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Numero do processo: 10280.722892/2012-08
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2010
PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO.
Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124-A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015.
Numero da decisão: 2401-006.101
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: JOSE LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2010 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124-A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015.
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. Recorrente ELISANGELA CLAUDIA DE MEDEIROS MOREIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2010 PENSÃO ALIMENTÍCIA. DEDUÇÃO. Na determinação da base de cálculo do imposto de renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se referia o art. 1.124A da Lei n° 5.869, de 1973, e que, atualmente, se refere o art. 733 da Lei n° 13.105, de 2015. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 72 28 92 /2 01 2- 08 Fl. 57DF CARF MF Processo nº 10280.722892/201208 Acórdão n.º 2401006.101 S2C4T1 Fl. 58 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação apresentada contra Notificação de Lançamento de Imposto de Renda da Pessoa Física (fls. 23/26), anocalendário 2010, tendo sido apurada Dedução Indevida de Pensão Alimentícia, no valor de R$ 54.000,00, por falta de comprovação. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 02/06) e documentos (fls. 07/18), considerada tempestiva, alegando que (a) as importâncias foram pagas (fls. 11/13) com lastro nas normas de Direito de Família (CC, arts. 1695 a 1698), pois seu pai não pode trabalhar por doença grave, a mãe sempre foi do lar e o irmão possui grave doença mental e não possui capacidade laborativa (fls. 15/17); (b) tramita em segunda instância judicial ação de alimentos ajuizada pelos alimentandos e, quando citado na ação judicial, formulou acordo extrajudicial mediante Escritura Pública (fls. 08/10). Logo, não há mera liberalidade, mas de obrigação legal; (c) sendo prestação alimentícia, indevida a multa de ofício; e (d) não sendo, não pode ser penalizado por pleitear direito seu.. Do Acórdão atacado (fls. 37/42), em síntese, extraise que (a) escritura pública declaratório (fls. 08/10) não autoriza a dedução; e (b) a aplicação das multas de ofício segue os percentuais estabelecidos pelo artigo 44 da Lei nº 9.430/1996. Intimado em 25/05/2015 (fls. 47), o contribuinte interpôs em 24/06/2015 (fls. 47) recurso voluntário (fls. 48/49), em síntese, alega: (a) a interpretação literal do art. 4 , II, da Lei n 9.250, de 1995, revela rol exemplificativo de documentos, a amparar a escritura pública declaratória, tendo a situação sido formalizada posteriormente por sentença judicial; (b) entendimento diverso é inconstitucional, por ofensa ao princípio constitucional da proporcionalidade; (c) sendo cabível a dedução, indevida a multa de 75%; (d) não pode ser penalizado por pleitear direito; e (e) pede a total reforma do acórdão proferido para o reconhecimento da dedução. É o relatório. Voto Conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. A interpretação literal do art. 4º , II, da Lei nº 9.250, de 1995, revela rol taxativo. Além disso, por força do art. 111 do CTN, a interpretação desse dispositivo deve ser literal e o presente colegiado é incompetente para declarar a inconstitucionalidade dos arts. 4º , II, e 8º , II, f, da Lei nº 9.250, de 1995, por suposta ofensa a princípios constitucionais (Súmula CARF nº 2). Fl. 58DF CARF MF Processo nº 10280.722892/201208 Acórdão n.º 2401006.101 S2C4T1 Fl. 59 3 O acordo homologado por sentença nos autos 0480.11.0101239 (fls. 53/55) estabeleceu que o primeiro pagamento de pensão alimentícia seria efetuado até o dia 10 de dezembro de 2011. Portanto, os valores pagos no anocalendário de 2010 foram amparados apenas pelas escrituras públicas declaratórias, não sendo possível a dedução dos valores pagos da base de cálculo do IRPF em face do rol taxativo dos arts. 4º , II, e 8º , II, f, da Lei nº 9.250, de 1995. A multa de ofício não pune o exercício do direito de impugnar o lançamento, mas a falta de pagamento do tributo, a falta de declaração ou a declaração inexata. Sendo incabível a dedução, uma vez efetuado o lançamento de ofício é devida a multa prevista no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. Isso posto, voto por conhecer e negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator Fl. 59DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16682.720953/2012-48
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007
RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA DE SIMILTUDE FÁTICA. NÃO CONHECIMENTO.
Tratando o Acórdão recorrido da multa isolada de 50 % do § 17 da Lei nº 9.430/96 e o Acórdão paradigma da multa isolada de 75 % do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, não há similitude fática, impossibilitando que se demonstre divergência e se faça qualquer cotejo analítico, pelo que não deve conhecido o recurso.
MULTA ISOLADA EM RAZÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXIGÊNCIA. DECLARAÇÕES TRANSMITIDAS APÓS A SUA TRANSMISSÃO.
Correta a exigência da multa isolada de 50 % sobre o valor do crédito do crédito objeto de declaração de compensação não homologada apenas sobre declarações apresentadas após a vigência da norma legal que a instituiu.
RETRAOATIVIDADE BENIGNA. CARACTERIZAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE NA APLICAÇÃO DA NORMA REVOGADA.
Não implicando a aplicação de norma revogada agravamento da penalidade, descabe se falar em retroatividade benigna do art. 106, II, c, do CTN.
Numero da decisão: 9303-008.115
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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ementa_s : Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007 RECURSO ESPECIAL DE DIVERGÊNCIA. AUSÊNCIA DE SIMILTUDE FÁTICA. NÃO CONHECIMENTO. Tratando o Acórdão recorrido da multa isolada de 50 % do § 17 da Lei nº 9.430/96 e o Acórdão paradigma da multa isolada de 75 % do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, não há similitude fática, impossibilitando que se demonstre divergência e se faça qualquer cotejo analítico, pelo que não deve conhecido o recurso. MULTA ISOLADA EM RAZÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXIGÊNCIA. DECLARAÇÕES TRANSMITIDAS APÓS A SUA TRANSMISSÃO. Correta a exigência da multa isolada de 50 % sobre o valor do crédito do crédito objeto de declaração de compensação não homologada apenas sobre declarações apresentadas após a vigência da norma legal que a instituiu. RETRAOATIVIDADE BENIGNA. CARACTERIZAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE NA APLICAÇÃO DA NORMA REVOGADA. Não implicando a aplicação de norma revogada agravamento da penalidade, descabe se falar em retroatividade benigna do art. 106, II, c, do CTN.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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AUSÊNCIA DE SIMILTUDE FÁTICA. NÃO CONHECIMENTO. Tratando o Acórdão recorrido da multa isolada de 50 % do § 17 da Lei nº 9.430/96 e o Acórdão paradigma da multa isolada de 75 % do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, não há similitude fática, impossibilitando que se demonstre divergência e se faça qualquer cotejo analítico, pelo que não deve conhecido o recurso. MULTA ISOLADA EM RAZÃO DA NÃO HOMOLOGAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. EXIGÊNCIA. DECLARAÇÕES TRANSMITIDAS APÓS A SUA TRANSMISSÃO. Correta a exigência da multa isolada de 50 % sobre o valor do crédito do crédito objeto de declaração de compensação não homologada apenas sobre declarações apresentadas após a vigência da norma legal que a instituiu. RETRAOATIVIDADE BENIGNA. CARACTERIZAÇÃO DE PREJUDICIALIDADE NA APLICAÇÃO DA NORMA REVOGADA. Não implicando a aplicação de norma revogada agravamento da penalidade, descabe se falar em retroatividade benigna do art. 106, II, “c”, do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Especial (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 68 2. 72 09 53 /2 01 2- 48 Fl. 1187DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.188 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pelo contribuinte (fls. 1.030 a 1.039), contra o Acórdão 3201003.391, proferido pela 1ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Sejul do CARF (fls. 890 a 898), sob a seguinte ementa: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/12/2007 a 31/12/2007 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PER/DCOMP. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO. A partir da alteração do artigo 74 da Lei 9.430/96 pelo artigo 49 da Medida Provisória nº 66, de 29/08/2002, convertida na Lei nº 10.637, de 30/12/2002 a compensação somente se efetua mediante a entrega, pelo sujeito passivo, da Declaração de Compensação DCOMP, na qual devem constar informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. MULTA ISOLADA. Aplicase a multa isolada de 50% (cinqüenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, nos termos do art. 74, § 17 da Lei nº 9.430/96. A Turma, previamente, em Resolução (fls. 671 a 674), havia pedido diligência no sentido de saber a situação em que se encontrava o Processo que tratava da não homologação da compensação (nº 15374.724402/200979) que deu azo ao lançamento da multa isolada de 50 % (objeto deste Processo), e, em outra Resolução (fls. 874 a 879), chegou a sobrestar o julgamento deste até o daquele, sendo que, lá, houve inclusive julgamento de Recurso Especial do contribuinte por esta Turma (fls. 880 a 884), não o conhecendo, que se tornou definitivo após rejeição (fls. 885 a 887) de Embargos de Declaração contra a decisão da CSRF, não restando qualquer discussão na esfera administrativa, portanto, em relação à compensação ser indevida, conforme consignado às fls 888. Contra o Acórdão recorrido do presente Processo, o contribuinte havia apresentado Embargos de Declaração (fls. 907 a 914), que foram rejeitados (fls. 1.013 a 1.016). No seu Recurso Especial, ao qual foi dado seguimento (fls. 1.175 a 1.179), o contribuinte, inicialmente, traz a evolução legislativa e algumas decisões judiciais dos Tribunais Regionais Federais e do STJ (AREsp nº 945.093/SP), levantando também o fato de que há discussão, com repercussão geral, no STF, a respeito da constitucionalidade da multa de Fl. 1188DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.189 3 50 % sobre compensação não homologada (RE nº 796.939/RS) – mas reconhece que a questão ainda não está definida. Relaciona as três compensações não homologadas, relativas ao mesmo suposto direito creditório, que “ensejaram o lançamento ora em discussão” (transmitidas em 30/06/2008, 28/08/2008 e 25/07/2011). Faz três colocações (a última em primeiro lugar, dispostas nesta ordem para melhor compreensão do relato): 1) “Fica patente que as DCOMP's foram apresentadas antes da norma em vigor e, principalmente, antes das normas lá revogadas ou convertidas em lei, com destaque para a Medida Provisória n° 449/2008, editada em 03/12/2008 que inaugurou a cobrança em apreço, ou seja, em período muito posterior a apresentação dessas declarações”. 2) ”Nesse sentido, fica patente que o acórdão ora guerreado confere interpretação divergente ...: “a multa do art. 74, § 17 da Lei n° 9.430/96, na redação dada pela Lei n° 12.249/2010, somente é aplicável às declarações de compensação não homologadas transmitidas ou protocoladas a partir de então, o que não é o caso dos autos.” 3) “Nítido, portanto, que o relator (do Acórdão recorrido) conferiu efetividade aos termos do § 17 do art. 74 da Lei n° 9.430/96 com a redação dada pela Lei n° 13.097, de 2015 em razão da não homologação das DCOMP's de forma indistinta”. Em seguida pondera que “Se a norma revogada, no caso paradigma, não foi considerado para fins de imposição da multa isolada, devido ao fato das compensações terem sido protocoladas antes da sua edição, mais grave ainda se mostra no caso sob análise, na medida em que se fundamenta em norma editada em 2015”. A PGFN apresentou Contrarrazões (fls. 1.181 a 1.184), adotando inicialmente a própria fundamentação do próprio Acórdão recorrido, e depois colacionando dois outros Acórdãos, da 1ª e da 3ª Seção do CARF. Do Voto Condutor, destaca o seguinte trecho, que traz o contraponto à possível suscitação da retroatividade benigna do art. 106 do CTN: “Outro ponto a ser observado, diz respeito às alterações do § 17 (do art. 74 da Lei nº 9.430/96) que no momento do lançamento, previa a exigência da multa sobre o crédito não homologado e posteriormente foi alterada para a aplicação da multa sobre o débito objeto de declaração de compensação não homologado. As modificações, em nada alteram a exigência constante do presente lançamento, pois, a Fiscalização considerou no auto de infração, o valor do crédito registrado nos pedidos de compensação o que equivale ao valor dos débitos compensados, ou seja, não existe nenhuma mudança no lançamento em se considerar o crédito ou débito constante da declaração de Fl. 1189DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.190 4 compensação. Portanto, não há que se falar em aplicação de retroatividade que possa reduzir o lançamento”. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator. Entendo que o Recurso especial não deve ser conhecido, pois, em absoluto, não há similitude fática entre o Acórdão recorrido e o paradigma, pois aqui foi lançada a multa isolada de 50 % do § 17 da Lei nº 9.430/96, enquanto aquele trata de um lançamento da multa isolada de 75 % do art. 18 da Lei nº 10.833/2003 – conforme já se depreende da própria ementa e verificado por mim no eProcesso ao consultar os autos do Processo que efetivamente é o da multa, o qual foi apensado ao das compensações (do paradigma). A multa de 75 % (do Processo nº 11065.000291/200600) foi aplicada pelo fato de as compensações (objeto do Processo nº 13002.000012/200406, do qual foi extraído o paradigma – que é um julgamento de Embargos opostos contra o Acórdão de Recurso Voluntário) não terem sido homologadas em razão de que o suposto crédito era decorrente de decisão judicial não transitada em julgado, sendo que a redação do art. 18 da Lei nº 10.833/2003, à época, era a seguinte: Art. 18. O lançamento de oficio de que trata o art. 90 da Medida Provisória nº 2.15835 ..., limitarseá imposição de multa isolada sobre as diferenças apuradas decorrentes de compensação indevida e aplicarseá unicamente nas hipóteses de o crédito ou o débito não ser passível de compensação por expressa disposição legal ... (...) § 2º A multa isolada a que se refere o caput é a prevista nos incisos I e II ou no § 2º do art. 44 da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, conforme o caso. § 3° Ocorrendo manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação e impugnação quanto ao lançamento das multas a que se refere este artigo, as peças serão reunidas em um único processo para serem decididas simultaneamente. E, no paradigma, nem se fala da Lei nº 13.097/2015. Vejamos a ementa: ”A reintrodução da norma administrativopenal, porém, não permite considerar a repristinação da redação original do art. 18 da Lei nº 10.833/03, por vedação do art. 2º, § 3º do Decreto Lei nº 4.657/42, e tampouco admite a sua retroatividade, em função do disposto no art. 5º, XL, da CF/88, de modo que, em uma interpretação sistemática, a multa do art. 74, § 17 da Lei nº Fl. 1190DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.191 5 9.430/96, na redação dada pela Lei nº 12.249/2010, somente é aplicável às declarações de compensação não homologadas transmitidas ou protocoladas a partir de então, o que não é o caso dos autos”. Voto, assim, por não conhecer do Recurso Especial. Caso conhecido, no mérito, vejamos, antes de qualquer consideração, a evolução legislativa dos dispositivos de interesse da Lei nº 9.430/96: Art. 74. .................... § 15. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. (Revogado pela Lei nº 13.137/2015) (...) § 17. Aplicase a multa prevista no § 15, também, sobre o valor do crédito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pela sujeito passivo. (Incluído pela Lei nº 12.249, de 2010) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pela sujeito passivo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 656, de 2014) § 17. Será aplicada multa isolada de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor do débito objeto de declaração de compensação não homologada, salvo no caso de falsidade da declaração apresentada pela sujeito passivo. (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015) Ainda que o contribuinte tenha trazido isto apenas em caráter meramente argumentativo (pois não há decisão judicial vinculante a respeito), o CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária (Súmula CARF nº 2). No caso sob julgamento, foram três as DCOMP não homologadas (fls. 016 a 029) – nas quais se utilizou do mesmo suposto pagamento indevido ou a maior da Cofins, no valor original de R$ 9.082.243,72 – relativo a dezembro de 2017/vencimento 18/01/2008, transmitidas em 30/06/2008, 28/08/2008 e 25/07/2011 e, diferentemente do que é afirmado no Recurso Especial, só foi objeto de lançamento da multa isolada a última (transmitida já na vigência da Lei nº 12.249/2010), sendo a penalidade de 50 % calculada sobre o valor de R$ 9.082.243/72, corresponde ao montante do crédito utilizado, em valor original (o débito compensado, relativo a junho de 2011, utilizandose do crédito corrigido pela Taxa SELIC, foi de R$ 12.367.291,27), pelas razões claramente descritas no Termo de Verificação Fiscal (fls. 110 e 111): “Diante disso, considerando que as DCOMPs acima não foram homologadas, cabe aplicação da citada multa isolada, mas Fl. 1191DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.192 6 apenas sobre a declaração entregue e não homologada após a vigência das alterações promovidas pela Lei 12.249/2010, qual seja, a PERD/COMP n° 15781.64817.250711.1.3.040986 (DOC 3), que foi transmitida em 25/07/2011. Assim, como o valor do crédito utilizado, nesta PERD/COMP foi de R$ 9.082.243,72, a multa isolada de 50% calculada sobre o valor não homologado será de R$ 4.541.121,86.” Assim, incorreu em expresso equívoco o contribuinte ao afirmar eu seu Recurso Especial (fls. 1.031) que a multa foi lançada “em razão da não homologação das compensações tratadas no processo nº 15374.724402/200979”, carecendo, portanto, de qualquer sentido falarse em aplicação de penalidade instituída posteriormente à transmissão da Declaração de Compensação (e ele ainda repisa esta alegação infundada, às fls. 1.038, relacionando as três DCOMP – com realce para a data da transmissão – para dizer que “Fica patente que as DCOMP's foram apresentadas antes da norma em vigor e, principalmente, antes das normas lá revogadas ou convertidas em lei, com destaque para a Medida Provisória n° 449/2008, editada em 03/12/2008 que inaugurou a cobrança em apreço, ou seja, em período muito posterior a apresentação dessas declarações”). Como bem consignado ao final do Voto Condutor do Acórdão recorrido (e aqui já reproduzido, no relato das Contrarrazões da PGFN), nem que se cogitasse da aplicação da retroatividade benigna (art. 106, II, “c” do CTN) da Lei nº 13.097/2015 – que determinou que a multa seria calculada sobre o valor do débito e não do crédito, isto teria qualquer influência no resultado, pois a multa de 50 % foi calculada, repiso, sobre o valor original do crédito (R$ 9.082.243/72), inferior ao do débito compensado (R$ 12.367.291,27). E, tratando do assunto em tese, a Lei nº 12.249/2010 fala em ”valor do crédito” e a Lei nº 13.097/2015 em “valor do débito”, e a justificativa para tal mudança nada tem a ver com o quantum. Ocorreu tãosomente pela “coerência” com o fato de que foi revogada a multa por ressarcimento indevido do § 15 do mesmo art. 74 da Lei nº 9.430/96, conforme se vê na exposição de motivos da Medida Provisória nº 656/2014, que foi convertida na nova lei: 11. A presente proposta de Medida Provisória também visa revogar a aplicação da multa isolada (§§ 15 e 16 do art. 74 da Lei nº 9.430/1996) incidente sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido ou indevido. A jurisprudência judicial é quase unânime em afastar essa multa sob o argumento de que sua aplicação fere o direto constitucional de petição. 12. Com a revogação proposta para os §§ 15 e 16, e visando manter a aplicação da multa isolada de 50% apenas nos casos de não homologação de compensação, fazse necessária nova redação para o § 17 do art. 74 da Lei 9.430, de 1996, trazendo para o referido parágrafo o percentual da multa antes previsto no § 15, e para substituir o termo 'crédito' por 'débito", que é efetivamente o valor indevidamente compensado e que deverá ser a base de cálculo da multa isolada. 13. A nova redação proposta para o § 17 deixa claro que o instituto da Declaração de Compensação não deve ser utilizado Fl. 1192DF CARF MF Processo nº 16682.720953/201248 Acórdão n.º 9303008.115 CSRFT3 Fl. 1.193 7 para extinção de débitos sem a existência de créditos correspondentes, em estrita observância do que dispõe o art. 170 do CTN. 14. Assim, é aplicável a multa isolada no caso em que o débito é extinto sob condição resolutória, mas cujo crédito indicado para compensação é insuficiente, no todo ou em parte, para extinguir o tributo devido. À vista do exposto, voto por não conhecer do Recurso Especial interposto pelo contribuinte e, caso conhecido, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 1193DF CARF MF
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Numero do processo: 15586.720017/2012-62
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Jan 31 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Mar 18 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009
DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS.
O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte.
NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO.
Na legislação do Pis e da Cofins não cumulativos, os insumos, cf. art. 3º incisos I e II, que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito de Pis e Cofins no regime não cumulativo.
CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO RICARF.
O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão deve ser reproduzida no âmbito deste conselho.
COFINS NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS SUJEITAS A ALÍQUOTA ZERO. DIREITO A CRÉDITO SOBRE GASTOS INCORRIDOS COM FRETE NA REVENDA.
As revendas, distribuidoras e atacadistas de produtos sujeitas a tributação concentrada pelo regime não cumulativo, ainda que, as receitas sejam tributadas à alíquota zero, podem descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por elas suportadas na condição de vendedor, conforme dispõe o art. 3, IX das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a Cofins.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESAS DE ARMAZENAGEM.
Concede-se direito a crédito na apuração não-cumulativa da contribuição as despesas referentes à despesa com armazenagem, de acordo com o art. 3, IV da Lei n. 10.637/2002.
CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA
A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com transporte, armazenagem e logística dentro da zona primária, decorrentes de importação de mercadorias.
CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESPACHANTES.
A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com despachantes, decorrentes de importação de mercadorias.
CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM.
As despesas com armazenagem geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda.
FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS.
Os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA.
As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados.
PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO.
Indefere-se o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio.
Numero da decisão: 3201-004.832
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir a preliminar de decadência por tratar-se de pedido de restituição. No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário a) Por unanimidade de votos para (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeita-se à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; b) Por maioria de votos, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Vencidos, no ponto, os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que concederam os créditos correspondentes.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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INSUMOS DIVERSOS. Recorrente FERTILIZANTES HERINGER S.A. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS. O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS QUE GERAM DIREITO A CRÉDITO. Na legislação do Pis e da Cofins não cumulativos, os insumos, cf. art. 3º incisos I e II, que geram direito a crédito são aqueles vinculados ao processo produtivo ou à prestação dos serviços. As despesas gerenciais, administrativas e gerais, ainda que essenciais à atividade da empresa, não geram crédito de Pis e Cofins no regime não cumulativo. CRÉDITOS DA NÃOCUMULATIVIDADE. INSUMOS. DEFINIÇÃO. APLICAÇÃO DO ARTIGO 62 DO ANEXO II DO RICARF. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, conforme decidido no REsp 1.221.170/PR, julgado na sistemática de recursos repetitivos, cuja decisão deve ser reproduzida no âmbito deste conselho. COFINS NÃO CUMULATIVA. REVENDA DE PRODUTOS SUJEITAS A ALÍQUOTA ZERO. DIREITO A CRÉDITO SOBRE GASTOS INCORRIDOS COM FRETE NA REVENDA. As revendas, distribuidoras e atacadistas de produtos sujeitas a tributação concentrada pelo regime não cumulativo, ainda que, as receitas sejam tributadas à alíquota zero, podem descontar créditos relativos às despesas com frete nas operações de venda, quando por elas suportadas na condição de AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 58 6. 72 00 17 /2 01 2- 62 Fl. 556DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 3 2 vendedor, conforme dispõe o art. 3, IX das Leis n°s 10.637/2002 para o PIS/Pasep e 10.833/2003 para a Cofins. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. DESPESAS DE ARMAZENAGEM. Concedese direito a crédito na apuração nãocumulativa da contribuição as despesas referentes à despesa com armazenagem, de acordo com o art. 3, IV da Lei n. 10.637/2002. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com transporte, armazenagem e logística dentro da zona primária, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESPACHANTES. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com despachantes, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM. As despesas com armazenagem geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda. FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS. Os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em indeferir a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição. No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário a) Por unanimidade de votos para (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeitase à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; b) Por maioria de votos, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Vencidos, no ponto, os conselheiros Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior, que concederam os créditos correspondentes. Fl. 557DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 4 3 (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra decisão de primeira instância administrativa, Acórdão n.º 06047.529 3ª Turma da DRJ/CTA, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada. O relatório da decisão de primeira instância descreve os fatos dos autos. Nesse sentido, transcrevese trechos do relatório da referida decisão: (...) O Auditor Fiscal informa que a fiscalização se iniciou com a ciência do termo de início de fiscalização em 17/01/2012. Tal termo especifica como período fiscalizado o transcorrido entre 01/2007 e 12/2009. Comunica que a contribuinte exerce atividade de industrialização e comercialização de fertilizantes contemplados no capítulo 31 da TIPI, bens cujas receitas de vendas estão sujeitas à alíquota zero do PIS/Pasep e da Cofins. O processo produtivo da empresa está descrito às fls. 983/985 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122. Na sequência, no tópico “FUNDAMENTAÇÃO” disserta sobre a legislação de regência da contribuição em análise, explica a sistemática de creditamento do PIS/Pasep e da Cofins e define o conceito de insumo fornecido pelas Instruções Normativas n°s 247/2002 e 404/2004. Ao fim, informa que, com base na análise da escrituração do sujeito passivo e planilhas de apuração das contribuições e de outros elementos apresentados pela contribuinte, apurou inconsistências nos valores dos créditos pleiteados. Diz que, consequentemente, foram realizados ajustes nos dados do Dacon, adequando o PER ao disciplinado na legislação tributária. No tópico “I – DOS CRÉDITOS PLEITEADOS”, explica que não foram realizadas glosas nas despesas de energia elétrica, serviços de industrialização, depreciação, fretes em operações de venda e locação de prédios, bem como, nas aquisições de embalagens, enxofre e bens para revenda. Em relação à base de cálculo, não foram realizados ajustes. No item “I.1 – DESESTIVA/DESPACHANTE”, relata que o serviço ou o bem adquirido, para ser utilizado no cálculo dos créditos a descontar, deve, necessariamente, ser aplicado ou consumido na Fl. 558DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 5 4 fabricação do produto. Aduz que o conceito de insumo não abrange os serviços de qualquer natureza, de modo que os serviços administrativos, de auditoria, aqueles decorrentes de atividades meio não configuram serviços sujeitos à apuração de créditos de PIS/Pasep e de Cofins. Informa que foram desconsideradas as despesas de despachante e desestiva, visto que estes serviços não se enquadram na definição de insumo, uma vez que não são destinados à área de comercialização dos produtos e não de sua produção. Explica que os valores foram glosados em sua totalidade, nos montantes indicados nas planilhas de fls.974/976 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/201122. No item “I.2 SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS”, explana que a empresa fiscalizada se apropriou de créditos decorrentes de serviços de pintura, de cópia de chaves, de gráficas, serviços gerais, médicos, de confecção de andaimes, de tratamento de efluentes, dentre outros. Narra que a interessada se apropriou também de créditos nas aquisições e no transporte de ferramentas, fusíveis, plugs, materiais para almoxarifado, vestuário dos funcionários, materiais de escritório, utensílios de elevadores, cartuchos de impressora, armários, cadeados, celulares, materiais elétricos, radiadores e baterias para carros, graxas, vale transportes de funcionários, dentro outros. Explica que em outras situações não foi discriminado o serviço ou o produto adquirido. Todos esses bens e serviços foram glosados por não serem considerados insumos do processo produtivo da empresa. Os ajustes foram compilados na “planilha 2” (fls.1.133/1.278 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/2011 22), a qual, conforme explica a autoridade fiscal, “engloba também as despesas de frete incorridas para o transporte desses bens, que, por ausência de previsão legal, não podem ser utilizados para fins de desconto de créditos”. No item “I.3 FRETES SOBRE COMPRAS”, explica que quando o seguro e o frete para a entrega de bens correrem por conta do comprador, por integrarem os custos de aquisição (art. 289, § 1o do RIR/99), eles compõem a base de cálculo do crédito da contribuição. Aduz, porém, que a Lei n° 10.865/2004 redefiniu as condições para o direito ao crédito do PIS/Pasep e da Cofins, ao alterar a redação dos arts. 3º das Leis n°s 10.637/2002 e 10.833/2003, ao incluir a seguinte vedação ao direito do crédito no inc. II, do §2º dos citados artigos: “não dará direito a crédito o valor da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição”. A autoridade fiscal explica que, com base nessa disposição, os contribuintes não podem descontar créditos de PIS e Cofins decorrentes de aquisições de insumos com alíquota zero e utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. O Auditor Fiscal relata que o inciso I do art. 1º da Lei n° 10.925/2004 reduziu a zero as alíquotas de PIS/Pasep e de Cofins incidentes na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado Fl. 559DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 6 5 interno de adubos ou fertilizantes classificados no Capítulo 31, exceto os produtos de uso veterinário e suas matériasprimas. Informa que a contribuinte apresentou a relação das notas fiscais referente às despesas com transportes de insumos, discriminando os produtos transportados. Diz que, em quase sua totalidade, os insumos adquiridos estão sujeitos à alíquota zero, pois são matérias primas para a produção de fertilizantes. Entende que se não há previsão legal para apuração de crédito na aquisição de adubos, fertilizantes e suas matériasprimas e se as despesas de frete incorridas para o seu transporte integram o custo de aquisição, logicamente, não poderia ter sido apurado crédito sobre as despesas de frete. Informa que na “planilha 3” discriminou todas as despesas de frete que foram glosadas, na qual também foram incluídas as despesas de fretes sem descrição do produto transportado (fls. 1.279/5.002 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122). Explica, por fim, que foi garantido o aproveitamento de créditos no transporte de ureia, quando adquirida para fins veterinários, visto haver tributação sobre esse insumo. No item “I.4 ARMAZENAGEM”, explica que, intimada a comprovar as despesas realizadas nesta rubrica, a contribuinte informou que se tratavam de armazenagem de insumos adquiridos que, por razões de logística e capacidade de armazenagem interna, eram guardados em armazéns externos. Afirma, todavia, nos termos do inciso IX do art. 3º da Lei n° 10.833/2003, extensiva ao PIS/Pasep em função do inciso II do art. 15 da mesma lei, que tal crédito é restrito às despesas efetuadas nas operações de vendas e se o ônus for suportado pelo vendedor. Entende que as despesas com armazenagem de insumo ou mercadorias adquiridas para industrialização ou revenda não geram direito ao crédito das contribuições. Diz que tal entendimento é corroborado pelas Soluções de Consulta n° 151/2006 (8a RF), n° 25/2009 (8aRF) e n° 403/2007 (Cosit). Informa que está discriminado na “planilha 4” todas as despesas de armazenagem que foram glosadas (fls. 5.003/5.040 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122). No item “I.5 – ENTRADA BENS P/ REVENDA – URÉIA PECUÁRIA EEMBALAGENS”, relata que no processo administrativo de n° 15586.001201/201048 foi lavrado o Parecer n° 83/2010 e seu respectivo Despacho Decisório, com ciência da contribuinte em 26/11/2010, no qual foi feita a análise do PER de n° 29114.33033.090409.1.1.111732,referente a créditos da Cofins não cumulativa (mercado interno) do 3º trimestre de 2008. Diz que, neste processo, ficou provado que a contribuinte se apropriou indevidamente, neste trimestre, de créditos relativos às aquisições de ureia pecuária e de embalagens correspondentes a períodos anteriores (janeiro de 2005 a Fl. 560DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 7 6 junho de 2008), nos montantes de R$160.094.943,96 e R$ 17.854.396,54, respectivamente. Informa que a contribuinte justificou o procedimento adotado, invocando o art. 16 da Lei n° 11.116/2005, o qual autorizou a compensação e o ressarcimento de créditos de PIS/Pasep e Cofins vinculados a operações de vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota zero ou não incidência. Relata que o Acórdão de n° 1335.523, proferido pela DRJ/RJ2 em 16/06/2011, julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade, mantendose integralmente o Despacho Decisório proferido. Narra que o entendimento da DRJ foi no sentido de considerar indevida a inclusão na base de cálculo dos créditos os valores de custos, encargos e aquisições que ensejariam a apropriação dos créditos correspondentes, mas que dizem respeito, todavia, não ao 3º trimestre de 2008, mas a trimestres anteriores de apuração. Explica que o procedimento adotado não se restringiu à inclusão em um mesmo PER de créditos originados de períodos anteriores àquele a que se refere, mas cometeu o mesmo erro no Dacon, ao incluir no mês de setembro de 2008 os custos de aquisições de insumos e embalagens originados em meses anteriores (desde janeiro de 2005). Entende que a contribuinte, assim agindo, não promoveu o necessário e regular confronto dos créditos decorrentes de tais operações de meses anteriores de apuração, utilizandoos na dedução da contribuição devida no próprio mês de apuração, em desrespeito ao regime de competência de apuração da contribuição. Por tal razão, as mesmas glosas efetuadas na apuração do saldo de créditos da Cofins foram mantidas na apuração do saldo de créditos de PIS. No tópico “III – RESSARCIMENTO”, explica que os ajustes de créditos realizados, bem como o percentual de rateio utilizado para separar os diferentes tipos de créditos, foram discriminados no “Demonstrativo de Apuração do PIS”, constante às fls.5.041/5.043, bem como no “Demonstrativo de Apuração da Cofins”, constante às fls.5.044/5.046 do processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n°10783.921005/201122. Informa que os créditos vinculados a receitas tributadas no mercado interno foram consumidos antes dos créditos vinculados a receitas não tributadas no mercado interno e antes dos créditos vinculados a receitas de exportação. (...) A autoridade fiscal propôs, ainda, a homologação das Dcomp vinculadas ao PER até o limite do crédito reconhecido por trimestre calendário, por tributo e por tipo de crédito. Com base no Parecer de n° 74/2012, foi emitido Despacho Decisório pelo Delegado da RFB em Vitória/ES, reconhecendo o direito creditório proposto e homologando as compensações vinculadas até o limite do crédito reconhecido. Fl. 561DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 8 7 (...) Cientificada (...), a contribuinte apresentou (...) a manifestação de inconformidade, a seguir sintetizada. No tópico “I DOS FATOS”, explica que com a edição do artigo 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passou a ser possível a manutenção dos créditos relativos às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência. Aduz que, posteriormente, foi editada a Lei n° 11.116/05, cujo artigo 16 autorizou a compensação destes créditos com outros tributos federais ou, ainda, seu ressarcimento. Diz que, por isso, apurou o saldo credor solicitado no PER. Resume, ao fim, as glosas realizadas e diz que os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal não podem prosperar. No tópico “II DO DIREITO”, aduz, preliminarmente, que a manifestação de inconformidade apresentada engloba todos os processos apensados. A seguir, no item “DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIOANTE A AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO DA GLOSA DE CRÉDITOS DE PIS ORIUNDOSDA AQUISIÇÃO DE UREIA E EMBALAGEM PERÍODO DE JAN/05 A SET/08”, aduz que a autoridade fiscal, ao tratar dos créditos extemporâneos de PIS/Pasep e Cofins oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08, se pautou tão somente na análise dos créditos de Cofins, sem, contudo, fundamentar a decisão com relação ao PIS/Pasep. Explica que não há uma ausência absoluta de motivação das glosas realizadas. Diz, todavia, que há latente insuficiência da motivação, decorrente da precariedade da análise realizada, que, em última instância, acabou por inviabilizar o entendimento acerca do trabalho fiscal realizado, prejudicando o direito ao contraditório. Entende ser inquestionável a necessidade de reconhecimento da nulidade do despacho decisório por cerceamento do direito de defesa e do contraditório, haja vista a inexistência de elementos sólidos para definir os motivos específicos das glosas perpetradas em relação aos créditos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem. Argumenta que a indicação específica dos fatos que ensejaram a glosa dos créditos tributários é um dos requisitos de validade das decisões administrativas, conforme se depreende do art. 50, I, da Lei 9.784/99. Diz ainda que são nulos os despachos proferidos com preterição do direito de defesa, nos termos do artigo 59 do Decreto 70.235/72. Traz decisão do CARF sobre o assunto. Requer a nulidade do despacho decisório. A seguir, no item “DA DECADÊNCIA DO DIREITO DO FISCO DE INDEFERIR O DIREITO AO CRÉDITO DE PIS E DE COFINS APROPRIADO ATÉ MAIO DE 2007”, assevera que a autoridade fazendária glosou os créditos oriundos da aquisição de serviços de desestiva, frete sobre compra, armazenagem e de bens e serviços empregados na da produção, referentes ao período transcorrido entre o 1º trimestre de 2007 e o 4º trimestre de2009 e, ainda, créditos Fl. 562DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 9 8 extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de uréia e embalagem do período de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Alega, todavia, que já estava decaído o direito de o Fisco glosar os créditos apurados até 05/2007. Diz que o reconhecimento do direito creditório se deu entre 01/2007 e12/2009, ocasião em que apropriou os créditos em sua escrita fiscal e os declarou em Dacon. Explana que a contribuição em análise está sujeita ao lançamento por homologação, de modo que lhe compete apurar mensalmente o montante de tributo devido, declarálo ao Fisco e efetuar o recolhimento. Informa que a homologação pode ocorrer expressa ou tacitamente, a qual se dá pelo transcurso do prazo de 5 (cinco) anos sem a manifestação do fisco, tornando extinto o crédito tributário, nos termos do §4° do art. 150 do CTN. Argumenta que uma vez pago o tributo devido começou a fluir o prazo decadencial de 05 (cinco) anos para o Fisco averiguar se estava correto o procedimento adotado, bem como lançar eventual diferença. Preconiza que, em relação aos créditos apurados entre 01/2005 e 05/2007, o prazo para o Fisco indeferilos findouse em 31/05/2012. Informa que a notificação sobre o indeferimento dos créditos ocorreu no dia 13/06/2012, ou seja, quando já decorrido o prazo decadencial para que o Fisco pudesse rever os valores creditados para apuração do tributo. Requer que seja reconhecido como homologado tacitamente os créditos apropriados entre 01/2005 e 05/2007. No item “DA IMPOSSIBILIDADE DE RESTRIÇÃO INFRALEGAL AO CONCEITO DE INSUMO”, explica que as Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03 determinam que a pessoa jurídica poderá fazer algumas deduções da sua base de cálculo, prevendo que podem ser descontados os bens e serviços utilizados como insumo na prestação de serviços e na fabricação de bens destinados à venda. Diz que ao regulamentar as leis, a RFB externou, por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04, o seu entendimento do que consiste o termo “insumo” parafins de PIS/Pasep e Cofins, equiparando o ao conceito estabelecido para o IPI, o que não merece prosperar, uma vez que a lei assim não o fez. Explica que tais Instruções Normativas não oferecem a melhor interpretação ao art. 3o, inciso II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03, pois a concepção estrita de insumo não se coaduna com a base econômica da contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, cujo ciclo de formação não se limita à fabricação de um produto ou à execução de um serviço, abrangendo outros elementos necessários à obtenção de receita. Explana que a base de cálculo do IPI é o valor da mercadoria industrializada, de modo que insumo, neste caso, está relacionado apenas aos elementos que entram na composição do valor da mercadoria, tais como matériaprima, produto intermediário e material de embalagem. Por sua vez, o PIS/Pasep e a Cofins têm como base de cálculo a receita, que é composta por todos os ingressos que integram o patrimônio da pessoa jurídica, razão pela qual o insumo se relaciona com a totalidade das receitas auferidas pelo contribuinte, as quais, para serem obtidas, exigem que os contribuintes incorram em despesas e custos. Fl. 563DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 10 9 Em função disso, entende que para as contribuições ao PIS e à Cofins o significado de insumo é muito mais abrangente do que o do IPI, devendo integrar todas as despesas e custos necessários utilizados na produção de bens e serviços que abarão gerando receita, relacionados nos artigos 290 e 299 do Regulamento do Imposto de Renda (Decreto n°3.000/1999), e que definem, respectivamente, custos e despesas operacionais. Aduz que o CARF proferiu decisão na qual reconhece a validade do conceito de insumo oferecido pela legislação do IRPJ, afastando a possibilidade de utilização dos conceitos de insumo trazidos pela legislação do IPI. Assevera que a Justiça Federal está adotando o entendimento do CARF. Anexa decisão da 1a Turma do TRF da 4a Região. Alega que as Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03 não conceituam e nem limitam o conceito de insumos, assim como não remetem à utilização subsidiária da legislação do IPI para o alcance de seu conceito, razão pela qual entende que a restrição ao conceito de insumo trazida nas referidas Instruções Normativas são ilegais, ferindo o princípio constitucional da legalidade. Por fim, ressalta, “apenas por amor à argumentação”, que mesmo em caso de atendimento ao disposto nas IN SRF n°s 247/02 e 404/04, que faz jus aos créditos em discussão, pois consoante se verifica do seu objeto social, é produtora de fertilizantes, sendo imprescindível a observância de todas as etapas relativas ao processo produtivo, o qual abrange desde a chegada dos insumos importados, o carregamento, o transporte, a pesagem, a produção dos fertilizantes, a distribuição e a venda destes produtos. Requer o cancelamento das glosas realizadas relativamente aos dispêndios com insumos. No item “DO DIREITO AO CRÉDITO DE DESESTIVA”, argumenta que, à época, todos os desembolsos efetuados com operações portuárias eram classificados como desestiva, de modo que dentro desta conta foram contabilizados os custos de armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matéria prima do navio),movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada). Relata que tais atividades são realizadas por pessoas jurídicas especializadas que atuam apenas para este fim, sem os quais seria impossível a retirada da mercadoria dos porões dos navios e o seu acondicionamento nos caminhões de transporte. Diz que a Lei n° 8.630/93 regulamenta a atividade portuária e determina que todas as movimentações de cargas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário devem ser realizadas por pessoas jurídicas préqualificadas para operar no porto. Alega que, assim, pode, com base no artigo 3o, inc. II, das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/2003, descontar créditos de PIS/Pasep ou Cofins sobre aquisições de insumos, bens e serviços empregados na fabricação Fl. 564DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 11 10 de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. Argumenta que a questão que gera inúmeras discussões doutrinárias e jurisprudenciais é o real significado de insumo, uma vez que não existe uma definição legal, mas apenas instruções normativas publicadas pela RFB na tentativa de conceituálo. Diz que após diversas decisões conflitantes, a Receita Federal publicou a Solução de Divergência n° 15/2008, a qual define insumo como “aqueles bens ou serviços adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, aplicados ou consumidos na fabricação do produto ou no serviço prestado”. Afirma que tal entendimento lhe possibilita apropriar créditos sobre o valor de aquisição de insumos que não necessariamente se consumam ou desgastem em razão do contato com o produto em fabricação, mas também sobre insumos que são aplicados direta ou indiretamente no processo produtivo de determinada mercadoria, sem que tenham sido desgastados ou consumidos. Cita o art. 110 do CTN, segundo o qual a lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance dos conceitos de direito privado. Delimita o conceito de insumo com base na NPC n° 02 do IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil), que define custo como todos os gastos incorridos para a aquisição e/ou produção de um bem. Traz, também, o conceito de custo fornecido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC n° 1.170/2009). Entende que é este o conteúdo que deve ser dado ao conceito de insumo pela RFB. Conclui que se enquadram no conceito de custo de produção os incorridos, intrínsecos e necessários na aquisição e na prestação de determinado bem até a etapa em que ele estiver em condições de ser comercializado. Alega, ainda, que a atividade portuária é essencial à sua atividade, o que está cabalmente demonstrado por fotos constantes em documentos anexos. Afirma que tais custos são intrínsecos ao seu processo produtivo, pois, caso algum deles não seja efetuado, a matéria prima não terá continuidade no processo produtivo. Entende, pelo exposto, que os serviços mencionados são, efetivamente, utilizados como insumo no processo produtivo da indústria, haja vista que, após a liberação do Ministério da Agricultura ou da Receita Federal, iniciase todo o serviço de desestiva e descarga do navio, a fim de acomodar as mercadorias dentro do caminhão que as transportará para o processo produtivo da indústria. Traz aos autos fluxograma para demonstrar o procedimento realizado. Afirma que os serviços realizados não podem jamais serem tratados como uma mera atividade meio ou uma despesa administrativa, como entendeu a autoridade fazendária, haja vista que são atividades essenciais e que estão intrinsecamente ligadas à produção de fertilizantes. Requer que se considere os serviços de desestiva, descarregamento, armazenagem alfandegada e movimentação como insumo do processo produtivo e, consequentemente, se reconheça os descontos dos créditos efetuados. Argumenta, com base na citada decisão do CARF, que o conceito de insumo para o PIS/Cofins é o mesmo utilizado na legislação do IRPJ, Fl. 565DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 12 11 ou seja, insumos não apenas as matériasprimas, mas todos os custos diretos ou indiretos da cadeia produtiva. Argumenta que mesmo que não fossem consideradas as despesas com desestiva, descarregamento, movimentação e armazenagem como prestação de serviços aplicados na produção, devese considerálas como englobadas no custo de transporte, o qual integra o conceito de frete. Diz que não é por não estar amparada por um documento fiscal, apresentado por uma transportadora, que não pode ter direito ao crédito de PIS/Cofins, pois a caracterização do serviço está relacionado ao transporte que faz parte de seu processo produtivo. Aduz que a RFB reconhece o crédito sobre o frete pago no transporte das matérias primas até o estabelecimento fabril. Traz soluções de consultas da RFB sobre o assunto. Requer, por fim, uma vez que a fiscalização não efetuou qualquer questionamento sobre a composição dos lançamentos classificados nas rubricas DESESTIVAS/DESPACHANTES, que seja efetuada diligência para responder qual é o valor dos créditos que deverão ser aceitos nos pedidos de ressarcimento. No item “SERVIÇOS DE TRANSPORTE FRETE NA AQUISIÇÃO DE INSUMOS”, relata que o Fisco glosou crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Argumenta que, de forma equivocada, concluiu a autoridade fiscal que como os insumos adquiridos (exceto a ureia) são tributados à alíquota zero não poderia haver crédito sobre o respectivo frete. Alega, entretanto, que a alíquota zero aplicada às aquisições de matérias primas não se estende ao frete, que sofre a tributação normal do PIS/Pasep e da Cofins. Afirma que este esse é o entendimento adotado pela melhor jurisprudência do CARF e das DRJ. Traz algumas ementas de decisões desses órgãos, assim como as Soluções de Consulta nº 17/2010 e n° 234/2007. Requer o reconhecimento da totalidade dos créditos oriundos dos fretes sobre compra de insumos. No item, “DOS CRÉDITOS DAS DESPESAS DE ARMAZENAGEM”, aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Diz que duas das Soluções de Consulta utilizadas pelo Auditor Fiscal para efetuar as glosas lhe é favorável. Afirma que a Solução de Consulta n° 403/2007 esclarece que os créditos das despesas de armazenagem são devidos desde que seu respectivo ônus seja suportado pela tomadora de créditos, que é o caso em análise. Explica que a Solução de Consulta n° 25/2009, a seu turno, elucida que os créditos de armazenagem não são devidos quando a despesa se refere a produtos que não foram aplicados diretamente na produção, o que não é o caso dos autos. Requer o reconhecimento dos créditos glosados. No item “DOS SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS”, explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao Fl. 566DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 13 12 processo produtivo. Aduz que o conceito de “insumo” não pode ficar restrito ao conceito legalmente estatuído para o IPI. Requer a reversão das glosas efetuadas. No tópico “DA GLOSA DE CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS DE PIS ORIUNDOS DA AQUISIÇÃO DE URÉIA PECUÁRIA E EMBALAGEM – PERÍODO DE JAN/05 A SET/08”, relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que tal indeferimento se deu unicamente sob o argumento de que estavam sendo mantidas em relação ao PIS as glosas realizadas em relação à Cofins no PAF de n° 15586.001201/201048. Afirma que, se não for acatada a preliminar de nulidade, há argumentos, expostos a seguir, que rebatem a glosa perpetrada. No item “DOS CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS DE PIS”, explica que transmitiu PER em virtude da aquisição de ureia pecuária e embalagens aplicadas em seu processo produtivo, referentes ao período de 01/2005 a 09/2008. Diz que tal direito creditório foi glosado sob o possível entendimento de que deveria ter feito o pedido para cada trimestre calendário, nos termos dos artigos 21 e 22 da IN n° 600/2005. Diz que tal entendimento não merece prosperar pelos seguintes motivos. No item “DA IMPOSSIBILIDADE DA REVOGAÇÃO DE LEI POR MEIO DE INSTRUÇÃO NORMATIVA”, expõe que o artigo 16 da Lei n° 11.116/2005 não obrigou que os sujeitos passivos fizessem um PER para cada trimestre como condição para utilizar créditos extemporâneos. Afirma que a lei apenas criou o direito ao crédito e que a única obrigação trazida era de que o saldo credor fosse acumulado em cada trimestre. Aduz que se a lei não restringiu o direito do contribuinte, uma mera instrução normativa não tem o condão de fazêlo, devendo ser observado o princípio da legalidade. Traz à baila o art. 100 do CTN. Argumenta que não há dúvidas sobre o caráter regulatório das Instruções Normativas, que, como normas secundárias, não podem ir além daquilo que foi determinado em lei. Conclui que não merece prosperar a decisão da autoridade fiscal. No tópico “DA OBSERVÂNCIA PELA MANIFESTANTE DO PROCEDIMENTO NECESSÁRIO PARA COMPENSAÇÃO”, assevera que o art. 16 da Lei n° 11.116/05 determina que os contribuintes somente podem utilizar seu crédito acumulado de PIS/Cofins para compensálo com outros tributos após o encerramento do trimestre. Entende que o legislador não proibiu os contribuintes de fazer um único pedido, reunindo saldos acumulados de trimestres anteriores já encerrados. Diz que a obrigatoriedade trazida é apenas que a apuração do saldo credor seja feita a cada trimestre. Informa que quando lançou, deforma extemporânea, em seu Dacon do mês 09/2008 todas as suas operações com direito a crédito do período compreendido entre 01/2005 e 09/2008 e, consequentemente, entregou PER e Dcomp, já estavam encerrados todos os trimestres cujo crédito se pleiteava. Fl. 567DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 14 13 No tópico “DA COMPOSIÇÃO DO SALDO CREDOR REFERENTE AO 3º TRIMESTRE DE 2008”, diz que o saldo credor deste período é composto pelos créditos apurados dentro do próprio trimestre e pelos créditos extemporâneos reconhecidos no trimestre. Diz ter agido de acordo com as normas jurídicas aplicáveis ao caso e ter feito um único PER. Alega que incorporar crédito extemporâneo aos créditos do 3o trimestre de 2008 apenas lhe prejudicou, em virtude do atraso na devolução do saldo credor a que tem direito. No tópico “DA APLICAÇÃO AO CASO DO PRINCÍPIO DA VERDADE MATERIAL” diz, novamente, ser possível a utilização de créditos extemporâneos. Aduz que a autoridade fiscal não pode deixar de reconhecêlos apenas por entender que o procedimento para sua utilização ter sido feita da forma inadequada. Diz que no processo administrativo tributário deve prevalecer sempre a verdade material. Traz decisões do antigo Conselho de Contribuintes sobre a aplicação do princípio. Postula por sua aplicação, reformando a decisão prolatada. No tópico “DA JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTAÇÃO”, explica que no exíguo prazo de 30 dias para apresentação da Manifestação de Inconformidade não foi possível apresentar toda a documentação que respalda os argumentos expostos. Pede, em homenagem ao princípio da ampla defesa, pela entrega dos documentos, a fim de provar a verdade dos fatos até antes do julgamento. No tópico “DA PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL”, requer, com base no artigo 16 do Decreto 70.235/72, a realização de diligência para responder a seguinte questão: “qual é o valor do crédito de PIS/Cofins oriundos dos lançamentos classificados como “desestiva/despachantes”, frete sobre compras, armazenagem e serviços e bens não admitidos que, de acordo com o conceito de insumo, já consagrado pelo CARF, deverá ser aceito no PER?” Protesta pela formulação de quesitos complementares. Nomeia como assistentes técnicos o Sr. Rubens Leite de Mattos, contador, inscrito no CRC 1SP163.568/06, e o Sr. Fabiano de Oliveira Bernarde, engenheiro, inscrito no CREA 5061932479, ambos com endereço na Avenida Irene Karcher, 620, Betel, Paulínia/SP, CEP 13148906, fone: (019) 33222289. Por fim, no tópico “DO PEDIDO”, requer: 1) a nulidade do Despacho Decisório em face da insuficiência da motivação das glosas dos créditos extemporâneos de PIS, por ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório; 2) a homologação tácita dos créditos apropriados até 05/2007; 3) quanto ao mérito, o reconhecimento integral dos créditos; 4) a realização de diligência/prova pericial a fim de comprovar o todo alegado; 5) protesta pela posterior juntada de documentos até antes do julgamento; Fl. 568DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 15 14 6) requer que as futuras intimações sejam enviadas não só para o domicílio do contribuinte, como também para seus advogados, cujo domicílio encontrase na rua Paulo Lobo, n° 33, Cambuí, Cidade de Campinas/SP, CEP 13.025210. A DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade. O Acórdão n.º 06047.529 3ª Turma da DRJ/CTA, está assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 DECADÊNCIA. DIREITO DE EFETUAR A GLOSA DE CRÉDITOS. O prazo decadencial do direito de lançar tributo não rege os institutos da compensação e do ressarcimento e não é apto a obstaculizar o direito de averiguar a liquidez e a certeza do crédito do sujeito passivo e a obstruir a glosa de créditos indevidos tomados pela contribuinte. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITO. INSUMO. Somente podem ser considerados insumos, os bens ou serviços intrinsecamente vinculados à produção de bens, não podendo ser interpretados como todo e qualquer bem ou serviço que gere despesas. CRÉDITOS. IMPORTAÇÃO. DESESTIVA. DESPACHANTES. A pessoa jurídica sujeita ao regime de apuração não cumulativa do PIS/Pasep e da Cofins não pode descontar créditos calculados em relação aos gastos com desestiva e despachantes, decorrentes de importação de mercadorias. CRÉDITOS. CUSTOS COM ARMAZENAGEM. As despesas com armazenagem somente geram créditos não cumulativos se estiverem vinculadas às operações de venda. FRETES SOBRE COMPRAS. CRÉDITOS BÁSICOS. Somente os fretes sobre compras de bens passíveis de creditamento na sistemática da não cumulatividade do PIS e da Cofins geram direito ao crédito básico. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. FALTA DE PREVISÃO LEGAL. Não há previsão legal na legislação de regência do PIS/Pasep e da Cofins para o aproveitamento extemporâneo de créditos da não cumulatividade. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/01/2009 a 31/03/2009 INCONSTITUCIONALIDADE. ILEGALIDADE. INCOMPETÊNCIA. Fl. 569DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 16 15 As autoridades administrativas estão obrigadas à observância da legislação tributária vigente, sendo incompetentes para a apreciação de arguições de inconstitucionalidade e ilegalidade de atos legais regularmente editados. PEDIDO DE DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese o pedido de diligência por ser absolutamente desnecessário para a solução do litígio. Inconformada, a ora Recorrente apresentou, no prazo legal, Recurso Voluntário por meio do qual requer que a decisão da DRJ seja reformada, alegando, em síntese: I. Dos Fatos A Recorrente reproduz os argumentos da impugnação explicando que com a edição do artigo 17 da Lei n° 11.033, de 21 de dezembro de 2004, passou a ser possível a manutenção dos créditos relativos às vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência. Aduz que, posteriormente, foi editada a Lei n° 11.116/05, cujo artigo 16 autorizou a compensação destes créditos com outros tributos federais ou, ainda, seu ressarcimento. Diz que, por isso, apurou o saldo credor solicitado no PER. Resume, ao fim, as glosas realizadas e diz que os fundamentos utilizados pela autoridade fiscal não podem prosperar. II. Do Direito II.1 – Da Decadência – Desestiva e Outros A Recorrente alega a decadência do direito de lançar o créditos oriundos da glosa de serviços de desestiva, frete sobre a compra, armazenagem e bens e serviços empregados na produção, referentes ao período transcorrido entre o 1o trimestre de 2007 e o 4o trimestre de 2009 e, ainda, créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de uréia e embalagem do período de janeiro de 2005 a setembro de 2008. Nessa linha, repete os argumentos da impugnação, sustentando dentre outros a) que já estava decaído o direito de o Fisco glosar os créditos apurados até 05/2007; b) que o tributo era sujeito a lançamento por homologação com a contagem do prazo decadencial nos termos do §4° do art. 150 do CTN; c) que o prazo para o Fisco indeferilos findouse em 31/05/2012; d) que a notificação sobre o indeferimento dos créditos ocorreu no dia 13/06/2012, portando posterior a data de 31/05/2012. II.2 – Da Direito ao Crédito da Contribuição ao PIS e da Cofins Não Cumulativas Oriundas da Aquisição de Insumos e Serviços e da Impossibilidade de Ressarcimento/Compensação. A Recorrente argumenta que com a edição das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 a contribuição ao PIS e a Cofins tornaramse, via de regra, nãocumulativas. Complementa afirmando que teria direito ao crédito na aquisição de bens e serviços, bem como Fl. 570DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 17 16 das despesas incorridas para a fabricação de seu produto. Embasa sua afirmativa no art. 17 da Lei nº 11.033, de 21/12/2004. O referido artigo assim dispõe: "Art. 17. As vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota O (zero) ou não incidência da Contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS não impedem a manutenção, pelo vendedor, dos créditos vinculados a essas operações." (DOU 22/12/04) Reforça esse argumento, fazendo referência ao art. 16, da Lei nº 11.116/05 que trata dentre outros da compensação com débitos próprios do crédito acumulado a cada trimestre de PIS/Pasep e Cofins. II.3 – Da Impossibilidade de Restrição Infralegal ao Conceito de Insumo A Recorrente argumenta que a RFB por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 da RFB fez uma interpretação equivocada do conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins constante das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. O equívoco ocorre pois as referidas INs equipararam o conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins ao conceito de insumo para a legislação do IPI. Dessa forma, explica que os tributos em cena têm uma estrutura jurídica completamente diversa, sendo o IPI um imposto sobre a produção e o PIS/Pasep e Cofins contrições sobre a receita. Cita doutrina e jurisprudência tratando do conceito de insumo. Pede que seja reconhecido o direito creditório. II.4 – Do Direito ao Crédito de Desestiva A Recorrente defende o direito ao crédito com as atividades de desestiva. Tratase de desembolsos efetuados com operações portuárias, a saber: custos de armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matériaprima do navio), movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada). Alega que as atividades portuárias são realizadas por pessoas jurídicas domiciliadas no país e transcreve trechos da Lei nº 8.630/93. Diz que a Lei n° 8.630/93 regulamenta a atividade portuária e determina que todas as movimentações de cargas destinadas ou provenientes de transporte aquaviário devem ser realizadas por pessoas jurídicas préqualificadas para operar no porto. Alega que as despesas com o serviço de desestiva enquadramse no conceito de insumos. Cita doutrina e jurisprudência para pedir o reconhecimento do direito creditório de PIS/Pasep e Cofins. Argumenta que mesmo que não fossem consideradas as despesas com desestiva, descarregamento, movimentação e armazenagem como prestação de serviços aplicados na produção, devese considerálas como englobadas no custo de transporte, o qual Fl. 571DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 18 17 integra o conceito de frete. Cita jurisprudência reconhecendo o direito ao crédito nos serviços de frete na aquisição. II.5 – Serviços de Transporte – Frete na Aquisição de Insumos A Recorrente relata que o Fisco glosou o crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Argumenta que, de forma equivocada, concluiu a autoridade fiscal que como os insumos adquiridos (exceto a ureia) são tributados à alíquota zero não poderia haver crédito sobre o respectivo frete. Argumenta que os custos relativos ao frete são tributados pelo PIS/COFINS e que faria jus ao crédito. A seu favor, cita trecho de parecer, de legislação do IR (RIR/2011 art. 289) e jurisprudência administrativa. II.6 – Dos Créditos Decorrentes das Despesas de Armazenagem A Recorrente aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Afirma que a armazenagem é um serviço indispensável ao seu processo produtivo. Dessa forma, alega que não se pode restringir o direito ao crédito de PIS/COFINS provenientes das despesas de armazenagem. II.7 – Dos Serviços e Bens Não Admitidos A Recorrente relata explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao processo produtivo. Aduz que o conceito de “insumo” não pode ficar restrito ao conceito legalmente estatuído para o IPI. Requer a reversão das glosas efetuadas. II.8 – Da Glosa dos Créditos Extemporâneos de PIS Oriundos da Aquisição de Uréia Pecuária e Embalagem – Período de Jan/05 a Jun/08 A Recorrente relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que a questão relacionada aos créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08 será tratada especificamente no PA de n° 15586.720015/201273, uma vez que tais créditos foram solicitados no PER de setembro de 2008 de n° 09266.04610.101008.1.1.100006. Pede que os autos sejam julgados em conjunto com outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo nº 10783.900001/201291, uma vez que são conexos por tratarem das mesmas matérias. III.8 – Da Produção de Prova Pericial/Diligência Fl. 572DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 19 18 A Recorrente reforça que foi requerida quando da interposição da Manifestação de Inconformidade a realização de prova pericial/diligência, para responder ao seguinte questionamento: Qual é o valor do crédito de PIS/COFINS oriundo dos lançamentos classificados como DESESTIVAS/DESPACHANTES, FRETE SOBRE COMPRA, ARMAZENAGEM e SERVIÇOS E BENS NÃO ADMITIDOS que, de acordo com o conceito de insumo, já consagrado pelo CARF, deverá ser aceito no pedido de ressarcimento? Protesta pela formulação de quesitos complementares e indica assistentes técnicos. IV – Do Pedido A Recorrente ao final pede que: 1) inicialmente, requer a Recorrente que o presente processo seja analisado em conjunto com todos os outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo n.o 10783.900001/201291, uma vez que são conexos por tratarem das mesmas matérias; 2) requer que seja reconhecida a homologação tácita dos créditos apurados pela Defendente até maio de 2.007, eis que quando da notificação da Defendente em 13/06/2012, já estava decaído o direito do Fisco de indeferir e glosar o direito creditório do contribuinte em decorrência do transcurso do prazo de 05 (cinco) anos, nos termos do artigo 150, g 40 do CTN; 3) requer que o presente recurso seja integralmente provido para reformar o v. acórdão recorrido e reconhecer integralmente o crédito pleiteado, eis que o conceito de insumo engloba todos os custos e despesas incorridos para a obtenção de receita advinda da venda de fertilizantes, nos termos articulados no presente recurso, e que sejam homologadas as compensações realizadas pela Recorrente, extinguindose, assim, o respectivo crédito tributário, nos termos do artigo 156, II, do CTN. 4) requer a realização de diligência/prova pericial a fim de comprovar todo o alegado. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.805, de 31/01/2019, proferido no julgamento do processo 10783.900005/201270, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Fl. 573DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 20 19 Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.805): "O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. A seguir passo a análise do Recurso Voluntário. Inicialmente a Recorrente pede que estes autos sejam julgados em conjunto com outros processos que estavam inicialmente apensados no Processo Administrativo nº 10783.900001/201291. Ocorre que os processos foram desapensados pela DRJ por entender ser melhor a análise de julgamento individualizada. Os processos apensados, digase, envolvem créditos de natureza diferentes (mercado interno não tributado e exportação) e períodos de apuração distintos. Além disso, há pontos controversos que não dizem respeito a todos os processos. Por isso, cada qual deve seguir seu próprio caminho, independentemente dos demais. (efl. 463) Assim negase o pedido, sendo que este acordão diz respeito unicamente ao PER de n° 24645.20425.080409.1.1.105572, relativo ao 4º trimestre de 2008, resultantes da não incidência de PIS/Pasep sobre as receitas de vendas não tributadas no mercado interno. Do Direito II.1 – Da Preliminar de Decadência A Recorrente alega a preliminar de decadência do direito de lançar parte dos créditos. Não lhe assiste razão. A lide trata de PER Pedido Eletrônico de Restituição, sendo que não há previsão legal acerca da ocorrência de “homologação” ou de “decadência” para que o fisco examine o direito creditório de restituição. O prazo de 5 anos para a homologação é válido para os casos de compensação, isto é, da extinção do débito (crédito tributário) por um alegado crédito. Tratase de aplicar o disposto no art. 74 da Lei n° 9.430/1996: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. ... § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Fl. 574DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 21 20 § 2º A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 5º O prazo para homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo será de 5 (cinco) anos, contado da data da entrega da declaração de compensação. Assim, de forma conclusiva, afasto a preliminar de decadência. II.2 – Da Direito ao Crédito da Contribuição ao PIS e da Cofins Não Cumulativas Oriundas da Aquisição de Insumos e Serviços e da Impossibilidade de Ressarcimento/Compensação. A Recorrente argumenta que com a edição das Leis nºs 10.637/02 e 10.833/03 a contribuição ao PIS e a Cofins tornaramse, via de regra, nãocumulativas. Assiste razão a Recorrente. O art. 3º de ambas as leis utiliza o termo “insumos” para caracterizar o direito ao crédito. Tratase de assunto exaustivamente discutido neste CARF, cabendo ao intérprete da lei definir a amplitude ou abrangência do termo “insumos” para cada caso em concreto. O direito ao crédito dos insumos também está assegurado mesmo nos casos das vendas de produtos finais tributadas a alíquota zero. Nesse sentido, citase jurisprudência da CSRF deste CARF: CARF CSRF Acórdão 9303007.500 – 3ª Turma ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/07/2004 a 30/09/2008 PIS/PASEP. AQUISIÇÃO E REVENDA. ALÍQUOTA ZERO. INCIDÊNCIA CONCENTRADA. CRÉDITO SOBRE ARMAZENAGEM E FRETES NA VENDA. POSSIBILIDADE. As revendas, por distribuidoras, de produtos sujeitos à tributação concentrada, ainda que as receitas sejam tributadas à alíquota zero, possibilitam desconto de créditos relativos a despesas com armazenagem e frete nas operações de venda, conforme artigo 3º, IX da Lei nºs 10.637/2002 e 10.833/03. Assim, mesmo que o produto final esteja sujeito a alíquota zero, existe o direito ao crédito na aquisição de bens e serviços que tenham sido efetivamente tributados pelas contribuições na etapa anterior. Os dispositivos legais que embasam tal conclusão são a Lei nº 10.833, de 2003, art. 3º, §§ 7º e 8º; e a Lei 11.033, de 2004, art. 17. Assim, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer o direito ao crédito dos insumos sujeitos ao pagamento das contribuições, particularmente o frete, de produtos cuja revenda esteja sujeita a alíquota zero. II.3 – Da Impossibilidade de Restrição Infralegal ao Conceito de Insumo Fl. 575DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 22 21 A Recorrente argumenta que a RFB por meio das Instruções Normativas n° 247/02 e 404/04 da RFB fez uma interpretação equivocada do conceito de insumo para fins de PIS/Pasep e Confins constante das Leis n°s 10.637/02 e 10.833/03. Assiste razão a Recorrente. O conceito de insumo é distinto do conceito de matériasprimas e produtos intermediários constante da legislação do IPI. Para o PIS/COFINS o conceito de insumo é mais amplo, ultrapassando as limitações de contato direto com o produto fabricado. Ao julgar a questão sob o prisma dos recursos repetitivos (Recurso Especial nº 1.221.170 – PR), o acórdão do STJ destacou que ao interpretar o termo insumos de forma restritiva, a Fazenda por meio das INs 247/02 e 404/04 desnaturou o sistema não cumulativo e limitou indevidamente o conceito, que está relacionado àquilo que é intrínseco à atividade econômica da empresa. A atuais redações dos artigos 3º das Leis nº 10.637/2002 (PIS) e nº 10.833/2003 (COFINS), seguem abaixo: Lei nº 10.637/2002 (PIS) Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: Produção de efeito (Vide Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 576DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 23 22 VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Lei nº 10.833/2003: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (Produção de efeito) (Vide Medida Provisória nº 497, de 2010) (Regulamento) I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) Fl. 577DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 24 23 VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) As INs 247/02 e 404/04 da RFB equipararam o conceito de insumo para fins de PIS/COFINS ao conceito de insumo para a legislação do IPI e, por isso, foram consideradas restritivas. Cabe esclarecer que o julgado na sistemática de recursos repetitivos, implica na aplicação do art. 62 do anexo II do RICARF, aprovado por meio da Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. b) Decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, em sede de julgamento realizado nos termos dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou dos arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, na forma disciplinada pela Administração Tributária; (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Assim, nos termos do julgado do STJ, o conceito de insumo deve ser avaliado considerando a essencialidade ou relevância do bem ou serviço, ou seja, considerandose a sua necessidade ou a sua importância para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada. II.4 – Do Direito ao Crédito de Desestiva A Recorrente defende o direito ao crédito com as atividades de desestiva. Assiste razão parcial a Recorrente. Por um lado os gastos com armazenagem alfandegada (acondicionamento da matériaprima em armazéns dentro do porto até a sua transferência para a fábrica), descarga (ato de retirar a matériaprima do navio), movimentação (movimentação dos produtos dentro do porto) e a própria desestiva (serviços de organização da matériaprima dentro do navio para que a mesma possa ser descarregada) geram direito ao crédito. Tratase de questão previamente abordada por esta turma que aceita o frete na aquisição do insumo como componente de seu custo. Ora, aqui, as despesas relacionadas à Fl. 578DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 25 24 operação física de importação – desestiva, descarregamento, movimentação – têm a mesma natureza contábil do frete, como custo do insumo. Por outro lado, os gastos com despachantes aduaneiros e outros serviços administrativos para o cumprimento dos trâmites burocráticos de importação não geram direito a crédito. Tais despesas enquadramse no conceito de despesa administrativa. Sobre o assunto notese que a função do despachante é praticar atos administrativos como representante das empresas ou clientes pessoa física. No Brasil, ao contrário de alguns países, inexiste a obrigatoriedade de contratação de despachante aduaneiro. A empresa pode realizar de forma própria tais atividades. Tratase de disposição expressa no art. 5º do Decreto lei nº 2.472/88: Decretolei nº 2.472, de 01.09.88: Art. 5º A designação do representante do importador e do exportador poderá recair em despachante aduaneiro, relativamente ao despacho aduaneiro de mercadorias importadas e exportadas e em toda e qualquer outra operação de comércio exterior, realizada por qualquer via, inclusive no despacho de bagagem de viajante. § 1º Nas operações a que se refere este artigo, o processamento em todos os trâmites, junto aos órgãos competentes, poderá ser feito: a) se pessoa jurídica de direito privado, somente por intermédio de dirigente, ou empregado com vínculo empregatício exclusivo com o interessado, munido de mandato que lhe outorgue plenos poderes para o mister, sem cláusulas excludentes de responsabilidades do outorgante mediante ato ou omissão do outorgado, ou por despachante aduaneiro; b) se pessoa física, somente por ela, ou por despachante aduaneiro; c) se órgão da administração pública direta ou autárquica, federal, estadual ou municipal, missão diplomática ou repartição consular de país estrangeiro ou representação de órgãos internacionais, por intermédio de funcionário ou servidor, especialmente designado ou por despachante aduaneiro. Diante do exposto, reafirmase que a atividade de despachante aduaneiro é de natureza administrativa sem relação com o frete/armazenagem/logística da atividade econômica da empresa. Caberá a unidade de origem, em conjunto com a Recorrente, determinar as rubricas relativas ao pagamento de despachantes aduaneiros para a exclusão dos créditos. Assim, dáse razão parcial a Recorrente apenas para reconhecer o direito ao crédito quando do pagamento dos serviços com armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/armazenagem/logística. II.5 – Serviços de Transporte – Frete na Aquisição de Insumos A Recorrente relata que o Fisco glosou o crédito de despesas com fretes na aquisição de insumos, não obstante a existência dos devidos comprovantes (CTRC e notas fiscais). Assiste razão a Recorrente. Sobre o assunto existe jurisprudência do CARF CSRF. Fl. 579DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 26 25 CARF CSRF Acórdão (9303007.562) PIS/PASEP. CRÉDITO. FRETES NA TRANSFERÊNCIA DE PRODUTOS ACABADOS ENTRE ESTABELECIMENTOS. FRETES DE INSUMOS ADQUIRIDOS COM ALÍQUOTA ZERO. Afinandose ao conceito exposto pela Nota SEI PGFN MF 63/18 e aplicandose o “Teste de Subtração”, é de se reconhecer o direito ao crédito das contribuições sobre os fretes de produtos acabados entre estabelecimentos e sobre os fretes de insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. É de se atentar ainda, quanto aos fretes de insumos adquiridos com alíquota zero, que a legislação não traz restrição em relação à constituição de crédito das contribuições por ser o frete empregado ainda na aquisição de insumos tributados à alíquota zero, mas apenas às aquisições de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição. Dessa forma, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reverter as glosas dos serviços de transporte, frete, de insumos adquiridos com alíquota zero das contribuições, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. II.6 – Dos Créditos Decorrentes das Despesas de Armazenagem A Recorrente aduz que adquire seus insumos básicos em grandes quantidades e, assim, necessita armazenálos, o que nem sempre ocorre nas dependências da empresa. Afirma que a armazenagem é um serviço indispensável ao seu processo produtivo. Assiste razão a Recorrente. Conforme consta da leitura dos autos, entendo que os serviços de armazenagem são essenciais para a atividade da empresa que opera com carga a granel. Com o advento da NOTA SEI PGFN MF 63/18, restou clarificado o conceito de insumos, para fins de constituição de crédito das contribuições não cumulativas, definido pelo STJ ao apreciar o REsp 1.221.170, em sede de repetitivo. Tal conceito ensina que insumos seriam todos os bens e serviços que possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração resulte na impossibilidade ou inutilidade da mesma prestação do serviço ou da produção. Ou seja, itens cuja subtração ou obste a atividade da empresa ou acarrete substancial perda da qualidade do produto ou do serviço daí resultantes. Afinandose ao conceito exposto pela Nota SEI PGFN MF 63/18 e aplicandose o teste de subtração para a armazenagem dos produtos é de se reconhecer o direito ao crédito das contribuições sobre a armazenagem do insumo a granel. Dessa forma, dáse provimento ao Recurso Voluntário para reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte. II.7 – Dos Serviços e Bens Não Admitidos A Recorrente relata explica que a fiscalização glosou diversos créditos relacionados a bens e serviços adquiridos, inclusive atinentes às despesas incorridas para o transporte desses Fl. 580DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 27 26 bens. Diz, todavia, que tais bens e serviços são utilizados como insumos, pois se tratam de ferramentas operacionais, materiais de manutenção, etc, os quais estão diretamente ligados ao processo produtivo. Da leitura dos autos depreendese que tais créditos serão analisados no processo de n° 10783.900001/201291, apensado ao processo de n° 10783.921005/201122, a qual engloba também as despesas de frete incorridas para o transporte desses bens. II.8 – Da Glosa dos Créditos Extemporâneos de PIS Oriundos da Aquisição de Uréia Pecuária e Embalagem – Período de Jan/05 a Jun/08 A Recorrente relata que, conforme exposto em preliminar, a autoridade fiscal glosou créditos de PIS oriundos da aquisição de ureia pecuária e de embalagem, no período de 01/2005 a 09/2008, sem qualquer motivação específica e sem indicação das normas jurídicas eventualmente infringidas, em patente ofensa ao princípio da ampla defesa e do contraditório. Diz que a questão relacionada aos créditos extemporâneos de PIS/Pasep oriundos da aquisição de ureia e embalagem no período de jan/05 a set/08 será tratada especificamente no PA de n° 15586.720015/201273, uma vez que tais créditos foram solicitados no PER de setembro de 2008 de n° 09266.04610.101008.1.1.100006. Em vista do exposto entendese que o assunto será objeto de julgamento no processo n° 15586.720015/201273. III.8 – Da Produção de Prova Pericial/Diligência A Recorrente reforça que foi requerida quando da interposição da Manifestação de Inconformidade a realização de prova pericial/diligência. Entendo que desnecessária a realização de perícia/diligência para solução da lida. A questão dos lançamentos realizados para o pagamento dos serviços administrativos de despachantes aduaneiros pode perfeitamente ser sanada pela unidade de origem, em conjunto com a Recorrente, ou de maneira isolada. Assim, negase provimento. Conclusão Por todo o exposto, voto por DAR PROVIMENTO PARCIAL ao Recurso Voluntário, conforme abaixo. 1) Negar a análise conjunta com outros processos tendo em vista a exposição de motivos realizada pela DRJ; 2) Indeferir a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição; 3) No mérito, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para: (a) por unanimidade de votos: (i) reverter as glosas do frete de insumos, mesmo quando a revenda dos produtos sujeitase a alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; Fl. 581DF CARF MF Processo nº 15586.720017/201262 Acórdão n.º 3201004.832 S3C2T1 Fl. 28 27 (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide; (b) por maioria de votos: manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. Não julgar a questão dos serviços e bens não admitidos que serão objeto de julgamento em outro processo. Não julgar a questão dos créditos extemporâneos que serão objeto de julgamento em outro processo. Negar provimento a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado indeferiu a preliminar de decadência por tratarse de pedido de restituição. No mérito, o colegiado deu parcial provimento ao Recurso Voluntário para: (i) reverter as glosas do frete sobre a aquisição de insumos, mesmo quando a aquisição sujeitase à alíquota zero; (ii) reverter as glosas do frete sobre a revenda de produtos; (iii) reverter as glosas relativas aos serviços de armazenagem alfandegada, descarga, movimentação e a própria desestiva, todos relacionados ao transporte/ armazenagem/ logística; (iv) reverter as glosas das despesas com os serviços de armazenagem, eis que essenciais e pertinentes à atividade do contribuinte; (v) indeferir a produção de prova pericial/diligência por entender desnecessária a solução da lide e, por último, para manter a glosa sobre os serviços administrativos de despachantes aduaneiros. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 582DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10860.900390/2016-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 23 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2011
ACRÉSCIMOS MORATÓRIOS SOBRE O DÉBITO COMPENSADO.
Sobre o débito compensado incidem juros e multa de mora, calculados entre a data de vencimento e a data de transmissão do PER/DCOMP.
Numero da decisão: 3302-006.681
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado.
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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Sobre o débito compensado incidem juros e multa de mora, calculados entre a data de vencimento e a data de transmissão do PER/DCOMP. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Walker Araújo, Jose Renato Pereira de Deus, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado) e Corintho Oliveira Machado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 86 0. 90 03 90 /2 01 6- 19 Fl. 122DF CARF MF Processo nº 10860.900390/201619 Acórdão n.º 3302006.681 S3C3T2 Fl. 3 2 Relatório Tratase de PerDcomp transmitido com o objetivo de compensar o(s) débito(s) nele discriminado(s) com crédito de COFINS, decorrente de recolhimento indevido ou a maior que o devido. De acordo com o Despacho Decisório, constatouse a procedência do crédito original informado no PER/DCOMP. Entretanto, considerando que o crédito reconhecido revelouse insuficiente para quitar os débitos informados no PER/DCOMP, a compensação foi HOMOLOGADA PARCIALMENTE. O interessado apresentou manifestação de inconformidade, alegando que, no despacho decisório, a Receita Federal efetuou a compensação usando apenas o valor original do direito creditório, sem considerar os juros equivalentes à taxa SELIC que incidem sobre ele. Assim sendo, pede que a manifestação de inconformidade seja provida, para o fim de reconhecer o direito à atualização dos valores compensados e de homologar integralmente a compensação realizada.. A DRJ Belo Horizonte julgou a impugnação improcedente, nos termos do Acórdão nº 02074.079. Inconformado com a decisão da DRJ, apresentou recurso voluntário ao CARF, no qual alega, em breve síntese, que o valor informado se refere ao valor original atualizado pela Selic; que não separou os valores de original, juros e multa; que o valor do direito creditório contempla a compensação pretendida, devendo ela ser homologada na plenitude. É o breve relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Deroulede, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido na Acórdão nº 3302006.675, de 27 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 10860.900385/201614, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3302006.675): "O recurso é tempestivo e apresenta os demais pressupostos de admissibilidade, de forma que dele conheço e passo à análise do mérito. Fl. 123DF CARF MF Processo nº 10860.900390/201619 Acórdão n.º 3302006.681 S3C3T2 Fl. 4 3 A lide posta nos autos diz respeito a questão fática. Não se discute interpretação da legislação tributária. O recorrente não se insurge contra a atualização do débito compensado a destempo, tampouco com a forma de atualização utilizada pela Autoridade Tributária para corrigir o direito creditório. Acontece que o sujeito passivo se equivocou quanto ao valor a ser compensado pelo seu indébito tributário, explico: Podemos extrair da análise da Per/Dcomp nº 03339.46253.170815.1.3.047194, os seguintes dados: a) O sujeito passivo possuía um crédito no valor de R$ 4.372,41, referente a recolhimento indevido da Cofins, realizado em 25/05/2011. Ao seu crédito foi adicionada a taxa Selic acumulada, no percentual de 41,07%. O resultado foi um crédito final de R$ 6.168,16; b) O sujeito passivo possuía um débito tributário no valor de R$ 6.168,16, referente ao mês de setembro de 2013, a título de Cofins. Buscou compensar esse débito com o indébito descrito no item anterior. Ocorre que o recorrente esqueceu dos juros e da multa que incidem sobre o valor do principal nos casos em que a compensação é efetuada após o vencimento do tributo. Sobre essa sistemática, reproduzo o voto da instância a quo que a tratou de forma didática e objetiva, verbis: Sobre o débito compensado incidem juros e multa de mora, calculados entre a data de vencimento e a data de transmissão do PER/DCOMP. De acordo com o art. 43 da Instrução Normativa RFB nº 1.300, de 20 de novembro de 2012, na compensação efetuada pelo sujeito passivo, os créditos serão valorados na forma prevista nos arts. 83 e 84 da mesma IN e os débitos sofrerão a incidência de acréscimos legais, na forma da legislação de regência, até a data da entrega da Declaração de Compensação. Rege a incidência de acréscimos legais sobre débitos o art. 61 da Lei n.º 9.430, de 1996. Segundo esse artigo, sobre os débitos não pagos no prazo, incidem multa de mora e juros de mora. O percentual dos juros de mora equivale à taxa SELIC, nos meses de atraso anteriores ao do pagamento, e a 1%, no mês do pagamento. A extinção do débito compensado considerase ocorrida na data da transmissão da DCOMP. Por fim, de acordo com o § 1º do art. 43 da IN SRF n.º 1300, de 2012, a compensação total ou parcial de tributo ou contribuição administrado pela SRF será acompanhada da compensação, na mesma proporção, dos correspondentes acréscimos legais. Aplicando a sistemática acima explicitada, temos que: O valor do crédito foi de R$ 4.372,41 + 1.795,75 (tx Selic) = R$ 6.168,16. Fl. 124DF CARF MF Processo nº 10860.900390/201619 Acórdão n.º 3302006.681 S3C3T2 Fl. 5 4 O valor do débito tributário foi também de R$ 6.168,16. Não obstante, esse valor não pode se referir na sua totalidade ao principal e sim ao principal, multa e juros moratórios. Nesta linha, o correto valor do principal que foi compensado foi de R$ 4.408,97, pois o restante foi direcionado para a quitação da multa no valor de R$ 881,79, e dos juros no valor de R$ 877,38. Diante desse quadro, devese dizer que o sujeito passivo continuou com um débito da Cofins, referente ao mês de setembro de 2013, no valor de R$ 1.759,19. Resultado da diferença entre seu crédito de R$ 6.168,16 e o débito de R$ 4.408,97. Pelos motivos expostos, não há como reformar a decisão a quo no sentido de homologar a compensação em sua plenitude, pois o indébito tributário que a lastreava era em valor inferior ao valor do débito declarado na Dcomp. Ex positis, nego provimento ao recurso voluntário." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Deroulede Fl. 125DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16327.907600/2009-02
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Data do fato gerador: 11/01/2006
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. COMPROVAÇÃO INSUFICIENTE.
Não apresentação de prova inequívoca hábil e idônea tendente a comprovar a existência e validade de indébito tributário derivado de recolhimento indevido ou a maior de imposto retido na forma de legislação específica, acarreta a negativa de reconhecimento do direito creditório e, por conseqüência, a não-homologação da compensação declarada em face da impossibilidade da autoridade administrativa aferir a liquidez e certeza do pretenso crédito.
INEFICÁCIA DE ALTERAÇÃO EFETUADA NA DCTF. DECLARAÇÃO EXTEMPORÂNEA. REDUÇÃO DE IMPOSTO ORIGINALMENTE CONFESSADO DESACOMPANHADO DE MATERIAL PROBATÓRIO COMPETENTE.
A simples retificação da DCTF não é meio hábil para comprovar o direito creditório
Numero da decisão: 2201-005.040
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Carlos Alberto do Amaral Azeredo - Presidente.
(assinado digitalmente)
Douglas Kakazu Kushiyama - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra.
Nome do relator: DOUGLAS KAKAZU KUSHIYAMA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Data do fato gerador: 11/01/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. COMPROVAÇÃO INSUFICIENTE. Não apresentação de prova inequívoca hábil e idônea tendente a comprovar a existência e validade de indébito tributário derivado de recolhimento indevido ou a maior de imposto retido na forma de legislação específica, acarreta a negativa de reconhecimento do direito creditório e, por conseqüência, a nãohomologação da compensação declarada em face da impossibilidade da autoridade administrativa aferir a liquidez e certeza do pretenso crédito. INEFICÁCIA DE ALTERAÇÃO EFETUADA NA DCTF. DECLARAÇÃO EXTEMPORÂNEA. REDUÇÃO DE IMPOSTO ORIGINALMENTE CONFESSADO DESACOMPANHADO DE MATERIAL PROBATÓRIO COMPETENTE. A simples retificação da DCTF não é meio hábil para comprovar o direito creditório Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Carlos Alberto do Amaral Azeredo Presidente. (assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 32 7. 90 76 00 /2 00 9- 02 Fl. 72DF CARF MF 2 Douglas Kakazu Kushiyama Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Débora Fófano dos Santos, Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim, Douglas Kakazu Kushiyama, Sheila Aires Cartaxo Gomes (Suplente Convocada), Marcelo Milton da Silva Risso e Carlos Alberto do Amaral Azeredo (Presidente). Ausente o conselheiro Daniel Melo Mendes Bezerra. Relatório Tratase de recurso voluntário de fls. 44/50 apresentado em face da decisão de primeiro grau (fls. 31/36) que negou provimento à manifestação de inconformidade formalizada pelo sujeito passivo negando o direito ao crédito do IRRF recolhido, a ser compensado com outro tributo administrado pela Receita Federal. Dado o didatismo do relatório produzido pela DRJ, transcrevoo: Tratase de Manifestação de Inconformidade apresentada contra despacho decisório eletrônico que não homologou a compensação declarada no PER/Dcomp nº 26342.74717.180106.1.3.04.4113, formulada para extinguir débito de IRRF de R$ 1.478,08, código 5299, com vencimento em 11/01/2006, com crédito decorrente de pagamento indevido de IRRF de R$ 1.726,14, código 5299, realizado por meio de Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), com data de arrecadação de 11/01/2006 e valor de R$ 1.726,14. O crédito apontado pela interessada não foi reconhecido porque ele teria sido integralmente utilizado em um ou mais pagamentos anteriores, não restando valor disponível para compensação do débito informado no PER/Dcomp, conforme consignado na decisão recorrida de fls. 11. A referida decisão aponta que existiram dois pagamentos de R$ 1.726,14 no mesmo dia 11/01/2006, porém ambos já estavam alocados para respectivos débitos, código 5299. Notificada da decisão por via postal em 26/06/2009, conforme informado em fls. 28, a contribuinte manifestou seu inconformismo em 27/07/2009, fls. 2, alegando que a divergência apontada no despacho decisório seria decorrente de uma falta de retificação da Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF) de jan/06, omissão que já teria sido sanada em 27/07/2009 para regularizar a pendência apontada. Teria ocorrido pagamento em duplicidade do valor de R$ 1.726,14, sendo que o segundo pagamento foi utilizado em duas compensações, sendo a presente uma delas. Em primeiro grau a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade (fls. 31/36) cuja ementa se transcreve (fl. 31): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Fl. 73DF CARF MF Processo nº 16327.907600/200902 Acórdão n.º 2201005.040 S2C2T1 Fl. 72 3 Data do fato gerador: 11/01/2006 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. DIREITO CREDITÓRIO NÃO RECONHECIDO. COMPROVAÇÃO INSUFICIENTE. A insuficiência de prova inequívoca hábil e idônea tendente a comprovar a existência e validade de indébito tributário derivado de recolhimento indevido ou a maior das contribuições retidas na forma de legislação específica, acarreta a negativa de reconhecimento do direito creditório e, por conseqüência, a nãohomologação da compensação declarada em face da impossibilidade da autoridade administrativa aferir a liquidez e certeza do pretenso crédito. INEFICÁCIA DE ALTERAÇÃO EFETUADA NA DCTF. DECLARAÇÃO EXTEMPORÂNEA. REDUÇÃO DE IMPOSTO ORIGINALMENTE CONFESSADO DESACOMPANHADO DE MATERIAL PROBATÓRIO COMPETENTE. Constituise ineficaz, para efeitos de determinação da pertinência do crédito declarado, a DCTF retificadora transmitida após a ciência dos termos do despacho decisório que não homologou a compensação declarada por intermédio da respectiva DCOMP eletrônica, sobretudo quando a alteração levada a efeito pelo sujeito passivo apresentase desacompanhada de material probatório competente que demonstre a existência e disponibilidade do direito creditório reclamado. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Cientificada desta decisão (fl. 43), apresentou Recurso Voluntário. Do Recurso Voluntário Considerando esses fatos, foi apresentado recurso voluntário de fls. 44/50 em que praticamente repete os argumentos trazidos em sede de manifestação de inconformidade. Este recurso compôs lote sorteado para este relator em Sessão Pública. É o relatório do necessário. Voto Fl. 74DF CARF MF 4 Conselheiro Relator Douglas Kakazu Kushiyama O Recurso Voluntário é tempestivo e dele conheço. No caso em tela, a Recorrente alega: Ainda, para manter o despacho decisório no 842653305 que indeferiu a compensação de que trata a PER/Dcomp no 40394.72513.260106.1.3.044647, o v. acórdão partiu da premissa de que com a mera retificação da DCTF para redução extemporânea do débito originalmente confessado no valor de R$ 3.452,28, o Recorrente não poderia reduzir o valor de R$ 248,06 sob alegação de erro de preenchimento do montante do débito confessado na DCTF. Ora, conforme acima mencionado, a retificação na DCTF somente veio a espelhar a realidade da inexistência do débito de IRRF, tendo em vista que houve o recolhimento em duplicidade. Essa retificação somente foi efetuada após o despacho decisório porque somente após essa decisão é que o Recorrente percebeu que não tinha efetuado essa retificação no prazo correto. No entanto, esse mero equívoco do Recorrente em sua DCTF jamais poderia ensejar o não reconhecimento do direitode crédito do IRRF, tendo em vista a comprovação de que o Recorrente recolheu em duplicidade, no dia 11/01/2006, o valor de R$ 1.726,14, passando a ter o seu direito em fazer a compensação por recolhimento a maior do que o devido, sendo que o não reconhecimento desse direito viola o principio da verdade material. A simples retificação da DCTF não tem o condão de reduzir tributo, pelo menos para o fim a que se pretende nos presentes autos. Ela deve estar lastreada com documentação contábil e fiscal, além disso, deveria ter sido trazida aos autos, de forma didática. Nesse ponto, adoto como razões de decidir excerto dessa Turma da lavra do I. Conselheiro Rodrigo Monteiro Loureiro Amorim AC. 2201004.437 j. 04/04/18, verbis: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte IRRF Anocalendário: 2004 DÉBITO INFORMADO EM DCTF. NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DO ERRO A simples retificação de DCTF para alterar valores originalmente declarados, desacompanhada de documentação hábil e idônea, não pode ser admitida para modificar Despacho Decisório. COMPENSAÇÃO. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Constatada a inexistência do direito creditório por meio de informações prestadas pelo interessado à época da transmissão da Declaração de Compensação, cabe a este o ônus de comprovar que o crédito pretendido já existia naquela ocasião. Fl. 75DF CARF MF Processo nº 16327.907600/200902 Acórdão n.º 2201005.040 S2C2T1 Fl. 73 5 (...) omissis Ora, não pode a autoridade administrativa proceder com a homologação quando existe, de fato, vinculação do crédito a valores confessados pelo contribuinte como devidos, por meio de instrumento hábil e suficiente a sua exigência. Sobre o tema, adoto como razões de decidir as palavras do Ilustríssimo Conselheiro Carlos Alberto do Amaral Azeredo, proferida no acórdão nº 2201004.311: A criação do Sistema de Controle de CréditosSCC objetivou dar maior celeridade e segurança à necessária conferência dos pedidos de restituição, ressarcimentos e declarações de compensação formalizados pelos contribuintes. Naturalmente, tratase de ferramenta de extrema utilidade e eficiência quando batimentos de sistemas podem indicar a existência dos direitos pleiteados. Por outro lado, quando a complexidade da demanda exige, remanesce a necessidade de análise manual dos créditos pleiteados. Das situações possíveis de serem tratadas eletronicamente, sem sombra de dúvida, os indébitos tributários decorrentes de pagamentos indevidos ou a maior são, como regra, os que apresentam menor complexidade de análise, já que basta o SCC localizar o pagamento, identificar suas características e verificar, no sistema próprio, se há débitos compatíveis que demonstrem, no todo ou em parte, a ocorrência de um pagamento indevido ou a maior. (...) Portando, em uma análise primária, notase que a não homologação em discussão é procedente, o que não impede que se reconheça, em respeito à verdade material, que tenha havido algum erro de fato que justifique sua revisão. Contudo, para tanto, necessário que sejam apresentados os elementos que comprovem a ocorrência de tal erro. Portanto, não basta alegar a ocorrência de erro material, é necessário proválo. Quanto ao ônus da prova, o Código de Processo Civil dispõe o seguinte: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Apesar do procedimento de constituição do crédito tributário não ser regido pelo CPC, a adoção dos critérios principiológicos criados por tal norma em aplicação analógica ao presente caso oferece diretrizes de suma importância para resolução da demanda. Fl. 76DF CARF MF 6 Assim, uma vez em curso o procedimento de análise de compensação de crédito, é do contribuinte o ônus de provar a existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da Fazenda. (...) Conforme ressaltado na decisão recorrida, caberia ao Recorrente demonstrar, com base em documentação, a liquidez e certeza do direito creditório para que fosse possível aferir que os valores pagos à título de Imposto de Renda Retido na Fonte é o correto e, por consequência, o direito ao crédito também é o que alega ter direito, conforme preceitua o disposto no artigo 74 da Lei nº 9.430/96: “Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1º A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. Nos termos do disposto no artigo 74 da Lei nº 9.430/96 com as alterações introduzidas pelas Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, acima transcrito, verificase a possibilidade de se compensar os valores desde que seja administrado pela Secretaria da Receita Federal e devidamente comprovados. Além disso, nos termos do disposto no artigo 16 do Decreto nº 70.235, de 1972, o qual atribui ao interessado o ônus de demonstrar a veracidade de suas alegações. Art. 16. A impugnação mencionará: (...) III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (...) § 4º A prova documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, a menos que: a) fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação oportuna, por motivo de força maior; b) refirase a fato ou a direito superveniente; c) destinese a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos. Conforme resta dos documentos juntados aos autos, não é possível comprovar, com elementos de prova o direito que a Recorrente alega ter, face à carência de elementos de prova. Conclusão Diante do exposto, conheço do recurso e negolhe provimento. Relator Douglas Kakazu Kushiyama Fl. 77DF CARF MF Processo nº 16327.907600/200902 Acórdão n.º 2201005.040 S2C2T1 Fl. 74 7 Fl. 78DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10166.729577/2017-14
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Mar 20 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/01/2013 a 31/12/2014
Ementa:
MATÉRIA NÃO CONTESTADA EM IMPUGNAÇÃO. NÃO CONHECIMENTO.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, restando preclusa sua alegação em recurso voluntário.
Numero da decisão: 3302-006.570
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento.
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado).
Nome do relator: PAULO GUILHERME DEROULEDE
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NÃO CONHECIMENTO. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, restando preclusa sua alegação em recurso voluntário. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em lhe negar provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (Presidente), Gilson Macedo Rosenburg Filho, Walker Araujo, Corintho Oliveira Machado, Jose Renato Pereira de Deus, Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Muller Nonato Cavalcanti Silva (Suplente Convocado). Relatório Trata o presente de Autos de Infração de PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, relativos aos anoscalendários de 2013 e 2014, por insuficiência de recolhimento AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 16 6. 72 95 77 /2 01 7- 14 Fl. 936DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 928 2 das contribuições, apuradas a partir das ECD 2013/2014 e EFDContribuições 2013/2014. A fiscalização emitiu Termo de Constatação Fiscal (efls. 57/64) discriminando os valores de receitas, o montante dos créditos descontados, as retenções na fonte, os valores devidos, os valores declarados em DCTF e os valores finais devidos. Destacase que a recorrente possuía decisão judicial para excluir o ISS das bases de cálculo das contribuições, tendo sido lavrados os Autos de Infração para prevenir a decadência no processo de nº 10166.729.578/201769. Em impugnação, a recorrente alegou: 1. A nulidade do lançamento, uma vez que a fiscalização não considerou os créditos das contribuições, não observando o regime nãocumulativo; 2. Que houve falha na indicação da disposição legal infringida e na penalidade aplicável; 3. Que a fiscalização desprezou entendimento firmado pelo STJ, como também Súmula do STF; 4. Que a multa de ofício possui natureza confiscatória,, devendo seu percentual não ultrapassar 20%. A Terceira Turma da DRJ em Belo Horizonte proferiu o Acórdão nº 01 35.111, julgando a impugnação improcedente, nos termos da ementa que abaixo transcrevese: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Exercício: 2017 CONSTITUCIONALIDADE. Escapa à competência da autoridade administrativa afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Exercício: 2017 NULIDADE. IMPROCEDÊNCIA. Descabem as arguições de nulidade quando não se vislumbra nos autos qualquer das hipóteses previstas no art. 59 do Decreto nº 70.235/72. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido Inconformada, a recorrente interpôs recurso voluntário, alegando: Fl. 937DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 929 3 1. Erro material quanto á não consideração de créditos da nãocumulatividade em alguns meses, não consideração dos valores efetivamente retidos, não consideração dos valores efetivamente pagos; 2. Que a fiscalização lavrou o Auto de Infração com base no regime cumulativo, ao passo que a recorrente possuía medida judicial, garantindo sua submissão ao regime cumulativo; 3. Que o conceito de insumo deve ser o decidido no REsp nº 1.221.170/PR, declarando a ilegalidade das IN 247/2002 e 404/2004, correspondente a todo e qualquer dispêndio essencial ou relevante para a consecução da atividade empresarial; 4. Que a fiscalização desconsiderou as despesas como PAT, valetransporte, assistência médica e social, cursos e treinamentos, seguro de vida em grupo, cesta básica, exame médico, material de higiene, uniforme e vestuários, material de consumo, munições, EPIs, material de reposição, assistência técnica, custo com depreciação, serviços prestados por pessoa jurídica, condução, estacionamento e pedágio, alugueis comerciais, alugueis de veículos arrendamentos mercantis, locações de máquinas e equipamentos, telefones, energia elétrica, portes e telégrafos, livros, períódicos, e internet, combustíveis e lubrificantes, manutenção de veículos, todos destacados em "verde" ou "amarelo" nos balancetes juntados em recurso voluntário; 5. Que as retenções nas fontes estão listadas no arquivo não paginável de efl. 602, sendo superiores aos considerados pela fiscalização; 6. Que a fiscalização considerou valores recolhidos inferiores aos reais, conforme planilha juntada em recurso voluntário; 7. Que a multa de ofício deve ser exonerada, pois a recorrente detinha medida judicial favorável obtida no MS nº 2012.51.01.1004060, reconhecendo o direito à sujeição ao regime cumulativo das contribuições previsto na Lei nº 9.718/1998; 8. A ilegitimidade da exigência de juros de mora sobre a multa de ofício. Ao final, em vista das diversas irregularidades, pediuse o cancelamento integral do lançamento. Na forma regimental, o processo foi distribuído a este relator. É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Guilherme Déroulède, Relator. O recurso atende aos pressupostos de admissibilidade e dele tomo conhecimento. Verificase que a recorrente inovou, por completo, em sua peça recursal, deduzindo matérias não abordadas por ocasião da impugnação do lançamento. Fl. 938DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 930 4 Na peça de impugnação, a recorrente alegou a nulidade do Auto de Infração, por ter desconsiderado o regime nãocumulativo das contribuições, ao não considerar os valores devidos na cadeia anterior, bem como por falha na indicação da disposição legal infringida e na penalidade aplicável. Além disso, pugnou pelo caráter confiscatório da multa de ofício. Em recurso voluntário, reiterou a nulidade da autuação por desconsideração da nãocumulatividade das contribuições, mas não mais deduziu a nulidade por falha na indicação da disposição legal infringida e na penalidade aplicável, nem o caráter confiscatório da multa de ofício. Todavia, inovou quanto à discussão sobre o conceito de insumo, sobre as rubricas de insumos não consideradas pela fiscalização, sobre a divergência entre os valores retidos pela fiscalização e os defendidos pela recorrente, pela divergência entre os valores recolhidos considerados pela fiscalização e os defendidos pela recorrente, que a multa de ofício deve ser exonerada pela existência de medida judicial favorável à recorrente, anteriormente à lavratura do Auto de Infração e que os juros de mora não incidem sobre a multa de ofício. Referidas matérias não constaram da impugnação, restando preclusa sua dedução em sede de recurso voluntário. Neste sentido, dispõem os artigos 16 e 17 do Decreto 70.235/1.972: Art. 16. A impugnação mencionará: [...] III os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e provas que possuir; (Redação dada pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 17. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. (Redação dada pela Lei nº 9.532, de 1997) (Produção de efeito) Destarte, não conheço do recurso voluntário concernente às alegações de tais matérias. Quanto à nulidade do Auto de Infração por não ter considerado a não cumulatividade, não assiste razão à recorrente. Destacase, de plano, que o Auto de Infração contém os requisitos legais exigidos no artigo 10 do Decreto 70.235/72 e foi lavrado por pessoa competente, não ocorrendo qualquer nulidade nos termos do artigo 59 do Decreto nº 70.235/1972. Ademais, eventual desconsideração de parcelas de créditos pela fiscalização, não acarretaria a nulidade do lançamento, mas sua alteração, nos termos do inciso I do artigo 145 do CTN, abaixo transcrito, desde que comprovadas pela recorrente (o que, entretanto, não foi sequer pedido pela recorrente em impugnação): Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I impugnação do sujeito passivo; II recurso de ofício; Fl. 939DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 931 5 III iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Observase no Relatório Fiscal (efls. 295/308), que a fiscalização utilizou os valores de créditos escriturados pela própria recorrente em sua EFDCONTRIBUIÇÃO, não havendo qualquer glosa de crédito, mas tão somente assunção dos valores escriturados pela própria recorrente. A EFDCONTRIBUIÇÃO trata de arquivo digital instituído no Sistema Público de Escrituração Digital SPED e é disciplinada, atualmente, pela IN RFB nº 1.252/2012. O arquivo digital é composto de diversos registros, conforme leiaute aprovado por atos declaratórios e constantes do Portal SPED http://sped.rfb.gov.br/. O arquivo digital é composto por blocos, os quais dividemse em registros. No caso, a apuração das contribuições estão contidas no bloco M, cuja estrutura é a seguinte (retirado do GUIA PRÁTICO DE ORIENTAÇÃO DO LEIAUTE E DA ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL DA CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS /PASEP, DA COFINS E DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA SOBRE A RECEITA BRUTA (CPRB), versão 1.26): Tabela do Bloco M Apuração da Contribuição e Crédito de PIS/PASEP e da COFINS: Bloco Descrição Registr o Nível Ocorrência Obrigatoriedade do Registro M Abertura do Bloco M M001 1 1 O M Crédito de PIS/PASEP Relativo ao Período M100 2 V OC M Detalhamento da Base de Cálculo do Crédito Apurado no Período – PIS/PASEP M105 3 1:N OC M Ajustes do Crédito de PIS/PASEP Apurado M110 3 1:N OC M Detalhamento dos Ajustes do Crédito de Pis/Pasep Apurado (Disponibilizado na versão 2.0.12 do PVA, para período de apuração a partir de 01/10/2015) M115 4 1:N OC (PVA versão 2.0.12) O (PVA versão futura, quando existir o registro M110) M Consolidação da Contribuição para o PIS/PASEP do Período M200 2 1 O M Contribuição para o PIS/Pasep a Recolher – Detalhamento por Código de Receita (Visão Débito DCTF) M205 3 1:N O (Se M200.VL_CONT_NC_ REC >0 ou M200.VL_CONT_CU M_REC > 0) N (Se M200.VL_CONT_NC_ REC =0 ou não preenchido E M200.VL_CONT_CU M_REC = 0 ou não preenchido) M Detalhamento da Contribuição para o PIS/PASEP do Período M210 3 1:N O (se escriturados registros nos Blocos A, C, D ou F com CST = “01”, “02”, “03” ou Fl. 940DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 932 6 Bloco Descrição Registr o Nível Ocorrência Obrigatoriedade do Registro “05” (operações praticadas pelo substituto tributário)) M Sociedades Cooperativas – Composição da Base de Cálculo – PIS/PASEP M211 4 1:1 O (se IND_NAT_PJ do registro 0000 for igual a 01) M Ajustes da Contribuição para o PIS/PASEP Apurada M220 4 1:N OC M Detalhamento dos Ajustes da Contribuição para o PIS/Pasep Apurada (Disponibilizado na versão 2.0.12 do PVA, para período de apuração a partir de 01/10/2015) M225 5 1:N OC M Informações Adicionais de Diferimento M230 4 1:N OC M Contribuição de PIS/PASEP Diferida em Períodos Anteriores Valores a Pagar no Período M300 2 V OC M PIS/PASEP Folha de Salários M350 2 1 OC M Receitas Isentas, Não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, Sujeitas à Alíquota Zero ou de Vendas com Suspensão – PIS/PASEP M400 2 V OC M Detalhamento das Receitas Isentas, Não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, Sujeitas à Alíquota Zero ou de Vendas com Suspensão – PIS/PASEP M410 3 1:N O (se existir M400) M Crédito de COFINS Relativo ao Período M500 2 V OC M Detalhamento da Base de Cálculo do Crédito Apurado no Período – COFINS M505 3 1:N OC M Ajustes do Crédito de COFINS Apurado M510 3 1:N OC M Detalhamento dos Ajustes do Crédito de Cofins Apurado (Disponibilizado na versão 2.0.12 do PVA, para período de apuração a partir de 01/10/2015) M515 4 1:N OC (PVA versão 2.0.12) O (PVA versão futura, quando existir o registro M510) M Consolidação da Contribuição para a Seguridade Social COFINS do Período M600 2 1 O M Contribuição para a Seguridade Social COFINS a Recolher – Detalhamento por Código de Receita (Visão Débito DCTF) M605 3 1:N O (Se M600.VL_CONT_NC_ REC >0 ou M600.VL_CONT_CU M_REC > 0) N (Se M600.VL_CONT_NC_ REC =0 ou não preenchido E M600.VL_CONT_CU M_REC = 0 ou não preenchido) M Detalhamento da Contribuição para a Seguridade Social COFINS do Período M610 3 1:N O (se escriturados registros nos Blocos A, C, D ou F com CST = “01”, “02”, “03” ou “05” (operações praticadas pelo Fl. 941DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 933 7 Bloco Descrição Registr o Nível Ocorrência Obrigatoriedade do Registro substituto tributário)) M Sociedades Cooperativas – Composição da Base de Cálculo – COFINS M611 4 1:1 O (se IND_NAT_PJ do registro 0000 for igual a 01) M Ajustes da COFINS Apurada M620 4 1:N OC M Detalhamento dos Ajustes da Cofins Apurada (Disponibilizado na versão 2.0.12 do PVA, para período de apuração a partir de 01/10/2015) M625 5 1:N OC M Informações Adicionais de Diferimento M630 4 1:N OC M COFINS Diferida em Períodos Anteriores – Valores a Pagar no Período M700 2 V OC M Receitas Isentas, Não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, Sujeitas à Alíquota Zero ou de Vendas com Suspensão – COFINS M800 2 V OC M Detalhamento das Receitas Isentas, Não Alcançadas pela Incidência da Contribuição, Sujeitas à Alíquota Zero ou de Vendas com Suspensão – COFINS M810 3 1:N O (se existir M800) M Encerramento do Bloco M M990 1 1 O Os registros M100, M105, M110, M115 tratam dos créditos de PIS/Pasep, cuja apuração se estende ao registro M410, quando então começam os registros de Cofins, de forma análoga. O registro M105 traz a composição da base de cálculo por cada tipo de crédito, conforme as informações constantes nos documentos fiscais e operações com CST (Código de Situação Tributária), escriturados nos blocos A (documentos fiscais sujeitos ao ISS), C (documentos fiscais de mercadorias (ICMS/IPI), D (documentos fiscais de serviços (ICMS) e F (demais documentos e operações). Como exemplo, o registro M100 possui a seguinte estrutura: Nº Campo Descrição Tipo Tam Dec Obrig 01 REG Texto fixo contendo "M100" C 004* S 02 COD_CRED Código de Tipo de Crédito apurado no período, conforme a Tabela 4.3.6. C 003* S 03 IND_CRED_ORI Indicador de Crédito Oriundo de: 0 – Operações próprias 1 – Evento de incorporação, cisão ou fusão N 001* S 04 VL_BC_PIS Valor da Base de Cálculo do Crédito N 02 N 05 ALIQ_PIS Alíquota do PIS/PASEP (em percentual) N 008 04 N 06 QUANT_BC_PIS Quantidade – Base de cálculo PIS N 03 N 07 ALIQ_PIS_QUA NT Alíquota do PIS (em reais) N 04 N 08 VL_CRED Valor total do crédito apurado no período N 02 S 09 VL_AJUS_ACRES Valor total dos ajustes de acréscimo N 02 S 10 VL_AJUS_REDU C Valor total dos ajustes de redução N 02 S 11 VL_CRED_DIF Valor total do crédito diferido no período N 02 S 12 VL_CRED_DISP Valor Total do Crédito Disponível relativo ao Período (08 + 09 – 10 – 11) N 02 S 13 IND_DESC_CRED Indicador de opção de utilização do crédito disponível no período: 0 – Utilização do valor total para desconto da contribuição apurada no período, no Registro M200; C 001* S Fl. 942DF CARF MF Processo nº 10166.729577/201714 Acórdão n.º 3302006.570 S3C3T2 Fl. 934 8 1 – Utilização de valor parcial para desconto da contribuição apurada no período, no Registro M200. 14 VL_CRED_DESC Valor do Crédito disponível, descontado da contribuição apurada no próprio período. Se IND_DESC_CRED=0, informar o valor total do Campo 12; Se IND_DESC_CRED=1, informar o valor parcial do Campo 12. N 02 N 15 SLD_CRED Saldo de créditos a utilizar em períodos futuros (12 – 14) N 02 S Observase que o arquivo digital referente a janeiro/2013, os registros M100 e M500 possuem o penúltimo campo com valor zero e o último campo com valor igual à apuração dos créditos, o que indica que a recorrente optou por não descontar créditos no mês de janeiro/2013, acumulando para meses subsequentes. |M100|101|0|60166,98|0,65|0||391,09|0|0|0|391,09|1|0|391,09| M100|101|0|1020873,44|1,65|0||16844,41|0|0|0|16844,41|1|0|16844,41| Destarte, não houve qualquer glosa fiscal, mas tão somente assunção dos valores informados pela recorrente. Constatase, ainda, que a fiscalização tomou o cuidado de apresentar um Termo de Constatação Fiscal (efls. 57/64), antes da autuação, para que a recorrente pudesse se manifestar, no sentido de se ajustar a apuração, antes da lavratura do Auto de Infração. Porém, a recorrente não se manifestou. Também, em impugnação, a recorrente não demonstra os valores que poderiam ser tomados como crédito ou eventual erro material cometido, mas tão somente argui a nulidade do lançamento, por não ter observado a nãocumulatividade das contribuições, o que se revela descabido, pois as informações foram prestadas pela própria recorrente em sua escrituração fiscal digital. Se houve créditos não considerados pela fiscalização, foi por erro da própria recorrente, que deveria têlos arguido em impugnação e não apenas em recurso voluntário, como o fez. Diante do exposto, voto para conhecer parcialmente do recurso voluntário e, na parte conhecida, em negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Fl. 943DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15504.724024/2015-49
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 19 00:00:00 UTC 2019
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Ano-calendário: 2011
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. GANHO DE CAPITAL. DESLOCAMENTO DO GANHO PARA OS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE.
Não é dado à pessoa jurídica que aliena participação societária fazer deslocar o respectivo ganho de capital auferido no negócio para as pessoas físicas que figuram como sócios da pessoa jurídica.
COMPENSAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS JURÍDICOS. SUJEITO PASSIVO DA OPERAÇÃO.
Ocorrida a desconsideração dos atos jurídicos, cabe o aproveitamento e respectiva compensação do que foi pago na pretensão original dos envolvidos na operação autuada. No caso, o Imposto de Renda sobre o ganho de capital recolhido nas pessoas físicas deve ser compensado com o apurado no auto de infração na pessoa jurídica.
MULTA QUALIFICADA DE 150%. APLICAÇÃO NA PRESENÇA DE DOLO DE SONEGAÇÃO E OU FRAUDE.
Restando demonstrada a conduta dolosa com objetivo de evitar/reduzir o pagamento do tributo devido, com o deslocamento, para a pessoa física do sócio, da operação de venda de participações societárias, fica caracterizada a fraude/sonegação, sendo cabível a aplicação da multa qualificada.
PESSOA JURÍDICA EXTINTA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-ADMINISTRADOR.
No caso de pessoa jurídica extinta por distrato social registrado na Junta Comercial, por lhe faltar personalidade jurídica, correta a atribuição de sujeição passiva ao sócio-administrador responsável pela guarda da documentação, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III do CTN.
Numero da decisão: 1402-003.731
Decisão: Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao mérito principal da operação, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues; i.ii) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao valor do custo de aquisição; i.iii) dar provimento ao recurso voluntário relativamente à exclusão do valor depositado em conta garantia do total do valor da venda; i.iv) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à imputação de responsabilidade tributária, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Evandro Correa Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues, cujos fundamentos serão incorporados ao voto do Conselheiro Relator; i.v) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício e sobre o crédito tributário após 360 dias do protocolo da impugnação; i.vi) negar provimento ao recurso voluntário quanto à alegação de aplicação do artigo 112 do CTN em caso de voto de qualidade; i.vii) negar conhecimento ao recurso voluntário quanto às alegações de efeito confiscatório da multa qualificada; e i.viii) negar provimento ao recurso de ofício, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa; e ii) por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, divergindo os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues.
Nome do relator: MARCO ROGERIO BORGES
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Ano-calendário: 2011 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. GANHO DE CAPITAL. DESLOCAMENTO DO GANHO PARA OS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE. Não é dado à pessoa jurídica que aliena participação societária fazer deslocar o respectivo ganho de capital auferido no negócio para as pessoas físicas que figuram como sócios da pessoa jurídica. COMPENSAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS JURÍDICOS. SUJEITO PASSIVO DA OPERAÇÃO. Ocorrida a desconsideração dos atos jurídicos, cabe o aproveitamento e respectiva compensação do que foi pago na pretensão original dos envolvidos na operação autuada. No caso, o Imposto de Renda sobre o ganho de capital recolhido nas pessoas físicas deve ser compensado com o apurado no auto de infração na pessoa jurídica. MULTA QUALIFICADA DE 150%. APLICAÇÃO NA PRESENÇA DE DOLO DE SONEGAÇÃO E OU FRAUDE. Restando demonstrada a conduta dolosa com objetivo de evitar/reduzir o pagamento do tributo devido, com o deslocamento, para a pessoa física do sócio, da operação de venda de participações societárias, fica caracterizada a fraude/sonegação, sendo cabível a aplicação da multa qualificada. PESSOA JURÍDICA EXTINTA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO-ADMINISTRADOR. No caso de pessoa jurídica extinta por distrato social registrado na Junta Comercial, por lhe faltar personalidade jurídica, correta a atribuição de sujeição passiva ao sócio-administrador responsável pela guarda da documentação, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III do CTN.
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decisao_txt : Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao mérito principal da operação, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues; i.ii) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao valor do custo de aquisição; i.iii) dar provimento ao recurso voluntário relativamente à exclusão do valor depositado em conta garantia do total do valor da venda; i.iv) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à imputação de responsabilidade tributária, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Evandro Correa Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues, cujos fundamentos serão incorporados ao voto do Conselheiro Relator; i.v) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício e sobre o crédito tributário após 360 dias do protocolo da impugnação; i.vi) negar provimento ao recurso voluntário quanto à alegação de aplicação do artigo 112 do CTN em caso de voto de qualidade; i.vii) negar conhecimento ao recurso voluntário quanto às alegações de efeito confiscatório da multa qualificada; e i.viii) negar provimento ao recurso de ofício, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa; e ii) por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, divergindo os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues.
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ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. GANHO DE CAPITAL. DESLOCAMENTO DO GANHO PARA OS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE. Não é dado à pessoa jurídica que aliena participação societária fazer deslocar o respectivo ganho de capital auferido no negócio para as pessoas físicas que figuram como sócios da pessoa jurídica. COMPENSAÇÃO. DESCONSIDERAÇÃO DOS ATOS JURÍDICOS. SUJEITO PASSIVO DA OPERAÇÃO. Ocorrida a desconsideração dos atos jurídicos, cabe o aproveitamento e respectiva compensação do que foi pago na pretensão original dos envolvidos na operação autuada. No caso, o Imposto de Renda sobre o ganho de capital recolhido nas pessoas físicas deve ser compensado com o apurado no auto de infração na pessoa jurídica. MULTA QUALIFICADA DE 150%. APLICAÇÃO NA PRESENÇA DE DOLO DE SONEGAÇÃO E OU FRAUDE. Restando demonstrada a conduta dolosa com objetivo de evitar/reduzir o pagamento do tributo devido, com o deslocamento, para a pessoa física do sócio, da operação de venda de participações societárias, fica caracterizada a fraude/sonegação, sendo cabível a aplicação da multa qualificada. PESSOA JURÍDICA EXTINTA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO- ADMINISTRADOR. No caso de pessoa jurídica extinta por distrato social registrado na Junta Comercial, por lhe faltar personalidade jurídica, correta a atribuição de sujeição passiva ao sócio-administrador responsável pela guarda da documentação, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III do CTN. A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 55 04 .7 24 02 4/ 20 15 -4 9 Fl. 1.652Fl. 1.652 CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS De Ofício e Voluntário 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária vereiro de 2019 vereiro de 2019 GANHO DE CAPITAL: ALIENAÇÃO DE ATIVO GANHO DE CAPITAL: ALIENAÇÃO DE ATIVO GABRIEL GANANIAN GABRIEL GANANIAN FAZENDA NACIONAL FAZENDA NACIONAL A C Ó R D Ã O G E R A D O N O P G D -C A R F PR O C E SS O 1 55 04 .7 24 02 4/ 20 15 -4 9 A Fl. 1652DF CARF MF 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado: i) por unanimidade de votos: i.i) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao mérito principal da operação, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues; i.ii) negar provimento ao recurso voluntário relativamente ao valor do custo de aquisição; i.iii) dar provimento ao recurso voluntário relativamente à exclusão do valor depositado em conta garantia do total do valor da venda; i.iv) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à imputação de responsabilidade tributária, votando pelas conclusões os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Lucas Bevilacqua Cabianca, Evandro Correa Dias, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues, cujos fundamentos serão incorporados ao voto do Conselheiro Relator; i.v) negar provimento ao recurso voluntário relativamente à aplicação de juros de mora sobre a multa de ofício e sobre o crédito tributário após 360 dias do protocolo da impugnação; i.vi) negar provimento ao recurso voluntário quanto à alegação de aplicação do artigo 112 do CTN em caso de voto de qualidade; i.vii) negar conhecimento ao recurso voluntário quanto às alegações de efeito confiscatório da multa qualificada; e i.viii) negar provimento ao recurso de ofício, votando pelas conclusões a Conselheira Edeli Pereira Bessa; e ii) por voto de qualidade negar provimento ao recurso voluntário relativamente à qualificação da penalidade, divergindo os Conselheiros Leonardo Luis Pagano Gonçalves e Lucas Bevilacqua Cabianca, Junia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues. (assinado digitalmente) Edeli Pereira Bessa - Presidente. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Marco Rogério Borges, Leonardo Luis Pagano Gonçalves, Paulo Mateus Ciccone, Lucas Bevilacqua Cabianca Vieira, Evandro Correa Dias, Júnia Roberta Gouveia Sampaio e Eduardo Morgado Rodrigues (Suplente Convocado) e Edeli Pereira Bessa. Ausente o conselheiro Caio Cesar Nader Quintella, substituído pelo conselheiro Eduardo Morgado Rodrigues. Fl. 1653DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.653 3 Relatório Trata o presente de Recurso Voluntário e Recurso de Ofício interpostos em face de decisão proferida pela 4a Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro - RJ, que julgou IMPROCEDENTE EM PARTE, a impugnação do contribuinte em epígrafe. No v. acórdão a quo houve a seguinte decisão: a) rejeitaram a arguição de nulidade invocada e o pedido de realização de diligência; b) exoneram a parcela do IRPJ no valor de R$ 39.970.748,50 ; c) determinaram o prosseguimento da cobrança de IRPJ e de CSLL, nos valores de, respectivamente, R$ 31.893.990,20 e R$ 25.873.465,93; e d) declararam que os valores exigidos deverão ser acrescidos da multa qualificada de 150%, na forma do art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pelo art.14 da Lei nº 11.488/2007, e de juros de mora. Atendidos os pressupostos do recurso de ofício, a turma a quo já recorreu na sua decisão, e o contribuinte apresentou o recurso voluntário (fls. 1295 a 1400). Da autuação fiscal: A recorrente foi autuada em 19/03/2016 relativamente ao Imposto de Renda de Pessoa Jurídica –IRPJ e, por decorrência, auto de infração relativo à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL, referente aos fatos geradores do ano-calendário de 2011, por meio dos quais foram exigidos os créditos tributários a seguir discriminados, acrescidos de multa qualificada de 150%, na forma do art. 44, inciso I, e § 1º, da Lei nº 9.430/1996, com a redação dada pelo art.14 da Lei nº 11.488/2007, e de juros de mora. TRIBUTO ou CONTRIBUIÇÃO AUTO de fls. VALOR DO TRIBUTO OU CONTRIBUIÇÃO EXIGIDO VALOR TOTAL EXIGIDO Imp. de Renda Pessoa Jurídica 02/06 71.864.738,70 211.181.721,14 Contribuição Social s. Lucro Liq. 07/11 25.873.465,93 76.031.766,97 VALOR TOTAL DO CRÉDITO 287.213.488,11 A descrição dos fatos determinantes para a autuação relativamente ao IRPJ é o seguinte: Razão do arbitramento no(s) período(s): 09/2011 Fl. 1654DF CARF MF 4 Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme Termo de Início de Fiscalização e termo(s) de intimação em anexo, deixou de apresentá-los. Enquadramento Legal: Fatos geradores ocorridos a partir de 01/04/1999: Art. 530, inciso III, do RIR/99. OMISSÃO DE RECEITA NÃO OPERACIONAL INFRAÇÃO: GANHOS DE CAPITAL Arbitramento do lucro realizado com base na omissão de ganho de capital, conforme relatório fiscal em anexo. E a descrição dos fatos determinantes para a autuação relativamente à CSLL é o seguinte: OMISSÃO DE RECEITA INFRAÇÃO: FALTA DE RECOLHIMENTO DA CSLL DEVIDA SOBRE OUTRAS RECEITAS E DEMAIS RESULTADOS OMITIDOS Arbitramento do lucro realizado com base na omissão de ganho de capital, conforme relatório fiscal em anexo. O Termo de Verificação Fiscal, que constitui parte integrante do auto de infração, contém o relato detalhado do trabalho fiscal desenvolvido, com o histórico dos Termos lavrados, a descrição dos elementos obtidos e as consequentes conclusões. Por detalhar e bem esclarecer o auto de infração, transcrevo sua análise e excertos destacados do termo de verificação fiscal: 1 - Preâmbulo (...) Os trabalhos de auditoria visaram averiguar a regularidade da alienação de diversas empresas que tinham o Sr. Gabriel Gananian como sócio majoritário. Tais empresas foram vendidas em 2011 para a Schneider Electric Participações do Brasil Ltda, CNPJ n° 13.625.164/0001-56, empresa controlada pela multinacional francesa Schneider Electric. Ao cabo do presente TVF ficará evidenciado que o contribuinte utilizou de manobras que propiciaram a redução imprópria de tributos devidos sobre tal operação, bem como pretendeu substituir o sujeito passivo da obrigação tributária se colocando na posição de contribuinte, quando o correto seria a tributação de tais ganhos na sua empresa de investimentos denominada Steck Investimentos S/A, real detentora de parte das participações societárias alienadas. 2 - Contexto Cronológico do Trabalho 1 - O procedimento fiscal foi iniciado pela Auditora Fiscal Adriana Moreira Braga que conduziu os trabalhos até 12/02/2015, sendo substituída pelo Auditor signatário do presente Termo de Verificação a partir desta data. Teve como finalidade averiguar a alienação da empresa Steck da Amazônia Indústria Elétrica Ltda, CNPJ n° 06.048.486/0001-14. de agora em diante Steck da Amazónia. Tal empresa foi alienada em 20/07/2011 e até essa data as quotas de capital pertenciam â Fl. 1655DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.654 5 empresa Steck Investimentos S/A, CNPJ n° 09.276.804/0001-92. de agora em diante Steck Investimentos, também de propriedade do fiscalizado e que teve suas atividades encerradas no final de 2011. 2 - O TDPF foi assinado em 07/08/2014. No dia 22/08/2014 foi lavrado o Termo de Inicio do Procedimento Fiscal - TIPF. O referido TIPF foi enviado por meio postal para a residência do contribuinte constante dos cadastros da Secretaria da Receita Federal do Brasil, cito â Alameda (....) 35 - Conforme já citado anteriormente (ver parágrafo 18 acima), por meio da 8a Alteração do Contrato Social da Steck Indústria Elétrica e da 13a Alteração da Steck da Amazônia foram feitas as alterações dos quadros societários dessas empresas. Nos mesmos atos a Steck Investimentos vende suas quotas para o Sr. Gananian que as transferem simultaneamente para a Schneider Electric. Em função disto, novas intimações foram expedidas para que as diligenciadas apresentassem cópias dos documentos que lhes deram garantias de que as quotas de capital adquiridas pela Schneider eram de propriedade do Sr. Gabriel Gananian. Em resposta, as empresas apresentaram cópias das alterações contratuais como os documentos garantidores da posse das quotas de capital. (.....) 3 - Histórico da empresa Steck da Amazônia Indústria Elétrica Ltda. 41 - A empresa Steck da Amazônia Indústria Elétrica Ltda. foi constituída em 03/11/2003. (....) Foi constituída com um capital social de R$ 2.500.000,00, divididos em 2.500.000 quotas, sendo o Sr. Gabriel Gananian detentor de 2.499.999 das quotas e o Sr. Carlos Gondim Gananian proprietário de 1 quota (ver atos societários no item "CS Steck da Amazônia" do processo). 42 - Tal configuração permaneceu inalterada até 19/12/2007 quando, mediante a 8ª Alteração Social de seu contrato, houve um aumento de capital da sociedade com emissão novas quotas. O capital social a partir desta data passa a ser de R$ 4.138.486,00, dividido em 4.138.486 quotas, sendo o Sr. Gabriel Gananian detentor de 4.138.485 quotas. 43 - Em 30/12/2008 o Sr. Gabriel Gananian transfere suas quotas para a empresa Steck Investimentos S/A, conforme transcrito na 10ª Alteração Contratual. Portanto a partir desta data a empresa Steck Investimentos S/A. passa a ser a sócia majoritária da sociedade, detendo 99,99% do capital da Steck da Amazônia. 44 - Por meio da 13ª Alteração do Contrato Social, ocorrida em 20/07/2011, são efetuadas diversas modificações no quadro societário da Steck da Amazônia, na seguinte ordem: 1º - A sócia Steck Investimentos S/A se retira da sociedade transferindo suas 4.138.485 quotas para o Sr. Gabriel Gananian; 2° - O Sr. Gabriel Gananian, ato contínuo, cede suas 4.138.485 quotas para a empresa Schneider Electric Participações do Brasil Ltda; 3º - O sócio Sr. Carlos Godim Gananian cede sua única quota de capital para a empresa Schneider Electric Participações do Brasil Ltda. Fl. 1656DF CARF MF 6 4º - Após essas alterações a empresa Schneider Electric passa a ser proprietária das 4.138.486 quotas do capital social da Steck da Amazônia no valor de R$ 4.138.486,00. 4 - Histórico da empresa Steck Indústria Elétrica Ltda. 46 - A empresa Steck Indústria Elétrica Ltda. foi constituída em 15/09/2003 (....). Seu capital social era de R$ 1.000.000,00 divididos em 1.000.000 quotas, tendo o Sr. Gabriel Gananian integralizado R$ 999.999,00 desse capital e o Sr. Wanderley José Souto R$ 1,00 (ver atos societários no item "CS Steck Elétrica" do processo). 47 - Em 01/07/2004 o Sr. Carlos Gondim Gananian adquire a participação do Sr. Wanderley José Souto no capital da empresa. 48 - Por meio da 4a Alteração do Contrato Social de 19/12/2007 foi aprovado o aumento de capital da sociedade. O Sr. Gabriel Gananian integraliza o valor de R$ 17.034.197,00 ao capital. Portanto do novo capital de R$ 18.034.197,00 o Sr. Gananian detém R$ 18.034.196,00. 49 - Em 30/12/2008, é arquivada a 8ª Alteração do contrato sociali. Nela é registrada a cessão das 18.034.196 quotas do Sr. Gabriel Gananian para a empresa Steck Investimentos S/A. Portanto, a partir desta data a Steck Indústria Elétrica tem como sócios a empresa Steck Investimentos, detentora de 18.034.196 quotas do capital, e o Sr. Carlos Godim Gananian, detentor de 1 quota. 50 - Por meio da 8ª Alteração do Contrato Social, ocorrida em 20/07/2011, são efetuadas diversas modificações no quadro societário da Steck Indústria Elétrica, na seguinte ordem; 1º - A sócia Steck Investimentos S/A se retira da sociedade transferindo suas 18.034.196 quotas para o Sr. Gabriel Gananian; 2o - O Sr. Gabriel Gananian, ato contínuo, cede suas 18.034.196 quotas para a empresa Schneider Electric Participações do Brasil Ltda; 3o - O sócio Sr. Carlos Godim Gananian cede sua única quota de capital para a empresa Schneider Electric Participações do Brasil Ltda. 51 - Após essas alterações a empresa Schneider Electric passa a ser proprietária das 18.034.197 quotas do capital social da Steck Indústria Elétrica Ltda. 5 - Histórico da empresa Steck Investimentos S/A. 52 - Consultando os atos arquivados na Junta Comercial do Estado de São Paulo -JUCESP, apura-se o seguinte histórico para a companhia Steck Investimentos S/A. A companhia foi constituída em 21/11/2007 com a denominação (...). Tinha como objeto social a participação em outras sociedades como sócias ou acionista. 53 - Dois meses após a sua fundação, em 28/01/2008, as ações foram adquiridas pelo Sr. Gabriel Gananian e houve a alteração da denominação da companhia, passando a ser designada como Steck Investimentos S/A. (ver contratos sociais no item "CS Steck Investimentos" do processo). 54 - Por meio da Ata da Assembleia Geral e Extraordinária realizada em 29 de julho de 2010, foi alterado o capital social que passou de R$ 500,00 para R$ 66.000.000,00. O aumento foi procedido com a incorporação de R$ 14.999.500,00 da Reserva de Lucros e de parte do crédito detido pelo acionista Gabriel Gananian contra a companhia no montante de RS 51.000.000,00. Fl. 1657DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.655 7 55 - Em 22 de novembro de 2011 procede-se o arquivamento da ata da Assembleia Geral Extraordinária onde se deliberou pela dissolução da companhia. 6 - Análise das operações à luz da legislação de regência. 56 - Segundo alegações do Sr. Gananian, as operações comerciais e societárias que envolveram as quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica de sua propriedade seguiram, a partir de 2008, o roteiro traçado abaixo: I) Em setembro de 2008 foram vendidas para a empresa Steck Investimentos S/A numa operação que previa a sua quitação em quota única num prazo de até 36 meses. II) Em 29/07/2010 a Steck Investimentos S/A promoveu um aumento de capital da ordem de RS 66.000.000,00. O Sr. Gananian integralizou R$ 51.000.000,00 desse aumento se utilizando do crédito que detinha junto ã sociedade decorrente da venda das quotas de capital da Steck da Amazônia ocorrido em 2008. III) No mês de julho de 2011 o Sr. Gananian adquire novamente as quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica da empresa Steck Investimentos e as revende, 12 dias depois, para a empresa Schneider Electric Participações do Brasil Ltda. 57 - Analisando os dados trazidos ao presente trabalho, comprovam-se documentalmente algumas das etapas descritas acima. É fato que as quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica foram cedidas para Steck Investimentos em 30/09/2008. Tais transações estão corroboradas por meio da cópia do "contrato de compra e venda de quotas" e nas informações inseridas na Declaração de Bens e Direitos das DIRPFs entregues pelo contribuinte (ver cópia do contrato e das declarações nos itens "Resposta ao TIF 2" e "DIRPFs" do processo). 58 - Por meio da Ata da Assembleia Geral Extraordinária realizada em 29 de julho de 2010, arquivada na Junta Comercial do Estado de São Paulo, confirma-se a alteração do capital social da Steck Investimentos, sendo incorporado ao capital o crédito detido pelo acionista Gabriel Gananian contra a companhia no montante de RS 51.000.000,00. Tal incremento de capital encontra-se igualmente registrado na Escrituração Contábil Digital - ECD, da empresa Steck Investimentos, arquivada no ambiente SPED (Sistema Público de Escrituração Digital), e anexada ao presente processo no item "Razão". 59 - Não restam dúvidas igualmente de que a Schneider Electric Participações adquiriu a totalidade das quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica em julho de 2011. Conforme "contrato de compra de quotas" apresentado, as participações societárias foram vendidas pela pessoa física do Sr. Gabriel Gananian, detentor de 99,99% do capital dessas empresas, e pelo Sr. Carlos Gondim Gananian, detentor de 0,01% restante. Tais alienações foram inclusive objeto de apuração de ganho de capital e os tributos daí decorrentes foram quitados pelo contribuinte, conforme documentos trazidos ao processo (ver DARFs no item "Resposta ao TIF 1" do processo). 60 — Percebe-se, no entanto, que as quotas transacionadas faziam parte do acervo ativo da empresa Steck Investimentos S/A no mês de suas alienações. Fl. 1658DF CARF MF 8 61 - Diversas foram as requisições para que o contribuinte apresentasse documentos que evidenciassem a sua aquisição das quotas de capital pertencentes ã Steck Investimentos nas empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica. Tais requisições foram inseridas nos itens 9 e 10 do Termo de Intimação n° 2, itens 9 e 10 do Termo de Re-lntimação n° 1, itens 4.1, 4.2 e 4.3 do Termo de Intimação Fiscal n° 3, itens 4, 8.1, 8.2 e 8.3 do Termo de Re-lntimação Fiscal n° 2 e item 1 do Termo de Intimação Fiscal n° 4 (ver documentos nos itens "Termo de Intimação" do processo"). 62 - Em resposta, o contribuinte se limitou a informar que, no tocante às 4.138.486 quotas de capital da empresa Steck da Amazônia, adquiriu-as, em 08 de julho de 2011, por meio de instrumento particular de contrato para cessão de quotas, da empresa Steck Investimentos, pelo valor de R$ 123.608.864,00. Informou que não encontrou o contrato original e fez anexar a minuta do referido contrato, sem assinatura (ver resposta no item "Resposta ao TIF 3 e TRIF2" do processo). Tal contrato, conforme já mencionado anteriormente, versa sobre a venda tanto das quotas de capital da Steck da Amazônia quanto das quotas da Steck Indústria Elétrica de propriedade da Steck Investimentos para ao Sr. Gabriel Gananian. 63 - Buscamos verificar na escrituração comerciai da Steck Investimentos os lançamentos contábeis que pudessem sancionar as operações de vendas das quotas de capital que compunham a sua carteira de participações em outras companhias. As aquisições desses ativos foram registradas em sua contabilidade nas contas de investimentos n° 1403 -Investimentos Steck SP e 1404 - Investimentos Steck da Amazônia nos anos-calendário de 2009 e 2010 (ver contas no item "Razão" do processo). Pesquisando no ambiente SPED verifica-se que a companhia apresentou a ECD (Escrituração Contábil Digital) para os anos-calendário de 2009 e 2010, não arquivando os seus lançamentos contábeis de 2011 naquele sistema (ver tela no item "SPED" do processo). Registre-se que, embora por diversas vezes requisitado, deixou de exibir os referidos lançamentos contábeis e, nem tampouco, o livro fiscal obrigatório (Lalur) contendo a escrituração e os ajustes promovidos no ano- calendário de 2011. Ressaltamos que a escrituração comercial é uma das obrigações impostas às pessoas jurídicas, conforme preceitua o art.177 da Lei 6.404/76, ... (.....) 64 - Igualmente não foi possível averiguar a redução da conta ativa Investimentos por meio da Declaração de Informações Económico-Fiscal - DIPJ, haja vista que para o ano-calendário de 2011 a Steck Investimentos não enviou a declaração obrigatória (ver tela do sistema no item "DIPJ" do processo). 65 - A falta de documentação e registros usuais nestes tipos de transação, como contrato assinado, cópias dos comprovantes dos pagamentos acordados (TEDs, DOCs, cheques, etc), lançamentos contábeis tempestivamente registrados, fragiliza a argumentação do contribuinte de que adquiriu as quotas de capital, objeto da transação com a Schneider Electric, da Steck Investimentos. 66 - Buscamos ainda, como forma de comprovar a efetividade dessas aquisições, documentos que versassem sobre tais transações por meio da Schneider Electric, compradora das quotas de capital junto ao Sr. Gananian. Foram diversas as intimações feitas para que as empresas sucessoras da Schneider Electric apresentassem os documentos que afiançassem a posse do Sr. Gabriel Gananian sobre as quotas de capital no momento de sua aquisição. Os únicos documentos apresentados foram as alterações dos contratos sociais das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica, onde, simultaneamente, é retirada a Steck Investimentos do quadro societário com o ingresso do Sr. Gananian, para, imediatamente, ser substituído pela Schneider Electric. (.....) Fl. 1659DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.656 9 69 - Partindo da obrigatoriedade dessa separação de patrimônio, a venda das quotas de capital da Steck Indústria Elétrica e Steck da Amazônia pela pessoa física do Sr. Gananian e não pela pessoa jurídica Steck Investimentos, detentora de tais quotas até, segundo alegação verbal do contribuinte, 12 dias antes de sua venda para a Schneider Electric Participações do Brasil é um movimento fora da curva de normalidade para uma empresa holding como é o caso da sociedade. 70 - A Steck Investimentos tem como objeto social a participação no capital de outras sociedades, como sócia ou acionista, é o que se lê em seus estatutos arquivados junto à JUCESP (ver contratos no item "CS Steck Investimentos" do processo). A aquisição de parte do capital de outras sociedades ou empresas, e a posterior valorização desses investimentos é que determina o sucesso desse tipo de empresa. Portanto, uma holding atinge plenamente o seu objeto social quando seus investimentos em outras empresas alcançam valorização em relação ao custo despendidos para a sua aquisição. 71 - Segundo o Sr. Gananian a exclusão da Steck Investimentos da transação efetuada com a Schneider Electric se deveu a exigência da compradora para evitar duo diligence também nesta empresa. Tal argumentação não resiste à análise dos documentos acostados ao presente processo. As Cartas de Intenções enviadas pela Schneider Electric para o Banco Credit Suisse e, posteriormente, para as empresas do grupo Steck dão conta que o interesse da compradora era inclusive em adquirir a própria Steck Investimentos. O contribuinte foi inquirido a apresentar documento que confirmasse essa sua alegação (ver item 2 do TIF 4) e nada apresentou. Valendo, portanto, o que se depreende das Cartas de Intenções citadas. 72 - Na condição em que foi realizado o negócio, a Steck Investimentos abriu mão de um potencial e anunciado ganho para transferi-lo a um terceiro, o que não seria concebível a não ser que esse terceiro fosse o seu acionista controlador. Tal cessão de quotas jamais seria celebrada, nas condições em que a foram, com outra pessoa física. 73 - Com estas características a transação alegadamente efetuada não contém propósito negocial, não passando de arranjo onde o único objetivo é a redução de tributos. 74 - O ordenamento jurídico impõe limites ao exercício da liberdade de auto- organização do contribuinte. Em seu artigo 187, o Código Civil, quando trata de atos jurídicos, classifica como lícitos aqueles atos cometidos pelo titular do direito que, ao exercê-lo, excede os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa- fé ou pelos bons costumes. No mesmo sentido, o artigo 154 da Lei n° 6.404/76 (Lei das S/As.), que vai transcrito abaixo, impõe regramento às práticas do administrador da companhia, senão vejamos: (....) 75 - Seguindo nesta mesma linha, temos o parágrafo único do artigo 116 do CTN (Lei n° 5.172/66), incluído pela Lei Complementar n° 104/2001, que possibilita a desconsideração de atos ou negócios praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador ou da natureza dos elementos da obrigação tributária. 76 - Diante dos fatos acima elencados, é de se concluir que as quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica pertenciam à empresa Steck Investimentos por ocasião de suas vendas para a Schneider. Não foram apresentados documentos hábeis que comprovassem a alegada transferência Fl. 1660DF CARF MF 10 de suas titularidades para a pessoa física do Sr. Gabriel Gananian. A inexistência da alegada transação se firma na falta de contrato válido, na inexistência de pagamentos e na ausência de escrituração contábil obrigatória. 77 - Portanto, estamos considerando os ganhos advindos da venda das participações societárias das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica para a empresa Schneider Electric na pessoa jurídica da Steck Investimentos, detentora de fato e de direito das quotas vendidas. 6 - Constituição do Crédito Tributário. 78 - Conforme já mencionado anteriormente, não existe nos arquivos da Secretaria da Receita Federal do Brasil Declaração de Informações Econômico- Fiscal - DIPJ válida para o ano-calendário de 2011 entregue pela Steck Investimentos. Tal situação foi comunicada ao contribuinte e foi requisitado que se manifestasse, mas nada foi feito. 79 - Mencionamos igualmente que, embora legalmente obrigado, o contribuinte não enviou os arquivos da Escrituração Contábil Digital, ECD para o ano-calendário de 2011 no ambiente do SPED (Sistema Público de Escrituração Digital). Ainda que intimado e re-intimado a sua apresentação o contribuinte não logrou atender a essa reinvindicação. 80 - Assim sendo, na impossibilidade de se aferir o resultado fiscal por meio da escrituração comercial regular, parte-se para outra forma de apuração dos resultados tributáveis da fiscalizada. 81 - As pessoas jurídicas que deixarem de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos de guarda obrigatória, incorre no arbitramento de seu lucro, nos termos dos dispositivos constantes da Leis n° 8.981/95, que determinam: Lei n° 8.981 de 23 de janeiro de 1995 Do Regime de Tributação com Base no Lucro Arbitrado Art. 47 . O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: .... III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único; 82 - Portanto, em razão de todo o exposto, adota-se o regime de lucro arbitrado para determinar o resultado fiscal da Steck Investimentos no ano- calendário de 2011. 83 - Historicamente a Steck Investimentos não produz receita operacional. Seus ganhos são provenientes dos resultados positivos em participações societárias, conforme pode ser comprovado pelas DIPJ dos anos-calendário de 2008, 2009 e 2010 (ver declarações nos itens "DIPJ ano" do processo). Tais investimentos, que se restringem às participações nas empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica, por serem relevantes são avaliados pelo Método da Equivalência Patrimonial - MEP. em atendimento ao que determina a legislação societária (art. 248 da Lei n° 6.404/76) e fiscal (art. 384 do RIR/99). 84 - Os ganhos e perdas provocados pela avaliação dos investimentos são isentos da tributação do Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Liquido, já o lucro na venda da participação societária está sujeito à incidência Fl. 1661DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.657 11 desses tributos. Cabe-nos, por conseguinte, determinar o ganho da Steck Investimentos na alienação das quotas de capital das empresas investidas. 85 - Primeiramente iremos determinar o valor referente à venda das quotas de capital. Segundo o contribuinte, o preço da venda da Steck da Amazônia foi estipulado em R$ 297.392.947,85 para as 4.138.487 quotas de seu capital e da Steck Indústria Elétrica o valor foi estipulado em RS 97.379.084,24 para as 18.034.198 quotas de seu capitai (ver informação nos itens "Resposta ao TIF2" e "Resposta ao TRIF 2 E TIF4" do processo). Como a Steck Investimentos detinha 99,99% do capital tanto da Steck da Amazônia quanto da Steck Indústria Elétrica, teremos os seguintes valores de venda recebidos pela Steck Investimentos na transação: 86 - Calculado o valor da venda, resta definir o custo das quotas vendidas. O "Contrato de Venda das Quotas" determinou como data da venda (data de vigência) o dia 20 de julho de 2011(ver contrato no item "Resposta ao TRIF2 e TIF4" do processo). Portanto a partir desta data o controle societário das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica passou a ser exercido pela Schneider Electric. 87 - O contribuinte apresentou o balanço levantado pela empresa Steck Investimentos em 31/12/2010. Nele confirma-se que o valor total dos ativos representativos de investimentos em outras empresas alcançava RS 107.289.000,00 (ver balanço no item " Resposta ao TIF 1" do processo). 88 - Por meio da Escrituração Contábil Digital - ECD do ano-calendário de 2010, da Steck Investimentos retirada do ambiente SPED, é possível determinar a composição da conta ativa n° 1403 - Investimentos Steck SP e 14104 - Steck AM (ver item "Razão" do processo). Nesta data o valor do investimento na Steck da Amazónia era de RS 102.669.000,00 e da Steck Indústria Elétrica era de RS 4.620.000,00, totalizando os R$ 107.289.000,00 constante do balanço patrimonial. 89 - Aqui nos cabe tecer uma consideração. O contribuinte apresentou igualmente o balanço patrimonial da Steck Investimentos levantado em 30 de junho de 2011. Nele a conta representativa dos investimentos em quotas de capital de outras empresas alcançou o montante de R$ 114.704.000,00 (ver balanço no item "Resposta ao TIF 2" do processo). Tal valor, por ter sido levantado em data mais próxima das alienações das quotas de capital, certamente retrataria melhor a sua real cotação. No entanto, como não podemos avaliar a legitimidade e veracidade dos valores inseridos no referido balanço patrimonial, já que não foi apresentado a Escrituração Contábil Digital para o ano-calendário de 2011, estamos considerando como cotação dos investimentos aquele inserido na escrituração e no balanço de 30/12/2010. Assim, os custos das participações ficaram como abaixo demonstrados: Fl. 1662DF CARF MF 12 90 - Portanto, o valor do ganho obtido pela Steck Investimentos na venda de suas participações societárias nas empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica foi de RS 287.482.954,83 (valor da venda R$ 394.771.954,83 - valor do custo R$ 107.289.000,00). Esse ganho deve ser acrescido ao Lucro Arbitrado para o cálculo do IRPJ e da CSLL devidos pela companhia, em conformidade ao que determina o inciso II, do artigo 27, da Lei n° 9.430/96, que transcrevemos abaixo: Art. 27. O lucro arbitrado será o montante determinado pela soma das seguintes parcelas: I-- o valor resultante da aplicação dos percentuais de que trata o art 16 da Lei n5 9.249, de 26 de dezembro de 1995, sobre a receita bruta definida pelo art. 31 da Lei 8.981, de 20 de janeiro de 1995, auferida no período de apuração de que trata o art. 1* desta Lei; II - os ganhos de capital, os rendimentos e ganhos líquidos auferidos em aplicações financeiras, as demais receitas e os resultados positivos decorrentes de receitas não abrangidas pelo inciso anterior e demais valores determinados nesta Lei, auferidos naquele mesmo período, (grifei)" 91 - Deste modo, os cálculos dos tributos incidentes sobre este ganho encontram-se demonstrados abaixo: 7 — Responsabilidade. 92 - A Steck Investimentos realizou a Assembleia Geral e Extraordinária - AGE de dissolução em 22/11/2011. Posteriormente, em 29/02/2012, deu baixa no CNPJ junto à Secretaria da Receita Federal do Brasil, procedendo desta forma a sua extinção (ver documentos nos itens "CS Steck Investimentos" e "CNPJ" do processo). 93 - Para que se proceda a extinção de uma companhia a Lei 6.404/76 determina uma série de procedimentos a serem cumpridos. Tais procedimentos visam a dar publicidade de tal iniciativa aos diversos entes e pessoas que de alguma forma tenham interesses na dissolução da empresa, tais como acionistas, Fl. 1663DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.658 13 fornecedores, empregados, clientes, fisco, sociedade, etc, sendo necessária, em alguns casos, a convocação da AGE por anúncio público (art. 124 da Lei 6.404/76). 94 - A Lei das Sociedades por Ações determinou que somente a AGE com a aprovação de metade, no mínimo, das ações com direito a voto, caso maior quórum não seja exigido pelo estatuto da companhia, pode deliberar sobre a sua dissolução (artigo 136, inciso X, da Lei 6.404/76). Aprovada a dissolução, inicia-se a fase de liquidação. A Assembleia nomeará um liquidante que ficará responsável por diversas tarefas até que seu trabalho culmine com a extinção da sociedade. A companhia dissolvida conservará a sua personalidade jurídica, até a sua extinção. Segundo os artigos 210 e 216 da citada lei, que vão transcritos abaixo, são deveres do liquidante; (......) 95 - O Código Civil estabelece que a pessoa jurídica deixa de existir na data da averbação, no registro próprio, do distrato social ou ata da assembleia da liquidação. É o que se retira dos artigos abaixo transcritos: (.....) 105 - O artigo 121 do Código Tributário Nacional (Lei 5.12/66) dispõe que o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. O referido artigo denomina o Sujeito Passivo como contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato gerador, e responsável, quando sua obrigação decorra de disposição de lei. 106 - A extinção da pessoa jurídica, ainda que eivada de irregularidades como a aqui analisada, acarreta a impossibilidade de configurá-la como sujeito passivo, uma vez que estaria cerceado o direito da ampla defesa e do contraditório. Tal entendimento vem sendo reiteradamente sendo proferido pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais - CARF, como se depreende, dentre tantos, os Acórdãos n°s. 103.22-729. 105.132-490, 9101-002.042, 9101-001.806, 9101-00.16 e 9101-001.858, esles últimos ementados como se demonstra abaixo: (......) 107 - Nesta situação o artigo 135 do Código Tributário Nacional - CTN (Lei n° 5.172/96) redireciona a responsabilidade pelo pagamento do tributo para os diretores/gerentes, senão vejamos: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. 108 - Necessário aqui abrirmos um parêntese para analisar a participação do Sr. Gabriel Gananian na condução dos negócios da Steck Investimentos. Conforme já mencionado anteriormente a empresa foi criada em 11/2007 com o nome de V.V.Y.S.P.E. Empreendimentos e Participações S/A, com um capital de R$ 500,00, Fl. 1664DF CARF MF 14 representadas por 500 ações. Dois meses após a sua criação as ações foram adquiridas pelo Sr. Gabriel Gananian e seu filho Carlos Godim Gananian. 109 - A partir de então o nome empresarial passa a ser Steck Investimentos S/A. Certamente para que tal denominação guardasse relação com as demais empresas pertencentes ao Sr. Gabriel Gananian que, nessa nova composição acionária, passa a ser acionista quase que exclusivo com 499 ações e seu filho, Carlos Godim Gananian, detentor de apenas uma ação. A partir dai até a sua extinção, o controle acionário não saiu mais de suas posses. 110 - Em 29/07/2010 a preponderância acionária do Sr. Gabriel Gananian fica ainda mais acentuada. Elevado o capital para R$ 66.000.000,00, dividido em 66.000.000 ações ordinárias, nominativas, o Sr. Gananian passa a possuir 65.339.522 (99,99%) dessas ações e seu filho Carlos Godim participa com 659.978 (0,01%) ações. A concentração acionária na pessoa do Sr. Gabriel Gananian faz com que a empresa seja extremamente personalista, resvalando no conceito de sociedade unipessoal. Nesse arranjo acionário o Sr. Carlos Godim tem atuação figurativa e secundária. Essa configuração acionária então não mais se modifica, permanecendo estática até a extinção da empresa em 11/2011. 111 - Registre-se que a partir de sua entrada no quadro acionário da companhia, o Sr. Gabriel Gananian sempre exerceu a função de Diretor/Presidente, resguardando para si a prerrogativa na condução dos negócios. E o que se confirma pela alteração do artigo 16 do estatuto efetuado pela AGE realizada em 02/07/2008, que abaixo vai transcrita: (......) 112 - Com este poder quase absoluto o Sr. Gabriel Gananian conduzia os rumos do negocio. Nessa condição se reveste de responsabilidade pela dissolução da companhia sem promover a correta tributação dos ganhos obtidos pela venda das participações societarias pertencentes à Steck Investimentos nas empresas Steck da Amazonia e Steck Industria Elétrica. Ressalte-se novamente, por oportuno, que nenhum documento válido que atestasse as suas cessões onerosas para a pessoa física do Sr. Gabriel Gananian foi apresentado. 113 - Confirma-se a infração de lei a não apresentação de contabilidade contendo os lançamentos do ano-calendário de extinção da companhia, conforme determina o artigo 177 da Lei n° 6.404/76. Tampouco foram levantados balanço pela ocasião da liquidação da empresa, obrigação determinada pelo artigo 210 do mesmo diploma legal. 114 - Incorre ainda em infração de lei, na qualidade de sócio/diretor e quase seu exclusivo acionista, o Sr. Gabriel Gananian ao extinguir a companhia sem proceder ao levantamento dos haveres e deveres e sem arquivamento de ata da liquidação que indicasse a partição dos ativos e o responsável pela guarda dos livros e documentos. 115 - Da forma como foi extinta, a legislação tributária imputa ao Sr.Gabriel Gananian, na condição de sócio/gerente, a responsabilidade pelo adimplemento da obrigação tributária decorrente do ganho advindo da venda das ações de outras empresas pertencentes ao acervo de investimentos da Steck Investimentos. 116 - Portanto, lavra-se o presente auto de infração contra o Sr. Gabriel Gananian, atribuindo-lhe a condição de sujeito passivo da obrigação tributária, nos termos do artigo 121 do CTN, na condição de responsável pelos tributos lavrados, em conformidade ao que determina o inciso III, do artigo 135 do mesmo código. 8 - Da Multa Qualificada - Planejamento Tributário Abusivo Fl. 1665DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.659 15 117 - O percentual atinente á multa de ofício deve observar o disposto no art. 44, inciso I da Lei n° 9.430/96 e em seu § 1o, com as alterações promovidas pela Lei n° 11.488/07, que dispõe: (.....) 118 - Os artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64, citados na redação original e alterada do artigo 44 da Lei n° 9.430/96, dispõem: (.....) 121 - No curso da presente fiscalização restaram inequivocamente demonstrados que o fiscalizado tentou imputar a sujeição passiva para a sua pessoa física com a intenção de reduzir o tributo devido. De fato, da forma como foi procedida a negociação, a tributação do ganho de capital proveniente da venda das ações da Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica na pessoa física do Sr. Gabriel Gananian propiciou a redução indevida do imposto em quase 60%. 122 - A pretensa compra das quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica pertencentes à Steck Investimentos não restou comprovada. Os documentos apresentados como afiançadores do negócio, particularmente a minuta de contrato sem assinatura, carecem de validade. Não existem documentos que asseverem o repasse de recursos da aquisição alegada pelo contribuinte. 123 - Ademais, a falta de uma escrituração contábil e de DIPJ (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica), referente ao ano-calendário de 2011, a que a Steck Investimentos estava obrigada só lança mais nebulosidade sobre a pretensa negociação e serviu para dificultar o conhecimento da autoridade tributária da sua real condição de sujeito passivo da obrigação tributária. 124 - Tais fatos demonstram que a conduta praticada pelo contribuinte enquadra-se no conceito de fraude e sonegação, circunstância na qual a aplicação da multa de 150% é de rigor. 11- Finalização 127 - Diante dos fatos lavramos o presente Auto de Infração, constituindo o crédito tributário referente ao Imposto de Renda Pessoa Jurídica e tributação reflexa de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, devidos no 3o trimestre do ano- calendário de 2011. O lançamento dar-se-á no auto de infração, de acordo com o seguinte enquadramento legal: Da Impugnação: Inconformada com a autuação, a recorrente apresentou impugnação, em que expõe, os seguintes argumentos e elementos, os quais aproveito do v. acórdão recorrido, por bem exporem o alegado nesta peça processual: Das Considerações Iniciais Sobre as Alienações Efetuadas Fl. 1666DF CARF MF 16 - as operações de reorganização societárias tratadas compreendem, fundamentalmente, três operações: duas cessões de participação societária, sendo a primeira da participação societária detida pela Impugnante na Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica para a Steck Investimentos ao passo em que a segunda consistiu-se na devolução das referidas quotas por esta última ao seu titular original (Impugnante); e, por fim, a alienação da participação societária aludida para a Schneider Electric (compradora); - a segunda cessão de quotas apontada encontra-se igualmente retratada, tanto no rol de bens e direitos da DIRPF relativa ao ano-calendário de 2011, quanto na 13ª Alteração do Contrato Social da Steck Amazônia (levada a registro em 20/07/2011) e na 8ª Alteração do Contrato Social da Steck Indústria Elétrica (levada a registro também em 20/07/2011); - o mero fato de as partes serem vinculadas jamais poderia colocar em dúvida a validade dos negócios pactuados, tampouco levar à conclusão de que as operações teriam sido simuladas ou careceriam de legítimo propósito negocial; - a última operação realizada (alienação da participação societária detida pelo Impugnante à Schneider Electric), resta devidamente atestada já que foi apresentado durante o procedimento de fiscalização o contrato relativo à alienação das quotas da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, ainda que em idioma inglês (mas com sua tradução); tal venda encontra-se devidamente retratada na DIRPF do Impugnante, relativa ao ano-calendário de 2011; - não obstante a demonstração da efetiva ocorrência e da regularidade patente de todas as operações de direito privado realizadas, a Fiscalização houve por bem apontar para supostas irregularidades de natureza societária que, a seu ver, teriam o condão de tornar os atos devidamente registrados perante a Junta Comercial da Amazônia e de São Paulo nulos; - a partir da análise da documentação que apresentou durante o procedimento de fiscalização, o Auditor Fiscal concluiu que a segunda cessão realizada (cessão das quotas da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica pela Steck Investimentos ao Impugnante) padeceria de vícios que a tornariam inválida (itens 25 e 26 do TVF); - a prova incontestável que a alienação aludida das quotas das empresas operacionais para o seu proprietário original (i.e. o Impugnante) são as alterações dos contratos sociais das referidas empresas levadas a registro perante as respectivas Juntas Comerciais da sua jurisdição (Amazônia e São Paulo), pois, a partir desses registros, os Auditores-Fiscais da RFB já não podem mais questioná-los, sobretudo, no tocante à sua validade e efeitos haja vista que, nos termos da legislação de regência, compete privativamente aos órgãos de registro público averiguar dos atos societários levados a registro com o Direito Privado; - o Código Civil (arts.1150, 1153 e 1154) é categórico ao estabelecer que compete, exclusivamente, às autoridades competentes das Juntas Comerciais "fiscalizar a observância das prescrições legais concernentes às formalidades da lei” (cf. art. 1.153, caput) de modo que, uma vez detectadas quaisquer irregularidades, as referidas autoridades têm a obrigação de notificar o requerente para que elas sejam imediatamente sanadas (cf. art. 1.153, parágrafo único); - semelhante disposição, ainda mais categórica, consta do artigo 40 da Lei n° 8.934/94 que disciplina o referido regime público de registros; - por se tratar de hipótese de alienação de quotas, o arquivamento pelas Juntas Comerciais das alterações promovidas nos contratos sociais da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica possuem efeitos constitutivos; ou seja: através do arquivamento das referidas alterações é que se operou a transferência da Fl. 1667DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.660 17 propriedade das quotas da Steck Investimentos para o Impugnante e a produção de efeitos contra terceiros (i.e. a eficácia erga omnes); - a jurisprudência dos tribunais do Poder Judiciário confirma o efeito constitutivo e a eficácia erga omnes decorrente do registro de atos societários, conforme, neste sentido, as ementas de fls.912/913; - ao ter simplesmente desconsiderado que a competência para a apreciação da legalidade de atos societários é privativa das Juntas Comerciais, o Auditor Fiscal contrariou entendimento que vem norteando as decisões proferidas no âmbito da esfera administrativa; - não restam dúvidas de que o i. Auditor Fiscal foi muito além do que as suas competências legalmente estabelecidas lhe permitem ao questionar a legalidade da segunda operação de cessão que ensejou a devolução das quotas da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica ao Impugnante; - a Fiscalização tratou, inclusive, com maior rigor a análise dos documentos relativos à comprovação da segunda operação de cessão de participação societária, tendo relevado, em relação à primeira, documentos e informações que igualmente deixaram de ser apresentados; - quanto à falta de assinatura, deve ser observado que: 1) um contrato escrito não é uma formalidade exigida pelo Direito Privado como essencial para a existência do negócio jurídico em causa; e 2) trata-se de uma operação realizada entre partes vinculadas - o que, diga-se, jamais teria o condão de tornar o negócio jurídico inválido; - a Fiscalização também chegou ao absurdo de considerar que a existência de registros contábeis da operação seriam um elemento de prova essencial para a operação, quando, o que dá validade é o registro dos atos societários perante as respectivas Juntas Comerciais competentes; - neste estado de coisas, é de se questionar: e o que teria então ocorrido se a 1ª e a 2ª operações de cessão tivessem sido consideradas juridicamente inválidas? Com resposta, temos que o ganho de capital teria sido incorrido diretamente pelo Impugnante; e - desse modo, é descabida a alegação de que as operações societárias realizadas propiciaram a "economia tributária" apontada pelo Fisco (tributação do ganho de capital à alíquota de 15%); esta última já existia e já podia ser fruída pelo Impugnante desde o princípio. Do Mero Exercício de Opção Fiscal - é incontroverso o fato de que a Steck Investimentos cedeu a participação societária por ela detida nas sociedades Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica ao Impugnante através de contrato de compra e venda, sendo que a devolução se deu segundo o valor contábil (i.e. patrimonial) das sociedades investidas, tal como reiteradamente informado pelo Impugnante (resposta ao Termo de Intimação Fiscal n° 1, apresentada em 12/12/2014 e resposta ao Termo de Re-lntimação Fiscal n° 1, apresentada em 16/03/2015) e dos demonstrativos de apuração de ganho de capital relativos à sua DIRPF do ano-calendário de 2011; Fl. 1668DF CARF MF 18 - o que se vê é que a própria lei tributária faculta a devolução de direitos integrantes do ativo da pessoa jurídica a valor contábil. Mais do que uma mera faculdade, a devolução de direitos de sócio a valor contábil é uma verdadeira opção fiscal; - o efeito econômico, no entanto, é o mesmo; os direitos representativos da participação societária do Impugnante na pessoa jurídica foram-lhe restituídos sendo precificados a valor patrimonial, inexistindo, aqui, qualquer conseqüência juridico- tributária distinta daquela que de outro modo haveria caso se seguisse o caminho da redução de capital, sobretudo, porque o patrimônio da Steck Investimentos só era composto pelas quotas da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica; - frise-se mais uma vez: o Impugnante poderia, a todo tempo, ter realizado uma redução de capital que as consequências jurídicas teriam sido as mesmas; - ante a equivalência dos fenômenos econômicos e das consequências jurídicas acima expostos, impõe-se a aplicação do tratamento jurídico conferido pelo art.22 da Lei n° 9.249/95 de modo analógico; - ademais, o E. CARF, em casos muito semelhantes ao presente, já firmou o entendimento de que a transferência da participação societária para os sócios individuais da detentora original das ações e posterior tributação do ganho de capital pelo IRPF à alíquota de 15% não configura hipótese de planejamento tributário por se tratar, justamente, do exercício de uma opção fiscal prevista em lei. Confira-se, neste sentido, as ementa dos Acórdãos n° 1301-001.302 (ementa às fls.926/927) e Acórdão n° 1402-001.472 (ementa às fls.929/930); e - assim, por esta terceira razão, impõe-se o reconhecimento da total improcedência da premissa da tese fiscal de que a operação autuada se subsume ao conceito de "planejamento tributário" ou "elisão fiscal". Do Nítido propósito negocial - o i. Auditor Fiscal buscou refutar o propósito negocial apontado pelo Impugnante, mediante análise da Segunda Carta de Intenções, datada de 02/05/2011, alegando que a intenção da Schneider Electric seria a aquisição de "todas as empresas do grupo Steck, incluindo a Steck Investimentos" (cf. TVF, p. 12); - na realidade, a finalidade era adquirir o negócio relativo ao grupo Steck, ou seja, apenas as empresas operacionais, isto é, com atividade comercial, industrial, prestação de serviço etc.) e não sociedades holding desprovidas de qualquer bem ou direito incorporado ao seu ativo que denotasse capacidade de geração de resultados; - a alienação do grupo foi realizada para a Schneider Electric sob a condição o negócio fosse concluído em período curto de tempo, pois, do contrário, o Impugnante advertiu que fecharia negócio com outro potencial comprador; - já o propósito negocial questionado pelo Fisco encontra-se na única condição imposta imposta pela Schneider Electric para fechar o negócio de imediato, que foi a de que o grupo fosse adquirido do Impugnante e não da Steck Investimentos, porque, neste último caso, o fechamento do negócio teria, necessariamente, que aguardar as conclusões de auditoria independente o que, certamente, tomaria bastante tempo; - veja-se que o "fator tempo" que a due diligence da Steck Investimentos requereria foi, também, decisivo para a estruturação do negócio tal como realizado; - relativamente à alegação de que a intenção do comprador seria adquirir, inclusive, a Steck Investimentos, impõe-se a seguinte questão: O que ocorreria, Fl. 1669DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.661 19 então, se todo grupo Steck - nele não incluindo apenas as empresas operacionais, mas toda e qualquer pessoa jurídica - tivesse sido alienado? - a resposta é muito simples: o Impugnante teria alienado a Steck Investimentos e teria apurado ganho de capital "na pessoa física" sujeitando-o à incidência do IRPF à alíquota de 15% incidente sobre o ganho de capital; - o que se vê foi que o Impugnante, uma vez tendo constituído as empresas operacionais aqui tratadas - diga-se, as mais importantes do grupo Steck decidiu estruturar a administração do seu negócio utilizando-se de uma sociedade holding sem que tal decisão tenha sido influenciada predominantemente por qualquer fator tributário. Há, com efeito, lapso razoavelmente longo de tempo entre as operações aqui tratadas; e - realizada a venda, a Steck Investimentos, diante da perda das participações societárias que permitiam a condução do seu objeto social, deixou de ter razão de existir e, neste sentido, foi dissolvida quase 4 meses após a venda Da inexistência de "norma geral antielisiva" e da "teoria do propósito negocial" no Direito Tributário Brasileiro - o Auditor Fiscal invocou a norma consubstanciada no artigo 116, parágrafo único, do CTN hábil para amparar a teoria do propósito negocial e a desconsideração de parte das operações societárias já descritas; - impõe-se reconhecer que a permissão para a desconsideração de atos ou negócios jurídicos prevista no parágrafo único do artigo 116 do CTN não produz efeito algum, já que aguarda a sua regulamentação por lei ordinária, sendo, portanto, uma norma de eficácia contida; e - a própria tentativa de se prever tais critérios por meio da MP n° 66/2002 e a sua subsequente não conversão em lei ordinária (no tocante à parte que disciplinou a aplicação do artigo 116, parágrafo único do CTN) já evidencia, não apenas a sua necessidade para que o dispositivo produza efeitos, como também que a teoria do propósito negocial que o i. Auditor Fiscal pretendeu aplicar ao caso concreto não encontra qualquer previsão legal. Da Impossibilidade de imputação de responsabilidade tributária no Impugnante com fundamento no artigo 135, inciso III do CTN - Uma primeira premissa que deve ser firmada, desde já, é a plena regularidade da extinção da Steck Investimentos, pessoa jurídica em face da qual, seguindo-se a coerência da tese fiscal, deveria ter sido formalizado o lançamento de ofício; - em relação às considerações feitas pela Fiscalização, cumpre pontuar que a JUCESP efetuou o registro por arquivamento da documentação apresentada, no que convalidou que todos os requisitos legais para a dissolução societária haviam sido plenamente atendidos já que, nos termos do artigo 1.153 da Lei n° 10.406/2002, tal competência - i.e. o controle da legalidade dos atos societários que se sujeitam ao "Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais" - lhe é privativa; - no mesmo sentido dispõe o artigo 40 da Lei n° 8.934/94 - que dispõe, justamente, do sistema de Registro Público de Empresas Mercantis - ao resguardar competência exclusiva das Juntas Comerciais para analisar atos societários levados a registro, tal como já foi exposto anteriormente; Fl. 1670DF CARF MF 20 - em vista de Auditores-Fiscais da RFB, como mencionado anteriormente, não possuírem competência para questionar a legalidade de atos societários devidamente registrados pelas Juntas Comerciais, a extinção regular da Steck Investimentos não pode ser questionada; - o artigo 135, inciso III, do CTN dispõe sobre as hipóteses em que se admite a imputação de responsabilidade pessoal pelo crédito tributário a diretores, gerentes e representantes de pessoas jurídicas; - para que haja imputação de responsabilidade pessoal aos dirigentes da pessoa jurídica, é fundamental a caracterização de uma conduta ilícita, seja do ponto de vista do ordenamento jurídico vigente, seja do ponto de vista do estatuto social; - dever tributos, pura e simplesmente, não é considerado uma infração à lei ou ao estatuto capaz de atrair a responsabilidade para os sócios, salvo se houver a caracterização de conduta ilícita para tanto; - esta questão já foi, inclusive, objeto de pronunciamento pelo E. STJ que, no Recurso Especial n° 1.101.728/SP (Ministro Relator Teori Albino Zavaski, proferido em 11/03/2009), estabeleceu que "para que se viabilize a responsabilização patrimonial do sócio na execução fiscal, é indispensável que esteja presente uma das situações caracterizadoras de responsabilidade subsidiária do terceiro pela dívida do executado; - como apontado anteriormente, o encerramento das atividades da Steck Investimentos mediante a lavratura das atas societárias que aos olhos da JUCESP foram consideradas suficientes para tanto - não foi por outro motivo, inclusive, que os atos foram registrados mediante arquivamento sem exigências adicionais - não caracteriza infração à lei, tampouco, ao estatuto social; - a questão dos requisitos necessários à caracterização da dissolução irregular foi, inclusive, objeto da súmula n° 435, devido à sua elevada recorrência. Confira-se, o seu teor: "Súmula 435: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente". - As situações típicas, portanto, em que há dissolução irregular, à luz da jurisprudência do E. STJ que delimitou o seu conceito, não possuem relação de semelhança alguma com a situação apontada pela Fiscalização no caso concreto como caracterizadora de dissolução irregular. Logo, o que se vê é que a tese fiscal carece de qualquer fundamento; - a Fiscalização aponta, também, que a não apresentação da contabilidade relativa ao ano-calendário de 2011, bem como dos balanços, justificaria a imputação de responsabilidade pessoal ao Impugnante. Neste ponto, cumpre salientar que a falta de tais requisitos não é infração à lei hábil à imputação de responsabilidade pessoal dos sócios-administradores da companhia; - trata-se de infração à lei imputável, quando muito, à própria pessoa jurídica, tal como ocorreria caso determinada obrigação acessória deixasse de ser adimplida, mas jamais imputável aos sócios-administradores para fins de reconhecimento de responsabilidade pessoal; - cumpre pontuar, ainda, que os acórdãos proferidos pelo E. CARF mencionados pela Fiscalização para amparar a aplicação do artigo 135, inciso III do CTN, diversamente do quanto alegado, não dão guarida à tese fiscal; Fl. 1671DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.662 21 - mais do que isso: o Acórdão n° 9101-002.042, proferido pela 1ª Turma da E. Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), citado pela Fiscalização, preceitua que, em caso de encerramento das atividades empresariais, o dispositivo que, em tese, ampararia a imputação de responsabilidade pessoal dos dirigentes da pessoa jurídica seria o artigo 134, inciso VII do CTN; - o Impugnante é parte ilegítima para se figurar no polo passivo; - se os atos levados a registro perante a Junta Comercial podem ser questionados pelo Fisco, será inafastável a conclusão de que o i. Auditor Fiscal errou na escolha do sujeito passivo ao efetuar o lançamento do crédito tributário; - é dizer; a consequência da tese fiscal não é a extinção irregular da pessoa jurídica, mas sim a sua não extinção - ou extinção pendente de condição suspensiva - o que torna absolutamente sem sentido a tentativa de se incluir o Impugnante no polo passivo da relação tributária, na figura de responsável tributário, por débito de sociedade que, segundo a Fiscalização, até o presente momento conservaria a sua personalidade jurídica e, portanto, deveria compor o polo passivo como contribuinte; - é sempre bom lembrar que a correta identificação do sujeito passivo é atividade necessária para o próprio lançamento do crédito tributário, nos termos previstos pelo artigo 142 do CTN; - neste caso, a falha na realização de etapa fundamento ao próprio lançamento do crédito tributário só viria a demonstrar que o presente Auto de Infração é materialmente nulo; - a necessária consideração do imposto recolhido pelo Impugnante na apuração do crédito tributário exigido; - se o i. Auditor Fiscal entendeu ter havido planejamento tributário "abusivo", desconsiderando os atos e negócios jurídicos realizados pelas partes para tributar a "verdadeira operação" (venda da Steck Indústria Elétrica e Steck Amazônia pela Steck Investimentos), então deveria assumir todas as consequências dessa decisão, o que implica o reconhecimento de que o pagamento do IRPF pelo Impugnante era indevido; - esta tem sido a orientação da jurisprudência do E. CARF (ementas de fls.952/953); - note-se, ademais, que a única diferença entre os tributos exigidos pelo auto de infração e aquele pago pelo Impugnante reside na diferença da alíquota. No mais, o fato gerador (apuração de ganho de capital) e a base de cálculo (o valor do ganho de capital auferido) são idênticos; - No presente caso, há bis in idem nas duas acepções descritas acima: econômica e jurídica, pois o mesmo sujeito passivo que efetuou o recolhimento do imposto à alíquota de 15% está pleiteando o seu abatimento da cobrança do crédito tributário que contra ele foi constituído; e - a imputação dos pagamentos efetuados com o IRPJ e a CSLL resulta na redução do crédito tributário exigido por meio deste auto de infração, no valor de R$ 57.970,74, como demonstrado à fl.954. Fl. 1672DF CARF MF 22 Necessidade de redução da base de cálculo: ausência de disponibilidade jurídica em razão de "conta-garantia" - outro equivoco cometido pela Fiscalização foi ter simplesmente ignorado que, do valor fixado para a alienação das empresas do grupo Steck - dentre as quais a Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica -, qual seja, de RS 433.217.780,30, o valor correspondente a R$ 52.200.000,00 ficou retido em conta garantia sujeitando- se a cláusulas suspensivas para o seu pagamento em momento futuro; - assim, o valor efetivamente recebido pela alienação da participação societária do grupo Steck correspondeu a, apenas, RS 381.017.780,30; - note-se, também, que houve a celebração de contrato de prestação de serviços de depositário celebrado pelo Impugnante, comprador e o Banco Bradesco S.A.; - o instituto da condição suspensiva encontra-se disciplinado pelos artigos 121 e 125 do Código Civil, in verbis: Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa. - no entanto, o autuante simplesmente ignorou a existência da referida conta garantia na medida em que partiu dos mesmos valores de venda informados pelo Impugnante, em resposta apresentada ao Termo de Intimação Fiscal n° 01, quais sejam, R$ 297.392.947,85 para a Steck Amazônia e R$ 97.379.084,24 para a Steck Indústria Elétrica. Tais valores, por certo, correspondiam ao preço de venda sem o abatimento do valor depositado em conta garantia; - Sobre esta questão a Receita Federal do Brasil já se posicionou através de Solução de Consulta n° 58. Veja-se: Somente haverá a incidência do Imposto de Renda sobre o ganho de capital decorrente da alienação de bens e direitos, no tocante a rendimentos depositados em "escrow account" (conta- garantia), quando ocorrer a efetiva disponibilidade econômica ou jurídica destes para o alienante, após realizadas as condições a que estiver subordinado o negócio jurídico. - além disso, o próprio E. CARF já se manifestou nos mesmos termos; a título exemplificativo, cita-se a ementa do Ac. n° 2202-002.859 (reproduzida à fl.939): - em adição ao exposto, tem-se que, pelo artigo 117 do CTN, se o negócio jurídico está vinculado a uma condição suspensiva, apenas quando ocorrida a condição prevista, o mesmo será considerado perfeito e acabado para fins de tributação: Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e salvo disposição de lei em contrário, os atos ou negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e acabados: I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de seu implemento, Fl. 1673DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.663 23 - no caso da conta garantia, somente quando implementada a condição, pode- se dizer que há disponibilidade jurídica da renda permitindo que haja a incidência do IRPJ e da CSLL; - desta forma, diante da constatação de que a incidência de IRPJ e CSLL sobre parcela retida em conta garantia não é possível juridicamente, em vista da inexistência de disponibilidade jurídica dos referidos valores, impõe-se a exclusão do valor de R$ 52.200.000,00 da base de cálculo dos tributos aqui considerados. Da Necessária correção do valor do custo de aquisição - segundo consta do TVF (p. 22, § 88), os valores de aquisição teriam sido obtidos a partir da Escrituração Contábil Digital (ECD), relativa ao ano-calendário de 2010, da Steck Investimentos; o custo de aquisição considerado pela Fiscalização corresponderia ao valor patrimonial dos investimentos; no entanto, a própria Fiscalização reconhece que esses valores não seriam os mais precisos para que fosse efetuado o cálculo do ganho de capital; - os custos de aquisição apontados pelo Impugnante, por sua vez, são mais precisos pois foram apurados mediante levantamento de balanço patrimonial em momento imediatamente anterior à realização da venda; - foi com base nesse balanço que foi apurado o custo de aquisição total de R$ 128.300.375,43, o qual correspondia ao valor patrimonial dos investimentos que eram, por sua vez, avaliados mensalmente de acordo com o método da equivalência patrimonial à qual todos os investimentos considerados relevantes se submetem; - tal balanço só deixou de ser juntado aos autos em razão de ter permanecido em poder dos compradores. Caso venha a prevalecer o custo de aquisição utilizado pelo Impugnante de R$ 128.300.375,43, o valor a ser reduzido do Auto de Infração corresponderá à aplicação da alíquota combinada de 34% sobre RS 21.011.375,43 resultando na exclusão do valor de R$ 7.143.867,65; - na hipótese de o valor de R$ 128.300.375,43 não ser acatado, faz-se necessária a conversão do julgamento em diligência com resposta ao quesito proposto à fl...; - alternativamente, deverá prevalecer o custo de aquisição de RS 114.704.000,00, que corresponde ao valor patrimonial dos investimentos registros no ativo da Steck Investimentos, conforme consta do balanço patrimonial levantado em 30/06/2011; - vale registrar que o i. Auditor Fiscal acabou por afastar o referido balanço patrimonial mediante a alegação de que não seria possível "avaliar a legitimidade e veracidade dos valores inseridos no referido balanço patrimonial, já que não fora apresentada a Escrituração Contábil Digital para o ano-calendário de 2011; - o Auditor Fiscal equivocou-se ao ter simplesmente desconsiderado o balanço patrimonial da Steck Investimentos levantado em 30/06/2011. Isto porque, independentemente de a ECD ter sido entregue, o fato é que a demonstração financeira apresentada - balanço patrimonial - goza de igual fidedignidade que a escrituração contábil da Steck Investimentos; - o efeito decorrente da assinatura firmada por contador devidamente registrado respectivo CRC é, justamente, o de atestar que as informações presentes demonstração financeira estão em plena conformidade com a contabilidade da empresa em causa (no caso, a Steck Investimentos); Fl. 1674DF CARF MF 24 - logo, não devem pairar dúvidas quanto à fidedignidade do valor patrimonial da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, conforme informado no balanço patrimonial da Steck Investimentos; Necessária desqualificação da multa aplicada: inocorrência de sonegação, fraude ou conluio; - em que pesem os argumentos utilizados pelo Auditor Fiscal, a qualificação da multa punitiva não se sustenta por três motivos: (i) a generalidade da acusação, visto não ter apontado se o Impugnante incorreu em fraude ou sonegação; (ii) a ausência da prática de fraude, sonegação ou conluio mediante ação ou omissão dolosa específica pelo Impugnante; e (iii) a sua inequívoca boa-fé e a convicção de que sua atuação se deu no âmbito da licitude; - a qualificação da multa só é possível quando a Autoridade Fiscal comprova que o sujeito passivo praticou conduta comissiva ou omissiva que configure uma das hipóteses de que tratam os artigos 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/64; - além disso, a fraude, sonegação ou conluio pressupõem ação ou omissão dolosa do sujeito passivo; - a manifestação do Auditor Fiscal é, por si só, causa suficiente de cancelamento da qualificação da multa punitiva, pois evidencia o seu desprezo pelo dever de motivação de todo e qualquer ato administrativo que imponha sanções, tal como prescreve o já citado artigo 50, inciso II, da Lei n°. 9.784/99; - não há dúvidas de que, ao deixar de identificar se teria ocorrido fraude ou simulação no caso concreto, o Auditor Fiscal omitiu-se na demonstração do "evidente intuito de fraude" ou, ainda, na própria tipificação da conduta realizada; - cabível, nesse sentido, a desqualificação da multa de ofício, já que o Auto de Infração revela vício material insanável de fundamentação; - de todo modo, pode-se afirmar que só ocorreria sonegação se, após a apuração do ganho de capital pelo Impugnante, passivos atuassem no sentido de "ocultar" tal fato do Fisco; - também não há que se falar em fraude, no caso concreto, pois o Impugnante não praticou qualquer conduta dirigida a evitar a ocorrência do fato gerador imputado pela Fiscalização no presente auto de infração; - por fim, que não basta o sujeito passivo praticar as condutas descritas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n°. 4.502/64, é preciso que a ação ou omissão seja dolosa, isto é, o sujeito passivo tenha a intenção (o propósito) de, sabidamente, descumprir a lei tributária e produzir resultado lesivo ao Fisco; - esse dolo não pode ser meramente presumido como fez o i. Auditor Fiscal; há de ser provado, consoante a orientação sedimentada pela Súmula 14 do CARF; - a jurisprudência do E. CARF corrobora todos os argumentos aqui expostos, conforme ementas de fls.974/975; - o E. CARF entende também que não se sustenta a qualificação da multa de ofício se demonstrada a boa-fé do sujeito passivo e a ausência de ocultação da prática e da intenção final dos seus negócios (ementas de fls 976/978); - vale destacar, também, a importância de que se observem os princípios da proporcionalidade e razoabilidade na fixação do montante a ser cobrado a título de multa, a fim de se evitar, justamente, o efeito confiscatório da propriedade do sujeito passivo infrator; Fl. 1675DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.664 25 - no julgamento do RE n°. 582.461/SP, submetido à repercussão geral (artigo 543-B do CPC), o Plenário do C. STF analisou a possível confiscatoriedade de multa moratória, concluindo, ao final, que pela sua redução ao percentual de 20% (trecho da ementa às fls.980/981); - para o caso concreto, em que a Fiscalização imputa multa de 150% em virtude de suposta prática de sonegação, fraude ou conluio, sobreleva notar que também o STF reconhece o efeito de confisco nas multas aplicadas para punir tais condutas; - é o que se depreende do voto do I. Ministro limar Galvão nos autos da ADI n°. 551/RJ acima mencionada: "Igual desproporção constata-se na hipótese de sonegação, na qual a multa não pode ser inferior a cinco vezes o valor da taxa ou imposto, afetando ainda mais o patrimônio do contribuinte." - pelo exposto, e considerando o entendimento firmado pelo C. STF em sede de repercussão geral, deve a C. Turma Julgadora determinar a redução da multa aplicada para 75%, por força do §2° do artigo 102 da Constituição Federal de 1988 e do §2° do artigo 62 do Regimento Interno do CARF (Portaria MF n°. 343/15). Da aplicação ao artigo 112 em caso de voto de qualidade diante da existência de dúvida concreta - o artigo 112 do CTN determina que, havendo uma interpretação mais favorável ao contribuinte quanto à aplicação de penalidades, esta deve obrigatoriamente prevalecer em caso de dúvida; - assim, havendo empate, o voto de qualidade deve aplicar o artigo 112 do CTN, garantindo-se a interpretação mais favorável da legislação tributária ao contribuinte. Em outras palavras, o segundo voto do Presidente (voto de qualidade) deve sempre acompanhar a posição mais favorável ao contribuinte quanto à aplicação das penalidades; e - portanto, para conciliar o instituto do voto de qualidade com o princípio constitucional da presunção de inocência, bem como com o artigo 112 do CTN, torna-se mandatório o cancelamento das multas veiculadas no presente Auto de Infração em caso de empate no julgamento desta Impugnação. Da Não incidência de Juros de Mora Sobre a Multa De Ofício - Subsidiariamente, caso não sejam acolhidos os argumentos acima expostos, o que se admite apenas para argumentar, deverão os Srs. Julgadores, ao menos, excluir a cobrança de juros de mora sobre a multa de ofício, nos termos dos artigos 161 do CTN e 61, § 3o, da Lei n° 9.430/96; - Tal procedimento - que tem sido praticado indiscriminadamente pela Receita Federal do Brasil - carece de fundamento legal, já que o § 3º do artigo 61 da Lei n° 9.430/96, em consonância com o artigo 161 do CTN, é claro ao restringir a incidência dos juros de mora sobre o valor do principal lançado; - Felizmente, o E. CARF tem afastado a pretensão fiscal ao considerar que sobre a multa de ofício incidem os juros de mora (Ementas, fls.986); - À luz da garantia constitucional mencionada foi editada a Lei n° 11.457, de 16 de março de 2007 que positivou, em seu artigo 24, um critério objetivo para Fl. 1676DF CARF MF 26 definir a "razoável duração do processo" administrativo desenvolvido no âmbito federal. Veja-se: Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. - Assim, diante da inegável morosidade dos processos administrativos em geral, bem como da necessária eficiência da Administração Pública, conforme disposto no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, prescreveu o legislador federal que fica obrigado o órgão de julgamento administrativo-tributário a proferir decisão no prazo de 360 dias contados do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos; - O descumprimento da norma pela Administração Pública deve implicar, como não poderia deixar de ser, em consequências jurídicas, dentre elas, a necessária cessação dos juros de mora; e - Assim, para que se prestigie o dever de duração razoável do processo e o princípio da eficiência da Administração Pública, requer o Impugnante que o cálculo dos juros de mora seja limitado ao prazo de 360 dias, caso a decisão de 1ª instância venha a superar este prazo legal. Da decisão da DRJ: A decisão da DRJ, como já exposto logo no início do presente relatório, julgou a impugnação procedente em parte, o que foi acompanhado unanimamente pelos seus pares do colegiado de primeiro grau administrativo. A ementa da decisão é a seguinte: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011 NULIDADE. INOCORRÊNCIA. O atendimento aos preceitos estabelecidos no art. 142 do CTN, a presença dos requisitos do art. 10 do Decreto nº 70.235/1972 e a observância do contraditório e do amplo direito de defesa do contribuinte afastam a hipótese de nulidade do lançamento. DECISÕES ADMINISTRATIVAS. DECISÕES JUDICIAIS. EFEITOS. As decisões administrativas e judiciais, mesmo que proferidas por órgãos colegiados, sem uma lei que lhes atribua eficácia normativa, não constituem normas complementares do Direito Tributário. Destarte, não podem ser estendidas genericamente a outros casos, eis que somente se aplicam sobre a questão em análise e apenas vinculam as partes envolvidas naqueles litígios, não abrangendo terceiros que não figurem como parte nas referidas ações judiciais. Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário Fl. 1677DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.665 27 Ano-calendário: 2011 NEGÓCIO JURÍDICO FORMAL. VALIDADE. No âmbito do direito tributário, o negócio jurídico formal, mesmo que devidamente estruturado com base na lei das sociedades por ações, não pode prevalecer se não representar o fato real ocorrido, quando esse fato real é tipificado como fato gerador do imposto de renda, devidamente comprovado pela inconsistência dos atos societários e dos fatos contábeis. Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO. SOCIEDADE DO TIPO HOLDING. ALIENAÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA. GANHO DE CAPITAL. DESLOCAMENTO DO GANHO PARA OS SÓCIOS DA PESSOA JURÍDICA. IMPOSSIBILIDADE. Não é dado à pessoa jurídica que aliena participação societária fazer deslocar o respectivo ganho de capital auferido no negócio para as pessoas físicas que figuram como sócios da pessoa jurídica, mormente porque, in casu, trata-se de sociedade do tipo “holding”, cujo precípuo objeto social consiste em fruir dos benefícios advindos das participações societárias, neles incluídos os ganhos havidos na sua alienação. PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 116 DO CTN. LEI COMPLEMENTAR Nº 104, DE 2001. NORMA ANTIELISÃO. Estando comprovada a ocorrência do fato gerador na alienação de quotas de capital, e verificando-se que o contribuinte usou de negócio jurídico simulado, com o objetivo de elidir o surgimento da obrigação tributária principal ou de gerar indevidas vantagens fiscais, pode, o fisco, amparado no inciso VII do artigo 149 do CTN, deve constituir o crédito tributário tendo por objeto o ato dissimulado (alienação de quotas de capital), uma vez que o ato simulado (investimento) é nulo, nos termos do Código Civil, subsistindo o ato dissimulado. SIMULAÇÃO. EVASÃO. OPERAÇÕES ESTRUTURADAS EM SEQUÊNCIA. O fato de cada uma das transações, isoladamente e do ponto de vista formal, ostentar legalidade, não garante a legitimidade do conjunto de operações, quando fica comprovado que os atos praticados tinham objetivo diverso daquele que lhes é próprio. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO LÍCITO. ELISÃO. No planejamento tributário lícito, também conceituado como elisão, evita-se a ocorrência do fato gerador sem afrontar a lei tributária. Nesse procedimento utiliza-se das regras legais como motivação para se evitar a ocorrência do fato gerador, realizando-se atos verdadeiros em consonância com a vontade entre as partes. Fl. 1678DF CARF MF 28 Planejamento tributário deve designar tão-somente a técnica de organização preventiva de negócios, visando a uma lícita economia de tributos, seja evitando a incidência destes, seja reduzindo ou diferindo o respectivo impacto fiscal sobre as operações. SIMULAÇÃO. FRAUDE. EVASÃO FISCAL. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO ILÍCITO. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. Constatada a prática de simulação, perpetrada mediante a articulação de operações com o intuito de evitar a ocorrência do fato gerador do Imposto de Renda, é cabível a exigência do tributo, acrescido de multa qualificada, conforme o art. 44, inciso II, da Lei nº. 9.430, de 1996. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA SOCIEDADE. SÓCIO- ADMINISTRADOR. VIOLAÇÃO DA LEI SOCIETÁRIA Infringidos dolosamente os dispositivos Código Civil de 2002 relativos à dissolução da sociedade, à sua administração, ao seu registro, à sua gerência ou à sua escrituração fica plenamente caracterizada em concreto a hipótese estabelecida no caput do art. 135 do CTN. PESSOA JURÍDICA EXTINTA. RESPONSABILIDADE DO SÓCIO- ADMINISTRADOR. No caso de pessoa jurídica extinta por distrato social registrado na Junta Comercial, por lhe faltar personalidade jurídica, correta a atribuição de sujeição passiva ao sócio-administrador responsável pela guarda da documentação, nos termos dos arts. 121, II, e 135, III do CTN. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. ART. 135 DO CTN. NECESSIDADE DE APURAÇÃO DE ATUAÇÃO EM OFENSA À LEI OU COM EXCESSO DE PODERES. DESCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIZAÇÃO. A simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade do sócio. Para que se viabilize a responsabilização do sócio, é indispensável que esteja presente uma das situações caracterizadoras da responsabilidade do sócio, nos moldes das hipóteses previstas no art. 135 do CTN. Se o sócio administrador deixa de cumprir a obrigação legal de manter a escrituração em perfeito estado e apoiada em documentação hábil, comete ato ilícito que enseja sua responsabilização nos moldes do art. 135 do CTN. Também comete ato ilícito que permite a aplicação do art. 135, inciso III do CTN, o sócio que, durante sua gestão, apresenta DIPJ com informações falsas e/ou permite a dissolução irregular da empresa. FALTA DE APRESENTAÇÃO DE LIVROS E DOCUMENTOS. ARBITRAMENTO. ARBITRAMENTO CONDICIONAL. SOLICITAÇÃO DE DILIGÊNCIA PARA APRESENTAÇÃO DE ESCRITURAÇÃO. Fl. 1679DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.666 29 O lucro será arbitrado quando a interessada deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e os documentos da escrituração comercial e fiscal. Inexistindo arbitramento condicional, o ato administrativo do lançamento não seria modificável pela posterior apresentação de escrituração, cuja recusa ou inexistência foi a causa do arbitramento. Em conseqüência, a solicitação de realização de diligência com esse fim deve ser rejeitada. GANHO DE CAPITAL NA ALIENAÇÃO DE BENS E DIREITOS. PAGAMENTOS. RECONHECIMENTO. O Imposto de Renda sobre o ganho de capital, recolhido pelo responsável, como pessoa física, deve ser compensado com o apurado no Auto de Infração, desde que o que foi pago pelo contribuinte seja relativo à mesma operação de alienação objeto do Auto de Infração. O ganho de capital relacionado ao ato simulado, existente só no papel. Nos atos formais, deve ser considerado como parte do ganho de capital relacionado ao fato real, escondido pelo ato simulado. Houve ganho de capital, mas relacionado à operação real demonstrada pela fiscalização e não conforme o demonstrativo apresentado pelo contribuinte. MULTA QUALIFICADA DE 150%. APLICAÇÃO NA PRESENÇA DE DOLO DE SONEGAÇÃO E OU FRAUDE. Restando demonstrada a conduta dolosa com objetivo de evitar/reduzir o pagamento do tributo devido, com o deslocamento, para a pessoa física do sócio, da operação de venda de participações societárias, fica caracterizada a fraude/sonegação, sendo cabível a aplicação da multa qualificada. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2011 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO. DECORRÊNCIA. Aplica-se aos lançamentos decorrentes, no que couber, o que foi decidido quanto ao principal, na medida em que não há fatos novos a ensejarem conclusões. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do voto do relator, que foi acompanhado unanimemente pelo colegiado de primeira instância administrativa, extrai-se os seguintes excertos e destaques que entendo mais importantes para dar guarida a sua decisão final: - quanto à nulidade em face de erro na identificação do sujeito passivo, discordaram, entendendo estar devidamente identificado o polo passivo desta autuação, na Fl. 1680DF CARF MF 30 pessoa do Sr. Gabriel Gananian, em face da dissolução irregular da empresa no qual ele exercia a atividade de gerência; - quanto à jurisprudência administrativa e judicial invocada, as mesmas não vinculam a Administração Pública Federal, somente as partes, e nenhuma súmula do CARF com efeito vinculante se aplica ao caso em análise; - não foi identificada nenhuma afronta a princípios constitucionais; - as operações societárias que motivaram a presente autuação constam, sucintamente, no gráfico abaixo: - os contratos sociais e suas alterações ao serem registrados nas Juntas Comerciais, atendem apenas o requisito da forma, carecendo de substância, o que pode levar seus efeitos tributários a serem questionados pelo Fisco. O fato de em 2008 e 2011 haver a mesma estrutura de controle societário não é argumento válido, pois a mudança de 2011 só foi promovida pelo interesse da Schneider Electric na aquisição das empresas; - a opção fiscal alegada de que poderia ter adotado o caminho da redução de capital, sem consequência jurídica diferente, não prevaleceria pois a Steck Investimentos era uma holding, e o ganho de capital auferido na alienação das participações societárias é inerente ao objeto social, não sendo possível admitir que após toda a negociação efetuada pela pessoa jurídica, tenham optado por abrir mão de todo o ganho de capital em favor de sócios. Inclusive, quando da Carta de Intenção de Compra da Schneider, de 28/02/2011 (fl.544), marcou o início das negociações, e, nessa data, a Steck Investimentos ainda era a proprietária das empresas alienadas, portanto as negociações deveriam ser efetuadas pela Steck Investimentos. A descrição dos fatos é transparente ao atestar que as ações intencionais foram perpetradas com um único fim: excluir a Steck Investimentos do polo passivo tributário, modificando característica essencial do fato gerador (sujeição passiva tributária) e esquivando-se do pagamento do montante dos tributos devidos. É fato que o ordenamento jurídico permite a organização das empresas da forma como lhes for mais adequada. Mas o que é permitido, é que diante de duas situações lícitas seja escolhida a menos onerosa. E baseado em lições de Marco Aurélio Greco, o relator conclui: A fraude à lei caracterizou-se pela inobservância da norma impositiva que previa a incidência de IRPJ (alíquota de 15% e adicional de 10%) e CSLL (alíquota de 9%) na venda de bem do ativo permanente por pessoa jurídica (norma contornada), tendo o interessado montado uma Fl. 1681DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.667 31 sequência de operações de modo a enquadrar a operação como venda de bem por pessoa física (norma de contorno). - a alegação da impugnante que a única condição imposta pela Schneider Electric para fechar o negócio de imediato, que foi a de efetuar a aquisição diretamente dele (interessado) e não da Steck Investimentos, para evitar o due diligence também nessa última empresa, não prospera, pois foi intimado durante a fiscalização a comprovar tal situação, e nada trouxe, e nem na sua impugnação. O que se tem de concreto, como bem observado pelo autuante, são as Cartas de Intenções enviadas pela Schneider Electric para o Banco Credit Suisse e, posteriormente, para as empresas do grupo Steck dando conta de que o interesse da compradora era inclusive o de adquirir a própria Steck Investimentos. (fl.544) Assim, em face de não ter sido demonstrada a existência de qualquer propósito negocial, acata-se a conclusão do autuante de que a venda das empresas para o interessado teve como único objetivo a redução de tributos. - quanto a inexistência da norma antielisiva (parágrafo único do art. 116 do CTN) e da teoria do propósito negocial, o fisco possui outros instrumentos legais em vigor para coibir os atos que traduzam formas ilícitas de retardar ou reduzir a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária (principal). Neste contexto, é que, no âmbito do Conselho Administrativo de Recursos Ficais – CARF, o propósito negocial tem sido a ferramenta-chave para se chancelar ou não o planejamento tributário realizado pelos contribuintes. Muitas vezes, a própria legislação tributária dá ao contribuinte diversas opções, sendo que este possui o direito de escolher qualquer dessas opções e que lhe seja mais benéfica. Acrescente-se que, conforme bem observado pelo autuante, o ordenamento jurídico impõe limites ao exercício da liberdade de auto-organização do contribuinte. Em seu artigo 187, o Código Civil, quando trata de atos jurídicos, classifica como ilícitos aqueles atos cometidos pelo titular do direito que, ao exercê-lo, excede os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. No mesmo sentido, o artigo 154 da Lei n° 6.404/76 (Lei das S/As.), que vai transcrito abaixo, impõe regramento às práticas do administrador da companhia, senão vejamos: Art. 154. O administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa. - quanto a alegada impossibilidade de imputação da responsabilidade com base no art. 135, III do CTN, a imputação de responsabilidade atribuída pela fiscalização, consta do Termo de Verificação Fiscal, os quais, em síntese, expõem que o Sr. Gabriel Gananian sempre exerceu a função de Diretor/presidente resguardando para si a condução dos negócios, sendo, portanto, de sua responsabilidade, as infrações ali apontadas. Consta também que, da forma como foi extinta, a legislação tributária imputa ao Sr.Gabriel Gananian, na condição de sócio/gerente, a responsabilidade pelo adimplemento da obrigação tributária decorrente do ganho advindo da venda das ações de outras empresas pertencentes ao acervo de investimentos da Steck Investimentos. Fl. 1682DF CARF MF 32 A sujeição passiva foi atribuída ao sócio-administrador, Gabriel Gananian, na condição de responsável prevista no art. 121, inciso III, e com fundamento no art. 135, inciso III do CTN. A alegação apresentada na impugnação é a de que a JUCESP efetuou o registro por arquivamento da documentação apresentada, no que convalidou que todos os requisitos legais para a dissolução societária haviam sido plenamente atendidos e que não caberia ao Fisco questionar essa dissolução. Entretanto, o fato de um requisito formal ter sido atendido, não significa que o Fisco não possa questionar a substância do ato registrado, uma vez que o Direito não tutela simulacros. A dissolução irregular da empresa Steck Investimentos, promovida pelo interessado, está perfeitamente determinada no Termo de Verificação Fiscal quando, além de fazer menção à dissolução efetuada sem a promoção da correta tributação dos ganhos obtidos pela venda das participações societárias a ela pertencentes na Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica, o autuante aponta as seguintes infrações: 1) a não apresentação de contabilidade contendo os lançamentos do ano- calendário de extinção da companhia, conforme determina o artigo 177 da Lei n° 6.404/76; 2) falta do levantamento do balanço por ocasião da liquidação da empresa, obrigação determinada pelo artigo 210 do mesmo diploma legal; e 3) extinção da companhia sem levantamento dos haveres e deveres e sem arquivamento de ata da liquidação que indicasse a partição dos ativos e o responsável pela guarda dos livros e documentos. Também o art.1.179 do Código Civil nos permite constatar que o sócio- administrador não cumpriu a obrigação legal de manter escrituração em conformidade com as atividades da interessada: Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Assim, seja com base no art. 530 do RIR ou no art. 1.179 do CC, temos configurada a obrigação da empresa, comandada pela pessoa de seu administrador, de realizar adequadamente a escrituração de modo a refletir os fatos da realidade. Tem-se que, ao promover a dissolução irregular de que se trata, o Sr. Gabriel Gananian cometeu ato ilícito que propiciou a sua responsabilização com fundamento no art.135, inc.III, do CTN. Portanto, essa responsabilização não ocorreu por simples inadimplência de tributos, mas sim por atos praticados com excesso de poderes e infração de lei. - quanto à apuração do crédito tributário, o resultado fiscal da Steck Investimentos, em 2011, foi pelo lucro arbitrado, pois não apresentou os arquivos de escrituração contábil digital devidos. Tal situação não foi questionada, e sim o fato de Fl. 1683DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.668 33 aproveitamento do imposto recolhido na pessoa física, a redução da base de cálculo em face da existência de "conta-garantia" e a correção do custo de aquisição. Na pessoa física recolheu R$ R$ 39.970.748,50, quando da operação original de apuração de ganho de capital, e não foi considerado na autuação fiscal. Neste ponto, o v. acórdão dá guarida à pretensão da recorrente, pois de tudo que existiu, foi única operação que foi a de alienação das empresas Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, efetuada pela Steck Investimentos, para a Schneider Electric Participações do Brasil Ltda, que ocorreu em 20/07/2011. A respeito da "conta-garantia", o valor correspondente a R$ 52.200.000,00 ficou retido nesta conta, sujeitando-se a cláusulas suspensivas para o seu pagamento em momento futuro, e sobre essa parcela não caberia a incidência de IRPJ e CSLL, em face da in inexistência de disponibilidade jurídica dessa importância. Contudo, não foram trazidos aos autos elementos que permitam definir exatamente a qual parcela se refere tal importância, não houve também apresentação de elementos que demonstrassem em que data a alegada situação suspensiva findou, já que entre a data de aquisição (ano de 2011) e a impugnação (2016), já transcorreram-se 5 anos. Por isso, o pleito foi indeferido. A respeito da correção do custo de aquisição pleiteado, argui o interessado que a apuração efetuada pela fiscalização baseou-se no custo patrimonial dos investimentos, com valores obtidos a partir da Escrituração Contábil Digital, relativa ao ano-calendário de 2010, quando o último balanço patrimonial, levantado antes da alienação do grupo Steck à Schneider, aponta o valor de R$ 128.300.375,43, apurado pelo método de equivalência patrimonial, e que esse balanço deixou de ser entregue à fiscalização por haver permanecido em poder dos compradores. No v. acórdão, o relator denegou tal situação, pois caracterizaria um arbitramento condicional, ou seja, modificável por posterior aparecimento da escrituração/documentação, cuja a sua falta de apresentação é que causou o arbitramento. Alternativamente, a recorrente pleiteia seja considerado o custo de aquisição de R$ 114.704.0000,00, que corresponde ao valor patrimonial dos investimentos registrados no ativo da Steck Investimentos, conforme consta do balanço de levantado em 30/06/2011, alegando que tal balanço goza de fidedignidade, ainda que não esteja amparado na ECD, uma vez que é assinado por contador devidamente registrado no Conselho Regional de Contabilidade. Contudo, é negado porque o balanço integra a ECD, e separado não poderia ter sua legitimidade e veracidade avaliadas. - Assim, em face de ter sido considerado procedente o pleito de abater-se do IRPJ devido o valor já recolhido pelo interessado de R$ 39.970.748,50, o valor de IRPJ mantido é de R$ 31.893.990,20. - da multa qualificada, reza o v. acórdão recorrido: os atos praticados pelo interessado, conforme descrito no Termo de Verificação Fiscal, e já amplamente mencionados neste voto, demonstram o propósito de impedir ou retardar o conhecimento por parte da autoridade fazendária da real ocorrência do fato gerador, obtendo como resultado a redução do montante do tributo devido, materializando a hipótese prevista nos arts. 71e 72 da Lei n.º 4.502, de 1964. Há no termo de verificação fiscal minuciosa descrição do eventos ocorridos e o necessário enquadramento legal para a qualificação da multa, citando os itens 121 a 124 deste,concluindo: os fatos descritos evidenciam o consciente intuito de pagar menos tributos, com a concatenação de atos e eventos societários, para o deslocamento indevido do ganho de Fl. 1684DF CARF MF 34 capital auferido para a pessoa física do Sr. Gabriel Gananian, o que demonstra de forma inequívoca a conduta dolosa , colocando por terra, também, a alegada boa-fé. - quanto a não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, o v. acórdão recorrido negou tal pedido, pelo valor do crédito tributário compreender o valor do tributo e da multa de ofício, o que se aplicaria o art. 161 do CTN; Do Recurso Voluntário: Tomando ciência do v. acórdão de primeiro grau administrativo em 06/04/2017, numa quinta-feira, apresentou o recurso voluntário em 08/05/2017, numa segunda feira, ou seja, tempestivamente. No seu recurso voluntário, expõe e repisa os mesmos elementos e argumentos da sua peça impugnatória. Sucintamente, em contraponto à decisão recorrida, replica a mesma linha argumentativa da sua peça impugnatória, dos quais destaco os seguintes pontos: - todas as etapas descritas na operação efetivamente ocorreram - i.e. a constituição da Steck Investimentos, a integralização das quotas das empresas Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica como aumento de capital e a cessão das referidas quotas em devolução ao recorrente, estando todos estes atos amparados em formalidades exigidas; - a operação realizada não se enquadra no conceito de planejamento tributário, pois a operação seria, analogicamente, permitida pelo art. 22 da Lei nº 9.249/95, então, envolveria uma opção fiscal; - houve nítido propósito negocial na alienação da participação societária pelo recorrente e não pela Steck Investimentos; - subsidiariamente, não houve os requisitos necessários para aplicação da responsabilidade tributária contida no art. 135, III do CTN; - subsidiariamente, da necessária manutenção da decisão da DRJ no tocante à consideração do imposto recolhido pelo recorrente na apuração do crédito tributário exigido (questão atinente ao recurso de ofício); - subsidiariamente, da necessidade de redução da base de cálculo diante de erro na identificação do aspecto temporal do fato gerador: ausência de disponibilidade jurídica em razão da "conta garantia"; - subsidiariamente, da necessidade de correção do valor do custo de aquisição; - subsidiariamente, não houve a caracterização das condutas tipificadas de fraude, sonegação ou conluio, pela falta de demonstração de dolo específico, o que envolveria a necessária desqualificação da multa qualificada aplicada; - subsidiariamente, do efeito confiscatório da multa qualificada à luz do entendimento do STF; Fl. 1685DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.669 35 - subsidiariamente, da aplicação do artigo 112 em caso de voto de qualidade diante da existência de dúvida concreta; - subsidiariamente, da não incidência de juros de mora sobre a multa de ofício; - subsidiariamente, da cessação da incidência de juros de mora após 360 dias do protocolo da impugnação; - E no final, as conclusões e seu pedido são no seguinte sentido: IV - DAS CONCLUSÕES Questões de Mérito i. todas as etapas descritas acima efetivamente ocorreram - i.e. a constituição da Steck Investimentos, a integralização das quotas das empresa Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica como aumento de capital e a cessão das referidas quotas em devolução ao Recorrente — estando todos esses atos amparados com as formalidades apontadas pela Lei como essenciais para a sua plena validade jurídica tendo eles sido, ainda, convalidados pelas respectivas Juntas Comerciais competentes, órgãos públicos competentes para efetuar o seu exame de legalidade. Ademais, revela-se, ainda, incoerente que a Fiscalização tenha apontado irregularidades equivalentes em todas as etapas, mas tenha desconsiderado, apenas, a terceira; ii. a operação realizada não se enquadra no conceito de planejamento tributário, seja porque a todo tempo a suposta "economia tributária" vislumbrada pela Fiscalização poderia ser fruida pelo Recorrente, seja porque a cessão das quotas das sociedades alienadas para o Recorrente ocorreu a valor contábil (patrimonial) sendo operação permitida pelo Direito em razão da regra prevista no artigo 22 da Lei n° 9.249/95, aplicado por analogia ao presente caso, tratando-se, neste sentido, do exercício de mera opção fiscal, posição esta, inclusive, já chancela pela jurisprudência do E. CARF; iii. ainda que assim não fosse, houve nítido propósito negocial na alienação da participação societária pelo Recorrente e não pela Steck Investimentos, qual seja, atender a uma condição imposta pelo comprador que não desejava incorrer em elevados custos com due diligence; iv. há significativo lapso de tempo entre todas as operações realizadas de modo que, no presente caso, não houve operações em sequência e em curto espaço de tempo - step transactions - tampouco premeditadas e estruturas com a finalidade de se obter economia tributária; v. ainda, não existe previsão legal para a teoria do propósito negocial nem para a norma geral antielisiva apontada pela Fiscalização no Direito Tributário Brasileiro; Fl. 1686DF CARF MF 36 Questões Complementares vi. não houve o devido preenchimento dos requisitos legais previstos no artigo 135, inciso III do CTN para a imputação de responsabilidade pessoal ao Recorrente, haja vista que ele, enquanto sócio-administrador da Steck Investimentos, jamais atuou com excesso dos poderes, ou com infração à lei ou ao estatuto social. Todos os atos societários foram levados à registro perante a Junta Comercial competente e, por esta razão, não compete aos Auditores-Fiscais da RFB questionarem a sua legalidade, sobretudo, porque tal função compete privativamente às Juntas Comerciais. Ainda que procedente, a tese fiscal acaba por denunciar que o verdadeiro sujeito passivo da relação obrigacional tributária é a Steck Investimentos e, neste caso, a Fiscalização teria cometido equívoco na correta identificação do sujeito passivo razão pela qual o Auto de Infração seria materialmente nulo; vii. se restar mantida a autuação, bem como o vínculo de solidariedade entre os sujeitos passivos, então a C. Turma Julgadora deverá, ao menos, aplicar consistentemente todos os efeitos do instituto da solidariedade e abater o imposto pago pelo Recorrente no crédito tributário exigido, consoante o inciso I do artigo 125 do CTN. Ademais, o lançamento tributário não pode incorrer em incoerência interna: uma vez definido que todos os atos e negócios jurídicos devem ser desconsiderados, cabe reconhecer que o imposto pago pelo Recorrente era indevido; viii. Impõe-se, em caráter subsidiário às demais questões, a redução da base de cálculo em R$ 52.200.000,00, em vista do erro cometido pela fiscalização ao desconsiderar que parte do valor correspondia estava retido em conta garantia não se reputando disponível para o Recorrente; ix. também deve ser desqualificada a multa punitiva aplicada, reduzindo-a para 75%, pois: a. a D. Autoridade Fiscal não apontou qual teria sido a conduta praticada pelo Recorrente, deixando de observar o seu dever de motivar os atos administrativos que imponham sanções ao sujeito passivo. A formulação de uma acusação imprecisa, genérica e vaga conduz à nulidade material do auto de infração neste ponto, já que não pode o Recorrente exercer o seu direito de defesa, refutando a acusação que lhe é imputada; b. ainda que superado o ponto anterior, o fato é que o Recorrente não praticou qualquer ação ou omissão dolosa que tenha resultado em sonegação, fraude ou conluio. Com efeito, todos os atos, operações e negócios jurídicos foram devidamente documentados e registrados nos órgãos competentes; todas as transações financeiras possuem substância; e as partes assumiram todos os efeitos e consequências decorrentes das figuras jurídicas eleitas, não havendo neles qualquer desvirtuamento, falsidade ou artificialidade; c. não obstante, a D. Autoridade Fiscal não comprovou a existência de dolo específico do Recorrente em praticar condutas ilícitas que resultassem em lesão ao Fisco; e Fl. 1687DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.670 37 d. por fim, o Recorrente atuou com inequívoca boa-fé, já que declarou o ganho de capital apurado em decorrência da alienação das participações societárias detidas nas empresas operacionais do grupo Steck e recolheu integralmente o imposto devido; apresentou os documentos e prestou os esclarecimentos exigidos em fiscalização; e tinha a convicção de que agia em conformidade com a legislação societária e tributária; x. outrossim, não se sustenta a multa de 150% na medida em que o STF sedimentou o entendimento, no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade (ADI n°. 55 l/RJ) e da repercussão geral (REs n°s. 582.461/SP e 833.106/GO), que as multas tributárias não podem superar o valor do tributo devido, mesmo que o seu objetivo seja punir atos de sonegação, fraude ou conluio. Assim, por força dessas decisões, cabe à C. Turma Julgadora observá-las; xi. em caso de empate no julgamento deste Recurso Voluntário, deverá a C. Turma Julgadora reconhecer a objetivação de dúvida quanto à prática do ilícito e, consequentemente, aplicar o artigo 112 do CTN para afastá-la integralmente; xii deve ser reconhecida, ademais, a não incidência dos juros de mora sobre a multa de ofício, já que não existe base legal para tal expediente; e xiii finalmente, na hipótese de a Impugnação não ser decidida dentro do prazo de 360 dias, como manda o artigo 24 da Lei n°. 11.457/07, deverá ser reconhecida a inércia do credor e a ausência de qualquer fato ou omissão imputável ao Recorrente, suspendendo-se a fluência dos juros. V- DO PEDIDO Por todo o exposto, o Recorrente requer que o presente Recurso Voluntário seja admitido e, no mérito, integralmente provido, para determinar a reforma do Acórdão n° 12-086.481 proferido pela DRJ/RJO na parte em que manteve o crédito tributário e, por conseguinte, o cancelamento integral do Auto de Infração. Requer, ainda, que seja negado provimento ao Recurso de Oficio interposto. Consequentemente, Subsidiariamente, requer-se o reconhecimento das reduções do crédito tributário apontadas nos tópicos 111.4. a 111.11. do presente Recurso Voluntário. Requer-se, em caráter subsidiário ainda, a conversão do presente julgamento em diligência nos termos especificados no tópico 111.6.1. (...) É o relatório. Fl. 1688DF CARF MF 38 Voto Conselheiro Marco Rogério Borges - Relator O Recurso Voluntário é tempestivo e dotado dos pressupostos para sua admissibilidade, pelo que o recebo e dele conheço. O Recurso de Ofício atende os limites previstos na Portaria MF nº 63/2017, cabendo o seu conhecimento. Da descrição da operação em litígio Conforme já relatado em detalhes no relatório que precede o presente voto, a operação em discussão no presente processo administrativo envolve a alienação das empresas Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, para a Schneider Electric Participações do Brasil Ltda., efetuada pelo recorrente, Sr. Gabriel Gananian. A operação se deu no ano-calendário de 2011, e o foco da acusação fiscal é que as quotas de capital das empresas supracitadas (Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica) pertenciam à empresa Steck Investimentos quando da operação de suas vendas para a Schneider Electric, ocorrida em 20/07/2011, apesar da operação societária de cessão de quotas para o Sr. Gabriel, ocorrida em 08/07/2011. Destarte, segundo a acusação fiscal, a operação efetivamente realizada foi entre a Schneider Electric (compradora) e a Steck Investimentos (vendedora). Em virtude da dissolução da vendedora 4 (quatro) meses após, com respectiva baixa da inscrição no CNPJ ocorrida em 29/02/2012, a autuação fiscal recaiu sob a sujeição passiva do Sr. Gabriel. Igualmente, a Steck Investimentos não apresentou DIPJ e nem escrituração (ECD) referente ao ano-calendário em questão - 2011, bem como o Sr. Gabriel também não comprovou a operação de cessão de quotas ocorrida em 08/07/2011. Retrocedendo, temos a seguinte cronologia dos eventos, caracterizadores da participação do Sr. Gabriel Gananian na condução dos negócios da Steck Investimentos: - em 15/09/2003 - constituição da Steck Indústria Elétrica; - em 03/11/2003 - constituição da Steck Amazônia; - em 21/11/2007 - criação da empresa V.V.Y.S.P.E. Empreendimentos e Participações S/A, com capital de R$ 500,00 representado por 500 ações; - em 29/01/2008 - Sr.Gabriel adquire a V.V.Y.S.P.E., mudando o nome para Steck Investimentos S/A. Sr. Gabriel detém 499 ações, e seu filho, Sr. Carlos Godim Gananian detém apenas uma ação; - em 30/09/2008- Sr. Gabriel transfere suas quotas da Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica para a Steck Investimentos, que anteriormente estavam na sua Fl. 1689DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.671 39 propriedade direta, operação de compra e venda informada na sua DIRPF, e registradas societariamente em 30/12/2008; - em 29/07/2010 - o capital da Steck Investimentos passa para R$ 66.000.000,00, passando o Sr. Gabriel a deter 99,99% das ações (65.339.522 ações), e seu filho a quantia remanescente (659.978 ações - 0,01%); - em 08/07/2011 - ocorre a cessão de quotas da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, anteriormente detidas pela Steck Investimentos, para o Sr. Gabriel; - em 20/07/2011 - ocorre a alienação, pelo Sr. Gabriel, da Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica para a Schneider Electric Participações; - em 22/11/2011 - ocorre a dissolução da Steck Investimentos, conforme arquivamento da ata. Dos pontos suscitados no recurso voluntário: - da validade da operação societária e seus efeitos tributários Alega a recorrente que todas as operações anteriormente descritas efetivamente ocorreram, estando todos estes atos amparados em formalidades exigidas. Houve o nítido propósito negocial na alienação da participação societária pelo Sr. Gabriel, e não pela Steck Investimentos. Ademais, a operação seria equivalente a devolução de capital, nos termos art. 22 da Lei nº 9.249/1995, o que envolveria uma mera opção fiscal da recorrente em quem seria a tributação. Conforme descrição dos fatos envolvidos, a discussão aqui em litígio se centra na aquisição da totalidade das quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica, ocorrida em 20/07/2011. Aqui surge a primeira questão: quem seria o vendedor destas quotas, a pessoa física do Sr. Gabriel ou a pessoa jurídica da Steck Investimentos? Os efeitos tributários são bem discrepantes, dependendo de qual vendedor se entende da operação. Na pessoa jurídica, teríamos uma adição na base de cálculo do IRPJ (aplicando-se alíquota de 15% e adicional de 10% sobre o ganho de capital) e CSLL (aplicando-se alíquota de 9% de capital), enquanto na pessoa física, teríamos uma alíquota de 15% calculado sobre o ganho de capital. Ou seja, na hipótese de ser o vendedor uma pessoa jurídica, a alíquota total (IRPJ+CSLL) sobre o ganho de capital ficaria próximo da casa dos 34%, enquanto na pessoa física ficaria em 15%. Seguindo a linha de raciocínio exposto na sua peça recursal, vou me posicionando no presente voto. No que tange a sua alegação de que todas as operações anteriormente descritas efetivamente ocorreram, estando todos estes atos amparados em formalidades exigidas, entendo que tal circunstância não resolve em definitivo a situação em discussão. Fl. 1690DF CARF MF 40 Os contratos sociais levados à Junta Comercial e registrados atendem formalidades extrínsecas. Não bastam por si só para caracterizar como válida e reconhecida a operação para fins tributários. Afastando-se as formalidades da sua real motivação, há que corrigir os seus efeitos se houver eventual repercussão tributária. Em nenhum momento a Junta Comercial enfrenta a questão da validade e existência destes contratos sociais, e não podem ser simplesmente opostos como absolutos se eventualmente questionado os seus efeitos tributários. Assim, as alterações contratuais relativas a transferências das quotas das empresas Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica entre a Steck Investimentos (cedente) para o Sr. Gabriel (cessionário), transpondo o detentor das quotas destas empresas de uma pessoa jurídica para uma pessoa física, são válidas para fins societários. Contudo, se necessário for, cabe uma discussão da sua motivação pela autoridade fiscal, e se for o caso, anulando os eventuais efeitos tributários advindos desta alteração contratual. No presente caso, a única prova apresentada nos autos da cessão das quotas da pessoa jurídica Steck Investimentos para o Sr. Gabriel foram as alterações contratuais ocorridas. Não há nenhuma outra prova apresentada que dê substrato de existência real de tal operação, ocorrida 12 dias antes da venda destas quotas para um terceiro. Se em 2008 o Sr. Gabriel entendeu transferir suas quotas para Steck Investimentos, não pode querer trazer tal questão para validar o retorno destas quotas 12 dias antes de efetuar a venda das mesmas, em julho de 2011, mesmo seguindo todo o rito formalístico necessário. No que tange ao alegado propósito negocial que traz a recorrente na sua peça recursal, nas seguintes linhas: O propósito negocial que justificou o fato de a alienação da participação societária ter sido realizada pelo Recorrente e não pela Steck Investimentos foi a condição imposta pelo próprio comprador de que o alienante fosse uma pessoa física e não uma pessoa jurídica, pois, neste último caso, altos custos seriam incorridos com due diligence para a verificação da sua real situação patrimonial. Ou seja, alega que houve uma propósito negocial, pois seria uma condição da adquirente (Schneider Electric) para a realização das compras das quotas em questão. Na sua defesa, alega que a alienação sendo feita pela pessoa física do Sr. Gabriel, evitar-se-ia os custos com due diligence, pois eventuais responsabilidades decorrentes de atos cometidos com culpa exclusiva dos vendedores fossem asseguradas diretamente pelos seus patrimônios pessoais, e não pelo patrimônio de uma sociedade holding que, tão logo ocorresse a venda, já não apresentaria mais patrimônio relevante. Posteriormente, para corroborar com esta linha de defesa, havia a condição para fechamento do negócio é que fosse realizado em período curto de tempo. A decisão a quo enfrentou tal questão por falta de comprovação das alegações acima, algo que já tinha sido instada a comprovar durante o procedimento fiscal. Compulsando os autos, verifica-se que a recorrente já fora intimada conforme termo de intimação fiscal à folhas 287/296, item 2: 2 - Em resposta ao item 9 do Termo de Intimação nº 2, V.Sa. informa textualmente que: "Durante as negociações com a Fl. 1691DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.672 41 SCHNEIDER, para a cessão das quotas, esta deixou claro para o contribuinte que não aceitaria adquiri-las da STECK INVESTIMENTOS, porque isto implicaria em ter de realizar due diligence também nesta sociedade". Informar se a vedação imposta pela Schneider foi feita formalmente por meio de algum pré-contrato ou outro documento. Caso positivo apresentar cópia que comprove sua afirmação. Contudo, não se verifica nos autos uma resposta objetiva, com a devida comprovação, a tal item intimado. Há as alegações da recorrente sobre tal questão, tanto na sua peça impugnatória quanto na peça recursal. As cartas de intenções foram obtidas através de diligência durante o procedimento fiscal, na Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica , em que primeiramente as diligenciadas apresentaram as versões em inglês (fl. 466 e segs.) e após, foram intimadas a apresentar as versões traduzidas (termo de intimação fiscal nº 2 - diligência - fls. 500/501 e 504/505, respectivamente). Em resposta, foram apresentadas as cartas de intenções traduzidas de forma juramentada (fls. 508 e segs). Compreendem as seguintes cartas de intenções (fls. 535 e 542): - carta de intenção de compra das quotas sociais das empresas do Grupo Steck por parte do Grupo Schneider Electric, datado de 28 de fevereiro de 2011 (Non Bidding Offer); - carta de intenção de compra das quotas sociais das empresas do Grupo Steck por parte do Grupo Schneider Electric, datado de 02 de maio de 2011 (Bidding Offer). Na primeira cartas de intenções, fala-se da necessidade do processo de investigação de due diligence, por parte da Schneider. Ali estabelece um prazo do processo de due diligence de cinco a seis semanas. Não se fala em nenhum momento de uma condição para a realização do negócio ser o alienante uma pessoa física. Na segunda carta de intenções, não se fala mais em necessidade do processo de due diligence, já falando em iniciar imediatamente a revisão dos contratos definitivos e estimar a assinatura desses contratos negociados dentro do prazo de 4 (quatro) semanas. Até em destaque, em ambas as cartas de intenções, consta da necessidade de haver um depósito em garantia ou de qualquer outro mecanismo de retenção que possa ser acordado para garantir pagamento com base em ajustes do Preço de Compra após o fechamento ou com base em quaisquer cláusulas de indenização ou garantia dos contratos de compra e venda finais e definitivos referentes à aquisição da Sociedade. Ou seja, além de não mencionar uma condição da operação ser realizada com uma pessoa física, enfraquece a alegação da recorrente que assim o fez para eventual reparação após a venda, pois foi estabelecida um depósito em garantia. Além do mais, entre a primeira carta de intenções, datada de 28/02/2011 e a segunda, data de 02/05/2011, há um hiato Fl. 1692DF CARF MF 42 temporal bem próximo das cinco a seis semanas mencionados na primeira carta de intenções para a realização do processo de due diligence. Vislumbra-se nestes elementos acima que não houve nenhuma imposição negocial para a operação se realizada por uma pessoa física, como alega a recorrente. Houve o processo de due diligence como previsto originariamente, e para eventuais reparações após a realização da compra e venda, foi estabelecido um depósito em garantia. As alegações da recorrente na sua peça recursal sobre esta questão de ter tido um propósito negocial para alienar as empresas na pessoa física foram as mesmas na sua peça impugnatória. E tanto lá, quanto aqui, não trouxe nenhum elemento comprovador ou caracterizador de tal situação. Pelo contrário, como analisado acima, não há nenhuma condição nos elementos negociais pré-venda, tendo o mesmo cumprido o rito negocial esperado numa negociação deste perfil. Ao que tudo indica nos autos, a vontade de realizar a alienação na pessoa física partiu exclusivamente da recorrente. A questão da operação ser análoga e estar permitida pelo art. 22 da Lei nº 9.249/19951, conforme alega a recorrente, permeia muitos acórdãos deste Carf, e há de se reconhecer, majoritariamente favoráveis aos contribuintes, conforme pesquisa efetuada da matéria efetuada por este relator. Primeiramente, o presente caso não é de devolução de capital, o que entendo, por si só, já resolver em definitivo a questão de uma eventual aplicação ou similitude com o art. 22 da Lei nº 9.249/1995. De qualquer maneira, entendo que para a aplicação do art. 22 da Lei nº 9.249/1995, há a necessidade de ocorrer uma devolução de capital dissociada de eventuais efeitos tributários, ou seja, deve existir um motivo econômico/negocial para tanto, que não tenha nenhum relacionamento com questão fiscal, que atuará sobre os seus efeitos. Desta forma, nunca vislumbrei o art. 22 da Lei nº 9.249/1995 como uma opção fiscal, como cogita a recorrente, pois altera a sujeição passiva, um dos elementos essenciais do fato gerador. Ela trata dos efeitos tributários atinentes a determinada operação - devolução de capital, que inclusive tem regras societárias próprias. Mas não convém me alongar em tal aspecto, pois não é o que se viu no presente caso, o que seria inaplicável o art. 22 da Lei nº 9.249/1995. Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto ao mérito principal da operação. - do valor do custo de aquisição A recorrente alega que o custo de aquisição total correto (de ambas empresas vendidas) da operação é de R$ 128.300.375,43. Deste valor, R$ 123.662.733,88 seria o custo da Steck Amazônia, e R$ 4.637.641,55 seria o custo da Steck Indústria e Comércio. 1 Art. 22. Os bens e direitos do ativo da pessoa jurídica, que forem entregues ao titular ou a sócio ou acionista. a título de devolução de sua participação no capital social, poderão ser avaliados pelo valor contábil ou de mercado. (...) Fl. 1693DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.673 43 A autuação fiscal considerou o valor total de R$ 107.289.000,00 (custo da Steck Amazônia de R$ 102.669.000,00 e da Steck Indústria Elétrica de R$ 4.620.000,00). Tais valores teriam sido obtidos a partir da Escrituração Contábil Digital (ECD) referente ao ano- calendário de 2010 (ano anterior da operação, lembrando que para o ano-calendário de 2011 não foi transmitida ECD, e nem entregue a DIPJ, mesmo intimada e reintimada a recorrente para tanto). Já em sede impugnatória, a recorrente pedia diligência de tal situação, o que foi negado pela instância a quo. Contudo, este CARF prolatou a Resolução nº 1402-000.560, da sessão de 23/02/2018, em que solicitou-se o seguinte: 2. verificar junto à adquirente qual o valor do custo de aquisição da operação. Após intimações e respostas da recorrente, o Relatório de Diligência assim consigna, nas sua conclusões: 3° - Verificar junto à adquirente qual o valor do custo de aquisição da operação; R - O valor do custo de aquisição da operação que envolveu a venda do grupo Steck foi verificado junto à adquirente. O resultado da diligência foi relatado nos parágrafos 10 a 17 retro. Seus efeitos, caso seja acatado pela autoridade julgadora, estão demonstrados nos parágrafos 19 a 33 acima. Após várias ponderações das intimações e respostas ocorridas durante o procedimento de diligência, a autoridade fiscal diligenciante (o mesmo que foi o autuante) assim consigna quando refaz os cálculos: 31 - Os custos das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica ficaram como abaixo demonstrados: Verifica-se pelo teor das intimações da autoridade diligenciante que ela abriu espaço para rever todos os valores envolvidos na operação, mas a recorrente não trouxe nenhum elemento novo que comprovasse sua alegação de custo total no valor de R$ 128.300.375,43. A recorrente traz aos autos apenas a alegação de que os valores de custos seriam os pleiteados na sua peça recursal, bem o que já ocorrera na sua peça impugnatória, assunto já tratado durante o procedimento fiscal, conforme se observa no TVF. Não apresentou a sua escrituração quando do procedimento fiscal, o que o sujeitou ao arbitramento por parte da autoridade fiscal autuante. Fl. 1694DF CARF MF 44 Ademais, no momento que deixou de registrar sua contabilidade (já na época, a ECD), perde sua presunção de boa-fé, inclusive quando apresenta um balanço na sua peça recursal. Não há como dar legitimidade a um balanço sem a respectiva contabilidade. Cabe ressaltar que toda esta matéria envolvendo o custo a ser considerado na operação já fora objeto de análise durante o procedimento fiscal, inclusive com as alegações da recorrente apresentadas agora (e também na peça impugnatória) rebatidos no TVF. Exemplificativamente, consigno o seguinte excerto: 89 - Aqui nos cabe tecer uma consideração. O contribuinte apresentou igualmente o balanço patrimonial da Steck Investimentos levantado em 30 de junho de 2011. Nele a conta representativa dos investimentos em quotas de capital de outras empresas alcançou o montante de R$ 114.704.000,00 (ver balanço no item "Resposta ao TIF 2" do processo). Tal valor, por ter sido levantado em data mais próxima das alienações das quotas de capital, certamente retrataria melhor a sua real cotação. No entanto, como não podemos avaliar a legitimidade e veracidade dos valores inseridos no referido balanço patrimonial, já que não foi apresentado a Escrituração Contábil Digital para o ano-calendário de 2011, estamos considerando como cotação dos investimentos aquele inserido na escrituração e no balanço de 30/12/2010. Assim, os custos das participações ficaram como abaixo demonstrados: (...) Não se verifica nos autos a ECD (contabilização da época das operações de compra e venda), que seria a prova inafastável do alegado para a recorrente. Impossível considerar apenas suas palavras, trazidas já durante o procedimento fiscal, peça impugnatória e agora, peça recursal, por mais verdadeiras que possam ser. Se não fez a prova adequada, no momento certo, não há condições de se aceitar o alegado agora, sem nenhuma demonstração comprobatória a respeito. Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO ao recurso voluntário quanto a este item. - da questão da conta garantia A recorrente alega que, do valor fixado para a alienação das empresas do grupo Steck, dentre as quais a Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, qual seja, de RS 433.217.780,30, o valor correspondente a R$ 52.200.000,00 ficou retido em conta-garantia sujeitando-se a cláusulas suspensivas para o seu pagamento em momento futuro. Assim, entende que sobre esta parcela retida, não seria possível a incidência de IRPJ e CSLL. Na decisão a quo houve até a concordância, em tese, do pleito da recorrente (então impugnante), mas negou o pleito por falta de elementos comprobatórios a respeito. Tal situação suscitou a Resolução nº 1402-000.560, da sessão de 23/02/2018, em que solicitou-se o seguinte: 1. da existência da conta-garantia mencionada, avaliando o documento apresentado a e-fls. 1064 a 1080, e sua fidedignidade. Igualmente, corroborando com todos os elementos necessários a esclarecer quando foi constituída, o valor, e se ainda continua em depósito, e se não, quando houve o resgate. Fl. 1695DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.674 45 Após intimações e respostas da recorrente, o Relatório de Diligência assim consigna, nas sua conclusões: 35 - Finalizo a presente diligência, respondendo aos questionamentos feitos pelo CARF nos seguintes termos: 1° - da existência da conta-garantia mencionada na peça impugnatória, avaliando a fidedignidade do Contrato de Prestação de Serviços de Depositário, celebrado entre o Sr. Gabriel Gananian, a Schneider e o Banco Bradesco. R - Afiançamos a existência da Conta Garantia n° 25.446-0, na Agência 3397-9, do Banco Bradesco S.A., objeto do Contrato de Prestação de Serviços de Depositário celebrado entre o Banco Bradesco, a Schneider Electric participações do Brasil Ltda. e o Sr. Gabriel Gananian. 2o - Corroborar com todos os elementos necessários a esclarecer quando a conta-garantia foi constituída, o seu valor e se ainda continua em depósito e, em caso negativo, quando houve o seu resgate; R - Os elementos de prova da existência da referida Conta Garantia foram acostados ao presente processo e estão consubstanciados em cópias de extratos bancários. Tais documentos demonstram o depósito inicial no valor de R$ 52.200.000,00, as aplicações financeiras efetivadas com o depósito inicial, bem como o único saque feito na referida conta na data de 16/05/2013, no valor de R$ 162.689,17. Numa análise no relatório do Relatório de Diligência, consta o seguinte: 8 - Por derradeiro, esclareceu que nenhum valor, além dos R$ 162.631,29, citado acima, foi retirado da conta garantia e que se encontra em trâmite por arbitragem, na Câmara de Comércio Internacional, demanda de Gabriel Gananian para o levantamento do saldo existente na referida "Escrow Account". Vislumbro que os valores depositados em conta garantia não podem ser considerados como pagamento feito ao vendedor, pois esses valores se destinam a cobrir eventuais garantias impostas pelo comprador. Deste modo, não estão plenamente disponíveis ao vendedor, o que somente ocorrerá em data futura, conforme informação constante do Relatório de Diligência. Destarte, DOU PROVIMENTO quanto a este item da peça recursal, excluindo-se o montante de R$ 52.200.000,00 do total do valor da venda, por estar depositado em conta garantia. - da qualificação da multa Alega a recorrente que não houve a caracterização das condutas tipificadas de fraude, sonegação ou conluio, pela falta de demonstração de dolo específico, o que envolveria a necessária desqualificação da multa qualificada aplicada. Fl. 1696DF CARF MF 46 No TVF, consta a seguinte descrição para tal imputação de multa qualificada, após citar alguns artigos legais pertinentes: 8 - Da Multa Qualificada - Planejamento Tributário Abusivo (...) 119 - A sonegação e a fraude se caracterizam em razão de uma ação ou omissão, de uma simulação ou ocultação, e pressupõe sempre a intenção de causar dano à Fazenda Pública, num propósito deliberado de se subtrair no todo ou em parte uma obrigação tributária. Nesses casos, deve sempre estar caracterizada a presença do dolo, um comportamento intencional, específico, de causar dano à Fazenda Pública, utilizando-se de subterfúgios a fim de esconder a ocorrência do fato gerador ou retardar o seu conhecimento por parte da autoridade fazendária. 120 - Ressalte-se que qualquer conduta fraudulenta do sujeito passivo, visando reduzir ou suprimir tributo, estará sempre enquadrada em uma das hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da lei n° 4.502/1964. 121 - No curso da presente fiscalização restaram inequivocamente demonstrados que o fiscalizado tentou imputar a sujeição passiva para a sua pessoa física com a intenção de reduzir o tributo devido. De fato, da forma como foi procedida a negociação, a tributação do ganho de capital proveniente da venda das ações da Steck da Amazônia e Steck Industria Elétrica na pessoa física do Sr. Gabriel Gananian propiciou a redução indevida do Imposto em quase 60%. 122 - A pretensa compra das quotas de capital das empresas Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica pertencentes à Steck Investimentos não restou comprovada. Os documentos apresentados como afiançadores do negócio, particularmente a minuta de contrato sem assinatura, carecem de validade. Não existem documentos que asseverem o repasse de recursos da aquisição alegada pelo contribuinte. 123 - Ademais, a falta de uma escrituração contábil e de DIPJ (Declaração de Informações Econômico-Fiscais da Pessoa Jurídica), referente ao ano-calendário de 2011, a que a Steck Investimentos estava obrigada só lança mais nebulosidade sobre a pretensa negociação e serviu para dificultar o conhecimento da autoridade tributária da sua real condição de sujeito passivo da obrigação tributária. 124 - Tais fatos demonstram que a conduta praticada pelo contribuinte enquadra-se no conceito de fraude e sonegação, circunstância na qual a aplicação da multa de 150% é de rigor. Preliminarmente, cabe destacar que a multa de ofício simples (75%) tem o seu contexto de aplicação nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, nos termos do art. 44, I, da Lei nº 9.430/1996 (com alteração dada pela Lei nº 11.488/2007). Note-se que não há condições de enquadramento direto em nenhuma destas hipóteses, para os atos da recorrente que objetivaram deslocar, indevidamente, o ganho de capital auferido para a pessoas física sua sócia. Fl. 1697DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.675 47 Não haveria, aqui, em se falar em falta de pagamento ou recolhimento, falta de declaração e no de declaração inexata. Há uma conduta da recorrente, nitidamente dolosa, que objetivou o impedimento da real ocorrência do fato gerador, modificando-o, inclusive no que tange ao sujeito passivo. O elemento dolo, um tanto subjetivo, não há de ser extraído da mente do seu autor, mas sim das circunstâncias que envolvem os fatos a serem analisados. No caso concreto, pelo todo o quanto aqui exposto, resta claro que a recorrente conscientemente agiu para distorcer os fatos, com a precípua finalidade de modificar as características do fato gerador, o que levou à redução da base tributável do ganho de capital envolvido na operação. O fato de não ter ocorrido nenhuma ilegalidade nos seus atos, isoladamente vistos, não exclui a modificação pretendida. Os atos formais, individualmente, até podem ser juridicamente válidos, mas não há substrato material, pois não refletem a realidade ocorrida. Os atos formais deveriam espelhar a realidade, o mundo real. Inevitavelmente, haverá a intenção de dar ares de validade aos atos e contratos ocorridos, documentando toda a operação adulterada. Naturalmente, se houver a fiscalização, não deverá ocorrer o acobertamento dos atos, e se tentará deslocar a discussão para o pólo jurídico. Acontece que todo o preparo documental da situação, não tendo amparo material, foi colocado para evitar a fiscalização e tentar demonstrar uma situação válida da modificação pretendida das circunstâncias do fato gerador. Apenas com uma fiscalização, e um aprofundamento da análise documental é que se poderia ver os vícios contidos neste aporte documental. Arguições de boa-fé, como faz a recorrente, são por demais subjetivas, e não excluem a sua real intenção ao desencadear a operação. Agrava a situação da falta de escrituração contábil e da apresentação DIPJ referente ao ano-calendário em análise - 2011, por parte da Steck Investimentos, mesmo tendo sido intimada e reintimada a apresentar durante o procedimento fiscal. Tal situação não foi devidamente levada a conhecimento do fisco, tendo características típicas de uma sonegação. Para concluir, no caso concreto, não haveria em se falar de duas situações lícitas, das quais a recorrente optou pela menos onerosa. Uma das opções foi criada artificialmente pela recorrente, conforme já exposto. Destarte, NEGO PROVIMENTO quanto a este ponto. - da responsabilidade tributária Alega a recorrente que, realizada a venda, a Steck Investimentos, diante da perda das participações societárias que permitiam a condução do seu objeto social, deixou de ter razão de existir e, neste sentido, foi dissolvida quase quatro (4) meses após a venda. Assim, Fl. 1698DF CARF MF 48 entende que indevido a aplicação da sua responsabilidade tributária nos termos do art. 135, III do CTN. Cabe destacar aqui há duas imputações aplicadas à recorrente, pessoa física, pela autuação fiscal. A primeira, considerando a extinção da pessoa jurídica, considerada a baixa da sua personalidade jurídica na Junta Comercial, o que está evidenciado nos autos, coube ao Sr. Gabriel Gananian, na condição de proprietário quase absoluto da Steck Investimentos, a responsabilidade pelo adimplemento da obrigação tributária decorrente do ganho advindo da venda das ações de outras empresas pertencentes ao acervo de investimentos da Steck Investimentos. Tal situação é nitidamente regrada pelo art. 121 do CTN: Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz se: I -contribuinte,quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador; II- responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra de disposição expressa de lei. Aqui envolve um redirecionamento da responsabilidade, em virtude da extinção da pessoa jurídica, quando a ciência do auto de infração. E a imputação do art. 135, III do CTN2, em que o Sr. Gabriel sempre exerceu a função de Diretor/Presidente, na condução praticamente total dos negócios, cabendo-lhe a responsabilidade pelas infrações apontadas. Ambas as circunstâncias estão bem detalhadas no TVF, conforme consta no título 7 - Responsabilidade, tópico 92 até 116. Ao final, assim consigna: 116 - Portanto, lavra-se o presente auto de infração contra o Sr. Gabriel Gananian, atribuindo-lhe a condição de sujeito passivo da obrigação tributária, nos termos do artigo 121 do CTN, na condição de responsável pelos tributos lavrados, em conformidade ao que determina o inciso III, do artigo 135 do mesmo código. Nestas circunstâncias apontadas no TVF, há um papel quase absoluto do Sr. Gabriel na operação aqui autuada que objetivou, de forma dolosa, pagar menos tributos, atuando com excesso de poderes. Ele efetuou operações um tanto nebulosas, como não apresentou nenhum documento válido que atestasse as suas cessões onerosas, poucos dias das vendas, para a sua própria pessoa física. 2 "Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Fl. 1699DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.676 49 Igualmente, não apresentou as declarações obrigatórias da pessoa jurídica referente ao ano-calendário de 2011 e nem sua respectiva escrituração. Toda a operação da troca da titularidade das quotas das empresas vendidas está lastreada em alterações do contrato social, e não foram informadas ao fisco. Ou seja, há toda uma engrendração bem personalística na pessoa do Sr. Gabriel para ter ocorrido a operação do jeito que ocorreu, que foi totalmente rejeitada quando da autuação fiscal, inclusive com a aplicação da multa qualificada, da qual entendo como válida na presente autuação fiscal. Assim, entendo também como válida a imputação de responsabilidade, nos termos do art. 135, III do CTN. Durante as discussões do presente voto no colegiado, no que tange a esta matéria, envolvendo a aplicação do art. 135, III do CTN, maioria dos conselheiros votou pelas conclusões. Entenderam que a imputação do art. 135, III do CTN ao Sr. Gabriel decorreria em maior extensão das questões inerentes à forma como foi extinta a pessoa jurídica. Assim, entendeu a maioria do colegiado que houve uma dissolução irregular, o que reforçaria tal imputação, nos termos assim consignados na decisão recorrida, que me valho para as conclusões da maioria do colegiado: A dissolução irregular da empresa Steck Investimentos, promovida pelo interessado, está perfeitamente determinada no Termo de Verificação Fiscal quando, além de fazer menção à dissolução efetuada sem a promoção da correta tributação dos ganhos obtidos pela venda das participações societárias a ela pertencentes na Steck da Amazônia e Steck Indústria Elétrica, o autuante aponta as seguintes infrações: · a não apresentação de contabilidade contendo os lançamentos do ano-calendário de extinção da companhia, conforme determina o artigo 177 da Lei n° 6.404/76; · falta do levantamento do balanço por ocasião da liquidação da empresa, obrigação determinada pelo artigo 210 do mesmo diploma legal; e · extinção da companhia sem levantamento dos haveres e deveres e sem arquivamento de ata da liquidação que indicasse a partição dos ativos e o responsável pela guarda dos livros e documentos. Também o art.1.179 do Código Civil nos permite constatar que o sócio-administrador não cumpriu a obrigação legal de manter escrituração em conformidade com as atividades da interessada: Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. Fl. 1700DF CARF MF 50 Assim, seja com base no art. 530 do RIR ou no art. 1.179 do CC, temos configurada a obrigação da empresa, comandada pela pessoa de seu administrador, de realizar adequadamente a escrituração de modo a refletir os fatos da realidade. Acrescente-se que a empresa tem a obrigação de apresentar a declaração de rendimentos demonstrando os resultados do ano calendário anterior conforme art. 56 da Lei 8.981/95, in verbis: Art. 56. As pessoas jurídicas deverão apresentar, até o último dia útil do mês de março, declaração de rendimentos demonstrando os resultados auferidos no ano-calendário anterior. (Redação dada pela Lei nº 9.065, de 1995) Tem-se que, ao promover a dissolução irregular de que se trata, o Sr. Gabriel Gananian cometeu ato ilícito que propiciou a sua responsabilização com fundamento no art.135, inc.III, do CTN. Por conseguinte, NEGO PROVIMENTO quanto a este item do recurso voluntário. - da incidência de juros sobre a multa Contudo, tal questão há anos vem sendo discutida no âmbito do CARF, tendo conformada a posição que resultou na recentemente publicada súmula CARF nº 108: Incidem juros moratórios, calculados à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, sobre o valor correspondente à multa de ofício. Ou seja, independentemente da posição meritória aqui a se discutir, a qual individualmente indico posição já adotada anteriormente em outros votos em que vou de encontro ao pleito da recorrente, tal matéria, no momento em que passa a ser sumulada, é de observância obrigatória pelos membros do CARF, nos termos do caput art. 72 do Anexo II da Portaria MF nº 343/2015 (Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Ricarf)). Por conseguinte, NEGA-SE PROVIMENTO quanto a este item do recurso voluntário. - da alegação da cessação da incidência de juros de mora após 360 dias do protocolo da impugnação Alega a recorrente que na hipótese de a Impugnação não ser decidida dentro do prazo de 360 dias, como manda o artigo 24 da Lei n°. 11.457/07, deverá ser reconhecida a inércia do credor e a ausência de qualquer fato ou omissão imputável ao Recorrente, suspendendo-se a fluência dos juros. Contudo, não há previsão legal para tal pleito, ele se baseando numa construção da recorrente. A norma do art. 24 da lei nº 11.457/2007, reproduzida a seguir, é meramente programática, não havendo cominação de qualquer sanção em decorrência de seu descumprimento: Fl. 1701DF CARF MF Processo nº 15504.724024/2015-49 Acórdão n.º 1402-003.731 S1-C4T2 Fl. 1.677 51 Art. 24. É obrigatório que seja proferida decisão administrativa no prazo máximo de 360 (trezentos e sessenta) dias a contar do protocolo de petições, defesas ou recursos administrativos do contribuinte. Vale salientar que o crédito tributário é constituído no momento da lavratura do auto de infração, sujeito à revisão com base nas decisões proferidas no processo administrativo fiscal. A previsão legal da aplicação de juros está devidamente tipificada nos autos, e não como reconhecer seu pleito. Destarte, NEGA-SE PROVIMENTO quanto a este item. - da alegação da aplicação do artigo 112 do CTN em caso de voto de qualidade Alega a recorrente a aplicação, em caso de empate, do art. 112 do CTN ao presente caso, garantindo-se a interpretação mais favorável da legislação tributária ao contribuinte. Contudo, o art. 112 não se coaduna com o julgamento administrativo, pois este avalia a validade existencial e jurídica dos autos de infração, e neste caso, em caso de empate, deve prevalecer o interesse público. Por conseguinte, NEGA-SE PROVIMENTO quanto a este item. - do efeito confiscatório da multa qualificada Ao longo da sua peça recursal, traz discussões do efeito confiscatório da multa qualificada. Nestas linhas de defesa, adotada em parte da sua peça recursal, compreendo que se afasta das possibilidades de manifestação deste colegiado. Em verdade, há vedação expressa no art. 26-A do Decreto 70.235/1972 que se adentre ao mérito de validade constitucional de normas legais no âmbito da do processo administrativo fiscal: Art. 26-A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade Para tanto foi editada a Súmula CARF nº 2, a qual tão somente vem a espelhar o monopólio do Poder Jurisdicional sobre a temática: Súmula CARF nº 2: O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Destarte, NÃO CONHEÇO destas matérias do recurso voluntário. Fl. 1702DF CARF MF 52 Do Recurso de Ofício - questão do aproveitamento do imposto recolhido na pessoa física da operação O recurso de ofício versa sobre a parte exonerada na autuação fiscal que envolve o imposto de renda sobre o ganho de capital recolhido na pessoa física, que foi concedida sua compensação com o apurado no auto de infração. A justificativa para tal decisão na instância a quo foi que existiu uma única operação que foi a de alienação das empresas Steck Amazônia e Steck Indústria Elétrica, efetuada pela Steck Investimentos, para a Schneider Electric Participações do Brasil Ltda, que ocorreu em 20/07/2011. Tais valores foram demonstrados nos autos e pesquisados pelos sistemas da RFB pela autoridade a quo. Perfilo-me exatamente nesta posição, conforme já precedentes julgados nesta turma em que fui o relator (acórdão 1402-002.959, sessão de 13/03/2018). Assim, como aconteceu a desconsideração dos atos jurídicos identificados na operação em discussão, cabe sim a compensação dos valores eventualmente pagos na situação anterior identificada. Ressalte-se que aqui não se está falando em compensação nos termos da legislação pertinente ao PER/Dcomp, e sim, o aproveitamento de valores pagos por conta da compreensão que operação original foi desconstituída, e na nova operação entendida como a real pela autoridade fiscal autuante, haveria o mesmo tributo a pagar. Destarte, NEGO PROVIMENTO ao recurso de ofício. Conclusão: Em face de todo o exposto acima, VOTO no seguinte sentido: - NÃO CONHECER da matéria constitucional alegada referente ao efeito confiscatório da multa qualificada; - CONHECER E DAR PROVIMENTO no que tange à exclusão do montante recebido da venda do valor depositado em conta garantia no montante de R$ 52.200.000,00; - CONHECER E NEGAR PROVIMENTO a todas as demais matérias do recurso voluntário; - CONHECER E NEGAR O RECURSO DE OFÍCIO. (assinado digitalmente) Marco Rogério Borges Fl. 1703DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13896.901661/2016-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 26 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 03 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/09/2010 a 30/09/2010
MULTA DE MORA. APROVEITAMENTO DE PAGAMENTO DE REGIMES TRIBUTÁRIOS DIFERENTES.
O aproveitamento de pagamento de mesmo tributo ou contribuição e mesmo período de apuração não enseja a cobrança de multa de mora, e não se revela como procedimento de compensação.
Numero da decisão: 3201-004.967
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, que lhe negou provimento.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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MULTA DE MORA. PAGAMENTOS DE MESMO TRIBUTO E PERÍODO DE APURAÇÃO. Recorrente MANAGER ONLINE SERVIÇOS DE INTERNET LTDA. Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/09/2010 a 30/09/2010 MULTA DE MORA. APROVEITAMENTO DE PAGAMENTO DE REGIMES TRIBUTÁRIOS DIFERENTES. O aproveitamento de pagamento de mesmo tributo ou contribuição e mesmo período de apuração não enseja a cobrança de multa de mora, e não se revela como procedimento de compensação. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira, que lhe negou provimento. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório O interessado acima identificado recorre a este Conselho de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Porto Alegre/RS. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 89 6. 90 16 61 /2 01 6- 34 Fl. 114DF CARF MF Processo nº 13896.901661/201634 Acórdão n.º 3201004.967 S3C2T1 Fl. 3 2 Trata o presente processo de manifestação de inconformidade apresentada contra despacho decisório eletrônico emitido pela DRF Barueri, que deferiu parcialmente o pedido de restituição – PER apresentado pelo contribuinte. Cientificado do referido despacho, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade informando que apura o PIS e a Cofins pelo regime misto, ou seja, possui parcela de suas receitas sujeitas ao regime cumulativo (maior parte) e parcela sujeita ao regime nãocumulativo. Diz ter, equivocadamente, pago parte do que seria enquadrável no regime cumulativo como se fosse do nãocumulativo. Ao constatar tal equívoco, formulou seu pedido de restituição do saldo existente desse crédito, tendo em vista que já havia transmitido compensação utilizando parte desse mesmo crédito. Apesar de ter transmitido a DCOMP após a data de vencimento da contribuição que estava sendo quitada, esclarece que deixou de incluir na discriminação dos débitos compensados qualquer valor a título de multa de mora (Processo de Consulta nº 166/2007). Acredita que a razão do indeferimento de parte do crédito pleiteado por meio do presente PER reside no fato de que o Despacho Decisório, que homologou parcialmente o PER/DCOMP, impôs a obrigação do recolhimento da multa moratória de 20 % quando da análise da compensação, o que resultou num valor menor a lhe ser restituído, ao passo que o seu entendimento foi de que "não poderia se incluir qualquer valor a título de multa moratória na composição do seu débito". A DRJ/Porto Alegre/RS, por intermédio do Acórdão 10060.941, julgou improcedente a manifestação de inconformidade, não reconhecendo o direito creditório em tela. O litígio restringiuse à aplicação dos acréscimos legais pelo fato de a compensação ter sido efetuada em data posterior à do vencimento do débito. Os julgadores a quo entenderam acertada a incidência da multa moratória, a despeito de se tratar de erro no tocante à apuração da contribuição pelo regime da nãocumulatividade, quando o correto seria pela cumulatividade. Inconformado, o contribuinte apresentou recurso voluntário visando a reforma da decisão recorrida, para que lhe seja reconhecido o direito creditório. Em síntese, aduz: A necessidade de se observar e atender ao disposto na Solução de Consulta nº 166/07; A ilegalidade na alteração do PER/DCOMP de ofício pela fiscalização e a necessidade da lavratura de auto de infração específico; A aplicação do art. 138 do CTN (denúncia espontânea), que impossibilita a imposição de multa. Roga ao final: (i) Seja declarada a inexigibilidade da multa moratória cobrada sobre o montante dos débitos compensado, com o consequente deferimento integral da restituição pleiteada; Fl. 115DF CARF MF Processo nº 13896.901661/201634 Acórdão n.º 3201004.967 S3C2T1 Fl. 4 3 (ii) Subsidiariamente, seja reconhecida a ilegalidade da imputação da multa de ofício pela fiscalização e a necessidade da lavratura de auto de infração específico para sua exigência e/ou o reconhecimento do benefício da denúncia espontânea. É o relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3201004.953, de 26/02/2019, proferido no julgamento do processo 13896.900136/201782, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3201004.953): (...)1 "O aproveitamento de pagamentos de mesmo tributo e mesmo período, em casos de mudança de regime de tributação, prescinde de Declaração de Compensação. Somente seria necessária Declaração de Compensação em casos de compensação do mesmo tributo em períodos diferentes, ou tributos diferentes. Embora a recorrente tenha utilizado a formalidade equivocada, Declaração de Compensação, materialmente tratase de aproveitamento de mesmo tributo, e mesmo período, do que se aplica a ratio decidendi da Súmula Carf 76: Súmula CARF nº 76 Na determinação dos valores a serem lançados de ofício para cada tributo, após a exclusão do Simples, devem ser deduzidos eventuais recolhimentos da mesma natureza efetuados nessa sistemática, observandose os percentuais previstos em lei sobre o montante pago de forma unificada. (Vinculante, conforme Portaria MF nº 277, de 07/06/2018, DOU de 08/06/2018). Portanto, os recolhimentos em regimes tributários diferentes devem ser aproveitados, sem necessidade de Declaração de Compensação. Bastaria, no caso, uma retificação de Darf (Redarf), corrigindo o código de arrecadação. A retificação do código de arrecadação seria permitida, sem ofensa ao art. 11, V, da IN 672/20062, posto que a mudança de regime não ofendeu a legislação, isto é, não houve acusação fiscal de que o regime de tributação pretendido fosse indevido. 1 Não se transcreveu o voto vencido, do relator do processo paradigma, por manifestar entendimento que restou vencido na votação, não se aplicando, portanto, na solução do litígio deste processo. Entretanto, sua íntegra consta do acórdão do paradigma (3201004.953). 2 Art. 11. Serão indeferidos os pedidos de retificação que versem sobre: (...) V alteração de código de receita que corresponda à mudança no regime de tributação do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, quando contrariar o disposto na legislação específica; Fl. 116DF CARF MF Processo nº 13896.901661/201634 Acórdão n.º 3201004.967 S3C2T1 Fl. 5 4 Desse modo, não é aplicável, para cálculo de mora, a data de transmissão da Declaração de Compensação, pois não é o caso de compensação. Tendo sido o pagamento tempestivo, ainda que com regime de tributação equivocado, não cabe a multa de mora. Pelo exposto, voto por dar provimento ao recurso." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado deu provimento recurso voluntário. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 117DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10830.723018/2013-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Mon Apr 01 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. NULIDADE.
Não tendo o Acórdão de piso apreciado nenhum dos argumentos de defesa, argumentos estes que se contrapunham à acusação fiscal, mas levantado argumento inconsistente e não imputado pela fiscalização e a partir do qual, de forma implícita, considerou prejudicadas todas as alegações da impugnação, impõe-se o reconhecimento, no caso concreto, de insanável comprometimento ao direito de defesa.
Numero da decisão: 2401-006.111
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para anular o acórdão de primeira instância.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa.
Nome do relator: JOSE LUIS HENTSCH BENJAMIN PINHEIRO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011 CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. NULIDADE. Não tendo o Acórdão de piso apreciado nenhum dos argumentos de defesa, argumentos estes que se contrapunham à acusação fiscal, mas levantado argumento inconsistente e não imputado pela fiscalização e a partir do qual, de forma implícita, considerou prejudicadas todas as alegações da impugnação, impõe-se o reconhecimento, no caso concreto, de insanável comprometimento ao direito de defesa.
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PENSÃO ALIMENTÍCIA. Recorrente VILMA LAGAZZI RUETTE Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 CERCEAMENTO DIREITO DEFESA. NULIDADE. Não tendo o Acórdão de piso apreciado nenhum dos argumentos de defesa, argumentos estes que se contrapunham à acusação fiscal, mas levantado argumento inconsistente e não imputado pela fiscalização e a partir do qual, de forma implícita, considerou prejudicadas todas as alegações da impugnação, impõese o reconhecimento, no caso concreto, de insanável comprometimento ao direito de defesa. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário para anular o acórdão de primeira instância. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Presidente. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Cleberson Alex Friess, Matheus Soares Leite, José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro, Rayd Santana Ferreira, Andrea Viana Arrais Egypto e Miriam Denise Xavier. Ausentes as conselheiras Marialva de Castro Calabrich Schlucking e Luciana Matos Pereira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 0. 72 30 18 /2 01 3- 97 Fl. 73DF CARF MF Processo nº 10830.723018/201397 Acórdão n.º 2401006.111 S2C4T1 Fl. 74 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto em face de decisão da 3ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a Impugnação apresentada contra Notificação de Lançamento de Imposto de Renda da Pessoa Física (fls. 07/10), anocalendário 2011, tendo sido apurada Dedução Indevida de Pensão Alimentícia, no valor de R$ 132.000,00, valor pago a Marco Antônio Lagazi Ruette CPF 107.351.62883 nascido em 20/09/1969 à data tinha 43 anos de idade, eis que pelos documentos apresentados não fica claro ser pensão alimentícia judicial ou acordo homologado conforme normas do Direito de Família. O contribuinte apresentou impugnação (fls. 02/04) e documentos (fls. 11/20), considerada tempestiva, alegando que (a) o pagamento decorre de decisão judicial em Embargos de Terceiros, tendo havido em audiência de conciliação a fixação de pensão alimentícia; (b) apresenta a sentença (fls. 11/15) e para comprovar sua origem a guia de requisição de copias (fls. 17); e (c) o filho Marco Antônio Lagazzi Ruette tem seqüelas de acidente, conforme relatório de fisioterapia e declaração médica. Do Acórdão atacado (fls. 29/34), em síntese, extraise que (a) a norma legal não admite dedução de pensão alimentícia sem ruptura da sociedade conjugal; (b) a norma legal autoriza outras deduções, como a fixa por dependente e as relativas a despesas médicas e instrução (RIR/99, arts. 77, 80 e 81); e (c) em face dos elementos constantes dos autos, resta demonstrado que a legislação de regência não ampara a dedução de pensão alimentícia. Intimada em 13/10/2015 (fls. 38), a contribuinte interpôs em 11/11/2015 (fls. 41) recurso voluntário (fls. 41/46), acompanhado de documentos (fls. 47/57), em síntese, alega: (a) intimada em 13/10/2015, apresenta recurso tempestivo; (b) pagou pensão alimentícia por decisão judicial, logo dedutível (RIR/99, art. 78); (c) houve ruptura da sociedade conjugal em 2008, conforme documentos; e (d) beneficiário não é dependente e nem mora com a recorrente, possuindo capacidade civil plena, embora tenha as enfermidades demonstradas, não possuindo as prestações alimentares mero intuito de benefício tributário. É o relatório. Voto Conselheiro José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro. Diante da intimação de 13/10/2015 (fls. 38), o recurso interposto em 11/11/2015 (fls. 41) é tempestivo (Decreto n° 70.235, de 1972, arts. 5° e 33). Preenchidos os requisitos de admissibilidade, tomo conhecimento do recurso voluntário. O Acórdão de piso não considerou nenhum dos argumentos da impugnação, tendo se limitado a alinhavar argumentos a partir da premissa de a pensão alimentícia ao filho pressupor necessariamente ruptura de sociedade conjugal. Fl. 74DF CARF MF Processo nº 10830.723018/201397 Acórdão n.º 2401006.111 S2C4T1 Fl. 75 3 Contudo, em face da literalidade dos arts. 4º , II, e 8°, II, f, da Lei n° 9.250, de 1995 (CTN, art. 111), o argumento do acórdão de piso revalase inconsistente, eis que pensão alimentíca judicial paga ao filho maior de idade alegadamente com sequelas por traumatismo cânio encefálico e traumatismo raquimedular não demanda necessariamente a ruptura de sociedade conjugal de seus pais. Não tendo o Acórdão de piso apreciado nenhum dos argumentos de defesa, argumentos estes que se contrapunham à acusação fiscal, mas levantado argumento inconsistente e não imputado pela fiscalização e a partir do qual, de forma implícita, considerou prejudicadas todas as alegações da impugnação, impõese o reconhecimento, no caso concreto, de insanável comprometimento ao direito de defesa. Logo, impõese a anulação do acórdão de piso e a determinação para que a autoridade recorrida aprecie a impugnação à imputação fiscal, bem como os documentos que as instruem (Decreto n° 70.235, de 1972, art. 59, II e § 2°). Isso posto, voto por conhecer e dar provimento ao recurso voluntário para anular o acórdao recorrido e determinar o retorno dos autos à primeira instância para emissão de nova decisão. (assinado digitalmente) José Luís Hentsch Benjamin Pinheiro Relator Fl. 75DF CARF MF
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Numero do processo: 16349.000312/2010-01
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 17 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2002
BASE DE CÁLCULO. LEI Nº 9.718 DE 1998. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO. DECISÃO PLENÁRIA DEFINITIVA DO STF.
Através do julgamento do Recurso Extraordinário nº 585.235/MG o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718/1998. Incidência do artigo 4º, parágrafo único do Decreto nº 2.346/1997. Decisões definitivas de mérito, proferidas em repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos administrativos. Artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF.
Recurso Voluntário Provido.
Direito Creditório Reconhecido.
Numero da decisão: 3402-006.347
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para que, afastado o fundamento do despacho decisório no art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, seja apurado pela unidade de origem o valor do eventual direito creditório da Recorrente.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente e Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado), Cynthia Elena de Campos e Thais de Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo Suplente convocado.
Nome do relator: WALDIR NAVARRO BEZERRA
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LEI Nº 9.718 DE 1998. INCONSTITUCIONALIDADE DO ALARGAMENTO. DECISÃO PLENÁRIA DEFINITIVA DO STF. Através do julgamento do Recurso Extraordinário nº 585.235/MG o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucional o alargamento da base de cálculo do PIS e da COFINS, promovido pelo § 1º do art. 3° da Lei n° 9.718/1998. Incidência do artigo 4º, parágrafo único do Decreto nº 2.346/1997. Decisões definitivas de mérito, proferidas em repercussão geral pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional devem ser reproduzidas pelos Conselheiros no julgamento dos recursos administrativos. Artigo 62, § 2º do Regimento Interno do CARF. Recurso Voluntário Provido. Direito Creditório Reconhecido. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário para que, afastado o fundamento do despacho decisório no art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, seja apurado pela unidade de origem o valor do eventual direito creditório da Recorrente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente e Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Waldir Navarro Bezerra (Presidente), Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Marcos Antonio Borges (Suplente convocado), Cynthia Elena de Campos e Thais de Laurentiis Galkowicz. Ausente o Conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo Suplente convocado. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 34 9. 00 03 12 /2 01 0- 01 Fl. 280DF CARF MF Processo nº 16349.000312/201001 Acórdão n.º 3402006.347 S3C4T2 Fl. 0 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto contra o Acórdão nº 03062.627, proferido pela Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Brasília/DF, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade, para manter a Decisão que indeferiu o Pedido de Restituição (PER) por inexistência do crédito solicitado. Regularmente cientificada, a contribuinte interpôs, tempestivamente, o Recurso Voluntário ora em apreço, onde pede a reforma da decisão de primeira instância, com o reconhecimento do direito à plena restituição de PIS/COFINS calculada sobre receitas estranhas ao conceito de faturamento, diante da inconstitucionalidade do artigo 3º, parágrafo 1º da Lei nº 9.718, declarada pelo STF e já reconhecida pela jurisprudência administrativa. Em síntese, o Recurso Voluntário está fundamentado nos seguintes argumentos: i) Os montantes que compõem o crédito pleiteado se referem à inclusão indevida, na base de cálculo daquela contribuição, de receitas estranhas ao conceito de faturamento, o que implicou pagamento indevido ou a maior, efetuado com base no art. 3º, parágrafo 1º, da Lei nº 9.718/1998; ii) A despeito das sólidas alegações de direito que embasaram a manifestação de inconformidade apresentada pela recorrente, e não obstante tais alegações terem sido suportadas por documentos hábeis à comprovação do crédito pleiteado, o v. acórdão manteve o entendimento do despacho decisório eletrônico; iii) Na base de cálculo da contribuição somente deveriam ter sido incluídos os valores correspondentes ao seu faturamento, ou sejam os ingressos que correspondem às suas receitas das vendas de mercadorias e da prestação de serviços, dada a inconstitucionalidade do art. 3º, parágrafo 1º, da Lei n. 9718, já declarada pelo STF em decisão plenária definitiva, bem como em recurso em que foi reconhecida a repercussão geral da matéria. É o relatório. Fl. 281DF CARF MF Processo nº 16349.000312/201001 Acórdão n.º 3402006.347 S3C4T2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Waldir Navarro Bezerra O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402006.345, de 28 de março de 2019, proferido no julgamento do processo 16349.000329/201050, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão nº 3402006.345): "Pressupostos legais de admissibilidade Nos termos do relatório, verificase a tempestividade do recurso, bem como o preenchimento dos demais requisitos de admissibilidade, resultando em seu conhecimento. Mérito O Pedido de Restituição nº 30231.53932.100506.1.2.04 5076 tem por origem crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo no valor de R$ 9.207,56, referente ao Darf do período de apuração de abril de 2001, arrecadado em 15/05/2001, no valor de R$ 610.330,36, mantendo a glosa de créditos referentes à Contribuição do Financiamento da Seguridade Social (COFINS). A decisão recorrida não considerou a inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/1998, proferida pelo Supremo Tribunal Federal, por concluir que o artigo 26A Decreto 70.235/1972 veda ao órgão de julgamento afastar a aplicação de lei sob fundamento de inconstitucionalidade, sendo que até aquele momento não havia autorização do Secretário da Receita por meio de ato específico determinando os procedimentos, nos termos do artigo 77 da Lei 9.430/1996 e o Decreto 2.346/1977. A matéria suscitada é questão decidida em repercussão geral (Tema 110) pelo Supremo Tribunal Federal através do RE nº 585235, transitado em julgado em 12/12/2008, conforme Ementa abaixo: EMENTA: RECURSO. Extraordinário. Tributo. Contribuição social. PIS. COFINS. Alargamento da base de cálculo. Art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. Inconstitucionalidade. Precedentes do Plenário (RE nº 346.084/PR, Rel. orig. Min. ILMAR GALVÃO, DJ de 1º.9.2006; REs nos 357.950/RS, 358.273/RS e 390.840/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, DJ de Fl. 282DF CARF MF Processo nº 16349.000312/201001 Acórdão n.º 3402006.347 S3C4T2 Fl. 0 4 15.8.2006) Repercussão Geral do tema. Reconhecimento pelo Plenário. Recurso improvido. É inconstitucional a ampliação da base de cálculo do PIS e da COFINS prevista no art. 3º, § 1º, da Lei nº 9.718/98. (RERGQO 585235, Relator(a): Min. CEZAR PELUSO, julgado em 10/09/2008, publicado em 28/11/2008, ) Neste caso, considerando que a decisão recorrida foi proferida em 31/07/2014, deveria a autoridade julgadora a quo aplicar o artigo 4º, parágrafo único do Decreto nº 2.346/1997, afastando o § 1º, do artigo 3º da Lei nº 9.718/98 e, por sua vez, reconhecendo o direito ao crédito informado em PERD/COMP. De outro turno, igualmente por se tratar de decisão definitiva e vinculante do Supremo Tribunal Federal, não incide a Súmula CARF nº 2 e artigo 26A do Decreto nº 70.235/72. Deve ser aplicado neste caso o artigo 62, § 2 do Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, aprovado pela Portaria MF nº 343/20151. Neste sentido, colaciono precedente da 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais em julgamento ao Recurso Especial nº 137.866 (PAF: 13808.005507/200103): Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/03/1996 a 31/08/1998, 01/11/1998 a 30/11/1998, 01/01/1999 a 31/01/1999, 01/06/1999 a 30/06/1999, 01/08/1999 a 31/08/1999, 01/05/2000 a 31/08/2000, 01/01/2001 a 28/02/2001 Ementa: PIS. BASE DE CÁLCULO. INCONSTITUCIONALIDADE DO § 1º DO ARTIGO 3º DA LEI Nº 9.718/98. DECISÃO DEFINITIVA DO PLENÁRIO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal, através do seu órgão plenário, já se posicionou de forma definitiva quanto à inconstitucionalidade do disposto no § 1º do artigo 3º da Lei nº 9.718/98, com a reafirmação da sua jurisprudência, no julgamento do RE nº 582.235/MG, reconhecido como de repercussão geral, tendo se deliberado, ainda, neste caso, pela edição de súmula vinculante. APLICAÇÃO DO DISPOSTO NO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 4º DO DECRETO Nº 2.346/1997 E DO ARTIGO 62 DO RICARF. 1 Art. 62. Fica vedado aos membros das turmas de julgamento do CARF afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática dos arts. 543B e 543C da Lei nº 5.869, de 1973, ou do s arts. 1.036 a 1.041 da Lei nº 13.105, de 2015 Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. (Redação dada pela Portaria MF nº 152, de 2016) Fl. 283DF CARF MF Processo nº 16349.000312/201001 Acórdão n.º 3402006.347 S3C4T2 Fl. 0 5 Nos termos do parágrafo único do artigo 4º do Decreto nº 2.346/1997, na hipótese de crédito tributário, quando houver impugnação ou recurso ainda não definitivamente julgado contra a sua constituição, devem os órgãos julgadores, singulares ou coletivos, da Administração Fazendária, afastar a aplicação da lei, tratado ou ato normativo federal, declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal. Recurso Especial do Procurador Negado (Acórdão nº 9303002.859 – 3ª Turma) Com relação ao ônus da prova da Contribuinte, restou reconhecido em despacho decisório que o pedido foi instruído com a relação de PERDCOMP de fls. 42/45, DARF de fl. 60, planilha demonstrativa do crédito de fls. 62/66 e lançamentos destacados no Livro Razão, às fls. 67/199. Portanto, deve a Unidade de Origem apurar o valor do crédito invocado e demonstrado pela Recorrente, afastando a inconstitucionalidade já declarada pelo Supremo Tribunal Federal. Dispositivo Ante o exposto, conheço e dou provimento ao Recurso Voluntário para que, afastado o fundamento do despacho decisório no artigo 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, seja apurado pela unidade de origem o valor do eventual direito creditório da Recorrente." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento ao Recurso Voluntário para que, afastado o fundamento do despacho decisório no art. 3º, §1º da Lei nº 9.718/1998, seja apurado pela unidade de origem o valor do eventual direito creditório da Recorrente. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Fl. 284DF CARF MF
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