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Numero do processo: 10580.723816/2017-31
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2014, 2015
CONHECIMENTO. RECURSO VOLUNTÁRIO DA CONTRIBUINTE. AUSÊNCIA DE RAZÕES DE FATO E DE DIREITO. Nega-se conhecimento ao recurso voluntário destituído de razões de defesa.
CONEXÃO. INOCORRÊNCIA. Indefere-se o pedido de reunião de processos para julgamento conjunto se não demonstrado que os lançamentos repousam em fatos idênticos.
NULIDADE. ERRO DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. Afasta-se a arguição de vício material do lançamento por erro de identificação do sujeito passivo quando constatada consistência na acusação fiscal e nas provas reunidas de que o lançamento recai sobre valores auferidos por pessoa jurídica na prestação de serviços.
OMISSÃO DE RECEITAS. SERVIÇOS PRESTADOS. PROVA. NECESSIDADE DE ARBITRAMENTO. Confirmada a consistência dos elementos reunidos pela autoridade fiscal, a partir de testemunhos e provas documentais acerca dos pagamentos em espécie promovidos por ordem de representantes de partido político em razão de serviços prestados em campanhas eleitorais, são devidos os tributos incidentes sobre o faturamento e o lucro, descabendo o arbitramento dos lucros se não evidenciada a imprestabilidade da escrituração da contribuinte.
PROVA. COLABORAÇÃO PREMIADA. CONVICÇÃO DO JULGADOR. Válida a conclusão da autoridade julgadora de 1ª instância no sentido de que, malgrado a colaboração premiada (Lei nº 12.850, de 2013) não se constituir em meio de prova, a convicção do julgador não lhe é imune; mormente quando os depoimentos dos diversos atores envolvidos na delação apontam para a mesma direção.
EXPROPRIAÇÃO DE PRODUTO DE CRIME. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA. A expropriação de valores angariados pelo sujeito passivo em prol da União, em razão da prática de ilícito criminal, acordada em Termo de Colaboração Premiada, não altera a ocorrência do fato gerador dos tributos incidentes sobre o faturamento e o lucro.
QUALIFICAÇÃO DA PENALIDADE. Correta a aplicação de multa de ofício no percentual de 150% se demonstrada a intenção do sujeito passivo de reiteradamente não contabilizar receitas de prestação de serviços.
JUROS SOBRE MULTA. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício (Súmula CARF nº 108).
RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Os administradores da contribuinte respondem pessoal e solidariamente, na forma dos art. 124, I e 135, III do CTN, pelo crédito tributário lançado em razão de omissão reiterada e intencional de receitas mantidas à margem da escrituração contábil.
Numero da decisão: 1402-003.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) negar conhecimento ao recurso voluntário de Polis Propaganda e Marketing Ltda; i.ii) indeferir o pedido de reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/2016-46 e 16561.720052/2017-37; i.iii) rejeitar a arguição de nulidade do lançamento, votando pelas conclusões o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella; i.iv) negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura relativamente à qualificação da penalidade e à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício; ii) por maioria de votos, negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura relativamente aos tributos remanescentes na decisão de 1ª instância, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Junia Roberta Gouveia Sampaio que davam provimento aos recursos; e iii) por voto qualidade, negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura para manter a imputação de responsabilidade tributária aos recorrentes com fundamento nos arts. 124, I e 135, III do CTN, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que davam provimento parcial para afastar a imputação com base no art. 124, I do CTN.
(assinado digitalmente)
EDELI PEREIRA BESSA - Presidente e Relatora.
Participaram do julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente).
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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A expropriação de valores angariados pelo sujeito passivo AC ÓR Dà O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 72 38 16 /2 01 7- 31 Fl. 5605DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 3 2 em prol da União, em razão da prática de ilícito criminal, acordada em Termo de Colaboração Premiada, não altera a ocorrência do fato gerador dos tributos incidentes sobre o faturamento e o lucro. QUALIFICAÇÃO DA PENALIDADE. Correta a aplicação de multa de ofício no percentual de 150% se demonstrada a intenção do sujeito passivo de reiteradamente não contabilizar receitas de prestação de serviços. JUROS SOBRE MULTA. Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício (Súmula CARF nº 108). RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA. Os administradores da contribuinte respondem pessoal e solidariamente, na forma dos art. 124, I e 135, III do CTN, pelo crédito tributário lançado em razão de omissão reiterada e intencional de receitas mantidas à margem da escrituração contábil. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) negar conhecimento ao recurso voluntário de Polis Propaganda e Marketing Ltda; i.ii) indeferir o pedido de reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737; i.iii) rejeitar a arguição de nulidade do lançamento, votando pelas conclusões o Conselheiro Caio Cesar Nader Quintella; i.iv) negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura relativamente à qualificação da penalidade e à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício; ii) por maioria de votos, negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura relativamente aos tributos remanescentes na decisão de 1ª instância, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella e Junia Roberta Gouveia Sampaio que davam provimento aos recursos; e iii) por voto qualidade, negar provimento aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura para manter a imputação de responsabilidade tributária aos recorrentes com fundamento nos arts. 124, I e 135, III do CTN, divergindo os Conselheiros Caio Cesar Nader Quintella, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça e Junia Roberta Gouveia Sampaio, que davam provimento parcial para afastar a imputação com base no art. 124, I do CTN. (assinado digitalmente) EDELI PEREIRA BESSA Presidente e Relatora. Participaram do julgamento os Conselheiros: Marco Rogério Borges, Caio Cesar Nader Quintella, Paulo Mateus Ciccone, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Evandro Correa Dias, Mauritânia Elvira de Sousa Mendonça (Suplente Convocada), Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Edeli Pereira Bessa (Presidente). Fl. 5606DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 4 3 Relatório POLIS PROPAGANDA & MARKETING LTDA e os responsáveis tributários JOÃO CERQUEIRA DE SANTANA FILHO e MÔNICA REGINA CUNHA MOURA, já qualificados nos autos, recorrem de decisão proferida pela 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento de Recife/PE que, por maioria de votos, julgou PARCIALMENTE PROCEDENTE a impugnação interposta contra lançamento formalizado em 08/09/2017, exigindo crédito tributário no valor total de R$ 21.555.956,44. Consta da decisão recorrida o seguinte relato e introdução de voto: Tratase de autos de infração do Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica – IRPJ (fls. 02 a 20), do Programa de Integração Social – PIS (fls. 39 a 56), da Contribuição Social para a Seguridade Social – Cofins (fls. 58 a 75) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL (fls. 22 a 37), lavrados para formalização e exigência de crédito tributário no montante de R$ 21.555.956,44. 2. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 77 a 117), o lançamento decorreu de omissão de receitas. Verificouse, a Polis recebera, nos anos objeto da autuação, R$ 23.500.000,00 da Odebrecht, em espécie, como pagamento por serviços prestados ao Partido dos Trabalhadores, e não os oferecera à tributação. 3. Qualificouse a multa. Os Srs. João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura foram responsabilizados pelo crédito, motivo por que compõem o pólo passivo da obrigação. 4. A contribuinte e os responsáveis apresentaram as impugnações das fls. 3650 a 3719 (Polis Propaganda & Marketing), 5047 a 5120 (Mônica Regina Cunha Moura) e 4944 a 5017 (João Cerqueira de Santana Filho), contrapondo, em síntese: 4.1 A "Autoridade Fiscal" não teria levado em conta o regime jurídico das agências de publicidade. Também não teria apurado "créditos de PIS/COFINS a que faria jus à impugnante", o que destoaria do "critério jurídico utilizado para lançamento de IRPJ/CSLL"1. Deverseia ter observado o regime do lucro arbitrado na constituição do crédito relativo a esses últimos tributos2. 4.2 – O lançamento estaria fundamentado em fatos extraídos do Processo Criminal nº 501972795.2016.404.7000, cuja sentença de mérito ainda não teria sido proferida, de sorte que "a versão dos fatos" poderia ser "modificada pelo Poder Judiciário e infirmar a tese de acusação da Autoridade Fiscal". Os fatos narrados não teriam suporte em elementos probatórios, o que caracterizaria "vício material por ausência de motivação". 4.3 O Termo de Verificação Fiscal estaria eivado de inconsistências. 4.4 A qualificação da multa teria sido indevida. 1 No qual teriam sido "consideradas as despesas incorridas pela impugnante". 2 fl. 3718: (ii) uma vez que não há elementos suficientes a comprovar com certeza o valor da receita bruta da Impugnante, não há base para lançamento de PIS/COFINS, considerandose que a legislação desses tributos não estabelece regras para o arbitramento da receita tributável do contribuinte, à semelhança do que sucede para IRPJ/CSLL. Fl. 5607DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 5 4 4.5 – A imputação dos sócios administradores não poderia prosperar, porquanto o próprio lançamento também não prosperaria e porque estariam ausentes os requisitos previstos no inciso III do art. 135 do CTN. Voto Do crédito 5. Antes de mais nada, não se verifica no caso em questão nenhuma das hipóteses dos incisos do art. 59 do Decreto nº 70.235, de 19723, ou qualquer outro motivo4, que enseje nulidade do lançamento, o que restará evidenciado ao longo deste voto. Relevese, foram observadas fielmente pela fiscalização as determinações do art. 10 do referido Decreto5, bem assim às do art. 142 do CTN6. 6. Não obstante a copiosidade das peças de defesa, vêse o inconformismo, em substância, cingese ao seguinte: 6.1 – Não teria sido considerado o “regime jurídico” das agências de publicidade. Terseia olvidado, nem todos recursos que transitam "pelas mãos da agência" tratarseia de receitas, uma vez que poderiam dizer respeito a "reembolsos de custos" ou a "depósitos a serem repassados"7, particularidade prevista no Parecer Normativo CST nº 7, de 02 de abril de 198689. 3 Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. 4 Vide art. 2º da Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965 5 Art. 10. O auto de infração será lavrado por servidor competente, no local da verificação da falta, e conterá obrigatoriamente: I a qualificação do autuado; II o local, a data e a hora da lavratura; III a descrição do fato; IV a disposição legal infringida e a penalidade aplicável; V a determinação da exigência e a intimação para cumprila ou impugnála no prazo de trinta dias; VI a assinatura do autuante e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. 6 Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. 7 fl. 3663: 21. Logo, nem todos recursos que transitam pelas mãos da agência devem ser por elas computados como receitas. Parte deles deve ser tratada como (a) reembolsos de custos ou (b) depósitos a serem repassados. 8 fl. 3671: Parecer Normativo CST nº 7/1986 19. Desse modo, estarão excluídas da base de cálculo as importâncias que se refiram ao reembolso de despesas (gastos feitos com terceiros em nome da Agência, mas reembolsáveis, pelo Anunciante, nos limites e termos contratuais) ou os valores repassados (gastos feitos com terceiros pela beneficiária por conta e ordem do Anunciante e em nome deste). 20. Também não integram a base de cálculo as importâncias pagas diretamente ou repassadas ao Veículo de Divulgação, consoante exaustiva enunciação feita no parágrafo único do artigo 53. 9 fl.3669: 42. Para efeito da Contribuição ao PIS e da Cofins no regime cumulativo, aplicase a Lei nº 9.718/1998, art. 3º. Até 2014, esse dispositivo definia a base de cálculo apenas como sendo a “receita bruta” da sociedade, assim entendida como aquelas concernentes seu objeto social. De 2015 em diante, passou a ser aplicável o conceito definido no DecretoLei nº 1.598/1977, art. 12, acima referido. 43. Para efeito da Contribuição ao PIS e da Cofins no regime nãocumulativo, aplicase a Lei nº 10.637/2002, art. 1º, §1º, a Lei nº 10.833/2003, art. 1º, §1º. Até 2014, a receita bruta correspondia à “venda de bens e serviços nas Fl. 5608DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 6 5 6.2 – Os autos de infração do PIS e da Cofins, “apurados segundo o regime não cumulativo em 2015”, deveriam ser anulados por “vício material na quantificação dos tributos, nos termos do CTN, art.142”, porquanto a fiscalização não teria considerado “os créditos a que faz jus o contribuinte, nos termos da Lei nº 10.637/2002, art.3º, e Lei nº 10.833/2003, art. 3º”10. 6.3 – A fiscalização não teria apresentado provas do recebimento dos valores tidos como omitidos11. Os únicos “meios de prova” utilizados para fundamentar a autuação teriam sido “colaborações prestadas por investigados e uma planilha elaborada, mantida e atualizada por esses mesmos investigados”, que, por se tratar de “documento não oficial”, não possuiria “qualquer valor ou respaldo legal” 12. A colaboração premiada não teria natureza de prova, consistindo apenas em um meio utilizado para sua obtenção13. De sorte que não teria havido motivo para o lançamento1415. operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica”. De 2015 em diante, passou a ser aplicável o conceito definido no DecretoLei nº 1.598/1977, acima referido. 44. Em vista da redação desses dispositivos, concluise que as mesmas conclusões aplicáveis ao IRPJ e à CSLL, se aplicam à Contribuição ao PIS e à Cofins. 10 Fl. 3.713: 197. As contribuições em comento são apuradas em lançamento por homologação, nos termos do CTN, art. 150, §4º, o que quer dizer que o contribuinte poderá, ao executar o lançamento, descontar os créditos a que tem direito. Quando o lançamento é executado de ofício, a Autoridade Fiscal excepcionalmente subrogase no papel originalmente cabível ao contribuinte, de modo que, por lealdade (Lei nº 9.784/1999)28 e moralidade (Constituição Federal, art. 3729), deve considerar todos elementos que servem para a apuração de tributos, inclusive os créditos tributários, consoante o CTN, art. 142 citado. 11 11 fl. 3687: 100. Aliás, como não conseguiu apresentar provas do recebimento efetivo dos valores mencionados, preocupou se, inclusive, em mencionar outros processos judicias, que sequer serviram para fundamentar esse Auto de Infração, reproduzindo no TVF nº 02, nos §§ 31 e 32, uma série de trechos da denúncia do MPF e da sentença judicial referentes ao Processo Criminal nº 5013405 9.2016.404.7000. fl. 3688: 103. Entretanto, o que se viu no caso foi um Auto de Infração baseado única e exclusivamente em colaborações premiadas e em uma denúncia do MPF. 12 fl. 3687: 97. Os únicos meios de prova utilizados para fundamentar a autuação foram colaborações prestadas por investigados e uma planilha de pagamentos elaborada, mantida e atualizada por esses mesmos investigados, de modo que se trata de um documento não oficial, que sozinho não possui qualquer valor ou respaldo legal. 13 fls. 3685, 3687, 3692 e 3694: 87. Ao levar em conta a natureza jurídica da colaboração premiada, chegase à conclusão de que esta não tem natureza de prova. O instituto tal qual reproduzido pela Lei nº 12.850/2013 consiste em um meio para obtenção da prova. 94. O entendimento adequado a respeito do instituto é de suma relevância para que sejam evitadas as distorções que tem se tornado cada vez mais frequentes, quando as delações são utilizadas como único meio de prova. Sucede que a colaboração premiada foi concebida para ser aplicada como o ponto de partida ou como um norte para as investigações, que, a propósito, continuam sendo imprescindíveis para que sejam produzidas provas robustas a serem aproveitadas no caso. 118. Além de todo o exposto, é importante enfatizar que o instituto da colaboração premiada, tal qual previsto na Lei nº 12.850/2013, foi pensado para as infrações penais relacionadas aos crimes de organização criminosa. Ainda que o Juízo Penal autorize o compartilhamento das informações, não pode a Autoridade Fiscal se valer delas deliberadamente, como único meio de prova. 125. O devido processo legal e os princípios da ampla defesa e do contraditório em matéria tributária não são permeáveis à prova emprestada. 14 fl. 3691: 114. Em síntese do exposto, sem prova, não há motivo, e sem motivo, não há lançamento válido. Aceitar que o Auto de Infração seja expedido única e exclusivamente com base em depoimentos de investigados e em denúncia o MPF equivale a concordar com uma construção normativa sem provas, o que não se admite. 15 fls. 3699 e 3700: Fl. 5609DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 7 6 6.4 O direito de defesa da Polis teria sido cerceado16, teria havido “desvio de finalidade” no uso de prova emprestada17 e teria sido maculado o princípio da verdade material18. 6.5 O crédito em questão englobaria o montante de R$ 16.000.000,00 pago pela Odebrecht em favor da Shellbil Finance, no exterior , de forma indevida; o valor teria sido objeto de perdimento em face dos acordos de colaboração premiada firmados pelos sócios1920. 6.6 O Termo de Verificação Fiscal padeceria das seguintes inconsistências: a) o auditor fiscal não teria demonstrado por que considerara o valor de R$ 24.500.000,00 como sendo a receita bruta que fora omitida, "quando há indicativos de que esse total poderia ser, por exemplo, de R$ 23.500.000,00, de R$ 24.200.000,00 ou R$ 35.000.000,00”; 147. Como elemento intrínseco ao ato administrativo de lançamento, se constatada a ausência da respectiva motivação ou caso ela não subsista no plano fático, não é possível manter a exigência fiscal, devendo ser anulado o ato. 151. Isto posto, o presente Auto de Infração merece ser anulado ante a falta de motivação do ato, posto não foram apresentadas provas hábeis e suficientes a justificar e comprovar a efetiva existência do fato gerador da obrigação tributária. 16 fl. 3695: 130. Diante da ausência de todos os elementos necessários à identificação do fato gerador e da infração supostamente praticada, temos como consequência a ocorrência de cerceamento de defesa, indo de encontro ao que dispõe os incisos LIV e LV do artigo 5º da Constituição Federal. 17 fls. 3696 e 3697: 134. Sucede, no entanto, que toda prova deve sofrer o tratamento adequado antes de ser julgada válida para produzir efeitos fiscais. A Secretaria da Receita Federal do Brasil não tem permissão para simplesmente tratar a prova emprestada da maneira tal qual recebe de outras autoridades; deve conferirlhe o tratamento pertinente para que, somente então, possa lançar tributos da maneira adequada. 139. Portanto, concluise que a aplicação da prova criminal sem que a elas se ajuntem elementos que sirvam bem a caracterizar o fato gerador da obrigação tributária, com todas as suas características (base de cálculo, natureza do valor, origem), configurase desvio de finalidade no uso da prova. 18 fl. 3695: 128. Já restou demonstrado que no presente caso a lavratura do Auto de Infração decorreu unicamente dos depoimentos nos acordos de colaboração e na denúncia do MPF no processo judicial. Salvo as afirmações dos colaboradores e do próprio órgão de acusação, não foi apresentada qualquer outra prova pela Autoridade Fiscal, que acabou se utilizando de verdadeira presunção. Assim sendo, não pode a presente autuação prevalecer sob pena de caracterizarse lançamento arbitrário que não corresponde efetivamente aos fatos havidos. 19 fls. 3701 e 3702: 155. No TVF nº 02, §56, indicase que o Sr. Fernando Migliaccio teria pago à Impugnante o valor de R$ 16.000.000,00 em conta no exterior. Todos os pagamentos feitos pela Odebrecht no exterior foram feitos em favor da Shellbil Finance,de onde então devese concluir que, a prevalecer a tese da Autoridade Fiscal, o valor de R$ 16.000.000,00 teria sofrido perdimento. 156. O problema de o lançamento tributário apoiarse em colaborações premiadas é que elas não são detalhas o suficiente para vincular esse pagamento no exterior à Shellbil Finance. Nada obstante, examinandose os Acordos de Colaboração, notase que todos os pagamentos no exterior mencionados aos sócios da Impugnante foram feitos à Shellbil Finance. 157. A Impugnante insurgese contra a tributação desse valor dado que o TVF e os Acordos de Colaboração indicam que os R$ 16.000.000,00 foram submetidos a perdimento. 20 fl. 3708: 178. Ou seja, eventual interpretação que levasse à conclusão de que o valor auferido em decorrência da prática de atos ilícitos deveria ser tributado e, posteriormente, confiscado pela União, não encontra fundamento legal. Havendo o perdimento, cessa a capacidade contributiva e a possibilidade de o fisco tributar a riqueza oriunda da atividade ilícita, pois essa deixa de pertencer ao autor do ilícito, retornando ao Estado ou, nos casos de delação premiada, ao ente lesado. Fl. 5610DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 8 7 b) para o período de 24.10.2014 a 07.11.2014, os dados da contabilidade extra oficial “paulistinha” seriam incongruentes com os do Anexo 01; c) o Sr. Marcelo Bahia Odebrecht declarara ter feito 39 pagamentos, ao passo que o Sr. Fernando Migliaccio e a Sra. Lucia Tavares declararam terem feito 45 pagamentos; d) do total que "se supõe" ter sido combinado com a Sra. Mônica Moura, sócia da impugnante, o Sr. Marcelo Bahia Odebrecht declarou não ter pago R$ 18.000.000,00, o Sr. Fernando Migliaccio declarou não ter pago R$ 16.000.000,00, o que seria contraditório; e) não teria sido especificada a parte da receita que poderia se referir a exportações de serviços, "imune à contribuição ao PIS e à Cofins"; d) não teria sido especificada a parte das receitas que competiria a sociedades do grupo econômico domiciliadas no exterior, "não sujeitas a tributação no Brasil enquanto não distribuídos dividendos a seus sócios, pessoas físicas"; e) não teria sido especificada a parte dos recebimentos que seria destinada à repasse de fornecedores, e que, portanto, não comporia a receita bruta da impugnante. 6.7 – A prevalecer a “tese da fiscalização” de que houvera omissão de receita, perpetrada de forma fraudulenta, O IRPJ e a CSLL deveriam ter sido apurados por meio do regime do lucro arbitrado, ex vi inciso II do art. 530 do RIR, de 1999 (fl. 3709). Uma vez que “a tese acusatória da Autoridade Fiscal” assentarseia no “suposto de ter havido fraude por parte da impugnante e seus sócios”, o que, por consequencia, implicaria desconhecimento da receita bruta, o “lucro arbitrado” deveria ser apurado segundo os ditames do art. 535 do RIR, de 1999 (fl.3710). 6.8 O percentual da multa deveria ser reduzido para 75%, porquanto não estaria “provado em sentença judicial os fatos alegados pela r. Fiscalização” e por a impugnante ter “dúvidas se a alegada corrupção é fundamento da multa que lhe foi imposta" – o art.112 do CTN impediria a aplicação de multas “quando há dúvidas sobre as “circunstâncias materiais do fato”, à “extensão dos seus efeitos” ou à “gradação [da penalidade]” (fl.3715). [...] Da Imputação de Responsabilidade 33. Consoante as impugnações das fls. 5007 a 5011 e 5047 a 5120, os imputados não poderiam ser responsabilizados pela integralidade do crédito, porquanto a) nem todos os recursos que transitam pelas agências de publicidade se trata de receitas delas (207, fl. 5008), b) nem todos os pagamentos se referiam a vantagens indevidas (210, fl. 5008), c) eles não teriam agido com dolo, omitido informações, prestado declaração falsa ou fraudado a fiscalização (212, 5009), d) ainda não existiria sentença penal condenatória transitada em julgado contra eles, e) a responsabilização com fundamento no inciso III do art. 135 do CTN não prescindiria da prática de ato ilícito não tributário. [...] A Turma julgadora acolheu parcialmente estes argumentos aduzindo que: Fl. 5611DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 9 8 · Não há prova de que os valores omitidos corresponderiam a receitas tributáveis de agências de publicidade, sujeitandose a regime tributário próprio, e ao pretendido destaque dos valores destinados a repasse de fornecedores. Cumpria à autuada contabilizar os referidos valores, momento em que poderia ter consignado, com suporte em elementos probatórios hábeis, que não se tratava de receitas tributáveis, o que efetivamente não ocorreu21; tampouco se trouxe algum elemento nesse sentido com a impugnação. O mesmo se verifica em relação aos alegados "créditos" de PIS e Cofins, dado que a apuração não cumulativa não rescinde de escrituração, cabendo ao contribuinte registrálos em regime regular de apuração de resultado22. Também nesta linha não cumpria à fiscalização perscrutar se parte da receita omitida dizia respeito a "exportações de serviços", tampouco que competiriam a sociedades do grupo econômico da Polis domiciliadas no exterior; · Embora admitindo que o depoimento em "colaboração premiada" não se preste a comprovar a existência de determinado fato e sequer seja meio de prova23, observouse que a convicção do julgador não lhe é imune, uma vez que cumpre a este, na construção de seu convencimento (sentido subjetivo da prova24), levar em consideração todos os aspectos trazidos aos autos25. · E, no presente caso, além dos depoimentos prestados em sede de "colaboração premiada", pelos diversos atores envolvidos nos esquemas fraudulentos de "caixa dois" que apontam para a mesma direção , inclusive pelos próprios sócios da Pólis, exaustivamente detalhados no 21 RIR de 1999: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º). 22 À símile, na apuração do IRPJ e da CSLL, pelo regime do lucro real, não há falar em dedução de custos e/ou despesas não contabilizados. Nesse sentido, de há muito já se pronunciou o Conselho de Contribuinte (atual CARF): “IRPJ – COMPRAS NÃO CONTABILIZADAS – DEDUÇÃO A pessoa jurídica que apura resultados pelo lucro real está obrigada a manter o registro de todas as suas operações em conformidade com a legislação comercial e fiscal. A falta de registro impede a identificação e dedução de despesas incorridas na compra de mercadorias.” (Acórdão 10194674 – Sessão de 13/08/2004). “LANÇAMENTO DE OFÍCIO. DEDUÇÃO DE DISPÊNDIOS IMPOSSIBILIDADE Tratandose de lançamento efetuado através de procedimento de ofício, não há que se falar em dedução de custos e/ou despesas não contabilizados.” (Acórdão 10516628 – Sessão de 12/09/2007). 23 A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 12.850/2013). Chamo atenção para esse fato: a colaboração premiada não é um meio de prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada é um meio, uma técnica, um instrumento para se obter as provas. “Enquanto os meios de prova são aptos a servir, diretamente, ao convencimento do juiz sobre a veracidade ou não de uma afirmação fática (p. ex., o depoimento de uma testemunha, ou o teor de uma escritura pública), os meios de obtenção de provas (p. ex.: uma busca e apreensão) são instrumentos para a colheita de elementos ou fontes de provas, estes sim, aptos a convencer o julgador (p. ex.: um extrato bancário [documento] encontrado em uma busca e apreensão domiciliar). Ou seja, enquanto o meio de prova se presta ao convencimento direto do julgador, os meios de obtenção de provas somente indiretamente, e dependendo do resultado de sua realização, poderão servir à reconstrução da história dos fatos” (BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. Rio de Janeiro. Campus: Elsevier. 2012, p. 270). 24 Humberto Theodoro Júnior, in Curso de Direito Processual Civil, 17ª edição, Editora Forense, professa "a prova não é somente um fato processual, mas ainda uma indução lógica, é um meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando, e é a própria certeza dessa existência”. 25 Alexandre Câmara, em Lições de Direito Processual Civil, 18. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p 373. 1v, entende a prova como sendo "todo elemento que contribui para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de determinado fato". Fl. 5612DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 10 9 Termo de Verificação Fiscal, foram apreendidos documentos na residência da Sra. Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de "Operações Estruturadas da Odebrecht", que reproduzem dados contidos no sistema informatizado MyWebDay26, utilizado exclusivamente para controle das propinas pagas por aquela empresa, e extrato da conta denominada Paulistinha (fl. 100), que evidenciam o pagamento, em dinheiro, dos valores em questão (vide item 36, 45 e 46 do Termo de Verificação Fiscal). Apesar de não se tratarem de "documento oficial" e terem se originado de informações prestadas pelos próprios investigados, tais elementos não seriam ilegítimos, constituindo provas da infração, que assim não se baseou exclusivamente em colaborações premiadas; · Inexiste qualquer prejuízo à defesa, desvio de finalidade no uso de "prova emprestada" ou mácula ao princípio da verdade material. Restrições existem quanto à simples transposição das conclusões, o que não ocorreu in casu. A infração fiscal foi apurada de forma independente, a partir dos elementos originados da esfera judicial, inclusive com prévia ciência da empresa acerca dos extratos e planilhas nos quais restam consolidados os valores pagos, o que torna a presente exigência independente do venha ocorrer na esfera judicial, ou mesmo na ação penal nº 501972795.2016.404.7000, até porque mesmo a prova obtida por meio ilícito não é contaminada se a infração puder ser demonstrada por uma fonte independente (art. 157, §§ 1º e 2º do Código de Processo Penal); · A alegação de que o montante de R$ 16.000.000,00, pago pela Odebrecht em favor da Shellbill Finance (item 6.5), faria parte dos valores tidos como omitidos, não merece crédito, porquanto desacompanhada de elemento probatório a confirmála (allegatio et non probatio quasi non allegatio). Ademais, da leitura do Termo de Verificação Fiscal resta claro os referidos valores não são objeto do presente processo. Isto porque os repasses para a conta da offshore SHELLBILL mantida no Banco Heritage na Suiça em conformidade com os processos judiciais citados acima, não são objetos do presente procedimento fiscal, as implicações fiscais desses repasses de recursos são objetos de verificações no procedimento fiscal TDPF n° 0510100 2016 00026 na pessoa física João Cerqueira de Santana; · Equívoco nos valores lançados não desqualifica in totum o Termo de Verificação Fiscal, e, considerando as informações contidas nos "extratos" (planilhas) do sistema MyWebDay (vide fls. 91, 97, 98) e em tabela relativa à movimentação da conta "Paulistinha" (fls. 99 e 100), constatouse que o pagamento registrado no dia 06.11.2014 (ref. p1478) foi computado duas vezes; o pagamento do dia 30.10.2014 (ref p14166), computado três vezes e o pagamento do dia 28.04.2015 (ref. p15.20), computado duas vezes. Deixouse todavia de computar o pagamento do dia 29.04.2015 (ref.15.22), afirmandose a necessidade de exoneração do crédito computado a maior; · Divergência entre declarações do Sr. Marcelo Bahia Odebrecht, do Sr. Fernando Migliaccio e da Sra. Lucia Tavares quanto ao número de pagamentos em nada altera a evidência de que forma efetuados os pagamentos conforme discriminados na tabela apresentada no voto. · O fato de a omissão ter sido perpetrada de "forma fraudulenta" não implica o IRPJ e a CSLL deveriam ter sido apurados por meio de lucro arbitrado. 26 Vide item 39 do Termo de Verificação Fiscal. Fl. 5613DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 11 10 Ausente irregularidades na escrituração da Pólis, não havia por que arbitrarse o lucro, observandose o que determina o art. 24 da Lei nº 9.249/95; · Ao omitir receitas, de forma reiterada, mediante a utilização de "caixa dois", como dito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 114), o contribuinte agiu em conformidade com o disposto nos art. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 1964, o que enseja a qualificação da multa, ex vi § 1 c/c inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996; · Por as referidas condutas não se confundirem com "corrupção", não há atrelar a qualificação da multa à sentença que venha a ser proferida no bojo do Processo nº 501972795.2016.404.7000. Uma vez que não há dúvidas de que o contribuinte teve a intenção de fraudar e sonegar, não há por que aplicarse o art. 112 do CTN; · Afastadas as alegações acerca da natureza dos valores omitidos e mantida a imputação de dolo e a qualificação da penalidade, há responsabilidade pelo art. 135 do CTN, trazendo à responsabilidade os sócios do tempo do fato gerador. Desvinculadas as imputações da acusação penal, e caracterizando a infração à lei ainda que não tributária, mas com consequências tributárias, a imputação de responsabilidade decorre da conduta perpetrada pelos sócios no sentido de ocultar o conhecimento ou a ocorrência de fato gerador, motivo inclusive por que se qualificou a multa. Restaram vencidos dois julgadores que votaram por exonerar integralmente o crédito tributário, em face (i) da ausência de provas materiais das infrações e (ii) da incerteza na determinação da base de cálculo. Declaração de voto acompanhando o relator no entendimento de julgar parcialmente procedente a impugnação foi apresentada nos seguintes termos: A infração tipificada é Omissão de Receitas caracterizada pela prática de caixa 2 através da realização de pagamentos em espécie feitos à "Feira" codinome dos sócios da Polis Sr. João Santana e Sra. Mônica Moura. Importante ressaltar que restou comprovado nos autos que o codinome "Feira", constante das planilhas retiradas do sistema MyWebDay, espécie de contabilidade paralela do caixa 2 utilizada apenas pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, se refere ao casal Mônica Moura e João Santana conforme consta de caderno de anotações apreendido na residência de Maria Lúcia Tavares (descrição constante do Termo de Verificação, 16/41, fl. 92) e conforme corroboram os depoimentos em Termo de Colaboração Premiada o Sr. Fernando Miglliacio (Tesoureiro do Setor de Operações Estruturadas), o executivo do mesmo setor Sr. Hilberto Silva e os próprios sócios da autuada além do Sr. André Santana, funcionário da Polis (20/41, fl. 96). Com relação a alegação relativa ao perdimento dos valores em espécie obtidos em atividades ilícitas previsto nos Termos de Delação Premiada dos sócios da Polis e a impossibilidade de tributação, não houve referido perdimento em que pese sua previsão na denúncia do Ministério Público Federal de sorte que não há qualquer influência a ser analisada na área tributária. O crédito tributário exonerado representou, em valores principais, R$ 217.950,00, de modo que, adicionandose a exoneração correspondente da multa de ofício de 150%, não foi ultrapassado o limite de alçada para fins de reexame necessário. Fl. 5614DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 12 11 Em 26/04/2018, a contribuinte ingressou com requerimento de correção de inexatidão material (fls. 5222/5227), apontando que a declaração de voto integrada ao acórdão recorrido pautouse em premissa fática equivocada na medida em que os valores controvertidos foram, sim, objeto de pena de perdimento, decorrente dos Acordos de Colaboração premiada firmada pelos sócios. Na sequência, em 03/05/2018, interpôs recurso voluntário (fls. 5267/5269), afirmandose cientificada mediante abertura de intimação na caixa postal eletrônica do eCAC em 03/04/2018. Todavia, referida petição não foi acompanhada das razões de recurso. Os responsáveis tributários João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura interpuseram recursos voluntário em 04/05/2018 (fls. 5272/5400 e 5401/5529), de idêntico teor. Em 30/07/2018 juntaram aos autos a procuração de seus patronos (fls. 5588/5592 e 5595/5599). Preliminarmente afirmam a tempestividade de seu recurso porque apresentado antes da intimação do acórdão de 1ª instância. Ainda em preliminar, requerem a reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737, que também decorreriam do recebimento de recursos para prestação de serviços de propaganda e marketing político, não contabilizados nem oferecidos à tributação pela pessoa jurídica ou por seus sócios, sendo todos os fatos apurados pela Polícia Federal em inquéritos integrantes da Operação LavaJato. Os dois processos citados têm por objeto valores recebidos no exterior, por meio de depósito bancário em favor da offshore Shellbi Finance S/A, sendo a responsabilidade pelo crédito tributário atribuída exclusivamente aos sócios da Polis (como contribuintes), ao passo que a responsabilidade pelos recebimentos ocorrida em dinheiro no Brasil foi atribuída à própria Polis (como contribuinte) e aos sócios (como responsáveis). Requerem, porém, seu julgamento conjunto em razão de os processos decorrerem dos mesmos fatos, a saber, o recebimento não contabilizado por serviços de propaganda. Invocam o art. 6º, §1º do Anexo II do RICARF para afirmar a conexão em razão de os lançamentos decorrerem do mesmo conjunto de fatos, produzindose julgamentos consistentes entre si, e acrescentam que os valores autuados neste processo não deveriam ser tributados pela Polis, ao passo que os valores tratados nos outros dois processos correspondem aos resultados próprios decorrentes das prestação de serviços de propaganda de titularidade da Polis, mas que não se sujeitariam a tributação porque dados em perdimento nos termos de Acordo de Colaboração Premiada firmado pelos sócios da Polis. Afirmam a conexão, também, com o processo administrativo nº 10580.721823/201707, no qual são indicadas outras supostas irregularidades que a Polis e seus sócios teriam cometido no recebimento de recursos nos anos de 2012 e 2013, também apurados no contexto da Operação Lava Jato, mas veiculariam cobrança de tributos em duplicidade, relativamente a serviços prestados a cliente domiciliado no exterior (Angola), grande absurdo que foi rechaçado no acórdão proferido nesse processo, no qual foi afastada a tributação segundo o regime de caixa, implicitamente reconhecendo que os depósitos lá tratados têm lastro nos contratos, o que também desconstituiu a imputação de dolo. Apontam que a diferença entre os serviços pagos pelo cliente angolano (USD 50 milhões) e os valores tributados (USD 30 milhões) correspondem aos valores agenciados pela Polis e repassados aos fornecedores, a evidenciar o "modus operandi" também aplicado nas operações tratadas nestes autos. Fl. 5615DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 13 12 Prosseguem indicando vício material do lançamento por erro na identificação do sujeito passivo, evidenciado na reunião dos processos citados, dado que apesar de todos decorrerem de valores auferidos pela sociedade Polis Propaganda & Marketing Ltda em razão da prestação de serviços de publicidade e marketing político, a autoridade fiscal elegeu diferentes contribuintes, erro este que, a teor do art. 142 do CTN, do art. 53 da Lei nº 9.784/99 e do art. 9º do Decreto nº 70.235/72, ensejam a nulidade dos lançamentos. Citam doutrina e julgado administrativo em favor da existência de nulidade em lançamento formalizado com erro na identificação do sujeito passivo, ressalvando que a ocorrência de fraude tendente a impedir a ocorrência do fato gerador não afeta esta conclusão, vez que esclarecida a fraude o lançamento tornouse possível e já estava claro que os recursos omitidos tinham origem na prestação de serviços de propagada prestados pela Polis. Acrescenta que os lançamentos não estão fundamentados em confusão patrimonial e que houve falta de consistência na aplicação do CTN, art. 142, entre os Lançamentos Tributários, porque formalizados por diferentes autoridades. Apresentam o histórico e o trabalho desenvolvido pela Polis Propaganda & Marketing, discorrendo sobre sua atividade e resultados alcançados em eleições, reconhecendo ter recebido recursos à margem da contabilidade em decorrência da prestação de serviços para partidos políticos, mas observando que foram absolvidos do crime de corrupção, por entender o Juiz Sergio Moro que seus ganhos decorreram exclusivamente da prestação de serviços lícitos, e firmaram Acordo de Colaboração Premiada com o Ministério Público Federal em decorrência da condenação por lavagem de dinheiro, comprometendose a dar em perdimento à União o ganho auferido ocultado, num total de R$ 71.646.517,40, perdimento este já processado e o valor em cofres da União. Observam que nestes autos se defendem da tributação de valores repassados a fornecedores, ainda que o Recorrente seja uma agência, e relatam o julgamento em 1ª instância, destacando a decisão por maioria e a declaração de voto indicando que, a contrario sensu, que se houvesse o perdimento dos valores, o julgamento poderia ter outro resultado, porque passaria a contar com três votos contra e dois a favor do lançamento. Frisam que, como se demonstrará, o lucro auferido com recursos não contabilizados, no valor de R$ 71.646.517,40 foi dado em perdimento e isso deve provocar reflexos na área tributária, quais sejam, o reconhecimento de que os demais valores recebidos referemse a despesas repassadas a fornecedores, e que os lucros auferidos não mais devem estar submetidos a tributos, já que juridicamente houve a desconstrução do fato gerador com efeitos retroativos (retorno ao status quo). Assim sintetizam os argumentos que demonstram a impossibilidade do lançamento prosperar, inclusive quando considerados os processos considerados conexos: · A Autoridade Fiscal se baseou exclusivamente em depoimentos prestados em colaboração premiada em sede de ação criminal, além de uma planilha elaborada de maneira unilateral por um dos investigados nessa mesma ação; · Ocorre que os próprios depoimentos prestados pelos colaboradores são conflitantes entre si, no que se refere aos valores supostamente repassados sos sócios da Polis; Fl. 5616DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 14 13 · Foi inclusive desconsiderado o depoimento do Recorrente que apontava para um recebimento de valor diferente daquele indicado pela Autoridade Fiscal. · O Termo de Verificação Fiscal apresenta inconsistências que impedem a construção de uma narrativa coerente para determinar o total de valores que o Recorrente hipoteticamente teria omitido; · Foi desconsiderado o regime jurídico tributário de agência de publicidade da sociedade, em que os recebimentos a serem repassados a fornecedores não devem compor o valor de sua receita bruta; · A Autoridade Fiscal aduziu haver fraude nos livros contábeis da sociedade, e demonstrou não conhecer com certeza a sua receita bruta, de maneira que, quando muito, deveria ter lançado IRPJ/CSLL com base no Lucro Arbitrado, e nada poderia fazer em respeito à PIS/COFINS, visto que não há previsão legal sobre o modo de arbitramento para esses tributos; · Deixouse de apurar créditos de PIS/COFINS a que faria jus à sociedade, o que destoa do critério jurídico utilizado para lançamento de IRPJ/CSLL, em que foram consideradas as despesas incorridas. Esse vício implica falha no lançamento de tributos; · Faltam elementos de prova aptos a certificar os fatos que ensejaram a autuação, o que caracteriza o vício material por ausência de motivação; · Por demais, os atos imputados pela Autoridade Fiscal configuram atos ilícitos e se o Estado pretende reter para si tais valores, o fará como penalidade, não como tributo, de acordo com o que fora expressamente consignado nos acordos de colaboração; · Os valores oriundos de ilícitos sequer adentraram na esfera de direitos da Polis ou de qualquer de seus sócios, notadamente devido ao fato de que, na hipótese de condenação penal, o produto do crime tem sobre si imposta a pena de perdimento. · Ao cabo, o percentual da multa no patamar de 150% constitui verdadeiro confisco, tendo em vista que supera o próprio valor cobrado a título de tributo. [...] · Os recursos objeto do PAF nº 10.580.723.816/201731 referemse, de fato, a repasses de recursos a serviços agenciados pela Polis, os quais não compõem sua receita bruta. · Há erro de identificação do sujeito passivo no PAF nº 10580.723.816/201731, segundo o qual o contribuinte dos recursos recebidos à margem da contabilidade é a Polis, ou nos PAFs nº 16561.720.199/201646 e 16561.720.052/201737, segundo os quais os contribuintes em tais recursos são os seus sócios. Na visão do Recorrente, o erro de identificação do sujeito passivo está nos PAFs nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737. [...] Fl. 5617DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 15 14 · Os recursos recebidos em dinheiro pelo Grupo Odebrechet pela Polis foram repassados a fornecedores e, portanto, não devem ser tributados como receita própria da agência. (destaques do original) Abordando o lançamento tributário, observam que a acusação se pauta em informações constantes do Processo Criminal nº 501972795.2016.404.7000, mas destacam que no momento do lançamento não havia sentença proferida, defendendo, assim, que a verdade material sobre a qual se assenta o TVF nº 02 é contingente, visto que comete ao Poder Judiciário julgar definitivamente sobre a existência de fatos apresentados a seu exame. Registram que a acusação de auferir rendimentos de origem ilícita, sem oferecêlos à tributação mediante sonegação e fraude, repousou em receitas de R$ 7.000.000,00 em 2014, período no qual a contribuinte contabilizou R$ 87.850.000,00, sendo R$ 70.000.000,00 referentes à "Eleição Dilma Vana Roussef", e acerca dos quais a autoridade fiscal informou não ter encontrado irregularidades. Em 2015 a omissão representaria R$ 17.000.000,00, período no qual foram contabilizados R$ 2.910.000,00 em receitas, mas com apuração de prejuízos fiscais trimestrais e sem a constatação de irregularidades pela fiscalização na apuração da Contribuição ao PIS e da Cofins. Abordando as inconsistências no lançamento tributário, os recorrentes apontam inconsistências acerca do valor das 45 remessas citadas no processo criminal, que em diferentes pontos da acusação fiscal são totalizadas em R$ 23.500.000,00, R$ 24.500.000,00 e R$ 24.200.000,00, discrepâncias estas não esclarecidas pela autoridade lançadora. Prosseguem apontando que: 70. Também no TVF nº 02, §45, apresentase extrato da contabilidade extraoficial do Grupo Odebrecht, na conta denominada "Paulistinha", de onde proviriam os valores não contabilizados pela sociedade. Nessa contabilidade, "Feira" foi o cognome usado para designar os sócios da Polis, que teriam agido em benefício desta. Segundo extrato daquela conta, entre 24.10.2014 e 07.11.2014 teriam executados 07 pagamentos a "Feira" que, somados, resultaria em R$ 4.000.000,00. A respeito da inconsistência que havia entre o valor apurado no Anexo 01 do TV nº 02 e na planilha "Paulistinha", a Autoridade Julgadora já se manifestou e exonerou o crédito tributário constituído com base nos valores em duplicidade. 71. No TVF nº 02, §46, a Autoridade Fiscal segue a relacionar os "demais pagamentos a favor do codinome "Feira" constantes da contabilidade extraoficial "Paulistinha". Admitindose que no §45 constavam todos os pagamentos de 24.10.2014 até 07.11.2014, seria de se esperar que os "demais pagamentos" do §46 fossem se referir a outro período. Seguindo a ordem lógica da narrativa, seria esperado que esse outro período fosse posterior ao primeiro. No entanto, no §46 também constam não apenas lançamentos para período posterior, como também para o período compreendido entre 24.10.2014 e 07.11.2014. 72. Notase que, no §45, indicase ter havido 7 pagamentos no período, ao passo que no §46 há 6 pagamentos. Isso representa 1 inconsistência quanto à frequência de pagamentos no período. 73. Comparandose as datas de pagamento, notase haver 7 inconsistências quanto à identidade de fatos. Dos valores apontados, há apenas 3 convergências de alegações nas datas: uma para 30.10.2014, uma para 06.11.2014 e uma para 07.11.2014. Somadas resultam em R$ 2.000.000,00. Fl. 5618DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 16 15 74. Quer dizer, além dos equívocos identificados pela DRJ/REC, com relação aos valores considerados em duplicidade pela Fiscalização, restam outras situações inconcebíveis e inexplicáveis. 75. Em um enorme esforço interpretativo, o Recorrente parte da "premissa especulativa" de que a Autoridade Fiscal teria considerado os lançamentos constantes de ambos §§ 45 e 46. E para validar sua pertinência, põe em cotejo essa informações com aquelas constantes no TVF, Anexo 01, obtendose, então o seguinte quadro: (destaques do original) Concluem, assim, que os equívocos cometidos pela Fiscalização não se resumem àqueles apontados pela DRJ/REC e acrescentam que no TVF nº 02, §59, a Autoridade Fiscal aduz que o Sr. Marcelo Bahia Odebrecht teria confirmado a execução de 39 pagamentos a "Feira", frequência inferior aos alegados 45 pagamentos informados pelos demais colaboradores. A autoridade fiscal não teria demonstrado a razão destas inconsistências, a evidenciar que não teve condições de verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, como exige o art. 142 do CTN. Reproduzem declaração da Sra. Mônica Moura em Termo de Colaboração, na qual nega o recebimento de R$ 24.000.000,00 e afirma que da Odebrecht eu recebi 10 milhões de dinheiro no Brasil fora o dinheiro que eles pagaram lá fora. Observam que apesar de reconhecido por funcionário da Odebrechet pagamentos a campanhas no exterior, a autoridade fiscal não se preocupou em segregar os valores que competiriam à Polis e às sociedades domiciliadas no exterior, também investidas por seus sócios e que assim só se sujeitariam à tributação por ocasião da distribuição de dividendos a seus sócios, pessoas físicas , bem como não segregou as receitas de exportação de serviços que seriam imunes à Contribuição ao PIS e à COFINS, limitandose a afirmar a necessidade de identificação dos recursos para incidência do IRPJ e das contribuições reflexas, muito embora mais à frente os recorrentes mencionem que tais parcelas não contemplariam serviços no exterior, mas sim recursos repassados a fornecedores no Brasil. Complementam que: 83. No TVF nº 02, §67, registrase que a Sra. Mônica Moura pretendia receber R$ 105.000.000,00 do Partido dos Trabalhadores pela Campanha Eleitoral de 2014 da Sra. Dilma Rousseff, dos quais R$ 70.000.000,00 foram efetivamente contabilizados e tributados (como explicado acima) porém não logrou receber o remanescente Fl. 5619DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 17 16 desejado. E dos demais pretendidos R$ 35.000.000,00 apenas recebeu afinal R$ 10.000.000,00 "por fora". No TVF nº 02, §53, indicase que o Sr. Fernando Migiliaccio relatou que a Odebrecht restou com um saldo devedor à Polis no montante de R$ 16.000.000,00, e no §56 indicase que esse valor foi liquidado no exterior. Não explica, contudo, como essa informação converge aos fatos de que a conta referirseia a pagamentos executados em São Paulo SP (conta "paulistinha"), denominados em moeda nacional, mas não a pagamentos a serem executados no exterior em moeda estrangeira. Também não explica a função das "senhas" no exterior, visto que elas eram usadas para recebimento dos valores em encontros em hotéis e shopping centers no Brasil. No §59, informa que o Sr. Marcelo Bahia Odebrecht teria dito que o valor a pagar à Polis seria de R$ 18.000.000,00, em desacordo com o depoimento do Sr. Fernando Migliaccio. 84. Tudo isso revela as inconsistências na prova utilizada pela Autoridade Fiscal para cobrar tributos. Ao invés de admitir como verdade a palavra da Sra. Mônica Moura de que teria recebido R$ 10.000.000,00, preferiuse a versão de que ela teria recebido R$ 24.500.000,00, como consta "escriturado" na conta "paulistinha". 85. No TVF nº 02, §69, registrase que o Sr. André Santana, funcionário da Polis, receberia valores "para pagamento a fornecedores". Parte dos pagamentos aos fornecedores ele mesmo fazia, outros eram feitos pela sócia Sra. Mônica Moura por meio de boletos e de depósitos. Na colaboração premiada da Sra. Mônica Moura, sobre a qual apoiase a pretensão fiscal, indicamse diversos fornecedores aos quais foram repassados os recebimentos do Grupo Odebrechet. (destaques do original) Frente a tais dúvidas, decorrentes do uso de pretensa "contabilidade extraoficial" para lançar tributos, os recorrentes afirmam violado o art. 142 do CTN e concluem que os valores recebidos pelo Grupo Odebrecht em dinheiro destinamse ao pagamento dos fornecedores e, portanto, não compõem a receita bruta da agência. Passando a explicar este aspecto, abordam a prova do destino dos recursos obtidos do Grupo Odebrecht, criticando o uso dos Acordos de Colaboração Premiada mediante apresentação de uma versão parcial dos fatos, os recorrentes reiteram sua defesa acerca da necessidade de exame integral dos depoimentos e documentos, bem como do arbitramento do lucro se há fraude na contabilidade do contribuinte, retomando as deficiências antes descritas que lhes exigiria executar seu contraditório numa situação precária, pois embora seja verdade que, via de regra, o contribuinte deve produzir provas em seu favor, também é verdade que, em casos extremos, devese adotar o arbitramento dos resultados, segundo parâmetro legal. Defendem que os mesmos meios de provas utilizados pela autoridade fiscal devem serlhes deferidos, e insistem na explicação de que os recursos recebidos em espécie do Grupo Odebrecht no Brasil destinaramse aos pagamentos de fornecedores e que, portanto, não devem compor seus resultados tributáveis, reportando passagens do Termo de Colaboração da Sra. Mônica Moura em que fica destacada finalidade desses recursos, evidenciando gastos altos, efetivados logo em seguida ao retorno das viagens breves a São Paulo para recebimentos dos valores. Procedimentos semelhantes foram adotados em 2010 e 2014, com viagens a São Paulo para recebimento dos pagamentos feitos pela Odebrechet. Finalizam consignando que: 104. Notase que, à semelhança do que sucedeu no pagamento de fornecedores em Angola, os recursos destinados ao pagamento de fornecedores no Brasil foram pagos pelo Grupo Odebrecht em espécie. Fl. 5620DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 18 17 105. Os valores correspondentes aos honorários próprios da Polis foram pagos à Shellbill Finance S/A, e foram todas dados em perdimento. Uma vez perdidos, tais valores não devem ser tributados, como melhor detalhado mais adiante. 106. Em vista do exposto, concluise que os valores recebidos em dinheiro do Grupo Odebrecht, contabilizados na contabilidade "Paulistinha", eram todos destinados a fornecedores agenciados pela Polis. Dessa maneira, tais recursos devem ser tributados como receita própria da sociedade, segundo o Regime Tributário aplicável às agências de propaganda, pelas razões jurídicas a seguir aduzidas. Abordando o regime tributário aplicável à Polis, os recorrentes descrevem a regulação da atividade da agência de publicidade e a obrigação de separar os recebimentos dos clientes como receitas próprias de agenciamento ("comissão", "honorários", "fees") e receitas de terceiros ("repasse"), destacando que o fato de a agência de publicidade atuar por conta e ordem do anunciante, de modo que nem todos os recursos que transitam pelas mãos da agência devem ser por elas computados como receitas. Parte deles devem ser tratada como (a) reembolsos de custos ou (b) depósitos a serem repassados. Discorrem sobre a regulação da atividade no Direito Civil e sua semelhança com os contratos típicos de Comissão, Agência e Distribuição (diferente do contrato de agência de publicidade acima descrito), e Corretagem, especialmente no que tange ao reembolso de despesas, que assim também não integram a receita da agência. Na mesma linha, expõem o tratamento dado pelas normas contábeis (Pronunciamento Contábil nº 30 do Comitê de Pronunciamentos Contábeis "CPC 30"), no sentido de que as agências são intermediadora de negócios para seus clientes anunciantes. Por tanto, nem todos os valores que recebe de seus clientes são receitas suas; parte deles referemse a depósitos de valores a serem repassados a fornecedores, e parte deles referemse a reembolso de dispêndios imputáveis aos clientes. Passando ao tratamento do Direito Tributário, diferencia o tratamento de receitas em operações em conta própria e resultado em conta alheia e concluem que as agências não devem reconhecer como receitas tributáveis os reembolsos recebidos do cliente, e os repasses destinados a terceiros, o mesmo se verificando em relação à base de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS nos regimes cumulativo e nãocumulativo. Reportamse à IN SRF nº 123/92 que determina a exclusão dos repasses da base de cálculo do imposto de renda retido na fonte pago pelas agências, a evidenciar que tais valores não são receitas da agência, bem como o Parecer Normativo CST nº 7/1986, expresso no sentido de que as agências de publicidade não devem computar como receita: (i) não apenas os valores destinados aos veículos de comunicação (cf. IN nº 123/1992), mas também (ii) os repasses a outros fornecedores e, bem assim, (iii) os valores pagos pela agência aos fornecedores e que devem ser reembolsados pelo anunciante, critérios estes integrados a soluções de consultas também referidas pelos recorrentes. Na sequência, afirmam equivocada a decisão de 1ª instância pautada na falta de apresentação de provas dos repasses e reembolsos pelos autuados, dado que, em função da não vinculação dos processos administrativos, mencionada na preliminar suscitada no tópico sobre conexão, deixouse de apreciar fatos e argumentos relacionados a esses mesmos pagamentos, estando informado nos Acordos de Colaboração Premiada que os lucros do serviço prestado eram pagos no exterior, ao passo que os valores gastos com a campanha eram repassados onde ela efetivamente acontecia. Ou seja, esquece a DRJ/REC que toda a autuação fiscal tomou por base depoimentos concedidos em acordos de colaboração, elementos probatórios "não hábeis", já que não podem ser considerados como "prova" em sua Fl. 5621DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 19 18 acepção técnicojurídica, e que, dessa maneira, são incapazes de comprovar o recebimento efetivo de rendimentos tributáveis. Defendem que João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura não podem ser responsabilizados na integralidade pelos débitos em referência, dada a impossibilidade de contabilização de todos os recursos como receita própria, posto representarem verdadeiros repasses a fornecedores, bem como porque sob a premissa de que os pagamentos feitos à Empresa Autuada se referem a vantagens indevidas, e não contraprestação pelos serviços efetivamente prestados pela Polis. Não haveria prova de que tais valores seriam receitas, bem como que os responsáveis agiram com dolo omitindo informação, prestando declaração falsa ou fraudando a fiscalização, não sendo de se exigir a escrituração de recursos que seriam repassados a fornecedores. Observam que ainda não existe sentença penal condenatória transitado em julgado e ninguém pode ser considerado culpado antes de confirmada a sentença penal que assim o declare. Argumentam que o dolo não se presume, mas se prova e que a imputação de responsabilidade com base no art. 135 do CTN depende de do ato ilícito não tributário surja uma obrigação jurídica tributária. Reportandose ao art. 128 do CTN e a doutrina, e mencionando que omitir tributo não é fato gerador de nenhuma regra tributária, discordam da conclusão da autoridade julgadora de 1ª instância porque no caso específico sequer existe fato gerador, posto se tratarem de valores recebidos pela Polis na qualidade de agência e a título de repasses. Ademais, vincular a responsabilidade tributária à qualificação da penalidade tenta estabelecer uma hipótese de responsabilidade objetiva, até porque a qualificação da penalidade pressupõe não somente a estrita tipificação do fato, como a prova da prática pelo sujeito de maneira dolosa, e assim atrairia a aplicação do art. 137, I do CTN, sendo certo que não foram produzidas tais provas. Acrescentam que a Nota GT Responsabilidade Tributária nº 1/2010 não possui qualquer validade/eficácia normativa. Pleiteiam, assim, o cancelamento da responsabilidade dos recorrentes. Prosseguem defendendo que colaboração premiada não é prova, expondo a natureza dos Acordos de Colaboração e a extensão de seus efeitos e destacando que os efeitos materiais desse instrumento somente serão confirmados após sentença condenatória transitada em julgado, apenas na parte que tenha considerado elementos constantes dessas colaborações, bem como que nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador, de modo que as colaborações premiadas não devem e nem podem substituir as investigações criminais. Observam que na presente autuação fiscal os únicos meios de prova utilizados para fundamentar a autuação foram colaborações prestadas por investigados e uma planilha de pagamentos elaborada, mantida e atualizada por esses mesmos investigados, de modo que se trata de um documento não oficial, que sozinho não possui qualquer valor ou respaldo legal. Ademais, como os valores em questão são disputados pelos próprios integrantes do Grupo Odebrecht como entre estes e os integrantes do grupo da Pollis, inexistiria base concreta para se ter certeza quanto aos valores movimentados. Asseveram que as referências a outros processos judiciais não se prestam a fundamentar o presente lançamento, que contribuíram e prestaram todas as informações no procedimento de fiscalização, e assim não esperavam que não fossem autuados, mas que eventual autuação seja lastreada em elementos suficientes de prova. Fl. 5622DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 20 19 Concluem ser evidente e gritante a falta de provas nos autos, porque os acordos de colaboração deveriam ser um meio para a produção de provas, mas que nunca chegaram a ser apresentadas, sobrando depoimentos abundantes em contradições e documentos produzidos unilateralmente por esses mesmos atores do processo. Como o lançamento deve apresentar motivo, com demonstração dos fatos previstos em lei para sua lavratura, consoante dispositivos legais, doutrina e jurisprudência que citam, defendem que, sem prova, não há motivo, e sem motivo, não há lançamento válido. Em suas palavras: aceitar que o Auto de Infração seja expedido única e exclusivamente com base em depoimentos de investigados e em denúncia do MPF equivale a concordar com uma construção normativa sem provas, o que não se admite. Inclusive porque no depoimento da Sra. Monica Moura está declarado que somente teria recebido R$ 10.000.000,00 do valor prometido, a evidenciar que a autoridade fiscal utiliza somente o que lhe interessa, tomando por verdade os fatos ali narrados, fazendo a sua própria valoração do que foi alegado em depoimento. Acrescentam que o instituto da colaboração premiada foi pensado para as infrações penais relacionadas aos crimes de organização criminosa, de modo que, ainda que o Juízo Penal autorize o compartilhamento das informações, não pode a Autoridade Fiscal se valer delas deliberadamente, como único meio de prova, mormente considerando, no âmbito tributário, a necessária observância ao princípio da verdade material e ao princípio da tipicidade cerrada ou estrita legalidade. Aduzem que o devido processo legal e os princípios da ampla defesa e do contraditório em matéria tributária não são permeáveis à prova emprestada e, abordando a jurisprudência, reiteram que, por não apresentar qualquer outra prova, a autoridade fiscal acabou se utilizando de verdadeira presunção, não podendo subsistir lançamento arbitrário que não corresponde efetivamente aos fatos havidos, mormente tendo em conta que à época da lavratura não havia sentença proferida para o Processo Criminal nº 501972795.2016.404.7000. Assim, ausentes todos os elementos necessários à identificação do fato gerador e da infração supostamente praticada temse por consequência a ocorrência de cerceamento de defesa. Tratando do desvio de finalidade, consignam que o Acordo de Colaboração Premiada prevê o repasse das informações coletadas à Receita Federal, mas esta não tem permissão para simplesmente tratar a prova emprestada da maneira tal qual recebe de outras autoridades, devendo conferirlhe o tratamento pertinente para que, somente então, possa lançar tributos da maneira adequada, evitando, assim, tributar valores já tributados, ou que deveriam ser repassados, ou sem deduzir despesas, ou sem aplicar imunidade constitucional a receitas de exportação. Assim, a aplicação da prova criminal sem que a elas se ajuntem elementos que sirvam bem a caracterizar o fato gerador da obrigação tributária, com todas as suas características (base de cálculo, natureza do valor, origem), configurase desvio de finalidade no uso da prova. Defendem a anulação do auto de infração diante da constatação de vício material, dado que a autoridade fiscal não conseguiu demonstrar os motivos do ato, as provas que consubstanciaram a constituição do crédito tributário, consoante jurisprudência e doutrina citadas. Subsidiariamente destacam a intributabilidade dos valores sujeito a pena de perdimento, mediante reconhecimento de que não há mais matéria objeto de tributação, uma vez que os proveitos dos atos ilícitos da sociedade foram todos dados em perdimento por seus Fl. 5623DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 21 20 sócios, circunstância que provoca o retorno da situação ao status quo anterior à prática do ilícito e, por conseguinte, impede a ocorrência do fato gerador. Reportamse aos documentos que evidenciam esta circunstância, observando que a própria autoridade fiscal, no Termo de Verificação Fiscal nº 02, §56, encampa a tese de que o Sr. Fernando Migliaccio teria pago à Requerente o valor de R$ 16.000.000,00, em conta no exterior. Logo, se a colaboração premiada admite que todos os pagamentos da Odebrecht, no exterior, foram realizados em favor da Shellbil Finance, é fato que os valores referidos foram "perdidos". Reiteram a repercussão desta ocorrência na declaração de voto que integra a decisão recorrida e frisam que todos os valores indicados pelo Recorrente nesse acordo serão dados em perdimento pelos colaboradores, especialmente os valores vinculados à offshore Shellbil Finance S/A, onde afinal foram concentrados os proveitos ilícitos. Citam despachos da lavra do Ministro Edson Fachin, nos autos da Petição nº 6.890DF, noticiando o perdimento, e destacam: 275. O problema de o lançamento tributário apoiarse em colaborações premiadas é que elas não são detalhadas o suficiente para vincular os pagamentos à Shellbil Finance. Nada obstante, examinandose os Acordos de Colaboração, notase que todos os pagamentos ao exterior mencionados aos sócios da Polis foram feitos à ShellBil Finance. Traçandose um paralelo com o "modus operandi" dos serviços prestados em Angola, inferese que há coerência na explanação da Recorrente. Argumentando que atos ilícitos não devem sujeitarse a tributação, para assim afirmar que quando há pena perdimento, não deve haver a cobrança de tributos. Contrapõemse à argumentação pela tributação dos atos ilícitos, afirmandoa preenchida por elementos éticos e morais, mas não jurídicos e observando que pretender tributar valores admitidos como ilícitos e que serão devolvidos aos cofres públicos é também locupletarse ilicitamente, o que não é de direito, pois, se o Estado pretende reter para si valores econômicos obtidos por infratores da lei, por fatos ilícitos, o fará como penalidade, não como tributo. Em suas palavras: 305. Ou seja, eventual interpretação que levasse à conclusão de que o valor auferido em decorrência da prática de atos ilícitos deveria ser tributado e, posteriormente, confiscado pela União, não encontra fundamento legal. Havendo o perdimento, cessa a capacidade contributiva e a possibilidade de o fisco tributar a riqueza oriunda da atividade ilícita, pois essa deixa de pertencer ao autor do ilícito, retornando ao Estado ou, nos casos de delação premiada, ao ente lesado. Citam doutrina para destacar que os próprios sócios da Polis admitiram em termo de colaboração premiada o recebimento de valores indevidos, e o compromisso de devolvêlos ao Estado Brasileiro, como se depreende dos Termos de Acordo de Colaboração. Logo, não poderia haver autuação sobre esse montante que deve ser deliberado em decisão a cargo do Juízo Penal. Afirmam o dever de arbitramento do lucro frente à tese da Fiscalização de que Polis teria omitido receitas de maneira fraudulenta, consoante expresso no art. 530, II do RIR/99. Ademais, como a receita bruta do contribuinte não era conhecida pela Fiscalização, seria aplicável o art. 535 do RIR/99. Reportamse a jurisprudência e concluem que as Autoridades Fiscais devem arbitrar sua receita bruta segundo os métodos próprios designados expressamente na legislação, por exemplo, com base em "quatro décimos da soma dos valores do ativo circulante". Neste contexto, os lançamentos de IRPJ e CSLL deveriam ser anulados Fl. 5624DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 22 21 por inobservância de tais determinações legais, e os autos de infração de Contribuição ao PIS e da Cofins anulados por inexistir método de arbitramento de receitas tributáveis. Prosseguem questionando a não dedução de créditos na apuração não cumulativa da Contribuição ao PIS e da COFINS no ano de 2015, asseverando que a confrontação de débitos e créditos tributários é parte intrínseca do lançamento das contribuições sob a sistemática não cumulativa, e a desconsideração de parte do procedimento de apuração configurase negligência por parte da Autoridade Fiscal, caracterizando erro irremediável que impõe a anulação dos lançamentos. Com referência à qualificação da penalidade, observam que não são responsabilizados pelo fato de a origem dos recursos advir de corrupção e que não há sentença no processo criminal nº 501972795.2016.404.7000 acerca da acusação de corrupção e lavagem de dinheiro. Requerem, assim, seja rechaçada a exigência de multa pelos tributos supostamente não recolhidos, visto que: (A) não está provado em sentença judicial os fatos alegados pela r. Fiscalização, e (B) o Recorrente tem dúvidas se a alegada corrupção é fundamento da multa que lhe foi imposta. Acrescentam que o art. 112 do CTN impede a aplicação de multas quando há dúvidas, devendo a legislação ser interpretada de maneira mais favorável ao sujeito passivo da obrigação tributária, consoante jurisprudência citada. Discorrem sobre a falta de capacidade contributiva do recorrente e afirmam o caráter confiscatório da penalidade que supera o valor do próprio tributo, finalizando que seja pela absoluta incompetência da i. Autoridade Fiscal para fiscalizar sociedade estrangeira, seja pelo caráter confiscatório da multa qualificada imposto, deve ser cancelada. Mas acrescentam abordagem acerca do princípio do indubio pro reo e a exclusão das multas de ofício, concluindo que caso reste inequívoca a presença de dúvida quanto à manutenção da autuação originária do presente processo, requerse que esta E. Turma Julgadora reconheça, ao menos, que não será possível manter a exigência da multa agravada no caso em tela. Arrematam arguindo a ilegalidade da incidência de juros sobre as multas de ofício e isolada. A Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou contrarrazões ao recurso voluntário (fls. 5533/5584). Inicialmente pleiteia que não seja conhecido o recurso voluntário da empresa autuada, vez que desacompanhado das respectivas razões. E, com referência aos recursos voluntários dos responsáveis tributários: · Discorda da reunião dos processos, vez que a pretensão recursal confunde similitude dos fatos com identidade dos fatos, o que afasta a hipótese de conexão; · Entende imprópria a arguição de nulidade de lançamento em cotejo com outro, observa que não estão presentes os requisitos do art. 59 do Decreto nº 70.235/72, bem como que os processos referidos possuem contornos fáticos bem distintos, o que justifica o lançamento contra sujeitos passivos diferentes; · Afirma validamente motivado o lançamento, vez que a Fiscalização utilizouse de vários elementos de prova, contextualizando o modus Fl. 5625DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 23 22 operandi do esquema criminoso subjacente à obtenção dos recursos pela POLIS conforme apurações da Operação Lava Jato, valendose também de outros elementos de prova: (a) colaboração premiada de Marcelo Bahia Odebrecht; (b) documentos apreendidos na residência de Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht (documentos esses que reproduziam dados contidos no sistema informatizado My WebDay, incluindo planilhas/tabelas e extrato da conta paralela “Paulistinha”); (c) registros do celular de Marcelo Bahia Odebrecht etc. Aponta a origem dos valores autuados e entende que estão provados os recebimentos, datas e valores, ressaltando que não houve cerceamento de defesa; · Ainda que a colaboração premiada seja meio de prova, elas forma confirmadas por elementos outros, inclusive provas indiciárias, pelo que não podem ser desconsideradas, até porque envolvem confissões dos sócios da Polis; · A planilha de pagamentos utilizada pela Fiscalização está corroborada por outros elementos e foi produzida em um setor organizado e específico dentro da estrutura da Odebrecht, que se especializou na distribuição de recursos ilícitos, possuindo pessoal próprio e sistemas informatizados exclusivos de comunicação e de controle. Ademais, a Fiscalização utilizou extrato da conta denominada Paulistinha, que também evidencia o pagamento, em dinheiro, dos valores em questão; · Não há prova de que os valores tidos como omitidos tratarseiam de "reembolso de custos" ou a "depósitos a serem repassados", cumprindo à Polis de antemão, contabilizar os referidos valores, momento em que poderia ter consignado, com suporte em elementos probatórios hábeis, que não se tratava de receitas tributáveis, o que efetivamente não ocorreu; tampouco se trouxe algum elemento nesse sentido com a impugnação; · A Fiscalização justificou as divergências identificadas e somente levou em consideração os valores mencionados nas colaborações premiadas quando foram confirmados por elementos documentais confiáveis. A DRJ, por sua vez, exonerou os valores exigidos indevidamente, e acertadamente, manteve o crédito remanescente; · A decisão de 1ª instância validamente demonstra que não há vício nas exigências de Contribuição ao PIS e de Cofins; · Os argumentos relacionados ao requerimento de correção de inexatidão material no acórdão recorrido foram reproduzidos no recurso voluntário, o alegado erro de premissa fática está adstrito ao um único voto e não caracteriza do fundamento do acórdão, e tratase, na verdade, de juízo valorativo na apreciação de um fato, que somente pode ser revisto no âmbito do adequado recurso voluntário; Fl. 5626DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 24 23 · Em todo caso, é evidente que não houve a aplicação da pena de perdimento, conforme prevista no Direito Tributário. O fundamento do perdimento de bens previsto no acordo de colaboração premiada encontrase no âmbito penal e processual penal, e não no âmbito tributário. Os fatos geradores ocorridos foram suficientes para atrair a presunção legal da omissão de receitas e a hipótese de incidência dos tributos lançados; · A tese da empresa e dos recorrentes transformaria o Termo de Colaboração Premiada, que tem natureza jurídica de acordo bilateral de vontades (estando o Ministério Público/Polícia Federal de um lado, e, o Acusado/Indicado criminal, de outro) em verdadeiro elemento de modulação dos efeitos temporais e materiais dos fatos geradores dos tributos, o que é inadmissível; · Nem mesmo o perdão criminal é garantido nas circunstâncias ocorridas, quiçá afastar a responsabilização tributária, mormente sem a participação de representante judicial da União, sendo certo que o MPF não tem o poder, seja constitucional ou legal, de transacionar sobre tributos; · Irrelevante a alegada cessação da capacidade contribuinte, pois os fatos geradores já haviam ocorrido; · Descabe o arbitramento dos lucros ausente a impossibilidade de se apurar os tributos devidos por imprestabilidade da escrituração contábil; · Este CARF entende que a multa qualificada não é aplicada somente quando existem nos autos documentos com fraudes materiais, como contratos e recibos falsos, notas frias etc. Ela decorre, do mesmo modo, da análise da conduta ou dos procedimentos adotados pelo contribuinte que emergem do processo. O lançamento está adequadamente fundamentado e não há dúvida alguma acerca dos fatos autorizadores da qualificação da multa. Quanto às demais alegações, o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade da lei tributária; · ... eventual absolvição somente influiria na esfera administrativa, que é relativamente independente da esfera penal, caso se provasse a inexistência do fato ou a não autoria do crime. Ademais, já houve condenação em 1ª instância pelo crime de lavagem de dinheiro; · O fundamento da multa, conforme esclareceu o TVF, é a omissão de receitas recebidas em espécie e não contabilizadas em razão da utilização de caixa dois, conforme foi descrito e demonstrado no TVF, o que caracterizou sonegação e fraude. Assim, não procede o argumento de que os recorrentes “tem dúvidas se a alegada corrupção é fundamento da multa que lhe foi imposta”, levando em conta que foram absolvidos dos crimes de corrupção, pois a Fl. 5627DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 25 24 acusação fiscal está clara e independente da ocorrência do tipo penal mencionado; · Os juros de mora sobre as multas de ofício e isolada devem ser mantidos. · ... a Fiscalização demonstrou, por nome e CPF, a titularidade dos cargos de administrador de cada um dos responsáveis, bem como os atos praticados sob sua administração, consistentes na obtenção “de receitas não contabilizadas recebidas em espécie mediante utilização de caixa dois minuciosamente descrito ao longo do Termo de Verificação Fiscal, ficando constatado que o fiscalizado cometeu sonegação fiscal e fraude fiscal”, que deram ensejo às suas responsabilizações com fundamento nos arts. 124, inciso I; e 135, inciso III; ambos do CTN, considerando que são pessoas com interesse comum na situação que constitui o fato gerador da obrigação principal e que os referidos atos foram praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos (sonegação e fraude). · No que se refere às alegações de ausência de comprovação do intuito doloso e de não ocorrência de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos, registrese que, em relação ao elemento subjetivo, o Parecer PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009 concluiu que se exige apenas o dolo gênero e não o dolo espécie; · Os recorrentes praticaram atos comissivos consistentes da estruturação e operacionalização de “caixa dois”, decorrendo daí a omissão de receitas. A utilização de “caixa dois” caracteriza infração à lei e infração ao contrato social da POLIS, além de caracterizar o excesso de poderes. Em outras palavras, a omissão de receitas é um comportamento negativo perante o Fisco, mas os ardis utilizados para resultar nessa omissão são comportamentos positivos, ou seja, atos comissivos; · ... no Parecer PGFN/CRJ/CAT nº 55/2009, com fundamento na jurisprudência do eg. Superior Tribunal de Justiça, ressaltou que o dispositivo trata de responsabilidade solidária. Ademais, foi imposta multa qualificada em decorrência de sonegação e fraude praticadas pelos administradores responsáveis tributários. Requer, assim, o não conhecimento do recurso voluntário interposto pela empresa contribuinte e o desprovimento dos recursos voluntários interpostos pelos responsáveis solidários, mantendose o lançamento fiscal questionado. Fl. 5628DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 26 25 Voto Conselheira Edeli Pereira Bessa Relatora Inicialmente esclareçase que o requerimento de correção de inexatidão material, juntado às fls. 5222/5227, dirigido aos Auditores Fiscais da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Recife/PE, não impõe a remessa dos autos à Turma Julgadora de 1ª instância, vez que a interessada referencia indevidamente o art. 32 do decreto nº 70.235/72, destinado à correção de inexatidões materiais devidas a lapso manifesto e os erros de escrita ou de cálculos existentes na decisão, para apontar que a declaração de voto integrada ao acórdão recorrido pautouse em premissa fática equivocada na medida em que os valores controvertidos foram, sim, objeto de pena de perdimento, decorrente dos Acordos de Colaboração premiada firmada pelos sócios. Ou seja, a requerente manifesta discordância em face da interpretação dos fatos pela julgadora que declarou seu voto no acórdão recorrido, arguição que, por sua natureza, deve ter lugar, e teve, em recurso voluntário. Passando aos recursos voluntários apresentados, cumpre primeiramente evidenciar a impossibilidade de conhecimento do recurso voluntário interposto pela contribuinte, vez que desacompanhado das ditas razões de fato e de direito a seguir delineadas, consignadas na petição de fl. 5269. Como se constata às fls. 5264/5269, em 03/05/2018 a contribuinte apresentou arquivo digital denominado "Petição.pdf", com somente 25.786 bytes, e que, anexado aos autos, representou apenas a primeira página do recurso voluntário, no qual a contribuinte se limita a afirmar a tempestividade de sua apresentação, em razão da ciência ocorrida em 03/04/2018. Diversamente do procedido em relação ao requerimento de fls. fls. 5222/5227, juntado aos autos mediante solicitação eletrônica apresentada pela contribuinte no eCAC, a apresentação do recurso voluntário foi promovida mediante entrega do correspondente arquivo digital na DERAT/CACPaulista, arquivo este gerado com a primeira página, na qual não foi veiculada qualquer alegação recursal que demande apreciação. Por tais razões, o presente voto é no sentido de NEGAR CONHECIMENTO ao recurso voluntário de Polis Propaganda e Marketing Ltda. Os responsáveis tributários João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura, por sua vez, questionaram não só o vínculo de responsabilidade estabelecido na acusação fiscal, como também o mérito da exigência e outros aspectos processuais, argumentos estes que serão, na sequência, apreciados porque deduzidos tempestivamente e por partes legítimas. Os recorrentes requerem, preliminarmente, a reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737, que também decorreriam do recebimento de recursos para prestação de serviços de propaganda e marketing político, não contabilizados nem oferecidos à tributação pela pessoa jurídica ou por seus sócios, sendo todos os fatos apurados pela Polícia Federal em inquéritos integrantes da Operação LavaJato. Em seu entendimento, estaria presente a hipótese de conexão prevista no art. 6º, §1º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015 e alterado pela Portaria MF nº 152/2016 RICARF, vez que os dois processos citados têm por objeto valores recebidos no exterior, por meio de depósito bancário em favor Fl. 5629DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 27 26 da offshore Shellbil Finance S/A, mas ensejaram exigências atribuídas exclusivamente aos responsáveis tributários. Contudo, a conexão que autoriza a reunião de processos para julgamento conjunto tem em conta exigência de crédito tributário ou pedido do contribuinte fundamentados em fato idêntico, nos termos do art. 6º, §1º, inciso I do Anexo II do RICARF. Assim, para requerêla, cumpria aos interessados, minimamente, demonstrarem que os lançamentos referidos tiveram em conta os mesmos pagamentos que motivaram a presente exigência. A semelhança entre a origem das autuações é insuficiente para atrair a competência de julgamento dos referidos processos para a 1ª Seção de Julgamento, mormente considerando que, nos termos dos arts. 2º e 3º do Anexo II do RICARF, compete exclusivamente à 2ª Seção de Julgamento a apreciação de recursos que versem sobre aplicação da legislação relativa ao Imposto de Renda da Pessoa Física IRPF. Neste contexto, deve ser INDEFERIDO o pedido de reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737. Com referência ao processo administrativo nº 10580.721823/201707, o pedido dos recorrentes já restou indiretamente atendido com a reunião dos processos em um mesmo lote sorteado para relatoria desta Conselheira. Os recorrentes argúem vício material do lançamento por erro na identificação do sujeito passivo, dado os diferentes procedimentos adotados pela autoridade fiscal em face de valores auferidos pela sociedade Polis Propaganda & Marketing Ltda em razão da prestação de serviços de publicidade e marketing político, discorrendo sobre a natureza dos valores recebidos e repassados a fornecedores, bem como questionando as provas recolhidas, exclusivamente, de depoimentos prestados em colaboração premiada em sede de ação criminal, afirmando que a acusação fiscal apresenta inconsistências que impedem a construção de uma narrativa coerente para determinar o total de valores que o Recorrente hipoteticamente teria omitido. Os lançamentos presentes nestes autos decorrem da constatação de: · "Omissão de receitas da atividade", correspondentes a "receitas não contabilizadas" na sistemática do lucro presumido, em diferentes dias de 24/10/2014 a 13/11/2014, tendo por enquadramento legal: art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 518, 519 e 528 do RIR/99; e art. 541 e 542 do RIR/99; e · "Omissão de receitas de venda e serviços", correspondentes a "receitas não contabilizadas" na sistemática do lucro real trimestral em diferentes dias de 13/03/2015 a 22/05/2015, tendo por enquadramento legal: art. 3º da Lei nº 9.249/95; arts. 247, 248, 249, inciso II, 251, 277, 279, 280 e 288 do RIR/99; e arts. 541 e 542 do RIR/99. Além das exigências de IRPJ e CSLL, também foram formalizados lançamentos de Contribuição ao PIS e de Cofins em sistemática cumulativa nos períodos de 2014 e sistemática nãocumulativa nos períodos de 2015. Fl. 5630DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 28 27 No Termo de Verificação Fiscal de fls. 77/120, depois de relatar as informações recolhidas nos processos judiciais e nos Acordos de Colaboração Premiada, a autoridade fiscal assim descreve as infrações apuradas: 73. INFRAÇÕES: Omissão de Receitas – Receitas Não Contabilizadas – 2014 Lucro Presumido – IRPJ e Reflexos CSLL – PIS – COFINS e Omissão de Receitas – Receitas Não Contabilizadas 2015 Lucro Real Trimestral – IRPJ e Reflexos CSLL – PIS – COFINS: O tratamento para fins fiscais dos 45 (quarenta e cinco) pagamentos em espécie oriundos do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht conforme datas e valores demonstrados no Anexo 01 deste Termo de Verificação Fiscal n° 02, e exaustivamente detalhado ao longo deste, recai em omissão de receitas de prestação de serviços no mercado interno, pois os documentos acostados ao processo judicial 501972795.2016.404.7000, com tramitação na 13ª Vara da Justiça Federal em Curitiba/PR fornecem elementos inequívocos das datas dos pagamentos e valores dos mesmos, e não foram levados a apuração da base de cálculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS dos períodos de apuração em 2014 e 2015. 74. Tratados como caixa dois, ou seja, receitas não contabilizadas oriundas de atividades operacionais do contribuinte em prestação de serviços de campanhas eleitorais conduzidas no Brasil, não é escopo da fiscalização determinar a quais campanhas se referem, mas sim identificados os recursos fazer incidir a tributação correspondente quanto ao IRPJ e contribuições reflexas. 75. Se assim fosse tendo a sócia do contribuinte declarado em sede de colaboração premiada que a campanha eleitoral a presidente da República em 2014 tenha um custo total de R$ 105.000.000,00, sendo R$ 70.000.000,00 de forma oficial e R$ 35.000.000,00 “por fora” ou seja via “caixa dois” poderíamos concluir pela tributação deste valor confessado pelo regime de competência, ou seja, um verdadeiro absurdo e ilegalidade que seria cometido pelo Fisco. 76. Portanto os fatos correlatos aduzem que o contribuinte por intermédio de seus sócios identificado pelo codinome/apelido ‘FEIRA” atribuído pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht fazem relacionar 45 recebimentos em espécie em “conta corrente” que os mesmos mantinham com a Odebrecht. Provados os recebimentos, datas e valores resta de forma factível apurada as receitas tributáveis do contribuinte ora fiscalizado nos períodos considerados e nas datas e valores individualizados no Anexo 01 a este Termo de Verificação Fiscal n° 02. 77. Posto isto para contradizer ou esclarecer afirmativa da sócia do contribuinte em sua colaboração premiada que somente teria recebido R$ 10.000.000,00 da parcela negociada em espécie, não contabilizada referente a campanha presidencial de 2014. O que resta comprovado são os recebimentos de diversos pagamentos em espécie, conforme provas apresentadas que as 45 remessas de pagamentos se referiram a Evento CP14 que corresponderia a condução da campanha eleitoral de 2014, capitaneada pela Polis Propaganda & Marketing LTDA. Como em diversos trechos das delações premiadas descritas neste Termo, verificouse um conta corrente entre PT, Odebrecht e “FEIRA”, importando para o fisco os valores efetivamente recebidos e não levados a tributação do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS. 78. Através de vários depoimentos e provas apresentadas, firmamos convicção de que “FEIRA” das planilhas do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht referemse a João Santana e Mônica Moura para recebimento em espécie de recursos provenientes da prestação de serviços efetuadas pelo contribuinte Polis Propaganda & Marketing LTDA durante os anos 2014 e 2015 conforme Anexo 01 Fl. 5631DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 29 28 deste Termo. Em confirmação aos 45 pagamentos em espécie recebidos por “FEIRA” no período mencionado, constam planilhas e documentos apreendidos com Maria Lúcia Tavares secretaria da Odebrecht, planilha/extrato da conta paulistinha apresentada por Marcelo Bahia Odebrecht, além de depoimento de Fernando Migliaccio que declarou que os valores pagos a “FEIRA” são os que constam nas planilhas apreendidas, e depoimento do funcionário dos sócios da Polis Propaganda André Santana que declarou que atuou como emissário de Mônica Moura para diversos recebimento nos períodos relacionados aos 45 recebimentos de recursos em espécie. 79. Cabe destacar que apesar da resposta do contribuinte que teria recebido somente R$ 10.000.000,00 em espécie, não encontra respaldo nos documentos que comprovam os vários recebimentos em espécie através de documentos e planilhas do sistema MyWebDay e extratos da conta “Paulistinha” conforme citado no item anterior. E também quanto a alegada suspensão do processo judicial, tal fato não interfere no presente procedimento fiscal, pois a via administrativa é independente a judicial, e resta comprovado para fins fiscais que o contribuinte auferiu receitas não contabilizadas e não oferecidas a tributação de forma espontânea. 80. Para o Fisco mesmo a origem ilícita dos recursos auferidos e a qual campanha se referiram, não criam obstáculos aos lançamentos de ofício do imposto e contribuições incidentes sobre esta base tributável. Estamos tratando aqui de recebimento de recursos não contabilizados pela prestação de serviços, oriundos de desvios de recursos em contratos envolvendo a PETROBRÁS, para pagamentos de campanhas eleitorais. Não se trata de um evento normal, como quer fazer transparecer os sócios do fiscalizado, quando afirmam que a maioria das campanhas eleitorais no Brasil envolvem “caixa dois”. Receberam recursos não contabilizados, logo cabe o fisco identificar as bases de cálculos dos tributos e contribuições e promover o lançamento de ofício do crédito tributário apurado correspondente. 81. Aqui cabe observar a cláusula “pecúnia non olet”, pois sabese que os recursos utilizados para pagamentos via caixa dois a Polis Propaganda através do codinome “FEIRA” pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht foram provenientes de desvios de recursos através de Contratos envolvendo a PETROBRÁS. Logo diante de fato tributável identificado pelo fisco com fato gerador definido, não importa se decorre de ato lícito ou ilícito, e sim somente o resultado do negócio jurídico efetuado, cabendo o decorrente lançamento de ofício para constituição do crédito tributário devido. 82. O Código Tributário Nacional – Lei n° 5.172/66 dispõe: [...] 83. Ademais em diversos trechos das delações dos sócios do contribuinte, os mesmos declaram que tais recursos não contabilizados recebidos em espécie eram provenientes das atividades operacionais do contribuinte Polis Propaganda, ou seja, prestação de serviços em campanhas eleitorais. Ou seja, temos atividades de prestação de serviços efetuadas pela Polis Propaganda & Marketing LTDA, mas sem contabilização destas receitas/caixa dois, e origem ilícita dos recursos utilizados para os recebimentos destes serviços prestados. 84. Por diversas vezes em vários depoimentos citados neste Termo verificase a forma utilizada pelos sócios do contribuinte para recebimento de valores mantidos a margem dos livros contábeis, ou seja, em hóteis, flats, em São Paulo, em Brasília, Fl. 5632DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 30 29 em Salvador, malas de dinheiro, relato até de “roubo” de um dos recebimentos ilícitos. 85. A Lei n° 8.846/94 determina a emissão de notas fiscais e a caracterização como omissão de receitas a falta de emissão do documento: [...] 86. Portanto resta bem caracterizado a infração a título de omissão de receitas não contabilizadas referentes aos recebimentos de recursos de prestação de serviços no mercado interno, para os períodos de apuração de 2014, pelas regras do lucro presumido quanto a apuração das bases de cálculos do IRPJ e CSLL e incidência cumulativa para o PIS e COFINS: [...] 87. Para o ano 2015 a apuração das bases de cálculos segue o lucro real trimestral para apuração do IRPJ e CSLL, e apuração não cumulativa para as contribuições do PIS e COFINS: [...] Nestes termos, a autoridade fiscal afirma a omissão de receitas não contabilizadas referentes aos recebimentos de recursos de prestação de serviços no mercado interno, dadas as evidências no sentido do recebimento de recursos não contabilizados pela prestação de serviços, oriundos de desvios de recursos em contratos envolvendo a PETROBRÁS, para pagamentos de campanhas eleitorais, inclusive por que em diversos trechos das delações dos sócios do contribuinte, os mesmos declaram que tais recursos não contabilizados recebidos em espécie eram provenientes das atividades operacionais do contribuinte Polis Propaganda, ou seja, prestação de serviços em campanhas eleitorais. Do Termo de Verificação Fiscal nº 02 é possível recolher os seguintes indícios destacados pela autoridade lançadora: · Denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal MPF no âmbito do processo judicial nº 501972795.2016.404.7000 tem por objeto o repasse de R$ 23.500.000,00 em espécie, no período de 24/10/2014 a 22/05/2015, através do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht; · Na condução da campanha presidencial de 2012 em Angola, em depoimento à Polícia Federal, Mônica Regina Cunha Moura declarara que do valor total da campanha (US$ 50 milhões), US$ 20 milhões foram pagos por meio de um contrato "de gaveta", não contabilizado", indicando a habitualidade dos sócios do contribuinte em recebimento de recursos não contabilizados, operacionalização de caixa dois e contratos de gaveta, e que tal "modus operandi" vem sendo utilizado por muito tempo pelos mesmos; · Na sentença que condenou os sócios da contribuinte pelo crime de lavagem de dinheiro processo judicial n° 5013405 59.2016.404.7000 afirmouse a existência de indícios, como fundamentado na decisão na qual a preventiva foi decretada (de Fl. 5633DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 31 30 03/03/2016, evento 225 do processo 500368216.2016.4.04.7000), de que receberam com frequência recursos nãocontabilizados como remuneração de serviços eleitorais, seja por outros depósitos na conta Shellbill, seja por recursos em espécie. Parte desses fatos é objeto da ação penal 501972795.2016.4.04.7000, havendo indícios de que ambos receberam recursos milionários do Grupo Odebrecht em espécie e em depósitos em contas secretas no exterior pelos menos entre 04/2012 a 05/2015, já bastante avançada a Operação Lavajato. Destacouse que o recebimento, como praxe, de recursos não contabilizados como remuneração de serviços eleitorais é indicativo do agir indiferente dos acusados quanto ao risco de estarem recebendo valores oriundos de corrupção, próprio do dolo eventual no crime de lavagem. Em outras palavras, repetindo os doutrinadores citados, a "conduta daquele que diz a si mesmo ‘que agüente’, ‘que se incomode’, ‘se acontecer, azar’, ‘não me importo’; · Denúncia do MPF no processo judicial n° 501972795.2016.404.7000 afirma que MARCELO BAHIA ODEBRECHT determinou e orientou que, como forma de pagamento de parcela da vantagem indevida prometida em razão de contratos firmados com a PETROBRAS, fossem efetuadas transferências de recursos a pessoas vinculadas ao Partido dos Trabalhadores, como, por exemplo, aos publicitários MONICA MOURA e JOÃO SANTANA, por meio do chamado de Setor de Operações Estruturadas, implementado a partir da instalação de computadores e sistemas especificamente destinados para a programação e execução das comunicações internas relacionadas ao pagamento de propina, além da destinação de funcionários específicos para atuação nesta atividade ilícita, e que também envolvia a realização de entregas de valores em espécie no Brasil quanto transferências realizadas entre contas abertas no exterior em nome de offshores, de modo a que tais pagamentos fossem feitos de modo dissimulado, impedindo que sua natureza ilícita fosse descoberta pelas autoridades, assim funcionando plenamente, pelo menos, de 2006 até o final de 2015; · Documentos apreendidos na residência de Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht encarregada de organizar as entregas de propina em espécie, reproduziam dados contidos no sistema informatizado utilizado (MyWebDay), registrando em planilhas impressas inúmeros pagamentos de vantagens indevidas em favor de MONICA MOURA e JOÃO SANTANA (referidos nos documentos pelo codinome "FEIRA"). Tais informações estariam confirmadas em registros encontrados no aparelho celular de Marcelo Bahia Odebrecht; · A vinculação dos sócios da contribuinte ao codinome "Feira" foi confirmada em caderno de anotações também apreendido na residência da referida secretária, no qual o referido codinome constava associado ao nome de Mônica Regina Cunha Moura e aos telefones dos sócios da contribuinte, bem como em depoimento Fl. 5634DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 32 31 prestado por Maria Lúcia Guimarães Tavares em seu Termo de Colaboração nº 04, no qual está detalhado como a secretária conheceu o significado do codinome e como procedeu para realizar os pagamentos determinados, bem como os contatos mantidos com Mônica Regina Cunha Moura; · Denúncia do MPF no processo judicial n° 501972795.2016.404.7000 dá maior clareza na interpretação dos dados contidos nos documentos armazenados nos sistemas informatizados MyWebDays e Drousys, destinados especificamente ao Setor de Operações Estruturadas, no qual MARIA LUCIA TAVARES e ANGELA PALMEIRA coordenavam remessas e entregas de recursos em outras localidades e relativos a empreendimentos vinculados aos mais diversos setores e locais, recebendo ordem diretamente de FERNANDO MIGLIACCIO e LUIZ EDUARDO SOARES31. Já a UBIRACI SILVA cabia inserir informações no sistema de pagamentos, indicando os beneficiários e os valores relativos à propina paga. O sistema MyWebDay era um sistema de computador utilizado apenas pelo Setor de operações Estruturadas, por meio do qual eram geradas e alimentadas planilhas para controlar e organizar a operacionalização do pagamento de vantagens indevidas no interesse dos contratos firmados pelo Grupo Odebrecht. O sistema Drousys, por sua vez, era um sistema de informática que funcionava por meio da instalação de computador específico, instalado na mesa de trabalho dos funcionários antes referidos, para evitar rastreamento, mas permitindo contato, também, com doleiros específicos, para viabilização de entregas de propinas em espécie no Brasil; · Denúncia do MPF no processo judicial n° 501972795.2016.404.7000 detalha que Maria Lucia Guimarães Tavares extraía semanalmente do sistema uma planilha de requisições de pagamento, somava os valores a serem entregues em cada um dos locais indicados, verificando qual seria o montante global que deveria ser disponibilizado em espécie para honrar as requisições de pagamento, comunicando a FERNANDO MIGLIACCIO, via sistema Drousys, qual seria o montante que deveria ser disponibilizado em espécie no Brasil para o pagamento dos valores de propina registrados nas planilhas, e encaminhando aos doleiros (colaboradores) participantes do esquema ilícito, também por meio do sistema Drousys, uma listagem com o valor total de propina que deveria ser entregue naquela semana, bem como a senha que estava associada a cada uma das entregas, colocando ao lado o valor de cada uma das entregas individuais. Finalizando, cabia a FERNANDO MIGLIACCIO levantar com os destinatários o endereço no qual seriam entregues os valores, e este encaminhava a MARIA LUCIA TAVARES, por intermédio do sistema Drousys, os endereços dos locais em que os valores deveriam ser entregues, a fim de que MARIA LUCIA TAVARES retransmitisse tais informações aos doleiros prestadores de serviço, utilizando, para tanto, o sistema Drousy. Fl. 5635DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 33 32 · A associação do codinome "Feira" aos publicitários João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura foi também evidenciada por Sr. Fernando Miglliacio (espécie de Tesoureiro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht) em Termo de Colaboração Premiada constante da PET n° 6533/2016/STF, Sr. Hilberto Silva (executivo a frente do referido setor) e Termos de Colaboração Premiada do Sr. João Santana, Sra. Mônica Moura e Sr. André Santana (funcionário dos sócios da Polis Propaganda) no âmbito da PET n° 6890/2017/STF; · As datas e valores dos recursos pagos pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht são os constantes nas planilhas apreendidas em Mandado de Busca e Apreensão nas 23ª e 2ª Fases da Operação Lava Jato na residência da colaboradora Maria Lúcia Tavares, representando 45 entregas operacionalizadas pelos executivos e funcionários vinculados ao Setor de Operações Estruturadas, perfazendo o total de R$ 23.500.000,00; · Denúncia do MPF no processo judicial n° 501972795.2016.404.7000 também reporta a manutenção de conta paralela referida como “Paulistinha”, nome utilizado para identificar a contabilidade paralela mantida entre o Grupo Odebrecht e o “doleiro” responsável pelos pagamentos realizados em São Paulo. Tabelas/extratos destas contas evidenciam: 07 entregas de recursos em espécie, no valor de R$ 4.000.000,00, conforme se depreende claramente do documento entre 24/10/2014 e 07/11/2014; pagamentos de R$ 1.000.000,00 em 12 e 13/11/2014 tratados diretamente por Marcelo Bahia Odebrecht (MBO); e movimentação da conta "Paulistinha" de 30/10/2014 a 22/05/2015 com expressa referência a outras inúmeras entregas realizadas em favor dos sócios da autuada, referidos novamente pelo codinome FEIRA. E extratos da conta "paulistinha" apreendidos na residência de MARIA LUCIA TAVARES demonstram a efetivação das entregas, mediante históricos associados às senhas anotadas nas planilhas do sistema MyWebDay; · Denúncia do MPF no processo judicial n° 501972795.2016.404.7000 expõe a forma de entrega dos recursos, com a informação de que MARIA LUCIA TAVARES, ao prestar depoimento no seu acordo de colaboração, detalhou que, quando surgiram pagamentos relacionados ao codinome “FEIRA”, HILBERTO SILVA a entregou um cartão com o nome de MONICA MOURA e diversos telefones a ela vinculados, a fim de que MARIA LUCIA TAVARES entrasse em contato para combinar a forma de entrega das quantias pactuadas. Na sequência, FERNANDO MIGLIACCIO encaminhou a MARIA LUCIA TAVARES, pelo sistema Drousys, o endereço e o contato que seria utilizado para a entrega dos valores relacionados a MONICA MOURA (FEIRA). Nas demais remessas realizadas em relação a “FEIRA”, da mesma forma, os endereços e contatos para as entregas eram fornecidos por FERNANDO MIGLIACCIO por meio do sistema Drousys; Fl. 5636DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 34 33 · Acordo de Colaboração Premiada e respectivos Termos de Colaboração firmados por Fernando Migliaccio (PET nº 6533/2016/STF), na função de Tesoureiro do Setor de Operações Estruturadas, traz relato de que foi ele apresentado em Mônica Regina Cunha Moura por Marcelo Bahia Odebrecht e Hilberto Silva aproximadamente em 2010 e 2011, para acordo quanto a entrega de recursos através da contabilidade paralela da Odebrecht, recordandose que fez inúmeros pagamentos relativos a campanhas de Angola, República Dominicana, Panamá, Venezuela, El Salvador e Brasil (“certamente na campanha presidencial de 2014”), que todos os valores formam entregues “por fora”, ou seja, não contabilizados, que indagou a Sra. Mônica porque os recursos não eram contabilizados, tendo obtido resposta que os valores deveriam ser pagos desta forma porque esgotara o limite de doação contabilizada, informou ainda que todos os pagamentos tinham anuência do Sr. Marcelo Bahia Odebrecht. Registra, ainda, que a Sra. Mônica Moura ligou para ele e foi até a Odebrecht para receber R$ 16 milhões, que eram referentes a campanha de 2014 no Brasil, onde o mesmo informou que não teria recebido ordem para este pagamento, a qual retrucou que comunicaria ao Mantega, e que daí entendeu a ligação de Mantega para pagamentos a Sra. Mônica com os codinomes PÓSITALIA (Mantega) e ITALIA (Palocci), que após este episódio recebeu ordem de Marcelo Bahia Odebrecht para efetuar o pagamento de R$ 16 milhões, que programava entregas de quantias de R$ 500.000,00, que a Sra. Mônica Moura tinha todo o cronograma de pagamento programado por ele. Informa, também, a preocupação de Mônica Regina Cunha Moura com as entregas de recursos, associa de forma inconteste o codinome "FEIRA" a tais operações, bem como a data e valores de pagamentos efetuados constantes da denúncia do MPF; · Termo de Colaboração nº 04 firmado por Fernando Migliaccio (PET nº 6533/2016/STF) finaliza com informações acerca de encontro com Mônica Moura na República Dominicana, no qual foi discutido uma dívida pendente do ano 2014 e que Mônica Moura solicitara que fosse depositado em conta no exterior, e assim se procedeu. Já no Termo de Colaboração nº 05, é informado que Mônica Moura, ao receber a confirmação de que foram efetuados pagamentos a ela no exterior em 2015, esta informou que avisaria a Presidente, pois agora tem como chegar na gente, posteriormente confirmando que a havia avisado; · Termo de Colaboração Premiada nº 08 (PET n° 6827/2017/STF) firmado por Marcelo Bahia Odebrecht, também traz a vinculação do codinome "Feira" a João Cerqueira de Santana Filho, desde pagamentos vinculados a eleições municipais de 2008, e reporta a apresentação como prova dos fatos narrados o extrato da conta paulistinha onde estão relacionados 39 pagamentos a “FEIRA” entre 2014 e 2015 além de várias transferências no exterior nos anos 2011 Fl. 5637DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 35 34 e 2012 para a conta da Offshore SHELLBILL no Banco Heritage na Suiça, conta vinculada a João Santana. · Termo de Colaboração nº 02 Anexo 02 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por João Cerqueira de Santana Filho traz relato de que, a partir da reeleição do presidente Lula, foi aberta uma espécie de "conta corrente" informal, entre o Partido dos Trabalhadores e a Polis, onde o partido ia rolando dívidas acumuladas, ao longo de diversas campanhas, exclusivamente relacionadas a serviços efetivamente prestados. A administração destas dívidas era feita por ANTONIO PALOCCI, coordenadores financeiros das campanhas e tesoureiros do PT, com plena ciência dos candidatos e principais lideres do partido (LULA e depois DILMA). Os repasses no exterior foram feitos, exclusivamente, pela empresa ODEBRECHT. · Termo de Colaboração nº 03 Anexo 03 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por João Cerqueira de Santana Filho historia que restos a pagar da campanha de LULA em 2006 foram se juntando aos custos das campanhas de MARTA SUPLICY e GLEISI HOFFMANN em 2008, como, por sua vez, somaramse a de DILMA em 2010, às de HADDAD e PATRUS em 2012, e, assim, rolando até a de DILMA em 2014, resultando em dívida superior a R$ 20 milhões em 2015, cujos pagamentos foram realizados com utilização de recursos que tinha para receber de empreiteiros, no caso por conta exclusiva de ODEBRECHT (no total, correspondiam aproximadamente a 20% do custo oficial). Em um círculo vicioso, a Pólis para continuar fazendo as campanhas teve que receber valores oriundos de caixa dois, enquanto o PT para poder contratar os serviços de JOÃO SANTANA, tido como o melhor marqueteiro do mercado, se valia dos recursos ilícitos transferidos pagas pelas empreiteiras, ao passo que as empreiteiras pagavam para garantir que se manteriam nas obras do governo; · Termo de Colaboração nº 06 Anexo 06 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por João Cerqueira de Santana Filho traz informação de que JOAO SANTANA e MONICA MOURA nunca se preocuparam em identificar as causas, motivos e origens dos recursos que lhes eram pagos de forma extraoficial, e que especificamente no caso da ODEBRECHT, empresa com quem estabeleceu um vinculo mais constante por recomendação do PARTIDO DOS TRABALHADORES desde a campanha de reeleição de LULA – nunca houve curiosidade especifica, dada a amplitude de obras que a empresa realizava para os diversos governos do PARTIDO DOS TRABALHADORES; · Termo de Colaboração nº 06 Anexo 06 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por Mônica Regina Cunha Moura, traz o reconhecimento desta que do valor pago de forma não contabilizada, cerca de R$5.000.000,00 (cinco milhões de reais) foi entregue em espécie pela empresa ODEBRECHT em São Paulo, por pessoas que MONICA MOURA imagina que eram doleiros dinheiro em hotéis ou flats Fl. 5638DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 36 35 indicados por ela, nas datas e valores indicados por HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO. Depois HILBERTO MASCARENHAS ALVES DA SILVA FILHO colocou outra pessoa para tratar desses assuntos e operacionalizar estas entregas, FERNANDO MIGLIACCIO. O esquema era profissional: MONICA MOURA passava um endereço, recebia uma palavra senha e recebia o dinheiro no local indicado, de um desconhecido. · Termo de Colaboração nº 06 Anexo 06 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por Mônica Regina Cunha Moura registra reuniões nas quais foi acertado que o valor total da campanha em R$ 105.000.000,00 (cento e cinco milhões de reais), sendo o valor oficial da campanha de R$70.000.000,00 (setenta milhões de reais), mas com a condição de que a expressiva quantia de R$35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais) fosse recebida por fora, sendo acertada a forma desses pagamentos não oficiais com HILBERTO MASCARENHAS e FERNANDO MIGLIACCIO, os quais determinaram que uma parte seria paga em espécie no Brasil e a outra parte no exterior. Porém, dos R$35.000.000,00 (trinta e cinco milhões de reais) apenas, aproximadamente, R$10.000.000,00 (dez milhões de reais) foram entregues em espécie no Brasil através do mesmo esquema anterior: entregas em hotéis e flats, até porque, como a Operação Lava Jato já estava em franco andamento e a ODEBRECHT temia que fossem fornecidas informações da Suíça que ligasse a empresa a MONICA MOURA e JOÃO SANTANA; · Termo de Colaboração nº 13 Anexo 13 (PET nº 6890/2017/STF) firmado por Mônica Regina Cunha Moura traz o reconhecimento de que "Feira" era uma das modalidades de pagamentos do "Projeto Italiano", com referência ao qual segundo FERNANDO MIGLIACCIO, MARCELO BAHIA ODEBRECHT e ANTONIO PALOCCI sentavam uma vez por ano para definir qual seria o montante de caixa dois investido pela empresa ODEBRECHT em campanhas. Depois de estabelecido um teto, ANTONIO PALOCCI que ele tinha plena liberdade de pedir para que os pagamentos fossem feitos para quem ele indicasse, entre essas pessoas estavam MONICA MOURA e JOÃO SANTANA (POLIS), sendo que, em outro dos vários encontros de MONICA MOURA com FERNANDO MIGLIACCIO de quem se tomou próxima, em 2014, no escritório da empresa ODEBRECHT em São Paulo, MONICA MOURA viu a anotação "Feira" e perguntou a ele do que se tratava, tendo recebido a resposta de que" era o nome que eles designavam para os pagamentos de caixa dois de algumas campanhas"; · Termos de Colaboração firmados por André Luis Reis de Santana (PET nº 6890/2017/STF) traz relato de que durante vários anos foi emissário de Mônica Moura para recebimento de recursos em espécie pagos pela Odebrecht em flats e hotéis, utilizando palavras chaves para os recebimentos, que o dinheiro era entregue em sacos lacrados e as vezes em malas, que parte valores eram para Fl. 5639DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 37 36 pagamentos a fornecedores e parte ficava com Mônica Moura, parte pagavam boletos e parte faziam depósitos fracionados, tendo conhecido Fernando Migliaccio (tesoureiro do Setor de Operações Estruturadas), o qual informou palavras chaves “FEIRA”, Farinha, Legumes, Verduras, etc, para apresentação quando do recebimento do dinheiro. Também declarou que esteve na sede da Odebrecht na Bahia por duas ocasiões e tratou diretamente com Maria Lúcia Tavares (secretária do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht) e que ela entregou R$ 500.000,00 em sua sala, uma vez R$ 200.000,00 e em outra ocasião R$ 300.000,00. Relatou também que por ocasião de um dos recebimentos de recursos em espécie em São Paulo sofreu um assalto com subtração do dinheiro que estava em seu poder uma mala grande com R$ 1.500.000,00, e que continuou a ser emissário de Mônica Moura para esses recebimentos até metade de 2015. Tais indícios são convergentes no sentido de que: 1) os funcionários do "Setor de Operações Estruturadas da Odebrechet" executaram pagamentos em espécie, controlados em sistemas próprios, por serviços prestados pela autuada ao Partido dos Trabalhadores, sob o codinome "Feira"; 2) tais serviços não foram contabilizados, à semelhança do ocorrido em outras campanhas eleitorais (cerca de 20% do custo oficial), assim como, por parte da empreiteira, o registro não era possível por ter sido extrapolado o limite de doações; e 3) os pagamentos neste formato decorreram de acordo entre a empreiteira e o Partido dos Trabalhadores. De outro lado, há divergência entre as informações recolhidas nos controles do "Setor de Operações Estruturadas da Odebrechet", que indicam 45 (quarenta e cinco) entregas, totalizando R$ 23.500.000,00 muito embora no Termo de Colaboração Premiada nº 08, Marcelo Bahia Odebrechet aponte 39 (trinta e nove) pagamentos registrados no extrato da conta "paulistinha" ao passo que Mônica Regina Cunha Moura assevera que dos R$ 35.000.000,00 correspondente à parte extra oficial, apenas R$ 10.000.000,00 teriam sido recebidos, sendo que ao menos um registro de roubo, no valor de R$ 1.500.000,00, foi consignado por funcionário dos sócios da autuada. Neste cenário cabe, de plano, afastar a arguição de vício material do lançamento por erro na identificação do sujeito passivo, pois há consistência, na acusação fiscal e nas provas reunidas, de que autuação recai sobre valores auferidos pela sociedade Polis Propaganda & Marketing Ltda em razão da prestação de serviços de publicidade e marketing político. O fato de, relativamente aos valores recebidos no exterior, a autoridade fiscal ter elegido outros contribuintes, em nada afeta as conclusões aqui expostas, restando apenas avaliar se as provas reunidas são suficientes para evidenciar a procedência do lançamento. De toda a sorte, consignese que um dos processos referidos pelos recorrentes, de nº 16561.720199/201646, já foi apreciado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento que, à unanimidade, negou provimento ao recurso voluntário de João Cerqueira de Santana Filho (contribuinte) e de Mônica Regina Cunha Moura, mantendo a exigência de Imposto de Renda Pessoa Física IRPF calculada a partir dos benefícios econômicos por eles auferidos na conta "Shellbill", mantida no exterior, e que pode ser compreendida nos seguintes excertos do relatório e voto do Acórdão nº 2301005.941: RELATÓRIO Fl. 5640DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 38 37 [...] Nos dados obtidos, foram identificadas 61 transferências realizadas entre 28/01/2011 e 30/12/2014 através do CITIBANK N.A. NY, originadas na conta SHELLBIL e destinadas a SURIA SANTANA, filha de JOÃO SANTANA, totalizando USD 297.600,00. A natureza de poupança do casal das rendas percebidas através da conta SHELLBIL foi reconhecida por JOÃO SANTANA e por MÔNICA MOURA. Em seu interrogatório JOÃO SANTANA , questionado sobre o débito de cerca de 1 milhão de dólares em 19/06/2013, em favor de Mauro Eduardo Uemura, afirma que se refere a parte de pagamento de um apartamento que comprou. Os dados obtidos provavelmente não alcançam a totalidade da movimentação da conta SHELLBIL no período, mas apenas uma parte dessa movimentação, abrangendo unicamente as transferências realizadas através do correspondente bancário CITIBANK N.A. NY. Assim, o lançamento é parcial, não incluindo eventuais rendimentos efetivamente auferidos e não revelados nos dados obtidos em resposta ao citado pedido de intercâmbio de informações. JOÃO SANTANA se reveste da condição de contribuinte, tendo em vista o caráter pessoal dos rendimentos auferidos através da conta SHELLBIL. Embora fosse JOÃO SANTANA o detentor da procuração com plenos poderes de representação e o titular dos direitos econômicos da conta SHELLBIL, a efetiva movimentação dessa conta cabia a MÔNICA MOURA, conforme afirmado por ela no INTERROGATÓRIO. Por meio dessa conta foi efetuado pagamento de USD 1 milhão relativo à aquisição de imóvel do casal que mantém relação equivalente ao casamento com separação parcial de bens. Os pagamentos efetuados por meio da conta SHELLBIL se deveram a trabalhos desenvolvidos pelo casal, consideradas as divisões de tarefas, e os rendimentos percebidos beneficiaram ambos. Assim, MÔNICA MOURA é responsável solidária pelo crédito tributário, nos termos do art. 124, inciso I, do CTN. [...] VOTO [...] Portanto, o fato de os recursos indevidos terem sido recebidos por meio de pessoas jurídicas, mediante um artifício de se forjar receitas fictícias de prestação de serviços por sociedades empresárias, não altera o lançamento, mormente porque se tratou de recursos cujo destinatário era o recorrente. Nos presentes autos, não há qualquer dúvida de que o Contribuinte atuava por interposta pessoa jurídica, constituída no exterior, através de offshores. O contribuinte como sócio da empresa tinha efetivo controle sobre os valores recebidos pela mesma, sendo responsável pelo controle de suas contas bancárias. Ou seja, a disponibilidade econômicofinanceira para as pessoas jurídicas importava disponibilidade para o Contribuinte. Verificase então que a percepção dos valores auferidos no esquema fraudulento se deu pelo contribuinte que atuou através de interposta pessoa jurídica. [...] Fl. 5641DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 39 38 Quanto à alegação de erro no valor do crédito tributário, pois somente poderiam ser tributáveis os valores consumidos pelo casal, devendo os recursos mantidos em nome da SHELLBIL ser considerados lucros acumulados não disponibilizados, registrese que a ocorrência do fato gerador se deu quando dos efetivos ingressos dos rendimentos na conta cujo beneficiário era o contribuinte, nos termos do art. 43 do CTN. Conforme este dispositivo legal, o imposto em questão incide sempre que houver aquisição de disponibilidade econômica ou jurídica de renda e de proventos de qualquer natureza. No caso, inegável a aquisição de disponibilidade econômica pelo contribuinte que teve seu patrimônio aumentado. O próprio autuado reconheceu a natureza de poupança das rendas percebidas através da conta SHELLBIL, afirmando "Que a conta era mantida como uma 'poupança' para sua aposentadoria" (doc. 803B, fl. 433). Não há nenhuma prova de ter havido o desenvolvimento da atividade empresarial pela SHELLBIL, com conseqüente apuração e distribuição de lucros e dividendos. [...] Vejase que os próprios recorrentes asseveram, nestes autos, estar claro que os recursos omitidos tinham origem na prestação de serviços de propagada prestados pela Polis. Logo, a arguição de nulidade não teria lugar em face do presente lançamento que conferiu aos valores tributados esta natureza. Esclareçase inexistir qualquer demonstração de coincidência entre os valores aqui autuados e aqueles que motivaram a exigência as exigências formalizadas nos outros autos, como bem ponderado no voto condutor da decisão de 1ª instância: 23. A alegação de que o montante de R$ 16.000.000,00, pago pela Odebrecht em favor da Shellbill Finance (item 6.5), faria parte dos valores tidos como omitidos, não merece crédito, porquanto desacompanhada de elemento probatório a confirmála (allegatio et non probatio quasi non allegatio). Ademais, da leitura do Termo de Verificação Fiscal resta claro os referidos valores não são objeto do presente processo27. No mais, basta observar que a legislação, em momento algum, estipula como requisito de validade do lançamento a sua consistência em relação a outros formalizados em face do mesmo sujeito passivo e que têm por referência outros fatos, ainda que em razão de operações semelhantes. A validade da constituição do crédito tributário pressupõe a ação de autoridade competente para demonstração da ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinação da matéria tributável, cálculo do montante do tributo devido e identificação do sujeito passivo, aspectos aqui formalmente atendidos, assim impondo a REJEIÇÃO da arguição de nulidade do lançamento. Passando ao mérito da omissão de receitas, a defesa dos recorrentes centrase em três aspectos essenciais: 1) o fato de terem firmado Acordo de Colaboração Premiada com o Ministério Público Federal em decorrência da condenação por lavagem de dinheiro, 27 fl. 86: 29. Os repasses para a conta da offshore SHELLBILL mantida no Banco Heritage na Suiça em conformidade com os processos judiciais citados acima, não são objetos do presente procedimento fiscal, as implicações fiscais desses repasses de recursos são objetos de verificações no procedimento fiscal TDPF n° 0510100 2016 00026 na pessoa física João Cerqueira de Santana. Fl. 5642DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 40 39 comprometendose a dar em perdimento à União o ganho auferido ocultado, num total de R$ 71.646.517,40, perdimento este já processado, com o valor em cofres da União; 2) o lançamento representar tributação de valores repassados a fornecedores, ainda que o Recorrente seja uma agência, desconsiderando o regime tributário a ela conferido; e 3) a acusação fiscal se basear exclusivamente em depoimentos prestados em colaboração premiada em sede de ação criminal, os quais são conflitantes nos valores supostamente repassados aos recorrentes, e não representam elementos de prova aptos a certificar os fatos que ensejaram a autuação. Inicialmente no que se refere à admissibilidade de depoimentos prestados em colaboração premiada como provas no âmbito tributário e à existência de qualquer dependência em relação ao destino do processo criminal no qual eles foram colhidos, adotam se aqui as razões de decidir assim expostas na decisão recorrida (com ajuste na numeração das notas de rodapé): 14. De fato, o depoimento em sede de “colaboração premiada” (Lei nº 12.850, de 2013), por si só, não tem força probante suficiente para comprovar a existência de determinado fato. Sequer se pode dizer, formalmente, o instrumento se trata de meio de prova28. Nada obstante, é induvidoso a convicção do julgador não lhe é imune, uma vez que cumpre a este, na construção de seu convencimento (sentido subjetivo da prova29), levar em consideração todos os aspectos trazidos aos autos30. 15. No caso em questão todavia além dos depoimentos prestados em sede de "colaboração premiada", pelos diversos atores envolvidos nos esquemas fraudulentos de "caixa dois" que apontam para a mesma direção , inclusive pelos próprios sócios da Pólis, exaustivamente detalhados no Termo de Verificação Fiscal, foram apreendidos documentos na residência da Sra. Maria Lúcia Guimarães Tavares, secretária do Setor de "Operações Estruturadas da Odebrecht", que reproduzem dados contidos no sistema informatizado MyWebDay31, utilizado exclusivamente para controle das propinas pagas por aquela empresa, e extrato da conta denominada Paulistinha (fl. 100), que evidenciam o pagamento, em dinheiro, dos valores em questão (vide item 36, 45 e 46 do Termo de Verificação Fiscal). 16. O fato de os referidos documentos não se tratar de "documento oficial" e terem se originado de informações prestadas pelos próprios investigados não implica eles 28 A colaboração premiada possui natureza jurídica de "meio de obtenção de prova" (art. 3º, I, da Lei nº 12.850/2013). Chamo atenção para esse fato: a colaboração premiada não é um meio de prova propriamente dito. A colaboração premiada não prova nada (ela não é uma prova). A colaboração premiada é um meio, uma técnica, um instrumento para se obter as provas. “Enquanto os meios de prova são aptos a servir, diretamente, ao convencimento do juiz sobre a veracidade ou não de uma afirmação fática (p. ex., o depoimento de uma testemunha, ou o teor de uma escritura pública), os meios de obtenção de provas (p. ex.: uma busca e apreensão) são instrumentos para a colheita de elementos ou fontes de provas, estes sim, aptos a convencer o julgador (p. ex.: um extrato bancário [documento] encontrado em uma busca e apreensão domiciliar). Ou seja, enquanto o meio de prova se presta ao convencimento direto do julgador, os meios de obtenção de provas somente indiretamente, e dependendo do resultado de sua realização, poderão servir à reconstrução da história dos fatos” (BADARÓ, Gustavo. Processo Penal. Rio de Janeiro. Campus: Elsevier. 2012, p. 270). 29 Humberto Theodoro Júnior, in Curso de Direito Processual Civil, 17ª edição, Editora Forense, professa "a prova não é somente um fato processual, mas ainda uma indução lógica, é um meio com que se estabelece a existência positiva ou negativa do fato probando, e é a própria certeza dessa existência”. 30 Alexandre Câmara, em Lições de Direito Processual Civil, 18. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p 373. 1v, entende a prova como sendo "todo elemento que contribui para a formação da convicção do juiz a respeito da existência de determinado fato". 31 Vide item 39 do Termo de Verificação Fiscal. Fl. 5643DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 41 40 não possam servir como prova dos pagamentos, uma vez que as particularidades não os tornam ilegítimos. Vale lembrar, consoante art. 369 do vigente CPC32, verbis: "as partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz"33. 17. Em suma, não se pode dizer a fiscalização não tenha apresentado provas da infração. Quedamse baldadas assim de antemão as alegações do item 6.4, uma vez que partem do pressuposto de que o lançamento teria se baseado exclusivamente em colaborações premiadas. 18. Nada obstante, não se vê dos autos nenhum óbice ou impedimento que, de alguma forma, tenha obliterado o direito de defesa, tampouco desvio de finalidade no uso de “prova emprestada” ou mácula ao princípio da verdade material. 19. É cediço, a prova produzida num processo pode ser trasladada e aproveitada em outro. Restrições existem quanto à simples transposição das conclusões, o que não ocorreu in casu. Apesar de terem se originado na esfera judicial, os elementos que suportam o lançamento não foram considerados ou tomados como verdade absoluta. A infração fiscal foi de praxe da fiscalização. 20. Os extratos e as planilhas, em que restam consolidados os valores pagos, foram levados ao conhecimento da empresa, por meio de diversos Termos de Intimação, para que ela se manifestasse sobre eles, não só ao longo do procedimento fiscal (por meio de intimações para prestarse esclarecimentos), mas também no momento da ciência do lançamento. 21. De modo que a sobrevivência do crédito em questão independe do que venha ocorrer na esfera judicial; ou seja, mesmo que a ação penal do Processo nº 501972795.2016.404.7000 malogre, e os imputados não sejam condenados, ainda assim pode ele subsistir na esfera administrativa. 22. Apenas para argumentar, mesmo quando a prova original é obtida por meio ilícito, o que não é o caso, dispõe o § 1º do art. 157 do Código de Processo Penal34 que se a infração puder ser demonstrada por uma fonte independente, não há falar em contaminação. O mesmo artigo, em seu § 2º, dispõe que "considerase fonte independente aquela que, por si só, segundo os trâmites típicos e de praxe, próprios da investigação ou instrução criminal, seria capaz de conduzir ao fato objeto da prova". O lançamento, portanto, repousa em provas testemunhais e documentais que, como antes demonstrado, são consistentes no sentido de que os pagamentos em espécie se refeririam a serviços prestados pela pessoa jurídica autuada, e eram praxe em campanhas eleitorais, também motivados pelos fato de a empreiteira já ter extrapolado o limite de doações a partidos políticos. Tais elementos, portanto, não podem ser descartados como evidências das receitas auferidas pela pessoa jurídica, mormente considerando que, como alegado, os 32 LEI Nº 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. 33 O art. 332 do Código de Processo Civil, de 1973 , dispõe "todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa" 34 Os repasses para a conta da offshore SHELLBILL mantida no Banco Heritage na Suiça em conformidade com os processos judiciais citados acima, não são objetos do presente procedimento fiscal, as implicações fiscais desses repasses de recursos são objetos de verificações no procedimento fiscal TDPF n° 0510100 2016 00026 na pessoa física João Cerqueira de Santana. Fl. 5644DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 42 41 recorrentes foram absolvidos do crime de corrupção, por entender o Juiz Sergio Moro que seus ganhos decorreram exclusivamente da prestação de serviços lícitos. Quanto ao fato de tais provas serem conflitantes nos valores repassados, vê se que a autoridade julgadora de 1ª instância promoveu ajustes em razão de descompassos identificados entre os valores reportados no lançamento e aqueles consignados nos "extratos" (planilhas) do sistema MyWebDay (vide fls. 91, 97, 98) e em tabela relativa à movimentação da conta "Paulistinha" (fls. 99 e 100), mencionada nas planilhas como vinculada aos pagamentos ali descritos. Tais ajustes resultaram na exoneração do crédito tributário calculado equivocadamente porque o pagamento registrado no dia 06.11.2014 (ref. p1478) foi computado duas vezes; o pagamento do dia 30.10.2014 (ref p14166), computado três vezes e o pagamento do dia 28.04.2015 (ref. p15.20), computado duas vezes. Deixouse todavia de computar o pagamento do dia 29.04.2015 (ref.15.22). Os recorrentes, porém, apontam divergências entre o extrato da contabilidade extraoficial do Grupo Odebrecht, na conta denominada "Paulistinha" confrontando os §§ 45 e 46 do Termo de Verificação fiscal, bem como seu Anexo I, observando que parte delas já teriam sido solucionadas na decisão de 1ª instância. E acrescentam que não foi esclarecida a confirmação, por Marcelo Bahia Odebrechet, de 39 (trinta e nove) pagamentos, e não 45 (quarenta e cinco) pagamentos, como informado pelos demais colaboradores, além de reiterar a declaração, de Mônica Regina Cunha Moura, de que recebeu no Brasil apenas R$ 10 milhões, restando R$ 16 milhões liquidados no exterior. O exame da acusação fiscal evidencia que os valores autuados foram extraídos de planilha apreendida na residência de Maria Lucia Guimarães Tavares, indicando saídas e saldo acumulado destas, todas sob o codinome "Feira", e associados à conta "Paulistinha" (fls. 3261/3263, referidas na denúncia às fls. 3196/3198). Tais pagamentos estão parcialmente confirmados nas transcrições de telas de sistema (fls. 3214/3231, referidas na denúncia às fls. 3119/3120 e 3195/3196) e no extrato da conta "Paulistinha" (fls. 3240/3256 e 3308, referido na denúncia à fl. 3198), também apreendidos na residência de Maria Lucia Guimarães Tavares, conforme arrolado na denúncia do Ministério Público Federal às fls. 3195/3198, ali totalizando R$ 23.500.000,00. Planilha semelhante à apreendida na residência de Maria Lucia Guimarães Tavares também foi apresentada por Marcelo Bahia Odebrecht no Termo de Colaboração nº 08, fls. 3365/3367. A correspondência entre as informações é estabelecida em razão da data, do valor e da referência ao codinome "Feira", bem como pela indicação no formato "P.XX.XXX", que apresenta uma numeração diferente para cada pagamento, além da informação a título de "senha", referida em telas de sistema, no extrato e nas planilhas. Ainda, especificamente dois pagamentos, promovidos em 21/05/2015 e 22/05/2015, cada um no valor de R$ 500.000,00, também constam em outras planilhas apreendidas, reproduzidas às fl. 3235, 3238, 3239 e 3313, apresentando a informação dos mesmos códigos (P.15.35 e P.15.33). Os demonstrativos a seguir elaborados correlacionam as receitas apontadas no lançamento com os registros dos documentos acima referidos, sendo que os valores tachados correspondem àqueles já excluídos na decisão de 1ª instância: Fl. 5645DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 43 42 Autos de Infração Planilha fls. 3261/3263 Telas de sistema fls. 3214/3231 Data Valor Data Valor Código Senha Data Valor Código Senha 24/10/2014 500.000,00 24/10/2014 500.000,00 P.14.162 29/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.165 29/10/2014 500.000,00 P.14.165 30/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.166 30/10/2014 500.000,00 P.14.166 30/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 31/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.167 31/10/2014 500.000,00 P.14.167 05/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 P.14.177 05/11/2014 500.000,00 P.14.177 06/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 P.14.178 06/11/2014 500.000,00 P.14.178 07/11/2014 1.000.000,00 07/11/2014 1.000.000,00 P.14.179 07/11/2014 1.000.000,00 P.14.179 ESPINAFRE 12/11/2014 1.000.000,00 12/11/2014 1.000.000,00 P.14.185 12/11/2014 1.000.000,00 P.14.185 LEGUMES 13/11/2014 1.000.000,00 13/11/2014 1.000.000,00 P.14.186 13/11/2014 1.000.000,00 P.14.186 LEGUMES 13/03/2015 500.000,00 13/03/2015 500.000,00 P.15.2 CRISE 18/03/2015 500.000,00 18/03/2015 500.000,00 P.15.3 CHÁ 19/03/2015 500.000,00 19/03/2015 500.000,00 P.15.4 CAFÉ 20/03/2015 500.000,00 20/03/2015 500.000,00 P.15.5 ÁGUA 25/03/2015 500.000,00 25/03/2015 500.000,00 P.15.6 LEITE 26/03/2015 500.000,00 26/03/2015 500.000,00 P.15.7 CERVEJA 27/03/2015 500.000,00 27/03/2015 500.000,00 P.15.8 GUARANÁ 31/03/2015 500.000,00 31/03/2015 500.000,00 P.15.9 BACALHAU 01/04/2015 500.000,00 01/04/2015 500.000,00 P.15.10 TEMPEROS 08/04/2015 500.000,00 08/04/2015 500.000,00 P.15.11 BEIJÚ 09/04/2015 500.000,00 09/04/2015 500.000,00 P.15.34 FARINHA 10/04/2015 500.000,00 10/04/2015 500.000,00 P.15.12 MANDIOCA 15/04/2015 1.000.000,00 15/04/2015 1.000.000,00 P.15.13 MACAXEIRA 17/04/2015 500.000,00 17/04/2015 500.000,00 P.15.14 AIPIM 17/04/2015 500.000,00 17/04/2015 500.000,00 P.15.15 TAPIOCA 22/04/2015 500.000,00 22/04/2015 500.000,00 P.15.16 FUTEBOL 23/04/2015 500.000,00 23/04/2015 500.000,00 P.15.17 VOLEY 23/04/2015 500.000,00 23/04/2015 500.000,00 P.15.18 ESGRIMA 24/04/2015 500.000,00 24/04/2015 500.000,00 P.15.19 BASQUETE 28/04/2015 500.000,00 28/04/2015 500.000,00 P.15.20 NATAÇÃO 28/04/2015 500.000,00 29/04/2015 500.000,00 P.15.21 TENIS 29/04/2015 500.000,00 29/04/2015 500.000,00 P.15.22 POLO 30/04/2015 500.000,00 30/04/2015 500.000,00 P.15.23 TENIS DE MESA 06/05/2015 500.000,00 06/05/2015 500.000,00 P.15.24 BEISEBOL 07/05/2015 500.000,00 07/05/2015 500.000,00 P.15.25 ESQUASH 07/05/2015 500.000,00 07/05/2015 500.000,00 P.15.26 GINÁSTICA 08/05/2015 500.000,00 08/05/2015 500.000,00 P.15.27 POLO AQUÁTICO 13/05/2015 500.000,00 13/05/2015 500.000,00 P.15.28 REMO 14/05/2015 500.000,00 14/05/2015 500.000,00 P.15.29 HANDEBOL 14/05/2015 500.000,00 14/05/2015 500.000,00 P.15.30 HÓQUEI 15/05/2015 500.000,00 15/05/2015 500.000,00 P.15.31 TIRO 21/05/2015 500.000,00 21/05/2015 500.000,00 P.15.35 PETECA 22/05/2015 500.000,00 22/05/2015 500.000,00 P.15.33 TACO Totais 24.500.000,00 22.500.000,00 Fl. 5646DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 44 43 Autos de Infração Extrato Paulistinha fls. 3240/3256 e 3308 Planilha fls. 3365/3367 Data Valor Data Valor Histórico Data Valor Código Senha 24/10/2014 500.000,00 29/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.165 30/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.166 30/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 31/10/2014 500.000,00 30/10/2014 500.000,00 P.14.167 05/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 ESPINAFRE 1 06/11/2014 500.000,00 P.14.177 06/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 06/11/2014 500.000,00 ESPINAFRE 2 06/11/2014 500.000,00 P.14.178 07/11/2014 1.000.000,00 07/11/2014 1.000.000,00 ESPINAFRE 3 07/11/2014 1.000.000,00 P.14.179 12/11/2014 1.000.000,00 12/11/2014 1.000.000,00 P/VERDURAS/LEGUMES 12/11/2014 1.000.000,00 P.14.185 13/11/2014 1.000.000,00 13/11/2014 1.000.000,00 P/VERDURAS/LEGUMES 13/11/2014 1.000.000,00 P.14.186 13/03/2015 500.000,00 13/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.2 MOV 409851 13/03/2015 500.000,00 P.15.2 CRISE 18/03/2015 500.000,00 18/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.3 MOV 409852 18/03/2015 500.000,00 P.15.3 CHÁ 19/03/2015 500.000,00 19/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.4 MOV 409853 19/03/2015 500.000,00 P.15.4 CAFÉ 20/03/2015 500.000,00 20/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.5 MOV 409854 20/03/2015 500.000,00 P.15.5 ÁGUA 25/03/2015 500.000,00 25/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.6 MOV 409855 25/03/2015 500.000,00 P.15.6 LEITE 26/03/2015 500.000,00 26/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.7 MOV 409856 26/03/2015 500.000,00 P.15.7 CERVEJA 27/03/2015 500.000,00 27/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.8 MOV 409857 27/03/2015 500.000,00 P.15.8 GUARANÁ 31/03/2015 500.000,00 31/03/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.9 MOV 409859 31/03/2015 500.000,00 P.15.9 BACALHAU 01/04/2015 500.000,00 01/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.10 MOV 409858 01/04/2015 500.000,00 P.15.10 TEMPEROS 08/04/2015 500.000,00 08/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.11 MOV 409860 08/04/2015 500.000,00 P.15.11 BEIJÚ 09/04/2015 500.000,00 09/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.34 MOV 409861 09/04/2015 500.000,00 P.15.34 FARINHA 10/04/2015 500.000,00 10/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.12 MOV 409862 10/04/2015 500.000,00 P.15.12 MANDIOCA 15/04/2015 1.000.000,00 15/04/2015 1.000.000,00 SAQUE REF REQ 15.13 MOV 409864 15/04/2015 1.000.000,00 P.15.13 MACAXEIRA 17/04/2015 500.000,00 17/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.14 MOV 409865 17/04/2015 500.000,00 P.15.14 AIPIM 17/04/2015 500.000,00 17/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.15 MOV 409866 17/04/2015 500.000,00 P.15.15 TAPIOCA 22/04/2015 500.000,00 22/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.16 MOV 409868 22/04/2015 500.000,00 P.15.16 FUTEBOL 23/04/2015 500.000,00 23/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.17 MOV 409870 23/04/2015 500.000,00 P.15.17 VOLEY 23/04/2015 500.000,00 23/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.18 MOV 409869 23/04/2015 500.000,00 P.15.18 ESGRIMA 24/04/2015 500.000,00 24/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.19 MOV 409872 24/04/2015 500.000,00 P.15.19 BASQUETE 28/04/2015 500.000,00 28/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.20 MOV 409879 28/04/2015 500.000,00 P.15.20 NATAÇÃO 28/04/2015 500.000,00 29/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.21 MOV 409882 29/04/2015 500.000,00 P.15.21 TENIS 29/04/2015 500.000,00 29/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.22 MOV 409885 29/04/2015 500.000,00 P.15.22 POLO 30/04/2015 500.000,00 30/04/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.23 MOV 409887 30/04/2015 500.000,00 P.15.23 TENIS DE MESA 06/05/2015 500.000,00 06/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.24 MOV 409908 06/05/2015 500.000,00 P.15.24 BEISEBOL 07/05/2015 500.000,00 07/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.25 MOV 409913 07/05/2015 500.000,00 P.15.25 ESQUASH 07/05/2015 500.000,00 07/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.26 MOV 409910 07/05/2015 500.000,00 P.15.26 GINÁSTICA 08/05/2015 500.000,00 08/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.27 MOV 409915 08/05/2015 500.000,00 P.15.27 POLO AQUÁTICO 13/05/2015 500.000,00 13/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.28 MOV 409922 13/05/2015 500.000,00 P.15.28 REMO 14/05/2015 500.000,00 14/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.29 MOV 409926 14/05/2015 500.000,00 P.15.29 HANDEBOL 14/05/2015 500.000,00 14/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.30 MOV 409924 14/05/2015 500.000,00 P.15.30 HÓQUEI 15/05/2015 500.000,00 15/05/2015 500.000,00 SAQUE REF REQ 15.31 MOV 409927 15/05/2015 500.000,00 P.15.31 TIRO 21/05/2015 500.000,00 21/05/2015 500.000,00 P.15.35 PETECA 22/05/2015 500.000,00 22/05/2015 500.000,00 P.15.33 TACO Totais 24.500.000,00 22.500.000,00 Constatase, nesta demonstração, que a planilha apreendida na residência de Maria Lucia Guimarães Tavares guarda correspondência com a planilha apresentada por Marcelo Bahia Odebrecht, sendo certo que Maria Lucia Guimarães Tavares, como responsável pelos pagamentos determinados pelos demais diretores do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, não só confirmou que o codinome "Feira" era atribuído aos autuados, como também apresentou detalhes da forma como os pagamentos eram efetuados (fls. 3269/3271) e da operação dos sistemas que geraram as informações antes transcritas (fls. 3272/3274 e 3275/3277). O funcionamento do referido Setor e dos sistemas de controle está confirmado, também, nas declarações de Fernando Migliaccio da Silva (fls. 3316/3361). Nas diversas declarações dos agentes do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht juntadas aos autos há significativa consistência entre as evidências de pagamentos e os procedimentos adotados para sua efetivação. Não se trata, assim, de denúncias vagas baseadas em frágil suporte documental. Os extratos dos sistemas de controle indicam significativo cuidado no registro destas operações, como, aliás, seria esperado em razão do Fl. 5647DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 45 44 volume de recursos envolvidos. E há permanente coerência entre os números de controle atribuídos aos pagamentos nos diferentes registros mantidos pelo Setor referido. De fato, considerando que os pagamentos de 21/05/2015 e 22/05/2015, apesar de não referidos no extrato da conta "Paulistinha", constam de outras planilhas apreendidas na residência de Maria Lúcia Guimarães Tavares, restaria apenas o pagamento de 24/10/2014, no valor de R$ 500.000,00, não reportado nas planilhas de teor semelhante apresentada por Marcelo Bahia Odebrecht e apreendida na residência de Maria Lucia Guimarães Tavares. Todavia, à fl. 3314 consta extrato da conta "Paulistinha", reportando movimentos de 24/10/2014 a 29/10/2014, no qual estão identificados dois saques referentes à obra "CP14DPEVENTO14DP" (designação utilizada nas telas de sistema para controlar os pagamentos ao beneficiário "Feira") na data de 24/10/2014, sob os históricos "SAQUE RF REQ P. 14.120 MOV 405974" e "SAQUE RF REQ P. 14.112 MOV 405992", além de outro saque associado à mesma obra, na data de 29/10/2014, sob o histórico "SAQUE RF REQ 14.168 MOV 407405", requisição esta distinta da considerada como pagamento no dia 29/10/2014, ocorrências indicativas de que, na verdade, outros pagamentos podem ter existido, sem terem sido computados na acusação fiscal. Assim, as diferentes totalizações apresentadas na acusação fiscal, e até mesmo na denúncia do Ministério Público Federal, em nada afetam os fatos individualizados no lançamento, os quais, excluídos aqueles já afastados na decisão de 1ª instância, estão provados nas planilhas, extratos e/ou telas de sistema juntados aos autos. Quanto às inconsistências na quantidade dos pagamentos, apontadas pelos recorrentes, elas decorrem da extração de dados de um suporte documental isolado (planilha, extrato ou telas de sistema), os quais, como acima esclarecido, não se prestam, individualmente, a demonstrar a totalidade das operações. Por sua vez, a referência feita pela Fiscalização acerca de 39 (trinta e nove) pagamentos informados por Marcelo Bahia Odebrecht, e de pagamento no valor total de R$ 18.000.000,00, tem em conta, apenas, o extrato da conta paulistinha onde estão relacionados 39 pagamentos a “FEIRA” entre 2014 e 2015. Referido extrato, como acima demonstrado, não contempla os primeiros pagamentos de 2014 e os últimos de 2015, que estão devidamente provados nos demais suportes documentais antes referidos, não se confirmando a alegada incompatibilidade com o depoimento do Sr. Fernando Migliaccio, que repousa nos demais controles mantidos pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Já as negativas de Mônica Regina Cunha Moura quanto a esta expressão dos valores recebidos, limitandoos a R$ 10 milhões de dinheiro no Brasil, tratamse de mera declaração que sucumbe frente aos demais testemunhos baseados em provas documentais dos pagamentos efetuados. Os recorrentes mencionam que no TVF nº 02, §53, indicase que o Sr. Fernando Migiliaccio relatou que a Odebrecht restou com um saldo devedor à Polis no montante de R$ 16.000.000,00, porém omitem o esclarecimento subsequente de que Fernando Migliaccio também relatou a ligação de Mantega para pagamentos a Sra. Mônica com os codinomes PÓSITALIA (Mantega) e ITALIA (Palocci), que após este episódio recebeu ordem de Marcelo Odebrecht para efetuar o pagamento de R$ 16 milhões, que programava entregas de quantias de R$ 500.000,00, que a Sra. Mônica Moura tinha todo o cronograma de pagamento programado por ele. Tal testemunho mostrase coerente com os pagamentos posteriormente efetuados, individualmente controlados e codificados pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, inclusive com a atribuição de senhas para recebimento pelos Fl. 5648DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 46 45 beneficiários, diversamente do que pretendem fazer crer os recorrentes a partir de seus vagos questionamentos. O mesmo se diga em relação à alegação, dissociada de qualquer demonstração fática, de que a Fiscalização não teria segregado os valores que competiriam à autuada e às sociedades domiciliadas no exterior, também investidas por seus sócios, muito embora os sujeitos passivos tenham sido cientificados de todos os lançamentos formalizados em face das diferentes ocorrências verificadas. Vejase, ainda, que os testemunhos e provas reunidos são convergentes no sentido de que os pagamentos tinham por referência serviços prestados em campanha presidencial executada no Brasil, sendo imprópria a cogitação, dissociada de qualquer demonstração ou prova, de que o Fisco deveria ter segregado receitas correspondentes a receitas de exportação de serviços, imunes à Contribuição ao PIS e à Cofins. A acusação fiscal, assim, mostrase consistente e os únicos ajustes necessários eram aqueles já promovidos pela autoridade julgadora de 1ª instância, inexistindo qualquer inobservância, por parte da autoridade fiscal, acerca do que exige o art. 142 do CTN para fins da necessária verificação da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária correspondente. Há prova, há motivo e, por tais razões, o lançamento é válido, não sendo demais registrar que a autuação não repousa, apenas, em depoimentos de investigados e em denúncia do MPF, mas também em robusto acervo documental das operações realizadas, com base no qual o Fisco extraiu as conclusões pertinentes ao âmbito tributário, assim validamente aproveitandose da prova emprestada, sem qualquer desvio de finalidade. Aliás, porque devidamente provadas as receitas de prestação de serviços auferidas pela fiscalizada, e evidenciada a inobservância do dever de emitir a nota fiscal correspondente, na forma do art. 2º da Lei nº 8.846, de 1994, mostrase improcedente a alegação de que a verdade material sobre a qual se assenta o TVF nº 02 é contingente, visto que comete ao Poder Judiciário julgar definitivamente sobre a existência de fatos apresentados a seu exame. O processo judicial em referência prestase à apreciação de denúncia criminal apresentada pelo Ministério Público, a qual não abrange as infrações tributárias aqui sob análise e assim afasta qualquer cogitação de concomitância ou prejudicialidade. Os recorrentes também argumentam que os valores autuados corresponderiam a recursos repassados a fornecedores no Brasil, destacam o depoimento de André Reis de Santana acerca dos pagamentos por ele efetuados, e estendemse em discorrer sobre as características das atividades exercidas por agência de publicidade, cujo regime jurídico impediria que tais recebimentos compusessem o valor de sua receita bruta. Defendem que as provas dos autos também reportariam o destino dos pagamentos supostamente recebidos, e assim a autoridade fiscal não poderia se basear em uma versão parcial dos fatos, razão pela qual pleiteiam a utilização dos mesmos meios de prova. Concluem que não restariam valores tributáveis vez que os recursos recebidos em espécie foram destinados ao pagamento de fornecedores e os valores correspondentes aos honorários próprios da Polis foram pagos à Shellbill Finance S/A. Adotamse, aqui, as pertinentes razões de decidir expostas na decisão de 1ª instância acerca destes aspectos: 8. Malgrado a didática explanação intitulada “Do Regime Tributário Aplicável à Impugnante”, que, ao fim e cabo, encerra a conclusão de que nem todos os recursos que transitam pelas agências de publicidade dizem respeito as suas receitas Fl. 5649DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 47 46 tributáveis, o que restaria consolidado pelo Parecer Normativo CST nº 7, de 1986 _ particularidade que em nenhum momento foi questionada pela fiscalização não se trouxe à colação nenhuma prova de que os do caso em questão, tidos como omitidos, tratarseia de recursos desse tipo. 9. Não cumpria à fiscalização perscrutar se os valores recebidos pela Pólis diriam respeito a “reembolsos de custos” ou a “depósitos a serem repassados”, como se tentou incutir percebese, a defesa tenta transferir a responsabilidade pela validação de seu argumento para o Fisco. 10. Era incumbência da Polis, isso sim, de antemão, contabilizar os referidos valores, momento em que poderia ter consignado, com suporte em elementos probatórios hábeis, que não se tratava de receitas tributáveis, o que efetivamente não ocorreu35; tampouco se trouxe algum elemento nesse sentido com a impugnação. 11. Nesse panorama, é deveras impróprio dizerse houve desconsideração do “regime jurídico” das agências de publicidade. 12. Da mesma forma, não cumpria ao Fisco perscrutar a existência de “créditos” de PIS e de Cofins. A consideração de créditos dessas contribuições, própria do regime de apuração de forma não cumulativa, além de não prescindir de escrituração, que é incumbência do contribuinte, deve se efetivar dentro de um regime regular de apuração de resultado (débitos menos créditos). De fato, os recorrentes sequer se prestam a identificar os beneficiários dos alegados repasses, mas apenas asseveram estar informado nos Acordos de Colaboração Premiada que os lucros do serviço prestado eram pagos no exterior, ao passo que os valores gastos com a campanha eram repassados onde ela efetivamente acontecia. Ao contrário do que querem fazer crer os recorrentes, não se trata, aqui, de desconsiderar provas da mesma natureza daquela admitida para evidenciar as receitas auferidas, mas sim de rejeitar meras declarações genéricas e dissociadas de qualquer suporte documental, diversamente do que verificado nos elementos reunidos acerca das atividades do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht. Impossível, assim, cogitar de qualquer tratamento diferenciado às receitas apuradas. Ainda com referência à apuração dos tributos devidos, os recorrentes asseveram que firmaram Acordo de Colaboração Premiada com o Ministério Público Federal em decorrência da condenação por lavagem de dinheiro, comprometendose a dar em perdimento à União o ganho auferido ocultado, num total de R$ 71.646.517,40, perdimento este já processado e o valor em cofres da União. Em seu entendimento, isso deve provocar reflexos na área tributária, quais sejam, o reconhecimento de que os demais valores recebidos referemse a despesas repassadas a fornecedores, e que os lucros auferidos não mais devem estar submetidos a tributos, já que juridicamente houve a desconstrução do fato gerador com efeitos retroativos (retorno ao status quo). Inicialmente recordese que os recorrentes não lograram demonstrar que os valores aqui autuados se referem a despesas repassadas a fornecedores. Para além disso, como bem apontado na declaração de voto juntada à decisão recorrida, não há prova de que o perdimento tenha recaído sobre os valores pagos em espécie aos recorrentes, e que constituem 35 RIR de 1999: Art. 923. A escrituração mantida com observância das disposições legais faz prova a favor do contribuinte dos fatos nela registrados e comprovados por documentos hábeis, segundo sua natureza, ou assim definidos em preceitos legais (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 9º, § 1º). Fl. 5650DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 48 47 a base fática da presente exigência. Para maior clareza, transcrevese a referida declaração de voto que, diversamente do alegado pelos recorrentes, não apresenta qualquer impropriedade que pudesse alterar o resultado do julgamento de 1ª instância. A infração tipificada é Omissão de Receitas caracterizada pela prática de caixa 2 através da realização de pagamentos em espécie feitos à "Feira" codinome dos sócios da Polis Sr. João Santana e Sra. Mônica Moura. Importante ressaltar que restou comprovado nos autos que o codinome "Feira", constante das planilhas retiradas do sistema MyWebDay, espécie de contabilidade paralela do caixa 2 utilizada apenas pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, se refere ao casal Mônica Moura e João Santana conforme consta de caderno de anotações apreendido na residência de Maria Lúcia Tavares (descrição constante do Termo de Verificação, 16/41, fl. 92) e conforme corroboram os depoimentos em Termo de Colaboração Premiada o Sr. Fernando Miglliacio (Tesoureiro do Setor de Operações Estruturadas), o executivo do mesmo setor Sr. Hilberto Silva e os próprios sócios da autuada além do Sr. André Santana, funcionário da Polis (20/41, fl. 96). Com relação a alegação relativa ao perdimento dos valores em espécie obtidos em atividades ilícitas previsto nos Termos de Delação Premiada dos sócios da Polis e a impossibilidade de tributação, não houve referido perdimento em que pese sua previsão na denúncia do Ministério Público Federal de sorte que não há qualquer influência a ser analisada na área tributária. (destacouse) Ao contrário, parcela significativa da defesa apresentada pelos recorrentes afirma a destinação destes valores recebidos em espécie os ditos fornecedores. Logo, o que se tem, aqui, é a prova de que receitas deixaram de ser computadas no faturamento e no lucro tributável dos períodos autuados, e alegações não comprovadas de que estes valores não representariam receitas por terem sido destinados a fornecedores que, supostamente, contribuiriam para a prestação dos serviços remunerados. Em verdade, porém, a pretensão dos recorrentes seria opor, no âmbito tributário, a posterior indisponibilidade dos lucros auferidos como elemento desconstitutivo da realidade original, que deveria ter sido submetida à hipótese de incidência do IRPJ, da CSLL, da Contribuição ao PIS e da Cofins, por ocasião da ocorrência dos fatos geradores respectivos. Defende que a pena de perdimento imporia o reconhecimento de que não há mais matéria objeto de tributação, provocando o retorno da situação ao status quo anterior à prática do ilícito, assim impedindo a ocorrência do fato gerador. A Procuradoria da Fazenda Nacional, contudo, bem demonstra em suas contrarrazões a impropriedade da argumentação dos recorrentes no âmbito tributário: [...] Em todo caso, é evidente que não houve a aplicação da pena de perdimento, conforme prevista no Direito Tributário. O fundamento do perdimento de bens previsto no acordo de colaboração premiada encontrase no âmbito penal e processual penal, e não no âmbito tributário. A empresa contribuinte e os recorrentes ignoram a incondicionalidade dos fatos geradores ocorridos com a obtenção dos recursos indevidos pela autuada. Fl. 5651DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 49 48 De fato, os fatos geradores dos tributos surgiram no momento em que se verificaram as situações materiais necessárias a que produzam os efeitos que normalmente lhe são próprios (art. 116, I, do CTN36). Vale lembrar a lição de Geraldo Ataliba, para quem o fato gerador "é a materialização da hipótese de incidência, representando o momento concreto de sua realização, que se opõe à abstração do paradigma legal que o antecede. Ocorrendo o fato gerador, surge a obrigação tributária do sujeito passivo pagar o imposto devido". Nesse sentido, os fatos ocorridos foram suficientes para atrair a presunção legal da omissão de receitas e a hipótese de incidência, por exemplo, do IR, tal como previsto no art. 43 do CTN, in verbis: Art. 43. O imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I de renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; II de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no inciso anterior. § 1º A incidência do imposto independe da denominação da receita ou do rendimento, da localização, condição jurídica ou nacionalidade da fonte, da origem e da forma de percepção. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) (...) (d. n.) Ademais, os tributos incidem independentemente de eventual ilicitude dos atos praticados pelos recorrentes e da devolução dos bens e valores que ele tenha se comprometido a restituir. O art. 118 do CTN37 declara que se deve abstrair a validade jurídica dos atos efetivamente praticados, bem como a natureza do seu objeto ou dos seus efeitos, e os efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Para robustecer o lançamento, vale a pena destacar o entendimento do Ministro Herman Benjamin, no Recurso Especial nº 1.493.162/DF, publicado no DJe 19/12/2014: Esclareço, para que não haja mais dúvidas, que o art. 118, I, do CTN não pode ser interpretado de forma insulada, sob pena de trazer sérias contradições aos demais dispositivos do Código Tributário Nacional. O princípio do non olet foi criado por Albert Hensel e Otmar Bühler, expresso no artigo citado, tendo como escopo a tributação das atividades consideradas ilícitas, dessa forma são irrelevantes, para a determinação do fato gerador, a validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes. Assim sendo, todas as pessoas que realizarem o fato gerador estarão participando da relação jurídica tributária como sujeitos passivos, independentemente da atividade que estiverem praticando. (...) 36 Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; 37 Art. 118. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindose: I da validade jurídica dos atos efetivamente praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; II dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos. Fl. 5652DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 50 49 Ensina o renomado autor38: “se alguém realizou a hipótese de incidência tributária mediante um fato circunstancialmente ilícito, nasce e subsiste a relação obrigacional tributária na medida em que subsistir aquele fato no mundo dos fatos, vale dizer, no mundo econômico. Se no mundo dos fatos aquele fato não subsiste, não subsistirão os seus efeitos tributários. Com efeito, a lição demonstra que a tributação na espécie recai sobre os fatos geradores previstos nas hipóteses de incidência tributária e, não sobre as infrações penais, razão pela qual não há que se falar em ausência de capacidade contributiva ou mesmo de confisco em razão da expropriação da totalidade dos bens que foram produto dos crimes praticados. Caso contrário, em rigor, a tese da empresa e dos recorrentes transformaria o Termo de Colaboração Premiada, que tem natureza jurídica de acordo bilateral de vontades (estando o Ministério Público/Polícia Federal de um lado, e, o Acusado/Indicado criminal, de outro) em verdadeiro elemento de modulação dos efeitos temporais e materiais dos fatos geradores dos tributos, o que é inadmissível. Afinal, o fato gerador é objetivo e ocorreu com o implemento do fato no mundo fenomênico, isto é, independente do querer das partes, seja dos recorrentes ou de terceiros que celebraram o Termo de Colaboração. Ademais, o art. 4º e seu § 2º da Lei nº 12.850/2013 contêm a seguinte previsão: Art. 4º O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituíla por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um ou mais dos seguintes resultados: (...) § 2º Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, aplicandose, no que couber, o art. 28 do Decreto Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). Ora, se sequer o perdão criminal é garantido nesses casos, quiçá afastar a responsabilização tributária. Além disso, o acordo celebrado sequer contou com a participação de representante judicial da União (art. 1º, caput e § 4º da Lei nº 9.469/97), de modo que a esfera patrimonial da União (no caso, seus créditos tributários) jamais poderia ser atingida. Ressaltese, ainda, o que prevê o art. 26 da Lei nº 4.506/64: “Os rendimentos derivados de atividades ou transações ilícitas, ou percebidos com infração à lei, são sujeitos a tributação, sem prejuízo das sanções que couberem”. O MPF não tem o poder, seja constitucional ou legal, de transacionar sobre tributos, ou seja, não tem uma autorização normativa para transacionar interesses extrapenais da União. Ademais, em decisão recente, de 03 de julho de 2018, o Juiz Federal Sérgio Fernando Moro, na PETIÇÃO nº 505474177.2015.4.04.7000/PR, deixou assente o seguinte: 38 O Ministro Relator fez referência ao jurista Hugo de Brito Machado. Fl. 5653DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 51 50 “(...) Em primeiro lugar, a Receita Federal tem auxiliado significativamente os trabalhos de investigação no âmbito da Operação Lava Jato, atendendo a requisições específicas do MPF ou do Juízo ou realizando um trabalho paralelo, nos lançamentos fiscais, de investigação. Isso deve ser levado em consideração. Em segundo lugar, os acordos de colaboração ou de leniência têm por objetivo principalmente a recuperação do produto dos crimes e, ainda que por estimativa, reparar danos decorrentes dos crimes. Não abrange, portanto, qualquer estimativa relativa a tributos que foram sonegados pelos colaboradores ou empresas lenientes. Se lançados definitivamente tributos contra colaboradores ou empresas lenientes, devem eles ser recolhidos, não havendo motivo para isentálos. (...) Informa ainda o MPF que sempre alertou aos colaboradores e empresas lenientes de que o acordo não gerava benefícios na área tributária. Então deve ser permitida a utilização da prova pela Receita Federal para fins de lançamento e cobrança de tributos, mesmo contra colaboradores e empresas lenientes. É de se cogitar se a utilização deve também ser permitida para lançamento de multas punitivas pela Receita Federal, já que aqui não se trata propriamente de mera cobrança de tributo ou dos juros de mora e da multa de mora. Ocorre que o colaborador e a empresa leniente têm condições de, por iniciativa própria, prevenir o lançamento das multas fiscais punitivas se buscar a Receita Federal antes do início do procedimento fiscal ou de minorálas se pagar ou parcelar o tributo logo após a notificação. E se o próprio MPF entende que não deve ser feita essa restrição do uso para multas fiscais punitivas, penso que não seria apropriado ao Juízo impôla de ofício. Então, relativamente às decisões de 02/04 e de 13/06/2018, eventos 12 e 21, acolho o requerido pela Receita Federal e pelo MPF para autorizar a utilização da prova compartilhada, sem restrições, para lançamento e cobrança de tributos, incluindo as multas pertinentes, mesmo contra colaboradores ou empresas lenientes. A decisão se estende à Procuradoria da Fazenda Nacional. (...)”39 (Grifouse) Por fim, não cabe falar em cessação da capacidade contributiva, pois os fatos geradores já haviam ocorrido. Por tudo isso, não há como se negar a regularidade da incidência dos tributos no caso concreto. (destaques do original) 39 Documento eletrônico assinado por SÉRGIO FERNANDO MORO, Juiz Federal, na forma do artigo 1º, inciso III, da Lei 11.419, de 19 de dezembro de 2006 e Resolução TRF 4a Região no 17, de 26 de março de 2010. A conferência da autenticidade do documento está disponível no endereço eletrônico http://www.trf4.jus.br/trf4/processos/verifica.php, mediante o preenchimento do código verificador 700005159617v9 e do código CRC ef4c48fc. Informações adicionais da assinatura: Signatário (a): SÉRGIO FERNANDO MORO Data e Hora: 3/7/2018, às 10:30:42 Fl. 5654DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 52 51 No mesmo sentido foi o entendimento firmado no Acórdão nº 2301005.941, que apreciou alegações semelhantes, em face da exigência de IRPF sobre infração de omissão de rendimentos recebidos de fontes pagadoras situadas no exterior por João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura: Também não merece prosperar o entendimento do recorrente de que a aplicação da Lei nº 4.506, art. 26 implica extensão dos efeitos do confisco criminal aos bens lícitos, declarados e já tributados. Com certeza a pena de perdimento pode ensejar a expropriação do patrimônio decorrente de crime, porém isto não impede a tributação pois, a relação que ocorrerá com o patrimônio do beneficiário em momento posterior ao da disponibilidade econômica da “propina”, é fato estranho à relação jurídico tributária. A própria legislação prevê que os rendimentos derivados de atividades ilícitas são sujeitos à tributação, independente das sanções que couberem (art. 26, da Lei nº 4.506/1964). O eventual perdimento dos lucros auferidos, portanto, não representa qualquer óbice à incidência tributária em face dos fatos geradores originalmente ocorridos. Os recorrentes também defendem o necessário arbitramento dos lucros na forma do art. 530, II do RIR/99, bem como apontam que, não sendo conhecida a receita bruta do contribuinte, seria aplicável o art. 535 do RIR/99. Entendem que a acusação de fraude em seus livros contábeis conduz, necessariamente, ao arbitramento dos lucros e aduzem que nada poderia ser feito em relação às bases de cálculo da Contribuição ao PIS e da COFINS, visto que não há previsão legal de arbitramento para estes tributos. Olvidamse os recorrentes, porém, que, nos termos do art. 530, II do RIR/99, não é qualquer fraude, vício, erro ou deficiência na escrituração que impõe o arbitramento dos lucros. A legislação exige que estas ocorrências tornem a escrituração imprestável para identificação da movimentação financeira ou para determinação do lucro real: Art 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do ano calendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º): [...] II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real; [...] No presente caso, a contribuinte deixou, intencionalmente, de registrar receitas de prestação de serviço, afirmadas em defesa como não tributáveis, vez que corresponderiam a repasses a fornecedores da agência de publicidade. Sem provar tais repasses, os recorrentes agora defendem o arbitramento dos lucros sob a justificativa de estaria Fl. 5655DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 53 52 executando seu contraditório numa situação precária, quanto à produção de provas em seu favor. Contudo, para além das incidências sobre o faturamento, que não são afetadas neste ponto da defesa, vez que se sustentam, apenas, na confirmação das receitas omitidas, à semelhança da apuração do lucro presumido em 2014, não se verifica, em 2015, qualquer deficiência que torne a escrituração imprestável para a apuração do lucro real, mormente considerando, como arguído pelos recorrentes, que a omissão representaria R$ 17.000.000,00, período no qual foram contabilizados R$ 2.910.000,00 em receitas, mas com apuração de prejuízos fiscais trimestrais, evidência de que custos e despesas significativos foram escriturados, diversamente das receitas auferidas. Oportuna, ainda, a transcrição do que decidido pela autoridade julgadora de 1ª instância: 29. O fato de a omissão ter sido perpetrada de "forma fraudulenta" não implica o IRPJ e a CSLL deveriam ter sido apurados por meio de lucro arbitrado. O inciso II do art. 530 do RIR, de 1999, diz com os casos de falta de escrituração, na forma das leis comerciais e fiscais, ou quando esta contiver evidentes indícios de fraudes ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para identificar a efetiva movimentação financeira ou determinar o lucro real, não se confundindo com a forma fraudulenta de agir que muita vez se adota quando se omite receita. 30. Não se verificou na escrituração da Pólis nenhuma das sobreditas irregularidades, de sorte que não havia por que arbitrarse o lucro. Convém ressaltar, observouse fielmente a determinação do art. 24 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, verbis: "Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão". Incabível, assim, o arbitramento dos lucros nos períodos autuados, o que torna imprópria, também, a pretensão de que o cálculo do lucro arbitrado se desse com base em "quatro décimos da soma dos valores do ativo circulante". Ademais, válidas se mostram as apurações da Contribuição ao PIS e da Cofins, vez que desnecessário método de arbitramento de receitas tributáveis, aferíveis mediante mera confrontação das receitas apuradas com a base de cálculo originalmente oferecida à tributação pela contribuinte. E, quanto à dedução de créditos, bem consignou a autoridade julgadora de 1ª instância que: Da mesma forma, não cumpria ao Fisco perscrutar a existência de “créditos” de PIS e de Cofins. A consideração de créditos dessas contribuições, própria do regime de apuração de forma não cumulativa, além de não prescindir de escrituração, que é incumbência do contribuinte, deve se efetivar dentro de um regime regular de apuração de resultado (débitos menos créditos). Os recorrentes se opõem, também, à imputação de multa qualificada aos créditos tributários lançados, argumentando que não poderiam ser responsabilizados pelo fato de a origem dos recursos advir de corrupção, até porque não há sentença no processo criminal nº 501972795.2016.404.7000 acerca da acusação de corrupção e lavagem de dinheiro. Requerem, assim, seja rechaçada a exigência de multa pelos tributos supostamente não recolhidos, visto que: (A) não está provado em sentença judicial os fatos alegados pela r. Fl. 5656DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 54 53 Fiscalização, e (B) o Recorrente tem dúvidas se a alegada corrupção é fundamento da multa que lhe foi imposta. Ocorre que a qualificação da penalidade não está motivada pelas acusações criminais imputadas aos agentes indicados pelo Ministério Público Federal, mas sim pelas circunstâncias tributárias assim especificamente consignadas no Termo de Verificação Fiscal: 88. A constatação das infrações ora descritas advém de receitas não contabilizadas recebidas em espécie mediante utilização de caixa dois minuciosamente descrito ao longo do Termo de Verificação Fiscal, ficando constatado que o fiscalizado cometeu sonegação fiscal e fraude fiscal conforme disposto nos art. 71 e 72 da Lei n° 4.502/64, e autorizadoras da qualificação da multa de lançamento de ofício para 150% em conformidade com o que dispõe o art. 44, § 1º da Lei n° 9.430/96: Neste contexto, é pertinente, mais uma vez, reproduzir as considerações expostas na decisão de 1ª instância: 31. Ao omitir receitas, de forma reiterada, mediante a utilização de "caixa dois", como dito no Termo de Verificação Fiscal (fls. 114), o contribuinte agiu em conformidade com o disposto nos art. 71 e 72 da Lei nº 4.502, de 1964, o que enseja a qualificação da multa, ex vi § 1 c/c inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. 32. Por as referidas condutas não se confundirem com "corrupção", não há atrelar a qualificação da multa à sentença que venha a ser proferida no bojo do Processo nº 501972795.2016.404.7000. Uma vez que não há dúvidas de que o contribuinte teve a intenção de fraudar e sonegar, não há por que aplicarse o art. 112 do CTN De fato, os elementos reunidos nestes autos deixam patente que todos os agentes tinham consciência das infrações cometidas e, especialmente no que se refere à contribuinte e a seus sócios, estavam cientes de que os pagamentos recebidos e subtraídos da escrituração contábil e fiscal correspondiam a receitas de prestação de serviço, que deveriam ter sido oferecidas à tributação e não o foram reiteradamente, o que afasta qualquer dúvida acerca da intenção dos sujeitos passivos e evidencia inaplicável o art. 112 do CTN. Quanto aos demais argumentos, em observância à Súmula CARF nº 2 não se conhece das arguições de desrespeito à capacidade contributiva em razão do caráter confiscatório da penalidade, assim como da alegação de absoluta incompetência da i. Autoridade Fiscal para fiscalizar sociedade estrangeira, em razão de sua impropriedade com o litígio constituído nestes autos. No mais, esclarecendose aos recorrentes que não há exigência de multa isolada por falta de recolhimento de estimativas nestes autos, dada a apuração do IRPJ e da CSLL segundo as sistemáticas do lucro presumido (2014) e do lucro real trimestral (2015), devem ser mantidos os juros de mora aplicados sobre a multa de ofício, em observância à Súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. (Vinculante, conforme Portaria ME nº 129 de 01/04/2019, DOU de 02/04/2019). Por fim, passando à responsabilidade tributária imputada aos recorrentes, cabe inicialmente observar que a autoridade lançadora assim consignou no Termo de Verificação Fiscal: Fl. 5657DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 55 54 92. E ainda, a Lei n° 5.172/66 – Código Tributário Nacional em seus arts. 124, I e 135, III: Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; ... Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 93. O Sr. João Cerqueira de Santana Filho, brasileiro, CPF: 059.802.24572, e a Sra. Mônica Regina Cunha Moura, CPF: 441.627.90515, constam como sócios e administradores/representantes da pessoa jurídica fiscalizada conforme Cláusula 3ª da Quinta Alteração Contratual com registro na Junta Comercial da Bahia sob o n° 96726731 em 04/01/2007. Concluímos que os sócios administradores/representantes da Pólis Propaganda & Marketing LTDA passam a responder pessoalmente pelo crédito tributário lançado no Auto de Infração do IRPJ e do Auto de Infração da CSLL com fundamentação nos arts 124, I e 135, III da Lei n° 5172/66 – CTN, evidentemente em relação as infrações apuradas sujeitas as multas de ofício qualificadas de 150%, cometidas com excesso de poderes e infração de lei. CLAUSULA TERCEIRA ADMINISTRAÇÃO A administração da sociedade será exercida simultaneamente ou de forma isolada por ambos sócios com poderes e atribuições de representar ativa e passivamente a sociedade, em juízo ou fora dele, podendo praticar todo e qualquer ato, sempre no interesse da sociedade, sendo autorizado o uso do nome empresarial vedado, no entanto, em atividades estranhas ao interesse social ou assumir obrigações seja em favor de qualquer dos cotistas ou de terceiros, bem como onerar ou alienar bens imóveis da sociedade, sem autorização do outro sócio. E, nos autos de infração, acrescentou, em termos semelhantes para os dois responsáveis tributários: No exercício das funções de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, em procedimento de fiscalização no contribuinte Pólis Propaganda & Marketing LTDA, verificou –se que o Sr. João Cerqueira de Santana Filho, brasileiro, CPF: 059.802.24572, consta como sócio, administrador e representante da pessoa jurídica conforme Cláusula Terceira da 4ª Alteração Contratual com registro na Junta Comercial da Bahia sob o n° 96726731em 04/01/2007. No decorrer da fiscalização ficou constatado que o sujeito passivo omitiu das autoridades fazendárias, além de não escriturar nos livros comerciais Diário e Razão dos anos 2014 e Escrituração Contábil Digital –2015, recursos recebidos em espécie mantidos a margem da contabilidade (caixa dois) referentes a prestação de serviços em campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, pagamentos estes recebidos da Odebrecht oriundos de desvios de recursos através de contratos firmados com a PETROBRÁS, objeto da Operação LavaJato com ação penal em Fl. 5658DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 56 55 desfavor dos sócios da Pólis Propaganda & Marketing LTDA n° 501972795 2016 404 7000 com tramitação na 13ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Curitiba/PR. As descrições dos fatos constam minuciosamente detalhadas no Termo de Verificação Fiscal n° 02, lavrado nesta mesma data. Incorreu em tese no disposto do art. 1º, I e II da Lei n° 8.137/90: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas: I omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; II fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza, em documento ou livro exigido pela lei fiscal; ... Tal conduta acarretou no lançamento de ofício dos valores apurados do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS sobre as receitas não contabilizadas nos períodos considerados. No Termo de Verificação Fiscal n° 02 lavrado nesta mesma data, resta constatada infrações sujeitas a multa de ofício qualificada – 150%, devido a verificação de sonegação fiscal e fraude fiscal (arts. 71 e 72 da Lei n° 4.502/64). Ante o exposto, restou caracterizada a sujeição passiva decorrente de responsabilidade de terceiros nos termos do art. 135, III da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional), além da solidariedade expressa no art. 124, I da retro citada Lei n° 5.172/66. A responsabilidade tributária apenas alcança as infrações apuradas e lançadas de ofício sujeitas a multa qualificada de 150%. Fica o sujeito passivo responsável supra mencionado CIENTIFICADO da exigência tributária de que trata o Auto de Infração do IRPJ, do Auto de Infração da CSLL, do Auto de Infração do PIS e do Auto Infração da COFINS contra o sujeito passivo supra referido, cujas cópias, juntamente com o presente Termo são entregues neste ato. Ao contrário do que alegam os recorrentes, há provas de que os valores pagos correspondem a receitas da pessoa jurídica, assim como não há prova de que tais valores representariam verdadeiros repasses a fornecedores. Além disso, os testemunhos reunidos pela autoridade fiscal são consistentes no sentido de que os recorrentes tinham conhecimento da motivação das operações e acordaram em realizálas da forma como efetivado. Poderiam, para evitar a infração no âmbito tributário, ter reconhecido contabilmente tais valores e, inclusive, reunido provas documentais dos alegados repasses a fornecedores. Porém, optaram por omitir os registros e prestar declaração falsa reiteradamente, sendo irrelevante, neste contexto, se existe ou não sentença penal condenatória transitada em julgado em relação aos demais crimes associados às operações em questão. De fato, ao deixar intencionalmente de escriturar receitas de prestação de serviços, de forma reiterada, os administradores da pessoa jurídica respondem pessoalmente pelos créditos tributários decorrentes de suas ações, que não evidenciam mera falta de recolhimento, mas sim sonegação e fraude, consistentes em infração de lei e motivadoras, inclusive, da qualificação da penalidade. Para além disso, como os recursos foram movimentos à margem da escrituração regular, caracterizase o interesse comum nas operações Fl. 5659DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 57 56 identificadas, de modo que os administradores da pessoa jurídica não se beneficiam da proteção que o vínculo societário lhes assegura. Logo, a imputação de responsabilidade tributária aos recorrentes deve ser mantida com fundamento nos arts. 124, I e 135, III do CTN. Equivocamse os recorrentes quando defendem que o dolo não se presume. A imperatividade do uso da presunção na esfera tributária é defendida com sólidos argumentos por Maria Rita Ferragut (in Evasão Fiscal: o parágrafo único do artigo 116 do CTN e os limites de sua aplicação, Revista Dialética de Direito Tributário nº 67, Dialética, São Paulo, 2001, p. 119/120): Por outro lado, insistimos que a preservação dos interesses públicos em causa não só requer, mas impõe, a utilização da presunção no caso de dissimulação, já que a arrecadação pública não pode ser prejudicada com a alegação de que a segurança jurídica, a legalidade, a tipicidade, dentre outros princípios, estariam sendo desrespeitados. Dentre as possíveis acepções do termo, definimos presunção como sendo norma jurídica lato sensu, de natureza probatória (prova indiciária), que a partir da comprovação do fato diretamente provado (fato indiciário), implica juridicamente o fato indiretamente provado (fato indiciado), descritor de evento de ocorrência fenomênica provável, e passível de refutação probatória. É a comprovação indireta que distingue a presunção dos demais meios de prova (exceção feita ao arbitramento, que também é meio de prova indireta), e não o conhecimento ou não do evento. Com isso, não se trata de considerar que a prova direta veicula um fato conhecido, ao passo que a presunção um fato meramente presumido. Só a manifestação do evento é atingida pelo direito e, portanto, o real não tem como ser alcançado de forma objetiva: independentemente da prova ser direta ou indireta, o fato que se quer provar será ao máximo jurídica certo e fenomenicamente provável. É a realidade impondo limites ao conhecimento. Com base nessas premissas, entendemos que as presunções nada “presumem” juridicamente, mas prescrevem o reconhecimento jurídico de um fato provado de forma indireta. Faticamente, tanto elas quanto as provas diretas (perícias, documentos, depoimentos pessoais etc.) apenas “presumem”. E, mais à frente, abordando diretamente a questão da prova da fraude, a mesma autora acrescenta: As presunções assumem vital importância quando se trata de produzir provas indiretas acerca de atos praticados mediante dolo, fraude, simulação, dissimulação e máfe em geral, tendo em vista que, nessas circunstâncias, o sujeito pratica o ilícito de forma a dificultar em demasia a produção de provas diretas. Os indícios, por essa razão, convertemse em elementos fundamentais para a identificação de fatos propositadamente ocultados para se evitar a incidência normativa. Como se vê, a exigência imposta à verificação do dolo ou da fraude, para atribuirlhe uma conseqüência é a prova, e esta pode se dar por meio de presunção. Assim, tendo a autoridade fiscal reunido indícios consistentes e convergentes no sentido da deliberada intenção dos sujeitos passivos em ocultarem as receitas de prestação de serviços recebidas em espécie, há prova do dolo e do ato ilícito não tributário que autorizam a responsabilização pessoal dos administradores da sociedade, sendo impróprio cogitar, em tais circunstâncias, da responsabilização prevista no art. 137, I do CTN. Fl. 5660DF CARF MF Processo nº 10580.723816/201731 Acórdão n.º 1402003.893 S1C4T2 Fl. 58 57 Por todo o exposto, o presente voto é no sentido de · NEGAR CONHECIMENTO ao recurso voluntário de Polis Propaganda e Marketing Ltda; · INDEFERIR o pedido de reunião deste processo administrativo aos de nº 16561.720199/201646 e 16561.720052/201737; · REJEITAR da arguição de nulidade do lançamento; e · NEGAR PROVIMENTO aos recursos voluntários de João Cerqueira de Santana Filho e Mônica Regina Cunha Moura, para manter os tributos que remanesceram exigíveis na decisão de 1ª instância, com o acréscimo de multa qualificada e de juros de mora sobre a multa de ofício, além da responsabilidade tributária dos recorrentes com fundamento nos arts. 124, I e 135, III do CTN. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa – Relatora Fl. 5661DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.002739/2004-02
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001
PROCESSO JUDICIAL. LANÇAMENTO. IDENTIDADE DE OBJETO. CONCOMITÂNCIA. SÚMULA CARF Nº 01.
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial.
Numero da decisão: 9202-007.750
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, em razão de concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial.
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, em razão de concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo.
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LANÇAMENTO. IDENTIDADE DE OBJETO. CONCOMITÂNCIA. SÚMULA CARF Nº 01. Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para declarar a definitividade do lançamento, em razão de concomitância da discussão nas esferas administrativa e judicial. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Patrícia da Silva, Pedro Paulo Pereira Barbosa, Ana Paula Fernandes, AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 27 39 /2 00 4- 02 Fl. 236DF CARF MF 2 Mário Pereira de Pinho Filho, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra decisão proferida pelo Colegiado a quo que entendeu pela não incidência de Imposto de Renda sobre as verbas recebidas pelo Contribuinte a título de "Auxílio Combustível". Referida verba foi paga ao servidor do estado de São Catarina com base na Lei Complementar Estadual nº 100/93 e Decreto Estadual nº 4.131/93. O Acórdão recorrido recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001 AUXÍLIO COMBUSTÍVEL. INDENIZAÇÃO. A verba paga sob a rubrica “auxílio combustível” tem por objetivo indenizar gastos com uso de veículo próprio para realização de serviços externos de fiscalização. Neste contexto, é verba de natureza indenizatória, que não se incorpora à remuneração do fiscal para qualquer efeito e, portanto, está fora do campo de incidência do IRPF. IRPF. DESPESAS MÉDICOODONTOLÓGICAS. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Em conformidade com a legislação regente, todas as deduções estarão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade lançadora, sendo devida a glosa quando há elementos concretos e suficientes para afastar a presunção de veracidade dos recibos, sem que o contribuinte prove a realização das despesas deduzidas da base do cálculo do imposto. Recurso Voluntário Provido em Parte Intimado o Contribuinte apresentou contrarrazões pugnando pela manutenção do julgado quanto a este tema. Tempestivamente, apresentou seu próprio Recurso Especial contra parte da decisão que manteve o lançamento relativo ao estorno das despesas médicas, recurso não conhecido nos termos do respectivo despacho de admissibilidade. Às efls. 166/233 são juntadas informações acerca da interposição de Ação Anulatória de Débito fiscal, com decisão favorável ao contribuinte já transitada em julgado. É o relatório. Voto Fl. 237DF CARF MF Processo nº 11516.002739/200402 Acórdão n.º 9202007.750 CSRFT2 Fl. 3 3 Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri O Recurso ora discutido preenche os requisitos legais, razão pela qual dele conheço. Em que pese o objetivo do recurso seja a discussão acerca da incidência do Imposto de Renda sobre as verbas recebidas pelo Contribuinte a título de auxílio combustível, conforme descrito no relatório, temos informações acerca de decisão judicial transitada em julgado nos autos da Ação Anulatória de Débito Fiscal de nº 500888283.2016.404.7200. Segundo expediente da Equipe de Ações Judiciais SECAT DRF/Florianópolis, a sentença proferida pelo Juizado Especial Federal transitou em julgado em 12/05/2017. Pela relevância, transcrevese parte da manifestação de efls. 223: O processo 11516.002739/200402 encontrase no CARF para análise do Recurso Especial do Procurador. Informo que o contribuinte ingressou com ação judicial, sob nº 500888283.2016.404.7200, obtendo êxito no rendimento "Auxílio Combustível", conforme determinado em julgamento abaixo. A glosa das despesas médicas, no Auto de Infração, foi mantida pela DRJ, e débito foi apartado para o PAF n.º 11516.721069/201652 (controle transferido para o parcelamento nesta delegacia). A ação transitou em julgado, em 12/05/2017, neste sentido. Sentença: "JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, resolvendo o mérito com base no artigo 487, I, do CPC/2015 e nos termos da fundamentação supra, para anular, tão somente, o lançamento fiscal relativo ao auxíliocombustível e determinar à ré que proceda à compensação/restituição do indébito tributário, nos termos da fundamentação. Atualização pela SELIC, até a data da efetiva compensação/restituição." (grifei) Neste cenário, considerando a identidade de objetos, aplicase ao caso o Enunciado da Súmula CARF nº 01, a qual prevê que a propositura, pelo contribuinte, de ação judicial com o propósito de discutir os termos da relação tributária importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto: Súmula CARF nº 01 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Fl. 238DF CARF MF 4 O Professor Marcos Vinícius Neder e a Conselheira Maria Teresa Martinez López, na obra Processo Administrativo Fiscal Federal Comentado (Editora Dialética. São Paulo 2010, p. 299) explicam que a súmula reflete o fundamento de que o ordenamento jurídico brasileiro adota o princípio da jurisdição una, estabelecido no artigo 5º, inciso XXXV, da Carta Política de 1988. A todo rigor, inexiste dispositivo legal que permita a discussão paralela da mesma matéria em instâncias diversas, sejam elas administrativas ou judiciais ou uma de cada natureza. Diante do exposto, caracterizada a concomitância, dou provimento ao recurso para declarar a definitividade do crédito nos termos em que foi lançado, valendo destacar que a unidade responsável pelo crédito deverá observar o conteúdo da sentença judicial favorável ao contribuinte. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 239DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10510.003995/2007-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 22 00:00:00 UTC 2013
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF
Exercício: 2003
RETENÇÃO NA FONTE. FALTA DE COMPROVAÇÃO.
Não comprovada a retenção do imposto sobre a renda na fonte, não é possível reconhecer o direito à sua compensação com o tributo devido na declaração de ajuste anual do beneficiário do rendimento.
OMISSÃO DE RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA.
Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto sobre a renda na declaração de ajuste anual, legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário.
Aplicação da Súmula CARF n.° 12.
Numero da decisão: 2101-002.019
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
Nome do relator: CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003 RETENÇÃO NA FONTE. FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada a retenção do imposto sobre a renda na fonte, não é possível reconhecer o direito à sua compensação com o tributo devido na declaração de ajuste anual do beneficiário do rendimento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto sobre a renda na declaração de ajuste anual, legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário. Aplicação da Súmula CARF n.° 12.
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FALTA DE COMPROVAÇÃO. Não comprovada a retenção do imposto sobre a renda na fonte, não é possível reconhecer o direito à sua compensação com o tributo devido na declaração de ajuste anual do beneficiário do rendimento. OMISSÃO DE RENDIMENTOS TRIBUTÁVEIS RECEBIDOS DE PESSOA JURÍDICA. Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto sobre a renda na declaração de ajuste anual, legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário. Aplicação da Súmula CARF n.° 12. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) ________________________________________________ LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS Presidente. (assinado digitalmente) ________________________________________________ CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY Relatora. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 51 0. 00 39 95 /2 00 7- 49 Fl. 101DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente), José Raimundo Tosta Santos, Alexandre Naoki Nishioka, Eivanice Canário da Silva e Celia Maria de Souza Murphy (Relatora). Relatório Trata o presente processo de Auto de Infração contra o contribuinte em epígrafe (fls. 10 a 14), no qual foi apurada omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica. Em 17 de setembro de 2007, o contribuinte apresentou impugnação (fls. 1 a 6), na qual admite ter havido equívoco no preenchimento da Declaração de Ajuste Anual no tocante aos rendimentos tributáveis, concordando inclusive com o ajuste efetuado pela Autoridade Fiscal em relação aos rendimentos. Entende, contudo, que o imposto sobre a renda na fonte, calculado com base na Tabela Progressiva, nos termos do §2° do artigo 46 da Lei n.º 8.541, de 1992, deve ser alterado de R$ 55.214,38 para R$ 85.598,82. Conclui, com esses argumentos, que faz jus à restituição de R$ 627,94 mais acréscimos legais. A 3.ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) em Salvador (BA), mediante o Acórdão n.º 1521.746, de 25 de novembro de 2009, julgou a impugnação improcedente, em decisão assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2002 IMPOSTO NA FONTE. AÇÃO JUDICIAL. NÃO RETENÇÃO. Não pode ser compensado na declaração o imposto na fonte que deixou de ser retido. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformado, o contribuinte interpôs Recurso Voluntário em 27.1.2010, no qual repisa os argumentos trazidos na impugnação. Pede seja julgado improcedente o Auto de Infração, reformandose a decisão recorrida. É o Relatório. Voto Conselheira Celia Maria de Souza Murphy Fl. 102DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10510.003995/200749 Acórdão n.º 2101002.019 S2C1T1 Fl. 96 3 O Recurso Voluntário, tempestivo, atende aos demais requisitos legais. Dele conheço. 1. Da compensação de imposto sobre a renda retido na fonte Já sob ação fiscal (vide fls. 40), o recorrente apresentou, em 12.4.2007, declaração de ajuste anual retificadora (fls. 22 a 26), na qual declara rendimentos recebidos do Banco do Brasil S/A da ordem de R$ 358.705,71 e retenção na fonte de R$ 93.567,17. Admite terse equivocado no preenchimento da Declaração de Ajuste Anual quanto aos rendimentos tributáveis e concorda com o ajuste efetuado pela Autoridade Fiscal em relação aos rendimentos (o montante dos rendimentos tributáveis recebidos do Banco do Brasil S/A apurados pela Fiscalização totalizam R$ 329.728,81, vide fls. 11). Por outro lado, alega que o imposto sobre a renda na fonte deve ser calculado com base na Tabela Progressiva, nos termos do § 2° do artigo 46 da Lei n.º 8.541, de 1992. Nesse sentido, tendo em vista que o valor tributável da ação trabalhista totalizou R$ 329.728,81, o imposto na fonte deve ser alterado de R$ 55.214,38 para R$ 85.598,82. Sendo assim, considerando que o imposto devido na Declaração de Ajuste Anual foi alterado para R$ 84.970,88, conclui que faz jus à restituição de R$ 627,94 mais acréscimos legais. Ocorre que, para que se admita a compensação, na Declaração de Ajuste Anual, do imposto retido na fonte, exigese a comprovação da efetiva retenção pela fonte pagadora dos rendimentos, tal como previsto no artigo 55 da Lei n.º 7.450 de 23 de 1985, que veda expressamente a compensação de imposto sobre a renda retido na fonte que não esteja devidamente respaldado em documentação hábil e idônea. Vejamos: Art 55 O imposto de renda retido na fonte sobre quaisquer rendimentos somente poderá ser compensado na declaração de pessoa física ou jurídica, se o contribuinte possuir comprovante de retenção emitido em seu nome pela fonte pagadora dos rendimentos. No entanto, examinando os autos deste processo, não encontramos qualquer indício de prova da retenção de imposto sobre a renda na fonte em valor equivalente ao que o recorrente sustenta ter direito de compensar, qual seja, R$ 85.598,82. Intimado, o Banco do Brasil S/A informou que, no anocalendário 2002, o recorrente não recebeu rendimento para o qual tivesse havido retenção de imposto sobre a renda na fonte (vide fls. 78). Por outro lado, ficou comprovado nos autos o recolhimento de imposto de renda na fonte (código de receita 0561) no valor de R$ 55.214,38, com referência ao processo judicial trabalhista n.º 01040265/97, e com o CPF do recorrente (DARF às fls. 49). Esse montante foi devidamente compensado pela Fiscalização no cálculo do imposto suplementar, conforme se observa às fls. 12. Sendo assim, nada mais há que se compensar a título de imposto retido na fonte, além do que já foi compensado pela autoridade lançadora. Fl. 103DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS 4 2. Do dever de declarar os rendimentos auferidos no anocalendário e de recolher o imposto sobre a renda Com fundamento no caput do artigo 46 da Lei n.º 8.541, de 1992 e em julgados cujas ementas transcreve, o recorrente sustenta que a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do imposto de renda, em se tratando de rendimentos pagos em cumprimento de decisão judicial, é da pessoa jurídica obrigada ao seu pagamento, cabendo à Fazenda Pública cobrar do Banco do Brasil S/A o imposto que eventualmente não tenha sido retido. Sobre o tema, impende salientar que a omissão da fonte pagadora dos rendimentos tributáveis na retenção do imposto sobre a renda não exclui a responsabilidade do beneficiário. É de se esclarecer que, no momento do pagamento do rendimento, é a fonte pagadora responsável pela retenção do imposto. Todavia, é dever do beneficiário do rendimento declarálo na sua declaração de ajuste do anocalendário e recolher o tributo correspondente. A Lei n.º 9.784, de 1999, reguladora do processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, que prevê direitos aos administrados, também lhe exige deveres, tais como expor os fatos conforme a verdade e prestar as informações que lhe forem solicitadas, colaborando para o esclarecimento dos fatos. Entre outras situações, esses deveres se impõem no preenchimento das declarações apresentadas à Secretaria da Receita Federal do Brasil, a exemplo da Declaração de Ajuste Anual de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (DIRPF). O contribuinte pessoa física, sempre que enquadrado nos requisitos da legislação de regência, deve preencher, anualmente, sua Declaração de Ajuste Anual do Imposto sobre a Renda e, nela, deve informar todos os rendimentos auferidos durante o ano calendário, sejam eles tributáveis na declaração, tributados exclusivamente na fonte, isentos ou não tributáveis. É na declaração de ajuste anual que é apurada a base de cálculo do imposto sobre a renda de pessoa física, e somente os rendimentos isentos ou não tributáveis, ou com tributação definitiva ou exclusiva na fonte estão excluídos da base de cálculo anual. Vejamos o que dispõe o artigo 10 da Lei n.º 8.134, de 1990: Art. 10. A base de cálculo do imposto, na declaração anual, será a diferença entre as somas dos seguintes valores: I de todos os rendimentos percebidos pelo contribuinte durante o anobase, exceto os isentos, os não tributáveis e os tributados exclusivamente na fonte; e II das deduções de que trata o art. 8°. Nesse sentido, não pode o contribuinte pessoa física, na declaração de ajuste anual, esquivarse de apurar e recolher o imposto sobre a renda correspondente, sob a alegação de que a responsabilidade pela retenção e pelo recolhimento do tributo é da fonte pagadora do rendimento. A propósito, este Conselho já se pronunciou sobre o assunto, por meio da Súmula CARF n.° 12, externando o entendimento que, mesmo nos casos em que a fonte pagadora não tenha retido o imposto na fonte, constatada a omissão de rendimentos tributáveis na declaração, cabível o lançamento do imposto sobre a renda de pessoa física em nome do beneficiário. Confira: Súmula CARF nº 12: Constatada a omissão de rendimentos sujeitos à incidência do imposto de renda na declaração de Fl. 104DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS Processo nº 10510.003995/200749 Acórdão n.º 2101002.019 S2C1T1 Fl. 97 5 ajuste anual, é legítima a constituição do crédito tributário na pessoa física do beneficiário, ainda que a fonte pagadora não tenha procedido à respectiva retenção. Conclusão Ante todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) _________________________________ Celia Maria de Souza Murphy Relatora Fl. 105DF CARF MF Impresso em 07/02/2013 por VILMA PINHEIRO TORRES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 29/01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 29/ 01/2013 por CELIA MARIA DE SOUZA MURPHY, Assinado digitalmente em 01/02/2013 por LUIZ EDUARDO DE OLI VEIRA SANTOS
score : 1.0
Numero do processo: 10580.903457/2013-71
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 30/06/2000
PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS.
A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais.
JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE.
Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como receita financeira, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente.
Numero da decisão: 3401-005.893
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco indicou a intenção de apresentar Declaração de Voto, o que foi feito no processo paradigma.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 30/06/2000 PIS E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. A declaração de inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei Federal 9.718/1998 não alcança as receitas operacionais das instituições financeiras, de forma que devem compor a base de cálculo das contribuições ao PIS e Cofins, em razão de provirem do exercício de suas atividades empresariais. JUROS SOBRE CAPITAL PRÓPRIO. EXCLUSÃO. POSSIBILIDADE. Durante a vigência da redação original da Lei Federal 9.718/1998, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco acompanhou o relator pelas conclusões. O Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco indicou a intenção de apresentar Declaração de Voto, o que foi feito no processo paradigma. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 90 34 57 /2 01 3- 71 Fl. 156DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os conselheiros Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Lazaro Antônio Souza Soares, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões, Carlos Henrique de Seixas Pantarolli, Rodolfo Tsuboi, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão da DRJ/POR, que considerou insubsistente a Manifestação de Inconformidade contra despacho decisório que indeferiu pedido de restituição de COFINS. Do Pedido de Compensação e do Despacho Decisório O contribuinte pleiteou compensação, referente a pagamento efetuado indevidamente ou a maior, transmitido através de PER. Em despacho decisório, o pedido foi indeferido sob a alegação que o “recolhimento apontado como origem do crédito encontrase integralmente alocado ao débito informado pelo contribuinte, não restando qualquer saldo de pagamento a ser restituído. ” Da Manifestação de Inconformidade O Recorrente apresentou manifestação de inconformidade, argumentando o seguinte: 1. O Supremo Tribunal Federal declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo do PIS e da Cofins, contida no §1º do artigo 3º da Lei nº 9.718, de 1998 e que o presente pedido de restituição se mostra subsistente, pois os recolhimentos da contribuição em tela foram realizados nos estritos lindes do artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, cujo descompasso com o sistema normativo acabou por provocar o recolhimento a maior nesse tocante e, por conseguinte, não há como prosperar o indeferimento do presente pedido de restituição. 2. O STF declarou a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei 9.718/98 porque reconheceu que as contribuições sociais ao PIS e à Cofins só poderiam incidir sobre o faturamento das empresas, assim entendida “a receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza”, não podendo incluir na base de cálculo receitas não operacionais. 3. O conceito de faturamento não varia em função do objeto social de cada contribuinte, pois a base de cálculo ficaria sujeita a um grau de incerteza absolutamente incompatível com uma obrigação tributária. Assim sendo, não há qualquer relação de identidade entre o conceito de faturamento com a atividade principal dos contribuintes. Fl. 157DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 4 3 4. Mesmo que se entenda que as receitas financeiras auferidas por instituições financeiras têm natureza de receita de prestação de serviços, integrando o conceito de faturamento, o que se admite apenas para argumentar, não podem integrar referida base de cálculo as receitas financeiras decorrentes da aplicação de seus recursos próprios e ou de terceiros em hipóteses que não envolvam intermediação financeira. 5. A base de cálculo, deveria ficar restrita somente às receitas auferidas no exercício de seu objeto social, com a prestação de serviços bancários, tais como administração de fundos de investimentos, assessoria em operações de fusão e aquisição, intermediação financeira e concessão de crédito, dentre outras atividades. 6. As receitas financeiras obtidas com a aplicação de seu próprio capital de giro e capital de terceiros, bem como em razão da remuneração dos depósitos compulsórios realizados junto ao Banco Central e aplicações próprias, realizadas no seu único e exclusivo interesse, sem intermediação, não configuram prestação de serviços, uma vez que ninguém presta serviço para si próprio. Junto com a impugnação, o recorrente apresentou planilhas de cálculo, e balancete analítico do mês de referência. Da Decisão de Primeiro Grau O colegiado a quo julgou improcedente a manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão 14061.567. Do Recurso Voluntário Irresignado, o contribuinte apresentou Recurso, reprisando as razões apresentadas na Manifestação de Inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401005.809, de 25 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10580.902382/201491, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3401005.809): "Da Admissibilidade Fl. 158DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 5 4 O Recurso é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade; de modo que tomo seu conhecimento. Do Mérito O núcleo do litígio reside na forma de aplicação da declaração de inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei Federal 9718/1998 pelo STF – quando do julgamento do RE nº 585.235, sob a forma do art. 543B, do CPC, sobre o alargamento da base de cálculo das contribuições PIS e COFINS, no que tange às instituições financeiras. Naquela oportunidade, restou pacificado que, para fins de incidência cumulativa das contribuições sociais, o faturamento é o resultado das atividades típicas, ou seja, que decorram do objeto social do contribuinte. Como não poderia ser diferente, esse vem sendo o entendimento adotado nessa Seção, e na Câmara Superior de Recursos Fiscais: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/02/1999 a 31/12/2000 COFINS. FATURAMENTO. LEI 9.784/98 [SIC]. BASE DE CÁLCULO. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. Consoante entendimento firmado pelo STF, as receitas operacionais obtidas pelas instituições financeiras, decorrentes de sua atividade fim, integram o conceito de receita bruta utilizado pelo art. 3º da Lei nº 9.718/98. RECUPERAÇÃO DE ENCARGOS E DESPESAS E REVERSÃO DE PROVISÕES OPERACIONAIS. Lançamentos que não representes ingressos de receita oriundos das atividades típicas das instituições financeiras não podem ser alcançados pela incidência da COFINS. (Acórdão nº 3201004.445, Relatora Tatiana Josefovicz Belisário, sessão de 27.11.2018) ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Data do fato gerador: 31/01/2004 PIS/PASEP. BASE DE CÁLCULO. LEI 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO STF. REPERCUSSÃO GERAL. Fl. 159DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 6 5 As decisões proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, reconhecidas como de Repercussão Geral, sistemática prevista no artigo 543B do Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas no julgamento do recurso apresentado pelo contribuinte. Artigo 62A do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais. Declarado inconstitucional o § 1º do caput do artigo 3º da Lei 9.718/98, integra a base de cálculo da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS e da Contribuição para o PIS/Pasep o faturamento mensal, representado pela receita bruta advinda das atividades operacionais típicas da pessoa jurídica. (Acórdão nº 9303002.934, Redator designado: Ricardo Paulo Rosa, sessão de 03.06.2014). Acertadamente, a decisão ora recorrida destacou que as atividades operacionais das instituições financeiras se encontram elencadas no Plano de Conta COSIF, nos termos emanados pelo Banco Central do Brasil: O Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro Nacional, instituído pela Circular do Banco Central do Brasil nº 1.273, de 29 de dezembro de 1987, traz em seu Capítulo 1 Normas Básicas, Seção 17 Receitas e Despesas, item 3, que as rendas obtidas tanto com as operações ativas como com a prestação de serviços, ambas referentes a atividades típicas, regulares e habituais da instituição financeira, são classificadas como operacionais. Confirase: 3 As rendas operacionais representam remunerações obtidas pela instituição em suas operações ativas e de prestação de serviços, ou seja, aquelas que se referem a atividades típicas, regulares e habituais. (grifos nossos) No Cosif, as contas de receitas operacionais são divididas em: 7.1 RECEITAS OPERACIONAIS 7.1.1.00.001 Rendas de Operações de Crédito 7.1.2.00.004 Rendas de Arrendamento Mercantil 7.1.3.00.007 Rendas de Câmbio 7.1.4.00.000 Rendas de Aplicações Interfinanceiras de Liquidez 7.1.5.00.003 Rendas com Títulos e Valores Mobiliários e Instrumentos Financeiros Derivativos Fl. 160DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 7 6 7.1.7.00.009 Rendas de Prestação de Serviços 7.1.8.00.002 Rendas de Participações 7.1.9.00.005 Outras Receitas Operacionais (...) Portanto, em uma instituição financeira as receitas financeiras decorrem de serviços prestados aos clientes (financiamentos, empréstimos, operações de câmbio na importação ou exportação, colocação e negociação de títulos e valores mobiliários, aplicações e investimentos, capitalização, seguros, arrendamento mercantil, administração de planos de previdência privada e tantas outras mais) não constituindo mero ganho financeiro como acontece em outras empresas. São, portanto, receitas operacionais, que compõem a base de cálculo do PIS e da Cofins. (...) Especificamente quanto a instituições financeiras e contribuintes a ela equiparadas por força do artigo 22, § 1° da Lei 8.212/91, devese entender por faturamento os ganhos obtidos com operações financeiras realizadas por tais entidades, quanto à captação, movimentação e aplicação de ativos que proporcionem alguma forma de ganho pecuniário, posto não ser outro o objeto social de tais sociedades. Observando o caso concreto, tratase de instituição financeira que tem por objeto social “efetuar operações bancárias em geral, inclusive câmbio”. Esse, portanto, é o limite das atividades típicas que devem ser objeto de escrutínio para sua inclusão na base de cálculo das contribuições sociais. No presente processo, a Recorrente pleiteia crédito de COFINS no montante calculado sobre a diferença entre a totalidade de receitas operacionais e a receita de prestação de serviços bancários (conta 7.1.7.00.00.9), entendendo, a despeito do entendimento acima esposado, que somente as atividades de prestação de serviços bancários poderiam vir a ser objeto de incidência das contribuições sociais, ignorando que a atividade bancária per si não se restringe, por óbvio, aos serviços prestados aos clientes. Adicionese aos argumentos anteriores que a própria Lei Federal 9.718/1998 partiu da premissa que as receitas financeiras geradas nas atividades das instituições bancárias eram tributadas, quando previu, em seus parágrafos 5º e 6º, hipóteses específicas de dedução: Fl. 161DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 8 7 I no caso de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil e cooperativas de crédito: a) despesas incorridas nas operações de intermediação financeira; b) despesas de obrigações por empréstimos, para repasse, de recursos de instituições de direito privado; c) deságio na colocação de títulos; d) perdas com títulos de renda fixa e variável, exceto com ações; e) perdas com ativos financeiros e mercadorias, em operações de hedge; II no caso de empresas de seguros privados, o valor referente às indenizações correspondentes aos sinistros ocorridos, efetivamente pago, deduzido das importâncias recebidas a título de cosseguro e resseguro, salvados e outros ressarcimentos. III no caso de entidades de previdência privada, abertas e fechadas, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de benefícios de aposentadoria, pensão, pecúlio e de resgates; IV no caso de empresas de capitalização, os rendimentos auferidos nas aplicações financeiras destinadas ao pagamento de resgate de títulos. Assim, todas as receitas decorrentes da atividade bancária, seja pela prestação de serviços, seja pela fruição de resultados financeiros dos ativos próprios e de terceiros, devem ser tributadas pelas contribuições sociais, observadas das deduções acima. Por outro lado, a remuneração sobre juros sobre o capital próprio, a despeito de ser tratada como “receita financeira”, não pode ser considerada uma receita típica de instituições financeiras, vez que se trata de efetiva receita decorrente de participações societárias perante outras pessoas jurídicas, não se coadunando com o objeto social da Recorrente, nos termos do RE 1.104.184/RS, do STJ, julgado sob efeitos do artigo 543C do antigo CPC. Sob a mesma ótica, não é possível admitir na base de cálculo das contribuições as receitas decorrentes da locação de imóveis, eis que essa atividade não se encontra contemplada no seu contrato social. Fl. 162DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 9 8 Tratase, portanto, de resultados que não decorre da atividade bancária, de forma que a parcela do lançamento referente a essa rubrica deve ser cancelada. Por todo o exposto, conheço do Recurso, e doulhe parcial provimento para afastar a glosa sobre as receitas decorrentes da remuneração de juros sobre o capital próprio e locação de imóveis próprios." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. . Da mesma forma, a Declaração de Voto do Conselheiro Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, apresentada no processo paradigma, é extensível ao presente processo. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer do recurso voluntário, e darlhe parcial provimento para reconhecer os créditos em relação a juros sobre o capital próprio, em função do REsp 1.104.184/RS, e receitas de locação de imóveis. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 163DF CARF MF Processo nº 10580.903457/201371 Acórdão n.º 3401005.893 S3C4T1 Fl. 10 9 Fl. 164DF CARF MF
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Numero do processo: 10880.724058/2017-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 24 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Jun 04 00:00:00 UTC 2019
Numero da decisão: 3402-001.971
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
Nome do relator: RODRIGO MINEIRO FERNANDES
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra - Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes - Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente).
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Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Rodrigo Mineiro Fernandes Relator. Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Cynthia Elena de Campos, Thais de Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Waldir Navarro Bezerra (Presidente). Relatório Por bem retratar o caso em questão adoto o relatório desenvolvido pela DRJ Florianópolis até aquela fase: O presente processo referese aos autos de infração de fls. 03 a 243, lavrados para exigência de Imposto de Importação, CofinsImportação, Pis/Pasep Importação e multa por classificação incorreta, totalizando um crédito tributário exigido no valor de R$ 151.925.240,83, assim discriminado: [...] A autuação decorre da constatação pela Autoridade Aduaneira, em sede de Revisão Aduaneira, que a autuada vinha utilizando classificação fiscal, do RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 80 .7 24 05 8/ 20 17 -9 4 Fl. 1660DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.661 2 produto por ela importado, equivocada e, por conta deste fato, o benefício fiscal do drawback vinculado a tais importações era indevido, lançandose então os tributos, acompanhados de juros de mora e multa, além da multa pelo erro na classificação fiscal. A autuada realizou, entre os dias 05/04/2012 a 18/04/2016, um total de 114 operações de importação do produto denominado “Hidróxido de Níquel”, sendo que destas, 110 foram acobertadas por regime suspensivo de Drawback e as demais com recolhimento integral dos tributos. Estas 110 declarações de importação, em que se aplicou a suspensão dos tributos, estavam acobertadas pelos Atos Concessórios de Drawback de número: 20110053540, 20120002884, 20130055441 e 20150027087, conforme tabela de fls, 187 a 191. Todas as 114 declarações de importação apresentaram descrição semelhante, o que possibilitou à fiscalização a extensão dos resultados dos laudos realizados em 2 DI que incidiram em canal vermelho (que não fazem parte desta autuação) e cujas amostras da mercadoria foram submetidas a análise. (DI 11/12249097 e 12/02496450). Para a DI 11/12249097 houve a apresentação do laudo 2370/20111 (fls. 1221) em 05/10/2011 e para a DI 12/02496450 o laudo 608/20121 (fls. 1234) foi apresentado em 20/04/2012. Ambos os laudos concluíram que a mercadoria analisada “tratase de produto constituído de compostos inorgânicos contendo Cobalto, Manganês, Níquel, Sulfato e Sílica, na forma de pó granulado verde escuro” e, na resposta ao quesito 1, informam que “Não se trata de Outro Óxido e Hidróxido de Níquel, de constituição química definida”. Em 25/05/2016 a ALF/Santos, através da Notificação GRALT nº 12/2016 (fls. 1225) solicitou à L. A. Falcão Bauer C.T.C.Q Ltda., responsável pela emissão dos laudos mencionados acima, que providenciasse aditamento/complemento ao laudo técnico nº 2370/20111, buscando esclarecer, entre outras coisas, se a técnica utilizada para identificação da amostra submetida à análise poderia ter influenciado no resultado da análise original. A conclusão apresentada (fls. 1223 e 1224) é que a técnica utilizada para determinar a composição química da amostra não interferiu nos resultados, já que sua composição foi apurada na amostra tal e qual, ou seja, antes de ser submetida ao aquecimento (800ºC/2h). Com base no resultado apresentado nos laudos mencionados, e tomando emprestados os laudos emitidos, a fiscalização concluiu que a classificação fiscal adotada pela empresa (NCM 2825.40.90), quando da realização das 114 operações, não seria a adequada e que as mercadorias deveriam ter sido classificadas na NCM 7501.20.00, gerando, conseqüentemente, a aplicação da multa pela incorreção na classificação fiscal. A classificação utilizada pela empresa em suas declarações de importação encontrase inserida na seguinte estrutura: Fl. 1661DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.662 3 Já a classificação proposta pela fiscalização aduaneira apresenta a seguinte estrutura: Como decorrência da reclassificação, o regime tributário suspensivo de drawback, concedido especificamente para a importação enquadrada na NCM 2825.40.90, não mais se aplicaria às importações realizadas pela empresa, o que fez com que fossem lavrados os autos de infração com a cobrança dos tributos suspensos quando do registro das declarações de importação, acrescidos de multa (75%) e juros. Uma vez que a empresa que efetuou as importações, Votorantim Metais S/A foi incorporada pela Companhia Brasileira de Alumínio, as autuações se deram em nome da incorporadora. Devidamente cientificada dos Autos de Infração, a interessada apresentou sua impugnação às fls. 1245 a 1528, alegando, em síntese: a) que os autos de infração seriam nulos em razão de terem incluído as DIs em que houve o recolhimento integral dos tributos, alterando, desta forma, a base de cálculo dos valores lançados; b) que não estariam presentes quaisquer das hipóteses previstas no art. 149 do CTN para revisão do lançamento, já que teria informado que as importações se beneficiavam do regime suspensivo decorrente de drawback; c) que os laudos em que se baseou a fiscalização não dizem respeito às DI objeto da fiscalização, e que, por conta disso, a autuação se baseou em mera suposição; d) que não teriam sido observados os trâmites previstos na IN 1063/2010 para a coleta das amostras; Fl. 1662DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.663 4 e) que laudo solicitado pela impugnante junto à Escola Politécnica de Universidade de São Paulo (Poli) concluiu que a mercadoria importada por ela deveria ser classificada na posição 2825.40.90; f) que a técnica utilizada pela Falcão Bauer teria alterado as características do produto, segundo apontado no laudo da Poli; g) que o produto importado é um hidróxido, e não um óxido, como classificado pela fiscalização; h) que o produto importado por ela é composto majoritariamente de níquel e que a presença de outros elementos não inviabiliza a classificação na posição 2825.40.90; i) que os objetivos do regime de drawback foram plenamente cumpridos e que eventual erro na classificação não resulta em descumprimento do regime; j) que, como não houve erro de classificação das mercadorias, os autos de infração emitidos devem ser cancelados; Ao final postula pelo cancelamento dos autos de infração lavrados, já que não houve erro de classificação das mercadorias e pela produção de provas periciais, tendo, inclusive, formulado quesitos a serem respondidos, e de outros elementos complementares. Antes do julgamento da impugnação, em razão de dúvidas deste julgador quanto à conclusão dos laudos técnicos apresentados pela fiscalização aduaneira às fls. 1.221 e 1.234, foi solicitada diligência à unidade preparadora para que fossem realizadas novas análises laboratoriais e que fossem respondidos aos quesitos apresentados às fls. 1.571. À impugnante foi facultado apresentar outros quesitos que fossem de seu interesse, tendo exercido esse direito, conforme quesitos apresentado às fls. 1.577 e 1.578, além de solicitar a retificação de dois quesitos apresentados pela fiscalização aduaneira. Os novos laudos foram apresentados às fls. 1.588 a 1.595 e 1.600 a 1.607, em aditamento aos laudos anteriormente realizados. Após a impugnante ser cientificada dos laudos mencionados acima, apresentou MANIFESTAÇÃO sobre o aditamento aos laudos técnicos, às fls. 1.619 a 1.628, em que alega, em síntese: 1. que as impurezas detectadas nos laudos são provenientes do processo de beneficiamento do níquel, não tendo sido deixadas deliberadamente a fim de tornar o composto apto a um fim específico; 2. que, conforme comprovam os laudos, a finalidade do produto é exatamente aquela que a Impugnante informou e destinou: preparação de placas eletrolíticas, não tendo o produto qualquer outra função específica, enquadrandose perfeitamente nas Notas do Capítulo 28 da NESH; 3. que as amostras utilizadas nos laudos e nos aditamentos não representam as DIs objeto da autuação fiscal, o que ensejaria a nulidade da autuação fiscal; 4. que os aditamentos aos laudos, mesmo utilizando as mesmas amostras, apresentaram percentuais completamente distintos, o que macula as suas conclusões; 5. que os laudos são incoerentes no ponto que indicam que o produto químico analisado possui impurezas que decorrem da fabricação ou de sua própria natureza, mas que não pode ser considerado um composto de constituição química definida, implicando na necessidade de elaboração de nova análise Fl. 1663DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.664 5 laboratorial a ser realizada sobre amostra importada no período objeto da autuação. Por meio do acórdão nº 0741.065 de 6 de dezembro de 2017 (fls. 1641 a 1652), a 1ª Turma da DRJ Florianópolis, por unanimidade de votos, julgou procedente a impugnação, exonerando o crédito tributário lançado. O referido acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIAS Período de apuração: 05/04/2012 a 18/04/2016 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS. COMPETÊNCIA. A competência legal para realizar a classificação fiscal de mercadorias importadas é de ocupante do cargo de Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil, atribuição de caráter privativo. CLASSIFICAÇÃO FISCAL. MERCADORIA IMPORTADA. CARACTERÍSTICAS. PROVAS. A classificação fiscal de mercadoria importada deve ser realizada com base em sua natureza e características técnicas devidamente comprovadas, observandose as Regras Gerais para Interpretação do Sistema Harmonizado (RGI) e as Regras Gerais Complementares (RGC). Subsidiariamente são utilizadas as Notas Explicativas do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias (NESH), aprovadas pelo Decreto nº 435, de 27/01/1992 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 05/04/2012 a 18/04/2016 LAUDO EMPRESTADO. É eficaz o laudo ou parecer técnico sobre produto importado, no caso de se tratar de produto originário do mesmo exportador, com igual denominação, inclusive se exarado em outro processo administrativo fiscal. REVISÃO ADUANEIRA. A Fazenda Nacional tem o direito de efetuar a revisão aduaneira no período de cinco anos a contar do registro da Declaração de Importação. Impugnação Procedente Crédito Tributário Exonerado Fl. 1664DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.665 6 Conforme determina o artigo 1º da Portaria MF nº 63, de 9 de fevereiro de 2017, que estabeleceu o limite de alçada em R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), o julgador a quo recorreu de ofício a este Conselho. O processo foi encaminhado a este Conselho para julgamento e posteriormente distribuído a este Relator. É o relatório. Voto Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, Relator. Conheço de o Recurso de Ofício em razão da exoneração do crédito tributário lançado ser superior ao limite de alçada em R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Conforme relatado, a questão cingese sobre a correta classificação fiscal de produtos importados descritos como “Hidróxido de Níquel”, e a exigência de Imposto de Importação, CofinsImportação, PisImportação e multa por classificação incorreta decorrentes de alegado erro de classificação. A DRJ Florianópolis considerou procedente a impugnação, reconhecendo como correta a classificação adotada pelo importador, e exonerou o crédito tributário lançado. A decisão recorrida entendeu que o produto importado deveria ser classificado no Capítulo 28 e não no Capítulo 75 como concluiu a fiscalização aduaneira, e, em permanecendo no Capítulo 28, a classificação correta seria a 2825.40.90, que era a classificação utilizada nas DIs objeto da revisão aduaneira. O fundamento da decisão recorrida foi que a mercadoria importada não se tratava de óxido de níquel, mesmo que impuro, conforme embasamento utilizado pela fiscalização para reclassificála, mas sim de hidróxido de níquel, de acordo com os aditamentos aos laudos, excluindo a classificação no Capítulo 75; e que o fato de conter impurezas não seria suficiente, por si só, para alteração da classificação fiscal, conforme Nota 1 do Capítulo 28. Iniciaremos nossa análise pela possibilidade de inclusão do produto no Capítulo 28, conforme declarado pelo importador. O ponto chave é verificar se o produto em questão é um produto composto de constituição química definida. Apenas se o produto for considerado como compostos de constituição química definida, apresentados isoladamente mesmo que contenham impurezas, é que permitiria sua classificação no Capítulo 28. Assim dispõe a Nota 1 do Capítulo 28: “Capítulo 28 Produtos químicos inorgânicos; compostos inorgânicos ou orgânicos de metais preciosos, de elementos radioativos, de metais das terras raras ou de isótopos Notas. 1. Ressalvadas as disposições em contrário, as posições do presente Capítulo compreendem apenas: Fl. 1665DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.666 7 a) Os elementos químicos isolados ou os compostos de constituição química definida apresentados isoladamente, mesmo que contenham impurezas; [...]” O aditivo ao Laudo nº 2370/20111 expressamente descaracteriza o produto como de constituição química definida: “A presença de outros compostos e o baixo teor de Níquel, expresso tanto como Óxido de Níquel ou como Hidróxido de Níquel descaracteriza a amostra analisada como um Óxido ou Hidróxido de Níquel, de constituição química definida e isolado”. Os laudos são claros ao afirmar que o produto importado é uma mistura complexa constituída majoritariamente de hidróxido de níquel e outros hidróxidos, além de outros componentes químicos e impurezas. De acordo com o Laudo nº 2370/20111 o produto é constituído pelos seguintes elementos: Segundo o referido laudo, as substâncias diferentes do hidróxido de níquel são decorrentes do processo hidrometalúrgico utilizado no beneficiamento do mineralminério de origem e provenientes de sua associação na natureza. Entretanto, enquanto o Laudo nº 2370/20111 expressamente descaracteriza o produto como de constituição química definida, o laudo apresentado pela recorrida aponta que as impurezas do produto são normalmente esperadas em conjunto com o hidróxido de níquel ou decorrem do processo de beneficiamento (fabricação) do componente químico , ainda que reconheça que o produto era uma mistura complexa constituída por diversos elementos (Laudo assinado pelo Prof. Dr. Guilherme Frederico Bernardo Lenz e Silva, Eng, Esp., Dr. Eng. Engenheiro Metalurgista e de Segurança do Trabalho, CREA/MG 686086/D; CRQ/SP 04362573 (IV Região), às fls.1637, 1639). Transcrevo excerto do referido laudo: “Apesar de ser possível a caracterização de cada elemento e a determinação de suas fases específicas por meio de técnicas analíticas e de caracterização química. Os resultados das caracterizações indicam se tratar de uma substância complexa, formada por diferentes elementos e fases cristalinas. A substância mencionada é formada majoritariamente por uma mistura de hidróxidos onde o hidróxido de níquel é o principal constituinte. Em ambas as análise o teor de hidróxidos (Ni + Mg + Co) foi de aproximadamente de 60%. Tratase de uma mistura decorrente de operações de tratamentos de minérios, concentração e reações químicas contendo impurezas do ponto de vista minerometalúrgico como, por exemplo, o caso do quartzo (dióxido de silício). Fl. 1666DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.667 8 Assim, é possível afirmar que essas impurezas ou são normalmente esperadas em conjunto com o hidróxido de níquel ou decorrem do processo de beneficiamento (fabricação) do componente químico. Dessa forma, no presente caso, são impurezas nos termos do que dispõe a letra A, das Notas do Capítulo 28 do Sistema Harmonizado de Classificação de Mercadorias. [...] 8. Informar se o produto objeto dos autos referese a um hidróxido ou a um óxido." De acordo com as caracterizações realizadas (composição química elementar) e determinações de fases cristalinas, o produto objeto dos autos referese a uma mistura complexa, constituída majoritariamente de hidróxido de níquel (36,7 e 52,87%) e outros hidróxidos como hidróxido de magnésio (22,4 e 5,18%), hidróxido de cobalto (1,74 e 1,77%), contendo quartzo (um óxido) além de outras impurezas.” Vejamos o que dispõe nas Notas Explicativas do Sistema Harmonizado (NESH), em especial o Capítulo 28 e da posição 2825: “CONSIDERAÇÕES GERAIS Ressalvadas as disposições em contrário, o Capítulo 28 apenas compreende os elementos químicos isolados (corpos simples) ou os compostos de constituição química definida apresentados isoladamente. Um composto de constituição química definida apresentado isoladamente é uma substância constituída por uma espécie molecular (covalente ou iônica, especificamente) cuja composição é definida por uma relação constante entre seus elementos e que pode ser representada por um diagrama estrutural único. Numa rede cristalina, a espécie molecular corresponde ao motivo repetitivo. Os elementos de um composto de constituição química definida apresentado isoladamente combinamse em proporções características precisas determinadas pela valência dos diferentes átomos presentes, e pela maneira como as ligações entre estes átomos devem efetuarse. Quando a proporção de cada elemento é invariável e característica de cada composto, dizse que ela é estequiométrica. A relação estequiométrica de certos compostos é às vezes ligeiramente modificada em razão de lacunas ou inserções na rede cristalina. Estes compostos são então chamados de quase estequiométricos e podem ser classificados como compostos de constituição química definida apresentados isoladamente, desde que essas modificações não tenham sido efetuadas deliberadamente. A) Compostos de constituição química definida. (Nota 1) Fl. 1667DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.668 9 Permanecem incluídos no Capítulo 28 os compostos de constituição química definida que contenham impurezas e os mesmos compostos em solução aquosa. O termo “impurezas” aplicase exclusivamente às substâncias cuja presença no composto químico distinto resulta exclusiva e diretamente do processo de fabricação (incluindo a purificação). Estas substâncias podem resultar de qualquer dos agentes intervenientes no processo de fabricação, e que são essencialmente os seguintes: a) Matérias de base não transformadas; b) Impurezas que se encontram nas matérias de base; c) Reagentes utilizados no processo de fabricação (incluindo a purificação); d) Subprodutos. Convém notar que estas substâncias não são sempre consideradas como “impurezas”, nos termos da Nota 1 a). Quando tais substâncias são deliberadamente deixadas no produto, a fim de tornálo particularmente apto para usos específicos de preferência à sua aplicação geral, não são consideradas como impurezas cuja presença é admissível. [...] 28.25 Hidrazina e hidroxilamina, e seus sais inorgânicos; outras bases inorgânicas; outros óxidos, hidróxidos e peróxidos, de metais. [...] 2825.40 Óxidos e hidróxidos de níquel [...] Esta posição compreende: [...] 5) Óxidos e hidróxidos de níquel: a) O óxido de níquel (óxido niqueloso) (NiO). Obtémse por calcinação prolongada do nitrato ou do carbonato. Conforme o modo de preparação, apresentase sob a forma de um pó cinzentoesverdeado, mais ou menos denso e mais ou menos escuro. Empregase na preparação de esmaltes, na indústria do vidro como corante, como catalisador em síntese orgânica. É um óxido básico. b) O óxido niquélico (sesquióxido) (Ni2O3), pó negro que se utiliza na preparação de esmaltes, como corante, e na fabricação de placas de acumuladores alcalinos. c) O hidróxido niqueloso (Ni(OH)2), pó fino, de cor verde, que se emprega na preparação de placas eletrolíticas, como elemento constituinte das placas de acumuladores alcalinos e na fabricação de catalisadores de níquel. Fl. 1668DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.669 10 Excluemse desta posição: a) O óxido natural de níquel (bunsenita) (posição 25.30). b) Os óxidos impuros de níquel, por exemplo os sinters de níquel e o óxido de níquel de tipo granuloso (óxido verde de níquel) (posição 75.01). [...]” O julgador a quo entendeu que a mercadoria importada não era óxido de níquel, mesmo que impuro, conforme embasamento utilizado pela fiscalização para reclassificála, mas sim de hidróxido de níquel, de acordo com os aditamentos aos laudos, e que o fato de conter impurezas não seria suficiente, por si só, para alteração da classificação fiscal, conforme Nota 1 do Capítulo 28. Entretanto, a conclusão da decisão recorrida contraria a conclusão do Laudo nº 2370/20111, que expressamente afirmou que o produto não se tratava de composto inorgânico de constituição química definida, o que afastaria sua classificação no Capítulo 28, conforme excertos abaixo reproduzidos: [...] O fundamento utilizado na decisão recorrida foi por exclusão: como o produto não era um óxido de níquel, mesmo que impuro, conforme embasamento utilizado pela fiscalização para reclassificála, mas sim de hidróxido de níquel, as impurezas do produto não seriam suficientes, por si só, para alteração da classificação fiscal, conforme Nota 1 do Capítulo 28. A turma julgadora não se manifestou sobre a exigência de que o produto fosse de constituição química definida, apresentados isoladamente mesmo que contenham impurezas, para sua classificação no Capítulo 28. Portanto, permanece a dúvida acerca se o produto poderia ser classificado como um composto de constituição química definida, e se os demais elementos poderiam ser considerados como impurezas, nos termos da Nota 1 do Capítulo 28. Diante disso, converto o julgamento do recurso voluntário em diligência à repartição de origem para a adoção das seguintes providências por parte da autoridade preparadora: Fl. 1669DF CARF MF Processo nº 10880.724058/201794 Resolução nº 3402001.971 S3C4T2 Fl. 1.670 11 (i) intimar a parte para, querendo, apresentar quesitos e indicar assistente técnico. Na hipótese de indicação de assistente técnico este deverá, com antecedência mínima de 10 (dez) dias, ser intimado da data e local da perícia para que possa acompanhála; (ii) determine a produção de nova análise laboratorial a ser realizada sobre amostra importada no período objeto da autuação, em laboratório diverso, nos termos do artigo 30, § 2°, do Decreto nº 70.235/72, de forma a esclarecer se o produto em questão tratase de um composto de constituição química definida, e se os demais produtos que fazem parte do composto, além do hidróxido de níquel, poderiam ser considerados como impurezas, nos termos da Nota 1 do Capítulo 28 da NCM; e se o produto pode ser classificado como um produto intermediário da metalurgia do níquel. Encerrada a instrução processual a Interessada deverá ser intimada para manifestarse no prazo de 30 (trinta) dias, conforme art. 35, parágrafo único, do Decreto nº 7.574, de 29 de setembro de 2011. Concluída a diligência, os autos deverão retornar a este Colegiado para que se dê prosseguimento ao julgamento. É a resolução. (assinado com certificado digital) Rodrigo Mineiro Fernandes Fl. 1670DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.002047/2009-61
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2006
DEDUÇÃO INDEVIDA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI - COMPROVAÇÃO DO ÔNUS SUPORTADO
As contribuições para as entidades de previdência privada e FAPI podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, no percentual de 12%, desde que devidamente comprovado o pagamento pelo contribuinte.
Numero da decisão: 2002-001.035
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente
(assinado digitalmente)
Thiago Duca Amoni - Relator.
Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
Nome do relator: THIAGO DUCA AMONI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2006 DEDUÇÃO INDEVIDA DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI - COMPROVAÇÃO DO ÔNUS SUPORTADO As contribuições para as entidades de previdência privada e FAPI podem ser deduzidas da base de cálculo do imposto de renda da pessoa física, no percentual de 12%, desde que devidamente comprovado o pagamento pelo contribuinte.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni - Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Relator. Participaram das sessões virtuais não presenciais os conselheiros Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Presidente), Virgílio Cansino Gil, Thiago Duca Amoni e Mônica Renata Mello Ferreira Stoll. Relatório Notificação de lançamento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 20 47 /2 00 9- 61 Fl. 74DF CARF MF 2 Trata o presente processo de notificação de lançamento – NL (efls. 06 a 10), relativa a imposto de renda da pessoa física, pela qual se procedeu a autuação por omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício. Tal omissão gerou lançamento de imposto de renda pessoa física suplementar de R$ 1.043,08, acrescido de multa de ofício no importe de 75%, bem como juros de mora. Impugnação A notificação de lançamento foi objeto de impugnação, às efls. 02 a 18 dos autos, cujas alegações, em síntese foram: A Descrição dos Fatos enquadramento Legal (Anexo 2), emitidos pela Receita Federa, concluiu omissão de rendimento do trabalho com e/ou sem vínculo empregatício. A Análise e a .conclusão a Secretaria da Receita Federal do Brasil justificaram falta de comprovante de DEPÓSITO de R$ 8.000,00 (Oito mil reais), sem que o mesmo fosse solicitado verbalmente e/o por escrito pela Receita Federal, para conferência. Em vista disso, acrescentou aos rendimentos Tributáveis declarados o valor de R$ 8.000,00 (Oito mil reais), que foi efetuado a titulo de abatimento com Previdência Privada/FAPI, no Bradesco Vida e Previdência. Para compro r de modo completo e inequívoco, faço seguir novamente o COMPROVANTE RENDIMENTO RECEBIDO DO BRADESCO VIDA E PREVIDÊNCIA (Anexo 6), o qual foi entregue para a Receita Federal, de Florianópolis/SC, no dia 06/12/2007, com carta (Anexo 1), que corresponde aos rendimentos recebidos pelo titular Jair Borghetti Spitler, referente a previdência Privada da Complementar Programada. I Faço seguir, também, (no Anexo 7), o comprovante (Xerox Autenticada) do DEPÓSITO de R$ 8.000,00 (oito milI reais), efetuado no Bradesco Vida e Previdência (este não solicitado pela Receita Federal) porém a3usado na Análise como SEM COMPROVAÇÃO por parte do contribuinte]. Tratase do comprovante de DEPÓSITO para abertura de uma nova Previdência Privada em nome de minha esposa, Maria da Graça Spiller, com a finalidade de aproveitar o incentivo legaI de dedução do IR com Previdência Privada/FAPI — PGBL A impugnação foi apreciada na 6ª Turma da DRJ/FNS que, por unanimidade, em 21/08/2009, no acórdão 0717.236, às efls. 59 a 60, julgou a impugnação improcedente. Recurso Voluntário Ainda inconformado, o contribuinte, apresentou Recurso Voluntário, às e fls. 65 a 71, no qual alega, em resumo: Fl. 75DF CARF MF Processo nº 11516.002047/200961 Acórdão n.º 2002001.035 S2C0T2 Fl. 75 3 · que o valor R$8.000,00 é dedução com Plano de Previdência junto ao Bradesco; · que os documentos que instruem o processo estão autenticados em cartório, logo, dotados de fé pública; É o relatório. Voto Conselheiro Thiago Duca Amoni Relator Pelo que consta no processo, o recurso é tempestivo, já que o contribuinte foi intimado do teor do acórdão da DRJ em 08/09/2009, efls. 64, e interpôs o presente Recurso Voluntário em 29/09/2009, efls. 65, posto que atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. O contribuinte foi autuado pela omissão de rendimentos do trabalho com vínculo e/ou sem vínculo empregatício no valor de R$8.000,00, relativa a fonte pagadora Bradesco Vida e Previdência S/A. Em sua defesa, o contribuinte alega que tal valor é referente a plano de previdência contraído junto a instituição financeira. A DRJ manteve a autuação, nos seguintes termos: Todavia, considerandose que o Comprovante de Rendimentos Pagos e Imposto de Renda na Fonte, de fls. 15, emitido pela Bradesco Vida e Previdência, versa tão somente sobre os valores pagos ao contribuinte pela referida entidade pagadora e o de fls. 16, não serve como comprovante de depósito do valor ora guerreado, e se tratar somente de uma proposta de inscrição ao plano de previdência Bradesco PGBL Proteção Familiar não fora autenticado pela referida entidade confirmando o valor nele consignado, há que se manter as glosas procedidas pela autoridade lançadora. Por todo o exposto, manifestome pela procedência lançamento, mantendo o crédito tributário, acrescido de multa de oficio de 75% e juros de mora. A dedução de contribuição à Previdência Privada encontrase disposta no artigo 8º, inciso II, alínea e, da Lei nº 9.250, de 1995, como se vê: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas Fl. 76DF CARF MF 4 : I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) e) as contribuições para as entidades de previdência privada domiciliadas no Pais, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social; (grifos nossos) Ainda, o artigo 11 da Lei nº 9.532/97, prevê que a dedução relativa às contribuições para entidades de Previdência Privada e FAPI, cujo ônus tenha sido da pessoa física, limitase a 12% do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual (DAA). Em sede de Recurso Voluntário, visando comprovar o ônus suportado, junta os documentos de efls. 67 a 69 que comprovam o efetivo pagamento do Plano de Previdência contratado. Diante do exposto, conheço do recurso voluntário para, no mérito, darlhe provimento. (assinado digitalmente) Thiago Duca Amoni Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.901666/2013-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Apr 25 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri May 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/11/2010 a 30/11/2010
PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA.
A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
Numero da decisão: 3302-006.887
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/11/2010 a 30/11/2010 PROCESSOS ADMINISTRATIVO E JUDICIAL. CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracteriza-se a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negar-lhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
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CONCOMITÂNCIA. A matéria já suscitada perante o Poder Judiciário não pode ser apreciada na via administrativa. Caracterizase a concomitância quando o pedido e a causa de pedir dos processos administrativos e judiciais guardam irrefutável identidade. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. Relatório Trata o presente processo do Pedido de Restituição (PER), transmitido pelo contribuinte acima identificado, no qual solicita a restituição de PIS. Consta no processo Despacho Decisório Eletrônico proferido pela unidade de origem, o qual concluiu pela improcedência do crédito original informado no PER, sob o AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 90 16 66 /2 01 3- 18 Fl. 346DF CARF MF Processo nº 16682.901666/201318 Acórdão n.º 3302006.887 S3C3T2 Fl. 3 2 fundamento de que o pagamento relacionado havia sido integralmente utilizado para quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para restituição. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, julgada improcedente pela DRJ, nos termos do Acórdão nº 12089.018. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual argumenta que: a) A ausência de retificação de DCTF ou de qualquer outra obrigação acessória jamais poderia ser impeditivo do reconhecimento do seu direito ao crédito, na medida em que o Fisco possui outros meios de apurar a existência de eventual indébito tributário. Assim, não restam dúvidas de que a falta de retificação da DCTF não deve implicar na perda do direito ao crédito; b) Não há concomitância entre o presente processo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. A lide proposta foi no sentido de que fosse reconhecido o direito líquido e certo da recorrente não se sujeitar à incidência do PIS/Cofins sobre as receitas de interconexão, bem como para reconhecer o crédito referente a eventuais valores pagos indevidamente, relativamente a contribuições apuradas e recolhidas após a impetração do writ. O objeto da ação judicial se destina apenas às contribuições de PIS e Cofins apuradas e recolhidas após a distribuição do referido MS; c) No caso concreto, há uma divisão muito clara. Os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição. Apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Bem verdade que há certa semelhança entre as causas de pedir dos processos administrativos e judicial. Ambos estão fundados na “não incidência do PIS/COFINS sobre receitas de interconexão”. Todavia, os pedidos efetuados para se afastar o PIS e a COFINS sobre as receitas de interconexão, bem como para se reconhecer o crédito sobre pagamentos indevidos realizados envolvem a mesma discussão para períodos de apuração distintos. Frisese: os pedidos administrativos se voltam às contribuições apuradas e pagas antes da impetração do mandado de segurança. Já aquelas apuradas e pagas após o ajuizamento da ação judicial são objeto do mandado de segurança. Diante desse cenário, verificase que não há concomitância entre o mandado de segurança em curso perante o Poder Judiciário e o presente processo administrativo, tendo em vista que os períodos de apuração relativos ao crédito referente ao indébito tributário são distintos; d) Os valores recebidos pela Recorrente e repassados a outras operadoras a título de interconexão de redes não configuram receita tributável pelo PIS e COFINS, pois não se trata de “receita” auferida pela Recorrente, quer do ponto de vista jurídico, quer mesmo do ponto de vista contábil. No caso dos valores recebidos pela Recorrente e repassados a terceiros a título de interconexão de redes, o que se verifica é um mero e transitório ingresso de recursos que devem ser repassados ao terceiro que cedeu seus meios de rede à Recorrente. Não há, portanto, qualquer efetivo acréscimo patrimonial da Recorrente, porque já há um imediato e compulsório destino para aquele valor recebido, que é repassado para as outras operadoras de telecomunicação; e) A tributação nos moldes pretendidos pelo Fisco implica a tributação pelo PIS/COFINS da receita total auferida pela Recorrente pela prestação do serviço de Fl. 347DF CARF MF Processo nº 16682.901666/201318 Acórdão n.º 3302006.887 S3C3T2 Fl. 4 3 telecomunicação, incluindo a parcela que será repassada a terceiros pela interconexão de redes. E, além dessa tributação, nos termos da pretensão fiscal, haveria uma nova incidência do PIS/COFINS pelo terceiro que realiza a interconexão, no momento em que ele apropriar a receita que lhe é repassada, caracterizando o bis in idem tributário; f) A base de cálculo do PIS/COFINS não deve ser integrada por elementos estranhos à receita auferida, notadamente pelos valores que devem ser repassados a terceiros a título de interconexão de redes. Na prática, isso faz com que todo o valor pago pela Recorrente a título de PIS/COFINS sobre esses valores de interconexão de redes seja qualificado como indébito tributário, que lhe deve ser restituído. Termina o recurso requerendo o provimento para que seja reformado o acórdão recorrido, a fim de que seja deferido o pedido de restituição formulado. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.815, de 25 de abril de 2019, proferido no julgamento do processo 16682.900008/201490, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.815): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise. O cerne da questão está em decidir se há concomitância entre esse processo administrativo e o Mandado de Segurança n° 002418579.2013.4.02.5101. Para tanto, é necessário analisar os objetos dos respectivos processos. Conforme já mencionado na decisão a quo, o indébito pleiteado no Pedido de Restituição decorre, nas palavras do contribuinte, “da indevida inclusão na base de cálculo do PIS de valores referentes a ingressos de numerário em razão de contratos de interconexão, os quais não constituem "receita" da Manifestante”. Portanto, defende em processo administrativo a não incidência do PIS/COFINS sobre tarifas de interconexão. Vejamos o objeto do MS nº 002418579.2013.4.02.5101: Pela petição inicial, temos os seguintes pedidos: a) concessão de medida liminar para assegurar o direito liquido e certo da impetrante à suspensão da exigibilidade dos créditos tributários, nos termos do art. 151, IV, do CTN, das Fl. 348DF CARF MF Processo nº 16682.901666/201318 Acórdão n.º 3302006.887 S3C3T2 Fl. 5 4 contribuições ao PIS e a Cofins, sobre os meros ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza); b) determinação à Autoridade Coatora sobre o contudo da decisão liminar, bem como acerca do conteúdo do presente mandamus, para que no prazo legal, preste as informações que entender necessárias, com a posterior oitiva do representante do Ministério Público; c) Ciência à União Federal, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009; d) ao final, a concessão da segurança para confirmar a liminar requerida e assegurar o direito liquido e certo de a impetrante não se sujeitar à incidência das contribuições ao PIS e à Cofins, sobre meros ingressos apurados mensalmente pelo regime da competência pela impetrante decorrentes tão somente das tarifas de interconexão recebidas dos usuários pela coprestação dos serviços de telecomunicações prestados pelas demais operadoras e a elas integralmente repassadas (serviços de transmissão, emissão ou recepção de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de qualquer natureza), sob pena de violação ao art. 2º da Lei nº 9,718/99 e aos arts. 5º, II; 145 § 1º; 150, I e IV e 195, I, "b" da Constituição Republicana de 1988, com a consequente compensação do indébito dessas contribuições, apurados desde a distribuição do presente writ, devidamente atualizado pela Taxa Selic, após o trânsito em julgado, nos termos dos artigos 165, 170 e 170A do CTN. A sentença de primeiro grau do Mandado de Segurança nº 002418579.2013.4.02.5101, assim decidiu: Tratase de mandado de segurança com pedido de liminar impetrado por INTELIG COMUNICAÇÕES LTDA contra ato atribuído ao DELEGADO DA DELEGACIA ESPECIAL DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE MAIORES CONTRIBUINTES NO RIO DE JANEIRO DEMAC, objetivando a declaração de não incidência das contribuições ao PIS e à COFINS, sobre os ingressos apurados mensalmente pelo regime de competência pela Impetrante, decorrentes de tarifas de interconexão serviços prestados pelas demais operadoras, que são posteriormente repassados àquelas congêneres, bem como a declaração do direito de compensar o indébito referente a estas contribuições, apurado desde a distribuição do writ. Sustenta, em apertada síntese, que as chamadas "tarifas de interconexão" não constituem receita, e sim meros ingressos econômicos ou financeiros, tendo cm vista que são recebidas, cm um primeiro momento, pela Impetrante, porem repassadas cm seguida às operadoras que efetivamente prestaram os serviços ao cliente usuário da Impetrante. (...) Fl. 349DF CARF MF Processo nº 16682.901666/201318 Acórdão n.º 3302006.887 S3C3T2 Fl. 6 5 Pelo exposto, com fulcro no art. 269. I, do CPC. JULGO PROCEDENTE O PEDIDO e CONCEDO A SEGURANÇA, para determinar ao Impetrado que se abstenha de exigir da Impetrante que recolha o PIS e a Cofins, incluindo na base de cálculo o valor recebido pela Impetrante e posteriormente repassado a operadora congênere, que prestou efetivamente o serviço, a título de "tarifa de interconexão", bem como para declarar o direito da Impetrante à compensação do indébito, apurado desde a distribuição do presente, na forma da lei de regência, de acordo com a modalidade escolhida pelas Impetrantes, aplicandose a SELIC como critério de atualização do indébito, vedada a cumulação com qualquer outro índice, nos termos da fundamentação supra. Analisando as razões jurídicas apresentadas na peça recursal, fico convencido da identidade das demandas administrativa e judicial, pois nas duas esferas o que se discute é a inexistência de relação jurídica tributária do PIS e da Cofins em relação as receitas de interconexão. O próprio recorrente reconhece essa congruência entre os processos administrativo e judicial. Sua alegação para afastar a concomitância se ampara no fato de que os pagamentos indevidos de PIS/COFINS sobre receitas de interconexão de redes, apuradas antes de 23.9.2013, foram objeto de pedido administrativo de restituição, e que apenas os pagamentos realizados com base em apurações de PIS/COFINS feitas partir de 23.9.2013, foram objeto do pedido judicial formulado no Mandado de Segurança n° 0024185 79.2013.4.02.5101. Não comungo do entendimento no qual a concomitância é afastada pela falta de identidade entre os períodos de apuração apontados nos processos judicial e administrativo. O diferencial entre os períodos de apuração, aqueles contemplados pelo mandamus e os não contemplados, na minha visão, referese somente à possibilidade de o recorrente utilizálos para pedido de compensação antes do trânsito em julgado, por ordem judicial, conforme sua solicitação na exordial. Os demais períodos de apuração, os que foram apurados antes da distribuições do writ, deverão esperar o trânsito em julgado da ação para poderem se credenciar a objeto de um pedido de restituição, com possíveis compensações. Digo isso, pois a decisão do Poder Judiciário sobre a incidência do PIS e da Cofins nas receitas oriundas das tarifas de interconexão, terá reflexos para todos os períodos de apuração, independentemente se foi contemplado no pedido do MS nº 002418579.2013.4.02.5101 ou não Isso se deve ao fato de que na existência de processos paralelos, com objeto e finalidade idênticos, não é salutar que haja decisões com efeitos redundantes ou antagônicos. Em qualquer das hipóteses, prevalecerá a decisão judicial, motivo pelo qual a concomitância de processos ofende o princípio da economia processual. Em face disso, a opção do contribuinte pela via judicial encerra o processo administrativo fiscal em definitivo, em qualquer das fases em que ele se encontre. Fl. 350DF CARF MF Processo nº 16682.901666/201318 Acórdão n.º 3302006.887 S3C3T2 Fl. 7 6 Registrese que a coisa julgada a ser proferida no âmbito do Poder Judiciário jamais poderia ser alterada no processo administrativo, pois tal procedimento feriria a Constituição Federal, que adota o modelo de jurisdição una, onde são soberanas as decisões judiciais. Sendo assim, nos casos em que o sujeito passivo opta pela via judicial para a discussão de matéria tributária implica na renúncia ao poder de recorrer nesta instância, nos termos do parágrafo único do art. 38 da Lei nº 6.830/80 e do § 2º, art. 1º do Decretolei nº 1.737, de 1979. Ratificando este entendimento, foi aprovado o enunciado de Súmula CARF nº 01, in verbis: Súmula CARF nº 1 Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação, pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial. Na linha do entendimento fixado, não conheço do recurso quanto à matéria submetida ao crivo do Poder Judiciário e na parte conhecida, nego provimento ao recurso por enxergar identidade entre os pedidos e as causas de pedir apresentados no MS nº 2007.70.00.0222765 e neste recurso administrativo." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por conhecer parcialmente do recurso e, na parte conhecida, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 351DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.720012/2008-39
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Apr 08 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon May 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2004
GLOSA DE ÁREA DECLARADA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE.
Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de preservação permanente é necessária a comprovação dessa área por meio de laudo técnico ou do Ato do Poder Público que assim a declarou.
GLOSA DE ÁREA DECLARADA. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO.
Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de interesse ecológico, é necessário o reconhecimento da área por ato específico conforme previsto no art. 10, §1º, inciso II, alínea "b", da lei 9.393/96, no qual se declare a área como de interesse ambiental, ampliando as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal.
Numero da decisão: 2301-005.969
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso.
João Maurício Vital - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles e João Maurício Vital (Presidente), ausente a conselheira Juliana Marteli Fais Feriato.
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2004 GLOSA DE ÁREA DECLARADA. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de preservação permanente é necessária a comprovação dessa área por meio de laudo técnico ou do Ato do Poder Público que assim a declarou. GLOSA DE ÁREA DECLARADA. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de interesse ecológico, é necessário o reconhecimento da área por ato específico conforme previsto no art. 10, §1º, inciso II, alínea "b", da lei 9.393/96, no qual se declare a área como de interesse ambiental, ampliando as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal.
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ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de preservação permanente é necessária a comprovação dessa área por meio de laudo técnico ou do Ato do Poder Público que assim a declarou. GLOSA DE ÁREA DECLARADA. ÁREA DE INTERESSE ECOLÓGICO. Para fins de exclusão da tributação relativamente à área de interesse ecológico, é necessário o reconhecimento da área por ato específico conforme previsto no art. 10, §1º, inciso II, alínea "b", da lei 9.393/96, no qual se declare a área como de interesse ambiental, ampliando as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e de reserva legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. João Maurício Vital Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Antônio Savio Nastureles e João Maurício Vital (Presidente), ausente a conselheira Juliana Marteli Fais Feriato. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 72 00 12 /2 00 8- 39 Fl. 79DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2301005.963, de 08 de abril de 2019 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 18471.720023/200819, paradigma deste julgamento, com adaptações na forma a seguir apresentada. Tratase de Notificação de Lançamento referente ao Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) do Exercício: 2004, relativo ao imóvel “Sítio do Carretão” (NIRF 4.095.2428), com área declarada de 11,2 ha, localizado no município do Rio de Janeiro RJ. O contribuinte foi regularmente intimado a apresentar diversos documentos para comprovar informações prestadas em sua Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR). Em resposta, o contribuinte solicitou prorrogação de prazo. A fiscalização, então, efetuou a glosa das áreas informadas de preservação permanente e de interesse ecológico, além de desconsiderar o VTN declarado, arbitrando novo valor, com o conseqüente aumento das áreas tributável/aproveitável, do VTN tributável e da alíquota de cálculo do ITR, pela redução do grau de utilização do imóvel (GU), resultando no lançamento do imposto suplementar. Contra a notificação foi apresentada impugnação, com os seguintes argumentos: § que discorda do procedimento fiscal, pois solicitou novo prazo para atender à intimação inicial, tendo então recebido a notificação de lançamento, por não comprovar as citadas áreas ambientais e o VTN declarado; § preliminarmente, alega que a RFB não se manifestou sobre seu pedido de prorrogação do prazo e, sendo o imóvel um condomínio, deveriam ser intimados e notificados todos os condôminos; § apresenta parecer técnico emitido pelo Parque Estadual da Pedra Branca, informando que o Sítio do Carretão situase dentro do referido parque, considerado área de preservação permanente e interesse ecológico, sendo improcedente seu enquadramento legal relativo a esses itens e ao VTN, conforme a referida notificação de lançamento. § Ao final, requer seja acolhida a impugnação, para cancelar o débito. Em seguida, foi proferido o acórdão da DRJ (1ª instância administrativa), considerando a impugnação improcedente e mantendo o crédito tributário. Irresignada, a recorrente apresentou Recurso Voluntário, argumentando o seguinte: Fl. 80DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 4 3 § que o acórdão da DRJ cometeu lapso na leitura e análise do Parecer Técnico emitido pelo Parque Estadual da Pedra Branca e que este Parecer é conclusivo quanto à área do Sítio do Carretão estar situada totalmente dentro da unidade de conservação da natureza, conforme texto assinalado no Parecer, que transcreve; § que ao analisar de forma incorreta e parcial o Parecer Técnico emitido pelo Parque Estadual de Pedra Branca (PEPB) refuta documentação oficial comprobatória da localização da área, que neste caso é isenta do ITR; § que não procede o afirmado no acórdão de que o parecer técnico e anexos apresentados não quantificam a área do imóvel efetivamente inserida nos limites do citado Parque Estadual, de modo a justificála para fins de exclusão do cálculo do ITR, sem apresentação de ADA; e § que o Parque Estadual da Pedra Branca, órgão do Estado do Rio de Janeiro é o gestor desta unidade do Sistema de Unidades de Conservação da Natureza, aonde se localiza a área Sítio do Carretão. É o relatório. Voto Conselheiro João Maurício Vital. Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2301005.963, de 08 de abril de 2019 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 18471.720023/200819, paradigma deste julgamento. Apresentase, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2301005.963, de 08 de abril de 2019 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, na forma descrita a seguir. O recurso é tempestivo. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do recurso interposto e passo a julgálo. Da delimitação da lide Inicialmente cumpre registrar que o VTN arbitrado pela fiscalização com base no Sistema SIPT, em razão da falta de laudo técnico de avaliação com ART, não foi objeto de contestação no recurso. A matéria é tida, portanto, como não contestada. Do Mérito Das Áreas de Preservação Permanente e de Interesse Ecológico Fl. 81DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 5 4 Argumenta a recorrente que teria direito à isenção de ITR em relação às áreas declaradas como de Preservação Permanente e de Interesse Ecológico e que tais áreas foram reconhecidas por meio de Parecer do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB), órgão do Estado do Rio de Janeiro. Destacou que a propriedade como um todo estaria inserida no Parque. Para tanto, juntou o ofício INEA/DIBAP nº 233, de 28/08/2013, que afirma encontrar se a propriedade inserida no Parque. Entretanto, verificase no Parecer Técnico PEPB nº 18/2008, de 30/12/2008 as seguinte afirmativas que demonstram estar a propriedade apenas parcialmente inserida no Parque Estadual: B Unidade de Conservação e entorno: A propriedade em questão está parcialmente inserida dentro limites (SIC) geográficos do Parque Estadual da Pedra Branca, Unidade de Conservação da Natureza (Lei Federal nº 9.985/2000, Lei Estadual nº 2.377/1974, Decreto Federal nº 4.340/2002 e Decreto Estadual nº 39.172/2006). Porém, parte da citada propriedade encontrase dentro da zona de amortecimento (limites) desta Unidade de Conservação, (Resolução CONAMA nº 13/1990). O artigo 2º da Resolução CONAMA 13/1990, citada no Parecer, reza: Art. 2º Nas áreas circundantes das Unidades de Conservação, num raio de dez quilômetros, qualquer atividade que possa afetar a biota, deverá ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente. (grifei) Parágrafo Único O licenciamento a que se refere o caput deste artigo só será concedido mediante autorização do responsável pela administração da Unidade de Conservação. Ou seja, nas áreas circundantes é possível a realização de atividades, desde que licenciadas, possibilitando sua classificação na categoria de área utilizável, o que implica, não se tratar de uma área automaticamente isenta de ITR. Para obter a isenção tributária é necessário o atendimento a outros requisitos legais. Além de preservar e declarar tais áreas, por força da legislação ambiental, elas devem ser documentadas, regularizadas e atualizadas, a fim de serem contempladas com a isenção. Com respeito à exigência de Ato Declaratório Ambiental (ADA), como requisito para gozo da isenção do ITR nas Áreas de Preservação Permanente e de Interesse Ecológico, primeiramente cumpre registrar que sua apresentação passou a ser obrigatória com a Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, que alterou a redação do § 1º do art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no 9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 6 5 § 1º A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória. (...) Entretanto, o Poder Judiciário tem inúmeros precedentes, aplicáveis a fatos geradores anteriores à Lei nº 12.651, de 2012, a qual aprovou o Novo Código Florestal, no sentido da dispensa da apresentação do ADA para reconhecimento da isenção das áreas de preservação permanente e de reserva legal, com vistas a afastálas da tributação do ITR. A ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional emitiu, sobre tal assunto, o Parecer PGFN/CRJ nº 1329/2016, por meio do qual adequou sua atuação ao entendimento pacífico do STJ, resultando em nova redação para o item 1.25 da Lista de Dispensa de Contestar e Recorrer da PGFN (lista essa relativa a temas em relação aos quais se aplica o disposto no art. 19 da Lei nº 10.522/02 e nos arts. 2º, V, VII, §§ 3º a 8º, 5º e 7º da Portaria PGFN Nº 502/2016). O Parecer PGFN/CRJ nº 1329/2016 não tem efeito vinculante para esta instância administrativa. Mas, entendo ser pertinente alinhar o entendimento deste Colegiado à atuação da PGFN, uma vez que a disputa poderia ser levada à esfera judicial, resultando num dispêndio desnecessário de recursos públicos. Assim, me filio à tese adotada no Parecer citado para que seja dispensada a apresentação do ADA para reconhecimento da isenção no caso da área de preservação permanente. Quanto à existência da Área de Preservação Permanente (APP), em que pese o afastamento da exigência de ADA, esta precisa ser demonstrada por meio de laudo técnico ou do Ato do Poder Público que assim a declarou, conforme solicitado no Termo de Intimação Fiscal. A recorrente não apresentou esses documentos. Assim, considero que não restou comprovada a área de preservação permanente declarada, devendo ser mantida sua glosa. Quanto à Área de Interesse Ecológico, a recorrente apresenta como prova de sua existência apenas o Parecer do Parque Estadual da Pedra Branca (PEPB) citado. Tal Parecer apenas afirma que a propriedade está parcialmente inserida no Parque. Por sua vez, o Parque foi criado pela lei estadual nº 2.377, de 28 de junho de 1974. Essa lei se reveste de caráter genérico, não específico com relação a determinado imóvel e, por tal motivo, não cumpre a exigência de haver o reconhecimento da área por ato específico, conforme previsto no art. 10, §1º, inciso II, alínea "b", da lei 9.393/96. Nos termos desse artigo, a área deve ser declarada como de interesse ambiental, ampliando as restrições de uso previstas para as áreas de preservação permanente e reserva legal, ou seja, restrições além do manejo sustentável. Segue o texto da lei: "Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: II – área tributável, a área total do imóvel menos as áreas: a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012; Fl. 83DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 7 6 b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso prevista na alínea anterior; (grifei) (...)". Transcrevo ainda abaixo acórdão do Tribunal Regional da 1ª Região com entendimento nesse sentido: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO ITR IMÓVEL RURAL ÁREA ESTADUAL DE PROTEÇÃO AMBIENTAL ISENÇÃO (ART. 10, § 1º, II, B, DA LEI Nº 9.393/96): AUSENTE PROVA INEQUÍVOCA (ART. 273 DO CPC)AGRAVO PROVIDO. (...) 4 O simples fato de o imóvel estar, em princípio, localizado dentro de área estadual de "Proteção Ambiental" não induz, só por si, isenção tributária. A Lei nº 9.393/96 (em leitura apropriada) parece reclamar mais. Não tributáveis seriam, sim, as "partes" de qualquer imóvel rural (encravado ou não em área de proteção ambiental) que, porventura (comprovadamente, na forma da lei), fossem "de preservação permanente"; "de reserva legal"; "de interesse ecológico"; ou "comprovadamente imprestáveis para exploração econômica". 5 Imóvel rural, pois, ainda que localizado em área de proteção ambiental, pode estar sujeito ao ITR, desde que nele estejam contidas glebas de terras economicamente aproveitáveis (com limitações ambientais, que sejam) não enquadráveis na exceção legal: isenção favor legal reclama interpretação restrita (art. 111, II, do CTN). (grifei) 6 Decidir em oposto sentido, afastando crédito tributário da ordem de quase R$ 60.000,00, reclama prova inequívoca, aqui ausente, que só ampla instrução poderá, se o caso, evidenciar. (...) Assim, não basta que o imóvel esteja localizado no perímetro e/ou nas áreas circundantes de uma Unidade de Conservação Ambiental para que reste comprovada a existência de áreas de interesse ecológico com direito à isenção do ITR dentro da propriedade. Portanto, pelo conjunto fático, não cabe o afastamento das glosas das áreas não tributáveis promovidas no lançamento. Conclusão Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. É como voto. João Maurício Vital Relator Fl. 84DF CARF MF Processo nº 18471.720012/200839 Acórdão n.º 2301005.969 S2C3T1 Fl. 8 7 Fl. 85DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18471.000803/2008-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 12 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 26 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/07/1995 a 31/12/2003
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO.
O Superior Tribunal de Justiça diante do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado pela sistemática dos recursos repetitivos, consolidou entendimento que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não restar constado dolo, fraude ou simulação.
Portanto, quando configurada as causas que atingem a decadência, o crédito deve ser exonerado até a data de seu prazo quinquenal.
Recurso de Ofício Negado.
Numero da decisão: 2301-005.913
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Antônio Sávio Nastureles (Presidente em exercício)
(assinado digitalmente)
Wesley Rocha Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente convocada), Thiago Duca Amoni (suplente convocado), Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e Antônio Sávio Nastureles (Presidente em exercício). Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Thiago Duca Amoni, suplentes convocados, integraram o colegiado em substituição, respectivamente, aos conselheiros João Maurício Vital e Alexandre Evaristo Pinto.
Nome do relator: WESLEY ROCHA
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/07/1995 a 31/12/2003 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO. O Superior Tribunal de Justiça diante do julgamento do Recurso Especial nº 973.733-SC, em 12/08/2009, afetado pela sistemática dos recursos repetitivos, consolidou entendimento que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não restar constado dolo, fraude ou simulação. Portanto, quando configurada as causas que atingem a decadência, o crédito deve ser exonerado até a data de seu prazo quinquenal. Recurso de Ofício Negado.
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DECADÊNCIA. RECURSO DE OFÍCIO NEGADO. O Superior Tribunal de Justiça diante do julgamento do Recurso Especial nº 973.733SC, em 12/08/2009, afetado pela sistemática dos recursos repetitivos, consolidou entendimento que o termo inicial da contagem do prazo decadencial seguirá o disposto no art. 150, §4º do CTN, se houver pagamento antecipado do tributo e não restar constado dolo, fraude ou simulação. Portanto, quando configurada as causas que atingem a decadência, o crédito deve ser exonerado até a data de seu prazo quinquenal. Recurso de Ofício Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso de ofício nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Antônio Sávio Nastureles (Presidente em exercício) (assinado digitalmente) Wesley Rocha – Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 08 03 /2 00 8- 49 Fl. 647DF CARF MF Processo nº 18471.000803/200849 Acórdão n.º 2301005.913 S2C3T1 Fl. 3 2 convocada), Thiago Duca Amoni (suplente convocado), Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e Antônio Sávio Nastureles (Presidente em exercício). Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Thiago Duca Amoni, suplentes convocados, integraram o colegiado em substituição, respectivamente, aos conselheiros João Maurício Vital e Alexandre Evaristo Pinto. Relatório Tratase de recurso de ofício interposto contra acórdão de julgamento da DRJ/Rio De Janeiro/RJ I, que julgou improcedente em parte o lançamento fiscal com base na consideração de que o processo teve os efeitos da decadência atingidos. Em razão do valor autuado ser maior que o valor de alçada, foi interposto o referido Recurso de Ofício. Diante dos fatos apresentados, é o breve relatório. Voto Conselheiro Wesley Rocha relator A DRJ de origem decidiu no sentido de que o crédito fiscal deveria ser exonerado. O auto de infração possui um valor total autuado de R$ 5.165.884,39 (cinco milhões, cento e sessenta e cinco mil, e oitenta e quatro reais, e trinta e nove centavos. Restou um valor remanescente, que já foi quitado pela contribuinte, segundo consta das informações dos autos. Cumpre destacar que a Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017 majorou o limite de alçada para interposição de recurso de ofício, que deixou de ser aquele estabelecido na Portaria MF n.º 3, de 3 de janeiro de 2008, na quantia de R$ 1.000.000,00 um milhão de reais, para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais), conforme se transcreve os dispositivos da Portaria abaixo: "Portaria MF nº 63, de 09 de fevereiro de 2017. (Publicado(a) no DOU de 10/02/2017, seção 1, pág. 12). Estabelece limite para interposição de recurso de ofício pelas Turmas de Julgamento das Delegacias da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ). O MINISTRO DE ESTADO DA FAZENDA, no uso da atribuição que lhe confere o inciso II do parágrafo único do art. 87 da Constituição Federal e tendo em vista o disposto no inciso I do art. 34 do Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972, resolve: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Fl. 648DF CARF MF Processo nº 18471.000803/200849 Acórdão n.º 2301005.913 S2C3T1 Fl. 4 3 § 1º O valor da exoneração deverá ser verificado por processo § 2º Aplicase o disposto no caput quando a decisão excluir sujeito passivo da lide, ainda que mantida a totalidade da exigência do crédito tributário. Art. 2º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação no Diário Oficial da União. Art. 3º Fica revogada a Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008". A Súmula CARF n.º 103 estabelece que o limite de alçada do recurso de ofício deve ser analisado na data de sua apreciação em segunda instância, conforme se transcreve abaixo: "Súmula CARF nº 103: Para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". Este Conselho em análise reiterada sobre o assunto, com a matéria já sumulada, decidiu por diversas vezes que o limite de alçada deve ser analisado na data que o recurso for julgado, conforme ementa abaixo transcrita: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2008, 2009, 2010, 2011 RECURSO DE OFÍCIO. NÃO CONHECIMENTO. LIMITE DE ALÇADA VIGENTE. PORTARIA MF Nº 63, DE 2017. SÚMULA CARF Nº 103. A Portaria MF nº63,de09 de fevereiro de 2017 majorou o limite de alçada para interposição de recurso de ofício, que deixou de ser o valor estabelecido na Portaria MF nº 3, de 3 de janeiro de 2008 (R$ 1.000.000,00 um milhão de reais), para R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). Nos termos da Súmula CARF nº 103, para fins de conhecimento de recurso de ofício, aplicase o limite de alçada vigente na data de sua apreciação em segunda instância". (Processo n.° 10166.723214/201422, Acórdão n.º 2202004.316, Conselheiro Relator Martin Da Silva Gesto, publicado em 20/11/2017). Portanto, o recurso está sendo posto para julgamento na data de 13.03.2019, após a vigência da Portaria de 2017, e ultrapassa o valor de alçada, estando regular para seu julgamento. Assim, em análise da decisão de primeira instância que exonerou quase por completo o auto de infração, verifico que deve ser realizada a manutenção da decisão de primeira instância, uma vez que de fato o auto de infração está contaminado pela decadência, em quase sua totalidade. A exigência em exame é relativa ao período de 07/1995 a 12/2003, e o lançamento foi realizado apenas em 26/04/2005, data da ciência do sujeito passivo. Portanto, cinco anos a mais do permitido legal para a sua exigência, e que assim foram excluídas do presente lançamento as competências até 03/2000. Fl. 649DF CARF MF Processo nº 18471.000803/200849 Acórdão n.º 2301005.913 S2C3T1 Fl. 5 4 Cumpre destacar que, para os demais períodos a contribuinte quitou os valores em questão, renunciando expressamente ao seu direito de recorrer (efls. 612, 627 e 640). Com isso, em relação à decadência, o Supremo Tribunal Federal STF, conforme o Informativo STF nº 510 de 19 de junho de 2008, por entender que apenas lei complementar pode dispor sobre prescrição e decadência em matéria tributária, nos termos do artigo 146, III, b, da Constituição Federal, negou provimento por unanimidade aos Recursos Extraordinários nºs 556664/RS, 559882/RS, 559.943 e 560626/RS, em decisão plenária que declarou a inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46, da Lei nº 8.212/91, atribuindose à decisão, eficácia ex nunc apenas em relação aos recolhimentos efetuados antes de 11.6.2008, e não impugnados até a mesma data, seja pela via judicial, seja pela administrativa. Após, o STF aprovou o Enunciado da Súmula Vinculante nº 8, publicada em 20.06.2008, nestes termos: Súmula Vinculante nº 8. São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1.569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário. Publicada no DOU de 20/6/2008, Seção 1, p.1. É necessário observar ainda que as súmulas aprovadas pelo STF possuem efeitos vinculantes, conforme se depreende do art. 103A e parágrafos da Constituição Federal, que foram inseridos pela Emenda Constitucional nº 45/2004. in verbis: “Art. 103A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgandoa procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso (g.n.)." Portanto, da leitura do dispositivo constitucional acima, concluise que a vinculação à súmula alcança a administração pública e, por conseqüência, os julgadores no âmbito do contencioso administrativo fiscal. Fl. 650DF CARF MF Processo nº 18471.000803/200849 Acórdão n.º 2301005.913 S2C3T1 Fl. 6 5 Ademais, o art. 62, caput do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF do Ministério da Fazenda, Portaria MF nº 256 de 22.06.2009, veda o afastamento de aplicação ou inobservância de legislação sob fundamento de inconstitucionalidade. Assim, em razão da declaração de inconstitucionalidade dos artigos 45 e 46 da Lei nº 8.212/1991 pelo STF, há que serem observadas as regras previstas no Código Tributário Nacional CTN,e que nesse caso, temse aplicação do art. 150, inciso §4, do CTN, uma vez que houve recolhimento parcial (efls. 40 e seguintes do eprocesso). Por outro lado, o Superior Tribunal de Justiça consolidou seu entendimento no Recurso Especial n.º 973.733, de 12/08/2009, julgado sob o regime dos recursos repetitivos, de aplicação obrigatória a este Tribunal. Nesse sentido, o prazo decadencial para o Fisco lançar o crédito tributário é de cinco anos, contados: i) a partir da ocorrência do fato gerador, quando houver antecipação de pagamento e não houver dolo, fraude ou simulação (art. 150, §4º, CTN); ou ii) a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, no caso de ausência de antecipação de pagamento (art. 173, I, CTN). Existindo pagamento localizado no presente feito, o que atrai a regra do art. art. 150, §4º, CTN, verificase que de fato a presente autuação foi atingida pelos efeitos da decadência, devendo ser o crédito fiscal exonerado, conforme conclusão da DRJ de origem. Para os demais períodos, como já mencionado, houve quitação do débito. CONCLUSÃO Em face do exposto, voto por conhecer e NEGAR PROVIMENTO ao Recurso de Ofício, impondo a manutenção da decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Wesley Rocha Relator Fl. 651DF CARF MF Processo nº 18471.000803/200849 Acórdão n.º 2301005.913 S2C3T1 Fl. 7 6 Fl. 652DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13768.000106/2009-20
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 07 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed May 29 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2004
DASN. ATRASO NA ENTREGA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE.
Comprovada a sujeição do contribuinte à obrigação, o descumprimento desta ou seu cumprimento em atraso enseja a aplicação das penalidades previstas na legislação de regência.
DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA CARF Nº. 49.
A denúncia espontânea não afasta a aplicação da multa por atraso no cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Aplicação da Súmula CARF n. 49.
Numero da decisão: 1002-000.647
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Aílton Neves da Silva - Presidente e relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo.
Nome do relator: AILTON NEVES DA SILVA
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ATRASO NA ENTREGA. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. Comprovada a sujeição do contribuinte à obrigação, o descumprimento desta ou seu cumprimento em atraso enseja a aplicação das penalidades previstas na legislação de regência. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. INAPLICABILIDADE AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS. INCIDÊNCIA DA SÚMULA CARF Nº. 49. A denúncia espontânea não afasta a aplicação da multa por atraso no cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Aplicação da Súmula CARF n. 49. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar as preliminares suscitadas e, no mérito, em negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Presidente e relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 76 8. 00 01 06 /2 00 9- 20 Fl. 112DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 113 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Aílton Neves da Silva (Presidente), Breno do Carmo Moreira Vieira, Rafael Zedral e Marcelo José Luz de Macedo. Relatório Por bem expressar os fatos ocorridos até o momento processual anterior ao do julgamento da Manifestação de Inconformidade contra a exigência da multa por atraso na entrega da declaração, transcrevo e adoto o relatório produzido pela DRJ/RJ1: Versa o presente processo sobre o auto de infração de fl. 19, cientificado à interessada acima qualificada em 09/03/2009, por meio do qual é exigido da mesma a multa por atraso na entrega da sua Declaração Simplificada da Pessoa Jurídica DSPJ Simples, do exercício de 2005, anocalendário 2004, no valor de R$ 2.357,03. Inconformada, a interessada apresentou, em 27/03/2009, a impugnação de fls. 01/07, onde argüi a tempestividade e a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, descreve a autuação e alega, em síntese: Que recebeu o comunicado do Ato Declaratório n° 210087 em 03/11/2000 e imediatamente fez a Solicitação de Revisão da Vedação/Exclusão à Opção pelo Simples SRS, mas mesmo assim o sistema não permitiu a transmissão da declaração em tempo e hora. Que, mesmo fora do prazo, apresentou espontaneamente a Declaração, antes de qualquer procedimento fiscal, estando, portanto, diante do instituto da denúncia espontânea albergada pelo art. 138 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966, Código Tributário Nacional CTN. Transcrevendo acórdãos e expondo sua opinião sobre o assunto, protesta contra a cobrança de multas nas denúncias espontâneas de entrega de Declarações e cumprimento de obrigações acessórias. Encerra pedindo seja determinada a suspensão da cobrança e seus efeitos e que seja julgado procedente o seu pleito, para declarar insubsistente o auto de infração, com as devidas baixas. A DRJ/RJ1 negou provimento à impugnação e o contribuinte apresentou Recurso Voluntário contra a decisão de primeira instância no qual ratificou e reforçou os argumentos trazidos em sua peça de impugnação. Após uma primeira análise dos autos, este colegiado decidiu baixar o processo em diligência, conforme Resolução n.º 1002000.003, desta 2.ª Turma Extraordinária (efls. 43/47), abaixo reproduzida: Fl. 113DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 114 3 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Resolvem os membros do colegiado, por maioria de votos, converter o julgamento em diligência, para que a Unidade de Origem: a) informe o resultado da análise da SRS apresentada para a finalidade de reinclusão no Simples do anocalendário de 2004; b) informe, de acordo com a legislação vigente à época dos fatos, se a referida SRS teve efeito suspensivo da exigibilidade do crédito tributário discutido nos presentes autos; c) esclareça, por meio de parecer conclusivo, se houve, à época dos fatos, algum óbice na recepção da declaração do Simples nos sistemas de controle da SRF que teria motivado o atraso na entrega da declaração do anocalendário de 2004 nos moldes do relato feito pelo contribuinte; d) forneça, ou intime o contribuinte a apresentar, certidão de objeto e pé ou cópia da sentença judicial com trânsito em julgado dos Embargos à Execução de ns. 2002.02.01.0412285 e 2005.50.04.0007229. Vencido o conselheiro Júlio Lima Souza Martins, que entendeu desnecessária a diligência. Em Relatório de Diligência (efls. 98) a Unidade Preparadora prestou os esclarecimentos conforme segue: Este processo trata da mesma situação do de nº13768.000105/200985, o qual foi encaminhado ao SECAT/DRF/VIT/ES para informação quanto aos questionamentos feitos na Resolução do CARF nº1002000.002 em seus itens “a” a “c”. Em análise nos sistemas da RFB, verificamos que o contribuinte foi excluído do SIMPLES FEDERAL, com efeitos a partir de 01/11/2000, e apresentou SRS cuja análise foi concluída em 10/04/2001, em decisão que manteve a exclusão, conforme tela do SIVEX, fl. 94. Em 16/12/2004, o interessado, alegando não ter obtido resposta quanto à sua SRS, protocolou o processo de nº13768.000151/200470 requerendo sua reinclusão a partir da data de 01/11/2000. Tal processo foi extinto pelo Ato Declaratório Executivo DRF/VIT/ES nº15, de 30 de março de 2016, sem análise do mérito, conforme cópia integral juntada aos autos. Durante todo este período, não era possível a entrega das DIPJ no modelo SIMPLES via Receitanet Contribuinte, tendo em vista que estava excluído da modalidade do SIMPLES FEDERAL. Em 23/10/2007, foram entregues as declarações referentes aos anos calendário 2005, 2004 e 2003, via Receitanet Receita, as quais geraram as MAED que estão sendo controladas nos Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 115 4 processos nº13768.000105/200985, 13768.000106/200920 e 13768.000107/200974, respectivamente. Feitas estas considerações, encaminhese este processo ao SEORT/DRF/VIT/ES para providências relativas ao item “d” da Resolução CARF. Consta, ainda, do relatório de diligência, Sentença de procedência do pedido com trânsito em julgado relativa aos embargos a execução constante do processo 2005.50.04.0007229, concedendo a antecipação de tutela "para que o Embargado retire o nome da Embargante do CADIM" (efls. 103/106). Atendidas as solicitações constantes da Resolução n.º 1002000.003 (efl. 109), não consta que o Recorrente tenha apresentado contrarrazões, sendo os autos encaminhados a esta relatoria em 01/02/2019 (efls. 111). E o Relatório do necessário. Voto Conselheiro Aílton Neves da Silva Relator Admissibilidade Inicialmente, reconheço a plena competência deste Colegiado para apreciação do Recurso Voluntário, na forma do art. 23B da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do CARF), com redação dada pela Portaria MF n.º 329/2017. Demais disso, observo que o recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Preliminares O Recorrente alega ausência de resposta de sua petição, a qual consta do processo nº 13768.000151/200470. Baseada nessa alegação, este colegiado decidiu baixar o processo em diligência objetivando verificar possível cerceamento do direito de defesa do Recorrente. Em cumprimento à diligência, constatase que a Unidade de Origem juntou aos autos o processo nº 13768.000151/200470 (e.fl. 50), no qual o ora Recorrente solicitou a sua manutenção no Simples Federal, afirmando não ter recebido nenhuma resposta acerca da SRS Solicitação de Revisão de Exclusão do Simples perpetrada pelo ADE nº 210.087 com Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 116 5 efeitos a partir de 01/11/2000 e alegando que o ADE em referência não explicitou a natureza das pendências junto à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional. Constatase, ainda, às efls. 90, que o requerente não obteve resposta de seu pedido, tendo o processo nº 13768.000151/200470 sido arquivado por meio do ADE/DRF/VITÓRIA nº 15/2016, com base no artigo 52 da lei nº 9.784/99 e sob a justificativa de que eventual decisão não teria o condão de produzir quaisquer efeitos tributários. Confira se: Entendo que não assiste razão ao Recorrente. Compulsandose os autos do processo nº 13768.000151/200470 às efls. 53, vejo que o requerimento do contribuinte diz respeito ao direito de apresentação da declaração do simples federal do exercício de 2004, conforme excerto seguinte: Entretanto, o auto de infração de efls. 21 referese ao atraso na entrega da declaração do Simples Federal do exercício de 2005, período em que o contribuinte já estava enquadrado no Simples, conforme indica o documento seguinte: Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 117 6 Assim, o contribuinte não teve seu direito a entrega tempestiva da declaração prejudicado, eis que já estava enquadrado no Simples desde o exercício de 1999. Correta, portanto, a afirmação da Unidade de Origem consignada no ADE/DRF/VITÓRIA nº 15/2016, no sentido de que o objeto da decisão do processo nº 13768.000151/200470 seria inútil ao presente processo, eis que não teria o condão de gerar quaisquer efeitos tributários. Com relação à Sentença de procedência a favor do contribuinte relativa aos embargos a execução constante do processo 2005.50.04.0007229, constato que não possui qualquer relevância para a solução do litígio constante desses autos, porque tem por objeto auto de infração lavrado em 24/10/1998 e não multa por atraso na entrega de declaração (efls 104). Rejeito, portanto, as preliminares suscitadas. Mérito Observo, inicialmente, que não há discussão quanto ao atraso na entrega da declaração e ao cálculo do valor da multa exigida, o que torna o fato incontroverso. Os argumentos do Recorrente, a exemplo do que ocorreu em primeira instância, baseiamse no instituto da denúncia espontânea, haja vista ter efetuado a entrega da declaração antes de qualquer procedimento fiscal. Não vejo como acolher o pleito do Recorrente, pois a decisão da DRJ apresenta estreita sintonia com a jurisprudência do CARF. Os indigitados argumentos foram fundamentadamente afastados em primeira instância, conforme consta de trechos do voto condutor do acórdão recorrido, pelo que peço vênia para transcrevêlos e, com base no §1º do art. 50, da Lei nº 9.784/1999 c/c §3º do art. 57 do RICARF, adotálos, desde já, como razões de decidir (grifos do original): Fl. 117DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 118 7 A interessada protesta que o atraso na entrega de suas Declarações, que motivou a autuação, estaria albergado pelo instituto da denúncia espontânea, previsto no art. 138 do Código Tributário Nacional CTN, in verbis: Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração. Ocorre que, a multa imposta à interessada, referente ao atraso na entrega de Declarações, não pode ser excluída pelo instituto da denuncia espontânea, uma vez que o próprio art. 7º da Lei n° 10.426, de 24 de abril de 2002, que prevê a imposição da multa, discorre em seu parágrafo 2o que as multas serão reduzidas à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício. Tal dispositivo foi observado no auto de infração e conta com a inaplicabilidade do art. 138 do CTN, uma vez que prevê a imposição da multa, mesmo que reduzida, exatamente no caso da entrega da Declaração após o prazo, espontaneamente, antes de procedimento de oficio. Voltandose ao exame do auto de infração, verificase estar indicado que as apresentações das Declarações ocorreram após o prazo final de entrega e que no demonstrativo do auto de infração, os cálculos das multas indicam ter sido observados os parâmetros dispostos no artigo 7o da Lei n° 10.426/2002, explicitados pelo artigo 7o da IN SRF 255/2002. Logo, tenho o entendimento que é fato incontroverso o atraso no cumprimento da obrigação acessória e que a autuação se deu com observância ao que determina a legislação. É verdade que há julgados administrativos e de tribunais com entendimento diverso. A ciência do Direito suscita controvérsias. Embora tais julgados tenham apenas efeitos entre as partes, vale mencionar a decisão proferida pelo STJ no Resp n 246.963, demonstrando o entendimento de que o art. 138 do Código Tributário Nacional não pode ser invocado para afastar as multas aplicadas por atraso na apresentação das declarações (DIPJ, DCTF, DIRF etc), mesmo que o contribuinte tome a iniciativa de apresentálas antes de receber a respectiva intimação. 'DENÚNCIA ESPONTÂNEA, ENTREGA COM ATRASO DE DECLARAÇÃO DE IMPOSTO DE RENDA 1. A entidade denúncia espontânea não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a declaração do imposto de renda. 2. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas Fl. 118DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 119 8 pelo art. 138 do CTN. 3. Há de se acolher a incidência do art. 88, da Lei n° 8.981/95, por não entrar em conflito com o art. 138 , do CTN. 4. Recurso provido . Processo: 190388 RE/SP Recurso Especial UF: GO Decisão: Superior Tribunal de Justiça STJ Primeira Turma em 03.12.1998 Publicação: DJ em 22.03.1999 Relator: José Delgado Informações Adicionais: Decisão: Por unanimidade, dar provimento ao recurso. STJ RE/SP 190388 03.12.1998' Apesar de tratar de outro dispositivo legal que prescreve a aplicação de multa regulamentar por falta ou atraso no cumprimento da obrigação acessória de entregar a declaração de rendimentos (pessoa física e jurídica), a decisão não deixa dúvidas que seriada mesma no caso em exame, pois a natureza da infração é idêntica. Neste sentido não discrepa o entendimento do então Conselho de Contribuintes, atual Conselho Administrativo de Recursos FiscaisCARF, conforme Acórdão n° 10243711, de 14/04/1999, in verbis: 'ESPONTANEIDADE INAPLICABILIDADE DO ART. 138 DO CTN A entrega da declaração é uma obrigação acessória a ser cumprida anualmente por todos aqueles que se encontrem dentro das condições de obrigatoriedade e, independe da iniciativa do sujeito ativo para seu implemento. A vinculação da exigência da multa à necessidade de procedimento prévio da autoridade administrativa fere o artigo 150 inciso II da Constituição Federal na medida em que, para quem cumpre o prazo e entrega a declaração acessória não se exige intimação, enquanto para quem não a cumpre seria exigida. Se esta fosse a interpretação estaríamos dando tratamento desigual a contribuintes em situação equivalente.' Não há, portanto, nenhum conflito entre o artigo 138 do CTN e a legislação Federal que dispõe sobre a aplicação de multas regulamentares, pois o afastamento das penalidades em função da denúncia espontânea não ocorre quando o fato gerador é o descumprimento de uma conduta meramente formal. Do acima exposto, verificase a higidez do lançamento, eis que teve como lastro o artigo 7º da Lei nº 10.426/2002. Concluise ainda, que a exoneração da multa pelo atraso na entrega de declaração fundada na Denúncia espontânea não se aplica aos casos de multas decorrentes de descumprimento de obrigações acessórias. Isso porque a própria natureza da obrigação acessória representa um viés autônomo do tributo cobrado. Nessa trilha, quando se descumpre a indigitada obrigação, nasce um direito autônomo à cobrança, pois pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal, relativamente à penalidade pecuniária (art. 113, § 3°, do CTN). De arremate, vale dizer que o assunto encontrase sumulado no enunciado 49 do CARF: Fl. 119DF CARF MF Processo nº 13768.000106/200920 Acórdão n.º 1002000.647 S1C0T2 Fl. 120 9 Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Dispositivo Com tudo o que foi exposto nos tópicos anteriores, resta claro que os argumentos esposados pela Recorrente não merecem acolhimento. Portanto, VOTO pelo NÃO PROVIMENTO do Recurso Voluntário, com a consequente manutenção da decisão de origem. (assinado digitalmente) Aílton Neves da Silva Fl. 120DF CARF MF
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