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Numero do processo: 18471.000947/2006-33
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Feb 03 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Feb 27 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
CARACTERIZAÇÃO DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Quando a capitulação legal é feita de forma equivoca, na descrição dos fatos são colacionados elementos que corroboram esse equívoco, a defesa apresenta argumentos para afastar o enquadramento legal trazido, os julgadores de primeira e segunda instância exaram suas decisões em torno desse enquadramento legal, resta caracterizado o cerceamento do direito de defesa.
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9101-002.219
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido por unanimidade de votos e, no mérito, negado provimento ao recurso por maioria de votos, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator). Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Adriana Gomes Rego.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Relator
(Assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Redatora Designada
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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Quando a capitulação legal é feita de forma equivoca, na descrição dos fatos são colacionados elementos que corroboram esse equívoco, a defesa apresenta argumentos para afastar o enquadramento legal trazido, os julgadores de primeira e segunda instância exaram suas decisões em torno desse enquadramento legal, resta caracterizado o cerceamento do direito de defesa. Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido por unanimidade de votos e, no mérito, negado provimento ao recurso por maioria de votos, vencido o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão (Relator). Designada para redigir o voto vencedor a Conselheira Adriana Gomes Rego. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Relator (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Redatora Designada AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 09 47 /2 00 6- 33 Fl. 1631DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.631 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Por bem descrever os fatos, repito trechos do relatório da decisão recorrida, que interessam a este julgamento: Libra Terminal 35 S/A sofreu autos de infração relativos ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido dos anoscalendário de [...] e 2002. Os lançamentos resultam da verificação do cumprimento das obrigações tributárias pela interessada, e de outras irregularidades apuradas pelo fisco, [...]. [...]. A fiscalização glosou, também os valores de [...] R$ 3.247.879,25, relativos a materiais de construção aplicados em obra de reforma na estrutura dos terminais no Porto de Santos CODESP, adquiridos em quantidades que configuram reformas em tais benfeitorias, e que foram deduzidos indevidamente como despesa operacional. [...]. A impugnação tempestiva apresentada pela empresa inaugurou o litígio, julgado pela 4ª Turma de Julgamento da DRJ no Rio de Janeiro. Por maioria de votos, a Turma afastou a glosa das despesas que, no entender da fiscalização, deveriam ter sido ativadas, e manteve integralmente o restante da exigência. Foi interposto recurso de ofício. A Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, à unanimidade de votos, negou provimento aos recursos voluntário e de ofício. Proferiuse o Acórdão nº 101 96.724, de 2008, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anoscalendário: 2001 e 2002 Ementas: [...]. [...]. BENS DE NATUREZA PERMANENTE DEDUZIDO COMO DESPESA. Não caracterizada a infração pelo fisco, não prospera a glosa das despesas contabilizadas. [...]. Fl. 1632DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.632 3 Recurso voluntário e de ofício negados. A negativa de provimento do recurso de ofício por aquele Colegiado teve o seguinte fundamento: A matéria submetida à revisão necessária corresponde à glosa sobre valores contabilizados como despesas, que a fiscalização entendeu que deveriam ter sido ativados. As despesas glosadas se referem a materiais de construção adquiridos para os reparos e instalações necessários à manutenção do pátio dos terminais. Considerou a fiscalização que a aquisição foi em quantidades que configuram reformas em tais benfeitorias. A decisão deve ser confirmada pelas bem lançadas razões da ilustre Relatora. Como com muita lucidez ponderou a Relatora, o fato de a fiscalização não ter trazido aos autos nada que permita a identificação, mínima que seja, do “quantum” que seria acrescido à vida útil dos bens em que foram utilizados os respectivos materiais adquiridos, aliada à resumida descrição do fato, impossibilita a avaliação da necessidade de ativação. Nego provimento ao recurso de ofício. Ciente da decisão que negou seguimento aos recursos, a contribuinte apresentou recurso especial, tendo o presidente da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes negado seguimento ao pedido. O sujeito passivo apresentou, ainda, agravo, para o qual, em sede de reexame, foi negado seguimento pelo presidente da CSRF. A Fazenda Nacional, também cientificada, insurgiuse contra a decisão que não acolheu o recurso de ofício relativo à exoneração de crédito tributário lançado em decorrência da glosa de bens do permanente deduzidos como despesa, interpondo recurso especial de divergência. Ao analisar o pleito, o presidente da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes deulhe total seguimento. Cientificada desse fato, a contribuinte apresentou suas contrarrazões, arguindo que o material de construção adquirido em grande quantidade destinouse a custos de obras de manutenção e reparos nos terminais do Porto de Santos, que tiveram como finalidade recuperar o piso dos terminais de carregamento, descarregamento e armazenagem de contêineres, e outros equipamentos e materiais danificados pela manipulação de contêineres. Pontua que a atividade portuária de carregamento, descarregamento e armazenagem de contêineres demanda serviços de manutenção e que os materiais adquiridos para esses fins não têm como finalidade aumentar a vida útil de bens e que, se assim o fosse, poderiam ser ativados para posterior depreciação. Afirma tratarse de despesas de conservação e manutenção, que podem ser deduzidas no próprio exercício em que foram realizadas. Invoca o art. 845 do RIR, para corroborar seu entendimento pela ilegalidade de lançamentos de ofício com fundamento em simples presunções não autorizadas em lei. Fl. 1633DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.633 4 Afirma que prestou esclarecimentos e declarações lastreados em sua contabilidade e que apresentou diversos documentos, dentre os quais notas fiscais e comprovantes de pagamento, pugnando pela reversão da glosa, independentemente da atuação do Fisco na comprovação do prolongamento da durabilidade dos bens em exame. Termina por pedir a manutenção da decisão recorrida, não apenas em razão da não comprovação dos elementos necessários à ativação dos valores discutidos, mas, por ter demonstrado, por laudo técnico elaborado por empresa de engenharia, que se trata de despesa de manutenção destinada apenas a assegurar o adequado funcionamento do piso do Terminal 35, não incorrendo no prolongamento de sua vida útil. Consta, ainda, dos autos acórdão de decisão judicial proferida em recurso de apelação em que a contribuinte recorreu de sentença que julgou pela ilegitimidade passiva da Procuradoria da Fazenda Nacional e, no mérito, denegou a segurança requerida para o fim de cancelar os créditos tributários referentes a IRPJ e CSLL apurados e exigidos em auto de infração originário deste processo administrativo. A apelação foi improvida, tendose, por unanimidade, rejeitado as alegações preliminares e, por maioria, negado provimento ao mérito da apelação. Os presentes autos foram a mim distribuídos por sorteio, em conformidade com o art. 49, do Anexo II, da Portaria MF nº 256/2009, que aprovou o Regimento Interno do CARF. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, Relator O recurso é tempestivo, entendo que a divergência restou comprovada e, por isto, conheço do especial. A matéria posta à apreciação desta Câmara Superior referese à ativação ou não de gastos havidos com material de construção civil, adquirido em grande quantidade, e que foram considerados, pela recorrida, como correspondendo a despesas de conservação, reparo ou manutenção de instalações. Entendeu a decisão recorrida que, nesse caso, haveria, por parte da fiscalização, o ônus de comprovar o acréscimo de vida útil do imóvel em que foram utilizados os respectivos materiais adquiridos. Insurgese a Fazenda Nacional contra esse entendimento, indicando, como divergente, o Acórdão nº 10323.017, de 2007, cuja ementa é do seguinte teor: BENS DE NATUREZA PERMANENTE. REGISTRO DOS DISPÊNDIOS COMO DESPESAS. Procede a glosa de valores contabilizados como despesas que, por [se] referirem a obras de construção civil, deveriam ser registrados no ativo permanente. Fl. 1634DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.634 5 O voto condutor do referido acórdão assim se manifestou quanto a essa questão (destaque do original): Quanto aos demais valores, a autoridade fiscal entendeu que deveriam ser ativados em função da classificação sob a rubrica “obras civis”. Apesar da inexistência de comprovação específica quanto ao aumento de vida útil do bem, a recorrente admitiu que os valores se referiam a reformas (fl. 1004), mais especificamente “recomposição de instalações de esgotamento de água e detritos” (fl. 1.138). Nesse caso, entendo que os dispêndios não podem ser considerados simples despesas de conservação ou manutenção. Pelo exame do Anexo 17 (fls. 392/394), constatase que se referem à aquisição de significativa quantidade de material de construção. O posicionamento deste Colegiado é claro: A aquisição de grande quantidade de material de construção para aplicação em imóvel próprio descaracteriza a sua destinação para simples conservação e pequenos reparos. Os gastos devem ser ativados para posterior depreciação, não se identificando como despesas operacionais, pois a vida útil das benfeitorias ultrapassa o período de um ano. (Ac. 1º CC 1055.521/91 DO 27/06/91) Especificamente no caso de reparos na rede de água e esgoto temse: Benfeitorias e despesas de reparos e conservação de bens imóveis locados (reparação de rede de água e esgoto, restauração de laje do teto, pintura geral e troca de piso de cimento por azulejo), cuja vida útil supere um exercício, deverão ser ativadas para futuras amortizações. (Ac. 1º 10174.012/83) (grifo acrescido). Assim, em relação aos valores classificados como “obras civis”, voto no sentido de negar provimento ao recurso. Afirma a Fazenda Nacional, em seu recurso especial, que: Em sentido inverso ao entendimento exarado pela 1ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes, a Terceira Câmara, ao julgar caso semelhante aos dos autos, considerou procedente a glosa da dedução de valores, que, por se referirem a construção civil, deveriam ter sido ativados, independentemente da comprovação específica quanto ao aumento do prazo de vida útil. E mais adiante: Com efeito, a aquisição de material de construção em grande quantidade, como é o caso dos autos, indica a realização de reforma e obra civis, que, independentemente do conhecimento de sua vida útil, conferem natureza de ativo permanente aos bens adquiridos e empregados nas obras realizadas. No caso de construção civil, as despesas não devem ser deduzidas, mas ativadas, pois se incorporam ao imóvel reformado. Sendo assim, agiu corretamente a fiscalização quando glosou as despesas referentes à aquisição de material de Fl. 1635DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.635 6 construção, que deveriam ter sido contabilizadas como bens do ativo permanente. Entendo que procede o recurso especial da Fazenda Nacional. No presente caso, tratase de gastos que, totalizando o significativo montante de R$ 3.247.879,25 (três milhões, duzentos e quarenta e sete mil, oitocentos e setenta e nove reais e vinte e cinco centavos), em valores do ano de 2002, correspondem, não só a “despesa de manutenção destinada apenas a assegurar o adequado funcionamento do piso do Terminal 35”, como sustenta a recorrente (contrarrazões, fls. 1.498), mas abrangem — além de serviços de recapeamento asfáltico, reparos de pavimentação, reparos do piso sextavado e pavimentação sextavada — também os seguintes serviços e materiais, respectivamente (relação de fls. 311 a 317): I) execução de bases para suporte de portainer; serviços de fundações; medição e execução de bases de retenção; serviços elétricos; serviços de corte em piso bloco de concreto; serviços de engenharia, gerenciamento e fiscalização de obras; serviços de corte e dobra; serviços gerais; mãode obra e colocação de forro de PVC; e serviços de geotecnia; e II) bases para suporte de portainer; grampos para fixação de trilhos; belgo 50 e arames; cabos elétricos para subestação; fundações com estacas, 1.320 metros lineares de fustes para estacas escavadas; racks metálicos; peças e adaptações para montagem; concreto; ferro pronto para obra; materiais elétricos para subestação; estacas prémoldadas de concreto; blocos para reforma; blocos sextavados; blocos 10 cm para muro; barras de ferro; pisos 35 x 35; blocos aparentes; janelas e alumínios; forro de PVC para alfândega; e areia. Tais gastos, a meu ver, deveriam ter sido ativados, pois, em face de sua quantidade e natureza, não podem ser considerados simples despesas de conservação, reparo ou manutenção de instalações, devendo ser ativados para posterior depreciação ou amortização, conforme o caso, independentemente de comprovação específica quanto ao acréscimo de vida útil do imóvel em que foram utilizados os respectivos materiais adquiridos. Releva observar, por oportuno, que o Terminal 35 é um terminal portuário de contêineres situado no Porto de Santos, cuja concessão foi dada à recorrida pela CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo), motivo pelo qual aqueles gastos deveriam ter sido ativados e amortizados pelo prazo de concessão estabelecido no respectivo contrato de arrendamento, como bem observado pela fiscalização (fls. 308). Transcrevo, por fim, ementa e trecho do Acórdão nº 10193.676, de 2001, citado pela fiscalização por ocasião da elaboração do Termo de Verificação (fls. 308): IRPJ. CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS. BENS DO ATIVO DEDUZIDOS COMO DESPESAS. Os materiais de construção adquiridos em grande quantidade (concreto, areia, ferragens, pisos, forros e revestimentos, materiais para instalações elétricas e hidráulicas), utilizados na construção de muros de arrimo, benfeitorias e reformas, devem ser ativados, independentemente do custo unitário, tendo em Fl. 1636DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.636 7 vista a sua utilização conjunta e incorporação ao imóvel (art. 43 do CC). [...]. De longa data a jurisprudência deste Primeiro Conselho de Contribuintes tem sido trilhada no sentido de que os materiais de construção adquiridos em grande quantidade, por si só, denotam a destinação como realização de benfeitorias em imóveis ou para própria imobilização. Este entendimento decorre do comando expresso no artigo 43 do Código Civil, “verbis”: “Art. 43 São bens imóveis: 1 O solo com a sua superfície, os seus acessórios e adjacências naturais, compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo. II Tudo quanto o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente lançada à terra, os edifícios e construções, de modo que se não possa retirar sem destruição, fratura, ou dano; III Tudo quanto no imóvel o proprietário mantiver intencionalmente empregado em sua exploração industrial, aformoseamento, ou comodidade.” As obras, tais como construção de muros de arrimo, ou aplicação de pisos, revestimentos, forros, materiais elétricos e hidráulicos, ferro, concreto, areia constituem benfeitorias, que agregam valores aos imóveis e não podem ser confundidos com simples reparos ou conservação de bens e equipamentos. Entre outros acórdãos, podem ser transcritas as seguintes ementas: [...]. Como se vê, a jurisprudência é desfavorável ao sujeito passivo, porque os dispêndios glosados não têm o caráter de reparos ou a conservação de bens, posto que foram agregados às construções como benfeitorias ou novas construções. Durante a discussão em sessão foi arguida a insubsistência ou nulidade do lançamento em virtude de que os imóveis objeto das obras em debate não são de propriedade da autuada, mas de terceiros, pois são objeto de concessão pública, e desta forma a autuação calcada no art. 301 do RIR/1999 não poderia subsistir pois deveria estar calcada no art. 325 do mesmo diploma legal. Entendo que o argumento não está correto por dois motivos. O primeiro de ordem material e o segundo de ordem processual. A questão de ordem material é que o ponto central da discussão é se os gastos são despesas computáveis diretamente no calculo do lucro, ou se devem ser ativadas, e, parece me que tanto faz se o auditor disser que deveriam ser ativáveis para futura depreciação (art. 301 do RIR/1999), quanto para amortização (art. 325 do RIR/1999), porque a questão é se são despesas ou se devem ser ativadas, mesmo porque vejase que no TVF (fls. 301) foram citados acórdão para ambos os casos, e mera omissão do artigo neste caso, do art. 325, não provocou cerceamento ao direito de defesa, que é o que poderia afastar o lançamento. Observese que em qualquer caso, ativo próprio ou de terceiros por concessão, a suposta despesa deveria ser ativada. Vejase que o TVF às fls. 301 diz claramente “A empresa deveria de ter ativado e amortizado pelo tempo de contrato.” (a palavra utilizada é “amortizada”). Como não gera Fl. 1637DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.637 8 prejuízo à defesa do contribuinte e a acusação fiscal é clara no sentido de que não são despesas dedutíveis no exercício que foram incorridas, penso que o AI é totalmente subsistente neste ponto em debate. A seguir, transcrevese trechos do TVF e do AI, que deixam claro este ponto (fls. 309e, e 328e): Termo de Verificação Fiscal (fl. 309e) III.2. 6 Glosa de Despesas BENS DE NATUREZA PERMANENTE DEDUZIDOS COMO DESPESAS NO EXERCÍCIO Materiais de Construção adquiridos em quantidades que configuram Reformas e tais Benfeitorias foram deduzidos indevidamente como Despesa Operacional, na conta 3.02.99.02.02 , no ano calendário 2002 conforme relacionado no QUADRO DEMONSTRATIVO integrante deste TERMO DE VERIFICAÇÃO. No quadro a fiscalização relaciona as notas fiscais que a empresa debitou no resultado do exercício como despesas, que porém pela sua natureza, descrição dos produtos aplicados no local que a empresa utiliza caracterizou uma Obra de Reforma na Estrutura dos Terminais do Porto de Santos CODESP . A empresa deveria de ter ativado e amortizado pelo tempo de contrato. (Grifouse). ACÓRDÃO 10193.676 em 07.11.2001. I o Conselho de Contribuintes / la. Câmara/ Publicado no DOU em: 07.01.2002. Os materiais de construção adquiridos em grande quantidade (concreto, areia, ferragens, pisos, forros e revestimentos, materiais para instalações elétricas e hidráulicas) utilizados na construção de muros de arrimo, benfeitorias e reformas, devem ser ativados, independentemente do custo unitário tendo em vista a sua utilização conjunta e incorporação ao imóvel (art. 43 do CC). ACÓRDÃO 10417.404 I o Conselho de Contribuintes/4a. Câmara em 14.03.2000. Publicado no DOU em: 28.11.2000 BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS Despesas de benfeitorias para adequação de imóvel de terceiros, locado por um ano, não indenizáveis, não se conceituam como inversões de capital, sendo dedutíveis quando as circunstâncias as permeiam como necessárias à manutenção da fonte produtora do rendimento. Valor tributável. 12/2002 R$ R$ 3.247.879,25 Fundamento legal para a tributação: art. 249, 275, 276, 277, 299 e parag.l0, e 301 do RIR/99 (Dec.3000/99). (Negritouse) Auto de Infração (fl. 328e): 002 BENS DE NATUREZA PERMANENTE DEDUZIDOS COMO CUSTO OU DESPESA Valores referentes aos registros que configuram Obras de Reformas do Terminal do Porto de Santos que a empresa utiliza conforme contrato firmado, porém tais valores foram deduzidos indevidamente, como despesa operacional, na conta Fl. 1638DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.638 9 3.02.99.02.02, fato relatado no TERMO DE VERIFICAÇÃO lavrado nesta data e parte integrante desta peça. A fiscalização relaciona as notas fiscais que geraram os gastos computados no exercício través do Quadro Demonstrativo anexo a esta peça. Fato Gerador 31/12/2002 – 12/2002 Valor Tributável ou Imposto R$3.247.879,2575,00 Multa (%) 75,00 Fica evidenciado que a acusação fiscal em si é clara em relação ao ilícito fiscal que teria sido cometido – a contabilização como despesas dedutíveis no anocalendário de despesas incorridas que deveriam ter sido ativadas. Há o argumento da imprecisão na acusação fiscal em como deveria ter sido ativada a referida despesa – mas esta não é a questão. Tenho que esse tipo de erro não gera nulidade do auto de infração, posicionamento que se alinha com a jurisprudência do CARF (penso que não é necessário, neste ponto, citar ou transcrever julgados neste sentido, mas vejase, e.g., Ac. 1302001.746, 1401001.452 e 1302 001.746). Reitero que a questão em debate é, ou deveria ser, unicamente, o cabimento ou não da ativação de gastos com material de construção em grande quantidade e elevado montante, sendo irrelevante que, dessa ativação, fosse admissível ao sujeito passivo proceder à sua depreciação ou amortização. Não estava em jogo a questão da depreciação ou amortização daqueles gastos, além do que a forma de contabilização adotada pelo sujeito passivo é de sua livre escolha. Este é o entendimento do Parecer Normativo CST nº 347, de 1970, do qual se transcreve trecho adiante: A forma de escriturar suas operações é de livre escolha do contribuinte, dentro dos princípios técnicos ditados pela Contabilidade e a repartição fiscal só a impugnará se a mesma omitir detalhes indispensáveis à determinação do verdadeiro lucro tributável. Às repartições fiscais não cabe opinar sobre processos de contabilização, os quais são de livre escolha do contribuinte. Tais processos só estarão sujeitos à impugnação quando em desacordo com as normas e padrões de contabilidade geralmente aceitos ou que possam levar a um resultado diferente do legítimo. A acusação remete ao ex ante (não dedução) e não ao ex post (como contabilizar corretamente), i.e, aos atos e fatos anteriores ao fato gerador (e que o informaram), e não aos fatos posteriores. Assim, sob o aspecto material do lançamento, não vejo porque inquinálo de erro suscetível de lhe acarretar sua insubsistência, ou mesmo nulidade. No aspecto processual, penso que em virtude desta matéria (de que se trata de amortização e não de depreciação) não ter sido alegada pelo contribuinte durante o trâmite dos procedimentos de lançamento, e tanto na impugnação como no recurso voluntário, não poderia ser agora levantada de ofício tendo o condão de anular o lançamento. Ainda no aspecto processual, e adotando outra linha de argumentação, tenho que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) não se presta a corrigir eventuais erros, de fato ou de direito, cometidos, seja no lançamento fiscal, seja nos julgamentos de primeira ou de Fl. 1639DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.639 10 segunda instâncias, mormente quando nos termos do art. 59 Decretolei 70.235/72, não são suficientes para gerar nulidade. Destaco que, com a edição do novo RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015, esse aspecto ficou bem evidenciado, pela exigência, constante do § 1º do art. 67 (Anexo II), de que: “Não será conhecido o recurso que não demonstrar, de forma objetiva, qual a legislação que está sendo interpretada de forma divergente.” Assim, quaisquer vícios formais ou materiais, porventura existentes na decisão proferida, ou mesmo no lançamento fiscal, que não gerem nulidade absoluta, não são de molde a permitir a atuação da CSRF, restrita que está, meramente, a uniformizar interpretações divergentes dadas à legislação tributária por outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. Do contrário, terseá a CSRF exercendo o papel de terceira instância recursal, de revisora de lançamentos fiscais. De todo modo, penso que, se aceito este argumento, a solução correta, data venia, seria devolver o processo à DRJ para análise da matéria, por ocorrência de supressão de instância. Do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Voto Vencedor Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Redatora Em que pese muito bem fundamentado o voto do i. Relator, a maioria dos membros desta Turma entendeu que a auditoria fiscal não efetuou o enquadramento legal da infração de forma correta, tipo de erro que, no sentir dessa maioria, implicou a nulidade do auto de infração por prejudicar o legítimo direito de quem se defende da acusação equivocada. Acompanho e adoto como razões de decidir a jurisprudência deste órgão de julgamento, citada no voto vencido, a respeito da nulidade do lançamento por cerceamento do direito de defesa. Contudo, toda ela é calcada no fundamento de que o erro provocado pela Fiscalização não teve o condão de induzir a defesa em equívocos. Ou, em outras palavras: quando resta demonstrado que o sujeito passivo compreendeu perfeitamente a acusação fiscal e soube se defender: Acórdão nº 1302 001.746 NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO. REQUISITOS ESSENCIAIS. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. Tendo sido regularmente oferecida a ampla oportunidade de defesa, com a devida ciência do auto de infração, e não provada violação das disposições previstas na legislação de regência, restam insubsistentes as alegações de cerceamento do direito de defesa e de nulidade do procedimento fiscal. Fl. 1640DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.640 11 Acórdão nº 1401001.452 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Descabe a alegação de nulidade quando o auto de infração preenche os requisitos legais e o processo administrativo proporciona plenas condições à interessada de contestar o lançamento. Como se explicará adiante, no caso em apreço, não foi oferecida a "ampla" oportunidade, ou "plenas condições" de defesa à contribuinte, motivo pelo qual a jurisprudência mencionada no voto vencido não tem aplicação. Como já sobejamente colacionado, no Termo de Verificação Fiscal, o agente fiscal classificou a infração em comento como "bens de natureza permanente deduzidos como despesas do exercício", descrevendo que materiais de construção foram adquiridos em quantidades tais que configurariam reformas, benfeitorias essas que deveriam ter sido, no entender da fiscalização, ativadas para posterior amortização, e não deduzidas como despesas operacionais. Ao tipificar a infração, a auditoria fiscal indicou, além de outros dispositivos genéricos, o art. 301 do RIR/99: Art. 301. O custo de aquisição de bens do ativo permanente não poderá ser deduzido como despesa operacional, salvo se o bem adquirido tiver valor unitário não superior a trezentos e vinte e seis reais e sessenta e um centavos, ou prazo de vida útil que não ultrapasse um ano (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 15, Lei nº 8.218, de 1991, art. 20, Lei nº 8.383, de 1991, art. 3º, inciso II, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 30). § 1º Nas aquisições de bens, cujo valor unitário esteja dentro do limite a que se refere este artigo, a exceção contida no mesmo não contempla a hipótese onde a atividade exercida exija utilização de um conjunto desses bens. § 2º Salvo disposições especiais, o custo dos bens adquiridos ou das melhorias realizadas, cuja vida útil ultrapasse o período de um ano, deverá ser ativado para ser depreciado ou amortizado (Lei nº 4.506, de 1964, art. 45, § 1º). A fim de respaldar seu entendimento a autora do feito apresentou dois acórdãos: ACÓRDÃO 10193.676 em 07.11.2001. I o Conselho de Contribuintes / la. Câmara/ Publicado no DOU em: 07.01.2002. Os materiais de construção adquiridos em grande quantidade (concreto, areia, ferragens, pisos, forros e revestimentos, materiais para instalações elétricas e hidráulicas) utilizados na construção de muros de arrimo, benfeitorias e reformas, devem ser ativados, independentemente do custo unitário tendo em vista a sua utilização conjunta e incorporação ao imóvel (art. 43 do CC). ACÓRDÃO 10417.404 I o Conselho de Contribuintes/4a. Câmara em 14.03.2000. Publicado no DOU em: 28.11.2000 BENFEITORIAS EM IMÓVEIS DE TERCEIROS Despesas de Fl. 1641DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.641 12 benfeitorias para adequação de imóvel de terceiros, locado por um ano, não indenizáveis, não se conceituam como inversões de capital, sendo dedutíveis quando as circunstâncias as permeiam como necessárias à manutenção da fonte produtora do rendimento. Ou seja, ela colacionou um acórdão que retrata bem a situação de ativar gastos com reformas, portanto, em imóveis próprios, para depois depreciar, e outro acórdão que trata de benfeitorias em imóveis de terceiros, para depois amortizar. Já no Termo de Verificação Fiscal, informa: No quadro a fiscalização relaciona as notas fiscais que a empresa debitou no resultado do exercício como despesas, que porém pela sua natureza, descrição dos produtos aplicados no local que a empresa utiliza caracterizou uma Obra de Reforma na Estrutura dos Terminais do Porto de Santos CODESP . A empresa deveria de ter ativado e amortizado pelo tempo de contrato. (Grifouse). E afirmou que "as notas fiscais que a empresa debitou no resultado do exercício como despesas, que porém pela sua natureza, descrição dos produtos aplicados no local que a empresa utiliza caracterizou uma Obra de Reforma na Estrutura dos Terminais do Porto de Santos CODESP" Ou seja, a Fiscalização diz que a empresa deveria ter ativado e amortizado pelo tempo de contrato, coerente com a jurisprudência colacionada para benfeitorias em imóveis de terceiros, mas colacionou também jurisprudência de bens próprios, ativados e depreciados e, o que é pior, utilizou no enquadramento legal o art. 301. Ocorre que, na hipótese, havia um contrato de concessão permitindo a exploração, pela contribuinte, do Terminal Portuário de Santos em SP. A benfeitoria reforma implementada pela empresa no piso do terminal portuário corresponde a benfeitoria feita em imóvel de terceiro e, portanto, se subsume à hipótese do art. 325 do RIR/99, que trata de amortização: Art. 325. Poderão ser amortizados: I o capital aplicado na aquisição de direitos cuja existência ou exercício tenha duração limitada, ou de bens cuja utilização pelo contribuinte tenha o prazo legal ou contratualmente limitado, tais como (Lei nº 4.506, de 1964, art. 58): ... d) custos das construções ou benfeitorias em bens locados ou arrendados, ou em bens de terceiros, quando não houver direito ao recebimento de seu valor; Em face dessa acusação fiscal, a contribuinte se defendeu afirmando que não se tratou de reforma, mas um gasto com conservação que precisava ser feito de forma constante, conforme efls. 1.051 e seguintes do Volume 8: 51. Desta forma, fica mais do que claro e comprovado que o exercício da atividade da Impugnante exige a contínua realização de obras de manutenção, que objetivam tão somente Fl. 1642DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.642 13 manter os locais de carregamento, descarregamento e manuseio de contêineres em condições de plena utilização. 52. Com base em tais considerações, demonstrase que as obras em questão em face das condições especiais de que se revestem não exigem "ativação". Tratase de despesas efetuadas com simples manutenção de bens do ativo imobilizado, que não importam em prolongamento da vida útil do bem. ... 56. As despesas glosadas basicamente materiais e serviços utilizados para a sustentação e reparo da pavimentação do terminal portuário tiveram por finalidade única a manutenção das condições operacionais do porto, não se destinando a modificar ou beneficiar a estrutura existente, ou mesmo, prolongar sua vida útil. Estáse diante, portanto, de despesas correntes e usuais da Impugnante, conforme comprovado pelo laudo técnico apresentado, que visam tãosomente remediar danos causados ao piso do terminal portuário em razão de sua normal utilização, que envolve o manuseio de containeres, tráfego de caminhões, guindastes e empilhadeiras, cuja atividade, apesar de regular, gera consideráveis danos em razão das condições extremas em que são exercidas e das características do piso. Vejase que na impugnação, a Contribuinte postula pelo enquadramento legal do art. 346 do RIR/99, argumentando justamente que não poderia ser o art. 301: 55. É de se ressaltar, ainda, que o caso em análise não configura a hipótese prevista no artigo 301 do RIR/99, mas sim a de seu artigo 346, verbis: "Art. 346. Serão admitidas, como custo ou despesa operacional,as despesas com reparos e conservação de bens e instalações destinadas a mantêlos em condições eficientes de operação (Lei n2 4.506, de 1964, art. 48). §1º Se dos reparos, da conservação ou da substituição de partes e peças resultar aumento da vida útil prevista no ato de aquisição do respectivo bem, as despesas correspondentes, quando aquele aumento for superior a um ano, deverão ser capitalizadas, a fim de servirem de base a depreciações futuras (Lei n2 4.506, de 1964, art. 48, parágrafo único). §2º Os gastos incorridos com reparos, conservação ou substituição de partes e peças de bens do ativo imobilizado, de que resulte aumento da vida útil superior a um ano, deverão ser incorporados ao valor do bem, para fins de depreciação do novo valor contábil, no novo prazo de vida útil previsto para o bem recuperado, ou, alternativamente, a pessoa jurídica poderá: I aplicar o percentual de depreciação correspondente à parte não depreciada do bem sobre os custos de substituição das partes ou peças; II apurar a diferença entre o total dos custos de substituição e o valor determinado no inciso anterior; Fl. 1643DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.643 14 Em razão disso, a Turma Julgadora de 1ª Instância considerou que a auditoria fiscal deveria ter feito a prova do quantum teria sido acrescido à vida útil dos bens objeto das benfeitorias e reformas, exonerando essa parcela da exigência. Cotejou o art. 346 do RIR/99 com o art. 301 do mesmo diploma legal. Ou seja, cotejou a fundamentação legal trazida pela Fiscalização com aquele enquadramento legal trazido pelo então impugnante e ainda, o seu laudo. E concluiu que a hipótese era mesmo do art. 301 do RIR/99, mas, por uma questão de ônus da prova, afastou o lançamento no tocante a essa parte. Ao apreciar o Recurso de Ofício, a Turma do CARF apenas referendou os fundamentos da decisão da DRJ. Mas ninguém discutiu o fato de se tratar de uma benfeitoria em imóvel de terceiros. Ou seja, toda a discussão da DRJ (seguida pela Câmara a quo) gira em torno do art. 301 do RIR/99, quando a capitulação correta seria a do art. 325 do RIR/99. Se a capitulação estivesse equivocada, porém a descrição da Fiscalização permitisse o seu entendimento e toda a defesa e órgãos julgadores tivessem discutido o assunto sob o mesmo prisma, descaberia falar em cerceamento, que é o que a jurisprudência do CARF tem adotado. Mas não foi isso que ocorreu nos autos. Observase, então, que, ao deixar de enquadrar devidamente a infração, a fiscalização levou a defesa, a DRJ e a decisão recorrida, a centrar a discussão se a benfeitoria representaria ou não aumento de vida útil superior a um ano. É certo, pois, que o enquadramento legal adotado pela da auditoria fiscal na glosa efetuada, levou a contribuinte a encaminhar sua defesa em uma única direção aumento de vida útil do bem x despesa operacional, postulando, inclusive, que a base legal correta seria a do art. 346 do RIR/99 enquanto que, se adotado o correto enquadramento legal para a infração art. 325 do RIR/99 a defesa poderia ter levado suas alegações para outro rumo. Houve, portanto, claro prejuízo no direito de defesa da contribuinte, o fato de a autoridade fiscal ter feito incorreto enquadramento legal, o que implica a nulidade do lançamento, nessa parte. Quanto aos argumentos trazidos agora pelo relator do voto vencido, de que não caberia à CSRF anular um lançamento quando eivado de nulidade, ouso discordar pois, em que pese ser atribuição precípua das turmas da CSRF julgar recursos especiais de divergência, nos casos em que resta flagrantemente demonstrado o cerceamento do direito de defesa, anula se, sim, o ato que o ensejou. Por oportuno esclareço que não se trata de aplicação do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972, pois, no que tange ao cerceamento do direito de defesa, esse artigo só faz menção se a preterição desse direito foi proferida em despacho ou decisão. Tratase, sim, de reconhecimento de direito que, na verdade, está plasmado em nosso ordenamento jurídico a partir da Constituição, sendo, portanto, um princípio constitucional. Assim, no caso dos autos em apreço, relativamente à infração ora em análise, como a Fiscalização não capitulou os gastos como benfeitoria em imóvel de terceiro sujeita à amortização pelo tempo do contrato, nos termos do art. 325 do RIR/99, a maioria da turma julgadora entendeu caracterizado o cerceamento do direito de defesa, haja vista que restou demonstrado que a defesa e as autoridades julgadoras anteriores centraram a discussão em torno do artigo trazido pela Fiscalização, qual seja, o art. 301 do RIR/99. Fl. 1644DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 18471.000947/200633 Acórdão n.º 9101002.219 CSRFT1 Fl. 1.644 15 Em face do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial da PFN. (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 1645DF CARF MF Impresso em 29/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 24/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 25/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Ass inado digitalmente em 25/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 13808.000616/00-38
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 10 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 1995, 1996
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO.
Na hipótese de falta de pronunciamento sobre acórdão paradigma indicado em razões do recurso especial, são acolhidos os embargos de declaração para manifestação a esse respeito.
REGIMENTO INTERNO. MODIFICAÇÃO.
A alteração no Regimento Interno do CARF, de natureza processual, aplica-se aos processos pendentes, notadamente para os atos a serem praticados. Assim, é conhecida a divergência identificada quanto a 2 (dois) acórdãos paradigmas, aplicando-se o artigo 67, §6º e §7º, da Portaria MF nº 343/2015.
Numero da decisão: 9101-002.178
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer os Embargos e dar-lhes provimento parcial sem efeitos infringentes.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
Cristiane Silva Costa - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes de Moura, Livia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopes (Vice-Presidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente).
Nome do relator: CRISTIANE SILVA COSTA
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OMISSÃO. Na hipótese de falta de pronunciamento sobre acórdão paradigma indicado em razões do recurso especial, são acolhidos os embargos de declaração para manifestação a esse respeito. REGIMENTO INTERNO. MODIFICAÇÃO. A alteração no Regimento Interno do CARF, de natureza processual, aplicase aos processos pendentes, notadamente para os atos a serem praticados. Assim, é conhecida a divergência identificada quanto a 2 (dois) acórdãos paradigmas, aplicandose o artigo 67, §6º e §7º, da Portaria MF nº 343/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer os Embargos e darlhes provimento parcial sem efeitos infringentes. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. Cristiane Silva Costa Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 8. 00 06 16 /0 0- 38 Fl. 1149DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 de Moura, Livia de Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal de Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopes (VicePresidente) e Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente). Relatório Tratase de Autos de Infração de IRPJ, CSLL, PIS, COFINS e IRRF relacionados ao período de 1995 a 1997. Como apontado pela DRJ, em relatório que adoto a seguir, foram identificadas as seguintes infrações: 02. O Auto de Infração de IRPJ, às fls.71, exige o recolhimento de R$ 13.801.623,27 de imposto e R$ 10.351.217,43 de multa de ofício proporcional, conforme enquadramento legal de fls. 70. 02.01 A autuação abrange os períodos de 1995, 1996 e 1997, tendo sido lavrada em face da apuração das seguintes situações: 02.01.01 Omissão de Receita Operacional, no anocalendário de 1996, caracterizada pela manutenção, no passivo, de obrigação contabilizada em duplicidade, no valor de R$ 749.707,37, e somente estornada no período seguinte, conforme consta do Termo de Verificação Fiscal de fls. 61, restando infringidos os artigos 195, II, 197, parágrafo único; 226, e 228 do RIR/94; e art. 24 da Lei 9.249/95; 02.01.02 Falta de adição ao Lucro Real de reserva de reavaliação, no valor de R$ 23.056.272,08, considerada realizada, por ser utilizada para absorver prejuízo entendido como inexistente pela fiscalização, no anocalendário de 1996, já que o total da reserva transferida da conta do patrimônio líquido foi de R$ 33.388.534,22 e o prejuízo considerado existente pela fiscalização foi de R$ 10.332.262,14, portanto remanescendo aquele valor sem correspondência na rubrica de prejuízos acumulados, conforme Termo de Verificação Fiscal de fls. 61, estando infringidos os artigos 195, II, 382, §§ 2° e 3°, 383, 387, par. único, do RIR/94; 02.01.03 Exclusão indevida, na apuração do Lucro Real do anocalendário de 1997, de resultado positivo na avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, contexto no qual o Fisco apurou que o contribuinte somente poderia ter excluído R$ 2.965.047,25, e não R$ 13.594.927,95, restando, portanto, uma exclusão a maior e indevida de R$ 10.629.880,70, reputandose infringidos os artigos 193, 196, I, e 197, par. único, do RIR/94; e 02.01.04 Arbitramento do lucro do anocalendário de 1995, com base na receita bruta conhecida de R$ 40.498.901,26 (vide fls. 73 e 184), tendo em vista que o contribuinte foi notificado a apresentar os livros e documentos e deixou de fazêlo, alegando furto dos mesmos, conforme boletim de ocorrência policial e publicação em jornais, que apresentou nos termos de fls. 61, e 131 a 137. Fl. 1150DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.000616/0038 Acórdão n.º 9101002.178 CSRFT1 Fl. 1.150 3 03. O Auto de Infração da Contribuição para o PIS, às fls.77, exige o recolhimento de R$ 156.743,96 de contribuição e de R$ 117.557,96 de multa de ofício proporcional, conforme enquadramento legal de fls. 76. 03.01 O lançamento abrange os períodos de 1995 e 1996, e decorre das situações em relação ao IRPJ, descrita, neste relatório, no item 2 e seus sub itens, tendo como enquadramento legal aqueles constantes de fls. 78/79. 04. O Auto de Infração da Contribuição para a Seguridade Social COFINS, às fls. 82, exige o recolhimento de R$ 14.994,14 de contribuição e de R$ 11.245,60 de multa de ofício proporcional, conforme enquadramento legal de fls. 81. 04.01 O lançamento abrange o período de 1996, e decorre das situações em relação ao IRPJ, descrita, neste relatório, no item 2 e seus subitens, tendo como enquadramento legal aqueles constantes de fls. 83, ao final. 05. O Auto de Infração do Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF, às fls. 91, exige o recolhimento de R$ 1.761.702,20 de imposto e de R$ 1.321.276,65 de multa de ofício proporcional, conforme enquadramento legal de fls. 90. 05.01 O lançamento abrange o período de 1995, e decorre da situação apurada em relação ao IRPJ, descrita, neste relatório, no item 2 e seus sub itens, tendo como enquadramento legal aqueles constantes de fls. 92, ao final. 06. O Auto de Infração da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, às fls. 87, exige o recolhimento de R$ 460.522,88 de contribuição e de R$ 345.392,15 de multa de ofício proporcional, conforme enquadramento legal de fls. 86. 06.01 01 O lançamento abrange os períodos de 1995 e 1996, e decorre da situação apurada em relação ao IRPJ, descrita, neste relatório, no item 2 e seus subitens, tendo como enquadramento legal aqueles constantes de fls. 88, ao final. Após a apresentação de impugnação administrativa pela contribuinte (fls. 462/486), o processo baixou em diligência por determinação do Delegado da Receita Federal de Julgamento em São Paulo, para esclarecimentos a respeito do passivo fictício e sobre a reserva de reavaliação, desde sua formação até o aproveitamento contábil (fls. 624/627). A contribuinte apresentou aditamento à impugnação administrativa (fls. 633/642), em 07/03/2001 e, depois disso, A diligência foi realizada, com a intimação da contribuinte em 16/07/2004 e apresentação de manifestação e documentos em atendimento a esta intimação, como atesta o Termo de Constatação às fls. 679/682. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo julgou o lançamento procedente em parte (fls. 689/707): Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Fl. 1151DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Anocalendário: 1995, 1996, 1997 Ementa: OMISSÃO DE RECEITAS. PASSIVO FICTÍCIO. A manutenção, no passivo, de obrigação lançada em duplicidade, e estornada no exercício seguinte, não autoriza presunção de omissão de receitas. ADIÇÕES AO LUCRO REAL. REALIZAÇÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. Comprovado que a reavaliação que deu origem à reserva já foi totalmente realizada, mediante quotas de depreciação dos bens reavaliados, a utilização da reserva correspondente não constitui evento de adição para apuração do lucro real. EXCLUSÕES AO LUCRO REAL. RESULTADO POSITIVO NA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. O resultado positivo na avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, quando a investidora preenche os requisitos legais, constituise exclusão na apuração do lucro real. ARBITRAMENTO DO LUCRO. NÃO APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS CONTÁBEIS, POR ALEGAÇÃO DE FURTO. NÃO OBRIGATORIEDADE DE UTILIZAR BASES MENSAIS, QUANDO A DIRPJ ENTREGUE INFORMA QUE A APURAÇÃO DO LUCRO REAL FOI ANUAL. Correto o arbitramento do lucro com base na receita bruta conhecida, quando o contribuinte não apresenta os livros e documentos contábeis e fiscais, que demonstram o lucro real. A utilização da receita total do anocalendário é possível quando o próprio interessado declarou, em sua DIRPJ, que a apuração do lucro real foi anual. A Primeira Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes negou provimento ao recurso de ofício e deu provimento ao recurso voluntário, em acórdão assim ementado: OMISSÃO DE RECEITAS. PASSIVO FICTÍCIO. A manutenção, no passivo, de obrigação lançada em duplicidade, e estornada no exercício seguinte, não autoriza presunção de omissão de receitas. ADIÇÕES AO LUCRO REAL. REALIZAÇÃO DA RESERVA DE REAVALIAÇÃO. Comprovado que a reavaliação que deu origem à reserva já foi totalmente realizada, mediante quotas de depreciação dos bens reavaliados, a utilização da reserva correspondente não constitui evento de adição para apuração do lucro real. EXCLUSÕES AO LUCRO REAL. RESULTADO POSITIVO NA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL. O resultado positivo na avaliação de investimentos pelo método da equivalência patrimonial, quando a investidora preenche os requisitos legais, constituise exclusão na apuração do lucro real. ARBITRAMENTO DO LUCRO. Na apuração do crédito tributário não pode deixar de ser observado o critério temporal. Sendo o períodobase de incidência mensal, para efetuar o arbitramento com base na receita bruta conhecida, o fisco deve evidenciar os elementos que permitiram conhecêla. Se a receita bruta mensal estiver informada na declaração, para fins de Cofins e PIS, não pode prosperar o arbitramento com base na receita bruta anual informada na DIRPJ para apuração do lucro real. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou recurso especial em 03/09/2008, trazendo acórdãos paradigmas que demonstrariam que o fato gerador do IRPJ é Fl. 1152DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.000616/0038 Acórdão n.º 9101002.178 CSRFT1 Fl. 1.151 5 anual, tendo a 1ª Câmara do antigo Primeiro Conselho de Contribuintes decidido que o fato gerador seria mensal na hipótese de arbitramento do lucro. Apontou os seguintes acórdãos como paradigma: 10706313, 10807215, 10706728 e 10807595. O recurso especial foi admitido pelo Presidente da Primeira Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes. Em contrarrazões ao recurso especial, a contribuinte questiona a divergência apontada pela então recorrente, além de sustentar a legalidade do acórdão recorrido. Esta Primeira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em sessão de julgamento realizada em 16/10/2013, não conheceu do recurso especial da Fazenda Nacional, conforme ementa do acórdão a seguir reproduzida: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1995, 1997 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. CONHECIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Ementa: Tratando de decisões em confronto de situação fática e de matéria tributável distinta, não há falarse em caracterização de dissenso jurisprudencial passível de uniformização pela CSRF. Recurso Especial do Procurador Não Conhecido. A Procuradoria da Fazenda Nacional opôs embargos de declaração, no qual sustenta a existência de omissão no acórdão, pois só teria sido analisado 1 (um) acórdão paradigma, embora o recurso especial mencione 4 (quatro). Estes embargos foram admitidos pelo Presidente desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme despacho às fls. 1.144/1.146. Voto Conselheira Cristiane Silva Costa Conselheira Cristiane Silva Costa Considerando a tempestividade dos embargos de declaração, conheço de suas razões. Efetivamente, consta no recurso especial o apontamento de divergência do acórdão recorrido com 4 (quatro) acórdãos paradigmas, sem que todos estes acórdãos tenham sido analisados pelo acórdão embargado. Fl. 1153DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Ademais, consta do voto condutor do acórdão: “Quanto ao acórdão paradigma, a situação fática diz respeito à compensação de prejuízos fiscais em valores que excederam o limite de 30% do lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões, nos meses de março, junho e setembro. À evidência e sem maiores dificuldades, vêse perfeitamente que são situações fáticas, assim como matérias tributáveis, distintas, não havendo como gerar decisões divergentes entre si. ”. Aparentemente, o acórdão embargado analisou apenas um dos acórdãos paradigmas (nº 10706313), mas não se pronunciou quanto aos 3 (três) outros apontados em razões de recurso especial (10807215, 10706728 e 10807595). Ocorre que o Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais apenas autoriza a análise de dois acórdãos paradigmas, determinando sejam descartados os demais. Nesse sentido, é a prescrição do artigo 67, § 6º e §7º do atual Regimento (Portaria 343/2015): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der À legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) §6º. Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até 2 (duas) decisões divergentes por matéria. §7º. Na hipótese de apresentação de mais de 2 (dois) paradigmas, serão considerados apenas os 2 (dois) primeiros indicados, descartandose os demais. O Regimento Interno anterior continha previsão similar, conforme artigo 67, §4º e §5º (Portaria nº 256/2009): Art. 67. Compete à CSRF, por suas turmas, julgar recurso especial interposto contra decisão que der à legislação tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. (...) § 4° Na hipótese de que trata o caput, o recurso deverá demonstrar a divergência arguida indicando até duas decisões divergentes por matéria. § 5° Na hipótese de apresentação de mais de dois paradigmas, caso o recorrente não indique a prioridade de análise, apenas os dois primeiros citados no recurso serão analisados para fins de verificação da divergência. Considerando que a sessão de julgamento do recurso especial ocorreu em 16 de outubro de 2013, vigia ao tempo deste julgamento a Portaria nº 256/2009., razão pela qual só seria necessária a apreciação de dois paradigmas por esta Turma, na forma do artigo 67, §5º, acima reproduzido. É relevante também mencionar que, tendo o recurso especial sido interposto em 03/09/2008, estava em vigor o Regimento Interno veiculado pela Portaria MF nº 147/2007, que não tinha qualquer disposição limitando a quantidade de acórdãos paradigmas a serem identificados em recurso especial. O Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes e da Câmara Superior de Recursos Fiscais (Portaria MF nº 147/2007) tratava do recurso especial da forma seguinte: Fl. 1154DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.000616/0038 Acórdão n.º 9101002.178 CSRFT1 Fl. 1.152 7 Artigo 7º Compete à Câmara Superior de Recursos Fiscais, por suas Turmas, julgar recurso especial interposto contra: I decisão nãounânime de Câmara, quando for contrária à lei ou à evidência da prova; e II decisão que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra Câmara ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais. § 1º No caso do inciso I, o recurso é privativo do Procurador da Fazenda Nacional; no caso do inciso II, sua interposição é facultada também ao sujeito passivo. § 2º Para efeito da aplicação do inciso II, entendese como outra Câmara as que integram a atual estrutura dos Conselhos de Contribuintes ou as que vierem a integrála. § 3º Não cabe recurso especial de decisão de qualquer das Câmaras que aplique súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes ou da Câmara Superior de Recursos Fiscais, ou que na apreciação de matéria preliminar decida pela anulação da decisão de primeira instância. § 4º É cabível a interposição de recurso especial contra decisão que negar provimento a recurso de ofício. § 5º O recurso especial interposto pelo sujeito passivo somente terá seguimento quanto à matéria préquestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação das peças processuais. O recurso especial fundado em divergência jurisprudencial estava previsto, portanto, no inciso II, acima colacionado. Ocorre que o inciso II do artigo 7º não se aplica aos recursos especiais julgados posteriormente à edição da Portaria MF nº 256/2009, que estabeleceu o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. É relevante também mencionar que o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Portaria MF nº 256/2009) expressamente determinou que os recursos por "contrariedade à lei", tratados pelo artigo 7º, I, do Regimento precedente (Portaria MF nº 147/2007), desde que interpostos contra acórdãos proferidos nas sessões de julgamento anteriores à data de sua vigência, seriam processados de acordo com o Regimento anterior, verbis: Art. 4º Os recursos com base no inciso I do art. 7º, no art. 8º e no art. 9º do Regimento Interno da Câmara Superior de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 147, de 25 de junho de 2007, interpostos contra os acórdãos proferidos nas sessões de julgamento ocorridas em data anterior à vigência do Anexo II desta Portaria, serão processados de acordo com o rito previsto nos arts. 15 e 16, no art. 18 e nos arts. 43 e 44 daquele Regimento. Diante disso, a única exceção é aquela prevista no Regimento (Portaria MF nº 256/2009), qual seja, o julgamento de recursos especiais fundados no inciso I, do artigo 7º Fl. 1155DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 (contrariedade à lei) e desde que cumpridos requisitos mencionados no artigo 4º acima reproduzido. Quanto aos demais recursos especiais, fundados no inciso II, do artigo 7º, da Portaria MF nº 147/2007 (pela interpretação divergente da lei tributária), aplicamse os Regimentos posteriores, veiculados pelas Portarias nº 256/2009 e 343/2015, como acima mencionado. Sobreleva considerar, ainda, que o Superior Tribunal de Justiça, em julgamento submetido ao artigo 543B, do CPC, decidiu que norma processual é aplicada imediatamente aos processos pendentes, com relação aos atos a serem praticados: PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C DO CPC. CONSELHO DE FISCALIZAÇÃO PROFISSIONAL. ART. 8º DA LEI 12.514/2011. INAPLICABILIDADE ÀS AÇÕES EM TRÂMITE. NORMA PROCESSUAL. ART. 1.211 DO CPC. "TEORIA DOS ATOS PROCESSUAIS ISOLADOS". PRINCÍPIO TEMPUS REGIT ACTUM. 1. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em obediência ao que determina o art. 93, inc. IX, da Constituição da República vigente. Isto não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC 2. É inaplicável o art. 8º da Lei nº 12.514/11 ("Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente") às execuções propostas antes de sua entrada em vigor. 3. O Art. 1.211 do CPC dispõe: "Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro. Ao entrar em vigor, suas disposições aplicarseão desde logo aos processos pendentes". Pela leitura do referido dispositivo concluise que, em regra, a norma de natureza processual tem aplicação imediata aos processos em curso. 4. Ocorre que, por mais que a lei processual seja aplicada imediatamente aos processos pendentes, devese ter conhecimento que o processo é constituído por inúmeros atos. Tal entendimento nos leva à chamada "Teoria dos Atos Processuais Isolados", em que cada ato deve ser considerado separadamente dos demais para o fim de se determinar qual a lei que o rege, recaindo sobre ele a preclusão consumativa, ou seja, a lei que rege o ato processual é aquela em vigor no momento em que ele é praticado. Seria a aplicação do Princípio tempus regit actum. Com base neste princípio, temos que a lei processual atinge o processo no estágio em que ele se encontra, onde a incidência da lei nova não gera prejuízo algum às parte, respeitandose a eficácia do ato processual já praticado. Dessa forma, a publicação e entrada em vigor de nova lei só atingem os atos ainda por praticar, no caso, os processos futuros, não sendo possível falar em retroatividade da nova norma, visto que os atos anteriores de processos em curso não serão atingidos. Fl. 1156DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.000616/0038 Acórdão n.º 9101002.178 CSRFT1 Fl. 1.153 9 5. Para que a nova lei produza efeitos retroativos é necessária a previsão expressa nesse sentido. O art. 8º da Lei nº 12.514/11, que trata das contribuições devidas aos conselhos profissionais em geral, determina que "Os Conselhos não executarão judicialmente dívidas referentes a anuidades inferiores a 4 (quatro) vezes o valor cobrado anualmente da pessoa física ou jurídica inadimplente". O referido dispositivo legal somente faz referência às execuções que serão propostas no futuro pelos conselhos profissionais, não estabelecendo critérios acerca das execuções já em curso no momento de entrada em vigor da nova lei. Dessa forma, como a Lei nº. 12.514/11 entrou em vigor na data de sua publicação (31.10.2011), e a execução fiscal em análise foi ajuizada em 15.9.2010, este ato processual (de propositura da demanda) não pode ser atingido por nova lei que impõe limitação de anuidades para o ajuizamento da execução fiscal. 6. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543C do CPC e da Resolução 8/2008 do STJ. (Resp 1404796, DJe 09/04/2014) Na esteira da orientação do Superior Tribunal de Justiça e por força dos dispositivos regimentais anteriormente mencionados, deve ser conhecido o recurso interposto à luz de Regimento Interno tratado pela Portaria MF nº 147/2007, evitandose prejuízo às partes. No entanto, o julgamento deste recurso regese pelo momento de sua realização, submetendo se a eventuais alterações na competência da Turma procedida pela nova norma, estabelecida pelo atual Regimento Interno (Portaria MF nº 343/2015). Nesse contexto, presente no atual Regimento Interno o dever de somente analisar 2 (dois) paradigmas, tomo conhecimento do Acórdão nº 10807215, acolhendo os embargos de declaração para suprir indevida omissão a respeito da divergência apontada a respeito deste. O Acórdão nº 10807.215 foi proferido pela 8ª Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes, tendo a seguinte ementa: PAF RETIFICAÇÃO DE DECLARAÇÃO MOMENTO DE ' APRESENTAÇÃO A lei só admite a DIRPJ retificadora, se apresentada antes de instaurado o procedimento de ofício, desde que se comprove o erro nela contido. POSTO DE RENDA PESSOA JURTDICA MUDANÇA DA OPÇÃO NA FORMA DE TRIBUTAÇÃO APÓS ENTREGA DA DECLARAÇÃOIMPOSSIBILIDADE A forma de apuração dos resultados se consolida com a entrega da declaração do imposto de renda das pessoas jurídicas. A lei não autoriza retificação com esse fim. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA APURAÇÃO/ PAGAMENTO ANO CALENDÁRIO 1995 A partir de 01/0111992, o imposto de renda das pessoas jurídicas e a contribuição social sobre o lucro, são devidos mensalmente, independente da forma de tributação escolhida. Se o resultado for mensal, definitivos e independentes serão cada período. Na opção para recolhimento mensal com base no lucro estimado, o resultado será anual, Fl. 1157DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 consolidado. Havendo imposto a recolher, será pago em cota única, na data fixada para entrega da declaração. Sendo negativo, o resultado, poderá ser restituído ou compensado. Ainda, à opção do sujeito passivo, poderá haver suspensão dos recolhimentos mensais, se balancetes de suspensão ou balanço comprovarem que foi pago todo imposto e contribuição devidos no período, inclusive adicionais. IMPOSTO DE RENDA PESSOA JURÍDICA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS — LIMITE DE 30% DO LUCRO REAL — Para determinação do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, nos períodos de apuração (mensais ou anuais) do ano calendário de 1995 e seguintes, o lucro líquido ajustado e a base de cálculo da contribuição, poderão ser reduzidos, por compensação de prejuízos acumulados e bases de cálculo negativas, em no máximo trinta por cento. Recurso negado. Consta do relatório deste paradigma os fatos que originaram o lançamento então julgado: Decorre o lançamento de revisão sumária da declaração do imposto de renda pessoa jurídica, no exercício de 1996, onde foram apuradas as seguintes infrações: a) compensação de prejuízo fiscal na apuração do lucro real em montante superior a 30% do lucro real antes das compensações, inobservado os preceitos dos artigos 42 da Lei 8981/95; 12 da Lei 9065/95; b) compensação a maior do saldo de prejuízo fiscal na apuração do lucro real, com infração capitulada nos artigos 196, III, 502,503, RIR11994; artigos 42 da Lei 8981/95; 12 da Lei 9065/95; c) lucro líquido antes da provisão para o imposto de renda informado a menor na apuração do lucro real, infração aos artigos 193,194 do RIR/1994, parágrafo 2° do artigos 41 da Lei 8981/95. No presente caso, temos situação fática bastante distinta, qual seja, o arbitramento do lucro no ano calendário de 1995. Tanto assim que descrito no Auto de Infração (fls. 75): “Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme Termo de Início de Fiscalização e termo(s) de intimação anexo, deixou de apresentálos.” É importante ressaltar que as demais infrações tratadas no processo já foram definitivamente julgadas pela Câmara de origem, sem a apresentação de recurso especial a seu respeito. Diante disso, a despeito da falta de menção a este segundo paradigma (Acórdão nº 10807.215) pelo acórdão embargado, entendo que não há similitude fática entre o acórdão embargado e o paradigma que justifique a alteração de entendimento manifestado por esta Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais à ocasião do julgamento do recurso especial. Por tais razões, acolho os embargos de declaração para suprir omissão a respeito da análise do segundo paradigma indicado em recurso especial (Acórdão nº 108 07.215), sem efeitos infringentes, mantendo o quanto decidido no acórdão embargado, para não conhecer do recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional. Fl. 1158DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13808.000616/0038 Acórdão n.º 9101002.178 CSRFT1 Fl. 1.154 11 Cristiane Silva Costa Relatora Fl. 1159DF CARF MF Impresso em 10/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 08/03/201 6 por CRISTIANE SILVA COSTA, Assinado digitalmente em 09/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 16327.001526/2010-44
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Feb 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2006
Ementa:
ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE DOS 30% DO LUCRO REAL. INAPLICABILIDADE. Inexiste previsão legal para se proceder à compensação de prejuízos (trava), além do percentual de 30% do lucro real, ainda que a pessoa jurídica esteja no encerramento das suas atividades.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9101-002.210
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em relação à matéria da trava de 30% foi negado provimento ao recurso, por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez.
(assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
(assinado digitalmente)
ADRIANA GOMES RÊGO Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE DOS 30% DO LUCRO REAL. INAPLICABILIDADE. Inexiste previsão legal para se proceder à compensação de prejuízos (trava), além do percentual de 30% do lucro real, ainda que a pessoa jurídica esteja no encerramento das suas atividades. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do Recurso Especial do Contribuinte e, no mérito, em relação à matéria da trava de 30% foi negado provimento ao recurso, por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez. (assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente (assinado digitalmente) ADRIANA GOMES RÊGO – Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 00 15 26 /2 01 0- 44 Fl. 357DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.001526/201044 Acórdão n.º 9101002.207 CSRFT1 Fl. 358 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório BANCO SAFRA S/A recorre a este Colegiado, por meio do Recurso Especial de efls. 245/276, contra Acórdão nº 1202001.259, de 25 de março de 2015, efls. 227/237 que, por voto de qualidade, negou provimento ao seu recurso voluntário anteriormente manejado, nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL ACIMA DO LIMITE DE 30%. CISÃO. EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA CINDIDA. Conforme entendimento do STF, a compensação de prejuízo fiscal caracterizase como benefício fiscal, passível, pois, de ser revogado. Desse modo, não há razão jurídica para deixar de aplicar à empresa extinta por cisão, no período do evento, o limite de 30% do lucro líquido ajustado em relação ao prejuízo fiscal acumulado de períodos anteriores. Lançamento procedente. Alega a recorrente divergência jurisprudencial em relação aos Acórdãos nºs 1103001.093 e 140200.063, que receberam as seguintes ementas: Acórdão nº 1103001.093 LIMITAÇÃO QUANTITATIVA PERIÓDICA PARA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES NEGATIVAS NA CISÃO TOTAL Em face da periodicidade posta, como imperativo de ordem prática (e não como princípio), a apuração do lucro, assim como a inocorrência de prejuízo, se dão como a conhecemos corte entre dois pontos temporais e esse reconhecimento implica a comunicação entre os períodos, como pressuposto dos cortes temporais (mais ou menos arbitrários). A finalidade da "trava" de compensação não é ceifar a compensação de prejuízos fiscais, incorridos na periodicidade posta (assim como sob essa se dá a apuração dos lucros), tanto que se revogou o limite temporal de compensação. A regra da "trava", portanto, tem seu sentido equacionado na persistência da periodicidade, e, assim, da interperiodicidade no tempo, jamais no "não tempo" da empresa. O contrário é negar o valor e o conteúdo da regra de limitação quantitativa da compensação, no tempo; o que é negar Fl. 358DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.001526/201044 Acórdão n.º 9101002.207 CSRFT1 Fl. 359 3 a exigência prática de cortes temporais na aferição de lucro e de prejuízo da empresa. Acórdão nº 140200.063 ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE DOS 30% DO LUCRO REAL. INAPLICABILIDADE. Inexiste amparo para se proceder a limitação da compensação de prejuízos (trava), no percentual de 30% do lucro real, a que se reporta o artigo 15 da Lei n° 9.065, no encerramento das atividades da empresa. Recurso Provido. Ao detalhar os fundamentos para a reforma do acórdão, a recorrente destaca o tema contra o qual se insurge: Legalidade da Compensação Integral de Prejuízos Fiscais e Bases Negativas nos Casos de Extinção Empresarial. Por fim, pede pela reforma do acórdão recorrido a fim de que sejam cancelados os lançamentos. Por meio do Despacho da Presidência da Primeira Câmara efls. 329/332, o Presidente da Câmara a quo dá seguimento ao recurso, entendendo caracterizada a divergência jurisprudencial apontada no tocante à limitação da compensação de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL nos casos de extinção da pessoa jurídica. Na seqüência, a PFN apresenta Contrarrazões onde, em apertada síntese, requer a manutenção do acórdão recorrido, aduzindo que este CARF já firmou entendimento no sentido de que deve se limitar a 30% a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas de CSLL, ainda que em casos de extinção da pessoa jurídica, citando a Súmula CARF nº e o pronunciamento do STF deduzido no julgamento do RE 344.994/PR. É o relatório. Voto Conselheira Adriana Gomes Rego, Relatora O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo porque dele tomo conhecimento. No que diz respeito ao mérito, entendo que não assiste razão à recorrente, vez que a Lei nº 9.065/95 é muito clara no sentido de estabelecer a trava sem qualquer exceção, senão vejamos: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Produção de efeito (Vide Lei nº 12.973, de 2014) Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do ano Fl. 359DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.001526/201044 Acórdão n.º 9101002.207 CSRFT1 Fl. 360 4 calendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Produção de efeito Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Se a lei ofende ou não ao art. 43 do CTN, não compete a este Colegiado tal juízo, pois é vedado a este tribunal afastar lei vigente. Contudo, apenas para título de argumentação, se a trava de 30% estivesse afastando o conceito de renda, ela não o estaria fazendo apenas para a situação de extinção da pessoa jurídica, já que no que diz respeito ao fato gerador do IRPJ/CSLL, que tem delimitação temporal, ela está limitando a compensação dos prejuízos no período, independe de qualquer evento societário. Na esteira desse raciocínio, convém trazer à colação voto do Min. Garcia Vieira no Recurso Especial nº 188.855GO, segundo o qual: “Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer “credito” contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa nos anos anteriores.” E é na linha da “benesse tributária” que o Supremo Tribunal Federal tem tratado a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL, como se depreende dos RE 344.994/PR e 545.308/SP, e demais julgados posteriores daquele tribunal. Por oportuno, transcrevo: EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no Fl. 360DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 16327.001526/201044 Acórdão n.º 9101002.207 CSRFT1 Fl. 361 5 julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. ( RE 545.308, 8/10/2009, Rel. P/ acórdão Min. Cármen Lúcia) EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Demonstrações financeiras. Saldos de prejuízos fiscais do IRPJ e das bases negativas da CSLL. Natureza de benefício fiscal. Correção monetária. Revogação. Questão infraconstitucional. Ausência de previsão legal. Impossibilidade de atuação do Poder Judiciário como legislador positivo. Precedentes da Corte. 1. A questão alusiva à revogação da correção monetária pelo art. 4º da Lei nº 9.249/95 repousa na esfera da legalidade. A afronta ao texto constitucional, se ocorresse, seria meramente reflexa ou indireta. 2. Nos julgamentos do RE nº 344.994/PR e do RE nº 545.308/SP, o Tribunal concluiu que a dedução de prejuízos de exercícios anteriores da base de cálculo do IRPJ e a compensação das bases negativas da CSLL constituem favores fiscais. 3. Impossibilidade de atualização monetária do saldo a ser compensado em períodos futuros, por ausência de previsão legal. 4. Agravo regimental não provido. (AgR no RE 807.062, 2/9/2014, Rel. Min. Dias Tóffoli) É oportuno também ponderar que, se quisesse o legislador ressalvar a possibilidade de, na incorporação, fusão ou cisão, permitir a compensação integral, teria feito de forma expressa, como o fez por ocasião do art. 1º da Lei nº 9.065/95, em relação às empresas inseridas no Befiex. Assim, inexiste fundamentação legal que autorize este colegiado a afastar os arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/1995 ao caso concreto. Em face do exposto, conheço do recurso especial do contribuinte para negar lhe provimento. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Fl. 361DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10882.002239/2010-70
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 02 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2006
Ementa:
RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. MULTA DE OFÍCIO. Responde a sucessora pela multa de ofício básica, aplicada por infração cometida pela sucedida antes do evento da sucessão, independentemente do fato de sucedida e sucessora terem estado sob controle comum ou pertencido ao mesmo grupo econômico.
Recurso Especial do Procurador Provido.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9101-002.225
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em conhecer, por unanimidade de votos, o Recurso Especial do Contribuinte e, por maioria de votos, o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e, no mérito, em relação à matéria da trava dos 30%, foi negado provimento ao recurso do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e em relação à matéria da multa na sucessão, foi dado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto que votaram pela exclusão da multa com base em outro fundamento (Art. 76, da Lei 4502/64). O Conselheiro Luís Flávio Neto apresentará declaração de voto.
(Assinado digitalmente)
CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente
(Assinado digitalmente)
ADRIANA GOMES REGO - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: ADRIANA GOMES REGO
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ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 Ementa: ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE DOS 30% DO LUCRO REAL. Inexiste previsão legal para se proceder à compensação de prejuízos (trava), além do percentual de 30% do lucro real, ainda que a pessoa jurídica esteja no encerramento das suas atividades. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2006 Ementa: ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE DOS 30% DO RESULTADO AJUSTADO. Inexiste previsão legal para se proceder à compensação de prejuízos (trava), além do percentual de 30% do resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da CSLL, ainda que a pessoa jurídica esteja no encerramento das suas atividades. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 Ementa: RESPONSABILIDADE DA SUCESSORA. MULTA DE OFÍCIO. Responde a sucessora pela multa de ofício básica, aplicada por infração cometida pela sucedida antes do evento da sucessão, independentemente do fato de sucedida e sucessora terem estado sob controle comum ou pertencido ao mesmo grupo econômico. Recurso Especial do Procurador Provido. Recurso Especial do Contribuinte Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 2. 00 22 39 /2 01 0- 70 Fl. 550DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 551 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em conhecer, por unanimidade de votos, o Recurso Especial do Contribuinte e, por maioria de votos, o Recurso Especial da Fazenda Nacional, vencidos os Conselheiros Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e, no mérito, em relação à matéria da trava dos 30%, foi negado provimento ao recurso do Contribuinte por voto de qualidade, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa, Luís Flávio Neto, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada), Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado) e Maria Teresa Martinez Lopez e em relação à matéria da multa na sucessão, foi dado provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional por maioria de votos, vencidos os Conselheiros Cristiane Silva Costa e Luís Flávio Neto que votaram pela exclusão da multa com base em outro fundamento (Art. 76, da Lei 4502/64). O Conselheiro Luís Flávio Neto apresentará declaração de voto. (Assinado digitalmente) CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente (Assinado digitalmente) ADRIANA GOMES REGO Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rego, Luís Flávio Neto, Andre Mendes De Moura, Livia De Carli Germano (Suplente Convocada), Rafael Vidal De Araújo, Ronaldo Apelbaum (Suplente Convocado), Maria Teresa Martinez Lopez e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório FAZENDA NACIONAL e ANTARES HOLDINGS LTDA. recorrem a este Colegiado, por meio dos Recursos Especiais de efls 395 e ss. e efls 416 e ss., respectivamente, contra o acórdão de nº 1201000.784 (efls 381 e ss.), que, no mérito e por voto de qualidade, deu parcial provimento ao recurso voluntário, para excluir do lançamento a multa de ofício. Transcrevese a ementa do acórdão recorrido: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PESSOAS JURÍDICAS. EXTINÇÃO. RESULTADOS NEGATIVOS ACUMULADOS. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30%. Os arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95 autorizam a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL acumulados em períodos anteriores, desde que o lucro líquido do Fl. 551DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 552 3 período, ajustado pelas adições e exclusões previstas nas legislações daqueles tributos, não seja reduzido em mais de 30%. O limite à compensação aplicase, inclusive, ao período em que ocorrer a extinção da pessoa jurídica, haja vista a inexistência de norma, ainda que implícita, que o excepcione. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 SUCESSÃO. MULTA DE OFÍCIO. IMPOSIÇÃO. Devese afastar a multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida, mas lançada somente após ocorrida a sucessão, quando o Fisco não demonstra que sucedida e sucessora estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Em seu recurso especial, a Fazenda alega divergência jurisprudencial em relação aos acórdãos de nº CSRF/0202.396 e de nº 9303001.863, cujas ementas estão assim redigidas na parte de interesse: Acórdão n° 9303001.863 (...) MULTA. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. Responde o sucessor pela multa de natureza fiscal. O direito dos contribuintes às mudanças societárias não pode servir de instrumento à liberação de quaisquer ônus fiscais (inclusive penalidades). Acórdão n° CSRF/0202.396 (...) MULTA. RESPONSABILIDADE POR SUCESSÃO. Responde o sucessor pela multa de natureza fiscal. O direito dos contribuintes às mudanças societárias não pode servir de instrumento à liberação de quaisquer ônus fiscais (inclusive penalidades), ainda mais quando a incorporadora conhecia perfeitamente o passivo da incorporada. No mérito, a Fazenda Nacional argumenta, em síntese, que a Turma a quo excluiu a multa de oficio com base em entendimento equivocado da Súmula CARF nº 47, asseverando que o principio da personalização da pena do Direito Penal não se aplica às punições pecuniárias, "as quais incidem sobre o patrimônio, e, portanto, não podem ser classificadas como penas corporais, essas sim, intransmissíveis", e que "o sucessor responde pelas multas fiscais, pois elas incidem sobre o patrimônio da sociedade incorporada". Cita precedentes do Superior Tribunal de Justiça STJ e do Supremo Tribunal Federal STF, observando que "a tese da intransmissibilidade das multas fiscais deve ser evitada, sob pena de criar um instrumento de fraude ao Fisco". E acrescenta que é desnecessária "a identificação do momento em que o lançamento da multa de oficio foi realizado em confronto com a data em que ocorreu o evento sucessório" e que é "irrelevante o fato de as empresas sucessora e sucedida encontraremse sujeitas ou não a controle comum ou integrarem ou não o mesmo grupo econômico". Pede, então, que o presente recurso seja conhecido e provido, para "reformar o acórdão recorrido restabelecendose o lançamento em sua integralidade". Fl. 552DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 553 4 Em contrarrazões (efls. 474 e ss), tempestivamente apresentadas (em 2/10/2013, sendo que obteve cópia integral do processo em 17/9/2013, restando cientificada do recurso conforme efls. 474), a Contribuinte, em preliminar, pugna pela inadmissibilidade do recurso da Fazenda, uma vez que (1) não cabe recurso especial contra decisão que aplique súmula de jurisprudência do CARF (in casu, a Súmula CARF nº 47); (2) os acórdãos indicados não servem como paradigma às pretensões recursais (o primeiro paradigma não fora publicado no DOU nem no sítio do CARF, bem como nele sucessora e sucedida compõem o mesmo grupo econômico, situação que se repete no segundo paradigma); e (3) não houve prequestionamento em relação à matéria discutida no recurso, fato reconhecido no acórdão recorrido. Quanto ao mérito, aduz que o "auto de infração foi lavrado depois de ocorrer o evento da cisão da empresa responsável pela suposta infração" e que a Turma a quo nada mais fez do que aplicar o entendimento cristalizado na Súmula CARF nº 47, bem como que o art. 76 da Lei nº 4.502, de 1964, estabelece que não serão aplicadas penalidades quando o contribuinte agir de acordo com interpretação fiscal manifestada em decisão irrecorrível de última instância (ainda que não seja parte), sendo aplicável ao IRPJ e à CSLL. Já no Recurso Especial da Contribuinte, o dissídio jurisprudencial apontado se refere ao acórdão paradigma de nº 110300.619, cuja ementa está assim redigida na parte de interesse: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2003, 2004 Ementa: “TRAVA” DE 30% PARA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DE BASES NEGATIVAS NA INCORPORAÇÃO A finalidade da “trava” de compensação não é ceifar a compensação de prejuízos fiscais, mas manter ou aumentar o fluxo de caixa de arrecadação, tanto que se revogou o limite temporal de compensação. A regra de limitação quantitativa da compensação só tem sentido no tempo (“vida” da pessoa). Como o lucro é apurado segundo cortes temporais mais ou menos arbitrários, porém necessários, por imperativo de ordem prática a limitação quantitativa de compensação de prejuízos fiscais implica essa periodicidade (e a interperiodicidade). Diante da “morte” da pessoa jurídica, inclusive por incorporação, deixa de existir o conteúdo da regra limitadora da compensação quantitativa, pois deixa de existir a periodicidade e, assim, a interperiodicidade. Negar isso é contra o valor incorporado na regra de limitação quantitativa da compensação no tempo. Resumidamente, argumenta a Contribuinte que a conclusão do acórdão recorrido, ao se manifestar no sentido de que a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas sem a limitação de 30% do lucro líquido ajustado no caso de extinção da pessoa jurídica só seria possível se houvesse previsão expressa na lei, desconsidera o fato de que uma norma pode estar imanente no ordenamento jurídico sem estar expressa em texto legal. Aduz que "a interpretação literal não permite a compreensão exata da norma jurídica, na medida em que tal método interpretativo se apóia em um único elemento, o texto do dispositivo legal, o qual pode ser inexato". E traz exemplos de julgados do CARF e do STJ em que se utilizou Fl. 553DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 554 5 outros elementos de interpretação, bem como cita doutrinadores que defendem a aplicação de outros métodos interpretativos, tais como a interpretação histórica, a sistemática e a teleológica, novamente trazendo precedentes nesse sentido. Apresenta, então, apanhado histórico do regramento da matéria, permeado por julgados, mencionando a exposição de motivos da Medida Provisória nº 998, de 1995. E afirma que "a única conclusão jurídica possível, que atende ao preceito de que na vigência da Lei n. 9065 o contribuinte não perde o direito à compensação, é no sentido de que o limite não se aplica nos casos de extinção da pessoa jurídica". Repisa que não se estaria diante de inexistência de norma legal ou de lacuna, mas sim de uma "norma implícita", sendo que o "silêncio eloquente" não se confunde com a lacuna, não comportando o primeiro analogia. Novamente cita precedentes e doutrinadores, e arremata: (...) Refere, então, diversos julgados ao afirmar que "a jurisprudência administrativa é firme no sentido de que a trava de 30% não tem lugar quando não houver continuidade da pessoa jurídica". E assevera que o posicionamento do STF (e do STJ) no sentido de que a autorização para a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas é forma de benefício fiscal não autoriza o entendimento sufragado pela fiscalização no sentido de que a compensação em tela decorre de liberalidade do legislador e, assim, depende de previsão em lei. Isso porque nos julgados dessas Cortes superiores que estamparam tal entendimento, a expressão "benefício fiscal" foi empregada "em sentido livre, não técnico" e que, não sendo a compensação de prejuízos benefício fiscal, não é aplicável o art. 111 do CTN. Acrescenta que, ainda que fosse aplicável, não impediria o afastamento da trava no caso de incorporação, uma vez que a interpretação desse artigo do CTN "deve ser restritiva, não literal", trazendo à colação a posição de doutrinadores, julgados e o Parecer PGFNCAT nº 1.495/2001. Pede, ao final, que o recurso seja provido, cancelandose a exigência fiscal sub judice. Fl. 554DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 555 6 Em suas contrarrazões (efls. 528 e ss.), tempestivamente apresentadas (conforme Despachos de Encaminhamento de efls. 527, de 23/04/2014, e 543, de 25/04/2014), a Fazenda Nacional faz apanhado legislativo e jurisprudencial sobre a natureza jurídica da autorização para compensação dos prejuízos fiscais acumulados com o lucro auferido em períodos futuros, para concluir que "a autorização para a compensação de prejuízos fiscais acumulados ao longo de exercícios futuros se constitui em inegável benefício fiscal concedido pelo Estado", submetendose ao princípio da legalidade estrita e não comportando "qualquer interpretação extensiva, por analogia ou norma implícita, nos moldes propugnados no art. 111, do Código Tributário Nacional". E assim rebate os argumentos de hermenêutica da Contribuinte: Em que pese o Recorrente defender uma interpretação sistemática, histórica e finalística da legislação tributária aplicável, é fato incontroverso nos autos que não há norma expressa que autorize a pretensão do contribuinte. Não havendo norma expressa, não há que se falar em “norma implícita”, “silêncio eloqüente” ou "redução teleológica” que permita que esse benefício fiscal seja concedido. Pensar de modo diferente implicaria clara violação ao artigo 111 do CTN. Conclui, então, que o acolhimento da pretensão da Contribuinte implicaria (1) "violação ao princípio constitucional da independência dos Poderes da União", uma vez que o CARF "estaria agindo como legislador positivo, pois estaria concedendo um benefício fiscal não previsto em lei"; (2) decretação de inconstitucionalidade dos artigos 58 da Lei nº 8.981/95 e 15 e 16 da Lei nº 9.065/95, o que é vedado tanto pelo art. 62 do RICARF, como pelo enunciado da Súmula nº 2 do CARF; e (3) chancela de "uma fácil maneira de as empresas adiantarem a compensação de seus prejuízos fiscais à margem da lei que prevê esse benefício fiscal". Colaciona julgados do STJ que afirmam "a obrigatoriedade do contribuinte e do Estado de interpretar as normas que prevêem benefícios fiscais de forma literal" e que se posicionam pela impossibilidade de empresa incorporadora aproveitar os prejuízos fiscais de anos anteriores de empresa incorporada, justamente considerando a natureza jurídica de benefício fiscal da compensação. E cita julgado do CARF no sentido da aplicação da trava de 30% no caso de encerramento de atividades da empresa. Ao final requer seja negado seguimento ao recurso especial interposto pelo contribuinte ou, se admitido, "lhe seja negado provimento, mantendose, quanto à matéria objeto do recurso especial manejado pelo contribuinte, o acórdão proferido pela e. Turma a quo". Ambos os recursos especiais foram admitidos, por meio do Despacho nº 120000.051 (efls. 517 e ss.) e do Despacho nº 120000.052 (efls. 524 e ss.). É o relatório. Fl. 555DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 556 7 Voto Conselheira Adriana Gomes Rêgo, Relatora Recurso da Fazenda Nacional Admissibilidade Principio apreciando o Recurso Especial apresentado tempestivamente pela Fazenda Nacional e examinando as contrarrazões do sujeito passivo no que se refere à alegada inadmissibilidade do recurso. Versa o recurso fazendário sobre a responsabilidade tributária da sucessora por multa de ofício lançada após a sucessão por infração cometida pela sucedida. Alega a Fazenda que o sucessor por incorporação responde pelas multas fiscais pois elas incidem sobre o patrimônio da sociedade incorporada, não se aplicando ao presente caso a Súmula CARF nº 47, estando equivocada a aplicação a contrario sensu feita no acórdão recorrido. Já a Contribuinte pugna pela inadmissibilidade do recurso da Fazenda por descaber recurso especial contra decisão que aplique súmula de jurisprudência do CARF. Compulsandose a decisão recorrida, vêse que a aplicação que fez da Súmula CARF nº 47 (que afirma que "devese afastar a multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida, mas lançada somente após ocorrida a sucessão, quando o Fisco não demonstra que sucedida e sucessora estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico") não foi direta, dandose pela via inversa, a partir de argumento contrario sensu. Confirase o trecho a seguir do voto condutor (sublinhei): No que concerne à multa de ofício há que se notar que seu lançamento foi efetuado somente após o evento da cisão total da empresa VBC Participações S/A. Como é cediço, este Conselho pacificou entendimento segundo o qual, havendo o lançamento sido realizado somente após a ocorrência da sucessão, a sucessora não responde pela multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida, exceto se restar provado que ambas estavam sob controle comum, ou que pertenciam a um mesmo grupo econômico, fato que, no caso sob exame, sequer chegou a ser levantado, seja pela autoridade lançadora, seja pela PGFN em suas contrarrazões ao recurso voluntário. Em sendo assim, incide no caso, a contrario sensu, o disposto na Súmula nº 47 de Colegiado, que assim estabelece (DOU de 09/12/2010): Súmula CARF nº 47: Cabível a imputação da multa de ofício à sucessora, por infração cometida pela sucedida, quando provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Sendo assim, embora o Regimento Interno do CARF estabeleça que "não cabe recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplique súmula de Fl. 556DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 557 8 jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF" (art. 67, § 2° do Anexo II do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009; e art. 67, § 3°, do Anexo II do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, ora vigente), entendo que tal disposição não se aplica ao caso presente, uma vez que ele não se amolda à dicção da súmula. Ora, como refere o acórdão recorrido, nunca se afirmou que a autuada (sucessora) estava sob controle comum da sucedida ou que ambas pertenciam a um mesmo grupo econômico. Porém, se é certo que não se pode aplicar a Súmula em questão para decidir por afastar a multa aplicada à sucessora por infração cometida pela sucedida, se provado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico, não é certo que se pode, de plano, afastar a imputação da multa com base na Súmula, quando não comprovado que as sociedades estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. Isso porque o entendimento enunciado por uma súmula do CARF representa o que está pacificado no âmbito desse tribunal administrativo sobre determinada matéria, não se podendo afirmar que, necessariamente, a aplicação inversa do teor da súmula igualmente conduza a posicionamento pacificado. Assim, se o fato de sucessora e sucedida terem estado sob controle comum ou pertencido ao mesmo grupo econômico torna cabível a imputação da multa de ofício por infração cometida pela sucedida à sucessora, o fato de não terem estado sob controle comum ou pertencido ao mesmo grupo econômico não necessariamente afasta a imputação. No que se refere à imprestabilidade dos paradigmas para estabelecer a divergência jurisprudencial e à falta de prequestionamento também alegadas pela Contribuinte como razões de inadmissibilidade do recurso fazendário, verificase que igualmente não são procedentes. Com efeito, o exame do acórdão paradigma de nº CSRF/0202.396 é suficiente para que se confirme o dissídio jurisprudencial alegado pela Fazenda. Isso porque, diferentemente do acórdão recorrido, o paradigma considerou que a sucessora responde por multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida antes da sucessão, sendo que o fato de sucessora e sucedida comporem o mesmo grupo empresarial é apresentado como razão adicional, a confirmar o entendimento pela responsabilização, já antes alcançado. Vejase o excerto a seguir do paradigma: Melhor sorte não merece os argumentos de defesa no tocante à responsabilidade da sucessora (incorporadora) por infrações fiscais cometidas pela sucedida, pois o direito dos contribuintes às mudanças societárias não pode servir de instrumento à liberação de quaisquer ônus fiscais (inclusive penalidades). Esta questão foi muito bem enfrentada por Marcus Vinícius Néder de Lima, no julgamento do Recurso que deu origem ao Acórdão 202.11845, transcrito pela Conselheira Irene Souza da Trindade Torres no voto condutor do Acórdão n° que, em virtude da similitude com a questão aqui tratada, com os devidos agradecimentos aos ilustres conselheiros, peço licença para transcrever e adotar excertos do desse acórdão como minhas razões de decidir: (...) Fl. 557DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 558 9 Não fossem as razões aposta linhas acima suficientes para demonstrar a procedência da multa de oficio na empresa incorporadora, a ata sumária da assembléia geral extraordinária realizada em 30 de agosto de 2.002, cópia às fls. 213 a 219, põe, a meu ver, pá de cal na discussão, pois, conforme consta desse documento, a incorporadora era acionista controladora da incorporada, com participação superior a 99,99% das ações do capital dessa empresa, o que implica em dizer que todos os atos praticados pela incorporadora era, ao menos indiretamente, de responsabilidade da hoje incorporadora, a qual detinha o controle total da administração da incorporada. Diante disso, não consigo vislumbrar qualquer possibilidade de excluir a reclamante do pólo passivo da obrigação tributária ora em exame. Sem razão, assim, a Contribuinte. Quanto à falta de prequestionamento, a exigência de prequestionamento pelo dispositivo indicado pela Contribuinte (art. 67, § 3°, do Anexo II do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009) se restringe ao recurso especial interposto pelo contribuinte. Confirase: Art. 67. (...) § 3° O recurso especial interposto pelo contribuinte somente terá seguimento quanto à matéria prequestionada, cabendo sua demonstração, com precisa indicação, nas peças processuais. Ademais, a matéria da responsabilidade da sucessora pela multa de ofício vem sendo discutida no processo desde a impugnação (efls. 147 e ss.). E a menção feita no acórdão recorrido a tema que não foi objeto questionamento pela Fazenda Nacional, sobre a qual se apega a Contribuinte, referese tão somente à hipótese de sucessora e sucedida terem composto o mesmo grupo econômico. Como se viu, esse é apenas um aspecto do tema da responsabilidade da sucessora pela multa de ofício que, se não foi questionado antes do recurso especial fazendário, também não foi argumento utilizado no próprio recurso especial. Ao contrário, o recurso pugna pela responsabilidade da sucessora independentemente desse fator (com efeito, afirma ser "irrelevante o fato de as empresas sucessora e sucedida encontraremse sujeitas ou não a controle comum ou integrarem ou não o mesmo grupo econômico"). Não é de se acolher, portanto, as razões da Contribuinte no que se refere à inadmissibilidade do recurso especial da Fazenda Nacional. Recurso da Fazenda Mérito Passando a enfrentar o mérito da questão trazida no recurso fazendário, tenho que é a sucessora, sim, responsável pela multa de ofício aplicada pela fiscalização por infração cometida pela sucedida antes do evento da sucessão. Neste sentido vem decidindo o STJ, havendo recentemente sido publicada a Súmula 554, julgada em 9/12/2015, DJe de 15/12/2015, nos seguintes termos: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, Fl. 558DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 559 10 mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. Contudo, como a súmula é silente quanto ao fato de a sucessão ocorrer entre pessoas jurídicas integrantes ou não do grupo econômico, esclareço que o meu entendimento é no sentido de que a "responsabilidade dos sucessores" é tratada na Seção II do capítulo do Código Tributário Nacional CTN que trata da responsabilidade tributária. Logo no primeiro artigo dessa seção (art. 129) consta regra geral de interpretação que se aplica a todas as disposições da seção (inclusive ao art. 132), estabelecendo que "o disposto nesta Seção aplica se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data" (sublinhei). Como se vê, o mandamento geral de interpretação faz referência à expressão "créditos tributários", que abarca, a toda evidência, tanto o tributo em si, quanto a multa por infração à legislação tributária. Dessa maneira, fazendose uma interpretação sistemática do CTN, só se pode interpretar o art. 132 sob a orientação da regra interpretativa do art. 129, daí defluindo que, quando o art. 132 estabelece a responsabilidade da sucessora "pelos tributos devidos" até à data da sucessão pela sucedida, incluise aí a multa. É desnecessário para aplicação dessa regra, portanto, qualquer vinculação entre empresa sucedida e sucessora, visto que tal multa é a básica de 75%, tem natureza objetiva, e se liga ao crédito tributário. No que diz respeito ao pleito da contribuinte, em contrarrazões, para ver afastada a multa na sucessora por força do art. 76 da Lei nº 4.502, de 1964, entendo que não merece prosperar porque tal dispositivo legal, genérico para penalidades, em lei que trata do imposto sobre consumo, não tem o condão de afastar o repetitivo do STJ julgados no RESP Nº 923.012/MG, que, por força do art. 62 do Anexo II do RICARF, deve ser observado. Por oportuno, transcrevo parte da ementa dessa decisão: TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÃO. SUCESSÃO DE EMPRESAS. ICMS. BASE DE CÁLCULO. VALOR DA OPERAÇÃO MERCANTIL. INCLUSÃO DE MERCADORIAS DADAS EM BONIFICAÇÃO. DESCONTOS INCONDICIONAIS. IMPOSSIBILIDADE. LC N.º 87/96. MATÉRIA DECIDIDA PELA 1ª SEÇÃO, NO RESP 1111156/SP, SOB O REGIME DO ART. 543C DO CPC. 1. A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. (Precedentes: REsp 1085071/SP, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/05/2009, DJe 08/06/2009; REsp 959.389/RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 21/05/2009; AgRg no REsp 1056302/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 13/05/2009; REsp 3.097/RS, Rel. Ministro GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 24/10/1990, DJ 19/11/1990) Fl. 559DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 560 11 2. "(...) A hipótese de sucessão empresarial (fusão, cisão, incorporação), assim como nos casos de aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial e, principalmente, nas configurações de sucessão por transformação do tipo societário (sociedade anônima transformandose em sociedade por cotas de responsabilidade limitada, v.g.), em verdade, não encarta sucessão real, mas apenas legal. O sujeito passivo é a pessoa jurídica que continua total ou parcialmente a existir juridicamente sob outra "roupagem institucional". Portanto, a multa fiscal não se transfere, simplesmente continua a integrar o passivo da empresa que é: a) fusionada; b) incorporada; c) dividida pela cisão; d) adquirida; e) transformada. (Sacha Calmon Navarro Coêlho, in Curso de Direito Tributário Brasileiro, Ed. Forense, 9ª ed., p. 701) Como também, transcrevo parte do voto do julgamento dos embargos desse repetitivo, para deixar claro que para o repetitivo do STJ é indiferente o fato do evento sucessório ter ocorrido antes ou após o fato gerador: 4. Quanto à responsabilidade do sucessor pelas multas (moratórias ou punitivas), observese que o ordenamento jurídico tributário admite o chamamento de terceiros para arcar com o pagamento do crédito tributário, na forma dos arts. 128 e seguintes do CTN, sendo expresso o art. 132 do CTN ao dispor: [...] 5. Ora, a incorporação, nos termos da legislação pátria (art. 227 da Lei 6.404/76 e art. 1.116 do CC/02) é a absorção de uma ou várias sociedades por outra ou outras, com a extinção da sociedade incorporada, que transfere integralmente todos os seus direitos e obrigações para a incorporadora. 6. Entendese que tanto o tributo quanto as multas a ele associadas pelo descumprimento da obrigação principal fazem parte do patrimônio do contribuinte incorporado que se transfere ao incorporador, de modo que não pode ser cingida a sua cobrança, até porque a sociedade incorporada deixa de ostentar personalidade jurídica. 7. Por fim, o art. 129 do CTN estabelece que a transferência da responsabilidade por sucessão aplicase, por igual, aos créditos tributários já definitivamente constituídos, ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. 8. O que importa, portanto, é a identificação do momento da ocorrência do fato gerador, que faz surgir a obrigação tributária, e do ato ou fato originador da sucessão, sendo desinfluente, como restou assentado no aresto embargado, que esse crédito já esteja formalizado por meio de lançamento tributário, que apenas o materializa. 9. Todos esses aspectos foram bem examinados no acórdão embargado, in verbis: [...] 11. Ante o exposto, rejeitamse os Embargos Declaratórios. Fl. 560DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 561 12 Além disso, também entendo que o art. 76 da Lei nº 4.502, de 1964, deve ser interpretado à luz do próprio CTN, que foi publicado quase dois anos depois, e cujo art. 100 assim dispõe: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Ou seja, aqui temos uma lei complementar, publicada após uma lei ordinária, afirmando que decisões administrativas somente podem excluir a imposição de penalidades se a lei lhes atribuir eficácia normativa. Ocorre que não existe, em nosso ordenamento jurídico, nenhuma lei que atribuiu eficácia normativa às decisões da Câmara Superior de Recursos Fiscais do então Conselho de Contribuintes, a ponto de afastar o que dispõe as leis vigentes, que no caso seriam as leis que determinam a trava de 30% para a compensação de prejuízos e bases negativas da CSLL, respectivamente arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95 . Neste sentido também entendeu o Parecer Normativo Cosit nº 23, de 6 de setembro de 2013, por sua vez atualizou o Parecer Normativo CST nº 390, de 1971 (apenas para substituir Conselho de Contribuintes por CARF), nos seguintes termos: Relatório Cuidase da atualização do Parecer Normativo CST nº 390, de 1971, que, embora tenha vigorado até a presente data, faz referências a normas já revogadas ou modificadas. 2. Trata o presente Parecer Normativo sobre a prevalência ou não de acórdãos prolatados pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, ou pelos extintos Conselhos de Contribuintes (CC) do Ministério da Fazenda, em que se declara a classificação fiscal de produtos na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI, ou quaisquer outras matérias, sobre decisões que venham a ser fixadas pelas diversas unidades da Secretaria da Receita Federal do Brasil, em situações que versem sobre a mesma matéria. Fundamentos 3. Resumese a questão na delimitação do âmbito de eficácia das decisões proferidas pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF ou pelos extintos Conselhos de Contribuintes do Ministério da Fazenda. Fl. 561DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 562 13 4. O inciso II do artigo 100 do Código Tributário Nacional determina que: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; (...) 5. Necessário esclarecer que, embora o acima reproduzido diploma legal, em seu inciso II, inclua as decisões de órgãos colegiados na relação das normas complementares à legislação tributária, tal inclusão é subordinada à existência de lei que atribua a essas decisões eficácia normativa. Inexistindo, até o presente, lei que confira a efetividade de regra geral às decisões prolatadas nos acórdãos dos Conselhos, a sua eficácia limitase especificamente ao caso julgado e às partes inseridas no processo de que resultou a decisão. 6. Entendase aí que, não se constituindo em norma geral, a decisão em processo fiscal proferida pelo Conselho (CARF ou CC) não aproveitará seu acórdão em relação a qualquer outra ocorrência senão aquela objeto da decisão, ainda que de idêntica natureza, seja ou não interessado na nova relação o contribuinte parte no processo de que decorreu a decisão daquele colegiado. 7. Há que se ressalvar, por oportuno, que, nos termos do caput e parágrafo 2º do art. 75 do Regimento do CARF, Portaria MF nº 256, de 22 de junho de 2009, o Ministro da Fazenda poderá atribuir às súmulas editadas por aquele conselho efeito vinculante em relação à administração tributária federal, mediante edição de portaria específica. Somente em tal hipótese fica a administração tributária federal sujeita à observância do entendimento esposado na súmula a que se atribua tal efeito (súmula vinculante) mediante portaria da autoridade competente. 8. Por conseguinte, ao pretender orientação no sentido de conhecer a classificação de produtos na TIPI ou sobre interpretação da legislação tributária federal, caberá ao contribuinte formular consulta específica à autoridade competente na forma do que lhe facultam os art. 46 a 53 do Decreto nº 70.235, de 1972, e os art. 48 a 50 da Lei nº 9.430, de 1996, ressalvandose, todavia, o disposto no art. 76, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 4.502, de 1964. 9. Entretanto, não prevalece a guarida deste dispositivo legal art. 76, inciso II, alínea “a”, da Lei nº 4.502, de 1964 quando sobrevenha ato normativo emanado pela autoridade competente, versando sobre a mesma matéria e de forma distinta da solução apresentada no processo de consulta, porquanto este ato se insere entre as normas complementares da legislação tributária, conforme dispõe o art. 100, inciso I, do Código Tributário Nacional. Fl. 562DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 563 14 10. Esclareçase, finalmente, que o Parecer Normativo do Sr. Secretário da Receita Federal do Brasil é ato administrativo de natureza normativa, por força do disposto no art. 1º, inciso III, combinado com o art. 280, inciso III, todos do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovado pela Portaria MF nº 203, de 2012, incluindose, portanto, entre os atos normativos apontados no art. 100, inciso I, do CTN. Conclusão 11. Diante do exposto, concluise que acórdãos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF não constituem normas complementares da legislação tributária, porquanto não existe lei que lhes confira efetividade de caráter normativo. Aliás, o Regulamento do IPI vigente ao tempo do fato gerador (como também o atual), no caso o Decreto nº 4.543, de 2002, em seu art. 610, reproduziu esse dispositivo, porém o aplicou apenas aos casos em que o interessado seja parte da decisão administrativa: Art. 610. Não será aplicada penalidade enquanto prevalecer o entendimento, a quem cumprir as obrigações acessória e principal (Decretolei no 37, de 1966, art. 101): I de acordo com interpretação fiscal constante de decisão de qualquer instância administrativa, proferida em processo de determinação e exigência de créditos tributários ou de consulta, em que o interessado seja parte; ou II de acordo com interpretação fiscal constante de ato expedido pela Secretaria da Receita Federal. Ou seja, a penalidade deixará de ser aplicada, se o sujeito passivo pagou o imposto em observância a uma decisão administrativa do qual foi parte. Ademais, ainda que houvesse decisões administrativas, ao tempo do fato gerador, permitindo a compensação além da trava de 30% nos casos de extinção de pessoa jurídica, havia também outras em sentido contrário, a exemplo do acórdão 10515908, de 16/8/2006, do acórdão 10708562, de 24/5/2006 e do acórdão 10708607, de 21/6/2006. Em face do exposto, dou provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. Recurso da Contribuinte O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. Cingese aqui a controvérsia à aplicação ou não do limite de 30% para compensação de prejuízos/bases de cálculo negativas de CSLL no momento da extinção da pessoa jurídica. Em que pese a argumentação de hermenêutica da Recorrente no sentido de que, diante da falta de norma expressa proibitiva de compensação dos prejuízos fiscais/bases negativas acima do limite de 30%, estarseia diante de "silêncio eloquente" e de "norma implícita" autorizativa, entendo não haver exceção para os casos de extinção da pessoa jurídica quanto ao limite imposto pelo permissivo legal de compensação de prejuízos contido nos arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065, de 1995, os quais cumpre transcrever: Fl. 563DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 564 15 Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Produção de efeito (Vide Lei nº 12.973, de 2014) Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Produção de efeito Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Vejase, a propósito, que é vedado a este tribunal afastar lei vigente. Além disso, apenas para título de argumentação, vale assinalar que a limitação imposta pela trava de 30% na compensação, quer no decurso normal das atividades da empresa quer na hipótese de sua extinção, não agride o conceito de renda, vez que, por um lado, o fato gerador do IRPJ/CSLL tem delimitação temporal e, por outro, a possibilidade de compensar prejuízos anteriores é benesse tributária suscetível aos limites que se lhe impõem. Na esteira desse raciocínio, convém trazer à colação voto do Min. Garcia Vieira do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial nº 188.855GO, segundo o qual: "Há que compreenderse que o art. 42 da Lei 8.981/1995 e o art. 15 da Lei 9.065/1995 não efetuaram qualquer alteração no fato gerador ou na base de cálculo do imposto de renda. O fato gerador, no seu aspecto temporal, como se explicará adiante, abrange o período mensal. Forçoso concluir que a base de cálculo é a renda (lucro) obtida neste período. Assim, a cada período corresponde um fato gerador e uma base de cálculo próprios e independentes. Se houve renda (lucro), tributase. Se não, nada se opera no plano da obrigação tributária. Daí que a empresa tendo prejuízo não vem a possuir qualquer “credito” contra a Fazenda Nacional. Os prejuízos remanescentes de outros períodos, que dizem respeito a outros fatos geradores e respectivas bases de cálculo, não são elementos inerentes da base de cálculo do imposto de renda do período em apuração, Fl. 564DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 565 16 constituindo, ao contrário, benesse tributária visando minorar a má atuação da empresa nos anos anteriores." E é na linha da “benesse tributária” que o Supremo Tribunal Federal tem tratado a compensação de prejuízos fiscais e bases negativas da CSLL, como se depreende dos RE 344.994/PR e 545.308/SP, e demais julgados posteriores daquela Cortel. Por oportuno, transcrevese: EMENTA: DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. BASE DE CÁLCULO: LIMITAÇÕES À DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. ARTIGO 58 DA LEI 8.981/1995: CONSTITUCIONALIDADE. ARTIGOS 5º, INC. II E XXXVI, 37, 148, 150, INC. III, ALÍNEA "B", 153, INC. III, E 195, INC. I E § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. PRECEDENTE: RECURSO EXTRAORDINÁRIO 344.944. RECURSO EXTRAORDINÁRIO NÃO PROVIDO. 1. Conforme entendimento do Supremo Tribunal Federal firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 344.944, Relator o Ministro Eros Grau, no qual se declarou a constitucionalidade do artigo 42 da Lei 8.981/1995, "o direito ao abatimento dos prejuízos fiscais acumulados em exercícios anteriores é expressivo de benefício fiscal em favor do contribuinte. Instrumento de política tributária que pode ser revista pelo Estado. Ausência de direito adquirido". 2. Do mesmo modo, é constitucional o artigo 58 da Lei 8.981/1995, que limita as deduções de prejuízos fiscais na formação da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro. 3. Recurso extraordinário não provido. (RE 545.308, 8/10/2009, Rel. P/ acórdão Min. Cármen Lúcia) EMENTA Agravo regimental no recurso extraordinário. Demonstrações financeiras. Saldos de prejuízos fiscais do IRPJ e das bases negativas da CSLL. Natureza de benefício fiscal. Correção monetária. Revogação. Questão infraconstitucional. Ausência de previsão legal. Impossibilidade de atuação do Poder Judiciário como legislador positivo. Precedentes da Corte. 1. A questão alusiva à revogação da correção monetária pelo art. 4º da Lei nº 9.249/95 repousa na esfera da legalidade. A afronta ao texto constitucional, se ocorresse, seria meramente reflexa ou indireta. 2. Nos julgamentos do RE nº 344.994/PR e do RE nº 545.308/SP, o Tribunal concluiu que a dedução de prejuízos de exercícios anteriores da base de cálculo do IRPJ e a compensação das bases negativas da CSLL constituem favores fiscais. 3. Impossibilidade de atualização monetária do saldo a ser compensado em períodos futuros, por ausência de previsão legal. 4. Agravo regimental não provido. (AgR no RE 807.062, 2/9/2014, Rel. Min. Dias Tóffoli) É oportuno também, nesse passo, ponderar que, se quisesse o legislador ressalvar a possibilidade de, na incorporação, permitir a compensação integral, teria feito de forma expressa, como o fez por ocasião do art. 1º da Lei nº 9.065, de 1995, em relação às empresas inseridas no Befiex. Assim, inexiste fundamentação legal que autorize este colegiado a afastar os arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065, de 1995, ao caso concreto. Fl. 565DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 566 17 Observese, por fim, que o posicionamento adotado pelo CARF no acórdão nº 910100.401 (1ª Turma da CSRF, 2/10/2009, Relatora Ivete Malaquias Pessoa Monteiro), é representativo da posição atual do CARF, que, alinhada com a dicção do STF nos julgados antes mencionados, vai no sentido de que "em sendo a compensação de prejuízos fiscais espécie incentivo fiscal outorgado por lei e não um patrimônio do contribuinte a ser socializado, não se pode ampliar o sentido da lei nem ampliar o seu significado eis que a norma que cuida de benefícios fiscais devem ser interpretadas de forma restritiva, nos termos do artigo 111 do Código Tributário Nacional". Citese como exemplo de julgado mais recente desta 1ª Turma da CSRF a manifestar o mesmo entendimento o acórdão nº 9101001.760 (de 16/10/2013, Redator Designado Marcos Aurélio Pereira Valadão). Conclusão Em face do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional e negar provimento ao Recurso Especial da Contribuinte. (Assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Declaração de Voto Conselheiro Luís Flávio Neto Na sessão de fevereiro de 2016, a Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante “CSRF”) analisou os recursos especiais interpostos por ANTARES HOLDINGS LTDA. (doravante “ANTARES” ou “contribuinte”) e pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante “PFN”) no processo n. 10882.002239/201070, em face do acórdão n. 1201 000.784 (doravante “acórdão a quo”), proferido pela r. 1a Turma Ordinária da 2 a Câmara desta 1 a Seção (doravante “Turma a quo”), assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 PESSOAS JURÍDICAS. EXTINÇÃO. RESULTADOS NEGATIVOS ACUMULADOS. COMPENSAÇÃO. LIMITE DE 30%. Os arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95 autorizam a compensação de prejuízos fiscais e de bases de cálculo negativas da CSLL acumulados em períodos anteriores, desde que o lucro líquido do período, ajustado pelas adições e exclusões previstas nas legislações daqueles tributos, não seja reduzido em mais de 30%. O limite à compensação aplicase, inclusive, ao período em que ocorrer a extinção da pessoa jurídica, haja vista a inexistência de norma, ainda que implícita, que o excepcione. Fl. 566DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 567 18 ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2006 SUCESSÃO. MULTA DE OFÍCIO. IMPOSIÇÃO. Devese afastar a multa de ofício imposta por infração cometida pela sucedida, mas lançada somente após ocorrida a sucessão, quando o Fisco não demonstra que sucedida e sucessora estavam sob controle comum ou pertenciam ao mesmo grupo econômico. No julgamento dos recursos especiais interpostos pela, a CSRF, por voto de qualidade, decidiu manter a glosa da compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e da base de cálculo negativa (CSL) levada a termo no AIIM, bem como a cobrança de multa e juros de mora. Nesta declaração de voto, permissa vênia, apresento os fundamentos que me fizeram votar pelo cancelamento da autuação, os quais serão divididos em duas partes: 1. O mérito principal do recurso especial: a “trava dos 30%”. 2. A punição do contribuinte pela prática de conduta razoável, considerada legítima pelo CARF à época dos fatos. 1. O mérito principal do recurso especial: a “trava dos 30%”. O núcleo do recurso especial ora em exame consiste em saber se, na hipótese de uma pessoa jurídica, submetida ao lucro real, apresentar lucros no exercício em que vier a ser extinta por incorporação (art. 227, § 3º, da Lei n. 6.404/64), poderá compensar integralmente, em sua última declaração de rendimentos, o seu saldo de prejuízos fiscais (IRPJ) e de base negativa (CSL) acumulado de exercícios anteriores, sem a “trava de 30%” que seria aplicável caso a sua existência fosse continuada (arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95). Para a melhor compreensão do tema, suponhase, por hipótese, que uma empresa inicie as suas atividades no “ano 1”, com o capital social integralizado pelos sócios de $4.000, obtendo prejuízo no “ano 2” de $ 1.000, prejuízo no “ano 3” de $1.000 e lucro no “ano 4” de $3.000. O gráfico a seguir ilustra essa sequência de resultados: 0 1 2 3 4 5 6 Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Patrimônio Prejuízo Lucro Figura 01. Formação de prejuízos fisc a is seguida de período lucra vo. Fl. 567DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 568 19 Nos anos “1”, “2” e “3”, naturalmente não haveria IRPJ ou CSL devidos sob a sistemática do lucro real. Tais tributos, por sua vez, poderiam incidir no “ano 4”, para a tributação dos resultados positivos obtidos. No entanto, para a apuração do referido resultado positivo, o contribuinte poderia considerar os resultados negativos obtidos nos exercícios anteriores, tendo em vista a necessária comunicação entre estes. Conforme a sistemática estabelecida pelos arts. 15 e 16 da Lei nº 9.065/95, no “ano 4” e também em todos os próximos exercícios em que obtivesse resultados positivos, o contribuinte poderia compensar até 30% de seus lucros com os prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) apurados naqueles anos “1”, “2” e “3”. É o que ilustra o gráfico a seguir: 0 1 2 3 4 5 6 Ano 4 Patrimônio Prejuízo Lucro Lucro tributável Patrimônio inicial Saldo de prejuízos acumulados compensáveis em exercícios futuros (“ano 5”, “ano 6” etc) Compensação de prejuízos fis c a is Figura 02. “Trava de 30%”. Aplicação às empresas em con nua a vidade. Não há dúvida que legislador garantiu ao contribuinte o direito de compensar a totalidade do prejuízo fiscal (IRPJ) e base negativa (CSL), mas diluiu o seu exercício durante o tempo de atividade da empresa. A questão que se coloca no presente recurso especial consiste em saber como deve proceder o contribuinte quando não houver a aludida continuidade em suas atividades, especialmente em face de extinção por incorporação. Assim, no caso concreto ora em análise, a empresa ANTARES possuía saldo de prejuízo fiscal (IRPJ) e base negativa (CSL) acumulado de exercícios anteriores. No ano em que foi extinta em razão de incorporação (2006), o contribuinte havia obtido lucros e, em sua última declaração de rendimentos, os compensou com o aludido saldo. Diante da impossibilidade prosseguir compensando prejuízo fiscal (IRPJ) e base negativa (CSL) em exercícios futuros (pois, com a extinção, estes não existiriam), a contribuinte compreendeu inaplicável a “trava dos 30%”. A interpretação sustentada pelo contribuinte conduziria à tributação da renda, dos lucros obtidos durante o exercício de suas atividades, de tal forma que apenas o efetivo acréscimo patrimonial seria tributado pelo IRPJ e da CSL, deixando a salvo desses tributos aquilo que corresponderia efetivamente ao seu patrimônio (o que, de fato, não é hipótese de incidência do IRPJ e da CSL). Com vistas ao exemplo exposto nas figuras “1”, “2” e “3”, acima, a interpretação sustentada pelo contribuinte pode ser representada da seguinte forma: Fl. 568DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 569 20 0 1 2 3 4 5 6 Ano 4 Patrimônio Prejuízo Lucro Compensação de prejuízos fisc a is sem a “trava de 30%” Lucro tributável Patrimônio inicial Figura 03. “Trava de 30%”. Interpretação do contribuinte. Por um lado, é muito diferente a interpretação adotada pelo i. agente fiscal na lavratura do AIIM, bem como pela PFN em sua manifestação perante esta CSRF. Por esta, na hipótese de incorporação, fusão ou cisão, o contribuinte perderia até 70% do saldo de prejuízo fiscal (IRPJ) e base negativa (CSL), de tal forma que referidos tributos incidiriam sobre o patrimônio da empresa. É o que ilustra o gráfico a seguir: 0 1 2 3 4 5 6 Ano 4 Patrimônio Prejuízo Lucro Lucro tributável Patrimônio inicial Parcela do patrimônio tributada pelo IRPJ e CSL. Compensação de prejuízos fisc a is com “trava de 30%" Figura 04. “Trava de 30%”. Interpretação da PFN. É importante sublinhar que o presente caso não trata de “incorporação às avessas” ou de compensação de prejuízos da empresa incorporada contra os lucros da empresa incorporadora, as quais são tuteladas pelos arts. 513 e 514 do RIR/99. No presente caso, o saldo de prejuízo fiscal (IRPJ) e de base negativa (CSL), apurado pela empresa incorporada (ANTARES) foi compensado com os lucros obtidos por ela, em sua última declaração de rendimentos entregues em função de sua extinção por incorporação. 1.1. A tributação dos “acréscimos patrimoniais” do contribuinte. Fl. 569DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 570 21 Na Constituição brasileira, há expressa e detalhada repartição de competências tributárias entre os entes federados, a qual estabelece quais signos presuntivos de capacidade contributiva podem ser onerados privativamente por cada um dos entes federados. A “renda” e o “lucro”, no caso, podem ser tributados exclusivamente pela União. Saber o sentido de “renda” e “lucro” é, então, essencial para a boa aplicação das normas constitucionais de distribuição de competência tributária e das normas de incidência tributária em sentido estrito. Isso explica as constantes discussões ao seu respeito, especialmente em torno de teorias como da “renda como acréscimo patrimonial” e da “renda produto (ou “teoria fonte”). A teoria da renda como acréscimo patrimonial pode ser compreendida a partir do caso Antártica1, julgado pelo Supremo Tribunal Federal cinco anos após a promulgação da Constituição de 1988, em que esteve em foco o conceito de “renda” presente no sistema tributário de 19642. Acompanhando o voto do Min. Carlos Velloso, houve unanimidade no Plenário do Tribunal quanto ao entendimento de que “o conceito implica reconhecer a existência de receita, lucro, proveito, ganho, acréscimo patrimonial que ocorrem mediante o ingresso ou o auferimento de algo, a título oneroso”. Notese que, caso se adote um conceito de “renda” que a identifique como o produto (“teoria da rendaproduto” ou “teoria da fonte”), apenas o fruto, o produto dos bens de capital ou do trabalho poderiam ser considerados “renda”. Sob tal perspectiva, estaria excluído do conceito de renda quaisquer ganhos e perdas de capital obtidos pela alienação da fonte produtora da renda, já que, metaforicamente, a tributação alcançaria apenas os frutos da árvore, mas não a alienação da árvore em si.3 1.1.1. O papel da lei complementar para a definição de “renda” tributável. No atual sistema jurídico brasileiro, o debate sobre qual o conceito de renda tributável deve considerar que o art. 146 da Constituição Federal atribui à lei complementar a competência para estabelecer normas gerais, especialmente sobre a definição dos fatos geradores, bases de cálculo e contribuintes dos impostos discriminados no texto constitucional. Assim, embora não haja delimitação expressa na Constituição quanto ao signo “renda” para fins tributários, o art. 43 do CTN veicula norma que permite que o legislador ordinário se valha ao menos de duas significações possíveis: (i) o inciso I, ao se referir à “renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos”, se aproxima da teoria da rendaproduto; (ii) o inciso II, ao se referir a “proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso 1 CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE RENDA. RENDA CONCEITO. Lei n. 4.506, de 30.XI.64, art. 38, C.F./46, art. 15, IV; CF/67, art. 22, IV; EC 1/69, art. 21, IV. CTN, art. 43. I. Rendas e proventos de qualquer natureza: o conceito implica reconhecer a existência de receita, lucro, proveito, ganho, acréscimo patrimonial que ocorrem mediante o ingresso ou o auferimento de algo, a título oneroso. C.F., 1946, art. 15, IV; CF/67, art. 22, IV; EC 1/69, art. 21, IV. CTN, art. 43. II. Inconstitucionalidade do art. 38 da Lei 4.506/64, que institui adicional de 7% de imposto de renda sobre lucros distribuídos. III. R.E. conhecido e provido. (STF, RE 117887, Relator Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 11/02/1993, DJ 23041993) 2 Anterior ao atual Código Tributário Nacional. 3 Vide, sobre o tema: LANG, Joachim. The influence of tax principles on the taxation of income from capital, p. 1821; BELSUNCE, HORACIO GARCÍA. El concepto de rédito en la doctrina y en el derecho tributario. Depalma : Buenos Aires, 1967, p. 88 e seguintes. Fl. 570DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 571 22 anterior”, se aproxima da teoria da renda acréscimo patrimonial. Em ambos os casos, o conceito estabelecido pelo CTN exige que haja a aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica sobre a renda, a fim de que seja possível a tributação. O legislador complementar exige que haja a “aquisição de disponibilidade”, pouco importando ser ela “econômica” ou “jurídica”. O legislador ordinário deve eleger hipóteses de incidência do imposto de renda que estejam compreendidas nos referidos moldes estabelecidos pela Constituição e pelo CTN. 1.1.2. A decisão do legislador ordinário: a lógica da determinação da base de cálculo do IRPJ e da CSL e a não tributação de situações que não geram acréscimo patrimonial. Independentemente das predileções doutrinarias quanto ao mais adequado conceito de “renda” e embora se possa argumentar que a Lei Complementar tenha outorgado possibilidades mais amplas, não há dúvida que o legislador ordinário utiliza sistematicamente, como diretriz central para a tributação da renda, a teoria da renda enquanto acréscimo patrimonial. A constatação é pragmática: as regras do imposto de renda brasileiro, de forma geral, conduzem a uma base tributável que tende ao acréscimo patrimonial realizado pelo contribuinte em um determinado intervalo de tempo. Na sistemática do lucro real, aplicável no caso, a base de cálculo adotada pelo legislador ordinário corresponde ao lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por lei. O lucro líquido, no caso, será apurado com observância das disposições das leis comerciais. É o que prescreve o art. 247 do Decreto 3.000/99 (doravante “RIR/99”), que veicula o Regulamento do Imposto de Renda, com a sistematização de toda a legislação esparsa: Art. 247. Lucro real é o lucro líquido do período de apuração ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas por este Decreto (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 6º). § 1º A determinação do lucro real será precedida da apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis comerciais (Lei nº 8.981, de 1995, art. 37, § 1º). (...) Por meio das “adições”, são incluídos à base de cálculo do tributo valores deduzidos na apuração contábil e que não são dedutíveis para fins fiscais, a exemplo de uma despesa indedutível de multa de trânsito. Com as “exclusões”, são excluídos da base de cálculo do tributo as receitas apuradas pela contabilidade que não sejam passíveis de tributação, a exemplo de dividendos isentos recebidos. Finalmente, pela “compensação”, o resultado tributável passível de tributação no período de apuração é diminuído pelos resultados negativos apurados em períodos anteriores. Especialmente em relação aos prejuízos fiscais, o RIR/99 reflete em seus arts. 519 e 510 das regras vigentes sobre a matéria: Fl. 571DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 572 23 CAPÍTULO XIV COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS Disposições Gerais Art. 509. O prejuízo compensável é o apurado na demonstração do lucro real e registrado no LALUR (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 64, § 1º, e Lei nº 9.249, de 1995, art. 6º, e parágrafo único). § 1º A compensação poderá ser total ou parcial, em um ou mais períodos de apuração, à opção do contribuinte, observado o limite previsto no art. 510 (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 64, § 2º). § 2º A absorção, mediante débito à conta de lucros acumulados, de reservas de lucros ou capital, ao capital social, ou à conta de sócios, matriz ou titular de empresa individual, de prejuízos apurados na escrituração comercial do contribuinte não prejudica seu direito à compensação nos termos deste artigo (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 64, § 3º). Prejuízos Fiscais Acumulados até 31 de dezembro de 1994 e Posteriores Art. 510. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995 poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas neste Decreto, observado o limite máximo, para compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15). § 1º O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para compensação (Lei nº 9.065, de 1995, art. 15, parágrafo único). § 2º Os saldos de prejuízos fiscais existentes em 31 de dezembro de 1994 são passíveis de compensação na forma deste artigo, independente do prazo previsto na legislação vigente à época de sua apuração. § 3º O limite previsto no caput não se aplica à hipótese de que trata o inciso I do art. 470. A sistemática do lucro real, portanto, cristaliza a diretriz adotada pelo legislador ordinário de tributar os acréscimos patrimoniais, ainda que ajustes sejam realizados à apuração contábil. 1.2. A evolução legislativa a respeito da compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e de base negativa (CSL) Na sistemática do lucro real, a compensação de prejuízos fiscais é elemento essencial da diretriz erigida pelo legislador para a tributação da renda enquanto acréscimo patrimonial. A investigação da evolução legislativa sobre a matéria nos últimos 80 anos demonstra que o legislador ordinário jamais negou o direito do contribuinte à Fl. 572DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 573 24 compensação da totalidade de seu saldo de prejuízos fiscais (IRPJ) ou de base negativa (CSL). Nos idos de 1947, a Lei n. 154 regulou a compensação de prejuízos fiscais, nos seguintes termos: Art. 10. O prejuízo verificado num exercício, pelas pessoas jurídicas, poderá se deduzido, para compensação total ou parcial, no caso da inexistência de fundos de reserva ou lucros suspensos dos lucros reais apurados dentro dos três exercícios subseqüentes. Parágrafo único. Decorridos os três exercícios, não será permitida a dedução, nos seguintes, do prejuízo porventura não compensado. A norma então estabelecida prescreveu que: i) o lucro apurado em um determinado exercício poderia ser integralmente compensado com prejuízos acumulados de exercícios anteriores; ii) o contribuinte teria 3 anos para utilizar o prejuízo fiscal verificado em um determinado exercício. Em 1976, o DecretoLei n. 1.493 trouxe ligeira alteração na regulamentação da matéria, estendendo o prazo prescricional de aproveitamento dos prejuízos fiscais: Art. 12. O prejuízo verificado num exercício a partir do período base relativo ao exercício de 1977 poderá ser compensado total ou parcialmente, com os lucros contábeis apurados dentro dos 4 (quatro) exercícios subseqüentes. § 1º Entendese como prejuízo, para os fins de Imposto de Renda o verificado na apuração contábil da pessoa jurídica no período base, diminuído dos custos despesas operacionais e encargos não dedutíveis. § 2º Decorridos 4 (quatro) exercícios, não será permitida a dedução, nos seguintes de prejuízos porventura não compensados. A norma em questão vigorou no sistema jurídico brasileiro até 1995, alterou pouco a sistemática anterior, prescrevendo que: i) lucro apurado em um determinado exercício poderiam ser integralmente compensados com prejuízos acumulados de exercícios anteriores; ii) o contribuinte teria 4 anos (e não mais 3 anos) para utilizar o prejuízo fiscal verificado em um determinado exercício. Notese que, sob a égide da norma vigente até 1995, inexistia discussão quanto à possibilidade de compensação integral dos prejuízos acumulados na última declaração de rendimentos da empresa extinta por incorporação. Afinal, a possibilidade de compensação integral, em um único período, era garantida inclusive às empresas em continuidade. Em 1987, o DecretoLei n. 2.341 regulou operações como as chamadas “incorporações às avessas” e situações específicas de aproveitamento de prejuízos fiscais em restruturações societárias, com a limitação, em especial, da compensação de prejuízos fiscais Fl. 573DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 574 25 da empresa incorporada contra lucros da incorporadora. Aludidas normas estão refletidas nos ars. 513 e 514 do RIR/99: Mudança de Controle Societário e de Ramo de Atividade Art. 513. A pessoa jurídica não poderá compensar seus próprios prejuízos fiscais se entre a data da apuração e da compensação houver ocorrido, cumulativamente, modificação de seu controle societário e do ramo de atividade (DecretoLei nº 2.341, de 29 de junho de 1987, art. 32). Incorporação, Fusão e Cisão Art. 514. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida (DecretoLei nº 2.341, de 1987, art. 33). Parágrafo único. No caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido (DecretoLei nº 2.341, de 1987, art. 33, parágrafo único). Em 1991, diante do novo cenário econômico e da sistemática então adotada de apuração mensal do IRPJ, a compensação de prejuízos fiscais foi objeto de nova regulação pela Lei n. 8.383/91: Art. 38. A partir do mês de janeiro de 1992, o imposto de renda das pessoas jurídicas será devido mensalmente, à medida em que os lucros forem auferidos. § 1° Para efeito do disposto neste artigo, as pessoas jurídicas deverão apurar, mensalmente, a base de cálculo do imposto e o imposto devido. (…) § 7° O prejuízo apurado na demonstração do lucro real em um mês poderá ser compensado com o lucro real dos meses subseqüentes. § 8° Para efeito de compensação, o prejuízo será corrigido monetariamente com base na variação acumulada da Ufir diária. A Lei n. 8.383/91, como se vê, manteve o reconhecimento do direito à compensação integral dos prejuízos fiscais, mas deixou de prescrever prazo de prescrição ao seu exercício. Mas, logo em 1992, foi enunciada a Lei n. 8.541, que também manteve o reconhecimento do direito à compensação integral dos prejuízos fiscais, mas estabeleceu prazo para o seu exercício: Art. 12. Os prejuízos fiscais apurados a partir de 1° de janeiro de 1993 poderão ser compensados, corrigidos, monetariamente, com o lucro real apurado em até quatro anoscalendários, subseqüentes ao ano da apuração. Finalmente, em 1995, foi editada a nova tutela à compensação de prejuízos fiscais, que permanece vigente até a atualidade e é aplicável ao presente caso. Sucedendo a 8.981/95, a Lei n. 9.065/1995, em seus arts. 15 e 16, veicula norma de diferimento dos prejuízos fiscais acumulados (IRPJ) e de base de cálculo negativa Fl. 574DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 575 26 (CSL), pela qual o contribuinte poderá aproveitálos em sua totalidade, mas diluídos no decorrer de seu período de existência: Art. 15. O prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de 1995, poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados até 31 de dezembro de 1994, com o lucro líquido ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação do imposto de renda, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro líquido ajustado. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios do montante do prejuízo fiscal utilizado para a compensação. Art. 16. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro, quando negativa, apurada a partir do encerramento do ano calendário de 1995, poderá ser compensada, cumulativamente com a base de cálculo negativa apurada até 31 de dezembro de 1994, com o resultado do período de apuração ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação da referida contribuição social, determinado em anoscalendário subseqüentes, observado o limite máximo de redução de trinta por cento, previsto no art. 58 da Lei nº 8.981, de 1995. Parágrafo único. O disposto neste artigo somente se aplica às pessoas jurídicas que mantiverem os livros e documentos, exigidos pela legislação fiscal, comprobatórios da base de cálculo negativa utilizada para a compensação. Como se pode observar da evolução dos dispositivos legais que regulam a matéria nos últimos 80 anos, em nenhum momento o legislador negou o direito do contribuinte à compensação da totalidade de seu prejuízo fiscal. A ordenamento jurídico: (i) Em alguns períodos da história, embora tenha estabelecido prazos ao exercício do direito, garantiu ao contribuinte o aproveitamento integral de prejuízos fiscais acumulados em ato único, inclusive (norma revogada); (ii) Vedou a compensação de prejuízos fiscais da empresa incorporada contra lucros da incorporadora, sem restringir de qualquer forma a compensação de prejuízos fiscais da empresa incorporada contra os seus próprios lucros (norma vigente); (iii) Garantiu ao contribuinte o aproveitamento da totalidade dos prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) acumulados de exercícios anteriores, mas diluiu o exercício desse direito no período de existência do contribuinte, sem prazo de prescrição (norma vigente). A Lei n. 9.065/1995, em seus arts. 15 e 16, veiculam norma de diferimento dos prejuízos fiscais acumulados (IRPJ) e de base de cálculo negativa (CSL), pela qual o contribuinte poderá aproveitálos integralmente, mas diluídos no decorrer de seu período de existência: Fl. 575DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 576 27 1.3. A “trava dos 30%”: norma de diferimento da compensação dos prejuízos fiscais A norma dos arts. 15 e 16 da Lei n. 9.065/95 regula a compensação de prejuízos acumulados (IRPJ) e bases negativas (CSL), sopesando os interesses de caixa da União com a diretriz central para a tributação da renda enquanto acréscimo patrimonial. Com vistas aos interesses de caixa da União, a norma postergou, adiou, diferiu o exercício do direito do contribuinte à compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e base negativa (CSL), de forma a manter um fluxo arrecadatório mais contínuo. Sob essa perspectiva, a sua explicação tem raízes mais no Direito financeiro e na necessidade de superávit nos orçamentos públicos anuais do que necessariamente no Direito tributário. Houvesse o legislador cumulado a “trava de 30%” a algum prazo de prescrição para a compensação dos prejuízos fiscais acumulados (por exemplo, 4 ou 5 anos), poderíamos ter, aí, um problema sistêmico. Ocorre que, nessa hipótese, o legislador poderia entrar em contradição com a diretriz de renda enquanto acréscimo patrimonial. O diferimento em questão, contudo, não nega o direito do contribuinte ao aproveitamento da integralidade de seus prejuízos acumulados. Pelo contrário, ao afastar a limitação temporal ao seu aproveitamento, garantindo ao contribuinte valerse do tempo que for necessário até esgotar todo o seu estoque de prejuízos fiscais acumulados (IRPJ) e bases negativas (CSL), o legislador ordinário justamente reconhece que o aludido saldo poderá ser esgotado em sua totalidade. O legislador ordinário prescreveu norma pela qual os prejuízos fiscais acumulados serão diluídos nos períodos de apuração em que o contribuinte apresentar lucros, indefinidamente, até que se esgote todo o seu saldo de prejuízos. O pressuposto de incidência da norma é, então, a continuidade da pessoa jurídica, pois somente assim o diferimento e o aproveitamento integral diluído no tempo seria possível. A exposição de motivos da medida provisória posteriormente convertida na Lei n. 9.065/95 é relevante para essa análise, in verbis: “Arts. 15 e 16 do Projeto: decorrem de Emenda do Relator, para restabelecer o direito à compensação de prejuízos, embora com as limitações impostas pela Medida Provisória n. 812/94 (Lei 8.981/95). Ocorre hoje ‘vacatio legis’ em relação à matéria. A limitação de 30% garante uma parcela expressiva de arrecadação, sem retirar do contribuinte o direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo”. (negrito acrescido) Também é de grande relevância a análise desenvolvida pelo TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JR.4 em face da eludida exposição de motivos, in verbis: 4 FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Da compensação de prejuízos fiscais ou da trava de 30%, in Revista Fórum de Direito Tributário ‑ RFDT, ano 10, n. 60. Belo Horizonte, 2012, p. 212. Fl. 576DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 577 28 “O recurso à E.M. é um importante indício da chamada mens legis. De um lado, ali se evidencia o objetivo do legislador: limitar, quantitativamente, sem retirar o direito de compensar até integralmente num mesmo ano. O exercício do direito à compensação do prejuízo, pela E.M., é que sofre uma limitacã̧o quantitativa. Não o próprio direito. Tanto que, como não há limite temporal para esse exercício do direito, e se trata até expressamente de prejuízo fiscal apurado a partir do encerramento do anocalendário de um ano (1995), que poderá ser compensado, cumulativamente com os prejuízos fiscais apurados em anos anteriores (até 31 de dezembro de 1994), com lucros auferidos em anos subsequentes, a simples postergacã̧o, à eviden̂cia, abrese espaço para a consideração de um âmbito de inferen̂cia ilocutiva: não poder haver perda ou eliminacã̧o do direito à compensacã̧o. É a lei que estabelece a garantia da plena utilização do saldo de prejuízos. Tratase de significado indireto (ilocucã̧o), isto é, por meio de uma elocuca̧õ (asserção do direito de compensar, com limite quantitativo) o legislador assevera algo expressamente. Mas mediante essa asserção também realiza uma ação que não chega a asseverar: sem limitacã̧o de tempo, a garantia de utilização é plena”. (negrito acrescido) No entanto, diante da ausência de continuidade da pessoa jurídica, tornase jurídica e faticamente impossível a diluição dos prejuízos fiscais em exercícios, sendo lícito ao contribuinte concentrar a sua compensação pelo término do diferimento. Nesse caso, o único limite aplicável à compensação de prejuízos fiscais acumulados, na hipótese de extinção da sociedade por incorporação, consiste nos lucros auferidos pela empresa no ano de sua extinção. Assim, caso uma pessoa jurídica com prejuízos fiscais acumulados de $2.000 venha a obter, no ano de sua extinção, lucro de $ 1.000, restaria um saldo de prejuízos acumulados de $1.000, que não poderia vir a ser aproveitado por mais ninguém, incluindose a incorporadora (DecretoLei n. 2.341/87, art. 33). Ocorre que, em termos gerais, dois fatores interferem na velocidade e na grandeza com que se dará o aproveitamento do prejuízo fiscal acumulado: Prosperidade do contribuinte: Quanto maiores forem os lucros líquidos obtidos pelo contribuinte, proporcionalmente maior será a fatia do prejuízo que poderá ser compensada. Assim, caso uma pessoa jurídica com prejuízos fiscais acumulados de $100 obtiver desempenho que lhe proporcione lucro líquido de $1.000 após adições e exclusões previstas na legislação, tenha ela perspectiva de continuidade ou não, poderá compensar em um único ato todo esse seu estoque de prejuízos. Fl. 577DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 578 29 Vitalidade do contribuinte (ou continuidade da pessoa jurídica): A diluição dos prejuízos fiscais acumulados nos períodos de apuração futuros pressupõe que a vitalidade do contribuinte proporcione a continuidade de suas atividades (aliada à sua prosperidade, que lhe garantirá lucros passíveis de compensação). Conjugando tais fatores, a norma dos arts. 15 e 16 da Lei n. 9.065/95 poderá apresentar as seguintes consequências em variados cenários: baixa prosperidade vs. continuidade da entidade: com a adoção da “trava dos 30%”, o saldo de prejuízos fiscais acumulados será consumido mais lentamente e até que os lucros gerados sejam suficientes para a sua compensação integral, sem limite temporal; elevada prosperidade vs. continuidade da entidade: com a adoção da “trava dos 30%”, o saldo de prejuízos fiscais acumulados será rapidamente consumido em face dos lucros gerados; elevada prosperidade vs. extinção da entidade: o saldo de prejuízos fiscais acumulados poderá ser integralmente consumido em face dos lucros gerados, sem a adoção da “trava dos 30%” na última declaração de rendimento da empresa extinta; baixa prosperidade vs. extinção da entidade: o estoque de prejuízos fiscais acumulados poderá ser integralmente consumido em face dos lucros gerados, sem a adoção da “trava dos 30%” na última declaração de rendimento da empresa extinta, mas como não seriam suficientes para absorver todo o prejuízo de exercícios anteriores, haverá saldo residual não aproveitado. Para a solução do caso concreto, devemos verificar qual interpretação dos arts. 15 e 16 da Lei n. 9.065/95 – a do contribuinte ou a da PFN – melhor se amolda a esse arcabouço normativo e, em especial, à diretriz da renda enquanto acréscimo patrimonial adotada pelo legislador. É forçoso reconhecer que a interpretação sustentada pelo contribuinte realmente se alinha à diretriz da tributação da renda enquanto acréscimo patrimonial. A “Figura 03”, acima, evidencia que, diante da impossibilidade de continuidade das atividades da empresa por conta de sua extinção por incorporação, deve haver o acerto final de contas, com a compensação do saldo de prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) da incorporada contra os seus próprios lucros. Tal interpretação coincide com aquela adotada pelo e. STJ em uma série de julgados (vide no tópico “1.4”, abaixo). Assim, por exemplo, nos acórdãos do REsp 516849/CE, do AgRg no REsp 944.427/SP e do AgRg no REsp 516.849/CE, a Primeira Turma daquele Tribunal reconheceu como pressuposto de legitimidade da “trava dos 30%” exatamente a manutenção do direito do contribuinte à compensação da totalidade de seus prejuízos, ainda que o seu exercício seja diluído no tempo: o legislador “diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada”. Na mesma linha, a Segunda Turma do e. STJ, em acórdãos como do REsp 993.975/SP e do REsp 1.132.256/SP, concluiu que a norma em questão “diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada, começando pelo Fl. 578DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 579 30 percentual de 30%, sem afronta aos arts. 43 e 110 do CTN”, bem como que “a legalidade do diferimento não atingiu direito adquirido, porque não existia o direito à dedução dos prejuízos de uma única vez, mas, sim, à dedução integral, hipóteses que não se confundem” (grifamos). Nos termos adotados pelo e. STJ, ao diferir o aproveitamento integral dos prejuízos acumulados (IRPJ) e da base negativa (CSL), o legislador estabeleceu um escalonamento, de forma que as empresas que apresentem continuidade – como ocorre em geral – devem observar a “trava dos 30%”. Coerentemente, esse percentual poderá ser superior na hipótese de não haver continuidade da pessoa jurídica, como se dá com a sua extinção por incorporação, fusão ou cisão. É digno de nota o voto da i. Min. Eliana Calmon, no REsp 993.975/SP, in verbis: “Pela legislação do imposto de renda, vigente até 30∕12∕94, era possível às empresas contribuintes compensar integralmente os prejuízos fiscais e as bases de cálculo negativas apuradas e registradas no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), como previsto nos arts. 6º e 64 do DL nº 1.598∕77 e art. 12 da Lei 8.541∕92. Em 31∕12∕94, pela MP nº 812∕94, convertida na Lei nº 8.981∕95, limitouse a autorização da dedução do prejuízo compensável ao percentual de 30%, a partir de 1º de janeiro de 1995, conforme se observa dos arts. 42 e 58 do mencionado diploma legal. Apesar de limitada a dedução de prejuízos para o exercício de 1995, não existia empecilho de que os 70% restantes fossem abatidos nos anos seguintes, até o seu limite total, sendo integral a dedução. A prática do abatimento total dos prejuízos afasta o sustentado antagonismo da lei limitadora com o CTN, porque permaneceu incólume o conceito de renda, com o reconhecimento do prejuízo, cuja dedução apenas restou diferida. O diferimento da dedução, a meu ver, não descaracterizou o crédito, tendo sido somente manipulado pelo fisco, segundo critérios de política econômica e fiscal arrecadatória. A limitação, que no meu ponto de vista, constitui em empréstimo compulsório, é aquela que obsta a devolução de um valor tomado do contribuinte injustamente, como ocorreu em relação à correção monetária das demonstrações financeiras, quando a Lei 8.200∕91, em reconhecendo a ilegalidade da correção estipulada no balanço de 1989, permitiu a devolução escalonada. Na hipótese dos autos, diferentemente, não tomou o fisco valor do contribuinte. O contribuinte é que teve frustrada uma expectativa de ganho com o desenvolvimento de sua atividade empresarial e suportou prejuízos, tendo direito de abater as perdas nos anos posteriores, dentro de um limite que não seja devastador para o fisco, que já contava com exações vindas da atividade empresarial. (...) Fl. 579DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 580 31 Uma outra argumentação, comum nas ações onde é defendida a tese do direito à dedução integral dos prejuízos, é a de que foi vulnerado o art. 110 do CTN, eis que não poderia a Lei nº 8.981∕95 subverter o conceito de renda. Como visto no início deste voto, entretanto, não houve subversão alguma, porque não se olvidou o prejuízo, mas apenas foi ele disciplinado de tal forma que se tornou escalonado.” Por sua vez, a “Figura 04” acima evidencia que, diante da impossibilidade de continuidade, com a extinção da pessoa jurídica por incorporação, a interpretação sustentada pela PFN conduziria à tributação do patrimônio e não da renda. Caso essa interpretação seja adotada, não se tributária o acréscimo patrimonial (teoria da rendaacréscimo patrimonial), mas o próprio patrimônio; não se tributaria o produto do capital (teoria da renda produto), mas o próprio capital investido pelos sócios. Das duas interpretações apresentadas, apenas a sustentada pela PFN tem o condão de desvirtuar a diretriz de renda enquanto acréscimo patrimonial eleita pelo legislador ordinário e, em afronta aos arts. 43 e 44 do CTN, transformar o IRPJ e a CSL em tributos incidentes sobre a propriedade. Tudo isso à revelia de decisão do Congresso Nacional, pois o legislador ordinário não pode ser acusado de ter cerceado o direito do contribuinte ao aproveitamento da totalidade de seus prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) quando, na verdade, apenas diluiu o seu exercício no tempo de existência da pessoa jurídica. Esse também é o entendimento majoritário da doutrina. Destacase trecho do erudito estudo publicado por TÉRCIO SAMPAIO FERRAZ JR.5 sobre o tema, in verbis: “Assim, de um lado, a opção do legislador é garantir/autorizar a compensação de prejuízos à condição de uma limitação quantitativa (asserção expressa), manifestando um direito de compensar prejuízos, sem limitação temporal (asserção implícita). Promover esse bem (direito de compensar prejuízos até o seu limite total, sendo integral a dedução) constitui, de outro, o objetivo, cujo fundamento, que Schauer (ver acima) chama de justificação da regra, aponta para respeito à isonomia, na medida em que se observa que uma periodicidade estanque, que terminaria por impedir a compensação de prejuízos anteriores com lucros posteriores, conduziria a um tratamento mais oneroso de determinados contribuintes (que praticassem atividades de maior risco, a exigir período maior de investimento até o surgimento de resultados positivos), o que violaria a igualdade. Aparece aqui aquela tensão (ver Schauer anteriormente citado) entre a regra (ao limite de 30%, prejuízos fiscais poderão ser compensados) e sua justificacã̧o (princípio da isonomia), que conduz, mediante teleologia, a novas generalizacõ̧es. Isto é, ao teor da norma “é autorizado compensar prejuízos fiscais, desde 5 FERRAZ JUNIOR, Tercio Sampaio. Da compensação de prejuízos fiscais ou da trava de 30%, in Revista Fórum de Direito Tributário ‑ RFDT, ano 10, n. 60. Belo Horizonte, 2012, p. 212. Fl. 580DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 581 32 que não ultrapasse o limite de 30%”, a generalização que a fundamenta (seu telos, seu objetivo: compensaçaõ de prejuízos até seu esgotamento total por exigência da isonomia) faz surgir significados indiretos, ali presentes em forma ilocutiva: a restrição quantitativa não deve implicar perda do direito de compensar prejuízos, até porque a ausen̂cia de restrição temporal significa possibilidade de transferen̂cia para períodos posteriores até o seu esgotamento. Ou seja, partese da exigen̂cia de uma periodicidade estanque (até 30% no período) para uma nova generalizacã̧o da regra por força da sua justificação: a periodicidade anual dos tributos não impede, ao contrário, autoriza a compensação de prejuízos acumulados, em períodos subsequentes. Pois bem, e dessa nova generalização (que atende, com base em isonomia, à diferença entre contribuintes) segue outra: o aproveitamento integral dos prejuízos, num único período, por sociedade incorporada, dada a impossibilidade de seu aproveitamento integral, diferido no tempo. Notese, na tensão regra/fundamento, passamos de uma generalizacã̧o (direito de compensar, até integralmente, num mesmo ano, se essa compensação não ultrapassar o valor do resultado positivo) para uma segunda (não existia empecilho de que os 70% restantes fossem abatidos nos anos seguintes, até o seu limite total, sendo integral a dedução) e dessa, para uma terceira (ressalvada a situacã̧o dos que de fato ou de direito estão impedidos ou impossibilitados de realizar o diferimento no tempo). Nos termos de Schauer, antes referidos, na segunda generalização temos uma sobreinclusão, na terceira, uma subinclusão, ambas dentro da mesma ratio legis.” (grifos do original) Na mesma linha, ao examinar a questão, IVES GANDRA DA SILVA MARTINS6 concluiu, in verbis: “a) não há lacuna na lei que limitou a 30% a compensação de prejuízos fiscais, pois apenas dedicada a empresas em funcionamento, como o STJ e a exposição de motivos das MPs e projetos de conversão em lei resultantes esclareceram; b) a lei objetivou, exclusivamente, distender, no tempo, o aproveitamento de prejuízo, MAS NÃO eliminálo, em havendo lucros; (...) A lei que permite a compensação do prejuízo determina QUE TODO O PREJUÍZO SERÁ COMPENSADO, DISTENDIDO NO TEMPO (SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DA LEI). A conclusão lógica é que se não há mais tempo para aproveitálo, em havendo lucros na extinção, a 6 SILVA MARTINS, Ives Gandra da. Incorporação de empresa com extinção da incorporada Possibilidade de aproveitamento do prejuízo além de 30%, acesso em: http://www.fiscosoft.com.br/a/4qc6/incorporacaode empresacomextincaodaincorporadapossibilidadedeaproveitamentodoprejuizoalemde30ivesgandradasilvamartins Fl. 581DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 582 33 lei permite seu aproveitamento, de uma só vez, para que não haja tributação sobre um “não acréscimo patrimonial” vedado pelo CTN (arts. 43 e 44) e pelo artigo 150, inciso I, da Lei Suprema, que impõe o princípio da legalidade para a incidência tributária”. No presente voto, então, não se afastam os arts. 15 e 16 da Lei n. 9.065/95, bem como não se infirma a constitucionalidade7 de tais dispositivos no presente voto. Pelo contrário, aplicase ao caso concreto a norma prescrita pelo legislador ordinário, que encerra o ciclo de diferimento do direito à compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) com a extinção da pessoa jurídica. Interpretação diversa, tal qual a sustentada pela PFN, macularia a cobrança tributária de flagrante ilegalidade. 1.4. A jurisprudência do CARF e do Poder Judiciário sobre o tema. O e. STF ainda não possui decisões a respeito do tema em análise. Não se pode confundir o presente caso com a discussão existente perante aquele Corte, afetada inclusive pelo rito da repercussão geral8, quanto à (in)constitucionalidade da “trava de 30%” em todos e quaisquer casos. Como foi dito, neste processo administrativo, inclusive por respeito ao RICARF9, assumese como legítima a “trava dos 30%” nos termos estabelecidos pelo legislador ordinário, o qual não prescreveu a sua aplicação às hipóteses de extinção da pessoa jurídica por incorporação, fusão ou cisão. Por sua vez, na linha da jurisprudência do e. STJ, a legalidade da “trava dos 30%” pressupõe a garantia ao contribuinte de que poderá aproveitar a totalidade dos seus prejuízos fiscais (IRPJ) ou de sua base negativa (CSL). No âmbito da 1a Turma do e. STJ, destacamse as seguintes decisões: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. APELAÇÃO INTEMPESTIVA. REMESSA OFICIAL. EFEITO DEVOLUTIVO. PRECLUSÃO. INTERESSE DO PODER PÚBLICO. CSSL. IMPOSTO DE RENDA. PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITES DA COMPENSAÇÃO. LEI N. 8.981/95. LEGALIDADE. 1. O recurso especial é cabível contra acórdão que, constatando a intempestividade do recurso voluntário da Fazenda, decidiu a controvérsia apenas em sede de remessa ex offício, tendo em vista que o reexame necessário tratase de instituto criado em 7 Não cabe no bojo deste processo administrativo analisar possíveis inconstitucionalidades da tributação da permute, o que é reservado ao Poder Judiciário, conforme o RICARF, art. 62: “Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicaçaõ ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade” 8 IMPOSTO DE RENDA DE PESSOA JURÍDICA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO PREJUÍZO COMPENSAÇÃO LIMITE ANUAL. Possui repercussão geral controvérsia sobre a constitucionalidade da limitação em 30%, para cada anobase, do direito de o contribuinte compensar os prejuízos fiscais do Imposto de Renda sobre a Pessoa Jurídica e a base de cálculo negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido artigos 42 e 58 da Lei nº 8.981/95 e 15 e 16 da Lei nº 9.065/95. (STF, RE 591.340 RG, Relator Min. MARCO AURÉLIO, julgado em 09/10/2008) 9 RICARF, art. 62. Fl. 582DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 583 34 benefício do Poder Público. Precedente: (Resp 435.645, Rel. Ministro Franciulli Netto, DJU de 19.05.03). 2. "A limitação da compensação em 30% (trinta por cento) dos prejuízos fiscais acumulados em exercício anteriores, para fins de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL) e do Imposto de Renda, não se encontra eivada de ilegalidade." (ERESP 429730/RJ, Primeira Seção, DJ de 11.04.2005). 3. Afastase, inclusive a alegação de afronta a direito adquirido. (REsp 885.893/RJ, DJ 01.03.2007). 4. A Lei 8.981/95, ao estabelecer a aludida limitação, "não alterou os conceitos de renda e de lucro, nem tampouco ofendeu os arts. 43 e 110 do CTN, porquanto o art. 52 da mencionada lei diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada" (AgRg no REsp 516849/CE, Relatora Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ de 03.04.2006). 5. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no REsp 944.427/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/04/2009) PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. APELAÇÃO INTEMPESTIVA. REMESSA OFICIAL. EFEITO DEVOLUTIVO. PRECLUSÃO. INTERESSE DO PODER PÚBLICO. CSSL. IMPOSTO DE RENDA. PREJUÍZOS FISCAIS. LIMITES DA COMPENSAÇÃO. LEI N. 8.981/95. LEGALIDADE. 1. O recurso especial é cabível contra acórdão que, constatando a intempestividade do recurso voluntário da Fazenda, decidiu a controvérsia apenas em sede de remessa ex offício, tendo em vista que o reexame necessário tratase de instituto criado em benefício do Poder Público. Precedente: (Resp 435.645, Rel. Ministro Franciulli Netto, DJU de 19.05.03). 2. "A limitação da compensação em 30% (trinta por cento) dos prejuízos fiscais acumulados em exercício anteriores, para fins de determinação da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (CSSL) e do Imposto de Renda, não se encontra eivada de ilegalidade." (ERESP 429730/RJ, Primeira Seção, DJ de 11.04.2005). 3. Afastase, inclusive a alegação de afronta a direito adquirido. (REsp 885.893/RJ, DJ 01.03.2007). 4. A Lei 8.981/95, ao estabelecer a aludida limitação, "não alterou os conceitos de renda e de lucro, nem tampouco ofendeu os arts. 43 e 110 do CTN, porquanto o art. 52 da mencionada lei diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada" (AgRg no REsp 516849/CE, Relatora Ministra Denise Arruda, Primeira Turma, DJ de 03.04.2006). Fl. 583DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 584 35 5. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 944.427/SP, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 23/04/2009, DJe 25/05/2009) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS. IMPOSTO DE RENDA. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. MP 812/94. LEIS 8.981/95 E 9.065/95. LIMITAÇÃO DE 30%. LEGALIDADE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO DESPROVIDO. 1. Esta Corte, em diversas oportunidades, manifestouse no sentido da legalidade da limitação de trinta por cento (30%) na compensação de prejuízos fiscais, sob o fundamento de que a Lei 8.981/95, que estabeleceu essa limitação, não alterou os conceitos de renda e de lucro, nem tampouco ofendeu os arts. 43 e 110 do CTN, porquanto o art. 52 da mencionada lei diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada. 2. É legal essa limitação, em relação à compensação de prejuízos fiscais verificados até o dia 31.12.1994, a partir do exercício de 1995, não havendo contrariedade ao princípio da anterioridade. 3. Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no REsp 516.849/CE, Rel. Ministra DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 14/03/2006, DJ 03/04/2006, p. 228) No âmbito da 2a Turma do e. STJ, destacamse as seguintes decisões: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – CONTRARIEDADE AO ART. 535 DO CPC NÃO CARACTERIZADA – IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS – LIMITAÇÃO DA LEI Nº 8.981/95: LEGALIDADE. 1. Não ocorre ofensa ao art. 535, II, do CPC, se o Tribunal de origem decide, fundamentadamente, as questões essenciais ao julgamento da lide. 2. A limitação estabelecida na Lei 8.981/95 não alterou o conceito de lucro ou de renda, porque não se imiscuiu nos resultados da atividade empresarial. 3. O art. 52 do mencionado diploma legal diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada, começando pelo percentual de 30%, sem afronta aos arts. 43 e 110 do CTN. 4. A legalidade do diferimento não atingiu direito adquirido, porque não existia o direito à dedução dos prejuízos de uma única vez, mas, sim, à dedução integral, hipóteses que não se confundem. 5. Controvérsia já pacificada pela Primeira Seção desta Corte. 6. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 993.975/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/08/2009) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – DEDUÇÃO Fl. 584DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 585 36 DE PREJUÍZOS – LIMITAÇÃO DA LEI Nº 8.981∕95: LEGALIDADE. 1. A limitação estabelecida na Lei 8.981∕95 não alterou o conceito de lucro ou de renda, porque não se imiscuiu nos resultados da atividade empresarial. 2. O art. 52 do mencionado diploma legal diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada, começando pelo percentual de 30%, sem afronta aos arts. 43 e 110 do CTN. 3. A legalidade do diferimento não atingiu direito adquirido, porque não existia o direito à dedução dos prejuízos de uma única vez, mas, sim, à dedução integral, hipóteses que não se confundem. 4. Controvérsia já pacificada pela Primeira Seção desta Corte. 5. Recurso especial não provido. (STJ, REsp 1.132.518/PR, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/12/2009) PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO – IMPOSTO DE RENDA E CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – DEDUÇÃO DE PREJUÍZOS – LIMITAÇÃO DA LEI Nº 8.981∕95: LEGALIDADE. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do recurso extraordinário 232.0849, relator o Ministro Relator Ilmar Galvão, decidiu que Medida Provisória nº 812∕94, convertida na Lei 8.981∕95, foi publicada no dia 31.12.94, a tempo, portanto, de incidir sobre o resultado financeiro do exercício, encerrado no mesmo dia, sendo irrelevante, para tanto, que o último dia do ano de 1994 tenha recaído num sábado, se não se acha comprovada a nãocirculação do Diário Oficial da União naquele dia. 2. A limitação estabelecida na Lei 8.981∕95 não alterou o conceito de lucro ou de renda, porque não se imiscuiu nos resultados da atividade empresarial. 3. O art. 52 do mencionado diploma legal diferiu a dedução para exercícios futuros, de forma escalonada, começando pelo percentual de 30%, sem afronta aos arts. 43 e 110 do CTN. 4. A legalidade do diferimento não atingiu direito adquirido, porque não existia o direito à dedução dos prejuízos de uma única vez, mas, sim, à dedução integral, hipóteses que não se confundem. 5. Controvérsia já pacificada pela Primeira Seção desta Corte. 6. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido. (STJ, REsp 1.132.256/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/09/2009) No âmbito do CARF, é possível divisar dois momentos distintos em sua jurisprudência. A primeira compreende o período entre 2001 e 2009, enquanto que a segunda teve início em meados de 2009/2010. No acórdão n. 10806682, de 20.9.2001, a 8ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade, julgou ser válida a compensação dos prejuízos fiscais sem a “trava dos 30%” na hipótese de extinção por incorporação: “INCORPORAÇÃO — DECLARAÇÃO FINAL DA INCORPORADA — LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO Fl. 585DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 586 37 DE PREJUÍZOS — INAPLICABILIDADE No caso de compensação de prejuízos fiscais na última declaração de rendimentos da incorporada, não se aplica a . norma de limitação a 30% do lucro líquido ajustado. Ainda em 2001, o acórdão n. 10193438, da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por maioria de votos, julgou que a compensação dos prejuízos, mesmo na hipótese de extinção por incorporação, deveria respeitar a “trava dos 30%”: “IRPJ COMPESAÇÃO DE PREJUÍZOS A regra legal que estabeleceu o limite de 30% do lucro líquido ajustado para compensação de prejuízos não contém exceção para as empresas que sejam objeto de incorporação. INOBSERVÂNCIA DO PERÍODO DE COMPETÊNCIAPOSTERGAÇÃO — Não há previsão legal para exigência de multa de mora sobre o imposto postergado MULTA RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR POR INCORPORAÇÃO — Inexigível da empresa sucessora a multa por infrações tributárias cometidas pela incorporada, se o lançamento foi formalizado após a incorporação.” A incipiente divergência foi sufragada logo em 2002, quando a CSRF julgou a questão. Assim, no acórdão n. 0104258, de 2.12.2002, a CSRF, por maioria, julgou válida a compensação dos prejuízos fiscais sem a “trava dos 30%” na hipótese de extinção por incorporação: “COMPENSAÇÃO PREJUÍZO E BASE NEGATIVA – No caso de incorporação, uma vez que vedada a transferência de saldos negativos, não há impedimento legal para estabelecer limitação, diante do encerramento da empresa incorporada.” As decisões que se seguiram, tanto das Turmas Ordinárias quanto da CSRF, navegaram em águas tranquilas, firmes na compreensão de que seria válida a compensação dos prejuízos fiscais sem a “trava dos 30%” na hipótese de extinção por incorporação. Por unanimidade, o acórdão da CSRF n. 0105100, de 19.10.2004, confirmou tal entendimento: “IRPJ – COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO – LIMITE DE 30% EMPRESA INCORPORADA – À empresa extinta por incorporação não se aplica o limite de 30% do lucro líquido na compensação do prejuízo fiscal.” Destacamse as seguintes decisões das Turmas Ordinárias que se seguiram, boa parte por unanimidade de votos: IRPJ – COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO – LIMITE DE 30% EMPRESA INCORPORADA – À empresa extinta por incorporação não se aplica o limite de 30% do lucro líquido na compensação do prejuízo fiscal. Fl. 586DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 587 38 (Acórdão n. 10807456, de 2.7.2003, da 8ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade) IRPJ – COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. LIMITE LEGAL. BALANÇO DE CISÃO. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS – O artigo 33 do Decretolei no 2.341/87 determina que a pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida, dispondo seu parágrafo único que, no caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá compensar os seus próprios prejuízos, proporcionalmente à parcela remanescente do patrimônio líquido. Em relação à parcela proporcional ao patrimônio líquido transferido, a limitação retiraria a possibilidade de compensação. Por essa razão, no balanço da cisão, a parcela de prejuízos proporcional ao patrimônio transferido pode ser compensada independentemente da limitação de 30%. (Acórdão n. 10194515, de 17.3.2004, da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade) COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS — EMPRESAS EM LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL A jurisprudência do Conselho que afasta a limitação só alcança a compensação feita na declaração final de extinção.” (Acórdão n. 10195856, de 9.11.2006, da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por maioria de votos) IRPJ – COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO FISCAL – LIMITE DE 30% – EMPRESA INCORPORADA. A lei não traz qualquer exceção a regra que limita a compensação dos prejuízos fiscais à 30% do lucro líquido ajustado. Entretanto, havendo o encerramento das atividades da pessoa jurídica em razão de incorporação, não haverá meios dos prejuízos serem utilizados em anos subseqüentes, como determina a legislação. Neste caso, temse como legítima a compensação da totalidade do prejuízo fiscal, sem a limitação de 30%. (Acórdão n. 10195872, de 9.11.2006, da 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade) IRPJ COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZO LIMITE DE 30% EMPRESA INCORPORADA À empresa extinta por incorporação não se aplica o limite de 30% do lucro líquido na compensação do prejuízo fiscal. (Acórdão CSRF/0105.100, em Sessão de 19 de outubro de 2004, publicado no DOU de 28/02/2002). (Acórdão n. 10709.243, de 05.12.2007, a 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade) CSL — INSTITUIÇÃO FINANCEIRA EM PROCESSO DE EXTINÇÃO (REGIME DE LIQUIDAÇÃO ORDINÁRIA) — TRAVA. DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS — INAPLICABILIDADE — A denominada trava de 30% na Fl. 587DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 588 39 compensação de prejuízos, que pressupõe o principio de continuidade da empresa, não pode ser aplicada quando a sociedade se encontra em processo de extinção em razão do regime de liquidação ordinária em que se encontra. (Acórdão n. 10707.856, de 11.11.2007, a 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade) IRPJ. CSLL. COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E BASES DE CÁLCULO NEGATIVAS APURADAS EM PERÍODOS ANTERIORES. CISÃO. INAPLICABILIDADE DA LIMITAÇÃO. Constitui pressuposto da aplicação da limitação à compensação de prejuízos fiscais e bases negativas acumuladas a continuidade das atividades do contribuinte e a paulatina apropriação dos prejuízos. Nas hipóteses de cisão, fusão e incorporação, com a conseqüente extinção da personalidade jurídica da sucedida, não se faz possível a aplicação do limitador, vez que tal determinaria o fenecimento do direito do contribuinte. (Acórdão n. 10709.447, de 13.8.2008, a 7ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por maioria de votos) COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS – TRAVA – CISÃO – Em relação à parcela proporcional ao patrimônio líquido transferido, a limitação retiraria a possibilidade de compensação. Por essa razão, no balanço da cisão, a parcela do prejuízo proporcional ao patrimônio transferido pode ser compensada independentemente da limitação de 30% do lucro líquido ajustado. (Acórdão n. 10196509, de 22.1.2008, a 1ª Câmara do 1º Conselho de Contribuintes, por unanimidade). Em 02.10.2009, por voto de qualidade, a CSRF alterou esse entendimento até então corrente, como se observa no acórdão n. 910100401: IRPJ, DECLARAÇÃO FINAL. LIMITAÇÃO DE 30% NA COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS. O prejuízo fiscal apurado poderá ser compensado com o lucro real, observado o limite máximo, para a compensação, de trinta por cento do referido lucro real. Não há previsão legal que permita a compensação de prejuízos fiscais acima deste limite, ainda que seja no encerramento das atividades da empresa. Por fim, no julgamento do recurso especial objeto desta declaração de voto, realizado em fevereiro de 2016, novamente a CSRF, por voto de qualidade, decidiu manter a glosa da compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e da base de cálculo negativa (CSL) pela não observância da “trava de 30%”, ainda que o contribuinte tenha sido extinto por incorporação. Permissa venia, conforme se procurou demonstrar, tal decisão destoa de todo o ordenamento jurídico. 1.5. Conclusão quanto ao mérito principal do recurso especial. Fl. 588DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 589 40 O caso ora em análise envolve a compensação de prejuízos fiscais da empresa incorporada contra os seus próprios lucros, todos apurados antes do evento de extinção por incorporação, ocorrido em 2006. Pelo que foi exposto e em linha com meu voto proferido no julgamento do presente recurso especial, entendo que o ciclo de diferimento do direito à compensação de prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL), tal como prescrito pelos arts. 15 e 16 da Lei n. 9.065/95 (“trava dos 30%”), encerrouse com a extinção da contribuinte pela incorporação realizada, não sendo legal a glosa levada a termo no AIIM. 2. A punição do contribuinte pela prática de conduta razoável considerada legítima pelo CARF à época dos fatos. Por meio de memoriais, o contribuinte requer seja afastada a cobrança multa punitiva que lhe foi imposta pela compensação de seu saldo de prejuízo fiscal (IRPJ) e base negativa (CSL), sem a observância da “trava dos 30%”, em sua última declaração de rendimentos entregue em razão de sua extinção por incorporação, ocorrida em 2006. Alega que teria agido de boafé, acompanhando o entendimento consolidado deste Tribunal à época dos fatos, o que reclamaria a aplicação, inclusive, da Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”. A análise da questão demanda saber: Se há, no sistema jurídico brasileiro, proteção ao contribuinte que, de boafé, age de forma razoável e compatível com o entendimento da administração fiscal, especialmente por seu órgão máximo de julgamento; Se existente, qual seria a extensão da proteção ao contribuinte, distinguindose a possibilidade de cobrança do débito principal e das penalidades pecuniárias que o acompanham; Por fim, caso existente a referida proteção ao contribuinte, se o caso concreto se adequa às situações que reclamam a sua aplicação. 2.1. O sistema jurídico brasileiro protege o contribuinte que, de boafé, age de maneira razoável e compatível com o entendimento da administração fiscal, especialmente por seu órgão máximo de julgamento? Essa análise possivelmente representa um dos temas mais relevantes da teoria do Direito tributário, pois suscita posicionamentos relacionados à justiça e à sua efetiva concretização em um dado sistema jurídico, o que requer, para isso, igualdade, segurança jurídica e boafé nas relações entre fisco e contribuinte. KLAUS TIPKE10 oferece um bom ponto de partida para a compreensão do presente caso, in verbis: 10 TIPKE, Klaus; YAMASHITA, Douglas. Justiça fiscal e princípio da capacidade contributiva. São Paulo : Melhoramentos, 2002, p. 21. Fl. 589DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 590 41 “As Constituições dos Estados de Direito não permitem que o Direito Positivo seja dissociado da Ética. Elas partem do pressuposto de que é possível reconhecer o que é justo e o que é injusto. A Constituição Brasileira declarase por ‘uma sociedade livre, justa e solidária’. A Constituição Alemã não contém qualquer declaração expressis verbis em favor da justiça, mas estatui – assim como a Constituição Brasileira – o direito fundamental à igualdade perante a lei. Tratamento isonômico como corolário da justiça pressupõe, porém, um critério adequado de comparação, um tertium comparationis orientado pela justiça. Contudo, é amplamente aceito que o princípio da igualdade seja um produto da justiça. Não existe um critério uniforme para todo o Direito. Muito mais correto é que cada ramo do Direito tenha seu próprio critério. Em outras palavras, deve ser decidido qual princípio ou qual critério é adequado para o particular ramo do Direito, tal como o Direito Tributário. Na Alemanha falase, portanto, em justiça adequada à matéria. O que é adequado à matéria depende da finalidade da regulamentação do particular ramo do Direito. O Direito Penal orientado pela culpabilidade mede a pena justa segundo o grau de culpa. Subvenções são medidas segundo a necessidade ou segundo um mérito especial. Por isso se fala em princípio da necessidade e principio de mérito. Para o Direito Tributário é amplamente reconhecido que este deve ser orientado pelo princípio da capacidade contributiva. Isso não vale, porém, para normas extrafiscais.” A justiça naturalmente também deverá ser observada na lei tributária que define infrações. Mas nessa seara há peculiaridades especiais, pois, como bem observa MARIA ÂNGELA L. PAULINO PADILHA11, “é preciso ter em mente que os interesses punitivos não se confundem com os interesses arrecadatórios do Estado, sob pena de desvirtuarse o sistema repressivo de seus propósitos”. E não se espera apenas que o legislador imprima justiça ao sistema jurídico, cabendo esse dever também ao aplicador do Direito. MORIS LEHNER12 constata que o “princípio fundamental da tributação justa” não deve ser observado apenas na edição das leis, mas também quando de sua aplicação, de forma que a interpretação da lei também deve ser orientada por esse “princípio normativo diretivo”. O Direito brasileiro não se furtou de tais constatações, o que se comprova pela análise do CTN, especialmente em seus arts. 100 e 112. O art. 112 do CTN se dirige diretamente aos aplicadores do Direito tributário, inclusive aos Conselheiros do CARF, pois trata da interpretação da legislação ordinária. O Legislador Complementar, imbuído da competência que lhe foi outorgada pelo art. 146 da 11 PAULINO PADILHA, Maria Ângela Lopes. As Sanções no Direito Tributário. São Paulo : Noeses, 2015, p. XXIX. 12 LEHNER, Moris. Consideração econômica e tributação conforme a capacidade contributiva. Sobre a possibilidade de uma interpretação teleológica de normas com finalidades arrecadatórias. In: SCHOUERI, Luís Eduardo; ZILVETI, Fernando Aurélio (coords.). Direito tributário: estudos em homenagem a Brandão Machado. São Paulo: Dialética, 2001, p. 1436. Fl. 590DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 591 42 CF/88, torna mandatório ao intérprete considerar fatores como a “natureza ou às circunstâncias materiais do fato” e a sua “punibilidade”. Em caso de “dúvida” que circunde os referidos fatores, a norma deve ser aplicada “da maneira mais favorável ao acusado”. Eis a redação do dispositivo: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Parece claro que tal norma persegue a justiça fiscal, a segurança jurídica e a boafé nas relações entre o fisco e o contribuinte. Entre outras variáveis fáticas alcançadas por essa norma, as condutas praticadas pelo contribuinte que apresentem dúvida razoável quanto à sua legitimidade devem ser escusadas de penalização. Tratase de norma de escusa de penalidade à conduta razoável, que no Direito penal encontra paralelo no consagrado “erro de proibição”. A pedra de toque para a sua aplicação é a aferição, pelo intérprete, da razoabilidade da conduta praticada pelo contribuinte, o que reclama por critérios para a outorga dessa proteção. A seleção de critérios para a identificação de condutas razoáveis, que imponham dúvida quanto à sua legitimidade capaz de amenizar ao máximo possível a aplicação de penalidades tributárias, não é tarefa das mais simples, como observa a doutrina. Nesse sentido, leciona LUÍS EDUARDO SCHOUERI13, in verbis: “À primeira vista, o dispositivo acima [CTN, art. 112] poderia ser visto como de difícil aplicação prática, ou pelo menos de difícil controle, já que seu pressuposto – a dúvida – carrega extremo grau de subjetividade. Aquilo que para um é duvidoso surge no espírito de outrem com clareza. Entretanto, a peculiaridade do processo brasileiro – tanto o administrativo quanto o judicial – em que preveem órgãos colegiados de julgamento, com sessões públicas, oferece um controle objetivo da dúvida. Não é incomum, com efeito, que decisões sejam tomadas em estreita maioria, ou até mesmo por voto de qualidade do presidente do presidente órgão julgador. Em tais casos, a dúvida fica manifesta pela expressiva opinião da minoria vencida”. Entre os critérios que podem ser adotados para aludida aferição, o caso concreto nos impõe decidir se é ou não fator relevante a constância de um determinado 13 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 708709. Fl. 591DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 592 43 entendimento pela a administração fiscal, especialmente por seu órgão máximo de julgamento, acompanhada da adoção, pelo contribuinte, de conduta trilhada nessa mesma direção. As decisões do CARF, produzidas para o controle da legalidade dos lançamentos tributários, são públicas e influenciam a tomada de decisões do mais cauteloso dos contribuintes. De fato, o particular que, de boafé, se preocupar em ser diligente e cumprir com todos os seus deveres perante o fisco brasileiro, sem dúvida precisará contar com o auxílio de um consultor tributário (“compliance cost”), que terá como parte fundamental de seu trabalho verificar diligentemente como a administração fiscal, especialmente por seus órgãos decisórios, aplicam os enunciados legais que influenciam o caso sob a sua análise. Para bem localizar a questão, suponhase, por hipótese, que decisões reiteradas do CARF afirmem, de forma irrecorrível para variados contribuintes, que uma determinada conduta seria plenamente legítima (“permitido”), como ilustrado na representação gráfica a seguir: Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Não permi do Figura 05. Norma de escusa de penalidade à conduta razoável. A representação gráfica suscita propositadamente situação de ausência de homogeneidade absoluta das decisões, exatamente para evidenciar que esta não é uma exigência para a aplicação do art. 112 do CTN. Para a incidência da norma de escusa de penalidade à conduta razoável, o Legislador Complementar exige que exista “dúvida” (CTN, art. 112, caput), o que não é afastada simplesmente por uma decisão divergente (“não permitido”) de uma série constante de decisões em um mesmo sentido (“permitido”). Bem compreendidos, julgados de Turmas Ordinárias do CARF, que destoem de uma série constante de decisões, tem um papel fundamental no processo de estabilização do Direito tributário, em que o Tribunal administrativo, no âmbito de sua competência, esclarece à sociedade qual o seu entendimento quanto à legítima aplicação das normas tributárias: tais decisões divergentes (“não permitido”) ensejam a atuação da CSRF para a uniformização da jurisprudência administrativa. Diante de uma decisão da CSRF, a sociedade pode compreender com mais certeza quais condutas são (ou têm sido) legitimadas pela administração fiscal, como um aceno de segurança jurídica àqueles que seguirem o mesmo caminho. Nos moldes de nosso sistema jurídico, a decisão da CSRF apresenta elevada eloquência para a transmissão de mensagem à sociedade que, de boafé, poderá compreender como deverá agir para estar em conformidade com o entendimento da administração fiscal. Fl. 592DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 593 44 Graficamente, em continuidade à ilustração acima, poderíamos ter a seguinte imagem como decorrência de uma decisão da CSRF: Permi do Permi do Permi do CSRF: PERMITIDO!!! Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Permi do Não permi do Figura 06. Norma de escusa de penalidade à conduta razoável. Nesse seguir, independentemente de decisão divergente isolada (“outlines”), caso o contribuinte trilhe o mesmo caminho indicado por uma constância de decisões do CARF, confirmada por decisão ou decisões da CSRF, a sua conduta deve ao menos ser considerada razoável pela administração fiscal. Caso esse tribunal administrativo posteriormente altere o seu padrão de entendimento sobre o tema em questão, então será preciso reconhecer que haveria, ao menos, a “dúvida” requerida pelo art. 112 do CTN para a incidência da norma de escusa de penalidade à conduta razoável. Essa questão foi analisada pelo CARF, por exemplo, em face da guinada de sua jurisprudência a respeito do planejamento tributário. Assim, no acórdão n. 10195.537, este Tribunal compreendeu que não seria legítimo punir o contribuinte que teria sido induzido, à época dos fatos, pela jurisprudência pretérita: PENALIDADE QUALIFICADA — INOCORRÊNCIA DE VERDADEIRO INTUITO DE FRAUDE — ERRO DE PROIBIÇÃO — ARTIGO 112 DO CTN — SIMULAÇÃO RELATIVA FRAUDE À LEI — Independentemente da patologia presente no negócio jurídico analisado em um planejamento tributário, se simulação relativa ou fraude à lei, a existência de conflitantes e respeitáveis correntes doutrinárias, bem como de precedentes jurisprudenciais contrários à nova interpretação dos fatos pelo seu verdadeiro conteúdo, e não pelo aspecto meramente formal, implica em escusável desconhecimento da ilicitude do conjunto de atos praticados, ocorrendo na espécie o erro de proibição. Pelo mesmo motivo, bem como por ter o contribuinte registrado todos os atos formais em sua escrituração, cumprindo todas as obrigações acessórias cabíveis, inclusive a entrega de declarações quando da cisão, e assim permitindo ao fisco plena possibilidade de fiscalização e qualificação dos fatos, aplicáveis as determinações do artigo 112 do CTN. Fraude à lei não se confunde com fraude criminal. Recurso provido parcialmente. Fl. 593DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 594 45 (Acórdão n. 10195.537, Processo n. 11065.001589/200467, sessão de 24/05/2006) A aludida norma também encontra reforço no art. 100 do CTN: Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos decretos: I os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas; II as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa; III as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas; IV os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo. Como se observa, o art. 100 do CTN deixa clara a necessidade de exclusão de penalidade pecuniária caso o contribuinte obedeça normas complementares consubstanciadas, por exemplo, em decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia normativa (inciso II) ou, ainda, em práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas (inciso III). É preciso compreender claramente a relação estabelecida entre os arts. 100 e 112 do CTN. Se, por um lado, o art. 112 deixa em aberto quais critérios podem ser utilizados para que o aplicador verifique se há a “dúvida” que lhe obriga a interpretar a penalidade da forma mais favorável ao acusado, por outro, o art. 100 do CTN não exclui das decisões administrativas colegiadas a serventia de se prestarem à aferição da referida “dúvida” e da razoabilidade da conduta adotada pelo contribuinte. Também é preciso observar que constância de precedentes do órgão máximo de julgamento da administração fiscal pode ser compreendido como práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas, abarcadas pelo art. 100, III, do CTN. Tais normas encontram fundamento de validade na Constituição Federal. Entre outras normas constitucionais que podem ser citadas, merece destaque a que prescreve a observância no “princípio da razoabilidade”, explicitado por REGINA HELENA COSTA14 do seguinte modo ao lecionar sobre “princípios gerais do direito sancionador”: “Merece referencia, outrossim, o princípio da razoabilidade. No direito brasileiro, a razoabilidade encontra fundamento expresso no art. 5o, LIV, CR, segundo o qual “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 14 COSTA, Regina Helena. Curso de Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 305 Fl. 594DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 595 46 A razoabilidade é medida em relação ao interesse público específico. A razoabilidade deve ser tomada como aquilo que a sociedade pode admitir como uma das soluções possíveis para o caso concreto; é o padrão social a respeito de certas condutas e, portanto, só pode ser aferida em função da realidade, de um contexto determinado. Pensamos, assim, que razoabilidade e proporcionalidade sejam termos fungíveis, a significar diretriz implícita fundamentada nas ideias de devido processo legal substantivo e de justiça, com vistas à proteção da arbitrariedade” Desse modo, os aplicadores do Direito tributário, entre eles os Conselheiros do CARF, possuem uma bússola prescrita pelo ordenamento jurídico para que, no caso de conduta razoável do contribuinte que suscite “dúvida” quanto à sua punibilidade, trilhem a interpretação mais favorável ao contribuinte. Não se pode deixar de observar que o art. 100, II, do CTN, erigiu “as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa” com status de normas complementares, desde que a lei lhes atribua “eficácia normativa”. Notese que o ordenamento atribui juridicidade às normas “gerais e abstratas”, “gerais e concretas”, “individuais e abstratas” ou “individuais e concretas”15. A todos esses enunciados prescritivos o sistema jurídico atribui “eficácia normativa”. E os acórdãos enunciados pelas Turmas Ordinárias e pela CSRF do antigo Conselho de Contribuintes, que compõem a série constante referida nas ilustrações acima, possuem “eficácia normativa”, de natureza individual e concreta. A atribuição de eficácia normativa individual e concreta às referidas decisões é suficiente para os propósitos da norma de escusa de penalidade à conduta razoável: evidenciar que outros contribuintes, mesmo que estranhos ao procedimento administrativo, poderiam ter justificáveis “dúvidas” sobre a vedação de uma conduta. Foi o que reconheceu o art. 76, II, “a”, da Lei n. 4.502/64, suscitado pelo contribuinte em sede de memoriais: Art . 76. Não serão aplicadas penalidades: (...) II enquanto prevalecer o entendimento aos que tiverem agido ou pago o impôsto: a) de acôrdo com interpretação fiscal constante de decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal, inclusive de consulta, seja ou não parte o interessado; (...) 15 É o que leciona PAULO DE BARROS CARVALHO, in verbis: “Por fontes do direito havemos de compreender os focos ejetores de regras jurídicas, isto é, os órgãos habilitados pelo sistema para produzirem normas, numa organização escalonada, bem como a própria atividade desenvolvida por essas entidades, tendo em vista a criação de normas. O significado da expressão fontes de direito implica refletirmos sobre a circunstância de que regra jurídica alguma ingressa no sistema do direito positivo sem que seja introduzida por outra norma, que chamaremos, daqui avante, de “veículo introdutor de normas”. Isso já nos autoriza a falar em “normas introduzidas” e “normas introdutoras”. Pois bem, nos limites desta proposta, as fontes do direito serão os acontecimentos do mundo social, juridicizados por regras do sistema e credenciados para produzir normas jurídicas que introduzam no ordenamento outras normas, gerais e abstratas, gerais e concretas, individuais e abstratas ou individuais e concretas. Agora, tais ocorrências serão colhidas enquanto atos de enunciação, já que os enunciados consubstanciam as próprias normas. Tratase de um conceito sobremaneira relevante porque a validade de uma prescrição jurídica está legitimamente ligada à legitimidade do órgão que a expediu, bem como ao procedimento empregado na sua produção.” (CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2000.pg 45) Fl. 595DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 596 47 Deve ser verificada a relevância ao presente recurso especial desse dispositivo suscitado pelo contribuinte. Analisadas as normas do CTN sobre a matéria, é possível avançar na análise do ciclo de positivação do Direito tributário para cogitar, por hipótese, três possíveis reações do legislador ordinário: i) regular, sem restringir, a fruição da norma de escusa de penalidade à conduta razoável; ii) restringir ou mesmo proibir que a interpretação mais favorável ao contribuinte em caso de dúvida na penalização de conduta razoável; iii) quedarse silente, tendo em vista que os aplicadores do Direito tributário já se encontram suficientemente tutelados sobre a questão. O art. 76, II, “a”, da Lei n. 4.502/64, como se vê, cuida da fruição da norma de escusa de penalidade à conduta razoável. O legislador ordinário requereu decisão da CSRF como requisito para a demonstração da razoabilidade da conduta do acusado capaz de evidenciar “dúvida” que lhe garanta a mais favorecida das interpretações e o afastamento de penalidades (“decisão irrecorrível de última instância administrativa, proferida em processo fiscal”). Além disso, o legislador ordinário não exigiu qualquer constância de entendimento do Tribunal, valendose do singular (“decisão irrecorrível”) para fazer referência àquilo que serviria de escusa à aplicação de penalidade, enfatizando que o contribuinte não necessita ser parte do procedimento administrativo que deu origem à decisão paradigmático (“seja ou não parte o interessado”). Assim, perece correto compreender que a Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”, apresenta três espectros normativos. Primeiro, apenas declara a norma de escusa de penalidade à conduta razoável já prescrita pelo CTN, ao que se poderia chamar de meramente pedagógica ou didática16. Segundo, ao tornar prescindível a pluralidade das decisões de mesmo sentido, satisfazendose com uma única decisão irrecorrível da CSRF, o legislador ordinário tornou mais objetiva a aferição da “dúvida” que garante ao acusado a mais favorecida das interpretações. Por fim, ao exigir decisão irrecorrível da CSRF, o enunciado prescritivo por ser considera restritivo, pois tais condições não foram requeridas pelo legislador complementar. São controvertidas algumas questões sobre a eficácia da Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”. Seria possível, por exemplo, questionar se haveria proporcionalidade na suposta distinção do legislador, em agraciar exclusivamente as relações jurídicotributárias atinentes ao IPI com uma norma de escusa de penalidade à conduta razoável. Porque o legislador garantiria apenas em relação às relações em torno do IPI a aplicação de tal norma que, afinal, vivifica a segurança jurídica, a justiça fiscal e a boafé? No entanto, não me parece necessário enfrentar tais questionamentos, pois o presente caso seria igualmente solucionado com ou sem a aplicação direta da Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”. Ocorre que, na hipótese da Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”, ser aplicável apenas ao IPI e, assim, não poder ser suscitado aos casos envolvendo IRPJ e CSL, o art. 112 do CTN possui eficácia suficiente para vincular o julgador. Se o legislador ordinário quedouse silente ao voltar as suas atenções à tributação sobre a renda, o seu silêncio transmite a mensagem eloquente de que a justiça fiscal, a segurança jurídica e a boafé administrativa 16 Há no sistema jurídico normas cuja função é meramente pedagógica, declaratória, didática. Tais normas não são, em absoluto, imprescindíveis, já que não lhes cabe mais do que repisar de forma mais clara e eficaz à sociedade algum mandamento já existente no ordenando jurídico. A importância de normas gerais e abstratas meramente pedagógicas pode estar relacionada com a necessidade de se lembrar aos aplicadores do Direito a sua cogência, de modo que, quanto menor a eficácia social das normas do sistema jurídico, mais pertinência pode vir a ter enunciados prescritivos meramente pedagógicos, didáticos. Fl. 596DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 597 48 foram adequada e suficientemente prestigiadas pelo CTN, não sendo necessário mais qualquer atividade legislativa para dar eficácia à norma de escusa de penalidade à conduta razoável. Da mesma forma, não é aplicável ao caso concreto o Parecer Normativo COSIT n. 23, de 6 de setembro de 2013, que trata da força vinculante de um acórdão administrativo em relação a terceiros. Ocorre que, no caso concreto, não se trata simplesmente de aplicar, com força de norma complementar, o teor de um acórdão do CARF, emanado em relação a um terceiro, com a consequente exclusão de penalidades (CTN, art. 100, II). Tratase de reconhecer se há ou não a “dúvida” requerida pelo art. 112 do CTN decorrente da constância de precedentes do órgão máximo de julgamento da administração fiscal, que se aproxima mais da hipótese do art. 100, III, do CTN. 2.2. Qual a extensão da proteção ao contribuinte, distinguindose o débito principal das penalidades pecuniárias que o acompanham? Na análise da obrigação tributária objeto do presente processo administrativo, é preciso distinguir o crédito tributário da penalidade pecuniária (CTN, art. 113, §1º). Ocorre que a norma de escusa de penalidade à conduta razoável apenas tem eficácia sobre a penalidade pecuniária, sem afetar a cobrança do tributo (CTN, art. 3o). O art. 146 do CTN tutela os casos em que a administração fiscal altera o seu entendimento quanto à correta aplicação de uma norma de incidência tributária. Para os contribuintes que tiveram as suas condutas já fiscalizadas para averiguação de subsunção a uma norma tributária no período em que a administração mantinha, por exemplo, entendimento de não incidência, o referido dispositivo do CTN prescreve a inalterabilidade da situação jurídica estabelecida. Em relação aos exercícios ainda não fiscalizados, no entanto, a novel interpretação poderia ser legitimamente adotada, não havendo direito adquirido desse contribuinte à interpretação pretérita. Por sua vez, a ressalva “em relação a um mesmo sujeito passivo”, contida no art. 146 do CTN, não estende a terceiros a garantia de que serão observados, pela administração fiscal, idênticos critérios jurídicos para o lançamento do tributo. Assim, se duas empresas concorrentes forem fiscalizadas pela primeira vez, para a averiguação de fatos semelhantes, em um mesmo período, pelo mesmo agente fiscal, não há, a priori, garantia a nenhuma delas de que lhes seja aplicada homogênea interpretação jurídica. Da mesma forma, ainda que todos os concorrentes de uma empresa obtenham da administração fiscal um mesmo entendimento (não cobrança de um tributo, por exemplo), não poderia esse contribuinte, apenas por esse fundamento, exigir da administração fiscal não ser cobrado desse tributo. Ocorre que “as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas”, que por qualquer razão venham a ser alteradas, tem relevância para afastar penalidades, mas não afetam a cobrança do tributo em si (CTN, art. 100, III e parágrafo único). Como se constata, o ordenamento jurídico proíbe que o fisco castigue, com penalidades pecuniárias, o contribuinte que agiu, à época dos fatos, em conformidade com a interpretação então mantida pela administração fiscal. Mas a proteção em exame não proíbe a administração fiscal de alterar o seu entendimento e realizar a cobrança de certo tributo dentro do prazo de 5 anos, contados conforme o art. 150 ou 173 do CTN. Assim, se aplicável ao presente caso, a norma de escusa de penalidade à conduta razoável afastaria apenas a cobrança da multa imposta no AIIM. Fl. 597DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 598 49 2.3. O caso concreto se adequa às situações que reclamam a proteção da norma de escusa de penalidade à conduta razoável? No presente caso, é preciso aferir se, em 2006, quando a conduta do contribuinte foi concretizada, haveria uma padrão nas decisões deste Tribunal administrativo que indicasse como legítimo o caminho então trilhado. Já se verificou, na análise do mérito do presente recurso especial (vide tópico “1.4”), a evolução da jurisprudência do CARF atinente à “trava dos 30%”. A representação gráfica abaixo ilustra a constância do entendimento mantido pelas Turmas Ordinárias e pela CSRF do antigo Conselho de Contribuintes quando o contribuinte, em face de sua extinção por incorporação, realizou a compensação de seus prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) sem a “trava dos 30%”. Ac. 108‐06682, 8ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 101‐93438, 1ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes CSRF, Ac. 01‐04258 Ac. 108‐07456, 8ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes 2001 2002 2003 CSRF, Ac. 01‐05100 2004 Ac. 101‐94515, 1ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 101‐95856, 1ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes 2004 2006 Figura 06. Constância de decisões do CARF sobre a “trava dos 30%”. 2006 ANO DA EXTINÇÃO POR INCORPORAÇÃO E COMPENSAÇÃO DO PREJUÍZO ACUMULADO Ac. 105‐15908, 5ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 101‐95872, 1ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 107‐09243, 7ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 101‐96509, 1ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 107‐07.856, 7ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes Ac. 107‐09447, 7ª Câmara, 1º Conselho de Contribuintes 2006 2007 2008 2009 2007 2008 CSRF, Ac. 9101‐00401 2016 JULGAMENTO DO CASO CONCRETO PELA CSRF: POR VOTO DE QUALIDADE, DESFAVORÁVEL AO CONTRIBUINTE (…) Fl. 598DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 599 50 Como se observa, em 2006, o contribuinte estava imerso em um sistema jurídico no qual as decisões enunciadas pelo CARF, inclusive por sua CSRF, manifestavam com constância que, em face de extinção da pessoa jurídica por incorporação, seria legítima a compensação de seus prejuízos fiscais (IRPJ) e bases negativas (CSL) sem a “trava dos 30%”. A CSRF se manifestou sobre a matéria em 2002 e em 2004, considerando legítima tal conduta, sem destoar da imensa maioria dos acórdãos enunciados, por unanimidade de votos, pelas Turmas Ordinárias. É muito coerente a observação de ROBERTO DUQUE ESTRADA17 a respeito do cenário instaurado à época da conduta praticada pelo contribuinte (2006), in verbis: “Qualquer consultor em matéria tributária, entre dezembro de 2002 e outubro de 2009, quando indagado por clientes se uma pessoa jurídica, no período base de sua extinção, em virtude de cisão, fusão ou incorporação, poderia compensar integralmente o saldo de prejuízos fiscais acumulados, isto é, sem observar o limite de 30% de redução do lucro líquido, teria respondido afirmativamente à questão e classificado como muito remota a probabilidade de perda em eventual discussão administrativa. O consultor tributário fundamentaria sua resposta na jurisprudência consolidada da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), inaugurada pelo Acórdão CSRF/0104.258, de 1o de dezembro de 2002, da relatoria do conselheiro Celso Alves Feitosa, assim ementado: (…)” Apenas a partir de 2009 (ou agosto de 2010, quando foi formalizado o acórdão n. 910100401, da CSRF) é possível identificar uma mensagem diferente transmitida pelo órgão máximo de julgamento da administração fiscal quanto à legitimidade da conduta em questão. Dessa forma, caso se compreendesse aplicável o art. 76, II, “a”, da Lei n. 4.502/64, para situações envolvendo a tributação da renda (e não apenas IPI), então será forçoso concluir que há substrato fático para a sua incidência ao caso concreto: o dispositivo exige uma única decisão irrecorrível da CSRF para suscitar o afastamento de penalidade, mas o contribuinte possuía, à época dos fatos, dois acórdãos da CSRF que reconheciam a legitimidade de seu agir. Não obstante, ainda que por qualquer razão se considere inaplicável ao presente caso a Lei n. 4.502/64, art. 76, II, “a”, ainda assim deve ser reconhecida a incidência da norma de escusa de penalidade à conduta razoável. No presente caso, o padrão da jurisprudência do antigo Conselho de Contribuinte à época da conduta praticada pelo contribuinte, inclusive em face das decisões da CSRF, demonstra que os atos praticados apresentavam elevada razoabilidade e não seriam, a priori, considerados como sujeitos à punibilidade. Quando muito, haveria “dúvida” (CTN, art. 112, caput) quanto à sua “punibilidade” (CTN, art. 112, III). Tais normas do CTN, que tratam da interpretação da legislação ordinária, se dirigem diretamente aos agentes fiscais e aos julgadores (administrativos ou judiciais), não havendo discricionariedade quanto à sua obediência. 17 ESTRADA, Roberto Duque. Não há segurança jurídica sem decisões estáveis, in CONJUR. Acesso em: http://www.conjur.com.br/2012nov21/consultortributarionaosegurancajuridicadecisoesestaveis Fl. 599DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10882.002239/201070 Acórdão n.º 9101002.225 CSRFT1 Fl. 600 51 Notese que a aferição da “dúvida”, no presente caso, se torna manifesta pelo próprio julgamento do presente recurso especial, ocorrido em 2016. Neste, houve empate entre os julgadores, pois 5 deles entenderam como legítima a conduta praticada pelo contribuinte, embora outros 5 tenham entendido pela ausência de permissivo expresso no sistema para a sua realização. Por voto de qualidade do i. Presidente da Turma, considerouse como não permitido o aproveitamento dos prejuízos fiscais e bases negativas sem a “trava dos 30%”. Assim, se em 2006, quando a conduta foi praticada, a jurisprudência do antigo Conselho de Contribuinte indicava para a legitimidade dos atos praticados pelo contribuinte, em 2016 apenas um voto, em meio a um colegiado composto por 10 julgadores, seria suficiente para que a conduta em questão fosse considerada perfeitamente legítima. Nesse caso, como adverte a doutrina acima analisada, “a dúvida fica manifesta pela expressiva opinião da minoria vencida” 18. 2.4. Conclusões finais quanto à imposição de multa contra o contribuinte. Por todos os fundamentos expostos, entendo que deve ser afastada a imposição da multa imposta no AIIM contra o contribuinte. No presente no caso, seria coerente que o contribuinte conduzisse os seus atos em conformidade com o padrão estabelecido pela constância das decisões do CARF, especialmente diante das decisões da CSRF que apontavam para a mesma direção. Se duas interpretações seriam possíveis, mas o órgão máximo de julgamento da administração fiscal confirmou que uma deles seria a correta, é razoável esperar que o contribuinte trilhasse por esse caminho, não sendo legítimo ao Estado lhe penalizar por agir de tal maneira. Certa vez, REGIS FERNANDES DE OLIVEIRA19 asseverou que “O contribuinte não pode se convencer da justiça da tributação a que se vê submetido porque não encontra racionalidade na tributação nacional. Registrase grande imoralidade fiscal no país”. Se a constatação desse professor estiver minimamente correta, urge que os operadores do Direito, especialmente os agentes fiscais e os membros dos tribunais administrativos e judiciários, empenhem os seus maiores esforços para que a justiça fiscal, a segurança judicia e a boafé nas relações entre fisco e contribuinte façam parte da realidade brasileira. Se no Brasil o contribuinte pode ter a confiança de, hoje, pautarse de boafé na forma como a administração fiscal interpreta e aplica reiteradamente uma certa norma jurídica, então nossa nação já terá evoluído para um Estado democrático de Direito que garante a segurança jurídica aos seus administrados. Contudo, se um particular corre o risco de amanhã vir a ser punido por ter agido exatamente da forma como a administração fiscal, por seu órgão máximo de julgamento, afirmava ser legítima à época dos fatos, então ainda falhamos vergonhosamente em termos de justiça fiscal, segurança jurídica e boafé nas relações mantidas entre fisco e contribuinte. É como voto. (Assinado digitalmente) Luís Flávio Neto 18 SCHOUERI, Luís Eduardo. Direito Tributário. São Paulo : Saraiva, 2012, p. 708709. 19 OLIVEIRA, Regis Fernandes de. Contribuições sociais e desvio de finalidade. In: SCHOUERI, Luís Eduardo; (coord.). Direito Tributário: Homenagem a Paulo de Barros Carvalho. São Paulo: Quartier Latin, 2008. Fl. 600DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/03/2016 por MOEMA NOGUEIRA SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por ADRIANA GOMES REGO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalm ente em 03/03/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 10950.002744/2005-04
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Apr 25 00:00:00 UTC 2008
Ementa: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS
Data do fato gerador: 18/02/2005
DCTF - MULTA POR ATRASO NA ENTREGA - CONGESTIONAMENTO DE DADOS NO SITE DA RECEITA FEDERAL - RECONHECIMENTO ATRAVÉS DE ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE CESSAMENTO DA IMPOSSIBILIDADE DE TRANSMISSÃO DAS DECLARAÇÕES VIA INTERNET.
Uma vez que a própria Receita Federal, através do Ato Declaratório Executivo SRF n° 24, de 08.04.2005, reconhecera a ocorrência de problemas técnicos nos sistemas eletrônicos para a recepção e transmissão de declarações, torna-se não devida a multa haja vista que com relação à data imposta como limítrofe para a entrega, nada ha que comprove que posteriormente a esta não havia mais a impossibilidade de transmissão das declarações via internet.
RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO
Numero da decisão: 303-35.284
Decisão: ACORDAM os membros da terceira câmara do terceiro conselho de contribuintes, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator.
Matéria: DCTF - Multa por atraso na entrega da DCTF
Nome do relator: Nilton Luiz Bartoli
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ementa_s : OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 18/02/2005 DCTF - MULTA POR ATRASO NA ENTREGA - CONGESTIONAMENTO DE DADOS NO SITE DA RECEITA FEDERAL - RECONHECIMENTO ATRAVÉS DE ATO DECLARATÓRIO EXECUTIVO - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE CESSAMENTO DA IMPOSSIBILIDADE DE TRANSMISSÃO DAS DECLARAÇÕES VIA INTERNET. Uma vez que a própria Receita Federal, através do Ato Declaratório Executivo SRF n° 24, de 08.04.2005, reconhecera a ocorrência de problemas técnicos nos sistemas eletrônicos para a recepção e transmissão de declarações, torna-se não devida a multa haja vista que com relação à data imposta como limítrofe para a entrega, nada ha que comprove que posteriormente a esta não havia mais a impossibilidade de transmissão das declarações via internet. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO
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Uma vez que a própria Receita Federal, através do Ato Declaratório Executivo SRF n° 24, de 08.04.2005, reconhecera a ocorrência de problemas técnicos nos sistemas eletrônicos para a recepção e transmissão de declarações, torna-se não devida a multa haja vista que com relação à data imposta como limítrofe para a entrega, nada ha que comprove que posteriormente a esta não havia mais a impossibilidade de transmissão das declarações via internet. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da terceira câmara do terceiro conselho de contribuintes, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto do relator. Processo n0 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 27 ANELIS DA DT PRIETO Presidente zaTON Z BARTO Relator Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros Nanci Gama, Luis Marcelo Guerra de Castro, Vanessa Albuquerque Valente, Celso Lopes Pereira Neto e Tardsio Campelo Borges. Ausente o Conselheiro Heroldes Bahr Neto. • • 2 Processo n0 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 28 Relatório Trata-se de Auto de Infração (fls. 02), referente A multa por entrega de Declaração de Débitos e Créditos Federais — DCTF fora do prazo, referente ao ano - calendário de 2004, fundamentadas no art. 113, § 3° e 160, Lei 5172/66 do CTN, art. 4° e 2° da IN SRF 73/96, art. 6° da IN SRF IV 126/98, combinado com o item I da Portaria MF 118/84, art. 5' do DL n° 2124/84 e art. 7° da MP 16/01 convertida na Lei 10,426/2002. Inconformado com o lançamento, o contribuinte apresentou Impugnação As fls. 01, na qual alega que as DCTF(s) foram apresentadas com atraso por motivos de congestionamento ou de manutenção da rede da interne, impossibilitando a entrega da declaração a partir das 16h. Diante do exposto, requer o acolhimento de suas a1ega95es e cancelamento do lançamento em foco. Instruem os autos os documentos de fls. 02/07, dentre os quais cópia do Informativo Secap (fls. 03). Encaminhados os autos h Delegacia da Receita Federal de Julgamento Curitiba (PR), esta indeferiu a solicitação As fls. 13/16, nos termos da seguinte ementa: "Assunto: Obrigações Acessórias Data do fato gerador.. 18/02/2005 DECLARAÇÃO DE DÉBITOS E CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS FEDERAIS - DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. CABIMENTO. A contribuinte que, obrigada a entrega da DCTF, a apresenta fora do prazo legal sujeita-se à multa estabelecida na legislação de regência. Lançamento Procedente" Ciente da decisão proferida (AR de fl. 19), o contribuinte apresentou tempestivamente Recurso Voluntário (fls. 20/23), onde reitera os argumentos já apresentados e alega, em suma, que: nos dias seguintes ao prazo final para entrega da DCTF, além de ter entrado em contato via telefone, se dirigiu a Delegacia da Receita Federal para verificação se o problema com a internet tinha sido solucionado e quais procedimentos deveriam ser tomados com relação a este atraso na entrega da DCTF. A resposta era de que continuasse aguardando, que o problema estava sendo solucionado e que ainda não devia transmitir via internet; em 24/02/2005 foi orientado via telefone pela funcionaria Alacir Braz, a entregar a Declaração que faltava via internet e que mesmo fora do prazo, não seria passível de multa,- Processo n° 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 29 foi surpreendido pelo Ato Declaratório Executivo SRF V 24, de 08/04/2005, onde são consideradas entregues dentro do prazo as declarações transmitidas nos dias 16, 17 e 18. E o próprio Delegado da Receita Federal e os funcionários não tinham conhecimento desta prorrogação e tampouco deste Ato Declaratório, Ante o alegado, requer acolhimento do presente recurso, de forma a cancelar o débito fiscal reclamado. Não efetuado arrolamento de Bens e Direitos, para seguimento do Recurso Voluntário, devido ao valor ser inferior a R$ 2.500,00, aplicando-se assim o disposto no parágrafo 70 do art.2° da IN SRF 264/02. Os autos foram distribuídos a este Conselheiro em 27/02/2008, em único volume, constando numeração até as fls. 24, penúltima. Desnecessário o encaminhamento do processo á. Procuradoria da Fazenda Nacional para ciência quanto ao Recurso Voluntário interposto pelo contribuinte, nos termos da Portaria MF n°. 314, de 25/08/99. o relatório. • Processo n° 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 30 Voto Conselheiro NILTON LUIZ BARTOLI, Relator Por conter matéria deste E. Conselho, conheço do Recurso Voluntário, tempestivamente, interposto pelo contribuinte. Quanto ao arrolamento de bens e direitos, consigne-se que este não é mais exigido como condição para seguimento do recurso voluntário, haja vista o que dispõe o Ato Declaratório n° 9, de 05/06/07, com fulcro na Ação Direta de Inconstitucionalidade n° 1976 do STF. Ultrapassadas as análises dos requisitos de admissibilidade, passemos ao mérito. Em inúmeras oportunidades já externei meu entendimento acerca da inaplicabilidade de multa minima por atraso na entrega da DCTF, com respaldo na Instrução Normativa no 129, de 19.11.1986. Sendo, vejamos: Todo ato realizado segundo um determinado sistema de direito positivo, com o fim de nele se integrar, deve, obrigatoriamente, encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior a esta, que, por sua vez, também deve encontrar fundamento de validade em norma hierarquicamente superior, e assim por diante, até que se encontre o fundamento de validade na Constituição Federal. Nestes termos, qualquer que seja a norma deve-se confrontá-la com a Constituição Federal, pois não estando com ela compatível, não estará compatível com o sistema. Segundo se verifica, a fonte formal da Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986, posteriormente alterada pela Instrução Normativa n° 73, de 19.12.1996, é a Portaria do Ministério da Fazenda n° 118, de 28.06.84, que delegou ao Secretário da Receita Federal a competência para eliminar ou instituir obrigações acessórias. Já o Ministro da Fazenda foi autorizado a eliminar ou instituir obrigações acessórias relativas a tributos federais, por força do Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.84. 0 Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984, encontra fundamento de validade na Constituição Federal de 1967, alterada pela Emenda Constitucional no 01/69, que em seu art. 55, cria a competência para o Presidente da República editar Decretos-Leis, em casos de urgência ou de interesse público relevante, em relação As matérias que disciplina, inclusive a tributária, mas não se refere A delegação de competência ao Ministério da Fazenda para criar obrigações, sejam tributárias ou, não. Afora isto, a antiga Constituição também privilegiava o principio da legalidade e da vinculação dos atos administrativos A lei, o que de plano criaria um conflito entre a norma editada no Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984 e a Lei Maior de 1967 (art. 153, §2°). 5 Processo no 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 31 Da análise do artigo 97, inciso V, do Código Tributário Nacional, também não resta dúvida que somente à lei é dada autorização para criar deveres e direitos, não escapando regra as obrigações acessórias. Por outro lado, incabível dar ao artigo 100, do mesmo diploma, a conotação de que está aberta a possibilidade de um ato normativo vir a substituir a função da lei, ou por falha da lei cobrir sua lacuna ou vicio. No mais, atos normativos de caráter normativo são assim caracterizados por introduzirem normas atinentes ao "modus operandi" do exercício da função administrativa tributária, tendo força para norrnatizar a conduta da própria administração em face do contribuinte, e em relação as condutas do contribuinte, servem, tão somente, para explicitar o que fora estabelecido em lei. E nesse contexto que os atos normativos cumprem sua função de complementaridade das leis. Ressalte-se que todo ato administrativo tem por requisito de validade cinco elementos: objeto licito, motivação, finalidade, agente competente e forma prescrita em lei. Ocorre que, a Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986 cumpriu os desígnios orientadores da validade do ato administrativo no concernente aos três primeiros elementos, vez que a exigência de entrega de Declaração de Contribuições e Tributos Federais — DCTF, com o fim de informar à Secretaria da Fazenda Nacional o montante de tributos devidos e suas respectivas bases de cálculo, é de materialidade licita, motivada pela necessidade de a Fazenda ter o controle dos fatos geradores que fazem surgir cada relação jurídica tributária entre o contribuinte e o Fisco, tendo por finalidade o controle do recolhimento dos respectivos tributos. Porém, no que tange ao agente competente, o mesmo não se verifica, uma vez que o Secretário da Receita Federal não tem a competência legiferante, privativa do Poder Legislativo, para criar normas constituidoras de obrigações de caráter pessoal ao contribuinte, cuja cogencia é imposta pela cominação de penalidade. Ainda que se admitisse que o Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.1984, fosse o veiculo introdutório para outorgar competência ao Ministério da Fazenda para que criasse deveres instrumentais, o Decreto-lei não poderia autorizar ao Ministério da Fazenda a delegar tal competência, como na realidade não o fez, tendo em vista o principio da indelegabilidade da competência tributaria (art. 7 0 do Código Tributário Nacional) e até mesmo o principio da indelegabilidade dos poderes (art. 2° da CF/88). Assim, se o Ministério da Fazenda não tinha a competência para delegar a competência que recebera com exclusividade do Decreto-lei n° 2.124, de 13.06.1984, a Portaria MF n° 118, de 28/06/1984, extravasou os limites do poder outorgados pelo Decreto- Lei. Quanto à forma prescrita em lei, a instituição da obrigação de entrega da DCTF, por instrução normativa, também não cumpre o requisito de validade do ato administrativo, uma vez que tal instituição é reservada A. Lei. Somente a Lei pode criar um vinculo relacional entre o Fisco e o contribuinte e a penalidade pelo descumpiimento da obrigação fulcral desse vinculo. E tal poder é indelegavel, com o fim de que sejam garantidos o Estado de Direito Democrático e a Segurança Jurídica. Processo n° 10950.002744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 32 Ademais, a delegação de competência legiferante introduzida pelo Decreto-Lei nO 2.124, de 13.06.1984, não encontra supedâneo jurídico na nova ordem constitucional instaurada pela Constituição Federal de 1988, uma vez que o art. 25 estabelece o seguinte: "Art. 25 — Ficam revogados a partir de cento e oitenta dias da promulgação da Constituição, sujeito este prazo a prorrogação por lei, todos os dispositivos legais que atribuam ou deleguem a órgão do Poder Executivo competência assinalada pela Constituição ao Congresso Nacional, especialmente no que tange a: I — ação normativa; II — alocação ou transferência de recursos de qualquer espécie" (Grifei) Assim, a competência de legislar sobre a matéria pertinente ao sistema tributário é do Congresso Nacional, como determina o art. 48 da Constituição Federal, sendo que a delegação outorgada pelo Decreto-Lei n° 2.124, de 13.06.1984, ato do Poder Executivo auto disciplinado, que ainda que pudesse ter validade na vigência da constituição anterior, perdeu sua vigência 180 dias após a promulgação da Constituição Federal de 1988. Tendo a norma que dispõe sobre a delegação de competência perdido sua vigência, a Instrução Normativa no 129, de 19.11.1986, ficou sem fonte material que a sustente e, consequentemente, também perdeu sua vigência em abril de 1989. Quanto ã cominação da penalidade estabelecida no próprio texto da Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986, Anexo H — 1.1 (e, posteriormente, na Instrução Normativa n° 73, de 19.12.1996, que a alterou), entendo que os argumentos retro mencionados são plenamente aplicáveis, isto 6, a imposição de qualquer tipo de multa só poderá ser prevista em Lei. Desta feita, a ausência de perfeita tipicidade na lei de conduta do contribuinte, implica a carência da ação fiscal e, como tais elementos estão ausentes no presente caso, dai também não ser punível a conduta do agente. Tudo isto para dizer que a Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986 não constitui o veiculo próprio a criar, alterar ou extinguir direitos, seja porque não encontra em lei seu fundamento de validade material, seja porque inova o ordenamento jurídico extrapolando sua própria competência. Tal assertiva veio a ser confirmada com a edição da Lei n° 10.426, de 25.04.2002 (conversão da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001) que assim dispõe: "Art. 7 0 0 sujeito passivo que deixar de apresentar Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica (DIRT), Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica e Declaração de Imposto de Renda Retido no Fonte (Did), nos prazos fixados, ou que as apresentar com incorreções ou omissões, será intimado a apresentar declaração original, no caso de não-apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela Secretaria da Receita Federal, e sujeitar-se-4 its seguintes multas: * Processo n°10950.1302744/2005-04 Acórdão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 33 — de dois por cento ao mês calendário ou fração, incidente sobre o montante dos tributos e contribuições informados na DCTF, na Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica ou na Dirf ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega desta Declarações ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no §.3°, Com efeito, a adoção da Medida Provisória n° 16, posteriormente convertida na Lei n° 10.426/02, determinando sanções para a não apresentação, pelo sujeito passivo, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), atesta cabalmente a inexistência de legislação válida até a sua edição, uma vez que não haveria lógica em se editar norma, de caráter extraordinário, que simplesmente repetisse a legislação anterior. Ao adotar Medida Provisória, o Poder Executivo Federal reconheceu a necessidade de disciplinar a instituição de deveres instrumentais e penalidades para seu descumprimento, que até então não se encontrava (validamente) regulada pelo direito pátrio. Assim, após a entrada em vigor da Medida Provisória no 16/2001, convertida na Lei n° 10.426, de 24.04.2002, surgiu a disciplina válida ou vigente no sistema tributário nacional para o cumprimento do dever acessório de entrega da DCTF, e, consequentemente, para a cominação de sanções para sua não apresentação, vindo a confinnar todo o entendimento exposto com relação à Instrução Normativa n° 129, de 19.11.1986. Assim, consubstanciada na Lei n° 10.426, de 24.04.2002 (conversão da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001), a Instrução Normativa SRF no 583, de 20.12.2005 (a qual revogou a IN SRF n° 532, de 30.03.2005, que alterou a IN SRF n° 482, de 21.12.2004), validamente, estabelece quanto à multa a ser aplicada, que: "Art. 10. A pessoa jurídica que deixar de apresentar a DCTF no prazo fixado au que a apresentar com incorreções ou omissões será intimada a apresentar declaração original, no caso de nil o- apresentação, ou a prestar esclarecimentos, nos demais casos, no prazo estipulado pela SRF, e sujeitar-se-á as seguintes multas: I — de dois por cento ao mês-calendário ou fração, incidente sobre o montante dos impostos e contribuições informados na DCTF, ainda que integralmente pago, no caso de falta de entrega dessa declaração ou entrega após o prazo, limitada a vinte por cento, observado o disposto no §3 0,. (.) §3 0 A multa minima a ser aplicada será de: I — R$200,00 (duzentos reais) tratando-se de pessoa jurídica inativa,. II — R$500,00 (quinhentos reais), nos demais casos. Desta forma, como mencionado anteriormente, atos normativos, tal como a vigente Instrução Normativa SRF n° 583, de 20.12.2005, são para explicitar o que fora 8 Processo n° 10950.002744/2005-04 AcOrclão n.° 303-35.284 CC03/CO3 Fls. 34 estabelecido em Lei (Lei n° 10.426, de 24,04.2002, conversão da Medida Provisória n° 16 de 27.12.2001), cumprindo, nesse contexto, sua função de complementaridade da Lei. Ocorre que, in casu, tem-se situação em que o contribuinte fora impossibilitado de entregar a DCTF do 40 trimestre de 2004 dentro do prazo, ern razão de congestionamento de dados no site da Receita Federal. Tanto é que a própria Receita Federal acabou por reconhecer que houve problemas técnicos nos sistemas eletrônicos desenvolvidos pelo Serpro para a recepção e transmissão de declarações, através do Ato Declaratório Executivo SRF no 24, de 08/04/2005. Em observância a referido ato, a Receita Federal considerou como entregues em 15/02/2005, as declarações apresentadas até 18/02/2005. A controvérsia, no entanto, se estabeleceu pelo fato do contribuinte ter apresentado a DCTF, relativa ao 40 trimestre de 2004, somente em 24/02/2005, ou seja, após 18/02/2005. Note-se, primeiramente, que a própria Receita Federal reconhecera a ocorrência de problemas técnicos nos sistemas eletrônicos de recepção e transmissão de declarações. Outrossim, embora tenha ampliado a data limítrofe de entrega para 18/02/2005, como se tivessem sido entregues em 15/02/2005, não há nada que comprove que, naquela data (18/02/2005), haviam cessado tais problemas. Pelo exposto, DOU PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, visto que comprovada a impossibilidade de transmissão da DCTF, referente ao 40 trimestre de 2004, no prazo. Sala das Sessões, em 25 de abril de 2008 fri2TON BART° I Relator 9 •
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Numero do processo: 11020.001897/2002-47
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Feb 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1997
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE PROCESSUAL POR AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO.
Em obediência ao art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72, que consagra os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, diante da ausência de intimação do contribuinte quanto ao resultado do julgamento do recurso especial que lhe foi desfavorável, o que pretere o seu direito de defesa, deve ser reconhecida a nulidade do atos administrativos praticados desde então.
Numero da decisão: 9101-002.167
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, embargos conhecidos e acolhidos nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Rafael Vidal de Araújo.
Conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO - Relator.
(assinado digitalmente)
EDITADO EM: 17/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRÉ MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1997 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE PROCESSUAL POR AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO. Em obediência ao art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72, que consagra os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, diante da ausência de intimação do contribuinte quanto ao resultado do julgamento do recurso especial que lhe foi desfavorável, o que pretere o seu direito de defesa, deve ser reconhecida a nulidade do atos administrativos praticados desde então.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, embargos conhecidos e acolhidos nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Rafael Vidal de Araújo. Conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente. (assinado digitalmente) Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO - Relator. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 17/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRÉ MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. NULIDADE PROCESSUAL POR AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO. Em obediência ao art. 59, II, do Decreto nº 70.235/72, que consagra os princípios do contraditório, ampla defesa e devido processo legal, diante da ausência de intimação do contribuinte quanto ao resultado do julgamento do recurso especial que lhe foi desfavorável, o que pretere o seu direito de defesa, deve ser reconhecida a nulidade do atos administrativos praticados desde então. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, embargos conhecidos e acolhidos nos termos do voto do Relator, vencidos os Conselheiros Marcos Aurélio Pereira Valadão, Cristiane Silva Costa, Adriana Gomes Rêgo, Lívia De Carli Germano (Suplente Convocada) e Rafael Vidal de Araújo. Conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO Relator. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 17/02/2016 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 18 97 /2 00 2- 47 Fl. 549DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRÉ MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratamse de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos MARCOPOLO S.A. (doravante "contribuinte" ou "embargante"), em face do acórdão n. 9101001.109 (doravante "acórdão embargado"), proferido na sessão de 01.08.2011, pela Primeira Turma desta Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante "CSRF"), em que foi julgado recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante "PFN"). Por oportuno, o relatório do despacho proferido para fins de admissibilidade dos referidos embargos de declaração bem sintetizou as questões ora submetidas à análise deste Tribunal (fls. 534539 do eprocesso): "Tratase de embargos de declaração interpostos em face do Acórdão nº 9101001.109, de 01/08/2011, proferido pela 1ª Turma desta Câmara Superior de Recursos Fiscais CSRF que, por voto de qualidade, deu provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional para afastar a decadência e determinar o retorno dos autos à Câmara a quo para a análise das demais razões de mérito, entendimento este que restou consubstanciado na seguinte ementa: DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. AUSÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. APLICAÇÃO DO ART. 173, INCISO I, DO CTN. TERMO INICIAL. INTERPRETAÇÃO CONFORME RECURSO ESPECIAL N° 973.733/SC. IMPOSSIBILIDADE. A contagem do prazo decadencial, na forma do art. 173, I, do CTN, deve se iniciar a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em poderia ter sido efetuado o lançamento de oficio. O disposto no art. 62A do RICARF não implica o dever do julgador administrativo em reproduzir a decisão proferida em sede de recurso repetitivo, sem antes analisar a situação fática que ensejou a decisão do precedente judicial. A finalidade da disposição regimental é impedir que decisões administrativas sejam contrárias a entendimentos considerados definitivos pelo Superior Tribunal de Justiça, na sistemática prevista pelo art. 543C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil. Em 12/08/2012, a 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF examinou o mérito do recurso voluntário e proferiu o Acórdão nº 120200.817, no qual, por unanimidade de votos, Fl. 550DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 9101002.167 CSRFT1 Fl. 550 3 negou provimento ao recurso voluntário interposto, conforme ementa abaixo reproduzida: IRPJ. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. DEDUTIBILIDADE. O cômputo do saldo de reservas de lucros para fins de apuração do limite de dedutibilidade dos juros sobre o capital próprio somente é permitido a partir do ano calendário de 1997, em razão do disposto no art. 78 da Lei nº 9.430/96. Em 24/08/2012, a embargante foi cientificada do resultado do julgamento tanto do Acórdão nº 9101001.109, proferido pela CSRF, quanto do Acórdão nº 120200.817, da 2ªTO/2ª Câmara/1ª SJ. Em 31/08/2012, interpôs, tempestivamente, embargos de declaração suscitando, preliminarmente, violação ao princípio da ampla defesa e do contraditório tendo em vista que somente foi cientificado do acórdão proferido pela CSRF, que acolheu o recurso especial da Fazenda Nacional e determinou o retorno dos autos à Câmara a quo, depois que foi proferido o novo acórdão pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara, que negou provimento ao recurso voluntário. Com relação ao mérito da decisão proferida pela CSRF, a embargante alega que os julgadores incorreram em dois equívocos, "os quais demonstram a existência de omissão no julgado", verbis: Em primeiro plano, o fundamento que enseja a aplicação do art. 173, I, do CTN, somente encontra respaldo quando não ocorre o pagamento antecipado do tributo sujeito à sistemática do lançamento por homologação. Todavia, isso não ocorre no presente caso. Em um segundo momento, o disposto no art. 62A do Regimento Interno deste Nobre Conselho Administrativo de Recursos Fiscais determina a aplicação do entendimento consagrado no âmbito dos recursos repetitivos, seja pelo Superior Tribunal de Justiça ou pelo Supremo Tribunal Federal, como se verifica: [...] A ora Embargante irá, nesse momento, tratar do prazo decadencial que entende aplicável ao seu caso, sendo que, ao final de sua exposição, restará pacificado que o mesmo deve seguir a regra disposta no art. 150, § 49, do CTN, inclusive sob a benção do art. 62A, do RICARF. O CTN traz um único prazo decadencial, de cinco anos, que, todavia, pode ser contado de duas formas distintas: pela regra geral disposta pelo art. 173, e pela norma especial relatada no art. 150 § 4o. Ao contrário do disposto no combalido acórdão, a Embargante reafirma que o prazo aplicável ao presente caso é o disposto no art. 150, § 4° do Diploma Tributário, in fine, tendo em vista que o tributo ora combalido se submete ao tipo de lançamento homologatório, e em relação ao exercício em questão, houve inequívoco pagamento de IRPJ, ainda que, aos olhos do Fisco, de maneira insuficiente: [...] Fl. 551DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 Assim, afirma a Embargante que tanto pela interpretação disposta no âmbito judicial quanto pela corrente adotada por esse E. Conselho de Contribuintes, o lançamento não teria condições de sobrevida, uma vez que foi definitiva e inquestionavelmente alcançado pela decadência, firmada na forma do art. 150, § 4°, do CTN, haja vista a existência de recolhimento, ainda que parcial. Nessa esteira, não há que se falar na aplicação do prazo decadencial disposto no art. 173, inc. I, do CTN, ainda que o lançamento que exigiu as exações supostamente não recolhidas tenha sido realizado de ofício, com fundamento no art. 149, da citada norma tributária. Desta forma, houve inequívoca atuação da decadência sobre os valores exigidos, o que torna nulo o lançamento efetuado, tendo em vista a incontestável extinção do crédito tributário, nos termos do art. 156, inc. V, do CTN. Ao final, a embargante requer que os embargos sejam acolhidos para: i) acoimar de nulidade o acórdão 9101001.109, proferido pela C. 1§ Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, pois há nítida agressão aos arts. 5, LV, da CF/88 e 59, II, do Decreto nº 70.235/72, face ao inafastável preterimento de defesa ocorrido por ocasião da imediata aplicação do citado acórdão, provocado em face de Recurso Especial interposto pela Fazenda. Caso assim não se entenda, o que se admite apenas por amor ao debate, que (ii) seja reconhecida a omissão incorrida, para o fim de anular a autuação em questão, pois restou claramente demonstrado que sobre o direito de constituição do crédito tributário sobreveio a decadência, na forma disposta pelo art. 150,§ 4º, do CTN, uma vez que a ora Embargante em momento algum deixou de pagar o IRPJ relativo ao ano calendário de 1996, mas, adotandose o ponto de vista da D. Autoridade Fiscal, o fez a menor, o que afasta a regra decadencial determinada no art. 173,1, do CTN. Concomitantemente, a recorrente interpôs embargos de declaração em face do Acórdão nº 120200.817, proferido pela 2ª TO da 2ª Câmara, alegando em preliminar a mesma nulidade suscitada nos embargos declaratórios dirigidos contra o acórdão proferido pela CSRF, ora sob exame, além de outras alegações quanto ao mérito." Em decorrência da aludida análise de admissibilidade, os embargos de declaração foram admitidos apenas em parte. Ao reexaminar a questão, o Presidente da 1a Turma da CSRF enunciou o seguinte despacho: Com fundamento nas razões expendidas na informação retro, ADMITO parcialmente os embargos de declaração interpostos, quanto à preliminar de nulidade suscitada em face do Acórdão nº 120200.817, proferido pela 2ª TO da 2ª Câmara e rejeito, em caráter definitivo, a alegação de omissão no Acórdão nº 9101001.109. Tendo em vista que o relator original não pertence mais ao colegiado, encaminhese o presente processo ao Sesej para sua inclusão em lote de sorteio à membro da 1ª Turma da CSRF, nos termos do art. 49, § 5º do Anexo II do Ricarf, aprovado pela Portaria MF 343/2015. Fl. 552DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 9101002.167 CSRFT1 Fl. 551 5 Concluise, com isso, o relatório. Voto Conselheiro Luís Flávio Neto Os embargos de declaração opostos pelo contribuinte cumprem com o requisito da tempestividade e preenchem os demais requisitos de admissibilidade exigidos. Por isso, os conheço na parte em que admitidos pelo despacho irrecorrível proferido pelo i. Presidente da 1a Turma da CSRF. Nessa parte, atinente à nulidade dos atos processuais praticados à revelia da intimação do contribuinte quanto ao julgamento do recurso especial que reverteu a anterior decisão que lhe era favorável, entendo que os embargos de declaração opostos pelo contribuinte devem ser providos. O Decreto n. 70.235/72 prescreve, em seu art. 59, norma essencial para o deslinde da questão: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. A ausência de intimação ao contribuinte quanto ao resultado do julgamento do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, que culminou em retorno dos autos para a análise do mérito pela 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção (doravante "Turma Ordinária), configura preterição do direito de defesa. A preterição do direito de defesa do ora embargante é causa de nulidade da remessa dos autos à Turma Ordinária, bem como dos demais atos administrativos praticados daí em diante, inclusive o acórdão nº 120200.817. Tratase de nulidade fundada no princípio da publicidade dos atos processuais, sem o que deixa se de cumprir os princípios da ampla defesa, do contraditório e do devido processo legal. Ocorre que, como bem suscitou a i. Conselheira Adriana Gomes Rêgo, em seu despacho de admissibilidade dos presentes embargos de declaração, o vício em Fl. 553DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 questão fulmina os princípios do contraditório e da ampla defesa, tão caros ao processo administrativo tributário: "Constato que, conforme arguido pela embargante, não lhe foi dada ciência do acórdão da CSRF, antes de ser proferida nova decisão pela 2ª TO da 2ª Câmara, violando de forma flagrante o seu direito ao contraditório e à ampla defesa. Ora, uma vez proferido o acórdão da CSRF impunhase a ciência à interessada, para que pudesse, querendo, apresentar o recurso cabível em face da mesma. No caso em apreço, embargos de declaração, o que somente se viabilizou quando já tinha sido proferido o novo acórdão pela câmara a quo." Consignase que, na sessão de julgamento dos presentes embargos de declaração, houve debate entre os i. Conselheiros desta Turma da CSRF quanto à extensão da nulidade nos presentes autos. Foi suscitado, por exemplo, que não seria nula a decisão da Turma Ordinária (acórdão nº 120200.817), proferida após o retorno dos autos da CSRF sem a devida intimação do contribuinte quanto ao julgamento do recurso especial que reverteu a anterior decisão que lhe era favorável. Nesse debate, também foi suscitado, por exemplo, que a oposição dos embargos de declaração ora em julgamento, que teve como ensejo a intimação do contribuinte quanto à decisão proferida pela Turma Ordinária, esgotaria o direito à oposição de quaisquer outros recursos perante a CSRF. Não me parece, contudo, que a acolhida de tais propostas seja possível. A nulidade seletiva, que não alcançaria todos os atos administrativos praticados desde a causa da nulidade em questão, redundaria em insanável ofensa aos princípios da ampla defesa, contraditório e devido processo legal. A questão é solucionada pela conhecida metáfora jurídica dos frutos da árvore envenenada: ao envenenarse a raiz da planta, tudo em diante se contamina, até o fim de sua extensão, os seus frutos. É o que se confirma com a análise do caso concreto: No que se refere à decisão da Turma Ordinária (acórdão nº 120200.817), proferida após o retorno dos autos da CSRF sem a devida intimação do contribuinte quanto ao julgamento do recurso especial que reverteu a anterior decisão que lhe era favorável: tendo em vista a não observância do princípio da publicidade, o contribuinte não foi cientificado do retorno dos autos à Turma Ordinária e não pôde, então, comparecer ao julgamento que resultou no acórdão nº 120200.817. Compreendo que o contribuinte tem o direito assegurado pelo RICARF tanto à apresentação de memoriais (art. 53, III, do RICARF anterior e art. 53, par. 4, do RICARF atual) quanto à realização de sustentação oral (entre outros, art. 53, III, art. 58 do RICARF anterior e art. 58, II, do RICARF atual) e não pôde exercêlo naquele julgamento realizado pela Turma Ordinária. Não se pode colocar em dúvida tais prerrogativas assegurados ao contribuinte e aos seus Fl. 554DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 11020.001897/200247 Acórdão n.º 9101002.167 CSRFT1 Fl. 552 7 procurados, os quais buscam justamente garantir a ampla defesa, o contraditório e o devido processo legal. No que se refere ao suposto esgotamento das possibilidades recursais perante a CSRF face aos embargos de declaração ora em julgamento: Compreendo que a nulidade em tela ausência de intimação de acórdão somente será plenamente suprida com o restabelecimento da relação jurídica presente no último ato válido do processo administrativo, que é a formalização do acórdão da CSRF. Após esse fato válido, para que seja sanada a nulidade, deve ser o contribuinte intimado quanto ao referido acórdão, dando início ao seu prazo para que adote (ou não) alguma providência recursal. O primeiro ato administrativo prejudicado pela nulidade, no presente processo administrativo, consiste justamente na intimação do acórdão n. n. 9101001.109, desta CSRF, pois o art. 59, § 1º, do Decreto n. 70.235/72, prescreve que estão prejudicados todos os atos posteriores ao ato nulo e que dele dependam diretamente ou sejam consequência. Ao dar causa à nulidade em tela, este Tribunal não pode adentrar no âmbito das escolhas processuais da parte prejudicada, com ingerência sobre qual recurso e quais questões poderiam ser alegadas caso houvesse sido regularmente intimado. De outro modo, a presente decisão, em vez de realmente corrigir os prejuízos da nulidade, teria o potencial de, apoiada em suposições e conjecturas, perpetrar restrição ao direito à ampla defesa, ao contraditório e ao devido processo legal. Nesse seguir, voto no sentido de dar provimento aos embargos de declaração opostos pelo contribuinte na parte conhecida pelo despacho de admissibilidade (fls. 534539 do eprocesso), a fim de que seja sanado o vício processual verificado, declarandose a nulidade dos atos administrativos praticados desde a remessa dos autos à 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 1ª Seção sem a devida intimação prévia do contribuinte quanto ao julgamento do acórdão 9101001.109, bem como de todos os demais atos administrativos praticados daí em diante, inclusive o acórdão nº 120200.817, proferido pela referida Turma Ordinária. Voto, ainda, para que haja nova e regular intimação do contribuinte quanto ao acórdão de recurso especial n. 9101001.109, proferido por esta CSRF, devolvendolhe o prazo para a apresentação de recurso que entender cabível (inclusive embargos de declaração), de modo que possa exercer plenamente o seu direito à ampla defesa, contraditório e devido processo legal. É como voto. Conselheiro Luís Flávio Neto Relator (assinado digitalmente) Fl. 555DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 Fl. 556DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 13971.003291/2002-22
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Mon Jan 18 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Sat Feb 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1997
EMBARGOS INOMINADOS. PROVIMENTO.
As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção. Dá-se provimento aos embargos opostos e admitidos como inominados, a fim de que a parte dispositiva do acórdão reflita toda a sua fundamentação de "provimento integral" do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, sanando-se o lapso manifesto ou mesmo erros de escrita que indicaram o seu "parcial provimento".
Numero da decisão: 9101-002.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, embargos conhecidos e acolhidos para rerratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do relator, sem efeitos infringentes
Conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO - Presidente.
(assinado digitalmente)
Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO - Relator.
(assinado digitalmente)
EDITADO EM: 17/02/2016
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRÉ MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: LUIS FLAVIO NETO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 1997 EMBARGOS INOMINADOS. PROVIMENTO. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção. Dá-se provimento aos embargos opostos e admitidos como inominados, a fim de que a parte dispositiva do acórdão reflita toda a sua fundamentação de "provimento integral" do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, sanando-se o lapso manifesto ou mesmo erros de escrita que indicaram o seu "parcial provimento".
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(SUCESSORA DE POSTHAUS PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS LTDA) ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 1997 EMBARGOS INOMINADOS. PROVIMENTO. As alegações de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculo existentes na decisão, provocados pelos legitimados para opor embargos, deverão ser recebidos como embargos inominados para correção. Dáse provimento aos embargos opostos e admitidos como inominados, a fim de que a parte dispositiva do acórdão reflita toda a sua fundamentação de "provimento integral" do recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, sanandose o lapso manifesto ou mesmo erros de escrita que indicaram o seu "parcial provimento". Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, embargos conhecidos e acolhidos para rerratificar o acórdão embargado, nos termos do voto do relator, sem efeitos infringentes Conselheiro CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Presidente. (assinado digitalmente) Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO Relator. (assinado digitalmente) EDITADO EM: 17/02/2016 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 1. 00 32 91 /2 00 2- 22 Fl. 825DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 FLÁVIO NETO, ANDRÉ MENDES DE MOURA, LIVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratamse de EMBARGOS DE DECLARAÇÃO opostos pelo Delegacia da Receita Federal do Brasil em Blumenau – SC (doravante "DRF" ou "embargante"), em face do acórdão n. 9101002.117 (doravante "acórdão embargado"), proferido na sessão de 25.02.2015, pela Primeira Turma desta Câmara Superior de Recursos Fiscais (doravante "CSRF"), em que foi julgado recurso especial interposto pela Procuradoria da Fazenda Nacional (doravante "PFN"). Por oportuno, o relatório do referido recurso especial bem sintetizou as questões submetidas à análise deste Tribunal: "Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional em face do acórdão de n° 180500.001, proferido pela Oitava Turma Especial do então Primeiro Conselho de Contribuintes, que acolheu a preliminar de decadência e cancelou o lançamento. Originariamente, o processo versa sobre Auto de Infração (fls. 116/121), cuja notificação foi em 20/12/2002 (fls. 124), para exigência de IRPJ, decorrente de adição supostamente não realizada ao lucro líquido no período de lucro inflacionário realizado no montante de 10% no anocalendário de 1997. Impugnado o lançamento (fls. 125/133), a Delegacia de Julgamento de Fortaleza/CE proferiu acórdão nº 0810.605, que julgou improcedente a Impugnação, em acórdão que restou ementado da seguinte forma (fls. 265/275): ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO ANO CALENDÁRIO: 1993. COMPENSAÇÃO. Para ter direito à compensação não basta o sujeito passivo entender que pagou ou recolheu o tributo ou contribuição federal indevidamente ou a mais que o devido, necessitando que o seu respectivo crédito tenha sido reconhecido pela Administração Fazendária ou por decisão judicial com trânsito em julgado, tendo em vista que o art. 170 do CTN exige, para que seja possível a compensação, que o crédito do sujeito passivo contra o Fisco seja líquido e certo. LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZADO DECADÊNCIA. No que respeita à realização do lucro inflacionário, o prazo decadencial não pode ser contado a partir do exercício em que se deu o diferimento, mas a partir de cada exercício em que deve ser tributada sua realização. Lançamento Procedente O contribuinte, então, interpôs Recurso Voluntário (fls. 298/318) em que alegou em síntese: (i) que o direito do fisco de homologar o encontro de contas “crédito ILL x débito IRPJ” já havia decaído; (ii) que o imposto lançado encontravase extinto pela compensação, conforme art. 156, inciso III, do Código Tributário Nacional, compensação que também estava alcançada pela decadência; (iii) que a legislação à época permitia a compensação de créditos de ILL, com débitos do IRPJ, independente de haver decisão judicial ou administrativa (art. 66 da lei nº 8.383/91); (iv) que o próprio acórdão recorrido concordou com a viabilidade do encontro de contas realizado, discordando apenas da legitimidade do crédito tomado, vez que entendeu que à época o crédito de ILL não era líquido e certo, tendo em vista não haver nenhuma decisão judicial ou administrativa que lhe outorgasse legitimidade. Fl. 826DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13971.003291/200222 Acórdão n.º 9101002.168 CSRFT1 Fl. 826 3 Sobreveio o acórdão nº 180500.001 (fls. 346/354), proferido pela Oitava Turma Especial do então Primeiro Conselho de Contribuintes, que acolheu a preliminar de decadência e cancelou o lançamento. A decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Exercício: 1998. LUCRO INFLACIONÁRIO REALIZAÇÃO INTEGRAL OPCIONAL DECADÊNCIA Manifestada pelo contribuinte na DIPJ a opção pela realização integral opcional do saldo do lucro inflacionário, conforme previsto no artigo 31 da Lei n. 8541, de 1992, o Fisco tinha cinco anos de prazo para contestar a extinção do crédito tributário por compensação e não por efetivo pagamento. Em face dessa decisão, a Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou Recurso Especial (fls. 354/372), alegando que: (i) o acórdão recorrido está em contrariedade com a lei tributária; (ii) a extinção do crédito tributário pela compensação não pode ser admitida para o benefício da realização antecipada e incentivada do lucro inflacionário, vez que a interpretação do benefício deve ser restrita e a expressão “pagamento” no § 4º, art. 31, da Lei nº 8.541/92, não admite que seja realizada a compensação; e (iii) caso admitida a compensação para manifestar a opção pelo benefício, a compensação em si não merece guarida, tendo em vista que não foi comprovado o direito creditório do contribuinte, que só seria comprovado após a declaração de inconstitucionalidade do tributo, que veio a ocorrer após a compensação; e (iv) antes da Medida Provisória nº 135/2003, não havia prazo para a homologação dos pedidos de compensação, o que vai de encontro à alegação de decadência do acórdão recorrido. No Despacho nº 120000.235/2010 foi dado seguimento ao recurso fazendário. O contribuinte, notificado do r. recurso apresentou Contrarrazões ao Recurso Especial, argumentando que: (i) o Recurso Especial não deve ser admitido, vez que foi interposto com base no Regimento antigo deste Conselho (decisão não unânime e contrariedade à lei, conforme art. 7º, inciso I, do Regimento Interno antigo deste Conselho), e o novo Regimento, já vigente na interposição do r. recurso, dispõe que só serão admitidos os Recurso Especiais que demonstrarem haver divergência jurisprudencial; (ii) a decisão recorrida não contraria a lei, visto que foi reconhecida a decadência, em conformidade com a jurisprudência deste Conselho; (iii) no âmbito judicial, a jurisprudência era pacífica acerca da aplicação do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, para homologação das compensações, o que contraria o argumento da Fazenda, que menciona não haver prazo para homologação de compensações à época da compensação; (iv) o vocábulo “pagamento” utilizado no §4º, art. 31, da Lei nº 8.541/92, deve ser entendido em consonância com a Legislação Tributária; (v) não houve ofensa ao art. 66, da Lei nº 8.383/91, na medida em que este artigo autorizava a compensação à época." Do julgamento do referido recurso especial da PFN, resultou a seguinte ementa e proclamação de resultado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997 Fl. 827DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 LUCRO INFLACIONÁRIO. REALIZAÇÃO INCENTIVADA. OPÇÃO. A opção pela realização incentivada do lucro inflacionário só se concretiza com o pagamento efetuado sob a égide do art. 31, da Lei nº 8.541/92. Para efeitos do dispositivo legal em comento a compensação não se confunde com o pagamento, eis que norma regulamentando benefício fiscal deve ser interpretada literalmente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Especial do Procurador, vencidos os Conselheiros Karem Jureidini Dias (Relatora), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, João Carlos de Lima Júnior e Maria Teresa Martinez Lopez. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto (Conselheiro Convocado)." (grifos acrescidos ao original) Cientificada do aludido acórdão, a DRF opôs embargos, com fundamento nos arts. 65 e 66 RICARF, aduzindo, in verbis: "Na data de 25/02/2015, a Câmara Superior de Recursos Fiscais proferiu o acórdão nº 9101002.117, através do qual, no último parágrafo de sua primeira página (eprocesso, fls.799), decide “DAR PARCIAL PROVIMENTO” ao recurso interposto pela Fazenda Nacional. Ao analisarmos o voto vencedor, em seus últimos dois parágrafos (eprocesso, fls.808), verificamos que o texto é o seguinte: “Sob essa ótica, a compensação efetuada pelo sujeito passivo não preenche os requisitos para caracterizar a opção pela realização incentivada. Do exposto, conduzo meu voto no sentido de DAR provimento ao recurso da Fazenda Nacional e restabelecer a exigência, deduzindose a parcela quitada mediante compensação”.(grifo nosso) Tendo em vista a aparente contradição descrita acima, e com base nos artigos 65 e 66, da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (Regulamento Interno do CARF), proponho a devolução dos autos àquela CSRF para sanar que seja esclarecido se foi dado provimento parcial ou total ao Recurso da Fazenda Nacional e a que compensações se refere o último parágrafo da decisão proferida ao mencionar “a parcela quitada mediante compensação”. Em 25.11.2015, os embargos foram admitidos como inominados pela presidência desta Turma, com fundamento no art. 66, do anexo II, do RICARF. Concluise, com isso, o relatório. Voto Fl. 828DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 13971.003291/200222 Acórdão n.º 9101002.168 CSRFT1 Fl. 827 5 Conselheiro Relator Os embargos inominados preenchem os requisitos de admissibilidade e, por isso, os conheço. Além disso, diante de "lapso manifesto" ou mesmo de "erros de escrita" presentes no acórdão n. 9101002.117, os embargos opostos pela DRF/BLUMENAU/SC também devem ser providos, a fim de que se corrijam as imperfeições neles suscitadas. De fato, há lapso manifesto ou erros de escrita que reclamam correções no acórdão embargado. Ocorre que: A Oitava Turma Especial do então Primeiro Conselho de Contribuintes acolheu a preliminar de decadência e cancelou o lançamento; a PFN interpôs recurso especial em face dessa decisão; A relatora do acórdão, Conselheira Karem Jureidini Dias, votou pelo conhecimento e não provimento do recurso especial da Fazenda Nacional, por compreender configurada a decadência. No entanto, tal entendimento foi vencido por voto de qualidade, que entendeu por dar provimento integral ao recurso fazendário, de forma que o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto foi designado para redigir o voto vencedor. No voto vencedor, o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto expõe os seus fundamentos para compreender não configurada a decadência e, então, conclui com a seguinte parte dispositiva: "Do exposto, conduzo meu voto no sentido de DAR provimento ao recurso da Fazenda Nacional e restabelecer a exigência, deduzindose a parcela quitada mediante compensação". Como se pode observar, então, por voto de qualidade, foi dado integral provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, o que deveria ser refletivo na minuta do voto vencedor e, naturalmente, na proclamação de resultado. Há, assim, lapso manifesto ou mesmo erros de escrita na parte a seguir grifada do acórdão embargado, que veicula a proclamação de resultado do julgado: "Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO ao Recurso Especial do Procurador, (...)". Nesse seguir, voto no sentido de dar provimento aos embargos inominados opostos pela DRF, a fim de sanar o lapso manifesto ou erros de escrita existentes no acórdão embargado, verificados especialmente na parte em que veicula a proclamação de resultado do julgado. Proponho, assim, que a proclamação de resultado do julgado, inserta no referido acórdão, passe a conter a seguinte redação: Fl. 829DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, pelo voto de qualidade, DAR PROVIMENTO ao Recurso Especial do Procurador, vencidos os Conselheiros Karem Jureidini Dias (Relatora), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, João Carlos de Lima Júnior e Maria Teresa Martinez Lopez. Designado para redigir o voto vencedor, o Conselheiro Leonardo de Andrade Couto (Conselheiro Convocado)." É como voto. Conselheiro LUÍS FLÁVIO NETO Relator (assinado digitalmente) Fl. 830DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 17/02/2016 por LUIS FLAVIO NETO, Assinado digitalmente em 18/02/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
score : 1.0
Numero do processo: 13227.000700/2004-23
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 08 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Data do fato gerador: 31/12/1998, 31/01/1999, 28/02/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 31/08/1999, 30/09/1999, 31/10/1999, 30/11/1999
DECADÊNCIA - TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO - TERMO INICIAL.
Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), conta-se do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543-C do CPC, e da Resolução STJ nº 08/2008, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015.
Numero da decisão: 9101-002.156
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Decisão dos membros do colegiado: por unanimidade de votos, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e, no mérito, dado provimento.
(documento assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente.
(documento assinado digitalmente)
Rafael Vidal De Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LÍVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (Vice-Presidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Prazo. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado ODILON & RIBEIRO LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/12/1998, 31/01/1999, 28/02/1999, 31/03/1999, 30/04/1999, 31/05/1999, 30/06/1999, 31/07/1999, 31/08/1999, 30/09/1999, 31/10/1999, 30/11/1999 DECADÊNCIA TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO TERMO INICIAL. Em se tratando de tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo decadencial qüinqüenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício), contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ser efetuado (art. 173, I, do CTN), nos casos em que constatado dolo, fraude ou simulação do contribuinte, ou ainda, mesmo nas ausências desses vícios, nos casos em que não ocorreu o pagamento antecipado da exação e inexista declaração com efeito de confissão de dívida prévia do débito, conforme entendimento pacificado pelo E. Superior Tribunal de Justiça ao julgar o mérito do Recurso Especial nº 973.733/SC, na sistemática dos recursos repetitivos previsto no artigo 543C do CPC, e da Resolução STJ nº 08/2008, nos termos do que determina o §2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Decisão dos membros do colegiado: por unanimidade de votos, Recurso Especial da Fazenda Nacional conhecido e, no mérito, dado provimento. (documento assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 22 7. 00 07 00 /2 00 4- 23 Fl. 2450DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.451 2 (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal De Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, CRISTIANE SILVA COSTA, ADRIANA GOMES REGO, LUÍS FLÁVIO NETO, ANDRE MENDES DE MOURA, LÍVIA DE CARLI GERMANO (Suplente Convocada), RAFAEL VIDAL DE ARAÚJO, RONALDO APELBAUM (Suplente Convocado), MARIA TERESA MARTINEZ LOPEZ (VicePresidente), CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) em 09/11/2009 (fls. 2417/2428), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), alegando divergência jurisprudencial em relação à contagem de prazo decadencial para constituição de crédito tributário. 2. A recorrente insurgiuse contra o Acórdão nº 120200.099, de 18/06/2009, por meio do qual a 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, acolheu preliminar de decadência para afastar exigências de IRPJ e CSLL com fatos geradores acontecidos até o terceiro trimestre de 1999, e também exigências de PIS e COFINS com fatos geradores ocorridos até o mês de novembro de 1999. 3. O acórdão recorrido foi assim ementado: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO PRESSUPOSTOS As obscuridades, dúvidas, omissões, contradições e inexatidões materiais contidas no acórdão podem ser saneadas através de Embargos de Declaração, conforme previsão no artigo 57 do Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes. SIMULAÇÃO MULTA QUALIFICADA A tentativa de simulação não chega a produzir efeitos e, portanto, não se encontra prevista nas condutas descritas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei n° 4.502/64, que exigem do sujeito passivo a prática de dolo, com a obtenção de resultado a seu favor. DEPÓSITOS BANCÁRIOS MULTA QUALIFICADA A omissão de receitas caracterizada pela existência de depósitos bancários cuja origem não restou comprovada, por se tratar de presunção legal, por si só, não autoriza a imposição da multa qualificada. IRPJ CSLL PIS COFINS LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO A natureza do lançamento, se por homologação ou não, não se identifica com o pagamento, pois o objeto da homologação engloba toda a cadeia de atos interligados tais como a escrituração de lançamentos, apresentação de declarações e, se apurado resultado, o Fl. 2451DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.452 3 recolhimento de tributos. Considerando que o lançamento do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS se dá por homologação, o prazo para o fisco efetuálo, quando não ficar comprovado o evidente intuito de fraude, é de 5 anos a contar da ocorrência do fato gerador, sob pena de decadência nos termos do art. 150, § 4o, do CTN. Recurso especial (PFN) negado. (Ac. CSRF/0105.644, de 27/03/2007). 4. A PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à lei tributária interpretação divergente da que foi dada pela 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, especificamente quanto à definição do termo inicial para a contagem do prazo decadencial. 4.1. Para o processamento de seu recurso, a PGFN desenvolve os argumentos descritos abaixo: a Câmara a quo entendeu que por serem tributos recolhidos mediante o sistema de "lançamento por homologação", o auto de infração somente poderia ser lavrado dentro do prazo estipulado no art. 150, §4°, do CTN. Assim, à data em que o contribuinte fora cientificado do auto de infração, haveria caducado o direito da Fazenda Nacional de constituir o crédito tributário, cujos fatos geradores mensais ocorreram no período supramencionado; quando o sujeito passivo da obrigação tributária antecipa o pagamento, a contagem do prazo decadencial tem início na data da ocorrência do fato gerador, conforme o disposto no art. 150, §4° do CTN; por outro lado, não havendo recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do respectivo crédito tributário regerseá pelo contido no art. 173,1, do CTN; a respeito do prazo para o lançamento dos tributos sujeitos a homologação, o entendimento jurisprudencial que fundamenta o presente recurso diverge do adotado pelo acórdão recorrido, e está representado no acórdão paradigma emanado da 2ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, com a seguinte ementa: Acórdão CSRF/0202.288 PIS. DECADÊNCIA. Por ter natureza tributária, na hipótese de ausência de pagamento antecipado, aplicase ao PIS a regra de decadência prevista no art. 173,1, do CTN. Recurso especial negado. a similitude entre os casos reside na modalidade do lançamento. Ambos estão, em regra, sujeitos ao chamado lançamento por homologação. E, de forma diversa da que ocorreu no presente caso (aplicação do art. 150, § 4º, do CTN), no paradigma se entendeu que, na falta de pagamento do tributo, se está diante de lançamento de ofício, aplicandose a regra do artigo 173, I, do CTN; no presente caso, assim como no paradigma, verificase a falta de pagamento do tributo; o entendimento desta Procuradoria é que o art. 150, § 4º, do CTN só se aplica no caso de ter havido efetivo pagamento adiantado do crédito tributário. Em não havendo recolhimento, não há o que se homologar, tratando a questão de simples lançamento ex officio Fl. 2452DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.453 4 a ser feito com espeque no artigo 149, V, do CTN, sendo o termo inicial do prazo decadencial aquele previsto no artigo 173, I, do CTN; tal distinção é particularmente importante no presente caso porque, considerando o termo inicial previsto no artigo 173, I, a decadência do direito de lançar relativa aos fatos geradores ocorridos em 1998 (4º Trimestre) e em 1999 (três primeiros trimestres) do IRPJ, fatos geradores ocorridos em 1998 e em 1999 (três primeiros trimestres) da CSLL e fatos geradores de dezembro de 1998 a novembro 1999 do PIS e COFINS, darseia em 01 de janeiro de 2005, contandose a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, de modo que teria sido indevido o reconhecimento da decadência pela Câmara a quo. compulsando os autos, verificase que o tributo não foi recolhido. Não havendo pagamento antecipado, aplicase o dies a quo previsto no artigo 173, I, uma vez que não se trata mais de lançamento por homologação, mas simples lançamento ex officio. A rigor, sequer existe montante a ser homologado. Assim, é indevida a aplicação do artigo 150, § 4º, na espécie. Merece reforma, portanto, a decisão ora recorrida; outro não é o entendimento firmado pelo STJ, no sentido de que não havendo recolhimento antecipado do tributo sujeito a lançamento por homologação, o prazo decadencial para a constituição do respectivo crédito tributário regerseá pelo disposto no art. 173, I, do CTN, conforme se depreende do Informativo n° 250 do STJ (transcrito no recurso); esse posicionamento já está pacificado no âmbito do STJ, de acordo com recente decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (sessão de julgamentos do dia 12.08.2009) no Recurso Especial 973.733/SC, de Relatoria do Min. Luiz Fux, representativo de divergência, nos termos do procedimento do art. 543C do CPC; o art. 173, I do CTN dispõe que o prazo decadencial para o lançamento de ofício é de cinco anos, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Assim, para os fatos geradores de PIS e COFINS ocorridos de dezembro de 1998 a novembro de 1999, fatos geradores de IRPJ ocorridos no 4º trimestre do anocalendário 1998 e nos três primeiros trimestres do anocalendário 1999, e fatos geradores de CSLL ocorridos em 1998 e nos três primeiros trimestres do anocalendário 1999, verificase que somente no dia 1º de janeiro de 2000 iniciou a contagem do prazo decadencial. Computandose cinco anos, temse que a decadência ocorreria em 01/01/2005. Como a ciência do auto se deu em 08/12/2004, os lançamentos não aconteceram a destempo; em face do exposto, requer a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL) seja conhecido e provido o presente recurso, para afastar a decadência do direito de constituir o crédito tributário acima mencionado, uma vez que o mesmo foi efetuado dentro do prazo legalmente fixado (art. 173,1, do CTN). 5. Quando do exame de admissibilidade do Recurso Especial (fls. 2430/2431), a Presidente da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por meio do Despacho nº 1200 0.411/2009, de 25/11/2009, admitiu o recurso especial pelas seguintes razões: Confrontando os acórdãos, constato que o acórdão indicado como paradigma realmente diverge do ora recorrido, no que tange à contagem do prazo decadencial dos tributos sujeitos a lançamento por homologação, pois reconheceu que não Fl. 2453DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.454 5 ocorrendo o pagamento antecipado do tributo sujeito à homologação, o prazo decadencial para a constituição do crédito tributário se dará com fulcro no disposto no art. 173, I do CTN; por outro lado, a decisão recorrida entendeu que o prazo de decadência do crédito tributário seria o regido pelo art. 150, §4° do CTN. 6. Intimada do despacho que admitiu o recurso especial da PGFN, a contribuinte não apresentou contrarrazões. 7. É o relatório. Fl. 2454DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.455 6 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. 2. Conheço do recurso, pois este preenche os requisitos de admissibilidade. 3. O presente processo tem por objeto inicial lançamento a título de IRPJ e tributos reflexos (CSLL, PIS, e COFINS) sobre fatos geradores ocorridos nos anoscalendário de 1998 e 1999. 3.1. As autuações fiscais decorreram da constatação de omissão de receitas apuradas a partir de depósitos bancários sem comprovação de origem. 3.2. O lançamento foi realizado em 08/12/2004. A apuração de IRPJ/CSLL se deu pelo regime do lucro arbitrado trimestral, enquanto que as contribuições PIS/COFINS foram apuradas sobre bases de cálculo mensais (receita bruta mensal). 3.3. Desde o início, a contribuinte alegou em suas peças de defesa uma preliminar de decadência, e também trouxe outros argumentos visando o cancelamento dos autos de infração. 3.4. Na primeira fase processual, a Delegacia de Julgamento considerou parcialmente procedente o lançamento, e afastou as exigências de IRPJ relativas aos três primeiros trimestres de 1998, em razão de decadência. 3.5. A Delegacia de Julgamento não reconheceu a decadência para as contribuições CSLL, PIS e COFINS, em razão do prazo decadencial de 10 anos previsto no art. 45 da Lei nº 8.212/1991. 3.6. Na seqüência, o exame do recurso voluntário apresentado pela contribuinte resultou no Acórdão nº 120200.099, de 18/06/2009, por meio do qual a 2a Turma Ordinária da 2a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, aplicando o § 4º do art. 150 do CTN, ampliou o reconhecimento da decadência para afastar as exigências de IRPJ e CSLL com fatos geradores ocorridos até o terceiro trimestre de 1999, e também as exigências de PIS e COFINS com fatos geradores ocorridos até o mês de novembro de 1999. 3.7. A referida decisão manifestou o entendimento de que nos tributos submetidos a lançamento por homologação, quando não ficar comprovado o evidente intuito de fraude, o prazo decadencial é o previsto no art. 150, § 4º, do CTN. Também sustentou que o objeto de homologação, nesse caso, não é o pagamento, mas sim toda a cadeia de atos interligados tais como a escrituração de lançamentos, apresentação de declarações e, se apurado resultado, o recolhimento de tributos. 3.8. O recurso especial da PGFN voltase exatamente para essa questão, e defende a idéia de que a aplicação do prazo decadencial mais curto, previsto no art. 150, § 4º, do CTN depende sim da presença ou ausência de pagamento (ainda que parcial), e não apenas da atividade exercida pelo contribuinte para apuração da base de cálculo do tributo. Fl. 2455DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.456 7 4. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ocasião do julgamento do Recurso Especial repetitivo 973.733/SC firmou o seguinte entendimento em relação à matéria em pauta: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito. (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008). 4.1. Essa interpretação deve ser reproduzida pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF, conforme determina o § 2º do art. 62 do Anexo II do atual Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973 Código de Processo Civil (CPC), deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. 4.2. De acordo com o STJ, devese aplicar o artigo 173, I, do CTN, quando, a despeito da previsão legal de pagamento antecipado da exação, o mesmo inocorre e inexiste declaração prévia do débito capaz de constituir o crédito tributário. 4.3. No sentido inverso, há duas condições para a aplicação do prazo decadencial previsto no art. 150, § 4º, do CTN: 1) haver pagamento ou 2) haver declaração prévia que constitua crédito tributário. 4.4. Não se pode, portanto, deixar de reconhecer a relevância da existência ou não de pagamento ou declaração/confissão (ainda que parciais) para fins de definição do critério para a contagem de prazo decadencial. 5. No caso em análise, o acórdão recorrido, ao tratar da decadência das exações fiscais, considerou irrelevante verificar a presença ou ausência de pagamento, pelo que essa decisão merece ser reformada. 5.1. Com efeito, está comprometido o seu fundamento, amparado no entendimento de que o que interessa é a atividade exercida pelo contribuinte, e não a presença ou ausência de pagamento. Fl. 2456DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO Processo nº 13227.000700/200423 Acórdão n.º 9101002.156 CSRFT1 Fl. 2.457 8 5.2. Como o lançamento ocorreu em 08/12/2004, há diferentes resultados para a decadência dos créditos tributários cujos fatos geradores ocorreram no 4º trimestre de 1998 e nos três primeiros trimestres de 1999 (no caso de IRPJ e CSLL), e nos meses de dezembro de 1998 a novembro de 1999 (no caso de PIS e COFINS), conforme se aplica o prazo previsto no art. 150, §4º, ou no art. 173, I, ambos do CTN. 5.3. É que para esses fatos geradores, o termo inicial para a contagem da decadência pela regra do art. 173, I, do CTN, ou seja, o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" seria o dia 01/01/2000, e nesse caso o lançamento realizado em 08/12/2004 deixa de estar fulminado pela decadência. 5.4. Compulsando os autos, observase que durante os trabalhos de auditoria fiscal a contribuinte recebeu intimações para, entre outras informações e documentos, apresentar DARFs de todos os recolhimentos feitos pela empresa a título de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, nos anoscalendário de 1996 a 2000. 5.5. Em resposta a essas intimações, a contribuinte apresentou apenas DARFs recolhidos nos anos de 1996 e 1997. 5.6. A Descrição dos Fatos contida no Auto de Infração registra ainda que a contribuinte não havia apresentado DCTFs para os períodos em questão. 5.7. Nesse caso, não havendo pagamento e nem confissão dos referidos débitos, deve ser aplicada a regra do art. 173, I, do CTN, o que resulta no afastamento da decadência que havia sido reconhecida para eles. 6. Assim, voto no sentido de DAR provimento ao recurso especial da PGFN, para afastar a decadência em relação aos débitos de IRPJ e CSLL cujos fatos geradores ocorreram no 4º trimestre de 1998 e nos três primeiros trimestres de 1999, e também em relação aos débitos de PIS e COFINS com fatos geradores apurados nos meses de dezembro de 1998 a novembro de 1999. (documento assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator Fl. 2457DF CARF MF Impresso em 25/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO, Assinado digitalmente em 12/01/20 16 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJ O, Assinado digitalmente em 06/01/2016 por RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Numero do processo: 11516.001989/2004-17
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 11 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Sat Feb 20 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
EMENTA:
ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE. MANDADO JUDICIAL DE BUSCA E APREENSÃO. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. A apreciação de argüições de ilegalidade de mandado judicial extrapola a esfera de competência do juízo administrativo, ante a supremacia das decisões judiciais sobre as decisões proferidas em processo administrativo.
LICITUDE DE PROVAS. São lícitas as provas obridas por meio de ação fiscal sob o manto de ordem judicial. A auditoria efetuada após a apreensão de efeitos fiscias, lacrados à época da apreensão, independe da presença do contribuinte autuado quando da sua deslacração para efeito de se proceder à auditoria fiscal, não ficando essas provas inquinadas de ilegalidade, mormente quando aprendidas anteriomente pela Polícia Federal sob ordem judicial.
LICITUDE DA AUDITORIA. A realização da auditoria tributária a partir de efeitos fiscais sem a presença do Contribuinte não a inquina de nulidade. Não há que se alegar insegurança jurídica da prova produzida pela fiscalização consubstanciada em planilhas de computador, quando elaboradas a partir de dados obtidos em documentação do próprio contribuinte, cabendo ao contribuinte contrapor seus cálculos aos levantados pelo Fisco
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9101-002.051
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, recurso do Contribuinte negado. Vencidos os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes (Relator), Jorge Celso Freire da Silva, Antônio Lisboa Cardoso (Suplente Convocado) c Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão.
(Assinado digitalmente)
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Valmar Fonsêca de Menezes - Relator
(Assinado digitalmente)
Marcos Aurélio Pereira Valadão - Redator Designado
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO (Suplente Convocado), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARA0,10, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado) e OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento). Ausente, Justificadamente, a Conselheira KAREM JUREIDINI DIAS.
Nome do relator: Relator
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Exercício: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 EMENTA: ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE. MANDADO JUDICIAL DE BUSCA E APREENSÃO. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. A apreciação de argüições de ilegalidade de mandado judicial extrapola a esfera de competência do juízo administrativo, ante a supremacia das decisões judiciais sobre as decisões proferidas em processo administrativo. LICITUDE DE PROVAS. São lícitas as provas obridas por meio de ação fiscal sob o manto de ordem judicial. A auditoria efetuada após a apreensão de efeitos fiscias, lacrados à época da apreensão, independe da presença do contribuinte autuado quando da sua deslacração para efeito de se proceder à auditoria fiscal, não ficando essas provas inquinadas de ilegalidade, mormente quando aprendidas anteriomente pela Polícia Federal sob ordem judicial. LICITUDE DA AUDITORIA. A realização da auditoria tributária a partir de efeitos fiscais sem a presença do Contribuinte não a inquina de nulidade. Não há que se alegar insegurança jurídica da prova produzida pela fiscalização consubstanciada em planilhas de computador, quando elaboradas a partir de dados obtidos em documentação do próprio contribuinte, cabendo ao contribuinte contrapor seus cálculos aos levantados pelo Fisco Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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MANDADO JUDICIAL DE BUSCA E APREENSÃO. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. A apreciação de argüições de ilegalidade de mandado judicial extrapola a esfera de competência do juízo administrativo, ante a supremacia das decisões judiciais sobre as decisões proferidas em processo administrativo. LICITUDE DE PROVAS. São lícitas as provas obridas por meio de ação fiscal sob o manto de ordem judicial. A auditoria efetuada após a apreensão de efeitos fiscias, lacrados à época da apreensão, independe da presença do contribuinte autuado quando da sua deslacração para efeito de se proceder à auditoria fiscal, não ficando essas provas inquinadas de ilegalidade, mormente quando aprendidas anteriomente pela Polícia Federal sob ordem judicial. LICITUDE DA AUDITORIA. A realização da auditoria tributária a partir de efeitos fiscais sem a presença do Contribuinte não a inquina de nulidade. Não há que se alegar insegurança jurídica da prova produzida pela fiscalização consubstanciada em planilhas de computador, quando elaboradas a partir de dados obtidos em documentação do próprio contribuinte, cabendo ao contribuinte contrapor seus cálculos aos levantados pelo Fisco Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, recurso do Contribuinte negado. Vencidos os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes (Relator), Jorge AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 19 89 /2 00 4- 17Fl. 1437DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 2 Celso Freire da Silva, Antônio Lisboa Cardoso (Suplente Convocado) c Paulo Roberto Cortez (Suplente Convocado). Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão. (Assinado digitalmente) Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Valmar Fonsêca de Menezes Relator (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO, VALMIR SANDRI, VALMAR FONSECA DE MENEZES, ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO (Suplente Convocado), JORGE CELSO FREIRE DA SILVA, ANTONIO LISBOA CARDOSO (Suplente Convocado), RAFAEL VIDAL DE ARA0,10, JOÃO CARLOS DE LIMA JUNIOR, PAULO ROBERTO CORTEZ (Suplente Convocado) e OTACÍLIO DANTAS CARTAXO (Presidente à época do julgamento). Ausente, Justificadamente, a Conselheira KAREM JUREIDINI DIAS. Relatório Adoto, por oportuno e conveniente, o relatório da decisão recorrida, o qual transcrevo, a seguir, em excertos: “A empresa CÍRIO ADMINISTRADORA DE VALORES LTDA, inscrita no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas sob n° 91.611.046/000100, inconformada com a decisão de 1° grau proferida pelo Delegado da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis(SC), apresenta recurso voluntário a este Primeiro Conselho de Contribuintes objetivando a sua reforma. A exigência inicialmente formulada nestes autos referese a seguintes tributos e contribuições: (...) Este crédito tributário diz respeito aos anoscalendário de 1999 a 2002 mediante tributação do lucro real e ao anocalendário de 2003 quando a tributação deuse com base no lucro arbitrado tendo em vista que o sujeito passivo havia optado pela tributação nesta modalidade na sua DIPJ. O lucro real e o lucro liquido para a incidência de IRPJ e CSLL, correspondem as receitas consideradas omitidas e contidas nos arquivos magnéticos apreendidos pela Polícia Federal e denominados "LUCPRE99.XLS", "LUCPRE00.XL ", "LUCPRE01.XLS" e "LUCPRE2002.XLS", nos anoscalendário de 1999 a 2002 fora as seguintes: (...) Fl. 1438DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 3 Este lançamento relativo aos anoscalendário de 1999 a 2002, foi julgado improcedente em decisão de 1° grau tendo em vista que o sujeito passivo não apresentou a escrituração contábil mesmo depois de intimado por inúmeras vezes, sob a alegação de que não possuía a referida escrituração. No anocalendário de 2003, a fiscalização adotou as seguintes receitas brutas, constantes de arquivos magnéticos apreendidos pela Policia Federal e denominados "DEMO T1T OPERADOS.XLS", para fins de arbitramento de lucro e, também, outras receitas para encontrar as bases de cálculo trimestrais: (...) Esta exigência foi mantida na decisão de 1° grau. A manutenção do lançamento deuse em virtude de o sujeito passivo ter optado pela tributação com base no lucro arbitrado por falta de escrituração contábil. As bases de cálculo das contribuições para a COFINS e para o PIS/FATURAMENTO foram obtidas pela fiscalização através das planilhas de cálculo contidas em arquivos de microcomputador e arquivos auxiliares apreendidos pelos agentes da Polícia Federal com os seguintes títulos: DEMO TIT OPERADOS.XLS, LUCPRE99.XLS, LUCPRE00.XLS, LUCPRE01.XLS, LUCPRE02.XLS, DFAREG.XLS e DFACTR.XLS : (...) Na decisão de 1° grau, de fls. 636 a 704, as diversas preliminares suscitadas foram rejeitadas e, no mérito, o lançamento foi julgado parcialmente procedente com o cancelamento da exigência de IRPJ e CSLL, dos anoscalendário de 1999 a 2002. A decisão recorrida, após judiciosas considerações, adotou como fundamento de sua convicção, relativamente a IRPJ e CSLL, as seguintes assertivas (fls. 703 e 704): "Conforme apreciação feita em relação ao lançamento de IRPJ, essa exigência não restou procedente em relação aos anos calendário de 1999 a 2002, em função especificamente do regime de tributação que foi adotado, mas sem que fosse evidenciada mácula no levantamento fiscal de receitas omitidas. O lançamento de CSLL referente a estes mesmos períodos também não subsiste em razão da utilização do mesmo regime de tributação equivocado. Para essas duas exações, foram mentidas apenas as parcelas pertinentes ao anocalendário de 2003, em que houve o arbitramento do lucro." Como se vê, a decisão recorrida confirmou a existência de omissão de receita e, por este motivo os lançamentos correspondentes à COFINS e ao PIS/FATURAMENTO que incidem sobre as receitas brutas foram mantidos, mas cancelou os lançamentos relativos ao IRPJ e CSLL por constatar que a fiscalização adotou forma de tributação incompatível com as irregularidades apuradas (fls. 704). Fl. 1439DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 4 A ementa da decisão recorrida esta assim redigida: «Assunto: Processo Administrativo Fiscal LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. MATÉRIA PROCEDIMENTAL. RETROATIVIDADE. Aplicase ao lançamento à legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA. REQUISIÇÃO ÀS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. HIPÓTESE. As informações referentes à movimentação bancária do contribuinte, podem ser obtidas peio fisco junto às instituições financeiras, no âmbito de procedimento de fiscalização em curso, quando ocorrer embaraço à fiscalização, caracterizado pela negativa não justificada de exibição de livros e documentos em que se assente a escrituração das atividades do sujeito passivo, bem como pelo não fornecimento de informações sobre bens, movimentação financeira, negócio ou atividade, próprios OU de terceiros, quando intimado, e demais hipóteses que autorizam a requisição do auxilio da força pública, nos termos do art. 200 da Lei n°5.172, de 25 de outubro de 1966. ARGÜIÇÃO DE NULIDADE. REQUISIÇÃO DE INFORMAÇÕES SOBRE MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (RMF). AUSÊNCIA DO RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO. Verificandose nos autos que a RMF foi emitida nas situações previstas na legislação e foi expedida por agente competente, não há que se falar em nulidade do procedimento ainda que não conste um relatório circunstanciando a hipótese de indispensabilidade da RMF. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE E INCONSTITUCIONALIDADE. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no Pais, sendo incompetentes para a apreciação de argüições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. ARGÜIÇÃO DE ILEGALIDADE. MANDADO JUDICIAL DE BUSCA E APREENSÃO. INCOMPETÊNCIA DAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS PARA APRECIAÇÃO, A apreciação de argüições de ilegalidade de mandado judicial extrapola a esfera de competência do juízo administrativo, ante a supremacia das decisões judiciais sobre as decisões proferidas em processo administrativo. ARGÜIÇÃO DE ILICITUDE DAS PROVAS. MANDADO JUDICIAL. LEGITIMIDADE DO LANÇAMENTO. É legitimo o lançamento decorrente de procedimento de fiscalização em que são utilizadas provas obtidas a partir de execução de Mandado de Busca e Apreensão, expedido por autoridade judicial. AÇÃO FISCAL. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. DESCARACTERIZAÇÃO. Além de a ação fiscal estar predominantemente submetida ao princípio inquisitório, ainda mais descaracterizado fica o cerceamento do direito de defesa Fl. 1440DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 5 nos procedimentos ex officio, quando resta demonstrado que os levantamentos fiscais limitaramse aos arquivos do próprio contribuinte. MATÉRIA DE FATO. COMPROVAÇÃO MATERIAL. CARACTERIZAÇÃO. A comprovação material é passível de ser produzida não apenas a partir de uma prova única, concludente por si só, mas também como resultado de um conjunto de indícios que, se isoladamente nada atestam, agrupados tem o condão de estabelecer a inequivocidade de uma dada situação de fato. Nestes casos, a comprovação é deduzida como conseqüência lógica destes vários elementos de prova, não se confundindo com as hipóteses de presunção. RECEITA OMITIDA. CARACTERIZAÇÃO. Provado nos autos que os arquivos magnéticos apreendidos registram receitas efetivamente auferidas pela pessoa jurídica, em montante superior aos valores declarados espontaneamente, resta configurada a existência de receita subtraída ao crivo da tributação. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. CSLL, PIS E COFINS. Sempre que o fato se enquadrar ao mesmo tempo na hipótese de incidência de mais de um tributo ou contribuição, as conclusões quanto a ele aplicarseão igualmente no julgamento de todas as exações. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica — IRPJ ARBITRAMENTO DE LUCROS. INEXISTÊNCIA OU NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTO CONTÁBIL E FISCAL.CABIMENTO. A inexistência ou a não apresentação de livros e documentos contábeis e fiscais impõe o arbitramento do lucro da pessoa jurídica. RECEITA BRUTA. CONCEITO. A receita bruta como definida pelo art. 279 do RIR/99, denota conceito de ingressos de numerários de forma permanente (produto das vendas/prestação de serviços), inaplicandose, em sua composição, as demais ree4as transitórias ou incertas. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário MULTA DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO POR FRAUDE. APLICABILIDADE. É aplicável a multa de oficio agravada de 150%, naqueles casos em que, no procedimento de ofício, constatado resta que à conduta do contribuinte esteve associado o evidente intuito de fraude. MULTA DE OFÍCIO. AGRAVAMENTO. APLICABILIDADE. Acarreta o agravamento da multa de ofício a falta de apresentação dos arquivos ou sistemas previstos no art 265 do RIR/99, ou da documentação técnica de que trata o art. 267 do RIR/99. PRAZO DECADENCIAL. O direito de a Fazenda Pública apurar e constituir seus créditos relativos ao PIS e à COFINS extinguese após dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o crédito poderia ter sido constituído. Fl. 1441DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 6 Lançamento Procedente em Parte.' O Presidente da 3° Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal em Florianópolis(SC) interpôs recurso de oficio relativamente ao lançamento julgado improcedente, ou seja, a tributação de IRPJ e CSLL na forma de lucro real e lucro liquido nos anosbase de 1999, 2000, 2001 e 2002. (...) O recurso voluntário, de fls. 747 a 851, que apresenta mb provavelmente relativo ao protocolo datado de 03 de outubro de 2005, minuciosamente as ruas razões de inconformidade com a decisão recorrida. (...) Entre outras considerações, a recorrente levanta inúmeras preliminares que podem ser sintetizadas nos seguintes tópicos: a) nulidade do lançamento em virtude de irregularidade no MPF — Mandado de Procedimento Fiscal (ausência de autorização específica para lançamento da COFINS e do PIS/FATURAMENTO, falta de fundamentação e relatório circunstanciado para sua emissão) e pelo fato de ter se embasado em provas obtidas ilicitamente pela fiscalização (quebra de sigilo bancário sem autorização da autoridade judicial, busca e apreensão realizada pelas autoridades policiais no Estado do Rio Grande do Sul e sem embasamento em autoridade judiciária competente que possua jurisdição no local de diligências; falta de lacres nos documentos fiscais apreendidos; rompimento de lacres efetuados e manuseio dos materiais apreendidos, inclusive a degravação dos meios eletrônicos sem a presença de representante legal da empresa e realização de perícia em desacordo com os dispositivos do Código de Processo Penal) e, ainda, a decadência do direito de constituir crédito tributário relativo à COFINS e ao PIS/FATURAMENTO, do período de janeiro a outubro de 1999, com apoio no artigo 150, § 4°, do CTN; b) nulidade da decisão recorrida em razão da incompetência das autoridades julgadoras em inovar os fundamentos legais e aperfeiçoamento do lançamento quando: (a) transcreve todos os incisos do artigo 3° do Decreto n° 3.724, destacando o inciso VII, por remeterás hipóteses previstas no art. 33 da Lei n° 9.430/96, bem como quando (b) cita e transcreve este artigo 33, da Lei n° 9.430/96 e ao descrever e enquadrar a situação fática do embaraço aos novos dispositivos legais citados na decisão, na tentativa de suprir a omissão na constituição do crédito tributário; e, (c) na tentativa de demonstrar a legitimidade do lançamento da multa agravada, a qual foi fundamentada pelos lançadores no artigo 267, do RIR/99, a decisão inova ao trazer ao processo o artigo 265, do mesmo RIR199 e justifica a utilização deste dispositivo em virtude de capitular um dos motivos que autorizam o agravamento previsto no artigo 959 do RIR199 e, mais, a inovação continua quando a decisão cita o artigo 11 da Lei n° 8.218/91, com a redação dada pelo MP n° 2.15835/01, por ser a base legal do prtio 265, do RIR/99, bem como em função de obrigar todas as pessoas jurídicas que u iz m sistemas de processamento de dados a disponibilizarem os arquivos magnéticos à fiscalização. No mérito, a recorrente manifesta inconformidade quanto à manutenção dos lançamentos relativos a contribuições para a COFINS e para o PIS/FATURAMENTO, por entender que os lançamentos reflexivos devem acompanhar ao que foi decidido no lançamento principal e correspondente a IRPJ e acrescenta os seguintes argumentos: a) cancelamento da exigência relativa às receitas a título de reembolso de tarifas bancárias posto que o adiantamento de despesas de terceiros não configura receita e consequentemente Fl. 1442DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 7 não é fato gerador da COFINS e do PIS/FATURAMENTO ou do IRPJ e da CSLL no caso de lucro arbitrado; b) cancelamento da exigência sobre juros dobrados sobre os títulos cujos pagamentos ocorreram após os respectivos vencimentos, sob o fundamento de que o demonstrativo apresentado pela fiscalização (Anexo 07) não permite a verificação das afirmações e a conferência dos valores, ora tributados, em virtude da ausência do termo inicial dos juros a que se refere o quadro 11 fl. 28 do Termo de Verificação e a ausência de menção dos juros sobre os quais os "val. Juros" (coluna 09, do anexo 07) foram calculados (item 1.1') e, alternativamente a inclusão destes juros cobrados como receitas operacionais, que redundaria na necessidade de aplicação de percentual do lucro arbitrado para fins de apuração do lucro do exercício, afastando a inclusão dos valores diretamente como lucro (na base de cálculo) período (item 'i.2'); c) quanto a parcela considerada omitida a título de 'outras receitas financeiras', no ano calendário de 2003, descrita no quadro 10 (fl.. 27, do Termo de Verificação) e no item 002 do Auto de Infração, requer o cancelamento da exigência posto que não restou demonstrado a que se referem tais valores, visto que não são decorrentes de 'juros cobrados sobre os títulos cujos pagamentos ocorreram após os respectivos vencimentos' (tributados em item próprio) e não se refere às aplicações bancárias, uma vez que as informações apresentadas pela contribuinte conferem com das instituições financeiras (fls. 217 e 218), não havendo qualquer discrepância, c to pelas presunções da fiscalização não comprovadas (item 'j'); d) afastamento da multa agravada com base no artigo 267 e 959 do RIR/99, em virtude da impossibilidade de verificarse qual foi exatamente o inciso do artigo 959 que motivou o referido agravamento e, ainda, pelo fato de o lançamento ter sido baseado unicamente em documentos eletrônicos ou outros meios colocados à disposição da fiscalização e, também, em face ao pronto e preciso atendimento pelo sujeito passivo às intimações expedidas pela fiscalização que demonstra a inocorrência da recusa na apresentação dos livros contábeis, mas sim impossibilidade de atendimento pela inexistência da documentação solicitada; e, alternativamente, o afastamento do agravamento da multa sobre períodos posteriores a agosto de 2003, uma vez que não é possível a aplicação da multa agravada sobre períodos não abrangidos pela MPF quando das referidas intimações (item m'.4.1); e) ao final, solicita seja afastada a aplicação dos juros pela taxa SELIC. Ainda, consta do relatório de encerramento da fiscalização (fls. 272 a menção a irregularidades relativas ao 10F e que elas constituem o processo n° 11516.002281/2004,83, que não serão tratadas no presente voto. Assim se apresenta o processo para julgamento. É o relatório.” A Câmara a quo proferiu julgamento,nos termos a seguir ementados: “RECURSO DE OFÍCIO IRPJ CSLL TRIBUTAÇÃO COM BASE NO LUCRO REAL Se a fiscalizada afirma não possuir a escrituração contábil, não há como sustentar a tributação com base no lucro real, ainda que tenha apresentado a DIPJ naquela modalidade de apuração de resultados. Recurso de oficio conhecido e improvido. Fl. 1443DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 8 RECURSO VOLUNTÁRIO PRELIMINAR MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL NULIDADE DO LANÇAMENTO – Eventuais irregularidades constatadas na emissão de MPF, sua prorrogação ou sua execução não acarretam a nulidade do lançamento posto que o auditor fiscal da receita federal tenha competência legal para formalizar a exigência de crédito tributário. Os lançamentos reflexivos com base nos mesmos elementos de prova estão incluídos no procedimento de fiscalização independentemente de menção expressa no MPF (Art. 9° da Portaria SRF n°1.265/99). PRELIMINAR NULIDADE DO LANÇAMENTO – DOCUMENTÁRIO FISCAL E ARQUIVOS MAGNÉTICOS O documentário fiscal e arquivos magnéticos encaminhados pelo Departamento de Polícia Federal constitui prova lícita para a formalização da exigência de créditos tributários. Não cabe a autoridade julgadora administrativa julgar a legalidade ou não dos mandados expedidos pela autoridade judicial para a ação dos policiais federais. IRPJ CSLL ARBITRAMENTO DE LUCRO Quando o sujeito passivo apresentou a DIPJ tributando os resultados apurados na modalidade de lucro arbitrado e diante da confissão expressa de que não tem escrituração contábil, é cabível o lançamento de oficio com base no lucro arbitrado. IRPJ CSLL ARBITRAMENTO DE LUCRO RECEITA BRUTA CONHECIDA lnexistindo escrituração contábil, considerase receita bruta conhecida, os resultados apurados nas operações de 'factoring' registrados nos arquivos magnéticos, como livros auxiliares. IRPJ CSLL ARBITRAMENTO DE LUCRO RECEITA DE JUROS E DE APLICAÇÕES FINANCEIRAS As receitas líquidas de aplicações financeiras e de juros, por força do disposto no artigo 536, do RIR/99, devem ser adicionadas ao lucro arbitrado para constituir a base de cálculo de IRPJ e CSLL. COFINS PIS/FATURAMENTO LANÇAMENTO BASE DE CÁLCULO ART. 30, § 1°, DA LEI N°9.718, DE 1998 INCONSTITUCIONALIDADE DECRETADA PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DECRETO N° 2.346, DE 10/10/1997 Face ao decidido pelo Tribunal Pleno Supremo Tribunal Federal decretando a inconstitucionalidade do artigo 3°, § 1 0 da Lei n° 9.718, de 1998, não pode subsistir o lançamento da COFINS e do PIS/FATURAMENTO incidente sobre receitas financeiras. MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO MULTA QUALIFICADA – No lançamento de ofício, quando o contribuinte além de sonegar informações para a fiscalização utiliza de meios para dificultar o conhecimento da autoridade tributária da ocorrência dos fatos geradores, justificam a aplicação da multa de 225%. "NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO DECADÊNCIA — CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS: Mantida a multa qualificada o início da contagem do prazo decadencial deslocase do fato gerador (art. 150 § 4° do CTN) para o Fl. 1444DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 9 primeiro dia do exercício seguinte àquele no qual o lançamento poderia ter sido realizado (art. 173Ido CTN). JUROS DE MORA TAXA SELIC A cobrança de juros moratórios sobre débitos de tributos e contribuições pela taxa Selic está consoante com a legislação tributária vigente e consagrada pela jurisprudência administrativa. Recurso voluntário conhecido e parcialmente provido.” A contribuinte, inconformada, interpõe recurso especial, que, por despacho da presidência da Câmara, não foi admitido. No entanto, por determinação judicial, conforme consta nos autos, o recurso deverá ser submetido a esta Corte. Assim se pronunciou, em sua parte dispositiva, o Judiciário: “(...) Assim, tendo em vista a relação de dependência ao Mandado de Segurança já sentenciado neste Juizo de n°21947 47.2011.4.01.3400 e demonstrado que havia julgamentos divergentes no que se refere à realização de perícia sem a presença ou o conhecimento da Contribuinte bem como a insegurança jurídica da prova consubstanciada em planilhas de computador, foi arbitrária a decisão que não recebeu o Recurso Especial, pelo que assiste razão ao impetrante. DISPOSITIVO Face ao exposto, concedo a segurança determinar o recebimento e processamento do Recurso Especial interposto pela Impetrante no Processo n° 11516.001989/200417 para que sejam analisados os pontos de divergência pela Câmara Superior de Recursos Fiscais. (...)” A Procuradoria da Fazenda Nacional, por seu turno, interpôs também recurso especial, admitido pelo despacho, nos autos. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro Valmar Fonseca de Menezes, Relator Do recurso interposto pelo sujeito passivo: Por determinação judicial, o recurso do contribuinte deve ser conhecido em relação aos seguintes aspectos: Fl. 1445DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 10 A realização de perícia sem a presença ou o conhecimento da Contribuinte; insegurança jurídica da prova consubstanciada em planilhas de computador. Pois bem, sobre estes pontos, assim discorreu o contribuinte, em seu recurso especial: “(...) 5. Os pontos de divergência são: (...)(c) da ilicitude da prova; c.1) da competência do órgão administrativo para análise da legitimidade e licitude da prova sob o enfoque da legislação processual e da Constituição Federal; c.2) da inexistência de prévia autorização judicial para a análise dos meios eletrônicos pela fiscalização; c.3) da ausência de lacre nos materiais apreendidos; c.4) da realização de perícia sem a presença ou o conhecimento do Contribuinte; c.5) da insegurança juridica da prova consubstanciada em planilhas de computador; (...) 16. Debateuse inicialmente a competência do órgão administrativo para a análise da legitimidade da prova. 0 douto Conselheiro Relator, na mesma esteira da decisão de Primeira Instância, determinou a impossibilidade de a autoridade julgadora administrativa analisar a legalidade dos mandados judiciais, especialmente o item que trata da inexistência de autorização judicial para a realização de busca e apreensão no estado do Rio Grande do Sul. 0 acórdão diverge de decisões proferidas pela l a Camara do 3° Conselho, em que a licitude das provas foi analisada no sentido de que as provas obtidas em violação às leis processuais e á Constituição Federal carecem de legitimidade e são imprestáveis ao processo administrativo (Doc 03). 17. A divergência evidenciase na análise da legalidade da prova sob o enfoque do atendimento As leis processuais e à Constituição Federal pelos acórdãos paradigmas, enquanto o acórdão recorrido recusou se a verificar a legitimidade da busca e apreensão, ausência de lacre e irregularidade da períciados meios eletrônicos sob a luz da legislação processual. Recebido o presente Recurso, requerse desde já seja analisado por esta egrégia Câmara o argumento referente à ausência de regular mandado de busca e apreensão para os escritórios localizados no Rio Grande do Sul abordado no item "c.1" abaixo. c.2) Da inexistência de prévia autorização judicial para a análise dos meios eletrônicos pela fiscalização: Fl. 1446DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 11 19. Os Srs. Auditores Fiscais da Receita Federal tiveram acesso aos HDs e CDROMs apreendidos nos escritórios da empresa a partir de 28 de maio de 2004 (fls. 162, 164, 165, 186), os quais "periciaram" pessoalmente. Considerando que o mandado de busca e apreensão possuía validade de 30 dias,e foi emitido em março de 2008, tornouse indispensável manifestação judicialprévia expressamente autorizando a quebra do sigilo pela Receita Federal. A comprovação da necessidade da ordem judicial materializa se no despacho autorizando a utilização dos dados, que ocorreu em 15 de outubro de 2004, exarado em momento posterior ao manuseio e degravação dos meios eletrônicos pela fiscalização. 20. Amplamente demonstrado que a deqravação dos meios eletrônicos, ato que originou as planilhas que embasam o lançamento, ocorreu sem expressa autorização judicial, ou em momento anterior ao despacho que autorizou a utilização dos dados eletrônicos, fica caracterizada a divergência jurisprudencial apontada acima. c.3) Da ausência de lacre nos materiais apreendidos: 21. Da descrição contida nos "Autos de Apreensão" realizados nos escritórios da Círio Administradora de Valores (fls. 138 à 159), notase claramente que em várias arrecadações os agentes policiais deixaram de efetuar o lacre dos materiais apreendidos, em violação ao artigo 916 do RIR 9 , 245 do CPP 19 e aos princípios constitucionais que regem a produção da prova. Note se que as planilhas que fundamentam o lançamento foram produzidas pela fiscalização através da análise dos referidos materiais. 22. A ausência das cautelas necessárias na apreensão, impedem utilização dos meios eletrônicos como prova. Isto porque, torna se impossível afirmar com total segurança que seu conteúdo não sofreu alteração. Tratandose de meio eletrônico em que é possível a adulteração do conteúdo, a ausência de lacre traz insegurança irreparável quanto a origem e conteúdo dos dados degravados e utilizados para a constituição do crédito tributário. Os materiais apreendidos que não foram devidamente lacrados no momento da arrecadação, e o conteúdo deles extraído, não podem ser considerados meios de prova hábeis a sustentar o auto de infração pela insegurança jurídica das informações obtidas. c.4) Da realização de perícia sem a presença ou o conhecimento do Contribuinte: 26. A imprestabilidade da prova utilizada para o lançamento decorre ainda da ausência de qualquer representante da Contribuinte no momento da deqravacão e manuseio dos meios eletrônicos apreendidos, dos quais foram supostamente extraídas as planilhas que fundamentam o lançamento, tudo ao arrepio do a rtigo 916 do RIR/99 12 e artiqo 18, 1° do Decreto n° 70.235/7213 . A seleção do conteúdo que interessa ã fiscalização deveria ser acompanhada pelo contribuinte, nos termos dos artigos 159, 160 e 176 do CPP14, Fl. 1447DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 12 c.5) Da insegurança jurídica da prova consubstanciada em • planilhas de computador: 28. Conforme já narrado, o lançamento objeto da presente discussão administrativa encontrase embasado exclusivamente em planilhas de computador, supostamente extraídas dos meios eletrônicos apreendidos junto ao Contribuinte e manuseadas livremente pela fiscalização, sem a presença do contribuinte, sem o necessário cotejo com outros elementos hábeis A apuração dos valores levantados e cuja apreensão não observou requisitos de seguranca mínimos como o lacre dos materiais. 29. Para fins de perfectibilização do lançamento, atividade estritamente vinculada, nos termos do artigo 142 do CTN16 , a administração deverá utilizarse de provas seguras, produzidas com documentos reconhecidos legalmente e hábeis a demonstrar de forma irrefutável a ocorrência do fato gerador, em atendimento ao disposto no artigo 112 do CTN17 . (...)” Ora, verifico, preliminarmente, que a contribuinte aponta, em sua peça recursal, três fatos de fundamental importância para o deslinde da questão, quais sejam: a) a fiscalização se utilizou do material apreendido por um vasto período, antes da autorização judicial para tal, o que resta comprovadamente explícito nos autos (leiase a decisão recorrida, o relatório fiscal e a própria decisão da DRJ); b) houve falha procedimental na apreensão dos documentos e elementos de arquivo magnético, com relação â sua lacração; c) também ocorreu que os documentos e elementos magnéticos foram periciados sem a presença da contribuinte. Estes três fatos estão fartamente comprovados nos autos (entre várias, vejam se as fls. 185, 187, 193 e 256). A ação Fiscal se iniciou em 09/12/2003, terminou quase um ano depois, em 22/10/2004, sete dias depois do Ofício do Judiciário ter sido entregue ao DRF, autorizando a utilização dos documentos e demais elementos para a constituição do crédito tributário). Verificase, apenas, que nenhuma das autoridades julgadoras que apreciaram a lide os enfrentou. Passaram ao largo da questão, o que, pelo disposto no artigo 59 do Decreto 70.235/72, se constitui em hipótese de cerceamento do direito de defesa da recorrente, e, portanto, em ocorrência em nulidade dos atos decisório proferidos. Ou seja, a meu ver, são nulos os acórdãos da lavra da Delegacia de Julgamento e da Câmara baixa. Ambos compactuaram com a cristalina arbitrariedade cometida pela Receita Federal, que, em troca de inúmeros ofícios e num vaievem de caixas e discos rígidos – lacrados e não lacrados , achou por bem, ainda e depois de tudo, que planilhas extraídas de computador – e periciadas sem a presença do maior interessado nesta análise, ou seja, o contribuinte – seriam suficientes para comprovar a ocorrência do fato gerador dos tributos em questão. Imaginem, senhores conselheiros, que alguém um dia apreenda um destes notebooks, não proceda a nenhuma lacração, depois o viole sem a presença de seu proprietário, emita vários relatórios e planilhas, e depois, somente depois, lhe envie – por AR – um belo auto de Fl. 1448DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 13 infração, com tributo, multa qualificada de 150% e, como cortesia, uma representação fiscal para fins penais. E, além do mais, senhores conselheiros, que tudo isso ocorra à revelia do Poder Judiciário, como foi o caso em tela. Senão, vejamos. Pela descrição dos fatos – amparados pelo relatório fiscal e pelos documentos nos autos – somente sete dias antes da lavratura do auto de infração, foi que a DRF de origem recebeu a autorização judicial para utilizar os referidos elementos para a constituição do lançamento. Ou seja, durante vários meses o Fisco extrapolou o que estava determinado no mandado de busca e apreensão, para, somente no final, solicitar do Poder Judiciário, através do Ministério Público, autorização para tal. No entendimento do Fisco, a constituição do crédito tributário se resume somente no apertar de teclas do computador e na emissão das laudas que correspondem ao auto de infração. Toda a análise dos documentos, extração de dados, emissão de planilhas, não fazem parte da constituição do crédito. Por isso, basta a autorização judicial antes da impressão final dos papéis. Aí,sim, é que ocorre a constituição do crédito. Pela primeira vez, em um julgamento de processo, vou decidir a questão concordando com o Fisco e , ao mesmo tempo, com o contribuinte, e, seguindo o entendimento do Fisco, dar razão ao sujeito passivo. Concordo com o Fisco que a autorização para utilizar os arquivos e documentos para o lançamento era necessária, no presente caso. Assim o digo, porque o Fisco assim o entende, pois assim o solicitou, conforme documentos, nos autos. Embora que isto tenha ocorrido vários meses após a auditoria nos documentos e equipamentos do contribuinte. Por outro lado, concordo com o contribuinte, quando diz que teve o direito violado, ilegalmente, por não ter presenciado a perícia feita em seus computadores, por ter tido o seu sigilo violado pela Receita Federal sem autorização judicial e por ter sido autuado com base em planilhas extraídas de equipamentos eletrônicos que não foram previamente lacrados, na sua apreensão. Para um tamanho absurdo e um tamanho descaso das autoridades, inclusive das que se debruçaram sobre os fatos para apreciar os inúmeros apelos da recorrente, a decisão tem que ser curta, grossa e eficaz: Com base no parágrafo único do artigo 59 do Decreto 70.235/72, anulo o processo a partir do lançamento. Resta prejudicada a análise dos recursos de ofício e especial, da Fazenda Nacional, por óbvio. É como voto. (Assinado digitalmente) Valmar Fonseca de Menezes Fl. 1449DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 14 Voto Vencedor Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado Ouso discordar do i. Relator, pelos motivos que adiante exponho. Primeiramente há que se colocar a questão da não aceitação de provas obtidas por meios ilícitos (art. 5º LVI da Constituição) no sentido de que não se trata de princípio absoluto, até porque não existem princípios absolutos. A esse respeito vejase o que diz abalizada doutrina: Assim, temse defendido um entendimento intermediário, no sentido de caber ao julgador, em conformidade com os princípios da verdade material, da livre convicção motivada e, principalmente, do já estudado princípio da proporcionalidade, determinar se a prova produzida ilicitamente deve ser considerada no deslinde da questão. A opção por uma das teorias brevemente expostas acima paira na dicotomia entre os dois valores fundamentais do ordenamento jurídico, quais sejam, a segurança jurídica e a justiça. Com efeito, o princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas representa uma prevalência da segurança sobre a justiça, na medida em que estabelece um regra imutável, a que todos encontram subordinados, no que tange à produção de provas. A seu turno, a opção pela relativização da inadmissibilidade das provas ilícitas representa a prevalência da justiça sobre a segurança formal, uma vez que, em certas situações, seria mesmo aviltante para todo o ordenamento que o julgador devesse proferir decisão que soubesse contrária aos fatos demonstrados no processo. Nesse contexto, aspecto que deveria ser considerado pela autoridade julgadora para fins de aceitar ou rejeitar prova produzida ilicitamente seria a impossibilidade de se demonstrar a ocorrência do fato probando de outra maneira. Podeseia argumentar que no âmbito do processo administrativo não deveria cogitar da competência do julgador para aceitar e, via de consequência, decidir, em conformidade com prova produzida ilicitamente. Esse posicionamento não nos parece correto. De fato, como visto, sendo a autoridade administrativa julgadora imparcial e desinteressada em relação à decisão a ser proferida no processo, e levando consideração todos os princípios que regem o processo administrativo, não se pode negar à mesma a atribuição de verificar a razoabilidade de se aceitar ou não prova ilicitamente produzida como fundamento de Fl. 1450DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 15 sua decisão. (Fonte ROCHA, Sérgio André. Processo adminsitrativo fiscal: controle administrativo do lançamento tributário. 4 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010, p. 192193, itálicos no original, notas de rodapé com a remissão das fontes com as diversas posições foram omitidas).) Porém, é preciso que isto seja bem esclarecido, não me parece que neste processo tenha havido utilização de provas ilícitas, pois entendo que todas as provas foram obtidas legalmente (inclusive sob a cobertura de ordem judicial, e entendo que após a retirada de provas do recinto do contribuinte, a sua abertura (dos volumes e efeitos fiscais anteriormente lacrados), sem a presença do contribuinte não inquina essas provas de ilegalidade. Assim, a meu ver todas as provas do processo foram obtidas e utilizadas de forma legal, fiz o alerta anterior spobre o princípio constitucional apenas para demonstrar que os conflitos entre o princípio do interesse público e os princípios de proteção do cidadão contribuinte devem sopesados caso a caso. Os atos administrativos contém a presunção de legalidade. Não se pode afastar a presunção da legalidade dos atos praticados pela autoridade administrativa sem uma contraprova, e no caso não foi apresentado prova que possa depor deponha contra a lisura dos levantamentos efetuados e que resultaram nos lançamentos tributários em discussão, com base nos documentos e efeitos fiscais do póprio contribuinte. Caberia ao contribuinte provar o contrário. Não se pode aceitar a alegação de que o Fisco poderia ter manipulado os dados do contribuinte simplesmente porque não houve a presença do contribuinte quando da deslacração dos efeitos fiscais para que se pudesse conduzir a auditoria fiscal. Ao contrário do que sustenta o recorrente não se aplica ao caso o art. 245 do CPP. Sob o aspecto tributário, a guarida legal reside no art. o art. 145, § 1º, parte final da Constituição (observando que a documentação foi apreendia sob ordem judicial, preservados e, portanto, foram preservados os direitos do contribuinte), e não se trata de apreensão feita em domicílio de pessoa física (a que se refere o art. 245 do CPP, que trata de "buscas domiciliares"), mas na sede da empresa. Ademais, conforme o art. 197 do CTN impõe a entrega de efeitos fiscais quando solicitados. Não se pode falar que a apreensão foi feita sem ordem judicial, tudo o que consta dos autos (especialmente às fls. 138 a 159) informa que havia um inquérito em andamento e que a Policia Federal apreendeu os documentos com base em mandado judicial regularmente expedido, e depois a Fiscalização da Receita Federal teve acesso aos documentos e arquivos eletrônicos, também corroborado por autorização judicial (que teve o condão de ratificar a lisura do procedimento da Fiscalização quando teve acesso aos documentos apreendidos Polícia Federal). Por outro lado, como não foi a autoridade fiscal, que fez a apreensão a que o contribuinte pretender inquinar de ilegalidade, mas a sim a autoridade policial, em sede inquérito policial, não se aplicaria in casu, de maneira estrita, o art. 916 do RIR (mesmo assim, há considerar que o caput deste dispositivo traz a lacração dos efeitos fiscais quando da apreensão pelo Fisco como sendo uma faculdade da autoridade fiscal não como imposição). Assim, afasto as legações de não houve guarida judicial para o procedimento adotado e afasto a alegação de prova ilegal por descumprimento de preceito da legislação tributária na obtenção de provas. Também não entendo que realização da auditoria tributária a partir de efeitos fiscais sem a presença do Contribuinte não a inquina de nulidade, mesmo Fl. 1451DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 16 porque não se pode alegar que não havia conhecimento do contribuinte, pois foi ele intimado diversas vezes pela fiscalização justamente com essa finalidae. Não se aplica ao caso o art. 59 do Decreto 70.235/1972, em relação à alegação de haveria cerceamento de direito de defesa, pois basta compulsar os autos as fls inicias até as fls. 137 para verificar que a fiscalização intimou regularmente o contribuinte sem sucessso na tentativa de obtenção das informações necessárias, tendo ao final lavrado um “Termo de Embaraço e Intimação Fiscal” (de fls. 113 a 118). Reitero que não vislumbro insegurança jurídica da prova consubstanciada em planilhas de computador, isto porque elas foram elaboradas a partir de dados obtidos em documentação do próprio contribuinte, e caso houvesse erros ou omissões, caberia ao contribuinte contrapor seus cálculos aos levantados pelo Fisco. Vejase que, inclusive, a fiscalização elaborou demonstrativo da consistência dos dados utlizados (ver fls. 323e a 325e, 281283), para os períodos fisczalidos, dando suporte ao levantamento. Este é normalmente o iter de um procedimento fiscal de lançamento, tratase de procedimento inquisitório em sua faze prélançamento. A garantia da ampla defesa e contraditório está em que à vista dos cálculos do Fisco que embasaram o lançamento, o contribuinte pode contraditálos e inclusive aduzir provas ainda não analisadas pelo Fisco quando quando apresentar a impugnação. Assim, não vislumbro arbitrariedade ou cerceamento de direito de defesa no lançamento ou na decisão recorrida. Em face do exposto, e com a devida vênia aos entendimentos contrários, voto por negar provimento ao recurso do contribuinte. Resta, ainda um aspecto a esclarecer. Notese que o conhecimento do recurso especial do contribuinte deuse pela estreita via judicial do mandado de segurança, e conforme se lê da decisão judicial (fls. 1.285): “Assim, tendo em vista a relação de dependência ao Mandado de Segruqança já sentenciado neste Juízo de n. 2194747. 2011.4.01.3400 e demonstrado que havia julgamentos divergentes no que se refere à realização de perícias sem a presença ou conhecimento da Contribuinte bem como a insegurança jurídica da prova consubstanciada em planillhas de computador, foi arbitrária a decisão que não recebeu o Recurso Especial, pelo assiste razão ao impetrante." Vejase que os os dois pontos que a ordem judicial mandou que fossem resdiscutidos saõ: "realização de perícias sem a presença ou conhecimento da Contribuinte bem como a insegurança jurídica da prova consubstanciada em planillhas de computador," e ambos foram objeto de análise e deliberação na opinião apresentada acima, além de outros temas adiajcentes. Assim, este aspecto central, preliminar, informa que, se adotado o voto do relator, restaria fulminado o processo ab initio, se adotado meu posicionamento também resolve o processo no que diz respeito ao recurso especial do contribuinte; isto por que a determinação do Juiz foi para que se conhecesse do recurso especial em relação aos aspectos citados. Como a decisão é no sentido de que o recurso especial do contribuinte, no que foi determinado judicialmente seu conhecimento, foi negado o provimento, nada mais resta a analisar do recurso especial do contribuinte. Fl. 1452DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO 17 No que diz respeito ao recurso especial da Fazenda, contudo, este não foi analisado pela 1a T. da CSRF, pelo que entendo que neste aspecto cabem embargos de declaração em virtude da omissão apontada, para que a matéria seja submetida ao Colegiado, já que não foi decidido na sequência do julgamento. (Assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Redator Designado Fl. 1453DF CARF MF Impresso em 22/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 12/03/2015 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 24/03/2015 por VALMAR FONSEC A DE MENEZES, Assinado digitalmente em 21/04/2015 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 11060.000067/2007-31
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Mar 19 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Wed Jun 04 00:00:00 UTC 2014
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA
A denúncia espontânea, sem pagamento de multa de mora, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos de declaração/pagamento parcial do tributo, cuja declaração foi retificada e a diferença declarada foi paga antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência - aplicação compulsória do Resp nº. 1.149.022A, decidido pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, pelo CARF, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF - Anexo II.
Recurso Especial do Contribuinte provido.
Numero da decisão: 9101-001.891
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente Substituto.
(assinado digitalmente)
MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator.
EDITADO EM: 28/04/2014
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente-Substituto), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Plínio Rodrigues Lima e Paulo Roberto Cortez.
Nome do relator: MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 DENÚNCIA ESPONTÂNEA. MULTA DE MORA A denúncia espontânea, sem pagamento de multa de mora, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos de declaração/pagamento parcial do tributo, cuja declaração foi retificada e a diferença declarada foi paga antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência - aplicação compulsória do Resp nº. 1.149.022A, decidido pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, pelo CARF, por força do art. 62-A do Regimento Interno do CARF - Anexo II. Recurso Especial do Contribuinte provido.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES - Presidente Substituto. (assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO - Relator. EDITADO EM: 28/04/2014 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (Presidente-Substituto), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Plínio Rodrigues Lima e Paulo Roberto Cortez.
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MULTA DE MORA A denúncia espontânea, sem pagamento de multa de mora, em relação aos tributos sujeitos a lançamento por homologação, se aplica aos casos de declaração/pagamento parcial do tributo, cuja declaração foi retificada e a diferença declarada foi paga antes de iniciado qualquer procedimento administrativo fiscal visando sua exigência aplicação compulsória do Resp nº. 1.149.022A, decidido pelo STJ na sistemática dos recursos repetitivos, pelo CARF, por força do art. 62A do Regimento Interno do CARF Anexo II. Recurso Especial do Contribuinte provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) HENRIQUE PINHEIRO TORRES Presidente Substituto. (assinado digitalmente) MARCOS AURÉLIO PEREIRA VALADÃO Relator. EDITADO EM: 28/04/2014 AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 0. 00 00 67 /2 00 7- 31Fl. 303DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 05/05/2014 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Henrique Pinheiro Torres (PresidenteSubstituto), Marcos Aurélio Pereira Valadão, Valmir Sandri, Valmar Fonseca de Menezes, Marcos Vinicius Barros Ottoni, Jorge Celso Freire da Silva, João Carlos de Lima Júnior, Plínio Rodrigues Lima e Paulo Roberto Cortez. Relatório Tratase de recurso especial do contribuinte contra o Acórdão 180200.254, que manteve o lançamento de ofício constitutivo de crédito tributário decorrente da falta de pagamento de multa moratória quando da quitação de parcelas do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) pagas em atraso de forma espontânea. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Período de apuração: 01/01/2001 a 31/12/2001 DENÚNCIA ESPONTÂNEA MULTA DE MORA A obrigação pecuniária relativamente à multa de mora surge para o contribuinte pelo simples fato de não ter sido observado o prazo legal para o pagamento do tributo. Nesse caso, não é aplicável o instituto da denúncia espontânea previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional CTN. Não serve a denúncia espontânea para reverter o prejuízo da Fazenda em relação mora, pois sua configuração jurídica é definitiva, uma vez que decorre diretamente da inobservância do prazo para pagamento, e somente disso. Inconformada a recorrente, às fls. 116/142, apresenta Recurso Especial por divergência pedindo a exclusão da exigência da cobrança de multa moratória invocando a aplicação do instituto da denúncia espontânea. O recurso foi admitido pelo presidente da 2ª Câmara da 1ª SEJUL (fls. 218/220). Devidamente cientificada, a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões (fls. 222/237) ao recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Marcos Aurélio Pereira Valadão, Relator Fl. 304DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 05/05/2014 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 11060.000067/200731 Acórdão n.º 9101001.891 CSRFT1 Fl. 3 3 Entendo que a divergência restou comprovada e por isto conheço do especial. Os fatos que originam a discordância objeto do recurso especial são a aplicação ou não de multa moratória em recolhimento a destempo, seguido da apresentação da retificação da DCTF correspondente. No caso em questão, o contribuinte apresentou a DCTF, que foi declarada e paga a menor, posteriormente, reconheceu e pagou a diferença (em 30/06/2003, referente a tributos vencidos em 2001 e 2002), pagando principal e juros de mora, mas sem a multa de mora (que é objeto do lançamento e do recurso especial) e em seguida retificou as DCTFs correspondentes (06/10/2004), antes do início do procedimento fiscal (cf. A.I. de fls. 38, datado de 14/11/2006).) As razões alegadas pelo contribuinte consubstanciam jurisprudência anterior do CARF, que não era assentada. Nas contrarrazões a Procuradoria aduz o argumento de que não se trata multa punitiva, com base também em jurisprudência administrativa. Contudo, em virtude do art. 62A, do RICARFAnexo II, deve ser considerada a decisão do STJ contida ao REsp nº. 1.149.022 (decisão de 09/06/2010, publicada em 24/06/2010), de relatoria do Ministro Luiz Fux, nos termos do art. 543C do CPC (sistemática dos recursos repetitivos), que tem a seguinte ementa: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. IRPJ E CSLL. TRIBUTOS SUJEITOS A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. DECLARAÇÃO PARCIAL DE DÉBITO TRIBUTÁRIO ACOMPANHADO DO PAGAMENTO INTEGRAL. POSTERIOR RETIFICAÇÃO DA DIFERENÇA A MAIOR COM A RESPECTIVA QUITAÇÃO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. CABIMENTO. 1. A denúncia espontânea resta configurada na hipótese em que o contribuinte, após efetuar a declaração parcial do débito tributário (sujeito a lançamento por homologação) acompanhado do respectivo pagamento integral, retificaa (antes de qualquer procedimento da Administração Tributária), noticiando a existência de diferença a maior, cuja quitação se dá concomitantemente. 2. Deveras, a denúncia espontânea não resta caracterizada, com a consequente exclusão da multa moratória, nos casos de tributos sujeitos a lançamento por homologação declarados pelo contribuinte e recolhidos fora do prazo de vencimento, à vista ou parceladamente, ainda que anteriormente a qualquer procedimento do Fisco (Súmula 360/STJ) (Precedentes da Primeira Seção submetidos ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 886.462/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008; e REsp 962.379/RS, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, julgado em 22.10.2008, DJe 28.10.2008). 3. É que ‘a declaração do contribuinte elide a necessidade da constituição formal do crédito, podendo este ser imediatamente Fl. 305DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 05/05/2014 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES 4 inscrito em dívida ativa, tornandose exigível, independentemente de qualquer procedimento administrativo ou de notificação ao contribuinte’ (REsp 850.423/SP, Rel. Ministro Castro Meira, Primeira Seção, julgado em 28.11.2007, DJ 07.02.2008). 4. Destarte, quando o contribuinte procede à retificação do valor declarado a menor (integralmente recolhido), elide a necessidade de o Fisco constituir o crédito tributário atinente à parte não declarada (e quitada à época da retificação), razão pela qual aplicável o benefício previsto no artigo 138, do CTN. 5. In casu, consoante consta da decisão que admitiu o recurso especial na origem (fls. 127/138): ‘No caso dos autos, a impetrante em 1996 apurou diferenças de recolhimento do Imposto de Renda Pessoa Jurídica e Contribuição Social sobre o Lucro, anobase 1995 e prontamente recolheu esse montante devido, sendo que agora, pretende ver reconhecida a denúncia espontânea em razão do recolhimento do tributo em atraso, antes da ocorrência de qualquer procedimento fiscalizatório. Assim, não houve a declaração prévia e pagamento em atraso, mas uma verdadeira confissão de dívida e pagamento integral, de forma que resta configurada a denúncia espontânea, nos termos do disposto no artigo 138, do Código Tributário Nacional.’ 6. Consequentemente, merece reforma o acórdão regional, tendo em vista a configuração da denúncia espontânea na hipótese sub examine. 7. Outrossim, forçoso consignar que a sanção premial contida no instituto da denúncia espontânea exclui as penalidades pecuniárias, ou seja, as multas de caráter eminentemente punitivo, nas quais se incluem as multas moratórias, decorrentes da impontualidade do contribuinte. 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do artigo543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (Negritou se). Há decisões do CARF em situações idênticas ao caso sob exame que aplicam a decisão supra do STJ, e.g., Acórdãos n. 9303002.148 (da 3a T. da CRSF, de 17/10/2012), 2101002.052 (da 1ª T.O. da 1ª Câmara da 2ª Seção, de 19/02/2013), 920202.151 ( da 2ª T. da CSRF,de 10/05/2012), 1801001.207 (da 1ª T.E. da 1ª Seção, de 03/10/2012), dentre outras. O art. 62A do RICARFAnexo II, tem a seguinte redação: Art. 62A. As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei nº. 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Entendese que situação in casu se amolda perfeitamente ao enunciado da decisão do STJ acima transcrita, pelo que se aplica o art. 62A do RICARFAnexo II, e em virtude de que, mesmo tendo opinião que divergente do r. aresto do STJ, tenho que adotálo. Isto posto, dou provimento ao recurso especial do contribuinte. Fl. 306DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 05/05/2014 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES Processo nº 11060.000067/200731 Acórdão n.º 9101001.891 CSRFT1 Fl. 4 5 (assinado digitalmente) Marcos Aurélio Pereira Valadão Fl. 307DF CARF MF Impresso em 04/06/2014 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 28/04/2014 por MARCOS AURELIO PEREIRA VALADAO, Assinado digitalmente em 05/05/2014 por HENRIQUE PINH EIRO TORRES
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