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Numero do processo: 10935.904106/2012-39
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008
PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO.
Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno.
Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.738
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2008 a 31/01/2008 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 41 06 /2 01 2- 39 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versa o processo sobre pedido de restituição fundado em suposto pagamento indevido ou a maior face suposta inclusão indevida do ICMS na base de cálculo das contribuições. No que tange esta matéria, o pedido restou indeferido conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificada desta decisão, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A DRJ, através do Acórdão nº 06041.464, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O julgador de primeira instância não acolheu as razões de defesa da impugnante, tendo em vista que não há, na legislação de regência, previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. A contribuinte foi cientificada dessa decisão, tendo apresentado recurso voluntário tempestivo, onde alega que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da Cofins e do PIS, por não estar abrangido nos conceito de "faturamento", tratandose de mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.699, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.902211/201233, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.699): "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 4 3 Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais, como esclarecido pelo Ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, que negou provimento ao recurso voluntário em votação unânime do Colegiado, "O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/771 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978". Dessa forma, "o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional". A Lei nº 9.718/98 define a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, prevendo a exclusão das suas bases de cálculo somente do IPI e do ICMS, este apenas quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Também as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que instituíram a não cumulatividade na apuração dessas contribuições, definem que a base dessas contribuições é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada, sendo que, quanto ao ICMS, apenas preveem que as receitas decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes de créditos de ICMS originados de operações de exportação não integram a base de cálculo das contribuições. Ademais, em 13/03/2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR2, sob a sistemática do art. 543C do 1 Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. §1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. 2 O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com base nos seus registros processuais eletrônicos, acessados no dia e hora abaixo referidos CERTIFICA que, sobre o(a) RECURSO ESPECIAL nº 1144469/PR, do(a) qual é Relator o Excelentíssimo Senhor Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO e no qual figuram, como RECORRENTE, FAZENDA NACIONAL, (...) em 10 de Agosto de 2016, PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: "PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, A SEÇÃO, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL E, POR MAIORIA, VENCIDOS OS SRS. MINISTROS RELATOR E REGINA HELENA COSTA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA RECORRENTE, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, QUE LAVRARÁ O ACÓRDÃO."; em 10 de Agosto de 2016, CONHECIDO O RECURSO DE FAZENDA NACIONAL E PROVIDO,POR UNANIMIDADE, PELA PRIMEIRA SEÇÃO RELATOR PARA ACÓRDÃO: MAURO CAMPBELL MARQUES; em 01 de Dezembro de 2016, ATO ORDINATÓRIO PRATICADO ACÓRDÃO ENCAMINHADO(A) À PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 02/12/2016; em 01 de Dezembro de 2016, DISPONIBILIZADO NO DJ ELETRÔNICO EMENTA / ACORDÃO; em 02 de Dezembro de 2016, PUBLICADO EMENTA / ACORDÃO EM 02/12/2016; (...)TRANSITADO EM JULGADO EM 10/03/2017; em 13 de Março de 2017, BAIXA DEFINITIVA PARA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO; em 07 de Abril de 2017, ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL DOS AUTOS AO DR. WAGNER MUNDIM RIBEIRO OAB/DF 14.760. Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: Base de Cálculo. Certidão gerada via internet com validade de 30 dias corridos. Esta certidão pode ser validada no site do STJ com os seguintes dados: Número da Certidão: 2015397 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 5 4 CPC/73, que firmou, para efeito de recurso repetitivo a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", conforme ementa abaixo: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, § 2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto Código de Segurança: 6250.8B72.58DF.245E Data de geração: 17 de Outubro de 2017, às 08:48:06 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 6 5 sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e § 1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 7 6 n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 8 7 das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (STJ REsp: 1144469 PR 2009/01124142, Redator: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 10/08/2016, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 02/12/2016) Como se sabe, nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, na redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Assim, aqui deve ser obrigatoriamente adotado o entendimento acima do STJ, proferido no Recurso Especial nº 1144469/PR, transitado em julgado em 13/03/2017 sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, rejeitandose a argumentação da recorrente em sentido contrário. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido de forma favorável à tese da ora recorrente no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de sua reprodução no presente julgamento. Nesse mesmo sentido foi decidido recentemente pelo CARF nos julgados abaixo: Processo nº 19515.000094/200720 Acórdão nº 3201003.084– 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de agosto de 2017 Relator: Marcelo Giovani Vieira (...) VOTO (...) Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10935.904106/201239 Acórdão n.º 3402004.738 S3C4T2 Fl. 9 8 Pelo contrário, o STJ, no Resp 114469/PR decidiu, no regime de recursos repetitivos, com trânsito em julgado em 13/03/2017, que o ICMS integra as bases de cálculo do Pis e da Cofins. O STF decidiu de forma diferente, no RE 574.706, em repercussão geral, porém o processo ainda não é definitivo, não sendo vinculante para os colegiados do Carf, nos termos do §2º do art. 625 do Ricarf. Com efeito, é possível que o STF module os efeitos da decisão. Pelo exposto, voto pelo desprovimento do recurso voluntário quanto aos ajustes na base de cálculo. (...) Processo nº 10980.900996/201183 Acórdão nº 3302004.500 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Relatora: Lenisa Prado Redator designado: Walker Araújo (...) VOTO VENCEDOR (...) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. (...) Assim, pelo exposto acima, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito creditório decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 65DF CARF MF
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Numero do processo: 11065.100043/2006-50
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 19 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
PIS. CONCEITO DE INSUMO.
O termo insumo utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracteriza-se como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais.
No caso julgado, não são exemplos de insumos os gastos com o tratamento de resíduos industriais.
Numero da decisão: 9303-005.613
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Vanessa Marini Cecconello.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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INSUMOS Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado H. KUNTZLER & CIA. LTDA. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 PIS. CONCEITO DE INSUMO. O termo “insumo” utilizado pelo legislador na apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins denota uma abrangência maior do que MP, PI e ME relacionados ao IPI. Por outro lado, tal abrangência não é tão elástica como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e as despesas necessárias à atividade da empresa. Sua justa medida caracterizase como o elemento diretamente responsável pela produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este elemento não entre em contato direto com os bens produzidos, atendidas as demais exigências legais. No caso julgado, não são exemplos de insumos os gastos com o tratamento de resíduos industriais. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama, Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran) e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. Manifestou intenção de apresentar declaração de voto a conselheira Vanessa Marini Cecconello. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 10 00 43 /2 00 6- 50 Fl. 308DF CARF MF 2 Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, Charles Mayer de Castro Souza, Andrada Márcio Canuto Natal, Luiz Augusto do Couto Chagas, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen. Ausente, justificadamente, a Conselheira Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto tempestivamente pela Procuradoria da Fazenda Nacional PFN contra o Acórdão nº 3301002.523, de 11/12/2014, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF, que fora assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 o conceito de insumos para efeito de PIS e COFINS deve se relacionar aos gastos, em bens e/ou serviços, utilizados no processo produtivo, sem os quais a produção da empresa seria inviabilizada, e com isso não haveria geração de receitas. No caso concreto, a única despesa/custo passível de aproveitamento é relacionada ao crédito do Tratamento de Resíduos Industriais, decorrente de exigência legal. Recurso Voluntário provido parcialmente. No recurso especial, a PFN insurgese contra a aceitação, no acórdão recorrido, de créditos da não cumulatividade do PIS/Pasep em relação ao tratamento de resíduos industriais e equipamentos de proteção individual. Visando comprovar a divergência, apresentou, como paradigmas, os Acórdãos nº 3402001.088 e nº 20219.127. O recurso especial da Fazenda Nacional foi admitido através do despacho de fls. 292/294. E as contrarrazões da contribuinte encontramse anexadas às fls. 298/306. É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Presentes os demais requisitos de admissibilidade, entendemos que o recurso especial interposto pela PFN deve ser conhecido. Fl. 309DF CARF MF Processo nº 11065.100043/200650 Acórdão n.º 9303005.613 CSRFT3 Fl. 309 3 Com efeito, enquanto o acórdão recorrido aplicou o conceito intermediário de insumos, de molde a permitir o creditamento sobre alguns gastos realizados pela contribuinte, o segundo paradigma, o Acórdão de nº 20219.127, aplicou o conceito mais estrito, nos moldes em que adotado nos atos normativos expedidos pela RFB. Conhecido, passamos à análise do mérito do litígio. Depois de longos debates, passamos a adotar, para o conceito de insumos do PIS/Cofins no regime da não cumulatividade, o entendimento hoje majoritário que, entre outras decisões, se encontra encartado no voto proferido pelo il. Conselheiro Henrique Pinheiro Torres, nos autos do processo administrativo n.º 11065.101271/200647 (Acórdão 3ª Turma/CSRF nº 930301.035, sessão de 23/10/2010), daí por que passamos a transcrever os seus fundamentos e adotálos como razão de decidir. Eilos: A questão que se apresenta a debate diz respeito à possibilidade ou não de se apropriar como crédito de PIS/Pasep dos valores relativos a custos com combustíveis, lubrificantes e com a remoção de resíduos industriais. O deslinde está em se definir o alcance do termo insumo, trazido no inciso II do art. 3º da Lei 10.637/2002. A Secretaria da Receita Federal do Brasil estendeu o alcance do termo insumo, previsto na legislação do IPI (o conceito trazido no Parecer Normativo CST n° 65/79), para o PIS/Pasep e a para a Cofins não cumulativos. A meu sentir, o alcance dado ao termo insumo, pela legislação do IPI não é o mesmo que foi dado pela legislação dessas contribuições. No âmbito desse imposto, o conceito de insumo restringese ao de matériaprima, produto intermediário e de material de embalagem, já na seara das contribuições, houve um alargamento, que inclui até prestação de serviços, o que demonstra que o conceito de insumo aplicado na legislação do IPI não tem o mesmo alcance do aplicado nessas contribuições. Neste ponto, socorrome dos sempre precisos ensinamentos do Conselheiro Júlio Cesar Alves Ramos, em minuta de voto referente ao Processo n° 13974.000199/2003 61, que, com as honras costumeiras, transcrevo excerto linhas abaixo: Destarte, aplicada a legislação do ao caso concreto, tudo o que restaria seria a confirmação da decisão recorrida. Isso a meu ver, porém, não basta. É que, definitivamente, não considero que se deva adotar o conceito de industrialização aplicável ao IPI, assim como tampouco considero assimilável a restritiva noção de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem lá prevista para o estabelecimento do conceito de ‘insumos’ aqui referido. A primeira e mais óbvia razão está na completa ausência de remissão àquela legislação na Lei 10.637. Em segundo lugar, ao usar a expressão ‘insumos’, claramente estava o legislador do PIS ampliando aquele conceito, tanto que ai incluiu ‘serviços’, de nenhum modo enquadráveis como Fl. 310DF CARF MF 4 matérias primas, produtos intermediários ou material de embalagem. Ora, uma simples leitura do artigo 3º da Lei 10.637/2002 é suficiente para verificar que o legislador não restringiu a apropriação de créditos de PIS/Pasep aos parâmetros adotados no creditamento de IPI. No inciso II desse artigo, como asseverou o insigne conselheiro, o legislador incluiu no conceito de insumos os serviços contratados pela pessoa jurídica. Esse dispositivo legal também considerou como insumo combustíveis e lubrificantes, o que, no âmbito do IPI, seria um verdadeiro sacrilégio. Mas as diferenças não param aí, nos incisos seguintes, permitiuse o creditamento de aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa, máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado etc. Isso denota que o legislador não quis restringir o creditamento do PIS/Pasep as aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e ou material de embalagens (alcance de insumos na legislação do IPI) utilizados, diretamente, na produção industrial, ao contrário, ampliou de modo a considerar insumos como sendo os gastos gerais que a pessoa jurídica precisa incorrer na produção de bens ou serviços por ela realizada. Vejamos o dispositivo citado: [...]As condições para fruição dos créditos acima mencionados encontramse reguladas nos parágrafos desse artigo. Voltando ao caso dos autos, os gastos com aquisição de combustíveis e com lubrificantes, junto à pessoa jurídica domiciliada no pais, bem como as despesas havidas com a remoção de resíduos industriais, pagas a pessoa jurídica nacional prestadora de serviços, geram direito a créditos de PIS/Pasep, nos termos do art. 3º transcrito linhas acima. Com essas considerações, voto no sentido de negar provimento ao recurso apresentado pela Fazenda Nacional. (grifamos) Passemos ao caso concreto. A Câmara baixa reconheceu o crédito de PIS/Cofins sobre os gastos com o tratamento de resíduos industriais e com os equipamentos de proteção individual. A contribuinte dedicase à atividade de fabricação de calçados. Para tanto, sustenta ser obrigada, por lei, a fazer tratamento de seus resíduos industriais, o que faz através da contratação de empresa especializada. Ora, o fato de ser obrigada, por lei, a fazer o adequado tratamento de seus resíduos industriais – muitas outras obrigações legais têm as pessoas jurídicas, nem por isso podem se enquadrar como insumos –, não acarreta, por consequência lógica inarredável, o creditamento sobre os gastos assim realizados. Ainda que não se aplique, no conceito de insumos, o próprio da legislação do IPI, não se pode adotar, como regra, aquele que alcance gastos só efetuados após a conclusão do processo produtivo, dado que não aplicados ou Fl. 311DF CARF MF Processo nº 11065.100043/200650 Acórdão n.º 9303005.613 CSRFT3 Fl. 310 5 consumidos na produção ou na fabricação de seus produtos. Insumo, é até desnecessário enfatizar, só pode ser, como regra, aquilo que vem antes, não depois de concluído o processo. Ante o exposto, conheço do recurso especial e, no mérito, doulhe provimento, a fim de excluir o creditamento sobre os gastos realizados com o tratamento de resíduos industriais. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 312DF CARF MF 6 Declaração de Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação do que pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de PIS e de COFINS, em especial em relação aos gastos da empresa com o tratamento de resíduos industriais, ponto ao qual se restringirá a presente declaração de voto. Com a devida vênia ao bem fundamentado voto do Ilustre Conselheiro Relator, ousouse divergir em parte de seu posicionamento. Embora se tenha como premissa comum o conceito de insumos, houve discordância em relação aos gastos com tratamento de resíduos industriais efetuados pela empresa. Para melhor compreensão das razões que levaram esta Conselheira a considerar como devidos os créditos de PIS e COFINS decorrentes dos gastos com o tratamento de resíduos industriais, explicase inicialmente o conceito de insumos adotado. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda. O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e Fl. 313DF CARF MF Processo nº 11065.100043/200650 Acórdão n.º 9303005.613 CSRFT3 Fl. 311 7 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotar se o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário Fl. 314DF CARF MF 8 brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processo no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço Fl. 315DF CARF MF Processo nº 11065.100043/200650 Acórdão n.º 9303005.613 CSRFT3 Fl. 312 9 especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na Fl. 316DF CARF MF 10 legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifou se) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo Fl. 317DF CARF MF Processo nº 11065.100043/200650 Acórdão n.º 9303005.613 CSRFT3 Fl. 313 11 e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica que se dedica à fabricação de calçados destinados, em sua maioria, ao exterior. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, fica obrigada a atender rígidas normas ambientais, devendo proceder ao tratamento de resíduos industriais, por meio da contratação de empresa especializada. Referida obrigação guarda caráter de essencialidade com o processo produtivo, pois sem o adequado tratamento dos resíduos industriais, a produção seria inviabilizada mediante embargo do órgão ambiental competente. Nessa perspectiva, admitiuse o crédito de PIS e COFINS para o Sujeito Passivo dos gastos incorridos com o tratamento de resíduos industriais. Não se está admitindo que quaisquer gastos incorridos na produção pela pessoa jurídica possam ser considerados como insumos, mas atendendo ao critério da necessidade/essencialidade, no caso em apreço, entendeuse caracterizado como insumo o tratamento de resíduos industriais. Diante do exposto, negouse provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 318DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13681.000115/2007-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/07/2006
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65.
Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65).
Numero da decisão: 2202-004.246
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Marco Aurélio de Oliveira Barbosa - Presidente.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto.
Nome do relator: MARCO AURELIO DE OLIVEIRA BARBOSA
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RESPONSABILIDADE PESSOAL DO DIRIGENTE DE ÓRGÃO PÚBLICO. INAPLICABILIDADE. SÚMULA CARF Nº 65. Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige (Súmula CARF nº 65). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Presidente. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Marco Aurélio de Oliveira Barbosa, Cláudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Waltir de Carvalho, Dílson Jatahy Fonseca Neto, Virgílio Cansino Gil, Rosy Adriane da Silva Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Martin da Silva Gesto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 68 1. 00 01 15 /2 00 7- 17 Fl. 223DF CARF MF 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 19515.001700/200813. "Tratase de recurso voluntário interposto contra o acórdão de Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, que manteve a cobrança do crédito tributário. O Auto de Infração foi lavrado por descumprimento de obrigação acessória verificada durante ação fiscal realizada em órgão público. A autuação ocorreu em nome do sujeito passivo, na condição de dirigente de órgão público, por força do disposto no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, vigente à época dos fatos geradores. O recorrente tomou ciência do lançamento e apresentou defesa, entretanto, a primeira instância de julgamento manteve a autuação. Inconformado com a decisão, o sujeito passivo apresentou recurso voluntário ao CARF, onde alega a improcedência da autuação. É o relatório." Voto Conselheiro Marco Aurélio de Oliveira Barbosa – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 2202004.158, de 03/10/2017, proferido no julgamento do processo 19515.001700/200813, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 2202004.158): "O recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. O lançamento em questão foi efetuado contra o dirigente do órgão público com base no art. 41 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, que, à época dos fatos geradores, estabelecia: Art. 41. O dirigente de órgão ou entidade da administração federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal, responde pessoalmente pela multa aplicada por infração de dispositivos desta Lei e do seu regulamento, sendo obrigatório o respectivo desconto em folha de pagamento, mediante requisição dos órgãos competentes e a partir do primeiro pagamento que se seguir à requisição. Fl. 224DF CARF MF Processo nº 13681.000115/200717 Acórdão n.º 2202004.246 S2C2T2 Fl. 3 3 Contudo, o dispositivo transcrito foi revogado pela Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, não mais se aplicando, contra dirigente de órgão público, a penalidade por descumprimento de obrigação acessória. Sobre a matéria, a Súmula CARF nº 65 dispõe o seguinte: Inaplicável a responsabilidade pessoal do dirigente de órgão público pelo descumprimento de obrigações acessórias, no âmbito previdenciário, constatadas na pessoa jurídica de direito público que dirige. Em função disso, aplicase ao caso, a retroatividade benigna de que trata a alínea “c” do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional CTN): Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: [...] II tratandose de ato não definitivamente julgado: [...] c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifei) Portanto, o lançamento em questão deve ser cancelado. Conclusão Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Rosy Adriane da Silva Dias Relator" Pelo exposto, voto por CONHECER do recurso para, no mérito, DARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Marco Aurélio de Oliveira Barbosa Fl. 225DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10580.733397/2011-51
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Ano-calendário: 2006, 2007, 2008
CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA
Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO.
O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendo-se pela lei então vigente.
É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição.
Numero da decisão: 2201-004.008
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negar-lhe provimento. Vencida a Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz, que dava provimento ao recurso.
(assinado digitalmente)
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Relator.
EDITADO EM: 22/11/2017
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO DO AMARAL AZEREDO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Ano-calendário: 2006, 2007, 2008 CRÉDITO TRIBUTÁRIO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO. O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendo-se pela lei então vigente. É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição.
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SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE. DECISÃO JUDICIAL. MULTA DE OFÍCIO. JUROS DE MORA Não identificada imposição judicial que impeça o fisco de cumprir o seu mister, não há que se falar em suspensão da exigibilidade do tributo, tampouco pretender afastar a multa de ofício pelo descumprimento da legislação tributária. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. BOLSA DE ESTUDOS A DEPENDENTE DE FUNCIONÁRIO. O lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendose pela lei então vigente. É devida a incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título de bolsa de estudo aos dependentes de funcionários, por inexistência, na época da ocorrência do fato gerador, de previsão legal que excluísse tal rubrica do conceito de salário de contribuição. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em conhecer do recurso voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. Vencida a Conselheira Ana Cecília Lustosa da Cruz, que dava provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Carlos Henrique de Oliveira Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 58 0. 73 33 97 /2 01 1- 51 Fl. 245DF CARF MF 2 Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator. EDITADO EM: 22/11/2017 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Ausentes os Conselheiros Dione Jesabel Wasilewski e Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório Relatório O presente processo trata de Autos de Infração referentes às contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, apuradas no período de 06/2006 a 12/2008. No relatório fiscal de fl. 19 a 34, é possível concluir que, do procedimento fiscal, resultaram os seguintes lançamentos: 37.330.4374 – relativo à contribuição devida pela empresa, inclusive para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho (GILRAT), incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados professores, com valor consolidado em dezembro de 2011 de R$ 433.511,40, controlado no processo 10580.733394/201117 37.330.4382 – relativo à contribuição incidente sobre a remuneração de segurados empregados professores, com valor consolidado em dezembro de 2011 de R$ 64.639,46, também controlado no processo 10580.733394/201117; 37.330.4390 relativo à contribuição devida a outras entidades e fundos, incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados professores, controlado no processo 10580733.395/201161; 37.330.4447 relativo à contribuição devida pela empresa, inclusive para financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais de trabalho (GILRAT), incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados não professores, controlado no processo 10580.733396/201114; 37.330.4455 relativo à contribuição incidentes sobre a remuneração de segurados empregados não professores, controlado no processo 10580.733396/201114; 37.330.4463 relativo à contribuição devida a outras entidades e fundos, incidente sobre a remuneração paga a segurados empregados não professores, controlado no presente processo; 51.013.3320 relativo a descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa deixado de incluir nas folhas de pagamento parte da remuneração paga aos segurados empregados, controlado no processo 10580733.398/201103; 51.013.3339 relativo a descumprimento de obrigação acessória, por ter a empresa deixado de arrecadar, mediante desconto das remuneração, parte das contribuições devidas pelo empregado, controlado no processo 10580733.398/201103. Fl. 246DF CARF MF Processo nº 10580.733397/201151 Acórdão n.º 2201004.008 S2C2T1 Fl. 246 3 Assim, merece ser destacado que a presente análise está restrita aos DEBCAD 37.330.4447 e 37.330.4455 . Em apertada síntese, os lançamentos decorrem da constatação de que a fiscalizada pagava, mensalmente, a seus empregados, remunerações indiretas concedidas sob a forma de bolsas de estudo a dependentes, as quais, a despeito de serem, nos casos dos professores, previstas em Convenções Coletivas de Trabalho, foram consideradas pelo Agente Fiscal como integrantes do salário de contribuição para fins de apuração dos tributos previdenciários. Conforme se verifica em fl. 45/46, o início do procedimento fiscal foi cientificado ao contribuinte em 26 de outubro de 2010, tendo sido exarada, em 05 de novembro de 2010, decisão judicial no MS 3717423.2010.04.01.3300, que resultou na suspensão das exigências fiscais objeto dos lançamentos tratados nos processos 10580.733394/201117 e 10580.733395/201161, não alcançado os débitos controlados no presente processo. Para fins de contagem do prazo decadencial, foi aplicado o art. 173, inciso I, do CTN, por ter o Agente Fiscal considerado a ocorrência de sonegação, nos termos do art. 71 da Lei 4.501/64. Ademais, foi imputada sujeição passiva solidária ao Centro Escolar Aquarius Ltda, CNPJ 08.517.894/000101, em relação aos créditos tributários lançados nos processos 10580.733396/201117 e 10580.733398/201103, por restar caracterizada a existência de Grupo Econômico, em razão constatação de direção, controle ou administração exercida pelos mesmos administradores e por serem as empresas interligadas, utilizando, alternada e concomitantemente, os mesmo empregados, possuindo o mesmo objeto social e estrutura organizacional. Ciente da imputação fiscal em 07 de dezembro de 2011, conforme fl. 2, inconformado, o contribuinte apresentou, tempestivamente, a impugnação de fl. 61 a 79, a qual foi assim relatada pela Autoridade recorrida, fl. 142/143: 3. Cientificada dos Autos de Infração em 07/12/2011, vide fls.02, a Autuada apresentou, em 27/12/2011, a impugnação de fl. 61/79, em que alega: 3.1. Não incidem contribuições previdenciárias sobre os valores de Bolsa de Estudos destinados à educação de filhos de seus empregados, sejam professores ou não, e tampouco há que se falar em incidência de contribuições para Outras Entidades (Terceiros). 3.2. Defende que deve prevalecer na análise da presente lide o art. 458, § 2º, II da Consolidação das Leis do Trabalho, que dispõe que não se enquadra no conceito de salário o fornecimento de educação pelo empregador, seja em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros (compreendendo os valores relativos a matrícula, mensalidade, anuidade, livros e material didático), mormente porque tal redação, introduzida pela Lei 10.243/2001, é posterior à Lei 8.212/1991 (cuja definição de salário de contribuição é mais abrangente que a CLT), a qual resta derrogada nesta questão, Fl. 247DF CARF MF 4 nos termos do art. 2º, § 1º do DecretoLei 4.657/1942 (Lei de Introdução ao Código Civil). 3.3. Apresenta variados excertos jurisprudenciais e doutrinários, invocando também a Lei 11.096/2005, que instituiu o PROUNI – Programa Universidade para Todos, realçando o caráter assistencial das Bolsas de Estudo. 3.4. Protesta pela impossibilidade de autuação, por conta da liminar deferida no Mandado de Segurança 3717423.2010.4.01.3300, cuja amplitude de efeitos foi ampliada através de Embargos Declaratórios. defende que todos os AIOP e AIOA lavrados na ação fiscal em questão constituem desobediência ao determinado em Juízo e, por conta da suspensão da exigibilidade do crédito tributário sob análise, não há que se falar em aplicação de multa pelo descumprimento da obrigação tributária principal. 3.5. Finda pedindo sejam ambas as autuações julgadas totalmente improcedentes. 4. Foram juntados com a defesa, às fls. 118/158 e 184/261, cópias dos seguintes documentos: comprovantes de capacidade postulatória; folha de rosto dos autos de infração; em relação a processo em que a autuada é parte: decisão conferindo à autuada liminar no Mandado de Segurança 3717423.2010.4.01.3300 reformada através de decisão proferida em Embargos Declaratórios, para extensão de seus efeitos sobre as contribuições dos segurados que deveriam ser retidas e recolhidas pela empresa e correspondente Agravo de Instrumento 007916315.2010.4.01.0000/BA; relativamente a processos em que a autuada não é parte:decisões proferidas pelo STF nos Recursos Extraordinários 346.0846/PR, 166.7729/RS, 116.1213/SP, decisão proferida pelo TRF4 em Apelação Cível no Processo 1998.04.01.0911872/ SC. Debruçada sobre os argumentos expressos na impugnação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro/RJ, por unanimidade de votos, concluiu pela sua improcedência, mas reconheceu, de ofício, a decadência de parte do crédito tributário lançado. As conclusões do Julgador de 1ª instância podem ser assim resumidas (Acórdão de fl. 139/150): DA ADMISSIBILIDADE DA IMPUGNAÇÃO (...) Em relação ao presente lançamento, verificase que NÃO HÁ QUE SE FALAR EM SUSPENSÃO DO CRÉDITO, constituído por contribuições para Outras entidades (Terceiros) sobre os valores de Bolsa de Estudos destinados à educação de filhos de empregados NÃO professores, haja vista não ter sido objeto da liminar proferida no Mandado de Segurança 3717423.2010.4.01.3300, já referido. Assim sendo, o presente lançamento seguirá seu curso normal, com a 'prática de todos atos inerentes às diversas fases do processo administrativo. Logo, incabível a suspensão de sua tramitação regular. Fl. 248DF CARF MF Processo nº 10580.733397/201151 Acórdão n.º 2201004.008 S2C2T1 Fl. 247 5 DA NÃO COMPROVAÇÃO DO DOLO PRAZO DECADENCIAL (...) o que se verifica no caso em apreço foi que a autoridade fiscal operou o deslocamento do termo a quo do prazo decadencial apenas com fundamento na escrituração incorreta da Folha de Pagamento e da GFIP nas competências do lançamento, abstendose de apontar qualquer outro elemento que indicasse, de forma inequívoca, que a Autuada utilizouse de ardis, de dissimulação, ou mesmo que teve a livre vontade orientada para a prática da omissão de informações relativas aos fatos geradores de contribuição previdenciária. (...) E como o lançamento, cientificado à autuada em 07/12/2011, referese a período parcialmente fulminado pela decadência (período lançado de 01/06/2006 a 31/12/2008, decadente de 01/06/2006 a 30/11/2006), a qual tem seu termo a quo definido nos termos do art. 150, § 4° do Código Tributário Nacional, declaro extintos todos os valores lançados até a competência 11/2006 (...) DOS ACRÉSCIMOS LEGAIS (...) é legítima tanto a cobrança de multa como a de juros, já que ambos consectários têm previsão legal específica. Ademais, não poderia o Auditor Fiscal deixar de aplicar os referidos acréscimos legais, em obediência ao mandamento expresso no art. 142, parágrafo único do Código Tributário Nacional.(...) Cientificada do Acórdão proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento, conforme fl. 160, tempestivamente, o contribuinte apresentou o recurso voluntário de fl. 162 a 190, no qual reitera os mesmos argumentos expressos em sede de impugnação e, ainda, suscita equívoco do julgador de 1ª instância, já que a Decisão Judicial no MS impetrado, em seu entendimento, alcançaria os débitos controlados no presente processo.. É o relatório necessário. Voto Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Por ser tempestivo e por atender as demais condições de admissibilidade, conheço do Recurso Voluntário. Do equívoco do Acórdão DRJ/RJ! 1264371, ora recorrido. Da decisão do Ilustríssimo Juiz da 4ª Vara Federal da Seção Judiciária do Estado da Bahia. Suspensão da exigibilidade do crédito tributário. Impedimento da adoção de quaisquer medidas, por parte do Fisco, voltadas à exigência/cobrança do tributo. Decisão do MS 3717423.2010.4.01.3300 que se aplica às contribuições previdenciárias incidentes sobre as bolsas de estudo concedidas aos dependente de professores e demais funcionários. Alteração da causa de pedir acolhida da decisão liminar. Fl. 249DF CARF MF 6 Insurgese a recorrente contra a conclusão da DRJ de que a decisão exarada em Mandado de Segurança não se aplicaria às autuações ora discutidas, que estão relacionadas aos funcionários não professores, limitando seus efeitos aos débitos relativos aos valores de bolsa de estudo pagas aos dependentes de seus funcionários professores. Sustenta que, embora em sua petição inicial no MS, tivesse se referido, por muitas vezes, às bolsas de estudo concedidas aos filhos de seus funcionários professores, o fez tão só para explicar que o benefício é assegurado nas Convenções Coletivas de Trabalho celebradas com o Sindicado dos Estabelecimentos de Ensino. Contudo, alega que, ao final da exordial, deixa clara sua pretensão de que "fosse declarada nula a Solução de Consulta nº 50 SRRF05/Disit, impedidose, em definitivo, que produza quaisquer efeitos". Na análise MS, o juízo entendeu ser indevida a cobrança do tributo, concedendo a liminar nos seguintes termos: Afirma que, posteriormente, tal provimento judicial foi objeto de Embargos de Declaração, em que se buscou explicar que o pleito se fundamentava em entendimento dos Tribunais de que não seria devida tributação sobre as bolsas de estudo concedidas aos dependentes de todos os seus funcionários, independentemente se serem professores ou não. Para ilustrar seus agumentos, colaciona trechos da sentença, em particular da fundamentação e do dispositivo: E ao final, concluiu: Fl. 250DF CARF MF Processo nº 10580.733397/201151 Acórdão n.º 2201004.008 S2C2T1 Fl. 248 7 Sustenta, ainda, o recorrente que já foi proferida sentença no MS em tela, na qual restou confirmada a decisão liminar e declarou a inexistência de relação jurídica válida que autorizasse a cobrança de contribuição previdenciária sobre bolsas de estudos concedidas aos dependentes de professores e demais empregados. Pelos argumentos expostos, entende a defesa que o Acórdão recorrido contraria e desrespeita a decisão judicial explicitada. Pontuadas as razões recursais, não há dúvidas de que, de fato, no curso de sua fundamentação, o juiz caminhou no sentido de estender o provimento judicial a todos os valores pagos a título de bolsa de estudos a dependentes de funcionários, independente da categoria profissional destes. Contudo, não há dúvidas, também, de que, na parte dispositiva da sentença, manteve a limitação do provimento aos valores das bolsas de estudos concedidas aos dependentes dos professores empregados, alargando o alcance da decisão embargada para que alcançasse, também, as contribuições que seriam devidas pelos empregados, recolhidas pela recorrente na condição de responsável. Temos, ainda, que a sentença suspendeu em relação à impetrante, os efeitos da Solução de Consulta nº 50 SRRF05/Disit. Assim, vejamos o que foi objeto de tal Consulta, que foi formulada nos autos do processo administrativo nº 18050.002656/200983: Fl. 251DF CARF MF 8 Solucionado a controvérsia, foi exarada a Solução de Consulta nº 50 SRRF05/Disit, que assim concluiu: Já em relação à alegada confirmação em sentença da liminar concedida no MS, a qual foi exarada em 30 de abril de 2012, a consulta disponível no sítio da Justiça Federal na Internet aponta para um conteúdo diverso do que afirma a defesa, senão, vejamos: Fl. 252DF CARF MF Processo nº 10580.733397/201151 Acórdão n.º 2201004.008 S2C2T1 Fl. 249 9 Portanto, tendo em vista que é a parte dispositiva da sentença que é alcançada pelo marco processual do trânsito em julgado, corretos o julgador de 1ª Instância e a Autoridade Lançadora ao entenderem que os efeitos do provimento judicial não alcançam os valores relacionados aos pagamento de bolsas de estudos aos funcionários não professores. Não incidência de contribuição sociais destinadas ao FNDE, INCRA e SEBRAE sobre bolsas de estudo concedidas pelo empregador aos dependentes do empregado. Conceito de salário. Natureza assistencial do benefício. Necessidade de reforma da decisão recorrida. Alega a defesa que equivocase a decisão recorrida ao considerar que integra o conceito de salário de contribuição o valor concedido aos seus funcionários a título de bolsas de estudo, afirmando que a não incidência de contribuições sociais sobre tais verbas e ratificada por entendimento corrente no poder judiciário e no CARF, além de vir se fortalecendo no âmbito do Legislativo. Após analisar diversos preceitos legais e indicar alguns precedentes judiciais e manifestações doutrinárias, afirma que a amplitude dos institutos envolvidos no art. 195, inciso I da CF/88 deve ser limitada mediante interpretações lastreadas em institutos do direito privado e que, no caso do conceitos de salário, este deve ter seu alcance extraído do Direito do Trabalho, em particular da própria Consolidação das Leis Trabalhistas, que, em seu art. 458, exclui do conceito de salário a educação, em estabelecimento de ensino próprio ou de terceiros. Sustenta que a Lei 8.212/91 amplia tal conceito para abarcar toda e qualquer quantia paga pelo empregador ao empregado, independentemente de estar relacionada ou não à atividade labora. Aduz que tal incompatibilidade deve ser resolvida mediante simples análise da evolução das normas, devendo o conceito contido na 8.212/91 ser considerado revogado pelo preceito da CLT, já que decorre de legislação posterior. Com isso, conclui que não pode incidir contribuição previdenciária sobre parcelas não consideradas como salário nos termos definidos pela CLT, razão pela qual não deverá incidir contribuições previdenciárias sobre benefícios concedidos pelo empregados ao empregado, dente os quais o auxílio à educação. Após longa argumentação e citações de precedentes judiciais, o recorrente noticia a tramitação de Projeto de Lei do Senado Federal que propõe a alteração da lei 8.212/91 para excluir do conceito de salário de contribuição o valor de bolsa concedida a filho ou enteado de professos do próprio estabelecimento de ensino. Por fim, ressalta que, embora inexista na legislação atual previsão expressa de que as contribuições sociais não devam incidir sobre as bolsas de estudo concedidas aos filhos dos empregados, nada impede que seja aplicado este entendimento no caso concreto, já que a interpretação da legislação tributária devese fundamentar na primazia da realidade e, no caso em tela, o valor em discussão não tem natureza de contraprestação do trabalho. Resumidas as razões da defesa, temse que a conclusão do próprio recorrente sobre a inexistência de comando legal expresso que exclua da incidência do tributo previdenciário o valor das bolsas de estudos destinadas a filhos de seus empregados, já seria suficiente ao não provimento do recurso nesta matéria. Fl. 253DF CARF MF 10 Não obstante, relevantes que tratemos o tema com um pouco mais de detalhes, em particular em relação à alegada incompatibilidade entre a CLT e a lei 8.212/91. O art. 458 da CLT trata de salário no sentido de remuneração do trabalhador (o que se recebe em contrapartida do trabalho correspondente ao somatório de salário base e demais vantagens contratualmente estipuladas), não se confundindo com o salário de contribuição tratado pela lei 8.212/96, que trata do valor sobre o qual incidirá contribuição previdenciária. Tais conceitos também não se confundem com os de Salário Base, que é o valor declarado pelo contribuinte individual e facultativo como base de cálculo de sua contribuição, bem assim com o do Salário Benefício, que está relacionado ao valor do benefício a ser recebido pelo segurado. Assim, tratandose de conceitos diversos, não há que se buscar contrapor os respectivos conteúdos como se tratassem da mesma coisa, tampouco há como se reconhecer a revogação de um pelo outro. Notase que a notícia de tramitação de Projeto de Lei excluindo do salário de contribuição o valor das bolsas de estudo destinadas aos filhos de professores já é um indicativo de que, como regra, sobre esta rubrica deve incidir contribuição previdenciária. Além disso, ainda que a iniciativa da recorrente em conceder o benefício aos dependentes de seus funcionários seja absolutamente louvável, não podemos deixar de observar que, nos termos da Constituição Federal, é direito do trabalhador a percepção de salário que, em seu patamar mínimo, seja capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social. ( At. 7º, Inciso I da CF/88); Assim, embora, em algumas casos, possamos identificar algum conteúdo beneficente em uma despesa, é certo que os valores relativos ao custeio da educação própria do empregado e do seu familiar, como regra, tem relação com o que este recebe em contrapartida pelo seu labor, importando, no caso em tela, verdadeiro salário indireto que acaba por influenciar a decisão do trabalhador no momento de buscar colocação no mercado de trabalho. Considerar de forma diversa seria abrir um precedente para que, em situações extremas, todas as necessidades que a CF prevê que deveriam ser consideradas na fixação do salário possam ser pagas sob o manto de uma verba assistencial, sem qualquer lastro previdenciário, seja como benefício ao trabalhador no momento da aposentadoria, seja como base para fixação da contribuição devida pelo próprio empregado e pelo seu empregador. Assim, dado ao caráter salarial indireto do benefício em tela, é forçoso concluir como devida a incidência da contribuição previdenciária, remanescendo, exclusivamente, a possibilidade de isenção da rubrica a partir de expressa previsão legal. Nestes termos, importante rememorar os termos da alíne "t" do § 9º do art. 28 da Lei 8.212/66, com a redação vidente à época da ocorrência dos fatos geradores ora sob análise. § 9º Não integram o saláriodecontribuição para os fins desta Lei, exclusivamente: (...) t) o valor relativo a plano educacional que vise à educação básica, nos termos do art. 21 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro Fl. 254DF CARF MF Processo nº 10580.733397/201151 Acórdão n.º 2201004.008 S2C2T1 Fl. 250 11 de 1996, e a cursos de capacitação e qualificação profissionais vinculados às atividades desenvolvidas pela empresa, desde que não seja utilizado em substituição de parcela salarial e que todos os empregados e dirigentes tenham acesso ao mesmo; (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). Como se vê, a exclusão da incidência do tributo previdenciário estava restrita aos benefícios concedidos aos empregado e dirigentes. Com a nora redação dada pela Lei 12.513/11, indiscutivelmente, a exclusão em tela restou ampliada, passando a alcançar os valores de bolsas de estudos que visem à educação básica de empregados e seus dependentes, nos seguintes termos: t) o valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica de empregados e seus dependentes e, desde que vinculada às atividades desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados, nos termos da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e: (Redação dada pela Lei nº 12.513, de 2011) 1. não seja utilizado em substituição de parcela salarial; e (Incluído pela Lei nº 12.513, de 2011) 2. o valor mensal do plano educacional ou bolsa de estudo, considerado individualmente, não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do limite mínimo mensal do saláriodecontribuição, o que for maior; Uma leitura rápida da nova redação da alínea "t", em particular em razão do estabelecimento de limites para gozo do benefício, é suficiente para excluir a possibilidade de se atribuir caráter interpretativo ao novo preceito, o que impede sua aplicação retroativa, nos termos do inciso I di art, 106 do CTN. Ademais, a Lei 12.513/2011 é fruto do Projeto de Lei nº 78/2011, em cuja explicação da ementa consta que um de seus objetos seria incluir entre as hipóteses que não integram o saláriodecontribuição os valores relativos a plano educacional ou bolsa de estudo que vise à educação básica de empregado e seus dependentes, vinculadas às atividades da empresa, a educação profissional e tecnológica de empregados. Portanto, considerando que o art. 111, inciso II da Lei 5.172/66(CTN) impede interpretação ampliativa das normas que estabelecem isenção; considerando que o lançamento se reporta à data da ocorrência do fato gerador da obrigação, regendose pela lei então vigente,; considerando, ainda, como bem fixado pela própria defesa, que no momento da ocorrência do fato gerador dos tributos ora em discussão não havia previsão legal expressa para não incidência da contribuição previdenciária sobre os valores pagos a título bolsa de estudo aos dependentes de seus funcionários não professores, entendo que não há reparos a serem feitos na decisão recorrida. Da impossibilidade de lançamento de multa por descumprimento de obrigação tributária principal. Crédito tributário com exigibilidade suspensa. Fl. 255DF CARF MF 12 Sustenta o recorrente que não pode subsistir o lançamento da multa aplicada em razão do descumprimento da obrigação principal do tributo. Alega que, se há um obstáculo para a produção dos efeitos da regra matriz de incidência tributária das contribuições sociais previdenciárias, não há que se falar em obrigação referente ao inadimplemento do tributo, não há que se falar em descumprimento da norma. Não identifico no presente caso qualquer limitação à aplicação da penalidade de ofício, já que, como já tratado em tema específico, não há provimento judicial que alcance os pagamentos de bolsa de estudos efetuados aos dependente de funcionários que não sejam professores. Assim, corretas as conclusões do Julgador de 1ª Instância. Conclusão: Assim, tendo em vista tudo que conta nos autos, bem assim na descrição e fundamentos legais que constam do presente, voto por conhecer do Recurso Voluntário e, no mérito, negarlhe provimento. Carlos Alberto do Amaral Azeredo Relator Fl. 256DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11020.720640/2007-01
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jul 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2005
ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama.
ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE.
Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
Numero da decisão: 9202-005.687
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Redator Designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado).
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2005 ITR. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental - ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel.
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ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A partir do exercício de 2001, tornouse requisito para a fruição da redução das áreas de preservação permanente da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural a apresentação de Ato Declaratório Ambiental ADA, protocolizado junto ao Ibama. ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO COM BASE NO SISTEMA DE PREÇOS DE TERRAS (SIPT). VALOR MÉDIO COM APTIDÃO AGRÍCOLA. POSSIBILIDADE. Resta imprestável o arbitramento do VTN, com base no SIPT, quando da inobservância ao requisito legal de consideração de aptidão agrícola para fins de estabelecimento do valor do imóvel. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare, vencidos os conselheiros Ana Paula Fernandes, Patrícia da Silva, João Victor Ribeiro Aldinucci e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Heitor de Souza Lima Júnior. Ausente, momentaneamente, a conselheira Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, substituída pelo conselheiro Mário Pereira de Pinho Filho. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 72 06 40 /2 00 7- 01 Fl. 202DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes – Relatora (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Redator Designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e João Victor Ribeiro Aldinucci (Suplente convocado). Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 2201001.524, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 2ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase o presente processo de Notificação de Lançamento da exigência do Imposto Territorial Rural ITR, relativo ao exercício de 2005, no valor total de R$ 48.643,09, incidente sobre o imóvel rural denominado "Fazenda Pinhão", com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 2.069.4482, localizado no município de São Francisco de Paula/RS. O Contribuinte apesentou impugnação, à fl. 35/52. A DRJ de Campo Grande julgou, integralmente, procedente o lançamento, fls. 103/114. O Contribuinte apresentou Recurso Voluntário, fls. 121/139, no qual rebate, em síntese, a prescindibilidade do ADA, reforçando a argumentação já feita anteriormente. A 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 142/148, DEU PROVIMENTO EM PARTE ao Recurso Ordinário, para restabelecer a área declarada a título de reserva legal equivalente a 146,5 ha, considerar 117,90ha a título de área de preservação permanente e restabelecer o valor do VTN declarado. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2005 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. A Área de Preservação Permanente identificada pelos parâmetros definidos no artigo 2º do Código Florestal, com a redação dada pela Lei 7.803, de 1989, deve ser devidamente Fl. 203DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 203 3 comprovada pelo sujeito passivo para permitir sua exclusão da área tributável pelo ITR. VALOR DA TERRA NUA. ARBITRAMENTO. O VTN médio extraído do SIPT, obtido com base nos valores informados na DITR, não pode ser utilizado para fins de arbitramento, pois notoriamente não atende ao critério da capacidade potencial da terra. O arbitramento deve ser efetuado com base nos valores fornecidos pelas Secretarias Estaduais ou Municipais e nas informações disponíveis nos autos em relação aos tipos de terra que compõem o imóvel. MULTA DE OFÍCIO INCONSTITUCIONALIDADE. O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). Às fls. 150/179, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial por divergência em relação aos seguintes pontos: 1. Necessidade de apresentação tempestiva do ADA os acórdãos, recorrido e paradigmas, partem de premissas fáticas idênticas, tendo em vista que todos discutem lançamentos relativos ao ITR de exercícios posteriores ao advento da Lei nº 10.165/2000, que alterou a redação do art. 17O, da Lei nº 6.938/81, para chegar a conclusões distintas. Enquanto o acórdão impugnado defende que, para a isenção do ITR sobre áreas de reserva legal e de preservação permanente, é possível dispensar a apresentação do ADA, com base no art. 17O da Lei nº 6.938/81, os acórdãos paradigmas, também tendo por base o mesmo dispositivo legal, entendem que a comprovação da existência da área de reserva legal e de preservação permanente por meio do ADA se tornou indispensável a partir do exercício de 2001 (com a vigência da Lei nº 10.165/2000). 2. Aceitação do desdobramento da área de 264,4 hectares, declarada como de Reserva Legal, em 146,5 hectares de Área de Reserva Legal e 117,9 hectares de Área de Preservação Permanente, com fundamento em erro de fato – o acórdão recorrido admitiu o erro de fato do Contribuinte ao informar a área de reserva legal em discrepância com a decisão do acórdão paradigma, que inadmitiu o erro de fato para possibilitar a isenção do ITR. 3. Possibiliade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR no acórdão paradigma, diante da falta de apresentação pelo contribuinte de laudo técnico apto a confirmar o VTN declarado, mantevese o arbitramento do VTN efetuado pela autoridade fiscal com base nas informações do SIPT, o qual, naquele caso, havia sido apurado a partir das médias das DITRs apresentadas no município. Patente, portanto, a divergência jurisprudencial. Enquanto no acórdão paradigma nº 2102 01.664 manteve se o lançamento de ITR em que o arbitramento do VTN foi efetuado com base na média das DITRs do município, no acórdão recorrido cancelou se a autuação sob o argumento de que o arbitramento não pode ser feito com base no preço médio de terra para pastagem, informada pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA). E mais, o paradigma, ao referir se à necessidade de que o laudo técnico de avaliação produzido pelo contribuinte atenda às normas técnicas da ABNT, assentou que “somente laudo técnico que analisa pormenorizadamente o imóvel rural, segundo a norma da abnt vigente na data da produção do laudo, pode contraditar o valor do sipt”. Às fls. 182/188, a 2ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO PARCIAL ao recurso especial apenas em relação às duas matérias: 1. obrigatoriedade de apresentação tempestiva do ADA, para exclusão da APP Área de Fl. 204DF CARF MF 4 Preservação Permanente e da ARL Área de Reserva Legal da tributação do ITR/2004 e 3. possibilidade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR. Devidamente intimado à fl. 198, o Contribuinte mantevese inerte, vindo os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Vencido Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase o presente processo de Notificação de Lançamento da exigência do Imposto Territorial Rural ITR, relativo ao exercício de 2005, no valor total de R$ 48.643,09, incidente sobre o imóvel rural denominado "Fazenda Pinhão", com NIRF — Número do Imóvel na Receita Federal — 2.069.4482, localizado no município de São Francisco de Paula/RS. O Acórdão recorrido deu parcial provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante à obrigatoriedade de apresentação tempestiva do ADA, para exclusão da APP Área de Preservação Permanente e da ARL Área de Reserva Legal da tributação do ITR/2004 e à possibilidade de arbitramento do VTN pelo valor médio das DITR. A questão controvertida diz respeito à exigência da averbação da área de reserva legal a época dos fatos geradores para fins de isenção do ITR. Para se dirimir a controvérsia, é importante destacar, do Imposto Territorial Rural ITR, tributo sujeito ao regime de lançamento por homologação, a sistemática relativa à sua apuração e pagamento, e para isso adoto as razões do acórdão 9202.02146, proferido pela Composição anterior da 2ª Turma da Câmara Superior, da lavra do Conselheiro Elias Sampaio Freire. Para tanto, devemos analisar a legislação aplicável ao tema e para isso transcrevo os trechos que interessam do art. 10 da Lei nº 9.393/96: Art. 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitandose a homologação posterior. § 1º Para os efeitos de apuração do ITR, considerarseá: I VTN, o valor do imóvel, excluídos os valores relativos a: a) construções, instalações e benfeitorias; b) culturas permanentes e temporárias; c) pastagens cultivadas e melhoradas; d) florestas plantadas; II área tributável, a área total do imóvel, menos as áreas: Fl. 205DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 204 5 a) de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei nº 7.803, de 18 de julho de 1989; b) de interesse ecológico para a proteção dos ecossistemas, assim declaradas mediante ato do órgão competente, federal ou estadual, e que ampliem as restrições de uso previstas na alínea anterior; c) comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aqüícola ou florestal, declaradas de interesse ecológico mediante ato do órgão competente, federal ou estadual; d) sob regime de servidão florestal ou ambiental; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) e) cobertas por florestas nativas, primárias ou secundárias em estágio médio ou avançado de regeneração; (Incluída pela Lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006) f) alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas autorizada pelo poder público. (Incluída pela Lei nº 11.727, de 23 de junho de 2008) (...) § 7º A declaração para fim de isenção do ITR relativa às áreas de que tratam as alíneas "a" e "d" do inciso II, § 1º, deste artigo, não está sujeita à prévia comprovação por parte do declarante, ficando o mesmo responsável pelo pagamento do imposto correspondente, com juros e multa previstos nesta Lei, caso fique comprovado que a sua declaração não é verdadeira, sem prejuízo de outras sanções aplicáveis. (Incluído pela Medida Provisória nº 2.16667, de 2001) Da transcrição acima, destacase que, quando da apuração do imposto devido, excluise da área tributável as áreas de preservação permanente e de reserva legal, além daquelas de interesse ecológico, das imprestáveis para qualquer exploração agrícola, das submetidas a regime de servidão florestal ou ambiental, das cobertas por florestas e as alagadas para fins de constituição de reservatório de usinas hidrelétricas. Como se percebe da leitura do citado artigo, a área de preservação permanente é isenta de ITR, e como este é um imposto sujeito a lançamento por homologação o contribuinte deverá declarar a área isenta sem a necessidade de comprovação, sujeito a sanções caso reste comprovada posteriormente a falsidade das declarações. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da existência de ADA tempestivo para reconhecimento da área como de preservação permanente. Conforme apontado anteriormente, cingese a controvérsia acerca da existência de ADA tempestivo para reconhecimento da área como de preservação permanente. O Acórdão recorrido da Turma Ordinária assim dispôs: Tratase, nos termos da legislação em vigor, de tributo sujeito ao lançamento por homologação, sendo sua apuração e recolhimento de responsabilidade do contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, sujeitandose a posterior homologação como explicitado no art. 10º, da Lei nº 9.393/96. Fl. 206DF CARF MF 6 Entendo estarem presentes os requisitos para a fruição de parte da dedução dessas áreas da base de cálculo do tributo em questão, é que nas matrículas estão averbadas áreas que totalizam 264,4 hectares de área de utilização limitada Assim, demonstrada a existência de 264,4 hectares de reserva legal, área passível de exclusão da base de cálculo. Resta claro o erro de fato. Assim, entendo comprovada a área declarada a título de reserva legal de 146,5 hectares e 117,9 a título de APP. O Recorrente questiona, ainda, o arbitramento do VTN pela autoridade fiscal. Sustenta, como relatado anteriormente, que a SRF não obteve, junto aos órgãos competentes, as informações previstas em lei como necessárias sobre preços de terras para alimentar o SIPT trazendo como comprovação os documentos de fls. 6 (fls.,7 do PDF) No caso em exame, entretanto, o arbitramento se baseou única e exclusivamente nas informações do SIPT, como se verifica do extrato da tela do sistema da Receita Federal do Brasil de fls. 34.. Saliento que a partir de 2001, para fins de redução do ITR, a previsão expressa é a de que haja comprovação de que houve a comunicação tempestiva ao órgão de fiscalização ambiental, e que isso ocorra por meio de documentação hábil. Entendo aqui que a documentação hábil engloba um conjunto de documentos possíveis e não apenas o protocolo de ADA. Em linhas gerais temos condições diferentes para reconhecimento da isenção quando se trata de (a) área de reserva legal e (b) área de preservação permanente. (a) Assim quanto a área de Reserva Legal, e meu ver não existe prazo para comprovação de sua existência, logo não é necessário que a averbação da reserva legal seja realizada antes do fato gerador, pois se a área tinha condições de ser considerada isenta, e o foi posteriormente, é isso que importa para consagração do Direito do Contribuinte, em virtude da aplicação da Verdade Material, privilegiada nos Processos Administrativos Federais por força da Lei 9784/99. (b) Já quanto a área de preservação permanente, para que esta seja considerada isenta do ITR, consoante o disposto no art. 10, § 1º, II, "a", da Lei 9.393, de 19 de dezembro de 1996, não considero a apresentação de ADA como prova exclusiva de sua existência, pois a meu ver existem outros documentos hábeis a esta comprovação, como, por exemplo, laudos, fotos, averbações. Isso é quanto ao direito. Passo agora a análise das provas. No caso dos autos, em relação ao exercício 2005, observo que o contribuinte trouxe duas vezes aos autos as matrículas do imóvel com as devidas averbações, sejam elas: 1. matricula 21.799 averbado 31,4 ha fls 69 APP 2. matrícula 21.800 averbado 116,5 ha fls 70 ARL Fl. 207DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 205 7 3. matrícula 21. 801 averbado 116,5 ha fls 71 ARL Todas estas informações corroboradas por laudo técnico, apresentado as fls. 25/29 e 70/78. É fato que as averbações falam de área de proteção permanente e área de reserva limitada, não especificando exatamente cada uma, mas isso, a meu ver, não retira da terra sua natureza de isenção ao ITR. Necessário, contudo analisar as porções de terra que são isentas. O Contribuinte declarou 146,5 ha de área de reserva legal e 219, 8 de preservação permanente. Das averbações acostadas observo a existência de um total de 264,4 ha de área de utilização limitada. Deste modo, conforme alegações do Contribuinte, as quais podem ser verificadas com as provas dos autos, mantenho a decisão do acórdão recorrido: Assim, demonstrada a existência de 264,4 hectares de reserva legal, área passível de exclusão da base de cálculo. Resta claro o erro de fato. Assim, entendo comprovada a área declarada a título de reserva legal de 146,5 hectares e 117,9 a título de APP. Ainda quanto ao Valor da Terra Nua VTN entendo que deva ser aplicado o VTN constante do laudo apresentado pelo Contribuinte as fls 28, vez que este é contemporâneo à época dos fatos. Por todo o exposto, voto no sentido de conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e darlhe provimento parcial, na extensão exposta acima. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 208DF CARF MF 8 Voto Vencedor Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Redator designado Inicialmente, alinhome integralmente ao posicionamento esposado pela relatora quanto ao VTN, fazendo notar que, com fulcro no disposto nos art. 14, § 1o. da Lei nº 9.396, de 1996, quando combinado com o art. 12, II, da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, só seria de se aceitar, no caso em questão, o arbitramento pelo SIPT quando efetuado com utilização do VTN médio que leve em consideração também o fator de aptidão agrícola, verbis: Lei 9.393/96 Art. 14. No caso de falta de entrega do DIAC ou do DIAT, bem como de subavaliação ou prestação de informações inexatas, incorretas ou fraudulentas, a Secretaria da Receita Federal procederá à determinação e ao lançamento de ofício do imposto, considerando informações sobre preços de terras, constantes de sistema a ser por ela instituído, e os dados de área total, área tributável e grau de utilização do imóvel, apurados em procedimentos de fiscalização. § 1º As informações sobre preços de terra observarão os critérios estabelecidos no art. 12, § 1º, inciso II da Lei nº 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, e considerarão levantamentos realizados pelas Secretarias de Agricultura das Unidades Federadas ou dos Municípios.(g.n.) Lei 8.629/93 Art.12.Considerase justa a indenização que reflita o preço atual de mercado do imóvel em sua totalidade, aí incluídas as terras e acessões naturais, matas e florestas e as benfeitorias indenizáveis, observados os seguintes aspectos:(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) I localização do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) II aptidão agrícola;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IIIdimensão do imóvel;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) IV área ocupada e ancianidade das posses;(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) V funcionalidade, tempo de uso e estado de conservação das benfeitorias.(Incluído dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) (grifei) §1oVerificado o preço atual de mercado da totalidade do imóvel, procederseá à dedução do valor das benfeitorias indenizáveis a serem pagas em dinheiro, obtendose o preço da terra a ser Fl. 209DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 206 9 indenizado em TDA.(Redação dada Medida Provisória nº 2.183 56, de 2001) §2oIntegram o preço da terra as florestas naturais, matas nativas e qualquer outro tipo de vegetação natural, não podendo o preço apurado superar, em qualquer hipótese, o preço de mercado do imóvel.(Redação dada Medida Provisória nº 2.18356, de 2001) Noto que, a partir do disposto no demonstrativo de efl. 7, foi utilizado, para fins de arbitramento, pela autoridade fiscal, o valor de VTN constante do SIPT sem aptidão agrícola, assim, sem plena observância ao requisito legal de sua consideração para fins do arbitramento realizado. Assim, de se considerar o VTN constante do laudo apresentado pelo Contribuinte à efl. 36 (fl. 28), superior ao declarado pelo contribuinte, em linha com o proposto pela Relatora. Todavia, com a devida vênia ao entendimento esposado pela relatora quanto à exclusão da área de preservação permanente, ouso discordar. Acerca do tema, entendo que a fruição da redução da base de cálculo do ITR (possuidora, a meu ver de natureza isentiva), seja por áreas de preservação permanente ou de interesse ecológico, encontra um de seus requisitos legais claramente estabelecido, desde 2000, a partir do disposto no art. 17O da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em especial em seu caput e parágrafo 1º, com atual redação dada pelo art. 1º da Lei nº 10.165, de 27 de dezembro de 2000, verbis: Art. 17O. Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural – ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental ADA, deverão recolher ao IBAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei no9.960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000)(...)o. § 1oA utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória.(Redação dada pela Lei nº 10.165, de 2000) (g.n.) Ou seja, mandatório para que se admita a redução da base tributável de áreas a título de Preservação Permanente ou de Interesse Ecológico que constem as mesmas de ADA entregue ao IBAMA. Tratase aqui, notese, de dispositivo legal específico, posterior à Lei no. 9.393, de 1996, restando, assim, quando da instituição de tal requisito, plenamente respeitado o princípio da Reserva Legal. Notese ser plenamente consistente a coexistência de tal obrigação com a vigência e aplicação da Lei no. 9.393, de 1996, sem qualquer tipo de antinomia. Ainda, de se rejeitar qualquer argumentação de revogação do dispositivo pelo §7° do art. 10 da Lei n.° 9.393, de 1996, instituído pela Medida Provisória n.° 2.166 67/01. O que se estabelece ali é uma desnecessidade de comprovação prévia tão somente no momento da declaração (DITR), sendo perfeitamente factível, porém, que, posteriormente, em sede de ação fiscal, sejam demandados elementos necessários à comprovação do constante na DITR do declarante e realizado o lançamento no caso de insuficientes elementos Fl. 210DF CARF MF 10 comprobatórios, a partir do expressamente disposto nos arts. 14 e 15 daquela mesma Lei no. 9.393, de 1996. Tal posicionamento encontrase muito bem detalhado no âmbito do Acórdão CSRF 9202003.620, de 04 de março de 2015, no qual funcionei como Redator ad hoc do voto vencedor em substituição ao redator do voto designado, Dr. Alexandre Naoki Nishioka, adotando assim aqui seus fundamentos a seguir como razões de decidir, verbis: "(...) Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer fundamento para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterouse a redação do §1° do art. 17 O da Lei n.° 6.938/81, que passou a vigorar da seguinte forma: "Art. 17O. (...) § 1o A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." Ora, de acordo com uma interpretação evolutiva do referido dispositivo legal, isto é, cotejandose o texto aprovado quando da edição da Lei n.° 9.960/00, em contraposição à modificação introduzida pela Lei n.° 10.165/00, verificase que, para o fim específico da legislação tributária, passouse a exigir a apresentação do ADA, como requisito inafastável para a fruição da redução da base de cálculo prevista pela Lei n.° 9.393/96, mais especificamente por seu art. 10, §1°, II. Assim, sendo certo que as normas que instituem isenções devem ser interpretadas de forma estrita, ainda que não se recorra somente ao seu aspecto literal, como se poderia entender de urna análise superficial do art. 111, do Código Tributário Nacional, fato é que, no que atine às regras tratadas como exclusão do crédito tributário pelo referido codex, a legislação não pode ser interpretada de maneira extensiva, de maneira que não há como afastar a exigência do ADA para o fim específico de possibilitar a redução da base de cálculo do ITR. (...)" Atendose mais especificamente ao caso em questão, notase, ao compulsar os autos, que o referido requisito de apresentação do ADA não foi efetivamente cumprido pelo contribuinte. Quanto à natureza da averbação de efl. 81, no caso das áreas de preservação permanente, faço notar que ali se está diante de áreas que: a) destinamse proteção aos cursos d'água, lagoas, nascentes, topos de morros, restingas e encostas, hipótese em que, entendo, carecem de análise do IBAMA acerca de seu interesse ambiental ou b) são declaradas por ato do Poder Público, destinandose a atenuar a erosão, fixar dunas, formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias, auxílio à defesa nacional, proteção de sítios de excepcional beleza, de valor científico ou histórico, asilos de fauna e flora, de proteção à vida e manutenção das populações silvícolas e para assegurar o bemestar público. Em ambas as hipóteses, para as áreas de preservação permanente, de se rejeitar a natureza constitutiva de qualquer averbação realizada. Aqui, especificamente no caso das APPs, somente possuem esta natureza Fl. 211DF CARF MF Processo nº 11020.720640/200701 Acórdão n.º 9202005.687 CSRFT2 Fl. 207 11 constitutiva, em meu entendimento, respectivamente: a) o ADA (ou ainda, a protocolização de seu requerimento, ambos, notese, representando ciência ao competente órgão ambiental) ou b) o referido ato do Poder Público. Assim, insuprível, quanto à área de preservação permanente de 219,8 ha. declarada, a não apresentação do ADA pela averbação de efl. 81. Destarte, quanto à matéria de APP, dou provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, de forma a restabelecer a glosa de 219,8 ha. perpretada pela autoridade lançadora. Diante do exposto, voto por conhecer do Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por lhe dar provimento parcial, para restabelecer a glosa da Área de Preservação Permanente (APP) declarada e considerar o Valor da Terra Nua (VTN) constante do laudo apresentado, de R$ 525,00 por hectare. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 212DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002412/2005-25
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Sep 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004
LANÇAMENTO DE OFÍCIO - MULTA AGRAVADA - NÃO ATENDIMENTO DE INTIMAÇÃO PARA PRESTAR ESCLARECIMENTOS - CABIMENTO.
Cabível a aplicação da multa agravada sempre que o contribuinte deixar de, nos prazos estipulados, prestar esclarecimentos em resposta a intimações da autoridade fiscal realizadas consoante o permissivo legal.
Numero da decisão: 9202-006.016
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada).
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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Cabível a aplicação da multa agravada sempre que o contribuinte deixar de, nos prazos estipulados, prestar esclarecimentos em resposta a intimações da autoridade fiscal realizadas consoante o permissivo legal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidas as conselheiras Patrícia da Silva, Ana Paula Fernandes e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, que lhe negaram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz (Suplente convocada). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 24 12 /2 00 5- 25 Fl. 605DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 606 2 Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2202002.803, prolatado pela 2a Turma Ordinária da 2a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 14 de maio de 2014 (efls. 567 a 579). Ali, por maioria de votos, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário, na forma de ementa e decisão a seguir: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2001, 2002, 2003, 2004 QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. PREVISÃO NA LEI COMPLEMENTAR Nº105/2001. A Lei Complementar nº 105/2001 permite a quebra do sigilo por parte das autoridades e dos agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. NULIDADE CARÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL INEXISTÊNCIA As hipóteses de nulidade do procedimento são as elencadas no artigo 59 do Decreto 70.235, de 1972, não havendo que se falar em nulidade por outras razões, ainda mais quando o fundamento argüido pelo contribuinte a título de preliminar se confundir com o próprio mérito da questão. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA NULIDADE DO PROCESSO FISCAL Se foi concedida, durante a fase de defesa, ampla oportunidade de apresentar documentos e esclarecimentos, bem como se o sujeito passivo revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante extensa e substanciosa defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, de 1996 Caracteriza omissão de rendimentos a existência de valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Fl. 606DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 607 3 PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA A presunção estabelecida no art. 42 da Lei nº 9.430/96 dispensa o Fisco de comprovar o consumo da renda representada pelos depósitos bancários sem origem comprovada. (Súmula CARF no.26). MULTA AGRAVADA O agravamento da multa de oficio em razão do não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos não se aplica nos casos em que a omissão do contribuinte já tenha consequências específicas previstas na legislação. Rejeitar as preliminares Recurso parcialmente provido. Decisão: QUANTO A PRELIMINAR DE PROVA ILÍCITA POR QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO: Por maioria de votos, rejeitar a preliminar. Vencidos os Conselheiros RAFAEL PANDOLFO e JIMIR DONIAK JUNIOR (Suplente convocado), que acolhem a preliminar. QUANTO AS DEMAIS PRELIMINARES: Por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares. QUANTO AO MÉRITO: Por unanimidade de votos, dar provimento parcial para desagravar a multa ofício reduzindoa ao percentual de 75%. Enviados os autos á Fazenda Nacional em 14/10/2014 (efl. 580) para fins de ciência da decisão, insurgindose contra aquela, sua Procuradoria apresenta, em 31/10/2014 (e fl. 588), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo Fiscal, aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal (efls. 581 a 587). O recurso foi regularmente admitido pelos despachos de efls. 589 a 594, dizendo respeito exclusivamente à redução do agravamento da multa ao percentual de 75%. Quanto à matéria, alegase divergência em relação ao decidido, em 17/08/2006, no Acórdão 10421.835, de lavra da 4a. Câmara do então 1o. Conselho de Contribuintes, bem como ao decidido também pela 4a. Câmara do referido 1o. Conselho, agora no Acórdão 10422.117, prolatado em 24 de maio de 2007, de ementas e decisões a seguir transcritas. Acórdão 10421.835 DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO MANUTENÇÃO DA GLOSA A dedução de despesas médicas está sujeita a comprovação, por parte do contribuinte, mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. DEDUÇÃO DEPENDENTES DIREITO DO DETENTOR JUDICIAL DA GUARDA MANUTENÇÃO DA GLOSA No caso de filhos de pais separados, o direito à dedução a título de Fl. 607DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 608 4 “dependentes” está resguardado, tão somente, ao detentor da guarda judicial do filho ao qual está relacionado o pleito. JUROS DE MORA TAXA SELIC INCIDÊNCIA A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula nº 4, do Primeiro Conselho de Contribuintes). MULTA DE OFÍCIO APLICABILIDADE Aplicarseá a multa de ofício, em um percentual de 75%, sempre que o lançamento for realizado de ofício, salvo as hipóteses de multa qualificada. MULTA QUALIFICADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa qualificada, em um percentual de 150%, sempre que ficar evidenciado o intuito de fraude, com a conseqüente redução do montante do imposto devido. MULTA AGRAVADA APLICABILIDADE Aplicarseá a multa agravada, em um percentual de 112,5% (no caso de multa de ofício) e 225% (no caso de multa qualificada), sempre que o contribuinte não atender, no prazo marcado, à intimação do Fisco para prestar esclarecimentos. Recurso negado. Decisão: por unanimidade de votos, NEGAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Acórdão 10422.117 IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS LANÇAMENTO COM BASE EM VALORES CONSTANTES EM EXTRATOS BANCÁRIOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA ARTIGO 42, DA LEI Nº. 9.430, DE 1996 Caracteriza omissão de rendimentos os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. PRESUNÇÕES LEGAIS RELATIVAS DO ÔNUS DA PROVA As presunções legais relativas obrigam a autoridade fiscal a comprovar, tãosomente, a ocorrência das hipóteses sobre as quais se sustentam as referidas presunções, atribuindo ao contribuinte ônus de provar que os fatos concretos não ocorreram na forma como presumidos pela lei. DEPÓSITOS BANCÁRIOS OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITO IGUAL OU INFERIOR A R$ 12.000,00 LIMITE DE R$ 80.000,00 Para efeito de determinação do valor dos rendimentos omitidos, somente não será considerado o crédito Fl. 608DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 609 5 de origem não comprovada de valor individual igual ou inferior a R$ 12.000,00, se o seu somatório não ultrapassar o valor de R$ 80.000,00, dentro do anocalendário. Quando se tratar de conta conjunta, o limite anual de R$ 80.000,00 é dirigido a cada um dos titulares. IRPF OMISSÃO DE RENDIMENTOS DEPÓSITOS BANCÁRIOS CONTA CONJUNTA Em caso de conta conjunta é obrigatória a intimação de todos os correntistas para informarem a origem e a titularidade dos depósitos bancários. Impossibilidade de atribuir, de ofício, os valores como sendo renda exclusiva de um dos correntistas. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO Depósitos bancários de origem não comprovada, objeto do mesmo lançamento e nos mesmos períodos em que foi apurado acréscimo patrimonial a descoberto, são disponibilidades que devem ser considerados como origem de recursos na apuração da variação patrimonial. MULTA DE OFÍCIO AGRAVAMENTO NÃO ATENDIMENTO À INTIMAÇÃO A falta de atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, à intimação formulada pela autoridade lançadora para prestar esclarecimentos, autoriza o agravamento da multa de lançamento de ofício, desde que a irregularidade apurada seja decorrente de matéria questionada na referida intimação, nos termos do artigo 44, parágrafo 2º, da Lei nº 9.430, de 1996.Recurso parcialmente provido. Decisão: por unanimidade de votos, DAR provimento PARCIAL ao recurso para excluir da base de cálculo dos depósitos bancários a parte referente à conta conjunta e excluir da exigência o item relativo ao acréscimo patrimonial a descoberto, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda: a) A partir do relatório fiscal, constatase que o contribuinte, por várias vezes, não observou o prazo estipulado no ato de comunicação processual, atendendo intempestivamente às solicitações formuladas. O dispositivo legal acima transcrito determina, expressamente, que as intimações enviadas pela autoridade fiscal devem ser atendidas tempestivamente. Não fixa condições outras. Apenas que o contribuinte responda às intimações, no prazo nelas fixado, sob pena de agravamento da multa de ofício a ele imputada; b) O objetivo da norma ao instituir a necessidade de cumprimento do prazo marcado, sem dúvida alguma, era não permitir que o contribuinte protelasse, por tempo indeterminado, o atendimento às intimações emitidas pelo Fisco. Caso contrário, poderia ele, simplesmente, apresentar resposta em quinze, vinte ou trinta dias após o termo final do prazo estipulado pelo auditor fiscal para apresentar a documentação ou prestar esclarecimentos, por exemplo, e nenhuma penalidade lhe poderia ser imputada. Isso deixaria, em verdade, a critério do próprio sujeito passivo, na ocasião em que fosse de sua conveniência, o momento oportuno de apresentar a resposta para a solicitação feita; Fl. 609DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 610 6 c) Por certo, devese privilegiar a interpretação no sentido de que a lei não utiliza palavras ou expressões inúteis. Em consonância com essa sistemática, observase que o dispositivo legal acima transcrito consigna, de forma categórica, como requisito a ser observado pelo sujeito passivo, a fim de não ser penalizado de maneira mais gravosa, não só a resposta a todas as intimações, mas também que essa resposta seja efetuada dentro do prazo marcado. Não se trata de interpretação extensiva ou conclusão a que se chega da análise de outras circunstâncias que não a letra fria da lei. Tratase, pois, de disposição expressa e literal que exige, como critério essencial ao não agravamento da multa de ofício, a tempestividade da manifestação do contribuinte. Neste diapasão, diferentemente da conclusão a que chegou a e. Câmara a quo, no sentido de que não cabe o agravamento da multa em decorrência da inobservância do prazo, constatase que a lei exige o cumprimento do prazo. Entender o dispositivo legal de forma contrária, certamente equivaleria a lhe negar vigência. Assim, merece reforma o r. acórdão recorrido, neste ponto, pois caso o legislador pretendesse agravar a penalidade aplicada somente nas hipóteses de não atendimento à intimação, não teria elegido também como requisito, que o cumprimento do referido ato se desse de forma tempestiva. Requer, assim, que seja conhecido o recurso e, no mérito, sejalhe dado provimento para que, reformando a decisão recorrida, seja restabelecido o agravamento da multa ao percentual de 112,5%. Encaminhados os autos à autuada para fins de ciência, ocorrida em 07/07/2016 (efl. 600), o contribuinte não apresentou Recurso Especial de sua iniciativa e/ou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto à sua tempestividade, às devidas apresentação de paradigma consistente e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade e, portanto, dele conheço. Passo, assim, à análise de mérito. Em análise, o art. 44, § 2o., inciso I, da Lei no. 9.430, de 1996, em sua redação vigente à época do lançamento, verbis: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de Fl. 610DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 611 7 declaração inexata; (Vide Lei nº 10.892, de 2004) (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II de 50% (cinqüenta por cento), exigida isoladamente, sobre o valor do pagamento mensal: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) a) na forma do art. 8o da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988, que deixar de ser efetuado, ainda que não tenha sido apurado imposto a pagar na declaração de ajuste, no caso de pessoa física; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) b) na forma do art. 2o desta Lei, que deixar de ser efetuado, ainda que tenha sido apurado prejuízo fiscal ou base de cálculo negativa para a contribuição social sobre o lucro líquido, no anocalendário correspondente, no caso de pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 1o. O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV (revogado); (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) V (revogado pela Lei nº 9.716, de 26 de novembro de 1998). (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) § 2o. Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1o deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para: (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) I prestar esclarecimentos; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) II apresentar os arquivos ou sistemas de que tratam os arts. 11 a 13 da Lei no 8.218, de 29 de agosto de 1991; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) III apresentar a documentação técnica de que trata o art. 38 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) (...) Como já tive oportunidade de me manifestar em outros feitos no âmbito deste CARF, entendo, com a devida vênia a posicionamentos diversos (que vinculam a caracterização do agravamento à existência ou não de possibilidade de obtenção pela Fiscalização dos elementos de interesse objeto de intimação e/ou à existência de prejuízo à Fl. 611DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 612 8 referida Fiscalização), que a correta aplicação do dispositivo acima é no sentido de que sempre que restar comprovado o nãoatendimento de intimações por parte do contribuinte, uma vez realizadas as citadas intimações consoante o permissivo legal para tal, de se aplicar a multa agravada de 112,5%. Entendo que a intenção do legislador, ao editar o referido dispositivo, foi o de reforçar o poder da autoridade fiscalizadora, no sentido de evitar que intimações sejam simplesmente "ignoradas", violandose, assim, o dever de colaboração do contribuinte para com o Fisco, sem que tal fato conduzisse a sanção. Em meu entendimento, independe a referida sanção do fato da Fiscalização, anteriormente ou posteriormente à prática da conduta expressamente descrita no dispositivo acima (no caso, em seu §2o., I , não prestar esclarecimentos no prazo marcado pela intimação), ter acesso aos elementos de interesse, seja por meios próprios, através de instrumentos alternativos instituídos pelo legislador tributário (tais como o RMF), seja por posterior entrega voluntária do contribuinte. Ou seja, entendo que uma vez caracterizada, no curso da ação fiscal, a conduta prevista pelo dispositivo, de não prestação de esclarecimentos no prazo hábil, de se aplicar a penalidade. Assim, portanto, alinhome à interpretação propugnada pela recorrente e pelos paradigmas colacionados aos autos. Enxergo mesmo, no dispositivo tributário em comento, semelhanças com a formulação comumente empregada pelo legislador penal para a definição de tipos omissivos próprios, onde a prática da conduta (por definição, necessariamente volitiva) leva imediatamente à cominação de sanção, de forma que também é de se admitir, in casu, o afastamento da aplicação da referida penalidade tributária, caso se vislumbre ocorrência de motivo de força maior (com o consequente afastamento da conduta), afastandose, nesta hipótese, a caracterização de omissão na prestação de esclarecimentos dentro do prazo. Feita tal digressão, verifico, através da correta descrição constante do Termo de Constatação à efl. 175 e, ainda, ao compulsar os autos, que, no caso em questão, ficou devidamente caracterizada a não prestação de informações por parte da autuada, sem que se possa cogitar de força maior. É responsabilidade do contribuinte manter seu endereço de cadastro permanentemente atualizado junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil, o qual, é expressamente definido na forma do art. 23, §4o. do Decreto no. 70.235, de 1972, verbis: § 4o Para fins de intimação, considerase domicílio tributário do sujeito passivo:(Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) I o endereço postal por ele fornecido, para fins cadastrais, à administração tributária; e(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) II o endereço eletrônico a ele atribuído pela administração tributária, desde que autorizado pelo sujeito passivo.(Incluído pela Lei nº 11.196, de 2005) No caso em questão, verificase ter a autoridade tributária corretamente usado durante todo o curso do procedimento fiscal, para fins de intimações, o endereço cadastral mantido pelo contribuinte junto à RFB, seja como pessoa física, seja como sócio de pessoa Fl. 612DF CARF MF Processo nº 19515.002412/200525 Acórdão n.º 9202006.016 CSRFT2 Fl. 613 9 jurídica (vide elementos de efls. 11, 13 e 16), tendo restado inatendidos diversos termos recebidos, com AR, inclusive, assinados por terceiros, sem recusa (vide efls. 14, 19 e 23). Assim, a autuada notadamente quedou inerte quanto ao fornecimento de quaisquer esclarecimentos ou justificativas para o não atendimento dos termos de efls. 07/08, 17/18 e 20 a 22, caracterizada, destarte, a prática da conduta determinada pelo art. 44, §2o., I, da Lei no. 9.430, de 1996. Assim, de se manter o agravamento da multa no patamar de 112,5%. Finalmente, quanto à argumentação do contribuinte de invalidade da intimação, por ineficácia da recepção quando realizada por prepostos presentes, repitase, sempre no endereço cadastral eleito pela autuada como seu domicílio fiscal, a jurisprudência deste Conselho é uníssona no sentido de a considerar válida, tratandose o tópico, inclusive, de matéria sumulada, na forma da Súmula CARF no. 09, expressis verbis: Súmula CARF nº 9: É válida a ciência da notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário. Destarte, diante do exposto voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, a fim de que seja restabelecido o agravamento da multa lançada de 75% ao percentual de 112,5%. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 613DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18470.721751/2013-15
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Nov 08 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 15 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Simples Nacional
Ano-calendário: 2013
SIMPLES NACIONAL TERMO DE INDEFERIMENTO DÉBITOS
Não poderá recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou empresa de pequeno porte que possua débitos com a Fazenda Pública Federal, Estadual ou Municipal.
Numero da decisão: 1001-000.158
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, José Roberto Adelino da Silva e Eduardo Morgado Rodrigues. Relatório Tratase de Termo de Indeferimento da Opção pelo Simples Nacional (efl. 03) para o ano calendário 2013, tendose em vista a existência de débito (inscrito em Dívida AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 0. 72 17 51 /2 01 3- 15 Fl. 93DF CARF MF 2 Ativa da União PGFN referente ao Simples, inscrição nº 7041201590714, processo administrativo nº 18470.904033/201111), cuja exigibilidade não estava suspensa, nos termos da Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006, art. 17, inciso V: Após tomar ciência do contido do Termo de Indeferimento a empresa apresentou Manifestação de Inconformidade. A decisão de primeira instância (efls. 52/54) julgou a manifestação de inconformidade improcedente, por entender: O contribuinte refere, em sua manifestação de inconformidade, ter apresentado uma Declaração de Compensação, visando quitar tal débito, porém seu pedido foi reconhecido parcialmente e o interessado está discutindo este assunto em outro processo. Consultando os sistemas da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) verifiquei que em 28/01/2014 o contribuinte quitou seu débito, encontrandose a inscrição extinta por pagamento, de acordo com o artigo 156, I, da Lei nº 5.172/1966 – Código Tributário Nacional.. (...) Considerando que o débito que gerou o indeferimento do pleito do contribuinte só foi regularizado em 01/2014, correto o procedimento da DRF/Rio de Janeiro/RJ, de indeferir o pedido de inclusão no Simples Nacional a partir de 01/01/2013. Cientificada da decisão de primeira instância através de intimação pessoal em 10/11/2014 (efl. 57), a contribuinte apresentou recurso voluntário em 10/12/2014 (efl. 91), em que alega, em resumo, que o débito em questão proveio do indeferimento de DCOMP; que não foi intimado do resultado da decisão da DCOMP; que peticionou recurso para rever o débito, logo a exigibilidade do débito estava suspensa; o fato do contribuinte ter efetuado o pagamento da suposta dívida, não quer dizer que ele concorda com a cobrança : "A referida decisão alega que: No anocalendário de 2013 o contribuinte dispunha de prazo até 31 01/2013. (...) Em que pese isso, foi completamente descartado que o mencionado débito, em razão da apresentação da impugnação, o mesmo deveria ter sua exigibilidade suspensa até o julgamento final da DCOMP. (...) na análise da DCOMP, à RECEITA, ainda, retirou da recorrente a possibilidade de impugnar a referida decisão, (...) Tal irregularidade foi objeto da impugnação n° 18470.904.033/201111 protocolado cm 04/09/2012 que ainda pende de julgamento pela DIVISÃO DE ORIENTAÇÃO R ANÁLISE TRIBUTÁRIA DRF RJ2 com sua última movimentação ocorrida em 07/05/2013, cuja consulta segue acostada. (...) Ora Conselheiros, a inobservância da regra da intimação do contribuinte para tomar ciência dos atos decisórios retira do mesmo a oportunidade de impugnálos e isto fere de morte a Constituição Federal, notadamente, o direito elevado à garantia Fl. 94DF CARF MF Processo nº 18470.721751/201315 Acórdão n.º 1001000.158 S1C0T1 Fl. 94 3 constitucional relacionado com a ampla defesa e o devido processo legal (...) Desta feita, considerando que a recorrente declara expressamente que não foi intimada, considerando que NÃO HÁ NOS AUTOS DA DCOMP prova de que esta intimação se deu na forma do art. 23 do Decreto Lei 70.235 e considerando que está provado que a ciência apenas ocorreu com a consulta realizada em 27/08/2012 é indubitável que há irregularidade formal que compromete a formação do crédito tributário que embasou o indeferimento do pedido de adesão ao SIMPLES NACIONAL no anocalendário de 2013. (...) Assim sendo, a impugnação tem o poder de SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO DÉBITO, na forma do artigo 151 do CTN. (...) O fato do contribuinte ter efetuado o pagamento da suposta dívida, não quer dizer que ele concorda com a cobrança." Voto Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Cabe verificar o que dispõe o artigo 17 da Lei nº 123/2006, inciso V e XI, e o art. 7o, § 1ºA, da Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: “Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: (...) V que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa”;(destaquei). (...) A opção pelo Simples Nacional está regulamentada pela Resolução CGSN nº 4, de 30 de maio de 2007: Art. 7º A opção pelo Simples Nacional darseá por meio da internet, sendo irretratável para todo o anocalendário. (...) Fl. 95DF CARF MF 4 § 1ºA Enquanto não vencido o prazo para solicitação da opção o contribuinte poderá: (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) I regularizar eventuais pendências impeditivas ao ingresso no Simples Nacional, sujeitandose ao indeferimento da opção caso não as regularize até o término desse prazo; (Incluído pela Resolução CGSN nº 56, de 23 de março de 2009) O contribuinte não diligenciou de forma a regularizar as pendências no prazo legal. Isto porque para inclusão no Simples Nacional no anocalendário de 2013 o contribuinte dispunha do prazo até 31/01/2013 para este mister. Conforme comprovante anexado pelo próprio contribuinte (efl. 90), o débito (inscrição nº 7041201590714, controlado no processo nº 18470.904033/201111) encontravase inscrito em Dívida Ativa da União, sem a suspensão da exigibilidade, pois não houvera recurso na esfera administrativa, nos autos do processo nº 18470.904033/201111. Não cabe nos presentes autos rediscutir a procedência do débito, que se deveria dar em autos próprios e prévios àquela inscrição. O que importa aqui é verificar se havia suspensão da exigibilidade do débito em 31/01/2013. E para este efeito o pedido de revisão de débito (efl. 87) não se presta, pois não se trata de recurso (art. 151, III do CTN), previsto no Decreto 70.235/72 que regulamenta o processo administrativo fiscal Assim, voto para negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Relator Fl. 96DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.000843/2008-04
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Nov 17 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005
DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.199
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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ementa_s : Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA. AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32-A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35-A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
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AUTO DE INFRAÇÃO ASSOCIADO AO DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 00 08 43 /2 00 8- 04 Fl. 382DF CARF MF 2 Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase do Debcad 37.141.2307 (CFL68), lavrado em razão de a empresa apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, no período de 01/1999 a 12/2005 (Relatório Fiscal da Infração de fls. 13 a 17). O mesmo procedimento fiscal gerou a NFLD 37.141.2293, que trata da exigência das obrigações principais, referentes às Contribuições Previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas a segurados contribuintes individuais, no processo nº 10283.000840/200862. Em sessão plenária de 12/02/2015, foi julgado o Recurso de Ofício nº 003.648, prolatandose o Acórdão nº 2302003.648 (efls. 283 a 300), assim ementado: “ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/1999 a 31/12/2005 CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AIOA. PRAZO DECADENCIAL. CINCO ANOS. ART. 173, I, DO CTN. O Supremo Tribunal Federal, conforme entendimento exarado na Súmula Vinculante nº 8, no julgamento proferido em 12 de junho de 2008, reconheceu a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/91. Incidência do preceito inscrito no art. 173, I, do CTN. Encontrase fulminada pela fluência do prazo decadencial parte das obrigações tributárias relativas aos fatos geradores apurados pela fiscalização. AUTO DE INFRAÇÃO. CFL 68. ART. 32, IV, DA LEI Nº 8212/91. Constitui infração às disposições inscritas no inciso IV do art. 32 da Lei n° 8212/91 a entrega de GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, seja em ralação às bases de cálculo, seja em relação às informações que alterem o valor das contribuições, ou do valor que seria devido se não houvesse isenção (Entidade Beneficente) ou substituição (SIMPLES, Clube de Futebol, produção rural), sujeitando o infrator à multa prevista na legislação previdenciária. Fl. 383DF CARF MF Processo nº 10283.000843/200804 Acórdão n.º 9202006.199 CSRFT2 Fl. 383 3 AUTO DE INFRAÇÃO. GFIP. CFL 68. ART. 32A DA LEI Nº 8.212/91. RETROATIVIDADE BENIGNA. As multas decorrentes de entrega de GFIP com incorreções ou omissões foram alteradas pela Medida Provisória nº 449/2008, a qual fez acrescentar o art. 32A à Lei nº 8.212/91. Incidência da retroatividade benigna encartada no art. 106, II, ‘c’, do CTN, sempre que a norma posterior cominar ao infrator penalidade menos severa que aquela prevista na lei vigente ao tempo da prática da infração autuada. Recurso de Ofício Negado” A decisão foi assim registrada: “ACORDAM os membros da 2ª TO/3ª CÂMARA/2ª SEJUL/CARF/MF/DF, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso de Ofício, para acatar a decadência, com fulcro no artigo 173, I, do Código Tributário Nacional, e para excluir do lançamento as obrigações tributárias decorrentes dos fatos geradores ocorridos nas competências até 11/2001, inclusive, e para reconhecer de ofício, quanto às Obrigações Tributárias remanescentes, a incidência da retroatividade benigna exposta no artigo 106, II, “c” do Código Tributário Nacional, devendo a multa aplicada ser recalculada tomandose em consideração as disposições inscritas no art. 32A, I, da Lei nº 8.212/91, na redação dada pela Lei nº 11.941/2009, somente na estrita hipótese de o valor multa assim calculado se mostrar menos gravoso ao Recorrente.” O processo foi encaminhado à PGFN em 17/03/2015 (Despacho de Encaminhamento de efls. 304) e, em 25/03/2015, foi interposto o Recurso Especial de efls. 305 a 320 (Despacho de Encaminhamento de efls. 335). O apelo está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir a aplicação da retroatividade benigna, em face das penalidades previstas na Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações promovidas pela MP 449, de 2008, convertida na Lei nº 11.941, de 2009. Nesse passo, a Fazenda Nacional pede que seja conhecido e provido o Recurso Especial, no sentido de se verificar, na execução do julgado, qual a norma mais benéfica: se a soma das duas multas anteriores (art. 35, II, e art. 32, IV, da norma revogada) ou a do art. 35A da Lei nº 8.212/91. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 30/01/2017 (efls. 337 a 339). Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 21/03/2017 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de efls. 344), a Contribuinte, em 31/03/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de efls. 346), ofereceu as Contrarrazões de efls. 348 a 352, complementadas pela Resposta à Intimação de efls.355 a 358, apresentada em 03/04/2017 (Termo de Solicitação de Juntada de efls. 353). Fl. 384DF CARF MF 4 Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte argumenta: a decisão em relação a qual houve recurso de oficio pela DRJBelém/PA cuidou exclusivamente da aplicação da Súmula Vinculante no 8, do STF, que trata de decadência; no julgamento do CARF entendeu o Conselheiro Relator e seus pares que a decisão estava correta e, além disso, propôs e foi acolhida a retroatividade benigna do art. 106, II, "c" do CTN, em relação ao cálculo das multas por descumprimento obrigação acessória; portanto, na decisão de Segunda Instancia são dois itens: o primeiro sobre a Súmula Vinculante nº 8 e o segundo sobre a retroatividade benigna; conforme se vê no despacho que deu seguimento ao Recurso Especial nada foi dito sobre o primeiro item, o que significa dizer que em relação a ele não existe mais qualquer litígio, e ainda que houvesse estaria fulminado pela Portaria nº 63, de 10/02/2017, que elevou o limite de alçada das DRJ para R$ 2.500.000,00; o Recurso Especial limitase a questionar o segundo item, ou seja, a aplicação da retroatividade benigna art. 106, II, "c", quanto a forma de cálculo; no acórdão recorrido entendeuse que, tendo havido mudança das regras relativas à multa por descumprimento de obrigação acessória, e sendo estas novas regras mais benignas ao contribuinte, elas deveriam ser aplicadas; já no acórdão que serviu de paradigma ao Recurso Especial consta: "Asseverese que todas as contribuições decorrentes da omissão em GFIP foram objeto de lançamento, por meio das notificações já mencionadas e, a meu ver, tendo havido lançamento de ofício, não se aplicaria o art. 32A, sob pena de bis in idem.(„.)No caso das notificações conexas e já julgadas, prevaleceram os valores de multa aplicados nos moldes do art. 35, inciso II, revogado pela MP449/2008, o qual previa uma multa máxima de cinqüenta pior cento, ou seja, inferior ao percentual se setenta e cinco por cento estabelecido na nova regra. Assim, para evitar o bis in idem, o cálculo da multa deve ser efetuado pela aplicação do art. 44, inciso I, da Lei 9.430/1996, excluindose os valores das multas lançadas nas notificações correspondentes." da leitura do trecho acima se verifica que o objetivo é evitar o bis in idem, ou seja, no entender desse acórdão que serviu de paradigma, se houve a aplicação da multa de ofício em relação à obrigação principal, não haveria que se falar em aplicar a multa pelo descumprimento de obrigação acessória, ou seja, excluise totalmente a multa referida e que o acórdão recorrido apenas mandou reduzir, mas não eliminar; nesse contexto, ficamos numa situação inusitada, pois se a tese da Fazenda Nacional prevalecer, as multas acessórias do período ainda em discussão não serão apenas reduzidas, mas extintas, ou seja, a tese da Fazenda Nacional é mais avançada do que a do acórdão recorrido, e sendo assim o contribuinte com ela concorda. Às fls. 355 a 358 consta requerimento dirigido ao Sr. Delegado da Receita Federal em Manaus/AM, para que seja declarada a prescrição do crédito tributário referente à parte não recorrida. Fl. 385DF CARF MF Processo nº 10283.000843/200804 Acórdão n.º 9202006.199 CSRFT2 Fl. 384 5 Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Tratase do Debcad 37.141.2307 (CFL68), lavrado em razão de a empresa apresentar as Guias de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social GFIP com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias. O mesmo procedimento fiscal gerou a NFLD 37.141.2293, que trata da exigência das obrigações principais, referente às Contribuições Previdenciárias incidentes sobre as remunerações pagas a segurados contribuintes individuais no processo nº 10283.000840/200862. Relativamente a esse processo, a DRJ julgou parcialmente procedente a impugnação para excluir do lançamento a parte que considerou decaída, sem a interposição de Recurso Voluntário no que tange à parte mantida. A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial visando rediscutir a decadência, de sorte que não há óbice ao julgamento do presente processo. Na decisão recorrida, foi determinada a aplicação da multa do artigo 32A, da Lei n° 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, caso esta seja mais benéfica à Contribuinte. Os artigos da Lei nº 8.212, de 1991, com as alterações da Lei n° 9.528, de 1997, que orientavam o Auto de Infração tinham a seguinte redação: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV informar mensalmente ao Instituto Nacional do Seguro SocialINSS, por intermédio de documento a ser definido em regulamento, dados relacionados aos fatos geradores de contribuição previdenciárias e outras informações de interesse do INSS. (...) § 5º A apresentação do documento com dados não correspondentes aos fatos geradores sujeitará o infrator à pena administrativa correspondente à multa de cem por cento do valor devido relativo à contribuição não declarada, limitada aos valores previstos no parágrafo anterior. (...) Art. 35. Para os fatos geradores ocorridos a partir de 1º e abril de 1997, sobre as contribuições sociais em atraso, arrecadadas Fl. 386DF CARF MF 6 pelo INSS, incidirá multa de mora, que não poderá ser relevada, nos seguintes termos: (...) II. para pagamento de créditos incluídos em notificação fiscal de lançamento: a) doze por cento, em até quinze dias do recebimento da notificação; b) quinze por cento, após o 15º dia do recebimento da notificação; c)vinte por cento, após apresentação de recurso desde que antecedido de defesa, sendo ambos tempestivos, até quinze dias da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social – CRP; d) vinte e cinco por cento, após o 15º dia da ciência da decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social CRPS, enquanto não inscrito em Dívida Ativa.” Assim, no caso em apreço, considerandose que houve exigência por meio de procedimentos em separado (descumprimento de obrigação acessória, objeto do presente processo, e descumprimento de obrigação principal), foram aplicadas duas multas, no contexto de lançamento de ofício. Com efeito, o entendimento desta CSRF é no sentido de que, embora a antiga redação dos artigos 32 e 35 da Lei nº 8.212, de 1991, não contivesse a expressão “lançamento de ofício”, o fato de as penalidades serem exigidas por meio de Auto de Infração e NotificaçãoFiscal de Lançamento de Débito não deixa dúvidas acerca da natureza material de multas de ofício. Resta perquirir se as alterações posteriores à autuação, implementadas pela Lei nº 11.941, de 2009, representariam a exigência de penalidade mais benéfica ao Contribuinte, hipótese que autorizaria a sua aplicação retroativa, a teor do art. 106, II, do CTN. Para tanto, porém, é necessário que se estabeleça a exata correlação entre as multas anteriormente previstas e aquelas estabelecidas pela Lei nº 11.941, de 2009, a ver se efetivamente seria o caso, e em que condições aplicarseia a retroatividade benigna. As alterações promovidas pela Lei nº 11.941, de 2009, nos artigos 32 e 35, da Lei nº 8.212, de 1991, no sentido de uniformizar os procedimentos de constituição e exigência dos créditos tributários, previdenciários e não previdenciários, são as seguintes: “Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) IV – declarar à Secretaria da Receita Federal do Brasil e ao Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, na forma, prazo e condições estabelecidos por esses órgãos, dados relacionados a fatos geradores, base de cálculo e valores devidos da contribuição previdenciária e outras informações de interesse do INSS ou do Conselho Curador do FGTS; (...) Fl. 387DF CARF MF Processo nº 10283.000843/200804 Acórdão n.º 9202006.199 CSRFT2 Fl. 385 7 § 2o A declaração de que trata o inciso IV do caput deste artigo constitui instrumento hábil e suficiente para a exigência do crédito tributário, e suas informações comporão a base de dados para fins de cálculo e concessão dos benefícios previdenciários. (...) Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitar seá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. (...) Art. 35. Os débitos com a União decorrentes das contribuições sociais previstas nas alíneas a, b e c do parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições instituídas a título de substituição e das contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, não pagos nos prazos previstos em legislação, serão acrescidos de multa de mora e juros de mora, nos termos do art. 61 da Lei nº. 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E o art. 44 da Lei nº. 9.430, de 1996, por sua vez, assim estabelece: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (grifei) Destarte, resta claro que, com o advento da Lei nº 11.941, de 2009, o lançamento de ofício, envolvendo a exigência de contribuições previdenciárias, bem como a verificação de declaração inexata do respectivo fato gerador em GFIP, como ocorreu no presente caso, sujeita o Contribuinte a uma única multa, no percentual de 75%, sobre a totalidade ou diferença da contribuição, prevista no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Com efeito, a interpretação sistemática da legislação tributária não admite a instituição, em um mesmo ordenamento jurídico, de duas penalidades para a mesma conduta, o que autoriza a interpretação no sentido de que as penalidades previstas no art. 32A não são Fl. 388DF CARF MF 8 aplicáveis às situações em que se verifica a falta de declaração/declaração inexata, combinada com a falta de recolhimento da contribuição previdenciária, eis que tal conduta está claramente tipificada no art. 44, inciso I, da Lei nº 9.430, de 1996. Apenas a título de informação, quanto ao requerimento de fls. 355 a 358, este é dirigido ao Sr. Delegado da Receita Federal em Manaus/AM e diz respeito à execução do crédito tributário, o que se encontra fora da competência do CARF. Diante do exposto, conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, no mérito, doulhe provimento, determinando que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 389DF CARF MF
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Numero do processo: 10783.903553/2013-32
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 31 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011
COMPENSAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARTIGO 151, III DO CTN.
O inciso III do artigo 151 do CTN, prevê que "as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário".
NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE CONTESTADA. PRECLUSÃO.
Face à ausência de contestação quanto a desconsideração fiscal dos custos inerentes ao consumo de gás, quando da apuração do crédito presumido do IPI, em sua manifestação de inconformidade, no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir nesta instância recursal.
IPI. BENEFÍCIO FISCAL. SUSPENSÃO. VENDAS A EMPRESAS COMERCIAL EXPORTADORAS COM FINS ESPECIFICO DE EXPORTAÇÃO.
Somente considera adquirido com o fim específico de exportação o produto remetido diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora.
CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO LITERAL. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. IMPOSSIBILIDADE.
Em face da necessidade de interpretação literal de normas tributárias que dispõem sobre benefícios fiscais, não é possível a inclusão dos gastos com industrialização por encomenda na base de cálculo para apuração do crédito presumido de IPI previsto na Lei 9.363 de 1996.
RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. SÚMULA DO STJ. INAPLICABILIDADE.
Inaplicável ao caso sob exame, que trata de litígio acerca da integração da base de cálculo os custos correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrentes de industrialização por encomenda, a Súmula 494 do Superior Tribunal de Justiça, na medida que seu enunciado reporta-se ao "benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP".
DIREITO TRIBUTÁRIO. REGRAS ISENTIVAS. INTERPRETAÇÃO LITERAL.
No direito tributário, as regras sobre isenção devem ser interpretadas literalmente, não cabendo fazer interpretação extensiva e/ou ampliativa dos dispositivos, conforme disciplina o artigo 111 do CTN.
Numero da decisão: 3001-000.072
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: ORLANDO RUTIGLIANI BERRI
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011 COMPENSAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARTIGO 151, III DO CTN. O inciso III do artigo 151 do CTN, prevê que "as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário". NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE CONTESTADA. PRECLUSÃO. Face à ausência de contestação quanto a desconsideração fiscal dos custos inerentes ao consumo de gás, quando da apuração do crédito presumido do IPI, em sua manifestação de inconformidade, no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir nesta instância recursal. IPI. BENEFÍCIO FISCAL. SUSPENSÃO. VENDAS A EMPRESAS COMERCIAL EXPORTADORAS COM FINS ESPECIFICO DE EXPORTAÇÃO. Somente considera adquirido com o fim específico de exportação o produto remetido diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO LITERAL. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. IMPOSSIBILIDADE. Em face da necessidade de interpretação literal de normas tributárias que dispõem sobre benefícios fiscais, não é possível a inclusão dos gastos com industrialização por encomenda na base de cálculo para apuração do crédito presumido de IPI previsto na Lei 9.363 de 1996. RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. SÚMULA DO STJ. INAPLICABILIDADE. Inaplicável ao caso sob exame, que trata de litígio acerca da integração da base de cálculo os custos correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrentes de industrialização por encomenda, a Súmula 494 do Superior Tribunal de Justiça, na medida que seu enunciado reporta-se ao "benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matérias-primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP". DIREITO TRIBUTÁRIO. REGRAS ISENTIVAS. INTERPRETAÇÃO LITERAL. No direito tributário, as regras sobre isenção devem ser interpretadas literalmente, não cabendo fazer interpretação extensiva e/ou ampliativa dos dispositivos, conforme disciplina o artigo 111 do CTN.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 15; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2040; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C0T1 Fl. 127 1 126 S3C0T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10783.903553/201332 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3001000.072 – Turma Extraordinária / 1ª Turma Sessão de 31 de outubro de 2017 Matéria DCOMP ELETRÔNICO CRÉDITO PRESUMIDO RESSARCIMENTO Recorrente MONTE NEGRO MÁRMORES E GRANITOS LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011 COMPENSAÇÃO. SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO. ARTIGO 151, III DO CTN. O inciso III do artigo 151 do CTN, prevê que "as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário". NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO QUANTO À MATÉRIA NÃO EXPRESSAMENTE CONTESTADA. PRECLUSÃO. Face à ausência de contestação quanto a desconsideração fiscal dos custos inerentes ao consumo de gás, quando da apuração do crédito presumido do IPI, em sua manifestação de inconformidade, no julgamento de primeiro grau, a matéria quedou preclusa, sendo vedado à parte inovar no pedido ou na causa de pedir nesta instância recursal. IPI. BENEFÍCIO FISCAL. SUSPENSÃO. VENDAS A EMPRESAS COMERCIAL EXPORTADORAS COM FINS ESPECIFICO DE EXPORTAÇÃO. Somente considera adquirido com o fim específico de exportação o produto remetido diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. BENEFÍCIO FISCAL. INTERPRETAÇÃO LITERAL. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. IMPOSSIBILIDADE. Em face da necessidade de interpretação literal de normas tributárias que dispõem sobre benefícios fiscais, não é possível a inclusão dos gastos com industrialização por encomenda na base de cálculo para apuração do crédito presumido de IPI previsto na Lei 9.363 de 1996. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 90 35 53 /2 01 3- 32 Fl. 127DF CARF MF 2 RESSARCIMENTO. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. INDUSTRIALIZAÇÃO POR ENCOMENDA. SÚMULA DO STJ. INAPLICABILIDADE. Inaplicável ao caso sob exame, que trata de litígio acerca da integração da base de cálculo os custos correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrentes de industrialização por encomenda, a Súmula 494 do Superior Tribunal de Justiça, na medida que seu enunciado reportase ao "benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matériasprimas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP". DIREITO TRIBUTÁRIO. REGRAS ISENTIVAS. INTERPRETAÇÃO LITERAL. No direito tributário, as regras sobre isenção devem ser interpretadas literalmente, não cabendo fazer interpretação extensiva e/ou ampliativa dos dispositivos, conforme disciplina o artigo 111 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Cuidase de recurso voluntário (fls. 106 a 112) interposto contra o Acórdão 0131.572, da 3ª Turma Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Belém/PA DRJ/BEL, em sessão de julgamento realizada em 03.03.2015 (fls. 89 a 93), que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pelo recorrente (fls. 02 a 14), mantendo, por conseguinte, a decisão exarada pela autoridade administrativa na repartição de origem. Do Pedido de Ressarcimento O requerente, por meio dos "Pedido de Ressarcimento ou Restituição / Declaração de Compensação" PER/DCOMP 42352.89175.150212.1.1.017571, na qual informa possuir um saldo credor de IPI no montante de R$ 82.796,44, em que solicita o ressarcimento do tributo, referente ao 4º trimestrecalendário do ano de 2011. Vinculou ao citado ressarcimento, o PER/DCOMP 10966.02799.210312.1.3.018530 (fls. 55 a 85). Do Despacho Decisório Fl. 128DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 128 3 Em face do referido pedido, foi exarado despacho decisório Número de Rastreamento 076068277 que, com arrimo no Parecer SEFIS 198/2013, que reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado pelo ora recorrente. Para uma melhor compreensão, transcrevo, a seguir, seu item 3 (fl. 78): 3FUNDAMENTAÇÃO, DECISÃO E ENQUADRAMENTO LEGAL Analisadas as informações prestadas no PER/DCOMP e período de apuração acima identificados, constatouse o seguinte: Valor do crédito solicitado/utilizado: R$ 82.796,44 Valor do crédito reconhecido: R$ 42.479,13 O valor do crédito reconhecido foi inferior ao solicitado/utilizado em razão do(s) seguinte(s) motivo(s): Constatação de que o saldo credor passível de ressarcimento é inferior ao valor pleiteado. Ocorrência de glosa de crédito presumido considerado indevido, em procedimento fiscal. Redução do saldo credor do trimestre, passível de ressarcimento, resultante de débitos apurados em procedimento fiscal. Informações complementares da análise do crédito estão disponíveis na página internet da Receita Federal, e integram este despacho. O crédito reconhecido foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo, razão pela qual: HOMOLOGO PARCIALMENTE a compensação declarada no PER/DCOMP 10966.02799.210312.1.3.018530 Não há valor a ser restituído/ressarcido para o(s) pedido(s) de restituição/ressarcimento apresentado(s) no(s) PER/DCOMP: 42352.89175.150212.1.1.017571 Valor devedor consolidado, correspondente aos débitos indevidamente compensados, para pagamento até 28/02/2014. PRINCIPAL MULTA JUROS 36.379,89 7.275,97 5.829,07 Para informações complementares da análise de crédito, detalhamento da compensação efetuada e identificação dos PER/DCOMP objeto da análise, verificação de valores devedores e emissão de DARF, consultar o endereço www.receita.fazenda.gov.br, menu "Onde Encontro", opção "PERDCOMP", item "PER/DCOMPDespacho Decisório". Fl. 129DF CARF MF 4 Enquadramento Legal: Art. 11 da Lei nº 9.779/99; art. 164, inciso I, do Decreto nº 4.544/2002 (RIPI). Art. 74 da Lei 9.430, de 27 de dezembro de 1996. Art. 36 da Instrução Normativa RFB nº 900, de 2008. Da Manifestação de Inconformidade Diante da decisão supra, o contribuinte apresentou, em 25.03.2014, manifestação de inconformidade para aduzir, em apertada síntese: Em preliminar, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário objeto da compensação, nos termos do inciso III do artigo 151 do CTN. No mérito: (a) discordando da argumentação da autoridade fiscal, quando esta afirma que para se aproveitar, na apuração da base de cálculo do tributo, dos valores referentes à industrialização por encomenda e combustível (gás), deveria o impugnante ter optado pela apuração do crédito presumido através do regime instituído pela Lei 10.276/2001, aduz que para seu aproveitamento nem mesmo se faz necessário ser contribuinte do imposto, consoante prescreve a súmula 494 do STJ, entendimento, inclusive, já pacificado pela CSRF, conforme dispõem as ementas dos acórdãos CSRF/0201.905, CSRF/0201.857 e CSRF/0201.754; (b) quanto a acusação de descumprimento dos prérequisitos estipulados na legislação de regência, para que determinada operação seja aceita como venda para empresa comercial exportadora com fim específico de exportação, aduz que sobressai incontroverso, não obstante admitir não ter seguido "passoapasso" as normas que a legislação impõem para a caracterização desta modalidade de exportação, que, consoante a documentação apresentada à fiscalização, comprovou que encaminhou sua produção para exportação por meio de empresa comercial exportadora, bem como que referidas mercadorias foram efetivamente exportadas, razão pela qual reafirma seu direito a homologação do crédito de IPI que apropriara em decorrência das exportações realizadas. Em face do exposto, requer seja acolhida a provida a manifestação de inconformidade para ver declarada as compensações realizadas, vez que se encontram de acordo com os preceitos legais e regulamentares de regência; e a inclusão no benefício em questão dos valores referentes à operação de industrialização por encomenda, bem como as aquisições de mercadorias para industrialização realizadas no exterior, nos moldes como antes explicitado. Da Decisão de 1ª Instância Sobreveio a decisão contida no voto condutor do acórdão recorrido, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, mantendo a decisão proferida pela autoridade administrativa na repartição de origem, cuja ementa transcrevo: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/10/2011 a 31/12/2011 COMERCIAL EXPORTADORA. FIM ESPECÍFICO DE EXPORTAÇÃO. Fl. 130DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 129 5 Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. Destarte, a passagem desses produtos por outros estabelecimentos intermediários, descaracteriza a aquisição com o fim específico de exportação. CÁLCULO DO CRÉDITO PRESUMIDO. OPÇÃO. Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do IPI, na forma da Lei nº 10.276, de 2001, valendo essa opção por todo o anocalendário. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Do Recurso Voluntário Irresignado com a decisão formalizada pelo acórdão vergastado, o requerente interpôs recurso voluntário, em 28.07.2015, reprisando os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. Para demonstrar a absoluta identidade das alegações suscitadas em ambas as peças recursais, é suficiente transcrevermos o trecho denominado "3 DO PEDIDO": (...) À vista do exposto, demonstrada a insubsistência da autuação fiscal em comento, requer que seja acolhido e provido o presente Recurso para: 3.1 declarar que as compensações realizadas se encontram de acordo com os preceitos legais e normatização de regência; e 3.2 incluir no benefício em questão os valores referentes às exportações indiretas. Nestes Termos, Pede Deferimento. É o relatório. Voto Conselheiro Orlando Rutigliani Berri, Relator Prolegômeno O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelos parágrafos 1º e 2º do artigo 47 do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343 de 09.06.2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão Fl. 131DF CARF MF 6 3001000.074 de 31 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 15586.721132/201254, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3001000.074): "Da Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche os demais requisitos de admissibilidade, devendo ser conhecido por este Colegiado. Preâmbulo 1 Contextualizando o presente litígio, cabe ressaltar que, como já explicitado no relatório supra, o contribuinte reitera seus argumentos apresentados na manifestação de inconformidade, na qual, em síntese, defende a possibilidade de utilização dos custos de serviços de industrialização por encomenda e, no caso das vendas para comercial exportadora, alega que embora não tenha cumprido com as normas administrativas e procedimentais impostas pela legislação de regência, entende ser inconteste o direito pleiteado, haja vista ter comprovado a exportação das mercadorias. Preâmbulo 2 O cotejo entre a manifestação de inconformidade e a presente peça recursal, ora examinada, revela que, quando da apresentação do primeiro recurso, é induvidoso que o contribuinte em nenhum momento se defendeu quanto a desconsideração, quando da elaboração do cálculo da base de cálculo dos valores referentes aos combustíveis (gás); tal como efetuada pela fiscalização. É o que se depreende do subitem 4.2 do item 4 "DO PEDIDO" da sua manifestação de inconformidade, na medida em que requer, tal como está escrito, "incluir no benefício em questão os valores referentes à operação de industrialização por encomenda, bem como aquisições de mercadorias para industrialização realizadas no exterior, nos moldes como explicitado na presente peça". Mister notar que o recorrente não pode modificar o pedido ou invocar outra causa petendi (causa de pedir) nesta fase do contencioso, sob pena de violação do princípio da congruência e ofensa aos artigos 16 e 17 do Decreto 70.235 de 1972, bem como aos artigos 141, 223, 329 e 492 do Código de Processo Civil (CPC). Cumpre, destarte, não conhecer da inconformidade baseada na referida divergência, por estar tal razão recursal preclusa, por força de expressa disposição legal. Preâmbulo 3 Sem embargo, embora neste processo não se aprecia qualquer discussão acerca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário objeto da compensação, tratarei do tema, em breves linhas, tendo em vista a preocupação demonstrada pelo recorrente, a fim de não dar margem a eventual alegação de cerceamento de defesa. É fato que a partir de 31.10.2003, com a edição da MP 135 convertida na Lei 10.833 de 2003, a suspensão da exigibilidade de débito compensado tornouse possível uma vez que a declaração de compensação feita pelo contribuinte passou a ter caráter de confissão de dívida e ser instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. Fl. 132DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 130 7 Neste passo, o inciso III do artigo 151 do Código Tributário Nacional CTN, norma complementar, dispõe que: as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo, suspendem a exigibilidade do crédito tributário. Nestes termos, reafirmo a suspensão da exigibilidade dos débitos informados até o julgamento definitivo na esfera administrativa do presente litígio. Mérito Das vendas para comercial exportadora. Fim específico de exportação O indeferimento do pleito, neste tópico, deveuse pelo descumprimento do “fim específico de exportação” na venda para a comercial exportadora. Alega o recorrente em seu recurso premissas que diz consistirem de aspectos não controvertidos no caso concreto os quais seriam capazes de conduzir à correta conclusão no sentido de que realizou a exportação, mesmo que, sem cumprir com os ditames legais e regulamentares que regem a matéria e de forma indireta, por meio da venda com fim específico. A fiscalização, com base nas notas fiscais apresentadas e demais informação prestada pelo contribuinte, verificou que nas respectivas operações de vendas os produtos eram enviados para o estabelecimento do próprio adquirente, que não é recinto alfandegado. Esclarecendo que juntamente com a relação das exportações feitas através de comerciais exportadoras e das notas fiscais que comprovassem estas vendas, o contribuinte apresentou “memorandos de exportações”, a fim de comprovar a efetiva exportação das mercadorias. Diante dos fatos apontados, o Fisco constatou que o contribuinte descumpriu o disposto no artigo 42, inciso V, alínea "a", parágrafo 1º, do Decreto 4.544 de 2002 RIPI, bem como o artigo 39, inciso I, parágrafo 2º, da Lei 9.532 de 1997, que determinam que a remessa direta dos produtos a embarque de exportação ou a recinto alfandegado, é condição necessária para a fruição da suspensão do IPI na saída dos produtos do estabelecimento industrial. Nesse contexto, para avaliar se as operações de venda efetuadas pelo “produtor/vendedor” estão ou não cobertas pela suspensão do IPI, há que se perquirir as normas relativas às operações de comércio exterior, que regulamentam as empresas comerciais exportadoras (ECE), bem como as suas aquisições de mercadorias no mercado interno para o fim específico de exportação. Adianto desde já que o benefício fiscal de que aqui se trata não é o previsto na Constituição Federal (imunes à incidência de contribuições, por força do inciso I, § 2º, do artigo 149, da CF) para as operações de exportação, mas sim o previsto em Lei e sua regulamentação, para as operações de vendas realizadas pelo produtor/vendedor às empresas comerciais exportadoras, quando os produtos sejam adquiridos com o fim específico de exportação. Desta forma, quanto ao imposto tratado nestes autos (IPI), temos que o artigo 42 do Decreto 4.544 de 2002, assim dispõem: Fl. 133DF CARF MF 8 Art. 42 Poderão sair com suspensão do imposto: (...) V os produtos, destinados A exportação, que saiam do estabelecimento industrial para (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39): a) empresas comerciais exportadoras, com o fim especifico de exportação nos termos do parágrafo único deste artigo (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, inciso I); (...) § 1º No caso da alínea a do inciso V, consideramse adquiridos com o fim especifico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora (Lei nº 9.532, de 1997, art. 39, § 2º). (grifei) Destacase que os dispositivos acima citados, regulamentaram o artigo 39 da Lei 9.532 de 1997, que estabelece: Art. 39 Poderão sair do estabelecimento industrial, com suspensão do IPI, os produtos destinados à exportação, quando: I adquiridos por empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação; II remetidos a recintos alfandegados ou a outros locais onde se processe o despacho aduaneiro de exportação. § 1º Fica assegurada a manutenção e utilização do crédito do IPI relativo às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem utilizados na industrialização dos produtos a que se refere este artigo. § 2º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. Para melhor deslinde da presente questão, trago, por oportuno, a manifestação da Divisão de Tributação da SRRF/9ª RF, por meio da Nota Disit 8 de 25.08.2004, da qual transcrevo, com as devidas adaptações, alguns excertos, adotandoas como razão de decidir, com fundamento no § 1º do artigo 50 da Lei 9.784 de 1999. Pois bem. Observase que o artigo 14, inciso VIII, da Medida Provisória 2.15835 de 2001, ao tratar das empresas comerciais exportadoras, restringeas àquelas do DecretoLei 1.248 de 1972, sendo que, logo em seguida, o inciso IX do mesmo artigo se refere a “empresas exportadoras registradas na Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”. Os demais artigos da Lei falam simplesmente em “empresa comercial exportadora”, sem apontarlhe qualquer característica especial. E, em todas as hipóteses, condicionase a fruição dos benefícios fiscais em tela (isenção ou nãoincidência do IPI, nas vendas à comercial exportadora) ao “fim específico de exportação” da venda. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 131 9 Disso isto, e se valendo, ainda, da conhecida regra de hermenêutica segundo a qual o intérprete não deve distinguir onde a lei não o fez, decorre que quando a lei não é expressa em sentido contrário (como ocorre na norma antes referenciada), a alusão que faz a empresa comercial exportadora abrange qualquer pessoa jurídica do gênero e não apenas aquelas disciplinadas pelo DecretoLei 1.248 de 1972. Com efeito, existem, no ordenamento jurídico pátrio, duas espécies de empresas comerciais exportadoras: (i) a empresa comercial exportadora que poderíamos chamar de comum, e (ii) a constituída nos termos da mencionada norma legal, também conhecida como trading company. A primeira (ECE comercial exportadora comum) é regida pelo Código Civil, não se diferenciando, em seus aspectos formais, das demais pessoas jurídicas, entre as quais se individualiza tãosomente em função do seu objeto social. À segunda (trading company), ao contrário, aplicamse requisitos especiais de constituição e funcionamento, previstos no artigo 2º do citado DecretoLei, quais sejam: (a) exigência de registro especial na Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil S/A (Cacex) (hoje cadastro do Departamento de Operações de Comércio Exterior (Decex), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), e na Receita Federal do Brasil, de acordo com as normas aprovadas pelo Ministro da Fazenda e veiculadas na Portaria/MF 438 de 26.05.1992; (b) constituição sob a forma de sociedades por ações, devendo ser nominativas as ações com direito a voto; e (c) exigência de capital mínimo, fixado pelo Conselho Monetário Nacional e tornado público pela Resolução/Banco Central do Brasil 1.928 de 26.05.1992. As empresas comerciais exportadoras comum (ECE) ou não trading, sujeitamse às regras gerais a que estão submetidos todos os exportadores, entre elas a inscrição no Registro de Exportadores e Importadores (REI), da SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, inscrição essa disciplinada por Portaria da SECEX, que consolida as disposições regulamentares das operações de exportação. Essa mesma Portaria dispõe, que “o registro especial para operar como Empresa Comercial Exportadora, de que trata o DecretoLei e legislação complementar, deverá observar os procedimentos previstos em Comunicado DECEX”. Em termos de legislação tributária, a menção a empresa comercial exportadora deve ser entendida, em regra, como abarcando tanto aquelas sujeitas a registro especial, como as demais, inscritas somente no REI. A Coordenação do Sistema de Tributação (CST), no Parecer Normativo 42 de 1975, reconhecia que o DecretoLei 1.248 de 1972, não revogara as demais disposições legais atinentes a empresas exportadoras não trading, aduzindo o que segue: (...) 9. Diante dessas considerações tornamse claras as diferenças, para os efeitos da legislação reguladora de estímulos fiscais à exportação de manufaturados, entre Empresa Comercial Exportadora de que trata o DecretoLei nº 1.248/72 e as empresas exportadoras ou que operam no comércio exterior referidas no art. 8º do Decreto nº 64.833/69 e no artigo 7º, inciso X, letra “a”, do RIPI. Diferenças advindas, principalmente, das Fl. 135DF CARF MF 10 formas de operações que executam, resultando em momento e condições diversas de gozo de incentivos fiscais. 10. A conclusão que se impõe, pois, é a de que, tratandose de empresas sujeitas a normas reguladoras diferentes, as atividades exercidas por uma não atingem e nem limitam ou excluem as atividades da outra. (...) Assim sendo, no presente caso, como a indústria estava lidando com comercial exportadora comum (não trading), para valerse da isenção do imposto (IPI) na operação de venda, deveria remeter os produtos diretamente, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, a embarque de exportação ou a recinto alfandegado, enquanto que se a venda estiver sendo feita a comercial exportadora do DecretoLei 1.248 de 1972 (trading), ela (a indústria) poderia enviar os produtos, ainda, ao recinto de uso privativo da comercial exportadora de que trata o artigo 14 da IN SRF 241 de 2002, por sua conta e ordem. A única dúvida que se poderia suscitar diz com a interpretação do que seria, no caso, o “fim específico de exportação”. No entanto, a definição dada pelo § 2º do artigo 39 da Lei 9.532 de 1997 não deixa margem de dúvidas. Vejase. Art. 39. Poderão sair do estabelecimento industrial, com suspensão do IPI, os produtos destinados à exportação, quando: I (...) § 2º Consideramse adquiridos com o fim específico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora. (grifei) Nesse sentido, o § 1º do artigo 42 do Decreto 4.544 de 2002, que regulamenta o IPI (RIPI), adotou expressamente o texto fixado no § 2º do artigo 39 da Lei 9.532 de 1997, para efeito de condicionar a isenção prevista no artigo 14 da MP 2.15835 de 2001. Portanto, foi o próprio artigo 39 da citada lei que sujeitou a suspensão em tela à condição de que a aquisição tivesse o “fim específico de exportação”, caracterizado esse “fim específico” pela remessa direta dos produtos, pelo estabelecimento industrial vendedor, a embarque de exportação ou a recinto alfandegado, por conta e ordem da empresa comercial exportadora, norma incorporada pelos regulamentos do IPI, editados a partir de 1997 (§ 2º do inciso VI do artigo 40 do Decreto 2.637 de 1998 (RIPI/1998), e § 2º do inciso V do artigo 42 do Decreto 4.544 de 2002 (RIPI/2002). Desta forma, a suspensão do IPI está condicionada à remessa direta dos produtos vendidos ao embarque de exportação ou a recinto alfandegado, tratandose de providência da alçada da indústria (produtora), ainda que por conta e ordem da comercial exportadora e, nem poderia ser diferente, pois é com essa obrigatoriedade que o Fisco consegue manter controle dos benefícios fiscais auferidos pelos contribuintes, dificultando eventuais desvios na destinação dos produtos, evitando que sejam comercializados indevidamente no mercado interno. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 132 11 Ocorre que o contribuinte, conforme consta dos dados das notas fiscais e sua própria informação, entregou os produtos no endereço do próprio adquirente, que não é recinto alfandegado, infringindo a determinação legal. Em que pese a seu pleito, não há como prosperar a argumentação do recorrente, haja vista que a legislação tributária (a lei e o regulamento do IPI) estabelece que “consideramse adquiridos com o fim especifico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora”, devendo tal norma, uma vez que concede suspensão do IPI, ser interpretada de forma literal, consoante o que dispõe o artigo 111 do CTN, não cabendo, pois, interpretação ampliativa, como defende o recorrente. Serviços de industrialização por encomenda O indeferimento do pleito, neste tópico, deveuse ao fato de o contribuinte não ter optar pelo regime alternativo instituído pela Lei 10.276 de 2001, cujos incisos I e II do § 1º do seu artigo 1º traz textualmente quais os custos que poderão ser aproveitados na base de cálculo do crédito presumido. Alega o recorrente, basicamente, que faz jus ao aproveitamento desses créditos, pois além de a norma não exigir sequer que seja contribuinte do IPI, para gozar do referido benefício, a questão já foi pacificada, a seu favor, no âmbito do STJ, consoante prescreve a súmula 494 daquela corte. Esta matéria, qual seja, a da possibilidade de inclusão no cálculo do crédito presumido de IPI, de que trata a Lei 9.363 de 1996, os valores pagos a título de industrialização por encomenda, não é nova no âmbito do processo administrativofiscal. Neste sentido esclareço, desde já, que me filio à corrente de que no regime estatuído pela citada norma tal apropriação não encontra amparo legal. Como antes já manifestado, entendo que qualquer modalidade de incentivo ou benefício fiscal deve estar sujeito a regras de interpretação literal da legislação que o concede. Para tanto, esclareço que discordo do entendimento segundo o qual as formas de exclusão do crédito tributário sejam somente as previstas no artigo 175 do CTN, pois, partilho da opinião de que referida prescrição somente estabeleceu que a isenção e a anistia excluem o crédito tributário, mas por evidente, não podem ser consideradas as únicas formas existentes de exclusão do crédito tributário. A concessão de crédito presumido de IPI é uma forma indireta de excluir o crédito tributário, na medida em que permite se apropriar de um crédito antes inexistente para ser compensado com tributos devidos. Fosse correta a conclusão de que as únicas formas de exclusão do crédito tributário são a isenção e a anistia, intuo que a redação do artigo 111 do CTN seria, no mínimo, inaplicável quando prever no seu inciso II uma regra que já se encaixava no próprio inciso I, ou seja, seria desnecessário constar no inciso II que se interpreta literalmente as regras de outorga de isenção já que esta é uma forma de exclusão do crédito tributário já contemplado no inciso I. Vejamos a redação do artigo 111 do CTN: Fl. 137DF CARF MF 12 Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. É neste sentido que no presente caso deve se dar interpretação literal à norma tributária que concede o benefício fiscal nos exatos termos de que dispõe a norma retro reproduzida. Em verdade, entendo que a concessão de isenção, anistia, incentivos e benefícios fiscais decorrem de normas que têm caráter de exceção, na medida em que escampa às regras do que seria o tratamento tributário ordinário. Me permito, a fim de corroborar meu entendimento quanto ao tema, transcrever, a seguir, trecho da doutrina do Professor Eduardo Sabbag: (...) Retomando a análise do art. 111 do CTN, o que se nota é que tal dispositivo disciplina hipóteses de “exceção”, devendo sua interpretação ser literal[44]. Na verdade, consagra um postulado que emana efeitos em qualquer ramo jurídico, isto é, “o que é regra se presume; o que é exceção deve estar expresso em lei”. Com efeito, a regra não é o descumprimento de obrigações acessórias, nem a isenção concedida e, por fim, nem a exclusão ou suspensão do crédito tributário, mas, respectivamente, o cumprimento de obrigações, o pagamento do tributo e a extinção do crédito, mediante pagamento ou outra modalidade extintiva. Assim, o direito excepcional[45] deve ser interpretado literalmente, razão pela qual se impõe o artigo ora em estudo. Aliás, em absoluta consonância com o art. 111 está a regra do parágrafo único do art. 175, pela qual “a exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente”. (...) (grifei) (Trecho extraído da internet no seguinte endereço: https://eduardosabbag.jusbrasil.com.br/artigos/121933898/inter pretacaoeintegracaodalegislacaotributaria) Estabelecido a presente premissa, vejamos então como o crédito presumido do IPI está disciplinado na Lei 9.363 de 1996: Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos 7, de 7 de setembro de 1970, 8 de 3 de dezembro de 1970, e 70, de 30 de Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 133 13 dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior. Art. 2º A base de cálculo do crédito presumido será determinada mediante a aplicação, sobre o valor total das aquisições de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem referidos no artigo anterior, do percentual correspondente à relação entre a receita de exportação e a receita operacional bruta do produtor exportador. (grifei) Portanto, a interpretação literal que se extrai do comando normativo acima transcrito é que gera direito ao crédito presumido do IPI os valores decorrentes da aquisição no mercado interno de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem para aplicação no processo produtivo das empresas produtoras e exportadoras. A industrialização por encomenda é um serviço prestado ao industrial e não se identifica definitivamente com qualquer dos itens citados na norma, quais sejam matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem. Logo, ainda que nessa prestação de serviço possa se agregar algum insumo ou mesmo que do serviço resulte uma matériaprima a ser utilizada no seu processo produtivo próprio, concluo que a lei não permitiu essa apropriação. Tanto que posteriormente à edição do referido benefício fiscal sobreveio, com a edição da Lei 10.276 de 2001, uma forma alternativa de apuração do crédito presumido, desta feita prevendo expressamente a possibilidade de se apropriar do valor correspondente aos serviços com industrialização por encomenda. Segue transcrição do dispositivo legal, na parte que interessa ao presentes exame: Art. 1º Alternativamente ao disposto na Lei nº 9.363, de 13 de dezembro de 1996, a pessoa jurídica produtora e exportadora de mercadorias nacionais para o exterior poderá determinar o valor do crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como ressarcimento relativo às contribuições para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/PASEP) e para a Seguridade Social (COFINS), de conformidade com o disposto em regulamento. § 1º A base de cálculo do crédito presumido será o somatório dos seguintes custos, sobre os quais incidiram as contribuições referidas no caput: I de aquisição de insumos, correspondentes a matériasprimas, a produtos intermediários e a materiais de embalagem, bem assim de energia elétrica e combustíveis, adquiridos no mercado interno e utilizados no processo produtivo; Fl. 139DF CARF MF 14 II correspondentes ao valor da prestação de serviços decorrente de industrialização por encomenda, na hipótese em que o encomendante seja o contribuinte do IPI, na forma da legislação deste imposto. (...) § 5º Aplicamse ao crédito presumido determinado na forma deste artigo todas as demais normas estabelecidas na Lei nº 9.363, de 1996. Evidente que se o contribuinte quisesse se apropriar dos valores gastos com industrialização por encomenda, obrigatoriamente, deveria ter feito a opção pelo cálculo do crédito presumido do IPI na forma alternativa proposta pela Lei 10.276 de 2001, o que, como sabido, não fez. Logo, ao ter optado pela fórmula de cálculo da Lei 9.363 de 1996 impossível fazer uso desse benefício, por absoluta falta de previsão legal. Então é de se afastar a tese defendida pelo recorrente de que neste caso, a industrialização por encomenda teria dado suporte a aquisição de matériaprima, produto intermediário ou material de embalagem para posterior utilização no seu processo produtivo. Noutros termos, rechaçasse a ideia de que a industrialização por encomenda seria uma forma de aquisição destes insumos para utilização no processo produtivo e atenderia então ao disposto no artigo 1º da Lei 9.363 de 1996. Da Súmula 494 do STJ Por fim, o recorrente avoca, em assento aos seus argumentos de defesa, a aplicação dos ditames contidos no enunciado da súmula 494 do STJ, relativamente a não aceitação, para fins do aproveitamento na base de cálculo do crédito presumido do IPI, dos custos inerentes a prestação de serviços decorrentes de industrialização por encomenda. No entanto, o que foi sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça, por meio da mencionada súmula, diz respeito a tema diverso do tratado nos presentes autos. Vejamos, pois seu enunciado: "O benefício fiscal do ressarcimento do crédito presumido do IPI relativo às exportações incide mesmo quando as matérias primas ou os insumos sejam adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/PASEP." Naquela oportunidade o Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento, quanto a sistemática do recurso repetitivo previsto no artigo 543C do CPC, quanto ao condicionamento para fins de aplicação de incentivo fiscal aos insumos adquiridos de pessoa física ou jurídica não contribuinte do PIS/Pasep, na apuração do cálculo do crédito presumido do IPI, de que trata a Lei 9.363 de 1996. Portanto, descabida a pretensão do recorrente, no que se refere a Súmula 494 do STJ, o que torna impossível suscitar a cominação da alínea "b" do inciso II do § 1º do artigo 62 do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 343 de 09.06.2015. Conclusão Por todo o exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário." Fl. 140DF CARF MF Processo nº 10783.903553/201332 Acórdão n.º 3001000.072 S3C0T1 Fl. 134 15 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos parágrafos 1º e 2º do artigo 47 do Anexo II do RICARF (Portaria MF 343 de 09.06.2015), nego provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Fl. 141DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13976.720044/2012-16
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2010
MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU DEMONSTRATIVO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA.
O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN.
Numero da decisão: 1001-000.203
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA - Presidente.
(assinado digitalmente)
EDUARDO MORGADO RODRIGUES - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa.
Nome do relator: EDUARDO MORGADO RODRIGUES
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DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do relatorio e votos que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA Presidente. (assinado digitalmente) EDUARDO MORGADO RODRIGUES Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues (Relator), José Roberto Adelino da Silva e Lizandro Rodrigues de Sousa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 97 6. 72 00 44 /2 01 2- 16 Fl. 27DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 3 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 18 a 25) interposto contra o Acórdão nº 0946.388, proferido pela 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG (fls. 13 a 15), que, por unanimidade, julgou parcialmente procedente a impugnação apresentada pela ora Recorrente, decisão esta consubstanciada na seguinte ementa: " ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2010 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DE DECLARAÇÃO OU DEMONSTRATIVO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA. O cumprimento de obrigação acessória apresentação de Declaração ou Demonstrativo fora dos prazos previstos na legislação tributária, sujeita o infrator às penalidades legais. A entrega de declaração em atraso não caracteriza a denúncia espontânea referida no art. 138 do CTN. RETROATIVIDADE BENIGNA. REDUÇÃO DA MULTA. A lei nova aplicase a ato ou fato não definitivamente julgados quando lhes comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte" Por sua precisão na descrição dos fatos que desembocaram no presente processo, peço licença para adotar e reproduzir os termos do relatório da decisão da DRJ de origem: " Tratase de lançamento, no valor de R$ 15.000,00, relativo a multa por atraso na entrega da(o) FCONT referente a(o) AC 2010. A contribuinte apresentou impugnação pedindo o cancelamento da multa, em resumo, sob o argumento de estar amparada pelo instituto da denúncia espontânea, estabelecido no art. 138 do CTN." Inconformado com a decisão de primeira instância, após regularmente cientificado da decisão, o contribuinte apresentou o presente Recurso Voluntário repisando os mesmos argumentos expostos na Impugnação, qual seja o da denúncia espontânea. É o relatório. Fl. 28DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues O presente Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele conheço. Quanto ao mérito, por concordar com todos os seus termos e conclusões, e em atenção ao disposto no §3º do art. 57 do RICARF, adoto as razões exaradas pela decisão da DRJ ora combatida. Para tanto, reproduzo os tópicos atinentes às matérias ora tratadas: "(...) A interpretação do art. 113 do CTN mostra que as obrigações principal e acessória têm fatos geradores distintos e independentes, sendo que o simples fato de não observar a obrigação acessória constitui o fato gerador da obrigação principal de pagar a respectiva penalidade pecuniária. A penalidade em discussão está expressamente prevista em lei, conforme enquadramento legal constante do lançamento, vinculando toda a Administração Pública, em face do princípio constitucional da legalidade. Registrese que não cabe na esfera administrativa a apreciação de aspectos ligados à constitucionalidade de dispositivos legais plenamente eficazes. Assim, constatado o atraso no adimplemento da obrigação acessória, o lançamento da multa é de natureza vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional (art. 142 do CTN). Ademais, salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato (art. 136 do CTN). Assim, a exigência da multa independe de culpa ou dolo do sujeito passivo. O atraso na entrega da DMED é ostensivo, evidente por si só, sendo desnecessário qualquer procedimento fiscal prévio. O instituto da denúncia espontânea, versado no artigo 138 do CTN, não se aplica às multas por atraso na entrega de Declaração, Demonstrativo e Escrituração Digital, consoante entendimento pacificado no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais: Súmula CARF nº 49: A denúncia espontânea (art. 138 do Código Tributário Nacional) não alcança a penalidade decorrente do atraso na entrega de declaração. Essa matéria encontrase também pacificada no âmbito do Poder Judiciário. A título exemplificativo, cito manifestação do Superior Tribunal de Justiça, em decisão unânime de sua Primeira Turma provendo o RE da Fazenda Nacional nº 246.963/PR (acórdão publicado em 05/06/2000 no Diário da Justiça da União – DJUe): Tributário. Denúncia espontânea. Entrega com atraso de declaração de contribuições e tributos federais – DCTF. Fl. 29DF CARF MF Processo nº 13976.720044/201216 Acórdão n.º 1001000.203 S1C0T1 Fl. 5 4 1. A entidade “denúncia espontânea” não alberga a prática de ato puramente formal do contribuinte de entregar, com atraso, a Declaração de Contribuições e Tributos Federais – DCTF. 2. As responsabilidades acessórias autônomas, sem qualquer vínculo direto com a existência do fato gerador do tributo, não estão alcançadas pelo art. 138, do CTN. 3. Recurso especial provido. Portanto, como no presente caso é incontroverso o atraso no cumprimento da obrigação acessória, correta a exigência da multa legalmente estabelecida. Não obstante, em virtude do princípio da retroatividade benigna, deve ser reduzida a multa aplicada. (...)" Assim, com base nos argumentos supra colacionados, provenientes da DRJ de origem, entendo que os argumentos esposados pela Recorrente não devem ser acolhidos. Portanto, a decisão de primeira instância, que reduziu o valor da multa lançada, não merece qualquer reparo. Desta forma, VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao Recurso Voluntário, mantendo in totum a decisão de primeira instância. É como voto. (assinado digitalmente) Eduardo Morgado Rodrigues Relator Fl. 30DF CARF MF
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