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Numero do processo: 10280.720843/2013-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 03 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 07 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/08/2008 a 31/12/2008
NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA.
Não há que se falar em nulidade do lançamento, quando a descrição dos fatos, metodologia do lançamento e dispositivos relacionados claramente indicam a infração imputada ao sujeito passivo.
CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO 11%. CONSTRUÇÃO CIVIL. FORNECIMENTO DE MATERIAIS.
Caso haja a previsão contratual para o fornecimento de materiais ou a utilização de equipamentos, sem que seus valores estejam discriminados no contrato, a base de cálculo será de, no mínimo, 50% do valor bruto da nota fiscal, desde que nela se especifiquem os materiais/equipamentos fornecidos.
Numero da decisão: 2402-006.014
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, determinando a correção do valor lançado de modo a adequá-lo ao percentual de 50% (cinquenta por cento) das notas fiscais, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Mario Pereira de Pinho Filho - Presidente
(assinado digitalmente)
Mauricio Nogueira Righetti - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitosa e Fernanda Melo Leal.
Nome do relator: MAURICIO NOGUEIRA RIGHETTI
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/08/2008 a 31/12/2008 NULIDADE DO LANÇAMENTO. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. Não há que se falar em nulidade do lançamento, quando a descrição dos fatos, metodologia do lançamento e dispositivos relacionados claramente indicam a infração imputada ao sujeito passivo. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RETENÇÃO 11%. CONSTRUÇÃO CIVIL. FORNECIMENTO DE MATERIAIS. Caso haja a previsão contratual para o fornecimento de materiais ou a utilização de equipamentos, sem que seus valores estejam discriminados no contrato, a base de cálculo será de, no mínimo, 50% do valor bruto da nota fiscal, desde que nela se especifiquem os materiais/equipamentos fornecidos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 08 43 /2 01 3- 11 Fl. 547DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, afastar a preliminar e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, determinando a correção do valor lançado de modo a adequálo ao percentual de 50% (cinquenta por cento) das notas fiscais, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Mario Pereira de Pinho Filho Presidente (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Mário Pereira de Pinho Filho, Ronnie Soares Anderson, João Victor Ribeiro Aldinucci, Luis Henrique Dias Lima, Theodoro Vicente Agostinho, Mauricio Nogueira Righetti, Jamed Abdul Nasser Feitosa e Fernanda Melo Leal. Fl. 548DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 3 3 Relatório Cuida o presente de Recurso Voluntário em face do Acórdão da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento DRJ, que considerou improcedente a Impugnação apresentada pelo sujeito passivo. Contra a contribuinte foi lavrado Auto de Infração em 25.03.2013 para constituição de Contribuição Previdenciária no valor principal de R$ 648.321,61, acrescido da multa de ofício (75%) e dos juros legais Selic. A autuação decorre da constatação das infrações a seguir: 1 Falta de Retenção pela Tomadora de Serviços Mediante Cessão de Mão deobra ou Empreitada, no período de 08/2008 a 12/2008. Para a descrição dos fatos, trago à colação excertos do Relatório Fiscal de fls. 10/15: A contratante não considerou a taxa de administração indicada no contrato para efetuar a retenção em nota fiscal, limitandose aos percentuais e valores estipulados no item 12.5.2 do contrato, observando que tais valores, segundo a Fiscalização, não considerava a taxa de administração. Ao final da constatação, ressaltou o contido no item 6.2 do referido contrato parcial entre as partes. Consta ainda no artigo 124 da Instrução Normativa RFB nº 971/2009 que poderão ser deduzidas da base de cálculo da retenção as parcelas que estiverem discriminadas na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, que correspondam: I ao custo da alimentação in natura fornecida pela contratada, de acordo com os programas de alimentação aprovados pelo MTE, conforme Lei 6.321, de 1976. A empresa contratante não possuía o PAT para o período em que era responsável pelo fornecimento de alimentação dos seus funcionários Analisando o item 12.5.2 do contrato a contratante deixou de reter em nota fiscal o valor real da folha de pagamento da obra, chegamos a essa conclusão observando os valores informados em GFIP´s vinculadas a Matrícula CEI pela contratada. Observamos que o Boulevard shopping Belém/PA limitouse a aplicar a retenção tão somente nos valores e Fl. 549DF CARF MF 4 percentuais contidos no contrato que não representavam o total de mão de obra empregado nesta obra o que se evidencia ao analisarmos as GFIP´S e planilhas da contratada consorcio OAS/Estacon. Regularmente intimado, apresentou Impugnação, que foi julgada improcedente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil DRJ, às fls. 470/475. Em seu Recurso Voluntário às fls. 480/501, aduz, em síntese: Ilegalidade na cobrança do tributo na figura do recorrente. Que estaria sendo cobrado a "folha de salários real da obra". Que não se aplica a solidariedade para os contratos de empreitada parcial. Que no caso de empreitada parcial, dáse a retenção de 11% sobre as notas fiscais, não abrangendo o efetivo recolhimento das contribuintes previdenciárias sobre a folha do contratado. Que o consórcio contratado já havia recolhido a contribuinte previdenciária sobre sua folha. Eventual cobrança apenas da multa isolada. Não aplicação da multa de ofício, à semelhança do que ocorre com o IRRF. Base de cálculo da retenção. Que a Fiscalização teria fundamentado o lançamento pela não observância da correta retenção incidente sobre a folha de pagamento real da obra, que não é elemento constituinte da base de cálculo da retenção. Que a Fiscalização fez alusão ao item 15.5.2 do contrato, que assim estabeleceu: Suposta dedução indevida dos valore pagos pela contratada a título de alimentação. Que a fiscalização teria adicionado à base de cálculo valores pagos a titulo de alimentação pela contratada em um período da obra. que a recorrente apenas deduziu os valores correspondentes aos materiais e às subempreitadas. Nulidade do lançamento. Que a fiscalização cerceou a defesa do recorrente quando, de forma vaga e imprecisa, caracterizou a infração como "o valor retido em nota em nota fiscal não contempla valores pagos a título de alimentação pela contratada em um período da obra". Taxa de Administração. Que o contrato firmado continha 2 objetos e era regido por 2 regimes distintos. Quanto aos objetos: serviços e obras civis e a administração de serviços a serem prestados por terceiros, mediante contratação direta de contratante. Que, nos termos do artigo 144 da IN RFB Nº 971/2009, não haveria a retenção sobre a prestação de serviços de administração. É o relatório. Fl. 550DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 4 5 Voto Conselheiro Mauricio Nogueira Righetti, Relator O contribuinte tomou ciência do Acórdão recorrido em 25.11.2014 e apresentou tempestivamente seu Recurso Voluntário em 23.12.2014. Observados os demais requisitos de admissibilidade, dele passo a conhecer. A retenção dos 11% sobre o valor da nota fiscal de prestação de serviços tem previsão expressa no artigo 31 da Lei 8.212/91. Vejamos: Art. 31. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal ou fatura de prestação de serviços e recolher a importância retida até o dia 10 (dez) do mês subseqüente ao da emissão da respectiva nota fiscal ou fatura em nome da empresa cedente da mãodeobra, observado o disposto no § 5o do art. 33 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007). (...) § 3o Para os fins desta Lei, entendese como cessão de mãodeobra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividadefim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação.(Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). § 4o Enquadramse na situação prevista no parágrafo anterior, além de outros estabelecidos em regulamento, os seguintes serviços: (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998). (...) III empreitada de mãodeobra; (Incluído pela Lei nº 9.711, de 1998). Por sua vez, o artigo 219 do Decreto 3.048/99, assim determina: Art. 219. A empresa contratante de serviços executados mediante cessão ou empreitada de mãodeobra, inclusive em regime de trabalho temporário, deverá reter onze por cento do valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços e recolher a importância retida em nome da empresa contratada, observado o disposto no § 5º Fl. 551DF CARF MF 6 do art. 216. (Redação dada pelo Decreto nº 4.729, de 2003) Notese que se trata de instituto diverso do da solidariedade, eis que o tomador, responsável pelo tributo, relacionase com a obrigação tributária na condição de sujeito passivo, por substituição legal. Vale dizer, quando da emissão da nota fiscal, naquele momento, perseguese o tomador e somente ele. É, em outras palavras, o que dispõe o §5º do artigo 33 da Lei 8.212/91. Art. 33. À Secretaria da Receita Federal do Brasil compete planejar, executar, acompanhar e avaliar as atividades relativas à tributação, à fiscalização, à arrecadação, à cobrança e ao recolhimento das contribuições sociais previstas no parágrafo único do art. 11 desta Lei, das contribuições incidentes a título de substituição e das devidas a outras entidades e fundos. (...) § 5º O desconto de contribuição e de consignação legalmente autorizadas sempre se presume feito oportuna e regularmente pela empresa a isso obrigada, não lhe sendo lícito alegar omissão para se eximir do recolhimento, ficando diretamente responsável pela importância que deixou de receber ou arrecadou em desacordo com o disposto nesta Lei. E o artigo 112 da Instrução normativa RFB 971/2009, nesse sentido: Art. 112. A empresa contratante de serviços prestados mediante cessão de mãodeobra ou empreitada, inclusive em regime de trabalho temporário, a partir da competência fevereiro de 1999, deverá reter 11% (onze por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e recolher à Previdência Social a importância retida, em documento de arrecadação identificado com a denominação social e o CNPJ da empresa contratada, observado o disposto no art. 79 e no art. 145. § 1º Para fins do disposto no caput, a empresa contratada deverá emitir nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços específica para os serviços prestados em condições especiais pelos segurados ou discriminar o valor desses na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços. Com fundamento no § 8º do art. 219 acima transcrito, a Secretaria da Receita Federal do Brasil RFB, que, nos termos do art. 2º da Lei nº 11.457, de 16 de março de 2007, detém as atribuições de fiscalização, cobrança e normatização das contribuições previdenciárias, disciplinou essa matéria por meio da Instrução Normativa RFB nº 971, de Fl. 552DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 5 7 2009, da qual se extraem os seguintes excertos, trazendonos a regra para tratamento dos materiais e equipamentos empregados na prestação do serviço: Da Apuração da Base de Cálculo da Retenção Art. 121. Os valores de materiais ou de equipamentos, próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, fornecidos pela contratada, discriminados no contrato e na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, não integram a base de cálculo da retenção, desde que comprovados. Art 149 da IN SRP nº 3/2005 § 1º O valor do material fornecido ao contratante ou o de locação de equipamento de terceiros, utilizado na execução do serviço, não poderá ser superior ao valor de aquisição ou de locação para fins de apuração da base de cálculo da retenção. § 2º Para os fins do § 1º, a contratada manterá em seu poder, para apresentar à fiscalização da RFB, os documentos fiscais de aquisição do material ou o contrato de locação de equipamentos, conforme o caso, relativos a material ou equipamentos cujos valores foram discriminados na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços. § 3º Considerase discriminação no contrato os valores nele consignados, relativos a material ou equipamentos, ou os previstos em planilha à parte, desde que esta seja parte integrante do contrato mediante cláusula nele expressa. Art. 122. Os valores de materiais ou de equipamentos, próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, cujo fornecimento esteja previsto em contrato, sem a respectiva discriminação de valores, DESDE QUE discriminados na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, não integram a base de cálculo da retenção, devendo o valor desta corresponder no mínimo a: Art 150 da IN SRP nº 3/2 005 I 50% (cinquenta por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços; II 30% (trinta por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços para os serviços de transporte de passageiros, cujas despesas de Fl. 553DF CARF MF 8 combustível e de manutenção dos veículos corram por conta da contratada; III 65% (sessenta e cinco por cento) quando se referir a limpeza hospitalar, e 80% (oitenta por cento) quando se referir aos demais tipos de limpeza, do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. § 1º Se a utilização de equipamento for inerente à execução dos serviços contratados, DESDE QUE haja a discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, adotase o seguinte procedimento: I havendo o fornecimento de equipamento e os respectivos valores constarem em contrato, aplicase o disposto no art. 121; ou II não havendo discriminação de valores em contrato, independentemente da previsão contratual do fornecimento de equipamento, a base de cálculo da retenção corresponderá, no mínimo, para a prestação de serviços em geral, a 50% (cinquenta por cento) do valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços e, no caso da prestação de serviços na área da construção civil, aos percentuais abaixo relacionados: a) 10% (dez por cento) para pavimentação asfáltica; b) 15% (quinze por cento) para terraplenagem, aterro sanitário e dragagem; c) 45% (quarenta e cinco por cento) para obras de arte (pontes ou viadutos); d) 50% (cinquenta por cento) para drenagem; e e) 35% (trinta e cinco por cento) para os demais serviços realizados com a utilização de equipamentos, exceto os manuais. § 2º Quando na mesma nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços constar a execução de mais de um dos serviços referidos nos incisos I e II do § 1º, cujos valores não constem individualmente discriminados na nota fiscal, na fatura, ou no recibo, deverá ser aplicado o percentual correspondente a cada tipo de serviço, conforme disposto em contrato, ou o percentual maior, se o contrato não permitir identificar o valor de cada serviço. § 3º Aplicase aos procedimentos estabelecidos neste artigo o disposto nos §§ 1º e 2º do art. 121. Art. 123. Não existindo previsão contratual de fornecimento de material ou de utilização de Fl. 554DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 6 9 equipamento, e o uso desse equipamento não for inerente ao serviço, mesmo havendo discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo da retenção será o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços, exceto no caso do serviço de transporte de passageiros, para o qual a base de cálculo da retenção corresponderá, no mínimo, à prevista no inciso II do art. 122. Parágrafo único. Na falta de discriminação de valores na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, a base de cálculo da retenção será o seu valor bruto, ainda que exista previsão contratual para o fornecimento de material ou a utilização de equipamento, com ou sem discriminação de valores em contrato. (destacouse) Da leitura da legislação acima reproduzida, depreendese que, em regra, a base de cálculo da retenção prevista no art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, corresponde ao valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviço. Contudo, nas situações envolvendo o fornecimento de materiais ou equipamentos, a legislação admitiu a dedução, na base de cálculo da retenção, dos valores referentes à utilização desses materiais/equipamentos, mas, para tanto, foram impostas as seguintes condições que devem ser cumpridas cumulativamente: a) o fornecimento de material e/ou equipamento deve estar previsto em contrato (excetuada a hipótese em que a utilização de equipamento for inerente à execução dos serviços), e b) os valores de materiais e/ou equipamentos devem estar discriminados na nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços. . Perceba inicialmente que, sem o atendimento dessas duas condicionantes, nenhuma dedução de valores a título de utilização de material/equipamento poderá ser efetuada na base de cálculo da retenção. É o que dispõe o artigo 123 acima transcrito, quando determina que a base de cálculo deverá ser o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços se não houver: a) previsão contratual para o fornecimento de material ou a utilização de equipamento e o uso de equipamento não for inerente ao serviço, ainda que a nota fiscal, a fatura ou o recibo de prestação de serviços traga a discriminação dos valores referentes a materiais/equipamentos; ou b) discriminação dos valores concernentes ao fornecimento de materiais/equipamentos na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, ainda que exista a previsão contratual para esse fornecimento. Para fins de apuração da base de cálculo da retenção de que trata o art. 31 da Lei nº 8.212, de 1991, e dedução dos valores relativos ao fornecimento de materiais ou à utilização de equipamentos, não basta o cumprimento das referidas condicionantes, uma vez Fl. 555DF CARF MF 10 que os artigos 121 e 122 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, impõem a observância de outros aspectos adiante. Atendose ao art. 121 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, constata se que esse dispositivo disciplina as situações em que a discriminação dos materiais ou equipamentos consta no contrato e também na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação dos serviços. Nessa hipótese, os valores de materiais ou equipamentos, próprios ou de terceiros, exceto os equipamentos manuais, fornecidos pela contratada, não integrarão a base de cálculo da retenção, desde que comprovados na forma do § 2º desse artigo e seus valores não sejam superiores aos de aquisição do material ou de locação do equipamento. Já o art. 122 da referida Instrução Normativa dispõe sobre as situações em que o fornecimento de materiais/equipamentos encontrase previsto em contrato, mas não há, no contrato, a discriminação desses valores. Nessa circunstância, poderão ser deduzidos da base de cálculo da retenção os valores correspondentes ao fornecimento dos materiais/equipamentos, desde que a nota fiscal, a fatura ou o recibo de prestação dos serviços discrimine os respectivos valores e a base de cálculo da retenção não seja inferior ao valor resultante da aplicação dos seguintes percentuais sobre o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços: • 65% (sessenta e cinco por cento), para os serviços de limpeza hospitalar; • 80% (oitenta por cento), para os serviços de limpeza diversos da limpeza hospitalar; • 30% (trinta por cento), para os serviços de transporte de passageiros, cujas despesas de combustível e manutenção dos veículos corram por conta da contratada; • 50% (cinquenta por cento), para os serviços em geral. Por sua vez, o § 1º do art. 122 da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009, disciplina as situações em que a utilização de equipamentos é inerente à execução dos serviços contratados. Nesta hipótese, a dedução dos valores referentes aos equipamentos utilizados fica condicionada à discriminação dessas importâncias na nota fiscal, na fatura ou no recibo de prestação de serviços, não podendo a base de cálculo da retenção ser inferior ao valor resultante da aplicação dos seguintes percentuais sobre o valor bruto da nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviços: • 10% (dez por cento) para pavimentação asfáltica; • 15% (quinze por cento) para terraplenagem, aterro sanitário e dragagem; • 45% (quarenta e cinco por cento) para obras de arte (pontes ou viadutos); • 50% (cinquenta por cento) para drenagem; • 35% (trinta e cinco por cento) para os demais serviços de construção civil realizados com a utilização de equipamentos, exceto os manuais; Fl. 556DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 7 11 • 50% (cinquenta por cento), para a prestação de serviços em geral. Enfim, a base de cálculo da retenção previdenciária será, em regra, o valor bruto da nota fiscal, da fatura ou do recibo de prestação de serviços. Porém, a legislação previdenciária admite o abatimento, nessa base de cálculo, dos valores relativos a materiais/equipamentos utilizados na execução dos serviços, mas, para tanto, deverão ser observadas as regras descritas nos artigos 121 e subseqüentes da Instrução Normativa RFB nº 971, de 2009 (artigos 149 e seguintes, da Instrução Normativa SRP nº 3, de 2005. Nesse contexto, podese extrair da legislação, que caso não haja previsão contratual para o fornecimento de materiais ou a utilização de equipamentos e o uso de equipamentos não for inerente ao serviço, a base de cálculo da retenção será o valor bruto da nota fiscal, ainda que nela se especifique os materiais/equipamentos fornecidos. Por seu turno, caso haja a previsão contratual para o fornecimento de materiais ou a utilização de equipamentos, sem que seus valores estejam discriminados no contrato, a base de cálculo será de, no mínimo, 50% do valor bruto da nota fiscal, desde que nela se especifiquem os materiais/equipamentos fornecidos. Não é difícil notar o intuito da norma em evitar seja manipulado, pelo contribuinte e, por vezes, em acerto com o tomador, os valores atinentes à prestação de serviço e à entrega/utilização de materiais e equipamentos, atribuindo um peso maior a este último, a esquivarse, deliberada e indevidamente, da retenção do tributo. Assim, ao consignar no contrato os valores e especificação dos materiais/equipamentos a serem fornecidos, compatibilizandoos com as informações nos documentos fiscais, a Fiscalização teria condições instrumentais para se certificar se os materiais/equipamentos estão sendo entregues nas condições e preços contratualmente estipulados. O que, destacase, não ocorreu neste caso. Notase que a Fiscalização valeuse daquele inciso I do artigo 150 da IN SRP nº 3/2005 (atual inciso I do artigo 122 da IN RFB nº 971/09). É o que se extrai do seguinte excerto do Relatório Fiscal: "E em virtude na análise do instrumento particular de contrato de empreitada parcial com fornecimento de material, equipamento e mão de obra apresentada pela empresa e considerando as divergências acima relatadas, optamos pelo lançamento do AI aplicando o percentual de 50% do valor da nota fiscal com incidência sobre o mesmo, de 11% deduzindo os valores já retidos pela empresa." As constatações empreendidas pela fiscalização, a saber, de que a taxa de administração, os custos de alimentação in natura fornecido pela contratada e a folha de pagamento da contratada não estariam contemplados na base de cálculo para retenção não são as infrações propriamente ditas a fundamentar, materialmente, o lançamento, mas sim, representam elementos de convicção da autoridade lançadora de que a base de cálculo utilizada, destacase, de 5% do total da nota fiscal, ladeada a não discriminação, no contrato. dos valores atinentes aos materiais/máquinas e equipamentos fornecidos, não representaria, minimamente, a prestação de serviço em tela, autorizando valerse do disposto naquele incido I do artigo 150 da IN SRP nº 3/2005, atual inciso I do artigo 122 da IN RFB nº 971/09. A título de reforço, não se identificou no autos, em especial nas notas fiscais, a discriminação dos materiais/equipamentos aplicados, mas a seguinte discriminação genérica: "Valor referente a serviços de construção civil, com utilização de máquinas, equipamentos, Fl. 557DF CARF MF 12 mão de obra própria e de terceiros e aplicação de materiais, na obra do shopping Boulevar Belém, no município de Belém/PA". Nas notas de nº 6 e 7, fez menção, ao final do texto, "..., conforme BMS nº... ". O mais detalhado que se chegou, naqueles documentos fiscais, foi apontar o valor global que se referia à suposta utilização de maquinas, equipamentos e aplicação de materiais. Destarte, tenho que o relatório fiscal, seja em função da descrição dos fatos, seja em função da sistemática adotada para o lançamento, que considerou 50% do valor total da nota fiscal como base de cálculo para a retenção, propiciou ao recorrente sua ampla defesa acerca da infração a ele imputada, sobretudo em função da inobservância das condições previstas nos artigos 150, 151 e 152, todos da IN SRP nº 3/2005, que justificaria o lançamento, forma que não vislumbro qualquer cerceamento em seu direito de defesa a ensejar a nulidade do lançamento. Nessa linha, para que possa haver a dedução dos materiais/equipamentos empregados na base de cálculo de retenção, fazse necessários que estejam discriminados em valor, tanto no contrato, quanto na nota fiscal de serviço. Resumidamente, voltemos aos valores lançados: À luz da sistemática adotada pela Fiscalização e dos valores acima, percebe se que a base de cálculo adicionada, somada àquela utilizada pelo contribuinte, perfaz, por aparente incorreção dos cálculos utilizados, valor maior do que os 50% previstos no inciso I do artigo 150 da Instrução Normativa SRP nº 3/2005, fazendose necessário seu ajuste, a teor do artigo 60 do Dec. 70.235/72, de forma a adequálo à norma que regeu o caso. Fl. 558DF CARF MF Processo nº 10280.720843/201311 Acórdão n.º 2402006.014 S2C4T2 Fl. 8 13 Ante o exposto, CONHEÇO do recurso apresentado para REJEITAR a preliminar de nulidade suscitada e, no mérito, NEGARLHE provimento, determinando, outrossim, sejam corrigidos os valores lançados, de forma adequálos à base de cálculo relativa ao percentual de 50% das notas fiscais utilizadas na ação fiscal. (assinado digitalmente) Mauricio Nogueira Righetti Fl. 559DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11078.000021/96-54
Turma: Terceira Câmara
Seção: Segundo Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon May 07 00:00:00 UTC 2001
Ementa: ITR - Recurso Especial . Nulidade declarada de oficio. Notificação de lançamento que não preenche os requisitos legais contidos no artigo 11 do Decreto n. 70.235/72. A falta de indicação, na notificação de lançamento, do cargo ou função e o número de matrícula do AFTN acarreta a nulidade do lançamento, por vício formal.
Numero da decisão: CSRF/03-03.161
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em Declarar a nulidade do lançamento por vício formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Henrique Prado Megda. O Conselheiro vencido apresentará Declaração de Voto.
Nome do relator: Marcia Regina Machado Melare
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Nulidade declarada de oficio. Notificação de lançamento que não preenche os requisitos legais contidos no artigo 11 do Decreto n. 70.235/72. A falta de indicação, na notificação de lançamento, do cargo ou função e o número de matrícula do AFTN acarreta a nulidade do lançamento, por vício formal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela FAZENDA NACIONAL ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por maioria de votos, em Declarar a nulidade do lançamento por vício formal, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Vencido o Conselheiro Henrique Prado Megda. O Conselheiro vencido apresentará Declaração de Voto. ON PEREI -4•W•s% IGU PRESIDENTE MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ RELATORA FORMALIZADO EM: 03 SET 2001 Participaram, ainda, do presente julgamento, os Conselheiros CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS PAULO ROBERTO CUCO ANTUNES, JOÃO HOLANDA COSTA e NILTON LUIZ BARTOLI. Processo n° : 11078.000021196-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 Recorrente : FAZENDA NACIONAL Sujeito Passivo : JOSÉ DELMAR PRADELLA RELATÓRIO Contra o Acórdão proferido pela C. Terceira Câmara do Segundo Conselho de Contribuintes que deu provimento ao recurso voluntário interposto pelo recorrente, reduzindo o valor do VTN para R$ 700,00, em conformidade com Laudo Técnico apresentado pelo Contribuinte, foi apresentado o presente Recurso Especial, com fundamento no artigo 32, inciso I, da Portaria MF 55/98, pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Aduz a douta PGFN que o Laudo de Avaliação apresentado pelo contribuinte não pode ser aceito, por não ser substancioso, não evidenciando que o imóvel possui características que o tornam inferior aos demais imóveis rurais de sua região. O V. Acórdão guerreado entendeu de modo diverso, conforme sua ementa , ora transcrita , aceitando a prova apresentada como válida e eficaz para autorizar a redução do VTN do imóvel: "VTN - REDUÇÃO - LAUDO DE AVALIAÇÃO CONSISTENTE - POSSIBILIDADE. Sendo consistente o Laudo de Avaliação, elaborado por profissional- engenheiro habilitado, possível a redução do valor do lançamento - Recurso provido." Preenchidos os requisitos legais , foi determinado o processamento do recurso. 2. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 VOTO CONSELHEIRA RELATORA MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ Preliminarmente, verifico que na notificação de lançamento de fls., emitida por sistema eletrônico, não consta a indicação do cargo ou função, nome ou número de matrícula do agente fiscal do tesouro nacional autuante. Desta forma, considerando o disposto no artigo 6°., inciso I e II da Instrução Normativa SRF n. 094, de 24 de dezembro de 1997, que determina seja declarada a nulidade do lançamento que houver sido constituído em desacordo com o disposto no artigo 5°. da mesma Instrução Normativa; considerando que o artigo 5° da Instrução Normativa da SRF n. 94/97, em seu inciso VI, determina que no lançamento deve constar, obrigatoriamente, o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; considerando que o parágrafo único do artigo 11 do Decreto n. 70.235/72 somente dispensa a assinatura do AFTN autuante quando o lançamento se der por processo eletrônico, exigindo, porém, a indicação do cargo ou função e o número de sua matrícula; considerando, ainda, que o 1°. Conselho de Contribuintes, através de decisões publicadas, já houve por bem decretar a nulidade do lançamento que não observe as regras do Decreto 70.235/72, conforme ementa transcrita: " NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO - NULIDADE DE LANÇAMENTO - É nulo o lançamento cuja notificação não contém todos os pressupostos legais contidos no artigo 11 do Decreto 70235/1972 ( Aplicação do disposto no artigo 6°. da IN SRF 54/1997). " ( Acórdão n°. 108.06.420, de 21.02.2001) E tendo em vista que a notificação de lançamento do ITR apresentada nos autos não preenche os requisitos legais, especialmente por faltar na mesma a indicação do cargo ou função e o número de matrícula do AFTN autuante, Voto no 3. Processo n° :11078.000021196-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 sentido de ser declarada, de ofício, a NULIDADE DO LANÇAMENTO DE FLS., relativo ao ITR impugnado, com base nos dispositivos constantes da legislação tributária já referidos. Sala das Sessões — DF, em 07 de maio de 2001 MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ 4. MINISTÉRIO DA FAZENDA- ko CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA TURMA Processo n° :11078.000021/96-54 Recurso n° : RP/203-0.064 Recorrente : FAZENDA NACIONAL Interessado : JOSÉ DELMAR PRADELLA Acórdão n° : CSRF/03-03.161 DECLARAÇÃO DE VOTO CONSELHEIRO HENRIQUE PRADO MEGDA Data vênia, sinto-me na obrigação de discordar do ilustre Conselheiro Relator no que toca a declaração da nulidade da Notificação de Lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR e contribuições acessórias, com base nos artigos 5°, inciso VI, e 6°, da IN SRF n° 94/97, e par. único, do art. 11, do Decreto n° 70.235/72, com fulcro nos fundamentos que tem dado suporte às decisões da Colenda Segunda Câmara do E Terceiro Conselho de Contribuintes, como segue: Os dispositivos legais da IN SRF citada estabelecem, verbis: "1° A revisão sistemática das declarações apresentadas pelos contribuintes, relativas a tributos ou contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, far-se-á mediante a utilização de malhas: I - nacionais ... II - locais ... Art. 2° As declarações retidas em malhas deverão ser distribuídas, para exame, a Auditor-Fiscal do Tesouro Nacional - AFTN, pelo titular da unidade de fiscalização da DRF ou IRF-A do domicílio do declarante. Art. 3° O AFTN responsável pela revisão da declaração deverá intimar o contribuinte a prestar esclarecimentos sobre qualquer falha nela detectada, fixando prazo para atendimento da solicitação. 5. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 Art. 4° Se da revisão de que trata o art. 1° for constatada infração a dispositivos da legislação tributária proceder-se-á ao lançamento de ofício, mediante lavratura de auto de infração. Art. 5° Em conformidade com o disposto no art. 142 da Lei n° 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional - CTN) o auto de infração lavrado de acordo com o artigo anterior conterá, obrigatoriamente: VI - o nome, o cargo, o número de matrícula e a assinatura do AFTN autuante; A análise da legislação retro mostra, sem sombra de dúvida, que se trata de declarações retidas em malhas, cujo procedimento fiscal de revisão, efetuado manualmente por AFTN, pode resultar em lançamento de oficio, consubstanciado em Auto de Infração. A própria ementa do ato evidencia a sua natureza - "Dispõe sobre o lançamento suplementar de tributos e contribuições". Não obstante, o documento cuja nulidade foi declarada pelo voto aqui contestado, nada tem a ver com o procedimento acima, posto que se trata de Notificação de Lançamento, emitida em função do lançamento normal, efetuado por processamento eletrônico de dados, com base nas informações cadastrais fornecidas pelo próprio contribuinte. Assim, fica evidenciada a inadequação da aplicação da IN SRF n° 94/97 ao lançamento normal do ITR e contribuições. Claro está que referido tributo também pode vir a ser objeto de malhas fiscais, de revisão manual de declarações por AFTN, e de lavratura de Auto de Infração, porém não foi este o procedimento adotado no caso em questão, nem na maciça maioria dos processos de ITR que aportam a este Conselho de Contribuintes. Demonstrada a inaplicabilidade do citado ato legal ao caso em tela, resta perquirir sobre as formalidades necessárias às Notificações de Lançamento, documento este aplicado à exigência do ITR e contribuições. 6. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 O art. 11, do Decreto n° 70.235/72, determina, verbis: "Art. 11. A notificação de lançamento será expedida pelo órgão que administra o tributo e conterá obrigatoriamente: I - a qualificação do notificado; II - o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; III - a disposição legal infringida, se for o caso; IV - a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número de matrícula. Par. único. Prescinde de assinatura a notificação de lançamento emitida por processamento eletrônico." A exigência contida no inciso I, acima, não pode ser afastada, sob pena de estabelecer-se dúvida sobre o pólo passivo da relação tributária, dada a multiplicidade de contribuintes do ITR. A ausência da informação prescrita no inciso II, por sua vez, impediria o próprio recolhimento do tributo, já que a sistemática de lançamento da Lei n° 8.847/94 prevê a apuração do montante pela própria autoridade administrativa, sem a intervenção do contribuinte, a não ser pelo fornecimento dos dados cadastrais. No que tange ao requisito do inciso III, este possibilita o estabelecimento do contraditório e a ampla defesa, razão pela qual não pode ser olvidado. Quanto à informações exigidas no inciso IV, note-se que elas dizem respeito ao "chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado", e não ao "agente fiscal do tesouro nacional autuante", até porque Notificação de Lançamento não se confunde com Auto de Infração. Tais informações, na prática, são imprescindíveis apenas naqueles lançamentos individualizados, efetuados pessoalmente pelo chefe da repartição ou por outro servidor por ele autorizado. O 7. Processo n° :11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 cumprimento deste requisito, por certo, evita que o lançamento seja efetuado por pessoa incompetente. Já o lançamento do ITR é um procedimento massificado, processado eletronicamente, tendo em vista o grande universo de contribuintes. Assim, torna-se difícil a personalização do procedimento, a ponto de individualizar-se o pólo ativo da relação tributária. Dir-se-ia que a Notificação de Lançamento do ITR é um documento institucional, cujas características - o tipo de papel e de impressão, o símbolo das Armas Nacionais e a expressão "Ministério da Fazenda - Secretaria da Receita Federal" - não deixam dúvidas sobre a autoria do lançamento. Aliás, muitas vezes estas características identificam com mais eficiência a repartição lançadora, perante o contribuinte, que o nome do administrador local, seu cargo ou matrícula. O que se quer mostrar é que não são apenas estes dados que conferem credibilidade e autenticidade ao documento, em face de seu destinatário. Além disso, nas Notificações do ITR está registrada como remetente (órgão expedidor) a repartição do domicílio fiscal do contribuinte, assim entendida a Delegacia ou Agência da Receita Federal, com o respectivo endereço. Ainda que algum destinatário tivesse dúvidas sobre a Notificação recebida, haveria plenas condições de dirigir-se à repartição, para quaisquer esclarecimentos, inclusive com acesso ao próprio chefe do órgão. Conclui-se, portanto, que em termos práticos, em nada prejudica o contribuinte, o fato de não constar da Notificação de Lançamento do ITR a personalização da autoridade expedidora. Vejamos, agora, as demais implicações, à luz do Decreto n° 70.235/72, com as alterações da Lei n° 8.748/93. O art. 59 do citado diploma legal estabelece, verbis: "Art. 59. São nulos: I - os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; 8. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 II - os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importam em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio." Por tudo o que foi exposto, conclui-se que o vício formal que aqui se analisa não caracterizou ato lavrado por pessoa incompetente, nem tampouco ocasionou o cerceamento do direito de defesa dos contribuintes. A maior prova disso consiste nas milhares de impugnações apresentadas aos órgãos preparadores. Tanto assim que os respectivos processos chegaram a este Conselho, em grau de recurso. Assim, o vício em questão não importa em nulidade, e poderia ter sido sanado, caso houvesse resultado em prejuízo para o sujeito passivo. Cabe ainda analisar a questão sob o ponto de vista da economia processual. A nulidade que aqui se discute foi declarada de ofício pela Douta Conselheira Relatara, conforme a parte dispositiva ao final do voto. Ainda que a nulidade houvesse sido arguida pelo recorrente, caberia a análise do mérito, em face do par. 30, do mesmo art. 59, do Decreto n° 70.235/72, que aqui se transcreve: "Par. 30 Quando puder decidir o mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprir-lhe a falta." Tal declaração de ofício traz outras consequências que podem ser prejudiciais ao contribuinte, principalmente em função do art. 173, inciso II, da Lei n° 5.172/66, a saber: "Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado." 9. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 É entendimento pacífico no âmbito da Receita Federal que, embora o inciso acima contenha a expressão "que houver anulado", trata-se efetivamente de nulidade, posto que o dispositivo se refere a vício formal. Assim, a autoridade lançadora disporá de cinco anos para repetir o ato inquinado, desta vez certamente adotando todos os procedimentos elencados no art. 11 do Decreto n° 70.235/72. Para muitos contribuintes, dependendo do caso, é preferível o julgamento do mérito, à declaração de nulidade, o que conduziria certamente a um novo lançamento, com a repetição de todo um ritual que, na maioria dos casos, onera o sujeito passivo com despesas de Laudo Técnico de Avaliação, honorários advocatícios, etc. Principalmente para aqueles que já foram vitoriosos em primeira instância, e vêm discutir no Conselho de Contribuintes apenas os acréscimos e penalidades pecuniárias. Para estes, certamente, não seria agradável submeter-se a um novo julgamento de primeira instância, dado o princípio da eventualidade. Ademais, assim se expressa o ilustre Conselheiro PAULO AFFONSECA DE BARROS FARIA JÚNIOR , no voto condutor do Acórdão que negou acolhimento à preliminar de Nulidade do Lancamento referente ao recurso 121.519 do Terceiro Conselho de Contribuintes: O art. 9 do Decreto n° 70.235172, com a redação que a ele foi dada pelo art. 1° da Lei 8.748193, estabelece: "A exigência de crédito tributário, a retificação de prejuízo fiscal e a aplicação de penalidade isolada serão formalizadas em autos de infração ou notificações de lançamento, distintos para cada imposto, contribuição ou penalidade, os quais deverão estar instruídos com todos os termos, depoimentos, laudos e demais elementos de prova indispensáveis à comprovação do ilícito." No artigo 142 do CTN são indicados os procedimentos para constituição do crédito tributário, que é, sempre, decorrente do surgimento de uma obrigação tributária, descrevendo o lançamento como: 1. a verificação da ocorrência do fato gerador: 10. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 2. a determinação da matéria tributável: 3. o cálculo do montante do tributo: 4. a identificação do sujeito passivo: 5. proposição da penalidade cabível, sendo o caso, Como já se viu, a penalização da exigência do crédito tributário far- se-á através de auto de infração ou de notificação de lançamento, lavrando-se autos e notificações distintos para cada tributo, a fim de não tumultuar sua apreciação, em face da diversidade das legislações de regência. A legislação que regula o Processo Administrativo Fiscal estabelece, no art. 11, do Decreto 70.235/72, o que a notificação de lançamento, expedida pelo órgão que administra o tributo conterá obrigatoriamente, entre outros requisitos, "a assinatura do chefe do órgão expedidor ou de outro servidor autorizado e a indicação de seu cargo ou função e o número da matrícula", prescindindo dessa assinatura a notificação emitida por processo eletrônico. Já o artigo 59 do Decreto 70.235/72 diz serem nulos os atos e termos lavrados por pessoa incompetente e os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. O dispositivo subseqüente, artigo 60, reza que "as irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Assim, a Notificação de Lançamento que não contiver a assinatura, quando for o caso, com indicação do chefe do órgão expedidor, ou de servidor autorizado, com a menção de seu cargo ou função e seu número de matrícula, não se enquadra entre as situações de irregularidades, incorreções e omissões, um dos requisitos obrigatórios desse documento, não podendo ser sanados e não deixam de implicar em nulidade. 11. Processo n° : 11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 Isso porque constituem cerceamento do direito de defesa, porque não se fica sabendo se se trata de ato praticado por servidor incompetente, os dois casos de nulidades absolutas insanáveis, pois está fundada em princípios de ordem pública a obrigatoriedade de os atos serem praticados por quem possuir a necessária competência legal. Todavia, todas essas considerações não se aplicam à questão em tela, "Notificação de Lançamento do ITR@', até 31112/96, por se tratar de uma notificação atípica, pois, ao contrário do que estatui o artigo 9' do Decreto 70.235172, ela não se refere a um só imposto. Ela abarca, além do ITR, as Contribuições Sindicais destinadas às entidades, patronais e profissionais, relacionadas com a atividade agropecuária. Essas contribuições, segundo a legislação de regência, tem a seguinte destinação: 60% para os Sindicatos da categoria, 15% para as Federações estaduais que os abarcam, 5% para as Confederações Nacionais (CNA e CONTAG) e os 20% restantes vão para o Ministério do Trabalho (conta Emprego e Salário, que se destina a ações desse Ministério que visam ao apoio à manutenção e geração de empregos e melhoria da remuneração dos trabalhadores). Além dessas Contribuições Sindicais, a chamada Notificação de Lançamento do ITR promove a arrecadação destinada ao SENAR que é o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, que objetiva o aprendizado, treinamento e reciclagem do trabalhador rural. Por se tratar de cobrança de valores com objetivos e destinações amplamente diversos, tal fato tumultua a apreciação do lançamento, face a diversidade das legislações de regência, com diversas conseqüências danosas às arrecadações, quando apenas uma delas apresentar irregularidade ou sofrer outras contestações, podendo impedir o prosseguimento do recolhimento das demais. 12. Processo n° :11078.000021/96-54 Acórdão n° : CSRF/03-03.161 Essa dita Notificação de Lançamento também contraria o disposto no art. 142 do CTN, que lista os procedimentos para constituição do crédito tributário, como tratado anteriormente neste Voto. Dessa forma, a chamada Notificação de Lançamento do ITR, não é, propriamente, uma das formas de exigência de crédito tributário, uma vez que, inclusive, não segue os ditames do CTN e do Processo Administrativo Fiscal. É um instrumento de cobrança do ITR e das demais Contribuições. Assim sendo, não está essa dita Notificação de Lançamento sujeita às normas legais que cuidam de nulidade, a qual, argüida, não deve ser acolhida. Por todo o exposto, REJEITO A PRELIMINAR DE NULIDADE DO LANÇAMENTO. Sala das Sessões-DF, em 07 de maio de 2001. HENRIQ..40-/PRADO MEGDA 13. Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1 _0000700.PDF Page 1 _0000800.PDF Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1 _0001100.PDF Page 1 _0001200.PDF Page 1 _0001300.PDF Page 1
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Numero do processo: 14041.000463/2007-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Oct 20 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/1997 a 31/01/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS.
De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN).
OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. IRREGULARIDADES NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. CUSTO UNITÁRIO BÁSICO- CUB.
Quando a escrituração contábil não registra o movimento real de remuneração dos segurados empregados em obra de construção civil ou existam discrepâncias que comprometam a confiabilidade desses registros, o lançamento pode ser realizado por arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias com uso da tabela do custo unitário básico da região.
Numero da decisão: 2201-003.873
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
Assinado digitalmente.
Carlos Henrique de Oliveira - Presidente.
Assinado digitalmente.
Daniel Melo Mendes Bezerra - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim.
Nome do relator: DANIEL MELO MENDES BEZERRA
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DECADÊNCIA. PRAZO DE CINCO ANOS. De acordo com a Súmula Vinculante n° 08, do STF, os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212/1991 são inconstitucionais, devendo prevalecer, no que tange à decadência e prescrição, as disposições do Código Tributário Nacional (CTN). OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL. IRREGULARIDADES NA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL. ARBITRAMENTO DA BASE DE CÁLCULO. CUSTO UNITÁRIO BÁSICO CUB. Quando a escrituração contábil não registra o movimento real de remuneração dos segurados empregados em obra de construção civil ou existam discrepâncias que comprometam a confiabilidade desses registros, o lançamento pode ser realizado por arbitramento da base de cálculo das contribuições previdenciárias com uso da tabela do custo unitário básico da região. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. Assinado digitalmente. Carlos Henrique de Oliveira Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 04 1. 00 04 63 /2 00 7- 84 Fl. 141DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 143 2 Assinado digitalmente. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Carlos Henrique de Oliveira, Ana Cecília Lustosa da Cruz, Dione Jesabel Wasilewski, José Alfredo Duarte Filho, Marcelo Milton da Silva Risso, Carlos Alberto do Amaral Azeredo, Daniel Melo Mendes Bezerra e Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão da DRJ Brasília, que julgou improcedente a impugnação apresentada. Os principais aspectos do lançamento estão delineados de forma clara e elucidativa no relatório da decisão de primeira instância (processo nº 14041.000458/200771), o qual reproduzimos por se tratar de matéria idêntica, nos seguintes termos: Tratase de crédito lançado pela fiscalização contra PALLISSANDER ENGENHARIA LTDA., através da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD 37.085.8808)cujo montante consolidado em 27/06/2007é de R$ 334.839,82, cientificado o contribuinte em 29/06/2007. Conforme o Relatório Fiscal da Notificação, às fls. 30/39, o notificante informa em síntese: que o objeto do lançamento são as contribuições sociais relativas à parte patronal, devidas pela empresa e não recolhidas em época própria, correspondentes ao emprego de mãodeobra na execução de obra ou de serviços de construção civil, as contribuições para o financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrentes dos riscos ambientais do trabalho, as contribuições dos segurados empregados não descontadas pela empresa e as destinadas a outras Entidades e Fundos. que constitui fato gerador do crédito tributário ora lançado, a prestação de serviços remunerados pelos segurados empregados, contribuinte individual e cooperado intermediado por cooperativa de trabalho na execução de obra ou serviço de construção civil; que foram solicitados por meio do Termo de Intimação para Apresentação de Documentos (TIAD em anexo), de 15 de janeiro de 2007 (data de ciência pelo contribuinte), todos os documentos relativos às obras de construção civil, sendo que a empresa apresentou as folhas de pagamento em relação à matrícula CEI fiscalizada (23.001.00094/75), com as seguintes ocorrências: Fl. 142DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 144 3 A empresa apresentou as folhas de pagamento de 1997, porém foram apresentadas apenas as totalizações ou resumos mensais não discriminando os nomes dos segurados e não indicando cargo, função ou serviço prestado; Apresentou as folhas de pagamento de 1998, porém foram apresentadas apenas as totalizações ou resumos mensais não discriminando os nomes dos segurados e não indicando cargo, função ou serviço prestado; A empresa apresentou as folhas de pagamento 1999, porém faltando as 13/1999, sendo que foram apresentadas apenas as totalizações ou resumos mensais não discriminando os nomes dos segurados e não indicando cargo, função ou serviço prestado; A empresa apresentou as folhas de pagamento 2000 até a competência 10/2000, porém para as competências 01/2000 e 02/2000 foram apresentadas apenas as totalizações ou resumos mensais não discriminando os nomes dos segurados e não indicando cargo, função ou serviço prestado; Foi emitido um novo TIAD (em anexo), em 23 de janeiro de 2007, reiterando o pedido das folhas de pagamentos, sendo que a empresa apresentou um documento, em anexo, informando que toda a documentação referente às obras já havia sido entregue na ocasião do primeiro TIAD, motivo pelo qual foram emitidos os AutosdeInffação n. 37.085.8760 e n. 37.085.8778. que em relação aos Registros Contábeis, mais especifícamente os Livros Diário e Razão foi verificado que em diversas matrículas CEI de obras de construção civil, apesar de a empresa ter apresentado diversas folhas de pagamentos, a empresa deixou de lançar mensalmente em títulos próprios de sua contabilidade, de forma discriminada, os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos; que foram emitidos dois TIADs, ambos em anexo, de 14 de fevereiro de 2007 e 2 de março de 2007, solicitando informações específicas sobre o número do Livro Diário, bem como os números das contas e das páginas dos registros contábeis de 1997 até 2006 dos fatos geradores de todas as contribuições sociais a cargo da empresa, as contribuições sociais previdenciárias descontadas dos segurados, as decorrentes de subrogação, as retenções, bem como os totais recolhidos para as obras de construção civil matriculadas no CEIs ns° 230010018073, 369400072574, 230010016976 e 2300100171 75, sendo que a empresa apresentou documentos, em anexo, declarando não ser possível identificar as solicitações; que por ser a escrituração contábil indivisível, conforme art. 380 do Código de Processo Civil, uma vez constatado que parte da contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, esta será desconsiderada na sua totalidade e utilizada como meio de prova do não cumprimento Fl. 143DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 145 4 da obrigação acessória prevista no II, do art. 32 da Lei n. 8.212/91, combinado com o inciso II do § 13 do art. 225 do Regulamento da Previdência Social, aprovado pelo Decreto n. 3.048, de 06 de maio de 1999, por isso a contabilidade foi desconsiderada para todas as obras nos exercícios de 1997 até 2006, motivo pelo qual foi lavrado o Auto de Infração n. 37.085.8786. que diante da apresentação deficiente da documentação relativa à obra e da conseqüente falta de prova regular e formalizada do montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil, bem como da constatação pela fiscalização de que a contabilidade não registra o movimento real da remuneração dos segurados a seu serviço referente à essas obras, fezse necessário a utilização do procedimento da Aferição Indireta para apuração da base de cálculo das contribuições sociais, como preconiza os §§ 3o, 4o e 6o do art. 33 da Lei n. 8.212/91; que segundo informações prestadas pela Pallissander, as obras dos lotes 05 e 06 não foram executadas pela empresa, apesar de constarem na respectiva matrícula CEI, como a empresa não apresentou as alterações na matrícula CEI, o procedimento foi feito de ofício, passando a constar no cadastro apenas o Lote 07, Blocos “A” e “B” com a sua respectiva área; que tratase da construção de dois Edifícios Residenciais (Blocos “A” e “B” com área total de 8.045,04 m2, conforme Alvará de Construção, que foi considerado como início da obra 29 de março de 19996 (Nota Fiscal de aquisição de concreto usinado vinculada à obra) e quanto ao término da obra a empresa apresentou o Habitese Parcial do Bloco “A”, com área de 6.984,72 m2; que foi verificado a conclusão de 6.984,72 m2 através das Cartas de Habitese parcial (Bloco “A”), logo o enquadramento foi feito pela área total do projeto, submetida à aplicação de redutores, apurandose as contribuições proporcionalmente à área já construída, constantes dos habitese parciais entregues pela empresa, em consonância com o art. 464 da IN SRP n. 03 que o enquadramento da obra foi realizado de acordo com os procedimentos descritos nos arts. 436, 437, 438, 439, 440 e 441 da Instrução Normativa da Secretaria da Receita Previdenciária (SRP) n. 03, de 14 de julho de 2005. que o Custo Global da Obra foi obtido a partir do enquadramento e mediante a multiplicação do CUB Custo Unitário Básico, correspondente ao tipo de obra, pela sua área total, submetida à aplicação de redutores, conforme previsto no art. 449 da IN SRP n. 03. Ressaltouse que foi utilizada a tabela CUB divulgada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal, publicadas no mês da apuração do débito, referentes ao CUB obtido para o mês anterior. Fl. 144DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 146 5 que no cálculo da área construída, que equivale à área total submetida à aplicação de redutores, foi aplicado o redutor (50% áreas cobertas) para área de Subsolo (1.409,10 m2 Bloco “A” e 390,9 m2 Bloco “B”), conforme discriminado no Alvará de Construção; que a Remuneração da MãodeObra (RMT) despendida na obra foi calculada mediante a aplicação dos percentuais definidos no art. 443 da IN SRP n. 03 na proporção do escalonamento por área, sobre o Custo Global da Obra, e somando os resultados obtidos em cada etapa; que foram observadas as determinações contidas no arts. 446 e 447 da IN SRP n. 03, em relação às contribuições recolhidas com vinculação inequívoca à obra, para a conversão da remuneração relativa ao recolhimento em área regularizada; que para a conversão da remuneração em área regularizada foi verificada a existência de NFLD ou LDC, relativos à obra, de valor pago a cooperativa de trabalho, cuja nota fiscal, fatura ou recibo de prestação de serviço esteja vinculado inequivocamente à obra, bem como de nota fiscal ou fatura de aquisição de concreto usinado, de massa asfáltica ou de argamassa usinada, utilizados inequivocamente na obra, conforme preconiza o art. 448 da IN SRP n. 03, de 14 de julho de 2005. que os quadros demonstrativos das remunerações consideradas para conversão em área regularizada encontramse anexos ao relatório; que os cálculos da área a regularizar e da área regularizada foram feitos através do sistema informatizado DRO, conforme ARO, em anexo; que como o débito foi apurado por aferição indireta, não ficou constatada a retenção pela empresa da contribuição dos segurados, não se configurando, portanto, o crime de apropriação indébita; DA IMPUGNAÇÃO Cientificada em 29 de junho de 2007, a notificada, em 24 de julhó de 2007, tempestivamente, contestou o lançamento, por meio do instrumento constante às folhas 130 a 133, alegando, em síntese que: . que foram fornecidos ao auditor a tempo e hora, tudo que foi solicitado, de maneira íntegra e decente; que esclarece terem sido emitidos TIADs, sendo que nas correspondentes respostas aos mesmo a empresa alegou a impossibilidade de identificar as solicitações feitas nestas solicitações, deuse não por ato furtivo, muito menos por falta de interesse por parte da empresa, mas simplesmente pelo fato de que os documentos através dos quais, se extrairía o esclarecimento das informações Fl. 145DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 147 6 solicitadas já estavam de posse da Auditoria, restando assim a impossibilidade real da empresa em atender a demanda requerida; que a fiscalização optou pelo Sistema de Aferição Indireta para realizar o Levantamento dos Diferenciais, sendo que dentro desse próprio levantamento, para tanto, a fiscalização apropriouse de Notas Fiscais, Documentos e Recolhimentos dentro da correspondente competência. Sendo assim, não resta dúvida que, para o cumprimento do Princípio da Justiça, entende ser necessária a aplicação da competência no saldo de contribuições remanescentes, sendo que a forma como foi feito o levantamento penaliza sobremaneira a empresa; que caso não seja devidamente desconsiderada e nula a presente NFLD, solicita que sejam feitos novos cálculos, respeitandose a Competência. Esse cálculo deve y3 apresentar a divisão da Área a Regularizar pelos meses de construção para depois multiplicar se o CUB do mês pela quantidade de metros quadrados; tv que os imóveis construídos foram sob Regime de Cooperativa destinados à rede de funcionários públicos e profissionais liberais, optouse por um acabamento de menor custo, o que caracteriza dentro da tabela SINDUSCON, enquadramento ao nível baixo; que foram efetivamente construídos pela Construtora somente uma área de 6.984,72 m2 correspondente ao Bloco “A” do Alvará de Construção, sendo que o Bloco “B” teve sua área de terreno vendida, portanto a área de 1.060,32 é de responsabilidade do Adquirente do terreno e não da Construtora; por fim requer nulidade e desconsideração total da NFLD, tendo em vista a fragilidade dos trabalhos feitos pela fiscalização, uma vez que existem fatos concretos de que não foram apropriados todos os valores que foram recolhidos e que a sistemática, em si, já fere de morte o princípio constitucional da ampla defesa. A decisão de primeira instância restou ementada nos termos abaixo: OBRA DE RESPONSABILIDADE DE PESSOA JURÍDICA AFERIÇÃO INDIRETA. Na falta de prova regular e formalizada, o montante dos salários pagos pela execução de obra de construção civil é obtido mediante cálculo da mãode obra empregada, proporcional à área construída e ao padrão de execução da obra, cabendo ao interessado o ônus da prova em contrário. Na aferição indireta, para a apuração do valor da mãodeobra empregada na execução de obra de construção civil, em se tratando de edificação, serão utilizadas as tabelas do Custo Unitário Básico Fl. 146DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 148 7 (CUB), divulgadas mensalmente na Internet ou na imprensa de circulação regular, pelos Sindicatos da Indústria da Construção Civil. Cientificado do inteiro teor da decisão em 30/06/2008 (fl. 157), o sujeito passivo interpôs Recurso Voluntário, tempestivamente, em 29/07/2008 (fls. 227/257), alegando, em síntese, que: 1) Preliminarmente Não ocorreu o fato gerador; A decadência do direito de o Fisco constituir o crédito tributário. 2) No mérito relata o procedimento de aferição indireta efetuado para ao final requerer o provimento do recurso. É o relatório. Voto Daniel Melo Mendes Bezerra, Conselheiro Relator Admissibilidade O Recurso Voluntário é tempestivo e preenche aos demais requisitos de admissibilidade, devendo, pois, ser conhecido. Decadência Após a Súmula Vinculante n° 08 do Supremo Tribunal Federal STF, que declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, e a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça no sentido da imprescindibilidade de pagamento parcial do tributo para que seja aplicada a regra decadencial do artigo 150, §4° do CTN, o CARF sumulou o entendimento acerca do que se entende por pagamento parcial para fins de aplicação da regra decadencial. De acordo com a Súmula nº 99, considerase que houve pagamento parcial ainda quando os recolhimentos efetuados não se refiram à parcela remuneratória objeto do lançamento: Súmula CARF nº 99: Para fins de aplicação da regra decadencial prevista no art. 150, § 4°, do CTN, para as contribuições previdenciárias, caracteriza pagamento antecipado o recolhimento, ainda que parcial, do valor considerado como devido pelo contribuinte na competência do fato gerador a que se referir a autuação, mesmo que não tenha sido incluída, na base de cálculo deste recolhimento, parcela relativa a rubrica especificamente exigida no auto de infração. Fl. 147DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 149 8 De acordo com o Aviso de Regularização da Obra ARO de fls. 52/53 e documentos que servemlhe de fundamento, a obra de construção civil vertente teve início em 01/06/2002 e foi finalizada em 01/01/2007. Referido documento aponta a existência de 10 recolhimentos, com regularização parcial da obra. Todavia, não se constatou recolhimento parcial dentro de uma mesma competência, atraindo a incidência do prazo de contagem estabelecido pelo art. 173, I, do CTN. A ciência do presente lançamento se deu em 29/06/2007 (fl.02). Assim, não há período decadente no presente lançamento. Destarte, não merece provimento a alegação de decadência. Preliminarmente Alegação de inexistência do fato gerador Em sede de preliminar, a recorrente alega que inexistiu o fato gerador da contribuição previdenciária. O fato gerador da contribuição previdenciária no caso vertente foi descrito pela autoridade lançadora no relatório fiscal da seguinte forma: Constitui fato gerador do crédito tributário ora lançado, a prestação de serviços remunerados pelos segurados empregado, contribuinte individual e cooperado intermediado por cooperativa de trabalho na execução de obra ou de serviços de construção civil. Em suas razões recursais o sujeito passivo alega de maneira gerérica a inocorrência do fato gerador, não explicitando os motivos pelos quais entende que não existiu o fato gerador. Tratase, pois, de uma alegação evasiva desacompanhada de argumentação e meios probatórios. A princípio, cabe verificar se o presente lançamento foi confeccionado em consonância com o art. 142 do CTN, in verbis: Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. Do dispositivo transcrito verificase que um dos requisitos indispensáveis ao lançamento é a verificação da ocorrência do fato gerador. De fato, se o fisco não se desincumbir do ônus de demonstrar que efetivamente a hipótese de incidência tributária se concretizou no mundo fático, o lançamento é imprestável. Fl. 148DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 150 9 O lançamento objeto da autuação se refere a crédito de contribuições previdenciárias devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a mão de obra utilizada em obra de construção civil de pessoa jurídica, lançado por arbitramento, de acordo com a área construída e ao padrão da obra, com base na tabela regional do CUB Custo Unitário Básico, fornecida pelo Sindicato da Indústria de Construção Civil SINDUSCON. Todavia, não é essa situação que os autos revelam. O relato da auditoria aponta que os fatos geradores das contribuições lançadas foram as pelos segurados empregados, contribuinte individual e cooperado intermediado por cooperativa de trabalho na execução de obra ou de serviços de construção civil. Impende ressaltar que o presente processo versa sobre o não pagamento de contribuições sociais previdenciárias no prazo estipuldado de vencimento. Estamos aqui a tratar de caso de descumprimento da obrigação principal, ou seja, do dever do contribuinte de pagar o tributo devido ao sujeito ativo da relação jurídicotributária. A obrigação tributária possui duas espécies, principal e acessória, sendo a primeira sempre de dar e a segunda podendo ser fazer, não fazer, tolerar algo no interesse público da fiscalização dos tributos, tendo o ente tributante, direito de constituir crédito em desfavor do particular. O art. 113 do Código Tributário Nacional define que “a obrigação tributária é principal ou acessória”, sendo que a principal, conforme seu § 1°, “surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente” e a acessória, conforme § 2°, “decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos”, cabendo ainda uma conversão da acessória em principal, sempre que aquelas versarem sobre penas pecuniárias, no tocante ao § 3°, do art. 113 do mesmo diploma legal. Eis o disciplinamento legal: Código Tributário Nacional Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. No que concerne ao fato gerador da obrigação principal, temos como uma situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Ocorrendo a situação, surge a obrigação recolher aos cofres públicos o tributo devido. De outro lado, o fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que impõe a a prática de ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. Fl. 149DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 151 10 Estabelece o CTN: Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência. Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal. O Auto de Infração e seus anexos demonstram a contento a situação fática que deu ensejo à exigência fiscal, inclusive os elementos que foram analisados para se identificar a ocorrência dos fatos geradores. As bases de cálculo se encontram bem explicitadas no Relatório de Lançamentos. As alíquotas, por sua vez, podem ser visualizadas sem dificuldades pela leitura do Discriminativo Analíticod o Débito DAD. O Relatório Fundamentos Legais do Débito traz a discriminação, por período, da base legal utilizada para constituição do crédito previdenciário, além de que no próprio corpo do relatório fiscal houve menção aos dispositivos que levaram a auditoria a concluir pela concretização da hipótese de incidência tributária. Assim, não enxergo motivo para que se anule o Auto de Infração sob julgamento, posto que os requisitos formais e a motivação apresentadas foram suficientes para que o sujeito passivo exercesse o seu direito de defesa com amplitude, nem mereça reforma a decisão de primeira instância. Do mérito A recorrente não refuta, em sede recursal, expressamente o crédito tributário, limitandose a fazer um breve relato do lançamento e requerer de modo genérico o provimento do recurso voluntário. Ainda que não haja litígio a ser dirimido, não custa salientar que ultrapassada a questão da decadência parcial, o crédito tributário fora perfeitamente lançado. Desse modo, os procedimentos adotados para o levantamento estão de acordo com a legislação em vigor na data do lançamento, isto é, o artigo 33. §§ 4° e 6° da Lei 8.212/91. art. 234 do RPS aprovado pelo Decreto 3.048/99, "in verbis": § 4° Na falta de prova regular e formalizada pelo sujeito passivo, o montante dos salários pagos pela execução da obra de construção civil pode ser obtido mediante cálculo da mão de obra empregada, proporcional à área construída, de acordo com critérios estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, cabendo ao proprietário, dono da obra, condômino da unidade imobiliária ou empresa corresponsável o ônus da prova em contrário. ('Redação dada pela Lei n° 11.941, de 2009). (...) § 6° Se, no exame da escrituração contábil e de qualquer outro documento da empresa, a fiscalização constatar que a contabilidade não registra o movimento real de remuneração dos segurados a seu serviço, do faturamento e do lucro, serão Fl. 150DF CARF MF Processo nº 14041.000463/200784 Acórdão n.º 2201003.873 S2C2T1 Fl. 152 11 apuradas, por aferição indireta, as contribuições efetivamente devidas, cabendo à empresa o ônus da prova em contrário. O Decreto n.° 3.048/99 (Regulamento da Previdência Social) determina seu artigo 234 que: “na falta de prova regular e formalizada, o montante dos salários pagos para a execução de obra de construção civil, pode ser obtido mediante o cálculo da mãodeobra empregada, proporcional à área construída e ao padrão da execução da obra, de acordo com os critérios estabelecidos pelo INSS. cabendo ao proprietário, dono da obra, incorporador, condômino da unidade imobiliária ou empresa coresponsável o ônus da prova em contrário” No caso, a fiscalização constatou que a escrituração contábil não espelha a realidade econômicofinanceira da empresa, tendo optado pela desconsideração da contabilidade e o arbitramento das contribuições sociais previdenciárias e para terceiros sobre a obra de construção civil fiscalizada, de acordo com a área construída e o padrão de execução de obra de construção civil, conforme previsto nos parágrafos 3°. 4° e 6° do art. 33 da Lei n.° 8.212/91. Em conclusão, o lançamento referese a crédito de contribuições previdenciárias próprias da recorrente devidas à Seguridade Social, incidentes sobre a mão de obra utilizada em obra de construção civil de pessoa jurídica, sendo que o uso da aferição indireta, de acordo com o CUB Custo Unitário Básico, ocorreu em virtude de fatos legalmente descumpridos pela recorrente, dentre os quais a inconsistência dos registros contábeis. Destarte, não merece reforma a decisão de primeira instância. Conclusão Diante de todo o exposto, voto por conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, negarlhe provimento. Daniel Melo Mendes Bezerra Relator Fl. 151DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10935.904087/2012-41
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 16 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004
PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO.
Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543-C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendo-se à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno.
Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3402-004.730
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/12/2004 a 31/12/2004 PIS/COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DO ICMS. RECURSO REPETITIVO. STJ. TRÂNSITO EM JULGADO. CARF. REGIMENTO INTERNO. Em 13.03.2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR, proferido pelo STJ sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, que firmou a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", a qual deve ser reproduzida nos julgamentos do CARF a teor do seu Regimento Interno. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido em sentido contrário no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de aplicação obrigatória desse precedente ao caso concreto. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do Colegiado, por voto de qualidade, em rejeitar a preliminar de sobrestamento do processo até a decisão final no Recurso Extraordinário 574.706 RG/PR, conforme proposição do Conselheiro Diego Ribeiro, vencido juntamente com os Conselheiros Thais De Laurentiis, Maysa Pittondo e Carlos Daniel; e, no mérito, por maioria de votos, em negar provimento ao recurso, vencido o Conselheiro Diego Ribeiro. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 93 5. 90 40 87 /2 01 2- 41 Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Versa o processo sobre pedido de restituição fundado em suposto pagamento indevido ou a maior face suposta inclusão indevida do ICMS na base de cálculo das contribuições. No que tange esta matéria, o pedido restou indeferido conforme Despacho Decisório que instrui os autos. Regularmente cientificada desta decisão, a interessada apresentou Manifestação de Inconformidade, alegando, em síntese, a inconstitucionalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. A DRJ, através do Acórdão nº 06041.456, julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O julgador de primeira instância não acolheu as razões de defesa da impugnante, tendo em vista que não há, na legislação de regência, previsão para a exclusão do valor do ICMS das bases de cálculo do PIS e da Cofins, já que esse valor, ainda que assim não entenda a interessada, é parte integrante do preço das mercadorias e serviços vendidos, exceção feita para o ICMS recolhido mediante substituição tributária, pelo contribuinte substituto tributário, nos termos dos arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98. A contribuinte foi cientificada dessa decisão, tendo apresentado recurso voluntário tempestivo, onde alega que o valor do ICMS não pode ser incluído na base de cálculo da Cofins e do PIS, por não estar abrangido nos conceito de "faturamento", tratandose de mero "ingresso" na escrituração contábil das empresas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402004.699, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10935.902211/201233, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão, (Acórdão 3402004.699): "Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 4 3 Em relação à inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições sociais, como esclarecido pelo Ilustre Conselheiro Antonio Carlos Atulim, no Acórdão 3402003.317, de 28 de setembro de 2016, que negou provimento ao recurso voluntário em votação unânime do Colegiado, "O recolhimento efetuado pelo contribuinte, incluindo o ICMS na base de cálculo da contribuição, está calcado em entendimento sedimentado desde tempos imemoriais na seara tributária. Tal entendimento tem respaldo legal no art. 12 do DecretoLei nº 1.598/771 e na Instrução Normativa nº 51, de 03/11/1978". Dessa forma, "o valor do ICMS integra o preço da mercadoria, sendo tal valor deduzido contabilmente como despesa operacional". A Lei nº 9.718/98 define a incidência das contribuições sociais sobre o faturamento, correspondente à receita bruta da pessoa jurídica, prevendo a exclusão das suas bases de cálculo somente do IPI e do ICMS, este apenas quando cobrado pelo vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto tributário. Também as Leis nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que instituíram a não cumulatividade na apuração dessas contribuições, definem que a base dessas contribuições é a totalidade das receitas auferidas pela pessoa jurídica, sendo irrelevantes o tipo de atividade exercida e a classificação contábil adotada, sendo que, quanto ao ICMS, apenas preveem que as receitas decorrentes de transferência onerosa a outros contribuintes de créditos de ICMS originados de operações de exportação não integram a base de cálculo das contribuições. Ademais, em 13/03/2017 transitou em julgado o Recurso Especial nº 1144469/PR2, sob a sistemática do art. 543C do 1 Art. 12 A receita bruta das vendas e serviços compreende o produto da venda de bens nas operações de conta própria e o preço dos serviços prestados. §1º A receita líquida de vendas e serviços será a receita bruta diminuída das vendas canceladas, dos descontos concedidos incondicionalmente e dos impostos incidentes sobre vendas. 2 O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, com base nos seus registros processuais eletrônicos, acessados no dia e hora abaixo referidos CERTIFICA que, sobre o(a) RECURSO ESPECIAL nº 1144469/PR, do(a) qual é Relator o Excelentíssimo Senhor Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO e no qual figuram, como RECORRENTE, FAZENDA NACIONAL, (...) em 10 de Agosto de 2016, PROCLAMAÇÃO FINAL DE JULGAMENTO: "PROSSEGUINDO NO JULGAMENTO, A SEÇÃO, POR UNANIMIDADE, DEU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL E, POR MAIORIA, VENCIDOS OS SRS. MINISTROS RELATOR E REGINA HELENA COSTA, NEGOU PROVIMENTO AO RECURSO ESPECIAL DA EMPRESA RECORRENTE, NOS TERMOS DO VOTO DO SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, QUE LAVRARÁ O ACÓRDÃO."; em 10 de Agosto de 2016, CONHECIDO O RECURSO DE FAZENDA NACIONAL E PROVIDO,POR UNANIMIDADE, PELA PRIMEIRA SEÇÃO RELATOR PARA ACÓRDÃO: MAURO CAMPBELL MARQUES; em 01 de Dezembro de 2016, ATO ORDINATÓRIO PRATICADO ACÓRDÃO ENCAMINHADO(A) À PUBLICAÇÃO PREVISTA PARA 02/12/2016; em 01 de Dezembro de 2016, DISPONIBILIZADO NO DJ ELETRÔNICO EMENTA / ACORDÃO; em 02 de Dezembro de 2016, PUBLICADO EMENTA / ACORDÃO EM 02/12/2016; (...)TRANSITADO EM JULGADO EM 10/03/2017; em 13 de Março de 2017, BAIXA DEFINITIVA PARA TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO; em 07 de Abril de 2017, ENTREGA DE ARQUIVO DIGITAL DOS AUTOS AO DR. WAGNER MUNDIM RIBEIRO OAB/DF 14.760. Certifica, por fim, que o assunto tratado no mencionado processo é: Base de Cálculo. Certidão gerada via internet com validade de 30 dias corridos. Esta certidão pode ser validada no site do STJ com os seguintes dados: Número da Certidão: 2015397 Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 5 4 CPC/73, que firmou, para efeito de recurso repetitivo a seguinte tese: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações", conforme ementa abaixo: RECURSO ESPECIAL DO PARTICULAR: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. RECEITA OU FATURAMENTO. INCLUSÃO DO ICMS. 1. A Constituição Federal de 1988 somente veda expressamente a inclusão de um imposto na base de cálculo de um outro no art. 155, § 2º, XI, ao tratar do ICMS, quanto estabelece que este tributo: "XI não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante do imposto sobre produtos industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configure fato gerador dos dois impostos". 2. A contrario sensu é permitida a incidência de tributo sobre tributo nos casos diversos daquele estabelecido na exceção, já tendo sido reconhecida jurisprudencialmente, entre outros casos, a incidência: 2.1. Do ICMS sobre o próprio ICMS: repercussão geral no RE n. 582.461 / SP, STF, Tribunal Pleno, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.05.2011. 2.2. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre as próprias contribuições ao PIS/PASEP e COFINS: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 976.836 RS, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 25.8.2010. 2.3. Do IRPJ e da CSLL sobre a própria CSLL: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.113.159 AM, STJ, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 11.11.2009. 2.4. Do IPI sobre o ICMS: REsp. n. 675.663 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 24.08.2010; REsp. Nº 610.908 PR, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 20.9.2005, AgRg no REsp.Nº 462.262 SC, STJ, Segunda Turma, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 20.11.2007. 2.5. Das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS sobre o ISSQN: recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP, Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015. 3. Desse modo, o ordenamento jurídico pátrio comporta, em regra, a incidência de tributos sobre o valor a ser pago a título de outros tributos ou do mesmo tributo. Ou seja, é legítima a incidência de tributo sobre tributo ou imposto Código de Segurança: 6250.8B72.58DF.245E Data de geração: 17 de Outubro de 2017, às 08:48:06 Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 6 5 sobre imposto, salvo determinação constitucional ou legal expressa em sentido contrário, não havendo aí qualquer violação, a priori, ao princípio da capacidade contributiva. 4. Consoante o disposto no art. 12 e § 1º, do DecretoLei n. 1.598/77, o ISSQN e o ICMS devidos pela empresa prestadora de serviços na condição de contribuinte de direito fazem parte de sua receita bruta e, quando dela excluídos, a nova rubrica que se tem é a receita líquida. 5. Situação que não pode ser confundida com aquela outra decorrente da retenção e recolhimento do ISSQN e do ICMS pela empresa a título de substituição tributária (ISSQNST e ICMSST). Nesse outro caso, a empresa não é a contribuinte, o contribuinte é o próximo na cadeia, o substituído. Quando é assim, a própria legislação tributária prevê que tais valores são meros ingressos na contabilidade da empresa que se torna apenas depositária de tributo que será entregue ao Fisco, consoante o art. 279 do RIR/99. 6. Na tributação sobre as vendas, o fato de haver ou não discriminação na fatura do valor suportado pelo vendedor a título de tributação decorre apenas da necessidade de se informar ou não ao Fisco, ou ao adquirente, o valor do tributo embutido no preço pago. Essa necessidade somente surgiu quando os diversos ordenamentos jurídicos passaram a adotar o lançamento por homologação (informação ao Fisco) e/ou o princípio da não cumulatividade (informação ao Fisco e ao adquirente), sob a técnica específica de dedução de imposto sobre imposto (imposto pago sobre imposto devido ou "tax on tax"). 7. Tal é o que acontece com o ICMS, onde autolançamento pelo contribuinte na nota fiscal existe apenas para permitir ao Fisco efetivar a fiscalização a posteriori, dentro da sistemática do lançamento por homologação e permitir ao contribuinte contabilizar o crédito de imposto que irá utilizar para calcular o saldo do tributo devido dentro do princípio da não cumulatividade sob a técnica de dedução de imposto sobre imposto. Não se trata em momento algum de exclusão do valor do tributo do preço da mercadoria ou serviço. 8. Desse modo, firmase para efeito de recurso repetitivo a tese de que: "O valor do ICMS, destacado na nota, devido e recolhido pela empresa compõe seu faturamento, submetendose à tributação pelas contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, sendo integrante também do conceito maior de receita bruta, base de cálculo das referidas exações". 9. Tema que já foi objeto de quatro súmulas produzidas pelo extinto Tribunal Federal de Recursos TFR e por este Superior Tribunal de Justiça STJ: Súmula n. 191/TFR: "É compatível a exigência da contribuição para o PIS com o imposto único sobre combustíveis e lubrificantes". Súmula Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 7 6 n. 258/TFR: "Incluise na base de cálculo do PIS a parcela relativa ao ICM". Súmula n. 68/STJ: "A parcela relativa ao ICM incluise na base de cálculo do PIS". Súmula n. 94/STJ: "A parcela relativa ao ICMS incluise na base de cálculo do FINSOCIAL". 10. Tema que já foi objeto também do recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.330.737 SP (Primeira Seção, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10.06.2015) que decidiu matéria idêntica para o ISSQN e cujos fundamentos determinantes devem ser respeitados por esta Seção por dever de coerência na prestação jurisdicional previsto no art. 926, do CPC/2015. 11. Ante o exposto, DIVIRJO do relator para NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial do PARTICULAR e reconhecer a legalidade da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS. RECURSO ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL: TRIBUTÁRIO. RECURSO REPRESENTATIVO DA CONTROVÉRSIA. ART. 543C, DO CPC. PIS/PASEP E COFINS. BASE DE CÁLCULO. INCLUSÃO DOS VALORES COMPUTADOS COMO RECEITAS QUE TENHAM SIDO TRANSFERIDOS PARA OUTRAS PESSOAS JURÍDICAS. ART. 3º, § 2º, III, DA LEI Nº 9.718/98. NORMA DE EFICÁCIA LIMITADA. NÃO APLICABILIDADE. 12. A Corte Especial deste STJ já firmou o entendimento de que a restrição legislativa do artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9.718/98 ao conceito de faturamento (exclusão dos valores computados como receitas que tenham sido transferidos para outras pessoas jurídicas) não teve eficácia no mundo jurídico já que dependia de regulamentação administrativa e, antes da publicação dessa regulamentação, foi revogado pela Medida Provisória n. 2.15835, de 2001. Precedentes: AgRg nos EREsp. n. 529.034/RS, Corte Especial, Rel. Min. José Delgado, julgado em 07.06.2006; AgRg no Ag 596.818/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Luiz Fux, DJ de 28/02/2005; EDcl no AREsp 797544 / SP, Primeira Turma, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em 14.12.2015, AgRg no Ag 544.104/PR, Rel. Min. Humberto Martins, Segunda Turma, DJ 28.8.2006; AgRg nos EDcl no Ag 706.635/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 28.8.2006; AgRg no Ag 727.679/SC, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 8.6.2006; AgRg no Ag 544.118/TO, Rel. Min. Franciulli Netto, Segunda Turma, DJ 2.5.2005; REsp 438.797/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJ 3.5.2004; e REsp 445.452/RS, Rel. Min. José Delgado, Primeira Turma, DJ 10.3.2003. 13. Tese firmada para efeito de recurso representativo da controvérsia: "O artigo 3º, § 2º, III, da Lei n.º 9718/98 não teve eficácia jurídica, de modo que integram o faturamento e também o conceito maior de receita bruta, base de cálculo Fl. 63DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 8 7 das contribuições ao PIS/PASEP e COFINS, os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa jurídica". 14. Ante o exposto, ACOMPANHO o relator para DAR PROVIMENTO ao recurso especial da FAZENDA NACIONAL. (STJ REsp: 1144469 PR 2009/01124142, Redator: MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator: Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, Data de Julgamento: 10/08/2016, S1 PRIMEIRA SEÇÃO, Data de Publicação: DJe 02/12/2016) Como se sabe, nos termos do art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, na redação dada pela Portaria MF nº 152/2016, "As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF". Assim, aqui deve ser obrigatoriamente adotado o entendimento acima do STJ, proferido no Recurso Especial nº 1144469/PR, transitado em julgado em 13/03/2017 sob a sistemática do art. 543C do CPC/73, rejeitandose a argumentação da recorrente em sentido contrário. Em que pese o Supremo Tribunal Federal ter decidido de forma favorável à tese da ora recorrente no Recurso Extraordinário nº 574.706 com repercussão geral, publicado no DJE em 02.10.2017, como ainda não se trata da "decisão definitiva" a que se refere o art. 62, §2º do Anexo II do Regimento Interno do CARF, não é o caso de sua reprodução no presente julgamento. Nesse mesmo sentido foi decidido recentemente pelo CARF nos julgados abaixo: Processo nº 19515.000094/200720 Acórdão nº 3201003.084– 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 29 de agosto de 2017 Relator: Marcelo Giovani Vieira (...) VOTO (...) Fl. 64DF CARF MF Processo nº 10935.904087/201241 Acórdão n.º 3402004.730 S3C4T2 Fl. 9 8 Pelo contrário, o STJ, no Resp 114469/PR decidiu, no regime de recursos repetitivos, com trânsito em julgado em 13/03/2017, que o ICMS integra as bases de cálculo do Pis e da Cofins. O STF decidiu de forma diferente, no RE 574.706, em repercussão geral, porém o processo ainda não é definitivo, não sendo vinculante para os colegiados do Carf, nos termos do §2º do art. 625 do Ricarf. Com efeito, é possível que o STF module os efeitos da decisão. Pelo exposto, voto pelo desprovimento do recurso voluntário quanto aos ajustes na base de cálculo. (...) Processo nº 10980.900996/201183 Acórdão nº 3302004.500 – 3ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 25 de julho de 2017 Relatora: Lenisa Prado Redator designado: Walker Araújo (...) VOTO VENCEDOR (...) O RICARF prevê o requisito da decisão definitiva para a obrigatoriedade da aplicação do precedente, no caso em análise, o REsp 1.144.469/PR transitou em julgado em 10.03.2017 e o RE 574.706RG/PR ainda espera a modulação de seus efeitos, não havendo, portanto, trânsito em julgado. Logo, devese observar a decisão, já transitada em julgado, do Superior Tribunal de Justiça. (...) Assim, pelo exposto acima, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o litígio resumese ao direito creditório decorrente de pagamentos a maior de PIS/Pasep e Cofins, em razão da inclusão do ICMS na base de cálculo das contribuições. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o Colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 65DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10950.001889/2007-41
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Dec 22 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005
CRÉDITO. CÁLCULO. RATEIO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. EXCLUSÃO.
As receitas decorrentes de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não integram o total das receitas de exportação da empresa comercial exportadora, para efeito de cálculo do índice de rateio utilizado, na apuração do crédito da contribuição passível de aproveitamento.
CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS. GLOSA.
Mantém-se a glosa dos créditos aproveitados indevidamente sobre os gastos com combustíveis que não foram utilizados na produção industrial dos produtos fabricados e vendidos.
CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. CEREALISTA. APROVEITAMENTO. VEDAÇÃO.
A pessoa jurídica que exerce cumulativamente as atividades de limpeza, padronização, armazenagem e comercialização de produtos agrícolas, soja e milho, não faz jus ao crédito presumido da agroindústria a título de Cofins.
CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO/ COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO.
Os saldos credores trimestrais de créditos presumidos da agroindústria, a título de Cofins, não são passiveis de ressarcimento/compensação.
SALDO CREDOR TRIMESTRAL. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO.
É expressamente vedado por lei a atualização monetária do ressarcimento do saldo credor trimestral dos créditos da Cofins não cumulativa, pela taxa Selic.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-005.822
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Demes Brito.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO. CÁLCULO. RATEIO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. EXCLUSÃO. As receitas decorrentes de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não integram o total das receitas de exportação da empresa comercial exportadora, para efeito de cálculo do índice de rateio utilizado, na apuração do crédito da contribuição passível de aproveitamento. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS. GLOSA. Mantém-se a glosa dos créditos aproveitados indevidamente sobre os gastos com combustíveis que não foram utilizados na produção industrial dos produtos fabricados e vendidos. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. CEREALISTA. APROVEITAMENTO. VEDAÇÃO. A pessoa jurídica que exerce cumulativamente as atividades de limpeza, padronização, armazenagem e comercialização de produtos agrícolas, soja e milho, não faz jus ao crédito presumido da agroindústria a título de Cofins. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO/ COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO. Os saldos credores trimestrais de créditos presumidos da agroindústria, a título de Cofins, não são passiveis de ressarcimento/compensação. SALDO CREDOR TRIMESTRAL. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO. É expressamente vedado por lei a atualização monetária do ressarcimento do saldo credor trimestral dos créditos da Cofins não cumulativa, pela taxa Selic. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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DIREITO A CRÉDITOS. Recorrente FERTIMOURAO AGRICOLA EIRELI EM RECUPERACAO JUDICIAL Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 CRÉDITO. CÁLCULO. RATEIO. RECEITA DE EXPORTAÇÃO. COMERCIAL EXPORTADORA. EXCLUSÃO. As receitas decorrentes de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação não integram o total das receitas de exportação da empresa comercial exportadora, para efeito de cálculo do índice de rateio utilizado, na apuração do crédito da contribuição passível de aproveitamento. CRÉDITOS. COMBUSTÍVEIS. GLOSA. Mantémse a glosa dos créditos aproveitados indevidamente sobre os gastos com combustíveis que não foram utilizados na produção industrial dos produtos fabricados e vendidos. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. CEREALISTA. APROVEITAMENTO. VEDAÇÃO. A pessoa jurídica que exerce cumulativamente as atividades de limpeza, padronização, armazenagem e comercialização de produtos agrícolas, soja e milho, não faz jus ao crédito presumido da agroindústria a título de Cofins. CRÉDITO PRESUMIDO DA AGROINDÚSTRIA. RESSARCIMENTO/ COMPENSAÇÃO. VEDAÇÃO. Os saldos credores trimestrais de créditos presumidos da agroindústria, a título de Cofins, não são passiveis de ressarcimento/compensação. SALDO CREDOR TRIMESTRAL. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. VEDAÇÃO. É expressamente vedado por lei a atualização monetária do ressarcimento do saldo credor trimestral dos créditos da Cofins não cumulativa, pela taxa Selic. Recurso Especial do Contribuinte Negado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 95 0. 00 18 89 /2 00 7- 41 Fl. 701DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Tatiana Midori Migiyama (relatora), Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. Votou pelas conclusões o conselheiro Demes Brito. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo contra o Acórdão nº 3801004.384, da 1ª Turma Especial da 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que negou provimento ao recurso, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/01/2005 a 31/03/2005 REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. MÉTODO DE RATEIO PROPORCIONAL. RESSARCIMENTO. No cálculo do rateio proporcional para atribuição de créditos no regime da não cumulatividade das contribuições sociais, excluise da proporção as receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação. VENDAS MERCADO INTERNO E EXTERNO. CUSTOS, DESPESAS E ENCARGOS COMUNS. RATEIO PROPORCIONAL. A determinação do crédito pelo rateio proporcional, entre receitas de exportação e receitas do mercado interno, aplicase somente aos custos, despesas e encargos que sejam vinculados às receitas de mercado interno e exportação. CRÉDITOS DA NÃO CUMULATIVIDADE. COMBUSTÍVEIS. COMPROVAÇÃO. Os combustíveis utilizados ou consumidos diretamente no processo fabril geram o direito de descontar créditos da contribuição apurada de forma não cumulativa, todavia o reconhecimento dos créditos está condicionado a efetiva comprovação de que as aquisições de combustíveis são utilizadas efetivamente no processo produtivo. Fl. 702DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 4 3 CRÉDITO PRESUMIDO. ATIVIDADE AGROINDUSTRIAL. CEREALISTA. VEDAÇÃO. Há vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido para as cerealistas que exerçam cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal. VENDAS COM SUSPENSÃO. VIGÊNCIA. DO ART. 9º DA LEI Nº 10.925, DE 2004. O art. 9º da Lei nº 10.925, de 2004 teve eficácia a partir de 4 de abril de 2006, data prevista na norma regulamentadora, in casu, a Instrução Normativa SRF nº 660, de 2006. RESSARCIMENTO DE CONTRIBUIÇÃO NÃO CUMULATIVA. CORREÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC. VEDAÇÃO EXPRESSA. É incabível, por expressa vedação legal, a incidência de atualização monetária pela taxa Selic sobre o ressarcimento de créditos de contribuição não cumulativa. Recurso Voluntário Negado. ” Irresignado, o sujeito passivo opôs Embargos de Declaração, alegando que a decisão prolatada incorreu em contradição entre a decisão e seus fundamentos. Todavia, os embargos foram rejeitados. O sujeito passivo interpôs, então, Recurso Especial suscitando divergência em relação às seguintes matérias: · Rateio dos créditos apurados; · Glosa das aquisições de combustíveis; · Aproveitamento do crédito presumido da atividade agroindustrial; · Possibilidade de ressarcimento do crédito presumido; · Vendas efetuadas com suspensão; e · Atualização monetária. Mediante Despacho do Presidente da Primeira Câmara da Terceira Seção do CARF foi dado seguimento parcial ao recurso. Foram admitidas as matérias “rateio dos créditos apurados”, “glosa das aquisições de combustíveis”, “aproveitamento do crédito presumido da atividade agroindustrial”, “possibilidade de ressarcimento do crédito”, e “atualização monetária (SELIC)”. Apenas a matéria “vendas efetuadas com suspensão – eficácia do art. 9º da Lei 10.925/04” teve o seguimento negado. Contrarrazões ao recurso especial interposto pelo sujeito passivo foram apresentadas pela Fazenda Nacional. É o relatório. Fl. 703DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303 005.815, de 17/10/2017, proferido no julgamento do processo 10950.001882/200720, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão, quanto à admissibilidade do recurso e quanto ao mérito (Acórdão 9303005.815): Da Admissibilidade "Depreendendose da análise do Recurso Especial interposto pelo sujeito passivo, entendo que devo conhecêlo, na parte admitida em Despacho, eis que atendidos os critérios de conhecimento trazidos pelo art. 67 do RICARF/2015 – com alterações posteriores. O que concordo com o despacho de exame de admissibilidade. Ora, em relação à discussão acerca: · Do rateio dos créditos apurados, foi comprovada a divergência, vez que a decisão recorrida entendeu pela exclusão das receitas de exportação decorrentes das aquisições de mercadorias com fim específico de exportação do cálculo do rateio proporcional e o acórdão indicado como paradigma de nº 3202001.618 concluiu pela não exclusão dos valores de receita que se originaram de operações com o fim específico de exportação; · Das aquisições de combustíveis, foi comprovada a divergência, eis que enquanto o aresto recorrido adotou um conceito restritivo de insumo e o indicado como paradigma de nº 203.12.896 reconheceu o direito de aproveitar créditos decorrentes de aquisições de combustíveis e lubrificantes utilizados no processo produtivo e nas operações de vendas e entrega direta da produção; · Do crédito presumido da atividade agroindustrial, foi comprovada a divergência, vez que o aresto recorrido entendeu pela vedação legal ao aproveitamento do crédito presumido por enquadrar o sujeito passivo como cerealista que exerce cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal e o acórdão indicado como paradigma de nº 3202001.618 divergiu da interpretação relativa ao processo produtivo de grão e o conceito de agroindústria, sem a restrição ao direito creditório; · Da possibilidade de ressarcimento do crédito presumido, também foi comprovada a divergência, eis que o aresto recorrido não conheceu das alegações em relação à forma de utilização do crédito presumido, divergindo, assim, da interpretação adotada no acórdão paradigma de nº 3803002.336 que, por sua vez não aplicou a restrição prevista na IN Fl. 704DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 6 5 SRF 660/06 quanto ao direito a compensação e/ou ressarcimento do Crédito Presumido de PIS e COFINS; · Da atualização monetária, foi comprovada a divergência, vez que o aresto recorrido entendeu não ser cabível a aplicação de correção monetária, com base na taxa Selic, nos casos de pedidos de ressarcimento de contribuição nãocumulativa, por expressa vedação legal, enquanto que o acórdão paradigma de nº 3802001.418 entendeu pela possibilidade de atualização do crédito pela taxa Selic. Em vista do exposto, entendo que devo conhecer o recurso especial em relação às matérias admitidas em Despacho de Exame de Admissibilidade – ou seja, sobre as seguintes matérias: · Rateio dos créditos apurados; · Glosa das aquisições de combustíveis; · Aproveitamento do crédito presumido da atividade agroindustrial; · Possibilidade de ressarcimento do crédito presumido; · Atualização monetária. Contrarrazões devem ser consideradas, eis que tempestivas." Do Mérito "Antes de se adentrar a cada matéria, importante trazer breve histórico do caso vertente: · O sujeito passivo desenvolve atividades agroindustriais e produz as mercadorias de NCM dos capítulos 8 a 12 referidas no art. 8º da Lei 10.925/074, realizando operações no mercado interno e exportações diretas e indiretas; · Observa a sistemática não cumulativa das contribuições, nos termos da Lei 10.833/03 e da Lei 10.637/02, sendo que para a sua atividade, adquire de fornecedores pessoas físicas residentes no país e jurídicas situadas no mercado interno, bens e serviços – insumos – para a produção de mercadorias; · Tendo acumulado créditos por aquisições – custos, despesas e demais encargos, protocolou pedido de ressarcimento do saldo de crédito. Ventiladas tais considerações, passo a discorrer a priori sobre o critério de rateio dos créditos apurados e em seguida sobre as demais matérias conhecidas." (...)1 "Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo de suas conclusões. A discussão gira em torno das seguintes matérias: i) rateio das receitas de exportação; ii) glosa de créditos sobre combustíveis; iii) aproveitamento do crédito presumido da agroindústria; iv) ressarcimento/compensação do crédito presumido da agroindústria; e, v) atualização monetária do ressarcimento do saldo credor. 1 Deixouse de transcrever, do voto do paradigma, a parte na qual a relatora enfrentou as questões admitidas no recurso, pois todos os entendimentos foram vencidos na votação, não se aplicando, portanto, na solução do presente litígio (íntegra do voto no acórdão do processo paradigma). Fl. 705DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 7 6 i) rateio das receitas de exportação O contribuinte questionou o critério utilizado pela autoridade administrativa para o rateio das receitas, utilizado para apuração dos créditos da Cofins, passiveis de desconto e/ ou ressarcimento. Conforme demonstrado nos autos e não impugnado pelo contribuinte, as receitas de exportação decorrem de vendas de mercadorias próprias e de mercadorias adquiridas de terceiros com o fim específico de exportação. A Lei nº 10.833, de 29/12/2003, assim dispõe sobre os créditos da Cofins não cumulativa, vinculados às exportações: "Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: I exportação de mercadorias para o exterior; (...). III vendas a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação. § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art. 3º, para fins de: I dedução do valor da contribuição a recolher, decorrente das demais operações no mercado interno; II compensação com débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 2º A pessoa jurídica que, até o final de cada trimestre do ano civil, não conseguir utilizar o crédito por qualquer das formas previstas no § 1º poderá solicitar o seu ressarcimento em dinheiro, observada a legislação específica aplicável à matéria. § 3º O disposto nos §§ 1º e 2º aplicase somente aos créditos apurados em relação a custos, despesas e encargos vinculados à receita de exportação, observado o disposto nos §§ 8º e 9º do art. 3o. § 4º O direito de utilizar o crédito de acordo com o § 1º não beneficia a empresa comercial exportadora que tenha adquirido mercadorias com o fim previsto no inciso III do caput, ficando vedada, nesta hipótese, a apuração de créditos vinculados à receita de exportação."(destaque não original). Ora, nos termos deste dispositivo, é vedado o aproveitamento (desconto) de créditos vinculados às receitas de exportação de mercadorias adquiridas com o fim específico de exportação, por da parte da exportadora (comercial/trading). Assim, se tais receitas não geram créditos para a exportadora, obviamente, que não podem integrar as receitas de exportação, para efeito de cálculo do índice de rateio utilizado para a apuração dos créditos da contribuição a que o contribuinte faz jus. No mês de outubro de 2006, as receitas de exportação do contribuinte decorreram integralmente da exportação de mercadorias adquiridas de terceiros com o fim específico de exportação. Portanto, neste mês, o índice apurado foi de zero, caso contrário, estaria permitindo o aproveitamento com base num índice de 100,0%, em total desacordo com o § 4º do art. 6º da Lei nº 10.833, de 2003, citado e transcrito anteriormente. ii) glosa de créditos sobre combustíveis. Fl. 706DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 8 7 A Lei nº 10.833, de 2003, prevê o aproveitamento de créditos sobre custos com combustíveis, desde que utilizados na produção ou fabricação dos bens vendidos, conforme estabelece o art. 3º, inciso II, literalmente: "Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...). II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; " (...)." No presente caso, conforme demonstrado nos autos e não impugnado pelo contribuinte as glosas foram efetuadas sobre os gastos com combustíveis que não foram utilizados/consumidos no processo de produção ou fabricação dos produtos vendidos e sim em outros setores da empresa. Comprova esta afirmativa excertos transcritos do relatório produzido pela fiscalização, abaixo transcrito: iii) aproveitamento do crédito presumido da agroindústria O contribuinte pleiteia créditos presumidos da Cofins sobre as aquisições de produtos agrícolas (soja e milho) adquiridos de produtores rurais pessoas físicas, beneficiados e vendidos por ele. No entanto, somente faz jus a esse crédito as pessoas jurídicas produtoras de mercadorias de origem animal e vegetal, conforme estabelece a Lei nº 10.925, de 23 de junho de 2004, que assim dispõe: "Art. 8º As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem animal ou vegetal, classificadas nos capítulos 2, 3, exceto os produtos vivos desse capítulo, e 4, 8 a 12, 15, 16 e 23, e nos Fl. 707DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 9 8 códigos 03.02, 03.03, 03.04, 03.05, 0504.00, 0701.90.00, 0702.00.00, 0706.10.00, 07.08, 0709.90, 07.10, 07.12 a 07.14, exceto os códigos 0713.33.19, 0713.33.29 e 0713.33.99, 1701.11.00, 1701.99.00, 1702.90.00, 18.01, 18.03, 1804.00.00, 1805.00.00, 20.09, 2101.11.10 e 2209.00.00, todos da NCM, destinadas à alimentação humana ou animal, poderão deduzir da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. § 1º O disposto no caput deste artigo aplicase também às aquisições efetuadas de: I cerealista que exerça cumulativamente as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, classificados nos códigos 09.01, 10.01 a 10.08, exceto os dos códigos 1006.20 e 1006.30, 12.01 e 18.01, todos da NCM; (...); III pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária e cooperativa de produção agropecuária. § 2º O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1º deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4º do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. (...). § 4º É vedado às pessoas jurídicas de que tratam os incisos I a III do § 1º deste artigo o aproveitamento: I do crédito presumido de que trata o caput deste artigo; (destaques não originais) (...)." No presente caso, do exame da Trigésima Quarta Alteração do Contrato Social às fls. 129/138, constatase que o contribuinte exerce, dentre outras, as atividades de limpar, padronizar, armazenar e comercializar os produtos in natura de origem vegetal, bem como a atividade agrícola, o que o enquadra no § 4º, inciso I, do art. 8º, da Lei nº 10.925/2004, que veda o aproveitamento de crédito presumido da agroindústria para tais atividades. Além disto, segundo o disposto no art. 8º, citado e transcrito anteriormente, a pessoa jurídica para ter direito ao crédito presumido da agroindústria deve produzir mercadorias classificadas nos capítulos e códigos da Nomenclatura Comum do Mercosul elencados no caput do artigo; as mercadorias devem ser destinadas à alimentação humana ou animal; e as pessoas jurídicas produtoras devem adquirir os insumos (conforme alusão ao inciso II do art. 3o da Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e ao inciso II do art. 3o da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003) de pessoas físicas, de cerealista ou de pessoa jurídica que exerça atividade agropecuária, o que não é o caso em discussão. iv) ressarcimento/compensação do crédito presumido da agroindústria. Embora o julgamento desta matéria tenha ficado prejudicado, em virtude do não reconhecimento do direito de o contribuinte aproveitar os créditos presumidos da Fl. 708DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 10 9 agroindústria, ora reclamados, demonstrase, a seguir, a falta de amparo para o ressarcimento/compensação de tais créditos. O crédito presumido da agroindústria referente ao PIS e à Cofins foi inicialmente instituído pela Lei nº 10.833, de 29/12/2003, art. 3º, § 11, foi extinto pela Lei nº 10.925, de 23/07/2004, art. 16, convertida da MP nº 183, de 30/4/2004. Contudo, esta mesma lei o reinstituiu, nos termos do art. 8º, já citado e transcrito anteriormente, e art. 15, que assim dispõe: "Art. 15. As pessoas jurídicas, inclusive cooperativas, que produzam mercadorias de origem vegetal, classificadas no código 22.04, da NCM, poderão deduzir da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, crédito presumido, calculado sobre o valor dos bens referidos no inciso II do caput do art. 3o das Leis nos 10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003, adquiridos de pessoa física ou recebidos de cooperado pessoa física. (destaque não original) [...]." Ora, segundo o disposto nos art. 8º e 15, citados e transcritos anteriormente, o crédito presumido da agroindústria somente pode ser utilizado para a dedução da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS, devidas em cada período de apuração, inexistindo previsão legal para o ressarcimento/compensação. Com efeito, não é despiciendo reiterar que a compensação e o ressarcimento admitidos pelo art. 6º da Lei n° 10.833, de 2003, contemplam unicamente aos créditos apurados na forma do art. 3º daquela lei, assim dispondo: "Art. 6º A COFINS não incidirá sobre as receitas decorrentes das operações de: [...]; § 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica vendedora poderá utilizar o crédito apurado na forma do art 3º, para fins de: (destaque não original) [...]." Neste diapasão, a IN SRF nº 600, de 28 de dezembro de 2005, dispõe em seu art. 21: “Art. 21. Os créditos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins apurados na forma do art. 3º da Lei nº 10.637. de 30 de dezembro de 2002. e do art. 3º da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, que não puderem ser utilizados na dedução de débitos das respectivas contribuições, poderão sêlo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos e contribuições de que trata esta Instrução Normativa, se decorrentes de: (destaque não original) [...].” Segundo, estes dispositivos legais, apenas os créditos apurados na forma do art. 3º das Leis nºs 10.637, de 2002, e 10.833, de 2003, podem ser objeto de pedido de restituição/compensação, ou seja, os créditos sobre insumos adquiridos com incidência da contribuição cujo ônus do pagamento efetivo é do adquirente. Fl. 709DF CARF MF Processo nº 10950.001889/200741 Acórdão n.º 9303005.822 CSRFT3 Fl. 11 10 Os créditos presumidos da agroindústria não são apurados na forma daquele artigo, mas sim nos termos do art. 8º, § 3º da Lei nº 10.925, de 23/07/2004. Já suas utilizações estão previstas no próprio art. 8º e no art. 15, desta mesma lei, citados e transcritos anteriormente, ou seja, podem ser utilizados apenas e tão somente para dedução da contribuição devida em cada período de apuração. v) atualização monetária do ressarcimento do saldo credor. A atualização monetária do ressarcimento de saldo credor da Cofins não cumulativa, calculados à taxa Selic, é expressamente vedado pela própria Lei nº 10.833, de 2003, que instituiu o regime nãocumulativo, assim dispondo: “Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4º do art. 3º, do art. 4º e dos §§ 1º e 2º do art. 6º, bem como do § 2º e inciso II do § 4º e § 5º do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores.” Contra disposição expressa da lei não é cabível aplicar analogias com decisões judiciais não aplicáveis ao caso concreto, como pretende a relatora. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso especial do contribuinte." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial do contribuinte foi conhecido e, no mérito, o colegiado negoulhe provimento. assinado digitalmente Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 710DF CARF MF
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Numero do processo: 11080.722809/2009-14
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006
PIS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. DIREITO A CRÉDITO. DESPESAS COM O DESCARREGAMENTO DE MERCADORIAS NO PORTO E SEU TRANSPORTE ATÉ A UNIDADE FABRIL POR TUBOVIA. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE.
De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS não cumulativo sobre despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a unidade fabril por tubovia, despesas de armazenagem e fretes na operação de venda.
PIS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE.
No presente caso, as glosas referentes a diárias e serviços prestados de carregamento no Porto de Rio Grande, não são essenciais ao processo produtivo da Contribuinte, por via de conseqüência não gera direito a crédito de PIS.
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC SOBRE RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS ESCRITURAIS DE PIS. IMPOSSIBILIDADE.
Em regra, não incide correção monetária sobre créditos escriturais. O artigo 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao PIS, a partir de 01/02/2004, pela norma de extensão do art. 15, veda atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores.
Não é possível atualizar créditos escriturais pela Taxa Selic, vedada aplicação analógica de precedentes do STJ, que trata de IPI, REsp nº 1.035.847/RS, ou qualquer outro julgado que não verse especificamente sobre PIS/COFINS, por se tratar de espécies dispares de não cumulatividade.
Numero da decisão: 9303-005.941
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial nos termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento parcial em maior extensão; Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deu provimento integral e as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial em menor extensão.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 PIS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. DIREITO A CRÉDITO. DESPESAS COM O DESCARREGAMENTO DE MERCADORIAS NO PORTO E SEU TRANSPORTE ATÉ A UNIDADE FABRIL POR TUBOVIA. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS não cumulativo sobre despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a unidade fabril por tubovia, despesas de armazenagem e fretes na operação de venda. PIS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. No presente caso, as glosas referentes a diárias e serviços prestados de carregamento no Porto de Rio Grande, não são essenciais ao processo produtivo da Contribuinte, por via de conseqüência não gera direito a crédito de PIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC SOBRE RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS ESCRITURAIS DE PIS. IMPOSSIBILIDADE. Em regra, não incide correção monetária sobre créditos escriturais. O artigo 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao PIS, a partir de 01/02/2004, pela norma de extensão do art. 15, veda atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Não é possível atualizar créditos escriturais pela Taxa Selic, vedada aplicação analógica de precedentes do STJ, que trata de IPI, REsp nº 1.035.847/RS, ou qualquer outro julgado que não verse especificamente sobre PIS/COFINS, por se tratar de espécies dispares de não cumulatividade.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial nos termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento parcial em maior extensão; Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deu provimento integral e as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. DIREITO A CRÉDITO. DESPESAS COM O DESCARREGAMENTO DE MERCADORIAS NO PORTO E SEU TRANSPORTE ATÉ A UNIDADE FABRIL POR TUBOVIA. DESPESAS DE ARMAZENAGEM E FRETES NA OPERAÇÃO DE VENDA. POSSIBILIDADE. De acordo com artigo 3º da Lei nº 10.833/03, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS não cumulativo sobre despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a unidade fabril por tubovia, despesas de armazenagem e fretes na operação de venda. PIS NÃO CUMULATIVO. CONCEITO DE INSUMO. CRITÉRIO DA ESSENCIALIDADE. No presente caso, as glosas referentes a diárias e serviços prestados de carregamento no Porto de Rio Grande, não são essenciais ao processo produtivo da Contribuinte, por via de conseqüência não gera direito a crédito de PIS. ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA PELA TAXA SELIC SOBRE RESSARCIMENTO DE CRÉDITOS ESCRITURAIS DE PIS. IMPOSSIBILIDADE. Em regra, não incide correção monetária sobre créditos escriturais. O artigo 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao PIS, a partir de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 08 0. 72 28 09 /2 00 9- 14 Fl. 321DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 322 2 01/02/2004, pela norma de extensão do art. 15, veda atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Não é possível atualizar créditos escriturais pela Taxa Selic, vedada aplicação analógica de precedentes do STJ, que trata de IPI, REsp nº 1.035.847/RS, ou qualquer outro julgado que não verse especificamente sobre PIS/COFINS, por se tratar de espécies dispares de não cumulatividade. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento parcial nos termos do voto do relator, vencidos os conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal e Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), que lhe deram provimento parcial em maior extensão; Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), que lhe deu provimento integral e as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento parcial em menor extensão. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional com fundamento nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, contra o acórdão nº 3402002.441, proferido pela 4ª Câmara/2ª Turma Ordinária da 3ª Seção de julgamento, que decidiu dar parcial provimento a RecursoVoluntário, para reconhecer como insumos, geradores de creditamento na sistemática não cumulativa da PIS: 1) despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a fábrica e; 2) despesas com fretes e armazenagem. O colegiado a quo também considerou cabível a aplicação da SELIC sobre os créditos ressarcidos a partir do despacho de indeferimento do pedido de ressarcimento. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Tratase de Pedido de Ressarcimento de PIS não cumulativo vinculado às receitas de exportação, para o 4º Trim/2006, realizado em 28/02/2008, Fl. 322DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 323 3 visando posterior compensação, no valor de R$165.487,17 (cento e sessenta e cinco mil e quatrocentos e oitenta e sete reais e dezessete centavos). A DRF de origem analisou o pleito do contribuinte com base na Informação Fiscal de fls. 04 a 10 – numeração eletrônica, reconhecendo parcialmente o crédito pleiteado (até o limite de R$157.254,24), constatando supostas irregularidades nos cálculos dos créditos quanto à: (i) créditos de fretes e armazenagem nas vendas – alegando que algumas das rubricas a seguir não são, efetivamente, frete ou armazenagem nas operações de venda (1.1.06.04.0002 Armazenagem Exterior e 3.1.04.46.4602 Gastos c/Exportação relativos a movimentações em armazéns portuários, serviços de emissão de notas fiscais e serviços de transporte dentro das dependências da empresa ou de armazenagem temporária de matériasprimas); (ii) crédito de bens ou serviços utilizados como insumos – (produto descarregado no porto e transportado até a fábrica, montagem de andaimes, instalação de cano condutor de água na granulação, recuperação e modificação de rampa de entrada de caminhões, separação e construção de rede de esgotos, andaime tubular para manutenção de ponte aérea). O Despacho Decisório 1.762/2009, em 12/11/2009, homologou assim parcialmente o direito creditório, intimando o contribuinte a se manifestar. O acórdão recorrido restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/Pasep Período de apuração: 01/10/2006 a 31/12/2006 DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. NULIDADE. INOCORRÊNCIA A simples contrariedade do recorrente com a motivação esposada na decisão de primeira instância não constitui vício capaz de incorrer em sua desconsideração, mormente quando o julgado a quo abordou todos os argumentos da impugnação e expôs seus motivos para acatar ou não as alegações da defesa. CRÉDITO SOBRE DISPÊNDIOS PREVISTOS NO ART. 3º, II, DA LEI 10.833/2003. CONCEITO DE INSUMOS. RELAÇÃO DE PERTINÊNCIA E DEPENDÊNCIA COM O PROCESSO DE PRODUÇÃO E FABRICAÇÃO DE BENS OU PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. No regime de apuração não cumulativa das contribuições ao PIS e à COFINS, o desconto de créditos das aquisições de bens e direitos utilizados como insumo na produção ou fabricação de bens destinados a venda (art. 3°, II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03), está condicionado a relação de pertinência e dependência do insumo ao processo produtivo ou de fabricação do bem ou prestação de serviços pelo contribuinte, analisada em cada caso em concreto, não sendo aplicável o conceito restrito das IN’s 247/02 e 404/04, que equiparou o insumo aos produtos intermediários no âmbito do Fl. 323DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 324 4 IPI e nem o conceito mais elástico de despesa necessária previsto para o IRPJ. PIS E COFINS. NÃOCUMULATIVIDADE. CRÉDITO SOBRE SERVIÇOS DE ARMAZENAGEM. SERVIÇOS PORTUÁRIOS. ABRANGÊNCIA E LIMITES. Concedem o crédito das contribuições ao PIS e à COFINS os serviços de armazenagem, sendo a esta inerentes os serviços portuários que compreendem dispêndios com serviços de carregamento, armazenagem na venda, emissão notas fiscais de armazenamento/importação e serviços de medição de equipamentos portuários. COFINS. SALDO CREDOR. RESSARCIMENTO. ATUALIZAÇÃO PELA A TAXA SELIC. ÓBICE CRIADO PELA ADMINISTRAÇÃO. INCIDÊNCIA. O art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que incide a correção pela SELIC. Recurso parcialmente provido. Não conformada com tal decisão, a Fazenda Nacional interpõe o presente Recurso Especial, suscitando divergência jurisprudencial referente ao direito a crédito de PIS não cumulativo "insumos", referente a (1) "serviços de transporte e armazenagem no processo de venda das mercadorias", (2) "descarregamento do produto importado e seu transporte até a fábrica", e (3) aplicação da Taxa SELIC aos créditos. Para comprovar o dissenso jurisprudencial, foi apontado, como paradigmas, os Acórdãos nºs 3302002.025 (descarga e transporte de produto importado) 20312.448, no qual se discute o conceito de "insumos" na legislação que rege as contribuições (para o PIS/PASEP e COFINS). E traz ainda, o acórdão nº 3803006.328, como paradigma relacionado à discussão sobre aplicação da Taxa SELIC no ressarcimento das contribuições. Em seguida, o Presidente da 4ª Câmara/3ª SEJUL/CARF, deu seguimento ao Recurso, conforme se extrai do despacho de admissibilidade, fls.309/311. A Contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 324DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 325 5 Voto Demes Brito Conselheiro Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. As divergências suscitadas a esta E.Câmara Superior, dizem respeito as seguintes matérias: (i) interpretação do termo "insumo" previsto na legislação do PIS e da COFINS, de que trata o artigo 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, (ii) direito a crédito referente a despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a fábrica por TUBOVIA (montagem de andaimes, instalação de cano condutor de água na granulação, recuperação e modificação de rampa de entrada de caminhões, separação e construção de rede de esgotos, andaime tubular para manutenção de ponte aérea) Despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda, e (iii) aplicação da Taxa SELIC sobre os créditos. Tratase de Pedido de Ressarcimento de PIS não cumulativo vinculado às receitas de exportação, para o 1º Trim/2007, realizado em 09/03/2009, visando posterior compensação, no valor de R$36.873,11 (trinta e seis mil, oitocentos e setenta e três reais e onze centavos). A DRF de origem analisou o pleito do contribuinte com base na Informação Fiscal de fls. 04 a 10 – numeração eletrônica, reconhecendo parcialmente o crédito pleiteado (até o limite de R$36.801,12), constatando supostas irregularidades nos cálculos dos créditos quanto à: (i) créditos de fretes e armazenagem nas vendas – alegando que algumas das rubricas a seguir não são, efetivamente, frete ou armazenagem nas operações de venda (1.1.06.04.0002 Armazenagem Exterior e 3.1.04.46.4602 Gastos c/Exportação relativos a movimentações em armazéns portuários, serviços de emissão de notas fiscais e serviços de transporte dentro das dependências da empresa ou de armazenagem temporária de matérias primas); (ii) crédito de bens ou serviços utilizados como insumos – (produto descarregado no porto e transportado até a fábrica, montagem de andaimes, instalação de cano condutor de água na granulação, recuperação e modificação de rampa de entrada de caminhões, separação e construção de rede de esgotos, andaime tubular para manutenção de ponte aérea). Por outro lado, a decisão recorrida decidiu dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer como insumos, geradores de creditamento na sistemática não cumulativo do PIS: 1) despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a fábrica por TUBOVIA ( montagem de andaimes, instalação de cano condutor de água na granulação, recuperação e modificação de rampa de entrada de caminhões, separação e construção de rede de esgotos, andaime tubular para manutenção de ponte aérea) e; 2) despesas com fretes e armazenagem. O colegiado a quo também considerou cabível a aplicação da SELIC sobre os créditos ressarcidos a partir do despacho de indeferimento do pedido de ressarcimento. Feito este intróito inicial, passo ao julgamento. Fl. 325DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 326 6 Em outras oportunidades, consignei meu entendimento intermediário sobre o conceito de insumo no Sistema de Apuração NãoCumulativo das Contribuições, penso que o conceito adotado não pode ser restritivo quanto o determinado pela Fazenda, mas também não tão amplo como aquele freqüentemente defendido pelos Contribuintes. Sem embargo, a jurisprudência Administrativa e dos Tribunais Superiores vem admitindo o aproveitamento de crédito calculado com base nos gastos incorridos pela sociedade empresária e com produtos ou serviços aplicados na produção ou a ela diretamente vinculados, mesmo que, ao contrario de como alguns pretendem limitar por meio de Instruções Normativas. De fato, salvo melhor juízo, não se vê razão para que conceito de insumo seja determinado pelos mesmos critérios utilizados na apuração do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, contudo, respeito posicionamentos contrários. A legislação que introduziu o Sistema NãoCumulativo de apuração das Contribuições define sua base de cálculo como sendo o faturamento mensal, assim entendido o total das receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou classificação contábil, compreendendo a receita bruta da venda de bens e serviços nas operações em conta própria ou alheia e todas as demais receitas auferidas pela pessoa jurídica. Feitas as exclusões expressamente relacionadas nas Leis, tudo o mais deve ser incluído na base imponível. Levandose em consideração a incumulatividade tributária traz em si a idéia de que a incidência não ocorra ao longo das diversas etapas de um determinado processo sem que o contribuinte possa reduzir de seu encargo aquilo do que foi onerado no momento anterior, ainda que considerássemos todas as particularidades e atipicidades do Sistema não cumulativo próprio das Contribuições, terminaríamos por concluir que, a um débito tributário calculado sobre o total das receitas, haveria de fazer frente um crédito calculado sobre o totaldas despesas. Contudo, ainda que a interpretação teleológica conduza nessa direção, o fato é que os critérios de apuração das Contribuições não foram dessa forma definidos em Lei. Tal como consta no texto legal, o direito ao crédito, em definição genérica, admite apenas que se considerem as despesas com bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, jamais referindose à integralidade dos gastos da pessoa jurídica. Prova disso é que os gastos que não se incluem nesse conceito e dão direito ao crédito são listados um a um nos itens seguintes, de forma exaustiva. Outrossim, se admitíssemos a tese de que insumo denota conceito amplo, abrangendo todos os gastos destinados à obtenção do resultado da pessoa jurídica, nos depararíamos com uma flagrante distorção promovida no amplo reconhecimento ao direito de crédito para o setor industrial ou prestador de serviços, em detrimento ao setor comercial, para o qual o direito teria ficado restrito apenas aos gastos com bens adquiridos para revenda. Insumos, tal como definido e para os fins a que se propõe o artigo 3º da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, são apenas as mercadorias, bens e serviços que, assim como no comércio, estejam diretamente vinculados à operação na qual se realiza o negócio da empresa. Na atividade comercial, sendo o negócio a venda dos bens no mesmo estado em que foram comprados, o direito ao crédito restringese ao gasto na aquisição para revenda. Na indústria, uma vez que a transformação é intrínseca à atividade, o conceito Fl. 326DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 327 7 abrange tudo aquilo que é diretamente essencial a produção do produto final, conceito igualmente válido para as empresas que atuam na prestação de serviços. Somente a partir desta lógica é que os créditos admitidos na indústria e na prestação de serviços observarão o mesmo nível de restrição determinado para os créditos admitidos no comércio. In caso, verifico que a Contribuinte é produtora, importadora, comercializadora e exportadora de adubos e fertilizantes, usufrui o benefício fiscal da alíquota zero do PIS e da COFINS, na importação, também sobre receita bruta decorrente da venda no mercado interno. Conforme se observa, a receita bruta decorrente da venda no mercado interno dos produtos agrícolas (adubos e fertilizantes) possui alíquota zero, podendo a Contribuinte manter em sua escrita fiscal os créditos vinculados a essas operações e, ao final do trimestre calendário, compensálos com outros tributos administrados pela Receita Federal ou restituílos nos termos da legislação vigente. Neste sentido, a Contribuinte optou em compensar os valores dos créditos acumulados, razão pela qual formalizou perante Secretaria da Receita Federal (SRF), por meio de PER/DCOMP, pedidos de ressarcimento de créditos acumulados de PIS/Pasep e COFINS não cumulativos vinculados às receitas de exportação. Em relação aos itens discutidos para constituição do crédito das referidas contribuições, entendo que assiste razão a Contribuinte em relação aos seguintes itens: Despesas com o descarregamento de mercadorias no porto e seu transporte até a fábrica por TUBOVIA (montagem de andaimes, instalação de cano condutor de água na granulação, recuperação e modificação de rampa de entrada de caminhões, separação e construção de rede de esgotos, andaime tubular para manutenção de ponte aérea) No caso em tela, entendo que os custos de produção da Contribuinte, referente aos dispêndios de produtos descarregados no porto e transportado até a fábrica por TUBOVIA, são essenciais ao seu processo produtivo, logo, deve ser mantido o direito a manutenção dos créditos, nos termos Inciso II, do artigo 3°, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003). Quanto as despesas de Armazenagem e Fretes na Operação de Venda, também são essenciais ao processo de produção, portanto, deve ser mantido o direito ao crédito sobre Serviços de Medição de equipamentos Armazéns Portuários, Serviços de transporte (granel de inflável) nos termos do Inciso II, do artigo 3°, das Leis n°s. 10.637/2002 e 10.833/2003). Nos termos do artigo 3º, incisos IX, da Lei nº 10.833/2003, aplicável ao PIS, do valor a pagar, a pessoa jurídica poderá descontar créditos dos custos incorridos nos meses relativos à armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos bens adquiridos para revenda e/ou utilizados como insumos, quando o ônus for suportado pelo vendedor. Fl. 327DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 328 8 Desse modo, é passível de creditamento, na base de cálculo do PIS e da COFINS, o valor do frete sobre as compras e vendas, bem como as despesas relativas à armazenagem de mercadorias, pagos a pessoa jurídica, domiciliada no país. Referente a diárias e serviços prestados de carregamento no Porto de Rio Grande, entendo não serem essenciais ao processo produtivo da Contribuinte, portanto, deve ser mantida a glosa. Sem embargo, o termo "insumo" utilizado pelo legislador para fins de creditamento do Pis e da COFINS, apresenta um campo maior do que o MP, PI e ME, relacionados ao IPI. Considero que tal abrangência não é tão flexível como no caso do IRPJ, a ponto de abarcar todos os custos de produção e despesas necessárias à atividade da empresa. Por outro lado, entendo para que se mantenha o equilíbrio normativo, os insumos devem estar relacionados diretamente com a produção dos bens ou produtos destinados à venda, ainda que este produto não entre em contato direto com os bens produzidos. Neste sentido, o inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.833/03, permite a utilização do crédito de PIS/COFINS não cumulativa nas seguintes hipóteses: “I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e b) nos §§ 1º e 1ºA do art. 2o desta Lei; II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2 da Lei nº 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; Fl. 328DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 329 9 VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X vale transporte, vale refeição ou vale alimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção". Como visto, o conteúdo do inciso II supra, que é o mesmo do inciso II, do art. 3º, da Lei nº 10.637/02, que trata do PIS, pode ser interpretado de modo ampliativo, desde que o bem ou serviço seja essencial a atividade empresária, portanto, capaz de gerar créditos de PIS/COFINS, o que se coaduna com o presente caso. No que tange atualização dos créditos pela Taxa Selic, em regra, não incide correção monetária sobre os créditos escriturais, o artigo 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao PIS, a partir de 01/02/2004, pela norma de extensão do art. 15, veda a correção monetária. Vejamos: Art. 13. O aproveitamento de crédito na forma do § 4o do art. 3o, do art. 4o e dos §§ 1o e 2o do art. 6o, bem como do § 2o e inciso II do § 4o e § 5o do art. 12, não ensejará atualização monetária ou incidência de juros sobre os respectivos valores. Por sua vez, o Acórdão recorrido, sustenta que o art. 13 da Lei n° 10.833/2003, que veda a atualização monetária e a incidência dos juros, não se aplica quando a mora no ressarcimento decorre de óbice criado pela própria Administração, caso em que incide a correção pela SELIC. Penso que houve um equivoco do colegiado a quo, compulsando aos autos verifico que a Contribuinte não solicitou a DRF de origem a aplicação da Taxa Selic (art.39,§4°, da lei 9.250/1995) do momento do pedido de ressarcimento até o momento do efetivo recebimento, como meio de correção monetária. A DRJ/POA, já tinha suscitado que não houve pedido expresso quanto atualização pela SELIC. Vejamos: "Por sua vez, não consta nos autos que a contribuinte tenha solicitado para a DRF de origem a aplicação da taxa SELIC (art.39,§4°, da lei 9.250/1995) do momento do pedido de ressarcimento até o momento do efetivo recebimento, como meio de correção monetária. Todavia, mesmo que tivesse pleiteado a incidência da taxa SELIC, não seria cabível". fls. 167. Com efeito, a tese do acórdão recorrido de que houve oposição estatal em razão do ato proibitivo emanado pela Fazenda Nacional, necessitando da interferência deste Conselho, para que se declarasse o direito, transmudandose a sua natureza de crédito escritural, passando a se constituir dívida do valor, e, dessa forma, sendo devido aplicação da SELIC, nos termos do §4º, do art. 39, da Lei n° 9.250/95, não se sustenta. O ressarcimento e restituição são institutos distintos, porquanto ressarcimento é uma modalidade de aproveitamento de créditos do IPI, PIS/PASEP e COFINS, ao passo que Fl. 329DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 330 10 a restituição, prevista no art. 165 da Lei do CTN, é a devolução ao contribuinte de direito, referente a valores de tributos ou contribuições pagos indevidamente ou a maior pela Contribuinte, ou seja, receita que ingressou efetivamente para o Fisco e que não lhe pertencia de direito. A legislação tributária, bem delimita as hipóteses de restituição, compensação e ressarcimento, sem considerar que esta última, trata de uma espécie da primeira, ao contrário do que consta nos autos. É o caso, dos artigos 73 e 74 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e do § 4 2 do art. 39 da Lei nº 9.250, de1995, que ampara atualização de juros pela SELIC, apenas nos casos de restituição e compensação. Nada Obstante, a decisão recorrida invoca o Recurso Especial nº 1.035.847/RS, embora tenha sido proferido em sede de IPI, não concordo com analogia empregada pelo Relator. Vejamos: "a verdade é que o raciocínio se aplica aos créditos escriturais como um todo, no sentido de que, havendo permissão legal para tomada dos créditos e o contribuinte não os escriturou no devido tempo, por sua própria mora ou omissão, não fará jus aos juros e correção, pois que não pode imputar ao Poder Público uma penalização que decorre de sua própria inércia". "No entanto, o inverso também é verdadeiro, na medida em que, havendo oposição da Administração Tributária, no tocante ao direito de escriturar determinados créditos, ou pela sua diminuição por inserção indevida de “débitos” em sua base de cálculo, inibindo o contribuinte de lançálos no tempo oportuno ou obrigandoo a correr o risco de glosa ou mesmo de indeferimento de créditos acumulados, forçandoo, com isso, a buscar guarida num processo litigioso, administrativo ou judicial, será então debitada a mora ao Poder Público, que dessa forma, deverá permitir a incidência de SELIC sobre os créditos que até então tinham seu registro vedado, por norma expressa ou oposição na interpretação dada pela Administração Pública". Argumento forçado e contraditório. Para fixar de uma vez por todas que não é possível atualizar créditos escriturais pela Taxa Selic, e tão pouco aplicar por analogia o REsp nº 1.035.847/RS, ou qualquer outro julgado que não verse especificamente sobre PIS/COFINS, cabe trazer a fundamentação legal sobre a não cumulativade dos impostos e contribuições. Em que pese o IPI e PIS/COFINS, serem tributos sujeitos à sistemática não cumulativa, existem diferenças normativas entre as duas espécies de não cumulatividade. A não cumulatividade do IPI é obrigatória, tem como fundamento a Constituição Federal, a qual descreve os impostos não cumulativos, com sistemática de compensar o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores. A não cumulatividade deste imposto ocorre com o creditamento na escrita fiscal do montante do imposto pago e destacado nas notas fiscais de entrada e que sofre nova incidência em etapa posterior da cadeia. Fl. 330DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 331 11 Contudo, a não cumulatividade do PIS e da COFINS não é obrigatória, pois somente existirá ser for instituída por lei ordinária e pode coexistir com o sistema cumulativo. É tratada pela legislação ordinária, com regras próprias, que podem ser alteradas por meio de lei ordinária. Diferentemente do IPI, que além de estar vinculado as regras do texto constitucional, incide sobre produtos relacionados a produção, diametralmente oposto do PIS/COFINS , que decorre do auferimento de receita e não há interferência de outros fatores, têm se que como critério a “receita” não se vincula a um bem especial, abrange ingressos de qualquer natureza. Ainda que a receita auferida venha a ser decorrente da venda de bens, não existe um produto sendo industrializado que estabeleça o fato gerador do PIS/COFINS, razão esta que as Contribuições incidem sobre a totalidade de receitas. Sem embargo, os créditos de IPI são lastreados por valores constantes nas notas fiscais das operações anteriores. Por outro lado, os créditos do PIS/COFINS, não são vinculados a este procedimento, são apurados por meio de cálculo em relação a gastos com bens e serviços empregados na atividade empresária "receita auferida". Como se observa, existem diferenças entre os regimes do IPI e PIS/COFINS. Dessa forma, resta claro que o acórdão recorrido não empreendeu a melhor solução ao corrigir pela SELIC créditos escriturais, vedado pelo o artigo 13 da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, aplicável ao PIS, a partir de 01/02/2004, pela norma de extensão do art. 15. Para os que defendem por analogia aplicação do REsp nº 1.035.847/RS, ou qualquer outro julgado que não verse especificamente sobre PIS/COFINS, para corrigir créditos escriturais pela Taxa Selic, por razão lógica, se os créditos de PIS/COFINS tem a mesma natureza dos créditos de IPI, então aplicase o conceito de IPI para manutenção dos créditos de PIS/COFINS ( insumos) não existe o melhor dos mundos. Para que não se alegue, contrariedade, obscuridade e omissão, utilizo subsidiariamente a regra contida no artigo 489, § 1º, IV, do CPC/2015, para que não reste, dúvida quanto aos fundamentos empregados no presente decisum. in verbis: "O julgador não está obrigado a responder a todas as questões suscitadas pelas partes, quando já tenha encontrado motivo suficiente para proferir a decisão. O julgador possui o dever de enfrentar apenas as questões capazes de infirmar (enfraquecer) a conclusão adotada na decisão recorrida. Assim, mesmo após a vigência do CPC, não cabem embargos de declaração contra a decisão que não se pronunciou sobre determinado argumento que era incapaz de infirmar a conclusão adotada. STJ. 1ª Seção. EDcl no MS 21.315DF, Rel. Min. Diva Malerbi (Desembargadora convocada do TRF da 3ª Região), julgado em 8/6/2016 (Info 585)". Fl. 331DF CARF MF Processo nº 11080.722809/200914 Acórdão n.º 9303005.941 CSRFT3 Fl. 332 12 Diante de tudo que foi exposto, voto no sentido de dar parcial provimento ao Recurso da Fazenda Nacional, para manter a glosa referente a diárias e serviços prestados de carregamento no Porto de Rio Grande, por não serem essenciais ao processo produtivo, e pela impossibilidade de correção monetária dos créditos pela Taxa Selic. É como voto. (Assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 332DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19515.002767/2006-03
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Nov 29 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jan 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2002, 2004
REQUISITOS PARA INTERPOSIÇÃO DO RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA CONTRA ACÓRDÃO QUE APLICOU SÚMULA. COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA.
Contra acórdão que aplicou entendimento de súmula é cabível recurso especial cujo objeto seja a discussão acerca da aplicabilidade do entendimento sumulado ao caso concreto.
O recurso será admitido, desde que o paradigma, posterior à edição da súmula e tratando de situação similar à do recorrido, deixe de aplicar o entendimento nela veiculado, justificando tal posicionamento.
IRPF. SÚMULA CARF 67. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. LANÇAMENTO DECORRENTE DE AMPLO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO.
Incabível a aplicação da Súmula CARF 67 aos lançamentos de APD quando restar comprovado por "Demonstrativo da Variação Patrimonial" e ainda por meio de outras provas a existência de incremento patrimonial do contribuinte.
Numero da decisão: 9202-006.260
Decisão:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais matérias constantes do recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA. Contra acórdão que aplicou entendimento de súmula é cabível recurso especial cujo objeto seja a discussão acerca da aplicabilidade do entendimento sumulado ao caso concreto. O recurso será admitido, desde que o paradigma, posterior à edição da súmula e tratando de situação similar à do recorrido, deixe de aplicar o entendimento nela veiculado, justificando tal posicionamento. IRPF. SÚMULA CARF 67. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. LANÇAMENTO DECORRENTE DE AMPLO PROCESSO DE FISCALIZAÇÃO. Incabível a aplicação da Súmula CARF 67 aos lançamentos de APD quando restar comprovado por "Demonstrativo da Variação Patrimonial" e ainda por meio de outras provas a existência de incremento patrimonial do contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem, para apreciação das demais matérias constantes do recurso voluntário. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 00 27 67 /2 00 6- 03 Fl. 443DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 444 2 Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Adotando como base o relatório do acórdão recorrido, esclareço que contra o contribuinte foi lavrado Auto de Infração, fls. 214/220, para formalização de exigência de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física (IRPF), relativa aos anoscalendário 2001 e 2003, exercícios 2002 e 2004, no valor total de R$ 683.854,88, incluindo multa de ofício e juros de mora, estes últimos calculados até 30/11/2006. A infração apurada pela autoridade fiscal, detalhada no Auto de Infração e no Termo de Verificação Fiscal, fls. 205/210, foi acréscimo patrimonial a descoberto, nos meses de outubro e dezembro de 2001, junho a outubro de 2003 e dezembro de 2003, caracterizado por excesso de aplicações sobre origens, em decorrência de remessas realizadas para o exterior em dólares. No que tange à movimentação de recursos no exterior há de se esclarecer que os fatos trazidos aos autos foram apurados durante as investigações do “Caso Banestado”, momento em que se identificou a empresa Beacon Hill Service Corporation como intermediária de diversas ordens de pagamento. Inconformado com a exigência, o contribuinte apresentou impugnação, fls. 225/237, e a autoridade julgadora de primeira instância julgou procedente o lançamento, por unanimidade de votos, conforme Acórdão DRJ/SPOII nº 1729.024, de 02/12/2008, fls. 247/261. Cientificado da decisão de primeira instância, em 23/01/2009, fls. 268, o contribuinte apresentou, em 20/02/2009, recurso voluntário. A 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, por unanimidade de votos, aplicou a Súmula CARF nº 67/2010 e deu provimento ao recurso. O Acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2002, 2004 ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. SAQUES OU TRANSFERÊNCIAS BANCÁRIAS. Fl. 444DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 445 3 Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. (Súmula nº 67 Portaria CARF nº 52, de 21/12/2010). Recurso Voluntário Provido Contra decisão a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial. Citando como paradigmas os acórdãos 9202002.492 e 2201002.249, a divergência foi assim resumida: Enquanto o acórdão recorrido afastou a exigência sob o argumento de que a remessa de recursos ao exterior não constitui aplicação de recursos ou consumo da renda, e aplicou a súmula nº 67 do CARF, o acórdão paradigma não cogitou essa possibilidade mantendo o lançamento sob o fundamento de que os valores remetidos são verdadeiras aplicações de recursos. O contribuinte não apresentou contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Do conhecimento: Nos termos do relatório, tratase de recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional contra decisão que entendeu aplicável ao caso a Súmula CARF nº 67/2010. Via de regra, nos termos do art. 67 da então Portaria nº 256/2009, não caberia recurso especial de decisão de qualquer das turmas que aplicasse súmula de jurisprudência dos Conselhos de Contribuintes, da Câmara Superior de Recursos Fiscais ou do CARF; mesmo impedimento que consta no atual Regimento Interno. Nessas circunstâncias, conforme previsto no "Manual de Exame de Admissibilidade de Recurso Especial", perfeitamente aplicável ao caso, embora o recurso não possa ser utilizado como meio para se discutir o conteúdo da súmula utilizada, ele poderá ser admitido nas hipóteses em que o recorrente tenha como objetivo rediscutir se caberia ou não a aplicação da decisão sumulada ao caso enfrentado. Vale citar as explicações do Manual: Pode ocorrer, no entanto, de o recorrente questionar a aplicabilidade da súmula ao caso do acórdão recorrido. Nesta situação, o recurso pode ser admitido, desde que o paradigma, posterior à edição da súmula e tratando de situação similar à do recorrido, deixe de aplicar o entendimento nela veiculado, Fl. 445DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 446 4 justificando tal posicionamento. Isto porque, se o paradigma não veicula justificativa para a adoção de entendimento contrário à Súmula CARF, sujeitase à vedação contida no art. 67, §12, inciso III, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015. No caso concreto, a Fazenda Nacional afirma que ambos os acórdãos paradigmas foram proferidos em data posterior a edição de Súmula CARF nº 67/2009, o que os tornariam aptos a justificar a divergência. Ocorre que, analisando o inteiro teor dos citados julgados, apenas no acórdão nº 2201002.249 temos menção expressa do Redator do voto vencedor pela inaplicabilidade da súmula: "Registrese que o presente caso não trata de saques ou transferências bancárias, mas sim de remessas de recursos ao exterior, que caracterizam aplicações de recursos na análise da variação patrimonial do Contribuinte. Assim, incabível a aplicação do disposto na Súmula CARF nº 67". Assim, com base no acórdão paradigma nº 2201002.249, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Do mérito: Conforme mencionado no relatório, tratase de auto de infração para cobrança de Imposto de Renda Pessoa Física lavrado em razão da apuração de acréscimo patrimonial a descoberto. Consta do TVF que a ação fiscal teve como base, entre outros dispositivos, os art. 55, XIII, 806 e 807 do Decreto nº 3.000/99 RIR: Art.55.São também tributáveis: ... XIII as quantias correspondentes ao acréscimo patrimonial da pessoa física, apurado mensalmente, quando esse acréscimo não for justificado pelos rendimentos tributáveis, não tributáveis, tributados exclusivamente na fonte ou objeto de tributação definitiva; Art.806.A autoridade fiscal poderá exigir do contribuinte os esclarecimentos que julgar necessários acerca da origem dos recursos e do destino dos dispêndios ou aplicações, sempre que as alterações declaradas importarem em aumento ou diminuição do patrimônio (Lei nº 4.069, de 1962, art. 51, §1º). Art.807. O acréscimo do patrimônio da pessoa física está sujeito à tributação quando a autoridade lançadora comprovar, à vista das declarações de rendimentos e de bens, não corresponder esse aumento aos rendimentos declarados, salvo se o contribuinte provar que aquele acréscimo teve origem em rendimentos não tributáveis, sujeitos à tributação definitiva ou já tributados exclusivamente na fonte. Fl. 446DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 447 5 O acórdão recorrido, analisando o lançamento entendeu pela aplicação da Súmula CARF nº 67, fato contestado pela Fazenda Nacional em seu recurso especial. Referida súmula possui a seguinte redação: Súmula CARF nº 67: Em apuração de acréscimo patrimonial a descoberto a partir de fluxo de caixa que confronta origens e aplicações de recursos, os saques ou transferências bancárias, quando não comprovada a destinação, efetividade da despesa, aplicação ou consumo, não podem lastrear lançamento fiscal. Para melhor interpretação do seu texto, se faz essencial analisarmos o teor dos acórdãos de derem origem a aprovação da súmula que conforme consta no sítio deste Conselho seriam as decisões: CSRF/0104.603, acórdão nº 10617.156, acórdão nº 10615.820, acórdão nº 10419.123 e acórdão nº 10417.359. Todos os acórdãos, julgando lançamentos de IR sobre acréscimo patrimonial a descoberto concluíram ser essencial que a autoridade fiscal demonstre o efetivo ganho patrimonial do contribuinte, não se admitindo a presunção da sua existência por meio da análise de meras transferências bancárias, recebimento de depósitos e emissão de cheques. Salvo melhor juízo, para os citados julgados tais lançamentos somente subsistem se restar comprovado um incremento patrimonial, afinal 'acréscimo patrimonial' denota a idéia de uma riqueza nova a qual se caracteriza pelo excesso verificado entre todos os investimentos e despesas efetuados pelo contribuinte na obtenção desses novos ingressos em seu patrimônio. É em razão disso e com base no art. 55, XIII, 806 e 807 do Decreto nº 3.000/99 RIR que se exige que os lançamentos de APD sejam precedidos pela demonstração da evolução mensal patrimonial do contribuinte com base no seu 'fluxo de caixa' e ainda que haja outros elementos que corroborem com os indícios 'bancários' apurados pela fiscalização. Entre os acórdãos que deram origem à súmula, vale citar a conclusão dos acórdãos 10417.359, 10419.123 e 10617.156. No primeiro acórdão a relatora, conselheira Leila Maria Scherrer Leitão, nos explica que não há qualquer impropriedade no lançamento de APD quando o levantamento se dá por meio do confronto entre 'origens/receitas' e 'aplicações/despesas', pois o sujeito passivo tem conhecimento da acusação, da infração tipificada, dos itens que a compõe, das provas levantadas pelo fisco podendo e devendo exercer seu direito de defesa por meio da apresentação de provas; de toda forma, deixa claro que a Fazenda não pode se furtar a comprovar a existência concreta do fato gerador. Neste cenário, derrubou parte do lançamento que tributava APD com base exclusivamente em cheques emitidos, extratos e depósitos bancários tidos como prova bastante da omissão de rendimentos e não apenas como indício a ser investigado e corroborado com outros elementos probatórios que autorizassem, em conjunto, a formação da convicção. No outro acórdão que deu origem à Súmula, o de nº 10419.123, o relator bem delimitou o caso: Não caberia a afirmação de que o lançamento no caso concreto não se baseara exclusivamente em extratos bancários (emissão de cheques), data vênia, improcede posto que não foi trazida aos autos nenhuma prova, ou sequer fortes indícios, de que o Fl. 447DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 448 6 contribuinte realizara operações cujos resultados omitira ao fisco, depositados em sua conta corrente bancária Tudo não passou de presunção. E de presunção não autorizada por lei. De qualquer sorte, afigurase inegável, apesar da tributação ter origem em demonstrativos conhecidos por "fluxo de caixa", "fluxo financeiro" e "demonstrativos de origens e aplicações de recursos", "demonstrativos de evolução patrimonial", etc, que a origem da base de cálculo do tributo tomou exclusivamente como objeto de apuração os cheques emitidos (sem investigação) como renda consumida. Ora, tal procedimento que já não encontrava respaldo na jurisprudência do Egrégio Tribunal Federal de Recursos, foi definitivamente afastado pelo Decreto lei n.° 2.471, de 1988. Por fim, vale a análise do acórdão 10617.156 cujos acontecimentos fáticos se deram nas mesmas circunstâncias do lançamento ora analisado caso BANESTADO. No caso lá analisado além do fiscal ter deixado de realizar o confronto com base no 'fluxo de caixa' (conflito entre os recebidos e as aplicações mensais) do contribuinte, entendeu também o Colegiado que as provas eram frágeis; o fiscal no entendimento do colegiado sem qualquer apuração de ganho efetivo utilizouse exclusivamente das informações de remessa de divisa para o exterior à margem do sistema financeiro como prova robusta da ocorrência do fato gerador o que motivou o cancelamento do auto de infração. Importante transcrever parte do voto: A base de cálculo tributável teve origem em transações financeiras efetuadas em contas mantidas nos bancos americanos JP Morgan Chase/Beacon HillChello, Merchants Bank, Lespan Tbl e MTB Hudson Bank, nas quais o recorrente figuraria como ordenante de tais transações. A autoridade autuante converteu cada transação pela taxa de conversão US$/Reais (disponível no sisbacen PTAX) da data da operação, tributando cada valor como omissão de rendimentos, em decorrência de variação patrimonial não respaldada por rendimentos declarados. Como consectário do imposto autuado, foi lançada a multa de oficio de 150%, já que o AuditorFiscal entendeu que a conduta do recorrente se subsumiu àquela do art. 44, II, da Lei n° 9.430/96. De plano, a autoridade autuante não poderia, simplesmente, considerar que as transações atribuídas ao recorrente seriam a base de cálculo do imposto lançado, como se o contribuinte não tivesse recursos declarados para fazer frente às remessas a si atribuídas. Ora, é cediço que a apuração da infração denominada "Acréscimo Patrimonial a Descoberto" deve ser feita a partir da metodologia de fluxos de caixa mensais, confrontando as origens (rendimentos declarados de todas as origens) com as aplicações de recursos (dispêndios efetuados pelo contribuinte). Assim procedendo, no mês em que as aplicações excederem as fontes de recursos, surge o acréscimo patrimonial a descoberto. Ocorre que a fiscalização assim não procedeu, considerando as meras transações como excesso de aplicações. Não houve Fl. 448DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 449 7 qualquer confronto entre as origens e aplicações de recursos, não se podendo dizer, então, em que mês ocorreu o eventual excesso de aplicações sobre as fontes de recursos, ou se efetivamente houve acréscimo patrimonial a descoberto ao cabo de quaisquer dos anoscalendário em debate, já que a autoridade não solicitou esclarecimento sobre as origens de recursos e demais dispêndios do contribuinte, confrontandoos, aplicações e fontes, como exigido pelo art. 806 c/c o art. 807 do Decreto n°3.000/99. E acrescenta: No caso aqui em debate, as transferências em bancos norte americanos, imputadas ao contribuinte, foram consideradas como aplicação de recursos. Para tanto, seria necessário que a autoridade autuante comprovasse como tais transferências beneficiaram o recorrente, quer por consumo, quer por aumento patrimonial, isso, repisese, superando as questões anteriores da fragilidade probatória e da ausência do confronto das origens com as aplicações. Ocorre que não há qualquer prova nos autos demonstrando que o contribuinte tenha se beneficiado das remessas em debate, na via do consumo ou da aplicação de recursos. Observamos, portanto, que a súmula foi editada em um cenário onde a fiscalização de forma equivocada, diante da simples não comprovação pelo contribuinte da origem de valores apurados em razão de informações bancárias, utilizavase de uma presunção cuja aplicabilidade deveria estar acompanhada da existência de outros elementos que levassem a conclusão da ocorrência de um incremento patrimonial. Ou seja, a súmula não afasta a possibilidade de que transferências bancárias sejam classificadas como aplicações de recurso, o que ela veda é que somente essa informação sirva como razão para sustentar lançamento de APD. Partindose dessa premissa nos resta apurar se no caso ora julgado haveria espaço para aplicação da Súmula CARF nº 67. O fato gerador atribuído ao contribuinte como acréscimo patrimonial restou caracterizado pela fiscalização em razão da remessa de valores pra contas bancárias de instituições financeiras localizadas no exterior. Tomouse como informações os dados compartilhados entre a Receita Federal do Brasil, a Polícia Federal e órgãos do Poder Judiciário em investigação que ficou conhecida como operação BANESTADO. Diante dos dados analisados pela fiscalização o APD foi assim apurado: Buscouse apurar eventual acréscimo patrimonial a descoberto correspondente ao excesso de aplicações sobre origens, não respaldado por rendimentos declarados/comprovados. Para este fim, mensalmente, cotejouse todas as disponibilidades do fiscalizado (declaradas ou não) com as aquisições de patrimônio, os dispêndios efetuados e outras aplicações de recursos. Assim, analisouse a evolução patrimonial alicerçandoa nas informações recuperadas dos sistemas informatizados desta Secretaria e nas coletadas de fontes externas, especificamente, Fl. 449DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 450 8 das informações trazidas sobre a remessa de dólares para o exterior tendo como instituição financeira de origem CITIBANK e destinatária HUDSON BANK USA. Por fim, cabe esclarecer que: a) alocaramse as aplicações de recursos, com data de realização indefinida, no mês de dezembro, por ser este o mês mais favorável à fiscalizada no cômputo final da análise. Da mesma forma, os recursos, com data de realização indefinida, foram alocados no início do anocalendário, mês de janeiro, por ser este o mês mais favorável à fiscalizada (art. 112 do Código Tributário Nacional); b) foram considerados e lançados no demonstrativo da evolução patrimonial e financeira, como recursos/origens (anexos) os rendimentos tributáveis valores percebidos das fontes pagadoras e de pessoas físicas, insertos na Declaração de Ajuste Anual (Dirpl) dos exercícios sob exame, apresentada pelo fiscalizado; os rendimentos isentos e não tributáveis lucros e dividendos distribuídos, também inserto nas Dirpf; o s rendimentos tributados exclusivamente na fonte: 13° salário, rendimentos em aplicações em renda fixa; os empréstimos recebidos; a alienação de fração ideal de imóvel em construção; a alienação de veículo; a alienação de quotas de capital de empresa; os rendimentos considerados omitidos, provenientes de depósitos bancários, objeto do Auto de Infração, protocolizado sob n° 19515002193/200665. c) foram considerados e alocados no demonstrativo da evolução patrimonial c financeira, como dispêndios/aplicações (anexos); as deduções como: dependentes, despesas com instrução e despesas médicas, efetuadas nas Dirpf dos exercícios em exame; os empréstimos pagos; as aquisições de imóveis como terrenos e casa; as transferências e doações relacionadas na Dirpf; as remessas realizadas para o exterior em dólares convertidos para reais, pela tabela de cotação de compra do dólar dos Estados Unidos, fixados pelo Banco Central do Brasil, em vigor no dia da ocorrência do fato gerador da obrigação (art. 143 do CTN Lei 5172/66), conforme demonstrativo: Fl. 450DF CARF MF Processo nº 19515.002767/200603 Acórdão n.º 9202006.260 CSRFT2 Fl. 451 9 (...) Feito o "Demonstrativo da Variação Patrimonial" fundada nas informações coletadas pela fiscalização, revelouse excessos de gastos não justificados com os rendimentos declarados, presumindose rendimentos auferidos e não submetidos à tributação, nos meses de 10 e 12/2001, 06, 07, 08, 09, 10 e 12/2003. Lembramos também, que o presente lançamento, como dito acima, é resultado de um amplo aparato de investigação que envolveu diversos órgãos nacionais e estrangeiros, tendo sido deflagrada grande operação de movimentação de recursos à margem do sistema financeiro nacional com a participação de centenas de contribuintes. Observamos portanto que, na visão do fiscal, o lançamento possui duas razões de ser. Cumprindo o que determinam os art. 806 e 807 do RIR/99, teríamos a comprovação por meio do confronto de informações financeiras de um excedente patrimonial e ainda teríamos fortes indícios de conduta realizada com o intuito de ocultação de informações sobre fatos geradores do tributo. Neste cenário, confrontando o lançamento com o entendimento dos julgados que fundamentaram a Súmula CARF nº 67, concluo pela inaplicabilidade dessa ao caso concreto. Uma vez afastada a aplicação da súmula, necessário se faz o retorno dos autos ao Colegiado a quo para análise das demais questões postas no Recurso Voluntário. Diante do exposto, dou provimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional, devendo os autos retornarem à turma a quo para apreciação das demais matérias. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 451DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10611.002774/2007-15
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Oct 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Nov 09 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 11/06/2004
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. INEXATIDÃO MATERIAL. SANEAMENTO. RETORNO À INSTÂNCIA A QUO. ANÁLISE DE MÉRITO.
A fim de não acarretar supressão de instância, deve ser proferida nova decisão de primeira instância na hipótese de o julgamento ter deixado de analisar documento relevante apresentado na impugnação, bem como de afastamento pelo CARF de prejudicial à análise de mérito relativamente à aplicação de benefício fiscal. Na oportunidade, eventual inexatidão material da decisão recorrida deve também ser saneada.
Recurso Voluntário Provido em Parte
Aguardando Nova Decisão
Numero da decisão: 3402-004.772
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente
(assinado digitalmente)
Maria Aparecida Martins de Paula - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: MARIA APARECIDA MARTINS DE PAULA
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INEXATIDÃO MATERIAL. SANEAMENTO. RETORNO À INSTÂNCIA A QUO. ANÁLISE DE MÉRITO. A fim de não acarretar supressão de instância, deve ser proferida nova decisão de primeira instância na hipótese de o julgamento ter deixado de analisar documento relevante apresentado na impugnação, bem como de afastamento pelo CARF de prejudicial à análise de mérito relativamente à aplicação de benefício fiscal. Na oportunidade, eventual inexatidão material da decisão recorrida deve também ser saneada. Recurso Voluntário Provido em Parte Aguardando Nova Decisão Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente (assinado digitalmente) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Waldir Navarro Bezerra, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Thais AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 61 1. 00 27 74 /2 00 7- 15 Fl. 4062DF CARF MF 2 De Laurentiis Galkowicz, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário contra decisão da Delegacia de Julgamento em São Paulo que julgou improcedente a impugnação da contribuinte, conforme ementa abaixo: ASSUNTO: REGIMES ADUANEIROS Data do fato gerador: 11/06/2004 DRAWBACK. O Beneficiário desembaraçou mercadorias com suspensão de impostos. Findo o prazo estabelecido no regime, não tendo o beneficiário nenhuma das providências para adimplir o regime, resolveuse a suspensão, exigindo os tributos devidos, nas importações. A Fiscalização e controle de regimes especiais, como é o caso do “Drawback”, é de competência da Receita Federal do Brasil por envolver renúncia fiscal. O Princípio da Vinculação Física deve ser estritamente observado pelo beneficiário do Regime. O adimplemento da obrigação do Regime Aduaneiro Especial de Drawback modalidade suspensão implica em um controle a respeito dos insumos importados efetivamente utilizados nos produtos exportados, e não apenas do produto exportado. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Versa o processo sobre a exigência de Imposto sobre a Importação (II), IPI, Cofinsimportação, PIS/Pasepimportação, juros de mora e multas de ofício, no valor de R$292.597,92, em face do inadimplemento parcial do regime de Drawback Suspensão, conforme descrito no Auto de Infração: (...) Em procedimento de verificação do cumprimento das obrigações tributárias pelo contribuinte supracitado, foi(ram) apurada(s) a(s) infração(ões) abaixo descrita(s), aos dispositivos legais mencionados. 001 INADIMPLEMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAR DRAWBACK SUSPENSÃO O importador, por meio das DIs relacionadas no relatório anexo, submeteu ao regime aduaneiro especial de drawback mercadorias , relacionadas no Ato Concessório 20040046842, sendo que foi concedido o prazo de 2 anos para a utilização dos insumos no processo produtivo do beneficiário, sendo que ao seu término, deveria ocorrer a exportação. Ocorre que findo o prazo estabelecido no regime,o beneficiário solicitou a renúncia parcial do regime especial DRAWBACK,através do processo 10611.001871/200618, porém, após concluída a fiscalização foi encontrado saldo positivo de estoque dos insumos importados. (...) Consta no Relatório de Fiscalização Drawback os seguintes fatos e fundamentos: Fl. 4063DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.063 3 (...) O contribuinte através do processo 10611.001871/200618 requere[u] a renúncia ao regime especial de DRAWBACK, relativo ao Ato Concessório n° 20040046842 de 25/03/2004, de parte das importações efetuadas, conforme docume[n]tação apresentada, fls. n° 121 a 124, volume 01. O interessado apresentou, na mesma data, os comprovantes de pagamento DARFs dos tributos suspensos II, PIS/PASEP e COFINS relativos as mercadorias importadas e não utilizadas no Regime Aduaneiro DRAWBACK, fls. n° 268 a 403, volume 2. (...) A ZFNACAM, no período de 25/03/04 a 17/01/2006, declarou a importação de insumos para fabricação de Barras eixo intermediário, junta universal, conjunto de cruzeta e transmissão, de acordo com Ato Concessório 20040046842 fl. n° 125 em um total de 123 declarações de importação, conforme indicado abaixo: (...) A vigência do Ato Concessório DRAWBACK, modalidade Suspensão n° 20040046842, fl. n° 125, se deu no período de 25/03/2004 a 25/03/2006. Assim, as exportações realizadas pela beneficiária até o dia 25/03/2006, poderiam ser utilizadas para comprovação do regime aduaneiro. Conforme determina o inciso I do art. 342 do RA, acima transcrito, o prazo para que a beneficiária destine para consumo (nacionalização), mercadorias importadas não utilizadas no regime aduaneiro, com o pagamento dos tributos suspensos e dos acréscimos legais devidos é de 30 dias do prazo fixado para a exportação. Sendo 25/03/2006 a data limite das exportações, teria a beneficiária um prazo de até 30 dias daí contados ou seja até o dia 24/04/2006. A beneficiária, conforme já exposto, não vinculou nenhuma exportação ao ato concessório em questão após o prazo estabelecido. Telas dos Res apresentadas pela beneficiária, fls. n° 612 a 693 volume 04. 6.3 AS EXPORTAÇÕES EFETIVADAS No período de 24/11/2004 a 10/03/2006, a ZF NACAM exportou produtos descritos como: junta universal, conjunto cruzeta, eixo intermediário ou transmissão, NCM 87089492, por meio dos Registros de Exportação REs, relacionadas abaixo: (...) 8. DAS IRREGULARIDADES CONSTATADAS Após análise da documentação apresentada pelo importador e informações obtidas nos Sistemas da Receita Federal foram encontradas algumas inconsistências que estão relacionadas pormenorizadamente abaixo: 8.1. INSUMO 10402000 Rolamento de Agulha Alta Vedação • Exportações Glosadas: De acordo com o relatório apresentado Demanda de componentes (nac/imp) X Itens finais a serem exportados fls. n°s 132 a 138 o insumo 10402000 não consta nos conjuntos Fl. 4064DF CARF MF 4 exportados de no. 21000067 e 21000068, desta forma foram glosadas as exportações indicadas nas seguintes REs: (...) • Importações não contabilizadas pelo importador: De acordo com a planilha "conferência_importações e export." fls. n°s 166 a 167, volume 01 não foram encontrados os lançamentos referentes as Dls 04/06834126 fls. n°s 1084 a 1088, volume 06 e 05/07128405 fls. n°s 3100 a 3104, volume 15. Dl Data de Registro Quantidade 04/06834126 29/07/2004 8160 05/07128405 08/07/2005 6120 TOTAL 14280 Desta forma serão exigidos os tributos e multas relativos às importações de 17844 unidades do insumo 10402000. O critério adotado foi o de consideraremse excedentes os insumos importados mais recentemente, ou seja, na ordem da Dl mais recente à DI mais antiga (método PEPS), conforme segue: Dl Data de Registro Quantidade 05/07128405 08/07/2005 6120 05/05436188 25/05/2005 11724 TOTAL 17844 (...) 8.13 INSUMO 10930200 Tubo D34mm 10 dentes • Exportações Glosadas: Todas as exportações foram glosadas uma vez que o insumo 10930200 não faz parte da lista de componentes apresentada. Desta forma serão exigidos os tributos e multas relativos à todas as importações do insumo 10930200. O critério adotado foi o de consideraremse excedentes os insumos importados mais recentemente, ou seja, na ordem da DI mais recente à Dl mais antiga (método PEPS), conforme segue: Dl Data de Registro Quantidade 04/04003529 28/04/2004 2730 TOTAL 2730 (...) A contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: A Fiscalização deixou de observar o disposto no §4° do art. 29 da Lei 10.637/2002, que determina a suspensão do IPI incidente sobre a importação de partes, peças e componentes (matériaprima) destinados à industrialização de autopeças e passou a exigir os créditos tributários objeto do presente Auto de Infração. Item 8.1 Insumo 10402000 Rolamento de Agulha Alta Vedação; Item 8.3 Insumo 10537900 Inserto Plástico Cruzeta 55 Exportações Glosadas; Item 8.4 Insumo 10564100 Garfo Caminhão Furo 22; Item 8.11 Insumo 10814940 Cap Borracha Alongado Exportações Glosadas; Item 8.12 Insumo 10821090 Eixo Macho Caminhão RVI Exportações glosadas; Item 8.13 Insumo 10930200 Tubo D34mm 10 dentes Exportações glosadas: Não obstante os erros das planilhas cometidos pela contribuinte, saneados na impugnação, os laudos técnicos e demais documentos sobre os insumos importados demonstram a sua utilização nos produtos exportados. Fl. 4065DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.064 5 Item 8.8 Insumo 10669600 Flange Estriado Importações não contabilizadas pelo importador: Considerando que não houve importação do insumo 10669600 por meio da Declaração de Importação n° 04/04943882 e que os insumos importados por meio da DI n° 04/07008190 foram integralmente exportados, requerse o cancelamento da exigência fiscal em relação às importações não contabilizadas. Item 8.10 Insumo 10809100 Garfo Caminhão Furo 22: O insumo 10809100 (Garfo Caminhão Furo 22) é utilizado na montagem dos conjuntos 21000040 (eixo intermediário Scania versão 4), 21000043 (eixo intermediário Scania versão 7) e 21000055 (eixo intermediário Scania versão 9), conforme demonstram os relatórios. Os desenhos técnicos anexos comprovam que o insumo 10*09100 (Garfo Caminhão Furo 22) é indispensável à montagem dos eixos intermediários para Scania, versões 4, 7 e 9 (conjuntos 21000040, 21000043 e 21000055. Além disso, a planilha de controle anexa comprova que as 430 unidades do insumo foram exportadas, em atendimento ao compromisso de exportar. O julgamento foi convertido em diligência pela Turma da DRJ para que a fiscalização analisasse as alegações e documentos apresentados pela impugnante acerca da aplicação do regime automotivo e das glosas contestadas. A fiscalização apresentou seus esclarecimentos e a impugnante a sua manifestação em face da diligência. Cientificada, em 22/07/2015, da decisão de primeira instância, que não acatou as suas razões de defesa, a contribuinte apresentou recurso voluntário em 21/08/2015, no qual repisou as razões da impugnação e acrescentou outras, aduzindo e requerendo o que se segue: II. RAZÕES DE REFORMA DO ACÓRDÃO RECORRIDO (...) No entanto, o Acórdão recorrido simplesmente ignorou as provas produzidas pela Recorrente, e tão somente reproduziu o Relatório de Diligência Fiscal, esquivandose de apreciar os documentos que, por si só, ensejariam o cancelamento do lançamento. Não bastando isso, o acórdão recorrido desconsiderou as provas analisadas pelo próprio Relatório de Diligência Fiscal, porque apesar de reproduzir os seus termos na íntegra, foi indiferente ao que nele foi informado. Depreendese, ainda, que o Acórdão recorrido teria negado à Recorrente o direito à fruição dos benefícios do Regime Automotivo quando da nacionalização dos insumos importados, pois, em resposta à Parte A da Resolução n° 16.495, o Relatório de Diligência consignou que "é vedada a transferência de mercadorias importadas ao amparo de Drawbacksuspensão para o Regime Automotivo, sem expressa autorização da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), por falta de previsão legal". Tal entendimento é totalmente equivocado, pois o referido Regime Automotivo é inerente à atividade da Recorrente e deve ser observado para fins de recolhimento dos tributos devidos na nacionalização das mercadorias que estavam amparadas pelo regime de Drawback e que deixaram de ser remetidas ao exterior. Além disso, em relação às inconsistências apontadas no Relatório de Fiscalização, e que foram objeto da Impugnação, restará demonstrado que deve ser afastada a cobrança do IPI, Fl. 4066DF CARF MF 6 Imposto de Importação, PISImportação e COFINSImportação, tendo em vista o cumprimento do compromisso de exportação firmado por meio do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842. II.1 IRREGULARIDADES APONTADAS PELA FISCALIZAÇÃO CUMPRIMENTO DO COMPROMISSO DE EXPORTAÇÃO DOS INSUMOS PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL Antes de analisar isoladamente cada uma das inconsistências apontadas pela Fiscalização no Item 8 do Relatório Fiscal, importa demonstrar que deve a Fiscalização buscar a verdade material dos fatos com o fim de apurar o efetivo cumprimento do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842. (...) Ao contrário do que restou decidido, devese considerar que a finalidade do processo administrativo é apurar a verdade material, entendida como a realidade fática que circunda a demanda administrativa. Sendo assim, é DEVER dos órgãos administrativos, quando presentes indícios de veracidade das alegações, proceder à sua apuração, não devendo se limitar às provas produzidas antes do encerramento do procedimento de fiscalização, sob pena de permitir a tributação sobre situações que não configurem fato gerador da obrigação tributária. Assim, considerando que os documentos apresentados pela Recorrente, e que acompanham este processo administrativo, são suficientes para a comprovação da regularidade da operação de Drawback procedida, requerse, com base nos princípios da verdade material e do contraditório, que sejam apreciados os documentos apresentados ao longo deste processo administrativo, os quais, sem dúvida alguma, ensejarão o cancelamento das glosas de exportação efetuadas pela Fiscalização. Dito isso, a Recorrente passa a demonstrar, caso a caso, as razões para reforma do acórdão recorrido, diante da comprovação do cumprimento do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842 em relação aos itens 8.1, 8.3, 8.4, 8.8, 8.10, 8.11, 8.12 e 8.13 apontados no Relatório de Fiscalização. (...) II.2 APLICAÇÃO DO REGIME AUTOMOTIVO LEI N° 10.637/02, LEI N° 10.182/01 E IN/SRF N° 572/05 Se acaso superada a argumentação retro expendida, no sentido de que foram devidamente cumpridos os compromissos de exportação em relação aos itens tratados acima, o que se admite apenas por argumentar, ainda assim deve ser reformado o acórdão recorrido, pois o lançamento fiscal deixou de considerar que a Recorrente está habilitada no Regime Automotivo. Igualmente, em relação aos insumos nacionalizados após a renúncia parcial, o lançamento também desconsiderou a que a Recorrente faria jus ao recolhimento dos tributos daí decorrentes com a suspensão do IPI, redução de 40% do Imposto de Importação e o recolhimento do PIS/COFINS Importação com a base de cálculo reduzida, nos estritos termos do Regime Automotivo previsto nas Leis n°s 10.637/02 e 10.182/01, e na IN SRF n° 572/05. (...) Fl. 4067DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.065 7 Segundo se infere das razões acima transcritas, o acórdão recorrido busca afastar a aplicação do Regime Automotivo sob o frágil argumento de que esta prerrogativa seria incompatível com o Drawback concedido à Recorrente, e que eventual transferência de regime demandaria a expressa autorização da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX). Vejase que, além de não fundamentar a decisão que julgou improcedente a Impugnação, o acórdão recorrido desconsiderou os argumentos da Recorrente acerca da aplicação do Regime Automotivo e que demonstram se tratar de um direito garantido por lei, qual seja, Lei n° 10.637/02, Lei n° 10.182/01 e IN SRF n° 572/05. Em sentido contrário ao que restou decidido no acórdão recorrido, se verifica que em situação idêntica à dos autos, esta mesma Recorrente teve a sua Impugnação provida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Florianópolis quando do exame do Processo n° 10611.000772/200872, no qual restou definitivamente assentado que essa faz jus aos benefícios decorrentes do Regime Automotivo, ainda que inadimplido o Drawback, vejase: (...) III. PEDIDO Em vista do exposto, requerse a reforma do Acórdão n° 16 069.249 proferido pela 23a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em São Paulo, para que seja determinada a anulação da exigência fiscal relativa aos itens 8.1, 8.3, 8.4, 8.8, 8.10, 8.11, 8.12 e 8.13 do Relatório de Fiscalização, uma vez comprovado o cumprimento do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842. Subsidiariamente ao pedido precedente, caso não seja reformado o acórdão recorrido quanto aos insumos que a Recorrente comprovou o cumprimento do Ato Concessório, que seja procedida a reformulação do crédito tributário a fim de que seja dado cumprimento ao Regime Automotivo ao qual a Recorrente está habilitada, procedendose à adequação da cobrança com base no disposto nas Leis n°s 10.637/02, 10.182/01 e IN SRF n° 572/05. No que tange aos insumos nacionalizados (por renúncia parcial ao Drawback), deve ser determinado o cancelamento da exigência, tendo em vista que a Recorrente faz jus à redução de 40% do Imposto de Importação, e à exclusão do IPI suspenso, regramentos esses que devem ser também observados na apuração da base de cálculo do PISImportação e da COFINS Importação. Por fim, requer seja cancelada a autuação fiscal relativamente aos débitos relacionados às irregularidades apontadas nos itens do Relatório de Fiscalização 8.1 (em parte), 8.2, 8.5, 8.6, 8.7, 8.8 (em parte) e 8.9, tendo em vista que a Recorrente procedeu corretamente ao recolhimento dos tributos com os benefícios do Regime Automotivo. (...) É o relatório. Fl. 4068DF CARF MF 8 Voto Conselheira Maria Aparecida Martins de Paula, Relatora Atendidos aos requisitos de admissibilidade, tomase conhecimento do recurso voluntário. A controvérsia no âmbito do recurso voluntário cingese, essencialmente, à verificação dos seguintes pontos: a) cumprimento do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842 relativamente aos itens 8.1, 8.3, 8.4, 8.8, 8.10, 8.11, 8.12 e 8.13 do Relatório de Fiscalização; e b) aplicação do regime automotivo aos insumos importados; No que concerne ao regime automotivo, o julgador a quo acompanhou o entendimento da Relatório de Diligência Fiscal, o qual foi transcrito no voto condutor, nestes termos: (...) Os pontos fáticos levantados na impugnação foram devidamente enfrentados pela autoridade preparadora em sua resposta à Resolução nº 16.000.495, de 24 de setembro de 2014. Destarte, sua transcrição vem esclarecer de maneira apropriada as diversas questões suscitadas ao longo da impugnação. A autoridade preparadora assim respondeu a Resolução nº 16.000.495, de 24 de setembro de 2014: PARTE A 1. Os produtos objeto da presente ação fiscal foram importados pela empresa ZF NACAM SISTEMAS DE DIREÇÃO LTDA sob a aplicação do Regime Automotivo Lei n° 10.637/2002? Explique. 2. Se afirmativo, a aplicação do regime automotivo e a concessão do Regime Aduaneiro Especial do Drawback se sobrepõem em relação aos produtos importados pela empresa ZF NACAM SISTEMAS DE DIREÇÃO LTDA ? 3. Se afirmativo, ainda, a empresa ZF NACAM SISTEMAS DE DIREÇÃO LTDA atendeu seu compromisso em relação às exigências inerentes ao Regime Automotivo? Comente. RESPOSTAS: PARTE A 1 Não. Os produtos objeto da presente ação fiscal foram importadas pelo interessado sob aplicação do Regime Aduaneiro Especial de Drawback. É vedada a transferência de mercadorias importadas ao amparo de Drawbacksuspensão para o Regime Automotivo, sem expressa autorização da Secretária de Comercio Exterior (Secex), por falta de previsão legal. Descumpridas as condições pactuadas no Ato Concessório, com exportação parcial dos produtos ali previstos, cabe a exigência dos respectivos tributos suspensos em relação à mercadoria remanescente, com juros e multa, sem as reduções previstas no Regime Automotivo. Fl. 4069DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.066 9 2 Considerase respondido. 3 Não se aplica. PARTE B Se a fiscalização entender que os pontos levantados na PARTE A inibem o prosseguimento da exigência fiscal, os quesitos da PARTE B podem ser desconsiderados. Esta fiscalização não entende que os pontos levantados na Parte A inibem o prosseguimento da exigência fiscal. Assim seguiremos respondendo os quesitos da Parte B. (...) Da leitura da parte em negrito do Acórdão recorrido, surgem algumas dúvidas que deveriam ter sido solucionadas pelo julgador a quo, quais sejam: a) Se inexiste previsão legal para a transferência do regime de Drawback Suspensão para o "regime" automotivo, como se poderia concluir que ela "é vedada"?; b) Qual seria a norma que prevê autorização da Secex para a referida transferência entre os "regimes"?; c) Após o fim do prazo do regime de Drawback, seria cabível se falar em "transferência" deste regime para outro? d) Seria o "regime automotivo" um regime aduaneiro especial ou aplicado em área especial (art. 265 do Regulamento Aduaneiro/20021)? Ora, se não há qualquer norma legal ou infralegal que proíba a aplicação do regime automotivo às mercadorias antes importadas sob o regime aduaneiro especial de drawback, não há que se falar no pronto afastamento do benefício nessas hipóteses. Nesse sentido foi também decidido pela 2ª Turma da Delegacia de Julgamento em Florianópolis, mediante o Acórdão nº 0730258, de 07.12.2012, conforme ementa abaixo: DELEGACIA DA RECEITA FEDERAL DE JULGAMENTO EM FLORIANÓPOLIS 2 º TURMA ACÓRDÃO Nº 0730258, de 07 de Dezembro de 2012 ASSUNTO: Regimes Aduaneiros EMENTA: DRAWBACK SUSPENSÃO. INADIMPLEMENTO PARCIAL. EMPRESA HABILITADA NO REGIME AUTOMOTIVO. NACIONALIZAÇÃO. REDUÇÃO E SUSPENSÃO DOS IMPOSTOS INCIDENTES. A empresa habilitada ao regime automotivo, previsto no art. 5º da Lei nº 9.826/1999, no art. 66 da MP nº 2.15835/2001 e nos arts. 5º e 6º da Lei nº 10.182/2001, faz jus à redução do imposto de importação e à suspensão do imposto sobre produtos industrializados quando da nacionalização das mercadorias remanescentes do regime aduaneiro especial de drawback, modalidade suspensão, tipo genérico, em razão do descumprimento parcial das condições pactuadas em ato concessório, uma vez que inexiste na legislação de regência norma que impeça a fruição do incentivo fiscal estatuído pelo regime automotivo, além do fato de não caracterizar transferência de regime tributário. Período de apuração: 29/11/2000 a 14/12/2001 1 Art. 265. Poderá ser autorizada a transferência de mercadoria admitida em um regime aduaneiro especial ou aplicado em área especial para outro, observadas as condições e os requisitos próprios do novo regime e as restrições estabelecidas em ato normativo da Secretaria da Receita Federal. Fl. 4070DF CARF MF 10 A questão que se coloca é se, no presente caso concreto, a ora recorrente efetivamente faz jus ao benefício do regime automotivo e se o pleiteou adequadamente para as mercadorias para as quais requereu a suspensão do pagamento de tributos no regime de drawback, em conformidade com a legislação pertinente. No entanto, a análise do mérito da aplicação do benefício do regime automotivo diretamente por este Conselho Administrativo poderia acarretar a supressão de instância de julgamento à recorrente. Situação semelhante ocorre em relação à verificação do cumprimento do Ato Concessório de Drawback n° 20040046842 relativamente aos seguintes insumos importados: Item 8.1 Insumo 10402000 Rolamento de Agulha Alta Vedação; Item 8.3 Insumo 10537900 Inserto Plástico Cruzeta 55 Exportações Glosadas; Item 8.4 Insumo 10564100 Garfo Caminhão Furo 22; Item 8.10 Insumo 10809100 Garfo Caminhão Furo 22; Item 8.11 Insumo 10814940 Cap Borracha Alongado Exportações Glosadas; Item 8.12 Insumo 10821090 Eixo Macho Caminhão RVI Exportações glosadas; e Item 8.13 Insumo 10930200 Tubo D34mm 10 dentes Exportações glosadas. Nesses itens, percebese que o julgador a quo deixou de analisar as novas planilhas corrigidas apresentadas pela impugnante, sob os mesmos fundamentos da fiscalização na diligência para alguns desses itens no sentido de que "Planilhas anexas a posteriori com as correções apontadas durante a fiscalização não serão objeto de análise neste momento" ou de que "Novas planilhas corrigindo "equívocos” levantados pela fiscalização não serão objeto de análise a posteriori, isso feito seria bem cômodo para importador esperar a fiscalização ser encerrada e depois "corrigir” as incoerências levantadas e apresentar novas planilhas perfeitas". Dispõe expressamente o art. 16, §4° do Decreto nº 70.235/72, abaixo transcrito, em consonância com o princípio da verdade material, que, por ocasião da impugnação, ainda há a oportunidade de apresentação de prova documental pela contribuinte: Art. 16. A impugnação mencionará: (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) b) refirase a fato ou a direito superveniente;(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos.(Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 5º A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora, mediante petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas alíneas do parágrafo anterior. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) § 6º Caso já tenha sido proferida a decisão, os documentos apresentados permanecerão nos autos para, se for interposto recurso, serem apreciados pela autoridade julgadora de segunda instância. (Incluído pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Fl. 4071DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.067 11 De forma que, nesse aspecto assiste razão à recorrente, vez que não poderia a autoridade julgadora de primeira instância ter deixado de apreciar documento apresentado pela contribuinte juntamente com a impugnação, sem prejuízo, obviamente, da eventual verificação da incompatibilidade das novas planilhas corrigidas com os demais documentos dos autos ou dos documentos fiscais da contribuinte, ou da eventual necessidade de provas adicionais para se confirmar os dados corrigidos. Inclusive, da leitura do acórdão recorrido não restou muito claro quais seriam os documentos adicionais, além do laudo técnico, que teriam habilidade para comprovar cabalmente a efetiva exportação dos insumos importados glosados. Conforme já decidido no Acórdão nº 140200.211, da 1ª Seção/4ª Câmara/2ª Turma Ordinária (j. 05.07.2010) e no Acórdão objeto do processo nº 13406.000016/9715, da 3ª Câmara do Primeiro Conselho de Contribuintes (j. 24.05.2001), cujas ementas abaixo se transcreve, na hipótese de reforma da decisão recorrida em relação à matéria que era prejudicial à análise do mérito, os autos devem retornar à DRJ para sua apreciação: Acórdão nº 140200.211 IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1997, 1999 PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE MATÉRIA. Constatada a falta de apreciação a respeito do prazo da Fazenda Pública se pronunciar sobre as declarações retificadoras devem os autos retornar à DRJ para apreciação dessa matéria. RESTITUIÇÃO. SALDOS NEGATIVOS DE RECOLHIMENTO DO IRPJ E CSLL. O prazo para pleitear a restituição do saldo negativo de IRPJ ou CSLL, acumulado, devidamente apurado e escriturado, é de 5 anos contados do período que a contribuinte ficar impossibilitada de aproveitar esses créditos, mormente pela mudança de modalidade de apuração dos tributos ou pelo encerramento de atividades. PRELIMINAR DE NULIDADE. DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. FALTA DE APRECIAÇÃO DE MATÉRIA. Não é nula a decisão de primeira instância que deixa de apreciar o mérito de restituição por entender que o prazo para pleitear a restituição está extinto. Entretanto, reformada a decisão de primeira instância quanto ao prazo do sujeito passivo pedir a restituição, retornase os autos à DRJ para prosseguimento da análise do mérito. Recurso Voluntario Provido em Parte. Acórdão CC processo nº 13406.000016/9715 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO NÃO COMPROVADA AUSÊNCIA DE EXAME DOCUMENTAL IMPUGNAÇÃO EXIGÊNCIA DE Fl. 4072DF CARF MF 12 APRECIAÇÃO DAS PROVAS NECESSIDADE DE NOVO JULGAMENTO PELA AUTORIDADE DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 1. A apreciação e a manifestação pela Autoridade Fiscal de 1ª instância da documentação apresentada em impugnação, quando fundamental ao deslinde da causa, é uma exigência jurídicoprocedimental, dela não se podendo desvincular, sob pena de anulação do processo. 2. Necessidade de retorno dos autos à instância originária para promover julgamento apreciando as provas apresentadas. (DOU 13/08/2001) Nessa linha, entendo que a irregularidades processuais acima mencionadas devem ser saneadas com o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento para a análise de mérito correspondente considerando conjuntamente todos os documentos apresentados na impugnação, do que não resultará qualquer prejuízo à recorrente, pelo contrário, evitará a supressão de instância no julgamento. Ademais, conforme reclamado pela recorrente, em relação ao item 8.8 Insumo 10669600 Flange Estriado Importações não contabilizadas pelo importador, verificase que o julgador de primeira instância incorreu em inexatidão material, ou deixou de motivar adequadamente, ao não acatar, no dispositivo do Acórdão, o entendimento da fiscalização na diligência no sentido de que seria cabível a exoneração de parcela do lançamento, não obstante o tenha transcrito no voto condutor, nestes termos: (...) 7. Procede a informação de que não houve importação do insumo 10669600 por meio da Declaração de Importação n° 04/04943882? 8. Procede a informação de que os insumos importados por meio da DI n° 04/07008190 foram integralmente exportados? Respostas: 7. Sim. 8. O critério adotado foi o de consideraremse excedentes os insumos importados mais recentes, ou seja, na ordem da DI mais recente para a DI mais antiga (método PEPS). Assim deverão ser exigidos os tributos e multas relativos às importações de 124 unidades e não 274 unidades previstas anteriormente. A saber: (...) [negritei] Assim, voto no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário para reformar a decisão recorrida e determinar o retorno dos autos à Delegacia de Julgamento em São Paulo, nos seguintes termos: i) Afastando a prejudicial levantada em relação à aplicação do benefício do regime automotivo às mercadorias importadas sob o regime de drawback, determinar a análise de mérito pela DRJ no que concerne à recorrente, efetivamente, fazer jus ou não a esse benefício fiscal; Fl. 4073DF CARF MF Processo nº 10611.002774/200715 Acórdão n.º 3402004.772 S3C4T2 Fl. 4.068 13 ii) Afastando a não aceitação das planilhas retificadas apresentadas na impugnação, determinar à DRJ nova análise conjunta de toda a documentação apresentada na impugnação com as demais que já constam nos autos, inclusive com as planilhas corrigidas após o procedimento fiscal, para a verificação se os insumos objeto dos itens 8.1, 8.3, 8.4, 8.10, 8.11, 8.12 e 8.13 foram efetivamente exportados em adimplemento parcial do regime. iii) Na oportunidade, em relação ao item 8.8, determinar à DRJ a correção da inexatidão material ou da falta de motivação, conforme seja o caso, em relação ao não acatamento do entendimento constante no Relatório da Diligência Fiscal transcrito no decisão recorrida. (assinatura digital) Maria Aparecida Martins de Paula Relatora Fl. 4074DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13864.000508/2010-70
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 08 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO.
Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas.
Numero da decisão: 9202-006.310
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: MARIA HELENA COTTA CARDOZO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo - Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
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RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE. CONHECIMENTO. Não se conhece de Recurso Especial de Divergência, quando não resta demonstrado o alegado dissídio jurisprudencial, tendo em vista a ausência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 86 4. 00 05 08 /2 01 0- 70 Fl. 620DF CARF MF 2 Relatório Tratase de ação fiscal que originou os seguintes procedimentos: PROCESSO DEBCAD TIPO FASE 13864.000512/201038 37.291.7162 (AI 34) Obrig. Acessória Liquidado 13864.000509/201014 37.311.3722 (AI 68) Obrig. Acessória Recurso Especial 13864.000513/201082 37.311.3730 (Emp.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000511/201093 37.311.3749 (AI 69) Obrig. Acessória Agravo 13864.000510/201049 37.311.3757 (AI 38) Obrig. Acessória Liquidado 13864.000508/201070 37.311.3765 (AI 22) Obrig. Acessória Recurso Especial 13864.000534/201006 37.311.3773 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000525/201015 37.311.3781 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000536/201097 37.311.3790 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000519/201050 37.311.3803 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000522/201073 37.311.3811 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000520/201084 37.311.3820 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000518/201013 37.311.3838 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000517/201061 37.316.8195 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000528/201041 37.316.8209 (Emp. e SAT) Obrig. Principal REsp da Cont. não admitido 13864.000527/201004 37.316.8217 (Seg.) Obrig. Principal Liquidado 13864.000526/201051 37.316.8225 (Terceiros) Obrig. Principal Liquidado 13864.000523/201018 37.316.8233 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000521/201029 37.316.8241 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000524/201062 37.316.8250 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000516/201016 37.316.8268 (Emp. e SAT) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000515/201071 37.316.8276 (Seg.) Obrig. Principal Recurso Especial 13864.000514/201027 37.316.8284 (Terceiros) Obrig. Principal Recurso Especial Fl. 621DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 621 3 13864.000535/201042 37.318.2872 (Emp.) Obrig. Principal Recurso Especial O presente processo trata do Debcad 37.311.3765, lavrado em razão de a empresa apresentar folha de pagamento em âmbito digital com omissão ou incorreção, eis que divergente dos fatos geradores confessados em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, conforme se infere do Relatório Fiscal. Em sessão plenária de 17/04/2013, foi julgado o Recurso Voluntário, prolatandose o Acórdão nº 2301003.466 (efls. 465 a 482), assim ementado: "ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/01/2007 a 31/12/2007 DIVERGÊNCIA ENTRE GFIP E FOLHA DE PAGAMENTO DIGITAL. Em casos nos quais há divergência entre a Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP e a Folha de Pagamento Digital, devem ser aplicados os dispositivos presentes na Lei nº 8.212/1991, combinada com o Decreto nº 3.048/1999, por serem específicos às contribuições previdenciárias, prescrevendo a referida conduta e a respectiva sanção. AUSÊNCIA FUNDAMENTAÇÃO NA APLICAÇÃO DA PENALIDADE. VÍCIO MATERIAL. Tendo sido aplicada multa não prevista pela legislação previdenciária, incorreu o Auto de Infração ora recorrido em vício material, por ausência de fundamentação, pelo que deve ser anulada a autuação." A decisão foi assim resumida: “ACORDAM os membros da 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária da Segunda Seção de Julgamento: I) Por maioria de votos: a) em anular o lançamento pela existência de vício, nos termos do voto do Relator. Vencido o Conselheiro Damião Cordeiro de Moraes, que votou em dar provimento ao recurso; b) em conceituar o vício como material, nos termos do voto do Relator. Vencida a Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, que votou em conceituar o vício como formal. O Conselheiro Mauro José Silva acompanhou a votação por suas conclusões. Declaração de voto: Mauro José Silva." O processo foi encaminhado à PGFN em 02/09/2013 (Despacho de Encaminhamento de efls. 483) e, em 18/09/2013, foi interposto o Recurso Especial de efls. 484 a 507 (Despacho de Encaminhamento de efls. 508). O apelo está fundamentado no art. 67, do Anexo II, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256, de 2009, e visa rediscutir as seguintes questões: inexistência de nulidade no lançamento; Fl. 622DF CARF MF 4 se nulidade existiu, seria devida a vício formal e não material. Ao Recurso Especial foi dado seguimento, conforme despacho de 22/05/2016 (efls. 526 a 528). Em seu apelo, a Fazenda Nacional alega, em síntese: para uma melhor compreensão da legislação previdenciária, no que se refere à apresentação dos arquivos em meio digital, é importante discorrer a respeito da evolução das leis que tratam dessa exigência; a Lei nº 10.666, de 2003, estabeleceu a seguinte obrigação, em relação às contribuições previdenciárias: Art. 8º A empresa que utiliza sistema de processamento eletrônico de dados para o registro de negócios e atividades econômicas, escrituração de livros ou produção de documentos de natureza contábil, fiscal, trabalhista e previdenciária é obrigada a arquivar e conservar, devidamente certificados, os respectivos sistemas e arquivos, em meio digital ou assemelhado, durante dez anos, à disposição da fiscalização. a lei supracitada veio complementar a legislação previdenciária, que até então não dispunha de uma legislação que obrigasse a empresa, caso essa possuísse documentos de interesse do Fisco em meio digital, a apresentálos à fiscalização; dessa forma, a mencionada lei complementou o artigo 32, III, da Lei nº 8.212, de 1991: Art. 32. A empresa é também obrigada a: (...) III prestar ao Instituto Nacional do Seguro Social INSS e ao Departamento da Receita Federal DRF todas as informações cadastrais, financeiras e contábeis de interesse dos mesmos, na forma por eles estabelecida, bem como os esclarecimentos necessários à fiscalização. no caso de descumprimento dessa obrigação acessória, o artigo 92 da Lei n [ 8.212, de 1991 c/c o artigo 283 do Regulamento da Previdência Social RPS, aprovado pelo Decreto nº 3.048, de 1999, previam a aplicação de uma penalidade genérica; então, em termos de legislação previdenciária, a empresa que se utilizasse de processamento eletrônico de dados para o registro de documentos contábeis e previdenciários, caso fosse exigida, teria que apresentálos à fiscalização, sob pena de ser autuada com base na legislação mencionada, que não previa uma penalidade específica para este caso, ensejando, assim, a aplicação da penalidade genérica mencionada; contudo, a partir da edição da Lei nº 11.457, de 2007, a Secretaria da Receita Federal do BrasilRFB que passou a deter a competência para executar as atividades que eram realizadas pela Secretaria da Receita Previdenciária; ocorre que, em relação aos tributos e contribuições fiscalizados pela Receita Federal, já havia a obrigatoriedade de dispor ao Fisco os documentos em meio digital, conforme a Lei nº 8.218, de 1991; Fl. 623DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 622 5 a partir de então a RFB passou a dispor de duas leis que tratam da mesma situação, ou seja, da obrigação de que as empresas que utilizarem processamento eletrônico de dados os mantenham a disposição da fiscalização, e tanto a Lei nº 8.218, de 1991, quanto a lei nº 10.666, de 2003, prevendo a mesma obrigação acessória: as duas em vigor, e uma não se contrapõe a outra; a partir dessa situação, para capitular o dispositivo legal infringido, a RFB passa a utilizar a Lei nº 8.218, de 1991, ao invés da 10.666, de 2003, pois, embora as duas leis atuem no sentido da exigência da mesma obrigação acessória, a primeira possui uma penalidade específica, o que a faz prevalecer sobre a segunda; a penalidade específica para a infração prevista no artigo 11 da Lei nº 8.218, de 1991, está contida no artigo subsequente da mesma lei; assim, resta evidente que inexistiu erro na capitulação legal, diante desta situação inusitada, para capitular o dispositivo legal infringido, a RFB passa a utilizar a Lei nº 8.218, de 1991, ao invés da 10.666, de 2003, pois embora as duas leis atuem no sentido da exigência da mesma obrigação acessória, a primeira possui uma penalidade específica, o que a faz prevalecer sobre a segunda (penalidade genérica); neste contexto, segundo resulta da disciplina dos arts. 59 c/c 60 do Decreto n.º 70.235, de 1972, a notificação e demais termos do processo administrativo fiscal somente serão declarados nulos na ocorrência de uma das seguintes hipóteses: a) quando se tratar de ato/decisão lavrado ou proferido por pessoa incompetente; b) resultar em inequívoco cerceamento de defesa à parte; no caso, não se verifica hipótese legal de nulidade, pois a autuação foi lavrada por autoridade competente, sem preterição do direito de defesa; cabe salientar que em relação especificamente ao suposto erro no enquadramento legal, é pacífico o entendimento deste Colegiado no sentido de que o mero erro no enquadramento legal não é suficiente para inquinar o auto de infração quando os fatos estão suficientemente bem descritos, permitindo plenamente o livre exercício do direito de defesa, como efetivamente aconteceu; como visto, não houve qualquer preterição ao direito de defesa; o acórdão recorrido, em seu relatório, registra as razões resumidas do recurso voluntário, as quais são as mesmas já apresentadas na impugnação; é cristalino, pois, que o autuado tinha conhecimento da infração; não se vislumbra a ocorrência de prejuízo à defesa do contribuinte neste processo, pelo que a decretação da nulidade representa a desnecessária movimentação da máquina pública, com o dispêndio de recursos do erário, para a repetição de atos administrativos eficazes; por outro lado, vale frisar, à exaustão, que o autuado se defende dos fatos, pelo que a falta de indicação de dispositivo legal ou mesmo sua indicação errônea não invalida a autuação, se, de todo o conjunto probatório, se extrai a imputação; Fl. 624DF CARF MF 6 ora, percebese que há que se interpretar o art. 59 do Decreto nº 70.235, de 1972 à luz da instrumentalidade processual, plenamente aplicável ao processo administrativo tributário, que impede a declaração de nulidade, quando não exista prejuízo ao contribuinte; entretanto, ainda que se entenda por manter a decisão da Turma no que se refere à nulidade do auto de infração, o que se admite apenas por argumentar, não há que se falar em existência de vício material, como será demonstrado a seguir; na hipótese em apreço, se houve erro na fundamentação legal, tal vício apontado pelo colegiado como causa de nulidade do lançamento, a toda vista, não pode ser considerado como de natureza material, pois se assim fosse estarseia afirmando que o motivo (fato jurídico) nunca existiu; com efeito, não há que se confundir falta de motivo com falta ou deficiência de fundamentação/motivação; a falta de motivo equivale à inexistência do próprio pressuposto de fato que autoriza ou exige a prática do ato; já a deficiência na motivação diz respeito a vicissitudes na externalização dos motivos, na expressão textual das situações de fato que levaram o agente à manifestação de vontade; no caso em debate, o voto condutor é veemente ao afirmar que houve erro na fundamentação legal utilizada para a fixação da multa; reconheceuse, portanto, que a motivação do ato administrativo encontrava se deficiente; ora, nos atos vinculados, como o lançamento, o que de fato importa para a sua validade é a efetiva ocorrência do motivo, sendo apenas secundária a motivação; a propósito, a jurisprudência do CARF é farta em decisões que, ao determinarem o cancelamento do lançamento por falta de preenchimento de alguns dos requisitos formais estipulados no art. 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e/ou art. 142 do CTN, consideraram que se tratava de nulidade por vício de forma; por tudo, concluise que o acórdão recorrido mostrase equivocado ao afirmar que o erro na fundamentação legal utilizada para fixação da multa constitui vício material, porquanto, se vício existe no lançamento, este é de natureza formal visto que relacionado a elemento de exteriorização do ato administrativo; e tratandose de vício relacionado à motivação, requisito, como visto, atinente à forma do ato administrativo fiscal, revelase correto dizer que referido vício poder ser perfeitamente convalidado inclusive com base no que preceitua o art. 55 da Lei nº 9.784/99. Ao final, a Fazenda Nacional requer o conhecimento e o provimento do presente recurso para restabelecer o lançamento em sua integralidade, em face da ausência de nulidade e de vício material. Cientificada do acórdão, do Recurso Especial da Procuradoria e do despacho que lhe deu seguimento em 11/08/2016 (Termo de Ciência por Abertura de Mensagem de efls. 535), a Contribuinte, em 26/08/2016, ofereceu as Contrarrazões de efls. 537 a 561 (Termo de Solicitação de Juntada de efls. 536), contendo os seguintes argumentos: Fl. 625DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 623 7 Da negativa de seguimento do Recurso Especial por falta de comprovação de requisito de admissibilidade ainda que, no despacho do exame de admissibilidade, se tenha entendido pelo seguimento do recurso especial quanto à "nulidade por vício material versus nulidade por vício formal" e à "ausência de nulidade do lançamento", pois supostamente haveria similitude das situações fáticas no acórdão recorrido e nos acórdãos paradigmas, fato é que, além de a recorrente não ter apontado analiticamente a divergência entre os acórdãos paradigmas e o acórdão recorrido, a Contribuinte, ao fazer essa análise, não identificou similitude fática entre os casos; no acórdão recorrido, constatouse a presença de vício material, pois não foram aplicados os dispositivos presentes na Lei n° 8.212, de 1991, combinada com o Decreto n° 3.048, de 1999 (legislação previdenciária), e, assim, não foi prescrita a conduta e a sua respectiva sanção; ou seja, mais do que simplesmente citar a fundamentação legal adequada, a recorrente, quando do lançamento, sequer se preocupou em vincular a suposta infração ocorrida com a penalidade que a ela seria aplicável; assim, por maioria, constatouse a presença de vício material no lançamento do crédito tributário, qual seja, indicar uma fundamentação equivocada, vinculada à uma penalidade também equivocada e, por isso, a autuação foi cancelada; quanto à questão da nulidade do lançamento, os acórdãos paradigmas nºs 1401000.894 e 1802001.296 não servem para confirmar a divergência jurisprudencial pretendida pela recorrente; no acórdão paradigma n° 1802001.296, verificase que a empresa recorrente suscitou preliminar de nulidade dos autos de infração, alegando vícios formais no lançamento (fls. 110 daqueles autos); verificase que todos os supostos vícios formais apontados no acórdão dito por paradigma foram, de forma contumaz, refutados e, por essa razão, a nulidade dos lançamentos foi afastada, ou seja, a nulidade foi afastada não porque os alegados vícios não eram suficientes para macular o lançamento, como pretende fazer crer a recorrente, mas porque eles sequer existiam; em oposição, no acórdão recorrido o vício no lançamento não só foi constatado (fundamentação legal impertinente), como restou demonstrado que, como consequência, foi constituída uma penalidade não condizente com a suposta infração imputada à contribuinte; no caso das contribuições previdenciárias, a multa por descumprimento de obrigações acessórias consiste em percentual sobre a base de cálculo folha de salário e demais remunerações pagas a quem lhe presta serviço ou número de informações omitidas, mas, despropositadamente, foi imputada, à Contribuinte multa de 5% sobre o valor da operação, limitada a 1% da receita bruta; portanto, sem qualquer correspondência com o caso dito paradigma, foi reconhecido que o Auto de Infração ora combatido contém erro na capitulação legal, o que Fl. 626DF CARF MF 8 inviabiliza a defesa da Contribuinte, porque a multa, fundamentada em legislação equivocada, não guarda qualquer relação com a matéria de fato dos presentes autos e, assim, acabou por ser desproporcional e não razoável; já em relação ao acórdão paradigma n° 1401000.894, a empresa recorrente alegou em sua defesa que a fundamentação da infração indicada no Auto de Infração não teria qualquer correspondência com os atos por ela praticados, o que impediria a sua defesa (fls. 300 daqueles autos); em uma análise preliminar, podese acreditar que, o citado paradigma trata de caso semelhante ao dos presentes autos; no entanto, uma diferença substancial afasta os dois casos: no acórdão n° 1401000.894, os julgadores decidiram que não teria havido preterição ao direito de defesa da empresa recorrente, vez que os fatos estariam suficientemente bem descritos e, assim, o mero erro no enquadramento legal não seria suficiente para anular o lançamento (fls. 304 daqueles autos), que permanecia incólume quanto aos critérios material e temporal da hipótese de incidência; por outro lado, no caso ora contrarrazoado, a Autoridade Lançadora não apenas indicou a base legal incorreta, mas também o próprio credito tributário cobrado, haja vista que constituiu multa diversa da prevista na legislação previdenciária; ora, se em razão da capitulação legal equivocada o crédito tributário constituído não guarda relação com a infração cometida, resta evidenciada a nulidade do lançamento; ultrapassada a questão da divergência entre o acórdão recorrido e os paradigmas trazidos pela recorrente, no que tange à nulidade do lançamento, passase a análise dos acórdãos n° 240200098 e n° 2402002.632, que supostamente comprovariam a divergência de entendimento das Câmaras do CARF, quanto à qualificação da nulidade: erro formal versus erro material; da detida análise dos acórdãos n° 240200.0098 e n° 2402002.632, cujas notificações de lançamento foram lavradas em face do mesmo contribuinte Brasil Telecom Comunicações Multimídia Ltda. verificase que o julgador acolheu a alegação da empresa quanto à inadequada fundamentação legal, por se tratar de serviço de construção civil, e não de cessão de mãodeobra, mas expressamente consignou que, independentemente da forma de contratação, a responsabilidade solidária existiria; é cristalino que, nos referidos acórdãos, decidiuse pela nulidade do processo administrativo por vício formal insanável, haja vista que a incorreta capitulação legal contaminou o ato administrativo formalmente, mas não contaminou a materialidade do lançamento, realizado com base no instituto da responsabilidade solidária como disse o relator tratandose de construção civil, a responsabilidade solidária existe independente da forma de contratação, ou seja, seja por cessão de mãodeobra ou empreitada; ora, é justamente aí que reside a ausência de similitude entre o acórdão recorrido e acórdãos n° 240200.0098 e n° 2402002.632: no acórdão recorrido foi reconhecida a existência de vício material não só pela incorreta fundamentação legal, mas porque, em decorrência desse erro, o crédito tributário constituído não guarda qualquer pertinência com a infração supostamente cometida pela Contribuinte; é tão evidente que tal vício é material, e não formal, que ele sequer seria passível de saneamento pela Autoridade Julgadora, já que ela, de ofício, teria que alterar o critério jurídico do lançamento original, fazendo as vezes da Autoridade Lançadora, para constituir, via decisão, um novo credito tributário; Fl. 627DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 624 9 Do Mérito em primeiro lugar, é importante frisar que a questão atinente ao aparente conflito de normas (art. 11 e 12 da Lei nº 8.218, de1991 versus os arts. 32, inciso III c/c art. 92 da Lei nº 8212, de 1991) sequer pode ser objeto de análise por esta Colenda Câmara Superior, eis que a matéria não foi objeto de admissibilidade pelo Presidente da 3a Câmara, da 2a Seção do CARF; as matérias admitidas para reanálise da Câmara Superior são: (i) a existência ou não de nulidade no lançamento quando há erro na capitulação legal; e (ii) a definição se o erro na fundamentação legal, para fixação da multa, constitui vício material ou formal; ocorre que a Lei n° 8.218, de 1991, dispõe sobre os impostos e sobre as contribuições federais, genericamente, inclusive sobre a prestação de informações à fiscalização e respectivas penalidades, excluindose da sua abrangência, contudo, o que se diz respeito às contribuições previdenciárias, porque existe legislação específica para o tema previdenciário, qual seja, a Lei n° 8.212, de 1991; ora, compete à Fiscalização efetuar o lançamento e para tanto deve, obrigatoriamente, verificar e demonstrar a efetiva ocorrência da hipótese de incidência, inclusive com a descrição do fato que a realizaria, a legislação pertinente e a apresentação de todos os elementos de prova para sua demonstração; a simples exigência fiscal, destituída desses elementos obrigatórios, leva à nulidade do lançamento pela ocorrência de vício material, o qual cerceia o direito de defesa do contribuinte; assim, quando a descrição do fato não é capaz de identificar sua ocorrência, se está diante da falta de algum elemento material necessário para gerar a obrigação tributária e, portanto, o crédito dele decorrente é duvidoso, o que caracteriza a ocorrência de vício material; para que não pairem dúvidas acerca da não caracterização de vício formal nos presentes autos, a Contribuinte traz à baila o entendimento dessa CSRF sobre esse tema: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1996, 1997, 1998, 1999, 2000 NULIDADE DE LANÇAMENTO. VlCIO MATERIAL. VÍCIO FORMAL. ASPECTOS QUE ULTRAPASSAM O ÂMBITO DO VÍCIO FORMAL. Vício formal é aquele verificado de plano no próprio instrumento de formalização do crédito, e que não está relacionado à realidade representada (declarada) por meio do ato administrativo de lançamento. Espécie de vício que não diz respeito aos elementos constitutivos da obrigação tributária, ou seja, ao fato gerador, à base de cálculo, ao sujeito passivo, etc. A indicação defeituosa ou insuficiente da infração cometida, da data em que ela ocorreu, do montante correspondente à infração (base imponível); e dos documentos caracterizadores da infração cometida (materialidade), não configura vício formal. Fl. 628DF CARF MF 10 (CSRF. 1a Turma. Acórdão 9101002.146, de 07/12/2015, Relator: Rafael Vidal de Araujo) (sem destaques no original) assim sendo, é notório que, nos presentes autos, se está diante de vício material, haja vista que a Fiscalização sequer se deu ao trabalho de tentar enquadrar a conduta da Contribuinte na legislação exata e aplicar as supostas penalidades corretamente. Ao final, a Contribuinte pede o não conhecimento do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional e, caso assim não se entenda, que lhe seja negado provimento. Voto Conselheira Maria Helena Cotta Cardozo Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo, restando perquirir se atende aos demais pressupostos de admissibilidade. Em sede de Contrarrazões, a Contribuinte pede o não conhecimento do apelo, alegando inexistência de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Tratase de Auto de Infração Debcad 37.311.3765, lavrado em razão de a empresa apresentar folha de pagamento em âmbito digital com omissão ou incorreção, eis que divergente dos fatos geradores confessados em Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social GFIP, conforme se infere do Relatório Fiscal Relatório Fiscal de fls. 260 Volume II). No caso do acórdão recorrido, foi declarada a nulidade do lançamento por vício material. A Fazenda Nacional, por sua vez, pugna pelo restabelecimento do lançamento. Alternativamente, pede que seja considerado que o vício seria formal. Assim, tratandose de discussão acerca da existência e natureza de vício em lançamento de tributo, é imprescindível que se verifique a motivação da declaração de nulidade em cada um dos julgados em confronto, a ver se haveria similitude entre elas. No caso do acórdão recorrido, foi declarada a nulidade do lançamento por vício material, tendo em vista a aplicação da multa do art. 11, §§ 3º e 4º, da Lei nº 8.218, de 1991, quando a multa correta seria a do art. 33, da Lei nº 8.212, de 1991. Confirase o respectivo voto condutor: "Existindo, portanto, uma norma específica na Lei que disciplina as fontes de custeio da Previdência Social, não pode outra norma ser simultaneamente aplicada, sob pena de bis in idem. O princípio do non bis in idem é secular, erigido à condição de garantia constitucional implícita em respeito a princípios expressos, como o da estrita legalidade, da moralidade pública, da dignidade da pessoa humana e o do Estado Democrático de Direito. Por outro lado, uma lei posterior não revoga uma que lhe seja anterior se esta for especial, princípio positivado no ordenamento jurídico brasileiro através do art. 2º, §2º da Lei de Fl. 629DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 625 11 Introdução ao Código Civil, conhecida pela expressão latim “lex specialis derogat legi generali”. Da análise das duas normas, verificase ainda que a Lei posterior, no caso a Lei 8.218/1991, não revogou expressamente a anterior, não era com ela incompatível e nem regulou a matéria de que tratava a anterior (art. 2º, §1º da Lei de Introdução ao Código Civil). Diante da existência de duas normas que, aparentemente, disciplinam a matéria do mesmo modo, o conflito deve ser resolvido a partir da escolha daquela que seja específica da matéria, no caso, a Lei nº 8.212/1991, que dispõe sobre o Plano de Custeio da Previdência Social, dentro do qual se encontram as contribuições previdenciárias. A Lei nº 8.218/1991, por sua vez, dispõe sobre impostos e contribuições federais, de forma genérica, inclusive sobre a prestação de informações à fiscalização e respectivas penalidades, excluindose da sua abrangência, contudo, o que se relacionar às contribuições previdenciárias, sob pena de dupla incidência (bis in idem). A simples leitura dos dois dispositivos legais aparentemente conflitantes já seria suficiente para se chegar à conclusão de que a primeira, qual seja a Lei nº 8.212/1991, deve ser a aplicada ao caso concreto. A própria penalidade instituída pela Lei nº 8.218/1991 deixa evidente que sua aplicação está limitada às hipóteses em que o tributo tem no seu fato gerador relação com a receita bruta auferida pela empresa, o que não é o caso da regra geral das contribuições previdenciárias. O art. 112 do CTN também determina que a penalidade aplicada deverá ser aquela mais favorável ao acusado quando houver dúvida sobre a capitulação legal do fato, in verbis: Art. 112. A lei tributária que define infrações, ou lhe comina penalidades, interpretase da maneira mais favorável ao acusado, em caso de dúvida quanto: I à capitulação legal do fato; II à natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; III à autoria, imputabilidade, ou punibilidade; IV à natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação. Outros aspectos também podem ser observados que só confirmam a afirmação acima. A Lei nº 8.218/1991 foi editada quando ainda não existia uma unificação da Secretaria da Receita Federal e da Receita Previdenciária em Super Receita, de modo que apenas os Fl. 630DF CARF MF 12 tributos administrados pela primeira eram submetidos ao regramento previsto na referida Lei, tais quais as contribuições sociais não previdenciárias (por exemplo, PIS, COFINS, CSLL) e impostos federais. Por esta razão, a penalidade aplicada no caso de entrega de arquivos digitais em descumprimento às regras determinadas em lei e em normas infralegais teve como base a receita bruta das empresas, já que diretamente relacionada com o proveito econômico que poderia ser obtido com a supressão da informação relativa aqueles tributos, que têm em sua base de cálculo algum elemento da receita bruta. (...) No caso das contribuições previdenciárias devidas pela empresa Impugnante, contudo, não existe qualquer relação com a sua receita bruta. Eventual omissão de informações não teria o condão de reduzir o montante da receita e, em consequência, do tributo devido. A base de cálculo das contribuições previdenciárias é, em regra, a folha de salário e demais remunerações pagas a quem lhe presta serviço. Eleger a receita bruta como parâmetro para a punição do contribuinte por omissão de informação absolutamente dissociada daquele valor seria permitir medida desproporcional e irrazoável. Por esta razão é que se chega, novamente, à conclusão de que a Lei nº 8.218/1991, ao utilizar a receita bruta como base para o cálculo da penalidade ao contribuinte, não poderia ser aplicada às contribuições previdenciárias que, além disso, possuem norma específica prevendo a multa para o caso de supressão de informações solicitadas pela fiscalização. Não é por outro motivo que a Lei nº 8.212/1991 prevê, dentre as multas aplicáveis aos casos de descumprimento de obrigações acessórias, aquelas consistentes em percentual sobre a base de cálculo ou número de informações omitidas, sem qualquer relação com receita bruta." E não se diga que a unificação da Receita Federal, através da Lei nº 11.457/2007, teria alterado a sistemática e passado a permitir a aplicação da Lei nº 8.218/1991 às contribuições previdenciárias. Ora, a Lei que criou a Super Receita nada mais fez do que centralizar procedimentos e fixar competências, não alterando, contudo, normas relacionadas a obrigações tributárias e penalidades. Entendimento diverso levaria também à conclusão absurda de que a Lei nº 11.457/2007 teria revogado a Lei nº 8.212/1991, o que não ocorreu, tanto que mantida a aplicação pela Receita Federal às contribuições previdenciárias, tanto para lançar tributos devidos, quanto para determinar a multa devida pelo contribuinte que descumpre obrigação acessória. Fl. 631DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 626 13 Em suma, a obrigação acessória descumprida está prevista no art. 33 e parágrafos da Lei nº 8.212/1991, cuja multa respectiva tem seu cálculo nos termos dos arts. 92 e 102 do mesmo diploma, combinado com o art. 283, II, “b” do Regulamento da Previdência Social, jamais a da Lei 8.218/1991. Por fim, o art. 50 da Lei n.º 9.784/99 sustenta a necessidade de os atos administrativos, que neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses, serem motivados, com indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, dentre o que se inclui a indicação correta da legislação em que se baseia." (grifei) Assim, o paradigma apto a demonstrar a alegada divergência jurisprudencial relativamente à declaração de nulidade do lançamento seria representado por acórdão em que, analisandose caso semelhante aplicação da multa prevista no art. art. 11, §§ 3º e 4º, da Lei nº 8.218, de 1991, quando a multa correta seria a do art. 33, da Lei nº 8.212, de 1991 a conclusão fosse no sentido de que esse procedimento não teria violado as normas gerais que tratam do tema (Código Civil e CTN). Nesse passo, os paradigmas serão analisados, a ver se atenderiam a esses requisitos. No que tange ao primeiro ponto abordado inexistência de nulidade no lançamento a Fazenda Nacional indicou como paradigmas os Acórdãos nºs 1401000.894 e 1802001.296. Quanto ao primeiro, a Fazenda Nacional limitase a colacionar a respectiva ementa, conforme a seguir: "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 NULIDADE. ERRO NA CAPITULAÇÃO LEGAL. O erro na capitulação legal da infração cometida não acarreta a nulidade do lançamento, quando comprovado, pela correta descrição dos fatos nele contida e pela defesa apresentada pela contribuinte contra as imputações que lhe foram feitas, que não ocorreu cerceamento do direito de defesa DECADÊNCIA. AUSÊNCIA DE PAGAMENTOS. REGRA DO ART. 173 DO CTN. O lançamento por homologação ocorre quando o sujeito passivo da obrigação tributária apura o montante tributável e efetua o pagamento do imposto devido, ainda que parcialmente, sem prévio exame da autoridade administrativa, hipótese em que a contagem do prazo decadencial se rege pelo disposto no art. 150, § 4o, do CTN, quando ausentes dolo, fraude ou simulação. Somente a falta do pagamento antecipado, aplicarseia a regra de contagem do prazo decadencial prevista no art. 173, inciso I, do CTN, o que não foi o caso. Com efeito, a leitura da ementa não permite verificar se o paradigma trataria de situação semelhante à do acórdão recorrido. Compulsandose o inteiro teor do julgado, constatase que o paradigma sequer trata de Contribuições Sociais Previdenciárias, muito menos sobre conflito de norma geral, aplicável aos tributos federais, em geral, com norma Fl. 632DF CARF MF 14 específica previdenciária. Ademais, no caso do paradigma sequer se admite a ocorrência de erro na capitulação legal. Confirase: "Conforme relatado, tratase de recurso contra lançamento de ofício de IRPJ decorrente da revisão da DIPJ do anocalendário de 2000, onde ficou constatado que a contribuinte recolheu Darf com código específico para o FINAM, com base em opção efetuada na DIPJ2001 – Ficha 16. (...) Preliminarmente, a recorrente imputa o presente AI com o vício da nulidade, por conter enquadramentos legais alternativos e absolutamente incompatíveis entre si, fato este que teria gerado cerceamento do seu direito de defesa. (...) Por conseguinte, considerase nulo o ato, se praticado por pessoa incompetente ou com preterição do direito de defesa, não tendo se caracterizado quaisquer das situações, pois não se põe em dúvida a competência do autor, nem há que se falar em preterição do direito de defesa, vez que os fatos apurados foram descritos com o respectivo enquadramento legal, e levados ao conhecimento, da autuada, levando a mesma a defenderse plenamente através da peça impugnatória acostada aos autos. Cabe salientar que em relação especificamente ao suposto erro no enquadramento legal, é pacífico o entendimento deste Colegiado no sentido de que o mero erro no enquadramento legal não é suficiente para inquinar o auto de infração quando os fatos estão suficientemente bem descritos, permitindo plenamente o livre exercício do direito de defesa, como efetivamente aconteceu. (...) Acrescentese que, quando muito, em se admitindo o fato da autoridade lançadora ter cometido algum engano com relação à matéria de fato e a sua subsunção à norma, tratarseia então de questão de mérito. E como ficará bem demonstrado mais adiante, nem mesmo isso aconteceu. Assim, rejeito a preliminar de nulidade suscitada."(grifei) Cotejandose os trechos acima com o acórdão recorrido, constatase que, nestas circunstâncias, a divergência alegada somente restaria demonstrada se o vício apontado no paradigma guardasse alguma similitude com o que ocorreu no acórdão recorrido, o que de forma alguma se confirmou. De resto, não há como tomar como demonstração de divergência apenas o fato de os julgados confrontados adotarem conclusões distintas, uma vez que o paradigma não tratou, em absoluto, da questão discutida no recorrido, tampouco da legislação por nele interpretada. Quanto ao segundo paradigma indicado para o primeiro ponto ausência de nulidade a Fazenda Nacional indicou o Acórdão nº 1802001.296, mais uma vez limitandose à colação da respectiva ementa, conforme a seguir: Fl. 633DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 627 15 "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2006 DECISÃO RECORRIDA. REJEIÇÃO DE DILIGÊNCIA/PÉRICIA CONTÁBIL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. PRELIMINAR REJEITADA. Presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários à adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de diligência ou perícia. Não constitui cerceamento do direito de defesa o indeferimento do pedido de diligência considerada desnecessária, prescindível e formulado sem atendimento aos requisitos do art. 16, IV, do Decreto n° 70.235/72. O pedido de perícia técnica, para análise de dados que integram a escrituração contábil e já presentes nos autos, demonstra intenção protelatória e não caracteriza cerceamento do direito de defesa quando indeferido. A autoridade julgadora é livre para formar sua convicção devidamente motivada, podendo deferir perícias quando entendêlas necessárias, ou indeferir as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, sem que isto configure preterição do direito de defesa. Por se tratar de prova especial, subordinada a requisitos específicos, a perícia só pode ser admitida, pelo Julgador, quando a apuração da prova do fato litigioso não se puder fazer pelos meios ordinários de convencimento. LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. O sujeito passivo defendese dos fatos imputados e não da capitulação legal que pode, ou não, estar correta. O auto de infração deverá conter, obrigatoriamente, entre outros requisitos formais, a capitulação legal e a descrição dos fatos. Somente a ausência total dessas formalidades é que implicará na invalidade do lançamento, por cerceamento do direito de defesa. Ademais, se a Pessoa Jurídica revela conhecer plenamente as acusações que lhe foram imputadas, rebatendoas, uma a uma, de forma meticulosa, mediante defesa, abrangendo não só outras questões preliminares como também razões de mérito, descabe a proposição de cerceamento do direito de defesa. A capitulação legal incompleta da infração ou mesmo a sua ausência não acarreta nulidade do auto de infração, quando a descrição dos fatos nele contida é exata, possibilitando ao sujeito passivo defenderse de forma detalhada das imputações que lhe foram feitas. A inclusão desnecessária de um dispositivo legal, além do corretamente apontado para as infrações praticadas, não acarreta a improcedência da ação fiscal. Outrossim, a simples ocorrência de erro de enquadramento legal da infração não é o Fl. 634DF CARF MF 16 bastante, por si só, para acarretar a nulidade do lançamento quando, pela judiciosa descrição dos fatos nele contida, venha a permitir ao sujeito passivo, na impugnação, o conhecimento do inteiro teor do ilícito que lhe foi imputado, inclusive os valores e cálculos considerados para determinar a matéria tributável. VERIFICAÇÕES OBRIGATÓRIAS. CONFRONTAÇÃO DA DCTF E DA DIPJ. DIFERENÇAS DE IRPJ E DE CSLL. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. NO MÉRITO, MATÉRIA NÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. Os débitos de tributos informados na DIPJ não configuram confissão de dívida. A DIPJ tem caráter meramente informativo de apuração de débitos. O instrumento, por excelência, de confissão de débitos de tributos federais é a DCTF. E, como parte dos débitos dos tributos informados na DIPJ não foram pagos e nem confessados em DCTF, cabe ao fisco, mediante auto de infração, exigir essa diferença do principal, com respectivos juros de mora e multa de ofício. LUCRO PRESUMIDO. RECEITAS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS INFORMADAS NA DIPJ. DIFERENÇA DE COEFICIENTE DE PRESUNÇÃO. DIFERENÇA DE IMPOSTO. LANÇAMENTO DE OFÍCIO. No âmbito da apuração do imposto pelo regime do lucro presumido, no anocalendário que a receita bruta anual exceder a cem mil reais, particularmente as receitas de prestação de serviços submetemse ao coeficiente de presunção de trinta e dois cento, e não dezesseis por cento. Cabível a exigência pelo fisco, por auto de infração, da diferença de imposto, com juros de mora e multa de ofício, relativo à diferença de base de cálculo apurada a menor pelo sujeito passivo quanto às receitas de prestação de serviços informadas na DIPJ." (destaques da Recorrente) A ementa acima já permite concluir que não se trata do conflito de leis tratado no acórdão recorrido. Ademais, a generalidade do texto também não esclarece sobre o vício que estaria sendo tratado. Compulsandose o inteiro teor do paradigma, constatase que ele também nada tem em comum com o recorrido. Confirase: LANÇAMENTO FISCAL. NULIDADE. INEXISTÊNCIA DE VÍCIO. PRELIMINAR REJEITADA. A recorrente, nas razões do recurso, suscitou preliminar de nulidade dos autos de infração, alegando a existência de vícios formais; que os autos de infração não satisfazem plenamente as exigências dos arts. 10 e 11 do Decreto nº 70.235/72; que a descrição do fato, prevista no art. 10, deve ser conjugada com o inciso III do art. 11, que prevê o valor do crédito tributário e o prazo para recolhimento ou impugnação; que o art. 9º estabelece que os autos de infração devem ser distintos para cada infração ou penalidade; que, no caso, os autos de infração são oriundos são oriundos do mesmo e único MPF, o qual deu origem a mais de uma infração; que os autos de infração não estão individualizados por numeração específica, fato que poderá dificultar a defesa da contribuinte. Fl. 635DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 628 17 Preliminar suscitada sem nexo, totalmente fora de propósito, pois sem fundamento plausível fáticojurídico; deve ser rechaçada de plano. Os autos de infração, diversamente do alegado pela recorrente, contêm descrição clara, precisa e objetiva dos fatos, matéria tributável, infração imputada e fundamentação legal pertinente, permitindo perfeito entendimento das infrações imputadas, não restando, por conseguinte, a caracterização de prejuízo algum à defesa, sendo, destarte, totalmente fora de propósito a alegação de cerceamento do direito de defesa. O lançamento fiscal foi efetuado por agente competente. O lançamento foi efetuado, em consonância com o art. 142 do CTN e art. 10 do Decreto nº 70.235/72. Ainda, não restou caracterizado vício algum de que trata o art. 59 do Decreto nº 70.235/72 que pudesse macular de nulidade o lançamento fiscal. Na verdade, somente a falta ou insuficiência de descrição dos fatos e a falta de capitulação legal ensejam, ou configuram, cerceamento de defesa e provocam a nulidade do lançamento fiscal por prejuízo à defesa (Decreto nº 70.235/71, art. 59, II), que não é o caso dos presentes autos, pois, como já dito, os autos de infração, objeto do litígio, não possuem vício algum, seja formal ou material que pudesse inquinar de nulidade o feito do fisco." Com efeito, os vícios apontados, no caso desse segundo paradigma, também em nada se assemelham à questão discutida no acórdão recorrido, de sorte que essa primeira matéria inexistência de nulidade no lançamento não deve ser conhecida, por falta de similitude fática entre os acórdãos recorrido e paradigmas. Quanto ao segundo ponto suscitado se nulidade existiu, seria devida a vício formal e não material a Fazenda Nacional indica como paradigmas os Acórdãos nºs 240200.098 e 2402002.632. Quanto ao primeiro deles, colacionase a ementa, conforme a seguir: “ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/10/1998 a 31/12/1998 FUNDAMENTAÇÃO LEGAL INCORRETA VÍCIO FORMAL – NULIDADE. O lançamento amparado em fundamentação legal incorreta representa vício formal e, conseqüentemente, leva à nulidade do mesmo. PROCESSO ANULADO." (destaques da Recorrente) Fl. 636DF CARF MF 18 Mais uma vez a ementa não permite verificar se o vício apontado teria alguma semelhança com o conflito de normas tratado no acórdão recorrido. Compulsando o inteiro teor do paradigma, constatase a ausência de similitude fática em relação ao recorrido: "Quanto à preliminar de nulidade do Relatório Fiscal da NFLD, a mesma não merece melhor sorte. Ainda que se trata de lançamento substitutivo, o relatório fiscal informa os elementos necessários à compreensão do lançamento, quais sejam, lançamento efetuado com base no instituto da responsabilidade solidária, realizado pela ausência de apresentação dos documentos necessários à elisão de tal responsabilidade, determinação do saláriodecontribuição com base na aplicação de percentual incidente sobre a nota fiscal de serviço. Nesse sentido, afasto a preliminar. No que tange à alegação da recorrente de inadequada fundação legal, lhe confiro razão. De acordo com as notas fiscais juntadas aos autos (fls. 37/40), os serviços prestados referemse à instalação de dutos. Conforme dispõe as normativas, os serviços de instalação de dutos de comunicações são classificados como obra de construção civil. De acordo com a Instrução Normativa SRP n° 03/2005, na redação da época do lançamento, em seu art. 25, inciso III, tínhamos o seguinte: "Art 25. A matrícula de obra de construção civil deverá ser efetuada por projeto, devendo incluir todas as obras nele previstas. § 1° Admitirseão o fracionamento do projeto e a matricula por contrato, quando a obra for realizada por mais de uma empresa construtora, desde que a contrafação tenha sido feita diretamente pelo proprietário ou dono da obra, sendo que cada contrato será considerado como de empreitada total, nos seguintes casos(..) III — construção e ampliação de estações e redes de telefonia e telecomunicações" Enquadrandose o serviço prestado à recorrente como obra de construção civil, sujeita à matrícula, a cobrança pelo instituto da solidariedade está amparada no inciso VI do art. 30 da Lei n° 8.212/1991, abaixo transcrito, e que deveria ter sido utilizado como fundamento para o lançamento. "Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (..) VI o proprietário, o incorporador definido na Lei n° 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o Fl. 637DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 629 19 construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o beneficio de ordem" Embora o Relatório Fiscal mencione que se trata de serviços de construção civil com a instalação de dutos, fez constar no relatório Fundamentos Legais do Débito os dispositivos destinados a amparar a responsabilidade solidária para os casos das empresas em geral. Asseverese que tratandose de construção civil, a responsabilidade solidária existe independente da forma de contratação, ou seja, seja por cessão de mãodeobra ou empreitada. Dessa forma, entendo que o lançamento encontrase viciado e não pode prevalecer da forma como foi efetuado. Assim, no caso desse paradigma também não se tratou do conflito de normas enfocado no recorrido e sim de simples troca de dispositivos da mesma lei, ambos disciplinando responsabilidade solidária perante as Contribuições Previdenciárias. No que tange ao segundo paradigma indicado para essa segunda matéria Acórdão nº 2402002.632 a Fazenda Nacional colaciona a respectiva ementa, que é idêntica à primeira, já que se trata de caso semelhante, do mesmo contribuinte. No voto assim está consignado: "Quanto à preliminar de nulidade do Relatório Fiscal da NFLD, a mesma não merece melhor sorte. Ainda que se trate de lançamento substitutivo, o relatório fiscal informa os elementos necessários à compreensão do lançamento, quais sejam, lançamento efetuado com base no instituto da responsabilidade solidária, realizado pela ausência de apresentação dos documentos necessários à elisão de tal responsabilidade, determinação do saláriodecontribuição com base na aplicação de percentual incidente sobre a nota fiscal de serviço. Nesse sentido, afasto a preliminar. No que tange à alegação da recorrente de inadequada fundação legal, lhe confiro razão. De acordo com a cópia do contrato juntado aos autos, o serviço contratado foi o seguinte: Levantamento de informações úteis à viabilidade, bem como ao projeto e a instalação dos cabos e demais equipamentos para rede de fibra ótica em edificações comerciais na cidade do Rio de Janeiro. Fl. 638DF CARF MF 20 Entendo que o serviço em questão é classificado como um serviço de construção civil. De acordo com a Instrução Normativa SRP nº 03/2005, na redação da época do lançamento, em seu art. 25, inciso III, tínhamos o seguinte: “Art. 25. A matrícula de obra de construção civil deverá ser efetuada por projeto, devendo incluir todas as obras nele previstas. § 1º Admitirseão o fracionamento do projeto e a matrícula por contrato, quando a obra for realizada por mais de uma empresa construtora, desde que a contratação tenha sido feita diretamente pelo proprietário ou dono da obra, sendo que cada contrato será considerado como de empreitada total, nos seguintes casos(...) III – construção e ampliação de estações e redes de telefonia e telecomunicações” Enquadrandose o serviço prestado à recorrente como obra de construção civil, sujeita à matrícula, a cobrança pelo instituto da solidariedade está amparada no inciso VI do art. 30 da Lei nº 8.212/1991, abaixo transcrito, e que deveria ter sido utilizado como fundamento para o lançamento. “Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas: (...) VI o proprietário, o incorporador definido na Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, o dono da obra ou condômino da unidade imobiliária, qualquer que seja a forma de contratação da construção, reforma ou acréscimo, são solidários com o construtor, e estes com a subempreiteira, pelo cumprimento das obrigações para com a Seguridade Social, ressalvado o seu direito regressivo contra o executor ou contratante da obra e admitida a retenção de importância a este devida para garantia do cumprimento dessas obrigações, não se aplicando, em qualquer hipótese, o benefício de ordem” Asseverese que tanto o Relatório Fiscal como o relatório Fundamentos Legais do Débito – FLD classificam o serviço como cessão de mão de obra e fundamenta o lançamento no art. 31 da Lei nº 8.212/1991 em sua redação anterior que tratava da responsabilidade solidária. E não se pode olvidar que tratandose de construção civil, a responsabilidade solidária existe independente da forma de contratação, ou seja, seja por cessão de mãodeobra ou empreitada. Dessa forma, entendo que o lançamento encontrase viciado e não pode prevalecer da forma como foi efetuado." Destarte, no caso desse último paradigma, tal como ocorreu no caso do paradigma anterior, também não se tratou do conflito de normas enfocado no recorrido e sim de simples troca de dispositivos da mesma lei, ambos disciplinando responsabilidade solidária perante as Contribuições Previdenciárias. Fl. 639DF CARF MF Processo nº 13864.000508/201070 Acórdão n.º 9202006.310 CSRFT2 Fl. 630 21 Diante do exposto, não conheço do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Maria Helena Cotta Cardozo Fl. 640DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 14751.000086/2005-13
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA.
Quando, antes de qualquer procedimento fiscal, há pagamento antecipado de tributo sujeito ao lançamento por homologação, aplica-se o critério de contagem do prazo decadencial de cinco anos a partir da data da ocorrência do fato gerador. Caso contrário, o início da contagem passa a ser no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado.
Hipótese em que o contribuinte efetuou pagamento após o início da ação fiscal.
Numero da decisão: 9202-006.301
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, que lhe negou provimento e Heitor de Souza Lima Júnior, que lhe deu provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 DECADÊNCIA. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA. Quando, antes de qualquer procedimento fiscal, há pagamento antecipado de tributo sujeito ao lançamento por homologação, aplica-se o critério de contagem do prazo decadencial de cinco anos a partir da data da ocorrência do fato gerador. Caso contrário, o início da contagem passa a ser no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Hipótese em que o contribuinte efetuou pagamento após o início da ação fiscal.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, que lhe negou provimento e Heitor de Souza Lima Júnior, que lhe deu provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício).
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LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PAGAMENTO ANTECIPADO. INEXISTÊNCIA. Quando, antes de qualquer procedimento fiscal, há pagamento antecipado de tributo sujeito ao lançamento por homologação, aplicase o critério de contagem do prazo decadencial de cinco anos a partir da data da ocorrência do fato gerador. Caso contrário, o início da contagem passa a ser no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. Hipótese em que o contribuinte efetuou pagamento após o início da ação fiscal. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Patrícia da Silva, que lhe negou provimento e Heitor de Souza Lima Júnior, que lhe deu provimento, com retorno dos autos ao colegiado de origem. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em Exercício e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 14 75 1. 00 00 86 /2 00 5- 13 Fl. 398DF CARF MF 2 de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em exercício). Relatório Tratase do Auto de Infração de efls. 03/13, cientificado à contribuinte em 16/12/2005 (efl. 153), no qual é cobrado o Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural relativo aos exercícios de 2000 a 2004, tendo em vista glosa dos valores declarados a título de área de pastagens e benfeitorias, conforme explanado no termo de Verificação Fiscal TVF, às efls. 15 a 23. A contribuinte impugnou o lançamento às efls. 156 a 163, em 18/01/2006. Já a DRJ/REC no acórdão nº 1122.087, às efls. 169 a 175, julgou o lançamento procedente, em 28/04/2008, mantendo o crédito tributário exigido. Em 04/07/2008, a contribuinte interpôs recurso voluntário àquele acórdão, às efls. 183 a 193, onde, em estreito resumo, argumenta: · o momento de ocorrência do fato gerador do ITR é no primeiro dia do mês de janeiro de cada ano; · sendo tributo sujeito ao lançamento por homologação os fatos geradores relativos aos períodos autuados já não poderiam ser lançados em 09/12/2005, em face dos comandos do art. 150, § 4º do CTN, porque extintos se encontravam; · parte das terras com pastagens nativas teriam sido cedidas gratuitamente para uso de terceiros, sem comprovação documental, por isso requereu perícia que não foi deferida, caracterizando cerceamento de sua defesa; e · existe comprovação das benfeitorias no imóvel, conforme laudo técnico de profissional competente, não contraditada da forma devida no procedimento fiscal. A 2ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da Segunda Seção de Julgamento do CARF, ao apreciar o recurso voluntário interposto pelo contribuinte, exarou o acórdão nº 2102 00.639, que se encontra às efls. 273 a 281 e cuja ementa é a seguinte: ITR. EXERCÍCIO 2000. LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL ORDINÁRIO REGIDO PELO ART. 150, § 4°, DO CTN. OCORRÊNCIA DE DOLO, FRAUDE OU SIMULAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL REGIDO PELO ART. 173, I, DO CTN. A regra de incidência prevista na lei é que define a modalidade do lançamento, sendo irrelevante a existência, ou não, de pagamento. O lançamento do imposto é por homologação e se aperfeiçoa em primeiro de janeiro do exercício. Para esse tipo de lançamento, o quinquenio do prazo decadencial tem seu inicio na data do fato gerador, na forma do art. 150, § 4°, do CTN, Fl. 399DF CARF MF Processo nº 14751.000086/200513 Acórdão n.º 9202006.301 CSRFT2 Fl. 399 3 exceto se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação, quando tem aplicação o art. 173, I, do CTN. BENFEITORIAS. COMPROVAÇÃO COM LAUDO TÉCNICO E COM NOTAS FISCAIS. Comprovadas as inversões referentes às benfeitorias por notas fiscais e laudos técnicos, devese restabelecer o valor glosado, implicando na redução respectiva do valor da terra nua tributável. PASTAGENS. UTILIZAÇÃO NA ATIVIDADE PRIMÁRIA. ÁREA UTILIZADA POR COMODATARIOS. COMPROVAÇÃO DA UTILIZAÇÃO. INOCORRÊNCIA Não basta simplesmente alegar, sem nada provar, que pretensas áreas de pastagens glosadas eram utilizadas por terceiros comodatários. É necessário comprovar a utilização da área de pastagens na atividade primária, para dai aumentar o grau de utilização da propriedade, com fruição de uma alíquota do 1TR mais benigna. O acórdão teve a seguinte dicção: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em REJEITAR a preliminar e no mérito em DAR parcial provimento ao recurso para reconhecer que a decadência extinguiu o crédito tributário do exercício de 2000 e para restabelcer o valor declarado das benfeitorias (R$ 360.000,00) nos termos do voto do Relator. Intimada (efl. 282) do acórdão em 31/01/2011, a Fazenda Nacional interpôs na mesma data o recurso especial de efls. 285 aa 299, por meio do qual sustenta divergência entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigmas nº 10246.355 e nº 20401.182 em relação à decadência, pleiteando a aplicação ao presente caso do art. 173, I, do CTN . Ao recurso especial de divergência foi dado seguimento no tocante à decadência, conforme despacho de efls. 370 e 371, em 14/11/2012. Cientificada (efl. 373) do acórdão nº 210200.639 e do recurso especial da Fazenda em 12/06/2013, a contribuinte apresentou suas contrarrazões às efls. 376 a 379, em 27/06/2013. Em exame da matéria, essa 2ª Turma concluiu pela necessidade de converter o julgamento em diligência, conforme decido na Resolução nº 9202000.010, de efls. 383 a 386, em 24/03/2014. A diligência visava a esclarecer a existência ou não de pagamentos antecipados, relativos aos fatos geradores dos exercício de 2000, essencial para dirimir qual norma de contagem de prazo decadencial seria aplicável, a do art. 150, § 4º, ou 173, inc. I, ambas do CTN. A DRF em João Pessoa efetuou a diligência de efl. 390, concluindo que o pagamento alegado pela contribuinte foi efetuado em 31/05/2005, posteriormente ao início da Fl. 400DF CARF MF 4 ação fiscal. Além disso, intimou (efl. 389) a contribuinte para que se pronunciasse sobre essas informações, no prazo de trinta dias. Cientificada da diligência em 30/07/2014, a contribuinte não se manifestou no prazo concedido. Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos Relator O recurso especial de divergência do Procurador cumpre os requisitos de admissibilidade e por isso dele conheço. Em razão de a ciência do lançamento ter ocorrido em 16/12/2005, a única questão em discussão é a contagem do prazo decadencial para o ITR do exercício de 2000. O resultado da diligência solicitada por esta Turma leva a conclusão de que não houve pagamento relativo ao fato gerador de 2000 anteriormente ao início da ação fiscal, pois a arrecadação se deu apenas em 31/05/2005 e o Termo de Início (efls. 35 e 36) fora entregue à contribuinte em 11/04/2005. Inexistindo pagamento antecipado à ação fiscal, a regra aplicável é de fato a do art. 173, inc. I, do CTN, como requer o Procurador em seu recurso especial de divergência, não havendo porque reduzir o lançamento do crédito no exercício de 2000 para além daquele resultante do restabelecimento do valor glosado de R$ 360.000,00, já reconhecido no acórdão a quo. Conclusão Em face do exposto, conheço do recurso da Procuradoria da Fazenda Nacional, para darlhe provimento, afastar a decadência do direito de lançar o tributo relativo ao ano de 2000. (Assinado digitalmente) Luis Eduardo de Oliveira Santos Fl. 401DF CARF MF
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