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Numero do processo: 10925.907011/2011-13
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Mar 03 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.582
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Oscar SantAnna de F. Castro, OAB/RJ nº 32641.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Presidente
(assinado digitalmente)
Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo- Relatora
Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO
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Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto da Relatora. Fez sustentação oral, pela Recorrente, o advogado Oscar SantAnna de F. Castro, OAB/RJ nº 32641. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza– Presidente (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Mercia Helena Trajano Damorim, Cassio Schappo, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Tatiana Josefovicz Belisario. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 09 25 .9 07 01 1/ 20 11 -1 3 Fl. 531DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 94 2 Relatório Referese o presente processo a pedido de ressarcimento de PIS e Cofins e consectários legais, relativo à aquisição de insumos, relativa ao 2o trimestre de 2008. Para bem relatar os fatos, transcrevese o relatório da decisão proferida pela autoridade a quo: Trata o presente processo de Pedido de Ressarcimento de créditos da Contribuição para o PIS/Pasep, PER/DCOMP nº 30908.83713.021008.1.1.089378, cumulado com declarações de compensação, tendo como valor do pedido o montante de R$ 6.168.125,29. Esses créditos, apurados sob o regime da não cumulatividade com base nos dados do Dacon (Demonstrativo de Apuração das Contribuições Sociais), são decorrentes das operações da interessada com o mercado externo em razão de vendas efetuadas com não incidência das contribuições que remanesceram ao final do 2º trimestre de 2008, após as deduções do valor a recolher da contribuição, concernentes às demais operações. Do Relatório Fiscal A autoridade fiscal relata que para confirmação dos valores declarados em Dacon como origem dos créditos a descontar: verificou a compatibilidade das operações de aquisições geradoras de crédito com a receita declarada pelos principais fornecedores; e verificou a regularidade e integridade do crédito, por meio de auditorias das memórias de cálculo, análise do correto enquadramento dos Códigos Fiscais de Operação (CFOP) nas respectivas linhas do Dacon e conferências por amostragem dos totais declarados nos livros do contribuinte, de acordo com técnicas de auditoria e critérios definidos pelo Auditor Fiscal, onde foram considerados o valor das notas fiscais, os fornecedores, a descrição do produto constante na nota, a respectiva classificação CFOP e a sua relação com o processo produtivo. Informa que foram utilizadas planilhas auxiliares para reproduzir os valores do Dacon, para confirmar os percentuais de rateio, para calcular as novas bases de cálculo em função das glosas, para calcular os valores que foram deferidos e para comparar os valores originários declarados no Dacon com os novos valores (deferidos). 1. Ficha 16A Bens adquiridos no mercado interno Da base de cálculo dos créditos apurados em Dacon, ficha 16B – aquisições no mercado interno, foram glosados os valores que seguem: 1.1. Da linha 02 – bens utilizados como insumo Da linha 02 foram glosados os valores referentes a: 1.1.1. aquisições de bens e serviços que não se enquadram no conceito de insumo A autoridade fiscal relata que glosou os valores das notas fiscais de aquisições de mercadorias e serviços que não se enquadram no inciso II do artigo 3º das Leis nº 10.833/2003 e nº 10.637/2002, pois consistiriam de “despesas gerais necessárias às operações industriais Fl. 532DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 95 3 e comerciais normais de qualquer estabelecimento industrial/comercial”. Assim relaciona o principais itens glosados: Uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados, materiais de uso pessoal: luva, avental, respirador descartável, bota/botina de segurança, protetor auricular, óculos de segurança, sapato de segurança, camisa/camiseta, absorvente higiênico,calça; b. Materiais de limpeza / desinfecção: detergente; c. Produtos para movimentação de cargas / embalagens utilizadas para transporte: pallet ; d. Combustíveis (não exercem ação direta sobre o produto): hexano, óleos, GLP, acetileno, gases em geral; e. Ferramentas e materiais utilizados em máquinas/equipamentos: correia, corrente, lubrificantes, mangueira hidráulica, mangote, graxa, botão, disjuntor, fita isolante, fusível, reator, resistência, retentor, rolamento, selo mecânico, válvula, abraçadeira, arruela, bucha, conector, parafuso, porca sextavada, rebite, argônio, agulha, bucha; f. Bens do ativo imobilizado: animais reprodutores e de lactação (não são consumidos na produção) e ração por eles consumida; g. Outras aquisições cuja utilização no processo produtivo não foi detectada:enzima protease 1.1.2. aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e aquisições sujeitas à alíquota zero Dos valores informados para a linha 2 do Dacon a autoridade fiscal glosou, com fundamento nos incisos I e II do §2º das Leis nº 10.833/2003 e 10.637/2002, os valores referentes a bens adquiridos de pessoas físicas e, também, bens que estavam, à época da aquisição, sujeitos à alíquota zero da contribuição, conforme constatado por meio da NCM da aquisição ou pela própria descrição do material constante da planilha de memória de cálculo apresentada. Informa que a planilha contendo os itens glosados foi anexada aos autos. Assim relaciona o principais itens glosados: Os principais itens sujeitos à alíquota zero glosados são: vacina vetorial, vitaminas, metionina, pantotenato de cálcio, biotina, ovo fértil, farinha de milho, cebola natural congelada, cebola desidratada, leite em pó, requeijão, mata mosca, champignon, bentonita sódica, terra filtrante, treonina, tomate cubo supergelado, digluconato de clorexidina, queijo prato e ricota. 1.1.3. aquisições de insumos com suspensão de PIS e Cofins A autoridade fiscal relata que excluiu os valores das aquisições de insumos com venda suspensa de PIS/Cofins, que não geram crédito regular (linha 02), mas somente crédito presumido de atividades agroindustriais. Assim coloca: Com relação aos insumos “boi castrado”, “boi castrado rastreado”, “boi inteiro”, “boi marruco”, “frango corte p/ abate”, “milho em grão”, “novilha”, “novilha rastreada”, “peru 21 dias p/ terminação”, “peru parceria”, “suíno geral p/ abate”, “suíno parceria”, “vaca” e “vaca rastreada”, tratase de insumos com venda suspensa de PIS/COFINS, conforme art. 9º da Lei nº 10.925/2004 e conforme item 2.1.6 deste Despacho. São aquisições sujeitas, portanto, somente a crédito presumido de atividades agroindustriais. Acrescenta que considerase que os fretes relativos às aquisições sujeitas a crédito presumido de atividades agroindustriais também Fl. 533DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 96 4 podem gerar crédito, mas somente no mesmo percentual de crédito presumido. E informa que os valores referentes a essas glosas foram adicionados à Linha 27 (ajustes positivos de créditos) da ficha 16B do Dacon. 1.1.4. diferença apurada entre memória de cálculo e Dacon Além das glosas supracitadas, foi glosada a diferença de R$ 35.457.857,84 entre o valor declarado na linha 02 da ficha 16B do Dacon de abril/2008 e o valor comprovado. 1.2. linha 03 serviços utilizados como insumo Dos montantes informados para linha 03, foram glosados os valores de aquisições que não se enquadram como serviços e, também, serviços que não se enquadram no conceito de insumo. A planilha contendo os itens da Linha 03 glosados se encontra anexa aos autos. 1.3. linha 04 Despesas de energia elétrica: Foram glosados da memória de cálculo os valores que não se referem a energia elétrica consumida nos estabelecimentos, mas, considerando os CFOP lá registrados (2.352), consistem de aquisições de serviços de transporte. 1.4. linha 06 Despesas de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos locados de pessoa jurídica: Foram glosados valores referentes a aluguéis pagos a pessoa física; itens cujo campo CNPJ/CPF da planilha não foi informado e referentes; 1.5. linha 07 Despesas de armazenagem e fretes na operação de venda: Foram glosados valores pagos a pessoas físicas e os valores das notas cujo CFOP e descrição indica que a correspondente operação não se refere a despesa com serviço de armazenagem e fretes; sobre essas glosas o fiscal assim dispõe: De acordo com a classificação no CFOP e com a descrição do serviço constante da memória de cálculo apresentada para justificar os créditos relativos às despesas referidas neste item, diversas notas fiscais não se referem a despesas de armazenagem nem a fretes em operações de venda – como exemplos, aquisição de serviço de comunicação (CFOP 1.303), compra de bem para o ativo imobilizado (CFOP 2.551), compra de material para uso ou consumo (CFOP 1.556), compra para industrialização (CFOP 1.101), locação de veículo, mãodeobra geral e serviço de lavação – e, por isso, foram glosadas. 1.6. linha 09 Encargos de depreciação de bens do ativo imobilizado: Foram glosados valores referentes a despesas com depreciação de bens do ativo imobilizado adquiridos após de 1º de maio de 2004; 1.7. linha 10 Créditos com base no valor de aquisição: foram glosados os valores referentes a: 1. diferenças entre as depreciações calculadas pelo contribuinte (em 48 meses, nos termos do §14 do art 3º da Lei nº 10.833/2003) e a depreciação correta, conforme o disposto na IN SRF nº 162/1998, Anexo II prazo de 300 meses para Fl. 534DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 97 5 edificações e benfeitorias; 2. aquisições registradas sem nenhuma descrição que possibilite a identificação da máquina/equipamento. 1.8. linha 27 Créditos presumidos de atividades agroindustriais: Relata a autoridade fiscal que da análise das planilhas de memória de cálculo (em mídia digital juntada ao processo físico), concluiu que a empresa possui diversas aquisições cujo enquadramento do percentual de 60% está equivocado. As referidas aquisições têm como enquadramento legal o percentual de 35% ou o percentual de 50% das alíquotas previstas no art. 2º das Leis nº 10.637/2002, e nº 10.833/2003. Sendo assim, foi glosada toda a diferença, subtraindo o valor da Linha 26. Também foram glosados os valores das aquisições que não se enquadram no conceito de insumo (animais reprodutores) e de insumos não destinados à alimentação (lenha, refile de madeira); e os valores de compras de bens destinados à comercialização, conforme o CFOP informado pelo contribuinte. 2. Ficha 16B Bens adquiridos no mercado externo Da base de cálculo dos créditos informados na linha 02 das ficha 16B – referentes a aquisições de insumos no mercado externo, com fundamento no inciso II do artigo 15 da Lei nº 10.865/2004 que autoriza o creditamento sobre bens e serviços importados utilizados como insumos na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, adquiridos no mês , foram glosados os valores: 1. das aquisições bens que estavam, à época da aquisição, sujeitos àalíquota zero da contribuição, o que se constata por meio da NCM da aquisição ou pela própria descrição do material constante da planilha de memória de cálculo. 2. das aquisições bens que não se enquadram no conceito de insumo (exemplos: agulha, anel, bico, bomba, bucha, cabeçote, correia, eixo,engate, esteira, forma, motor, navalha, raspador, resistência, roda,sensor, telha, amortecedor, bobina, borracha, cabo, calha, capa,capacitor, chave, elemento, eletrodo, fechadura, guia, haste, kit freio,luva, mola, motor, parafuso, placa, polia, porca, raspador, resistência,sapata, selo mecânico, transformador, bocal). Da Impugnação Preliminarmente a impugnante suscita a nulidade do lançamento, alegando este foi formalizado com supressão de instâncias e em desconformidade com o rito processual inerente aos pedidos de ressarcimento/compensação. Nesse sentido, alega, em síntese, que as autuações estão por exigir débitos decorrentes de compensações não homologadas sujeitas à recurso próprio, de manifestação de inconformidade, previsto no art. 74 da Lei n°. 9.430/96 com os efeitos de suspender a exigibilidade de eventual débito apurado, nos termos do art. 151, III, do CTN. Na sequência, passa a contestar as glosas efetuadas nas bases de cálculo dos créditos. Fl. 535DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 98 6 No tópico DA NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES AO PIS E À COFINS E O CONCEITO DE INSUMO PARA FINS DE CREDITAMENTO, INTERPRETADO À LUZ DA LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA, a recorrente tece considerações sobre a não cumulatividade das contribuições em tela estabelecendo o seu entendimento sobre o conceito de insumo, à luz da interpretação que faz da legislação e da jurisprudência. Na sequência, como razão de contestação comum às glosas procedidas pela autoridade fiscal, a interessada defende que o direito ao crédito de PIS e Cofins, previsto no art. 3º das Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, é assegurado não só em relação à aquisição de insumos empregados na produção de bens destinados à venda ou utilizados na prestação de serviços, como também em relação às despesas e demais custos incorridos nas atividades a que se dedica o Contribuinte e que são necessários à percepção dos valores objeto de faturamento. Reclama que a Secretaria da Receita Federal do Brasil através das Instruções Normativas n.°s 247/2002 e 404/2004, acabou por dar interpretação demasiadamente restritiva ao conceito de “insumo” para fins de crédito do PIS e da Cofins, não consentânea com a legislação de regência. Aduz que referidas normas complementares pretenderam empregar o conceito de “insumo” utilizado pela legislação do IPI em relação ao PIS e à Cofins para dispor que somente confere direito a crédito o bem que sofra alterações como desgaste, dano ou perda de propriedade no processo produtivo, o que já foi largamenterefutado pela Jurisprudência uníssona do CARF. Conclui, então que, delineado o alcance do conceito de “insumo” para efeitos do direito ao crédito das Contribuições ao PIS e à Cofins como sendo decorrente de qualquer custo ou despesa necessária para a produção do bem ou prestação de serviço, é de serreconhecido o direito em relação a todas as aquisições de bens e serviços, indevidamenteglosadas, uma vez que tem origem em custos e despesas incorridas essenciais e indispensáveis às suas atividades. Após tais ponderações, passa a tratar das glosas especificamente, trazendo as alegações que segue, conforme a ordem e o correspondente tópico da impugnação. DOS CUSTOS COM UNIFORMES, VESTUÁRIOS, EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO, USO PESSOAL, MATERIAIS DE LIMPEZA, DESINFECÇÃO E HIGIENIZAÇÃO E AQUISIÇÃO DE ENZIMA PROTEASE Nesse tópico, a impugnante alega que das normas e regulamentações expedidas pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, extraise ser dever e obrigação da empresa de fabricação de alimentos manter todo o ambiente limpo e desinfetado, bem como observar a higiene pessoal dos empregados, o que inclui vestimenta específica,conforme demonstrado. Alega que, assim, a vestimenta utilizada pelos empregados não é simplesmente uniforme padrão de qualquer estabelecimento industrial/comercial, mas sim uniforme específico, exigido por norma emanada da autoridade reguladora sendo sua aquisição, bem como a de material de limpeza e desinfecção, inerente à atividade da Fl. 536DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 99 7 Impugnante, o que lhe confere o direito de crédito das Contribuições ao PIS e à Cofins incorridos. Pelo exposto, defende o direito de crédito pela aquisição dos seguintes produtos: uniformes, luvas, avental, respirador descartável, botabotina de segurança, protetor auricular, óculos de segurança, sapato de segurança, camisa/camiseta, absorvente higiênico, calça, materiais de limpeza/desinfecção detergente,etc. Defende ainda que é legítimo também o direito ao crédito pela aquisição de enzima protease, insumo utilizado na produção de frangos temperados. Explica que a talenzima é utilizada na produção de tempero NCM35079029 Outras Proteases e seus concentrados, e utilizado na fabricação de caldo filtrado para Aroma de Frango NCM 16030000 Extratos e Sucos de Carne. DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE PRODUTOS PARA MOVIMENTAÇÃO DE CARGAS: PALLETS Defende o direito ao crédito em relação aos pallets alegando: De fato, os pallets além de exercerem função primordial para a movimentação de cargas, são fundamentais para impedir o contato do produto com a superfície do chão, o que é imprescindível ao cumprimento das exigências sanitárias dos órgãos reguladores, para a fabricação e comercialização dos produtos. Os pallets são ainda utilizados no processo produtivo, pois nas diversas das suas etapas são necessários para o deslocamento das matérias primas, em condições de higiene, sendo ainda utilizados para a armazenagem dos produtos acabados, até que sejam transportados para comercialização. E conclui que: Sem dúvida portanto, inegável o direito ao crédito do PIS e da COFINS decorrentes dos custos e despesas incorridas com os materiais necessários para movimentação de cargas pallets. DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE EMBALAGENS PARA TRANSPORTE Com suporte em jurisprudência do CARF e do STJ, defende que o crédito “decorrente da aquisição de embalagens para transporte é inequívoco, por constituir custo ou despesa inerente à atividade da Impugnante”. DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE COMBUSTÍVEIS EMPREGADOS NO PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO Contesta a glosa das aquisições de combustíveis alegando que tais produtos são utilizados nas “máquinas empregadas no processo de produção, fornos, empilhadeiras, necessários à sua atividade”. Aduz que o direito ao crédito das contribuições em face da aquisição combustíveis em geral já foi reconhecido pelo CARF e explica que: O hexano, por exemplo, é um produto químico fabricado a partir da destilação do petróleo, utilizado como combustível de motores e solvente na extração de óleos graxos e gordura. Assim, a Impugnante, como fabricante de produtos alimentícios, além de utilizar o hexano Fl. 537DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 100 8 como combustível em máquinas e equipamentos, utilizao como solvente para extração de óleos graxos e gordura para higienização e limpeza do estabelecimento. Já o óleo de xisto, consiste em combustível especial para combustão de máquinas e equipamentos, sendo utilizado como substituto do gás natural, empregado no processo produtivo. Por seu turno, o GLP (gás liquefeito de petróleo) e os gases em geral são utilizados no processo industrial como combustível para em máquinas, tais como as empilhadeiras, por exemplo. O diesel, também é empregado como fonte de combustão de máquinas,equipamentos e geradores de energia para garantir que a produção seja ininterrupta, ainda que falte energia. DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE FERRAMENTAS E MATERIAIS UTILIZADOS EM MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS A recorrente defende o crédito em relação as aquisições de ferramentas e materiais utilizados em máquinas e equipamentos, que seriam utilizados em equipamentos e máquinas destinados à fabricação dos alimentos, essenciais e inerentes ao processo produtivo, “tais como: correia, corrente, lubrificantes, mangueira hidráulica, mangote, graxa, botão,disjuntor, fita isolante, fusível, reator, resistência, retentor, rolamento, selo mecânico, válvula,abraçadeira, arruela, bucha, conector, parafuso, porca sextavada, rebite, argônio e agulha”. AQUISIÇÃO DE INSUMOS COM ALÍQUOTA ZERO A impugnante defende que deve ser mantido o direito ao crédito presumido pela aquisição de ovos férteis, por se tratar de produto agropecuário, e cebola in natura, por se tratar de produto da agroindústria. E aduz que todos os produtos adquiridos à alíquota zero e que estejam elencados no artigo 8º da Lei n.° 10.925/2004, conferem direito ao crédito presumido das Contribuições ao PIS e à Cofins específico ao seguimento da agroindústria. Menciona que consta no artigo 2° da IN/SRF n° 660/2006 a suspensão da exigibilidade das Contribuições ao PIS e à Cofins incidentes sobre a receita decorrente da venda de produtos in natura, leite in natura, produto in natura de origem vegetal destinado à elaboração de mercadorias e produtos agropecuários utilizados como insumo; que o § 3º do art. 3º da referida instrução normativa, estabelece que no caso dos produtos serem tributados à alíquota zero, o regime de suspensão fica mantido; que os artigos 5º e 7º da instrução, preceituam ser conferido o crédito presumido à pessoa jurídica que exerça atividade agroindustrial que adquira os produtos agropecuários utilizados como insumos, ainda que adquiridos com suspensão. Conclui que, portanto, é de se conferir o direito aos créditos presumidos pela aquisição de insumos da agroindústria, como na hipótese dos autos. Quanto aos demais insumos adquiridos de alíquota zero, defende que a não manutenção do crédito fere o princípio da não cumulatividade. Isto porque, uma vez que a saída é tributada, e se não for assegurada sua manutenção, sobre o produto final incidirá integralmente a contribuição, ferindo o princípio em questão. Fl. 538DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 101 9 DO DIREITO AO CRÉDITO PELA AQUISIÇÃO DE BENS COM SUSPENSÃO DAS CONTRIBUIÇÕES Defende que os insumos adquiridos sofreram a tributação pelas contribuições em apreço nas etapas anteriores, de forma a que o direito ao crédito se faz absolutamente válido pelo valor integral. Alega ainda que, podese concluir da redação descrita pela IN SRF nº 660/2006 e a posterior alteração dada pela IN RFB nº 977/2009, que antes desta última a suspensão de PIS e Cofins era uma faculdade e dependia de procedimentos formais (declaração). Caso seus argumentos não sejam acatados, a interessada pugna que se reconheça procedência parcial do crédito, mediante aplicação do percentual do crédito presumido. Aduz que a própria decisão recorrida reconhece que faria jus ao crédito nos termos do que dispõe o artigo 8º da Lei n.° 10.925/2004, pelo que ao menos o crédito presumido das Contribuições deve ser mantido. DO DIREITO AO CRÉDITO DECORRENTE DAS DESPESAS COM ARMAZENAGEM, FRETE INCIDENTE SOBRE AS AQUISIÇÕES DE INSUMOS COM SUSPENSÃO E DECORRENTE DE CUSTOS COM FRETE NAS OPERAÇÕES DE VENDA A impugnante alega que, nos termos da Legislação de regência, é conferido o direito de crédito do PIS e da Cofins decorrente de despesas com frete do transporte de mercadorias adquiridas e também das mercadorias vendidas. E com suporte em decisão do CARF, também defende o direito ao crédito em relação aos dispêndios com frete demercadorias entre estabelecimentos da própria pessoa jurídica. Aduz que não procede o entendimento esposado pelo despacho decisório,segundo o qual sobre as despesas de frete seria devido somente o crédito presumido a que se refere o artigo 8º, da Lei n.° 10.925/2004 e defende que, assim, há que se aplicar as alíquotas integrais para cálculo do crédito das contribuições sobre o valor das despesas havidas com frete. Além dos fretes, defende o crédito decorrentes das despesas comarmazenagem. DO DIREITO AO CRÉDITO DECORRENTE DA AQUISIÇÃO DEENERGIA ELÉTRICA Em relação à energia elétrica a impugnante esclarece que os documentos Grande Energia S/A e Centrais Elétricas MatogrossenseS/A porequívoco mencionaram os CFOP incorretos, quando o que deveria ter sido indicado é o CFOP1252/AA correspondente a aquisição de energia elétrica, o que será detalhado por ocasião daperícia mais adiante pleiteada. DO DIREITO AO CRÉDITO DECORRENTE DE DESPESAS DE ALUGUÉIS DE PRÉDIOS, MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS Com suporte em acórdão do CARF, defende que há direito ao crédito dasContribuições decorrente das despesas de aluguel de qualquer bem utilizado nas as atividades da Empresa, independentemente de estar, ou não, vinculado ao setor produtivo. Aduz que, no mesmo sentido, é devido o crédito decorrente de custos com aluguel de instalações (prédios)utilizados para consecução das atividades da empresa. Fl. 539DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 102 10 DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS COM BASE NOS ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO DOS BENS DO ATIVO IMOBILIZADO Defende o direito ao crédito em relação aos encargos de depreciação dos bens constantes do ativo imobilizado independente da data de aquisição dos bens, nos termos do inciso III, do § 1º, do artigo 3º das Leis n.° 10.637/2002 e n.° 10.833/2003. Nesse sentido, cita o Ato Declaratório Interpretativo n.° 2/2003 e o entendimento do Superior Tribunal de Justiça – STJ e, além disso, menciona que: a limitação temporal introduzida pelo artigo 31, e § 1º, da Lei n.° 10.865/2004, foi declarada inconstitucional pela Corte Especial do Tribunal Regional Federal da 4ª Região; a arguição de inconstitucionalidade do artigo 31, da Lei n.° 10.865/2004 é objeto de Recurso extraordináriocom repercussão geral reconhecida pelo STF, sendo que a decisão a ser proferida será de observância obrigatória por todas as instâncias judiciais e também pelos tribunais administrativos. DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE ENCARGOS DE EDIFICAÇÕES E BENFEITORIAS Alega que de acordo com o §14, do artigo 3º da Lei n.° 10.833/2003, o contribuinte poderá, opcionalmente, “calcular o crédito de que trata o inciso III do § 1°” do mesmo artigo 3º , pelo prazo de 4 (quatro) anos, mediante aplicação a cada mês das alíquotas sobre o valor correspondente a 1/48 avos do valor de aquisição dos bens e salienta que o referido inciso faz expressa menção às edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. DO DIREITO AO CRÉDITO PRESUMIDO DA LEI N° 10.925/2004 QUANTO AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE PESSOAS FÍSICAS/COOPERATIVAS COM ALÍQUOTA ZERO E QUANTO AO PERCENTUAL APLICADO CONFORME O INSUMO ADQUIRIDO – ATIVIDADES AGROINDUSTRIAIS. Inicialmente, a impugnante alega ser inegável o direito ao crédito pela aquisição de insumos de pessoas físicas e cooperados, ainda que os insumos tenham sido adquiridos com alíquota zero, nos termos do art. 8º da Lei n°. 10.925/2004, conforme, aliás, já reconhecido pelo CARF. Em relação as alíquotas, defende que os percentuais foram corretamente aplicados, pois, ao contrário do que pretendido pela Fiscalização, os percentuais são aplicados em função do produto adquirido como insumo, e não em função do produto final comercializado. DO DIREITO AOS CRÉDITOS APURADOS SOBRE INSUMOS IMPORTADOS TRIBUTADOS A ALÍQUOTA ZERO Neste tópico a recorrente remete ao tópico de sua impugnação em que firma os bens adquiridos são insumos, uma vez que são empregados/utilizados ou decorrentes de custos/despesas incorridas na atividade da empresa. Acrescenta que como demonstram os Extratos da Declaração de Importação, houve a incidência de PIS e de Cofins por ocasião do desembaraço aduaneiro dos bens importados e que foram objeto da glosa e que, assim, faz jus ao crédito das Contribuições pagas por Fl. 540DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 103 11 ocasião da importação dos insumos, em razão do regime da não cumulatividade. DAS SUPOSTAS DIFERENÇAS DE VALORES CONSTANTES DA DACON COM OS VALORES INFORMADOS EM MEMÓRIA DE CÁLCULO APRESENTADA DOS SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS Esclarece a Impugnante que a diferença apurada pela fiscalização deveuse pelo fato de, por um lapso, ter sido apresentada memória de cálculo sem contemplar créditos extemporâneos apurados em decorrência de custos com serviços de monitoramento de containers. Menciona que traz em anexo à presente defesa, planilha de cálculo (CD) contemplando os valores referentes ao crédito apurado em decorrência dos gastos pela contratação de serviço de monitoramento e movimentação dos containers, necessário para suportar a qualidade do produto final, que devem ser transportados em recipiente congelado. Conclui que comprovada a origem da diferença entre o valor dos créditos apurados e informados no Dacon e aqueles informados em memória de cálculo apresentada, deve cancelada a glosa do crédito. DOS ANIMAIS REPRODUTORES E DE LACTAÇÃO Inicialmente a recorrente informa que consta dos Despachos Decisórios, a indicação de haver sido glosado pela Fiscalização o direito ao crédito de PIS sobre os valores relativos à aquisição de bens do ativo imobilizado, como tal tendo sido identificados os animais reprodutores e de lactação, sob a alegação de não serem consumidos na produção, assim como a ração por eles consumidas. E alega que, no entanto, a Fiscalização não esclareceu, como deveria necessariamente fazêlo,sob pena de cerceamento ao direito de defesa, as razões e fundamentos pelos quais glosou os créditos quanto a este item. Por esta razão, a glosa deve ser desconsiderada, à míngua de fundamentos, nula que é de pleno direito. Não obstante, defende o direito ao crédito argumentando que, em cumprimento ao Pronunciamento Técnico CPC n.° 29, do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (Deliberação CVM n.° 596/09), as empresa de capital aberto, como é o seu caso, são obrigadas a contabilizar os ativos biológicos para fins de elaboração de suas demonstrações financeiras, neste aspecto enquadrandose os animais vivos segregados nas categorias: aves, suínos e bovinos. E que assim, “contabiliza como bens do ativo os animais com finalidades de procriação (reprodução) de animais para abates (insumos), assim como os destinados à manutenção (lactação) de animais imaturos, os quais são inegavelmente utilizados na produção das mercadorias de comercialização pela Recorrente”. Conclui, então que é inequívoco o direito de crédito pela aquisição de animais reprodutores e de lactação classificados no ativo imobilizado da Companhia, na forma do art. 3o , VI, da Lei n.° 10.637/2002. DA NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA Ao final, pugna pela realização de perícia a fim de que seja apurada a inexistência de quaisquer diferenças, mediante o levantamento:da natureza, da aplicação, e do montante de todos os insumos adquiridos no processo Fl. 541DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 104 12 de industrialização da Impugnante e que foram glosados; dos custos e demais despesas incorridas e que dão direito ao crédito do PIS e da COFINS, porquanto são todos necessários à atividade da Impugnante, na produção dos bens por ela comercializados. Traz a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados e o nome e o endereço do seu perito. Protesta, ainda, pela oportuna juntada de laudo técnico cuja elaboração já foi por ela requerida a órgão técnico, nos termos do artigo 33 do Decreto n.° 70.235/72 A Delegacia de Julgamento julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em decisão assim ementada: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente no País, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. DECISÕES JUDICIAIS E ADMINISTRATIVAS. DESCARACTERIZAÇÃO COMO NORMAS COMPLEMENTARES DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA. As decisões judiciais prolatadas em ações individuais não produzem efeitos para outros que não aqueles que compõem a relação processual. E as decisões administrativas, não formalmente dotadas de caráter normativo, igualmente se aplicam inter partes. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 DIREITO DE CRÉDITO. COMPROVAÇÃO. ÔNUS DO CONTRIBUINTE É do contribuinte o ônus de demonstrar e comprovar ao Fisco a existência do crédito utilizado por meio de desconto, restituição ou ressarcimento e compensação. DILIGÊNCIA. PERÍCIA. Em estando presentes nos autos do processo os elementos necessários e suficientes ao julgamento da lide estabelecida, prescindíveis são as diligências e perícias requeridas pelo contribuinte, cabendo a autoridade julgadora indeferilas. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2008 a 30/06/2008 PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. HIPÓTESES DE CREDITAMENTO. As hipóteses de crédito no âmbito do regime não cumulativo de apuração da Cofins são somente as previstas na legislação de regência, dado que esta é exaustiva ao enumerar os custos e encargos passíveis de creditamento, não estando suas apropriações vinculadas à Fl. 542DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 105 13 caracterização de sua essencialidade na atividade da empresa ou à sua escrituração na contabilidade como custo operacional. PIS. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. CONCEITO DE INSUMO. No regime não cumulativo da Contribuição para o PIS, somente são considerados como insumos, para fins de creditamento de valores: os combustíveis e lubrificantes, as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função de sua aplicação direta na prestação de serviços ou no processo produtivo de bens destinados à venda; e os serviços prestados por pessoa jurídica, aplicados ou consumidos na prestação de serviços ou na produção ou fabricação de bens destinados à venda. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO PRESUMIDO.ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. No âmbito do regime não cumulativo da Contribuição para o PIS, a natureza do bem produzido pela empresa que desenvolva atividade agroindustrial é considerada para fins de aferir seu direito ao aproveitamento do crédito presumido, já no cálculo do crédito deve ser observada a alíquota conforme a natureza do insumo adquirido. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. SUSPENSÃO DA INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO. REQUISITOS ESTABELECIDOS NA LEGISLAÇÃO. OBRIGATORIEDADE. É obrigatória a suspensão estabelecida pelo art. 9º da Lei nº 10.925/2004 na operação de venda dos produtos a que este se refere, quando o adquirente seja pessoa jurídica tributada pela com base no lucro real, exerça atividade agroindustrial e utilize o produto adquirido com suspensão como insumo na fabricação de produtos de que tratam os incisosI e II do art. 5º da IN SRF nº 660/2006. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. AQUISIÇÕES TRIBUTADAS. Somente geram créditos da Contribuição para o PIS passíveis de desconto da contribuição devida os valores das aquisições de bens ou serviços sujeitos ao pagamento da contribuição. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. ALUGUEIS DE PRÉDIOS,MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. A pessoa jurídica poderá descontar do valor da contribuição para o PIS devida créditos calculados em relação a despesas com alugueis de prédios, máquinas e equipamentos, desde que estes sejam utilizados nas atividades da empresa e as despesas pagas a pessoa jurídica. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. SERVIÇOS DE FRETE ENTRE ESTABELECIMENTOS DA EMPRESA. IMPOSSIBILIDADE. Fl. 543DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 106 14 Inexiste permissivo legal para tomada de créditos da Contribuição para o PIS a partir de dispêndios com serviços de frete de mercadorias ou produtos entre estabelecimentos da empresa. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DEPRECIAÇÃO OU AMORTIZAÇÃO DE BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. VEDAÇÃO. É vedada, por expressa determinação legal, a apropriação, a partir de 01/08/2004, de créditos da Contribuição para o PIS calculados sobre os encargos de depreciação de bens e direitos do ativo imobilizado adquiridos até 30/04/2004. PIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. DEPRECIAÇÃO ACELERADA. EDIFICAÇÕES E BENFEITORIAS. IMPOSSIBILIDADE. Inexiste permissivo legal para que a pessoa jurídica opte pela tomada de crédito da Contribuição para o PIS de depreciação calculada de forma acelerada em relação às edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte Em sede de recurso voluntário, reiterouse os argumentos iniciais, sendo que o patrono da Recorrente, protocolou em 27 de maio de 2014, laudo técnico, no qual se descreveria e demonstraria, a aplicação dos itens em relação aos quais se pleiteia os créditos, protocolado aos presentes autos. Por conseguinte, pela aplicação do Princípio da Verdade Material, a colegiado deliberou a conversão do julgamento em diligência, Resolução n. 3201000.486, para que fosse dada ciência do laudo juntado à Procuradoria da Fazenda Nacional. A Procuradoria da Fazenda Nacional, por sua vez, manifestouse pela recusa da aceitação das provas extemporâneas, pela aplicação do art. 16 do Decreto n.º 70.235/72, considerandose a inexistência de situações excepcionais que justificassem a sua apresentação. Ademais, no caso em tela, o laudo pericial foi elaborado unilateralmente, por peritos indicados apenas pela Recorrente, não se prestando a ser considerado como o resultado de uma diligência, tal como comumente se verifica em processos onde o julgador pretende ver sanada alguma questão antes de proferir o seu julgamento. Com relação à questão de fundo, faz a Procuradoria remissão ao Recurso Especial n. 1.128.018 RS, da relatoria do Ministro Sérgio Kukina, para se prestar como parâmetro na apreciação do mérito do recurso voluntário. É o relatório. Conselheira Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Relatora Fl. 544DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 107 15 Voto No caso concreto, a Recorrente pleiteia o direito aos créditos referentes ao regime nãocumulativo de PIS e Cofins, do segundo trimestre de 2008, que foram integralmente denegados pela decisão recorrida, relativos a: a. Uniformes, artigos de vestuário, equipamentos de proteção de empregados, materiais de uso pessoal: luva, avental, respirador descartável, bota/botina de segurança, protetor auricular, óculos de segurança, sapato de segurança, camisa/camiseta, absorvente higiênico,calça; b. Materiais de limpeza / desinfecção: detergente; c. Produtos para movimentação de cargas / embalagens utilizadas para transporte: pallet ; d. Combustíveis (não exercem ação direta sobre o produto): hexano, óleos, GLP, acetileno, gases em geral; e. Ferramentas e materiais utilizados em máquinas/equipamentos: correia, corrente, lubrificantes, mangueira hidráulica, mangote, graxa, botão, disjuntor, fita isolante, fusível, reator, resistência, retentor, rolamento, selo mecânico, válvula, abraçadeira, arruela, bucha, conector, parafuso, porca sextavada, rebite, argônio, agulha, bucha; f. Bens do ativo imobilizado: animais reprodutores e de lactação (não são consumidos na produção) e ração por eles consumida; g. Outras aquisições cuja utilização no processo produtivo não foi detectada:enzima protease. Muitos dos itens glosados, como se afirma na própria decisão recorrida, devem ser conferidos mediante as suas respectivas provas. Assim, quanto às partes e peças adquiridas para reposição e manutenção de máquinas e equipamentos, que não representarem acréscimo de vida útil superior a um ano, devem ter sua função no processo produtivo verificada, a geração de crédito a partir dos valores das aquisições de combustíveis devem ser atrelados ao processo produtivo. Outras questões dependem de comprovação documental, como a de cálculo para as glosas, como a diferença de R$5.457.857,84 entre o valor declarado na linha 02 das ficha 16A do Dacon de abril/2008 e o valor comprovado, informado na memória de cálculo apresentada para a referidas linha, em relação ao qual a Recorrente juntou na manifestação de inconformidade, CD com planilha de cálculo referente a créditos extemporâneos. Não obstante, compulsandose os autos, não foram localizadas quaisquer provas ou documentos referentes aos créditos pleiteados, sendo que, ao se analisar o relatório fiscal que estribou o despacho decisório, constatase que todos o acervo probatório vinculado a esse crédito, encontramse em outro processo administrativo, denominado de "processo físico", de número 10.925720486/201351. Fl. 545DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO Processo nº 10925.907011/201113 Resolução nº 3201000.582 S3C2T1 Fl. 108 16 Do presente processo, apenas constam as decisões e recursos, porém , nenhum documento que amparou suas conclusões. Nesse contexto, com fundamento no Princípio da Verdade Material e da necessidade de verificação de comprovação do ônus da prova, com fulcro no art.170 do CTN, não é possível fazer a análise do direito creditório, sem a verificação das respectivas provas. Assim, proponho a conversão do julgamento em diligência, para que seja untado aos autos o processo administrativo n. 10.925720486/201351. (assinado digitalmente) Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo Fl. 546DF CARF MF Impresso em 03/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalme nte em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANTOS ARAUJO, Assinado digitalmente em 02/03/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por ANA CLARISSA MASUKO DOS SANT OS ARAUJO
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Numero do processo: 15578.000763/2009-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 04 00:00:00 UTC 2016
Numero da decisão: 3201-000.617
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o advogado Mário Junqueira Franco Jr., OAB/SP nº 140284.
Assinado digitalmente
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente.
Assinado digitalmente
Winderley Morais Pereira - Relator.
Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo.
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência nos termos do voto do relator. Compareceu à sessão de julgamento o advogado Mário Junqueira Franco Jr., OAB/SP nº 140284. Assinado digitalmente Charles Mayer de Castro Souza Presidente. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Relator. Participaram do presente julgamento, os Conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Mércia Helena Trajano Damorim, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Winderley Morais Pereira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto, Tatiana Josefovicz Belisario e Cassio Shappo. Relatório Por bem descrever os fatos adoto, com as devidas adições, o relatório da primeira instância que passo a transcrever. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 55 78 .0 00 76 3/ 20 09 -3 0 Fl. 2503DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.503 2 "Tratase de reconhecimento de direito creditório de COFINS decorrente do regime de nãocumulatividade, no período de 01/10/04 a 31/12/04, no valor de R$8.756.079,06 (fl. 03), para fins de compensação. A autoridade fiscal decidiu (fl. 231) homologar parcialmente as compensações efetuadas, porque entendeu que a contribuinte não possuía o direito creditório no montante declarado. Reconheceu, no entanto, o valor de R$3.539.965,47, argumentando por meio do Parecer SEORT/DRF/VIT/ES nº 2.971/09 (fls. 211 e ss), em resumo, que: 1. a requerente tem por objeto social o comércio atacadista de café, comércio atacadista de algodão em pluma, fabricação de óleos vegetais e fiação de fibras de algodão, todas atividades com vendas no mercado interno e no mercado externo; 2. em razão da atividade desenvolvida e tendo em vista a apuração do IRPJ com base no lucro real no anocalendário 2004, neste ano ficou sujeita ao regime de incidência nãocumulativa da contribuição em questão; 3. a contribuinte informou despesas (manutenção e reparos) não passíveis de aproveitamento de crédito, visto que não se enquadraram na definição de insumos esboçada pela legislação tributária, e em outras situações, não discriminou os serviços 4. as vendas de mercadorias realizadas pelo Ministério da Agricultura e do Abastecimento não são tributadas, portanto, não fazem jus ao crédito; 5. há compras de mais de 200 diferentes fornecedores, porém uma amostragem de mais de 80% das compras de café acabou por definir análise da situação dos 45 maiores fornecedores, 13 são cooperativas, 1 é empresa do poder público, restando 31 fornecedores; 6. aproximadamente 84% destes fornecedores analisados, enquadramse como pessoas jurídicas que se declararam à Receita Federal do Brasil em situação de inatividade, ou simplesmente estão omissas perante o órgão, outras ainda, quando prestaram tais informações, o fizeram de maneira irregular, eis que a receita declarada é totalmente incompatível com o valor das vendas realizadas, isto considerando apenas as operações mercantis com a requerente; 7. registrase que as compras de café de cooperativas foram desconsideradas do cálculo por possuírem tratamento diferenciado no que tange a apuração das contribuições nãocumulativas; 8. se tomados os valores de aquisição que foram declarados, das empresas analisadas, o percentual de aquisições que, em tese, sofreu a incidência da contribuição na etapa anterior é de impressionantes 13,73%, sublinhando que o levantamento se contentou em esquadrinhar apenas os valores declarados, independentemente do efetivo recolhimento de tais exações; 9. no caso examinado, há presunção de que a abertura destas "pessoas jurídicas" era meramente casuística, indicando objetivos escusos, bastando verificar que aproximadamente 33% (trinta e três inteiros percentuais) destas "sociedades" analisadas iniciaram suas "operações" após 09/2002, quando foi publicada a Medida Provisória n° 66/2002, que instituiu a nãocumulatividade para a contribuição para o PIS/Pasep, o que reforça ainda mais as suspeitas; 10. assim, o que se verifica deste quadro é que, a bem da verdade, estas "pseudopessoas jurídicas" são apenas figuras formais, longa manus de pessoas inescrupulosas, que as utilizam em suas práticas ilegais, onde funcionam como intermediárias, com o único propósito de "fabricar" créditos da Fl. 2504DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.504 3 nãocumulatividade para as contribuições em comento; 11. não se está afirmando que a requerente agiu em conluio ou mesmo que tivesse conhecimento de tal situação, ao passo que não houve investigação neste sentido e não há prova que aponte tal realidade, pois não é este o escopo deste trabalho; 12. nesse contexto, a ausência de provas que unam a requerente aos seus fornecedores gera uma presunção de boa fé em seu favor, todavia, em que pese tal circunstância, pressuposta inocência não pode lhe garantir o cômputo normal de tais créditos, justamente porque também foi vítima do procedimento ilegal; 13. não se concebe que a adquirente, neste ato requerente do crédito, possa transferir o seu pretenso prejuízo ao Estado, sob pena de se admitir a distribuição por toda a sociedade de um ônus individual; 14. nesta peça opinativa não se questiona a existência das operações de venda, mas sim, a inclusão das compras em debate no cálculo dos créditos a descontar dos valores devidos a título de PIS/Pasep e Cofins nãocumulativos, haja vista que sendo Fisco e contribuinte vítimas de um mesmo golpe, não é possível a socialização do prejuízo sofrido pelo adquirente, exigindose que o Estado arque com um prejuízo dobrado, qual seja, além de nada receber ainda ter de ressarcir aquilo que deveria ter sido recolhido e não foi, ainda que o adquirente tenha agido de boafé; 15. com estes fundamentos foi providenciado o reenquadramento dessas compras, consideradas irregulares pela presente fiscalização, para aquisições de pessoas físicas garantindose o direito ao crédito presumido, de acordo com a planilha de apuração das contribuições nãocumulativas; 16. o sujeito passivo apurou créditos referentes a embalagens adquiridas, de acordo com o DACON/Demonstrativo Analítico de apuração da contribuição, referidas aquisições estão enquadradas nos CFOP de n°s 1920 e 2920, os quais se referem à entrada de sacaria e vasilhame; 17. foram desconsideradas as entradas de mercadorias sob os CFOP de n°s 1122, 2122, 1125 e 2125, visto que referidas aquisições foram contempladas no item Compras Terceiros PJ, conforme declaração do próprio contribuinte às fls. 71/72; 18. verificase, pelo somatório da documentação apresentada, que o contribuinte não logrou êxito em confirmar as despesas de aluguel informadas, razão pela qual essa diferença foi desconsiderada para fins de apuração dos créditos a descontar; 19. o contribuinte ofereceu à base de cálculo dos créditos despesas de condomínio, mas não há previsão no texto legal para a inclusão desta despesa no âmbito da despesa de aluguel, visto que possuem naturezas jurídicas distintas, desta forma, despesas de condomínio não foram consideradas como créditos passíveis de aproveitamento, tendo sido glosadas pela fiscalização; 20. foi excluído do computo da base de cálculo do estoque de abertura o item estoque de almoxarifado, porque não pode ser enquadrado na definição de insumo; 21. procedeuse, então, à utilização dos créditos na dedução do débito da contribuição apurado no mês, além dos créditos vinculados ao mercado interno, consumiram se, também, créditos atrelados ao mercado externo, de sorte que restou saldo credor, a ser utilizado nas compensações de outros tributos ao final do 4º Trimestre de 2004 no montante de R$3.539.965,47. Cientificada da Decisão (fl. 249), em 09/03/10, a contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade (fls. 270 e seguintes), em 07/04/10, onde alegou, em resumo, que: 1. o Parecer DRF/VIT/SEORT n° 2.971/2009, ora guerreado, tem razões conexas Fl. 2505DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.505 4 aos Pareceres DRF/VIT/SEORT n.° 2.981/2009, mister se faz o apensamento dos autos correspondentes, com vistas a que sejam julgados simultaneamente, evitandose, destarte, decisões conflitantes acerca da mesma matéria; 2. os demonstrativos não foram encaminhados junto com o Parecer e, além disso, teve limitado seu direito a uma parcela do crédito pleiteado sem que tenham sido dados os fundamentos para a glosa, portanto, pleiteia a nulidade do processo; 3. o crédito tributário constituído, mediante a glosa parcial dos créditos da contribuição, não é exigível em sua totalidade, vez que alcançado pelo instituto da decadência; 4. as despesas pagas às pessoas jurídicas responsáveis pela manutenção e reparos de seus ativos se enquadram verdadeiramente no conceito de insumos albergado pela legislação fiscal de regência; 5. o direito ao crédito da contribuição nascerá em relação a toda e qualquer aquisição de bens e serviços, desde que: (i) tratemse de elementos sem os quais a receita de vendas não se realizaria; e, (ii) não haja vedação legal à apropriação de créditos calculados sobre tais dispêndios; 6. a Requerente esclarece que as tais despesas são registradas na conta 752.600 e referemse à utilização de serviços no beneficiamento do algodão, e que anexará notas fiscais posteriormente; 7. se o art. 3º, II da Lei n.° 10.833/03 não restringiu o direito ao crédito apenas para as hipóteses em que os serviços são aplicados ou consumidos na produção, o ato administrativo ora mencionado (IN nº 247/02 com redação dada pela IN º 358/03) não poderia criar este limite, sob pena de ofensa ao Princípio da legalidade, alçado a patamares constitucionais por força do art. 150, I da Constituição Federal; 8. nos tributos em que o ônus financeiro é transferido ao adquirente (tributos indiretos) há a obediência ao chamado Princípio Constitucional da NãoCumulatividade, pelo qual o contribuinte possui o direito de abater o tributo cobrado em etapas anteriores do que for devido em decorrência de suas próprias operações; 9. a ideia materializada nesse princípio é a de evitar o chamado efeito cascata, isto é, a incidência de tributo sobre tributo; 10. em relação aos fornecedores inidôneos, a Requerente acosta notas fiscais, comprovantes de pagamentos e de entrada de mercadorias, que comprovam as transações elencadas pelo Sr. AFRF; 11. cumpre destacar que a Lei nº 10.833/2003 não condicionou a apropriação de créditos ao pagamento do produto adquirido, mas sim a sua aquisição; 12. exigir que a Requerente tome os créditos apenas de pessoas jurídicas que estejam em dia com suas obrigações tributárias (principais e acessórias) é no mínimo paradoxal, na medida em que a Requerente não dispõe do mesmo aparato que o Fisco detém para constatar irregularidades tributárias; 13. ainda que existisse regra condicionando o crédito ao pagamento na etapa anterior, tratarseia de dispositivo absolutamente inócuo, na medida em que em virtude do sigilo fiscal (arts. 198 e 199 do CTN) não há como a Requerente constatar se seus fornecedores estão em dia com o Fisco; 14. assim, solicita o cancelamento da glosa referente às aquisições de pessoas jurídicas inidôneas; 15. o Parecer equivocouse ao glosar o crédito pleiteado pela Requerente (registrado na linha 02 da ficha 04 do DACON), na medida em que as embalagens registradas nessa linha do DACON (contabilizadas na conta 755.000) referemse àquelas consumidas na industrialização do óleo de algodão, não guardando qualquer/relação com aquelas adquiridas, sob o CFOP n°s 1.122, 2122, 1125 e 2125; 16. as demais despesas com embalagens Fl. 2506DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.506 5 citadas referemse às aquisições de sacaria utilizada na exportação, de café (linha 01 do DACON); 17. não há registro em duplicidade e, consequentemente, não há valores à serem glosados; 18. não há como prosperar a glosa efetuada em relação à aluguel, pois todos os dispêndios encontramse devidamente suportados por recibos e comprovantes de pagamento que à Requerente anexará posteriormente; 19. os dispêndios de condomínio compõem o valor da própria despesa de aluguel e, dessa forma, também geram direito ao crédito; 20. o item do estoque de abertura relativo ao estoque de almoxarifado possui sim vinculação ao seu processo produtivo, portanto, classificável como insumo. A Inconformada cita legislação e jurisprudência, requerendo, ao final, reconhecimento do direito de crédito e homologação das compensações efetuadas. O processo fora baixado em diligência (fl. 323) para a Unidade a quo examinar, em resumo, se há alguma repercussão, na controvérsia aqui instaurada e no crédito pleiteado, dos mesmos fatos apurados nas operações “Tempo de Colheita” e “Broca”, pedindo ainda esclarecimentos acerca de outros itens glosados. A Delegacia de origem no “Relatório Fiscal”, à fl. 331 e seguintes, responde positivamente a tal indagação, junta variados documentos, e, em síntese, justifica que: 1. a operação fiscal “TEMPO DE COLHEITA” foi deflagrada pela DRF/Vitória, em outubro de 2007, que resultou na operação BROCA parceria do Ministério Público, Polícia Federal, e Receita Federal, onde foram cumpridos mandados de busca e apreensão e prisão; 2. no rol de supostos fornecedores da contibuinte, é importante mencionar a ACÁDIA, COLÚMBIA, DO GRÃO, L&L, J.C. BINS e V. MUNALDI, hipotéticas atacadistas de café localizadas na cidade de COLATINA, norte do ES, uns dos principais alvos na “Operação Tempo de Colheita”, deflagrada pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória – ES; 3. a motivação da operação Tempo de Colheita foi a flagrante divergência entre as movimentações financeiras de pessoas jurídicas atacadistas – na ordem de 3 bilhões de Reais nos anos de 2003 a 2006 – e os valores insignificantes das receitas declaradas; 4. dezenove (53%) das empresas atacadistas fiscalizadas foram criadas a partir de 2002, e passaram a ter movimentação financeira crescente e vultosa a partir do ano de 2003; 5. ao contrário dos tradicionais atacadistas, tais empresas ocupam salas pequenas e acanhadas, sem qualquer estrutura física ou logística, nem dispõem de funcionários para operar como atacadistas; 6. entre os documentos obtidos ao longo da operação “TEMPO DE COLHEITA” estão declarações de produtores rurais, maquinistas, corretores, sócios e pessoas ligadas às empresas de fachada, e, ainda, documentos relacionados a tais empresas; 7. do Ministério Público e da Polícia Federal a Fiscalização recebeu documentos fiscais e contábeis em papel e meio magnético, relativos às empresas de fachada; 8. com o objetivo de colher provas sobre o modus operandi do esquema, coletouse, durante as mencionadas operações, documentos, além de realizar diligências nas atacadistas e principais empresas exportadoras de café; 9. junto aos produtores rurais foi apurado que havia uma negociação direta, ou por meio de corretores, entre os produtores rurais e tradicionais maquinistas e empresas do ramo atacadistas, exportadoras ou indústrias, porém, nas notas fiscais apareciam como compradores pseudoatacadistas, tais como, Colúmbia, Do Grão, V. Munaldi, JC Fl. 2507DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.507 6 Bins, e outras; 10. os produtores rurais, via de regra, não preenchiam as notas fiscais, sendo que as mesmas eram preenchidas nos escritórios dos corretores e/ou compradores; 11. os corretores de café convergiram para firmar os pontos levantados pelos produtores rurais, especialmente, no que tange à utilização das pseudoempresas jurídicas para intermediar a venda do café do produtor para a comercial atacadista, inclusive, do pleno conhecimento da empresa, ora autuada, de tais operações; 12. os corretores afirmaram que as próprias empresas tradicionais de exportação e industrialização do café passaram a dificultar a compra com nota fiscal do produtor rural, exigindo notas em nome de pessoas jurídicas; 13. os corretores afirmaram que algumas empresas foram constituídas com a única e exclusiva finalidade de vender notas fiscais, e, ainda, que as Exportadoras/Indústrias tinham pleno conhecimento do esquema fraudulento; 14. a migração para empresas laranjas foi um movimento orquestrado, onde exportadoras e indústrias caminharam no mesmo sentido, com exigência inclusive de que as notas fiscais anotassem ficticiamente a incidência do PIS/COFINS, bem como as mesmas cautelas adotadas de consultar os cadastros fiscais no momento do recebimento do café por meio de empresas laranjas na tentativa de evitar problemas futuros; 15. restou demonstrado que a EISA não só tinha pleno conhecimento do esquema fraudulento como dele se beneficiava, apropriandose de créditos fictícios sobre notas fiscais ideologicamente falsas gerados por empresas atacadistas de fachada. Intimada do resultado da diligência (fl. 1820), em 07/06/13, a contribuinte ratificou os termos de sua Manifestação de Inconformidade, adicionando (fls. 2153 e ss), em resumo, que: 1. nenhum dos sócios, administradores ou empregados da Requerente foi investigado no âmbito do Inquérito Policial nº 541/2008 DPF/ SR/ES ou denunciado nos autos do Processo Criminal n° 2008.50.05.0005383, ou em qualquer outro processo criminal oriundo das operações "Tempo de Colheita" e "Broca"; 2. ao revés, em momento algum das investigações ocorridas houve a vinculação da Requerente ao suposto sistema fraudulento; 3. assim, resta evidente a precariedade da acusação da d. autoridade fiscal de que a Requerente teria se utilizado de empresas laranjas como intermediárias fictícias na compra de café de produtores, com o intuito exclusivo de apropriação de créditos da Contribuição ao PIS e da COFINS; 4. o volume de operações mantido com pessoas físicas pouco sofreu alterações com a instituição da nãocumulatividade das contribuições e previsão de direito ao crédito (anoscalendários 2002 e 2003), e com a mudança da legislação aplicável ao setor em 2012 (Lei n° 12.599/2012); 5. ainda que o nome do produtor rural, da fazenda de café e/ou da região fosse informado ao adquirente em referidas situações, como até hoje o é, este adquire o produto da empresa atacadista, que ao final é responsável pela entrega do produto em determinada quantidade, em boa qualidade e em determinado prazo e local; 6. as empresas atacadistas, comerciantes e exportadoras de café cru em grão não necessitam de estrutura física própria para operarem a não ser uma sala, onde localizado o estabelecimento comercial utilizado para a formalização da compra e venda do café, na medida em que referido produto, após adquirido, pode perfeitamente permanecer depositado em armazém geral até a ocasião da revenda; 7. em nenhum dos depoimentos constantes dos Fl. 2508DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.508 7 autos é feita menção à pessoa da Requerente ou de algum administrador/funcionário seu como participante do alegado esquema fraudulento; 8. em sendo inegável a boafé da Requerente, verificase a completa improcedência da glosa dos créditos apurados sobre aquisições de café cru em grão de pessoas jurídicas no 4º trimestre de 2004; 9. demonstrou a completa improcedência da glosa dos créditos originais das contribuições apurados pela Requerente sobre aquisições de café de pessoas jurídicas; 10. considerando a indiscutível boafé da empresa e nos termos do artigo 82, parágrafo único, da Lei n° 9.430/96, deve ser cancelada a glosa dos créditos levada a efeito em razão da suposta inidoneidade dos fornecedores da Requerente; 11. na remota hipótese da glosa em questão ser mantida, o que se admite apenas para fins de argumentação, há que ao mínimo se reconhecer o direito à apuração do crédito presumido de que trata a Lei n° 10.925/04, como fora inicialmente realizado pela d. autoridade fiscal; 12. ainda que não tivesse ocorrido a decadência para inovação dos fundamentos da glosa, apenas a título de argumentação, restará comprovado que a posição da 16ª Turma da DRJ/RJ1 quanto à apuração de crédito presumido de aquisições de café de produtores rurais não deve prosperar; 13. um dos requisitos para a apropriação do crédito presumido na aquisição de produto in natura consiste no fato de que o adquirente exerça a atividade agroindustrial, e a Requerente, na condição de encomendante, é considerada, para todos os fins fiscais, produtora de café e, por conseguinte, beneficiária do crédito presumido. Reitera, “com base nos argumentos constantes da Manifestação de Inconformidade apresentada, somados aos argumentos que aqui são apresentados”, pela reforma da decisão que não homologou os pedidos de compensação, a fim de que seja reconhecido o crédito pleiteado em sua integralidade." A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento manteve integralmente o despacho decisório. A decisão foi assim ementada: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/10/2004 a 31/12/2004 Créditos a Descontar. Incidência nãoCumulativa. Não dá direito a crédito gastos ou despesas com bens ou serviços utilizados nas atividades da Empresa, quando não corresponderem ao conceito de insumo ou a outra expressa hipótese legal. Aquisições. Nãosujeitas ao PIS. Crédito Vedado. A Partir de 01/05/04. A alteração promovida pela Lei nº 10.865, de 30 de abril 2004, na Lei nº 10.833, no sentido de vedar o direito ao crédito da não cumulatividade da Cofins, nos casos de aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, passou a produzir efeitos a partir de 01/05/04. Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Fl. 2509DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.509 8 Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderandose os negócios fraudulentos. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Manifestação de Inconformidade Procedente em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte” Inconformada com a decisão da DRJ, foi interposto recurso voluntário repisando as alegações já apresentadas na manifestação de inconformidade. É o Relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator. Estáse as voltas novamente com a discussão sobre o creditamento de insumos para apuração das contribuições sobre o PIS e a COFINS. Matéria que tem sido objeto de julgamento em diversas turmas desta terceira seção. É cediço que a situação atual do julgamento no CARF é de aplicar o conceito de insumos em relação ao processo produtivo do contribuinte, adotando uma posição intermediária entre aquela considerada pela Receita Federal, com base na IN SRF 247/02 e IN SRF 404/04 e aquela defendida por muitos contribuintes em que todas as despesas e aquisições realizadas estariam incluídas no conceito de insumo. Em razão destes posicionamentos, nos deparamos com situações distintas no processo. A Fiscalização ao auditar a empresa, utilizando as regras constantes das instruções normativas da Receita Federal, não se atem ao exame detalhado da situação das aquisições e despesas incorridas no processo produtivo, utilizando critérios que ao sentir da Fiscalização são suficientes para afastar tais despesas do conceito de insumo, procedendo assim, as glosas aos créditos informados pelo contribuinte. Fl. 2510DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA Processo nº 15578.000763/200930 Resolução nº 3201000.617 S3C2T1 Fl. 2.510 9 De outro giro, o contribuinte ao se deparar com a posição adotada pelo Fisco e considerando o seu próprio entendimento sobre o conceito de insumo. Apresenta os seus recursos administrativos alegando que as aquisições de bens e serviços informados como insumo em sua totalidade são procedentes, aplicando um conceito amplo em que todas as despesas seriam aptas a serem consideradas para fruição dos créditos das contribuições. Conforme dito alhures, as turmas do CARF vem entendendo que para a definição das despesas com aquisição de bens e serviços que possam ser consideradas insumos para aproveitamento de créditos é necessária uma definição clara de quais produtos e serviços estão sendo pleiteados, além de identificar em qual momento e fase da processo produtivo eles estão vinculados. Assim, em muitas situações, tanto os relatórios e trabalhos de auditoria realizada pela Fiscalização da Receita Federal, quanto os documentos e argumentos apresentados pelos contribuintes em seus recursos, não são suficientes para a definição de quais despesas estariam incluídas no conceito de insumo a serem consideradas possíveis de gerar créditos no cálculo das contribuições do PIS e da COFINS não cumulativos. Nos termos aqui expostos, entendo que os documentos e informações constantes dos autos não são suficientes para definir com exatidão quais são os insumos glosados pela Fiscalização e quais deles o contribuinte tenta pleitear seus créditos. Assim, fazse necessário a baixa dos autos em diligência para que seja determinada com acuracidade, quais são as aquisições de bens e as despesas de serviços que foram utilizadas a título de crédito pela Recorrente, quais foram glosadas pela Fiscalização e qual a implicação destes bens e serviços no processo produtivo. Diante do exposto, buscando os esclarecimentos necessários ao prosseguimento do julgamento, voto no sentido de converter o julgamento em diligência a fim de que unidade preparadora: a) Intime a Recorrente para no prazo de 30 (trinta) dias prorrogável uma vez por igual período, detalhar o seu processo produtivo e indicar de forma minuciosa qual a interferência de cada um dos bens e serviços que pretende aferir créditos para apuração do PIS e a COFINS não cumulativos; b) A Receita Federal, deverá elaborar relatório identificando quais dos bens e serviços utilizados que foram objeto de glosa, indicando os motivos para tal indeferimento. Com a possibilidade, se julgar necessário, de manifestarse quanto as informações apresentadas, inclusive fazendo as diligências e intimações que julgar necessárias. Concluída tais verificações, os autos deverão ser devolvidos a este Conselho para prosseguimento do julgamento. Assinado digitalmente Winderley Morais Pereira Fl. 2511DF CARF MF Impresso em 04/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PEREIRA, Assinado digitalmente em 03/03/ 2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 03/03/2016 por WINDERLEY MORAIS PER EIRA
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Numero do processo: 16004.001503/2008-68
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 26 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Fri Mar 18 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2003
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. REVISÃO DE OFÍCIO. SUCESSÃO DE NORMAS. APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENIGNA.
Constitui infração tributária a apresentação de GFIP incompleta, inexata ou omissa em relação a todos os fatos geradores de tributos devidos.
Em razão da revogação do parágrafo 6º, do art. 32, da lei nº. 8.212/91, passa a viger o art. 32-A, da mesma Lei, devendo este último regramento prevalecer, caso seja constatada redução do valor da multa aplicada, em atenção à retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN.
CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN.
Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA.
Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento.
MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972.
PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA.
Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa.
Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal.
RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL.
Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem.
A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2402-004.832
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda e, para os demais recursos, negar-lhes provimento.
Ronaldo de Lima Macedo - Presidente.
Natanael Vieira dos Santos - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci.
Nome do relator: NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS
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ementa_s : Assunto: Obrigações Acessórias Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2003 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. REVISÃO DE OFÍCIO. SUCESSÃO DE NORMAS. APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENIGNA. Constitui infração tributária a apresentação de GFIP incompleta, inexata ou omissa em relação a todos os fatos geradores de tributos devidos. Em razão da revogação do parágrafo 6º, do art. 32, da lei nº. 8.212/91, passa a viger o art. 32-A, da mesma Lei, devendo este último regramento prevalecer, caso seja constatada redução do valor da multa aplicada, em atenção à retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, inicia-se a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado.
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2003 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. MULTA. OMISSÃO DE FATOS GERADORES. REVISÃO DE OFÍCIO. SUCESSÃO DE NORMAS. APLICAÇÃO DA LEI MAIS BENIGNA. Constitui infração tributária a apresentação de GFIP incompleta, inexata ou omissa em relação a todos os fatos geradores de tributos devidos. Em razão da revogação do parágrafo 6º, do art. 32, da lei nº. 8.212/91, passa a viger o art. 32A, da mesma Lei, devendo este último regramento prevalecer, caso seja constatada redução do valor da multa aplicada, em atenção à retroatividade benigna, nos termos do art. 106, do CTN. CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. DOLO OU FRAUDE. APLICAÇÃO DO ART. 173, I, DO CTN. Comprovada a ocorrência de fraude fiscal, iniciase a contagem do prazo decadencial de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício subsequente ao que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 150, § 4º e 173, inciso I, do CTN. INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO LANÇAMENTO. DOCUMENTAÇÃO ESPECIFICADA PELA AUTORIDADE FISCAL. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA. Restando demonstrados todos os valores devidos imputados pelo fisco, ainda que em planilha anexa ao auto de infração, cabe ao contribuinte realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, inconsistências ou inexistência de documentação contábil que fundamente o lançamento. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. APLICAÇÃO DA REGRA DO ART. 17 DO DECRETO Nº 70.235, DE 1972. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 00 4. 00 15 03 /2 00 8- 68 Fl. 478DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 479 2 Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, sendo este fator impeditivo à apreciação da matéria por este conselho, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. PROVA EMPRESTADA. POSSIBILIDADE. OPORTUNIDADE DE DEFESA. Não está a Autoridade fiscal proibida de conhecer dos fatos constituintes de fraude fiscal obtidos por meio de investigação realizada por outros órgãos do Estado, desde que resguardada a oportunidade de exercício do direito de defesa. Não há violação dos princípios do contraditório e ampla defesa quando ao contribuinte for oferecida oportunidade de impugnar os fatos a ele imputados em processo Administrativo Fiscal. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO ECONÔMICO. ADMINISTRAÇÃO CENTRALIZADA. VIOLAÇÃO À LEI. FRAUDE FISCAL. Caracterizada a existência de grupo econômico sob administração centralizada e com desempenho de atividades conjuntas na persecução de objetivo comum, é devida a responsabilização solidária das empresas que o compõem. A responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento, administração ou gestão realizado em contexto de violação da lei, nos termos do art. 135, do CTN, caracterizando o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, sendo necessária para garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram do produto de sonegação. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda e, para os demais recursos, negarlhes provimento. Ronaldo de Lima Macedo Presidente. Natanael Vieira dos Santos Relator. Fl. 479DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 480 3 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Ronaldo de Lima Macedo (Presidente), Kleber Ferreira Araújo, Ronnie Soares Anderson, Marcelo Oliveira, Lourenço Ferreira do Prado, Natanael Vieira dos Santos e João Victor Ribeiro Aldinucci. Fl. 480DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 481 4 Relatório 1. Tratase de auto de infração de obrigação acessória, lavrado em razão da apresentação da Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia e Informações à Previdência Social – GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas em relação a dados não relacionados a fatos geradores de contribuições previdenciárias (art. 32, IV e §6º da Lei n.º 8.212/91), no período de 12/2002 a 05/2003. 2. Ao negar provimento à impugnação do contribuinte, a 9ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/POR) proferiu decisão que restou ementada nos seguintes termos: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/12/2002 a 31/05/2003 OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. GFIP. INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS EM RELAÇÃO A DADOS NÃO RELACIONADOS A FATOS GERADORES. Constitui infração ã. legislação apresentar GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas em relação a dados não relacionados a fatos geradores de contribuições previdenciárias. PRAZO DECADENCIAL. INICIO DA CONTAGEM. Em se tratando de autuação decorrente do descumprimento de obrigação tributária acessória, a lavratura da autuação se sujeita ao prazo decadencial de 05 (cinco) anos previsto no Código Tributário Nacional, contados a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. PROCEDIMENTOS FISCAIS. FASE OFICIOSA. CONTRADITÓRIO E AMPLA DEFESA. OPORTUNIDADE. Na fase oficiosa os procedimentos que antecedem o ato de lançamento são praticados pela fiscalização de forma unilateral, não havendo que se falar em processo, assegurando se o contraditório e a ampla defesa aos litigantes, só se podendo falar na existência de litígio após a impugnação do lançamento. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS OU NEGÓCIOS JURÍDICOS PRATICADOS. A autoridade administrativa possui a prerrogativa de desconsiderar atos ou negócios jurídicos eivados de vícios, sendo tal poder da própria essência da atividade fiscalizadora, consagrando o principio da substância sobre a forma. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDÁRIA. Fl. 481DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 482 5 E solidariamente obrigada a pessoa que tenha interesse comum na situação que constitua o fato gerador. RELATÓRIOS PRODUZIDOS PELA FISCALIZAÇÃO. ENTREGA AO SUJEITO PASSIVO EM ARQUIVOS DIGITAIS. Os relatórios e os documentos emitidos em procedimento fiscal podem ser entregues ao sujeito passivo em arquivos digitais autenticados pelo auditorfiscal da RFB. DILAÇÃO PROBATÓRIA. A dilação probatória fica condicionada à sua previsão legal e à necessidade formação da convicção da autoridade julgadora. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido." 3. Em sede recursal, a matéria em análise já foi objeto de apreciação por este conselho, o qual editou Resolução determinando a conversão do julgamento em diligência para que fossem juntados aos autos os documentos probatórios da existência de grupo econômico de fato, com fins de apuração de existência de responsabilidade passiva solidária, os quais foram acostados aos autos sob o título “Relatório de grupo econômico”, composta pelos anexos I e II. 4. Por oportuno, passo a reproduzir parte do relatório elaborado por este conselho. “(...). Esclarece [a autoridade fiscal] que a ação foi desenvolvida por uma junta fiscal e teve início em 01/2005, tendo sido retomada, em 05/10/2006, por determinação judicial, uma vez que a Policia Federal desencadeou a operação denominada "GRANDES LAGOS”, procedendo buscas e apreensões de documentos em diversos locais, com o intuito de obter provas dos ilícitos praticados pela organização, constituída de várias células ou núcleos, cujo objetivo era sonegar tributos e eximir os titulares de fato de suas responsabilidades relacionadas às áreas trabalhistas e previdenciárias. Observa que o crédito tributário em comento foi lançado em nome de Coferfrigo ATC Ltda. "E OUTROS", vez que, analisando a documentação apreendida pela Policia Federal, Receita Federal do Brasil e Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, verificouse que a empresa Coferfrigo ATC Ltda., juntamente com outras pessoas jurídicas, formam um grupo econômico de fato. A seguir, sintetiza algumas informações a respeito das empresas integrantes do grupo e informa que todos os fatos e documentos que caracterizam o grupo estão relatados e anexados no Relatório de Grupo Econômico, Anexos I e II, que fica fazendo parte integrante deste Auto de Infração. Fl. 482DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 483 6 No item 25 do Relatório Fiscal (fls. 181), o agente autuante informa que o Relatório do Grupo Econômico Anexos I e II será encaminhado em arquivo digital, de acordo com o artigo 663, parágrafos 1° e 2° da IN 3/2005, alterado pela IN 851/2008 e, no item 27, esclarece que todos os documentos que integram o Auto de Infração bem como o Relatório de Grupo Econômico Anexos I e II estão a disposição da empresa e responsáveis solidários na Delegacia da Receita Federal do Brasil. Os sujeitos passivos Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., apresentaram defesa tempestiva em conjunto, e o Sr. João Pereira Fraga, espólio, representado por João Adson Fraga (inventariante), também impugnou o lançamento. Apesar de devidamente cientificadas, as demais empresas que, segundo entendimento da fiscalização, integram o grupo econômico de fato e, nessa condição, são responsáveis solidárias pelo débito, não apresentaram defesa e a Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio do Acórdão 1426.538, da 9a Turma da DRJ/RPO (fls. 786), julgou as impugnações improcedentes, mantendo o crédito tributário. Inconformados com a decisão, os recorrentes Alfeu Crozato Mozaquatro, Patrícia Buzolin Mozaquatro, Marcelo Buzolin Mozaquatro, Indústrias Reunidas CMA Ltda. e CM4 Participações Ltda., considerados pela fiscalização como corresponsáveis pelo débito, apresentaram recurso tempestivo em conjunto (fls. 881), repetindo as alegações trazidas na impugnação. Reiteram que os Recorrentes, pessoas físicas e jurídicas, foram considerados responsáveis solidários pelo débito tendo como única fundamentação para tanto um "Relatório da Polícia Federal", extraído de Inquérito Policial, sendo certo que a ação penal até a data de hoje não transitou em julgado. Entendem que o presente Auto de Infração é inconsistente e baseiase em prova ilícita, nula de pleno direito, posto que não foi submetida ao crivo do contraditório e da ampla defesa, bem como viola o principio da presunção de inocência, além do órgão autuador não ter produzido prova da responsabilidade na fase administrativa, ônus que lhe competia. Defendem que a prova emprestada do Inquérito Policial presidido por Delegado da Policia Federal não é meio licito para se fundamentar as responsabilidades dos Recorrentes, uma vez que não foram observados os princípios constitucionais do devido processo legal, ampla defesa e contraditório no processo onde ela foi produzida. Reafirmam que, no caso dos autos, o órgão autuador não fez prova licita alguma da responsabilidade dos Recorrentes, o que impõe a nulidade/inconsistência do auto de infração sobre a responsabilidade atribuída aos mesmos e discorre sobre o Fl. 483DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 484 7 princípio da presunção da inocência, tentando demonstrar que apenas após o trânsito em julgado da ação criminal é que se poderia afirmar algo. Finalizam requerendo que seja reformada a decisão de primeira instância e julgado nulo o AI. O recorrente Sr. João Pereira Fragaespólio, considerado corresponsável pelo débito, representado por João Adson Fraga (inventariante), apresentou recurso tempestivo (fls.894) requerendo, inicialmente, que o Espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA falecido, em 02/10/08, seja excluído da condição de passivo solidário. Traz o histórico da empresa COFERCARNES COMERCIAL FENANDOPOLOIS DE CARNES LTDA, da qual seu falecido pai e sua mãe eram sócios fundadores, desde sua constituição. Informa que, após separação judicial, sua mãe vendeu 50% do Capital Social da COFERCARNES para ALFEU MOZAQUADRO, que colocou essas quotas de capital social em nome da empresa CM4 PARTICIPAÇÕES LTDA, da qual era o proprietário, e impôs que a planta do imóvel industrial fosse integralmente arrendada para uma filial da empresa COFERFRIGO ATC LTDA que, apesar de pertencer no papel a Valter Francisco Rodrigues Junior, havia fortes suspeitas de a mesma pertencer de fato ao Sr. ALFEU, uma vez que foi ele quem pessoalmente determinou o arrendamento das instalações do frigorífico Cofercarnes, entabulou o preço e as condições do arrendamento. Discorre sobre o temperamento do Sr. Alfeu e a sociedade, que durou apenas oito meses, concluindo que não pode ser responsabilizado por atos praticados pela empresa COFERFRIGO ATC LTDA, da qual não fora sócio, por ter deixado esta empresa de arrecadar contribuições devidas no período de 01/12/2002 a 31/10/2006. Tenta demonstra que inexiste qualquer relação mercantil ou comercial de seu pai com as empresas mencionadas no Processo e requer a exclusão de seu pai da responsabilidade solidária pelos débitos devidos pela empresa COFERFRIGO, da qual não tinha o menor conhecimento e da qual não participava, por quaisquer de suas formas. Preliminarmente, alega nulidade da autuação por falta de clareza, argumentando que as autoridades fiscais não indicaram a conta contábil ou outro elemento constante da escrituração contábil da COFERFRIGO das quais foram extraídas as importâncias oras lançadas, bem como não elencaram, nos autos, quais seriam as remunerações admitidas como base de calculo das contribuições ou pagamentos que se sucedeu a esse título, denotando que não avaliou ou não se aprofundou suficientemente na natureza das rubricas, desconhecida do recorrente. Fl. 484DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 485 8 Entende que houve cerceamento de defesa por terlhe sido entregue apenas um CDR, o que impediu o inventariante de manipular os documentos que o fisco julga supostamente representativas das operações praticadas pela Coferfrigo. Sustenta que o arbitramento e o termo de sujeição passiva solidária sobre as contribuições que o Fisco julga devidas pela COFERFRIGO ATC LTDA se deram apenas e estritamente por presunção. Assevera que o Fisco achou por bem desconsiderar a personalidade jurídica da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, exigindo dos solidários, no caso o espólio de JOÃO PEREIRA FRAGA, os tributos eventualmente devidos por aquela, sem contudo observar as normas legais que disciplinam a matéria. Informa que as empresas que, segundo o fisco, integram o grupo econômico Mozaquatro, declararam espontaneamente, nos prazos regulares, toda a movimentação fiscal e contábil em seus nomes, mediante entrega das DCTFs, nos respectivos anos calendário, bem como as Declarações de Rendas Pessoa Jurídica dos anos calendários de 2002 a 2006, sendo que o fisco não poderia estender a responsabilidade pelo débito constituído em face da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, em razão de que tal prática não está autorizada pelo artigo 135, inciso III, do CTN Argumenta que, não sendo JOÃO PEREIRA FRAGA diretor, gerente ou representante da COFERFRIGO ATC LTDA, não responde por ela, não podendo a cobrança por tais descumprimentos ser redirecionada para a pessoa física de seu pai, como solidário, por não configurar qualquer das hipóteses previstas no art. 135, do CTN, e cita a jurisprudência para reforçar suas alegações. Infere que não é possível, ao Fisco, atribuir a seu falecido pai a responsabilidade pela não retenção de contribuições previdenciárias que seriam de ordem da empresa COFERFRIGO ATC LTDA., do denominado GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO, uma vez que, em nenhum momento, os fiscais autuantes lograram comprovar a existência do vinculo entre a citada empresa e a pessoa do Sr. JOÃO PEREIRA FRAGA, razões pelas quais deve ser, de plano, decretada a insubsistência do lançamento fiscal contra ele. Insurgese contra a utilização do art. 116, parágrafo único, do CTN, por ser norma de eficácia limitada, que depende de lei ordinária para sua regulamentação e reitera que a empresa de seu pai estava paralisada no período entre 10/2004 a 10/2006, não podendo, portanto, responder pelos débitos previdenciários da empresa Coferfrigo, integrante, segundo o fisco, de um grupo econômico, com empresas instaladas em vários municípios e em outros Estados. Discorre sobre contrato de arrendamento mercantil para tentar demonstrar que o arrendador não responde pelos tributos devidos pela Arrendatária ou outras empresas das quais a Arrendatária seja signatária ou faça parte e conclui que, no caso Fl. 485DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 486 9 em apreço, o Espólio de FRAGA, como arrendador, não possuía a obrigação de proceder a retenção ou arrecadar contribuições devidas pela empresa COFERFRIGO ATC. Insiste no entendimento de que ocorrera a decadência de parte do débito, defendendo a aplicação da regra contida no art. 150, § 4º, do CTN, uma vez que o que o contribuinte entregou regularmente ao INSS as informações concernentes a todas contribuições previdenciárias relativas ao período fiscalizado, bem como sequer ocorreu indícios de fraude, dolo ou simulação comprovados. No mérito, reitera que seu pai nunca foi sócio, de fato ou de direito da empresa COFERFRIGO ATC LTDA, bem como não restou provado, nos autos, que seu falecido pai, João Pereira Fraga, tivesse qualquer participação com as empresas do denominado "GRUPO ECONÔMICO MOZAQUATRO”, e nem que seria solidariamente responsável pelos débitos supostamente devidos pelas empresas acima nos períodos mencionados, havendo, no caso, apenas presunções, ou seja, indícios sem comprovações. Entende que, no caso em tela, os fiscais autuantes promoveram o lançamento contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA por ter deixado de arrecadar, no período de 12/2002 a 10/2006, contribuições de segurados, e quer atribuir, por presunção, a responsabilidade pela falta das retenções ao Espólio de João Pereira Fraga, alegando que no período de 15.10.04 a 14.10.05 teria arrendado a planta do seu estabelecimento frigorífico para a empresa COFERFRIGO ATC LTDA, como parte integrante do "Núcleo Mozaquatro" e que, assim o sendo, em decorrência do arrendamento, dele também é parte integrante. Informa que o Espólio tentou o acesso aos documentos que estão em poder da empresa COFERFRIGO e junto à fiscalização federal e estadual para promover a sua defesa, o que lhe foi negado, sob a alegação de que João Pereira Fraga ou o Espólio não fazem parte do quadro societário e há impedimento legal para o acesso, e chama atenção para o fato de que nem mesmo os fiscais autuantes tiveram total acesso a contabilidade da empresa envolvida. Discorre sobre o instituto da solidariedade e traz a doutrina para reforçar o entendimento de que o fisco não poderia incluir o espólio no polo passivo da presente relação tributária para responder pela divida da Coferfrigo. Quanto à subrogação da compra de gado bovino, traz a decisão do STF no sentido de que os artigos 12, incisos V e VII, 25, incisos I e II, e 30, inciso IV, da Lei n° 8.212/91, com as redações decorrentes das Leis n's 8.540/92 e n° 9.528/97, é inconstitucional. Finaliza, requerendo, em obediência ao principio constitucional de celeridade e economia processual, a improcedência, de plano, da presente exigência fiscal e, pelas razões expostas, sejam Fl. 486DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 487 10 acolhidas as preliminares levantadas para, ao final, decretar a exclusão da solidariedade atribuída ao espólio de João Pereira Fraga na multa aplicada contra a empresa COFERFRIGO ATC LTDA. Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, sócia do Frigorífico Mega Boi Ltda., que, segundo o fisco, é uma das empresas integrantes do grupo econômico, também apresentou recurso (fls. 960), alegando que nunca foi dona de empresa, que não sabia como era a operação da empresa e tampouco injetou dinheiro para ser sócia de empresa, sendo que recebia seu salário da empresa Frigorífico Lister Ltda., administrada pelo Sr. Ivo Chiodi de Jesus e, posteriormente, pela empresa Coferfrigo Atc Ltda. e Friverde Industria de Alimentos Ltda. de Campina Verde, MG, que era administrada pelo Sr. Djalma Buzolin. Informa que nunca teve casa para morar, vive de aluguel e com um recurso financeiro de R$ 1.155,00 do INSS, que recebeu mais 14 cópias de processos da Receita Federal, leuos, mas não entendeu do assunto mencionado, que nem conhece várias empresas e pessoas mencionadas nos processos, mas somente as empresas e pessoas que trabalharam em Campina Verde — MG. Às fls. 971, a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por sua procuradora, com fundamento no art. 48, §2°, do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF n° 256/2009, apresentou contrarrazões ao recurso voluntário”. 5. Cumprida a diligência e devidamente cientificados os sujeitos passivos, sem apresentação de novas alegações, retornaram os autos para análise deste conselho. É o relatório. Fl. 487DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 488 11 Voto Conselheiro Natanael Vieira dos Santos, Relator. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1. Conheço do recurso voluntário, uma vez que foi tempestivamente apresentado, preenche os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº. 70.235, de 6 de março de 1972 e passo a analisálo. PRELIMINARES DA DECADÊNCIA 2. Inicialmente, no que se refere à alegação do contribuinte de que as parcelas relativas a 12/2002 a 11/2003 estariam sujeitas a decadência, pois que antecedem o quinquênio anterior ao lançamento, a 9ª Turma DRJ/RPO entendeu pela não caracterização do instituto, em razão da inexistência de pagamento antecipado e constatação de fraude fiscal. Abaixo, trecho do acórdão da DRJ/RPO: “Não ocorrendo qualquer pagamento relativo à obrigação ou no caso de comprovação da ocorrência de dolo, fraude ou simulação, contase o mesmo prazo de 05 (cinco) anos a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos moldes do artigo 173, I, do CTN.” 3. No caso tela, em se tratando de contribuição previdenciária cujo lançamento se dá por homologação, disciplina o artigo 150, §4 do CTN: "§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considerase homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação." 4. Nessa perspectiva, observo que de fato não há qualquer prova do pagamento antecipado do tributo lançado, além de que restou caracterizada a fraude e simulação contra a Fazenda, razão pela qual a contagem do prazo decadencial de cinco anos iniciase no exercício seguinte àquele em que a Fazenda poderia efetuar o lançamento, nos termos do art. 173, inciso I, do CTN, daí porque, ainda que o presente feito tenha sido instaurado em 11/2008, a alegação de decadência do direito de cobrança dos valores relativos às competências de 12/2002 a 11/2003 não merece acolhida. DA INEXISTÊNCIA DE NULIDADE DO LANÇAMENTO 5. No que se refere à preliminar suscitada por João Fraga, relativa à falta de especificação ou clareza das rubricas contábeis utilizadas pela autoridade fiscal para efetuar lançamento, cumpre ressaltar que a apuração dos valores devidos ao fisco foi realizada em se considerando a totalidade da receita bruta de faturamento da autuada, nos termos do art. 30, da Fl. 488DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 489 12 Lei nº. 8.212/91, demonstrados em planilhas lastreadas em documentação anexada ao relatório fiscal, tais como notas fiscais, faturamentos, produto final da venda e comercialização e etc. 6. Nesta senda, não há que se falar em falta de clareza do Relatório Fiscal, nem tampouco em cerceamento do direito de defesa pela não especificação dos elementos que compõem a base de cálculo do lançamento efetuado, uma vez que, demonstrados todos os valores utilizados pelo fisco em planilha anexa ao auto de infração, o contribuinte deve realizar a impugnação específica de cada rubrica, apontando, caso exista, qualquer inconsistência ou falta de documentação contábil que fundamente o lançamento. 7. No que se refere às alegações trazidas em sede de recurso voluntário interposto em conjunto por Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Industrias Reunidas e CM4 Participações, suscitam os recorrentes a existência de nulidade dos autos de infração ora impugnados por serem ilegais e se utilizarem exclusivamente de documentos probatórios de inquérito policial, os quais não foram apreciados em processo judicial e submetidos ao crivo do contraditório e ampla defesa, razão pela qual seriam nulos. 8. Entretanto, muito embora a autoridade fiscal tenha se utilizado de informações fornecidas pela Polícia Federal, não há qualquer vedação legal para análise de fatos apurados por outros órgãos fiscalizadores, razão pela qual a Administração Pública não pode se omitir de apurar todas as situações constituintes do fato gerador, contemplando o interesse público e o princípio da verdade material. 9. A propósito do tema, manifestouse o STF: PROVA EMPRESTADA. Penal. Interceptação telefônica. Escuta ambiental. Autorização judicial e produção para fim de investigação criminal. Suspeita de delitos cometidos por autoridades e agentes públicos. Dados obtidos em inquérito policial. Uso em procedimento administrativo disciplinar, contra os mesmos servidores. Admissibilidade. Resposta afirmativa a questão de ordem. Inteligência do art. 5º, inc. XII, da CF, e do art. 1º da Lei federal nº 9.296/96. Voto vencido. Dados obtidos em interceptação de comunicações telefônicas e em escutas ambientais, judicialmente autorizadas para produção de prova em investigação criminal ou em instrução processual penal, podem ser usados em procedimento administrativo disciplinar, contra a mesma ou as mesmas pessoas em relação às quais foram colhidos. (STF InqQO: 2424 RJ , Relator: CEZAR PELUSO, Data de Julgamento: 25/04/2007, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe087 DIVULG 23082007 PUBLIC 24082007 DJ 2408 2007 PP00055 EMENT VOL0228601 PP00109). 10. Além disso, no que se refere à alegação de cerceamento de defesa, imperioso destacar que o contribuinte poderia e deveria promover impugnação dos fatos apurados pela autoridade fiscal no presente processo administrativo, daí porque, havendo possibilidade de impugnação das provas e fatos imputados ao contribuinte ao longo do processo fiscal, resta insubsistente a alegação de cerceamento de defesa. Fl. 489DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 490 13 11. Ressaltese ainda que, em se tratando de apuração de responsabilização passiva solidária, a autoridade fiscal deve utilizar documentos que atestem a existência de atividades conjuntas ou relações de prestações de serviço mútuo que comprovem a persecução de objeto comum por diversas pessoas jurídicas, constatandose, por conseguinte, a existência de grupo econômico de fato e, consequentemente, interesse comum, nos termos do artigo 135, do CTN. 12. No caso em tela, todos os documentos que fundamentam o lançamento tributário e a atribuição de responsabilidade passiva solidária estão devidamente descritos nos anexos I e II dos autos (relatório de grupo econômico), os quais foram entregues a cada uma das autuadas, juntamente com termo de sujeição passiva solidária (fls. 609/636), razão pela qual entendo que os autos de infração lavrados contra as recorrentes preenchem os requisitos elencados no art. 10, do Decreto nº. 70.235/72. DO MÉRITO DA MATÉRIA NÃO IMPUGNADA 13. Superadas as questões preliminares relativas à validade e legalidade dos autos de infração, observo que, no mérito restante, nenhum dos contribuintes promoveu impugnação específica a qualquer dos valores ou rubricas discriminados nos autos de infração, restando caracterizada a preclusão. 14. Dessa forma, considerando a generalidade do recurso, que repetiu os mesmos termos contidos na impugnação, considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, conforme estabelece o art. 17 do Decreto nº 70.235, de 1972. 15. Sobre o tema, trago jurisprudência deste Conselho: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. PRECLUSÃO. Considerase não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada na impugnação, não competindo ao Conselho de Contribuintes apreciála (Decreto no 70.235/72, art. 17, com a redação dada pelo art. 67 da Lei no 9.532/97). Processo nº. : 10280.004214/200280. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA NO PRAZO PRECLUSÃO NÃO INSTAURAÇÃO DO CONTENCIOSO Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante no prazo legal. O contencioso administrativo fiscal só se instaura em relação àquilo que foi expressamente contestado na impugnação apresentada de forma tempestiva. Processo nº. 35464.002340/200604. MATÉRIA PRECLUSA – Questões não provocadas a debate em primeira instância, quando se instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo, com a apresentação da petição impugnativa inicial, e somente vêm a ser demandadas na petição de recurso, constituem matérias preclusas das quais não se toma conhecimento, por afrontar o princípio do duplo grau de jurisdição a que está submetido o Processo Administrativo Fiscal. Processo nº. : 15374.004371/200189. Fl. 490DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 491 14 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – Nos termos do art. 17 do Decreto 70235/72, a matéria não contestada pelo sujeito passivo está fora do litígio e o crédito tributário a ela relativo tornase consolidado. Processo nº. : 11516.001652/2005 91. RECURSO VOLUNTÁRIO – MATÉRIA NÃO IMPUGNADA – PRECLUSÃO – é preclusa a discussão em sede recursal de matéria para a qual não houve impugnação, tendo como efeito a constituição definitiva do crédito tributário no âmbito administrativo. Processo nº. : 10980.008007/200398. MATÉRIA INCONTROVERSA. Considerase incontroversa a matéria objeto de recurso, quando não impugnada em primeiro grau. Processo nº. : 10540.000616/200388. 16. Resta, portanto, apenas a análise do conjunto probatório trazido aos autos, com fins de apuração de legitimidade e responsabilidade passiva solidária das empresas autuadas. LEGITIMIDADE PASSIVA 17. Em análise à documentação trazida, observo que restou incontroverso a legitimidade passiva da principal autuada, COFERFRIGO ATC LTDA., no que se refere às contribuições previdenciárias e sociais devidas, apuradas entre 12/2002 e 06/2008. 18. Tal se dá porque, conforme apurado pela Receita Federal e em investigação da Polícia Federal, a empresa COFERFRIGO, por meio de seus administradores de fato, utilizouse de artifícios contáveis e fraudes fiscais, promovendo a criação de diversas pessoas jurídicas titularizadas por interpostas pessoas, as quais contribuíram para a consecução da atividade fim, fornecendo mão de obra, arrendando instalações e até mesmo exercendo a atividade extrativista agroindustrial, objetivando pura e simplesmente o não recolhimento do imposto devido. 19. Além disso, a principal autuada não ofereceu qualquer impugnação ao lançamento efetuado, restando caracterizada a revelia. Nos termos do art. 21, do Decreto nº 70.235, de 1972. 20. Apenas os autuados e João Fraga, Lucélia Aparecida Nunes, Alfeu Mozaquatro, Patrícia Mozaquatro, Marcelo Mozaquatro, Indústrias Reunidas Ltda. e CM4 Participações Ltda., ofereceram contestação ao lançamento, razão pela qual será analisada a responsabilidade solidária apenas em relação a eles. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOA JURÍDICA 21. De fato, o instituto da responsabilidade solidária consta expressamente no art. 30 da Lei nº. 8.212/91, relativamente a empresas que compõem mesmo grupo econômico. 22. Por sua vez, quanto à necessidade de definição de grupo econômico, com fins de apuração de solidariedade passiva relativa a contribuições devidas à Seguridade social, Fl. 491DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 492 15 temse que o conceito mais abrangente e adequado ao fim almejado encontrase estipulado na Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT, conforme o parágrafo 2º do artigo 2º, in verbis: “Art.2º. Considerase empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. § 2. Sempre que uma ou mais empresas, tendo embora, cada uma delas, personalidade jurídica, própria estiverem sob a direção, controle ou administração de outra constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.” 23. Nesse aspecto, a existência de grupo econômico deve ser demonstrada por meio das relações de fato ou de direito entre as empresas autuadas, de forma a configurar interesse comum na situação constituinte do fato gerador, bem como deve ser demonstrada a existência de administração central ou preeminência de um grupo com poderes decisórios sobre os demais. 24. No presente caso, observase que as empresas recorrentes CM4 Participações e Indústrias Reunidas CMA, únicas empresas a apresentarem recurso voluntário, abrigavam o núcleo administrativo do grupo econômico, ou o centro decisório, tendo seu capital constituído pelo patrimônio da família Mozaquatro, a qual promovia e gerenciava o esquema de sonegação fiscal, conforme demonstram as documentações colhidas pelo fisco e as informações apuradas pela Polícia Federal. 25. Tais empresas, ostensivas do grupo Mozaquatro, participavam ativamente da atividade desempenhada pelo grupo econômico, tendo diversas instalações arrendadas a outras empresas do grupo, estas últimas constituídas por pessoas interpostas (laranjas), com fins de desempenhar a atividade agroindustrial fim e eximir as empresas arrendadoras da responsabilidade pelo recolhimento do tributo devido. 26. Dessa forma, caracterizada a existência de atividade conjunta na persecução de objetivo comum, bem como havendo administração única, entendo que razão assiste à autoridade fiscal na atribuição de responsabilidade solidária às recorrentes. DA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA PESSOAS FÍSICAS 27. Por sua vez, no que se refere à responsabilização solidária de pessoas físicas, disciplina o art. 135 do CTN: "São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: Fl. 492DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 493 16 I as pessoas referidas no artigo anterior; II os mandatários, prepostos e empregados; III os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado." 28. A respeito do tema, o e. STF, ao analisar o artigo 135 do CTN, no RE nº 562.276/PR, estabelece que os gestores ou administradores das pessoas jurídicas somente serão pessoalmente responsabilizados se incorrerem em violação de contrato social, excedendo seus poderes de gestão, ou ainda quando na violação ou infração de lei. 29. Assim, verificase que, havendo comprovada pratica de atos em infração à lei tributária, claramente objetivando a fraude fiscal, caracterizada está à responsabilidade dos administradores das empresas do grupo econômico. 30. No caso em comento, tendo em vista suas peculiaridades, cabem considerações sobre o papel dos autuados pessoas físicas, haja vista se tratar de administradores e operados de do grupo econômico de fato. NÚCLEO MOZAQUATRO 31. Conforme relatório de grupo econômico (cf. fls. 3.881 do Vol. XXI, do Anexo II), o grupo da família Mozaquatro foi gerenciador e beneficiário direto do esquema de fraude contra o fisco, sendo constituído por Alfeu Mozaquatro, principal líder e articulador do esquema, bem como por Marcelo Mozaquatro e Patrícia Mozaquatro, todos detentores de parte do capital social, ou ainda apenas administradores das empresas ostensivas do grupo, tais como CM4 Participações e Industrias Reunidas. 32. O papel de gerência foi evidenciado pelas investigações da Polícia Federal, bem como pela auditoria realizada pela Receita, na qual foram analisados extratos de movimentações bancárias, notas fiscais emitidas em nome de laranjas e entregues à família Mozaquatro para conferência e contabilidade, arquivos magnéticos em posse dos investigados, nos quais se evidenciava relatórios contábeis das diversas empresas do grupo econômico, inquérito policial que indicava o acesso dos participantes do grupo às contas bancárias das diversas empresas envolvidas no esquema etc. 33. Assim, atuando como administradores e principais beneficiários das receitas obtidas pelo grupo econômico, bem como configurada a fraude fiscal em violação da lei tributária, caracterizada está a solidariedade passiva, nos termos dos artigos 135, inciso III e 116, parágrafo único, do Código tributário Nacional. JOÃO PEREIRA FRAGA 34. Em sede de recurso voluntário, as alegações da defesa de João Pereira Fraga (espólio) se dão no sentido de que, diferentemente das outras empresas criadas com interpostas pessoas, a empresa COFERCARNES e seu sócio administrador João Pereira Fraga gozavam de autonomia em relação ao grupo econômico, afirmando que as relações entre o autuado solidário e o grupo Mozaquatro eram meramente contratuais, não prolongadas por Fl. 493DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 494 17 mais de oito meses, havendo inclusive pedido extrajudicial destinado à COFERFRIGO para que esta desocupasse as instalações arrendadas pela COFERCARNES. 35. Entretanto, em análise ao conjunto probatório trazido aos autos (cf. fls. 4.086 do Vol. XXI, do Anexo II), observo que dentre a documentação apurada pela Receita Federal foram encontrados: a) notas fiscais das empresas do grupo Mozaquatro e das demais empresas que compunham o grupo econômico, nas quais foi constatada existência de assinatura de João Pereira Fraga; b) cheques em branco, assinados por sócios administradores das empresas do referido grupo econômico e entregues à pessoa de João Pereira Fraga; e por fim c) extratos de movimentações bancárias de contas do grupo econômico; bem como d) informações apuradas pela Polícia Federal evidenciando que o autuado tinha acesso a diversas contas bancárias das empresas do grupo econômico (cf. fls. 496 do relatório de grupo econômico, anexo I), evidenciando que João Pereira Fraga era de fato um dos gerenciadores do esquema de sonegação fiscal. 36. Dessa forma, é de se concluir que a autonomia exercida por João Fraga decorre de seu papel central na administração do esquema do grupo Mozaquatro, devendolhe ser atribuída a responsabilidade solidária. 37. Sob esse aspecto, as alegações de que o referido contribuinte não compunha os quadros societários das empresas participantes do grupo econômico e que, portanto, não poderia ser considerado responsável pelos débitos de uma pessoa jurídica que não lhe pertencia não merecem prosperar, haja vista que a responsabilização passiva solidária de pessoas físicas relativamente a débitos de pessoas jurídicas se dá em razão do papel de gerenciamento e gestão realizado em contexto de violação da lei, o que caracteriza o interesse do administrador na situação constituinte do fato gerador do tributo, daí porque, nos termos do artigo 124, inciso I, do CTN, é correta a imputação de responsabilidade passiva solidária a JOÃO FRAGA, uma vez que figurava como beneficiário e administrador do grupo econômico em questão. 38. Concluindo no particular, a responsabilização de pessoa física decorrente da gerência exercida em contexto de fraude fiscal, ainda que administrador de fato, destinase a garantir o recolhimento do tributo devido, o qual será cobrado daqueles que se beneficiaram diretamente do produto de sonegação, agindo em conluio, conforme definição constante no art.73 da Lei nº. 4.502/64. LUCÉLIA APARECIDA NUNES LACERDA 39. No que se refere ao recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda (fls. 436/437), tida nominalmente como sócia administradora de uma das autuadas solidárias, observo que não há prova nos autos de sua participação efetiva no esquema de sonegação fiscal, nem tampouco há qualquer evidencia de sua condição de administradora de fato do grupo econômico ou qualquer atuação em excesso de poder ou infração à lei que possa ensejar sua responsabilização enquanto pessoa física, nos termos do art. 135 e incisos, do CTN, além de que não consta nos autos termo de sujeição passiva solidária, razão pela qual a recorrente não integra de fato o polo passivo da presente demanda, não havendo o que se falar em sua responsabilização pelo débito apurado. 40. Portanto, não conheço do recurso apresentado por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda por falta de legitimidade passiva (ausência do termo de sujeição passiva, bem como do relatório de corresponsável). Fl. 494DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA Processo nº 16004.001503/200868 Acórdão n.º 2402004.832 S2C4T2 Fl. 495 18 CONCLUSÃO 41. Ante o exposto, não conheço do recurso interposto por Lucélia Aparecida Nunes Lacerda, conheço dos recursos apresentados pelos demais sujeitos passivos, para, no mérito, negar provimento. É como voto. Natanael Vieira dos Santos. Fl. 495DF CARF MF Impresso em 18/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTOS, Assinado digitalmente em 12/0 2/2016 por RONALDO DE LIMA MACEDO, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por NATANAEL VIEIRA DOS SANTO S, Assinado digitalmente em 12/02/2016 por MARCELO OLIVEIRA
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Numero do processo: 16327.720122/2013-04
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 09 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Feb 16 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 29/10/2010 a 27/04/2011
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE DECABIMENTO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
A jurisprudência administrativa e judicial tem admitido o manejo dos embargos também para os casos em que se verifica existir, na decisão embargada, algum erro de fato.
Embargos de Declaração parcialmente acolhidos.
Numero da decisão: 3201-001.953
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, sem efeitos infringentes.
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 29/10/2010 a 27/04/2011 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE DECABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma. A jurisprudência administrativa e judicial tem admitido o manejo dos embargos também para os casos em que se verifica existir, na decisão embargada, algum erro de fato. Embargos de Declaração parcialmente acolhidos.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, sem efeitos infringentes. Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario.
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HIPÓTESES DE DECABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. A jurisprudência administrativa e judicial tem admitido o manejo dos embargos também para os casos em que se verifica existir, na decisão embargada, algum erro de fato. Embargos de Declaração parcialmente acolhidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher parcialmente os embargos, sem efeitos infringentes. Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Ana Clarissa Masuko dos Santos Araujo, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Winderley Morais Pereira, Carlos Alberto Nascimento e Silva Pinto e Tatiana Josefovicz Belisario. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 01 22 /2 01 3- 04 Fl. 950DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 2/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 2 Relatório Tratase de embargos de declaração opostos tempestivamente pela contribuinte acima identificada, em face do Acórdão nº. 3202001.216, de 28/05/2014 (fls. 874 e ss.), cuja ementa abaixo se transcreve: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 29/10/2010 a 27/04/2011 LIQUIDAÇÃO EXTRAJUDICIAL E FALÊNCIA, APLICAÇÃO DE MULTA. IMPOSSIBILIDADE. Após a decretação da liquidação extrajudicial ou da falência não cabe a imposição de multa, seja de mora seja de ofício, por força do art. 18, "f", da Lei n° 6.024/74. COMPENSAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. O direito à compensação pressupõe a existência de créditos líquidos e certos do sujeito passivo contra a Fazenda Pública (art. 170 do CTN). DIREITO CREDITÓRIO. PROVA. O reconhecimento do direito creditório pleiteado requer a prova de sua existência e montante, sem o que não pode ser restituído ou compensado. Recurso voluntário negado. Recurso de ofício negado. Alega a Embargante que a decisão incorreu em omissões, uma vez que não apreciou as seguintes questões: a) nulidade do Despacho Decisório por ter se baseado em fundamento jurídico inaplicável ao caso, qual seja, o art. 8º, § 1º, da Instrução Normativa – IN RFB n.º 900, de 2008; b), nulidade do Despacho Decisório em face da inovação do fundamento jurídico pela DRJ, que afastou a aplicação do art. 8º da IN RFB n.º 900, de 2008; c) a impossibilidade de se condicionar o reconhecimento do crédito de IOF à prova do estorno do respectivo valor da Embargante a seus clientes, pois, no caso dos autos, não sofreram o ônus financeiro do imposto, tendo em vista a natureza da operação praticada. O processo foi distribuído a este Conselheiro Relator, na forma regimental. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Fl. 951DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 2/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA Processo nº 16327.720122/201304 Acórdão n.º 1101001.953 S1C1T1 Fl. 951 3 Cabe ressaltar, inicialmente, que, como cediço, os embargos declaratórios têm a finalidade de aclarar a decisão embargada ou trazer à discussão matéria omitida no julgamento, de tal sorte que a solução dada pelo órgão encarregado de resolver a controvérsia demonstre, com clareza, haver enfrentado o objeto do litígio. É o que prevê o art. 65 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, ao assim dispor: Art. 65. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Conforme doutrinam Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha, é omissa a decisão a) que não se manifestar sobre um pedido ou b) sobre argumentos relevantes lançados pelas partes e c) quando não apreciadas matérias de ordem pública, portanto cognoscíveis de ofício pelo magistrado, tenham ou não sido suscitadas pelas partes. Os mesmos autores consideram obscura a decisão quando ininteligível, portanto malredigida, faltandolhe a devida clareza. E contraditória, quando traz proposições inconciliáveis entre si, exemplificando com aquela em que há uma contradição entre os seus fundamentos e a sua conclusão (Direito processual civil: meios de impugnação às decisões judiciais e processo nos tribunais. Salvador: JusPODIVM, 2006, p. 131). Acresçase que a jurisprudência tem admitido o manejo dos embargos também para os casos em que se verifica existir, na decisão embargada, um erro de fato – uma ideia equivocada sobre o que, no plano da realidade, ocorreu. Analisada a decisão recorrida, constatase, de fato, existir o vício apontado, a justificar a admissibilidade dos embargos. Todavia, a primeira alegação que fundamentou os embargos foi, sim, enfrentada na decisão embargada, como destacado num de seus parágrafos: No pertinente à preliminar, ainda que tenha havido um equívoco na citação dos dispositivos da legislação infralegal no Termo de Intimação de fl. 545, podese facilmente perceber o que pretendia a fiscalização quando requereu, no item 1 do mesmo Termo, que a Recorrente justificasse os motivos e esclarecesse as circunstâncias “que provocaram os recolhimentos indevidos de IOF (código 7893) entre 2009 e 2010, supostamente indevido ou maior que o devido”. Mais claro que isso, impossível! As demais alegações, de fato, não foram apreciadas. Improcede, contudo, a nulidade do Despacho Decisório em face da alegada inovação do fundamento jurídico pela DRJ, que teria afastado a aplicação do art. 8º da IN RFB n.º 900, de 2008. Isso porque a referência, na decisão proferida pela DRJ, ao art. 166 do CTN não alterou o fundamento do Despacho Decisório, mas apenas teve a intenção de tornar mais claro o tema, uma vez que, no art. 8º da IN nº 900, de 2008, está contida a norma encartada naqueloutro dispositivo. Vejamos: Fl. 952DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 2/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA 4 CTN: Art. 166. A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido o referido encargo, ou, no caso de têlo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebêla. IN RFB nº 900, de 2008: Art. 8º O sujeito passivo que promoveu retenção indevida ou a maior de tributo administrado pela RFB no pagamento ou crédito a pessoa física ou jurídica, efetuou o recolhimento do valor retido e devolveu ao beneficiário a quantia retida indevidamente ou a maior, poderá pleitear sua restituição na forma do § 1º ou do § 2º do art. 3º, ressalvadas as retenções das contribuições previdenciárias de que trata o art. 18. (g.n.) Ora, como prevê o art. 8º da IN nº 900, de 2008, o sujeito passivo somente pode requerer, na situação em exame, a restituição do tributo retido a maior se efetuou o recolhimento do valor retido e devolveu ao beneficiário a quantia retida indevidamente ou a maior, o que está em total harmonia com o disposto no art. 166 do CTN, que estabelece o direito à restituição a quem tiver assumido o encargo decorrente da retenção a maior (primeira parte do dispositivo). Já a última alegação ventilada dos embargos na verdade decorre desta segunda, haja vista que, para fazer jus à restituição, a Embargante deveria ter demonstrado a devolução, aos beneficiários, da quantia retida a maior, o que, a despeito da intimação, não foi feito, conforme destacado no acórdão embargado. Pelo exposto, conheço e acolho parcialmente os embargos de declaração, para, sem efeitos infringentes, manter, com as considerações adicionais aqui adotadas, a decisão que negou provimento ao recurso de ofício e, quanto ao recurso voluntário, rejeitou as preliminares de nulidade e, no mérito, negoulhe provimento. É como voto. Charles Mayer de Castro Souza Fl. 953DF CARF MF Impresso em 16/02/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 12/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA, Assinado digitalmente em 1 2/02/2016 por CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
score : 1.0
Numero do processo: 10530.003581/2008-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 25 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Mar 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2004 a 28/02/2005
LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO. OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. ART. 37 DA LEI Nº 8.212/91.
Uma vez constatado o atraso total ou parcial no recolhimento das contribuições sociais previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LC Nº 84/96.
A contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais foi instituída pela Lei Complementar nº 84, de 18 de janeiro de 1996, no exercício da competência tributária residual exclusiva da União, sendo o seu regramento, após a EC nº 20/98, assentado no inciso III da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº 9.876/99.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RESPONSABILIDADE PELA ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO.
A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor assim arrecadado, juntamente com a contribuição a seu cargo, no prazo estabelecido na legislação de regência, sendo certo que o desconto de contribuição previdenciária em questão sempre se presumirá feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto na Lei de Custeio da Seguridade Social.
MEMBRO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO. SEGURADO OBRIGATÓRIO DO RGPS.
São segurados obrigatórios do RGPS, na condição de Segurado Contribuinte Individual, os membros do conselho de administração de sociedade anônima, na forma prevista na alínea f do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-003.997
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
Maria Cleci Coti Martins Presidente-Substituta de Turma.
Arlindo da Costa e Silva Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (Presidente-Substituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva.
Nome do relator: ARLINDO DA COSTA E SILVA
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OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA PRINCIPAL. ART. 37 DA LEI Nº 8.212/91. Uma vez constatado o atraso total ou parcial no recolhimento das contribuições sociais previstas na Lei de Custeio da Seguridade Social, a fiscalização lavrará notificação de débito, com discriminação clara e precisa dos fatos geradores, das contribuições devidas e dos períodos a que se referem. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. LC Nº 84/96. A contribuição previdenciária incidente sobre a remuneração dos segurados contribuintes individuais foi instituída pela Lei Complementar nº 84, de 18 de janeiro de 1996, no exercício da competência tributária residual exclusiva da União, sendo o seu regramento, após a EC nº 20/98, assentado no inciso III da Lei nº 8.212/91, incluído pela Lei nº 9.876/99. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. SEGURADO CONTRIBUINTE INDIVIDUAL. RESPONSABILIDADE PELA ARRECADAÇÃO E RECOLHIMENTO. A empresa é obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontandoa da respectiva remuneração, e a recolher o valor assim arrecadado, juntamente com a contribuição a seu cargo, no prazo estabelecido na legislação de regência, sendo certo que o desconto de contribuição previdenciária em questão sempre se presumirá feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto na Lei de Custeio da Seguridade Social. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 00 35 81 /2 00 8- 62 Fl. 311DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 2 MEMBRO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO. SEGURADO OBRIGATÓRIO DO RGPS. São segurados obrigatórios do RGPS, na condição de Segurado Contribuinte Individual, os membros do conselho de administração de sociedade anônima, na forma prevista na alínea ‘f’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros da 1ª TO/4ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. Maria Cleci Coti Martins – PresidenteSubstituta de Turma. Arlindo da Costa e Silva – Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Maria Cleci Coti Martins (PresidenteSubstituta de Turma), Luciana Matos Pereira Barbosa, Carlos Henrique de Oliveira, Miriam Denise Xavier Lazarini, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira e Arlindo da Costa e Silva. Fl. 312DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10530.003581/200862 Acórdão n.º 2401003.997 S2C4T1 Fl. 312 3 Relatório Período de apuração: 01/04/2004 a 28/02/2005. Data da lavratura do AIOP: 26/12/2008. Data da Ciência do AIOP: 30/12/2008. Temse em pauta Recurso Voluntário interposto em face de Decisão Administrativa de 1ª Instância proferida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA, que julgou improcedente a impugnação interposta pelo Sujeito Passivo do Crédito Tributário formalizado mediante o Auto de Infração de Obrigação Principal nº 37.158.9088, consistente em contribuições sociais previdenciárias a cargo da empresa, destinadas ao custeio da Seguridade Social, incidentes sobre as remunerações pagas, creditadas ou devidas a Segurados Contribuintes Individuais que lhe prestaram serviços, conforme descrito no Relatório Fiscal a fls. 22/29. De acordo com a resenha fiscal, do exame da documentação disponibilizada pela empresa, a Fiscalização verificou, através da confrontação entre as Folhas de Pagamentos dos Segurados Empregados e Contribuintes Individuais; as GFIP; a DIRF/2005 Ano Calendário 2004 e as Guias da Previdência Social GPS, que nas competências de novembro/2004 e dezembro/2004 a empresa autuada havia efetuado o recolhimento apenas parcial das Contribuições Previdenciárias devidas, não tendo sido recolhidas as contribuições previdenciárias (parte patronal contribuição da empresa ) incidentes sobre os valores pagos a segurados Contribuintes Individuais que lhe prestaram serviços, os quais não foram não declarados nas GFIP da empresa. Os fatos geradores objeto do vertente lançamento foram apurados do exame da Declaração de Imposto Retido na Fonte DIRF/2005 Ano Calendário/2004, na qual constam os nomes das Pessoas Físicas, e respectivos CPF, que prestaram serviços para a Empresa Autuada, conforme discriminado no Relatório de Lançamentos – RL, a fls. 07/08. O presente débito é composto também pelo levantamento DAL Diferenças de Acréscimos Legais referentes às seguintes competências: abril/2004 correspondente ao pagamento da GPS da competência de fevereiro/2004; dezembro/2004 correspondente ao pagamento da GPS da competência de outubro/2004 e fevereiro/2005 correspondente ao pagamento da GPS da competência de dezembro/2004. Irresignado com o supracitado lançamento tributário, o sujeito passivo apresentou impugnação a fls. 106/114. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Salvador/BA lavrou Decisão Administrativa aviada no Acórdão nº 1524.297 5ª Turma da DRJ/SDR, a fls. 243/251, julgando procedente o lançamento, e mantendo o Crédito Tributário em sua integralidade. Fl. 313DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 4 O Sujeito Passivo foi cientificado da decisão de 1ª Instância no dia 20/08/2010, conforme Aviso de Recebimento a fl. 252. Inconformado com a decisão exarada pelo órgão administrativo julgador a quo, o ora Recorrente interpôs recurso voluntário, a fls. 253/267, respaldando seu inconformismo em argumentação desenvolvida nos termos que se vos seguem: · Que não existe débito perante a Seguridade Social; · Que as remunerações pagas a Segurados Contribuintes Individuais a título de participação nos lucros não compõem o Salário de Contribuição; · Que os valores pagos a Jaziel Vilas Boas referemse a locação de imóvel; · Quanto ao levantamento DAL, aduz que não houve atraso nos pagamentos, mas a incidência em erros formais no momento do preenchimento das Guias de Recolhimento da Previdência Social; · Requer a realização de perícia contábil; Ao fim, requer a anulação do Crédito Tributário exigido. Relatados sumariamente os fatos ora relevantes. Fl. 314DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10530.003581/200862 Acórdão n.º 2401003.997 S2C4T1 Fl. 313 5 Voto Conselheiro Arlindo da Costa e Silva, Relator. 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE 1.1. DA TEMPESTIVIDADE O sujeito passivo foi válida e eficazmente cientificado da decisão recorrida no dia 20/08/2010. Havendo sido o recurso voluntário protocolizado em 17/09/2010, há que se reconhecer a tempestividade do recurso interposto. Presentes os demais requisitos de admissibilidade do recurso, dele conheço. Ante a inexistência de questões preliminares, passamos ao exame do mérito. 2. DO MÉRITO Cumpre de plano assentar que não serão objeto de apreciação por este Colegiado as matérias não expressamente impugnadas pelo Recorrente, as quais serão consideradas como verdadeiras, assim como as matérias já decididas pelo Órgão Julgador de 1ª Instância não expressamente contestadas pelo sujeito passivo em seu instrumento de Recurso Voluntário, as quais se presumirão como anuídas pela Parte. Também não serão objeto de apreciação por esta Corte Administrativa as questões de fato e de Direito referentes a matérias substancialmente alheias ao vertente lançamento, eis que em seu louvor, no processo de que ora se cuida, não se houve por instaurado qualquer litígio a ser dirimido por este Conselho, assim como as questões arguidas exclusivamente nesta instância recursal, antes não oferecida à apreciação do Órgão Julgador de 1ª Instância, em razão da preclusão prevista no art. 17 do Decreto nº 70.235/72. 2.1. DOS FATOS GERADORES – SEGURADOS CONTRIBUINTES INDIVIDUAIS O Recorrente alega inexistir débito perante a Seguridade Social. Aduz que as remunerações pagas a Segurados Contribuintes Individuais a título de participação nos lucros não compõem o Salário de Contribuição. Em primeiro lugar, há que se esclarecer que os Membros do Conselho de Administração de uma empresa são qualificados legalmente como Segurados Contribuintes Individuais, nos termos da alínea ‘f’ do inciso V do art. 12 da Lei nº 8.212/91, de maneira que sobre a remuneração paga, creditada ou devida a tais segurados incidem as contribuições sociais previstas nos artigos 21 e 22, III, da Lei nº 8.212/91. Fl. 315DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 6 Em segundo lugar, no que se refere à alegação de que os rendimentos pagos aos Srs. Mário Lugo Vieira e Carlos Dalton Leopoldo Lima correspondem à Participação nos Lucros relativos ao exercício de 2003, merece ser ressaltado que na DIRF do contribuinte, a fls. 69/76, as verbas ora em questão houveramse por declaradas com código 0588, o qual se refere especificamente a rendimentos do trabalho sem vínculo empregatício Importâncias pagas por pessoa jurídica à pessoa física, a título de comissões, corretagens, gratificações, honorários, direitos autorais e remunerações por quaisquer outros serviços prestados, sem vínculo empregatício, inclusive as relativas a empreitadas de obras exclusivamente de trabalho e as decorrentes de fretes e carretos em geral. Deve ainda ser enaltecido que as declarações prestadas pelo Contribuinte, sob sua responsabilidade e domínio, mediante GFIP e DIRF, constituemse elementos de prova e fazem prova contra o Declarante. É lícito, todavia, ao Declarante demonstrar, por todos os meios permitidos em Direito, que as informações declaradas nos documentos acima não correspondem à verdade dos fatos, ônus probatório esse que o Recorrente não logrou se desincumbir. Em terceiro lugar, os valores pagos a segurados empregados a título de participação nos lucros apenas estará a largo da tributação previdenciária quando o pagamento de tal rubrica se der de acordo com a lei de regência, in casu, a Lei nº 10.101/2000. O efeito sublime da desoneração prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei de Custeio da Seguridade Social somente toma vulto na exclusiva condição de as verbas pagas ou creditadas a título de participação nos lucros e resultados atenderem cumulativamente aos seguintes requisitos: · Os beneficiários do beneficio devem se enquadrar na condição de segurado empregado. · A verba paga a título de participação nos lucros e resultados da empresa tem que ser representativa de um plano gerencial de incentivo à produtividade, consoante art. 1º da Lei nº 10.101/2000. · O plano de incentivo à produtividade tem que traduzir, portanto, de maneira clara e objetiva, um fim extraordinário a ser alcançado pelo desempenho emproado do trabalhador, estimulado que está pela promessa de um ganho adicional remuneratório consistente na PLR, de maneira que, efetivamente, encoraje, deflagre e estimule o trabalhador a produzir mais e melhor do que aquele desempenho ordinário que ele vinha apresentando cotidiana e rotineiramente, decorrente do seu compromisso laboral celebrado no contrato de trabalho. Ø O desempenho regular, rotineiro e ordinário do trabalhador decorrente do compromisso laboral pactuado no contrato de trabalho é remunerado mediante salário; Ø O desempenho extraordinário e túmido do trabalhador, visando a atingir objetivos de excelência fixados previamente pela empresa que excedam aos resultados históricos, é remunerado mediante participação dos empregados nos lucros e resultados da empresa, em valores previamente fixados nas negociações coletivas. Fl. 316DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10530.003581/200862 Acórdão n.º 2401003.997 S2C4T1 Fl. 314 7 · Tem que resultar de negociação formal entre a empresa e seus empregados, por comissão escolhida pelas partes, integrada, obrigatoriamente, por um representante indicado pelo sindicato da respectiva categoria ou de convenção/acordo coletivo; · Das negociações suso citadas, deverão resultar instrumentos formais que registrem o plano de incentivo à produtividade adotado pela empresa, os objetivos a serem alcançados na execução de tal plano, as regras claras e objetivas definidoras dos direitos substantivos dos trabalhadores, bem como a regras adjetivas, abarcando os mecanismos de aferição das informações pertinentes ao cumprimento do acordado, periodicidade da distribuição, período de vigência e prazos para revisão do acordo, etc. · A negociação entre empresa e trabalhadores tem que ser concluída previamente ao período de execução do plano, de modo que os empregados dele participem com a perfeita e exata noção do que, do quanto, do quando e do como fazer para o atingimento dos objetivos pactuados, do quanto receberão pelo seu sucesso, e de como serão avaliados para fazerem jus à PLR prometida; · O instrumento formal resultante do acordo em realce tem que ser arquivado previamente na entidade sindical dos trabalhadores; · A PLR não pode substituir, tampouco complementar a remuneração devida a qualquer empregado; · A PLR não pode ser distribuída em periodicidade inferior a um semestre civil, ou mais de duas vezes no mesmo ano civil; Sendo a isenção tributária uma norma legal de exceção, de interpretação restritiva e em benefício do Contribuinte, o adimplemento cumulativo de todas as condições e requisitos previstos na lei para a sua concessão não se presume, se comprova mediante documentos aptos e idôneos. Código Tributário Nacional CTN Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. Art. 176. A isenção, ainda quando prevista em contrato, é sempre decorrente de lei que especifique as condições e requisitos exigidos para a sua concessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso, o prazo de sua duração. Parágrafo único. A isenção pode ser restrita a determinada região do território da entidade tributante, em função de condições a ela peculiares. Fl. 317DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 8 Dessarte, ao beneficiário da isenção recai o ônus de demonstrar e comprovar o cumprimento cumulativo de todos os requisitos legais para a fruição da isenção pretendida, sob pena de manutenção da regra geral, isto é, a tributação. No caso em apreço, no dizer da Recorrente, os benefícios em tela foram pagos a Segurados Contribuintes Individuais, o que, de plano, afasta a natureza jurídica de PLR legal para fins de isenção tributária. Por outro lado, a empresa não comprovou o adimplemento de nenhum e qualquer dos requisitos essenciais previstos na Lei nº 10.101/2000, os quais são indispensáveis para a subsunção à hipótese de não incidência legal prevista na alínea ‘j’ do §9º do art. 28 da Lei nº 8.212/91, sendo imperiosa, portanto, a incidência da regra geral de tributação prevista no art. 22 da Lei de Custeio da Seguridade Social. Em quarto lugar, o Recorrente alega que em relação às competências 11/2004 e 12/2004, houve recolhimentos de contribuições previdenciárias mediante GPS. Com efeito, as aludidas Folhas de Pagamento trazem registrados, apenas, os Segurados Contribuintes Individuais Hélio T. Hora, Rafael M. Comino e Rodrigo A. S. Mortagua, sendo que as GPS recolhidas, no montante de R$ 1.080,00 cada, houveramse por devidamente consideradas na apuração do débito, conforme de comprova no RDA Relatório de Documentos Apresentados, competências 11/2004 e 12/2004, a fl. 10. Porém, a empresa não incluiu em suas Folhas de Pagamento, tampouco nas GFIP, os demais segurados Mario L. Vieira, Jaziel V. B. Souza e Carlos D. L. Lima, os quais constam na condição de Segurados Contribuintes Individuais nas DIRF apresentadas pela empresa. Em relação a estes, não consta nos autos a prova de qualquer recolhimento. Daí a procedência do lançamento. Por outro eito, vinho de outra pipa, porém, o Recorrente alega que os valores pagos a Jaziel Vilas Boas referemse a locação de imóvel. Não é o que consta declarado na DIRF da empresa a fl. 74. Nesta, consta lançamentos mensais de R$ 1.500,00 , sob o código 0588 Trabalho Sem Vínculo Empregatício, referente a importâncias pagas por pessoa jurídica à pessoa física, a título de comissões, corretagens, gratificações, honorários, direitos autorais e remunerações por quaisquer outros serviços prestados, sem vínculo empregatício, inclusive as relativas a empreitadas de obras exclusivamente de trabalho e as decorrentes de fretes e carretos em geral. Merece esclarecimento que os rendimentos mensais de aluguéis pagos por pessoa jurídica à pessoa física possuem código específico na DIRF, qual seja, 3208, bem diferente de 0588. Mais uma vez, as declarações prestadas pelo Contribuinte, sob sua responsabilidade e domínio, mediante GFIP e DIRF, constituemse elementos de prova e fazem prova contra o Declarante, sendo lícito a este demonstrar, por todos os meios permitidos em Fl. 318DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10530.003581/200862 Acórdão n.º 2401003.997 S2C4T1 Fl. 315 9 Direito, que as informações declaradas nos documentos acima não correspondem à verdade dos fatos, ônus probatório esse que o Recorrente não logrou se desincumbir. Nessa vertente, não figurando as Contribuições Previdenciárias incidentes sobre as importâncias ora em debate incluídas nas GPS recolhidas pelo Recorrente, pugnamos pela manutenção do lançamento aviado no levantamento AND CONTRIB INDIV FORA GFIP. 2.2. DO LEVANTAMENTO DAL DISCRIMINATIVO DE ACRÉSCIMOS LEGAIS Quanto ao levantamento DAL, o Recorrente alega que não houve atraso nos pagamentos, mas a incidência em erros formais no momento do preenchimento das Guias de Recolhimento da Previdência Social. Não é o que revela o relatório Discriminativo de Acréscimos Legais a fls. 15/16, onde consta que: · A GPS da competência 02/2004 foi paga em 02/04/2004. · As GPS da competência 10/2004 foram paga em 02/12/2004. · A GPS da competência 12/2004 foi paga em 02/02/2005. O levantamento DAL é apurado automaticamente pelo Sistema Informatizado da RFB, tendo como base de referência as informações inseridas em cada GPS pelo próprio Contribuinte, sob sua responsabilidade e domínio. Dessarte, se alguma informação houvese por inserida de maneira equivocada, compete exclusivamente ao Contribuinte comparecer à Unidade Competente da RFB e proceder à retificação da GPS com erro de preenchimento, não podendo os servidores do órgão fazendário fazêlo de ofício, até porque eles não teriam conhecimento de quais seriam as informações corretas. 2.3. DA PERICIA O Recorrente reque a realização de perícia contábil. Oxe ! Cumpre de plano ressaltar, de molde a nocautear qualquer dúvida, que a perícia tem, como destinatária final, a autoridade julgadora, a qual possui a prerrogativa de avaliar a pertinência de sua realização para a solução da controvérsia objeto do litígio. Fl. 319DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 10 Nesse panorama, a produção de prova pericial revelase apropriada e útil somente nos casos em que a verdade material não puder ser alcançada de outra forma mais célere e simples. Por tal razão, as autoridades a quem incumbe o julgamento do feito frequentemente indeferem solicitações de diligência ou perícias sob o fundamento de que as informações requeridas pelo contribuinte não serem necessárias à solução do litígio ou já estarem elucidadas, por outros meios, nos documentos acostados aos autos. Estatisticamente, constatase que grande parte dos requerimentos de perícia aviados no processo administrativo fiscal versa sobre o exame de assentamentos registrados em documentos e/ou na escrita fiscal do sujeito passivo, cujo teor já é do conhecimento do auditor fiscal no momento da formalização do lançamento, eis que sindicado e esclarecido durante todo o curso da ação fiscal. Diante desse quadro, o reexame de tais informações por outro especialista somente se revelaria necessário se ainda perdurassem dúvidas quanto ao convencimento da autoridade julgadora quanto às matérias de fato a serem consideradas no julgamento do processo. Por óbvio, nada impede que o contribuinte venha aos autos demonstrar a questão que se queira discutir no levantamento fiscal, e o motivo pelo qual a prova não possa ser trazida diretamente aos autos, já que os julgadores administrativos têm, como requisito para o exercício de suas funções, o conhecimento da matéria tributária. Nada obstante, a palavra final acerca da conveniência e oportunidade da produção da prova pericial caberá sempre à autoridade julgadora, a teor do preceito inscrito caput do art. 18 do Decreto nº 70.235/72. Decreto nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine. (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) (grifos nossos) Nesse contexto, simples pedidos de perícia da documentação contábil e fiscal do contribuinte desacompanhados da devida justificativa de sua imprescindibilidade são tidos, via de regra, como meramente protelatórios. De outro eito, mostrase auspicioso destacar que os artigos 15, 16 e 18 do Decreto nº 70.235/72, sob cuja égide desenvolvese o presente Processo Administrativo Fiscal, estipulam que a impugnação tem que ser formalizada com os documentos em que se fundamentar a defesa do impugnante, devendo mencionar o correspondente instrumento de bloqueio, as perícias pretendidas, expostos obrigatoriamente os motivos que as justifiquem, a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, o nome, o endereço e a qualificação profissional do perito indicado, sob pena de o pedido de perícia ser tido como não formulado. DECRETO nº 70.235, de 6 de março de 1972 Art. 15. A impugnação, formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar, será apresentada ao órgão preparador no prazo de trinta dias, contados da data em que for feita a intimação da exigência. Art. 16. A impugnação mencionará: I a autoridade julgadora a quem é dirigida; II a qualificação do impugnante; Fl. 320DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS Processo nº 10530.003581/200862 Acórdão n.º 2401003.997 S2C4T1 Fl. 316 11 III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) IV as diligências, ou perícias que o impugnante pretenda sejam efetuadas, expostos os motivos que as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional do seu perito. (Redação dada pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) V se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição. (Incluído pela Lei nº 11.196/2005) §1º Considerarseá não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art. 16. (Incluído pela Lei nº 8.748/93) (grifos nossos) Impende observar, ademais, que os efeitos fixados no §1º do art. 16 do precitado decreto não se sujeitam ao jugo da discricionariedade da autoridade fazendária. Eles decorrem ex lege, não tendo o legislador infraconstitucional facultado alternativas. No caso presente, o Recorrente em seu instrumento de Recurso Voluntário, apenas formulou pedido singelo de perícia sem observar os requisitos essenciais fixados no inciso IV do art. 9º da Portaria MPS nº 520/2004. Além de não demonstrar a sua necessidade, o Recorrente não atendeu aos requisitos legais para a realização da perícia requerida, deixando de formular os quesitos referentes aos exames desejados, tampouco o nome, endereço, e qualificação do profissional do seu perito, sendo imperiosa, portanto, a incidência do preceito inscrito no §1º do supra transcrito dispositivo legal, impondose que seja considerado como não formulado o aventado pedido de perícia. Procedente, portanto, o lançamento consubstanciado no Auto de Infração de Obrigação Principal em debate. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO do Recurso Voluntário para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. Arlindo da Costa e Silva, Relator. Fl. 321DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS 12 Fl. 322DF CARF MF Impresso em 21/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/02/2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 25/02/ 2016 por ARLINDO DA COSTA E SILVA, Assinado digitalmente em 01/03/2016 por MARIA CLECI COTI MARTINS
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Numero do processo: 13726.000098/2003-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Mar 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE OU OMISSÃO. Os embargos só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material, porventura, existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria julgada pelo colegiado no recurso.
Embargos de declaração rejeitados.
Numero da decisão: 3301-002.766
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Nacional, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado.
ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL- Presidente.
Semíramis de Oliveira Duro - Relatora.
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro.
Nome do relator: SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO
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Ind. Imp. Exp. Ltda ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. AUSÊNCIA DE OBSCURIDADE OU OMISSÃO. Os embargos só se prestam a sanar obscuridade, omissão, contradição ou erro material, porventura, existentes no acórdão, não servindo à rediscussão da matéria julgada pelo colegiado no recurso. Embargos de declaração rejeitados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar os embargos formulados pela Fazenda Nacional, na forma do relatório e do voto que integram o presente julgado. ANDRADA MÁRCIO CANUTO NATAL Presidente. Semíramis de Oliveira Duro Relatora. Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Francisco José Barroso Rios, José Henrique Mauri, Luiz Augusto do Couto Chagas, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Maria Eduarda Alencar Câmara Simões e Semíramis de Oliveira Duro. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 72 6. 00 00 98 /2 00 3- 12 Fl. 303DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL 2 Relatório Tratase de auto de infração lavrado em virtude da apuração de falta de recolhimento do PIS no período de 11/93 a 09/95, no valor de R$ 22.954,97 para o PIS, multa de oficio de R$ 36.610,25 e juros de mora de R$17.216,15, perfazendo o total de R$ 76.781,37. A ciência do auto se deu em 02/04/2003 (efls. 196). A imputação foi originada a partir do confronto realizado entre os depósitos judiciais realizados na ação judicial n° 92.00508502 e os respectivos débitos. Ficou comprovado que os depósitos judiciais não foram suficientes para liquidar todos os débitos do período analisado. O valor convertido em renda da União, nesse processo judicial, representa 100% do total depositado. Estes Embargos de Declaração foram opostos pela Fazenda Nacional, com fundamento no art. 65, do RICARF, em face do Acórdão nº 3801002.835, de 25/02/2014 (fls. 287/292), prolatado pela extinta 1ª Turma Especial, assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995 DECADÊNCIA. INCONSTITUCIONALIDADE DOS ARTIGOS 45 E 46 DA LEI 8.212/1991. PRAZOS DECADENCIAIS DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL. De acordo com a Súmula Vinculante n.º 08, do STF os artigos 45 e 46 da Lei n.º 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência as disposições do Código Tributário Nacional. Recurso Voluntário Provido. Alega a Fazenda Nacional que houve contradição e omissão no acórdão citado, nos seguintes termos: O r. acórdão deu ‘provimento ao recurso para cancelar o lançamento por ter sido lançado após o período decadencial.’ Contudo, o referido crédito tributário foi depositado judicialmente. No curso do feito administrativo é feita menção de que os valores depositados judicialmente foram levantados pela Embargada. Ocorre que os valores levantados a favor da Embargada se referem à parcela que seria indevida, conforme decisão judicial, e não aquela devida ao Fisco. Desse modo, houve o autolançamento do tributo por meio do depósito judicial, sendo, pois, descabida a declaração de decadência do referido crédito tributário. Fl. 304DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL Processo nº 13726.000098/200312 Acórdão n.º 3301002.766 S3C3T1 Fl. 11 3 Ao final, requer o conhecimento e o provimento dos Embargos de Declaração, para que a Turma expressamente se manifeste sobre a contradição e a omissão apontadas no Acórdão embargado. É o relatório. Voto Os presentes embargos são tempestivos e preenchem os requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Comprovada a insuficiência dos mencionados depósitos judiciais, é obrigatório o lançamento tributário, por ser a atividade administrativa vinculada e obrigatória, nos termos do art. 142 do Código Tributário Nacional. Nesses termos acertadamente decidiu a 5. Turma da DRJ/RJOII, no Acórdão n. 1313.419 (efls. 219229): Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/11/1993 a 30/09/1995 DECADÊNCIA Tendo sido constituído o crédito tributário dentro do prazo de dez anos, contados do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, não se caracteriza a decadência. DEPÓSITOS JUDICIAIS. CONVERSÃO EM RENDA DA UNIÃO. EFEITOS SOBRE CRÉDITO TRIBUTÁRIO A conversão de depósitos judiciais em renda da Unido extingue o crédito tributário na proporção do valor efetivamente convertido, sujeitandose a parcela eventualmente não coberta pela conversão a lançamento por meio de procedimento ex officio. Observese que o auto de infração se refere ao PIS de 11/1993 a 09/1995 e teve a ciência do contribuinte apenas em 02/04/2003. Como ressaltou o relator do acórdão embargado, Sidney Stahl, verificase a decadência do direito da Fazenda de lançar, "quer se faça a contagem do prazo decadencial pelo artigo 150, § 4º ou pelo artigo 173 do Código Tributário Nacional." Analisando a decadência, o relator aplicou a Súmula Vinculante n° 8, a qual declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n° 8.212/1991, que previa o prazo decadencial de dez anos para a constituição de créditos tributários relativos a contribuições sociais. E como bem esclarece: Fl. 305DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL 4 Considerando o efeito vinculante da Súmula n.º 8, a Administração Pública Direta desde a data de sua publicação é obrigada a seguir a sua determinação de modo que é forçoso concluirse pela impossibilidade, a partir de 20/06/2008, da aplicação dos artigos 45 e 46 (relativo à prescrição) da Lei n.º 8.212/91 à constituição e exigência de crédito tributário, aí incluídos os casos pendentes de julgamento administrativo. Sendo assim, cabe a aplicação da regra de decadência prevista nos artigos 150, § 4º e 173 do Código Tributário Nacional CTN. Cumpri salientar que a aplicação de súmula vinculante é obrigatória pelo CARF, por força regimental do artigo 62, § 1º, I, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 9 de junho de 2015. A Fazenda Nacional recorre à jurisprudência do STJ, sem qualquer efeito vinculante, para sustentar que depósito ou a fiança bancária que garantam ação judicial, implicam em autolançamento do tributo. E, portanto, seria desnecessária a constituição de ofício do tributo objeto do litígio. Então, por entender que o depósito é autolançamento, não há falarse em declaração de decadência do crédito tributário, porque já constituído. Ao acolher a preliminar de decadência, ficou clara a posição da Turma de Julgamento do CARF de que depósito não tem a natureza de lançamento. Por isso, o que pretende a embargante é a rediscussão da matéria já julgada pelo colegiado no recurso, o que é vedado em sede de embargos de declaração. Em face do exposto, voto no sentido de conhecer dos embargos de declaração, por serem tempestivos e rejeitálos por ausência de omissão e obscuridade a serem sanadas. Sala de Sessões, em 27 de janeiro de 2016. (assinado digitalmente) Semíramis de Oliveira Duro Relatora Fl. 306DF CARF MF Impresso em 08/03/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/03/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/0 3/2016 por SEMIRAMIS DE OLIVEIRA DURO, Assinado digitalmente em 08/03/2016 por ANDRADA MARCIO CANUTO NATAL
score : 1.0
Numero do processo: 13884.905386/2009-38
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 18 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Oct 13 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO COM BASE EM DÉBITO DECLARADO EM DCTF QUE JÁ HAVIA SIDO RETIFICADA ANTES DA CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO FUNDADO EM PREMISSA EQUIVOCADA. NULIDADE.
A DCTF retificadora, satisfeitas as condições normativas expedidas pela RFB, substitui integralmente a original, podendo o crédito decorrente do pagamento a maior do débito retificado ser utilizado para fins de compensação tributária, acaso não constem dos autos elementos que porventura demonstrem a impropriedade da retificação do débito correspondente.
Recurso ao qual se dá parcial provimento para declarar nulo o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação da interessada, posto que baseado em premissa errônea, qual seja, DCTF que já havia sido tempestivamente retificada antes do aludido despacho.
Numero da decisão: 3802-004.250
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento em parte ao recurso para declarar nulo o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação da interessada, posto que baseado em premissa errônea, qual seja, DCTF já retificada antes do aludido despacho.
Acompanhou o julgamento, pela interessada, o Dr. Dalton Miranda, OAB/DF 11.853.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção
(assinado digitalmente)
Francisco José Barroso Rios - Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015)
Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Mércia Helena Trajano Damorim (presidente), Solon Sehn e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: CLAUDIO AUGUSTO GONCALVES PEREIRA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 DCOMP. NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO COM BASE EM DÉBITO DECLARADO EM DCTF QUE JÁ HAVIA SIDO RETIFICADA ANTES DA CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO NÃO HOMOLOGATÓRIO. DESPACHO DECISÓRIO FUNDADO EM PREMISSA EQUIVOCADA. NULIDADE. A DCTF retificadora, satisfeitas as condições normativas expedidas pela RFB, substitui integralmente a original, podendo o crédito decorrente do pagamento a maior do débito retificado ser utilizado para fins de compensação tributária, acaso não constem dos autos elementos que porventura demonstrem a impropriedade da retificação do débito correspondente. Recurso ao qual se dá parcial provimento para declarar nulo o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação da interessada, posto que baseado em premissa errônea, qual seja, DCTF que já havia sido tempestivamente retificada antes do aludido despacho. 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AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 88 4. 90 53 86 /2 00 9- 38 Fl. 189DF CARF MF Impresso em 13/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI 2 (assinado digitalmente) Joel Miyazaki – Presidente 2ª Câmara / 3ª Seção (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015) Participaram da presente sessão de julgamento os conselheiros Bruno Maurício Macedo Curi, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira (relator), Francisco José Barroso Rios, Mércia Helena Trajano Damorim (presidente), Solon Sehn e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Preliminarmente, ressalto que, nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc para a formalização do acórdão, considerando o resultado do julgamento nos termos da ATA da correspondente sessão de julgamento. O Relatório abaixo foi baseado naquele apresentado pelo Conselheiro Cláudio Augusto Gonçalves Pereira na sessão em que houve o julgamento do feito. Tratase de recurso voluntário interposto contra decisão da 7ª Turma da DRJ Campinas, a qual, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente, não reconhecendo o direito creditório alegado na declaração de compensação objeto dos autos. A decisão recorrida foi fundamentada na ausência de prova do crédito reclamado, nos termos do acórdão assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). PROVA. O contribuinte tem o ônus de provar o direito creditório alegado sob pena de indeferimento da compensação realizada. A DCTF retificadora transmitida antes do proferimento do despacho decisório dentro de um contexto em que outras compensações já haviam sido indeferidas não é documento eficaz para cancelar a decisão da DRF. A declaração em Dacon não é meio idôneo de demonstração do direito creditório se estiver em contradição com a DCTF ativa na data da apresentação da Dcomp. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecimento. Em sede de impugnação e de recurso, o contribuinte apresenta os mesmos argumentos que, em síntese, se referem: (i) à informação errônea na época da transmissão da DCTF, cujo valor correto da COFINS seria de R$ 948.390,04, e não de R$ 967.886,65; (ii) ao fato de o processamento da DCTF retificadora haver ocorrido antes da ciência do despacho decisório; e (iii) ao não reconhecimento dos sistemas informatizados da Receita Federal da retificação efetuada. Fl. 190DF CARF MF Impresso em 13/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI Processo nº 13884.905386/200938 Acórdão n.º 3802004.250 S3TE02 Fl. 189 3 A primeira instância, por unanimidade de votos, considerou procedente o lançamento objeto da lide em acórdão assim ementado: É o relatório. Voto Conselheiro Francisco José Barroso Rios, redator ad hoc designado para formalizar a decisão, uma vez que o conselheiro relator, Cláudio Augusto Gonçalves Pereira, não mais compõe este colegiado, retratando, assim, a hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015: Abaixo reproduzo integralmente o voto apresentado pelo Conselheiro Relator na ocasião em que o feito foi julgado (sessão do dia 18/03/2015): Conforme consta dos autos, as provas apresentadas pelo contribuinte para valerse do reconhecimento do seu direito de crédito são a DCTF retificadora e a Dacon. Ambas foram transmitidas antes da ciência oficial da decisão de não homologação da compensação. Pois bem! No voto condutor do não reconhecimento do direito do crédito alegado pelo contribuinte, o Relator assim se manifestou: Caso o processo administrativo fosse isoladamente considerado, poderseia argumentar que o procedimento do contribuinte foi espontâneo e que, se tivesse providenciado a retificação da DCTF com mais antecedência, os sistemas informatizados da RFB a teriam levado em consideração na análise da compensação. É o que ocorreu no Processo nº 13884.902017/201027, em que a DCTF retificadora foi transmitida 221 dias antes da emissão do despacho decisório, diferentemente do observado no presente caso, em que a decisão pela não homologação foi proferida apenas 5 dias antes após a transmissão da mencionada declaração retificadora. (fls.90). Nesse sentido, a instância julgadora inferior entendeu impossível a restituição/compensação, ao fundamento de que a DCTF retificadora não seria espontânea no contexto em que foi transmitida. Tais argumentos não devem prosperar porquanto a DCTF retificadora tem a mesma natureza da retificada, substituindoa integralmente, cuja matéria, atualmente, está disciplinada no § 1º do artigo 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010. Ainda, em sede de fundamentação, nos termos do inciso II do artigo 3º da Lei nº 9.784 de 1999, o administrado tem o direito de formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais devem ser objeto de consideração pelo órgão prolator. Posto isto, pelas razões de fato e de direito acima expostos, voto por CONHECER do presente recurso e DECLARAR NULO o despacho decisório que não homologou a declaração de compensação da interessada, Fl. 191DF CARF MF Impresso em 13/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI 4 posto que baseado em premissa falsa, qual seja, DCTF já retificada antes do aludido despacho. Cláudio Augusto Gonçalves Pereira Relator. Com efeito, não consta da decisão recorrida nenhum elemento que porventura demonstre a impropriedade da retificação do débito declarado na DCTF. Entendo que, no presente caso, diante da existência de DCTF retificada tempestivamente, a nãohomologação da compensação deveria, obrigatoriamente, estar alicerçada em razões que demonstrassem a insubsistência da retificação processada, o que, no entanto, não restou consignado nos autos. Assim, diante do vício na motivação do despacho decisório que não homologou a compensação, legítimo o entendimento do i. relator em declarar nulo o correspondente despacho decisório não homologatório, posto que baseado em premissa errônea, qual seja, DCTF que já havia sido tempestivamente retificada antes do aludido despacho. Formalizado o voto em obediência ao disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste Conselho, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Francisco José Barroso Rios Redator ad hoc Fl. 192DF CARF MF Impresso em 13/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 08/10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 08/ 10/2015 por FRANCISCO JOSE BARROSO RIOS, Assinado digitalmente em 09/10/2015 por JOEL MIYAZAKI
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Numero do processo: 10930.907104/2011-61
Turma: Segunda Turma Especial da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 25 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Tue Oct 20 00:00:00 UTC 2015
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do Fato Gerador: 14/03/2003
INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO.
O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR).
Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal.
REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO.
Conforme o disposto no art. 62-A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos
ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO.
Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade.
Recurso Voluntário Provido em Parte.
Numero da decisão: 3802-004.170
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito.
(assinado digitalmente)
Joel Miyazaki - Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015).
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn.
Nome do relator: BRUNO MAURICIO MACEDO CURI
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do Fato Gerador: 14/03/2003 INCONSTITUCIONALIDADE. LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR). Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62-A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. Conforme o disposto no art. 62-A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte.
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LEI Nº 9.718/98. ALARGAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO. O Tribunal Pleno do STF declarou em definitivo a inconstitucionalidade do art. 3º da Lei nº 9.718/98, que promoveu o alargamento da base de cálculo da Cofins em virtude da alteração do conceito de Receita Bruta (REsp nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR). Considerando o disposto no art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, fica facultado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação de Lei que já tenha sido declarada inconstitucional por decisão plenária definitiva do Supremo Tribunal Federal. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. Conforme o disposto no art. 62A do Regimento Interno do CARF decisões de mérito em sede de repercussão geral e recurso repetitivo proferidas pelo STJ e STF deverão ser reproduzidas pelos conselheiros nos julgamentos ANÁLISE DA MATERIALIDADE DO CRÉDITO. JUNTADA DOS EXCERTOS DOS LIVROS DIÁRIO E RAZÃO EM SEDE RECURSAL, APÓS PROVOCAÇÃO PELA DECISÃO RECORRIDA. POSSIBILIDADE DE APRECIAÇÃO. Nos termos do art. 16, § 4o, c, do Decreto 70.235/72, é possível a apreciação de documentação comprobatória do crédito suscitado, caso esta tenha sido juntada para embasar direito já alegado mediante planilha em sede de Manifestação de Inconformidade. Recurso Voluntário Provido em Parte. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 0. 90 71 04 /2 01 1- 61 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à instância a quo para apreciação do mérito. (assinado digitalmente) Joel Miyazaki Presidente da 2ª Câmara/3ª Seção. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator designado ad hoc (art. 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015). Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Mércia Helena Trajano D'Amorim (Presidente), Waldir Navarro Bezerra, Claudio Augusto Gonçalves Pereira, Bruno Mauricio Macedo Curi (Relator), Francisco Jose Barroso Rios e Solon Sehn. Relatório Preliminarmente, ressaltase que nos termos do artigo 17, inciso III, do anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF/2015, fui designado como redator ad hoc (fl. 91), para formalização do respectivo Acórdão, considerando o resultado do julgado, conforme o constante da ATA da respectiva sessão de julgamento. A Recorrente MOINHO GLOBO ALIMENTOS S/A., interpôs o presente Recurso Voluntário contra o Acórdão nº 0641.493, proferido em primeira instância pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba/PR, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade declarada pelo contribuinte por recolhimento vinculado a débito confessado, negando o direito creditório. Por bem explicitar os atos e fases processuais ultrapassados até o momento da análise da impugnação, adotase o relatório elaborado pela autoridade julgadora a quo: Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada em face do indeferimento de pedido de restituição (PER), de nº 26940.99388.300605.1.2.047440, nos termos do despacho decisório emitido em 02/12/2011 (rastreamento nº 013472445). No aludido PER, transmitido eletronicamente em 30/06/2005, a contribuinte indicou um crédito de R$ 1.393,44, referente ao pagamento efetuado em 14/03/2003, de Cofins, código de receita 2172, no valor total de R$ 182.447,51. Segundo o despacho decisório recorrido, a restituição foi indeferida porque o Darf indicado como crédito estava totalmente utilizado para extinção de débito de Cofins, 2172, do Fl. 93DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907104/201161 Acórdão n.º 3802004.170 S3TE02 Fl. 93 3 período de apuração de 28/02/2003, de acordo com a informação da DCTF transmitida pela Interessada. Cientificada em 22/12/2011, a Contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade em 19/01/2012. Alega que recolheu valores indevidos de PIS/Pasep e de Cofins que incidiram sobre outras parcelas que não se compreendem no conceito de faturamento, relativamente às competências de 07/2000 a 01/2004, 03/2004 e 07/2004. Diz que nos referidos períodos (anos de 2000 a 2004) informou em DCTF os valores devidos a título de PIS/Pasep e de Cofins levando em conta a legislação vigente à época, que alargava a suas bases de cálculo ao considerar as receitas financeiras como integrantes do conceito de faturamento. Aduz, porém, que o STF considerou inconstitucional tal ampliação da base de cálculo. Anexa jurisprudência do STF e do CARF. Em função disso, entende que as “declarações prestadas à época da vigência plena do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98, hoje declarada inconstitucional, hão de ser revistas de modo a se adequarem a tal entendimento, em prol da realidade material que passou a existir com a declaração de inconstitucionalidade pelo E. STF”. Anexa planilha demonstrando as diferenças pleiteadas, as quais “correspondem exatamente às receitas não operacionais, não integrantes da base de cálculo do PIS/Cofins após a declaração de inconstitucionalidade do §1o do art. 3o da Lei n° 9.718/98”. Argumenta que para o deferimento do pedido de restituição basta que a autoridade julgadora exclua das DCTF apresentadas as receitas não operacionais (financeiras), tendo por base a planilha anexa, a fim de adaptar à realidade as declarações prestadas. Pede o provimento integral do presente recurso.. É o relatório. Indeferida a Manifestação de Inconformidade apresentada, o órgão julgador de primeira instância sintetizou as razões para a procedência do crédito tributário na forma da Ementa que segue: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do Fato Gerador: 14/03/2003 RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. RECOLHIMENTO VINCULADO A DÉBITO CONFESSADO. Correto o Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição por inexistência de direito creditório, tendo em vista que o pagamento alegado Fl. 94DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 4 como origem do crédito estava integral e validamente alocado para a quitação de débito confessado. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE. CARÁTER INTER PARTES. É perfeitamente aplicável a disposição § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718, de 1998, até a sua revogação pela Lei 11.941, de 27 de maio de 2009, uma vez que o julgamento do STF pela inconstitucionalidade da ampliação da base de cálculo contida naquele dispositivo não tem efeito erga omnes, só atingindo as partes envolvidas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido. Cientificada acerca da decisão exarada pela 3ª Turma da DRJ em Curitiba – DRJ/CTA, a interessada interpôs o presente Recurso Voluntário, no qual reitera os argumentos apresentados em sua manifestação de inconformidade, anexa trechos de seus livros Diário e Razão nos quais constam as rubricas de receitas financeiras, requer a homologação da compensação declarada por evidente a origem do crédito e, por conseguinte, o direito à compensação do mesmo. É o relatório. Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra, redator ad hoc designado para formalizar a decisão (fl. 91), uma vez que o Conselheiro Relator Bruno Maurício Macedo Curi, não mais compõe este colegiado e que a respectiva Turma Especial foi extinta, retratando hipótese de que trata o artigo 17, inciso III, do Anexo II, do Regimento Interno deste CARF, aprovado pela Portaria MF no 343, de 09 de junho de 2015. Ressalvado o meu entendimento pessoal, no sentido de dar a este e a outros processos nessa situação tratamento diverso. Preenchidos os pressupostos de admissibilidade e tempestivamente interposto, nos termos do Decreto nº 70.235/72, conheço do Recurso e passo à análise das razões recursais. Conforme exposto nas linhas acima, a Declaração de Compensação da Recorrente teve como causa a tributação indevida de PIS e COFINS sobre receitas financeiras, especialmente diante da inconstitucionalidade do alargamento da base de cálculo da Cofins promovida pela Lei nº 9.718/98, tendo em vista a ausência de mandamento constitucional (ou, doutra maneira, a edição de Lei Complementar que estabelecesse novas fontes de custeio da seguridade social) que validasse a incidência da contribuição em referência sobre receitas financeiras e outras receitas operacionais, não inseridas no conceito de faturamento. Como bem observado pela decisão recorrida, o Tribunal Pleno da Egrégia Corte examinou os Recursos Extraordinários nºs 346.084/PR, 358.273/RS, 357.950/RS e 390.840/PR, declarando, incidentalmente e por maioria, a inconstitucionalidade do §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, na forma da ementa assim redigida: Fl. 95DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907104/201161 Acórdão n.º 3802004.170 S3TE02 Fl. 94 5 "CONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE ARTIGO 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718, DE 27 DE NOVEMBRO DE 1998 EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 20, DE 15 DE DEZEMBRO DE 1998. O sistema jurídico brasileiro não contempla a figura da constitucionalidade superveniente. TRIBUTÁRIO INSTITUTOS EXPRESSÕES E VOCÁBULOS SENTIDO. A norma pedagógica do artigo 110 do Código Tributário Nacional ressalta a impossibilidade de a lei tributária alterar a definição, o conteúdo e o alcance de consagrados institutos, conceitos e formas de direito privado utilizados expressa ou implicitamente. Sobrepõese ao aspecto formal o princípio da realidade, considerados os elementos tributários. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PIS RECEITA BRUTA NOÇÃO INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. A jurisprudência do Supremo, ante a redação do artigo 195 da Carta Federal anterior à Emenda Constitucional nº 20/98, consolidouse no sentido de tomar as expressões receita bruta e faturamento como sinônimas, jungindoas à venda de mercadorias, de serviços ou de mercadorias e serviços. É inconstitucional o § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, no que ampliou o conceito de receita bruta para envolver a totalidade das receitas auferidas por pessoas jurídicas, independentemente da atividade por elas desenvolvida e da classificação contábil adotada. (Supremo Tribunal Federal, Tribunal Pleno, RE 346.084/PR, Relator Ministro Ilmar Galvão, Julgamento 09/11/2005, Publicação 01/09/2006)." Ainda que, como destacado pela DRJ, a decisão não tenha efeito erga omnes à luz da legislação de regência das decisões exaradas pelo STF, o art. 62, parágrafo único, inciso I, do Regimento Interno do CARF, autoriza este Colegiado a afastar a aplicação de tratado, acordo internacional, lei ou decreto “que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão plenária definitiva do Superior Tribunal Federal”. Ora, não é outra a hipótese do caso sob exame. Portanto, sendo a observância do decisum proferido pelo STF facultada a este órgão julgador, devese reconhecer o direito de a Recorrente pleitear a restituição do montante indevidamente recolhido a título de Cofins em virtude da aplicação do art. 3º da Lei nº 9.718/98, declarado inconstitucional pelo STF, em consonância com o repertório jurisprudencial do CARF, do qual se traz, a título exemplificativo, a decisão adiante: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/02/1999 a 30/11/2002 DIREITO CREDITÓRIO. RESTITUIÇÃO. PRAZO. Para os pedidos de restituição apresentados até o dia 08/06/2005, o direito de pleitear a restituição de tributo ou contribuição pago indevidamente, ou em valor maior que o devido, extinguese com o decurso do prazo de cinco Fl. 96DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 6 anos, contados da data da homologação (tácita ou expressa) do pagamento antecipado, nos casos de tributos lançados por homologação. Observância ao princípio da segurança jurídica. INCONSTITUCIONALIDADE. DECISÃO DEFINITIVA DO STF. APLICAÇÃO Tendo o plenário do STF declarado, de forma definitiva, a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei nº 9.718/98, deve o CARF aplicar esta decisão para reconhecer o direito à restituição das importâncias pagas com fulcro no referido dispositivo legal. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. FORMULÁRIO IMPRESSO. AUSÊNCIA DE IMPEDIMENTO NO PER/DCOMP. INADMISSIBILIDADE. Sem que haja impedimento de utilização do sistema eletrônico, considerase não formulado o pedido de restituição apresentado em formulário impresso após 29/09/2003. Recurso Voluntário Provido em Parte. (CARF, 3ª Seção, 3ª Câmara, 2ª Turma Ordinária, RV 501572, Acórdão 3302001.245, Relator Conselheiro Walber José da Silva, Julgamento 06/10/2011)" Assim é que, em tese, assiste direito ao Recorrente. No entanto, ultrapassada a questão de direito, tornase fundamental apreciar a matéria de prova. No caso em tela, a análise da prova restou prejudicada, pois a DRJ não aceitou a planilha apresentada pelo Recorrente. Como forma de fundamentar a planilha apresentada à época da manifestação, o contribuinte apresentou excertos de seus livros Diário e Razão para buscar comprovar o direito de crédito indicado na planilha que anexou em sua primeira peça defensiva. Tais documentos podem excepcionalmente ser juntados aos autos, diante da previsão do art. 16, § 4o, c, do RPAF, que permite a apresentação de documentos posteriormente à peça defensiva inaugural para contrapor razões trazidas em momento processual seguinte, pelo que se vê abaixo: "§ 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos." Todavia, a análise da documentação acostada aos autos pode levar à supressão de instância. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA Processo nº 10930.907104/201161 Acórdão n.º 3802004.170 S3TE02 Fl. 95 7 Assim, e considerando que a supressão de instância somente pode ser realizada se esta for favorável ao sujeito passivo, forte no art. 59, § 3º, do Decreto 70.235/72, entendo que devem os autos retornar para julgamento da DRJ quanto à matéria de prova, de modo a se averiguar a liquidez e certeza do crédito oferecido à compensação. Nesse mesmo sentido já decidiu essa Eg. Turma Especial, no Acórdão 3802 001.857, de relatoria do Conselheiro Solon Sehn: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2002 a 30/04/2002 COFINS. BASE DE CÁLCULO. ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. INCONSTITUCIONALIDADE DE DECLARADA PELO STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. APLICAÇÃO DO ART. 62A DO REGIMENTO INTERNO DO CARF. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO ENTENDIMENTO. O §1º do art. 3º da Lei nº 9.718/1998 foi declarado inconstitucional pelo STF no julgamento do RE nº 346.084/PR e no RE nº 585.235/RG, este último decidido em regime de repercussão geral (CPC, art. 543B). Assim, deve ser aplicado o disposto no art. 62A do Regimento Interno do Carf, o que implica a obrigatoriedade do reconhecimento da inconstitucionalidade do referido dispositivo legal. COMPENSAÇÃO. CRÉDITO DECORRENTE DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 3º, § 1º, DA LEI Nº 9.718/1998. MATÉRIA NÃO CONHECIDA NA INSTÂNCIA A QUO. PRELIMINAR QUE IMPEDIU O CONHECIMENTO DO MÉRITO. AFASTAMENTO. RETORNO DOS AUTOS À DRJ PARA EXAME DA MATÉRIA. A DRJ, ao acolher a questão prejudicial relacionada à incompetência para a declaração de inconstitucionalidade do art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, não chegou a apreciar o mérito da existência do direito creditório, isto é, o valor do crédito e do débito e outras circunstâncias relevantes ao desate da questão, inclusive a efetiva inclusão das receitas financeiras na base de cálculo da contribuição no período alegado pelo interessado. Destarte, os autos devem retornar à DRJ para exame da matéria de mérito, sob pena de supressão de instância. Recurso Voluntário Provido em Parte. Aguardando Nova Decisão." No mesmo sentido, aplicáveis à espécie os somase os nºs Acórdãos 3802 001.959 e 3802001.960, de relatoria do Conselheiro Bruno Mauricio Macedo Curi. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA 8 Conclusão Diante de todo o exposto, conheço do Recurso Voluntário para darlhe provimento parcial, determinandose o retorno dos autos à instância a quo, para fins de apreciação do mérito. Formalizado o voto em razão do disposto no artigo 17, inciso III, do Anexo II do RICARF/2015, subscrevo o presente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra – Redator ad hoc. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 20/10/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA, Assinado digitalmente em 19/10/20 15 por JOEL MIYAZAKI, Assinado digitalmente em 19/10/2015 por WALDIR NAVARRO BEZERRA
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Numero do processo: 19515.002302/2009-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 26 00:00:00 UTC 2014
Data da publicação: Tue Nov 10 00:00:00 UTC 2015
Numero da decisão: 1301-000.244
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros deste colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o presente julgado em DILIGÊNCIA para que a unidade de origem exclua da base tributável os valores referentes as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada e identificada nos extratos bancários analisados, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator.
documento assinado digitalmente
Valmar Fonseca de Menezes - Presidente.
documento assinado digitalmente
Paulo Jakson da Silva Lucas - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Paulo Jakson da Silva Lucas, Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier.
Nome do relator: PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS
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RESOLVEM os membros deste colegiado, por unanimidade de votos, CONVERTER o presente julgado em DILIGÊNCIA para que a unidade de origem exclua da base tributável os valores referentes as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada e identificada nos extratos bancários analisados, nos termos do relatório e voto proferidos pelo Relator. “documento assinado digitalmente” Valmar Fonseca de Menezes Presidente. “documento assinado digitalmente” Paulo Jakson da Silva Lucas Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Valmar Fonseca de Menezes, Paulo Jakson da Silva Lucas, Wilson Fernandes Guimarães, Valmir Sandri, Edwal Casoni de Paula Fernandes Júnior e Carlos Augusto de Andrade Jenier. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 95 15 .0 02 30 2/ 20 09 -9 7 Fl. 4041DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 12 2 Relatório SODESP ORGANIZAÇÃO DE DESPACHOS S/C LTDA, empresa acima identificada, foi submetida a procedimento fiscal tendo sido verificado irregularidade em sua escrituração fiscal em confronto com os dados constantes nos extratos bancários, conforme descrição contida no Termo de Verificação Fiscal, de fls. 720/726, relativa a Omissão de receitas no ano calendário de 2005: não lançamento de valores auferidos como receitas nos livros contábeis (Diário e Razão), cujos montantes encontramse discriminados em extratos bancários no total de R$ 49.306.320,11. Em decorrência das faltas apuradas, foram lavrados em 25/06/2009, os seguintes autos de infração, cientificados na mesma data: 0 Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (fls. 732/735): Total do crédito tributário, R$ 27.072.403,07, incluídos o tributo, multa e juros de mora, fundamento legal citado à fl. 735; Contribuição para o Programa de Integração Social PIS (fls. 740/743): Total do crédito tributário, R$ 1.808.541,76, incluídos o tributo, multa e os juros de mora, fundamento legal citado à fl. 743; Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social COFINS (fls. 748/751): Total do crédito tributário, R$ 8.330.253,93, incluídos 0 tributo, multa e os juros de mora, fundamento legal citado à fl.751. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL (fls. 8): Total do crédito tributário, R$ 9.758.992,34, incluído o tri to, multa e os juros de mora. Fundamento legal citado à fl.758. A contribuinte cientificada em 25/06/2009 apresentou defesa alegando, em síntese, que: A interessada presta serviços de despachante, cujos valores dos serviços incluindose taxas, impostos e a remuneração da contribuinte são creditados diretamente em conta corrente bancária pelos usuários, ou seja, apenas parte desta corresponde a receitas efetivamente auferidas; A autoridade fiscal considerou, como receita tributável, a totalidade dos valores creditados em conta bancária, o que é um equívoco, tendo em vista que somente parte dela é receita da impugnante (fl.791/802); Grande parte dos valores creditados em conta bancária (R$ 46.304.321,60 fl.803) representam passivos transitórios, ou seja, apenas transitaram nela, pois representam despesas dos clientes com impostos, taxas, multas entre outras; Fl. 4042DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 13 3 Os contratos com clientes, anexos aos autos, comprovam a natureza dos serviços prestados pela impugnante bem como justificam os montantes ingressos em suas contas bancárias; Não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos; Cita jurisprudência administrativa a respeito do tema, ora discutido, nos presentes autos; A contribuinte entende que o regime de tributação a ser aplicado ao presente caso deveria ser o da modalidade de “Lucro Arbitrado”, visto que a enorme discrepância entre a receita escriturada e a apurada tomaria a sua escrita imprestável; Solicita diligência fiscal e a possibilidade de sustentação oral com o objetivo de apurar a verdade dos fatos. A DRJ/SÃO PAULO decidiu a matéria através do Acórdão 1624.998, de 19/04/2010 (fls. 3681), julgando improcedente a manifestação de inconformidade, tendo sido lavrada a seguinte ementa: Assumo: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ. Anocalendário: 2005 OMISSÃO DE RECEITAS. Caracterizam omissões de receitas os valores não contabilizados na escrita fiscal bem como os não informados em DIPJ. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. PIS, COFINS e CSLL. Aplicase aos lançamentos decorrentes ou reflexos o decidido sobre o lançamento que lhes deu origem, por terem suporte fático comum. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido É o relatório. Fl. 4043DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 14 4 Voto Conselheiro Paulo Jakson da Silva Lucas O recurso voluntário é tempestivo e assente em lei. Dele conheço. Do relatório extraise que a acusação fiscal diz respeito a omissão de receitas operacionais caracterizada pela falta de contabilização de depósitos bancários (e DIPJ) cujos montantes encontramse discriminados com base em extratos bancários no total de R$ 49.306.320,11. A recorrente repete as argumentações iniciais (impugnação) alegando, em síntese, que: l) a autoridade fiscal considerou como receita tributável. a totalidade dos valores creditados em conta bancária; 2) Grande parte dos valores creditados em conta bancária (R$ 46.304.321,60 fl.803) representam passivos transitórios/adiantamentos; 3) Os contratos com clientes, anexos aos autos, comprovam a natureza dos serviços prestados pela impugnante; 4) Não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos; 5) A contribuinte entende que o regime de tributação a ser aplicado ao presente caso deveria ser o da modalidade de “Lucro Arbitrado”. Em contraponto transcrevese os seguinte fragmentos do voto recorrido: Na questão sob exame, não prevaleceria a presunção de omissão de receita, se a contribuinte comprovasse a origem dos recursos respaldada em documentos hábeis e idôneos, conforme requisitados pela autoridade fiscal em seu Termo de Início de Fiscalização e reintimações posteriores. Observase que a contribuinte não traz aos autos nenhuma prova inequívoca da origem dos recursos depositados em sua conta bancária. Sob esse aspecto, aliás, é de se estranhar que a impugnante não tenha apresentado a documentação requerida nos Termo de Intimação, quando sua veracidade ou não poderia ter sido facilmente aferida por meio da apresentação de comprovantes de pagamentos e outros documentos hábeis para elucidar as operações efetuadas no período fiscalizado. Quanto ao valor tributável apurado pela autoridade fiscal, a contribuinte apresentou a documentação de fls.8ll/3.672 visando comprovar a composição de sua receita tributável. Os documentos basicamente constituemse de demonstrativos de débitos, crédito bancário por cliente, notas fiscais, contratos de financiamento (fl.8l1) e outros, conforme listados pela impugnante, os quais não comprovam a origem dos depósitos em contas correntes de sua titularidade pelos seguintes motivos: 1) os extratos bancários, por si só, nada comprovam as operações efetuadas pela contribuinte por estarem desprovidos de documentação comprobatória; 2) As notas fiscais ora apresentadas não discriminam quais parcelas se referem à receita da contribuinte, por exemplo, na nota fiscal de fl. 2.92O os valores aparecem agrupados por tipo de serviço sem a descrição das espécies de operações a que se referem. Como as notas fiscais apresentam rubricas genéricas, sem identificação precisa dos clientes usuários dos serviços, não é possível a conciliação dos referidos valores com os demonstrativos apresentados pela impugnante; 3) Todos os valores mencionados bem como os montantes constantes das notas fiscais, já citadas, não estão respaldados em escrita fiscal, o que lhe retira qualquer credibilidade; 4) Não foi apresentado nenhuma documentação comprobatória das operações da contribuinte, frisese que apenas as notas fiscais cópia de contratos com clientes, da maneira como foram emitidas e Fl. 4044DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 15 5 apresentadas, não possibilita qualquer comprovação da origem dos recursos ingressos nas contas bancárias; e, 5) Como não houve a apresentação de documentação comprobatória das operações da contribuinte bem como as mesmas não foram escrituradas nos livros contábeis, impossível tomase o afastamento da presunção legal de omissão de receitas dos montantes auferidos nas contas correntes, conforme apurado no presente Auto de Infração. No que respeita à afirmação da inconformada, de que não foram eliminadas as transferências entre contas bancárias, depósitos devolvidos e os financiamentos juntos aos bancos, não houve a demonstração de quais seriam os referidos valores bem como nada foi apresentado de documentação comprobatória visando elucidar as mencionadas inconsistências. Apenas alegar e não provar é o mesmo que não alegar, pois, nas infrações por presunção legal de omissão de receitas por falta de comprovação de sua origem, a ausência de comprovação dos recursos com documentação hábil e idônea em nada beneficiará a impugnante assim como não afasta a infração que lhe foi imputada. Quanto à questão das escrituração contábil, a pessoa jurídica, tributada pelo regime do Lucro Real,.deverá manter a escrituração obedecendose às leis comerciais e fiscais, conforme determina o art.251 do RIR/99. A conservação da escrituração é obrigatória, até que se opere a decadência dos créditos da União, ou, enquanto não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, conforme art.264 do RIR/99: No presente caso, há a obrigatoriedade de conservação da escrituração para a comprovação das operações efetuadas pela interessada bem como documentação comprobatória a qual respalde os respectivos lançamentos contábeis, o que não foi feito pela impugnante. _ ' No presente caso, a autoridade fiscal não desqualificou a escrituração apresentada e, portanto, a alegação da requerente no sentido de tentar desqualificar a sua própria escrituração não merece prosperar. Apenas o que faltou à contribuinte é a. escrituração das receitas apuradas pela autoridade fiscal, provenientes de ingressos de recursos em conta bancária, motivo, este, insuficiente para tomar a escrita fiscal imprestável. O art. 288 do RIR/99 determina que a tributação, na hipótese de verificação de omissão de receitas, deve seguir o regime a que estiver submetida a contribuinte no período ora analisado. De fato, compulsando os autos do presente processo constatase que a recorrente após reiteradas intimações deixou de apresentar a comprovação dos depósitos efetuados em suas contas bancárias com documentação de suporte, além do que, sequer contabilizou os depósitos relacionados pela autoridade fiscal. Nos livros Diário e Razão apresentados e cujas cópias encontramse em anexo ao TVF, não há nenhuma conta contábil indicando a contabilização dos valores constantes dos extratos bancários. O contribuinte nem mesmo fez uso da conta caixa para registrar esses valores. Em que pese as considerações retro, o artigo 42 da Lei n◦ 9.430/96, fundamento das exações, expressamente determina (§ 3◦, I): Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 4045DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 16 6 ... § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; Ora, no caso, a autoridade fiscal confirma no TVF (fls. 721): "Em razão do exposto, e devido à inexistência das comprovações acima relacionadas com documentação hábil da origem dos valores depositados nas referidas contascorrentes no anocalendário de 2005, caracterizouse o somatório destes valores, discriminados mensalmente através de planilha anexa e embasados pelas cópias dos extratos bancários, como omissão de receitas por presunção legal, conforme art. 42 da Lei 9.430/96, lavrandose o competente Auto de Infração." Como visto, o texto legal estabeleceu uma presunção legal de omissão de receitas que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular da conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. Com isso, basta à falta de comprovação da origem dos recursos que transitaram na conta corrente do contribuinte para que haja a presunção de omissão de receitas tributáveis. Assim, a Lei n° 9.430, de 1996, art. 42, estabelece a presunção de que ocorreu o fato gerador, sempre que o contribuinte não conseguir comprovar a origem dos créditos efetuados em sua conta bancária. Desse modo, havendo indícios de depósitos bancários não comprovados, cabe a autoridade fazendária intimar o sujeito passivo para que demonstre sua origem, sob pena de caracterização de omissão de receitas com o lançamento dos créditos tributários. É a lei que reconhece esse vínculo e elege os fatos indiciários, os quais, devidamente provados pelo Fisco, permitem a presunção da ocorrência de omissão de receitas. A mesma lei reconhece que pode haver algumas situações em que o fato indiciário não esteja associado à omissão de receitas. Mas, nesses casos, o ônus da prova recai sobre o contribuinte. No caso em concreto, de posse dos demonstrativos elaborados com base nos extratos bancários e, na ausência de comprovação por parte da empresa titular dos depósitos (empresa autuada), a autoridade fiscal apurou a base tributável da infração, qual seja, a soma dos depósitos/créditos relacionados nos extratos bancários e demonstrativo (no valor de R$ 49.306.320,11), receita essa não contabilizada nem declarada em DIPJ. No entanto, ao meu ver, faltou a análise individualizada de que expressamente impõe o § 3º, inciso I do art. 42, da Lei 9430, de 1996, acima transcrito, ou seja, faltou excluir os valores referentes as transferências intercontas da mesma pessoa jurídica identificadas nos extratos bancários. Também, os valores mensais dos créditos não comprovados foram objeto de lançamento de ofício do PIS, da Cofins e da CSLL, pois ficou caracterizada a omissão de Fl. 4046DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES Processo nº 19515.002302/200997 Resolução nº 1301000.244 S1C3T1 Fl. 17 7 receita à qual não há contestação cabal. Nesse passo, a exigência do PIS e da Cofins se dá em consonância com a Lei n° 9.249, de 1995, artigo 24, § 2°, que assim dispõe: Art. 24. Verificada a omissão de receita, a autoridade tributária determinará o valor do imposto e do adicional a serem lançados de acordo com o regime de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica no período base a que corresponder a omissão. ... § 2° O valor da receita omitida será considerado na determinação da base de cálculo para o lançamento da contribuição social sobre o lucro líquido, da contribuição para a seguridade social COFINS e da contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público PIS/PASEP. Com base nas razões expostas, conduzo meu voto no sentido de CONVERTER o julgamento em DILIGÊNCIA para que a unidade de origem exclua da base tributável os valores referentes as transferências intercontas da pessoa jurídica autuada identificadas nos extratos bancários analisados. O contribuinte deverá ser cientificado do relatório que ora se solicita para, se quiser, aditar razões. Em seguida retornese os autos do presente processo a esta Corte Administrativa prosseguir ao seu julgamento. (documento assinado digitalmente) Paulo Jakson da Silva Lucas – Relator Fl. 4047DF CARF MF Impresso em 10/11/2015 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 14/ 02/2015 por PAULO JAKSON DA SILVA LUCAS, Assinado digitalmente em 23/04/2015 por VALMAR FONSECA DE M ENEZES
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Numero do processo: 19515.722154/2011-45
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Fri Dec 11 00:00:00 UTC 2015
Data da publicação: Fri Jan 22 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008
REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. REQUISITOS.
O reajuste pelo IGP-M não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins.
Recurso Especial do Procurador Provido
Numero da decisão: 9303-003.373
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente
Henrique Pinheiro Torres - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: HENRIQUE PINHEIRO TORRES
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃO-CUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGP-M não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. Recurso Especial do Procurador Provido
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente Henrique Pinheiro Torres - Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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COMPROVAÇÃO DA DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Para comprovação da divergência jurisprudencial, o recorrente deve demonstrar que outro colegiado do CARF tenha julgado situação análoga à versada no acórdão vergastado e tenha decidido a questão de forma distinta da que decidiu o colegiado recorrido, o que é o caso sob exame. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 REGIME DE INCIDÊNCIA NÃOCUMULATIVA. REQUISITOS. O reajuste pelo IGPM não reflete o custo de produção nem a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados e, por conseguinte, descaracteriza o contrato reajustado por esse índice como sendo de preço predeterminado, condição sine qua non para manter as receitas decorrentes desse tipo de contrato no regime de incidência cumulativa do PIS e da Cofins. Recurso Especial do Procurador Provido AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 21 54 /2 01 1- 45 Fl. 3448DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.449 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen, Vanessa Marini Cecconello e Maria Teresa Martínez López, que negavam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente Henrique Pinheiro Torres Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Demes Brito, Rodrigo da Costa Pôssas, Valcir Gassen, Joel Miyazaki, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. Relatório Por bem descrever os fatos, adoto o Relatório do acórdão recorrido: Tratase de Recurso Voluntário e de Ofício interposto em face de decisão da DRJ em São Paulo que julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada, apenas para excluir da autuação os débitos declarados em DCOMP e não aproveitados de ofício pela fiscalização. Por bem descrever a matéria litigiosa, adoto o relatório que a embasou. Trata o presente processo de Autos de Infração de fls. 2498 a 2500 e de fls. 2507 a 2510, lavrado contra o sujeito passivo em epígrafe, ciência em 16.12.2011 (fls. 2498 e 2507), constituindo crédito tributário de: i) COFINS (fls. 2507 a 2510) no valor total de R$ 269.249.956,13, incluindose tributo, multa proporcional e juros de mora, estes calculados até 12.2011, referente aos períodos de 01.2007 a 12.2008, com enquadramento legal exposto às fls. 2509, 2510, 2514 e 2515; ii) PIS (fls. 2498 a 2500) no valor total de R$ 58.975.215,73, incluindose tributo, multa proporcional e juros de mora, estes calculados até 12.2011, referente aos períodos de 01.2007 a 12.2008, com enquadramento legal exposto às fls. 2500, 2505 e 2506. 6. No Termo de Verificação Fiscal de fls. 2479 a 2484 a autoridade fiscal autuante informa que: Fl. 3449DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.450 3 i) Intimado, por meio do Termo de Intimação Fiscal nº 003 lavrado em 04/08/2011, o contribuinte apresentou, em 29/08/2011, arquivos contábeis digitais, e demonstrativos de cálculos do PIS/PASEP e da COFINS, cópias do Contrato de Concessão de Serviço Público de Transmissão/Prorrogação de Energia Elétrica nº 59/2001 ANEEL, firmado em 20/06/2001, acompanhado de termos aditivos, e Contrato de Concessão de Serviço Público de Transmissão de Energia Elétrica nº 143/2001 ANEEL, firmado em 21/12/2001, também acompanhado de termos aditivos. O contribuinte alegou, ainda, manter em vigor Contratos Bilaterais de Transmissão de Energia Elétrica, os quais não foram apresentados a Fiscalização; ii) Foram verificados os valores constantes da escrituração contábil, em confronto com os livros fiscais de entradas e de saídas, identificandose, além dos valores relativos à receita bruta de vendas de bens e serviços, eventuais vendas canceladas e descontos incondicionais concedidos. Foram, ainda, verificados os registros das operações de compras de bens e serviços utilizados como insumos, bem como os das operações de entrada que geraram créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep e da COFINS, de que tratam respectivamente a Lei n. 10.637/2002 e a Lei n. 10.833/2003. Os valores contabilizados foram confrontados com as informações declaradas pelo contribuinte em DIPJ, DCTF e DACON. iii) Análises sobre os valores contabilizados, em face dos contratos apresentados, evidenciaram que a composição das receitas registradas pelo contribuinte nos períodos de 2007 e 2008 decorreram essencialmente da prestação do serviço de transmissão de energia elétrica (CPST), contratados anteriormente a 31/10/2003. iv) A Lei nº 10.833/2003 fixou, em seu art. 10, inciso XI, alínea "b", que permanecem sujeitas às normas do regime cumulativo da COFINS as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003, com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços v) A Nota Técnica COSIT nº 1, de 16 de fevereiro de 2007, concluiu que os Contratos Iniciais, os Contratos Bilaterais, os Contratos de Uso do Sistema de Transmissão (CUST) não são contratos a preços predeterminados, dado que, na sistemática de reajuste de preços normalizada pela ANEEL, incidem diversos fatores, os quais não expressam variação de custos de produção ou de insumos. Também concluiu a mesma Nota Técnica, que, pela mesma razão, os Contratos de Concessão do Serviço Público de Transmissão e os Contratos de Prestação de Serviço de Transmissão (CPST) não se subsumem ao inciso XI do art. 10° da Lei n. 10.833, de 2003. A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, através do Parecer PGFN/CAT n. 1610/2007, de 1º de agosto de 2007, ratificou a interpretação da Nota Técnica COSIT n. 1/2007; Fl. 3450DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.451 4 vi) Nesse sentido, procedeuse a apuração do PIS/PASEP e da COFINS em consonância com a Nota Técnica COSIT n. 1/2007, tributandose as receitas oriundas da prestação do serviço de transmissão de energia elétrica, auferidas nos anos calendário de 2007 e 2008, segundo o regime não cumulativo das contribuições; vii) Por meio do Termo de Intimação Fiscal n. 004, lavrado em 05/10/2011, o contribuinte foi intimado a apresentar demonstrativo indicando as bases de cálculo dos créditos da não cumulatividade do PIS/PASEP e da COFINS, bem como a disponibilizar a documentação suporte correspondente a tais operações. viii) Da análise sobre os elementos objeto dos registros de entradas e saídas apresentados pelo contribuinte, em confronto com os valores contabilizados, declarados em DIPJ e informados em DACON, reconstituímos a composição da base de cálculo do PIS/PASEP e da COFINS sobre o faturamento; ix) Foram aproveitados de ofício os valores relativos aos créditos da não cumulatividade, apurados no curso da presente fiscalização e comprovados pelo contribuinte. Foram, ainda, aproveitados de ofício os valores recolhidos de PIS/PASEP e de COFINS anteriormente ao início do presente procedimento fiscal; x) Das análises citadas foram identificadas divergências injustificadas entre os valores dos tributos apurados na contabilidade e os declarados em DCTF e pagos, ensejando, desta forma, lançamentos por insuficiência de declaração/recolhimentos de PIS/PASEP e de COFINS. 7. Inconformada com os lançamentos, a interessada interpôs em 16.01.2012 a impugnação de fls. 2566 a 2629, onde alega, em síntese, o que se segue: 7.1 A Impugnante é empresa concessionária de serviços públicos e tem como atividade principal a transmissão de energia elétrica, regulada e fiscalizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL; 7.2 Conforme os artigos 10º, XI e 15, V da lei nº 10.833/03, o legislador excluiu do regime da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, dentre outras hipóteses, as receitas relativas a contratos que, cumulativamente: (i) tenham sido firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; (ii) com prazo superior a 1 (um) ano; (iii) envolvam fornecimento de bens ou serviços; e, (iv) a preço predeterminado. O motivo dessa regra de exclusão é preservar a situação idealizada pelas partes quando da assinatura do contrato a longo prazo, sem, dessa forma, acarretar prejuízos a uma das partes ou desequilíbrio duradouro na relação originalmente acordada, nem ferir o negócio jurídico perfeito; Fl. 3451DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.452 5 7.3 A Impugnante firmou contratos de serviços de transmissão de energia elétrica e prestação de serviços correlatos a sua atividade principal, imprescindíveis, portanto, à consecução de seu objeto social, todos anteriormente a 31 de outubro de 2003 e com prazo superior a 1 ano, em que ela se obrigou a transmitir energia elétrica mediante a concessão de serviço público; 7.4 Os contratos de transmissão de energia elétrica firmados entre a Impugnante e os contratantes e que foram objeto de análise no presente Auto de Infração foram os seguintes: (i) Contrato de concessão do serviço público de transmissão/prorrogação de energia elétrica nº 59/2001; e (ii) Contrato de concessão de serviço público de transmissão de energia elétrica n° 143/01; 7.5 Apesar da devida interpretação da IN SRF n° 658/06 estar em linha com a Lei n° 11.196/2005, declarando que a aplicação de cláusula de reajuste (IGPM) em contratos de longo prazo não descaracteriza o preço predeterminado, foi lavrada a autuação em análise, a qual, a pretexto de interpretar as IN's n°s 468/2004 e 658/2006 e com "fundamento" em (i) Soluções de Consulta da Secretaria da Receita Federal do Brasil, na (ii) Nota Técnica COSIT n° 01/07 e no (iii) Parecer PGFN/CAT n.° 1.610/07, inovou no ordenamento jurídico, elegendo critérios não previstos pelo art. 10, XI da Lei n° 10.833/03 para definição do conceito de preço predeterminado, bem como violando diretamente o art. 109 da Lei n.° 11.196/06, a Nota Técnica da ANEEL n.° 224/2006 e o próprio §3º, do art. 3º da IN n° 658/2006 e, principalmente, ferindo o conceito econômico de monetização e atualização da moeda no tempo, que sofre pela corrosão da inflação; 7.6 A D. Fiscalização sustenta que a aplicação de cláusulas de reajuste pelo IGPM descaracterizaria a predeterminação do preço, o que excluiria a Impugnante da sistemática cumulativa, nos termos do art. 10, XI da Lei n° 10.833/03. A autuação objetiva a cobrança dos valores supostamente devidos das contribuições sociais apuradas no regime nãocumulativo, como entende o I. Auditor Fiscal, em razão da pretensa "alteração" dos preços predeterminados pelo IGPM (cláusula de reajuste); 7.7 A presente autuação cobra em duplicidade valores pretensamente devidos a titulo de PIS e COFINS que estão sendo pagos pela Impugnante em razão da sua adesão a Programa de Recuperação de Créditos Fiscais retratado pela lei n.° 11.941/09 ("REFIS IV"). 7.8 A presente autuação é nula, haja vista a sua precariedade. Para se chegar a tal conclusão, convém destacar que, ao confrontar o montante supostamente devido pela Impugnante, o I. Auditor Fiscal ignorou os valores por ela regularmente recolhidos a titulo de PIS e de COFINS para o período fiscalizado; 7.9 Conforme se observa do Recibo de Consolidação da divida objeto do citado parcelamento (doc. 05), a Impugnante optou Fl. 3452DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.453 6 por quitar um passivo de R$ 156.847.629,70, o qual, com os benefícios do Programa de parcelamento, redundou em um valor consolidado a pagar de R$135.833.731,99. Desse montante consolidado, R$ 38.207.774,18, valor este atualizado em 30.06.2011, referese ao PIS e à COFINS com fatos geradores ocorridos entre os anos de 2007 e 2008, ou seja, exatamente para o mesmo período objeto de fiscalização; 7.10 Entre os meses de março e maio de 2007, a Impugnante pagou R$ 7.876.380,43 a titulo de débitos de PIS e COFINS, o que fez mediante compensação com créditos de PIS decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior para o período compreendido entre fevereiro e outubro de 2004. Tais pagamentos foram formalizados em 7 Declarações de Compensação (DCOMPs), declarações essas que, todavia, não foram homologadas pela União. Diante desse quadro, entre os dias 8 e 9 de dezembro de 2009, a Impugnante apresentou 7 Manifestações de Inconformidade (doc. 06) para cada uma das compensações não homologadas, as quais estão todas pendentes de julgamento. Acontece que, de forma absolutamente indevida, o montante de R$ 7.876.380,43 acima referido não foi excluído pela fiscalização do importe cobrado no presente Auto de Infração; 7.11 Logo o I. Auditor Fiscal não efetuou o lançamento tributário aqui combatido nos exatos termos em que prescritos pelo art. 142 do Código Tributário Nacional. Isso porque, ao realizar seu mister, a fiscalização não foi capaz de apurar a exata determinação da matéria tributável, de modo a apresentar cálculos efetivos e concretos acerca do montante exigido pela autuação. Ao definir o quantum devido pelo contribuinte a título de tributo, a fiscalização foi incapaz de perceber todos os fatos relevantes para essa delimitação, em especial a existência de causas suspensivas da exigibilidade de parte do crédito aqui exigido, o que torna a presente autuação precária e acaba por eivála de notória nulidade; Não obstante, caso a preliminar seja superada, o que se admite apenas de forma hipotética, mister se faz destacar que também no mérito não pode prevalecer a presente autuação; 7.13 A presente autuação parte do equivocado pressuposto de que o conceito de preço predeterminado é desnaturado pelo simples fato dos contratos celebrados pela Impugnante estarem sujeitos à atualização monetária pelo índice IGPM; 7.14 Não é competência da Secretaria da Receita Federal a definição do que é preço predeterminado para fins da Lei n.°10.833/03. Assim, por óbvio, os "fundamentos" invocados para embasar a presente autuação, quer dizer, as Soluções de Consulta da Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Nota Técnica COSIT n° 01/07, o Parecer PGFN/CAT n.° 1.610/07, e, ainda, a Instrução Normativa n.° 658/06, extrapolaram o que autoriza a Lei n° 10.833/03, ao preverem que o implemento de cláusulas de reajuste do preço inicialmente contratado teria o condão de alterar a predeterminação do preço; Fl. 3453DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.454 7 7.15 A preocupação do Poder Constituinte em atribuir somente à lei, em sentido estrito, a competência para instituição de tributo ou o aumento deste em razão da alteração da base de cálculo ou da alíquota. Ou seja, somente a lei em sentido estrito, emanada do Poder Legislativo, poderá criar, alterar, aumentar ou diminuir tributo preexistente. Dessa forma, jamais atos infralegais como é o caso das Soluções de Consulta, Nota técnica COSIT n° 01/07, Parecer da PGFN/CAT n.° 1610/07 e a Instrução Normativa n° 658/06 – poderiam ultrapassar ou modificar os limites estabelecidos na lei o que de fato aconteceu em concreto; 7.16 Com isso, acabou o Poder Executivo por criar mandamentos não previstos em lei, haja vista que a Lei n. 10.833/03 não criou nenhum critério para definição de preço predeterminado prevalecendo o conceito civil e econômico vigente, pelo contrário, apenas o citou como um dos requisitos para a manutenção do contribuinte no regime da cumulatividade, razão pela qual os "fundamentos" invocados pela fiscalização para fundamentar a presente autuação padecem de gritante injuridicidade; 7.17 O presente lançamento apenas gira em torno do cumprimento do quarto requisito estabelecido pelo art. 10, XI da Lei n° 10.833/03, qual seja, a predeterminação dos preços estipulados nos contratos em análise. Acontece que, conforme se verá a seguir, esse quarto requisito estipulado pela Lei n° 10.833/03 também foi cumprido, sendo necessário o cancelamento integral do presente Auto de Infração; 7.18 A remuneração de empresa transmissora de energia, como é o caso da Impugnante, se dá mediante a fixação de Receita Anual Permitida (RAP), a qual é estabelecida pela ANEEL por intermédio da sua Resolução n° 167/2000 e serve para remunerar as concessionárias de serviços públicos de transmissão de energia elétrica. Essa receita também cobre os custos de operação e manutenção que as empresas têm com esses empreendimentos. A Receita Anual Permitida (RAP), por seu turno, é fixada pela Agência Reguladora do setor elétrico (ANEEL) mediante fórmula própria e preestabelecida contratualmente e que respeita os limites fixados em lei e que redundou nos contratos celebrados objeto de autuação; 7.19 Convém destacar que essa fórmula é imutável, ou seja, não é passível de revisão, uma vez que tem por escopo remunerar a concessionária, ora Impugnante, pela sua atuação em relação às rede de transmissão de energia elétrica já existentes antes da concessão. Tendo em vista a dificuldade em precificar as instalações absorvidas pelas empresas concessionárias, e partindo do pressuposto de que a remuneração de tais empresas estaria no ganho de produtividade a ser auferido ao longo do contrato de concessão, quer dizer, em tempo futuro, o preço do serviço então prestado foi estabelecido previamente, não sendo passível de revisão; Fl. 3454DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.455 8 7.20 O preço estabelecido nos contratos objeto da presente autuação é imutável, sendo alcançado pela aplicação de uma fórmula própria e previamente estabelecida. O que existe, apenas, é o reajuste do valor nominal desse preço (até para que ele se mantenha imutável e não defasado) por intermédio da aplicação do IGPM, o que implicará, tão somente, a sua recomposição no tempo; 7.21 É por isso, pois, que as receitas que foram objeto de autuação no caso em concreto são imutáveis, decorrentes da incidência de uma fórmula prefixada contratualmente e delimitada pela ANEEL. Percebese, portanto, que a referida forma de remuneração, estabelecida previamente e referendada pela ANEEL, enquadrase, perfeitamente, ao conceito de preço determinado; 7.22 É predeterminado aquele preço em que as partes contratantes têm conhecimento objetivo e real do preço acordado no exato instante em que celebrado o negócio jurídico, ainda que este preço esteja sujeito a eventuais ajustes futuros. O preço determinado, pois, diferese do preço variável, em que as partes não têm, no momento da celebração do contrato, qualquer conhecimento objetivo do quantum a ser pago, o qual será fixado apenas em instante futuro. Ora, no caso em análise as partes contratantes tinham a exata dimensão da fórmula (inalterável) que delimitaria a composição do preço pelo serviço prestado pela Impugnante. A existência de elementos para a recomposição nominal desse preço não desnatura, em absoluto, o caráter prefixo do preço objeto dos contratos fiscalizados, o que já seria suficiente para extinguir a presente autuação; 7.23 Em razão das dúvidas de interpretação que surgiram em relação à Lei n° 10.833, art. 10, XI, no que se refere às situações de definição do preço predeterminado, o legislador ordinário editou a Lei n° 11.196, de 21 de novembro de 2005, que em seu art. 109 reconhece expressamente que a aplicação de cláusulas de reajuste de preços decorrentes do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados não teria o condão de alterar o preço predeterminado dos contratos celebrados pelas partes. Essa também foi a posição da Agência Reguladora do mercado de energia (ANEEL), conforme teor da Nota Técnica n° 041/2008SRT/ ANEEL; 7.24 O IGPM reflete o reajuste de preços em função do custo da produção da Impugnante, considerando fatores diversos e sendo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas para a utilização por todos os setores, conforme reconhecido pela própria ANEEL. Tal índice é resultante da média ponderada de três índices de preços: índice de Preços por Atacado – Disponibilidade Interna (IPADIM), índice de Preços ao Consumidor(IPCM) e índice Nacional de Custo da Construção(INCCM); 7.25 As operações de energia elétrica geralmente apresentam como custo majoritário para composição do seu preço Fl. 3455DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.456 9 contratual despesas com a depreciação/amortização de seu ativo imobilizado, custos com reposição de peças e em menor escala, temse as despesas com prestação de serviços de terceiros. Nesse contexto e considerando o peso financeiro que cada uma delas impõe na demonstração de resultado, o IGPM configura índice confiável para aferir a variação ponderada dos custos de transmissão de energia elétrica incorridos pela Impugnante, o que demonstra a absoluta impropriedade dos "fundamentos" invocados na presente autuação. A ANEEL, agência competente para atuar, na forma da lei e do contrato, nos processos de definição e controle de preços e tarifas de energia elétrica, atestou que o IGPM objetiva refletir o custo de produção ou dos insumos utilizados no setor elétrico; 7.26 A Nota Técnica n° 224/2006SFF/ ANEEL, de 19 de junho de 2006, que, dentro da competência exclusiva do Órgão Estatal, analisou especificamente a incidência do PIS e da COFINS sobre as receitas decorrentes de contratos assinados nos termos do art. 10, inciso XI, da Lei n° 10.833/2003, c/c art. 109 da Lei n° 11.196/2005, e entendeu que o índice aplicável para o ajuste dos preços seria o IGPM. Nesse mesmo sentido foi a resposta à consulta sobre ajustes de preços previstos em cláusulas contratuais por meio do Oficio n° 1431/2006SFF/ ANEEL, de 23 de agosto de 2006; 7.27 Desse modo, o IGPM é o índice que reflete o custo da produção dos serviços prestados pela Impugnante, o que foi expressamente reconhecido pela ANEEL (único órgão competente para tanto) e pelo art. 109 da Lei n° 11.196/05, e, portanto, em nada altera condição de predeterminação do preço acordado nos contratos iniciais celebrados pela companhia. Assim, por mais esse motivo, em obediência ao disposto no art. 109 da Lei n° 11.196/05, na Lei n° 9.427/96, na Nota Técnica n° 224/2006SFF/ANEEL e no Oficio n° 1431/2006SFF/ ANEEL, demonstrado está que a presente autuação merece integral cancelamento; 7.28 O I. Auditor Fiscal limitouse a desabonar o IGPM como índice de correção para o setor econômico da Impugnante sem, todavia, (i) demonstrar qualquer fundamento que justificasse tal medida e, ainda, sem (ii) provar qual seria o índice a ser aplicável em concreto para, nessa hipótese, (iii) verificar se os reajustes promovidos pela Impugnante teriam ou não superado o hipotético índice; 7.29 Dessa feita, demonstrada está que a existência, nos contratos de preço predeterminado, de cláusulas de correção monetária não descaracteriza o quarto e último elemento previsto na Lei 10.833/03, devendo a Impugnante continuar a se submeter aos ditames do regime cumulativo do PIS e da COFINS, sendo mister o cancelamento da presente autuação; 7.30 Subsidiariamente, alega que os juros de mora e a multa aplicada são indevidas, haja vista o disposto no parágrafo único do art. 100 do CTN. O citado artigo do Código Tributário Fl. 3456DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.457 10 Nacional é enfático ao prescrever que, se um dado contribuinte pautou o seu comportamento em qualquer uma das espécies de normas complementares da legislação tributária nele elencadas, expedidas por autoridade administrativa, não se pode cogitar a cobrança do suposto tributo inadimplido acompanhado de penalidades, juros de mora e multa de ofício; 7.31 No caso concreto, o art. 109 da Lei n° 11.196/05, a Nota Técnica n° 224/2006SFF/ANEEL e a Instrução Normativa n° 658/2006, em seu art. 3º, determinam que a aplicação de cláusulas de reajuste pelo IGPM aos contratos firmados nos termos do art. 10, XI da Lei n° 10.333/03 não descaracteriza o preço predeterminado. Assim, ao seguir a orientação das Autoridades Administrativas no sentido de tributar seus contratos de longo prazo pelo regime nãocumulativo do PIS e da COFINS, nenhuma penalidade poderia ter sido imputada à Impugnante, que apenas seguiu a lei e as orientações administrativas vigentes à época da autuação; 7.32 Ainda subsidiariamente, alega que eventual incidência de juros de mora e multa só poderia ocorrer para fatos geradores ocorridos a partir de agosto de 2007. Como visto anteriormente, o art. 109 da Lei n° 11.196/05, a Nota Técnica n° 224/2006SFF/ANEEL e a Instrução Normativa n° 658/2006, em seu art. 3º , determinam que a aplicação de cláusulas de reajuste aos contratos firmados nos termos do art. 10, XI da Lei n° 10.333/03 não descaracterizam a condição de preço predeterminado; 7.33 Essa orientação, entretanto, só foi supostamente alterada pela Secretaria da Receita Federal caso tivesse competência legislativa com a edição do Parecer PGFN/CAT n° 1.610, de 30 de julho de 2007. Sendo assim, para parte do período autuado, compreendido entre janeiro e julho de 2007, a orientação da Secretaria da Receita Federal era no sentido de que a aplicação de cláusulas de reajuste não descaracterizam o preço predeterminado, razão pela qual a Impugnante não pode, nesse período, sofrer quaisquer penalidades por ter procedido dessa forma; 7.34 Por fim, contesta a incidência de juros de mora sobre a multa alegando afronta ao disposto no art. 61 da lei nº 9.430/96; 7.35 Em vista de todo o exposto, demonstrada a total ilegitimidade da autuação aqui combatida, a Impugnante requer seja a presente Impugnação julgada procedente, com o consequente cancelamento do Auto de Infração, determinandose o arquivamento do respectivo processo administrativo. Sucessivamente, caso o presente Auto de Infração não seja integralmente cancelado, o que se admite apenas hipoteticamente, a Impugnante requer o afastamento dos valores exigidos em duplicidade, bem como o cancelamento da incidência de multa e juros na presente cobrança (ainda que apenas para o período compreendido entre janeiro de 2007 a julho de 2007), haja vista o disposto no art. 100 do CTN ou, no Fl. 3457DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.458 11 pior dos cenários, ao menos a exclusão da incidência da taxa SELIC sobre a multa aplicada ao caso em concreto. A DRJ em São Paulo julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada, nos seguintes termos: LANÇAMENTO. NULIDADE. Somente será considerado nulo o lançamento, se presente qualquer uma das situações previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. REGIME DE TRIBUTAÇÃO. CONTRATOS DE LONGO PRAZO. PREÇO DETERMINADO. DESCARACTERIZAÇÃO. TRIBUTAÇÃO NÃOCUMULATIVA. O reajuste dos contratos de fornecimento de bens ou serviços a preço predeterminado, firmado antes de 31 de outubro de 2003, por índice geral de preços, implica a descaracterização do preço contratado como sendo preço predeterminado, pelo que, a partir da primeira alteração, as respectivas receitas estão sujeitas ao regime de tributação nãocumulativa das contribuições sociais. AUTO DE INFRAÇÃO. DÉBITOS DECLARADOS EM DCOMP. DUPLICIDADE. Os débitos declarados em DCOMP e não aproveitados de ofício pela fiscalização devem ser deduzidos dos valores lançados. NORMAS TRIBUTÁRIAS. AUTORIDADE ADMINISTRATIVA. RECEITA FEDERAL DO BRASIL. RESOLUÇÕES ANELL. NORMAS NÃO TRIBUTÁRIAS. A expedição de atos normativos com efeitos tributários é atividade situada fora do escopo legal da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que tem a finalidade de regular (e fiscalizar) o mercado de energia elétrica, sendolhe vedado adentrar por via oblíqua no domínio da tributação. Resoluções da ANEEL não são normas de natureza tributária disciplinadoras da Contribuição para o PIS e da Cofins e tampouco regem a relação fisco/contribuinte. A autoridade administrativa a que se refere o art. 100 do CTN é a Secretaria da Receita Federal do Brasil. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. LEGALIDADE DA COBRANÇA. A multa de ofício, sendo parte integrante do crédito tributário, está sujeita à incidência dos juros de mora a partir do primeiro dia do mês subsequente ao do vencimento. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Fl. 3458DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.459 12 Tendo em vista o valor da exoneração, a DRJ em São Paulo recorreu de ofício, nos termos do art. 34 do Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972, e alterações introduzidas pela Lei n° 9.532, de 10 de dezembro de 1997, e Portaria MF n° 3, de 3 de janeiro de 2008. Irresignado, o contribuinte recorre a este Conselho, repetindo as razões apresentadas na impugnação. Julgando o feito, a turma recorrida negou provimento ao recurso de ofício e deu provimento ao recurso voluntário, em acórdão que recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2008 CONTRATO POR PREÇO PREDETERMINADO. INCIDÊNCIA. O reajuste do preço, homologado por órgão estatal, com vistas à manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro, não altera o preço predeterminado e, consequentemente, não impede a manutenção da tributação da COFINS no regime cumulativo. A mesma conclusão se estende à Contribuição ao PIS Recurso Voluntário Provido. A Fazenda Nacional dissentiu da decisão que lhe foi desfavorável e apresentou recurso especial, fls. 3.306 a 3327 (autos eletrônicos), por meio do qual requereu a reforma do acórdão vergastado para que seja restabelecida a decisão de primeira instância. O recurso especial fazendário foi por mim admitido, nos termos do despacho de fls. 3.329 a 3.331. Contrarrazões vieram às fls. 3.335 a 3.394, onde, em síntese, a recorrida requer: o não conhecimento do apelo fazendário, visto que os paradigmas teriam apreciados situações fáticas distintas; e caso o recurso seja conhecido, que lhe negue provimento. É o Relatório. Voto Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, Relator O recurso é tempestivo e, ao contrário do alegado pela recorrida em suas contrarrazões, dele consta cotejo analítico entre o acórdão recorrido e os paradigmas, onde se permite ver demonstrado o dissídio jurisprudencial, além de vir transcritas as ementas dos acórdãos confrontados, recorrido e paradigmas. Fl. 3459DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.460 13 A divergência foi suscitada pela Fazenda Nacional em razão do entendimento do colegiado recorrido de que a previsão de cláusula de reajuste com base no IGPM não desnaturaria o requisito de preço predeterminado estatuído no art. 10, XI, “b” da Lei nº 10.833/2003, condição necessária para manutenção da contribuinte no regime cumulativo do PIS/COFINS. Para comprovar o dissenso, foram colacionados, como paradigmas, os Acórdãos nºs 210200.001 e 20219.497, cujas ementas foram transcritas no corpo do recurso. Essa transcrição atende ao requisito material da juntada dos paradigmas, e o cotejo efetuado entre as situações retratadas no acórdão recorrido e as veiculadas nos acórdãos paradigmas com indicação da interpretação divergente da legislação, dada por um e por outro colegiado, atende ao requisito relativo à demonstração analítica do dissídio jurisprudencial. Essas conclusões constam do despacho de admissibilidade de fls. 3.329 a 3.331, nos termos seguintes: (...) o confronto das ementas e do teor dos votos evidenciam a divergência jurisprudencial sobre a caracterização de preço contratualmente predeterminado. O acórdão recorrido negou provimento ao recurso de ofício, deu provimento ao recurso voluntário, e rejeitou a interpretação consubstanciada na Instrução Normativa nº 658/2006, que aponta como ilegal, concluindo que a existência e aplicação da cláusula de reajuste contratual pelo IGPM não afetaria o caráter predeterminado do preço do contrato. Por sua vez, o paradigma citado, que também julgou matéria envolvendo reajuste de preço no setor elétrico, firmou entendimento diverso, no sentido de que os reajustes e revisão de preços baseados em índices que captam a variação geral (IGP M), levam em conta a recuperação do efeito inflacionário, descaracterizando o caráter de preço predeterminado. Ressalta, ainda, que tais fatores tendem a restabelecer o preço de mercado e não os custos da produção ou dos insumos, o que não se enquadra nas regras do art. 109 da Lei n° 11.196, de 2005, e tampouco nas disposições do § 3° do art. 3° da IN SRF n° 658, de 2006. Com essas considerações, entendo ter sido comprovada a divergência jurisprudencial. Por derradeiro, devese afastar a alegação da recorrida segundo a qual as situações fáticas tratadas nos acórdãos confrontados seriam distintas da versada no recorrido, pois tanto nos paradigmas como no aqui tratado, o litígio está centrado na questão relativa ao reajuste de preço no setor elétrico que restabelece o preço de mercado e não os custos de produção ou de insumos, o que não se enquadraria nas regras do art. 109 da Lei n° 11.196, de 2005, e tampouco nas disposições do § 3° do art. 3° da IN SRF n° 658, de 2006. Em comum, como fator preponderante dos reajustes, temse o IGPM, que segundo o acórdão recorrido não altera o preço predeterminado e, consequentemente, não impede a manutenção da tributação da COFINS no regime cumulativo. Já no Acórdão nº 210200.001, decidiuse que a utilização desse índice altera o preço predeterminado. Para Fl. 3460DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.461 14 que não paire dúvida de que as situações tratadas em um caso e em outro é absolutamente a mesma, transcrevese excerto dessa decisão. Acórdão nº 210200.001 O cerne da lide cingese em determinar se os contratos que a recorrente mantém com a CBEE atendem ou não ao disposto na alínea “b”, do inciso XI, do art. 10, da Lei nº 10.833/2003, c/c o art. 109 da Lei nº 11.196/2006. (...) Relativamente ao fundamento da decisão recorrida de que o IGPM, sendo um índice que apura a variação dos preços de uma forma geral, não se adequa ao disposto no § 3º do art. 3º da IN SRF nº 658/2006, uma vez que não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, não há reparos a fazer. Como disse a decisão recorrida, no IGPM está incluído, além dos preços dos bens em geral no atacado, a variação de preços ao consumidor de todos os bens e serviços e a variação de preços específicos da construção civil. Sustentar, como fez a ANEEL e a recorrente, que o IGPM reflete “a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados” na produção de energia elétrica, como exigem as Leis nºs 9.069/95 e 11.196/2005, não parece razoável até para um leigo. A variação ocorrida, por exemplo, no preço de cimento, de tijolo, de feijão ou de roupas, que entram no cálculo do IGPM, na vigência do contrato com a CBEE, não causa nenhum reflexo no custo de produção de energia elétrica. Como se vê da transcrição acima, as situações tratadas no recorrido e no paradigma são exatamente as mesmas, e tiveram decisões divergentes. Portanto, não há como deixar de reconhecer o dissenso jurisprudencial. Com essa considerações, entendo atendidos os requisitos de admissibilidade do recurso especial, dele conheço. Ultrapassada a fase de conhecimento, passase, de imediato, ao mérito da discussão trazida a debate. Inicialmente, devese registrar que essa matéria ainda não se encontra apascentada na jurisprudência do CARF, oscilando entre as posições favoráveis aos sujeitos passivos e às defendidas pela Fazenda Nacional. Este relator, inclusive, já votou, na câmara baixa, de forma diversa do entendimento que ora passa a defender. Naquela ocasião, acompanhei o voto condutor do acórdão, mas neste caso, na função de relator, que demandou exame mais acurado e minucioso dos autos e das questões trazidas a debate, mudei o entendimento que tivera quando daquele julgamento, o que passo a expor linhas abaixo. A discussão em debate centrase em decidir qual regime de tributação estavam sujeitas as receitas decorrentes de contratos do setor elétrico firmados anteriormente a 31/10/2003, se pelo regime cumulativo ou nãocumulativo do PIS e da Cofins. Fl. 3461DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.462 15 De um lado, o sujeito passivo defende que suas receitas permaneceram tributadas pelo regime da cumulatividade, por força do disposto na 1alínea b do inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, de outro, o Fisco entendeu que as condições para que as receitas auferidas pela contribuinte permanecessem tributadas pelo regime cumulativo não foram atendidas, e que, portanto, deveriam ter sido recolhidas na nova sistemática, ou seja, na não cumulatividade. A controvérsia, pois, reside na questão de se decidir qual o regime de tributação de incidência do PIS e da Cofins aplicase às receitas decorrentes dos contratos de prestação de serviço de transmissão de energia elétrica, firmados pela ora recorrida. Se permanece no cumulativo, com amparo nas disposições da alínea “b”, inciso XI, do artigo 10, e artigo 15 da Lei nº 10.833/2003, ou no não cumulativo, enquadrandose na regra do novo regime de tributação dessas contribuições. O âmago dessa controvérsia restringese à definição do que se deve entender por contrato com preço predeterminado, a que se refere a alínea b do inciso XI do art. 10 da Lei 10.833/2003. O Fisco, com arrimo na Nota Técnica Cosit nº 1, de 16 de fevereiro de 2007, e no Parecer PGFN/CAT nº 1.610/2007, entendeu que o tipo de contratado de prestação de serviço de transmissão de energia elétrica, celebrado pela ora recorrida, não se enquadraria como contrato de preço predeterminado, pois as cláusulas de reajuste de preços, com base no IGPM, não refletiriam apenas a variação de custo de produção ou de insumos, condição necessária para a manutenção da incidência cumulativa do PIS e da Cofins sobre as receitas relativas a esse contrato. Inicialmente, afasto os argumentos da autuada sobre a competência da ANEEL para regulamentar a incidência de tributos, ainda que relativo a atividades do Setor Elétrico. As Notas Técnicas e as Resoluções dessa agência reguladora aplicase às questões inerentes à geração e à distribuição de energia elétrica e às atividades correlatas. A competência dessa agencia reguladora, abrange a seara dos contratos, dos preços da energia e da remuneração das concessionárias e permissionárias desses serviços públicos, mas não é tão ampla a ponto de alcançar as relações de natureza tributária. Assim, eventuais pronunciamentos da ANEEL sobre regime de tributação aplicáveis a quem quer que seja, é meramente opinativa, despida de qualquer força normativa ou vinculante. Tampouco pode ser incluída no rol da legislação tributária a que alude o art. 96 do CTN. Desta feita, aqui não será debatido eventual opinião da ANEEL sobre o regime de tributação do PIS e da Cofins, a que está sujeita a recorrida. Com esses esclarecimentos, passase à análise da questão trazida debate. 1 Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º: (...). XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: (...); b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Fl. 3462DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.463 16 O PIS e a Cofins foram instituídas na sistemática de incidência cumulativa, posteriormente, com a edição da Medida Provisória nº 66, de 29 de agosto de 2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, instituise o regime nãocumulativo para o PIS/Pasep, com efeitos a partir de 1º de dezembro de 2002. A seu turno, a Medida Provisória nº 135, de 30 de outubro de 2003, convertida na Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, com efeitos a partir de 1º de fevereiro de 2004, trouxe para a Cofins o regime nãocumulativo. Todavia, algumas pessoas jurídicas permaneceram obrigadas a recolher essas contribuições na sistemática cumulativa. Também permaneceram sujeitas à incidência cumulativa algumas receitas percebidas pela sociedade empresária, independentemente, do regime a que ela estava sujeita. Essas exceções foram explicitadas nos arts. 10 e 15 da Lei nº 10.833/2003, nos termos seguintes: Art. 10. Permanecem sujeitas às normas da legislação da COFINS, vigentes anteriormente a esta Lei, não se lhes aplicando as disposições dos arts. 1º a 8º I Omissis ........................................................................................................ XI as receitas relativas a contratos firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003: a) Omissis b) com prazo superior a 1 (um) ano, de construção por empreitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços; Art. 15. Aplicase à contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa de que trata a Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, o disposto: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I Omissis ......................................................................................................... V nos incisos VI, IX a XXVII do caput e nos §§ 1º e 2º do art. 10 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Os dispositivos acima não deixam margem à dúvida de que, para permanecerem na sistemática cumulativa, as receitas objeto deste debate precisariam referirse a contratos que atendessem a quatro requisitos, a saber: a) houvessem sido firmados anteriormente a 31 de outubro de 2003; b) tivessem prazo de duração superior a um ano; c) tivessem por objeto construção por empreitada ou fornecimento de bens ou serviços; e d) o preço pactuado fosse predeterminado. Quanto aos três primeiros requisitos dos contratos, não há controvérsia, apenas o último – o do preço predeterminado – é que se converteu no pomo da discórdia. Fl. 3463DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.464 17 A definição de preço predeterminado gerou grande celeuma, levando os interessados a reajustarem seus contratos por índices de inflação, acreditando que, com isso não se descaracterizaria os contratos como por preço predeterminado, inclusive, com a anuência da agência reguladora do setor. Assim, não interessaria quanto tempo durasse o contrato, o preço continuaria o pactuado no início, já que a correção por índice de inflação não alteraria o preço préacordado. Em novembro de 2005, a Lei nº 11.196/2005, em seu art. 109, trouxe regra de reajuste dos contratos que não desnaturaria a característica de preço predeterminado. Esse reajuste teria de refletir o custo de produção ou a variação de índices que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Com a palavra o legislador: Art. 109. Para fins do disposto nas alíneas b e c do inciso XI do caput do art. 10 da Lei no 10.833, de 29 de dezembro de 2003, o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos termos do inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não será considerado para fins da descaracterização do preço predeterminado. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase desde 1º de novembro de 2003. A Secretaria da Receita Federal do Brasil, por sua vez, editou a Instrução Normativa SRF nº 658, de 4 de julho de 2006, para interpretar os dispositivos legais que tratam do preço predeterminado. Segundo a interpretação da Administração Tributária, cláusulas de reajuste, independentemente da periodicidade, como também as regras de reajuste para manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato, após sua implementação, afastariam o caráter predeterminado do contrato. Para não haver a descaracterização de preço predeterminado, o reajuste não poderia exceder o aumento do custo de produção ou a variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Art. 3º Para efeito desta Instrução Normativa, preço predeterminado é aquele fixado em moeda nacional como remuneração da totalidade do objeto do contrato. §1º Considerase também preço predeterminado aquele fixado em moeda nacional por unidade de produto ou por período de execução. §2º Ressalvado o disposto no §3º, o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação, após a data mencionada no art. 2º, da primeira alteração de preços decorrente da aplicação: I de cláusula contratual de reajuste, periódico ou não; ou II de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. §3º O reajuste de preços, efetivado após 31 de outubro de 2003, em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados, nos Fl. 3464DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.465 18 termos do inciso II do §1º do art. 27 da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, não descaracteriza o preço predeterminado. A meu sentir, a interpretação dada por essa IN é perfeitamente compatível com norma veiculada no art. 10 da Lei 10.833/2003 e no art. 109 da Lei nº 11.196, de 2005. Na verdade, é uma reprodução literal do texto legal. Ora, dada a similitude da regra trazida na IN com a veiculada na lei, não me parece coerente atacar a interpretação da Administração Tributária. Assim, para que o ajuste ou revisão de preço não descaracterizem o contrato como de preço predeterminado, o acréscimo deve refletir o aumento do custo de produção, ou a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Visitada a legislação, passase ao exame das cláusulas contratuais que têm relevância ao deslinde da Lide. Neste mister, socorrome da análise feita pelo relator do acórdão de primeira instância, a quem, desde já rendo as homenagens de estilo. 36. No caso concreto, analisando as Cláusulas Sexta dos Contratos de Concessão de Transmissão nº 59/2001 (fls. 2734 2736) e nº 143/2001 (fls. 28112813), verificase que a receita decorrente do serviço de transmissão (Contrato de Prestação de Serviços de Transmissão CPST) consiste de Receita Anual Permitida (RAP), a ser reajustada anualmente conforme as fórmulas lá postas, da qual é integrante o Índice Geral de Preços Mercado – IGPM da Fundação Getúlio Vargas. 37. A Quinta Subcláusula da Cláusula Sexta do Contrato de Concessão de Transmissão nº 59/2001 prevê que: “No atendimento ao disposto no § 3º, art. 9º, da Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, ressalvados os impostos sobre a renda, a criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, após a assinatura deste CONTRATO, quando comprovado seu impacto, implicará revisão da RECEITA ANUAL PERMITIDA, para mais ou para menos, conforme o caso.”. Igual previsão consta da Oitava Subcláusula da Cláusula Sexta do Contrato de Concessão de Transmissão nº 143/2001. 38. Portanto, estes contratos não só são corrigidos pelo IGPM, mas como também pela variação tributária. O fato de tais reajustes estarem expressamente previstos em cláusula contratual de reajuste, periódico ou não, em princípio, já afastaria o caráter predeterminado das tarifas acordadas, a partir da implementação da primeira alteração de preços, após 31 de outubro de 2003. 39. Resta então verificar se tais cláusulas de reajustes (com base no IGPM e em razão da alteração, extinção ou criação de tributos ou encargos setoriais com o objetivo de atender à “manutenção do equilíbrio econômicofinanceiro do contrato de concessão”) enquadrase no conceito de “reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados”, para fins de aplicação do art. 109, da Lei nº 11.196, de 2005. 40. O IGPM, segundo informações constantes do site da Fundação Getúlio Vargas – FGV (www.fgv.br), tem as seguintes características: Fl. 3465DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.466 19 ...................................................................................................... O IGPM tem como base metodológica a estrutura do Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGPDI),resultando da média ponderada de três índices de preços: o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPAM), o Índice de Preços ao Consumidor (IPCM) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCCM). À semelhança do IGPDI, a escolha desses três componentes do IGPM tem origem no fato de refletirem adequadamente a evolução de preços de atividades produtivas passíveis de serem sistematicamente pesquisadas (operações de comercialização em nível de produtor, no varejo e na construção civil). Quanto à adoção dos pesos convencionados, cujos valores representam a importância relativa de cada um desses índices no cômputo da despesa interna bruta, justificase do seguinte modo: a) os 60% representados pelo IPAM equivalem ao valor adicionado pela produção, transportes e comercialização de bens de consumo e de produção nas transações comerciais a grosso; b) os 30% de participação do IPCM equivalem ao valor adicionado pelo setor varejista e pelos serviços de consumo; c) quanto aos 10% complementares, representados pelo INCC M, equivalem ao valor adicionado pela indústria da construção civil. 41. Está claro então que não se trata de índice que reflita especificamente os custos da autuada. Não há como entender que um índice de reajustes com base em preços médios de mercado, como o IGPM, seja um índice que reflita o custo dos insumos de transmissão de energia elétrica. 42. Assim, tal tipo de índice de variação não reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pelo contribuinte, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção. Para que não paire qualquer dúvida de que o IGPM não reflete a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pelas distribuidoras de energia, basta analisar o grupo de produtos que compõem cada um dos índices integrantes do IGPM. Nesse índice, entram, além de outros componentes, os preços de legumes e frutas, bebidas e fumo, remédios, embalagens, aluguel, condomínio, empregada doméstica, transportes, educação, leitura e recreação, vestuário e despesas diversas (cartório, loteria, correio, mensalidade de Internet e cigarro, entre outros). Como dito anteriormente, o IGPM é composto de 3 índices, o IPAM, O IPCM e o INCCM. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPAM), que responde por 60% do IGPM, é sistematizado segundo a origem dos produtos agropecuários e industriais e Fl. 3466DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.467 20 segundo o estágio de processamento bens finais, bens intermediários e matériasprimas brutas. No total, são pesquisados 340 produtos, distribuídos em grupos. Veja, a seguir, a estrutura desse índice. Estrutura hierárquica do IPAM Segundo Origem (OG) IPAM PRODUTOS AGROPECUÁRIOS LAVOURAS TEMPORÁRIAS LAVOURAS PERMANENTES PECUÁRIA PRODUTOS INDUSTRIAIS INDÚSTRIA EXTRATIVA CARVÃO MINERAL MINERAIS METÁLICOS MINERAIS NÃOMETÁLICOS INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO PRODUTOS ALIMENTÍCIOS E BEBIDAS PRODUTOS DO FUMO PRODUTOS TÊXTEIS ARTIGOS DO VESTUÁRIO COUROS E CALÇADOS PRODUTOS DE MADEIRA CELULOSE, PAPEL E PRODUTOS DE PAPEL PRODUTOS DERIVADOS DO PETRÓLEO E ÁLCOOL PRODUTOS QUÍMICOS ARTIGOS DE BORRACHA E DE MATERIAL PLÁSTICO PRODUTOS DE MINERAIS NÃOMETÁLICOS METALURGIA BÁSICA PRODUTOS DE METAL MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS EQUIPAMENTOS DE INFORMÁTICA Fl. 3467DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.468 21 MÁQUINAS, APARELHOS E MATERIAIS ELÉTRICOS MATERIAL ELETRÔNICO, APARELHOS E EQUIPAMENTOS DE COMUNICAÇÃO VEÍCULOS AUTOMOTORES, REBOQUES, CARROCERIAS E AUTOPEÇAS OUTROS EQUIPAMENTOS DE TRANSPORTE MÓVEIS E ARTIGOS DO MOBILIÁRIO Segundo Estágios de Processamento (EP) IPAM BENS FINAIS BENS DE CONSUMO ALIMENTAÇÃO ALIMENTAÇÃO IN NATURA ALIMENTOS PROCESSADOS COMBUSTÍVEIS NÃO DURÁVEIS EXCETO ALIMENTAÇÃO E COMBUSTÍVEIS BEBIDAS E FUMO VESTUÁRIO, CALÇADOS E ACESSÓRIOS MEDICAMENTOS E ARTIGOS PARA RESIDÊNCIA, HIGIENE E LIMPEZA BENS DE CONSUMO DURÁVEIS UTILIDADES DOMÉSTICAS AUTOMÓVEIS E ACESSÓRIOS BENS DE INVESTIMENTO VEÍCULOS PESADOS MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS BENS INTERMEDIÁRIOS MATERIAIS E COMPONENTES PARA MANUFATURA MATERIAIS E COMPONENTES PARA CONSTRUÇÃO COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES PARA PRODUÇÃO EMBALAGENS SUPRIMENTOS MATÉRIASPRIMAS BRUTAS AGROPECUÁRIAS Fl. 3468DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.469 22 COMERCIALIZÁVEIS PROCESSAMENTO INDUSTRIAL PARA FINS ALIMENTARES PROCESSAMENTO INDUSTRIAL PARA FINS NÃO ALIMENTARES MINERAIS 2.1. ESTRUTURA DA AMOSTRA DE PRODUTOS A seleção dos produtos integrantes do IPA se faz em duas etapas. Primeiramente, são escolhidas as classes de produtos a serem representadas e, em seguida, os produtos considerados em cada uma destas classes. Índice Geral de Preços – Mercado De acordo com a metodologia de cálculo da FGV para esse índice, os produtos de origem agropecuários representam 28,9738% do IPAM e o de origem industrial os outros 71,0262%, sendo que os subitens relativos às máquinas, aparelhos e materiais elétricos correspondem a minguados 1,7674% do IPAM. Partindose da premissa que outros subitens da indústria possam ser utilizados como insumos do setor elétrico eliminando os do setor alimentício, fumo, bebidas, agropecuário, eletrodoméstico, celulose, etc., que não são aplicáveis ao setor de distribuição de energia elétrica vêse que a participação dos insumos do setor elétrico no IPAM é insignificante, muito insignificante. Já em relação ao IPCM, nenhum item está diretamente relacionado a insumos utilizados pelo setor de distribuição de energia elétrica, haja vista que os produtos que compões esse índice, é específico para o consumo das famílias. A seu turno, o INCC, por óbvio, não reflete os custos do insumo do setor elétrico, haja vista que é especifico para medir a variação do setor da construção civil. Ora, mergulhandose na metodologia de cálculo do IGPM e analisando os produtos que o integra, concluise, sem a menor dúvida, que esse índice nem de longe reflete de forma específica a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados pela contribuinte, tampouco expressa a variação específica dos custos de sua produção. Não fossem as razões expendidas acima suficientes para refutar a tese de defesa da autuada, o inciso II do § 1º do art. 27 da Lei nº 9.069/1995, ao qual remete o art. 109 da Lei nº 11.196/2005, deixa claro que a correção de preços por variação do Índice de Preços ao Consumidor, ou de índices gerais de preços que o tenham sucedido, é, absolutamente, distinta da fórmula de reajuste em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. vejase o dispositivo acima aludido Art. 27. A correção, em virtude de disposição legal ou estipulação de negócio jurídico, da expressão monetária de obrigação pecuniária contraída a partir de 1º de julho de 1994, inclusive, somente poderá darse pela variação acumulada do Índice de Preços ao Consumidor, Série r IPCr. § 1º O disposto neste artigo não se aplica: Fl. 3469DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.470 23 II aos contratos pelos quais a empresa se obrigue a vender bens para entrega futura, prestar ou fornecer serviços a serem produzidos, cujo preço poderá ser reajustado em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados;...” Como se pode observar da leitura do dispositivo acima, o legislador diferenciou, nitidamente, os índices de preços gerais daqueles que refletem os custos de produção ou os custos dos insumos. Como bem observou o relator da Primeira instância, enquanto os primeiros refletem a variação de preços ao consumidor, a lei, quando se refere aos custos de insumos, remete a índices que traduzam os preços dos bens, materiais, equipamentos e pessoal utilizado pelas empresas para a consecução de suas finalidades econômicas. 45. Portanto, emerge dos próprios dispositivos legais que tratam da matéria em tela que variações de preço com base em índices gerais de preços descaracterizam os preços contratados pela impugnante como predeterminados. De tudo o que foi dito acima, não há como deixar de reconhecer que os contratos da recorrida, objeto da controvérsia ora em debate, não se caracterizavam como de preço predeterminado, e, por conseguinte, o regime de tributação do PIS e da COFINS, incidentes nas receitas referentes a esses contratos deve ser o nãocumulativo, como, acertadamente, decidiu o órgão julgador de primeira instância. Aliás, aqui peço licença para, mais uma vez, transcrever excerto do acórdão primeiro como arrimo desta decisão. 46. Além disso, ressaltese que a exceção contida no §3º do art. 3º da IN SRF nº 658/2006 diz respeito apenas ao reajuste de preços efetuado em percentual não superior àquele correspondente ao acréscimo dos custos de produção ou à variação do índice. Desta forma, ainda que considerássemos admissível a utilização do IGPM para fins do disposto naquele dispositivo, caberia à impugnante demonstrar que o reajuste efetuado não ultrapassa o limite nele fixado, o que também não foi feito. 47. Do exposto, concluise que os contratos em questão não se caracterizam como a preço predeterminado, para fins de enquadramento nas hipóteses prevista na alínea “b” do inciso XI do art. 10 da Lei nº 10.833/2003, razão pela qual as receitas da impugnante deles decorrentes submetemse a tributação pelo regime nãocumulativo das contribuições. 48. Quanto ao reajuste decorrente de criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou encargos legais, notese que está disposto em cláusula contratual que quando comprovado seu impacto, implicará revisão da Receita Anual Permitida RAP. 49. Cabe agora, então, destacar a aplicação da lei para os contratos e licitações efetuados pela União, ante a menção da IN SRF nº 658/2006, art. 3º, inciso II, de que o caráter predeterminado do preço subsiste somente até a implementação da primeira alteração de preços decorrente da aplicação de regra de ajuste para manutenção do equilíbrio econômico Fl. 3470DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 19515.722154/201145 Acórdão n.º 9303003.373 CSRFT3 Fl. 3.471 24 financeiro do contrato, nos termos dos arts. 57, 58 e 65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Vejamos o que diz o § 5º do art. 65 citado pela lei: § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos, bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos, conforme o caso. ........................................................................................................ 51. Ademais, relendo o art. 109 da Lei n° 11.196/2005, salvo nas hipóteses lá expressas, quaisquer reajustes de preços ocasionarão a descaracterização como preço predeterminado. E as duas únicas possibilidades, como já exaustivamente colocado, são: o reajuste de preços em função do custo de produção ou da variação de índice que reflita a variação ponderada dos custos dos insumos utilizados. Isto quer dizer que para reajustar seus preços e permanecer atendendo ao disposto na regra de exceção da nãocumulatividade (ou seja, manterse na cumulatividade), a contratada deve demonstrar que não está aplicando um índice aos seus próprios preços, mas sim, que os preços das etapas econômicas anteriores é que foram modificados: somente neste caso, o incremento do valor do contrato não estaria refletindo o aumento da carga tributária da própria contratada, mas de um aumento de custo de sua produção. 52. O objetivo da exceção posta na lei era evitar o desequilíbrio contratual imprevisto. Entretanto, nos contratos em que há a previsão de que eventuais alterações na carga tributária influenciam diretamente nos preços acordados não há razão para manter a empresa signatária na regra temporária (cumulatividade). O que é óbvio porque a revisão de valor do preço da própria contratada, obrigatoriamente leva à modificação legislativa introduzida pela Lei n° 10.833/2003, dando ensejo à sua entrada no campo da nãocumulatividade. 53. Ressaltese que no caso dos contratos em questão, entretanto, essa circunstância é irrelevante, pois neles, como já visto, o reajuste anual é efetuado, essencialmente, com base na variação do IGPM e esse índice, de caráter genérico, não pode ser aceito como reflexo da variação do custo de produção da energia elétrica ou do custo dos insumos empregados nessa produção, nos termos do art. 109 da Lei n° 11.196/2005. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso para restabelecer o decidido na decisão de primeira instância. Henrique Pinheiro Torres Fl. 3471DF CARF MF Impresso em 22/01/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 20/01/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por HENRIQUE PINHEIRO TORRES, Assinado digitalmente em 21/01/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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