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Numero do processo: 10865.722760/2011-16
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu May 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
IRPF. AJUSTE. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE
A forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente (RRA) sofreu alteração quando do julgamento do RE nº 614.406/RS, em sede de repercussão geral, e com aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, conforme dispõe o dispõe o art. 62, § 2º, do RICARF.
O recálculo do IRPF relativo ao rendimento recebido acumuladamente deve ser feito com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência).
Numero da decisão: 2401-006.569
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o recálculo do Imposto sobre a Renda relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente omitidos pelo contribuinte com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência).
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente
(assinado digitalmente)
Matheus Soares Leite - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Andréa Viana Arrais Egypto, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente).
Nome do relator: MATHEUS SOARES LEITE
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AJUSTE. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE A forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente (RRA) sofreu alteração quando do julgamento do RE nº 614.406/RS, em sede de repercussão geral, e com aplicação obrigatória no âmbito deste Conselho, conforme dispõe o dispõe o art. 62, § 2º, do RICARF. O recálculo do IRPF relativo ao rendimento recebido acumuladamente deve ser feito com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário para determinar o recálculo do Imposto sobre a Renda relativo aos rendimentos recebidos acumuladamente omitidos pelo contribuinte com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 5. 72 27 60 /2 01 1- 16 Fl. 69DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 70 2 Andréa Viana Arrais Egypto, Marialva de Castro Calabrich Schlucking, Matheus Soares Leite e Miriam Denise Xavier (Presidente). Relatório A bem da celeridade, peço licença para aproveitar boa parte do relatório já elaborado em ocasião anterior e que bem elucida a controvérsia posta, para, ao final, complementálo (fls. 50/54). Pois bem. Contra o contribuinte acima identificado foi emitida, em 24/10/2011, notificação de lançamento de fl.08, relativa ao imposto sobre a renda da pessoa física anocalendário 2009, por meio da qual foi apurada omissão de rendimentos recebidos da fonte pagadora Instituto Nacional do Seguro Social, no valor de R$ 167.559,59, conforme descrição dos fatos e enquadramento legal de fl.09. Cientificado do lançamento, em 22/11/2011, fl.08, o contribuinte apresentou, em 13/12/2011, a impugnação de fls.02/06, alegando, em síntese, que: (a) Os rendimentos recebidos provieram do INSS e têm origem no pagamento acumulado de proventos de aposentadoria e correspondem ao período de 11/09/97 a 30/11/2006, sendo eles, mês a mês, isentos do IR de acordo com as tabelas progressivas para cálculo do referido tributo, ferindo a cobrança pretendida os princípios da capa cidade contributiva e da isonomia. (b) O correto seria, no cálculo do imposto incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente ao aposentado, aplicar as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, afim de permitir a incidência do imposto na fonte mediante das respectivas alíquotas progressivas e respeitadas as faixas de isenção, mês a mês. Nesse sentido, traz à colação, julgados do STJ e do Superior Tribunal de Justiça. (c) Já reconhecendo tal direito do contribuinte, e, acatando o entendimento da jurisprudência, e tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ nº 287/2009, foi editado o Ato Declaratório PGFN nº 1/2009, e, finalmente convalidando a MP nº497/2010, foi promulgada a Lei nº 12.350, cujo art. 44 acrescentou, na Lei 7.713/1988, o art.12A e editada a IN RFB nº 1127, de 7/2/2011. (d) Requer que a notificação seja anulada, sendo revisto o lançamento, para adequálo aos termos da Lei 12.350/10, nos termos da IN RFB nº 1.127, de 7/2/2011. (e) Junta os documentos de fls. 12/39. Em seguida, sobreveio julgamento proferido pela 15ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo/SP (DRJ/SPO), por meio do Acórdão nº 1660.641 (fls. 50/54), de 21/08/2014, cujo dispositivo considerou improcedente a impugnação, com a manutenção do crédito tributário. É ver a ementa do julgado: Fl. 70DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 71 3 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2009 OMISSÃO DE RENDIMENTOS. Os rendimentos recebidos acumuladamente no anocalendário 2009 são tributados na fonte no mês de seu recebimento, sujeitandose ao ajuste anual. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Nesse sentido, cumpre repisar que a decisão a quo exarou os seguintes motivos e que delimitam o objeto do debate recursal: 1. O lançamento em tela referese a inclusão de rendimentos levada a efeito após o confronto entre a declaração apresentada pelo contribuinte e as informações prestadas pela fonte pagadora por meio da DIRF – Declaração de Imposto de Renda retido na Fonte. 2. Por sua vez, o impugnante alega que os rendimentos recebidos, por se referirem a valores pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social, não poderiam ser tributados acumuladamente, mas sim mês a mês, de acordo com as tabelas e alíquotas próprias a que se referem tais rendimentos. 3. Ocorre que no anocalendário de 2009, a forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente era disciplinada pelo art. 12 da Lei nº 7.713/1988. 4. Por força, contudo, da jurisprudência pacífica do Superior Tribunal de Justiça, a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN), no uso da competência que lhe é fixada pelo art. 19 da Lei nº 10.522, de 19/07/2002, emitiu o Parecer PGFN/CRJ nº 287, de 12/02/2009, aprovado por despacho do Sr. Ministro da Fazenda, publicado no DOU de 13/05/2009, que recomendou que “sejam autorizadas pelo Senhor ProcuradorGeral da Fazenda Nacional a não apresentação de contestação, a não interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais que visem obter a declaração de que, no cálculo do imposto de renda incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente, devem ser levadas em consideração as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, devendo o cálculo ser mensal e não global”. 5. Essa recomendação foi adotada pelo Ato Declaratório (AD) PGFN nº 1, de 27/03/2009, que autorizou a dispensa de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante, nas ações judiciais mencionadas. 6. No ano seguinte, no entanto, esse ato declaratório foi suspenso pelo Parecer PGFN/CRJ nº 2.331, de 27/10/2010, nos itens 7 e 8. Fl. 71DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 72 4 7. Salientese, por oportuno, que esses pareceres são vinculantes para a Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB), conforme art. 19, § 4º, da Lei nº 10.522/2002, e Nota PGFN/CRJ nº 489/2007. 8. É importante também observar que a nova sistemática de tributação dos rendimentos dessa natureza, que passou a ser muito mais favorável ao contribuinte, por prever a tributação exclusiva na fonte e o ajuste dos valores da tabela mensal, mediante a multiplicação destes pelo número de meses a que se refiram os rendimentos, somente foi introduzida em nosso ordenamento jurídico em 28/07/2010, com a publicação da Medida Provisória n° 497, de 27/07/2010, convertida na Lei nº 12.350, de 20/12/2010 (DOU de 21/12/2010), que acrescentou o art. 12A à Lei n° 7.713/1988. 9. O § 7° do art. 12A dispõe, ainda, que esses rendimentos, quando, recebidos entre 1°de janeiro de 2010 e o dia anterior ao de publicação da Lei resultante da conversão da Medida Provisória n° 497/2010, poderão ser tributados na forma desse artigo, devendo ser informados na Declaração de Ajuste Anual referente ao anocalendário de 2010. 10. Como se vê, não há nenhuma previsão de aplicação dessa nova sistemática aos rendimentos recebidos antes de 1° de janeiro de 2010. 11. Desta forma, e não estando presente no caso nenhuma das hipóteses previstas no art. 106 do mesmo CTN para a retroatividade da lei, não há a possibilidade, em relação aos rendimentos acumulados recebidos no ano calendário 2009, de aplicação da nova sistemática introduzida pela Medida Provisória n° 497/2010. 12. Do mesmo modo, não se há de cogitar a aplicação retroativa da Instrução Normativa RFB n° 1.127, de 07/02/2011, que apenas disciplina o disposto no art. 12A da Lei nº 7.713/1988, conforme determina seu § 9°. 13. Assim, os rendimentos em análise são tributáveis na declaração de ajuste anual, nos termos dos artigos 9°, 10 e 11, da Lei n° 8.134/1990. 14. Assim, e considerando que não há nos autos ordem judicial determinando a tributação de forma diversa, não pode o julgador administrativo decidir em desconformidade com a lei vigente ao tempo da ocorrência do fato gerador. 15. E, ainda, não cabe, no âmbito do processo administrativo, examinar a pretensa violação aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva. Referidos princípios constitucionais são destinados ao legislador e não ao aplicador da lei, a quem, exercendo atividade vinculada, não se permite deixar de observar a norma legal por entendêla em desconformidade com a Constituição. Assim, é defeso ao agente fiscal e a este órgão julgador examinar uma possível desconformidade da lei com os aludidos princípios. Fl. 72DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 73 5 16. Assim, a pretensão do contribuinte de ver cancelado o débito fiscal não pode ser acolhida, uma vez que os rendimentos recebidos acumuladamente, no anocalendário em questão, são tributados na fonte no mês de seu recebimento, sujeitandose ao ajuste anual. O contribuinte, por sua vez, inconformado com a decisão prolatada e procurando demonstrar a improcedência do lançamento, interpôs Recurso Voluntário (fls. 59/63), apresentando, em síntese, os seguintes argumentos: a. Os rendimentos recebidos pelo recorrente a que se referem o Aviso de Cobrança provieram do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS e têm origem no pagamento acumulado de diferenças de proventos de aposentadoria, pagas através de Ação Judicial de Revisão de Benefícios Previdenciários (Proc. N. 2003.61.83.0112585 – 7ª Vara Previdenciária da Justiça Federal de São Paulo), no período de março/1995 à junho/2004, período este correspondente a 111 meses e mais 6 abonos anuais. b. Com base no artigo 12A da Lei 12.350/2010, os rendimentos do trabalho e os provenientes de aposentadoria, pensão, transferência para a reserva remunerada ou reforma, pagos pela Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando correspondentes a anoscalendários anteriores ao do recebimento, serão tributados exclusivamente na fonte, no mês do recebimento ou crédito, em separado dos demais rendimentos recebidos no mês. c. O § 1° determina que o imposto seja retido pela pessoa física ou jurídica obrigada ao pagamento ou pela instituição financeira depositária do crédito e calculado sobre o montante dos rendimentos pagos, mediante a utilização de tabela progressiva resultante da multiplicação da quantidade de meses a que se refiram os rendimentos pelos valores constantes da tabela progressiva mensal correspondente ao mês do recebimento ou crédito. d. O imposto de renda não pode considerar, para efeito de incidência, a integralidade dos valores disponibilizados no pagamento único, ou eventualmente cumulado pelo devedor, decorrente de condenação judicial ou concessão administrativa, no que se refere a benefício previdenciário pago com atraso ou a parcelas respectivas revisadas. e. A tributação deve incidir pelo regime de competência, tendo como parâmetro o devido, mês a mês, inclusive para fins de apuração de isenção, pelo limite mensal, conforme as tabelas de valores do IRPF. f. Requer seja dado provimento ao recurso, anulandose o Aviso de Cobrança expedido pela RFB, sendo revisto o lançamento para adequálo aos termos da Lei 12.350/10, nos termos da IN RFB n. 1127, de 7/2/2011. Em seguida, os autos foram remetidos a este Conselho para apreciação e julgamento do Recurso Voluntário. Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 74 6 Não houve apresentação de contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Matheus Soares Leite – Relator 1. Juízo de Admissibilidade. O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235/72. Portanto, dele tomo conhecimento. 2. Mérito. Conforme consta na Descrição dos Fatos e Enquadramento legal (fl. 09), a acusação fiscal consiste na omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício, sujeitos à tabela progressiva (Enquadramento Legal: arts. 1° a 3° e §§, e 8° da Lei n° 7.713/88; arts. 1° a 4° da Lei n° 8.134/90; arts. 1° e 15 da Lei n° 10.451/2002; arts. 43 e 45 do Decreto n° 3.000/99 – RIR/99). O contribuinte alegou, em síntese, que os rendimentos recebidos provieram do INSS e têm origem no pagamento acumulado de proventos de aposentadoria e correspondem ao período de 11/09/97 a 30/11/2006, sendo eles, mês a mês, isentos do IR de acordo com as tabelas progressivas para cálculo do referido tributo, ferindo a cobrança pretendida os princípios da capa cidade contributiva e da isonomia. Entende, pois, que o correto seria, no cálculo do imposto incidente sobre rendimentos pagos acumuladamente ao aposentado, aplicar as tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se referem tais rendimentos, afim de permitir a incidência do imposto na fonte mediante das respectivas alíquotas progressivas e respeitadas as faixas de isenção, mês a mês. A decisão de primeira instância entendeu pela improcedência da impugnação, sob o fundamento de que os rendimentos recebidos acumuladamente, no anocalendário em questão, são tributados na fonte no mês de seu recebimento, sujeitandose ao ajuste anual. Pois bem. Entendo que a decisão de piso merece reparos. Isso porque, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 614.406/RS, submetido à sistemática da repercussão geral prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, declarou a inconstitucionalidade do art. 12 da Lei nº 7.713/88, que determinava, para a cobrança do IRPF incidente sobre rendimentos recebidos de forma acumulada, a aplicação da alíquota vigente no momento do pagamento sobre o total recebido. De acordo com a referida decisão, o critério de cálculo dos Rendimentos Recebidos Acumuladamente – RRA adotado pelo artigo 12 da Lei nº 7.713/88, representa transgressão aos princípios da isonomia e da capacidade contributiva, conduzindo a uma majoração da alíquota do Imposto de Renda. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10865.722760/201116 Acórdão n.º 2401006.569 S2C4T1 Fl. 75 7 Dessa forma, é necessário que o dimensionamento da obrigação tributária observe o critério quantitativo (base de cálculo e alíquota) dos anoscalendário em que os valores deveriam ter sido recebidos, e não o foram. Em outras palavras, afastando o regime de caixa, o Supremo Tribunal Federal acolheu o regime de competência para o cálculo mensal do imposto sobre a renda devido pela pessoa física, com a utilização das tabelas progressivas e alíquotas vigentes à época em que os valores deveriam ter sido adimplidos. A decisão definitiva de mérito no RE nº 614.406/RS, proferida pelo STF na sistemática da repercussão geral, é de observância obrigatória pelos membros deste Conselho, conforme disposto no art. 62, § 2º da Portaria nº 343, de 09 de junho de 2015 (RICARF). Dessa forma, entendo que o imposto sobre a renda incidente sobre os rendimentos acumulados percebidos no anocalendário de 2009, deve ser apurado com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, calculado de forma mensal, e não pelo montante global pago extemporaneamente. Não há que se afastar toda a obrigação tributária, mas tão somente ajustar a base de cálculo, o que, ao meu ver, não implica na inovação dos critérios utilizados para motivar o lançamento. Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário, para, no mérito, DARLHE PARCIAL PROVIMENTO, determinando o recálculo do IRPF relativo ao rendimento recebido acumuladamente com base nas tabelas e alíquotas das épocas próprias a que se refiram tais rendimentos tributáveis, observando a renda auferida mês a mês pelo contribuinte (regime de competência). É como voto. (assinado digitalmente) Matheus Soares Leite Fl. 75DF CARF MF
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Numero do processo: 16682.902801/2011-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010
IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TIPI.
Produtos relacionados na TIPI com alíquota positiva ou alíquota zero não estão abrangidos pela imunidade objetiva prevista aos derivados de petróleo no § 3º do art. 155 da Constituição Federal. Esses produtos estão dentro do campo de incidência do IPI em decorrência de decreto do poder executivo. Impossibilidade de afastar a sua aplicação por força da súmula CARF nº 2.
CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 155, § 3º DA CF. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 20.
Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT.
Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2010
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considera-se não impugnada matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Preclusão do direito de fazê-lo na segunda instância.
Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2009
LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA.
Por se tratar de matéria de ordem pública a decadência tributária do lançamento deve ser conhecida de ofício, quando não for objeto de impugnação.
DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DO IPI. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. PAGAMENTO.
Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. A legislação do IPI, art. 183 do RIPI/2010, reconhece expressamente que os créditos escriturais do imposto é tratado com pagamento do imposto.
Numero da decisão: 3301-005.853
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para aplicar a decadência aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008.
WINDERLEY MORAIS PEREIRA - Presidente.
(assinado digitalmente)
SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR - Relator.
(assinado digitalmente)
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vice-presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Marco Antonio Marinho Nunes, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior
Nome do relator: SALVADOR CANDIDO BRANDAO JUNIOR
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TIPI. Produtos relacionados na TIPI com alíquota positiva ou alíquota zero não estão abrangidos pela imunidade objetiva prevista aos derivados de petróleo no § 3º do art. 155 da Constituição Federal. Esses produtos estão dentro do campo de incidência do IPI em decorrência de decreto do poder executivo. Impossibilidade de afastar a sua aplicação por força da súmula CARF nº 2. CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 155, § 3º DA CF. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 20. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2010 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considera-se não impugnada matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Preclusão do direito de fazê-lo na segunda instância. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2009 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. Por se tratar de matéria de ordem pública a decadência tributária do lançamento deve ser conhecida de ofício, quando não for objeto de impugnação. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DO IPI. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. PAGAMENTO. Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. A legislação do IPI, art. 183 do RIPI/2010, reconhece expressamente que os créditos escriturais do imposto é tratado com pagamento do imposto.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. TIPI. Produtos relacionados na TIPI com alíquota positiva ou alíquota zero não estão abrangidos pela imunidade objetiva prevista aos derivados de petróleo no § 3º do art. 155 da Constituição Federal. Esses produtos estão dentro do campo de incidência do IPI em decorrência de decreto do poder executivo. Impossibilidade de afastar a sua aplicação por força da súmula CARF nº 2. CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 155, § 3º DA CF. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA CARF Nº 20. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2010 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. PRECLUSÃO. NÃO CONHECIMENTO. Nos termos do art. 17 do Decreto nº 70.235/72, considerase não impugnada matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Preclusão do direito de fazêlo na segunda instância. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 30/09/2009 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECONHECIMENTO DE OFÍCIO. QUESTÃO DE ORDEM PÚBLICA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 28 01 /2 01 1- 81 Fl. 155DF CARF MF 2 Por se tratar de matéria de ordem pública a decadência tributária do lançamento deve ser conhecida de ofício, quando não for objeto de impugnação. DECADÊNCIA DO LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. CRÉDITOS ESCRITURAIS DO IPI. RECOLHIMENTO ANTECIPADO. PAGAMENTO. Havendo pagamento antecipado, o prazo decadencial é contado de cinco anos a partir da ocorrência do fato gerador, ressalvado a prática de dolo, fraude ou simulação. A legislação do IPI, art. 183 do RIPI/2010, reconhece expressamente que os créditos escriturais do imposto é tratado com pagamento do imposto. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para aplicar a decadência aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008. WINDERLEY MORAIS PEREIRA Presidente. (assinado digitalmente) SALVADOR CÂNDIDO BRANDÃO JUNIOR Relator. (assinado digitalmente) Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (presidente da turma), Valcir Gassen (vicepresidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Semíramis de Oliveira Duro, Marco Antonio Marinho Nunes, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior Relatório Tratase de pedido de ressarcimento de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados, apurados no 2º trimestre/2010, cumulado com declaração de compensação. Foi apresentado o PER/DCOMP n° 05670.19975.301210.1.3.015851 (fls. 97100), declarando a compensação por um crédito histórico no valor de R$ 4.064.032,36. A unidade de origem, após a realização de diligência destinada a apurar a liquidez e certeza do direito creditório, emitiu o Termo de Informação Fiscal de fls. 103105 e o despacho decisório de fl. 94, indeferindo o pedido de ressarcimento e não homologando a compensação correlata, tendo em vista que o resultado da diligência foi a lavratura de um auto de infração para constituir crédito tributário sobre algumas operações (débito) e, também, realizar glosas de crédito. O auto de infração recebeu o numero de processo 16095.720242/201374. Conforme referido TIF, o auto de infração teve, em síntese, as seguintes acusações: Fl. 156DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 156 3 Sobre os débitos, afirmou: Houve emissão de Notas Fiscais sem destaque do imposto na saída dos produtos classificados pela empresa na posição fiscal 2710.1992 e 2710.1999, relacionada na TIPI com alíquota de 8%. As saídas se referem a venda de mercadorias de produção do estabelecimento como também a revenda de mercadorias adquiridas ou recebida de terceiros, importadas; Neste contexto, afirmou a fiscalização que o parágrafo único do artigo 2° do Regulamento do IPI vigente na época dos fatos previa que o campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" ( não tributado). Sobre as glosas, afirmou. A empresa também produziu e promoveu saídas por vendas de produtos classificados na posição fiscal 2710.1931, 2710.1932, que também não tiveram destaque do imposto, esses relacionados na TIPI como não tributados (N/T). (...) O artigo 11 da Lei 9.779/99, possibilita a manutenção do crédito relativo à aquisições de insumos aplicados em produtos tributados à alíquota zero ou isento, imunes quando destinados à exportação. (...) O § 3° do artigo 2° da IN 33/99 dispõe que deverão ser estornados os créditos originários de aquisição de MP, PI e ME, quando destinados à fabricação de produtos não tributados (NT). Considerando esse ordenamento os créditos pelas aquisições das matérias primas, PI e ME aplicados nos produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, foram apurados e por não terem direito a manutenção, na reconstituição da escrita fiscal foram estornados. A fiscalização ainda apontou que o estabelecimento utiliza insumos comuns na fabricação de produtos tributados e produtos não tributados. Em vista disso, e com base em listas técnicas fornecidas pela Recorrente contendo a discriminação dos insumos aplicados nos produtos industrializados, com seus valores, características e NCM, a fiscalização adotou uma metodologia para a quantificação das glosas. Com isso, elaborou uma relação percentual entre a quantidade de cada matériaprima utilizada no produto tributado e a quantidade do produto não tributado. O percentual encontrado foi utilizado no total dos créditos, em cada mês, para fins de apuração dos créditos que deveriam ser estornados. Com base nestas conclusões da fiscalização e do auto de infração, foi proferido o Despacho decisório com o seguinte teor: Fl. 157DF CARF MF 4 Analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP e período de apuração acima identificados, constatouse o seguinte: Valor do crédito solicitado/utilizado: R$ 4.064.032,36 Valor do crédito reconhecido: R$ 0,00 O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de créditos considerados indevidos, em procedimento fiscal. Redução do saldo credor do trimestre, passível de ressarcimento, resultante de débitos apurados em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página internet da Receita Federal, e integram este despacho. Diante do exposto: NÃO HOMOLOGO a compensação declarada no(s) seguinte(s) PER/DCOMP: 05670.19975.301210.1.3.015851 INDEFIRO o pedido de restituição/ressarcimento apresentado no(s) PER/DCOMP: 36530.03630.281210.1.1.016897 Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 28/02/2014. Inconformada, a Recorrente apresentou sua manifestação de inconformidade (fls. 0218), instaurando o contencioso administrativo, argumentando, em síntese: pugnou pela suspensão do presente processo, em razão do trâmite do processo relacionado ao auto de infração, nº 16095.720242/201374, por uma questão de segurança jurídica, razoabilidade e para fins de evitar decisões conflitantes, nos termos do art. 265 do CPC; afirmou que a fiscalização não se baseou em nenhum critério técnico para justificar a desclassificação dos produtos como derivados de petróleo; afirmou que não há incidência de IPI sobre derivados de petróleo, nos termos do art 155, § 3º da Constituição; a própria TIPI incorreu em total desrespeito à imunidade constitucional por pretender a tributação do IPI sobre os produtos mencionados no capítulo 27.10, reservados aos derivados de petróleo, ao prever, para determinados itens desse capitulo, alíquotas positivas do imposto; Fl. 158DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 157 5 afirmou que as notas explicativas sobre o capítulo 27.10, notadamente as Notas 2 e 3, não deixam dúvidas de que os produtos ali classificados são hidrocarbonetos. afirmou que nem mesmo o Decreto n° 4.544/02 (RIPI), determinou qualquer restrição ao conceito de derivados de petróleo, como pretende fazer crer o auto de infração; afirmou que os produtos que negocia possuem mais de 70% de hidrocarbonetos derivados de petróleo em sua composição, sendo o que basta para serem quimicamente considerados hidrocarbonetos (derivados de petróleo), classificados nas posições 2710.1932, 2710.1992 ou 2710.1999 segundo sua destinação, isto é, lubrificante com aditivos, líquido para transmissões hidráulicas, etc; o Art. 18, § 3º do RIPI/2002 não estabelece nenhuma restrição ao conceito de derivados de petróleo. A simples classificação química dos produtos como hidrocarbonetos os deveria enquadrar automaticamente no conceito de derivados de petróleo; é imprescindível que se reconheça a imunidade, e, por via de consequência, a ilegalidade da exigência de valores de IPI sobre tais produtos imunes; sobre as glosas dos créditos, afirmou que a não cumulatividade do IPI prevista na constituição prevê a possibilidade de abatimento dos débitos do imposto, com os créditos decorrentes de aquisição de matériaprima, material de embalagem e produto intermediário; se houve aquisição de bem gravado pelo imposto, é direito do contribuinte escriturar o crédito em sua contabilidade. Havendo saída isenta ou não tributada, inexistirá débito a ser compensado quando do cálculo do saldo do imposto a recolher do mês de competência, que poderá ser credor ou devedor. Contudo, em havendo saldo credor, é direito do contribuinte a manutenção dos créditos e a sua alocação para as competências seguintes; o art. 11 da Lei n° 9.779/99 apenas explicitou um direito preexistente dos contribuintes no tocante à legislação, sendo constitucionalmente garantido aos contribuintes a manutenção de seus créditos a despeito de haver saídas não tributadas ou imunes; somente a partir de Junho/2010, com o Decreto n° 7.212/2010 (novo RIPI), posterior aos fatos geradores em questão, é que a legislação regulamentadora passou a prever expressamente a vedação ao crédito decorrente da aquisição de insumos utilizados na produção de produtos imunes; Em 14/01/2015 foi proferido o Acórdão 0131.087 pela 3ª Turma da DRJ/BEL (fls. 108122), julgando improcedente a manifestação de inconformidade, assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2010 a 30/06/2010 PAF. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. Fl. 159DF CARF MF 6 Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo contribuinte. PAF. ATO NORMATIVO. INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE. A autoridade administrativa não possui atribuição para apreciar a argüição de inconstitucionalidade ou de ilegalidade de dispositivos que integram a legislação tributária. IPI. ALÍQUOTA. PRODUTOS DAS POSIÇÕES 2710.19.92 e 2710.19.99. A saída dos produtos classificados nas posições fiscais 2710.19.92 e 2710.19.99 da Tabela de Incidência do IPI TIPI submetese à alíquota de 8%. IPI. CRÉDITOS. MP, PI E ME EMPREGADOS EM PRODUTOS NT. Não podem ser escriturados créditos relativos a matérias primas, produtos intermediários e materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade. RESSARCIMENTO. DIREITO CREDITÓRIO. REQUISITOS E CONDIÇÕES. O ressarcimento de IPI vinculase ao preenchimento das condições e requisitos determinados pela legislação tributária que rege a espécie, devendo ser indeferido quando sua existência não resulte demonstrada pelo contribuinte. DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO INEXISTENTE. A declaração de compensação somente pode ser homologada quando o respectivo direito creditório resulte comprovado pelo sujeito passivo. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Como fundamento de decidir, a DRJ apresentou os seguintes argumentos: não há previsão na legislação específica previsão para o sobrestamento de processos administrativos, ainda que presente eventual conexão ou relação de prejudicialidade; a previsão existente é acerca da conexão de processos, contudo, como o processo administrativo do auto de infração se encontra em fase recursal diversa, não seria possível operacionalizar tal apensamento; há presunção de legalidade e constitucionalidade das leis e regulamentos. À autoridade administrativa não é dado apreciar questões que importem a negação de vigência e eficácia de preceitos normativos. Impõese ao agente da Administração Pública aplicálas; quanto aos débitos do imposto, relativos aos produtos das posições 2710.19.92 e 2710.19.99 da TIPI, a imunidade relativa a derivados do petróleo restringese aos Fl. 160DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 158 7 hidrocarbonetos decorrentes do refino, sendo que os produtos compostos de petróleo que não se beneficiam de imunidade encontramse relacionados na TIPI com alíquota positiva ou zero e, portanto, sujeitos ao pagamento do imposto; haver na TIPI produtos com notação "NT" não implica, necessariamente, que esta notação decorre de imunidade ou não incidência (pois se trata de produto natural), tendo em vista a existência de produtos industrializados que poderiam ser tributados pelo imposto, mas aos quais o legislador ordinário, por razões de ordem extrafiscal, optou por não tributar; a legislação tributária (art. 18, § 3º, do RIPI/2010) adota como critério para interpretação do alcance da imunidade constitucional conferida a derivados de petróleo o da imediatidade, pelo qual somente são imunes os produtos obtidos diretamente do refino (decomposição do petróleo bruto por intermédio de destilação fracionada), excluindose, por decorrência, os produtos ulteriormente colocados em circulação mercantil e aqueles que venham a ser obtidos por qualquer processo de industrialização subsequente (transformação ou beneficiamento ulteriores); os produtos do caso concreto, embora se tratem de óleo essencialmente constituído por hidrocarbonetos, classificase na subposição 2710.19.92 e outros 2710.19.99, ambos com alíquota de 8%; Quanto às glosas. não há autorização normativa para o aproveitamento de créditos decorrentes da nãocumulatividade do IPI quando se trate da industrialização de produtos NT, aí incluídos os imunes; o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11/01/1999, trouxe inovação na legislação do IPI, permitindo a manutenção dos créditos em situações específicas, mas a partir da vigência de tal disposição normativa; as saídas realizadas estão com notação NT (27.10.1931 e 2710. 1932), mas não porque são imunes, mas sem tributação porque o legislador ordinário, fundado em razões de ordem extrafiscal, não quis tributar; assim como os demais produtos que integram a posição 2710 que também não se encontram gravados por imunidade; com isso, para as saídas sem tributação (NT), os créditos devem ser estornados, e mesmo que fossem imunes, apenas a imunidade decorrente de exportação permite a manutenção dos créditos; esta disposição normativa somente pode ser afastada mediante a declaração de sua ilegalidade ou inconstitucionalidade, o que se encontra obstado, porém, ao julgador administrativo; ou seja, os produtos imunes a que se referem a IN SRF nº 33/1999 e o RIPI/2002, limitase àqueles imunes porque destinados à exportação (inciso III do §3° do art. 153 da CF/1988); cita o Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 17/04/2006; Fl. 161DF CARF MF 8 afirma haver matéria não impugnada e, portanto, preclusa, relativa à metodologia utilizada pela fiscalização para o cálculo da glosa, elaborando um cálculo proporcional entre os insumos utilizados em produtos tributados e produtos não tributados. Cientificada da decisão, a Recorrente apresentou, no prazo, seu recurso voluntário (fls. 131152), repisando os argumentos de sua manifestação de inconformidade, acrescentando apenas que, ao contrário do que foi alegado pela decisão de primeira instância, a Recorrente não pretende que seja julgada a inconstitucionalidade/ilegalidade de dispositivo legal na via administrativa, mas tão somente que o referido dispositivo legal seja interpretado e aplicado corretamente ao caso em questão. Isso porque, continua a Recorrente, a norma faz menção aos conceitos de “imediato e direto” como pretendeu fazer crer a decisão recorrida, estabelecendo apenas duas exigências, quais sejam: (i) seja o produto decorrente do refino de petróleo; e (ii) possa ele ser classificado quimicamente como hidrocarboneto. É a síntese do necessário. Voto Conselheiro Salvador Cândido Brandão Junior O recurso voluntário é tempestivo e por atender os demais requisitos da legislação será conhecido. O presente julgamento se reflete em todos os demais processos listados abaixo, todos incluídos no mesmo auto de infração 16095.720242/201374, pois representam a mesma discussão de PER/DCOMP, alterandose apenas o período de apuração. Assim, apenas será preciso verificar, em cada um deles, se há algum período atingido por decadência: 16682.902792/201128 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902793/201172 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902794/201117 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902795/201161 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902796/201114 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902797/201151 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902798/201103 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902799/201140 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902800/201136 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902801/201181 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. 16682.902802/201125 RAIZEN COMBUSTIVEIS S.A. Preliminarmente, afastase a possibilidade de suspensão do feito, nos termos do art. 265 do CPC/1973, pois o processo administrativo relativo ao auto de infração, nº Fl. 162DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 159 9 16095.720242/201374, encontrase em momento processual muito mais avançado, tendo já o julgamento de seu recurso voluntário já efetuado por esta colenda 1ª turma ordinária, inclusive, com julgamento de Recurso Especial interposto pela Recorrente na Câmara Superior, aguardandose, neste momento, o juízo de admissibilidade de embargos de declaração opostos pela Recorrente. Com isso, afastase a possibilidade de suspensão do feito, nem mesmo de conexão, pois, além de em fases processuais distintas, o mérito do processo relativo ao auto de infração já foi julgado. Quanto ao mérito, a controvérsia se restringe ao débito de IPI, em razão da realização de operações com produtos industrializados sem destaque na nota fiscal e classificados na NCM 2710.1992 e 2710.1999, com alíquota de 8%. Há também controvérsia sobre as glosas de crédito diante da falta de estorno na escrituração decorrente de aquisições das matérias primas, PI e ME aplicados nos produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, os quais possuem notação "NT" na TIPI. Creio correta a autuação fiscal e a decorrente não homologação dos PER/DCOMPs, em razão da constituição do débito do imposto (crédito tributário), em virtude da falta de destaque do imposto nos documentos fiscais que representam a realização de operações com produtos industrializados classificados na NCM 2710.1992 e 2710.1999, cuja alíquota na TIPI era de 8%. Quanto às glosas de crédito de MP e PI utilizados na industrialização de produtos com notação NT, de fato, há ausência de previsão legal pela manutenção dos créditos de insumos utilizados em produtos industrializados, mas com notação NT. No entanto, a discussão deveria ter sido baseada em categorias tributárias, e não o foi, nem mesmo pela Recorrente em sua impugnação. A própria DRJ em sua respeitável decisão, traz argumentos que poderiam ser a solução do caso, com um arrazoado acerca das hipóteses de utilização da notação NT na TIPI: i) para casos de não incidência pura e simples, pois diante de um produto in natura ou não industrializado; ii) para casos de não incidência em razão de uma regra de imunidade que retira a competência tributária para uma dada situação ou objeto; iii) não incidência no exercício da competência tributária, pois, embora diante de um produto industrializado, o legislador pretende não tributar por razões extrafiscais. Esta última hipótese de não incidência, a meu ver, tem natureza jurídica de isenção, sendo, portanto, possível a manutenção do crédito da não cumulatividade decorrentes das aquisições de MP, PI e ME, nos termos do art. 11 da Lei nº 9.779/1999. Porém, não há clareza nos autos sobre qual é a natureza da notação NT para os produtos classificados nas posições 27.10.1931 e 2710. 1932, já que a Recorrente fincouse no argumento de que tais produtos são NT porque são derivados de petróleo e, portanto, imunes, enquanto que a fiscalização e a d. DRJ, diante destes argumentos, afirmam que apenas na imunidade decorrente de exportação há possibilidade de manutenção dos créditos. Fl. 163DF CARF MF 10 Ressaltese, no entanto, que esta colenda 1ª Turma Ordinária já julgou, em 2016, o auto de infração que realizou a constituição dos débitos e as glosas de crédito, no autos do processo nº 16095.720242/201374, também concordando in totum com a fiscalização e com a r. decisão de piso, mantendose as glosas e os lançamentos do débito, apenas reconhecendo, de ofício, um período de decadência do direito de lançar (decisão mantida pela CSRF). Na CSRF, em sede de Embargos no Recurso Especial, a discussão resumese à possibilidade de rediscussão da matéria não impugnada em primeira instância administrativa, relativo à metodologia do cálculo das glosas. Como o mérito do auto de infração já foi julgado e por concordar com os termos do v. acórdão proferido por esta turma no julgamento do recurso voluntário do auto de infração, peço vênia para transcrever seus fundamentos para adotálos como fundamentos desta decisão: Produtos das Posições 2710.19.92 e 2710.19.99 da TIPI Como visto a primeira controvérsia a ser debatida é quanto ao lançamento do IPI em relação aos produtos da posição fiscal 2710.19.92 e 2710.19.99. A fiscalização afirma que esses produtos estão relacionados na TIPI Tabela do IPI com aplicação de alíquota positiva de 8%. Que são produzidos e revendidos pelo contribuinte sem o lançamento do imposto nas notas fiscais de venda. No caso os produtos de revenda são importados, tendo sido pago o IPI correspondente por ocasião da importação. A recorrente entende que são produtos derivados de petróleo abrangidos pela imunidade constitucional. Alega que a decisão recorrida incorre em equívoco ao sustentar que a questão discutida seria de cunho eminentemente constitucional. Nesse sentido sustenta que o próprio RIPI/2002, em seu § 3º do art. 18, é que determinava a não incidência do IPI sobre derivados de petróleo. Portanto a discussão não é de âmbito constitucional, mas de aplicação incorreta da lei pela fiscalização. Ressaltese que não há controvérsia sobre referida classificação fiscal. Entendo que nesse caso a razão está com a fiscalização e com a decisão recorrida. É que a sistemática de tributação do IPI é efetuada com base na TIPI, nos termos do art. 2º, parágrafo único, do RIPI/2002: Art. 2º O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados TIPI (Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, art. 1º, e Decretolei nº 34, de 18 de novembro de 1966, art. 1º). Parágrafo único. O campo de incidência do imposto abrange todos os produtos com alíquota, ainda que zero, relacionados na TIPI, observadas as disposições contidas nas respectivas notas Fl. 164DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 160 11 complementares, excluídos aqueles a que corresponde a notação "NT" (nãotributado) (Lei nº 10.451,de 10 de maio de 2002, art. 6º). A leitura do dispositivo acima transcrito não deixa margem de dúvidas. O campo de incidência do IPI foi determinado por lei que estabeleceu competência à TIPI para definir os produtos com incidência ou não do IPI e suas respectivas alíquotas. É de conhecimento primário que os produtos atingidos por imunidade constitucional estão fora do campo de incidência do imposto. Portanto, se os produtos da posição fiscal 2710.1992 e 2710.1999, estão listados na TIPI com alíquota positiva, o legislador infraconstitucional entendeu que eles não são destinatários daquela imunidade. Portanto, se da TIPI consta alíquota positiva, tal fato não é controverso, tratase de produto industrializado abrangido no campo de incidência do IPI. Entendo desnecessária toda a discussão travada a respeito se é ou não hidrocarboneto ou se é ou não um derivado de petróleo. Na verdade assim está descrita a dita imunidade na CF: Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) § 3º À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 33, de 2001) Por sua vez, coube ao Regulamento do IPI, limitar o vastíssimo termo "derivados de petróleo". Assim o fez no art. 18, § 3º do Decreto nº 4.544/2002, nos seguintes termos: Art. 18. São imunes da incidência do imposto: (...) IV a energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do País (Constituição, art. 155, § 3º). (...) § 3º Para fins do disposto no inciso IV, entendese como derivados do petróleo os produtos decorrentes da transformação do petróleo, por meio de conjunto de processos genericamente denominado refino ou refinação, classificados quimicamente como hidrocarbonetos. Fl. 165DF CARF MF 12 (...) Como já dito, essas normas estão tratando de produtos industrializados que estão fora do campo de incidência do IPI. Tratase de uma imunidade objetiva que alcança o produto independente de sua destinação ou de quem o fabrica. O instrumento legal utilizado pela legislação do IPI, para identificar os produtos que estão fora de seu campo de incidência é a TIPI, conforme determinação do parágrafo único do art. 2º do RIPI/2002, acima transcrito. Nesse sentido assim consta da TIPI, para o período abrangido pelo lançamento, aprovada pelo Decreto nº 6006/2006: NCM Descrição Alíquota (%) 2710.19.92 Líquidos para Transmissões Hidráulicas 8 2710.19.99 Outros 8 Ressaltese que em várias posições consta a expressão NT (Não Tributado) que são utilizados para designar os produtos que estão fora do campo de incidência do IPI, ou por imunidades constitucionais ou até mesmo por determinação legal como bem apontou a decisão recorrida. Aliás, peço licença para transcrever trecho da citada decisão que ilustra bem a questão dos produtos NT da TIPI: (...) Em análise da legislação aplicável à espécie, notadamente da TIPI, aprovada pelo Decreto nº 7.660/2011, e das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias – NESH, aprovada pela IN RFB nº 807/2008, verificase, de pronto, que há três “espécies” de bens que se encontram fora do campo de incidência do IPI, que podem ser descritos como seguem: a) Produtos naturais ou em bruto que, em razão de sua própria natureza, encontramse fora do campo de incidência do imposto, já que não sofreram qualquer processo de industrialização, tais como os animais vivos classificados no Capítulo 1 da TIPI. Tais produtos possuem notação NT. b) Produtos abrangidos pela imunidade. Aqui, encontramse produtos alcançados por: b.1) imunidade objetiva, tais quais os livros, classificados na posição 49.01 da TIPI e com notação NT; e b.2) imunidade condicionada, relacionada a duas hipóteses: produtos industrializados destinados à exportação e papel para impressão de livro, jornais e periódicos, os quais não possuem notação NT na TIPI. c) Produtos retirados do conceito de industrialização sob determinadas condições, os quais não possuem a notação NT na TIPI (v.g., não se considera industrialização o preparo de refrigerantes, à base de extrato concentrado, por meio de máquinas, automáticas ou não, em restaurantes, bares e estabelecimentos similares, para venda direta a consumidor, nos termos do art. 5º, § 2º, do Decreto Lei nº 1.686/1979). d) Produtos que poderiam ser tributados pelo imposto, mas aos quais o legislador ordinário, por razões de ordem extrafiscal, optou por não tributar, tal qual a farinha de trigo da posição 1101.11.10. Tais produtos também possuem a notação NT na TIPI. Fl. 166DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 161 13 Acerca do tema, Raymundo Clovis do Valle Cabral Mascarenhas, em sua obra “Tudo sobre IPI”, vol. 1, 3ª edição, págs. 18 e 19, também conclui: “A Tabela de incidência do IPI – TIPI relaciona todas as coisas existentes, objeto de comercialização, quer sejam produtos naturais ou industrializados. Os produtos naturais evidentemente estão seguidos da notação NT (que significa não tributado), por força da norma constitucional básica que estabelece a incidência do imposto somente sobre os produtos industrializados. Os produtos industrializados, assim considerados também os produtos naturais que tenham sofrido um processo mínimo de elaboração ou beneficiamento, poderão constar da TIPI seguidos da alíquota de incidência, ainda que zero, ou da notação NT. Podemos dividir os produtos relacionados na TIPI com a notação NT em três categorias: a) Produtos naturais (animais, vegetais e minerais) em estado bruto, sem que tenham passado por qualquer processo de elaboração, para os quais a União não tem competência para instituir (e cobrar) o IPI. Neste caso, não há que se falar em imunidade, mas em falta de autorização constitucional para que seja cobrado o imposto sobre tais produtos. (...) b) Produtos industrializados que, por determinação da Constituição, não possam ser alcançados pela incidência do imposto. São os produtos imunes ao IPI (...). c) Produtos industrializados que o legislador ordinário não quis tributar. (...).” Deriva das constatações acima que nem todos os bens com notação NT na TIPI são “produtos naturais ou em bruto” ou “produtos imunes”. Logo, não é da simples notação utilizada pelo legislador ordinário que se poderá concluir, a priori, qual a natureza do bem ou produto, posto que, reafirmese, a referida notação não se encontra reservada exclusivamente a “produtos da natureza” ou “produtos imunes”. (...) Essa sistemática faz todo sentido na aplicação da legislação atinente ao IPI e também ao II. A imensa vastidão de produtos industrializados justifica a adoção da classificação dos produtos na NCM e a correspondente adoção da TIPI para determinar a incidência ou não de referidos tributos. No caso a fiscalização está vinculada sim à aplicação das alíquotas previstas na TIPI. Entender que essas alíquotas não obedecem o preceito constitucional da imunidade tributária aos derivados de petróleo, significa negar validade à TIPI que foi aprovada por Decreto do Poder Executivo. Ou seja, significa sim afastar a Fl. 167DF CARF MF 14 aplicação da Lei por eventual inconstitucionalidade. Se a tese do recorrente estiver correta, não acho que seja o caso, teríamos que declarar a inconstitucionalidade do decreto que aprovou a TIPI, situação não permitida aos julgadores do processo administrativo, nos termos da Súmula CARF nº 2 e art. 26 A do Decreto nº 70.235/72. “Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade.(Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009)” Portanto nego provimento ao recurso voluntário nessa matéria. Crédito de Insumos Utilizados em Produtos NãoTributados A outra matéria controversa é quanto ao aproveitamento de crédito de IPI em relação à aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem quando destinados à industrialização de produtos não tributados ou imunes. Nessa questão o recurso voluntário repetiu exatamente os mesmos argumentos de sua impugnação. Não combateu, portanto, especificamente as razões de decidir utilizada na decisão recorrida. Por essa razão e por concordar com aquela decisão, utilizoa como fundamento para negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do § 1º do art. 50 da Lei nº 9.784/99. Assim transcrevo abaixo a parte do voto daquela decisão: (...) Sustenta o impugnante o direito à apropriação de créditos relativos à aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem quando destinados à industrialização de produtos não tributados ou imunes. É patente, contudo, a ausência de autorização normativa para o aproveitamento de créditos decorrentes da nãocumulatividade do IPI quando se trate da industrialização de produtos NT, aí incluídos os imunes. Nesse sentido, até o ano de 1998, a regra geral era no sentido da anulação do crédito relativo a insumos tributados utilizados na industrialização de produtos desonerados do imposto. Por tal razão, encontravase gravado no art. 174 do então vigente RIPI/1998: “Art. 174. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 25, § 3º, Decretolei n.º 34, de 1966, art. 2º, alteração 8ª, e Lei n.º 7.798, de 1989, art. 12): I relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos isentos, não tributados ou que tenham suas alíquotas reduzidas a zero, respeitadas as ressalvas admitidas;” Fl. 168DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 162 15 Como exceção à regra, o vigente DecretoLei n° 491/1969, em seu art. 5° (restabelecido pelo art. 1º, II, da Lei nº 8.402/1992), prescrevia e prescreve: “Art. 5º É assegurada a manutenção e utilização do crédito do IPI relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem efetivamente utilizados na industrialização dos produtos exportados (restabelecido pelo art. 1° da Lei Ordinária n°8.402/1992). Conforme já explicitado, o referido dispositivo constitui exceção legal ao regramento da operacionalização do principio da nãocumulatividade. Por sua vez, o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11/01/1999, trouxe inovação na legislação do IPI, nos seguintes termos: “Art. 11. O saldo credor do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de matériaprima, produto intermediário e material de embalagem, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero, que o contribuinte não puder compensar com o IPI devido na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 1996, observadas normas expedidas pela Secretaria da Receita Federal SRF, do Ministério da Fazenda.” A partir da vigência de tal disposição normativa (a qual ampliou as hipóteses de utilização e aproveitamento dos créditos e saldos credores do imposto), tornou se possível a utilização dos créditos decorrentes da aquisição de produtos isentos e alíquota zero (produtos os quais, frisese, encontramse inclusos no campo de incidência do IPI). Foi mantida, porque não revogada, a exceção relativa a produtos exportados, os quais, não obstante haverem sido excluídos do campo de incidência do imposto pelo art. 153, § 3º, III, da Constituição Federal de 1988, obtiveram o favor fiscal de manutenção e utilização dos créditos correspondentes. Por decorrência, a IN SRF nº 33/1999 assim dispôs: “Art. 1º A apuração e a utilização de créditos do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, inclusive em relação ao saldo credor a que se refere o art. 11 da Lei n.º 9.779, de 1999, darseá de conformidade com esta Instrução Normativa. (...) Art. 4º O direito ao aproveitamento, nas condições estabelecidas no art. 11 da Lei no 9.779, de 1999, do saldo credor do IPI decorrente da aquisição de MP, PI e ME aplicados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos ou tributados à alíquota zero, alcança, exclusivamente, os insumos recebidos no estabelecimento industrial ou equiparado a partir de 1º de janeiro de 1999.” Fl. 169DF CARF MF 16 Por sua vez, o Decreto nº 4.544/2002 – RIPI/2002 passou a dispor, em perfeita correspondência para com as disposições legais vigentes: “Art. 176. É admitido o crédito do imposto relativo às MP, PI e ME adquiridos para emprego na industrialização de produtos destinados à exportação para o exterior, saídos com imunidade (Decretolei n.º 491, de 1969, art. 5.º, e Lei n.º 8.402, de 1992, art. 1.º, inciso II). (...) Art. 190. (...) § 1.º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal. (...) Art. 193. Será anulado, mediante estorno na escrita fiscal, o crédito do imposto (Lei n.º 4.502, de 1964, art. 25, § 3.º, Decretolei n.º 34, de 1966, art. 2.º, alteração 8.ª, Lei n.º 7.798, de 1989, art. 12, e Lei n.º 9.779, de 1999, art. 11): I relativo a MP, PI e ME , que tenham sido: a) empregados na industrialização, ainda que para acondicionamento, de produtos nãotributados; (...) § 2.º O disposto na alínea a do inciso I aplicase, inclusive, a produtos destinados ao exterior. (...) Art. 195. Os créditos do imposto escriturados pelos estabelecimentos industriais, ou equiparados a industrial, serão utilizados mediante dedução do imposto devido pelas saídas de produtos dos mesmos estabelecimentos (Constituição, art. 153, § 3º, inciso II, e Lei nº 5.172, de 1966, art. 49). § 1º Quando, do confronto dos débitos e créditos, num período de apuração do imposto, resultar saldo credor, será este transferido para o período seguinte, observado o disposto no § 2º (Lei nº 5.172, de 1996, art. 49, parágrafo único, e Lei nº 9.779, de 1999, art. 11). § 2º O saldo credor de que trata o § 1º, acumulado em cada trimestrecalendário, decorrente de aquisição de MP, PI e ME, aplicados na industrialização, inclusive de produto isento ou tributado à alíquota zero ou imunes, que o contribuinte não puder deduzir do imposto devido Fl. 170DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 163 17 na saída de outros produtos, poderá ser utilizado de conformidade com o disposto nos arts. 207 a 209, observadas as normas expedidas pela SRF (Lei nº 9.779, de 1999, art. 11).” Desta feita, resulta suficientemente óbvio que a disposições normativas constantes da IN SRF nº 33/1999 e do RIPI/2002, no sentido de que, a partir de 01/01/1999, os estabelecimentos industriais passaram a ter direito ao crédito do IPI relativo a matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem empregados na industrialização de produtos, inclusive imunes, isentos e tributados à alíquota zero, continuaram excluindo os produtos nãotributados, cujos créditos correspondentes devem ser estornados, posto que tais disposições, como assinala o próprio impugnante, não poderiam ou podem inovar o conteúdo das leis que lhes servem de suporte, as quais não autorizam o crédito relativo a MP, PI e ME empregados na industrialização de produtos nãotributados. Ou seja, os produtos imunes a que se referem a IN SRF nº 33/1999 e o RIPI/2002, limitase àqueles imunes porque destinados à exportação (inciso III do §3° do art. 153 da CF/1988). Tratase, pois, da imunidade condicionada à exportação, que encontra exceção legal à regra geral de anulação do crédito relativo a insumos tributados utilizados na industrialização de produtos desonerados do imposto, nos termos do art. 5° do DecretoLei nº 491/1969. Logo, não houve a extensão do beneficio, sem base legal, para os produtos alcançados por imunidade objetiva, como é o caso da energia elétrica, derivados de petróleo, minerais etc., excluídos do campo de incidência do IPI e, portanto, não tributados, nos termos da limitação constitucional. Não se está diante, assim, de interpretação extensiva da lei, inclusive em razão da constatação de que careceria de validade a disposição infralegal que extrapolasse o conteúdo da lei respectiva, conforme já referido. Finalmente, em 18/04/2006, foi publicado o Ato Declaratório Interpretativo n.º 5, de 17/04/2006, como segue: “Art. 1.º Os produtos a que se refere o art. 4.º da Instrução Normativa SRF n.º 33, de 4 de março de 1999, são aqueles aos quais a legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) garante o direito à manutenção e utilização dos créditos. Art. 2.º O disposto no art. 11 da Lei n.º 9.779, de 11 de janeiro de 1999, no art. 5.º do Decretolei n.º 491, de 5 de março de 1969, e no art. 4.º da Instrução Normativa SRF n.º 33, de 4 de março de 1999, não se aplica aos produtos: I com a notação "NT" (nãotributados, a exemplo dos produtos naturais ou em bruto) na Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados (Tipi), aprovada pelo Decreto n.º 4.542, de 26 de dezembro de 2002; II amparados por imunidade; Fl. 171DF CARF MF 18 III excluídos do conceito de industrialização por força do disposto no art. 5.º do Decreto n.º 4.544, de 26 de dezembro de 2002 Regulamento do Imposto sobre Produtos Industrializados (Ripi). Parágrafo único. Excetuamse do disposto no inciso II os produtos tributados na Tipi que estejam amparados pela imunidade em decorrência de exportação para o exterior.” Em face das constatações anteriormente consignadas, resulta evidente que o Ato Declaratório Interpretativo nº 5, de 17/04/2006, ao referir que o disposto nas respectivas leis de incidência não se aplica aos produtos com a notação NT, amparados por imunidade e excluídos do conceito de industrialização, nada mais fez que elucidar que inexiste disposição legal que assegure o direito à manutenção do crédito de IPI quando o produto industrializado é imune (objetivamente) e, portanto, não tributado (uma vez que se encontra fora do campo de incidência do imposto). Em outros dizeres, o referido Ato Declaratório não inovou a ordem jurídica nem representou mudança de critério jurídico, haja vista que apenas explicitou o já contido na legislação tributária. No mais, reafirmese que as alegações acerca da (inexistente) inconstitucionalidade ou ilegalidade dos preceitos normativos em tela não podem ser opostas ao julgador administrativo. (...) Além disso referido tema já se encontra pacificado no Poder Judiciário. O Supremo Tribunal Federal através de seu Plenário, já teve a oportunidade de se pronunciar sobre a temática dos insumos tributados seguidos de saída desonerada, como constante no resultado do julgamento do Recurso Extraordinário 475.551/PR (DJe de 13/11/2009), assim ementado: “IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS – IPI. INSUMOS OU MATÉRIAS PRIMAS TRIBUTADOS. SAÍDA ISENTA OU SUJEITA À ALÍQUOTA ZERO. ART. 153, §3°, INC. II, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. ART. 11 DA LEI N. 9779/99. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. DIREITO AO CREDITAMENTO: INEXISTÊNCIA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO PROVIDO. 1. Direito ao creditamento do montante de Imposto sobre Produtos Industrializados pago na aquisição de insumos ou matérias primas tributados e utilizados na industrialização de produtos cuja saída do estabelecimento industrial é isenta ou sujeita à alíquota zero. 2. A compensação prevista na Constituição da República, para fins da não cumulatividade, depende do cotejo de valores apurados entre o que foi cobrado na entrada e o que foi devido na saída: o crédito do adquirente se dará em função do montante cobrado do vendedor do insumo e o débito do adquirente existirá quando o produto Fl. 172DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 164 19 industrializado é vendido a terceiro, dentro da cadeia produtiva. 3. Embora a isenção e a alíquota zero tenham naturezas jurídicas diferentes, a conseqüência é a mesma, em razão da desoneração do tributo. 4. O regime constitucional do Imposto sobre Produtos Industrializados determina a compensação do que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores, esta a substância jurídica do princípio da não cumulatividade, não aperfeiçoada quando não houver produto onerado na saída, pois o ciclo não se completa. 5.Com o advento do art. 11 da Lei n. 9779/99 é que o regime jurídico do Imposto sobre Produtos Industrializados se completou, apenas a partir do início de sua vigência se tendo o direito ao crédito tributário decorrente da aquisição de insumos ou matérias primas tributadas e utilizadas na industrialização de produtos isentos ou submetidos à alíquota zero. Recurso extraordinário provido” (g.n.) Em consonância com esse entendimento, o Superior Tribunal de Justiça – STJ já havia decidido, nos autos do RESP nº 1.015.855/SP (DJe de 30/04/2008), que os casos de produtos com notação NT e imunes estão fora do alcance do previsto no art. 11 da Lei nº 9.779, de 1999. Confirase: “TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. IPI. PRETENSÃO DE APROVEITAMENTO DE VALOR PAGO NA AQUISIÇÃO DE MATÉRIAS PRIMAS, INSUMOS E MATERIAIS DE EMBALAGENS EMPREGADOS NA INDUSTRIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ISENTOS, IMUNES, NÃO TRIBUTADOS OU SUJEITOS À ALÍQUOTA ZERO. PREVISÃO LEGAL QUE CONTEMPLA SOMENTE OS PRODUTOS FINAIS ISENTOS OU TRIBUTADOS À ALÍQUOTA ZERO. ART. 11 DA LEI 9.779/99. CONCESSÃO DE BENEFÍCIO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE ESTRITA. ARTS. 150, I, CF/88 E 97 DO CTN. INTERPRETAÇÃO LITERAL. ART. 111 DO CTN. ART. 49 DO CTN E ART. 153, IV, § 3o, DA CF/88. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. PRINCÍPIO DA NÃO CUMULATIVIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. DL 20.910/32. CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS. INCIDÊNCIA. (...) Fl. 173DF CARF MF 20 4. O art. 11 da Lei 9.779/99 prevê duas hipóteses para o creditamento do IPI: quando o produto final for isento ou tributado à alíquota zero. Os casos de não tributação e imunidade estão fora do alcance da norma, sendo vedada a sua interpretação extensiva. 5. O princípio da legalidade, insculpido no texto constitucional, exalta que ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5o, II). No campo tributário significa que nenhum tributo pode ser criado, extinto, aumentado ou reduzido sem que o seja por lei (art. 150, I, CF/88 e 97 do CTN). É o princípio da legalidade estrita. Igual pensamento pode ser atribuído a benefício concedido ao contribuinte, como no presente caso. Não estando inscrito na regra beneficiadora que na saída dos produtos não tributados ou imunes podem ser aproveitados os créditos de IPI recolhidos na etapa antecessora, não se reconhece o direito do contribuinte nesse aspecto, sob pena de ser atribuída eficácia extensiva ao comando legal. (g.n.) A decisão recorrida, portanto, além de afinada com esse entendimento, está sintonizada com a jurisprudência iterativa desta Corte Administrativa. Exemplificativamente: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2002 a 30/06/2002 CRÉDITO DE IPI. INSUMOS UTILIZADOS NA INDUSTRILIZAÇÃO DE PRODUTOS IMUNES EM RAZÃO DO ART. 150, INCISO III, alínea “d” da CF. IMPOSSIBILIDADE DE CRÉDITO. Não gera crédito de IPI a aquisição de insumos utilizados na industrialização de produtos cuja imunidade decorra do art. 150, inciso III, alínea “d” da Constituição Federal. A previsão para manutenção dos créditos previsto no art. 11, da Lei nº 9.779/99, alcança exclusivamente aqueles insumos utilizados na industrialização de produtos isentos, tributados à alíquota zero e imunes, caso a imunidade decorrer da exportação. (Acórdão nº 3201002.096 de 15/03/2016. Processo 11050.001316/200210). ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 IPI. IMUNIDADE. DERIVADOS DE PETRÓLEO. Não podem ser escriturados créditos relativos a matériasprimas, produtos intermediários e Fl. 174DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 165 21 materiais de embalagem que se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, inclusive quando se trate de produtos alcançados por imunidade objetiva.Aplicação da Súmula CARF n. 20. (Acórdão nº 3201001.866 de 28/01/2015. Processo nº 16682.720026/201228). Não bastasse isso essa matéria também é objeto da Súmula CARF nº 20, a qual vincula os julgadores desse colegiado. Súmula CARF nº 20: Não há direito aos créditos de IPI em relação às aquisições de insumos aplicados na fabricação de produtos classificados na TIPI como NT. Portanto nego provimento ao recurso voluntário também nessa matéria. Matérias Preclusas As duas matérias acima enfrentadas foram as únicas objeto da impugnação. Conforme relatado, o contribuinte em seu recurso voluntário apresentou matéria não impugnada a partir do item III.3 "DO ERRO DE APURAÇÃO DOS CRÉDITOS GLOSADOS". Nesse tópico o recorrente afirma que houve erros na metodologia de apuração da base de cálculo do IPI, sendo que, em nome do princípio da verdade material, não há que se falar em preclusão, citando jurisprudência do CARF e pedindo o conhecimento e acatamento do seu recurso voluntário. Pugna pela realização de diligência para confirmação dos erros apontados. Posteriormente, em 08/07/2015, cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário, o contribuinte apresentou o requerimento de efls. 617/627, por meio do qual inova praticamente todos os argumentos de defesa apresentando laudo técnico no qual apontaria uma série de erros na apuração do auto de infração, inclusive decadência parcial do lançamento. A possibilidade de conhecimento e apreciação dessas novas teses deve ser avaliada à luz dos princípios que regem o Processo Administrativo Fiscal, o Decreto n.º 70.235, de 6 de março de 1972 – PAF, verbis: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) Fl. 175DF CARF MF 22 III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997). Os textos legais acima colacionados são muito claros. A fase litigiosa somente se instaura se a matéria for expressamente contestada e seus argumentos submetidos à primeira instância, determinando os limites do litígio. Todas essas novas questões não tendo sido apontadas na impugnação, impedem o seu conhecimento por essa turma julgadora. Concluise que, não tendo sido objeto de impugnação, carece competência à autoridade de segunda instância para dela tomar conhecimento em sede de recurso voluntário. O direito da parte à produção de provas posteriores, até o momento da decisão administrativa comporta graduação, a critério da autoridade julgadora, com fulcro em seu juízo de valor acerca da utilidade e da necessidade, de modo a assegurar o equilíbrio entre a celeridade, a oficialidade, a segurança indispensável, a ampla defesa e a verdade material, para a consecução dos fins processuais. (A Prova no Processo Tributário, Coord. NEDER, Marcos Vinícius e outros – São Paulo : Dialética, 2010, p. 34 a 51) Tenho entendimento que determinados elementos possam ser sim apreciados, quando apresentados a destempo, afastando a preclusão em alguns casos excepcionais, os quais indicam trataremse daqueles que se referem a fatos notórios ou incontroversos, sobretudo em relação a documentos que permitem o rápido convencimento do julgador. O afastamento da preclusão em privilégio da verdade material pode se dar apenas diante de prova que se mostre inconteste para o julgador. Não entendo que esse seja o caso dos autos. A matéria inovada no contexto do recurso voluntário, além de não apresentar qualquer Fl. 176DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 166 23 demonstrativo está totalmente desacompanhada de elementos de prova, tanto é que o recorrente solicita a realização de diligências para sua comprovação. Quanto ao laudo técnico apresentado pelo contribuinte, cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário, embora elaborado com refinamento técnico não pode ser objeto de conhecimento por essa turma dada a sua clara intempestividade. Notório verificar que para confirmação dos elementos apresentados no laudo técnico, seria necessária a realização de diligência o que por si só afasta o caráter de prova incontestável. Nesse sentido, para contrapor a vasta jurisprudência apresentada pelo contribuinte que em tese, lhe seria favorável, transcrevo abaixo decisão da CSRF a respeito do acolhimento de provas após a impugnação: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2001, 2002, 2003 PRECLUSÃO APRESENTAÇÃO DE PROVA DOCUMENTAL RATEIO DE CUSTOS. Em que pese o princípio do formalismo moderado que informa o processo administrativo fiscal, não é razoável, depois da impugnação, a reabertura de oportunidade ao sujeito passivo para trazer a prova quando, sem qualquer justificativa aceitável, ele deixou de fazêlo em duas oportunidades anteriores (no curso da fiscalização e com a impugnação). Contudo, se aspectos específicos da prova a ser produzida demonstram que ela não se realizaria mediante a apresentação de planilhas e demonstrativos, e se os documentos trazidos posteriormente são suficientes a formação da convicção do julgador, não demandando diligências, o sopesamento dos princípios da verdade material, do formalismo moderado e do princípio finalístico do processo justificam o acolhimento das provas.(Acórdão nº 9101002.114, de 24/02/2015, da 1ª Turma da CSRF Processo nº 19740.000090/200605). Veja que embora tenha havido o acolhimento das provas, exaltouse o seu caráter de excepcionalidade. No presente caso a situação é ainda mais extrema, pois não estamos falando unicamente de provas, mas de novas matérias de defesa que sequer foram aduzidas na impugnação e a maior parte delas nem no recurso voluntário, somente em laudo técnico, o qual foi apresentado cerca de um ano após a apresentação do recurso voluntário. Assim, entendo que não estamos diante de um caso de excepcionalidade em que a norma processual deva ser abrandada em nome dos princípios da verdade material e do formalismo moderado que instruem o processo administrativo fiscal. O contribuinte nem sequer demonstrou qualquer Fl. 177DF CARF MF 24 impossibilidade ou justificativa plausível para que não tivesse submetido todas essas matérias em sua impugnação. Decadência Reconhecimento de Ofício Muito embora o contribuinte não tenha suscitado a decadência nem em sua impugnação e nem no recurso voluntário, entendo ser ela uma questão de ordem cogente, de análise obrigatória pelas autoridades lançadoras e julgadoras, e, em razão disto, analiso de ofício a questão decadencial no presente lançamento. Neste sentido transcrevo abaixo o art. 150 do CTN. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, operase pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. (...) § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.(grifei) De acordo com este dispositivo do CTN, se houver antecipação do pagamento, e não ocorrendo as situações de dolo, fraude ou simulação, o prazo para a fazenda pública efetuar o lançamento decai em cinco anos contados do fato gerador. O presente auto de infração foi cientificado ao contribuinte em 20/12/2013, fl. 245, e abrangeu fatos geradores desde janeiro/2008. Assim, na regra do § 4º do art. 150 do CTN, acima transcrito, com a antecipação do pagamento, só poderiam ser objetos de lançamento os fatos geradores ocorridos de dezembro/2008 em diante. No presente processo não constam provas de que tenha havido recolhimentos do IPI no período de 2008, porém na planilha de reconstituição da escrita fiscal do IPI, fl. 267, consta a informação da existência de créditos escriturais do IPI, os quais são considerados pagamentos para fins da legislação do IPI. Confira o disposto no art. 124 do RIPI/2002: Art. 124. Os atos de iniciativa do sujeito passivo, no lançamento por homologação, aperfeiçoamse com o pagamento do imposto ou com a compensação do mesmo, nos termos dos arts. 207 e 208 e efetuados antes de qualquer procedimento de ofício da autoridade administrativa (Lei nº 5.172, de 1966, art. 150 e § 1º, Lei nº 9.430, de 1996, arts. 73 e 74, e Medida Provisória nº 66, de 2002, art. 49). Fl. 178DF CARF MF Processo nº 16682.902801/201181 Acórdão n.º 3301005.853 S3C3T1 Fl. 167 25 Parágrafo único. Considerase pagamento: I o recolhimento do saldo devedor, após serem deduzidos os créditos admitidos dos débitos, no período de apuração do imposto; II o recolhimento do imposto não sujeito a apuração por períodos, haja ou não créditos a deduzir; ou III a dedução dos débitos, no período de apuração do imposto, dos créditos admitidos, sem resultar saldo a recolher. Portanto, como houve antecipação de pagamentos, representados pela existência de créditos escriturais reconhecidos pela fiscalização, e não há acusação de dolo, fraude ou simulação, há que se reconhecer que para o presente caso, o prazo decadencial deve ser contado em cinco anos da ocorrência do fato gerador. Como o lançamento foi cientificado ao contribuinte em 20/12/2013, a fazenda pública somente poderia lançar no presente caso os fatos geradores ocorridos até 21/12/2008. Portanto há que se reconhecer o transcurso do prazo decadencial relativo aos fatos geradores de 01/2008 a 11/2008. Não foram atingidos pela decadência os períodos lançados a partir de 12/2008, pois para este mês o fato gerador mensal deuse em 31/12/2008. Conclusão Isto posto, conheço do recurso voluntário para lhe dar parcial provimento, reconhecendose decadência para os fatos geradores ocorridos entre 01/2008 até 11/2008. Salvador Cândido Brandão Junior Relator Fl. 179DF CARF MF
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Numero do processo: 12585.000329/2011-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 24 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2006
RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE
Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, deve-se parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX.
PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE.
O alcance do termo insumo, no art. 3º, I, b, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendo-se observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito.
CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE.
Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito.
DECADÊNCIA. ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO/RESTITUIÇÃO.
Por falta de previsão legal, o prazo para a homologação tácita da declaração de compensação não é aplicável aos pedidos de ressarcimento ou restituição.
Numero da decisão: 3401-005.985
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente
(assinado digitalmente)
Tiago Guerra Machado - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: TIAGO GUERRA MACHADO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2006 RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, deve-se parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo insumo, no art. 3º, I, b, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendo-se observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sê-lo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito. DECADÊNCIA. ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO/RESTITUIÇÃO. Por falta de previsão legal, o prazo para a homologação tácita da declaração de compensação não é aplicável aos pedidos de ressarcimento ou restituição.
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2006 RECEITA DE EXPORTAÇÃO. RATEIO PROPORCIONAL DOS CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE Para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos, devese parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, no art. 3º, I, “b”, das Lei 10.833/2003, deve observar os ditames insculpidos no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, devendose observar, entre outros elementos, as premissas trazidas pelo Parecer Normativo COSIT 5/2018. Gastos com estadia e translado de empregados, passagens aéreas e hospedagens, cessão de mão de obra de motorista de passageiros, locação de veículos, sem conexão direta com a atividade da empresa não se adequam ao conceito consagrado pela jurisprudência administrativa e judicial, não gerando direito ao crédito. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha limites temporais que não o prazo de cinco anos para sua escrituração como crédito. DECADÊNCIA. ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO/RESTITUIÇÃO. Por falta de previsão legal, o prazo para a homologação tácita da declaração de compensação não é aplicável aos pedidos de ressarcimento ou restituição. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 03 29 /2 01 1- 97 Fl. 3464DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.465 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer a possibilidade de apropriação dos chamados créditos extemporâneos. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Trata de Recurso Voluntário contra decisão da 3 ª Turma da DRJ/FOR, que considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório que homologou parcialmente os créditos relativos a pedido de ressarcimento de COFINS não cumulativa, referente ao 2º trimestre de 2006, vinculados à receita de exportação, e respectivas DCOMP´s. Do Pedido de Ressarcimento e do Despacho Decisório O contribuinte apresentou a PER n.º 39293.98788.301106.1.1.093863, para ressarcimento do saldo credor de COFINS nãocumulativa, decorrente das operações de exportação; da mesma foram, foi analisada a DCOMP’s de nº’ 20960.44358.300709.1.3.094009. Tais pedidos foram analisados sob “tratamento manual” que resultou no Despacho Decisório nos seguintes termos: Fl. 3465DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.466 3 78. Em face das considerações contidas neste despacho, conforme o disposto no §14 do artigo 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996, disciplinado nos artigos 57 a 65 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 30 de dezembro de 2008, nos incisos VII do artigo 222 e III do artigo 298 do Regimento Interno da RFB, aprovado pela Portaria MF nº 587/2010; e ainda na competência delegada pela Portaria DERAT/SP nº 187/2011; DECIDO PELO DEFERIMENTO PARCIAL DO PEDIDO DE RESSARCIMENTO no montante de (...), considerandose HOMOLOGADAS AS DECLARAÇÕES DE COMPENSAÇÃO VINCULADAS até o limite do valor deferido. Entre os motivos da homologação parcial, resumese: (A) RECONHECIMENTO DAS RECEITAS DE EXPORTAÇÃO: No item 37 do referido despacho, é afirmado que "o momento do embarque da mercadoria é o parâmetro a ser considerado para a apuração dos valores exportados a cada mês", sendo considerado embarcado o bem na data da Declaração de Despacho de Exportação ("DDE"). Uma vez que a impugnante utiliza como parâmetro a data na qual ela emite a nota fiscal, as informações por ela apresentadas foram desconsideradas, sendo utilizadas as informações constantes do SISCOMEX (data do embarque) para fins de apuração dos índices de rateio e retificação dos DACON. A empresa apresentou memoriais de cálculo acerca das exportações em dois momentos distintos: primeiramente quando o período fiscalizado era de apenas dois trimestres e também após o período ser alargado para dezesseis trimestres. Informações conflitantes foram apresentadas nestes dois momentos. Uma mesma DDE foi apropriada em meses diferentes: no momento da sua contabilização em 12/2006 e também no momento do seu embarque em 27/06/2006 (DDE 2060718565/1). (B) MÉTODO DE APROPRIAÇÃO DOS CUSTOS – RATEIO PROPORCIONAL: Em razão dos ajustes feitos pela fiscalização com relação ao momento de reconhecimento da receita de exportação, novos índices de rateio foram calculados para cada mês de apuração de tais contribuições sociais. Através do levantamento dos valores referentes às Receitas do Mercado Interno e do Mercado Externo levantados anteriormente, chegouse a novos índices de rateio detalhados nos memoriais de cálculo desta auditoria. (C) MOMENTO DE APURAÇÃO DOS INSUMOS E SERVIÇOS COMO CRÉDITOS: A metodologia de apuração das entradas de mercadorias e serviços feita pela empresa baseiase no momento de lançamento da Nota Fiscal, em afronta à legislação (arts. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003. Houve uma auditoria Fl. 3466DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.467 4 externa na empresa em 2009 executada pela empresa Ernst Young cujo resultado foi a inclusão extemporânea de novas rubricas de crédito para ressarcimento, mais especificamente sobre serviços tomados nos períodos de julho de 2006 a outubro de 2009. Nessa auditoria externa, a mesma metodologia baseada no momento de lançamento da Nota Fiscal foi utilizada. Foram levantados casos, como por exemplo, a Nota Fiscal 1624637 com emissão em 30/12/2005 cujo lançamento e crédito se deu apenas em 09/2006 (documento 3056505608). (...) A data da emissão da Nota Fiscal é o parâmetro correto para a apuração mensal dos créditos (critério este idêntico ao adotado pelo sistema Contágil, aplicativo de auxílio ao AuditorFiscal da Receita Federal do Brasil devidamente homologado pelos órgãos centrais da RFB para o auxílio do exercício das atividades de fiscalização). Não cabe à Autoridade Fiscal flexibilizar o critério temporal de apropriação dos insumos, alargandoo em decorrência das tramitações das Notas Fiscais dentro da empresa. Desta forma, mesmo as notas fiscais emitidas ao final de um determinado mês devem sim ser apropriadas neste mesmo mês, e não no mês seguinte. O prazo para se apresentar o DACON é suficientemente dilatado para que a empresa efetue tais ajustes. Vale ressaltar ainda que não cabe à Autoridade Fiscal realocar as notas fiscais nos meses corretos da sua emissão, e sim tão somente verificar a sua correta apropriação no DACON analisado, cabendo a sua simples glosa em caso contrário. (D) CRÉDITO SOBRE INSUMOS: Não foram considerados como insumos: suporte administrativo feito por empresas terceirizadas, consultoria de implantação do BSC (Balanced Scorecard), locação de notebook e computadores sem especificação do local da sua utilização, reembolso de salários e encargos, correios, atividades de contabilidade, locação de mãodeobra temporária, atividades de consultoria em gestão empresarial, supervisão, diligenciamento, consultorias inespecíficas, consultoria de qualidade, atividades de serviços financeiros, locação de móveis, locação de salas, locação de máquinas de café, locação de coberturas, locação de equipamentos de higiene, filmagens e fotos, cursos de capacitação (idiomas, MBA, etc...) para funcionários, custos para congressos de liderança, fornecimento de arranjo de flores, confecções de cartões de visita de funcionários, etc... (...) Insumos – Passagens, hospedagens e despesas de veículos – SD 200815 Seguindo a interpretação dada pela COSIT acerca do termo, não foram considerados como insumos: serviço com pagamento de estadia e translado, passagens aéreas e hospedagens, sessão de mão de obra de motorista, locação de veículos, despesas de transporte de supervisores, etc... (...) Fretes Hipóteses de Crédito – SD 200711 Seguindo a interpretação dada pela COSIT acerca do termo, foram considerados como frete: despesas de Fl. 3467DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.468 5 exportação, inclusive frete, Frete Internacional, despachantes aduaneiros, agenciamento marítimo. Da Manifestação de Inconformidade Irresignada, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade, arguindo o seguinte: (A) CERCEAMENTO DE DEFESA. Os despachos decisórios ora guerreados, da maneira como foram lavrados, veiculam cerceamento do amplo direito de defesa da contribuinte, devendo ter sua nulidade decretada, na medida em que não foi dado pleno acesso à documentação utilizada para fundamentar a decisão ora combatida. Não só foi negado acesso à contribuinte, como tais informações eram absolutamente indispensáveis ao perfeito exercício do seu direito A ampla defesa. Mais: não foi demonstrada a metodologia adotada pela fiscalização para recalcular os índices de rateio utilizados para indeferir ou deferir parcialmente o pedido de homologação das PER/DCOMPs apresentadas, sendo que o respectivo cálculo se baseia em premissas não encontradas nos autos. (B) DA NÃO DEMONSTRAÇÃO DO PROCEDIMENTO UTILIZADO AO RECÁLCULO DOS ÍNDICES DE RATEIO. Dois dos mais importantes argumentos encontrados no despacho decisório para fundamentar o indeferimento dos pedidos de compensação/ressarcimento formulados pela impugnante se referem ao correto momento de contabilização (i) da aquisição de insumos, para fins de creditamento de PIS/COFINS, e (ii) das receitas de exportação, para fins de determinação dos créditos passíveis de compensação/ressarcimento. De forma lacônica, o despacho decisório aborda qual seria o correto período de competência para desconto de créditos de PIS/COFINS e reconhecimento de receitas de exportação (a esse tema se voltará oportunamente nos tópicos "IV" e "V" da presente manifestação de inconformidade). Em razão da alteração da metodologia adotada pela contribuinte, o despacho decisório afirma que novos índices de rateio foram calculados, estando tais índices "detalhados nos memoriais de cálculo desta auditoria" (conforme extraído do item 46 do despacho decisório). Das planilhas que instruem o presente processo administrativo extraise que a fiscalização promoveu a comparação entre os valores originalmente informados pela impugnante nos Demonstrativos de Apuração de Contribuições Sociais ("DACON") e os valores por ela (fiscalização) "auditados" (i.e., valores supostamente corretos). Ocorre que a impugnante, analisando a documentação que foi disponibilizada, não conseguiu identificar a origem desses valores "auditados". Nos documentos/planilhas que instruem o despacho decisório, tais valores são demonstrados de forma muito vaga, não havendo pista de como os mesmos foram calculados. Melhor explicando, as planilhas que fundamentam o despacho decisório limitamse a comparar os valores informados pela contribuinte com os valores "auditados" pela fiscalização, não demonstrando como esses valores "auditados" Fl. 3468DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.469 6 foram calculados. Repitase: não é encontrado a indicação da origem desses valores "auditados". Considera que tal fato configura cristalino cerceamento do direito de defesa da contribuinte, visto que ainda que se aceite, para fins argumentativos, como corretas as premissas adotadas pelo despacho decisório, se mostra impossível aferir se o recálculo dos índices de rateio promovido pela fiscalização condiz com a realidade. Outro exemplo de que a metodologia adotada pela fiscalização cerceou o direito da defesa da contribuinte se refere a ausência de demonstração de quais os créditos decorrentes da aquisição de insumo, pretensamente registrada fora do período de competência, foram glosados. Ou seja, a fiscalização não demonstrou, por nota fiscal, quais aquisições foram realocadas de um certo mês para o mês anterior, ou outro mês passado. Tal demonstração é imprescindível para que a contribuinte possa verificar a correção do procedimento adotado, ou se houve algum erro na aplicação do próprio critério do Fisco (sem inclusão, por exemplo, de notas fiscais que não dizem respeito a aquisições de insumos). (C) DO MOMENTO DO RECONHECIMENTO DAS RECEITAS DE EXPORTAÇÃO. De acordo com o despacho decisório, o procedimento adotado pela impugnante no reconhecimento das receitas de exportação estaria em desacordo com a legislação vigente. Em linhas gerais, o despacho decisório afirma que as receitas de exportação deveriam ser reconhecidas para fins de PIS/COFINS quando do registro das Declarações de Despacho de Exportação (DDE) no SISCOMEX. Tendo em vista que a impugnante contabiliza as receitas de exportação quando da emissão das notas fiscais que documentam essa operação, o controle da empresa "não foi aceito", sendo então utilizados os dados constantes do SISCOMEX. É ainda feita breve menção a uma DDE que, supostamente, teria sido registrada em duplicidade. O procedimento contábil adotado pela IMPUGNANTE encontra sólido alicerce legal, sendo absolutamente indevida a desconsideração feita pela fiscalização. Será ainda demonstrado que não (nunca) houve registro em duplicidade de nenhuma DDE, não sendo correta a afirmação contida no despacho decisório nesse sentido. Por fim, a IMPUGNANTE demonstra que ainda que aceitas como corretas as premissas adotadas pela fiscalização — para fins argumentativos — a metodologia de cálculo dos novos indices de rateio se mostra absolutamente inadequada, violando os princípios mais basilares do sistema tributário nacional. Alega que o ADI SRF nº 22, de 2002, não determina o momento de contabilização da receita de exportação. Estabelece o momento em que se dá por ocorrida a condição resolutiva imposta pela legislação para que tal receita possa gozar das isenções prescritas respectivamente pelos arts. 5º, I, da Lei n° 10.637/2002 e 6º, I, da Lei n° 10.833/2003. A Nota Fiscal NF é o instrumento previsto na legislação que visa justamente documentar a transferência de posse/propriedade de bens, sendo a DDE documento de natureza regulatória. A NF materializa o instrumento pelo qual a venda é, via de regra, documentada para fins fiscais. Sua emissão tem o claro objetivo de servir de estopim ao fenômeno da incidência tributária. No caso do ICMS/IPI, a NF registra um débito desses impostos; no caso do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, a emissão da NF marca o momento da venda e, dependendo das particularidades das condições Fl. 3469DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.470 7 dessa operação, da receita. Para a empresa, o momento da emissão da nota é o momento correto de escrituração da receita de exportação para fins de PIS/COFINS, pois essa receita já foi anteriormente tributada pelo IRPJ/CSLL, tendo sido esse deslocamento de reconhecimento de receitas uma opção que beneficiou o Fisco. Alega que, se a falta de emissão de NF configura omissão de receitas, a emissão de NFs em operações de venda, contrário senso, implica necessariamente a contabilização de receitas de venda para fins de PIS/COFINS. Extremamente interessante ao presente caso é o mandamento contido na Portaria do Ministério da Fazenda — MF n° 356, de 05 de dezembro de 1988. Tal portaria define o critério de conversão de moeda estrangeira para efeito de registro da receita bruta de vendas nas exportações de produtos manufaturados nacionais. No momento de emissão da NF de exportação, o valor ali descrito deve ser reconhecido como receita de exportação, consagrando o regime de competência. Qualquer mutação no preço entre essa data e a data de embarque deve ser considerada como receita operacional complementar, devendo ser emitida nova NF para documentar o lançamento contábil. A partir desse momento, novas receitas têm natureza financeira (variação cambial positiva). Por todo o demonstrado, temse que, em consagração ao regime de competência, as receitas de venda de bens devem ser consideradas como realizadas por ocasião da emissão da nota fiscal de venda. Eventual mutação numérica no valor da operação deve ser corrigida mediante a emissão de nota fiscal complementar, cuja competência — ai sim — é no momento do embarque das mercadorias exportadas. No caso em tela, se está diante de uma suposta antecipação no registro de receitas. Se tais receitas fossem tributáveis, não restaria configurado nenhum prejuízo ao Erário, na medida em que antecipação de tributação jamais poderia ser enquadrada como postergação ou redução do lucro real. No caso das receitas de exportação, a ausência de prejuízo é ainda mais flagrante na medida em que tais receitas não estão sujeitas ao PIS/COFINS. Tais receitas foram oferecidas à tributação do IRPJ/CSLL, o que demonstra existir um benefício ao Erário. Aceitar a penalização da empresa por supostamente antecipar o reconhecimento de receitas é se prender a um formalismo absurdo e que não encontra base legal. A metodologia adotada pela empresa deve ser considerada como correta, devendo os autos ser cancelados. Assim é que a metodologia adotada pela IMPUGNANTE deve ser considerada como correta, sendo o despacho decisório ora combatido reformado integralmente para, então, serem consideradas homologados os PER/DCOMPs apresentados por essa sociedade. (D) DA INCORREÇÃO DO CÁLCULO DOS NOVOS ÍNDICES DE RATEIO. Conforme demonstrado anteriormente, o direito à defesa e contraditório da impugnante foi flagrantemente cerceado, na medida em que essa sociedade não teve acesso imediato e irrestrito às informações e documentos que fundamentam os despachos decisórios, bem como não são encontrados nos documentos disponibilizados nada que indique quais foram as premissas utilizadas pela fiscalização quando do recálculo dos índices de rateio utilizados no presente caso. Fl. 3470DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.471 8 Dentre as informações que não constam precisamente dos documentos que instruem o processo administrativo em epígrafe, merece destaque o recálculo da proporção entre as receitas de exportação e receitas internas. Aparentemente, a metodologia adotada pela fiscalização foi a seguinte: as receitas de exportação contabilizadas pela impugnante quando da emissão das respectivas notas fiscais (e refletidas na DACON) foram utilizadas como parâmetro. Tais receitas foram comparadas com os dados do SISCOMEX. Sempre que verificada divergência entre essas fontes, a diferença foi desconsiderada. Na prática, significa dizer que sempre que uma operação teve sua DDE registrada no SISCOMEX em mês posterior ao da emissão da nota fiscal, essa operação foi desconsiderada para fins de cálculo dos novos índices de rateio. Como já comentado, a fiscalização não revelou quais notas de venda e DDEs considerou nessa metodologia, impedindo a impugnante de verificar a sua correção e até mesmo se ocorreram erros materiais (como, por exemplo, consideração de uma mesma nota duas vezes, etc.). A metodologia adotada pela fiscalização fez com que as receitas que foram excluídas de determinado mês, em virtude de um suposto equivoco no período de competência, fossem ignoradas para os demais efeitos fiscais, i.e., não foram realocadas ao supostamente correto período de competência. Nesse particular, cabe salientar ainda que o artigo 6° do DecretoLei n° 1.598/77, especialmente em seu parágrafo 6°, é claro ao determinar que os valores que competirem a outro período de competência deverão ser realocados a esse período, quando do cálculo do lucro real a ele correspondente. Tal dispositivo foi regulamento pelo artigo 247 do Regulamento do IRPJ. Tal mandamento foi objeto de análise da própria Secretaria da Receita Federal, por intermédio do Parecer Normativo n° 02/1996. Tal mandamento não representa nenhuma benesse ao contribuinte, mas sim a consagração dos princípios da capacidade contributiva, razoabilidade, confiança legitima e proporcionalidade. Registrese ainda que tal realocação não é uma faculdade do agente fazendário, mas uma exigência legal. Ao ignorar tal fato, a metodologia adotada pela fiscalização criou um efeito cascata. Assumindo que existe uma certa homogeneidade entre o percentual de receitas de exportação e locais, se mostra óbvio que eventual alteração no critério de reconhecimento de receitas de exportação somente produziria efeitos no primeiro mês. Nos demais meses, as receitas eventualmente desconsideradas seriam "compensadas" pelas receitas neles realocadas. Significa dizer que, matematicamente, a realocação de receitas a períodos posteriores eliminaria os feitos da desconsideração das receitas supostamente não pertencentes àquele período de competência, de forma que os indices de rateio calculados pela impugnante iriam necessariamente condizer (ou ser muito próximos) com a realidade. Nesse diapasão e na remota hipótese de se entender como o correto período de competência ao reconhecimento de receitas de exportação remete ao período em que a DDE foi registrada no SISCOMEX, se mostra necessária a reforma do despacho decisório ora combatido com a finalidade de promover o recálculo dos indices de rateio adotados pela fiscalização, sendo necessariamente realocados as receitas de exportação desconsideradas em determinado período àquele de sua competência. Fl. 3471DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.472 9 (E) INEXISTÊNCIA DE DUPLICIDADE DO REGISTRO DE DDES. Afirma que não houve registro em duplicidade da DDE 2060718565/1 (e de nenhuma outra DDE ou operação). A operação que deu origem à referida DDE foi contabilizada uma única vez (12/2006), sendo que todos os efeitos fiscais dela decorrentes estão exclusivamente relacionados a esse momento. A empresa não conseguiu identificar qual seria a motivação da Fiscalização ao mencionar tal operação, visto que não existe nada em suas demonstrações contábeis e fiscais que levem a esse fim (não existe registro em duplicidade). Não foi encontrado nas informações/documentos que instruem o presente processo administrativo nada que fundamente tal conclusão, o que reforça o argumento de que o direito à ampla defesa e contraditório está sendo cerceado. (F) POSSIBILIDADE DE APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS DE PIS/COFINS FORAM DA COMPETÊNCIA DE EMISSÃO DA NOTA FSICAL (CRÉDITO EXTEMPORÂNEO) Ao escriturar os créditos de PIS/COFINS no mês de lançamento das notas dos fornecedores na contabilidade, e não no mês da emissão das mesmas (em período anterior), a empresa adotou prática que beneficiou os cofres públicos. A Fiscalização também ignorou que, como a própria Administração Tributária normatizou, qualquer discussão tributária em que haja a alegação de que o regime de competência foi desrespeitado exige que o Fisco identifique o regime competente, com os efeitos fiscais correspondentes. Argumenta que o momento de emissão da nota fiscal na venda de mercadorias não é, via de regra, o momento em que a compra e venda produz efeitos patrimoniais, não sendo esse o marco temporal para escrituração do custo na contabilidade do adquirente, mas sim a tradição efetiva ou simbólica dos insumos vendidos à empresa (também em virtude do conceito de ativo). No momento em que o fornecedor entrega insumos à empresa, com a tradição da coisa, os riscos passam a ser do comprador, e não do vendedor (art. 492 do CC). Esse é o momento no qual o adquirente escritura o custo da coisa e o passivo devido ao alienante. Para que a contabilização dos insumos ocorra, é necessário que a empresa tenha a propriedade dos mesmos, o respectivo controle, bem como os respectivos riscos e benefícios. Como normalmente o fornecedor está obrigado a entregar os insumos no estabelecimento da empresa, fácil concluir que o custo (e o desconto do crédito de PIS/COFINS respectivo) não deve ser apropriado quando da emissão da NF, mas sim no momento da entrega. Considera que não se pode aceitar a alegação do r. despacho ora questionado de que o sistema "ContAgil" adota a data de emissão de nota fiscal como momento de apropriação de créditos de PIS/COFINS. Nesse ponto, a fiscalização não esclareceu qual é esse sistema, sua base legal, onde pode ser verificado pelo contribuinte, etc. Mesmo que tivesse esclarecido, muito provavelmente o critério do momento para desconto de créditos de PIS/COFINS não resistiria à análise exposta acima. Ora, não pode o fisco simplesmente negar o pedido de ressarcimento da Impugnante com base no referido sistema simplesmente porque ele é o sistema interno do fisco federal. Deve haver uma justificativa, um motivo, que permita ao contribuinte analisar e questionar o raciocínio de tal sistema, o que não houve no caso, caracterizando outra hipótese de cerceamento de defesa. Fl. 3472DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.473 10 No que se refere ao crédito dos serviços, sua escrituração se dá apenas no momento em que a empresa recebe a fatura do prestador. Algumas vezes, o prestador emite a fatura em um dos últimos dias do mês, mas a empresa só a recebe posteriormente. Nesse momento a empresa aprova os serviços e o respectivo pagamento, razão pela qual os créditos de PIS/COFINS são então apropriados. A apropriação de créditos de PIS/COFINS em um dado período ou nos meses subseqüentes constitui uma faculdade, um direito do contribuinte. Conforme os arts. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, a empresa poderá descontar créditos de PIS/COFINS das contribuições devidas, a fim de se alcançar o efeito não cumulativo das mesmas. Ou seja, podese subtrair do PIS/COFINS devidos em um dado mês os créditos dessas contribuições. A utilização do verbo poder indica uma faculdade para a empresa, que pode, querendo, em um mês pagar o PIS/COFINS integralmente (sem considerar os créditos), para apenas descontar os mesmos do débito de PIS/COFINS devido no mês seguinte. O § 4º daqueles artigos confirma também a faculdade da empresa de aproveitar o crédito de PIS/COFINS não utilizado em um determinado mês nos períodos seguintes. Em outras palavras, se o contribuinte não utiliza os créditos de PIS/COFINS em um certo mês, ele tem o direito de usar os mesmos nos períodos seguintes. A leitura conjunta de tais dispositivos, combinada com o § 1º dos arts. 3º, demonstra que o contribuinte pode apurar créditos de PIS/COFINS com relação a insumos e serviços adquiridos no próprio mês corrente, ou nos meses anteriores (já que o crédito não aproveitado em um dado mês pode ser utilizado nos seguintes, do que decorre que o crédito não calculado e aproveitado em um período pode ser escriturado e utilizado nos períodos posteriores). No caso concreto, em que há um lapso temporal entre a data de emissão da nota e a sua escrituração na contabilidade (quando da entrada do bem na planta), mesmo que a interpretação do Fisco estivesse correta (o crédito deveria ser apropriado no mês de emissão da notafiscal), também nessa situação o Termo deveria ser reformado, tendo em vista que a empresa estaria simplesmente exercendo um direito seu, baseado nas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, de reconhecer créditos de PIS/COFINS em períodos posteriores ao mês em que os mesmos poderiam ser escriturados e aproveitados. Da Decisão de Primeiro Grau Foi proferido Acórdão, pela 3ª Turma, da DRJ/FOR, negando provimento às razões da Recorrente nos seguintes termos: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2006 JULGAMENTO EM CONJUNTO. AUTO DE INFRAÇÃO E PEDIDO DE COMPENSAÇÃO. Não configura cerceamento do direito de defesa o fato de o julgamento administrativo, relativo a determinado auto de infração, ter sido efetuado em data anterior a que ocorre a análise de manifestação de inconformidade de compensação não homologada, envolvendo o mesmo fato gerador e tributo. Fl. 3473DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.474 11 PEDIDO DE DILIGÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, deve ser indeferido, por prescindível, o pedido de diligência. ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DOS JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DESCABIMENTO. É descabida a discussão sobre a incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício em processo administrativo de manifestação de inconformidade que não homologou a compensação, quando os débitos relacionados no PERDCOMP não foram objeto de lançamento de ofício. ARGUIÇÃO DE NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Restando comprovado que a empresa tomou conhecimento pormenorizado da fundamentação fática e legal do despacho decisório e que lhe foi oferecido prazo para defesa, inclusive com acolhimento de petição e documentos apresentados após seis meses da petição original, resta superada a discussão sobre nulidade por cerceamento do direito de defesa. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2006 REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, há de se fazer o rateio proporcional entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno. REGIME NÃOCUMULATIVO. EXPORTAÇÃO. FATO GERADOR. ASPECTO TEMPORAL. A receita de exportação deve ser reconhecida na data do embarque dos produtos vendidos para o exterior. REGIME NÃO CUMULATIVO. APURAÇÃO DOS CRÉDITOS. MOMENTO. No regime da nãocumulatividade, os créditos a descontar/ressarcir/compensar devem ser apurados em relação às aquisições de insumos/bens para revenda, ou serviços, ocorridos no próprio mês de apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS. MOMENTO DE UTILIZAÇÃO. PRAZO QÜINQÜENAL. O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, observado o prazo de prescrição de cinco anos contados do primeiro dia do mês seguinte ao de sua apuração. REGIME NÃOCUMULATIVO. INSUMOS. CONCEITO. Fl. 3474DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.475 12 Entendese por insumos utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado e sejam utilizadas na fabricação ou produção de bens destinados à venda e os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na sua produção ou fabricação. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2006 COMPENSAÇÃO. REQUISITOS. CERTEZA E LIQUIDEZ. Não há como considerar líquido e certo o direito creditório relativo a período de apuração abrangido por auditoria fiscal, que redundou na formalização de exigência do período em que o suposto crédito teria sido apurado. DECADÊNCIA. ANÁLISE DE PEDIDO DE RESSARCIMENTO/RESTITUIÇÃO. Por falta de previsão legal, o prazo para a homologação tácita da declaração de compensação não é aplicável aos pedidos de ressarcimento ou restituição. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Tiago Guerra Machado Relator Da Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade; de modo que tomo seu conhecimento. Da Preliminar de Nulidade por Cerceamento de Defesa Fl. 3475DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.476 13 Não assiste razão à Recorrente concernente a sua afirmativa de que teria havido cerceamento de defesa quando do despacho decisório, em vista de esse não ter fundamentação clara. Ora, não encontra abrigo essa assertiva, uma vez que, pela análise dos autos, não houve falta de clareza ou justificação por parte da fiscalização; se a motivação vier a ser insuficiente para o não reconhecimento do crédito, não é caso para admitir a nulidade, mas sim de provimento quando da análise mérito do recurso – o que será analisado a posteriori. Por fim, ressalto que os vícios que podem ensejar a nulidade do lançamento são aqueles previstos no artigo 59, do Decreto 70.235/1972. Não identifico no presente processo, quaisquer das hipóteses ali encontradas, razão pela qual afasto a preliminar suscitada pela Recorrente. Preliminar de Decadência Com relação à alegação de que presente pedido de ressarcimento estava tacitamente homologado, em decorrência do decurso de prazo de cinco anos entre a data de apresentação do PER/DCOMP, vejo que a decisão da DRJ foi acertada. Não há na legislação tributária previsão de prazo para a análise de pedido de ressarcimento, havendo, sim, para o exame de pedido de compensação (artigo 74, §5º, da Lei Federal 9430/1996). Como bem frisado na decisão recorrida: Na compensação, o contribuinte promove o encontro de contas e requer que o procedimento seja homologado pela Administração Tributária. Caso a homologação não ocorra, os valores compensados são imediatamente exigidos nos termos do artigo 74 da Lei nº 9.430, de 1996. Esta operação está sujeita a prazo para homologação, pois envolve a cobrança de um débito que o interessado pretende extinguir. Logo, é de se esperar que a lei que regulamenta o pedido de compensação também preveja um prazo para o Fisco decidir sobre o direito pleiteado. Assim como existe prazo para lançamento (decadência) ou cobrança (prescrição) de um tributo. No ressarcimento ou na restituição o contribuinte requer que seja declarada a existência de um crédito. Não existe procedimento anterior a ser objeto de homologação. O indeferimento do pedido de restituição/ressarcimento, mesmo que ocorrido após o decurso do prazo decadencial, não atinge a segurança jurídica, pois não implicará na cobrança de débitos confessados. Feitas essas digressões passemos ao caso em litígio. Foram apresentadas duas declarações: a primeira se refere a pedido de ressarcimento (PER/DCOMP nº 26890.84708.301106.1.1.097098) entregue em 30/11/2006, e a segunda à declaração compensação (PER/DCOMP nº 40563.03216.300709.1.3.097910), datado de 30/07/2009. Considerandose que somente a segunda PER/DCOMP é que está sujeita a prazo para homologação e que o contribuinte foi cientificado do Fl. 3476DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.477 14 despacho decisório em 20/03/2012, facilmente se conclui que não ocorreu a homologação tácita questionada pela manifestante. Assim, adotando os mesmo fundamentos da DRJ, afasto essa preliminar Do Mérito Em síntese, o cerne do presente recurso possui três grandes pontos que devem ser analisados por esse colegiado: (a) Qual deve ser o critério utilizado para o reconhecimento de receitas de exportação para fins de cálculo do rateio proporcional dos créditos não cumulativos de COFINS passíveis de ressarcimento? (b) É possível a apropriação de créditos decorrentes da nãocumulatividade em período de competência distinto daquele em que houve a aquisição do bem ou do serviço? (c) No caso concreto, qual deve ser o critério adotado para “insumo”, para apropriação de créditos de COFINS nãocumulativo, e os bens e serviços que geraram os créditos glosados por ocasião do despacho decisório se adequam àquele conceito? Vejamos. (A) SOBRE O MOMENTO PARA O RECONHECIMENTO DE RECEITAS DE EXPORTAÇÃO A previsão para a utilização do saldo credor de COFINS nãocumulativa proveniente de operações de exportação e respectivo cálculo via rateio proporcional decorre está na própria Lei Federal 10.833/2003, nos artigos 3º e 6º: Art. 3º (...) § 8º Observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal, no caso de custos, despesas e encargos vinculados às receitas referidas no § 7o e àquelas submetidas ao regime de incidência cumulativa dessa contribuição, o crédito será determinado, a critério da pessoa jurídica, pelo método de: I Apropriação direta, inclusive em relação aos custos, por meio de sistema de contabilidade de custos integrada e coordenada com a escrituração; ou Fl. 3477DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.478 15 II Rateio proporcional, aplicandose aos custos, despesas e encargos comuns a relação percentual existente entre a receita bruta sujeita à incidência nãocumulativa e a receita bruta total, auferidas em cada mês. § 9o O método eleito pela pessoa jurídica para determinação do crédito, na forma do § 8o, será aplicado consistentemente por todo o anocalendário e, igualmente, adotado na apuração do crédito relativo à contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, observadas as normas a serem editadas pela Secretaria da Receita Federal. (...) Art. 6º § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I Dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II Compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. §2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no §1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. §3º O disposto nos §§ 1º e 2º aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3º. Ora, a legislação ordinária previu expressamente a possibilidade de se fazer a apropriação de créditos de exportação via rateio proporcional, porém, não previu qual seria o critério temporal para se definir qual o momento que a receita bruta, seja de mercado interno, seja a de exportação, seria tida como gerada. No âmbito da Receita Federal do Brasil, a Instrução Normativa 404/2004, que regulamentou a matéria – a despeito de ter sido legitimada pela legislação ordinária a fazê lo – tampouco o fez, limitandose a reprisar os ditames exarados na norma federal. Caberia então verificar se haveria outra norma complementar que pudesse ser aplicada na estipulação do momento em que a receita de exportação seria apurada. Nesse contexto, a decisão ora recorrida caminhou bem ao entender que a Portaria MF 356/1988 seria aplicável ao caso, já que ela definira, há muito tempo, que A receita bruta de vendas nas exportações de produtos manufaturados nacionais será determinada pela conversão, em cruzados, de seu valor expresso em moeda estrangeira à taxa de câmbio fixada no boletim de abertura pelo Banco Fl. 3478DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.479 16 Central do Brasil, para compra, em vigor na data de embarque dos produtos para o exterior. I.1 Entendese como data de embarque dos produtos para o exterior aquela averbada pela autoridade competente, na Guia de Exportação ou documento de efeito equivalente. Não só isso, partindose da discussão sobre quando se aperfeiçoa a operação de venda ao exterior, é importante ressaltar que, nos próprios argumentos na decisão recorrida, ela não se adstringe à mera verificação da data da emissão das respectivas notas fiscais, mas sim quando houve a tradição do bem ao respectivo cliente no exterior: A adoção do regime de competência revela que, sob o aspecto contábil, o momento do reconhecimento da receita, no caso de venda de mercadorias para o mercado externo, a exemplo de vendas no mercado interno, ocorre no momento da tradição. Com efeito, o que determina a obtenção de uma receita não é a emissão da NF ou da fatura como o termo faturamento poderia levar a supor, mas sim a realização dos atos pelos quais foi fixada a contraprestação. Sob essa questão, extraise do Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações Fipecafi (Sérgio de Iudícibus e outros. São Paulo: Atlas, 2003, p. 333): (...) o momento do reconhecimento da receita de vendas deve ser, normalmente, o do fornecimento de tais bens ao comprador. Nas empresas industriais e nas empresas comerciais, a contabilização das vendas pode ser feita pelas notas fiscais de vendas, já que a entrega dos produtos é praticamente simultânea à da emissão das notas fiscais. Ocorre, comumente, todavia, uma pequena defasagem entre a data da emissão da nota fiscal e a da entrega dos produtos, quando a condição da venda é a entrega no estabelecimento comprador. Teoricamente, deveriam ser registradas como receita somente após a entrega dos produtos. (não grifado no original) Com a entrega dos bens (ou a prestação dos serviços), e não com a mera contratação ou emissão da nota fiscal, o vendedor teria realizado o esforço necessário para fazer jus ao preço. Ocorre que o local de entrega dos bens pode ser livremente pactuado pelas partes, e essa definição vai interferir no momento em que se considera auferida a receita. Sendo certa a adoção da premissa acima, caberia, no caso concreto, entender quando houve, de fato, a entrega dos bens objeto de exportação ao comprador no exterior. Diante desse cenário, talvez fosse relevante a condição de compra e venda para cada uma das notas fiscais através dos denominados INCOTERMS , porém, em se tratando de exportação, basta trazer à baila o fato de que, em qualquer hipótese de condição de venda, o responsável por proceder ao despacho de exportação é o exportador, qual seja, o Recorrente, não sendo possível, em qualquer hipótese, conceber a tradição de bem antes da averbação do embarque para o exterior. Assim, sem entrar nos meandros de cada negociação comercial, pareceme razoável adotar como parâmetro para o reconhecimento da efetiva realização da exportação a data em que houve o embarque para o exterior, conforme averbação no SISCOMEX. Fl. 3479DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.480 17 Nessa linha, entendo a administração fazendária acertou ao se utilizar dessa premissa, devendo ser mantida a decisão de primeiro grau. (B) SOBRE OS CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS O entendimento fazendário, que restou confirmado na decisão recorrida, direcionase no sentido de que os bens e serviços somente poderiam ter seus créditos imputados ao período de competência em que foram adquiridos. Contudo, não comungo do mesmo posicionamento. Primeiramente, vejamos o que diz o citado artigo 3º, em seu caput e no parágrafo quarto: Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 4º O crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subsequentes. Vejam que, em interpretação literal e sistemática, o parágrafo quarto estabeleceu o direito de o contribuinte apropriar crédito que eventualmente não tenha sido utilizado para desconto da base de cálculo em um determinado mês em períodos de apuração subsequentes. Caso o legislador fizesse menção ao excesso de créditos, ou mesmo a expressão “saldo credor” – como o faz em diversos outros normativos relativos às contribuições sociais – ele teria o feito. Desse modo, não caberia restrição ao Poder Executivo restringir esse direito quando estabeleceu normas relativas à gestão da fiscalização e arrecadação desses tributos, como faz crer a decisão ora recorrida. É claro que o direito original aos créditos das contribuições parte do pressuposto de que eles devam ser registrados simultaneamente à escrituração dos documentos que embasam a aquisição de bens e serviços, ou ainda que venha a ser apropriado nos períodos em que determinados custos e despesas forem considerados incorridos. Todavia, o parágrafo quarto acima mencionado possibilitou ao contribuinte vir a registrar extemporaneamente os créditos de PIS e COFINS registrados na sistemática não cumulativa das referidas contribuições, vindo a aproveitálos para desconto das contribuições sociais em períodos de apuração distintos (futuros) dos quais se originaram. Esse entendimento vem sendo unânime nessa turma, que aduziu dessa mesma maneira, no Acórdão 3401004.022, proferido em outubro/2017, de relatoria do Conselheiro Robson Bayerl. Vejamos: Fl. 3480DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.481 18 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2010 a 31/01/2010, 01/04/2011 a 30/06/2011, 01/08/2011 a 31/08/2011, 01/11/2011 a 30/11/2011 PIS/PASEP NÃO CUMULATIVO. INSUMO. ALCANCE. O alcance do termo “insumo”, insculpido no art. 3º, I, “b”, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, não pode ser equiparado restritivamente aos conceitos de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem, próprios da legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, tal como detalhado no PN CST 65/79, tampouco extenso como os conceitos de custo de produção e despesas operacionais da legislação do IRPJ, arts. 290 e 299 do RIR/99 (Decreto nº 3.000/99), consistindo em bens e serviços, inerentes e necessários à atividade da empresa, adquiridos e empregados diretamente na área de produção, desde que sofram a incidência das contribuições não cumulativas na etapa anterior da cadeia produtiva. CRÉDITO EXTEMPORÂNEO. APROVEITAMENTO. POSSIBILIDADE. Consoante art. 3º, § 4º da Lei nº 10.833/03, o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes, não havendo norma que imponha a retificação das DACONs para que seja alocado no período de apuração a que se refira o dispêndio. ALUGUÉIS. DIREITO DE CRÉDITO. DELIMITAÇÃO. O direito de crédito relativo aos aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos utilizados na empresa, previsto no art. 3º, IV das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, compreende apenas a retribuição pelo uso e gozo da coisa não fungível, nos contratos de locação, como regulado pelo art. 565 e ss. do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), não englobando as despesas condominiais e demais taxas sob responsabilidade dos locatários, bem assim, as contraprestações financeiras, a cargo dos parceiros públicos, nos contratos administrativos de concessão das parcerias públicoprivadas. BENEFÍCIO FISCAL ESTADUAL. CRÉDITO PRESUMIDO DE ICMS. INCIDÊNCIA. SUBVENÇÃO PARA INVESTIMENTO. NÃO CARACTERIZAÇÃO. Afastada a hipótese de caracterização do crédito presumido concedido pelo Estado do Bahia, através do Decreto nº 6.734/97, como subvenção para investimento, inaplicável as disposições do art. 21 da Lei nº 11.941/2009, então vigente, enquadrandose o benefício fiscal em comento no conceito amplo de receita veiculado no art. 1º das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, submetendose à incidência das contribuições de que tratam. Recurso voluntário provido em parte. Em seu voto, o Ilustre Conselheiro destaca: Fl. 3481DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.482 19 Esta interpretação atribuída aos dispositivos é plausível, porém, não é a única aceitável, pois, tanto as Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03, como as INs RFB 247/02 e 404/04 que as normatizam, não distinguem o crédito, como espécie, do saldo credor, preferindo a adoção do termo “crédito” indistintamente para uma e outra finalidade, razão porque a interpretação do contribuinte é também acertada, mormente pela sua dicção literal, consoante a qual “o crédito não aproveitado em determinado mês poderá sêlo nos meses subseqüentes”. Ora, os créditos da não cumulatividade podem ser pleiteados a qualquer tempo, enquanto não decaído o direito ao seu exercício, não havendo norma clara que imponha a retificação das DACONs para inclusão de créditos nos períodos de apuração a que se refiram, de maneira que não haveria obstáculo ao aproveitamento a destempo sem observância estrita do regime de competência, como exigiram a DRF/DRJ, eis que se trataria de situação esporádica, valendo a analogia com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, onde os créditos alegados extemporaneamente não impõem a reescrituração do livro, bastando sua indicação em campo próprio. Assim, o aproveitamento de créditos fora dos períodos de apuração a que se referem é possível, como defendido pelo contribuinte, cumprindo à fiscalização a verificação se, de fato, este crédito não foi aproveitado anteriormente e observada a delimitação do conceito de insumo formulada no presente acórdão. Entendo não ser possível criar uma vedação, por meio de interpretação, onde a lei, ou mesmo os atos administrativos correlatos, não expressamente o fizeram. Desse modo, deve ser acolhida a pretensão do contribuinte. Diante do exposto, reformo a decisão recorrida para considerar possível a apropriação extemporânea de créditos das contribuições sociais, observados os demais requisitos legais para seu creditamento. (C) SOBRE O CONCEITO DE INSUMOS. SUA APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO Seguindo a crescente orientação da Receita Federal sobre o tema, o despacho decisório veio a glosar créditos referentes a: serviço com pagamento de estadia e translado, passagens aéreas e hospedagens, sessão de mão de obra de motorista, locação de veículos, e despesas de transporte de funcionários. Quantos à glosa de créditos sobre esses itens, creio não merecer reforma a decisão recorrida. Conforme vem sendo exaustivamente discutido pela doutrina e jurisprudência judicial, o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de COFINS nãocumulativa deve ser alargado, porém não a ponto de se confundir com o conceito de despesa dedutível, como chegouse a cogitar. De fato, a Anteriormente, a nãocumulatividade tributária no Brasil foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor Fl. 3482DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.483 20 agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu de doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, até o advento da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional do PIS e da COFINS limitouse a delegar à lei ordinária para que essa estabelecesse quais setores de atividade econômica o regime nãocumulativo seria aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não cumulativas. Vejam que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; De tal forma, ainda que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio – qual seja a de viabilizar a tributação sobre o valor agregado –, é certo que Fl. 3483DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.484 21 a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Editora Dialética, 2009. Página 427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais não cumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3º, das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, as quais algumas serão objeto de análise mais adiante. Nesse primeiro momento, vejamos o citado artigo 3º: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 3484DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.485 22 V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 3485DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.486 23 (...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...) De fato, do ponto de vista puramente econômico, o conceito acima nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente tratase do ICMS e do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei nº 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos. Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam Fl. 3486DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.487 24 efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a nãocumulatividade se manifesta – como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica” De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o artigo 3º acima mencionado, quando se observa que os incisos e parágrafos insistem na ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando menciona “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da nãocumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse caso, entendo que a legislação possibilitou o desconto de créditos das contribuições além dos elementos que compõem os custos diretos e indiretos de produção através alocação por atividade (i.e. “Sistema de Custeio ABC”), e incluiu componentes que, em uma análise puramente contábil, seriam classificados como despesas variáveis, estritamente atreladas com a geração de receitas. Porém, como premissa básica para a apuração de créditos de PIS/PASEP e COFINS, temos que os custos diretos e indiretos constituem base de cálculo de forma inquestionável; já as despesas deverão ser analisadas caso a caso, na medida em que cada uma contribua de forma cabal para a venda do produto ou serviço. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 3487DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.488 25 Art. 66. (...) § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.(...) Partindo esse entendimento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta nº 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, Fl. 3488DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.489 26 efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art.8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF nº 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8º, §4º, que assim dispôs: Artigo 8º. (...) § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e Fl. 3489DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.490 27 b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente, desde que tais itens estejam intimamente ligados à atividadefim da empresa e que principalmente venham a ser utilizados efetivamente e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo para geração de receitas, devendo ser inquestionável o crédito decorrente dos elementos que compõem o custo de produção, seja direto ou indireto. Seguindo essa linha, a Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Recurso Especial 1.221.170/PR, com efeito de recurso repetitivo, culminando na edição do Parecer Normativo COSIT 5/2018, que amplificou o espectro para a apropriação de créditos sobre insumos na atividade dos contribuintes: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COFINS. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO ESTABELECIDA NO RESP 1.221.170/PR. ANÁLISE E APLICAÇÕES. Conforme estabelecido pela Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça no Recurso Especial 1.221.170/PR, o conceito de insumo para fins de apuração de créditos da não cumulatividade da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou da relevância do bem ou serviço para a produção de bens destinados à venda ou para a prestação de serviços pela pessoa jurídica. Consoante a tese acordada na decisão judicial em comento: a) o “critério da essencialidade diz com o item do qual dependa, intrínseca e fundamentalmente, o produto ou o serviço”: a.1) “constituindo elemento estrutural e inseparável do processo produtivo ou da execução do serviço”; a.2) “ou, quando menos, a sua falta lhes prive de qualidade, quantidade e/ou suficiência”; b) já o critério da relevância “é identificável no item cuja finalidade, embora não indispensável à elaboração do próprio produto ou à prestação do serviço, integre o processo de produção, seja”: b.1) “pelas singularidades de cada cadeia produtiva”; b.2) “por imposição legal”. Dispositivos Legais. Lei nº10.637, de 2002, art. 3º, inciso II; Lei nº10.833, de 2003, art. 3º, inciso II. Analisando o teor do leading case, bem como do Parece COSIT acima ementado, verificase que, no caso concreto, ainda que não guiado por esses, a fiscalização acertadamente glosou créditos sobre despesas que – evidentemente – não teriam conexão direta com a atividade da Recorrente a ponto de ser tratada como imprescindível ou essencial à sua geração de receitas, especialmente aqueles mencionados no Despacho Decisório, itens 67 e 68. Fl. 3490DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.491 28 Por isso mesmo, entendo pela manutenção dessas glosas, não merecendo reforma a decisão de primeiro grau nesse particular. Pelo exposto, voto por conhecer do Recurso, e darlhe provimento parcial. (assinado digitalmente) Tiago Guerra Machado Fl. 3491DF CARF MF Processo nº 12585.000329/201197 Acórdão n.º 3401005.985 S3C4T1 Fl. 3.492 29 Fl. 3492DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13656.900573/2013-03
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 06 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2011
DCOMP NÃO HOMOLOGADA. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADORA.
Reconhece-se a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, desde que reste comprovado a apuração incorreta do tributo, ainda que a apresentação da DCTF retificadora tenha ocorrido após o envio da DCOMP.
A análise do direito creditório compete à Unidade de Origem para que não implique supressão de instância.
Numero da decisão: 1301-003.818
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar o óbice de alocação do pagamento, em face das declarações retificadoras apresentadas, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que profira despacho decisório complementar sobre o mérito do pedido, oportunizando ao contribuinte a complementação de provas do fato constitutivo do seu direito pleiteado, reiniciando-se, a partir daí, o rito processual de praxe.
(Assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(Assinado digitalmente)
Giovana Pereira de Paiva Leite - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: GIOVANA PEREIRA DE PAIVA LEITE
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PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DCTF RETIFICADORA. Reconhecese a possibilidade de se compensar indébito de estimativa mensal das pessoas jurídicas que apuram imposto de renda pelo lucro real, desde que reste comprovado a apuração incorreta do tributo, ainda que a apresentação da DCTF retificadora tenha ocorrido após o envio da DCOMP. A análise do direito creditório compete à Unidade de Origem para que não implique supressão de instância. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para superar o óbice de alocação do pagamento, em face das declarações retificadoras apresentadas, e determinar o retorno dos autos à unidade de origem para que profira despacho decisório complementar sobre o mérito do pedido, oportunizando ao contribuinte a complementação de provas do fato constitutivo do seu direito pleiteado, reiniciandose, a partir daí, o rito processual de praxe. (Assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 65 6. 90 05 73 /2 01 3- 03 Fl. 243DF CARF MF Processo nº 13656.900573/201303 Acórdão n.º 1301003.818 S1C3T1 Fl. 244 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Júnior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Carlos Augusto Daniel Neto, Giovana Pereira de Paiva Leite, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Trata o presente processo de pedido de compensação n. 38140.72586.040412.1.3.049700, que pleiteia compensação de débito de CSLL Estimativa mensal, com período de apuração em fev/2012, no valor de R$ 36.287,50, com crédito oriundo de pagamento indevido ou a maior de CSLL Estimativa mensal, com período de apuração em dez/2011, no valor original de R$ 36.643,18. O pedido de compensação foi indeferido através de Despacho Decisório Eletrônico constante dos autos (fl. 07), tendo em vista que o pagamento indicado já se encontrava integralmente alocado a débitos do contribuinte. Da Manifestação de Inconformidade A empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual alegou que efetuou o recolhimento do tributo e quando da apuração do ajuste anual verificou que não havia valor a pagar, dessa forma efetuou a compensação do valor pago indevidamente em DCOMP e, somente após ciência do despacho decisório, retificou a DCTF. Pediu a revisão do Despacho Decisório e a homologação do pedido de compensação. A DRJ julgou improcedente a manifestação sob o argumento de que apesar de ter refificado a DCTF para alterar os valores originalmente declarados, não apresentou documentação hábil e idônea que justificasse a alteração do Despacho Decisório. Do Recurso Voluntário Em 21/03/2018, o contribuinte foi cientificado da decisão da DRJ, conforme Termo de Ciência por Decurso de Prazo fl.98. Em 17/04/2018, ainda inconformada, a empresa apresentou Recurso Voluntário, conforme atesta o Termo de Solicitação de Juntada fl.100. Em sua peça recursal, o sujeito passivo procurou demonstrar e comprovar a existência de crédito e o erro de fato inequívoco quando do preenchimento da DCTF original. Além de informações da DCTF Retificadora e da DIPJ/2012, apresentou telas do razão analítico e anexou os seguintes documentos: DCTF original, DARFs, DCOMP, cópia do razão análitico, DIPJ/2012 e DCTF Retificadora. Por fim, requereu a reforma do acórdão recorrido e a homologação da compensação. É o relatório. Fl. 244DF CARF MF Processo nº 13656.900573/201303 Acórdão n.º 1301003.818 S1C3T1 Fl. 245 3 Voto Conselheira Giovana Pereira de Paiva Leite, Relatora. O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Conforme relatado, a Recorrente teve seu pedido de compensação de pagamento indevido ou maior indeferido, por despacho decisório eletrônico, tendo em vista que o pagamento encontravase alocado ao débito de CSLL. O Despacho Decisório foi proferido em 02/08/2013. Após intimado, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual relata que cometeu erro na apuração da estimativa mensal de dez/2011 que deu origem ao crédito, mas que a apuração correta constava da DIPJ/2012 original, transmitida em 29/06/2012. Juntou ao recurso a DCTF retificadora e a DIPJ/2012. A Turma da DRJ entendeu que não foram apresentados documentos hábeis e idôneos para demonstrar o pagamento indevido ou a maior. Em seu recurso voluntário, a Recorrente declara que apurou CSLL em dez/2011, declarou em DCTF e efetuou o pagamento em 31/01/2012. Posteriormente, quando da revisão e conciliação contábil do balanço encerrado em 2011, identificou que não havia valor devido a título de CSLL no período. Em 04/04/2012, transmitiu DCOMP para compensação do pagamento indevido e, em 29/06/2012, transmitiu DIPJ na qual declarou o valor negativo de CSLL de dez/2011 (R$ 13,10). Acrescenta que, ao receber o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de compensação, percebeu o lapso e retificou a DCTF e apresentou nos autos a DCTF Retificadora e a DIPJ/2011. Argumenta que houve o pagamento indevido e procura demonstrar o crédito com novos documentos, quais sejam, cópias do razão analítico. Primeiramente, cumpre esclarecer que apesar de se tratar de crédito oriundo de pagamento de estimativa mensal de CSLL, com período de apuração em dez/2011, não se trata aqui de crédito que deveria compor o saldo negativo. A Recorrente procura demonstrar especificamente o erro na apuração para o mês de dezembro/2011, que foi declarada na DIPJ/2012 original e na DCTF retificadora. Logo, é possível a caracterização do indébito de pagamento de estimativa mensal nos termos da Súmular CARF n. 84, in verbis: Súmula CARF nº 84:É possível a caracterização de indébito, para fins de restituição ou compensação, na data do recolhimento de estimativa. O cerne da discussão reside portanto na comprovação dos valores apurados em dez/2011 a título de estimativa mensal. O contribuinte declarou em DCTF inicialmente o valor de R$ 36.643,18 de CSLLEstimativa mensal. Mas após a conciliação contábil, apurou o valor de R$ 13,10, informado em sua DIPJ original. Inicialmente, o pedido de compensação foi indeferido liminarmente através de Despacho Decisório Eletrônico, pois o pagamento se encontrava alocado. A Recorrente então apresentou DCTF retificadora e DIPJ/2012, mas a DRJ considerou que não havia Fl. 245DF CARF MF Processo nº 13656.900573/201303 Acórdão n.º 1301003.818 S1C3T1 Fl. 246 4 documentos hábeis e idôneos que comprovassem o pagamento indevido, todavia o contribuinte não teve oportunidade de apresentar novos documentos. A DCTF retificadora e a DIPJ/2012, apresentadas juntamente com a manifestação de incorfomidade, não podem ser considerados documentos inábeis ou inidôneos para comprovar o pagamento indevido. Em verdade, a DCTF e a DIPJ se apresentam como documentos hábeis e idôneos, todavia, não suficientes para comprovar que houve erro na apuração do tributo. O acórdão da DRJ esclarece que para efetiva comprovação, faziase mister documentos mais robustos, especialmente os assentamentos/fiscais. Acertada a decisão recorrida, ao exigir a apresentação da apuração contábil e fiscal. Nesse sentido, a Recorrente além dos documentos anteriormente apresentados, trouxe cópias do razão analítico. A Unidade de Origem não analisou o direito creditório sob o prisma das informações constantes da DCTF retificadora, tendo em vista que o despacho foi eletrônico. Tampouco se manifestou sobre os documentos apresentados com o recurso voluntário. Sendo assim, o contribuinte não teve oportunidade de demonstrar perante à Delegacia a ocorrência de erro na apuração do CSLLestimativa mensal de dezembro/2011 e a efetiva existência de direito creditório. Contudo, para fins de homologação da DCOMP, fazse mister a apreciação do direito creditório, ou seja, a comprovação por parte do contribuinte de que o pagamento foi calculado e efetivado em valores acima daqueles prescritos em lei. Dessarte, entendo não ser possível homologar, nesse momento, a compensação declarada pelo Contribuinte, uma vez que, tal fato implicaria supressão da competência da Unidade de Origem para análise do direito creditório. Nesse sentido, considerando ser possível a restituição/compensação de recolhimento de estimativa mensal, desde que reste caracterizado o indébito, voto no sentido de retornar o processo à Unidade de Origem para examinar o mérito do pedido, nos termos do art. 170 do CTN e proferir Despacho Decisório complementar, levando em consideração a DCTF retificadora, a DIPJ/2012, as informações do livro razão apresentados com o recurso voluntário, e se entender necessário, intimar o contribuinte para que apresente documentos adicionais. Posteriormente, podese seguir o rito processual habitual. Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário, e DARLHE PARCIAL PROVIMENTO para determinar o retorno dos autos à jurisdição da contribuinte, para que a Unidade de Origem superando o óbice de alocação do pagamento, em face das declarações retificadoras apresentadas, profira despacho decisório complementar sobre o mérito do pedido, oportunizando ao contribuinte a complementação de provas do fato constitutivo do seu direito pleiteado, reiniciandose, a partir daí, o rito processual de praxe. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 13656.900573/201303 Acórdão n.º 1301003.818 S1C3T1 Fl. 247 5 (Assinado digitalmente) Giovana Pereira de Paiva Leite Fl. 247DF CARF MF
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Numero do processo: 10680.010894/2004-20
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Feb 21 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 31/10/2003 a 31/12/2003
PENALIDADE. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO. DCOMP. CRÉDITO FINANCEIRO NÃO ADMINISTRADO PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. CABIMENTO.
A compensação de débitos tributários vencidos com créditos financeiros não administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mediante a apresentação de Declaração de Compensação (Dcomp), sujeita o contribuinte à multa regulamentar isolada, nos termos da legislação tributária vigente.
Numero da decisão: 9303-008.187
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal - Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 31/10/2003 a 31/12/2003 PENALIDADE. MULTA ISOLADA. COMPENSAÇÃO. DCOMP. CRÉDITO FINANCEIRO NÃO ADMINISTRADO PELA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL. CABIMENTO. A compensação de débitos tributários vencidos com créditos financeiros não administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, mediante a apresentação de Declaração de Compensação (Dcomp), sujeita o contribuinte à multa regulamentar isolada, nos termos da legislação tributária vigente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as Conselheiras Vanessa Marini Cecconello (relatora), Tatiana Midori Migiyama e Érika Costa Camargos Autran que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 68 0. 01 08 94 /2 00 4- 20 Fl. 285DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 286 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (efls. 238 a 248) com fulcro no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, vigente à época da sua interposição, buscando a reforma do Acórdão n.º 340300.545 (efls. 234 a 235) proferido pela 3ª Turma Ordinária da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, em 26 de agosto de 2010, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, com ementa nos seguintes termos: Assunto: Contribuição pra o Programa de Integralização Social PIS Período de apuração: 01.04.2001 a 31.12.2003. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. MULTA ISOLADA. RETRO ATIVIDADE BENIGNA. Deve ser excluída a multa isolada aplicada em hipótese de compensação não homologada que, posteriormente ao lançamento, passou a configurar compensação não declarada, pelo princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea "c" do CTN. Recurso provido. A Fazenda Nacional suscita divergência jurisprudencial quanto à exigibilidade da multa isolada nos casos de compensação não homologada, considerada como não declarada, frente a alteração do art. 18 da Lei n.º 10.833/2003 pela Lei n.º 11.196/2005. Para comprovar o dissenso interpretativo, colacionou como paradigma o acórdão n.º 20179.948, da 1ª Câmara do outrora 2º Conselho de Contribuintes. Foi admitido o recurso especial da Fazenda Nacional por meio do despacho nº 34001287, de 24/01/2011 (efls. 251 a 252), proferido pelo ilustre Presidente da 4ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento em exercício à época, por entender comprovada a divergência jurisprudencial. A Contribuinte NOVUS ENGENHARIA LTDA. apresentou contrarrazões (e fls. 265 a 269) postulando, preliminarmente, o não conhecimento do recurso especial e, no mérito, a sua negativa de provimento. O presente processo foi distribuído a essa Relatora, estando apto a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Fl. 286DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 287 3 Voto Vencido Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ser conhecido. Registrese que, ao contrário do alegado em sede de contrarrazões, a Fazenda Nacional em seu recurso especial tratou da matéria relativa à aplicação do princípio da retroatividade benigna, buscando o seu afastamento, razão pela qual se está conhecendo do apelo. Mérito No mérito, gravita a discussão em torno da exigibilidade da multa isolada de 150% nos casos de compensação não homologada, considerada como não declarada, frente a alteração do art. 18 da Lei n.º 10.833/2003 pela Lei n.º 11.196/2005 e, posteriormente, pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007. Nos termos do art. 18 da Lei nº 10.833/03, é cabível a imposição da multa isolada quando houver compensação indevida e/ou a prestação de informação falsa, com o intuito de fraude. Para elucidar o enunciado, transcrevese o dispositivo vigente à época da ocorrência dos fatos geradores, com redação dada pelas Leis nºs 11.051/2004 e 11.196/2005, in verbis: Lei nº 10.833/03 Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória no 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão da nãohomologação de compensação declarada pelo sujeito passivo nas hipóteses em que ficar caracterizada a prática das infrações previstas nos arts. 71 a 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007). § 1º Nas hipóteses de que trata o caput, aplicase ao débito indevidamente compensado o disposto nos §§ 6º a 11 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso II do caput ou no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) (Vide Medida Provisória nº 351, de 2007) § 3º Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se Fl. 287DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 288 4 refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado, quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose os percentuais previstos: (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996; II no inciso II do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, nos casos de evidente intuito de fraude, definidos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. § 5º Aplicase o disposto no § 2º do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas no § 4º deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005)" (grifouse) Com as alterações da Lei n.º 11.488/2007, o art. 18 da Lei n.º 10.833/2003 passou a ter a seguinte redação, in verbis: “Art. 18. O lançamento de ofício de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835, de 24 de agosto de 2001, limitarseá à imposição de multa isolada em razão de nãohomologação da compensação quando se comprove falsidade da declaração apresentada pelo sujeito passivo. ................................................... § 2º A multa isolada a que se refere o caput deste artigo será aplicada no percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicado em dobro, e terá como base de cálculo o valor total do débito indevidamente compensado. ................................................ § 4º Será também exigida multa isolada sobre o valor total do débito indevidamente compensado quando a compensação for considerada não declarada nas hipóteses do inciso II do § 12 do art. 74 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, aplicandose o percentual previsto no inciso I do caput do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, duplicado na forma de seu § 1º, quando for o caso. § 5º Aplicase o disposto no § 2o do art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, às hipóteses previstas nos §§ 2o e 4o deste artigo.” No caso dos autos, a Contribuinte foi autuada para cobrança dos créditos tributários de PIS/Pasep com fatos geradores compreendidos nos períodos de 01/1998 a 12/2003, inclusive (efls. 09 a 27). No decurso do procedimento fiscal, constatouse a transmissão de pedidos de compensação, para extinção dos débitos relativos às competências Fl. 288DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 289 5 de 11/2002 a 12/2003, nos processos administrativos n.º 10166.006575/200358 e 10166.000701/200361 (efls. 28 a 30), os quais foram indeferidos pois os créditos pleiteados a título de compensação tratavamse de títulos públicos, nos termos dos despachos decisórios respectivos (efls. 31 a 39 e 41 a 43, respectivamente). Por conseguinte, frente ao indeferimento dos pedidos de compensação, a Autoridade Fiscal imputou à Contribuinte a multa isolada de 150% (cento e cinquenta por cento) com base nos seguintes fundamentos: [...] 002 MULTAS ISOLADAS COMPENSAÇÃO INDEVIDA (PIS) Multa por compensação indevida de valores da Contribuição para o Programa de Integração SocialPIS, conforme descrito no Relatório Fiscal n°02 que é parte integrante deste Auto de Infração. [...] Enquadramento Legal Art. 18, da Lei n° 10.833, de 29/12/2003, arts. 43 e 44, inciso II, da Lei n° 9.430/96. [...] RELATÓRIO FISCAL N.º 02 Dando continuidade à ação fiscal junto ao contribuinte acima indicado, iniciada com o Termo de Início de Fiscalização datado de 10/02/2004, na forma dos artigos 904, 905, 911 e 927 do RIR/99, Decreto no 3.000, de 26 de março de 1999, e em atendimento às determinações contidas no Mandado de Procedimento Fiscal Fiscalização no 06.1.01.002003010287, procedemos ao levantamento dos valores declarados da contribuição para o Plano de Integração Social PIS, e os pagamentos porventura efetuados, com o objetivo de determinar o lançamento da muita isolada relativamente aos períodos de apuração mensais de novembro de 2002 a dezembro de 2003, conforme demonstrativo abaixo, tendo em vista que o contribuinte ingressou junto à SRF com Declarações de Compensação para os saldos de débitos da contribuição não pagos, conforme processos administrativos de nos. 10166.006575/200358 e 10166.000701/200361. As compensações foram indeferidas com base na IN SRF no 226, de 18/10/2002, em razão dos créditos pleiteados a compensar se tratarem de títulos públicos, conforme despacho decisório exarado pelo Chefe do Serviço de Orientação e Análise Tributária da DRF/Belo Horizonte, da qual anexamos cópia. [...] Conseqüentemente, conforme ADI/SRF nº 17/2002 e na forma do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, neste ato está sendo imputada a penalidade prevista no inciso II, do artigo 44, da Lei n o 9.430/96, a seguir transcrito: Fl. 289DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 290 6 Art. 44. Nos casos de lançamento de oficio, serão aplicadas as seguintes multas, calculadas sobre a totalidade ou diferença de tributo ou contribuição: I (...). II cento e cinqüenta por cento, nos casos de evidente Intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. Acrescentamos que de acordo com o parágrafo 6º, do art. 74, da Lei nº 9.430/96, a declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. (grifouse) As ações infracionais descritas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64 objetivam punir ações dolosas vinculadas ao fato gerador, e não a outros aspectos da relação jurídica entre Fisco e Contribuinte, não se podendo buscar definições amplas e livres de fraude e sonegação para punir comportamentos tributários diversos. No caso dos autos, a transmissão de pedido de compensação com crédito tributário que se tratavam de títulos públicos está longe de enquadrarse nas condutas enunciadas nos dispositivos legais inicialmente referidos, que poderiam justificar a majoração da multa isolada para o percentual de 150%. Assim, a imposição da multa qualificada não merece prosperar, tendo em vista não se enquadrar a conduta da empresa como fraude ou sonegação, devendo ser mantida a decisão recorrida neste aspecto. A empresa não praticou as condutas descritas nos artigos 71 a 73 da Lei nº 4.502/64, mas sim utilizouse de meio de extinção de tributo (a compensação), não travando qualquer discussão quanto à origem do fato gerador ou à sua dimensão monetária. Além disso, tanto não se aplica referida penalidade às compensações não homologadas que, com a nova redação do art. 18 da Lei n.º 10.833/2003, dada pelo art. 18 da Lei n.º 11.488/2007, somente para os casos de falsidade na declaração apresentada pelo Sujeito Passivo será considerada a aplicação da multa isolada de 150%. Nessa esteira, correta a interpretação conferida ao caso em apreço pelo acórdão recorrido ao aplicar o princípio da retroatividade benigna, previsto no art. 106, inciso II do CTN, para afastar a aplicação da multa isolada no percentual de 150%, pois não caracterizadas quaisquer das hipóteses previstas para a sua aplicação. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 290DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 291 7 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, redator designado Com todo respeito ao voto do ilustre Relator, mas discordo de suas conclusões, quanto à exclusão da multa isolada de ofício. O lançamento da multa regulamentar isolada teve como fundamento o art. 18 da Lei nº 10.833, de 2003, convertida da MP nº135, de 30/10/2003, c/c o art. 44, inciso I da Lei nº 9.430, de 1996, pelo fato de o interessado ter efetuado compensação de crédito financeiro não administrado pela Secretaria da Receita Federal, mais especificamente obrigações da Eletrobrás, com débitos tributários vencidos referentes às competências de outubro a dezembro de 2003. mediante apresentação de Dcomp, que foi analisada e considerada não declarada. A compensação de créditos financeiros contra a Fazenda Nacional com débitos tributários vencidos, mediante a apresentação de Dcomp, está regulamentada na Lei nº 9.430, de 1996, que assim dispõe: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.637, de 2002) § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 2002) [...]. § 12. Será considerada não declarada a compensação nas hipóteses: (Redação dada pela Lei nº 11.051, de 2004) [...]; II em que o crédito: (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004) [...]; e) não se refira a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal SRF. (Incluída pela Lei nº 11.051, de 2004) [...]. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 10680.010894/200420 Acórdão n.º 9303008.187 CSRFT3 Fl. 292 8 § 13. O disposto nos §§ 2o e 5o a 11 deste artigo não se aplica às hipóteses previstas no § 12 deste artigo. (Incluído pela Lei nº 11.051, de 2004).” (destaques não originais) De acordo com a Fiscalização, o contribuinte apresentou Declarações de Compensação para os saldos de débitos de PIS não pagos (processos administrativos n's 10166.006575/200358 e 10166.000701/200361). As compensações foram indeferidas com base_ na IN SRF n° 226, de 18/10/2002, em razão dos créditos se tratarem de título públicos, conforme os Despachos Decisórios às fls. 31e/40e e às fls. 46e/55e. Assim, foi lançada a penalidade prevista no inciso II, do art. 44, da Lei n° 9.430, de 1996, tendo em vista o disposto no ADI n° 17, de 2002, e na forma do art. 18 da Lei n° 10.833, de 2003. No presente caso, as Dcomp apresentadas pelo interessado e que deram origem ao lançamento em discussão foram analisadas e consideradas não declaradas, resultando a penalidade aplicada. Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal. Fl. 292DF CARF MF
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Numero do processo: 10730.904480/2009-35
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Apr 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 16 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2002
RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. O problema apontado pelo paradigma que serviu para a admissibilidade do recurso não foi a retificação extemporânea de declarações, a comprovação do direito creditório em momento inadequado, em uma fase mais adiantada do processo, ou algo semelhante a isso. O que esse paradigma não admitiu foi a inovação do pleito original, ou seja, a mudança do crédito inicialmente pleiteado. No caso do acórdão recorrido, entretanto, não houve qualquer inovação em relação ao crédito inicialmente pleiteado. A contribuinte reivindicou direito creditório por pagamento indevido ou a maior de CSLL/Estimativa referente ao mês de março/2002, e foi esse exatamente o indébito reconhecido, mediante análise da documentação apresentada. Não bastasse isso, o paradigma ainda manifestou expressamente o entendimento de que a redução do débito confessado em DCTF somente pode ser admitida com base em elementos e documentos hábeis e suficientes que comprovem a incorreção apontada, e é exatamente esse o contexto do acórdão recorrido, de modo que quanto à possibilidade de retificação da referida declaração, essas decisões são totalmente convergentes, guardadas as diferenças dos aspectos fáticos examinados por cada uma delas. No caso recorrido, não houve tentativa de alteração do crédito pleiteado (inovação no PER/DCOMP), e havia prova desse crédito. No paradigma, ao contrário, houve tentativa de alteração do crédito pleiteado, e, para piorar, ainda não havia prova do crédito. Não há paralelo entre as decisões para que se possa caracterizar divergência jurisprudencial a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Os contextos distintos justificam perfeitamente as diferentes decisões.
Numero da decisão: 9101-004.142
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rêgo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araujo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2002 RECURSO ESPECIAL. REQUISITOS DE ADMISSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. O problema apontado pelo paradigma que serviu para a admissibilidade do recurso não foi a retificação extemporânea de declarações, a comprovação do direito creditório em momento inadequado, em uma fase mais adiantada do processo, ou algo semelhante a isso. O que esse paradigma não admitiu foi a inovação do pleito original, ou seja, a mudança do crédito inicialmente pleiteado. No caso do acórdão recorrido, entretanto, não houve qualquer inovação em relação ao crédito inicialmente pleiteado. A contribuinte reivindicou direito creditório por pagamento indevido ou a maior de CSLL/Estimativa referente ao mês de março/2002, e foi esse exatamente o indébito reconhecido, mediante análise da documentação apresentada. Não bastasse isso, o paradigma ainda manifestou expressamente o entendimento de que a redução do débito confessado em DCTF somente pode ser admitida com base em elementos e documentos hábeis e suficientes que comprovem a incorreção apontada, e é exatamente esse o contexto do acórdão recorrido, de modo que quanto à possibilidade de retificação da referida declaração, essas decisões são totalmente convergentes, guardadas as diferenças dos aspectos fáticos examinados por cada uma delas. No caso recorrido, não houve tentativa de alteração do crédito pleiteado (inovação no PER/DCOMP), e havia prova desse crédito. No paradigma, ao contrário, houve tentativa de alteração do crédito pleiteado, e, para piorar, ainda não havia prova do crédito. Não há paralelo entre as decisões para que se possa caracterizar divergência jurisprudencial a ser sanada mediante processamento de recurso especial. Os contextos distintos justificam perfeitamente as diferentes decisões. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 73 0. 90 44 80 /2 00 9- 35 Fl. 306DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 3 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rêgo Presidente. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Demetrius Nichele Macei, Viviane Vidal Wagner, Luis Fabiano Alves Penteado, Lívia De Carli Germano, Adriana Gomes Rêgo (Presidente). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), fundamentado atualmente no art. 67 e seguintes do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09/06/2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em que se alega divergência jurisprudencial quanto ao que se decidiu sobre declaração de compensação apresentada pela contribuinte acima identificada, com foco nas seguintes matérias, conforme identificadas pela recorrente: 1 retificação da DCTF após o despacho decisório que indeferiu a DCOMP; e 2 compensação da CSLL estimada. No exame de admissibilidade, foi dado seguimento ao recurso apenas em relação à matéria constante do item "1" acima indicado. Houve negativa de seguimento em relação à matéria tratada no item "2", conforme o despacho exarado em 13/11/2015 pelo Presidente da 4ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento do CARF. E a negativa de seguimento de parte do recurso foi confirmada pelo Presidente da Câmara Superior de Recursos Fiscais, em caráter definitivo, conforme o despacho de reexame de admissibilidade exarado em 19/11/2015. A PGFN insurgese contra o Acórdão nº 180301.266, de 10/04/2012, por meio do qual a 3a Turma Especial da 1a Seção de Julgamento do CARF, por unanimidade de votos, deu provimento a recurso voluntário da contribuinte, para fins de reconhecer direito creditório decorrente de pagamento a maior, e homologar a declaração de compensação onde esse indébito foi utilizado. O acórdão recorrido contém a ementa e a parte dispositiva descritas abaixo: Fl. 307DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 4 3 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Data do fato gerador: 31/03/2002 DCTF. ERRO DE FATO. Comprovado o erro de fato no preenchimento da DCTF é possível sua retificação mesmo após o despacho decisório que indeferiu a DCOMP. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 31/03/2002 CSLL ESTIMADA. COMPENSAÇÃO. Comprovado o recolhimento indevido ou a maior de CSLL estimada é possível a restituição ou compensação antes ou após o término do período de apuração, conforme já reconheceu a Solução de Consulta Interna Cosit nº 19, de 2011, sendo inaplicáveis quaisquer restrições anteriores à vigência da Instrução Normativa RFB nº 900/2008. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. No recurso especial, a PGFN afirma que o acórdão recorrido deu à legislação tributária interpretação divergente da que foi dada em outros processos, relativamente às matérias acima mencionadas. Quanto à matéria admitida do recurso, a PGFN desenvolve os argumentos apresentados a seguir: DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO QUE INDEFERIU A DCOMP. o colegiado a quo entendeu ser possível deferir a compensação, em que pese o contribuinte não tenha observado as prescrições legais, isto é, não tenha retificado a DCTF tempestivamente as informações indispensáveis à homologação da compensação pretendida, conferindolhe direito ao crédito; diversamente, a Terceira Câmara do então Segundo Conselho de Contribuintes entendeu que, para fazer jus à compensação, o interessado deve observar todas as exigências previstas na legislação de regência, sob pena de não se operar o almejado encontro de contas e, conseqüentemente, não ocorrer a extinção do crédito tributário; confirase, por oportuno, a ementa integral do acórdão paradigma nº 203 12.207: Acórdão n° 20312.207 Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Fl. 308DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 5 4 Anocalendário: 1998, 1999, 2000, 2001, 2002 INCONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS. Não se encontra abrangida pela competência da autoridade tributária administrativa a apreciação da inconstitucionalidade das leis, vez que neste juízo os dispositivos legais se presumem revestidos do caráter de validade e eficácia, não cabendo, pois, na hipótese, negarlhes execução. PIS. DECADÊNCIA. PRAZO. DEZ ANOS LEI Nº 8.212/91. O prazo para a Fazenda proceder ao lançamento do PIS é de dez anos a contar da ocorrência do fato gerador, consoante o art. 45 da Lei n° 8.212/91, combinado com o art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional. PIS. BASE DE CÁLCULO. RECEITAS FINANCEIRAS. LEI N° 9.718/98. Todas as receitas da pessoa jurídica integram a base de cálculo da contribuição, nos moldes previstos pela Lei nº 9.718, de 1998. COMPENSAÇÃO ALEGAÇÃO COMO MEIO DE DEFESA. Descabida argumentação de realização de compensação para afastar exigência contida em auto de infração. COMPENSAÇÃO. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS LEGAIS. IMPOSSIBILIDADE. Para fazer jus à compensação, deve o contribuinte observar todas as exigências previstas na legislação de regência, sob pena de, a bem do princípio da legalidade e da indisponibilidade do interesse público, não ser possível o almejado encontro de contas. No caso, a interessada, de forma direta e sem observar os requisitos legais — pedido de restituição, seguido de pedido ou declaração de compensação — considerou quitados débitos do PIS/Pasep mediante seu confronto com créditos originados da figura, digase, de passagem, já não mais vigente em nosso ordenamento jurídico, do "CréditoPrêmio de IPI". JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A exigência dos juros de mora com base na taxa Selic tem autorização legal no Código Tributário Nacional. Recurso negado. neste mesmo sentido a 2ª Turma da 2ª Câmara da Primeira Seção de julgamento do CARF no acórdão nº 120200.532 entendeu que após a ciência do despacho decisório que não homologou a compensação não cabe alteração da PER/DCOMP e da DCTF apresentadas. Eis a ementa integral do acórdão: Acórdão nº 120200.532 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2003 PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. UTILIZAÇÃO INTEGRAL.NÃO HOMOLOGAÇÃO COMPENSAÇÃO. Não elidido o fato de que o pagamento foi alocado a débito confessado, mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação declarada. PER/DCOMP. ALTERAÇÃO DO PEDIDO. Fl. 309DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 6 5 Após a ciência do despacho decisório que não homologou a compensação informada no pedido/declaração PER/DCOMP, tornase inviável a alteração das informações contidas no pedido já formulado. DÉBITO CONFESSADO. DCTF. REDUÇÃO. A redução do débito confessado em DCTF, após o procedimento de ofício, somente pode ser desconstituído com base em elementos e documentos hábeis e suficientes que comprovem a incorreção apontada. a fim de configurar plenamente a divergência de entendimentos entre as Câmaras, é preciso registrar que o acórdão paradigma firmou o entendimento de que, para fins de apuração do direito creditório é necessário que o contribuinte observe os requisitos previstos na legislação de regência que autoriza a compensação, enquanto o acórdão recorrido, não obstante ter constatado o descumprimento dos requisitos legais pelo contribuinte, autorizou a compensação pleiteada. Transcrevemse trechos dos acórdãos paradigmas que confirmam a divergência alegada: [...]; patente, portanto, a divergência jurisprudencial; DOS FUNDAMENTOS PARA A REFORMA DO R. ACÓRDÃO RECORRIDO. RETIFICAÇÃO DA DCTF APÓS O DESPACHO DECISÓRIO QUE INDEFERIU A DCOMP. a compensação instrumentada por PER/DCOMP de fato não poderia ter sido homologada por restar ausente requisito essencial à sua validade, qual seja, equivalência entre as informações prestadas em DCTF e na DCOMP apresentada; o contribuinte alega que a informação prestada em DCTF não corresponde a verdade, fazendo a retificação da DCTF após o despacho decisório; primeiramente, imperioso reconhecer que para fazer jus à compensação o contribuinte deve observar todos os ditames legais, sob pena de, a bem do princípio da legalidade e da indisponibilidade do interesse público, não ser possível o almejado encontro de contas; o artigo 170 do Código Tributário Nacional estabeleceu as diretrizes acerca do instituto da compensação: [...]; é óbvio que no caso presente verificase que o requisito indispensável de correlação entre o disposto na DCTF e na DCOMP para fins de verificação da existência de crédito não foi cumprido, pois contribuinte não retificou a tempo a DCTF que continha o suposto erro de fato no preenchimento; temse claro que é por meio da DCTF que o sujeito passivo declara ao fisco a contribuição devida apurada, e assim sendo, somente pode ser considerado incorreto ou indevido o valor recolhido via DARF, conforme lá declarado, quando o sujeito passivo retifica em tempo hábil a declaração; é de se destacar que quando do processamento da declaração de compensação é feito um confronto entre as informações contidas na Dcomp com aquelas Fl. 310DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 7 6 prestadas em DCTF, sendo que, no caso, não havia indicativo de pagamento indevido ou a maior; além disso, cumpre ressaltar que a interessada, juntamente com a manifestação de inconformidade apresentada, não juntou provas capazes de corroborar a existência do alegado direito creditório; não se trata de mero erro formal, mas sim de descumprimento de condições para a validade da compensação como exige a legislação, e, neste ponto, como exige a lei, todos os procedimentos devem ser respeitados; ressaltese que o principal argumento aqui tratado não é a comprovação ou não do erro formal pelo contribuinte, mas sim o cumprimento de todos os requisitos para homologação da compensação pretendida e ora objeto de análise nos autos; nestes termos, imperioso colacionar a decisão de 1ª instância: [...]; ressaltese que o contribuinte detentor de crédito tem sim direito à compensação, mas a contrapartida é adotar corretamente o procedimento previsto na legislação tributária. Aliás, é com base no princípio da verdade material conclamado pelo contribuinte e pelo Relator do acórdão que deve ser exigida a comprovação do atendimento a todas as formalidades legais para validade da compensação efetuada; outrossim, se for homologada a compensação na forma que consta dos autos, com evidente irregularidade, estarseá ferindo o princípio da isonomia, pois de todos os demais contribuintes é exigido obediência ao procedimento constante da legislação. Não existe qualquer justificativa que autorize abrir exceção para a recorrente; logo, revelase inviável a compensação pretendida pelo contribuinte. Já foi mencionado que no exame de admissibilidade do Recurso Especial da PGFN, foi dado seguimento ao recurso apenas em relação à matéria acima tratada: "retificação da DCTF após o despacho decisório que indeferiu a DCOMP". A negativa de seguimento em relação à outra matéria, "compensação da CSLL estimada", se deu em razão de que o acórdão recorrido adotou entendimento de súmula do CARF, no caso, da Súmula CARF nº 84, e isso implica no não cabimento do recurso especial, conforme disposto no § 3º do art. 67 do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, que aprovou o atual Regimento Interno do CARF, c/c o art. 5º dessa mesma portaria. Quanto à parte admitida do recurso, o exame de admissibilidade reconheceu a divergência jurisprudencial, mas somente mediante o confronto do acórdão recorrido com o segundo paradigma apresentado, nos seguintes termos: POSSIBILIDADE DE RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS DESPACHO DECISÓRIO QUE INDEFERIU A DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO [...] Retornando ao acórdão recorrido, é imperioso relembrar que o caso concreto trata de uma declaração de compensação transmitida nos termos Fl. 311DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 8 7 da legislação em vigor cujo crédito correspondente não foi reconhecido pela autoridade administrativa, e que, após ciência de tal despacho decisório, o contribuinte retificou DCTFs dando ensejo ao reconhecimento do crédito, e consequente homologação das compensações, somente por meio do acórdão recorrido. Contudo, compulsando o inteiro teor do primeiro paradigma indicado pela PFN (mediante consulta ao sítio do CARF), constatase que os fatos que deram ensejo a tal decisão são absolutamente distintos dos tratados no acórdão recorrido: a ausência de formalidade não respeitada pelo contribuinte, naquele caso, diz respeito à ausência de transmissão de declaração de compensação. Vejase excerto do voto condutor de tal aresto: [...] Desse modo, conforme se observa, no acórdão paradigma a compensação arguida pelo contribuinte não foi acatada em razão da falta de transmissão de declaração de compensação, enquanto que, no acórdão recorrido, tratavase de declaração de compensação devidamente transmitida, mas cujo reconhecimento do crédito dependeria de se acatar ou não a retificação de DCTF (realizada após o despacho de não homologação de compensação já ter sido exarado). Tratase, na realidade, de soluções distintas não em razão de divergência de interpretação de lei, mas sim advindas da apreciação de diferentes situações fáticas, não se admitindo recurso especial em tal hipótese. Assim sendo, o acórdão nº 20312.207 não é paradigma apto a ensejar a admissibilidade do recurso especial de divergência. Passase à análise do segundo paradigma indicado em relação à possibilidade de retificação da DCTF após despacho de não homologação já ter sido exarado para fins de reconhecimento de direito creditório: acórdão 120200.532, cuja ementa ora se reproduz no trecho relativo à matéria recorrida (com os destaques contidos no recurso especial): [...] Extraise ainda do voto condutor de tal aresto (retirado do sítio do CARF): [...] Conforme se observa, concluiuse no paradigma que não seria possível acolher retificação de DCTF, após despacho decisório não homologando a compensação, a fim de possibilitar a alteração dos fundamentos da própria DComp. Nesse cenário, não se homologou a compensação declarada. De modo diverso, no acórdão recorrido, diante de situação fática similar, decidiuse por homologar as respectivas compensações. Desse modo, resta evidente que a PFN indicou com bastante clareza a divergência de entendimentos entre o acórdão recorrido e o paradigma 120200.532 que resultou em decisões antagônicas, ensejando, portanto, a admissibilidade do recurso especial em relação a tal matéria. Fl. 312DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 9 8 Em 23/05/2016, a contribuinte foi cientificada do Acórdão nº 180301.266, do recurso especial da PGFN, e do despacho que deu seguimento parcial a esse recurso, e em 07/06/2016, ela apresentou tempestivamente suas contrarrazões, com os seguintes argumentos: com referência à alegação Fazenda Nacional quanto à retificação da DCTF ocorrida após ciência do despacho decisório, vale destacar que a retificação foi feita para simples correção do erro de preenchimento; desta forma, a retificação da DCTF em nada afetou o direito creditório, pois este sempre existiu, permanecendo intocável desde o pagamento indevido no valor de R$ 12.869,15, em 30/04/2002. Estando seu direito a compensação comprovado através do pagamento indevido e com fundamento no Art.165 CTN; comprovado erro de fato no preenchimento da DCTF, sendo possível a sua retificação no prazo legal e o reconhecimento do crédito como provado através de documentos antes anexados ao processo citado, deve ser reconhecido o direito ao crédito; face ao exposto e aos documentos anexados anteriormente os quais se encontram nas folhas desse processo, espera e requer a requerente seja acolhido as contrarrazões para fim de ser homologado o crédito. É o relatório. Fl. 313DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 10 9 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator. Não há condições para se conhecer do recurso especial. É importante compreender bem o contexto dos presentes autos. Para tanto, transcrevo alguns trechos do voto condutor do acórdão recorrido: Voto Conselheiro Walter Adolfo Maresch O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais para sua admissibilidade, dele conheço. Trata o presente processo de declaração de compensação, com direito creditório relativo ao recolhimento indevido de CSLL estimada relativa ao período de 31/03/2002, recolhida em 30/04/2002, cujo despacho decisório eletrônico acusou a inexistência do direito creditório. Conforme exposto no relatório, a decisão de primeira instância rejeitou a manifestação de inconformidade baseada em duas premissas: 1) de que não teria havido a comprovação inequívoca de erro no preenchimento da DCTF através da apresentação da escrituração contábil e fiscal, não sendo possível outrossim, sua retificação após o despacho decisório que indeferiu a compensação; 2) de que a Instrução Normativa SRF nº 460/2004, veda a utilização de IRPJ e CSLL estimada antes do encerramento do período de apuração somente permitindo sua utilização mediante inclusão no saldo negativo do período. A recorrente por seu turno, afirma estar comprovando através do LALUR e balancete contábil, a inexistência de CSLL a recolher relativo ao período de 31/03/2002 por ter apurado base de cálculo negativa, bem como insiste na possibilidade de utilizar o direito creditório da CSLL estimada recolhida indevidamente, mesmo sem sua inclusão na base de cálculo negativa do período. A decisão de primeira instância merece reforma. Com efeito, resta evidente que a recorrente incorreu em erro de fato no preenchimento da DCTF relativa ao 1º trimestre de 2002 pois conforme DIPJ (fls. 25/26), somente apurou estimativa devida em relação a Janeiro 2002, sendo que em relação aos períodos de apuração de Fevereiro e Março 2002, apurou base de cálculo negativa nos balancetes de suspensão/redução. Fl. 314DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 11 10 Da mesma forma, comprova a correção dos dados da DIPJ através de escrituração fiscal (fl. 150) e contábil (fls. 151/156), em contraponto às alegações da decisão de primeira instância. Assim, comprovado o erro de fato no preenchimento da DCTF do período, plenamente possível a retificação desta mesmo após o despacho decisório que indeferiu a compensação. No tocante ao mérito igualmente assiste razão à interessada. Com efeito, desde o momento em que a Instrução Normativa SRF nº 900/2008, deixou de prever qualquer restrição no tocante a possibilidade de compensação ou restituição de IRPJ e CSLL estimados recolhidos indevidamente, passouse a admitir este entendimento de forma retroativa no âmbito da Administração Tributária e também dos colegiados julgadores administrativos. Se restavam dúvidas quanto a lisura deste procedimento estas foram espancadas com a Solução de Consulta Interna nº 19 – Cosit, de 5 de dezembro de 2011, com a seguinte ementa: [...] Destarte, conforme a própria Administração Tributária reconheceu com a edição do ato acima transcrito, comprovado o recolhimento a maior ou indevido de estimativa é possível a sua restituição ou compensação, independentemente de integrar ou não o saldo negativo do período de apuração. No caso, comprovado o erro de fato no preenchimento da DCTF e sendo possível o reconhecimento de indébito no recolhimento de CSLL estimada, recolhida indevidamente, deve ser acolhido o pleito da recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito creditório original de R$ 12.869,15, homologandose em conseqüência as compensações realizadas, até o limite do crédito apurado. Está bem claro que o acórdão recorrido tratou de situação em que a contribuinte, na dinâmica própria que os processos de restituição/compensação (iniciados pelos próprios contribuintes) apresentam em relação à produção de prova, conseguiu produzir a prova demandada pelo Fisco, relativamente ao direito creditório por ela reivindicado na declaração de compensação. Mas não é esse o caso dos paradigmas trazidos pela PGFN. O primeiro paradigma (Acórdão nº 20312.207) trata de fatos absolutamente distintos dos tratados no acórdão recorrido, e ele já não serviu para a caracterização da alegada divergência jurisprudencial, conforme concluiu o despacho de exame de admissibilidade do recurso, nos termos já apontados anteriormente. Ocorre que o segundo paradigma (Acórdão nº 120200.532) também não serve para a admissibilidade do recurso. Fl. 315DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 12 11 O problema apontado por essa decisão não foi a retificação extemporânea de declarações, a comprovação do direito creditório em momento inadequado, em uma fase mais adiantada do processo, ou algo semelhante a isso. O que esse paradigma não admitiu foi a inovação do pleito original, ou seja, a mudança do crédito inicialmente pleiteado. A própria ementa da decisão evidencia isso: Acórdão 1202000.532 ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL. Anocalendário:2003. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. UTILIZAÇÃO INTEGRAL. NÃO HOMOLOGAÇÃO COMPENSAÇÃO. Não elidido o fato de que o pagamento foi alocado a débito confessado, mantémse o despacho decisório que não homologou a compensação declarada. PER/DCOMP. ALTERAÇÃO DO PEDIDO. Após a ciência do despacho decisório que não homologou a compensação informada no pedido/declaração PER/DCOMP, torna se inviável a alteração das informações contidas no pedido já formulado. DÉBITO CONFESSADO. DCTF. REDUÇÃO. A redução do débito confessado em DCTF, após o procedimento de ofício, somente pode ser desconstituído com base em elementos e documentos hábeis e suficientes que comprovem a incorreção apontada.” (grifos acrescidos) O segundo paradigma não admitiu que o direito creditório fosse alterado no curso do processo, de pagamento indevido ou a maior de estimativa mensal para saldo negativo do período. Uma coisa é a retificação de declarações que guardam relação com a formação do direito creditório reivindicado (DIPJ, DCTF, etc.), visando a sua comprovação. Outra coisa bem distinta é a tentativa indireta de retificação do próprio PER/DCOMP que vem sendo analisado no curso do processo, no intuito de alterar o direito creditório pleiteado (mudança de período, de tributo, do próprio sujeito passivo que gerou o crédito, etc.). No caso do acórdão recorrido, não houve qualquer inovação em relação ao crédito inicialmente pleiteado. A contribuinte reivindicou direito creditório por pagamento indevido ou a maior de CSLL/Estimativa referente ao mês de março/2002, e foi esse exatamente o indébito reconhecido, mediante análise da documentação apresentada. Não bastasse isso, o segundo paradigma ainda manifestou expressamente o entendimento de que a redução do débito confessado em DCTF somente pode ser admitida com base em elementos e documentos hábeis e suficientes que comprovem a incorreção apontada, e é exatamente esse o contexto do acórdão recorrido. Ou seja, o recorrido admitiu a redução do débito confessado em DCTF porque entendeu que a contribuinte apresentou elementos para tanto (conforme a transcrição acima), de modo que, quanto à possibilidade de retificação da referida declaração, essas Fl. 316DF CARF MF Processo nº 10730.904480/200935 Acórdão n.º 9101004.142 CSRFT1 Fl. 13 12 decisões são totalmente convergentes, guardadas as diferenças dos aspectos fáticos examinados por cada uma delas. O que se tem, então, é o seguinte quadro: no caso recorrido, não houve tentativa de alteração do crédito pleiteado (inovação no PER/DCOMP), e havia prova desse crédito. No paradigma, ao contrário, houve tentativa de alteração do crédito pleiteado, e, para piorar, ainda não havia prova do crédito. Está evidente que não há paralelo entre as decisões para que se possa caracterizar a alegada divergência jurisprudencial. Os contextos distintos justificam perfeitamente as diferentes decisões. A falta de comprovação de divergência inviabiliza o processamento do recurso especial. Desse modo, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial da PGFN. (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araujo Fl. 317DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.904482/2008-91
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 17 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 15/12/2003
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA.
É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972.
Numero da decisão: 2201-004.904
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo Conselheiro Relator, para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente).
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF Data do fato gerador: 15/12/2003 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972.
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NULIDADE DO ACÓRDÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA. É nula, por preterição do direito de defesa, a decisão que deixa de enfrentar todos os argumentos deduzidos na impugnação que sejam essenciais à solução da lide administrativa, à luz do que determina o art. 59, II, do Decreto 70.235, de 1972. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher a preliminar suscitada de ofício pelo Conselheiro Relator, para considerar nula, por cerceamento do direito de defesa, a decisão proferida em sede de 1ª instância e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Daniel Melo Mendes Bezerra, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Debora Fofano, Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 44 82 /2 00 8- 91 Fl. 140DF CARF MF Processo nº 16327.904482/200891 Acórdão n.º 2201004.904 S2C2T1 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2201004.880, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.904487/200814, paradigma deste julgamento. "Acórdão nº 2201004.880 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo negando o direito ao crédito do IRRF recolhido a ser compensado com outro tributo administrado pela Receita Federal. De acordo com o despacho decisório, o pagamento indicado não possui saldo disponível para compensação, visto que foi integralmente utilizado para quitação de débitos da contribuinte. O contribuinte alega que efetuou a retenção de forma equivocada de IRRF sobre operações de ganho de capital em operação de compra e venda em bolsa de valores pois considerou diversas empresas investidoras não residentes e situadas em países com tributação favorecida (paraíso fiscal). Aduz que houve erro, pois de acordo com a IN 188/02 as empresas situadas em Luxemburgo que não sejam constituídas na forma de Holding Company não estão sujeitas a retenção do IRRF e, portanto o pagamento do tributo foi compensado. A Delegacia da Receita de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade do contribuinte sob o fundamento em síntese de falta de comprovação dos documentos societários constitutivos da empresa investidora para não ter o tratamento de holding company na forma da legislação luxemburguesa, sendo que considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário para este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. Neste colegiado, o processo em análise compôs lote sorteado em sessão pública para este Conselheiro. É o que havia para ser relatado." Fl. 141DF CARF MF Processo nº 16327.904482/200891 Acórdão n.º 2201004.904 S2C2T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2201004.880, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 16327.904487/200814, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2201004.880, de 17 de janeiro de 2019 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária: "Acórdão nº 2201004.880 2ª Câmara/1ª Turma Ordinária O recurso preenche os requisitos de admissibilidade e, portanto, o conheço. Tratase de recurso voluntário apresentado em face da decisão de primeiro grau que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo mantendo integralmente os termos do despacho decisório que não homologou o crédito de IRRF para compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal do Brasil. No presente recurso o contribuinte questiona além do fato de existir provas de que a empresa investidora não era à época dos fatos holding company para se inserir na regra de retenção do IRRF, argumenta também sobre a existência de erro de fato. Contudo não foi enfrentada no acórdão da decisão da DRJ e não dedicada nem uma só linha sequer sobre o assunto do erro de fato muito embora seja ela essencial ao deslinde desta lide administrativa e tenha constado na manifestação de inconformidade do contribuinte. O contribuinte destaca em seu recurso e na manifestação de inconformidade tanto o tema quanto a ocorrência de erro de fato quanto a questão da comprovação da natureza societária em Luxemburgo da empresa investidora. Contudo, pela análise da decisão de piso, verifico que apenas a questão sobre a natureza societária da empresa investidora, no caso a comprovação se era a época dos fatos, holding company, foi objeto de decisão de primeiro grau, deixando a C. Turma do colegiado a quo de se manifestar em relação a questão do erro de fato, que foi objeto de capítulo exclusivo na manifestação de inconformidade do contribuinte. Portanto, nesse caso, de ofício e de forma preliminar entendo que para evitar supressão de instância devido ao fato da DRJ não ter analisado essa questão quanto ao erro de fato, levantada pelo contribuinte desde a manifestação de inconformidade e também em recurso voluntário, entendo que houve preterição ao direito de defesa de acordo com art. 59, II do Decreto 70.235/72 devendo ser anulada a r. decisão recorrida para que a DRJ a analise, ressalvado ao Fl. 142DF CARF MF Processo nº 16327.904482/200891 Acórdão n.º 2201004.904 S2C2T1 Fl. 5 4 contribuinte, posteriormente o recurso em relação aos demais itens não abordados nessa decisão. Com efeito, os demais argumentos trazidos no recurso ficam prejudicados quanto a sua análise em vista das razões acima, sendo que ficam ressalvados em caso de necessidade de posterior análise após nova decisão da DRJ. Conclusão Diante do exposto, conheço e DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reconhecer de ofício a nulidade da decisão de primeira instância administrativa, por cerceamento do direito de defesa, e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo." Diante do exposto, conheço e DOU PROVIMENTO AO RECURSO para reconhecer de ofício a nulidade da decisão de primeira instância administrativa, por cerceamento do direito de defesa, e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para que emita nova decisão, oportunidade em que todos os temas tratados na impugnação deverão ser analisados pelo colegiado administrativo. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Fl. 143DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13921.000001/2009-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE.
A apresentação de recibos que atendam aos requisitos formais previstos na legislação tributária, embora seja condição de dedutibilidade de despesa, não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e de seu pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa.
Numero da decisão: 9202-007.797
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para restabelecer a glosa de R$ 6.404,00, a título de despesas médicas. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006 DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE. A apresentação de recibos que atendam aos requisitos formais previstos na legislação tributária, embora seja condição de dedutibilidade de despesa, não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e de seu pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para restabelecer a glosa de R$ 6.404,00, a título de despesas médicas. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício).
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DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. APRESENTAÇÃO DE RECIBOS. SOLICITAÇÃO DE ELEMENTOS DE PROVA ADICIONAIS. POSSIBILIDADE. A apresentação de recibos que atendam aos requisitos formais previstos na legislação tributária, embora seja condição de dedutibilidade de despesa, não exclui a possibilidade de exigência de elementos comprobatórios adicionais, tais como provas da efetiva prestação do serviço e de seu pagamento. Não comprovada a efetividade do serviço, tampouco o pagamento da despesa, há que ser restabelecida a respectiva glosa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para restabelecer a glosa de R$ 6.404,00, a título de despesas médicas. Votaram pelas conclusões as conselheiras Patrícia da Silva e Ana Paula Fernandes. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em Exercício e Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Mário Pereira de Pinho Filho, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Miriam Denise Xavier (suplente convocada), Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Maria Helena Cotta Cardozo (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 92 1. 00 00 01 /2 00 9- 51 Fl. 89DF CARF MF 2 Relatório O presente processo trata de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física do exercício de 2007, anocalendário de 2006, acrescido de juros de mora e multa de ofício no percentual de 75%, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de despesas médicas no total de R$ 19.103,96; dedução indevida de previdência privada (FAPI); e compensação indevida de carnêleão. A exigência foi mantida em Primeira Instância. Inconformada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, visando rever glosas de despesas médicas que totalizariam R$ 8.344,31, relativos aos seguintes destinatários: Marco Antonio Demite (R$ 182,00); Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (R$ 1.758,31); e Vanessa Cristina D'Agostini (R$ 6.404,00). Em sessão plenária de 18/04/2018, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2001000.381 (efls. 43 a 54), assim ementado: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2006 DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. A ausência de elementos que indique a falsidade ou incorreção dos recibos os torna válidos para comprovar as despesas médicas incorridas." A decisão foi assim registrada: “Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro José Ricardo Moreira, que lhe negou provimento." O processo foi encaminhado à PGFN em 14/06/2018 (Despacho de Encaminhamento de efls. 55) e, em 15/06/2018, foi interposto o Recurso Especial de efls. 56 a 64 (Despacho de Encaminhamento de efls. 65), com fundamento no art. 67, do Anexo II, do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, visando rediscutir o critério de comprovação de despesas médicas. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 29/06/2018 (efls. 68 a 71). Em seu apelo, a Fazenda Nacional apresenta as seguintes alegações: Fl. 90DF CARF MF Processo nº 13921.000001/200951 Acórdão n.º 9202007.797 CSRFT2 Fl. 90 3 não obstante, a princípio, admitamse recibos, para fins de deduções é possível a exigência, pelo Fisco, de documentos adicionais para a comprovação da efetividade do tratamento e do real desembolso pelo Contribuinte (ônus a cargo deste), sem os quais o recibo não é bastante para justificar o abatimento; tal linha de raciocínio encontrase colmatada pela jurisprudência administrativa, assente na necessidade de demonstração da efetiva prestação dos serviços médicos e do real dispêndio do Contribuinte, para fins de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda; tratase de situação diferenciada, em que a autoridade fiscal trouxe aos autos razões para a exigência de comprovação do efetivo pagamento; todavia, não obstante a intimação específica e fundamentada para tanto, a Contribuinte deixou de apresentar a prova necessária; não obstante os indícios constantes dos autos, o julgado recorrido entendeu que a mera apresentação de recibos é suficiente para afastar a glosa das despesas, desacompanhada de qualquer prova documental idônea do efetivo desembolso. Ao final, a Fazenda Nacional requer seja conhecido e provido o Recurso Especial, reformandose a decisão recorrida. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 05/07/2018 (Termo de Ciência de efls. 75/76), a Contribuinte ofereceu, em 16/07/2018 (carimbo de efls. 77), as Contrarrazões de efls. 77 a 83, contendo os seguintes argumentos: a jurisprudência dos Tribunais Regionais Federais indica que, embora seja ônus do Contribuinte fazer prova do pagamento, uma vez apresentados recibos regulares de prestadores de serviços na área da saúde, incumbe ao Fisco demonstrar, ao menos, elementos que coloquem em cheque a veracidade das informações lançadas; a recusa dos recibos pelo Fisco não pode vir desatrelada de justificativa séria, afirmada com base em indícios manifestos de vícios nos documentos; conforme disposto expressamente pelo artigo 8o, § 2o, III, da Lei n° 9.250, de 1995, o pagamento das despesas dedutíveis pode ser feito mediante apresentação de cheque nominal, quando o Contribuinte não dispuser da documentação mencionada no mesmo inciso (com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu); dito de outro modo, a prova do pagamento é uma alternativa ao Contribuinte, não podendo ser exigida de forma simultânea ao recibo; destaquese que o Fisco não produziu qualquer prova de fraude da Contribuinte, ônus que lhe incumbia para não aceitar a prova constituída pelos recibos, limitandose a sustentar suas razões com base em alegações genéricas, as quais não merecem acolhimento; Fl. 91DF CARF MF 4 reforçase que, diante da farta jurisprudência que reitera a conclusão defendida nestas Contrarrazões, eventual divergência entre Turmas deve ser expurgada, sob pena de fomentar a insegurança jurídica do contribuinte e desrespeitar o princípio da isonomia. Ao final, a Contribuinte pede que seja negado provimento ao recurso, mantendose o acórdão recorrido. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase de exigência de Imposto de Renda Pessoa Física, tendo em vista dedução indevida de previdência privada (FAPI), compensação indevida de carnêleão e glosas de despesas médicas, referentes ao anocalendário de 2006. No acórdão recorrido, acolheuse o total de R$ R$ 8.344,31, pleiteado em sede de Recurso Voluntário a título de restabelecimento de despesas médicas que teriam sido glosadas. A Contribuinte assim especificou os valores e destinatários, em seu Recurso Voluntário: Marco Antonio Demite (R$ 182,00); Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (R$ 1.758,31); e Vanessa Cristina D'Agostini (R$ 6.404,00). De plano, esclareçase que não houve glosa relativamente ao valor de R$ 182,00, pago ao profissional Marco Antonio Demite, conforme a Notificação de Lançamento (Complementação da Descrição dos Fatos fls. 10/11) e o esclarecimento constante da decisão de Primeira Instância, que assim registrou: "Em relaçäo ao pagamento de R$ 182,00 declarado como despesa médica paga ao profissional Marco Antonio Demite, CPF: 884.278.89968, não houve glosa, sendo assim, tal despesa foi acatada pela autoridade notificante, por conseguinte, não se instaurou litígio referente a este pagamento." Da mesma forma, constatase na Notificação de Lançamento/Complementação da Descrição dos Fatos (fls. 10/11) que não houve glosa do valor pago à Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, no valor de R$ 1.758,31. Assim, do total pleiteado em sede de Recurso Voluntário, apenas o valor de R$ 6.404,00, relativo à Fisioterapeuta Vanessa Cristina D'Agostini, correspondeu efetivamente a glosa levada a cabo pela Fiscalização. No acórdão recorrido, dita dedução foi restabelecida, ao fundamento de que os recibos seriam suficientes, à míngua de indícios que desabonassem os aludidos documentos. A Fazenda Nacional, por sua vez, pede que sejam restabelecidas as glosas, vez que, em face de Fl. 92DF CARF MF Processo nº 13921.000001/200951 Acórdão n.º 9202007.797 CSRFT2 Fl. 91 5 dúvidas levantadas pela Fiscalização, os recibos apresentados não seriam suficientes, sendo necessária a comprovação da efetividade do serviço ou a prova do respectivo pagamento. A matéria não é nova neste Colegiado e já foi objeto de inúmeros julgados, dentre os quais destacase o Acórdão nº 9202005.461, de 24/05/2017, da lavra do Ilustre Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos, cujos fundamentos ora adoto e colaciono como minhas razões de decidir: "Acerca do assunto, entendo que as despesas médicas dedutíveis da base de cálculo do imposto de renda restringemse aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes, e se limitam, sim, a serviços comprovadamente realizados quando objeto de indagação pela autoridade fiscal, a partir de dúvida razoável, bem como a pagamentos especificados e comprovados. Nesse sentido, é oportuno, conferir o estabelecido na Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que traz essas condições para dedução desse tipo de despesa: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: (...). II das deduções relativas: a) aos pagamentos efetuados, no ano calendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias; (...). § 2º O disposto na alínea “a” do inciso II: (...). II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Geral de Contribuintes CGC de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; Complementando a necessidade dessa comprovação, o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, Regulamento do Imposto de Renda, RIR/1999, em seu art. 73, dispõe que (a) as deduções estão sujeitas à comprovação e (b) deduções exageradas poderão ser glosadas inclusive sem audiência do contribuinte, conforme a seguir reproduzido: Art.73. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, §3º). Fl. 93DF CARF MF 6 §1º Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (Decreto lei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4º). Por certo, a legislação, em regra, estabelece a apresentação de recibos como forma de comprovação das despesas médicas, a teor do que dispõe o art. 80, § 1º, III, do RIR/1999, mas não restringe a ação fiscal apenas a esse exame. Em uma visão sistêmica da legislação tributária, verificase, inclusive, que a indicação do cheque nominativo, apesar de conter muito menos informação que o recibo, é também eleito como meio de prova, evidenciando a força probante da efetiva comprovação do pagamento. Portanto, em vista do exposto, podemos concluir que a dedução de despesas médicas na declaração do contribuinte está, sim, condicionada ao preenchimento de alguns requisitos legais: (a) a prestação de serviço tendo como beneficiário o declarante ou seu dependente, e (b) que o pagamento tenha se realizado pelo próprio contribuinte. Todavia, havendo qualquer dúvida em um desses requisitos, é não só direito mas também dever da Fiscalização exigir provas adicionais ou da efetividade do serviço, e/ou do beneficiário deste e/ou do pagamento efetuado. E é dever do contribuinte apresentar comprovação ou justificação idônea no caso de tal exigência, sob pena de ter suas deduções não admitidas pela autoridade fiscal. Entendo que a conclusão acima esteja alicerçada no art. 73 do RIR/99, já transcrito." No presente caso, as despesas médicas relativas à profissional Vanessa Cristina D'Agostini, no total de R$ 6.404,00, foram glosadas em face do seguinte contexto, levantado pela Fiscalização: 2 A contribuinte informou pagamento de despesas para VANESSA CRISTINA DAGOSTINI, CPF 839.813.65968, no valor de RS 6.404,00, e como comprovação apresentou 13 (treze) recibos nos valores de RS 1.160,00, datado de 10/01/2006, de numeração 109; RS 1.164,00, datado de 21/02/2006, de numeração 110; RS 77,00, datado de 21/03/2006, de numeração 111; RS 200,00, datado de 28/04/2006, de numeração 067; RS 339,00, datado de 24/05/2005, de numeração 070; RS 450,00, datado de 15/06/2006 (foi feriado de CORPUS CHRISTI), de numeração 072; RS 64,00, datado de 27/06/2006, de numeração 112; R$ 450,00, datado de 30/06/2006, de numeração 073; RS 789,00, datado de 25/07/2006, de numeração 113; RS 59,00, datado de 22/08/2006, com numeração 114; RS 714,00, datado de 27/09/2006, de numeração 115; RS 244,00, datado de 31/10/2006, com numeração 116; e RS 694,00, datado de 28/11/2006, de numeração 117. Além da numeração seguida dos recibos, essa profissional é filha da contribuinte. Em vista dos fatos apontados e da falta de comprovação dos desembolsos dos pagamentos referentes a essas despesas, devidamente solicitados por Termo de Intimação Complementar, deve ser glosado o valor total declarado, R$ 6.404,00. (...) Fl. 94DF CARF MF Processo nº 13921.000001/200951 Acórdão n.º 9202007.797 CSRFT2 Fl. 92 7 OBS.: A contribuinte tem Plano de Saúde da CASSI Caixa de Assistência dos funcionários do Banco do Brasil." (grifei) Assim, no contexto levantado pela Fiscalização, a aceitação destas despesas somente seria possível mediante a apresentação de elementos de prova adicionais, o que não foi aportado aos autos. Incabível, portanto, a dedução de despesas médicas, quando as respectivas provas não logram o convencimento acerca da efetiva prestação do serviço, tampouco do pagamento correspondente. Com efeito, a apresentação tão somente de recibos, no presente caso, é insuficiente para suprir a não comprovação dos correspondentes pagamentos. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, restabelecendo a glosa de R$ 6.404,00, a título de despesas médicas, ressaltando que a diferença objeto do provimento no acórdão recorrido, no valor de R$ 1.940,31 (R$ 182,00 + R$ 1.758,31), sequer fora objeto de glosa. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 95DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.000211/2003-21
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Apr 28 00:00:00 UTC 2010
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COFINS
Período de apuração: 31/01/1994 a 3.1/03/1994
COFINS e PIS. DECADÊNCIA.
O prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir crédito tributário é de cinco anos, nos termos do § 4° do art 150 do CTN, no caso de haver antecipação de pagamento por parte do sujeito passivo.
Recurso Especial do Contribuinte :Provido.
Numero da decisão: 9303-000.956
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade dc votos, em dar provimento ao recurso especial.
Nome do relator: Carlos Alberto Freitas Barreto
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Interessado FAZENDA NACIONA1, ASSIJNIO: CON IRIBUIC,A0 PARA O I INANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL - COHNS Período de apurac',Io: 31/01/1994 a 3.1/03/1994 COF1NS e PIS. DECADÊNCIA. O prazo decadencial para a Fazenda Pública constituir crédito tributário é de cinco anos, nos termos do § 4° do art 150 do CEN, no caso de haver antecipacao dc pagamento por parte do sujei to passivo. Recurso Especial do Contribuinte :Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade dc votos, em dar provimento ao recurso especial. Carlos Al NerD I reitas Barrel - Presidente e Relator EDITA DO EM: 04101/2011 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Nanci Gama, Judith do Amaral Marcondes Armando, Rodrigo Cardozo Miranda, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Leonardo Siade Manzan, Rodrigo da Costa Pôssas, Maria Teresa Martinez LOpez, Susy Comes I Ioffmann. e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório A matéria devolvida a este Colegiado cinge-se ao prazo decadencial para se constituir crédito das contribuições - sociais, na hipótese de existência de antecipaciio de pagameato do tu hub devido.. 0 julgamento deste recurso tem como paradigma o Recurso n" 230.135, julgado na sess?io itnediatamente anterior a esta, sendo-lhe aplicada mesma tese daquele julgado, nos termos do art 47 do Anexo H do Regi nento -Intern° do CAR F, aprovado pela. Portaria MF n0 256, de 22 de junho de.2009,. Ern apertada snit ese, é o relatório Voto Conselheiro Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator 0 recurso merece ser conhecido por ser tempestivo e atendei aos pressupostos regimentais de admissibilidade.. A teor do relatado, a questao devolvida a este Colegiado cinge-se elfl decidir se se aplica o prazo decenal do art 45 da Lei n" 8.212/1991, on os chic° anos do CTN, e ainda, o termo mci ai da contagem. Este voto segue as disposições do § 2 0, in line, do art. 47 do Anexo II do Regiment.° Interno do CAR F, aprovado .pela Portaria WIF n" 256, de 22 de junho de 2009. Para tanto, adoto a tese do julgamento do Recurso n" 230 135. matéria trazida a debate giro em torno de ye decidir se se aplica o prazo decenal do Oil 45 da Lei a" 8 212, de 1991, ou as cinco (trios do CTN, e ainda o termo inicial contagem. No tocante à duração do prazo, a questão fo i apaseentada na Jam isprudência deste com a edtção da StanalaVinculante n" 8, do Supremo Tribunal Federal, que declarou a ineonstitucionalidade do art 45 da Lei n" 8.212/1991. Com isso, o prazo de decadência de todos as tributos é de 5 ano.s, nos termay preconizados no (.-IN Resta, então, deeidir quid 0 term° de inicio, se o da data de ocorrência do Jato gerador 4" do art 150 do CLN- - ou se o do primeiro dia do ex.ercicio se,guinte, nos termos do inciso 1 do Código Tributario Nacional ConfOrme verificra do .s autos, a autuaçáo deveu-se a diferenças havida s entre os »a/ores pagos e ou/tos encontrados nas DCTF, quando comparmio.s corn Os constantes na DIPI e nos. livro.s contabeisisto ê, houve pagamento Superada está a possibihdade de aphcat 0 art 45, acima referido, uma liez que a Súmula n" 8 do SiF afisiort a norma nele eonlida do ordenamento tribulario, por inconstitucional 2 Pr cesso 11 0 3 5 19. ((5)2 1 1 /2(103-2 1 CSRIL 13 Accialao n." 9303-00.956 1 . 1 484 Pas- samos então c`t aprociação do dia a partir do 41001 deve set- contado o prazo decad.encial. ii posição, &versos 1-'eZe8 expressada, e> de quo tributos stqc4tos ao lançarneruo por hcnvologação constituent modalidacle de atividade mista, fisco/contrihuinte, como meio de facilitação da formalização e do cumprimento da obrigação ttibutaria. O contribuinte faz as c:onlas e paga, quando for o caso, e o auditor - fiscal analisa a atividade como inn todo, homologando OH 1-00 o pogaineíilo assim O contendo da norma inserita no art. 150, -1" Vciamos. Art. 1 50. 0 laneamento por homologaçao, que ocorie quanto aos tributos cuja legislaeao anibua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento prévio exame da autoridade adinittistrativa, opera-sc pelo ato ern que a referida autoridade, tomando conheci incuto da atividade assim cxercida pelo obrigado, expressamente, a homologa. § zr Se a lei nao ti xat . prazo a hoinologaçao, sera ele de cinco anos, a eantar da ocorarncia do fato gel ador; expirado esse prazo sem que a Fazeirda Pública se, tenha pionuneiado, considera-se homologado o laneamento e dermitivamente extinto o crédito, salvo se compiovada a ocorrência de dolo, fraude ou De outro lado, nos lei no.s do at t. 142 do CTN, a atividade de lançamento(-"!. privativa da abdOt idade administrativa. Art. 142. Compete privativamente ii autoridade administrativa constituir o crédito tributLio pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do tat° gerador da obrigaso correspondente, deteral 111M . a mater ia iributavel, calculai o mot-Annie do tributo devido, identi bear o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplieaçao da penalidade cabível. Patúgratb itnico. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, soh pena dc responsabilidade füncional. Assint, definido que O lançamento é atividade privativa vinculada da autoridade tributaria, penso clue 0 legislador - desejou informar norma contact no art. 150 do (.7.N, a possibilidade de, posteriormente à atividado de organização das contas pelo contribuintc, a luz de sua intoprotação da.s normas legais (interpretação contribuinte.), fazer coin que a atividade de lançamento, privativa do auditor fiscal, e normaltnento jliéiYja ao pagamento, s.e..ja posterior (10 mesmo, no momento em quo a (tutor idade tributária alOrc:' a eorreção do procedimento desenvolvido pelo contribuinte • • suas comas ., I (Times, atividades, e ludo 0 mais que constitui a fOrmação do lançamento, e homologa ou não o pagamento oferecido antecipadamente, no ex-ereicio da atividade de fisealização. 3 Como )0.Iis so , estamos dia nte dc norma simplilicadora (la atividade dr) c do coml. - lbw-me, tam que, eApitados os elm :0 Onos .sem que a Fazenda PUblica se te!nha prontinciado, presume-se cotrela (1. al ividade, horn010,5a-se 0 [Argument° e cons- Wm (1- SC dCl(nitivamente extinta 0 01)1 .i,,,,:aeao °cone (me 0 pagamento antecipado, nao 1/0117 acompanhado do memorial contendo a contabilidade da empresa, e outras infOrmacões quo podem ,50eorrer o agento pUblico na hora de lii OCC'dCI O lancomento. De outro 10(10, 0 pagamento antecipado noticia CIO 1)1500 ocomMcia de um lato goad°, de obrigacao tributdria, e clue o crédito tributdrio, dela decorrente, estd a espera fOrmalizaçao por meio de um ato administrativo Ne.s.se caw, entondon 0 legi.51ador que o Erse° dispde de 5 anos, contadoN da oco; /70(10 do fato gerador para formalizar o lançamento ou homologür o pagamento eti':Inodo, .5e tido 0 . 11zor, 1105 SC prazo con5idera-.5e homologada a anteeipaçao realizada pelo suleito passivo, e detinitivamente extinto o ciédito tr ibuldrio Situacao diftrente d aquela cm que 0 strjoito pasAivo 11d0 antecipct o pagamento do tributo devido Ale5te caso, nay Jui falar-se cm homologoedo Corn is5o, o prazo doeadencial tem como mare() inicial 0 pitmen .° dia do exacieto seguinte dquele que o limo:anent() fd poderia ter 5ido qlentado, conlbraw di sposicao eApres. sa, do ai t 1 73, 11 I11 50 1, d0 CTAr iVo cosy do.s autos., houve antecipacao do pagamento, nao ficou constatado 5inutlacao, fia tido out dolo /1.5.5int, o termo O do art I. 50, do (71'N, Com essas considerayôes, vo ) no sentido de dar provimento ao recurs() apresentado pelo sujeito passivo. Carlos Mix; ( retas Barret 4
score : 1.0
Numero do processo: 10640.901275/2015-75
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE APRESENTADA TEMPESTIVAMENTE, POR VIA POSTAL, DEVIDAMENTE RECEPCIONADA NOS AUTOS. DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE JULGAR SEU MÉRITO.
Em caso de ser apresentada manifestação de inconformidade, de forma tempestiva e regular, por via postal, devidamente recepcionada pela unidade da Administração Tributária, é dever da Administração apreciar suas razões e seu mérito, emitindo decisão fundamentada.
Numero da decisão: 3301-005.982
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, .por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e a realização de um novo julgamento enfrentando o mérito.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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DEVER DA ADMINISTRAÇÃO DE JULGAR SEU MÉRITO. Em caso de ser apresentada manifestação de inconformidade, de forma tempestiva e regular, por via postal, devidamente recepcionada pela unidade da Administração Tributária, é dever da Administração apreciar suas razões e seu mérito, emitindo decisão fundamentada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, .por unanimidade de votos, dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e a realização de um novo julgamento enfrentando o mérito. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira (Presidente), Liziane Angelotti Meira, Marcelo da Costa Marques D'Oliveira, Salvador Cândido Brandão Junior, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen, Marco Antonio Nunes Marinho e Ari Vendramini. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 64 0. 90 12 75 /2 01 5- 75 Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10640.901275/201575 Acórdão n.º 3301005.982 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Tratam estes autos de análise de Pedido Eletrônico de Ressarcimento – PER, de créditos de PIS, cujo pleito não foi integralmente reconhecido, consoante Despacho Decisório carreado aos autos. A requerente foi cientificada do Despacho Decisório, e apresentou manifestação de inconformidade, via postal. Em função de tal apresentação de manifestação da requerente, por via postal, a Agência da Receita Federal em Cataguases/MG enviou Ofício, ao requerente, onde se comunicava que : 2. Cumpre esclarecer que a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013 em seu artigo 2º, §1º, com redação dada pela Instrução Normativa RFB nº 1.629/2016, estabelece que “as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, a entrega de documentos será realizada obrigatoriamente no formato digital”. A citada Instrução Normativa estabelece ainda as peculiaridades e procedimentos necessários para se efetivar a apresentação das manifestações de inconformidade em cada processo digital. 3. Diante do exposto, tendo em vista que a apresentação de documentação pelos correios foi realizada em desacordo com o que determina a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013, não será dado conhecimento aos protocolos apresentados e os Despachos Decisórios exarados em cada processo serão considerados como não questionados. 4. Por último cumpre esclarecer que a empresa pode, ainda que intempestivamente, fazer a apresentação dos questionamentos digitalmente na forma da Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013. Em caso de discordância quanto à intempestividade, a empresa pode fazer as alegações preliminares que entender cabíveis. A requerente teve ciência deste Ofício, por acesso á sua caixa postal eletrônica,. Em resposta, a requerente apresentou sua Manifestação de Inconformidade por via eletrônica, acompanhada de Declaração de Tempestividade, nos seguintes termos: ' o contribuinte acima identificado vem solicitar a recepção pela Receita Federal da Manifestação de Inconformidade na forma digital (...), uma vez que a mesma fora encaminhada fisicamente pelos correios, tempestivamente, em face da autorização que consta no Ato Declaratório Normativo COSIT nº 19/1997. Desta forma, ciente que apresentou sua irresignação tempestivamente, e considerando que eventual vício de forma não pode mitigar seu direito constitucional de petição e de ampla defesa, direito material, mormente ao considerarmos o princípio do formalismo moderado que rege o processo administrativo fiscal, roga pela recepção e regular processamento da Manifestação de Inconformidade em epígrafe.” Diante destes documentos, a Agência da Receita Federal em Cataguases/MG encaminhou os autos á DRJ/FUIZ DE FORA com o seguinte despacho : “O contribuinte inicialmente apresentou Manifestação de Inconformidade pelos correios dentro do prazo legal porém Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10640.901275/201575 Acórdão n.º 3301005.982 S3C3T1 Fl. 4 3 em desacordo com o que determina a IN 1.412/2013. Em seguida a empresa foi instada a apresentar o questionamento da forma como é determinada a legislação, o que ocorreu intempestivamente. Em seu protocolo porém a empresa alega preliminarmente a tempestividade da Manifestação de Inconformidade. Diante do exposto encaminho o presente processo à SECOJ/DRJ/JFA/MG para apreciação das preliminares, e julgamento se for o caso.” A DRJ/JUIZ DE FORA exarou o Acórdão de nº 09064.389, que julgou intempestiva a manifestação de inconformidade apresentada, mantendo o entendimento da unidade de origem. Irresignado, o requerente apresentou recurso voluntário, dirigido a este CARF, onde, em síntese, contesta a declarada intempestividade da manifestação de inconformidade, alegando : a Recorrente não pode concordar com o acórdão recorrido, o qual não conheceu da Manifestação de Inconformidade por entender ter sido a mesma apresentada intempestivamente. A autoridade preparadora, que detém competência legal para a instrução do processo, por sua vez acolheu a juntada digital dos documentos e enviou os autos para a Delegacia de Julgamento. entende a Recorrente que a tempestividade de sua Manifestação de Inconformidade é evidente, principalmente por conta das peculiaridades acerca da intimação que recebeu – sem instruções alguma sobre apresentação “eletrônica” da mesma confia e espera a Recorrente, lastreada na proficiência dos membros deste I. Órgão Judicante, na anulação da decisão que não conheceu de impugnação regularmente interposta, com a expressa determinação para que a Delegacia de Julgamento profira decisão de mérito sobre a irresignação tempestivamente ofertada, É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.974, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10640.901267/201529, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.974): "13 A questão central destes autos está centrada na tempestividade ou não da manifestação de inconformidade Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10640.901275/201575 Acórdão n.º 3301005.982 S3C3T1 Fl. 5 4 apresentada, que restou não conhecida pela decisão de piso. 14. Entretanto, a principal questão a ser enfrentada é a recepção de documento não entregue por meio digital, carreado aos autos como documento válido, pois que no momento de sua inclusão nos autos, devidamente numerado, tornouse documento devidamente recepcionado pela Administração Tributária. 15. O próprio julgador da DRJ enfrentou o problema ao afirmar “ Registro, de plano, que reputo correta a informação contida no ofício expedido pelo titular da ARF Cataguases quando vem dizendo que "tendo em vista que a apresentação de documentação pelos correios foi realizada em desacordo com o que determina a Instrução Normativa RFB nº 1.412/2013, não será dado conhecimento aos protocolos apresentados e os Despachos Decisórios exarados em cada processo serão considerados como não questionados". Diante desse quadro, devo registrar que a ação, do mesmo servidor, de juntar ao processo os documentos dos quais informara que não tomaria conhecimento colide frontalmente com o disposto no diploma regulador e com a própria conclusão estampada no ofício. Ora, não se junta ao processo documento do qual não se toma conhecimento, devolvese o documento ao remetente para que este tome a atitude que entender mais adequada ao resguardo do seu direito. Temos então os seguintes fatos: a ciência do Despacho Decisório se deu em 22/06/2016; a postagem da Manifestação de Inconformidade se deu em 22/07/2016 e a apresentação, da mesma peça de defesa, na forma preconizada pela Instrução Normativa RFB n° 1.412/2013 se deu em 17/11/2016. Lembrando que esta última somente foi apresentada após a recepção do ofício expedido pelo titular da Agência da RFB em Cataguases, fato que nos permite concluir que o procurador da requerente ignorava a regra que estabelecia que a apresentação da manifestação de inconformidade deveria ser por meio eletrônico (digital). “ 12. Correto o julgador ao afirmar que não se junta ao processo documento do qual n~çao se toma conhecimento, devolvese o documento ao remetente para que este tome a titude que entender mais adequada ao resguardo do seu direito. 13. Entretanto, a contrario sensu, o documento foi efetivamente recepcionado e consta presente nos autos, e mais, foi entregue, mesmo que por via postal, tempestivamente, o que garante ao requerente que o documento seja analisado in totum. Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10640.901275/201575 Acórdão n.º 3301005.982 S3C3T1 Fl. 6 5 14. Verificase, também, que, após a ciência do ofício emitido pela Agência da Receita Federal, a impugnante apresentou o mesmo documento, e seira claramente intempestivo, pois o ofício que comunicou a não aceitação da manifestação de inconformidade foi enviado após o transcurso de prazo legal para a apresentação da citada manifestação. 15. Desta forma, temos que o impugnante teve conhecimento do Despacho Decisório em 04/07/2016, apresentou manifestação de inconformidade em 03/08/2016, portanto tempestivamente, recebeu um ofício da Administração Tributária em 13/10/2016, comunicando lhe que não seria aceita sua manifestação de inconformidade pois que não entregue em meio digital, contrariando regra normativa em vigor e que poderia ser providenciada a apresentação, mesmo que intempestivamente, da manifestação de inconformidade, de forma digital de acordo com o ato normativo. Foi o que a impugnante fez. Apresentou sua manifestação de inconformidade, de forma digital, em 16/11/2016, intempestivamente, que não foi conhecida pela Delegacia de Julgamento, pelo mesmo motivo, intempestividade 16. Diante destes fatos, entendemos que dois fatos são extremamente relevantes para o deslinde da questão : um a juntada aos autos de documento que declaradamente foi considerado não recepcionado, dois a informação dada ao impugnante, de que poderia ser apresentada mesmo que intempestivamente a manifestação de inconformidade. 17. Estes dois fatos analisados conjuntamente trazem a convicção de que houve ferimento ao Princípio Constitucional do Contraditório e da Ampla Defesa, insculpido no inciso LV da Constituição Federal de 1988, que estabelece ; LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 18. O princípio do contraditório é inerente ao direito de defesa, é decorrente da bilateralidade do processo: quando uma das partes alega alguma coisa, há que ser ouvida a outra, dandolhe oportunidade de resposta. 19. Eivada, portanto, de nulidade a decisão de piso, pois que feriu o direito de defesa do impugnante ao não conhecer da manifestação de inconformidade, constante dos autos, devidamente recepcionada tempestivamente, Fl. 186DF CARF MF Processo nº 10640.901275/201575 Acórdão n.º 3301005.982 S3C3T1 Fl. 7 6 incidindo no disposto no inciso II do artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. 19. Portanto, diante de todo o exposto, entendemos que deva ser analisada a manifestação de inconformidade apresentada, pois que tempestiva. Conclusão 20. Neste norte, voto pela nulidade do Acórdão DRJ, devendo ser os autos devolvidos á DRJ/JUIZ DE FORA para que emita novo Acórdão, analisando a manifestação de inconformidade apresentada, decidindo seu mérito." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar parcial provimento ao recurso voluntário, para anular a decisão da DRJ e determinar a realização de um novo julgamento, enfrentando o mérito. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 187DF CARF MF
score : 1.0