistência e a improcedência do procedimento fiscal. Assim, de modo a não restarem dúvidas quanto aos seus efeitos, entendo que, de fato, merece melhor redação a conclusão do Acórdão embargado. Conclusão: Pelas razões e fundamentos legais acima expressos, voto por conhecer e acolher os embargos propostos pela Procuradoria da Fazenda Nacional para, sanando a obscuridade apontada, retificar a parte dispositiva do Acórdão nº 2802002.693, de 18/12/2014, que passa ter a seguinte redação: Ante o exposto, dou provimento parcial ao Recurso Voluntário, para declarar a insubsistência do lançamento apenas na parte controversa, correspondente ao crédito tributário calculado sobre o que exceder o Valor da Terra Nua reconhecido pelo contribuinte e regularmente comprovado mediante a apresentação de Laudo de Avaliação ( R$ 123.418,00). Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 132DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente e m 06/10/2016 por CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO, Assinado digitalmente em 06/10/2016 por CARLOS HE NRIQUE DE OLIVEIRA
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Numero do processo: 10680.000587/2004-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 14 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Sep 30 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Exercício: 1999
MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA.
A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430/96, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.
Numero da decisão: 1201-001.502
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator.
(documento assinado digitalmente)
ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), José Carlos de Assis Guimarães, Luis Fabiano Alves Penteado, Ronaldo Apelbaum e Eva Maria Los.
Nome do relator: Relator
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MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. CANCELAMENTO DA MULTA ISOLADA. A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430/96, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos em dar provimento ao recurso voluntário nos termos do voto do relator. (documento assinado digitalmente) ROBERTO CAPARROZ DE ALMEIDA Presidente. (documento assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Caparroz de Almeida (Presidente), José Carlos de Assis Guimarães, Luis Fabiano Alves Penteado, Ronaldo Apelbaum e Eva Maria Los. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 00 05 87 /2 00 4- 31 Fl. 401DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 2 Tratase de recurso voluntário interposto nos termos do art. 33 do Decreto nº 70.235/72, contra o acórdão nº 05.863, exarado pela 2ª Turma da DRJ em Belo Horizonte MG. Conforme relato sumário extraído da Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal do Auto de Infração, a autoridade tributária acusa a contribuinte em epígrafe haver cometido as seguintes infrações á legislação da CSLL no anocalendário de 1998: a) falta de pagamento da CSLL incidente sobre a base de cálculo estimada em função da receita bruta e acréscimos e/ou balanços de suspensão ou redução, em decorrência de omissões de receitas, no período de janeiro a outubro de 1998, caracterizadas pela falta de contabilização de receitas de vendas, constatadas pelo confronto entre as vendas reais apuradas nos boletins de caixa da loja, retidos por ocasião do cumprimento dos mandados Judiciais de Busca e Apreensão números 018/2002 e 019/2002, da 4a. Vara Federal/MG, e os valores escriturados/declarados pelo contribuinte na DIRPJ/1998; b) considerando as receitas omitidas, apurouse os valores reais devidos da CSLL com base na estimativa mensal e como o contribuinte havia apurado base de cálculo negativa da CSLL em todos seus balanços/balancetes de suspensão/redução, conforme DIRPJ/98, não recolhendo ou declarando nenhum valor a título de CSLL estimada, configurou se a infração de falta de recolhimento da CSLL estimada, nos meses de janeiro a outubro de 1998, sendolhe imputado a multa isolada de 150% sobre a falta de recolhimento apurada, tudo conforme artigos 28, 30, 43, 44, inciso II e §1º, IV da Lei 9.430/96 e artigo 24, §2º, da Lei 9.249/95; c) o lançamento é efetuado com a cominação de multa qualificada, em virtude do evidente intuito de fraude, caracterizado pela intenção do contribuinte em furtarse ao pagamento ou em reduzir o montante dos tributos e contribuições devidos em decorrência da não emissão de documento fiscal obrigatório (nota ou cupom fiscal) de todas as vendas, conforme verificado pelo exame dos documentos e do material de informática apreendidos, bem como pela falta de contabilização e declaração das respectivas receitas. As infrações apontadas acima estão minuciosamente relatadas no Termo de Verificação de Infração deste processo. Inconformada com a autuação a interessada propôs impugnação ao lançamento onde contesta a exigência da multa isolada aplicada em decorrência da falta de recolhimento da contribuição social sobre a base estimada. Examinada as razões de defesa a DRJ de origem julgou improcedente a impugnação em acórdão assim ementado: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1998 Ementa: Decadência. Lançamento p/ Homologação. Norma Geral Não estando satisfeitas as condições para o lançamento por homologação, para fins de contagem do prazo decadencial, aplicase a regra geral, segundo a qual o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese cinco anos Fl. 402DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 402 3 contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Decadência — CSLL O prazo decadencial, no que se refere à Contribuição Social, é de 10 anos contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Responsabilidade Tributária por Sucessão. A empresa sucessora (incorporadora) responde por todos os tributos e demais penalidades devidas pela sucedida alcançando todos os fatos jurídicos tributários (fato gerador) verificados até a data da sucessão, ainda que a existência do débito tributário venha a ser apurada após aquela data. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Liquido CSLL Anocalendário: 1998 Ementa: Multa Isolada. No caso de pessoa jurídica sujeita ao pagamento da CSLL, determinada sobre a base de cálculo estimada, que deixar de fazêlo, ainda que tenha apurado, no anocalendário correspondente, base de cálculo negativa, será aplicada a multa isolada de acordo com determinações legais. Multa Qualificada. Declarando a menor seus rendimentos, o contribuinte tentou impedir ou retardar, ainda que parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal. Esta prática sistemática, adotada durante anos consecutivos, caracteriza a conduta dolosa. Tal situação fática se subsume perfeitamente aos tipos previstos nos arts. 71, inciso I, e 72 da Lei n.° 4.502, de 1964. Irresignada, a contribuinte interpôs recurso voluntário onde alega, em síntese: PRELIMINARES 1. Da nulidade do auto de infração. A preterição ao direito de defesa é inequívoca e deriva da não observância ao devido processo legal previsto no Decreto 70.235/72. De fato, a lavratura do auto ao arrepio de expressa determinação contida no art. 9º, §1° da norma em comento, que rege o procedimento administrativo fiscal, configura violação ao devido processo legal e, desta forma, preterição ao direito de defesa, causando nulidade do auto com fundamento no art. 59, inciso II do Decreto 70.235/72. 2. Da Decadência. Fl. 403DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 4 Sustenta a r. decisão recorrida que à hipótese dos autos aplicase a regra do art. 173, inciso I do CTN, por considerar que não tendo havido recolhimento pelo contribuinte a título de antecipação não há que considerar a sistemática imposta pelo art. 150, §4° do mesmo diploma. Os argumentos invocados pela autoridade julgadora, no entanto, não são acolhidos pela jurisprudência do Egrégio Primeiro Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme se verifica nos julgados que traz a colação. A r. decisão recorrida afirma, ainda, que no caso específico das contribuições sociais que compõem a Seguridade Social (dentre elas CSLL, PIS e COFINS) o prazo de decadência para lançar os tributos encontrase previsto no art. 45 da Lei n° 8.212/91, que é norma especifica sobre a matéria. Entretanto, a CF/88 estabelece em seu art. 146, inciso III, alínea b, que compete à lei complementar estabelecer normas gerais sobre decadência, entre outras, sendo, como é cediço, o CTN a norma encarregada de tal função. Observese que diante da natureza tributária das contribuições sociais é aplicável ao caso em tela o disposto no artigo 150, § 4.°, do Código Tributário Nacional e não o artigo 45 da Lei n.° 8.212, de 1991, o qual não produz efeitos já que trata de matéria não afeta a Lei Ordinária. Neste sentido é a jurisprudência do Conselho de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Adotando as mesmas razões, a 1ª Seção do Colendo Superior Tribunal de Justiça afastou a aplicação do artigo 45 da Lei nº 8.212/91. Evidencia que a exceção para o cômputo do prazo decadencial dáse nos casos de fraude, sonegação, ou seja, dolo no descumprimento das obrigações tributárias. No caso é inequívoca a ausência de hipótese fraude a permitir a aplicação da multa qualificada e a regra prevista no art. 173, inciso I do CTN. MÉRITO 1 Multa isolada inaplicabilidade: A multa isolada aplicada nos presentes autos, deriva de um suposto não recolhimento estimado de CSLL que teria ocorrido em razão da omissão de receitas caracterizada nos autos de outro processo principal. Naquele foi aplicada multa de ofício com fundamento no art. 44, inciso II da Lei 9.430/96, entendendo a fiscalização ter sido verificada a hipótese de fraude. No caso, contudo, não se cogita apenas de não aplicação do agravamento da multa, mas sim de impossibilidade de aplicação da multa isolada, sob pena de restar configurada uma dupla penalidade para uma mesma infração tributária. De fato, nos autos do processo principal já foi aplicada multa de oficio de 150% sobre a omissão de receitas identificada, de forma que uma nova aplicação de multa no mesmo percentual, sem sombra de dúvidas implicará uma dupla penalização, não aceita pelo Conselho de Contribuintes. Os fatos que deram origem àquela autuação e a esta são os mesmos, o próprio Fiscal ressalta este ponto no auto de infração indicando que a multa isolada está a ser aplicada em decorrência da omissão de receitas constatada no processo principal. Pois bem, um mesmo fato não pode dar origem a dupla penalização, sob pena de infringência ao art. 44 da Lei 9.430/96. Neste sentido, traz a colação diversas ementas do antigo Conselho de Contribuintes Fl. 404DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 403 5 no sentido da impossibilidade de aplicação de multa isolada por falta de recolhimento da CSLL devida por estimativa em ajustes efetuados pela fiscalização após o encerramento do ano calendário. 2 Da qualificação da multa: Da Adesão ao PAES: Inicialmente, merece registro o fato de que não há que se falar em imposição de penalidade, eis que o trabalho fiscal foi concluído após a adesão da Recorrente ao PAES, ou seja, quando da apresentação de seus débitos relativos a período de ação fiscal ainda não concluída, pelo que não havia qualquer exigência legal a respaldar a aplicação ou mesmo a inclusão de penalidade. Ora, o raciocínio é lógico, os débitos somente agora apurados pela r. Fiscalização já encontravamse confessados e parcelados pela Recorrente, pelo que de todo desnecessário o prosseguimento do trabalho fiscal, diante do óbice constante no art. 151, VI do CTN. Dessa forma, a continuidade dos trabalhos fiscais mostrouse de todo inócua. O Código Tributário Nacional é de clareza solar ao determinar a suspensão do crédito tributário quando encontrarse parcelado, ou seja, não há que se falar em prosseguimento da fiscalização relativamente a débitos já confessados e parcelados. Se no decorrer desses 14 (quatorze) meses dos inícios dos trabalhos fiscais foi instituído pelo Governo Federal um programa de parcelamento especial de créditos, ao qual a recorrente aderiu, a aplicação de penalidade somente se justificaria se houvessem sido apuradas e lançadas anteriormente à adesão do contribuinte ao PAES. Nesse sentido, uma leitura mais acurada do disposto no art. 1°, IV, da Portaria Conjunta PGFN/SRF n° 3 de 1°.9.2003 é suficiente para denotar a impropriedade da ação fiscal. A ausência de conclusão de trabalho fiscal relativamente a débitos já confessados e parcelados, não autoriza sua continuidade a ponto de pretender a aplicação de penalidade futura, inexistentes à época da confissão de débitos apresentada pelo contribuinte. À Recorrente coube a realização da declaração e da confissão de seus débitos amparada nas informações e dados de que dispunha à época, bem como amparada em dados fornecidos pela própria Receita Federal, conforme correspondência eletrônica informada, tendo em vista a busca e apreensão de todos os seus documentos e arquivos já noticiada. "Data venia", se a r. Fiscalização foi morosa na apresentação de suas conclusões, não pode agora penalizar o contribuinte que aderiu a programa de parcelamento instituído no decorrer do trabalho fiscal. Houvessem sido apresentadas quaisquer conclusões fiscais anteriormente à adesão informada, forçosamente a Recorrente haveria de incluir os débitos apurados e lançados no parcelamento instituído pela Lei n° 10684/2003. Multa qualificada: Não bastasse a imposição de penalidade, a autoridade fiscal ainda a agravou com fundamento no art. 44, inciso II da Lei n° 9.430/96 entendendo que os erros na escrituração fiscal seriam alterações dolosas das informações tributárias. Nada mais equivocado! Fl. 405DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 6 Não se desconhece que a cominação da multa qualificada, diante do artigo supracitado e dos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, depende de apreciação subjetiva da conduta do sujeito passivo, para a apuração da presença do dolo, da máfé. Porém, a subjetividade das conclusões consignadas pelo Auditor Fiscal autuante, afastam a exatidão exigida pela lei para que seja imputado o agravamento da multa. Não é admissível a presunção de que a existência de Mandado de Busca e Apreensão implica em fraude ou dolo, independentemente de análise aprofundada dos argumentos apresentados pelo contribuinte. Outrossim, sabese que o agravamento das penalidades tratase de faculdade legal de que dispõe o fisco para punir de forma mais gravosa o contribuinte, quando flagrado em ilícito penaltributário. Como se depreende do bojo dos autos, tal conduta não aconteceu face à antecipação do contribuinte em reconhecer e regularizar a situação na qual se encontrava. Por outro lado, de se registrar que também não passou desapercebida a maldade do i. Relator, ao desviarse dos autos, que envolve apenas pessoa jurídica, buscando dar caráter de pessoalidade à autuação, quando, por mais de uma oportunidade, menciona denúncia que fora feita contra o Sr. Sebastião Vicente Bomfim Filho imputando lhe crime contra a ordem tributária. Tal menção, não bastasse sua inespecificidade para o caso em questão, peca contra a verdade quando o i. Julgador "a quo" furtase de informar que o referido processo por ele tão alardeado não teve prosseguimento, encontrandose findado. Surge, pois, a indagação: A omissão de tal informação é fruto de esquecimento, ou objetiva fins outros tais como a indução dos D. Julgadores a equívoco? É noção basilar das relações penais (e a imputação de dolo, cumulada com o agravamento da multa, consubstancia sanção penal tributária), a premissa de que só há condenação com base na certeza do cometimento do ilícito. Ou seja, como corolário do princípio in dubio pro reo se não for alcançada a absoluta certeza da intenção de fraudar, de sonegar, não cabe o agravamento da multa. Ora, não há esta certeza nos autos. Ao revés, a inexistência de intuito do cometimento de ilícito penal, é evidente nestes autos, já que a própria Recorrente tentou sanar o erro, que detectou já em idos de 2000, ou seja, muito antes da ação fiscal. Em verdade, o procedimento de fiscalização foi marcado por arbitrariedades dos fiscais, como se verifica pelo desprezo dos mesmos aos ditames Constitucionais e legais basilares da relação fiscal ora instituída. Também, a parcialidade e voracidade resta evidente. De se notar que após 14 meses de trabalho, com cerca de 2 caminhões de documentos retirados da empresa, somente foi identificada uma única infração, qual seja, omissão de receitas, falha esta já detectada, tanto em que no ano de 2000 foram inseridas no Livro Diário receitas auferidas no ano de 1998. Exatamente por interpretar a lei sob a luz dos princípios fundamentais do Estado de Direito, os Conselhos de Contribuintes vêm consolidando jurisprudência no sentido de que apenas a certeza do evidente intuito de agir contra a lei, permite e determina o agravamento da multa de oficio. Transcreve alguns arrestos que ilustram tal orientação. Desse modo, por ser arbitrária e ilegal a presunção de ocorrência de fraude, aguardase o afastamento da imputação equivocadamente oposta à Recorrente, com a conseqüente redução da multa de ofício, compatibilizandoa com as prescrições da lei. Fl. 406DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 404 7 Caráter confiscatório: A multa aplicada foi de 150% o que denota que a fiscalização não levou em conta o caráter de confisco da penalidade aplicada. A vedação ao confisco é uma garantia constitucional, extensiva às multas fiscais, pois sendo vedado o confisco via instituição de tributo o é para a aplicação das penalidades, como elemento reflexo (art. 39, §2° da Lei n° 4.320, de 17 de março de 1964). A penalização imposta excede até mesmo a capacidade contributiva, caracterizando confisco e abuso, atitude que deve ser refreada. Nesse passo, cita voto de Conselheiro do Conselho de Contribuintes do Ministério da Fazenda, pronunciamento de jurista, ementas em decisão do Supremo Tribunal Federal. Em atenção ao Princípio da Eventualidade, havendo o prosseguimento do feito fiscal, e superadas as argumentações acima expendidas, o que admitese "in reductio ab absurdo", a Recorrente requer, desde já, seja reduzida a penalidade imposta para o percentual legal. E, ainda, consoante o que dispõe o §7° do art. 1° da Lei n° 10.684, de 2003, em se tratando de débito fiscal incluído no PAES, os. valores correspondentes às multas serão reduzidos em 50%. Dos juros de mora (taxa selic): Requer a inaplicabilidade da taxa selic aos créditos tributários, determinando a incidência de juros de mora no percentual previsto no artigo 161, §1º do CTN. DO PEDIDO Por todo o exposto, alegado e provado, requer a reforma proferida na decisão DRJ/BHE n.° 05.863, de 26/04/2004, com conseqüente cancelamento da exigência constante do Auto de Infração lavrado. A recorrente anexa o memorial das razões expendidas em seu recurso voluntário apresentando como inovação argumentativa o fato de que a partir da disposição expressa no artigo 132 do CTN, verificase que a sucessora é responsável apenas e tãosomente pelos tributos devidos pela sucedida, não podendo ser responsabilizada, contudo, pelas penalidades aplicadas em caso de descumprimento de obrigação tributária. A extinta Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes proferiu o Acórdão nº 10808.584, de 10 de novembro de 2005, cuja ementa transcrevo a seguir: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO Rejeitase preliminar de nulidade do lançamento quando não configurado vício ou omissão de que possa ter decorrido o cerceamento do direito de defesa. MULTA ISOLADA CSL DECADÊNCIA CONSTATAÇÃO DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO A Contribuição Social sobre o Lucro, tributo cuja legislação prevê a antecipação de Fl. 407DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 8 pagamento sem prévio exame pelo Fisco, está adstrita à sistemática de lançamento dita por homologação, na qual a contagem da decadência do prazo para sua exigência tem como termo inicial a data da ocorrência do fato gerador (art. 150 parágrafo 4° do CTN). No caso de dolo, fraude ou simulação, deslocase esta regência para o art. 173, I, do CTN, que prevê como início de tal prazo o primeiro dia do exercício seguinte; àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Ocorrendo a ciência do auto de infração pela contribuinte no ano de 2003, é incabível a preliminar de decadência suscitada para a multa isolada por falta de recolhimento de estimativa lançada no anocalendário de 1998. CSL OMISSÃO DE RECEITAS r Caracteriza a ocorrência de omissão de receitas a diferença apurada pela fiscalização no confronto entre as receitas escrituradas/declaradas com aquelas constantes dos boletins de Caixa da loja, principalmente quando a empresa não contesta a infração detectada e efetua parcelamento desses débitos fiscais no PAES. CSL APLICAÇÃO DA MULTA AGRAVADA A conduta da contribuinte de não informar a totalidade de suas receitas nas declarações de rendimentos entregues ao Fisco, nem escriturá las nos livros próprios, durante períodos consecutivos, procedimento adotado sistematicamente em todo o grupo de empresas capitaneado pela autuada, por meio de limitadores eletrônicos de emissão de notas fiscais ou cupom, além da manutenção de controles paralelos de receitas, denota o elemento subjetivo da prática dolosa e enseja a aplicação de multa agravada pela ocorrência de fraude prevista no art. 72 da Lei n°4.502/1964. MULTA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA A falta de recolhimento da Contribuição Social sobre o Lucro, calculada por estimativa com base na receita bruta, sujeita a contribuinte à imposição da multa prevista no art. 44 § 1° inciso IV da Lei n° 9.430/96. MULTA POR FALTA DE RECOLHIMENTO DE ESTIMATIVA —CONCOMITÂNCIA COM MULTA DE OFICIO ACOMPANHANDO EXIGÊNCIA DE TRIBUTO — COMPATIBILIDADE — A falta de recolhimento da CSL sobre a base de cálculo estimada por empresa que optou pela tributação com base no lucro real anual, enseja a aplicação da multa de ofício isolada, de que trata o inciso IV do § 10 do art. 44 da Lei n° 9.430/96. O lançamento é compatível com a exigência da contribuição apurada em procedimento fiscal, acompanhada da correspondente multa de oficio. INCONSTITUCIONALIDADE Não cabe a este Conselho negar vigência a lei ingressada regularmente no mundo jurídico, atribuição reservada exclusivamente ao Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento final e definitivo. MULTA DE OFICIO — CARACTERIZAÇÃO DE CONFISCO — A multa de ofício constitui penalidade aplicada como sanção de ato ilícito, não se revestindo das características de tributo, sendo Fl. 408DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 405 9 inaplicável o conceito de confisco previsto no inciso V do artigo 150 da Constituição Federal. MULTA DE OFICIO RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA POR SUCESSÃO A incorporadora somente responde pelos tributos devidos pelo sucedido. O que alcança a todos os fatos jurídicos tributários (fato gerador) verificados até a data da sucessão, ainda que a existência do débito tributário venha a ser apurada após aquela data. Art. 132 CTN. O voto vencido rejeitou as preliminares suscitadas e, no mérito, negou provimento ao recurso voluntário. Por sua vez, o voto vencedor rejeitou as preliminares argüidas pela defesa e no mérito deu provimento ao recurso voluntário por entender que a incorporadora responde apenas pelos tributos devidos pelo sucedido. A Fazenda interpôs recurso especial visando o restabelecimento da multa isolada no percentual de 150% sob a responsabilidade da sucessora. O Presidente da extinta Oitava Câmara do 1º CC, tendo em vista que a decisão não foi unânime e a alegação de contrariedade da decisão à lei ou à evidência da prova, confirma o cabimento do recurso especial nos termos do artigo 32, I, do Regimento Interno do Conselho de contribuintes. A contribuinte apresentou as suas contrarazões ao recurso especial para manter a decisão que julgou procedente o Recurso voluntário. A 1ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, na sessão de 10 de março de 2009, proferiu o Acórdão 910100.072, dando provimento ao recurso especial e determinou o retorno dos autos à Câmara recorrida para apreciar as demais alegações da recorrente, cuja ementa trago à colação: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1999 Ementa: MULTA DE OFICIO INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE SOB CONTROLE COMUM A interpretação do artigo 132 do CTN, moldada no conceito de que a pena não deve passar da pessoa de seu infrator, não pode ser feita isoladamente, de sorte a afastar a responsabilidade do sucessor pelas infrações anteriormente cometidas pelas sociedades incorporadas, quando provado nos autos do processo que as sociedades, incorporadora e incorporadas, sempre estiveram sob controle comum de sócio pessoa física e de controladora informal. De volta à Câmara recorrida, o relator interpôs embargos de declaração com o fito de se sanear a contrariedade ou a omissão do acórdão nº 910100.072 para se esclarecer quais questões devem ser enfrentadas por esta Turma. Os embargos foram admitidos, nos termos do inciso II do § 2º do artigo 5º da Portaria CARF nº 29, de 2015, conforme despacho do Presidente da CSRF. Fl. 409DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 10 A Câmara Superior de Recursos Fiscais, por meio do Acórdão nº 9101 002.278 1ª Turma, por unanimidade de votos, não conheceu dos embargos de declaração, por ausência de legitimidade ativa do Conselheiro que os opôs, proferindo a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 1999 LEGITIMIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. PROCESSO COM PROVIDÊNCIA DE RETORNO Não detém legitimidade para opor Embargos de Acórdão de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) o relator da Turma Ordinária para o qual foi sorteado um processo com Acórdão de Recurso Especial da CSRF com providência de retorno. É o relatório. Voto Conselheiro José Carlos de Assis Guimarães, Relator. Inicialmente, cumpre destacar que o Acórdão nº 10808.584, constante deste processo, proferido pela extinta Oitava Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, analisaram as questões preliminares e de mérito suscitadas pela contribuinte em seu recurso. Naquele acórdão o voto vencedor deu provimento integral ao recurso voluntário sob o argumento de ilegalidade da aplicação da multa de ofício na sucessora. A Câmara Superior de Recursos Fiscais, por sua vez, ao julgar o recurso especial da Fazenda Nacional e as contrarazões da contribuinte, entendeu que a responsabilidade pela multa transfere da sucedida à sucessora, uma vez que a incorporadora e a incorporada são pertencentes a um mesmo grupo sob a mesma direção humana e com sócio comum. Vejamos o que constou do voto do Conselheiro José Clóvis Alves: "O recurso apresentado pela Fazenda Nacional é tempestivo, porém, somente pode ser conhecido na parte que lhe fora desfavorável tratadas no acórdão recorrido, ou seja quanto a questão relativa à multa de oficio no caso de sucessão, interpretação dos artigos 129 e 132 do CTN. Da mesma forma as Contrarazões somente podem ser conhecidas dentro do limite admitido para o RE da Fazenda Nacional, pois as demais questões contrárias aos interesses do contribuinte não foram objeto de Recurso Especial, logo tratam se de matérias com decisão definitiva na esfera administrativa. ................................................................................................ A questão da responsabilidade por multas aplicadas à sucessora em relação a fatos ocorridos antes do evento sucessório e formalizadas após a sucessão já se encontra pacificada no âmbito desta Turma da CSRF. Fl. 410DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 406 11 ......................................................................................................... As teses existentes no âmbito desta CSRF dão duas soluções para o caso de penalidade aplicada após a sucessão, de acordo com a tese do conhecimento. 1ª TESE — Não há conhecimento das infrações pretéritas — afastase a multa. Se a sucessora não participava da sucedida nem mesmo através de um sócio comum ou de sociedades de um mesmo grupo, a multa de oficio deve ser afastada visto que o legislador quis proteger o adquirente ou sucessor de boa fé, logo deve responder somente pelos tributos e não pelas multas, formalizadas após o evento sucessório, conforme julgados contidos nos acórdãos CSRF/0104.406 e 04.408. 2ª TESE — Há conhecimento das infrações pretéritas — mantémse a multa. Se a sucessora participava da sucedida mesmo que através de um sócio comum, pessoa física ou jurídica, mormente no caso de empresa organizada na forma limitada, ou se trata de sociedade de um mesmo grupo "holding", a multa deve ser mantida visto que o legislador quis proteger somente o adquirente ou sucessor de boa fé, aquele que desconhecia os negócios, as operações realizadas pela sucedida. Interpretação contrária levaria à situação absurda de que uma simples alteração societária, incorporação, cisão ou fusão, poderia se prestar a evitar qualquer penalidade tributária em relação aos negócios da sucedida ainda que tivesse pleno conhecimento das infrações que implicara na aplicação das sanções. ........................................................................................................ Na presente lide a fiscalização, ao tratar do exame do material de informática apreendido, deixou expresso no Termo de Verificação de Infração fato não contestado pelo contribuinte de que as empresas sucedida e sucessora pertenciam ao mesmo grupo e controladas pela mesma pessoa física, verbis: "32 — Após a montagem dos equipamentos, restauração dos "backups" e recriação do ambiente de produção do SISPAC, que é um aplicativo que roda no servidor UNIX, e que tem a função de controlar todo ambiente operacional da empresa, conforme descrito no relatório Técnico anexo ao Termo de Extração de Dados de que trata o item 16, constatamos a existência de dados referentes aos períodos sob fiscalização, tanto na MG MASTER LTDA, quanto das empresas incorporadas, inclusive de períodos anteriores às incorporações, já que, na verdade todas faziam parte de um mesmo grupo, operando sob os nomes de CENTAURO, ALMAX E BY TENIS, sob a mesma administração do Sr. SEBASTIÃO VICENTE BONFIM FILHO." (grifamos). Diante dos fatos constatados, sendo incorporadora e incorporadas pertencentes a um mesmo grupo, ainda que Fl. 411DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES 12 informal, sob a mesma direção humana e, com sócio comum, a tese a ser aplicada é a 2, ou seja — A RESPONSABILIDADE PELA SANÇÃO — MULTA — TRANSFERE DA SUCEDIDA À SUCESSORA. ............................................................................................... Assim conheço em parte do RE e das ContraRazões, e no mérito dou provimento e determino o retorno dos autos à Câmara de origem ou àquela que a sucedeu para o exame das demais questões tratadas no recurso voluntário interposto. (grifamos). Ao compulsar os autos, porém, adoto o entendimento de que todas as questões suscitadas no recurso voluntário foram enfrentadas pelo relator ao proferir o seu voto no Acórdão 10808.584. Os Embargos de Declaração interpostos pelo Conselheiro Guilherme Adolfo dos Santos Mendes apontavam também nessa direção. Abaixo trago a colação alguns trechos dos embargos: Ao compulsarmos o voto condutor do acórdão 10808.565, entendemos que todas as questões suscitadas no recurso voluntário foram enfrentadas pelo relator, que negava provimento ao recurso voluntário. Abaixo, as relacionamos: "a) decadência; neste ponto, o acórdão considerou caracterizado o evidente intuito doloso da conduta delitiva; b) nulidade em razão de sua lavratura em separado; c) multa na sucessora; d) adesão ao PAES e suspensão do crédito tributário; e) falta de base legal e constitucional para a aplicação de juros à taxa SELIC; f) concomitância da multa isolada com a multa de ofício; e g) caráter confiscatório da multa. Foi o voto de divergência, porém que prevaleceu. Poderíamos supor, então, que alguns pontos constantes do voto vencido teriam sido prejudicados pelo voto vencedor. Neste, porém, há a seguinte afirmação: Inicialmente gostaria de enaltecer a clareza do relatório e profundidade do voto proferido [...] peço vênia para dele discordar somente quanto a aplicação da multa isolada nos casos de incorporação [...] Ademais, todos os pontos suscitados pela defesa, inclusive aqueles que poderiam ter sido prejudicados, constam da ementa, como a concomitância com a multa de ofício. Dessarte, não identificamos nenhuma questão suscitada pela defesa a ser enfrentada, o que nos levou à conclusão de ter havido supostamente contrariedade ou omissão do acórdão 910100.056. Só haveria a redução passível de iniciativa de ofício do patamar sancionador de 150% para 50% em razão das Fl. 412DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES Processo nº 10680.000587/200431 Acórdão n.º 1201001.502 S1C2T1 Fl. 407 13 alterações supervenientes da redação do art. 44 da Lei 9.430/96.(grifamos). Ocorre que, no presente caso, tratandose de lançamento já efetuado e pendente de julgamento, cabe a aplicação da Súmula CARF nº 105, transcrita abaixo, por se enquadrar na hipótese fática lá definida. "Súmula CARF nº 105: A multa isolada por falta de recolhimento de estimativas, lançada com fundamento no art. 44 § 1º, inciso IV da Lei nº 9.430, de 1996, não pode ser exigida ao mesmo tempo da multa de ofício por falta de pagamento de IRPJ e CSLL apurado no ajuste anual, devendo subsistir a multa de ofício.." Ante o exposto CONHEÇO do Recurso Voluntário e, no mérito, voto por darlhe provimento. (documento assinado digitalmente) JOSÉ CARLOS DE ASSIS GUIMARÃES Relator Fl. 413DF CARF MF Impresso em 30/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES, Assinado digitalmente em 29/09/2016 por ROBERTO CAPAR ROZ DE ALMEIDA, Assinado digitalmente em 26/09/2016 por JOSE CARLOS DE ASSIS GUIMARAES
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Numero do processo: 10580.726055/2009-60
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 21 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Aug 26 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2005, 2006, 2007
DIFERENÇAS DE URV. NATUREZA.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO.
As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS.
INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS.
Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, trata-se de juros tributáveis.
Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte
Numero da decisão: 9202-004.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator
EDITADO EM: 17/08/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (Vice-Presidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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NATUREZA. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais integram a remuneração mensal percebida pelo contribuinte. Compõem a renda auferida, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional, por caracterizarem rendimentos do trabalho. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. MOMENTO DA TRIBUTAÇÃO. As diferenças de URV incidentes sobre verbas salariais, ainda que recebidas acumuladamente pelo contribuinte, devem ser tributadas pelo imposto sobre a renda com a aplicação das tabelas progressivas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência, consoante decidido pelo STF no âmbito do RE 614.406/RS. INCIDÊNCIA DO IMPOSTO SOBRE OS JUROS RECEBIDOS. Não são tributáveis os juros incidentes sobre verbas isentas ou não tributáveis, assim como os recebidos no contexto de perda do emprego. Na situação sob análise, não se estando diante de nenhuma destas duas hipóteses, tratase de juros tributáveis. Recurso Especial do Contribuinte Provido em Parte Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 60 55 /2 00 9- 60 Fl. 312DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida , inclusive juros, de acordo com o regime de competência, vencidos os conselheiros Gerson Macedo Guerra, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Maria Teresa Martínez López que lhe deram provimento integral. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto – Presidente e Relator EDITADO EM: 17/08/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Maria Teresa Martinez Lopez (VicePresidente), Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 10530.724190/200966. Tratase de Auto de infração lavrado contra o contribuinte em epígrafe para cobrança de IRPF sobre rendimentos auferidos do Tribunal de Justiça da Bahia, a título de valores indenizatórios de URV. Tais rendimentos decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor (URV) em 1994, reconhecidas e pagas em 36 parcelas iguais no período de janeiro de 2004 a dezembro de 2006, com base na Lei 8.730/2003, do Estado da Bahia. Importante destacar, ainda que referida Lei dispôs serem de natureza indenizatória as verbas em questão. No entendimento da autoridade fiscal, as diferenças recebidas pelo contribuinte têm natureza salarial, pois decorreram de diferenças de remuneração ocorridas quando da conversão de Cruzeiro Real para URV em 1994 e, portanto, são tributáveis pelo IRPF, sendo irrelevante a denominação dada pela Lei do Estado da Bahia. Para a apuração do imposto devido foi considerado os valores das diferenças salariais, incluindo atualização e juros. Inconformado, o contribuinte apresentou impugnação, que fora julgada totalmente improcedente. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 323 3 Ato seguinte, tempestivamente foi apresentado Recurso Voluntário, que, por unanimidade de votos, deu provimento parcial ao recurso para excluir da exigência a multa de ofício. Inconformado com essa decisão o contribuinte, tempestivamente, apresentou Recurso Especial de divergência, alegando, em resumo: a) Sobrestamento do feito dado que o STF reconheceu repercussão geral no que se refere aos rendimentos recebidos acumuladamente; b) Os rendimentos previstos na Lei Estadual 8.730/2003 tem a mesma natureza daqueles mencionados pela Lei Federal nº 10.477/2002, que trata do pagamento de diferenças de URV a membros do Ministério Público Federal; c) É aplicável ao caso a mesma interpretação dada pelo STF através da Resolução 245/2002, que reconheceu a natureza indenizatória das diferenças de URV pagas aos membros da magistratura federal; d) Quebra da isonomia quando se dispensa tratamento tributário diverso em relação às diferenças de URV pagas aos membros da magistratura Federal e aos membros do MPF em relação aos membros do Ministério Público Estadual; e) Vicio material na formação da base de cálculo do IRPF, na medida em que não foi observado o regime de competência em relação aos rendimentos recebidos acumuladamente; f) Não incidência do IRPF sobre juros moratórios Na análise de admissibilidade, foi dado parcial seguimento ao Recurso Especial interposto pelo Contribuinte para que seja reapreciada a questão da não incidência do Imposto de Renda sobre diferenças de URV, que teriam natureza indenizatória e para que seja rediscutida a não incidência de Imposto de Renda sobre rendimentos correspondentes a juros de mora. Regularmente intimada o a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, alegando, em síntese: a) Em consonância ainda com o art. 16 da Lei nº 4.506/64, serão classificados como rendimentos do trabalho assalariado, para fins de incidência do Imposto de Renda, todas as espécies de remuneração por trabalho ou serviços prestados no exercício de empregos, cargos ou funções. Logo, os valores recebidos a título de diferenças no cálculo da URV possuem natureza salarial e estão sujeitas ao imposto de renda. b) Não há Lei que isento do imposto de renda referidos rendimentos; Fl. 314DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 c) A Resolução STF nº 245/2002 é restrita ao abono variável aplicável aos membros da Magistratura da União, e, por determinação expressa do Parecer PGFN n° 923/2003, aprovado pelo Ministro da Fazenda, está fora da incidência tributária do imposto de renda também para os membros do MPF. Atribuir aos rendimentos em análise a mesma natureza do abono variável das Leis n°s 10.477/2002 e 9.655/98 seria alargar as fronteiras da nãoincidência tributária sem previsão de Lei Federal para tanto. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202004.091, de 21/06/2016, proferido no julgamento do processo 10530.724190/200966, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto vencedor proferido naquela decisão (Acórdão 9202004.091): A solução do litígio será delineada através de itens que enfrentam de forma integral, os argumentos apresentados pela recorrente, respeitandose, ainda, a ordem dos quesitos apresentada, limitandose aqui, todavia, às matérias para as quais se deu seguimento ao pleito do contribuinte : a) Quanto à não incidência do IRPF pela natureza supostamente indenizatória das verbas recebidas, à aplicação da Lei Estadual no. 8.730, de 2003, e da Resolução STF no. 245, de 2002. Reitero aqui, inicialmente, considerações que teci quando do julgamento de feito semelhante no âmbito da 1a. Turma Ordinária 1a. Câmara da 2a. Seção deste CARF (Acórdão no. 2.101002.724), mantendo de forma integral meu posicionamento acerca do assunto, que assim se resume: a.1) Da natureza das verbas recebidas e da Lei Estadual 8.730, de 2003 Cumpre, primeiramente, salientar que os rendimentos de que trata o presente processo foram recebidos do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, a título de "Valores Indenizatórios de URV", em atendimento ao disposto pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, a qual, dentre outras disposições, preceitua que a verba em questão é de natureza indenizatória. Para melhor entendimento, transcrevemos, a seguir, os artigos 4° e 5° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003: Fl. 315DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 324 5 Art. 4º As diferenças decorrentes do erro na conversão da remuneração de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto das Ações Ordinárias n os. 613 e 614, julgadas procedentes pelo Supremo Tribunal Federal, serão apuradas, mês a mês, de 1º de abril de 1994 a 31 de julho de 2001, e o montante correspondente a cada Magistrado será dividido em 36 parcelas iguais, para pagamento nos meses de janeiro de 2004 a dezembro de 2006. Art. 5º São de natureza indenizatória as parcelas de que trata o art. 4º desta Lei. Com efeito, da leitura dos dispositivos acima reproduzidos, é possível concluir, tal como concluiu a parte recorrente, que foi atribuída, pelo Estado da Bahia, natureza indenizatória às diferenças decorrentes de erro na conversão da remuneração dos magistrados, de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV, objeto da Ação Ordinária em questão. Todavia, do exame desses dispositivos isoladamente, é impertinente inferir que se tratam de rendimentos isentos do Imposto sobre a Renda de Pessoa física. Em primeiro lugar, a competência para legislar sobre o imposto sobre a renda é da União, e a lei acima transcrita é estadual, o que restringe a aplicação da referida Lei Estadual na seara de interesse. Todavia, notese que não se trata, aqui, quando da consequente conclusão de não aplicação da referida Lei, para fins de definição da natureza tributária das verbas sob análise e da incidência ou não do IRPF, de invasão de competência do STF pela União para declarar a inconstitucionalidade a referida Lei Estadual (o que caracterizaria a violação alegada à Súmula CARF no. 02 e ao art. 62 do Regimento Interno deste CARF então em vigor quando da propositura do recurso), mas, sim, de interpretar o diploma de acordo com a competência tributária constitucionalmente estabelecida, de forma que os efeitos da referida Lei, no que tange ao caráter indenizatório das verbas recebidas, se limitem a matérias cuja competência seja do Estado da Bahia, visto que, de outra forma, se estaria a validar a possibilidade de invasão de competência tributária da União por este mesmo Estado. Não se está a afastar, aqui, a constitucionalidade do dispositivo de forma a afastar sua aplicação, mas tão somente verificase sua impossibilidade de produção de efeitos na seara tributária, em se tratando de IRPF. Assim, imprescindível a análise da natureza dessas verbas, no contexto de todo o direito positivo aplicável ao tributo em questão, para se concluir pela sua tributação ou não pelo imposto sobre a renda. A propósito, chama a atenção o fato de que as diferenças de URV pagas ao contribuinte pelo Tribunal de Justiça do Estado da Bahia não se destinam à recomposição de um prejuízo, ou dano material por ela sofrido. Diferentemente, as verbas recebidas pela contribuinte repõem a atualização monetária dos Fl. 316DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 salários do período considerado. Nesse sentido, observase que o artigo 4° da Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, deixa claro que se trata de diferenças de remuneração quando da conversão de Cruzeiro Real para Unidade Real de Valor URV. Desta forma, é incontornável a constatação que tais diferenças integram a remuneração mensal percebida pela contribuinte, em decorrência do seu trabalho, constituindo parte integrante de seus vencimentos. As verbas assim auferidas integram, portanto, a definição de renda, nos termos do artigo 43 do Código Tributário Nacional. Por fim, de se reproduzir uma vez mais a jurisprudência do STJ, que sustenta tal posicionamento, no sentido de se rejeitar o caráter indenizatório das verbas em questão. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. IMPORTÂNCIAS PAGAS EM DECORRÊNCIA DE SENTENÇA TRABALHISTA. NATUREZA REMUNERATÓRIA. RESPONSABILIDADE PELA RETENÇÃO E RECOLHIMENTO DO IMPOSTO. FONTE PAGADORA. ALÍQUOTA APLICÁVEL. EXCLUSÃO DA MULTA. 1. O recebimento de remuneração em virtude de sentença trabalhista que determinou o pagamento da URP no período de fevereiro de 1989 a setembro de 1990 não se insere no conceito de indenização, constituindose complementação de caráter nitidamente remuneratório, ensejando, portanto, a cobrança de imposto de renda. (...) 5. Recurso especial parcialmente provido (REsp 383.309/SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJU de 07.04.06); Eram, portanto, as verbas em questão tributáveis, independentemente da denominação a elas conferida pela Lei do Estado da Bahia n° 8.730, de 2003, conclusão em perfeita consonância e respaldada pelos dispositivos legais mencionados no auto de infração. a.2) Da Resolução n.° 245 do STF A recorrente traz à baila a Resolução n.° 245 do STF, que, uma vez estendida aos membros do Ministério Público da União, por força do artigo 2° da Lei n° 10.477, de 2002, de despacho do PGR no âmbito do Processo Administrativo 1.00.000.011735/2002 e Pareceres PGFN nos. 529 e 923, de 2003, aplicarseia também aos membros do Poder Judiciário dos Estados, de forma a que se afastasse a incidência do IRPF sobre as verbas em discussão. A respeito, verifico que a questão da aplicabilidade da Resolução n° 245 do STF aos valores recebidos a título de diferenças de URV foi exaustivamente analisada pelo Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka no voto condutor da decisão proferida pela mesma 1a. Turma Ordinária da 1a Câmara da Segunda Seção de Julgamento deste Conselho, no Fl. 317DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 325 7 Acórdão n° 2101002.388, de 18 de fevereiro de 2014. Por se aplicar ao caso que aqui se analisa, e por refletir o entendimento deste Relator, adotase o quanto manifestado naquele voto. Veja se: “(...) Buscando reforçar o argumento, requer a contribuinte a aplicação da Resolução n.° 245 do STF, assim como de consulta administrativa realizada pela Presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, os quais disporiam acerca da remuneração dos magistrados. No entanto, mencionadas normas não se aplicam ao fim pretendido pela Recorrente. Inicialmente, cumpre salientar que a dita resolução dispôs acerca da forma de cálculo do abono salarial variável e provisório de que trata o art. 2° e parágrafos da Lei n.° 10.474/2002, considerandoo como de natureza indenizatória. Neste sentido, o inciso I do art. 1° trouxe a forma de cálculo deste abono: "I apuração, mês a mês, de janeiro/98 a maio/2002, da diferença entre os vencimentos resultantes da Lei n° 10.474, de 2002 (Resolução STF n° 235, de 2002), acrescidos das vantagens pessoais, e a remuneração mensal efetivamente percebida pelo Magistrado, a qualquer título, o que inclui, exemplificativamente, as verbas referentes a diferenças de URV, PAE, 10,87% e recálculo da representação (194%)". A própria redação da Resolução excluiu do valor integrante do abono as verbas referentes à diferença de URV, de onde se interpreta que esta não tem natureza indenizatória, mas de recomposição salarial. Tal tema inclusive já foi enfrentado Egrégio Superior Tribunal de Justiça, tendo este reconhecido as diferenças entre a abono salarial tratado pela norma e a diferença da URV, conforme se verifica de voto da Ministra Eliana Calmon: "Na jurisprudência desta Casa, colho os seguintes precedentes, que sempre distinguiram as hipóteses de percepção das diferenças remuneratórias da URV do abono identificado na Resolução 245/STF: (...)" (STJ, Recurso Especial n.° 1.187.109/MA, Segunda Turma, Ministra Relatora Eliana Calmon, julgado em 17/08/2010)" E tal também foi o entendimento do Ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, em decisão monocrática proferida nos autos do Recurso Extraordinário n.° 471.115, do qual se colaciona o seguinte excerto: "Os valores assim recebidos pelo recorrido decorrem de compensação pela falta de oportuna correção no valor nominal do salário, quando da implantação da URV e, assim, constituem parte integrante de seus vencimentos. Fl. 318DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 As parcelas representativas do montante que deixou de ser pago, no momento oportuno, são dotadas dessa mesma natureza jurídica e, assim, incide imposto de renda quando de seu recebimento. No que concerne à Resolução n° 245/02, deste Supremo Tribunal Federal, utilizada na fundamentação do acórdão recorrido, temse que suas normas a tanto não se aplicam, para o fim pretendido pelo recorrido (...)" (STF, Recurso Extraordinário n.° 471.115, Ministro Relator Dias Toffoli, julgado em 03/02/2010)" Adicionalmente, mesmo caso se tenha leitura diversa da Resolução STF no. 245, de 2002, entendo de se aceder, ainda, à argumentação de se cingirem os efeitos da referida Resolução e dos despachos PGR e Pareceres PGFN em questão aos membros das carreiras mencionadas no âmbito das Leis no. 10.474 e 10.477, ambas de 27 de julho de 2002 (às quais, ressaltese, não pertence, o recorrente), vedados: a) o estabelecimento de isenção por analogia a partir do disposto nos arts. 97, VI e 111, I e II do CTN e 150 §6o. da CRFB; b) o afastamento da hipótese de incidência, delineada pelos dispositivos legais constantes do auto de infração, por violação ao princípio constitucional da isonomia, uma vez que é expressamente vedado a este Conselho afastar a aplicação da lei tributária com base em argumentação de violação a preceitos constitucionais, consoante dispõe o art. 62 do Regimento já mencionado e Súmula CARF no. 02. Concluise, portanto, pelo caráter salarial dos valores recebidos acumuladamente pela Recorrente, razão pela qual deverão compor a base de cálculo do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física, nos termos do art. 43 do Código Tributário Nacional e dispositivos legais que fundamentaram o auto de infração, descartado o afastamento da incidência do IRPF seja pelo disposto na Lei do Estado da Bahia no. 8.730, de 2003, seja pelo teor da Resolução STF no. 245, de 2002. a.3) Quanto aos efeitos do decidido no âmbito do RE 614.406/RS ao feito Reitero, também aqui, com a devida vênia ao posicionamento diverso de alguns Conselheiros desta casa, meu entendimento, já manifestado também na instância ordinária, de desnecessidade de observância obrigatória do decidido pelo STJ no âmbito do REsp 1.118.429/SP no caso sob análise, uma vez se estar a tratar ali, da tributação de benefícios previdenciários recebidos acumuladamente, situação fática notadamente diversa da dos presentes autos, onde não está a ser tratar de qualquer rubrica de benefício, mas sim de diferença remuneratória perceptível quando do servidor na ativa. Todavia, reconhecese aqui que a matéria sob litígio foi objeto de análise recente pelo STF, no âmbito do RE 614.406/RS, objeto de trânsito em julgado em 11/12/2014, feito que teve sua repercussão geral previamente reconhecida (em 20 de outubro Fl. 319DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 326 9 de 2010), obedecida assim a sistemática prevista no art. 543B do Código de Processo Civil vigente. Obrigatória, assim, a observância, por parte dos Conselheiros deste CARF dos ditames do Acórdão prolatado por aquela Suprema Corte em 23/10/2014, a partir de previsão regimental contida no art. 62, §2o. do Anexo II do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015. Reportandome a este último julgado vinculante, noto que, ali, se acordou, por maioria de votos, em manter a decisão de piso do STJ acerca da inconstitucionalidade do art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, devendo ocorrer a "incidência mensal para o cálculo do imposto de renda correspondente à tabela progressiva vigente no período mensal em que apurado o rendimento percebido a menor regime de competência (...)", afastandose assim o regime de caixa. Todavia, de se ressaltar aqui também que em nenhum momento se cogita, no Acórdão, de eventual cancelamento integral de lançamentos cuja apuração do imposto devido tenha sido feita obedecendo o art. 12 da referida Lei no. 7.713, de 1988, notese, diploma plenamente vigente na época em que efetuado o lançamento sob análise, o qual, ainda, em meu entendimento, guarda, assim, plena observância ao disposto no art. 142 do Código Tributário Nacional. A propósito, de se notar que os dispositivos legais que embasaram o lançamento, em nenhum momento foram objeto de declaração de inconstitucionalidade ou de decisão em sede de recurso repetitivo de caráter definitivo que pudesse lhes afastar a aplicação ao caso in concretu. Deflui daquela decisão da Suprema Corte, em meu entendimento, inclusive, o pleno reconhecimento do surgimento da obrigação tributária que aqui se discute o qual, repitase, obedeceu os estritos ditames da legalidade à época da ação fiscal realizada. Da leitura do inteiro teor do decisum do STF, é notório que, ainda que se tenha rejeitado o surgimento da obrigação tributária somente no momento do recebimento financeiro pela pessoa física, o que a faria eventualmente mais gravosa, entendese, ali, inequivocamente, que se mantém incólume a obrigação tributária oriunda do recebimento dos valores acumulados pela contribuinte pessoa física, mas agora a ser calculada em momento pretérito, quando a contribuinte fez jus à percepção dos rendimentos, de forma, assim, a restarem respeitados os princípios da capacidade contributiva e isonomia. Assim, com a devida vênia ao posicionamento esposado por alguns membros deste Conselho, entendo que, a esta altura, ao se defender a exoneração integral do lançamento, se estaria, inclusive, a contrariar as razões de decidir que embasam o decisum vinculante, no qual, reitero, em nenhum momento, note se, se cogita da inexistência da obrigação tributária/incidência do Imposto sobre a Renda decorrente da percepção de rendimentos tributáveis de forma acumulada. Fl. 320DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 Se, por um lado, manterse a tributação na forma do referido art. 12 da Lei no. 7.713, de 1988, conforme decidido de forma definitiva pelo STF, violaria a isonomia no que tange aos que receberam as verbas devidas "em dia" e ali recolheram os tributos devidos, exonerar o lançamento por completo a esta altura significaria estabelecer tratamento antiisonômico (também em relação aos que também receberam em dia e recolheram devidamente seus impostos), mas em favor daqueles que foram autuados e nada recolheram ou recolheram valores muito inferiores aos devidos, ao serem agora consideradas as tabelas/alíquotas vigentes à época, o que deve, em meu entendimento, também se rechaçar. Feita tal digressão, verifico porém, que, no caso em questão, a autoridade fiscal já optou por tributar os valores com base nas alíquotas vigentes nos períodos que apurados o rendimento percebido a menor regime de competência (os rendimentos percebidos a menor referemse aos períodos de abril de 1994 a agosto de 2001) Acerca das tabelas progressivas/alíquotas aplicáveis aos meses de referência, de se consultar o resumo que se segue, que respalda a tabela utilizada pela autoridade autuante: Todavia, ainda que se tenha utilizado as alíquotas corretas, não há como se garantir que estivesse o autuado na faixa superior de recebimentos mensais para cada um dos meses de competência, uma vez que, notese, não se retroagiu, no lançamento, o momento de incidência aos meses dos anoscalendário de 1994 a 2001, constantes do demonstrativo detalhado fornecido pelo contribuinte em resposta à intimação da autoridade fiscal. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 327 11 Assim, diante de tais motivos, voto no sentido de, nesta matéria, dar parcial provimento ao Recurso da Contribuinte, no sentido de determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, tudo de acordo com o regime de competência. b) Quanto à incidência do IRPF sobre os juros de mora Para fins de solução do litígio quanto à esta matéria, de se perquirir a extensão dos efeitos da aplicação, ao presente feito, do decidido pelo Egrégio Superior Tribunal de Justiça, no âmbito do REsp 1.227.133/RS, quanto à incidência de juros de mora sobre rendimentos recebidos acumuladamente. Tratase, notese, também de decisum de aplicação obrigatória neste Conselho, consoante art. 62A do Anexo II do Regimento Interno deste CARF em vigor quando da prolação da decisão recorrida, aprovado pela Portaria MF no 256, de 22 de junho de 2009 e, ainda, conforme o art. 62, §1o. do atual Regimento Interno, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. A propósito, creio, em linha com o argumentado pela Fazenda Nacional em sede de contrarrazões, que o melhor esclarecimento da amplitude da decisão vinculante em questão (REsp 1.227.133/RS) pode ser obtido em outro feito daquele Egrégio Tribunal, a saber, no REsp 1.089.720/RS, cujo relator foi o Ministro Mauro Campbell Marques e cuja cristalina ementa decisória, datada de 10/10/12 e publicada em 16/10/12 estabelece: REsp 1.089.720/RS PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. SÚMULA N. 284/STF. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA IRPF. REGRA GERAL DE INCIDÊNCIA SOBRE JUROS DE MORA. PRESERVAÇÃO DA TESE JULGADA NO RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA RESP. N. 1.227.133/RS NO SENTIDO DA ISENÇÃO DO IR SOBRE OS JUROS DE MORA PAGOS NO CONTEXTO DE PERDA DO EMPREGO. ADOÇÃO DE FORMA CUMULATIVA DA TESE DO ACCESSORIUM SEQUITUR SUUM PRINCIPALE PARA ISENTAR DO IR OS JUROS DE MORA INCIDENTES SOBRE VERBA ISENTA OU FORA DO CAMPO DE INCIDÊNCIA DO IR (grifei), 1. Não merece conhecimento o recurso especial que aponta violação ao art. 535, do CPC, sem, na própria peça, individualizar o erro, a obscuridade, a contradição ou a omissão ocorridas no acórdão proferido pela Corte de Origem, bem como sua relevância para a solução da Fl. 322DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 controvérsia apresentada nos autos. Incidência da Súmula n. 284/STF: "É inadmissível o recurso extraordinário, quando a deficiência na sua fundamentação não permitir a exata compreensão da controvérsia". 2. Regra geral: incide o IRPF sobre os juros de mora, a teor do art. 16, caput e parágrafo único, da Lei n. 4.506/64, inclusive quando reconhecidos em reclamatórias trabalhistas, apesar de sua natureza indenizatória reconhecida pelo mesmo dispositivo legal (matéria ainda não pacificada em recurso representativo da controvérsia). 3. Primeira exceção: são isentos de IRPF os juros de mora quando pagos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho, em reclamatórias trabalhistas ou não. Isto é, quando o trabalhador perde o emprego, os juros de mora incidentes sobre as verbas remuneratórias ou indenizatórias que lhe são pagas são isentos de imposto de renda. A isenção é circunstancial para proteger o trabalhador em uma situação sócioeconômica desfavorável (perda do emprego), daí a incidência do art. 6°, V, da Lei n. 7.713/88. Nesse sentido, quando reconhecidos em reclamatória trabalhista, não basta haver a ação trabalhista, é preciso que a reclamatória se refira também às verbas decorrentes da perda do emprego, sejam indenizatórias, sejam remuneratórias (matéria já pacificada no recurso representativo da controvérsia REsp no 1.227.133RS, Primeira Seção, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Rel .p/acórdão Min. Cesar Asfor Rocha, julgado em 28.9.2011). 4. Segunda exceção: são isentos do imposto de renda os juros de mora incidentes sobre verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR, mesmo quando pagos fora do contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho (circunstância em que não há perda do emprego), consoante a regra do "accessorium sequitur suum principale". (grifei) (...) 7. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, parcialmente provido." Assim, com base no posicionamento constante do julgado acima, que adoto integralmente, uma vez entender que foi esse o julgado a sedimentar e esclarecer a correta forma de aplicação do julgado vinculante aqui discutido (REsp 1.227.133/RS), é de se perquirir, em cada caso concreto: 1) se os juros de mora foram auferidos no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho e 2) se está diante de verba principal isenta ou fora do campo de incidência do IR. Somente no caso de resposta afirmativa a um dos dois questionamentos acima deve não incidir o IR sobre os juros de mora recebidos acumuladamente, de forma a que se obedeça o Fl. 323DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10580.726055/200960 Acórdão n.º 9202004.101 CSRFT2 Fl. 328 13 julgado vinculante, restando incidente a tributação sobre os juros de mora nas demais situações. Aplicandose o acima disposto ao caso em questão: 1) Conforme já anteriormente delineado, entendo que não se está a tratar, aqui, de verba indenizatória, tendose concluído, no âmbito do presente voto, pela natureza remuneratória da verba principal de diferenças quando da conversão de Cruzeiro Real para URV sob análise, caracterizada, assim, a incidência do IRPF sobre tais verbas; 2) Verifico, também, que não se está a tratar de verbas recebidas no contexto de despedida ou rescisão do contrato de trabalho; Concluo, assim, pela incidência do Imposto de Renda sobre os juros de mora em questão quando da aplicação do decisum vinculante constante do REsp 1.227.133/RS, a partir de sua interpretação detalhadamente estabelecida no âmbito do REsp 1.089.720/RS e, desta forma, nego provimento ao Recurso Especial da contribuinte também quanto a esta matéria. Destarte, diante do exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso do Contribuinte, para determinar a retificação do montante do crédito tributário com a aplicação à verba recebida (inclusive juros) tanto das tabelas progressivas como das alíquotas vigentes à época da aquisição dos rendimentos (meses em que foram apurados os rendimentos percebidos a menor), ou seja, de acordo com o regime de competência. É como voto. Em face do acima exposto, voto no sentido de conhecer o Recurso Especial do Contribuinte para, no mérito, darlhe provimento parcial, para determinar o cálculo do tributo sobre a verba recebida, inclusive juros, de acordo com o regime de competência. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 324DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 Fl. 325DF CARF MF Impresso em 26/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por AFONSO ANTONIO DA SILVA, Assinado digitalmente em 25/08/2 016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10540.002071/2009-30
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 28 00:00:00 UTC 2016
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2007
ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA VERSANDO SOBRE SITUAÇÕES DESSEMELHANTES. INEXISTÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.
A divergência de interpretação da legislação tributária, requerida para fins de interposição do recurso especial, pressupõe a análise de situações jurídicas semelhantes nos acórdãos recorrido e paradigma, sem o quê não se viabiliza a configuração do pressuposto regimental que autoriza o manejo da medida recursal.
Numero da decisão: 9303-003.833
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2004 a 30/09/2007 ACÓRDÃOS RECORRIDO E PARADIGMA VERSANDO SOBRE SITUAÇÕES DESSEMELHANTES. INEXISTÊNCIA DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. A divergência de interpretação da legislação tributária, requerida para fins de interposição do recurso especial, pressupõe a análise de situações jurídicas semelhantes nos acórdãos recorrido e paradigma, sem o quê não se viabiliza a configuração do pressuposto regimental que autoriza o manejo da medida recursal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial. Vencido o Conselheiro Júlio César Alves Ramos. (assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas (Relator), Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Fl. 392DF CARF MF Processo nº 10540.002071/2009-30 Acórdão n.º 9303-003.833 CSRF-T3 Fl. 393 2 Relatório Trata-se de recurso especial interposto pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) contra acórdão proferido pela 1ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento do CARF que dera provimento parcial ao recurso voluntário para reduzir a multa regulamentar ao valor equivalente a R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por cada DIF-Bebidas em atraso, independentemente da quantidade de meses transcorridos entre o vencimento de cada obrigação acessória e a lavratura do auto de infração. De acordo com o voto condutor do acórdão recorrido, diante da dúvida acerca da aplicação da multa prevista no inciso I do art. 57 da MP nº 2.158-35/2001 1 (se por mês- calendário em atraso ou por mês-calendário de cada obrigação acessória), a interpretação que devia prevalecer era aquela mais favorável ao contribuinte, por força do contido no inciso IV do art. 112 do CTN 2 . Destacou-se, no mesmo voto, que, não obstante a legalidade da instituição da obrigação acessória denominada "DIF-Bebidas" por meio de instrução normativa (art. 1º da Instrução Normativa n° 325/2003), o mesmo entendimento não se aplicava à penalidade decorrente do seu descumprimento, a qual devia estar previamente prevista em lei. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), no recurso especial ao qual o Presidente da Câmara deu seguimento, pleiteia a reforma do acórdão recorrido, com o restabelecimento do lançamento de ofício original, arguindo que, assim como é perfeitamente legal a instituição da obrigação acessória chamada DIF – Bebidas, também é legal a sanção contida no art. 3º, inciso I, da mesma instrução normativa, devendo a sanção ser aplicada nos termos da referida legislação. Para demonstrar o dissenso, a PGFN apontou como paradigma o acórdão n.º 20402.505, proferido pela 4ª Câmara do antigo Conselho de Contribuintes, em que se decidiu pelo cabimento da multa em decorrência da falta de apresentação da DIF-Bebidas no prazo estabelecido, com base no art. 16 da Lei nº 9.779/1999, no art. 57 da Medida Provisória n° 2.158-35/2001, nos arts. 212 e 505 do RIPI/2002 e na IN SRF n°325/2003. Cientificado do acórdão e do recurso especial da PGFN, o contribuinte não se manifestou. É o relatório. 1 Art.57. O descumprimento das obrigações acessórias exigidas nos termos do art. 16 da Lei no 9.779, de 1999,acarretará a aplicação das seguintes penalidades: I - R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês-calendário, relativamente às pessoas jurídicas que deixarem de fornecer, nos prazos estabelecidos, as informações ou esclarecimentos solicitados; 2 Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpreta-se da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: (...) IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Voto Fl. 393DF CARF MF Processo nº 10540.002071/2009-30 Acórdão n.º 9303-003.833 CSRF-T3 Fl. 394 3 Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas Antes de adentrar a análise da matéria recursal, faz-se necessário revisitar o exame de admissibilidade do recurso especial, tendo-se em conta que a admissibilidade encontra-se condicionada à demonstração da ocorrência de efetiva divergência jurisprudencial, nos termos exigidos pelo art. 67, caput, e §§ do Anexo II do Regimento Interno do CARF. Não se pode perder de vista que o Recurso Especial de Divergência é de cognição restrita, limitada à demonstração, dentre outros pressupostos, da existência de divergência de interpretação da legislação tributária, tendo por objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial verificado entre as diversas Turmas do CARF. Dessa forma, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) não constitui uma "terceira instância", mas uma "instância especial", responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, consequentemente, pela garantia da segurança jurídica. A verificação acerca da existência de divergência jurisprudencial deve se dar a partir do cotejo entre as situações jurídicas analisadas nos votos condutores dos acórdãos recorrido e paradigma. Nesta instância, a matéria controvertida restringe-se ao dimensionamento da multa regulamentar decorrente do atraso na apresentação da declaração denominada DIF- Bebidas, tendo como suporte legal o art. 57 da MP nº 2.158-35/2001 e o art. 1º da Instrução Normativa n° 325/2003. De acordo com o acórdão recorrido, a referida penalidade se aplica por declaração apresentada em atraso, independentemente do tempo decorrido após a data de vencimento da obrigação acessória, tendo a turma julgadora embasado sua decisão nos seguintes argumentos: a) não obstante a legalidade da instituição da obrigação acessória denominada "DIF-Bebidas" por meio de ato normativo infralegal (art. 1º da Instrução Normativa n° 325/2003), o mesmo não se diz em relação à penalidade decorrente do seu descumprimento, a qual deve estar previamente prevista em lei; b) diante da dúvida acerca da aplicação da multa prevista no inciso I do art. 57 da MP nº 2.158-35/2001 (se por mês-calendário em atraso ou por mês-calendário de cada obrigação acessória), a interpretação que deve prevalecer é aquela mais favorável ao contribuinte, por força do contido no inciso IV do art. 112 do CTN; c) a interpretação segundo a qual a multa deve ser calculada considerando-se a quantidade de meses de atraso no cumprimento da obrigação acessória acarretaria a possibilidade de se "atingir um montante alto demais, de forma nada razoável"; d) "como a Receita Federal do Brasil tem meios eletrônicos de detectar o descumprimento de obrigações acessórias, nada impede que o lançamento de ofício seja imediato, tão logo vencido o prazo de sua entrega", daí "ser mais razoável a fixação da penalidade proporcional" ao número de declarações e não de meses de atraso. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10540.002071/2009-30 Acórdão n.º 9303-003.833 CSRF-T3 Fl. 395 4 Por outro lado, no voto condutor do acórdão paradigma (acórdão n.º 20402.505 - Quarta Câmara do antigo Conselho de Contribuintes), não obstante ter havido referência ao cabimento da multa decorrente da não apresentação da DIF-Bebidas, destacou-se que, no mérito, a controvérsia naqueles autos se restringia à alegada impossibilidade de se criar obrigação acessória por meio de instrução normativa. No relatório do acórdão paradigma, consta como fundamento do recurso voluntário o seguinte: No tocante ao mérito alega que a IN SRF n° 325/03 não é instrumento hábil para instituir obrigações acessórias. (g. n.) É o Relatório. No voto condutor do mesmo acórdão paradigma, o relator explicita os fundamentos de sua decisão, nos seguintes termos: No mérito. A Contribuinte alega que "a instituição de obrigação acessória (DIF), como a sanção pelo seu descumprimento não poderia ocorrer por meio da instrução normativa n° 325/03." De fato, a sanção está prevista no art. 505, do Decreto n° 4.544/02 (RIPI) 02, transcrito acima. Quanto à instituição de obrigação acessória pela Secretaria da Receita Federal foi objeto da Lei n° 9.799/99, que determina, em seu art. 16 "Compete à Secretaria da Receita Federal dispor sobre as obrigações acessórias relativas aos impostos e contribuições por ela administrados, estabelecendo, inclusive, forma, prazo e condições para seu cumprimento e o respectivo responsável." Assim, a instituição da obrigação acessória chamada DIF - Bebidas, contida no art. 1º da IN n° 325/03 é perfeitamente legal, assim como é legal a sanção contida no art. 30, I da mesma IN. Isto posto, fica evidente a impossibilidade de se declarar nulo o Auto de Infração uma vez que os atos praticados tem amparo na jurisprudência e estão em total conformidade com a Lei. Finalmente, cabe salientar que o recurso não contesta o Auto de Infração que aponta a inexistência da obrigação acessória que deu origem ao Auto de Infração, qual seja a não apresentação da DIB-Bebidas no período de 01/06/2003 a 31/03/2004. ANTE O EXPOSTO, conheço do recurso e lhe nego provimento. (g. n.) Verifica-se dos excertos supra que, no recurso voluntário do qual decorreu a prolação do acórdão paradigma, não se contestou o lançamento de ofício da multa, tendo a controvérsia se restringido à possibilidade ou não de se instituir uma obrigação acessória por meio de instrução normativa. Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10540.002071/2009-30 Acórdão n.º 9303-003.833 CSRF-T3 Fl. 396 5 No acórdão recorrido, assentou-se expressamente que a obrigação acessória, genericamente considerada, podia ser instituída por meio de ato normativo infralegal, restringindo-se a controvérsia, neste processo, à aplicação de penalidade, o quê, conforme já apontado, não fora contestado no processo do acórdão paradigma, tratando-se, portanto, de controvérsias distintas. Além disso, não obstante a inexistência naquele processo de controvérsia quanto à penalidade, o relator do paradigma fez referência expressa ao fundamento legal da multa como sendo o art. 505 do Decreto nº 4.544/2002 (RIPI/2002), fato esse que distingue ainda mais a matéria enfrentada no acórdão paradigma em relação aos presentes autos, pois, aqui, a matriz legal da multa considerada é o art. 57 da MP nº 2.158-35/2001. Dessa forma, no acórdão paradigma, não se discutiu acerca de eventual dúvida quanto à interpretação do art. 57 da MP nº 2.158-35/2001, ou seja, se a multa se aplica por mês-calendário em atraso ou por mês-calendário de cada obrigação acessória, e, por conseguinte, não se perquiriu acerca da adoção de uma interpretação mais favorável ao contribuinte, por força do contido no inciso IV do art. 112 do CTN. Nesse contexto, tem-se por inviabilizada a configuração de interpretação divergente da lei ou da legislação tributária, nos termos exigidos pelo art. 67 do Anexo II do RICARF para fins de interposição de recurso especial, dada a dessemelhança das análises empreendidas. Diante do exposto, voto por não conhecer do recurso especial, por falta de divergência jurisprudencial, restando prejudicada a análise do mérito. É como voto. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Relator Fl. 396DF CARF MF
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Numero do processo: 10835.721998/2013-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Aug 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2008
AUTO DE INFRAÇÃO. TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA.
Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa.
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FRAUDE, DOLO OU SIMULAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
Começa a fluir o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado, quanto aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
SUJEIÇÃO PASSIVA. MULTA QUALIFICADA. RESPONSABILIDADE ATRIBUÍDA A ADMINISTRADOR DA PESSOA JURÍDICA. ART. 135, III, DO CTN. POSSIBILIDADE.
A cominação da penalidade qualificada baseada em conduta dolosa que denote sonegação, fraude ou conluio com repercussões, em tese, na esfera criminal, ensejam a responsabilização dos administradores da pessoa jurídica à época da ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária em questão.
SUJEIÇÃO PASSIVA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. CONFUSÃO PATRIMONIAL ENTRE SÓCIOS DE FATO E PESSOA JURÍDICA AUTUADA.
Constatado que os proprietários de fato da autuada não constam em seu quadro societário, aliado à confusão patrimonial entre esses e a pessoa jurídica autuada, implica reconhecer o interesse comum a que alude o art. 124, I, do CTN, implicando a imputação de responsabilidade tributária aos titulares de fato da pessoa jurídica.
JUROS DE MORA. TAXA SELIC.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4).
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior - Acórdãos 9101-001.863, 9202-003.150 e 9303-002.400. Precedentes do STJ - AgRg no REsp 1.335.688-PR, REsp 1.492.246-RS e REsp 1.510.603-CE.
Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2008
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CONTROLE EFETUADO À MARGEM DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E FISCAL. COMPROVAÇÃO.
Caracterizam a omissão de receitas as vendas efetuadas sem emissão de nota fiscal, com registro das receitas auferidas efetuado pelo contribuinte e mantidos à margem de sua escrituração contábil e fiscal.
MULTA QUALIFICADA. FRAUDE. CABIMENTO.
É cabível a qualificação da multa no caso de fraude, caracterizada pela utilização de sistema de controle de vendas realizadas sem a emissão de notas fiscais, e mantidos a margem da escrituração contábil e fiscal.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2008
TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL.
Aplica-se às exigências ditas reflexas o que foi decidido quanto à exigência matriz, devido à íntima relação de causa e efeito entre elas.
Recursos Voluntários Negados.
Numero da decisão: 1402-002.257
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso nas questões atinentes a confisco e a inconstitucionalidade de lei, e, na parte conhecida: I) rejeitar i) as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão de primeira instância; (ii) o pedido de produção de provas, iii) a decadência; e: II) no mérito, negar provimento aos recursos voluntários, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Leonardo de Andrade Couto - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone.
Nome do relator: FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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TERMO DE SUJEIÇÃO PASSIVA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA. Somente ensejam a nulidade os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. FRAUDE, DOLO OU SIMULAÇÃO. INOCORRÊNCIA. Começa a fluir o prazo decadencial no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que poderia ser lançado, quanto aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, quando comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação. SUJEIÇÃO PASSIVA. MULTA QUALIFICADA. RESPONSABILIDADE ATRIBUÍDA A ADMINISTRADOR DA PESSOA JURÍDICA. ART. 135, III, DO CTN. POSSIBILIDADE. A cominação da penalidade qualificada baseada em conduta dolosa que denote sonegação, fraude ou conluio com repercussões, em tese, na esfera criminal, ensejam a responsabilização dos administradores da pessoa jurídica à época da ocorrência dos fatos geradores da obrigação tributária em questão. SUJEIÇÃO PASSIVA. INTERPOSIÇÃO DE PESSOAS. CONFUSÃO PATRIMONIAL ENTRE SÓCIOS DE FATO E PESSOA JURÍDICA AUTUADA. Constatado que os proprietários de fato da autuada não constam em seu quadro societário, aliado à confusão patrimonial entre esses e a pessoa jurídica autuada, implica reconhecer o interesse comum a que alude o art. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 72 19 98 /2 01 3- 43 Fl. 15076DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.077 2 124, I, do CTN, implicando a imputação de responsabilidade tributária aos titulares de fato da pessoa jurídica. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de oficio proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Precedentes das três turmas da Câmara Superior Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303 002.400. Precedentes do STJ AgRg no REsp 1.335.688PR, REsp 1.492.246RS e REsp 1.510.603CE. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2008 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. CONTROLE EFETUADO À MARGEM DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL E FISCAL. COMPROVAÇÃO. 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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso nas questões atinentes a confisco e a inconstitucionalidade de lei, e, na parte conhecida: I) rejeitar i) as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão de primeira instância; (ii) o pedido de produção de provas, iii) a decadência; e: II) no mérito, negar provimento aos recursos voluntários, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Fl. 15077DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.078 3 Leonardo de Andrade Couto Presidente (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Caio Cesar Nader Quintella, Demetrius Nichele Macei, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, Leonardo de Andrade Couto, Leonardo Luís Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Luiz Augusto de Souza Gonçalves e Paulo Mateus Ciccone. Fl. 15078DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.079 4 Relatório ÍRIS DA SILVA TOLARDO, RÓBSON MARCELO TOLARDO, ROGÉRIO MARCIO TOLARDO, SAMUEL TOLARDO JUNIOR e JEANE CRISTINE TOLARDO DALLE ORE, na condição de coobrigados (auto de infração lavrado em face do contribuinte ROLCAR AUTO PECAS DE PRESIDENTE PRUDENTE LTDA – ME), recorrem a este Conselho, com fulcro no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972, objetivando a reforma do acórdão nº 1271.644 da 5ª Turma da Delegacia de Julgamento no Rio de Janeiro que julgou improcedentes a impugnações por eles apresentadas. Por bem refletir o litígio até aquela fase, adoto o relatório da decisão recorrida, complementandoo ao final: Trata o presente processo do auto de infração de fls. 14.375 a 14.404, lavrado pela DRF/MGA, no qual consta a exigência de: · Imposto de renda da pessoa jurídica – IRPJ, cód. 2917, no valor de R$ 136.784,34, somados a multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, e juros de mora; e · Contribuição social sobre o lucro líquido – CSLL, cód. 2973, no valor de R$ 72.352,95, somados a multa de ofício qualificada, no percentual de 150%, e juros de mora. De acordo com a descrição dos fatos e enquadramento legal de fl. 14.377 e 14.378 e do termo de verificação fiscal de fls. 13.798 a 14.172, os lançamentos se devem a apuração da omissão de receitas da atividade referentes à revenda de mercadorias, com arbitramento do lucro com base na receita conhecida, por ter a autuada deixado de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração, embora tenha sido regularmente notificada. Segundo a autoridade fiscal, o procedimento fiscal decorreu do resultado da operação “Laranja Mecânica”, deflagrada em 17/11/2012, fruto da parceria entre o Ministério Público Federal, Polícia Federal e Receita Federal, na qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos estados do Paraná (Maringá e Curitiba), São Paulo (Guarulhos), Rio Grande do Sul (Caxias do Sul) e Mato Grosso do Sul (Campo Grande e Iguatemi), no qual apurouse, por meio de vasta documentação e arquivos magnéticos apreendidos com autorização da justiça federal, a existência de uma rede intrincada de empresas atuando no ramo de comercialização de autopeças, denominada Rede Presidente, do qual a autuada faz parte, constituídas por interpostas pessoas, porém administradas de fato por integrantes da família Tolardo. O histórico de atuação das empresas e pessoas físicas envolvidas, somado à farta documentação e demais elementos probatórios obtidos nos procedimentos acima mencionados, apontariam de forma contundente e inequívoca para a existência de um grande empreendimento comercial, voltado ao ramo de comércio no auto peças (atacado e varejo), denominado Rede Presidente, com lojas espalhadas em várias unidades da federação, e que, embora formalmente constituído por diversas empresas, a quase totalidade em nome de “laranjas”, tratase, em verdade, de um Fl. 15079DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.080 5 único empreendimento, que teria sido originariamente iniciado por Samuel Tolardo (CPF 006.914.70944), já falecido, e transmitido aos seus herdeiros e atuais proprietários, quais sejam, sua esposa, Íris da Silva Tolardo (CPF 958.804.96953), e os filhos, Róbson Marcelo Tolardo (CPF 623.843.84953), Rogério Márcio Tolardo (CPF 723.045.53915), Samuel Tolardo Júnior (CPF 121.023.83814) e Jeane Cristine Tolardo Dalle Ore (CPF 828.784.55991). Com base em documentação e em arquivos magnéticos apreendidos teria sido possível apurar que a receita bruta efetiva da fiscalizada no anocalendário de 2008 foi de R$ 6.699.347,30, sendo calculados o montante de IRPJ e CSLL devidos, com base no lucro arbitrado. Tendo em vista que a autuada teria se utilizado de elaborada sistemática de vendas sem emissão de notas fiscais, às quais não foram declaradas à RFB, omitindo, portanto, parcela relevante de suas vendas mediante intricado sistema mantido a margem de sua escrita contábil e fiscal, bem como a apuração de que sociedade teria sido constituída por sócios sem capacidade econômica, mediante falsificação de diversos documentos e assinaturas, foi aplicada a multa qualificada no percentual de 150%, pela prática de sonegação fiscal e fraude, segundo a definição contida nos incisos I e II do art. 71 e art. 72 da Lei nº 4.502/64, com fundamento no § 1º, do inciso I do art. 44, da Lei nº 9.430/96. Em decorrência da comprovação inequívoca de que os reais proprietários e administradores da fiscalizada seriam os integrantes da família Tolardo, foram nomeados sujeitos passivo solidários mediante lavratura dos competentes termos de sujeição passiva solidária, com base no art 124, inciso I, e art 135, inciso III, ambos da Lei 5.172/66 (Código Tributário Nacional), as seguintes pessoas físicas: · Íris da Silva Tolardo, CPF 958.804.96953; · Róbson Marcelo Tolardo, CPF 623.843.84953; · Rogério Marcio Tolardo, CPF 723.045.53915; · Samuel Tolardo Junior, CPF 121.023.83814; · Jeane Cristine Tolardo Dalle Ore, CPF 828.784.55991. Cientificada da autuação em 26/12/2013, conforme Edital de fl. 14.648, a interessada não apresentou impugnação. Cientificados da autuação e dos termos de sujeição passiva em 07/12/2013, conforme AR de fls. 14.422, 14.423, 14.419 e 14.421, Rogério Marcio Tolardo, Jeane Cristine Tolardo Dalle Ore, Íris da Silva Tolardo e Samuel Tolardo Júnior apresentaram em 06/01/2014 as impugnações de fls. 14.431 a 14.470, 14.514 a 14.552, 14.557 a 14.596 e 14.606 a 14.645, respectivamente, nas quais alegam, em apertada síntese, a tempestividade e: 1) a nulidade da autuação por ausência de mandado de procedimento fiscal; 2) a ausência de intimação pessoal, considerando nula a efetuada através dos correios; 3) cerceamento do direito de defesa, uma vez que não obtiveram o acesso ao inteiro teor dos autos apesar de requerido; Fl. 15080DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.081 6 4) a ilegitimidade passiva dos impugnantes, ante a ausência de prova do vinculo entre estes e a empresa autuada, e tendo em vista a impossibilidade de utilização de prova emprestada produzida em inquérito policial onde não foi observado o contraditório e à ampla defesa; 5) a falta de motivação e fundamentação da autuação; 6) a incompetência legal da autoridade fiscal para desconsiderar a personalidade jurídica da empresa e atribuir a responsabilidade objetiva e solidária aos impugnantes; 7) a ilicitude das provas utilizadas, tendo em vista que a ordem de busca e apreensão teria sido emanada por autoridade judicial incompetente; 8) pugna pela necessidade de suspensão do processo administrativo fiscal para aguardar o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal de cinco Ações Diretas de Inconstitucionalidade, que questionam a constitucionalidade da quebra do sigilo fiscal diretamente pela autoridade administrativa, com base na Lei Complementar nº 105; 9) a ausência de responsabilidade dos impugnantes, uma vez que não seriam sócios ou administradores da autuada, nem teriam interesse comum no fato gerador da obrigação tributária, pois a realização do comércio é exclusiva da pessoa jurídica; 10) a decadência ou a prescrição dos créditos tributários lançados; 11) pleiteiam a exclusão ou redução da multa, uma vez que a responsabilidade pelo não atendimento às intimações não pode ser atribuída a terceiros, e tendo em vista que o agravamento da multa seria incompatível com a aplicação do arbitramento do lucro, além do fato que seria vedado a aplicação de multa com caráter confiscatório; 12) a inaplicabilidade da correção da multa com base na taxa Selic, por ausência de previsão legal; Por fim, requereram a produção de prova pericial, oral e a juntada posterior de documentos, bem como que fosse julgada improcedente a exigência fiscal. Cientificado da autuação e do termo de sujeição passiva em 28/12/2013, conforme Edital de fls. 14.429, Robson Marcelo Tolardo apresentou em 06/01/2014 a impugnação de fls. 14.652 a 14.691, na qual apresenta as mesmas alegações e pedidos dos demais impugnantes responsáveis solidários. A 5ª Turma da DRJ no Rio de Janeiro, em análise das impugnações apresentadas, julgouas improcedentes. Os sujeitos passivos foram intimados da decisão recorrida, nos seguintes termos: ROLCAR AUTO PECAS DE PRESIDENTE PRUDENTE LTDA ME ciência por via postal imprófícua (fls. 14.75814.759). A ciência se deu por meio de edital publicado em 17/08/2015 (fl. 15.070 – ciência ficta em 01/09/2015); Fl. 15081DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.082 7 ROGÉRIO MARCIO TOLARDO dia 07 de agosto de 2015 (fl. 14.763). Apresentou recurso voluntário de fls. 14.95115.008 em 03/09/2015; ÍRIS DA SILVA TOLARDO dia 05 de agosto de 2015 (fl. 14.762). Apresentou recurso voluntário de fls. 14.88714.943 em 01/09/2015; SAMUEL TOLARDO JUNIOR dia 07 de agosto de 2015 (fl. 14.756). Apresentou recurso voluntário de fls. 14.82714.883 em 01/09/2015; JEANE CRISTINE TOLARDO DALLE ORE ciência por via postal imprófícua (fls. 14.76014.761). A ciência se deu por meio de edital publicado em 17/08/2015 (fl. 15.071 – ciência ficta em 01/09/2015). Apresentou recurso voluntário de fls. 15.011 15.068; RÓBSON MARCELO TOLARDO ciência por via postal imprófícua (fl. 14.756). A ciência se deu por meio de edital publicado em 17/08/2015 (fl. 15.072 – ciência ficta em 01/09/2015). Apresentou recurso voluntário em 02/09/2015 (fls. 14.76614.822). Em síntese, os Recorrente repisam, no mérito, em peças com conteúdos praticamente idênticos, seus argumentos apresentados em impugnação. Arguem ainda nulidade da decisão de primeira instância por não ter analisado diversos pontos trazidos em impugnação, em especial a ausência da disponibilização de elementos de prova indicados nos autos de infração, elementos esses indispensáveis ao exercício da ampla defesa por justamente dizerem respeito à imputação de responsabildide tributária que lhes foi atribuída. Aduzem que no “CD” que lhes foi entregue quando da ciência do lançamento, não constariam tais elementos e a disponibilização a destempo de tais informações lhes cerceou o direito de defesa, fato ignorado pela decisão recorrida, ainda que explicitamente arguido em sede de impugnação. Argumentam que mesmo comparecendo à unidade da RFB, não lhes foi fornecida cópia integral do processo administrativo. Quanto à imputação de responsabilidade, arguem que a decisão recorrida limitouse a endossar as conclusões do relatório fiscal, sendo que este se referia a provas colhidas em inquérito policial, sem direito ao contraditório, e obtido junto a terceiros, não podendo ser considerado prova da responsabilidade que lhes foi atribuída. O terceiro motivo alegado para a nulidade da decisão de primeira instância seria em razão do julgamento ter sido proferido por autoridade incompetente, uma vez que deveria ter sido realizado por Delegado da Receita Federal. Para embasar seus argumentos, cita e transcreve o que seria o art. 25, “a”, do Decreto 70.235/72. O quarto motivo de nulidade alegado, diz respeito à suposta ausência de MPF. Alegam os Recorrentes que jamais foram intimados do início do procedimento fiscal. Arguem também nulidade pela ausência de intimação pessoal. Aduz que a intimação realizada por via postal teria sido encaminhada para endereços distintos dos informados em suas declarações de imposto de renda da pessoa física. Apontam ainda possível nulidade em razão da ilegitimidade passiva dos Recorrentes, questionando a validade das provas emprestadas. Fl. 15082DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.083 8 Argumentam também que o lançamento seria nulo por ausência de motivação e fundamentação do lançamento. Ainda em relação ao lançamento, alegam que houve ilegitimidade do Auditor Fiscal autuante ao desconsiderar a personalidade jurídica do contribuinte e atribuir responsabilidade tributária aos Recorrentes, extrapolando as atribuições previstas na Lei nº 10.593/2002. Aduz ainda que as provas obtidas se deram por meio ilícito, pois houve compartilhamento de dados entre COAF, Receita e o Ministério Público, já que não havia qualquer crime antecedente ao suposto delito de lavagem de dinheiro e o juízo que decretou a busca e apreensão (juízo da 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba) seria espeecializado em lavagem de dinheiro, implicando violação ao princípio do juiz natural. Como prejudicial de mérito, requerem a suspensão do processo administrativo fiscal até que seja julgado no STF as ações diretas de inconstitucionalidade que questionam a possibilidade de quebra de sigilo bancário pela autoridade administrativa (Lei Complementar 105). No mérito, alegam: a ausência de responsabilidade tributária dos Recorrentes, não havendo provas aptas a lhes imputarem tal ônus, tampouco prova de que teriam sido beneficiados de qualquer modo pelas operações do contribuinte autuado; decadência do crédito tributário, uma vez que os fatos geradores ocorreram no anocalendário de 2008 e o lançamento foi formalizado em 28/12/2013; que a multa de ofício não poderia ser qualificada por se tratar de simples apuração de omissão de receitas, nos termos da Súmula CARF nº 14; ainda sobre a multa, argumentam que seria confiscatória, citando decisão do STF na ADI 551 que entendeu como abusivas multas moratórias que superaram 100%, citando ainda outros precedentes que limitariam os coeficientes de penalidade; aduz que as multas não poderiam superar 2%, conforme previsto na Lei nº 9.298/96; requer a redução da multa para o patamar máximo de 10%, e, subsidiariamente, a redução para 75% em razão da ausência de fraude ou omissão dolosa durante o procedimento de fiscalização; que a taxa Selic não pode ser aplicada como correção de créditos tributários, incluindo aí a multa de ofício aplicada; por fim, que em razão do cerceamento do direito de defesa, requer o direito à produção de todas as provas admitidas em direito, inclusive com a realização de perícia e colheita de depoimentos cujos quesitos e rol serão apresentados quanto tiver acesso ao conteúdo integral do processo a ser disponibilizado pela Receita Federal do Brasil. É o relatório. Fl. 15083DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.084 9 Voto Conselheiro FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Relator. 1 ADMISSIBILIDADE Os recursos voluntários apresentados são tempestivos. Preenchidos os demais pressupostos de admissibilidade do recurso, deles, portanto, tomo conhecimento, exceto quanto às questões atinentes a confisco e a inconstitucionalidade de lei, conforme se abordará oportunamente. Saliento que o contribuinte, que já não havia apresentado impugnação, também não apresentou recurso voluntário. Tratandose de argumentos idênticos em todas as peças recursais, o voto os tratará de forma conjunta. 2 PRELIMINARES A primeira arguição de nulidade da decisão recorrida alegada pelos Recorrentes é a de que não teriam sido analisados diversos pontos trazidos em impugnação, em especial a ausência da disponibilização de elementos de prova indicados nos autos de infração, elementos esses indispensáveis ao exercício da ampla defesa por justamente dizerem respeito à imputação de responsabildide tributária que lhes foi atribuída. Aduzem que no “CD” que lhes foi entregue quando da ciência do lançamento, não constariam tais elementos e a disponibilização a destempo de tais informações lhes cerceou o direito de defesa, fato ignorado pela decisão recorrida, ainda que explicitamente arguido em sede de impugnação. Argumentam que mesmo comparecendo à unidade da RFB, não lhes foi fornecida cópia integral do processo administrativo. Discordo dos Recorrentes. A esse respeito, assim se manifestou a decisão de primeira instância: Os impugnantes argúem a nulidade da autuação por ausência de mandado de procedimento fiscal e por cerceamento do direito de defesa, uma vez que não obtiveram o acesso ao inteiro teor dos autos apesar de requerido, por falta de motivação e fundamentação da autuação, a incompetência legal da autoridade fiscal para desconsiderar a personalidade jurídica da empresa e atribuir a responsabilidade objetiva e solidária aos impugnantes, bem como a ilicitude das provas utilizadas, tendo em vista que a ordem de busca e apreensão teria sido emanada por autoridade judicial incompetente. [...] Quanto ao alegado cerceamento do direito de defesa pela suposta falta de acesso ao inteiro teor dos presentes autos apesar de requerido, tenho como não demonstrada, ademais, a apresentação das impugnações contestando as condutas atribuídas aos interessados na autuação, da qual os impugnantes foram devidamente cientificados de seu inteiro teor, caracteriza o pleno exercício do direito de defesa, o que não se coaduna com o alegado cerceamento. Fl. 15084DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.085 10 Resta assim evidente que a decisão recorrida manifestouse sobre o tema. Aliás, embora de forma sucinta, mas com muita exatidão, pois, compulsando os autos não identifiquei qualquer elemento de prova que possa confirmar as alegações dos Recorrentes. Nesse contexto, impende concluir que competia ao contribuinte provar a veracidade do que afirmou, nos termos da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 (texto legal que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal), art. 36: Art. 36. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no artigo 37 desta Lei. No mesmo sentido dispõe os art. 373 da Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015 (CPC/2015, em consonância com o art. 333 do CPC 1973): Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Saliento que mesmo após a decisão de primeira instância, os Recorrentes mantiveram seus argumentos sem trazer, novamente, qualquer elemento comprovasse suas alegações. Corroborando tal tese, convém transcrever jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça: Allegare nihil et allegatum non probare paria sunt — nada alegar e não provar o alegado, são coisas iguais. (Habeas Corpus nº 1.1710 — RJ, R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 4, (39): 211276, novembro 1992, p. 217) Alegar e não provar significa, juridicamente, não dizer nada.(Intervenção Federal Nº 83 — PR, R. Sup. Trib. Just., Brasília, a. 7, (66): 93116, fevereiro 1995. 99) RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA – APOSENTADORIA – NEGATIVA DE REGISTRO – TRIBUNAL DE CONTAS – ATOS ADMINISTRATIVOS NÃO COMPROVADOS – ART. 333, INCISO II, DO CPC – PAGAMENTO DOS PROVENTOS DE NOVEMBRO/96 E DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO DAQUELE MESMO ANO – IMPOSSIBILIDADE – SÚMULAS 269 E 271 DA SUPREMA CORTE – 1. O ônus da prova incumbe ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (art. 333, II, do Código de Processo Civil). Incumbe às Secretarias de Educação e da Fazenda a demonstração de que a professora havia sido notificada da suspensão de sua aposentadoria. (STJ Fl. 15085DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.086 11 – ROMS 9685 – RS – 6ª T. – Rel. Min. Fernando Gonçalves – DJU 20.08.2001 – p. 00538) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – IMPOSTO DE RENDA – VERBAS INDENIZATÓRIAS – FÉRIAS E LICENÇAPRÊMIO – NÃO INCIDÊNCIA – COMPENSAÇÃO – AJUSTE ANUAL – ÔNUS DA PROVA – O ônus da prova incumbe ao autor quanto ao fato constitutivo de seu direito e ao réu quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Cabe ao contribuinte comprovar a ocorrência de retenção na fonte do imposto de renda incidente sobre verbas indenizatórias e à Fazenda Nacional incumbe a prova de eventual compensação do imposto de renda retido na fonte no ajuste anual da declaração de rendimentos. Recurso provido. (STJ – REsp 229118 – DF – 1ª T. – Rel. Min. Garcia Vieira – DJU 07.02.2000 – p. 132) PROCESSO CIVIL E TRIBUTÁRIO – EXECUÇÃO FISCAL – EMBARGOS DO DEVEDOR – NOTIFICAÇÃO DO LANÇAMENTO – IMPRESCINDIBILIDADE – ÔNUS DA PROVA – 1. Imprescindível a notificação regular ao contribuinte do imposto devido. 2. Incumbe ao embargado, réu no processo incidente de embargos à execução, a prova do fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor (CPC, art. 333, II). 3. Recurso especial conhecido e provido. (STJ – REsp 237.009 – (1999/00996607) – SP – 2ª T. – Rel. Min. Francisco Peçanha Martins – DJU 27.05.2002 – p. 147) TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – IRPF – REPETIÇÃO DE INDÉBITO – VERBAS INDENIZATÓRIAS – RETENÇÃO NA FONTE – ÔNUS DA PROVA – VIOLAÇÃO DE LEI FEDERAL CONFIGURADA – DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA – SÚMULA 13/STJ PRECEDENTES – Cabe ao autor provar que houve a retenção do imposto de renda na fonte, por isso que é fato constitutivo do seu direito; ao réu competia a prova de eventual compensação na declaração anual de rendimentos dos recorrentes, do imposto de renda retido na fonte, fato extintivo, impeditivo ou modificativo do direito do autor – Incidência da Súmula 13 STJ – Recurso especial conhecido pela letra a e provido. (STJ – RESP 232729 – DF – 2ª T. – Rel. Min. Francisco Peçanha Martins – DJU 18.02.2002 – p. 00294) Fl. 15086DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.087 12 Quanto à imputação de responsabilidade, arguem que a decisão recorrida limitouse a endossar as conclusões do relatório fiscal, sendo que este se referia a provas colhidas em inquérito policial, sem direito ao contraditório, e obtido junto a terceiros, não podendo ser considerado prova da responsabilidade que lhes foi atribuída. Novamente os argumentos dos Recorrentes mostramse equivocados. A decisão recorrida fundamenta seu entendimento com base nos elementos de prova colacionados pela Fiscalização, o que não poderia se dar de modo diferente, uma vez que os Recorrentes, em nenhum momento, trouxeram, no entender da turma julgadora de primeira instância, não trouxeram qualquer prova quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo dos fatos colacionados pela autoridade fiscal autuante. Em relação ao contraditório e ampla defesa, bem como em relação à suposta ausência de motivação e fundamentação do lançamento, os elementos de prova encontramse todos nos autos, que foram devidamente cientificados ao contribuinte, inclusive relatório do procedimento fiscal com 375 laudas (fls. 13.79814.172). De acordo com o artigo 17 do Decreto nº 70.235/72, a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Portanto, não há que se falar em contraditório até o momento da apresentação da impugnação, exceto quando a lei expressamente assim determina (como no caso do art. 42 da Lei nº 9.430/96, por exemplo). Assim sendo, toda a possibilidade de defesa foi dada aos Recorrentes a partir da ciência do lançamento, quer com base nos elementos de prova acostados aos autos e cientificados aos Recorrentes, quer pela profunda e pormenorizada descrição dos fatos levada a efeito pela autoridade fiscal autuante. Para a turma julgadora de primeira instância, não houve apresentação, por parte dos Recorrentes, de elementos suficientes e aptos a infirmar as conclusões que lastreiam o lançamento. Convém transcrever excerto do voto recorrido: Quanto ao alegado cerceamento do direito de defesa pela suposta falta de acesso ao inteiro teor dos presentes autos apesar de requerido, tenho como não demonstrada, ademais, a apresentação das impugnações contestando as condutas atribuídas aos interessados na autuação, da qual os impugnantes foram devidamente cientificados de seu inteiro teor, caracteriza o pleno exercício do direito de defesa, o que não se coaduna com o alegado cerceamento. Diferentemente do que afirmam os impugnantes, a autuação esta devidamente motivada e fundamentada, de forma clara e objetiva, possibilitando não só o pleno exercício do direito de defesa dos interessados como também o julgamento da presente lide. Podem os Recorrentes não concordar com tais conclusões. Mas isso não torna a decisão recorrida nula. Pelos mesmos argumentos, não procede a alegação de nulidade do lançamento por cerceamento por ausência de motivação e fundamentação. O terceiro motivo alegado para a nulidade da decisão de primeira instância seria em razão do julgamento ter sido proferido por autoridade incompetente, uma vez que deveria ter sido realizado por Delegado da Receita Federal. Para embasar seus argumentos, cita e transcreve o que seria o art. 25, “a”, do Decreto 70.235/72. Fl. 15087DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.088 13 O argumento do Recorrente poderia fazer sentido caso estivéssemos falando de julgamento realizado no século passado! Desde 2001 houve alteração no artigo 25 do Decreto nº 70.235/72, passando a atribuição do julgamento da impugnação em primeira instância para as Delegacias da Receita Federal de Julgamento, órgãos de deliberação interna e natureza colegiada da Secretaria da Receita Federal. O quarto motivo de nulidade alegado, diz respeito à suposta ausência de MPF. Alegam os Recorrentes que jamais foram intimados do início do procedimento fiscal. A esse respeito, perfeitas as considerações da decisão recorrida, as quais a seguir reproduzo: Não há que se falar em nulidade da autuação por ausência de mandado de procedimento fiscal (MPF), em primeiro lugar porque a ação fiscal foi desenvolvida com a emissão do mandado de procedimento fiscal nº 08.1.05.002013008640, conforme informação constante do termo de início de ação fiscal de fls. 13.789 e 13.790, a qual a fiscalizada foi devidamente cientificada em 31/10/2013, conforme edital de fl.13.794, em segundo lugar porque o lançamento efetuado com a ausência ou em desconformidade com MPF, instrumento de controle administrativo interno das atividades de programação e execução de ações fiscais no âmbito Receita Federal do Brasil, não importa na nulidade do procedimento, quando muito caracterizaria infração disciplinar da autoridade fiscal. A atribuição de corresponsabilidade pelos tributos devidos decorre do apuratório realizado no curso da ação fiscal, com base nos documentos e provas obtidas no procedimento e prescindem de prévia emissão de mandado em relação aos coobrigados, uma vez que apenas a empresa foi alvo da fiscalização efetuada. É importante ainda ressaltar que o MPF se constitui em elemento de controle da administração tributária. Eventual inobservância dos procedimentos e limites fixados por meio do MPF, salvo quando utilizado para obtenção de provas ilícitas, não gera nulidades no âmbito do processo administrativo fiscal. O MPF constituise em instrumento de controle criado pela Administração Tributária tanto para fins de controle interno, quanto para dar segurança e transparência à relação fiscocontribuinte, assegurando ao sujeito passivo que o agente fiscal indicado recebeu da Administração a incumbência para executar o procedimento fiscal. Convém ainda ressaltar que recentemente o Decreto nº 8.303/2014 extinguiu o MPF e criou o Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal (TDPF) e, em seu art. 2º, deixa claro que tais instrumentos referemse a controles administrativos: Art. 2º Os procedimentos fiscais iniciados antes da publicação deste Decreto permanecerão válidos, independentemente das alterações no instrumento de controle administrativo nele veiculadas, observadas as normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Ademais, no caso concreto, o procedimento fiscal transcorreu absolutamente nos moldes estabelecidos pelas normas infralegais que regem a matéria. Como bem argumentou a decisão recorrida, a atribuição de corresponsabilidade se dá, em regra, ao final do procedimento fiscal. Tendo sido os Fl. 15088DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.089 14 corresponsáveis devidamente cientificados da obrigação que lhes foi imputada, não há qualquer ressalva a ser fazer quanto ao procedimento adotado. Por tais razões, rejeito a arguição de nulidade do lançamento sustentada em vícios no Mandado de Procedimento Fiscal. Arguem também nulidade pela ausência de intimação pessoal. Aduzem que a intimação realizada por via postal teria sido encaminhada para endereços distintos dos informados em suas declarações de imposto de renda da pessoa física. Ora, conforme os próprios Recorrentes alegam, há previsão legal expressa de intimação pessoal ou por via postal, sem preferência de ordem (art. 23, inciso I e II, e seu § 1º, do Decreto nº 70.235/72), utilizandose o edital se um desses meios resultar improfícuo. Se as intimações foram encaminhadas para endereços distintos do cadastro, esta prova competiria aos Recorrentes, que, por sua vez, mais uma vez argumentaram sem trazer qualquer elemento de prova a confirmar suas alegações. Apontam ainda possível nulidade em razão da ilegitimidade passiva dos Recorrentes, questionando a validade das provas emprestadas. Quanto às provas emprestadas, é importante ressaltar que não se tomou de empréstimo as conclusões do inquérito policial, mas sim os elementos colhidos no curso do inquérito, tendo sido submetidos ao contraditório quando da ciência do lançamento aos Recorrentes. No mais, os demais argumentos de que tais elementos não fariam prova dizem respeito ao mérito da lide, não sendo, portanto, tratada em sede preliminar. Ainda em relação ao lançamento, alegam que houve ilegitimidade do Auditor Fiscal autuante ao desconsiderar a personalidade jurídica do contribuinte e atribuir responsabilidade tributária aos Recorrentes, extrapolando as atribuições previstas na Lei nº 10.593/2002. Aduzem ainda que as provas obtidas se deram por meio ilícito, pois houve compartilhamento de dados entre COAF, Receita Federal e o Ministério Público, já que não havia qualquer crime antecedente ao suposto delito de lavagem de dinheiro e o juízo que decretou a busca e apreensão (juízo da 3ª Vara Federal Criminal de Curitiba) seria espeecializado em lavagem de dinheiro, implicando violação ao princípio do juiz natural. A respeito dos temas, já enfrentados na decisão de primeira instância, perfeitas suas considerações, razão pela qual as adoto como fundamento de voto: Afasto, também, a alegada incompetência da autoridade fiscal para desconsiderar a personalidade jurídica da empresa fiscalizada e atribuir a responsabilidade objetiva e solidária aos impugnantes, pois, de fato, no presente caso não se cogita a desconsideração da personalidade jurídica da autuada, nem se atribuiu a responsabilidade objetiva dos impugnantes. A sujeição passiva solidária atribuída decorreria de condutas praticadas pelos impugnantes com infração a lei e em razão de serem os proprietários de fato da autuada, com base em farto conjunto probatório coletado em busca e apreensão realizada com autorização da justiça federal do Paraná, e foram atribuídas por quem detém a competência legal de proceder ao lançamento e atribuir a corresponsabilidade tributária, na forma da lei. Quanto à alegada ilicitude das provas utilizadas por empréstimo, obtidas em decorrência de ordem judicial expedida por autoridade supostamente Fl. 15089DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.090 15 incompetente, não há como dar guarida às pretensões dos impugnantes. A ordem emanada por autoridade judicial reputase como válida até que outra lhe sobrevenha, alterandoa ou cancelandoa. Não cabe ao julgador administrativo avaliar a validade das decisões proferidas em sede judicial, por lhe faltar competência legal, e em respeito ao princípio constitucional de separação dos poderes. Isso posto, rejeito as arguições de nulidade do lançamento, dos termos de sujeição passiva e da decisão recorrida. 3 PRELIMINAR DE MÉRITO Em primeiro lugar, requerem os Recorrentes a suspensão do processo administrativo fiscal até que seja julgado no Supremo Tribinal Federal STF as ações diretas de inconstitucionalidade que questionam a possibilidade de quebra de sigilo bancário pela autoridade administrativa (Lei Complementar 105). Tal preliminar de mérito não pode ser acatada. A previsão regimental de suspensão do julgamento dos recursos sempre que o STF também sobrestasse o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que fosse proferida decisão nos termos do então art. 543B do CPC/1973, então prevista no art. 62 A, §1º, do Anexo II, do RICARF/2009 não mais persistiu no atual Regimento Interno do CARF. Além disso, no julgamento das Ações Direta de Inconstitucionalidade 2859, 2390, 2386 e 2397 o STF decidiu que o disposto na Lei Complementar nº 105 não resulta em quebra de sigilo bancário, mas sim em transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. Decidiuse ainda que a transferência de informações é feita dos bancos ao Fisco, que tem o dever de preservar o sigilo dos dados, portanto, não havendo que se falar em ofensa à Constituição Federal. Portanto, rejeito tal preliminar de mérito. A respeito da decadência arguida, por necessitar de análise da ocorrência ou não de fraude, dolo ou simulação, analisarei após o voto a respeito da multa de ofício. 4 MÉRITO 4.1 DA OMISSÃO DE RECEITAS A omissão de receitas indicada pelo Fisco baseiase em extensa documentação e arquivos apreendidos nos próprios estabelecimentos da autuada. A decisão recorrida manteve a exigência. Em seu recurso voluntário a Recorrente não trouxe quaisquer elementos de prova que infirmassem as conclusões da autoridade fiscal e também da decisão recorrida. Por concordar integralmente com as razões de decidir da decisão de primeira instância, adoto seus fundamentos, transcrevendoos a seguir com autorização do disposto no art. 50, § 1º, da Lei nº 9.784/99: A autoridade autuante efetuou o lançamento com base em arquivos digitais apreendidos com autorização da justiça federal de Curitiba, nos quais eram feitos pelos administradores de fato da autuada ou por seus empregados o controle das Fl. 15090DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.091 16 receitas de vendas da fiscalizada e de todas as suas filiais, e mantidos à margem da escrituração contábil e fiscal da autuada. Limitamse os impugnantes a suscitar a nulidade na utilização das provas obtidas com base no procedimento cautelar de busca e apreensão, as quais não teriam sido submetidas ao contraditório, nem objeto de julgamento na esfera criminal competente, e de modo genérico em afirmar a inexistência de provas da infração atribuída pela fiscalização. Tendo a alegação de nulidade na utilização de provas emprestadas sido afastada no item que trata sobre a nulidade da autuação, passo a análise da comprovação de receitas omitidas. Há nos autos, farto conjunto probatório demonstrando e quantificando a receita de vendas obtidas não só pela autuada, como de todas as empresas da denominada “Rede Presidente”, uma vez que era efetuado pela autuada o controle das receitas com vendas sem emissão de notas fiscais, ao passo que as vendas com emissão de notas fiscais eram devidamente escrituradas e suas receitas declaradas ao Fisco. Em diversos documentos apreendidos, havia as expressões “TAB1” e “TAB2”. Apurouse que “TAB1” referiase a vendas com nota fiscal, e “TAB2” referiase a vendas sem documento fiscal. Tal constatação é confirmada pela informação constante da agenda encontrada na loja de CuritibaPR, constante das fls 1.184 a 1.220, e reproduzida à fl. 14.074 a 14.076 do relatório fiscal, com agravante de que as vendas sem nota eram estimuladas pela autuada com comissão majorada em 50 % em relação às das vendas com nota. Mesmas conclusões se tiram dos documentos reproduzidos no relatório fiscal à fl. 14.076, extraído de duas agendas encontradas na loja de Curitiba/PR. Da análise efetuada dos arquivos com extensão SPL, obtidos no disco rígido do computador de funcionário Daniel de Oliveira Júnior apreendido, constante das fls. 10.278 a 10.299, em que consta o controle mensal das vendas de todas empresas da Rede Presidente, inclusive a autuada, com individualização das receitas auferidas por estabelecimento e segregação das vendas com emissão de notas fiscais e das vendas sem emissão de documentos fiscais, foi possível apurar as receitas mensais da autuada, possibilitando o lançamento, levandose em conta que a autuada era considerada a filial 38 da Rede Presidente, e que os valores controlados representam 10 % do valor real das operações de vendas, conforme metodologia de cálculo explicitada no relatório de atividade fiscal, às fls. 14.129 a 14.158. A prova obtida foi sem dúvida elaborada pela própria autuada, por meio dos seus administradores de fato ou por seus empregados, e mantida nos computadores e pendrives apreendidos das empresas da Rede Presidente, de seus empregados ou de seus administradores de fato do grupo empresarial. Desse modo, mantenho a infração relativa a omissão de receitas tanto em relação ao IRPJ quanto à CSLL, dada a relação de causa e efeito. 4.2 DA MULTA QUALIFICADA Em relação aos argumentos sobre confisco, esclareçase, ainda, que a vedação à utilização de tributo com efeito de confisco, preceituada pelo art. 150, IV, da Constituição da República Federativa do Brasil não se destina aos aplicadores da Lei, mas sim Fl. 15091DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.092 17 ao Poder Legislativo, que deve tomar em consideração tal preceito quando da elaboração das leis. No que tange às questões que envolvem os demais princípios constitucionais e inconstitucionalidade de leis apontadas pela Recorrente, seu mérito não pode ser analisado por este Colegiado. Essa análise foge à alçada das autoridades administrativas, que não dispõem de competência para examinar hipóteses de violações às normas legitimamente inseridas no ordenamento jurídico nacional. Devese observar que as supostas ofensas aos princípios constitucionais levam a discussão para além das possibilidades de juízo desta autoridade. No âmbito do procedimento administrativo tributário, cabe, tão somente, verificar se o ato praticado pelo agente do fisco está, ou não, conforme à lei, sem emitir juízo de constitucionalidade das normas jurídicas que embasam aquele ato. Ademais, o próprio Regimento Interno do CARF, em seu art. 62, dispõe que “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.” O caso concreto não se enquadra nas exceções elencada no parágrafo único de tal dispositivo regimental, portanto, as normas atacadas são de aplicação cogente aos membros do CARF. Por fim, sobre a matéria este Conselho já pacificou seu entendimento por meio da Súmula nº 2, cujo teor é o seguinte: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Portanto, não se conhece do recurso em relação aos argumentos de confisco e de inconstitucionalidade de lei. Para melhor entendimento, transcrevese, a seguir, o art. 44 da Lei nº 9.430 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007: Art. 14. O art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação, transformandose as alíneas a, b e c do § 2o nos incisos I, II e III: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; Fl. 15092DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.093 18 b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. [...] Como visto, nos termos do § 1º do artigo 44 da Lei nº 9.430, de 1996, só é admitida a aplicação da multa no percentual de 150%, nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, que assim dispõem: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos artigos 71 e 72. Desse modo, a multa de 150% de que trata o parágrafo 1º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996 (redação dada pelo art. 14 da Lei nº 11.488, de 2007), terá aplicação sempre que em procedimento fiscal constatarse a ocorrência de sonegação, fraude ou conluio. Vêse que, para enquadrar determinado ilícito fiscal nos dispositivos dessa lei, há necessidade que esteja caracterizado o dolo. O dolo, que se relaciona com a consciência e a vontade de agir, é elemento de todos os tipos penais de que trata a Lei nº 4.502, de 1964, ou seja, a vontade de praticar a conduta, para a subsequente obtenção do resultado. Deve ficar demonstrada que a conduta praticada teve o intuito consciente voltado a suprimir ou reduzir o pagamento do tributo ou contribuições devidos. A decisão recorrida, assim justifica a exasperação da penalidade: A autoridade fiscal aplicou a multa qualificada no percentual de 150%, pela sonegação em razão da suposta utilização de interpostas pessoas, componentes do quadro societário da autuada, de modo a encobrir os reais sócios, integrantes da família Tolardo, eximindoos da responsabilidade pela infração Fl. 15093DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.094 19 apurada. Tal interposição teria sido perpetrada mediante a utilização de documentos elaborados com falsidade ideológica, e com falsificação de assinaturas. A autoridade administrativa constatou ainda que a autuada omitiu parte considerável de suas receitas de vendas, obtidas sem a devida emissão de notas fiscais, aos quais eram controladas em arquivos digitais mantidos em computadores de empresas da denominada Rede Presidente ou em pendrives dos seus administradores de fato ou de seus empregados e que foram apreendidos em operação conjunta da Polícia, Ministério Público e Receita Federal, em cumprimento a ordem expedida pela justiça federal do Paraná. A autuada teria se eximido do pagamento da totalidade de seus tributos, tendo em vista que não declarou ter auferido receita no exercício de 2008, tendo sido apurada no lançamento a obtenção de receita com vendas de mercadorias no mesmo período no valor de R$ 6.699.347,30. Assim, restou caracterizada a ocorrência da hipótese de sonegação e fraude prevista nos incisos I e II, do art. 71, a art. 72 da Lei nº 4.502/64. Os impugnantes afirmam genericamente que não praticaram nenhum ato doloso ou mesmo culposo que desse azo a aplicação da penalidade, e que a fiscalização desincumbiuse de demonstrar a existência de dolo ou culpa na prática de seus atos, uma vez que a autuação encontrou suporte apenas na interpretação subjetiva desses mesmos atos realizada pelos fiscais. Entendo que assiste razão a autoridade administrativa, na medida que a conduta praticada pela impugnante se enquadra perfeitamente na hipótese de qualificação da multa de ofício. A aplicação da multa de ofício no percentual de 150 % está assim prevista no § 1º e inciso I, do art. 44, da Lei nº 9.430/96: [...] Os dispositivos da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, utilizados como fundamento da qualificação da multa, estão a seguir transcritos: [...] Na busca e apreensão efetuada à rua Rui Barbosa, 1027, em Maringá/PR, foram encontradas pastas contendo recibos de entrega das DIRPF/2006, 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 de diversos laranjas da Rede Presidente, todos dispostos em ordem alfabética. Entre estes recibos encontravamse os de Juliana Colhante e Lourdes Chitaro Pardinho, sócias de direitoda autuada (MGA19.10.45, MGA19.10.46, MGA19.10.47, MGA19.10.10, MGA1910.11 e MGA1910.12). Segundo consulta ao Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), Lourdes Chitaro Pardinho, é falecida desde outubro de 2007, dez meses após a constituição da autuada. Rolcar foi uma das empresas citadas pelo fornecedor Cinpal, como sendo uma das empresas “pagadoras” das compras feitas pela Rede Presidente. Nas buscas e apreensões efetuadas foram encontrados nos diversos locais documentos ligados à Rolcar, dentre outros: Fl. 15094DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.095 20 a) Cópia Contrato Social da autuada (MGA085.52 – fls 2.400 a 2.402); b) Relatório de cheques recebido de clientes, relação de duplicatas e cópias de cheques do cliente Scala Dracena Auto Peças, reunidos sob uma folha de rosto que faz referência à Rolcar/38 de Prudente/SP (MGA08.6.66 – fls 2.702 a 2.732); c) Contrato de prestação de serviços de cobrança entre o banco SICOOB e Rolcar, de 19/09/2008 (MGA087.3 – fls 2.792 a 2.796); d) Cópia fax de declaração de faturamento da Rolcar (MGA18 15.17 – fls 4.661); e) Cópia e original de contas telefônicas de empresas da Rede Presidente, dentre as quais a autuada (MGA1733.4); f) Recibo de entrega da RAIS, ano base 2010, de várias empresas do esquema, dentre elas a Rolcar (MGA18150 – fls 4.667 a 4.731); g) Envelopes plásticos com GPS/2010 de diversas empresas do esquema, dentre elas a Rolcar (MGA18152.1); h) Certidão simplificada da Junta Comercial do Estado de São Paulo da empresa Rolcar (MGA1919.166 – fls 8.213 a 8.214); i) Contrato de locação, para o período de 01/01/2010 a 31/12/2012, de um galpão situado à Avenida Luiz Cezário, 614 – Jardim Cambuí – Presidente PrudenteSP, tendo como locador Rogério Márcio Tolardo e como locatária a Rolcar, por R$ 2.000,00 mensais (MA1919.181 – fls 8.229 a 8.223); j) Despesas mês de agosto de 2012, da “Loja 38” Rolcar Auto Peças, na cidade de Presidente Prudente (MGA1917.5); k) O carimbo da Rolcar encontravase também junto aos diversos carimbos de empresas da rede presidente encontrados em uma caixa no escritório da rua das Camélias, 690, em Maringá/PR (MGA18103 – fls 4.427 a 4.431); l) No arquivo “empresa ativas”, localizado na rua Rui Barbosa, 1027, em Maringá/PR, encontravase também a pasta da Rolcar, com cópia da contrato social (MGA1916.11 – fls 7.230 a 7.232). Destaquese também a presença da Rolcar no documento controle das filiais (MGA19 19.214 – fls 8.321 a 8.355), encontrado na rua Rui Barbosa, 1027, em Maringá/PR, que identifica as diversas empresas (filiais) da Rede Presidente. A Rolcar aparece identificada como Filial 38 – Presidente Prudente, tendo como gerente Fátima, conforme a imagem a seguir. Fl. 15095DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.096 21 Assim, resta evidente a utilização de interpostas pessoas no quadro societário da autuada e de seu vínculo à Rede Presidente, sendo considerada por seus administradores de fato como mais uma das filiais do mesmo gupo empresarial. Além disso, a autuada apresentou declaração informando não ter auferido receitas de sua atividade, deixando de contabilizar a totalidade das receitas às quais foram auferidas sem a devida emissão de notas fiscais de venda, mantendo controle dessas operações não contabilizadas; além disso, utilizouse de pessoas interpostas em seu quadro societário, mediante a utilização de documentos elaborados com falsidade ideológica e falsificação de assinaturas. Tais fatos demonstram a prática de sonegação e fraude conforme as definições dos incisos I e II, do art. 71, e art. 72 da Lei nº 4502/64. Nos recursos apresentados, nenhum elemento novo foi trazido aos autos. Cumpre esclarecer que a multa aplicada foi a qualificada, de 150%, baseada em conduta supostamente dolosa por parte da autuada (art. 44, inciso I, c/c § 1º, da Lei nº 9.430/96), e não a multa aumenta em 50% a que se referente o inciso I do § 2º do art. 44 do mesmo diploma legal. Logo, não se faz sequer necessário analisar os argumentos relativos ao pretendo atendimento às intimações no curso do procedimento fiscal. Retornando ao cerne da qualificação da multa, embora considere que o fato de uma pessoa jurídica estar em nome de interpostas pessoas não possui correlação com os fatos geradores1, mas sim com a cobrança do crédito tributário, no caso concreto há razão autônoma, que, por si só, justifica a exasperação da penalidade: conforme se observa, a autuada omitiu 100% de suas receitas em todo o anocalendário de 2008. 1 A esse respeito, vejase o Acórdão 1402002.120, por mim relatado e julgado por esta turma na sessão de 01 de março de 2016, cujo o seguinte excerto do voto condutor do aresto é elucidativo: “[...]A meu ver, os elementos apontados pela autoridade fiscal não permitem concluir ter o contribuinte tenha agido com dolo, de modo a caracterizar a fraude a que alude o artigo 72 da Lei nº 4.502/1964. [...]. No mais, o fato de a fiscalização acusar o contribuinte de possuir interpostas pessoas, embora possa surtir efeitos no que atine à responsabilidade tributária de terceiros, em nada altera as características da ocorrência do fato gerador, este sim, elemento a ser levado em consideração para fins de dosimetria da penalidade a ser cominada. Vejase que o fato de a empresa estar em nome de terceiros em nada dificultou a seleção da pessoa jurídica para procedimento fiscal, ou seja, não impediu, dificultou ou retardou tanto o conhecimento da ocorrência do fato gerador por parte da autoridade fiscal (sonegação) quanto a própria ocorrência do fato gerador (fraude), uma vez que as contas bancárias a partir das quais se apurou a omissão de receita estavam em nome da própria RECORRENTE. Assim, concluo que a fraude detectada tem a ver com a cobrança do crédito tributário, e não com sua constituição.” Fl. 15096DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.097 22 E não é só isso. A autuada é uma das empresas de um grande grupo cujas receitas omitidas, no mesmo período e utilizandose do mesmo modus operandi, foram da ordem de R$ 280 milhões!!! A autoridade fiscal autuante ainda indica que as compras do grupo foram compatíveis com as vendas efetuadas, e essas, por sua vez, são muito próximas à movimentação financeira realizada por todas as empresas do grupo. Destaco excertos do relatório fiscal: 823. Temos então o faturamento da REDE PRESIDENTE no ano de 2008, separado por empresa. Note que este faturamento no ano de 2008 (R$ 329.353.548,10) está perfeitamente condizente com as compras feitas pelas empresas do esquema no mesmo ano, ou mesmo com a movimentação financeira: E há mais detalhes dignos de maior destaque: 838. Destacase, uma vez mais, que estas notas fiscais não representam a efetividade das operações. Servem unicamente, ou para acompanhar o transporte, ou para dar lastro ao estoque escritural das “filiais”, prevenindose uma eventual fiscalização do fisco estadual. Isso fica claro na troca de emails, de 2008, entre o principal comandante do esquema – ROBSON MARCELO TOLARDO, e seu preposto, DANIEL DE OLIVEIRA JUNIOR (fls 13.534 a 13.537): 839. Inicialmente DANIEL tece comentários acerca de cuidados que devem ser tomados para que não se misturem as constas bancárias que recebem recursos de vendas com nota fiscal (TAB1) com contas que movimentam recursos de operações sem nota fiscal (TAB2). De: XXXX DANIEL JR CENTRAL DE COBRANÇAS Assunto: Re: ADEUS MARCELO Para: marcelordo2000@yahoo.com.br Data: Segundafeira, 7 de Julho de 2008, 23:15 ADEUS TUDO BEM... ENTAO, MAS TEM Q TER CUIDADO PARA NAO VINCULAR AS CONTAS TAB2 COM AS TAB 1 SE VINCULAR PODE TRAZER PROBLEMAS..... ESTIVE NOTANDO QUE NA RETIFICA TEVE TRANSFERENCIA DA IMOLA , UMA CONTA TAB2 . A RD E A APE EU CONSIDERO COMO OS [[ XODOS ]] DO GRUPO ......TRABALHO 99.99 %%% CERTO COM ESTAS DUAS PARA NAO TER ERRO . ESTOU PEDINDO SUAS COORDENADAS , PQ TAMBEM TEM A PARTE DA CONTABILIDADE ONDE TODO MES EU PASSO RELATORIOS . ESTES RELATORIOS SO MOSTRA OS TAB 1 E SE COMPARAR COM OS EXTRATOS DA UMA DIFERENCA IMENSA. FICO PREOCUPADO POR CAUSA DISSO . FICA NAS PAZ DE DEUS !! AT DANIEL Fl. 15097DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.098 23 840. Na resposta ROBSON informa que uma empresa (APE) já foi multada, porque “o estoque está absurdo ... colocaram nf para tampar buraco”. From: "robson marcelo" To: "XXXX DANIEL JR CENTRAL DE COBRANÇAS" Sent: Tuesday, July 08, 2008 4:49 PM Subject: Re: ADEUS MARCELO Adeus Daniel levamos uma multa da APE em Recife de 1.200.000,00 e nosso estoque está absurdo no valor de 9.000.000,00 colocaram nf para tampar buraco e já esta ferado. Então podemos ver que as empresas já estão tudo enrolado, por isso de empresas novas e pessoas que respondem pela empresa, porque o futuro proximo, não conseguiremos trabalhar com as empresas com rolo. Fique nas Paz de Deus Marcelo Com base em tais elementos, entendo que, corretamente, concluiu a autoridade fiscal autuante que houve a ocorrência de sonegação e fraude: 852. Citase também toda a elaborada sistemática de vendas sem nota fiscal (TAB2), e que, obviamente, não são declaradas à RFB. Mais que notório, o fato de que ao omitir parcela relevante de suas vendas mediante intrincado sistema (programa informatizado denominado “AutoW”, contemplando vendas “TAB2”, emissão de “cotações para verificação”, etc...), o contribuinte incorre tanto no conceito de fraude (ação tendente a impedir a ocorrência do fato gerador ou modificar suas características essenciais), como no conceito de sonegação (ação tendente a impedir o conhecimento da autoridade tributária da ocorrência, natureza e circunstâncias do fato gerador, reduzindo o montante do imposto devido). De fato, conforme já explanado o contribuinte omitiu à tributação 100% das receitas auferidas no anocalendário de 2008. Comprovouse à exaustão, os valores efetivos de receita vendas auferida pelo contribuinte. Logrou também a autoridade fiscal demonstrar que houve, inclusive, a utilização de sistema informatizado com o intuito específico de burlar o Fisco, caracterizando, sem dúvida, o conceito de fraude estampado no art. 72 da Lei nº 4.502, de 1964. Relativamente à omissão de receitas, nos moldes pratica, sem dúvida caractereiza a intenção dolosa na sua conduta com o propósito de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador, enquadrandose na hipótese prevista no art. 71 da Lei nº 4.502, de 1964 (sonegação). Esse "animus", vontade de querer o resultado, ou assumir o risco de produzilo, ficou evidenciado e demonstrado nos autos, não podendo ser considerado mero erro de ordem material, sem a caracterização de qualquer intuito doloso, posto que não se tratam de atos isolados, mas reiteradamente praticados pelo contribuinte em todos os meses dos anocalendário de 2008, e em relação100% das operações realizadas no mesmo período. Os valores envolvidos em tais infrações ultrapassam o montante R$ 6 milhões de receitas não oferecidas ao crivo da tributação e em inúmeras operações realizadas pelo autuado. Em tais circunstâncias, não há como se presumir não haver dolo. A intenção de sonegar, ocultando o fato gerador, é conclusão imediata e inequívoca. Portanto, em relação a tais infrações, correta a posição do Fisco em exasperar a penalidade. Logo, presentes elementos que permitam enquadrar a conduta da autuada nos conceitos de sonegação e fraude (arts. 71 e 72 da Lei nº 4.502/64), voto por manter a penalidade qualificada de 150%. Fl. 15098DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.099 24 4.3 DA RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Inicio a análise do tema, transcrevendo excerto da decisão recorrida a respeito do tema em especial pela riqueza de análise dos fatos controvertidos: Alegam os impugnantes a ilegitimidade, ante a suposta ausência de prova do vinculo entre estes e a empresa autuada, e tendo em vista a impossibilidade de utilização de prova emprestada produzida em inquérito policial onde não foi observado o contraditório e à ampla defesa. Alegam, ainda, a ausência de responsabilidade, uma vez que não seriam sócios ou administradores da autuada, nem teriam interesse comum no fato gerador da obrigação tributária, pois a realização do comércio seria exclusiva da pessoa jurídica. Diferentemente do alegado pelos impugnantes, há um conjunto probatório robusto no sentido de atribuir a propriedade e a administração do empreendimento a todos os sujeitos passivos solidários, em especial a Róbson Marcelo Tolardo, principal responsável pela administração do grupo empresarial formado pelas empresas da Rede Presidente, o que se comprova por meio de interceptações telefônicas, de e mails, arquivos e documentos aprendidos. Há toda evidência de que a autuada faz parte do mesmo grupo empresarial denominado Rede Presidente, tanto é assim que diversos documentos relativos a autuada foram encontrados nos escritórios mantidos em Maringá, ao passo que a fiscalizada tem sede em Presidente Prudente, denotando que a administração dos negócios da sociedade era efetuada remotamente naquela cidade por membros da família Tolardo, e por seus empregados diretos. A administração do grupo empresarial e conhecimento de suas ações, por parte de Robson Marcelo Tolardo pode ser ilustrada pela resposta dada a seu funcionário Daniel de Oliveira Júnior em email do dia 08/2/2010, constante de fls 13.579 a 13.582, mencionado no relatório fiscal à fl. 14.115, a seguir transcrito: “Adeus Daniel Preciso verificar mas acho que é complicado vender tab 01 porque não tem muita entrada e custa para nós os impostos que nós ganhariamos na inadiplicência e perderia pagando mais imposto, então o certo é cortar os limites de quem não está pagando e tentar falar com o cliente que não está pagando que vamos ter que emitir a nota fiscal do pedido que ele comprou e não pagou e dar mais prazos para ele pagar e depois se eles não pagar executar eles.” Para não restar dúvidas, quanto à propriedade da sujeição passiva solidária de Robson Marcelo Tolardo transcrevese a pergunta de Daniel de Oliveira Júnior, contida no email encontrado no computador de Daniel de Oliveira Junior (MGA08.23 – fl. 9.650): Diretório: DANIEL\daniel2\atualizacoes\mailnet\CENTRAL03EMAILS. Arquivo: 98 MARCELO TOLARDO.dbx: “Marcelo adeus ? Fl. 15099DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.100 25 Algumas regioes como Pernambuco, Maranhao e até Distrito Federal em determinados ramos são classificadas como regiões de maior indice de PRINAD (Probabilidade de Inadimplência ) . Maranhao esta com uma inadimplencia alta porem sao clientes da própria capital. Ja pedi para a supervisora Rose e seu gerente reanalisar os clientes . Brasilia é um caso sério, lá se nao mudarmos para vendas 100% T1 agente sempre vai ficar como ultima opção para receber dividas. Como agente vende tabela especial eles alem de aproveitar este beneficio, eles acabam agindo de má fé quando estao com dificuldades financeira. Vai fazer uns 5 anos que esta filial so fica em ultimo lugar na inadimplencia. Vc pretende continuar com esta loja aberta? Se sim , tem como agente mudar o perfil de vendas para 100% T1 na opção duplicatas? Resp.: Recife esta com uma inadimplencia alta e o maior motivo foi a venda especial para fora de Recife . tem determinadas cidades que o ideal seria vender somente t1 !! a cidade de Carpina/PE deu inadimplencia de acima de 10% , a cidade de Igarassu/PE deu inadimplencia acima de 11% , outras cidades deu acima de 1% no maximo 2% . os pernambucanos e paraibanos tambem aproveitam muito a situação das vendas tabela especial, sempre deixam nós como ultima opçao de acertos de dívidas!! Estas cidades posso bloquear para vender somente Tabela 01 com duplicatas ? Resp.: Paz de Deus Daniel Jr ®” Samuel Tolardo Junior teve pendrives apreendidos, CTB29, item 5 – fls 933 e 934, que continham arquivos excel, com os balanços das empresas da Rede Presidente, inclusive a autuada, e com o controle de “saldos”, referente aos pagamentos de pró labore aos sócios de fato da autuada. Rogério Márcio Tolardo é proprietário de um Galpão, sede da autuada. Dentre as provas coletadas ainda se destaca o fato de despesas pessoais de valores expressivos de todos os coobrigados eram pagas com receitas das empresas da Rede Presidente, como se fosse uma espécie de prólabore mensal, uma vez que nenhum deles era formalmente sócio das empresas do grupo. Isto caracteriza, em face de confusão patrimonial, o interesse comum de todos os responsabilizados na situação que constituiu o fato gerador do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro líquido, uma vez que parcela considerável do lucro obtido pela autuada, e não submetido à tributação eram utilizados para pagamento de despesas pessoais dos impugnantes. Também chama a atenção que todos os responsabilizados tinham a exata noção da ilicitude perpetrada, como a utilização de interpostas pessoas e a não contabilização Fl. 15100DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.101 26 de receitas de vendas, demonstrando o dolo deste quanto à sonegação fiscal. É o que depreende dos conteúdos das escutas telefônicas e emails interceptados com autorização judicial. Assim, mantenho a atribuição da corresponsabilidade de todos os obrigados, tal qual efetuado pela fiscalização. No caso concreto, entendo que a imputação de responsabilidade atribuída pela autoridade fiscal está em consonância tanto com o disposto no art. 124, I, do CTN quanto com a regra prevista no art. 135, III, do Estatuto Tributário. Passo a analisar a imputação de responsabilidade tributária partindose do pressuposto de que a multa qualificada cominada foi mantida por este colegiado. Tratase de analisar se a aplicação de multa qualificada é suficiente para caracterizar a responsabilidade tributária de administradores de pessoas jurídicas a que alude o art. 135, III, do CTN. As alegações de defesa partem do princípio de que o simples inadimplemento de tributos não pode levar à responsabilização dos representantes legais da pessoa jurídica. Pois bem, passo à análise do tema. O termo responsabilidade, em sentido amplo, possui estreita ligação com o direito civil, em especial com o direito das obrigações. Karl Larenz aduz que a possibilidade de o devedor responder, em regra, com seu patrimônio perante o credor surgiu de longa evolução do direito de obrigações e do direito de execução.2 A obrigação, em sentido técnico, tem origem em uma relação jurídica entre duas ou mais partes, na qual o polo ativo (credor) passa a ter o direito de exigir do polo passivo (devedor) uma prestação, ou, de modo contrário, o devedor passa a ter obrigação de determinado comportamento ou conduta para com o credor.3 No bojo dessa relação jurídica obrigacional, temse como elemento necessário o denominado vínculo. Este pode se originar de inúmeras fontes e obriga o devedor a cumprir determinada prestação para com o credor. Subdividese em débito (prestação a ser cumprida conforme pactuado) e responsabilidade (o direito de o credor exigir o cumprimento da obrigação quando não satisfeita a prestação, podendo esta exigência incidir, inclusive, sobre os bens do devedor). Segundo Gonçalves A responsabilidade é, assim, a consequência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional. Pode se, pois, afirmar que a relação obrigacional tem por fim 2 LARENZ, 1958, apud GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 35. 3 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 22. Fl. 15101DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.102 27 precípuo a prestação devida e, secundariamente, a sujeição do patrimônio do devedor que não a satisfaz.4 No âmbito da responsabilidade civil e tributária, a sujeição tem como limite o patrimônio do responsável, ainda que não seja este, necessariamente, o infrator da norma de conduta desrespeitada. Já o termo responsabilidade tributária, em sentido ainda amplo, é entendido como a sujeição do patrimônio de uma pessoa, física ou jurídica, ao cumprimento de obrigação tributária inadimplida por outrem. Assim, podese afirmar que “responsabilidade tributária” possui conceito próximo a “sujeição passiva tributária”, porém, ressaltese que há diferenças entre estes conceitos: enquanto a sujeição tributária nasce a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, a responsabilidade exsurge somente se a pretensão tributária tornarse exigível, ou nas palavras de Luciano Amaro, “a presença do responsável como devedor na obrigação tributária traduz uma modificação subjetiva no polo passivo da obrigação, na posição que, naturalmente, seria ocupada pela figura do contribuinte”.5 É importante distinguir a responsabilidade tributária da responsabilidade civil. Esta advém da prática de ato ilícito lato sensu causador de dano a terceiro, sobrevindo a obrigação de indenizar, enquanto aquela, em que pesem algumas hipóteses de surgimento a partir de atos ilícitos (artigos 134, 135 e 137 do CTN), possui também como propulsor atos lícitos.6 Assim discorre Maria Rita Ferragut sobre a responsabilidade: É a ocorrência de um fato qualquer, lícito ou ilícito (morte, fusão, excesso de poderes etc.), e não tipificado como fato jurídico tributário, que autoriza a constituição da relação jurídica entre o Estadocredor e o responsável, relação essa que deve pressupor a existência do fato jurídico tributário. 7 Ao ponderar sobre a matéria, Marcos Vinícius Neder anota que a responsabilidade tributária tem respaldo no CTN, o qual consagra normas gerais sobre sujeição passiva de tal forma a redirecionar a responsabilidade pela dívida tributária do contribuinte para um terceiro, facilitando e tornando mais efetivo o trabalho dos órgãos da administração tributária8, e afirma que a “lei tributária autoriza ao Fisco incluir terceira pessoa, distinta da que pratica o fato jurídico tributário, no polo passivo da obrigação tributária como responsável pelo pagamento do crédito tributário”.9 4 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral das Obrigações. Vol. II. 6. ed. rev. – São Paulo: Saraiva, 2009, p. 35. 5 AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. 10. ed. atual. – São Paulo: Saraiva, 2004, p. 295. 6 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 11. 7 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária: Conceitos Fundamentais. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 11. 8 NEDER, MARCOS Vinícius. Solidariedade de Direito e de Fato – Reflexões acerca de seu Conceito. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 28. 9 NEDER, MARCOS Vinícius. Solidariedade de Direito e de Fato – Reflexões acerca de seu Conceito. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 28. Fl. 15102DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.103 28 O CTN contempla em seus artigos 128 a 138 os casos de responsabilidade tributária, assim distribuídos: Disposição geral (art. 128); Responsabilidade dos sucessores (arts. 129 a 133); Responsabilidade de terceiros (art. 134 e 135) e Responsabilidade por infrações (arts. 136 a 138). O que nos interessa, no momento, é a análise da responsabilidade dos representantes legais de empresas a que se refere o art. 135, III, do CTN, verbis: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: [...] III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Doravante, de modo genérico, o tema será tratado como responsabilidade dos representantes legais de empresas. Elementos da Responsabilidade Tributária do Representante Legal de Empresas Para a caracterização da responsabilidade a que alude o art. 135, III, do CTN, fazse necessário a presença dois elementos: Elemento pessoal: diz respeito ao sujeito que deu azo à ocorrência da infração, ou seja, o executor, partícipe ou mandante da infração. Tratase, na realidade, do administrador da sociedade, independentemente de ser ou não sócio. Assim sendo, não poderão ser incluídos como responsáveis quaisquer sujeitos que não possuam poder de decisão; Elemento fático: necessidade de conduta que implique excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto.10 Desse modo, “não basta ser sócio da empresa (pessoa jurídica), é indispensável que exerça função de administração no período contemporâneo aos fatos geradores”.11 Conforme já salientado, o art. 135, III, do CTN possibilita responsabilizar os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado desde que sejam os responsáveis pela ocorrência do elemento fático que ensejou o nascimento da obrigação tributária. O conceito de diretor é dado pelo art. 144 da Lei nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas: o sócio ou administrador de uma organização é o que possui poderes 10 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 2002. São Paulo: Noeses, 2009, p. 124. 11 BODNAR, Zenildo. Responsabilidade Tributária do SócioAdministrador. 5. reimp. Curitiba: Juruá, 2010, p. 99. Fl. 15103DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.104 29 para representála, inclusive em juízo, bem como para praticar todos os atos necessários ao seu regular funcionamento.12 Já a definição de gerente é trazida pelo Código Civil (art. 1.172 e seguintes): considerase gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Notese que na hipótese de lei não determinar poderes especiais, considerase o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados.13 Maria Rita Ferragut assim conceitua representante: é a pessoa física ou jurídica que, em função de um contrato mercantil, obrigase a obter pedidos de compra e venda de mercadorias fabricadas ou comercializadas pelo representado, não tendo poderes para concluir a negociação em nome do representado. Não possui vínculo empregatício, e sua subordinação tem caráter empresarial, cingindose à organização do exercício da atividade econômica.14 Percebese que, para a caracterização da responsabilidade de que trata o dispositivo legal em questão, fazse necessária a coexistência de dois elementos essenciais em relação a um fato: que seja praticado por um representante legal de empresa e que denote excesso de poder ou infração à lei ou atos constitutivos da pessoa jurídica. Passo à análise do caso concreto. As provas coligidas e sintetizadas no voto condutor do aresto recorrido alhures reproduzido demonstram claramente que todos os Recorrentes participavam, de algum modo, na administração da autuada, percebendo, inclusive prólabore mensal. A prova mais evidente diz respeito a pen drives apreendidos (cujos conteúdo de interesse, arquivo CTB29, item 5 às fls. 933 e 934) que continham planilhas (arquivos em formato excel) com os balanços das empresas da Rede Presidente, inclusive a autuada e com o controle de “saldos” referente aos pagamentos de prólabore aos sócios de fato da autuada, ora Recorrentes. Não desconheço da jurisprudência do STJ que pode ser resumida com a transcrição do Enunciado nº 430 da Súmula do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Mais recentemente, julgouse a matéria sob a égide do disposto no art. 543C do CPC/1973 (“recurso repetitivo”), sendo que a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.101.728/SP, de Relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, consolidou entendimento segundo o qual “a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do 12 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 2002. São Paulo: Noeses, 2009, p. 125. 13 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 2002. São Paulo: Noeses, 2009, p. 126. 14 FERRAGUT, Maria Rita. Responsabilidade Tributária e o Código Civil de 2002. São Paulo: Noeses, 2009, p. 126. Fl. 15104DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.105 30 CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa”. Saliento que o simples inadimplemento da obrigação não pode gerar, de per si, a responsabilidade do administrador da pessoa jurídica. Ao assim dispor, por outro lado, o STJ deixou transparecer que em hipóteses de um inadimplemento, digamos, “qualificado”, podese sim atribuir a responsabilidade de que trata o art. 135 do CTN. Com efeito, não comungo do entendimento daqueles que limitam a aplicação do caput do art. 135 do CTN às hipóteses de cometimento de infração à lei societária, excluindo infrações às leis tributárias. Não me parece ser crível que, em se tratando de uma norma tributária, excluase do rol de infrações, aptas a ensejar a corresponsabilidade, justamente as próprias leis aplicáveis aos tributos. E não se fala aqui de um simples inadimplemento de tributo, mas sim de inadimplemento doloso, penalizado administrativamente com multa de 150% que se aplica somente em casos de sonegação, fraude ou conluio (art. 44, inciso I, c/c § 1º, da Lei nº 9.430/96 e arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64), dando ensejo à representação fiscal para fins penais por cometimento, em tese, de crime contra a ordem tributária a que alude o art. 1º da Lei nº 8.137/90. Doutrina, ainda em que franca minoria, e farta jurisprudência, endossam tal entendimento. O Juiz Federal, Zenildo Bodnar, assim se manifestou a respeito do inadimplemento tributário: Uma vez definido com precisão o que vem a ser “atos práticos com infração à lei”, é fácil concluir que o simples inadimplemento tributário da pessoa jurídica não autoriza a responsabilização do sóciogerente ou administrador, salvo, evidentemente, quando acompanhado de condutas dolosas ou culposas, a exemplo da sonegação fiscal e outras fraudes.15 [grifos nossos] No mesmo sentido, Emanuel Carlos Dantas de Assis dispôs: A diferenciação entre os arts. 134 e 135 do CTN pode ser resumida assim: Art. 134: exigência de culpa, restrição da responsabilidade à obrigação tributária principal e limitação do montante ao valor do tributo, acrescido de juros de multa de mora; Art. 135: exigência de dolo, abrangência da responsabilidade para abarcar as penalidades por descumprimento de obrigação acessória e ampliar o montante, com inclusão da multa de ofício. Como a culpa ou o dolo deve ser comprovado, carece uma interpretação casuística. A solução vai depender de cada situação em concreto. Assim, se por um lado é certo que o simples inadimplemento de tributo se constitui em infração de lei, somente a análise dos fatos e circunstâncias irá demonstrar se o sócio tinha razões ou não para deixar de efetuar o pagamento. 15 BODNAR, Zenildo. Responsabilidade Tributária do SócioAdministrador. Curitiba: Juruá, 2010, p. 128. Fl. 15105DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.106 31 O que não pode é a responsabilidade ser atribuída à pessoa física com supedâneo no art. 134 ou 135, sem qualquer investigação sobre a existência de culpa ou dolo. Permitir que assim aconteça é substituir a responsabilidade subjetiva por outra, objetiva, sem guarida no ordenamento jurídico. Na caracterização do dolo reside a maior dificuldade para as administrações tributárias, na tentativa de responsabilizar os administradores e sócios de sociedades empresárias, por débitos tributários destas. Como demonstrar, afinal, a intenção da pessoa física? O dolo necessário à responsabilidade estatuída no art. 135 é o presente não só nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/1990, no contrabando e descaminho (art. 334 do Código Penal, alterado pela Lei nº 4.729/1965), ou nas infrações tributárias dolosas como sonegação, fraude e conluio (Lei nº 4.502/1964, arts. 71 a 73, respectivamente). [...]16 [grifos nossos] Também em pronunciamentos da PGFN e da Receita Federal podese extrair a mesma exegese de tal dispositivo legal: PARECER/PGFN/CRJ/CAT/Nº 55/2009 [...] 60. Podemos enumerar aqui as conclusões gerais decorrentes da doutrina da responsabilidade subjetiva dos administradores, na forma da jurisprudência hoje pacificada do Superior Tribunal de Justiça: a) O sócio que não possui poderes de gerência não responde pelas obrigações tributárias da sociedade; b) O administrador não responde pelas obrigações tributárias surgidas em período em que não detinha os poderes de gerência; c) A mera ausência de recolhimento de tributos devidos pela pessoa jurídica não pode ser atribuída ao administrador, não respondendo este em razão desse mero inadimplemento da sociedade; d) O administrador só é responsável por atos seus que denotem infração à lei ou excesso de poderes, como, por exemplo, a sonegação fiscal (que é ilícito punível inclusive penalmente) ou a dissolução irregular da sociedade; [grifos nossos] NOTA GT RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA nº 1, de 17 de dezembro de 2010 (Ato conjunto entre ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional e Secretaria da Receita Federal do Brasil. Grupo de Trabalho constituído pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 8 / 2010) 55. Em relação ao excesso de poder, infração à lei, ao contrato social ou estatuto, é oportuno destacar: 16 DANTAS DE ASSIS, Emanuel Carlos. Arts. 134 e 135 do CTN: Responsabilidade Culposa e Dolosa dos Sócios e Administradores de Empresas por Dívidas Tributárias da pessoa Jurídica. In.: NEDER, Marcos Vinicius; FERRAGUT, Maria Rita (Coord.). Responsabilidade Tributária. São Paulo: Dialética, 2007, p. 158159. Fl. 15106DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.107 32 a) Infração ao contrato social ou estatuto – deve ser uma infração a texto expresso do contrato ou estatuto. Ex.: Desenvolver atividade expressamente proibida nos atos constitutivos e alterações. b) Excesso de poder – não precisa haver vedação. Basta não ter previsão no contrato. Ex. Sócio age como gerente, sem ser (a hipótese do art. 135 abrange inclusive o sócio de fato). c) Infração à lei – não precisa ser uma lei tributária, porém, deve ter conseqüências tributárias. 56. Observase que, se há multa qualificada, há responsabilidade pelo art. 135 do CTN, trazendo à responsabilidade os sócios do tempo do fato gerador. [grifos nossos] E a jurisprudência também caminho nesse mesmo sentido. Vejamos: Tribunal Regional Federal da 3ª Região: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OCORRÊNCIA DE OMISSÃO. INTELIGÊNCIA DO AR TIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA DA EMPRESA EXECUTADA. REDIRECIONAMENTO AO SÓCIOGERENTE. DECRETO LEI Nº 1.736/79. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO PARA DAR PROVIMENTO À APELAÇÃO DA UNIÃO E JULGAR PREJUDICADA A APELAÇÃO INTERPOSTA PELO EXECUTADO. 1. Os embargos declaratórios somente podem ser utilizados quando houver no acórdão obscuridade, contradição ou omissão acerca de ponto sobre o qual deveria pronunciarse o Tribunal e não o fez, isso nos exatos termos do artigo 535 do Código de Processo Civil. 2. Assiste razão à embargante, pois efetivamente o acórdão embargado não apreciou detidamente a questão referente a aplicação do artigo 8º do Decreto lei nº 1.736, de 20/12/1979, sendo omissa nesta parte. 3. Os débitos em execução referemse a IRPJFonte, devendo ser aplicado o Artigo 8º do Decretolei nº 1.736/79, porque está autorizado pelo artigo 124, II, do Código Tributário Nacional (são solidariamente obrigadas... as pessoas expressamente designadas por lei... A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem). 4. É correto fixar a responsabilidade dos sóciosgerentes ou administradores nos casos de IPI e imposto de renda retido na fonte, pois nesses casos o não pagamento revela mais que inadimplemento, mas também o descumprimento do dever jurídico de repassar ao erário valores recebidos de outrem ou descontados de terceiros, tratandose de delito de sonegação fiscal previsto na Lei nº 8.137/90, o que atrai a responsabilidade prevista no artigo 135 do Código Tributário Nacional (infração a lei). 5. Recurso provido para dar provimento à apelação da União e julgar prejudicada a apelação interposta pelo executado. (Embargos de Declaração em Apelação Cível Nº 0509878 53.1997.4.03.6182/SP, Relator Desembargador Federal JOHONSOM DI SALVO, Sexta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, sessão de 24/10/2013) [grifos nossos] Fl. 15107DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.108 33 Tribunal Regional Federal da 4ª Região: EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO. REDIRECIONAMENTO. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA. 1. A jurisprudência da 1ª Seção desta Corte firmouse, em consonância com entendimento atual da 1ª e da 2ª Turmas do Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que o redirecionamento contra o sóciogerente somente tem lugar com início de prova de que o sócio agiu com excesso de mandato ou infringência à lei ou estatuto, não decorrendo da simples inadimplência no recolhimento de tributos. 2. Nos casos em que a empresa deixa de recolher aos cofres públicos as contribuições previdenciárias descontadas dos segurados empregados, é possível a responsabilização solidária dos sócios, pois configura infração expressa à lei, não em razão do mero inadimplemento, mas em virtude da prática, em tese, de infração penal (apropriação indébita de contribuições previdenciárias 168A do CP). (EMBARGOS INFRINGENTES Nº 2006.70.99.0020750/PR, Relatora Juíza VÂNIA HACK DE ALMEIDA, 1ª Seção do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, decisão unânime, sessão de 04 de junho de 2009) [grifos nossos] Superior Tribunal de Justiça – STJ – Primeira Turma: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NOVO PEDIDO DE REDIRECIONAMENTO PARA O SÓCIO GERENTE. ART. 135 DO CTN. POSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA EM CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL. CONFIRMADO. 1. Os efeitos da decisão, já transitada em julgado, que indeferiu anterior pedido de redirecionamento, não irradia efeitos de coisa julgada apta a impedir novo pedido de redirecionamento na mesma execução fiscal em face da existência de sentença condenatória em crime de sonegação fiscal, confirmada pelo Tribunal de 2º grau e com Habeas Corpus pendente de julgamento no STJ, porquanto aquele pleito inicial está fulcrado apenas em mero inadimplemento fiscal. 2. O redirecionamento da execução fiscal, e seus consectários legais, para o sóciogerente da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução irregular da empresa. A condenação em crime de sonegação fiscal é prova irrefutável de infração à lei. 3. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 935839/RS, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, decisão unânime, sessão de 05 de março de 2009) [grifos nossos] Conforme se observa, ao se tratar não de um simples inadimplemento, mas sim de um inadimplemento qualificado, doloso, caracterizado por conduta fraudulenta e com Fl. 15108DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.109 34 repercussões na esfera criminal, incide o disposto no art. 135 do CTN, implicando que os administradores da pessoa jurídica (inciso III), os quais respondem, inclusive, na seara criminal, sejam também responsabilizados pela obrigação tributária. Entendo ser desarrazoado pensar que o responsável pela administração da pessoa jurídica possa vir a ser responsabilizado penalmente, inclusive com restrições ao seu direito de ir e vir, e não possa, diante dos mesmos fatos, responder também pela obrigação tributária correspondente. Portanto, nas hipóteses em que se mostra correta a qualificação da penalidade com esteio no art. 44, inciso I, c/c § 1º, da Lei nº 9.430/96 e arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, incide, automaticamente, a responsabilidade tributária dos administradores da pessoa jurídica que, à época da ocorrência dos respectivos fatos geradores, também poderão vir a ser responsabilizados pelo cometimento de crimes contra a ordem tributária. Por fim, tal implicação não possui correspondência biunívoca, ou seja, não se pode fazer o raciocínio inverso a ponto de se concluir que, na ausência de tal penalidade qualificada, não incidiria a responsabilidade tributária de que trata o art. 135, III, do CTN. Isso porque há hipóteses em que sequer é necessário o lançamento de ofício do crédito tributário para que o responsável legal da pessoa jurídica responda pelo crédito tributário, como, por exemplo, nos casos de apropriação indébita previdenciária (art. 168A do Código Penal) e na apropriação indébita de que trata como crime contra a ordem tributária pela art. 2º, inciso II, da Lei nº 8.137/90 (falta de recolhimento de imposto de renda retido na fonte e de IPI destacado na nota fiscal, por exemplo). Em tais hipóteses, basta o contribuinte declarar o débito e não recolhêlo para que o administrador da pessoa jurídica, ao lado da própria empresa, passe a responder pelo débito correspondente, sem que haja necessidade sequer da realização do lançamento de ofício, e, muito menos, de penalidade qualificada. No presente caso, contudo, já analisei que restou comprovado o intuito doloso (fraude e sonegação), razão mais do que suficiente para manutenção da multa qualificada, e por todo o exposto, a manutenção da coobrigação imputada aos Recorrentes com base no art. 135, III, do CTN. Ainda que discordem de tal conclusão, há de se levar em consideração, no presente caso, que a autuada estava, sem sombra de dúvidas e conforme já analisado, em nome de interpostas pessoas (“laranjas”), havendo comprovada confusão patrimonial entre as empresas do grupo e seus reais proprietários, ora Recorrentes. Em casos idênticos este colegiado vem decidindo que nos lançamentos em que reste configurado que a pessoa jurídica autuada encontrase em nome de interpostas pessoas, mas o fato gerador correspondente não tem qualquer correlação com tal interposição (por exemplo, depósitos bancários, sem comprovação de origem, nas próprias contas da pessoa jurídica autuada – art. 42 da Lei nº 9.430/96), não há incidência de multa qualificada, mas os reais proprietários de tal pessoa jurídica devem responder pelo crédito tributário correspondente, quer por força do art. 124, I, do CTN, quer pelo disposto no art. 135, III, do CTN quando demonstrados que administravam tal pessoa jurídica (Acórdão 1402002.210, sessão de 08 de junho de 2016). A respeito do art. 124, I, do CTN, destaco o entendimento comumente adotado pelo i. Conselheiro Leonardo de Andrade Couto: Fl. 15109DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.110 35 [...] Já a solidariedade obrigacional dos devedores prevista no inciso I, do art. 124 é definida pelo interesse comum ainda que a lei seja omissa, pois tratase de norma geral. Justamente por não ter sido definida pela lei, a expressão “interesse comum” é imprecisa, questionável, abstrata e mostrase inadequada para expor com exatidão a condição em que se colocam aqueles que participam da realização do fator gerador. Daí a fragilidade do inciso I, do mencionado art. 124, do CTN; muitas vezes utilizado de forma equivocada para estabelecer uma espécie de sujeição passiva de forma indireta. Para que haja solidariedade com supedâneo no art. 124, I do CTN, é preciso que todos os devedores tenham um interesse focado exatamente na situação que constitua o fato gerador da obrigação tributária. Ainda que mais de uma pessoa tenha interesse comum em algum fato, para que haja solidariedade tributária é necessário que o objeto deste interesse recaia sobre a realização do fato que tem a capacidade de gerar a tributação. 17 Mais ainda, é necessário que o interesse comum não seja simplesmente econômico mas sim jurídico, entendendose como tal aquele derivado de uma relação jurídica de qual o sujeito de direito seja parte integrante, e que interfira em sua esfera de direitos e deveres e o legitima a postular em juízo em defesa do seu interesse.18 Entendo que uma vez comprovado que os proprietários de fato da autuada não constavam em seu quadro societário, aliado à confusão patrimonial entre esses e a pessoa jurídica autuada, implica reconhecer o interesse comum a que alude o art. 124, I, do CTN. No presente caso, portanto, quer com base no art. 135, III, ou ainda no art. 124, I, ambos do CTN, justificase a inclusão dos Recorrentes no polo passivo da relação tributária. Assim sendo, voto por manter a imputação de responsabilidade tributária aos coobrigados. 4.4 TAXA SELIC No que tange ao questionamento da aplicação da taxa Selic, a matéria encontrase absolutamente pacificada no âmbito do CARF, tendo sido alvo, inclusive de súmula, cujo enunciado número 4 recebeu a seguinte redação: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Conforme determina o caput do art. 72 do Regimento Interno do CARF, os enunciado da súmula CARF são de observância obrigatória por parte de seus membros. Desse modo, correta a aplicação da taxa Selic sobre os tributos apurados. 17 BARCELOS, Soraya Marina. Os Limites da Obrigação Tributária Solidária Prevista no art. 124 do Código Tributário Nacional e o Princípio da Preservação da Empresa. Disponível em http://www.mcampos.br/posgraduacao/Mestrado/dissertacoes/2011. Acesso em 31/08/2012. 18 idem Fl. 15110DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.111 36 4.5 DA INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE A MULTA DE OFÍCIO Por fim, alegaram os Recorrentes que a cobrança de juros sobre a multa de ofício seria ilegal. Observase, inicialmente, que a questão tem sido objeto intenso debate pela Câmara Superior, haja vista que, num lapso de poucos meses, ocorreram votações em sentidos opostos, ambos decididos por maioria apertada de votos, como se verifica dos acórdãos n° 910100539, de 11/03/2010, e n° 910100.722, de 08/11/2010. Abstraindose de argumentos finalísticos, como o enriquecimento ilícito do Estado, os quais fogem à alçada deste tribunal administrativo, conforme determina a Súmula CARF n° 2, expõese os fundamentos considerados suficientes para justificar a cobrança nos presentes autos, com espelho no acórdão n° 910100539, de 11/03/2010, de lavra da Conselheira Viviane Vidal Wagner: O conceito de crédito tributário, nos termos do art. 139 do CTN, comporta tanto tributo quanto penalidade pecuniária. Uma interpretação literal e restritiva do caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96, que regula os acréscimos moratórios sobre débitos decorrentes de tributos e contribuições, pode levar à equivocada conclusão de que estaria excluída desses débitos a multa de ofício. Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito". Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. É a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Fl. 15111DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.112 37 Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema. O art. 161 do CTN não distingue a natureza do crédito tributário sobre o qual deve incidir os juros de mora, ao dispor que o crédito tributário não pago integralmente no seu vencimento é acrescido de juros de mora, independentemente dos motivos do inadimplemento. Nesse sentido, no sistema tributário nacional, a definição de crédito tributário há de ser uniforme. De acordo com a definição de Hugo de Brito Machado (2009, p.172), o crédito tributário "é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional, por força do qual o Estado (sujeito ativo) pode exigir do particular, o contribuinte ou responsável (sujeito passivo), o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária (objeto da relação obrigacional)." A obrigação tributária principal referente à multa de ofício, a partir do lançamento, convertese em crédito tributário, consoante previsão do art. 113, §1°, do CTN: Art. 113 A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1° A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito tributário dela decorrente. (destacouse) A obrigação principal surge, assim, com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, o que inclui a multa de ofício proporcional. A multa de ofício é prevista no art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996, e é exigida "juntamente com o imposto, quando não houver sido anteriormente pago''" (§1°). Assim, no momento do lançamento, ao tributo agregase a multa de ofício, tornandose ambos obrigação de natureza pecuniária, ou seja, principal. A penalidade pecuniária, representada no presente caso pela multa de ofício, tem natureza punitiva, incidindo sobre o montante não pago do tributo devido, constatado após ação fiscalizatória do Estado. Os juros moratórios, por sua vez, não se tratam de penalidade e têm natureza indenizatória, , compensarem o atraso na entrada dos recursos que seriam de direito da União. A própria lei em comento traz expressa regra sobre a incidência de juros sobre a multa isolada. Fl. 15112DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.113 38 Eventual alegação de incompatibilidade entre os institutos é de ser afastada pela previsão contida na própria Lei n° 9.430/96 quanto à incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. O parágrafo único do art. 43 da Lei n° 9.430/96 estabeleceu expressamente que sobre o crédito tributário constituído na forma do caput incidem juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O art. 61 da Lei n° 9.430, de 1996, ao se referir a débitos decorrentes de tributos e contribuições, alcança os débitos em geral relacionados com esses tributos e contribuições e não apenas os relativos ao principal, entendimento, dizia então, reforçado pelo fato de o art. 43 da mesma lei prescrever expressamente a incidência de juros sobre a multa exigida isoladamente. Nesse sentido, o disposto no §3° do art. 950 do Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (RIR/99) exclui a equivocada interpretação de que a multa de mora prevista no caput do art. 61 da Lei n° 9.430/96 poderia ser aplicada concomitantemente com a multa de ofício. Art.950. Os débitos não pagos nos prazos previstos na legislação específica serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento por dia de atraso (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61). §1°A multa de que trata este artigo será calculada a partir do primeiro dia subseqüente ao do vencimento do prazo previsto para o pagamento do imposto até o dia em que ocorrer o seu pagamento (Lei n° 9.430, de 1996, art. 61, §1°). §2°O percentual de multa a ser aplicado fica limitado a vinte por cento (Lei n°9.430, de 1996, art. 61, §2°). §3°A multa de mora prevista neste artigo não será aplicada quando o valor do imposto já tenha servido de base para a aplicação da multa decorrente de lançamento de ofício. A partir do trigésimo primeiro dia do lançamento, caso não pago, o montante do crédito tributário constituído pelo tributo mais a multa de ofício passa a ser acrescido dos juros de mora devidos em razão do atraso da entrada dos recursos nos cofres da União. No mesmo sentido já se manifestou a Câmara Superior de Recursos Fiscais quando do julgamento do Acórdão n° CSRF/0400.651, julgado em 18/09/2007, com a seguinte ementa: JUROS DE MORA MULTA DE OFÍCIO OBRIGAÇÃO PRINICIPAL A obrigação tributária principal surge com a ocorrência do fato gerador e tem por objeto tanto o Fl. 15113DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.114 39 pagamento do tributo como a penalidade pecuniária decorrente do seu não pagamento, incluindo a multa de ofício proporcional. O crédito tributário corresponde a toda a obrigação tributária principal, incluindo a multa de oficio proporcional, sobre o qual, assim, devem incidir os juros de mora à taxa Selic. Cabe referir, ainda, a Súmula Carf n° 5: "São devidos juros de mora sobre o crédito tributário não integralmente pago no vencimento, ainda que suspensa sua exigibilidade, salvo quando existir depósito no montante integral." Diante da previsão contida no parágrafo único do art. 161 do CTN, buscase na legislação ordinária a norma complementar que preveja a correção dos débitos para com a União. Para esse fim, a partir de abril de 1995, temse a taxa Selic, instituída pela Lei n° 9.065, de 1995. No âmbito do Poder Judiciário, a jurisprudência é forte no sentido da aplicação da taxa de juros Selic na cobrança do crédito tributário, como se vê no exemplo abaixo: REsp 1098052 / SP RECURSO ESPECIAL2008/02395728 Relator(a) Ministro CASTRO MEIRA (1125) Órgão Julgador T2 SEGUNDA TURMA Data do Julgamento 04/12/2008 Data da Publicação/Fonte DJe 19/12/2008 Ementa PROCESSUAL CIVIL. OMISSÃO. NÃOOCORRÊNCIA. LANÇAMENTO. DÉBITO DECLARADO E NÃO PAGO. PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO. DESNECESSIDADE. TAXA SELIC. LEGALIDADE. 1. É infundada a alegação de nulidade por maltrato ao art. 535 do Código de Processo Civil, quanto o recorrente busca tãosomente rediscutir as razões do julgado. 2. Em se tratando de tributos lançados por homologação, ocorrendo a declaração do contribuinte e na falta de pagamento da exação no vencimento, a inscrição em dívida ativa independe de procedimento administrativo. 3. É legítima a utilização da taxa SELIC como índice de correção monetária e de juros de mora, na atualização dos créditos tributários (Precedentes: AgRg nos EREsp 579.565/SC, Primeira Seção, Rel. Min. Humberto Martins, DJU de 11.09.06 e AgRg nos EREsp 831.564/RS, Primeira Seção, Rel. Min. Eliana Calmon, DJU de 12.02.07). Fl. 15114DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.115 40 No âmbito administrativo, a incidência da taxa de juros Selic sobre os débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal foi pacificada com a edição da Súmula CARF n° 4, de observância obrigatória pelo colegiado, por força de norma regimental (art. 72 do RICARF), nos seguintes termos: Súmula CARF n° 4: A partir de 1° de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. No que se refere ao período de 01/01/1995 a 31/12/1996, sustentam alguns que o Parecer MF/SRF/Cosit nº 28/98 teria deixado claro não ser exigível a incidência de juros sobre a multa de ofício tendo em vista as disposições do inciso I, do art. 84, da Lei nº 8.981/95. O mencionado Parecer, ainda que conclua pela incidência dos juros sobre a multa de ofício para fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/1997, de fato manifestase nos termos dessa tese. Entretanto, constatase que o referido Ato Administrativo não levou em consideração a alteração legislativa trazida pela MP nº 1.110, de 30/08/95, que acrescentou o § 8º ao art. 84, da Lei 8.981/95, e que estendeu os efeitos do disposto no caput aos demais créditos da Fazenda Nacional cuja inscrição e cobrança como Dívida Ativa da União seja de competência da Procuradoria da Fazenda Nacional. Cumpre esclarecer ainda que as três turmas da Câmara Superior, em decisões recentes, vêm confirmando a incidência de juros moratórios sobre a multa de ofício (Acórdãos 9101001.863, 9202003.150 e 9303002.400). Por fim, corroborando o aqui exposto, o STJ vem firmando entendimento no mesmo sentido, entendendo que os juros moratórios incidem sobre a multa de ofício, conforme se observa na ementa a seguir reproduzida: DIREITO TRIBUTÁRIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA SOBRE MULTA FISCAL PUNITIVA. É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário. Precedentes citados: REsp 1.129.990 PR, DJe 14/9/2009, e REsp 834.681MG, DJe 2/6/2010. AgRg no REsp 1.335.688PR, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 4/12/2012. Ressaltase ainda que, em recentes julgados o STJ decidiu que, no âmbito do parcelamento especial previsto na Lei nº 11.941/2009, as remissões previstas em tal dispositivo legal para as multas de mora e de ofício não autorizam aplicações de reduções superiores às fixadas na mesma lei (45%) para os juros de mora incidentes sobre tais penalidades, ou seja, visto sob outro enfoque, reafirmouse o entendimento de que incidem juros moratórios sobre as multas de mora e de ofício. Tal exegese pode ser observada no REsp 1.492.246/RS (Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, segunda turma, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015) e no REsp 1.510.603–CE (Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015), em relação ao qual transcrevese a seguir sua ementa: Fl. 15115DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Processo nº 10835.721998/201343 Acórdão n.º 1402002.257 S1C4T2 Fl. 15.116 41 TRIBUTÁRIO. PARCELAMENTO. 11.941/2009. REMISSÃO DE MULTA EM 100%. DESINFLUÊNCIA NA APURAÇÃO DOS JUROS DE MORA. PARCELAS DISTINTAS. PRECEDENTE. 1. "Em se tratando de remissão, não há qualquer indicativo na Lei n. 11.941/2009 que permita concluir que a redução de 100% (cem por cento) das multas de mora e de ofício estabelecida no art. 1º, §3º, I, da referida lei implique uma redução superior à de 45% (quarenta e cinco por cento) dos juros de mora estabelecida nos mesmo inciso, para atingir uma remissão completa da rubrica de juros (remissão de 100% de juros de mora), como quer o contribuinte " (REsp 1.492.246/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015.). 2. Consequentemente, a Lei n. 11.941/2009 tratou cada parcela componente do crédito tributário (principal, multas, juros de mora e encargos) de forma distinta, de modo que a redução percentual dos juros moratórios incide sobre as multas tão somente após a apuração atualizada desta rubrica (multa). Recurso especial provido. REsp 1.510.603–CE, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 20/08/2015. Assim sendo, voto por manter tal exigência. 5 CONCLUSÃO Isso posto, voto por não conhecer do recurso nas questões atinentes a confisco e a inconstitucionalidade de lei, e, na parte conhecida: I) rejeitar i) as preliminares de nulidade do lançamento e da decisão de primeira instância; (ii) o pedido de produção de provas, iii) a decadência; e: II) no mérito, negar provimento aos recursos voluntários. (assinado digitalmente) FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO Relator Fl. 15116DF CARF MF Impresso em 22/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO, Assinado digitalmente em 22/08/2016 por LEONARDO DE ANDRADE COUTO, Assinado digitalmente em 18/08/2016 por FERNANDO BRASIL DE OLIVEIRA PINTO
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Numero do processo: 10166.720279/2012-54
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 20 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2009
DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE.
Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade.
O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98.
JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA A FLUÊNCIA
Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício.
O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-005.493
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e por maioria negar-lhe provimento, vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci que dava provimento.
(assinado digitalmente)
Kleber Ferreira de Araújo - Presidente
(assinado digitalmente)
Mário Pereira de Pinho Filho - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior.
Nome do relator: MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2009 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA A FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 16; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2023; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 142 1 141 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10166.720279/201254 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 2402005.493 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 20 de setembro de 2016 Matéria IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Recorrente ANTONIO ADALMIR FERNANDES Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2009 DESPESA COM PENSÃO ALIMENTÍCIA. PAGAMENTO POR LIBERALIDADE. INDEDUTIBILIDADE. Não são dedutíveis da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Física valores pagos a título de pensão alimentícia em decorrência de acordo homologado judicialmente quando não haja dissolução da sociedade conjugal ou o responsável pelo pagamento da pensão mantenha residência em comum com os alimentandos, pois tais valores são decorrentes do poder de família e do dever de sustento, assistência e socorro aos familiares e não do dever obrigacional de prestar alimentos. A pensão paga em desconformidade com as normas do Direito de Família constitui mera liberalidade. O pagamento de pensão alimentícia, por liberalidade, não está sujeito à dedução da base de cálculo do imposto de renda. Inteligência do enunciado da Súmula CARF nº 98. JUROS E MULTA DE MORA. TERMO INICIAL PARA A FLUÊNCIA Não há incidência de multa de mora em relação a créditos tributários decorrentes de lançamento de ofício. O termo inicial para a fluência de juros de mora está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento do tributo. Recurso Voluntário Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 02 79 /2 01 2- 54 Fl. 142DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e por maioria negarlhe provimento, vencido o Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci que dava provimento. (assinado digitalmente) Kleber Ferreira de Araújo Presidente (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Kleber Ferreira de Araújo, Mário Pereira de Pinho Filho, Bianca Felícia Rothschild, João Victor Ribeiro Aldinucci, Ronnie Soares Anderson, Theodoro Vicente Agostinho, Túlio Teotônio de Melo Pereira e Amilcar Barca Teixeira Júnior. Fl. 143DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 143 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra acórdão da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo I – DRJ/SP1, que julgou procedente Notificação de Lançamento de Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF), fls. 19/22, relativa ao ano calendário 2008 / exercício 2009, a qual resultou em imposto suplementar no valor de R$ 21.914,71 (vinte e um mil, novecentos e catorze reais e setenta e um centavos). De acordo com a Notificação de Lançamento, o crédito foi constituído em razão da glosa de valores deduzidos a título de pensão alimentícia, de R$ 79.689,88 (setenta e nove mil, seiscentos e oitenta e nove reais e oitenta e oito centavos), por falta de comprovação ou por falta de previsão legal para a sua dedução. Ainda de acordo com a Notificação de Lançamento: “O acordo homologado judicialmente e apresentado à RFB não oferece amparo legal para que se deduza, do IRPF, os valores pagos aos filhos e à esposa. Não houve divórcio, nem separação de bens, nem dissolução da sociedade conjugal. Os cônjuges vivem como casal. O pai paga pensão aos filhos e à esposa por mera liberalidade, o que não dá suporte à dedução (coabitação, natureza de dever familiar. Não há obrigação de prestar alimentos).” O Recorrente apresentou impugnação (fls. 3/18), em 16/01/2012. Por bem retratar as alegações apresentadas pelo contribuinte na peça impugnatória, reproduzse o trecho correspondente do Acórdão nº 1651.875 da 15ª Turma da DRJ/SP1: a pensão foi paga aos filhos maiores de idade e à esposa e conforme consta da petição inicial do acordo, foi esclarecido ao Poder Judiciário que o casal morava sob o mesmo teto, sendo relevante frisar que essa situação fática não foi levada em consideração pelo juiz para fins de homologação do ajuste, porque o que importavam eram outros fatores existentes entre o relacionamento do casal, que buscava a homologação do acordo com o intuito de prevenir quanto ao resultado de discordâncias, tendo entendido que, dessa forma, estariam resguardados os interesses dos filhos, caso viesse ocorrer o insucesso conjugal de seus progenitores, que esteve em risco por diversas vezes; o casal se empenhou e se esforçou bravamente para não se separar, buscando, por todas as forças e meios, manter o casamento e a estabilidade da família, apenas na aparência, como forma exclusiva para apoiar e propiciar plena estabilidade, estrutura e formação moral de seus filhos; na verdade as pessoas estão separadas de fato, situação jurídica essa, que data vênia, não autoriza interpretação que objetive diferenciála dos casos homologados por decisão judicial ou escritura pública, uma vez que os efeitos jurídicos e legais só se farão presentes por ocasião de eventual partilha de bens do casal; Fl. 144DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 4 na forma da legislação de regência, os beneficiários da pensão tinham a incumbência do recolhimento normal das parcelas mensais devidas do imposto de renda, o que significa dizer que lhes foi transferido o ônus da responsabilidade fiscal, não havendo prejuízo aos cofres públicos; é de causar espécie verificar que, na via administrativa, um parecer técnico, baseado em Acórdãos da própria Secretaria da Receita Federal desconsidere o teor e os efeitos legais decorrentes de uma sentença judicial transitada em julgado; a coisa julgada pode ser modificada, porém a discussão da matéria deve ser agitada em nova relação processual, tão somente na via judicial, e não no âmbito administrativo, que não tem competência legal para negarlhe vigência; não cabe ao intérprete da norma restringir o que o legislador não o fez; a jurisprudência pátria vem se posicionando nesse sentido. Traz à colação aresto do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, o qual se encaixa como luva no caso em exame; nos termos dos seus arts. 4º, inciso II, e 8º, inciso II, alínea “f”, que estabelece que tão somente que são passiveis de dedução os valores pagos a título de pensão alimentícia, por força de decisão judicial, fundada em normas do Direito de Família, não fazendo restrição quanto a qualquer espécie de condição para a validade do abatimento dos citados valores; as próprias orientações da Secretaria da Receita Federal do Brasil são claríssimas quanto à possibilidade da dedução dos valores pagos a título de pensão alimentícia, sequer fazendo alusão sobre essa estranha figura de liberalidade, como realmente não poderia fazer, por não ter base legal para tanto; impende trazer à baila a jurisprudência dominante nas Cortes Superiores de Justiça, consagrando, de forma clara e induvidosa, o pleno usufruto do direito consubstanciado nas normas legais vigentes no país, segundo as quais, no contexto atual, não existem quaisquer atos que impeçam ou restrinjam a dedução objeto desta impugnação. Transcreve julgados do TRF da 1ª Região sobre o tema; é importante esclarecer que em 10/02/2010, a situação do postulante foi objeto de exame dessa Secretaria da Receita Federal, da lavra de Auditor Fiscal diferente do atual, tendo sido expedida a respectiva notificação de lançamento, determinando a correção do procedimento para a dedução da parcela referente ao 13º Salário, no valor de R$ 3.636,53, do montante da pensão alimentícia, por ter sido considerado indevido o abatimento do imposto de renda, uma vez que se trata de quantia sujeita a tributação exclusiva; após a aludida análise, o auditor fiscal considerou como regular a dedução do valor da pensão alimentícia da base de cálculo do imposto de renda. A matéria em apreço não comportaria nova apreciação, porque, em 10 de fevereiro de 2010, essa Secretaria da Receita reconheceu, após seu acurado Fl. 145DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 144 5 exame, a correção e a legalidade dos procedimentos até então adotados; por fim, requer que seja acolhida a impugnação. A DRJ/ SP1, julgou a impugnação improcedente (Acórdão de Impugnação de fls. 43/51), por entender “que não tendo o contribuinte deixado de coabitar com sua cônjuge e com seus filhos, a prestação de alimentos, ainda que homologada judicialmente, foi prestada por mera liberalidade”. Por ocasião do recurso voluntário (fls. 58/138), o contribuinte reitera as razões da impugnação e acrescenta que: a) a afirmação que consta do acórdão, de que não existe divórcio nem separação judicial do casal pode não condizer com a realidade, pois desarrazoado se afirmar isso sem ter a convicção do que realmente acontece com o relacionamento das pessoas; b) o acordo foi homologado em estrita observância do rito próprio, com pleno amparo no Código Civil, sem subterfúgios ou qualquer espécie de enganação; c) tendo em vista que o acordo se encerrava em um procedimento consensual, não havia necessidade de serem declinados os motivos que levaram o casal a propôlo; d) é possível a prestação de alimentos entre cônjuges casados e filhos que coabitam com os provedores de alimentos. Transcreve arestos doutrinários acerca do tema; e) causa estranheza o fato de que parecer técnico (Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8 de fevereiro de 2012) e acórdão de primeira instância administrativa tentem desconsiderar o teor e os efeitos legais decorrentes de sentença judicial transitada em julgado, que, com amparo na Constituição, fez coisa julgada, princípio constitucional protegido como direito fundamental pelo ordenamento jurídico pátrio; f) a coisa julgada somente pode ser modificada em nova relação processual, pela via judicial; g) inexiste norma legal vedando o procedimento adotado pelo Recorrente, não sendo permitido ao intérprete da norma restringir o que o legislador não o fez; h) a jurisprudência pátria vem se firmando pela possibilidade de abatimento da base de cálculo do Imposto de Renda dos pagamentos referentes a pensão alimentícia. Transcreve decisões judiciais a esse respeito; i) sobre os questionamentos acerca do pagamento de pensão aos filhos de idade elevada, não existe procedência porque para a oferta de alimentos entre parentes não há limitação legal que impeça pessoas adultas de se socorrerem por essa via. O art. 1.694 do Código Civil não estabelece limite de idade para os beneficiários de alimentos, nem faz referência à sua capacidade civil; j) a jurisprudência reconhece que a maioridade não é motivo para que o pai fique desonerado de prestar alimentos aos filhos, quanto mais pela necessidade de se dar integral cumprimento a acordo judicialmente homologado; Fl. 146DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 6 k) a lei e as orientações da Secretaria da Receita Federal do Brasil são pela possibilidade da dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia e não fazem restrição a limite de idade; l) decisões reiteradas do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF são também pela possibilidade da dedução da pensão. Transcreve trechos de decisões relativas ao direito de dedução de pensão alimentícia; m) invoca os institutos jurídicos do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada para respaldar sua pretensão que, segundo afirma, se equipara as situações reconhecidas pelas decisões do CARF; n) a medida imposta pela Secretaria da Receita Federal do Brasil significa a cassação, pela via administrativa, de acordo homologado por medida judicial, pela nulidade de seus efeitos no que tange o direito de o Recorrente deduzir a pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF; o) embora as decisões judiciais e administrativas não tenham o condão de beneficiar àqueles que não integram a lide, servem para acenar que a legislação pátria deve ser respeitada quanto às finalidades para as quais foram instruídas; p) a Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8/2012, que balizou a decisão da DRJ/SP1, somente se aplicaria às situações surgidas a partir de sua publicação (8/2/12), mas, mesmo assim, não se prestaria a anular a eficácia da decisão judicial que ampara a dedução em apreço. Cita o art. 6º, § 2º da Lei de Introdução ao Código Civil, e decisão judicial a respeito da impossibilidade de retroatividade de normas legais; q) é da essência do Direito de Família que os pagamentos dos alimentos amparados por acordo homologado judicialmente, são integralmente dedutíveis da base de cálculo do IRPF, pois impossibilidade de dedução implicaria em bis in idem; r) a discussão da glosa das deduções ainda se encontram na esfera administrativa, não sendo justo que se impere a imposição de sanção, com amparo nos princípios da ampla defesa e do contraditório, não havendo nos autos demonstração quanto à demora no pagamento do tributo a ensejar a aplicação de multa de mora, aplicandose o mesmo aos juros de mora; s) ao contrário do que se teria afirmado na decisão de primeira instância, os alimentos foram efetivamente repassados aos beneficiários que, inclusive, recolheram o IRPF respectivo; t) caso mantida a glosa das deduções, que o imposto pago pelos alimentandos seja deduzido do saldo imposto a pagar, indicado na fl. 52, como forma de se evitar bis in idem; u) não houve a mínima preocupação nos pareceres do fisco quanto à possibilidade de ser considerada a esposa do recorrente como sua dependente legal e ao abatimento de suas despesas médicas e odontológicas da Declaração de Ajuste Anual – DAA do Recorrente; v) a Receita Federal do Brasil, mediante procedimento fiscal realizado em 2010, teria validado a conduta adotada pelo contribuinte, o que não comportaria nova análise, por contrariar os princípios constitucionais da segurança e da certeza jurídica. Requer, por fim, que seja cancelada a Notificação de Lançamento. É o relatório. Fl. 147DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 145 7 Voto Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho Relator O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade, portanto, dele conheço. Do Mérito No que se refere à possibilidade de dedução de valores pagos a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF, o inciso II do art. 4º e a alínea “f” do art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, dispõem: Art. 4º. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: [...] II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; [...] Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: [...] f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Grifei) O Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – Regulamento do Imposto de Renda (RIR), regulamenta a hipótese de dedução dos valores pagos a título de pensão alimentícia, nos seguintes termos: Art. 78. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida a importância paga a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, inclusive a prestação de alimentos provisionais (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso II). Fl. 148DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 8 § 1º A partir do mês em que se iniciar esse pagamento é vedada a dedução, relativa ao mesmo beneficiário, do valor correspondente a dependente. § 2º O valor da pensão alimentícia não utilizado, como dedução, no próprio mês de seu pagamento, poderá ser deduzido nos meses subseqüentes. § 3º Caberá ao prestador da pensão fornecer o comprovante do pagamento à fonte pagadora, quando esta não for responsável pelo respectivo desconto. § 4º Não são dedutíveis da base de cálculo mensal as importâncias pagas a título de despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). § 5º As despesas referidas no parágrafo anterior poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração anual, a título de despesa médica (art. 80) ou despesa com educação (art. 81) (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 3º). (Grifei) Da leitura das disposições normativas encimadas, verificase que as deduções a título de pensão alimentícia da base de cálculo do IRPF visam substituir os abatimentos realizados em relação ao imposto, relativos aos dependentes, suas despesas médico odontológicas e com educação, dentre outros, por ocasião do rompimento da sociedade conjugal. Nesse sentido, tornase relevante ao deslinde das controvérsias objeto da presente lide o conceito de dependente para os fins da legislação do Imposto de Renda. A esse respeito, dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: I o cônjuge; II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; III a filha, o filho, a enteada ou o enteado, até 21 anos, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; IV o menor pobre, até 21 anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial; V o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais, até 21 anos, desde que o contribuinte detenha a guarda judicial, ou de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; VII o absolutamente incapaz, do qual o contribuinte seja tutor ou curador. § 1º Os dependentes a que se referem os incisos III e V deste artigo poderão ser assim considerados quando maiores até 24 anos de idade, se ainda estiverem cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau. [...] Fl. 149DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 146 9 De se notar que as normas que disciplinam as hipóteses de dedução de despesas com pensão alimentícia na Declaração de Ajuste Anual – DAA determinam que essa dedução deve obedecer cumulativamente aos seguintes requisitos: i) a comprovação do efetivo pagamento aos alimentandos; ii) que esses pagamentos decorram do cumprimento de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública de separação ou divórcio consensual; iii) que a pensão tenha sido paga em face das normas do Direito de Família; e iv) que os alimentos se destinem a substituir as despesas havidas com os dependentes do contribuinte no contexto da sociedade conjugal. No caso que ora se analisa, temse que o contribuinte deduziu de sua DAA valores relacionados a pensões alimentícias decorrentes de acordo homologado judicialmente, destinado aos filhos, todos de idade superior ao definido na legislação do imposto de renda e sem outras características que lhes possam atribuir a qualidade de dependente; e à esposa. Outro fato suscitado na Notificação de Lançamento é que o acordo de oferta de alimentos foi implementado sem dissolução da sociedade conjugal. Ações de oferta de alimentos podem ter por base o art. 24 da Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968, que dispõe: Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por motivo, que não necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimento a que está obrigado. Vejase que para esse tipo de ação, ainda que a lei não exija que a parte responsável pelo sustento da familiar declare o motivo que a fez deixar a residência da família, exige que a deixe pela seguinte razão: remanescendo a coabitação, não existem motivos para pagamentos de alimentos. No presente caso, entretanto, o contribuinte optou por ingressar com ação de oferta de alimentos para que fossem homologadas judicialmente as pensões que se propunha a pagar aos filhos e à esposa, sem rompimento da unidade familiar, o que evidencia a falta de conexão entre objeto pretendido pelo art. 24 da Lei 5.478/68 e o fim alcançado pelo acordo judicial. Assim, subsiste o dever de sustento familiar, o que não se confunde com o de prestar alimentos. Nesse sentido, irretocáveis as conclusões extraídas do acórdão da DRJ/SP1 as quais se faz mister reproduzir: No caso em questão, o contribuinte é casado e decidiu ingressar com Ação de Ofertas de Alimentos, com fundamento no art. 24, da Lei 5.478/68, para que fosse homologada judicialmente a pensão que se propunha a pagar. A Lei não exige que a parte responsável pelo sustento da família declare o motivo que a fez deixar a residência, mas sim que a deixe! Pelo simples motivo lógico que se os cônjuges coabitam, não haveria razão para pagamentos de alimentos. Maria Helena Diniz (Curso de Direito Civil Brasileiro, 5° Volume, Direito de Família, Editora Saraiva, 2002) assim leciona: Fl. 150DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 10 “o genitor que deixa de conviver com o filho deve alcançarlhe alimentos de imediato: ou mediante pagamento direto e espontâneo, ou por meio da ação de oferta de alimentos. Como a verba se destina a garantir a subsistência, precisam ser satisfeitas antecipadamente. Assim, no dia em que o genitor sai de casa, deve pagar alimentos em favor do filho. O que não pode é, comodamente, ficar aguardando a propositura da ação alimentar e, enquanto isso, quedarse omisso e só adimplir a obrigação após citado.” É inerente à natureza dos alimentos que a unidade familiar tenha se rompido e que o responsável pelo sustento do lar tenha se ausentado da residência comum. Pois, do contrário, não se pode dizer que se trata de prestações alimentares, mas sim de obrigações próprias entre os pais e os filhos e entre os cônjuges. Mais uma vez socorrese do magistério da professora Maria Helena Diniz: “Não se deve confundir a obrigação de prestar alimentos com os deveres familiares de sustento, assistência e socorro que tem o marido em relação à mulher e viceversa e os pais para com os filhos menores, devido ao poder familiar, pois seus pressupostos são diferentes”.(obra citada, pág. 460) Importante, portanto, fixar esta distinção entre os deveres decorrentes do poder de família e os deveres obrigacionais de prestar alimentos. O dever de sustento dos cônjuges toma a feição de obrigação de prestar alimentos, por ocasião do rompimento da união do casal, mesmo antes da dissolução da sociedade conjugal. E o dever de sustentar os filhos é substituído pelo dever de prestar alimentos quando o filho não se encontra albergado pelo genitor responsável pelo seu amparo financeiro. Salientese que, tanto em relação ao cônjuge quanto aos filhos, a fronteira entre o dever de sustento e o dever de prestar alimentos se encontra na saída da residência comum do cônjuge responsável pelo seu sustento. [...] Devese restar claro que “deixar a residência” expresso no art. 24, da Lei 5.478/68 tem um sentido maior do que uma mera transferência profissional de um dos cônjuges. Deixar a residência pressupõe um animus de rompimento da convivência, fato que não ocorreu no caso concreto. Assim, mantida a unidade familiar e não caracterizada, conforme estabelecido pelo art. 24, da Lei 5.478/68, a saída da residência do responsável pelo sustento da família, as despesas a que o contribuinte faz jus para fins de dedução da base de cálculo do imposto de renda são aquelas inerentes aos deveres familiares, quais sejam: dedução com os dependentes (cônjuge, filhos, etc), despesas médicas e despesas com instrução por serem estas mais específicas. O fato de existir a homologação judicial do acordo não altera a natureza de suas despesas, em razão de não ter havido saída efetiva nem tampouco o animus de o contribuinte deixar a residência em comum com sua família. São estas características do fato concreto em exame que demonstram, às claras, que os pagamentos efetuados não possuem a natureza própria das despesas com pensão alimentícia e não podem se beneficiar de deduções irrestritas da base de cálculo do imposto. Fl. 151DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 147 11 Assim, não pode ser admitida a dedução de pensão alimentícia, uma vez que o contribuinte e seu cônjuge continuaram a coabitar, conforme afirmado na própria impugnação. Ainda com relação à prestação de alimentos, verificase que tal incumbência está fundada no binômio necessidade do alimentando e possibilidade do alimentante, nesse sentido, os arts. 1.694, 1.695 e 1699 do Código Civil dispõem: Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação. § 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada. § 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia. Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê los, sem desfalque do necessário ao seu sustento. [...] Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo. Apercebase que a oferta de alimentos pressupõe não somente o suprimento das necessidades dos alimentandos para que esses possam viver de modo compatível com sua condição social, mas também apresenta como requisito o rompimento da unidade familiar. Essa é a lógica adotada tanto pelo art. 24 da Lei 5.478/1968, quanto pelos arts. 1.702 e 1.703 do Código Civil: Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestarlheá o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694. [...] Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestálos mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestálos, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurálos, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência. Das asserções extraídas da petição apresentada em juízo que resultou no acordo sobre alimentos (Processo nº 10166.728137/201154 fls. 15/17), notase que inexiste intenção para a dissolução da sociedade conjugal. Aliás, o acordo judicial foi homologado no ano 1991 (vide sentença acostadas aos autos do Processo nº 10166.728137/201154 fl. 18), os fatos objeto da presente lide referemse a 2007 e até a presente data não se tem notícia de que a Fl. 152DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 12 sociedade conjugal tenha se dissolvido, tampouco de que o Recorrente e os destinatários dos alimentos tenham deixado de coabitar. Reiterase que o dever de sustento somente se converte em obrigação de prestar alimentos com o rompimento da unidade familiar, independentemente dissolução da sociedade conjugal. Por certo, o intento da Lei nº 9.250/95 (expresso na alínea “f” do inciso II do art. 8º), ao estabelecer a hipótese de exclusão dos valores pagos a título de pensão alimentícia da base de cálculo IRPF, foi o de albergar as situações advindas do Direito de Família. Assim, para fazer jus à isenção tributária não basta comprovar o efetivo pagamento de pensão aos alimentandos e que esse pagamento decorre do cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, é necessário comprovar que a prestação de alimentos se destina a suprir as necessidades dos alimentandos para que esses possam viver de modo compatível com a sua condição social, após o rompimento da unidade familiar. Na linha da decisão textualizada no acórdão de primeira instância administrativa, entendo que a homologação do acordo judicial não altera a natureza das despesas suportadas pelo sujeito passivo, eis que, mantida a unidade familiar, não restaram caracterizadas as circunstâncias previstas no art. 24 da Lei 5.478/68 ou nos arts. 1.702 e 1.703 do Código Civil, ou seja, os alimentos ofertados à esposa e aos filhos do sujeito passivo não estão sendo pagos de acordo com as normas do Direito de Família, condição essencial para sua dedução da base de cálculo do IRPF, prevista expressamente nos arts. 4º e 8º da Lei nº 9.250/95. Especificamente com relação ao pagamento de pensão aos filhos, cujas idades são superiores a 24 (vinte e quatro anos), há um fator impeditivo adicional à sua dedução na DAA. Consoante se esclareceu acima, a dedução de valores relacionados a oferta de alimentos, decorrente do rompimento do contrato matrimonial, objetiva substituir o abatimento de despesas relacionadas aos dependentes, decorrentes da obrigação de sustento, assistência e socorro próprias do convívio familiar. Desta feita, para que seja lícita a dedução dos alimentos da base de cálculo do IRPF, os destinatários da pensão precisam se revestir da condição de dependentes do contribuinte à luz do que dispõe o art. 35 da Lei nº 9.250/95. Uma vez que inexistente a relação de dependência, a aspiração para se valer da isenção tributária falece de amparo legal. Ademais, diferentemente do que afirma o sujeito passivo, não se tem conhecimento de qualquer orientação da Secretaria da Receita Federal do Brasil pela possibilidade de dedução na DAA de valores pagos sob a forma de alimentos a filhos de contribuintes de faixa etária superior àquela definida em lei para que esses sejam considerados dependentes. Asseverase que não se trata de caçar decisão judicial homologada ou de afastar sua aplicação, tampouco de ignorar princípios constitucionais como o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada, até porque, o acordo judicial sob análise trata exclusivamente da pensão que deve ser paga aos filhos e à esposa do Recorrente, não havendo na sentença qualquer menção a eventuais reflexos tributários. Convém destacar que não restou evidenciada qualquer circunstância em que a autoridade autuante ou os julgadores de primeira instância tenham se imiscuído em questões relacionadas a Direito de Família no que respeita à obrigatoriedade de prestação de alimentos. Não compete aos órgãos integrantes da administração tributária emitir juízo quanto a Fl. 153DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 148 13 regularidade de pagamentos efetuados a título de pensão alimentícia, mas tão somente examinar se tais valores obedecem aos requisitos definidos em lei para que possam ser deduzidos da base de cálculo do IRPF. Além disso, ao revés do que defende o Recorrente, não está fundado no Direito de Família que os pagamentos dos alimentos amparados por acordo homologado judicialmente são integralmente dedutíveis da base de cálculo do IRPF. O Direto de Família pertence ao Ramo do Direito privado e se dedica a regular as relações entre as pessoas. É de percepção elementar que matérias afetas a isenção de impostos tratamse de diretrizes de atuação do Estado, no uso de seu poder de império, em relação aos particulares, ou seja, essas matérias são tratadas no âmbito do Direito Público, mais especificamente do Direito Tributário. No que diz respeito à assertiva de que decisões reiteradas do CARF são pela possibilidade de dedução dos valores pagos a título de alimentos da base cálculo do IRPF, é preciso fazer um comentário: não somente as decisões do CARF, mas a legislação tributária e o entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil são pela possibilidade da dedução, desde que os alimentos ofertados estejam de acordo com as normas do Direito de Família e seus destinatários se revistam da condição de dependentes do alimentante, o que não é o caso. Sobre as sentenças judiciais trazidas à colação pelo contribuinte, tais decisões encerram circunstâncias fáticas próprias, com conjunto probatório específico e, por essas razões não podem produzir efeitos para além das partes envolvidas na demanda para beneficiar ou prejudicar terceiros, conforme assentado na decisão da DRJ/SP1. Observe que não se trata de ignorar a interpretação das normas à luz do que entendem os tribunais, mas de considerar que tais decisões foram adotadas à luz de contextos fenomênicos absolutamente diversos, razão pela qual não podem servir de parâmetro para a tomada de decisão em relação ao caso em exame. Sobre a Solução de Consulta Interna Cosit nº 3, de 8/2012, que o Recorrente diz ter balizado a decisão de primeira instância, impende asseverar que essa não trouxe qualquer inovação com relação à legislação tributária e nem poderia fazêlo em face do princípio da legalidade. Esse instrumento (Solução de Consulta Interna) se prestou tão somente a revelar o entendimento da Administração Tributária em relação à matéria em apreço, com o fim de uniformizar os procedimentos a respeito da isenção no âmbito da Secretaria da Receita Federal do Brasil, não representando sequer mudança de entendimento na interpretação das normas afetas à lide. Assim, carece de fundamento a alegação do contribuinte de que a interpretação veiculada por meio da Consulta Interna Cosit teria aplicação somente a partir da data de sua publicação, com base no 6º, § 2º da Lei de Introdução ao Código Civil e em jurisprudência do STF. Referido dispositivo de lei tem por finalidade a definição do aspecto temporal de vigência das normas legais, não se lhe aplicando a instrumentos voltados exclusivamente para interpretação da legislação tributária. O mesmo se prescreve em relação à jurisprudência suscitada que se volta para irretroatividade de lei apta a prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. De mais a mais, situações como a analisada no presente processo, em que a instituição da pensão não resulta da aplicação das normas relacionadas ao Direito de Família, pressupõem que os pagamentos a esse título foram feitos por mera liberalidade o que Fl. 154DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 14 impossibilita sua de dedução na DAA. A esse respeito, vejamos o que dispõe a Súmula CARF nº 98, de observância obrigatória por este colegiado: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. No que tange à solicitação de que, mantida a glosa, seja descontado do valor do imposto devido as quantias pagas pelos alimentandos a título de IRPF, sob pena de bis in idem, não há como atender ao pedido do Recorrente. Importa esclarecer que bis in idem, instituto vedado pelo ordenamento jurídico pátrio, ocorre quando o mesmo ente tributante cobra um tributo do mesmo contribuinte e sobre o mesmo fato gerador mais de uma vez. Na situação sub examime, o contribuinte resolveu por repassar, por mera liberalidade, parte de seus rendimentos aos filhos e ao cônjuge e, uma vez tendo havido a transferência de titularidades dos recursos, esses passaram a integrar o patrimônio de seus destinatários, estando sujeitos à incidência do IRPF, nos termos da legislação de regência. Relativamente à ausência de preocupação do Fisco quanto à possibilidade de considerar a esposa do contribuinte como sua dependente legal e de abatimento de suas despesas médicas e odontológicas da DAA, cumpre informar que essa é uma faculdade do sujeito passivo quando do preenchimento da declaração, não cabendo aos órgãos da administração tributária interferir no exercício dessa opção. Aduz ainda o contribuinte que mediante procedimento fiscal realizado em 2010, a Secretaria Receita Federal do Brasil teria validado a conduta por ele adotada, o que não comportaria nova análise, por contrariar os princípios constitucionais da segurança e da certeza jurídica. As asserções apresentadas pelo Recorrente ambicionam demonstrar que a o órgão da administração tributária federal teria homologado a sistemática por ele engendrada para reduzir a base de cálculo do IRPF, entretanto, os documentos trazidos aos autos em nada justificam suas alegações. A Notificação de Lançamento emitida automaticamente em 2010 (fl. 138) prestouse exclusivamente a intimar o contribuinte para o pagamento de restituição indevidamente recebida em razão de retificação da DAA referente ao exercício 2008, ou seja, não houve nenhuma manifestação da Secretaria da Receita Federal do Brasil quanto à regularidade da dedução de despesas de pensão alimentícia pagas em desacordo com as normas do Direito de Família. A esse respeito, não merece reparos os apontamentos feitos no acórdão da DRJ/SP1, in verbis: Em relação à alegação de que a matéria não comportaria nova apreciação porque em 10 de fevereiro de 2010, a RFB teria reconhecido, após acurado exame, a correção e a legalidade dos procedimentos até então adotados, cabe assinalar que não houve qualquer manifestação favorável da RFB sobre o pleito do contribuinte nessa data ou em oportunidade posterior. Apenas em 17/02/2010, foi emitida Notificação Automática de Lançamento, requerendo a devolução de restituição indevida do exercício 2008, anocalendário 2007, em razão da apresentação de declaração retificadora, esta sim de 10/02/2010, referente ao Fl. 155DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO Processo nº 10166.720279/201254 Acórdão n.º 2402005.493 S2C4T2 Fl. 149 15 anocalendário 2007, exercício 2008, em que restou alterado o resultado do ajuste anual desse período, de imposto a restituir para imposto a pagar (confira cópia da citada Notificação a fl. 40). Posteriormente a essa notificação automática, é que houve o exame do caso, pela Equipe de Malha Fiscal da Delegacia de origem, culminando com a lavratura da Notificação de Lançamento do Exercício 2008, anocalendário 2007, com a glosa da dedução da pensão judicial, objeto do presente processo. Por todo o exposto, não pode ser admitida a dedução das pensões alimentícias, uma vez que não houve dissolução da sociedade conjugal, bem assim não há qualquer indício de prova que demonstre que o Recorrente tenha deixado manter residência em comum com seus familiares beneficiários dos alimentos. Acrescentase que, com relação aos 3 (três) filhos, todos tinham mais que 24 (vinte e quatro anos) e não possuíam outras características que os definissem como dependentes do sujeito passivo por ocasião do lançamento. Da Incidência de Multa e Juros de Mora No que concerne ao pedido de afastamento da multa de mora, cabe esclarecer que não há na Notificação de Lançamento valores lançados a esse título. Em se tratando de lançamento de ofício, não há incidência de multa de mora, mas da multa de ofício prevista no art. 44 da Lei nº 9.430. de 27 de dezembro de 1996. Quanto aos juros de mora, o art. 161 do Código Tributário Nacional estabelece como termo inicial para sua fluência o vencimento do tributo. Vejamos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Nessa esteira, o § 3º do art. 61 da Lei nº 9.430/96 não deixa dúvidas de que o termo inicial para sua incidência está relacionado ao vencimento do prazo para o pagamento da exação: 61. [...] [...] § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 156DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO 16 Desse modo, a despeito dos argumentos apresentados pelo Recorrente, não há amparo legal para que a incidência de juros se inicie a partir da conclusão do processo administrativo. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, nos termos do voto. (assinado digitalmente) Mário Pereira de Pinho Filho Fl. 157DF CARF MF Impresso em 10/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por MARIO PEREIRA DE PINHO FILHO, Assinado digitalmente em 08/10/2016 por KLEBER FERREIRA D E ARAUJO
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Numero do processo: 11080.732740/2011-43
Turma: Terceira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 04 00:00:00 UTC 2012
Data da publicação: Wed Nov 23 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 1103-000.079
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em determinar o sobrestamento nos termos da Portaria Carf nº 1/2012.
(assinado digitalmente)
Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator
(assinado digitalmente)
Aloysio José Percínio da Silva Presidente
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Hugo Correia Sotero e Aloysio José Percínio da Silva.
Nome do relator: Não se aplica
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em determinar o sobrestamento nos termos da Portaria Carf nº 1/2012. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Relator (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Hugo Correia Sotero e Aloysio José Percínio da Silva.
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade, em determinar o sobrestamento nos termos da Portaria Carf nº 1/2012. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro – Relator (assinado digitalmente) Aloysio José Percínio da Silva – Presidente Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Sérgio Fernandes Barroso, Marcos Shigueo Takata, Eduardo Martins Neiva Monteiro, Sérgio Luiz Bezerra Presta, Hugo Correia Sotero e Aloysio José Percínio da Silva. RE SO LU Çà O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 80 .7 32 74 0/ 20 11 -4 3 Fl. 1137DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.138 2 Relatório Tratase de autos de infração de IRPJ e CSLL (fls.914/929), no valor total consolidado de R$ 115.349.799,13 (cento e quinze milhões, trezentos e quarenta e nove mil, setecentos e noventa e nove reais e treze centavos), relativos aos fatos geradores 31/12/06 e 31/12/07 e cientificados ao contribuinte em 16/12/2011 (fls.914 e 923). A infração e respectivo enquadramento legal foram assim resumidos: ATIVIDADES EXERCIDAS NO EXTERIOR POR PESSOA JURÍDICA DOMICILIADA NO PAÍS. LUCROS AUFERIDOS NO EXTERIOR Lucros auferidos no exterior, não computados no Lucro Real, conforme relatório fiscal em anexo Fato Gerador Valor Apurado (R$) Multa (%) 31/12/2006 80.094.261,97 75,00 31/12/2007 79.079.347,89 75,00 Enquadramento Legal Fatos geradores ocorridos entre 01/10/2006 e 31/12/2007 Art.3º da Lei nº 9.249/95 Art.25 da Lei 9.249/95, Art.394 do RIR/99 Art.74 da MP 2.15835/2001” No Relatório de Ação Fiscal (fls.898/912), consignouse, em síntese: a fiscalizada, Gerdau Aços Especiais S/A, tem como principais acionista Gerdau S/A, Gerdau Açominas S/A e Florestal Rio Largo; as apurações relativas a 2006, 2007 e 2008 realizaramse sob a sistemática do lucro real trimestral. Em tais anos, informou em DIPJ “...um acréscimo patrimonial decorrente de alterações provocadas pelo registro de equivalência patrimonial por conta de lucros auferidos no exterior. O contribuinte controla com 98,75% a empresa ‘Gerdau Hungria Holding Limited Liability Company’, situada na cidade de Budapest na Hungria”; em 21/10/95, foi deliberada a constituição da “Gerdau Hungria Holdings Limited”, com capital investido de R$ 30.595,00, correspondendo a 96,67% do capital social subscrito, tendo sido o valor remetido e contabilizado em 08/11/05. De acordo com ata de reunião do Conselho de Administração da fiscalizada, o Grupo Gerdau Empreendimentos Ltda subscreveria o restante; em 24/10/05, deliberouse que a fiscalizada contrairia um empréstimo perante a sua controladora (Gerdau S/A), de até € 200 milhões, para investimento na Gerdau Hungria. “...Em decorrência desta deliberação, conforme conferência telefônica de 30/12/2005, foi elaborada minuta do encontro que estabeleceu o aumento de capital por parte da fiscalizada em cinco milhões de florins húngaros, passando o capital investido para HUF 8.000.000,00. Como a sócia minoritária não aportou capital, a fiscalizada passou a deter 98,75% do capital social subscrito.”; em 28/12/05, contabilizaramse as remessas de R$ 55.480,00, correspondente a HUF 5.000.000,00, ou € 20.000,00; e R$ 280.600,00, equivalente a € 100.000,00. A primeira Fl. 1138DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.139 3 remessa foi para o aumento de capital pela fiscalizada e a segunda, como parte do investimento a ser realizado na Gerdau Hungria, no total de € 165.828.000,00, a título de reserva de capital; em 05/01/06 foram contabilizados e remetidos R$ 461.500.690,00, ou € 165.728.000,00, completando o restante do aporte de capital; “Como havia sido decidido na reunião do conselho de administradores da empresa fiscalizada em 24/10/2005, em 10/01/2006, foram pagos, através da empresa húngara, € 165.828.000,00, para aquisição de 40% da ações da ‘Corporación Sidenor S.A’, sendo o montante de €143.637.000 para ‘Societé Generale Bank and Trust’, e €22.191.000,00, mais €3.097.819,35 para ‘Industrias Férricas del Norte Inversiones SL’ (fls.342)”; após as operações, restou assim configurada a situação patrimonial das sociedades: 1. Gerdau Hungria SÓCIOS PARTICIPAÇÃO VALOR (HUF) Equivalente em R$ Gerdau Aços Especiais S.A 98,75% 7.900.000,00 86.075,00 Gerdau Empreend. Ltda 1,25% 100.000,00 1.090,00 Total 100% 8.000.000,00 87.165,00 2. Corporación Sidenor ACIONISTAS PART. VALOR (euros)* Gerdau Hungria 40% 14.587.200,00 Carpe Diem Salut, S.L 40% 14.587.200,00 Bogey Holding Company Spain, S.L. 20% 7.293.600,00 Total 100% 34.468.000,00 * As participações foram adquiridas com ágio entendendo não ser parcela tributável, o contribuinte excluiu da apuração do lucro real a totalidade dos lucros auferidos no exterior; “A sociedade húngara efetivou investimentos no complexo de empresas denominado ‘Sidenor’, grande produtora de aço na Espanha. Os resultados apurados na empresa húngara foram obtidos através dos investimentos acima referidos. A empresa húngara não tem atividades operacionais, é uma empresa “holding” cuja finalidade é controlar os investimentos realizados na Espanha. As atividades operacionais provêm do grupo “Corporación Sidenor” que controla direta e indiretamente empresas operacionais na Espanha, parte da Europa e inclusive o Brasil (Aços Villares)”; “Em 08/11/2011, o contribuinte foi intimado a apresentar, a partir das planilhas/memórias de cálculo das conciliações dos resultados de equivalência patrimonial apresentados à fiscalização, os balanços das empresas envolvidas no cálculo. O lançamento da equivalência patrimonial no Brasil tem como base os resultados obtidos pelas controladas/coligadas da holding húngara”; a Corporación Sidenor S.A, denominada nos relatórios como “sociedade dominante”, controlava, de 2006 a 2008, direta e indiretamente, várias sociedades na Europa e no Brasil, conforme informes de “Auditoria de Cuentas Anuales Consolidadas”; com relação a 2006: Fl. 1139DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.140 4 “[...] O relatório referente a 2006, aponta na nota 11 g (fls. 367) o resultado obtido pela sociedade dominante no ano de 2006, de €143.487.000,00, na qual a empresa húngara detém 40% de participação. Tanto os resultados das empresas espanholas e estrangeiras como os resultados das brasileiras, estão incluídos neste montante. Este resultado serviu de base para o cálculo da equivalência patrimonial contabilizada na empresa fiscalizada. Na planilha apresentada, intitulada "Abertura da Equivalência Patrimonial”, relativa ao ano de 2006 (fls.500), aplicando os percentuais de participação em cada empresa, o contribuinte chegou ao valor contabilizado no ano de R$139.241.651,48, sendo R$59.147.389,91, originados dos lucros já tributados no Brasil da empresa Aços Villares S/A., montante este que não deve ser considerado como lucros obtidos no exterior para efeito de tributação. Para entendimento da planilha apresentada, que demonstra trimestralmente os valores contabilizados, trabalhando apenas com os totais do ano de 2006 em euros e reais, o contribuinte dividiu o valor levado à conta de equivalência patrimonial em três partes, separando as repercussões dos resultados dos balanços da Gerdau Hungria, Corporación Sidenor e Aços Villares. Os valores que compõem a conta de equivalência patrimonial contabilizada em 2006 são os seguintes: CONTROLADA DIRETA/INDIRETA VALOR (R$) GERDAU HUNGRIA KFT (27.864.315,59) CORPORACIÓN SIDENOR 107.958.577,56 AÇOS VILLARES S.A 59.147.389,91 TOTAL 139.241.651,88 Para apuração do valor referente a Aços Villares, o contribuinte disponibilizou balanços trimestrais da companhia e apuração de resultados. Conforme balanço de 31/12/2006 (fls.519), o lucro líquido apurado foi de R$ 256.229.000,00. Como Corporación Sidenor tem 58,44% de participação na Aços Villares, aplicandose o percentual de 58,44 junto ao lucro total, chegamos ao valor do lucro que cabe à Sidenor, pela sua participação de 58,44%: R$ 149.740.227,60. Como Gerdau Hungria tem uma participação na Sidenor de 40%, aplicando se este percentual encontramos a parcela do lucro pertencente a Gerdau Hungria: R$ 59.896.091,04. Como a fiscalizada participa com 98,75% na Gerdau Hungria, o lucro proveniente das coligadas indiretas o Brasil equivalem a R$ 59.147.389,91, sendo este o valor utilizado para reconhecer o ganho auferido na controlada indireta Aços Villares e outras, no ano de 2006. Convertendose este valor em euros (2,82024), temos € 20.972.466,85. Para apuração do valor referente a Corporación Sidenor, o contribuinte utilizou o balanço consolidado anual de ‘Corporación Sidenor, S.A. y Sociedades Dependientes’ (fls.348). Conforme este balanço, o lucro líquido apurado foi de €143.487.000,00. Conforme nota 11 g (fls.367) do relatório de auditoria, o lucro é apresentado levandose em conta sua origem. Os valores atribuídos como advindos do grupo brasileiro (Aços Villares e outros) foram de € 47.775.000,00. Assim, o resultado obtido pelo grupo Sidenor, excluindo sua participação no subgrupo brasileiro, é de: Fl. 1140DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.141 5 € 143.487.000,00 () € 47.775.000,00 = € 95.712.000,00 Como Gerdau Hungria tem 40% de participação na Corporación Sidenor, aplicandose o percentual de 40% junto ao lucro oriundo das atividades na Europa, chegamos ao valor do lucro que cabe à Gerdau Hungria, pela sua participação de 40%: € 38.284.800,00. Como a fiscalizada tem uma participação na Gerdau Hungria de 98,75%, aplicandose este percentual encontramos a parcela do lucro pertencente à fiscalizada oriunda dos investimentos realizados no grupo Sidenor: € 37.806.240,00. Convertendose este valor em reais (2,82024), temos R$ 106.622.670,30. Como o lucro do grupo espanhol foi apurado trimestralmente, a soma dos valores trimestrais em euros, convertidos em reais dá uma pequena diferença em relação ao valor de R$106.622.670,30. Portanto, o valor utilizado pelo contribuinte para reconhecer o ganho de equivalência patrimonial auferido pela sua participação indireta no grupo Sidenor, levado à escrituração, foi de R$107.958.577,56. Por fim, para apuração do resultado de equivalência patrimonial da controlada Gerdau Hungria, o contribuinte apresentou o balanço da companhia em euros com um resultado positivo de € 49.997.235,85 (fls.516). Neste valor estão incluídos os efeitos dos ganhos obtidos junto a Aços Villares e Corporación Sidenor, os quais já estão devidamente apartados. Assim, para apurar apenas a sua lucratividade própria, foram desfeitos os efeitos da equivalência patrimonial contabilizada de suas coligadas/controladas. € 49.997.235,85 () € 60.002.422,80 = € (10.005.186,95) O resultado, líquido dos ganhos de equivalência patrimonial, foi negativo em função de que a Gerdau Hungria não tem atividade produtiva, apenas é ponte para investimentos na Espanha. Como a fiscalizada tem 98,75% de participação na Gerdau Hungria, o valor levado à equivalência patrimonial, relativo somente à participação nesta, é de menos € 9.880.122,11, cuja conversão em reais (2,82024) equivale a R$ (27.864.315,59).” relativamente a 2007: “[...] A empresa investida ‘Corporación Sidenor, S.A’ controlava direta e indiretamente as seguintes empresas, conforme relatório ‘Auditoria de Cuentas Anuales Consolidadas’ de 2007 (fls. 385): ..... O relatório aponta na nota 11 g (fls.409) o resultado obtido pela sociedade dominante no ano de 2007, de € 164.308.000,00, na qual a empresa húngara detém 40% de participação. Como em 2006, tanto os resultados das empresas espanholas e estrangeiras como os resultados das brasileiras, estão incluídos neste montante. Este resultado serviu de base para o cálculo da equivalência patrimonial contabilizada na empresa fiscalizada. Na planilha apresentada, intitulada ‘Abertura da Equivalência Patrimonial’, relativa ao ano de 2007 (fls.544), aplicando os Fl. 1141DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.142 6 percentuais de participação em cada empresa, o contribuinte chegou ao valor contabilizado no ano de R$152.203.055,34, sendo R$73.123.707,45, originados dos lucros já tributados no Brasil da empresa Aços Villares S/A. e outras, montante este que não deve ser considerado como lucros obtidos no exterior para efeito de tributação. Para entendimento da planilha apresentada, que demonstra trimestralmente os valores contabilizados, trabalhando apenas com os totais do ano de 2007 em euros e reais, o contribuinte dividiu o valor levado à conta de equivalência patrimonial em três partes, separando as repercussões dos resultados dos balanços da Gerdau Hungria, Corporación Sidenor e Aços Villares. Os valores que compõem a conta de equivalência patrimonial contabilizada em 2007 são os seguintes: CONTROLADA DIRETA/INDIRETA VALOR (R$) GERDAU HUNGRIA KFT (35.534.253,40) CORPORACIÓN SIDENOR 114.613.601,29 AÇOS VILLARES S.A 73.123.707,45 TOTAL 152.203.055,34 Para apuração do valor referente a Aços Villares, o contribuinte disponibilizou balanços trimestrais da companhia e apuração de resultados. Conforme balanço de 31/12/2007 (fls.560), o lucro líquido apurado foi de R$ 316.775.000,00. Como Corporación Sidenor tem 58,44% de participação na Aços Villares, aplicandose o percentual de 58,44 junto ao lucro total, chegamos ao valor do lucro que cabe à Sidenor, pela sua participação de 58,44%: R$ 185.123.310,00. Como Gerdau Hungria tem uma participação na Sidenor de 40%, aplicando se este percentual encontramos a parcela do lucro pertencente a Gerdau Hungria: R$ 74.049.324,00. Como a fiscalizada participa com 98,75% na Gerdau Hungria, o lucro proveniente das coligadas indiretas no Brasil equivalem a R$ 73.123.707,45, sendo este o valor utilizado para reconhecer o ganho auferido na controlada indireta Aços Villares e outras, no ano de 2007. Convertendose este valor em euros (2,60859), temos € 28.031.889,81. Para apuração do valor referente a Corporación Sidenor, o contribuinte utilizou o balanço consolidado anual de ‘Corporación Sidenor, S.A. y Sociedades Dependientes’ (fls.388). Conforme este balanço, o lucro líquido apurado foi de € 164.308.000,00 (fls.389). Conforme nota 11 g (fls.409) do relatório de auditoria, o lucro é apresentado levandose em conta sua origem. Os valores atribuídos como advindos do grupo brasileiro (Aços Villares e outros) foram de €66.306.000,00. Assim, o resultado obtido pelo grupo Sidenor, excluindo sua participação no subgrupo brasileiro, é de: € 164.308.000,00 () € 66.306.000,00 = € 98.002.000,00 Como Gerdau Hungria tem 40% de participação na Corporación Sidenor, aplicandose o percentual de 40% junto ao lucro oriundo das atividades na Europa, chegamos ao valor do lucro que cabe à Gerdau Hungria, pela sua participação de 40%: € 39.200.800,00. Como a fiscalizada tem uma participação na Gerdau Hungria de 98,75%, aplicandose este percentual encontramos a parcela do lucro pertencente à fiscalizada oriunda dos investimentos realizados no Fl. 1142DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.143 7 grupo Sidenor: € 38.710.790,00. Convertendose este valor em reais (2,60859), temos R$ 100.980.579,69. O contribuinte apurou em sua planilha o valor de € 43.936.993,28 equivalentes a R$ 114.613.601,29. Indagado a respeito, não soube precisar o motivo da diferença. Com essa ressalva, o valor utilizado pelo contribuinte para reconhecer o ganho de equivalência patrimonial auferido pela sua participação indireta no grupo Sidenor, levado à escrituração, foi de R$114.613.601,29. Por fim, para apuração do resultado de equivalência patrimonial da controlada Gerdau Hungria, o contribuinte apresentou o balanço da companhia em euros com um resultado positivo de € 59.085.435,54 (fls.557). Neste valor estão incluídos os efeitos dos ganhos obtidos junto a Aços Villares e Corporación Sidenor, os quais já estão devidamente apartados. Assim, para apurar apenas a sua lucratividade própria, foram desfeitos os efeitos da equivalência patrimonial contabilizada de suas coligadas/controladas. € 59.085.435,54 () € 72.879.881,61 = € (13.794.446,07) O resultado, líquido dos ganhos de equivalência patrimonial, foi negativo em função de que a Gerdau Hungria não tem atividade produtiva, apenas é ponte para investimentos na Espanha. Como a fiscalizada tem 98,75% de participação na Gerdau Hungria, o valor levado à equivalência patrimonial, relativo somente à participação nesta, é de menos € 13.622.015,49, cuja conversão em reais (2,60859) equivale a R$ (35.534.253,40).” quanto a 2008, os valores foram assim apurados: “[...] Segundo o relatório ‘Auditoria de Cuentas Anuales Consolidadas’ de 2008 (fls.427), a empresa investida ‘Corporación Sidenor, S.A.’ controlava direta e indiretamente as seguintes empresas: ..... Na planilha apresentada, intitulada ‘Abertura da Equivalência Patrimonial’, relativa ao ano de 2008 (fls.586), o contribuinte apresentou novas empresas até então inexistentes cujos resultados influenciaram na equivalência patrimonial da fiscalizada. Foram agregadas à planilha novas participações no grupo Sidenor, Aços Villares e de investimentos na Índia, através da empresa ‘Kalyani Gerdau Steels Limited’. Embora o relatório das contas anuais da Corporação Sidenor tenha apresentado resultados positivos, os prejuízos apurados pelas novas companhias incorporadas fizeram com o que o resultado global dos investimentos no exterior dessem um resultado negativo. Isto considerando que o resultado das empresas brasileiras já foram tributados e que as variações cambiais positivas não integram o resultado tributável. Ao final de 2008, a empresa fiscalizada, através de sua controlada na Hungria tomou o controle da ‘Corporación Sidenor, S.A.’ adquirindo mais 20% das ações ordinárias da companhia. Alem disso, associouse a empresa na índia. Esta negociação não foi examinada pela Fl. 1143DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.144 8 fiscalização por afastarse de seu escopo e encontrase registrada no balanço da controlada (fls. 593).” o art.74 da Medida Provisória nº 2.15835/01 alterou profundamente a legislação sobre lucros auferidos no exterior, ao considerar disponibilizado o lucro já na data do balanço, de sorte que a base de cálculo referese ao lucro apurado no balanço de encerramento de cada ano calendário, “...não se tratando mais dos dividendos que, posteriormente, poderiam ou não ser disponibilizados”; “O contribuinte se encontra tutelado contra a bitributação nos países onde atua, tanto na Hungria quanto na Espanha, por força de acordos mantidos entre o Brasil e os dois países (fls.870 e 885)”; “O lucro apurado em balanço é tratado nas convenções para evitar a dupla tributação, como regra geral, no artigo 7º, intitulado ‘lucros das empresas’. O artigo 10 das convenções, em regra, trata dos dividendos a serem pagos. Pode haver confusão no entendimento de qual base de cálculo o legislador pretendeu tomar, se os lucros apurados em balanço ou os já apurados e passíveis de distribuição. O art.74 da Medida Provisória, modificou a forma de tributação, dispondo que os lucros se consideram disponibilizados na data do balanço. Isso modificou completamente a base de cálculo, passando a tributação a não se dar mais pela distribuição efetiva de dividendos, mas sim pela apuração do lucro contábil”; as Convenções celebradas pelo Brasil com Hungria e Espanha não interferem na base de cálculo adotada pelo legislador nacional, para quem importa a apuração dos lucros nos balanços das coligadas/controladas no exterior; “Embora o artigo 7o das Convenções estabeleça competência exclusiva para o Estado de onde estiver situada a empresa, impor a tributação sobre os lucros auferidos por ela e, para evitar a dupla tributação, o Estado em que se situa a empresa investidora não poder cobrar novamente os tributos que são devidos no Estado de domicílio da empresa, isto não impede que a promulgação de nova lei determine a tributação dos próprios sócios investidores, mesmo que tenha como referência ou base tributável os resultados auferidos no exterior. O fato de a legislação permitir a compensação do imposto pago no exterior é garantia de que a incidência tributária não será dobrada, com isso não havendo quebra de qualquer cláusula existente nos tratados internacionais, com relação à bitributação.”; a prevalecer o entendimento do contribuinte, a tributação deveria concentrarse em um só país, independentemente da alíquota adotada; conforme jurisprudência administrativa majoritária, “...os efeitos das atualizações monetárias por conta de variações cambiais não devem influir no montante da equivalência patrimonial. Os lucros gerados pelas atividades desenvolvidas no exterior, tributáveis segundo disposto em lei, não têm a mesma natureza dos ganhos obtidos em função de valorização cambial. O fato de poderem ser enquadradas como receitas financeiras, não as submetem à tributação, por falta de previsão legal”. Os valores a título de variação cambial de investimentos no exterior encontramse em conta contábil apartada da equivalência patrimonial, não influenciando no cálculo do valor tributável; acerca de supostos valores pagos no exterior, após regularmente intimado, “...o contribuinte apresentou cópias das declarações de impostos dos anoscalendário de 2006 e 2007 entregues pelas controladas/coligadas na Espanha e Hungria”; o contribuinte registrou em sua contabilidade o resultado da equivalência patrimonial, em que estão contidos os resultados das sociedades brasileiras sob controle do grupo espanhol, Fl. 1144DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.145 9 “...resultados esses que foram tributados no Brasil, quando da apuração dos seus balanços”, de maneira que foram excluídos da base de cálculo. Os valores a tributar então são os seguintes: Em 2006: Resultado de Equivalência Patrimonial R$ 139.241.651,88 () Equiv. Patrimonial das coligadas brasileiras R$ 59.147.389,91 = Valor a tributar R$ 80.094.261,97 Em 2007: Resultado de Equivalência Patrimonial R$ 152.203.055,34 () Equiv. Patrimonial das coligadas brasileiras R$ 73.123.707,45 = Valor a tributar R$ 79.079.347,89 Os lançamentos foram considerados procedentes pela Primeira Turma da DRJ – Porto Alegre (RS), em acórdão que recebeu a seguinte ementa (fls.1.017/1.037): LUCRO OBTIDO COM INVESTIMENTO NO EXTERIOR. O lucro obtido por pessoa jurídica brasileira em função de investimento em sociedade controlada estrangeira é considerado disponível para fins fiscais quando do levantamento do balanço. A mensuração do referido lucro se dá mediante a adoção do método da equivalência patrimonial. INCONSTITUCIONALIDADE. As Delegacias de Julgamento não são competentes para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Devidamente cientificado do acórdão em 18/04/12 (fl.1.042), o contribuinte tempestivamente apresentou Recurso Voluntário em 15/05/12 (fls.1.044/1.102), em que sustenta: Da inconstitucionalidade do art.74 da MP nº 2.15835/01 seria inconstitucional o art.74 da MP nº 2.15835/01, que contemplou ficção relativa à aquisição da disponibilidade de lucros; no caso concreto, de lucros da coligada indireta Corporación Sidenor. O Recorrente não teria, sem a disponibilização dos lucros da Corporación Sidenor para sua controlada no exterior (Gerdau Hungria), segundo a legislação de cada país, acesso aos correspondentes recursos; o entendimento pela inconstitucionalidade teria sido veiculado no voto da Min. Ellen Gracie, quando do julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.5881/DF; Da necessidade de sobrestamento seria razoável o sobrestamento do julgamento, vez que “pendente decisão terminativa do Supremo Tribunal Federal, seja nos autos da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.588 1/DF, seja nos autos do Recurso Extraordinário 611.586, onde o Tribunal, no último dia 06/04/12, reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada”; a Portaria CARF nº 1/2012 determinaria o sobrestamento de recursos em tramitação relacionados a matérias em que o STF tenham decidido pelo sobrestamento; Fl. 1145DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.146 10 Dos resultados negativos nos anoscalendário 2006 e 2007 da Gerdau Hungria – invalidade da desconsideração de sua personalidade jurídica não se pode esquecer que a autuada, segundo a fiscalização, detinha o controle direto da Gerdau Hungria, com prejuízos fiscais apurados nos anosbase de 2006 e 2007; que, por sua vez, tinha como coligada a Corporación Sidenor, com resultados positivos resultantes de suas diversas controladas e coligadas; a autoridade fiscal tributara lucros originados de sua coligada indireta, Corporación Sidenor, com total desconsideração de sua controlada direta, a Gerdau Hungria; o fundamento legal adotado pela auditorfiscal (art.74 da MP nº 2.15835/01) não alcançaria os lucros de coligadas indiretas; “...Não há como imputar tais lucros à Recorrente a não ser através da GERDAU HUNGRIA, a qual, inclusive, relevase, não detém o controle da CORPORACIÓN SIDENOR, inexistindo qualquer possibilidade de disponibilização de lucros desta por simples deliberação daquela. Não! Ora, se a própria coligada indireta (GERDAU HUNGRIA) não é titular do direito preponderante de deliberar como bem entender o destino dos lucros da CORPORACIÓN SIDENOR, ao certo, impossibilitada de assim fazer a Recorrente, mera sua coligada indireta”; as operações relatadas pelo AuditorFiscal seriam lícitas, não podendo ser desconsideradas sob pretexto de tributar lucros de terceiras pessoas jurídicas no exterior. Vedarseia à Administração tributária pretender efeitos tributários diversos dos produzidos por atos em conformidade com a lei, consoante decisões proferidas pelo TRF – 4ª Região e pelo extinto Primeiro Conselho de Contribuintes; a opção por uma redução lícita de tributos (planejamento tributário) estaria autorizada pela legislação tributária; não restara comprovada qualquer ilegalidade relativa à controlada direta (Gerdau Hungria), que legitimasse sua desconsideração; “...Inexiste lei que exija a anulação ou desconsideração de quaisquer dos efeitos gerados pela existência da GERDAU HUNGRIA, inviabilizando, por decorrência, sejam os lucros apurados por sua coligada da Espanha atribuídos à pessoa jurídica da sua investidora, a Recorrente”; não se cogitaria da aplicação da norma de eficácia limitada do art.116, parágrafo único, do CTN, com a redação conferida pela Lei Complementar nº 104/01, vez que inexistente a sua regulamentação; na Hungria, inexistiria o critério de avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial; o registro contábil “Ajuste por Avaliação ao Patrimônio Líquido (Método de Equivalência Patrimonial)” teria sido realizado pelo Recorrente em observância à legislação comercial, em especial ao art.248 da Lei nº 6.404/76 e a Instrução CVM 247/96; o art.25, §§2º e 3º, da Lei nº 9.249/95, ao instituir a tributação em bases universais, prescrevera a tributação do lucro auferido no exterior, não a tributação do resultado da equivalência patrimonial reconhecido apenas contabilmente. “...se o reconhecimento contábil do Resultado de Equivalência Patrimonial se prestasse como fato gerador do IRPJ, bastaria vetar o dispositivo legal que determina que o mesmo deva ser adicionado ou excluído do lucro contábil para fins de determinação da sua base tributável”; Fl. 1146DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.147 11 os conceitos de Lucro Auferido no Exterior e de Resultado de Equivalência Patrimonial não se confundiriam; o art.7º da IN SRF nº 213/02 teria sido considerado ilegal pela Segunda Turma do STJ (Resp nº 1.211.882/RJ); Da abragência do IRPJ e CSLL pela Convenção Brasil – Espanha os lucros gerados no exterior por sua coligada indireta, Corporación Sidenor, já teriam sido devidamente tributados na Espanha; a Corporación Sidenor submetera seus lucros “...ante a Diputación Foral de Alava nos montantes de € 98.675.107,56 em 2006, e de € 126.136.790,57 em 2007. O Imposto de Renda que sobre eles incidiu foi, respectivamente, de € 27.425.765,46 e € 35.318.301,36, integralmente extintos pela compensação de prejuízos fiscais de períodos anteriores e de créditos fiscais correspondentes a Ajudas Regionais, fruto de contrapartida da Diputación Foral de Alava aos investimentos em ativo imobilizado realizados no período de 1997 a 2001. Tudo conforme cópia das declarações de renda apresentadas à Fiscalização em 05/12/2011”; “...os lucros auferidos pela CORPORACIÓN SIDENOR através de sua participação de 58,44% no capital da Aços Villares S.A (empresa brasileira) não foram objeto de tributação na Espanha, exatamente, por força do respeito das autoridades fiscais espanholas ao art.7º do Tratado firmado com o Brasil. E, mais ainda, a Hungria por respeitar o Tratado firmado com a Espanha tampouco pretendeu tributar os lucros gerados na Espanha. Ao certo, não será o Fisco brasileiro que irá desrespeitar tais Tratados sob a justificativa de uma compensação não aplicável à hipótese. Definitivamente, não.”; nos termos do acórdão nº 10195.802, pelo art.7º da Convenção BrasilEspanha “...os lucros de sociedade residente na Espanha, e não atribuíveis a atividades exercidas por intermédio de estabelecimento permanente no Brasil, só são tributáveis na Espanha. A tributação no Brasil poderá ocorrer por ocasião do pagamento sob forma de dividendos [...]. Se definido que tais rendimentos não podem ser particularizados como dividendos, enquadrandose apenas no conceito mais amplo de lucro, a tributação fica de imediato afastada. Caso contrário, os rendimentos se sujeitam às regras do artigo 10 e do art.23”. Em outras decisões administrativas houve votos que contemplaram o entendimento de que a aplicação do art.74 da MP nº 2.15835/01 esbarraria no art.7º da Convenção Brasil – Espanha (acórdão nº 108 08.765, 10197.070 e 140200.391); diante do art.7º da Convenção BrasilEspanha, não poderia uma lei resolver pela tributação dos lucros originados da Espanha. Estarseia diante de uma norma de competência tributária exclusiva do país estrangeiro de domicílio da coligada, que não poderia ceder frente ao art.74 da MP nº 2.15835/2001; o acórdão recorrido teria desconsiderado a inteligência do Ato Declaratório Interpretativo SRF nº 6/62, que dispõe, em outras palavras, “...que a Convenção BrasilEspanha não se aplica, exclusivamente, quando a investida espanhola for titular de benefícios fiscais atinentes a uma Entidad de Tenencia de Valores Extranjeros (ETVE), o que não é o caso da Corporación Sidenor. Contrário senso, neste ADI 6/02 a Receita Federal do Brasil estampa a sua interpretação de que a Convenção BrasilEspanha aplicase, na sua totalidade, às demais pessoas jurídicas espanholas investidas por sociedades brasileiras, que não ETVE.”; por ser “substancialmente semelhante ao IRPJ”, a CSLL, nos termos da Convenção Brasil Espanha não seria exigível; não incidiriam juros de mora sobre a multa de ofício. Fl. 1147DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.148 12 A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) apresentou contrarrazões, que podem assim ser resumidas: a alegação de que a Gerdau Hungria teria obtido prejuízo fiscal não prosperaria, pois sequer restou demonstrada, constando apenas de relatório elaborado pelo próprio contribuinte; não teria havido desconsideração da personalidade jurídica da sociedade sediada na Hungria; a autuada informara à fiscalização o lucro por ela auferido em razão do investimento efetuado na Gerdau Hungria, referindose o resultado de equivalência patrimonial apenas à Gerdau Hungria: “...a escrita fiscal da recorrente não deixa dúvidas quanto à origem do lucro tributado no presente lançamento: investimento na Gerdau Hungria”; “...não resta dúvida de que o lucro objeto da tributação é aquele obtido pela contribuinte em razão do investimento na GERDAU HUNGRIA, o que por si só já seria suficiente para se julgar a improcedência de grande parte das razões recursais apresentadas pela contribuinte, que, equivocadamente, parte do pressuposto de que se está tributando o lucro auferido por coligadas indiretas e pleiteia a aplicação do Tratado BrasilEspanha para a solução da controvérsia.”; à luz da Súmula CARF nº 02, deveria ser afastada a alegação de inconstitucionalidade do art.74 da MP 2.15935/01; o resultado provisório do julgamento da ADI nº 2.588, suspenso para a coleta do voto do Min. Joaquim Barbosa, foi no sentido da improcedência do pedido no que se refere às empresas controladoras e respectivas controladas, exatamente o caso dos autos. Mesmo que o voto do Min. Joaquim Barbosa seja pela procedência, a inconstitucionalidade alcançará apenas as coligadas, “...eis que não há mais quorum passível de modificação do julgamento em relação às controladas”; suposta alegação de que o lançamento violaria o Tratado BrasilHungria deve ser rejeitada. O art.74 da MP nº 2.15835/2001 não incidiria sobre residente no exterior, mas sociedade estabelecida no Brasil. “...Por outras palavras, a legislação nacional não determinou a tributação dos lucros da GERDAU HUNGRIA, mas fixou que os lucros da contribuinte residente no Brasil também abrangem os lucros disponibilizados por sua controlada.”; não de poderia confundir a tributação da controlada no exterior com a tributação da controladora sediada no Brasil, “...cujos resultados englobam os lucros auferidos por intermédio da subsidiária estrangeira, nos termos da legislação tributária interna”; o reconhecimento dos lucros da controlada pelo método da equivalência patrimonial implicaria no aumento do patrimônio da controladora, independentemente da distribuição efetiva, conforme já decidido pelo TRF – 2ª Região; a técnica de tributação prevista no art.74 da MP nº 2.15835/2001 fora inspirada na legislação de outros países. Comumente chamada CFC rule, abreviação de controlled foreign corporation, “...possui a finalidade precípua de impedir o diferimento da tributação dos lucros apurados no exterior e evitar fraudes ao Fisco”; além de não contrariar o disposto no artigo VII do Tratado Modelo da OCDE, organização que assim já se pronunciou: “23. A utilização de ‘companhias de base’ [‘base companies’ em inglês] também pode ser tratada através de normas sobre sociedades controladas no exterior [‘Controlled Foreign Corporations/CFCs’ em inglês]. Um número significativo de países membros e não membros adotou tal legislação. Enquanto o design desse tipo de legislação varia Fl. 1148DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.149 13 consideravelmente de país para país, um traço comum dessas regras, agora internacionalmente reconhecidas como um instrumento legítimo para proteger a base tributária local, é que elas resultam na tributação, por um Estado Contratante, de seus residentes relativamente à renda proveniente de sua participação em certas entidades estrangeiras. Argumentouse algumas vezes, com base numa determinada interpretação de dispositivos da Convenção tais como o Art. 7º, § 1º, e o Art. 10, § 5º, que esse traço comum da legislação sobre sociedades controladas no exterior estaria em conflito com tais dispositivos. Pelos motivos expostos nos parágrafos 14 dos ‘Comentários’ ao Art. 7º e 37 dos ‘Comentários’ ao Art. 10, tal interpretação não está de acordo com o texto dos dispositivos. A interpretação também não se sustenta quando os dispositivos são lidos em seu contexto. Portanto, enquanto alguns países consideraram útil esclarecer expressamente, em suas convenções, que a legislação das sociedades controladas no exterior não está em conflito com a Convenção, tal esclarecimento não é necessário. Reconhecese que a legislação das sociedades controladas no exterior estruturada dessa forma não é contrária aos dispositivos da Convenção. (grifos nossos)” o art.74 da MP nº 2.15835 trataria de regra voltada a evitar o diferimento da tributação dos lucros apurados no exterior; as regras CFC não conflitariam com os tratados, haja vista a liberdade de cada país dispor sobre a base de cálculo do imposto de renda pelo residente que investe no exterior, desde que impeça a dupla tributação. A OCDE, em seus comentários ao art.7º da Convenção Modelo, assim entendeu: “14. O propósito do § 1º é traçar limites ao direito de um Estado Contratante tributar os lucros de empresas situadas em outro Estado Contratante. O parágrafo não limita o direito de um Estado Contratante tributar seus próprios residentes com base nos dispositivos relativos a sociedades controladas no exterior encontrados em sua legislação interna, ainda que tal tributo, imposto a esses residentes, possa ser computado em relação à parte dos lucros de uma empresa residente em outro Estado Contratante atribuída à participação desses residentes nessa empresa. O tributo assim imposto por um Estado sobre seus próprios residentes não reduz os lucros da empresa do outro Estado e não se pode dizer, portanto, que teve por objeto tais lucros (ver também § 23 dos ‘Comentários’ ao art.1º e §§ 37 a 39 dos ‘Comentários’ ao art. 10).’ (grifos nossos)” estando o auto de infração fundamentado no art.74 da MP 2.15835/01, os lucros disponibilizados na forma ali preconizada não feririam o art.X da Convenção BrasilHungria, que trata da tributação de dividendos, entendidos como “...todos os rendimentos provenientes de direitos de participação nos lucros da sociedade (item 3). Por sua vez, dividendo pago é aquele a que o sócio tem direito, equivale dizer, que foi disponibilizado de alguma maneira ao sócio, ainda que em decorrência de presunção legal”; o art.74 da MP nº 2.15835 não violaria o item 6 do art.X, que apenas regularia a tributação no país da fonte pagadora dos dividendos – no caso, a Hungria , não se destinando ao país de residência do beneficiário dos dividendos; Fl. 1149DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.150 14 de acordo com comentários da OCDE, “...os lucros tributados sob a aplicação de norma CFC podem ser considerados ‘dividendos presumidos’ pela legislação do país de residência do investidor”, entendimento adotado pela Oitava (acórdão nº 10808.765) e Quinta (acórdão nº 10517.382) Câmaras do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, e mais recentemente pela Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Primeira Seção do CARF (processo nº 16327.001409/200602), de lavra da Cons. Edeli Bessa; “...os lucros auferidos no exterior pela ora recorrente, e disponibilizados nos termos do art. 74 da MP nº 2.15835/ 2001, se enquadram no conceito de dividendos delineado no Artigo X da Convenção BrasilHungria, o que autoriza a sua tributação no país, nos termos do que decidido, também, pela Segunda Turma da Quarta Câmara desta Primeira Seção, por meio do Acórdão nº 140200.391, especificamente quanto ao Tratado BrasilHungria.” considerando que o art.X da Convenção Brasil – Hungria possibilita a tributação de dividendos por ambos os países signatários, eventual dupla tributação deve ser evitada através do método de compensação descrito em seu art.XXIII, sendo que pressuporia a comprovação do efetivo pagamento do imposto na Hungria, o que deixou de ser realizado nos autos; não se poderia falar, à vista do art.161, §1º, do CTN, em ilegalidade de exigência de juros de mora sobre multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Eduardo Martins Neiva Monteiro, Relator. Preenchidos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário, dele se toma conhecimento. Do Sobrestamento Como relatado, o auto de infração fundamentase no art.74 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24/08/01: Art.74.Para fim de determinação da base de cálculo do imposto de renda e da CSLL, nos termos do art. 25 da Lei no 9.249, de 26 de dezembro de 1995, e do art. 21 desta Medida Provisória, os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento. Parágrafo único. Os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Alguns dos argumentos trazidos à lume pela PGFN, bem como pelo Recorrente, adotam como premissa a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de tal dispositivo. Nesse contexto, não se pode olvidar que o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), não obstante ainda não ter sido concluído o julgamento em controle direto de constitucionalidade sobre a mesma matéria (ADI nº 2.588), reconheceu a repercussão geral da Fl. 1150DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.151 15 discussão sobre a constitucionalidade do art.74 da MP nº 2.15835/01, especificamente no Recurso Extraordinário nº 611.586/PR, cujo acórdão, de 05/04/12, publicado no DJE nº 84, de 02/05/12, recebeu a seguinte ementa: TRIBUTÁRIO. IMPOSTO SOBRE A RENDA E PROVENTOS DE QUALQUER NATUREZA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO. PARTICIPAÇÃO NOS LUCROS DEVIDOS POR EMPRESAS ESTRANGEIRAS ÀS PESSOAS JURÍDICAS SEDIADAS NO BRASIL. CONTROLADAS E COLIGADAS. MOMENTO EM QUE SE APERFEIÇOA O FATO JURÍDICO TRIBUTÁRIO. CONCEITO CONSTITUCIONAL DE RENDA. CONCEITOS DE DISPONIBILIDADE JURÍDICA E DE DISPONIBILIDADE ECONÔMICA DA RENDA. MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL (MEP). ART. 43 DO CTN. MP 2.15834/2001 (MP 2.13535/2001). ART. 248, II DA LEI 6.404/1976. ARTS. 145, §1º, 150, III, A e 153, III DA CONSTITUIÇÃO. Proposta pelo reconhecimento da repercussão geral da discussão sobre a constitucionalidade do art. 74 e par. ún. da MP 2.15835/2001, que estabelece que os lucros auferidos por controlada ou coligada no exterior serão considerados disponibilizados para a controladora ou coligada no Brasil na data do balanço no qual tiverem sido apurados, na forma do regulamento, bem como que os lucros apurados por controlada ou coligada no exterior até 31 de dezembro de 2001 serão considerados disponibilizados em 31 de dezembro de 2002, salvo se ocorrida, antes desta data, qualquer das hipóteses de disponibilização previstas na legislação em vigor. Decisão: O Tribunal reconheceu a existência de repercussão geral da questão constitucional suscitada. Não se manifestou a Ministra Cármen Lúcia.” Nos termos do art.62A, §1º, do Anexo II do Regimento Interno do CARF (RICARF), “Ficarão sobrestados os julgamentos dos recursos sempre que o STF também sobrestar o julgamento dos recursos extraordinários da mesma matéria, até que seja proferida decisão nos termos do art.543B”. Aplicase, ainda, à espécie, o parágrafo único da Portaria CARF nº 1, de 03/01/12, que estabeleceu procedimentos a serem adotados para o sobrestamento de processos de que trata o supracitado dispositivo regimental. Senão, vejamos: “Art.1º. Determinar a observação dos procedimentos dispostos nesta portaria, para realização do sobrestamento do julgamento de recursos em tramitação no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF, em processos referentes a matérias de sua competência em que o Supremo Tribunal Federal – STF tenha determinado o sobrestamento de Recursos Extraordinários – RE, até que tenha transitado em julgado a respectiva decisão, nos termos do art.543B da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Parágrafo único. O procedimento de sobrestamento de que trata o caput somente será aplicado a casos em que tiver comprovadamente sido determinado pelo Supremo Tribunal Federal – STF o sobrestamento de processos relativos à matéria recorrida, independentemente da existência de repercussão geral reconhecida para o caso.” Fl. 1151DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.152 16 Sem adentrar na necessidade ou não, à luz do art.543B do CPC, de comprovação de determinação expressa do STF para o sobrestamento de processos, quando reconhecida a repercussão geral, aflora, de maneira cristalina, da leitura do voto do Relator, Min. Joaquim Barbosa, que não foi outra a intenção da Corte senão proporcionar aquele efeito, mormente quando que era do próprio Ministro o voto que restava para a conclusão do julgamento da ADI nº 2.588. Esclarecedor mostrase o seguinte excerto colhido do seu voto no RE nº 611.586/PR: “[...] Há preliminar formal de repercussão geral (fls.177). Encaminho aos eminentes pares o exame da repercussão geral da matéria debatida. A meu sentir, a matéria em discussão transcende os interesses localizados das partes. Inicialmente, anoto que a controvérsia também é objeto da ADI 2.588, que, tãosomente por si, não confere aos inúmeros recursos idênticos os efeitos racionalizadores do processo, previstos no art. 543B do CPC.” (destaquei) Em que pese o art.2º, §1º, da Portaria CARF nº 1/2012 traçar procedimento específico na hipótese de o “...Conselheiro Relator do processo identificar, de ofício ou por provocação das partes, o processo cujo recurso subsumase, em tese, à hipótese de sobrestamento de que trata o art.1º”, devendo, se for o caso, “...elaborar requerimento fundamentado ao Presidente da respectiva Turma, sugerindo o sobrestamento do recurso do processo” (art.2º, §1º, I), a inclusão do processo em pauta de julgamento, sem passar pelo crivo do Presidente da Turma, deveuse a particularidades inerentes ao caso concreto, em especial aos argumentos tecidos pela defesa e à participação efetiva da PGFN, que justificam uma deliberação do próprio colegiado, sem que tal atitude por parte do Relator represente necessariamente quebra de hierarquia ou descumprimento de tal ato normativo. Acrescentese que quando da indicação antecipada do processo para a pauta de julgamento relativa à reunião de dezembro de 2012, outro era o desfecho proposto pelo Relator quanto à matéria. Assim, uma vez indicado para julgamento, razoável era, em homenagem à celeridade processual, mantêlo na pauta. O que poderia, talvez, justificar o não sobrestamento seria o acolhimento de alguma das alegações do Recorrente, detalhadas no relatório supra, mormente quanto à não aplicação do art.74 da MP nº 2.15835/01. Conquanto exista tal particularidade, não se pode desconhecer os efeitos do reconhecimento da repercussão geral reconhecida pelo STF no âmbito do processo administrativo tributário, como visto acima. Ademais, aquela Corte poderá, por exemplo, até porque vai se posicionar diante de um caso concreto cujas particularidades são desconhecidas pelo CARF, adotar uma interpretação conforme a Constituição Federal, ou até mesmo modular seus efeitos, de maneira a impactarem na resolução da questão posta no âmbito administrativo. Igualmente não se pode ignorar que, caso o colegiado decida não acolher as alegações de defesa e entenda pela higidez do trabalho da fiscalização, e, ato contínuo, também determine o sobrestamento por força do art.62A do Anexo II do Regimento Interno do CARF, Fl. 1152DF CARF MF Processo nº 11080.732740/201143 Resolução nº 1103000.079 S1C1T3 Fl. 1.153 17 deverá, necessariamente, após a definitiva decisão pelo STF, reapreciar novamente as questões provisoriamente equacionadas. Colhese tal interpretação das seguintes normas regimentais, postas no mesmo Anexo II: Art. 59. As questões preliminares serão votadas antes do mérito, deste não se conhecendo quando incompatível com a decisão daquelas. ..... § 3° No caso de continuação de julgamento interrompido em sessão anterior, havendo mudança de composição da turma, será lido novamente o relatório, facultado às partes fazer sustentação oral, ainda que já a tenham feito, e tomados todos os votos, mesmo daqueles que já o tenham proferido em sessão anterior. ..... Art. 63. As decisões dos colegiados, em forma de acórdão ou resolução, serão assinadas pelo presidente, pelo relator, pelo redator designado ou por conselheiro que fizer declaração de voto, devendo constar, ainda, o nome dos conselheiros presentes e dos ausentes, especificandose, se houver, os conselheiros vencidos e a matéria em que o foram, e os impedidos. ..... § 6° No caso de resolução, as questões preliminares ou prejudiciais já examinadas serão reapreciadas quando do julgamento do recurso, após a realização da diligência. (destaquei) Considero que a decisão pelo sobrestamento não traz qualquer prejuízo à defesa, que, inclusive requereu, em seu recurso voluntário tal providência, até mesmo porque todas as questões envolvidas no presente julgamento serão apreciadas à luz do que decidir o Supremo Tribunal Federal no RE nº 611.586/PR. Pelo exposto, voto no sentido de SOBRESTAR o julgamento e de encaminhar os autos à Secretaria da Primeira Câmara da Primeira Seção de Julgamento para fins do disposto no art.2º, §3º, da Portaria CARF nº 1/2012. (assinado digitalmente) Eduardo Martins Neiva Monteiro Fl. 1153DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.001087/2009-41
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Normas Gerais de Direito Tributário Anos-calendário: 2004, 2005 MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. Sobre a multa de ofício paga após seu vencimento, incidem os juros de mora calculados à taxa de um por cento ao mês, nos termos do § 1º, do art. 161, do CTN, desde que sua aplicação, entre o termo inicial e a data de pagamento, resulte em valor menor do que a aplicação dos juros de mora calculados com base na taxa Selic, no mesmo período, para que não ocorra reforma da decisão para pior. EMISSÃO DE DEBÊNTURES. PROCEDIMENTOS FORMAIS DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA MATERIAL CARACTERIZADORA DO DOLO. INSUBSISTÊNCIA DA MULTA QUALIFICADA. Em matéria de fato delituoso não se pode presumir. Ou existe prova concreta da figura tipificada na lei ou desqualifica-se a multa.
Numero da decisão: 1402-000.498
Decisão: Acordam os membros do colegiado: 1) Por unanimidade de votos, não
conhecer do recurso em relação às exigências que foram parceladas; 2) Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: a) para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, vencida a Conselheira Albertina Silva Santos de Lima (relatora) e o Conselheiro Antônio José Praga de Souza, que a mantinham; o conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar acompanhou a divergência pelas conclusões; b) para que os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício sejam calculados à taxa de um por cento ao mês, nos termos do § 1º do art. 161, do CTN, desde que sua aplicação, entre o seu termo inicial e a data do pagamento, resulte em valor menor do que o da aplicação dos juros de mora calculados pela taxa selic, no mesmo período; vencido o Conselheiro Carlos Pelá que excluía os juros de mora; o Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva votou pelas conclusões. Tudo nos termos do relatório e voto
que integram o presente julgado. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro
Moises Giacomelli Nunes da Silva.
Nome do relator: Albertina Silva Santos de Lima
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1426; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1 1 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 11065.001087/200941 Recurso nº 516.939 Voluntário Acórdão nº 140200.498 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 31 de março de 2011 Matéria IRPJ e CSLL Recorrente DAIBY S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anoscalendário: 2004, 2005 MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA DE JUROS DE MORA. Sobre a multa de ofício paga após seu vencimento, incidem os juros de mora calculados à taxa de um por cento ao mês, nos termos do § 1º, do art. 161, do CTN, desde que sua aplicação, entre o termo inicial e a data de pagamento, resulte em valor menor do que a aplicação dos juros de mora calculados com base na taxa Selic, no mesmo período, para que não ocorra reforma da decisão para pior. EMISSÃO DE DEBÊNTURES. PROCEDIMENTOS FORMAIS DEVIDAMENTE CONTABILIZADOS. INEXISTÊNCIA DE PROVA MATERIAL CARACTERIZADORA DO DOLO. INSUBSISTÊNCIA DA MULTA QUALIFICADA. Em matéria de fato delituoso não se pode presumir. Ou existe prova concreta da figura tipificada na lei ou desqualificase a multa. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: 1) Por unanimidade de votos, não conhecer do recurso em relação às exigências que foram parceladas; 2) Por maioria de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário: a) para reduzir a multa de ofício de 150% para 75%, vencida a Conselheira Albertina Silva Santos de Lima (relatora) e o Conselheiro Antônio José Praga de Souza, que a mantinham; o conselheiro Frederico Augusto Gomes de Alencar acompanhou a divergência pelas conclusões; b) para que os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício sejam calculados à taxa de um por cento ao mês, nos termos do § 1º do art. 161, do CTN, desde que sua aplicação, entre o seu termo inicial e a data do pagamento, resulte em valor menor do que o da aplicação dos juros de mora calculados pela taxa selic, no mesmo período; vencido o Conselheiro Carlos Pelá que excluía os juros de mora; o Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva votou pelas conclusões. Tudo nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima – Presidente e Relatora. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva – Redator designado. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 2 3 Relatório O lançamento diz respeito a glosa de despesas com remuneração de debêntures formalizadas “apenas no papel”, indedutíveis, para fins de apuração do IRPJ e da CSLL, nos anoscalendário de 2004 e 2005, com aplicação da multa de ofício qualificada. Também foi exigida multa isolada por insuficiência de recolhimento das estimativas mensais do IRPJ e da CSLL, apuradas a partir de balanço/balancete de suspensão/redução nos anoscalendário de 2004 e 2005. Conforme Termo de verificação fiscal, as debêntures referidas foram emitidas em duas etapas, sendo subscritas exclusivamente pelos acionistas na mesma proporção de participação no capital social. Em 31.08.2001, com o alegado objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do vencimento das contas correntes dos acionistas, deliberaram e autorizaram a emissão de 500.000 debêntures , com as seguintes características: 1ª emissão de debêntures: a) valor nominal de R$ 1,00 e totalidade de R$ 500.000,00; prazo das debêntures de 24 meses, com vencimento em 31.08.2003; b) fixação do preço total de subscrição e integralização das debêntures em R$ 4.566.626,32, com ágio de 813,33% do capital original, motivado na expectativa de rentabilidade futura c) integralização das debêntures subscritas realizada através da conversão do passivo que a empresa tinha para com os acionistas; d) estabelecida remuneração das debêntures de 50% dos lucros da empresa; e) remuneração devida mensalmente, no período de 1º de setembro de 2001 até 31 de agosto de 2003, com previsão de pagamento no 20º dia útil após a AGO de apreciação dos resultados do exercício anterior 2ª emissão de debêntures: As debêntures objeto da primeira emissão foram resgatadas de forma antecipada, em dezembro de 2002 conforme decisão tomada em reunião de diretoria realizada em 03.12.2002, e posteriormente homologada pela AGE de 29.04.2003. Conforme a ata da reunião da diretoria, a aprovação do resgate antecipado das debêntures da 1ª emissão teve como condição o pagamento do saldo não amortizado e de lucros remuneratórios devidos na data do resgate, totalizando o valor de R$ 7.539.504,35. Não consta na ata, o motivo que levou a diretoria a decidir pelo resgate antecipado das debêntures. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 4 Decidiuse ainda que os créditos decorrentes do resgate antecipado das debêntures poderiam ser utilizados para conversão em novas debêntures, o que acabou posteriormente sendo efetivado, pois, de acordo com a AGE de 20.12.2002, os acionistas da fiscalizada, com o objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como, para evitar a descapitalização da mesma em decorrência dos juros sobre capital próprio e do saldo da 1ª emissão de debêntures, deliberaram e autorizaram a emissão de 1.000.000 de debêntures com as seguintes características: a) valor nominal de cada debênture de R$ 1,00, prazo de 36 meses, com vencimento em 31.12.2005; b) fixação do preço total de subscrição e integralização das debêntures em R$ 8.931.030,95, portanto, com ágio de R$ 7.931.030,95 (793%), sob o motivo de perspectiva de rentabilidade futura; c) integralização das debêntures subscritas através da conversão do passivo que a empresa tinha com acionistas e debenturistas credores; d) remuneração estabelecida de 50% dos lucros da empresa, antes dos impostos, excluídos os resultados de equivalência patrimonial; e) remuneração devida mensalmente, de 01.12.2002 até 30.11.2005, com previsão de pagamento no 20º dia útil após a AGO de apreciação dos resultados do exercício anterior. Sobre a subscrição e integralização das debêntures emitidas (1ª e 2ª) foi privada, sendo as debêntures subscritas, pelos acionistas da fiscalizada e na proporção da participação de cada um dos acionistas no capital social da fiscalizada. Em relação à 1ª emissão para integralização das debêntures subscritas e do ágio pago, no valor total de R$ 4.566.626,32, os acionistas utilizaram créditos que detinham junto à própria fiscalizada (dividendos e juros sobre capital próprio). Quanto à 2ª emissão, a integralização e o pagamento valor total de R$ 8.931.000,00, se deu mediante a utilização de créditos dos subscritores junto à fiscalizada (juros sobre o capital próprio de R$ 1.391.526,61 e liquidação das debêntures da 1ª emissão de R$ 7.539.504,34). Portanto, por ocasião da integralização das debêntures emitidas pela fiscalizada, não houve o efetivo ingresso de novos recursos financeiros no ativo da empresa. Afirma a fiscalização que as remunerações foram contabilizadas a débito da conta de resultado “remuneração com debêntures” e a crédito da conta do passivo circulante “debêntures a pagar”. Em 2004, o valor acumulado atingiu R$ 3.242.296,52 e em 2005, 715.890,49. Em relação à 2ª emissão de debêntures, o resgate ocorreu em 04.04.2006, conforme AGE dessa data, os acionistas em função da exposição justificada da diretoria de 03.04.2006, aprovaram por unanimidade o aumento do capital social de R$ 18 milhões para R$ 34 milhões, mediante a incorporação dos seguintes recursos: (i) reserva de ágio na subscrição de debêntures de R$ 7.931.030,95, (ii) debêntures a pagar R$ 7.931.028,41, (iii) reserva legal de R$ 137.764,61, lucros acumulados de R$ 176,03, totalizando R$ 16 milhões. Assim, a parcela do aumento do capital social de R$ 7.931.028,41 se deu por intermédio da quitação de obrigações que a fiscalizada tinha para com os subscritores das Fl. 4DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 3 5 debêntures. Esse saldo era composto pelo somatório do valor nominal das debêntures emitidas em 20.12.2002 de R$ 1 milhão e da remuneração dessas debêntures de R$ 6.931.030,95. Tendo em vista que segundo as AGEs, a remuneração dos subscritores seria devida mensalmente, à medida em que os lucros fossem auferidos e que o pagamento da remuneração deveria ser efetuado até o 20º dia útil após a AGO que apreciasse os resultados do exercício anterior, e considerando que as AGOs dos anos de 2002 a 2005, já haviam ocorrido, os subscritores deveriam efetivamente ter recebido os valores relativos às remunerações em tela, entretanto, tais pagamentos não ocorreram, tendo sido contabilizados a crédito de conta patrimonial do passivo circulantes (debêntures a pagar), sendo que em 04.04.2006, o saldo dessa conta, de R$ 7.931.028,41, foi utilizado para aumento do capital social da fiscalizada. Ou seja, tão somente foram realizados registros contábeis, sem que tenha havido qualquer fluxo financeiro. Para os anos de 2001 a 2003, a glosa de despesas com debêntures foi lançada no processo 11065.001117/200595, e posteriormente foi efetuado o lançamento complementar para exigir a multa qualificada. Ambos lançamentos foram mantidos em decisão de primeiro grau. Após, a fiscalização conceitua debêntures e as características destes títulos de créditos e chega à conclusão de que a debênture corresponde a um contrato de mútuo, ou seja, tratase de um empréstimo de médio ou longo prazo, com juros mais favoráveis do que o mercado financeiro, tomado pela companhia emissora junto a particulares. Sendo o contrato de mútuo, um contrato real, há a necessidade do efetivo ingresso de recursos financeiros no ativo da emissora, sob pena de que não existindo ingresso de recursos, não ser possível caracterizar a operação como um empréstimo. Concluiu a fiscalização que essas operações foram formalizadas apenas no papel, e que não houve a captação efetiva de recursos e nem o ingresso, no ativo da fiscalizada, de recursos financeiros, em função da emissão das debêntures. Destaca ainda, que em relação à primeira emissão de debêntures, o expressivo prêmio pago pelos subscritores: valor nominal de R$ 500 mi, subscrição de R$ 4.566.626,32, com ágio de R$ 4.066.626,32, ou seja, ágio de 813%. A justificativa para ágio tão significativo se deu por meio de laudo produzido pela empresa Audit Consultores S/C Ltda, documento que nem ao menos demonstra, em termos quantitativos, qual seria a rentabilidade futura. Transcrevo do Termo de Verificação Fiscal alguns aspectos relevantes: Mais um aspecto importante merece ser destacado. Poderia ser aventada a hipótese de que a motivação para o pagamento do "ágio" de 813% na subscrição das debêntures fosse a expectativa dos acionistas receberem uma remuneração excepcional em função da futura rentabilidade da fiscalizada. Isto porque as debêntures previam remuneração equivalente a 50% dos lucros futuros da fiscalizada. Todavia, cabe recordar que para a integralização deste "ágio" foram utilizados "créditos" que os acionistas possuíam junto à própria fiscalizada e que a parcela mais expressiva destes "créditos" tinha origem em lucros anteriores da companhia que estavam destinados a futuro aumento do capital social (Reserva para Aumento de Capital Social). Ou seja, se referidos recursos Fl. 5DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 6 tivessem sido efetivamente utilizados no aumento do capital social e a fiscalizada apresentasse futuramente a rentabilidade esperada, os acionistas 41) poderiam ser remunerados com 100% dos lucros futuros, não se justificando o pagamento do "ágio" na subscrição das debêntures. Para a emitente das debêntures — a empresa fiscalizada — o expressivo valor "recebido" a título de "ágio", sob o aspecto contábil, não resultou em alterações significativas na sua estrutura patrimonial. Isto porque o "ágio", no valor de R$ 4.066.626,32, foi escriturado a crédito da conta patrimonial "Reserva Ágio na Subscrição de Debêntures", integrante do Patrimônio Líquido. Até o momento anterior à emissão das debêntures, parcela significativa (R$ 3.879.095,29) dos recursos utilizados no pagamento do "ágio" estava registrada, igualmente, em conta do Patrimônio Liquido da fiscalizada, na rubrica "Reserva para Aumento de Capital". Portanto, para a fiscalizada, sob o aspecto patrimonial, houve a "substituição" de uma Reserva por outra: A Reserva para Aumento de Capital foi substituída pela Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures. Cabe inclusive destacar que a "nova" Reserva foi, posteriormente, utilizada pela fiscalizada com a mesma destinação que receberia a "antiga" Reserva, ou seja, foi utilizada para aumento do capital social da fiscalizada. Isto fica evidenciado pela leitura da Ata da Assembléia Geral Ordinária N°23 realizada em 29/04/2003 (folhas 152 a 154), na qual foi deliberado que a "Reserva de Ágio na Subscrição de Debêntures", no valor de R$ 4.066.626,32, seria utilizada para aumento do capital social. Por oportuno, cabe resgatar que, em 31/08/2001 (Ata de AGE N° 19, fls. 144 e 145), os acionistas da fiscalizada decidiram distribuir, a título de dividendos, parcela dos lucros que, anteriormente, haviam sido destinados à constituição de "Reserva para Aumento de Capital", sob a justificativa de não haver mais intenção de aumentar o capital social da fiscalizada. Na mesma data (31/08/01), para evitar a "descapitalização" da empresa, foram emitidas debêntures com "ágio" (Ata de AGE N° 20, fls. 146 a 148), o que gerou a "Reserva de Ágio" utilizada justamente para aumentar o capital social da fiscalizada. Ora, se a intenção dos acionistas era aumentar o capital social da fiscalizada, por que distribuir dividendos, emitir debêntures, subscrevêlas com "ágio" e então utilizar a "Reserva de Ágio" para aumentar o capital social, em vez de simplesmente utilizar a "Reserva para Aumento de Capital" que já estava constituída anteriormente? O motivador destes procedimentos descortinase por completo ao analisarmos a "operação" de emissão de debêntures sob o ângulo tributário. O "ágio" recebido pela fiscalizada por ocasião da emissão das debêntures (R$ 4.066.626,32) não é passível de tributação em relação ao IRPJ e à CSLL, em função do disposto no art. 442, III do RIR/99. Fl. 6DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 4 7 Por outro lado, a título de remuneração das debêntures, a fiscalizada passa a escriturar despesas, o que reduz o seu lucro contábil e, conseqüentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL. Portanto, haveria uma "redução" da carga tributária de 34% para a fiscalizada (15% de IRPJ + 10% de Adicional do IRPJ + 9% de CSLL). Em dezembro de 2002, a fiscalizada decide antecipar o resgate das debêntures, cujo vencimento se daria somente em 31/08/2003. Tal decisão foi tomada pela Diretoria da fiscalizada, em 03/12/02 (Ata de Reunião de Diretoria n° 154, de 03/12/02, constante das folhas 168), sendo que a ata relativa a esta reunião não faz qualquer referência ao motivo da decisão. Por ocasião deste "resgate antecipado" não foi feito qualquer pagamento aos subscritores das debêntures objeto da 1 a emissão, pois, na mesma data, foi efetivada a 2a emissão de debêntures para cuja integralização foram utilizados os "créditos" decorrentes do "resgate antecipado". Em relação à 2ª emissão foram verificadas as mesmas características da 1ª, ou seja: a)As debêntures foram subscritas exclusivamente por acionistas da fiscalizada, tendo sido observado, na subscrição, a proporcionalidade da participação dos acionistas no capital social da fiscalizada; b) As debêntures teriam sido emitidas com o objetivo de alocar recursos para otimizar as operações da empresa, bem como evitar a descapitalização da mesma em decorrência do pagamento de juros sobre o capital próprio e do saldo da 1a. emissão de debêntures; c) Por ocasião da subscrição das debêntures, os acionistas da fiscalizada pagaram "ágio" bastante expressivo (793% do valor nominal das debêntures) por conta de perspectiva de rentabilidade futura da empresa; d) A integralização das debêntures subscritas se deu através da conversão de "dívidas" que a fiscalizada tinha para com os seus acionistas, em função da antecipação do resgate das debêntures objeto da 1a. emissão, dos rendimentos relativos a tais títulos e da decisão de remunerar os acionistas através de Juros sobre o Capital Próprio; e) Não houve, em função das debêntures emitidas, a captação efetiva de recursos junto a terceiros ou o ingresso de "novos" recursos financeiros no ativo da fiscalizada. Destacou ainda a fiscalização que: não houve a previsão de juros remuneratórios, falta de pagamento das remunerações aos subscritores nos prazos estabelecidos, falta de fluxo financeiro (apenas registros contábeis), falta de pagamento aos subscritores. Fl. 7DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 8 A fiscalização abordou ainda a indedutibilidade das despesas com remuneração das debêntures, e no item VII do Termo de Verificação Fiscal tratou da caracterização da sonegação, cujo trecho a seguir transcrevo: De acordo com o art. 71 da Lei n° 4.502/64, sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais. Examinando os procedimentos adotados pela fiscalizada constatamos que fica evidenciada a sonegação. Isto porque, para reduzir o lucro líquido e, conseqüentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, a fiscalizada utilizouse de despesas geradas com a remuneração de debêntures cuja emissão esteve cercada de artificialismo. A emissão de debêntures sem uma justificativa plausível e sem a captação de novos recursos, com o intuído de gerar despesas em decorrência da remuneração destes títulos, evidencia a intenção da fiscalizada de reduzir os tributos devidos. Analisando as operações como um todo, verificase que o que realmente ocorreu ao final do processo foi o aumento do capital social com a utilização da reserva de ágio na emissão das debêntures e do saldo da conta do passivo "debêntures a pagar". Esse aumento de capital, no entanto, poderia ter sido realizado diretamente com a reserva para aumento de capital já existente, sem a necessidade de emissão das debêntures, as quais não trouxeram nenhum recurso novo para a sociedade. Tal procedimento caracteriza sonegação, tendo em vista que se trata de ação intencional (dolosa), caracterizada pela adoção de providências administrativas, societárias e contábeis que tiveram por intuito impedir o conhecimento, por parte da autoridade fazendária, da ocorrência do fato gerador de obrigação tributária. Os atos realizados — contabilização de despesas decorrentes de operações formalizadas apenas "no papel" indicam a presença de dolo e a clara intenção de enganar o fisco quanto à ocorrência do fato gerador do imposto e, em específico, sua efetiva base de cálculo. O item 9.2 do Termo de Verificação fiscal trata da multa qualificada, conforme trecho a seguir transcrito: De acordo com o disposto no Parágrafo 1° do art. 44 da Lei n° 9.430/96, com a redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/07, quando caracterizados os casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, será aplicada multa de oficio de 150% (cento e cinqüenta por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição apurados pela fiscalização. Na presente fiscalização, conforme detalhado no item VII deste Relatório, ficou caracterizada a sonegação (art. 71 da Lei n° 4.502/64). Portanto, em relação às despesas indedutíveis relativas à remuneração de debêntures formalizadas "apenas no papel" foi aplicada multa de oficio qualificada de 150%. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 5 9 O lançamento foi considerado procedente pela Turma Julgadora, tendo sido proferidas as seguintes ementas, entre outras: PARTICIPAÇÕES DE DEBÊNTURES. LIBERALIDADE. Os dispêndios com participações de debêntures constituem mera liberalidade se não preencherem todos os requisitos para sua dedutibilidade, como usualidade, normalidade e necessidade. MULTA QUALIFICADA. A multa de ofício qualificada se justifica quando caracterizado o dolo em artifício sonegatório praticado pelo sujeito passivo. MULTA OFÍCIO POR PAGAMENTO INSUFICIENTE DE TRIBUTO E MULTA ISOLADA POR INSUFICIÊNCIA NO PAGAMENTO DE ESTIMATIVA. INEXISTÊNCIA DE DUPLICIDADE. Não há duplicidade entre a aplicação da multa isolada por insuficiência no pagamento de estimativas e da multa de ofício por recolhimento a menor de tributo. Tratamse de duas penalidades com hipóteses de incidência e bases de cálculo diferentes. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, após o seu vencimento, está prevista nos artigos 43 e 61, § 3°, da Lei 9.430/96. Após a apresentação do recurso voluntário, a contribuinte aderiu ao programa de parcelamento de débitos de que trata a Lei 11.941/09, com a inclusão de parte dos débitos de que tratam o presente processo, ficando em litígio apenas a discussão da multa de ofício que corresponde a 150% do valor do IRPJ e da CSLL (item 9.2 do relatório fiscal). Conforme Termo de Transferência de crédito tributário, de fls. 376/377 foi transferido para outro processo apenas o valor principal do IRPJ e da CSLL e a multa isolada. A ciência da decisão se deu em 22.10.2009, e o recurso voluntário foi apresentado em 20.11.2009. No item III.E do recurso, que tem como título “A DESCARACTERIZAÇÃO DA SONEGAÇÃO E DA DESQUALIFICAÇÃO DA MULTA DE OFÍCIO” consta o seguinte: Na conclusão do relatório fiscal, a autoridade administrativa faz a seguinte colocação: "Examinando os procedimentos adotados pela fiscalizada constatamos que fica evidenciada a sonegação. Isto porque, para reduzir o lucro líquido e, consequentemente, as bases de cálculo do IRPJ e da CSLL, a fiscalizada utilizouse de despesas geradas com a remuneração de debêntures cuja emissão esteve cercada de artificialismo". Fl. 9DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 10 Ora, tal entendimento não merece prosperar. Conforme já defendido anteriormente, a operação praticada pela Recorrente, ao emitir debêntures como forma de novar suas dívidas com seus acionistas, esteve pautada nas regras previstas na legislação/princípios, na doutrina e na prática comercial/empresarial, que de forma alguma demonstra conduta reprovável ou ação dolosa a fim de caracterizar 'sonegação'. Tratase sim de um planejamento, com propósito negociai claro, que transformou uma dívida plenamente exigível em um passivo a longo prazo. Confirmando este entendimento, assim manifestouse o ilustre Conselheiro Mário Junqueira Franco Junior, no corpo do acórdão n o . 10194.986, de 19/05/2005: (...) Denotase com isso, que o procedimento adotado pela Recorrente é real e legítimo, e mais, tornou possível alcançar o objetivo traçado (otimização das operações e investimentos a longo prazo), tudo sem ferir qualquer norma positivada. Desta feita, resta claro que o único e legítimo objetivo foi reestruturar a dívida que tinha com seus sócios (distribuição de dividendos), de modo a facilitar o fluxo de caixa da empresa, ou seja, ao invés de quitar imediatamente aquela (distribuição de lucros), financiouse com os próprios sócios, mediante a emissão de debêntures, retendo os valores em seu fluxo financeiro. Diante destas considerações, resta descaracterizada a intenção sonegatória da empresa, fato que reflete diretamente na desqualificação da multa de oficio, que também merece ser cancelada. No item III.F, discute a impossibilidade de concomitância da multa de ofício qualificada de 150% com a multa isolada de 50% pela suposta insuficiência de recolhimento de estimativas. Após discorrer sobre essa matéria, concluiu restar demonstrada a impossibilidade de se cumular as multas, fato que ocasionaria o cancelamento da multa isolada por contarem as duas multas com a mesma base de cálculo e fato gerador do lançamento do tributo. No item III.G discute o afastamento da taxa selic sobre a multa de ofício. Argumenta que a legislação não autoriza a imposição de juros de mora com base na taxa selic, sobre a multa de ofício.Cita o art. 43 da Lei 9.430/96, e os acórdãos 10196607 e 10323566. É o relatório. Fl. 10DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 6 11 Voto Vencido Conselheira Albertina Silva Santos de Lima O recurso atende às condições de admissibilidade e deve ser conhecido. De início devese delimitar o litígio, dado que a contribuinte parcelou parte dos débitos consubstanciados neste processo. A contribuinte se expressou no Anexo I do requerimento de desistência do recurso administrativo: Em relação aos créditos tributários lavrados no presente Auto de Infração, a requerente incluirá no parcelamento os créditos tributários referentes ao imposto principal, juros e multa isolada de 50% que consta no item 9.1 do relatório fiscal. Portanto, permanecerá em discussão e aguardando o julgamento da impugnação ao auto de infração a multa de oficio qualificada de 150% aplicada pela fiscalização, conforme item 9.2 do relatório fiscal. Portanto, a glosa das despesas com remuneração de debêntures não mais está em discussão. A exigência da multa isolada por falta de recolhimento de estimativas também não está em litígio. Embora a contribuinte discuta a qualificação da multa de ofício, ainda está sob controle deste processo a totalidade da multa aplicada, ou seja, 150%. Tendo a contribuinte parcelado o IRPJ e a CSLL e tratandose de lançamento de ofício, incide ao menos a multa de 75%, nos termos do art. 44, I, da Lei 9.430/96. Estaria em litígio a aplicação dos juros sobre a totalidade da multa de ofício? Sim, porque permanece sob controle do presente processo a totalidade da multa de ofício. Estaria em discussão a aplicação concomitante da multa de ofício e da multa isolada por falta ou insuficiência de recolhimento de estimativas, de 50%? Entendo que não, pois, a contribuinte já concordou com a multa por falta de recolhimento de estimativas, ao parcelar o correspondente débito, sendo que no recurso voluntário argumentava que era indevida. Delimitado o litígio, passo inicialmente, à apreciação da qualificação da multa de ofício. Transcrevo parte do voto condutor do acórdão da Turma Julgadora que trata desta matéria: A multa de ofício de 150% foi corretamente aplicada porque restou configurada a ação dolosa do sujeito passivo tendente a impedir ou retardar o conhecimento da ocorrência do fato Fl. 11DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 12 gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais (art. 71 da Lei 4.502/64). A análise dos fatos neste processo revela que a contribuinte efetivamente forjou operações com debêntures apenas para obter redução das bases de cálculo de IRPJ e CSLL. Os negócios jurídicos engendrados revelaramse fictícios. Não houve propósito negocial nas operações. Ficou evidenciada a vontade de praticar os atos efetivados com o fito exclusivo de sonegar tributos. Por entender que o voto condutor do acórdão da Turma Julgadora apreciou a matéria adequadamente, não há nada mais a acrescentar. A qualificação da multa de ofício deve ser mantida. Quanto aos juros sobre a multa de ofício, concordo que a Lei 9.430/96, não sustenta e incidência da taxa selic como juros de mora, sobre a multa de ofício, pois, o caput do art. 61 abaixo transcrito referese a débitos decorrentes de tributos e contribuições federais, não podendo ser estendida à multa de ofício. Art.61.Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. Já o § único do art. 43 da Lei 9.430/96 somente se aplica à exigência de multa e juros de mora exigidos isoladamente, sendo que a multa isolada não mais integra o litígio. Portanto, não pode ser aplicado à multa de ofício em discussão. Entretanto, tratandose de um crédito relativo a penalidade, inclusive com vencimento determinado (30 dias após a ciência do lançamento) deve ser aplicado o art. 161 do CTN, a seguir transcrito: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. Ocorre que, em tese, a aplicação desse dispositivo pode implicar que a totalidade da multa de ofício acrescida dos juros de mora pode se tornar maior do que a aplicação da taxa selic. Nestes termos, entendo que devem ser aplicados os juros de mora calculados à taxa de um por cento ao mês, desde que sua aplicação resulte em valor menor do que a aplicação dos juros calculados pela taxa selic no mesmo período, para que não ocorra reforma da decisão para pior. Fl. 12DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 7 13 Do exposto, oriento meu voto para não conhecer do recurso, em relação às exigências que foram parceladas, e dar provimento parcial ao recurso, para que os juros de mora incidentes sobre a multa de ofício sejam calculados à taxa de um por cento ao mês, nos termos do § 1º do art. 161, do CTN, desde que sua aplicação, entre o seu termo inicial e a data do pagamento, resulte em valor menor do que o da aplicação dos juros de mora calculados pela taxa selic, no mesmo período. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Relatora Fl. 13DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL 14 Voto Vencedor Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva A exceção das questões referentes à qualificadora da multa, nos demais pontos agrego a este voto as razões de decidir da ilustre relatora destacando que, doravante, serão articulados os fundamentos pelos quais o colegiado entendeu que deveria ser desqualificada a multa, reduzindoa para o patamar de 75% (setenta e cinco por cento). Nos termos do § 1º, do artigo 44, da Lei nº 9.430, de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007, a multa de 75%, de que trata o inciso I, do caput, será duplicada nos casos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 1964, abaixo transcritos, que tratam respectivamente, da sonegação, da fraude e do conluio: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 71 e 72. No caso dos autos, entendeu na autoridade fiscal que a autuada, ao emitir as debêntures, praticou ação dolosa tendente a impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Nos termos dos artigos 52 e 56 da Lei das Sociedades Anônimas, as Companhias podem emitir debêntures que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela, título este que poderá assegurar ao seu titular juros, fixos ou variáveis, participação no lucro da companhia e prêmio de reembolso. Da análise do processo, percebese que todas as operações de emissão de debêntures foram devidamente formalizadas e registradas nos registros contábeis da empresa, circunstância que possibilitou que a autoridade fiscal identificasse estas operações descaracterizandoas. Há que se ter presente a diferença entre os elementos para descaracterizar a emissão das debêntures e a afirmação de que a empresa, no ato da emissão, agiu com dolo visando impedir ou retardar a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Em matéria de Fl. 14DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL Processo nº 11065.001087/200941 Acórdão n.º 140200.498 S1C4T2 Fl. 8 15 fato delituoso não se pode presumir. Ou existe prova concreta da figura tipificada na lei ou desqualificase a multa. No caso concreto, a partir dos rendimentos conferidos às debentures e o prazo de resgate, os primeiros elevados e o segundo curto, circunstâncias que geraram despesas à empresa, a autoridade fiscal concluiu que a recorrente assim agiu com a intenção de sonegar. Se tem elementos nos autos que permite formar juízo de valor de que a emissão de debêntures podia não tinha por finalidade novar as dívidas da empresa com seus acionistas, mas não há prova material, a não ser indutiva, de que a empresa tenha agido com dolo a fim de caracterizar 'sonegação'. ISSO POSTO, voto no sentido de desqualificar a multa, acompanhando a relatora nos demais pontos de seu voto. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva – Redator designado. Fl. 15DF CARF MF Emitido em 22/06/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 21/06/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SIL Assinado digitalmente em 22/06/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 21/06/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SIL
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Numero do processo: 13005.721128/2010-92
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 23 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/12/2007
ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO. AUTUAÇÃO FISCAL. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação fiscal, no caso, os requisitos do art. 40 da Lei nº 10.865/ 2004 e da Instrução Normativa n° 595/2005 em contraposição ao lançamento.
SUSPENSÃO. VENDAS A PESSOAS JURÍDICAS PREPONDERANTEMENTE EXPORTADORAS. VENDEDOR. RESPONSABILIDADE. Para efeito de aplicação da suspensão da COFINS nas vendas de matérias-primas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, o vendedor das mercadorias deverá atender as exigências da legislação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3301-003.057
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Valcir Gassen.
Luiz Augusto do Couto Chagas - Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/12/2007 ÔNUS DA PROVA. ELEMENTO MODIFICATIVO OU EXTINTIVO. AUTUAÇÃO FISCAL. Cabe ao contribuinte comprovar a existência de elemento modificativo ou extintivo da autuação fiscal, no caso, os requisitos do art. 40 da Lei nº 10.865/ 2004 e da Instrução Normativa n° 595/2005 em contraposição ao lançamento. SUSPENSÃO. VENDAS A PESSOAS JURÍDICAS PREPONDERANTEMENTE EXPORTADORAS. VENDEDOR. RESPONSABILIDADE. Para efeito de aplicação da suspensão da COFINS nas vendas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, o vendedor das mercadorias deverá atender as exigências da legislação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado. Vencido o Conselheiro Valcir Gassen. Luiz Augusto do Couto Chagas Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Valcir Gassen, Liziane Angelotti Meira, José Henrique Mauri, Marcelo Giovani Vieira e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 00 5. 72 11 28 /2 01 0- 92 Fl. 502DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 11 2 Relatório Tratase de autuação por insuficiência de recolhimento de PIS e COFINS referente às saídas efetuadas pela Recorrente e documentadas nas notas fiscais nº 079206, de 29/12/2007 da matriz da empresa, no valor de R$ 66.516.288,71 e nº 12892, de 31/12/2007 da filial 04 no valor de R$ 3.797.953,32. O auto de infração formalizou a exigência de COFINS nãocumulativa de R$ 5.343.882,39, acrescido da multa de ofício de 75% e juros de mora e PIS nãocumulativo, de R$ 1.160.184,99, acrescido da multa de ofício de 75% e juros de mora, totalizando o valor de R$ 10.892.435,37. Através das NFs nºs 079206, de 29/12/2007 (matriz), e 12892, de 31/12/2007 (filial 04), a Recorrente transferiu estoques de matériasprimas e material semielaborado para a Exportadora Bom Retiro Ltda., empresa integrante de grupo econômico. Extraise o relatório da decisão recorrida para detalhes do litígio: Contra a empresa antes qualificada foram lavrados dois Autos de Infração, a saber: a) o primeiro formalizou a exigência de COFINS não cumulativa, com intimação para recolhimento do valor de R$ 5.343.882,39, referente ao fato gerador 31/12/2007. Esse valor (principal) foi acrescido da multa de ofício de 75% e juros de mora regulamentares. Constou fundamentação legal. Houve ciência em 23/12/2010; b) o segundo formalizou a exigência de PIS nãocumulativo, com intimação para recolhimento do valor de R$ 1.160.184,99, referente ao fato gerador 31/12/2007. Esse valor (principal) foi acrescido da multa de ofício de 75% e juros de mora regulamentares. Constou base legal. Houve ciência em 23/12/2010. Foi lavrado, também, Relatório de Ação Fiscal, que, resumidamente, informa: a) a contribuinte teve saídas tributadas em 12/2007, relativamente às NFs nºs 079206, de 29/12/2007 (matriz), e 12892, de 31/12/2007 (filial 04), que não foram incluídas na base de cálculo do PIS e da COFINS; b) houve transferência de estoque de matériasprimas e materiais semielaborados para outra empresa (Exportadora Bom Retiro Ltda.); c) as NFs em questão documentaram uma operação de transferência de propriedade entre duas empresas diferentes. Tal operação foi onerosa, tendo produzido os mesmos efeitos de uma compra e venda simples. Fl. 503DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 12 3 Em 20/01/2011 a contribuinte apresentou impugnação onde, sinteticamente, refere: 1. transferiu dois de seus estabelecimentos industriais localizados no RS para a empresa Exportadora Bom Retiro. Essa, portando, sucedeu os estoques pertencentes àqueles, tudo conforme as NFs nºs 079206 e 12882, sendo a operação avalizada pelo fisco estadual; 2. houve inegável boafé da empresa ao dar cumprimento às orientações dos agentes do fisco estadual; 3. ainda que se desse à transferência de estoques o tratamento jurídico próprio das operações de compra e venda, no caso sob enfoque haveria a suspensão de PIS e de COFINS, nos termos do art. 40 da Lei nº 10.865, de 2004; 4. mesmo que prosperasse a alegação fazendária de que teria havido na espécie compra e venda mercantil, a única condição indispensável para que a empresa tivesse as supostas vendas de estoques abrangidas pela suspensão é que a compradora fosse preponderantemente exportadora. No ano anterior ao da realização da operação objeto da autuação, 70% da receita bruta auferida pela Exportadora Bom Retiro Ltda. foi proveniente de vendas realizadas ao exterior; 5. mero erro formal, consistente na omissão no corpo da NFs da designação de que tal operação estaria abrangida pela suspensão contemplada no art. 40 da Lei nº 10.865, de 2004, jamais poderá dar ensejo à constituição do crédito tributário; 6. inexistiu lesão ao Erário Público, na medida em que a empresa sucessora, que na ótica do Fisco federal, corresponderia à compradora, não aproveitou o crédito das contribuições a que faria jus caso a operação fosse de compra e venda, como alega o autuante em sua peça punitiva. Ao finalizar requer seja julgada integralmente improcedente a autuação fiscal e, de conseguinte, insubsistente o crédito tributário por meio dela apurado. A 2ª Turma da DRJ/POA manteve a autuação na sua integralidade, acórdão nº 1033.175, com decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/2007 SUCESSÃO EMPRESARIAL. INOCORRÊNCIA. Somente as operações de cisão, fusão ou incorporação constituem formas de reestruturação societária, o que as caracteriza como hipóteses de sucessão empresarial. Fl. 504DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 13 4 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/12/2007 SUSPENSÃO. VENDAS A PESSOAS JURÍDICAS PREPONDERANTEMENTE EXPORTADORAS. VENDEDOR. RESPONSABILIDADE. Para efeito de aplicação da suspensão da COFINS nas vendas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, o vendedor das mercadorias deverá atender as exigências da legislação. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/12/2007 SUSPENSÃO. VENDAS A PESSOAS JURÍDICAS PREPONDERANTEMENTE EXPORTADORAS. VENDEDOR. RESPONSABILIDADE. Para efeito de aplicação da suspensão do PIS nas vendas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoas jurídicas preponderantemente exportadoras, o vendedor das mercadorias deverá atender as exigências da legislação. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 31/12/2007 SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. É ônus da contribuinte a prova de que atende os requisitos e condições fixados na legislação para a suspensão da exigibilidade da COFINS incidente sobre suas vendas. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. Em seu recurso voluntário, a Recorrente alega que: está comprovado que importe superior a 70% da receita bruta auferida pela Exportadora Bom Retiro é proveniente de vendas realizadas no exterior, portanto, incluso no art. 40, 1º, da Lei nº 11.529/07; o único requisito material para o usufruto do benefício fiscal atinente a suspensão do PIS/COFINS é que a adquirente de tais mercadorias seja empresa preponderantemente exportadora; Houve mero erro formal, consistente na omissão no corpo das notas fiscais nº 079206 e 12882 da designação de que tal operação estaria abrangida pela suspensão contemplada no art. 40 da lei 10.865/04, essa omissão deuse em virtude da orientação recebida pelo contribuinte junto ao fisco estadual que chancelou o procedimento adotado pela Recorrente; mero equívoco formal, não poderá jamais dar ensejo à constituição de crédito tributário; Fl. 505DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 14 5 Ainda que se tratasse de compra e venda entre a Recorrente e a Exportadora Bom Retiro Ltda., nada poderia ser exigido a título de PIS/COFINS, na medida em que a suposta adquirente não aproveitou o crédito, conforme se verifica por meio do lançamento dessas notas fiscais no Livro Registo de Entradas da Exportadora Bom Retiro Ltda. e da não inclusão dessas entradas na base de cálculo (créditos) dessas contribuições no DACON da Exportadora do mês de dezembro de 2007; No entendimento da Recorrente não há que se falar em recolhimento de PIS/COFINS na transferência de estoques, quer porque se trate de mera transferência entre empresas do mesmo grupo, quer porque tais operações estão sob o resguardo do instituto da suspensão; A Exportadora Bom Retiro, adquirente do estoque, não aproveitou o crédito de PIS/COFINS. Logo, se por um lado não houve incidência das citadas contribuições sociais na suposta venda, por outro a adquirente não tomou o respectivo crédito, razão pela qual o mesmo valor que não foi computado na base de cálculo para a Recorrente, também não compôs a base de créditos da destinatária das mercadorias, então algebricamente ambos os valores se anularam reciprocamente. Não houve dano ao erário; Ressalta: “não há que se falar em crédito tributário que possa ser constituído em desfavor da Recorrente, quando muito, poderseia aplicar uma multa pelo descumprimento de um dever instrumental. Vale dizer, a falta de menção nas notas fiscais nº 079206 e 12882 acerca da suspensão do PIS/COFINS não poderá fazer nascer a obrigação tributária de recolher tais exações, na medida em que abrangidas por suspensão, cujo objetivo é desonerar as exportações brasileiras da carga tributária nacional”. A Recorrente delimitou o objeto de seu inconformismo, da seguinte forma: Com feito, a autuação fiscal, integralmente mantida pelo julgador administrativo na r. decisão recorrida, apenas tangencia os argumentos aduzidos pela ora Recorrente em sua impugnação. Isto porque, a empresa não discute em tal peça se seria ou não hipótese de aplicação dos efeitos tributários da sucessão empresarial, qual seja, não tributação de PIS/COFINS, pois que ainda que verdadeiras fossem as assertivas lançadas na autuação fiscal, mesmo nesta hipótese o lançamento tributário permanece inválido. Vejase que a linha de defesa aduzida na impugnação rechaçada pelo r. acórdão recorrido é no sentido de sustentar, admitindose ad argumentandum tantum, que mesmo diante de uma compra e venda de estoques, que teria sido concretizada em 31/12/2007, nos termos das Notas Fiscais nº 079206 e 12882, tal operação está sob o manto da suspensão de PIS/COFINS, não havendo, portanto, crédito tributário que pudesse ser lançado em face da ora Recorrente. Conforme se colhe das afirmativas referidas na impugnação negada pela r. decisão objurgada, em virtude de a suposta venda ter sido realizada para comercial exportadora, tal operação se deu ao abrigo da suspensão do PIS/COFINS, em que pese não ter constado tal circunstância no corpo das notas fiscais aludidas. Acrescentese ao acima dito, o fato de a empresa para a qual os estoques foram transferidos não ter aproveitado o Fl. 506DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 15 6 crédito decorrente, do que se infere, não ter havido supressão de tributo aos cofres públicos, sendo imputável à Recorrente, no máximo uma multa pelo descumprimento do dever instrumental. Ao final, requer seja dado provimento integral ao recurso voluntário. É o relatório. Voto Conselheira Semíramis de Oliveira Duro O recurso voluntário reúne os pressupostos legais de interposição, dele, portanto, tomo conhecimento. Alega a Recorrente, que transferiu o seu estoque para empresa do mesmo grupo empresarial, procedimento que contou com o respaldo da legislação estadual e do próprio fisco gaúcho, pois o art. 11, VII, do Livro I, do RICMS/RS (Decreto nº 37.699/97) prescreve a não incidência do imposto, quando há a transferência do estabelecimento comercial ou fundo de comércio, sendo este compreendido como o conjunto de bens incorpóreos e corpóreos, estando os estoques abrangidos neste último grupo. Para a empresa: (...) a r. decisão combatida, quando sustenta a inocorrência de sucessão empresarial, para com base neste argumento pretender tributar a operação por intermédio de PIS/COFINS, olvidase de que ainda que se tratasse de compra e venda, esta estaria ao abrigo da suspensão destas contribuições sociais, não havendo crédito tributário a ser exigido da ora Recorrente. Logo, no caso em debate, não é relevante a identificação exata da natureza jurídica da operação, se transferência ou compra e venda, pois, que em ambas as situações a exigência de PIS/COFINS não se sustenta. Embora não discuta o conceito de “sucessão”, conforme a sua delimitação do Recurso Voluntário, cumpri ratificar a posição da DRJ sobre esse ponto, nestes termos: No Relatório Fiscal consta, também, que ambos os estabelecimentos da empresa Couros Bom Retiro Ltda. estavam ativos e em atividade perante os cadastros da Junta Comercial e da RFB (pelo menos à época da ocorrência dos fatos geradores). Tal fato não foi contestado pela impugnante. Em relação a ser a empresa Exportadora Bom Retiro Ltda. sucessora da autuada, observase que não consta, dentre as peças processuais, cópia de documento/contrato social que fundamente ter havido cisão, fusão ou incorporação pela dita sucessora, não havendo informação de que esta tivesse assumido Fl. 507DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 16 7 integralmente o ativo e o passivo da empresa Couros Bom Retiro Ltda. Aliás, pertinente a transcrição de respostas à intimações feitas pelo Fisco Federal: Resposta do item 3.6 A operação realizada pela empresa COUROS BOM RETIRO LTDA, decorre de um processo organização logística de todas as operações do grupo, de forma que no futuro todas as atividades operacionais sejam concentradas na EXPORTADORA BOM RETIRO LTDA, para futuramente fazer um processo de incorporação de todas as empresas. (Resposta à 1ª Intimação) Resposta do item 3 Informamos ainda que a empresa EXPORTADORA BOM RETIRO LTDA, assumiu a condição de sucessora fiscal da COUROS BOM RETIRO LTDA sobre os estoques transferidos. O procedimento não é resultante de incorporação, cisão ou fusão e sim uma sucessão da mesma inscrição estadual anteriormente explorada pelo COUROS BOM RETIRO LTDA, operação legalmente amparada pela legislação e que não gera tributação nem evasão, pois na sequência a sucessora da Inscrição estadual vendeu os estoques e tributou os mesmos normalmente, dando continuidade a atividade. (Resposta à 2ª Intimação) Dessa forma, claro está que a empresa autuada comercializou estoques de matériasprimas e material semielaborado para empresa diversa, donde não há a alegada sucessão empresarial, conforme explicitado no PN CST nº 20, de 1982 (...) Em consequência, a transferência de estoques de matérias primas e material semielaborado exprime alienação (venda), devendo a receita de tais operações integrar a base de cálculo do PIS e COFINS no período em questão. Resta, portanto, aduzir se a operação entre a Couros Bom Retiro e a Exportadora Bom Retiro está sob o manto do art. 40 da Lei nº 10.865, de 2004. A legislação prescreve que: Art. 40. A incidência da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS ficará suspensa no caso de venda de matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem destinados a pessoa jurídica preponderantemente exportadora. (Redação dada pela Lei nº 10.925, de 2004) § 1° Para fins do disposto no caput deste artigo, considerase pessoa jurídica preponderantemente exportadora aquela cuja receita bruta decorrente de exportação para o exterior, no ano calendário imediatamente anterior ao da aquisição, houver sido igual ou superior a 70% (setenta por cento) de sua receita bruta total de venda de bens e serviços no mesmo período, após Fl. 508DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 17 8 excluídos os impostos e contribuições incidentes sobre a venda. (Redação dada pela Lei n° 11.529, de 22 de outubro de 2007) § 2º Nas notas fiscais relativas à venda de que trata o caput deste artigo, deverá constar a expressão "Saída com suspensão da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", com a especificação do dispositivo legal correspondente. § 3º A suspensão das contribuições não impede a manutenção e a utilização dos créditos pelo respectivo estabelecimento industrial, fabricante das referidas matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem. § 4º Para os fins do disposto neste artigo, as empresas adquirentes deverão: I atender aos termos e às condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal; e II declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atende a todos os requisitos estabelecidos. § 5º A pessoa jurídica que, após adquirir matériasprimas, produtos intermediários e materiais de embalagem com o benefício da suspensão de que trata este artigo, derlhes destinação diversa de exportação, fica obrigada a recolher as contribuições não pagas pelo fornecedor, acrescidas de juros e multa de mora, ou de ofício, conforme o caso, contados a partir da data da aquisição. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) § 6º As disposições deste artigo aplicamse à Contribuição para o PIS/PasepImportação e à CofinsImportação incidentes sobre os produtos de que trata o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.482, de 31 de maio de 2007) O § 4°, inciso I, do art. 40 prevê a obrigatoriedade do cumprimento de termos e condições estabelecidas pela Receita Federal, através da Instrução Normativa n° 595/2005. A Instrução Normativa n° 595/2005 fixa condições a serem atendidas pelo vendedor e condições a serem atendidas pelo adquirente, verbis: DO REGIME DE SUSPENSÃO Art. 1º Fica suspensa a exigência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) incidentes sobre as receitas de vendas de matériasprimas (MP), produtos intermediários (PI) e materiais de embalagem (ME), efetuadas a pessoa jurídica preponderantemente exportadora. DA HABILITAÇÃO AO REGIME DA OBRIGATORIEDADE DA HABILITAÇÃO Fl. 509DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 18 9 Art. 2º Somente a pessoa jurídica previamente habilitada ao regime pela Secretaria da Receita Federal (SRF) pode efetuar aquisições de MP, PI e ME com suspensão da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins na forma do art. 1º. DA PESSOA JURÍDICA APTA À HABILITAÇÃO Art. 3º Para efeitos da habilitação, considerase preponderantemente exportadora a pessoa jurídica cuja receita bruta decorrente de exportação, para o exterior, no ano calendário imediatamente anterior ao da aquisição dos bens de que trata o caput, houver sido igual ou superior a 70% (setenta por cento) de sua receita bruta total de venda de bens e serviços no mesmo período. (Redação dada pela IN RFB nº 780, de 06 de novembro de 2007) Art. 6º A habilitação será concedida por meio de Ato Declaratório Executivo (ADE), emitido pelo Delegado da DRF ou da Derat, publicado no Diário Oficial da União. DOS PROCEDIMENTOS PARA A CONCESSÃO DA HABILITAÇÃO Art. 8º A suspensão da exigibilidade das contribuições ocorrerá, em relação às MP, aos PI e aos ME, quando de sua aquisição por pessoa jurídica preponderantemente exportadora habilitada ao regime de que trata esta Instrução Normativa, observado que: I a pessoa jurídica adquirente deve declarar ao vendedor, de forma expressa e sob as penas da lei, que atende a todos os requisitos estabelecidos, bem assim indicar o número do ADE que lhe concedeu o direito; e II nas notas fiscais relativas às vendas de MP, PI e ME, deve constar a expressão "Saída com suspensão da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", acompanhada da especificação do dispositivo legal correspondente, bem assim do número do ADE a que se refere o art. 6º. DAS DISPOSIÇÕES FINAIS Art. 15. Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação. Para efeito de aplicação da suspensão de PIS e COFINS nas vendas de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem a pessoa jurídica preponderantemente exportadora (Exportadora Bom Retiro Ltda.), o vendedor (Couros Bom Retiro Ltda.) das mercadorias deverá atender às exigências do art. 40 da Lei nº 10.865/ 2004 c/c arts. 1º, 2º, 3°, caput, 6º, caput, 8º, e 15 da Instrução Normativa n° 595/2005. Todavia, nas notas fiscais relativas às vendas de MP, PI e ME NÃO constou a expressão "Saída com suspensão da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS", acompanhada da especificação do dispositivo legal correspondente e do número do ADE a que se refere o art. 6º do art. 40. Fl. 510DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 19 10 Ademais, a Exportadora não declarou à Recorrente, de forma expressa e sob as penas da lei, que atendia a todos os requisitos estabelecidos. Não se trata como afirma a Recorrente, de mero erro formal, consistente na omissão no corpo da NFs da designação de que tal operação estaria abrangida pela suspensão contemplada no art. 40 da Lei nº 10.865/2004, tratase, na verdade, de descumprimento do comando legal que disciplina a matéria. Regra geral, o ônus da prova é assim distribuído: CPC/1973 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. CPC/2015 Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor Para a suspensão do art. 40, a prova do cumprimento dos requisitos incumbe ao contribuinte, de maneira que, não havendo tal demonstração, deve a Fiscalização autuar por insuficiência de recolhimento de PIS e COFINS. Nesse sentido a lição de Fabiana Del Padre Tomé (A Prova no Direito Tributário. 3ª ed. São Paulo: Noeses, 2011, p. 264): A prova compete a quem tem interesse em fazer prevalecer o fato afirmado. Por outro lado, se o autor apresenta provas do fato que alega, incumbe ao demandado fazer a contraprova, demonstrando fato oposto. Em processo tributário, por exemplo, se o Fisco afirma que houve determinado fato jurídico, apresentando documento comprobatório, ao contribuinte cabe provar a inocorrência do alegado fato, apresentando outro documento, pois a negativa se resolve em uma ou mais afirmativas. Portanto, como as receitas das vendas das Notas Fiscais nº 079206 e nº 12892 não preencheram os requisitos estipulados no art. 40 da Lei nº 10.865/ 2004 c/c arts. 1º, 2º, 3°, caput, 6º, caput, 8º, e 15 da Instrução Normativa n° 595/2005, deve ser afastado o pleito da Recorrente. Fl. 511DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS Processo nº 13005.721128/201092 Acórdão n.º 3301003.057 S3C3T1 Fl. 20 11 Conclusão Do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, mantendo a integralidade da autuação de PIS e COFINS. Sala de Sessões, 23 de agosto de 2016. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 512DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 23/0 9/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por LUIZ AUGUSTO DO COUTO CHAGAS
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