Busca Facetada
Turma- Terceira Câmara (28,956)
- Segunda Câmara (27,777)
- Primeira Câmara (25,077)
- Segunda Turma Ordinária d (16,617)
- 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (15,676)
- Primeira Turma Ordinária (15,290)
- Segunda Turma Ordinária d (15,236)
- Primeira Turma Ordinária (15,176)
- Primeira Turma Ordinária (15,074)
- Segunda Turma Ordinária d (13,812)
- Primeira Turma Ordinária (12,696)
- Primeira Turma Ordinária (11,772)
- Segunda Turma Ordinária d (11,736)
- Quarta Câmara (11,510)
- 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR (11,138)
- Quarta Câmara (81,592)
- Terceira Câmara (63,342)
- Segunda Câmara (51,084)
- Primeira Câmara (16,374)
- 3ª SEÇÃO (15,676)
- 2ª SEÇÃO (11,138)
- 1ª SEÇÃO (6,653)
- Pleno (786)
- Sexta Câmara (302)
- Sétima Câmara (172)
- Quinta Câmara (133)
- Oitava Câmara (123)
- Terceira Seção De Julgame (115,596)
- Segunda Seção de Julgamen (108,503)
- Primeira Seção de Julgame (71,208)
- Primeiro Conselho de Cont (49,037)
- Segundo Conselho de Contr (48,658)
- Câmara Superior de Recurs (37,061)
- Terceiro Conselho de Cont (25,921)
- IPI- processos NT - ressa (4,985)
- Outros imposto e contrib (4,458)
- PIS - ação fiscal (todas) (4,038)
- IRPF- auto de infração el (3,972)
- PIS - proc. que não vers (3,957)
- IRPJ - AF - lucro real (e (3,943)
- Cofins - ação fiscal (tod (3,839)
- Simples- proc. que não ve (3,681)
- IRPF- ação fiscal - Dep.B (3,040)
- IPI- processos NT- créd.p (2,235)
- IRPF- ação fiscal - omis. (2,215)
- Cofins- proc. que não ver (2,098)
- IRPJ - restituição e comp (2,087)
- Finsocial -proc. que não (1,996)
- IRPF- restituição - rendi (1,990)
- Não Informado (56,821)
- GILSON MACEDO ROSENBURG F (4,955)
- RODRIGO DA COSTA POSSAS (4,442)
- WINDERLEY MORAIS PEREIRA (4,269)
- CLAUDIA CRISTINA NOIRA PA (4,256)
- PEDRO SOUSA BISPO (3,298)
- CHARLES MAYER DE CASTRO S (3,219)
- HELCIO LAFETA REIS (3,195)
- ROSALDO TREVISAN (3,165)
- MARCOS ROBERTO DA SILVA (3,146)
- Não se aplica (2,782)
- LIZIANE ANGELOTTI MEIRA (2,594)
- HONORIO ALBUQUERQUE DE BR (2,474)
- WILDERSON BOTTO (2,439)
- PAULO GUILHERME DEROULEDE (2,339)
- 2020 (41,074)
- 2021 (35,801)
- 2019 (30,945)
- 2018 (26,036)
- 2024 (25,845)
- 2012 (23,620)
- 2023 (22,452)
- 2014 (22,372)
- 2013 (21,085)
- 2011 (20,979)
- 2010 (18,057)
- 2008 (17,072)
- 2017 (16,838)
- 2009 (15,828)
- 2006 (15,270)
- 2009 (69,607)
- 2020 (39,854)
- 2021 (34,153)
- 2019 (30,464)
- 2023 (25,918)
- 2024 (23,874)
- 2014 (23,412)
- 2018 (23,139)
- 2013 (16,584)
- 2017 (16,398)
- 2008 (15,518)
- 2006 (14,850)
- 2022 (13,226)
- 2007 (13,014)
- 2025 (12,261)
Numero do processo: 13502.000615/2006-21
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2004 a 30/03/2004
COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não pode ter interpretação excessivamente restritiva, conforme a extraída da legislação do IPI, nem demasiadamente alargada, nos termos estabelecidos pela legislação do IR. Para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da não-cumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente.
CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. POSSIBILIDADE.
Dentro do critério da essencialidade, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI são considerados insumos quando utilizados pelos empregados que trabalham na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal.
Numero da decisão: 3001-000.815
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. Vencido o Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante que dava provimento em maior extensão para os "materiais de embalagens, armazenagem, identificação e transportes" e "frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção".
(assinado digitalmente)
Marcos Roberto da Silva Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva (Presidente), Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche.
Nome do relator: MARCOS ROBERTO DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2004 a 30/03/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não pode ter interpretação excessivamente restritiva, conforme a extraída da legislação do IPI, nem demasiadamente alargada, nos termos estabelecidos pela legislação do IR. Para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da não-cumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente. CRÉDITOS DA NÃO-CUMULATIVIDADE. INSUMOS. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. POSSIBILIDADE. Dentro do critério da essencialidade, os Equipamentos de Proteção Individual - EPI são considerados insumos quando utilizados pelos empregados que trabalham na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal.
turma_s : Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13502.000615/2006-21
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6013460
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3001-000.815
nome_arquivo_s : Decisao_13502000615200621.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : MARCOS ROBERTO DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 13502000615200621_6013460.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. Vencido o Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante que dava provimento em maior extensão para os "materiais de embalagens, armazenagem, identificação e transportes" e "frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção". (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva (Presidente), Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche.
dt_sessao_tdt : Wed May 15 00:00:00 UTC 2019
id : 7760393
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:45:56 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911356153856
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1942; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 325 1 324 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13502.000615/200621 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.815 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 15 de maio de 2019 Matéria DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO Recorrente CORDEBRÁS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2004 a 30/03/2004 COMPENSAÇÃO. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não pode ter interpretação excessivamente restritiva, conforme a extraída da legislação do IPI, nem demasiadamente alargada, nos termos estabelecidos pela legislação do IR. Para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da não cumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL. POSSIBILIDADE. Dentro do critério da essencialidade, os Equipamentos de Proteção Individual EPI são considerados insumos quando utilizados pelos empregados que trabalham na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. Vencido o Conselheiro Francisco Martins Leite Cavalcante que dava provimento em maior extensão para os "materiais de embalagens, armazenagem, identificação e transportes" e "frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção". (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 06 15 /2 00 6- 21 Fl. 183DF CARF MF 2 Marcos Roberto da Silva – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marcos Roberto da Silva (Presidente), Francisco Martins Leite Cavalcante e Luis Felipe de Barros Reche. Relatório Por economia processual e por bem relatar a realidade dos fatos reproduzo trechos do relatório da decisão de piso: Tratase de Manifestação de Inconformidade contra o Parecer nº 013/2011, da DRF/Camaçari/BA, de fls. 58/64, e do Despacho Decisório DRF/CCI nº046, de 2011, fl.68, que o aprovou, que reconheceu parcialmente o direito creditório no valor de R$13.717,35, relativo ao ressarcimento de créditos do PIS/PASEP não cumulativo – exportação, referente ao 1º trimestre de 2004, no valor solicitado de R$17.960,56, e homologou parcialmente a compensação declarada do débito cadastrado no sistema PROFISC às fl.31. A interessada pretendeu utilizar o crédito do PIS pleiteado no Pedido Eletrônico de Ressarcimento –PER nº16389.84910.240806.1.1.085176 (fls.19/22) para compensação de débito próprio no valor principal de R$10.197,91, e mais juros e multa de mora, na DCOMP nº 13883.96439.280806.1.3.080706 (fls.05/09). Consta no despacho decisório que relativamente ao saldo credor da contribuição para o PIS mercado externo, 1º trimestre de 2004, utilizouse a análise efetuada no processo nº 13502.000616/200675, nos termos do Parecer DRF/CCI/Saort nº 007/2011, cópia de fls.32/56 e mais documentação anexada aos autos, no qual se determinou o saldo credor da Cofins mercado externo do citado período de apuração, 1º trimestre/2004. Em relação ao mês de janeiro/2004, objeto não tratado na análise do PAF nº 13502.000616/200675, uma vez que o regime da não cumulatividade para a referida contribuição vigorou a partir de fevereiro/2004, destaca que as glosas se referem: a) aos bens utilizados como insumos, linha 02, no valor de R$2.049,90 (Uniformes/equipamentos de segurança, fls.53); b) despesas financeiras de empréstimo e financiamento obtidos junto a pessoas jurídicas, linha 07, no valor de R$65,49, correspondente a “Juros e Multa por Atraso”, fl.53 e c) encargos de depreciação de bens do Ativo Imobilizado, linha 09, no valor de R$6.247,12, referente a despesas de depreciação relativas a bens do ativo imobilizado não utilizados no processo produtivo da empresa para produção de bens destinados à venda ou para prestação de serviços, fl.53. Cientificada, fl.73, a interessada irresignada apresenta Manifestação de Inconformidade (fls.74/87) alegando que: • é uma empresa industrial que tem por objeto a produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal; • o processo produtivo, anexo 06, tem seu funcionamento através de motores elétricos, correias e grande número de eixos, engrenagens e barramentos que demandam rigorosa lubrificação diária, com elevado nível de ruído, acima do Limite de Tolerância, tornando obrigatório o fornecimento de protetores auditivos; além disso o nível quantitativo de poeira do sisal é elevado, fazendose obrigatório o fornecimento de máscaras respiratórias descartáveis (Lei n° 6.514); • com um processo produtivo em que todas as máquinas fazem movimentos rotativos, são fornecidos e indispensáveis, equipamentos de proteção individual Fl. 184DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 326 3 como, botas, fardamento apropriadamente desenhado, óculos de proteção, luvas, entre outros; • Aquisição de matéria prima a RFB homologou os créditos relativos às aquisições de sisal beneficiado, entretanto não homologou os créditos relativos às aquisições das notas fiscais complementares não apresentadas, ora trazidas aos autos, NF 1160 (10/02/2004) e 621, complementadas pelas NF 2685 e 2686, no total de R$3.137,80; • Aquisição dos materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte a RFB não homologou os créditos relativos às aquisições de sacos de papel, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, etiquetas, filmes para embalagem e palletes utilizados para embalar e proteger seus produtos até o destino final, alegando que os produtos se destinam apenas para movimentação, armazenagem e transporte de produtos, sem que haja a incorporação desses bens durante o processo de industrialização e por serem utilizados após a conclusão do processo produtivo, aplicados no produto já acabado, em bobinas e novelos de sisal, seriam meros facilitadores de acondicionamento e transporte, não devendo, desse modo, compor a base de cálculo dos créditos a ressarcir do PIS nãocumulativo, porém não pode prosperar tais argumentos; • o contribuinte do PIS e da COFINS nãocumulativos, segundo as leis que os regem, tem o direito de tomar créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como "insumos" na fabricação de produtos destinados à venda; • nenhuma legislação conceitua "insumos" e, tampouco, remetem à utilização subsidiária da legislação do IPI para a busca do seu conceito, a exemplo do que ocorreu quando da instituição do crédito presumido de IPI em ressarcimento ao PIS e à COFINS de que trata a Lei n° 9.363/1996; • a RFB ao "interpretar e aplicar" a legislação fiscal, editando atos normativos e as instruções necessárias à sua execução, disciplinou ilegalmente sobre "insumos" nas Instruções Normativas 247/2002 e 404/2004, porquanto extrapolou os limites de sua competência ao fixar uma interpretação restritiva a esse termo, no âmbito das contribuições sociais não cumulativas incidentes sobre o faturamento, desrespeitando o art.110 do CTN; • as referidas instruções normativas interpretam o termo "insumos" em sentido estrito, amoldandoo à forma prevista no regulamento do IPI (art. 164, I), o que as torna viciadas de ilegalidade, pois o conteúdo e o alcance dos decretos e de quaisquer outros atos normativos infralegais restringem se aos das leis em função dos quais sejam expedidos (art.99 do Código Tributário Nacional); • não se pode afirmar simplista e categoricamente que o conceito de "insumos", para fins da legislação do PIS e da COFINS, tenha a mesma dimensão dada pela legislação do IPI, pois para este, "insumos", tem um significado técnico (sentido estrito), enquanto para aquelas contribuições (PIS e COFINS) tem um significado comum (sentido lato), se relaciona com a totalidade das receitas auferidas (faturamento) pelo contribuinte, as quais, para serem obtidas, exigem que o contribuinte incorra em custos e despesas, conforme descrição do custo de produção dado pelos arts.290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda; • por unanimidade, os conselheiros do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) definiram que quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação de serviço deve gerar crédito dessas contribuições, conforme ementa que transcreve, e deste modo, deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às Fl. 185DF CARF MF 4 aquisições de materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte (palletes, estrados, ripas, etiquetas, sacos de papel, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, etiquetas, filmes para embalagem, etc.); • Manutenção de Máquinas e Equipamentos a RFB não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de disjuntor, lâmpada incandescente, óleo solúvel boreal, fusível NH, aplicador fita de embalagem, sensor capacitivo, rolamento, tarugo de polietileno, barra trefilado, fluído de corte, pilha alcalina duracell, lâmpada mista, cola cascorez, prego Gerdau, máscara 3M, luva mucambo, luva de vaqueta, martelo unha Tramontina, rebite, contrato de manutenção de sua balança rodoviária, oxigênio gás, célula de carga, cadeado papaiz, faca inox peixeira, rolamento, Shell tellus, fio torcido para telefone para telefone, canaleta, bucha de nylon, tomada telefone, inserto de metal. Alega que tais produtos adquiridos não se enquadram no conceito de insumo (bens e serviços utilizados como insumo na produção e ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis, lubrificantes, partes e peças de reposição e outros bens, não incorporados ao ativo imobilizado, que sofram alterações em razão da sua ação direta sobre o bem ou produto elaborado, adquiridos de pessoa jurídica para manutenção de veículos, máquinas e equipamentos componentes do ativo imobilizado, utilizados na fabricação de bens destinados à venda), descabe tal argumento; • a Solução de Consulta n° 90, de 18 de marco de 2011, que transcreve, reafirma que as despesas com aquisição de partes e peças de reposição usadas em máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados a venda, quando não representem acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem em que forem aplicadas, são consideradas insumos para os fins de creditamento na forma do disposto no art. 3º II, da Lei n° 10.637, de 2002, desde que respeitados todos os demais requisitos normativos e legais atinentes à espécie. As mesmas disposições se aplicam às despesas efetuadas com serviços de manutenção dos aludidos equipamentos e máquinas utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, quando prestados por pessoas jurídicas domiciliadas no País. • Uniformes e Equipamentos de Segurança – a RFB não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de uniforme e equipamentos de segurança. Alega que tais produtos adquiridos pela Recorrente não se enquadram na categoria de insumos aplicados, consumidos ou de quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. Alega que tais bens não se enquadram no disposto na alínea "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8o da IN SRF n° 404/2004, mas descabe tal argumento, pelos mesmos motivos já explanados, conforme a Solução de Consulta n° 40, de 19/Julho/2004, compõem a base de cálculo dos créditos a serem descontados do valor da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativo os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País pela aquisição de equipamentos de Proteção Individual –EPI; • Utensílios e Ferramentas a Secretaria da Receita Federal não homologou os créditos de PIS relativos às aquisições de broca aço rápido, adesivo fixador baixa viscosidade, adesivo super bonder, estopa para limpeza, lixa ferro aplicador de fita e alicate amper digital. Alega que tais bens adquiridos pela Recorrente não se enquadram na categoria de insumos disposta na alínea "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8º da IN SRF n° 404/2004, descabem tais argumentos, pois, conforme explanado na manifestação relativa a itens anteriores (materiais de embalagem, armazenagem, identificação e transporte), deve ser reconhecida a acepção ampla do termo "insumos" dentro da legislação do PIS e da COFINS, pela sua direta relação com o faturamento, portanto, devese, então, admitir que todos os custos de produção e despesas Fl. 186DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 327 5 operacionais incorridos pelo contribuinte com a fabricação de produtos destinados à venda são insumos; • Equipamentos locados de pessoa jurídica A Secretaria da Receita Federal não homologou os créditos relativos às despesas de aluguel de veículos pagos pessoa jurídica, mas descabe tal argumento, pois deve ser reconhecida a acepção ampla do termo "insumos" dentro da legislação do PIS e da COFINS, pela sua direta relação com o faturamento, portanto, devese, então, admitir que todos os custos de produção e despesas operacionais incorridos pelo contribuinte com a fabricação de produtos destinados à venda são insumos, conforme disposto na Lei n° 10.637/2002, em seu art. 3º, IV, dispõe que a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa. Não estando ligado necessariamente ao setor de produção. • não existe dúvida quanto a saber se na expressão "máquinas e equipamentos" estão compreendidos os automóveis e caminhões. No dicionário, máquina significa aparelho com mecanismo que transforma ou transmite energia ou movimento. Com isso, é perfeitamente possível afirmar que automóvel e caminhão são tipos de máquina, o que possibilita à Recorrente descontar créditos de PIS, assim, deve a Secretaria da Receita Federal homologar os créditos de PIS relativos às despesas de aluguel de veículos pagos a pessoa jurídica; • Frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção A RFB não homologou os créditos de PIS relativos aos contratos de transporte referentes à aquisição/devolução de peças para manutenção e materiais de embalagem. Alega que somente o frete pago na aquisição de insumos gera direito a crédito e que as peças de manutenção bem como os materiais de embalagem apresentados pela recorrente não se enquadram no conceito de insumo conforme disposto na alínea "b", do inciso I, do caput do art. 8º, bem como no disposto na "a", do inciso I, do § 4º do citado art. 8º da IN SRF n° 404/2004, mas descabe tal argumento, pois o serviço de transporte obedece ao mesmo tratamento dado ao insumo. Ambos constituem base de cálculo de créditos de PIS a descontar em favor da empresa no período em questão. A Solução de Consulta n° 63, de 12 de julho de 2010, reafirma que o valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei n° 10.637, de 2002, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência da Cofins; • Despesas de armazenamento de mercadorias e frete na operação de venda A Secretaria da Receita Federal não homologou os créditos de PIS relativos às despesas com capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte. Alega que o texto da Lei n° 10.637/2002 é claro quanto à geração de crédito, ou seja, somente gera direito ao crédito as despesas com frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, mas descabe tal argumento. No processo de importação, os valores referentes a capatazia, taxa de liberação de BL e seguros sobre o transporte integram a base de cálculo para a Empresa importadora aproveitar o direito ao crédito do PIS. Por analogia, na exportação, tais despesas também integrarão a base para aproveitamento do direito ao crédito do PIS e assim deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às despesas com capatazia, Taxa de Liberação de BL e seguros sobre o transporte; • Encargos de depreciação de bens não utilizados na produção – a RFB não homologou os créditos de PIS relativos aos encargos de depreciação de bens não Fl. 187DF CARF MF 6 utilizados na produção. Alega que dão direito a crédito os encargos de depreciação dos bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, independentemente da data de aquisição, assim, glosou as despesas de depreciação em função de referirse a encargos de depreciação de bens não utilizados na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços, mas descabe tal argumento. O art. 3º, VII, da Lei n° 10.637/2002, possibilita o aproveitamento de crédito sobre encargos de depreciação de edificações e benfeitorias em imóveis utilizados nas atividades da empresa; e não apenas no prédio onde efetivamente é realizada a produção de bens destinados à venda ou prestados os serviços, conforme longamente explanado na manifestação relativa a item anterior deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos, por analogia, todos os bens do ativo imobilizado da empresa, mesmo os que não abrigam a produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços permitem à Empresa o aproveitamento de créditos de PIS relativos aos encargos de depreciação dos referidos bens, assim deve a RFB homologar os créditos de PIS relativos às despesas com encargos de depreciação de bens não utilizados na produção; • por todo o exposto, seja recebida a presente Manifestação de Inconformidade, que objetiva promover a reforma do Despacho Decisório DRF/CCI n° 0046/2011 e homologar os créditos postulados, promovendo sua compensação nos termos requeridos, evitando, assim, o encaminhamento do suposto débito para cobrança; • por fim, seja declarada a improcedência do supramencionado Despacho Decisório, vez que não homologou os créditos de PIS de direito da Impugnante, e, conseqüentemente, sejam homologados os créditos informados; A empresa apresentou junto a sua manifestação de inconformidade as cópias: do instrumento particular de procuração, alteração contratual e consolidação do Contrato Social da empresa, intimação DRF/Camaçari e Despacho Decisório, processo produtivo e relação dos materiais utilizados, notas fiscais de entrada nº2685 e 2686, razão consolidado. A DRJ de Salvador julgou procedente em parte a manifestação de inconformidade e reconheceu em parte o direito creditório conforme Acórdão no 1530.242 a seguir transcrito: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2004 a 30/03/2004 INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. BASE DE CÁLCULO. CRÉDITOS. INSUMOS. O sujeito passivo poderá descontar da contribuição apurada no regime não cumulativo, créditos calculados sobre valores correspondentes a insumos, assim entendidos as matériasprimas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação. EMBALAGEM DE TRANSPORTE As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização, mas apenas depois de concluído o processo produtivo, e que se destinam tão somente ao transporte dos produtos acabados, não geram direito ao crédito. INSUMOS. INSTRUÇÃO NORMATIVA. ILEGALIDADE. Fl. 188DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 328 7 É inócuo suscitar na esfera administrativa alegação de ilegalidade de ato normativo editado pela Receita Federal do Brasil. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Inconformada com a decisão da DRJ, a Recorrente apresenta Recurso Voluntário contra a decisão de primeira instância repisando os mesmos argumentos apresentados na impugnação e contra argumentando aquela decisão em relação aos seguintes pontos objeto de análise neste por este colegiado no que se refere ao conceito de insumos para fins de creditamento da nãocumulatividade da contribuição para o PIS: 1) do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte; 2) da manutenção de máquinas e equipamentos; 3) dos uniformes e equipamentos de segurança; 4) dos utensílios e ferramentas; 5) dos equipamentos locados de pessoas jurídicas; 6) do frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção; 7) das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas; dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Marcos Roberto da Silva Da competência para julgamento do feito O presente colegiado é competente para apreciar o presente feito, em conformidade com o prescrito no artigo 23B do Anexo II da Portaria MF nº 343, de 2015, que aprova o Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, com redação da Portaria MF nº 329, de 2017. Conhecimento O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Mérito A discussão objeto da presente demanda versa sobre a glosa de créditos de COFINS efetuada na análise de Pedido de Ressarcimento da Contribuição para o PIS. Os créditos glosados e mantidos pela decisão de piso referemse às seguintes rubricas: 1) do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte; 2) da manutenção de máquinas e equipamentos; 3) dos uniformes e equipamentos de segurança; 4) dos utensílios e ferramentas; 5) dos equipamentos locados de pessoas jurídicas; 6) do frete na aquisição de Fl. 189DF CARF MF 8 embalagens e peças de manutenção; 7) das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas; 8) dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Antes de adentrarmos na análise de cada um destes itens, mister se faz tecer alguns comentários a respeito da conceituação de insumos que vem prevalecendo na jurisprudência deste Conselho. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). O art. 3º, inciso II de ambas as leis autoriza a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. A Emenda Constitucional nº 42/2003 estabeleceu no §12º, do art. 195 da Constituição Federal o princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais, consignando a sua definição por lei dos setores de atividade econômica. Portanto, a constituição deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. A Secretaria da Receita Federal apresentou nas Instruções Normativas nos 247/02 e 404/04 uma interpretação sobre o conceito de insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS um tanto restritiva, semelhante ao conceito de insumos empregado para a utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, previsto no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). Este entendimento extrapola as disposições previstas nas Leis nos 10.637/02 e 10.833/03, contrariando o fim a que se propõe a sistemática da não cumulatividade das referidas contribuições. Nesta mesma linha de entendimento, igualmente incorre em erro quando se utiliza a conceituação de insumos conforme estabelecido na legislação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, visto que esta seria demasiadamente ampla. Segundo o RIR/99, aprovado pelo Decreto nº 3.000/99, poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica, ou seja, seria insumo na sistemática da não cumulatividade das contribuições sociais todos os bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços. Portanto, é entendimento deste Conselho que o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, deve ser interpretado seguindo o critério da essencialidade. Este critério busca uma posição "intermediária" construída pelo CARF na definição insumos, com vistas a alcançar uma relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo, e a atividade realizada pelo Contribuinte. Reproduzo a seguir um conceito de insumo consignado no Acórdão nº 9303 003.069, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF, e que vem servindo de base para os julgamentos dos processos deste Conselho: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. (grifos da reprodução) Fl. 190DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 329 9 Sintetizando, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo na sistemática da nãocumulatividade das Contribuições para o PIS e da COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. O Superior Tribunal de Justiça adota o mesmo entendimento conforme pode ser observado no julgamento do recurso especial nº 1.246.317MG, cuja ementa segue abaixo reproduzida: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo únic o, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os Fl. 191DF CARF MF 10 alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) Portanto, após o relato do entendimento predominante a respeito da conceituação de insumos na sistemática da nãocumulatividade das Contribuições para o PIS e para a COFINS, adentremos nas circunstâncias que regem o caso concreto. Do material de embalagem, armazenagem, identificação e transporte O Acórdão vergastado decidiu que somente podem gerar créditos o material de embalagem de apresentação no âmbito da legislação do PIS e da Cofins. Isto porque, como insumo, só se pode ter aqueles bens "que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado”. Apresenta uma diferenciação entre “embalagens de transporte” e “embalagem de apresentação”, afirmando que somente estes podem ser considerados insumos e compor a base de cálculo do produto para fins de creditamento das contribuições para PIS e COFINS, excluindo as embalagens de transportes por se destinarem apenas ao transporte do produto e comportarem quantidades superiores as vendidas no varejo. Afirma ainda que em relação aos demais produtos, tais como etiquetas, fitas poly, fitas adesivas, película lisa, filmes para embalagem, não consta na descrição do processo produtivo e tampouco na manifestação de inconformidade há evidência de que tais materiais sejam empregados em outra finalidade que não a do transporte do produto final ou em quantidade compatível com a venda a varejo, e portanto, não há como tratalas como insumos do processo de produção, sendo correta a glosa aplicada. A Recorrente embasa sua defesa, conforme visto nos argumentos da Manifestação de Inconformidade (reproduzido no relatório) e novamente espelhado no Recurso Voluntário, de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Não há como concordar com o posicionamento da Recorrente conforme disposto nas considerações iniciais deste relator, visto que o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, deve ser interpretado seguindo o critério da essencialidade. Este critério busca uma posição "intermediária" construída pelo CARF na definição insumos, com vistas a alcançar uma relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo, e a atividade realizada pelo Contribuinte Importante ressaltar que a jurisprudência predominante deste Conselho, na qual este relator se filia, é que somente pode ser caracterizado como insumo na tributação de PIS/COFINS aqueles empregados no processo produtivo e os demais gastos relacionados no art. 3º das Leis 10.637/02 e 10.833/03. Neste preceito normativo se inclui a armazenagem e frete na operação de venda, ou seja, inexiste previsão legal que conceda direito à apropriação de créditos para gastos genéricos com armazenagem ou produto acabado. Fl. 192DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 330 11 Reproduzo a seguir trecho da ementa do Acórdão 9303006.871, de 12 de junho de 2018 que possui o mesmo entendimento deste relator sobre o aproveitamento de crédito sobre armazenagem e frete na operação de venda: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 (...) SISTEMA NÃO CUMULATIVO DE APURAÇÃO. ARMAZENAGEM E TRANSPORTE. GASTOS GENÉRICOS ASSOCIADOS. APROPRIAÇÃO DE CRÉDITOS. IMPOSSIBILIDADE. ÔNUS DA PROVA. CONTRIBUINTE. No sistema de apuração não cumulativo das Contribuições para o PIS/Pasep e Cofins, não será admitida a apropriação de créditos vinculados a gastos genéricos associados com o transporte e a armazenagem de produtos diversos (matériaprima, produto em elaboração e produto acabado), sob a alegação de que a continuidade das atividades da empresa depende dos serviços correspondentes. É do contribuinte o ônus de provar que os gastos enquadramse em uma duas hipóteses contempladas pelo inciso IX do art. 3º das Leis 10.833/03 e 10.637/02, identificadas no texto legal como armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, quando o ônus for suportado pelo vendedor, ou, então, que tratamse de gastos com o transporte do insumo empregado no processo produtivo da empresa e foram contabilizados como custo de aquisição de estoques.” Diante do exposto, voto por negar provimento neste particular. Da manutenção de máquinas e equipamentos Com relação a este item, novamente a recorrente adota como linha de defesa do direito ao crédito, a interpretação de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Não busca de quaisquer maneiras tentar demonstrar que a manutenção de máquinas e equipamentos estão diretamente relacionados com o processo produtivo da empresa tal qual insculpido na tese defendida por este relator e acima descrita. Portanto, por bem retratar a tese do critério da essencialidade construída pela maioria dos membros deste Conselho, adoto como fundamento de decidir o disposto no acórdão de piso abaixo reproduzido: Também não socorre à interessada o fato de tais produtos não estarem incluídos no ativo imobilizado, pois no presente caso o que releva observar, pela própria definição de insumos já citada neste voto, é que são insumos para efeito de apuração de créditos relativos à Contribuição para o PIS/Pasep e a Cofins não cumulativas, as partes e peças de reposição empregadas em veículos, máquinas e equipamentos utilizados diretamente na prestação de serviços e na fabricação ou produção de bens destinados à venda, desde que referidas partes e peças sofram alterações decorrentes de ação diretamente exercida sobre o serviço prestado e o bem fabricado ou produzido, tais como: consumo; desgaste; dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no Fl. 193DF CARF MF 12 serviço que está sendo prestado e no bem ou produto que está sendo fabricado, e, desde que, por óbvio, não estejam incluídas no ativo imobilizado. Ressalvese que se os bens estiverem incluídos no imobilizado, que seria o caso das partes e peças adquiridas para reposição em veículos, máquinas e equipamentos utilizados diretamente na produção de bens destinados à venda, cuja utilização represente acréscimo de vida útil superior a um ano ao bem no qual ocorra sua aplicação, essas partes e peças deixariam de ser consideradas insumos e poderiam gerar créditos decorrentes de depreciação futura, conforme previsto na Lei nº 10.637, de 2002, art. 3º, inciso VI, combinado com o seu § 1º, inciso III, e na Lei nº 10.833, de 2003, art. 3º, inciso VI, combinado com o seu § 1º, inciso III, regulamentados, respectivamente, pelo art. 66, inciso III, alínea “a”, da IN SRF nº 247, de 2002, e pelo art. 8º, inciso III, alínea “a”, da IN SRF nº 404, de 2004. Embora os itens acima reclamados representem despesa necessária à empresa, não geram crédito a descontar, uma vez que não se enquadram na definição legal de insumos passíveis de gerar crédito do PIS, pois não se constituem em bens ou serviços diretamente aplicados no processo produtivo da empresa. Diante do exposto, voto no sentido de negar provimento neste particular. Dos uniformes e equipamentos de segurança Sobre este item o acórdão recorrido fundamentou a manutenção da glosa tendo por base a Solução de Divergência COSIT no 43/08 em contraponto a Solução de Consulta no 40/04. Afirma que a referida Solução de Consulta não se aplica à Recorrente pois sua atividade é industrialização e não prestação de serviços nela tratados. Afirma o seguinte: Segundo Solução de Consulta nº40/2004, os valores gastos na aquisição de combustíveis e lubrificantes efetivamente empregados e consumidos em veículos da própria empresa, utilizados no transporte de seus funcionários, bem como o fornecimento de fardamento, alimentação e valetransporte aos seus funcionários envolvidos diretamente na prestação dos serviços e, bem assim, os valores gastos com equipamentos de proteção individual utilizados na prestação de serviço, enquadrariamse como insumos para fins de apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Por conseguinte, em razão de tais despesas, efetuadas com o fornecimento de alimentação, de transporte, de uniformes ou equipamentos de proteção aos empregados, adquiridos de outras pessoas jurídicas ou fornecido pela própria empresa, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados do PIS, por não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos ou daqueles que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida no processo de fabricação ou na produção de bens destinados à venda. Por sua vez, a Recorrente retoma seus argumentos de que “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Acrescenta ainda o disposto na Solução de Consulta no 40 da SRRF da 5ª Região Fiscal na qual entende que “compõem a base de cálculo dos créditos a serem descontados do valor da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativo os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no país pela aquisição de: a) Equipamentos de Proteção Individual – EPI utilizados na prestação de serviços”. Fl. 194DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 331 13 Discordo, em parte, pelo posicionamento adotado pela DRJ tendo em vista que, dentro do critério da essencialidade adotado por grande parte dos membros deste Conselho, os Equipamentos de Proteção Individual – EPI podem ser considerados como insumos se forem empregados que trabalhem na linha de produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal. Apesar de não concordar com o posicionamento da Recorrente no que se refere a tese de que quaisquer custos geram direito ao crédito na sistemática da não cumulatividade da Contribuição para o PIS e da COFINS. Entendo que o argumento referente ao crédito relacionado aos Equipamentos de Proteção Individual merece ser restabelecido tendo em vista que na descrição do processo produtivo constante da efl. 106 constam as seguintes informações referentes a Segurança do Trabalho: Portanto, diante do exposto voto por dar provimento ao recurso voluntário neste particular. Dos utensílios e ferramentas Neste item ficou assim decidido pela DRJ: Não assiste razão à interessada quanto ao creditamento dos valores correspondentes a aquisição de broca aço rápido, adesivo fixador baixa viscosidade, Adesivo Super Bonder, Estopa para Limpeza, Lixa Ferro, Aplicador Fita, e Alicate Amper Digital, uma vez que de fato tais bens não se enquadram ao disposto nos dispositivos da legislação transcrita. Ou seja, não se enquadrarem no conceito de insumos aplicados, consumidos, ou nem tampouco sofrem alterações, Fl. 195DF CARF MF 14 tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação. Novamente os argumentos da Recorrente foram tão somente o seguinte: “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Portanto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Dos equipamentos locados de pessoas jurídicas Afirma a decisão vergastada que “inexiste direito ao crédito em relação às despesas com aluguel de veículos, haja vista que a legislação se limita a dispor sobre despesas de aluguéis de “prédios, máquinas e equipamentos”, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, previstas no art.3º, inciso IV, da Lei 10.637, de 2002 e da Lei 10.833, de 2003”. Repetidamente a Recorrente argumenta afirmando “quaisquer custos ou despesas para a produção do bem ou prestação do serviço devem gerar créditos dessas Contribuições”. Acrescenta que automóveis e caminhões estão inseridos na expressão “máquinas e equipamentos”. Novamente me utilizo da tese adotada neste voto na qual a expressão “máquinas e equipamentos” devem estar inseridos num contexto na qual deve ser aferido se é imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo. Repare que automóveis e caminhões, notadamente, não estão intrinsicamente relacionados com a produção de fios e cordas a partir de fibras naturais de sisal. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Do frete na aquisição de embalagens e peças de manutenção A decisão de piso foi clara ao entender que seria possível o aproveitamento do frete na aquisição de insumos, desde que seja efetivamente suportado pelo vendedor nos seguintes termos: Podese observar da literalidade dos incisos do art.3º da Lei nº10.833, de 2003, este que se aplica à contribuição para o PIS, nos termos do art.15 deste mesma lei, que que somente podem ser descontados créditos relativos ao pagamento de frete, quando este for suportado pelo vendedor e quando for relacionado aos bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, desde que tal despesa seja paga a pessoa jurídica domiciliada no País. Deste modo, não há como se admitir o frete relacionado ao transporte na aquisição de embalagens e peças de manutenção, estes, objeto da glosa em razão de não se enquadrarem como insumos, não assistindo razão à interessada, uma vez que somente o valor do frete pago a pessoa jurídica na compra de insumos a serem utilizados na produção de bens à venda ou à prestação de serviços pode ser considerado na Fl. 196DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 332 15 Entretanto, a decisão de piso foi coerente ao glosar as despesas de frete na aquisição de produtos tendo em vista que estes não se enquadraram no conceito de insumo, quais sejam: embalagens e peças de manutenção. Apesar de a Recorrente apresentar como fundamento para reversão da glosa o que descrito na Solução de Consulta no 63, em total sintonia com o entendimento tanto da decisão de piso quanto do presente relator, os produtos aos quais estavam o frete relacionados não foram enquadrados dentro do conceito de insumos nos termos do presente voto e, portanto, não há que se falar em reversão da glosa efetuada. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Das despesas de armazenagem e fretes na operação de vendas As despesas objeto da presente glosa se refere a capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte. Tais despesas, conforme informado na Manifestação de Inconformidade e no Recurso Voluntário, estão diretamente relacionadas com a exportação dos produtos industrializados. A decisão de piso reforça que Como já visto tanto a armazenagem de mercadoria quanto o frete na operação de venda, relacionados aos insumos utilizados na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, somente geram direito ao crédito quando o ônus for suportado pelo vendedor. O valor do frete pago na aquisição de insumo pode integrar a base de cálculo do crédito previsto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e da Lei nº 10.833, de 2003, desde que a aquisição do insumo dê direito à apuração de crédito e desde que a aquisição do frete esteja sujeita à incidência do PIS/Pasep e da Cofins. No entanto, vinculadas tais despesas aos materiais de embalagem e peças de manutenção que não se enquadram no conceito de insumo, não há como admitir tal creditamento. Quanto às demais despesas relativas aos fretes, não logrou a interessada apresentar documentação que demonstrasse o contrário. Estamos diante da fundamentação estabelecida no art. 3º, IX da Lei no 10.833/03, também aplicável ao PIS, em função do Inc. II da mesma lei, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Necessário se faz averiguar se as referidas despesas estão diretamente relacionadas com aos produtos fabricados pela Recorrente e destinados à venda. Fl. 197DF CARF MF 16 O Parecer DRF/CCI/Saort no 013/2011 de efls. 58 a 64, em seu item 09 assim dispôs: Reproduzse abaixo os trechos do extraídos do Parecer DRF/CCI/Saort no 0007/2011 das efls. 49 e 50 que assim decidiram sobre as despesas glosadas no presente item, quais sejam, capatazia (Port of Loading Handling) ou (THB), Taxa de Liberação de BL (Export Documentation Fee) ou (TDL) e seguros sobre o transporte: (...) Fl. 198DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 333 17 Percebese que a fiscalização detalhou as informações das despesas efetivamente empregadas em armazenagem e frete nas operações de vendas, glosando aquelas que não se relacionavam com tais despesas previstas no art. 3º, IX da Lei no 10.833/03 e que, por conseguinte, não geravam direito ao creditamento para fins de apuração das contribuições para o PIS. A Recorrente repisa os mesmos argumentos apresentados ao longo de seu Recurso Voluntário que assim reproduzo: Fl. 199DF CARF MF 18 Perceba que a Recorrente não busca demonstrar se os serviços de capatazia, Taxa de Liberação de BL e seguros sobre o transporte estavam relacionados a armazenagem e frete nas operações vendas de produtos de sua fabricação. Diante do exposto, nego provimento ao recurso voluntário neste particular. Dos encargos de depreciação de bens não utilizados na produção A decisão recorrida assim decidiu sobre o presente tema: É inegável que uma planta industrial dispõe de bens depreciáveis, mas, como bem destacou a autoridade no despacho decisório, de acordo com a sistemática descrita no art. 3º, da lei que instituiu a sistemática de crédito, a pessoa jurídica pode descontar créditos sobre a depreciação e amortização de máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado adquiridos para utilização na produção de bens destinados à venda ou prestação de serviços, e exclusivamente em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no país. Deste modo, não assiste razão à interessada quando pretende apurar créditos de PIS relativos às despesas com encargos de depreciação de bens não utilizados na produção. Os argumentos da Recorrente são no sentido de que é possível o aproveitamento de créditos relacionados a encargos de depreciação de edificações e benfeitorias em imóveis utilizados na atividade da empresa conforme disposto no art. 3º, VII da Lei no 10.637/02, que assim dispõe: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; De fato, não há qualquer restrição ao tipo de atividade executada neste dispositivo. Não há uma estrita vinculação ao processo produtivo da empresa, conforme os créditos estabelecidos nos incisos II, VI e XI do art. 3º da Lei nº 10.833/03, por exemplo. Entretanto, a sua análise não deve ser realizada isoladamente conforme exposto pela recorrente. Perceba o que estabelece o art. 6º da Lei nº 11.488, de 2007, que trouxe uma previsão mais específica: “Art. 6º As pessoas jurídicas poderão optar pelo desconto, no prazo de 24 (vinte e quatro) meses, dos créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins de que tratam o inciso VII do caput do art. 3o da Lei no 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e o inciso VII do caput do art. 3o da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, na hipótese de edificações incorporadas ao ativo imobilizado, adquiridas ou construídas para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços” Diferentemente do estabelecido no inciso VII do art. 3º da Lei nº 10.833/03, a redação do art. 6º da Lei nº 11.488/07 é restritiva ao afirmar que as edificações devem ser adquiridas para utilização na produção de bens ou na prestação de serviços. Com essa definição, para que a pessoa jurídica possa apurar crédito com base em suas regras deverá não Fl. 200DF CARF MF Processo nº 13502.000615/200621 Acórdão n.º 3001000.815 S3C0T1 Fl. 334 19 só exercer uma atividade industrial ou prestar serviços a terceiros, como também é necessária a existência de uma relação entre a edificação construída ou adquirida e a execução direta dessas atividades, qual seja, o atendimento do critério da essencialidade exposto neste voto. Portanto, voto por negar provimento ao recurso voluntário neste particular. Conclusão Diante de todo o exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para conceder o aproveitamento de crédito em relação aos uniformes e equipamentos de segurança. (assinado digitalmente) Marcos Roberto da Silva Fl. 201DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13839.905382/2015-43
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2015 a 30/04/2015
ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA.
Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa
PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. LIQUIDEZ E CERTEZA.
Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Em se tratando de pedido de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito aos créditos pleiteados.
Numero da decisão: 3402-006.518
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. A Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula acompanhou o relator pelas conclusões.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/04/2015 a 30/04/2015 ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA. Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Em se tratando de pedido de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito aos créditos pleiteados.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13839.905382/2015-43
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008802
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 21 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-006.518
nome_arquivo_s : Decisao_13839905382201543.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : WALDIR NAVARRO BEZERRA
nome_arquivo_pdf_s : 13839905382201543_6008802.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. A Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
id : 7747833
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:45:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911362445312
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1827; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 2 1 1 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13839.905382/201543 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3402006.518 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de abril de 2019 Matéria COFINS Recorrente BEBAFRUTA INDUSTRIA E COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2015 a 30/04/2015 ATO ADMINISTRATIVO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. INEXISTÊNCIA DE OFENSA AO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO E DO DIREITO DE DEFESA. Decisão sucinta não é sinônimo de decisão imotivada, como já decidido pelo STF em sede de repercussão geral (AI 791.292). Inexistência de nulidade do despacho decisório que negou a compensação realizada pelo contribuinte. Inexistência de cerceamento de defesa PER/DCOMP. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. LIQUIDEZ E CERTEZA. Os valores recolhidos a maior ou indevidamente somente são passíveis de restituição/compensação caso os indébitos reúnam as características de liquidez e certeza. Em se tratando de pedido de compensação, o contribuinte possui o ônus de prova do seu direito aos créditos pleiteados. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. A Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula acompanhou o relator pelas conclusões. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos e Thais De Laurentiis Galkowicz. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 9. 90 53 82 /2 01 5- 43 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo do PER/DCOMP transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a compensação de COFINS paga indevidamente a maior. O Despacho Decisório proferido pela unidade de origem concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER/DCOMP, sob o fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva, alegando, em resumo: Preliminarmente, a violação ao principio da ampla defesa e ao princípio do devido processo legal. Afirma que a decisão originária se apresenta genérica, lacônica, beira as raias da inépcia e torna difícil a contra argumentação da recorrente. Afirma também que haviam vários outros elementos que poderiam, e deveriam, ser analisados, e se os fossem, certamente permitiriam inferirse de modo diverso, e que esta decisão (do Despacho Decisório) deve ser anulada. No mérito, afirma possuir direito a crédito a ser utilizado e homologado, pois pagou indevidamente ou a maior as contribuições para o PIS e a COFINS ao não excluir de suas bases de cálculo os valores ali embutidos referentes ao ICMS. O valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo do PIS e da COFINS por não integrar conceito de "faturamento", pois esse valor de ICMS é mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas. A este respeito cita o voto proferido pelo Min. Luiz Gallotti no Recurso Extraordinário nº 71.758 no STF e o Recurso Extraordinário nº 240785 no STF que tem por relator o Ministro Marco Auréio. Requer, que fique sobrestada qualquer eventual cobrança para o pagamento de impostos atinentes ao caso vertente até o julgamento em definitivo no âmbito administrativo do referido processo. Requer também PROVIMENTO TOTAL à Manifestação de Inconformidade, para ser acatada a matéria preliminar e anulada a decisão, ou, que seja reformada a decisão para HOMOLOGAÇÃO da compensação. A manifestação de inconformidade foi julgada improcedente pelo DRJ, nos termos do Acórdão nº 12091.523. Devidamente intimado, o contribuinte interpôs o recurso voluntário ora em apreço, oportunidade em que continuou alegando que despacho decisório seria nulo, porque carente de motivação, o que, por seu turno, implicaria cerceamento de defesa em prejuízo do recorrente, bem como defendeu a juridicidade do seu crédito, decorrente da exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS. Fl. 60DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 4 3 É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402006.481, de 24 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 13839.905347/201524, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3402006.481): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os demais pressupostos formais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. I. Preliminarmente (i) Da pretensa ausência de motivação do despacho decisório e suposta ofensa ao direito de defesa do contribuinte 6. A título de preliminar de mérito, o contribuinte se apega ao pretenso fundamento de que o despacho decisório que implicou a denegação da compensação por ele perpetrada seria carente de motivação. Acontece que, apesar de sucinto, o citado despacho é claro ao expor o motivo da denegação aqui combatida: o contribuinte compensou o pretenso crédito com outro débito, sendo este o teor do referido despacho: 7. Embora sucinto, o despacho é claro em apontar o motivo para não homologar o crédito do contribuinte: o pretenso crédito teria sido utilizado para a quitação de outros débitos para com a Receita Federal do Brasil. Aliás, precisando tal assertiva, o citado despacho aponta que tal crédito teria sido Fl. 61DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 5 4 utilizado para o pagamento de n. 43687704232, com código n. 2172, referente a processo administrativo de compensação de 30/04/2015. Tais informações são suficientes para identificar o débito para o qual o "crédito" indicado neste processo administrativo foi previamente utilizado. 8. Apesar da objetividade do referido despacho, tal ato atende a exigência da motivação de todo e qualquer ato administrativo, na medida em que justifica em concreto a recusa da compensação efetuada pelo contribuinte no presente caso. O fato de ser sucinta não implica, per si, a nulidade da decisão por carência de motivação, como aliás já decidiu o Supremo Tribunal Federal em sede de recurso julgado sob repercussão geral, in verbis: 1. Questão de ordem. Agravo de Instrumento. Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3° e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art. 5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal. Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame pormenorizado de cada uma das alegações ou provas, nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4. Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar provimento ao recurso e autorizar a adoção dos procedimentos relacionados à repercussão geral. (STF; AI 791.292 QORG, Relator: Min. GILMAR MENDES, j. em 23/06/2010, REPERCUSSÃO GERAL MÉRITO DJe149 DIVULG 12082010 PUBLIC 1308 2010) (grifos nosso). 9. É também neste diapasão o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, bem como deste CARF, conforme se observa das ementas exemplarmente colacionadas abaixo: AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. ART. 620 DO CPC/1973. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULAS N. 282 E 356 DO STF. REEXAME DE PROVAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 7 DO STJ. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DA DECISÃO. MOTIVAÇÃO SUCINTA. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. 1. A ausência de prequestionamento de dispositivo legal tido por violado impede o conhecimento do recurso especial. Incidem as Súmulas n. 282 e 356 do STF. Fl. 62DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 6 5 2. Não cabe, em recurso especial, reexaminar matéria fáticoprobatória (Súmula n. 7/STJ). 3. A decisão que se mostra fundamentada, ainda que de forma sucinta, não dá ensejo ao decreto de nulidade. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ; AgInt no AREsp 1.004.066/SP, Rel. Min. MARIA ISABEL GALLOTTI, 4a T., j. em 22/05/2018, DJe 01/06/2018) (g.n.). Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física IRPF Anocalendário: 2001, 2002 NULIDADE. ACÓRDÃO DA DRJ. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA. Não é nulo acórdão da DRJ fundamentado, ainda que de forma sucinta. A fundamentação breve não caracteriza ausência de motivação. IRPF. COMPROVAÇÃO. DEPÓSITO EM CONTA DE PESSOA FÍSICA. OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR. O depósito em conta bancária de pessoa física, sócia de empresa prestadora de serviço, caracteriza a pessoa física como beneficiária da renda, sendo devido IRPF sobre os valores recebidos. Registros contábeis e contratos não são capazes de elidir a natureza fática do depósito bancário. IRPF. REMUNERAÇÃO INDIRETA. DESPESAS COM VIAGEM, ESTADIA E ALIMENTAÇÃO. CUSTEADAS PELA CONTRATANTE. AUSÊNCIA DE FATO GERADOR. Despesas de locomoção, hospedagem e alimentação quando incorridas pelo contratante dos serviços em benefício do prestador do serviço para viabilizar a prestação do serviço não caracterizam remuneração indireta. COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS. O CARF não é órgão competente para promover de ofício compensação do crédito tributário mantido em sede de processo administrativo em face de eventuais valores que o contribuinte detenha a seu favor junto a autoridade tributária. (CARF; Processo n. 11080.011496/200614; acórdão n. 2201002.349; Data da sessão: 19/03/2014) (g.n.). Fl. 63DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 7 6 10. Ressaltese, por fim, que nem sede de manifestação de inconformidade nem no âmbito do recurso voluntário, o contribuinte trouxe qualquer contraprova no sentido de refutar a motivação do ato administrativo, limitandose a aduzir, genericamente, que tal despacho seria carente de motivação. Convém lembrar, todavia, que o presente caso é um pedido de compensação, cabendo ao contribuinte o ônus de provar o fato constitutivo do seu direito, i.e., seu crédito, exatamente como estipulado no art. 373, inciso I do CPC1. 11. Nesse sentido, não há que se falar em nulidade do despacho decisório proferido no presente caso, muito menos em ofensa ao direito de defesa do contribuinte, devendo o r. acórdão recorrido ser mantido em sua íntegra. II. Mérito (i) A exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da COFINS e a ausência de prova 12. Quanto ao mérito, convém novamente repisar que o contribuinte figura como titular da pretensão de compensação e, como tal, possui o ônus de prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. Em outras palavras, o sujeito passivo possui o encargo de comprovar, por meio de documentos hábeis e idôneos, a existência do direito creditório, demonstrando que o direito invocado existe. 13. Assim, caberia ao sujeito passivo trazer aos autos os elementos aptos a comprovar a existência de direito creditório, capazes de demonstrar, de forma cabal, que a fiscalização incorreu em erro ao não homologar a compensação pleiteada, em conformidade com os arts. 15 e 16 do Decreto nº 70.235/19722. Em outros termos, o ônus probatório nos processos de compensação é do postulante ao crédito, tendo este o dever de apresentar todos os elementos necessários à prova de seu direito, no entendimento reiterado desse Conselho: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 31/07/2009 a 30/09/2009 VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. 1 "Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor." 2 “Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de 30 (trinta) dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir;" Fl. 64DF CARF MF Processo nº 13839.905382/201543 Acórdão n.º 3402006.518 S3C4T2 Fl. 8 7 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. (...) (Processo n.º 11516.721501/201443. Sessão 23/02/2016. Relator Rosaldo Trevisan. Acórdão n.º 3401003.096 grifos nosso). 14. Atentandose para o presente caso, não se vislumbra qualquer fundamento fático ou jurídico trazido pela recorrente capaz de alterar a conclusão em torno do direito ao crédito alcançada no despacho decisório e mantida pela decisão recorrida, a qual limitase a discutir, em abstrato, a validade material do suposto crédito por ela vindicado. Dispositivo 15. Ante o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720031/2012-51
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/02/2007 a 31/08/2007
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA.
Havendo omissão, os embargos declaratórios devem ser acolhidos, para que seja suprido o ponto ou questão sobre o qual deveria se pronunciar o julgador de ofício ou a requerimento.
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. INAPLICABILIDADE AO CASO.
Em caráter excepcional, é admissível a concessão de efeitos infringentes aos embargos, quando o suprimento da omissão implicar a alteração do próprio resultado do julgamento, o que, definitivamente, não se aplica ao caso em exame.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. NÃO EVENTUALIDADE.
Pagamentos feitos pelo empregador aos empregados previamente ajustados integram o salário de contribuição, pois têm natureza remuneratória e não podem ser considerados pagamentos eventuais, ainda que pagos apenas uma vez no ano.
O termo "eventual" designa aquilo que é incerto, imprevisível e não o que é raro ou pouco freqüente.
Numero da decisão: 2402-007.170
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada no voto vencedor. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Fernanda Melo Leal, Wilderson Botto e Gregório Rechmann Junior, que acolheram os embargos com efeitos infringentes, dando parcial provimento ao recurso voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Maurício Nogueira Righetti.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregorio Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado).
Nome do relator: JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/02/2007 a 31/08/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Havendo omissão, os embargos declaratórios devem ser acolhidos, para que seja suprido o ponto ou questão sobre o qual deveria se pronunciar o julgador de ofício ou a requerimento. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. INAPLICABILIDADE AO CASO. Em caráter excepcional, é admissível a concessão de efeitos infringentes aos embargos, quando o suprimento da omissão implicar a alteração do próprio resultado do julgamento, o que, definitivamente, não se aplica ao caso em exame. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. NÃO EVENTUALIDADE. Pagamentos feitos pelo empregador aos empregados previamente ajustados integram o salário de contribuição, pois têm natureza remuneratória e não podem ser considerados pagamentos eventuais, ainda que pagos apenas uma vez no ano. O termo "eventual" designa aquilo que é incerto, imprevisível e não o que é raro ou pouco freqüente.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
dt_publicacao_tdt : Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19515.720031/2012-51
anomes_publicacao_s : 201904
conteudo_id_s : 5996420
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 2402-007.170
nome_arquivo_s : Decisao_19515720031201251.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : JOAO VICTOR RIBEIRO ALDINUCCI
nome_arquivo_pdf_s : 19515720031201251_5996420.pdf
secao_s : Segunda Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada no voto vencedor. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Fernanda Melo Leal, Wilderson Botto e Gregório Rechmann Junior, que acolheram os embargos com efeitos infringentes, dando parcial provimento ao recurso voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Maurício Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira - Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci - Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti - Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregorio Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado).
dt_sessao_tdt : Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
id : 7713818
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:43:06 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911365591040
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1885; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C4T2 Fl. 349 1 348 S2C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720031/201251 Recurso nº Embargos Acórdão nº 2402007.170 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 9 de abril de 2019 Matéria CONTRIBUIÇÕES DEVIDAS À SEGURIDADE SOCIAL. Embargante GP INVESTIMENTOS S/A Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/02/2007 a 31/08/2007 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OMISSÃO. EXISTÊNCIA. Havendo omissão, os embargos declaratórios devem ser acolhidos, para que seja suprido o ponto ou questão sobre o qual deveria se pronunciar o julgador de ofício ou a requerimento. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES. INAPLICABILIDADE AO CASO. Em caráter excepcional, é admissível a concessão de efeitos infringentes aos embargos, quando o suprimento da omissão implicar a alteração do próprio resultado do julgamento, o que, definitivamente, não se aplica ao caso em exame. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. NATUREZA REMUNERATÓRIA. NÃO EVENTUALIDADE. Pagamentos feitos pelo empregador aos empregados previamente ajustados integram o salário de contribuição, pois têm natureza remuneratória e não podem ser considerados pagamentos eventuais, ainda que pagos apenas uma vez no ano. O termo "eventual" designa aquilo que é incerto, imprevisível e não o que é raro ou pouco freqüente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por voto de qualidade, em acolher os embargos, sem efeitos infringentes, para sanar a omissão apontada no voto vencedor. Vencidos os Conselheiros João Victor Ribeiro Aldinucci (Relator), Fernanda Melo Leal, Wilderson Botto e Gregório Rechmann Junior, que acolheram os embargos com efeitos infringentes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 00 31 /2 01 2- 51 Fl. 349DF CARF MF Processo nº 19515.720031/201251 Acórdão n.º 2402007.170 S2C4T2 Fl. 350 2 dando parcial provimento ao recurso voluntário. Designado para redigir o voto vencedor o Conselheiro Maurício Nogueira Righetti. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Relator (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Redator Designado Participaram do presente julgamento os conselheiros: Denny Medeiros da Silveira, Mauricio Nogueira Righetti, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sergio da Silva, Fernanda Melo Leal (Suplente Convocada), Luis Henrique Dias Lima, Wilderson Botto (Suplente Convocado) e Gregorio Rechmann Junior. Ausente a conselheira Renata Toratti Cassini, substituída pelo conselheiro Wilderson Botto (Suplente Convocado). Relatório Tratase de embargos de declaração opostos pelo contribuinte, especificamente em face do voto vencedor do ilustre Conselheiro Ronnie Soares Anderson, que integrava este Colegiado. No entender da embargante, o voto vencedor do citado julgador não teria analisado os seus argumentos quanto à não incidência de contribuições previdenciárias sobre os pagamentos desvinculados do PPR e que representariam ganhos eventuais de seus empregados. O então Presidente desta Turma, Conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho, admitiu os embargos, para que fossem distribuídos a este relator, para apreciação e saneamento da omissão apontada. É o relatório. Voto Vencido Conselheiro João Victor Ribeiro Aldinucci Relator 1 Conhecimento Os embargos são tempestivos e a omissão foi objetivamente apontada, de tal forma que devem ser conhecidos. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 19515.720031/201251 Acórdão n.º 2402007.170 S2C4T2 Fl. 351 3 2 No mérito Muito embora meu voto não tenha sido omisso na análise do ponto levantado em sede de embargos, eles me foram distribuídos, uma vez que o Conselheiro redator do voto vencedor não integra mais o presente colegiado. Analisandose o citado voto vencedor, observase que ele realmente foi omisso na análise da eventualidade ou não dos pagamentos do PPR, de tal forma que os embargos devem ser acolhidos. Como eu já havia me pronunciado sobre essa questão, peço licença para transcrever os fundamentos que me levaram a dar provimento ao recurso voluntário neste ponto: Entretanto, parece ter passado despercebido pela decisão de piso, que as importâncias recebidas a título de ganhos eventuais não integram o saláriodecontribuição por força de expressa previsão contida no art. 28, § 9º, alínea "e", item 7, da Lei 8212/91. Tal dispositivo apenas explicita que as importâncias pagas sem habitualidade o que revela a sua eventualidade , desvinculadas do salário, não constituem base de cálculo das contribuições devidas à seguridade social, mesmo porque, como não são pagas de forma continuada ao trabalhador, não serão futuramente substituídas pelos benefícios previdenciários a lhe serem pagos. O exame do relatório fiscal demonstra que os quatro trabalhadores contemplados receberam a rubrica uma única vez (sem habitualidade, portanto). Além disso, segundo a explanação plausível apresentada pela empresa, os pagamentos foram efetuados àqueles trabalhadores que, muito embora não elegíveis ao PPR, contribuíram para a formação do resultado, de forma que fizeram jus à uma gratificação não eventual, desvinculada da remuneração. Lembrese: a não inclusão desses valores no saláriode contribuição se explica pelo fato de que, não sendo habituais, não integrarão os futuros benefícios a serem pagos pela Previdência. A situação é análoga ao abono único de que trata o Parecer PGFN/CRJ/Nº 2114/2011 e o Ato Declaratório nº 16/2011, segundo os quais não há incidência de contribuição previdenciária sobre o abono único desvinculado do salário e pago sem habitualidade. Em sendo assim, embora a desvinculação do salário não decorra do pagamento de participação nos resultados, diante da regra excludente prevista no próprio PPR firmado pela comissão paritária (a regra dos seis meses), deve ser dado provimento ao recurso, vez que se trata de gratificações eventuais, as quais, na dicção legal, não integram o saláriodecontribuição. Como se vê, o suprimento da omissão implica alteração do resultado do julgamento, para dar provimento parcial ao recurso voluntário, a fim de excluir da base de Fl. 351DF CARF MF Processo nº 19515.720031/201251 Acórdão n.º 2402007.170 S2C4T2 Fl. 352 4 cálculo do lançamento os pagamentos eventuais realizados em favor de Allan Hadid, Frederico Arieta da Costa Ferreira, Guilherme Barbosa Pereira de Souza e Rogério Miranda de Sousa (v. fl. 297 do eProcesso). 3 Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de conhecer e acolher os embargos de declaração, com a concessão de efeitos infringentes, para excluir da base de cálculo do lançamento os pagamentos eventuais realizados em favor de Allan Hadid, Frederico Arieta da Costa Ferreira, Guilherme Barbosa Pereira de Souza e Rogério Miranda de Sousa (v. fl. 297 do eProcesso). (assinado digitalmente) João Victor Ribeiro Aldinucci Voto Vencedor Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, redator designado Em que pese as, como de praxe, muito bem lançadas razões de decidir do eminente relator, ouso a descordar quando a considerar tais verbas como fora do campo de incidência da contribuição ao suposto amparo do item 7, da alínea "e" do parágrafo 9º do artigo 28 da Lei 8.212/91, verbis: Art. 28. Entendese por saláriodecontribuição: [...] § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: [...] e) as importâncias: [...] 7. recebidas a título de ganhos eventuais e os abonos expressamente desvinculados do salário; Conceitualmente, como bem colocado pelo voto vencedor no acórdão 9202 007.047, de 24/7/18, "o termo eventual não significa raro, pouco freqüente, mas incerto, imprevisível, fortuito, e não é o caso do prêmio, que é, por definição, renda vinculada ao desempenho do beneficiário e, portanto, é algo prometido, anunciado, previamente pactuado expressa ou tacitamente, vinculado a um desempenho prévio, do que é contrapartida." Como noticiado pelo I. relator, os pagamentos teriam sido efetuados àqueles trabalhadores que, muito embora não elegíveis ao PPR, teriam contribuído para a formação do resultado. Vale dizer, havia o prévio ajuste a caracterizar a previsibilidade do recebimento. Fl. 352DF CARF MF Processo nº 19515.720031/201251 Acórdão n.º 2402007.170 S2C4T2 Fl. 353 5 Assim sendo, no caso em tela, não obstante, segundo o relator, terem sido pagas verbas a esse título a apenas alguns empregados e, embora tenham sido pagas apenas um a vez no ano, não podem ser encaradas como eventuais, pois, com abordado anteriormente, não se tratou de pagamento imprevisível. Por sua vez, o art. 28, inciso I, da Lei nº 8.212, de 1991 é claro ao estabelecer salário de contribuição como a totalidade dos pagamentos “destinados a retribuir o trabalho, qualquer que seja a sua forma”. Nesse rumo, há de se considerar tributáveis os pagamentos realizados em favor de Allan Hadid, Frederico Arieta da Costa Ferreira, Guilherme Barbosa Pereira de Souza e Rogério Miranda de Sousa. Assim sendo, VOTO no sentido de conhecer e acolher os embargos de declaração para suprir a omissão apontada, sem, todavia, empregarlhes efeitos infringentes. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 353DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13362.720388/2016-77
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 1201-000.660
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado em converter o julgamento em diligência, por unanimidade, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Gisele Barra Bossa - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente).
Relatório
Nome do relator: GISELE BARRA BOSSA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Segunda Câmara
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13362.720388/2016-77
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6005530
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon May 13 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1201-000.660
nome_arquivo_s : Decisao_13362720388201677.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : GISELE BARRA BOSSA
nome_arquivo_pdf_s : 13362720388201677_6005530.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado em converter o julgamento em diligência, por unanimidade, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa - Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório
dt_sessao_tdt : Tue Apr 16 00:00:00 UTC 2019
id : 7736577
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911367688192
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1402; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C2T1 Fl. 2 1 1 S1C2T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13362.720388/201677 Recurso nº Voluntário Resolução nº 1201000.660 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Data 16 de abril de 2019 Assunto IRPJ e CSLL Recorrente RISA S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado em converter o julgamento em diligência, por unanimidade, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Neudson Cavalcante Albuquerque, Luis Henrique Marotti Toselli, Allan Marcel Warwar Teixeira, Gisele Barra Bossa, Efigênio de Freitas Junior, Alexandre Evaristo Pinto, Bárbara Santos Guedes (Suplente convocada) e Lizandro Rodrigues de Sousa (Presidente). Relatório 1. Tratase de processo administrativo decorrente de autos de infração lavrados em 16/06/2016 para a cobrança de IRPJ e CSLL, no montante inicial de R$ 26.501,831,99, referente aos anoscalendário de 2012 e 2013. 2. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal TVF (fls. 27/32), a autoridade fiscal constatou as seguintes inconsistências na documentação apresentada: RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 33 62 .7 20 38 8/ 20 16 -7 7 Fl. 2323DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 3 2 “No tocante à Escrituração Contábil DigitalECD, foi constatado que os arquivos da fiscalizada encaminhados através do SPED, relativamente aos anoscalendário de 2012 e 2013, e já na situação de "autenticados" perante a JUCEPI, de fato apresentam erros e inconsistências que, no conjunto, os tornam imprestáveis tais como: divergência entre o total do ativo e do passivo; a soma dos lançamentos a débito divergem da soma dos lançamentos a crédito; não encerramento de várias contas de resultado; os saldos finais de várias contas (inclusive de estoques) do ano de 2012 divergem dos saldos iniciais de 2013; a contabilidade de 2013 foi apresentada com a situação de "cisão", dentre outros. (...) Dessa forma, e levandose em consideração a morosidade no processamento de retificação dos arquivos do SPED na junta comercial, as verificações realizadas na presente ação fiscal foram baseadas nos arquivos da escrituração contábil digitalECO apresentados através de mídia digital (DVD) em 25/01/2016, (...) bem como nos livros LALUR e de apuração da CSLL, além dos balancetes apresentados no curso da fiscalização. Quanto à retificação de obrigações acessórias, foi constatado que o sujeito passivo apresentou para processamento várias declarações DCTF retificadoras, na data de 24/01/2016, no curso da fiscalização, com a inclusão de débitos de IRPJ e de CSLL que não haviam sido declarados nas DCTF originais. Ressaltese que naquela data a fiscalizada já se encontrava com sua espontaneidade excluída, por força do art. 7°, § 1 e 2°, do Decreto n° 70.235/72. Registrese que, não obstante a fiscalização haver autorizado a retificação das obrigações acessórias, conforme termo de 25/11/2015, foi esclarecido ao sujeito passivo, na oportunidade, que: “No tocante à retificação das declarações DCTF, ressaltamos que a apresentação de declarações retificadoras (no curso da ação fiscal) não obsta o lançamento dos valores acrescidos às declarações originais, com as respectivas multas de ofício.””. 3. A contribuinte foi autuada em razão da constatação das seguintes infrações à legislação tributária: (i) dedução a maior do valor do ICMS destacado nas notas fiscais de venda de mercadorias e produtos; e (ii) ausência de comprovação do recolhimento das antecipações do IRPJ e da CSLL. Diante da ausência do recolhimento das estimativas mensais de IRPJ e de CSLL, foi aplicada multa isolada, nos termos do artigo 44, inciso II, alínea b, da Lei nº 9.430/96. 4. No TVF, a douta autoridade autuante fundamenta cada infração constatada, conforme trecho abaixo transcrito: “INFRAÇÃO 1 IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES NÃO DEDUTÍVEIS 24. O sujeito passivo deduziu a maior da receita bruta o valor do ICMS destacado nas notas fiscais de vendas de mercadorias e produtos, no anocalendário de 2012, fato que resultou na apuração a menor da receita líquida e, por conseguinte, do lucro operacional do período. Fl. 2324DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 4 3 25. Segundo consta da escrituração fiscal, o montante do ICMS destacado nas notas fiscais de vendas totalizou R$5.407.316,77, enquanto que o valor escriturado na conta contábil 79209 ()ICMS S/Faturamento, e deduzido da receita bruta, foi de 10.390.121,42, uma dedução a maior de R$4.982.804,65. 26. Solicitada a prestar esclarecimentos (email de 01/06/2016), o sujeito passivo informou que "tais diferenças referemse ao ICMS incidente sobre demais operações de saídas, os quais foram lançados juntamente na conta de ICMS sobre vendas...". Ou seja, tratase de parcela não dedutível. 27. Ressaltese que nos termos do art. 280 do Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999 (Regulamento do Imposto de RendaRIR/99), apenas a parcela corresponde ao ICMS sobre vendas é dedutível da receita bruta na apuração da receita líquida. INFRAÇÃO 2 MULTA PELA FALTA DE RECOLHIMENTO DAS ESTIMATIVAS MENSAIS DE IRPJ E DE CSLL 28. O sujeito passivo não efetuou os pagamentos mensais do Imposto de Renda e da CSLL incidentes sobre a base de cálculo estimada, nos anoscalendário de 2012 e 2013, conforme previsto nos arts.222 e 230 do RIR/99. 29. Além do mais, as DCTF retificadoras, com a inclusão dos débitos de estimativas mensais e vinculação a pedidos de compensação Perdcomp, somente foram apresentadas para processamento na Receita Federal na data de 24/01/2016, ou seja, no curso da fiscalização, período em que o sujeito passivo já estava com sua espontaneidade excluída. 30. Assim, com base nas informações das declarações DIPJ (Fichas 11 e 16), procedeuse à apuração das multas pelo não recolhimento das estimativas mensais, que nos termos do art. 44, inciso II, alínea "b", da Lei n° 9.430/96, com redação dada pelo art. 14 da Lei n° 11.488/2007, corresponde a 50% (cinquenta por cento) do valor mensal que deixou de ser pago. INFRAÇÃO 3 AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO RECOLHIMENTO DAS ANTECIPAÇÕES DO IRPJ E DA CSLL 31. O sujeito passivo não comprovou o recolhimento do valor total das estimativas mensais do imposto de renda e da CSLL, conforme já exposto na infração 2, acima. Em todo o período fiscalizado, consta a existência de apenas um único DARF de recolhimento de estimativa, o qual se refere ao IRPJ do mês abril/2012, no valor de R$ 20.000,00. 32. Por conseguinte, houve apuração incorreta do saldo do IRPJ e da CSLL a pagar, no ajuste, uma vez que os montantes das estimativas foram deduzidos como se efetivamente pagos, conforme demonstrativo nas fichas 12A e 17 da DIPJ”. 5. Devidamente intimada, a contribuinte apresentou Impugnação ao lançamento (fls. 655/676), em 22/06/2016, na qual apontou a ocorrência de nulidades no procedimento fiscal e enfrentou o mérito do lançamento. Fl. 2325DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 5 4 6. Em sessão de 7 de março de 2017, a 1ª Turma da DRJ/POA, por unanimidade de votos, negou provimento às preliminares de nulidade e no mérito julgou procedente em parte a impugnação, nos termos do voto relator, Acórdão nº 1058.113 (fls.736/752), cuja ementa recebeu o seguinte descritivo, verbis: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2012, 2013 PROCEDIMENTO FISCAL. COMPARECIMENTO PESSOAL DO AUDITOR NO DOMICÍLIO DO CONTRIBUINTE. O fato de não ter havido comparecimento pessoal do AuditorFiscal no domicílio do contribuinte não configura vício de qualquer espécie quanto ao procedimento fiscal, visto que essa conduta não é a única forma de atuação delineada pela legislação de regência para fins de execução das atividades de fiscalização da Receita Federal. PAGAMENTOS OU COMPENSAÇÕES REALIZADOS POSTERIOR MENTE AO INÍCIO DO PROCEDIMENTO FISCAL E ANTES DA LAVRATURA DO AUTO DE INFRAÇÃO. EFEITOS. Recolhimentos ou compensações realizados posteriormente ao início do procedimento fiscal não são hábeis para descaracterizar as infrações cometidas. Cabível, portanto, o lançamento do tributo, acompanhado da multa de ofício e dos juros de mora. Os valores eventualmente recolhidos ou compensados no curso da ação fiscal, relativos à exigência contida no auto de infração, serão considerados pela autoridade preparadora na fase de liquidação do débito, que ocorrerá após o encerramento da fase litigiosa. TERMO DE DISTRIBUIÇÃO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INCLUSÃO DE NOVOS TRIBUTOS. IDENTIDADE DE ELEMENTOS DE PROVA. Quando os procedimentos de fiscalização relativos a tributos objeto do Termo de Distribuição de Procedimento Fiscal TDPF identificarem infrações relativas a outros tributos, com base nos mesmos elementos de prova, estes serão considerados incluídos no procedimento, independentemente de menção expressa no TDPF. CUSTOS E DESPESAS. EFETIVIDADE. ÔNUS DA PROVA. O ônus da prova cabe a quem alega. Logo, é do sujeito passivo o encargo de comprovar a efetividade de custos ou despesas utilizados na apuração do lucro real, declarados na Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. AJUSTES. Cabível a realização de ajustes na exigência fiscal, diante da comprovação, por parte da impugnante, da existência de valores de IRRF Imposto de Renda Retido na Fonte que não foram contemplados pela fiscalização no lançamento de ofício. Fl. 2326DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 6 5 MULTA ISOLADA. MULTA DE OFÍCIO. CONCOMITÂNCIA. POSSIBILIDADE. A multa isolada, devida pela insuficiência de recolhimento da estimativa mensal do imposto, e a multa de ofício regulamentar, devida pela insuficiência de recolhimento do imposto apurado na data do fato gerador, têm hipóteses de incidência distintas. Portanto, cabível o lançamento concomitante dessas penalidades, mormente quando ato normativo expedido pela administração tributária orienta esse procedimento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte”. 7. A DRJ/POA reconheceu que a contribuinte tem razão no que diz respeito aos valores de IR e CSLL retidos na fonte, utilizados na quitação das estimativas devidas dos meses de dezembro de 2012, outubro e novembro de 2013. Após ajustes (indicados no Anexo do Acórdão fl. 752), os valores exigidos a título de IRPJ e CSLL, sem incluir os devidos acréscimos de multa e juros, foram alterados para R$ 5.213.059,93 e R$ 3.064.664,90, respectivamente. 8. Cientificada da decisão (AR de 08/06/2017, fls.778/779) a contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 07/07/2017 (fls.783/812), no qual reitera as razões de defesa apresentadas em Impugnação e apresenta, em síntese, os seguintes pontos: (i) o Termo Inicial do Procedimento Fiscal é nulo, assim como os termos subsequentes, diante da ausência de condições legais preliminares para sua emissão previstas no artigo 904 do RIR/99; (ii) o auto de infração é nulo, no que tange a exigência da CSLL, em razão da equivocada desconsideração da espontaneidade; (iii) as autoridades fiscais não consideraram as provas apresentadas para comprovar as operações que originaram os valores deduzidos de ICMS; (iv) a cobrança de multa de ofício concomitante com a multa isolada é indevida; e (v) a decisão recorrida não apreciou o pedido da Recorrente solicitando que fossem restabelecidos os saldo negativos de IRPJ. 9. Por fim, a Recorrente requer que: (i) seja declarada a nulidade de todo o procedimento fiscal, ou pelo menos quanto à CSLL; (ii) se determine o recálculo da exigência com o expurgo do ICMS que, independentemente da forma pela qual foi registrado, compõe o resultado operacional da Requerente; (iii) se restabeleça o saldo negativo de IRPJ para o ano de 2013; e (iv) se exclua a multa isolada, diante da impossibilidade de cumulação com a multa de ofício. É o relatório. Voto Conselheira Gisele Barra Bossa, Relatora. 10. O Recurso Voluntário interposto é tempestivo e cumpre os demais requisitos legais de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento e passo a apreciar. Fl. 2327DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 7 6 Da Necessária Realização de Diligência 11. Em virtude da necessidade de baixar os autos em diligência, atenhome aos pressupostos e fundamentos hábeis a justificar tal providência a ser atendida pela douta autoridade preparadora. 12. Inicialmente, cumpre consignar que o deferimento da diligência visa garantir o direito ao contraditório, a ampla defesa e, fundamentalmente, a busca da verdade material, sob pena de enriquecimento ilícito da União. 13. Ademais, alinhome ao entendimento de que a Administração não pode ficar restrita ao que as partes demonstram no curso do processo e, além de fundamentar a decisão com base nas provas apresentadas, deve buscar a verdade material por meio das diligências necessárias, o que in casu envolve a análise detida da documentação fiscal e contábil disponibilizada pela ora Recorrente (constantes das próprias plataformas digitais da SRFB), bem como de eventual troca de informações/abertura de acessos sistêmicos entre as autoridades fiscais federal e estaduais para fins de bem contrapor os argumentos trazidos pela contribuinte em sede de Impugnação e, posteriormente, quando da eventual interposição de Recurso Voluntário. 14. Nessa esteira, e em última análise, deixar de observar os preceitos aqui descritos violam o princípio da eficiência, pois os litígios acabam sendo levados para o âmbito do Poder Judiciário. Para além do ônus suportado pelas partes, temos o ônus para o própria Administração Pública potencial sucumbência, prevista no CPC/2015. O Estado é um só e os custos do contencioso são suportados por todos os cidadãos brasileiros. A eficiência de gestão dos recursos públicos e o cuidado na busca de soluções satisfativas1 são valores legais necessários à promoção do interesse público e não podem ser considerados incompatíveis com esse objetivo. 15. Lembro que, as atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão devem ser realizadas de ofício pela autoridade fiscal, nos termos do artigo 29, da Lei nº 9.784/992. 16. Tendo essas premissas em mente, passo a trazer algumas ponderações em concreto. 1 Sobre o tema, não é demais citar os valores processuais contantes dos artigos 4º, 6º e 8º, da Lei nº 13.105/2015: "Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. (...) Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. (...) Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência." 2 Art. 29. As atividades de instrução destinadas a averiguar e comprovar os dados necessários à tomada de decisão realizamse de ofício ou mediante impulsão do órgão responsável pelo processo, sem prejuízo do direito dos interessados de propor atuações probatórias. § 1º O órgão competente para a instrução fará constar dos autos os dados necessários à decisão do processo. § 2º Os atos de instrução que exijam a atuação dos interessados devem realizarse do modo menos oneroso para estes. Fl. 2328DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 8 7 Infração 001 DOS IMPOSTOS, TAXAS E CONTRIBUIÇÕES NÃO DEDUTÍVEIS 17. Conforme relatado, a fiscalização considerou que a Recorrente deduziu de forma equivocada o montante de R$ 4.982.804,65, a título de ICMS. 18. A Recorrente, por sua vez, afirma que os valores são dedutíveis, em que pese tenham sido contabilizados em conta ou grupo de resultado diverso daquele ao qual deveriam ter sido registrados. Afirma ainda que, a adoção de uma forma de contabilização específica não pode ensejar indedutibilidade, visto que tais operações compõem o lucro operacional da contribuinte. 19. Segundo a Recorrente, os valores que compuseram a diferença de R$ 4.982.804,65, correspondem a débitos de ICMS sobre outras saídas, que seriam igualmente dedutíveis para fins de apuração do lucro real. 20. Em sede de Impugnação e agora em seu Recurso Voluntário reitera que o auditor fiscal em seu relatório desconsiderou a ressalva dada pela contribuinte quanto ao registro dos créditos de ICMS na DIEF todos os valores de ICMS a débito apurados na DIEF foram registrados na conta de ICMS sobre vendas, assim como todos os créditos de ICMS apurados na DIEF foram registrados em contas de Estoque ou do CMV (Custo das mercadorias vendidas), e simplesmente classificou como indedutíveis os valores de ICMS (R$ 4.982.804,65) que supostamente não correspondiam à saída de vendas com base no art. 280 do RIR/99. 21. Por sua vez, a r. DRJ entendeu que as operações de saída de bens descritas na impugnação, em regra, não geram despesas dedutíveis de ICMS para fins de apuração do lucro real e que a contribuinte não teria apresentado cópia do livro de apuração do ICMS para demonstrar o efetivo registro das operações de outras saídas e o devido destaque do ICMS e, portanto, as provas apresentas seriam insuficientes. 22. De fato, não evidencio maiores esforços por parte da autoridades fiscal e julgadoras em verificar se esses valores de ICMS eram de fato indedutíveis, bem como os efeitos advindos do ICMS relativo as devoluções de vendas. No mais, repitase, as autoridades fiscais federal e estaduais têm plataformas e sistemas de alta performance aptos a bem conciliar tais informações e trazer com assertividade a verdade dos fatos. 23. Ademais, neste quesito da escrituração digital, verifico que o r. acórdão da DRJ não analisou os anexos I e II juntados pela Recorrente na Impugnação. 24. Em seu Recurso Voluntário, a contribuinte cuida de justificar e rebater a fundamentação do r. acórdão da DRJ para cada grupo de operação e, para tanto, anexa farta documentação (documentos às fls. 823/2317). Confirase: "Rol de documentos anexados: ANEXO 1 – Notas Fiscais de Bonificação; ANEXO 2 – Comprovações das Devoluções de Compras; Fl. 2329DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 9 8 ANEXO 3 – Notas Fiscais de Venda de Bens do Ativo Imobilizado; ANEXO 4 Notas Fiscais de Transferência de Bens de Uso e Consumo; ANEXO 5 Notas Fiscais de Transferência de Bens do Ativo Imobilizado; ANEXO 6 – Notas Fiscais de Utilização de Saldo Credor de ICMS para Extinção/Pagamento de Débitos; ANEXO 7 – Planilha do ICMS Destacado nas Notas Fiscais de Venda – Ano 2012; ANEXO 8 – Notas Fiscais de Remessa de Venda para Entrega Futura; ANEXO 9 – Comprovações das Operações de Transferência de Mercadorias entre estabelecimentos da empresa; ANEXO 10 Comprovações das Operações de Remessa e Retorno para Depósito Fechado ou Armazém Geral; ANEXO 11 – Comprovações das Operações de Consignação; ANEXO 12 – Comprovações de Outras Remessas e Retornos; ANEXO 13 – Comprovações das Devoluções de Vendas; Outros documentos anexados: Cópia do Contrato Social; Procuração; Cópia da Cédula de identidade do Representante Legal; Razão Contábil da Conta “79209 () ICMS s/ Faturamento; Razão Contábil da Conta “69050 ICMS a Recuperar”; Arquivo EFD com Resumo das Entradas e Saídas; Lotes Contábeis de Registro do ICMS das Saídas; Lotes Contábeis de Registro do ICMS das Entradas; Arquivo do SPED Contábil entregue ao Auditor Fiscal em mídia digital." 25. Dado o volume de documentos e o necessário cotejo sistêmico considero que a douta autoridade preparadora deve cuidar de verificar, dentro do universo dos R$ 4.982.804,65 (valor supostamente deduzido de forma equivocada pela contribuinte), os seguintes pontos: 1. Despesas e Custos de ICMS sobre outras operações de Saídas que compõem o Lucro Operacional Fl. 2330DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 10 9 a) Remessas em bonificação, doação ou brinde – CFOPS 5.910 e 6.910 Anexo 1 Confirmar o montante que representa esses CFOPS (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais de forma a ratificar as operações com itens bonificados, doação ou brindes. b) Devoluções de compras para industrialização ou comercialização CFOPS 6.201 e 6.202 Anexo 2 Confirmar o montante que representa esses CFOPS (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de ratificar se a despesa em questão é dedutível. c) Vendas do Ativo Imobilizado – CFOPS 5.551 e 6.551 Anexo 3 Confirmar o montante que representa esses CFOPS (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais a fim de verificar se de fato nos Estados do Maranhão e Piauí, onde a Recorrente tem seus estabelecimentos, ocorreu a tributação do ICMS sobre as saídas de bens do ativo imobilizado com redução de base de cálculo de 95% e 80%, respectivamente. d) Transferências de Material de Uso e Consumo – CFOP 6.557 Anexo 4 A Lei Complementar 87/96 (lei Kandir) em seu artigo 13, §4º e 5º, estabelece que a incidência de ICMS nas operações de transferência de mercadorias entre estabelecimentos interestaduais da mesma empresa. Deste modo, a Recorrente alega que (i) tributou pelo ICMS as transferências de matérias de uso e consumo que ocorreram entre estabelecimentos situados no Maranhão e Piauí; e (ii) não há possibilidade de creditamento do ICMS pelo estabelecimento destinatário dos materiais. Diante desse racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa esse CFOP (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de verificar se de fato houve a tributação pelo ICMS de forma a ratificar a dedutibilidade desta despesa. e) Transferências de Bens do Ativo Imobilizado – CFOPs 5.552 e 6.552 Anexo 5 Assim como ocorre nas operações de venda do ativo imobilizado (item c), a ora Recorrente alega que nas transferências de ativo imobilizado entre estabelecimentos da mesma empresa, sejam interestaduais ou não, cujo emitente seja dos Estados do Maranhão ou Piauí, há a incidência de ICMS. Diante deste racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa esses CFOPS (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de verificar se de fato nos Estados do Maranhão e Piauí há a tributação do ICMS sobre as transferência de bens do ativo imobilizado, bem como se houve ou não creditamento do ICMS pelo estabelecimento destinatário dos bens. f) Utilização de Saldo credor do ICMS para extinção por compensação de débitos fiscais – CFOP 5.606 Anexo 6 Confirmar o montante que representa esses CFOPS (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de ratificar a dedutibilidade desta despesa. Fl. 2331DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 11 10 g) Venda de produção do Estabelecimento originada de encomenda para entrega futura – CFOP 6.116 Anexo 7 e Anexo 8 Em análise do Anexo 7, é possível constatar que o auditorfiscal elencou somente o CFOP 6.922 relativo à venda de mercadorias, mas não relacionou o CFOP 6.116 que, nas operações em questão, é o que tem o ICMS destacado destas vendas. Diante deste racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa esse CFOP (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de ratificar a dedutibilidade desta despesa. 2. ICMS sobre transferência de Mercadorias e de Remessa e Retorno a) Transferência de Mercadorias entre Estabelecimentos Anexo 9 Para comprovar os valores de ICMS nas operações de transferência de mercadorias entre estabelecimentos, a Recorrente apresenta operações fiscais e contábeis resultantes das transferências remetidas dos estabelecimentos /000188 e /000340 para o estabelecimento /000773 no mês de dezembro de 2012 junta as demonstrações das entradas e saídas pertinentes extraídos da ECFFiscal, notas fiscais e os correspondentes lançamentos contábeis. Diante deste racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa essa rubrica (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de ratificar a dedutibilidade desta despesa. A priori o eventual destaque do ICMS nas entradas e saídas de mercadorias transferidas não geraria efeitos tributários em relação ao IRPJ e CSLL. b) Remessas e Retorno de Mercadorias para Depósito Fechado ou Armazém Geral; c) Remessas e Retorno de Consignação de Mercadorias; d) Remessas e Retorno de Mercadorias para Conserto ou Demonstração; e) Outras Operações de Remessa e Retorno (itens tratados em conjunto) Anexos 10 a 13. Como regra, no registro de operações de remessa e retorno de mercadorias, utilizase as contas de ativo circulante e passivo circulante, a saber: a) registro do ICMS na entrada das mercadorias: D ICMS A RECUPERAR (Ativo circulante) C – ICMS S/CONSIGNAÇÃO (Passivo circulante) b) registro do ICMS incidente sobre o retorno ao consignante: D – ICMS S/CONSIGNAÇÃO (Passivo circulante) C – ICMS A RECUPERAR (Ativo circulante) Logo, a priori, o registro contábil dessas operações não gera efeitos em relação à apuração do lucro operacional. Fl. 2332DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 12 11 Por seu turno, a Recorrente contesta tal dinâmica e traz a seguinte amostragem: (a) para comprovar os valores de ICMS nas operações de remessa e retorno de mercadorias para Depósito Fechado ou Armazém Geral, apresenta as operações de remessas realizadas pelo estabelecimento /000854 no mês de março de 2012, cujo retorno ocorreu em outubro de 2012. Junta as demonstrações das entradas e saídas pertinentes extraídos da ECFFiscal, notas fiscais e os correspondentes lançamento contábeis (Anexo 10). (b) para comprovar os valores de ICMS nas operações de remessa e retorno de mercadorias consignadas, apresenta operação realizada pelo estabelecimento /000501 nos meses de julho e dezembro de 2012. Junta as demonstrações das entradas e saídas pertinentes extraídos da ECFFiscal, notas fiscais e os correspondentes lançamento contábeis (Anexo 11). (c) Idem situação das operações consignadas tratada no item (b) (d) para comprovar os valores de ICMS de outras operações de remessa e retorno de mercadorias, apresenta operação realizada pelo estabelecimento /000854 nos meses de maio, junho e julho de 2012. Junta as demonstrações das entradas e saídas pertinentes extraídos da ECFFiscal, notas fiscais e os correspondentes lançamento contábeis (Anexo 12). Diante deste racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa essas rubricas (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de ratificar a dedutibilidade desta despesa. Conforme acima consignado, a priori tais operações não gerariam efeitos tributários em relação ao IRPJ e CSLL. 3. ICMS sobre operações de Devoluções de Vendas De acordo com o r. acórdão da DRJ, as devoluções de vendas geram lançamentos a crédito – e não a débito – da conta de despesas com vendas. E, portanto, inadmite que lançamentos contábeis a título de devolução de vendas tenham repercutido na alteração, para maior, do saldo da conta contábil [devedora] “79209 () ICMS s/Faturamento”. Por sua vez, a Recorrente consigna que nem no curso do procedimento fiscalizatório ou em sede de Impugnação informou ser o valor do ICMS das devoluções lançado na conta “79209 – ICMS/ Faturamento”. Pelo contrário, teria procurado demonstrar que o auditor fiscal havia sido omisso quanto a essa rubrica. Por meio do Anexo 13 apresenta relatório das demonstrações das entradas e saídas pertinentes extraídos da ECF dos estabelecimentos e meses em que ocorreram devoluções de vendas. Diante deste racional fático, deve a autoridade preparadora confirmar o montante que representa essas rubricas (liquidez), bem como proceder a devida apreciação da documentação fiscal e contábil apresentada em cotejo com as plataformas sistêmicas federal e estaduais, a fim de verificar se tais devoluções geraram ou não efeitos tributários em relação ao IRPJ e a CSLL. Saldo Negativo de IRPJ Fl. 2333DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 13 12 26. Conforme relatado, a DRJ reconheceu que a contribuinte teria razão quanto a alegação de que a apuração dos tributos devidos no ajuste anual não contemplou os valores de IR e CSLL retidos na fonte e utilizados na quitação das estimativas devidas dos meses de dez/2012, out/2013 e nov/2013. 27. De acordo com o anexo do r. acórdão da DRJ, após os ajustes não restou débito de IRPJ para o anocalendário de 2013. Confirase: 28. O valor de IRPJ (2013) exigido originalmente no auto de infração era de R$ 565.175,37. Considerando o montante retido na fonte de R$ 878.606,50, não restou débitos em aberto de IRPJ em 2013. 29. A Recorrente, por sua vez, alega que ao subtrair o montante retido na fonte (R$ 878.606,50) do valor exigido de IRPJ em 2013 (R$ 565.175,37) a DRJ deveria ter reconhecido saldo negativo de IRPJ em 2013 de R$ 313.431,13, conforme demonstra a planilha abaixo: 30. Tal requerimento foi formulado já em sede de Impugnação e, diante do reconhecimento por parte da r. DRJ dos valores retidos na fonte, a ora Recorrente reforça tal pleito em seu Recurso Voluntário. De fato, a r. DRJ não se manifestou sobre esse aspecto. Fl. 2334DF CARF MF Processo nº 13362.720388/201677 Resolução nº 1201000.660 S1C2T1 Fl. 14 13 31. Nesse sentido, considero prudente que a douta autoridade preparadora confirme se a fiscalização já não tinha contemplado os valores retidos na apuração (vide TVF, fls. 40 e fls. 36) e, caso sejam validados os valores imputados no referido anexo (r. acórdão da DRJ), faça constar dos autos nova memória de cálculo com o reconhecimento do saldo negativo do IRPJ. 32. Diante do exposto, e em linhas com as razões fáticas acima apresentadas, entendo cabível a realização de diligência para que autoridade preparadora preste os devidos esclarecimentos acima e pontualmente relacionados. 33. Caso se verifique inexatidão nas informações prestadas pela contribuinte, esta deve ser intimada a apresentar esclarecimentos e provas complementares para que essa diligência seja plenamente atendida, em homenagem aos princípios da cooperação, eficiência processual e busca da verdade material. 34. Após a conclusão da diligência, a r. DRF deverá elaborar Relatório Conclusivo, com posterior ciência à Recorrente, para que, se assim desejar, se manifeste no prazo de 30 (trinta) dias e na seqüência retornem os autos ao E. CARF para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Gisele Barra Bossa Fl. 2335DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.720767/2017-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2014
DECISÃO NULA. NÃO ENFRENTAMENTO DE TODAS AS QUESTÕES.
Merece ser declarada nula a decisão de primeiro grau que não enfrenta todas as questões com potencial de modificar o lançamento, sendo necessário o retorno do expediente à unidade competente, para prolatação de nova decisão, em boa forma.
Numero da decisão: 3302-006.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular a decisão de primeira instância por não enfrentamento de argumentos autônomos especificados no voto do relator, vencidos os Conselheiros Walker Araújo e Jorge Lima Abud que afastavam a preliminar de nulidade.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente.
(assinado digitalmente)
Corintho Oliveira Machado - Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
Nome do relator: CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2014 DECISÃO NULA. NÃO ENFRENTAMENTO DE TODAS AS QUESTÕES. Merece ser declarada nula a decisão de primeiro grau que não enfrenta todas as questões com potencial de modificar o lançamento, sendo necessário o retorno do expediente à unidade competente, para prolatação de nova decisão, em boa forma.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 19515.720767/2017-33
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6006168
dt_registro_atualizacao_tdt : Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.893
nome_arquivo_s : Decisao_19515720767201733.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : CORINTHO OLIVEIRA MACHADO
nome_arquivo_pdf_s : 19515720767201733_6006168.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular a decisão de primeira instância por não enfrentamento de argumentos autônomos especificados no voto do relator, vencidos os Conselheiros Walker Araújo e Jorge Lima Abud que afastavam a preliminar de nulidade. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado - Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7738008
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:19 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911371882496
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 8; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1492; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 1.070 1 1.069 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 19515.720767/201733 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.893 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria IOF Recorrente FLORA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS DE HIGIENE E LIMPEZA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2014 DECISÃO NULA. NÃO ENFRENTAMENTO DE TODAS AS QUESTÕES. Merece ser declarada nula a decisão de primeiro grau que não enfrenta todas as questões com potencial de modificar o lançamento, sendo necessário o retorno do expediente à unidade competente, para prolatação de nova decisão, em boa forma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso voluntário para anular a decisão de primeira instância por não enfrentamento de argumentos autônomos especificados no voto do relator, vencidos os Conselheiros Walker Araújo e Jorge Lima Abud que afastavam a preliminar de nulidade. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 07 67 /2 01 7- 33 Fl. 1070DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.071 2 Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Paulo Guilherme Deroulede (Presidente). Relatório Por bem descrever a realidade dos fatos, adoto e transcrevo relatório da decisão de primeira instância, acórdão nº 0965.573 2ª Turma da DRJ/JFA: Trata o presente processo de crédito constituído pela fiscalização, mediante a lavratura de auto de infração, para lançamento de IOF, incidente sobre operações de crédito entre pessoas ligadas, no anocalendário 2013, sendo R$ 9.419.031,54 relativos ao imposto, R$ 4.407.139,14 relativos aos juros de mora e R$ 7.064.273,61 relativos a multa proporcional (passível de redução). Toda a ação fiscal encontrase descrita no Termo de Verificação Fiscal de fls. 54/65, que acompanha os autos, de onde extraímos alguns trechos com a finalidade de trazer, de forma resumida, as razões fiscais para a realização do lançamento. Vejamos: "10. Pela natureza das operações entre Flora Distribuidora de Produtos de Higiene e Limpeza Ltda e as empresas do grupo, concluise que se trata de mútuo financeiro conforme justificaremos a seguir. 11. O mecanismo denominado de conta corrente pela Fiscalizada com as demais empresas do grupo, em que Ms partes estabelecem uma relação na qual cada um das partes pode estar simultaneamente na posição de credor e devedor, caracterizando assim um contrato bilateral com direitos e obrigações recíprocas:'[sic), é comumente utilizado para registrar a movimentação de recursos financeiros que transitam reciprocamente entre os dois patrimônios. Por esse instrumento de registro de débitos e créditos recíprocos, os recursos eventualmente disponibilizados por uma das partes podem perfeitamente ser restituídos pela outra também em recursos da mesma espécie. 12. Notase, contudo, que a sistemática de conta corrente de forma alguma se mostra como algo incompatível com uma operação de mútuo. Essa sistemática se amolda com perfeição ao fim de instrumentalizar operações de mútuo financeiro haja vista a facilidade que representa (principalmente quando envolvidas empresas/pessoas vinculadas), no que tange ao empréstimo do recurso por uma das partes e a posterior restituição, pela outra parte, por intermédio da mera sistemática de débitos e créditos em conta corrente." Fl. 1071DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.072 3 Estas foram, em resumo, as constatações e conclusões que levaram a autoridade fiscal a proceder a lavratura do auto de infração combatido. A ciência do lançamento ocorreu em 09/08/2017 e em 06/09/2017 foi protocolada a peça de defesa de fls. 941/965. Após fazer uma curta explanação dos fatos apresentou suas razões de discordância que seguem a linha demonstrada pelos excertos abaixo: "2. PRELIMINARMENTE 2.1 DA APLICAÇÃO DOS ARTS. 15 E 1.037, II DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. NECESSÁRIA SUSPENSÃO DO TRÂMITE DO PROCESSO, SOB PENA DE AFRONTA À LEI... Sendo assim, é imperiosa a suspensão do processo, em razão da economia processual, em virtude da questão jurídica estar afeta a regime de repercussão geral pelo STF (RE 590.186). ... 3. DO DIREITO HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA DO IOF NOS TERMOS DA LEI Nº 9.779/99– CONTRATOS DE CONTA CORRENTE NÃO ABRANGIDOS PELA LEGISLAÇÃO DE REGÊNCIA... É de se ver, contudo, que referidas disponibilizações não configuram operações de mútuo, mas sim de conta corrente entre a Impugnante e as pessoas jurídicas a ela ligadas, conforme atestado pela própria Autoridade Fiscal, não havendo que se falar em hipótese de incidência do IOF. ... Ao editar a Instrução Normativa nº 907/2009, com o intuito de disciplinar as disposições da Lei nº 9.779/99, a Receita Federal do Brasil (RFB) equiparou as operações de mútuo às operações de conta corrente... ... Ora, ao equiparar as operações de conta corrente às de mútuo, a Instrução Normativa nº 907/2009 acabou não apenas por violar o Princípio Constitucional da Estrita Legalidade, estabelecido no inciso I do art. 150 da Carta Magna, como também criou tributação por analogia... Como se sabe, uma norma de nível hierárquico inferior à lei não pode criar nova exação ou alargar escopo da tributação legalmente definida. A edição da referida Instrução Normativa, apesar de confirmar a diferença entre os contratos de mútuo e os de conta corrente, acaba por alargar a hipótese de incidência do IOF. Fl. 1072DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.073 4 Ademais, ao estender às operações de conta corrente a tributação tipificada para os casos de mútuo, restou configurada flagrante afronta ao que dispõe o art. 97 do CTN, em especial seu inciso III... ... Entendese como operação de conta corrente, fundamentada ou não em contrato formal, a prática por meio da qual “duas pessoas estipulam a obrigação, para ambas as partes, ou para uma delas, de inscrever, em contas especiais de débito e crédito, os valores monetários correspondentes às suas remessas, sem que uma credora ou devedora da outra se julgue, senão no instante do encerramento de cada conta”. Assim, enquanto no mútuo o ajuste efetuado entre as empresas é simultâneo à entrega da quantia pactuada, o acordo estabelecido entre as pessoas jurídicas do grupo da Impugnante as obriga tão somente a disponibilizar créditos, de modo a permitir que sejam empregados quando se verificar a necessidade de adimplemento de suas obrigações, sem que haja prévia estipulação, ressaltese, dos montantes a disponibilizar, dado o dinamismo do diaa dia típico da atividade empresarial. Ademais, a estrutura de conta corrente implica em uma diversidade de operações recíprocas, que não se liquidam de imediato. ... Ora, a análise das operações praticadas pela Impugnante permite inferir que o respectivo negócio jurídico praticado não se enquadra no conceito de mútuo. Isto porque não há, entre as empresas ligadas àquele, a pretensão de transferir bens fungíveis para posterior devolução no mesmo gênero, qualidade e quantidade, o que pode ser comprovado pela própria movimentação das contas contábeis utilizadas pelas empresas para registro das operações de conta corrente praticadas. ... A Impugnante esclarece não trataremse as operações fiscalizadas de operações de mútuo, mas de mero conta corrente entre as empresas do Grupo. Tratase, no caso concreto, de remessas recíprocas entre a Impugnante e demais empresas do Grupo, caracterizando situação de contacorrente. Isto porque, no período autuado, a Impugnante além de ter figurado como cessora de crédito para as demais empresas do Grupo, também figurou como beneficiária de crédito em operações de igual natureza com tais empresas. ... A situação acima narrada afasta qualquer alegação de caracterização de contratos de mútuo, deixando muito claro tratarse de situação de conta corrente entre as empresas do Fl. 1073DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.074 5 Grupo, na qual a Impugnante atua como gestora de caixa de todo o Grupo. ... 4. DAS DEMAIS RAZÕES PELAS QUAIS A PRESENTE AUTUAÇÃO NÃO DEVE PROSPERAR... 5. DA DILIGÊNCIA... 6. DO ERRO DE CÁLCULO (negritos no original)" Citou doutrina, decisões judiciais e decisões administrativas que amparariam seu entendimento. Finalizando sua peça defensiva, vem a impugnante requerer a suspensão do andamentos do processo e, no caso de indeferimento deste pedido, a declaração da improcedência do lançamento. Em 29/01/2018, a 2ª Turma da DRJ/JFA, por unanimidade de votos, julgou procedente em parte a impugnação, nos termos da ementa abaixo: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2014 VALIDADE DA LEI. COMPETÊNCIA. Falece competência à autoridade julgadora de instância administrativa para a apreciação de aspectos relacionados com a validade de Lei, tarefa privativa do Poder Judiciário. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. POSSIBILIDADE. As multas de ofício que não forem recolhidas dentro dos prazos legais previstos estão sujeitas à incidência de juros de mora equivalentes à taxa SELIC, acumulada mensalmente, até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2013 OPERAÇÃO DE MÚTUO DE RECURSOS FINANCEIROS POR MEIO DE CONTA CORRENTE. INCIDÊNCIA. O IOF previsto no art. 13 da Lei nº 9.779, de 1999, incide sobre as operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros, independentemente da forma pela qual os recursos sejam entregues ou disponibilizados ao mutuário. Dessa forma, ocorre o fato gerador do imposto nas operações de crédito dessa Fl. 1074DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.075 6 natureza também quando realizadas por meio de conta corrente, sendo irrelevante ainda a relação de controle ou coligação entre as pessoas jurídicas envolvidas. MÚTUO ENTRE EMPRESAS LIGADAS. CONTA CORRENTE CONTÁBIL. CRÉDITO ROTATIVO. INCIDÊNCIA. CONTRATO DE MÚTUO. INEXIGIBILIDADE. Os aportes de recursos financeiros entre pessoas jurídicas ligadas e entre pessoa jurídica e pessoa física, sem prazo e valor determinado, realizado por meio de lançamentos em conta corrente contábil, caracterizam as operações de crédito correspondentes a mútuo, independente da formalização de contrato, sujeitas ao IOF. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Intimada da decisão, em 13/06/2018, consoante Termo de ciência por abertura de mensagem, fl. 1031, a Recorrente interpôs recurso voluntário em 13/07/2018, consoante Termo de solicitação de juntada de documentos acostado, no qual alegou preliminar de nulidade da decisão de primeiro grau (falta de manifestação acerca de argumento autônomo e parecer acostado que tratam do art 1º da Lei 5.143/66 (instituidora do IOF) necessidade de anulação do acórdão ora recorrido para que analise a questão sob pena de supressão de instância), e no mérito reproduz as alegações esgrimidas no momento da impugnação, para subsidiariamente pedir o cancelamento da exigência fiscal. Alternativamente, requer diligência e traz quesitos. E por fim, caso seja julgado subsistente o auto de infração, requer a correção do cálculo do tributo devido e o afastamento dos juros de mora sobre a multa aplicada. Posteriormente, o expediente foi encaminhado a esta Turma ordinária para julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Corintho Oliveira Machado, Relator. O recurso voluntário é tempestivo, e considerando o preenchimento dos demais requisitos de sua admissibilidade, merece ser apreciado. DA NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA No que tange à preliminar de nulidade da decisão recorrida, por falta de manifestação acerca de argumento autônomo e parecer acostado que tratam do art 1º da Lei Fl. 1075DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.076 7 5.143/66 (instituidora do IOF) necessidade de anulação do acórdão ora recorrido para que analise a questão sob pena de supressão de instância, ao meu sentir merece crédito, uma vez que, de fato, o acórdão recorrido não tratou especificamente do tema durante o voto, mesmo fazendo constar dele en passant no seu relatório: 4. DAS DEMAIS RAZÕES PELAS QUAIS A PRESENTE AUTUAÇÃO NÃO DEVE PROSPERAR. O supra citado item 4 da impugnação dizia o seguinte: Na remota hipótese de Vossas Senhorias entenderam(sic) pela insubsistência dos argumentos elencados acima, a Impugnante entende oportuno apresentar argumentos adicionais, pelo quais entende que restaria cancelada a autuação, pois: (i) O histórico legislativo do IOF limita o conceito de operações financeiras àquelas realizadas por instituições financeiras, pois o artigo 1º da Lei nº 5.143/66 foi recepcionado pela Constituição Federal como Lei Complementar (no artigo 146, III, a) e não foi revogado, expressa ou tacitamente, pelo Código Tributário Nacional; e, (ii) Em razão do conceito de instituições financeiras ser definido pelo Direito Privado, não poderia o legislador ordinário extrapolar tal conceito para prever hipótese de incidência sobre entidades não integrantes do Sistema Financeiro Nacional, nos termos do artigo 110 do CTN. Além disso, tal conduta estabeleceria ficção jurídica não condizente com a função extrafiscal do IOF. O parecer anexo explora os argumentos acima elencados de forma mais detalhada (Doc. 03). Como o argumento tem condições, em tese, de alterar o rumo da solução da lide, e não foi abordado pela decisão recorrida, este Colegiado se vê impossibilitado de enfrentálo agora sob pena de dar azo à supressão de instância. Ante o exposto, voto por dar provimento parcial ao recurso, para tornar nula a decisão de primeiro grau, por não enfrentamento das matérias acima especificadas, sendo necessário o retorno do expediente à DRJ/JFA, para prolatação de nova decisão, em boa forma. (assinado digitalmente) Corintho Oliveira Machado Fl. 1076DF CARF MF Processo nº 19515.720767/201733 Acórdão n.º 3302006.893 S3C3T2 Fl. 1.077 8 Fl. 1077DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.009329/2008-28
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF
Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2004
RECURSO DE OFÍCIO. INADMISSIBILIDADE. INFERIOR AO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO.
O recurso de ofício não preenche condições de admissibilidade, posto que, não atinge o valor de alçada, hoje fixado em R$ 2.500.000,00 pela Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017.
Recurso de Ofício Não Conhecido
Crédito Tributário Exonerado
Numero da decisão: 3402-006.554
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Pedro Sousa Bispo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
Nome do relator: PEDRO SOUSA BISPO
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou relativas a Títulos ou Valores Mobiliários - IOF Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2004 RECURSO DE OFÍCIO. INADMISSIBILIDADE. INFERIOR AO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. O recurso de ofício não preenche condições de admissibilidade, posto que, não atinge o valor de alçada, hoje fixado em R$ 2.500.000,00 pela Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017. Recurso de Ofício Não Conhecido Crédito Tributário Exonerado
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10380.009329/2008-28
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6014487
dt_registro_atualizacao_tdt : Thu May 30 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3402-006.554
nome_arquivo_s : Decisao_10380009329200828.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PEDRO SOUSA BISPO
nome_arquivo_pdf_s : 10380009329200828_6014487.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes.
dt_sessao_tdt : Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
id : 7763274
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:46:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911375028224
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1524; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T2 Fl. 444 1 443 S3C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10380.009329/200828 Recurso nº De Ofício Acórdão nº 3402006.554 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 24 de abril de 2019 Matéria IOFAUTO DE INFRAÇÃO Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado EMPESCA ALIMENTOS LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2004 RECURSO DE OFÍCIO. INADMISSIBILIDADE. INFERIOR AO VALOR DE ALÇADA. NÃO CONHECIMENTO. O recurso de ofício não preenche condições de admissibilidade, posto que, não atinge o valor de alçada, hoje fixado em R$ 2.500.000,00 pela Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017. Recurso de Ofício Não Conhecido Crédito Tributário Exonerado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do Recurso de Ofício, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (presidente da turma), Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Diego Diniz Ribeiro, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo e Rodrigo Mineiro Fernandes. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 00 93 29 /2 00 8- 28 Fl. 444DF CARF MF 2 Relatório Por bem relatar os fatos, adoto o Relatório da decisão recorrida com os devidos acréscimos: Contra a contribuinte identificada no preâmbulo foi lavrado o auto de infração às fls. 3/16, formalizando lançamento de ofício do crédito tributário abaixo discriminado, relativo ao Imposto Sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros ou Relativas a Títulos ou Valores Mobiliários – IOF dos períodos de 31/01/2004 a 31/12/2004, incluindo juros de mora calculados até 30/05/2008 e multa proporcional de 75%, totalizando R$ 1.150.348,04 (um milhão cento e cinquenta mil trezentos e quarenta e oito reais e quatro centavos): Segundo a fiscalização, após analise da escrita contábil da empresa, durante o anocalendário de 2004, foi identificado falta de recolhimento e de declaração em DCTF do Imposto sobre Operações Financeiras IOF, referente a operações de crédito realizadas entre a empresa fiscalizada e duas outras pessoas jurídicas coligadas/controladas, na forma prevista no art. 13 da lei n° 9.779, de 19/01/1999, pela ocorrência de mútuo de recursos financeiros entre o sujeito passivo (mutuante) e essas duas empresas coligadas/controladas, na condição de mutuarias. A partir da verificação dos livros contábeis e demais documentos apresentados pela contribuinte, no ano de 2004, verificouse que a fiscalizada teria atuado como mutuante em relação a duas empresas controladas/coligadas, no caso, a EMPESCA S/A – LAGOSTA e EMPESCA S/A – CAMARÃO. Por conta dessas operações, a mutuante fez constar, em 2004, no seu livro razão como também em seus balancetes as respectivas contas do Ativo Realizável a Longo Prazo (Adiantamento a Controladas/Coligadas) conta n ° 1.2.01.03.0023 Empesca S/A CNPE – Lagosta e conta n° 1.2.01.03.0025 Empesca S/A CNPE – Castanha. Entendeu, portanto, a fiscalização que efetivamente teria ocorrido o fato gerador do IOF pelas operações de crédito realizadas entre as pessoas jurídicas aventadas; Assim, procedeuse ao lançamento de oficio onde, conforme prescreve o art 7º do Decreto n° 4.494/2002, a base de calculo é o somatório dos saldos devedores diários apurado no último dia de cada mês inclusive na prorrogação ou renovação. DA IMPUGNAÇÃO Cientificada, das exigências, em 04/07/2008 (Aviso de Recebimento – AR de fls. 130), a autuada, em 05/08/2008, apresentou sua Impugnação constante das fls. Fl. 445DF CARF MF Processo nº 10380.009329/200828 Acórdão n.º 3402006.554 S3C4T2 Fl. 445 3 133 a 152 (e anexos), atacando o procedimento fiscal com os argumentos a seguir expostos. Em sede de preliminar vem aos autos para pugnar pela decadência parcial das operações mercantis ocorridas anteriormente a julho 2003, pois, em se tratando de lançamento por homologação, aplicarseá a regra insculpida no artigo 150, § 4º da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). DO MÉRITO Inicia a sua narrativa destacando que existe apenas uma empresa, controladora da Impugnante, denominada EMPESCA S/A Construções Navais, Pesca e Exportação (Empesca S/A – CNPE), inscrita no CNPJ (MF) sob o n° 09.119.033/000120. As denominações Empesca S/A – Lagosta; Empesca S/A – Camarão; e Empesca S/A – Castanha, foram utilizadas, em seu plano de contas contábil, apenas para identificar as operações realizadas pela Impugnante com sua controladora de forma segregada, por atividade operacional da Impugnante, haja vista que a empresa tem por objetivo social preponderante a industrialização e comercialização de lagosta, camarão e castanha. Assim, todas as contas contábeis mencionadas pelo d. Fiscal tem como titular uma única empresa, a Empesca S/A – CNPE, apesar de operar com três diferentes produtos: camarão, lagosta e castanha. Ressalta a Impugnante que embora a contacontábil 1.2.01.03.0025 –Empesca S/A CNPE – Castanha tenha sido mencionada pela fiscalização na descrição dos fatos, não chegou a ser utilizada no cálculo do pretenso imposto lançado, o que demonstra a improcedência do mesmo, pois, no caso especifico desta lide, o lançamento deveria abranger as operações realizadas entre a Impugnante e sua controladora (Empesca S/A – CNPE), cujo objeto dessas operações fosse movimentação de dinheiro, com características de empréstimo financeiro e para apurar os saldos diários dos mútuos seria necessário somar as três contas identificadas como Lagosta, Camarão e Castanha. Destarte, ao não adicionar os valores dos saldos da conta contábil “Empesca S/A CNPE – Castanha” incorre em erro a fiscalização, haja vista que todas as contas refletem as operações de uma única empresa, a Empesca S/A – CNPE. Aduz que o imposto incide sobre operações de crédito (empréstimos, mútuo entre empresas, factoring, etc.) que tenham como objeto recursos financeiros (dinheiro), mas, no caso concreto, os saldos das contas analisadas eram compostos, praticamente, por operações que envolviam outros bens que não recursos financeiros, principalmente, operações mercantis de produção da Impugnante (lagosta, camarão e castanha). Essas operações mercantis eram simplesmente compra e venda de produtos para exportação. Os históricos de cada lançamento a débito, dos razões das contascorrentes analisadas, demonstram que os valores significativos tratavamse de: (i) vendas de mercadorias; (ii) transferências de bens e direitos; (iii) arrendamento de instalações, como se confirma com as cópias dos razões anexo. As contas contábeis analisadas pelo d. Fiscal começaram a ser movimentadas em outubro de 1997, notadamente em decorrência de movimentações financeiras (pagamentos e recebimentos por ordem e conta da controladora), bem como Fl. 446DF CARF MF 4 movimentações oriundas de transferência de bens, direitos e obrigações, que pertenciam, de fato, à controladora, ou de bens e direitos não necessários às suas atividades. No período entre os anos de 1998 a 2000, nas contas contábeis analisadas pela fiscalização, predominaram os lançamentos decorrentes de operações mercantis venda da produção da Impugnante à Empesca S/A – CNPE, notadamente vendas destinadas à exportação. Anteriormente à constituição da Impugnante, a empresa que produzia lagosta, camarão e castanha era a sua controladora, a Empesca S/A – CNPE, que, por questão de controle e gestão, deixou de ser uma empresa de características operacionais, passando a ser uma gestora de participações societárias (holding). Entretanto, como havia firmado contratos de exportação junto aos seus clientes, bem como possuía obrigações junto a instituições financeiras, decorrentes de ACC — Adiantamento de Contratos de Câmbio, necessitava cumprir tantos os contratos de exportação, bem como a liquidação dos ACCs em aberto, assim, continuou a exportar, através de aquisição de “performance” (termo utilizado no mercado exportador, para definir as aquisições de produtos de uma empresa produtora/exportadora, junto a outra empresa, também produtora/exportadora, com o intuito de liquidar os compromissos de ACCs assumidos pela adquirente), comprando a produção da Impugnante, sua controlada, e exportando em seu nome. Foram essas operações que formaram os saldos das ditas contas contábeis, que serviram de base para o presente auto de infração. Assim, se conclui que, nas contas analisadas pela fiscalização predominaram lançamentos contábeis que refletem operações de venda de mercadorias, arrendamento mercantil e transferência de bens e direitos, operações estas não previstas no art. 13, da Lei n° 9.779/99, por não se tratar de operações de crédito correspondentes a mútuo de recursos financeiros entre pessoas jurídicas. Noutra ponta, como os saldos das mencionadas contas tiveram origem em 1997, os possíveis créditos financeiros formados entre 1997 e janeiro de 1999 não estão sujeitos à incidência do IOF, haja vista que as operações de credito de mútuos financeiros entre pessoas jurídicas, não financeiras, passaram a servir de base para a incidência desse imposto a partir da vigência da Lei n° 9.779/99, ou seja, a partir de 20/01/1999. De todo o exposto, concluise que a ação do d. Fiscal foi, única e exclusivamente, somar os saldos diários dos razões de duas contas, esquecendose de uma terceira conta, e calcular o imposto. Nada mais. Não questionou qualquer lançamento dos razões analisados. Não buscou sequer saber quem eram os titulares das contas auditadas. Enfim, não buscou a verdade material. O que se tributa é o fato gerador do imposto não simples saldos contábeis. Portanto, requer o acolhimento da preliminar de decadência para o período indicado e, no mérito, que o auto seja julgado totalmente improcedente, ou que o julgamento seja convertido em diligência para que sejam esclarecidas todas as questões suscitadas nesta impugnação. Ato contínuo, a DRJBRASÍLIA (DF) julgou a Impugnação do contribuinte nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES DE CRÉDITO, CÂMBIO E SEGUROS OU RELATIVAS A TÍTULOS OU VALORES MOBILIÁRIOS IOF Fl. 447DF CARF MF Processo nº 10380.009329/200828 Acórdão n.º 3402006.554 S3C4T2 Fl. 446 5 Período de apuração: 31/01/2004 a 31/12/2004 MUTUO. EMPRESAS NÃO FINANCEIRAS. FATO GERADOR. A obrigação tributária nasce à vista de fato previamente descrito, cuja ocorrência tem a aptidão de gerar aquela obrigação. Em se tratando de empresas jurídicas não financeiras, a incidência do IOF está adstrita às operações de crédito correspondentes a operações de mútuo que tenham por objeto recursos em dinheiro. LANÇAMENTO. Verificado o equívoco na tributação, cancelase a exigência. Compete à autoridade fiscal demonstrar a existência dos requisitos configuradores incidência do IOF. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Tendo em vista a exoneração do total do crédito em valor superior ao limite estabelecido no o art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de1997, e na forma do art. 1º da Portaria MF nº 3, de 03 de janeiro de 2008, a decisão deve ser submetida a apreciação do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais em Recurso de Ofício. É o relatório. Voto Conselheiro Pedro Sousa Bispo O recurso de ofício não deve ser conhecido, visto que a decisão recorrida exonerou tributo e encargos de multa em valor inferior a R$ 2.500.000,00, no montante de R$ 882.691,02 para ser exato. Nesse sentido, eis o teor do art. 1º da Portaria MF 63/2017: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo. Fl. 448DF CARF MF 6 § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Como se sabe, a Súmula CARF nº 103 preceitua que o limite de alçada deve ser aferido na data de apreciação do recurso em segunda instância: Súmula CARF nº 103 : Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância. A decisão recorrida cancelou totalmente o auto de infração de diferenças de IOF decorrente de contratos de mútuo celebrados com duas empresas coligadas da Fiscalizada. As importâncias exoneradas foram discriminadas no acórdão recorrido de acordo com a tabela abaixo reproduzida: Diante do exposto, voto no sentido de não reconhecer do Recurso de Ofício. (assinado digitalmente) Pedro Sousa Bispo Relator Fl. 449DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.901636/2013-10
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/02/2012 a 29/02/2012
PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
Numero da decisão: 3302-006.857
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Terceira Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/02/2012 a 29/02/2012 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
turma_s : Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 16682.901636/2013-10
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6008035
dt_registro_atualizacao_tdt : Sat May 18 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3302-006.857
nome_arquivo_s : Decisao_16682901636201310.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : PAULO GUILHERME DEROULEDE
nome_arquivo_pdf_s : 16682901636201310_6008035.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7744802
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:41 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911377125376
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1652; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C3T2 Fl. 2 1 1 S3C3T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 16682.901636/201310 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3302006.857 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria Processo Administrativo Fiscal Recorrente TIM S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/02/2012 a 29/02/2012 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Restituição (PER), transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a restituição de PIS. Consta no processo Despacho Decisório Eletrônico proferido pela unidade de origem, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 16 36 /2 01 3- 10 Fl. 372DF CARF MF Processo nº 16682.901636/201310 Acórdão n.º 3302006.857 S3C3T2 Fl. 3 2 fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do Acórdão nº 12089.003. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A ausência de retificação de DCTF ou de qualquer outra obrigação acessória jamais poderia ser impeditivo do reconhecimento do seu direito ao crédito, na medida em que o Fisco possui outros meios de apurar a existência de eventual indébito tributário. Assim, não restam dúvidas de que a falta de retificação da DCTF não deve implicar na perda do direito ao crédito; b) Não há concomitância entre o presente processo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. A lide proposta foi no sentido de que fosse reconhecido o direito líquido e certo da recorrente não se sujeitar à incidência do PIS/Cofins sobre as receitas de interconexão, bem como para reconhecer o crédito referente a eventuais valores pagos indevidamente, relativamente a contribuições apuradas e recolhidas após a impetração do writ. O objeto da ação judicial se destina apenas às contribuições de PIS e Cofins apuradas e recolhidas após a distribuição do referido MS; c) No caso concreto, há uma divisão muito clara. Os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição. Apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Bem verdade que há certa semelhança entre as causas de pedir dos processos administrativos e judicial. Ambos estão fundados na “não incidência do PIS/COFINS sobre receitas de interconexão”. Todavia, os pedidos efetuados para se afastar o PIS e a COFINS sobre as receitas de interconexão, bem como para se reconhecer o crédito sobre pagamentos indevidos realizados envolvem a mesma discussão para períodos de apuração distintos. Frisese: os pedidos administrativos se voltam às contribuições apuradas e pagas antes da impetração do mandado de segurança. Já aquelas apuradas e pagas após o ajuizamento da ação judicial são objeto do mandado de segurança. Diante desse cenário, verificase que não há concomitância entre o mandado de segurança em curso perante o Poder Judiciário e o presente processo administrativo, tendo em vista que os períodos de apuração relativos ao crédito referente ao indébito tributário são distintos; d) Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não configuram receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não se trata de “receita” auferida pela Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação; e) A tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica a tributação pelo PIS/COFINS da receita total auferida pela Recorrente pela prestação do serviço de Fl. 373DF CARF MF Processo nº 16682.901636/201310 Acórdão n.º 3302006.857 S3C3T2 Fl. 4 3 telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/COFINS pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada, caracterizando o bis in idem tributário; f) A base de cálculo do PIS/COFINS não deve ser integrada por elementos estranhos à receita auferida, notadamente pelos valores que devem ser repassados a terceiros a título de interconexão de redes. Na prática, isso faz com que todo o valor pago pela Recorrente a título de PIS/COFINS sobre esses valores de interconexão de redes seja qualificado como indébito tributário, que lhe deve ser restituído. Termina o recurso requerendo o provimento para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja deferido o pedido de restituição formulado. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.815, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.900008/201490, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.815): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. O cerne da questão está em decidir se há concomitância entre esse processo administrativo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Para tanto, é necessário analisar os objetos dos respectivos processos. Conforme já mencionado na decisão a quo, o indébito pleiteado no Pedido de Restituição decorre, nas palavras do contribuinte, “da indevida inclusão na base de cálculo do PIS de valores referentes a ingressos de numerário em razão de contratos de interconexão, os quais não constituem "receita" da Manifestante”. Portanto, defende em processo administrativo a não incidência do PIS/COFINS sobre tarifas de interconexão. Vejamos o objeto do MS nº 002418579.2013.4.02.5101: Pela petição inicial, temos os seguintes pedidos: a) concessão de medida liminar para assegurar o direito liquido e certo da impetrante à suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, nos termos do art. 151, IV, do CTN, das Fl. 374DF CARF MF Processo nº 16682.901636/201310 Acórdão n.º 3302006.857 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições ao PIS e a Cofins, sobre os meros ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza); b) determinação à Autoridade Coatora sobre o contudo da decisão liminar, bem como acerca do conteúdo do presente mandamus, para que no prazo legal, preste as informações que entender necessárias, com a posterior oitiva do representante do Ministério Público; c) Ciência à União Federal, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009; d) ao final, a concessão da segurança para confirmar a liminar requerida e assegurar o direito liquido e certo de a impetrante não se sujeitar à incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, sobre meros ingressos apurados mensalmente pelo regime da competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza), sob pena de violação ao art. 2º da Lei nº 9,718/99 e aos arts. 5º, II; 145 § 1º; 150, I e IV e 195, I, "b" da Constituição Republicana de 1988, com a consequente compensação do indébito dessas contribuições, apurados desde a distribuição do presente writ, devidamente atualizado pela Taxa Selic, após o trânsito em julgado, nos termos dos artigos 165, 170 e 170A do CTN. A sentença de primeiro grau do Mandado de Segurança nº 002418579.2013.4.02.5101, assim decidiu: Tratase de mandado de segurança com pedido de liminar impetrado por INTELIG COMUNICAÇÕES LTDA contra ato atribuído ao DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE MAIORES CONTRIBUINTES NO RIO DE JANEIRO DEMAC, objetivando a declaração de não incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, sobre os ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela Impetrante, decorrentes de tarifas de interconexão serviços prestados pelas demais operadoras, que são posteriormente repassados àquelas congêneres, bem como a declaração do direito de compensar o indébito referente a estas contribuições, apurado desde a distribuição do writ. Sustenta, em apertada síntese, que as chamadas "tarifas de interconexão" não constituem receita, e sim meros ingressos econômicos ou financeiros, tendo cm vista que são recebidas, cm um primeiro momento, pela Impetrante, porem repassadas cm seguida às operadoras que efetivamente prestaram os serviços ao cliente usuário da Impetrante. (...) Fl. 375DF CARF MF Processo nº 16682.901636/201310 Acórdão n.º 3302006.857 S3C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, com fulcro no art. 269. I, do CPC. JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para determinar ao Impetrado que se abstenha de exigir da Impetrante que recolha o PIS e a Cofins, incluindo na base de cálculo o valor recebido pela Impetrante e posteriormente repassado a operadora congênere, que prestou efetivamente o serviço, a título de "tarifa de interconexão", bem como para declarar o direito da Impetrante à compensação do indébito, apurado desde a distribuição do presente, na forma da lei de regência, de acordo com a modalidade escolhida pelas Impetrantes, aplicandose a SELIC como critério de atualização do indébito, vedada a cumulação com qualquer outro índice, nos termos da fundamentação supra. Analisando as razões jurídicas apresentadas na peça recursal, fico convencido da identidade das demandas administrativa e judicial, pois nas duas esferas o que se discute é a inexistência de relação jurídica tributária do PIS e da Cofins em relação as receitas de interconexão. O próprio recorrente reconhece essa congruência entre os processos administrativo e judicial. Sua alegação para afastar a concomitância se ampara no fato de que os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição, e que apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 0024185 79.2013.4.02.5101. Não comungo do entendimento no qual a concomitância é afastada pela falta de identidade entre os períodos de apuração apontados nos processos judicial e administrativo. O diferencial entre os períodos de apuração, aqueles contemplados pelo mandamus e os não contemplados, na minha visão, referese somente à possibilidade de o recorrente utilizálos para pedido de compensação antes do trânsito em julgado, por ordem judicial, conforme sua solicitação na exordial. Os demais períodos de apuração, os que foram apurados antes da distribuições do writ, deverão esperar o trânsito em julgado da ação para poderem se credenciar a objeto de um pedido de restituição, com possíveis compensações. Digo isso, pois a decisão do Poder Judiciário sobre a incidência do PIS e da Cofins nas receitas oriundas das tarifas de interconexão, terá reflexos para todos os períodos de apuração, independentemente se foi contemplado no pedido do MS nº 002418579.2013.4.02.5101 ou não Isso se deve ao fato de que na existência de processos paralelos, com objeto e finalidade idênticos, não é salutar que haja decisões com efeitos redundantes ou antagônicos. Em qualquer das hipóteses, prevalecerá a decisão judicial, motivo pelo qual a concomitância de processos ofende o princípio da economia processual. Em face disso, a opção do contribuinte pela via judicial encerra o processo administrativo fiscal em definitivo, em qualquer das fases em que ele se encontre. Fl. 376DF CARF MF Processo nº 16682.901636/201310 Acórdão n.º 3302006.857 S3C3T2 Fl. 7 6 Registrese que a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Sendo assim, nos casos em que o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária implica na renúncia ao poder de recorrer nesta instância, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/80 e do § 2º, art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979. Ratificando este entendimento, foi aprovado o enunciado de Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Na linha do entendimento fixado, não conheço do recurso quanto à matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e na parte conhecida, nego provimento ao recurso por enxergar identidade entre os pedidos e as causas de pedir apresentados no MS nº 2007.70.00.0222765 e neste recurso administrativo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 377DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.912491/2009-50
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
INCLUSÃO DE DOCUMENTOS INÉDITOS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA.
Documentos inéditos colacionados apenas por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário não podem ser conhecidos pela instância recursal em razão da ocorrência da preclusão consumativa.
Assunto: Normas de Administração Tributária
Ano-calendário: 2004
NÃO HOMOLOGAÇÃO DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO.
Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2004
PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE.
Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizando-se de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação.
Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
Numero da decisão: 1002-000.672
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos documentos inéditos juntados no recurso voluntário, em razão da preclusão consumativa, e, no mérito, na parte conhecida, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: AILTON NEVES DA SILVA
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201905
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2004 INCLUSÃO DE DOCUMENTOS INÉDITOS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. Documentos inéditos colacionados apenas por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário não podem ser conhecidos pela instância recursal em razão da ocorrência da preclusão consumativa. Assunto: Normas de Administração Tributária Ano-calendário: 2004 NÃO HOMOLOGAÇÃO DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2004 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizando-se de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação. Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fático-probatório dos autos.
turma_s : Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
dt_publicacao_tdt : Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10580.912491/2009-50
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6013373
dt_registro_atualizacao_tdt : Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 1002-000.672
nome_arquivo_s : Decisao_10580912491200950.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : AILTON NEVES DA SILVA
nome_arquivo_pdf_s : 10580912491200950_6013373.pdf
secao_s : Primeira Seção de Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos documentos inéditos juntados no recurso voluntário, em razão da preclusão consumativa, e, no mérito, na parte conhecida, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
dt_sessao_tdt : Wed May 08 00:00:00 UTC 2019
id : 7759945
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:45:52 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911380271104
conteudo_txt : Metadados => date: 2019-05-23T16:42:35Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.7; xmp:CreatorTool: PDF Architect 5; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; dcterms:created: 2019-05-23T16:42:35Z; Last-Modified: 2019-05-23T16:42:35Z; dcterms:modified: 2019-05-23T16:42:35Z; dc:format: application/pdf; version=1.7; Last-Save-Date: 2019-05-23T16:42:35Z; pdf:docinfo:creator_tool: PDF Architect 5; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:modified: 2019-05-23T16:42:35Z; meta:save-date: 2019-05-23T16:42:35Z; pdf:encrypted: true; modified: 2019-05-23T16:42:35Z; Content-Type: application/pdf; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; meta:creation-date: 2019-05-23T16:42:35Z; created: 2019-05-23T16:42:35Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 19; Creation-Date: 2019-05-23T16:42:35Z; pdf:charsPerPage: 1391; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; pdf:docinfo:created: 2019-05-23T16:42:35Z | Conteúdo => S1C0T2 Fl. 128 1 127 S1C0T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10580.912491/200950 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1002000.672 – Turma Extraordinária / 2ª Turma Sessão de 08 de maio de 2019 Matéria COMPENSAÇÃO Recorrente MEDGATE SERVIÇOS MÉDICOS LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 INCLUSÃO DE DOCUMENTOS INÉDITOS NO RECURSO VOLUNTÁRIO. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. PRECLUSÃO CONSUMATIVA. Documentos inéditos colacionados apenas por ocasião da apresentação do Recurso Voluntário não podem ser conhecidos pela instância recursal em razão da ocorrência da preclusão consumativa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2004 NÃO HOMOLOGAÇÃO DE PER/DCOMP. CRÉDITO DESPIDO DOS ATRIBUTOS LEGAIS DE LIQUIDEZ E CERTEZA. CABIMENTO. Correta a não homologação de declaração de compensação, quando comprovado que o crédito nela pleiteado não possui os requisitos legais de certeza e liquidez, visto que fora integralmente utilizado para a quitação de débito com características distintas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2004 PER/DCOMP. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO DIREITO CREDITÓRIO. ONUS PROBANDI DO RECORRENTE. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 91 24 91 /2 00 9- 50 Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 129 2 Compete ao Recorrente o ônus de comprovar inequivocamente o direito creditório vindicado, utilizandose de meios idôneos e na forma prescrita pela legislação. Ausentes os elementos mínimos de comprovação do crédito, não cabe realização de auditoria pelo julgador do Recurso Voluntário neste momento processual, eis que implicaria o revolvimento do contexto fáticoprobatório dos autos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer dos documentos inéditos juntados no recurso voluntário, em razão da preclusão consumativa, e, no mérito, na parte conhecida, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo. Relatório Por bem sintetizar os fatos até o momento processual anterior ao do julgamento da Manifestação de Inconformidade contra a não homologação da compensação, transcrevo e adoto o relatório produzido pela DRJ/REC: Tratam os autos de análise eletrônica da Declaração de Compensação (Dcomp) retificadora nº 42847.75153.311008.1.3.040269, com cópia às fl. 02 a 051, por intermédio da qual o contribuinte acima qualificado efetuou compensação, sob condição resolutória, do débito abaixo indicado, com suposto crédito de pagamento indevido ou a maior de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) no valor de R$ 17.612,17 (cód 2372), apurado junho de 2004, decorrente de Darf de R$ 27.554,00, com vencimento e arrecadação em 29 de julho de 2004. Consoante indicado na Dcomp, todo o crédito foi utilizado na compensação. Fl. 129DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 130 3 2. Como resultado desta análise foi emitido o Despacho Decisório nº 848514681, de 07 de outubro de 2009, às fl. 06 a 08, que decidiu pela não homologação da compensação declarada em virtude da inexistência do crédito pleiteado. 2.1. Segundo a decisão, o Darf apontado como origem do crédito foi integralmente utilizado para liquidar débito confessado de igual valor (R$ 27.554,00), de igual código de receita (2372), referente ao mesmo período de apuração (30 de junho de 2004). 3. Cientificado por via postal da decisão em 21 de outubro de 2009, conforme faz a cópia do Aviso de Recebimento à fl. 09, em 17de novembro de 2009 o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade às fl. 10 a 12, instruída com os documentos às fl. 13 a 72, onde argumentou, em síntese, o que segue: 3.1. tempestividade; 3.2. após quitação /recolhimento do Darf objeto do crédito em questão, constatou que havia se equivocado na aplicação do percentual de presunção para a determinação do lucro presumido. Ao invés do percentual de 32%, deveria ter utilizado 12%, haja vista se enquadrar no conceito de serviços hospitalares, conforme processo de consulta nº 10580.010938/200440. Assim, pagou tributo a maior no 2º trimestre de 2004, sendo devida a restituição do excedente. O cálculo correto pode ser visto na DIPJ/2005 retificadora anexada. Retificou a DCTF para proceder o ajuste; 4. Ao final, requereu a admissão da retificação da DCTF e que seja homologada a compensação. 5. Em 03 de novembro de 2010, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Salvador/BA (DRF/SDR) emitiu o despacho à fl. 73, por intermédio do qual pronunciouse pela tempestividade da manifestação de inconformidade e encaminhou os autos para julgamento pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador (DRJ/SDR). Contudo, tendo em vista o disposto na Portaria RFB nº 453, de 11 de abril de 2013, e no art. 2º da Portaria RFB nº 1.006, de 24 de julho de 2013, os autos foram remetidos para esta DRJ/Recife (fl. 74). A Manifestação de Inconformidade foi julgada improcedente pela DRJ/REC, conforme acórdão n. 1142.053 (efl. 75), que recebeu a seguinte ementa: Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 131 4 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2004 DCTF RETIFICADORA. AUSÊNCIA DE ESPONTANEIDADE. DESQUALIFICAÇÃO. DCTF entregue após ciência de despacho decisório que não homologou compensação declarada não produz efeitos em relação aos créditos e débitos objetos da análise. RETIFICAÇÃO DE OFÍCIO DE DCTF. NECESSIDADE DE PROVA DOCUMENTAL. Para fins de comprovar erro cometido no preenchimento de DCTF não basta carrear aos autos cópia de DIPJ, sendo necessária a comprovação documental de cometimento de erro na determinação do tributo. SOLUÇÃO EM PROCESSO DE CONSULTA. A solução em processo de consulta é proferida em tese, cabendo ao contribuinte comprovar, quando necessário, que atende às condições estabelecidas no referido ato. COMPENSAÇÃO. INEXISTÊNCIA DO CRÉDITO. NÃO CABE HOMOLOGAÇÃO. Somente é passível de compensação crédito líquido e certo. Inexistindo o mesmo, é devido não homologar a compensação. Irresignado, o ora Recorrente apresenta Recurso Voluntário (efls. 82), no qual propõe os fundamentos de fato e de direito abaixo sintetizados (destaques do original): Sustenta que "Quanto ao primeiro fundamento, é pacífico o entendimento da doutrina e da jurisprudência administrativa no sentido de que a retificação da DCTF e da DIPJ poderá ser admitida, desde que fique devidamente evidenciada a existência de ERRO MATERIAL DE FATO, tudo em nome do princípio da busca da VERDADE MATERIAL. Afirma que "No tocante ao segundo fundamento, relativamente à apresentação das provas do efetivo exercício da atividade de 'serviços hospitalares', cumpre ressaltar que não era esse o cerne da questão que motivou o despacho decisório que indeferiu ou não homologou a compensação" e que "...da leitura do próprio despacho decisório se conclui que a motivação foi exclusivamente a inexistência do direito ao crédito por não ter sido identificado, tais créditos, no confronto dos débitos e créditos informados na respectiva DCTF". Aduz que "...em momento algum foi questionado no respectivo despacho decisório sobre o direito da Recorrente de se utilizar dos percentuais reduzidos para os fins do lucro presumido" e que "Nesse ponto, há de se conceber que somente com a ciência do Acórdão ora atacado é que a Recorrente se vê na obrigação de apresentar tais provas, não havendo o que se falar, portanto, em preclusão". Alega que "Quanto ao fato da DCTF retificadora ter sido apresentada mesmo após a ciência do despacho decisório, é pacífico o entendimento da doutrina e da Fl. 131DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 132 5 jurisprudência administrativa no sentido de que a retificação da DCTF poderá ser admitida, desde que fique devidamente evidenciada a existência de ERRO MATERIAL DE FATO, tudo em nome do princípio da busca da VERDADE MATERIAL. Com relação à prestação de serviços hospitalares, afirma que "A partir da publicação da Instrução Normativa 306 SRF, de 1232003, publicada no DOU de 342003, a administração tributária firmou um entendimento mais abrangente para o conceito de serviços hospitalares. Isto porque, o art. 23 do referido ato normativo disciplina que para os fins previstos no art. 15, § 1.°, inciso III, alínea "a", da Lei 9.249/95 (matriz legal do lucro presumido), poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições relacionadas na Parte II. Capítulo 2. da Portaria GM n.º 1.884/94, do Ministério da Saúde". Aduz que "A Coordenação Geral do Sistema de Tributação (COSIT) da Secretaria da Receita Federal, através da Solução de Divergência n.° 11, também se manifestou favoravelmente à aplicação da alíquota reduzida..." e que "Com a finalidade de se confirmar o direito à aplicação da alíquota reduzida concernente aos serviços hospitalares, a Recorrente protocolou consulta nesse sentido na RFB da 5ª Região Fiscal, tendo recebendo a resposta através da Solução de Consulta 16, de 31 de maio de 2005...". Conclui que "não restam dúvidas que os serviços prestados pela Recorrente nas diversas especialidades da área médica e de saúde, tais como, clínica médica geral, cirurgia geral, ortopedia e traumotologia, ultrassonografia, urologia, angiologia e cirurgia vascular, proctologia, oftalmologia, endoscopia digestiva, audiometria, otorrinolaringologia, ginecologia e obstetrícia, etc, consoante os documentos de que trata o item 4 adiante, se enquadravam perfeitamente nas disposições dos itens 1.7 e 1.8 da Atribuição 1, 2.1.5 e 2.2.5, da Atribuição 2, todos da Parte II da mencionada Resolução ANVISA 50/2002. Consigna, ainda, que "Face aos argumentos acima aduzidos, no tópico 2, acerca da admissão da apresentação das provas requeridas, ainda que em sede de Recurso Voluntário, juntase ao presente os seguintes documentos comprobatórios do exercício da atividade de 'serviços hospitalares' : a) Contrato Social original e alterações, onde constam as atividades de serviços de medicina em geral, além de outros relacionados à área de saúde (doc. 2); b) Contratos de Prestação de Serviços Médicos firmados com entidades contratantes de tais serviços, com o plano de saúde MASTERMED (doc. 3); c) Notas Fiscais de prestação de serviços faturados para os contratantes em que comprovam a prestação de serviços médicos nas diversas especialidades acima mencionadas (doc. 5). Ao final, requer o acolhimento do presente recurso, para o fim de viabilizar o direito de retificação da DCTF e de reconhecer o exercício da atividade de prestação de serviços hospitalares à época dos fatos, homologandose integralmente a compensação declarada. É o Relatório do essencial. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 133 6 Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva Relator 1. Admissibilidade Inicialmente, reconheço a plena competência deste Colegiado para apreciação do Recurso Voluntário, na forma do art. 23B do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, com redação dada pela Portaria MF nº 329/2017. Demais disso, observo que o recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, entretanto, conheçoo parcialmente, em razão da ocorrência da preclusão consumativa relativa ao direito de apresentação no Recurso Voluntário de documentos não juntados por ocasião da Manifestação de Inconformidade, quais sejam: Alteração contratual n° 04, Contrato de garantia de coberturas médicohospitalares e respectivas notas Fiscais de prestação de serviços à empresa Mastermed dos anoscalendário de 2003 e 2004. Documentos novos, assim entendidos aqueles trazidos pela primeira vez a debate no Recurso Voluntário, não podem ser analisados por este colegiado por falta de prequestionamento, em razão de não terem sido apresentados no momento processual próprio, caracterizandose como prova preclusa, a teor do disposto no artigo art.16, III e 17 do Decreto 70.235/72, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior, refirase a fato ou a direito superveniente ou destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos (art.16, § 4.º III do Decreto 70.235/72), o que efetivamente não fica demonstrado neste processo. Aliás, esta temática já foi debatida por esta 2ª TE no Acórdão 1002000.576, de 16/01/2019, de relatoria do conselheiro Ângelo Abrantes Nunes, motivo porque valhome das explicações ali expendidas, constantes do excerto seguinte, para fundamentar meu entendimento sobre o tema ora examinado (destaques do original): (...) A possibilidade de conhecimento e apreciação de novos documentos deve ser avaliada à luz das normas que regem o Processo Administrativo Fiscal, instituído pelo Decreto n.º 70.235, de 1972, o qual dispõe: Art. 14. A impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento. Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 134 7 (...) Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III – os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei n.º 8.748, de 1993) (...) § 4.º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei no 9.532, de 1997): b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997); c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. (Incluído pela Lei n.º 9.532, de 1997) (...) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei n.º 9.532, de 1997). (grifei). Desta forma, nos termos dos arts. 14 a 17 do Decreto n.º 70.235/72, acima transcritos, a fase litigiosa do processo administrativo fiscal somente se instaura se apresentada a manifestação de inconformidade ou a impugnação contendo as matérias que delimitam expressamente os limites da lide com os elementos de prova correlatos, sendo eles submetidos à primeira instância (DRJ) para apreciação e decisão, tornando possível a veiculação de recurso voluntário para o CARF (segunda instância) em caso de inconformismo, não se admitindo conhecer de inovação probatória ou recursal. Antes de analisar a prova devolvida para reexame na segunda instância de julgamento é preciso verificar se foi observado o princípio recursal da dialeticidade, que determina que o recurso deve conter os fundamentos de fato e de direito que deram causa ao inconformismo com a decisão de primeira instância de julgamento, juntamente com os itens que o impugnante pretende que façam prova a seu favor. A legislação processual determina que a impugnação da exigência instaura a fase litigiosa do procedimento devendo ser formalizada por escrito e com o detalhamento dos motivos de fato e de direito em que se basear, devendo os pontos de Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 135 8 discordância e as razões estarem expostas de forma minuciosa, sob pena de serem considerados não refutados. De modo geral, a peça de defesa deve estar instruída com prova documental pré constituída imprescindível à comprovação das matérias de defesa suscitadas. O recurso voluntário é o meio idôneo a ensejar o reexame das questões decididas em primeira instância de julgamento com a finalidade de obter um pronunciamento mais favorável relativamente à sucumbência. Com exceção da avaliação de uma objeção, por ser matéria de ordem pública que pode ser conhecida a requerimento da parte ou de ofício, a qualquer tempo e em qualquer instância de julgamento, em regra o efeito devolutivo, inerente ao mecanismo recursal, promove o restabelecimento do poder de apreciar a mesma questão em segunda instância de julgamento. As provas extemporâneas juntadas aos autos e que representam inovação à lide não se contrapõem aos termos previstos no ato de deliberação que se pretende reformar, evidenciando violação ao princípio da dialeticidade, e caracterizada a supressão de instância. Na peça impugnatória (manifestação de inconformidade) não constam as cópias do Livro Diário apresentadas com o recurso voluntário, mas somente cópias da DIPJ 2003, de DARF pago no valor de R$ 24.845,89 e da DCTF retificadora, que denotariam pagamento a maior. Diferentemente, na fase recursal foram trazidas cópias de 3 fls. do seu livro Diário, sendo 2 referentes a Termos de Abertura e Encerramento. Excetuandose as objeções, circunstância que não se verifica no caso dos autos, não se toma conhecimento das provas juntadas pela primeira vez em sede de recurso voluntário, porque alcançadas pela preclusão. A competência do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) circunscrevese ao julgamento de "recursos de ofício e voluntários de decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial", de forma que não se aprecia contexto probatório extemporâneo. Se não foi apresentado ao tempo da impugnação ou manifestação de inconformidade ocorreu a preclusão consumativa, tornando inviável aventálo em sede de recurso voluntário como uma inovação. O CARF não pode apreciar prova não apreciada pela DRJ, caso contrário, estaríamos diante de patente supressão de instância. A análise destes elementos novos trazidos ao processo administrativo implicaria supressão de instância porque a Turma Julgadora da DRJ/RJ1 foi privada da apreciação destes itens, motivo pelo qual deve ser reconhecida a preclusão consumativa na forma dos dispositivos do Dec. n.º 70.235/72, já reproduzidos. As normas processuais não permitem que qualquer das partes mantenha desconhecida determinada prova, de que já dispunha, com o propósito de aguardar o momento que lhe seja mais favorável para a apresentação, gerando surpresas e danos ao contraditório para a outra parte e suprimindo o exame por instâncias de julgamento. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 136 9 O conjunto probatório inédito apresentado com o recurso voluntário ultrapassa os limites do § 4.º do art. 16 do Decreto n.º 70.235/72, pois já poderia ter sido inserido aos autos no momento da manifestação de inconformidade, porque diz respeito à escrita contábil da qual o postulante do direito creditório tinha posse desde o ano calendário 2002. Como entender reformável, nesse aspecto, a decisão que não identificou conjunto probatório que pudesse amparar a liquidez do crédito em análise, se este era necessário? E como admitir prova extemporânea que busca comprovar o pagamento indevido de IR sem que tenha ocorrido qualquer das hipóteses que excepcionam a preclusão contidas nas alíneas "a", "b" e "c" desse § 4.º? A impossibilidade de inovação probatória impede que sejam considerados para a apuração do direito creditório e a liquidez do crédito os novos elementos de prova anexados na oportunidade de interposição do recurso voluntário. Tampouco se trata de matéria de ordem pública, como de demonstrará adiante, que, esta sim, justificaria o exame dos elementos à margem do que determinam os §§ 4.º e 5.º do Decreto n.º 70.235/72. Patente, pois, a ocorrência da preclusão consumativa dos documentos inéditos colacionados apenas por ocasião do Recurso Voluntário. De outro lado, ainda que se possa aceitar a alegação do Recorrente e contrapor o princípio da verdade material ao instituto da preclusão consumativa o que se faz tão somente por raciocínio jurídico constato que os documentos juntados ao Recurso Voluntário não dão suporte ao reconhecimento do crédito postulado, conforme explicase na sequência. A alteração contratual nº 4 visou a inclusão da atividade de locação de imóveis no objeto social da empresa, que tinha, até então, segundo este documento, a atividade de prestação de serviços na área médica e pronto atendimento como objeto principal (efls. 95). Entretanto, esta alteração não corresponde ao objeto social constante do cadastro existente na base de dados da Receita Federal do Brasil, conforme registro seguinte, extraído de seu sítio1 (destaques deste relator): 1 httpswww.receita.fazenda.gov.brpessoajuridicacnpjcnpjrevaCnpjreva_Comprovante Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 137 10 Como se nota, o registro constante na base de dados da RFB indica que a empresa presta serviços exclusivamente no ramo imobiliário desde 31/08/2000, causando estranheza o fato de esta atividade já não constar no objeto social da empresa na alteração contratual nº 04, de 01/03/2009 e nas alterações do contrato social de efls. 20, de 16/03/2000, e de efls. 17, de 15/12/2003. A divergência cadastral não autoriza que a alteração contratual colacionada aos autos seja considerada como prova apta a, isoladamente, ensejar qualquer inferência de que o objeto social da empresa é a prestação de serviços médicos hospitalares, necessitando, por isso, ser corroborada por outros elementos. A este respeito, o Recorrente junta ao Recurso Voluntário cópia não autenticada de um documento intitulado "contrato de garantia de coberturas médico hospitalares" (efls. 99), firmado com a empresa Mastermed, que sequer possui data, assinaturas e identificação dos signatários. Mesmo assim, é possível verificar na cláusula primeira deste documento que o objeto contratual não é a prestação de serviços médico hospitalares pela contratada (Megadate), mas a coordenação e supervisão de serviços médico hospitalares pelas empresas conveniadas da contratante (Mastermed), através do controle de custos assistenciais e da disponibilização das dependências da contratada para realização de atividade necessárias que visem a racionalização de custos assistenciais. Vejase: Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 138 11 No que toca às notas fiscais juntadas aos autos (efls. 108 a 125) constam no campo discriminação dos serviços a rubrica genérica de "serviços médicos prestados", contradizendo a afirmação do Recorrente de que juntou "Notas Fiscais de prestação de serviços faturados para os contratantes em que comprovam a prestação de serviços médicos nas diversas especialidades acima mencionadas[clínica médica geral, cirurgia geral, ortopedia e traumotologia, ultrassonografia, urologia, angiologia e cirurgia vascular, proctologia, oftalmologia, endoscopia digestiva, audiometria, otorrinolaringologia, ginecologia e obstetrícia, etc]". Portanto, mesmo supondo a validade jurídica dessas provas preclusas e admitido o seu conhecimento por parte deste julgador, melhor sorte não assistiria ao Recorrente, porquanto as notas fiscais juntadas não especificam o tipo de serviço médico prestado e porque a prestação dos serviços médicohospitalares não é feita pela Megadate (contratada), mas por empresas conveniadas da Mastermed (contratante), tendo aquela somente a incumbência de supervisão e coordenação dos serviços realizados. Pelo exposto, não conheço, por preclusão consumativa, dos documentos inéditos colacionados no Recurso Voluntário e não apresentados no momento processual oportuno, uma vez que não cabe a esta instância recursal o exame de documentos e de matéria não apreciados pela DRJ, sob pena de supressão de instância e violação do princípio do contraditório. 2. Mérito No mérito, vejo que o ora Recorrente não teve homologado o PER/DCOMP nº 42847.75153.311008.1.3.040269 transmitido em 31/10/2008, sob a alegação de que o crédito de R$ 17.612,17, nele informado, já havia sido utilizado no pagamento do débito do tributo de código 2372 (CSLL PJ que apuram o IRPJ com base em Lucro Presumido ou Arbitrado), do período de apuração de 30/06/2004, conforme mostra o excerto do Despacho Decisório Eletrônico abaixo: Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 139 12 O fundamento jurídico do crédito pleiteado no PER/DCOMP deriva de uma interpretação do Recorrente extraída da resposta da Solução de Consulta da SRRF/5ª RF/DISIT nº 16, de 31/05/2005 (efls. 64), a partir da qual entendeu que os serviços por ele prestados poderiam ser enquadrados como serviços hospitalares de que trata o artigo 23 da Instrução Normativa SRF nº 306/2003 e, assim, usufruir no cálculo da CSLL da alíquota de presunção de lucro de 12%, ao invés de 32% prevista para a prestação de serviços em geral. Reproduzse o dispositivo em comento no que interessa ao deslinde do caso: Art. 23. Para os fins previstos no art. 15, § 1º inciso III, alínea "a", da Lei nº 9.249, de 1995, poderão ser considerados serviços hospitalares aqueles prestados por pessoas jurídicas, diretamente ligadas à atenção e assistência à saúde, que possuam estrutura física condizente para a execução de uma das atividades ou a combinação de uma ou mais das atribuições de que trata a Parte II, Capítulo 2, da Portaria GM nº 1.884, de 11 de novembro de 1994, do Ministério da Saúde, relacionadas nos incisos seguintes: I realização de ações básicas de saúde, compreendendo as seguintes atividades: a) ações individuais ou coletivas de prevenção à saúde tais como: imunizações, primeiro atendimento, controle de doenças transmissíveis, visita domiciliar, coleta de material para exames, etc.; b) vigilância epidemiológica por meio de coleta e análise sistemática de dados, investigação epidemiológica, informação sobre doenças, etc.; Fl. 139DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 140 13 c) ações de educação para a saúde, mediante palestras, demonstrações e treinamento in loco, campanhas, etc.; d) orientar as ações em saneamento básico por meio de instalação e manutenção de melhorias sanitárias domiciliares relacionadas com água, dejetos e lixo; e) vigilância nutricional por meio das atividades continuadas e rotineiras de observação, coleta e análise de dados e disseminação da informação referente ao estado nutricional, desde a ingestão de alimentos à sua utilização biológica; f) vigilância sanitária, por meio de fiscalização e controle que garantam a qualidade aos produtos, serviços e do meio ambiente. II prestação de atendimento eletivo de assistência à saúde em regime ambulatorial, compreendendo as seguintes atividades: a) recepcionar, registrar e fazer marcação de consultas; b) realizar procedimentos de enfermagem; c) proceder a consulta médica, odontológica, psicológica, de assistência social, de nutrição, de fisioterapia, de terapia ocupacional, de fonoaudiologia e de enfermagem; d) recepcionar, transferir e preparar pacientes; e) assegurar a execução de procedimentos préanestésicos e realizar procedimentos anestésicos nos pacientes; f) executar cirurgias e exames endoscópios em regime de rotina; g) emitir relatórios médico e de enfermagem e registro das cirurgias e endoscopias realizadas; h) proporcionar cuidados pósanestésicos; i) garantir o apoio diagnóstico necessário. III prestação de atendimento imediato de assistência à saúde, compreendendo as seguintes atividades: a) nos casos sem risco de vida (urgência de baixa e média complexidade): 1. triagem para os atendimentos; 2. prestar atendimento social ao paciente e/ou acompanhante; 3. fazer higienização do paciente; 4. realizar procedimentos de enfermagem; 5. realizar atendimentos e procedimentos de urgência; 6. prestar apoio diagnóstico e terapêutico por 24 hs; Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 141 14 7. manter em observação o paciente por período de até 24 horas. b) nos casos com risco de vida (emergência) e nos casos sem risco (urgência de alta complexidade): 1. prestar o primeiro atendimento ao paciente; 2. prestar atendimento social ao paciente e/ou acompanhante; 3. fazer higienização do paciente; 4. realizar procedimentos de enfermagem; 5. realizar atendimentos e procedimentos de urgência; 6. prestar apoio diagnóstico e terapia por 24 horas; 7. manter em observação o paciente por período de até 24 horas. IV prestação de atendimento de assistência a saúde em regime de internação, compreendendo as seguintes atividades: a) internação de pacientes adultos e infantis: 1. proporcionar condições de internar pacientes, em ambientes individuais ou coletivos, conforme faixa etária, patologia, sexo e intensividade de cuidados; 2. executar e registrar a assistência médica diária; 3. executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes intervenções sobre o paciente; 4. prestar assistência nutricional e distribuir alimentação a pacientes (em locais específicos ou no leito) e a acompanhante (quando for o caso); 5. prestar assistência psicológica e social; 6. realizar atividade de recreação infantil e de terapia ocupacional; 7. prestar assistência pedagógica infantil (de 1ºgrau) quando o período de internação for superior a 30 dias. b. internação de recémnascido até 28 dias: 1. proporcionar condições de internar recémnascidos normais patológicos, prematuros e externos que necessitam de observação; 2. executar e registrar a assistência médica diária; 3. executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes intervenções sobre o paciente; 4. prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém nascidos; Fl. 141DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 142 15 5. executar o controle de entrada e saída de recémnascido. c. internação de pacientes em regime de terapia intensiva: 1. proporcionar condições de internar pacientes críticos, em ambientes individuais e coletivos, conforme grau de risco (intensiva ou semiintensiva), faixa etária, patologia e requisitos de privacidade; 2. executar e registrar assistência médica intensiva; 3. executar e registrar assistência de enfermagem intensiva; 4. prestar apoio diagnóstico laboratorial, de imagens e terapêutico durante 24 horas; 5. manter condições de monitoramento e assistência respiratória 24 horas; 6. prestar assistência nutricional e distribuir alimentação aos pacientes; 7. manter pacientes com morte cerebral, nas condições de permitir a retirada de órgãos para transplante, quando consentida. d. internação de pacientes queimados: 1. proporcionar condições de internara pacientes com queimaduras graves, em ambientes individuais ou coletivos, conforme faixa etária, sexo e grau de queimadura; 2. executar e registrar a assistência médica ininterrupta; 3. executar e registrar a assistência de enfermagem ininterrupta; 4. dar banhos com fins terapêuticos nos pacientes; 5. assegurar a execução dos procedimentos préanestésicos executar procedimentos anestésicos; 6. prestar apoio terapêutico cirúrgicos, como rotina de tratamento (vide alínea "f", inciso V); 7. prestar apoio diagnóstico laboratorial e de imagem ininterrupto; 8. manter condições de monitoramento e assistência respiratória ininterrupta; 9. prestar assistência nutricional de alimentação e de hidratação dos pacientes; 10. prestar apoio terapêutico de reabilitação fisioterápica aos pacientes. V prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia, compreendendo as seguintes atividades: Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 143 16 a) patologia clínica; b) imagenologia; c) métodos gráficos; d) anatomia patológica; e) desenvolvimento de atividade de medicina nuclear; f) realização de procedimentos cirúrgicos e endoscópicos, tais como: 1. recepcionar e transferir pacientes; 2. assegurar a execução dos procedimentos préanestésicos e executar procedimentos anestésicos nos pacientes; 3. executar cirurgias e exames endoscópios em regime de rotina; 4. emitir relatórios médicos e de enfermagem e registro das cirurgias e endoscopias realizadas; 5. proporcionar cuidados pósanestésicos; 6. garantir o apoio diagnóstico necessário. g) realização de partos normais e cirúrgicos; h) desenvolvimento de atividades de reabilitação em pacientes externos e internos; i) desenvolvimento de atividades hemoterápicas; j) desenvolvimento de atividades de radioterapia; k) desenvolvimento de atividades de quimioterapia; l) desenvolvimento de atividades de diálise; m) desenvolvimento de atividades relacionadas ao leite humano (...) Sobre o assunto a DRJ assim manifestouse: Na espécie, ele carreou aos autos apenas cópia de Solução de Consulta SRRF/5º RF/DISIT nº 16, de 31 de maio de 2005, a fim de justificar seu direito à aplicação do percentual de 12%, pois tal ato enquadraria sua atividade como serviço hospitalar. 14. Equivocase o interessado, pois a solução em processos de consulta sempre é proferida em tese, cabendo ao consulente provar, quando necessário, que se enquadra nas condições estabelecidas naquele ato. No caso, a solução de consulta afirmou apenas que, para ter suas atividades enquadradas como serviços hospitalares, o empresário ou sociedade empresária Fl. 143DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 144 17 teria que demonstrar o desenvolvimento de 'atividades de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospitaldia (atribuição 1) e prestação de atendimento imediato de assistência à saúde (atribuição 2), de que trata a Parte II da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, alterada pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC nº 189, de 18 de julho de 2003', e que tais serviços são prestados em 'estabelecimento que atenda o disposto no parágrafo primeiro do art. 27 da IN SRF nº 480, de 2004. 15. Caberia ao contribuinte provar com documentos a realização de tais atividades, a fim de permitir a este julgador verificar se efetivamente houve erro de aplicação do percentual de presunção. 15. Na ausência de qualquer outra prova de que documental, considero não comprovado erro de cálculo da CSLL do 1º trimestre de 2004 confessada na DCTF, e, por conseguinte, que todo o montante recolhido via Darf foi integralmente utilizado para liquidar este valor. O crédito pretendido é inexistente. Assiste razão à DRJ. O artigo 27 da IN SRF nº 480/2004 determinou que somente seriam considerados serviços hospitalares aqueles prestados por estabelecimentos hospitalares, explicitando as condições que deveriam ser atendidas para que os estabelecimentos fossem assim qualificados (destaques deste relator): Art. 27. Para fins do disposto nesta Instrução Normativa, são considerados serviços hospitalares aqueles diretamente ligados à atenção e assistência à saúde, de que trata o subitem 2.1 da Parte II da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, alterada pela RDC nº 307, de 14 de novembro de 2002, e pela RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, prestados por empresário ou sociedade empresária, que exerça uma ou mais das: § 1º Para os efeitos deste artigo, consideramse estabelecimentos hospitalares, aqueles estabelecimentos com pelo menos 5 (cinco) leitos para internação de pacientes, que garantam um atendimento básico de diagnóstico e tratamento, com equipe clínica organizada e com prova de admissão e assistência permanente prestada por médicos, que possuam serviços de enfermagem e atendimento terapêutico direto ao paciente, durante 24 horas, com disponibilidade de serviços de laboratório e radiologia, serviços de cirurgia e/ou parto, bem como registros médicos organizados para a rápida observação e acompanhamento dos casos. I seguintes atribuições: Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 145 18 a) prestação de atendimento eletivo de promoção e assistência à saúde em regime ambulatorial e de hospitaldia (atribuição 1); b) prestação de atendimento imediato de assistência à saúde (atribuição 2); ou c) prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação (atribuição 3); II atividades fins da prestação de atendimento de apoio ao diagnóstico e terapia (atribuição 4). § 2º Para efeito de enquadramento do estabelecimento como hospitalar levarseá, ainda, em conta se o mesmo está compreendido na classificação fiscal do Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), na classe 85111 Atividades de Atendimento Hospitalar. (...) O então manifestante não trouxe prova material atestando o cumprimento das condições estabelecidas no parágrafo primeiro do artigo 27 da IN SRF nº 480/2004 para que seu estabelecimento fosse considerado como de serviço hospitalar e tampouco comprovou o atendimento ao disposto no parágrafo 2º do mesmo artigo, porquanto os registros cadastrais constantes na base de dados da RFB (mencionados no item 1 deste Voto) indicam que o contribuinte opera exclusivamente no ramo imobiliário, inexistindo qualquer referência à atividade de atendimento hospitalar compreendida na classe 85111 do CNAE. No que concerne à solução de processos de consulta, adiro ao entendimento expresso no acórdão recorrido, segundo o qual são elas proferidas "em tese", isto é, em termos genéricos e condicionais, não se mostrando razoável, por isso, supor que a resposta da Solução de Consulta SRRF/5º RF/DISIT nº 16/2005 possa, pura e simplesmente, ser aceita como lastro probatório da tese do Recorrente, de modo a legitimar, per se, o reconhecimento do direito creditório pretendido por meio da redução do percentual de presunção de lucro de 32% para 12% no cálculo da CSLL. Caberia ao Recorrente, portanto, apresentar conjunto probatório específico e congruente, que permitisse avaliação objetiva e detalhada da utilização da alíquota reduzida de presunção do lucro presumido, de modo a autorizar o julgador ao reconhecimento de que a situação alegada amoldase (ou não) à descrita hipoteticamente na referida Solução de Consulta, o que efetivamente não ocorreu. Assim, a falta de apresentação de documentos de comprovação da existência de estabelecimento hospitalar e da realização da atividade de prestação de serviços hospitalares na forma prescrita pela legislação inviabiliza a verificação efetiva do exercício desta atividade pelo julgador e, conseqüentemente, a apuração de eventual erro na aplicação do percentual de presunção da base de cálculo presumida da CSLL. Com relação à retificação da DCTF feita após a emissão do Despacho Decisório Eletrônico, como dito pelo próprio Recorrente, esta possibilidade é admitida pela doutrina e jurisprudência (e até mesmo por atos normativos), desde que acompanhada de prova Fl. 145DF CARF MF Processo nº 10580.912491/200950 Acórdão n.º 1002000.672 S1C0T2 Fl. 146 19 inequívoca da existência do erro e do crédito declarado, o que efetivamente não ocorreu no presente caso, conforme discorrido anteriormente. Importante frisar que na análise de mérito relativo a processos de compensação, é cediço que o onus probandi do crédito pleiteado compete àquele que o alega possuir2 e que a falta de documentos hábeis e de declarações retificadoras válidas nos autos afasta a possibilidade de confirmação da certeza e liquidez do crédito pleiteado, requisito legal para a concessão da compensação, conforme dispõe o art. 170 do CTN (grifos nossos): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Nesse quadro, é forçoso reconhecer que o Recorrente não logrou comprovar de forma idônea e indubitável o crédito que entendia possuir, sendo, portanto, correta a não homologação do PERD/COMP nº 42847.75153.311008.1.3.040269. 3. Dispositivo Diante do exposto, voto por conhecer parcialmente o Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento, mantendo integralmente a decisão de piso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva 2 CPC Lei nº 5.869 de 11 de Janeiro de 1973 Art. 333. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. (...) Fl. 146DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13888.910757/2012-69
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Data do fato gerador: 23/09/2011
COMPENSAÇÃO. PROVA SUFICIENTE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. DOCUMENTOS CONTÁBEIS E FISCAIS. HOMOLOGAÇÃO.
Deve ser homologada a compensação em que a declarante tenha comprovado suficientemente, mediante documentos contábeis e fiscais, a existência do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-006.046
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Data do fato gerador: 23/09/2011 COMPENSAÇÃO. PROVA SUFICIENTE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. DOCUMENTOS CONTÁBEIS E FISCAIS. HOMOLOGAÇÃO. Deve ser homologada a compensação em que a declarante tenha comprovado suficientemente, mediante documentos contábeis e fiscais, a existência do direito creditório pleiteado.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 13888.910757/2012-69
anomes_publicacao_s : 201906
conteudo_id_s : 6016658
dt_registro_atualizacao_tdt : Mon Jun 03 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3401-006.046
nome_arquivo_s : Decisao_13888910757201269.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 13888910757201269_6016658.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
dt_sessao_tdt : Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
id : 7769788
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:46:16 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911385513984
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 4; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1263; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 13888.910757/201269 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401006.046 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 23 de abril de 2019 Matéria PIS/COFINS Recorrente WIPRO DO BRASIL INDUSTRIAL S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 23/09/2011 COMPENSAÇÃO. PROVA SUFICIENTE DA EXISTÊNCIA DO CRÉDITO. DOCUMENTOS CONTÁBEIS E FISCAIS. HOMOLOGAÇÃO. Deve ser homologada a compensação em que a declarante tenha comprovado suficientemente, mediante documentos contábeis e fiscais, a existência do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Rodolfo Tsuboi (Suplente convocado), Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Oswaldo Gonçalves de Castro Neto e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 8. 91 07 57 /2 01 2- 69 Fl. 234DF CARF MF Processo nº 13888.910757/201269 Acórdão n.º 3401006.046 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Despacho Decisório eletrônico que não homologou a compensação declarada no PER/DCOMP, sob o fundamento da integral vinculação do crédito indicado a outro(s) débito(s) de titularidade do contribuinte. A decisão de 1ª instância julgou o recurso improcedente ao argumento de que não havia prova exaustiva da liquidez e certeza do crédito vindicado, pois não foram juntados os registros contábeis da operação, imputando ao recorrente o ônus da prova do direito requerido. O Recurso Voluntário sustentou a possibilidade de juntada de documentos nessa fase processual, em observância ao princípio da verdade material; pugnou pela devolução dos autos à unidade de origem para revisão do despacho eletrônico, por força do Parecer Normativo Cosit nº 02/2015; e ratificou as alegações já deduzidas em primeira instância quanto ao direito pleiteado. Foram anexados à peça recursal o ADE nº 53/06 (CARTEPILLAR BRASIL LTDA, admissão no RECOF), laudo técnico contábil e extrato do livro Registro de Saídas. Considerando a documentação carreada aos autos pela Recorrente no Recurso Voluntário, este Colegiado converteu o feito em diligência para que a unidade preparadora da RFB se manifestasse acerca da procedência e quantificação do direito creditório, bem como da disponibilidade e da suficiência do crédito para a compensação pretendida. O processo retornou para julgamento com Informação Fiscal no sentido da procedência, disponibilidade e suficiência do crédito para extinguir o débito declarado no PER/DCOMP. A Recorrente ratifica as razões recursais. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3401006.017, de 23 de abril de 2019, proferido no julgamento do Processo nº 13888.910728/201205. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 3401006.017): "A controvérsia posta nos autos cingiase à existência de crédito de COFINS decorrente de pagamento a maior no valor de R$ 36.019,17 (competência MAI/2008), recolhido mediante DARF, Fl. 235DF CARF MF Processo nº 13888.910757/201269 Acórdão n.º 3401006.046 S3C4T1 Fl. 4 3 hábil a ser compensado com débito do mesmo tributo no valor de R$ 19.860,91 (competência AGO/2012). O feito tramitou em 1ª instância sem que a Recorrente fizesse prova suficiente do indébito, posto que alegava ser beneficiária da suspensão do tributo por vender mercadorias à pessoa jurídica habilitada no RECOF sem juntar os respectivos documentos contábeis e fiscais que espelhassem as operações. Ocorre que, em sede de Recurso Voluntário, a Recorrente supriu tal carência probatório, de modo que este Colegiado resolveu converter o feito em diligência para que a unidade preparadora da RFB se manifestasse conclusivamente acerca da procedência, disponibilidade e suficiência do direito creditório. Assento pois as informações apresentadas pela autoridade fiscal em sede de diligência: 3. Em nossa análise verificamos que o crédito alegado pelo contribuinte na Dcomp (R$ 36.019,17), encontrase disponível para compensação, em nossos sistemas, após as retificações efetuadas na DCTF e DACON, relativas ao período de apuração 05/2008. A emissão Despacho Decisório de nº de Rastreamento 042024158 foi realizada em 03/01/2013 e as retificações citadas foram realizadas em 29/01/2013 e 30/01/2013, respectivamente. Portanto, não havia saldo disponível quando da emissão do Despacho Decisório, o que motivou seu indeferimento inicial. 4. Ademais, da análise do Livro de Registro de Entradas e Saídas, do DACON, dos documentos fiscais apresentados pela recorrente e tendo em vista que as notas fiscais apresentadas são de venda de produtos a empresa beneficiária do RECOF e, por consequência, com benefício da suspensão do PIS/Pasep e Cofins em suas aquisições no mercado interno, dentro das condições previstas no ADE nº 53, de 24 de julho de 2006 e da IN SRF 417/2004 (alterada pela IN SRF 547/2005 e posteriores), concluímos que a manifestante faz jus a compensação dos créditos de R$ 36.019,17, de Cofins (cód. 5856), período de apuração 30/05/2008, demonstrados na Dcomp nº 28653.88994.190912.1.3.046142. Conforme verificamos nos relatórios do Sistema de Apoio Operacional (fls. 198 a 200), o crédito utilizado na Dcomp tratada nesse processo é suficiente para extinguir o débito declarado (R$ 19.860,91, Cofins (5856), vencido em 25/09/2012). O saldo do crédito não utilizado nessa Dcomp foi utilizado em outra Dcomp relacionada, de nº 04211.25185.270912.1.3.040704, tratada no processo nº 13888.910730/201276, sendo que também nessa Dcomp relacionada o crédito utilizado também foi suficiente para extinguir o débito declarado (R$ 30.778,44, CSLL (2484), vencido em 28/09/2012), conforme vemos no relatório de fls. 200. (grifo nosso) É de se concluir que, ante a informação de que o crédito existe, está disponível e é suficiente para se homologar a compensação pretendida, cai por terra a matéria antes controvertida, de modo Fl. 236DF CARF MF Processo nº 13888.910757/201269 Acórdão n.º 3401006.046 S3C4T1 Fl. 5 4 que deve ser acolhido o resultado da diligência para se reconhecer o direito creditório e homologar a compensação declarada no PER/DCOMP 28653.88994.190912.1.3.046142. Ante o exposto, voto por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao mesmo." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado decidiu por CONHECER do Recurso Voluntário e, no mérito, DAR PROVIMENTO ao mesmo. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 237DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10469.725297/2016-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 28/02/2011 a 31/12/2013
INFORMAÇÕES SOBRE PROCEDIMENTO POLICIAL E POR PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. UTILIZAÇÃO. LEGITIMIDADE.
É legítima a utilização, no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, de informações provenientes de inquérito policial ou denúncia oferecida pelo Ministério Público, ainda mais quando há expressa autorização judicial nesse sentido.
RESPONSABILIADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. TERCEIROS. COEXISTÊNCIA. POSSIBILIDADE. REAIS BENEFICIÁRIOS DE ESQUEMA FRAUDULENTO. RESPONSABILIZAÇÃO. CABIMENTO.
Em uma mesma autuação, é possível coexistirem responsáveis solidários de direito e de fato (terceiros) com fundamento nos arts. 124 e 135 do Código Tributário Nacional. Cabível a atribuição de responsabilidade quando se comprova tanto o interesse comum por parte de administrador de fato de empresa que perpetrou a fraude quanto sua atuação, por meio de gestão com violação a disposição legal, voltada exatamente à prática de fraude.
Numero da decisão: 3401-006.153
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte dos recursos apresentados, e, na parte conhecida, negar-lhes provimento.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
1.0 = *:*toggle all fields
dt_index_tdt : Fri Oct 08 01:09:55 UTC 2021
anomes_sessao_s : 201904
camara_s : Quarta Câmara
ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 28/02/2011 a 31/12/2013 INFORMAÇÕES SOBRE PROCEDIMENTO POLICIAL E POR PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. UTILIZAÇÃO. LEGITIMIDADE. É legítima a utilização, no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, de informações provenientes de inquérito policial ou denúncia oferecida pelo Ministério Público, ainda mais quando há expressa autorização judicial nesse sentido. RESPONSABILIADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. TERCEIROS. COEXISTÊNCIA. POSSIBILIDADE. REAIS BENEFICIÁRIOS DE ESQUEMA FRAUDULENTO. RESPONSABILIZAÇÃO. CABIMENTO. Em uma mesma autuação, é possível coexistirem responsáveis solidários de direito e de fato (terceiros) com fundamento nos arts. 124 e 135 do Código Tributário Nacional. Cabível a atribuição de responsabilidade quando se comprova tanto o interesse comum por parte de administrador de fato de empresa que perpetrou a fraude quanto sua atuação, por meio de gestão com violação a disposição legal, voltada exatamente à prática de fraude.
turma_s : Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
dt_publicacao_tdt : Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
numero_processo_s : 10469.725297/2016-41
anomes_publicacao_s : 201905
conteudo_id_s : 6004658
dt_registro_atualizacao_tdt : Fri May 10 00:00:00 UTC 2019
numero_decisao_s : 3401-006.153
nome_arquivo_s : Decisao_10469725297201641.PDF
ano_publicacao_s : 2019
nome_relator_s : ROSALDO TREVISAN
nome_arquivo_pdf_s : 10469725297201641_6004658.pdf
secao_s : Terceira Seção De Julgamento
arquivo_indexado_s : S
decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte dos recursos apresentados, e, na parte conhecida, negar-lhes provimento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vice-presidente).
dt_sessao_tdt : Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
id : 7735351
ano_sessao_s : 2019
atualizado_anexos_dt : Fri Oct 08 11:44:02 UTC 2021
sem_conteudo_s : N
_version_ : 1713051911387611136
conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 17; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1788; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 3.018 1 3.017 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10469.725297/201641 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401006.153 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 25 de abril de 2019 Matéria AI CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP E COFINS Recorrente INTERBRASIL REPRESENTAÇÃO E SERVIÇOS DE MÃO DEOBRA LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 28/02/2011 a 31/12/2013 INFORMAÇÕES SOBRE PROCEDIMENTO POLICIAL E POR PARTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. UTILIZAÇÃO. LEGITIMIDADE. É legítima a utilização, no processo administrativo de determinação e exigência de crédito tributário, de informações provenientes de inquérito policial ou denúncia oferecida pelo Ministério Público, ainda mais quando há expressa autorização judicial nesse sentido. RESPONSABILIADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. TERCEIROS. COEXISTÊNCIA. POSSIBILIDADE. REAIS BENEFICIÁRIOS DE ESQUEMA FRAUDULENTO. RESPONSABILIZAÇÃO. CABIMENTO. Em uma mesma autuação, é possível coexistirem responsáveis solidários de direito e de fato (terceiros) com fundamento nos arts. 124 e 135 do Código Tributário Nacional. Cabível a atribuição de responsabilidade quando se comprova tanto o interesse comum por parte de administrador de fato de empresa que perpetrou a fraude quanto sua atuação, por meio de gestão com violação a disposição legal, voltada exatamente à prática de fraude. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer em parte dos recursos apresentados, e, na parte conhecida, negarlhes provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 46 9. 72 52 97 /2 01 6- 41 Fl. 3018DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan – Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (presidente), Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lázaro Antonio Souza Soares, Carlos Henrique Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi (suplente convocado), Oswaldo Gonçalves de Castro Neto, e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (vicepresidente). Relatório Versa o presente sobre os Autos de Infração de fls. 2 a 21, e 22 a 421, lavrados em 23/12/2016, e cientificados ao autuado em 26/12/2016 (fl. 2722), para exigência de Contribuição para o PIS/PASEP, e de COFINS, referentes ao período de 28/02/2011 a 31/12/2013, acrescidas de juros de mora e de multa de ofício majorada (150 %), totalizando originalmente R$ 1.542.665,41 (PIS) e R$ 7.104.026,55 (COFINS), por ter a empresa utilizado créditos da nãocumulatividade em desacordo com os preceitos legais que regem a matéria. São ainda arrolados como sujeitos passivos, além da empresa “INTERBRASIL”, na qualidade de responsáveis solidários: “Francisco das Chagas de Souza Ribeiro” (doravante “FRANCISCO”), ciente da autuação em 28/12/2016 (fl. 2734); “CLEANLocação de Mãode Obra LTDAEPP” (doravante “CLEAN”), cujo representante compareceu à RFB em 12/01/2017 e se recusou a atestar ciência (fl. 2730); e “PRESERVICE Recursos Humanos LTDA” (doravante “PRESERVICE”), ciente em 28/12/2016 (fl. 2726). No Relatório Fiscal (RF) de fls. 42 a 65, narrase que: (a) a fiscalização originouse do fato de a escrituração contábil digital (ECD) indicar a existência de mútuos sem o recolhimento de IOF (sendo a parcela referente a IOF de 2011 a 2013 no processo administrativo no 10469.720221/201620), mas foi estendida a bens e serviços utilizados como insumos em relação a contribuições (“PIS e COFINS”, de 2011 a 2013), identificados genericamente como “vlr ref serviços prestados PJ” e “vlr ref serviços utilizados como insumos” (fls. 45/46), e como “bens/materiais utilizados como insumos” (fl. 46); (b) a “INTERBRASIL” foi constituída em 06/11/1996, tendo os sócios fundadores se retirado da sociedade em 15/06/2007, sendo substituídos por “João Eudes Andrade de Macedo” (administrador de direito) e “Sonia Ribeiro Freire de Macedo”, sendo administrada de fato por “FRANCISCO” (vulgo “Quinho”), conforme se depreende de depoimento em Ação Cautelar promovida pela Procuradoria da União no RN, assim como as empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, como consta de denúncia oferecida ao Poder Judiciário (excertos às fls. 43 a 45); (c) em relação a serviços, solicitadas as notas fiscais e outros documentos idôneos que comprovassem a escrituração dos insumos pela empresa “INTERBRASIL”, e após sucessivas reintimações e prorrogações de prazo, foram apresentadas cópias de notas fiscais e recibos (não identificados de forma individual na contabilidade), e, reintimada, para que se comprovasse o pagamento das operações (por cheque, movimentação bancária ou outro meio), a empresa não atendeu as intimações e informou apenas que os documentos haviam se perdido; (d) em relação a bens, havia aquisições de duas empresas: “PJ Comércio de Frios LTDA ME” (despesa de R$ 7.350.750,00 em 2011, enquanto a receita de tal empresa, naquele mesmo ano de 2011, na 1 Todos os números de folhas indicados nesta decisão são baseados na numeração eletrônica da versão digital do processo (eprocessos). Fl. 3019DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.019 3 sistemática do SIMPLES, totalizou R$ 179.451,36) e “FDB Andrade de Oliveira ME” (esta também comandada de fato por “FRANCISCO” e inativa – com despesas que excederam, em 2012/2013, os R$ 17 milhões); (e) intimada a empresa “PJ Comércio de Frios LTDA ME”, que atua no comércio de frios e de material de construção, a prestar esclarecimentos, a correspondência retornou com indicação de endereço inexistente, e, verificandose as notas, percebese que estão em numeração sequencial (tabela às fls. 48/49) e se referem a consultoria, treinamento e gestão de RH (o que indica que eram a única atividade da empresa), cabendo ainda destacar que tal empresa não possui conta bancária, o que apontaria para recebimentos em espécie; (f) pesquisandose nos sistemas informatizados da RFB, verificouse que a empresa “FDB Andrade de Oliveira ME” é microempresa de locação de mãodeobra temporária com natureza jurídica de empresário individual, e não apurou ou recolheu tributos no período em análise, estando inativa de 2001 a 2004, de 2010 a 2012, omissa em 2008, 2013 e 2014, tendo declarado receitas apenas de 2004 a 2006 (tabela às fls. 49/50), não tendo sido localizada no endereço cadastral fornecido à RFB, onde vizinha que morava no local há 20 anos informou que há algum tempo residia um senhor de nome “Francisco”, empregado de empresa de alguém conhecido como “Quinho”, que trabalha com terceirização de mãodeobra (sendo que o Sr. Francisco, por ela referido, é marido da sócia individual da empresa “FDB Andrade de Oliveira ME”); (g) as notas fiscais emitidas pela “FDB Andrade de Oliveira ME” (em período no qual a empresa não tinha empregados, cf. registro no INSS) desrespeitaram o prazo de validade da autorização de impressão, e foram escrituradas em formulário impresso, quando a empresa já estava obrigada ao uso de modelo digital, cabendo ainda destacar que os comprovantes que atestam que os serviços foram prestados sequer foram destacados; (h) “a emissão das notas fiscais pela FDB fez parte de um esquema montado exclusivamente para fornecer notas fiscais inidôneas para o grupo econômico formado pelas empresas INTERBRASIL, PRESERVICE e CLEAN, com vistas a elevar custos e ao aproveitamento de créditos de PIS e de COFINS não cumulativos” (fl. 52); (i) a “INTERBRASIL” transmitiu demonstrativos DACON no período fiscalizado com erros e campos de preenchimento obrigatório “zerados”, e, intimada e reintimada a apresentar planilha com memória de cálculo de apuração dos créditos, não o fez; (j) os valores indevidamente apropriados às bases de cálculo de créditos de Contribuição para o PIS/PASEP e COFINS foram recompostos, qualificandose a multa de ofício em função de sonegação e fraude; (k) na denúncia do Ministério Público, verificouse que “FRANCISCO” estruturou organização criminosa com a finalidade de fraudar licitações, envolvendo as empresas “FDB Andrade de Oliveira ME”, “INTERBRASIL”, “CLEAN” e “PRESERVICE” (fl. 55), caracterizandose a formação de grupo econômico, desenvolvendo a mesma atividade, sob mesmo comando administrativo, com reiteradas transferências de empregados entre as empresas do grupo, e confusão patrimonial (como também apurado pelo Ministério Público (fls. 56/57), coincidindo os endereços das empresas “FDB Andrade de Oliveira ME” e “PRESERVICE”, os IP das transmissões de DIPJ e o contador responsável pelas empresas; (l) o Sr. “FRANCISCO” responde solidariamente (art. 124, I, do CTN) com a empresa “INTERBRASIL”, pelo interesse comum, e pessoalmente (art. 135, III, do CTN) por prática de ato com infração à lei; (m) as empresas “FDB Andrade de Oliveira ME”, “CLEAN” e “PRESERVICE” respondem solidariamente por interesse comum (art. 124, I, do CTN); e (n) em função do verificado, foi elaborada representação fiscal para fins penais. A empresa “INTERBRASIL” apresentou Impugnação (intempestiva) em 27/01/2017 (fls. 2754 a 2781), alegando, basicamente, que: (a) a ciência do lançamento ocorreu em 28/12/2016, tendo decaído o direito de lançar os onze meses iniciais de 2011; (b) a autoridade fiscal não esclareceu como apurou a infração, não esclarecendo quais seriam os campos obrigatórios “zerados” das DCOMP, ou como calculou o valor das contribuições, o Fl. 3020DF CARF MF 4 que eiva de nulidade o lançamento; (c) as glosas são improcedentes, pois não foi comprovada a inidoneidade dos documentos (e os dados das demais empresas fogem ao absoluto controle da impugnante); (d) a multa não pode ser majorada, pois não houve comprovação da existência de dolo ou fraude; e (e) há impossibilidade de exigência de juros de mora sobre a multa de ofício aplicada. “FRANCISCO”, por seu turno, apresentou Impugnação ainda em 27/01/2017 (fls. 2738 a 2749), suscitando que: (a) a autuação é nula, por ilicitude da prova emprestada de procedimento judicial e policial; e (b) não é responsável solidário, por não ter relação pessoal e direta com a ocorrência do fato gerador da obrigação da pessoa jurídica. Também em 27/01/2017 (fls. 2795 a 2807) apresentaram Impugnação conjunta as empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, argumentando igualmente pela ilicitude das provas obtidas e pela inexistência de solidariedade passiva, agregando que não há solidariedade em razão de grupo econômico. A decisão de primeira instância (fls. 2858 a 2868), proferida em 27/04/2017, foi, por unanimidade de votos, pela improcedência das impugnações apresentadas pelos responsáveis solidários, sob os seguintes fundamentos: (a) é possível a utilização em processo administrativo de provas colhidas em processo penal, sobretudo quando o acesso foi autorizado pelo juiz competente; (b) é lícita a utilização de informações colhidas por outras autoridades desde que guardem pertinência com os fatos cuja prova se pretenda oferecer; (c) sociedades empresárias que compõem grupo econômico de fato, exercendo atividades integradas e confundindose patrimonialmente, em benefício de administrador idêntico, demonstram interesse comum em situações que constituem fato gerador de obrigação principal; (d) o proprietário de fato, que utiliza sociedade empresária em benefício próprio, é responsável solidário por interesse comum nas situações que constituem fato gerador de obrigação principal; e (e) os administradores ou gerentes de pessoas jurídicas de direito privado são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. A empresa “INTERBRASIL” foi cientificada da decisão e piso em 24/05/2017 (fl. 2881), tendo solicitado a juntada de peça recursal em 21/06/2017 (fls. 2970 a 3001), na qual sustenta a tempestividade de sua impugnação, tendo em vista ter se dado a ciência em 28/12/2016, e reitera os argumentos naquela peça inicial externados. Às fls. 2885 a 2926, consta Recurso Voluntário conjunto das empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, datado de 17/06/2017, no qual se reitera o argumento pela ilicitude das provas obtidas (destacandose que em nenhum momento houve autorização judicial para o compartilhamento das provas, e, ainda que houvesse, tal permissão não seria suficiente para imputação às recorrentes, que não figuram na ação penal), e pela ilegitimidade passiva das partes (sob o argumento de que há infundado uso do art. 124, I do CTN), assim como pela inexistência de grupo econômico, ou de solidariedade por tal causa (por não terem as empresas relação com o fato gerador). Afirma ainda a peça recursal que, em virtude da intempestividade da impugnação da empresa “INTERBRASIL”, fazse necessário atacar o mérito do lançamento tributário, devendo ser a matéria conhecida de ofício, no que busca restaurar os argumentos inicialmente suscitados de forma intempestiva sobre decadência, nulidade por carência de fundamento, improcedência das glosas, impossibilidade de majoração da multa e ausência da incidência de juros sobre seu valor. Às fls. 2929 a 2968, figura o Recurso Voluntário apresentado por “FRANCISCO”, também datado de 17/06/2017, e basicamente no mesmo sentido, apenas Fl. 3021DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.020 5 expurgando as menções específicas às empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, tomandoas em relação ao recorrente. À fl. 3016, consta despacho da unidade preparadora da RFB encaminhando o processo ao CARF e atestando a tempestividade das peças recursais, tendo o processo sido distribuído, por sorteio, a este relator, em outubro de 2018. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator Os recursos apresentados por “FRANCISCO”, “CLEAN” e “PRESERVICE” atendem aos requisitos de admissibilidade e, portanto, deles se conhece, a priori. Quanto à peça recursal apresentada por “INTERBRASIL”, cabe preliminarmente conhecer apenas do argumento inicial, no qual se questiona a tempestividade da impugnação, tendo em vista que a DRJ entendeu ser intempestiva a peça inicial apresentada. A ciência da autuação por parte da empresa “INTERBRASIL” se deu, indiscutivelmente, em 26/12/2016, conforme termo de fls. 2721/2722: Amplio a parte da data, manuscrita, para que não reste dúvida: Em seu recurso voluntário, a empresa ignora a ciência constante no próprio processo, para afirmar que foi cientificada em 28/12/2016, o que não encontra qualquer amparo documental para tal sujeito passivo, e sequer discute se quem assina a ciência representava a Fl. 3022DF CARF MF 6 empresa. Entretanto, é de se adiantar que dita discussão seria pouco produtiva, seja pelo momento processual em que se encontram os autos, seja pela leitura da Súmula CARF no 9. E, configurada conclusivamente a intempestividade da peça impugnatória apresentada por “INTERBRASIL”, não se deve conhecer dos demais argumentos apresentados no recurso voluntário, pois a empresa já não compõe o contencioso em relação a eles. Passase, assim, a seguir, à análise dos argumentos de defesa apresentados pelas partes que remanescem no contencioso: “FRANCISCO”, “CLEAN” e “PRESERVICE”. Como relatado, os argumentos de defesa centramse na discussão sobre a (i)licitude das provas obtidas e sobre a (i)legitimidade passiva dos imputados como responsáveis. No entanto, entendo, em nome da verdade material, que antes de analisar tais itens, tornase relevante verificar, de forma preliminar, a validade do lançamento, que poderia impactar negativamente a própria sujeição passiva. Isso coincide, inclusive, com pleito dos recorrentes, ainda que inovador, em sede recursal. Assim, embora não conheçamos de tais pleitos efetuados pelos recorrentes que remanescem no contencioso em nome da “INTERBRASIL” (daí o “a priori” no início do voto), analisaremos as matérias relacionadas em sede preliminar, de ofício, em nome da verdade material. 1. Das preliminares, em geral Como relatado, o lançamento deriva de glosas de créditos tomados pela “INTERBRASIL” em relação a bens e serviços que teriam sido utilizados como insumos na prestação de serviços, e descritos genericamente como “vlr ref serviços prestados PJ”, “vlr ref serviços utilizados como insumos” e “bens/materiais utilizados como insumos”. E, na tentativa de identificar e motivar especificamente tais créditos, pouco colaborou a empresa tomadora, que, após sucessivas (re)intimações e prorrogações de prazo, apresentou apenas cópias de notas fiscais e recibos (não identificados de forma individual na contabilidade), e não conseguiu, após nova intimação, sequer comprovar o pagamento das operações (por cheque, movimentação bancária ou outro meio), alegando que os documentos haviam se perdido. Quando a fiscalização passa a verificar os “serviços” ensejadores dos créditos, deparase com contabilização de despesa de R$ 7.350.750,00, em 2011, referente a consultoria, treinamento e gestão de RH prestados pela empresa “PJ Comércio de Frios LTDA ME” absolutamente incompatível com a receita daquela empresa no mesmo ano (R$ 179.451,36), e avessa à própria atividade da empresa (comércio de frios e de material de construção). Aliás, tal empresa sequer possuía conta bancária, o que torna curiosa a forma pela qual deva ter recebido os citados R$ 7.350.750,00, se é que os recebeu, porque ainda resta não comprovado o efetivo pagamento, mesmo após reintimações possibilitando a prestação da informação (que, digase, não se encontra detalhada nem na peça impugnatória intempestiva). Nesse cenário, que se soma à verificação de inexistência da empresa “PJ Comércio de Frios LTDA ME” no endereço informado à RFB, não se tem dúvidas de que tal empresa não tinha a menor condição de prestar o serviço sobre o qual desejou tomar créditos a Fl. 3023DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.021 7 “INTERBRASIL”, sendo que tal circunstância era cristalina e visível à empresa tomadora, não demandando nenhum conhecimento que extrapole o do ser mediano. Em relação a “serviços” prestados pela “FDB Andrade de Oliveira ME”, microempresa de locação de mãodeobra temporária com natureza jurídica de empresário individual, inativa, mas com despesas que excederam, em 2012/2013, os R$ 17 milhões, e igualmente não localizada no endereço cadastral fornecido à RFB, a fiscalização obteve declaração de pessoa vizinha do imóvel há 20 anos, no sentido de que ali residia senhor que empregado de “Quinho” (“FRANCISCO”), e marido da sócia individual da empresa “FDB Andrade de Oliveira ME”. Aliás, nas notas os comprovantes de efetiva prestação dos serviços sequer foram destacados. Tudo isso é incontroverso nos autos, não havendo nenhum esforço lógico da defesa no sentido de identificar o que ocorreu, de fato, ou, no mínimo, contrapor com documentos o que o fisco já havia comprovado também documentalmente. Nessa magnitude de ocorrências, chega a ser secundária a detecção de irregularidades formais nas emissões de notas fiscais, visto que sua própria materialidade sequer restou demonstrada (afinal de contas, incumbia à defesa a comprovação da efetiva prestação dos serviços, de modo a rechaçar a comprovação documentada, pela fiscalização, de que as empresas prestadoras obviamente não possuíam estrutura mínima ou capacidade operacional para tanto). A empresa “INTERBRASIL”, tomadora dos serviços, como informa a fiscalização, transmitiu demonstrativos DACON no período fiscalizado com erros e campos de preenchimento obrigatório “zerados”, e, intimada e reintimada a apresentar planilha com memória de cálculo de apuração dos créditos, não o fez. Por certo que a empresa tem o dever de prestar informações ao fisco, assim como o dever de preencher (e saber quais são) os campos obrigatórios das declarações. Ademais, o mínimo que se espera do declarante é que apresente ao fisco as transações que realiza, sem nada esconder. Nítida, nesse ambiente, tanto a caracterização de sonegação, na forma descrita no art. 71 da Lei no 4.502/1964, quanto de fraude, retratada no art. 72 do mesmo diploma legal. Assim, presentes os atributos tanto para a majoração da multa referida no art. 44 da Lei no 9.430/1996, quanto para a aplicação da regra decadencial prevista no art. 173, I do Código Tributário Nacional. E, sobre a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício lançada, simplesmente se remete à Súmula CARF no 108. Não reside qualquer mácula, portanto, no lançamento, que compreende todos os atributos previstos em lei, e aclara sua fundamentação e o cenário evidenciado, de forma a não restar qualquer dúvida a este julgador sobre a ocorrência de fraude visando à artificial obtenção de créditos, sabidamente indevidos. Entendo que a verificação preliminar aqui empreendida constitui um pressuposto para a análise dos itens a seguir, porque para que haja responsabilidade solidária, ou de terceiros, é importante que se esteja certo sobre a própria existência da infração e de sua delimitação. Fl. 3024DF CARF MF 8 Pelo exposto neste item, concluise pela existência de fraude (e de sonegação), havendo deliberada conduta de apropriação de créditos tributários sabidamente indevidos, o que é suficiente para a manutenção do lançamento em relação à empresa “INTERBRASIL”, mesmo antes das discussões que serão a seguir travadas. 2. Da preliminar de nulidade em relação às provas obtidas Desde sua impugnação, alega “FRANCISCO” que a autuação é nula, por ilicitude da prova emprestada de procedimento judicial e policial. No mesmo sentido, as empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”. Vejase, de início, que tudo o que se concluiu no tópico anterior sequer invocou tais provas, que se resumem a um único excerto de depoimento no IPL no 40/2008 PF/RN (fls. 42/43), na “Operação Hígia”, e de vários excertos de denúncia do Ministério Público (fls. 43 a 45, e 55), que atestam (i) que “FRANCISCO” (“Quinho”) é proprietário de fato da “PRESERVICE” e da “FDB Andrade de Oliveira ME” (fls. 42/43); (ii) que “restou evidente o vínculo mantido entre as duas pessoas jurídicas, sendo indene de dúvidas, igualmente, que o acusado FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO” (“FRANCISCO”) “é quem detém o domínio de fato das empresas, controlando suas atividades comerciais e gerindo o interesse de ambas”; (iii) que “no que tange aos denunciados JOÃO EUDES ANDRADE DE MACEDO, SÔNIA RIBEIRO FREIRE DE MACEDO, JIVANICE SOARES LOURENÇO e FRANCISCA IZAURA DE LIMA NETA, tem se, com relação aos dois primeiros, constarem como sócios fictícios da INTERBRASIL REPRESENTAÇÕES DE SERVIÇOS E MÃO DE OBRA LTDA” (“INTERBRASIL”), “ao passo que as outras duas são sócias fictícias da CLEAN LOCAÇÃO DE MÃO DE OBRA LTDA” (“CLEAN”), e que a “participação de todos eles nas sociedades, no entanto, se dá com o propósito exclusivo de ocultar o verdadeiro proprietário das empresas, que é o denunciado FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO, viabilizando, com isso, a simulação da existência de concorrência entre as empresas do grupo empresarial nas contratações públicas”; (iv) que a “conclusão é facilmente extraída, no que atine aos sócios da INTERBRASIL REPRESENTAÇÕES DE SERVIÇOS E MÃO DE OBRA LTDA., pela quebra do sigilo bancário da empresa (Anexo 03), cuja análise revela uma grande quantidade de recursos destinados ao adimplemento de obrigações titularizadas pelo Sr. FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO e sua família, desde o pagamento de faculdade, multas junto ao DETRAN e financiamento de imóveis, até a emissão de cheques nominativos em benefício do mencionado clã familiar”, sendo “nada, no entanto, direcionado aos sócios formais, o que deixa indene de dúvidas a falsidade ideológica por eles cometida”; (v) que “no que diz respeito à CLEAN LOCAÇÃO DE MÃO DE OBRA LTDA., cujas proprietárias fictícias são JIVANICE SOARES LOURENÇO e FRANCISCA IZAURA DE LIMA NETA, é facilmente perceptível que não há, por parte das sócias, qualquer poder de comando junto à empresa, sendo outorgado a FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO, verdadeiro proprietário, o controle de fato da pessoa jurídica”; (vi) que o “poder de gerência de FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO sobre a CLEAN LOCAÇÃO DE MÃO DE OBRA LTDA. é a todo momento confirmado pelas interceptações telefônicas obtidas mediante autorização judicial (fls. 544/547 622 do Volume III, e demais transcrições do volume IV dos autos de n. 20013622 05.2009.8.20.0001), as quais demonstram a subordinação da Gerente de Recursos Humanos da citada empresa às ordens e recomendações de "QUINHO", que lhe orienta acerca de todos os atos de administração”; e (vii) que “FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO controla um grupo empresarial composto por quatro empresas, todas atuantes no segmento de locação de mão de obra, quais sejam F.D.B. ANDRADE DE OLIVEIRA LTDA., PRESERVICE Fl. 3025DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.022 9 RECURSOS HUMANOS LTDA., INTERBRASIL REPRESENTAÇÕES DE SERVIÇOS E MÃO DE OBRA LTDA. e CLEAN LOCAÇÃO DEMÃO DE OBRA LTDA”. Embora a fiscalização sequer necessite de tais elementos para configuração da fraude tributária, eles são importantes para evidenciação da cadeia de comando do grupo econômico dissimulado, que foi criado fictamente para perpetrar ilícitos, havendo ainda outros excertos da denúncia oferecida pelo Ministério Público às fls. 56/57 (para explicar a confusão patrimonial), fls. 57/58 (para aclarar a identidade de endereços), e fl. 61 (para endossar o poder de gerência de “FRANCISCO”). Sobre tais excertos, os recorrentes afirmam que a autorização judicial para utilização pela RFB era limitada a dados bancários. No entanto, a simples leitura do excerto transcrito pelas próprias peças recursais atesta o contrário (fl. 2891 e 2935, com textos idênticos): Parecem não notar as recorrentes a expressão “De igual modo”, no texto, buscando distorcer a autorização judicial, que, digase, não demanda certificação ou expressa peça específica. Ademais, qualquer informação constante na citada denúncia poderia ter sido objeto de contraposição pela parte, no presente processo, tarefa que sequer tenta a defesa levar a cabo. Ao afirmar que poderiam não ser autênticas determinadas informações, caberia a “FRANCISCO” ter informado detalhadamente quais, pois tem plena ciência daquele procedimento. Quanto às empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, que, segundo a defesa, não figuram no polo passivo da ação penal, entendese que, igualmente, poderiam refutar as eventuais informações incorretas a seu respeito nas citadas peças transcritas, ou, ao menos, questionálas objetivamente, excedendo a simples alegação de falta de certificação ou autenticidade. Ao que se evidencia, as defesas limitamse a entender ilícitas as provas, mas não a refutar especificamente seu conteúdo. Observando o que consta do processo, inclusive a autorização aqui transcrita, não tenho dúvidas sobre a legalidade do procedimento fiscal, que foi equivocadamente atacado quanto à forma, e sequer questionado especificamente, no mérito. E, de posse das informações que figuram na denúncia, passase à análise da responsabilidade imputada no presente processo. Fl. 3026DF CARF MF 10 3. Da sujeição passiva Alega “FRANCISCO”, em sua peça recursal, inicialmente, que houve equivocado emprego, pela fiscalização, dos arts. 124, I, e 135, III, do Código Tributário Nacional. Sobre tema conexo, já tratamos no Acórdão no 3403002.517, de 22/10/2013, entre outros, nos quais se aclarou que “a responsabilidade pessoal referida no art. 135 não implica o afastamento do contribuinte da relação tributária”: “SUJEIÇÃO PASSIVA. LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ART. 135, III DO CTN. SOLIDARIEDADE. Na hipótese prevista no art. 135, III do CTN não incorre em erro na eleição do sujeito passivo o lançamento efetuado contra o contribuinte. A responsabilidade pessoal referida no art. 135 não implica o afastamento do contribuinte da relação tributária.” (Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime em relação ao tema, sessão de 22.out.2013) (grifo nosso) Na ocasião, endossamos, com acolhida do colegiado, que não há relação excludente entre a responsabilização do art. 135 e aquela prevista, em geral, na legislação tributária (remetendo ao contribuinte): “Nesse tópico, há que se destacar, de início, que não se discorda da aplicabilidade do art. 135, III ao caso, mas se opõe veementemente à interpretação de que a responsabilidade aí tratada seja exclusiva, e afaste a figura do contribuinte. O tema é controverso, e nem de longe as poucas referências bibliográficas citadas no Recurso Voluntário espelham um entendimento doutrinário dominante. Poderíamos inclusive endossála, de início, com obra expressiva, de Luciano AMARO, que afirma que o dispositivo (art. 135, III do CTN) exclui do pólo passivo da obrigação a figura do contribuinte (que, em princípio, seria a pessoa em cujo nome e por cuja conta agiria o terceiro), ao dispor no sentido de que o executor do ato responda pessoalmente. A responsabilidade pessoal deve ter aí o sentido (que já se adivinhava no art. 131) de que ela não é compartilhada com o devedor “original” ou “natural”. Não se trata, portanto, de responsabilidade subsidiária do terceiro, nem de responsabilidade solidária. Somente o terceiro responde “pessoalmente”. Para que incida o dispositivo, um requisito básico é necessário: deve haver a prática de ato para o qual o terceiro não detinha poderes, ou de ato que tenha infringido a lei, o contrato social ou o estatuto de uma sociedade. [...] O problema está em se definir os atos a que se refere o art. 135. 2 (grifo nosso) Hugo de Brito MACHADO, no entanto, considera inaceitável tal entendimento, afirmando que 2 AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2004, p. 318319. Fl. 3027DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.023 11 A lei diz que são pessoalmente responsáveis, mas não são os únicos. A exclusão da responsabilidade, a nosso ver, teria de ser expressa. Com efeito, a responsabilidade do contribuinte decorre de sua condição de sujeito passivo direto da relação obrigacional tributária. Independe de disposição legal que expressamente a estabeleça. Assim, em se tratando de responsabilidade inerente à própria condição de contribuinte, não é razoável admitirse que desapareça sem que a lei o diga expressamente. Isto, aliás, é o que se depreende do disposto no art. 128 do Código Tributário Nacional, segundo o qual “a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação”. Pela mesma razão que se exige dispositivo legal expresso para a atribuição da responsabilidade a terceiro, também se há de exigir dispositivo legal expresso para excluir a responsabilidade do contribuinte. 3 (grifo nosso) Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro ALVES, em obra coordenada por Paulo Afonso Brum Vaz e Leandro Paulsen, redige artigo específico sobre o art. 135, III, do CTN, sustentando que [...] é de se ter em mente que a doutrina classificou a responsabilidade tributária como por substituição ou por transferência. Haverá responsabilidade por substituição quando é esquecido, desde logo, o contribuinte, e chamado a responder pela obrigação o responsável, e responsabilidade por transferência quando este somente é chamado a responder após a tentativa de satisfação da obrigação em face do contribuinte (subsidiária) ou quando são acionados de forma conjunta (solidariedade). [...] A este trabalho nos interessa uma modalidade de responsabilidade de terceiros, especialmente aquela delineada no art. 135, III, do CTN. Da análise inicial da responsabilidade tributária em sentido amplo, [...] temse que aquela prevista no art. 135, III, do CTN pode ser classificada como responsabilidade por transferência, pois há a exigência do tributos do contribuinte (a sociedade empresária), não sendo excluída a responsabilidade desta pelo cumprimento da obrigação. Aliás, conforme ensina Zenildo BODNAR, ainda que se proceda à responsabilização do sóciogerente ou do administrador, esta não exclui a responsabilidade da pessoa 3 MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 21. ed. Malheiros: São Paulo, 2002, p. 142. Fl. 3028DF CARF MF 12 jurídica, face ao princípio da separação patrimonial entre a pessoa jurídica e os seus sócios. 4 (grifo nosso). Outro trabalho específico sobre o tema, recentemente merecedor do Prêmio CARF 2010 de monografias em Direito Tributário, de autoria de Fabrizio Candia dos SANTOS, apresenta visão complementar sobre o tema, dispondo que [...] ao tratar da responsabilidade de terceiros, o CTN estabeleceu duas regras distintas: uma, conservando a sua caracterização de terceiro para vinculálo subsidiariamente ao credor nos casos em que, por sua omissão ou ação, reste inadimplida obrigação tributária. Em outra ponta, caso um ato ilícito do terceiro produza um fato gerador, deixa o mesmo (sic) de ser terceiro para vincularse pessoal e solidariamente à obrigação. A solidariedade decorre do comum interesse na situação que constitui o fato gerador, interesse esse revelado no momento em que excede os limites da lei. 5 (grifo nosso) A análise destes dois últimos posicionamentos é ainda mais enriquecedora quando aliada aos ensinamentos de Paulo de Barros CARVALHO, que entende tratarem os artigos referentes à responsabilidade de terceiros (como o art. 135) não de uma relação tributária, mas de uma relação de cunho obrigacional, de índole sancionatória (sanção administrativa): Nosso entendimento é no sentido de que as relações jurídicas integradas por sujeitos passivos alheios ao fato tributado apresentam a natureza de sanções administrativas. [...] Tudo fica mais evidente, porém, quando atinamos ao disposto na Seção II – “Responsabilidade de Terceiros”. Sob o manto jurídico da solidariedade, escondese a providência sancionatória, de maneira nítida e insofismável. [...] Cremos haver demonstrado a natureza do vínculo que se instala, sempre que pessoa externa ao acontecimento do fato jurídico tributário é transportada para o tópico de sujeito passivo. Teremos uma relação jurídica, de cunho obrigacional, mas de índole sancionatória. Alguns autores invocam a extinção da obrigação tributária, quando o responsável paga a dívida, como um argumento contrário à tese que advogamos. O argumento, todavia, é inconsistente. Nada obsta a que o legislador declare extinta a obrigação tributária, no mesmo instante em que também se extingue a relação sancionatória. Dáse por satisfeito, havendo conseguido seu objetivo final. 6 (grifo nosso) 4 ALVES, Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro. Resstudo da responsabilidade tributária (Art. 135, III, do CTN) em face da Lei COmplementar n. 123, de 14122006. In PAULSEN, Leandro; VAZ, Paulo Afonso Brum (org.). Curso Modular de Direito Tributário. Florianópolis: Conceito, 2008, p. 213214. 5 SANTOS, Fabrizio Candia dos. A responsabilidade tributária de todos os sócios na dissolução irregular de sociedades limitadas. In I Prêmio CARF de monografias em direito tributário 2010. Brasília: Valentim, 2011, p. 225226. 6 CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de Direito Tributário. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 324327. Fl. 3029DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.024 13 A que obrigação tributária se refere o professor da PUC/SP, quando fala que o legislador pode declarála extinta com o termo da relação sancionatória? Certamente o rigor terminológico do mestre não faria com que sustentasse que está extinta uma obrigação que jamais nasceu. E se ela nasceu, tem alguém no pólo passivo. E esse alguém é originariamente o contribuinte. Percebase que aquilo que Paulo de Barros CARVALHO designa como sanção administrativa é albergado pela chamada responsabilidade tributária em sentido amplo, referida por Nelson Gustavo Mesquita Ribeiro ALVES. E notese ainda que, independentemente de ser designada a pessoa a que se refere o art. 135, III como responsável tributário ou responsável por sanção administrativa, a figura do contribuinte é inafastável. Arrematese a discussão sobre o tema com a ponderação de Ricardo Lobo TORRES, que objetivamente assevera que Outra coisa é a responsabilidade de que cuida o art. 135. Nela existe a solidariedade ab initio, e o responsável se coloca junto do contribuinte desde a ocorrência do fato gerador. [...]. A Fazenda credora pode dirigir a execução contra o contribuinte ou o responsável. 7 (grifo nosso) Aliás, esse é o entendimento externado por este CARF em decisões recentes. A título ilustrativo, transcrevase excerto de Acórdão unânime da 1a Seção, proferido em 2011: “RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOCIEDADE EMPRESÁRIA. SÓCIOADMINISTRADOR. SOLIDARIEDADE. I Condutas do sócioadministrador, desde a não escrituração das operações contábeis, passando pelo não envio declarações obrigatórias de pessoa jurídica, consubstanciaram uma série de atos ordenados, um por um, visando ocultar as receitas auferidas que deveriam ter sido oferecidas á tributação. Tais ações e omissões, além de infringirem a legislação comercial e tributária vigente, caracterizaram o dolo, restando demonstrada subsunção ao inciso III, art. 135 do CTN. II O termo “pessoalmente responsável”, do artigo 135 do CTN, trata de responsabilidade surgida direta e pessoalmente, o que não quer dizer, contudo, que a pessoa jurídica fique desobrigada, até porque, caso o fosse, deveria haver uma menção expressa de exclusão de responsabilidade. CSLL. PIS. COFINS. LANÇAMENTOS REFLEXOS.O decidido em relação à matéria principal estendese aos lançamentos decorrentes, formalizados a partir de idêntica motivação. 8 (grifo nosso) 7 TORRES, Ricardo Lobo. Curso de Direito Tributário e Financeiro. 14. ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2007, p. 268. 8 CARF. Acórdão 1302000.458. 3a Câmara. 1a Seção. Rel. Cons. Marcos Rodrigues de Mello, unânime, Sessão de 26.jan.2011. Fl. 3030DF CARF MF 14 Também nesta turma, a matéria já foi assim decidida de forma unânime, recentemente: “SUJEIÇÃO PASSIVA. LANÇAMENTO. RESPONSABILIDADE PESSOAL. ART. 135, III DO CTN. SOLIDARIEDADE. Na hipótese prevista no art. 135, III do CTN não incorre em erro na eleição do sujeito passivo o lançamento efetuado contra o contribuinte. A responsabilidade pessoal referida no art. 135 não implica o afastamento do contribuinte da relação tributária.” 9 (grifo nosso) A construção jurídica mais sólida, assim, a nosso ver, aponta para a manutenção do contribuinte na relação tributária, nas hipóteses de que trata o art. 135, III. Incabível, destarte, a alegação de haveria erro na eleição do sujeito passivo, por ser exclusiva a responsabilidade do terceiro.” (grifos no original) O raciocínio expendido é válido para enfrentar a acusação de que seriam incoerentes as figuras da responsabilidade solidária (art. 124 do CTN) e pessoal (art. 135 do CTN) em uma mesma imputação fiscal. Aliás, havendo provas de que pessoas, inclusive alheias aos quadros societários de empresa, atuaram organizadamente como grupo econômico ou para blindar o patrimônio da empresa, este colegiado já admitiu a menção a ambas as responsabilizações no mesmo procedimento: “RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS. SÓCIOS E PESSOA JURÍDICA. GRUPO ECONÔMICO. ARTIGOS 124, I E 135, III, AMBOS DO CTN. INTERESSE COMUM. ILICITUDES COMETIDAS. DEFLAGRAÇÃO. Sócios e pessoa jurídica que formam grupo econômico com o interesse comum em lesar a Administração Pública, com farta documentação comprovando ilícitos em fraudes de merenda escolar, licitações e ausência de recolhimento de tributos são responsáveis tributários, a teor dos artigos 124, I e 135, III, ambos do CTN.” (Acórdão 3401 003.427, Rel. Cons. Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, maioria, sessão de 28.mar.2017) (grifo nosso) CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. SOLIDARIEDADE. CONFIGURAÇÃO. Nos termos dos arts. 124, I e 135, III do Código Tributário Nacional, há solidariedade entre os agentes quando houver interesse comum na situação que constitua o fato gerador, o que se verifica quando os dirigentes de grupo econômico empresarial, através de sucessivas alterações societárias e operações de cisão e incorporação, em clara violação da lei, transferem os ativos para determinadas pessoas jurídicas do conglomerado visando a blindagem do patrimônio contra ações tendentes à exigência e satisfação do crédito tributário constituído, o que também sujeita os envolvidos à responsabilidade pessoal pelo crédito respectivo.” (Acórdão 3401003.888, Rel. Cons. Robson José Bayerl, maioria, sessão de 26.jul.2017) (grifo nosso) 9 CARF. Acórdãos 3403001.763 e 764, Rel. Cons. Rosaldo Trevisan, unânime, Sessão de 25.set.2012. Fl. 3031DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.025 15 Basta, assim, que reste delineada a forma pela qual as pessoas físicas e jurídicas que figuram no polo passivo da autuação possuem relação com a conduta imputada, para que se configure, dentro das figuras arroladas pelo CTN, a responsabilização, que, digase, não é excludente (entre as figuras). “FRANCISCO”, após insistir na tese (aqui já rechaçada) de que seriam ilícitas as menções à denúncia oferecida pelo Ministério Público, e que não teriam sido comprovados ou “autenticados” os fatos ali narrados (digase, endossados de forma documentada pela realidade encontrada no presente processo), reconhece, v.g., a existência de pagamentos de contas particulares suas e de seus familiares por parte das empresas, mas afirma que tais fatos seriam insuficientes para a configuração de sua responsabilidade. Nas palavras do recorrente (fl. 2940): Sustenta, assim, que ao invés de mandante, era mandatário, e que agia sempre de acordo com lei, como se não houvesse robustos elementos em contrário nos autos, e como se sua imputação de responsabilidade fosse simplesmente fundada em contas suas e de familiares (repita=se, pagamento de faculdade, multas junto ao DETRAN e financiamento de imóveis) pagas pelas empresas das quais sequer participava de comando, em detrimento dos efetivos comandantes. Nas palavras do Ministério Público (fl. 57): “36. Dentre os gastos custeados pela INTERBRASIL REPRESENTAÇÕES DE SERVIÇOS E MÃO DE OBRA LTDA. consta o pagamento de boletos relativos a empreendimentos imobiliários, consórcios de automóveis, mensalidades de faculdade, multas junto ao DETRAN/RN, cartões de crédito, planos de saúde, faturas de telefone e uma infinidade de outras despesas de caráter estritamente pessoal pertencentes aos sócios da PRESERVICE RECURSOS HUMANOS LTDA., MAYFRAN FERREIRA RIBEIRO e MAYRA MIRELLE FERREIRA RIBEIRO, bem assim de seu procurador e real proprietário, FRANCISCO DAS CHAGAS DE SOUZA RIBEIRO.” As rasas alegações da recorrente estão distantes de afastar o aqui exposto ao início do tópico anterior, assim como o imputado às fls. 57 a 61, e a confusão de endereço entre as empresas (fls. 57/58), escrituração e IP coincidentes, e sequer são suficientes para rechaçar o único argumento ao qual se destinam, a demonstração de que “FRANCISCO” detinha controle sobre a “INTERBRASIL”. Mais efetiva seria a defesa se, ao invés de tecer argumentos genéricos destinados a rebater as imputações específicas, demonstrasse efetivamente a natureza de quais Fl. 3032DF CARF MF 16 serviços teria prestado “FRANCISCO” de modo a justificar o pagamento direto de suas despesas e de seus familiares pela empresa, detalhandoos e documentandoos. Resta, a nosso ver, cabalmente demonstrado o interesse comum (art. 124 do CTN) de “FRANCISCO” na fraude perpetrada com a utilização da empresa “INTERBRASIL”, que, ademais, era de fato por ele controlada, para realizar condutas em flagrante descumprimento da lei, como a aqui imputada (art. 135 do CTN). E, sobre tal responsabilidade, não paira qualquer dúvida a ensejar a demandada aplicação do art. 112 do mesmo CTN. No que se refere à responsabilização das empresas “CLEAN” e “PRESERVICE” (no relatório parecia também se desejar imputar responsabilidade à “FDB”, o que não se efetuou de fato na autuação), a acusação fiscal é de que as empresas participavam de um grupo econômico de fato, caracterizado por exercerem a mesma atividade, pela unicidade de comando e pela confusão patrimonial. Não tenho dúvidas em relação a nenhuma das imputações. A unicidade de comando é bem delineada nas peças advindas da denúncia do Ministério Público, aqui já parcialmente transcritas, e jamais questionadas no mérito, mas que as defesas das empresas “CLEAN” e “PRESERVICE” também insistem em tratar formalmente como inválidas, argumento que aqui já foi objeto de enfrentamento e afastamento. O exercício da mesma atividade, que, por si, não enseja imputação alguma, passa a ser relevante apenas quando somado às demais circunstâncias. Assim, o que alegam as empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, no sentido de que é perfeitamente possível que empresas do mesmo ramo comunguem advogados e contadores, é plausível, ainda no que se refere a IP de envio de declarações, assim como apresentação conjunta de peças jurídicas (a exemplo do recurso voluntário, e com texto bastante próximo daquele que consta do recurso de “FRANCISCO”). Tais circunstâncias, que, isoladamente, repitase, não possuem muito significado, tornamse relevantes, no contexto evidenciado, somente como elemento de endosso às demais detectadas. A sequência de possíveis coincidências começa a ficar menos crível com conclusões como a seguinte (fl. 2899): Caso a afirmação viesse acompanhada da prova dos empréstimos, detalhandoos, da motivação de comunhão de instalações e funcionários, e de justificativas, por exemplo, para que a autuada “INTERBRASIL” depositasse valores nas contas das pessoas físicas responsáveis pela “PRESERVICE”, confesso que o grau de credibilidade seria mais próximo do desejável a afastar a imputação fiscal de confusão patrimonial. Mas, novamente, ao que parece, as defesas genéricas evitam discutir detalhadamente qualquer tópico numérico ou documental do lançamento. O cenário que evidencio, nesse contexto, é muito próximo daquele descrito em precedente citado nos autos, assim ementado: Fl. 3033DF CARF MF Processo nº 10469.725297/201641 Acórdão n.º 3401006.153 S3C4T1 Fl. 3.026 17 “COMPROVAÇÃO DA OCORRÊNCIA DE GRUPO ECONÔMICO DE FATO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIAS DAS EMPRESAS INTEGRANTES PELAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS NÃO ADIMPLIDAS. Caracterizado o grupo econômico de fato, dada a existência de comando único e confusão patrimonial, financeira e operacional entre as empresas integrantes, respondem estas solidariamente pelas contribuições sociais não recolhidas.” E, nesse cenário, tenho como pouco relevante que as empresas “CLEAN” e “PRESERVICE”, sob a gestão de fato do mesmo “FRANCISCO” que responde pela autuada (ainda no reino “de fato”), não sejam as fornecedoras das notas para as quais se detectou a fraude, porque tais empresas figuram em outro polo, o da “INTERBRASIL”, com a qual possuem distinção apenas de direito, mas confusão de fato, com confluência de desígnio, centralizada na figura de comando de “FRANCISCO”. Pelo exposto, entendo procedente o lançamento no que se refere à responsabilidade de tais empresas. 4. Considerações Finais Tendo em vista o aqui exposto, voto por conhecer em parte dos recursos apresentados, e, na parte conhecida, negarlhes provimento. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 3034DF CARF MF
score : 1.0