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Numero do processo: 10660.906084/2012-19
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 27/09/2010
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO.
Não tendo sido apresentadas nem alegações nem provas suficientes para demonstrar a liquidez e certeza do crédito apresentado, procedente o Despacho Decisório que constatou a sua insuficiência em montante suficiente para compensar a totalidade dos débitos.
Numero da decisão: 3401-004.180
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Data do fato gerador: 27/09/2010 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO. Não tendo sido apresentadas nem alegações nem provas suficientes para demonstrar a liquidez e certeza do crédito apresentado, procedente o Despacho Decisório que constatou a sua insuficiência em montante suficiente para compensar a totalidade dos débitos.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 5; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1700; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S3C4T1 Fl. 2 1 1 S3C4T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10660.906084/201219 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3401004.180 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 24 de outubro de 2017 Matéria IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Recorrente MOABE ENERGIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 27/09/2010 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. INSUFICIÊNCIA DE CRÉDITO. Não tendo sido apresentadas nem alegações nem provas suficientes para demonstrar a liquidez e certeza do crédito apresentado, procedente o Despacho Decisório que constatou a sua insuficiência em montante suficiente para compensar a totalidade dos débitos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida e Tiago Guerra Machado. Relatório Trata o presente processo administrativo de PER/DCOMP que pretendia obter o reconhecimento de direito creditório por suposto pagamento a maior. Tal pleito restou indeferido através de Despacho Decisório que integra os autos, face a vinculação do pagamento com débitos devidamente declarados em DCTF, inexistindo saldo a favor da recorrente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 66 0. 90 60 84 /2 01 2- 19 Fl. 59DF CARF MF Processo nº 10660.906084/201219 Acórdão n.º 3401004.180 S3C4T1 Fl. 3 2 Intimada, a contribuinte manifestou sua irresignação, alegando que os créditos oriundos do pagamento indevido já se encontravam desvinculados das DCTFs respectivas. A decisão de primeira instância julgou improcedente a manifestação de inconformidade em razão da falta de liquidez e certeza do crédito vindicado. A recorrente ingressou então com recurso voluntário alegando que houve falha de seu departamento fiscal, que não promoveu as retificações que demonstrariam a desvinculação dos pagamentos e a conseqüente existência do crédito. Em 25/01/2017, esta turma proferiu a Resolução CARF nº 3401000.977, por unanimidade de votos, para a finalidade de: "tendo em vista nem a administração tributária, nem a instância anterior, ter ido além do despacho decisório de processamento automático, proponho a este Colegiado a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de jurisdição local analise e informe a respeito do alegado pela contribuinte, e também a respeito da existência de retificação realizada ou tentada pela contribuinte com relação ao (débitos e créditos) discutido neste processo administrativo. Que se dê ciência à contribuinte desta decisão e também do relatório conclusivo e da informação fiscal resultantes da diligência, e prazo de 30 dias para ela se manifestar em cada uma dessas intimações" (seleção nossa). Em atenção à resolução determinada, a unidade preparadora produziu relatório de diligência fiscal, no qual concluiu pela indisponibilidade do crédito alegado pela recorrente. Intimada do conteúdo da diligência em referência, a recorrente requereu prazo suplementar de mais 30 dias para se manifestar. A DRF proferiu despacho que indeferiu o pedido da contribuinte, por inexistência de previsão legal para a prorrogação requerida, devolvendo os autos a este Conselho para reinclusão em pauta e prosseguimento do julgamento. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.167, de Fl. 60DF CARF MF Processo nº 10660.906084/201219 Acórdão n.º 3401004.180 S3C4T1 Fl. 4 3 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10660.906083/201274, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.167): "O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. Recortase, a seguir, a integralidade da manifestação de inconformidade da contribuinte: Transcrevese, ainda, a íntegra das razões do recurso voluntário interposto: Fl. 61DF CARF MF Processo nº 10660.906084/201219 Acórdão n.º 3401004.180 S3C4T1 Fl. 5 4 Inexiste, como se percebe, substantiva defesa realizada pela contribuinte, o que suscitaria debate a respeito do próprio conhecimento do recurso manejado, que se prestou unicamente a requerer prorrogação do prazo para o exercício do contraditório, curiosamente com base nos princípios da capacidade contributiva e da vedação ao confisco, sob pena de "insolvência econômica" (sic). Tendo, no entanto, a Resolução em referência considerado tempestivo o recurso, bem como sido atendidos os demais requisitos de admissibilidade, e considerando que o processo foi baixado em diligência, retornando agora a este Conselho com relatório conclusivo, entendo que menor prejuízo será causado ao interesse público ao se adentrar o mérito do que ao não fazê lo. Assim, transcrevese abaixo o resultado da diligência efetuada: Fl. 62DF CARF MF Processo nº 10660.906084/201219 Acórdão n.º 3401004.180 S3C4T1 Fl. 6 5 Desta forma, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, acolhendo integralmente o resultado da diligência." Registrese que a diligência efetuada em relação ao presente processo registrou a mesma conclusão quanto a indisponibilidade do crédito alegado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 63DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18186.004411/2010-99
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Nov 30 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2008
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO.
Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância.
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento.
GLOSA DE DESPESA NÃO DEDUTÍVEL.
Mantida glosa de despesa não dedutível.
Numero da decisão: 2001-000.140
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(Assinado digitalmente)
JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2008 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. GLOSA DE DESPESA NÃO DEDUTÍVEL. Mantida glosa de despesa não dedutível.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
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RECURSO INTEMPESTIVO. Não se conhece do recurso apresentado após o prazo de trinta dias contados da ciência da decisão de primeira instância. DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS QUE JUSTIFIQUEM A INIDONEIDADE DOS COMPROVANTES. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. A glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas, pela autoridade fiscal, deve estar sustentada em indícios consistentes e elementos que indiquem a falta de idoneidade do documento. GLOSA DE DESPESA NÃO DEDUTÍVEL. Mantida glosa de despesa não dedutível. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 00 44 11 /2 01 0- 99 Fl. 102DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes, José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. Contudo, o Recurso é intempestivo. O lançamento da Fazenda Nacional exige do contribuinte a importância de R$ 11.811,25, a título de imposto de renda pessoa física, acrescida da multa de ofício de 75% e juros moratórios, referente ao anocalendário de 2008. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento de maior relevo e fulcro da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que o Recorrente deveria ter apresentado comprovação dos pagamentos, de forma supletiva aos recibos apresentados, através de outros documentos, como se aqueles acostados não estivessem a representar a efetiva realização dos pagamentos efetuados aos profissionais prestadores dos serviços. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que aos recibos não é conferido valor probante absoluto, necessitando para tal a complementação de provas, com a apresentação de documentação adicional a ser providenciada pelo Recorrente, como segue: (...) O Regulamento do Imposto de Renda aprovado pelo Decreto n° 3.000/99 RIR/99 consolida a legislação pertinente, dispondo sobre os requisitos legais exigidos para dedução de despesas médicas (art. 80) e pensão alimentícia judicial (art. 78): Art.80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, inciso II, alínea "a"). § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, §2º): I – aplicase, também, aos pagamentos efetuados a empresas domiciliadas no País, destinados à cobertura de despesas com hospitalização, médicas e odontológicas, bem como a entidades que assegurem direito de atendimento ou ressarcimento de despesas da mesma natureza. II – restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes;(grifei). III – limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas FísicasCPF ou no Cadastro Nacional da Fl. 103DF CARF MF Processo nº 18186.004411/201099 Acórdão n.º 2001000.140 S2C0T1 Fl. 103 3 Pessoa JurídicaCNPJ e quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (grifei) IV não se aplica às despesas ressarcidas por entidade de qualquer espécie ou cobertas por contrato de seguro; (...) O art. 73 do RIR/99 traz as seguintes disposições do Decretolei nº 5.844/43: “Art 73. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, ajuízo da autoridade lançadora (DecretoLei n° 5.844, de 1943, art. 11, §3'). " § 1° Se forem pleiteadas deduções exageradas em relação aos rendimentos declarados, ou se tais deduções não forem cabíveis, poderão ser glosadas sem a audiência do contribuinte (DecretoLei nº 5.844, de 1943, art. 11, § 4 '). ” §2—As deduções glosadas por falta de comprovação ou justificação não poderão ser restabelecidas depois que o ato se tornar irrecorrível na esfera administrativa (DecretoLei n 5.844, de 1943, art. 11, §5°). (grifei) (...) Em princípio, os recibos fornecidos por profissional legalmente habilitado constituem documentos hábeis a comprovar a despesa médica, desde que contenham o seu nome, endereço do local da prestação de serviços e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas CNPJ (antigo Cadastro Geral de Contribuintes CGC), a especificação dos pagamentos efetuados, bem como a informação precisa dos serviços prestados e o beneficiário dos mesmos, pois o direito à dedução restringese às despesas com o próprio contribuinte e seus dependentes assim considerados na forma da legislação do imposto de renda. Entretanto, tal valor probatório é relativo, pois a comprovação de despesas por meio de recibos é frágil e a apresentação destes documentos, em muitos casos, deve servir apenas como ponto de partida para a comprovação das despesas declaradas, não podendo a autoridade fiscal se satisfazer apenas com eles. (...) Quanto ao pagamento em espécie, tratase de forma eficaz de quitação de um débito, mas de difícil comprovação perante terceiros, como se faz necessário no caso das deduções que reduzem a base de cálculo do imposto de renda. Da análise dos autos, verifico que dos recibos anexados à impugnação, aquele relativo a Lucio Lopes Daltro (fls. 14) consiste no mesmo que fora apresentado à autoridade fiscal lançadora (fls. 36), complementado com novos dados identificação do contribuinte como beneficiário dos serviços e endereço do profissional. Fl. 104DF CARF MF 4 (...) Como ponto de partida, a legislação define os requisitos a serem observados para que os recibos constituam prova da despesa declarada, e devem ser observados quando da emissão dos mesmos, não cabendo complementação posterior, como pretendeu o impugnante no presente caso. (...) No que concerne à despesa com aquisição de aparelho auditivo, não se enquadra no rol de despesas cuja dedução é autorizada pela legislação tributária, como se depreende dos dispositivos legais anteriormente transcritos. A respeito de lente intraocular, as orientações disponibilizadas aos contribuintes como Perguntas e Respostas IRPF 2009 contêm pergunta específica sobre o tema: 348 — O gasto com colocação de lente intraocular em cirurgia de catarata pode ser considerado como despesa médica? Sim, é considerada despesa médica a cirurgia para a colocação de lente intraocular. O valor referente à lente é dedutível se integrar a conta emitida pelo profissional ou estabelecimento hospitalar. Ao final, conclui o acórdão vergastado pela improcedência da impugnação para manter o crédito tributário exigido, na integra, pela glosa do valor das despesas médicas. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) (...) Fl. 105DF CARF MF Processo nº 18186.004411/201099 Acórdão n.º 2001000.140 S2C0T1 Fl. 104 5 É o relatório. Voto Conselheiro José Alfredo Duarte Filho Relator O recurso em análise não atende a todos os requisitos de admissibilidade, pois, o prazo legal e 30 (trinta) dias para interposição do recurso já havia transcorrido na data em que foi protocolada a entrega do Recurso Voluntário. Registrese que o prazo é contado de forma contínua, excluindose o dia de início e incluindose o do vencimento. Além disso, os prazos se iniciam e vencem em dia de expediente normal do órgão de trâmite regular do processo. De acordo com o art. 33 do Decreto 70.235/72, o prazo para a interposição de recurso voluntário é de trinta dias, nos seguintes termos: Fl. 106DF CARF MF 6 Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. Observase dos autos a cronologia dos acontecimentos acerca do acórdão vergastado, como segue: Acórdão da DRJ: 13.04.2011 Emissão da Intimação do Resultado: 05.05.2011 AR – Aviso de Recebimento – ciência do contribuinte: 18.05.2011. Protocolo do Recurso Voluntário: 27.06.2011 Diante do exposto, voto por NÃO CONHECER do recurso voluntário, por intempestividade. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Fl. 107DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11065.004865/2008-72
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Oct 23 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2005, 2006, 2007
ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. GANHO DE CAPITAL. CONDIÇÃO SUSPENSIVA.
Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital na alienação de participação societária a prazo e existentes os seus efeitos, desde o momento em que estão presentes as circunstâncias materiais, situação de fato, a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. No caso, as cláusulas contratuais do preço de alienação da participação societária não caracterizam condição suspensiva.
ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO.
Para efeitos de apuração do ganho de capital na alienação de participação societária, considera-se custo de aquisição, nos termos da legislação, o valor avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação.
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
Francisco Ricardo Gouveia Coutinho - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez.
Numero da decisão: 2401-005.059
Decisão:
Nome do relator: FRANCISCO RICARDO GOUVEIA COUTINHO
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GANHO DE CAPITAL. CONDIÇÃO SUSPENSIVA. Considerase ocorrido o fato gerador do imposto de renda incidente sobre o ganho de capital na alienação de participação societária a prazo e existentes os seus efeitos, desde o momento em que estão presentes as circunstâncias materiais, situação de fato, a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios. No caso, as cláusulas contratuais do preço de alienação da participação societária não caracterizam condição suspensiva. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA A PRAZO. GANHO DE CAPITAL. CUSTO DE AQUISIÇÃO. Para efeitos de apuração do ganho de capital na alienação de participação societária, considerase custo de aquisição, nos termos da legislação, o valor avaliado de acordo com o período de aquisição de cada participação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 06 5. 00 48 65 /2 00 8- 72 Fl. 348DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 341 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Miriam Denise Xavier, Carlos Alexandre Tortato, Rayd Santana Ferreira, Francisco Ricardo Gouveia Coutinho, Andrea Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Cleberson Alex Friess, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez. Fl. 349DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 342 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão 1038.105 (fls. 280/282) da 4ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Porto Alegre (DRJ/POA), que restou assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Ano calendário: 2005, 2006 APURAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA NA DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. MANUTENÇÃO DO LANÇAMENTO. O lançamento foi realizado de acordo com a legislação que trata da matéria discutida, não existindo elementos comprobatórios permitindo alterar a apuração anual do imposto de renda, na maneira pretendida na impugnação. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido O procedimento administrativo teve início em 21/05/2008 (fls. 33), no qual foi o sujeito passivo foi intimado a prestar informações e apresentar documentos (contrato de compra e venda, etc) referente a aquisição de ações na empresa Industec Industria Metalúrgica S.A de César Luiz Leorato ocorrida no decorrer do anocalendário de 2005. Consta ainda outras intimações, em que o sujeito passivo acostou aos autos os documentos e esclarecimentos constantes da fls. 36/121. Em decorrência da ação fiscal, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Novo Hamburgo lavrou o Auto de Infração (fls. 131/143), no qual consta o lançamento de imposto de renda pessoa física no montante de R$ 242.371,74 (duzentos e quarenta e dois mil, trezentos setenta e um reais e setenta e quatro centavos), correspondente a omissão de ganhos de capital na alienação de bens e direitos adquiridos em reais, e omissão de ganhos de capital na alienação de ações/quotas não negociadas em bolsa de valores. O relatório fiscal (fls. 115/122) detalha, de forma pormenorizada, o procedimento administrativo, do qual foi reproduzido, abaixo, parte. [...] 2. DA AÇÃO FISCAL [...] Os trabalhos fiscais consistiram na análise, por amostragem, dos ganhos de capital na alienação de bens e direitos havidos nos anoscalendário de 2005, 2006 e 2007 nos termos do MPF 10.107.002008006733. [..] 3. DA OMISSÃO DE GANHOS DE CAPITAL 3.1 Venda de ações não negociadas em Bolsa de Valores Fl. 350DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 343 4 No curso da ação fiscal verificamos que o Sr. André alienou, no ano calendário 2005, a sua participação societária na empresa Industec Indústria Metalúrgica S/A, CNPJ 91.036.673/000157. Em análise do contrato de compra e venda de ações da empresa Industec Indústria Metalúrgica S/A celebrado em 12 de dezembro de 2005 (fls. 37 a 44), fornecido por Renill Participações Ltda e Renato Real Conill, em atendimento aos Termos de Intimação (fls. 32), verificamos o que segue: [...] b) o contrato foi celebrado visando a compra, por Renill Participações Ltda e Renato Real Conill, da totalidade do capital social da empresa (Industec Indústria Metalúrgica S/A) que era de R$ 1.499.020,00 dividido em 1.499.020 ações ordinárias nominativas. c) As 1.499.020 ações ordinárias nominativas da Industec Indústria Metalúrgica SA. estavam assim distribuídas: c.l) Luis Fernando Ribeiro de Araújo com 51.482 ações c.2) César Luiz Leorato com 343.475 ações c.3) Maria Clara Leorato com 651.090 ações c.4) André Luiz Scherer do Amaral com 149.902 ações c.5) Fernada Leorato de Araújo com 98.420 ações c.6) Luiza Leorato de Araújo com 98.420 ações c.7) Vicente Wiederkehr Leorato com 106.231 ações. [...] Todavia, conforme Termo de Retificação de Contrato de Compra e Venda de Ações, datado de 22/12/2005, (fls. 91 e 92), a cláusula referenciada nos itens "d", "e" e "f" acima foi retificada. De acordo com a retificação, a parcela inicial de R$ 4.000.000,00 foi dividida entre todos os alienantes, proporcionalmente a participação de cada um deles no capital social da Industec. Ainda segundo a retificação de contrato, as demais parcelas pagas também foram desdobradas proporcionalmente às participações societárias dos vendedores. Portanto, as condições pactuadas para o pagamento do preço de R$ 14.645.864,00 são as seguintes: a) R$ 4.000.000,00 até o dia 22/12/2005, mediante transferência eletrônica de dinheiro para contascorrentes dos vendedores, proporcionalmente a participação de cada um dos vendedores no capital social da Industec. b) R$ 2.145.864,00 em 12 parcelas mensais no valor de R$ 178.822,00 cada uma, vencendo a primeira no dia 16/01/2006 e as demais em igual dia dos meses subseqüentes, pagos a cada vendedor proporcionalmente a participação de cada um deles no capital social da Industec. c) R$ 8.500.000,00 em 03 parcelas anuais no valor de R$ 2.834.000,00 a primeira e R$ 2.833.000,00 cada uma das demais Fl. 351DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 344 5 vencendose a primeira no dia 16/12/2007 e as demais em igual dia dos anos subseqüentes, pagos a cada vendedor proporcionalmente a participação de cada um deles no capital social da Industec. Assim, o Sr. André, detentor de 149.902 ações da Industec, o que equivale a 10% do capital social (149.902 ações/1.499.020 ações), recebeu, em função da alienação das ações, 10% de cada uma das parcelas pagas pelo comprador. [...] Para apuração do ganho de capital havido na operação, tendo em vista que o valor da alienação das ações já é conhecido, tornase, necessário determinar o custo de aquisição destas ações. Consta no contrato de compra e venda de ações, conforme já relatado no item "c 1" deste relatório que o fiscalizado era proprietário de 149.902 ações nominativas. [...] Conforme consta no item "2" da 17a Alteração Contratual da Industec Indústria Metalúrgica Ltda (fl. 5 0 ), é aprovado o ingresso do fiscalizado na Sociedade. Neste item consta que o Sr. André recebeu 20 quotas do capital social da empresa, sendo 10 (dez) quotas cedidas pelo sócio Luis Fernando Ribeiro de Araújo e 10 (dez) quotas cedidas pelo sócio César Luiz Leorato, sendo que cada uma das quotas corresponde a R$ 10.000.00. Diante disto o Sr. André passa a ser possuidor de 20 quotas do capital social da Industec, cujo custo de aquisição totaliza R$ 200.000,00. Este valor (R$ 200.000,00) é confirmado pelo fiscalizado na resposta ao Termo de Intimação N° 01 (fl. 47) como sendo o valor que recebeu dos sócios Luis Fernando e César Leorato. Em 29/03/2005, a Industec altera o seu tipo societário, passando de sociedade por quotas de responsabilidade limitada para sociedade anônima, conforme Estatuto Social de Transformação de Tipo Societário da Industec Indústria Metalúrgica S.A. (fls. 51 a 59). Com isto, o capital social da companhia de R$ 2.000.000,00 passa a ser dividido em 2.000.000 de ações ordinárias, com valor unitário de R$ 1,00. O Sr. André, detentor de 10% do capital social da empresa, passa a ser possuidor de 200.000 ações. Considerando que neste evento societário o fiscalizado têm as suas cotas na Industec Indústria Metalúrgica Ltda substituídas pelas ações na Industec Indústria Metalúrgica S.A, o custo de aquisição destas ações corresponde ao valor das cotas "substituídas", qual seja, de R$ 200.000,00. [...] Ainda em 31/08/2005, a Industec é cindida parcialmente, reduzindo o seu capital social para R$ 1.499.020,00. Na Ata Sumária da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 31/08/2005 (fls. 60 a 70) consta que o Capital Social da Industec Fl. 352DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 345 6 Indústria Metalúrgica S.A., após cisão parcial, passa a ser de R$ 1.499.020,00 dividido em 1.499.020 ações ordinárias nominativas de R$ 1,00 cada uma. A participação do Sr. André na sociedade cindida continua sendo de 10%. Desta forma restaram ao fiscalizado 149.902 ações da Industec. Para o fiscalizado, o custo de aquisição destas ações remanescentes é de R$ 149.902,00, tendo em vista que o custo unitário de aquisição de cada ação da Industec é de R$ 1,00. Na planilha (fl. 100) de apuração de ganho de capital referente a alienação da Industec Indústria Metalúrgica S/A entregue pelo fiscalizado em 29/07/2008, verificamos que o próprio contribuinte reconhece possuir, em 12/12/2005 (data da alienação das ações), 149.902 ações na Industec. Logo, concluise que o custo de aquisição das ações da empresa Industec Indústria Metalúrgica S/A vendidas pelo Sr. André é de R$ 149.902,00. [...] No presente caso, para fins de apuração de ganho de capital consideramos como valor da alienação o preço efetivo da operação de venda, expresso nos documentos apresentados pelo contribuinte. Desta forma o valor de alienação das ações de propriedade do Sr. André corresponde a R$ 1.464.587,51, ou seja, as suas 149.902 ações foram alienadas pelo valor unitário de R$ 9,7703. Logo o ganho de capital auferido pelo contribuinte na operação foi de R$ 1.314.685,51 (R$ 1.464.587,51 R$ 149.902,00) e tendo em vista que a alienação foi a prazo, a relação percentual entre o ganho de capital e o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida é de 89,76%. [...] 3.1 Venda de Apartamento Em atendimento ao Termo de Intimação N° 03 (fls. 93 e 94), o fiscalizado apresentou contrato de promessa de compra e venda do apartamento número 401 e do Box nº 07 do Edifício Residencial Alvorada, situado na Rua Coronel Genuíno, 429, na Vila Primor no município de Sapucaia do Sul. Conforme consta no contrato de promessa de compra e venda, celebrado em 29/03/2005 (fls. 101 a 103), o imóvel foi vendido pelo fiscalizado a Jussara Aurélio Godói, CPF 519.571.40020, pelo preço total de R4 95.000,00, pagos da seguinte forma: • R$ 50.000,00 pagos na data da celebração do contrato (29/03/2005) , • R$ 20.000,00 pagos em duas parcelas de R$ 10.000,00 cada uma, em 03/05/2005 e 03/07/2005 respectivamente, Fl. 353DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 346 7 • R$ 25.000,00 pagos em 20 parcelas de R$ 1.250,00 cada uma, vencendo a primeira em 20/04/2005 e a última em 20/11/2006. Conforme Declaração de Bens e Direitos do anocalendário 2005 (item 02 da Declaração f1. 0 5 ) , integrante da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física, apresentada pelo contribuinte, o valor do imóvel em 31/12/2004 é R$ 22.047,94. Este mesmo valor foi utilizado pelo Sr. André como sendo o custo de aquisição do imóvel em tela ao preencher o demonstrativo de apuração dos ganhos de capital e apurar o ganho de capital na venda do apartamento em tela (fl. 08). [...] No presente caso, para fins de apuração de ganho de capital consideramos como valor da alienação o preço efetivo da operação de venda, expresso no contrato de promessa de compra e venda apresentado pelo contribuinte. Desta forma o valor de alienação do apartamento em tela corresponde a R$ 95.000,00. Logo o ganho de capital, representado pela diferença positiva entre o valor de alienação e o respectivo custo de aquisição, auferido pelo contribuinte na operação foi de a R$ 72.952,06 (R$ 95 . 000 , 00 R$ 22.047,94). Tendo em vista que a alienação foi a prazo, a relação percentual entre o ganho de capital e o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida é de 76,79%. O Recorrente tomou ciência, por Aviso de Recebimento AR, do Auto de Infração em 18/11/2008 ( fls. 144) e impugnou a exigência fiscal em 15/12/2008 (fls.147/140). Informa que a impugnação é parcial, concordando com o lançamento na parte em que este trata do ganho de capital sobre a alienação de bem Imóvel, tendo recolhido o respectivo imposto com os devidos acréscimos. Discorda dos cálculos efetuados pela Fiscal autuante em relação ao valor do custo de aquisição de R$ 149.902,00 e do ganho de capital de R$ 1.314.685,51. Prossegue na sua defesa informando que, por ser um contrato de compra e venda de ações firmado sob condição, o fato gerador do imposto de renda sobre ganho de capital, a rigor, somente ocorreria no recebimento do montante total do valor das ações vendidas, afigurandose mais do que razoável a alternativa que adotou de, valendose do que lhe faculta o art. 113 do RIR/99, efetuar recolhimentos a título de complementação do Imposto que for devido, a partir da data em que o somatório das importâncias recebidas superou o custo de aquisição das ações vendidas. Cita os artigos 43 e 116 do CTN, posições doutrinárias, jurisprudências, julgados do CARF e Solução de Consulta da SRF. Em relação ao custo de aquisição, aduz na sua peça impugnatória que o capital social da pessoa jurídica cuja totalidade das ações foi transferida a outros em 12/12/2005, não se presta, por si só, para determinar o custo de aquisição das ações então vendidas. Ao montante do capital devem ser acrescidos, para a verificação de eventual ganho tributável, as parcelas dos lucros e das reservas que, com aquele, compunham o patrimônio líquido da sociedade. Ao final, requereu a improcedência do auto de infração; ou, se mantida a autuação fiscal, seja feita a imputação, ao débito fiscal, dos recolhimentos efetuados a maior. Fl. 354DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 347 8 Intimado da decisão do colegiado de primeira instância em 14/05/2012 (fls. 285), por meio de procuradores constituídos nos autos, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 04/06/2012 (fls. 287/311). Em resumo, apresento os argumentos de fato e de direito contido no seu Recurso Voluntário: a) Como salientado na impugnação, o recorrente concordou com o lançamento na parte em que tratava do ganho de capital sobre a alienação de bem imóvel. b) Quanto à alienação de participação societária, inicia seus argumentos de defesa informando que a Auditoria, para fins de apuração do custo de aquisição da participação alienada e do consequente lançamento do crédito tributário de imposto de renda, analisou a composição social da sociedade Industec Indústria Metalúrgica S/A e que os lucros ou reservas existentes não tinham interferência no custo de aquisição das 149.902 ações adquiridas pelo recorrente. c) Entende que, por ter ajustado o preço de venda das ações de forma parcelada, sob condição, o fato gerador do imposto de renda sobre o ganho de capital somente ocorreria no recebimento do montante total do valor das ações vendidas, afigurandose mais do que razoável a alternativa que adotou de, valendose do que lhe faculta o art. 113 do RIR/99, efetuar o recolhimento a título de complementação do imposto que for devido, a partir da data em que o somatório das importâncias recebidas superou o custo de aquisição. d) Prossegue informando que no instrumento de negociação das ações existem cláusulas que estabelecem condições que subordinaram e ainda subordinam a eficácia plena do negócio jurídico. Neste sentido, cita as cláusulas 25 e 26. Reforça seus argumentos de que as cláusulas contratuais permitem concluir que o negócio jurídico foi realizado sob condição suspensiva, cuja eficácia plena estava assim subordinada ao pagamento da última parcela do preço, estipulado para a data de 16 de dezembro de 2009, data da efetiva ocorrência do fato gerador. e) Diz que há um fato posterior não considerado pela fiscalização nem pelo acórdão recorrido, trazido agora ao conhecimento desse Conselho, e que é crucial para o julgamento do presente recurso: os compradores não quitaram a terceira parcela anual do preço, vencida em 16/12/2009. Diz ainda que o fato está sendo discutido na esfera judicial por meio da Ação Ordinária nº 001/1.09.03491846. f) Discorda do entendimento do acórdão recorrido em relação a aplicação do art. 43 do CTN. Argumenta que a disponibilidade jurídica pressupõe, também, o fato econômico do ganho ou acréscimo patrimonial, mas a este se junta o fato jurídico lícito que lhe deu causa. Neste sentido cita doutrina de vários autores, jurisprudência, julgados do CARF e Decisões em processo de consulta. g) Quanto ao custo de aquisição da participação societária alienada, aduz que há evidente erro no relatório fiscal, quando lá se afirma, por reiteradas vezes, que o capital social da companhia passou a ser dividido em 2.000.000 de ações com valor unitário de R$ 1,00 cada uma, quando, desde a transformação de seu tipo societário, as ações do capital social da empresa sempre foral destituídas de valor nominal. Fl. 355DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 348 9 h) Argumenta que, para efeitos de apuração de ganho de capital, o custo de aquisição das ações não pode ser considerado seus valores históricos, como quer a autuação fiscal, mas aquele representado pelos seus valores patrimoniais, sendo considerado os lucros e reservas e valores que pendiam de capitalização na data da negociação da totalidade das ações, inclusive, em relação a esse ponto, cita posicionamentos doutrinários. i) Prossegue afirmando que, no presente caso, o abuso de direito em matéria tributária está sendo perpetrado pelo Fisco, quando este não aceitou que, no custo de aquisição das ações alienadas pelo recorrente, fossem computadas os lucros e reservas. j) Informa que a auditoria encontrou o percentual de ganho de capital de 76,79% aplicada sobre as parcelas com irregularidades na tributação. Diz que efetuou recolhimentos durante a tramitação desse processo e solicita que sejam imputado ao débito fiscal, no caso de prevalecer a autuação fiscal. h) Ao final, espera a reforma integral do acórdão que julgou improcedente sua impugnação. É o relatório. Fl. 356DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 349 10 Voto Conselheiro Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. Mérito a) Do fato gerador de alienação de participação societária a prazo condição suspensiva Alega o recorrente, citando as cláusulas 18, 21, 25, 26, 27, 33 e 34 do Contrato de Compra e Venda de Ações, combinadas com a cláusula 4ª, que existem condições suspensivas que subordinariam a eficácia plena do negócio jurídico à implementação de diversas condições. Para tanto, transcreveu as cláusulas 25 e 26: 25. Persistindo o atraso no pagamento de qualquer das parcelas mensais do preço previstas na alínea b) da cláusula quarta por prazo superior a 30 (trinta) dias, ou não implementada a sistemática prevista na cláusula oitava, parágrafos primeiro e segundo, ou, ainda, o não pagamento das parcelas anuais previstas na letra c) da cláusula quarta no prazo de 30 (trinta) dias, fica desde logo assegurado aos vendedores o direito de adotar uma das alternativas a seguir previstas, da qual dará ciência aos compradores mediante simples comunicação por escrito, com prova de recebimento — para tanto sendo aceito, desde já, o facsímile com comprovante de recebimento , a saber: [...] © no caso de inadimplemento das parcelas anuais previstas na letra c) da cláusula quarta, os vendedores poderão adotar uma das alternativas a seguir previstas: 1) Em relação às parcelas anuais garantidas por carta(s) de fiança bancária, executálas prontamente, sem necessidade de qualquer prévia notificação; 2) Em relação à parcela anual não garantida por carta de fiança bancária, escolher entre cobrar o débito via execução da cártula correspondente e executar o contrato de penhor industrial firmado em paralelo, ou, alternativamente, denunciar o presente contrato e, em conseqüência, retomar a plena propriedade e posse das ações vendidas e os direitos às mesmas inerentes, retendo a integralidade dos valores até então recebidos a título de perdas e danos e lucros cessantes. 26. Serão ineficazes e em conseqüência não produzirão nenhum efeito jurídico, quaisquer transferências, inclusive parciais, das ações ora adquiridas pelos compradores antes de integralmente pagas as prestações previstas na cláusula quarta, salvo se Fl. 357DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 350 11 houver prévia autorização outorgada por escrito pelos vendedores, ou se, paga integralmente a parcela b) da cláusula quarta, tiver sido substituída tal garantia pela extensão da fiança bancaria a todas as parcelas da alínea c) da cláusula quarta. A cláusula 4 do Contrato de Compra e Venda de Ações (fls. 38), datado de 12/12/2005, referese ao preço de alienação a prazo das ações, nos seguintes termos: 4. A compra e venda das ações, uma vez implementadas as condições suspensivas estipuladas nas cláusulas 27 e 34, será feita pelo preço certo e ajustado de R$14.645.864,00 (quatorze milhões, seiscentos e quarenta e cinco mil, oitocentos e sessenta e quatro reais), que será pago na proporção de 99% (noventa e nove por cento) por Renill Participações Ltda. e 1% (um por cento) por Renato Real Conill, nas seguintes condições: a) RS 4.000.000,00 (quatro milhões de reais) até o dia 22 de dezembro do corrente ano, uma vez "implementadas as condições suspensivas estipuladas nas cláusulas 27 e 34, mediante transferência eletrônica de dinheiro para contas correntes dos vendedores, tal como por estes indicado abaixo, os quais darão quitação dessa importância através do efetivo crédito nas respectivas contascorrentes; b) R$ 2.145.864,00 (dois milhões, cento e quarenta e cinco mil, oitocentos e sessenta e quatro reais), uma vez implementadas as condições suspensivas estipuladas nas cláusulas 27 e 34, em 12 (doze) parcelas mensais, no valor de RS 178.822,00 (cento e setenta e oito mil, oitocentos e vinte e dois reais) cada uma, vencendose a primeira no dia 36 de janeiro de 2006, e as demais em igual dia dos meses subseqüentes; c) R$ 8.500.000,00 (oito milhões e quinhentos mil reais), uma vez implementadas as condições suspensivas estipuladas nas cláusulas 27 e 34, em 3 (três) parcelas anuais, no valor de R$ 2.834.000,00 (dois milhões, oitocentos e trinta e quatro mil reais) a primeira e R$ 2.833.000,00 (dois milhões, oitocentos e trinta e três mil reais) cada uma das demais, vencendose a primeira no dia 16 de dezembro de 2007, e as demais em igual dia dos anos subseqüentes. Em 22/12/2005 (fls. 91/92), por meio do Termo de Retificação ao contrato em referência, firmaram as partes, o seguinte: 1.A parcela inicial de R$ 4.000.000,00 (quatro milhões de reais), prevista na alínea a) da cláusula quarta será distribuída igualmente entre todos os vendedores, retificado expressamente,; neste ponto, o disposta no parágrafo primeiro daquela cláusula. 2. As demais parcelas serão distribuídas proporcionalmente às participações societárias dos vendedores. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 351 12 Desta maneira, entende o recorrente que referidas cláusulas deslocariam a ocorrência do fato gerador para o dia 16/12/2009, data do pagamento da última parcela do preço, somente, neste momento, estariam satisfeitas as condições das "cláusulas suspensivas". Em que pese os argumentos do recorrente, tenho para mim que as cláusulas citadas não têm o condão de afastar a ocorrência do fato gerador do ganho de capital, referentes aos anos calendários 2005, 2006 e 2007. No âmbito do Direito Tributário, temse que a condição suspensiva prorroga a ocorrência do fato gerador para o momento em que for implementada tal condição. No caso em apreço, veja que houve a transferência do controle acionário da Industec Indústria Metalúrgica S/A para a empresa Renill Participações Ltda e Renato Real Conill bem como o pagamento aos sócios das parcelas da alienação dos anos de 2005, 2006 e 2007, conforme documentos anexos aos autos. Portanto, entendo que não assiste razão ao sujeito passivo, pois não se trata de situação jurídica, com condição suspensiva, e, sim, de situação de fato, as circunstâncias materiais do negócio já estão implementadas, o fato gerador considerase ocorrido no momento de recebimento das parcelas dos anos calendários em referência, nos termos da cláusula 4. Neste sentido, são as disposições do art. 116 do Código Tributário Nacional c/c os art. 2º da Lei nº 7.713, de 1988, e art. 140 do Regulamento do Imposto de Renda, não assiste razão a recorrente. Código Tributário Nacional CAPÍTULO II Fato Gerador Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I tratandose de situação de fato, desde o momento em que o se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II tratandose de situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável. Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária. (Incluído pela Lcp nº 104, de 2001) Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputamse perfeitos e acabados: I sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento; Fl. 359DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 352 13 II sendo resolutória a condição, desde o momento da prática do ato ou da celebração do negócio. Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 Art. 2º O imposto de renda das pessoas físicas será devido, mensalmente, à medida em que os rendimentos e ganhos de capital forem percebidos. Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). § 1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida.(grifouse) Portanto, no meu entender, a decisão r. acórdão recorrido, no seguinte sentido: " O fato de a alienação ocorrer com pagamentos a prazo não caracteriza uma condição suspensiva, pois ocorreu o negócio jurídico, com todos contornos próprios, sendo a observar que se os pagamentos forem realizados seguem perfeitas as condições da alienação...", está em consonância com os dispositivos acima citados, não merecendo, portanto, ser reformada. b) Do custo de aquisição da participação societária alienada Primeiramente, alega o recorrente que há um erro no relatório fiscal ao ser atribuído o valor unitário de R$ 1,00 para cada ação, diz que as ações não tinham valor nominal. Nesse ponto, com base nos documentos e termos acostados aos autos, verificase que o trabalho da auditoria fiscal foi no sentido de identificar corretamente o custo de aquisição da participação societária para fins de apuração do ganho de capital, nos termos do que dispõe o legislação do imposto de renda. Destarte, com base no Estatuto Social e suas alterações (fls. 50) da Industec Industria Metalúrgica S.A., podese constatar que, em março de 2005, o Sr. André Luis é admitido como novo sócio da referida empresa, sendolhe atribuído o valor de R$ 200.000,00, a sua participação societária. 2. ADMISSÃO DE NOVO SÓCIO E CESSÃO DE QUOTAS 2.1 Aprovar o ingresso na Sociedade ANDRÉ LUÍS SCHERER DO AMARAL E SILVA, brasileiro, industrialista, casado pelo regime de comunhão parcial de bens, Cédula de Identidade n°. 9009225419SSP/RS, CIC n°. 336.502.92068 , residente e domiciliado na cidade de Esteio (RS), na Rua dos Ferroviários, n°. 363, apartamento 401, CEP n°. 93.365150, mediante a subscrição de 20 (vinte) quotas, no valor unitário de R$ 10.000,00 (vinte mil reais), perfazendo R$ 200.000,00 (duzentos mil reais), integralizadas da seguinte forma: [...] Fl. 360DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 353 14 CLAUSULA QUINTA CAPITAL SOCIAL O capital social é de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), totalmente integralizado em moeda corrente nacional, dividido em 200 (duzentas) quotas de valor unitário de R$ 10.000,00 (dez mil reais), distribuído e subscrito pelos sócios conforme abaixo: Sócio Quotas Valor (RS) % Luis Fernando R. Araújo 20 200.000,00 10,00 César Luiz Leorato 60 600.000,00 30,00 Maria Clara Leorato 100 1.000.000,00 50,00 André Luis S. A. Silva 20 200.000,00 10,00 Total 200 2.000.000,00 100,00 Em agosto de 2005, por meio do Instrumento Particular e Protocolo e Justificação de Cisão (fls. 65), o capital da INDUSTEC é alterado, conforme cláusulas abaixo: TOTAL DA PARCELA DE CAPITAL SOCIAL OBJETO DA CISÃO EM QUESTÃO ...........................................R$ 671.370,00 (seiscentos e setenta e um mil, trezentos e setenta reais), correspondendo a 671.370 (seiscentas e setenta e uma mil, trezentas e setenta) ações ordinárias nominativas, sem valor nominal. VI Com a cisão aqui em foco, o capital social da CINDIDA será reduzido, pois, em parcela no valor nominal de R$ 671.370,00 (seiscentos e setenta e um mil, trezentos e setenta reais), remanescendo, por conseqüência, esse mesmo capital social, no valor nominal de R$ 1.328.630,00 (um milhão, trezentos e vinte e oito mil, seiscentos e trinta reais), distribuído entre os acionistas na mesma proporção evidenciada no item V, retro, a saber: [...] André Luis Scherer do Amaral e Silva, parcela de capital no valor de R$ 132.863,00 (cento e trinta e dois mil e oitocentos e sessenta e três reais), representada por 132.863 (cento e trinta e duas mil, oitocentas e sessenta e três), ações ordinárias nominativas; Ainda, em agosto de 2005, ao capital social remanescente da Industec de R$ 1.328.630,00, em virtude da incorporação de reservas no valor de R$ 170.390,00, cláusula 5.2.1, o capital social alcançou o montante de R$ 1.499.020,00. 5.2 Aumento do capital social com a incorporação de reservas existentes 5.2.1 Aprovada a proposição da Diretoria da Sociedade, para aumentar o capital social em R$ 170.390,00 (cento e setenta mil, trezentos e noventa reais), com a incorporação parcial da Reserva de Capital existente no Patrimônio Líquido da Companhia, sem emissão de novas ações. 5.2.2. Aprovada a alteração do art. 5B do Estatuto Social, que passa a ter a seguinte redação: "Art. 59 O Capital Social é de R$ 1.499.020,00 (um milhão, quatrocentos e noventa e nove mil e vinte reais), dividido Fl. 361DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 354 15 1.499.020 (um milhão, quatrocentas e noventa e nove mil e vinte) ações ordinárias nominativas, sem valor nominal." Assim, em 12/12/2005, momento de alienação de suas ações, a participação societária do Sr. André Luis era de R$ 149.902,00 (10% de R$ 1.499.020,00). Esse valor foi confirmado pelo recorrente, conforme planilha de fls. 100. Entende o recorrente que, ao capital social de R$ 1.499.020,00, deveriam ser acrescidos os lucros e reservas que ainda não haviam sido capitalizados e, ainda, que o custo da participação societária deveria corresponder ao valor do patrimônio líquido da empresa e não o custo histórico, como entendeu a fiscalização. Dispõe o § 2º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 1988, que o custo de aquisição, para efeitos de apuração do ganho de capital, será determinado de acordo o valor avaliado nos termos do art. 16, in verbis: Lei nº 7.713, de 1988. Art. 3º O imposto incidirá sobre o rendimento bruto, sem qualquer dedução, ressalvado o disposto nos arts. 9º a 14 desta Lei. (Vide Lei 8.023, de 12.4.90) [...] § 2º Integrará o rendimento bruto, como ganho de capital, o resultado da soma dos ganhos auferidos no mês, decorrentes de alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, considerandose como ganho a diferença positiva entre o valor de transmissão do bem ou direito e o respectivo custo de aquisição corrigido monetariamente, observado o disposto nos arts. 15 a 22 desta Lei. [...] Art. 16. O custo de aquisição dos bens e direitos será o preço ou valor pago, e, na ausência deste, conforme o caso: [...] Lei nº 9.249, de 1995. Art. 10. Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitos à incidência do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário, pessoa física ou jurídica, domiciliado no País ou no exterior. § 1o No caso de quotas ou ações distribuídas em decorrência de aumento de capital por incorporação de lucros apurados, a partir do mês de janeiro de 1996, ou de reservas constituídas com esses lucros, o custo de aquisição será igual à parcela do lucro ou reserva capitalizado, que corresponder ao sócio ou acionista. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência)(grifouse) Fl. 362DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 355 16 Também, neste sentido, é o entendimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil, por meio da Solução de Consulta COSIT nº 10, de 8 de março de 2016, que está assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF CUSTO DE AQUISIÇÃO DA PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. CAPITALIZAÇÃO DE RESERVAS E LUCROS. EFEITOS. Somente o aumento de capital, mediante a incorporação de lucros ou de reservas constituídas com lucros, possibilita o incremento no custo de aquisição da participação societária, em valor equivalente à parcela capitalizada dos lucros ou das reservas constituídas com esses lucros que corresponder à participação do sócio ou acionista na investida. Dispositivos Legais: Lei nº 7.713, de 1988, art. 16; Lei nº 9.249, de 1995, art. 10. Entendo que não assiste razão ao recorrente em querer atribuir outro custo de aquisição de sua participação societária, participação no Capital Social, diferente do constante do Estatuto Social e suas alterações na Industec, não merecendo, portanto, ser reformado o r. acórdão recorrido. c) Do preço de alienação das parcelas dos anoscalendário 2009 e 2008 O recorrente informa que a parcela anual de 2009 não foi recebida e encontrase em discussão judicial. Nesse ponto, esclarecese que, de acordo com o Relatório do Trabalho Fiscal (fls. 124/128), a ação fiscal abrangeu os anos calendário 2005, 2006 e 2007. Portanto, o ganho de capital de capital apurado no presente processo referese somente aos períodos citados, conforme demonstrativo do Auto de Infração (fls. 134/135). Quantas as parcelas dos anoscalendário 2008 e 2009, necessário seja esclarecido que as mesmas, nos termos do art. §1º do art. 140 do Regulamento do Imposto de Renda, fazem parte do cálculo do percentual de ganho que será aplicada sobre cada parcela recebida na alienação a prazo. Ressaltando, mais uma vez, que nos autos não se está cobrando o imposto sobre a renda de referidos períodos. [...] Art. 140. Nas alienações a prazo, o ganho de capital deverá ser apurado como venda à vista e tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver (Lei nº 7.713, de 1988, art. 21). § 1º Para efeito do disposto no caput, deverá ser calculada a relação percentual do ganho de capital sobre o valor de alienação que será aplicada sobre cada parcela recebida. § 2º O valor pago a título de corretagem poderá ser deduzido do valor da parcela recebida no mês do seu pagamento.(grifouse) Por fim, considerando que o sujeito passivo, após o início do procedimento fiscal, efetuou recolhimentos (extratos DARF's fls. 190/200) sobre o ganho de capital na Fl. 363DF CARF MF Processo nº 11065.004865/200872 Acórdão n.º 2401005.059 S2C4T1 Fl. 356 17 alienação de participação societária, conforme demonstrativo de fls. 188, deve a unidade da Secretaria da Receita Federal do Brasil de jurisdição adotar as providencias cabíveis em relação ao referidos recolhimentos. Diante do acima exposto, voto no sentido de manter o crédito tributário apurado pela fiscalização, mantido pela decisão de primeira instância, sobre os ganhos de capital da alienação de ações da empresa Industec Indústria Metalúrgica S/A (fls. 134/135). Conclusão Voto no sentido de CONHECER o Recurso Voluntário, para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO, conforme conclusão acima. (assinado digitalmente) Francisco Ricardo Gouveia Coutinho Fl. 364DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11516.721924/2013-82
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Oct 27 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Obrigações Acessórias
Ano-calendário: 2011
DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA.
Restando caracterizada a entrega em atraso da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais-DCTF, é devida a exigência de multa pelo descumprimento da obrigação acessória.
DCTF. OBRIGATORIEDADE DE ENTREGA.
É obrigatória a entrega da DCTF, para entidades sem fins econômicos e/ou de utilidade pública Estadual.
Numero da decisão: 1001-000.030
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente.
(assinado digitalmente)
Edgar Bragança Bazhuni - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva.
Nome do relator: EDGAR BRAGANCA BAZHUNI
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ATRASO NA ENTREGA DA DCTF Recorrente BLOCO CARNAVALESCO UNIAO DA ILHA DE SANTA CATARINA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2011 DCTF. MULTA POR ATRASO NA ENTREGA. Restando caracterizada a entrega em atraso da Declaração de Débitos e Créditos Tributários FederaisDCTF, é devida a exigência de multa pelo descumprimento da obrigação acessória. DCTF. OBRIGATORIEDADE DE ENTREGA. É obrigatória a entrega da DCTF, para entidades sem fins econômicos e/ou de utilidade pública Estadual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Edgar Bragança Bazhuni, Eduardo Morgado Rodrigues e Jose Roberto Adelino da Silva. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 72 19 24 /2 01 3- 82 Fl. 41DF CARF MF Processo nº 11516.721924/201382 Acórdão n.º 1001000.030 S1C0T1 Fl. 42 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto pela Recorrente em face de decisão proferida pela 4ª Turma da Delegacia Regional de Julgamento em São Paulo (SP), mediante o Acórdão nº 1672.011, de 15 de abril de 2016 (efls. 09/12), objetivando a reforma do referido julgado. Contra a Recorrente acima identificada foi lavrada Notificação de Lançamento (efl. 08) com a exigência do crédito tributário no valor de R$ 500,00 a título de multa de ofício isolada (multa mínima) por quinze (15) meses de atraso na entrega em 24/04/2013, da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF, referente ao mês de dezembro de 2011, cujo prazo final era 23/02/2012. Cientificada da exigência fiscal, a interessada interpôs impugnação, argumentando, em síntese, tratarse de entidade sem fins econômicos e de utilidade pública Estadual, não possuindo fonte de rendimentos que justifique a obrigatoriedade de declaração de DCTF. A DRJ analisou a impugnação apresentada pela contribuinte e considerou procedente o lançamento com a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Anocalendário: 2011 MULTA POR ATRASO NA ENTREGA DA DCTF. Restando caracterizada a entrega em atraso da DCTF, é devida a exigência de multa pelo descumprimento da obrigação acessória. MULTA POR ATRASO. DCTF. OBRIGATORIEDADE. É obrigatoria a entrega da DCTF, para entidades sem fins econômicos e/ou de utilidade pública Estadual. Ciente da decisão de primeira instância em 04/05/2013, conforme Aviso de Recebimento à efl. 33, a recorrente apresentou recurso voluntário em 10/05/2013 (efl. 35), conforme carimbo de recepção à efl. 35. É o Relatório. Voto Conselheiro Edgar Bragança Bazhuni O recurso é tempestivo, atende aos demais requisitos de admissibilidade e dele conheço. Fl. 42DF CARF MF Processo nº 11516.721924/201382 Acórdão n.º 1001000.030 S1C0T1 Fl. 43 3 Observo, inicialmente, que não há discussão quanto ao atraso ter efetivamente ocorrido. De igual modo, não há qualquer contestação quanto ao cálculo do valor da multa exigida. No recurso interposto, a recorrente reitera os argumentos trazidos em sede de impugnação. Esses argumentos foram fundamentadamente afastados em primeira instância, pelo que peço vênia para transcrever o excerto, a seguir, do voto condutor do acórdão recorrido, adotandoo desde já como razões de decidir, em cumprimento aos ditames do §1º do art. 50 da Lei nº 9.784/1999: A alegação é a de se trata de entidade sem fins econômicos e de utilidade pública Estadual, não possuindo fonte de rendimentos que justifique a obrigatoriedade de apresentação de DCTF. Foram , outrossim, vários os pedidos para que a delegacia local intermediasse junto ao Órgão central de modo a isentar as associações dessa obrigação. Para a matéria sob análise, é aplicável a IN RFB nº 1110/2010, que trouxe a obrigatoriedade da apresentação de DCTF (art. 2º). INSTRUÇÃO NORMATIVA RFB Nº 1110, DE 24 DE DEZEMBRO DE 2010 (redação vigente para o ano calendário de 2011) Art. 2º Deverão apresentar a Declaração do Débitos o Créditos Tributários Federais Mensal (DCTF Mensal): I as pessoas jurídicas de direito privado em geral, inclusive as equiparadas, as imunes e as isentas, de forma centralizada, pela matriz; (...) Ora, a entidade não está desobrigada à apresentação de DCTF pela norma insculpida no art. 2º, por ser sem fins econômicos e de utilidade pública Estadual, devendo ser mantida a multa aplicada. Diante do exposto, voto por negar provimento ao recurso voluntário, de forma a manter a exigência da multa por atraso na entrega da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais DCTF no valor de R$ 500,00. (assinado digitalmente) Edgar Bragança Bazhuni, Relator Fl. 43DF CARF MF Processo nº 11516.721924/201382 Acórdão n.º 1001000.030 S1C0T1 Fl. 44 4 Fl. 44DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.679833/2009-30
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 16/03/2006
PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE.
Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco.
PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA.
A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado.
Numero da decisão: 3401-004.123
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge DOliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 16/03/2006 PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO DO POSTULANTE. Nos processos que versam a respeito de compensação ou de ressarcimento, a comprovação do direito creditório recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato, que deve apresentar elementos probatórios aptos a comprovar as suas alegações. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. PAGAMENTO A MAIOR. RESTITUIÇÃO. AUSÊNCIA DE PROVA. A carência probatória inviabiliza o reconhecimento do direito creditório pleiteado. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rosaldo Trevisan (Presidente), Leonardo Ogassawara de Araújo Branco, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D’Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, e Tiago Guerra Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 67 98 33 /2 00 9- 30 Fl. 97DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 3 2 Relatório 1. Tratase de despacho decisório eletrônico, emitido pela Delegacia de Administração Tributária que não homologou as compensações declaradas em virtude de não ter havido apuração de pagamento indevido, uma vez que o pagamento foi utilizado para quitar débitos declarados em DCTF. 2. Intimada, a contribuinte apresentou manifestação de inconformidade, na qual alegou, em síntese: (i) possuir "elevada quantia creditícia" perante a RFB, a título de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, que teria utilizado para quitar débitos de COFINS, referentes ao período de apuração dos anocalendário 2006 e 2007, mediante PER/DCOMP; (ii) alega que juntamente com o Despacho Eletrônico em comento, foram emitidos outros 147 Despachos Decisórios, todos decorrentes da falta de homologação de PER/DCOMP, apresentados pela contribuinte; (iii) reconhece que deixou de retificar as DCTF relativas aos períodos que entende ter havido recolhimentos a maior de IRRF, CIDE, PISImportação e COFINSImportação, entendendo ser esta a razão do indeferimento das compensações; (iv) alega que mero equívoco no preenchimento das DCTF não poderia geral débitos fiscais e que o fato deveria ser reconhecido de plano pela RFB; (v) discorre a respeito do efeito suspensivo dos débitos declarados em compensações, citando dispositivos legais para defender sua tese; (vi) alega carência de fundamentação do despacho decisório, violação ao princípio do contraditório e ampla defesa, alegando que não foram atendidas as garantias constitucionais na decisão proferida no despacho decisório, entendendo ser nulo o ato impugnado; (vii) discorre sobre o principio da verdade material para alegar que o mero erro de preenchimento da DCTF não geraria crédito em favor da Fazenda Nacional, reclamando que "se fosse dado ao contribuinte a chance de apresentar explicações antes de sofrer a autuação, certamente a Fazenda Nacional pouparia preciso tempo desta Delegacia de Julgamento com cobranças infundadas como esta" (sic); (viii) alega que qualquer agente fiscal que "(...) analisasse com a mínima cautela a situação apresentada nos fatos, notaria que houve tão somente um erro no preenchimento da declaração, o que não justifica a glosa" em apreço; (ix) ter declarado em DCTF débito que foi pago em DARF que, após revisão interna teria constatado que os cálculos estavam sendo feitos de maneira incorreta, restando inegável a existência de créditos de IRRF após a correção do montante efetivamente devido; (x) a necessidade da observância aos princípios da capacidade contributiva e da busca da verdade material para afirmar que não se admite cobrança de tributo decorrente de erro na prestação de informações ao Fisco, citando decisão do TRF da 1ª Região que embasaria o que alega, além de acórdão do Conselho de Contribuintes e doutrina; (xi) exigüidade do prazo para apresentar 148 defesas em apenas trinta dias e informa que "(...) já estaria levantando toda a documentação comprobatória de seu direito, mormente a DCTF retificadora que comprovaria a existência do crédito"; (xii) a necessidade de suspensão da cobrança dos débitos declarados em PER/DCOMP; (xiii) a nulidade do despacho decisório; e (xiv) a conversão do julgamento em diligencia para ser comprovado o que alega. Fl. 98DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 4 3 3. A Delegacia Regional do Brasil de Julgamento em Salvador (BA) proferiu o Acórdão DRJ nº 16027.666, em que se decidiu, por unanimidade de votos, julgar improcedente a manifestação de inconformidade, em conformidade com a ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: COFINS Data do fato gerador: 16/03/2006 Ementa: DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO DCOMP ALTERAÇÃO DE DCTF APÔS CIÊNCIA DE DECISÃO QUE NÃO HOMOLOGOU A COMPENSAÇÃO. A apresentação de DCTF retificadora, após o despacho decisório que não homologou a compensação, em razão da coincidência entre os débitos declarados e os valores recolhidos, não tem o condão de alterar a decisão proferida, uma vez que tanto as DRJ como o CARF limitamse a analisar a correção do despacho decisório, efetuado com bases nas declarações e registros constantes nos sistemas da RFB na data da decisão. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL — NÃO OFENSA CORREÇÃO DE ALTERAÇÃO DE DCTF NÃO COMPROVADA EM DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA Qualquer alegação de erro de preenchimento em DCTF deve vir acompanhada dos documentos que indiquem prováveis erros cometidos, no cálculo dos tributos devidos, resultando em recolhimentos a maior. Não apresentada a escrituração contábil/fiscal, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, mantémse a decisão proferida, sem o reconhecimento de direito creditório, com a conseqüente nãohomologação das compensações pleiteadas. Manifestação de Inconformidade Improcedente Creditório Não Reconhecido 4. A contribuinte, intimada, interpôs, recurso voluntário tempestivo, no qual reiterou as razões vertidas em sua impugnação. É o relatório. Fl. 99DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 5 4 Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.105, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10880.679797/200912, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.105): "5. O recurso voluntário é tempestivo e preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele tomo conhecimento. 6. Reproduzse, abaixo, a decisão recorrida proferida pelo julgador de primeiro piso: "A manifestação de inconformidade apresentada atende aos requisitos de admissibilidade previstos no Decreto n° 70.235, de 6 de março de 1972. Dela tomase conhecimento. Primeiramente, esclarecese à douta manifestante que, ao contrário do que alega, o despacho decisório do presente processo não é nulo pois, foi assinado por servidor competente no exercício de suas funções e sem preterimento do direito de defesa da contribuinte. Realmente, o caso presente se resume à alegação de pagamento a maior de tributo e que esse tributo recolhido a maior estaria sendo utilizado para compensar débitos constante na PER/DCOMP do presente processo. A analise eletrônica do despacho decisório de fls. 01, demonstra que os alegados pagamentos indevidos foram utilizados para quitar débitos declarados em DCTF , não restando qualquer crédito para ser compensado. A contribuinte alega falta de fundamentação para a não homologação mas deveria ser obvio até mesmo para contribuinte que ela apresenta DCTF informando determinado débito e efetua recolhimento desse debito , em DARF, no exato valor declarado em DCTF, não há apuração de qualquer pagamento a maior, estando essa informação perfeitamente clara no citado despacho decisório e a contribuinte pode se defender amplamente como o fez. Assim, de acordo com o art. 59 do Decreto n° 70.235/72, não há qualquer nulidade no despacho decisório em comento, não assistindo razão a reclamante. Fl. 100DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 6 5 Relativamente à alegação que teria cometido erros no preenchimento da DCTF e que, sanados esses erros , haveria o crédito que utilizou nas PER?DCOMP , observase que a contribuinte limitase a alegar o fato mas não logrou apresentar qualquer prova do que alega. De fato, a contribuinte limitase alegar a existência de erro de preenchimento, erro nos cálculos de apuração de tributo, erro no pagamento em DARF, mas reconhece perfeitamente não haver apresentado qualquer DCOMP retificadora até a data da ciência do Despacho Decisório. A retificação da DCTF, para reduzir débitos declarados, feita após a decisão prolatada autoridade fiscal que examinou os pedidos de restituição e de compensação, não pode, simplesmente, ser acolhida, como argumento de defesa, uma vez que a manifestação de inconformidade deve ser dirigida a apontar erros que teriam sido cometidos na analise do crédito da contribuinte, em relação as informações constantes dos Sistemas da Receita Federal, que são formadas pelas informações prestadas pelos contribuintes através das declarações fiscais , tais como DIPJ. DCTF, DIRF, etc, na data da emissão do Despacho Decisório. Ora, como a própria manifestante reconhece, não havia qualquer incongruência entre os débitos declarados em DCTF e o valor dos pagamentos desses débitos em DARF. Somente na manifestação de inconformidade é que o Fisco teve ciência que agora a contribuinte entende ter havido erro no preenchimento das DCTF. Cabe lembra à douta reclamante que a conduta Fisco Federal é pautada em documentos formais e oficiais e, se a contribuinte resta inerte e não promove a tempo as retificações cabíveis na DCTF, não cabe ao Fisco promovêlas. Não e demais ressaltar que a RFB não está à disposição de particulares para satisfazer interesses privados e a comprovação que qualquer direito creditório alegado, é tarefa exclusiva dos contribuintes, não sendo tarefa do Fisco promover alterações em declarações fiscais para reconhecer suposto direito creditório que a contribuinte julga possuir. Aliás a simples alegação e mesmo a apresentação de DCTF retificadora não faz qualquer prova, por si só, nessa altura do rito processual, devendo, ao contrário, vir acompanhada dos documentos comprobatórios de eventual equívoco cometido na elaboração da declaração original.. Assim, a contribuinte deveria ter acostado aos autos a sua escrituração contábil/fiscal do período, em especial os Livros Diário e Razão, além da movimentação comercial da empresa. Ao final da manifestação de inconformidade, a requerente protesta pela produção de todos os meios de prova, apresentação Fl. 101DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 7 6 de documentos, inclusive diligencias, para corroborar sua argumentação. O processo administrativo fiscal é normatizado pelo Decreto n° 70.235/1972 que em seu art. 16, I1I assim dispõe, in verbis: Conforme expressamente previsto no Decreto n° 70.235/1972, em seu artigo 16, § 4% somente na ocorrência de algumas das hipóteses nele ventiladas é que será possível deferir a juntada de provas documentais posteriormente ao prazo de apresentação da impugnação. A impugnante trouxe os documentos que julgou necessários à instrução de sua peça defensória, não cabendo fazer um pedido genérico para futura juntada de documentos, sem alinhavar a hipótese legal em que se funda tal pedido. Como se vê do dispositivo transcrito, a ocasião para apresentação de provas, visando a comprovar o equívoco cometido no preenchimento da DCTF, é no ato de apresentação da manifestação de inconformidade, precluindo o direito de a contribuinte fazêlo em outra oportunidade. Cabe ressaltar que, até a presente data, dez meses após a apresentação da manifestação de inconformidade , nenhuma documentação foi apresentada nela contribuinte, que se limitou a apresentar DCTF retificadora , não embasada por qualquer documentação comprobatória. Tratandose de exibição de documentos, cuja guarda e apresentação compete à contribuinte, desnecessária se revela também a realização de diligencias, que se presta mais a elucidar detalhes cuja prova cabe ao Fisco Federal, não aplicável ao presente caso, conforme infere dos dispositivos do Decreto n° 70.235/1972 que tratam da matéria: (...). (...) No caso presente, sendo obrigação da contribuinte apresentar provas do que alega , preferindo não fazêlo, a Receita Federal não promove qualquer ação a respeito, limitando a julgar o processo com os documentos constantes no processo. Nessas circunstâncias, não comprovado o erro cometido no preenchimento da DCTF, com documentação hábil, idônea e suficiente, a alteração dos valores declarados anteriormente não pode ser acatada, considerandose que essa DCTF retificadora foi apresentada após o despacho decisório, que apreciou as compensações declaradas. Em face do exposto, e para concluir, VOTO por considerar improcedente a manifestação de inconformidade apresentada, não reconhecendo qualquer direito creditório e não homologando a PER/DCOMP" (seleção e grifos nossos). 7. Aduz a decisão a quo que, na DCTF original, foi declarado débito em montante igual ao recolhido, motivo pelo qual não encontrou a autoridade fiscal saldo de pagamento Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 8 7 disponível. A identidade entre valor declarado e recolhido se deve à crença da contribuinte, no momento da declaração e do pagamento respectivos, de que se tratava de operação tributada regularmente pelas contribuições em comento. 8. Apenas em momento posterior ao do despacho decisório que indeferiu o pedido formulado por inexistência de saldo é que a contribuinte, ora recorrente, procedeu à entrega da DCTF retificadora. Por conta desta sucessão de eventos, entendeu o julgador de primeiro piso que a retificação não teria produzido efeitos, pois, nos termos do inciso I do art. 7º do Decreto nº 70.235/1972, o procedimento fiscal já havia se iniciado e, portanto, pretendeu a contribuinte alterar débitos de contribuições de maneira indevida, nos termos do inciso II do § 2º e do § 3º da Instrução Normativa RFB nº 1.110/2010. 9. Entendemos que tais obstáculos procedimentais possam ser plenamente superáveis caso a recorrente comprove o erro que fundamenta a retificação da declaração, o que poderia ser feito mediante a apresentação de seus registros contábeis e fiscais, em conformidade com o art. 147 do Código Tributário Nacional, abaixo transcrito: Código Tributário Nacional Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. 10. Tal, no entanto, não ocorreu, tendo a contribuinte realizado defesa genérica com fundamento de que teria tido de se defender de um grande número de despachos decisórios em um exíguo espaço de tempo. Contudo, reservouse a ora recorrente a repetir os mesmos argumentos em suas razões de recurso voluntário, demorandose longamente em questões doutrinais ou de constitucionalidade, o que inviabiliza, de todo, até mesmo a proposta de eventual conversão do feito em diligência para que se verifique a procedência de suas alegações, uma vez que não há de se realizar questionamento genérico em tal momento processual. 11. Ressaltase, ademais, que, nos pedidos de compensação ou de restituição, como o presente, o ônus de comprovar o crédito postulado permanece a cargo da contribuinte, a quem incumbe a demonstração do preenchimento dos requisitos necessários para a compensação, pois "(...) o ônus da prova recai sobre aquele a quem aproveita o reconhecimento do fato".1 1 CINTRA, Antonio Carlos de Araújo; GRINOVER, Ada Pellegrini; e DINAMARCO, Cândido Rangel. Teoria geral do processo. São Paulo: Malheiros Editores, 26ª edição, 2010, p. 380. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10880.679833/200930 Acórdão n.º 3401004.123 S3C4T1 Fl. 9 8 12. Neste sentido, já se manifestou esta turma julgadora em diferentes oportunidades, como no Acórdão CARF nº 3401003.096, de 23/02/2016, de relatoria do Conselheiro Rosaldo Trevisan: VERDADE MATERIAL. INVESTIGAÇÃO. COLABORAÇÃO. A verdade material é composta pelo dever de investigação da Administração somado ao dever de colaboração por parte do particular, unidos na finalidade de propiciar a aproximação da atividade formalizadora com a realidade dos acontecimentos. PEDIDOS DE COMPENSAÇÃO/RESSARCIMENTO. ÔNUS PROBATÓRIO. DILIGÊNCIA/PERÍCIA. Nos processos derivados de pedidos de compensação/ressarcimento, a comprovação do direito creditório incumbe ao postulante, que deve carrear aos autos os elementos probatórios correspondentes. Não se presta a diligência, ou perícia, a suprir deficiência probatória, seja do contribuinte ou do fisco. 13. Verificase, portanto, a completa inviabilidade do reconhecimento do crédito pleiteado em virtude da carência probatória do pedido formulado pela contribuinte recorrente. Assim, voto por conhecer e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 104DF CARF MF
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Numero do processo: 16327.720431/2012-95
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Oct 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Nov 08 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2009
ADMISSIBILIDADE. ART. 67 DO ANEXO II DO RICARF/2015. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. NÃO COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. INSUFICIÊNCIA RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO.
O recurso especial interposto para a Câmara Superior de Recursos Fiscais, para ser conhecido, deve demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária entre a decisão recorrida e a paradigma, que deve ter sido proferida por outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF.
A divergência de interpretação pressupõe que as decisões administrativas comparadas tenham sido construídas sobre premissas fáticas suficientemente semelhantes. Posições divergentes adotadas a partir de situações fáticas significativamente distintas não caracterizam a divergência jurisprudencial requerida pelo art. 67 do Anexo II do RICARF/2015.
Também não deve ser conhecido o recurso especial cuja matéria que obteve seguimento no despacho de exame de admissibilidade não se mostre suficiente para reformar a decisão recorrida.
Normas Gerais de Direito Tributário
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
Numero da decisão: 9101-003.166
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial em relação à matéria fundamentos do ágio para fins de integração ao valor contábil de um bem e, em conhecer do recurso em relação aos juros de mora sobre a multa de ofício. No mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em negar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Declarou-se impedida de participar do julgamento a conselheira Cristiane Silva Costa, substituída pelo conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa.
(assinado digitalmente)
Adriana Gomes Rego - Presidente
(assinado digitalmente)
Rafael Vidal de Araújo - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício).
Nome do relator: RAFAEL VIDAL DE ARAUJO
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Recorrente QUIXABA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2009 ADMISSIBILIDADE. ART. 67 DO ANEXO II DO RICARF/2015. AUSÊNCIA DE SIMILITUDE FÁTICA. NÃO COMPROVAÇÃO DE DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. INSUFICIÊNCIA RECURSAL. NÃO CONHECIMENTO. O recurso especial interposto para a Câmara Superior de Recursos Fiscais, para ser conhecido, deve demonstrar a divergência de interpretação da legislação tributária entre a decisão recorrida e a paradigma, que deve ter sido proferida por outra câmara, turma de câmara, turma especial ou a própria CSRF. A divergência de interpretação pressupõe que as decisões administrativas comparadas tenham sido construídas sobre premissas fáticas suficientemente semelhantes. Posições divergentes adotadas a partir de situações fáticas significativamente distintas não caracterizam a divergência jurisprudencial requerida pelo art. 67 do Anexo II do RICARF/2015. Também não deve ser conhecido o recurso especial cuja matéria que obteve seguimento no despacho de exame de admissibilidade não se mostre suficiente para reformar a decisão recorrida. NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 72 04 31 /2 01 2- 95 Fl. 3135DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 3 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial em relação à matéria fundamentos do ágio para fins de integração ao valor contábil de um bem e, em conhecer do recurso em relação aos juros de mora sobre a multa de ofício. No mérito, na parte conhecida, por maioria de votos, acordam em negarlhe provimento, vencidos os conselheiros Luís Flávio Neto, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra, que lhe deram provimento. Declarouse impedida de participar do julgamento a conselheira Cristiane Silva Costa, substituída pelo conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa. (assinado digitalmente) Adriana Gomes Rego Presidente (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: André Mendes de Moura, Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, Rafael Vidal de Araújo, Luís Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio, Gerson Macedo Guerra, Adriana Gomes Rêgo (Presidente em exercício). Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte QUIXABA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA. em 27/01/2016, com fundamento nos arts. 64, inciso II, 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09/06/2015 (RICARF/2015), em que se alega a existência de divergências jurisprudenciais acerca de matérias relacionadas à lide. A recorrente insurgese contra o Acórdão nº 1402001.917, por meio do qual os membros da 2a Turma Ordinária da 4a Câmara da 1a Seção de Julgamento do CARF decidiram, por unanimidade de votos, rejeitar a preliminar de erro na identificação do sujeito passivo e, no mérito, por voto de qualidade, negar provimento ao recurso voluntário. A decisão recorrida manteve os autos de infração lavrados pela Fiscalização. As autuações se fundamentaram no entendimento de que a contribuinte teria auferido ganho de capital em operação realizada em 30/04/2009, que consistiu na redução de seu capital social mediante a entrega à sua controladora de ativos avaliados a valor de mercado, superior ao contábil, não tendo realizado os correspondentes recolhimentos de IRPJ e de CSLL determinados pelo art. 419 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto nº 3.000/1999) RIR/1999, dispositivo baseado no art. 22 da Lei nº 9.249/1995. Fl. 3136DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 4 3 A contribuinte deixou de realizar a mencionada tributação por ter considerado como componente do custo contábil dos ativos cedidos à sua controladora uma parcela de ágio no valor de R$ 483.708.294,46, decorrente de operações que a Fiscalização considerou como desprovidas de fundamento econômico e de qualquer pagamento que pudesse amparar o surgimento de ágio. Tais operações envolveram a contribuinte QUIXABA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA. (doravante referida apenas como QUIXABA) e várias empresas a ela relacionadas. Em 23/04/2009, a FERRARA PARTICIPAÇÕES S.A. (deste ponto em diante mencionada somente como FERRARA), pessoa jurídica sobre a qual a contribuinte QUIXABA detinha participação indireta, incorporou a PIRAPETINGA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA. (denominada apenas de PIRAPETINGA de agora em diante), subsidiária integral da contribuinte. Ao contabilizar a troca de 100% das quotas que detinha na PIRAPETINGA por 49,9% das ações que passou a possuir diretamente na FERRARA, a contribuinte contabilizou um ágio de R$ 1.074.907.321,03. Tal valor referese à diferença entre R$ 4.746.908.996,77 (valor pelo qual estava registrada a totalidade das quotas da PIRAPETINGA) e R$ 3.672.001.675,74 (correspondente a 49,9% das ações da FERRARA). Já em 30/04/2009, a contribuinte QUIXABA promoveu a redução de seu capital social mediante a restituição do valor reduzido à sua única controladora, a RUBI HOLDINGS LTDA. (mencionada doravante como RUBI). O ativo restituído consistiu de 126.656.530 ações de emissão da COMPANHIA BRASILEIRA DE MEIOS DE PAGAMENTO (VISANET). No valor atribuído pela contribuinte ao ativo restituído à sua sócia foi incluída uma parcela de R$ 483.708.294,46, fração do ágio anteriormente registrado de R$ 1.074.907.321,03 relativa ao sobrepreço associado às ações da VISANET. Assim, a contribuinte defende que os ativos foram transferidos à sua sócia pelo seu valor contábil, não se caracterizando ganho de capital passível de tributação por IRPJ e CSLL, nos termos do art. 419 do RIR/1999. A Fiscalização entendeu de maneira diversa. O valor pelo qual os ativos foram transferidos pela QUIXABA à RUBI, na interpretação da autoridade fiscal, foi o de mercado, não o meramente contábil. Com fundamento em tal interpretação, foram lavrados autos de infração relativos ao IRPJ e à CSLL incidentes sobre o ganho de capital auferido na operação realizada em 30/04/2009. A autuação fora mantida em sede de julgamento administrativo de primeira instância e, posteriormente, também pela 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em julgamento que culminou na prolação do acórdão contra o qual ora se insurge a recorrente. O acórdão recorrido foi assim ementado: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2010 Fl. 3137DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 5 4 NULIDADE DO LANÇAMENTO. ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. AUSÊNCIA DE NORMA VIOLADA. INEXISTÊNCIA. O lançamento se deu pela falta de apuração do ganho de capital na redução de capital levada a efeito pela Recorrente. Assim, dentro do contexto da acusação fiscal, o sujeito passivo está corretamente identificado e o enquadramento legal adequadamente definido, não se podendo considerar o lançamento como nulo. GANHO DE CAPITAL. INCLUSÃO DE ÁGIO GERADO ARTIFICIALMENTE NO CUSTO CONTÁBIL. Constatado que as ações utilizadas em subscrição de capital foram transferidas em valor superior ao custo contábil, correta a exigência de IRPJ e CSLL sobre o ganho de capital correspondente. Não integra o valor do bem o ágio artificialmente criado em operações meramente formais e desprovidas de outro propósito negocial que não a própria redução de tributos. LANÇAMENTO DECORRENTE. CSLL. Tratandose de tributação reflexa, o decidido com relação ao principal (IRPJ) constitui prejulgado às exigências fiscais decorrentes, no mesmo grau de jurisdição administrativa, em razão de terem suporte fático em comum. Assim, o decidido quanto à infração que, além de implicar o lançamento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) implica o lançamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), também se aplica a este outro lançamento naquilo em que for cabível. JUROS DE MORA. TAXA SELIC. A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais (Súmula CARF nº 4). JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de oficio, incidem juros de mora, devidos à taxa SELIC. Recurso Voluntário Negado. Devidamente intimada acerca do acórdão em 25/06/2015, a contribuinte opôs embargos de declaração à decisão, de forma tempestiva. Arguiu a existência de omissões e contradição que demandariam a retificação do julgado. Em documento de 17/12/2015, o Conselheiro que fora designado Redator do voto vencedor da decisão embargada recomendou a rejeição dos embargos, por entender inexistente qualquer contradição, omissão ou obscuridade a ser sanada no Acórdão n° 1402 001.917. O Presidente da 2ª Turma Ordinária da 4ª Câmara, em despacho de 22/12/2015, acatou a recomendação e rejeitou os embargos de declaração manejados pela contribuinte. Fl. 3138DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 6 5 A contribuinte foi cientificada em 12/01/2016 a respeito da rejeição de seus embargos, por meio de mensagem eletrônica enviada à sua Caixa Postal (Domicílio Tributário Eletrônico), e interpôs, em 27/01/2016, recurso especial tempestivo insurgindose contra o acórdão que apreciou seu recurso voluntário, sob a alegação de que ele teria dado à lei tributária interpretação diversa da adotada em outros processos julgados no âmbito do CARF e do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes. O recurso especial apresentado pela contribuinte contesta a interpretação adotada pelo acórdão recorrido em relação a três matérias: 1) irrelevância do desfazimento de um negócio jurídico para fins de tributação; 2) fundamentos exigíveis do ágio para fins de sua integração ao valor contábil de um bem; e 3) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Em atendimento aos requisitos de admissibilidade do recurso especial previstos nos arts. 67 e seguintes do Anexo II do RICARF/2015, a contribuinte apontou acórdãos de turmas de câmaras do CARF, de câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes e de Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) que teriam dado aos temas combatidos interpretação diversa daquela esposada pelo acórdão recorrido. Por razões de clareza, serão separadamente analisadas as alegações perfiladas pela recorrente a respeito de cada matéria combatida. 1) Irrelevância do desfazimento de um negócio jurídico para fins de tributação A contribuinte relata que a Fiscalização teria apontado como uma das razões da ausência de fundamento econômico do ágio contabilizado pelas empresas de seu grupo (grupo BRADESCO), que foi posteriormente utilizado como parcela do valor contábil das ações da empresa VISANET, o fato de as operações que lhe deram origem, celebradas com empresas do grupo GOLDMAN SACHS, terem sido posteriormente "desfeitas". Assim, teria argumentado a autoridade tributária que, desfeitos os negócios que deram origem ao ágio, não poderiam subsistir apenas seus efeitos fiscais. Ao adotar tal entendimento, a decisão recorrida teria entrado em conflito com os Acórdãos nº 2802002.658 (proferido pela 2ª Turma Especial da 2ª Seção de Julgamento do CARF) e nº 10614.175 (julgado pela 6ª Câmara do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes). As decisões trazidas como paradigmas teriam, segundo a recorrente, diante da "mesmíssima situação de fato e de direito", adotado solução diametralmente oposta à abraçada pelo acórdão recorrido. Enquanto a decisão recorrida adota o entendimento de que, uma vez desfeito o negócio jurídico que deu causa ao ágio, este não poderia subsistir (ou seja, defende a relevância do desfazimento de um negócio para fins de tributação), os acórdãos paradigmas entendem que os efeitos tributários provocados por ocasião da celebração de um negócio são mantidos mesmo que ele seja desfeito. 2) Fundamentos exigíveis do ágio para fins de sua integração ao valor contábil de um bem Em seguida, a recorrente passa a tratar dos fundamentos que a autoridade tributária exigiu do ágio (em interpretação corroborada pelo acórdão recorrido) para que ele pudesse ser considerado como parte do valor contábil de um ativo. Ao abordar tais Fl. 3139DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 7 6 fundamentos, a recorrente e os acórdãos que ela aponta como paradigmas mencionam questões como a (des)necessidade de fundamento econômico, de propósito negocial ou de independência entre as partes na celebração do negócio que origina o ágio, além da (im)possibilidade de caracterização de um suposto abuso de direito. O recurso especial traz o relato de que o acórdão recorrido teria negado efeitos tributários ao ágio contabilizado pela recorrente porque ele careceria de fundamento econômico e porque as operações que lhe deram origem não possuiriam propósito negocial. Assim, entendeuse que o montante correspondente não poderia ser considerado para fins de integração ao valor contábil das ações da VISANET, transferidas à controladora da contribuinte em processo de redução de capital social. Por adotarem interpretação absolutamente diversa da exposta, diante de "mesmíssima situação de fato e de direito", a recorrente aponta três decisões paradigmas: Acórdãos nº 1302001.184, nº 110100.708 e nº 1101000.841. O primeiro acórdão foi proferida pela 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara e os demais, pela 1ª Turma Ordinária da 1ª Câmara, todas da 1ª Seção de Julgamento do CARF. Enquanto o acórdão recorrido defende que não pode ser objeto de integração ao valor contábil de um bem, para fins tributários, o ágio criado dentro de um grupo econômico, em operações meramente formais e desprovidas de outro propósito negocial que não a redução de tributos, os acórdãos paradigmas, em sentido contrário, entendem que é legítimo o ágio constituído de acordo com as normas legais, mesmo que gerado entre empresas pertencentes a um mesmo grupo. 3) Incidência de juros de mora sobre a multa de ofício Por fim, a recorrente aborda a questão da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Argumenta que o acórdão recorrido, ao afirmar que é devida a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, teria inaugurado dissenso jurisprudencial frente aos Acórdãos nº 910100.722, proferido pela 1ª Turma da CSRF, e nº 110300.193, proferido pela 3ª Turma Ordinária da 1ª Câmara da 1ª Seção de Julgamento. Defendendo terem sido devidamente demonstradas as divergências jurisprudenciais a respeito das três matérias que combate, a contribuinte pede que seu recurso especial seja recebido e processado. Além de defender a existência de divergência jurisprudencial entre os acórdãos recorrido e paradigmas em relação às matérias indicadas, a recorrente apresenta ainda uma série de alegações que deveriam, sob seu ponto de vista, provocar a reforma da decisão recorrida. Em suma, argumentase que: O registro do ágio de R$ 1.074.907.321,03 na contabilidade da contribuinte QUIXABA, em 23/04/2009, foi realizado em conformidade com a Lei nº 6.404/1976 e com o DecretoLei nº 1.598/1977, que determinavam a contabilização considerando o método de equivalência patrimonial: como o investimento originário de R$ 4.746.908.996,77, Fl. 3140DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 8 7 correspondente a 100% das quotas da PIRAPETINGA, foi trocado por um de R$ 3.672.001.675,74, relativo a 49,9% das ações da FERRARA, fezse necessário o registro da diferença entre tais valores a título de ágio; O ágio de R$ 1.074.907.321,03 (e sua parcela questionada nos presentes autos, no valor de R$ 483.708.294,46) foi pago pela recorrente com recursos financeiros internalizados por meio de contratos de câmbio identificados nos autos, oriundos da associação do grupo BRADESCO com o grupo estrangeiro GOLDMAN SACHS; O ágio contestado pela Fiscalização, no valor de R$ 483.708.294,46, é, portanto, parte do valor efetivamente pago pelo grupo GOLDMAN SACHS na aquisição de 49,9% das ações da empresa FERRARA (R$ 4.382.585.166,14); Com a redução do capital social de uma empresa investida, a FERRARA, a recorrente recebeu 49,9% das ações da VISANET que esta possuía, por seu valor contábil. Posteriormente, tais ações foram entregues à controladora da recorrente, a RUBI, também pelo seu valor contábil. Assim, não há que se falar em auferimento de ganho de capital; Tais operações fizeram parte da estratégia adotada pelo grupo BRADESCO, após o fim da associação com o grupo GOLDMAN SACHS, de agrupar as ações da VISANET sob o controle de uma única empresa para sua posterior oferta ao mercado por meio de uma operação de IPO; A associação entre os grupos BRADESCO e GOLDMAN SACHS visava estabelecer uma parceria operacional em que fossem aproveitados a visibilidade e o vasto portfólio do grupo brasileiro e a "expertise" e penetração no mercado mundial do grupo estrangeiro. A crise bancária mundial que teve início em setembro de 2008, porém, obrigou os grupos a recuarem e a desfazerem a associação recéminiciada; Assim, todas as operações realizadas entre os grupos BRADESCO e GOLDMSN SACHS possuíam propósito negocial, inclusive a redução de capital social da contribuinte QUIXABA; A teoria da necessidade de fundamento econômico e de propósito negocial, encampada pelo acórdão recorrido, é desprovida de fundamentação legal, contrária ao Código Tributário Nacional (CTN) e refutada pela maioria dos doutrinadores pátrios; Independentemente da validade de tal teoria, houve, no caso concreto, fundamento econômico nos atos praticados pela recorrente, fato que foi reconhecido pela Fiscalização, pela decisão de primeira instância, pela PGFN e até mesmo pelo acórdão recorrido. Todavia, a Administração adotou o entendimento equivocado de que tal fundamento econômico teria sido perdido com o "desfazimento do negócio" entre os grupos BRADESCO e GOLDMAN SACHS; Não houve o "desfazimento de negócio" como afirma o acórdão recorrido, mas apenas a celebração de um novo negócio, com a finalidade negocial própria de isolar os riscos de cada uma das instituições, por conta da crise financeira internacional de 2008; Ainda que tivesse havido um "desfazimento de negócio", tal operação seria irrelevante para fins tributários, de acordo com os arts. 116, 117 e 118 do CTN, com a doutrina, Fl. 3141DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 9 8 com a jurisprudência do CARF e do STJ e até mesmo com orientações emanadas pela própria Secretaria da Receita Federal do Brasil; Portanto, tanto a associação quanto a dissociação dos grupos BRADESCO e GOLDMAN SACHS tiveram finalidades negociais próprias. A primeira teve o objetivo de somar esforços, estruturas e marcas com o objetivo de maior ganho para as duas partes. A segunda, de isolar os riscos de cada das instituições envolvidas em um momento de absoluta incerteza; A única forma de convalidar o entendimento exposto no acórdão recorrido seria admitir que os grupos BRADESCO e GOLDMAN SACHS teriam decidido montar uma operação objetivando, exclusivamente e desde o início, a reavaliação de um lote de ações da VISANET por parte das empresas do grupo BRADESCO, o que consistiria de uma acusação gravíssima e carente de provas; No caso concreto, as operações que geraram o ágio questionado pela Fiscalização não foram internas, mas envolveram duas das maiores instituições financeiras do mundo. Com a entrada do grupo GOLDMAN SACHS, o lote de ações da VISANET adquiriu novo valor contábil, condizente com o que o grupo GOLDMAN SACHS concordou em pagar por ele; Laudo técnico elaborado pela PriceWaterhouseCoopers (PWC), empresa de auditoria terceirizada, de atuação e renome internacionais, atesta a total regularidade, sob os aspectos contábil e fiscal, das operações questionadas nos presentes autos; Pareceres jurídicos elaborados pelos Insignes Juristas Modesto Carvalhosa e Ruy Rosado de Aguiar Júnior também atestam a regularidade dos procedimentos adotados pela contribuinte e pelas demais empresas envolvidas e o equívoco contido nos autos de infração que originaram os presentes autos; Inexiste previsão legal de incidência da taxa SELIC sobre multas, seja moratória, seja de ofício, sendo possível sua aplicação somente sobre os tributos e contribuições objeto da autuação, nos precisos termos do art. 61 da Lei nº 9.430/1996. A contribuinte encerra seu recurso especial com o pedido de que este seja admitido e que seus termos sejam integralmente acolhidos para reformar a decisão recorrida, negandose provimento à ação fiscal e decretandose a completa insubsistência dos autos de infração. A irresignação da contribuinte foi submetida a juízo de admissibilidade, a fim de se verificar o atendimento aos requisitos regimentalmente exigidos dos recursos especiais. As conclusões foram expostas em despacho de 11/04/2016. O aludido despacho considerou cumpridos os requisitos formais de admissibilidade e passou a verificar a existência das alegadas divergências jurisprudenciais entre a decisão recorrida (Acórdão nº 1402001.917) e os vários paradigmas indicados. A este respeito, foram expostas as seguintes conclusões: Matéria "irrelevância do desfazimento de um negócio jurídico para fins de tributação": Do cotejo entre o acórdão recorrido e os acórdãos paradigmas nº 2802002.658 e nº 10614.175, Fl. 3142DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 10 9 concluiuse que os julgados tratam de situações fáticas significativamente distintas. As decisões paradigmas abordariam simples operações de compra e venda celebradas e posteriormente desfeitas entre pessoas físicas, enquanto o acórdão recorrido trataria de complexas operações (emissões e compras de notas promissórias bilionárias, aquisições de participações societárias e de empresas inteiras, reduções de capital social, transmissões de ações a controladoras com ágio etc) envolvidas na associação e posterior dissociação negocial entre dois grandes grupos financeiros. Assim, diante da falta de identidade fática entre as situações contrapostas, considerouse não configurada a divergência jurisprudencial suscitada em relação à matéria, restando desatendido requisito de admissibilidade do recurso especial previsto no caput do art. 67 do Anexo II do RICARF/2015; Matéria "fundamentos exigíveis do ágio para fins de sua integração ao valor contábil de um bem": Considerouse comprovada a existência de divergência jurisprudencial entre a decisão recorrida e os acórdãos paradigmas nº 1302001.184 e 110100.708. O terceiro paradigma apontado pela recorrente (Acórdão nº 1101000.841) foi descartado por conta da limitação quantitativa estabelecida pelo § 7º do art. 67 do Anexo II do RICARF/2015; Matéria "incidência de juros de mora sobre multa de ofício": Entendeuse demonstrado o dissídio jurisprudencial entre a decisão recorrida e os dois acórdãos paradigmas trazidos pela recorrente (nº 910100.722 e nº 110300.193). Portanto, o despacho que examinou a admissibilidade do recurso especial interposto pela contribuinte decidiu por darlhe seguimento parcial. Obtiveram seguimento duas das matérias recorridas: "fundamentos exigíveis do ágio para fins de sua integração ao valor contábil de um bem" e "incidência de juros de mora sobre multa de ofício". Em 09/08/2017, os autos foram eletronicamente remetidos para a ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para fins de ciência do teor do Acórdão nº 1402001.917, da interposição de recurso especial pela contribuinte, assim como de sua admissão parcial, em conformidade com o art. 70 do Anexo II do RICARF/2015. Em resposta, foram apresentadas, em 11/08/2017, contrarrazões às alegações da recorrente. Assim podem ser resumidas as alegações perfiladas pela Fazenda Nacional: As operações realizadas pelas empresas do grupo BRADESCO para fins de desfazimento da associação com o grupo GOLDMAN SACHS (aquisição da BRASÍLIA CAYMAN INVESTMENTS II LIMITED e compra da Nota Promissória de Taxa Flutuante emitida pela QUIXABA) tiveram como objetivo manter disponível para utilização o ágio originalmente registrado na PIRAPETINGA, por ocasião do aumento do capital social da FERRARA (quando tanto a PIRAPETINGA quanto a contribuinte QUIXABA ainda eram controlada pelo grupo GOLDMAN SACHS); Antes da incorporação de PIRAPETINGA, a FERRARA registrava as ações representativas de 18,598% do capital da VISANET por seu valor contábil de aproximadamente R$ 96 milhões. Com a incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA, em 23/04/2009, atribuiuse o ágio de R$ 2.145.514.389,05 ao valor contábil de tais ações; Além disso, a incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA teve como consequência o registro, na contabilidade da contribuinte QUIXABA, de um ágio de R$ 1.074.907.321,03, referente à diferença entre o valor de 100% das quotas da PIRAPETINGA Fl. 3143DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 11 10 (até então detidas diretamente pela contribuinte) e 49,9% das ações da FERRARA (que passaram ao controle direto da QUIXABA). Também surgiu em razão desta operação o ágio de R$ 483.708.294,46 questionado pela Fiscalização nos presentes autos; Em 24/04/2009, a FERRARA reduziu seu capital social em R$ 2.241.317.443,26 mediante a devolução de parte de seu ativo às suas duas sócias: a contribuinte QUIXABA e a empresa RUBI. O valor repassado às pessoas jurídicas controladoras da FERRARA consistiu da soma de R$ 95.803.054,21 (valor patrimonial das ações da VISANET) e R$ 2.145.514.389,05 (ágio associado a tais ações, inicialmente contabilizado na PIRAPETINGA, em 08/09/2008); Assim, verificase que o ágio de R$ 2.145.514.389,05, originado no negócio com o grupo GOLDMAN SACHS, foi utilizado pelas empresas do grupo BRADESCO para majorar o valor das ações da VISANET; Já em 30/04/2009, foi a vez da contribuinte autuada QUIXABA reduzir seu capital social por meio da entrega de ativos à sua controladora RUBI. O valor reduzido foi de R$ 1.602.125.703,02, que era composto da seguintes parcelas: R$ 47.805.724,24 (49,9% das ações da VISANET anteriormente detidas pela FERRARA); R$ 1.070.611.684,32 (49,9% do ágio associado às ações da VISANET, anteriormente registrado pela PIRAPETINGA e pela FERRARA); e R$ 483.708.294,46 (fração do ágio de R$ 1.074.907.321,03 registrado na QUIXABA por ocasião da incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA, correspondente à parte relativa a ações da VISANET envolvidas naquela operação); O valor contábil histórico das ações da VISANET, registrado na contabilidade da FERRARA antes do início das operações era, efetivamente, muito inferior ao seu valor de mercado. Por esta razão, o grupo GOLDMAN SACHS concordou em pagar um ágio de R$ 2,145 bilhões quando adquiriu a participação societária na FERRARA. O fundamento econômico de tal ágio era justamente o valor de mercado das ações da VISANET; O ganho de capital em relação às ações da VISANET é, portanto, incontroverso e é justamente sobre tal ganho que as empresas do grupo BRADESCO quiseram evitar a tributação. Para isso, as empresas componentes do grupo empresarial, aproveitando o desfazimento da associação com o grupo GOLDMAN SACHS, realizaram uma série de operações visando manter os registros contábeis relativos ao ágio que foram feitos na PIRAPETINGA. Pretendeuse, assim, aumentar o valor das ações da VISANET sem oferecer à tributação o respectivo ganho de capital; No caso específico do ágio de R$ 483.708.294,46, objeto de questionamento nos presentes autos, a contribuinte se aproveitou de uma reorganização societária interna do grupo BRADESCO (incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA) para registrar em sua contabilidade um ágio sem qualquer fundamento econômico válido, "fabricado" tãosomente para aumentar indevidamente o valor contábil das ações da VISANET e, consequentemente, reduzir o ganho de capital auferido na futura IPO de que tais ações viriam a ser objeto; O objetivo global do grupo BRADESCO era, portanto, após algumas reorganizações societárias intragrupo, atribuir ao valor contábil das ações da VISANET o montante do ágio registrado na RUBI. Essa expectativa se concretizou quando a RUBI integralizou aumento de capital na empresa COLUMBUS S.A., em 04/05/2009, por meio da conferência de ações da VISANET. O valor considerado para tais ações teve como Fl. 3144DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 12 11 contrapartida contábil um lançamento a crédito na conta "1.3.1.1.2.057 Ágio Visanet" no valor de R$ 2.629.222.683,51, formado pela soma de R$ 2.145.514.389,05 (ágio originalmente registrado na PIRAPETINGA) e R$ 483.708.294,46 (ágio originalmente registrado na QUIXABA e objeto específico de questionamento pela autoridade tributária no presente processo); Quando a autuada QUIXABA reduziu seu capital social, em 30/04/2009, e entregou ações da VISANET à sua sócia RUBI, o montante de R$ 483.708.294,46 não poderia ter sido atrelado ao valor contábil das ações como "ágio" pago, mas sim como ganho de capital da contribuinte, em razão da ausência de fundamento econômico do valor registrado na sua contabilidade; O ágio de R$ 483.708.294,46 não pode ser objeto de aproveitamento tributário pela recorrente por ter sido gerado em uma operação intragrupo, sem qualquer fundamento econômico ou propósito negocial; Para aproveitar o ágio, a pessoa jurídica deve têlo efetivamente suportado, ou seja, o ágio deve existir, deve ter propósito negocial e substrato econômico a justificar sua origem; Para existir, o ágio deve sempre ter como origem um propósito negocial (aquisição de um investimento) e um substrato econômico (transação comercial). Meros registros escriturais não podem ensejar o nascimento desta figura econômica e contábil; Por propósito negocial entendese a razão negocial que leva uma empresa a adquirir um investimento por valor superior àquele que originalmente custou ao alienante; O ágio deve sempre decorrer da efetiva aquisição de um investimento oriundo de um negócio comutativo, onde as partes contratantes, independentes entre si e ocupando posições opostas, tenham interesse em assumir direitos e obrigações correspondentes e proporcionais; A operação que dá origem ao ágio deve ainda ter substrato econômico, com o dispêndio de um gasto (econômico ou patrimonial) pelo adquirente e o respectivo ganho (também econômico ou patrimonial) pelo alienante. Sem essa troca de riquezas e da titularidade do investimento, não há que se falar em aquisição e, como consequência, em surgimento de ágio; A exigência do cumprimento de tais requisitos é reconhecida pela Comissão de Valores Mobiliários, por meio do OfícioCircular/CVM/SNC/SEP nº 01/2007, e pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, nos termos da Orientação Técnica OCPC nº 02/2008; A aquisição de um investimento por meio de mera escrituração artificial, sem a real materialização no mundo econômico, não é apta a gerar ágio cujo valor possa ser agregado ao custo contábil de ações de pessoas jurídicas; A contribuinte alega que o ágio teria sido amparado pelos recursos trazidos ao Brasil pelo grupo GOLDMAN SACHS mediante fechamento de contratos de câmbio, utilizados inicialmente na operação de aumento de capital da PIRAPETINGA. Ocorre que tais valores foram posteriormente devolvidos ao grupo GOLDMAN SACHS e o controle sobre as ações da VISANET voltou ao grupo BRADESCO. Assim, como a associação foi desfeita, não Fl. 3145DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 13 12 prospera a pretensão da recorrente de vincular a tais valores ao fundamento econômico discutido no presente processo; Além disso, a operação que gerou o ágio de R$ 483.708.294,46 foi realizada exclusivamente entre pessoas jurídicas que integravam o grupo BRADESCO, caracterizando tal ágio como interno e desprovido de fundamento econômico. Como a contabilização do ágio decorreu da incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA, não houve aquisição de investimento, geração de riqueza nova ou negócio celebrado entre partes independentes. O ágio decorreu de uma simples "reavaliação" de ativos que já pertenciam a empresas do grupo BRADESCO; Qualquer pessoa jurídica pode realizar operações como aumento de capital social, incorporação de outras empresas ou reavaliação de ativos. O que não se pode admitir é que tais operações sejam realizadas de forma artificial, com o único intuito de escapar da tributação; A QUIXABA entregou à RUBI ações da VISANET com acréscimo patrimonial, ou seja, por valor superior ao contábil, sem oferecer tais ganhos à tributação, em desconformidade com as determinações contidas nos arts. 418 e 419 do RIR/1999; A interpretação literal do art. 61 da Lei nº 9.430/1996, ao contrário do que defendem os partidários da tese da impossibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, leva à conclusão contrária, pelo cabimento de tal cobrança. Não se pode desconsiderar a presença da locução "decorrentes de" no texto do dispositivo; Da mesma forma, a interpretação teleológica do mesmo art. 61 da Lei nº 9.430/1996 leva à conclusão pela incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício. A ausência de atualização do valor da multa de ofício, após anos de discussão administrativa e judicial, esvaziaria seu impacto punitivo e educativo; Após o lançamento, o tributo e a multa de ofício são somados e passam a compor o crédito tributário, sobre o qual incidem os juros de mora. Assim, não há possibilidade de segregação das formas de correção de parcelas deste montante total; O Superior Tribunal de Justiça (STJ), outros Tribunais Superiores e o próprio CARF têm como jurisprudência preponderante a possibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício; O entendimento adequado, pautado na interpretação sistemática e finalística das normas tributárias envolvidas, é aquele segundo o qual incidem juros de mora sobre a multa de ofício, à taxa Selic. Por conta de tudo que expôs, a PGFN pede, ao final, que seja negado provimento ao recurso especial da contribuinte, mantendose o auto de infração impugnado. Os autos seguiram então para a CSRF para o julgamento do recurso especial. É o relatório. Fl. 3146DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 14 13 Voto Conselheiro Rafael Vidal de Araujo, Relator Embora a PGFN não tenha trazido, nas razões que contrapôs ao recurso especial interposto pela contribuinte QUIXABA EMPREENDIMENTOS E PARTICIPAÇÕES LTDA., alegações relativas ao conhecimento do instrumento recursal, julgo relevante examinar inicialmente tal tema, em virtude principalmente de discussão recentemente travada nesta mesma 1ª Turma da CSRF, por ocasião do julgamento de recurso especial apresentado por empresa relacionada à contribuinte autuada, em processo que trata de autos de infração oriundos do mesmo conjunto de operações societárias esquadrinhadas nos presentes autos. Conhecimento do recurso especial Conforme relatado, o ágio de R$ 483.708.294,46 que a contribuinte QUIXABA integrou ao valor contábil das ações da VISANET transferidas em 30/04/2009 à sua controladora é apenas uma fração do ágio que foi contabilizado pelas empresas do grupo BRADESCO por meio das operações societárias analisadas neste processo e que teve seu aproveitamento para fins tributários questionado pela Fiscalização. Tais operações são parte de um contexto maior, descrito pela Fiscalização e corroborado pelas manifestações da recorrente. O grupo estrangeiro GOLDMAN SACHS e o grupo nacional BRADESCO decidiram estabelecer uma parceria negocial que envolvia a aquisição, por empresas do primeiro grupo, de 9,28% das ações da VISANET, então detidas pela empresa FERRARA, integrante do grupo brasileiro. Assim, a alienação de tais ações foi celebrada em 08/09/2008 por meio da integralização de aumento de capital da FERRARA pela PIRAPETINGA, empresa nacional controlada pelo grupo GOLDMAN SACHS. Após tal operação, que provocou o registro de ágio de R$ 2.145.514.389,05 na PIRAPETINGA, esta empresa passou a deter 49,9% do capital social da FERRARA e, de forma indireta, 9,28% das ações da VISANET. Em meados daquele mês de setembro de 2008, eclodiu a crise financeira mundial desencadeada pelo pedido de concordata do banco americano Lehman Brothers. Diante do cenário de total incerteza, os dois grupos financeiros decidiram recuar na parceria recéminiciada. Assim, em dezembro de 2008, foram realizadas novas operações visando o "desfazimento" da associação entre os grupos financeiros. Os valores pagos pelas empresas ligadas ao grupo GOLDMAN SACHS foram devolvidos e o controle sobre os 9,28% das ações da VISANET voltou ao grupo BRADESCO. As operações levadas a cabo para possibilitar a dissociação dos grupos econômicos implicaram na mudança de controle das empresas BRASÍLIA CAYMAN INVESTMENTS II LIMITED (BCI II), sua controlada QUIXABA e a controlada desta última, a PIRAPETINGA, em cuja contabilidade havia o registro do ágio de R$ 2.145.514.389,05. Fl. 3147DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 15 14 A Fiscalização afirma que todas as operações societárias praticadas pelas empresas do grupo BRADESCO a partir deste momento tiveram o objetivo de aproveitar o ágio já registrado na PIRAPETINGA (que teria perdido seu fundamento econômico com o "desfazimento" da associação com o grupo GOLDMAN SACHS) para fins de redução do ganho de capital já previsto na futura alienação, por meio de uma IPO, das ações da VISANET detidas pelo grupo BRADESCO. Além deste ágio, que a Fiscalização considera ter perdido o fundamento econômico, empresas do grupo BRADESCO ainda criaram, por meio de operações praticadas entre elas, parcelas adicionais de ágio com a intenção de agregálas ao valor contábil das ações VISANET, reduzindo ainda mais o ganho de capital já esperado. Uma das parcelas criadas por meio de operações societárias celebradas exclusivamente entre empresas do grupo BRADESCO é justamente o ágio de R$ 483.708.294,46 discutido nos presentes autos. Como já se mencionou, tal valor é parte do ágio de R$ 1.074.907.321,03, contabilizado pela QUIXABA em 23/04/2009, em decorrência da incorporação da PIRAPETINGA pela FERRARA. Outra parcela de ágio gerada internamente, no entendimento da Fiscalização, diz respeito ao sobrepreço de R$ 305.675.950,64 desembolsado pela RUBI HOLDINGS LTDA. em 11/12/2008, na aquisição, junto à BCI II (àquela altura já integrante do grupo BRADESCO), da integralidade da quotas da QUIXABA. Tal ágio foi considerado pela RUBI como parte do valor contábil das 253.820.700 ações da VISANET que utilizou, em 04/05/2009, para subscrever aumento de capital da empresa COLUMBUS HOLDINGS. A Fiscalização entendeu que o valor das ações considerado na operação era superior ao contábil, o que caracterizaria ganho de capital não reconhecido pela contribuinte. Em virtude disso, foram lavrados autos de infração de IRPJ e CSLL sobre tal ganho de capital, objeto do processo administrativo tributário nº 16327.720432/201230. Delineado o conjunto das operações societárias examinadas pela Fiscalização e identificada a relação entre os presentes autos e os de nº 16327.720432/201230, julgo necessário examinar o que se decidiu a respeito do conhecimento do recurso especial interposto naquele processo pelo sujeito passivo RUBI: "O despacho de exame de admissibilidade (efls. 3019/3042) deu seguimento ao recurso especial da Contribuinte, para as matérias (1) fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem, para fins de apuração de ganho de capital, e (2) incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Contudo, peço vênia para discordar parcialmente do exame. Entendo que restou demonstrada a divergência na legislação da interpretação tributária entre decisão recorrida e paradigma apenas para a matéria incidência de juros de mora sobre a multa de ofício, razão pela qual dou seguimento nesta parte, adotando as razões do despacho de exame de admissibilidade. Em relação à matéria "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem, para fins de apuração de ganho de capital", não há que se falar em divergência na interpretação da Fl. 3148DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 16 15 legislação tributária, porque, ao se efetuar o cotejo entre decisão recorrida e decisões paradigma, verificase que (1) partem de suportes fáticos distintos e (2) as autuações fiscais não compartilham das mesmas premissas. Os presentes autos tratam de uma situação bastante específica, com várias particularidades. Em brevíssima síntese, trata da negociação entre o Grupo Bradesco (do qual faz parte da Contribuinte, RUBI HOLDINGS), e o Grupo Goldman Sachs (GGS), no qual o Grupo Bradesco alienou uma participação societária de 9,28% da VISANET. Foram empreendidas uma série de arranjos societários entre empresas do Grupo Bradesco e GGS para operacionalizar a aquisição das ações, mas todo o negócio foi desfeito com a devolução ao comprador do dinheiro corrigido por juros. Ocorre que, em razão das operações preparatórias para celebração do negócio, as ações da VISANET detidas pelo Grupo Bradesco foram reavaliadas, com registro de ágio. Posteriormente, em uma IPO, com participação do Grupo Bradesco, as ações ordinárias foram vendidas a valor de mercado. E, em razão do registro do ágio ocorrido nas operações preparatórias para venda das ações para o GGS, o ganho de capital foi neutralizado/diminuído. A Fiscalização contestou o registro do ágio, por entender que as operações que deram ensejo à reavaliação das ações teriam perdido o objeto, em razão do desfazimento do negócio com a GGS, e efetuou lançamento de ganho de capital (art. 418 do RIR/99). A Fiscalização descreve com detalhamento as operações que deram origem à ação fiscal. Esclarece que, na IPO da VISANET, que teve o Grupo Bradesco como participante, ocorreram uma série de operações para o lançamento das ações. O Grupo Bradesco subscreveu o capital social da COLUMBUS HOLDING com ações da VISANET que foram entregues por empresas do grupo, como o BANCO ALVORADA, O BANCO BOAVISTA, ALVORADA CARTÕES, ELBA HOLDINGS e a Contribuinte, RUBI HOLDINGS. Discorre a autoridade fiscal que, apesar das ações no IPO terem sofrido substancial valorização (da ordem de 3.160%, três mil cento e sessenta por cento), não foi apurado ganho de capital, por conta do ágio registrado. A ação fiscal, nesse contexto, direcionouse na apuração da origem das ações da VISANET e do seu custo de aquisição. Ao investigar a evolução do valor das ações, deparouse com a negociação empreendida entre o Grupo Bradesco e a GGS. O GGS efetuaria a aquisição de participação societária de 9,28% da VISANET detida pelo Grupo Bradesco. Para operacionalizar o negócio, o alienante venderia 49,9% da participação da FERRARA (que era controlada pela Contribuinte). O GSS utilizou a empresa do seu grupo, PIRAPETINGA (controlada pela QUIXABA, que era controlada pelo grupo BCI), para a aquisição da participação societária da FERRARA. Com a crise econômica de setembro de 2008, no qual se consumou o pedido de concordata do banco Lehman Brothers, consolidouse cenário adverso, tanto para a GGS quanto para o Grupo Bradesco. Nesse contexto, iniciaramse as tratativas para o desfazimento do negócio. O desfazimento do negócio incluiu, dentre outras operações, a compra pelo Grupo Bradesco da BCI (que era do GSS e havia comprado a participação societária da VISANET). Assim, o Grupo Bradesco passou a deter o Fl. 3149DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 17 16 controle da participação da VISANET. Também, passou a controlar o grupo BCI ( que controlava a QUIXABA e a PIRAPETINGA). E, no que concerne ao objeto da autuação fiscal, a Contribuinte (RUBI HOLDINGS), efetuou a aquisição do capital social da QUIXABA, o que permitiu a RUBI HOLDINGS a controlar novamente as ações da VISANET. Na aquisição das ações, foi registrado ágio de R$305.675.950,64. Sobre a operação, discorre a autoridade fiscal (efl. 2226): O saldo da conta 1.3.1.1.2.054 Ágio Quixaba Empreendimentos e Participações Ltda, refletia o ágio contabilizado pela própria Rubi quando da aquisição da empresa Quixaba, conforme foi abordado no item 1.4.1. Reportando ao item 1.4.1 verificamos que apesar da empresa tentar contabilizar a aquisição da Quixaba como uma nova aquisição ela se insere em todo o processo de "desfazimento" do negócio entre os Grupos Goldman Sachs e Bradesco. Em seguida, a Contribuinte (RUBI HOLDINGS), subscreveu o capital da COLUMBUS HOLDINGS com a participação das ações da VISANET, vez que o Grupo Bradesco utilizouse da COLUMBUS HOLDINGS para o IPO da VISANET. E se encontra precisamente na operação de subscrição das ações o ganho de capital auferido pela RUBI HOLDINGS, vez que entendeu a Fiscalização que o valor do ágio de R$305.675.950,64 não poderia integrar a base de cálculo. Transcrevo conclusão do Termo de Verificação Fiscal (efls. 2234/2235): Iremos tratar apenas do ágio de R$ 305.675.950,64, criado dentro da própria Rubi, em 11/12/2008, quando esta adquiriu as cotas do capital social da Quixaba, e que foi denominado como "Ágio Quixaba Empreendimentos e Participações Ltda". (...) Não existia o menor fundamento econômico de atribuirse um ágio para esta aquisição, primeiro porque a Quixaba já pertencia ao Grupo Bradesco e segundo porque o único ativo relevante da Quixaba era a participação na Visanet que na prática estava retornando para o controle indireto da Rubi, ou seja, tratavase de uma recomposição do "Status quo ante" devido ao "desfazimento" de uma venda. Considerar este valor como um ágio legítimo seria equivalente a afirmar que a Rubi pagou um ágio por um ativo que já lhe pertencia, no caso as ações da Visanet. A Rubi acertadamente contabilizou, em 31/12/2008, o valor de R$ 305.675.950,64 a crédito na conta redutora de ativo 1.3.1.1.7.012 Provisão Amortização Ágio Outras Empresas, eliminando do valor contábil da Quixaba os efeitos do ágio. Entretanto ao subscrever o capital da Columbus, a Rubi atribuiu apenas o valor do ágio ao valor contábil das ações da Visanet. Fl. 3150DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 18 17 Caso a Rubi tivesse utilizado também o valor da provisão ela eliminaria o ágio e o valor de R$ 305 milhões não seria acrescido ao valor contábi das ações Visanet. (...) Apesar do valor de R$ 305 milhões estar denominado como "Ágio Quixaba Empreendimentos e Participações Ltda" na contabilidade da Rubi e o contribuinte ter a liberdade de atribuílo ao valor contábil das ações Visanet, o "Ágio Quixaba Empreendimentos e Participações Ltda" não poderia reduzir o valor tributável previsto no artigo 418 do RIR/99, pela falta de essência econômica e ainda pelas seguintes razões: I) Este ágio era fruto dá aquisição da Quixaba, que já pertencia ao Grupo Bradesco e se inseria no processo de "desfazimento" da venda da participação na Visanet; II) Ao se desfazer a venda, este ágio não poderia ser atribuído ao único ativo que era o objeto da venda e que na realidade estava retornado ao controle da Rubi, através da aquisição da Quixaba; III) A avaliação da Visanet feita pela Rubi contrariava as evidências de mercado e da própria operação de venda que foi desfeita; e IV) Na composição deste ágio foram inseridos valores que não tinham a menor relação com o valor das ações da Visanet. Portanto a Rubi subscreveu o capital da Columbus pelo valor de R$ 3.048.063.870,81, entregando ações da Visanet cujo valor contábil, para efeitos tributários, deveria ser composto apenas do seu,valor patrimonial de R$ 113.165.236,66, acrescido do ágio de R$ 2.629.222.683,51, já tributado na redução do capital da Ferrara e da Quixaba, resultando em um valor tributável de ganho de capital de R$ 305.675.950,64. (Grifei) Como se pode observar, a autuação fiscal referese a ganho de capital decorrente da subscrição do capital de empresa holding do Grupo Bradesco (COLUMBUS HOLDING) com participação societária (ações da VISANET) da Contribuinte, investimento (VISA) a ser objeto de IPO. O ganho de capital foi auferido porque se entendeu que não existiria ágio gerado em razão de um negócio celebrado anteriormente envolvendo as mesmas ações da VISANET, no qual o Grupo Bradesco alienaria a participação societária da VISANET grupo estrangeiro (Goldman Sachs), que ensejou uma série de reestruturações societárias no qual as ações haviam sofrido uma reavaliação, mas que foi desfeito, e as reestruturações do Grupo Bradesco foram "refeitas". O aproveitamento da despesa do ágio ocorre mediante ocorrência de dois eventos: primeiro, quando há uma separação entre o investidor e o investimento, que pode ocorrer quando o investidor aliena a investida, quando, para se apurar o ganho de capital, considerase na apuração da base de cálculo o valor do sobrepreço contabilizado (art. 33 do DecretoLei nº 1.598, de 1977). Segundo, quando ocorre a comunicação (casamento) dos patrimônios do investidor e investida (arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997). Fl. 3151DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 19 18 O caso dos autos tratam dos dois eventos: a autuação fiscal diz respeito ao ganho de capital que foi neutralizado em razão do aproveitamento do ágio na alienação da participação societária da VISANET, e o surgimento do ágio decorreu do sobrepreço avaliado nas ações da VISANET que surgiu em razão de negócio jurídico que tratou da transferência dessas ações para a GGS e que posteriormente foi desfeito. Ora, não há qualquer comunicação com o suporte fático tratado pelos acórdãos paradigma. Tanto no primeiro quanto no segundo (acórdãos nº 1302001.184 e 110100.708, discorrem exclusivamente sobre aproveitamento de despesa de amortização de ágio no evento de comunicação (casamento), ou seja, em operações de aquisição de investimento com sobrepreço seguidas dos eventos de modificação societária (fusão, incorporação ou cisão) previstos nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532, de 1997, no qual se conclui sobre a legitimidade de operações no âmbito de um mesmo grupo econômico, a desnecessidade de desembolso de valores para a licitude da operação e a liberdade para se adotar planejamento tributário. Ambos os acórdãos tratam de operações no qual a autoridade fiscal entendeu terem ocorrido dentro de um mesmo grupo econômico, sendo que no acórdão nº 110100.708 ("caso Gerdau") a reorganização deuse no contexto do art. 36 da Lei nº 10.637, de 2002. Na realidade, o que se observa é que a aplicação do entendimento dos paradigmas não seria suficiente para resolver o litígio dos presentes autos. A partir do momento em que o Contribuinte não logrou demonstrar a necessária divergência na interpretação tributária para a primeira matéria (para fins tributários, o desfazimento de um negócio não teria relevância), razão pela qual não foi admitida pelo despacho de exame de admissibilidade, restou consumada a insuficiência recursal. Isso porque a principal motivação da acusação fiscal foi a de que com o desfazimento do negócio entre o Grupo Bradesco e o Grupo Goldman Sachs as reorganizações preparatórias entre as empresas dos grupos que teriam provocado a valorização das ações da VISANET teriam perdido o objeto. E tal matéria não teve o seguimento para exame de mérito. E, como já visto, analisandose os acórdãos paradigma da matéria que foi admitida (fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem, para fins de apuração de ganho de capital), verificase que em nenhum momento trata dos efeitos de desfazimento de operação de compra e venda na reavaliação de investimentos submetidos ao Método de Equivalência Patrimonial. Percebese, com clareza, que a divergência que teve seguimento no despacho de exame de admissibilidade (representada pelos acórdãos paradigma nº 1302001.184 e 110100.708) não se mostra suficiente para reformar a decisão recorrida em relação à matéria "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem, para fins de apuração de ganho de capital". Diante do exposto, voto no sentido de não conhecer do recurso especial da Contribuinte em relação à matéria "fundamentos que permitem a criação Fl. 3152DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 20 19 de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem, para fins de apuração de ganho de capital"." (destaques no original) Durante a sessão de julgamento do recurso especial apresentado pela RUBI no processo nº 16327.720432/201230, fui convencido pelos argumentos brilhantemente expostos pelo i. Conselheiro Relator de que o caso era, efetivamente, de não conhecimento no que dizia respeito à matéria "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem". Prevaleceu naquele julgamento o entendimento de que não existia similitude fática entre os casos concretos analisados pelo acórdão recorrido (Acórdão nº 1402001.926) e pelas decisões apontadas pela recorrente como paradigmas: Acórdãos nº 1302001.184 e nº 110100.708, o que impossibilitaria a caracterização da divergência jurisprudencial necessária ao conhecimento da matéria em foco. Entendeuse que a reorganização societária promovida pelas empresas do grupo BRADESCO envolveria a intenção de aproveitar tributariamente o ágio tanto mediante a regra estabelecida pelo art. 33 do DecretoLei nº 1.598/1977 (separação entre investidor e investimento) quanto por meio do disposto nos arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 (comunicação ou casamento dos patrimônios de investidor e investida). Já os casos abordados em ambos os acórdãos paradigmas tratariam exclusivamente de tentativa de dedução de despesas decorrentes da amortização do ágio (ou seja, da comunicação ou casamento dos patrimônios de investidor e investida). Além disso, apontouse que os paradigmas trataram exclusivamente do chamado "ágio interno", surgido em operações celebradas somente entre empresas pertencentes ao mesmo grupo econômico, enquanto o Acórdão nº 1402001.926 abordariam operações societárias muito mais complexas e que envolveriam aporte de recursos por grupo estrangeiro independente da empresa fiscalizada. Por fim, o Acórdão nº 9101003.009 (que julgou o recurso especial da RUBI no processo nº 16327.720432/201230) considerou ainda que, além da ausência de similitude fática, o recurso não poderia ser conhecido em relação à matéria "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem" também por conta da insuficiência recursal. Argumentouse que somente seria possível o cancelamento dos créditos tributários discutidos se a primeira matéria abordada no recurso especial ("irrelevância, para fins tributários, do desfazimento de um negócio") tivesse obtido seguimento para julgamento pela CSRF. Como não houve a demonstração da divergência jurisprudencial exigida para fins de admissibilidade da matéria, não seria possível debater, em sede de julgamento do recurso especial, a principal motivação da autoridade fiscal para negar fundamento econômico ao ágio que as empresas do grupo BRADESCO pretendiam aproveitar: com o desfazimento da associação entre os grupos econômicos, as reorganizações preparatórias que teriam provocado a valorização das ações da VISANET teriam perdido seu objeto. Assim, mesmo que a matéria "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem" fosse conhecida, sua discussão não seria suficiente para operar os efeitos recursais desejados pela recorrente. Fl. 3153DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 21 20 O voto do Conselheiro Relator do Acórdão nº 9101003.009 pelo não conhecimento do recurso especial em relação à matéria citada foi acatado por unanimidade por esta 1ª Turma da CSRF. E entendo que as considerações feitas naquele caso são integralmente aplicáveis ao recurso especial que ora se analisa. A autuação fiscal objeto dos presentes autos decorre exatamente da mesma reorganização societária examinada no processo nº 16327.720432/201230 (o mesmo procedimento fiscal resultou em lançamentos contra várias empresas do grupo BRADESCO). O recurso especial interposto pela QUIXABA combate exatamente as mesmas matérias encontradas no recurso da RUBI, indicando precisamente os mesmos acórdãos paradigmas a respeito de cada uma das matérias. Por fim, o despacho que examinou a admissibilidade do recurso da QUIXABA chegou exatamente às mesmas conclusões encaradas pela RUBI: seguimento para as matérias "fundamentos que permitem a criação de um ágio que possa ser integrado ao valor contábil de um bem" e "incidência de juros de mora sobre multa de ofício" e negativa de seguimento para a matéria "irrelevância, para fins tributários, do desfazimento de um negócio". Assim, adoto integralmente os argumentos já expostos e voto por NÃO CONHECER do recurso especial interposto pela contribuinte em relação à matéria "fundamentos exigíveis do ágio para fins de sua integração ao valor contábil de um bem", conhecendoo somente no que diz respeito à matéria "incidência de juros de mora sobre multa de ofício. Juros de mora sobre a multa de ofício A recorrente questiona ainda o acórdão recorrido por este ter se posicionado no sentido de que é cabível a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Argumenta que inexiste previsão legal que ampare tal cobrança. Se equivoca a contribuinte ao afirmar que tal cobrança estaria desamparada pela legislação tributária. A cobrança de juros de mora sobre os créditos não pagos até a data de vencimento é prevista no art. 161 do CTN, nos seguintes termos: Art. 161. O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de um por cento ao mês. § 2º O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito. A expressão "crédito", utilizada no caput do artigo reproduzido, obviamente se refere ao crédito tributário, pela própria natureza do diploma legal que habita. Para se definir o alcance de tal expressão, recorrese a outro dispositivo do CTN: Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Fl. 3154DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 22 21 Já a definição de obrigação principal, mencionada no art. 139 do CTN, é trazida pelo §1º do art. 113 do mesmo Código. Tal obrigação tem por objeto o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. In verbis: Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extinguese juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária. O critério utilizado pelo CTN para enquadrar determinada obrigação tributária como principal é, portanto, seu conteúdo pecuniário. Uma vez que a multa de ofício tem a característica de penalidade pecuniária, fica claro que ela integra a obrigação principal, ao lado dos tributos. Interpretando em conjunto os dispositivos reproduzidos, concluise que incidem juros de mora sobre os créditos tributários não integralmente pagos no vencimento (art. 161) e que tais créditos decorrem da obrigação principal (art. 139), englobando o tributo e a multa de ofício (art. 113, §1º). Assim, a conclusão construída é a de que o CTN prevê a incidência de juros de mora sobre a multa de ofício proporcional. Os defensores da tese da ilegalidade da cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício argumentam que a interpretação literal do caput do art. 161 do CTN impossibilitaria tal incidência em razão da presença da expressão "sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis". Se a penalidade referente à multa de ofício já estiver contemplada na expressão "crédito não integralmente pago no vencimento", a que outras penalidades cabíveis estaria se referindo o legislador? indagam. Ocorre que, frequentemente, a interpretação de uma norma tributária demanda a consideração da realidade jurídica e fática a que se aplica. Mais do que isso, a norma deve ser interpretada sistematicamente, levandose em conta todo o sistema tributário pátrio. A este respeito, examinese a interessante colocação da Ilustre Conselheira Viviane Vidal Wagner, designada para redigir o voto vencedor do Acórdão CSRF nº 9101 00.539, de 11/03/2010: "Contudo, uma norma não deve ser interpretada isoladamente, especialmente dentro do sistema tributário nacional. No dizer do jurista Juarez Freitas (2002, p.70), "interpretar uma norma é interpretar o sistema inteiro: qualquer exegese comete, direta ou obliquamente, uma aplicação da totalidade do direito." Merece transcrição a continuidade do seu raciocínio: Fl. 3155DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 23 22 "Não se deve considerar a interpretação sistemática como simples instrumento de interpretação jurídica. E a interpretação sistemática, quando entendida em profundidade, o processo hermenêutico por excelência, de tal maneira que ou se compreendem os enunciados prescritivos nos plexos dos demais enunciados ou não se alcançará compreendêlos sem perdas substanciais. Nesta medida, mister afirmar, com os devidos temperamentos, que a interpretação jurídica é sistemática ou não é interpretação." (A interpretação sistemática do direito, 3.ed. São Paulo: Malheiros, 2002, p. 74). Daí, por certo, decorrerá uma conclusão lógica, já que interpretar sistematicamente implica excluir qualquer solução interpretativa que resulte logicamente contraditória com alguma norma do sistema." Sendo assim, a melhor interpretação a ser dada ao art. 161 do CTN é, sem dúvida, aquela que guarda harmonia com os demais dispositivos daquele Código que tratam do tema sob análise, quais sejam, os arts. 113 e 139. Além do CTN, a Lei nº 9.430/1996, em seu art. 61, caput e §3º, também dispõe sobre o cabimento de juros de mora sobre multa de ofício: Art. 61. Os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, cujos fatos geradores ocorrerem a partir de 1º de janeiro de 1997, não pagos nos prazos previstos na legislação específica, serão acrescidos de multa de mora, calculada à taxa de trinta e três centésimos por cento, por dia de atraso. (Vide Decreto nº 7.212, de 2010) (...) §3º Sobre os débitos a que se refere este artigo incidirão juros de mora calculados à taxa a que se refere o §3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. (Vide Medida Provisória nº 1.725, de 1998) (Vide Lei nº 9.716, de 1998) Depreendese do artigo reproduzido que incidem juros de mora sobre os débitos para com a União, decorrentes de tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, não pagos nos prazos previstos pela legislação específica. A multa de ofício se amolda perfeitamente a tal definição, já que sua cobrança decorre, entre outras hipóteses, da falta de pagamento de imposto ou contribuição, nos termos do inciso I do art. 44 da Lei nº 9.430/1997. Sendo assim, a exemplo do que ocorre com o art. 161 do CTN, também o art. 61 da Lei nº 9.430/1997 fundamenta a possibilidade de incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Corrobora ainda tal entendimento o art. 43 da Lei nº 9.430/1997 que, em seu parágrafo único, prevê expressamente a incidência de juros de mora sobre a multa exigida isoladamente. Assim, vêse que a legislação não enxerga incompatibilidade entre os juros de mora e uma multa pecuniária de caráter punitivo: Fl. 3156DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 24 23 Art. 43. Poderá ser formalizada exigência de crédito tributário correspondente exclusivamente a multa ou a juros de mora, isolada ou conjuntamente. Parágrafo único. Sobre o crédito constituído na forma deste artigo, não pago no respectivo vencimento, incidirão juros de mora, calculados à taxa a que se refere o § 3º do art. 5º, a partir do primeiro dia do mês subseqüente ao vencimento do prazo até o mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês de pagamento. O Egrégio Superior Tribunal de Justiça já se pronunciou a respeito da legalidade da cobrança de juros de mora nos moldes praticados no presente processo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. JUROS DE MORA SOBRE MULTA. INCIDÊNCIA. PRECEDENTES DE AMBAS AS TURMA QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ. 1. Entendimento de ambas as Turmas que compõem a Primeira Seção do STJ no sentido de que: ‘É legítima a incidência de juros de mora sobre multa fiscal punitiva, a qual integra o crédito tributário.’ (REsp 1.129.990/PR, Rel. Min. Castro Meira, DJ de 14/9/2009). De igual modo: REsp 834.681/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, DJ de 2/6/2010. 2. Agravo regimental não provido. (STJ, 1ª T., AgRg no REsp 1335688/PR, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, dez/2012) Por fim, tanto o §3º do art. 61 quanto o parágrafo único do art. 43, ambos da Lei nº 9.430/1997, fazem alusão à taxa aplicável a título de juros de mora: taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC, para títulos federais. Quanto a este ponto, a matéria já foi inclusive pacificada por meio da edição da Súmula CARF nº 4: Súmula CARF nº 4: A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais. Assim, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso especial da contribuinte em relação ao seu pedido de afastamento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Desse modo, sumariando os entendimentos expostos, voto no sentido de NÃO CONHECER do recurso especial interposto pela contribuinte em relação à matéria "fundamentos do ágio para fins de integração ao valor contábil de um bem" e, na parte conhecida, por NEGAR PROVIMENTO ao pedido de afastamento da incidência de juros de mora sobre a multa de ofício. Fl. 3157DF CARF MF Processo nº 16327.720431/201295 Acórdão n.º 9101003.166 CSRFT1 Fl. 25 24 (assinado digitalmente) Rafael Vidal de Araújo Fl. 3158DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10183.003753/2006-23
Turma: Primeira Turma Ordinária da Primeira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Primeira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 19 00:00:00 UTC 2010
Ementa: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR
Exercício: 2002
Ementa:
ITR — EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO - ÁREA DE UTILIZAÇÃO
LIMITADA - RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO - ATO CONSTITUTIVO.
A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 2101-00.706
Decisão: ACORDAM os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR
provimento ao recurso, nos termos do voto da relatora.
Nome do relator: Ana Neyle Olímpio Holanda
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conteudo_txt : Metadados => date: 2010-12-21T10:31:46Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2010-12-21T10:31:44Z; Last-Modified: 2010-12-21T10:31:46Z; dcterms:modified: 2010-12-21T10:31:46Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; xmpMM:DocumentID: uuid:de11c4af-ea2d-44b7-9cd4-a39d2743ae05; Last-Save-Date: 2010-12-21T10:31:46Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2010-12-21T10:31:46Z; meta:save-date: 2010-12-21T10:31:46Z; pdf:encrypted: false; modified: 2010-12-21T10:31:46Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2010-12-21T10:31:44Z; created: 2010-12-21T10:31:44Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 6; Creation-Date: 2010-12-21T10:31:44Z; pdf:charsPerPage: 1030; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2010-12-21T10:31:44Z | Conteúdo => S2-CITI Fl. 222 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo n" 10183.00375.3/2006-23 Recurso n" 343.726 Voluntário Acórdão n" 2101-00.706 — 1" Câmara / 1" Turma Ordinária Sessão de 19 de agosto de 2010 Matéria ITR Recorrente AGROPECUÁRIA RIO DAS ANTAS S/A Recorrida FAZENDA NACIONAL Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - 1TR Exercício: 2002 Ementa: ITR — EXCLUSÃO DA BASE DE CÁLCULO - ÁREA DE UTILIZAÇÃO LIMITADA - RESERVA LEGAL — AVERBAÇÃO - ATO CONSTITUTIVO. A averbação no registro de imóveis da área eleita pelo proprietário/possuidor é ato constitutivo da reserva legal; portanto, somente após a sua prática é que o sujeito passivo poderá suprimi-la da base de cálculo para apuração do ITR. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do Co a 9, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, nos termos do voto da øÍatora. CAIS MARCOS CÂ .DIDO — Presidente CD, x_ , ibiEff LE OLIMInI0 HOLAND — Relatora EDITADO EM: 2 2 OU ' Participaram do presente julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Ana Neyle Olímpio Holanda, Alexandre Naoki Nishioka, José Raimundo Tosta Santos, Odmir Fernandes e Gonçalo Bonet Allage. Relatório Trata o presente processo de auto de infração que diz respeito a imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), referente ao imóvel denominado Fazenda Aprasa, localizado no município de Porto dos Gaúchos (MT), por meio do qual se exige do sujeito passivo acima identificado o montante de RS 294.023,21, a título de imposto, acrescido da multa de oficio equivalente a 75% do valor do tributo apurado, além de juros de mora, em face da glosa de valores apresentados na declaração do tributo, referente ao exercício 2002, com supedâneo nos artigos 1°, 7 0, 90, 10, 11 e 14 da Lei n" 9.393, de 19/11/1996, nos seguintes moldes: i) Área de Utilização Limitada — Reserva Legal — 13.862,50 ha para 0,00 ha. 2. Em contraposição ao lanOmento, foi apresentada a impugnação de fls. 64 a 95, 3. Submetida a lide a julgamento, os membros da 1° Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Campo Grande (MS) acordaram por dar o lançamento como procedente, resumindo o seu entendimento nos termos da ementa a seguir transcrita: Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR Exercício: . 2002 ÁREAS DE RESERíTA LEGAL. Por expressa determinação legal, as áreas de reserva legal para efeito de exclusão do ITR devem ser tempestivamente declaradas junto ao IBAMA através de Ato Declaratório Ambiental ADA, além de estarem averbadas à margem do registro imobiliário. Lançamento Procedente. 4, Intimado aos 08/09/2008, o sujeito passivo apresenta sua irresignação por meio de recurso voluntário tempestivo (fls 154 a 167). 5. No apelo interposto, o sujeito passivo apresenta, em síntese, os seguintes argumentos em sua defesa: I — a Área de Reserva Legal, na extensão de 14,716,6047 ha de vegetação nativa, foi constata em procedimento administrativo pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEMA) — Mato Grosso; II — o ADA não é documento competente para comprovar a Área de Reserva Legal, e sua exige exigência pelo fisco fere os princípios administrativos. 6. Ao final, defende o provimento do recurso para o cancelamento do auto de infração guerreado), 2 Processo n° 10183 00375.3/2006-23 S2-C1T/ Acórdão n ° 2101-00,706 Fl 223 7, Vieram os autos a julgamento neste colegiado, de acordo com as determinações de competência veiculadas pela Portaria MF n° 256, de 22/06/2009, em seu artigo 3°, TIL É o Relatório. Voto Conselheira Ana Neyle Olímpio Holanda, Relatora O recurso preenche os requisitos para sua admissibilidade, dele tomo conhecimento„ O objeto do presente processo é o auto de infração que diz respeito a imposto sobre a propriedade territorial rural (ITR), referente ao imóvel denominado Fazenda Aprasa, localizado no município de Porto dos Gaúchos (MT), no exercício 2002, em face da glosa de valores apresentados na declaração do tributo, por falta de comprovação, mediante documentação hábil e idônea das informações prestadas na declaração do ITR, a título de: i) Área de Utilização Limitada Reserva Legal — 13.862,50 ha para 0,00 ha, O lançamento se animou na ausência do Ato Declaratório Ambiental (ADA) e na falta da sua averbação à margem da inscrição da matrícula do imóvel, no cartório de registro de imóveis competente. A exigência do Ato Declaratório Ambiental (ADA), para efeito de exclusão da base de cálculo do ITR das áreas de preservação permanente e de utilização limitada, assim entendidas as áreas de reserva legal, áreas de reserva particular de patrimônio natural e áreas de declarado interesse ecológico, e de outras áreas passíveis de exclusão, como áreas com plano de manejo florestal e áreas para reflorestamento, se fez valer a partir da Lei n° 10.165, de 27/12/2000, em seu artigo 17-0, em seu § 1', que deu nova redação à Lei n° 6,938, de 31/01/1981, nos seguintes termos: Art. 17-0 Os proprietários rurais que se beneficiarem com redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural — ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão recolher ao MAMA a importância prevista no item 3.11 do Anexo VII da Lei ne 9960, de 29 de janeiro de 2000, a título de Taxa de Vistoria. 1 2. A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória." O mandamento que determinou a averbação da área de reserva legal à margem da inscrição de matricula do imóvel, no registro de imóveis competente, foi inserido no § 8°, do artigo 16 da Lei n°4.771, de 15/09/1965 - o chamado Código Florestal, pelo artigo 1° da Medida Provisória n" 2A66-67, de 24/08/2001, litteris: Art, 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de 3 supressão, desde que sejam man fidas, a título de reserva legal, no mínimo: 8" A área de reserva te, ai deve ser averbada à mar, em da hiscricão de matricida do imóvel, no rceistro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer título, de desmembramento ou de retificação da área, com as exceções previstas neste Código. (destaques da transcrição) Em sua defesa argui o sujeito passivo que houvera formalizado a Área de Reserva Legal, na extensão de 14,716,6047 ha de vegetação nativa, por constatação em procedimento administrativo da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEMA) — Mato Grosso (fl„ 107), Na espécie, consta a averbação Av. 1/6,621 (fl. 119), aos 23/09/1996, à Matrícula n" 6,621, no Livro n° 2, do Cartório de Registro de Imóveis da comarca de Porto dos Gaúchos (MT), em que está grava a área de 50% do imóvel, ou seja, 11862,50 ha, como de utilização limitada,. Nestes termos, por se tratar tal registro de evento anterior ao fato gerador do tributo em questão, deve-se ter corno Área de Utilização Limitada — Reserva Legal a extensão declarada. Por oportuno, cabe ressaltar que a averbação de determinada área imobiliária como reserva legal não se trata de formalidade, mas sim de ato constitutivo, vez que modifica o direito real sobre o imóvel, confoime determina o artigo 1 127 do Código Civil: Art, 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts.. 1.24.5 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.. Ademais, que é uma peculiaridade da reserva legal a eleição, pelo proprietário, da parcela do imóvel, não inferior a 20%, que será reservada para a proteção ambiental, por tal, somente se constitui reserva legal com a averbação daquela área no registro de imóveis, o que lhe revestirá dos efeitos contra terceiros. Assim, a Lei n° 4,771, de 15/09/1965, passou a exigir a averbação no registro público, o que implica que a sua utilização se submeta às limitações legais. Nesse sentido, o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento do Mandado de Segurança n° 22688-9/PB, de relatoria do Ministro Moreira Alves (LM de 28/04/2000), em que se discutiam os efeitos da constituição de reserva legal sobre o cálculo da produtividade de imóvel em processo de desapropriação para fins de reforma agrária, cuja ementa a seguir se transcreve: EMENTA: Mandado de Segurança Desapropriação de imóvel rural para finsde reforma agrária. Preliminar de perda de objeto da segurança que se rejeita. No mérito, não fizeram os impetrantes prova da averbação da área de reserva legal anteriormente à vistoria do imóvel, cujo laudo (fls. 71) é de 09.05.96, ao passo que a averbação existente 4 Processo n° 1018.3 003753/2006-23 S2-C1T1 Acórdão n" 2101-(0.706 Fl. 224 nos autos data de 26 11 .96 uh 73-verso), posterior inclusive ao Decreto em causa, que é de 0609.96 Mandado de segurança indeferido. Em voto-vista, proferido naquele julgamento, o Ministro Sepúlveda Pertence assim se pronunciou: Entendo que esse dispositivo não se refere a uma fração ideal do imóvel, mas as áreas identificadas ou identificáveis. Desde que sejam conhecidas as áreas de efetiva preservação permanente e as protegidas pela legislação ambiental devem ser tidas como aproveitadas. Assim, por exemplo, as matas ciliares, nascentes, as Margens de cursos de água, as áreas de encosta, os manguezais. A reserva legal não é uma abstração matemática. Há de ser entendida como uma parte determinada do imóvel. Sem que esteja identificada, não é possível saber se o proprietário vem cumprindo as obrigações positivas e negativas que a legislação ambiental lhe impõe. Por outro lado, se sabe onde concretamente se encontra a reserva, se ela não foi medida e demarcada, em caso de divisão ou desmembramento de imóvel, o que dos novos proprietários só estaria obrigado por a preservar vinte cento da sua parte. Desse modo, a cada nova divisão ou desmembramento, haveria uma diminuição do tamanho da reserva, proporcional à diminuição do tamanho do imóvel, com o que restaria frustrada a proibição da mudança de sua destinação nos casos de transmissão a qualquer título ou de desmembramento, que a lei florestal prescreve. Estou assim em que, sem a averbaç'ão determinada pelo 2° do ar!. 16 da Lei n° 4.771/65, não existe a reserva legal Nessa mesma linha, o julgamento do Mandado de . Segurança n° 23..370-2/GO, Relator designado Min. Sepúlveda Pertence, DJ de 28/04/2000, com a seguinte ementa: EMENTA.: I - Reforma agrária,- apuração da produtividade do imóvel e reserva legaLA "reserva legal", prevista no art. 16„sç 2° do Código Florestal, não é quota ideal que possa ser .subtraida da área total do imóvel rural, para o fim do cálculo de sua produtividade (cf L. 8.629/93, art. 10, IV),sem que esteja identificada na sua averbação (v.g MS 2.2,688) II — Reforma agrária.' desapropriação: vistoria e notificação. Ainda que na linha do entendimento majoritário do Tribunal, se empreste à notificação prévia da vistoria do imóvel expropriando, prevista no art. 2", ..Y; .2", da L 8.926/93, as galas de requisito de validade da expropriação subseqüente, não se trata de direito indisponível: não pode, pois, invocar a sua falta, o proprietário que, expressamente, consentiu que, sem ela, se iniciasse a vistoria. Mandado de segurança indeferido, Ressalta-se que permanece firme a jurisprudência do STF, corno no julgamento do MS n° 28,1561DF, ai de 02/03/2007. Sob esses entendimentos, a área de reserva florestal identificada no registro imobiliário é de ser subtraída da área total do imóvel para o fim de cálculo da incidência do UR. Forte no exposto, somos por dar provimento ao recurso voluntário apresentado, no sentido de reconhecer a Área de Utilização Limitada — Reserva Legal a extensão de 13.862,50 ha Sala de Sessões, em 19 de agosto de 2010 —Ana e Olimpio olanda 6
score : 1.0
Numero do processo: 10650.001628/2007-14
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Oct 18 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
NULIDADES. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. INOCORRÊNCIA.
O princípio da verdade material denota a procura pela justiça que deve ser empreendida pelas partes do processo. As intimações de diligências realizadas pela fiscalização comprovam a busca por esta verdade e a inocorrência de nulidade.
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO PEDIDO DE INTIMAÇÃO. INOCORRÊNCIA.
A intimação requerida pela parte foi realizada e a resposta recebida pela fiscalização demonstrou a inexistência de transações entre a recorrente e a intimada. Desnecessárias novas intimações. inexistência de nulidade.
PROVAS. SIGILO BANCÁRIO.
A utilização de informações de movimentação financeira obtidas regularmente pela autoridade fiscal não caracteriza violação de sigilo bancário.
OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS.
Caracterizam-se como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Numero da decisão: 1401-002.110
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 NULIDADES. PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. INOCORRÊNCIA. O princípio da verdade material denota a procura pela justiça que deve ser empreendida pelas partes do processo. As intimações de diligências realizadas pela fiscalização comprovam a busca por esta verdade e a inocorrência de nulidade. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO PEDIDO DE INTIMAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A intimação requerida pela parte foi realizada e a resposta recebida pela fiscalização demonstrou a inexistência de transações entre a recorrente e a intimada. Desnecessárias novas intimações. inexistência de nulidade. PROVAS. SIGILO BANCÁRIO. A utilização de informações de movimentação financeira obtidas regularmente pela autoridade fiscal não caracteriza violação de sigilo bancário. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizam-se como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto - Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa
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PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL. INOCORRÊNCIA. O princípio da verdade material denota a procura pela justiça que deve ser empreendida pelas partes do processo. As intimações de diligências realizadas pela fiscalização comprovam a busca por esta verdade e a inocorrência de nulidade. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. INDEFERIMENTO PEDIDO DE INTIMAÇÃO. INOCORRÊNCIA. A intimação requerida pela parte foi realizada e a resposta recebida pela fiscalização demonstrou a inexistência de transações entre a recorrente e a intimada. Desnecessárias novas intimações. inexistência de nulidade. PROVAS. SIGILO BANCÁRIO. A utilização de informações de movimentação financeira obtidas regularmente pela autoridade fiscal não caracteriza violação de sigilo bancário. OMISSÃO DE RECEITA. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. Caracterizamse como omissão de receitas os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto à instituição financeira, em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 65 0. 00 16 28 /2 00 7- 14 Fl. 610DF CARF MF 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Jose Roberto Adelino da Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Livia De Carli Germano, Daniel Ribeiro Silva, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa Relatório Contra o contribuinte foram lavrados autos de infração relativos às seguintes irregularidades: 1 Omissão de Receitas Depósitos bancários de origem não comprovada 2 Insuficiência de Recolhimento 3 Aplicação de multa agravada e qualificada 4 Responsabilização solidária dos dós sócios Vinícius Martins de Souza e Jurandir Costa Souza Cientificado da autuação o contribuinte apresentou impugnação na qual alega uma série de nulidades contra o procedimento e, em síntese, alega que os valores recebidos tratam de intermediação de comercialização de diversas empresa e que, portanto, os valores não configurariam, receitas próprias da empresa. Os responsáveis solidários apresentaram impugnação com os argumentos semelhantes aos apresentados pelo contribuinte. Foi também apresentada declaração da empresa DAGRANJA na qual informa que uma série de pagamentos foi realizada na conta da autuada. Alega, também que Fl. 611DF CARF MF Processo nº 10650.001628/200714 Acórdão n.º 1401002.110 S1C4T1 Fl. 611 3 não possui os documentos comprobatórios do pagamento destes valores porque estes teriam sido incinerados. Da análise da impugnação apresentada a Delegacia de Julgamento deu parcial provimento à autuação a fim de excluir o agravamento e a qualificação da multa e excluir a responsabilidade solidária dos sócios. Cientificada da decisão a recorrente apresentou recurso voluntário no qual apresenta as seguintes alegações: Nulidade Não obediência ao Princípio da Verdade Material: Alega que comprova que os rendimentos auferidos não eram de sua propriedade e entende apresentar documentos que comprovariam os negócios realizados entre a DAGRANJA e um produtor rural que seriam suficientes a infirmar a autuação. Alega que a fiscalização não procurou alcançar a verdade e que por isso seria nula a autuação. Nulidade Cerceamento do direito de defesa pelo indeferimento da intimação à empresa DAGRANJA. Sustenta argumentos semelhantes ao item acima, por apresentar nota fiscais de uma transação que alega ter intermediado entende ser suficiente para infirmar todo o procedimento de fiscalização. Nulidade Inocorrência do Fato Gerador Impossibilidade de presumir omissão de receitas. Alega que a presunção não pode inverter o ônus da prova e que caberia à fiscalização demonstrar a omissão e não ao contribuinte o contrário. Impossibilidade de se aferir eventuais omissões de receitas unicamente com base em depósitos bancários. Alega que não cabia à recorrente apresentar demonstrações das origens dos recurso e insiste que a fiscalização deveria ter realizado as intimações solicitadas. Contesta a aplicação da multa de ofício já reduzida para 75%. Apresenta impugnação específica de cada tributo que constituía parte do simples nacional. Em relação à documentação apresentada junto à autuação a empresa apresenta duas notas fiscais da empresa DAGRANJA contra um produtor rural e diversas ordens de compra contra outros produtores. É o relaório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 612DF CARF MF 4 O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, por isso dele tomamos conhecimento. Realizaremos a análise do presente recurso a partir dos pontos de contestação apresentados na peça recursal que, apesar de serem bastante similares aos apresentados na impugnação, contém algumas diferenças, razão pela qual iremos realizar a análise ponto a ponto. Nulidades: Não obediência ao Princípio da Verdade Material Cerceamento do direito de defesa pelo indeferimento da intimação à empresa DAGRANJA Inocorrência do Fato Gerador Impossibilidade de presumir omissão de receitas Impossibilidade de se aferir eventuais omissões de receitas unicamente com base em depósitos bancários Neste ponto a empresa sustenta que as nulidades acima que decorreriam da não realização de ações com vistas a intimar a empresa DAGRANJA a apresentar as informações sobre as pretensas compras que teriam sido intermediadas pela empresa. Sustenta, em sua defesa que apresentou, junto ao recurso voluntário, documentos que comprovam que a recorrente era uma intermediária da aquisição de produtos junto aos produtores rurais. Por isso alega cerceamento do direito de defesa e que a presunção seria ilegítima e a impossibilidade de o lançamento se basear apenas nos depósitos bancários. De início esclarecemos que os procedimentos de fiscalização iniciaram em junho/2007. Vejamos a sequência de atos do procedimento. Foram emitidos diversos mandados de procedimento fiscal extensivo a fim de que fossem solicitadas informações de outras empresas envolvidas na operação. Dentre estes mandados encontrase às fls. 11, mandado extensivo à empresa DAGRANJA AGROINDUSTRIAL LTDA. Já no termo de início de fiscalização de fls. 95 (15/06/2007) a empresa foi intimada a apresentar sua contabilidade, livros fiscais e justificar os valores movimentados em suas contascorrentes no montante de R$ 8.502.660,65 em contrapartida às suas informações nas declarações do simples que demonstram receitas em torno de R$ 150.000,00. O Contribuinte solicita duas prorrogações sem apresentar sequer os extratos da movimentação bancária. Assim foi solicitada pela fiscalização Requisição de Movimentação Financeira ao Delegado da Receita Federal que encaminhou a solicitação aos bancos. Em fins de setembro/2007 o Banco Itaú apresenta as informações solicitadas. Em fins de agosto/2007 o Banespa apresenta as informações solicitadas. Em 07 de agosto o Banco Bradesco apresentou as informações solicitadas. Fl. 613DF CARF MF Processo nº 10650.001628/200714 Acórdão n.º 1401002.110 S1C4T1 Fl. 612 5 Por meio do Termo de Intimação de fls. 341 a fiscalização apresentou os registros da movimentação da empresa e solicitou que a empresa comprovasse a origem dos valores creditados em sua conta, conforme relatório de seis páginas acostado à intimação. Às fls. 349/350 a recorrente em vez de atender a intimação requer que a fiscalização intime a empresa DAGRANJA e outras do gênero para solicitar a documentação. Neste ponto há de ficar claro que a recorrente, em vez de se desincumbir do seu ônus processual, tenta transferir sua responsabilidade a terceiros. Junta ao requerimento declaração da empresa DAGRANJA onde ela lista uma série de clientes cujas compras teriam sido intermediadas pelo recorrente e alega que não pode apresentar a documentação porque os documentos teriam sido incinerados. Foram então intimadas as empresas CORN PRODUCTS (fls.359), AGROCOMPANY COMÉRCIO (fls. 364), LIDERANÇA CORRETORA DE MERCADORIAS (fls. 370), DAGRANJA AGROINDUSTRIAL LTDA (fls. 375), PRODUTOS ALIMENTÍCIOS ORLANDIA (fls. 388), SAFRA ARMAZENS GERAIS (fls. 393), FRANGOVANIA FRIOS (fls. 399), BIOQUIMA COMÉRCIO (fls. 404) nas quais foram solicitadas informações acerca da comercialização de produtos por parte da recorrente com estas empresas. Todas as respostas foram no sentido de que nenhuma das empresas realizou a compra de produtos junto à recorrente no ano de 2003. Destaquemos, abaixo, a declaração apresentada pela empresa DAGRANJA AGROINDUSTRIAL LTDA. Declaração assinada pelo procurador PAULO JOSÉ FABRI, devidamente acompanhada de cópias dos documentos de identificação e procuração pública. Fl. 614DF CARF MF 6 Junto com a sua impugnação a empresa apresenta novamente a mesma declaração da empresa DAGRANJA AGROINDUSTRIAL afirmando que a recorrente intermediava seus negócios, entretanto não pode apresentar nenhuma documentação, haja vista que passados mais de três anos da operação os documentos foram incinerados. Ora, como pode haver nulidade por não ter sido perseguida a verdade material se a fiscalização intimou nada menos do que 08 (oito) empresas no sentido de buscar a origem dos depósitos bancários realizados na conta da recorrente. A empresa que a recorrente insiste em dizer que foi compradora dos produtos intermediados pela mesma declarou ao fisco não ter realizado nenhuma compra da mesma em 2003 e entrega declaração à recorrente, assinada pelo mesmo procurador, apresentando uma lista de produtores cujas vendas à DAGRANJA teriam sido intermediadas pelo recorrente. Ora a busca da verdade material não é tarefa a ser desempenhada apenas pela fiscalização e sobre esta recair todo o ônus probatório. Desde a intimação do início do procedimento até a apresentação da impugnação decorreram sete meses e a empresa não apresentou nenhum, repito, NENHUM documento à fiscalização. Até a data da análise deste recurso voluntário decorreram quase 10 (dez) anos e os únicos documentos apresentados pela empresa que possuem requisitos legais são duas notas fiscais de entrada da empresa DAGRANJA (fls. 562/563) que demonstram a compra de mercadorias de Waltrudes Bernardes Pinto. Nas referidas notas não consta nenhuma informação a respeito da recorrente. Onde estaria então a alegada verdade material pretendida pela recorrente. A empresa DAGRANJA não possui documentos. A recorrente não possui ou não apresenta documentos. Quem mais os poderia possuir? A empresa em nenhum momento demonstra disposição de apresentar documentação sobre as transações que geraram depósitos em suas contas. Como pode pleitear nulidade com relação á verdade material se não realizou nenhum ato na busca desta. Incabível esta alegação. Quanto ao cerceamento do direito de defesa igualmente não assiste razão ao recorrente, vez que, ao contrário do que alega, a fiscalização intimou a empresa DAGRANJA e outras sete empresas a fim de que estas apresentassem informações sobre transações com a recorrente sendo que nenhuma delas, inclusive a DAGRANJA, informou ter mantido relações comerciais com o recorrente. Resultado da inação da empresa é que a legislação prevê, em benefício do fisco, a inversão do ônus da prova. Intimada a empresa a identificar a origem das transações em contacorrente que lhe foram creditadas, passou a ser seu ônus apresentar a comprovação das mesmas e não do fisco. Se a empresa é a detentora da contacorrente e dos registros, nada mais normal do que esta pudesse apresentar a comprovação e informações. Ao não se desincumbir de seu ônus processual, aplicase à hipótese a presunção legal estabelecida pela norma Depósitos Bancários Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não Fl. 615DF CARF MF Processo nº 10650.001628/200714 Acórdão n.º 1401002.110 S1C4T1 Fl. 613 7 comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do anocalendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). (Vide Medida Provisória nº 1.5637, de 1997) (Vide Lei nº 9.481, de 1997) Assim é que não procede a alegação de nulidade pela presunção, posto que a presunção realizada com vistas a imputar as infrações obedeceram todos os requisitos determinados pela norma com a prévia intimação da empresa. Desta forma, não procedem as alegações de que não é possível realizar a presunção de omissão e que não é possível calcular as infrações apenas por meio dos depósitos bancários. Pelo contrário, tratandose de presunção e, ainda, em face do descumprimento pelo contribuinte do dever de comprovar a origem dos depósitos que lhe foram apresentados, aplicase plenamente a presunção legal do art, 42, da Lei nº 9.430/96, podendo as infrações serem calculadas apenas com base nos depósitos bancários de origem não comprovada. Do exposto, em relação às alegações da empresa em contradição ao decidido pela Delegacia de Julgamento, entendemos por não serem as mesmas procedentes, razão pela qual voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário. Em relação às demais alegações de impossibilidade de aplicação da multa de 75% e das demais contestações individuais dos tributos que, por estarem no simples, são lançados individualmente, devemos informar que, em relação à multa, o percentual aplicado foi o mínimo legal, assim, não há como reduzílo. Em relação às contestações individuais não há nenhuma argumentação adicional a ser analisada, posto não terem sido apresentados acréscimos ao já apresentado acima. Assim mantémse integralmente a autuação tendo em vista que os outros tributos incluídos no simples apenas são lavrados em separado, mas guardam a mesma fundamentação do decidido em relação ao IRPJ. Fl. 616DF CARF MF 8 Assim, voto no sentido de negar provimento ao recurso, mantendo integralmente a decisão de Piso sobre o caso. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 617DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13014.720588/2013-37
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 13 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Feb 06 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
DESPESAS MÉDICAS GLOSADAS. DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS OU DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. PROVAS DEVEM ESTAR JUNTADAS AO PROCESSO.
Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. Porém, a documentação probatória deve estar de acordo com o disposto na lei e devidamente juntada ao processo. A prova tem que ser apresentada, não basta a alegação da ocorrência da despesa médica.
INDÍCIOS DE INCONSISTÊNCIA DOS COMPROVANTES.
Glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas pela autoridade fiscal. Sustentação de indícios consistentes que indicam a falta de idoneidade do documento.
Numero da decisão: 2001-000.183
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado digitalmente)
JORGE HENRIQUE BACKES - Presidente.
(Assinado digitalmente)
JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (presidente da turma), José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE ALFREDO DUARTE FILHO
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DEDUÇÃO MEDIANTE RECIBOS OU DOCUMENTAÇÃO HÁBIL. PROVAS DEVEM ESTAR JUNTADAS AO PROCESSO. Recibos de despesas médicas têm força probante como comprovante para efeito de dedução do Imposto de Renda Pessoa Física. Porém, a documentação probatória deve estar de acordo com o disposto na lei e devidamente juntada ao processo. A prova tem que ser apresentada, não basta a alegação da ocorrência da despesa médica. INDÍCIOS DE INCONSISTÊNCIA DOS COMPROVANTES. Glosa por recusa da aceitação dos recibos de despesas médicas pela autoridade fiscal. Sustentação de indícios consistentes que indicam a falta de idoneidade do documento. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado digitalmente) JORGE HENRIQUE BACKES Presidente. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 01 4. 72 05 88 /2 01 3- 37 Fl. 257DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (presidente da turma), José Alfredo Duarte Filho, Fernanda Melo Leal e José Ricardo Moreira. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra decisão de primeira instância que julgou improcedente a impugnação do contribuinte, em razão da lavratura de Auto de Infração de Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF, por glosa de Despesas Médicas. O fundamento básico do lançamento, conforme consta da decisão de primeira instância, aponta como elemento de maior relevo e fulcro da decisão da lavratura do lançamento, o fato de que o Recorrente deveria ter apresentado comprovação dos pagamentos, de forma supletiva aos recibos apresentados, através de outros documentos, porque aqueles acostados não estariam a representar a efetiva realização dos pagamentos efetuados aos profissionais prestadores dos serviços. A constituição do acórdão recorrido segue na linha do procedimento adotado na feitura do lançamento, notadamente no que se refere ao entendimento de que aos recibos não é conferido valor probante absoluto, necessitando para tal a complementação de provas, com a apresentação de documentação adicional a ser providenciada pelo Recorrente, como segue: O interessado impugna lançamento do anocalendário 2010 onde foram glosadas despesas médicas de R$ 28.182,56 e contribuição para a previdência privada de R$ 10.085,94. As despesas médicas foram glosadas porque o contribuinte não apresentara comprovante, no caso Unimed (R$ 1.432,56), e, quanto às demais, porque os recibos apresentados não cumpriam as formalidades requeridas na norma. As despesas médicas glosadas foram as seguintes: O impugnante traz documentos para comprovar as despesas declaradas. Quanto às glosas motivadas por falhas formais nos recibos apresentados, traz declarações dos profissionais informando o endereço do tratamento e o paciente. Para comprovar a contribuição para a previdência privada, apresenta comprovante do Grupo Aplub Previdência e Capitalização, sob nº de inscrição 3448916. Fl. 258DF CARF MF Processo nº 13014.720588/201337 Acórdão n.º 2001000.183 S2C0T1 Fl. 258 3 Quando exageradas, as deduções podem ser glosadas a critério da autoridade lançadora, como dispõe o art. 73, § 1º, do Regulamento do Imposto de Renda, RIR (Decreto nº 3.000/1999). As provas apresentadas servem para formar convicção e podem ser recusadas pela autoridade administrativa. Como declaração de caráter particular, o recibo é uma prova meramente relativa. Válido entre as partes para efeito de quitação de débitos, é insuficiente perante terceiros como prova dos pagamentos que atesta, competindo ao interessado, em caso de dúvida quanto à sua idoneidade, comproválos por meio de provas materiais. É o que decorre do artigo 368 do Código de Processo Civil: Art. 368. As declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumemse verdadeiras em relação ao signatário. Parágrafo único. Quando, todavia, contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato. (grifei). Este também o entendimento da Câmara Superior de Recursos Fiscais, conforme acórdão nº 1.458/1992: COMPROVAÇÃO. Para se gozar do abatimento pleiteado com base em despesas médicas, não basta a disponibilidade de um simples recibo, sem vinculação do pagamento ou a efetiva prestação de serviços. Essas condições devem ser comprovadas quando restar dúvida quanto à idoneidade do documento (Acórdão CSRF/011.458/1992 – DO 19/01/1995).(grifei). Por estas razões, o contribuinte foi intimado a comprovar a efetividade dos pagamentos com documentos bancários. Em atendimento, alegou que os pagamentos foram em espécie e apresentou extratos de suas contas com saques que somam R$ 31.054,01. Teria assim efetuado praticamente todos os saques com o fim exclusivo de pagar as despesas médicas, que somaram R$ 28.182,56. Se assim fosse, deveria pelo menos haver uma correlação entre os saques e as despesas pagas, mas não é o que se verifica. Os extratos bancários não permitem estabelecer qualquer correlação de datas e valores entre os saques e os pagamentos. Se forem desconsiderados como justificativa os saques efetuados há mais de dez dias dos pagamentos, um simples fluxo de caixa demonstra saldo negativo de recursos em diversos períodos. Outro veemente indício de inidoneidade é o fato de que vários recibos teriam sido emitidos em finais de semana, sendo que os seguintes teriam sido emitidos em domingos: (...) Quanto à contribuição para a previdência privada, o contribuinte não apresentou prova dos participantes no plano, apesar de intimado para tanto em diligência. Apenas reapresentou o comprovante do Grupo Fl. 259DF CARF MF 4 Aplub Previdência e Capitalização, sob nº de inscrição 3448916. Como já acima relatado, consta no processo administrativo nº 13.014.720256/201352, relativo ao anocalendário 2009, que a inscrição nº 3448916 inclui quatro beneficiários. A legislação tributária permite deduzir no ajuste anual as contribuições relativas ao titular e aos dependentes relacionados na declaração Cabe, assim, a manutenção da glosa. De acordo com o documento às fls. 13, o plano de saúde Unimed inclui como participante Bianca Neves Venturini, que não foi declarada como dependente. A sua participação foi de R$ 799,87. Restou assim comprovada a dedutibilidade de apenas R$ 1.202,46. Por estas razões, voto pela procedência parcial da impugnação para manter a exigência do imposto suplementar de R$ 10.193,17, acrescido de multa de ofício e juros de mora. Ao final, conclui o acórdão vergastado pela parcial procedência da impugnação para manter a exigência de imposto suplementar no valor de R$ 10.193,17, referente à glosa do valor das despesas médicas e reconhecendo como já declarado o valor do aluguel e a correção do valor do imposto de renda retido na fonte. Por sua vez, com a decisão do Acórdão da DRJ, o Recorrente apresenta recurso voluntário com as considerações e argumentações que entende justificável ao seu procedimento, nos termos que segue: (...) Fl. 260DF CARF MF Processo nº 13014.720588/201337 Acórdão n.º 2001000.183 S2C0T1 Fl. 259 5 Fl. 261DF CARF MF 6 (...) Fl. 262DF CARF MF Processo nº 13014.720588/201337 Acórdão n.º 2001000.183 S2C0T1 Fl. 260 7 É o relatório. Fl. 263DF CARF MF 8 Voto Conselheiro José Alfredo Duarte Filho Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido. O que se evidencia com facilidade de visualização é que de um lado há o rigor no procedimento fiscalizador da autoridade tributante, e de outro a busca do direito, pelo contribuinte, de ver reconhecido o atendimento da exigência fiscal no estrito dizer da lei, rejeitando a alegada prerrogativa do fisco de convencimento subjetivo quanto à idoneidade ou inidoneidade do documento comprobatório. O texto base da divergência interpretativa está contido no inciso II, alínea “a” e no § 2º, do art. 8º, da Lei nº 9.250/95, regulamentados nos parágrafos e incisos do art. 80 do Decreto nº 3.000/99 – RIR/99, em especial no que segue: Art. 80. Na declaração de rendimentos poderão ser deduzidos os pagamentos efetuados, no anocalendário, a médicos, dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e hospitais, bem como as despesas com exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias. § 1º O disposto neste artigo (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, § 2º): (...) II restringese aos pagamentos efetuados pelo contribuinte, relativos ao próprio tratamento e ao de seus dependentes; III limitase a pagamentos especificados e comprovados, com indicação do nome, endereço e número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas CPF ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica CNPJ de quem os recebeu, podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento; (sublinhei e grifei) É clara a disposição de que a exigência da legislação especificada aponta para o comprovante de pagamento originário da operação, corriqueiro e usual, assim entendido como o recibo ou a nota fiscal de prestação de serviço, que deverá contar com as informações exigidas para identificação, de quem paga e de quem recebe o valor, sendo que, por óbvio, visa controlar se o recebedor oferecerá à tributação o referido valor como remuneração. A lógica da exigência coloca em evidência a figura de quem fornece o comprovante identificado e assinado, colocandoo na condição de tributado na outra ponta da relação fiscal correspondente (deduçãotributação). Ou seja: para cada dedução haverá um oferecimento à tributação pelo fornecedor do comprovante. Quem recebe o valor tem a obrigação de oferecêlo à tributação e pagar o imposto correspondente e, quem paga os honorários tem o direito ao benefício fiscal do abatimento na apuração do imposto. Simples assim, por se tratar de uma ação de pagamento e recebimento de valor numa relação de prestação de serviço. Ocorre, assim, uma correspondência de resultados de obrigação e direito, gerados nessa relação, de modo que o contribuinte que tem o direito da dedução fica legalmente habilitado ao benefício fiscal porque de posse do documento comprobatório que Fl. 264DF CARF MF Processo nº 13014.720588/201337 Acórdão n.º 2001000.183 S2C0T1 Fl. 261 9 lhe dá a oportunidade do desconto na apuração do tributo, confiante que a outra parte se quedará obrigada ao oferecimento à tributação do valor correspondente. Destarte, é de considerar plenamente admissível que os comprovantes revestidos das formalidades legais sustentam a condição de valor probante, até prova em contrário, de sua inidoneidade. A contestação da Autoridade Fiscal sobre a validade da documentação comprobatória deve ser apresentada com indícios consistentes e não somente por simples dúvida ou desconfiança. É de se acolher como verdadeira a prova apresentada pelo contribuinte que satisfaça os requisitos previstos na legislação pertinente e, para eventual convicção contrária da Autoridade Lançadora, esta deverá ser posta com fundamentos consistentes que a sustentem legalmente e não subjetivamente. Logo, seria legítima a dedução a título de despesas médicas do valor pago pelo contribuinte, por comprovação mediante apresentação de documento hábil de seu plano de saúde, nota fiscal de prestação de serviço ou recibo, este assinado por profissional habilitado, pois tais documentos guardam ao mesmo tempo reconhecimento da prestação de serviços assim como também confirma o seu pagamento. Neste caso o Fisco requer a apresentação da comprovação da despesa médica alegada. Em qualquer caso fazse necessária a apresentação da documentação original da despesa realizada, e ainda, o Recorrente poderia fazer a comprovação da despesa por um ou outro meio, pois é admitido que na falta de um se faça através de outro meio de comprovação. Não há no texto legal qualquer indicativo para a exigência das duas comprovações. Observe se a clareza do texto quando diz (inciso III, do § 1º, art. 80, Dec. 3.000/99): “..., podendo, na falta de documentação, ser feita indicação do cheque nominativo pelo qual foi efetuado o pagamento;”. Contudo, no exame da documentação acostada ao processo verificase que o Recorrente não apresentou parte da documentação comprobatória na forma estipulada em lei para a comprovação da despesa que utilizou como dedutível na declaração de ajuste do imposto. Tendo sido constatado indícios de inconsistência de alguns recibos de prestação de serviço com data de emissão em finais de semana, inclusive aos domingos, conforme relacionado no acórdão. Todavia, o acórdão contestado ainda concede procedência parcial da impugnação aceitando parte dos recibos que considerou válidos e mantendo parte do lançamento que julga exigível o imposto suplementar no valor de R$ 10.193,17, referente à glosa do valor das despesas médicas, decisão que corroboro. Por todo o exposto, voto por conhecer do Recurso Voluntário e no mérito NEGAR PROVIMENTO, ao Recurso Voluntário, para manter a decisão de piso prolatada no acórdão vergastado. (Assinado digitalmente) JOSÉ ALFREDO DUARTE FILHO Fl. 265DF CARF MF 10 Fl. 266DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.001271/2001-11
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 05 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jan 25 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 1988
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO EM RAZÃO DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TERMO INICIAL DE CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. APLICAÇÃO DO RE 566.621 E DA SÚMULA CARF N. 91.
Não se conhece o recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional que contraria o que decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 566.621, sob a sistemática do artigo 543-B, §3º, do Código de Processo Civil e a Súmula CARF n. 91, os quais determinam a aplicação do prazo de decadência decenal a pedidos de restituição anteriores à entrada em vigor da Lei Complementar n. 118/05, no caso dos autos, tendo sido formulado em 10.06.1996, para a recuperação de valores relativos a 1988.
Numero da decisão: 9101-003.277
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Daniele Souto Rodrigues Amadio - Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo.
Nome do relator: DANIELE SOUTO RODRIGUES AMADIO
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DECADÊNCIA. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE BEBIDAS FUNADA LTDA. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 1988 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO EM RAZÃO DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. TERMO INICIAL DE CONTAGEM DO PRAZO DECADENCIAL. APLICAÇÃO DO RE 566.621 E DA SÚMULA CARF N. 91. Não se conhece o recurso especial apresentado pela Fazenda Nacional que contraria o que decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 566.621, sob a sistemática do artigo 543B, §3º, do Código de Processo Civil e a Súmula CARF n. 91, os quais determinam a aplicação do prazo de decadência decenal a pedidos de restituição anteriores à entrada em vigor da Lei Complementar n. 118/05, no caso dos autos, tendo sido formulado em 10.06.1996, para a recuperação de valores relativos a 1988. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 00 12 71 /2 00 1- 11 Fl. 241DF CARF MF Processo nº 10835.001271/200111 Acórdão n.º 9101003.277 CSRFT1 Fl. 3 2 Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas, André Mendes de Moura, Cristiane Silva Costa, Rafael Vidal de Araújo, Luis Flávio Neto, Flávio Franco Corrêa, Daniele Souto Rodrigues Amadio e Gerson Macedo Guerra. Ausente, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Adriana Gomes Rêgo. Relatório Tratase de pedido de compensação (Efls. 1 ss.) apresentado em 10.06.1996 para a restituição da CSLL apurada no ano calendário de 1988, recolhida no âmbito do processo de parcelamento n. 10835.00590/9022 e julgada inconstitucional pelo STF, e sua compensação com valores também da contribuição exigidos em auto de infração. Os atos seguintes podem ser resumidos pelo relatório do acórdão n. 14 12.828, proferido pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto (E fls. 128 ss.), o qual ora se aproveita: “A contribuinte em epígrafe requereu (fl. 25) a compensação entre valores recolhidos da contribuição social sobre o lucro (CSLL) do ano de 1988 e créditos da mesma contribuição social objetos de lançamento de oficio (fls. 26 a 33). A Delegacia da Receita Federal (DRF) de Presidente Prudente indeferiu o pedido (fls.42 e 43), com base na argumentação de que os efeitos da resolução do Senado Federal que suspende a execução de lei declarada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal tem caráter ex nunc e que a Medida Provisória n° 1.110, de 1995, e reedições posteriores, em seu art. 17, § 2°, veda expressamente a restituição das quantias recolhidas a titulo de CSLL, relativa ao períodobase 1988. A interessada apresentou a impugnação de fls. 48 a 75, acompanhada da procuração de fl. 76, dirigida inicialmente ao 1° Conselho de Contribuintes, na qual alegou que aquele conselho já se teria pronunciado em sentido contrário ao decidido, no Acórdão n° 10412.435. E, ainda, que, sendo inconstitucional a exigência, existiria o direito certo de haver a restituição ou obter a compensação dos valores indevidamente recolhidos. Esta Delegacia de Julgamento, por meio da Decisão DRJ/RPO n° 1.833/2000 (fls.79/81), considerou procedente a solicitação da empresa, quanto à possibilidade do pedido, e determinou o retorno do processo à DRF em Presidente Prudente, a fim de que houvesse a apreciação do mérito do pedido por parte daquela autoridade. Com base no despacho decisório de fl.96, fundamentado no Parecer DRF/PPE/Sasit no 176/2001 (fls. 91/95), o pedido foi deferido parcialmente, com relação aos recolhimentos posteriores a 10/06/1991. Considerouse, ainda, que teria ocorrido a decadência do direito de solicitar a restituição dos recolhimentos anteriores a essa data. Notificada do referido despacho decisório em 06/08/2001 (fl. 123), a contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 1/22, em 31/08/2001, alegando, em suma, que a prestação pecuniária exigida por meio de lei inconstitucional não é tributo, não havendo que se falar em prazo prescricional para repetição do indébito tributário, aplicando o prazo de prescrição de indébitos não tributários contra a Fazenda Pública, regulamentado no Decreto n°20.910, de 6 de janeiro de 1932. Acrescentou que, conforme jurisprudência recente, o prazo de prescrição de 5 anos Fl. 242DF CARF MF Processo nº 10835.001271/200111 Acórdão n.º 9101003.277 CSRFT1 Fl. 4 3 para o pedido de indébito contra a Fazenda só terá seu termo inicial quando do transito em julgado da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que declarar indevido o suposto tributo. Aduziu que, alternativamente, existe ainda a posição que entende serem diversos os critérios para contagem dos prazos prescricionais de acordo com a modalidade de lançamento do crédito tributário e que, nos casos de lançamento por homologação, o direito de pleitear o indébito extinguese após dez anos da ocorrência do fato gerador. Mencionou também que, por tratarse de crédito comum em face ao Estado, as regras a ele aplicáveis seriam as pertinentes às ações pessoais, cujo prazo prescricional, de acordo com o Código Civil, é de 20 (vinte) anos. Solicitou a redução da multa. Requereu lhe seja deferido o direito de posterior juntada de documentos, a produção de prova pericial, a sustentação oral perante o Conselho de Contribuintes e que seja julgada insubsistente a notificação fiscal.” Na sequência, com o referido acórdão n. 1412.828 (Efls. 128 ss.), a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto indeferiu o pleito sob o fundamento de que a contagem do prazo de cinco anos se iniciaria da extinção do crédito tributário, conforme demonstra a sua ementa: "Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Anocalendário: 1988 Ementa: RESTITUIÇÃO. DECADÊNCIA. O direito de pleitear a restituição de pagamentos indevidos decai no prazo de cinco anos contados da data de extinção do crédito tributário. Assunto: Processo Administrativo Fiscal Anocalendário: 1988 Ementa: JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO. IMPEDIMENTO DE APRECIAÇÃO DA IMPUGNAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. O protesto pela juntada posterior de documentação não obsta a apreciação da impugnação, e ela só é possível em casos especificados na lei. PEDIDO DE PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Estando presentes nos autos todos os elementos de convicção necessários a adequada solução da lide, indeferese, por prescindível, o pedido de perícia. DEFESA ORAL. No processo administrativo fiscal a manifestação oral da defesa é prevista somente perante o Conselho de Contribuintes." Irresignada com a decisão de primeira instância, a interessada interpose recurso voluntário a este Primeiro Conselho de Contribuinte, repisando os tópicos trazidos anteriormente na impugnação.” A contribuinte apresentou recurso voluntário (Efls. 138 ss.), renovando as razões postas em sua manifestação de inconformidade, ao qual foi dado provimento pelo acórdão n. 180100.166 (Efls. 156 ss.), por se entender, nos termos do voto do Ilustre conselheiro relator, Antonio Bezerra Neto, que a decadência do direito de se pleitear a compensação/restituição seria de 5 anos, tendo como termo inicial, na hipótese dos autos, a data da publicação da Resolução do Senado Federal que retira a eficácia da lei declarada inconstitucional. Assim, no caso da CSLL do ano de 1988, cuja norma legal foi suspensa pela Resolução n. 11/95, o prazo extintivo do direito teria início na data de sua publicação, vale Fl. 243DF CARF MF Processo nº 10835.001271/200111 Acórdão n.º 9101003.277 CSRFT1 Fl. 5 4 dizer, 4 de abril de 1995. A Fazenda Nacional então interpôs recurso especial por contrariedade à lei (Efls. 166 ss.), sustentando também divergência em relação ao paradigma n. 930300.080, para defender que o dies a quo para a contagem do prazo para restituição de tributo pago indevidamente seria a data da extinção do crédito tributário (pagamento indevido). O recurso foi recepcionado por despacho de admissibilidade (Efls. 214 ss.) e foram oferecidas contrarrazões (Efls. 223 ss.) pela contribuinte, no mesmo sentido que seus recursos anteriores. Passase, assim, à apreciação do recurso. Voto Conselheira Daniele Souto Rodrigues Amadio Relatora CONHECIMENTO O conhecimento do Recurso Especial condicionase ao preenchimento de requisitos enumerados pelo artigo 67 do Regimento Interno deste Conselho, que exigem analiticamente a demonstração, no prazo regulamentar do recurso de 15 dias, de (1) existência de interpretação divergente dada à legislação tributária por diferentes câmaras, turma de câmaras, turma especial ou a própria CSRF; (2) legislação interpretada de forma divergente; (3) prequestionamento da matéria, com indicação precisa das peças processuais; (4) duas decisões divergentes por matéria, sendo considerados apenas os dois primeiros paradigmas no caso de apresentação de um número maior, descartandose os demais; (5) pontos específicos dos paradigmas que divirjam daqueles presentes no acórdão recorrido; além da (6) juntada de cópia do inteiro teor dos acórdãos indicados como paradigmas, da publicação em que tenha sido divulgado ou de publicação de até 2 ementas, impressas diretamente do sítio do CARF ou do Diário Oficial da União quando retirados da internet, podendo tais ementas, alternativamente, serem reproduzidas no corpo do recurso, desde que na sua integralidade. Observase que a norma ainda determina a imprestabilidade do acórdão utilizado como paradigma que, na data da admissibilidade do recurso especial, contrarie (1) Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal (art. 103A da Constituição Federal); (2) decisão judicial transitada em julgado (arts. 543B e 543C do Código de Processo Civil; e (3) Súmula ou Resolução do Pleno do CARF. Voltandose então ao caso sob exame, verificandose tratar de pedido de Fl. 244DF CARF MF Processo nº 10835.001271/200111 Acórdão n.º 9101003.277 CSRFT1 Fl. 6 5 restituição para a recuperação de tributo sujeito a lançamento por homologação, apresentado em 10.06.1996, isto é, data anterior à vigência da Lei Complementar n. 118/2005, considerase que o recurso que pretende a aplicação do prazo de decadência quinquenal a partir do pagmento indevido contraria o que decidido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE 566.621, sob a sistemática do artigo 543B, §3º, do Código de Processo Civil e a Súmula CAR n. 91, respectivamente: “DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – NECESSIDADE DE OBSERVÂNCIA DA VACACIO LEGIS – APLICAÇÃO DO PRAZO REDUZIDO PARA REPETIÇÃO OU COMPENSAÇÃO DE INDÉBITOS AOS PROCESSOS AJUIZADOS A PARTIR DE 9 DE JUNHO DE 2005. Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição ou compensação de indébito era de 10 anos contados do seu fato gerador, tendo em conta a aplicação combinada dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN. A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova. Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. Afastandose as aplicações inconstitucionais e resguardandose, no mais, a eficácia da norma, permitese a aplicação do prazo reduzido relativamente às ações ajuizadas após a vacatio legis, conforme entendimento consolidado por esta Corte no enunciado 445 da Súmula do Tribunal. O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos contribuintes não apenas que tomassem ciência do novo prazo, mas também que ajuizassem as ações necessárias à tutela dos seus direitos. Inaplicabilidade do art. 2.028 do Código Civil, pois, não havendo lacuna na LC 118/08, que pretendeu a aplicação do novo prazo na maior extensão possível, descabida sua aplicação por analogia. Além disso, não se trata de lei geral, tampouco impede iniciativa legislativa em contrário. Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º, segunda parte, da LC 118/05, considerandose válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tãosomente às ações ajuizadas após o decurso da vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de junho de 2005. Aplicação do art. 543B, § 3º, do CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraordinário desprovido.” “Súmula CARF nº 91: Ao pedido de restituição pleiteado administrativamente antes de 9 de junho de 2005, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicase o prazo prescricional de 10 (dez) anos, contado do fato gerador.” Fl. 245DF CARF MF Processo nº 10835.001271/200111 Acórdão n.º 9101003.277 CSRFT1 Fl. 7 6 Por essa razão, considerandose que devida a aplicação do prazo decenal e que isso afasta a decadência do período pretendido, VOTASE POR NÃO CONHECER o recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Daniele Souto Rodrigues Amadio Fl. 246DF CARF MF
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