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Numero do processo: 13884.003058/2004-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 12 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Sep 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2000, 2001
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. ÔNUS DA PROVA. SUMULA CARF Nº 29.
Todos os co-titulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento.
A presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte aclarar a origem de tais valores mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco.
USO DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. CPMF. SÚMULA CARF Nº 35
O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplica-se retroativamente.
Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas.
JUROS DE MORA. SELIC. SUMULA CARF Nº 4.
A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC para títulos federais.
Numero da decisão: 2201-004.701
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a improcedência da exigência fiscal decorrente dos créditos identificados em todas as contas bancárias mantidas em conjunto pelo recorrente, remanescendo hígido, tão só, o crédito tributário correspondente à conta bancária mantida de maneira autônoma, junto ao Banco Bradesco, Agência 1960, sob o numero 9279-7.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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DEPÓSITOS BANCÁRIOS. FATO GERADOR. ÔNUS DA PROVA. SUMULA CARF Nº 29. Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. A presunção legal de omissão de rendimentos caracterizados por depósitos bancários de origem não comprovada inverte o ônus da prova, cabendo ao contribuinte aclarar a origem de tais valores mediante a comprovação de fatos modificativos, extintivos ou impeditivos do direito de crédito constituído pelo Fisco. USO DE INFORMAÇÕES BANCÁRIAS. CPMF. SÚMULA CARF Nº 35 O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. JUROS DE MORA. SELIC. SUMULA CARF Nº 4. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 00 30 58 /2 00 4- 91 Fl. 15600DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.601 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a improcedência da exigência fiscal decorrente dos créditos identificados em todas as contas bancárias mantidas em conjunto pelo recorrente, remanescendo hígido, tão só, o crédito tributário correspondente à conta bancária mantida de maneira autônoma, junto ao Banco Bradesco, Agência 1960, sob o numero 92797. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Dione Jesabel Wasilewski, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Daniel Melo Mendes Bezerra, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relatório Trata o presente de recurso voluntário formalizado em face do Acórdão nº 1730.204, de 25 de fevereiro de 2009, exarado pela 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em São Paulo II/SP, fl. 15258 a 15286, que assim relatou a lide administrativa: Contra o contribuinte acima identificado foi lavrado auto de infração de fls. 517 a 529. Os demonstrativos estão nas fls. 530 a 532, relativo ao imposto sobre a renda das pessoas físicas ano calendário de 1.999 e 2.000, por meio do qual foi apurado crédito tributário no montante de R$ 3.851.065,02, dos quais, R$ 1.575.638,85 são referentes a imposto, R$ 1.181.729,13 são cobrados a título de multa proporcional e R$ 1.093.697,04 correspondem a juros calculados até 31/08/2004 Conforme descrição dos fatos no Auto de infração, a exigência decorreu da seguinte infração: Omissão de rendimentos provenientes de depósitos bancários, para o ano calendário de 1.999 e 2000,. com o seguinte enquadramento legal: Art. 42 da Lei n° 9430/96; art. 40 da Lei n° 9481/97, art. 21 da Lei n° 9532/97 e Art. 849 do RIR199. Cientificado, do Auto de Infração, em 19/10/2004, (AR na fl. 535) por via Postal (AR), o contribuinte apresentou, através de procurador (procuração na ft 560), a impugnação de fls. 538 a 558, em 18/11/2004. Posteriormente em 20/12/2005, o impugnante apresentou novos documentos acostados nas fls. de n° 569 a 7619, na qual, após breve relato dos fatos, alega, em síntese, que: DA INVIABILIDADE DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. Alega que até o ano de 2001, o dispositivo legal que dispunha sobre o uso das informações prestadas, com base na CPMF, nos § 2° e 3° do art. 11 da lei n° 9311/96, vedava a sua utilização Fl. 15601DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.602 3 para constituição do crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos, sendo que somente foram efetuadas alterações quando da promulgação da lei n° 10.174/01. Tratandose de operações bancárias realizadas no período de 1999 a 2001, não podem tais informações, que foram repassadas pelas instituições financeiras tendo como fonte o pagamento da CPMF, serem utilizadas para viabilizar o lançamento de qualquer tributo, sob pena de ofender um dos princípios básicos do Estado de Direito, que garante estabilidade e segurança nas relações jurídicas. Cita o art. 5 0, inciso XXXV, da CF, e legislação infraconstitucional, assim como a Lei de introdução ao Código Civil e CTN, para ressaltar que há proibição expressa para a retroatividade da lei atingir fatos pretéritos. Cita jurisprudência do CC sobre a não admissão do lançamento consubstanciado na redação atual da lei 9311/96. DA QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO. Restou, por outro lado, patente a quebra do sigilo bancário, sem qualquer autorização legal, isto porque, a lei permite apenas que sejam utilizadas as informações de que trata a lei 9311/96 (mesmo assim após 2001), para instaurar procedimento administrativo para verificação da existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições, não havendo qualquer permissão para que sejam os bancos notificados para prestarem informações sobre depósitos efetuados na conta corrente do contribuinte. Desta forma, a determinação para que os bancos informem cada depósito efetuado enviando extrato da conta corrente, como fez a Receita Federal, viola a lei complementar 105/01, que determina às instituições financeiras a conservarem o sigilo das operações referentes aos serviços prestados. Por isso, é consistente e ilegal o ato, por utilizar de informações na qual a lei não autoriza, sendo a prova utilizada para lavrar o auto de infração obtida de forma ilegal, por isso, sendo ele nulo. DA INEXISTÊNCIA DE OBRIGAÇÃO DE SE TER DESCRIÇÃO DETALHADA DE TODA A MOVIMENTAÇÃO. A pessoa física, diferentemente da jurídica, não têm a obrigação de manter escrituração detalhada de todos os fatores que envolvem sua vida, não é obrigada a ter livro fiscal ou contábil para apresentar ao fisco quando exigido. O inciso II, do art. 5 0, da CF, deixa claro que ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei. Destarte, se não há exigência legal para que o contribuinte tenha detalhada a escrituração de sua movimentação financeira, como pode ser dele exigida a sua apresentação. Fl. 15602DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.603 4 DA AUSÊNCIA DE ELEMENTO PROBATÓRIO PARA A IMPOSIÇÃO DO LANÇAMENTO. Ora, parece óbvio que o recorrente, com seu padrão de vida convencional, não tenha o lucro na ordem dos valores depositados em sua conta corrente. O fisco se ateve ao que entrou em sua conta, mas ignorou oportunamente o que saiu. Historicamente, nunca se admitiu o depósito bancário como apto a impor exigência tributária. Basta para isto, simples leitura da Súmula 182 do extinto Tribunal Federal de Recursos TRF. A publicação da Súmula, deu azo à edição do Decretolei n° 2471/88, que, em seu art. 90, cancelou os débitos originados exclusivamente em valores retirados de extratos ou de comprovantes de depósitos bancários. Por outro lado, a lei 8021/90, autorizava apenas o uso dos depósitos como início de uma investigação mais profunda, não podendo ele ser utilizado como único documento hábilpara impor a obrigação tributária. Cita acórdãos do CC sobre lançamento com base em depósito bancário. DA CONDUTA DO CONTRIBUINTE. A lei deve ser respeitada, sobretudo quando não se verifica qualquer indicio de ilicitude praticada pelo contribuinte quanto aos depósitos mantidos em sua conta corrente. Como se sabe, o recorrente é empresário que se ativa tanto no comércio quanto no ramo da construção civil. O recorrente é pessoa idônea e, na condição de empresário, movimenta valores tanto em sua conta pessoa física como também na pessoa jurídica, sendo certo que, no início de cada ano, procede a declaração do imposto de renda, atribuindo o que pertence à empresa e à pessoa física, pagando corretamente os impostos, tudo em obediência à legislação aplicável. DA SEGURANÇA JURÍDICA. O contribuinte agiu em conformidade com as regras existentes à época dos fatos, pois não podia imaginar que, cinco anos depois, tivesse que comprovar cada depósito efetuado em sua conta corrente, sob o risco de ter que pagar imposto de renda do que não ganhou. Ora, no presente caso, o recorrente é um empreendedor que leva a sério suas atividades, operando licitamente, declarando corretamente seu imposto de renda tanto da pessoa jurídica quanto da física, tudo sob a égide das regras existentes, não podendo imaginar que cinco anos depois, seria exigido comprovante de cada centavo que circulou em sua conta corrente. Fl. 15603DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.604 5 DO FATO GERADOR E DA BASE DE CÁLCULO DO IMPOSTO DE RENDA. Cita o art. 153 da CF, o art. 43 do CTN e decisões do STJ, para concluir que o imposto de renda somente pode incidir sobre o acréscimo patrimonial, não se admitindo que a movimentação financeira oriunda de depósitos bancários, seja considerada acréscimo patrimonial. O Decreto 3000/99 define, mesmo com algumas inconsistências legais, o que é considerado tributável a título de IR, e nele não se verifica e nem foi citado no AI, qual a subsunção legal pelo qual restou considerada a movimentação financeira como FG apto incidir o imposto ora exigido. Mas não é só isso! Duas questões ainda saltam aos olhos: a primeira diz respeito à impossibilidade de incidirem, sobre o mesmo FG, dois tributos distintos; já a segunda, trata da ausência de elementos probatórios para caracterização de omissão de receita. DA INCIDÊNCIA DE DUPLA TRIBUTAÇÃO SOBRE O MESMO FG E BASE DE CÁLCULO. A movimentação financeira é FG apto a configurar a exigibilidade da CPMF. Assim, do resultado do que se deposita ou do que é sacado da conta corrente do contribuinte, surge a obrigação tributária. Este é o único tributo que se pode exigir desta operação, não podendo o fisco utilizar o mesmo FG e a mesma base de cálculo para arbitrar o IR primeiro porque, como acima já se esgotou, tal tributo somente incide sobre a alteração patrimonial, e segundo, porque sobre a movimentação, incide a CPMF. DA INCONSISTÊNCIA DOS ELEMENTOS UTILIZADOS PARA APURAÇÃO. A ausência de elementos que pudessem formar o convencimento para a imposição da exação fiscal e a utilização de uma única fonte depósitos bancários para a caracterização da omissão, com certeza torna frágil o Auto de Infração. Isto porque, ao observar os elementos constantes nos autos, especialmente as contas correntes, verificase que nem todas são do recorrente. Veja que a conta corrente 2473, do Banco Bradesco, em 1999, pertencia apenas a Oscar Constantino, não sendo ela, nesta época, conjunta com o recorrente, o que leva a crer que o agente fiscal não se ateve a uma apuração consistente, apta a gerar o arbitramento levado a efeito. E mais, como se tratam de depósitos, o agente fiscal utilizou corno critério para apurar a base de cálculo os resgates da conta poupança e não os depósitos efetuados, sendo certo ainda que desconsiderou o que fora informado na declaração do imposto de renda. Fl. 15604DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.605 6 DO EFEITO CONFISCATÓRIO DA EXAÇÃO FISCAL. A considerar o depósito bancário como único elemento a ensejar a exigência do tributo, se chegará a injustiça tão absurda, que obrigará o contribuinte a dispor de todo seu patrimônio para pagar o Estado o que este entende que lhe é devido, caracterizando com isto, não só o confisco, mas uma injustiça que não encontra liame no ordenamento jurídico, ofendendo o direito de propriedade, a capacidade contributiva e até mesmo a livre iniciativa. DA PRESCRIÇÃO. O contribuinte somente foi notificado do Auto de Infração em 10/2004, exigindo o pagamento de imposto de renda, a partir de jan/99, o que implica dizer que, retroagindo aos últimos cinco anos, encontramse prescritas as exigências tributárias de janeiro até outubro deste mesmo ano. DA JUNTADA DE NOVOS DOCUMENTOS EM 20/12/2005. Com fundamento no inciso VIII, do art. 149, do CTN, vêm complementar a IMPUGNAÇÃO, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos, descrevendo que o Impugnante, na condição de gerente administrativo e financeiro, movimentava em contascorrentes especialmente abertas em seu nome, os recursos financeiros para pagamentos das obrigações das seguintes empresas: Oscar Calçados Ltda, Fernandes, Constantino & Cia. Ltda, Oscar Calçados Jacareí Ltda, PRNeves Fernandes & Cia Ltda ME, R. Constantino Calçados Ltda, RACSO Calçados Ltda, RCPR Comercial de Calçados Ltda. Apresenta em anexo os seguinte documentos: • Doc. 01 — Anexo 1.1 Demonstrativo da conta corrente 1013 8, Ag° 3060 Banco do Brasil, referente ao ano de 1999; • Doc. 02 Anexo 1.1.1 Demonstrativo analítico por empresa dos depósitos da conta corrente 10138, Ag° 3060 Banco do Brasil, referente ao ano de 1999; • Doc. 03 — Anexo 1.1.2 Livro caixa — analítico, referente ao ano de 1999; • Doc. 04 Anexo 1.1.3 Demonstrativo analítico por empresa dos amentos das PJs constantes no anexo 1.1, referente ao ano de 1999; • Doc. 05 Anexo 1.1.3.1 índice dos pagamentos efetuados por empresa por meio da conta corrente 10138, Ag° 3060 Banco do Brasil, referente ao ano de 1999; • Doc. 06 Anexo 1.1.4 Contratos de mútuo, referente ao ano de 1999; Fl. 15605DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.606 7 • Doc. 07 Anexo 2.1 Demonstrativo da conta corrente 92797, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 08 Anexo 2.1.1 Demonstrativo analítico por empresa dos depósitos da conta corrente 92797, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 09 Anexo 2.1.2 Livro caixa analítico, referente ao ano de 1999; • Doc. 10 Anexo 2.1.3 Demonstrativo analítico por empresa dos pagamentos das PJs constantes no anexo 2.1, referente ao ano de 1999; • Doc. 11 Anexo 2.1.3.1 índice dos pagamentos efetuados por empresa por meio da conta corrente 92797, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 12 Anexo 2.1.4 Contratos de mútuo, referente ao ano de 1999; • Doc. 13 Anexo 3.1 Demonstrativo da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 1999; • Doc. 14 Anexo 3.1.1 Demonstrativo analítico por empresa dos depósitos da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 1999; • Doc. 15 Anexo 3.1.2 Livro caixa analítico, referente ao ano de 1999; • Doc. 16 Anexo 3.1.3 Demonstrativo analítico por empresa dos pagamentos das PJs constantes no anexo 2.1, referente ao ano de 1999; • Doc. 17 Anexo 3.1.3.1 Índice dos pagamentos efetuados por empresa por meio da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 1999; • Doc. 18 Anexo 3.1.4 Contratos de mútuo, referente ao ano de 1999; • Doc. 19 Anexo 3.1.5 Transferências entre contas bancárias de instituições financeiras distintas, referente ao ano de 1999; • Doc. 14 Anexo 3.1.1 Demonstrativo analítico por empresa dos depósitos da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 1999; \ • c. 15 Anexo 3.1.2 Livro caixa analítico, referente ao ano de 1999; • Doc. 16 — Anexo 3.1.3 Demonstrativo analítico por empresa dos pagamentos das PJs constantes no anexo 2.1, referente ao ano de 1999; Fl. 15606DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.607 8 • Doc. 17 — Anexo 3.1.3.1 índice dos pagamentos efetuados por empresa por meio da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 1999; • Doc. 18 — Anexo 3.1.4 Contratos de mútuo, referente ao ano de 1999; • Doc. 19 — Anexo 3.1.5 Transferências entre contas bancárias de instituições financeiras distintas, referente ao ano de 1999; • Doc. 20 — Anexo 4.1 Resumo das justificativas dos depósitos bancários efetuados na conta corrente 10006, Ag° 2858 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 21 — Anexo 4.1.1 Demonstrativo dos depósitos efetuados na conta corrente 10006, Ag° 2858 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 22 — Anexo 4.1.2 Contratos de mútuo, referente ao ano de 1999; • Doc. 23 — Anexo 4.1.3 Venda de imóveis, referente ao ano de 1999; • Doc. 24 — Anexo 5.1 Demonstrativo da conta corrente 2473 2, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 1999; • Doc. 25 — Anexo 6.1 Justificativa dos depósitos efetuados na conta corrente 37139998, Ag° 0733 Banco Real, referente ao ano de 1999; • Doc. 26— Anexo 7.1 Justificativa dos depósitos efetuados na conta corrente 18017, Ag° 250 Banco Itaú, referente ao ano de 1999; • Doc. 27 — Anexo 8.1 Livro caixa — sintético, referente ao ano de 1999; • Doc. 28 — Anexo 8.1.1 Livro caixa — analítico, referente ao ano de 1999; • Doc. 29 Anexo 2.2 justificativas dos depósitos bancários efetuados na conta corrente 92797, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 2000; • Doc. 30 — Anexo 3.2 Demonstrativo da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco Bandeirantes, referente ao ano de 2000; • Doc. 31 Anexo 3.2.1 Demonstrativo analítico por empresa dos depósitos da conta corrente 0010317423, Ag° 0195 Banco , Bandeirantes, referente ao ano de 2000; • D . 32— Anexo 3.2.2 Livro caixa — analítico, referente ao ano de 2000; Fl. 15607DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.608 9 • Doc. 33 — Anexo 3.2.3 Demonstrativo analítico por empresa dos pagamentos das Pis constantes no anexo 3.2, referente ao ano de 2000; • Doc. 34 — Anexo 3.2.3.1 Relação des pagamentos das PJs, referente ao ano de 2000; • Doc. 35 — Anexo 3.2.4 Contratos de mútuo, referente ao ano de 2000; • Doc. 36 — Anexo 4.2 Resumo das justificativas dos depósitos bancários efetuados na conta corrente 10006, Ag° 2858 Banco Bradesco, referente ao ano de 2000; • Doc. 37 — Anexo 4.2.1 Demonstrativo dos depósitos efetuados na conta corrente 10006, Ag° 2858 Banco Bradesco, referente ao ano de 2000; • Doe. 38 — Anexo 4.2.2 Transferências da conta corrente 59.2835, da CEF para a conta corrente 10006, do Banco Bradesco, referente ao ano de 2000; • Doc. 39 — Anexo 5.2 Demonstrativo da conta corrente 2473 2, Ag° 1960 Banco Bradesco, referente ao ano de 2000; • Doc. 40 — Anexo 6.2 Justificativa dos depósitos efetuados na conta corrente 37139998, Ag° 0733 Banco Real, referente ao ano de 2000; • Doc. 41 — Anexo 7.2 Justificativa dos depósitos efetuados na conta corrente 18017, Ag° 250 Banco Rau, referente ao ano de 2000; • Doc. 42 — Anexo 8.2 Livro caixa — sintético, referente ao ano de 2000; • Doc. 43 Anexo 8.2.1 Livro caixa — analítico, referente ao ano de 2000; • Doc. 44 — Anexo 9.2 Justificativa dos depósitos efetuados na conta corrente 223618, Ag° 3790 Banco nau, referente ao ano de 2000; Cita o art. 59 do PAF, para alegar que não foi atendido o amplo direito de defesa do impugnante, pois o AuditorFiscal, entendeu que a documentação não estava individualizada tanto em relação a valores, como em relação a datas, resolveu considerar os depósitos como de origem não comprovadas, não dando oportunidade para que o contribuinte fizesse tal detalhamento tempestivamente. Cita o inciso VIII, do art. 149 do CTN, como base legal para ser efetuada a revisão de ofício, do lançamento consubstanciado no presente Auto de Infração, e, acórdãos do CC no mesmo sentido. Debruçada sobre os termos da impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo II exarou o Acórdão ora recorrido, em que acatou Fl. 15608DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.609 10 algumas justificativas apresentadas e exonerou parcela do tributo lançado. Tal Decisão restou assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 1999, 2000 PRELIMINAR. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO. Aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliando os poderes de investigação das autoridades administrativas. PRELIMINAR. SIGILO BANCÁRIO. É lícito ao Fisco examinar informações relativas ao contribuinte, constantes de documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e de aplicações financeiras, quando houver procedimento de fiscalização em curso e tais exames forem indispensáveis, independentemente de autorização judicial. PRELIMINAR. NULIDADE DO LANÇAMENTO. Comprovado, nos autos, que o procedimento fiscal foi feito regularmente, não se apresentando as causas apontadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72, afastamse as alegações de nulidade processual ou nulidade do lançamento. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. A Lei n° 9.430/1.996, no seu art. 42, estabeleceu uma presunção legal de omissão de rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. DECISÕES ADMINISTRATIVAS E JUDICIAIS. EXTENSÃO. As decisões administrativas, inclusive as proferidas pelo Conselho de Contribuintes, e as judiciais, a exceção daquelas proferidas pelo STF sobre a inconstitucionalidade de normas legais, não têm caráter de norma geral, razão pela qual seus julgados não se aproveitam em relação a qualquer outra ocorrência senão àquela objeto da decisão. Fl. 15609DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.610 11 INTERPOSIÇÃO DE PESSOA. Os extratos da movimentação bancária, estavam em nome do fiscalizado, e, somente com provas de que ocorreu a "Interposição de Pessoa", é que poderia haver a transferência dessa responsabilidade tributária para outra pessoa. Lançamento Procedente em Parte Cientificados da Decisão de 1ª Instância Administrativa, conforme AR de fl. 15289, ainda inconformado, o contribuinte formalizou, tempestivamente, o recurso voluntário de fl. 15294 a 15364, no qual, após breve histórico da lide administrativa, estrutura sua defesa nos seguintes tópicos: a) Da ilegitimidade passiva: sustenta que não é o titular de fato das contas fiscalizadas, as quais movimentaram valores pertencentes e contabilizados por empresas que cita; b) Da aplicação da lei no tempo: afirma que é ilegal a aplicação retroativa da Lei 10.174/01; c) Da quebra do sigilo bancário: alega que a obtenção de informações sobre movimentação bancária por meio de Requisição de Movimentação Financeira configura quebra do sigilo bancário, já que se deu sem autorização judicial; d) Dos depósitos bancários: aduz que o lançamento lastreado em depósitos bancários demonstrase arbitrário pelos seguintes motivos: d1) Impossibilidade de constituição de crédito tributário consubstanciado em depósitos bancários: Alega que depósitos bancários não representa necessariamente obtenção de renda e, desta forma, por si só, não constituem fato gerador de imposto de renda da pessoa física; d2) Da interposição de pessoa: sustenta que a titularidade de fato de contas que cita é de empresas em que figurava como sócio administrador ou gerente administrativo e financeiro; d3) Da comprovação da interposição de pessoa e da origem e destinação dos depósitos bancários: elenca documentos que entende comprovar a origem e destinação dos valores depositados em cada uma das contas bancárias auditadas; e) Da multa de ofício: afirma que o percentual da multa ofende o princípio da capacidade contributiva e apresente efeito confiscatório; f) Da inconstitucionalidade da utilização da taxa Selic para a correção de eventual débito: argumenta que a Taxa SELIC tem natureza remuneratória de títulos, entretanto, títulos e tributos são conceitos diametralmente opostos, que não podem ser misturados. Em fl. 15377 a 15384 e 15408 a 15417, o recorrente apresenta aditamentos a seu recurso, basicamente trazendo considerações sobre a aplicação da Súmula Carf 29, que estabelece que todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com Fl. 15610DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.611 12 base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. Submetido ao crivo do Colegiado de 2ª Instância, o julgamento foi convertido em diligência nos termos da Resolução de fl. 15426 a 15434, para que a autoridade lançadora se pronunciasse sobre a existência ou não de intimação dos cotitulares das contas bancárias mantidas em conjunto pelo fiscalizado, bem assim para que, em tendo sido efetivas, que estas fossem juntadas aos autos. Em atenção à diligência, foi elaborado o Relatório Fiscal de fl. 15585 a 15590 e juntados os documentos de fl. 15438 a 15584, que comprovam as intimações aos co titulares. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender às demais condições de admissibilidade, conheço do recurso voluntário. Da preliminar de nulidade por falta de intimação dos cotitulares. Inicialmente, entende este Relator que, para impor maior racionalidade à presente análise, mostrase salutar iniciar o voto pela matéria tratada de forma específica nos aditamentos apresentados, mas que, ainda que com outro destaque, teria sido objeto do recurso voluntário. A preliminar de nulidade correspondente à falta de intimação dos cotitulares ou mesmo a formalização de tal procedimento às vésperas do lançamento. Em apertada síntese, a defesa alega que o Fisco não exerceu adequadamente o seu mister, não tendo esgotado as possibilidades de apuração do fato gerador, já que os co titulares das contas auditadas ou não foram intimados, ou foram intimados em datas próximas à efetivação do lançamento, não havendo tempo hábil para a devida análise dos argumentos apresentados. Por sua vez, a Autoridade lançadora afirma que todos os cotitulares foram intimados, os quais responderam de forma uniforme e evasiva, não apresentando elementos que comprovassem a origem dos créditos nas respectivas contas bancárias. A questão em tela não exige maiores considerações sobre as razões da defesa ou da Fiscalização, já que é matéria fática e os elementos contidos nos autos são suficientes à formação da convicção deste julgador. A análise do auto de infração em discussão, em especial das informações contidas em fl. 1037, evidencia que o mesmo foi lavrado em 27 de setembro de 2004, tendo o lançamento se aperfeiçoado com a ciência do contribuinte em 19 de outubro de 2004. Já a descrição dos fatos contida a partir de fl. 1039, não deixa dúvidas de que a autoridade lançadora constatou a existência de diversas contas bancárias relacionadas ao fiscalizado, sendo a maioria delas mantidas de forma conjunta com terceiros. Daí, considerou como Fl. 15611DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.612 13 omitidos os créditos cuja origem não foi devidamente comprovada, considerando, nos caso de contas conjuntas, a proporção da participação do sujeito passivo. Os valores lançados são os contidos na planilha abaixo: Como se vê, apenas a conta nº 92797 mantida no Banco Bradesco era de titularidade exclusiva do autuado. Assim dispõe o art. 42 da lei 9430/96: Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Fl. 15612DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.613 14 II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6o Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) Pelo texto legal, no caso de conta mantida em conjunto, não havendo comprovação de origem, o valor dos rendimentos deve ser imputado a cada titular mediante divisão dos rendimentos pela quantidade de titulares. Assim, só devem ser considerados omitidos os valores que não tiveram sua origem comprovada, após intimação de todos os co titulares das contas bancárias auditadas, já que, naturalmente, a comprovação por um dos titulares aproveita aos demais. O tema em questão não merece maiores ponderações, pois sobre ele este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo, inclusive, emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 29: Todos os cotitulares da conta bancária devem ser intimados para comprovar a origem dos depósitos nela efetuados, na fase que precede à lavratura do auto de infração com base na presunção legal de omissão de receitas ou rendimentos, sob pena de nulidade do lançamento. É fato que o lançamento ocorreu em 2004 e a citada Súmula foi editada apenas em 2010. Não obstante, a conclusão sumulada não inova o ordenamento jurídico, evidenciando apenas a melhor interpretação dos textos legais vigentes, como bem pontuado acima, razão pela qual deve ser aplicada a lançamentos anteriores à sua edição. A análise das informações juntadas aos autos no curso da diligência proposta por esta Turma Ordinária evidenciou que assim se deu a intimação dos cotitulares, para os quais foram formalizados lançamentos autônomos: Fl. 15613DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.614 15 Conforme já dito alhures, o auto de infração em discussão, foi lavrado em 27 de setembro de 2004. Portanto, antes que se expirassem os prazos para respostas às intimações emitidas a todos os cotitulares, o que evidencia que a Autoridade lançadora, no momento da lavratura do Auto, não tinha plena convicção quanto à comprovação ou não das origens dos valores que foram considerados como rendimentos omitidos, já que ainda não contava com as respostas dos cotitulares. É verdade que se poderia argumentar que o lançamento só se aperfeiçoou com a ciência ao contribuinte, em 19 de outubro de 2004, e que a peça impositiva teria sido elaborada previamente, ficado aguardando as respostas às intimações efetuadas, o que poderia apontar que, pelo menos no que se refere ao cotitular Paulo Pinho Cunha, cuja resposta ocorreu em 15 de outubro de 2004, no momento da ciência do lançamento ao recorrente, já se tinha convicção da não comprovação da origem pelo cotitular. Contudo, as informações de fl. 1071 evidenciam que, em 27 de setembro de 2004, após a lavratura do Auto, o dossiê foi encaminhado da Seção de Fiscalização ao protocolo, para formalização de processo administrativo. Desta forma, evidente que o Agente Fiscal não se desincumbiu da obrigação de, corretamente, verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo para, então, propor a aplicação da penalidade cabível. O que impõe o reconhecimento da improcedência da imputação relacionada a todas as contas bancárias mantidas em conjunto, por não terem sido observados integralmente os preceitos do art. 142 da Lei 5.172/66 (CTN), remanescendo hígido, até o momento, tão só, os rendimentos considerados omitidos relacionados à conta 92797, mantida no Banco Bradesco SA, naturalmente, com as exclusões já acatadas para esta conta pela Delegacia de Julgamento. Passase à análise das demais questões tratadas no recurso voluntário que estejam relacionadas exclusivamente à conta bancária mantida autonomamente pelo ora recorrente, já que, quanto as demais, quaisquer alegações perderam seu objeto com o reconhecimento da improcedência do lançamento tratado no parágrafo precedente. Da ilegitimidade passiva Afirma o recorrente que não é o titular de fato das contas bancárias que cita, dentre as quais a mantida no Banco Bradesco sob o número 92797, da Agência nº 1960, a qual teria sido aberta exclusivamente para movimentar valores referentes a oito empresas em que figura como sócio ou nas quais atua como gerente administrativo. Alega que o AuditorFiscal, a quem compete o ônus de apurar a realidade dos fatos, deveria ter aprofundado suas investigações, já que tais valores se encontram escriturados nas contabilidades das empresas que cita. No entanto, diante de sua ânsia arrecadatória, decidiu lavrar o Auto de Infração sem realizar a efetiva apuração da titularidade de fato das referidas empresas e das contas bancárias. Fl. 15614DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.615 16 Argumenta que, quando provado que os valores creditados em conta de depósito pertencem a terceiros, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas deve ser efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular. Resumidas as alegações da defesa, notase que o autuado é sócio e/ou gerente de empresas e alega que tais movimentações são, de fato, de tais pessoas jurídicas. Ora, não estamos tratando de alguém que tenha tido seu nome utilizado sem seu conhecimento ou consentimento. Estamos diante do próprio sócio ou administrador das citadas empresas que optou, por razões que se desconhece, usar suas contas pessoais para movimentar valores correspondentes às atividades de diversas empresas. Neste caso, seriam três contas bancárias e oito empresas, o que evidencia a inexistência de preocupação mínima em manter alguma espécie de controle dos valores movimentados, não causando qualquer estranheza o fato de não conseguir o contribuinte evidenciar de onde veio cada crédito individualmente. Como já expressamente indicado acima, o art. 42 da Lei 9.430/96 estabeleceu que caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Assim, tal comando legal inverteu o ônus da prova, passando a ser obrigação do titular da conta bancária aclarar a origem do numerário e, não sendo feito, é regular o lançamento fiscal para considerar tais créditos como rendimentos omitidos. Portanto, ao contrário do que alega o recorrente, a obrigação de demonstrar que tais valores são, de fato, das pessoas jurídicas é do fiscalizado e não da fiscalização. Desta forma, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida, razão pela rejeito a preliminar, ressalvando que os créditos bancários que a defesa pretende justificar serão, no mérito, analisados no momento oportuno. Da aplicação da lei no tempo No presente tema, a defesa traz à balha considerações sobre a legislação da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira, CPMF, em particular sobre o art. 11 da Lei 9.311/1996, cuja redação original previa: Art. 11. Compete à Secretaria da Receita Federal a administração da contribuição, incluídas as atividades de tributação, fiscalização e arrecadação. § 1° No exercício das atribuições de que trata este artigo, a Secretaria da Receita Federal poderá requisitar ou proceder ao exame de documentos, livros e registros, bem como estabelecer obrigações acessórias. § 2° As instituições responsáveis pela retenção e pelo recolhimento da contribuição prestarão à Secretaria da Receita Federal as informações necessárias à identificação dos Fl. 15615DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.616 17 contribuintes e os valores globais das respectivas operações, nos termos, nas condições e nos prazos que vierem a ser estabelecidos pelo Ministro de Estado da Fazenda. § 3° A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicada à matéria, o sigilo das informações prestadas, vedada sua utilização para constituição do crédito tributário relativo a outras contribuições ou impostos. Ressalta que, com o advento da Lei 10.174/2001, portando em momento posterior à data dos fatos geradores objeto do presente processo, o citado § 3o passou à seguinte redação: A Secretaria da Receita Federal resguardará, na forma da legislação aplicável à matéria, o sigilo das informações prestadas, facultada sua utilização para instaurar procedimento administrativo tendente a verificar a existência de crédito tributário relativo a impostos e contribuições e para lançamento, no âmbito do procedimento fiscal, do crédito tributário porventura existente, observado o disposto no art. 42 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e alterações posteriores. Diante de tal cenário, manifesta seu entendimento de que é ilegal a aplicação retroativa da Lei nº 10.174/01. Não tem razão a defesa. Como bem pontuado pela Autoridade recorrida, nos termos do art. 144 da Lei 5.172/66 (CTN), aplicase ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas. Ademais, o tema em questão não merece maiores ponderações, pois sobre ele este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais já se manifestou uniforme e reiteradamente, tendo, inclusive, emitido Súmula de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujo conteúdo transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 35: O art. 11, § 3º, da Lei nº 9.311/96, com a redação dada pela Lei nº 10.174/2001, que autoriza o uso de informações da CPMF para a constituição do crédito tributário de outros tributos, aplicase retroativamente. Desta forma, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida, razão pela rejeito a preliminar. Da quebra de sigilo bancário Afirma que a prática adotada pela fiscalização de obtenção de extratos bancários por meio de requisição direta às instituições financeiras configura quebra se sigilo bancário, já que desprovida de autorização de autoridade judicial. Fl. 15616DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.617 18 Alega que, mesmo após a publicação da Lei Complementar nº 105/2001, o direito ao sigilo regido pela Lei 4.595/64 continua garantido, já que a citada lei complementar não pode alcançar fatos pretéritos. Em relação à suposta violação de sigilo bancário, a tese defendida pelo recurso já teve amparo em posição adotada pelo STF no ano de 2010, no julgamento do RE 389.808, que, à época, entendeu que o acesso aos dados bancários dependia de prévia autorização judicial. Entretanto, tal posicionamento foi revisto no julgamento do RE 601.314/SP, em que se concluiu pela constitucionalidade do art. 6º da Lei Complementar nº 105/01, conforme a tese fixada pelo Tribunal: O art. 6º da Lei Complementar 105/01 não ofende o direito ao sigilo bancário, pois realiza a igualdade em relação aos cidadãos, por meio do princípio da capacidade contributiva, bem como estabelece requisitos objetivos e o translado do dever de sigilo da esfera bancária para a fiscal” Ademais, quanto à aplicação retroativa dos termos da Lei Complementar nº 101/2001, relembro os termos do art. 144 do CTN citado no tema precedente. Assim, não há que se falar em violação do sigilo bancário ou mesmo aplicação irregular de lei a fato pretérito, razão pela qual rejeito a preliminar suscitada. Dos depósitos bancários: a) Impossibilidade de constituição de crédito tributário consubstanciado em depósitos bancários Alega a defesa que, não tendo o AuditorFiscal tomado as devidas precauções na fiscalização, acabou por lavrar Auto de Infração para exigir tributo arbitrado apenas em extratos bancários, sem comprovar o nexo causal entre cada depósito e o fato que represente a referida omissão, o que seria vedado pelo DecretoLei 2.741/88. Indiretamente, tema já foi tratado alhures, tendo sido expressamente citada a norma legal (art. 42 da Lei 9.430/96) que, invertendo o ônus da prova, caracteriza como omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, devidamente intimado, não comprove a origem dos recursos utilizados mediante documentação hábil e idônea. Assim, restando inequívoco que a legislação que ampara os argumentos da defesa não se aplica ao presente lançamento, neste tema, não prosperam as alegações recursais. b) Da interposição de pessoa Neste tema, o contribuinte trata das mesmas alegações já discutidas quando este voto se debruçou sobre as alegações "da ilegitimidade passiva". Assim, tal qual já decidido, não há reparos a serem feitos na decisão recorrida, ressalvando que os créditos bancários que a defesa pretende justificar serão analisados no momento oportuno. Fl. 15617DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.618 19 c) Da comprovação da origem da interposição de pessoa e da origem e destinação dos depósitos bancários Sustenta o recorrente que, em 20 de dezembro de 2004, apresentou complemento à impugnação, fl.569 a 584, acompanhado de farta prova documental acostada às fl. 586 a 7619, que comprovam a origem e a destinação dos valores depositados nas contas bancárias em seu nome. A partir daí, passa a detalhar a origem e a destinação dos recursos financeiros movimentados em cada conta bancária, as quais serão analisadas exclusivamente aquelas relacionadas à conta mantida de forma autônoma pelo autuado (Banco Bradesco, Conta nº 92797), já que o crédito tributário relativo às contas mantidas em conjunto foi afastado no início deste voto. c1) Conta Corrente nº 92797, Agência nº 1960, do Banco Bradesco. Neste tema, o contribuinte enumera uma série de anexos à impugnação, representativos dos Doc. 07 a 12, que estão acostados às fl. 1405 a 1973 da numeração original dos autos antes da digitalização, correspondendo às efl. 2807 a 3944 . A análise de tais documentos não se presta a comprovar a origem de nada. Pois se constitui de um emaranhado de números e documentos elaborados pelo próprio recorrente, que atribui a este julgador a tarefa de organizar, somar, diminuir, multiplicar, dividir, até que chegue a algum valor aproximado que pudesse apresentar alguma lógica da qual se aproveitasse a defesa. A tarefa de individualizar valores creditados em conta não parece ser tão complicada assim, em particular neste caso, em que o beneficiário é o próprio sócio ou administrador. Bastaria elaborar uma planilha simples, partindo do crédito efetivo, com indicação de data, valor e conta bancária, com mais uma ou duas colunas fazendo referência ao documento correspondente à alegação. Por exemplo: um crédito de R$ 1.000,00 na conta "X1", na data 'tal", tem origem em deposito em cheque efetuado pela empresa "y", conforme cópia do cheque de fl. "z" e registro contábil de fl. "w" (naturalmente registro em que se verifique a natureza do pagamento, se fruto de empréstimo, prólabore, distribuição de lucros, etc. Mas ao contrário de individualizar suas alegações, a defesa optou por apresentar um demonstrativo sintético, fl. 2811, que apresenta créditos e desembolsos consolidados mensalmente e um demonstrativo analítico, fl. 2815 com indicação de valores consolidados mensalmente, segregando supostas origens dos créditos em cada uma das empresas de que é sócio ou gerente. A seguir, afirma que a comprovação dos depósitos é feita pelo Livro Caixa "sintético" juntados a partir de fl. 2819, correspondente ao Doc 09, anexo 2.1.2, o qual consolida a movimentação das empresas Oscar Calçados Ltda, Fernandes, Constantino & Cia Ltda, Oscar Calçados Jacareí Ltda, PRNeves Fernandes & Cia Ltda ME. R. Constantino Calçados Ltda, RACSO Calçados Ltda e RCPR Comercial de Calçados Ltda. A fim de evidenciar a boa vontade deste Conselheiro, tomemos o crédito indicado em fl. 2815, supostamente originário da Oscar Calçados, em janeiro de 1999, no valor de R$ 52.605,40 (fl. 2815). Fl. 15618DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.619 20 O Livro Caixa da citada empresa para o mês de janeiro de 1999 consta de fl. 2823 a 2835. Sua análise perfunctória evidencia que, a considerar os registros nele constantes, o depósito de qualquer numerário de tal empresa na conta do recorrente representaria o registro de um crédito em tal livro caixa no valor correspondente. Contudo, no mês em tela, não há um único registro de saída de valores que seja superior a R$ 2.500,00, tornando impossível inferir de onde surgiu o valor que se pretende comprovar no mês, R$ 52.605,40 A partir de fl. 3025, Doc 10, o contribuinte junta um Demonstrativo analítico, consolidado mensalmente, por empresa, aparentemente buscando demonstrar pagamentos efetuados. O detalhamento de tais pagamentos consta de fl. 3027 e ss, Doc 11. Entretanto, tais informações, que até poderiam evidenciar a utilização da conta bancária pessoal para pagamento de despesas de PJ, em nada contribuem para a celeuma em questão, já que indicam desembolsos a pessoas jurídicas planilhados, acompanhados de algumas contas e boletos pagos, mas não ajuda a aclarar a origem dos valores creditados na conta bancária auditada. Por fim, a partir de fl. 3726, Doc 12, o contribuinte apresenta uma planilha que elenca uma série de contratos de mútuo, em que figura como mutuário e diversas pessoas jurídicas figuram como mutuante. Mais uma vez, não há vinculação clara dos valores supostamente mutuados com os créditos em conta bancária do recorrente. A situação posta é, no mínimo, intrigante, já que evidencia a entrega de numerário em determinado mês, aparentemente de forma consolidada, motivada pela necessidade de caixa do mutuário e que seria devolvido à medida da disponibilidade deste. Há contratos de mútuo formalizado para valor de R$ 34,00. Enfim. Um contrato de mútuo, que nada mais é do que uma operação de empréstimo, só justifica a origem de créditos em conta bancária, excluindo os valores mutuados da base de cálculo do tributo lançado, se houver correspondência de valores mutuados e creditados, bem assim que restasse inequivocamente comprovado o retorno do numerário ao mutuante. Desta forma, não identifico na documentação apresentada pelo recorrente razões para alterar o lançamento e a decisão recorrida. Por fim, o recorrente aponta um resgate de conta poupança no ano de 2000 que já teria sido analisado e excluído do lançamento pela decisão recorrida. Assim, fica a ressalva de que, além do que se decide no presente voto, remanescem as exclusões determinadas pelo Julgador de 1ª Instância. Assim, neste tema, nego provimento ao recurso voluntário. Da multa de ofício. Da inconstitucionalidade da utilização da taxa Selic para correção de eventual débito. Após considerações legais e doutrinárias sobre o tema, a defesa afirma que é patente que as multas aplicadas são de elevada monta, superam sua capacidade contributiva e possui caráter confiscatório, pugnando pela fixação da multa no percentual máximo de 20% (multa de mora). Fl. 15619DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.620 21 Argumenta que a Taxa SELIC tem natureza remuneratória de títulos, entretanto, títulos e tributos são conceitos diametralmente opostos, que não podem ser misturados e que sua aplicação constitui aumento de tributo sem lei que o estabeleça. Os temas acima foram agrupados para análise conjunta, já que é dispensável tecer maiores considerações sobre ambos, por decorrerem estritamente de lei, cuja observância é obrigatória, seja pelo autor do lançamento fiscal, cuja atividade é plenamente vinculada, seja pelos julgadores de 1ª e 2ª Instâncias administrativas. A multa de mora está prevista no art. 44, inciso I, da Lei 9.430/96, que prevê que, nos acasos de lançamento de ofício, será aplicada a multa de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata. Já o § 3º do art. 61, do mesmo diploma legal, estabelece que, sobre os débitos para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, incidirão juros de mora calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento . As questões relacionadas à inconstitucionalidade de lei tributária e da incidência dos juros de mora com base na Selic já foram objeto de reiteradas e uniformes manifestações deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, tendo sido emitidas Súmulas de observância obrigatória, nos termos do art. 72 de seu Regimento Interno, aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda nº 343, de 09 de junho de 2015, cujos conteúdos transcrevo abaixo: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Súmula CARFnº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Desta forma, não merece qualquer retoque a decisão recorrida. Conclusão Por tudo que consta nos autos, bem assim nas razões e fundamentos legais que integram o presente, dou provimento parcial ao recurso voluntário para declarar a improcedência da imputação relacionada a todas as contas bancárias mantidas em conjunto, por não terem sido observados integralmente os preceitos do art. 142 da Lei 5.172/66 (CTN), remanescendo hígido, tão só, os rendimentos considerados omitidos relacionados à conta 9279 7, mantida no Banco Bradesco SA, naturalmente, com as exclusões já acatadas para esta conta pela Delegacia de Julgamento. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 15620DF CARF MF Processo nº 13884.003058/200491 Acórdão n.º 2201004.701 S2C2T1 Fl. 15.621 22 Fl. 15621DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.903872/2013-67
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Sep 27 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2008 a 31/12/2012
RECURSO VOLUNTÁRIO INTERPOSTO FORA DO PRAZO LEGAL. INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA.
É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decreto-lei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade.
Numero da decisão: 3402-005.618
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado).
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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INTEMPESTIVIDADE RECONHECIDA. É de 30 (trinta) dias o prazo para interposição de Recurso Voluntário pelo contribuinte, conforme prevê o art. 33, caput, do Decretolei n. 70.235/72. O não cumprimento do aludido prazo impede o conhecimento do recuso interposto em razão da sua intempestividade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário, por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Ávila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Ávila (suplente convocado). Relatório Trata o presente processo de recurso voluntário contra o indeferimento de manifestação de inconformidade postulada ante o não reconhecimento de pedido de restituição de PIS formulado pela recorrente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 38 72 /2 01 3- 67 Fl. 153DF CARF MF 2 Aludida restituição restou indeferida pela DRF de origem, posto que: “A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos, abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição” Regularmente cientificada, apresentou, a interessada, manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do acórdão nº 01033.549.: Cientificado desta decisão apresentou o recurso voluntário ora em apreço. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.616, de 27 de setembro de 2018, proferido no julgamento do processo 10935.903870/201378, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Resolução 3402005.616): "I. Da intempestividade do recurso voluntário interposto 5. Como é sabido, o prazo para interposição de Recurso Voluntário no âmbito do processo administrativo federal é de 30 (trinta) dias, conforme prevê o art. 33, caput do Decretolei n. 70.235/72. 6. Não obstante, segundo o disposto no art. 5o. do sobredito Decretolei, os prazos no processo administrativo federal são contínuos e deverão ser contados excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Este também é o teor do art. 66 da lei n. 9.784/991. 7. Pois bem. No presente caso o recorrente foi cientificado via eletrônica da decisão guerreada, sendo a correspondente mensagem aberta pelo contribuinte em 06 (seis) de março de 2017 (segundafeira) (fl. 143). Logo, levando em consideração as disposições legais acima mencionadas, o termo inicial para a contagem do prazo recursal teve início em 07 (sete) de março de 2017 (terçafeira), vencendo, por sua vez, no dia 05 (cinco) de abril de 2017 (quartafeira). Acontece que o recurso em apreço só foi interposto em 12 (doze) de abril de 2017 (quartafeira) (fl. 145), ou seja, quando já transcorrido o prazo legal. A intempestividade, inclusive, é atestada pela unidade preparadora, conforme se observa da informação de fl. 150. 8. Patente está, portanto, a intempestividade do recurso voluntário interposto, motivo pelo qual não o conheço. 1 "Art. 66. Os prazos começam a correr a partir da data da cientificação oficial, excluindose da contagem o dia do começo e incluindose o do vencimento." Fl. 154DF CARF MF Processo nº 10935.903872/201367 Acórdão n.º 3402005.618 S3C4T2 Fl. 3 3 Dispositivo 9. Diante do exposto, em razão da intempestividade do recurso voluntário interposto, deixo de conhecêlo." Importante frisar que, assim como no paradigma, nos autos ora em apreço o Recurso Voluntário somente foi interposto após o transcurso do prazo legal. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por não conhecer do recurso voluntário por ser intempestivo. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 155DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.920087/2009-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2002
LUCRO PRESUMIDO. PERCENTUAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO COM EMPREGO DE MATERIAIS.
Demonstrada a legitimidade das retificações implementadas na DIPJ e DCTF para reduzir o percentual utilizado no cálculo do lucro presumido de 32% para 8%, uma vez que há nos autos elementos de prova, que permitiram verificar que efetivamente havia o emprego de materiais na atividade de construção civil.
Numero da decisão: 1401-002.862
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2002 LUCRO PRESUMIDO. PERCENTUAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO COM EMPREGO DE MATERIAIS. Demonstrada a legitimidade das retificações implementadas na DIPJ e DCTF para reduzir o percentual utilizado no cálculo do lucro presumido de 32% para 8%, uma vez que há nos autos elementos de prova, que permitiram verificar que efetivamente havia o emprego de materiais na atividade de construção civil.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente).
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1619; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T1 Fl. 2 1 11 SS11CC44TT11 MMIINNIISSTTÉÉRRIIOO DDAA FFAAZZEENNDDAA CCOONNSSEELLHHOO AADDMMIINNIISSTTRRAATTIIVVOO DDEE RREECCUURRSSOOSS FFIISSCCAAIISS PPRRIIMMEEIIRRAA SSEEÇÇÃÃOO DDEE JJUULLGGAAMMEENNTTOO PPrroocceessssoo nnºº 10880.920087/200975 RReeccuurrssoo nnºº 1 Voluntário AAccóórrddããoo nnºº 1401002.862 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária SSeessssããoo ddee 16 de agosto de 2018 MMaattéérriiaa IRPJ RReeccoorrrreennttee CASTEGGIO CONSTRUTORA LTDA RReeccoorrrriiddaa FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2002 LUCRO PRESUMIDO. PERCENTUAL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE CONSTRUÇÃO COM EMPREGO DE MATERIAIS. Demonstrada a legitimidade das retificações implementadas na DIPJ e DCTF para reduzir o percentual utilizado no cálculo do lucro presumido de 32% para 8%, uma vez que há nos autos elementos de prova, que permitiram verificar que efetivamente havia o emprego de materiais na atividade de construção civil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa, Lívia de Carli Germano, Abel Nunes de Oliveira Neto, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Cláudio de Andrade Camerano, Daniel Ribeiro Silva, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente). AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 92 00 87 /2 00 9- 75 Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10880.920087/200975 Acórdão n.º 1401002.862 S1C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto contra o Acórdão da DRJ/SP1 que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, por considerar não comprovado o valor confessado na DCTF não é o correto, mediante prova material da existência do direito pleiteado. Conforme despacho decisório mantido DERAT/DIORT/EQPIR/SPO não reconheceu o direito creditório pleiteado no valor de R$ 2.440,47 e, conseqüentemente, não homologou nesses autos o PER/DCOMP n° 30010.70936.150906.1.3.040080, uma vez que o pagamento discriminado como indébito, de Imposto de Renda sobre Lucro Presumido, no valor de R$ 3.597,89, código 2089, recolhido em 29/11/2002, encontravase integralmente utilizado para quitação de débito correspondente. Mesmo após a Manifestação de Inconformidade, restou mantido integralmente o Despacho Decisório. Inconformada, interpôs Recurso Voluntário reiterando os argumentos da manifestação de inconformidade com o objetivo de ver convalidadas as compensações realizadas. É o relatório do essencial. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10880.920087/200975 Acórdão n.º 1401002.862 S1C4T1 Fl. 4 3 Tabela do plano Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º, 2º e 3º, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.851, de 16/08/2018, proferido no julgamento do Processo nº 10880.693171/2009 19, paradigma ao qual o presente processo fica vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.851): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais requisitos de admissibilidade, por isso, dele conheço. Temos que o acórdão recorrido indeferiu o pleito da recorrente considerando que ela não apresentou esclarecimento ou justificativa para a retificação da DIPJ, porém analisando as declarações entregues, constatouse a retificação da DIPJ e DCTF para reduzir o percentual utilizado no cálculo do lucro presumido de 32% para 8%. De acordo com as declarações originais, a receita bruta da contribuinte auferida no período em questão seria oriunda unicamente de prestação de serviços, sem o emprego de materiais. A retificação implementada, assim, demonstra que a contribuinte passou a entender que aquelas mesmas atividades teriam incluído o emprego de materiais, visto que o percentual de 8% que passou a utilizar é aplicável para a prestação de serviços de construção com emprego de materiais. Na decisão de piso foi considerado que tão somente a discriminação do objeto social constante do Contrato Social da empresa construtora ("ramo da construção civil, reformas, execução de projetos e atividades afins") não é suficiente para identificar a(s) atividade(s) que originara auferidas no período alcançado pelas declarações retificadoras, posto que era necessária apresentação de documentos que pudessem demonstrar a natureza das atividades a que se referiram os rendimentos declarados e que poderia esclarecer qual(is) o(s) correto(s) percentual(is) aplicável(is), se de 8%, tal como pretendido, se de 32%, ou mesmo de percentuais diversificados, conforme § 2° do artigo 15 da Lei n° 9.249/95. Em sede de Voluntário, a Recorrente aduz ser sua faculdade a compensar crédito que possuía junto ao Fisco decorrente de pagamento a maior com débitos a recolher que autorizavam nos moldes previstos no art. 170 do CTN e que a necessidade de reforma do Despacho Decisório está justamente no fato de que não homologação da compensação se deu por conta da análise pela Secretaria da Receita Federal do Brasil das informações constantes da DIPJ e DCTF ORIGINAIS e não Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10880.920087/200975 Acórdão n.º 1401002.862 S1C4T1 Fl. 5 4 das informações constantes nas declarações RETIFICADORAS, tendo o breve entendimento de que o sistema do referido órgão não havia processado as informações retificadas. Esclarece a Recorrente que preocupouse em relatar que as informações relativas ao cálculo do IRPJ em questão foram retificadas, sem detalhar com precisão o cálculo utilizado por entender que não era o objeto questionado no Despacho Decisório, que digase de passagem foi processado de modo eletrônico. A DRJ, reconheceu que a justificativa da alteração do cálculo foi a verificação de que foi utilizado percentual INCORRETO de presunção de lucro, visto que, como a Recorrente emprega materiais em TODAS as obras que realiza, o percentual correto de presunção de lucro é de 8% em conformidade com o Ato Declaratório Normativo Cosit n.° 6 de 13 de janeiro de 1997 e não de 32% como efetuado anteriormente por contabilista que prestava serviços Recorrente na época, contudo indeferiu o crédito pleiteado, dada a ausência de comprovação por parte da Recorrente de que fazia jus ao percentual de presunção de lucro de 8%. Notase que a Recorrente só foi possível saber o real motivo do indeferimento da compensação do crédito pleiteado, após ciência do resultado do julgamento da DRJ, tendo apresentado Recurso Voluntário precisamente para demonstrar a legitimidade das retificações implementadas na DIPJ e DCTF para reduzir o percentual utilizado no cálculo do lucro presumido de 32% para 8%, trazendo para os autos os seguintes elementos de prova, que permitiram verifica que efetivamente havia o emprego de materiais na atividade de construção civil. Com base na análise dos documentos juntados, resta demonstrado que a Recorrente, atendeu ao critérios para que pudesse ter sua base de cálculo para o imposto de renda determinada pela aplicação do percentual de 8% sobre sua receita bruta, especificamente em relação ao ramo da construção civil, atendeu ao Ato Declaratório Normativo Cosit n° 6, de 13 de janeiro de 1997 e seus critérios: "I Na atividade de construção por empreitada, o percentual a ser aplicado sobre a receita bruta para determinação da base de cálculo do imposto de renda mensal será: a) 8% (oito por cento) quando houver emprego de materiais, em qualquer quantidade; b) 32% (trinta e dois por cento) quando houver emprego unicamente de mãodeobra, ou seja, sem o emprego de materiais." A retificação implementada, assim, demonstra que a contribuinte passou a entender que aquelas mesmas atividades teriam incluído o emprego de materiais, visto que o percentual de 8% que passou a utilizar é aplicável para a prestação de serviços de construção com emprego de materiais, razão pela qual lhe era possível refazer o cálculo do IRPJ levando em Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10880.920087/200975 Acórdão n.º 1401002.862 S1C4T1 Fl. 6 5 consideração a base de cálculo de presunção de 8%, bem como de compensar o valor do tributo recolhido a maior, adotando os procedimentos legais de retificação das obrigações acessórias e apresentação de PER/DCOMP. Por estas razões, dou provimento ao Recurso Voluntário. É como voto." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º, 2º e 3º do art. 47, do Anexo II, do RICARF, voto por dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do voto acima transcrito. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 137DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13811.003380/2004-73
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 1999
DCTF. ATRASO NA ENTREGA. MULTA. AUSÊNCIA DE PROVAS
Não havendo provas que justifiquem erro de fato ou quaisquer outras circunstancias que demonstrassem justificados motivos para o atraso, é devida a multa por entrega extemporânea da DCTF.
Numero da decisão: 1003-000.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Bárbara Santos Guedes - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: BARBARA SANTOS GUEDES
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Ano-calendário: 1999 DCTF. ATRASO NA ENTREGA. MULTA. AUSÊNCIA DE PROVAS Não havendo provas que justifiquem erro de fato ou quaisquer outras circunstancias que demonstrassem justificados motivos para o atraso, é devida a multa por entrega extemporânea da DCTF.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
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ATRASO NA ENTREGA. MULTA. AUSÊNCIA DE PROVAS Não havendo provas que justifiquem erro de fato ou quaisquer outras circunstancias que demonstrassem justificados motivos para o atraso, é devida a multa por entrega extemporânea da DCTF. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 1. 00 33 80 /2 00 4- 73 Fl. 84DF CARF MF Processo nº 13811.003380/200473 Acórdão n.º 1003000.226 S1C0T3 Fl. 3 2 Tratase de recurso voluntário contra acórdão de nº 1611.476, de 07 de novembro de 2006, da 5ª Turma da DRJ/SPOI, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade da Recorrente, mantendo o lançamento da multa por atraso na entrega da DCTF. Aos 16/11/2004, a Recorrente apresentou impugnação contra Auto de Infração fls. 03, que autuou a mesma por atraso na entrega de DCTF relativa aos 1º, 2º, 3º e 4º/trimestres/2003. A DRJ/ SPOI analisou a impugnação e julgou o pedido da Recorrente improcedente, nos moldes da ementa abaixo: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 1999 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. 0 cumprimento da obrigação acessória apresentação de declarações (DCTF) fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator à aplicação das penalidades legais. Lançamento Procedente Inconformada com a decisão, a Recorrente apresentou recurso voluntário que, em síntese, destaca: (i) que, após tomar ciência da não apresentação da DCTF do período em análise, procedeu a entrega das mesmas de forma voluntária; (ii) que é empresa de pequeno porte e, em razão disso, estaria dispensada da obrigação de apresentar a DCTF. Contudo, em 1999, a partir da alteração da legislação, não ficou claro no texto a obrigatoriedade de entrega da citada declaração para todos os contribuintes. Ficando claro tratarse de má interpretação de um texto lega; (iii) que não houve máfé ou dolo por parte da empresa e que, por ser empresa de pequeno porte e esse ser o primeiro AI deve receber o perdão, devido seu caráter primário e que o valor cobrado é impossível de ser quitado. Requer, por fim, o cancelamento da imposição da multa. É o Relatório. Voto Conselheira Bárbara Santos Guedes, Relatora O recurso é tempestivo e cumpre com os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual deles tomo conhecimento e passo a apreciar. Fl. 85DF CARF MF Processo nº 13811.003380/200473 Acórdão n.º 1003000.226 S1C0T3 Fl. 4 3 Inicialmente, cumpre observar que a Recorrente não contestou o atraso na entrega da declaração, pelo contrário, afirma ter feito a entrega fora do prazo, tampouco contesta o cálculo que foi realizado no tocante ao valor da multa, limitandose a declarar ter havido má interpretação das alterações legislativas sobre a matéria. Estão obrigadas à apresentação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF todas as pessoas jurídicas, inclusive as equiparadas, excetuando se aquelas enquadradas no artigo 3° da IN SRF n° 126/98 instrumento legal que regia o assunto à época dos fatos. Art 3º Estão dispensadas da apresentação da DCTF, ressalvado o disposto no parágrafo único deste artigo: I as microempresas e empresas de pequeno porte enquadradas no regime do Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; II as pessoas jurídicas imunes e isentas, cujo valor mensal de impostos e contribuições a declarar na DCTF seja inferior a dez mil reais; III as pessoas jurídicas inativas, assim consideradas as que não realizaram qualquer atividade operacional, nãooperacional, financeira ou patrimonial, conforme disposto no art. 49 da Instrução Normativa SRF ni” 28, de 05 de março de 1998; IV os órgãos públicos; as autarquias e fundações públicas. A Recorrente informa ser empresa de pequeno porte, porém, em razão de sua atividade, não poderia optar pelo Simples Federal. Logo, a mesma não se enquadra nas exceções acima declinadas. A Recorrente não contesta a obrigatoriedade de entrega da DCTF para o anocalendário em análise, limitandose apenas a justificar o atraso com a suposta confusão em relação à interpretação da legislação vigente sobre a matéria. De fato, a empresa confundese por ter interpretado que estaria isenta se tivesse renda mensal inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Em verdade, o inciso II trata de pessoas jurídicas imunes ou isentas, que são aquelas empresas sem fins lucrativos, tais como instituições de educação, instituições de assistência social, etc. (art. 150, inciso VI, alínea “c” da Constituição Federal, e reconhecida nos arts. 167 e seguintes do RIR/99). Em que pese o equívoco na interpretação da norma e o poder econômico da empresa, é digno destacar que a atividade administrativa do lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional, conforme o parágrafo único do artigo 142 do CTN. Isto significa que a administração publica tem o dever de cumprir com as determinações legais sob pena de responsabilização, uma vez identificado o descumprimento da obrigação acessória, fica o contribuinte subordinado à multa específica (art. 113, § 3°, do CTN). Assim, uma vez constatado que a Recorrente não entregou as DCTF a que estava obrigada, no prazo estabelecido na legislação, justificada está a aplicação da multa por atraso na entrega das declarações, prevista na legislação vigente. Isto posto, voto por negar provimento ao Recurso Voluntário. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 13811.003380/200473 Acórdão n.º 1003000.226 S1C0T3 Fl. 5 4 (assinado digitalmente) Bárbara Santos Guedes Fl. 87DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10660.905843/2011-45
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jul 26 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Data do Fato Gerador: 14/11/2000
FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF.
Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do Fato Gerador: 14/11/2000
INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO.
Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62-A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do Fato Gerador: 14/11/2000
COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE.
Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3301-004.877
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplica-se o decidido no julgamento do processo 10660.905839/2011-87, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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ementa_s : Assunto: Normas de Administração Tributária Data do Fato Gerador: 14/11/2000 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do Fato Gerador: 14/11/2000 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62-A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do Fato Gerador: 14/11/2000 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. Recurso Voluntário Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 9; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2024; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T1 Fl. 2 1 1 S3C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.905843/201145 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 3301004.877 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de julho de 2018 Matéria RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. Recorrente MAHLE COMPONENTES DE MOTORES DO BRASIL LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do Fato Gerador: 14/11/2000 FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Nos pedidos de restituição e compensação PER/DCOMP, a falta de retificação da DCTF do período em análise não é impedimento para deferimento do pedido, desde que o contribuinte demonstre no processo administrativo fiscal, por meio de prova cabal, a existência da liquidez e certeza do crédito pleiteado. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do Fato Gerador: 14/11/2000 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235. Por força do Art. 62A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento, não se incluindo nesta concepção as receitas financeiras, salvo se estas forem receitas operacionais da pessoa jurídica. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do Fato Gerador: 14/11/2000 COMPENSAÇÃO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. A mera alegação do direito creditório, desacompanhada de provas baseadas na escrituração contábil/fiscal do período, não é suficiente para demonstrar que as receitas (de natureza diversa das de vendas de mercadorias e de serviços) afastadas da incidência foram incluídas indevidamente na base de cálculo da contribuição. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 90 58 43 /2 01 1- 45 Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 3 2 Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. Portanto, aplicase o decidido no julgamento do processo 10660.905839/201187, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior. Relatório Trata o presente processo administrativo de pedido de restituição realizado através de PER/DCOMP para obter reconhecimento de direito creditório do tributo por suposto pagamento a maior ou indevido. A unidade de origem proferiu despacho decisório indeferindo o crédito pleiteado, sob o fundamento de que o pagamento da guia DARF do período foi identificado, no entanto, integralmente utilizado para quitação dos débitos declarados pelo contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Intimada da decisão, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade para instaurar o contencioso administrativo, juntando demonstrativos para subsidiar a existência de seu crédito. Em síntese, a contribuinte afirmou: o Despacho Decisório adotou equivocada premissa de que inexiste crédito a ser restituído, porque não converteu o julgamento em diligência para solicitar esclarecimentos ou a apresentação de documentos que comprovassem o valor exato do crédito pretendido; Não considerou que o valor informado em DCTF como devido foi apurado em conformidade com a ilegal e inconstitucional base de cálculo instituída pela Lei nº 9.718; o Supremo Tribunal Federal, em julgamento de Recursos Extraordinários, consolidou o entendimento no sentido da inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo das referidas contribuições, promovida pelo § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, deixando de considerar como faturamento receita de natureza diversa da venda de mercadorias e de serviços. Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 4 3 A retificação da DCTF para a apresentação do PER/DCOMP representa requisito meramente formal que não pode se sobrepor à verdade material, uma vez comprovada, por outros meios, a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Ressalta que as informações contidas nos documentos que instruem a manifestação atestam, de forma inquestionável, que a restituição abordada no Per/Dcomp deve ser deferida, quer por força do dever de busca da verdade material, quer sob pena de cerceamento do direito de defesa, mediante a análise das razões e dos documentos que acompanham este recurso, eventuais diligências administrativas e a realização de prova pericial, que se requer. A DRJ julgou a manifestação de inconformidade improcedente, nos termos do Acórdão nº 06046.533. O fundamento adotado, em síntese, foi pela inexistência nos autos de documentação comprobatória do direito alegado. Inconformada da r. decisão, a contribuinte apresentou, no prazo, seu Recurso Voluntário que ora se analisa, repisando os argumentos trazidos em sua manifestação de inconformidade e insistindo na realização de perícia. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301004.872, de 26 de julho de 2018, proferido no julgamento do processo 10660.905839/201187, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3301004.872): "O recurso voluntário foi interposto no prazo e reúne os pressupostos legais de interposição. Realizada a suma adrede, passase a analisar as questões levantadas, especialmente sobre i) a decisão de indeferimento fundamentada no valor informado em DCTF com a correspondente quitação do montante declarado, não havendo crédito a compensar; ii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543 B do STF; ii) a declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF; iii) a análise do crédito decorrente de receitas financeiras a partir das provas juntadas aos autos. I) Do indeferimento do pedido de restituição diante da inexistência de retificação da DCTF Neste ponto, é relevante a análise da decisão que indeferiu o pedido de restituição, sob a fundamentação de que foi efetuada uma declaração por Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 5 4 DCTF e a DARF discriminada no PER/DCOMP foi inteiramente utilizada para quitar o débito do contribuinte, não restando crédito para a restituição, verbis: A partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP acima identificado, foram localizados um ou mais pagamentos abaixo relacionados, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. O significado que se extrai deste despacho decisório é que a Recorrente apresentou o PER/DCOMP, mas não realizou a retificação da DCTF do período correspondente, qual seja, 06/2000. Desta feita, o montante pago foi utilizado para cobrir integralmente um débito declarado, não havendo excesso resultante do pagamento indevido. Ressaltese, no entanto, que a retificação da DCTF, por si só, não se presta para solidificar a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte, sendo indispensável a apresentação de prova, tais como demonstrativos contábeis e fiscais, para aferição do crédito. Neste sentido, já se pronunciou a Câmara Superior de Recursos Fiscais deste E. CARF, no julgamento do processo 10909.900175/200812, manifestando o entendimento no acórdão nº 9303005.520 (sessão de 15/08/2017), no sentido de que, mesmo no caso de uma a retificação posterior ao Despacho Decisório, não haveria impedimentos para o deferimento do pedido quando acompanhada de provas documentais comprovando a erro cometido no preenchimento da declaração original, comparecendo nos autos com qualquer prova documental hábil a demonstrar o erro que cometera no preenchimento da DCTF (escrita contábil e fiscal): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/02/2004 a 29/02/2004 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado. Este entendimento vem sendo adotado em sede de Recurso Voluntário pelo E. CARF, conforme se destaca das ementas abaixo: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 14/11/2003 REPETIÇÃO DE INDÉBITO. RETIFICAÇÃO DE DCTF. PROVA DO INDÉBITO. O direito à repetição de indébito não está condicionado à prévia retificação de DCTF que contenha erro material. A DCTF (retificadora ou original) não faz prova de liquidez e certeza do Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 6 5 crédito a restituir. Na apuração da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese apreciar as provas apresentadas pelo contribuinte. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Número do Processo 10283.902681/200913. Relator WALBER JOSE DA SILVA. Data da Sessão 21/05/2013. Nº Acórdão 3302 002.104) Assunto: Normas de Administração Tributária Anocalendário: 2001 CONEXÃO. IMPOSSIBILIDADE. Os processos referemse a períodos diferentes, o que ocasiona fatos jurídicos tributários diferentes, com a consequente, diferenciação no que concerne à produção probatória, impossibilitando a conexão. FALTA DE RETIFICAÇÃO NA DCTF. Ainda que o sujeito passivo não tenha retificado a DCTF, mas demonstre, por meio de prova cabal, a existência de crédito, a referida formalidade não se faz necessária. Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2011 INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, §1º, DA LEI Nº 9.718/1998. RECONHECIMENTO. Quanto à ampliação da base de cálculo prevista pela Lei nº 9.718/1998, tal fato já foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal em regime de repercussão geral, RE 585.235 QORG. (Número do Processo 10280.905792/201126. Relatora SARAH MARIA LINHARES DE ARAUJO PAES DE SOUZA. Data da Sessão 27/07/2017. Nº Acórdão 3302004.623) (grifo não consta do original) Esta colenda 1ª TO da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF tem manifestado entendimento no mesmo sentido, segundo a qual, em razão da verdade material, a liquidez e certeza do crédito pleiteado pelo contribuinte pode ser demonstrado por outros elementos de prova, independentemente da retificação da DCTF, conforme é possível constatar pelo recente acórdão relatado pela ilustre conselheira Semíramis de Oliveira Duro: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Anocalendário: 2012 COMPENSAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE DCTF RETIFICADORA APÓS O DESPACHO DECISÓRIO. Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 7 6 POSSIBILIDADE. Se transmitida a PER/Dcomp sem a retificação ou com retificação após o despacho decisório da DCTF, por imperativo do princípio da verdade material, o contribuinte tem direito subjetivo à compensação, desde que prove a liquidez e certeza de seu crédito. (...) Recurso Voluntário provido. (Número do Processo 11060.900738/201311. Relatora SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO. Data da Sessão 17/04/2018. Nº Acórdão 3301004.545) Desta feita, o que é necessário verificar é a existência de comprovação pela Recorrente, nos autos, trazendo elementos de prova capaz de trazer liquidez e certeza de seu crédito. II) Da declaração de inconstitucionalidade proferida pelo STF no RE nº 585.235 sob o rito da repercussão geral, art. 543B do STF Quanto ao ponto sobre a incidência da contribuição ao PIS sobre receitas financeiras, auferidas por entidade que não desenvolva atividade financeira. Sobre este assunto, o Supremo Tribunal Federal já se manifestou, inclusive em sede de repercussão geral, acerca da inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998, por pretender alargar o conceito de faturamento, estabelecendo as receitas totais da pessoa jurídica como base de cálculo das contribuição para o PIS e COFINS. Tratase do RE nº 585.235 e desde 2010 a PGFN já se manisfestou formalmente, por meio da Portaria PGFN 294/2010, no sentido de dispensar os procuradores da fazenda nacional a contestar ou recorrer nesta matéria: Item 1, Anexo I, Portaria PGFN nª 294/2010 Resumo: É inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo art. 3º, §1º da Lei n. 9.718/98, eis que tais exações devem incidir, apenas, sobre as receitas decorrentes da venda de mercadorias e da prestação de serviços (conceito restritivo de receita bruta), e não sobre a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica (conceito ampliativo de receita bruta). (...) DELIMITAÇÃO DA MATÉRIA DECIDIDA: o PIS/COFINS deve incidir somente sobre as receitas operacionais das empresas, escapando da incidencia do PIS/COFINS as receitas não operacionais. Consideramse receitas operacionais as oriundas dos serviços financeiros prestados pelas instituições financeiras (serviços remunerados por tarifas e atividades de intermediação financeira). Nestes termos, é de rigor a aplicação do art. 62, § 1º, I e II, "b" e "c" do anexo II do RICARF, no sentido de que os membros das turmas de julgamento do CARF estão autorizados afastar a aplicação lei sob fundamento de inconstitucionalidade nos casos em que este entendimento já foi manifestado por decisão definitiva em sessão plenária do Supremo Tribunal Federal ou decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal em sede de julgamento Fl. 164DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 8 7 realizado em repercussão geral nos termos dos arts. 543B do CPC/1973, ou mesmo no caso de existência de Ato Declaratório da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) aprovado pelo Ministro de Estado da Fazenda, nos termos dos arts. 18 e 19 da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002. Preenchese as três hipóteses do Regimento Interno do CARF (RICARF) neste caso de alargamento da base cálculo das contribuições PIS/COFINS intentada pelo disposto no art. 3º, § 1º da Lei 9.718/1998. Neste sentido: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2000 a 30/11/2002, 01/07/2003 a 31/07/2004, 01/09/2004 a 30/09/2004 Ementa: NÃO INCIDÊNCIA DO PIS SOBRE RECEITAS NÃO OPERACIONAIS E VARIAÇÃO CAMBIAL ATIVA. REGIME CUMULATIVO DO PIS. CONCEITO DE FATURAMENTO PARA INCIDÊNCIA NA BASE DE CÁLCULO. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Por força do Art. 62A, Anexo II, do regimento interno deste Conselho, é obrigatória a aplicação do entendimento do STF sobre o conceito de faturamento ("faturamento corresponde à receita das vendas de mercadorias, de serviços ou de mercadoria e serviços" vejam julgamentos dos Recursos Extraordinários 346.084, DJ 01/09/2006 Rel p/ acórdão Min. Marco Aurélio, 357.950, 358.273 e 390.840 todos DJ 15.08.06 Rel. Min. Marco Aurélio). Sendo "receitas" não operacionais e variações cambiais ativas, e, portanto, não se tratando de "faturamento" vinculado às receitas oriundas das prestações de bens e serviços, não há como incidir o PIS. (Número do Processo 13502.000463/200585. Nº Acórdão 3201 003.681. Data da Sessão 22/05/2018) Resta, portanto, consolidado o entendimento acerca da não incidência de PIS sobre receitas financeiras, quando não constituírem receita operacional da empresa, no contexto da aplicação da Lei 9.718/1998. Como o período de apuração em que se discute o pagamento indevido é 06/2000, em tal momento aplicavase para a Recorrente o regime de tributação previsto na Lei 9.818/1998. Isto posto, caso comprovada a inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição ao PIS no período em referência, demonstrandose a liquidez e certeza do crédito a restituir declarado pelo contribuinte, será de rigor reconhecer o direito à restituição pleiteado pelo contribuinte. É o que se passa a analisar. III) Da liquidez e certeza do crédito Neste ponto, a Recorrente argumentou que no mês de apuração em foco (06/2000), considerando a original vigência da Lei nº 9.718/1998, apurou a contribuição com a inclusão de receitas financeiras à base de cálculo. Fl. 165DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 9 8 No entanto, em que pese a Recorrente ressaltar em seu Recurso Voluntário que os documentos juntados aos autos atestam, de forma inquestionável, a restituição pleiteada em seu pedido, o que se tem, na verdade, é um simples demonstrativo de cálculo da contribuição, onde traz o total do faturamento, as exclusões permitidas, o valor devido da contribuição, o valor do recolhimento e o crédito objeto do pedido de restituição. Estes demonstrativos não possui força probatória isoladamente, desacompanhada de outros documentos oficiais, como registros contábeis e fiscais. A afirmação de que o Fisco já detém todas as informações, por todas as obrigações acessórias já cumpridas, bastando baixar em diligência para verificar a informação também não é pertinente e não merece guarida o alegado cerceamento de defesa daí decorrente. Nos pedidos de restituição o ônus da prova da existência do crédito é do contribuinte, não tendo a Recorrente se desincumbido de tal tarefa. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/06/2006 a 30/06/2006 PROVA. APRECIAÇÃO INICIAL EM SEGUNDA INSTÂNCIA. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. LIMITES. PRECLUSÃO. A apreciação de documentos não submetidos à autoridade julgadora de primeira instância é possível nas hipóteses previstas no art. 16, § 4º do Decreto nº 70.235/1972 e, excepcionalmente, quando visem à complementar instrução probatória já iniciada quando da interposição da manifestação de inconformidade. COMPENSAÇÃO. ÔNUS PROBATÓRIO DO CONTRIBUINTE. Pertence ao contribuinte o ônus de comprovar a certeza e a liquidez do crédito para o qual pleiteia compensação. (Número do Processo 10880.674831/200954. Relatora LARISSA NUNES GIRARD. Data da Sessão 13/06/2018. Nº Acórdão 3002000.234) (grifos não constam do original) A Recorrente não trouxe aos autos, nas duas oportunidades em que neles compareceu manifestação de inconformidade e recurso voluntário, qualquer prova documental hábil capaz de sustentar a veracidade e existência de seu direito de crédito (escrita contábil e fiscal). Não constam dos autos balancetes e demonstrações contábeis, nem mesmo a DIPJ do contribuinte para evidenciar o quantum de receitas financeiras levadas à tributação do PIS, sendo desnecessária, portanto, a realização da perícia requerida. A perícia será necessária quando a matéria exigir conhecimento técnico específico diferente da análise que deve ser realizada pela autoridade administrativa competente para o reconhecimento do crédito. Ademais, a demonstração do crédito, neste caso, seria possível com a simples apresentação de prova documental, não realizada pelo contribuinte. Desta feita, diante da ausência de comprovação da liquidez e certeza do crédito pleiteado, devese negar provimento ao presente recurso voluntário Fl. 166DF CARF MF Processo nº 10660.905843/201145 Acórdão n.º 3301004.877 S3C3T1 Fl. 10 9 Isto posto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, negar provimento." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o Colegiado decidiu negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 167DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.726362/2011-52
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/05/2010 a 31/05/2010
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON.
A entrega fora do prazo do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais-Dacon enseja a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICÁVEL. SÚMULA CARF N° 49.
A denúncia espontânea, prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, não alcança penalidade decorrente de atraso na entrega de Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais, obrigação acessória autônoma, ato fonnal. sem vínculo dir eto com a existência do fato gerador do tributo
Numero da decisão: 3302-005.880
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Jorge Lima Abud - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária.
Nome do relator: JORGE LIMA ABUD
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/05/2010 a 31/05/2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. A entrega fora do prazo do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais-Dacon enseja a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICÁVEL. SÚMULA CARF N° 49. A denúncia espontânea, prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, não alcança penalidade decorrente de atraso na entrega de Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais, obrigação acessória autônoma, ato fonnal. sem vínculo dir eto com a existência do fato gerador do tributo
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Recorrente COTRANS LOCACAO DE VEICULOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/05/2010 a 31/05/2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DO DACON. A entrega fora do prazo do Demonstrativo de Apuração de Contribuições SociaisDacon enseja a aplicação da multa por descumprimento de obrigação acessória. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICÁVEL. SÚMULA CARF N° 49. A denúncia espontânea, prevista no art. 138 do Código Tributário Nacional, não alcança penalidade decorrente de atraso na entrega de Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais, obrigação acessória autônoma, ato fonnal. sem vínculo dir eto com a existência do fato gerador do tributo Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 72 63 62 /2 01 1- 52 Fl. 83DF CARF MF 2 Jorge Lima Abud Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Vinicius Guimarães (Suplente Convocado), Walker Araujo, Orlando Rutigliani Berri (Suplente Convocado), Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Diego Weis Junior, Raphael Madeira Abad e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente), a fim de ser realizada a presente Sessão Ordinária. Relatório Aproveitase o Relatório apresentado no Acórdão de Impugnação: Trata o processo de exigência de R$ 9.670,44, decorrente de multa por atraso na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, relativo ao mês de maio/2010, tendo como fundamento legal o art. 7° da Lei n° 10.246, de 24 de abril de 2002, com redação dada pelo art. 19 da Lei n° 11.051, de 29 de dezembro de 2004. Cientificada da exigência fiscal, a interessada interpôs impugnação, ressaltando, inicialmente, cerceamento ao seu direito de defesa, uma vez que o lançamento não contém de forma clara a descrição do fato e a indicação legal infringida, dificultando o oferecimento de impugnação consistente. Ressalta que trinta dias não é prazo suficiente para tudo analisar e verificar todas as perícias necessárias, para impugnar especificamente cada ponto. Disserta sobre o princípio do contraditório, citando doutrinadores. Realça que houve erro quanto ao enquadramento legal dos fatos, pois foi omitida a determinação da base de cálculo adotada pelo sistema fiscal, em ofensa ao art. 37, caput, da CF e art. 142, parágrafo único, do CTN. Alega transcurso do prazo decadencial entre parte dos fatos geradores do imposto e à formalização da exigência, já que os créditos considerados como rendimentos foram totalmente quitados, sendo que o lançamento somente foi efetivado após as exigências de cobrança, que, segundo esclarece, depois de transcorrido o prazo de lançados a documentação cobrada. Diz que nem sequer a regra decadencial seria a do 173 do CTN, em razão da multa agravada, eis que inexistem elementos caracterizadores do evidente intuito de fraude. Complementa que o simples fato de se tratar de tributação baseada em presunção da falta de cumprimento de uma obrigação acessória é suficiente, de per se, para afastar a acusada existência de dolo. Observa, ainda sobre o tema, da impossibilidade do agravamento da multa de ofício em matéria de omissão na entrega de documentação acessória pautada em presunção legal, discussão já superada no E. 1° Conselho de Contribuintes. Em um último ponto, pondera que se sobre o lançamento deve incidir acréscimos moratórios, calculados à razão da Taxa Selic, não pode prosperar, pois afrontam o art. 161, § 1°, do CTN, e art. 192, § 3°, da Constituição Federal. Em 27 de março de 2013, através do Acórdão n° 0639.997 a 3a Turma da Delegacia Regional de Julgamento de Curitiba/PR, por unanimidade de votos, considerou procedente o presente lançamento, mantendo a exigência de R$ 9.670,44 de multa por atraso Fl. 84DF CARF MF Processo nº 10980.726362/201152 Acórdão n.º 3302005.880 S3C3T2 Fl. 3 3 na entrega do Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais Dacon, relativo ao mês de maio/2010. Entendeu a Turma que: ü Só se pode cogitar de declaração de nulidade de Notificação de Lançamento ou de Auto de Infração que se inserem na categoria de ato ou termo quando forem lavrados por pessoa incompetente. Por sua vez, a nulidade por preterição do direito de defesa, alegada na impugnação, somente pode ser declarada quando o cerceamento está relacionado aos despachos e às decisões, ou seja, somente pode ocorrer em uma fase posterior à lavratura do auto de infração. Portanto, em matéria de processo administrativo fiscal, não há que se falar em nulidade caso não se encontrem presentes as circunstâncias previstas no dispositivo citado; ü Portanto, existindo dispositivos que estabelecem uma obrigação acessória por parte do sujeito passivo e que impõem uma multa pelo seu descumprimento, sendo tais dispositivos integrantes da legislação tributária, conforme estabelecido nos art. 96 e 100, I, do CTN, a sua observância é obrigatória. E não existe para o caso qualquer hipótese de tributação baseada em presunção ou ainda a acusação de existência de dolo, com agravamento da multa, como ressalta a interessada em sua impugnação; ü Relativamente à suscitada decadência do lançamento, prevê o Código Tributário Nacional em seu art. 173, I, que o direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. No caso, por se tratar de obrigação acessória, cuja inobservância convertese em obrigação principal, nos termos do art. 113, § 3°, do mesmo Código, não se aplica o art. 150 do CTN, que trata de lançamento por homologação, ou seja, não se trata de lançamento em que o sujeito passivo tem o dever e, de fato, antecipa o pagamento do débito. ü Concluise que, em se tratando da entrega de Dacon somente depois de decorrido o termo final para o cumprimento dessa obrigação acessória, e não sendo ela satisfeita, é que poderia o Fisco constituir o crédito tributário referente à multa pela sua inobservância, e, portanto, apenas no primeiro dia do exercício seguinte ao da data prevista para a entrega da declaração é que se inicia a contagem do prazo decadencial;; ü No caso dos autos, como se trata de demonstrativo do mês de maio/2010, cujo prazo final de entrega era em 07/07/2010, o fisco teria até 31/12/2015 para constituir o lançamento, ou seja, até 5 (cinco) anos contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; Fl. 85DF CARF MF 4 ü Em relação ao contestado juros de mora, não se observa no lançamento a exigência de acréscimo moratório com base na Taxa Selic e, portanto, não diz respeito ao litígio. A empresa COTRANS tomou ciência do Acórdão de Impugnação. Via Aviso de Recebimento, em 26 de abril de 2013, às folhas 56. A empresa COTRANS ingressou com Recurso Voluntário em 21/05/2013, de folhas 58 a 70. Foi alegado que: ü Da Denúncia Espontânea; ü Do efeito confiscatório da multa cominada no caso presente. Requerimento Final Diante do exposto requer seja conhecida a presente peça recursal, para que no mérito, seja dado total provimento ao recurso interposto, declarandose a improcedência do lançamento efetuado. Finalmente, se houver entendimento diverso quanto à insubsistência total do auto de infração, que seja desconsiderada a pesada multa imposta, eis que se demonstrou o seu caráter confiscatório. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Lima Abud – Relator. Da admissibilidade. Por conter matéria desta E. Turma da 3a Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e presentes os requisitos de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário tempestivamente interposto pelo contribuinte, considerando que a recorrente teve ciência da decisão de primeira instância em 26 de abril de 2013, por via eletrônica, às folhas 6.982 do processo digital. O recurso voluntário foi apresentado em 21 de maio de 2013, sendo, portanto, tempestivo. Da controvérsia. O Recurso Voluntário apresenta as seguintes questões: ü Da Denúncia Espontânea; ü Do efeito confiscatório da multa cominada no caso presente. Passase à análise. Fl. 86DF CARF MF Processo nº 10980.726362/201152 Acórdão n.º 3302005.880 S3C3T2 Fl. 4 5 Da Denúncia Espontânea. Sobre o assunto assim se manifestou o Recurso Voluntário (folhas 2 e 3): O Código Tributário Nacional, Lei n° 5.172/66, ao instituir normas gerais a serem observadas pelo legislador ordinário na elaboração de leis de tributação, estabelece a exclusão da responsabilidade pela prática de infração, na seguinte situação: "Art. 138 A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo Único Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração." Assim, o contribuinte que se antecipa à ação do Fisco e denuncia espontaneamente a infração, não pode ser responsabilizado pela prática do ato contrário à legislação, devendo ainda, ser excluída toda e qualquer penalidade a ser imposta a quem desta forma agir. A infração ou ilícito tributário retrata, conforme referido acima, o comportamento humano contrário às prescrições das normas tributárias e, de acordo com o ensinamento do Prof. Sacha Calmon Navarro Coelho, resulta basicamente de: "a) não pagar o tributo previsto em lei ou de fazêlo a destempo ou a menos; b) praticar atos vedados pela lei tributária ou deixar de praticar atos obrigatórios, segundo esta mesma lei"\ O inadimplemento, total ou parcial, da prestação tributária ou o seu adimplemento a destempo ou, ainda, o descumprimento de deveres instrumentais, acarretam, pois, a imposição de sanções de natureza fiscal, que possuem duplo efeito: o intimidativo (psicológico) que visa evitar a violação do direito e; o repressivo, que se verifica após perpetrado o desrespeito à norma tributária. As sanções fiscais multa por falta ou insuficiência no pagamento de tributo ou por pagamento a destempo têm, portanto, natureza punitiva, sancionatória. O Supremo Tribunal Federal, em sua composição Plenária, decidiu que "não se distingue mais entre multa indenizatória ou punitiva, porquanto a indenização da mora se faz através dos juros e da correção monetária"2. Demonstrado que as multas fiscais têm sempre caráter punitivo, decorram elas da prática de infração material (não pagamento de tributo devido ou efetuado intempestivamente) ou de infração formal (descumprimento de obrigação acessória), é de se Fl. 87DF CARF MF 6 afirmar que, qualquer que seja sua espécie, estará abrangida pelo disposto no art. 138 do CTN. Quanto à aplicação da denúncia espontânea ao caso, observo que decisões reiteradas e uniformes proferidas neste Conselho foram consubstanciadas na Súmula CARF n° 49, de observância obrigatória pelos seus membros, por força do art. 72, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF. O enunciado da súmula é o seguinte: Súmula CARF no 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente de atraso na entrega de declaração. Serviram de acórdãos paradigmas para ela, entre outros, os seguintes: Ø n° CSRF/0400.574, de 19/06/2007; Ø n° 19200.096, de'o6/10/2008; Ø n° 0709.410, de 30/05/2008; Ø n° 10196.625, de 07/03/2008; Ø n° 10516.674, de 14/09/2007; Ø n° 10809.252, de 02/03/2007. Cito as ementas: Acórdão CSRF/0400.574: OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO PENALIDADE As penalidades por descumprimento de obrigações acessórias autônomas, sem vínculo direto com fato gerador de tributo, não estão alcançadas pelo instituto da denúncia espontânea grafado no art. 138 do CTN. Recurso especial provido. Acórdão 19200.096: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF EXERCÍCIO: 2005 DECLARAÇÃO IRPF. MULTA POR ENTREGA EM ATRASO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O instituto da denúncia espontânea não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de rendimentos porquanto as responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138 do CTN (precedentes CSRF). DECLARAÇÃO IRPF. MULTA POR ENTREGA EM ATRASO. CONFISCO. Fl. 88DF CARF MF Processo nº 10980.726362/201152 Acórdão n.º 3302005.880 S3C3T2 Fl. 5 7 A penalidade pela entrega da declaração extemporaneamente não se caracteriza como tributo. Inaplicável, assim, o conceito de confisco previsto no inciso IV do art. 150 da Constituição Federal de 1988. Recurso negado. Acórdão 10709.410: Assunto: Imposto Sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2001, 2002 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DIPJ. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A entrega da declaração de IRPJ fora do prazo legal, mesmo que espontaneamente, sujeita à multa estabelecida na legislação de regência do tributo, posto que não ocorre a denúncia espontânea prevista no art. 138 do CTN, por tratarse de descumprimento de obrigação acessória com prazo fixado em lei para todos os contribuintes. Acórdão 10196.625: MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇAO DIPJ. A cobrança de multa por atraso na entrega de declaração tem previsão legal e deve ser efetuada pelo Fisco, uma vez que a atividade de lançamento é vinculada e obrigatória. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. A exclusão de responsabilidade pela denúncia espontânea se refere à obrigação principal, não se aplicando às obrigações acessórias, por não estar vinculado diretamente com a existência do fato gerador do tributo. Recurso Voluntário Negado Acórdão 10809.252: IRPJ MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE RENDIMENTOS. O instituto da denúncia espontânea não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração de rendimentos porquanto as responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. Recurso negado. Verificase que o fundamento para não se aplicar a denúncia espontânea às declarações, nos acórdãos que serviram de paradigma para a edição da Súmula CARF n° 49, também justifica sua não aplicação ao caso presente, pois a apresentação do Dacon é obrigação acessória autônoma, ato formal, sem vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo. Do efeito confiscatório da multa cominada no caso presente. Tendo em vista que a vedação ao confisco tem seio em norma constitucional, na alegação da defesa de que a exação é confiscatória, implícita está a arguição de inconstitucionalidade da própria norma legal que prevê a penalidade, para afastar sua a Fl. 89DF CARF MF 8 aplicação no caso concreto. Entretanto, em face do modelo adotado em nosso sistema jurídico, a autoridade administrativa não tem competência para decidir sobre inconstitucionalidade de normas legais, cabendo apenas executálas, não podendo negar aplicação à lei, sob argumento de que há conflito com a Constituição Federal. Com efeito, o órgão administrativo não é o foro apropriado para discussões dessa natureza, uma vez que exercício do controle da constitucionalidade, regulado pela própria Constituição Federal, é reservado ao Poder Judiciário que detém, com exclusividade, essa prerrogativa, conforme prevê a Lei Maior no Capítulo III do Título IV. A presunção é que o Legislativo, antes de aprovar a lei tenha examinado eventual conflito com a Constituição Federal e chegado à conclusão de não haver tal contrariedade. Essa presunção somente sucumbe ante o pronunciamento judicial. Inadmissível é pretender que a autoridade administrativa descumpra a lei. Até aí não vai o seu poder, tendo em vista o alcance limitado do julgamento nessa esfera, que não pode se desviar dos estritos ditames legais, sendo vedado imiscuirse na competência do Poder Judiciário para examinar a constitucionalidade de normas. No mais, agasalhase o entendimento de que vem a ser essa uma limitação imposta pelo Legislador constituinte ao Legislador infraconstitucional (ordinário), portanto, não se pode dizer que o princípio esteja direcionado à Administração Tributária. Com estas considerações, voto por negar provimento ao recurso voluntário. Jorge Lima Abud. Fl. 90DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.908173/2009-96
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 10 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2005
Ementa:
COMPENSAÇÃO. DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. CONTRATO DE CÂMBIO EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO COMBIAL POSITIVA. RECEITA. DCTF RETIFICADORA. ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS VALIDADAS EM DILIGÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA
Comprova-se a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, por meio da validação da escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração.
Numero da decisão: 1302-002.992
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente
(assinado digitalmente)
Rogério Aparecido Gil - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente).
Nome do relator: ROGERIO APARECIDO GIL
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ementa_s : Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2005 Ementa: COMPENSAÇÃO. DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. CONTRATO DE CÂMBIO EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO COMBIAL POSITIVA. RECEITA. DCTF RETIFICADORA. ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS VALIDADAS EM DILIGÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Comprova-se a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, por meio da validação da escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração.
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IRPJ PAGO A MAIOR. CONTRATO DE CÂMBIO. REGIME DE CAIXA. RETIFICAÇÃO DE DCTF Recorrente IMOSEST INDUSTRIA DE MOVEIS E ESTOFADOS EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2005 Ementa: COMPENSAÇÃO. DCOMP. PAGAMENTO A MAIOR. CONTRATO DE CÂMBIO EXPORTAÇÃO. VARIAÇÃO COMBIAL POSITIVA. RECEITA. DCTF RETIFICADORA. ESCRITAS CONTÁBEIS E FISCAIS VALIDADAS EM DILIGÊNCIA. HOMOLOGAÇÃO DEVIDA Comprovase a existência de crédito decorrente de pagamento a maior, comparativamente com o valor do débito devido a menor, por meio da validação da escrituração contábil fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 81 73 /2 00 9- 96 Fl. 215DF CARF MF Processo nº 10920.908173/200996 Acórdão n.º 1302002.992 S1C3T2 Fl. 3 2 Rogério Aparecido Gil, Maria Lucia Miceli, Gustavo Guimaraes da Fonseca, Flavio Machado Vilhena Dias e Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente). Relatório Tratase de retorno de diligência (Resolução nº 1801000.369, 1ª. Turma Especial – extinta) designada para a verificação quanto à existência e disponibilidade de direito creditório, decorrente de IRPJ pago a maior, relativo a contratos de câmbio para exportação, em meses em que a recorrente teria auferido receita, em virtude de variação cambial ativa (positiva). Conforme Despacho Decisório Eletrônico (fl. 5) houve a DComp não homologada tem origem na PER 04589.66471.140306.1.2.042404. A DIPJ 2006 não foi retificada e indicava um valor correspondente de R$2.097,99 de IRPJ para o segundo trimestre/2005 e de R$ 1.675,91 para a CSLL. Ou seja, a DIPJ 2006 – ainda que apenas informativa – diferia da DCTF original. A DCTF retificadora indica, por sua vez, os valores constante na DIPJ. A recorrente sustentou os motivos pelos quais teria excluído a receita de variação cambial ativa, inicialmente oferecida à tributação (fls. 185/188). Salientou que a tributação de tal receita teria ocorrido com base no regime de caixa, em conformidade com o art. 30 da MP nº 2.15835/2001. Assim, alegou a ocorrência de erro no preenchimento da DCTF e que o valor correto do IRPJ devido seria o indicado na DIPJ, ano calendário 2005. O erro referiase ao segundo trimestre de 2005 (abril, único mês em que teria havido variação cambial ativa). Houve retificação da DCTF. Todavia, posteriormente ao Despacho Decisório Eletrônico. No preenchimento da DCTF original, o contribuinte optou por realizar o pagamento em duas cotas. Logo, o valor de cada cota seria de R$ 1.075,18 (considerando o valor original de CSLL de R$ 2.150,35). À vista de tais razões de recurso voluntário, designouse a referida diligência, assim indicada: "...a fim de reratificar os cálculos da recorrente, a autoridade fiscal verifique o valor da base de cálculo do IRPJ relativo ao 2° trimestre de 2005 junto a contabilidade completa da recorrente, bem como a correção do procedimento em expurgar a variação cambial ativa e Saldo do IRPJ apurado, explicitando os cálculos em Relatório Fiscal e juntando aos autos, em cópia, os registros contábeis pertinentes." A diligência foi realizada, registrandose a Informação Fiscal de fls. 200/204. A recorrente foi devidamente intimada (fl. 208) e apresentou manifestação ratificando os termos da impugnação e do recurso voluntário. A Informação Fiscal (fls. 200/204) registrou as seguintes constatações favoráveis à recorrente: 3.A DComp não homologada possui como origem de crédito o PER 04589.66471.140306.1.2.042404. Fl. 216DF CARF MF Processo nº 10920.908173/200996 Acórdão n.º 1302002.992 S1C3T2 Fl. 4 3 4.A empresa teria tributado suas operações de câmbio pelo regime de caixa, conforme o disposto no art. 30 da MP 2.15835/2001. “Art. 30. A partir de 1o de janeiro de 2000, as variações monetárias dos direitos de crédito e das obrigações do contribuinte, em função da taxa de câmbio, serão consideradas, para efeito de determinação da base de cálculo do imposto de renda, da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para o PIS/PASEP e COFINS, bem assim da determinação do lucro da exploração, quando da liquidação da correspondente operação.” 5. Consultandose os sistemas da RFB, verificase que o contribuinte apresentara duas DCTFs para o período de apuração em que ocorrera o alegado pagamento indevido ou a maior: 6 A retificadora foi apresentada após a emissão do despacho decisório que não homologou a compensação, objeto do presente processo Na Retificadora, com relação à CSLL, houve alteração do valor devido Reduziuse de R$ 2 150,35 (pagamento em duas cotas) para R$ 1 675,90 (não indicou pagamento em cotas) O contribuinte alegou que houve erro no lançamento contábil das contas de variação cambial ativa e passiva 7 A DIPJ 2006, por sua vez, não foi retificada e indicava um valor correspondente de R$ 2 097,99 de IRPJ para o segundo trimestre/2005 e de R$ 1 675,91 para a CSLL 8 Ou seja, a DIPJ 2006 ainda que apenas informativa diferia da DCTF original A DCTF retificadora indica, por sua vez, os valores constante na DIPJ 9 Diante de tal situação, procurouse, junto aos elementos de prova já juntados, verificar que valor seria correto para o IRPJ e CSLL do 2o trim/2005, conforme solicitado na resolução O cerne da questão estaria na apuração de receita financeira (variação cambial) com relação a maio de 2005 10. Tais créditos correspondem às notas fiscais da tabela abaixo. Na mesma tabela fica evidente que somente houve variação cambial positiva abril: 12. O contribuinte, em suas alegações, destaca: Em anexo o contribuinte demonstra através dos extratos bancários referentes aos meses de abril, maio e junho, bem como cópia da planilha de apuração de imposto de renda e contribuição social do 3º trimestre/2005, e razões contábeis das contas de variação cambial ativa e passiva, comprovando que, a única liquidação de operação de câmbio com variação cambial ativa que houve no trimestre, foi no mês de abril, e que foi devidamente tributada, no valor de R$ 4.717,22 (quatro mil, setecentos e dezessete reais, e vinte e dois centavos); no mês de maio e no mês de junho houve liquidação, mas com variação cambial passiva. 13. Observandose os extratos, há quatro valores creditados a título de operações cambiais. Interessa, no caso, a operação de maio vez que o próprio Fl. 217DF CARF MF Processo nº 10920.908173/200996 Acórdão n.º 1302002.992 S1C3T2 Fl. 5 4 contribuinte afirma ter tido fechamento de contrato de câmbio com variação cambial positiva em abril e em junho não houve apuração de IRPJ sobre operações de câmbio. 14. No extrato do mês de maio, à fl. 111, consta: 31/05/2005 Câmbio 1760505636 30.123.83 C 15. Este crédito se refere ao pagamento referente ao contrato de câmbio de compra nr. 05/016557 (fl. 117). A taxa cambial estipulada no contrato foi de R$2,3962914. A nota fiscal (nº 1648), por sua vez, foi emitida no valor de R$37.842,16, em 22/04/2005 (fl. 114), em virtude da operação negociada com a fatura proforma 12/2005 (campo de informações complementares). Tais dados correspondem ao constante no contrato de câmbio (ver "outras especificações" fl. 119), sendo o Registro de Exportação RE feito sob nº 05/0577513001 a 002 (Despacho de Exportação fl. 205) e O.P. 305636 (corresponde ao nº do depósito no extrato). 16 Portanto, concluise que não houve variação cambial passível de tributação em maio de 2005 Logo, a DIPJ 2006 espelha os fatos de acordo com a contabilidade apresentada pelo contribuinte, sendo o valor da CSLL devida, no 2o trim 2005, seria de R$ 1 675,91 e não R$ 2 150,35 (como constante na DCTF original). No Razão Analítico (fl 155), consta como provisionamento, de fato, o valor de R$ 2 150,35 17 Da contabilidade trazida aos autos, no Balancete do segundo trimestre (para apuração do IRPJ presumido) verificase que a Receita Ajustada (24 Total da Receita Ajustada fl 93), consta o valor de R$ 115 866,92 Idêntico ao valor da DIPJ 2006 (ficha 18A linha 1 fl 201) 18. Assim, conforme o requerido pelo Carf, elaborouse a planilha abaixo para apurar a CSLL do segundo trimestre de 2005: 19. Finalmente, por ocasião do preenchimento da DCTF original, o contribuinte optou por realizar o pagamento em duas cotas. Logo, o valor de cada cota seria de R$ 1.075,18 (considerando o valor original de CSLL de R$ 2.150,35). 20. É importante ressaltar que – após a apuração do efetivo valor devido – o montante calculado de CSLL não permitiria o pagamento em duas cotas ( Lei nº 9.430/96, art. 5º, § 1º e art. 28). 21. Esta DComp está relacionada ao PER 04589.66471. Tal pedido havido sido processado pelo sistema e a restituição realizada sem considerar a Dcomp. Tal fato foi sanado, conforme o despacho de fls. 196 a 198. A cobrança foi realizada e a restituição recebida indevidamente foi resolvida (fl. 199). 22. Entendo, assim, atendida a diligência solicitada pelo Carf.É o relatório. Voto Fl. 218DF CARF MF Processo nº 10920.908173/200996 Acórdão n.º 1302002.992 S1C3T2 Fl. 6 5 Conselheiro Rogério Aparecido Gil Relator Os pressupostos de admissibilidade do recurso voluntário foram analisados por ocasião da referida Resolução da 1ª Turma Especial da 1ª Seção (extinta) e o recurso foi conhecido. Ratifico o conhecimento do recurso. O Acórdão recorrido manteve o Despacho Decisório Eletrônico (fl. 5) que não homologou a DCOMP em questão, indicava como Tipo de Crédito: Pagamento Indevido ou a Maior. O despacho decisório indicou, inexistência de crédito ou crédito integralmente utilizado, em relação ao período de apuração, o que foi ratificado pela DRJ. Na forma retro relatada, a DRF, em cumprimento à citada Resolução, diligenciou e concluiu que, a única liquidação de operação de câmbio com variação cambial positiva, verificada no segundo trimestre de 2005, foi a ocorrida em abril, a qual foi devidamente tributada. Certificouse que, no período em questão não houve variação cambial positiva. Verificouse que foi correta a retificação da DCTF (redução do IRPJ DE R$2.150,35 para R$1.675,90 (não indicou pagamento em cotas); a DIPJ 2006 indicava R$2.097,98 para o segundo trimestre), ainda que efetuada após o despacho decisório eletrônico. Confirmouse que, o pagamento realizado foi de R$1.675,90. Assim, realmente havia a existência e disponibilidade de direito creditório, decorrente de IRPJ pago a maior, relativo a contratos de câmbio para exportação, no mês (abril) em que a recorrente teria auferido receita, em virtude de variação cambial ativa (positiva). Por todo o exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário para homologar a DCOMP nº 02841.76402.210306.1.3.043076, até o limite reconhecido. (assinado digitalmente) Rogério Aparecido Gil Fl. 219DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16349.000346/2009-53
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
NÃO-CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
A não-cumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva Entrada vs. Saída, mas de uma perspectiva Despesa/Custo vs. Receita, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços.
INSUMO. CONCEITO.
Insumo, para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS, deve ser tido de forma mais abrangente do que o previsto pela legislação do IPI. Para tanto, esse itens, sejam serviços, mercadorias, ou intangíveis, devem ser intimamente ligados à atividade-fim da empresa e, principalmente, ser utilizados efetivamente, e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo de maneira imprescindível para geração de receitas, observadas as demais restrições previstas expressamente em lei, em especial, a de que não sejam tratados como ativo não-circulante, hipótese em que já previsão específica de apropriação.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO
PROPORCIONAL.
Na determinação dos créditos da não-cumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, não há previsão de rateio proporcional entre as receitas tributadas e não tributadas.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO.
As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas que depois de concluído o processo produtivo se destinam ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), para garantir a integridade física dos materiais podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS.
Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da não-cumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO DE BENS E INSUMOS IMPORTADOS
O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica-se, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País.
Numero da decisão: 3401-004.894
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso.
(assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os conselheiros: Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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A nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. INSUMO. CONCEITO. Insumo, para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS, deve ser tido de forma mais abrangente do que o previsto pela legislação do IPI. Para tanto, esse itens, sejam serviços, mercadorias, ou intangíveis, devem ser intimamente ligados à atividadefim da empresa e, principalmente, ser utilizados efetivamente, e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo de maneira imprescindível para geração de receitas, observadas as demais restrições previstas expressamente em lei, em especial, a de que não sejam tratados como ativo nãocirculante, hipótese em que já previsão específica de apropriação. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, não há previsão de rateio proporcional entre as receitas tributadas e não tributadas. REGIME NÃOCUMULATIVO. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas que depois de concluído AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 03 46 /2 00 9- 53 Fl. 389DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 2 o processo produtivo se destinam ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), para garantir a integridade física dos materiais podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da nãocumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO DE BENS E INSUMOS IMPORTADOS O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica se, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator Participaram do julgamento os conselheiros: Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Fl. 390DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 3 Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP, de créditos de contribuição não cumulativa, vinculadas à receita do mercado externo, com débitos administrados pela RFB. Foi emitido Despacho Decisório que reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado e homologou as compensações até o limite reconhecido. Irresignada com o deferimento apenas parcial de seu pleito, a contribuinte encaminhou sua Manifestação de Inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, o seguinte: 1) Créditos a descontar na importação: a empresa apurou créditos decorrentes de suas operações de importação de insumos e produtos para revenda, norteandose pelo art. 15 da Lei n° 10.865/2004. O Fisco questionou tais créditos com base nas seguintes premissas: (a) importação de bens classificados na NCM 38.08 assim como das matériasprimas utilizadas para sua produção que supostamente deveriam ser tributados à alíquota zero da contribuição; e (b) crédito tomado sobre produtos que não se caracterizam no conceito de insumos. Ocorre que o NCM 38.08 não diz respeito apenas a defensivos agrícolas, bem como a empresa não fabrica somente o tipo de produto classificado em tal NCM. Estão inseridos no rol de produtos abarcados pela NCM 38.08 diversas outras mercadorias e não só defensivos agrícolas abarcados pela alíquota zero da contribuição. A empresa é produtora de inseticidas, raticidas, produtos de jardinagem amadora e repelentes, os quais se inserem, como os defensivos agrícolas, no rol 38.08 da NCM, mas que são tributados pela alíquota regular. Não foram confrontados os NCMs indicados pela empresa em suas DIs, se pautando o despacho decisório apenas em premissa de que todos os produtos comercializados estariam classificados no NCM 38.08 como defensivos agrícolas e que, por isso, não dariam direito ao crédito pleiteado. Acosta planilha e folders. 2) Créditos decorrentes da aquisição de insumos: a Fiscalização glosou créditos da empresa relativos à aquisição de insumos utilizados em seu processo produtivo. Estas glosas são refutadas porque: a) conceito de insumos: tomandose como referência os intentos do Legislador, constantes de Exposição de Motivos da norma instituidora da sistemática nãocumulativa da COFINS (delimitou o regime de apuração de créditos totalmente diferente daquela adotada pela legislação do IPI), reputase claramente ilegal o conceito utilizado pela Fiscalização na definição de insumos. A definição sugerida pela Fiscalização se pautou, além da impossível utilização por analogia das normas do IPI, também na IN n°247/2002, que trata quase que de forma idêntica da conceituação de insumos para creditamento da COFINS da conceituação elaborada para fins de IPI. Isso fica latente quando se contempla como um dos prérequisitos para o enquadramento de determinada mercadoria como insumo seu contato direto com o produto final que está sendo elaborado. A intenção do legislador era a desoneração do faturamento e não do produto final, razão pela qual difícil conceber como necessários, para a conceituação de insumos, a restrição contida no referido Fl. 391DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 4 dispositivo infralegal, que obriga a ocorrência do contato direto da mercadoria com o produto final que se está a elaborar. A norma infralegal agiu ao total arrepio de suas competências ao regular preceito em total desacordo com os intentos da legislação que lhe dá fulcro, sofrendo, por conseguinte, de uma ilegalidade contida em sua gênese. Deve ser afastada a aplicabilidade da possível interpretação restritiva do crédito aqui discutido, pautada pela definição contida na IN, que obrigue o contato direto do insumo com o produto final que se está a produzir. È de todo evidente que o crédito de insumos apropriados pela empresa não pode ser contestado pelos argumentos levantados pela Fiscalização, vez que este se baseou em norma ilegal emitida pela RFB em desacordo com a legislação que lhe dá sustento, devendo este ser reconhecido em sua totalidade; b) contato direto dos insumos glosados ao produto final: após análise exaustiva dos diversos produtos enumerados pela Fiscalização em sua planilha de exclusões, a empresa houve por bem elaborar demonstrativo (anexado), no qual justifica o enquadramento dos produtos desconsiderados do conceito de insumos sugerido, refutando os argumentos de que estes não poderiam gerar direito ao crédito de COFINS apropriado. Assim: 1) materiais de embalagem: em sua totalidade, os materiais de embalagem considerados pelo despacho decisório como de mero acondicionamento para transporte, compõem na verdade o produto final e servem não para o transporte, mas sim para a proteção dos produtos comercializados desde o término de sua produção até o consumo final. Os produtos elaborados pela empresa, por serem de cunho tóxico, se sujeitam a diversas normas regulatórias emanadas por Agências Governamentais, as quais lhe obrigam a acondicionar suas mercadorias em embalagens padronizadas e resistentes. As caixas (que compõem grande parte dos produtos glosados pelo despacho em questão) são reforçadas por divisórias e colunas de proteção, além de se utilizarem de gramatura superior as caixas comuns contidas no mercado, evitando que o produto químico produzido sofra alterações em decorrência do contato excessivo com, por exemplo, a luz solar. Tal proteção não visa o transporte da mercadoria, a qual seria inutilizada por seu consumidor final após o recebimento destas, mas sim o acondicionamento de produtos tóxicos que devem ser sempre guardados por estas na sequência ao seu manejo, evitando assim prejuízos ao meio ambiente decorrentes de possíveis contaminações. Também se pode ver que na embalagem do produto final comercializado existem rótulos que são colocados em cada uma delas contendo informações importantes acerca das recomendações para a utilização dos produtos, assim como dos perigos que este pode causar caso sejam manejados de forma imprópria. Se estas caixas servissem apenas para o mero transporte não se fariam necessárias explicações atinentes aos procedimentos que devem ser adotados pelo consumidor final para utilização dos produtos. Os materiais de embalagem servem ao propósito de acondicionamento da mercadoria em si e não para o mero transporte destas. Não há que se falar em ilegalidade do crédito, devendo as caixas e todos os outros produtos que a compõem (rótulos, tinta, etiquetas e etc.) ser reconhecidos como insumos dos produtos comercializados, com geração de créditos; 2) materiais de limpeza: podem ser separados naqueles que são utilizados para a limpeza do pátio industrial e nos que são utilizados como produtos intermediários que visam a higienização das tubulações por onde passam os produtos químicos elaborados pela empresa ou o tratamento da água utilizada para aquecer em "banho maria" as matérias primas colocadas na caldeira de produção. Quanto a estes últimos, por serem de aplicação necessária ao processo produtivo, não há que se Fl. 392DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 5 questionar que geram direito ao crédito de COFINS. Os produtos glosados pela fiscalização, como se comprova pela planilha anexa, dizem respeito ao segundo tipo de materiais de limpeza, ou seja, aqueles que estão inseridos no processo produtivo e não são simplesmente utilizados para desinfetar o pátio fabril, mas sim para impedir que bactérias contaminem os produtos químicos que estão sendo produzidos; 3) créditos sobre matéria prima alíquota zero: esse beneficio é aplicado apenas nas aquisições destinadas à produção de defensivos agrícolas, sendo que nas aquisições regulares destas mercadorias no mercado interno ou externo ocorre a incidência normal de COFINS. Como dito, é empresa que, dentre outros, produz mercadorias saneantes também classificadas no NCM 38.08 (engloba os defensivos agrícolas), as quais se sujeitam à alíquota regular da contribuição aqui tratada (inseticidas, raticidas, fungicidas e etc.). Assim, equivocada está a Fiscalização ao glosar, sem uma análise aprofunda, todas as matérias primas adquiridas após a data de vigência da alíquota zero atribuída para a produção de defensivos agrícolas. 3) Despesas com aluguéis: a Fiscalização glosou parcela dos créditos aferidos na rubrica "Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas" sob o argumento de estarem contidos em sua composição valores que não se prestam a este tipo creditório. A maioria das glosas diz respeito a despesas tidas com energia elétrica, as quais foram incorretamente inseridas na rubrica em questão. Os créditos decorrentes de despesas de energia elétrica não vislumbram qualquer restrição pela legislação vigente da contribuição, devendo ser considerados em sua íntegra. A situação em tela se caracteriza como sendo mero equivoco formal cometido pela empresa no preenchimento de seu DACON. Não se presta como argumento suficiente para a glosa de créditos pleiteados, eis que nos processos referentes a ressarcimento/restituição, o principio da verdade material deve ser aplicado, tanto quanto nos casos relativos à constituição de créditos tributários. 4) Rateio Proporcional: a Fiscalização recalculou as porcentagens adotadas pela empresa para fins de apuração dos tipos creditórios aferidos no período em questão, sob o argumento de que não poderiam ter sido incluídos no cômputo das "Receitas de Vendas Não Tributadas no Mercado Interno", receitas tidas com operações financeiras e com vendas de ativos imobilizados. Fundamentou no art. 17 da Lei n° 11.033/2004. Mas este artigo prevê apenas a possibilidade de manutenção dos créditos de COFINS dos contribuintes quando estes possuam receitas abrangidas por normas isentivas ou de não incidência. Não faz ele qualquer distinção entre as receitas que deverão ser incluídas ou não no computo da sistemática de cálculo intitulada "rateio proporcional". Além disso, caso estivesse correto o entendimento da Fiscalização, a exclusão destas receitas do cálculo do rateio proporcional não poderia ocasionar a anulação do direito creditório aferido, porquanto o crédito permaneceria válido, passando de um crédito decorrente de receitas não tributadas para um crédito de receitas tributadas e/ou de exportações. 5) Diligências e perícias: pelo volume de documentos juntados aos autos, não resta outra alternativa para a análise efetiva de todo material apresentado, assim como para desvendar a verdade material dos fatos, que se: a) baixe o processo em diligência para análise dos documentos apresentados, como também outros que os sejam entendidos necessários para a validação do crédito pleiteado; b) realize trabalhos periciais, visando a validação dos argumentos apresentados pela empresa em relação ao correto enquadramento de seus insumos, a fim de que se reconheça seu direito creditório; Fl. 393DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 6 c) sejam analisados os quesitos que apresenta (art. 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235/1972). Sobreveio Acórdão nº 10046.573, exarado pela DRJ/POA, que considerou improcedente a impugnação, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário tempestivo, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.871, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 16349.000309/200945, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.871): "Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo, e reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele tomo seu conhecimento. Do Mérito A maior parte dos créditos glosados pela Fiscalização devemse ao fato de que essa autoridade descaracterizou como insumos as aquisições de mercadorias que ensejaram o respectivo crédito de COFINS nãocumulativa. Nessa linha, foram glosados créditos referentes à aquisição de produtos de limpeza industrial e material de embalagens. Diante disso, convém discorrer brevemente sobre a não cumulatividade da Contribuição Social ao PIS e da COFINS A modalidade nãocumulativa das contribuições sociais surgiu em decorrência da edição das Medidas Provisórias 66/2002 e 135/2003, posteriormente convertidas nas Leis Federais 10.637/2002 e 10.833/2003. Fl. 394DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 7 Anteriormente, a nãocumulatividade tributária no Brasil foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu de doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, até o advento da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal, especialmente nos casos em que o contribuinte leis ordinárias est de forma conflituosa com os dispositivos constitucionais sobre tais tributos nos últimos cinquenta. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional limitou se a delegar à lei ordinária para que essa estabelecesse quais setores de atividade econômica o regime nãocumulativo seria aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. Vejam que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas Fl. 395DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 8 anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; De tal forma, ainda que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio – qual seja a de viabilizar a tributação sobre o valor agregado –, é certo que a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Editora Dialética, 2009. Página 427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais nãocumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3º, das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, as quais algumas serão objeto de análise mais adiante. Nesse primeiro momente, vejamos o citado artigo 3º: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o; I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 413, de 2008) Produção de efeitos a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) Fl. 396DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 9 b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; II – bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples); V – despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para Fl. 397DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 10 locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 11 (...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...) De fato, do ponto de vista puramente econômico, o conceito acima nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente tratase do ICMS e do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei nº 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água Fl. 399DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 12 afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos. Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a não cumulatividade se manifesta – como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica” De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o artigo 3º acima mencionado, quando se observa que os incisos e parágrafos insistem na ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando menciona “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da nãocumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse caso, entendo que a legislação possibilitou o desconto de créditos das contribuições além dos elementos que compõem os custos diretos e indiretos de produção através alocação por atividade (i.e. “Sistema de Custeio ABC”), e incluiu componentes que, em uma análise puramente contábil, seriam classificados como despesas variáveis, estritamente atreladas com a geração de receitas. Fl. 400DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 13 Porém, como premissa básica para a apuração de créditos de PIS/PASEP e COFINS, temos que os custos diretos e indiretos constituem base de cálculo de forma inquestionável; já as despesas deverão ser analisadas caso a caso, na medida em que cada uma contribua de forma cabal para a venda do produto ou serviço. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: Art. 66. (...) § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.(...) Partindo esse entendimento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta nº 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 401DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 14 Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados Fl. 402DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 15 como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art.8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF nº 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8º, §4º, que assim dispôs: Artigo 8º. (...) § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente, desde que tais itens estejam intimamente ligados à atividadefim da empresa e que principalmente venham a ser utilizados efetivamente e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo para geração de receitas, devendo ser inquestionável o crédito decorrente dos elementos que compõem o custo de produção, seja direto ou indireto. Passo a analisar item a item que fora glosado pela fiscalização e mantido pela decisão de primeiro grau: (A) MATERIAL DE EMBALAGEM Tal como ficou demonstrado pelas declarações e documentação fornecida pela Recorrente, os materiais de embalagem e transporte que foram objeto de glosa de créditos Fl. 403DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 16 são absolutamente necessários para o atendimento da legislação vigente que regula a produção e comercialização dos produtos ofertados pela Recorrente, de modo que não há como não considerálos como custo operacional. Diante da exposição anterior, sobre a nãocumulatividade das contribuições sociais, não vejo razão para manter a glosa. (B) MATERIAL DE LIMPEZA Da mesma forma, a atividade da Recorrente requer a obediência de diversas regras exigidas pelas autoridades sanitárias. Tal fato por si só já justifica a apropriação de créditos pela Recorrente, eis que, tais dispêndios são verdadeiros custos indiretos que deve ensejar o direito ao desconto de crédito. Por conta disso, merece reforma a decisão recorrida. (C) DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA REGISTRADAS COMO ALUGUÉIS Tendo sido comprovado que houve apenas erro material na demonstração dos créditos na DACON, não há como não reconhecer o direito ao crédito de energia elétrica eis que tal despesa está expressamente prevista no rol das possibilidades de apropriação de crédito não cumulativo. Ainda, como a fiscalização não analisou a documentação suporte das despesas de energia elétrica, não cabe somente em sede de recurso avaliar a procedência e sua regularidade documental, razão pela qual não entendo ser nem mesmo caso de diligência. (D) AQUISIÇÃO DE PRODUTOS IMPORTADOS E VENDIDOS COM ALÍQUOTA ZERO Em obediência ao artigo 15, inciso II, da Lei Federal 10865/2004, nos casos de insumos importados, classificados na posição 38.08, em que houver pagamento da COFINS, não há qualquer óbice para a manutenção do crédito, nessa hipótese. Ainda, nos termos do artigo 17, da Lei 11.033/2004, não há menor dúvida de que são garantidos os créditos sobre insumos que implicam em vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da COFINS . (E) RATEIO PROPORCIONAL Por fim, não vejo razão da manutenção da decisão no que tange ao rateio dos créditos da nãocumulatividade segundo a proporção entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno, haja vista que somente há previsão para o rateio entre receitas cumulativas e não cumulativas, nos termos do artigo 3º, da Lei Federal 10.833/2003, mesmo porque não houve qualquer menção no despacho decisório de que a Recorrente teria parte de suas receitas tributadas no regime cumulativo. Fl. 404DF CARF MF Processo nº 16349.000346/200953 Acórdão n.º 3401004.894 S3C4T1 Fl. 0 17 Por todo o exposto, conheço do Recurso e doulhe parcial provimento, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado deu parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 405DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10920.720161/2012-37
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jul 23 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2010
CLASSIFICAÇÃO FISCAL. TUBOS FLEXÍVEIS DE PVC E DE POLIETILENO.
Pelas regras de interpretação da NCM (RGI/SH), tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno) classificam-se nos códigos 3917.32.90 e 3917.32.10, respectivamente.
MULTA PELO FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO NA NOTA FISCAL. REINCIDÊNCIA. AGRAVAMENTO. PAGAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM BASE NA LEI Nº 11.941, DE 2009.
No caso de reincidência específica na prática da infração, dentro do prazo de cinco anos da data em que passar em julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior, a multa prevista no art. 80 da Lei nº 4.502, de 1964, deve ser aplicada em dobro. Ao aderir aos termos da Lei nº 11.941, de 2009, a interessada desistiu do recurso ora pendente de julgamento e, com isso, tornou definitiva a decisão recorrida que lhe era desfavorável, permitindo-lhe servir de parâmetro à reincidência específica.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO.
Classificação Fiscal não é matéria técnica, não exigindo laudo técnico para sua definição. Dispensável a produção de provas por meio de realização de perícia técnica ou diligência, quando os documentos integrantes dos autos revelam-se suficientes para formação de convicção e conseqüente solução do litígio.
JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento.
Numero da decisão: 3401-005.153
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (i) por unanimidade de votos, para manter a majoração da multa de ofício exclusivamente em relação à classificação de tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno); (ii) por maioria de votos, para manter o lançamento em relação à referida classificação, e para manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, vencidos em ambos os temas os Conselheiros Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. A Conselheira Mara Cristina Sifuentes manifestou a intenção de apresentar declaração de voto em relação à classificação das mercadorias. Entretanto, findo o prazo regimental, a Conselheira não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º, do art. 63, do Anexo II, da Portaria MF nº 343/2015.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente), Mara Cristina Sifuentes, Cássio Schappo, Lázaro Antonio Souza Soares e Tiago Guerra Machado. Ausente justificadamente o conselheiro André Henrique Lemos.
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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TUBOS E CONEXÕES. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2010 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. TUBOS FLEXÍVEIS DE PVC E DE POLIETILENO. Pelas regras de interpretação da NCM (RGI/SH), tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno) classificamse nos códigos 3917.32.90 e 3917.32.10, respectivamente. MULTA PELO FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO NA NOTA FISCAL. REINCIDÊNCIA. AGRAVAMENTO. PAGAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM BASE NA LEI Nº 11.941, DE 2009. No caso de reincidência específica na prática da infração, dentro do prazo de cinco anos da data em que passar em julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior, a multa prevista no art. 80 da Lei nº 4.502, de 1964, deve ser aplicada em dobro. Ao aderir aos termos da Lei nº 11.941, de 2009, a interessada desistiu do recurso ora pendente de julgamento e, com isso, tornou definitiva a decisão recorrida que lhe era desfavorável, permitindolhe servir de parâmetro à reincidência específica. PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Classificação Fiscal não é matéria técnica, não exigindo laudo técnico para sua definição. Dispensável a produção de provas por meio de realização de perícia técnica ou diligência, quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção e conseqüente solução do litígio. JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 72 01 61 /2 01 2- 37 Fl. 1657DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, em dar parcial provimento ao recurso, da seguinte forma: (i) por unanimidade de votos, para manter a majoração da multa de ofício exclusivamente em relação à classificação de tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno); (ii) por maioria de votos, para manter o lançamento em relação à referida classificação, e para manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, vencidos em ambos os temas os Conselheiros Cássio Schappo e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. A Conselheira Mara Cristina Sifuentes manifestou a intenção de apresentar declaração de voto em relação à classificação das mercadorias. Entretanto, findo o prazo regimental, a Conselheira não apresentou a declaração de voto, que deve ser tida como não formulada, nos termos do § 7º, do art. 63, do Anexo II, da Portaria MF nº 343/2015. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente), Mara Cristina Sifuentes, Cássio Schappo, Lázaro Antonio Souza Soares e Tiago Guerra Machado. Ausente justificadamente o conselheiro André Henrique Lemos. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (fls. 1422 e seguintes) contra decisão da 8ª Turma, DRJ/RPO, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pela Recorrente sobre a nulidade de Auto de Infração, relativo ao IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados – pago a menor durante o período compreendido entre 2008 e 2010. Do Lançamento (fls. 1303 e seguintes) Naquela ocasião, a Fiscalização lançou multa no montante total de R$ 1.807.390,83 (um milhão, oitocentos e sete mil, trezentos e noventa reais, oitenta e três centavos), consolidado na data do lançamento, como consequência de pedidos de ressarcimento de créditos de IPI, apresentados pela interessada por meio de PER/DCOMP. No Termo de Verificação e Encerramento do Procedimento Fiscal (efls. 1.291/1.302), a autoridade fiscal relatou o seguinte: Fl. 1658DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.659 3 · O estabelecimento possui diversos Termos de Acordo firmados com a Administração Tributária, nos quais assume a condição de substituto tributário do IPI para aquisição das principais matériasprimas (cloreto de polivinila, polietileno e polipropileno) com suspensão do imposto, regime previsto na Lei nº 4.502, de 1964, art. 35, II, c, e regulamentado pela Instrução Normativa SRF nº 260, de 2002. Mesmo assim, acumula, sistematicamente, saldos credores de IPI decorrente de outras entradas/aquisições e de saídas sujeitas à alíquota zero em sua grande maioria. · Reclassificação de créditos: confrontando as informações das mercadorias adquiridas com a relação de produtos comercializados, verificouse que diversos produtos adquiridos foram destinados à revenda sem qualquer processo de industrialização. Para esses itens, a classificação correta das respectivas operações é nos CFOPs 1102 e 2102 (compra para comercialização) e não nos CFOPs 1101 e 2101 (compra para industrialização), nos quais o estabelecimento efetuou o registro. · Crédito indevido – mercadoria com suspensão do IPI: consta na nota fiscal nº 7922, emitida em 21/10/2008 pela fornecedora Solvay S/A, CNPJ 61.460.325/000222, que a aquisição do PVC com esta nota se deu com suspensão do IPI. Assim, o imposto informado no documento não pode ser utilizado como crédito do IPI (art. 17, §2º, da IN SRF nº 260, de 2002), devendo o crédito ser glosado. · Crédito indevido – optante pelo SIMPLES: o fornecedor de CNPJ 02.927.591/000172 é optante pelo regime tributário do SIMPLES, de cujas aquisições não há direito a créditos de IPI, devendo ser glosados os correspondentes créditos apropriados. · Reclassificação fiscal dos produtos industrializados: O estabelecimento fabrica tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno), utilizados como proteção mecânica para instalações elétricas (eletrodutos flexíveis das linhas Tigreflex e Tigreflex reforçado em PVC), em drenagem de lençol freático no solo (linha Drenoflex em PVC) e como proteção mecânica para instalações enterradas de cabeamento telefônico e elétrico (linha Ultraflex em polietileno). · Para os produtos descritos, a contribuinte adota a classificação fiscal NCM 39172100 (tubos e seus acessórios, de plásticos, rígidos, de polímeros de etileno) e 39172300 (tubos e seus acessórios, de plásticos, rígidos, de polímeros de cloreto de vinila), ambas com alíquota zero de IPI. No entanto, tratamse de tubos flexíveis, como depreendese intuitivamente das descrições utilizadas pela empresa (pelo termo “flex”) e que se confirma pelas fichas técnicas. Assim, impõese a reclassificação fiscal dos produtos, mais apropriadamente na subposição 3917.32 (outros tubos, não reforçados com outras matérias, nem associados de outra forma com outras matérias, sem Fl. 1659DF CARF MF 4 acessórios). Para os tubos de polietileno, há subitem específico – 3917.32.10 (tubos de copolímeros de etileno). Para os tubos de PVC, somente podem ser classificados, por exclusão, no subitem 3917.32.90 (outros). Ambas as classificações possuem alíquota do IPI de 5%. Em função das conclusões acima, a Autoridade Fazendária veio a calcular os débitos do impostos que não foram declarados pelo contribuinte nas respectivas notas fiscais de saída e, dado que não houve saldo a pagar, o lançamento teve o condão de apenas ajustar o saldo credor do estabelecimento da Recorrente e apontar a incidência de multa isolada, nos termos do art. 80 da Lei Federal 4.502/1964, com o agravamento, previsto no art. 70 e no art. 80, §6º, II, da mesma Lei, tendo considerado haver a reincidência pelo sujeito passivo na prática da infração. Da Impugnação A Contribuinte opôs impugnação (fls.1315 e seguintes ), alegando, em síntese, o seguinte: · Sobre os CRÉDITOS glosados, abstevese de apresentar qualquer defesa, alegando que a discussão sobre sua pertinência somente poderia ser feita na análise das respectivas PER/DCOMP´s. · Sobre a reclassificação fiscal dos tubos flexíveis para tubos rígidos: “O motivo adotado para reclassificar os produtos é singelo. Como o nome comercial dos produtos emprega o vocábulo “flex”, então os tubos seriam flexíveis. Porém, a classificação fiscal não é feita a partir dos termos que se utiliza para nomeálos ou descrevêlos. A impugnante contratou o Laboratório de Análise SGS do Brasil e a Tesis Tecnologia e Qualidade de Sistemas em Engenharia para analisarem os produtos, os quais concluíram que o eletroduto Tigreflex foi fabricado com PVC rígido. Nada impede que um material tecnicamente rígido seja empiricamente flexível. Isto porque o que determina sua rigidez ou flexibilidade são normas técnicas que disciplinam a matéria, e não o fato destes produtos serem, aos olhos humanos, rígidos ou flexíveis. Caso não seja afastada a presente autuação pelos motivos expostos, deve ser realizada perícia técnica, a fim de se apurar se os produtos são tecnicamente classificados como rígidos ou flexíveis. Em vista disto, a impugnante indica perito e formula quesitos a serem esclarecidos na perícia.” · Sobre a multa majorada: “Houve anistia concedida pela Lei nº 11.941, de 2009, que extinguiu os efeitos do Acórdão nº 30132.072, aí se incluindo sua aptidão para ensejar a reincidência. O débito foi quitado à vista e, com isso, a autuada foi anistiada integralmente das multas de mora e de ofício incidentes. Ainda que a anistia não afastasse a reincidência, a decisão não se tornou definitiva no processo nº 10920.000216/0020, pois não houve decisão de mérito que tenha condenado a impugnante pela prática da infração. O que Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.660 5 se operou naquele processo foi a perda superveniente do interesse de agir. O pagamento do débito discutido impediu a formação da denominada coisa julgada administrativa. O princípio da proteção da confiança impede que Acórdão nº 30132.072 sirva de parâmetro para caracterização da reincidência. Ao desistir do recurso interposto nos autos do processo, a interessada atuou amparada em ato estatal que autorizou e, inclusive, induziu a adoção desta conduta. A majoração da alíquota da multa de ofício deve ocorrer somente com relação às operações posteriores à decisão que homologou o pedido de desistência e com o produto eletroduto flexível.” · Por fim, alega que “o art. 161 do CTN prevê que os juros fluem apenas sobre o crédito não integralmente pago no seu vencimento” e que, por isso, a Taxa SELIC não pode incidir sobre a multa de ofício” Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio o Acórdão 1449.014, através do qual foi mantido o crédito tributário lançado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2010 CLASSIFICAÇÃO FISCAL. TUBOS FLEXÍVEIS DE PVC E DE POLIETILENO. Pelas regras de interpretação da NCM (RGI/SH), tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno) classificamse nos códigos 3917.32.90 e 3917.32.10, respectivamente. MULTA PELO FALTA DE LANÇAMENTO DO IMPOSTO NA NOTA FISCAL. REINCIDÊNCIA. AGRAVAMENTO. PAGAMENTO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO COM BASE NA LEI Nº 11.941, DE 2009. No caso de reincidência específica na prática da infração, dentro do prazo de cinco anos da data em que passar em julgado, administrativamente, a decisão condenatória referente à infração anterior, a multa prevista no art. 80 da Lei nº 4.502, de 1964, deve ser aplicada em dobro. Ao aderir aos termos da Lei nº 11.941, de 2009, a interessada desistiu do recurso ora pendente de julgamento e, com isso, tornou definitiva a decisão recorrida que lhe era desfavorável, permitindolhe servir de parâmetro à reincidência específica. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2010 PEDIDO DE DILIGÊNCIA OU PERÍCIA. INDEFERIMENTO. Classificação Fiscal não é matéria técnica, não exigindo laudo técnico para sua definição. Dispensável a produção de provas por meio de realização de perícia Fl. 1661DF CARF MF 6 técnica ou diligência, quando os documentos integrantes dos autos revelamse suficientes para formação de convicção e conseqüente solução do litígio. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2008 a 30/09/2010 JUROS SOBRE MULTA DE OFÍCIO. Sendo a multa de ofício classificada como débito para com a União, decorrente de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, é regular a incidência dos juros de mora, a partir de seu vencimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Dessa decisão, importante destacar os seguintes trechos: Sobre a classificação fiscal dos tubos flexíveis A impugnante requer uma revisão dos valores lançados referente ao produto “perfil” e a correção da indicação do código NCM 3925.90.00 como classificação fiscal do item de produtos “outros”, uma vez que referido código não existe na TIPI. Da simples leitura do texto acima, fica transparente que as razões apresentadas pela fiscalização utilizaram as informações produzidas pela própria empresa, reforçadas por um manifesto posicionamento da Administração Tributária Federal. Neste contexto, não encontra eco a insistente afirmação da impugnante de atribuir à citação “todas contêm o termo flex” como motivação principal que levou à reclassificação fiscal dos eletrodutos. O foco das razões apresentadas pela fiscalização encontrase nas descrições extraídas das fichas técnicas, sendo aquela menção uma mera observação. Quanto à alegação de que o material é tecnicamente rígido, devendo, por isso, os produtos serem classificados nos códigos 3917.21.00 e 3917.23.00, impende destacar que o decreto regulador do processo administrativo fiscal estabelece: Art. 30. (...). § 1° Não se considera como aspecto técnico a classificação fiscal de produtos. Segundo o indigitado dispositivo do PAF, a classificação fiscal não é aspecto técnico e, desta forma, o laudo de especialistas não tem qualquer vinculação para a autoridade administrativa no que a ela se refere, pois a própria autoridade, considerando as regras aplicáveis à classificação, tem competência para formar seu juízo a respeito. (...) A classificação fiscal envolve, como é cediço, dois aspectos: o primeiro relacionado com a identidade do produto, e o segundo, com a classificação propriamente dita do produto na tabela, através das regras do Sistema Harmonizado. Neste diapasão, a despeito de qualquer classificação científica, técnica ou comercial que as mercadorias possam se enquadrar, para os efeitos da classificação Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.661 7 fiscal importa saber como elas se apresentam à luz das RGI/SH (Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado). No que se refere à identidade dos produtos, inexistem dúvidas de se tratarem de tubos de plásticos, enquadrados, portanto, na posição 39.17 da NCM. Também não existem dúvidas de serem flexíveis de fato, aptos às aplicações propostas nas fichas técnicas (efls. 623/637), as quais não seriam possíveis se fossem rígidos de fato. Não releva saber, para a identidade dos produtos e seus efeitos fiscais, no caso concreto, se foram fabricados com composto de PVC rígido. Superadas estas questões, uma vez que não há divergências quanto a elas, resta determinar a correta subposição, item e subitem, para os quais as regras da RGI/SH estabelecem: 6. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, “mutatis mutandis”, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. (grifouse) RGC: 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, “mutatis mutandis”, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. (...) Notese que a RGI/SH nº 6 define que a subposição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição. Consoante a tabela reproduzida abaixo, a posição 39.17 compreende as classificações das subposições 3917.2 (tubos rígidos) e 3917.3 (outros tubos). Ora, não sendo rígidos, descartase a subposição 3917.2. (...) Os códigos da correta classificação fiscal são 3917.32.90 e 3917.32.10. A ratificar o entendimento esposado, a Secretaria da Receita Federal do Brasil já se posicionou sobre esta classificação em outras ocasiões, conforme mencionado no relatório fiscal (Solução de Consulta SRRF/9ªRF/DIANA n° 1/2003), podendose, ainda, citar o Parecer CST nº 1.363/91 (DOU de 14/01/1992) e o Despacho Homologatório CST nº 351/91 (DOU de 18/12/1991). Sobre a multa de ofício majorada (...) aduz a impugnante que houve anistia concedida pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, que extinguiu os efeitos do Acórdão nº 30132.072, então contestado na CSRF, aí se incluindo sua aptidão para ensejar a reincidência. Na verdade, intenta a impugnante atribuir ao pagamento efetuado com base na Lei nº 11.941, de 2009, efeitos que a lei não estabeleceu. O benefício concedido pelo Fl. 1663DF CARF MF 8 referido diploma legal foi a redução das multas e dos juros, ao teor do disposto em seu art. 1º, §3º, I: (...) Observese que a redução concedida foi de 100% para as multas vinculadas e de 40% para as multas isoladas. Acaso tivesse sentido a tese defendida pela interessada, terseia aqui uma inaceitável situação de tratamento desigual para sujeitos em idênticas condições, situação vedada pelo ordenamento constitucional em vigor. Isto porque a multa pela falta de lançamento do IPI na nota fiscal, com fundamento no art. 80, caput e § 8º, I e II, da Lei nº 4.502, de 1964, pode resultar tanto em multa vinculada quanto em multa isolada, a depender dos créditos a que tem direito a contribuinte. Ou seja, na hipótese de duas pessoas que cometeram o mesmo tipo de infração, qual seja a falta de lançamento do IPI na nota fiscal, uma sem cobertura de créditos e outra com, poderia a primeira ser considerada anistiada com o pagamento e a segunda não, pois esta não teria a multa totalmente reduzida. Por isso, o texto legal fala em redução e não em exclusão da multa. Ademais, como poderia os efeitos do Acórdão nº 30132.072 terem sido extintos se a recorrente efetuou o pagamento do crédito tributário tal qual decidido pelo Acórdão, com as reduções autorizadas pela lei? O que ocorreu, de fato e de direito, com o pagamento na forma autorizada pela lei, foram a extinção do crédito tributário e o encerramento do correspondente litígio. Frisese que o crédito tributário foi constituído em face da reclassificação fiscal dos tubos flexíveis fabricados pela interessada. O encerramento do litígio com o pagamento do crédito tributário significa que o mérito da reclassificação fiscal dos tubos flexíveis ficou definitivamente concluído. Acrescentese ainda que, com a desistência do recurso, a recorrente renunciou, expressamente, a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundamentou o referido recurso, consoante noticiado no Termo de Verificação e Encerramento do Procedimento Fiscal (efl. 1.300): (...) Ao aderir aos termos da Lei nº 11.941, de 2009, a interessada desistiu do recurso ora pendente de julgamento, e com isso, tornou definitiva a decisão recorrida que lhe era desfavorável. Sobre aplicação de juros sobre a multa imposta (...) registrese que a incidência de juros sobre a multa de ofício possui amparo legal. À luz do art. 113 e parágrafos, combinados com o art. 139, ambos do CTN, o crédito tributário compreende os valores do imposto e da multa de ofício proporcional: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (grifouse) § 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.662 9 § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (grifouse) (...) Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Por sua vez, o art. 161, CTN, preceitua que o crédito tributário não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, ressalvando apenas a hipótese de pendência de consulta formulada dentro do prazo legal para pagamento do crédito. Assim, não há dúvidas de que, sobre o valor da multa de ofício proporcional ao imposto exigido, valor de multa este que compõe o crédito tributário, incidem juros a partir do vencimento. Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. E temse na Lei nº 9.430, de 1996, a definição sobre os juros aplicáveis: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Assim, tem plena previsão legal a incidência de juros moratórios sobre a multa aplicada, visto que se trata de débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB. Do Recurso Voluntário Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Tiago Guerra Machado Relator Fl. 1665DF CARF MF 10 Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade, de modo que admito seu conhecimento. Do Mérito Da Classificação Fiscal Diferentemente do que aduz o Recurso em análise, o processo de classificação fiscal das mercadorias não se trata de uma atividade meramente técnica, mas sim é atividade essencialmente jurídica de forma que o enquadramento em uma ou outra posição deve observar, é claro, as características da mercadoria a ser classificada, porém sem nunca deixar de seguir os preceitos estabelecidos no Sistema Harmonizado e as respectivas Regras de Interpretação. Assim o fez a autoridade fazendária de origem, quando entendeu que, pelas características apresentadas inclusive nos “catálogos técnicos” apresentados, os tubos de PVC eram flexíveis, não podendo ser classificados em código NCM exclusivo para “tubos rígidos”. Desse modo, tampouco merece acolhida o argumento da Recorrente de que tanto a decisão recorrida quanto o próprio lançamento teriam se baseado tãosomente no nome comercial das mercadorias para desconsiderar a sua classificação fiscal. Não ignoro a argumentação da Recorrente quando ressalta que a matéria prima utilizada para a fabricação seja rígida e como atesta por meio de laudos técnicos. Porém, como dito acima, o enquadramento não se dá pela simples análise técnica da mercadoria. É certo, contudo, que pelas características apresentadas pela própria Recorrente, tanto em termos comerciais quanto técnicos, que as mercadorias sob análise podem ser fletidas facilmente pela ação humana, de modo que não vejo qualquer dúvida quanto à característica “ser flexível”. De qualquer modo, conforme julgamentos recentes nessa Turma, restou claro nos debates que a classificação nesse caso específico está associada à característica de ser flexível ou não, e menos à especificação técnica de rigidez e resistência mecânica, a menos que o texto da posição e subposição esteja estabelecendo de maneira absolutamente expressa o elemento. Diante disso, não vejo necessidade de qualquer emenda à decisão de primeiro piso, de maneira que a transcrevo nesse ponto: No que se refere à identidade dos produtos, inexistem dúvidas de se tratarem de tubos de plásticos, enquadrados, portanto, na posição 39.17 da NCM. Também não existem dúvidas de serem flexíveis de fato, aptos às aplicações propostas nas fichas técnicas (efls. 623/637), as quais não seriam possíveis se fossem rígidos de fato. Não releva saber, para a identidade dos produtos e seus efeitos fiscais, no caso concreto, se foram fabricados com composto de PVC rígido. Superadas estas questões, uma vez que não há divergências quanto a elas, resta determinar a correta subposição, item e subitem, para os quais as regras da RGI/SH estabelecem: Fl. 1666DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.663 11 6. A classificação de mercadorias nas subposições de uma mesma posição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição respectivas, assim como, “mutatis mutandis”, pelas Regras precedentes, entendendose que apenas são comparáveis subposições do mesmo nível. Para os fins da presente Regra, as Notas de Seção e de Capítulo são também aplicáveis, salvo disposições em contrário. (grifouse) RGC: 1. (RGC1) As Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado se aplicarão, “mutatis mutandis”, para determinar dentro de cada posição ou subposição, o item aplicável e, dentro deste último, o subitem correspondente, entendendose que apenas são comparáveis desdobramentos regionais (itens e subitens) do mesmo nível. (...) Notese que a RGI/SH nº 6 define que a subposição é determinada, para efeitos legais, pelos textos dessas subposições e das Notas de Subposição. Consoante a tabela reproduzida abaixo, a posição 39.17 compreende as classificações das subposições 3917.2 (tubos rígidos) e 3917.3 (outros tubos). Ora, não sendo rígidos, descartase a subposição 3917.2. (...) Os códigos da correta classificação fiscal são 3917.32.90 e 3917.32.10. A ratificar o entendimento esposado, a Secretaria da Receita Federal do Brasil já se posicionou sobre esta classificação em outras ocasiões, conforme mencionado no relatório fiscal (Solução de Consulta SRRF/9ªRF/DIANA n° 1/2003), podendose, ainda, citar o Parecer CST nº 1.363/91 (DOU de 14/01/1992) e o Despacho Homologatório CST nº 351/91 (DOU de 18/12/1991). Assim, nego provimento ao Recurso nesse particular. Da Alegação de Impossibilidade de Majoração da Multa Isolada, em razão da inexistência de prática reiterada diante de a Recorrente ter aderido ao programa de parcelamento instituído pela Lei Federal 11.941/2009 Também não assiste razão à Recorrente nesse ponto. Em seu Recurso, em suma, argumenta que diante do fato de ter aderido ao programa de parcelamento da Lei Federal 11.941/2009, o lançamento pretérito – referente ao mesmo assunto em lide – fora anistiado de modo que, com isso, inexistiria reincidência. Todavia, de maneira diametralmente oposta, vêse que a Recorrente, para aderir ao parcelamento incentivado criado pela Lei Federal 11.941/2009, foi obrigada a desistir do processo administrativo que culminou com o Acórdão nº 30132.072, a ela desfavorável. Com a desistência da contribuinte, essa pôde usufruir das reduções previstas naquele Programa sobre a multa pecuniária, sem, contudo, tornar nulo o efeito daquela decisão. Fl. 1667DF CARF MF 12 Ao contrário, aquele Acórdão tornou definitivos os termos ali exarados, tendo como consequência o crédito líquido e certo em favor da Fazenda Pública, cuja liquidação fora levada a cabo na respectiva adesão pela Recorrente. Portanto, não há dúvidas da reincidência da Recorrente na classificação fiscal equivocada, sendo insubsistentes seus argumentos. Contudo, tendo em vista que há lançamentos sobre produtos diferentes do item “tubos flexíveis”, não resta dúvida que, para esses produtos, a multa majorada não deve ser aplicada, haja vista não haver reincidência nesse particular. Sobre aplicação de juros sobre a multa de ofício. Não merece igual reparo a decisão sobre a incidência de juros sobre multa de ofício, Nos termos do art. 113 e do art. 139, CTN, o crédito tributário compreende os valores do imposto e da multa de ofício proporcional: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. (grifouse) § 2º A obrigação acessória decorrente da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. (grifouse) (...) Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Em seguida, Lei Federal 9.430/1996, veio a definir a aplicação dos juros em matéria de débitos federais: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (...) § 3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. Fl. 1668DF CARF MF Processo nº 10920.720161/201237 Acórdão n.º 3401005.153 S3C4T1 Fl. 1.664 13 Desse modo, resta clara a previsão legal para a incidência de juros moratórios sobre a multa aplicada, visto que se trata de débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela RFB. Por todo o exposto, conheço do Recurso, e dou parcial provimento, de modo que se deve: (i) Manter a majoração da multa de ofício exclusivamente em relação à classificação de tubos flexíveis em cloreto de polivinila (PVC) e copolímeros de etileno (polietileno); (ii) Manter o lançamento em relação à referida classificação, (iii) Manter a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Tiago Guerra Machado Fl. 1669DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10111.721893/2012-79
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Sep 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Período de apuração: 02/12/2009 a 17/11/2010
INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA DE TERCEIROS. OCULTAÇÃO DO REAL IMPORTADOR. DANO AO ERÁRIO.
A ocultação do responsável pela importação de mercadorias, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, é considerada dano ao erário.
Numero da decisão: 3401-005.308
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Leonardo Ogassawara de Araújo Branco - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: LEONARDO OGASSAWARA DE ARAUJO BRANCO
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OCULTAÇÃO DO REAL IMPORTADOR. DANO AO ERÁRIO. A ocultação do responsável pela importação de mercadorias, mediante fraude ou simulação, inclusive interposição fraudulenta, é considerada dano ao erário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento aos recursos. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), André Henrique Lemos, Lázaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 11 1. 72 18 93 /2 01 2- 79 Fl. 1022DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.023 2 Relatório 1. Tratase de auto de infração, situado às fls. 02 a 38, lavrado em 11/12/2012, com o objetivo de formalizar a cobrança da multa prevista no § 3º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976 (conversão da pena de perdimento em multa), referente ao período de apuração compreendido entre 02/12/2009 e 17/11/2010, acrescido de multa de ofício de 75% e juros, totalizando, assim, o valor histórico de R$ 189.122,53. 2. Segundo se depreende do relatório fiscal, durante a fiscalização realizada na Inspetoria da Receita Federal no Rio de janeiro (IRF/RJO), Processo Administrativo nº 11762.720061/201152, que versou sobre ação fiscal de combate à fraude executada naquela jurisdição, com base na Instrução Normativa SRF nº 228/2002, sobre a empresa VET FREIGHT COMÉRCIO INTERNACIONAL LTDA, doravante denominada simplesmente VET INTERNATIONAL, importador ostensivo, ficou constatado que os reais adquirentes das mercadorias importadas era, entre outros, a empresa ÁSIA IMPORTADORA E DISTRIBUIDORA ELÉTRICA LTDA., doravante denominada simplesmente ÁSIA IMPORTADORA, com habilitação para operar no comércio exterior suspensa, e a empresa ora recorrente, JILI COMERCIAL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE MATERIAIS ELÉTRICOS LTDAME, doravante denominada simplesmente JILI, com jurisdição da Alfândega de Brasília, contra a qual fora deflagrado procedimento fiscalizatório que culminou no auto de infração ora combalido, tendo sido considerados responsáveis solidários: (i) a empresa ÁSIA IMPORTADORA (conforme itens 4., 6 e 9 do relatório fiscal); (ii) CHEN JIANHAI, sócio pessoa física da empresa JILI IMPORTADORA (conforme item 9 do relatório fiscal); (iii) FRANCISCO PAULO DE ALMEIDA, doravante denominado simplesmente FRANCISCO sócioadministrador pessoa física da empresa JILI; (iv) a empresa VET INTERNATIONAL, tendo sido formalizada, ainda, a representação para fins penais objeto do Processo Administrativo nº 10111.720559/201389. 3. Apenas a contribuinte autuada, a empresa JILI, e os responsáveis solidários ÁSIA IMPORTADORA e FRANCISCO apresentaram impugnação, situadas, respectivamente, às fls. 849 a 853, 855 a 886 e 843 a 846. A empresa JILI argumentou, em síntese: (i) nulidade do lançamento, em virtude de erros grosseiros; (ii) improcedência, por erro de sujeição passiva, uma vez que o procedimento originalmente foi dirigido à empresa VET INTERNATIONAL, importador ostensivo, em processo no curso do qual a JILI não exerceu seu "sagrado direito de defesa" (sic); (iii) não houve anexação aos presentes autos do Processo Administrativo nº 11762.720061/201152; (iv) no curso do Processo Administrativo nº 11762.720061/201152 contra a empresa VET INTERNATIONAL, a autoridade fiscal cobrou II, IPI, PIS, Cofins incidentes sobre a importação, além de multa isolada, e "de forma delirante, insiste em continuar acusando" os envolvidos de ocultação dos reais adquirentes; (v) não há prova nos autos de a JILI ter importado qualquer mercadoria; (vi) no momento em que a autoridade fiscal no Rio de Janeiro realizou lançamento de ofício à VET INTERNATIONAL atestou ser ela a única responsável pelas mercadorias internadas, não tendo a JILI sequer sido arrolada como sujeito passivo solidário das exigências realizadas no processo em referência; (vii) a autuante não logrou êxito em desqualificar a operação mercantil realizada entre a JILI e a VET INTERNATIONAL; (viii) a autoridade fiscal não aponta qual teria sido o dano ao Erário; (ix) tratase de acusação difamatória e caluniosa por parte da autoridade fiscal afirmar que a JILI seria "laranja" da empresa ÁSIA IMPORTADORA, não havendo provas de tal "aberração jurídica" (sic); (x) o auto de infração incorre em nulidade, por não comprovar o suposto ilícito e, logo, não atender à determinação do art. 142 do Código Tributário Nacional. Fl. 1023DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.024 3 4. A responsável solidária ÁSIA IMPORTADORA argumentou, em síntese, que: (i) a autoridade fiscal alterou a verdade dos fatos para induzir o aplicador a erro, não havendo nos autos motivação para a imputação da responsabilidade solidária; (ii) é nulo o procedimento fiscal por ter se baseado na quebra de sigilo bancário, sem autorização judicial, aplicandose, portanto, o lançamento de fruto da árvore envenenada, devendo o feito ser sobrestado, subsidiariamente, até o ulterior julgamento pelo Supremo Tribunal Federal; (iii) inexistência de MPFF que ampare a ação fiscal, sendo a única motivação o Processo Administrativo nº 11762.720061/201152 contra a empresa VET INTERNATIONAL, que resultou na lavratura de 6 autos de infração contra a empresa importadora VET INTERNATIONAL; (iv) a autoridade fiscal agiu com máfé e efetuou lançamento de multa que sabe ou deveria saber indevida, uma vez que ocupa o cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil; (v) a multa substitutiva à pena de perdimento, aplicada contra a ora recorrente, configura "bis in idem", uma vez que o aplicador valoriza duplamente o mesmo fato jurídico para penalizar tanto ocultado como ocultante; (vi) a recorrente não realizou nenhuma importação do período de 2009 a 2011; (vii) o dispositivo legal utilizado pela autuante não prevê a responsabilização do "adquirente da mercadoria", e sim, do importador ostensivo, sendo certo que o lançamento da multa não pode ocorrer em nome do adquirente das mercadorias comercializadas pela importadora em solo nacional, como ocorreu no presente caso; (viii) o erro na identificação do sujeito passivo macula de nulidade o lançamento; (ix) a autoridade fiscal cai em contradição ao afirmar que a ÁSIA IMPORTADORA e a JILI seriam na verdade a mesma empresa, enquanto que reconhece "terem CNPJs distintos" (sic); (x) é despropositada a autuação com base no simples fato de haver depósitos bancários em datas próximas feitos pela Impugnante e pela empresa, em favor da fornecedora VET INTERNATIONAL, exatamente porque se realmente houvesse a interposição, não existiria depósito; e (xi) a pena de perdimento, substitutiva a multa pecuniária no percentual de 100% sobre as mercadorias importadas, é na verdade meio coercitivo, que agride e morte a Súmula 323 do Supremo Tribunal Federal ("é inadmissível a apreensão de mercadorias como meio coercitivo para pagamento de tributos”). 5. O responsável solidário FRANCISCO argumentou, em síntese, que: (i) não consta do relatório fiscal nenhuma acusação e/ou narrativa de conduta ilícita praticada por ele que pudesse ensejar em sua responsabilização pessoal nos termos dos arts. 124 e art. 135 do CTN e art. 95 do DecretoLei n° 37/1966; (ii) o parágrafo único e o inciso I do art. 124 CTN, não são aplicáveis ao presente caso porque o auto de infração se refere a multa pecuniária em substituição a pena de perdimento, e não a tributos; (iii) o art. 95, I do DecretoLei n° 37/1966, determina que responde pela infração quem venha a concorrer para a prática de infração e/ou dela se beneficie, porém o Defendente não praticou nenhuma infração e o art. 135 se trata de fundamento genérico; e (iv) não logrou êxito a autoridade fiscal em demonstrar o nexo de causalidade entre a pessoa física e a empresa JILI. 6. Em 28/04/2014, a 11ª Turma da Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em São Paulo I (SP) proferiu o Acórdão DRJ nº 16057.352, situado às fls. 914 a 938, de relatoria da AuditoraFiscal Regina Coeli de Vasconcelos Louvise, que entendeu, por unanimidade de votos, julgar improcedentes as impugnações apresentadas, mantendo o crédito tributário exigido, nos termos da ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Período de Apuração: 02/12/2009 a 17/11/2010 INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA NA IMPORTAÇÃO. Fl. 1024DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.025 4 A interposição fraudulenta na importação caracteriza crime contra a ordem tributária, sujeitando a importadora interposta à representação fiscal para fins penais além da penalidade previstas no art. 23, V, § 1° do Decretolei n° 1.455/76. NULIDADES. INOCORRÊNCIA Em sede de processo fiscal tributário, são nulos somente os atos e termos lavrados por agente incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Poderão ainda ser cominados com nulidade os lançamentos que contenham vícios formais relevantes à matéria deduzida na autuação. Referidas hipóteses, todavia, não estão presentes nos autos. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INOCORRÊNCIA. A obtenção, por parte do Fisco Federal, de informações referentes à movimentação bancária do sujeito passivo, além de amparada legalmente, não constitui quebra de sigilo bancário. SOLIDARIEDADE Segundo a legislação do Comércio Exterior, respondem pela infração, conjunta ou isoladamente, quem quer que, de qualquer forma, concorra para sua prática, ou dela se beneficie. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. A ausência de impugnação por parte de sujeitos passivos solidários acarreta, contra os revéis, a preclusão temporal do direito de praticar o ato impugnatório, prosseguindo, o litígio administrativo, em relação aos demais. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido 7. A contribuinte JILI interpôs, em 10/06/2014, recurso voluntário, situado às fls. 956 a 969, dandose por intimada, tendo em vista que as tentativas de intimação via postal restaram infrutíferas, sendo desconhecido o seu paradeiro, em conformidade com documento situado à fl. 945, no qual reiterou as razões de sua impugnação. 8. A responsável solidária ÁSIA IMPORTADORA foi intimada via postal em 09/05/2014, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 944 e, em Fl. 1025DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.026 5 10/06/2014, interpôs recurso voluntário, situado às fls. 970 a 1016, no qual reiterou as razões de sua impugnação. 9. O responsável solidário FRANCISCO foi intimado via postal em 08/05/2014, em conformidade com o aviso de recebimento situado à fl. 942, e não há notícia nos autos de interposição, por sua parte, de recurso voluntário. É o Relatório. Voto Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Relator 10. Os recursos voluntários são tempestivos e preenchem os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, deles tomo conhecimento. 11. Preliminarmente, acolho os argumentos utilizados pela decisão recorrida, mantendoa sob seus próprios fundamentos, para afastar as alegações de nulidade do auto de infração lavrado, bem como por não vislumbrar, na espécie, quaisquer das hipóteses do art. 59 do Decreto nº 70.235/1972: Alega a empresa JILI que não recebeu nenhum termo de intimação e/ou quaisquer atos relativos, e por óbvio, não pôde exercer seu sagrado direito de defesa para afastar as suposições em seu desfavor. Ora como vimos no relatório, o fiscal claramente menciona na descrição dos fatos que a empresa foi por diversas vezes intimada, inclusive não foi encontrada no endereço que consta no sistema da Receita Federal, efetuando mudanças de endereços sem, entretanto, comunicar tal fato a Receita. Portanto, improcede tal argumento para tornar nulo o lançamento. Reclama que o auditor fiscal não anexou aos presentes autos a cópia integral do processo de n° 11762.720.061/201152, da empresa VET, onde, alegadamente, diz ter descoberto ser a Defendente uma das reais adquirentes das mercadorias importadas por aquela empresa, impossibilitandoa de se manifestar. Entretanto, não há que se alegar qualquer tipo de prejuízo à defesa, pois as informações e conclusões citadas são de pleno conhecimento da mesma. Ressaltese ainda que os fatos que ensejaram as citadas conclusões foram plenamente reproduzidos no presente processo, de forma que sua análise pode ser considerada como prova própria deste processo. Da nulidade por quebra do sigilo bancário Fl. 1026DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.027 6 No que tange às contestações da empresa ÁSIA, referentes à suposta quebra do sigilo bancário cumpre esclarecer ao contribuinte que, divergindo do seu entendimento, a Receita Federal, por intermédio de seus agentes fiscais, pode solicitar diretamente das instituições financeiras os extratos bancários do sujeito passivo sem que isso caracterize quebra do sigilo bancário. O fornecimento desses dados ao Fisco, por parte das instituições financeiras, encontrase inclusive previsto em lei, nos termos do inciso II do art. 197 do Código Nacional Tributário (...). Como se observa, sobressai dos dispositivos legais acima transcritos que a prestação, por parte das instituições financeiras, de informações e documentos solicitados pela autoridade tributária, não enseja a quebra do sigilo bancário, mas apenas a transferência de sua responsabilidade à autoridade administrativa solicitante e aos agentes fiscais que a eles tenham acesso no estrito exercício de suas funções, não podendo violálo, salvo as ressalvas do parágrafo único do art. 198 e do art. 199 do CTN, sob pena de incorrerem em infração administrativa e em crime (art. 198 do CTN; art. 325 do Código Penal CP). Da nulidade da autuação por violação de normas relativas ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF Alega a impugnante ÁSIA a nulidade da autuação por violação de normas relativas ao Mandado de Procedimento Fiscal – MPF. Novamente entendo que não cabe razão à impugnante. O MPF tem como característica primordial o fato de ser um instrumento de controle criado pela Administração Tributária para dar segurança e transparência à relação Fisco contribuinte, que objetiva assegurar ao sujeito passivo que seu nome foi selecionado segundo critérios objetivos e impessoais, e que o agente fiscal nele indicado recebeu do Fisco a incumbência para executar aquela ação fiscal. Pelo MPF, a empresa que recebe o auditor tem a garantia de que o procedimento é de curso legal e de conhecimento do órgão responsável. Por outro lado, o MPF sozinho não é suficiente para demarcar o início do procedimento fiscal, o que força o seu caráter de subsidiariedade aos atos de fiscalização. Isto importa em que, se ocorrerem problemas com o MPF, não seriam invalidados os trabalhos de fiscalização desenvolvidos, nem dados por imprestáveis os documentos obtidos para respaldar o lançamento de créditos tributário apurados. Isto se deve ao fato de que a atividade de lançamento é obrigatória e vinculada, e, detectada a ocorrência da situação descrita na lei como necessária e suficiente para ensejar o fato gerador da obrigação tributária, não poderia o agente fiscal deixar de efetuar o lançamento, sob pena de responsabilidade funcional. Assim, não assiste razão à impugnante, quando pleiteia a anulação do lançamento por violação de regra atinente ao MPF. Cumpre esclarecer que o MPF foi instituído Fl. 1027DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.028 7 por portaria da Secretaria da Receita Federal, podendo gerar eventuais efeitos administrativos em relação ao seu descumprimento, mas jamais tendo o condão de propiciar anulação de lançamento tributário. Não é o MPF condição de validade do lançamento. Este tipo de conseqüência só pode ser estabelecida por lei complementar, nos termos do art. 146, inciso III, alínea “b”, da Constituição Federal: (...) Na fase do procedimento até a lavratura do auto de infração não há litígio e, portanto, inexistem litigantes. Muito menos acusado, situação que não se aplica ao procedimento administrativo fiscal. O litígio só se estabelece, se aperfeiçoa, com a apresentação da impugnação, consoante o art. 14, do Decreto nº 70.235/72 (...) Logo, rejeito a preliminar suscitada. 12. Quanto ao mérito, constatou o procedimento fiscal que a empresa JILI e a empresa ÁSIA IMPORTADORA, ocultadas, fizeram uso de empresa interposta, VET INTERNATIONAL, importadora ostensiva que cedeu seu nome, pelo fato de a ÁSIA IMPORTADORA estar envolvida em um rol de irregularidades com suposta atuação em fraude, com sua habilitação para operar no comércio exterior suspensa, bem como para deixar de ser equiparada a industrial, não pagando IPI na saída das mercadorias, promovendo, assim, a quebra da cadeia nãocumulativa. Em diligência à empresa JILI, a autoridade fiscal encontrou a empresa RODOVIÁRIO PLANALTO TRANSPORTES E LOGÍSTICA, tendo um dos empregados da empresa em referência informado que a JILI havia se mudado em fevereiro de 2012. "Relata a fiscalização que procurou então no sistema RFB – Receita BX –qual o endereço da empresa JILI nas mais recentes notas fiscais eletrônicas. Chegando no endereço pesquisado, encontrou o Sr. Ronei Mota da Costa, CPF: 717.538.69153 e perguntado se ali era o endereço da empresa JILI , informou que já trabalhava naquele endereço há 05 anos, na empresa ÁSIA, e que não conhecia a empresa JILI. (...) Por não ter conseguido localizar a empresa JILI, a fiscalização deu seqüência ao trabalho intimando, via edital (...) do início da fiscalização (...). Não tendo a interessada se manifestado, a fiscalização (...) pediu para a JILI entregar à RFB as mercadorias sob fiscalização ou responder se tais mercadorias já haviam sido consumidas, uma vez que, sem resposta alguma, elas estariam sob pena de perdimento ou sua conversão em multa (...). Os sócios, então, foram intimados (...). Em 24/09/2012, compareceu àquela Alfândega o Sr. Reginaldo Ferreira Alves, procurador da empresa JILI, o qual tomou ciência da fiscalização (...). A fiscalização intimou a empresa JILI, (...) para que procedesse a entrega à Receita Federal do Brasil das mercadorias objeto do Auto de Infração ora impugnado ou declarasse por escrito que a empresa já não detinha mais posse de tais mercadorias. Fl. 1028DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.029 8 Em 13/11/2012, o Sr. Reginaldo Ferreira Alves, procurador da JILI, tomou ciência de forma pessoal, da referida intimação e em 27/11/2012, (...) pediu verbalmente prorrogação de prazo, o qual foi estendido até o dia 05/12/2012 (...). Como até àquela data (data da lavratura) a intimação (...) não havia sido atendida, a fiscalização lavrou o Auto de Infração para cobrança da multa descrita no início deste relatório" (seleção e grifos nossos). 13. Observase que o prefalado Processo Administrativo nº 11762.720.061/201152, contra a empresa VET INTERNATIONAL, importadora ostensiva, tratou da infração prevista no artigo 33 da Lei nº 11.488/2007, consistente em cessão de nome, uma vez que, entre os anos de 2009 e 2010 praticamente operou por conta e ordem das duas empresas recorrentes, declarando o "incoterm" do tipo "cost and freight" (CIF), considerando, portanto, no preço da mercadoria o valor do frete, oriundo geralmente da República Popular da China e com destino em regra até o Porto de Sepetiba, sem constar da fatura comercial das respectivas importações, no entanto, em desacordo com o inciso XII do art. 557 do Decreto nº 6.759/2009, a devida especificação do custo do transporte a que se refere o inciso I do art. 77 do diploma em referência. Assim, entendendo que o valor do frete deveria ser adicionado ao valor das mercadorias constantes da fatura comercial, e não diminuído conforme procedeu a empresa na totalidade das DIs relacionadas, a fiscalização refez todos os cálculos dos valores incidentes nas operações de importação (II, IPI, PIS, COFINS), de modo a agregar o valor do frete ao valor das mercadorias. 14. O presente processo, por seu turno, discute única e exclusivamente a cominação da pena prevista no § 3º do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976 (conversão da pena de perdimento em multa) cujo núcleo material do tipo consiste em ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude, simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros, cuja base de cálculo é o valor aduaneiro consistente nos valores expressos nas DIs reajustados com a soma do respectivo frete. Neste sentido, o item 8 do auto de infração lavrado é textual ao afirma que: “(...) com relação ao valor aduaneiro, que é a base de cálculo utilizada para aplicar a multa descrita no item anterior, preferiuse adotar os valores expressos nas DI’s aos valores expressos no item 001 (Valor Aduaneiro) do Auto de Infração contra a empresa Vet Freight, no qual os valores aduaneiros das declarações foram reajustados com a soma do respectivo frete". 15. Explicitase, nesta oportunidade, que a pena de perdimento se aplica tanto ao ocultado/acobertado como ao ocultante/acobertante, ainda que o pagamento por um afaste a penalidade ao outro, sob pena de configuração de dupla pena substitutiva. Por outro lado, a multa de 10% se aplica unicamente ao ocultante, e apenas quando identificado o ocultado: a não identificação da figura do ocultado ocorre naquela que se usa chamar de ocultação presumida e, nestes casos, procedese à inflição da pena de perdimento e declaração de inaptidão do importador. Assim, o art. 33 da Lei nº 11.488/2007, ao cominar multa de 10% do valor da operação acobertada, aplicase à pessoa jurídica que ceder seu nome, sendo possível se afirmar que afasta a decretação de inaptidão, uma vez o parágrafo único do preceptivo normativo determina a não aplicabilidade do art. 81 da Lei no 9.430/1996, mas não o perdimento, que prossegue hígido no ordenamento. 16. Ao nos voltarmos especificamente ao caso em apreço, exsurge, da leitura do art. 23 do DecretoLei nº 1.455/1976, a infração de dano ao erário decorrente da Fl. 1029DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.030 9 prática de ocultação do sujeito passivo ou real adquirente, que se manifesta nas formas presumida ou comprovada: DecretoLei nº 1.455/1976 Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: I importadas, ao desamparo de guia de importação ou documento de efeito equivalente, quando a sua emissão estiver vedada ou suspensa na forma da legislação específica em vigor; II importadas e que forem consideradas abandonadas pelo decurso do prazo de permanência em recintos alfandegados nas seguintes condições: a) 90 (noventa) dias após a descarga, sem que tenha sido iniciado o seu despacho; ou b) 60 (sessenta) dias da data da interrupção do despacho por ação ou omissão do importador ou seu representante; ou c) 60 (sessenta) dias da data da notificação a que se refere o artigo 56 do DecretoIei número 37, de 18 de novembro de 1966, nos casos previstos no artigo 55 do mesmo Decretolei; ou d) 45 (quarenta e cinco) dias após esgotarse o prazo fixado para permanência em entreposto aduaneiro ou recinto alfandegado situado na zona secundária. III trazidas do exterior como bagagem, acompanhada ou desacompanhada e que permanecerem nos recintos alfandegados por prazo superior a 45 (quarenta e cinco) dias, sem que o passageiro inicie a promoção, do seu desembaraço; IV enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. V estrangeiras ou nacionais, na importação ou na exportação, na hipótese de ocultação do sujeito passivo, do real vendedor, comprador ou de responsável pela operação, mediante fraude ou simulação, inclusive a interposição fraudulenta de terceiros § 1o O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. § 2o Presumese interposição fraudulenta na operação de comércio exterior a nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados. § 3º A pena prevista no § 1º convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida. 17. De fato, a partir das hipóteses de nãocomprovação da origem, disponibilidade e transferência dos recursos empregados para a realização da importação, erigese uma presunção de interposição fraudulenta de terceiros. Sob os auspícios da norma, a constatação ausência de recursos por parte do importador para a realização da operação é dado Fl. 1030DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.031 10 suficiente para considerar que os haveres utilizados são provenientes de terceiro não descortinado aos controles aduaneiros. Não se tratando de uma das hipóteses caracterizadoras da presunção, deverá a autoridade aduaneira envidar esforços no sentido de coligir coleção probatória apta a demonstrar a fraude ou simulação perpetrada com o desígnio de interpor pessoa entre o acobertado e as autoridades fiscais. 18. Ao se apreciarem as provas do caso concreto, em todas as aquisições de mercadorias da VET INTERNATIONAL, há pelo menos um depósito da ÁSIA IMPORTADORA, da JILI ou de ambas em datas muito próximas ao registro das DIs, para pagamento de tributos e outras despesas aduaneiras e, segundo o relatório fiscal, "(...) após esta etapa, normalmente é feito pelo menos um depósito de uma ou até mesmo de ambas as empresas, principalmente para o fechamento do câmbio das importações". Tomase para análise a operação registrada em 25/01/2010, contabilizada pela JILI em seu livro diário a compra no valor de R$ 44.304,54, referente à Nota Fiscal nº 011 (DI 0/01009470), emitida da VET INTERNATIONAL para a empresa ÁSIA IMPORTADORA e por ela não contabilizada. Apesar de terem CNPJs distintos, na realidade, são uma só empresa. 19. A prática de interposição fraudulenta entre as empresas recorrentes, assim, a partir das seguintes provas: (i) no endereço descrito tanto no contrato social como no cadastro da Receita Federal do Brasil da empresa JILI, está situada a empresa ÁSIA IMPORTADORA, em conformidade com o termo de constatação e fotos de 10/07/2012, situados às fls. 555 a 556; (ii) tanto a empresa VET INTERNATIONAL como a empresa JILI possuem o mesmo representante, WILLIAN ALVES DOS SANTOS, despachante aduaneiro, sócio da empresa M. FERREIRA DESPACHOS ADUANEIROS LTDA; (iii) destinação imediata das mercadorias importadas aos seus encomendantes ou reais compradores tão logo desembaraçadas, em conformidade com os documentos situados às fls.. 23 a 24; (iv) destinação da totalidade das mercadorias de uma mesma DI para somente um cliente; (v) omissão nas notas fiscais das informações de identificação dos transportadores das mercadorias, apesar de informar que tal operação se dá por sua conta e ordem; (vi) escrituração contábil sem os devidos esclarecimentos, de modo a simplesmente repetir os dados do extrato bancário, no qual se constata a não identificação da maioria dos depósitos; (vii) não atendimento à intimação formulada em 26/10/2011, para que a contribuinte informasse sobre as quantias e parcelas recebidas, data, valor e a correspondente DI e nota fiscal de venda; (viii) discrepância do volume de importações transacionados pela VET INTERNATIONAL durante os anos de 2009, 2010 e 2011, sendo que, no ano de 2009, importou pouco mais de 43.000, tendo saltado em 2010 para pouco mais de 255.000 dólares, alcançando, em 2011, mais de 2.500.000 dólares; (ix) a VET INTERNATIONAL registrou as declarações de importação como importações diretas, tendo o procedimento de fiscalização demonstrado que a empresa que não realizou a operação, interpondose entre o Fisco e o real beneficiário/responsável pela operação de comércio exterior, para ocultar o sujeito passivo, tendo sido detalhadas tais operações nos documentos situados às fls. 25 a 31 que identificam como real adquirente dos bens a empresa JILI; (x) não se verifica a correta contabilização, tanto pela Jili como pela Ásia, dos recursos adiantados pela sua interposta: a grande maioria das vendas foi paga via "caixa", e não bancos, o que causa espécie tendo em vista os valores elevados e questões de segurança quanto à armazenagem e transportes dos valores que ultrapassam na maior parte das vezes a ordem de R$ 100 mil. Observese, neste sentido, que a única compra realizada a prazo, em que pese ter sido efetuada em abril de 2010, não foi paga até o final do ano, e tal ocorre justamente porque tais recursos não entram verdadeiramente na VET no momento da venda, uma vez que já foram adiantados via conta bancária e omitidos da contabilidade das empresas recorrentes para a interposta durante os pagamentos dos fechamentos de câmbio e despesas com as importações. Fl. 1031DF CARF MF Processo nº 10111.721893/201279 Acórdão n.º 3401005.308 S3C4T1 Fl. 1.032 11 20. Desta feita, as duas empresas recorrentes, JILI e ÁSIA IMPORTADORA, funcionam como uma só, o que se comprova sobretudo por meio de todos os argumentos acima, bem como a partir dos depósitos de uma das empresas em compras de mercadorias importadas da outra e viceversa: ambas fizeram uso de pessoa interposta, aplicandose, desta feita, a pena de perdimento, corretamente aplicada pela autoridade fiscal, que agiu no estrito cumprimento do seu dever legal, no regular exercício do cargo de AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil que ocupa, e de modo a deflagrar modus operandi que o grupo integrado pelas ora recorrentes sabia ou deveria saber fraudulento. 21. Assim, com base nestes fundamentos, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento aos recursos voluntários interpostos. (assinado digitalmente) Leonardo Ogassawara de Araújo Branco Relator Fl. 1032DF CARF MF
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