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Numero do processo: 11516.003150/2003-32
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Oct 17 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Dec 04 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003
MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL- MPF. INSTRUMENTO INTERNO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB). VÍCIOS NÃO ANULAM O LANÇAMENTO.
O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui em mero instrumento interno da AdministraçãoTributária, destinado ao controle e ao planejamento das atividades fiscalizatórias, irregularidades em sua emissão não são suficiente para se anular o lançamento. Precedentes CARF.
COMPETÊNCIA DA CSRF. A CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA CANCELAR DÉBITOS CONFESSADOS E INSERIDOS EM PARCELAMENTO ESPECIAL. PAES. IMPOSSIBILIDADE.
Ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos.
Esta instância julgadora não é competente para apreciar questões acerca de pedido de inclusão ou não de parcelamento especial PAES.
RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS PROCEDIMENTO FISCALIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE.
O artigo 9º parágrafo 2º, da Instrução Normativa nº 255/2002, em vigor à época dos fatos e da entrega da DCTF (Retificadora) dispõe que não será aceita retificação que tenha por objetivo alterar os débitos relativos a tributos e contribuições em relação aos quais a Contribuinte tenha sido intimadA do início de procedimento fiscal.
Numero da decisão: 9303-005.852
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: DEMES BRITO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO INTERNO DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB). VÍCIOS NÃO ANULAM O LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui em mero instrumento interno da AdministraçãoTributária, destinado ao controle e ao planejamento das atividades fiscalizatórias, irregularidades em sua emissão não são suficiente para se anular o lançamento. Precedentes CARF. COMPETÊNCIA DA CSRF. A CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS NÃO TEM COMPETÊNCIA PARA CANCELAR DÉBITOS CONFESSADOS E INSERIDOS EM PARCELAMENTO ESPECIAL. PAES. IMPOSSIBILIDADE. Ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Esta instância julgadora não é competente para apreciar questões acerca de pedido de inclusão ou não de parcelamento especial PAES. RETIFICAÇÃO DE DCTF APÓS PROCEDIMENTO FISCALIZATÓRIO. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 9º parágrafo 2º, da Instrução Normativa nº 255/2002, em vigor à época dos fatos e da entrega da DCTF (Retificadora) dispõe que não será aceita retificação que tenha por objetivo alterar os débitos relativos a tributos AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 51 6. 00 31 50 /2 00 3- 32 Fl. 856DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 857 2 e contribuições em relação aos quais a Contribuinte tenha sido intimadA do início de procedimento fiscal. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe deram provimento. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros:Rodrigo da Costa Pôssas, Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial de divergência interposto pela Contribuinte com fundamento no artigo 67 do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, aprovado pela Portaria MF 256, de 22 de junho de 2009, contra acórdão nº3801002.101, proferido pela 1 Turma Especial do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que deu provimento parcial ao Recurso Voluntário, nos seguintes termos: pelo voto de qualidade, em negar provimento ao recurso voluntário em relação à preliminar de vício do Mandado de Procedimento Fiscal (MPF); por unanimidade de votos, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para excluir do lançamento as receitas financeiras e não operacionais com fundamento na declaração de inconstitucionalidade pelo Excelso STF do § 1' do art. 3º da Lei n' 9.718/98. Transcrevo, inicialmente, parte que interessa do excerto do relatório da decisão de primeiro grau: "Trata o presente feito de autos de infração AI de COFINS e PIS, relativos aos anoscalendário de 1999 a 2003 (AI e Demonstrativos de Apuração fls. 82/94 e 283/295). De acordo com os Termos de Verificação de Irregularidade Fiscal (fls. 67/81 e 268/282) e descrição dos fatos e enquadramento legal, constante dos autos de infração, foram constatadas divergências entre os valores declarados/pagos e aqueles escriturados em seus assentos contábeis. As disposições legais que embasaram o lançamento encontramse descritas nos referidos autos de infração. Fl. 857DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 858 3 Em 23/12/2003, a interessada tomou ciência dos autos de infração (fls. 91 e 292) e, em 23/01/2004, apresentou defesa relativamente à COFINS (fls. 100/130), resumidamente, nos seguintes termos: A contribuinte impugna tãosomente o débito relativo aos fatos geradores ocorridos nos períodos de janeiro a agosto de 2003, uma vez que os anteriores foram incluídos no PAES. O auto de infração deve ser considerado nulo em virtude da incompetência dos autuantes em extrapolar os poderes do MPF relativo a verificações obrigatórias, nos termos do artigo 15, § 2o , da Portaria COFIS 25/2002. Deve ser excluída a exigência relativa ao período de 31/08/2003, em razão do MPF autorizar apenas verificações de fatos geradores ocorridos até o início da ação fiscal. Relativamente a esse período, observese ainda que inexiste declaração ou recolhimento da contribuição, o que impossibilita a fiscalização via verificação obrigatória, sendo necessário MPF específico ou complementar. Cabe a exclusão do principal e multa dos períodos que foram incluídos no PAES, os quais não foram objeto da presente impugnação, e, portanto, devem ser transferidos os débitos em questão ao sistema PAES. Requerse que os débitos exigidos, referentes ao anocalendário de 2003, sejam compensados com os recolhimentos a maior de COFINS apurados nas planilhas de fls. 61 a 66. A apuração da contribuição deve ser feita com base na LC 70/1991, em face da inconstitucionalidade da Lei 9.718/1998, e, alternativamente, a aplicação dos dispositivos da citada lei exclusivamente para os fatos geradores ocorridos entre 31/01 a 31/08/2003. Devem ser excluídos os juros calculados com base na taxa SELIC. O acórdão da decisão recorrida restou assim ementado: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 1999, 2000, 2001, 2002, 2003 NULIDADE DO LANÇAMENTO. VICIO FORMAL. MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL. INOCORRÊNCIA. O Mandado de Procedimento Fiscal (MPF) é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização, logo, eventual falha formal existente na sua emissão e/ou prorrogação não implica nulidade do auto de infração, lavrado com observância aos ditames dos arts. 142 e 149 do CTN e dos arts. 9° e 10 do PAF. PIS. COFINS. BASE DE CÁLCULO. ALTERAÇÃO. LEI N° 9.718/98. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL. Fl. 858DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 859 4 Declarada a inconstitucionalidade do § 1° do art. 3° da Lei n° 9.718/98 pelo plenário do STF, em sede de controle difuso, e tendo sido, posteriormente, reconhecida por aquele Tribunal a repercussão geral da matéria em questão e reafirmada a jurisprudência adotada, deliberandose, inclusive, pela edição de súmula vinculante, deixase de aplicar o referido dispositivo, conforme autorizado pelos Decretos n's 2.346/97 e 70.235/72 e pelo Regimento Interno do CARF. ARGUIÇÕES DE INCONSTITUCIONALIDADE. A apreciação de constitucionalidade ou legalidade de norma é atribuição do Poder Judiciário; não cabe à Administração proceder a tal exame a fim de afastar a aplicação de lei corretamente inserida no ordenamento. Súmula n° 02 do CARF. TAXA SELIC. APLICABILIDADE. Nos termos da Súmula CARF nº 4, “a partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia SELIC para títulos federais”. Recurso Voluntário Provido em Parte". Inconformada com tal decisão, a Contribuinte interpõe o presente Recurso, alegando divergência jurisprudencial em relação á nulidade do lançamento por vicio formal do MPF; competência do CARF para analisar e decidir sobre Parcelamento Especial (PAES), e a compensação de ofício dos valores recolhidos a maior. Para respaldar a dissonância jurisprudencial, aponta como paradigmas os acórdãos nºs 240101.309, 10423.03, 30335.373, 10708.356 e 130100.277. Em seguida, por ter sido comprovada a divergência jurisprudencial, o Presidente da 1º Câmara da 3º Seção do Carf, deu seguimento ao Recurso, fls.842/845, especialmente quanto as seguintes matérias: efeito do vício do MPF sobre o lançamento, Competência do CARF para analisar questões afetas ao PAES e determinar o cancelamento dos débitos confessados e inseridos no Parcelamento Especial e Compensação de ofício dos valores recolhidos a maior. A Fazenda Nacional apresentou contrarrazões, requerendo que seja negado provimento ao recurso especial, mantendose o acórdão proferido pela eg. Turma a quo por seus próprios fundamentos. É o relatório. Fl. 859DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 860 5 Voto Conselheiro Demes Brito Relator O Recurso foi tempestivamente apresentado e atende os demais requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. Primeiramente, se faz necessário relembrar e reiterar que a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Por isso mesmo, essa modalidade de apelo é chamada de Recurso Especial de Divergência e tem como objetivo a uniformização de eventual dissídio jurisprudencial, verificado entre as diversas Turmas do CARF. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Portanto, as matérias divergentes posta a esta E.Câmara Superior, diz respeito exclusivamente sobre: (i) efeito do vício do MPF sobre o lançamento, (ii) Competência do CARF para analisar questões afetas ao PAES e determinar o cancelamento dos débitos confessados e inseridos no Parcelamento Especial e (iii) Compensação de ofício de valores recolhidos a maior. Passo ao julgamento. Efeito do vício do MPF sobre o lançamento Com efeito, a decisão recorrida entendeu que o lançamento com inconsistência no MPF não é capaz de gerar nulidade. Vejamos: O Mandado de Procedimento Fiscal é um instrumento administrativo de planejamento e controle das atividades da administração. O dever funcional do Fiscal é determinado em função do artigo 142 do Código Tributário Nacional e não da disposição infralegal. O objetivo do MPF foi estabelecer, no âmbito da RFB, um instrumento de controle administrativo das atividades de fiscalização, informando ao contribuinte a natureza, a abrangência, o prazo máximo e as pessoas designadas para a execução do respectivo procedimento fiscal. Em outros termos, o MPF veio conferir transparência ao relacionamento Fisco contribuinte, protegendo tanto a Administração Tributária Federal quanto o cidadão contribuinte contra eventuais atos arbitrários emanados da autoridade fiscal e de ações ilícitas perpetradas por pessoas desprovidas de competência legal para o exercício da atividade de fiscalização. Fl. 860DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 861 6 Sendo assim, a eventual inobservância de regras atinentes ao MPF não contamina o auto de infração com os vícios insanáveis que possam conduzir a sua nulidade, principalmente, quando o procedimento fiscal foi realizado com observância aos ditames dos arts. 142 e 149 do Código Tributário Nacional e dos arts. 9º e 10 do PAF". Sem embargo, nos termos do Decreto 70.235/72, os artigos 59 c/c 60, dispõem que somente serão declaradas nulidades nas seguintes hipóteses: Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. Como visto, o Auto de Infração foi lavrado por servidor competente e não ocorreu a hipótese de cerceamento do direito de defesa. O lançamento está em plena conformidade com o que estabelecem os arts. 142 do CTN e o artigo 10 do Decreto 70.235/72, bem como, o exercício amplo e efetivo do direito de defesa foi propiciado à contribuinte, que, inclusive, apresenta extensa e longa peça recursal. Destarte, lançamento foi devidamente fundamentado, considerando que todas as informações foram fornecidas pela Contribuinte, inclusive dados de sua contabilidade, portanto, não há o que se falar em nulidade do MPF. Quanto aos pressupostos da prescindibilidade de instauração do MPF para realização do Auto de Infração ( lançamento), Bianca Xavier1, bem esclarece: "A Prescindibilidade do MPF primeira questão que se leva ao debate a reflexão diz respeito à necessidade da instauração do MPF para a realização de autos de infração (lançamentos tributários) pela Receita Federal do Brasil. Em outras palavras: é necessária a instauração de MPF para que seja lavrado o auto de infração? Apesar das discussões acerca do tema proposto, nos parece que a instauração do MPF não é obrigatória para todos os lançamentos. De fato, a lavratura do MPF se faz imprescindível quando houver necessidade de fiscalizar o contribuinte, mas caso a Administração Pública já detenha os 1 Coordenadora do LLM em Direito Tributário e Contabilidade Tributária do IBMEC, Secretária Geral da Sociedade Brasileira de Direito Tributário SBDT,Sócia da Siqueira Castro Advogados, Doutoranda em Direito Tributário na PUC/SP Mestre em Direito e Desenvolvimento pela UCAM e Professora de Direito Tributário da Pós Graduação em Direito Financeiro e Tributário da UFF. Fl. 861DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 862 7 dados necessários e suficientes para motivar o lançamento, se torna despicienda a sua existência2". Como se observa, há uma corrente que defende que não se faz necessário se quer a instauração do MPF para lavratura do Auto de Infração, por outro lado, no caso em espécie, o fato do MPF não trazer expressamente como objeto a COFINS, em nada interfere na autuação, uma vez que o escopo do procedimento fiscal já se estava detalhado, mencionando expressamente o que seria efetuado, o batimento entre os valores declarados e os apurados pela Contribuinte em sua escrituração contábil e fiscal, que foi exatamente utilizado no lançamento. Com efeito, o mandado de procedimento fiscal (MPF) não caracteriza requisito obrigatório e de validade para o lançamento, não há que se falar em qualquer nulidade. Em verdade, o MPF constituise em mero ato de controle gerencial da administração tributária, cuja irregularidade na emissão ou prorrogação não contamina o lançamento. Neste Conselho, a posição predominante é de que o Mandado de Procedimento Fiscal MPF, é instrumento interno da AdministraçãoTributária, destinado ao controle e ao planejamento das atividades fiscalizatórias. Vejamos: MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL MPF. INSTRUMENTO DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO. VÍCIOS NÃO ANULAM O LANÇAMENTO. O Mandado de Procedimento Fiscal MPF se constitui em mero instrumento de controle criado pela Administração Tributária, e irregularidades em sua emissão ou prorrogação não são motivos suficientes para se anular o lançamento Jurisprudência do CARF. O fato de, após sucessivas prorrogações, terse indicado o mesmo AFRF que constava de MPF extinto por decurso de prazo constituise em mero erro administrativo, que não tem o condão de macular o lançamento em si, que foi lavrado por autoridade competente, e por meio de instrumento formalmente perfeito. (Acórdão nº 9202002.519 – 2ª Turma CSRF. Sessão de 31 de janeiro de 2013). Recurso especial provido. Com essas considerações, nego provimento ao Recurso tocante a divergência sobre vícios no MPF. Competência do CARF para analisar questões afetas ao parcelamento especial "PAES" A Contribuinte alega em sua peça recursal, que toda matéria passível de causar redução em lançamentos de ofício devem ser apreciadas pelos órgãos julgadores do contencioso administrativo fiscal. No caso, o PAES é prejudicial ao mérito do presente processo, uma vez que reconhecida sua validade, o lançamento de ofício deverá ser cancelado para manutenção e cobrança de débitos no parcelamento, sob pena de dupla exigência. 2 Xavier, Bianca: O dever de fiscalizar e a segurança jurídica do contribuinte. Disponívelem:https://semanaacademica.org.br/system/files/artigos/fiscalizacao_e_seus_efeitos_na_relacao_juridic a_tributaria4.pdf Fl. 862DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 863 8 Com efeito, a interposição de Recurso Especial junto à Câmara Superior de Recursos Fiscais, ao contrário do Recurso Voluntário, é de cognição restrita, limitada à demonstração de divergência jurisprudencial, além da necessidade de atendimento a diversos outros pressupostos, estabelecidos no artigo 67 do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015. Neste passo, ao julgar o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos e, conseqüentemente, pela garantia da segurança jurídica dos conflitos. Seria temário, esta E. Turma se manifestar sobre a inclusão ou não de pedido de parcelamento, este procedimento é realizado por Auditores Fiscais lotados nas Delegacias de origem da Contribuinte. Portanto, entendo que esta instância julgadora não é competente para apreciar quaisquer questões acerca de pedido de inclusão ou não no parcelamento especial "PAES". Nego provimento ao Recurso quanto esta matéria. Compensação de ofício dos valores recolhidos a maior Penso que a Contribuinte quer trazer toda discussão fática e probatória para esta E. Câmara Superior, como dito o Recurso Especial de Divergência, a Câmara Superior de Recursos Fiscais não constitui uma Terceira Instância, mas sim a Instância Especial, responsável pela pacificação dos conflitos interpretativos. A Contribuinte requer que os débitos exigidos, referentes ao anocalendário de 2003, sejam compensados com os recolhimentos a maior de COFINS e PIS, apurados nas planilhas acostadas junto aos autos, respectivamente. Todavia, a DRJ entendeu que a compensação não pode ser argüida em fase de impugnação. Cabia, nesse caso, à contribuinte ingressar com Declaração de Compensação, nos termos da legislação de regência. Vejamos: "Sobre o crédito tributário relativo ao período de 28/02/1999 a 30/11/2002, a empresa apenas explica que a apresentação extemporânea da DCTF teve por objetivo a adesão ao PAES, sem que tivesse a intenção de se eximir da multa de ofício. Entende que seria injustificada a solicitação da Fiscalização à SACAT/DRF/FNS quanto ao cancelamento dos débitos informados nessa DCTF. Registrese que o procedimento fiscal junto à contribuinte teve início com o Termo de Início de Fiscalização, datado de 19/08/2003 (fls. 06 e 193/195), e foi encerrado com a ciência do auto de infração, ocorrida em 23/12/2003 (fl. 91 e 292). De lembrar que a entrega de DCTF que tiver por objeto confessar débitos relativos a contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica já tenha sido intimada do início de procedimento fiscal não tem o condão de impedir a lavratura do Auto de Infração, a teor do art. 7º do Decreto nº 70.235/72. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 864 9 Por outro lado, a IN SRF 255/2002, em vigor à época da entrega da DCTF retificadora, dispõe que não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado do início de procedimento fiscal. Deve, portanto, prevalecer o procedimento da fiscalização, que solicitou à SACAT/DRF/FNS o cancelamento dos débitos informados nessa DCTF entregue após a perda da espontaneidade, posto que o instrumento correto para a exigência desses valores, nesses casos, é o auto de infração" ( DRJ/São Paulo, fls. 473) Por outro lado, o acórdão recorrido reitera os fundamentos da DRJ e acrescenta os seguintes fundamentos: "Contudo, no tocante à compensação facultada à pessoa jurídica pelo § I o do art. 8° da Lei n° 9.718/1998, tratase de um direito a compensar até um terço da COFINS efetivamente paga com a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL devida em cada período de apuração trimestral ou anual, não havendo, portanto, qualquer repercussão no presente processo. Salientese que este parágrafo foi revogado pelo artigo 93 da Medida Provisória n° 2.15835 de 24.08.2001. Reiterese que os valores calculados são exatamente aqueles informados na DIPJ/2004 e DACON (fls. 447/453). Nesse aspecto, importa mencionar que é pacífico o entendimento de que a entrega de DCTF comunicando a existência de crédito tributário constituise confissão de dívida e instrumento hábil e suficiente à exigência do crédito tributário, nos termos do artigo 5 , §1° , do Decretolei n° 2.124/1984. No entanto, as DIPJ e as DACON têm caráter meramente informativo, não ostentando o atributo de confissão de dívida. No caso vertente, como a empresa não declarou os valores na DCTF, tornouse imperativo que o fisco efetuasse o lançamento de ofício. De lembrar que a entrega de DCTF que tiver por objeto confessar débitos relativos a contribuições em relação aos quais a pessoa jurídica já tenha sido intimada do início de procedimento fiscal não tem o condão de impedir a lavratura do Auto de Infração, a teor do art. 7° do Decreto nº 70.235/72. Por outro lado, a IN SRF 255/2002, em vigor à época da entrega da DCTF retificadora, dispõe que não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os débitos relativos a tributos e contribuições em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado do início de procedimento fiscal. Deve, portanto, prevalecer o procedimento da fiscalização, que solicitou à SACAT/DRF/FNS o cancelamento dos débitos informados nessa DCTF entregue após a perda da espontaneidade, posto que o instrumento correto para a exigência desses valores, nesses casos, é o auto de infração". Fl. 864DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 865 10 Compulsando aos autos, verifico que a Contribuinte aderiu ao PAES, Parcelamento Especial, nos termos da lei nº 10.684/2003, em 30/07/2003, antes do início do procedimento fiscal em 19/08/2003, contudo não incluiu novos débitos na Declaração correspondente ao parcelamento, apresentou apenas Declarações de Contribuições e Tributos Federais (DCTF) retificadoras intempestivas, em 28/11/2003, relativas aos períodos do primeiro trimestre de 2001 ao primeiro trimestre de 2003. Como visto, a Contribuinte apresentou intempestivamente (28/11/2003) Declarações de Contribuições (DCTF) retificadoras, relativas aos períodos de primeiro trimestre de 2001 ao primeiro trimestre de 2003. Cabe ressaltar, que a entrega de DCTF tem por objeto a confissão de débitos relativos a contribuições, aos quais a pessoa jurídica que já tenha sido intimada do início de procedimento fiscal não tem o condão de impedir a lavratura do Auto de Infração, conforme dispõe o artigo 7º do Decreto nº 70.235/72, sem reparos a decisão recorrida. Sem embargo, o artigo 9º parágrafo 2º, da Instrução Normativa nº 255/2002, em vigor à época dos fatos e da entrega da DCTF ( Retificadora) dispõe que não será aceita retificação que tenha por objetivo alterar os débitos relativos a tributos e contribuições em relação aos quais a Contribuinte tenha sido intimada do início de procedimento fiscal. Vejamos o teor do dispositivo: Art. 9º Os pedidos de alteração nas informações prestadas em DCTF serão formalizados por meio de DCTF retificadora, mediante a apresentação de nova DCTF elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1° A DCTF mencionada no caput deste artigo terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados em declarações anteriores. § 2 Não será aceita a retificação que tenha por objeto alterar os tributos e contribuições: I cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à Procuradoria da Fazenda Nacional para inscrição como Dívida Ativa da União, nos casos em que o pleito importe alteração desse saldo; ou II em relação aos quais o sujeito passivo tenha sido intimado procedimento fiscal.9 Nestes termos, voto no sentido de negar provimento ao Recurso da Contribuinte. É como voto. (assinado digitalmente) Demes Brito Fl. 865DF CARF MF Processo nº 11516.003150/200332 Acórdão n.º 9303005.852 CSRFT3 Fl. 866 11 Fl. 866DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 15563.000336/2007-59
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Thu Jan 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/12/2003 a 31/10/2005
APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-006.330
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos.
Nome do relator: RITA ELIZA REIS DA COSTA BACCHIERI
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PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVETIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 15 56 3. 00 03 36 /2 00 7- 59 Fl. 200DF CARF MF 2 (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada), Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri e Luiz Eduardo de Oliveira Santos. Relatório Contra o contribuinte foi lavrado auto de infração AI 37.099.8073 (AI 68) para cobrança de multa por descumprimento de obrigação acessória que foi assim resumida pelo relatório fiscal: 3. Examinando as folhas de pagamento, recibos de férias e rescisões, constatamos que a autuada informou valores lançados nas rubricas denominadas "valor participável", "vir. participável resc", "supl. Férias 20%, 30% e 50%" conforme discriminado no "Relatório de Lançamentos", na matriz no período de 12/2003 a 10/2005 e na filial 0002 no período de 01/2004 a 07/2004, e estes valores não foram declarados em GFIP, mas que integram o salário de contribuição, pois os abonos de qualquer natureza com concessão vinculada a fatores como eficiência, assiduidade,pontualidade, tempo de serviço e produção, estabelecido ou não em cláusula contratual ou convenção coletiva de trabalho, integram o salário de contribuição. Após o trâmite processual, a 3ª Turma Especial deu provimento parcial ao recurso voluntário para determinar que a multa aplicada seja calculada considerando o art. 32 A, I da lei nº 8.212/91, na redação dada pele Lei nº 11.941/09, se mais benéfico ao contribuinte, nos termos em que determina a portaria conjunta RFB/PGFN nº 14/2009. O acórdão nº 2803.002416 recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 20/07/2007 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. PAGAMENTOS A SEGURADOS OBRIGATÓRIOS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE HIPÓTESE DE NÃO INCIDÊNCIA. A empresa é obriga a arrecadar as contribuições devidas em razão da remuneração paga a seus segurados obrigatórios. Constatada que as verbas pagas a título de valor participável não se enquadram na exceção prevista no art. 28, § 9°, “j”, da Lei 8.212/91, correto seu enquadramento com salário de contribuição. JUNTADA POSTERIOR DE DOCUMENTOS. IMPOSSIBILIDADE. PEDIDO PERICIAL. DESTEMPO Fl. 201DF CARF MF Processo nº 15563.000336/200759 Acórdão n.º 9202006.330 CSRFT2 Fl. 201 3 Todo o conjunto probatório e pedido pericial devem ser apresentados quando da impugnação. Exceção das situações constantes no art. 16 § 4º do decreto 70.235/72. Não se enquadrando em nenhuma das hipóteses, vedada a juntada posterior de documentos, devendo também o pedido de perícia ser indeferido. LEGISLAÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INFRAÇÃO. GFIP. APRESENTAÇÃO COM INFORMAÇÕES INEXATAS, INCOMPLETAS OU OMISSAS. Apresentar a empresa GFIP com informações inexatas, incompletas ou omissas, constitui infração à legislação previdenciária. MULTA APLICÁVEL. LEI SUPERVENIENTE MAIS BENÉFICA. APLICABILIDADE O artigo 32 da lei 8.212/91 foi alterado pela lei 11.941/09, traduzindo penalidade, em tese, mais benéfica ao contribuinte, a qual deve ser aplicada, consoante art. 106, II “c”, do CTN, se mais favorável. Deve ser efetuado o cálculo da multa de acordo com o art. 32A, I, da lei 8.212/91, na redação dada pela lei 11.941/09, e comparado aos valores que constam do presente auto, para que seja aplicado o mais benéfico à recorrente. Recurso Voluntário Provido em Parte Inconformada, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial de divergência questionando o critério adotado pelo Colegiado no que tange a aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. Cita como paradigma o acórdão 920201.794. Intimado por edital, o contribuinte não se manifestou. É o relatório. Voto Conselheira Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Relatora O recurso é tempestivo e preenche os demais pressupostos legais, razão pela qual, retirado o despacho de admissibilidade, dele conheço. Conforme descrito no relatório, tratase de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra acórdão que embora tenha citado a aplicação da Portaria RFB/PGFN nº 14/2009, determinou que o cálculo da multa por descumprimento de obrigação acessória seja feito nos termos do art. 32A, I, da lei 8.212/91, somente, comparadoo com os valores lançados. O Colegiado a quo desconsiderou para esse fim a existência do auto de obrigação principal. Fl. 202DF CARF MF 4 A obrigação principal decorreu de lançamento para cobrança de contribuições previdenciárias incidentes sobre o pagamento de verbas pagas à título de participação nos lucros e resultados em desconformidade com as regras da Lei nº 10.101/2000, obrigação mantida conforme decisão transitada em julgado nos autos do processo. 15563.000335/2007 12. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF) tem o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdão nº 9202004.262 (Sessão de 23 de junho de 2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. Fl. 203DF CARF MF Processo nº 15563.000336/200759 Acórdão n.º 9202006.330 CSRFT2 Fl. 202 5 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35 A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é o entendimento deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela MP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto proferido no Acórdão nº 9202004.499 (Sessão de 29 de setembro de 2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: Fl. 204DF CARF MF 6 “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de não apresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a Fl. 205DF CARF MF Processo nº 15563.000336/200759 Acórdão n.º 9202006.330 CSRFT2 Fl. 203 7 estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma Fl. 206DF CARF MF 8 forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. Fl. 207DF CARF MF Processo nº 15563.000336/200759 Acórdão n.º 9202006.330 CSRFT2 Fl. 204 9 § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista Fl. 208DF CARF MF 10 no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. (assinado digitalmente) Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri Fl. 209DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 36624.008902/2006-06
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Nov 28 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Jan 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/09/1989 a 31/07/2003
MULTA POR NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E/OU LIVROS. PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO DO SOLICITADO NÃO CARACTERIZA IMPOSSIBILIDADE MATERIAL. os documentos requeridos não foram anexados aos autos em nenhum momento.
A legislação previdenciária possui regras próprias serem seguidas bem como acerca do TIAD, o qual disciplina ser liberalidade do Auditor fazê-lo, vez que se trata da Lei de Custeio, obrigação acessória de observância imediata.
Numero da decisão: 9202-006.241
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva.
(Assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Ana Paula Fernandes Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz.
Nome do relator: ANA PAULA FERNANDES
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PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO DO SOLICITADO NÃO CARACTERIZA IMPOSSIBILIDADE MATERIAL. os documentos requeridos não foram anexados aos autos em nenhum momento. A legislação previdenciária possui regras próprias serem seguidas bem como acerca do TIAD, o qual disciplina ser liberalidade do Auditor fazêlo, vez que se trata da Lei de Custeio, obrigação acessória de observância imediata. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. Votou pelas conclusões a conselheira Patrícia da Silva. (Assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 36 62 4. 00 89 02 /2 00 6- 06 Fl. 4052DF CARF MF 2 Ana Paula Fernandes – Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Ana Cecília Lustosa da Cruz. Relatório O presente Recurso Especial trata de pedido de análise de divergência motivado pela Fazenda Nacional face ao acórdão 230102.112, proferido pela 1ª Turma Ordinária / 3ª Câmara / 2ª Seção de Julgamento. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 17/10/2005, por ter a empresa acima identificada, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 06/07, deixado de apresentar documentos solicitados pela fiscalização, o que estaria em ofensa à obrigação acessória prevista no art. 33, parágrafos 2° e 3° da Lei 8.212/91 nas competências 01/01/1995 a 31/12/1998, tendo resultado na aplicação de multa de R$ 11.017,47. O Contribuinte apresentou impugnação, às fls. 16/37. Na DecisãoNotificação de fls. 1889/1894, a DRP/São Paulo concluiu pela procedência integral do lançamento. O Contribuinte interpôs Recurso Voluntário, fls. 1903/1925, sob os seguintes fundamentos: nulidade do ato que formalizou a notificação, pois não observou o Estatuto Social da recorrente em ofensa ao art. 47 do Código Civil. Sustentou que a falta de ciência dos dois diretores da empresa resulta na nulidade da autuação. Reclama do minúsculo prazo para atendimento do solicitado por entender que ofende a razoabilidade e a proporcionalidade. Reclamou da majoração da multa feita por portaria. Apontou que juntou os documentos exigidos e pleiteia a redução da multa. A 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento, às fls. 3994/4003, DAR PROVIMENTO ao Recurso Ordinário. A ementa do acórdão recorrido assim dispôs: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/09/1989 a 31/07/2003 MULTA POR NÃO APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS E/OU LIVROS. AFASTAMENTO NO CASO DE IMPOSSIBILIDADE MATERIAL. PRAZO EXÍGUO PARA ATENDIMENTO DO SOLICITADO CARACTERIZA IMPOSSIBILIDADE MATERIAL. O art. 19 da Lei 3.470/58 determina o afastamento da multa por não atendimento da fiscalização no caso de impossibilidade material de cumprimento do solicitado. Embora pertencente ao regime jurídico do imposto sobre a renda, pode ser aplicado em relação às infrações da lei 8.212/91 por analogia e eqüidade. No caso de prazo exíguo para atendimento Fl. 4053DF CARF MF Processo nº 36624.008902/200606 Acórdão n.º 9202006.241 CSRFT2 Fl. 10 3 do solicitado se considerado o volume de documentos, temos caracterizada a impossibilidade material. O prazo a ser considerado nessa análise, no entanto. deve considerar o prazo desde a intimação até o momento da lavratura da multa. Recurso Voluntário Provido. Às fls. 4007/4019, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência, alegando divergência jurisprudencial em relação à questão afeta às normas gerais do processo administrativo tributário sob a égide do Decreto 70.235/72. Os acórdãos paradigmas partem da alegação do contribuinte da exiguidade do prazo oferecido para resposta à intimação do Fisco até a ocorrência do lançamento, analisando a matéria como prejudicial, na seara do regime de nulidades, refutando o argumento do contribuinte autuado, enquanto o acórdão recorrido, diante dessa premissa fática, teria examinado a questão como "mérito", analisando tão somente o prazo concedido pelo Fisco, em si mesmo considerado, para concluir pelo provimento do recurso voluntário. Explica que os paradigmas entenderam que a razão não assistia aos autuados, pois a legislação de regência confere aos interessados o direito de pleitear prorrogação de prazo e que o contribuinte, durante todo o processo administrativo tributário, instaurado com a apresentação de impugnação tempestiva, pode apresentar documentos não repassados ao Fisco quando da intimação (ainda na fase inquisitorial do procedimento), cujo prazo se argumenta exíguo. Às fls. 4022/4025, a 3ª Câmara da 2ª Seção de Julgamento realizou o Exame de Admissibilidade do Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional, DANDO SEGUIMENTO ao recurso em relação à divergência sobre as normas gerais do processo administrativo tributário sob a égide do Decreto 70.235/72. Intimado por Edital, à fl. 4036, o Contribuinte restou inerte, vindo os autos conclusos para julgamento. É o relatório. Voto Conselheira Ana Paula Fernandes Relatora O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto, merece ser conhecido. Tratase de Auto de Infração, lavrado em 17/10/2005, por ter a empresa acima identificada, segundo Relatório Fiscal da Infração, fls. 06/07, deixado de apresentar documentos solicitados pela fiscalização, o que estaria em ofensa à obrigação acessória prevista no art. 33, parágrafos 2° e 3° da Lei 8.212/91 nas competências 01/01/1995 a 31/12/1998, tendo resultado na aplicação de multa de R$ 11.017,47. O Acórdão recorrido deu provimento ao Recurso Ordinário. O Recurso Especial apresentado pela Fazenda Nacional trouxe para análise a divergência jurisprudencial no tocante às normas gerais do processo administrativo tributário sob a égide do Decreto 70.235/72. Fl. 4054DF CARF MF 4 O acórdão recorrido tratou da questão da Multa por descumprimento do art. 33, §§ 2" e 3" da Lei 8.212/91, bem como qual seria o prazo para o Contribuinte prestar esclarecimentos acerca de seu cumprimento da seguinte forma: Conforme prevê o art. 33. §§ 2° e 3° da Lei ri ° 8.212/1991. o contribuinte é obrigado a exibir os livros e documentos relacionados com as contribuições previdenciárias. Assim, no caso em concreto há que ser observado se a fiscalização concedeu o prazo previsto na legislação ou que, na ausência de tal previsão, este era razoável para que o sujeito passivo cumprisse o exigido. A lei 8.212/91 estabelece a obrigação de exibir livros e documentos, mas não indica o prazo que a fiscalização deve conceder para tanto. Nesse aspecto podemos aplicar, por analogia e podemos dizer até mesmo por eqüidade, o art. 19 da Lei 3.470/58 que trata do Imposto sobre a Renda: No caso dos autos estamos convencidos de que o prazo concedido entre a intimação e a autuação — quatro dias — foi exíguo pra a documentação exigida de 09/1989 a 07/2003 de todos os estabelecimentos e obras de construção civil, caracterizando a impossibilidade material de apresentação dos documentos. Contudo, não se pode deixar de analisar as ponderações contrárias realizadas pela Conselheira Bernadete de Oliveira Barros, em sede de declaração de voto: Em relação ao entendimento de que não houve impossibilidade material de apresentação dos documentos, vale observar que a autuada não apresentou a documentação solicitada pela fiscalização, nem em quatro dias, conforme estabelecido em TIAD. e nem após a lavratura do AI para fins de relevação da multa aplicada, conforme instruções contidas no 1PC e no próprio relatório fiscal, integrantes do Auto de Infração. Verificase, dos autos, que a autuada tomou ciência do AI em 19/07/2005, e da decisão de primeira instância em 18/07/2006. Ou seja, a recorrente teve um ano para a juntada de elementos que comprovassem suas alegações ou a improcedência da autuação, ou mesmo para ter a multa relevada. Fl. 4055DF CARF MF Processo nº 36624.008902/200606 Acórdão n.º 9202006.241 CSRFT2 Fl. 11 5 Todavia, a empresa não trouxe outros elementos para serem analisados por este Conselho que demonstrassem a veracidade de sua afirmação de que todos os documentos foram apresentados à fiscalização. Concordo em parte que, embora o Contribuinte não tenha trazido aos autos os documentos necessários para afastar a tributação, a Administração Pública agiu de modo desproporcional ao conceder apenas 4 dias para fazêlo, o que foi de fato destacado pelo Conselheiro Damião, também em declaração de voto: Com isso. o contribuinte não pode ser prejudicado pelos atos da Administração que não respeitem aos princípios constitucionais citados. A necessidade de um prazo razoável e proporcional é indispensável ao contribuinte para poder atender as solicitações exigidas pelo Fisco. Garantindo também o exercício do princípio da segurança jurídica, diminuindo eventuais arbitrariedades cometidas pela Administração Pública. O Contribuinte de sua parte alega que não teve tempo hábil para a juntada da documentação e que pediu prorrogação do prazo de 4 dias, em especial na impugnação, nos seguintes termos: 12. Nesta esteira, ao ser notificada acerca do TIAD supra descrito, a ora Impugnante. assustada com o prazo nitidamente irrazoável que lhe fora imposto, tentou por diversas vezes, requerer a dilação referido prazo (apenas de 04 dias), visto que a documentação exigida é bastante antiga e encontravase no arquivo morto, porém não obteve qualquer êxito. Contudo, compulsando os autos verificando as peças da defesa, embora as alegações reiteradas do Contribuinte , em especial na impugnação, conforme citado, de que haveria tentado pedir dilação do prazo, estas não restaram comprovadas em nenhum momento. Ao contrário, observo que assiste razão a declaração de voto da Conselheira Bernadete, ao afirmar que não o fez nem no prazo de 4 dias nem em nenhum outro momento nos autos. O que me leva a conclusão de que não possuía os documentos requeridos ou pelo menos não fez prova do contrário, e valeuse por todo o processo de um subterfúgio formal para se livrar de uma imputação material. Fato que é que em se falando de Contribuições Previdenciárias, a letra da lei é muito clara quanto ao cumprimento de suas obrigações principais e acessórias, bem como quanto a multas e agravamentos decorrentes de seus descumprimento. Discordo, portanto, que não haja prazo legal e também discordo que seja necessário aplicar por analogia a Lei do Imposto de Renda, quando a própria legislação previdenciária, Lei 8212/91 e Decreto Regulamentador 3048/99, são pontuais em estabelecer a obrigação do Contribuinte Empresa de exibir os livros e documentos, o que pela lógica vai ocorrer no prazo exigido pela fiscalização ou na primeira oportunidade em que o Contribuinte tiver para apresentar sua defesa. Fl. 4056DF CARF MF 6 A própria Instrução Normativa que disciplina o TIAD Termo de Intimação para apresentação de Documentos informa que a competência deste é privativa do Auditor fiscal, e que o prazo a ser cumprido é aquele por ele determinado, isso associado ao fato de que a Lei de Custeio da Previdência traz uma obrigação imediata de apresentação e que o prazo para entrega desta é uma liberalidade do auditor a fim de dar cumprimento a ela. Não menos importante salientar que à época da autuação estava vigente a redação mais benéfica do artigo 291 do Decreto 3048/99 (posteriormente revogada), o qual é pontual em afirmar que a multa seria totalmente relevada se até a data da impugnação restassem corrigidas as irregularidades apontadas desde que não houvesse nenhuma condição agravante, exatamente situação na qual se enquadra o Contribuinte, e que seria suficiente para ter dado fim a questão. Partindo destas considerações, observo que o acórdão recorrido merece reforma, seja pelo desnecessário uso de norma análoga para disciplinar a questão previdenciária, seja pela incorreta avaliação e aplicação do princípio da razoabilidade. Ainda, para que não haja aparente contrariedade com meu posicionamento em outros processos, nos quais o Contribuinte junta provas extemporaneamente, para os quais aplico o principio da verdade material em detrimento da preclusão consumativa temporal, aqui se trata de auto de infração próprio com exato fundamento na falta de apresentação de uma documentação obrigatoriamente prevista em Lei. Diante do exposto voto por conhecer do recurso da Fazenda Nacional e no mérito darlhe provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Ana Paula Fernandes Fl. 4057DF CARF MF
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Numero do processo: 10670.003371/2008-70
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 26 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Nov 27 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/01/2006 a 31/12/2007
CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS. AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009.
Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta.
O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo.
Numero da decisão: 9202-005.799
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em dar-lhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009.
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri.
Nome do relator: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA SANTOS
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AUTO DE INFRAÇÃO. APLICAÇÃO DE PENALIDADE. PRINCÍPIO DA RETROATIVIDADE BENIGNA. LEI Nº 8.212/1991, COM A REDAÇÃO DADA PELA MP 449/2008, CONVERTIDA NA LEI Nº 11.941/2009. PORTARIA PGFN/RFB Nº 14 DE 04 DE DEZEMBRO DE 2009. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, antes de tudo, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto que sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. O cálculo da penalidade deve ser efetuado em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, se mais benéfico para o sujeito passivo. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 67 0. 00 33 71 /2 00 8- 70 Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 2 (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos (Presidente em Exercício), Maria Helena Cotta Cardozo, Patricia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior, Ana Cecília Lustosa da Cruz (suplente convocada) e Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri. Relatório O presente recurso foi objeto de julgamento na sistemática prevista no art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, adoto o relatório objeto do processo paradigma deste julgamento, n° 15979.000274/200701. Tratase de auto de infração, referente às contribuições devidas ao INSS, destinadas à Seguridade Social. A divergência em exame reportase à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. A Fazenda Nacional interpôs recurso especial requerendo que a retroatividade benigna fosse aplicada, essencialmente, pelos critérios constantes na Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Cientificado, o sujeito passivo não apresentou contrarrazões. É o relatório. Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 3 Voto Conselheiro Luiz Eduardo de Oliveira Santos – Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9202005.782, de 26/09/2017, proferido no julgamento do processo 15979.000274/200701, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o inteiro teor do voto proferido naquela decisão (Acórdão 9202005.782): Pressupostos De Admissibilidade O Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional é tempestivo e atende aos demais pressupostos de admissibilidade, portanto deve ser conhecido. Do mérito Aplicação da multa retroatividade benigna Cingese a controvérsia às penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP nº 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009, quando mais benéfica ao sujeito passivo. A solução do litígio decorre do disposto no artigo 106, inciso II, alínea “a” do CTN, a seguir transcrito: Art. 106. A lei aplicase a ato ou fato pretérito: I em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados; II tratandose de ato não definitivamente julgado: a) quando deixe de definilo como infração; b) quando deixe de tratálo como contrário a qualquer exigência de ação ou omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado em falta de pagamento de tributo; c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática. (grifos acrescidos) De inicio, cumpre registrar que a Câmara Superior de Recursos Fiscais (CSRF), de forma unânime pacificou o entendimento de que na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 4 benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre dispositivos, percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Assim, a multa de mora prevista no art. 61 da Lei nº 9.430, de 1996, não é aplicável quando realizado o lançamento de ofício, conforme consta do Acórdãonº9202004.262 (Sessão de23dejunhode2016), cuja ementa transcrevese: AUTO DE INFRAÇÃO OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA MULTA APLICAÇÃO NOS LIMITES DA LEI 8.212/91 C/C LEI 11.941/08 APLICAÇÃO DA MULTA MAIS FAVORÁVEL RETROATIVIDADE BENIGNA NATUREZA DA MULTA APLICADA. A multa nos casos em que há lançamento de obrigação principal lavrados após a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, mesmo que referente a fatos geradores anteriores a publicação da referida lei, é de ofício. AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL E ACESSÓRIA COMPARATIVO DE MULTAS APLICAÇÃO DE PENALIDADE. RETROATIVIDADE BENIGNA. Na aferição acerca da aplicabilidade da retroatividade benigna, não basta a verificação da denominação atribuída à penalidade, tampouco a simples comparação entre percentuais e limites. É necessário, basicamente, que as penalidades sopesadas tenham a mesma natureza material, portanto sejam aplicáveis ao mesmo tipo de conduta. Se as multas por descumprimento de obrigações acessória e principal foram exigidas em procedimentos de ofício, ainda que em separado, incabível a aplicação retroativa do art. 32A, da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009, eis que esta última estabeleceu, em seu art. 35A, penalidade única combinando as duas condutas. A legislação vigente anteriormente à Medida Provisória n° 449, de 2008, determinava, para a situação em que ocorresse (a) recolhimento insuficiente do tributo e (b) falta de declaração da verba tributável em GFIP, a constituição do crédito tributário de ofício, acrescido das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, respectivamente. Posteriormente, foi determinada, para essa mesma situação (falta de pagamento e de declaração), apenas a aplicação do art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991, que faz remissão ao art. 44 da Lei n° 9.430, de 1996. Portanto, para aplicação da retroatividade benigna, resta necessário comparar (a) o somatório das multas previstas nos arts. 35, II, e 32, § 5o, ambos da Lei n° 8.212, de 1991, e (b) a multa prevista no art. 35A da Lei n° 8.212, de 1991. Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 5 A comparação de que trata o item anterior tem por fim a aplicação da retroatividade benigna prevista no art. 106 do CTN e, caso necessário, a retificação dos valores no sistema de cobrança, a fim de que, em cada competência, o valor da multa aplicada no AIOA somado com a multa aplicada na NFLD/AIOP não exceda o percentual de 75%. Prosseguindo na análise do tema, também é entendimento pacífico deste Colegiado que na hipótese de lançamento apenas de obrigação principal, a retroatividade benigna será aplicada se, na liquidação do acórdão, a penalidade anterior à vigência da MP 449, de 2008, ultrapassar a multa do art. 35A da Lei n° 8.212/91, correspondente aos 75% previstos no art. 44 da Lei n° 9.430/96. Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º doart. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pelaMP 449 (convertida na Lei 11.941, de 2009), tenham sido aplicadas isoladamente descumprimento de obrigação acessória sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal deverão ser comparadas com as penalidades previstas noart. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, bem assim no caso de competências em que o lançamento da obrigação principal tenha sido atingida pela decadência. Neste sentido, transcrevese excerto do voto unânime proferido no Acórdãonº9202004.499 (Sessão de 29desetembrode2016): Até a edição da MP 449/2008, quando realizado um procedimento fiscal, em que se constatava a existência de débitos previdenciários, lavravase em relação ao montante da contribuição devida, notificação fiscal de lançamento de débito NFLD. Caso constatado que, além do montante devido, descumprira o contribuinte obrigação acessória, ou seja, obrigação de fazer, como no caso de omissão em GFIP (que tem correlação direta com o fato gerador), a empresa era autuada também por descumprimento de obrigação acessória. Nessa época os dispositivos legais aplicáveis eram multa art. 35 para a NFLD (24%, que sofria acréscimos dependendo da fase processual do débito) e art. 32 (100% da contribuição devida em caso de omissões de fatos geradores em GFIP) para o Auto de infração de obrigação acessória. Contudo, a MP 449/2008, convertida na lei 11.941/2009, inseriu o art. 32A, o qual dispõe o seguinte: “Art. 32A. O contribuinte que deixar de apresentar a declaração de que trata o inciso IV do caput do art. 32 desta Lei no prazo fixado ou que a apresentar com incorreções ou omissões será intimado a apresentála ou a prestar esclarecimentos e sujeitarseá às seguintes multas: Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 6 I – de R$ 20,00 (vinte reais) para cada grupo de 10 (dez) informações incorretas ou omitidas; e II – de 2% (dois por cento) ao mêscalendário ou fração, incidentes sobre o montante das contribuições informadas, ainda que integralmente pagas, no caso de falta de entrega da declaração ou entrega após o prazo, limitada a 20% (vinte por cento), observado o disposto no § 3o deste artigo. § 1o Para efeito de aplicação da multa prevista no inciso II do caput deste artigo, será considerado como termo inicial o dia seguinte ao término do prazo fixado para entrega da declaração e como termo final a data da efetiva entrega ou, no caso de nãoapresentação, a data da lavratura do auto de infração ou da notificação de lançamento. § 2o Observado o disposto no § 3o deste artigo, as multas serão reduzidas: I – à metade, quando a declaração for apresentada após o prazo, mas antes de qualquer procedimento de ofício; ou II – a 75% (setenta e cinco por cento), se houver apresentação da declaração no prazo fixado em intimação. § 3o A multa mínima a ser aplicada será de: I – R$ 200,00 (duzentos reais), tratandose de omissão de declaração sem ocorrência de fatos geradores de contribuição previdenciária; e II – R$ 500,00 (quinhentos reais), nos demais casos.” Entretanto, a MP 449, Lei 11.941/2009, também acrescentou o art. 35A que dispõe o seguinte, “Art. 35A. Nos casos de lançamento de ofício relativos às contribuições referidas no art. 35 desta Lei, aplicase o disposto no art. 44 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996.” O inciso I do art. 44 da Lei 9.430/96, por sua vez, dispõe o seguinte: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata “ Com a alteração acima, em caso de atraso, cujo recolhimento não ocorrer de forma espontânea pelo contribuinte, levando ao lançamento de ofício, a multa a ser aplicada passa a ser a estabelecida no dispositivo acima citado, ou seja, em havendo lançamento da obrigação principal (a antiga NFLD), aplicase multa de ofício no patamar de 75%. Essa conclusão levanos ao Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 7 raciocínio que a natureza da multa, sempre que existe lançamento, referese a multa de ofício e não a multa de mora referida no antigo art. 35 da lei 8212/91. Contudo, mesmo que consideremos que a natureza da multa é de "multa de ofício" não podemos isoladamente aplicar 75% para as Notificações Fiscais NFLD ou Autos de Infração de Obrigação Principal AIOP, pois estaríamos na verdade retroagindo para agravar a penalidade aplicada. Por outro lado, com base nas alterações legislativas não mais caberia, nos patamares anteriormente existentes, aplicação de NFLD + AIOA (Auto de Infração de Obrigação Acessória) cumulativamente, pois em existindo lançamento de ofício a multa passa a ser exclusivamente de 75%. Tendo identificado que a natureza da multa, sempre que há lançamento, é de multa de ofício, considerando o princípio da retroatividade benigna previsto no art. 106. inciso II, alínea “c”, do Código Tributário Nacional, há que se verificar a situação mais favorável ao sujeito passivo, face às alterações trazidas. No presente caso, foi lavrado AIOA julgada, e alvo do presente recurso especial, prevaleceu o valor de multa aplicado nos moldes do art. 32A. No caso da ausência de informação em GFIP, conforme descrito no relatório a multa aplicada ocorreu nos termos do art. 32, inciso IV, § 5º, da Lei nº 8.212/1991 também revogado, o qual previa uma multa no valor de 100% (cem por cento) da contribuição não declarada, limitada aos limites previstos no § 4º do mesmo artigo. Face essas considerações para efeitos da apuração da situação mais favorável, entendo que há que se observar qual das seguintes situações resulta mais favorável ao contribuinte: · Norma anterior, pela soma da multa aplicada nos moldes do art. 35, inciso II com a multa prevista no art. 32, inciso IV, § 5º, observada a limitação imposta pelo § 4º do mesmo artigo, ou · Norma atual, pela aplicação da multa de setenta e cinco por cento sobre os valores não declarados, sem qualquer limitação, excluído o valor de multa mantido na notificação. Levando em consideração a legislação mais benéfica ao contribuinte, conforme dispõe o art. 106 do Código Tributário Nacional (CTN), o órgão responsável pela execução do acórdão deve, quando do trânsito em julgado administrativo, efetuar o cálculo da multa, em cada competência, somando o valor da multa aplicada no AI de obrigação acessória com a multa aplicada na Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 8 NFLD/AIOP, que não pode exceder o percentual de 75%, previsto no art. 44, I da Lei n° 9.430/1996. Da mesma forma, no lançamento apenas de obrigação principal o valor das multa de ofício não pode exceder 75%. No AI de obrigação acessória, isoladamente, o percentual não pode exceder as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Observese que, no caso de competências em que a obrigação principal tenha sido atingida pela decadência (pela antecipação do pagamento nos termos do art. 150, § 4º, do CTN), subsiste a obrigação acessória, isoladamente, relativa às mesmas competências, não atingidas pela decadência posto que regidas pelo art. 173, I, do CTN, e que, portanto, deve ter sua penalidade limitada ao valor previsto no artigo 32A da Lei nº 8.212, de 1991. Cumpre ressaltar que o entendimento acima está em consonância com o que dispõe a Instrução Normativa RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009, alterada pela Instrução Normativa RFB nº 1.027 em 22/04/2010, e no mesmo diapasão do que estabelece a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009, que contempla tanto os lançamentos de obrigação principal quanto de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente. Neste passo, para os fatos geradores ocorridos até 03/12/2008, a autoridade responsável pela execução do acórdão, quando do trânsito em julgado administrativo, deverá observar a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 que se reporta à aplicação do princípio da retroatividade benigna previsto no artigo 106, inciso II, alínea “c”, do CTN, em face das penalidades aplicadas às contribuições previdenciárias nos lançamentos de obrigação principal e de obrigação acessória, em conjunto ou isoladamente, previstas na Lei nº 8.212/1991, com as alterações promovidas pela MP 449/2008, convertida na Lei nº 11.941/2009. De fato, as disposições da referida Portaria, a seguir transcritas, estão em consonância com a jurisprudência unânime desta 2ª Turma da CSRF sobre o tema: Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009 Art. 1º A aplicação do disposto nos arts. 35 e 35A da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 27 de maio de 2009, às prestações de parcelamento e aos demais débitos não pagos até 3 de dezembro de 2008, inscritos ou não em Dívida Ativa, cobrados por meio de processo ainda não definitivamente julgado, observará o disposto nesta Portaria. Art. 2º No momento do pagamento ou do parcelamento do débito pelo contribuinte, o valor das multas aplicadas será analisado e os lançamentos, se necessário, serão retificados, para fins de aplicação da penalidade mais benéfica, nos termos da alínea "c" do inciso II do art. 106 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 Código Tributário Nacional (CTN). Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 9 § 1º Caso não haja pagamento ou parcelamento do débito, a análise do valor das multas referidas no caput será realizada no momento do ajuizamento da execução fiscal pela ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN). § 2º A análise a que se refere o caput darseá por competência. § 3º A aplicação da penalidade mais benéfica na forma deste artigo darseá: I mediante requerimento do sujeito passivo, dirigido à autoridade administrativa competente, informando e comprovando que se subsume à mencionada hipótese; ou II de ofício, quando verificada pela autoridade administrativa a possibilidade de aplicação. § 4º Se o processo encontrarse em trâmite no contencioso administrativo de primeira instância, a autoridade julgadora fará constar de sua decisão que a análise do valor das multas para verificação e aplicação daquela que for mais benéfica, se cabível, será realizada no momento do pagamento ou do parcelamento. Art. 3º A análise da penalidade mais benéfica, a que se refere esta Portaria, será realizada pela comparação entre a soma dos valores das multas aplicadas nos lançamentos por descumprimento de obrigação principal, conforme o art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e de obrigações acessórias, conforme §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, e da multa de ofício calculada na forma do art. 35A da Lei nº 8.212, de 1991, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009. § 1º Caso as multas previstas nos §§ 4º e 5º do art. 32 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, tenham sido aplicadas isoladamente, sem a imposição de penalidade pecuniária pelo descumprimento de obrigação principal, deverão ser comparadas com as penalidades previstas no art. 32A da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. § 2º A comparação na forma do caput deverá ser efetuada em relação aos processos conexos, devendo ser considerados, inclusive, os débitos pagos, os parcelados, os nãoimpugnados, os inscritos em Dívida Ativa da União e os ajuizados após a publicação da Medida Provisória nº 449, de 3 de dezembro de 2008. Art. 4º O valor das multas aplicadas, na forma do art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, em sua redação anterior à dada pela Lei nº 11.941, de 2009, sobre as contribuições devidas a terceiros, assim entendidas outras entidades e fundos, deverá ser comparado com o valor das multa de Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 10 ofício previsto no art. 35A daquela Lei, acrescido pela Lei nº 11.941, de 2009, e, caso resulte mais benéfico ao sujeito passivo, será reduzido àquele patamar. Art. 5º Na hipótese de ter havido lançamento de ofício relativo a contribuições declaradas na Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social (GFIP), a multa aplicada limitarseá àquela prevista no art. 35 da Lei nº 8.212, de 1991, com a redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009. Em face ao exposto, dou provimento ao recurso para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. Por fim, destacase que, independente do lançamento fiscal analisado referirse a Auto de Infração de Obrigação Principal (AIOP) e Acessória (AIOA), este último consubstanciado na omissão de fatos geradores em GFIP, lançados em conjunto, ou seja formalizados em um mesmo processo, ou em processos separados, a aplicação da legislação não sofrerá qualquer alteração, posto que a Portaria PGFN/RFB nº 14/2009 contempla todas as possibilidades, já que a tese ali adotada tem por base a natureza das multas. Conclusão Face o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso ESPECIAL DA FAZENDA NACIONAL, para, no mérito, DAR LHE PROVIMENTO, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14 de 04 de dezembro de 2009. É como voto. Face o exposto, voto por conhecer do Recurso Especial e, no mérito, darlhe provimento, para que a retroatividade benigna seja aplicada em conformidade com a Portaria PGFN/RFB nº 14, de 2009. (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10670.003371/200870 Acórdão n.º 9202005.799 CSRFT2 Fl. 0 11 Fl. 414DF CARF MF
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Numero do processo: 10280.003592/2006-70
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Dec 12 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005
PIS/PASEP E COFINS. REGIME DA NÃO-CUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS.
O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, busca-se a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte.
Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço.
ATIVIDADE DE MINERAÇÃO. INSUMOS. SERVIÇOS UTILIZADOS NA LAVRA DO MINÉRIO.
Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, são imprescindíveis à lavra do caulim os serviços relativos à terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e serviço de bombeamento de PIG no mineroduto, devendo, portanto, ser reconhecidos como insumos e concedido o direito ao crédito à Contribuinte.
Numero da decisão: 9303-006.099
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negar-lhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Vanessa Marini Cecconello - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran.
Nome do relator: VANESSA MARINI CECCONELLO
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Ressarcimento Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado PARÁ PIGMENTOS S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 PIS/PASEP E COFINS. REGIME DA NÃOCUMULATIVIDADE. CONCEITO DE INSUMOS. O conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária", na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. ATIVIDADE DE MINERAÇÃO. INSUMOS. SERVIÇOS UTILIZADOS NA LAVRA DO MINÉRIO. Pela peculiaridade da atividade econômica que exerce, são imprescindíveis à lavra do caulim os serviços relativos à terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e serviço de bombeamento de PIG no mineroduto, devendo, portanto, ser reconhecidos como insumos e concedido o direito ao crédito à Contribuinte. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por maioria de votos, em negarlhe provimento, vencidos os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado) e Rodrigo da Costa Pôssas, que lhe deram provimento. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 00 35 92 /2 00 6- 70 Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 402 2 (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Charles Mayer de Castro Souza (suplente convocado), Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire (suplente convocado), Valcir Gassen (suplente convocado em substituição à conselheira Érika Costa Camargos Autran), Vanessa Marini Cecconello, Rodrigo da Costa Pôssas. Ausentes, justificadamente, os conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto e Érika Costa Camargos Autran. Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL (fls. 285 a 303) com fulcro nos artigos 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, buscando a reforma do Acórdão nº 380302.776 (fls. 277 a 283) proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em 24/04/2012, no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, para reconhecer o direito ao crédito de PIS/Pasep nãocumulativo relativo às despesas efetivamente comprovadas com serviços de terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e bombeamento. O acórdão recebeu ementa nos seguintes termos: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 403 3 implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Os serviços de terraplanagem, sondagem, levantamento topográfico e bombeamento guardam relação de pertinência e essencialidade com o processo de lavra, beneficiamento e embarque do caulim e ensejam o creditamento com base nos gastos efetivamente comprovados. Recurso Voluntário Provido Direito Creditório Reconhecido Em face da referida decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial (fls. 285 a 303), alegando divergência jurisprudencial quanto ao reconhecimento do direito ao crédito de PIS/Pasep nãocumulativo com relação aos serviços antes enumerados. Colacionou como paradigma(s) o(s) acórdão(s) nº(s) 20312.448. Nas razões recursais, a Fazenda Nacional sustenta, em síntese, que deve ser adotado conceito mais restritivo de insumo, ficando adstrito às matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem empregados diretamente na produção, não contabilizados no ativo permanente, e que sofram alterações em função da ação diretamente exercida sobre o produto. Em síntese, requer seja adotado o conceito da legislação do IPI e restabelecidas as glosas realizadas pela Fiscalização. Foi admitido o recurso especial da Fazenda Nacional por meio do despacho s/nº, de 20 de julho de 2015 (fls. 324 a 327), proferido pelo ilustre Presidente da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento, por entender comprovada a divergência jurisprudencial. A Contribuinte apresentou contrarrazões (fls. 333 a 380) postulando a negativa de provimento ao recurso especial. O presente processo foi distribuído a essa Relatora por meio de sorteio regularmente realizado, estando apto o feito a ser relatado e submetido à análise desta Colenda 3ª Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais 3ª Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF. É o Relatório. Voto Conselheira Vanessa Marini Cecconello, Relatora O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos pressupostos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015, devendo, portanto, ter prosseguimento. Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 404 4 A discussão principal posta nos autos referese ao conceito de insumos para determinação se pode ser utilizado pela Contribuinte como crédito de COFINS os gastos incorridos com os serviços de terraplanagem e topografia ligados à terraplanagem, realizado no curso da lavra da mina, sondagem, levantamento topográfico e os serviços de bombeamento de PIG no mineroduto. A priori, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 405 5 fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotar se o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 406 6 Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processos, no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 407 7 receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em substancial perda de qualidade do produto resultante. Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 408 8 A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifou se) Ainda no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema está novamente em julgamento no recurso especial nº 1.221.170 PR, pela sistemática dos recursos repetitivos, contendo votos pelo reconhecimento da ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério amplo/próprio na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime não cumulativo. O julgamento não foi concluído até a presente data. A posição do Superior Tribunal de Justiça, para definição de insumo, mantémse pela adoção de critério próprio/amplo em função da receita, atendendo aos requisitos da pertinência, relevância e essencialidade. Embora existam casos isolados cujas decisões adotaram o critério restritivo (IPI), não há fato novo ou mudança de entendimento do Tribunal da Cidadania suficiente para acarretar mudança de posição da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Do contrário, estarseia adotando premissa de julgamento equivocada e, ainda, violando frontalmente o princípio da segurança jurídica. Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. De posse do critério a ser adotado para definição dos insumos aptos a gerar créditos de PIS e COFINS não cumulativos, adentrarseá a análise do caso concreto. A Contribuinte é pessoa jurídica mineradora, que tem como atividade econômica principal a extração do minério caulim, utilizado na produção de cerâmica, tintas, cimento, etc, e o seu beneficiamento, procedendo ao seu transporte da mina para a unidade industrial através de um mineroduto. Portanto, tem por objeto social: Artigo 2º: A Sociedade tem por objeto social a pesquisa de depósitos minerais, a realização do aproveitamento de jazidas minerais, através da exploração, extração, o beneficiamento de minérios, a transformação industrial e comercialização de produtos minerais, no mercado doméstico e no exterior, a operacionalização de terminais portuários ou quaisquer outras Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 409 9 atividades comerciais que se relacionarem com seu objeto social, podendo ainda participar de outras sociedades. Os custos de lavra, transporte ou de beneficiamento do minério não são investimentos, e por isso não estão contabilizados no ativo permanente da empresa. Tratase de gastos que integram a produção do capim caulim, devendo, portanto serem reconhecidos como insumos, gerando o direito ao crédito de PIS e de COFINS nãocumulativos. Além disso, a Contribuinte demonstrou a essencialidade/pertinência dos serviços de terraplanagem, topografia, sondagem e bombeamento no processo produtivo do minério caulim. Pertinente a transcrição de trechos dos laudos técnicos (fls. 269 a 275) para demonstrar a relação dos serviços com o processo produtivo: LAUDO TÉCNICO – Uso atividades de Terraplanagem e Topografia na IPPSA [...] 3.0 Conclusão Para dar andamento às atividades acima enumeradas, e, portanto, para viabilizar a extração do minério destinado à produção, tornase imprescindível o uso de equipamentos de terraplanagem. A existência destes facilita e é necessário ao procedimento de lavra e ao movimento entre os vários pontos da mina em estradas bem regularizadas que reflete na economia de combustível e custo de manutenção. Sem esses equipamentos não poderíamos remover capeamento e lavrar minério na escala de produção que atendesse o processo industrial, uma vez que não há produção sem a matériaprima necessária. Da mesma forma a topografia. Sem ela não poderíamos avaliar com o grau de certeza exigido as quantidades removidas e transportadas por período de tempo de um plano de lavra. [...] LAUDO TÉCNICO – Processo de Sondagens e Topografia na IPPSA [...] 2.0. Sondagem Para atender a produção, precisamos lavrar grandes quantidades de minério cru e com ele fazer outras operações de processo de modo enviálo à usina de Barcarena, por se tratar de matériaprima indispensável para o processo de beneficiamento. A avaliação da quantidade de minério existente e do material não aproveitável como o capeamento e o estéril é feita por operações de sondagem. [...] 2.2. Operação de Sondagem Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 410 10 Com base em mapas de localização do minério é estabelecida rede de sondagem que norteará o trabalho. As malhas de sondagem são quadradas e as distâncias entre os furos dependem do grau de acerto que se quer saber sobre o minério. A topografia então lança em campo as picadas guias para marcação dos furos e acompanha os tratores de esteiras que abrem estradas de acesso exatamente sobre as picadas. Estas, depois de prontas têm os furos marcados, niveladas a cada 25 metros e abertas clareiras nos pontos de sondagem para movimentação de sondas e pipas. [...] 2.2.3 Topografia da Sondagem O trabalho de topografia que acompanha a sondagem é feito por equipe constituída por Topógrafo Agrimensor, acompanhado de funcionários destacados para este serviço. Tanto na marcação dos furos em campo como após sondagens conferir a verdadeira localização do furo em campo, precisou do trabalho de topografia. A avaliação da jazida tem como uma de suas bases a exatidão dos trabalhos de sondagem e de topografia. [...] 3.0 Conclusão As sondagens são atividades base para o trabalho de avaliação de um corpo mineral, necessárias para verificar a viabilidade de extração e utilização do minério como matériaprima ao processo de produção e beneficiamento. Desta forma, em a atividade de sondagem não seria possível a lavra e, consequentemente, a atividade de produção. O Ministério das Minas só autoriza a lavra se a instituição concessionária da área comprovar a existência de substancial quantidade de minério o suficiente para ser alvo de exploração econômica. Para tanto o modelamento geológico é feito com base nestas sondagens. Mesmo depois de concedida a lavra os trabalhos de sondagem não são paralisados. A cada avanço da mina um novo detalhamento é programado e concluído com auxílio insubstituível dos equipamentos de perfuração. LAUDO TÉCNICO [...] DAS PROTEÇÕES E MONITORAMENTO DO MINERODUTO Ao longo do percurso do mineroduto existem placas educativas contendo telefones da empresa e advertências contra escavações ou quaisquer tipos de ações que possam afetar a integridade da tubulação enterrada. Foram realizadas várias palestras durante a construção do mineroduto, visando, entre outros itens, informar a população sobre as obras que estavam sendo realizadas. O mineroduto é protegido e monitorado por sistema de proteção catódica, passagem de PIG inteligente que detectam corrosão, amassamentos e falhas Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10280.003592/200670 Acórdão n.º 9303006.099 CSRFT3 Fl. 411 11 no revestimento e sistema de injeção de inibidor de corrosão e dosagem de agente químico antimicrobial no material bombeado na Mina. DA ASSEPSIA DO MINERODUTO Na entrada do mineroduto foi instalado lançador de PIG (material esponjoso utilizado em limpeza da tubulação). O PIG será utilizado em caso de entupimento da tubulação, sendo acionado (empurrado) através de bombeamento em alta pressão através das bombas de pistão e com o sistema de injeção de inibidor de corrosão e dosagem de agente químico antimicrobial durante o todo o procedimento. [...] Com base nessas considerações, devem ser considerados como insumos os gastos incorridos com os seguintes itens, por se integrarem ao processo produtivo do caulim: (a) Serviços de terraplanagem; (b) Serviços de sondagem; (c) Levantamento topográfico; e (d) Serviço de bombeamento de PIG no mineroduto da empresa Pará Pigmentos. Diante do exposto, negase provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, mantendose o reconhecimento ao direito creditório da Contribuinte. É o Voto. (assinado digitalmente) Vanessa Marini Cecconello Fl. 411DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12719.000469/2007-16
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Thu Dec 14 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Data do fato gerador: 12/12/2003
IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO DESEMBARAÇO ADUANEIRO. APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DECRETO-LEI Nº 37/66, ART. 105, INCISO VI. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NA LEI Nº. 4.502/64, ART. 83, INCISO I. NULIDADE MATERIAL CONFIGURADA.
Em respeito ao inciso IV e aos §§ 1º e 3º do art. 23 do Decreto-lei 1.455/76 c/c o inciso VI do art. 105 do Decreto-lei 37/66, as mercadorias importadas com falsificação de documentos, necessários ao desembaraço aduaneiro, sujeitam-se à aplicação da pena de perdimento, convertida em multa quando não localizadas, não devendo-se aplicar a multa prevista no art. 83, inciso I, da Lei 4.502/64.
Numero da decisão: 9303-006.207
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito.
(Assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício
(Assinado digitalmente)
Tatiana Midori Migiyama Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
Nome do relator: TATIANA MIDORI MIGIYAMA
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 12/12/2003 IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO DESEMBARAÇO ADUANEIRO. APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DECRETO-LEI Nº 37/66, ART. 105, INCISO VI. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NA LEI Nº. 4.502/64, ART. 83, INCISO I. NULIDADE MATERIAL CONFIGURADA. Em respeito ao inciso IV e aos §§ 1º e 3º do art. 23 do Decreto-lei 1.455/76 c/c o inciso VI do art. 105 do Decreto-lei 37/66, as mercadorias importadas com falsificação de documentos, necessários ao desembaraço aduaneiro, sujeitam-se à aplicação da pena de perdimento, convertida em multa quando não localizadas, não devendo-se aplicar a multa prevista no art. 83, inciso I, da Lei 4.502/64.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negar-lhe provimento. Declarou-se impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito. (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello.
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FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO DESEMBARAÇO ADUANEIRO. APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DECRETO LEI Nº 37/66, ART. 105, INCISO VI. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NA LEI Nº. 4.502/64, ART. 83, INCISO I. NULIDADE MATERIAL CONFIGURADA. Em respeito ao inciso IV e aos §§ 1º e 3º do art. 23 do Decretolei 1.455/76 c/c o inciso VI do art. 105 do Decretolei 37/66, as mercadorias importadas com falsificação de documentos, necessários ao desembaraço aduaneiro, sujeitamse à aplicação da pena de perdimento, convertida em multa quando não localizadas, não devendose aplicar a multa prevista no art. 83, inciso I, da Lei 4.502/64. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, em negarlhe provimento. Declarouse impedido de participar do julgamento o conselheiro Demes Brito. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 71 9. 00 04 69 /2 00 7- 16 Fl. 808DF CARF MF 2 (Assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas – Presidente em exercício (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama – Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício), Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama (Relatora), Charles Mayer de Castro Souza, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Valcir Gassen e Vanessa Marini Cecconello. Relatório Tratase de Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional contra o Acórdão nº 3202001.366, da 2ª Turma Ordinária da 2ª Câmara da 3ª Seção do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais que, por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, consignando a seguinte ementa: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Data do fato gerador: 12/12/2003 IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS AO DESEMBARAÇO ADUANEIRO. APLICAÇÃO DA PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DECRETO LEI Nº 37/66, ART. 105, INCISO VI. INAPLICABILIDADE DA MULTA PREVISTA NA LEI Nº. 4.502/64, ART. 83, INCISO I. NULIDADE MATERIAL CONFIGURADA. As mercadorias importadas com falsificação de documentos necessários ao desembaraço aduaneiro (fatura comercial) sujeitamse à aplicação da pena de perdimento, convertida em multa quando não localizadas, conforme previsto no inciso IV e nos §§ 1º e 3º do art. 23 do Decretolei nº. 1.455/76 c/c o inciso VI do art. 105 do Decretolei nº. 37/66, não sendo de aplicar ao caso a multa prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64, hipótese em que resta configurada nulidade por vício material. ” Fl. 809DF CARF MF Processo nº 12719.000469/200716 Acórdão n.º 9303006.207 CSRFT3 Fl. 809 3 Irresignada, a Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial, trazendo, entre outros, que: · Em ação fiscal, os autuantes constataram que os recorrentes entregaram a consumo produtos de procedência estrangeira, importados irregular ou fraudulentamente por meio de documentos (faturas comerciais, conhecimento de transporte e certificados de origem) que possuíam informações falsas quanto à origem das mercadorias importadas; · Nos Certificados de Origem apresentados, a origem declarada da mercadoria é Malásia e nos conhecimentos de carga, é Cingapura; · O Certificado de Origem apresentado pelo importador não comprova a origem da mercadoria, pois não foi assinado pelo produtor e sim pelo exportador, assim, deve ser desqualificado como comprovante de origem; · Mesmo quando não está diante de uma importação fraudulenta (o que ocorreu em muitos casos), estamos diante de uma importação irregular, pois realizada por meio de documentos falsificados, em flagrante descompasso com as regras legais, o direito e a moral; · Resta evidenciado que a atividade reiterada dos autuados infringe a legislação aduaneira e se subsumem ao tipo do art. 463, I, do RIPI/1998. Em Despacho às fls. 718 a 721, foi dado seguimento ao recurso especial interposto pela Fazenda Nacional. Contrarrazões ao recurso foram apresentados pelo sujeito passivo, trazendo, entre outros, que o recurso não deve ser conhecido e, se conhecido, deve ser negado provimento. OU, caso contrário, devem os autos retornarem à Câmara de origem para o exame das demais preliminares e do mérito da questão. É o relatório. Voto Fl. 810DF CARF MF 4 Conselheira Tatiana Midori Migiyama Relatora Depreendendose da análise do recurso interposto pela Fazenda Nacional, entendo que devo conhecêlos, o que concordo com o despacho de admissibilidade do recurso – em respeito ao art. 67 do RICARF/2015 – Portaria MF 343/2015 com alterações posteriores. Considerando não se tratar de evento de “subfaturamento”, mas evento que efetivamente foi constatada falsificação de documentos necessários ao desembaraço aduaneiro, compartilho do entendimento proferido pelo ilustre Conselheiro Charles Mayer de Castro Souza (Grifos meus) – o que, peço licença para transcrever seu entendimento: “[...] O recurso atende a todos os requisitos de admissibilidade previstos em lei, razão pela qual dele se conhece. Deixamos de apreciar as alegações preliminares, uma vez que, no mérito, como adiante se verá, a lide será resolvida em favor da Recorrente. Com efeito, comprovou a fiscalização que as Recorrentes instruíram Declarações de Importação – DIs com documentação contendo informações falsas, situação tipificada nos artigos transcritos. A fiscalização fundamentou a penalidade lançada no art. 463, I, do Decreto n.º 2.637, de 1998 (Regulamento do IPI – RIPI/98), que regulamentou o art. 83, inciso I, da Lei n.º 4.502, de 1964, com a seguinte redação: "Art. 463. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe for atribuído na nota fiscal, respectivamente (Lei n.° 4.502, de 1964, art. 83, e Decretolei n.° 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª): I os que entregarem a consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha Fl. 811DF CARF MF Processo nº 12719.000469/200716 Acórdão n.º 9303006.207 CSRFT3 Fl. 810 5 havido registro da declaração da importação no SISCOMEX, ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei n.° 4.502, de 1964, art. 83, inciso I, e Decretolei n.° 400, de 1968, art. 1º, alteração 2ª);" Como se percebe, a aplicação dessa penalidade reclama a configuração das seguintes situações: o consumo ou a entrega a consumo de produtos de procedência estrangeira quando a importação foi a) clandestina (aquela que não passou pelo controle aduaneiro); b) irregular (que se realizou em desacordo com as regras que disciplinam a importação) ou c) fraudulenta (a realizada mediante fraude, vale dizer, com máfé deliberada de se furtar ao pagamento dos gravames aduaneiros); e, por último – é o que indica a conjunção alternativa “ou” –, quando o produto importado tiver entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação ou desacompanhado de Guia de Licitação ou nota fiscal (conforme o caso). Essa última situação se costuma comprovar quando o Fisco faz um levantamento analítico, no estabelecimento fiscalizado, dos estoques existentes em determinada data, identificando, por exemplo, que, quanto a determinado produto de origem estrangeira, as notas fiscais de entrada e o estoque existente no início do período revelam que a quantidade que entrou no estabelecimento – e, portanto, estava à disposição para venda em determinada data – era bem inferior à quantidade que dele saiu no mesmo período, o que comprova que a entrada de parte dos produtos estrangeiros vendidos pelo estabelecimento fiscalizado se deu sem a cobertura de notas fiscais ou sem o registro de declaração de importação. Todavia, a penalidade aplicável ao caso é outra, já que, caracterizado o dano ao Erário – e, como tal, aplicável a pena de perdimento, nos termos do inciso VI do art. 105 do Decretolei nº. 37, de 1966 –, deveria ter sido lançada a multa de conversão Fl. 812DF CARF MF 6 prevista nos §§ 1º e 3º do art. 23 do Decretolei nº. 1.455, de 1976, tal como restou assentado no Acórdão nº 3202000.586, de 25/10/2012, deste mesma Turma, relatado pela Il. Conselheira Irene Souza da Trindade Torres de Oliveira. Por comungar com o mesmo entendimento exarado neste julgado, adotoo aqui como razão de decidir, motivo por que em parte se transcreve: A DRJFlorianópolis/SC julgou procedente a impugnação por entender que a situação fática demonstrada pela Fiscalização não ensejaria a aplicação da multa prevista no inciso I do art. 83 da Lei nº. 4.502/64, mas caracterizaria dano ao Erário e, como tal, punível com a pena de perdimento, nos termos do inciso VI do art. 105 do DecretoLei nº. 37/66, a qual deveria ter sido convertida em multa, de acordo com os §§ 1º e 3º do art. 23 do Decretolei nº. 1.455/1976. Para a aplicação de multas há de se observar, sempre, o Princípio da Tipicidade, pelo qual o fato concreto, tido como ocorrido, há de corresponder perfeitamente ao tipo hipoteticamente escolhido pelo legislador no texto que define a infração; há de se ter, assim, a adequação perfeita entre o fato da vida e a norma jurídica, de modo que o fato ocorrido se amolde perfeitamente ao tipo contido no núcleo da norma penalizante, cabendo ao aplicador da lei a tarefa de verificar essa correspondência. Dito isso, passase à análise dos dispositivos legais em questão em relação aos fatos verificados pela autoridade autuante. A multa aplicada pela Fiscalização é a do inciso I do art. 83 da Lei nº. 4.502/64, que assim dispõe: Art . 83. Incorrem em multa igual ao valor comercial da mercadoria ou ao que lhe é atribuído na nota fiscal, respectivamente: I – Os que entregarem ao consumo, ou consumirem produto de procedência estrangeira introduzido clandestinamente no País ou importado irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido desacompanhado da nota de importação ou da nota fiscal, conforme o caso; Fl. 813DF CARF MF Processo nº 12719.000469/200716 Acórdão n.º 9303006.207 CSRFT3 Fl. 811 7 Vêse assim que, no caso em questão, pretendeu a Fiscalização a aplicação de multa equivalente ao valor comercial da mercadoria, em razão de ter sido entregue a consumo produto de procedência estrangeira importado irregular ou fraudulentamente, o que se mostra muito abrangente em relação ao caso concreto, em que se tem a falsificação/adulteração de faturas comerciais. Por outro lado, verificase que o art. 105 do Decretolei nº 37/66 traz, em seu inciso VI, hipótese que se adequa perfeitamente aos fatos narrados na autuação. Vejase: Art.105. Aplicase a pena de perda da mercadoria: ......................................................................................................... VI – estrangeira ou nacional, na importação ou na exportação, se qualquer documento necessário ao seu embarque ou desembaraço tiver sido falsificado ou adulterado; .................................................................................................. Por aplicação do art. 23 do Decretolei nº. 1.455/1976, temse que a infração acima descrita é considerada como Dano ao Erário, cuja penalização é a pena de perdimento (§1º), a qual deve ser convertida em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, nos casos em que esta não seja localizada (§3º). Vejase a redação do art. 23 vigente à época da ocorrência dos fatos: Art 23. Consideramse dano ao Erário as infrações relativas às mercadorias: ....................................................................................................... IV – enquadradas nas hipóteses previstas nas alíneas " a " e " b " do parágrafo único do artigo 104 e nos incisos I a XIX do artigo 105, do Decretolei número 37, de 18 de novembro de 1966. ........................................................................................................ § 1o. O dano ao erário decorrente das infrações previstas no caput deste artigo será punido com a pena de perdimento das mercadorias. (Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) ......................................................................................................... Fl. 814DF CARF MF 8 § 3o. A pena prevista no § 1o convertese em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria que não seja localizada ou que tenha sido consumida.(Incluído pela Lei nº 10.637, de 30.12.2002) Assim, diante do arcabouço legal que trata a matéria, acima visto, fica cristalina a tipificação da situação fática importação de mercadorias com falsificação de documentos (fatura comercial) necessários ao seu desembaraço como dano ao Erário e a procedência da aplicação de pena de perdimento e de sua conversão em multa equivalente ao valor aduaneiro da mercadoria, em razão de sua não localização. Deste modo, irretocável o entendimento esposado pela DRJ quando afirma: Vejase que, nos casos configuradores de dano ao Erário, o suporte fático sobre o qual incide a multa prevista no citado § 3° do art. 23 do DL n.° 1.455, de 1976, é precisamente o mesmo que foi aventado pela autoridade autuante para a aplicação da multa prevista no inciso I do art. 83 da Lei n.° 4.502, de 1964, qual seja, a entrega para consumo (implicando a não localização) do produto estrangeiro importado fraudulentamente. Todavia, além de a penalidade prevista nos termos do § 3° do art. 23 do DL n.° 1.455, de 1976, ter sido instituída por norma legal mais recente, fato é que decorre de situações de fraude ou irregularidades cuja definição é mais específica, ao passo que a disposição contida no inciso I do art. 83 da Lei n.° 4.502, de 1964, referese de forma genérica à hipótese de importação irregular ou fraudulenta do produto estrangeiro. (grifo não constante do original) Adequandose, portanto, os fatos à norma, temse que as infrações apuradas pela Fiscalização guardam identidade com a hipótese de dano ao Erário previsto no art. 23, IV, do DecretoLei nº 1.455/76 c/c o art. 105, VI, do Decretolei nº 37/66. No caso, temse aplicável a pena de perdimento da mercadoria, convertida em multa, conforme previsto nestes mesmos diplomas legais, não sendo aplicável a penalidade prevista no art. 83, inciso I, da Lei nº 4.502/64, por constituirse o dano ao Erário na tipificação adequada para o caso em questão. Fl. 815DF CARF MF Processo nº 12719.000469/200716 Acórdão n.º 9303006.207 CSRFT3 Fl. 812 9 Neste mesmo sentido já se manifestou a Segunda Turma da Primeira Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, figura a mesma contribuinte como autuada e cuja decisão restou assim ementada: IMPORTAÇÃO DE MERCADORIA. INTERPOSIÇÃO FRAUDULENTA. PENA DE PERDIMENTO PREVISTA NO DL 1.455/76, ART. 23, INCISO V. Ficam sujeitas a pena de perdimento as mercadorias importadas cuja operação foi realizada por meio de interposição fraudulenta, conforme previsto no art. 23, inciso V, do DecretoLei nº 37/66, não sendo aplicável a multa prevista no art. 83, inciso I da Lei nº 4.502/64. Recurso de Ofício Negado Cumpre observar que o equívoco na aplicação da penalidade lançada pela fiscalização em situações como no caso resta ainda mais cristalino ao observarmos a redação conferida ao art. 704 do Decreto n.º 6.759, de 5/2/2009 (Regulamento Aduaneiro de 2009), que, ao referirse o art. 83, inciso I, da Lei n° 4.502/1964, positivou que esta penalidade não é aplicável se houver tipificação mais específica, verbis: Art. 704. Sem prejuízo de outras sanções administrativas ou penais cabíveis, incorrerão na multa igual ao valor comercial da mercadoria os que entregarem a consumo, ou consumirem mercadoria de procedência estrangeira introduzida clandestinamente no País ou importada irregular ou fraudulentamente ou que tenha entrado no estabelecimento, dele saído ou nele permanecido sem que tenha havido registro da declaração da importação, ou desacompanhada de Guia de Licitação ou nota fiscal, conforme o caso (Lei nº 4.502, de 1964, art. 83, inciso I; e DecretoLei no 400, de 30 de dezembro de 1968, art. 1o, alteração 2ª). Parágrafo único. A pena a que se refere o caput não se aplica quando houver tipificação mais específica neste Decreto. Fl. 816DF CARF MF 10 Notese que o § 3º do art. 23 do Decretolei n.º 1.455, de 1976, foi incluído por meio da Medida Provisória – MP n.º 66, de 29/08/2002 (convertida na Lei n.º 10.637, de 2002), portanto antes da data em que a infração foi constatada pela fiscalização e que resultaria, se ainda existissem, na pena de perdimento das mercadorias importadas. O lançamento, portanto, é nulo por vício material, visto derivar da aplicação incorreta da própria regra matriz de incidência tributária (a penalidade). Aqui o vício é no próprio ato (seus elementos estruturais), não na forma do instrumento. Intrínseco ao ato, não exterior a ele. Apenas a título ilustrativo, transcrevemos, em reforço à nossa tese, o seguinte excerto da dissertação de Mestrado concluído pelo il. Conselheiro desta Turma, Luis Eduardo Garrossino Barbieri: ... os elementos intrínsecos são os requisitos substanciais inseridos pelo ato administrativo de lançamento que lhe dão conteúdo, correspondentes aos cinco critérios integrantes da regramatriz de incidência tributária, indicados na norma individual e concreta introduzida – elemento material, temporal, espacial, pessoal e quantitativo. (Lançamento tributário: vício e seus efeitos. Dissertação (Mestrado em Direito) – PUC/São Paulo, 2014, p. 170) Em casos tais, cabe reconhecelo de ofício ainda que não levantado nas peças recursais, como já se consolidou: Súmula 346 do STF: “A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”. (grifamos) Súmula 473 do STF: “A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogalos, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. (grifamos) Nesse mesmo sentido, também o art. 53 da Lei n.º 9.784, de 1999, que regula o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, que dispõe que “A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade”. Fl. 817DF CARF MF Processo nº 12719.000469/200716 Acórdão n.º 9303006.207 CSRFT3 Fl. 813 11 Ante o exposto, DOU PROVIMENTO ao recurso voluntário. [...]” Em vista de todo o exposto, por entender irretocável o entendimento transcrito acima, voto por negar provimento ao Recurso Especial interposto pela Fazenda Nacional. (Assinado digitalmente) Tatiana Midori Migiyama Fl. 818DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.015960/91-99
Turma: Primeira Turma Especial da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Apr 11 00:00:00 UTC 2012
Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 1986, 1987 PIS-DEDUÇÃO. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. O decidido em relação à tributação do IRPJ deve acompanhar a autuação reflexa de PIS-dedução.
Numero da decisão: 1801-000.960
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, em afastar a alegação de decadência suscitada pela recorrente, e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora.
Nome do relator: Ana de Barros Fernandes
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Exercício: 1986, 1987 PISDEDUÇÃO. TRIBUTAÇÃO REFLEXA. O decidido em relação à tributação do IRPJ deve acompanhar a autuação reflexa de PISdedução. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em preliminar, em afastar a alegação de decadência suscitada pela recorrente, e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do voto da Relatora. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento, os Conselheiros: Carmen Ferreira Saraiva, Maria de Lourdes Ramirez, Edgar Silva Vidal, Luiz Guilherme de Medeiros Ferreira e Ana de Barros Fernandes. Relatório A empresa foi autuada a recolher IRPJ e PIS – dedução (5% do IRPJ), relativos aos períodosbase de 1985 e 1986, por omissão de receitas evidenciada por passivo fictício deflagrado no saldo contábil das contas “Fornecedores” e “Títulos a Pagar” e Fl. 94DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 2 evidenciada por suprimento de caixa pelos sócios, cuja efetividade da entrega e origem diversa da receita da empresa não foram comprovadas, bem como outros ingressos financeiros em contas bancárias sem comprovação ou justificativa – fls. 02 a 07. A exigência de IRPJ foi formalizada no processo administrativo nº 10880.015968/9109, enquanto a relativa ao PISdedução foi formalizada neste processo.. Impugnado o Auto de Infração de IRPJ, a contribuinte requereu o sobrestamento do julgamento deste até o deslinde daquele litígio, visto a flagrante decorrência do presente em relação àquele, juntando cópia da impugnação oferecida no processo principal. Cópia da decisão proferida pela DRJ em São Paulo no processo principal foi juntada às fls. 29 e seguintes – nº 3569/99 – e serviu de suporte para a decisão exarada neste processo de fls. 40 e ss. Assim restou ementada a Decisão nº 3574/99: PISDEDUÇÃO. AUTO REFLEXO. A decisão do processo matriz aplicase, por decorrência, ao processo reflexo. Tempestivamente, a empresa apresentou o Recurso de fls. 57 e ss reiterando os argumentos da exordial, atacando a autuação para a exigência de IRPJ e reflexivamente do PISdedução. É o relatório. Voto Conselheira Ana de Barros Fernandes, Relatora Conheço do recurso interposto, por tempestivo. Pesquisada a sorte do processo matriz, 10880.015968/9109, constatase que o litígio foi apreciado pela 1ª Turma Ordinária da 3ª Câmara deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, em sessão realizada em 11 de dezembro de 2009. Em se tratando de autuação reflexa, no caso PIS – dedução calculado no percentual de 5% do valor do IRPJ apurado, exigido juntamente com este, a solução deste litígio deve seguir a mesma sorte daquele. O Acórdão nº 130100.247, anexado às fls. 84 a 93 deste processo, assim deliberou: “DECADÊNCIA. O Imposto de Renda, antes do advento da Lei n° 8381/1991, era um tributo sujeito a lançamento por declaração, opcrandose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante o disposto no art, 173 do Código Tributário Nacional. A contagem do prazo dc caducidade seria antecipada para o dia seguinte à data da notificação de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento ou da entrega da Fl. 95DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.015960/9199 Acórdão n.º 180100.960 S1TE01 Fl. 95 3 declaração de rendimentos (CTN, art. 173 e seu § único). Tendo sido o lançamento de ofício efetuado na fluência do prazo de cinco anos contado a partir da entrega da declaração de rendimentos, improcede a preliminar de decadência do direito de a Fazenda Nacional lançar o tributo. MUDANÇAS NO PADRÃO MONETÁRIO. FALTA DE OBSERVAÇÃO PELO FISCO. ENOCORRÊNCIA. Não se bá de acolher o argumento de que o Fisco teria deixado de observar as mudanças ocorridas no padrão monetário do país quando o lançamento contém demonstrativos detalhados dos cálculos e atualizações, a decisão de primeira instância explicitou que os cálculos da fiscalização levaram em conta as mudanças de moeda no período e a recorrente se manifesta de forma genérica, não apontando especificamente onde residiria o erro nas demonstrações mencionadas, ARGUMENTOS ESTRANHOS À LIDE. Não se há de conhecer de argumentos acerca dos lançamentos reflexos, se estes foram formalizados em processos administrativos distintos que não se encontram juntados ao presente processo c, por conseguinte, não integram a lide sob exame. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, não conhecer do recurso na parte que contém matéria estranha à lide. Na parte conhecida, por unanimidade de votos, rejeitar a arguição de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que integram o presente julgado.” Reproduzo, por oportuno, a fundamentação do aresto do processo principal, a qual adoto integralmente neste voto: “Argúi a recorrente, em preliminares, a ocorrência da decadência do direito da Fazenda Nacional de constituir créditos tributários por fatos geradores ocorridos em 31/12/1985. Por sua ótica, tratarseia de tributo sujeito a lançamento por homologação, aplicandose a regra estatuída pelo art. 150, § 4o, do CTN, segundo a qual a contagem do prazo decadencia! se inicia a partir da ocorrência do fato gerador. Tendo sido o lançamento efetuado em 27/05/1991, a decadência teria fulminado os fatos geradores ocorridos em 31/12/1985. Não lhe assiste razão. A jurisprudência do extinto Primeiro Conselho de Contribuintes e também da Câmara Superior dc Recursos Fiscais era pacífica em afirmar que, até o advento da Lei n° 8.383/1991, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica 1RPJ se caracterizava como tributo sujeito a lançamento por declaração. Apenas posteriormente à vigência dessa lei, a partir do anocalendário 1992, portanto, é que àquele tributo foram atribuídas feições que permitiram caracterizálo como sujeito ao lançamento por homologação. Transcrevo, a seguir, dois acórdãos da CSRF, nesse sentido. IRP.J DECADÊNCIA LANÇAMENTO DE OFÍCIO 1) O Imposto de Renda, antes do advento da Lei n° 8.381, de 20/12/91, era um tributo sujeito a lançamento por declaração, operándose o prazo decadencial a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, consoante o disposto no art. 173 do Código Tributário Nacional. A contagem Fl. 96DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 4 do prazo de caducidade seria antecipado para o dia seguinte à data da notificação de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento ou da entrega da declaração de rendimentos (CTN, art. 173 e seu § único, c/c o art. 7Í1 e §§ do RIR/80). Tendo sido o lançamento de oficio efetuado na fluência do prazo de cinco anos contado a partir da entrega da declaração de rendimentos, improcede a preliminar de decadência do direito de a Fazenda Nacional lançar o tributo. (Acórdão CSRF/0102.604, DOU07/12/2000) O entendimento da CSRF tem se repetido no sentido de que até o ano de 1991 o IRPJ e seus reflexos se classificam como sujeitos a lançamento por declaração (art. 149 do CTN), os quais têm o seu ramo inicial definido segundo o disposto no artigo 173 do CTN ou data da entrega da declaração de rendimentos se anterior àquele. Se entre eles não decorridos 5 anos ausente a decadência, a reclamar exame de mérito o julgado. (Acórdão CSRF/OI02.985, DOU 19/12/2000) Observo que é inaplicável a jurisprudência colacionada pela recorrente às fls. 159/161, por dois motivos: em primeiro lugar, por tratarem ambos os acórdãos mencionados do Imposto de Renda das Pessoas Físicas IRPF, cujas características são distintas do IRPJ, e assim devem ser analisadas. Em segundo lugar, porque se referem a fatos geradores ocorridos, no primeiro caso, posteriormente a 1989; e no segundo caso, em 1994. Estabelecido que, ao IRPJ no período base encerrado em 31/12/1985, aplicavamse as regras do art. 173 do CTN, e não aquelas do art. 150, vejamos o que dispõe o primeiro artigo mencionado: Art. 173, O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extinguese após 5 (cinco) anos, contados: I do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extinguese definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento. A aplicação dessas regras leva ao entendimento de que o prazo decadencial se inicia no primeiro dia do exercício seguinte àquele era que o lançamento poderia ter sido efetuado (inciso I), podendo ser antecipado para a data da notificação, ao sujeito passivo, nos termos do parágrafo único. Essa notificação aconteceu, no caso concreto, em 31/07/1986, juntamente com a entrega da Declaração de Rendimentos do período base 1985, conforme se vê à fl. 100. E essa data, pois, que deve ser considerada para fins da contagem do lustro decadencial, que se extinguiria em 31/07/1991. Tendo sido o lançamento cientificado ao sujeito passivo em 27/05/1991 (fl. 63), constato que não se operou a decadência. O recurso voluntário contempla tão somente um argumento de mérito, a saber, a irresignação quanto às diferenças de padrão monetário, afirmando que, dos valores apurados pelo Fisco deveriam ser excluídos três zeros referente ao "plano cruzado", e mais três zeros referentes ao "plano cruzado novo". Seus argumentos, aqui, se apresentam de forma genérica, mas é possível saber com maior precisão a que sc referem ao se consultar o teor de sua impugnação, às fls. 73/76. Seu questionamento Fl. 97DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES Processo nº 10880.015960/9199 Acórdão n.º 180100.960 S1TE01 Fl. 96 5 é sobre os valores apurados no período base 1985 (CrS 24.766.403,00, Cr$ 9.926.742,00 e Cr$ 33.000.000,00) e no período base 1986 (Cz$ 2.304.392,13). Essa reclamação foi fundamentadamente refutada na decisão ora recorrida, nos seguintes termos: A autuação ocorreu em 1991, quando a moeda era novamente o cruzeiro. Às demais mudanças de padrão monetário, no período, foram o cruzado novo e o citado retorno do cruzeiro, este com valor equivalente ao do cruzado novo. Os indexadores pertinentes ao período, para o valor tributável, são a OTN e o BTNF'. Os cálculos corretos, portanto, são: [tabela] Não há nenhum erro nos cálculos de receita omitida, de valor tributável ou de transformação de padrão monetário, conforme se pode verificar confrontando os números das tabelas anteriores com os constantes às JIs. 57 a 64, e portanto, a alegação é improcedente. Considero correta essa demonstração, e ressalto que esses números não foram especificamente contestados pela recorrente, que se limitou a reclamar quanto aos 11 três zeros" a serem excluídos. Ora, a tabela acima evidencia que as mudanças do padrão monetário foram, sim, levadas em consideração pelo Fisco, ao contrário do que afirma a interessada. Ademais, compulsando os autos, encontro às fls. 59/62 os demonstrativos de apuração do imposto, atualização monetária e acréscimos legais que expõem detalhadamente os indexadores e cálculos feitos pelo Fisco, os quais também não foram objeto de contestação específica. Não havendo qualquer dúvida acerca da correção dos números do auto de infração, a diligência requerida pela interessada se mostra desnecessária, pelo que rejeito o pedido, embasado no art. 18 do Decreto n° 70.235/1972. Pelo exposto, não faço reparos à decisão recorrida, neste particular. Finalmente, o pedido acerca dos lançamentos reflexos de PIS, FINSOC1AL e IRRF não deve ser conhecido, por estranho à lide. De fato, esses lançamentos não se encontram no presente processo, e, provavelmente, foram formalizados em processos administrativos fiscais distintos. Na decisão recorrida, encontro menção ao processo n° 10880.016704/9164, de IRRF, o que confirma que, ao menos para esse tributo, o lançamento foi mesmo formalizado em outro processo administrativo. Em conclusão, voto por não conhecer do pedido acerca dos lançamentos reflexos, por estranho à lide, rejeitar a preliminar de decadência e, no mérito, negar provimento ao recurso.” Desta forma, considerando de todo acertado o acórdão prolatado no processo principal de exigência de IRPJ, pelos mesmos fundamentos, e em razão da íntima relação entre um processo e outro, voto, em preliminar, em afastar a alegação de decadência suscitada pela recorrente, e, no mérito, negar provimento ao recurso. (documento assinado digitalmente) Ana de Barros Fernandes – Relatora Fl. 98DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES 6 Fl. 99DF CARF MF Impresso em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 11/04/2012 por ANA DE BARROS FERNANDES, Assinado digitalmente em 11/04/2 012 por ANA DE BARROS FERNANDES
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Numero do processo: 10907.003126/2006-80
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Sep 20 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Nov 21 00:00:00 UTC 2017
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004
NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUTO DE
INFRAÇÃO.
Além de não se enquadrar nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, é incabível falar em nulidade do lançamento quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal.
ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA - IRPJ
VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA DE TITULARIDADE DA PESSOA JURÍDICA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS UTILIZADOS.
Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta bancária de titularidade da interessada, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais ela, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
ARBITRAMENTO DO LUCRO. NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES.
Sujeita-se ao arbitramento o contribuinte que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, quando optante pela apuração do lucro presumido.
ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO
LANÇAMENTO. DECADÊNCIA.
Os tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa sujeitam-se à modalidade de lançamento por homologação, tendo o prazo decadencial regido pelo art. 150, § 4% do CTN.
MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO.
A falta de comprovação do dolo na conduta do sujeito passivo infirma a prática da fraude ou sonegação e desautoriza a aplicação da multa de ofício qualificada.
MULTA AGRAVADA. INTIMAÇÕES. NÃO ATENDIMENTO NO PRAZO MARCADO. INAPLICABILIDADE
Na existência de multa específica para não cumprimento ao atendimento das intimações da RFB, de se aplicar a multa específica, nos termos do PN Cosit 3/2015, que trata do art. 57 da MP 2.158-35/2001. Assim, de se afastar a multa agravada para os patamares normais de 75%..
DECORRÊNCIA. PIS, COFINS E CSLL.
Tratando-se de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplica-se o mesmo entendimento ao PIS, à Cofins e à CSLL.
Numero da decisão: 1301-002.627
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício relativa ao ano-calendário de 2002, reduzindo-a para o percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente.
(assinado digitalmente)
Amélia Wakako Morishita Yamamoto - Relatora.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: AMELIA WAKAKO MORISHITA YAMAMOTO
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CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUTO DE INFRAÇÃO. Além de não se enquadrar nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, é incabível falar em nulidade do lançamento quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA DE TITULARIDADE DA PESSOA JURÍDICA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS UTILIZADOS. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta bancária de titularidade da interessada, mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais ela, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARBITRAMENTO DO LUCRO. NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES. Sujeitase ao arbitramento o contribuinte que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, quando optante pela apuração do lucro presumido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Os tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa sujeitamse à modalidade de lançamento por homologação, tendo o prazo decadencial regido pelo art. 150, § 4% do CTN. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 90 7. 00 31 26 /2 00 6- 80 Fl. 5099DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.100 2 MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. A falta de comprovação do dolo na conduta do sujeito passivo infirma a prática da fraude ou sonegação e desautoriza a aplicação da multa de ofício qualificada. MULTA AGRAVADA. INTIMAÇÕES. NÃO ATENDIMENTO NO PRAZO MARCADO. INAPLICABILIDADE Na existência de multa específica para não cumprimento ao atendimento das intimações da RFB, de se aplicar a multa específica, nos termos do PN Cosit 3/2015, que trata do art. 57 da MP 2.15835/2001. Assim, de se afastar a multa agravada para os patamares normais de 75%.. DECORRÊNCIA. PIS, COFINS E CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento ao PIS, à Cofins e à CSLL. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso de ofício e dar provimento parcial ao recurso voluntário para afastar o agravamento da multa de ofício relativa ao anocalendário de 2002, reduzindoa para o percentual de 75%. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Relatora. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Ângelo Abrantes Nunes, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro e Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felícia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Fl. 5100DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.101 3 Relatório MARES DO SUL IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS MANUFATURADOS LTDA, já qualificado nos autos, recorre da decisão proferida pela 1a Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) DRJ/CTA (fls. 542/552), que, por unanimidade de votos, não acatou a preliminar de nulidade, indeferiu o pedido de diligência e perícia e excluiu a qualificação da multa de ofício. Por maioria de votos, decidiu acolher a preliminar de decadência para considerar decaídos os lançamentos de IRPJ e CSLL dos períodos de apuração 1o trimestre/2000 ao 3o trimestre/2001 e de PIS e Cofins dos meses de janeiro/2000 a novembro/2001, manter o agravamento da multa de ofício do ano calendário de 2002 e julgar procedente em parte a o lançamento, mantendo R$ 3.362.233,20 de Imposto de Renda Pessoa Jurídica, R$ 213.250,24 de Contribuição para o Programa de Integração Social, R$ 984.232,49 de Contribuição para Financiamento da Seguridade Social e R$ 694.769,91 de Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, além das respectivas multas de lançamento de ofício de 75% (anoscalendário de 2001, 2003 e 2004) e 112,5% (ano calendário de 2002) e dos acréscimos legais. Vencidos os julgadores Sérgio Valladão Ferraz e Wanaldir Aparecido Mala, que excluíram o agravamento da multa de ofício do anocalendário de 2002, e Sérgio Rodrigues Mendes, que votou por considerar decaídos os lançamentos de PIS dos meses de janeiro/2000 a outubro/2001. Do Lançamento Segundo o Termo de Verificação e Encerramento da Ação Fiscal, (fls. 236 e ss), e Relatório do acórdão recorrido, a autuação ocorreu Auto de infração de IRPJ O auto de infração de Imposto de Renda Pessoa JurídicaIRPJ (fls. 158181) exige o recolhimento de R$ 5.869.114,96 de imposto e R$ 10.519.989,95 de multas de ofício de 150% e 225%, previstas no art. 44, II e § 2% da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, além dos encargos legais. 3. A exigência, com base no lucro arbitrado — tendo em vista que a contribuinte não manteve, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livros auxiliares ou fichas utilizados para detalhar e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados englobadamente no Livro Diário — com fundamento no art. 530, VI, do Regulamento do Imposto de RendaRIR de 1999 (Decreto n° 3.000, de 26 de março de 1999), decorre das infrações a seguir relacionadas: 3.1. omissão de receita de prestação de serviços gerais caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada, correspondente à diferença entre os valores constantes do Demonstrativo de Receitas Presentes nas Contas Bancárias (fls. 245317) e a receita bruta escriturada na conta 4.1.01.01.00013 — Receita Prestação de Serviço da contabilidade, conforme descrito no Termo de Verificação de Infração (fls. 236244), com infração ao disposto nos arts. 532 e 537 do RIR de 1999: Fl. 5101DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.102 4 1º trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 1.656.327,72 2º trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 2.484.124,83 3º trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 4.489.157,65 4° trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 5.127.717,87 1° trimestre/2001 (multa de ofício de 150%) ............R$ 4.238.088,39 2° trimestre/2001(multa de ofício de 150%) ............R$ 3.376.536,13 3° trimestre/2001 (multa de ofício de 150%) ............R$ 4.789.675,41 4° trimestre/2001(multa de ofício de 150%) ............R$ 2.839.996,22 1° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 2.487.258,11 2° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 1.763.735,72 3° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 3.581.395,35 4° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 2.372.383,56 1° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 1.558.908,11 2° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 1.982.572,57 3° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 2.134.234,40 4° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............ R$ 2.316.759,63 1° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 1.868.440,45 2° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 2.239.749,64 3° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 3.978.822,56 4° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 6.009.381,13 3.2. arbitramento do lucro sobre a receita bruta declarada (contabilizada na conta 4.1.01.01.00013 — Receita de Prestação de Serviço), conforme escrito no Termo de Verificação de Infração (fls. 236244), com infração ao disposto nos arts. 532 do RIR de 1999: 2° trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 80.800,00 3° trimestre/2000 (multa de ofício de 225%) ............R$ 62.205,29 4° trimestre/2000. (multa de ofício de 225 %) ............ R$ 72.164,78 1° trimestre/2001(multa de ofício de 150%) ............R$ 168.890,00 2° trimestre/2001 (multa de ofício de 150%) ............R$ 63.807,87 3° trimestre/2001 (multa de ofício de 150%) ............R$ 91.404,57 4° trimestre/2001 (multa de ofício de 150%) ............R$ 434.981,55 1° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............ R$ 119.000,00 2° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 73.932,12 3° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............ R$ 113.400,00 4° trimestre/2002 (multa de ofício de 225%) ............R$ 74.270,71 1° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............ R$ 83.187,93 2° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 74.350,00 3° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 72.707,33 4° trimestre/2003 (multa de ofício de 150%) ............R$ 68.304,28 1° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 64.700,00 2° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 71.300,00 3° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............ R$ 90.450,00 4° trimestre/2004 (multa de ofício de 150%) ............R$ 101.600,00 4. Foi aplicada multa de ofício qualificada em face de a autoridade fiscal entender que a empresa fraudou sua contabilidade ao inserir elevada movimentação financeira fictícia por aplicações financeiras, com o objetivo de evitar a tributação de suas receitas, além de a receita declarada ser ínfima em relação ao montante da receita omitida, fato que caracterizou a prática de sonegação. Fl. 5102DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.103 5 Em relação aos anoscalendário de 2000 e 2002, a empresa sofreu a aplicação de multa de ofício agravada por deixar de apresentar os arquivos da contabilidade em meio magnético, nos termos do art. 44, § 21, da Lei n° 9.430, de 1996. Auto de infração de PIS 6. O auto de infração de Contribuição para Programa de Integração Social PIS (fls. 182197) exige o recolhimento de R$ 398.418,93 de contribuição, R$ 714.443,39 de multas de ofício de 150% e 225 %, previstas no art. 86, § 1 1, da Lei n° 7.450, de 23 de dezembro de 1985, art. 21 da Lei no 7.683, de 2 de dezembro de 1988, e arts. 44, II e § 2 1, da Lei no 9.430, de 1996, além dos acréscimos legais. 7. A exigência resulta da omissão de receita de prestação gerais caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada, conforme descrito no Termo de Verificação de Infração (fls. 236244), e tem como enquadramento legal os arts. 1 0 e 30 da Lei Complementar n° 7, de 7 de setembro de 1970, art. 24, § 2 1, da Lei n° 9.249, de 26 de dezembro de 1995, arts. 2°, I, 8°, I, e 9 0, da Lei no 9.715, de 25 de novembro de 1998; arts. 2° e 31, da Lei n° 9.718, de 27 de novembro de 1998, e art. 2% I, "a" e parágrafo único, 3°, 10, 22, 51 e 91 do Decreto no 4.524, de 17 de dezembro de 2002. Auto de infração de Cofins 8. O auto de infração da Contribuição para Financiamento da Seguridade SocialCofins (fls. 19813) exige o recolhimento de R$ 1.838.857,64 de contribuição e R$ 3.297.433,44 de multas de ofício de 150% e 225%, previstas no art. 10, parágrafo único, da Lei Complementar no 70, de 30 de dezembro de 1991, e art. 44, II e § 2°, da Lei n° 9.430, de 1996, além dos encargos legais. 9. A exigência resulta da omissão de receitas de prestação gerais caracterizada por créditos bancários de origem não comprovada, conforme descrito no Termo de Verificação de Infração (fls. 236244). Tem como enquadramento legal o disposto no art. 1°, da Lei Complementar no 70, de 1991, arts. 24, § 2 0, da Lei n° 9.249, de 1995, arts. 2% 3° e 8° da Lei n° 9.718, de 1998, com as alterações das Medidas Provisórias n° 1.807, de 1999, e 1.858, de 1999, e suas reedições, e art. 2 1, II, parágrafo único, 3 0, 10, 22, 51 e 91 do Decreto no 4.524, de 2002. Auto de infração de CSLL 10. O auto de infração de Contribuição Social Sobre o Lucro LíquidoCSLL (fls. 214235) exige o recolhimento de R$ 973.810,08 de contribuição e R$ 1.652.063,35 de multas de ofício de 150% e 225 %, previstas no art. 44, II e § 21, da Lei n° 9.430, de 1996, além dos encargos legais. 11. O lançamento referese às mesmas infrações que deram causa ao lançamento de IRPJ, conforme descrito no Termo de Verificação de Infração (fls. 236244), com infração ao disposto no art. 2 0 e §§ da Lei no 7.689, de 15 de dezembro de 1988, arts. 19 e 20 da Lei no 9.249, de 1995, art. 29 da Lei n° 9.430, de 1996, art. 6 0 da Medida Provisória n° 1.858, de 1999, e reedições, e art. 37 da Lei n° 10.637, de 30 de dezembro de 2002. Fl. 5103DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.104 6 Da Impugnação Nos termos da decisão da DRJ, segue o relato da Impugnação, de fls. 320/368, que aduziu os seguintes argumentos: a) que os autos de infração são nulos por ofensa ao artigo 10, VI, c/c o artigo 59, II, ambos do Decreto n° 70.235, de 1972, em virtude de terem sido lavrados com preterição do direito de defesa por falta de menção à disposição legal infringida, ou seja, o auto de infração de IRPJ não indica o enquadramento legal da suposta infração; b) que a infração da qual foi acusada encontrase enquadrada nos artigos 532 e 537 do RIR de 1999, os quais não retratam a conduta que lhe foi imputada, qual seja, a de ter praticado omissão de receia da prestação de serviços gerais; C) questiona qual seria o fato configurador da infração tributária cujo enquadramento legal encontrase citado nos autos; seria a omissão de receitas gerais, a falta de escrituração do livro razão ou a omissão de depósitos bancários; que o auto de infração elenca inúmeros fatos, mas ignora a qual deles corresponderia o dispositivo legal da suposta norma violada; d) que só se pode cogitar da atribuição de responsabilidade ao sujeito passivo se a infração estiver corretamente configurada, pois a capitulação legal do fato é elemento essencial do auto de infração; e) que o Regimento Interno da Receita Federal expressamente incumbiu o Secretário da Receita Federal de proferir despachos anulatórios de exigência de créditos tributários em processos fiscais, quando for manifesta a ausência no lançamento da característica de vinculação legal prevista no parágrafo único do artigo 142 do CTN (Portaria MF W 259, de 2001— RISRF, artigo 230, XXV); f) que decaíram os tributos com fatos geradores ocorridos no anocalendário de 2000 e nos três primeiros trimestres de 2001, conforme disposto no artigo 150, § 4 0 do CTN; que a ressalva contida na parte final do § 41 do artigo 150 do CTN faz referência a dolo, fraude ou simulação, ao passo que o procedimento fiscal, sem o menor rigor técnico, se refere, indistinta e genericamente, a evidente intuito de fraude, sonegação fiscal e fraude, condutas e conceitos que têm, cada qual, definição específica na Lei n° 4.502, de 1964; g) que o arbitramento automático que lhe foi imposto, com base. no artigo 530, VI, do RIR de 1999, deve ser rechaçado porquanto, na qualidade de optante pelo lucro presumido, não está obrigada à apresentação do Livro Razão, obrigação esta imposta por lei para as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real; que as pessoas jurídicas optantes pelo regime de tributação baseado no lucro presumido deverão manter escrituração contábil na forma da legislação comercial, ou optar pelo livro Caixa, desde que nele seja lançada toda a movimentação financeira, inclusive bancária; h) que mantém escrituração contábil em conformidade com a legislação comercial, registrando suas operações em Livro Diário revestido das formalidades legais e no qual está registrada toda sua movimentação financeira; que seu Livro Diário está escriturado em lançamentos Fl. 5104DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.105 7 individuados na forma do artigo 258 do RIR de 1999, razão pela qual prescinde dos livros auxiliares mencionados no § 1 0 desse dispositivo legal; i) que não tem amparo legal o arbitramento de seu lucro ao argumento sustentado na página n° 8 do termo de verificação de infração, de que assim se procedeu porque o livro Razão não foi confeccionado corretamente, e de que a empresa, não obstante reiteradamente intimada, deixara de corrigir as falhas nele apontadas através de demonstrativos de composição de saldos; j) que a forma de. escrituração contábil é de livre escolha do contribuinte, nos termos do artigo 1179 do Código Civil, desde que em correspondência com a documentação respectiva; k) que é incabível o arbitramento do lucro da pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido a pretexto de desatendimento de intimação para corrigir falhas no livro razão, sobretudo porque não ficou demonstrado nos autos que essas falhas comprometeram a apuração do resultado do exercício; 1) que é inaplicável à espécie dos autos o artigo 530, VI do RIR de 1999, porquanto suas disposições se destinam às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real que deixarem de escriturar o livro razão na forma estipulada no artigo 259 do mesmo diploma legal; m) que todas as operações da empresa, sejam os adiantamentos de clientes, sejam as despesas de terceiros, quanto suas despesas internas, estas segregadas daquelas, estão registradas contabilmente, de forma permanente e uniforme, em livros revestidos das formalidades intrínsecas e extrínsecas, assim como corroboradas por documentação hábil e idônea; n) que a fiscalização não carreara aos autos uma prova, sequer que demonstre ter havido falha nos registros contábeis, seja de remessa de numerário para pagamento de despesas com despacho aduaneiro, seja de documento falso que mascare pagamento fictício de despesa, bem como prova da omissão de receita; o) que, caso a contabilidade não refletisse adequadamente os registros nela efetuados, certamente a fiscalização não teria se valido da sua escrituração para arbitrar o lucro na forma do artigo 532 do RIR de 1999, ou seja, com base na receita bruta conhecida, p) que se o caso comportasse a hipótese de omissão de receita, incumbiria à fiscalização proceder na forma prescrita no artigo 288 do RIR de 1999, segundo o qual tributase o valor omitido de acordo com a forma de tributação a que estiver submetida a pessoa jurídica; q) que é incabível o lançamento de ofício a título de omissão de receita, mediante arbitramento do lucro, com base na receita bruta conhecida se esta é extraída da escrituração contábil, corroborada por documentação hábil e idônea, não rejeitada pela autoridade lançadora; r) que o auto de infração considerou como omissão de receita da prestação de serviços gerais o valor dos créditos bancários decorrentes das remessas de numerários que seus clientes lhe enviam para cobrir custos do desembaraço aduaneiro das mercadorias legalmente importadas, conforme se vê da relação de créditos denominada de "Demonstrativo de Receitas Presentes nas Contas Bancárias"; s) que o fato gerador da obrigação correspondente ao imposto de renda é a renda tal qual definida no artigo 43 do CTN, jamais a soma dos depósitos e remessas de Fl. 5105DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.106 8 numerários de clientes obtidas dos extratos bancários devidamente escriturados em sua contabilidade; t) que tais créditos constituem ativos financeiros, representados por numerário, disponibilidades, em nada se assemelhando a renda, a receita, para efeito de base de cálculo da renda auferida; u) que no caso, a autoridade lançadora explicitamente presumira, sem amparo legal, uma base de cálculo para a constituição do crédito tributário, intitulandoa receita de prestação de serviços gerais presentes em contas bancárias; V) que, sendo tributada com base no lucro presumido, incumbiria ao Fisco limitar se à verificação da movimentação do Caixa, para ver se a receita declarada está de acordo com sua escrituração e respectivos comprovantes, sendo irrelevante a demonstração dos custos e despesas operacionais, assim como a regularidade das contas representativas do passivo circulante, porquanto desobrigada de levantar balanço patrimonial; W) quanto às características dos livros Diário e Razão, bem como sua forma de contabilização, afirma ser impossível e contrário à legislação que obriga manter sistema uniforme de escrituração, registrar o Diário por dia e o Razão como se fosse um centro de custos, agregando nele os valores por despacho aduaneiro; que fez essa tarefa mediante planilhas, extracontabilmente, nas quais são demonstradas as remessas de numerário e as despesas relativas a cada despacho por ela promovido, e por cliente; que foram encaminhados à Delegacia da Receita Federal do Brasil os demonstrativos relativos a cada despacho por ela promovido, pelas quais justifica cada valor remetido (planilha/composição de saldos); x) que não é verdade o que consta do Termo de Prorrogação de Prazo de 31/10/2006 (recusa da dilatação de prazo para atendimento ao termo de intimação n° 007, a pretexto de que a autuada tivera tempo suficiente para cumprilo), pois o cumprimento de tal exigência demandava a posse dos seus livros Diário e Razão, os quais encontravamse em poder da fiscalização; Y) que resta patente que toda a fiscalização foi centrada no livro Razão, que, como visto, a impugnante está desobrigada de escriturar por ser optante do lucro presumido; z) que, embora mantenha escrituração contábil completa, nenhum efeito têm os lançamentos efetuados tanto nas contas correntes clientes, quanto nas contas clientes diversos na sua forma de tributação, que é a receita bruta; aa) que está sujeita às normas do artigo 527 do RIR de 1999, e que a exatidão dos dados informados na DIPJ está sujeita à verificação mediante apresentação de escrita mercantil corroborada pela documentação respectiva; bb) que a suposta distribuição disfarçada de lucros é meramente contábil, sem qualquer influência no lucro presumido, porque este é apurado pelo regime de caixa; cc) que não apura custos, mas estes são presumidos em 32% da respectiva receita bruta, por enquadrarse na atividade prevista no artigo 519, III, "b" do referido RIR de 1999; dd) que na conta corrente 2.2.01.01.00017 Clientes Diversos, são escriturados, ao longo do período, enquanto não identificado o autor da remessa de numerário, em ordem cronológica, os adiantamentos destes; dada a dinâmica do comércio exterior, o mesmo cliente faz diversas remessas, simultaneamente, abrangendo recursos para pagamento de despesas vinculadas a vários despachos, de diferentes exportadores, sendo difícil de escriturálos de imediato na conta específica, sendo ditas remessas creditadas na sobredita conta temporariamente; que é comum fazer pagamentos de despesas de algum cliente com recursos de outro cliente; que. depois de apurados os custos incorridos em cada processo de despacho aduaneiro, procede à conciliação bancária, mediante transferência contábil dos adiantamentos para a conta específica do cliente ou do terceiro de cujo recurso se valera; Fl. 5106DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.107 9 ee) que pode ter ocorrido equívoco em algum lançamento, mas que esses enganos não interferem no resultado do exercício porque é tributada pelo lucro presumido, com base na receita, e não no lucro líquido com as respectivas adições/exclusões; ff) que no caso dos autos houve erro de intitulação de conta no lançamento efetuado no anocalendário de 2002, a débito de aplicação financeira vinculada à conta 330448 do Banco Itaú, no valor de R$ 1.883.110,65, em contrapartida a conta corrente saudável; que como o lançamento foi a débito de uma conta representativa de disponibilidade, fato que não configura saída de numerário sem comprovante do Caixa, nenhuma repercussão acarretaria ao patrimônio da empresa, sem reflexo no lucro presumido apurado pela pessoa jurídica; que o mesmo equívoco ocorrera no anocalendário de 2003; gg) que relativamente aos créditos encontrados na conta 1.1.01.02.00024 Banco Itaú S/A — no 36112.0, de R$ 2.820.542,12, em 2004, é de se excluir qualquer possibilidade da ocorrência de distribuição de lucro, antecipação de distribuição de lucro e, conseqüentemente, de omissão de receita, apesar dos históricos que trazem os respectivos lançamentos, concluindo que são meramente permutativos de encerramento de contas, próprios dos registros por meio de Caixa, cujos saldos são zerados no final de cada período de apuração; hh) que impunha ao Fisco aprofundar sua pesquisa analisando os comprovantes de despesas, instrumentos hábeis reveladores da real situação da sua escrita; ii) que é incabível o arbitramento das pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido a pretexto de falha no livro Razão, porque não são obrigadas a escriturálo, sobretudo se sua documentação corrobora a escrituração contábil, mantida na forma mercantil; no caso dos autos, a contabilidade está lastreada em documentação hábil e idônea, na forma da Resolução CFC 597/85, até porque não infirmada pela fiscalização; jj) que não tem o mínimo de razoabilidade presumir como hipótese de omissão de receita bruta da atividade da prestação de serviço de despacho aduaneiro a soma dos créditos efetuados nos seus extratos bancários, haja vista sua atividade ser remunerada pelo preço do serviço prestado, jamais pelo valor dos ingressos brutos em suas contas correntes bancárias; kk) que do montante dos depósitos bancários, o Fisco teria que excluir os custos incorridos em cada despacho aduaneiro para os quais os depósitos bancários foram efetuados nas referidas contas correntes, obtendo o valor bruto da receita operacional, que, deduzidos dos custos internos inerentes à sua atividade profissional, redundaria na receita líquida sujeita à incidência tributária; 11) que a imposição da multa qualificada não foi bem esclarecida, não tipifica a conduta a que incorreu, coexistindo a tipificação estrita em que subsumiu rigorosamente sua conduta a norma, ferindo frontalmente o princípio do devido processo legal e seus corolários, o princípio do contraditório e da ampla defesa; mm)que o agravamento da multa por falta de apresentação dos arquivos magnéticos da contabilidade deve ser afastado, pois a apresentação dos arquivos magnéticos somente se tornou obrigatória a partir de 2002 e, quanto a esse ano, a empresa não conseguiu recuperar o "backup"; nn) que requer a realização de diligência e perícia, formulando os quesitos a ser respondido (sic), com a indicação do perito. Em razão da alegação de cerceamento do direito de defesa quanto à omissão de receitas, foi lavrado Auto de Infração Complementar de IRPJ e reflexos em CSLL, PIS e COFINS (fls.486/487), em que a autoridade fiscal esclarece que não houve alteração em relação ao crédito tributário lançado no auto de infração cuja ciência se deu em 12/12/2006, mas apenas descrita a infração apurada no item 001 do referido auto, com a demonstração mensal dos valores apurados, esclarecendo que não foram apresentados documentos Fl. 5107DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.108 10 comprobatórios hábeis, como cópias dos cheques depositados e identificação dos remetentes de TED e DOC, bem como seu enquadramento no art. 42 da Lei nº 9.430/96, além de outros já referidos. Contra o auto de infração complementar o contribuinte se opôs alegando: a) preliminarmente, a nulidade das exigências fiscais abrangidas pela decadência; b) no mérito, a improcedência dos créditos tributários, por ser incabível o arbitramento do lucro das pessoas jurídicas optantes pelo lucro presumido e com fundamento em falhas na escrituração do livro Razão, de cuja escrituração estão dispensadas; também alega improcedência da exigência em face de ter logrado justificar a origem dos valores creditados em suas contas bancárias; C) que caso assim não se entenda, reclama, em homenagem aos princípios da ampla defesa, da verdade material e da informalidade do processo administrativo e, sobretudo, com fundamento no artigo 16, §§ 4º e 5º, do PAF (Decreto nº 70.235, de 1972), a juntada a posteriori dos comprovantes dos créditos efetuados nas contas correntes do Banco Itaú, os quais estão sob a guarda de terceiros; que, tratandose de grande quantidade de documentos, demandarão algum tempo da referida instituição financeira para consolidálos, fato que a impossibilita de apresentálos no presente momento. Em julgamento realizado em 01 de outubro de 2009, 1ª Turma da DRJ/CTA, considerou parcialmente procedente a impugnação da contribuinte e prolatou o acórdão 0623 948, assim ementado: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário : 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. AUTO DE INFRAÇÃO. Além de não se enquadrar nas causas enumeradas no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, é incabível falar em nulidade do lançamento quando não houve transgressão alguma ao devido processo legal. PEDIDO DE DILIGÊNCIA E PERÍCIA. PRESCINDIBILIDADE. INDEFERIMENTO. Indeferese, por prescindível, o pedido de diligência e perícia em face de os documentos juntados aos autos satisfazerem por completo os requisitos do lançamento, inexistindo obscuridade que demande a produção de provas pela Fazenda. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 VALORES CREDITADOS EM CONTA BANCÁRIA DE TITULARIDADE DA PESSOA JURÍDICA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DOS RECURSOS UTILIZADOS. Caracterizam omissão de receita os valores creditados em conta bancária de titularidade da interessada, mantida junto a instituição financeira, em relação Fl. 5108DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.109 11 aos quais ela, regularmente intimada, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. ARBITRAMENTO DO LUCRO. NÃO ATENDIMENTO ÀS INTIMAÇÕES. Sujeitase ao arbitramento o contribuinte que deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, quando optante pela apuração do lucro presumido. ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Anocalendário: 2000, 2001, 2002, 2003', 2004 LANÇAMENTO. DECADÊNCIA. Os tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa sujeitamse à modalidade de lançamento por homologação, tendo o prazo decadencial regido pelo art. 150, § 4% do CTN. MULTA QUALIFICADA. FALTA DE COMPROVAÇÃO DO DOLO. A falta de comprovação do dolo na conduta do sujeito passivo infirma a prática da fraude ou sonegação e desautoriza a aplicação da multa de ofício qualificada. MULTA AGRAVADA. INTIMAÇÕES. NÃO ATENDIMENTO NO PRAZO MARCADO. Comprovado nos autos que o contribuinte não atendeu às intimações para apresentar os arquivos magnéticos (lançamentos contábeis), nos prazos estabelecidos, cabível a majoração em 50% da penalidade aplicável às infrações verificadas. DECORRÊNCIA. PIS, COFINS E CSLL. Tratandose de tributação reflexa de irregularidade descrita e analisada no lançamento de IRPJ, constante do mesmo processo, e dada à relação de causa e efeito, aplicase o mesmo entendimento ao PIS, à Cofins e à CSLL. Impugnação Procedente em Parte Crédito Tributário Mantido em Parte Do Recurso Voluntário A contribuinte apresentou recurso voluntário às fls. 591 e ss, onde reforça os argumentos já apresentados em sede de impugnação, atendose aos seguintes pontos: A) A anulação do acórdão recorrido pelos seguintes motivos: 1. Cerceamento do direito de defesa, por ter o mesmo deixado de analisar matéria levantada na impugnação, consistente na análise do artigo 288 do RIR/99, segundo o qual, na hipótese de omissão de receita, o lançamento de oficio deve ser efetuado de acordo com o regime de tributação Fl. 5109DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.110 12 escolhido pelo contribuinte. Não tem amparo legal sua alteração pelo Fisco, sobretudo pelo arbitramento; 2. Preterição do direito de defesa, visto que os depósitos discutidos nos autos foram efetuados por terceiros e, admitindo o acórdão recorrido não ter o fiscalizado consigo a documentação que justificaria o recebimento dos depósitos (item 54), há uma contradição, um paradoxo. De fato, se o recorrente não está em poder dos comprovantes, como poderia ele exibilos ao Fisco? Fazse necessário baixar o processo em diligencia para que sejam intimados os clientes do recorrente para confirmarlhe os repasses dos recursos. B) No mérito, pede a improcedência do auto de infração pelos seguintes motivos: 1. Porque fundado no artigo 530, VI, do RIR/99 (fls. 159), ou seja, por falta de escrituração do livro Razão, sendo que o recorrente é optante do lucro presumido, estando, pois, dispensado de sua escrituração; 2. Porque toda a movimentação bancária do recorrente está registrada no Livro Diário, na forma do artigo 527 do RIR/99, afastando, assim, a presunção de omissão de receita prevista no artigo 42, caput, da Lei n° 9.430/96, descrita no auto de infração complementar de fls.396/7; 3. Inaplicabilidade da multa majorada da exigência relativa ao anocalendário de 2002, porque a sua apuração foi efetuada com base nos extratos bancários, prescindindo de arquivo magnético. Por meio da Resolução 1202000.192, de 11 de junho de 2013, fls. 642/657, determinouse a conversão do julgamento em diligência para que a unidade de origem: 1) intime o contribuinte a elaborar planilha em Excel correlacionando os depósitos bancários objeto de fiscalização e sua destinação, com identificação dos respectivos clientes e número e data do contrato de prestação de serviço, se houver, concedendolhe prazo mínimo de 30 (trinta) dias; 2) após, verifique a documentação apresentada nos autos e efetue as demais pesquisas típicas do procedimento fiscal, a partir das alegações do contribuinte, para confirmar se os valores alegados estão comprovados; 3) elabore planilhas demonstrativas das verificações (com indicação da folha dos autos/anexos com a origem dos valores confirmados) e, se for o caso, novos demonstrativos de apuração do valor tributável, imposto e contribuições; 4) elabore relatório conclusivo; 5) providencie a digitalização dos anexos referidos; 6) dê ciência do relatório ao contribuinte para, querendo, se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. Assim, o contribuinte foi intimado em 25/09/2014 para apresentar a planilha nos termos acima em 30 dias. Fl. 5110DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.111 13 Em 23/10/14, o contribuinte protocolou pedido de prorrogação de prazo por mais 3 (três) meses. Após 4 meses, em 02/02/2015, sem resposta por parte do contribuinte, a unidade devolveu os autos ao CARF. Em 19/03/2015, fls. 5079/5086, o contribuinte apresentou novo requerimento ao CARF, informando que já havia solicitado nova prorrogação de prazo, mas que foi surpreendida com o Termo de Encerramento, e solicitou mais 90 dias, para cumprimento, contados de 22/01/2015, justificando que a pessoa contratada não cumpriu sua tarefa. Recebi os autos por sorteio em 27/07/2017. É o relatório. Fl. 5111DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.112 14 Voto Conselheira Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Relatora. A contribuinte foi autuada, em 12/12/2006, no IRPJ, CSLL, PIS e COFINS, no regime de lucro presumido em 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004, por ter omitido receitas naqueles anos, exigindose o crédito tributário total de R$31.710.442,60, incluindo multa de ofício de 150% e juros de mora e nos anos de 2000 e 2002 multa agravada de 225%. A DRJ/CTA julgou a impugnação parcialmente procedente, reconhecendo a decadência de IRPJ e CSLL do 1º trimestre de 2000 ao 3º trimestre de 2001 e para PIS e COFINS dos meses de janeiro de 2000 a novembro de 2001, como reduzindo a multa para 75%. Contra essa decisão foi interposto recurso de ofício e voluntário, os quais passo a analisar. RECURSO DE OFÍCIO No que tange à admissibilidade do recurso de ofício, ressalto o determinado no art. 1º da Portaria MF nº 63, de 09/02/2017, publicada no DOU de 10/02/2017, a seguir transcrito: Art. 1º O Presidente de Turma de Julgamento da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) recorrerá de ofício sempre que a decisão exonerar o sujeito passivo do pagamento de tributo e encargos de multa, em valor total superior a R$ 2.500.000,00 (dois milhões e quinhentos mil reais). No caso em referência, ao somar os valores correspondentes a tributo e multa afastados em primeira instância, verifico que superam o limite de dois milhões e quinhentos mil reais, estabelecido pela norma em referência. Dessa forma, o recurso de ofício é cabível, e dele conheço. A DRJ entendeu que o dolo não ficou comprovado, faltou à fiscalização a comprovação de fatos que motivassem a aplicação da multa de 150%. Segundo sua análise, não houve a comprovação do intuito fraudulento, nos termos do art. 44, II da Lei 9.430/96 e definido pelos arts. 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64. Em seu entendimento, embora a documentação apresentada pelo contribuinte não seja o suficiente para elidir o arbitramento e tampouco para justificar de maneira cabal os depósitos recebidos, ao menos trouxe plausibilidade na sua alegação de que os recursos pertenciam a terceiros, em sua maioria. Fl. 5112DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.113 15 Segue a decisão, no sentido de que na realidade a escrituração da autuada reflete um descontrole contábil que lhe trouxe consequências gravíssimas, quando confrontada com a presunção legal de omissão de receitas por depósitos bancários de origem não comprovada. Todavia, se presta ao menos para infirmar o dolo na conduta do sujeito passivo, que sofre a acusação de ter fraudado a sua contabilidade e ter omitido intencionalmente as suas receitas. De fato, da análise do TVF, e da documentação carreada, não verifico a comprovação do intuito doloso. Diante dessa descaracterização, e da não aplicação do art. 173, I, do CTN ao presente caso, resta o art. 150, §4º do mesmo CTN. Como a ciência do lançamento se deu em 12/12/2006 e o contribuinte efetuou os pagamentos dos tributos aqui discutidos, os fatos geradores do 1º trimestre de 2000 até 3º trimestre de 2001 para o IRPJ e CSLL, bem como de janeiro de 2000 a novembro de 2001 para o PIS e a COFINS encontramse decaídos. Foi o que se decidiu. Assim já que toda a parte exonerada do lançamento se deu em razão da desqualificação da multa, cujo dolo não restou comprovado e consequentemente do reconhecimento da decadência, voto no sentido de NEGAR PROVIMENTO ao recurso de ofício, mantendose a exoneração dos principais naqueles períodos e da multa qualificada. RECURSO VOLUNTÁRIO A contribuinte foi cientificada do teor do acórdão da DRJ/BEL e intimada ao recolhimento dos débitos de IRPJ e reflexos em 14/10/2009 (AR de fl. 588), e apresentou em 16/11/2009, recurso voluntário e demais documentos, juntados às fls. 591 e ss. Já que atendidos os requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/72, e tempestivo, dele conheço. 1) Preliminares de nulidades da decisão recorrida cerceamento de defesa indeferimento ao pedido de diligência/perícia Alega a contribuinte que teve seu direito de defesa cerceado, já que no seu entendimento haveria uma contradição na decisão recorrida, pois se o arbitramento do lucro foi efetuado com base em presunção de omissão de receita, nos termos do art. 42, da Lei 9.430/96, a consequência lógicojurídica é a de que não se trata de lançamento efetuado com base em receita conhecida, real, mas sim em receita ficta, juridicamente presumida, e dessa forma, o arbitramento do lucro não poderia ter sido efetuado com base no art. 532 do RIR/99, mas sim no art. 535, que prescreve índices especiais quando desconhecida a receita bruta, nos termos do art. 279, do mesmo RIR/99. Pelos argumentos apresentados, não vejo nulidade nos termos do art. 59 do Decreto 70.235/72, e sim alegações que se confundem com o mérito do caso. Art. 59. São nulos: I os atos e termos lavrados por pessoa incompetente; Fl. 5113DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.114 16 II os despachos e decisões proferidos por autoridade incompetente ou com preterição do direito de defesa. § 1º A nulidade de qualquer ato só prejudica os posteriores que dele diretamente dependam ou sejam conseqüência. § 2º Na declaração de nulidade, a autoridade dirá os atos alcançados, e determinará as providências necessárias ao prosseguimento ou solução do processo. § 3º Quando puder decidir do mérito a favor do sujeito passivo a quem aproveitaria a declaração de nulidade, a autoridade julgadora não a pronunciará nem mandará repetir o ato ou suprirlhe a falta. (Incluído pela Lei nº 8.748, de 1993) Art. 60. As irregularidades, incorreções e omissões diferentes das referidas no artigo anterior não importarão em nulidade e serão sanadas quando resultarem em prejuízo para o sujeito passivo, salvo se este lhes houver dado causa, ou quando não influírem na solução do litígio. De igual forma, da leitura da decisão recorrida fica clara a linha adotada para embasamento, não verifico contradição, questões de mérito serão analisadas adiante. Assim, deixo de conhecer desta preliminar argüida. Com relação ao indeferimento ao pedido de diligência/perícia, entende o recorrente que houve um cerceamento de defesa, pois a decisão teria sido absurda e paradoxal, já que se exige que ele apresente comprovantes de depósitos efetuados por seus clientes e isso invialibilizaria a entrega e exibição. Requerendo, assim, que circularizasse seus clientes a fim de que esses forneçam cópia dos comprovantes exigidos, o que afastaria a omissão de receitas. Esse ponto, entendo que também não leva a quaisquer nulidade nos termos acima indicados. Novamente, eles se confundem com o mérito da questão, que será verificado à frente. Da mesma forma, deixo de conhecêla. 2) Do Mérito Do arbitramento do Lucro e do Livro Razão/Dos depósitos bancários sem origem comprovada Conforme já relatado, autuação fiscal ocorreu em razão da constatação de omissão de receitas pela diferença entre os créditos bancários de origem não comprovada (Demonstrativo de Receitas Presentes nas Contas Bancárias – fls.245317) e os valores da receita de prestação de serviços escriturados na conta nº 4.1.01.01.00013 – Receita Prestação de Serviços, com fulcro nos arts. 532 e 537 do RIR/99 e art. 42 da Lei nº 9.430/96 (este acrescentado no auto de infração complementar). De acordo com a autoridade fiscal, durante o procedimento fiscal, a recorrente foi intimada a comprovar a origem dos créditos em suas contas correntes, apresentou cópias de recibos por ela emitidos e planilhas por ela elaboradas, indicando que tais recursos eram remetidos por seus clientes para pagamentos de diversas despesas referentes ao comércio exterior, além de uma pequena comissão. Intimada a apresentar a composição dos saldos das Fl. 5114DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.115 17 contas de clientes, limitouse a responder que todo o movimento encontravase escriturado nos livros. A autoridade fiscal aponta que, embora a movimentação bancária da recorrente tenha sido contabilizada, os registros no livro Razão eram concisos, sem detalhamento suficiente para aferir qual operação teria dado ensejo aos alegados adiantamentos dos clientes. Como histórico da operação constava simplesmente a descrição “depósito nesta data” na conta Bancos, assim como na conta Clientes. A autoridade fiscal justificou o arbitramento do lucro trimestral apurado nos anos calendário de 2000 a 2004 alegando que “o contribuinte não manteve, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livros auxiliares ou fichas utilizados para detalhar e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Livro Diário”, com fundamento no art. 530, VI, do RIR/99 (fl.159). Para cada um dos anoscalendário objeto de autuação, sustentou que o livro Razão não fora confeccionado corretamente, contendo contas individuais para cada um dos clientes da contribuinte e que esta não logrou corrigir as falhas através de demonstrativos de composição dos saldos, mesmo após intimada (fls.236/244). A recorrente, por sua vez, aduz que seu objeto social é a de despacho aduaneiro de mercadorias importadas por terceiros e que recebe antecipadamente, via bancos, recursos financeiros remetidos por seus clientes, identificados nos extratos pelas siglas TED, TEC, DOC, etc., para fazer face às despesas necessárias ao processamento dos referidos despachos aduaneiros, tais como: (i) os impostos da União: II, IPI, PIS IMPORTAÇÃO e COFINS IMPORTAÇÃO; (ii) o imposto estadual ICMS; e (iii) as taxas e despesas (AFRM, armazenamento, frete, dentre outras), cujos comprovantes ficam em poder dos respectivos clientes. Esclarece, dentre outros, que: na conta corrente 2.2.01.01.00017 Clientes Diversos, são escriturados, ao longo do período, enquanto não identificado o autor da remessa de numerário, em ordem cronológica, os adiantamentos destes; dada a dinâmica do comércio exterior, o mesmo cliente faz diversas remessas, simultaneamente, abrangendo recursos para pagamento de despesas vinculadas a vários despachos, de diferentes exportadores, sendo difícil de escriturálos de imediato na conta específica, sendo ditas remessas creditadas na sobredita conta temporariamente; que é comum fazer pagamentos de despesas de algum cliente com recursos de outro cliente; que. depois de apurados os custos incorridos em cada processo de despacho aduaneiro, procede à conciliação bancária, mediante transferência contábil dos adiantamentos para a conta específica do cliente ou do terceiro de cujo recurso se valera; A autoridade fiscal, entendendo que, para auferir e tributar a receita da forma como pretendia a recorrente, seria necessário vincular expressamente cada um dos adiantamentos de numerários com as despesas realizadas em nome daqueles, intimou a interessada a apresentar as planilhas com os contascorrentes, conforme termo de intimação fiscal nº 7 (fls.140/141), mas esta alegou que tal tarefa demandaria muito tempo e apresentou meramente o quantitativo dos faturamentos relativos a cada cliente, conforme resposta à intimação (fl.150). Antes do julgamento de primeira instância, o relator da decisão recorrida providenciou o retorno dos autos à unidade de origem para que a autoridade fiscal se manifestasse sobre os documentos constantes dos autos, nos seguintes termos (fls.498/499): Fl. 5115DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.116 18 Às fls. 494/496 consta a petição para juntada de documentos e que conforme termo na fl. 497 foram agrupados no Anexo VI com 02 volumes, encontrando em sua composição listagens de Docs Recebidos em que consta o nome do favorecido e o do remetente, Movimento de Transações sem Formulário que corresponde a depósitos eletrônicos, Relação de Transferências Eletrônicas, entre outras. Analisando referidos papéis com o "Demonstrativo de Receitas Presentes nas Contas Bancárias", fls. 245/317, e com os documentos que compõem o Anexo III, pode ser verificado que são correspondente; como em alguns exemplos a seguir expostos. No demonstrativo de fl. 245 estão listados, entre outros, nos dias 07/01/2000, 12/01/2000 e 31/01/2000 os DOC nos valores de R$ 60.500,00, R$ 5.131,76, R$ 79.408,68 e R$ 23.187,06, e que estão informados na listagem de DOCs Recebidos, com identificação do remetente conforme fl. 02 do Anexo VI; fl. 269 do demonstrativo, nos dias 14/05/2001, R$ 148,64, 28/05/2001, R$ 7.602,49 e R$ 108.594,00, listados à fl. 11 do Anexo VI. os recibos constantes das fls. 24/32 do Anexo III corresponde ao depósito de R$ 44.763,60 do demonstrativo de fl. 290 e listado à fl. 20 do Anexo VI; os recibos de fls. 205/207 do Anexo III, corresponde ao depósito de R$ 10.578,04 do demonstrativo de fl. 304 e 409 do Anexo VI; o recibo de fl. 129 do Anexo III corresponde ao depósito de R$ 15.600,75 do demonstrativo de fl.305 e da listagem de fl. 554 do Anexo VI. Em razão da documentação apresentada, proponho o retorno do presente à DRF em Curitiba PR, para o pronunciamento do autuante sobre a validade desses documentos, já que não são de emissão da interessada, bem como em função do contido nos Anexos III e IV ser uma amostragem, elaborando, se for o caso, demonstrativos das parcelas não comprovadas. Em resposta, fls. 501 e ss, o fiscal autuante fez constar, inicialmente, que não fora demonstrada a impossibilidade de apresentação da documentação durante o procedimento fiscal, já que o contribuinte tomou ciência do Termo de Intimação n° 006 no dia 31/08/06 e apresentou os documentos somente em 23/07/07, sem comprovar eventual solicitação à instituição financeira, não devendo sequer ser admitida tal documentação, por não atendimento dos requisitos dos §§ 4° e 5° do Decreto n° 70.235/72. Em seguida, manifestouse quanto aos seguintes pontos: (i) sobre os documentos constantes do Anexo VI, esclarece que em alguns deles (folha 02 a 34) há a indicação do nome do remetente dos DOC/TEDs creditados na conta da empresa no banco Itaú, o que corresponde a alguns históricos dos lançamentos em que há o início do nome do remetente (folhas 245 a 317), mas destaca que a maior parte dos documentos (da folha 37 à 521 e da folha 576 à 607) não contém a indicação dos remetentes dos recursos. (ii) no caso dos depósitos de R$ 60.500,00 (07/01/00), R$ 5.131,76 (07/01/00), R$ 79.408,68 (12/01/00) e R$ 23.187,06 (31/01/00), aduz que há a indicação dos remetentes, mas não a de que título foram feitos tais pagamentos. Idem para os depósitos de R$ 148,64 (14/05/01), R$ 7.602,49 (28/05/01) e R$ 108.594,00 (28/05/01); (iii) quanto ao depósito de R$ 44.763,60 (12/12/02) constante da folha 20 do Anexo VI, o remetente é a empresa COMERCIAL ALPHATEC LTDA., CNPJ 03.289.442/000198, porém, pelo indicado nas folhas 24 a 32 do Anexo III, foram emitidos recibos para MILLENIUM ADM. DE VENDAS COM. E REP. LTDA., o que demonstra a inidoneidade do documento; (iv) quanto ao depósito de R$ 10.578,04 (02/03/04) (folha 304), constante da folha 409 do Anexo VI, porém sem nenhuma indicação do remetente dos recursos, apenas a informação adicional de que era composto de três cheques (R$ 2.578,04, R$ 4.000,00 e R$ 4.000,00); Fl. 5116DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.117 19 (v) finalmente, sobre o depósito de R$ 15.600,75 (23/03/04) (folha 305), esclarece que consta da folha 554 do Anexo VI, onde há a indicação de que este pagamento foi feito por GEMINI INDUSTRIA E COMERCIO, IMPORTACAO E EXPORTACAO LTDA, CNPJ 04.580.301/000192, a mesma informação que consta da folha 129 do Anexo III, com a descrição do pagamento como sendo “ADIANTAMENTO P/ PGTO. DE PARTE DOS SALDOS DAS NOTAS DE DESPESAS NRS. 072 A 075/04”. Conclui, contudo, que o recibo somente faz sentido quando analisado conjuntamente com os registros da contacorrente dessa empresa junto à fiscalizada. Aduz que sem a apresentação da conta corrente de cada cliente, conforme solicitado durante a fiscalização, não é possível afirmar se a explicação para tal depósito está correta ou não, a depender da existência de saldos de notas de despesas para ser adiantado. Conclui a diligência fiscal aduzindo que não há como aceitar a comprovação de depósitos bancários sob a alegação de que os mesmos correspondiam a recursos utilizados para pagar despesas em nome de clientes, quando o contribuinte, embora intimado (Termo de Intimação n° 0007, fls.140/141) não apresentou as planilhas com os contascorrentes respectivos, os quais demonstrariam o controle das entradas e saídas de recursos das contas bancárias. Somente assim, segundo ele, seria possível acatar a tese do contribuinte. A empresa era optante pela apuração do lucro presumido e informou em suas DIPJ que apurou o imposto com base na escrituração contábil (fls. 532541). Contudo, a autoridade fiscal constatou que nos livros Diário e Razão a contrapartida de grande parte dos depósitos recebidos em suas contas correntes era a crédito de contas de clientes. Em razão do plausível essa versão e asseverou que "em se tratando de uma empresa que efetuasse pagamentos de despesas em nome de terceiros, isso seria aceitável, desde que devidamente documentado e contabilizado (fl. 237). Nos termos da decisão recorrida, a escrituração apresentada pela contribuinte demonstrouse imprestável para a apuração do seu resultado. A empresa manteve contas genéricas de clientes, para as quais não apresentou registro auxiliar para discriminálas. As contas clientes utilizadas como contrapartidas dos depósitos atingiram saldos da ordem de R$ 5.000.000,00 ao encerramento de cada exercício, ocasião em que eram zeradas por meio de lançamentos para outras contas de clientes. A empresa foi intimada a apresentar a conciliação contábil das contas de clientes, acompanhada da respectiva documentação comprobatória (fl. 57), mas não atendeu à fiscalização de maneira satisfatória. Os comprovantes para os depósitos recebidos (cujas • amostras constituíram os Anexos III e IV) são, em sua maioria, recibos emitidos pela própria autuada. Os comprovantes de despesas não encontram correspondência perfeita com os registros contábeis, além de que vários deles foram emitidos em nome dos próprios clientes do sujeito passivo. O confronto dos livros Diário e Razão com os extratos bancários permite concluir que a movimentação bancária da autuada foi, de fato, contabilizada. Ocorre que os depósitos recebidos, lançados a crédito de clientes, não apresentam detalhamento algum no livro Razão que permita aferir qual foi a operação que deu origem a esses adiantamentos. Consta como histórico da operação a simples expressão "DEPÓSITO NESTA DATA", tanto na conta bancos como na conta clientes. Segue ainda, a decisão: Evidentemente, tais registros não possuem qualquer utilidade para fins de aferição da receita recebida. Se é de se supor que a autuada lidava com Fl. 5117DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.118 20 recursos de terceiros (em vista do seu objeto social), ao menos a vinculação entre os adiantamentos de numerário e as respectivas despesas deveriam ser demonstradas pela autuada. Dessa forma, nos termos do art. 530, VI do RIR, o lucro foi arbitrado: Art. 530. O imposto, devido trimestralmente, no decorrer do anocalendário, será determinado com base nos critérios do lucro arbitrado, quando (Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 1º ): (...) VI o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, Livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário. Nesse ínterim, cabe ainda, um ponto. Por meio da Resolução 1202000.192, em junho de 2013, este CARF já solicitou diligência para que o recorrente apresentasse planilhas que correlacionassem os depósitos bancários objeto de fiscalização e sua destinação, com a identificação dos respectivos clientes e número e data do contrato de prestação de serviço, porém, como se viu, solicitou prorrogação de prazo apenas, que lhe foi concedido, posteriormente, em janeiro de 2015, quando o processo já havia retornado ao CARF, novamente solicita prorrogação de prazo. Ou seja, tais documentos e correlacionamento de tudo que foi alegado, e que poderiam, ou ao menos desde a autuação, que se deu em fins de 2006, serem carreados aos autos, até o momento não foram feitos. O que apenas demonstram que não podem ser comprovados. Assim, com o arbitramento do lucro e a não comprovação dos valores, depósitos bancários, a fiscalização, com base no art. 42 da Lei 9.430/96 tratou de presumir a omissão. Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira. § 2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. Fl. 5118DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.119 21 § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica; II no caso de pessoa física, sem prejuízo do disposto no inciso anterior, os de valor individual igual ou inferior a R$ 1.000,00 (mil reais), desde que o seu somatório, dentro do ano calendário, não ultrapasse o valor de R$ 12.000,00 (doze mil reais). § 4º Tratandose de pessoa física, os rendimentos omitidos serão tributados no mês em que considerados recebidos, com base na tabela progressiva vigente à época em que tenha sido efetuado o crédito pela instituição financeira. § 5º Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. § 6º Na hipótese de contas de depósito ou de investimento mantidas em conjunto, cuja declaração de rendimentos ou de informações dos titulares tenham sido apresentadas em separado, e não havendo comprovação da origem dos recursos nos termos deste artigo, o valor dos rendimentos ou receitas será imputado a cada titular mediante divisão entre o total dos rendimentos ou receitas pela quantidade de titulares. Tratase de presunção relativa, que admite prova em contrário. Mas essa prova cabe à recorrente. Ao Fisco cabe provar o fato indiciário, definido na lei como necessário e suficiente ao estabelecimento da presunção, qual seja, a ocorrência de depósitos bancários de origem não comprovada. Não há dúvidas de que os depósitos efetivamente ocorreram. Regularmente intimada, a recorrente poderia afastar a presunção de omissão de receitas, desde que apresentasse, nos termos da lei, documentação hábil e idônea que comprovasse, individualizadamente, a origem dos valores creditados em suas contascorrentes. Para os optantes pelo lucro presumido, a obrigação de escriturar toda a movimentação financeira, inclusive bancária e, ainda, de guardar todos os documentos e demais papéis que sirvam de base para a escrituração está prevista no art. 527 do Decreto nº 3.000/1999 (Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99): Art. 527. A pessoa jurídica habilitada à opção pelo regime de tributação com base no lucro presumido deverá manter (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45): I escrituração contábil nos termos da legislação comercial; II Livro Registro de Inventário, no qual deverão constar registrados os estoques existentes no término do anocalendário; Fl. 5119DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.120 22 III em boa guarda e ordem, enquanto não decorrido o prazo decadencial e não prescritas eventuais ações que lhes sejam pertinentes, todos os livros de escrituração obrigatórios por legislação fiscal específica, bem como os documentos e demais papéis que serviram de base para escrituração comercial e fiscal. Parágrafo único.O disposto no inciso I deste artigo não se aplica à pessoa jurídica que, no decorrer do anocalendário, mantiver Livro Caixa, no qual deverá estar escriturado toda a movimentação financeira, inclusive bancária (Lei nº 8.981, de 1995, art. 45, parágrafo único). A autoridade fiscal, com base nessa omissão e no arbitramento dos lucros, considerando que o regime de tributação da recorrente era o do lucro presumido, aplicou os percentuais, conforme art. 532 do RIR, 38,4%. Art. 532. O lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I ). Se em razão de sua atividade, valores que não se tratam de efetivas receitas adentram em suas contas bancárias, que posteriormente serão repassadas a terceiros, como aduz a própria recorrente, é seu dever manter toda a documentação que comprove tais circulações de valores, e não preparálo quando solicitado, mais ainda, quando sabido que os valores são de relevante monta, conforme se verifica no quadro abaixo, não cabendo a alegação de que os comprovantes e documentos estão com seus clientes: No caso, não tendo a recorrente cautela em documentar adequadamente, passa a arcar com as consequências, que é a aplicação da presunção legal de omissão de receitas. Devese, assim, manter a decisão recorrida. 3) Da inaplicabilidade da multa agravada 112,5%; Foi aplicada a multa agravada, pois a recorrente intimada a apresentar os arquivos digitais para os anoscalendários de 2000 a 2004, apresentou tão somente aqueles relativos aos períodos de 2001, 2003 e 2004, tendo sido aplicada a multa para os anos faltantes, 2000 e 2002. Fl. 5120DF CARF MF Processo nº 10907.003126/200680 Acórdão n.º 1301002.627 S1C3T1 Fl. 5.121 23 A decisão a quo ao reconhecer a decadência afastou por consequência a multa do ano de 2000 e manteve a do ano de 2002. A obrigatoriedade da apresentação dos arquivos magnéticos está calcada na IN 68/95 até o anocalendário de 2001 e após 2002 nos termos da IN 86/01. A recorrente mencionou que para o referido ano não conseguiu recuperar o "backup" e que tais informações não eram prescindíveis para a fiscalização. No entanto, no caso em discussão, o Fiscalização deveria se ater ao determinado no art. 57 da MP 2.15835/2001, já que trata de multas específicas, e não aplicar a multa agravada, pois se trata de multa genérica, quando existe uma específica, nos termos do Parecer COSIT 3/2015, que trata justamente da aplicação da multa em caso de não entrega de declarações, ou com informações inexatas ou na prestação de informações para a Receita Federal do Brasil. Assim, de se excluir a multa agravada de 112,5%, reduzindoa para 75%. CONCLUSÃO Diante de todo o acima exposto, voto por conhecer dos Recursos de Ofício e Voluntário, para no mérito NEGAR provimento ao Recurso de Ofício e dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para afastar a multa agravada no ano calendário de 2002, reduzindoa para 75%. (assinado digitalmente) Amélia Wakako Morishita Yamamoto Fl. 5121DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10814.000137/91-36
Turma: Primeira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon May 07 00:00:00 UTC 2001
Ementa: Não se toma conhecimento de Recurso Especial sobre matéria em relação à qual não estão presentes os pressupostos legais.
Numero da decisão: CSRF/03-03.170
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de
Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, por falta dos pressupostos de admissibilidade, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Nilton Luiz Bartoli
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Interessada : FAZENDA NACIONAL Recorrida : 1 a CÂMARA DO TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Sessão de : 07 DE MAIO DE 2001 Acórdão n°. : CSRF/03-03.170 Não se toma conhecimento de Recurso Especial sobre matéria em relação à qual não estão presentes os pressupostos legais. Vistos relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela LÁPIS JOHANN FABER S/A. ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, NÃO CONHECER do recurso, por falta dos pressupostos de admissibilidade, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. •SONPEiÀ IRIGUES PRESIDENTE L BARTN I RELATO FORMALIZADO EM: 06 JUL. 2001 Processo n° : 10814.000137/91-36 Acórdão n° : CSRF/03-03.170 Participaram, ainda, do presente julgamento os seguintes Conselheiros: CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, MARCIA REGINA MACHADO MELARÉ, PAULO ROBERTO CUCO ANTUNES, JOÃO HOLANDA COSTA e HENRIQUE PRADO MEGDA 2 Processo n° :10814.000137/91-36 Acórdão n° : CSRF/03-03.170 Recurso n° : RD/301-0.323 Recorrente : LÁPIS JONHANN FABER S/A. RELATÓRIO O presente feito alçou, para julgamento, a esta E. Câmara Superior de Recursos Fiscais, em decorrência de Recurso Especial Divergente, interposto pelo sujeito passivo, contra Acórdão n.° 301-27.576, de 22/02/94, proferido, por maioria de votos pela Eg. Primeira Segunda Câmara do Terceiro Conselho de Contribuintes, que, em síntese, julgou procedente a autuação fiscal, entendendo que, a mercadoria importada declarada como "Pastei Poiychromos", classifica-se na posição TAB 9609.90.9900, não tendo vigência consulta proferida sob a égide da legislação anterior ao advento da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias do Sistema Harmonizado, cuja ementa é a seguinte: "PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL — CONSULTA. CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA — IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. Com o advento da NOMENCLATURA BRASILEIRA DE MERCADORIAS - SISTEMA HARMONIZADO, caducaram as respostas a consultas formuladas por contribuintes na vigência da nomenclatura anterior. Inaplicável o art. 48 do Decreto n. 70.235/72, se já transcorrera mais de trinta dias da ciência da resposta. No caso concreto, o Fisco deixou de acolher Parecer CST (NBM), aprovado dez anos antes da lavratura do Auto de Infração, e já caduco em virtude da adoção da nova nomenclatura aduaneira. Negado provimento ao recurso. A recorrente apresentou como divergentes os Acórdãos n°s 101- 75.534, de 26/11/84, 301-25794, de 15/06/88, 201-64.634, de 22/03/88, todos firmando a posição de que estando sob consulta ou tendo o contribuinte adotado classificação fiscal com base em parecer CST, que tenha solucionado consulta 3 Processo n° : 10814.000137/91-36 Acórdão n° : CSRF/03-03.170 formulada, torna-se impossível o lançamento do crédito tributário pretendido pelo Fisco. Articula a Recorrente os pontos de divergência entre o acórdão recorrido e os trazidos à colação, sendo que, com base nos julgados divergente, aduz que: (i) produto objeto do Parecer CST (NBM) n.° 2.650, de 24/09/80, é o mesmo objeto da autuação; (ii) Parecer CST (NBM) n.° 2.650, de 24/09/80, é aplicável pois há correspondência entre a nomenclatura antiga (NENCCA) e a nova (NESH) e há equivalência entre os conteúdos dos textos das respectivas notas explicativas; (iii) a definição, imposta pela CST, atrelou-se aos critérios de classificação a nível de posição, em estrita observância da Regra 1a das Regras Gerais, tendo sido observadas as características técnicas do produto, e tendo definido os critérios de classificação; (iv) os efeitos jurídicos do Parecer CST não podem ser discutidos em auto de infração existindo via própria para o Fisco, querendo, cessar seus efeitos; e (v) não bastassem os argumentos preliminares, no mérito, entende que a classificação adotada para o produto importado está tecnicamente correta. Intimada a Procuradoria da Fazenda Nacional, esta se pronunciou em contra-razões requerendo a manutenção do julgado. É o Relatório. 4 Processo n° :10814.000137/91-36 Acórdão n° : CSRF/03-03.170 VOTO Conselheiro Relatar NILTON LUIZ BARTOLI. Preliminarmente, faz-se necessário a análise da admissibilidade do presente Recurso Especial, no que tange ao cumprimento do requisito da confrontação de recurso divergente. Como visto, trata-se de questão relacionada a vigência ou não de Parecer da Coordenação Geral do Sistema de Tributação, a partir do início da vigência das Notas Explicativas do Sistema Harmonizado — NESH, uma vez que aquele órgão já havia se pronunciado sobre a correta classificação fiscal do produto "Patel Plychromo", sob a égide da nomenclatura anterior, Notas Explicativas da Nomenclatura do Conselho de Cooperação Aduaneira — NENCCA. Essa é a questão fulcral do lançamento, sobre a qual se assentaram as posições dos julgadores aguo e que, contra as quais, é possível o ingresso de Recurso Especial. A Recorrente traz para demonstração da divergência, as Ementas relativas aos Acórdãos nos 101-75.534, 301-25.794 e 201-64.634, dos quais, somente os Acórdãos n°s 101-75.534, e 201-64.634, podem ser admitidos como paradigmas na forma do art. 5°, inciso I, c/c, art. 7°, § 2°, do Regimento Interno desta Eg. Câmara Superior de Recursos Fiscais. Da leitura das ementas que podem servir de paradigma para admissão do Recurso Especial, temos que seus teores tratam da possibilidade ou não de lançamento de tributo cuja espécie tenha sido submetida Consulta. Sendo que nenhuma das duas ementas trata da questão da vigência da consulta em face da alteração da legislação aplicável. 5 Processo n° : 10814.000137/91-36 Acórdão n° : CSRF/03-03.170 Diante do exposto, Não conheço do recurso especial, uma vez que não foi demonstrada a divergência entre os Acórdãos apresentados como paradigma e o Acórdão, ora recorrido. Sala das Sessões em, 07 de maio de 2001. N,P1 011-7T1 BART,L I 6 Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1
score : 1.0
Numero do processo: 10283.001794/95-51
Turma: Primeira Câmara
Seção: Terceiro Conselho de Contribuintes
Data da sessão: Mon Aug 14 00:00:00 UTC 2000
Ementa: ADUANEIRO. IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS INTERNAÇÃO DE MERCADORIAS.
Não caracteriza cerceamento do direito de defesa o Indeferimento
de pedido de perícia prescindível para o deslinde do feito.
Acórdão anulado
Numero da decisão: CSRF/03-03.129
Decisão: ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de
Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Henrique Prado Megda
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conteudo_txt : Metadados => date: 2009-07-08T14:40:14Z; pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.6; pdf:docinfo:title: ; xmp:CreatorTool: CNC PRODUÇÃO; Keywords: ; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; subject: ; dc:creator: CNC Solutions; dcterms:created: 2009-07-08T14:40:14Z; Last-Modified: 2009-07-08T14:40:14Z; dcterms:modified: 2009-07-08T14:40:14Z; dc:format: application/pdf; version=1.6; Last-Save-Date: 2009-07-08T14:40:14Z; pdf:docinfo:creator_tool: CNC PRODUÇÃO; access_permission:fill_in_form: true; pdf:docinfo:keywords: ; pdf:docinfo:modified: 2009-07-08T14:40:14Z; meta:save-date: 2009-07-08T14:40:14Z; pdf:encrypted: false; modified: 2009-07-08T14:40:14Z; cp:subject: ; pdf:docinfo:subject: ; Content-Type: application/pdf; pdf:docinfo:creator: CNC Solutions; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; creator: CNC Solutions; meta:author: CNC Solutions; dc:subject: ; meta:creation-date: 2009-07-08T14:40:14Z; created: 2009-07-08T14:40:14Z; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 11; Creation-Date: 2009-07-08T14:40:14Z; pdf:charsPerPage: 1184; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; meta:keyword: ; Author: CNC Solutions; producer: CNC Solutions; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: CNC Solutions; pdf:docinfo:created: 2009-07-08T14:40:14Z | Conteúdo => MINISTÉRIO DA FAZENDA CÂMARA SUPERIOR DE RECURSOS FISCAIS TERCEIRA TURMA Processo n°. . 10283.001794/95-51 Recurso n°. : RP/301-0 566 Recorrida : 1 a CÂMARA DO TERCEIRO CONSELHO DE CONTRIBUINTES Matéria CERCEAMENTO DE DEFESA Recorrente : FAZENDA NACIONAL Sujeito Passivo : STC — TELECOMUNICAÇÕES DA AMAZÔNIA LTDA Sessão de : 14 DE AGOSTO DE 2000 Acórdão n°. : CSRF/03-03.129 ADUANEIRO. IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO. ZONA FRANCA DE MANAUS INTERNAÇÃO DE MERCADORIAS. Não caracteriza cerceamento do direito de defesa o Indeferimento de pedido de perícia prescindível para o deslinde do feito. Acórdão anulado. Vistos relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto pela FAZENDA NACIONAL ACORDAM os Membros da Terceira Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais, por unanimidade de votos, DAR provimento ao recurso, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado, D SON PER ODRIGUES PRESIDENT, 4,011"j0v"~Or 'ENRIQU ,/'RADO MEGDA RELATOR FORMALIZADO EM: ` i i JAN2_001 Participaram ainda do presente julgado os Conselheiros CARLOS ALBERTO GONÇALVES NUNES, MOACYR ELOY DE MEDEIROS, MÁRCIA REGINA MACHADO MELARÉ, PAULO ROBERTO CUCO ANTUNES, JOÃO HOLANDA COSTA e NILTON LUIZ BARTOLI. Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n° : CSRF/03-03.129 Recurso n° : RP/301-0.566 Sujeito Passivo : STC — TELECOMUNICAÇÕESS DA AMAZONIA LTDA Recorrente : FAZENDA NACIONAL RELATÓRIO A Fazenda Nacional recorre a esta Câmara Superior de Recursos Fiscais pleiteando reforma do acórdão n° 301-28.097, de 26/06196, prolatado pela ia Câmara do E 3° Conselho de Contribuintes, cuja ementa tem o seguinte teor' CERCEAMENTO DE DEFESA. PRELIMINAR ACOLHIDA. Centrais de Comutação Telefônica. Necessária e pertinente, no caso, a perícia técnica requerida pela recorrente. PROCESO ANULADO. Em seu recurso especial diz a d. Procuradoria da Fazenda Nacional. "O acórdão recorrido anulou o processo a partir inclusive da decisão recorrida por cerceamento de defesa (julgamento de 1a instância), por entender que seria necessária a realização de perícia solicitada pela STC Telecomunicações da Amazônia Ltda. Inicialmente, cumpre esclarecer que o delegado, ao julgar a impugnação, pronunciou-se claramente sobre o pedido de perícia, conforme transcrito a seguir: "A empresa solicita perícia para determinação da correta classificação e natureza das referidas centrais. No entanto, não há necessidade de ser realizada a perícia requerida. A classificação fiscal foi declarada pela própria empresa, conforme DCR nos como sendo o código 8517.30.0101, o qual, como já citado anteriormente, corresponde, de acordo com a NBM/SH, ao produto central de comutação telefônica. Quanto à natureza das centrais telefônicas, produzidas pela autuada na ZFM, não existe dúvida de que são bens de informática, de acordo com a legislação existente sobre a matéria." Da leitura do trecho transcrito, fica evidenciado que não houve preterição do direito de defesa, pelos seguintes motivos: (i) houve manifestação expressa sobre o pedido de perícia; (ii) o julgador explicitou os fundamentos de sua convicção. Na verdade, o delegado, no uso de suas atribuições, entendeu não ser necessária a realização de perícia, estando seu julgamento de Processo n°. 10283.001794/95-51 Acórdão n°. CSRF/03-03.129 acordo com o disposto nos arts. 18 e 28 do Decreto n° 70.235, de 06/03/72, abaixo reproduzidos: "Art. 18 — A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observado o disposto no art. 28, in fine. ............................ ........ ........ ...... . ..... ............ "Art. 28 — Na decisão em que for julgada questão preliminar será também julgado o mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência ou perícia, se for o caso." Nestes termos, o delegado, em sua função jurisdicional, agiu de forma autônoma, formando sua livre convicção, e fundamentando sua decisão sobre as questões de fato e de direito que as partes lhe submeteram, conforme art. 458 do CPC. Parece-nos, portanto, que os julgadores do Terceiro Conselho equivocaram-se ao considerar nula a decisão "a quo" por entenderem que a decisão de primeira instância deveria ter deferido o pedido de perícia. No máximo, a Câmara poderia ter determinado a realização da perícia solicitada pela parte, se entendesse que não poderia decidir sem o resultado da mesma, mas nunca anular a decisão do delegado, a qual encontra-se totalmente de acordo com o ordenamento legal vigente. Quanto à possibilidade de se decidir a questão constante dos autos somente com os elementos que constam do processo até o momento, esta Procuradoria-Geral entende ser perfeitamente viável, senão vejamos. O que se questiona neste processo não é a matéria fãtica, e sim a matéria de direito. A fiscalização, ao autuar a contribuinte, em momento algum, questionou se o produto objeto da controvérsia correspondia a 'centrais de comutação telefônica' conforme a contribuinte afirma, aceitando como correta a classificação defendida pela empresa no código 8517.30.0101. Os fatos são incontroversos. O que se discute neste caso, é a questão de direito que envolve a definição legal de bens de informática, bem como o enquadramento legal das centrais de comutação telefônica como bens de informática. O pedido de perícia solicitava esclarecer a correta classificação e natureza das referidas centrais. Note-se que o pedido da recorrida é meramente protelatório, vez que (i) a classificação por ela declarada não foi questionada, e (ii) a natureza física dos bens igualmente não foi Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n°. : CSRF/03-03.129 questionada. A controvérsia reside na natureza jurídica dos bens, o que não pode ser elucidado pela perícia pleiteada. Assim sendo, passemos então ao mérito. A empresa internou no território nacional bens produzidos na Zona Franca de Manaus, utilizando o índice de redução de 88% para o II, determinado pela Lei n° 8.387/91 No entanto, a fiscalização corretamente entendeu que a contribuinte não fazia jus ao benefício da citada Lei (que excetuou os bens de informática), uma vez que os bens internados tratavam-se de centrais de comutação telefônica, as quais correspondem a bens de informática, conforme legislação federal correlata. Na Resolução n° 20, de 26/10/90, da Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da Republica, o Secretário da Ciência e Tecnologia da PR torna público que o Conselho Nacional de Informática e Automação — CONIN, em reunião realizada no dia 24 de outubro de 1990, resolveu aprovar a lista de bens de informática, que estarão sujeitos à prévia anuência da Secretaria da Ciência e Tecnologia, para fins de importação e produção no País. Na referida lista consta o item 8517 da NBM/SH, no qual se encontram aparelhos de comutação para telefonia e telegrafia. O Decreto n° 151/91, que relaciona os bens que farão jus à isenção do IPI prevista na Lei n° 8.191, de 11 de junho de 1991, em seu anexo, discrimina os bens de informática isentos do IPI, dentre os quais, aparece o item 8517.30.0101 da NBM/SH (aparelhos de comutação para telefonia e telegrafia). O Decreto n° 1070, de 2 de março de 1994, que regulamentou a Lei n° 8.248/91, que dispõe sobre a contratação de bens e serviços de informática e automação pela Administração Federal, em seu art. 2°, estipula que para os fins do decreto, consideram-se bens e serviços de informática, os bens relacionados em seu anexo, do qual consta aparelhos de comutação para telefonia e telegrafia. As portarias MIR/MCT/MICT/MC n° 272/93 e 273/93, que tratam dos bens de informática aplicados às telecomunicações, referem-se a aparelhos de comutação para telefonia e telegrafia. Toda a legislação acima mencionada considera que os bens internados pela empresa são bens de informática, ainda que aplicados às telecomunicações. Nestes termos, apesar de a Lei n°8.387/91 não definir o que seriam bens de informática, excetuados do beneficio concedido, 111) Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n°. : CSRF/03-03.129 legislação correlata e afim claramente considera que aparelhos de comutação para telefonia e telegrafia são efetivamente bens de informática, e portanto, não fazem jus à redução de 88% do imposto de importação. Por essas razões, a Fazenda Nacional preliminarmente requer seja provido o presente recurso com o fim de ser reformado o Acórdão Recorrido, afastando a preliminar de cerceamento de defesa e restabelecendo a decisão de 1a instância. Quanto ao mérito, a Fazenda Nacional requer a restituição do processo ao Terceiro Conselho de Contribuintes para julgamento." Devidamente cientificado, o sujeito passivo encaminhou suas contra razões na apelação promovida pela Procuradoria da Fazenda Nacional, com guarda do prazo legal, alegando, basicamente, que desde o primeiro momento em que se defendia do Auto de Infração lavrado por considerar se o equipamento denominado "Central de Comutação Telefônica" como bem de informática, não amparado, portanto, pela redução de 88% do imposto de importação deferida pela Resolução 125/92 — CAS, requeria a perícia técnica nos referidos aparelhos como única forma de determinar a sua verdadeira natureza e constatar se a licitude da redução de alíquota praticada pela empresa, em harmonia com os atos normativos baixados pelo CAS. Prosseguiu afirmando que, como bem assinalado pelo ilustre relator do Acórdão recorrido, a autoridade julgadora de primeiro grau, efetivamente, cerceou o seu direito constitucional de ampla defesa e que a ora recorrente traz, agora, aos autos, equivocadamente, um rol de normativos procurando demonstrar a desnecessidade da perícia que, efetivamente, é uma questão de fato e não de direito, como entende a d Procuradoria da Fazenda Nacional. É o relatório. Processo n°. 10283.001794/95-51 Acórdão n° : CSRF/03-03.129 VOTO Conselheiro HENRIQUE PRADO MEGDA, Relator. O Auto de Infração inaugural, na descrição dos fatos que deram origem à exigência fiscal esclarece que o lançamento foi procedido tendo em vista tratar se, a mercadoria em comento (Centrais de Comutação Telefônica), de bem de informática, conforme componentes, partes e peças que compõem o produto e, também, conforme tratamento dado na Portaria Interministerial MCT/MICT/MC n° 273/93, Resolução SCT 20/90, Decreto n° 1070/94 (art. 2, Inciso I) e Portaria DECEX n° 06/91, todos considerando a referida Central de Comutação Telefônica com bem de informática Por seu turno, já na impugnação o sujeito passivo assim se expressou, com relação e esta questão: "Todavia, equivocou-se a D. Fiscalização ao analisar os fatos, informações e dados coletados, que levaram ao incorreto entendimento de que as Centrais de Comutação Telefônica seriam bens de informática. Assim, tendo partido dessa enganosa premissa, divorciada da realidade, a D. Fiscalização concluiu que a Requerente aproveitou benefício ao qual não teria direito e, por esse motivo exigiu as diferenças do tributo. Na verdade, o equívoco no qual incorreu a D. Fiscalização reside no fato de haver se confundido na interpretação de Portarias e Pareceres, acima citados, anteriores ao reconhecimento do benefício concedido. Ora, à época que a Resolução n° 125/92 foi expedida, a Portaria Interministerial MIR/MCT/MICT/MC n° 273/93 e Decreto 1070/94 não haviam sido editados, motivo pelo qual não se pode alegar que o ato administrativo é ilegal ou ilegítimo, eis que em momento algum deixou de observar dispositivo de Lei. A palavra comutação, utilizada tanto para identificar os produtos da Requerente, como também para determinar uma das funções técnicas dos bens de informática, refere-se à transferência de dados, informações ou impulsos elétricos, mas por si não é suficiente para 4 Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n°. : CSRF/03-03.129 fazer que as Centrais de Comutação Telefônica convertam-se em bens de informática. O que é importante para o enquadramento na categoria de bens de informática é a finalidade última do equipamento. O Dicionário "Aurélio" define informática como a ciência que visa ao tratamento da informação através do uso de equipamentos e procedimentos da área de processamento de dados. Ora, as centrais telefônicas são equipamentos de transmissão da palavra falada ou de sons a distância não podem ou confundidos com equipamentos de informática em função de sua própria natureza. O Parecer Técnico n°17/92 da SUFRAMA, que serviu de base para a Resolução n° 125/92, evidencia que os produtos da Requerente não representam bens de informática, tanto que se permitiu ã Requerente o direito à redução do Imposto de Importação. Não obstante isso, a D. Fiscalização autuante considera os produtos da Requerente como sendo bens de informática. Com efeito, nos dias de hoje a informática está presente, como acessório, em vários equipamentos. O fato de um automóvel ser munido de "computador a bordo", "sensores de velocidade e temperatura", não desnatura sua natureza de veículos de transporte. Assim ocorre com as geladeiras, máquinas de lavar e demais aparelhas de uso doméstico ou industrial. É claro que existe nesses equipamentos a presença da informática. É a chamada "eletrônica embarcada". Todavia, trata-se de uma característica acessória, que não desnatura a característica principal, de utilização do produto. Um carro continuará a ser um carro, da mesma forma que uma geladeira ou máquina de lavar, motivo pelo qual, nenhum deles poderá ser considerado "bem de informática." Para que não existam dúvidas quanto à natureza dos bens objeto do benefício, e tendo em vista o princípio da eventualidade, caso os argumentos acima expostos não sejam considerados suficientes para a demonstrar a improcedência da exigência fiscal, a Requerente, desde já protesta pela realização de prova pericial para determinação da correta classificação e determinação da natureza das Centrais de Comutação Telefônica produzidas produzidas pela Requerente em Manaus. Para isso, a Requerente pleitea seja intimada da nomeação dos peritos da confiança da D. Fiscalização, observados os trâmites e formalidades do Decreto n° 70.235, de 1972 e Lei n° 8.748, de 1993, para que possa indicar seu assistente técnico acompanhar os trabalhos técnicos." O julgador monocratico deixou de acolher a solicitação de perícia formuiada pela autuada, reputando a desnec.-essária, tendo em vista que a elassificaçã-ii/ Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n° : CSRF/03-03.129 fiscal foi declarada pela própria empresa, dela não discordando a autoridade tributaria, não restando, da mesma forma, qualquer duvida quanto à natureza das Centrais de Comutação Telefônica de acordo com a legislação que rege a matéria, assim fundamentado o "decisum": "No julgamento dos autos deve-se distinguir dois tipos de análise: em primeiro lugar, deve ser analisada a natureza das centrais de comutação telefônica, enquadrando-as ou não como bens de informática e, em segundo lugar, a questão da redução de 88% do imposto sobre importação, se a empresa tem direito ou não ao benefício, em vista do que dispõe a Resolução n° 125/92-CAS. O Decreto-Lei n° 288/67, que instituiu a Zona Franca de Manaus, estabelece em seu art. 7°, § 4°, com a redação dada pelo art. 1°, da Lei n°8.387/91, diz: "Art. 7° - §40 - Para os produtos industrializados na Zona Franca de Manaus, salvo os bens de informática e os veículos a redução de que trata o "caput" deste artigo será de oitenta e oito por cento". (o grifo é nosso). Como se verifica da transcrição legal acima, os bens de informática não gozam da redução de 88% do imposto sobre importação. Portanto, a única possibilidade jurídica para conceder às centrais de comutação telefônica, esse benefício fiscal, seria não as considerar bens de informática. No que diz respeito à definição do que seria considerado bens de informática, cabe fazer um breve histórico sobre a legislação relativa à matéria. A Lei n° 7.232/84, que dispões sobre a Política Nacional de Informática, em seu art. 3°, define as atividades de informática, vejamos: "Art.3° - Para os efeitos desta Lei, consideram-se atividade de informática aquelas ligadas ao tratamento racional e automático da informacão e, especificamente, as de: 1- II - pesquisa, importação, exportação, fabricação, comercialização e operação de máquinas, equipamentos e dispositivos baseados em técnica digital com funções técnicas de coleta, tratamento, estruturação, armazenamento, comutação, tip Processo n° 10283001794/95-51 Acórdão n° . CSRF/03-03.129 recuperação e apresentação da informação, seus respectivos insumos eletrônicos, partes, peças e suporte físico para operação: iS (grifamos) A Lei 8.191/91 instituiu a isenção do imposto sobre produtos industrializados aos bens de informática. O Decreto n° 151/91 que relaciona os bens que farão jus à isenção do IPI prevista na Lei n° 8.191/91, inclui, na referida relação, a classificação fiscal 8517.30.0101, a qual, conforme a Nomenclatura Brasileira de Mercadorias, baseada no Sistema Harmonizado (NBM/SH), refere-se à central de comutação automática para telefonia (vide fls. 212 a 215). Da mesma forma, o Decreto n° 1.070/94 considera as centrais de comutação telefônica como bens de informática. Embora o dispositivos legais mencionados não se reportem aos benefícios da ZFM, os mesmos servem de subsídio para caracterizar o entendimento de que as centrais de comutação telefônica são bens de informática. Também a Portaria Interministerial MIR/MCT/MICT/MC n° 272/93, que estabelece o processo produtivo básico, para os bens de informática aplicados às telecomunicações, industrializados na Zona Franca de Manaus, em seu anexo, relaciona os produtos que são definidos como bens de informática, por serem ligados ao tratamento racional e automático da informação, nos termos do art. 30 da Lei n° 7.232/84. Em tal anexo constam os aparelhos de comutação para telefonia (vide fls. 216 a 218). Igualmente, a Portaria MIR/MCT/MICT/MC n° 272/93 (fls. 16 e 17) considera como bens de informática, os aparelhos de comutação para telefonia. A empresa argumenta que o Decreto n° 1.070/94 e as Portarias Interministeriais MIR/MCT/MICT/MC nos 272/93 e 273/93 foram editados após a expedição da Resolução n° 125/92 do Conselho de Administração da SUFRAMA e, portanto, a fiscalização cometeu um equívoco na interpretação desses dispositivos, já que não se pode alegar que o ato administrativo é ilegal, eis que em momento algum deixou de observar dispositivo de Lei. Processo n°. 10283.001794/95-51 Acórdão n°. CSRF/03-03.129 Cabe esclarecer que a legislação citada, apesar de ter sido editada após a Resolução n° 125/92, serve para confirmar a interpretação de que as centrais de comutação telefônica são bens de informática, como já havia definido, anteriormente, as Leis n°s 7232/84 e 8191/91 e o Decreto n° 151/91. Assim, as referidas centrais de comutação, sendo bens de informática, não poderiam usufruir da redução de 88% do imposto sobre importação, haja vista que a Lei n° 8.387, de 30/12/91, anterior à Resolução n° 125192, excetua os bens de informática do gozo desse benefício fiscal. Da mesma forma, não prospera o argumento da empresa de que a autuação baseou-se em opinião leiga, a respeito da interpretação de questões técnicas. Como foi demonstrado, as centrais de comutação telefônica são consideradas bens de informática, por vontade expressa da lei Ao contrário do que alega a impugnante, a fiscalização não se confundiu na interpretação da palavra comutação. Na verdade quem se confundiu não considerando, as referidas centrais, como bens de informática, foi a própria impugnante, posto que tais produtos, como estabelecem os dispositivos legais acima mencionados, são bens ligados ao tratamento racional e automático da informação e, portanto, são bens de informática aplicados às telecomunicações." Já o ilustre relator designado do acórdão recorrido deu acolhida ao pedido da empresa reconhecendo o cerceamento do seu direito de defesa pela insuficiência, nos autos de elementos técnicos determinantes da natureza específica dos bens em questão, contrariamente ao entendimento expressado pelo relator original (vencido), assentado na Resolução 20/90 da Secretaria de Ciência e Tecnologia da Presidência da Republica. No entanto, não havendo, comprovadamente, qualquer dúvida quanto à classificação fiscal da mercadoria bem como quanto à sua natureza, amplamente esclarecida pelas normas citadas, entendo não merecer qualquer reparo a r decisão monocrática ao indeferir a perícia formulada considerando a prescindível para o deslinde da questão, nos termos do art. 18 do decreto 70.235/72, com a redação dad- Processo n°. : 10283.001794/95-51 Acórdão n°. CSRF/03-03 129 pela Lei n° 8.748/93, observado o disposto no art. 28 do referido Decreto, razão pela qual acolho o pleito da d. Procuradoria da Fazenda Nacional, no sentido de anular o Acórdão recorrido, devendo o processo ser retornado à Câmara de origem, para que se pronuncie sobre o mérito do recurso ordinário. Sala das Sessões - DF, em 14 de agosto de 2000 • H'EN-R- lQU PRADO MEGDA Page 1 _0000200.PDF Page 1 _0000300.PDF Page 1 _0000400.PDF Page 1 _0000500.PDF Page 1 _0000600.PDF Page 1 _0000700.PDF Page 1 _0000800.PDF Page 1 _0000900.PDF Page 1 _0001000.PDF Page 1 _0001100.PDF Page 1
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