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Numero do processo: 13502.001235/2007-94
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 13 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Mar 08 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/11/1993 a 31/05/1995
DECISÃO DEFINITIVA. ÓRGÃO COLEGIADO QUE ADMINISTRAVA O TRIBUTO. QUESTIONAMENTO EM SEDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. REAPRECIAÇÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO.
O julgamento em outros órgãos da administração federal far-se-á de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo, forte no art. 38 do Decreto n. 70.235/1972.
Existindo decisão definitiva exarada por órgão colegiado da administração federal que administra o tributo e havendo questionamento em sede de recurso voluntário, não há de se conhecer desse questionamento, vez que falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para rediscuti-la, pois não cabe a este atuar como instância revisora das decisões exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS).
PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE STF 8. ART. 173, I E II, DO CTN. NÃO OCORRÊNCIA.
Não há que se falar de decadência quando não transcorrido o lapso quinquenal previsto no art. 173 do CTN.
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. UNIDADE DE INTERESSE JURÍDICO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE.
Caracterizada a cessão de mão de obra, decorre a responsabilidade solidária do contratante por unidade de interesse jurídico.
NFLD. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA.
Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte deve-se comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei n. 8.212/91) e a multa do art. 35-A da Lei n. 8.212/91, introduzida pela Lei n. 11.941/2009. Como resultado, aplica-se para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106, II, alínea "c", do CTN.
O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476-A da Instrução Normativa RFB n. 971/2009 c/c a Portaria PGFN/RFB n. 14/2009.
Numero da decisão: 2402-006.966
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Denny Medeiros da Silveira - Presidente
(assinado digitalmente)
Luís Henrique Dias Lima - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira.
Nome do relator: LUIS HENRIQUE DIAS LIMA
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ÓRGÃO COLEGIADO QUE ADMINISTRAVA O TRIBUTO. QUESTIONAMENTO EM SEDE DE RECURSO VOLUNTÁRIO. REAPRECIAÇÃO PELO CARF. IMPOSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. O julgamento em outros órgãos da administração federal farseá de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo, forte no art. 38 do Decreto n. 70.235/1972. Existindo decisão definitiva exarada por órgão colegiado da administração federal que administra o tributo e havendo questionamento em sede de recurso voluntário, não há de se conhecer desse questionamento, vez que falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para rediscutila, pois não cabe a este atuar como instância revisora das decisões exaradas pelo Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS). PRELIMINAR DE DECADÊNCIA. SÚMULA VINCULANTE STF 8. ART. 173, I E II, DO CTN. NÃO OCORRÊNCIA. Não há que se falar de decadência quando não transcorrido o lapso quinquenal previsto no art. 173 do CTN. CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. UNIDADE DE INTERESSE JURÍDICO. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA. CARACTERIZAÇÃO. SOLIDARIEDADE. Caracterizada a cessão de mão de obra, decorre a responsabilidade solidária do contratante por unidade de interesse jurídico. NFLD. AUTO DE INFRAÇÃO. MULTA POR DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA. APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 50 2. 00 12 35 /2 00 7- 94 Fl. 357DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 358 2 Para verificação da multa mais benéfica ao contribuinte devese comparar o somatório das multas previstas na legislação vigente à época da lavratura do AI (art. 35 e 32 da Lei n. 8.212/91) e a multa do art. 35A da Lei n. 8.212/91, introduzida pela Lei n. 11.941/2009. Como resultado, aplicase para cada competência a multa mais benéfica (sistemática anterior ou atual), em face do que dispõe o art. 106, II, alínea "c", do CTN. O cálculo da multa mais benéfica ao sujeito passivo, no caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos antes de 12/2008, deverá ser efetuado de conformidade com o art. 476A da Instrução Normativa RFB n. 971/2009 c/c a Portaria PGFN/RFB n. 14/2009. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Denny Medeiros da Silveira Presidente (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luís Henrique Dias Lima, João Victor Ribeiro Aldinucci, Paulo Sérgio da Silva, Wilderson Botto (Suplente Convocado), Maurício Nogueira Righetti, Renata Toratti Cassini, Gregório Rechmann Júnior e Denny Medeiros da Silveira. Relatório Cuidase de Recurso Voluntário (efls. 217/240) em face do Acórdão n. 15 23.081 6ª. Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Salvador (BA) DRJ/SDR (efls. 196/205) que julgou parcialmente procedente a impugnação (efls. 158/172) e manteve parcialmente o lançamento consignado na Notificação Fiscal de Lançamento de Débito (NFLD) DEBCAD n. 37.054.6504 consolidado e constituído em 30/01/2007 no valor total de R$ 14.309,32 Competências: 11/1993 a 05/1995 (efls. 02/40), com fulcro nas contribuições sociais devidas à Seguridade Social, nos termos do art. 20 e 22, I, da Lei n. 8.212/91, e naquelas destinadas ao financiamento dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho (SAT/RAT/GIILRAT), nos termos do art. 22, II, da Lei n. 8.212/91, todas decorrentes do instituto da responsabilidade tributária, conforme discriminado no Relatório Fiscal de efls. 70/91. De acordo com o Relatório Fiscal (efls. 70/91), a NFLD DEBCAD n. 37.054.6504, em litígio, substituiu a NFLD DEBCAD n. 32.616.0353, de 18/12/1998, anulada por decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) órgão colegiado na época responsável pelo controle de legalidade das decisões em processo de interesse dos beneficiários e contribuintes da Seguridade Social nos termos do Acórdão n. 201, de 19/02/2004. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 359 3 O crédito tributário em lide foi lançado, conforme informado no Relatório Fiscal (efls. 70/91), em virtude da utilização de prestação de serviço remunerado, contratado mediante cessão de mãodeobra, e realizado por pessoas físicas vinculadas à empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA. CNPJ 33.840.075/000130 entre 11/1993 a 05/1995, nas dependências da CARAÍBA METAIS S/A, havendo por fato gerador da contribuição previdenciária a remuneração aferida através das notas fiscais referentes aos serviços prestados mediante cessão de mãodeobra, emitidas pela empresa prestadora. O lançamento em lide foi efetuado em face da CARAÍBA METAIS S/A CNPJ 15.224.488/000108 e da empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA. CNPJ 33.840.075/000130. Devido à ausência, nos autos, da NFLD DEBCAD n. 32.616.0353 (com o respectivo relatório fiscal), bem assim do Acórdão n. 201, de 19/02/2004, da lavra do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS), foi requisitada diligência à unidade de origem, nos termos da Resolução n. 2402000.640 (efls. 302/306), para que fossem juntados os referidos documentos, no que foi atendida (efls. 330/350). A empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA. CNPJ 33.840.075/000130 não se manifestou nos presentes autos. Em relação a essa empresa, é denunciado no Relatório Fiscal (efls. 70/91) que se encontra com situação cadastral inapta junto à Administração Tributária Federal: Sem contrarrazões. É o relatório. Voto Conselheiro Luís Henrique Dias Lima Relator. O Recurso Voluntário (efls. 217/240) já foi conhecido pelo Colegiado. Passo à análise. Inicialmente, é oportuno resgatar o entendimento do órgão julgador de primeira instância, consolidado no Acórdão n. 1523.081 (efls. 196/205) e sumarizado na ementa abaixo transcrita: ASSUNTO: CQNTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/11/1993 a 31/05/1995 Ementa: Fl. 359DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 360 4 DECADÊNCIA. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. SUMULA VINCULANTE N° 8. INOCORRÊNCIA, IN CASU. Dispõe a Súmula Vinculante n° 8 do STF: “São inconstitucionais o parágrafo único do artigo 5° do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de credito tributário”. O prazo decadencial para o lançamento de contribuições sociais é de 5 anos. CONTRATO DE TRABALHO TEMPORÁRIO. CESSAO DE MÃODEOBRA. ABRANGÊNCIA. CONTINUIDADE. O conceito legal de cessão de mãodeobra tem abrangência superior àquela que a Defendente pretende atribuir, não se restringindo apenas ao caso de contratação de trabalho temporário de que trata a Lei n° 6.019, de 1974. Verificada a periodicidade mensal dos pagamentos em prazo razoável, concluise a continuidade dos serviços e sua necessidade permanente para a empresa. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Período de apuração: 01/05/1995 a 31/05/1998 Ementa: APLICAÇÃO DA MULTA. ALTERAÇÃO NA LEGISLAÇÃO. RETROATIVIDADE BENIGNA. MOMENTO DA APLICAÇÃO. Considerada a alteração na legislação e a aplicação da multa mais benéfica prevista no art. 106 do CTN, durante a fase do contencioso administrativo, de primeira instância, não há como se calcular a multa mais benéfica, haja vista que o pagamento ainda não foi postulado pelo contribuinte. Esta é uma interpretação literal do art. 35 da Lei n° 8.212, de 1991, na redação anterior à MP n° 449, de 2008, que estabelece que as multas de mora valem para o momento do pagamento. Portanto, somente neste momento o percentual da multa de mora estará definído. Em face da decisão recorrida, a Recorrente interpôs Recurso Voluntário (e fls. 217/240) aduzindo, em linhas gerais, preliminar de decadência, e, no mérito, inexistência de cessão de mãodeobra. Da Preliminar de Decadência O lançamento consubstanciado na NFLD DEBCAD n. 37.054.6504 (efls. 02/40), foi consolidado e constituído em 30/01/2007, compreendendo as competências: 11/1993 a 05/1995, e substituiu a NFLD DEBCAD n. 32.616.0353, de 18/12/1998, declarada nula por decisão do Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) órgão colegiado na época responsável pelo controle de legalidade das decisões em processo de interesse dos beneficiários e contribuintes da Seguridade Social nos termos do Acórdão n. 201, de 19/02/2004 (efls. 341/350). Fl. 360DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 361 5 De plano, cabe destacar que a decisão abrigada no Acórdão n. 201, de 19/02/2004 (efls. 341/350) de cujo teor a Recorrente tomou conhecimento e contra ela não se insurgiu é definitiva, de mérito, e transitou em julgado na esfera administrativa, não sendo passível, assim, de qualquer tipo de discussão ou revisão suscitada por questionamento em sede de recurso voluntário, vez que falece competência ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) para o mister. por tratarse de instâncias de mesmo nível horizontal, sem qualquer hierarquia entre elas. Nesse sentido, cabe resgatar o art. 38 do Decreto n. 70.235/1972, verbis: Art. 38. O julgamento em outros órgãos da administração federal farseá de acordo com a legislação própria, ou, na sua falta, conforme dispuser o órgão que administra o tributo.(grifei) É dizer, não há que se rediscutir a natureza do vício (formal ou material) que fundamentou a anulação da NFLD DEBCAD n. 32.616.0353 lavrada em 18/12/1998 , prevalecendo assim a natureza de vício formal expressamente indicada no decisum do CRPS, incidindo, destarte, a regra do art. 173, II, do CTN, consoante determinado naquela decisão. Todavia, e apenas por amor à argumentação, destaco o teor do Acórdão n. 201, de 19/02/2004 (efls. 341/350) ao tratar da NFLD DEBCAD n. 32.616.0353, verbis: [...] Conforme já relatado, trata a presente NFLD, lavrado em 21 JAN 99, de Contribuições Sociais destinadas ao custeio da Previdência Social e Terceiros, parcela empresa (Empresa/SAT/Terceiros) e empregados, incidente sobre a remuneração da mãodeobra cedida à Recorrente através da contratação de prestação de serviços (manutenção Aci Nordeste Controle Inspeção e Assessoria Ltda.) e a ela imputado por solidariedade, vide Art. 31, da Lei 8.212/91. O débito é referente as competências 11.93 a 05.98 e foi apurado com base em nota fiscal de serviço (40%), tudo conforme consta do Relatório Fiscal, fls. 13/16, que trás em anexo um discriminativo de apuração dos saláriosdecontribuição, fls. 24/25. A decisão que busca rever foi de provimento parcial nos termos do voto de fls. 699/700 (excluiu o período objeto de refiscalização, além de apontar a inexistência da cessão de mão deobra em determinados casos). Ocorre que na mesma ação fiscal foram lavradas diversas NFLD's, sendo que tanto a 2ª CaJ quanto a 4ª CaJ, julgaram as notificações e proferiram decisões divergentes. Posteriormente a 2ª CaJ veio a rever suas decisões, bem como as decisões da 4ª CaJ, proferindo o voto de fls. 486 a 489, que ora serve de fundamento para o Pedido de Revisão em Pauta. [...] Ocorre após analisar diversas NFLD's lavradas contra a Recorrente numa mesma ação fiscal, com os mesmos fundamentos e motivação, passei a identificar a ocorrência de cerceamento de defesa. Assim é relevante apresentar no momento tais manifestações, não obstante a Recorrente já ter juntado o respectivo voto em seu Pedido de Revisão. Fl. 361DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 362 6 Do Cerceamento de Defesa Como já dito, contra a Recorrente foram lavradas mais de duas centenas de NFLD's, decorrentes da solidariedade na contratação da prestação de serviços com cessão de mãode obra. Nas primeiras NFLD's por mim julgadas neguei provimento ao recurso. Posteriormente, quando do julgamento de outras NFLD's passei a solicitar a realização de diligência para que o INSS se manifestasse com relação a refiscalização período anterior a 11.95, bem como evidenciasse de forma mais precisa a existência da cessão de mãodeobra. Assim, por iniciativa própria, o INSS adotou a diligência determinada pela 2ª CaJ/CRPS, como regra, e então instruiu todos os processos com os respectivos contratos e notas fiscais. Aqui cabe realçar que as manifestações do INSS por ocasião da diligência limitaramse a reafirmar a tese da terceirização das atividades normais da empresa e a citação de conceitos relacionados sobre a cessão de mãodeobra, deixando de fazer a correlação entre a documentação juntada e a caracterização da cessão de mãodeobra. O INSS chegou a se manifestar em seu pronunciamento que os dois primeiros pressupostos básicos do conceito de cessão de mãodeobra (colocação à disposição do contratante, nas suas dependências ou de terceiros) estariam "demonstrados de forma inequívoca e pacífica nos contratos", sem, entretanto, especificar sequer um contrato (fls., cláusula ou outro) em que obteve tal certeza. A situação é complexa e não se pode perder de vista que não é a simples contratação de um serviço que traz à solidariedade. Esta decorre tão somente da prestação de serviço onde se verifica a existência de cessão de mãodeobra. O próprio INSS reconhece em seus atos normativos, que o elenco das atividades que comportam cessão de mãodeobra especificados na legislação previdenciária (lei e decreto) é meramente exemplificativo, "ou seja, pode haver cessão de mão deobra nas atividades arroladas assim como em qualquer outra, desde que haja enquadramento no conceito de cessão de mão deobra". (grifei) Manual de Fiscalização MAFISC (Fonte: Sislex) Daí decorre a necessidade de uma maior cisão na afirmativa do INSS, de que os contratos e serviços relacionados com as NFLD's comportam cessão de mãodeobra. Não é a presunção de legitimidade da afirmativa fiscal que possibilita o exercício do amplo direito de defesa e sim a motivação e a explicitação que for apresentada. Como poderia a Recorrente se contrapor a afirmativa da existência da cessão de mãodeobra, se o INSS não apontou, de forma concreta, de onde extraiu tais conclusões. A simples tese de terceirização das atividades normais da empresa não basta, até porque não ficou evidenciado que todos os contratos decorrem das "tais atividades normais". Fl. 362DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 363 7 Voltamos aos procedimentos adotados por esta CaJ, quando do julgamento de outras NFLD's: ocasião em que este Relator passou a analisar os documentos apresentados pelo INSS, buscando, caracterizar através da referida documentação a cessão de mãodeobra. Hoje, quando do julgamento de novos processos conexos, instruídos de forma semelhante, e após diversas discussões com meus pares, entendo que tal procedimento foi equivocado, posto que substituí, ainda que com deficiências, atribuição do INSS. Caberia sim ao INSS configurar a existência da cessão de mão deobra com relação a cada um dos contratos e serviços relacionados com a NFLD em pauta, possibilitando que a Recorrente concordasse ou pudesse contestar satisfatoriamente o que deveria ter sido apresentado. O INSS procedeu de forma generalizada apresentando um único modelo de Relatório Fiscal, Pronunciamento Fiscal e DN, sem adentrar nas peculiaridades de cada um dos contratos e/ou serviços. Só quando está CaJ reclamou a necessidade de uma melhor caracterização da cessão de mãodeobra foram apresentados os contratos e outros, ainda assim nenhum esclarecimento foi apresentado, além de teorias. O INSS não conseguiu sair do campo da suposição tese da terceirização, e dos dispositivos legais para a realidade fática dos contratos ou das prestações de serviços. Ainda lembro, quando analisei diversos contratos e serviços, ter apontado o que, sob minha ótica, caracterizava ou evidenciava a existência de cessão de mãodeobra. Reputo, hoje, tal procedimento como intolerável, posto que comporta total cerceamento de defesa. Não cabe a este ou a qualquer outro Conselheiro garimpar nos autos evidências do que foi afirmado pelo INSS de forma genérica. Devemos sim cotejar as afirmativas do INSS, devidamente delimitadas e comprovadas, com as alegações do contribuinte inconformado. Cabe sim, ao INSS, motivar adequadamente suas afirmativas, possibilitando ao contribuinte a perfeita compreensão do que lhe é imputado, viabilizando o exercício do direito inserido no Inciso LV, do Art. 5°, da CF/88. Portanto, entendo que o melhor desfecho para a NFLD em pauta é apontar sua nulidade por cerceamento defesa, possibilitando que o INSS, a seu critério refaça o lançamento, sanando a nulidade apresentada. Registro ainda que em alguns contratos e serviços, vislumbrei a existência de cessão de mão deobra, entretanto volto a reafirmar que cabe à autoridade lançadora motivar seus atos. Tal decisão resguarda os direitos da autarquia no que se refere a prazo decadencial Inciso II, do Art. 173, do CTN. Hoje quando analiso o Pedido de Revisão em pauta vejo que a nulidade apontada é sem dúvida a decisão correta, verificando ainda sua sintonia com a mais recente jurisprudência a respeito, principalmente a vista da seguinte manifestação do Sr. Ministro Fl. 363DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 364 8 Luiz Fux STJ, vide AgRg no Agravo de Instrumento n. ° 460.534 RS (2002/00797978): [...] É relevante observar que em recentes decisões está CaJ vem exigindo que o INSS caracterize a existência da cessão de mão deobra, mesmo naquelas atividades arroladas na legislação, sendo oportuno verificarmos "parte" de manifestação do Sr. Presidente da 2ª CaJ/CRPS, AFPS Mário Humberto Cabus Moreira: [...] Assim por tudo o que foi exposto, entendo que a NFLD deve ser anulada. Caso o INSS entenda oportuno refazer o lançamento em pauta, entendo que devem ser superadas as duas nulidades apontadas com relação à motivação da resficalização, bem como da existência da cessão de mãodeobra. CONCLUSÃO Face ao exposto, voto por CONHECER DO PEDIDO DE REVISAO DO CONTRIBUINTE e no mérito DARLHE PROVIMENTO, anulando o Acórdão n° 02/000445/2003, da 2ª CaJ/CRPS, fls. 466. Em substituição àquele voto no sentido de CONHECER DO RECURSO do notificado e ANULAR a NFLD em pauta, na forma do voto do acima apresentado. (grifei) Da leitura do Acórdão CRPS n. 201, de 19/02/2004 (efls. 341/350) resta evidenciado que a NFLD DEBCAD n. 32.616.0353 lavrada em 18/12/1998 foi anulada por cerceamento de defesa, oportunizando expressamente ao INSS novo lançamento com fulcro no art. 173, II, do CTN, caracterizandose, portanto, vício formal, restando afastada qualquer possibilidade de rediscussão da sua natureza. Com espeque no decisum acima resgatado, a Fiscalização da RFB, lavrou, em 30/01/2007 a NFLD DEBCAD n. 37.054.6504, que se aperfeiçoou na emsma data, dentro, portanto, do lapso temporal de cinco anos previsto no art. 173, II, do CTN. De se observar que a decisão da instância de piso procedeu a controle de legalidade do lançamento consignado na NFLD DEBCAD n. 32.616.0353, oportunidade em que reconheceu advento de decadência em face da competência 11/1993, com espeque na regra geral do art. 173, I, do CTN: Alega também a Defendente que o crédito já teria sido alcançado pela decadência antes mesmo da decisão que anulou o lançamento anterior, fato que realmente aconteceu quanto a competência novembro de 1993, pois, como o lançamento da NFLD DEBCAD n° 32.616.0353 ocorreu no dia 21/01/1999, para obedecer à regra contida no art. 173, I do CTN somente poderia abranger contribuições correspondentes ao período de dezembro de 1993 a dezembro de 1998. Assim, o crédito lançado Fl. 364DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 365 9 na competência novembro de 1993 é improcedente e deverá ser exonerado deste lançamento, tendo em vista que quando do lançamento original já havia sido alcançado pela decadência. O crédito lançado nas demais competências será mantido uma vez que foi respeitado 0 prazo previsto no art. 173, I do CTN. Isto posto, não há que se falar de decadência, vez que tanto o lançamento original abrigado na NFLD DEBCAD n. 32.616.0353 (exceto a competência 11/1993), quanto o lançamento substitutivo abrigado na NFLD DEBCAD n. 37.054.6504, obedeceram aos prazos estipulados no art. 173, I e II, do CTN, respectivamente. Do Mérito O lançamento substitutivo abrigado na NFLD DEBCAD n. 37.054.6504 decorre de responsabilidade solidária da Recorrente com a empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA. CNPJ 33.840.075/000130, com fundamento no art. 124 do CTN c/c art. 31, da Lei n. 8.212/91, com a redação vigente à época dos fatos geradores, considerando os valores brutos consignados nas notas fiscais (efls. 110/137) relativas às atividades relacionadas à cessão de mãodeobra, sobre as quais não houve recolhimento de contribuições previdenciárias nas competências 11/1993 a 05/1995. Isto porque a Recorrente, a despeito de ter sido devidamente intimada a apresentar a documentação (GRPS e Folha de Pagamento) necessária a elidir a responsabilidade tributária, mediante o Termo de Intimação para Apresentação de Documentos TIAD (efls. 48/56), não o fez, conforme detalhado no Relatório Fiscal (efls. 70/91): Por consequência, e constatado que a empresa contratada nada recolheu, a Fiscalização procedeu ao Levantamento ACI ACI NORDESTE CONTR INSP ASS por aferição indireta, consoante discriminado no RL Relatório de Lançamentos NFLD DEBCAD n. 37.054.6504 e Relatório Fiscal (efls. 70/91), a seguir reproduzidos: Fl. 365DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 366 10 Fl. 366DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 367 11 Com relação à solidariedade e ao benefício de ordem questionados pela Recorrente, é de se ressaltar que o art. 124 do CTN (Lei n. 5.172/1966), informa norma geral aplicável a todos os tributos existentes no sistema tributário nacional, nos seguintes termos: "Art. 124. São solidariamente obrigadas: I as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; II as pessoas expressamente designadas por lei. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 368 12 Parágrafo único. A solidariedade referida neste artigo não comporta benefício de ordem. (grifei)" Não obstante a expressão "interesse comum" consignada no art. 124, I, do CTN, encartar um conceito indeterminado, é mister procederse a uma interpretação sistemática das normas tributárias, de modo a alcançarse a ratio essendi do referido dispositivo legal. Assim, verificase que o interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal implica que as pessoas jurídicas solidariamente obrigadas estejam no mesmo polo da relação jurídica que deu azo à hipótese de incidência tributária, exatamente porque não encontraria respaldo na lógica jurídicatributária a integração no polo passivo da relação jurídica de uma empresa que não tenha qualquer participação na ocorrência do fato gerador da obrigação tributária. Nessa perspectiva, é forçoso concluir que o interesse qualificado pela lei não há de ser o mero interesse social, moral, econômico ou financeiro no resultado ou no proveito da situação que constitui o fato gerador da obrigação principal, mas sim o interesse jurídico, atrelado à atuação comum ou conjunta no pressuposto fático do tributo. Assim, caracteriza responsabilidade solidária em matéria tributária a realização conjunta de situações que, per se, configuram a hipótese de incidência tributária. No caso concreto, incide ainda a hipótese tipificada no inciso II do art. 124 do CTN, uma vez presente a solidariedade prevista no art. 31 da Lei n. 8.212/1991, com a redação vigente à época dos fatos geradores. As situações e circunstâncias fáticas caracterizadas no Relatório Fiscal (efls. 70/91), a seguir reproduzidas, denunciam uma unidade de interesse jurídico entre a Recorrente e a empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA. CNPJ 33.840.075/000130, na materialização da hipótese de incidência tributária, a atrair a incidência do art. 124, I e II, do CTN, c/c art. 31 da Lei n. 8.212/1991, com a redação vigente à época dos fatos geradores: [...] 5.1 Os fatos geradores da presente NOTIFICAÇÃO FISCAL DE LANÇAMENTO DE DEBITO relacionamse à utilização de prestação de serviço remunerado, contratado mediante cessão de mão de obra, e realizado pelas pessoas físicas vinculadas à ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA, CNPJ n° 33.840.075/000130 entre novembro/1993 e maio/1995, nas dependências da CARAÍBA METAIS S/A, como descrito no Relatório de Lançamentos integrante desta NFLD. O elemento nuclear do fato gerador da contribuição previdenciária, qual seja, a remuneração, como ensinam Kertzman e Cyrinoz, foi aferido através das notas fiscais referentes aos serviços prestados mediante cessão de mãodeobra, emitidas pela empresa prestadora. 5.2 Os contratos celebrados entre a Caraíba Metais S.A. e a empresa ACI NORDESTE CONTROLE INSPEÇÃO E ASSESSORIA LTDA foram os seguintes: Fl. 368DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 369 13 BPS 831.102/94 C288/92 C119/95 5.3 A CartaContrato C288/92, de 13/10/92 teve por objeto a execução de serviços de inspeção de recuperação e/ou fabricação de válvulas, equipamentos rotativos e estáticos e seus componentes nas áreas da Caraíba e/ou nas oficinas de empresas contratadas pela Caraíba. Esse contrato teve vigência de O1 ano e o preço global foi estimado em Cr$ l00.000,000,00. 5.4 O contrato C288/92 recebeu três termos aditivos: o de n° 01, de 13/10/93 alterou o prazo de vigência para 02 anos; o de n° 02, de 06/07/94, alterou a vigência para 03 anos, o preço global foi também alterado gerando novo valor estimado no montante de R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais); o de n° 03, de 01/11/95, alterou a vigência para 37 (trinta e sete) meses. 5.5 Da análise do contrato C288/92 observase que os serviços contratados seriam desenvolvidos nas áreas da Caraíba ou nas oficinas das empresas contratadas por esta. Os serviços de inspeção compreenderiam todas as etapas de acompanhamento de serviços, execução de ensaios não destrutivos, emissão de relatórios técnicos, emissão de procedimentos e recomendações (soldagem, pintura, armazenamento, etc). Os serviços seriam, ainda, executados de acordo com as solicitações da Caraíba, conforme cláusula 3.3 e a contratada ACI teria um prazo de 48 horas para atender às solicitações de caráter normal e um prazo de 24 horas para as de emergência. A planilha de preços unitários discriminava o valor dos serviços, conforme descrito a seguir: 5.6 De acordo com as características do contrato C288/92 fica evidenciado que os inspetores, vinculados a ACI, encontravam se à disposição da Caraíba, na medida em que o trabalho contratado previa o acompanhamento dos serviços, desenvolvidos na Caraíba, durante o prazo de 3 anos, para a identificação das válvulas e equipamentos que necessitassem de recuperação e/ou fabricação, mediante solicitação da contratante. Verificase, ainda, que o valor dos serviços foi definido em preços unitários conforme a função (inspetor junior/sênior). Como afirma Ibrahim em sua obra “A Retenção de 11% sobre a mãodeobra”, pag. 53, um contrato de mãode obra e' aquele em que o fim desejado pelo contratante é a obtenção desta mãodeobra (força de trabalho) para realizar algum mister. O autor ressalta que é neste ponto que reside a diferença fundamental entre empreitada e cessão de mãode Fl. 369DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 370 14 obra. No primeiro, a mãodeobra é mero meio para atingir a obra ou tarefa desejada pelo contratante. Já na cessão, a mão deobra é a própria razão de existência da contratação. 5.7 Relativamente aos serviços de inspeção contratados pela Caraíba, observase que os mesmos são indispensáveis para a detecção da necessidade de eventuais reparos/manutenção nos equipamentos constantes do seu parque industrial Observase, ainda, que as atividades de manutenção, no âmbito do complexo industrial da Caraíba, tem natureza continua, sendo, portanto, a atividade de inspeção contratada de necessidade permanente da contratante. Como “serviços de natureza continua” são entendidos aqueles que se constituem em necessidade permanente do contratante, ligados ou não à sua atividade fim. O conceito de continuidade abrange o tipo de serviço e não a empresa contratada para prestálo, ou a freqüência de sua prestação, Se caracterizada a necessidade permanente do serviço, este, independentemente de quem o prestar ou quantas vezes for prestado, terá natureza contínua. Por isso mesmo, não se pode considerar um determinado contrato ou determinada empresa de forma isolada, mas sim a permanente necessidade dos serviços contratados no complexo industrial como um todo, assim como a natureza contínua desses serviços no contexto global das diversas plantas existentes na area industrial da contratante. 5.8 Em suma, o conceito de continuidade abrange os serviços e não a empresa contratada. Se caracterizada a necessidade permanente do serviço, este, independentemente de quem o prestar terá natureza contínua, A análise dos inúmeros contratos celebrados entre Caraíba Metais S/A e diversas empresas revela a prestação continua de serviços de limpeza, manutenção de máquinas e equipamentos, transporte de cargas e passageiros, apoio de mãodeobra nas paradas de manutenção, caldeiraria, construção civil, dentre outros. 5.9 Os serviços de manutenção estão previstos na legislação previdenciária que conceitua a cessão de mãodeobra, como em trecho da lei n° 8.212, de 24/07/1991 já transcrito em parágrafo anterior e no Regulamento da Organização e do Custeio da Seguridade Social aprovado pelo Decreto n° 356, de 7/12/1991 e posteriormente pelo Decreto n° 612 de 21/07/1992: [...] 5.10 O Contrato C119/95, por sua vez, assinado em 20/03/95 teve por objeto a execução de serviços de mãodeobra especializada de inspeção em equipamentos, tubulações e dutos, com contratação por administração da Caraíba, que seriam executados durante a Parada da Manutenção (PM)/95, compreendendo a supervisão, a direção, o uso de equipamentos, ferramentas e materiais de consumo e aplicação. Esse contrato teve prazo de vigência de 30 dias e o preço global foi estimado em R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil Fl. 370DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 371 15 reais). O termo aditivo n° 01, de 28/04/95, alterou o preço global para RS 39.000,00 (trinta e nove mil reais). 5.11 A planilha de preços, contida no Anexo 1, discrimina o valor dos serviços em Hh, de acordo com a fiinção, a saber: Inspetor de equipamentos (R$ 15,00/Hh) e Inspetor LP fl{$ 10,00/Hh). 5.12 Verificase, de acordo com as características do contrato C119/95, que o objeto contratual é própria força de trabalho, uma vez que se refere, especificamente, a serviços de mãode obra, para a realização de atividades de inspeção por administração da Caraíba, durante a PM95, Mais uma vez lembrando as lições de Ibrahim , como já citado anteriormente, um contrato de mãodeobra é aquele em que o fim desejado pelo contratante é a obtenção desta mãodeobra (força de trabalho) para realizar algum mister. Segundo este autor, na empreitada, a mãodeobra é mero meio para atingir a obra ou tarefa desejada pelo contratante. Já na cessão, a mãodeobra é a própria razão de existência da contratação. 5.13 Relativamente aos serviços contratados, observase que a atividade de inspeção durante as paradas e' de vital importância para a detecção da necessidade de eventuais reparos/manutenção nos equipamentos constantes do seu parque industrial, tendo, portanto, natureza contínua. Como “serviços de natureza continua” são entendidos aqueles que se constituem em necessidade permanente do contratante, ligados ou não à sua atividade fim. O conceito de continuidade abrange o tipo de serviço e não a empresa contratada para prestálo, ou a freqüência de sua prestação. Se caracterizada a necessidade permanente do serviço, este, independentemente de quem o prestar ou quantas vezes for prestado, terá natureza continua. Por isso mesmo, não se pode considerar um determinado contrato ou determinada empresa de forma isolada, mas sim a permanente necessidade dos serviços contratados no complexo industrial como um todo, assim como a natureza continua desses serviços no contexto global das diversas plantas existentes na area industrial da contratante. 5.14 Em suma, o conceito de continuidade abrange os serviços e não a empresa contratada. Se caracterizada a necessidade permanente do serviço, este, independentemente de quem o prestar terá natureza contínua. A análise dos inúmeros contratos celebrados entre Caraíba Metais S/A e diversas empresas revela a prestação continua de serviços de limpeza, manutenção de máquinas e equipamentos, transporte de cargas e passageiros, apoio de mãodeobra nas paradas de manutenção, caldeiraria, construção civil, dentre outros. 5.15 Os serviços de manutenção estão previstos na legislação previdenciária que conceitua a cessão de mãodeobra, como em trecho da lei n° 8.212, de 24/07/1991 já transcrito em parágrafo anterior e no Regulamento da Organização e do Fl. 371DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 372 16 Custeio da Seguridade Social aprovado pelo Decreto n° 356, de 7/12/1991 e posteriormente pelo Decreto n° 612 de 21/07/1992: [...] 5.16 Um contrato foram celebrados sob a forma de Boletim de Pequenos Serviços BPS, que é um tipo de contrato simplificado, utilizado para serviços de pequeno montante e duração. O BPS 831.102/94 teve por objeto a contratação de empresa especializada para inspeção do teto e fundo do TQ 3101B. A nota fiscal vinculada a esse BPS foi a de n° 575, de 23/03/94, e apresenta como descrição os "Serviços de ajudante de inspeção”. 5.17 O BPS (Boletim de Pequenos Serviços), como já foi dito, é forma de contrato extremamente simplificada e não traz maiores detalhes sobre a relação contratual estabelecida entre as empresas. O pressuposto da cessão de mãodeobra baseia se, no presente caso, no fato de que o objeto contratado, conforme descrição no corpo da Nota Fiscal, referese a serviço de ajudante de inspeção. Sendo o fim do contrato a mãode obra.Como na cessão de mãodeobra , a mãodeobra é a própria razão de existência da contratação, tal noção é perfeitamente aplicável ao presente caso. 5.18 O serviços de inspeção, constante do BPS, citado no item 5.16 acima, são necessários à detecção da necessidade de eventuais reparos/manutenção dos equipamentos e instalações da Caraíba, tendo, portanto, no âmbito do seu complexo industrial, natureza contínua. 5.19 Para a identificação precisa de cada fato gerador encontramse discriminados no Relatório de Lançamentos da NFLD e na planilha anexa a este Relatório Fiscal, as seguintes informações: Identificação da empresa prestadora dos serviços (nome e CNPJ); Número, data de emissão, discriminação dos serviços e valor das Notas Fiscais/Faturas/Recibos de Prestação de Serviços; Valor da mãodeobra quando discriminado nas Notas Fiscais/Faturas/Recibos de Prestação de Serviços; Identificação do Contrato celebrado entre a Caraíba Metais S/A e a empresa prestadora; Data de emissão dos Boletins de Medição BM ou Boletins de Pequenos Serviços BPS; Discriminação dos serviços realizados conforme descrição dos BM ou BPS; Informação contratual sobre fornecimento de material; Tipo de contratação (cessão de mãodeobra / construção civil); Fl. 372DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 373 17 Percentual de aferição da mãodeobra contida nas Notas Fiscais/Faturas/Recibos de Prestação de Serviços. 5.20 Em todas as vias da Notificação Fiscal de Lançamento de Débito NFLD foram também anexadas cópias das Notas Fiscais, Contratos, Boletins de Medição e Boletins de Pequenos Serviços BPS considerados no presente levantamento. [...](grifei) Entretanto, tratase, no caso concreto, de auto de infração por descumprimento de obrigação principal, passível de multa de ofício, o que atrai o art. 106, II, alínea "c", do CTN, considerandose a retroatividade da lei mais benéfica, vez que é a regra. Considerandose que o lançamento em tela foi constituído em momento anterior às alterações à Lei n. 8.212/91, promovidas pela Medida Provisória n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, é mister procederse a cotejo entre as penalidades cabíveis em conformidade com a legislação vigente antes e depois do retrocitado diploma legal, aplicando a multa mais favorável ao sujeito passivo, por ocasião do pagamento ou do parcelamento, quando for o caso. Melhor detalhando, a Medida Provisória n. 449/2008, convertida na Lei n. 11.941/2009, acrescentou os artigos 32A e 35A, modificando a sistemática do cálculo das multas decorrentes do descumprimento de obrigações principais e acessórias, anteriormente prevista nos artigos 32 e 35 da Lei n. 8.212/91. Assim, a partir da publicação da MP n. 449/2008, para os fatos geradores de contribuições previdenciárias anteriores a esta data, deverá ser avaliado o caso concreto e a norma atual deverá retroagir, se mais benéfica, pois em matéria de penalidades deve ser observada a regra do art. 106, II, alínea "c", do CTN: "Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática." A penalidade mais benéfica, no caso concreto, é passível de aplicação ex officio, uma vez presente a possibilidade para o mister, consoante disposto na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14, de 04 de dezembro de 2009, com amparo no art. 106, II, alínea "c", do CTN. Para tanto, a análise da multa mais benéfica procederseá pelo cotejo (efetuado em relação aos processos conexos, geralmente com gênese na mesma ação fiscal) entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal (art. 35 da Lei n. 8.212/91, em sua redação anterior à conferida pela Lei n. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 374 18 11.941/2009) e de obrigações acessórias (art. 32, §§ 4°. e 5°., da Lei n. 8.212/91, em sua redação anterior à conferida pela Lei n. 11.941/2009), em contrapartida à multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei n. 8.212/91, acrescido pela Lei n. 11.941/2009. Considerandose que os percentuais da multa do art. 35 da Lei n. 8.212/91, assim como do art. 44 da Lei n. 9.430/96, variam em função do prazo do pagamento do crédito tributário/previdenciário, a comparação entre tais modalidades somente poderá ser ratificada por ocasião do pagamento, devendo o valor da multa ser revisto, se for o caso, consoante o art. 2°. da Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009. Caso as multas previstas no art. 32, §§ 4°. e 5°., da Lei n. 8.212, de 1991 (redação anterior à conferida pela Lei n. 11.941/2009), tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei n. 8.212/1991 (redação dada pela Lei n. 11.941/2009). O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei n. 8.212, de 1991 (redação anterior à dada pela Lei n. 11.941/2009), sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor da multa de ofício previsto no art. 35A daquele diploma legal (acrescido pela Lei n. 11.941/2009), e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Na hipótese de lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na GFIP, a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei n. 8.212/91 (redação dada pela Lei n. 11.941/2009). A RFB, para o cálculo das multas por descumprimento das obrigações de natureza previdenciária (principais ou acessórias), vem adotando posicionamento no sentido da aplicação de uma multa única quando houver descumprimento de obrigações principais e acessórias, por considerar ser a sistemática mais benéfica ao contribuinte, com lastro na proibição do bis in idem, conforme disposto no art. 476A da Instrução Normativa RFB n. 971, de 13 de novembro de 2009: "Art. 476A. No caso de lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) I até 30 de novembro de 2008, deverá ser aplicada a penalidade mais benéfica conforme disposto na alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 1966 (CTN), cuja análise será realizada pela comparação entre os seguintes valores: (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) a) somatório das multas aplicadas por descumprimento de obrigação principal, nos moldes do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009, e das aplicadas pelo descumprimento de obrigações acessórias, nos moldes dos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à Lei nº 11.941, de 2009; e (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) Fl. 374DF CARF MF Processo nº 13502.001235/200794 Acórdão n.º 2402006.966 S2C4T2 Fl. 375 19 b) multa aplicada de ofício nos termos do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) II a partir de 1º de dezembro de 2008, aplicamse as multas previstas no art. 44 da Lei nº 9.430, de 1996. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º, 5º e 6º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010) § 2º Para definição do multiplicador a que se refere a alínea "a" do inciso I, e de apuração do limite previsto nas alíneas "b" e "c" do inciso I do caput, serão considerados, por competência, todos os segurados a serviço da empresa, ou seja, todos os empregados, trabalhadores avulsos e contribuintes individuais verificados em procedimento fiscal, declarados ou não em GFIP. (Incluído(a) pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1027, de 22 de abril de 2010)" Isto posto, entendo que deve prevalecer o encaminhamento consolidado na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009, no sentido de, se for o caso, procederse ao recálculo da multa mais benéfica à Recorrente. Ante o exposto, voto no sentido de CONHECER do Recurso Voluntário (e fls. 217/240), REJEITAR A PRELIMINAR DE DECADÊNCIA, e, no mérito, NEGAR LHE PROVIMENTO, observandose, todavia, o cálculo da multa mais benéfica, se cabível, a ser realizado no momento do pagamento ou parcelamento, consoante disciplinado na Portaria Conjunta PGFN/RFB n. 14/2009. (assinado digitalmente) Luís Henrique Dias Lima Fl. 375DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915907/2013-93
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 02 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
INSUMOS. CONCEITO ESTABELECIDO PELO RESP 1.221.170/PR
À luz decisão do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que deve ser adotada por este colegiado (§ 2° do art. 62 do Anexo II do RICARF), em razão de sua essencialidade, devem ser considerados como insumos, para fins de creditamento de COFINS, os materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento das águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte.
Numero da decisão: 3301-005.769
Decisão:
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve as glosas de material de embalagem para transporte.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente).
Nome do relator: WINDERLEY MORAIS PEREIRA
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CONCEITO ESTABELECIDO PELO RESP 1.221.170/PR À luz decisão do STJ, sob a sistemática dos recursos repetitivos, que deve ser adotada por este colegiado (§ 2° do art. 62 do Anexo II do RICARF), em razão de sua essencialidade, devem ser considerados como insumos, para fins de creditamento de COFINS, os materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento das águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário. Vencida a Conselheira Liziane Angelotti Meira, que manteve as glosas de material de embalagem para transporte. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques d'Oliveira, Ari Vendramini, Salvador Cândido Brandão Junior, Marco Antonio Marinho Nunes, Semíramis de Oliveira Duro, Valcir Gassen e Winderley Morais Pereira (Presidente). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 07 /2 01 3- 93 Fl. 354DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 3 2 Relatório Trata o presente processo de compensação de contribuição não cumulativa, que não restou integralmente homologada em razão do indeferimento parcial do crédito que originava tal pedido, nos termos da informação fiscal que instrui os autos. Cientificado desta decisão, o contribuinte apresentou manifestação de inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, que: • Preliminarmente, solicitase a reunião dos 54 processos administrativos, decorrentes dos 54 despachos decisórios proferidos, em apenas dois, um relativo ao PIS, e outro à Cofins, em razão dos princípios da economia processual, da razoabilidade e da eficiência, assegurados no art. 37 da Constituição, considerando que a questão controvertida é a mesma em todos os casos; • Ainda em sede preliminar, alegase a impossibilidade de se exigir crédito tributário com base apenas no despacho decisório, o que leva à nulidade da exigência formulada, uma vez que somente poderia ser feita por meio de lançamento, nos termos dos arts. 142 do CTN, 9º do Decreto nº 70.235/72, 38 do Decreto nº 7.574/2011; • A autoridade administrativa não pode cobrar débitos sem que tenham sido constituídos por meio do lançamento. Caso a cobrança seja feita de forma diversa e não prevista em lei, será improcedente, devendo ser cancelada; • Nesse sentido, citase jurisprudência do CARF e do STJ; • Assim, resta evidente a necessidade de se anular o despacho decisório, visto que este não é via competente para se fazer cobrança; • O texto das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003 não define o conceito de insumo, nem estabelece quais seriam os bens e serviços passíveis de creditamento; • A autoridade fiscal diverge do entendimento firmado pela doutrina e pela jurisprudência administrativa sobre tal conceito, considerando o disposto nas IN nºs 247/2002 e 404/2004, que interpretaram tal conceito de forma restritiva, tomando por base o conceito de insumo estabelecido na legislação do ICMS e do IPI; • No entanto, tal conceito deve ser analisado de forma ampla, contemplando a totalidade dos dispêndios essenciais para o processo produtivo da empresa, do qual resulta seu faturamento, pois as citadas Leis não apresentam qualquer ressalva quanto ao conceito de insumo, seja em relação à natureza dos bens e serviços adquiridos, seja no que se refere à sua aplicação, direta ou indiretamente, no processo produtivo; • Citase doutrina acerca de tal questão; Fl. 355DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 4 3 • O conceito de insumo deve estar atrelado a tudo que colabora de forma imprescindível à formação de receita, incorporando todas as despesas que sejam essenciais para a atividade comercial e geração de receitas da sociedade; • Assim, a definição do termo “insumo” nas referidas IN não encontra amparo nas Leis citadas, pois restringe o direito ao desconto de créditos de forma arbitrária e sem fundamento, desvirtuandose do princípio da estrita legalidade previsto no art. 150I da Constituição e no art. 97 do CTN, bem como da própria sistemática não cumulativa do PIS e da Cofins, prevista no art. 195, § 12, da Constituição; • As IN expedidas pela RFB são normas secundárias, cuja finalidade exclusiva é esclarecer as disposições contidas em lei, não lhes cabendo inová las ou contrariálas; • O conceito de “insumo” para fins de PIS e Cofins deve ser assemelhado aos conceitos de “custo de produção” e “despesas necessárias”, previstos nos arts. 290I e 299 do RIR, mais amplos que aqueles contidos nas IN citadas; • Ao contrário do ICMS e do IPI, o PIS e a Cofins não dependem de operações específicas para que ocorra seu fato gerador. Ao contrário, dependem apenas da geração de receita/faturamento; • A requerente entende que não apenas o bem ou serviço consumido por sua aplicação direta ao produto final deve ser considerado insumo, mas também os bens ou serviços indispensáveis ao processo produtivo e à geração de receita; • Citase jurisprudência do CARF e da CSRF; • Especificamente em relação às glosas efetuadas, em razão do ramo de atividade exercido pela requerente, é nítida a essencialidade de gastos com materiais de limpeza utilizados na higienização e sanitização de equipamentos e máquinas, assim como os produtos adquiridos com o fim de dispensar tratamento às águas residuais do processo produtivo e os reagentes químicos adquiridos com o fim de realizar análise da qualidade do leite; • Tais gastos são empregados diretamente no processo produtivo, seja para garantir a não contaminação do leite, seja para permitir sua conservação, caracterizandose como insumos por sua essencialidade; • Além disso, tais despesas não são mera liberalidade da requerente, mas exigidas pelos órgãos governamentais para a industrialização e comercialização do leite, ou seja, são imprescindíveis à atividade da empresa. Nesse sentido, citase a Portaria nº 370/1997 e a IN nº 62/2011, do Ministério da Agricultura, órgão responsável pelo controle da industrialização e pelo comércio do leite, além da Portaria nº 177/1999, da Secretaria de Vigilância Sanitária; • Citase decisão do STJ, relativa à aquisição de materiais de limpeza aplicados ao ambiente produtivo, e jurisprudência do CARF; Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 5 4 • Quanto aos materiais de embalagem, a autoridade fiscal incorreu em erro ao efetuar a glosa, uma vez que fazem parte do processo de produção da requerente, tanto a embalagem que envolve o leite, com conteúdo de 1 litro, como também a caixa que acondiciona as doze embalagens e o plástico que as circunda; • Conforme comprovam as fotos da linha de produção da requerente, a máquina responsável pelo acondicionamento do leite inicia a produção inserindo o leite na embalagem de 1 litro e, dentro da mesma máquina, essas embalagens são lacradas e acondicionadas na caixa contendo material mais resistente, voltada para a segurança do produto; • Após, a mesma máquina envolve a caixa com o plástico, para garantir que não haja dano, contaminação ou sujeira nas embalagens durante o transporte; • Assim, a caixa contendo 12 embalagens e o plástico que a envolve não são utilizados pela requerente apenas por opção e conveniência de transporte, mas para segurança do produto. A embalagem individual necessita de uma embalagem de acondicionamento, sob o risco de estourar ou apresentar vazamentos. Logo, tais materiais fazem parte do processo produtivo e integram o produto; • Tal questão já foi objeto de julgamento no STJ e no CARF, conforme decisões transcritas; • Sem a utilização de tais itens seria impossível o transporte e a comercialização do leite, não se tratando de excesso ou de algo desnecessário, não essencial, supérfluo, nem ocasional, mas de embalagem fundamental para a atividade fim da sociedade; • Sobre a glosa das despesas com soro de leite, a requerente esclarece que não tomou crédito sobre tais despesas no período objeto do despacho decisório – 1º tri/2006; • Considerando as alegações trazidas, a empresa requer a realização de diligência, para que, por meio de perícia técnica, seja demonstrada a essencialidade das despesas objeto das glosas, trazendo os quesitos que pretende ver respondidos e indicando seu assistente técnico; • Além disso, a falta de homologação das compensações por parte da autoridade fiscal não pode ensejar a cobrança de multa e juros moratórios, em razão da suspensão da exigibilidade dos créditos tributários; • Para a exigência de tais acréscimos, é condição necessária que o contribuinte encontrese em atraso com o pagamento de crédito tributário, o que não se verifica no presente caso. A requerente só estaria em mora caso houvesse transcorrido 30 dias, contados da data em que teve ciência da decisão que homologou parcialmente seus pedidos de compensação, conforme ordem de intimação a ela encaminhada; • Tal prazo não transcorreu. Pretender tal exigência antes do referido prazo é ato ilegal. Além disso, a presente manifestação suspende a Fl. 357DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 6 5 exigibilidade do crédito. Mesmo depois de findo tal prazo, nenhum valor a título de multa e juros de mora poderá ser exigido enquanto o processo administrativo encontrarse me curso; • A compensação realizada é legal e válida, e implicou quitação do valor compensado, supostamente devido pela requerente. Assim, não há acréscimos a serem cobrados; • Por fim, ainda que algum valor fosse devido a este título, tendo em vista que a requerente, ao proceder à compensação, observou todas as normas e atos administrativos expedidos pela autoridade fiscal, de acordo com o art. 100, parágrafo único, do CTN, deve ser excluída da base de cálculo do tributo “a imposição de penalidades, a cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário”. O colegiado a quo julgou improcedente esta manifestação de inconformidade, nos termos do Acórdão nº 12080.277 Inconformado, o contribuinte interpôs recurso voluntário, no qual repete os argumentos apresentados na manifestação de inconformidade. É o relatório. Voto Conselheiro Winderley Morais Pereira, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3301005.757, de 27 de fevereiro de 2019, proferido no julgamento do processo 10880.915900/201371, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevemse, como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 3301005.757): "O recurso voluntário preenche os requisitos legais de admissibilidade e deve ser conhecido. Tratase de indeferimento parcial de créditos de COFINS e consequente homologação de compensações até o limite do crédito admitido (Despacho Decisório, fl. 90). O Fisco revisou Pedidos de Ressarcimento (PER) e glosou créditos calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite, materiais de embalagem para transporte e soro de leite. Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 7 6 Antes de adentrar nas preliminares e mérito, consigno que a recorrente pleiteou a reunião de 54 processos administrativos, cujas discussões são idênticas ao presente, quais sejam, legitimidade de créditos de COFINS ou PIS, objetos de, aos quais foram vinculados Pedidos de Compensação (DCOMP). O presente processo será julgado sob a sistemática dos "recursos repetitivos", com reunião para julgamento em conjunto de todos os processos conexos que se encontram no CARF. Passemos então à análise dos argumentos de defesa. PRELIMINAR "Nulidade da exigência fiscal vício formal" Alegou que o Despacho Decisório (fl. 90) é nulo, por conter vício formal, pois não pode ser utilizado para exigir créditos tributários decorrentes da instauração de mandado de procedimento fiscal. Apresenta como fundamento o art. 142 do CTN, o art. 9° do Decreto n° 70.235/72, decisões do CARF (Acórdãos n° 20401.613, de 21.8.2006; 10514.097, de 13.5.2003; e 10704.172, de 15.5.1997) e do STJ (Embargos de Divergência do Recurso Especial nº 576.661/RS). Em sua opinião, assim deveria ter procedido a fiscalização (recurso voluntário, fl. 266): "(. . .) 31. Com efeito, uma vez apresentado o pedido de compensação pelo contribuinte, cabe à D. Autoridade Fiscal analisar a procedência do crédito e, posteriormente, homologar ou não a compensação. Caso não seja homologada, deverá ser realizado de ofício o lançamento do débito apurado, mediante a lavratura de Auto de Infração ou Notificação de Lançamento, sob pena de nulidade do ato. 32. Sendo assim, resta claro que há necessidade de reforma do V. Acórdão recorrido, com o reconhecimento da nulidade formal da exigência fiscal formulada, uma vez que o r. despacho decisório não é a via competente para se fazer uma cobrança decorrente de Mandado de Procedimento Fiscal, e tal fato contraria expressamente o disposto no artigo 142, caput e parágrafo único do CTN, além dos artigos 9º do Decreto nº 70.235/72 e 38 do Decreto nº 7.574/2011. (. . .)" Divirjo da recorrente. Não houve lançamentos de ofício, porém cobrança de tributos já lançados, que restaram em aberto, em decorrência da não homologação da compensação. Adoto como fundamento, o Fl. 359DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 8 7 seguinte trecho da decisão de piso, com fulcro no § 1° do art. 50 da Lei n° 9.784/99: "(. . .) DA NULIDADE DO DESPACHO DECISÓRIO Ainda em sede preliminar, o contribuinte alega a impossibilidade de se exigir crédito tributário com base no despacho decisório, pretendendo a nulidade da exigência formulada, uma vez que somente poderia ser feita por meio de lançamento, nos termos dos artigos 142 do CTN, 9º do Decreto nº 70.235/72 e 38 do Decreto nº 7.574/2011. O contribuinte informou no PER/DCOMP nº 24770.42497.080808.1.3.11 8497 a compensação do direito creditório ora em análise com débito de IRPJ, relativo ao PA mar/2008. Em conseqüência do reconhecimento parcial do direito pleiteado, restou um saldo não compensado deste débito, no valor original de R$ 41.256,22, objeto de cobrança no próprio despacho decisório. A utilização de direito de crédito para fins de compensação com débitos administrados pela RFB encontrase prevista e disciplinada pela Lei nº 9.430/96, conforme dispositivos abaixo transcritos: 'Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. § 1o A compensação de que trata o caput será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados. § 2o A compensação declarada à Secretaria da Receita Federal extingue o crédito tributário, sob condição resolutória de sua ulterior homologação. (...) § 6o A declaração de compensação constitui confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente para a exigência dos débitos indevidamente compensados. § 7o Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados. Fl. 360DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 9 8 § 8o Não efetuado o pagamento no prazo previsto no § 7o, o débito será encaminhado à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional para inscrição em Dívida Ativa da União, ressalvado o disposto no § 9o. § 9o É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a nãohomologação da compensação. § 10. Da decisão que julgar improcedente a manifestação de inconformidade caberá recurso ao Conselho de Contribuintes. § 11. A manifestação de inconformidade e o recurso de que tratam os §§ 9o e 10 obedecerão ao rito processual do Decreto no 70.235, de 6 de março de 1972, e enquadram se no disposto no inciso III do art. 151 da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional, relativamente ao débito objeto da compensação. (...)'(Grifouse) Desta forma, não procede a alegação do contribuinte, uma vez que a própria Lei que instituiu a compensação nos moldes em que é realizada atualmente equiparou a Declaração de Compensação a instrumento hábil e suficiente para exigência dos débitos nela declarados, não havendo, portanto, necessidade de se realizar o lançamento para viabilizar a cobrança de tais valores, na hipótese de a compensação não ser homologada, ou ser homologada parcialmente, como ocorreu no presente caso. Na hipótese de não pagamento dos débitos, a Lei prevê, inclusive, sua inscrição em Dívida Ativa da União. Portanto, apresentado o PER/DCOMP pelo contribuinte, os créditos tributários nele confessados e compensados já estão aptos a serem exigidos, na eventual hipótese de não homologação da compensação, ou de sua homologação parcial, independentemente de qualquer ato de ofício da autoridade fiscal relativo à sua constituição, constituindo se a própria Declaração de Compensação em título de cobrança administrativa e execução judicial, por expressa autorização legal. (. . .)" Com base no acima exposto, nego provimento à preliminar de nulidade. MÉRITO A fiscalização glosou créditos calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para Fl. 361DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 10 9 análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Os produtos não se enquadrariam no conceito de insumos, previsto nas IN SRF n° 247/02 e 400/04, que disciplinaram os artigos 3° das Leis n° 10.637/02 e 10.833/03. Em sede do REsp n° 1.221.170/PR, julgado sob a sistemática dos recursos repetitivos, a cuja decisão este colegiado está vinculado (§ 2° do art. 62 do RICARF), o STJ considerou ilegal o conceito de insumos previsto nas IN SRF 247/02 e 400/04 e dispôs que o enquadramento ou não no conceito de insumos deve levar em conta "(. . .) essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte." Reproduzo a ementa da decisão: "EMENTA TRIBUTÁRIO. PIS E COFINS. CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. NÃO CUMULATIVIDADE. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. DEFINIÇÃO ADMINISTRATIVA PELAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS 247/2002 E 404/2004, DA SRF, QUE TRADUZ PROPÓSITO RESTRITIVO E DESVIRTUADOR DO SEU ALCANCE LEGAL. DESCABIMENTO. DEFINIÇÃO DO CONCEITO DE INSUMOS À LUZ DOS CRITÉRIOS DA ESSENCIALIDADE OU RELEVÂNCIA. RECURSO ESPECIAL DA CONTRIBUINTE PARCIALMENTE CONHECIDO, E, NESTA EXTENSÃO, PARCIALMENTE PROVIDO, SOB O RITO DO ART. 543C DO CPC/1973 (ARTS. 1.036 E SEGUINTES DO CPC/2015). 1. Para efeito do creditamento relativo às contribuições denominadas PIS e COFINS, a definição restritiva da compreensão de insumo, proposta na IN 247/2002 e na IN 404/2004, ambas da SRF, efetivamente desrespeita o comando contido no art. 3o., II, da Lei 10.637/2002 e da Lei 10.833/2003, que contém rol exemplificativo. 2. O conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios da essencialidade ou relevância, vale dizer, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de determinado item – bem ou serviço – para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo contribuinte. 3. Recurso Especial representativo da controvérsia parcialmente conhecido e, nesta extensão, parcialmente provido, para determinar o retorno dos autos à instância de origem, a fim de que se aprecie, em cotejo com o objeto social da empresa, a possibilidade de dedução dos créditos relativos a custo e despesas com: água, combustíveis e Fl. 362DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 11 10 lubrificantes, materiais e exames laboratoriais, materiais de limpeza e equipamentos de proteção individualEPI. 4. Sob o rito do art. 543C do CPC/1973 (arts. 1.036 e seguintes do CPC/2015), assentamse as seguintes teses: (a) é ilegal a disciplina de creditamento prevista nas Instruções Normativas da SRF ns. 247/2002 e 404/2004, porquanto compromete a eficácia do sistema de não cumulatividade da contribuição ao PIS e da COFINS, tal como definido nas Leis 10.637/2002 e 10.833/2003; e (b) o conceito de insumo deve ser aferido à luz dos critérios de essencialidade ou relevância, ou seja, considerandose a imprescindibilidade ou a importância de terminado item bem ou serviço para o desenvolvimento da atividade econômica desempenhada pelo Contribuinte. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo no julgamento, por maioria, após o realinhamento feito, conhecer parcialmente do Recurso Especial e, nessa parte, darlhe parcial provimento, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator, que lavrará o ACÓRDÃO. Votaram vencidos os Srs. Ministros Og Fernandes, Benedito Gonçalves e Sérgio Kukina. O Sr. Ministro Mauro Campbell Marques, Assusete Magalhães (voto vista), Regina Helena Costa e Gurgel de Faria (que se declarou habilitado a votar) votaram com o Sr. Ministro Relator. Não participou do julgamento o Sr. Ministro Francisco Falcão. Brasília/DF, 22 de fevereiro de 2018 (Data do Julgamento). NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR" (g.n.) A meu ver, a decisão do STJ está essencialmente em linha com a maior parte das decisões sobre o tema que vêm sendo proferidas pelo CARF e, em particular, com os posicionamentos que este relator tem adotado. Em razão da decisão do STJ, em 18/12/18, a RFB publicou o PN COSIT n° 5/18, em que traz um novo conceito de insumos a ser aplicado no âmbito da RFB e ainda analisa a situação de alguns tipos de bens e serviços à luz do REsp n° 1.221.170/PR. Fl. 363DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 12 11 Extraio os trechos da conclusão do PN COSIT n° 5/18 que demonstram de forma patente a mudança no conceito antes aplicado pela RFB: "(. . .) b) permitese o creditamento para insumos do processo de produção de bens destinados à venda ou de prestação de serviços, e não apenas insumos do próprio produto ou serviço comercializados pela pessoa jurídica; c) o processo de produção de bens encerrase, em geral, com a finalização das etapas produtivas do bem e o processo de prestação de serviços geralmente se encerra com a finalização da prestação ao cliente, excluindose do conceito de insumos itens utilizados posteriormente à finalização dos referidos processos, salvo exceções justificadas (como ocorre, por exemplo, com os itens que a legislação específica exige aplicação pela pessoa jurídica para que o bem produzido ou o serviço prestado possam ser comercializados, os quais são considerados insumos ainda que aplicados sobre produto acabado); (. . .) e) a subsunção do item ao conceito de insumos independe de contato físico, desgaste ou alteração química do bem insumo em função de ação diretamente exercida sobre o produto em elaboração ou durante a prestação de serviço; (. . .) h) havendo insumos em todo o processo de produção de bens destinados à venda e de prestação de serviços, permitese a apuração de créditos das contribuições em relação a insumos necessários à produção de um bem insumo utilizado na produção de bem destinado à venda ou na prestação de serviço a terceiros (insumo do insumo); i) não são considerados insumos os itens destinados a viabilizar a atividade da mão de obra empregada pela pessoa jurídica em qualquer de suas áreas, inclusive em seu processo de produção de bens ou de prestação de serviços, tais como alimentação, vestimenta, transporte, educação, saúde, seguro de vida, etc., ressalvadas as hipóteses em que a utilização do item é especificamente exigida pela legislação para viabilizar a atividade de produção de bens ou de prestação de serviços por parte da mão de obra empregada nessas atividades, como no caso dos equipamentos de proteção individual (EPI); (. . .)" Consignado o conceito de insumos, transcrevo excertos da "Informação Fiscal" (fls. 67 a 84) que instruiu o Despacho Fl. 364DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 13 12 Decisório (fl. 90), em que o agente fiscal dispõe sobre os tipos de produtos cujos créditos foram glosados: "(. . .) DOS BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS COMO INSUMOS PRODUTOS QUÍMICOS UTILIZADOS EM OPERAÇÕES ACESSÓRIAS AO PROCESSO PRODUTIVO (. . .) 51. Tendo em vista que a interessada tem como objeto a produção e venda de derivados de leite e laticínios em geral, os materiais de limpeza utilizados na higienização e sanitização de equipamentos e máquinas são, no âmbito da produção executada pela interessada, insumos indiretos de produção e, como não estão literalmente dispostos na legislação pertinente, não geram direito a crédito, tanto no cálculo da Contribuição para o PIS/Pasep quanto no da Cofins, nos termos do art. 3º, inciso II, respectivamente das Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. 52. O mesmo pode se dizer a respeito dos produtos adquiridos com o fim de dispensar tratamento às águas residuais do processo produtivo e os reagentes químicos adquiridos com o fim de realizar análise da qualidade, que não têm vínculo intrínseco com a produção e são, na verdade, necessários a operações paralelas que dão suporte ao processo produtivo. (. . .) DOS MATERIAIS DE EMBALAGEM (. . .) 62. No caso em tela, como já consignado, o sujeito passivo atua no ramo de laticínios e tem como principal atividade a produção e venda de leite industrializado. 63. Encontramos em suas planilhas descritivas de créditos aquisições de papelão cortado em forma própria, moldados para a montagem de caixotes; e bobinas de filme plástico classificados nos códigos NCM 39.20.10.99, 3920.10, 3920.10.10, 3920.10.90, 3920.10.99, 3921.19, 48.19.10.01, 4819.00, 4819.10, 4819.10.01, 4819.50 e 4823.90.99. 64. Uma parte do filme plástico é utilizada pelo sujeito passivo para envolver o conjunto de caixotes contendo 12 caixas de 1 litro de leite transportados em pallets. Vale dizer que esse plástico sequer chega ao consumidor final, sendo descartado pelos varejistas assim que o Fl. 365DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 14 13 produto é integrado ao estoque, enquadrandose, portanto, no conceito de “embalagem para transporte”. 65.Já o papelão moldado e a outra parte do filme plástico são utilizados para a confeccionar e envolver os caixotes para o transporte de 12 caixas de leite do tipo “Tetrapak” contendo 1 litro cada envoltas em filme plástico. 66. Vale lembrar que o leite é vendido ao consumidor no varejo individualmente por cada caixa de 1 litro. Os caixotes de papelão, embora encontrados na venda a varejo, ali estão por liberalidade do vendedor, não sendo praticada a compra do caixote contendo 12 litros de leite e sim a compra individual de 12 caixas de 1 litro de leite, de modo que o caixote é levado por conveniência das partes com o objetivo de facilitar o transporte. 67. Fica claro que os caixotes de papelão e o filme plástico que os envolve enquadramse na definição de “embalagem para transporte” e, assim, não ensejam apuração de créditos das contribuições. 68. Desta forma, o papelão moldado, utilizado na confecção de caixotes, e o filme plástico, utilizados para envolver individualmente ou em conjunto os referidos caixotes para transporte em pallets, foram glosados pela Fiscalização. (. . .)" (g.n.) Meu voto é no sentido de acatar todos os créditos em discussão, quais sejam, os calculados sobre compras de materiais de limpeza e desinfecção das máquinas e equipamentos industriais, produtos para tratamento às águas residuais do processo produtivo, reagentes químicos para análise da qualidade do leite e materiais de embalagem para transporte. Entendo que são elementos essenciais para a conclusão satisfatória do processo produtivo, bem como para garantir que os produtos (alimentícios) sejam oferecidos aos clientes em perfeitas condições. Não se admite que uma empresa do ramo alimentício não empregue os devidos esforços para manter em perfeito estado de limpeza e conservação as máquinas que preparam alimentos para consumo humano. E este rigor deve ser ainda maior, quando se trata de verificar se os produtos estão aptos para o consumo, por meio de testes de qualidade. Em sua defesa, a recorrente menciona a Portaria do Ministério da Agricultura e do Abastecimento n° 370/1997, que exige que o industrial aplique testes para certificarse de que o leite atende aos padrões legais exigidos. Fl. 366DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 15 14 Com relação às embalagem, conforme descrição contida na "Informação Fiscal", acima transcrita, tratase de filme plástico e caixa de papelão. Consta da peça recursal que se destinam à proteção das caixas "Tetrapak", onde é acondicionado o leite. O processo de produção somente pode ser tido como concluído, após a obtenção do produto final, no formato em que será transportado para o consumo. E todos os elementos que são adicionados ao produto têm sua função, posto que nenhum empresário deseja onerar desnecessariamente o custo de seu produto, em prejuízo de sua margem de lucro ou mesmo que o obrigasse a aumentar o preço, reduzindo sua competitividade no mercado. O filme plástico e a caixa de papelão são imprescindíveis à manutenção da integridade do leite, produto para consumo humano. Passa, sem sombra de dúvida, por qualquer teste que adote o critério de "essencialidade ou relevância" estabelecido pela citada decisão do STJ. E, por fim, não se poderia admitir que bem os resíduos industriais fossem dispensados, sem o devido tratamento, posto que colocariam em risco o meio ambiente, o que ao certo colidiria com a legislação aplicável. Assim, reputo que estão compreendidos no conceito de insumos e podem ser computados nas bases de cálculo dos créditos de COFINS. Não obstante, cumpre destacar que, exceto quanto os créditos sobre material de embalagem para transporte, os demais foram expressamente citados pelo PN COSIT n° 5/18 como produtos que devem ser tidos como insumos, à luz da decisão do STJ, como segue (trechos do PN COSIT n° 5/18): "(. . .) 53.São exemplos de itens utilizados no processo de produção de bens ou de prestação de serviços pela pessoa jurídica por exigência da legislação que podem ser considerados insumos para fins de creditamento da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) no caso de indústrias, os testes de qualidade de produtos produzidos exigidos pela legislação4; b) tratamento de efluentes do processo produtivo exigido pela legislação c) no caso de produtores rurais, as vacinas aplicadas em seus rebanhos exigidas pela legislação, etc. (. . .) 98. Como relatado, na presente decisão da Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça, os Ministros consideraram elegíveis ao conceito de insumos os “materiais de limpeza” descritos pela recorrente como “gastos gerais de fabricação” de produtos alimentícios. Fl. 367DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 16 15 99. Aliás, também no REsp 1246317 / MG, DJe de 29/06/2015, sob relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, foram considerados insumos geradores de créditos das contribuições em tela “os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios”. 100. Malgrado os julgamentos citados refiramse apenas a pessoas jurídicas dedicadas à industrialização de alimentos (ramo no qual a higiene sobressai em importância), parece bastante razoável entender que os materiais e serviços de limpeza, desinfecção e dedetização de ativos utilizados pela pessoa jurídica na produção de bens ou na prestação de serviços podem ser considerados insumos geradores de créditos das contribuições. 101. Isso porque, à semelhança dos materiais e serviços de manutenção de ativos, tratase de itens destinados a viabilizar o funcionamento ordinário dos ativos produtivos (paralelismo de funções com os combustíveis, que são expressamente considerados insumos pela legislação) e bem assim porque em algumas atividades sua falta implica substancial perda de qualidade do produto ou serviço disponibilizado, como na produção de alimentos, nos serviços de saúde, etc. (. . .) 150.De outra banda, a análise é mais complexa acerca dos testes de qualidade aplicados sobre produtos que já finalizaram sua montagem industrial ou sua produção (produtos acabados). Conquanto tais testes sejam realizados em momento bastante avançado do processo de produção, é inexorável considerálos essenciais ao este processo, na medida em que sua exclusão priva o processo de atributos de qualidade. 151.Assim, são considerados insumos do processo produtivo os testes de qualidade aplicados anteriormente à comercialização sobre produtos que já finalizaram sua montagem industrial ou sua produção, independentemente de os testes serem amostrais ou populacionais. 152.Por fim, salientase que os testes de qualidade versados nesta seção são aqueles aplicados por escolha da pessoa jurídica, vez que os testes de qualidade aplicados por exigência da legislação estão versados na seção BENS E SERVIÇOS UTILIZADOS POR IMPOSIÇÃO LEGAL. (. . .)" (g.n.) Por outro lado, apesar de propor que sejam acatados os créditos correlatos, também consigno que a RFB manteve o Fl. 368DF CARF MF Processo nº 10880.915907/201393 Acórdão n.º 3301005.769 S3C3T1 Fl. 17 16 entendimento de que material de embalagem para transporte não gera créditos: "(. . .) 56. Destarte, exemplificativamente não podem ser considerados insumos gastos com transporte (frete) de produtos acabados (mercadorias) de produção própria entre estabelecimentos da pessoa jurídica, para centros de distribuição ou para entrega direta ao adquirente6, como: a) combustíveis utilizados em frota própria de veículos; b) embalagens para transporte de mercadorias acabadas; c) contratação de transportadoras. (. . .)" Isto posto, voto por dar provimento integral ao recurso voluntário." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado decidiu por dar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Fl. 369DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.653317/2016-12
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Feb 27 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2013 a 30/09/2013
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. HIPÓTESES DE CABIMENTO.
Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciar-se a turma.
Numero da decisão: 3201-005.126
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Declaratórios interpostos, sem efeitos infringentes, para adequar a fundamentação do voto transcrito no acórdão embargado ao que restou decidido em sede de Embargos no processo nº 19311.720238/2016-45.
(assinado digitalmente)
Charles Mayer de Castro Souza - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior.
Nome do relator: CHARLES MAYER DE CASTRO SOUZA
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HIPÓTESES DE CABIMENTO. Cabem embargos de declaração quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual devia pronunciarse a turma. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os Embargos Declaratórios interpostos, sem efeitos infringentes, para adequar a fundamentação do voto transcrito no acórdão embargado ao que restou decidido em sede de Embargos no processo nº 19311.720238/201645. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Charles Mayer de Castro Souza (Presidente), Paulo Roberto Duarte Moreira, Tatiana Josefovicz Belisario, Marcelo Giovani Vieira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima, Leonardo Correia Lima Macedo, Leonardo Vinicius Toledo de Andrade e Laercio Cruz Uliana Junior. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 65 33 17 /2 01 6- 12 Fl. 647DF CARF MF 2 Tratase de Embargos de Declaração interpostos tempestivamente pelo conselheiro relator, contra o Acórdão nº 3201004.215, de 25/09/2018, proferido pela 1ª Turma da 2ª Câmara desta 3ª Seção. Conforme suscitado, houve uma contradição entre os fundamentos do voto condutor do acórdão embargado e a sua parte dispositiva, especificamente quanto à matéria relativa à glosa de créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica "não agroindustrial". É o Relatório. Voto Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza, Relator. Com efeito, o acórdão embargado incorreu numa inequívoca contradição, uma vez que, na decisão nele transcrita, proferida nos autos do processo administrativo nº 19311.720238/201645, não obstante negado provimento, na integralidade, ao Recurso de Ofício, conforme parte dispositiva do acórdão, mantevese a redação original do voto levado à sessão de julgamento que lhe dava provimento quanto ao direito aos créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica "não agroindustrial". Eis o excerto em que a matéria é apreciada: Discordamos, no entanto, quanto ao entendimento em relação aos créditos presumidos oriundos de aquisição de cana de açúcar de pessoa jurídica ͞"não agroindustrial". Não obstante admitidos no acórdão recorrido, ao fundamento de que o fato de a empresa vendedora não desenvolver atividade agropecuária não impediria o creditamento, uma vez não haver qualquer exigência legal no sentido de qualificar o vendedor dos bens que ensejariam o crédito presumido em tela, a verdade é que somente a aquisição da canadeaçúcar efetuada junto a pessoa jurídica ou cooperativa de produção que exerça atividade agropecuária dá direito à apuração e à dedução do crédito presumido de que trata o art. 8º da lei nº 10.925, de 2004. É o que se extrai da própria lei (inciso III do § 1º, supra), daí que, ao menos quanto a esta matéria, divergimos do voto acima reproduzido, para manter a glosa efetuada pela fiscalização, de sorte que ao recurso de ofício deve ser dado parcial provimento. Todavia, durante o julgamento do processo nº 19311.720238/201645, modificamos o nosso entendimento e passamos a adotar a decisão proferida pela DRJ com relação à matéria, cujos fundamentos ora reproduzimos, uma vez que, Conforme amostragem realizada pela IMPUGNANTE as fls. 1054 e 1055 desse processo, as pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, são produtores de canade açúcar, conforme critério adotado AUTORIDADE FISCAL da DRF/Jundiaí: possuem pelo menos um CNAE em que consta tal atividade. Pesquisas feitas por amostragem nos sistemas internos da RFB a partir da relação das pessoas jurídicas, de cujas compras os créditos apurados foram glosados, também apontam possuir, além do CNAE relacionado pela AUTORIDADE FISCAL da Fl. 648DF CARF MF Processo nº 10880.653317/201612 Acórdão n.º 3201005.126 S3C2T1 Fl. 648 3 DRF/Jundiaí, CNAE relacionado à atividade agroindustrial ou agropecuária. Além disso a informação que consta no CNAE não é por si só suficiente para caracterizar que a empresa não exerça atividade agropecuária. Errada, portanto, a acusação fiscal nessa questão, devendo ser cancelada essa glosa. Ante o exposto, voto por ACOLHER os Embargos Declaratórios interpostos, sem efeitos infringentes, sem efeitos infringentes, para adequar a fundamentação do voto transcrito no acórdão embargado ao que restou decidido em sede de Embargos no processo nº 19311.720238/201645. É como voto. (assinado digitalmente) Charles Mayer de Castro Souza Fl. 649DF CARF MF
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Numero do processo: 15504.017415/2008-84
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Mon Feb 11 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Tue Apr 09 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2004 a 31/12/2004
ESCREVENTES E AUXILIARES DE SERVIÇOS NOTARIAIS. VINCULAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS.
A partir da alteração do art. 40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao RGPS, como segurados empregados.
Numero da decisão: 2301-005.904
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso.
João Maurício Vital - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente).
Nome do relator: JOAO MAURICIO VITAL
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. João Maurício Vital - Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente).
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VINCULAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. RGPS. A partir da alteração do art. 40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao RGPS, como segurados empregados. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em NEGAR PROVIMENTO ao recurso. João Maurício Vital Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio Sávio Nastureles, Alexandre Evaristo Pinto, Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Francisco Ibiapino Luz (Suplente Convocado), Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e João Mauricio Vital (Presidente). Relatório Tratase de lançamento de multa isolada, Debcad nº 37.168.4994, por haver, o contribuinte, omitido informações em Gfip relativas ao período de 01/2004 a 12/2004. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 50 4. 01 74 15 /2 00 8- 84 Fl. 81DF CARF MF 2 Foi apresentada impugnação na qual, essencialmente, a impugnante alegou que os funcionários não estão vinculados ao Regime Geral da Previdência Social (RGPS), mas a regime próprio. Também alegou a inconstitucionalidade da contribuição previdenciária sobre os rendimentos de autônomos. A impugnação foi considerada improcedente. Foi manejado recurso voluntário que reafirmou a alegação da impugnação, rechaçando os fundamentos da decisão recorrida. É o relatório. Voto Conselheiro João Maurício Vital, Relator. O recurso é tempestivo e dele conheço. A matéria central do recurso é a vinculação dos empregados do cartório ao RGPS. Sustentou, a recorrente, que seus empregados não poderiam estar vinculados a esse regime porque já se encontram abrangidos por regime próprio, mantido pelo Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). A situação é, em tudo, idêntica à que esta turma se deparou quando proferiu o Acórdão nº 2301005.230. Na ocasião, o colegiado, por unanimidade, entendeu que os empregados de cartórios e serventias judiciais são contribuintes do RGPS. Portanto, faço dos fundamentos daquele acórdão o meus próprios fundamentos para decidir: O cerne do recurso repousa na alegação de que os escreventes e auxiliares notariais não seriam segurados obrigatórios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), pois, segundo o recorrente, eles estariam vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) do Estado de Minas Gerais. Do regime jurídico aplicável aos escreventes e auxiliares notariais O artigo 236 da Constituição Federal estabelece que “os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público”: Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. § 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário. § 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro. Fl. 82DF CARF MF Processo nº 15504.017415/200884 Acórdão n.º 2301005.904 S2C3T1 Fl. 72 3 § 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses. (Grifouse.) Esse dispositivo demonstra que a intenção do legislador foi excluir o Estado da condição de empregador. O art. 20 da Lei nº 8.935, de 1994, editada para concretizar as disposições do art. 236 da Constituição, trilhou no mesmo sentido, deixando para os notários e os oficiais de registro a tarefa de contratar seus auxiliares e escreventes pelo regime celetista: Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994. Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados, com remuneração livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho. (Grifouse.) Resta claro, portanto, que os notários e os registradores são os responsáveis pelas obrigações trabalhistas decorrentes da relação de trabalho no âmbito das atividades notarial e registral. A seu turno, o art. 40 da Lei 8.935, de 1994, preceitua que os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são segurados obrigatórios do RGPS: Art. 40. Os notários, oficiais de registro, escreventes e auxiliares são vinculados à previdência social, de âmbito federal, e têm assegurada a contagem recíproca de tempo de serviço em sistemas diversos. (grifos nossos) Dessa maneira, os escreventes e auxiliares admitidos após a vigência da Lei nº 8.935, de 1994 são contratados pelos notários e oficiais de registro na qualidade de empregados e sob o regime da legislação do trabalho, sendo obrigatoriamente vinculados ao Regime Geral de Previdência Social. Porém, de acordo com o art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, no caso específico dos escreventes e os auxiliares de cartório contratados até 20/11/1994, data de início da vigência dessa lei, somente continuaram vinculados ao RPPS e, por conseguinte, excluídos do RGPS, aqueles que, à época da promulgação da lei em tela, já eram titulares de cargo público de provimento efetivo ou em regime especial e desde que não tenham feito a opção de que trata o art. 48 da Lei n° 8.935, de 1994: Art. 48. Os notários e os oficiais de registro poderão contratar, segundo a legislação trabalhista, seus atuais Fl. 83DF CARF MF 4 escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial desde que estes aceitem a transformação de seu regime jurídico, em opção expressa, no prazo improrrogável de trinta dias, contados da publicação desta lei. §1º Ocorrendo opção, o tempo de serviço prestado será integralmente considerado, para todos os efeitos de direito. §2º Não ocorrendo opção, os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo, vedadas novas admissões por qualquer desses regimes, a partir da publicação desta lei. (Grifouse.) Nesse sentido, também o Decreto nº 3049, de 1999, art. 9º, inciso I, letra “o”: Art. 9º São segurados obrigatórios da previdência social as seguintes pessoas físicas: I – como empregado: (...) o) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994; (Grifouse.) Entendese como titulares de cargos efetivos aqueles que contam com a nomeação em caráter definitivo, permanente e com prévia aprovação em concurso público, estando vinculados à Administração Pública direta (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), incluídos também os servidores de suas autarquias e fundações públicas, estas instituídas na modalidade de pessoa jurídica de direito público, nos termos do art. 37, II da Constituição Federal. Já cargos de natureza especial são cargos cujas atribuições tornam impossível ou não recomendável o provimento por concurso público, como assentou o Min. Joaquim Barbosa no Agravo Regimental no Recurso Extraordinário n.º 199.649/SC. E, certamente, os escreventes e os auxiliares das serventias de justiça não oficializadas não executam atribuições singulares, tecnicamente especializadas, que desaconselhem ou desautorizem o certame público: exercem, isso sim, funções marcadas pela sua natureza generalista, como descrito no Processo nº 2012/41723 – Corregedoria Geral da Justiça do Estado de São Paulo (https://www.26notas.com.br/blog/?p=6004). Fl. 84DF CARF MF Processo nº 15504.017415/200884 Acórdão n.º 2301005.904 S2C3T1 Fl. 73 5 Pois bem, quanto à questão inerente ao regime previdenciário, o caput e § 13 do art. 40 da Constituição Federal, a contar da promulgação da Emenda Constitucional nº 20, de 1998 (EC 20), reservou os Regimes Próprios de Previdência Social, exclusivamente, aos servidores públicos titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações. Eis o texto: Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplicase o regime geral de previdência social. (Grifouse.) Assim, a Lei 9.717, de 1998, editada já sob o regime jurídico imposto pela EC 20, de 1998, estabeleceu como requisito essencial para a vinculação a RPPS que o segurado seja (a) servidor público titular de cargo efetivo do ente estatal respectivo ou (b) militar: Lei nº 9.717, de 27 de novembro de 1998 Art.1º Os regimes próprios de previdência social dos servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos militares dos Estados e do Distrito Federal deverão ser organizados, baseados em normas gerais de contabilidade e atuária, de modo a garantir o seu equilíbrio financeiro e atuarial, observados os seguintes critérios: (...) V – cobertura exclusiva a servidores públicos titulares de cargos efetivos e a militares, e a seus respectivos dependentes, de cada ente estatal, vedado o pagamento de benefícios, mediante convênios ou consórcios entre Estados, entre Estados e Municípios e entre Municípios; (Grifouse.) Trilhando no mesmo sentido, o art. 13 da Lei 8.212, de 1991, na redação dada pela Lei 9.876, de 1999, cuidou de se adequar às disposições da Constituição Federal, tratando da exclusiva inserção em RPPS dos servidores públicos titulares de cargo Fl. 85DF CARF MF 6 efetivo, ficando os demais automaticamente vinculados ao RGPS. Art. 13. O servidor civil ocupante de cargo efetivo ou o militar da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, bem como o das respectivas autarquias e fundações, são excluídos do Regime Geral de Previdência Social consubstanciado nesta Lei, desde que amparados por regime próprio de previdência social. (Redação dada pela Lei 9.876, de 1999). (Grifouse.) Assim, os escreventes e auxiliares devem ser considerados segurados obrigatórios do RGPS se (a) à época da publicação da EC 20, de 1998, não detivessem titularidade de cargo público em provimento efetivo, ou por outro lado, (b) se à época da entrada em vigor da Lei 8.935, de 1994, tais trabalhadores, mesmo sendo titulares de cargo efetivo, tenham optado pelo regime celetista na forma assentada no art. 48 da Lei 8.935, de 1994. Nesse contexto, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, em caso análogo, se assentou, em julgamento de ação concentrada, pela inconstitucionalidade material de norma estadual que inclua como segurados obrigatórios de seu RPPS os cartorários extrajudiciais (notários, registradores, oficiais maiores e escreventes juramentados) admitidos antes da vigência da Lei federal 8.935/94: PREVIDENCIÁRIO E CONSTITUCIONAL. LEI ESTADUAL QUE INCLUIU NO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SEGURADOS QUE NÃO SÃO SERVIDORES DE CARGOS EFETIVOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL. 1. O art. 40 da Constituição de 1988, na redação hoje vigente após as Emendas Constitucionais 20/98 e 41/03, enquadra como segurados dos Regimes Próprios de Previdência Social apenas os servidores titulares de cargo efetivo na União, Estado, Distrito Federal ou Municípios, ou em suas respectivas autarquias e fundações públicas, qualidade que não aproveita aos titulares de serventias extrajudiciais. 2. O art. 95 da Lei Complementar 412/2008, do Estado de Santa Catarina, é materialmente inconstitucional, por incluir como segurados obrigatórios de seu RPPS os cartorários extrajudiciais (notários, registradores, oficiais maiores e escreventes juramentados) admitidos antes da vigência da Lei federal 8.935/94 que, até 15/12/98 (data da promulgação da EC 20/98), não satisfaziam os pressupostos para obter benefícios previdenciários. 3. Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, com modulação de efeitos, para assegurar o direito adquirido dos segurados e dependentes que, até a data da publicação Fl. 86DF CARF MF Processo nº 15504.017415/200884 Acórdão n.º 2301005.904 S2C3T1 Fl. 74 7 da ata do presente julgamento, já estivessem recebendo benefícios previdenciários juntos ao regime próprio paranaense ou já houvessem cumprido os requisitos necessários para obtêlos. (STF, ADI 4641; Rel: Min. Teori Zavascki) (Grifouse.) A seu turno, o Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que com o advento da Emenda Constitucional 20, de 1998, ao modificar o teor da redação do art. 40 da Constituição Federal, passou a restringir o regime próprio de previdência somente aos titulares de cargos efetivos, tendo sido esta redação mantida pela Emenda Constitucional 41, de 2003, com a indicação, no seu art. 3º, de que deveriam ser preservados somente os direitos daqueles que já estivessem em condição de fruição destes: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CARTÓRIO. REGIME PREVIDENCIÁRIO. POSTULAÇÃO DE MANUTENÇÃO NO REGIME PRÓPRIO. IMPOSSIBILIDADE. ART. 40 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. PRECEDENTES. AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO A REGIME JURÍDICO. INEXISTÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. Cuidase de recurso ordinário em mandado de segurança no qual delegatários notários e registradores de cartório pleiteiam a sua manutenção de vínculo previdenciário ao regime estatal próprio e se insurgem contra sua migração ao regime geral de previdência social; alegam violação do direito adquirido e à segurança jurídica. 2. O advento da Emenda Constitucional n. 20/1998, ao modificar o teor da redação do art. 40 da Constituição Federal, passou a restringir o regime próprio de previdência somente aos titulares de cargos efetivos, tendo sido esta redação mantida pela Emenda Constitucional n. 41/2003, com a indicação, no seu art. 3º, de que deveriam ser preservados somente os direitos daqueles que já estivessem em condição de fruição destes. 3. A modificação jurídica evidenciou que os notários e registradores, por força de alteração do texto constitucional, tiveram efetivada uma mudança no seu regime previdenciário; se tivessem atingido os requisitos para aposentadoria compulsória, poderiam requerêla com base no regime anterior e, em caso contrário, haveria a sua migração ao regime geral de previdência social. Precedentes: RMS 28.394/RS, Rel. Min. Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe 8.10.2013; RMS 28.362/RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 6.8.2012; e RMS 30.378/RS, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, DJe 30.8.2011. (STJ ROMS 201303838958 DJE DATA:13/08/2014) Fl. 87DF CARF MF 8 PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO. SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO. VINCULAÇÃO DE TABELIÃES A REGIME PREVIDENCIÁRIO PRÓPRIO DOS SERVIDORES PÚBLICOS E PERCEPÇÃO DE VENCIMENTOS E VANTAGENS PAGAS PELO COFRES PÚBLICOS. IMPOSSIBILIDADE. DIREITO ADQUIRIDO NÃO CONFIGURADO. PRECEDENTES. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Nos termos da orientação jurisprudencial do STJ, os notários e os registradores não possuem direito de serem mantidos no regime próprio dos servidores públicos, com exceção das hipóteses com as seguintes especificidades: i) o atendimento de todos os requisitos para a aposentadoria em época anterior à EC n. 20/98; ii) a não cumulação do regime próprio dos servidores com o geral. 2. Na hipótese dos autos, a leitura da sentença e do acórdão a quo indica a ausência desses dois requisitos capazes de excepcionar a regra da ausência de direito adquirido à manutenção no regime próprio dos servidores. 3. Agravo regimental não provido. (AGRESP 201202550620 STJ DJE DATA:16/06/2015) (Grifouse.) À mesma conclusão se chega, no caso concreto, mesmo que nos atenhamos ao texto da Lei 8.935, de 1994, que no 3§ (sic) do art. 48 (já transcrito) define que “os escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial continuarão regidos pelas normas aplicáveis aos funcionários públicos ou pelas editadas pelo Tribunal de Justiça respectivo”, no caso de não ter realizado a opção pelo regime celetista. Ocorre que o contribuinte foi intimado a apresentar o ato de nomeação dos detentores de cargo efetivo, amparado pelo regime próprio da Previdência Social (efl. 40), quedandose silente. Ora, não é possível, como quer o contribuinte, inverter o ônus da prova para entender que cabe ao fisco a realização da prova (negativa) de que os seus funcionários não são detentores de cargo efetivo. Por outro lado, não provada a existência de qualquer funcionário detentor de cargo efetivo, por si só já obriga a filiação destes trabalhadores ao RGPS, o que é suficiente para justificar o lançamento. A Instrução Normativa RFB 1.453, de 2014, art. 6º, XXI e XXIII, somente vem a reforçar o entendimento aqui manifestado, ao dispor que: Art. 6º Deve contribuir obrigatoriamente na qualidade de segurado empregado: (...) XXI o escrevente e o auxiliar contratados até 20 de novembro de 1994 por titular de serviços notariais e de registro, sem investidura estatutária ou de regime Fl. 88DF CARF MF Processo nº 15504.017415/200884 Acórdão n.º 2301005.904 S2C3T1 Fl. 75 9 especial; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014) (...) XXIII o contratado por titular de serventia da justiça, sob o regime da legislação trabalhista; (Redação dada pelo(a) Instrução Normativa RFB nº 1453, de 24 de fevereiro de 2014). (Grifouse.) No mesmo sentido, a Solução de Consulta nº 9 – Cosit, de 8 de março de 2018: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS AUXILIAR DE CARTÓRIO. VINCULAÇÃO AO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – (RGPS). A partir da alteração do art.40 da CF/88 pela Emenda Constitucional nº 20, de 16 de dezembro de 1998, apenas os servidores públicos efetivos da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações, são vinculados ao Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Desde então, os escreventes e o auxiliares de cartório contratados pelos serviços notariais ou de registro, inclusive os estatutários e de regime especial que não fizeram a opção pelo regime celetista de que trata o §2º do art. 48 da Lei nº 8.935, de 1994, são vinculados ao (RGPS), como segurados empregados, conforme a alínea “a”, inciso I, art.12 da Lei nº 8.212, de 1991, devendo ser declarados na GFIP no código de recolhimento 115. (Grifouse.) A seu turno, diferentemente do que entendeu o recorrente, o item 4 da solução de consulta por ele formulada (efls. 148 a 154) não reconhece que os escreventes e auxiliares contratados antes de 21/11/1994 não são regidos pelo RGPS, mas que escreventes e auxiliares contratados a partir de 21/11/1994 são regidos pelo RGPS: 4. Já de acordo com o disposto na alínea "o" do inciso I do art. 9º do RPS, o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, em conformidade com a Lei nº 8.935, de 18 de novembro de 1994, s~]ao segurados obrigatórios da Previdência Social como empregados. Já a Portaria MPAS n° 2.701/95, define tão somente que “A partir de 21 de novembro de 1994, os escreventes e auxiliares contratados por titular de serviços notariais e de registro serão admitidos na qualidade de empregados, vinculados Fl. 89DF CARF MF 10 obrigatoriamente ao Regime Geral da Previdência Social” (art. 2º). Não analisa o caso particular dos filiados ao IPSMG nem dispõe sobre o regime aplicável, à época (1995, ou seja, anteriormente à publicação da EC 20, de 1998) os escreventes e auxiliares contatados antes de 21 de novembro de 1994. não socorre, pois, o contribuinte. Desse modo, por qualquer ângulo que examinemos a questão, são os escreventes e auxiliares notariais em questão filiados obrigatórios do RGPS. Em resumo, a própria Lei nº 8.935, de 1994, em seu § 2º do art. 48, somente permitiu que escreventes e auxiliares de investidura estatutária ou em regime especial mantivessemse vinculados ao regime próprio. E mesmo assim, a partir de 1998, mcom o advento da Emenda Constitucional nº 20, de 15 de dezembro de 1998, somente podem se vincular a regimes próprios de previdência os funcionários públicos de cargo efetivo dos entes federados, o que não inclui os empregados dos serviços notariais e de registro. Quanto ao cálculo da multa, há que se aplicar o disposto na Súmula Carf nº 119. Porém, o valor das contribuições previdenciárias omitidas das Gfip corresponde a R$ 168.468,09 (efls. 15 e 16), o que implicaria em multa de ofício de 75% no valor de R$ 126.351,07. O valor do lançamento nestes autos é de R$ 30.117,36. Portanto, claramente se vê que se aplicou a forma de cálculo mais vantajosa ao sujeito passivo, não havendo nada a alterar em relação ao montante autuado. Conclusão Voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. João Maurício Vital Relator Fl. 90DF CARF MF
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Numero do processo: 10183.720140/2006-54
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Jun 17 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 2003
Ementa:
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL. ISENÇÃO. ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00.
A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se requisito para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, urna isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, §1°, da Lei n.° 6.938/81.
IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ÁREA DE RESERVA LEGAL.
A partir do exercício de 2002, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observando-se a função social da propriedade e os critérios previstos no §4° do art. 16 do Código Florestal.
A averbação da área de reserva legal à margem da matricula do imóvel 6, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto.
Hipótese em que o Recorrente comprovou documentalmente a existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal, mediante a apresentação de Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado com o IBAMA, devidamente averbado à margem da matricula do imóvel, laudo técnico de avaliação, acompanhado da respectiva Anotação de
Responsabilidade Técnica, e laudo de vistoria do IBAMA.
Recurso provido.
Numero da decisão: 2101-000.560
Decisão: ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR provimento ao recurso, nos termos do voto do Relator.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - valor terra nua
Nome do relator: ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA
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ISENÇÃO. AREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E DE RESERVA LEGAL. ATO DECLARATÓRIO AMBIENTAL (ADA). OBRIGATORIEDADE A PARTIR DE LEI 10.165/00. A apresentação do ADA, a partir do exercício de 2001, tornou-se re quisito para a frui ção da redução da base de cálculo do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, passando a ser, regra geral, urna isenção condicionada, tendo em vista a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, §1°, da Lei n.° 6.938/81. IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ÁREA DE RESERVA LEGAL. A partir do exercício de 2.002, a localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental competente, observando-se a fun ção social da propriedade e os critérios previstos no §4° do art. 16 do Código Florestal. A averbação da área de reserva legal à margem da matricula do imóvel 6, regra geral, necessária para sua exclusão da base de cálculo do imposto. Hipótese em que o Recorrente comprovou documentalmente a existência das áreas de preservação permanente e de reserva le gal, mediante a apresentação de Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal firmado corn o IBAMA, devidamente averbado à margem da matricula do imóvel, laudo técnico de avaliação, acompanhado da respectiva Anota ção de Responsabilidade Técnica, e laudo de vistoria do IBAMA. Recurso provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os Membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em DAR ao recurso, nos termos do voto do RelateF ) - Presidente ALEXANDRE NAOKI NISHIOKA — Relator EDITADO EM: 0 .5 JAN 2011 Participaram do julgamento os Conselheiros Caio Marcos Cândido, Ana Neyle O inpio Holanda, Alexandre Naoki Nishioka, José Raimundo Tosta Santos, Odmir Femande e Gonçalo Bonet Allage.. Trata-se de recurso voluntário (fls. 104/121) interposto, em 25 de agosto de a o acórdão de fls. 89/95, do qual o Recorrente teve ciência em 25 de julho de 2008 roferido pela la Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Campo S), que, por unanimidade de votos, julgou procedente a notificação de lançamento 5, lavrada em 20 de setembro de 2006, em virtude da falta de recolhimento do ITR, rte ao exercício de 2003. 1 A Recorrida julgou procedente o lançamento, por meio de acórdão que teve a enta: 1 "ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL ITR Exercício: 2003 AREAS DE RESERVA LEGAL. ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. ADA. Por exigência de Lei, para ser considerada isenta, a Area de reserva legal deve estar averbada na Matricula do imóvel junto ao Cartório de Registro de Imóveis a ser reconhecida mediante Ato Declaratorio Ambiental — ADA, cujo requerimento deve ser protocolado dentro do prazo estipulado. 0 ADA é igualmente exigido para a comprovação das Areas de preservação permanente. VALOR DA TERRA NUA. 0 valor da terra nua, apurado pela fiscalização, ern procedimento de oficio nos termos do art. 14 da Lei 9393/96, não é passive] de alteração, quando o 2 Relatóri 2008; co (fl. 103), Grande ( de fls'. 01 elativam • I guinte S2-C1T1 proms° n. 10183 720140/2006-54 Acórdão n ° 2101-00,560 • Fl 136 3 contribuinte não apresentar elementos de convicção que justifiquem reconhecer valor menor, Lançamento Procedente" (fl, 89).. Não se conformando, o Recorrente interpôs o recurso voluntário de fls. 104/121, pedindo a exoneração do crédito tributário. o relatório. Voto Conselheiro Alexandre Naoki Nishioka, Relator O recurso preenche seus requisitos de admissibilidade, motivo pelo qual dele conheço. Tendo em vista que a matéria no âmbito deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) é reconente, cumpre tecer alguns breves esclarecimentos antes de adentrar na questão especificamente debatida nestes autos. De fato, como é cediço, o imposto sobre a propriedade territorial rural, de competência da União , na forma do art. 153, VI, da Constituição, incide nas hipóteses previstas no art. 29 do Código Tributário Nacional, ora trazido h baila, in verbis: "Art. 29.. 0 imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural tem corno fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por natureza, corno definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município." guisa do disposto pelo Código Tributário Nacional, a Unido promulgou a Lei Federal n.° 9.393/96, que, na esteira do estatuido pelo art. 29 do CTN, instituiu, em seu art. l d, como hipótese de incidência do tributo, a "propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel pO r natureza, localizado fora da zona urbana do município". Sem adentrar especificamente na discussão a respeito da eventual ampliação do conceito de propriedade albergado pela Constituição Federal pelo disposto nos artigos citados, ao incluírem corno fato gerador do ITR o domínio útil e a posse (Min alli111115 d0171:1120, tema que não releva na análise do presente recurso, verifica-se que não há qualquer discussão a respeito da incidência do tributo no que toca ás Leas de preservação permanente ou de reserva florestal legal. Corn efeito, muito embora em tais areas a utilização da propriedade deva observar a regulamentação ambiental especifica, disso não decorre a consideração de que referida parcela do imóvel estaria fora da hipótese de incidência do ITR. Isso porque, corno se sabe, o direito de propriedade, expressamente garantido no inciso XXII do art. 5 0 da CF, possui limitação constitucional assentada em sua função social (art. 5°, XIII, da CF). Nesse sentido, consoante salienta Gilmar Mendes (et. al), possui o legislador urna relativa liberdade para conformação do direito de propriedade, devendo preservar, contudo, "o núcleo essencial do direito de propriedade, constituído pela utilidade privada e, fundamentalmente, pelo poder de disposição.. A vinculaçao social da propriedade, que legitima imposk do Estad cOnstituct muito e4- ambiente, República legislacaO incidenci de cálculo . 4 • 'de restrições, n'do pode ir ao ponto de colocá-la, tinica e exclusiwzmente, a serviço on da comunidade," (MENDES, Gilmar Ferreira (et. al). Curso de direito ;la/. 4' ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 483). No que atine à regulação ambiental, deste modo, verifica-se que a legislação, ora restrinja o uso do imóvel em virtude do interesse na preservação do meio cologicamente equilibrado, na forma como estabelecido pela Constituição da não elimina as faculdades de usar, gozar e dispor do bem, tal como previstas pela Com fundamento no exposto, não versando os autos sobre hipótese de não- o 1 tributo, mas, sim, de autêntica isenção ou, como querem alguns, redução da base o 1TR, dispôs a Lei Federal n.° 9.393/96, em seu art. 10, o seguinte: "Art, 10. A apuração e o pagamento do ITR serão efetuados pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da administração tributária, nos prazos e condições estabelecidos pela Secretaria da Receita Federal, sujeitando-se a homologação posterior. § 1° Para os efeitos de apuração do ITR, considerar-se-á: -] II - Area tributável., a Area total do imóvel menos as Areas: al de preservação permanente e de reserva legal, previstas na Lei n° 4771, de 15 de setembro de 1965, com a redação dada pela Lei n° 7 803, de 18 de julho de 1989" (grifei). Havendo referido dispositivo legal feito expressa referência a conceitos dos em outro ramo do Direito, mais especificamente no que toca à seara ambiental, e faz recorrer ao arcabouço legislativo desenvolvido neste campo especifico, na ada pelo art, 109 do CTN, para o fim de compreender, satisfatoriamente, o que se r áreas de preservação permanente e de reserva legal, estabelecidas como hipótese do ITR (redução do correspondente aspecto quantitativo). A respeito especificamente da chamada "Area de preservação permanente" põe o Código Florestal, Lei n.° 4.771/65, atualmente regulada, também, pelas CONAMA n. 302 e 303 de 2002, o seguinte: "Art. 2° Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura minima será: 1 - de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50 (cinquenta) metros para os CUT SOS d'água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; 3 - de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4 - de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 4 desenvol oportuno' forma ind entende p de isench' (APP), Resoluc-de rocesso n° 10183.720140/2006-54 S2-C1T1 c6rd;io n ° 2101-00.560 . F1.137 5 - de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d'água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura; d) no topo de morros, montes, montanhas e senas; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45°, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único, No caso de areas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se- o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. Art. 3° Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor cientifico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvicolas; h) a assegurar condições de hem-estar público. § 1° A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só sera admitida corn prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social, § 2° As florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra g) pelo só efeito desta Lei." Verifica-se, à luz do que se extrai dos artigos em referencia, que a legislação considera como área de preservação permanente, trazendo à baila a lição de Edis Milare, as 1-- 5 "florestas . e demais ,fOrmcis de vegetação que não podem ser removidas, tendo em vista. a sua lOcalizapo e a sua função ecológica" (MILARt,, Edis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprud, zeta, glossário.. 5° ed. Sao Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. p, 691). , consoante je supres atividade Vale notar, nesse sentido, que nas Areas de preservação permanente, esclarece o disposto pelo §1° do art. 3 0, citado supra, não há qualquer possibilidade (:■ 1 1:1as florestas, apenas excetuada tal regra nos casos de execução de obras, planos, iou projetos de utilidade pública ou interesse social. Não se confunde com a área de preservação permanente, no entanto, a i rea de reserva legal, ou reserva florestal legal, cujos contornos são estabelecidos • Pelo Código Florestal, mais especificamente em seu art. 16, que, na redação o 6, com a redação que lhe foi dada pela MP 2.166-67/2001, assim dispõe: "Art_ 16. As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em Area de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação especifica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a titulo de reserva legal, no minima: I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em Area de floresta localizada na Amazônia Legal; II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em Area de cerrado localizada na Amazônia Legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra Area, desde que esteja localizada na mesma rnicrobacia, e seja averbada nos termos do § '7° deste artigo; III - vinte por cento, na propriedade rural situada em Area de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do Pais; e IV - vinte por cento, na propriedade rural ern Area de campos gerais localizada em qualquer região do Pais, § 1 ° 0 percentual de reserva legal na propriedade situada em Area de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os indices contidos nos incisos I e II deste artigo § 2' A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo 'Corn princípios e critérios técnicos e cientí ficos estabelecidos no regulamento,' ressalvadas as hipóteses previstas no § 3Q deste artigo, sem prejuízo das demais legislações especificas § 3' Para cumprimento da manutenção ou compensação da Area de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de Arvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consorcio com espécies nativas. § 4° A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: - o plano de bacia hidrográfica; H - o piano diretor municipal; 111 - o zoneamento ecológico-econômico; chamada igualmen vigente, 6 'PrOCCSSO n° 10183 720140/2006-54 S2-CI TI . l Acórdão n.° 2161-00.560 El 138 IV - outras categorias de zonearnento ambiental; e V - a proximidade corn outra Reserva Legal, Area de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra area legalmente protegida § 50 0 Poder Executivo, se for indicado pelo Zonearnento Ecológico Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agricola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e do Abastecimento, poderá: I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Areas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e II - ampliar as Areas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos indices previstos neste Código, em todo o território nacional.. § 60 Seri admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo das Areas relativas A vegetação nativa existente em área de preservação permanente no cálculo do percentual de reserva legal, desde que não implique em conversão de novas Areas para o uso alternativo do solo, e quando a soma da vegetação nativa em Area de preservação permanente e reserva legal exceder a: I - oitenta por cento da propriedade rural localizada na Amazônia Legal; - cinqüenta por cento da propriedade rural localizada nas demais regiões do Pais; e III - vinte e cinco por cento da pe`quena propriedade definida pelas alíneas "b" e "c" do inciso I do § 2 0 do art. V, § 70 0 regime de uso da Area de preservação permanente não se altera na hipótese prevista no § 6 0 , § 8e A área de reserva legal deve ser averbada h margem da inscrição de matrícula do imóvel, no registro de imóveis competente, sendo vedada a alteração de sua destinação, nos casos de transmissão, a qualquer titulo, de desmembramento ou de retificação da Area, corn as exceções previstas neste Código. § 90 A averbação da reserva legal da pequena propriedade ou posse rural familiar é gratuita, devendo o Poder Público prestar apoio técnico e jurídico, quando necessário. § 10. Na posse, a reserva legal é assegurada por Termo de Ajustamento dek Conduta, firmado pelo possuidor com o órgão ambiental estadual ou federal' competente, com força de titulo executivo e contendo, no mínimo, a localização da reserva legal, as suas características ecológicas básicas e a proibição de supressão de sua vegetação, aplicando-se, no que couber, as mesmas disposições previstas neste Código para a propriedade rural. § 11. Poderá ser instituída reserva legal em regime de condomínio entre mais de uma propriedade, respeitado o percentual legal em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão ambiental estadual competente e as devidas averbações referentes a todos os imóveis envolvidos, 7 supressa propied delimitai '102). fdéia de excetuad florestas (MIL Art, 44. 0 proprietário ou possuidor de imóvel rural corn area de floicsta nativa, natural, primitiva ou regenerada ou outra forma de vegetação nativa em extensão inferior ao estabelecido nos incisos I, II, El e IV do art. 16, ressalvado o disposto nos seus §§ 5 e 6, deve adotar as seguintes alternativas, isoladas ou conj untamente: I - recompor a reserva legal de sua propriedade mediante o plantio, a cada três anos, de no minima 1/10 da area total necessária à sua complementação, com espécies nativas, de acordo com critérios estabelecidos pelo órgão ambiental estadual competente; H - conduzir a regeneração natural da reserva legal; e Ill - compensar a reserva legal por outra area equivalente em importância ecológica e extensão, desde que pertença ao mesmo ecossistema e esteja localizada na mesma microbacia, conforme critérios estabelecidos em regulamento § l Na recomposição de que trata o inciso I, o órgão ambiental estadual competente deve apoiar tecnicamente a pequena propriedade ou posse rural familiar, § 2 A recomposição de que trata o inciso I pode ser realizada mediante o plantio temporário de espécies exóticas como pioneiras, visando a restauração do ecossistema original, de acordo corn critérios técnicos gerais estabelecidos pelo CONAMA, § 3' A regeneração de que trata o inciso II sera autorizada, pelo órgão ambiental estadual competente, quando sua viabilidade for comprovada por laudo técnico, podendo ser exigido o isolamento da área. § 4r Na impossibilidade de compensação da reserva legal dentro da mesma micro-bacia hidrográfica, deve o órgão ambiental estadual competente aplicar o criteria de maior proximidade possível entre a propriedade desprovida de reserva legal e a area escolhida para compensação, desde que na mesma bacia hidrográfica e no mesmo Estado, atendido, quando houver, o respectivo Plano de Dacia Hidrográfica, e respeitadas as demais condicionantes estabelecidas no inciso § 5" A compensação de que trata o inciso 1H deste artigo, devera ser submetida à aprovação pelo órgão ambiental estadual competente, e pode ser implementada mediante o arrendamento de area sob regime de servidão florestal ou reserva legal, ou aquisição de cotas de que trata o art. 44-B, (...)" O Código Florestal estabelece, em sua essência, como lembra MILARt, a isciplinar a supressão tanto das florestas e demais formas de vegetação nativa, as Areas de preservação permanente, vistas anteriormente, como, igualmente, das ac; sujeitas ao regime de utilização limitada, ou já objeto de legislação especifica , Edis. op. cit. p. 702). Nesse sentido, lembra o referido ambientalista que "ao permitir tal Ide florestas] determina que se mantenha obrigatoriamente unia parte da ej rural coin cobertura florestal ou coin outra forma de vegetação nativa", o, assim, "a porção a ser constituída como Reserva da Floresta Legal" (Op. cit. p. A reserva florestal legal, portanto, sendo um percentual determinado por lei para a pr ervação da vegetação nativa do imóvel rural, constitui, como afirma Paulo de Bessa rAntunes, `,`zuna obrigação que recai diretamente sobre o proprietário do imóvel, independ nte' mente de sua pessoa ou da forma pela qual tenha adquirido a propriedade", estando, ssim, "umbilicahnente ligada el própria coisa, permanecendo aderida ao bem" 8 rocesso n° 10183 720140/2006-54 cordao 02101-00.560 ANTUNES, Paulo de Bessa. Poder Judiciário e reserva legal: análise de recentes decisões do uperior Tribunal de Justiça. In: Revista de Direito Ambiental n.° 21. São Paulo: Revista dos ribunais, 200] , p. 120). A luz do exposto, verifica-se que as restrições ambientais, tanto nos casos de areas de preservação permanente, corno naqueles em que há reserva legal, decorrem, explicitamente, da ocorrência ou verificação, in loco, dos pressupostos legais apontados pela legislação, inexistindo, portanto, qualquer discricionariedade por parte do proprietário ou agente público. Nesse passo, consoante se extrai da legislação ambiental trazida A baila, não la a exigência, para o cumprimento das normas relativas As Areas de preservação permanente ou de reserva legal, de qualquer ato público que as constitua, mas, apenas e tão-somente, da ocorrência das hipóteses legais previstas pelo Código Florestal, bem como pelos demais atos normativos primários que disponham sobre o tema. A guisa do exposto, portanto, a averbação à margem da matricula do imóvel da Area de reserva florestal legal, corn a devida vênia daqueles que entendem de forma diversa, • não tem natureza constitutiva, mas simplesmente declaratória, tendo em vista que, excetuadas as hipóteses especificamente mencionadas na legislação, a observância do percentual de 20% previsto em lei independe de qualquer averbação, estando apenas sujeita A aprovação da sua localização por órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, na forma do §4° do art. 16 da Li n,° 4.771/65. Nesse sentido, oportuno afirmar que, muito embora a legislação preveja a necessidade de averbação da reserva legal, de acordo com o que dispõe o §8° do art. 16 da Lei n.° 4.771/65, a sanção decorrente da falta de averbação da área de reserva legal, prevista pelo art. 55 do Decreto n.° 6.514/2008, encontra-se atualmente pron -ogada para 2011, de acordo cOm o que estatui o Decreto Federal n.° 7.029/2009, razão pela qual se infere que a legislação concedeu um period° de adaptação aos proprietários, a fim de que possam cumprir referida determinação legal, deixando de cominar-lhes qualquer penalidade ern decorrência da falta de averbação de referida Area. Por tais razões, especialmente por entender que a observância dos percentuais fixados em lei para exploração de Area rural decorre de normas de ordem pública, que não podem ser afastadas pelo contribuinte pelo simples fato de que não procedeu este competente averbação, tenho para mim que esta última possui caráter nitidamente declaratório, sendo necessária para conferir publicidade ao gravame fixado que, corno já se verbero , oportunamente, decorre diretamente da legislação ambiental . Alem da desnecessidade de averbação, para o fim especifico de constituir as Areas de reserva florestal legal, igualmente não havia, até o exercício de 2000, 'qualquer fundamento legal para a exigência da entrega do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para o fim de reduzir a base de cálculo do ITR. Nesse sentido, aliás, dispunha o art, 17-0, da Lei Federal 4.6 6.9.38/81, corn a redação que lhe foi conferida pela Lei n. 9,960/2000, o seguinte: "Art. 17-0. Os proprietários rurais, que se beneficiarem corn redução do valor do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR, com base em Ato Declaratório Ambiental - ADA, deverão recolher ao lbania 10% (dez por cento) do S2-C1T1 • ' F1139 9 obrigato 6 a raz aferição que este fiuicão d Federal ara este escopo r como a '(PONTE iributein valor auferido como redução do referido Imposto, a titulo de preço público pg.tla prestação de serviços técnicos de vistoria." (AC) "§ lc A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR opcional." Por esta razão, portanto, isto 6, por inexistir qualquer fundamento legal para a entrega t pestiva do ADA, como requisito para a fruição da redução da base de calculo prevista p la legislação atinente ao ITR, a 2' Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais aprovou egui inte súmula, extraída do texto da Portaria n.° 106/2009: não apresentação do Ato Declaratório Ambiental (ADA) emitido pelo IBAMA, ou órgão conveniado, tub pode motivar o lançamento de oficio relativo a fatos geradores ocorridos até o exercício de 2000," Pois bem. Muito embora inexistisse, até o exercício de 2000, qualquer o Para a exigência da entrega do ADA como requisito para a fruição da isenção, corn da Lei Federal n.° 10.165/2000 alterou-se a redação do §I° do art. 17-0 da Lei n.° ue passou a vigorar da seguinte forma: "Att. 17-0. (- § 1C A utilização do ADA para efeito de redução do valor a pagar do ITR é obrigatória" Assim, a partir do exercício de 2001, a exigência do ADA passou a ter gal com a promulgação da Lei n.° 10.165/00, que alterou o conteúdo do art. 17-0, i 4.° 6.938/81, para a fruição da redução da base de cálculo do Imposto sobre a e Territorial Rural. fundament o advento 6.938/81, previsão §1°, da Propried Feita esta observação, relativa, portanto, à obrigatoriedade de apresentação (lc ') AD21 , umpre mover à analise do prazo em que poderia o contribuinte protocolizar referida declaraçr.. no órgão competente. No que toca a este aspecto especifico, tenho para mim que é absolutamente relevante ma digressão a respeito da mens legis que norteou a alteração do texto do art. 17-0 da Lei ni 938/81. Analisando-se, nesse passo, o real intento do legislador ao estabelecer a edade de apresentação do ADA, pode-se inferir que a mudança de paradigma deveu- s atinentes 6. efetividade da norma isencional, especialmente no que concerne o 'real cumprimento das normas ambientais pelo contribuinte, de maneira a permitir ltimo possa usufruir da redução da base de cálculo do ITR. Em outras palavras, a efetiva exigência do ADA para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR foi facilitar a fiscalização por parte da Receita Preservação das areas de reserva legal ou de preservação permanente, utilizando-se, ir especifico, do poder de policia atribuído ao IBAMA. Em síntese, pode-se afirmar que a alteração no regtamento legal teve por oes de praticabilidade tributária, a partir da criação de um dever legal que permita, na Helenílson Cunha Pontes, uma "razoável efetividade da norma tributária" , Helenilson Cunha. O principio da praticidade no Direito Tributário (substituição plantas de valores, retenções de fonte, presunções e ficções, etc): sua necessidade e 10 I PIOCCSSO n° 10183.720140/2006-54 S2-C1T1 AcOrd5o n.° 2101-00.550 '. S Fl 140 seus limites, In: Revista Internacional de Direito Tributário, v. 1, n.° 2. Belo Horizonte, jul/dez-2004, p. 57) , no caso da norma isencional. De fato, no caso da redução da base de cálculo do ITR, mais especificamente no que atine As areas de interesse ambiental lato sensu, alem da necessidade de fiscalizar um número extenso de contribuintes, exigir-se-ia, não fosse a previsão de entrega do ADA, que a Receita Federal tornasse para si o dever de fiscalizar o extenso volume de propriedades rurais cOmpreendido no território nacional, o que, do ponto de vista econômico, não teria qualquer viabilidade. Por esta razão, assirt, passou-se, com o advento da Lei Federal n.° 10.165/00 a exigir, de forma a inverter o ônus da prova, a apresentação do ADA para o fim de permitir a redução da base de cálculo do ITR, declaração esta sujeita ao poder de policia do IBAMA. Tratando-se, portanto, da interpretação do dispositivo em comento, deve o aplicador do direito, neste conceito compreendido o julgador, analisar o conteúdo principiológico que norteia referido dispositivo legal, a fim de conferir-lhe o sentido que melhor se amolda aos objetivos legais. Partindo-se desta premissa basilar, verifica-se que o art. 17-0 da Lei n.° 6.938/81, em que pese o fato de imprimir, de forma inafastavel, o dever de apresentar o ADA, no estabelece qualquer exigência no que toca à necessidade de sua protocolização em prazo fixado pela Receita Federal para o fim especifico de permitir a redução da base de cálculo do A exigência de protocolo tempestivo do ADA, para o fim especifico da redução da base de cálculo do 1TR, não decorre expressamente de lei, mas sim do art. 10, §3°, I, do Decreto n.° 4.382/2002, que data de setembro de 2002. Quer-se com isso dizer, portanto, que, muito embora a legislação tratasse a respeito da entrega do Ato Declaratório Ambiental, para o fim especifico da redução da base de cálculo do ITR, não havia disposição alguma a respeito do prazo para sua apresentação, e, menos ainda, que possibilitasse A Receita Federal desconsiderar a existência de areas de preservação permanente ou de reserva legal no caso de apresentação intempestiva do ADA. Corn efeito, sendo certo que a instituição de tributos ou mesmo da exclusão do credito tributário, na forma como denominada pelo Código Tributário Nacional, são , Matérias que devem ser integralmente previstas em lei, na forma corno estatuido pelo art. 97, \ (IC) CTN, mais especificamente no que toca ao seu inciso VI, não poderia sequer o poder regulamentar estabelecer a desconsideração da isenção tributária no caso da mera apresentação intempestiva do ADA. 0 prazo de seis meses, contado da entrega da DITR, foi instituído apenas por ;instrução normativa, muito posteriormente embasada pelo Decreto n.° 4.382/2002, o que, com !' a çdevida vênia, não merece prosperar. Em virtude, portanto, da ausência de estabelecimento de um critério rígido quanto ao prazo para a apresentação do ADA, eis que não se encontra previsto em lei, cumpre recorrer aos mecanismos de integração da legislação tributária, de maneira a imprimir eficácia no disposto pelo art. 17-0 da Lei n.° 6.398/81, • cisplie o analogia, revistos lacuna, d contribui conternpl scopo d praticabil para o fi imprimir norma a s Mais cum entrega , calcul compete portanto specifio demais d tratamen leaden' r rode apir I que cum do contri JT,R, o revista entrega que o co constant -iiennane ResPost present Dentre os mecanismos de integração previstos pelo ordenamento jurídico, :Odigo Tributário Nacional, em seu art. 108, I, que deve o aplicador recorrer pendo referida opção vedada apenas no que toca a instituição de tributos não ei, o que, ressalte-se, não é o caso. Nesse esteio, recorrendo-se à analogia para o preenchimento de referida e.se recorrer h legislação do 1TR relativa As demais declarações firmadas pelo e, mais especificamente no que atine à DIAT e à DIAC, expressamente as pela Lei n.° 9.393/96, aplicadas ao presente caso tendo-se sempre em vista o norma inserida no texto do art. 17-0 da Lei n.° 6.398/81, isto e, imprimir ade à aferição da existência das áreas de reserva legal e preservação permanente, esipecifico da isenção tributária. Pois bem. Sendo certo que a apresentação do ADA cumpre o papel de raticabilidade à apuração da Area tributável, verifica-se que cumpre o escopo da a entrega até o inicio da fiscalização, momento a partir do qual a apresentação já não rirá seu desiderato, passando o ônus da prova a ser do contribuinte. De fato, até o inicio da fiscalização em face do contribuinte, verifica-se que a ADA possibilitará a consideração, por parte da Receita Federal, da redução da base do ITR, submetendo as declarações do contribuinte ao pálio do órgão ambiental e e retirando referida aferição do âmbito da Receita Federal do Brasil, A entrega, inda que intempestiva, muito embora pudesse ensejar a aplicação de uma multa caso existisse referida norma sancionatória, seria equivalente à retificação das rclarações relativas ao ITR, isto é, da DIAT e da DIAC, devendo, pois, ter o mesmo que estas Ultimas, em consonância com o que estatui o brocardo jurídico "tibi lo, ibi etiedein legis dispositio", isto 6, onde há o mesmo racional, a legislação não 4 critérios distintos. ;6%. guisa do exposto, portanto, no que toca A entrega do ADA, tenho para mim e seu desiderato ate o momenta do inicio da fiscalização, a partir do qual a omissão uinte ensejou a necessidade de fiscalização especifica relativa ao recolhimento do implica nos custos administrativos inerentes a este fato. Assim, aplica-se ao ADA, de acordo com este entendimento basilar, a regra art. 18 da Medida Provisória n.° 2.189-49/01, que assim dispõe, verbis: "Art. 18. A retificação de declaração de impostos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal, nas hipóteses em que admitida, terá a mesma natureza da declaração originatiamente apresentada, independentemente de autorização pela autoridade administrative De acordo corn a interpretação que ora se sustenta, pois, é permitida a ADA, para o fim de inverter o Chins da prova, ainda que intempestivamente, desde ibuinte o faça até o inicio da fiscalização. Após o inicio da fiscalização, o contribuinte deve comprovar os dados da DITR, por outros documentos que provem efetivamente as áreas de preservação t6 e de reserva legal, A luz do que se extrai do próprio "Manual de Perguntas e " Ido Ato Declaratório Ambiental (ADA) editado pelo IBAMA em 2010. De fato, de acordo com a pergunta e resposta n. 10, não seria possível a çao retroativa do ADA, o qual, a partir do exercício de 2007, tornou-se anual. 12 Assim, a pergunta e resposta n. 11 orienta o administrado a adotar o seguinte procedimento, em virtude da impossibilidade de apresentação retroativa do ADA: "Em virtude da impossibilidade de proceder-se à apresentação de ADA, de um ou mais Exercícios anteriores — por não haver retroatividade recomenda-se que seja efetuado o preenchimento do formulário referente ao Exercício em vigor, mesmo porque a apresentação, a partir do ADA — Exercício 2007 tornou-se ANUAL. necessário, também, munir-se de mapa(s) georreferenciado(s) da propriedade e respectivos laudos técnicos, se disponíveis. Sua apresentação, em um primeiro momento, não é necessária ao Ibama, porém, caso haja notificação pela Receita Federal do Brasil ao proprietário rural — pela não apresentação do ADA no Exercício devido ela deverão ser apresentados." Mais adiante, em resposta à pergunta n. 40 ("Que documentação pode ser exigida para comprovar a existência das áreas de interesse ambiental?"), o IBAMA relaciona os seguintes documentos: ". Ato Declaratório Ambiental — ADA e o comprovante da entrega do mesmo; • Ato do Poder Público declarando as florestas e demais formas de vegetação natural como Area de Preservação Permanente, conforme dispõe o Código Florestal em seu artigo 3,; • Laudo técnico emitido por engenheiro agrônomo ou florestal, acompanhado da Anotação de Responsabilidade Técnica — ART, que especifique e discrimine as Areas de Interesse Ambiental (Área de Preservação Permanente; Area de Reserva Legal; Reserva Particular do Patrimônio Natural; Area de Declarado Interesse Ecológico; Area de Servidão Florestal ou Ambiental; Areas Cobertas por Floresta Nativa; Areas Alagadas para fins de Constituição de Reservatório de Usinas Hidrelétricas); e Laudo de vistoria técnica do lbama relativo à Area de interesse ambiental; e Certidão do lbama ou de outro órgão de preservação ambiental (órg ambiental estadual) referente As Areas de Preservação Permanente e de Utilizaça Limitada; • Certidão de registro ou cópia da matricula do imóvel corn averbação da Área de Reserva Legal; • Termo de Responsabilidade de Averbação da Area de Reserva Legal (TRARL) ou Termo de Ajustamento de Conduta (TAC); • Declaração de interesse ecológico de Area imprestável, bem como, de áreas de proteção dos ecossisternas (Ato do órgão competente, federal ou estadual Ato do Poder Público — para Areas de declarado interesse ecológico): Se houver uma circa no imóvel rural que sirva para a proteção dos ecossistemas e que não seja Útil pala a agricultura ou pecuária, pode ser solicitada ao órgão ambiental federal ou estadual a vistoria e a declaração daquela como uma Area de Interesse Ecológico, e Certidão de registro ou cópia da matricula do imóvel com averbação da Área de Servidão Florestal; rocesso n 0 10183720140/2006-54 ,c6rd5o n " 2101-00,560 S2-CIT1 Fl 141 13 ,* Portaria do lbarna de reconhecimento da Area de Reserva Parricidal do Patrimônio Natural (RPPN)." Pode-se concluir, portanto, que a própria Administração Pública, que não contra ‘ factum proprium, entende que tanto p ADA como a averbação da reserva eito meramente declaratório, não sendo os únicos documentos comprobatórios das eservação permanente e de reserva legal, o que remete a solução da controvérsia, es' ern que ausentes a apresentação do referido ADA ou a averbação da reserva ise de cada caso concreto. No presente caso, o Recorrente, conforme se infere da análise dos presentes sentou o ADA após o inicio da fiscalização. Não obstante, comprovou mente a existência das áreas de preservação permanente e de reserva legal, apresentação de (a) Termo de Responsabilidade de Averbação de Reserva Legal 9 MAMA em 1999 (fis. 59/60), devidamente averbado b. margem da matricula do 6, verso), (b) Laudo Técnico de Avaliação (fls. 36/56), acompanhado da respectiva e Responsabilidade Técnica (fl, 57), (c) laudo de vistoria do IBAMA (fls. 68/69), a dos documentos exigidos no Manual de Perguntas e Respostas do ADA editado Eis os motivos pelos quais voto no sentido de DAR provimento ao recurso, da tributação as áreas de preservação permanente (16.211 ha.) e de reserva legal Sala das Sessões-DF, em 17 de junho de r\ --\() Alexandre Naoki Nishioka • pole vem ? legal têm I areas de nas hip& legal, à an autos, ap document medi ante *mad() c hrliOvel (III Anotação tudo na fo r pelo IB para excl (16.211 h 14
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Numero do processo: 10920.907463/2012-18
Turma: Segunda Turma Ordinária da Segunda Câmara da Segunda Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 12 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda Retido na Fonte - IRRF
Ano-calendário: 2008
DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. IRRF. ONUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO.
A homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo condiciona-se à liquidez do direito, através da comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O ônus da prova incumbe ao autor.
Numero da decisão: 2202-004.976
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso.
(Assinado digitalmente)
RONNIE SOARES ANDERSON - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente).
Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto.
Nome do relator: RONNIE SOARES ANDERSON
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 7; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1388; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S2C2T2 Fl. 2 1 1 S2C2T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS SEGUNDA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10920.907463/201218 Recurso nº 1 Voluntário Acórdão nº 2202004.976 – 2ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 14 de fevereiro de 2019 Matéria IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE Recorrente MARCEGAGLIA DO BRASIL LTDA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA RETIDO NA FONTE IRRF Anocalendário: 2008 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. IRRF. ONUS DA PROVA. IMPOSSIBILIDADE DE HOMOLOGAÇÃO. A homologação da compensação declarada pelo sujeito passivo condiciona se à liquidez do direito, através da comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O ônus da prova incumbe ao autor. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. ACORDAM os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (Assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Marcelo de Sousa Sáteles, Martin da Silva Gesto, Ricardo Chiavegatto de Lima, Ludmila Mara Monteiro de Oliveira, Rorildo Barbosa Correia, Virgílio Cansino Gil (Suplente convocado), Leonam Rocha de Medeiros e Ronnie Soares Anderson (Presidente). Ausente a Conselheira Andréa de Moraes Chieregatto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 92 0. 90 74 63 /2 01 2- 18 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 3 2 Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10920.907456/201216, paradigma deste julgamento. Acórdão nº 2202004.969 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "Tratase de recurso voluntário interposto contra Acórdão de Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Florianópolis / SC – DRJ/FNS, que considerou improcedente, por unanimidade de votos, manifestação de inconformidade do contribuinte em face de Despacho Decisório eletrônico que não homologou compensação informada em PER/DCOMP. 2. A seguir reproduzse o relatório do Acórdão da DRJ/FNS , o qual retrata adequadamente os fatos ocorridos. Relatório (...) Por intermédio de DESPACHO DECISÓRIO eletrônico a autoridade administrativa assim se manifestou: "Diante da inexistência do crédito, INDEFIRO o Pedido de Restituição. Enquadramento legal: Art. 165 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (CTN)." A Contribuinte – em sua contestação – alega ter efetuado “pagamento indevido ou a maior”, em recolhimento operado com o código de arrecadação 0481 – JUROS E COMISSÕES EM GERAL. Diz que, desde sua fundação, em 2000, “foi obtendo de sua sócia majoritária italiana, remessas para sua ampliação, os quais foram sendo tratados como dívida em aberto e com incidência de juros, sem prefixação de data para devolução do principal e juros incidentes.”. Mais adiante afirma que os valores devidos foram convertidos em “aumento de capital da sociedade Marcegaglia do Brasil Ltda.” Aduz que o Banco Central do Brasil exigiu a prova do pagamento do imposto de renda na fonte incidente sobre remessas ao exterior, nos termos do art. 9º da Lei nº 4.131, de 3 de setembro de 1962: Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 4 3 Art. 9º As pessoas físicas e jurídicas que desejarem fazer transferências para o exterior a título de lucros, dividendos, juros, amortizações, royalties assistência técnica científica, administrativa e semelhantes, deverão submeter aos órgãos competentes da SUMOC e da Divisão do Impôsto sôbre a Renda, os contratos e documentos que forem considerados necessários para justificar a remessa.(Redação dada pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964)(Vide Decreto nº § 1º As remessas para o exterior dependem do registro da emprêsa na SUMOC e d eprova de pagamento do impôsto de renda que fôr devido.(Renumerado pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964) (...) § 3º No caso previsto pelo parágrafo anterior, as transferências sempre dependerão de prova de quitação do Impôsto de Renda.(Incluído pela Lei nº 4.390, de 29.8.1964) Diz que operou o recolhimento do IRRF “sem questionar a existência ou não do fato gerador para a incidência da tributação do imposto de renda, na espécie, são: ‘as remessas para o exterior’.” Entende que, se não houve remessa ao exterior, em razão de haver sido convertida em capital a dívida então existente, não há fato gerador do referido tributo. Em razão disso requer o reconhecimento do indébito e o deferimento de “ressarcimento” dos valores pagos. 3. A DRJ/FNS considerou improcedente a Manifestação de Inconformidade, nos termos da Ementa da decisão abaixo transcrita: IMPOSTO DE RENDA RETIDO NA FONTE. FATO GERADOR. OCORRÊNCIA. A conversão dos juros de empréstimos em participação no capital social de empresa brasileira por pessoa jurídica com sede no exterior constitui fato gerador do IRRF, art. 702 do RIR/99, na medida em que configura quitação da dívida por compensação de maneira equivalente, o que também pode ser definido como pagamento 4. Destaquemse também alguns trechos relevantes do voto do Acórdão proferido pela DRJ/FNS: (...) De início, para esclarecimento, é bom que se diga que o Despacho Decisório eletrônico considerou a inexistência do crédito em razão de haver a vinculação na DCTF, do pagamento com o respectivo débito. (...) Quanto a este fato – exigência do Banco Central do Brasil – da prova do pagamento do IRRF, é prevista no art. 880, do Regulamento do Imposto de Renda, Decreto nº 3.000, de 1999: Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 5 4 Art.880. O Banco Central do Brasil não autorizará qualquer remessa de rendimentos para fora do País, sem a prova de pagamento do imposto (DecretoLei nº5.844, de 1943, art. 125, parágrafo único, alínea "c", e Lei nº4.595, de 31 de dezembro de 1964, art. 57, parágrafo único). Parágrafo único.Nos casos de isenção, dispensa ou não incidência do referido tributo deverá ser apresentada declaração que comprove tal fato. Como se vê, o parágrafo único vem relativizar tal exigência, autorizando a entrega de declaração que comprove a isenção, dispensa ou não incidência. Não há nos autos prova de apresentação de tal declaração ao BCB. (...) Ocorre que em 19 de junho de 2008, em reunião na sede da quotista majoritária, Marcegaglia S.p.A, na cidade de Gazoldo Degli Ippoliti – Itália, restou decidido que os empréstimos então concedidos seriam convertidos em participação societária. A Contribuinte entende que em não havendo remessa – dos juros – ao exterior não teria ocorrido hipótese de incidência do IRRF, pois, subentende que a remessa ao exterior é elementar da hipótese de incidência, e, portanto, razão pela qual não teria emergido o fato gerador. Em análise ao texto legal que veicula a norma de incidência tributária em questão, há que se discordar da Impugnante: Art. 702. Estão sujeitas à incidência do imposto na fonte, à alíquota de quinze por cento, as importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas a beneficiários residentes ou domiciliados no exterior, por fonte situada no País, a título de juros, comissões, descontos, despesas financeiras e assemelhadas. Primeiro registro a fazer referese à multiplicidade de ações que o legislador empregou para expressar a tipicidade tributária. Percebese que a remessa ao exterior é uma das hipóteses. Pagar, creditar, entregar ou empregar importâncias ao exterior, a título de juros, também constituem fatos imponíveis da obrigação tributária em exame. Portanto, em conformidade com o art. 702 do RIR/99, o imposto deve ser retido por ocasião do pagamento,crédito, entrega, emprego ou remessa, desses fatos, o que ocorrer primeiro. (...) Pagar juros ao exterior, neste contexto legal, significa adimplir a obrigação de pagar juros a pessoa domiciliada no exterior, independentemente da forma de pagamento, de modo que pode haver incidência do imposto, inclusive, sem que em nenhum momento haja a efetiva remessa de recursos ao exterior. Além disso, não se pode perder de vista o interesse jurídico tributário subjacente à norma de incidência do IRRF. O interesse jurídico em questão é o rendimento de pessoa jurídica domiciliada no exterior, oriundo de fonte situada no País, independentemente de esse rendimento auferido ter sido, ou não, remetido ao exterior. A remessa ao exterior não é a única elementar da incidência tributária em exame. (...) Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 6 5 No presente caso, a pessoa jurídica credora dos empréstimos optou por empregálos – incluídos aí dos juros – no aumento de sua participação do capital a empresa brasileira. A capitalização dos empréstimos pode ser entendida como quitação ou pagamento da dívida, com juros. O ato de pagar pode ser também compreendido como compensação de maneira equivalente de benefícios econômicos. (...) Posto isto, podese afirmar que houve sim a ocorrência de fato gerador [pagamento de juros] para a incidência do Imposto de Renda Retido na Fonte e que, desta forma, eram sim devidas as importâncias cuja restituição era pleiteada pela Contribuinte. Manifestome pela improcedência da Manifestação de Inconformidade. 5. Cientificado da decisão a quo, o contribuinte repisa as questões trazidas na Manifestação de Inconformidade e infere ter comprovado do direito creditório pleiteado, uma vez que à época realizou o recolhimento integralmente, de forma equivocada. 6. Requer, por fim, que seja acolhido o recurso com o reconhecimento do indébito, e o deferimento de ressarcimento pelos meios disponíveis. 7. É o relatório." Fl. 106DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 7 6 Voto Conselheiro RONNIE SOARES ANDERSON – Relator Este processo foi julgado na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária, proferido no âmbito do processo n° 10920.907456/201216, paradigma deste julgamento. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido na susodita decisão paradigma, a saber, Acórdão nº 2202004.969, de 14 de fevereiro de 2019 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária: Acórdão nº 2202004.969 2ª Câmara/2ª Turma Ordinária "8. O Recurso Voluntário atende aos pressupostos de admissibilidade intrínsecos, uma vez que é cabível, há interesse recursal, a recorrente detém legitimidade e inexiste fato impeditivo, modificativo ou extintivo do poder de recorrer. Além disso, atende aos pressupostos de admissibilidade extrínsecos, pois há regularidade formal e apresentase tempestivo. Portanto dele conheço. 9. Ressalto que a recorrente não levanta questões preliminares. 10. Quanto ao Mérito, entendo que não existe razão ao pleito da recorrente e não há motivos que justifiquem uma eventual reforma da decisão proferida pela DRJ, que não homologou a compensação. 12. Não obstante a contribuinte argüir no sentido de que o recolhimento do imposto de renda retido na fonte foi equivocado, por apenas ter aplicado valores de empréstimos no aumento de seu capital, que a seu ver não seria equiparável às remessas ao exterior, para comprovação do alegado deveria ter juntado elementos mínimos de prova documental que fundamentassem plenamente suas alegações sobre as operações. Seria necessário que tivessem sido colacionados aos autos, no momento oportuno, documentos hábeis à comprovação dos registros contábeis relativos à operação, e não apenas Ata de Reunião de Sócios Quotistas e Alteração e Consolidação do Contrato Social, conforme realizado. 13 No caso de pedido de compensação, a liquidez do direito há de ser provada pela comprovação documental do quantum compensável pelo contribuinte. O art. 373, inciso I, do novo Código de Processo Civil, aplicável subsidiariamente ao processo administrativo fiscal, dispõe que o ônus da prova incumbe ao autor, enquanto que o art. 36 da Lei nº 9.784, de 29/01/99, impõe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado. Em idêntico sentido atua o Decreto nº 70.235, de 1972, Fl. 107DF CARF MF Processo nº 10920.907463/201218 Acórdão n.º 2202004.976 S2C2T2 Fl. 8 7 que, regendo as compensações por força do art. 74, § 11, da Lei 9.430/96, determina em seu art. 15 que os recursos administrativos devem trazer os elementos de prova. 14. Dessa forma, como cumpria exclusivamente ao contribuinte o ônus de provar a liquidez e certeza de seu alegado crédito, como não o fez, como não resta o crédito devidamente comprovado nestes autos, entendo por não haver motivos para a reforma do Acórdão da DRJ e por não reconhecer o indébito. Conclusão 15. Isso posto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) Ricardo Chiavegatto de Lima." Pelo exposto, voto por NEGAR PROVIMENTO ao recurso. (assinado digitalmente) RONNIE SOARES ANDERSON– Relator Fl. 108DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10840.900776/2008-59
Turma: 1ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 1ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu May 20 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003
NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. ARGUMENTO DE DEFESA NÃO APRECIADO CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não foi exposto de forma a se
caracterizar como questão controvertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora.
PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR ESTIMATIVAS. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não integram a base de cálculo para fins de apuração das estimativas.
APURAÇÃO DO INDÉBITO COMPENSAÇÃO ADMISSIBILIDADE Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas
cru conformidade com a lei.. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acrescento de juros à taxa SELIC acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de Dcomp, inclusive com o próprio IRPJ apurado no ajuste anual, mas sem a dedução daquele; excedente, e considerando, também, os acréscimos moratórios incorridos desde 1º de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei
Numero da decisão: 1101-000.301
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, cm rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida e dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito creditório pleiteado e homologar a compensação do debito com os acréscimos moratórios pertinentes. até o limite do valor atualizado do credito na data da entrega da DCOMP, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, por se tratar de pagamento indevido e DCOMP verificados antes de 29/10/2004
Nome do relator: EDELI PEREIRA BESSA
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ementa_s : IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ Período de apuração: 01/07/2003 a 31/07/2003 NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. ARGUMENTO DE DEFESA NÃO APRECIADO CERCEAMENTO AO DIREITO DE DEFESA NÃO CARACTERIZADO Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não foi exposto de forma a se caracterizar como questão controvertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR ESTIMATIVAS. ERRO NA BASE DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não integram a base de cálculo para fins de apuração das estimativas. APURAÇÃO DO INDÉBITO COMPENSAÇÃO ADMISSIBILIDADE Somente são dedutíveis do IRPJ apurado no ajuste anual as estimativas pagas cru conformidade com a lei.. O pagamento a maior de estimativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acrescento de juros à taxa SELIC acumulados a partir do mês subsequente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de Dcomp, inclusive com o próprio IRPJ apurado no ajuste anual, mas sem a dedução daquele; excedente, e considerando, também, os acréscimos moratórios incorridos desde 1º de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei
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RENDA DE PESSOA JURÍDICA - Período de apura.ção: 01/07/2003 a 31/07/2003 NULIDADE DA DECISÃO RECORRIDA. ARGUMEN TO DE DE.f ES A NÃO APRECIADO. CERCEAMEN TO AO DIREITO DE DEFFS.A NÃO CARACTERIZADO Não há prejuízo à validade da decisão que deixa de se manifestar sobre item da defesa, se este não foi exposto de forma a se caracterizar como questão controvertida, e assim exigir a atenção da autoridade julgadora. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR ES I IMATIVAS. ERRO NA RASE. DE CÁLCULO. Os rendimentos de aplicações financeiras não integram a base de cálculo para fins de apul ação das estimativas.. APURAÇÃO .DO INDLRITO COMPENSAÇÃO ADMESSIBILIDADE Somente são deduliveis do IR P.E apurado no ajuste anual as estimativas pagas cru conformidade com a lei.. O pagamento a maior de estlinativa caracteriza indébito na data de seu recolhimento e, com o acresenno de juros à taxa sELK.;„ acumulados a partir do mês subseqüente ao do recolhimento indevido, pode ser compensado, mediante apresentação de Dcomp, inclusive com o próprio 1RPJ apulado no ajuste anual, mas sem a dedução daquele; excedente, e considerando, também, os aciesci mos moral:én-jos incorridos desde 1 de fevereiro do ano subseqüente, na forma da lei . 1 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos Acordaun os membi os do colegiado, por unanimidade de votos, cm rejeitar a preliminar de nulidade da decisão recorrida e dar provimento parcial ao recurso para reconhecer o direito creditorio pleiteado e homologar a compensação do debito com os acréscimos moi 'diários pertinentes. até o limite do valor atualizado do credito na data da entrega da DCOMP, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado Votou pelas conclusões o conselheiro Carlos Eduardo de Almeida Guerreiro, por se tratar de pagamento indevido e DCOM.P verificados antes de 29/10/2004 • l , RANCISL70 DE, SKE;,2 RIBEIRO DE QUEIROZ - Presidente UI nj)(0&4' LI P RE IR A BESSA Relatora ,- hD1 . 1ADOIN/1: 0 U0(/2010 Participanna da sessão de julgamento os conselheiros: l''ranciseo de Sales Ribeiro de (1)neiroz (Presidente da turma), Alexandre Andrade, 1mufla da l . orite 1 ilho (Vice- Presidente), Carlos Eduardo de Almeida Guerreiru, Edeli Pereira [essa e Shellcy 11-enrique adem-Mui Ausente o conselheiro Jose Ricardo da Silva. ;). Proce.s ,:o 71" 10840 900776/20N-59 S1 -C1 I • AcimEio ri.0 1101-00..301. H 2 Relatório NARDINE AGROINDUSTRIAI, _VIDA, já qualificada nos autos, recorre de decisão proferida pela .5a Turtn.a da Delegacia da Receita Uederal de Julgamento de Ribeirão Preto/SP, que por unanimidade de votos, INDEFFRILI a manifestação de inconformidade interposta contra o despacho decisório que não homologou a Declaração de Compensação — DCOMP n" 18733 55674..300304.1 3 04-0980, por meio da qual a contribuinte fez uso de pagamento indevido ou a maior de IR P3 verificado no perío(k) de apuração encenado em 31/07/2003. Consta da decisão recorrida o seguinte relato: Trata-se de Manifestação de inconformidade interposta em face do Despacho Decisório, em que foi apreciada a Declaração de Compensação (PER/DCOMP) de fk 01/05, por intermédio da qual a contribuinte pretende compensai débitos (IRPI código de receita; 2430) de sua responsabilidade com crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de tributo (1 Ri'd código de receita 2362) Por intermédio do despacho decisório de fk. 06/08, não foi reconhecido qualquer direito creditório a favor da contribuinte e, por conseguinte, não-homologada a compensação declarada no presente processo, ao . finidamento de que o pagamento informado corno origem do crédito foi integrahnente utilizado para quitação de débitos da contribuinte, "não restando a/dito dl simnlvel para compensação dos débitos informados no PER/DC:0MP" li resignada, interpôs a contribuinte manUe.?sicroo de inconformidade de fls 10/142, acompanhada dos documentos de /is 15/5-8, rui qual ali.ga, em apertada siniese, que o despacho decisório não homologou o compensação declarada, em razão da declaração werF), original apresentada, relativamente ao 3' trimestre de 2003, informar para o débito de INRI, relativo ao mês de julhot.2003, o antigo valor declarado, constituindo evidente erro material, o que poderia .s et sanado pela .simples. retificação da .DC -IT- do 3° ir/me ti-c de 2003 e pela verificação da D[/U/2004 Ao final, requer "a desconstituição 'ia lotam' do lançamento efetuado pela Autoridade Fiscal, considerando-se extinto o suposto çiedao tributta io e determinando-se, por conseqUência, o arquivamento do processo administrativo dele Or I gii7Ór 10 e, ainda, se necessário permita a retificação das informações declaradas na DC1T, para quero possa respeitai a realidade dos fatos" É o relatório A Turma Julgadora recorrida afastou tais alegações argumentando que: • Confirmou que o recolhimento efetuado para o mês de julho/2003 Ibi • integralmente utilizado para liquidação de débito de mesmo valor informado na DC11:'' do 30 trimestre/2003, concluindo que não há co; reção a,sei' ffa ta no despacho decisório, tendo em conta a inobservância de requi.sito básico para jôrrnalização da compenw.ção sob exame, qual .s 4a, a existência de um indébito tributário junto á Fazenda Nacional. ()Á? • Ressaltou que O reconhecimento de direito creditório exige prova de sua liquidez e certeza mediante confrontação corn os legistios contábeis e fiscais, cumpnindo à contribuinte trcuer, por ocasião do presente contencioso, ju 5 tilicativas .N tiradas (::ra lançamentos contábeis que ic• entifiquem, ine(juivoc(imente: a base de cálculo do 1RPI do mê.s de julho de 2003 e A apresentação, ião só., da .1)1.1'.1/2004 não é suficiente pára a retificação pretendida, tendo em conta o disposto no art. 923 do RIR/99, e tais elementos devem ser trazidos na peça imptignatoria, consoante dispõe o art. 16, §§: 4° e 5° do 1)ecreto ri" 70 235/72, com a r criação dada pela Lei n" 9.532197 Cientificada da decisão de primeira instancia em 17/08/2009 (11 66), a contribuinte interpôs recurso voluntário, tempestivamente, em 16/09/2009 (lis. 67/77), no qual, inicialmente, argúi a nulidade da decisão recorrida, por ter deixado de apreciar o fato de a .D11'1/2004 ter sido objeto de fiscalização, vinculada ao 1\71PF n" 0810700/2005/00084-2. lnitendc indiscutível a existência de indébito de IRP1 no mês de julho/2003, por -ter incluído, inadvertidamente. na base de cálculo deste IRP,J, o valor dos rendimé..ritos obtidos coai aplicações financeiras, inclusão essa absolutamente indevida, a teor dos art4.,,os 32, §'combinado com as rCgf'LLS dos artigos 65 a 75, todos da Lei a ' 8 081/95, tais valores de rendimentos não devem integrar a base de cáleutc.) do imposto de renda mensal calculado com base na receita bruta e t1C1-éSetnIOS Afirma que o CUCO material cometido na DCTV do 3 0 trimestre/ 2003 iCri. corrigido com a apresentação da Dll'f/2004, e esta, por- sua vez, fõi examinada e chancelada pela Sect etar ia da Receita Federal, attaVês da fiscalzzação levada a eleito nos anos calendários. de 2.001 a 2 004. Este procedimento, obviamente, o- atou de (.'ONIR/ISTAR a .1)11",1/2004, beta (orno a 1)Crli , do 30 linite.51, e d.e? 00$, com os registt os contábeis de conta no ativo do IRP,1 a recuperar, tendo ainda examinado e conferido a expressão deste direito em balaneo.s e balancetes, os Livros Dta' riOs e Raz(:-io Assim, se tais elementos já foram apiesentados à Secretaria da Receita l i ederal, imprópria se mostra a conclusão expressa no acórdão guerreado, de que a contribuinte deveria, para provar o indébito utilizado, apresentar seus registros contábeis.. Em seu entendimento, ao examinar a 1)1.1",1/2004, reit} leadora das infinmacões' lançadas na 1-.)(17.1,. 3' trimestre de 2 003, a fiscalização da Receita federal nenhum óbice formulou, inclusive jio. que tange ao crálito apuado, exatamente porque a encontrou C/11 (.011.50,ância COM 01 re,y, i as e documentos SUpi a especificados Subsidiariamente aponta a necessidade anulação do acórdão recon ido, paia que se pruri-lova diligência c-ioni vistas a 110 n10 exame da documentação ratificadorci dciCf apurado, citando acórdão da 8'1 e'âmara do PrlIlleit0 C0118e1110 de Contribuintes, e reportai-ido- se a doutrina que trata do dever In VeStig -aiót to da igido pela (liso- icionatiedade da autor idade fiscal e do necessário abrandamento das nutrirás que tratam da preclusão no âmbito do pi °cesso adruinistrativo, com vistas a invocai a aplicação do principio da %/Cf dade material 15 o relatório. Õfl Pi ocos n' 10840 900 /76/200- '-n 9 Si-C 1"I 1 Acórdão a " 1101-00301 Il Voto Conselheira MEL' PFR.E1RA BESSA A recorrente argúi a nulidade do acórdão proferido pela 5a Turma de Julgamento da DM/R ibeirão Preto, que não teria apreciado sua alegação relativa ao procedimento fiscal desenvolvido em 2005, tendo por objeto, inclusive, a. apuração do 1R_PJ" no ano-calendário 2003 (Jbserva-se, contudo, que a única. referência a este assunto, contida na impugnação, está assim expressa: 17)A .IMPROCE1)ÈNC1A AO descrição dos . fitos que originaram a presente intimação, a Auditoria Innirna da .Reccita Federal do Brasil dispõe ter constatado irtegularidades no cfedito vinculado a Declaração de Compensação, qual seja o crédito do pagainento indevida ou a maior do IRRI a.1(-. .P ente ao período de apuração de 31/07/2003 Analisando a DCTF referente ao período de apuração do crédito supra, }A:Ti-fica-se que a suposta irregularidade se cku em fi'ic.e da inadvertido retificação da DCT1', onde ainda constam os antigos valores declarados. referente. ao NI iodo de apta ação de 31/07/2003, constituindo-se, portanto, em evidente erro material (Anexo T) As' i inl, assa diverge:n(1a ensejou a intimação, mus, no entanto, poderia ser facilmente .sanada pela simples retiliuição da pc'TF do 3" trimestre de 2003 e também pela verificação da DIP1/2004 (Anexo II) Contudo, ressalte-se ainda, que a hniougnante ,fora fiscaliuula nos anos- calendários de 2001 a 2004, exercícios 2002 a 2005, confOrme consta do Termo de Constatação Fiscal n° 01 - 1111).F 0810700/2005100084-2, encerrada em 06/07/2005. Destarte, a conclusão que se chega f-_"?. que, diferentemente do apurado na inumação em tefárência, a impugnante nada deve ao eráf ia páblico, devendo por isso mesmo ser homologado o crédito de RS 138 688,33 (cento e trinta e oiro mil, seiscentos e oitenta e oito reais e trinta e quatro centavos) postulado (negujou-se) Como se vê, a. argumentação da inipugnante entatizou, apenas, o erro material da DCU, que deveria ser desprezada em face das informações prestadas na .D111 A fiscalização dos anos-calendário 2001 a 2004 é apenas noticiada, sem qualquer esclare,eitnento quanto ao seu alcance ou aos seus efeitos, como agora luz a contribuinte em seu recurso voluntário, ao afirmar que o referido procedimento fiscal ensejou a revisão da DIP U2004 e, e, seu entendimento, a admissibilidade dos valores nela expressos. Importante observar que a Constituição 1 1. , ederal assegura aos litigantes, em processo judiciai ou administrativo, e aos acusados em geral o direito a eontraditétio e ampla defesa, com os meios C? reCWS0,5 a ela inerentes-. E neste sentido, o Decreto n" 70.22)5/72 assim regula a instauração do eoiftencioso no âmbito administrativo: (..Ari 11 ,1 impugnação da exigricui inStanra a fase litigiosa do procedimento. ) 5 Ari 1.5 À impugnação, formalizada por escrito O insti ilida com os documentoscOl (Me Se fioxi Jrontu,S'Cf (7 apresentada ao órgão preparado no prazo dc' trinta dias, contados da dolo em que:: fi)r feita a intimação da exi,gência ParágratO único Na hipótese de devolução do paz() para impugnação do agravamerito do eXigé.ild(1 inkia deCOfTente de decisão de primeií a instancia, o prazo paia apresentação de novo imxçpo ao, com :aro a /11,0 (1. pai lu da ciência rles'so. decisão (Redaeão dada pela Lm1 o" 8748, de 1993) Art 1 6 À impugnação rriencionará 1 -a auto, idode julgadora a quem c'. dirigida, - a qtudificacão do impugnante, 111 - motivos de tato e de dir. eito em que s'e fUndainenta, o.s pontos de discordrincia O a.S Uf.;:ões e Novas que possuir, (Redação dada pela lei n" 8,748, de 1993) 117 - ar ddigricios, ou 7)0/ 10110 que' O impugnonte pretendo sejam c-fituadas, c7p()stor os niou yos que as jusfifiquem, com a ,fornitilação dos quesitos lOtoS (705 e?xurnes deseiodos, assim como, no caso de pei teia, o H0i1W, o eridei coe O a qualificação profissional do seu perito (Redaçào dada pela Lei H" 8 748, de 1993) - se a matéria implwriada foi submetida 3 apreciação Judicial, devendo 5(.7 cOpia da petição (Incluído pela Lei a' 11.196, de 2005) 1" Considerar . seu não toNnulado o pedido du diligência ou pera que deixai de atender aos requisitos previstos no inciso IV do art 16 (Incluído pela Lei di 8 748, de 1993) 2" E defeso ao impugnante, ou a seu Jcpresentante legal, empregar expresõe.s injuriosas nos escritos apresentados no procc.sSO, cabendo ao julpadoi, de oficio ou O requer unento do ofendido, mandar riseá-las (Incluído pela Lei n" 8 748, de 1993) 0, 11(111d0 unpagnante diré-ito iminicipal, estadual ou estraineii o, f» ovar-lhe-ét. o teo; e a 71. 3ricia, 50 assrm o determinar o JuI!ador Oneluido pela Lei n" /18, de 1993) 4"A prova dociffileilild setá apresentada na iinpurzação. prrelui neto o dá Mo de o imprignante .fil:Tè-10 em outro momento processual, a menos que (Incluído pela Lei 9 532, de 1997) a) fique demonstrada a impossibilidade de srui apresentação oportuna. por motivo de força maio; -,(Incluido pela Lei n" 9 532, de 1997) 1)) retiro se a faio ou a dá eito superveniente;(1ticludo pela lei n" 9 532, de 1997) e) destine-se O contrapor ,tatos ou razões posterrornwnte trazulas aos autos .(Ineluido pela 1,ei n" 9 532, de 1997) 5" A ,buitado de docuinentos após O impugnação dever.e.'t autoridade julgadora, mediante petição em que Ne demonstre, com Jrindamentós a ocorrência de.' nino dos condições previstas rias uIincos do parágrafir anterior (Incluído pela 1. ei o' 9 532, de 1997) 6' /4 tenha srdo proferida a decisão. os doeumenios apresentados peJniarwecioio nos autos para, se foi jruerposio recurso, serem (/0( iodos pelo autoridade /1/1/ adora de segunda in,shincra (Incluído pela Leio' 9.532, de 1997) Contudo, i chiava-mente ao ponto em debate, O iniptignacão, 00 âmbito material, irão observou tais exigências, em espect;:t1 o ai 1, 16, inciso Hl do Decreto tf' 70 235/7.2, que exige do intet essatio a fixação, individual e concreta, dos aspectos impugnados, ti mandt ) questões eontlovertidas que, Zr" sito, merecem a atenção da autoridade julgadora, sob P' a de cerceamento ao direito de defe,sti Processo 11" 10K40 000776/205 .S0 S-1--C I. 1 1 Acórdão r, 1101-00.30 I H 1 A mera noticia de um procedimento fiscal anterior IlEi0 COitstitui, por si só, questão controvertida cuja OnliSãO, na apreciação procedida no acórdão recorrido, possa ensejar a sua nulidade. Por tais motivos, rejeita-se a argüição de nulidade da decisão recorrida No mérito, aduz ter recolhido a maior a estimativa de FRP .1 devida em , julho/2003, e embora a DCIF do 3" trimestre/2003 aponte que outro seria o débito, a DIN relativa ao ano-calendário 2003 teria retificado aquela apuração, sendo poslerionnente conferida e admitida em procedimento fiscal desenvolvido em razão do Mandado de Procedimento Fiscal MPF que cita. Registre-se que a recorrente não traz cópia do referido MP1 ; , ou de qualquer outro termo lavrado pela fiscalização em razão de sua execução. Apenas menciona, na impugnação, que dela resultou o 7 'e MO de Constatação P'isedi a' 01 14/11'1' 0810700/2005100084-2, encerrada em 06/07/2005 1-:? possível, porém, que a recorrente esteja se referindo à exigência formalizada nos autos do processo administrativo ir 10850 001767/2005-11, distribuído a esta Conselheira para julgamento do recurso voluntário n" 156 234 Daqueles autos, extrai-se: • O MPF n" 08 1. 07 00-2005-00084-2 teve por objeto a verificação do JIPE devido em 1998, 2000) 2001 e 2002, bem como verificações obrigatórias da correspondência entre os vitimes declarados e os valores apurados pelo sujeito passivo em sua escrituração contabil e fiscal, em ielação aos tributos e coruribuições administrados pela SUF, nos áltinzos cinco anos e no período de execução deste Pi ()cedimento Fiscal • Em paralelo as análises de pedidos de ressarcimento de fPI relativos aos períodos de 01/01/1998 a 30/09/2002, a autoridade fiscal exigiu a escrituração contábil e fiscal da contribuinte no período de 01/03/200()a 31/01/2005, inclusive destacando a necessidade de apresentação da transcrição dos balanços ou balancetes de redução/suspensão eventualmente levantados para apuração de estimativas do IR 1).1 e da CSLI • Centrando as análises nas contas Lavoura em I ; oimação, Lavouras a Amortizar e Safra Fundada, nos períodos de 03/2000 a 01/2005, a autoridade lançadora verificou os lançamentos contábeis e fiscais pertinentes á depreciação acelerada incentivada na conta Lavoura em Formação, apurando infrações inclusive no ano-calendario 2001 • Como prova, a autoridade fiscal juntou cópia do Livro de Apuração do Lucro Real LA 111R , relativo ao lucro real apurado em 31/12/2003, destacando os ajustes ao lucro líquido e a apuração do ÍRP.1 a pagar, que foi neconstitu ida pata li lis exigência promovida • No denominado Termo de Constatação Piscai n" 01, lavrado cm razão da redução indevida do IR P.T, a fiscalização confirmou que a empresa fiscalizada atendeu à intimação de deixai à disposição da fiscalização o n livros fiscais e contábeis is//recue ao período de 01/03/2000 a 31/01/2005, mas limitou-se a descrever a intiae.ão constatada nas contas contábeis analisadas, e antes mencionadas, sem firmar qualquer juizo acer ca de outros aspectos da apuração do IR Kl do ano-calendário 2003 • O auto de infração correspondente Ibi laviado em 27/06/2005, e cientificado á contribuinte, juntamente, com o -/r/nt.) de Constatação Fiscal a " 0/, eia data que, Q7 aposta manualmente cru tais documentos, aparenta ser 08/07/2005, e não 06/07/2005, corno indica a recorrente fia evidências, portanto, que este seria o procedimento fiscal ao qual se retere a recorrente 'T.odavia, nela não está firmada qualquer validação da apuração das estimativas no ano-calendar io 2003 Dc .1i.no, a autoridade lançadora concentrou-se na apreciação das adições e exclusões promovidas na apuração anual do lucro real e, recompondo-o, determinou novo lRP devido no período, que confrontado com o apurado no LALUR em 31/12/2003, resultou na diferença que foi objeto de lançamento de ofício Relevante anotar que no processo administrativo n' 10850.001767/2005-11 sequer estão juntadas as fichas da D1P.1 correspondentes à apuração de estimativas. A. evidenciar que a liscalização apenas questionou o IRP11 devido na apuração anual, nos autos do processo administrativo referido somente constam as fichas de apuração do lucro real anual e do cálculo do imposto de renda sobre o lucro real anual. Lsta, por sua vez, discrimina que a contribuinte apurou_ IR P1 de R$ 4.435,259,86, somado a adicional de R$ 2.932.839,91, dos quais foram deduzidos R$ 28.227,20 a título de Programa de Alimentação ao Trabalhador, RS 10.000,00 por destinação fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente. Como antecipações, ['oram infomrados R$ 966 653,01 por retenções na fonte, R.$ 140 741,44 incidentes sobre ganhos no mercado de tenda variável e R$ 1916.086,41 pagos por estimativa, resultando em imposto de renda a pagar de R$ 2 306 341,71 Ia o 1,A1.UR de 31/12/2003, embora apresente IRP1, adicional e deduções coincidentes, mostra-se divergente em relação a parte das antecipações i 11 1 '0 MI alas na 1)11)1 As retenções na -fonte representam R$ 1.107 394,45 (possivelmente a soma das retenções na fonte de R$ 966 653,01 e das incidências sobre ganhos no mercado de renda variável de R$ 140.741,44) mas não 'há pagamentos de estimativas, e sim Compensação do HW' de Perlodo. Anteriores, no valor de R$ 5 .317 840,46, restando R$ 904.587,56 de fRPJ a pagar. Contudo, corno este montante de R$ 5 317 840,46 consta de demonstrativo apresentado pela recorrente nestes autos (fl. 127) a titulo de recolhimento de estimativas de janeiro a de2embro/2003, é razoável inter : ir. que não se trata dc compemação, mas sim dedução, e não de f) 'iodos anuais antei iones, mas sim dos períodos mensais que integram a própria apuração anual de 2003. Como as apurações realizadas pela Lu-realização, refletidas em Demonwtaiivo de Retilicaçãc..) da Apuí' ação do Lucro Real A/C' . 2001 a 2004 limitaram-se a determinar a diferença de lucro real tributável, e a intim:mar, já de plano, que o IRPJ declarado de R$ 4.435.259,86 era inferior ao apurado de R$ 4.751 506.17, claro está que a autoridade lançadora, neste momento, não adentrou, sequer, ao cálculo do adicional, quanto mais às antecipações consideradas nas apurações contidas na Mil e no LALIJR. mesmo se diga do Demonstrativo de Apuração que acompanha o Auto de Infração: por partir do valor tributável liquido determinado no ano-calendário 2003, o único elemento da DIR1 considerado é o lucro real declarado, com vistas á apuração da regular incidência do adicional, De toda sorte, o que se recolhe destes elementos é o fato de o 1,AI 1.1R da contribuinte, apresentado àquela fiscalização, apontar consurno integral das estunativas de R$ 513.17 848,68 para fins de determinação do 1RP.Í a pagar no período, resultando em um saldo rrOCCSSO 11 10810 900776n008-59 ti 1-C1 1 I_ Acórdão n I 10.1.-00..301 H 5 devido de R$ 904.587,56, ao passo que na DI.P.1 a contribuinte preteriu considerar estimativas de apenas R$ 1916.086,41, o que resultou em IR1).1 a pagar de R$ 2.306.341,71. Ou seja, o procedimento fiscal anterior não convalida a DI1'.1, mas sim evidencia seu descompasso com o LALUR, e precisamente na utilização do valor total recolhido a título de estimativas no ano de 2003 para rins de reduzir o IR .P.1 apurado no ajuste anual.. Infere-se, daí, que ao apresentar a DCOMP n" 18733.55674.300304.-1.3.04- 0980, em 30/03/2004, a contribuinte desfez a utilização das estimativas antes procedida no LAUS., e assim constituiu indébito que se prestou a liquidar outro débito. Todavia, O débito compensado é justamente o RP.t devido na apuração anual, com vencimento em 31/03/2004 Ou seja., a contribuinte desfez parcialmente a dedução das estimativas indicada. no LAIIIR para utilizar-se da diferença em compensação CO 111 o mesmo débito.. Diante destas circunstancias, mesmo se nide-vida fOsse a compensação de créditos de estimativas, na. medida em que ela se fez com débitos do IR P1 devido no aliaste do mesmo ano-calendário de apuração das estiimitivas, a inadmissibilidade daquele indébito ensejaria o seu necessário reconhecimento como dedução do IR.P1, e conseqüente redução do .débito compensado.. Em verdade, a diferença entre os dois procedimentos reside no fino de o indébito ser atualizado com. juros à taxa 81-ltIC desde o momento do recolhimento indevido --- mais precisamente a partir do mês subseqüente ao do pagamento indevido ou a maior que o devido até o mês anterior ao d.a compensação ou restituição e dc 1°Ái relativamente ao Mês em que estiver sendo efetuada, na forma do art. 39, § 40 da Lei n' 9.250/95 c/c art 73 da Lei H" 9.532/97 -- ao passo que o IRPS apurado no ano-calendário de 2003 somente recebe acréscimo de juros SELIC a partir de 1" de fevefeiro/.2004 até o último dia do mês anterior ao do pagamento e de um por cento no mês do pagamento, na forma do art. 6", §2() da Lei n" 9.430/96. -tanto o é que a. recorrente reconheceu na DCIF n`-' 1000..000 2007. 1740480346, relativa ao 1° trimestre/2004, saldo a pagar de 1RP.1 devido no ano-calendário 2003 no valor de R$ 738.026,88, que em com.paração com o saldo a pagar inicialmente apurado em sua escrituração (R$ 904.587,56, elevado a R$ 92 3.402,98 em razão dos juros devidos até 31/03/2004) resulta na dilereaea. de R$ 185.176,10, atribuível aos juros imputados nas DCOMP aos indébitos mensais, até sua compensação em março/2004 Relevante notar que durante, a vigência das Instfações Normativas SRI n" 460/2004 e 600/2005, ou seja, no período de 29/10/2004 a 30/12/2008 (até ser publicada a Instrução Normativa .R EB n" 900/2008), a Receita "Federal buscou coibir a utilização imediata de indébitos provenientes de estimativas recolhidas a maior, assim dispondo: instrução Normativa Stt.F u" 460, de 18 de outubro de 2004 Art.. 10 4 pesvm . jurilico findada pelo lucro ;cal, presumido ou 01 (ido que softer retenção indevida ou a m(dor de impo to de renda ou de (.:,S1-1- whi.e ( :?ildi MérilieS que integram a 5a;se de cálculo do impo to ou do u»nribuiçcio, bem assim a pessoa jurídica _tributada pelo lucro real anual que ektuat pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de CSLI, a diulo de e,slimativa mensal, ..tionwnte podei. á malhar o valor palw ou ', elido na deduva...., do 1 ou da C,ST/, devida ao final do período de apuí-avio em que houv. ,.. a reienção ou 9 pagarneruo indevido ou para compo; o saldo negativo de 11,.'17 ou de C.SLL periodo Instrução Normativa SRL+ n" 600, de 28 de dezeinto o de 2005 Arr. 10 4 pessoa jurídica tributada pelo lucro real, pi esurnido ou arbitrado que sofrer retenção indevida ou a maior do irriposto do renda ou de C'SLL sobre rendimentos que integram o base do cálculo do imposto ou da contribuição, bem assim a pessoa jurídica tributada pelo lucro real anual que efetuar pagamento indevido ou a maior de imposto de renda ou de C.SLL a título de estimativa mensal. somente podera utilizar o valor pago ou retido na dedução do IREI ou do CSLL devida ao final do período de apuração cm que houve a retenção ou pagamento indevido Ou para compor o saldo ne,.Ç;ativo de IRP.1 ou de CS14. periodo Instrução Normativa Inft3 n" 900, de 30 de dezembro de 2008 Art. 1/. 4 pessoa jurídica tributada pelo lucro real, presumido Ou whitrado (iue sofrer retenção indevida ou (I InfliOr de impo.sto de renda ou de CSL11., sobre rendimento 'i que integram a base de cálculo do imposto ou da contribuição SOMUlli.0 poderá utilizar o valoi retido na dedução do /MI ou da CSLL devida ao final do 1_» .2I. iodo de apuração em que houve a retenção ou para compor o saldo negativo de IR.1',1 ou de CSLL do per iodo As antecipações recolhidas deveriam 501, primeiro, confrontadas COr.11 O tributo determinado na aparação anual, e só então, se evidenciada a existência de saldo negativo, seria possível a utilização do indébito I n ', este crédito, na tonna da interpretação veiculada no Ato Dectaratório Normativo SKE n" 03/2000, seria atualizado com juros à taxa Sb LIC a partir do mês subseqüente ao do encerramento do ano-ealendario: O ,ST CR.F.LÁRIO 1)4. RLCI',.114 l'EDERAL, rio uso de suas atribuições e icrido em vista o disposto no 4" do art .39 da Lei N" 9 250, de 26 de dezembr o de 1995, nas arts. e 6" da Lei .N" .9.130, de 27 de dezembro de 1996, e no ai 1. 73 da Lei N' 9 .532, de 10 de dezembro de 1997, declara que as .saldos negativos do Imposto sobre a Renda de Pessoa Juin:fica o da Contribuição Social sobre o Lucro Liquida apurados anualmente, poderão ser restituídos' ou compensados com o imposto de renda ou a contribuição social sobre o lucro líquido devidos a partir do mes.'s janeiro cio • ano-calendárto subseqüente ao do (Meei í cimento do periodo do apuraciio, acrescidos de juros equivalente.s à taxa referencial do .,.S'istento Especial de Liquidação e Custódia - S'elic para títulos federais, acumulada mensalmente, calculados a partir do mês subseqüente ao do encerramento do período de apuração até o mês anterior ao da restituição 011 compensação e de um por cento relativamente ao mês em que estiver _sen(Io efetuada. L V ERA RI )0 /11,4( 7P,1, De outro lado, porém, é possível interpretar que a Lei n" 9 430/96,, ao autorizar a dedução das antecipações recolhidas, admite somente aquelas recolhidas cm conformidade com capta de seu art 4rl.2" A pessoa juridic...a sujeita a tributação com ba(:.' no lucro real poderá optar pelo pagamento do i .niposlo, em coda mês, determinado sobre base de cálculo estimada, mediante a aplicação, sobre a receita bruta aulerida mensalmente, dos percentuais de que traia o ari. 15 da Lei n" 9 249, de 26 cIo de ,..embro de 1995, observado o disposto nos e 2" do ali 29 e nos arts 30 a $2, 34 e 35 da Lei a' 8 981, de 20 de janeiro do 1.995; com as alterações da Lei n" 9 065, de 20 do de 1995. O impost.o a W:.?7 pago ffie3i.tiOlinenre uci 1;91'Ina deste artigo Sefel rumado ...€(;) mediante a aplicação, sobre a base de cálculo, da aliquota de quinze por 0e1110. Processo n' W40..900716r2.008- SI-CI I Acórdão n " 1.01-W001. H ó ..2" .4 parcela da base de cálculo, apurada inensalmerite„ ipie exceder a RS 20 000,00 (vinte mil reals)ficará stifeila à incidência de adicional de imposto dc.. renda à aliquola de dr2,- por conto. §3' A pessoa jurídica que optar pelo pagamento do imposto na forma deste artigo deverá apurar o lucro real em 31 de dezembro de cada ano, exceto nas hipóteses de que tratam os 01"e 2" do artigo anterior. §4'Para efeito de determinação do saldo de imposto a pagar ou a ser compen.sado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido o valor: dos incentivos fiscacs. de dedução do imposto, observados os limites e prazos lixados na legislação vigente, bem corno o disposto no 5̀, 4" do ar! 3" da Lei n" 9 249, de 26 de dezembro de 1995, 11 -dos incentivos fiscais de redução e isenç.'i.fio do imposto, calculados com base HO lucro da exploração, 117 -do imposto de renda pago ou retido ria .fonte, incidente sota computadas na determinação do lucro real, 1V-do imposto de renda pago na forma deste artigo (negrej ouse) Diante deste contexto, tem-se por formalmente correto o procedimento adotado pela recorrente: as estimativas recolhidas a maior não poderiam ser deduzidas na apuração anual do IRPI, e o crédito dali decorrente, atualizado com juros à taxa SELIC a partir do recolhimento indevido, poderia ser utilizado em compensação, tnediante apresentação de DC(..)11/1P, inclusive para liquidação do próprio íRP.I apurado no ajuste do mesmo ano-- calendário, mas, evidentemente sem a dedução daquelas parcelas. excedentes. Cumpre, assim, avaliar se há prova do recolhimento indevido A. recorrente argumenta que incluiu indevidamente rendimentos de aplicações rinanceiras no cálculo das ante,cipações. .1J, de tato, os rendimentos tributados na forma dos arts 65, 66, 67, 70, 72, 73 e 74 da Lei n" 8.981/95 não integram a base de cálculo para fins dc apuração das estimativas, conforme art 32, §1 ( ' da mestria Lei Para provar que assim procedeu, a contribuinte junta cópia do registro contabil dos rendimentos de aplicação financeira, nas quais, durante O nú,'s de julho/2003, a conta 51 .10106 -- ,furos y/ 71plk: 6 incinceitus recebe rendimentos de R$ 633.644,46 ( .119), e a conta 5120303 - Ganhos c/ Solsa Marc &. Polui o.s — 13_11F é creditada e (M)ilada pelo mesmo valor de R$ 120.570,01.) (11 116). Apresenta, ainda, balancete de verificação relativo ao período de 01 a 31/07/2003, k1.0 qual demonstra as receitas auferidas no período, as quais se mostram compatíveis com o flemonstrativo do (...?álculocio .1 R Estimado, o qual, sem computai as receitas decorrentes de aplicações financeiras, totaliza em R$ 259 391,52 a estimativa, a pagar (fis 126/130). Considerando que a existência do recolhimento no valor de R$ 398.079,86, efetuado ein 29/08/2003, está confirmada no despacho decisório recorrido, demonstrada está a diferença de R$ 138.688,34, utilizada na DCOMP n" 18733.55674.300301 I .3.04-0980, aqui tratada Ainda, à 11. 1.1.7/124, a recorrente . junta cópia do Dial. io Geral na qual vê-se a contabilização, em dezémlwo/21103 e janeiro72004, da baixa de estimativas ded L3Zi das do 1RP) e tranlétência 11?Pl pago indevidamente. rd receitas d(-, aplicaçõe financeir(m, coerente com o procedimento adotado de somente deduzir na apui ação do fRPJ anual as estimativas regulanneote pagas, e distinguir corno indébitos aquelas indevidamente pagas A sonia dos dois lançamentos de Ransferências dos pagamentos indevidos (R$ 1 230,495,78 e R$ 171.258,28) é compatível coto a diferença cofre as estimativas deduzidas no 1,A L,UR (R$ 5 317.848,68) e aquelas utilizadas na D1P1 (R$ 3.91(1.086,4i) O saldo de R$ 1 401 754,06 está apontado no Livro Razão, na conta 11.40115 - — 1?ecolhido a maior ObSCUVe-se, [alllbérn, eMbOra tais derfiCiliOS C01 .1SiallaITI cópia simples dos originais, não tiá razão para negar-lhes fé, ante a compatibilidade da contabilização, das alegações e dos procedimentos adotados paia a compensação promovida em 30/03/2004, especialmente tendo emn conta que o próprio débito compensado é aquele majorado em I azão da dedução a menor das estimativas, na parte em que recolhidas indevidamente. Ainda, o total de receitas financeiras informado no balancete de dezembro/2003 (R$ 8 653.882,61), apresentado nos autos do processo administi ativo 10840.900397/2008-69 (H 133) que trata de compensação correlata, com crédito decorrente . da estimativa apurada em dezembro/2003 — é compatível com aquele informado na 1.)11)3 apiesentada pela contribuinte no ano-calendatio 2003 (o" 08-0868402-70), a titulo de outras Tcceilas finanecii as (R$ 8.333.103,14 Foi sua vez, na composição das receitas tinanceiras contabilizadas, verifica-se a parcela de R$ 5 578 571,19 relativa a juros sobre aplicações financeiras, sobre a qual, se aplicada a aliquota de 25%, chega-se ao resultado de R$ 1.394.642,80, também compatível com o indébito total de R$ 1 401.754,06 que teria sido apurado cro 2003, Apenas observe-se que a DCC.)MP aqui em análise, apresentada ern 30/03/2004, não considera j tifos sobre o débito de IR P3 apurado no ano-calendário 2003, contrariamente ao que dispõe o art 6, §2' da lei o' 9 430/96 -- que determina o acréscimo de juros à taxa SI d a partir de 1° de fevereiro de 2004 — bem como imputa ao crédito juros superiores aos devidos na forma do art 39, § 40 da Lei ri" 9 250195 c/c art 73 da 1,ei 9,532/97 que deveriam corresponder à variação da taxa SEL1C do mês subseqiiente ao do pagamento a maior até o mês anterior ao da compensação e de 1% relativamente ao mês eni que efetuada — acumulados em 9,38% e não 11,15% como pretendido. Por todo o exposto, voto por 1)A.R. PROVI Ml N 1 .0 PARCIAL ao recurso voluntário, para reconhecei o direito creditorio de R$ 138 688,34 relativamente ao recolhimento efetuado em 31/07/2003, e homologai a compensação do débito com os acréscimos moratorios pertinentes, até o limite do valor atualizado do crédito na data da entrega da DCOM.P. , • E _LÁ PEREIRA BESSA • Relatora
score : 1.0
Numero do processo: 10845.002632/99-89
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 28 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Data do fato gerador: 13/08/1999
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. CORREÇÃO MONETÁRIA. RECOMPOSIÇÃO DO VALOR DA MOEDA. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS.
A correção monetária tem o efeito de recompor a desvalorização da moeda. Assim, o contribuinte possui direito à plena correção monetária do indébito tributário reconhecido em seu favor, com base na jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça e do Ato Declaratório PGFN n. 10, de 1ª de dezembro de 2008, os quais reconhecem que a correção monetária é simplesmente a recuperação do valor do montante indevidamente recolhido aos Cofres Públicos, devendo seguir os expurgos inflacionários, conforme a Tabela Única da Justiça Federal (aprovada pela Resolução do Conselho da Justiça Federal n. 561/2007).
Numero da decisão: 3402-006.411
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente
(assinado digitalmente)
Thais De Laurentiis Galkowicz - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges.
Nome do relator: THAIS DE LAURENTIIS GALKOWICZ
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CORREÇÃO MONETÁRIA. RECOMPOSIÇÃO DO VALOR DA MOEDA. JURISPRUDÊNCIA CONSOLIDADA DO STJ. APLICAÇÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. A correção monetária tem o efeito de recompor a desvalorização da moeda. Assim, o contribuinte possui direito à plena correção monetária do indébito tributário reconhecido em seu favor, com base na jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça e do Ato Declaratório PGFN n. 10, de 1ª de dezembro de 2008, os quais reconhecem que a correção monetária é simplesmente a recuperação do valor do montante indevidamente recolhido aos Cofres Públicos, devendo seguir os expurgos inflacionários, conforme a Tabela Única da Justiça Federal (aprovada pela Resolução do Conselho da Justiça Federal n. 561/2007). Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto da relatora. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente (assinado digitalmente) Thais De Laurentiis Galkowicz Relatora AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 84 5. 00 26 32 /9 9- 89 Fl. 1224DF CARF MF 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Cynthia Elena de Campos, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Antonio Borges (suplente convocado) e Waldir Navarro Bezerra. Ausente o conselheiro Rodrigo Mineiro Fernandes, substituído pelo conselheiro Marcos Antonio Borges. Relatório O presente processo deriva de Pedido de Compensação realizado sob a vigência da IN n° 21/97, em decorrência de sentença judicial transitada em julgado, na qual foi declarada a inconstitucionalidade incidenter tantum da exigência da quota de contribuição prevista no Decretolei n. 2.295/86, que no passado incidiu sobre as exportações de café. Inicialmente, o pedido foi indeferido, sob o argumento de que i) a Contribuinte não teria cumprido o disposto no §1° do artigo 17 da citada IN 21/97, já que, em seu entendimento, não teria comprovado a desistência da ação de execução do título judicial; ii) não haveria decisão judicial que garantisse à interessada o direito à compensação; e iii) os valores pleiteados devem ser líquidos e certos, havendo necessidade de se promover a liquidação da sentença judicial. Apresentada manifestação de inconformidade, a DRJ, por unanimidade de votos, confirmou o direito creditório reconhecido na decisão transitada em julgado na Ação n. 94/02023348, que tramitava perante a 4ª Vara da Justiça Federal em Santos/SP, afastando a decisão proferida pela DRF em Santos/SP que condicionara o pedido de restituição à liquidação de sentença, entendendo, ainda, não ser razoável a submissão do contribuinte ao instituto do precatório. Contudo, indeferiu a solicitação de compensação ante a suposta ausência da comprovação do pedido de desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial. Ou seja, o crédito foi reconhecido integralmente pela Administração, restando em litígio tãosomente a hipotética ausência da comprovação da desistência da execução do título judicial. Dessa decisão foi interposto recurso voluntário, ao qual este E. Conselho Administrativo de Recursos Fiscais deu provimento, nos termos do Acórdão n. 310200.427, cuja ementa segue a seguir transcrita: Ementa(s) OUTROS TRIBUTOS OU CONTRIBUIÇÕES Período de apuração: 21/05/1988 a 28/09/1989 COMPENSAÇÃO DE CRÉDITOS PRÓPRIOS COM DÉBITOS DE TERCEIROS. No regime da IN SRF n° 21/97, o crédito a ser restituído a um contribuinte poderia ser utilizada para a compensação com débitos de outro contribuinte. COMPENSAÇÃO. TÍTULO JUDICIAL. COMPROVAÇÃO DA DESISTÊNCIA DA EXECUÇÃO Fl. 1225DF CARF MF Processo nº 10845.002632/9989 Acórdão n.º 3402006.411 S3C4T2 Fl. 251 3 No caso de título judicial em fase de execução, a compensação somente poderá ser efetuada se o contribuinte comprovar junto à unidade da SRF a desistência, perante o Poder Judiciário, da execução do título judicial e assumir todas as custas do processo, inclusive os honorários advocatícios. Desistência comprovada nos autos. Recurso Voluntário Provido A Procuradoria opôs embargos de declaração, os quais foram rejeitados, conforme Acórdão n. 310200.642 (fls. 690), cuja ementa foi lavrada nos seguintes termos: Ementa(s) PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL COMPENSAÇÃO, REQUISITOS DA IN SRF 21/97 Não houve omissão/obscuridade, no Acórdão 310200.427, da sessão de 09/07/2009, quanto à análise dos requisitos delineados no artigo 17 da IN SRF nº 21/97, para que fosse deferido o direito à compensação pleiteado. Embargos Rejeitados. Os autos foram então remetidos à DRF de Santos, que, em despacho datado de 11/05/2012 (fls. 810) devolveu o processo ao CARF para que a Procuradoria da Fazenda Nacional fosse cientificada da decisão proferida em sede de embargos. O I. Procurador da Fazenda se deu por ciente em 29/06/2012 (fls. 811), transcorrendo in albis o prazo para interposição de recurso especial, o que tornou definitiva a decisão que deu provimento ao recurso voluntário, por força do disposto no art. 80 do Decreto 7.574/2011. Ocorre que, ao proceder à execução do acórdão, a DRF de Santos considerou o crédito insuficiente para abarcar todas as compensações realizadas com débitos de responsabilidade das Cervejarias Kaiser Brasil Ltda. sob a égide da IN 21/97 , deixando de homologar aquelas tratadas nos processos n. 10735.001686/0099, 13884.005304/9957 e 10530.000267/200151 e homologando parcialmente a do processo n" 10665.001293/9957. Assim, com lastro da Solução de Consulta Cosit 18/2012, a Contribuinte apresentou manifestação de inconformidade tendo em vista a inobservância dos índices constantes do Manual de Orientação de Procedimentos para Cálculos na Justiça Federal, aprovado pela Resolução do Conselho da Justiça Federal n° 561/2007 nos cálculos realizados pela SECAT/EQAJU. Todavia, a DRJ julgou improcedente a manifestação de inconformidade (fls 1111), em decisão proferida com a seguinte ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 13/08/1999 Fl. 1226DF CARF MF 4 Restituição de valores recolhidos a título de Quota de Contribuição sobre Operações de Exportação de Café em grãocru. Diante da decisão judicial, já transitada em julgado, restou garantido à interessada o direito à restituição do indébito. O SEORT/ALFSTS homologou parcialmente o direito creditório, não reconhecendo a correção monetária pleiteada. O interessado ingressou com manifestação de inconformidade, a fim de que o crédito reconhecido em seu favor seja acompanhado da plena correção monetária. A administração tributária está limitada aos termos da Norma de Execução Conjunta SRF/COSIT/COSAR Nº 08/97, carecendo de autorização legal restituição além desse limite. Irresignada, a Contribuinte interpôs novo recurso voluntário a este Conselho, defendendo que possui direito à plena correção monetária do crédito reconhecido judicialmente em seu favor, com base na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, dos Pareceres Procuradoria da Fazenda Nacional sobre o tema e do Ato Declaratório PGFN n. 10, de 1ª de dezembro de 2008, os quais reconhecem que a correção monetária é simplesmente a recuperação do valor do indébito, devendo seguir a Tabela Única da Justiça Federal (aprovada pela Resolução n. 561/2007). Os presentes autos foram a mim distribuídos por prevenção, haja vista que anteriormente ao seu sorteio a mim já havia sido remetido o processo n. 10940.000765/2002 53, que trata de auto de infração para cobrança de IPI, cujo crédito decorre da sentença judicial discutida primordialmente no presente processo. Voto Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, Relatora Conforme informação de fls 1201, o recurso é tempestivo, com base no que dispõe o artigo 33 do Decreto 70.235, de 06 de março de 1972, bem como atende as demais condições de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. Pelo relato acima, vêse que o único ponto ainda controvertido no presente processo diz respeito à correção monetária do indébito reconhecido judicial e administrativamente. Como já tive a oportunidade de me manifestar anteriormente,1 no que tange à correção monetária aplicável às restituições efetuadas pelo Poder Público, observase que sua evolução tem origem no esforço dos Tribunais brasileiros, o qual deu lugar a farta construção jurisprudencial sobre o tema. 1 LAURENTIIS, Thais de. Restituição de Tributo Inconstitucional. São Paulo: Noeses, 2015. Fl. 1227DF CARF MF Processo nº 10845.002632/9989 Acórdão n.º 3402006.411 S3C4T2 Fl. 252 5 A causa de tais esforços era a desigualdade de tratamento jurídico que pairava entre fisco e contribuinte. Este, ao pagar com atraso suas dívidas, deveria corrigilas monetariamente, enquanto aquele não teria essa obrigação ao restituir o indébito. Em poucas palavras, essa discrepância de tratamento ocorria por força do silêncio da lei, que somente impunha a atualização monetária para o pagamento de tributo com atraso, mas não para o pagamento de tributos indevidamente recolhidos ao Erário. Em face deste cenário, o Supremo Tribunal Federal desenvolveu paulatinamente sua jurisprudência até alcançar o ajuste necessário aos direitos dos contribuintes. Essa jurisprudência, sinteticamente, pode ser dividida em quatro momentos, quando o STF afirmou que:2 i) não era devida a correção monetária do indébito, porque não havia lei nesse sentido; ii) era cabível a correção pela interpretação extensiva do depósito, o qual ensejava correção monetária; iii) era cabível a correção monetária do indébito por analogia com o depósito; iv) a equidade justifica a correção do indébito, já que constituiria uma injustiça o contribuinte ter que corrigir os valores, e a Fazenda Pública não. Quanto ao termo inicial para a fluência da correção monetária, também foi necessária solução por parte do Judiciário, à medida que o artigo 167, parágrafo único do CTN unicamente tratava de juros de mora, determinando sua incidência a partir do trânsito em julgado da sentença reconhecendo o indébito. Assim, o Supremo Tribunal Federal, por equidade e analogia com o depósito, decidiu que é a partir do pagamento indevido que se deve contar, tendo em vista que o que se busca é a restituição do administrado ao seu anterior estado de riqueza. 3 Hodiernamente, não restam mais dúvidas sobre a necessidade de correção monetária do indébito, desde a data em que o pagamento foi feito ao Estado. É o que consta tanto da jurisprudência do Supremo,4 da Súmula nº 46 do extinto Tribunal Federal de 2 Cf. Torres, Ricardo Lobo. Restituição de Tributos. Rio de Janeiro: Forense, 1983, p. 44 – 50. 3 "EMENTA: Correção monetária na repetição do indébito tributário. A jurisprudência do STF firmouse no sentido de que cabe a correção monetária tanto no caso em que o contribuinte deposita para discutir, como no em que paga para repetir, devendo, assim, ser calculada a partir do pagamento indevido, como do depósito, porventura, realizado. (RE n° 84.704, DJ 01.04.77; 87.677, in RTJ 83/644). RE conhecido e provido." (Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 92.401/SP. Relator: Ministro Thompson Flores. Julgamento: 08 abr. 1980. Órgão Julgador: Primeira Turma. Publicação: DJ, 16 maio 1980, p. 3488). 4 Nesse sentido, podem ser colacionadas as seguintes ementas, selecionadas pelo Parecer PGFN/CRJN/No 447/1996, o qual dispensa a interposição de recurso contra decisões determinando a incidência de correção monetária na restituição de tributos: “EMENTA: Repetição de indébito tributário. A correção monetária é cabível a partir do recolhimento do tributo indevido, ainda que voluntário […]” (Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 96.808/RJ. Relator: Ministro Cordeiro Guerra. Julgamento: 27 abr. 1982. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJ, 11 jun. 1982, p. 5682). "EMENTA: Correção monetária. Repetição de indébito tributário. Termo inicial. Na repetição do indébito tributário o termo inicial da correção monetária é a data do depósito ou do tributo restituído […]” (Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 94.935/RJ. Relator: Ministro Rafael Mayer. Julgamento: 29 set. 1981. Órgão Julgador: Primeira Turma. Publicação: DJ 23 out. 1983, p. 10631). "EMENTA: Tributário. Repetição do indébito. Correção monetária. Termo inicial da incidência. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a correção monetária, na restituição de tributos, incide a partir da data do pagamento indevido." (Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 92.742. Relator: Ministro Décio Miranda. Julgamento: 05 maio 1981. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJ, 29 maio 1981, p. 5054). "EMENTA: Repetição de indébito. Correção monetária. Analogia. É devida a correção monetária não só quando o contribuinte deposita o quantum do tributo para discutilo na instância administrativa como quando o paga para depois repetilo. Correção Monetária. Pedido inicial. Omisso. É devida a correção monetária. Quando embora não tenha sido objeto do pedido, considerase abrangido por este. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. RE conhecido e provido." (Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 92.671. Relator: Ministro Fl. 1228DF CARF MF 6 Recursos,5 quanto da Súmula n. 162 do Superior Tribunal de Justiça, vazada nos seguinte dizeres: “na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do pagamento indevido.” Desse modo os valores indevidos recolhidos a título de tributo devem ser corrigidos monetariamente, sendo esse o único instrumento para a satisfação integral e efetiva dos créditos dos contribuintes contra o Poder Público. Inclusive, merece destaque o Parecer AGU/MF01/96 da AdvocaciaGeral da União, publicado no Diário Oficial de 18.01.96, que claramente sintetizou as soluções adotadas pelos legítimos intérpretes da lei, além de enfatizar o papel da correção monetária nas ações de repetição de indébito. In verbis: Mesmo na inexisten̂cia de expressa previsão legal, é devida correção monetária de repetição de quantia indevidamente recolhida ou cobrada a título de tributo. A restituição tardia e sem atualização é restituição incompleta e representa enriquecimento ilícito do Fisco. Correção monetária não constitui um plus a exigir expressa previsão legal. É, apenas, recomposição do crédito corroído pela inflação. O dever de restituir o que se recebeu indevidamente inclui o dever de restituir o valor atualizado. Se a letra fria da lei não cobre tudo o que no seu espírito se contém, a interpretação integrativa se impõe como medida de Justiça. Disposições legais anteriores à Lei n° 8.383191 e princípios superiores do Direito brasileiro autorizam a conclusão no sentido de ser devida a correção na hipótese em exame. A jurispruden̂cia unânime dos Tribunais reconhece, nesse caso, o direito à atualizacã̧o do valor reclamado. O Poder Judiciário não cria, mas, tãosomente aplica o direito vigente. Se tem reconhecido esse direito é porque ele existe. 6 Ademais, fato é que, posteriormente ao assentamento de todas estas teses, foi editada a Lei n° 6.899, de 08 de abril de 1981, 7 por meio da qual a correcã̧o monetária passou a ser aplicável a todo e qualquer débito oriundo de decisão judicial. Em seguida, Lei n° 8.383, de 30 de dezembro de 1991 (artigo 66, § 3º)8 trouxe a disciplina de forma expressa ao âmbito tributário, especificamente sobre a restituição e compensação de tributos federais. Desde então, diferentes índices foram usados para fins de atualização monetária dos indébitos fiscais, terminando com a taxa de juros Selic aplicada atualmente. Com efeito, a jurisprudência do STJ firmouse pela inclusão dos expurgos inflacionários na repetição de indébito, utilizandose seguintes índices de correção monetária aplicáveis desde o recolhimento indevido: ORTN de 1964 a fev/86; OTN de mar/86 a jan/89; BTN de mar/89 a mar/90; IPC de mar/90 a fev/91; INPC de mar/91 a nov/91; IPCA Rafael Mayer. Julgamento: 24 jun. 1980. Órgão Julgador: Primeira Turma. Publicação: DJ, 12 ago. 1980, p. 5790). 5 Brasil. Tribunal Federal de Recursos. Súmula 46. Nos casos de devolução do depósito efetuado em garantia de instância e de repetição do indébito tributário, a correção monetária e calculada desde a data do depósito ou do pagamento indevido e incide até o efetivo recebimento da importância reclamada. Brasília: DJ, 14 out. 1980. 6 Brasil. AdvocaciaGeral da União. Parecer AGU/MF01/96. Incidência de correção monetária nas parcelas devidas em razão de repetição de indébito tributário, anteriormente à Lei nº 8.383/91. Publicação: DO 18 jan. 1996. 7 “Art 1º A correção monetária incide sobre qualquer débito resultante de decisão judicial, inclusive sobre custas e honorários advocatícios.” 8 “Art. 66, […] §3º A compensação ou restituição será efetuada pelo valor do tributo ou contribuição ou receita corrigido monetariamente com base na variação da UFIR.” Fl. 1229DF CARF MF Processo nº 10845.002632/9989 Acórdão n.º 3402006.411 S3C4T2 Fl. 253 7 dez/91; UFIR de jan/92 a dez/95; observados os respectivos percentuais: fev/86 (14,36%); jun/87 (26,06%); jan/89 (42,72%); fev/89 (10,14%); mar/90 (84,32%); abri/90 (44, 80%); mai/90 (7,87%); jun/90 (9,55%); jul/90 (12,92%); ago/90 (12,03%); set/90 (12,76%); out/90 (14,20%); nov/90 (15,58%); dez/90 (18,30%); jan/91 (19,91%); fev/91 (21,87%); mar/91 (11,79%). A partir de janeiro/96, aplicase somente a Selic, que inclui, a um só tempo, o índice de inflação do período e a taxa de juros real." (Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 935.311/SP. Relatora: Ministra Eliana Calmon. Julgamento: 26 ago. 2008. Órgão Julgador: Segunda Turma. Publicação: DJe, 18 set. 2008). Em razão dessa consolidação jurisprudencial, a Procuradoria da Fazenda Nacional emitiu o Parecer PGFN/CRJ n. 2601/2008, dispensando a apresentação de impugnação e recursos sobre a matéria. Segue transcrita sua ementa e trecho sobre os índices de correção monetária aplicáveis aos indébitos tributários: Tributário. Correção Monetária. Inclusão de índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários. Jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997. ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos. (...) 6. No que atine ao critério a ser utilizado para cálculo da correção monetária, firmouse orientação no sentido de que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal, de 2.7.2007, a saber: a) jan/89, IPC/IBGE, de 42,72% (em substituição ao BTN); b) fev/89, IPC/IBGE, de 10,14% (em substituição ao BTN); c) de mar/89 a fev/90, BTN; d) de mar/90 a fev/91, IPC/IBGE (em substituição ao BTN e ao INPC de fev/91); e) de mar/91 a nov/91, INPC; f) em dez/91, IPCA série especial (art. 2º, § 2º, da Lei nª 8.383/91); g) de jan/92 até jan/96, utilizar a UFIR (Lei nº 8.383/91). h) a partir de jan/96, taxa SELIC e 1% na data do pagamento art. 39, § 4º, da Lei n. 9.250, de 26.12.95.” Despacho do Ministro da Fazenda Tributário. Correção Monetária. Inclusão de índices expurgados de planos econômicos para atualização dos créditos tributários. Jurisprudência pacificada no Superior Tribunal de Justiça. Aplicação da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002, e do Decreto no 2.346, de 10 de outubro de 1997. Procuradoria Geral da Fazenda Nacional autorizada a não contestar, a não interpor recursos e a desistir dos já interpostos Aprovo o PARECER PGFN/CRJ/Nº 2601 /2008, de 20 de novembro de 2008, da ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, que concluiu pela dispensa de apresentação de contestação, de interposição de recursos, bem como pela autorização de desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante nas ações judiciais que visem a obter declaração de que é devida, como fator de atualização Fl. 1230DF CARF MF 8 monetária de débitos judiciais, a aplicação dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos governamentais constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução Nº 561 do Conselho da Justiça Federal, de 02 de julho de 2007. Importante frisar que o citado parecer deu ensejo ao Ato Declaratório PGFN n. 10, de 1º de dezembro de 2008.9 Diante desse cenário, cabe a este Colegiado reconhecer o direito pleiteado pela Recorrente, como vem fazendo o CARF em casos análogos, a seguir pontuados: Ementa(s) Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/01/1990 a 31/12/1994 DECADÊNCIA Todos os pagamentos realizados pelo contribuinte já foram considerados no cálculo do indébito PAGAMENTO. COMPENSAÇÃO. DISTINÇÃO O instituto do pagamento não se confunde com o da compensação, regendose por normas distintas. IMPUTAÇÃO PROPORCIONAL DE PAGAMENTOS As normas que disciplinam a imputação proporcional de pagamentos prevêem a atualização monetária dos saldos. CORREÇÃO MONETÁRIA. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. INCLUSÃO DOS EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA NO STJ. Na vigência de sistemática legal geral de correção monetária, a correção de indébito tributário há de ser plena, mediante a aplicação dos índices representativos da real perda de valor da moeda, encontrandose firmada a orientação no sentido de que os índices a serem aplicados na compensação ou repetição do indébito tributário são os constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução n. 561 do Conselho da Justiça Federal, de 2.7.2007. Recurso Voluntário Provido em Parte. (Acórdão 3301002.623. RELATOR Luiz Augusto do Couto Chagas. Data da Seção 25/02/2015) 9 "O PROCURADORGERAL DA FAZENDA NACIONAL, no uso da competência legal que lhe foi conferida, nos termos do inciso II do art. 19, da Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002, e do art. 5º do Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, tendo em vista a aprovação do Parecer PGFN/CRJ/Nº 2601 /2008, desta ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional, pelo Senhor Ministro de Estado da Fazenda, conforme despacho publicado no DOU de 8/12/2008, DECLARA que fica autorizada a dispensa de apresentação de contestação de interposição de recursos e a desistência dos já interpostos, desde que inexista outro fundamento relevante: "nas ações judiciais que visem a obter declaração de que é devida, como fator de atualização monetária de débitos judiciais, a aplicação dos índices de inflação expurgados pelos planos econômicos governamentais constantes na Tabela Única da Justiça Federal, aprovada pela Resolução nº 561 do Conselho da Justiça Federal, de 02 de julho de 2007." JURISPRUDÊNCIA: AgRg no RESP 935594/SP (DJ 23.04.2008); EDcl no REsp 773.265/SP (DJ 21.05.2008); EDcl nos EREsp 912.359/MG (DJ 27.22.2008); EREsp 912.359/MG (DJ 03.12.2007)." Fl. 1231DF CARF MF Processo nº 10845.002632/9989 Acórdão n.º 3402006.411 S3C4T2 Fl. 254 9 Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/09/1989 a 30/09/1995 PIS. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO. DECADÊNCIA. Cabível o pleito de restituição/compensação de valores recolhidos a maior, a título de Contribuição para o PIS, nos moldes dos inconstitucionais DecretosLeis nºs 2.445 e 2.449, de 1988, tendo sido protocolizado antes da Lei Complementar nº 118/95. CORREÇÃO MONETÁRIA. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. POSSIBILIDADE. A correção monetária tem o efeito de recompor a desvalorização da moeda, portanto, cabível que seja contabilizada levandose em consideração os expurgos inflacionários. REP Negado e REC Provido. (ACÓRDÃO: 9303002.117 , RELATOR: Francisco Maurício Rabelo de Albuquerque Silva Data de decisão: 08/04/2013 Normas Gerais de Direito Tributário Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995 UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. TRIBUNAIS SUPERIORES. (ART. 543B E 543C DO CPC). NECESSIDADE DE REPRODUÇÃO DAS DECISÕES PELO CARF (ART. 62A DO RICARF). PIS. RESTITUIÇÃO. COMPENSAÇÃO. PRAZO DECADENCIAL/ PRESCRICIONAL. IRRETROATIVIDADE DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005. PEDIDO FORMULADO ANTES DE 09/06/2005. VIGÊNCIA DA TESE DOS 10 ANOS. RE 566.621. CORREÇÃO MONETÁRIA. RESTITUIÇÃO E COMPENSAÇÃO DE INDÉBITO TRIBUTÁRIO. PRINCÍPIO DA MORALIDADE. CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ART. 37. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. STJ 1990. IPC. JURISPRUDÊNCIA PACIFICADA NO STJ. Na vigência de sistemática legal geral de correção monetária, a correção de indébito tributário há de ser plena, mediante a aplicação dos índices representativos da real perda de valor da moeda, não se admitindo a adoção de índices inferiores expurgados, sob pena de afronta ao princípio da moralidade administrativa e de se permitir enriquecimento ilícito do Erário. Recursos Especiais do Procurador Provido em Parte e do Contribuinte Provido. (ACÓRDÃO: 9303002.130 RELATORA: Maria Teresa Martínez López Data de decisão: 30/01/2013 ) Nesse sentido, o crédito já reconhecido em favor da Recorrente deve ser acompanhado da plena correção monetária, vale dizer, com a recomposição dos expurgos inflacionários correspondentes aos índices de 42,72%. (jan/89), 10,14% (fev/89), 84,32% (mar/90), 44,80% (abr/90), 7,87%'(maio/90), e 21,87% (fev/91), bem como dá taxa SELIC a partir de janeiro de 1996, conforme consta da Resolução do Conselho da Justiça Federal n. 561/2007. Fl. 1232DF CARF MF 10 Dispositivo Por tudo quanto exposto, voto por dar provimento ao recurso voluntário. Thais De Laurentiis Galkowicz Fl. 1233DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10380.725185/2017-41
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Segunda Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 14 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Wed Apr 10 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Data do fato gerador: 09/08/2012, 21/02/2013, 09/11/2015, 07/10/2016
DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. TERMO DE INÍCIO.
A incidência do IRPF sobre ganhos de capital ocorre sob o regime de caixa, pelo que não se encontra decaído o lançamento fiscal cientificado ao contribuinte antes do prazo quinquenal, com termo de início na data do efetivo recebimento dos recursos alusivos à alienação.
PEDIDO DE NULIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. FUNDO DE INVESTIMENTO PERTENCENTE A GRUPO EMPRESARIAL. DESCONSIDERAÇÃO.
Com a desconsideração de fundo de investimento, tal entidade não se torna inválida ou inexistente, porém fica suspensa a eficácia de sua formação quanto a determinado(s) ato(s) praticado(s) pelo fundo.
Nesse passo, a desconsideração do fundo de investimentos não faz retroagir a estrutura societária do grupo empresarial para o momento anterior à criação de tal fundo, pelo que o fato gerador do tributo deve ser analisado (inclusive quanto à identificação do sujeito passivo) na data de sua efetiva ocorrência, apenas retirando o fundo de investimento da citada estrutura.
FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES - FIP. FINALIDADE. EMPRESAS OPERACIONAIS PREVIAMENTE CONTROLADAS PELO GRUPO EMPRESARIAL ANTES DA CRIAÇÃO DO FIP. DESNECESSIDADE. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL.
O fundo de investimento em participações tem como finalidade precípua a realização de investimentos novos, e não a gestão profissional de investimentos antigos, assim representados por empresas operacionais que já pertenciam àquele grupo empresarial, antes da criação do FIP.
No caso de FIP criado para gerir empresas operacionais previamente controladas pelo grupo empresarial, os ganhos esperados pelos cotistas do FIP seriam os mesmos que obteriam se mantivessem diretamente o controle das empresas, revelando-se, assim a desnecessidade de tal FIP e sua falta de propósito negocial.
DESCONSIDERAÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO.
Comprovada a interposição de fundos de investimento, com o fim exclusivo de usufruir da isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na venda de sociedade formalmente controlada por tais entidades, deve-se desconsiderar os fundos de investimento, de modo a cobrar o tributo dos cotistas desses fundos, proprietários últimos das ações da sociedade vendida.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO.
Identificado o dolo do agente na interposição de fundos de investimento entre seus cotistas e a companhia operacional vendida, para beneficiar-se de isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na mencionada venda, deve-se qualificar a multa de ofício.
MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DISCUSSÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO.
No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado o afastamento da aplicação de lei, sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que a autoridade julgadora administrativa não tem competência para afastar o dispositivo legal que determina a cobrança de multa de ofício, no percentual de 150% sobre o imposto devido, nas hipóteses de sonegação, fraude e conluio.
Numero da decisão: 2301-005.929
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e não reconhecer a decadência, e no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos o conselheiro Wesley Rocha que dava provimento e o conselheiro Thiago Duca Amoni que dava parcial provimento para afastar a qualificação da multa.
(assinado digitalmente)
Antônio Savio Nastureles - Presidente em exercício.
(assinado digitalmente)
Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente), Thiago Duca Amoni, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e Antônio Savio Nastureles (Presidente), sendo que Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Thiago Duca Amoni, suplentes convocados, integraram o colegiado em substituição, respectivamente, aos conselheiros João Maurício Vital e Alexandre Evaristo Pinto
Nome do relator: MARCELO FREITAS DE SOUZA COSTA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Data do fato gerador: 09/08/2012, 21/02/2013, 09/11/2015, 07/10/2016 DECADÊNCIA. GANHO DE CAPITAL. TERMO DE INÍCIO. A incidência do IRPF sobre ganhos de capital ocorre sob o regime de caixa, pelo que não se encontra decaído o lançamento fiscal cientificado ao contribuinte antes do prazo quinquenal, com termo de início na data do efetivo recebimento dos recursos alusivos à alienação. PEDIDO DE NULIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. FUNDO DE INVESTIMENTO PERTENCENTE A GRUPO EMPRESARIAL. DESCONSIDERAÇÃO. Com a desconsideração de fundo de investimento, tal entidade não se torna inválida ou inexistente, porém fica suspensa a eficácia de sua formação quanto a determinado(s) ato(s) praticado(s) pelo fundo. Nesse passo, a desconsideração do fundo de investimentos não faz retroagir a estrutura societária do grupo empresarial para o momento anterior à criação de tal fundo, pelo que o fato gerador do tributo deve ser analisado (inclusive quanto à identificação do sujeito passivo) na data de sua efetiva ocorrência, apenas retirando o fundo de investimento da citada estrutura. FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES - FIP. FINALIDADE. EMPRESAS OPERACIONAIS PREVIAMENTE CONTROLADAS PELO GRUPO EMPRESARIAL ANTES DA CRIAÇÃO DO FIP. DESNECESSIDADE. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. O fundo de investimento em participações tem como finalidade precípua a realização de investimentos novos, e não a gestão profissional de investimentos antigos, assim representados por empresas operacionais que já pertenciam àquele grupo empresarial, antes da criação do FIP. No caso de FIP criado para gerir empresas operacionais previamente controladas pelo grupo empresarial, os ganhos esperados pelos cotistas do FIP seriam os mesmos que obteriam se mantivessem diretamente o controle das empresas, revelando-se, assim a desnecessidade de tal FIP e sua falta de propósito negocial. DESCONSIDERAÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO. Comprovada a interposição de fundos de investimento, com o fim exclusivo de usufruir da isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na venda de sociedade formalmente controlada por tais entidades, deve-se desconsiderar os fundos de investimento, de modo a cobrar o tributo dos cotistas desses fundos, proprietários últimos das ações da sociedade vendida. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO. Identificado o dolo do agente na interposição de fundos de investimento entre seus cotistas e a companhia operacional vendida, para beneficiar-se de isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na mencionada venda, deve-se qualificar a multa de ofício. MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DISCUSSÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado o afastamento da aplicação de lei, sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que a autoridade julgadora administrativa não tem competência para afastar o dispositivo legal que determina a cobrança de multa de ofício, no percentual de 150% sobre o imposto devido, nas hipóteses de sonegação, fraude e conluio.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e não reconhecer a decadência, e no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos o conselheiro Wesley Rocha que dava provimento e o conselheiro Thiago Duca Amoni que dava parcial provimento para afastar a qualificação da multa. (assinado digitalmente) Antônio Savio Nastureles - Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente), Thiago Duca Amoni, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e Antônio Savio Nastureles (Presidente), sendo que Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Thiago Duca Amoni, suplentes convocados, integraram o colegiado em substituição, respectivamente, aos conselheiros João Maurício Vital e Alexandre Evaristo Pinto
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GANHO DE CAPITAL. TERMO DE INÍCIO. A incidência do IRPF sobre ganhos de capital ocorre sob o regime de caixa, pelo que não se encontra decaído o lançamento fiscal cientificado ao contribuinte antes do prazo quinquenal, com termo de início na data do efetivo recebimento dos recursos alusivos à alienação. PEDIDO DE NULIDADE. IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO. FUNDO DE INVESTIMENTO PERTENCENTE A GRUPO EMPRESARIAL. DESCONSIDERAÇÃO. Com a desconsideração de fundo de investimento, tal entidade não se torna inválida ou inexistente, porém fica suspensa a eficácia de sua formação quanto a determinado(s) ato(s) praticado(s) pelo fundo. Nesse passo, a desconsideração do fundo de investimentos não faz retroagir a estrutura societária do grupo empresarial para o momento anterior à criação de tal fundo, pelo que o fato gerador do tributo deve ser analisado (inclusive quanto à identificação do sujeito passivo) na data de sua efetiva ocorrência, apenas retirando o fundo de investimento da citada estrutura. FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES FIP. FINALIDADE. EMPRESAS OPERACIONAIS PREVIAMENTE CONTROLADAS PELO GRUPO EMPRESARIAL ANTES DA CRIAÇÃO DO FIP. DESNECESSIDADE. FALTA DE PROPÓSITO NEGOCIAL. O fundo de investimento em participações tem como finalidade precípua a realização de investimentos novos, e não a gestão profissional de investimentos antigos, assim representados por empresas operacionais que já pertenciam àquele grupo empresarial, antes da criação do FIP. No caso de FIP criado para gerir empresas operacionais previamente controladas pelo grupo empresarial, os ganhos esperados pelos cotistas do AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 0. 72 51 85 /2 01 7- 41 Fl. 1849DF CARF MF 2 FIP seriam os mesmos que obteriam se mantivessem diretamente o controle das empresas, revelandose, assim a desnecessidade de tal FIP e sua falta de propósito negocial. DESCONSIDERAÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO. Comprovada a interposição de fundos de investimento, com o fim exclusivo de usufruir da isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na venda de sociedade formalmente controlada por tais entidades, devese desconsiderar os fundos de investimento, de modo a cobrar o tributo dos cotistas desses fundos, proprietários últimos das ações da sociedade vendida. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA. INTERPOSIÇÃO DE FUNDOS DE INVESTIMENTO. Identificado o dolo do agente na interposição de fundos de investimento entre seus cotistas e a companhia operacional vendida, para beneficiarse de isenção de imposto de renda sobre o ganho de capital na mencionada venda, devese qualificar a multa de ofício. MULTA DE OFÍCIO. NATUREZA CONFISCATÓRIA. INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI. DISCUSSÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. No âmbito do processo administrativo fiscal, é vedado o afastamento da aplicação de lei, sob fundamento de inconstitucionalidade, pelo que a autoridade julgadora administrativa não tem competência para afastar o dispositivo legal que determina a cobrança de multa de ofício, no percentual de 150% sobre o imposto devido, nas hipóteses de sonegação, fraude e conluio. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar as preliminares e não reconhecer a decadência, e no mérito, por maioria de votos, negar provimento ao recurso, vencidos o conselheiro Wesley Rocha que dava provimento e o conselheiro Thiago Duca Amoni que dava parcial provimento para afastar a qualificação da multa. (assinado digitalmente) Antônio Savio Nastureles Presidente em exercício. (assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Reginaldo Paixão Emos, Wesley Rocha, Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez (Suplente), Thiago Duca Amoni, Cleber Ferreira Nunes Leite, Marcelo Freitas de Souza Costa, Juliana Marteli Fais Feriato e Antônio Savio Nastureles (Presidente), sendo que Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez e Thiago Duca Amoni, suplentes convocados, integraram o colegiado em substituição, respectivamente, aos conselheiros João Maurício Vital e Alexandre Evaristo Pinto Fl. 1850DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.789 3 Relatório Tratase de auto de infração lavrado contra o contribuinte acima identificado em face do não recolhimento do Imposto de Renda da Pessoa Física – IRPF) com fatos geradores ocorridos em 09/08/2012, 21/02/2013, 09/11/2015, 07/10/2016. Além do imposto estão sendo cobrados na presente autuação, juros e multa qualificada de 150%. De acordo com o Termo de Verificação Fiscal (fls. 11/32), houve omissão de ganho de Ganhos de Capital na Alienação de Bens e Direitos e a presente autuação foi lavrada com os seguintes fundamentos: Foram realizadas fiscalizações junto a pessoas físicas, membros do mesmo grupo familiar, que eram sócias da empresa holding TELLES PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS S/A, CNPJ n° 02.806.215/000120. O grupo familiar utilizou um planejamento tributário abusivo, com a criação, sem propósitos negociais, de fundos de investimento, com o intuito de se eximir do pagamento do imposto devido sobre ganho de capital na venda da empresa YPIÓCA AGROINDUSTRIAL DE BEBIDAS S/A, CNPJ n° 15.209.980/000104, uma das empresas pertencentes à holding. O grupo extinguiu a empresa holding após transferir suas participações societárias para o TELLES FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES (TELLES FIP), CNPJ n° 14.769.978/000127, como forma de integralização das cotas deste, que por sua vez teve suas cotas transferidas para o ALVORADA FUNDO DE INVESTIMENTO MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO (ALVORADA FIM) CNPJ n° 15.091.732/000101, também para fins de integralização das cotas do último. As operações societárias foram realizadas quase que concomitantemente à venda da empresa fabricante de bebidas YPIÓCA AGROINDUSTRIAL DE BEBIDAS S/A e a soma dos valores não recolhidos ultrapassa os cem milhões de reais. Por conta do planejamento tributário abusivo, a venda das ações da YPIÓCA AGROINDUSTRIAL DE BEBIDAS S/A realizouse, então, artificial e formalmente, através do TELLES FIP, com o que se pretendeu afastar a incidência do imposto de renda devido sobre o ganho de capital obtido. Foram, então, efetuados os lançamentos dos valores não recolhidos à Fazenda Pública desconsiderandose as operações societárias efetuadas. A Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Fortaleza (CE) julgou procedente a autuação e o contribuinte apresentou recurso a este conselho onde alega em síntese: Fl. 1851DF CARF MF 4 Nulidade do lançamento fiscal devido a erro na identificação do sujeito passivo uma vez que a pessoa física jamais foi proprietária direta das participações societárias alienadas. Nulidade do lançamento fiscal devido a decadência do direito de lançar com base no art. 150, § 4° do CTN levandose em consideração que o CADE aprovou a operação de compra e venda das participações acionárias em 25/05/2012 e notificação da presente autuação ocorreu somente em 13/07/2017. Afirma que a criação do TELLES FIP, bem como dos demais Fundos de Investimentos criados pelo Grupo TELLES fez parte de um processo de reestruturação iniciado em 1998, decorrente de um planejamento societário e sucessório. O objetivo central desse processo de reestruturação foi prover aos membros da família Telles uma gestão profissional de suas empresas operacionais, assim como manter distante, dessas empresas, eventuais divergências pessoais entre os membros da família. Defende que os fundos de investimentos são ferramentas cada vez mais utilizadas, não só no Brasil,mas em todo o mundo, para gerir investimentos de forma geral., não só investimentos novos. Cita como exemplo o fundo FIPDibra que criado em 2006 fez oferta pública no mesmo ano de parte significativa das ações representativas do capital social da M. Dias Branco, não resultando em nenhuma sanção à família Dias Branco ou qualquer outra instituição ou empresa, agindo corretamente o fisco neste caso. Descreve todo procedimento realizado em ordem cronológica, desde 1998 quando se deu início ao processo de planejamento estratégico das empresas. Que a integralização da TELLES FIP foi realizada dentro da legislação vigente, inclusive com pagamento do Imposto de Renda sobre o Ganho de Capital antecipadamente, assim, devese compensar o imposto pago nos valores de R$22.066.198,00 e R$4.349.999,61 com o imposto lançado. Em relação à multa qualificada, afirma que indícios podem autorizar, quando muito, a presunção, mas não no presente caso. As presunções somente são admitidas quando previstas em lei. Em direito, à guisa de princípio maior, temse assente que a simulação, a fraude, o conluio, etc, não se presumem, devem ficar sobejamente comprovados, estreme de qualquer dúvida, o que não encontramos nos autos. Consoante o princípio da vedação ao confisco, o RE 523471 admite como razoável apenas penalidades cujo valor não ultrapasse o limite de 30% do crédito tributário. No presente caso estamos falando de 5 (cinco) vezes esse limite. Requer o provimento do recurso considerando improcedente a autuação ou, alternativamente que, caso mantida, seja considerado o recolhimento do imposto efetuado quando da constituição da TELLES FIP. Requer ainda a retirada da qualificação da multa e que a multa seja reduzida aos limites estipulados pelo STF. Colaciona documentos de 01 a 23. É o relatório Fl. 1852DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.790 5 Voto Conselheiro Marcelo Freitas de Souza Costa Relator. O recurso é tempestivo e estão presentes os pressupostos de admissibilidade. Em que pesem os argumentos do recorrente no sentido de que teria realizado um planejamento tributário que estaria legalmente amparado, entendo não procederem suas alegações. Do que se depreende do Termo de Verificação Fiscal, em especial no contido nas efls. 26 a 29, a fiscalização demonstrou claramente a as irregularidades ocorridas no procedimento adotado pelo recorrente e seus irmãos caracterizandose pela ausência do propósito negocial na integralização das cotas do TELLES FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES com as ações da TELLES PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS S/A, alterando os elementos constitutivos da obrigação tributária, com intuito de isentarse do recolhimento do imposto de renda sobre o ganho de capital. Além do TVF, a decisão de primeira instância detalhou de forma minuciosa as razões pelas quais a autuação deve ser mantida. . Tendo em vistas que o recurso sob análise repetiu todas as alegações constantes da impugnação e por concordar plenamente com a decisão de primeira instância, peço vênia para transcrever o voto nela contido, nos termos do art. 57, III, § 3º do Regimento Interno do CARF. DA NULIDADE DO LANÇAMENTO FISCAL – ERRO NA IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO PASSIVO 10. Quanto a esse tópico, o contribuinte argumentou que: (...) Entretanto, mesmo que se considere, apenas por amor ao debate e por segurança jurídica, a desconsideração intencionada pela fiscalização, o ganho de capital em comento deveria ser apropriado à empresa Agropaulo Agroindustrial S/A. (AGROPAULO), proprietária inicial das ações da Ypióca Bebidas, jamais às pessoas físicas, membros da família TELLES, entre eles o Impugnante, senão vejamos: [p. 4 da impugnação] (...) (...) Tal ganho de capital foi realizado pela AGROPAULO, ou na pior das hipóteses, pela TELLES PARTICIPAÇÕES, afinal com a desconsideração da integralização dos Fundos, todos os atos por eles realizados após a sua criação, também devem ser desconsiderados. Dessa forma, considerando a inexistência dos fundos, como quer crer a fiscalização, e, por conseguinte, a inexistência dos atos societários praticados após a criação de tais fundos, a estrutura do Grupo TELLES para fins de determinação do ganho de capital ocorrido, deve ser considerada aquela existente antes da criação do TELLES FIP, demonstrado na Fig. 1, acima, que ora se reproduz: Fl. 1853DF CARF MF 6 (...) Pela estrutura acima, os ativos vendidos à CINTER (imóveis, maquinários, equipamentos, estoques, as marcas de bebidas, inclusive a marca ‘Ypióca’) e utilizados para a criação da YPIÓCA BEBIDAS eram de propriedade da AGROPAULO. [p. 8/9 da impugnação] 11. Falece conceitualmente a argumentação do administrado. Explicase. 12. A ineficácia que se pretende configurar ao desconsiderar os fundos de investimentos é a relativa, uma vez que deve alcançar somente o negócio jurídico que for ineficaz para algumas pessoas (na espécie, o Fisco), devendo ser necessariamente eficaz para outras. Noutras palavras, a ineficácia relativa não pode ser confundida com a invalidade. Na invalidade, o ato é dotado de eficácia até o momento em que for efetivamente desconstituído, podendo se dar, inclusive, com efeitos ex tunc; enquanto que, na ineficácia relativa, o ato produz efeitos limitados perante terceiros, ou seja, o ato é válido, mas apenas sua eficácia subjetiva é limitada. 2 13. Com a desconsideração dos fundos de investimento, o TELLES FIP e o ALVORADA FIM não se tornaram inválidos ou inexistentes, porém ficou suspensa a eficácia de sua formação especificamente no episódio da venda da totalidade das ações pertencentes à YPIÓCA BEBIDAS. 14. Repitase ainda que, apesar da desconsideração dos fundos de investimento, nela não se discute a nulidade da citada venda, que se considera integralmente válida. 15. Nesse passo, a desconsideração dos fundos de investimentos não faz retroagir a estrutura societária do grupo empresarial para o momento anterior à criação dos mencionados fundos, pelo que o fato gerador do tributo deve ser analisado (inclusive quanto à identificação do sujeito passivo) na data de sua efetiva ocorrência, apenas retirando os fundos de investimento da citada estrutura. Desconsiderar um fundo de investimento significa apenas extirpar o falso manto interposto com a sua constituição, imputandose aos cotistas a titularidade pelo ato jurídico praticado. Como inicialmente foi desconsiderado o TELLES FIP, a venda por ele praticada foi imputada ao seu cotista único (ALVORADA FIM). Como, ato contínuo, o ALVORADA FIM também foi desconsiderado, a venda foi imputada aos seus cotistas, é dizer, aos membros da família Telles (pessoas físicas). 16. O contribuinte também aduziu os Acórdãos n° 1201000.484, 9101 002.536 e 140100.377, todos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – Carf. De plano, destaquese que as decisões administrativas não podem ser estendidas genericamente a outros casos, pois somente se aplicam sobre a questão ali analisada e apenas vinculam as partes envolvidas naqueles litígios. 17. Apenas para argumentar (“ad argumentandum tantum”), especificamente no caso relatado no Acórdão n° 1201000.484, com a cisão da sociedade “A”, uma das sociedades resultantes foi “B”, que optou pelo lucro presumido. 3 Segundo o Carf, como a “abusividade” no planejamento tributário está localizada na indevida opção da sociedade “B” pelo lucro presumido, e não no ato de cisão, deveria a autoridade lançadora ter autuado “B”, mas lançou em “A”, pelo que o colegiado do Carf entendeu no sentido da ilegitimidade passiva. Assim, tal julgado não possui qualquer correlação com o presente processo, pois, na espécie, o ato abusivo é de natureza totalmente distinta, consistindo na Fl. 1854DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.791 7 formação de fundos que foram desconsiderados, de modo a gerar a imputação do imposto de renda na pessoa física dos cotistas. Logo, inaplicável o julgado do Carf no caso concreto. 18. No Acórdão n° 9101002.536, entendese que é ilegítima a incidência de imposto de renda retido na fonte, sob acusação fiscal de “pagamento sem causa” (Lei n° 9.430/1996, art. 61), no caso de comprovação no sentido de que os recursos utilizados pelo contribuinte para o mencionado pagamento jamais lhe pertenceram de fato. Conforme se percebe, tratase de situação fática frontalmente diversa da examinada neste processo, que envolveu a desconsideração de fundos de investimento. Logo, inaplicável o julgado do Carf no caso concreto. 19. Quanto ao Acórdão n° 140100.377, tratase de situação referente a exclusão de responsabilidade de sócios, ou seja, ilegitimidade passiva de responsável (arts. 121, parágrafo único, II, e 135 do CTN) na exigência de IRPJ; ao passo que, no presente processo, está se imputando a cobrança de IRPF diretamente ao contribuinte (art. 121, parágrafo único, I, do CTN). Logo, inaplicável o julgado do Carf no caso concreto. 20. Resumindo, concluise que o fato gerador relativo ao ganho de capital deve ser analisado na data de sua realização e, nessa data, é que deve ser identificado o contribuinte do imposto de renda, considerandose, suspensa, apenas em relação à venda da YPIÓCA BEBIDAS, a eficácia da constituição dos fundos de investimento. Consequentemente, devese manter a identificação do sujeito passivo nas pessoas físicas dos cotistas do ALVORADA FIM, entre eles, o contribuinte ora autuado. DA ALEGAÇÃO de ILEGITIMIDADE PASSIVA POR SEREM OS ALIENANTES NUSPRÓPRIETÁRIOS Em primeiro lugar cumpre esclarecer que ganho de capital não é fruto. Este no caso em apreço é caracterizado pelo pagamento de dividendos. O Código Civil em seu art. 1.394, 1395 e 1396 assim dispõem: Art. 1.394. O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos. Art. 1.395. Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas dívidas. Parágrafo único. Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos Art. 1.396. Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção. •Parágrafo único. Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas. Fl. 1855DF CARF MF 8 Pois bem, qual é o tratamento tributário no caso de alienação do usufruto e da nua propriedade a terceiro em uma mesma operação? Até 9 de janeiro de 2003, nos termos do art. 717 do Código Civil de 1916, o usufruto só pode ser alienado ao proprietário da coisa. A partir de 10 de janeiro de 2003, nos termos do art.1.393 do Código Civil de 2002, não se pode transferir o usufruto por alienação. Ocorrendo a transmissão do usufruto e da nua propriedade concomitantemente, isto é, em uma mesma operação, o usufrutuário e o nuproprietário sujeitamse à apuração do ganho de capital. O usufrutuário deve apurar o ganho de capital relativo à alienação do usufruto e o proprietário (ex nuproprietário), o ganho de capital relativo à alienação do bem. Vejamos o PN Cosit nº 4, de 1995: IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOA FÍSICA Alienação ou Cessão de Direitos do Usufruto O ganho de capital apurado na cessão de direitos, por alienação, do usufruto está sujeito à tributação na pessoa física do usufrutuário. As importâncias recebidas pela cessão do exercício do usufruto são consideradas como aluguéis e tributadas como tal. Tratandose de cessão a título gratuito, constitui rendimento tributável, na declaração de rendimentos, o equivalente a dez por cento do valor venal do imóvel cujo usufruto foi cedido gratuitamente, podendo ser considerado o valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU ou da Declaração do Imposto Territorial Rural ITR, observado o disposto no inciso IX do art. 40 do RIR/94. Dúvidas são levantadas a respeito do tratamento fiscal a ser dispensado nos casos de alienação ou cessão de direitos do usufruto. 2. Inicialmente, cabe lembrar que o Código Civil assim determina: "Art. 717 O usufruto só se pode transferir, por alienação, ao proprietário da coisa; mas o seu exercício pode cederse por título gratuito ou oneroso". "Art. 724 O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio ..................". 3. Com fundamento nos preceitos acima expendidos, verificam se duas situações a serem analisadas: I a alienação, que só pode ter como adquirente aquele que detém a nuapropriedade; e II a cessão de exercício do usufruto, que pode ser a título gratuito ou oneroso, e realizada com terceiros. ALIENAÇÃO 4. O art. 798 do Regulamento do Imposto de Renda, aprovado pelo Decreto nº 1.041, de 11/01/94 (RIR/94), dispõe que está sujeita ao pagamento do imposto a pessoa física que auferir ganhos de capital na alienação de bens ou direitos de qualquer natureza. Fl. 1856DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.792 9 5. O conceito de alienação encontrase veiculado no art. 799 do RIR/94, o qual determina que "... na apuração do ganho de capital serão consideradas as operações que importem alienação, a qualquer título, de bens ou direitos ou cessão ou promessa de cessão de direitos à sua aquisição, tais como as realizadas por compra e venda, permuta, adjudicação, desapropriação, dação em pagamento, doação, procuração em causa própria, promessa de compra e venda, cessão de direitos ou promessa de cessão de direitos e contratos afins". 5.1 O art. 801 do RIR/94, com a alteração introduzida pelo art. 23 da Lei nº 8.981/95, dispõe que, na apuração do ganho de capital, serão excluídos: a) as transferências "causa mortis" e as doações em adiantamento da legítima; e b) o ganho de capital auferido na alienação de bens ou direitos, cujo preço unitário de alienação, no mês em que esta se realizar, seja igual ou inferior a 25.000,00 UFIR. Apuração do Ganho de Capital 6. No que se refere ao tópico em questão, o § 2º do art. 3º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, c/c o § 7º do art. 2º da Lei nº 8.383, de 30 de dezembro de 1991, base legal do art. 812 do RIR/94 e art. 22 da Lei nº 8.981/95, dispõe que o ganho de capital será determinado pela diferença positiva entre o valor da cessão do direito e o custo de aquisição atualizado monetariamente com base na variação da UFIR. Valor de alienação 7. Segundo o disposto no art. 802 do RIR/94, considerase valor de alienação: I o preço efetivo da venda ou da cessão de direitos; II o valor de mercado nas operações não expressas em dinheiro. Valor de aquisição 8. Para os direitos existentes em 31 de dezembro de 1991, considerase custo de aquisição o valor de mercado, nessa data, convertido em quantidade de UFIR pelo valor desta no mês de janeiro de 1992, constante da declaração de bens relativa ao exercício de 1992 (art. 805 do RIR/94). Tratandose de direitos adquiridos a partir de 1º de janeiro de 1992, o custo será o valor de aquisição convertido em quantidade de UFIR, pelo valor desta: I no mês de aquisição, no período de janeiro/92 a dezembro/94; II no trimestre de aquisição, a partir de janeiro/95. Na ausência do valor pago, o custo de aquisição dos direitos será (art. 809 do RIR/94): I o valor atribuído para efeito de pagamento do imposto de transmissão; II o valor de transmissão utilizado, na aquisição, para cálculo do ganho de capital do alienante; III o valor corrente, na data da aquisição; IV igual a zero, quando não possa ser determinado nos termos dos incisos anteriores. Quando se tratar de direito do usufruto Fl. 1857DF CARF MF 10 decorrente de doação em adiantamento da legítima, o doador deverá fazer constar do instrumento público de doação o valor correspondente ao usufruto e mantêlo em sua declaração de bens ou direitos. Na sua ausência poderá ser considerado como custo de aquisição o valor atribuído para efeito de pagamento do imposto de transmissão, relativo ao usufruto. 9. Ocorrendo a transmissão do usufruto e da nua propriedade concomitantemente, isto é, em uma mesma operação, tendo como adquirente um terceiro, o usufrutuário e o nuproprietário ficam sujeitos à apuração do ganho de capital, na forma do item 6, observado o disposto na letra "b" do subitem 5.1. 10. No caso de desistência do usufruto a favor do nu proprietário, o usufrutuário deverá proceder à apuração do ganho de capital, excluídos os casos citados no subitem 5.1. CESSÃO DO EXERCÍCIO DO USUFRUTO 11. Analisando os arts. 717 e 724 do Código Civil, transcritos no item 1, verificase que na concessão do exercício do usufruto, não ocorre propriamente a transferência do usufruto (art. 717), mas, sim, a cessão do direito de usar e fruir as utilidades do bem sobre o qual recai o usufruto. Assim sendo, não se materializa, na espécie, qualquer transmissão de direito, mas sim permissão para o uso desse direito. 11.1. Não ocorrendo transmissão não há que se falar em apuração do ganho de capital pelo cedente do direito. Portanto, as importâncias recebidas pelo cedente, periodicamente ou não, fixas ou variáveis, serão consideradas como aluguel ou arrendamento, conforme determina o art. 50 do RIR/94. 11.2. Tratandose de cessão a título gratuito, constitui rendimento tributável, na declaração de rendimentos, o equivalente a dez por cento do valor venal de imóvel cujo usufruto foi cedido gratuitamente, podendo, entretanto, ser adotado o valor constante da guia do Imposto Predial e Territorial Urbano IPTU correspondente ao anocalendário da declaração, convertido em UFIR pelo valor desta no 1º trimestre do respectivo anocalendário, exceto quando ocupado pelo próprio usufrutuário ou para uso do cônjuge ou de parentes de primeiro grau (art. 50, § 1º do RIR/94). 11.2.1. No caso de imóvel rural, constitui rendimento tributável na declaração de rendimentos o equivalente a dez por cento do valor venal (terra nua) ou o valor constante da Declaração do Imposto Territorial Rural ITR. 12. Analisando os dispositivos transcritos, concluise que: a) ocorrendo cessão de direitos, por alienação, do usufruto, o alienante deverá proceder a apuração do ganho de capital, excluídos os casos citados no subitem 5.1; b) ocorrendo a cessão do exercício do usufruto a título oneroso, o cedente (usufrutuário) deverá considerar como aluguel ou arrendamento as importâncias recebidas periodicamente ou não, fixas ou variáveis, pela celebração do contrato (art. 50 do RIR/94); Fl. 1858DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.793 11 c) tratandose de cessão do exercício do usufruto a título gratuito, o cedente (usufrutuário) deverá considerar como rendimento tributável na declaração de rendimentos, o equivalente a dez por cento do valor venal do imóvel, podendo ser adotado o valor constante da guia do IPTU ou da declaração do ITR, observado o disposto no inciso IX do art. 40 do RIR/94 (art. 50, § 1º do RIR/94). DA DECADÊNCIA 21. Sobre esse tema, o impugnante alegou que: a) Às fls. 6 do TVF o Fisco assim se posicionou: ‘Segundo Relatório do Conselho Administrativo de Defesa Econômica CADE, que aprovou a venda, a operação ocorreu em 25 de maio de 2012’. Ora se a venda ocorreu em 25/05/2012 e a Notificação do Auto de Infração somente ocorreu em 13/07/2017, vêse, nesse caso, a presença clássica da Decadência, na forma do parágrafo 4º, do artigo 150 do CTN. O Fisco afirma, as fls. 3 do TVF, que: ‘O imposto de renda referente aos respectivos ganhos de capital decorrentes dessa operação foi recolhido pelos contribuintes acima (Anexo 4)’. Examinando os referidos DARFs. constatase que tais recolhimentos ocorreram em janeiro de 2012. b) Tendo o Fisco desconsiderado o ato jurídico decorrente da criação do TELLES FIP, obviamente o imposto de renda recolhido sobre o ganho de capital, naquela data, obrigatoriamente, deve representar parte do recolhimento do IRRF devido na operação de compra e venda de participações acionárias, conforme apuração dos ganhos de capital. Assim sendo, tendo sido recolhido o IR em 27 de janeiro de 2012, e tendo a venda, formalmente, se concretizado em 25/05/2012, o fato gerador do tributo deve ser o dies a quo da contagem do prazo decadencial (25/05/2012). A Fazenda Pública tem cinco anos para exercer o direito de revisar ou constituir crédito da tributação do Imposto de Renda sobre ganho de capital se houve pagamento, mesmo que parcial, sendo que o início do prazo é a data da ocorrência do fato gerador, em conformidade com o parágrafo 4º do artigo 150 do CTN. c) Tentando fugir da decadência, o Fisco, as fls. 6 do TVF busca se agarrar em Relatório do TELLES FIP e assim se posiciona: “De acordo com o item 5 do Relatório ‘Demonstrações Contábeis Período de 29 de dezembro de 2011 (inicio das atividades) a 30 de setembro de 2012’ do TELLES FIP, a venda se concretizou em 09 de agosto de 2012 pelo valor de R$ 902.017.655,20, (...)”. Com isso o Fisco quer fazer crer que a transação ocorreu em 09 de agosto de 2012, baseandose no mencionado relatório de Demonstrações Contábeis. 22. Para fins de contagem do prazo decadencial, a data da venda é irrelevante porque o Imposto sobre a Renda da Pessoa Física – IRPF, mais especificamente sobre os ganhos de capital, não obedece ao regime de competência. 23. É que a incidência do IRPF sobre ganhos de capital ocorre sob o regime de caixa, ou seja, o fato gerador somente se aperfeiçoa por ocasião da efetiva percepção dos rendimentos, na forma do art. 21, § 1°, da Lei n° 8.981/1995: Art. 21. O ganho de capital percebido por pessoa física em decorrência da alienação de bens e direitos de qualquer natureza sujeitase à incidência do Imposto de Renda, à alíquota de quinze por cento. Fl. 1859DF CARF MF 12 (...)§ 1º O imposto de que trata este artigo deverá ser pago até o último dia útil do mês subseqüente ao da percepção dos ganhos. 24. Em se tratando de alienações a prazo, a tributação sobre os ganhos de capital também está sujeita ao regime de caixa, na forma do art. 21 da Lei n° 7.713/1988: Art. 21. Nas alienações a prazo, o ganho de capital será tributado na proporção das parcelas recebidas em cada mês, considerandose a respectiva atualização monetária, se houver. 25. Na espécie, a data mais antiga de recebimento de recursos alusivos à venda de ações da YPIÓCA BEBIDAS aconteceu em 09/08/2012 (p. 7/8 e 20 do TVF, com as planilhas ali demonstradas). Como não transcorreu o lapso quinquenal do lançamento fiscal cientificado ao administrado em 14/07/2017 (fl. 1107), não resta decaído o débito tributário lançado. 26. Outrossim, a jurisprudência colacionada pelo administrado – especialmente o REsp 973.733 – não lhe socorre, pois, ainda que obedecendo ao art. 150, § 4°, do CTN, o cerne da questão diz respeito à fixação do termo inicial da decadência. O impugnante entendeu que tal termo seria em 25/05/2012, em atenção ao regime de competência, que, conforme visto, é inaplicável ao caso. 27. Apenas para argumentar (“ad argumentandum tantum”), o termo de início da decadência sucedeu em 01/01/2013, pois não se poderia aplicar a regra geral do art. 150, § 4°, do CTN, tendo em vista que: a) inexistiu pagamento antecipado do IRPF sobre ganho de capital [consoante tópico “DO CÁLCULO DO IR SOBRE GANHO DE CAPITAL (COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO PAGO)”, infra]; b) houve incidência de dolo do contribuinte [consoante tópico “DA MULTA QUALIFICADA”, infra]. Logo, o caso deveria sofrer os efeitos da regra especial do art. 173, I, do CTN, para o qual o termo inicial só ocorre no início do exercício seguinte (01/01/2013). 28. Ainda para mera argumentação (“ad argumentandum tantum”), firmese que, no trecho aludido pelo impugnante (parágrafo 21, item “a”, retro), a autoridade lançadora estava explicitamente citando o Relatório do Cade, cujo entendimento se deu no sentido da ocorrência da venda da YPIÓCA BEBIDAS em 25/05/2012. Tal excerto, portanto, não expressa o juízo do auditor fiscal. 29. Em tempo, na p. 6 do TVF, nas Demonstrações Contábeis do próprio TELLES FIP consta que a mencionada venda se deu em 09/08/2012. Portanto, não foi o Fisco que intentou fazer crer que a transação aconteceu nessa data, mas o fundo pertencente, em última análise, aos membros da família Telles. Caso o impugnante entenda que a venda ocorreu em outra data, deveria ter trazido provas aos autos nesse sentido, mas não o fez. 30. Em resumo, conforme parágrafos 25 e 27 (supra), aplicandose, respectivamente, o art. 150, § 4°, do CTN ou o art. 173, I, do mesmo Código, inexistiu caducidade do direito de lançar. No caso em questão, em face do dolo/simulação, a regra a ser aplicada é a o art. 173, I até mesmo por não ter havido antecipação. Ou seja, também não merece prosperar a alegação da recorrente trazida da tribuna com relação a extinção da Holding como data a ser considerada para fins de contagem de prazo decadencial. Fl. 1860DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.794 13 DO MÉRITO DO PROPÓSITO NEGOCIAL 32. Para facilitar o entendimento, vejase graficamente a estrutura dos negócios da família Telles em 1998, segundo o próprio contribuinte: 33. Com a criação do Fundo TELLES FIP, em dezembro/2011, tal estrutura passou a revelar a seguinte forma: 34. Ainda consoante peça impugnatória, depois da criação do ALVORADA FIM e da YPIÓCA BEBIDAS, ambos em fevereiro/2012, o Grupo TELLES passou a ter a seguinte representação: Fl. 1861DF CARF MF 14 35. Frisese que, a grosso modo, a YPIÓCA BEBIDAS (acima representada) é que foi vendida para o grupo DIAGEO/CINTER e tal venda foi objeto do ganho de capital ora analisado. 36. Fazendo um resumo do TVF, a autoridade lançadora utilizou os seguintes fatos e argumentos para fundamentar a desconsideração dos fundos de investimento (TELLES FIP e ALVORADA FIM): a) Em 11/05/2012 a empresa AGROPAULO sofreu cisão parcial, vertendo parte do seu capital, compreendido pelas participações societárias nas empresas YPIÓCA BEBIDAS (apenas elementos do ativo, com ações ordinárias no valor de R$ 62.453.300,00), YPLASTIC e IPARK para a empresa TELLES PARTICIPAÇÕES (p. 6 do TVF). b) Em 12/05/2012 foi decidido em Assembleia Geral a dissolução da empresa TELLES PARTICIPAÇÕES. Com a dissolução da companhia, a YPIÓCA BEBIDAS passou a pertencer diretamente ao TELLES FIP (p. 6 do TVF). c) Em 23/05/2012, a Assembleia Geral do TELLES FIP aprovou a venda da totalidade das ações da YPIÓCA BEBIDAS para a empresa CINTER INTERNATIONAL BRANDS INDÚSTRIA E COMÉRCIO LTDA, CNPJ n° 60.699.865/000110 (p. 6 do TVF). d) Sendo o fundo de investimento uma reunião de recursos para aplicação em diversos ativos e, no caso específico do Fundo de Investimento em Participações, em ações de companhias das Fl. 1862DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.795 15 quais o fundo deve participar da gestão, qual a finalidade de se integralizar as quotas de um fundo recémcriado com ações de empresa das quais os próprios cotistas do fundo eram os proprietários? Se o objetivo de um investimento é a aplicação de recursos para a obtenção de um ganho com esses investimentos, que ganhos os cotistas do TELLES FIP esperariam obter com o Fundo que não obteriam se mantivessem diretamente o controle das ações das empresas? Qual o propósito negocial, então, de se integralizar as quotas do fundo com as ações da TELLES PARTICIPAÇÕES? Nenhum. O Fundo, neste caso, se apresenta como mero ente interposto entre as empresas e os seus acionistas/cotistas (p. 18 do TVF). e) As negociações com vistas à venda da YPIÓCA BEBIDAS, como é usual nesse tipo de operação, já vinham ocorrendo há bastante tempo, antes mesmo da constituição do TELLES FIP e do ALVORADA FIM (p. 19 do TVF). f) Estranhamente, o Sr. Everardo Ferreira Telles recebeu, conforme deliberações da Assembléia do TELLES FIP, de 23/05/2012, plenos poderes para a concretização do negócio quais sejam: estabelecer o preço da venda e quaisquer outras cláusulas ou condições do negócio e assinar quaisquer documentos necessários para o seu implemento (p. 6 do TVF). g) Em 22/02/2012, foi constituído o ALVORADA FIM (p. 3 do TVF). h) Em 23/04/2012, por decisão em Assembleia Geral, os cotistas do TELLES FIP utilizaram todas as suas cotas para a integralização das cotas do ALVORADA FIM. Desse modo, o ALVORADA FIM passou a deter com exclusividade 100% das cotas do TELLES FIP (fundo exclusivo) (p. 4 do TVF). i) Os ganhos decorrentes da venda da YPIÓCA BEBIDAS foram recebidos inicialmente pelo TELLES FIP, que seria o proprietário das ações, e esses recursos foram repassados a título de amortização para o ALVORADA FIM, único cotista do TELLES FIP. Em ambos os casos, por se tratar de fundos de investimento, não haveria incidência de imposto, seja sobre ganho de capital, seja sobre rendimentos do fundo decorrentes da operação de venda da empresa (p. 15 do TVF). j) A prevalecer a pretensão dos contribuintes, dada essa configuração, a única possibilidade de haver a incidência imediata do imposto seria se o ALVORADA FIM amortizasse cotas em favor dos seus cotistas, os membros do grupo familiar TELLES, o que, até o momento em que se escreveu este TVF, não ocorreu (p. 15 do TVF). k) O ALVORADA FIM utilizou os recursos recebidos em várias aplicações, em outros fundos que, por sua vez, os aplicaram na aquisição de cotas de outros fundos e em variados tipos de ativos (Anexo 33). Aliás, o que justificaria a criação do ALVORADA FIM e a transferência para este Fundo da totalidade das cotas do TELLES FIP seria exatamente, além do afastamento da Fl. 1863DF CARF MF 16 exigência do imposto de renda sobre os ganhos decorrentes da alienação da YPIÓCA BEBIDAS, a ampliação das possibilidades de escolha de ativos para a aplicação dos recursos (p. 15 do TVF). l) É que, se o produto da venda da YPIÓCA BEBIDAS permanecesse no TELLES FIP, este teria que aplicálo predominantemente (90%) na aquisição de ações, debêntures, bônus de subscrição, ou outros títulos e valores mobiliários conversíveis ou permutáveis em ações de emissão de companhias, abertas ou fechadas, conforme artigo 6° c/c artigo 2° da Instrução n° 391/2003, da Comissão de Valores Mobiliários CVM (p. 16 do TVF). 37. As alíneas de “a” até “f” do parágrafo anterior estão relacionadas especificamente ao TELLES FIP; e, de “g” até “l”, referemse ao ALVORADA FIM. 38. O impugnante afirmou que a criação do TELLES FIP fez parte de um processo de reestruturação, cujo objetivo central foi “prover aos membros da família TELLES uma gestão profissional de suas empresas operacionais, assim como manter distante, dessas empresas, eventuais divergências pessoais entre os membros da família”. Não convence tal alegação, pois: a) A finalidade central de um fundo de investimento em participações FIP, segundo o art. 2º da Instrução CVM nº 391/2003, se realiza por meio da aquisição de ações e de outros títulos e valores mobiliários. Como ninguém tem como objetivo adquirir algo que previamente já estava sob seu domínio, o objetivo precípuo do TELLES FIP deveria ser a realização de investimentos novos, e não a gestão profissional de investimentos antigos (representados, na espécie, por empresas operacionais que já pertenciam àquele grupo empresarial antes da criação do FIP), demonstrandose, assim, a falta de propósito negocial do TELLES FIP. O argumento acima está em consonância com o fundamento fiscal disposto no parágrafo 36, item “d” (retro). b) Antes da criação do TELLES FIP, o Grupo Telles era administrado por meio de holding4 (TELLES PARTICIPAÇÕES) que, por isso, já cumpria esse papel de interface administrativa entre os membros da famílias TELLES e as empresas operacionais, além da possibilidade de gestão profissional de tais empresas. Assim, não convencem as alegadas vantagens, aduzidas pelo impugnante, em alterar o tipo de controladora das empresas operacionais, saindo de um modelo de holding para o modelo de FIP. 39. Quanto à “governança corporativa” citada pelo impugnante como sendo um dos objetivos que levaram à criação do TELLES FIP, de plano, trazse seu conceito segundo a CVM: “Governança corporativa é o conjunto de práticas que tem por finalidade otimizar o desempenho de uma companhia ao proteger todas as partes interessadas, tais como investidores, empregados e credores, facilitando o acesso ao capital. A análise das práticas de governança corporativa aplicada ao mercado de capitais envolve, principalmente: transparência, equidade de tratamento dos acionistas e prestação de contas”. Fl. 1864DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.796 17 40. E consoante MURAKAMI, a atuação eficiente de holding em um grupo empresarial já permite a operacionalização de governança corporativa: Da mesma forma, define o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: Governança Corporativa é o sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os relacionamentos entre acionistas, conselho de administração, diretoria, auditoria independente e conselho fiscal. O objetivo das práticas de governança corporativa é a criação e operacionalização de um conjunto de mecanismos que visam a fazer com que as decisões sejam tomadas de forma a otimizar o desempenho de longo prazo das empresas. RIBEIRO complementa o termo, ao afirmar que a governança corporativa, além de indicar um sistema de gestão das sociedades, “privilegia a probidade, a transparência, a ampliação e a compatibilização dos direitos daqueles que se relacionam com a companhia”. Como se vê, tratase de um sistema de governo e gestão de empresa, cujas práticas serão consideradas boas ou más dependendo do resultado que delas possam acontecer. No entanto, no caso das empresas familiares, o problema da governança corporativa adquire características mais complexas, em razão da influência emocional existente. Além dos eventuais conflitos que pode ocorrer entre os executivos, conselheiros e acionistas/quotistas, nas empresas familiares, como já visto, existem os relacionamentos entre familiares, com sentimentos envolvidos e a possibilidade de problemas na sucessão e transição de gerações. Assim, as boas práticas de governança corporativa no âmbito da empresa familiar devem situar as relações no campo de separação entre propriedade e gestão e, também, na seara das relações entre a família, o patrimônio societário e a empresa. Mais que isso, elas também devem ter por finalidade a proteção e o bem da empresa familiar, abrigando, desse modo, o interesse de todo e qualquer componente que se relacione com a sociedade empresária (controladores, administradores, stakeholders, etc.). Neste sentido, ressaltam BERNHOEFT e GALLO: Para alguns dos empresários, e especialmente os conselheiros independentes, o comentário foi enfático no sentido de afirmar que a contribuição da governança para a empresa familiar tem o mesmo peso que teria para qualquer outro tipo de empresa. Significa a necessidade de respeitar os interesses dos diferentes públicos com que a empresa se relaciona, conferindolhes o peso e a relevância que são merecedores. Certamente para a continuidade da empresa familiar tudo isto tem uma maior importância ainda. Nunca é demais lembrar que quem cria empregos, gera riqueza e lucros é a empresa. Portanto, a Fl. 1865DF CARF MF 18 governança deve funcionar como um instrumento ativo e crítico na geração e agregação de valor para todos os envolvidos. Inclusive os acionistas. O planejamento sucessório através da holding familiar age dessa forma, haja vista a ideia da perpetuidade do empreendimento e, como já visto, da separação da família e da gestão corporativa, demonstrando o real interesse dos que detém o poder decisório. Além de permitir a manutenção do bloco de poder familiar, a holding funciona como um sistema que permite a conservação das brigas familiares dentro da própria família, sem que contamine a gestão da empresa, protegendo, de certa forma, o interesse de todos com que se envolve. Assim dispõe o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: A falta do planejamento de sucessão destrói o valor das organizações, pondo em risco sua credibilidade perante o mercado e demais partes interessadas. [...] Empresas são feitas de pessoas. Nessa perspectiva, a clareza com relação a quem vai continuar o negócio, de que forma e segundo qual filosofia, preocupa investidores, colaboradores, clientes e parceiros. O planejamento da sucessão é, por conseguinte, importante porque torna clara a intenção dos acionistas com relação ao seu negócio, tendo em vista o conjunto de expectativas – tanto de dentro, quanto de fora da organização. [...]Um processo de planejamento de sucessão objetivo, abrangente e contínuo, além de ser uma boa prática de governança corporativa, comunica às diversas partes interessadas (stakeholders), a importância que a organização atribui à continuidade dos negócios. É através desse processo que a empresa promove uma coerência entre sua visão de futuro e a ação empresarial e transmite uma mensagem clara, para investidores e colaboradores, sobre o ciclo de continuidade da liderança. Dessa forma, o planejamento sucessório através da holding familiar pode ser considerado uma prática de governança corporativa, pois além de proteger o interesse dos familiares, ao manter o bloco do controle das decisões, ele, também, conserva o interesse de todos, na busca da perpetuidade e na separação dos problemas familiares da empresa. 41. Logo, como a atuação efetiva da TELLES PARTICIPAÇÕES (holding) já permitiria a prática de governança corporativa, mais uma vez não convence o fundamento, aduzido pelo impugnante, em alterar o tipo de controladora das empresas operacionais, saindo de um modelo de holding para o modelo de FIP. 42. Outrossim, o contribuinte afirmou: “não é porque a Ypióca estava sendo assediada por algumas empresas, que o Grupo TELLES estaria certo do fechamento de algum negócio, e por tal motivo idealizaria um ‘planejamento tributário ilícito’”; “em abril de 2012, portanto, após a criação dos fundos de investimentos mencionados pela fiscalização, as negociações com a DIAGEO foram dadas como encerradas”. Entendese pela irrelevância de tais argumentos pois, em cada negócio efetivado pelo TELLES FIP, inclusive quanto à venda da YPIÓCA BEBIDAS, deveria o impugnante demonstrar (e não o fez!) que a citada companhia operacional teria o aspecto de um investimento novo, configurando assim em parte integrante do propósito negocial do TELLES FIP que, dessa forma, encontrarseia apto para obter a isenção de imposto de renda sobre eventual ganho de capital. Fl. 1866DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.797 19 43. Destaquese que a Assembleia Geral do TELLES FIP promoveu alteração de seu Regulamento, em 23/04/2012, com o seguinte teor: DELIBERAÇÕES: Os Cotistas deliberaram, por unanimidade, com base na pauta acima aprovar todas as seguintes alterações no Regulamento do Fundo. (...)f) Alterar o Artigo 30 para esclarecer que o Comitê Gestor e de Investimento não tem competência exclusiva e não necessita, nem deve deliberar sobre assuntos que já tenham sido objeto de deliberação por parte da Assembléia Geral de Cotistas. g) Alterar o Artigo 17 para acrescentar um texto final ao Parágrafo Terceiro desse artigo para deixar claro que, especialmente no caso de ativos vinculados a garantias dadas ao comprador de ativo desinvestido, conforme previsto na alínea c) do Inciso II do parágrafo 3° do Artigo 6°A da Instrução CVM 391, o valor desse tipo de ativo deverá ser somado aos ativos fins do Fundo, não implicando, portanto, em desenquadramento da carteira. h) Alterar o Parágrafo Quarto ao Artigo 31 para acrescentar que os deveres e prerrogativas do Comitê Gestor e de Investimento, enquanto não eleito o Comitê pela Assembléia Geral, serão exercidas pelo maior cotista do Fundo ou usufrutuário da maior quantidade de cotas, que seja detentor dos direitos sobre mais de 50% das cotas emitidas; cotista que poderá receber procuração do Fundo para representálo perante as companhias investidas. 44. Apenas como reforço argumentativo (“ad argumentandum tantum”), apesar de a venda da YPIÓCA BEBIDAS não estar finalizada, as alterações acima promovidas no Regulamento revelam toda a preparação/preocupação para a citada venda, mediante: a) limitação da competência do Comitê Gestor e de Investimento (art. 30); b) explicação sobre os cálculos alusivos a desenquadramento da carteira, na forma do art. 6ºA, § 3º, II, “c”, da Instrução CVM nº 391/2003 (art. 17, § 3º); c) inclusão de competência do maior cotista do Fundo ou usufrutuário da maior quantidade de cotas acima de 50% para receber procuração do Fundo para representálo perante as companhias investidas (art. 31, § 4º). 45. O impugnante também asseverou: “(...) desde abril de 2007, (...) que o Grupo TELLES vem utilizandose de fundo de investimento exclusivo (sem participação de outras pessoas físicas ou jurídicas, que não as do Grupo TELLES), em sua organização. Fundos esses que poderiam ter sido utilizados para albergar as empresas operacionais do Grupo, bastando simplesmente alterar seu regulamento perante a CVM. Será que, se o Grupo Telles tivesse utilizado o fundo de investimento criado em 2007 também seria considerado pelo Fisco como parte de um ‘planejamento tributário ilícito’? É evidente que não!”. Repitase aqui o que já foi dito retro, ou seja, se a venda da YPIÓCA BEBIDAS tivesse se dado por meio de outro fundo de investimento, o contribuinte teria, da mesma forma, o ônus de demonstrar que a YPIÓCA BEBIDAS teria o aspecto de um investimento novo, configurandose assim como parte integrante do propósito negocial de determinado fundo de investimento que, só assim, encontrarseia apto para obter a isenção de imposto de renda sobre eventual ganho de capital. Caso contrário, esse fundo também seria desconsiderado para apuração de tal imposto. Fl. 1867DF CARF MF 20 46. O administrado também alegou que inúmeras outras empresas globais, além da DIAGEO, procuraram o Grupo TELLES, desde janeiro/2008, objetivando adquirir o negócio YPIÓCA (p. 25/26 da impugnação e vide docs. 07 a 10, e parte do doc. 11 relativo à PERNOD RICARD, anexos à impugnação), apesar de não terem concretizado a compra. De tal premissa não decorre nenhuma conclusão no sentido de que houve ou não planejamento tributário ilícito, mas daí se infere apenas que existia, no máximo, a possibilidade de ocorrência da citada venda. Nada mais! Portanto, com a exceção do acordo de confidencialidade com a DIAGEO (parcela do doc. 11 anexo à impugnação), os demais documentos relativos ao assédio de empresas globais em nada interferem no lançamento fiscal ora analisado. 47. Salientese aqui que, como a própria CVM prevê a formação de um fundo exclusivo, 7 a premissa fiscal de que os fundos de investimento têm “o objetivo de promover a aplicação coletiva de recursos” não foi utilizada no presente Voto como fundamento, pelo que não será analisada a contestação do contribuinte sobre esse tema. 48. No que tange à alegação do impugnante no sentido de que “um fundo de investimento em participações (FIP) é um mecanismo legal, (...), que permite ao investidor diversificar as aplicações de recursos financeiros”, tratase de argumento que milita em favor da autoridade lançadora, já que no caso ora examinado o Grupo TELLES usou o TELLES FIP para controlar sociedades que eram previamente controladas pelo citado Grupo, e não para diversificar investimentos em empresas alheias. 49. Quanto aos Acórdãos do Carf nº 3402001.908, 10421.729 e 101 94.127, cujas ementas foram aduzidas pelo impugnante, salientese, mais uma vez, que as decisões administrativas não podem ser estendidas genericamente a outros casos, pois somente se aplicam sobre a questão ali analisada e apenas vinculam as partes envolvidas naqueles litígios. 50. Apenas para argumentar, nos Acórdãos acima, o respectivo colegiado se posicionou contra o lançamento fiscal, tendo por premissa, data venia, um certo apego ao formalismo. Todavia, deve o aplicador da legislação tributária se aprofundar nos aspectos substanciais da relação Estado versus contribuinte, sob a luz de princípios subjetivados, tais como, isonomia, capacidade contributiva e função social da propriedade, todos reforçados pela Constituição da República de 1988. Como premissa, adotase a tese de que o direito individual de autoorganizarse e a liberdade de iniciativa, como qualquer direito individual, não possuem caráter absoluto, já que são podados quando o exercício desse direito gera dano social. Logo, mergulhando no aspecto substancial da relação Estadocontribuinte, deve prevalecer a seguinte tese fiscal: “Se o objetivo de um investimento é a aplicação de recursos para a obtenção de um ganho com esses investimentos, que ganhos os cotistas do TELLES FIP esperariam obter com o Fundo que não obteriam se mantivessem diretamente o controle das ações das empresas? Qual o propósito negocial, então, de se integralizar as quotas do fundo com as ações da TELLES PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS S/A? Nenhum. O Fundo, neste caso, se apresenta como mero ente interposto entre as empresas e os seus acionistas/cotistas”. Noutro dizer, se o Grupo TELLES promoveu a existência de uma entidade interposta entre as empresas e seus acionistas/cotistas, tal ato se conforma ao conceito de simulação, que vem a ser a violação da lei exigida pelos mencionados Acórdãos. 51. O contribuinte aduziu em sua defesa as normas da Constituição da República de 1988 – CR/1988, relativas aos valores sociais da livre iniciativa (art. 1º, IV), à livre concorrência (art. 170, IV), ao princípio da legalidade (art. 5º, II), à garantia do direito de propriedade (art. 5º, XXII). Todavia, essa mesma Constituição traz também valores opostos àqueles, como o objetivo de construir uma sociedade solidária (art. 3º, I), a função social da Fl. 1868DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.798 21 propriedade (art. 5º, XXIII, e art. 170, III) e o princípio da capacidade contributiva (art. 145, § 1º). 52. O impugnante também perguntou: “(...) que planejamento tributário ilícito é este, no qual o contribuinte paga R$22.066.198,00 de imposto de renda, a título de ganho de capital, sem que, à época do pagamento, não havia nenhuma venda confirmada?”. Ora, o citado pagamento referese a imposto de renda incidente sobre ganho de capital, em dezembro/ 2011, alusivo à alienação das ações da TELLES PARTICIPAÇÕES para o TELLES FIP (transferência para integralização das cotas do fundo – fls. 216/219), aqui denominado como evento 1. Portanto, tratase de tema estranho à presente lide que se limita a examinar o ganho de capital sobre a venda de ações de outra sociedade (YPIÓCA BEBIDAS), aqui denominado como evento 2. Para fins de exercício argumentativo, se houvesse correlação entre o imposto pago em referência ao evento 1 e o imposto pago em referência ao evento 2, verificase que os membros da família TELLES pagaram R$22.066.198,00 (= R$3.152.314,00 x 7 filhos) pelo evento 1, ao passo que, nos lançamentos ora em julgamento, foi formalizado a quantia principal de R$114.071.898,71 (= R$16.295.985,53 x 7 filhos). Aí residiria o planejamento tributário: uma economia com tributos no expressivo valor de R$92.005.700,71 (= R$114.071.898,71 – R$22.066.198,00). 53. Aduzse ainda mais um argumento acessório (“ad argumentandum tantum”) nos parágrafos 54 a 57 (infra). 54. As etapas do ciclo de investimentos de um fundo são: a) captação de recursos; b) identificação de oportunidades; c) seleção, estruturação e acompanhamento de investimentos; d) desinvestimentos. 55. Consoante entrevista em 15/10/2012 do próprio Sr. Everardo Ferreira Telles, usufrutuário vitalício das ações do Grupo Empresarial TELLES, destacase que: a negociação para a venda da YPIÓCA BEBIDAS começou no início do ano de 2011; a negociação foi longa e difícil, como não poderia deixar de sêla, tendo em vista os inúmeros detalhes de uma venda desse porte. 9 56. Acompanhando a peça impugnatória, o administrado aduziu acordo de confidencialidade firmado por DIAGEO, Ypióca Agroindustrial Ltda (neste voto denominado por AGROPAULO) e outras empresas do Grupo TELLES, celebrado em 22/12/2010 (parcela do doc. 11 anexo à impugnação). Esse acordo é o primeiro documento assinado entre o potencial comprador e o vendedor, por meio do qual os envolvidos na potencial transação se comprometem a manter em sigilo todas as informações sobre a negociação e dados obtidos da outra parte durante o período dessas tratativas. 10 57. Portanto, como a Assembléia Geral do TELLES FIP decidiu pela venda da YPIÓCA BEBIDAS apenas em 23/05/2012, a negociação se estendeu, no mínimo, pelo período de 18 meses. Já a YPIÓCA BEBIDAS somente passou a pertencer diretamente ao TELLES FIP em 12/05/2012, onze dias antes da citada Assembleia. Por via de consequência, das etapas de um ciclo de investimento (consoante parágrafo 54, retro), o TELLES FIP só teria atuado, em tese, na etapa final relativa ao “desinvestimento” (venda da YPIÓCA BEBIDAS). Aqui se utilizou a expressão “em tese” porque, mesmo nessa última fase, o Sr. Everardo Ferreira Telles recebeu, conforme deliberações da Assembleia Geral do TELLES FIP, de 23/05/2012, plenos poderes para a concretização do negócio, quais sejam: estabelecer o preço da venda e quaisquer outras cláusulas ou condições do negócio e assinar quaisquer documentos necessários para o seu implemento. Em outras palavras, a existência do TELLES Fl. 1869DF CARF MF 22 FIP – e de seus profissionais de mercado – se mostrou inteiramente desnecessária em todas as etapas do ciclo de investimentos na YPIÓCA BEBIDAS, somente emergindo o referido fundo no momento de obter indevidamente a isenção do ganho de capital ora analisado. Daí o estranhamento causado na autoridade lançadora, conforme p. 6 do TVF, o que não foi compreendido pelo impugnante. 58. Quanto à desconsideração do ALVORADA FIM, devese manter a ineficácia desse fundo na venda da YPIÓCA BEBIDAS, em harmonia com o parágrafo 36, item “k” (retro), isto é, o objetivo da interposição do ALVORADA FIM foi, além da isenção do imposto sobre o ganho de capital na venda da YPIÓCA BEBIDAS, a ampliação das possibilidades de escolha de ativos para a aplicação dos recursos que um fundo de investimento multimercado tem em cotejo com o fundo de investimento em participações. 59. Em relação aos contratos com a Fundação Dom Cabral (docs. 03 e 04 anexos à impugnação) e ao documento intitulado “Estrutura de Governança – Situação Futura” (doc. 05 anexo à impugnação), tratase de elementos que, respectivamente, ocorreram em 2013 (docs. 03 e 04) ou criaram expectativa para o período posterior a 07/08/2017, data da impugnação (doc. 05), e, portanto, não influenciaram na venda da YPIÓCA BEBIDAS ocorrida em 2012. 60. Quanto às notícias publicadas em 12/04/2012 e 03/05/2012 (docs. 06 e 14 anexos à impugnação), é normal que o processo de negociação de venda de companhia do porte da YPIÓCA BEBIDAS envolva idas e vindas, desistências e retomadas das tratativas. Nesse contexto, resta claro que a definitividade da venda só ficou demarcada com a assinatura do Contrato de Compra e Venda de Ações em 25/05/2012 (Anexo 24 do TVF) e do Aditamento e Consolidação do Contrato de Compra e Venda de Ações em 03/08/2012 (Anexo 25 do TVF). Porém, tendo em vista o porte da YPIÓCA BEBIDAS, o acordo de confidencialidade firmado com a DIAGEO em 22/12/2010 (parcela do doc. 11 anexo à impugnação) e a quantidade de empresas globais interessadas na YPIÓCA BEBIDAS, é razoável e plausível que o Grupo TELLES tenha se preparado juridicamente para a hipótese de a venda se tornar realidade, atos preparatórios esses que restaram demonstrados conforme visto nos parágrafos 33, 34, 36, 43 e 56 (retro). 61. Mantêmse, pois, as infrações descritas pela autoridade fiscal. DO CÁLCULO DO IR SOBRE GANHO DE CAPITAL (COMPENSAÇÃO DE IMPOSTO PAGO) (...) 63. De plano, destaquese que a YPIÓCA BEBIDAS, objeto do ganho de capital ora sob exame, só foi criada em 29/02/2012 (dois meses depois do ganho de capital ocorrido em dezembro/2011). 64. O fato alegado pelo contribuinte ocorreu em 30/12/2011 e o objeto do ganho de capital incidiu na alienação de ações da TELLES PARTICIPAÇÕES. Já os fatos tributários ora analisados ocorreram em 09/08/2012, 21/02/2013, 09/11/2015 e 07/10/2016 e consistem em ganhos de capital na alienação de ações da YPIÓCA BEBIDAS. Destarte, os elementos material e temporal dos fatos geradores são distintos. 65. Demais disso, a YPIÓCA BEBIDAS resultou da segregação de atividades da Ypióca Agroindustrial S/A (futura AGROPAULO). Essa última sociedade, bem como Fl. 1870DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.799 23 NATURÁGUA, FIEL, BOTICÁRIO, HALLEY e PECEM, são empresas operacionais que, na época, eram controladas pela TELLES PARTICIPAÇÕES e foram objeto da avaliação (efetuada pela PAX Corretora de Valores e Câmbio S/A) que serviu de base para o ganho de capital ocorrido em dezembro/2011. Assim, resta plausível que o custo de aquisição das ações vendidas da YPIÓCA BEBIDAS (R$62.453.300,00), em agosto/2012, tenha nele embutido a valorização calculada por ocasião do evento de dezembro/2011. De qualquer sorte, o impugnante sequer se esforçou para demonstrar – mediante escrituração contábil devidamente suportada por documentos – que o evento de dezembro/2011 foi influenciado, pelo menos em parte, por fatos imputáveis futuramente à YPIÓCA BEBIDAS (que só foi criada em fevereiro/2012); tampouco quantificou essa parte. Portanto, denegase o pleito do administrado para excluir, do imposto lançado, o tributo pago sobre ganho de capital ocorrido em 30/12/2011. 66. Em seguida, o impugnante argumentou que: E mais, entre a data de constituição dos fundos TELLES FIP e ALVORADA FIM e a data de hoje, ocorreram amortizações no ALVORADA FIM pelas pessoas físicas, o que ensejou o recolhimento de imposto de renda sobre ganho de capital, na forma da legislação vigente, no valor total de R$4.349.999,61 (quatro milhões, trezentos e quarenta e nove mil, novecentos e noventa e nove reais e sessenta e um centavos), conforme extratos de movimentação (Doc. 13). 67. Não se acolhem os alegados pagamentos de imposto de renda, tendo em vista suposta amortização de cotas do ALVORADA FIM (doc. 13 anexo à impugnação), pois: a) O impugnante não explicitou o fundamento fático que determinou a alegada amortização de cotas, tampouco a norma do Regulamento que embasou sua realização. Como o ALVORADA FIM detém o controle do TELLES FIP (que, por seu turno, controla diversas empresas operacionais, tais como, AGROPAULO, NATURÁGUA, PECÉM, HALLEY, CEARÁMIRIM, YPETRO, YPLASTIC e IPARK), os rendimentos conferidos aos cotistas podem ter como fundamento quaisquer desses ativos (sociedades operacionais). E mais importante: o impugnante não demonstrou – por meio de escrituração contábil devidamente suportada por documentos – que o fundamento da amortização de cotas do ALVORADA FIM seria a venda das ações da YPIÓCA BEBIDAS. b) O impugnante aduziu meros “extratos de conta depósito”, sem qualquer formalidade, tampouco assinatura. Nesse passo, não demonstrou sequer que houve efetivamente amortização de cotas do ALVORADA FIM. c) No caso dos impostos pagos referentes aos Srs. EVERARDO FERREIRA TELLES e MARIA HELOISA FERREIRA DE MELO, como se trata de pessoas que não se encontram como contribuintes 11 (art. 121, parágrafo único, I, do CTN) em nenhum dos processos ora analisados em conjunto, tal matéria é estranha ao presente feito. DA MULTA QUALIFICADA 68. Contra a qualificação da multa para o percentual de 150% sobre o imposto devido, o contribuinte alegou que: Fl. 1871DF CARF MF 24 a) Foram duas as razões que levaram o Fisco a concluir pela aplicação da qualificação da multa, a saber: i) reduzido espaço de tempo entre a criação do TELLES FIP e a venda da Ypióca Agroindustrial de Bebidas S/A (seis meses); e ii) matéria dos jornais "O Valor" e "O Povo", datados de 28/05/2012; 29/05/2012; e 15/10/2012, onde o Sr. Everardo Ferreira Telles, controlador do Grupo Telles informa, que o negócio com a Diageo estava em andamento desde o ano anterior (2011). b) Entretanto, o Fisco deixou de mencionar que em 12/04/2012, o mesmo Sr. Everardo declarou a imprensa que o negócio que estava em andamento com a Diageo foi cancelado, pois as empresas não conseguiram chegar a um acordo em relação aos valores da negociação. Vejam que a data desta divulgação à imprensa foi anterior àquelas publicações mencionadas pelo Fisco. Isto prova que qualquer negócio só está fechado após contrato assinado e dinheiro depositado na conta bancária. E como visto e comprovado nesta Impugnação, foram inúmeras as tentativas de negociação que o Grupo Telles conviveu ao longo de muitos anos, sem, contudo ter negociado qualquer ativo. c) Da mesma maneira não houve qualquer citação por parte do Fisco, de que o Grupo Telles em 2007 criou o Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento Multimercado Crédito Privado Halley (FUNDO HALLEY) e em 2009 criou o Fundo de Investimento em Cotas de Fundo de Investimento de Ações Telles Exclusivo (FUNDO TELLES EXCLUSIVO). Ou seja, a criação de fundos é parte indissociável do planejamento societário/sucessório que vem sendo implantado desde 1998 e ainda não foi concluído. E mais, a cessão dos direitos acionários levados para o TELLES FIP, criado em dezembro de 2011, poderiam ter sido levados para quaisquer dos dois fundos existentes, criados em 2007 e 2009, bastando para tanto alterar o Regulamento dos ditos fundos junto a CVM. Se isso tivesse ocorrido, o Fisco não poderia dizer que o TELLES FIP foi criado especificamente para receber as ações da Ypióca Agroindustrial de Bebidas S/A. E o Grupo Telles só não fez isso, para não mexer na estrutura de Fundos concebida no planejamento societário. Cabe aqui um questionamento: Por que o Fisco omitiu a existência desses dois Fundos criados em 2007 e 2009? Esses fatos são mais do que suficientes para afastar qualquer interpretação de fraude, dolo ou simulação. d) Importante ressaltar que desde 2008 a Ypióca vem recebendo visitas de grandes grupos internacionais da área de bebidas (Pernod Ricard, Campari, Distell e Diageo) na busca de algum tipo de negociação, tais como: participação acionária, joint venture, etc. Tal fato se prova através da publicação no jornal ‘Brasil Econômico’ do dia 03/05/12 que traz como manchete o seguinte: ‘Diageo, Campari e Pernod Richar disputam a Ypióca’ e das propostas dos bancos de investimento UBS, BTG PACTUAL, CREDIT SUISSE, (Does. 06 a 11). Como se vê, a Ypióca foi assediada ao longo de muitos anos pelas maiores empresas do mundo no segmento de bebidas. e) A aplicação da multa qualificada pelo d. Fiscal baseouse, como dito em tópicos anteriores, na alegação, da existência de sonegação, fraude e simulação, uma vez que ‘(...) o contribuinte promoveu e se beneficiou de um planejamento tributário abusivo, cujo objetivo foi alterar maliciosamente as características essenciais da obrigação tributária decorrente da compra e venda de ações representativas de sua participação societária(...)’ (fls. 20 do TVF). f) No presente caso, analisando os elementos contidos nos autos e em especial as duas únicas razões apresentadas pelo Fisco no TVF, não há prova alguma de dolo por parte do Impugnante, apenas indícios e presunções indicados no referido relatório da fiscalização. Fl. 1872DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.800 25 g) É notório que quem alega ilícito está obrigado a provar o alegado. É o ônus da prova. Tratase de norma elementar de Direito, que não necessita de maiores explicações ou comentários. h) [Aduziu os Acórdãos Carf n° 9101002.823, 1301002.158, 9202 003.832, 9101001.980 e 1803000.346 em seu favor]. i) Indícios podem autorizar, quando muito, a presunção, mas não no presente caso. As presunções somente são admitidas quando previstas em lei. Em direito, a guisa de princípio maior, temse assente que a simulação, a fraude, o conluio, etc, não se presumem, devem ficar sobejamente comprovados, estreme de qualquer dúvida, o que não encontramos nos autos. 69. Diferentemente do que apontou o contribuinte, a autoridade lançadora não se resumiu àqueles dois fundamentos citados no item “a” do parágrafo anterior. De modo contraditório, o próprio impugnante indicou que a fundamentação para a multa qualificada encontrase em “tópicos anteriores”, consoante item “e’ do parágrafo anterior. 70. Também a autoridade fiscal aponta para tópicos antecedentes ao da “qualificação da multa aplicada”, consoante seu trecho inicial (p. 20 do TVF): Conforme demonstrado ao longo deste termo, em relação à infração acima, o contribuinte promoveu e se beneficiou de um planejamento tributário abusivo, cujo objetivo foi alterar maliciosamente as características essenciais da obrigação tributária decorrente da compra e venda de ações representativas de sua participação societária na empresa Ypióca Agroindustrial de Bebidas S/A. 71. Em suma, os fundamentos anotados pela autoridade lançadora no TVF são: a) Por conta do planejamento tributário abusivo, a venda das ações da YPIÓCA AGROINDUSTRIAL DE BEBIDAS S/A realizouse, então, artificial e formalmente, através do TELLES FIP, com o que se pretendeu afastar a incidência do imposto de renda devido sobre o ganho de capital obtido. [p. 2 do TVF] b) Ora, sendo um fundo de investimento uma reunião de recursos (...) para a aplicação em diversos ativos e, no caso específico do Fundo de Investimento em Participações, em ações de companhias das quais o fundo deve participar da gestão, qual a finalidade de se integralizar as quotas de um fundo recémcriado com ações de empresa das quais os próprios cotistas do fundo eram os proprietários? Se o objetivo de um investimento é a aplicação de recursos para a obtenção de um ganho com esses investimentos, que ganhos os cotistas do TELLES FIP esperariam obter com o Fundo que não obteriam se mantivessem diretamente o controle das ações das empresas? Qual o propósito negocial, então, de se integralizar as quotas do fundo com as ações da TELLES PARTICIPAÇÕES E NEGÓCIOS S/A? Nenhum. O Fundo, neste caso, se apresenta como mero ente interposto entre as empresas e os seus acionistas/cotistas. [p. 18 do TVF] c) O ALVORADA FIM utilizou os recursos recebidos em várias aplicações, em outros fundos que, por sua vez, os aplicaram na aquisição de cotas de outros fundos e em variados tipos de ativos (Anexo 33). Aliás, o que justificaria a criação do ALVORADA FIM e a transferência para este Fundo da totalidade das cotas do TELLES FIP seria exatamente, além do afastamento da exigência do imposto de renda sobre os ganhos decorrentes da alienação da Ypióca Agropecuária de Bebidas S/A, a ampliação das possibilidades de escolha de ativos para a aplicação dos recursos. d) Do acima exposto, estando caracterizada a ausência de propósito negocial na integralização das cotas do TELLES FUNDO DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES (TELLES FIP) com as ações da TELLES PARTICIPAÇÕES Fl. 1873DF CARF MF 26 E NEGÓCIOS S/A, desnudase o real propósito da operação, qual seja, alterar os elementos constitutivos da obrigação tributária, mais particularmente o sujeito passivo, que passaria a ser o Fundo, o qual, a prevalecer a pretensão dos contribuintes, e como já referido anteriormente, estaria isento do imposto de renda sobre o ganho de capital. [p. 19 do TVF] 72. Simulação é a realização de atos ou negócios jurídicos por meio de forma prescrita ou não defesa em lei, mas de modo que a vontade formalmente declarada no instrumento oculte deliberadamente a vontade real dos sujeitos da relação jurídica. O ato existe apenas aparentemente; é um ato fictício, uma declaração enganosa da vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado. 73. Na espécie, constatase que a descrição fiscal dos fatos se subsume perfeitamente ao conceito de simulação, pois os atos aparentes disseram respeito à formalização do TELLES FIP e ALVORADA FIM, entidades interpostas entre as sociedades operacionais e seus acionistas/cotistas (membros da família Telles); ao passo que a vontade que se queria materializar consistiu na economia com tributos (TELLES FIP), bem como na ampliação das possibilidades de escolha de ativos para aplicação de recursos (ALVORADA FIM). 74. Para se demonstrar o dolo do contribuinte, há que se perquirir os elementos vontade e consciência voltados para a prática do delito. Tais elementos estão assim demonstrados: a) Como qualquer fundo de investimento em participações, o TELLES FIP deveria ter como função precípua a realização de investimentos novos, e não a gestão profissional de investimentos antigos, assim representados por empresas operacionais que já pertenciam àquele grupo empresarial, antes da criação do TELLES FIP. b) A YPIÓCA BEBIDAS passou a pertencer diretamente ao TELLES FIP, depois da cisão parcial da AGROPAULO (11/05/2012) e da dissolução da TELLES PARTICIPAÇÕES (12/05/2012), e assim, evitouse deliberadamente, às vésperas da Assembleia Geral do TELES FIP de 23/05/2012, que a YPIÓCA BEBIDAS pertencesse diretamente à AGROPAULO ou à TELLES PARTICIPAÇÕES. Essa concatenação de atos societários concentrados em período curto teve como objetivo tornar isenta a venda da YPIÓCA BEBIDAS, com evidente economia de custos tributários. c) A concentração de poderes nas mãos do Sr. Everardo Ferreira Telles para a concretização do negócio da venda da YPIÓCA BEBIDAS, demonstrandose, mais uma vez, a desnecessidade do TELLES FIP. 75. Caracterizado que a forma jurídica adotada (leiase: fundos de investimento) não reflete o fato concreto, o Fisco encontrase autorizado “a determinar os efeitos tributários decorrentes do negócio realmente realizado, no lugar daqueles que seriam produzidos pelo negócio retratado na forma simulada pelas partes”. 76. No item “d” do parágrafo 71 (retro), a autoridade fiscal descreveu o ato ilícito cometido como sendo a alteração dos elementos constitutivos da obrigação tributária (elementos do fato gerador), especialmente o contribuinte do tributo devido. Tal ato se coaduna com as hipóteses previstas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei n° 4.502/1964, pois o Fl. 1874DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.801 27 impugnante, ao interpor artificialmente dois fundos de investimentos entre ele e a YPIÓCA BEBIDAS, promoveu ação dolosa tendente a impedir ou retardar a ocorrência de fato gerador de imposto de renda sobre ganho de capital na venda daquela companhia, haja vista que os verdadeiros contribuintes desse tributo eram os cotistas do ALVORADA FIM (membros da família Telles, entre eles, o ora impugnante). 77. Mantémse, pois, a multa qualificada. DA NATUREZA CONFISCATÓRIA DA MULTA QUALIFICADA 78. O impugnante argumentou que a multa tem natureza confiscatória, ao ferir o art. 150, IV, da Constituição da República de 1988, pois transborda todos os limites da razoabilidade. 79. Tal multa, contudo, foi aplicada com fulcro no art. 44, I e §1º, da Lei nº 9.430/1996. Sendo o lançamento atividade plenamente vinculada (arts. 3º e 142, parágrafo único, do CTN), não pode a autoridade julgadora administrativa, sob pena de responsabilidade funcional, deixar de cumprir a legislação tributária. 80. Além disso, de acordo com o art. 26A, caput, do Decreto nº 70.235/1972, no âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade, excetuandose a hipótese de declaração de inconstitucionalidade de tal ato normativo por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal (art. 26A, § 6°, I, do Decreto nº 70.235/1972). 81. O contribuinte também aduziu o Ag. Reg. no RE 754.554, no sentido de que o princípio da vedação ao confisco seria aplicável não só aos tributos, mas também às multas fiscais. O referido precedente do STF é inaplicável na espécie, pois: a) tratase de julgado da lavra da 2ª Turma da Suprema Corte, e não de seu plenário, configurando, portanto, decisão não vinculante para a Administração Judicante (art. 26A, § 6°, I, do Decreto nº 70.235/1972); b) mesmo que fosse de observância obrigatória, não restou caracterizado, no caso concreto, o efeito confiscatório da multa de 150% sobre o imposto devido; c) mesmo que fosse de observância obrigatória, o caso julgado pelo STF diz respeito a multa cobrada pelo Estado de Goiás, ou seja, ali a Suprema Corte não decidiu sobre a constitucionalidade da normas que embasaram a aplicação da penalidade ora sob exame (art. 44, I e § 1°, da Lei n° 9.430/1996). 82. O impugnante também arguiu em seu favor o Ag. Reg. no RE 523.471, no sentido de que, consoante o princípio da vedação ao confisco, a multa não poderia ultrapassar o percentual de 30%. O mencionado precedente do STF é inaplicável na espécie, pois: a) tratase de julgado da lavra da 2ª Turma da Suprema Corte, e não de seu plenário, configurando, portanto, decisão não vinculante para a Administração Judicante (art. 26A, § 6°, I, do Decreto nº 70.235/1972); b) o caso julgado pelo STF diz respeito à multa de mora, paga espontaneamente por mero inadimplemento no recolhimento de tributos; ao passo que a matéria aqui tratada se refere à multa de ofício, exigida mediante lançamento de ofício, na hipótese de falta de lançamento por homologação; c) mesmo que fosse de observância obrigatória, o caso julgado pelo STF diz respeito a multa previdenciária, ou seja, ali a Suprema Corte não decidiu sobre a constitucionalidade da normas que embasaram a aplicação da penalidade ora sob exame (art. 44, I e § 1°, da Lei n° 9.430/1996). Fl. 1875DF CARF MF 28 83. Por fim, o administrado aduziu lição doutrinária de Sacha Calmon Navarro Coelho (p. 38 da impugnação), mas em tal excerto não se encontra a opinião do autor sobre qual seria o percentual máximo de multa que, ultrapassado, tornaria a penalidade confiscatória. 84. Esclareçase, por fim que em relação à multa de ofício qualificada aplicada na forma do art. 44, I e § 1°, da Lei n° 9.430/1996, corre no STF recurso extraordinário que decidirá sobre a eficácia confiscatória de tal penalidade, sob o rito da repercussão geral, consoante RE 736.090 RG. Enquanto não houver o julgamento desse tema pela Suprema Corte, descabe ao órgão administrativo de julgamento a discussão sobre constitucionalidade de lei, que autoriza, por enquanto, a cobrança de multa de ofício qualificada no percentual ali indicado. Resumindo os argumentos acima esposados, podemos concluir como correta a atuação fiscal. Em suma temos que os atos praticados pela recorrente demonstraram claramente a intenção verdadeira de desviarse do propósito negocial dos Fundos e não atender às finalidades alegadas pelos contribuintes. Ora, observase que num curtíssimo prazo ocorreram várias operações alterando totalmente a estrutura societária do grupo originário, com ação paralela visando a criação de um grupo econômico com o único objetivo, a saber · 14.12.2011, criouse o fundo Telles Fundo de Investimento em Participações (TELLES FIP). · 29.12.2011, integralizaramse as cotas do TELLES FIP com ações da holding do Grupo Telles, a Telles Participações e Negócios S.A. (TELLES PARTICIPAÇÕES), efls. 108 e ss. O valor das ações integralizadas perfez R$ 410.689.100,00 segundo laudo de avaliação elaborado por PAX Corretora de Valores e Câmbio S.A. · 22.02.2012 foi constituído o Telles Fundo de Investimento Multimercado Crédito Privado, o qual, após duas mudanças de denominação, passou a ser designado Alvorada Fundo de Investimentos Multimercado Investimento no Exterior (ALVORADA FIM). · 23.04.2012 as quotas do ALVORADA FIM foram integralizadas com quotas do TELLES FIP. Enquanto isso, as sociedades componentes do grupo sofreram as seguintes modificações: · 02.01.2012, Ypióca Agroindustrial Ltda, controlada pela TELLES PARTICIPAÇÕES, transformase em sociedade por ações. · 29.02.2012, foi criada a Ypióca Agroindustrial de Bebidas Ltda (YPIOCA BEBIDAS), tendo como sócios Everardo Ferreira Telles e Ypióca Industrial S/A. · 20.03.2012, foi alterado o contrato social para registrar o aumento de capital na YPIOCA BEBIDAS, o qual foi integralizado por Ypióca Fl. 1876DF CARF MF Processo nº 10380.725185/201741 Acórdão n.º 2301005.929 S2C3T1 Fl. 1.802 29 Industrial S/A mediante entrega de bens. O capital social passou a ser de R$ 17.906.000,00 · 30.04.2012, TELLES PARTICIPAÇÕES sofreu cisão parcial e o acervo foi vertido para Ypióca Agroindustrial S/A, agora denominada Agropaulo Agroindustrial S/A (AGROPAULO), sua controlada. Na mesma data, o capital social da YPIOCA BEBIDAS foi aumentado para R$ 62.453.300,00, integralmente subscrito por AGROPAULO e integralizado com bens. · 04.05.2012, YPIOCA BEBIDAS foi transformada em sociedade por ações. · 10.05.2012, o regulamento do TELLES FIP foi alterado quanto aos critérios de definição da carteira de investimentos do Fundo. Especificamente quanto à YPIOCA BEBIDAS a avaliação seria feita pelo método da avaliação econômica (Anexo 17). · 11.05.2012, a sociedade AGROPAULO foi cindida parcialmente. O capital cindido correspondia às participações na sociedade YPIOCA BEBIDAS, além daquelas nas sociedades YPARK e YPLASTIC. Todas as parcelas cindidas foram vertidas em favor de TELLES PARTICIPAÇÕES, sua controladora. · 12.05.2012, a Assembléia Geral da holding TELLES PARTICIPAÇÔES deliberou por sua dissolução. Em consequência, os ativos detidos pela sociedade passaram à titularidade do seu único sócio, o TELLES FIP. · 23.05.2012, a Assembleia Geral do TELLES FIP aprovou a venda da totalidade adas ações da YPIOCA BEBDIDAS para a CINTER. · 25.05.2012, foi assinado contrato de compra e venda e em 03.08.2012 foi assinado aditivo ao contrato de compra e venda. · 09.08.2012, fechamento do negócio. Verificase, pois, que os atos jurídicos formalizados, foram materializados com o fim único de livrar as partes de uma tributação específica, tendo a Fiscalização apurado diversos indícios que levaram à conclusão de que a recorrente formulou planejamento fiscal abusivo no conjunto de operação que resultou na aquisição da YPIOCA BEBIDAS pela CINTER. Em caso semelhante assim restou decidido no CARF: Acórdão n. 2402006.696: No caso em concreto, resta evidenciado da leitura dos autos,(...),que a conduta do Recorrente incorreu no uso abusivo das formas jurídicas de direito privado com o objetivo de reduzir a apuração do ganho de capital nas operações de alienação em tela, utilizandose de artifício consubstanciado na alienação das Fl. 1877DF CARF MF 30 ações das companhias eólicas para o fundo de investimento SALUSFIP (empresaveículo), sem qualquer propósito negocial, apenas para transferir a tributação do ganho de capital da pessoa física para a pessoa jurídica com a consequente postergação indevida do recolhimento de imposto de renda sobre ele incidente, caracterizandose, no meu entender, hipótese clara de dissimulação a atrair a incidência do art.116, parágrafo único, do CTN c/c o art.167 da Lein.10.406/2002 (CódigoCivil), e não de ato ilícito nos termos do art.187 do Código Civil, como preconiza a decisão a quo. Ante ao exposto; Voto no Sentido de Rejeitar as preliminares, não reconhecer a decadência e no mérito Negar provimento ao recurso. (assinado digitalmente) Marcelo Freitas de Souza Costa r Fl. 1878DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10530.001820/2008-40
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 19 00:00:00 UTC 2019
Data da publicação: Fri Apr 05 00:00:00 UTC 2019
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2003
REDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. NOVAS CONDIÇÕES.
Para o aproveitamento do benefício de redução do imposto de renda, a partir de 1° de janeiro de 2001, o empreendimento deve estar enquadrado entre aqueles considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em ato do Poder Executivo, e, para tanto, deverá ser apresentado ao Delegado da Receita Federal novo pleito, instruído com laudo constitutivo emitido pelo Ministério da Integração Regional, nos termos da legislação de regência.
Numero da decisão: 1201-002.765
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto.
(Assinado Digitalmente)
Lizandro Rodrigues de Sousa - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Jùnior
Nome do relator: LIZANDRO RODRIGUES DE SOUSA
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2003 REDUÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA. NOVAS CONDIÇÕES. Para o aproveitamento do benefício de redução do imposto de renda, a partir de 1° de janeiro de 2001, o empreendimento deve estar enquadrado entre aqueles considerados prioritários para o desenvolvimento regional, em ato do Poder Executivo, e, para tanto, deverá ser apresentado ao Delegado da Receita Federal novo pleito, instruído com laudo constitutivo emitido pelo Ministério da Integração Regional, nos termos da legislação de regência. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Lizandro Rodrigues de Sousa (presidente), Neudson Cavalcante Albuquerque, Allan Marcel Warwar Teixeira, Luis Henrique Marotti Toselli, Gisele Barra Bossa, Breno do Carmo Moreira Vieira (Suplente Convocado), Alexandre Evaristo Pinto e Efigênio de Freitas Jùnior AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 53 0. 00 18 20 /2 00 8- 40 Fl. 355DF CARF MF 2 Relatório Tratase de auto de infração do Imposto de Renda Pessoa Jurídica IRPJ (fls. 02/11), relativo ao anocalendário de 2003, decorrente da redução indevida do imposto de renda sobre o lucro da exploração, informado na DIPJ do exercício de 2004. A Descrição dos Fatos afirmou (efls. 03/04) que a empresa teve extinta sua autorização para beneficiarse do incentivo fiscal pelo art. 2° da Medida Provisória n° 2.19914, de 2001, e pelo Decreto n° 4.213, de 2002, com efeitos a partir de 01/01/2001. Para levantamento dos valores glosados no auto de infração, foram considerados os pagamentos efetuados pela contribuinte, referentes ao IRPJ dos períodos de apuração correspondentes, conforme Demonstrativo de Lançamento (efl. 10), já que nas DCTF apresentadas pela contribuinte não foram informados valores de IRPJ a pagar. O contribuinte apresentou impugnação (efls. 157/160) assim resumida pela decisão recorrida (efls. 174/181): o contribuinte teve sua autorização para beneficiarse do incentivo fiscal de redução através do lucro da exploração liberada em 24 de março de 1999, através da Declaração DAI/ITE 0042/1999 (fl. 146), expedida pela SUDENE, cumprindo todas as condições e obrigações necessárias para fazer uso do benefício, de acordo com a legislação em vigor na data de sua expedição. A autorização tem prazo certo e condições determinadas, como exigia a lei de sua concessão (art. 16 da Lei n° 4.239, de 27 de junho de 1963, e Resolução n° 6.596, de 27 de fevereiro de 1972, do Conselho Deliberativo da SUDENE), ou seja, “a empresa satisfaz, em relação à atividade por ela exercida (indicada na autorização), as condições mínimas necessárias ao gozo da redução de 37,5% (trinta e sete inteiros e cinco décimos por cento), 25% (vinte e cinco por cento), 12,5% (doze inteiros e cinco décimos por cento), respectivamente, nos períodos compreendidos entre 01/01/1998 a 31/12/2003, 01/01/2004 a 31/12/2008 e 01/01/2009 a 31/12/2013, do Imposto de Renda devido e adicionais não restituíveis”, de forma que a lavratura desse auto é totalmente improcedente; o § 3° do art. 3° da Lei n° 9.532, de 1997, confirma que “Ficam extintos, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1° de janeiro de 2014, os benefícios fiscais de que trata este artigo”; assim, o benefício fiscal só acabará em 31 de dezembro de 2013, conforme exposto; de acordo como o art. 178 do Código Tributário Nacional (CTN), “A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104”. Portanto, a redução, que na verdade é uma isenção parcial do IRPJ, foi autorizada mediante as condições que determina o art. 178 do CTN, não sendo extinta pela Medida Provisória n° 2.19914, de 2001, e Decreto n° 4.213, de 2002, pois foi concedida antes da edição das leis de Fl. 356DF CARF MF Processo nº 10530.001820/200840 Acórdão n.º 1201002.765 S1C2T1 Fl. 356 3 extinção, não podendo a lei retroagir para prejudicar o contribuinte; os arts. 1° e 2° do Decreto n° 4.213, de 2002, definem os empreendimentos prioritários para o desenvolvimento regional, nas áreas de atuação da antiga SUDENE, entre os quais encontrase inserida a autuada; a empresa obedeceu a todas as condições e normas em vigor e enquadrase, perfeitamente, nos requisitos exigidos pela lei, estando apta a usufruir do beneficio fiscal autorizado, e tanto isso é verdade que, em 31 de julho de 2006, foi expedido o Ofício ADENE n° 3.452/2006 (fl. 147), recebido em 5 de setembro de 2006, solicitando informações sobre os incentivos fiscais usufruídos, relativos ao período empreendido entre os anos de 1996 e 2005, comprovando pela própria ADENE, substituta da SUDENE, que a empresa detém o direito ao benefício negado pela fiscalização; a DRJ de Manaus decidiu a favor de contribuinte, e o Primeiro Conselho de Contribuintes confirmou pelo Acórdão n° 101 93.553/01, dizendo que “a incorporadora que adquire empresa sediada na área de atuação da SUDAM e detentora de benefícios fiscais não só assume todas as obrigações da incorporada, mas também seus direitos, o que demonstra que o início e o fim da fruição dos benefícios fiscais concedidos com prazo certo e condições prédeterminadas são baseados na data da protocolização junta à autarquia designada”. No caso em questão, o período de fruição do beneficio é de 01/01/1998 a 31/12/2013, o que nos garante, mais uma vez, o direito ao benefício que foi negado pela fiscalização; o direito adquirido mediante autorização expressa não pode, segundo a própria legislação, ser extinto, já que foi concedido anteriormente por “prazo certo e em determinadas condições”, o que nos garante o beneficio fiscal questionado, amparado pelo art. 178 do CTN. A decisão de primeira instância (Acórdão 1516.890 2ª Turma da DRJ/SDR, efls. 174/181) julgou procedente o lançamento. Entendeu a DRJ que as pessoas jurídicas que usufruíam o beneficio de redução do IRPJ até 31 de dezembro de 2000 deveriam, em função do disposto no art. 2° da Medida Provisória n° 2.199 14, de 2001, para continuar a usufruir o benefício, formular novo pleito, ficando o reconhecimento submetido ao disposto no art. 3° do Decreto n° 4.213, de 2002, cujo pedido deverá ser instruído com laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional de que satisfaz as novas condições para o gozo do favor fiscal. Cientificada da decisão de primeira instância em 02/10/2008 (efl. 184) a Interessada interpôs recurso voluntário, protocolado em 03/11/2008 (efl. 185), em que repete os argumentos da manifestação de inconformidade. Voto Fl. 357DF CARF MF 4 Conselheiro Lizandro Rodrigues de Sousa Relator O recurso ao CARF é tempestivo, e portanto dele conheço. O benefício fiscal de redução do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis de que trata o art. 14 da Lei n° 4.239, de 27 de junho de 1963; o art. 22 do Decreto Lei n° 756, de 11 de agosto de 1969 e a Lei n° 9.532, de 1997, foi extinto a partir de 1° de janeiro de 2001 pelo art. 2° da Medida Provisória n° 2.058, de 23 de agosto de 2000 (MP 2.19914, de 24 de agosto de 2001): Art. 2° Fica extinto, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1° de janeiro de 2001, o benefício fiscal de redução do imposto sobre a renda e adicionais não restituíveis, de que trata o art. 14 da Lei n° 4.239, de 27 de junho de 1963, e o art. 22 do DecretoLei n° 756, de 11 de agosto de 1969, exceto para aqueles empreendimentos dos setores da economia que venham a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, e para os que têm sede na área de jurisdição da Zona Franca de Manaus. Art. 3º Sem prejuízo das demais normas em vigor sobre a matéria, fica mantido, até 31 de dezembro de 2013, o percentual de trinta por cento previsto no inciso I do art. 2o da Lei no 9.532, de 1997, para aqueles empreendimentos dos setores da economia que venham a ser considerados, em ato do Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional. (Vide Decreto nº 4.213, de 2002) (Vide Lei nº 12.712, de 2012) Este é o benefício declarado pelo recorrente em sua DIPJ Exercício 2004 (com supedâneo na Declaração DAI/ITE 0042/1999, efl. 169, expedida pela SUDENE), e que foi motivo de glosa pelo autuante. Alega a recorrente que a autorização tinha prazo certo e condições determinadas, como exigia a lei de sua concessão (art. 16 da Lei n° 4.239, de 27 de junho de 1963) e que o direito adquirido mediante autorização expressa não pode ser extinto por legislação superveniente (Medida Provisória n° 2.19914, de 2001, e Decreto n° 4.213, de 2002), já que foi concedido anteriormente por “prazo certo e em determinadas condições”, o que garantiria o benefício fiscal questionado, amparado pelo art. 178 do CTN. Mas a legislação referida (Medida Provisória n° 2.19914, de 2001, e Decreto n° 4.213, de 2002) claramente dispõe que as pessoas jurídicas que usufruíam o beneficio de redução do IRPJ até 31 de dezembro de 2000, com empreendimentos dos setores da economia que viessem a ser considerados, pelo Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, deveriam, em função do disposto no art. 2° da Medida Provisória n° 2.19914, de 2001, e para continuar a usufruir o beneficio, formular novo pleito. Afastar a aplicação da lei equivaleria a declarar sua inconstitucionalidade, o que é vedado pela Súmula n. 02 do CARF: "O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária.". E afastar a validade do disposto no Decreto n° 4.213, de 2002, é empreendimento vedado regimentalmente (Art. 62 do RICARF). Regulamentando o pleito, o art. 3° do Decreto n° 4.213, de 2002, preceituou que o pedido deveria ser instruído com laudo expedido pelo Ministério da Integração Nacional que confirmasse que satisfazia as novas condições para o gozo do favor fiscal. No mesmo sentido a Instrução Normativa SRF n° 267, de 23 de dezembro de 2002, em seus arts. 79 a 80: Fl. 358DF CARF MF Processo nº 10530.001820/200840 Acórdão n.º 1201002.765 S1C2T1 Fl. 357 5 Art. 79. Fica extinto, relativamente ao período de apuração iniciado a partir de 1° de janeiro de 2001, o benefício fiscal de redução do imposto de que trata o art. 14 da Lei n 4.239, de 27 de junho de 1963, para os empreendimentos industriais ou agrícolas em operação na área da extinta Sudene não enquadrados, em ato do Poder Executivo, como prioritários para o desenvolvimento regional, a que se refere o caput do art. 78. Art. 80. As pessoas jurídicas titulares de empreendimentos enquadrados em setores da economia considerados, em ato do Poder Executivo, prioritários para o desenvolvimento regional, na área de atuação da extinta Sudene, que usufruíram até 31 de dezembro de 2000 do benefício extinto na forma do art. 79, poderão pleitear o benefício de que trata o art. 78, ficando o reconhecimento submetido ao disposto nos arts. 60 e 61. 1° A fruição do benefício fiscal darseá a partir da data em que a pessoa jurídica apresentar ao órgão competente do MI requerimento solicitando a declaração de que satisfaz as condições estabelecidas para gozo do favor fiscal § 2°As pessoas jurídicas deverão pleitear reconhecimento do direito à redução à SRF, cujo pedido será instruído com a declaração de que trata o § 1°, observado o disposto nos §§ 1°a 8° do art. 61. Pelo exposto, voto por negar provimento ao recurso. (Assinado Digitalmente) Lizandro Rodrigues de Sousa Fl. 359DF CARF MF
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