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Numero do processo: 10320.902691/2012-61
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Mar 16 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2011
MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA
Com a intempestividade da Manifestação de Inconformidade, não se instaura a fase litigiosa do contencioso administrativo fiscal, impedindo-se, assim, a análise do Recurso Voluntário, mesmo que este seja apresentado dentro do prazo de 30 dias, contado do recebimento do acórdão recorrido.
Numero da decisão: 1302-002.670
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator.
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Julio Lima Souza Martins (Suplente convocado) e Flávio Machado Vilhena Dias.
Nome do relator: LUIZ TADEU MATOSINHO MACHADO
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ementa_s : Assunto: Processo Administrativo Fiscal Ano-calendário: 2011 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA Com a intempestividade da Manifestação de Inconformidade, não se instaura a fase litigiosa do contencioso administrativo fiscal, impedindo-se, assim, a análise do Recurso Voluntário, mesmo que este seja apresentado dentro do prazo de 30 dias, contado do recebimento do acórdão recorrido.
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do recurso voluntário, nos termos do relatório e voto do relator. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Luiz Tadeu Matosinho Machado, Rogério Aparecido Gil, Lizandro Rodrigues de Sousa (Suplente convocado), Gustavo Guimarães da Fonseca, Marcos Antonio Nepomuceno Feitosa, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Julio Lima Souza Martins (Suplente convocado) e Flávio Machado Vilhena Dias. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 32 0. 90 26 91 /2 01 2- 61 Fl. 102DF CARF MF Processo nº 10320.902691/201261 Acórdão n.º 1302002.670 S1C3T2 Fl. 3 2 Relatório O contribuinte, Equatorial Soluções SA, ora Recorrente, apresentou Declaração de Compensação (PER/DCOMP nº 18026.79747.250612.1.3.045985), com a qual pretendia utilizar um suposto crédito decorrente de pagamento indevido ou a maior de CSLL para quitar débitos próprios de tributos federais. Contudo, em despacho decisório emitido pela Delegacia da Receita Federal em São Luiz, o crédito indicado no mencionado PER/DCOMP não foi reconhecido e, por consequência, a compensação não foi homologada. O Recorrente foi devidamente intimado do despacho decisório que não homologou a compensação pretendida. Contudo, ao apresentar sua Manifestação de Inconformidade, com as alegações acerca da suposta legitimidade do crédito indicado na PER/DCOMP, o fez após ultrapassados os 30 dias estipulados na legislação em vigor para manejo do recurso administrativo. Desta feita, a Delegacia da Receita Federal de Julgamento de São Paulo I (SP), demonstrando aquela intempestividade, proferiu acórdão, no qual não conheceu do apelo do contribuinte. O acórdão recebeu a seguinte ementa: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2011 MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. Manifestação de inconformidade apresentada fora do prazo legal não instaura a fase litigiosa do procedimento administrativo e não pode ser conhecida pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento. Devidamente intimado, o Recorrente apresentou tempestivamente Recurso Voluntário, alegando, em síntese, que o indeferimento do crédito indicado no pedido de compensação só ocorreu por um "erro da administração", uma vez que, pela análise detida das declarações do contribuinte, o direito creditório deveria ser reconhecido. Assim, independentemente da intempestividade da Manifestação de Inconformidade, requereu que o Recurso Voluntário fosse conhecido e provido, para, ao final, ser reconhecido o crédito utilizado para o pagamento de débitos próprios do contribuinte, como indicado no pedido de compensação apresentado. Este é o relatório. Fl. 103DF CARF MF Processo nº 10320.902691/201261 Acórdão n.º 1302002.670 S1C3T2 Fl. 4 3 Voto Conselheiro Luiz Tadeu Matosinho Machado, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1302002.668, de 16.03.2018, proferido no julgamento do processo nº 10320.901811/201211, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1302002.668): A questão posta em análise é simples e não demanda maiores divagações. . Como se depreende dos autos, o Recorrente foi intimado do despacho decisório que não homologou o crédito indicado em pedido de compensação no dia 16/11/2012, sendo o dia o 18/12/2012 o último dia para o manejo da Manifestação de Inconformidade. Entretanto, a Manifestação de Inconformidade só foi protocolizada no dia 21/12/2012, ou seja, após extrapolado o prazo de 30 dias estipulado pela legislação para apresentação do referido recurso. Como é sabido, o art. 74, § 9º da Lei n.º 9.430/96 (redação dada pela Lei n.º 10.833/2003), determina que, nos casos de pedidos de compensação, em que não houver a homologação pela autoridade fiscal ou que se esta homologação for parcial, o contribuinte deverá apresentar Manifestação de Inconformidade no prazo de 30 dias, contados do recebimento do despacho denegatório. Confirase a redação do dispositivo: Art. 74. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive os judiciais com trânsito em julgado, relativo a tributo ou contribuição administrado pela Secretaria da Receita Federal, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios relativos a quaisquer tributos e contribuições administrados por aquele Órgão. (...) § 7º Não homologada a compensação, a autoridade administrativa deverá cientificar o sujeito passivo e intimálo a efetuar, no prazo de 30 (trinta) dias, contado da ciência do ato que não a homologou, o pagamento dos débitos indevidamente compensados.(Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) § 9º É facultado ao sujeito passivo, no prazo referido no § 7o, apresentar manifestação de inconformidade contra a não homologação da compensação. (Redação dada pela Lei nº 10.833, de 2003) Fl. 104DF CARF MF Processo nº 10320.902691/201261 Acórdão n.º 1302002.670 S1C3T2 Fl. 5 4 Por outro lado, o Decreto 70.235/72, assim estipula a forma de contagem dos prazos no âmbito do contencioso administrativo fiscal: Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único. Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato. E mais: o artigo 14 do referido Decreto aduz que a apresentação da Impugnação da exigência fiscal, que, mutatis mutandis, tem a mesma função da Manifestação de Inconformidade, instaura "a fase litigiosa do procedimento". Assim, não restam dúvidas, pela interpretação sistemática do ordenamento, em especial daqueles dispositivos que regem o processo administrativo em âmbito federal, que a não apresentação ou a apresentação fora do prazo previsto em lei de Impugnação/Manifestação de Inconformidade afasta a instauração da fase litigiosa administrativa, tornando, por consequência, a autuação fiscal definitiva (pelo menos em âmbito administrativo). Esta é, inclusive, a orientação do Ato Declaratório Normativo COSIT n.º 15/1996. Vejase: Declara, em caráter normativo, às Superintendências Regionais da Receita Federal, às Delegacias da Receita Federal de Julgamento e aos demais interessados que, expirado o prazo para impugnação da exigência, deve ser declarada a revelia e iniciada a cobrança amigável, sendo que eventual petição, apresentada fora do prazo, não caracteriza impugnação, não instaura a fase litigiosa do procedimento, não suspende a exigibilidade do crédito tributário nem comporta julgamento de primeira instância, salvo se caracterizada ou suscitada a tempestividade, como preliminar No caso em apreço, é incontroverso que o Recorrente apresentou sua Manifestação de Inconformidade depois de transcorridos 30 dias, contados do recebimento da intimação do Despacho Decisório lavrado pela autoridade fiscal. Assim, é preclusa a matéria apresentada no Recurso Voluntário, uma vez que, repitase, não foi instaurada a fase litigiosa do contencioso administrativo. Este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais tem inúmeros julgados nesse sentido. Como exemplo, citase: CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS CARF Terceira Seção QUARTA CÂMARA SEGUNDA TURMA RECURSO: RECURSO VOLUNTÁRIO MATÉRIA: PIS ACÓRDÃO: 3402003.473 Assunto: Processo Administrativo Fiscal Data do fato gerador: 01/01/2000 Fl. 105DF CARF MF Processo nº 10320.902691/201261 Acórdão n.º 1302002.670 S1C3T2 Fl. 6 5 COMPENSAÇÃO. NÃOHOMOLOGAÇÃO. MANIFESTAÇÃO DE INCONFORMIDADE INTEMPESTIVA. A Manifestação de Inconformidade somente será conhecida se apresentada até o trigésimo dia subsequente à data da ciência do Despacho Decisório que negou a compensação. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA. RECURSO VOLUNTÁRIO. APRECIAÇÃO. PRECLUSÃO. É preclusa a apreciação de matéria no Recurso Voluntário quando considerada intempestiva a apresentação da correspondente manifestação de inconformidade. Recurso Voluntário Negado. Desta feita, o recurso não deve ser conhecido, uma vez que não atacou em específico a declaração de intempestividade do acórdão recorrido, à luz do que determina os preceitos do art. 17 e 33 do Decreto 70.235/72. Diante do exposto, NÃO CONHEÇO do Recurso Voluntário. No presente processo, o Recorrente foi intimado do despacho decisório que não homologou o crédito indicado em pedido de compensação no dia 21/01/2013, sendo o dia o 20/02/2013 o último dia para o manejo da Manifestação de Inconformidade. Entretanto, a Manifestação de Inconformidade só foi protocolizada no dia 21/02/2013, ou seja, após extrapolado o prazo de 30 dias estipulado pela legislação para apresentação do referido recurso. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, não conheço do recurso voluntário. (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Fl. 106DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10283.904569/2012-12
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/11/2008 a 30/11/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS.
A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-005.036
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/11/2008 a 30/11/2008 PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário negado.
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PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 45 69 /2 01 2- 12 Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de Contribuição para PIS. O Despacho Decisório denegatório do direito pleiteado inicialmente, fundamentou a não homologação da compensação sob a justificativa de que o pagamento referente ao DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ciente do Despacho Decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva, na qual alega em síntese que: • A legislação federal referente à restituição/compensação assegura em caso de não homologação da compensação o direito a interposição de manifestação de inconformidade; • O Despacho Decisório de não homologação foi demasiadamente sucinto e não esclareceu o porquê da decisão. • Os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa não foram respeitados pela administração tributária. O Despacho Decisório deve ser considerado nulo uma vez que não expôs os motivos da não homologação prejudicando seu direito de defesa; • É “empresa industrial com projeto aprovado na SUFRAMA e detentora de incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967, bem como sujeita ao regime de apuração pela sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, podendo descontar créditos que poderão ser deduzidos do montante devido de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.” • Faz jus aos créditos de PIS e COFINS, com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, especificamente com relação ao inciso III: “energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica.” • Levantou os créditos no mês de competência e utilizou parte do crédito oriundo do previsto no inciso III dos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, para compensar com as contribuições vencidas no período, conforme DACONs retificadoras; “A manifestante, inclusive, providenciou a Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 3 retificação da DCTF correspondente, regularizando qualquer pendência que ainda pudesse haver.” A defesa relaciona os Acórdãos nºs 1246124 de 10 de maio de 2012 da 17ª Turma e 1638673 de 11 de maio de 2012 da 3ª Turma. (...) • Ao final requer que se julgue procedente a Manifestação de Inconformidade, para o efeito de reformar o Despacho Decisório exarado no processo. Sobreveio então o Acórdão 08033.049, da DRJ/FOR, negando provimento à manifestação de inconformidade, por entender que "a eficácia da retificação da DCTF, quando apresentada após a ciência do Despacho Decisório, depende de comprovação, a cargo do contribuinte, do erro em que se funda, mediante escrituração e documentos", comprovação esta que não restou satisfeita. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação ao lançamento tributário com relação ao mérito da questão, bem como alegando que a decisão recorrida não analisou a documentação apresentada no seu entender, suficiente para garantir o crédito pleiteado , deixando prevalecer erro material nas declarações inicialmente prestadas pela Contribuinte, mas depois devidamente sanadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402005.034, de 22 de março de 2018, proferida no julgamento do processo 10283.904567/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu no Acórdão nº 3402005.034: "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 4 Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à Contribuição ao PIS, decorrente de pagamentos indevidos e créditos que teria direito pela sistemática da não cumulatividade da contribuição social (incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967 e com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, respectivamente). 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 5 Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon e da DCTF, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 6 inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Quanto à DCTF, cuja retificação foi feita posteriormente à prolação do despacho decisório, tampouco salvaguarda o pleito da Recorrente. Explico. Este Conselho possui pacífica jurisprudência, tanto nas turmas ordinárias (e.g. Acórdãos 3801004.289, 3801004.079, 3803003.964) como na Câmara Superior de Recursos Fiscais (e.g. Acórdão 9303005.519), no sentido de que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do crédito quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original. Tal entendimento fundase na letra do artigo 147, § 1º do Código Tributário Nacional, a seguir transcrito: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na for ma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Portanto, a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não é suficiente para a demonstração do crédito pleiteado em PER/DCOMP, sendo imprescindível que a Contribuinte faça prova do erro em que se fundou a retificação. Nesse sentido, destaco a ementa do Acórdão nº 9303005.708, cujo julgamento na CSRF, por unanimidade, ocorreu em 19 de setembro de 2017: Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 7 ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/04/2001 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado.) Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. No caso em análise, a Contribuinte esclarece que teria apurado créditos de PIS, contudo, para comprovar a liquidez e certeza do crédito informado nas declarações (DCTF e DACON) é imprescindível que seja demonstrada através da escrituração contábil e fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10283.904569/201212 Acórdão n.º 3402005.036 S3C4T2 Fl. 0 8 diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A Contribuinte não juntou aos autos nenhum documento contábil ou fiscal capaz de comprovar a liquidez e certeza do credito apontado. Somente insistiu que as declarações retificadoras seriam suficientes para tanto, mesmo após a decisão da DRJ ter expressamente colocado quais documentos seriam necessários para a efetividade da prova do crédito. Sobre esse ponto, saliento que este Colegiado vem admitindo provas apresentadas em sede de recurso voluntário, haja vista o princípio da verdade material e da informalidade moderada que reinam na esfera do processo administrativo. Todavia, nem em sede recursal a Recorrente se desincumbiu do ônus da prova. Dessarte, não tendo sido comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 408DF CARF MF
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Numero do processo: 10850.900727/2013-64
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3001-000.048
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que aprecie os documentos apresentados pela recorrente no Recurso Voluntário, para que a autoridade fiscal da repartição de origem analise as Dacon's, bem como intime o recorrente para apresentar a respectiva escrita contábil e fiscal e os documentos a ela inerentes e, a critério da fiscalização, outros elementos de prova e/ou esclarecimentos que entenda necessários para comprovar a pertinência das informações contidas na Dacon e DCTF retificadora.
(assinado digitalmente)
Orlando Rutigliani Berri Presidente
(assinado digitalmente)
Renato Vieira de Avila - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo.
Nome do relator: RENATO VIEIRA DE AVILA
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do recurso em diligência à Unidade de Origem, para que aprecie os documentos apresentados pela recorrente no Recurso Voluntário, para que a autoridade fiscal da repartição de origem analise as Dacon's, bem como intime o recorrente para apresentar a respectiva escrita contábil e fiscal e os documentos a ela inerentes e, a critério da fiscalização, outros elementos de prova e/ou esclarecimentos que entenda necessários para comprovar a pertinência das informações contidas na Dacon e DCTF retificadora. (assinado digitalmente) Orlando Rutigliani Berri Presidente (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Orlando Rutigliani Berri, Cleber Magalhães, Renato Vieira de Avila e Cássio Schappo. Relatório Tratase de Recurso Voluntário interposto com o fim de guerrear a decisão de piso cujo enredo a ser tratado, cingese à manutenção de negativa de homologação de compensação sob fundamento de ausência de entrega de DCTF retificadora anteriormente à entrega da DCOMP. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 08 50 .9 00 72 7/ 20 13 -6 4 Fl. 133DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 141 2 Despacho Decisório Em decisão sobre pedido de Compensação efetuado em Per/Dcomp na qual, houve reconhecimento de direito creditório que foi insuficiente para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo, razão pela qual foi homologado parcialmente a compensação declarada não havendo valor a ser restituído/ressarcido. Manifestação de Inconformidade A recorrente, em breve síntese, alega ter ocorrido pagamento a maior de Cofins, motivo pelo qual compensou com débito posterior. Em sua defesa, socorrese ao argumento de haver enviado DCTF retificadora, inserindo, portanto, a informação sobre a operação tributária efetuada, ressaltando, ter sido entregue anteriormente à emissão do Despacho Decisório. DRJ/FNS A manifestação de inconformidade teve a seguinte ementa: Acórdão 0737.347 4ª Turma COMPENSAÇÃO. INDÉBITO ASSOCIADO A ERRO EM VALOR DECLARADO EM DCTF. REQUISITO PARA HOMOLOGAÇÃO. Nos casos em que a existência do indébito incluído em declaração de compensação está associada à alegação de que o valor declarado em DCTF e recolhido é indevido, só se pode homologar tal compensação, independentemente de eventuais outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da DCOMP, retifica regularmente a DCTF. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido O relatório, por bem retratar a formação probatória nos autos, e, de maneira fidedigna, reproduzir o narrado, merece ser reproduzido em íntegra: Trata o presente processo de Declaração de Compensação (Dcomp) eletrônica nº 28512.44809.070313.1.3.040152, transmitida em 07 de março de 2013, por meio da qual a contribuinte solicita compensação de débito com crédito, no valor de R$ 4.316,83, que teria sido indevidamente recolhido a título de Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, mediante Darf código 2172, em 23 de abril de 2010, no valor de R$ 44.517,99, relativo ao período de apuração de 31 de março de 2010. Na apreciação do pleito, manifestouse a Delegacia da Receita Federal do Brasil em São José do Rio Preto SP pela homologação parcial da compensação declarada, mediante Despacho Decisório, à folha 7, emitido em 04 de abril de 2013, reconhecendo somente o valor de R$ 17,23, uma vez que o valor recolhido já havia sido parcialmente utilizado para extinção de (a) débito relativo ao período de apuração a que se referia, no valor de R$ 41.789,07, e (b) no PER/Dcomp nº 08187.99631.070313.1.7.040300, restando crédito disponível inferior ao crédito pretendido, insuficiente para compensação dos débitos informados na Dcomp. Fl. 134DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 142 3 Inconformada com a homologação parcial da compensação, a contribuinte apresenta manifestação de inconformidade na qual alega, em síntese, que transmitiu a Dcomp em 07 de março de 2013 e a DCTF retificadora, com o valor correto do débito de Cofins, relativo ao período de apuração de 31 de março de 2010, em 28 de março de 2013. Ressalta a interessada que a transmissão da Dcomp e da DCTF retificadora ocorreram antes da emissão do Despacho Decisório, em 04 de abril de 2013. Após as necessárias informações fáticas, buscase nas razões de voto, a argumentação tecida para destacar o cerne discutido nestes autos e motivos de decisão, transcritos a seguir: No caso concreto que aqui se tem, a contribuinte, na data de apresentação da Dcomp (em 07 de março de 2013), não havia retificado a DCTF, documento no qual, como é sabido, são declarados, com força de confissão de dívida, os valores dos tributos devidos. Assim, não se pode dizer que, naquele momento, tivesse existência jurídica o crédito contra a Fazenda Nacional alegado pela contribuinte, motivo pelo qual a não homologação promovida pela DRF foi correta. Ainda que a contribuinte, posteriormente à entrega da Dcomp, tenha tratado de retificar formalmente a DCTF (em 28 de março de 2013), esta não teria o efeito de validar retroativamente a compensação instrumentada por Dcomp Recurso Voluntário O que se afirma, e isto sim, é que só a partir da retificação da DCTF é que a contribuinte passa a ter crédito contra a Fazenda devidamente conformado na forma da lei. Assim, a retificação efetuada pode produzir efeitos em relação a Dcomp apresentada posteriormente a esta retificação, mas não para validar compensações anteriores. Recurso Voluntário Em sede de seu peça recursal, a recorrente narra o histórico processual destacando tratarse o tema, de compensação de pagamento a maior de Cofins, cuja decisão de piso considerou legítima, sob o argumento: só se pode homologar a compensação, independentemente de outras verificações, nos casos em que o contribuinte, previamente à apresentação da Dcomp, retifica regularmente a DCTF. Neste sentido, contrapõe a decisão sob vergasta sob o fundamento de ter efetivado retificação de DCTF, posteriormente à Dcomp, mas anteriormente ao Despacho Decisório. DCTF Retificadora Alega a recorrente que, mesmo tendo ocorrido a mencionada retificação, mediante transmissão da DCTF retificadora, alega não ter sido reconhecido pelo sistema da Receita Federal, incitando, em seu favor, a IN 1.110/2010, cujo parágrafo primeiro traz conteúdo normativo autorizando à retificadora, ter a mesma natureza da declaração enviada. Traz jurisprudência desta casa em seu benefício. Fl. 135DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 143 4 É o relatório. Voto Conselheiro Renato Vieira de Avila Relator Tratase de Recurso Voluntário no qual foram satisfeitos todos os pressupostos de admissibilidade, dele, portanto, tomo conhecimento. O cerne discutido relacionase com o tema da possibilidade de alterarse a DCTF, para fins de corrigir o montante apurado, mediante transmissão de retificadora, após a prolação do despacho decisório. Ainda, de entenderse como legítimos os valores lançados anteriormente em DACON. Com o brilhantismo que lhe é peculiar, o presidente desta Turma Extraordinária vem sustentando corrente, na qual compreende em profundidade, a necessária oportunização, ao contribuinte, de momentos adequados à formação probatória, nos casos em que, consistentemente, descreveu na proposta de Resolução 3001000.043: Da justificativa para a proposta de diligência Como relatado, o caso sob exame referese ao inconformismo do contribuinte, em razão da decisão contida em despacho decisório que deferiu parcialmente o pedido de ressarcimento da contribuição pleiteada com a apresentação do Per/Dcomp, homologando em parte a compensação nele declarada, ao argumento de o crédito apurado ser inferior ao requerido, consequentemente o montante reconhecido pela autoridade fiscal ser insuficiente para extinguir a totalidade do débito declarado pelo interessado. O contribuinte, desde a sua manifestação de inconformidade, sustenta que equivocouse quando do preenchimento do demonstrativo anexo ao Per/Dcomp em questão, posto que indicou que o crédito solicitado seria oriundo de aquisições no mercado interno vinculadas a receitas não tributadas no mercado interno, quando, em verdade, parcela deste crédito decorreria de receitas de exportação; bem assim quando preencheu o respectivo Dacon, pois deixou de segregar os valores dos créditos vinculados às receitas internas daqueles originários das vendas para o mercado externo. Entretanto, o acórdão vergastado manteve o indeferimento do pedido de compensação. Tal indeferimento do pleito está fundamentado em duas premissas. A primeira, porque o colegiado a quo entendeu que o Per/Dcomp não é instrumento adequado para pleitear créditos de natureza distintas. A segunda, porque a decisão recorrida concluiu que o interessado não apresentou prova hábil suficiente para demonstrar a efetiva existência do crédito adicional, a fim de comprovar os alegados erros cometidos quando do preenchimento do Dacon e do Per/Dcomp, como, por exemplo, os demonstrativos contábeis, conferindo liquidez e certeza do crédito informado na declaração de compensação. Fl. 136DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 144 5 Portanto, em síntese, o fundamento que norteou a conclusão da decisão recorrida foi a falta de apresentação de documentação probante satisfatória, como, por exemplo, a escrituração contábilfiscal que corroborasse as informações apresentadas, notadamente, no Dacon retificador. O interessado, quando da apresentação do recurso voluntário, reafirma o cometimento dos equívocos apontados já na sua manifestação de inconformidade, qual seja erro no preenchimento dos respectivos Dacon e Per/Dcomp, razão pela qual apresentou o Dacon, referente ao mês de janeiro de 2006, em substituição do Dacon original, referente ao terceiro trimestre de 2005, salientando que na "Ficha 28B" consta a informação, de forma segregada, do crédito da contribuições ao PIS vinculado a receita nãotributada no mercado interno e proveniente de exportação e, no seu entender, seria suficiente para a solução do litígio uma vez que o fundamento do despacho decisório é a insuficiência de crédito reconhecido para compensar integralmente os débitos informados pelo sujeito passivo. Como o acórdão recorrido proferido pela 4ª Turma da DRJ/FOR indeferiu sua manifestação de inconformidade, agora pela falta de apresentação de documentação probante que demonstrasse o seu direito, o recorrente reapresentou os elementos de prova que entendeu ser suficiente para a comprovar a compensação declarada no Per/Dcomp 27809.10301.300508.1.3.118906, no Per/Dcomp 29057.71509.300508.1.3.117985, no Per/Dcomp 19492.01379.130809.1.7.116941 e no Per/Dcomp 11873.46918.120809.1.7.118359. Pois bem, creio que estarmos diante de um fato jurídico cuja aferição é direta e imediata, haja vista o que expressam as Dacon's em apreço referente ao mês de janeiro de 2006 e ao terceiro trimestre de 2005, dada a singeleza do pedido aliada à objetividade das informações coligidas aos presentes autos, para, neste sentido, considerar que existe dúvida razoável quanto à certeza e liquidez do direito creditório pleiteado. Por fim, arremata no sentido de haver a possibilidade de o contribuinte instruir os autos nesta fase recursal: É certo que é condição indispensável à compensação de tributos, a liquidez e certeza do crédito declarado, nos termos do que dispõe o art. 170A da Lei nº 5.172, de 1966 (Código Tributário Nacional CTN), o que impõe sua efetiva comprovação, mediante o oferecimento da pertinente escrita contábil fiscal do interessado. Deste modo, com vista a propiciar ao recorrente a oportunidade de comprovar os fatos alegados, em atendimento aos princípios Fl. 137DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 145 6 da verdade material, da ampla defesa e do contraditório, firmo a necessidade de o presente julgamento ser convertido em diligência. Da conclusão Do exposto, nos termos dos artigos 18 e 29 do Decreto nº 70.235 de 1972, proponho a realização de diligência para que a autoridade fiscal da repartição de origem analise as Dacon's referentes ao mês de janeiro de 2006 e ao terceiro trimestre de 2005, bem como intime o recorrente para apresentar a respectiva escrita contábilfiscal e os documentos a ela inerente e, a critério da fiscalização, outros elementos de prova e/ou esclarecimentos que entenda necessários para comprovar a pertinência das informações contidas na Dacon retificadora. Tal entendimento, exposto pelo ilustre conselheiro Orlando Rutigliani, encontra larga aceitação na jurisprudência desta Conselho, a exemplo, do acórdão abaixo transcrito, ao qual acato e cuja ementa espelha caso análogo: Acórdão 380201.111 COMPENSAÇÃO. DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO (DCOMP). CRÉDITO PASSÍVEL DE RESTITUIÇÃO NA DATA DA ENTREGA DA DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. COMPROVAÇÃO DA CERTEZA E LIQUIDEZ APENAS NA FASE RECURSAL. HOMOLOGAÇÃO DA COMPENSAÇÃO. POSSIBILIDADE. Homologase a compensação declarada quando, na fase recursal, forem comprovados os requisitos da certeza e liquidez do crédito utilizado no respectivo procedimento compensatório. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Data do fato gerador: 30/11/2002 PROVA DOCUMENTAL. APRESENTAÇÃO NA FASE RECURSAL. CONTRAPOSIÇÃO DE ARGUMENTO NOVO SUSCITADO NA DECISÃO RECORRIDA. PRECLUSÃO. INOCORRÊNCIA. Nos termos do art. 16, § 4º, “c”, do Decreto nº 70.235, de 1972, não está alcançada pela preclusão, a prova documental apresentada na fase recursal, destinada a contrapor argumento novo suscitado somente na decisão recorrida. PROCESSO DE COMPENSAÇÃO. DCTF RETIFICADORA. ENTREGA APÓS A EMISSÃO E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. COMPROVAÇÃO DA REDUÇÃO DO DÉBITO ORIGINAL. ORIGEM DO CRÉDITO COMPENSADO. ADMISSIBILIDADE. No âmbito do processo de compensação, inaugurado com a prolação do Despacho Decisório, uma vez comprovada, com documentação adequada, a redução do valor débito informada na DCTF retificadora, entregue após a emissão e ciência do citado Despacho, a parcela do Fl. 138DF CARF MF Processo nº 10850.900727/201364 Resolução nº 3001000.048 S3C0T1 Fl. 146 7 débito reduzida deve ser Conclusão Diante do exposto, alinhado aos princípios da ampla defesa e do contraditório, voto por dar provimento ao recurso voluntário, para cancelar o despacho decisório por vício material. Conclusão Do exposto, proponho a realização de diligência para que a autoridade fiscal da repartição de origem analise as Dacon's, bem como intime o recorrente para apresentar a respectiva escrita contábilfiscal e os documentos a ela inerente e, a critério da fiscalização, outros elementos de prova e/ou esclarecimentos que entenda necessários para comprovar a pertinência das informações contidas na Dacon e DCTF retificadora. Desta forma, os autos devem retornar para a unidade de origem. Ao término dos trabalhos, a autoridade fiscal diligenciante deverá elaborar relatório conclusivo sobre os fatos apurados na diligência, inclusive manifestandose sobre a existência de crédito líquido e certo suscetível de ser utilizado pelo recorrente. Encerrada a instrução processual o recorrente deverá ser intimado para, em assim desejando, manifestarse quanto aos novos elementos carreados aos presentes autos, no prazo de 30 (trinta) dias, antes da devolução do processo para este CARF, para julgamento. É como voto. (assinado digitalmente) Renato Vieira de Avila Fl. 139DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10980.016775/2007-49
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Dec 06 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Tue Mar 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2003, 2004
PRINCÍPIO DA DIALETICIDADE.
Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou a apresentação de motivos pelos quais deveria ser modificada fere o princípio da dialeticidade, segundo o qual os recursos devem expor claramente os fundamentos da pretensão à reforma.
FATO GERADOR.
O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do ano-calendário. (Súmula CARF nº 38)
DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO.
Para os tributos lançados por homologação, quando constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, o dies a quo para a contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que poderia ter sido lançado, por força do art. 173, I, do CTN.
MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%.
Restando configurado um dos elementos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado.
Numero da decisão: 2401-005.168
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos voluntários interpostos pelo devedor principal e solidário, afastar a decadência do crédito tributário e, no mérito, negar-lhes provimento.
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess Presidente em Exercício
(assinado digitalmente)
Luciana Matos Pereira Barbosa - Relatora
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Virgilio Cansino Gil e Rayd Santana Ferreira. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho.
Nome do relator: LUCIANA MATOS PEREIRA BARBOSA
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Recurso voluntário que não apresente indignação contra os fundamentos da decisão supostamente recorrida ou a apresentação de motivos pelos quais deveria ser modificada fere o princípio da dialeticidade, segundo o qual os recursos devem expor claramente os fundamentos da pretensão à reforma. FATO GERADOR. O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário. (Súmula CARF nº 38) DECADÊNCIA. CONTAGEM DO PRAZO. Para os tributos lançados por homologação, quando constatada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, o dies a quo para a contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício seguinte aquele em que poderia ter sido lançado, por força do art. 173, I, do CTN. MULTA DE OFÍCIO QUALIFICADA DE 150%. Restando configurado um dos elementos previstos nos artigos 71, 72 e 73 da Lei n.º 4.502, de 30 de novembro de 1964, o percentual da multa de que trata o inciso I, do artigo 44, da Lei n.º 9.430/1996 deverá ser duplicado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 98 0. 01 67 75 /2 00 7- 49 Fl. 593DF CARF MF 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos recursos voluntários interpostos pelo devedor principal e solidário, afastar a decadência do crédito tributário e, no mérito, negarlhes provimento. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess – Presidente em Exercício (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa Relatora Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Cleberson Alex Friess, Andréa Viana Arrais Egypto, Luciana Matos Pereira Barbosa, Virgilio Cansino Gil e Rayd Santana Ferreira. Ausentes os Conselheiros Miriam Denise Xavier e Francisco Ricardo Gouveia Coutinho. Fl. 594DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 3 3 Relatório Cuidam os presentes autos de Auto de Infração de Imposto de Renda de Pessoa Física IRPF de fls. 434/437, do qual fazem parte os demonstrativos de apuração de fls. 431/432, o demonstrativo de multa e juros de mora de fl. 433, o termo de verificação fiscal, fls. 415/427, e os demais documentos e demonstrativos constantes dos autos, que lhe exige o recolhimento de crédito tributário no valor de R$ 222.057,85, sendo R$ 73.202,69 de imposto e RS 109.804,03 de multa de oficio de 150%, prevista no art. 44, II, da Lei n° 9.430, de 27 de dezembro de 1996, além de R$ 39.051,13 de juros de mora calculados até 31/10/2007. De acordo com a fiscalização, o lançamento decorre de omissão de rendimentos apurada mediante a constatação de variação patrimonial a descoberto, onde verificouse excesso de aplicações de recursos não respaldados por rendimentos declarados e/ou comprovados, conforme planilhas de evolução patrimonial, fls. 428/429, e detalhamentos no temo de verificação fiscal, de fls. 415/427, e no auto de infração, às fls. 435/437. O enquadramento legal da exigência reportase aos arts. 1° a 3°, e §§, da Lei 7.713, de 22 de dezembro de 1988, arts. 1° e 2° da Lei 8.134, de 27 de dezembro de 1990, art. 1° da Medida Provisória 22, de 2002, convertida na Lei 10.451, de 10 de maio de 2002, e arts. 55, inciso XIII, § único, 806 e 807 do Regulamento do Imposto de Renda RIR/1999, aprovado pelo Decreto n.° 3.000, de 26 de março de 1999, (fl. 437). Devidamente cientificado do lançamento em 06/12/2007 (fl. 443), o contribuinte apresentou, em 07/01/2008, a impugnação de fls. 455/462, com as seguintes argumentações: “II DA NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇAO EM FUNÇAO DA ISENÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE LUCRO EM REGIME ARBITRADO NO AUTO DE INFRAÇÃO Nº 10980006978200727 O presente auto de infração não pode prosperar em função do auto de infração lavrado sob o n° 10980006978/200727 contra a empresa Íris Color, da qual o Impugnante é sócio e devedor solidário da obrigação tributária. No auto de infração 10980.006978/200727 a Íris Color foi autuada em mais de R$ 22.000.000,00 (vinte e dois milhões de reais), em virtude de receitas consideradas omitidas pelo fisco, que adotou neste caso o regime de apuração de lucro arbitrado no mesmo período de apuração do presente auto (2002, 2003 e 2004). Considerando que o Impugnante é sócio da Íris Color, o mesmo tem direito à distribuição de lucros da pessoa jurídica com isenção de imposto de renda, mesmo quando apurado sob regime de lucro Fl. 595DF CARF MF 4 arbitrado, segundo orientação da própria Receita Federal do Brasil, informação esta constante até mesmo no seu informativo em site da internet. Na hipótese de manutenção do auto de infração supracitado, caberia ao Impugnante o direito de receber uma quantia vultuosa a título de distribuição de lucro com isenção de imposto de renda o que por si só seria muito superior a eventual variação patrimonial descoberta alegada pela Auditora Fiscal. Em caso de manutenção do auto 10980006978/200727 (atualmente aguardando julgamento), tais valores deverão ser considerados como distribuição de lucros, isenta de imposto de renda pois o Impugnante é sócio da empresa Íris Color. O fato ora aduzido requer o julgamento do presente auto de infração em conjunto com o auto de infração 10980.006978/ 200727, pois se prevalecerem as receitas consideradas omitidas pela Receita Federal do Brasil, caberá ao Impugnante o direito de distribuição de lucro isenta de imposto de renda no regime de apuração do lucro presumido. Neste sentido requerse o apensamento dos processos para que o julgamento do presente auto de infração esteja em consonância com o julgamento do auto n° 10980.006978/200727, sendo que na manutenção deste, o presente auto deverá ser cancelado conforme fundamentos a apresentados neste capítulo. III DO CÁLCULO DA VARIAÇÃO PATRIMONIAL Ainda que admitíssemos a autuação nos fundamentos da Sra. Auditora Fiscal, a esta não caberia razão quanto a forma de calcular o tributo devido. Em sua sistemática a Sra. Auditora considerou os meses de variação patrimonial descoberta mas não considerou os meses em que as receitas foram maiores do que as despesas. Para aferir este cálculo é necessária a soma de todos os valores considerados como receitas nos períodos apurados e diminuir de todos os valores considerados como despesas. A manutenção da sistemática utilizada pela Sra. Auditora traz graves distorções pois utiliza somente os períodos em que interessa ao fisco para aumentar a sua arrecadação. Além de considerar todos os períodos em uma única planilha, o cálculo merece revisão no sentido de incluir como receitas do período o saldo existente em contascorrentes bem como incluir o saldo em caixa já declarado para Receita Federal do Brasil na Declaração de Imposto de Renda, pois são recursos sob os quais o contribuinte ora Impugnante já fora tributado. Diante destes fundamentos merece revisão o cálculo da Sra. Auditora a fim de considerar: 1) o saldo credor na variação patrimonial nos Fl. 596DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 4 5 meses onde as receitas foram maiores do que as despesas; 2) o saldo inicial das contas bancárias e 3) a disponibilidade financeira apresentada pelo Impugnante na Declaração de Imposto de Renda. IV DA DECADÊNCIA É pacífico nos Conselhos de Contribuintes e em nossos Tribunais que o prazo de decadência para a autoridade fiscal efetuar o lançamento tributário, nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, é de 5 (cinco) anos a contar a ocorrência do fato gerador, conforme determina a regra do artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional. Neste entendimento, os lançamentos referentes ao período anterior a dezembro de 2002 estariam atingidos pela decadência e não poderiam ser exigidos pelo fisco, uma vez que a autuação data de dezembro de 2007. V DA MULTA QUALIFICADA DE 150% Mais uma vez, pelo princípio da cautela, no caso de não aceitação das teses que requerem a nulidade total do auto de infração, o mesmo merece ser revisto a fim de excluir a aplicação da multa qualificada de 150%. Na apuração da Auditora Fiscal, foi aplicada multa de 150% para valores considerados receita omitida da pessoa física através da variação patrimonial descoberta, porém em nenhum momento a Sra. Auditora fundamentou e nem mesmo provou a ocorrência de fraude para justificar a aplicação da multa qualificada. Comprovada a ausência de intuito de fraude, deve a multa qualificada ser reduzida para o percentual de 75%. VI – REQUERIMENTO Diante de todos os fatos e argumento apurados, requerse o julgamento totalmente procedente da presente impugnação, a fim de declarar a nulidade do auto de infração, pelos seguintes argumentos já narrados: a) a nulidade do auto de infração em função da isenção na distribuição de lucro em regime arbitrado no auto de infração n° 10980006978 200727 (ao qual a presente Impugnação deverá ser apensa), sendo que mantido o referido auto não existirá variação patrimonial descoberto do Impugnante. Caso o fundamento supra citado não seja aceito, merece reforma o auto de infração no que diz respeito: Fl. 597DF CARF MF 6 a) a revisão do o cálculo a fim de considerar: 1) o saldo credor na variação patrimonial nos meses onde as receitas foram maiores do que as despesas; 2) o saldo inicial das contas bancárias e 3) a disponibilidade financeira apresentada pelo Impugnante na Declaração de Imposto de Renda; b) a decadência do crédito tributário referente a período anterior a dezembro de 2002; c) a redução da multa qualificada de 150% para 75%, calculada sobre o presente auto.” Também foi cientificada do lançamento, em 06/12/2007, fl. 443, a Sra. Karina Ganem de Almeida Cezar, na condição de responsável solidária pelo crédito tributário, nos temos do artigo 124 do Código Tributário Nacional, tendo ingressado com a impugnação de fls. 449/454, alegando, em síntese, o que segue: “II DA AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA COM FULCRO NO ARTIGO 124 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL Conforme quer fazer crer a Sra. Auditora Fiscal, a Impugnante deveria responder solidariamente com a obrigação tributária de seu esposo em função da variação patrimonial ocorrida no período de 2002 a 2004, com base no artigo 124 do Código Tributário Nacional, que assim dispõe: [...] Na análise do dispositivo supra citado, concluímos que a intenção da Sra. Auditora é afirmar que, conforme o inciso I, a Impugnante tem interesse comum na situação que constituiu o fato gerador da obrigação principal. Pois bem, não está comprovado em nenhum momento do relatório da fiscalização qual é o interesse comum da Impugnante na apuração do Imposto de Renda de seu esposo, o Sr. Ednaldo. Durante o período fiscalizado a Impugnante apresentou Declaração de Imposto de Renda em separado de seu esposo e cumpriu rigorosamente com suas obrigações perante à Receita Federal do Brasil. Verificase do auto de infração que a Sra. Auditora encontrou o pagamento de despesas pelo Sr. Ednaldo que entendeu superior aos seus valores declarados como receita, porém não faz nenhuma menção em como estes valores eventualmente beneficiaram a Impugnante para que a mesma tivesse interesse no fato gerador da obrigação patrimonial. Tratando ainda do tema ‘variação patrimonial’ a própria Auditora não encontrou nenhum acréscimo de bens da Impugnante no período fiscalizado que justificasse a presente autuação. A declaração de bens e direitos da Impugnante, presente na Declaração de Ajuste Anual, é totalmente compatível com as receitas Fl. 598DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 5 7 declaradas, digase de passagem, a Impugnante não teve nenhum acréscimo patrimonial em todo o período de seu casamento. Ainda analisando o relatório da fiscalização, não encontramos menção a nenhum bem adquirido em benefício do casal que justificasse a inclusão da Impugnante na qualidade de responsável solidária. Diante de ausência de benefício ou interesse da Impugnante com a eventual existência de receitas omitidas ou variação Patrimonial do Sr. Eclnaldo, requerse o julgamento Procedente da Presente apelação a fim de excluir a responsabilidade solidária da Impugnante. III DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA OS CÔNIUGES DE ACORDO COM O CÓDIGO CIVIL A responsabilidade solidária entre os cônjuges, no que diz respeito ao Direito Patrimonial, está definida em nosso Código Civil nos artigos 1.643 e 1.644 abaixo transcritos: [...] A regra destes dispositivos é muito clara no que diz respeito a solidariedade entre cônjuges no que tange a compra das coisas necessárias à economia doméstica e os empréstimos relacionados a aquisição destas coisas. Ainda que avançássemos no conceito de solidariedade entre cônjuges perpetrado pela Sra. Auditora, tomando como base as disposições do Código Civil, não encontraríamos argumento suficiente para justificar a inclusão da Impugnante na qualidade de responsável tributária pelos tributos devidos por seu esposo, pois não há provas no auto de infração de que os recursos eventualmente não declarados tenham sido utilizados na compra de coisas necessárias à economia doméstica. [...] IV – REQUERIMENTO Diante de todos os fatos e argumento apurados, requerse o julgamento totalmente procedente da presente impugnação, a fim de declarar a nulidade do auto de infração, no que diz respeito à solidariedade da Impugnante nos débitos tributários de seu esposo em face: a) da impossibilidade de solidariedade com base no Código Tributário Nacional ante a ausência da comprovação de benefício ou interesse da Impugnante no fato gerador da obrigação tributária de seu esposo, o Sr. Ednaldo; b) da impossibilidade de solidariedade com base no Código Civil ante a ausência da comprovação da utilização de recursos da receita Fl. 599DF CARF MF 8 eventualmente omitida na compra de coisas necessárias à economia doméstica.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Curitiba (PR) lavrou Decisão Administrativa textualizada no Acórdão nº 0618.163 da 4ª Turma da DRJ/CTA, às fls. 491/502, julgando improcedente a impugnação apresentada em face do lançamento, mantendo o crédito tributário exigido em sua integralidade. Recordese: “ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2003, 2004 AÇRESCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. CONJUGE. SUJEIÇÃO PASSIVA SOLIDARIA. Em face do regime de bens do casamento, a apuração de variação patrimonial a descoberto abrange todo o patrimônio do casal, evidenciando o interesse do outro cônjuge na situação que caracteriza o fato gerador da obrigação tributária e ensejando a obrigação solidária em relação ao crédito tributário exigido. DECADÊNCIA. RENDIMENTOS SUJEITOS À DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL. O fato gerador do imposto de renda em relação aos rendimentos sujeitos à declaração de ajuste anual ocorre em 31 de dezembro; quando não declarados, para efeito de lançamento de oficio, o termo inicial do prazo decadencial é contado do primeiro dia do exercício seguinte ao que poderia o fisco ter feito o lançamento (CTN, art. 173, I). OMISSÃO DE RENDIMENTO. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL A DESCOBERTO. Caracteriza a omissão de rendimentos a constatação de variação patrimonial em relação à qual o contribuinte não apresenta recursos declarados ou comprovados que lhe dê suporte. MULTA DE OFICIO QUALIFICADA. DOLO. É dolosa a conduta de declarar apenas uma pequena parte dos rendimentos, cabendo a aplicação da multa de oficio qualificada. Lançamento Procedente” Inconformados com a decisão exarada pelo órgão julgador a quo, os Recorrentes interpuseram Recurso Voluntário, Ednaldo de Almeida Cezar às fls. 510/517 e Karina Ganem de Almeida Cezar às fls. 520/525, reprisando idênticos argumentos já lançados em suas impugnações. É o relatório. Fl. 600DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 6 9 Voto Conselheira Luciana Matos Pereira Barbosa – Relatora 1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE Os Recorrentes foram cientificados da r. decisão em debate no dia 16/06/2008 conforme A.R às fls. 509, e os Recursos Voluntários foram apresentados, TEMPESTIVAMENTE, no dia 11/07/2008 (fls. 510 e 520), razão pela qual CONHEÇO DOS RECURSOS já que presentes os requisitos de admissibilidade. 2. Do mérito De início, conforme relatado anteriormente, os Recorrentes, reprisam idênticos argumentos lançados em suas Impugnações, ou seja, sem a apresentação de motivos pelos quais deveria ser modificada a decisão de primeira instância, de modo a ferir o princípio da dialeticidade, segundo o qual os recursos devem expor claramente os fundamentos da pretensão à reforma. Pelo princípio da dialeticidade, o recorrente deve enfrentar todos os fundamentos da decisão recorrida e demonstrar o porquê de o julgamento ser cassado ou reformado, o que não ocorreu na espécie analisada. 3. Da decadência Sobre o tema, o Recorrente alega que “É pacífico nos Conselhos de Contribuintes e em nossos Tribunais que o prazo de decadência para a autoridade fiscal efetuar o lançamento tributário, nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação, é de 5 (cinco) anos a contar a ocorrência do fato gerador, conforme determina a regra do artigo 150, § 4° do Código Tributário Nacional. Dessa forma, defende que os lançamentos referentes ao período anterior a dezembro de 2002 estariam atingidos pela decadência e não poderiam ser exigidos pelo fisco, uma vez que a autuação somente ocorreu em 06 de dezembro de 2007, data da ciência do Auto de Infração. Entende que no caso deve ser aplicada a regra contida no artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional. O inconformismo não merece prosperar. Importante frisar que a Súmula CARF nº 38 (Vinculante) pacificou entendimento de que o fato gerador do IR ocorre no dia 31 de dezembro de cada ano calendário, e não mensalmente, como pretende o Recorrente. Recordese: Fl. 601DF CARF MF 10 “Súmula CARF nº 38: O fato gerador do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, relativo à omissão de rendimentos apurada a partir de depósitos bancários de origem não comprovada, ocorre no dia 31 de dezembro do anocalendário.” No caso dos autos, como o fato gerador do anocalendário 2002 ocorreu, em 31/12/2002, a decadência se daria apenas em 31/12/2007, nos termos do artigo 150, § 4º, do CTN, sendo que a ciência do lançamento aconteceu em 06/12/2007. Logo, não há que se falar em decadência. 4. Da dependência com o Processo nº 10980.006978/200727 O Recorrente Ednaldo de Almeida Cezar pretende que o julgamento do presente Auto de Infração seja realizado em conjunto com o Processo nº 10980.006978/ 2007 27. Neste sentido requer a reunião dos processos para julgamento em conjunto. Sem razão o Recorrente. Em primeiro lugar, porque da consulta realizada nos sistemas deste Conselho, verificase que o Processo nº 10980.006978/ 200727, do qual o Recorrente pretende o apensamento para reunião em conjunto, fora julgado em Sessão realizada no dia 05 de abril de 2016 pela Primeira Seção de Julgamento, da 3ª Câmara/1ª Turma Ordinária, através do Acórdão nº 1301001.978, da lavra do Conselheiro Paulo Jakson da Silva Luca. Na ocasião do referido julgamento, a Turma, por unanimidade de votos, negou provimento aos recursos, e manteve a integralidade do crédito tributário exigido. Confirase: “Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica IRPJ Anocalendário: 2002, 2003, 2004 CERCEAMENTO DE DEFESA. DOCUMENTOS APREENDIDOS. 0 simples fato de ter ocorrido apreensão de documentos pelo Poder Público não implica cerceamento de defesa, mormente se a interessada não esboçou qualquer tentativa de obter cópias de documentos relevantes, e os fatos podem ser comprovados por múltiplos meios, além dos documentos apreendidos. DEPÓSITOS BANCÁRIOS SEM ORIGEM COMPROVADA. PRESUNÇÃO LEGAL. Por força de presunção legal expressa, caracterizam omissão de receita os valores dos depósitos bancários a cujo respeito o titular, regularmente intimado a faze1o, não comprova a origem dos recursos respectivos. REEXAME DE PERÍODO JÁ FISCALIZADO. FATO NOVO OU NÃO CONHECIDO. EXIGÊNCIA SUPRIDA PELO MANDADO DE PROCEDIMENTO FISCAL.os termos do art. 149 do CTN e art. 906 do RIR/1999, quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento inicial, desde que mediante ordem escrita do Superintendente, do Delegado ou do Inspetor da Receita Federal. MULTA QUALIFICADA. INTERPOSTA PESSOA. PROCEDÊNCIA. Fl. 602DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 7 11 Procede a qualificação da multa, diante do conjunto probatório dos autos, a evidenciar a interposição de pessoa na titularidade da empresa e um esquema empresarial dirigido à sonegação de tributos. No caso concreto, foram decisivos para essa conclusão: a detenção e o exercício de amplos, gerais e ilimitados poderes pelo titular de fato, sem prestação de contas, mediante procuração pública sem limite temporal; a livre movimentação, individualmente, de todas as contas bancárias em nome da empresa, sendo que, em dois bancos, de forma exclusiva; as incompatibilidades entre rendimentos declarados e gastos comprovados; fatos idênticos apurados também em outras empresas, comprovados com documentos apreendidos por ordem judicial, mediante mandados de busca e apreensão, sempre apontando para o envolvimento direto dos titulares de fato e a utilização de interpostas pessoas; tudo sempre com o objetivo de ocultar das autoridades fazendárias os fatos geradores tributários e, além disso, a capacidade contributiva e o patrimônio acumulado por quem efetivamente comandava o grupo de empresas. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA. INTERPOSTA PESSOA. Comprovado nos autos os verdadeiros sócios da pessoa jurídica, pessoas físicas, acobertados por terceiras pessoas ("laranjas") que apenas emprestavam o nome para que eles realizassem operações em nome da pessoa jurídica, da qual tinham ampla procuração para gerir seus negócios e suas contas correntes bancárias, fica caracterizada a hipótese prevista no art. 135, do Código Tributário Nacional. Comprovada a interposição de pessoas, o lançamento deve ser efetuado no real possuidor dos valores a serem tributados.” Assim, reputo prejudicada a pretensão do Recorrente quanto ao julgamento em conjunto de ambos os recursos. Em segundo lugar, verifico que a matéria ora em debate restou suficientemente fundamentada pela instância julgado a quo, a qual peço vênias para transcrever: Porquanto sejam os dados das contas correntes pertencentes, de direito ou de fato, à empresa Íris Color a fonte de prova e constatação das infrações que culminaram nas exigências deste e do processo l0980.006978/200727, os fatos geradores e os fundamentos são distintos. As exigências feitas em relação à pessoa jurídica tiveram como sustentação os depósitos existentes nas contas correntes mencionadas, e que, pela legislação, quando não comprovadas as suas origens, representam omissões de receitas. Ou seja, a exigência neste caso toma por comprovação os créditos das contas correntes e que correspondem a receitas da pessoa jurídica. Em relação ao impugnante, no entanto, a autuação está calcada na constatação de variação patrimonial a descoberto. Porquanto haja Fl. 603DF CARF MF 12 interligação com aquela empresa, por conta dos pagamentos feitos ao impugnante através das suas contas correntes, o aspecto que está sendo objeto do presente é o destino que foi dado àquelas receitas representadas pelos depósitos bancários. Verificouse que vários dos débitos/saques dessas contas bancárias da empresas foram usados na aquisição (construção) de imóveis, pagamentos de cartões de crédito e de despesas de pescaria, todos em nome da pessoa física do contribuinte e, portanto, correspondem ao auferimento de rendimentos pessoais, sujeitos ao pagamento de imposto de renda da pessoa física. Salientese que esta parte, correspondente às omissões de rendimentos, foi objeto de lançamento em outro processo. As omissões de rendimentos dessa forma apuradas, por seu turno, estão sendo apropriadas no fluxo de caixa como origens de recursos, eliminando qualquer possibilidade de duplicidade no lançamento. Assim, não há que se falar em bis in idem ou duplicidade de exigência sobre o mesmos fatos geradores. Ora, dos substanciosos fundamentos acima transcritos, não vislumbro qualquer tipo de reparo a ser feito nesse ponto. 5. Do acréscimo patrimonial a descoberto O Recorrente alega que em razão da autuação da pessoa jurídica Íris Color, da qual é sócio, onde foi apurado crédito tributário de mais de R$ 22.000.000,00 (vinte e dois milhões de reais), a manutenção do lançamento implica o direito à distribuição de lucros correspondentes, com isenção de imposto de renda, “uma vez que a Auditora Fiscal entendeu como receita da pessoa física do Recorrente os valores referentes às operações da Íris Color”. Acrescenta que esta circunstância “requer o julgamento do presente auto de infração em conjunto com o auto de infração 10980.006978/200727, pois se prevalecerem as receitas consideradas omitidas pela Receita Federal do Brasil, caberá ao Recorrente o direito de distribuição de lucro isenta de imposto de renda no regime de apuração do lucro presumido”. 6. Da multa de ofício Por fim, a Recorrente sustenta que a multa de ofício qualificada aplicada pela Fiscalização é indevida porquanto restou demonstrada de forma clara e justificada a ocorrência de fraude ou sonegação que justificasse a aplicação da multa de 150%. A aplicação da multa de ofício tem regulação prevista na Lei 9.430/96, conforme art. 44. O inciso II deste dispositivo, com a redação alterada pela Lei 11.488 de 15/06/2007, transcrito a seguir, assim determina sobre a aplicação da multa de ofício: Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). Fl. 604DF CARF MF Processo nº 10980.016775/200749 Acórdão n.º 2401005.168 S2C4T1 Fl. 8 13 § 1º O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007). Os artigos 71, 72 e 73 da Lei 4.502/64 assim dispõem: Art. 71. Sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária: I – da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais; II – das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente. Art. 72. Fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento. Art. 73. Conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos nos arts. 7l e 72. Devemos então verificar se os fatos anteriormente narrados, que detalham a conduta da autuada, se encaixa em alguma das definições de evidente intuito de fraude, que estão estampadas nos artigos 71, 72 e 73, acima transcritos. Em caso positivo, de se aplicar a multa qualificada. Ou seja, não cabe aqui avaliar de forma subjetiva se a conduta foi claramente ou evidentemente uma fraude ou não. A avaliação deve ser objetiva, verificando se a conduta se encaixa ou não em algum dos dispositivos citados. E a nova redação do dispositivo deu fim a toda essa discussão. Numa análise objetiva dos fatos aqui apurados frente aos dispositivos legais em comento, não há como não deixar de enquadrar a conduta acima descrita nas definições contidas na Lei nº 4.502/64, já transcrita. A sonegação, conforme citado artigo, apresenta as seguintes exigências: • Uma ação ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde o conhecimento pelo Fisco: • da ocorrência do fato gerador; ou • da natureza do fato gerador; ou • das circunstâncias materiais do fato gerador. Fl. 605DF CARF MF 14 Já a fraude caracterizase por: • Uma ações ou omissão; e • Que esta ação ou omissão seja dolosa; e • Que ela impeça ou retarde a ocorrência do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido; ou • Que ela exclua ou modifique as características essenciais do fato gerador, de forma a reduzir o montante do tributo devido. Incorrendo o contribuinte em uma das duas situações acima, de se aplicar a multa qualificada. No caso em exame, há elementos suficientes para a caracterização da atitude dolosa, intencional do Recorrente, com intuito de ocultar da Administração Tributária o real montante de seus rendimentos no anocalendário fiscalizado. A utilização de negócio jurídico simulado, objetivando dar suporte legal de recursos à variação patrimonial da contribuinte, evidenciou claramente o propósito deliberado de ocultar o seu verdadeiro patrimônio e rendimentos ao fisco, impedindo o conhecimento, por parte da Autoridade Fazendária, da ocorrência do fato gerador do imposto de renda. Com as considerações supra, não há como acolher as alegações do Recorrente, afastandose, assim, a argumentação de “inexistência de dolo, fraude ou simulação”. Diante do exposto, portanto, deve ser declarada procedente a aplicação da multa qualificada de 150% prevista no artigo 44, inciso I e §1°, da Lei n.° 9.430/1996. 3. CONCLUSÃO: Pelos motivos expendidos, CONHEÇO dos Recursos Voluntários dos recorrentes, para, no mérito, NEGARLHES provimento. É como voto. (assinado digitalmente) Luciana Matos Pereira Barbosa. Fl. 606DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10314.720878/2015-70
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012, 2013
IRPJ. INCORPORAC¸A~O DE SOCIEDADE. AMORTIZAC¸A~O DE A´GIO. ARTIGOS 7o E 8o DA LEI N. 9.532/97.
A reorganizac¸a~o empresarial, sob amparo dos artigos 7o e 8o da Lei no 9.532/97, mediante a utilizac¸a~o de empresa veiculo, desde que dessa utilizac¸a~o na~o tenha resultado aparecimento de novo a´gio, na~o resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilizac¸a~o da empresa veículo e, por conseguinte, na~o pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponi´vel ao fisco.
Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL
Ano-calendário: 2010, 2011, 2012, 2013
AUTUAÇÃO REFLEXA: CSLL.
A decisão prolatada no lançamento matriz estende-se ao lançamento decorrente, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
Numero da decisão: 1301-002.836
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Nelso Kichel e Milene de Araújo Macedo que votaram por negar provimento ao recurso, e o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votou por dar-lhe provimento parcial para reduzir a multa de ofício para o percentual de 75%.
(assinado digitalmente)
Fernando Brasil de Oliveira Pinto - Presidente
(assinado digitalmente)
José Eduardo Dornelas Souza - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto.
Nome do relator: JOSE EDUARDO DORNELAS SOUZA
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2010, 2011, 2012, 2013 IRPJ. INCORPORAC¸A~O DE SOCIEDADE. AMORTIZAC¸A~O DE A´GIO. ARTIGOS 7o E 8o DA LEI N. 9.532/97. A reorganizac¸a~o empresarial, sob amparo dos artigos 7o e 8o da Lei no 9.532/97, mediante a utilizac¸a~o de empresa veiculo, desde que dessa utilizac¸a~o na~o tenha resultado aparecimento de novo a´gio, na~o resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilizac¸a~o da empresa veículo e, por conseguinte, na~o pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponi´vel ao fisco. Assunto: Contribuição Social sobre o Lucro Líquido - CSLL Ano-calendário: 2010, 2011, 2012, 2013 AUTUAÇÃO REFLEXA: CSLL. A decisão prolatada no lançamento matriz estende-se ao lançamento decorrente, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula.
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 1797; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; access_permission:can_modify: true; pdf:docinfo:producer: Serviço Federal de Processamento de Dados via ABCpdf; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C3T1 Fl. 855 1 854 S1C3T1 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 10314.720878/201570 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 1301002.836 – 3ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 14 de março de 2018 Matéria AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. EMPRESA VEÍCULO Recorrente COMPANHIA LUZ E FORÇA SANTA CRUZ Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 IRPJ. INCORPORAÇÃO DE SOCIEDADE. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. ARTIGOS 7o E 8o DA LEI N. 9.532/97. A reorganizaçaõ empresarial, sob amparo dos artigos 7o e 8o da Lei no 9.532/97, mediante a utilização de empresa veiculo, desde que dessa utilização não tenha resultado aparecimento de novo ágio, não resulta economia de tributos diferente da que seria obtida sem a utilização da empresa veículo e, por conseguinte, não pode ser qualificada de planejamento fiscal inoponível ao fisco. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 AUTUAÇÃO REFLEXA: CSLL. A decisão prolatada no lançamento matriz estendese ao lançamento decorrente, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em dar provimento ao recurso voluntário, vencidos os Conselheiros Nelso Kichel e Milene de Araújo Macedo que votaram por negar provimento ao recurso, e o Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto que votou por darlhe provimento parcial para reduzir a multa de ofício para o percentual de 75%. (assinado digitalmente) Fernando Brasil de Oliveira Pinto Presidente AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 31 4. 72 08 78 /2 01 5- 70 Fl. 855DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 856 2 (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Roberto Silva Junior, José Eduardo Dornelas Souza, Nelso Kichel, Marcos Paulo Leme Brisola Caseiro, Milene de Araújo Macedo, Amélia Wakako Morishita Yamamoto, Bianca Felicia Rothschild e Fernando Brasil de Oliveira Pinto. Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão nº 0441.188, proferido pela 2ª Turma da DRJ/CGE, na sessão de 28 de junho de 2016, que, por unanimidade de votos, julgou improcedente a impugnação, mantendo o crédito tributário exigido. Por bem descrever o ocorrido, valhome do relatório elaborado por ocasião do julgamento do processo em primeira instância, a seguir transcrito: A contribuinte acima identificada teve contra si lavrado o auto de infração relativo ao IRPJ (AI e demonstrativos às fls. 410 a 424) em decorrência de exclusões indevidas na apuração do Lucro Real (amortização de ágio). Houve também os lançamentos de CSLL baseados nos mesmos fatos, conforme AI e demonstrativos de fls. 425 a 435. O total do crédito tributário lançado e objeto deste processo é de R$ 48.388.700,61 (fl. 437), incluídos os juros moratórios calculados até fevereiro de 2015 e as multas qualificadas (150%). Os valores individuais estão discriminados em cada auto de infração. O Termo de Verificação e Constatação Fiscal (fls. 384 a 409), parte integrante dos autos de infração, descreve minudentemente o procedimento realizado. A ciência da contribuinte, relativamente aos autos de infração, ocorreu em 18 de fevereiro de 2015 (Aviso de Recebimento à fl. 439). Em 20 de março de 2015 foi protocolado o documento de fls. 443 a 489, no qual a contribuinte conclui que “a suposta irregularidade da operação que ensejou o aproveitado do ágio ora glosado reside essencialmente em três pontos: (i) indevida utilização de empresa veículo (Nova 4) na aquisição da Impugnante Santa Cruz junto à CBA, o que era dispensável em vista da possibilidade de a CPFL Energia adquirir diretamente a Impugnante Santa Cruz, decidindose por tal intermediação tão somente com vistas à geração do ágio para aproveitamento em posterior incorporação reversa; (ii) ausência de fundamentação econômica/propósito negocial da operação; e (iii) configuração de evasão fiscal, concretizada mediante sonegação, fraude e conluio”. Fl. 856DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 857 3 Nesse mesmo documento é aduzido, em apertada síntese, que: a) a Nova 4 já era existente havia mais de cinco antes da operação societária que resultou na incorporação da impugnante; b) a operação de aquisição do capital social da impugnante pela Nova 4, assim como a incorporação daquela por esta foram perfeitamente legítimas; c) não há nenhuma irregularidade na utilização de empresa veículo; d) no presente caso, o surgimento do ágio não decorreu da utilização da Nova 4; e) caso a CPFL Energia tivesse adquirido a Santa Cruz diretamente, tal aquisição também se daria mediante a geração de ágio; f) em face da legislação regulatória do setor elétrico, nesse caso a incorporação da CPFL Energia pela Santa Cruz não poderia ocorrer; g) não é vedada a utilização de empresa veículo na legislação; h) “ ... ao contrário do que afirma a Fiscalização, a Impugnante Santa Cruz, na qualidade de contribuinte, tem todo o direito de optar, dentre as hipóteses legalmente autorizadas, não somente por aquela que é capaz de lhe trazer a economia fiscal mais significativa, sem que isso reflita em prejuízo aos cofres públicos, e muito menos em conluio, fraude ou simulação, mas igualmente por aquela que melhor se adequa ao seu segmento de negócio e à regulamentação aplicada à sua específica atividade de distribuidora de energia elétrica”; i) não há previsão do requisito denominado “propósito negocial” no ordenamento jurídico; j) no entanto, todas as operações referidas no presente processo foram totalmente lastreadas no propósito negocial; k) o único requisito imposto pelo legislador para a amortização do ágio é que ocorra a partir de incorporação, fusão ou cisão; l) se a CPFL Energia tivesse adquirido diretamente o percentual acionário da impugnante, não haveria a possibilidade da incorporação reversa; m) “... o real propósito da operação era incorporar o ativo da Impugnante Santa Cruz, e não apenas permitir um posterior aproveitamento do ágio decorrente desta aquisição, mediante a incorporação reversa. Entretanto, uma vez autorizado pela legislação o aproveitamento desse benefício fiscal, não havia motivo para que este não fosse utilizado”; Fl. 857DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 858 4 n) é indiferente que a incorporação se dê em sentido ascendente ou descendente. Em qualquer hipótese, haveria a possibilidade de amortização do ágio; o) “O ponto da operação contestado pelo Fisco, como já delineado anteriormente, referese à alegada ausência de propósito negocial na utilização de suposta empresaveículo (a Nova 4), na compra da Santa Cruz junto à CBA, enquanto tal aquisição, no entender da Fiscalização, poderia ter sido realizada diretamente pela CPFL Energia”; p) o fundamento do ágio no presente caso é a expectativa de geração de resultado futuro, com base em projeções de fluxo de caixa, conforme demonstrado no Protocolo de Justificação da Incorporação; q) o laudo de avaliação ou o valor do ágio gerado a partir dessa expectativa de geração de resultado futuro não foram contestados pela fiscalização; r) não há dúvidas sobre a regularidade do ágio apurado nem da licitude da amortização realizada; s) “O que pretende o Fisco, em última instância, é interferir em negócio jurídico absolutamente legal, levantando dúvidas infundadas a respeito de situações comuns e em plena conformidade com o direito de livre exercício das atividades empresariais”; t) “Assim sendo, pelas próprias características da Impugnante Santa Cruz, fica claro que a sua aquisição e posterior incorporação reversa se deu pelo justificado interesse da Nova 4 e da CPFL Energia em ter esta empresa dentre suas controladas, sendo a questão do ágio meramente acessória, até mesmo em termos monetários”; u) a Santa Cruz é que detinha a concessão do serviço de distribuição de energia elétrica e, se não houvesse a incorporação reversa, teria de ser pleiteada a transferência da outorga da concessão para a Nova 4 junto à ANEEL, o que seria dispendioso do ponto de vista regulatório; v) todos os ativos relevantes eram de titularidade da Santa Cruz, o que justifica a incorporação reversa; w) mesmo que não houvesse a participação da Nova 4 na reorganização societária ocorrida, bastaria, para a amortização do ágio que a CPFL Energia tivesse, no passado, adquirido diretamente os 99,9923% do capital social total da Santa Cruz que a Companhia Brasileira de Alumínio detinha e, após o registro do ágio, e feita a operação de incorporação de sociedade, surgiria o direito à amortização daquele. “Fica claro, portanto, que não foi a Nova 4 quem propiciou o surgimento e o aproveitamento do ágio objeto de questionamento no presente feito. Pelo contrário, foi a realização da operação de incorporação da Nova 4 pela Impugnante Santa Cruz que deu Fl. 858DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 859 5 causa ao referido aproveitamento, o qual, por sua vez, poderia ser efetuado nos mesmos termos, com a CPFL Energia, por exemplo, caso tal amortização fosse possível do ponto de vista regulatório”; x) não houve evasão fiscal, fraude ou simulação no caso concreto e o planejamento fiscal realizado para a economia tributária deuse de forma absolutamente lícita; y) foi descabida a qualificação da multa de ofício, uma vez não ter havido sonegação, fraude ou conluio. Ao final, requer a impugnante o cancelamento integral dos autos de infração. Caso seja mantida a exigência, que seja cancelada a qualificação da multa de ofício. Também, requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, sobretudo pelos documentos anexos à impugnação, assim como pela juntada de novos documentos, nos termos dos artigos 15 e seguintes do Decreto nº 70.235/1972. Na seqüência, foi proferido o Acórdão nº 0441.188, pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal em Campo Grande MS (DRJ/CGE), que julgou improcedente a impugnação apresentada, com o seguinte ementário: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 PRODUÇÃO DE PROVAS. A impugnação deverá ser formalizada por escrito e instruída com os documentos em que se fundamentar. IRPJ E CSLL. AMORTIZAÇÃO DE ÁGIO. Correto o lançamento relativo às glosa de amortização de ágio quando há o desatendimento dos aspectos pessoal e material relativos a essa possibilidade e, conseqüentemente, a descaracterização da aplicação dos artigos 7° e 8° da Lei n° 9.532/1997 e dos artigos 385 e 386 do RIR/99. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 AUTUAÇÃO REFLEXA: CSLL. Dada a íntima relação de causa e efeito, aplicase ao lançamento reflexo o decidido no principal. ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Anocalendário: 2010, 2011, 2012, 2013 MULTA QUALIFICADA. Fl. 859DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 860 6 Demonstrada a ocorrência de fraude e conluio, correta a aplicação da multa qualificada no percentual de 150%. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A empresa autuada foi intimada em 02/09/2016 (sextafeira), através de sua caixa postal eletrônica, e inconformada com a decisão que lhe foi desfavorável, apresentou, em 04/10/2016 (terçafeira), tempestivamente, Recurso Voluntário, através de representante legal, pugnando por provimento, onde apresenta argumentos que serão a seguir analisados. É o Relatório. Voto Conselheiro José Eduardo Dornelas Souza, Relator. O recurso apresentado é tempestivo e reúne os demais requisitos de admissibilidade previstos no Decreto nº 70.235/1972. Portanto, dele conheço. DA ANÁLISE DO RECURSO VOLUNTÁRIO MÉRITO A presente discussão gira em torno da dedutibilidade, ou não, das amortizações de ágio formadas em operações e reorganizações societárias. As operações envolveram i) a empresa Nova 4 Participações Ltda; ii) a Companhia de Luz e Força Santa Cruz; iii) Cia Brasileira de Alumínio CBA. Segundo a fiscalização, a empresa CPF Energia S.A é a real investidora, e a empresa Nova 4 Participações Ltda é a empresaveículo ou interposta. Em conformidade com o Termo de Verificação e Constatação Fiscal, sinteticamente, ocorreram os seguintes fatos: Em 02/10/2006, a empresa NOVA 4 PARTICIPAÇÕES adquiriu o controle acionário da SANTA CRUZ, mediante operação de compra e venda de ações realizada com CBA. A aquisição ocorreu via empréstimo junto ao Banco do Brasil, mediante aval ofertado pela CPFL ENERGIA. Aproximadamente um ano após tal operação, em 17/11/2007, a SANTA CRUZ incorporou a empresa NOVA 4 PARTICIPAÇÕES, sendo que, a partir da incorporação, a SANTA CRUZ passou a amortizar o ágio registrado pela NOVA 4 PARTICIPAÇÕES em seu Ativo, porém o lançamento de débito referese a valores de amortização de ágio nos anos calendário de 2010 a 2013. Diante desses fatos, a fiscalização assim concluiu: Fl. 860DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 861 7 Pois bem. Inicialmente, registrese não haver questionamento por parte do Fisco quanto à formação inicial do ágio, que ocorreu no momento em que a NOVA 4 PARTICIPAÇÕES adquiriu o controle acionário da SANTA CRUZ, através de uma operação de compra e venda de ações realizada com CBA. Tal fato revela que se trata de negócio em condições de livre mercado, firmado entre partes independentes, ocorrendo, inclusive, o efetivo pagamento. Não há também questionamento sobre o laudo de avaliação ou o valor do ágio gerado a partir da expectativa de geração de resultado futuro, pois, acaso fosse questionado o ágio ou o seu fundamento, deveria a fiscalização demonstrar a inconsistência da metodologia utilizada, o que não ocorreu neste caso. O óbice apresentado pela fiscalização reside no fato, em sua ótica, da NOVA 4 PARTICIPAÇÕES ter se apresentado como uma "empresa veículo", sem substância ou propósito negocial, não arcando, efetivamente com os custos para a aquisição da participação societária da recorrente. Acaso viesse a ocorrer a incorporação da investida pela CPFL ENERGIA, a real investidora, não haveria impedimento ao aproveitamento fiscal do ágio. Assim, controvertese nos autos a questão relacionada à utilização de empresa veículo capitalizada por sua controladora, mediante empréstimo bancário, para que ela (empresa veículo) viesse a adquirir o investimento com pagamento de ágio para, após, ser incorporada pela empresa adquirida cuja lucratividade futura teria justificado o pagamento do ágio. Pois bem. A partir da edição da Lei n. 9.532/97, o legislador ordinário alterou sensivelmente as conseqüências fiscais do ágio por expectativa de rentabilidade futura, passou, a partir de então, ser possível o aproveitamento do ágio à fração 1/60 ao mês, desde o momento em que o ágio escriturado pela investidora viesse a ser confrontado, em um mesmo acervo patrimonial, com os lucros advindos da empresa investida que justificaram o pagamento desse sobrepreço por expectativa de rentabilidade futura. Para aproveitamento das citadas despesas com ágio, a Lei estabeleceu a necessidade de confusão patrimonial entre investida e investidora, pressupondo assim uma Fl. 861DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 862 8 reunião do patrimônio da pessoa jurídica investidora com a pessoa jurídica investida, a fim de que o aludido ágio registrado naquela seja emparelhado com os lucros gerados por esta. Assim, concretizada a confusão patrimonial exigida pelo legislador, o ágio apurado em aquisição precedente passa a ser amortizado, ainda que a incorporada (ou cindida) seja a investidora (incorporação reversa). É o que se observa dos arts. 7o e 8o da Lei n. 9.532/97: Art. 7º. A pessoa jurídica que absorver patrimônio de outra, em virtude de incorporação, fusão ou cisão, na qual detenha participação societária adquirida com ágio ou deságio, apurado segundo o disposto no art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1977: I deverá registrar o valor do ágio ou deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "a" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida à conta que registre o bem ou direito que lhe deu causa; II deverá registrar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "c" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, em contrapartida a conta de ativo permanente, não sujeita a amortização; III poderá amortizar o valor do ágio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2° do art. 20 do Decretolei n° 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados posteriormente à incorporação, fusão ou cisão, à razão de um sessenta avos, no máximo, para cada mês do período de apuração1; IV deverá amortizar o valor do deságio cujo fundamento seja o de que trata a alínea "b" do § 2º do art. 20 do DecretoLei nº 1.598, de 1977, nos balanços correspondentes à apuração de lucro real, levantados durante os cinco anos calendários subseqüentes à incorporação, fusão ou cisão, à razão de 1/60 (um sessenta avos), no mínimo, para cada mês do período de apuração. § 1º O valor registrado na forma do inciso I integrará o custo do bem ou direito para efeito de apuração de ganho ou perda de capital e de depreciação, amortização ou exaustão. § 2º Se o bem que deu causa ao ágio ou deságio não houver sido transferido, na hipótese de cisão, para o patrimônio da sucessora, esta deverá registrar: a) o ágio, em conta de ativo diferido, para amortização na forma prevista no inciso III; b) o deságio, em conta de receita diferida, para amortização na forma prevista no inciso IV. § 3º O valor registrado na forma do inciso II do caput: a) será considerado custo de aquisição, para efeito de apuração de ganho ou perda de capital na alienação do direito que lhe deu causa ou na sua transferência para sócio ou acionista, na hipótese de devolução de capital; b) poderá ser deduzido como perda, no encerramento das atividades da empresa, se comprovada, nessa data, a inexistência do fundo de comércio ou do intangível que lhe deu causa. 1 Redação dada pela Lei nº 9.718, de 1998. Fl. 862DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 863 9 § 4º Na hipótese da alínea "b" do parágrafo anterior, a posterior utilização econômica do fundo de comércio ou intangível sujeitará a pessoa física ou jurídica usuária ao pagamento dos tributos e contribuições que deixaram de ser pagos, acrescidos de juros de mora e multa, calculados de conformidade com a legislação vigente. § 5º O valor que servir de base de cálculo dos tributos e contribuições a que se refere o parágrafo anterior poderá ser registrado em conta do ativo, como custo do direito. Art. 8º. O disposto no artigo anterior aplicase, inclusive, quando: a) o investimento não for, obrigatoriamente, avaliado pelo valor de patrimônio líquido; b) a empresa incorporada, fusionada ou cindida for aquela que detinha a propriedade da participação societária. Assim, na hipótese de aquisição de investimento relevante com ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura, com a correta adoção do MEP para apuração pela investidora do patrimônio líquido da investida e do correspondente ágio, acompanhada da confusão patrimonial entre investidora e investida (ou vice versa), a conseqüência será a amortização da fração de 1/60 por mês do ágio por expectativa de rentabilidade futura contra as receitas da empresa investida. Porém, em nenhum momento o legislador exigiu que o contribuinte aguardasse algum lapso temporal mínimo para levar a cabo as operações necessárias para o aproveitamento do ágio em questão. A imposição da confusão patrimonial exigida pelo legislador para viabilizar o aproveitamento fiscal do ágio simplesmente não estabelece exigências temporais, vez que não consta qualquer prazo nos enunciados prescritivos da Lei nº 9.532/97, tal como não há prazos nas normas societárias que regulam aquisições, fusões e cisões societárias. Nessa mesma linha, RICARDO MARIZ DE OLIVEIRA2 apresenta ponderações relevantes e de grande valia para a adequada compreensão de casos concretos: “É ainda por isso que, nestes casos, se torna irrelevante como se processa a reunião das duas pessoas jurídicas, para o que a lei abre inúmeras alternativas, e nem mesmo é prejudicial aos efeitos da lei que essa reunião se tenha realizado em curto ou em largo prazo, podendo mesmo efetivarse no próprio dia da aquisição investimento”. Portanto, penso inexistir relevância para a análise do caso em questão, argumentos que demonstrem o decurso de longo prazo temporal entre operações realizadas, ou ainda, que tenham sido utilizadas estruturas por curto espaço de tempo. Também inexiste vedação na Lei nº 9.532/97 (ou em qualquer outro instrumento legal), desautorizando sejam realizadas reorganizações societárias periféricas e intermediárias ao evento de absorção eleito para ensejar a amortização do ágio por expectativa de rentabilidade futura, a exemplo da constituição de empresaveículo. Assim, após a aquisição de um investimento em outra pessoa jurídica com ágio fundado em expectativa de rentabilidade futura, a denominada empresaveículo poderia executar a formula prescrita pelo 2 Nesse sentido, vide: OLIVEIRA, Ricardo Mariz de. Os motivos e os fundamentos econômicos dos ágios e deságios na aquisição de investimentos, na perspectiva da legislação tributária, in Revista Direito tributário atual Vol. 23. São Paulo: IBDT/Dialética, 2009, p. 460. Fl. 863DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 864 10 legislador, que consiste na confusão patrimonial, mediante incorporação, cisão ou fusão, das despesas de ágio contra os lucros da empresa adquirida. Ora, salvo hipótese de fraude, a utilização de "empresaveículo" não gera qualquer efeito tributário, isto é, não altera o potencial de amortização deste em caso de posterior operação de fusão, incorporação ou cisão que ocasione o encontro patrimonial requerido pelo legislador. Por isso, correto afirmar que tais operações são neutras, não alterando a esfera de direitos dos contribuintes ou do fisco no que concerne a efetiva amortização do ágio. Dessa forma, ausente manifestação clara e expressa do legislador no sentido de limitar a liberdade constitucional da empresa, de investimento, de organização e de contratação, me parece não ser razoável a interpretação adotada pelo acórdão recorrido, de que as reorganizaçoes societárias intermediárias ao encontro patrimonial da entidade investida com o investimento faz perecer o direito à amortização de ágio por expectativa de rentabilidade futura legitimamente apurado. Ora, se há limites ao exercício da liberdade, penso que também deve haver limites à sua restrição, pois "a liberdade pode ser disciplinada, mas não pode ser eliminada” 3. A exigência de congelamento completo da estrutura societária do grupo empresarial, sob pena de perda do direito à potencial amortização do ágio legitimamente apurado, sem dúvida consiste em uma liberdade de empresa, de investimento, de organização e de contratação, e por isso, tal interpretação não deve prevalecer. Desta forma, o fato do contribuinte se utilizar de uma empresaveículo para a perfectibilização da operação, não invalida o negócio jurídico e os efeitos tributários decorrentes, especialmente, no caso de restar demonstrada a existência de estruturas ou caminhos alternativos disponíveis ao contribuinte e que levariam ao mesmo resultado. Assim, a participação da sociedade NOVA 4 PARTICIPAÇÕES não resultou no surgimento de ágio distinto daquele que seria gerado se a operação tivesse ocorrido nesses moldes. Acaso a CPFL ENERGIA tivesse incorporado diretamente a recorrente, ou viceversa, terseia obtido o mesmo resultado conseguido com o uso da empresaveículo. Logo, se o propósito fosse apenas tributário, como afirma a fiscalização, bastaria a incorporação direta para garantir o benefício. Se houve o uso da empresaveículo, era porque se desejava manter intacta as duas empresa existentes por razões diversas da tributária. Vejase que o PND foi instituído pela Lei 8.031/90, que fixou as regras de desestatização de empresas,. Essa lei foi posteriormente revogada pela Lei 9.491/97, cujo artigo 4º estabeleceu diversas modalidades para a desestatização, dentre as quais, a alienação de participação societária. Merece destaque o parágrafo 1º do referido artigo 4º, que estabelece que, para fins de execução das desestatizações, podem ser realizadas reestruturações societárias envolvendo, inclusive, a criação de subsidiárias integrais. Portanto, o vencedor do leilão poderia adquirir o investimento nas empresas privatizadas por meio de uma empresa subsidiária integral com o propósito específico de atuação como holding. Vejase que estas estruturas se assemelham ao caso em epígrafe, quando o investidor inicial (CPFL ENERGIA), em vez de adquirir diretamente o investimento, o faz através da denominada "empresa veículo" 3 FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. Direito Constitucional: liberdade de fumar, privacidade, estado, direitos fundamentais e outros temas. – Barueri, SP : Manole, 2007, p. 195. Fl. 864DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 865 11 (NOVA 4 PARTICIPAÇÕES). Esta, por sua vez, adquire o investimento (Santa Cruz) com ágio. Semelhante pensamento foi adotado o ilustre Conselheiro Waldir Veiga Rocha, em seu voto, no acórdão nº 1301001.950, de 02/03/2016: Observo, finalmente, que a situação de uma “empresa veículo”, criada especialmente para permitir a aquisição de um investimento, é facilmente verificada nas operações de privatização. Há mesmo consenso de que os arts. 7º e 8º da Lei nº 9.532/1997 foram editados com o objetivo de facilitar o processo de privatização de empresas estatais, permitindo às empresas investidoras recuperar parte do investimento mediante a redução da carga tributária, o que, como contrapartida, permitiria que os valores oferecidos ao Estado na aquisição das empresas estatais fossem maiores. Isso, sem prejuízo dos ativos intangíveis das estatais privatizadas. Vários foram os casos de amortização de ágio no processo de privatização analisados por este CARF, sendo as conclusões no sentido de sua legitimidade, não obstante o uso de “empresas veículo”. Pois bem. Não me parece que se possa limitar o uso de tais empresas exclusivamente ao contexto das privatizações. O texto legal não traz qualquer limitação nesse sentido, estabelecendo tão somente as condições objetivas para a amortização fiscal do ágio. Pareceme exagerado qualificar como ilícito ou fraude a opção por um caminho facultado pela legislação, ainda que a adoção de tal caminho tenha por objetivo a economia tributária. Portanto, operações como as ora submetidas a julgamento nada têm de planejamento ilícito ou inoponível ao fisco, são, ao contrário, atuações induzidas, inclusive, pelo Poder Público. Por outro lado, penso razoável a justificativa apresentada pela recorrente, acerca da necessidade da utilização da empresaveículo, em razão das especificidades negociais da operação e atendimento a normas regulatórias. Conforme dito, a NOVA 4, empresa controlada pela CPFL ENERGIA, comprou da CBA os 99,9923% do capital social total da recorrente SANTA CRUZ, e registrou o ágio embasado em rentabilidade futura e, posteriormente, a recorrente SANTA CRUZ incorporou a NOVA 4, transferindo o ágio para a incorporada (Santa Cruz), nela sendo contabilizado como Ativo. No entender da fiscalização, a CPFL ENERGIA deveria ter procedido diretamente à aquisição da recorrente SANTA CRUZ, sem a necessidade da utilização da NOVA 4. Caso a operação de aquisição da recorrente tivesse ocorrido sem a participação da empresaveículo, não poderia, na seqüência, concretizar a incorporação às avessas, em razão de normas específicas da legislação que regulamentam o setor elétrico brasileiro. De fato, vêse dos autos que a CPFL ENERGIA possui participação em diversas outras sociedades do ramo de geração e distribuição de energia (alínea "c", do art. 2º do seu Estatuto Social), e que o objeto da recorrente (Santa Cruz) é o de prestação de serviços públicos de distribuição de energia elétrica (art. 2º do Estatuto Social). Há aqui um óbice legal, acaso inexistisse a participação da empresa veículo. Fl. 865DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 866 12 Nos termos da Lei nº 9.074/95, que estabelece as normas para outorga e permissões de serviços públicos, há disposição expressa que proíbe que as concessionárias do serviço de distribuição de energia elétrica – tais como a Recorrida Santa Cruz – participem direta ou indireta em outras sociedades ou que desempenham atividades estranhas ao seu ramo de atuação, dentre outras vedações: Art. 4º. (...) § 5º. As concessionárias, as permissionárias e as autorizadas de serviço público de distribuição de energia elétrica que atuem no Sistema Interligado Nacional – SIN não poderão desenvolver atividades: I de geração de energia elétrica; II de transmissão de energia elétrica; III de venda de energia a consumidores de que tratam os arts. 15 e 16 desta Lei, exceto às unidades consumidoras localizadas na área de concessão ou permissão da empresa distribuidora, sob as mesmas condições reguladas aplicáveis aos demais consumidores não abrangidos por aqueles artigos, inclusive tarifas e prazos; IV de participação em outras sociedades de forma direta ou indireta, ressalvado o disposto no art. 31, inciso VIII, da Lei no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, e nos respectivos contratos de concessão; ou V estranhas ao objeto da concessão, permissão ou autorização, exceto nos casos previstos em lei e nos respectivos contratos de concessão. (destacouse) Portanto, caso a CPFL ENERGIA adquirisse a SANTA CRUZ e posteriormente pretendesse a realização da incorporação reversa – ou seja, sua incorporação pela controlada SANTA CRUZ – tal operação não poderia se concretizar, pois nesta hipótese a SANTA CRUZ se veria acumulando a distribuição de energia elétrica com uma das atividades vedadas pela Lei nº 9.074/95. Já na aquisição da SANTA CRUZ por meio da NOVA 4, as partes não enfrentariam essa vedação, pois a NOVA 4 não possuía participação societária em outras empresas quando incorporou a SANTA CRUZ. Inferese ainda que a Santa Cruz é empresa de relevância no setor de energia, possuindo contrato de concessão firmado com a ANEEL, que, na data de sua aquisição, 2006, ainda vigoraria por pelo menos quase 10 anos, portanto, a aquisição da Santa Cruz representava questão estratégica para a CPFL Energia, inserida no contexto da consolidação do setor, na medida em que a Santa Cruz era a responsável pela distribuição nas áreas contíguas ao alcance da Companhia Paulista de Força e Luz, a maior distribuidora de energia controlada pela CPFL Energia. Era perfeitamente natural, portanto, que a CPFL Energia tivesse interesse em trazer para o seu controle também a Santa Cruz, que além de empresa de destaque no setor, atuava em região geograficamente estratégica. Fl. 866DF CARF MF Processo nº 10314.720878/201570 Acórdão n.º 1301002.836 S1C3T1 Fl. 867 13 Logo, penso que a aquisição da SANTA CRUZ foi realizada pela NOVA 4, controlada da CPFL ENERGIA, com posterior incorporação da compradora pela SANTA CRUZ, porque esse foi o meio encontrado pelas empresas de atenderem, simultaneamente, à legislação regulatória e aos seus interesses econômicos, o que é plenamente lícito, pois não representa absolutamente nenhum tipo de infração às normas tributárias relativas à dedutibilidade do ágio. Com essas considerações, acolho as alegações da recorrente, dando provimento ao recurso. DA MULTA QUALIFICADA É objeto também do recurso voluntário a desqualificação da multa de ofício de origem no lançamento do IRPJ e da CSLL referente à dedução de despesas com amortização do ágio. Em conformidade com as razões acima descritas, ao entender pela improcedência do lançamento desses tributos, cai por terra também a exigência da multa qualificada. DA TRIBUTAÇÃO REFLEXA – CSLL A decisão prolatada no lançamento matriz estendese ao lançamento decorrente, em razão da íntima relação de causa e efeito que os vincula. Diante do exposto, voto pelo provimento do recurso voluntário. É como voto. (assinado digitalmente) José Eduardo Dornelas Souza Fl. 867DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13833.720056/2016-07
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jan 31 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2011
OMISSÃO DE RENDIMENTOS. MOLÉSTIA GRAVE NÃO COMPROVADA.
A isenção aplicável aos proventos da aposentadoria ou pensão, recebidos por portadores de moléstia grave, requer a prova da condição de aposentado, em relação à fonte pagadora; bem como a prova da moléstia grave, atestada em laudo médico oficial que preencha todos os requisitos exigidos pela legislação tributária.
Numero da decisão: 2001-000.226
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente
(assinado digitalmente)
Fernanda Melo Leal - Relatora.
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira.
Nome do relator: FERNANDA MELO LEAL
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MOLÉSTIA GRAVE NÃO COMPROVADA. A isenção aplicável aos proventos da aposentadoria ou pensão, recebidos por portadores de moléstia grave, requer a prova da condição de aposentado, em relação à fonte pagadora; bem como a prova da moléstia grave, atestada em laudo médico oficial que preencha todos os requisitos exigidos pela legislação tributária. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário (assinado digitalmente) Jorge Henrique Backes Presidente (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal Relatora. Participaram do presente julgamento os conselheiros: Fernanda Melo Leal, Jorge Henrique Backes, Jose Alfredo Duarte Filho e Jose Ricardo Moreira. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 83 3. 72 00 56 /2 01 6- 07 Fl. 106DF CARF MF 2 Contra o contribuinte acima identificado foi emitida Notificação de Lançamento, fls. 04 e seguintes, relativo ao Imposto de Renda Pessoa Física, exercício de 2011, anocalendário de 2010, por meio do qual foi constatada omissão de rendimentos, relativo a fonte pagadora Secretaria de Fazenda, no valor total de R$ 93.079,46. Além disso foi identificada compensação indevida de IRRF, relativo á fonte pagadora Secretaria de Fazenda, no valor tributável de R$ 706,36. Reduziu, desta forma, a restituição pleiteada de R$17.989,82 para R$ 3.662,16, por não ter sido reconhecida a condição de moléstia grave. O interessado foi cientificado da notificação em 17/02/2016 e apresentou impugnação em 06/03/2016 de fls, 02 e 03. Alega, em síntese, que o rendimento reputado omitido é isento, por se tratar de proventos da aposentadoria pagos a portador de moléstia grave. E que o valor do IRRF declarado é o que consta do comprovante de rendimentos fornecido pela fonte pagadora. A DRJ Rio de Janeiro, na análise da peça impugnatória, manifestou seu entendimento no sentido de que o contribuinte não logrou êxito em comprovar a condição de moléstia grave para fins de isenção de imposto de renda. Quanto à infração de compensação indevida de IRRF, a glosa corresponde à diferença entre o valor declarado pelo sujeito passivo, de R$ 17.989,82; e o valor informado pela fonte pagadora em DIRF, de R$ 17.283,46. Em sede de Recurso Voluntário, repisa a contribuinte as mesmas razões alegadas na impugnação. Cita base legal e jurisprudência para corroborar o seu entendimento. É o relatório. Voto Conselheira Fernanda Melo Leal Relatora. O recurso é tempestivo e atende às demais condições de admissibilidade. Portanto, merece ser conhecido. Mérito Omissão de rendimentos Merece que seja salientado, logo de início, que o laudo oficial acostado ao processo, constante da fl 6, não preenche os requisitos dispostos na legislação tributária, vez que não consta o número da matrícula funcional do médico perito. Vejamos o que estabelece a solução Cosit SRFB 11. Solução de Consulta Interna COSIT n 11, de 28 de junho de 2012: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF A comprovação da moléstia grave deverá ser realizada mediante laudo pericial, assim entendido como documento emitido por médico legalmente habilitado ao exercício da profissão de medicina, integrante de serviço médico oficial da União, dos Fl. 107DF CARF MF Processo nº 13833.720056/201607 Acórdão n.º 2001000.226 S2C0T1 Fl. 3 3 estados, do Distrito Federal ou dos municípios, independentemente de ser emitido por médico investido ou não na função de perito, observadas a legislação e as normas internas especificas de cada ente. O laudo pericial deve conter, no mínimo, as seguintes informações: a) o órgão emissor; b) a qualificação do portador da moléstia; c) o diagnóstico da moléstia (descrição; CID10; elementos que o fundamentaram; a data em que a pessoa física é considerada portadora da moléstia grave, nos casos de constatação da existência da doença em período anterior à emissão do laudo); d) caso a moléstia seja passível de controle, o prazo de validade do laudo pericial ao fim do qual o portador de moléstia grave provavelmente esteja assintomático; e e) o nome completo, a assinatura, o nº de inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM), o nº de registro no órgão público e a qualificação do(s) profissional(is) do serviço médico oficial responsável(is) pela emissão do laudo pericial. Para efeito do reconhecimento das isenções de que tratam os incisos XIV e XXI do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, sem prejuízo das demais exigências legais relativas à matéria, somente podem ser aceitos laudos periciais expedidos por instituições públicas, ou seja, instituídas e mantidas pelo Poder Público, independentemente da vinculação destas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Os laudos médicos expedidos por entidades privadas não atendem à exigência legal, não podendo ser aceitos, ainda que o atendimento decorra de convênio referente ao SUS. Além do mais, o laudo explicita que a alegada moléstia (monoplegia membro superior esquerdo CID G83) foi contraída desde 1938, o que se revela duvidoso eis que se assim fosse, o contribuinte não poderia ter ingressado no serviço público e se aposentado 30 anos após isso , como atesta documento de fls 13. Neste diapasão, merece trazer à baila o princípio pela busca da verdade material. Sabemos que o processo administrativo sempre busca a descoberta da verdade material relativa aos fatos tributários. Tal princípio decorre do princípio da legalidade e, também, do princípio da igualdade. Busca, incessantemente, o convencimento da verdade que, hipoteticamente, esteja mais aproxima da realidade dos fatos. De acordo com o princípio são considerados todos os fatos e provas novos e lícitos, ainda que não tragam benefícios à Fazenda Pública ou que não tenham sido declarados. Essa verdade é apurada no julgamento dos processos, de acordo com a análise de documentos, oitiva das testemunhas, análise de perícias técnicas e, ainda, na investigação dos fatos. Através das provas, buscase a realidade dos fatos, desprezandose as presunções tributárias ou outros procedimentos que atentem apenas à verdade formal dos fatos. Neste sentido, deve a administração promover de oficio as investigações necessárias à elucidação da verdade material para que a partir dela, seja possível prolatar uma sentença justa. A verdade material é fundamentada no interesse público, logo, precisa respeitar a harmonia dos demais princípios do direito positivo. É possível, também, a busca e análise da verdade material, para melhorar a decisão sancionatória em fase revisional, mesmo porque no Direito Administrativo não podemos falar em coisa julgada material administrativa. Fl. 108DF CARF MF 4 A apresentação de provas e uma análise nos ditames do princípio da verdade material estão intrinsecamente relacionadas no processo administrativo, pois a verdade material apresentará a versão legítima dos fatos, independente da impressão que as partes tenham daquela. A prova há de ser considerada em toda a sua extensão, assegurando todas as garantias e prerrogativas constitucionais possíveis do contribuinte no Brasil, sempre observando os termos especificados pela lei tributária. A jurisdição administrativa tem uma dinâmica processual muito diferente do Poder Judiciário, portanto, quando nos depararmos com um Processo Administrativo Tributário, não se deve deixar de analisálo sob a égide do princípio da verdade material e da informalidade. No que se refere às provas, é necessário que sejam perquiridas à luz da verdade material, independente da intenção das partes, pois somente desta forma será possível garantir o um julgamento justo, desprovido de parcialidades. Somase ao mencionado princípio também o festejado princípio constitucional da celeridade processual, positivado no ordenamento jurídico no artigo 5º, inciso LXXVIII da Constituição Federal, o qual determina que os processos devem desenvolverse em tempo razoável, de modo a garantir a utilidade do resultado alcançado ao final da demanda. Ratifico, ademais, a necessidade de fundamento pela autoridade fiscal, dos fatos e do direito que consubstancia o lançamento. Tal obrigação, a motivação na edição dos atos administrativos, encontrase tanto em dispositivos de lei, como na Lei nº 9.784, de 1999, como talvez de maneira mais importante em disposições gerais em respeito ao Estado Democrático de Direito e aos princípios da moralidade, transparência, contraditório e controle jurisdicional. Assim sendo, com fulcro nos festejados princípios supracitados, e baseando se na fundamentação do lançamento no sentido de que a condição de portador de moléstia grave, referida no laudo oficial, acostado às fls. 31, explicita que a moléstia (monoplegia membro superior esquerdo (CID G83) foi contraída desde 1938, o que revela, estreme de dúvidas, que não possuía a natureza incapacitante, desde 1938 entendo que deve ser mantido o lançamento fiscal e negar provimento ao Recurso Voluntário. CONCLUSÃO: Diante tudo o quanto exposto, voto no sentido de, CONHECER e NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário, para manter a glosa das despesas médicas, eis que não estão de acordo com a legislação para fins de dedução. (assinado digitalmente) Fernanda Melo Leal. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 13833.720056/201607 Acórdão n.º 2001000.226 S2C0T1 Fl. 4 5 Fl. 110DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 18186.732725/2015-90
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Mar 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DEDUÇÃO. ÔNUS DA PROVA. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade fiscal. O ônus da prova recai sobre o contribuinte, que instado pela autoridade fiscal, deve comprovar, de forma inequívoca e mediante documentação hábil e idônea, a realização de todas as deduções informadas na declaração de ajuste anual.
Numero da decisão: 2002-000.050
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni que lhe deu provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÃO. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Recorrente PAULO HENRIQUE SALVADOR BRAGATO Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 DEDUÇÃO. ÔNUS DA PROVA. PREVIDÊNCIA PRIVADA. Todas as deduções estão sujeitas à comprovação ou justificação, a juízo da autoridade fiscal. O ônus da prova recai sobre o contribuinte, que instado pela autoridade fiscal, deve comprovar, de forma inequívoca e mediante documentação hábil e idônea, a realização de todas as deduções informadas na declaração de ajuste anual. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por maioria de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, vencido o conselheiro Thiago Duca Amoni que lhe deu provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 18 6. 73 27 25 /2 01 5- 90 Fl. 81DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 82 2 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente ao exercício de 2013, ano calendário 2012, tendo em vista a apuração de deduções indevidas com dependentes e de despesas médicas e com instrução , previdência privada e FAPI. O contribuinte apresentou impugnação (fls.2/31), alegando, em síntese, que faz jus a deduzir os valores declarados e indicando a juntada de documentação comprobatória de todos os valores declarados. A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) deu parcial provimento à Impugnação (fls. 56/66), mantendo integralmente a glosa da previdência privada e Fapi e parcialmente a das despesas médicas, em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2013 DEDUÇÕES. PREVIDÊNCIA PRIVADA E FAPI. Apenas a contribuição previdenciária privada comprovadamente paga pelo contribuinte e que preencha os requisitos definidos na legislação do IR é dedutível da base de cálculo do ajuste anual. DEDUÇÕES. DEPENDENTE. Quando comprovada a relação de dependência, deve ser cancelada a glosa correspondente. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. Apenas é dedutível da base de cálculo do imposto de renda devido a despesa médica comprovada, relativa ao contribuinte e seus dependentes. DEDUÇÕES. DESPESAS COM INSTRUÇÃO. São dedutíveis os pagamentos efetuados a estabelecimentos de ensino, para o titular e dependentes, observados os comprovantes apresentados e o limite legal de dedução estabelecido para o anocalendário. Cientificado dessa decisão em 20/2/2017 (fl.70), o contribuinte formalizou, em 17/3/2017 (fl.73), Recurso Voluntário (fls. 73/78), no qual apresenta as seguintes alegações: Fl. 82DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 83 3 não pode se conformar com a glosa da despesa com a previdência privada e FAPI, uma vez que, além de apresentar o documento comprobatório, o desconto se deu no limite de 12% permitido na legislação. reproduz trechos da autuação, de sua impugnação e da decisão de piso, ressaltando que a contribuição paga foi no valor de R$24.695,35 e o valor deduzido foi de R$21.792,49, em observância ao limite legal de 12% dos rendimentos tributáveis. aduz que o comprovante de rendimentos e a declaração de ajuste demonstram que as informações foram inseridas corretamente como sendo pagamentos efetuados pelo titular. alega que o comprovante e a sua DIRPF deixam claro que a despesa com o Fapi é só dele, não havendo nada relacionado a dependentes. reforça que a despesa com a Previdência Privada e Fapi é do titular Paulo Henrique Salvador Bragato, CPF 094.868.57865, ora recorrente. requer o cancelamento do débito fiscal reclamado. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações (fl.79). É o relatório. Fl. 83DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 84 4 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito O sujeito passivo recorre apenas quanto à glosa da previdência privada e Fapi. A DRJ manteve a glosa integral do valor declarado, consignando: Houve a glosa integral da dedução com Previdência Privada e Fapi informada por falta de comprovação, conforme solicitado no termo de intimação. Inconformado, assevera o interessado que faz jus à dedução, conforme documentos que anexa. Dispõe o artigo 74 do Regulamento do Imposto de Renda vigente, Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 – RIR/1999: “Art. 74. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto poderão ser deduzidas (Lei n.º 9.250, de 1995, art. 4º, incisos IV e V) I – as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II – as contribuições para entidades de previdência privada domiciliadas no País, cujo ônus tenha sido do contribuinte, destinadas a custear benefícios complementares assemelhados aos da Previdência Social. § 1º A dedução permitida pelo inciso II aplicase exclusivamente à base de cálculo relativa a rendimentos do trabalho com vínculo empregatício ou de administradores, assegurada, nos demais casos, a dedução dos valores pagos a esse título, por ocasião da apuração da base de cálculo do Fl. 84DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 85 5 imposto devido no anocalendário (Lei n.º 9.250, de 1995, art. 4º, parágrafo único). § 2º A dedução a que se refere o inciso II deste artigo, somada à prevista no art. 82, fica limitada a doze por cento do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na declaração de rendimentos (Lei n.º 9.250, de 1995, art.11). (grifos acrescidos) Concomitantemente, o art. 83 do mesmo diploma legal preconiza que: “Art. 83. A base de cálculo do imposto devido no ano calendário será a diferença entre as somas (Lei nº 9.250, de 1995, art. 8º, e Lei nº 9.477, de 1997, art. 10, inciso I): 5. de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os não tributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas ao somatório dos valores de que tratam os arts. 74, 75, 78 a 81, e 82, e da quantia de um mil e oitenta reais por dependente;” (grifos acrescidos) Já os arts. 06 e 07 da Instrução Normativa SRF nº 588/2005 condicionam a dedução da Previdência Privada a contribuições para a Previdência Oficial, excetuandose os beneficiários de aposentadoria ou pensão concedidas por regime próprio de previdência ou pelo regime geral de previdência social, a partir de 01 de janeiro de 2005, in verbis: Dedução das contribuições pagas pela pessoa física Art. 6º As deduções relativas às contribuições para entidades de previdência complementar e sociedades seguradoras domiciliadas no País e destinadas a custear benefícios complementares aos da Previdência Social, cujo ônus seja da própria pessoa física, ficam condicionadas ao recolhimento, também, de contribuições para o regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observada a contribuição mínima, e limitadas a 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. § 1º O disposto no caput aplicase, inclusive, às contribuições ao Fapi. § 2º Excetuamse da condição de que trata o caput os beneficiários de aposentadoria ou pensão concedidas por regime próprio de previdência ou pelo regime geral de previdência social, mantido, entretanto, o limite de 12% (doze por cento) do total dos rendimentos computados na Fl. 85DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 86 6 determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. § 3º Os prêmios de seguro de vida com cláusula de cobertura por sobrevivência são indedutíveis para fins de determinação da base de cálculo do imposto devido na Declaração de Ajuste Anual. Art. 7º As contribuições para planos de previdência complementar e para Fapi, cujo titular ou quotista seja dependente, para fins fiscais, do declarante, podem ser deduzidas desde que o declarante seja contribuinte do regime geral de previdência social ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, observado o disposto no art. 6º. Parágrafo único. Na hipótese de dependente com mais de 16 anos, a dedução a que se refere o caput fica condicionada, ainda, ao recolhimento, em seu nome, de contribuições para o regime geral de previdência social, observada a contribuição mínima, ou, quando for o caso, para regime próprio de previdência social dos servidores titulares de cargo efetivo da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.(grifos acrescidos) Dito isto, do exame dos documentos acostados aos autos, verificase que o interessado, não obstante ter apresentado o documento de fl. 28, não saneou a irregularidade apontada pela autoridade tributária na Notificação de Lançamento, na medida em que não apresentou comprovação de pagamento de contribuição à Previdência Privada e Fapi com discriminação dos valores pagos por beneficiário, conforme solicitado na intimação de fl. 55. Desta forma, mantémse a glosa. (destaques acrescidos) Em seu recurso, o contribuinte defende que o comprovante de rendimentos é hábil e suficiente a fazer a prova exigida. No caso, verificase que, desde o início da ação fiscal, o contribuinte foi intimado a apresentar documento comprobatório da contribuição à previdência privada com especificação do valor pago por beneficiário (fl.55). A decisão de piso julgou improcedente a impugnação nesse tocante justamente em função da ausência de demonstração do valor pago por beneficiário. Ainda que cientificado desses fatos, o contribuinte insiste que o comprovante de rendimentos é suficiente para respaldar seu direito à dedução. Como apontado na decisão de piso, o comprovante de rendimentos não se revela hábil a fazer a prova quanto aos beneficiários do plano de previdência. O documento Fl. 86DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 87 7 comprova que o contribuinte sofreu o ônus da contribuição, descontada direto em folha de pagamento, mas não quem são os beneficiários. Essa exigência se justifica pelo fato da legislação de regência, reproduzida na decisão de piso, impor regras e limitações para a dedutibilidade dessas contribuições. Em consulta efetuada no sítio da instituição beneficiária do pagamento, verificase que a Infraprev administra, além de outros, planos voltados aos familiares dos participantes, como se demonstra abaixo (consulta efetuada em 9/3/2018): Planos de Benefícios O Infraprev administra o Plano de Contribuição Variável (Plano CV), com mais de 95% dos participantes, o Plano de Contribuição Definida (Plano PAI I), associativo, voltado aos familiares e dois planos de Benefício Definido (BDI e BDII) fechados ao ingresso de novos participantes. ... Sobre o Plano O Plano Associativo Infraprev I (PAI I), também conhecido como Plano Anei, tem o objetivo de acumular recursos financeiros para todos aqueles que são importantes para você cônjuges, filhos, netos, sobrinhos, primo, cunhado, nora, genro. Garante uma renda adicional que pode ser usada para aposentadoria ou para realizar um sonho de curto, médio ou longo prazo. O valor do benefício é o resultado da soma das contribuições mensais, acrescido do retorno dos investimentos do Infraprev. Para aderir ao plano, empregados da Infraero; participantes do Infraprev; aposentados e pensionistas devem estar associados à Associação Nacional dos Empregados da Infraero (ANEI) para indicar seus beneficiários. Veja como participar do Plano em Associese. (destaques acrescidos) Esclareçase que as normas que estabelecem deduções da base de cálculo do imposto de renda têm o efeito de excluir uma parcela do rendimento do contribuinte que, normalmente, seria tributada; conseqüentemente, constituem verdadeiras isenções tributárias. No direito tributário, e mais especificamente na legislação do imposto de renda, a regra é a da universalidade da tributação; assim, qualquer exclusão a esse princípio constitui norma excepcional, e dessa forma deve ser tratada. Assim, não tendo o contribuinte se desincumbido a contento do ônus de comprovar que faz jus a deduzir o valor declarado, não há reparos a se fazer à decisão de piso. Fl. 87DF CARF MF Processo nº 18186.732725/201590 Acórdão n.º 2002000.050 S2C0T2 Fl. 88 8 Conclusão Pelo exposto, voto por conhecer do recurso, para, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 88DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.687804/2009-41
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Terceira Seção
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004
RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO.
É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso do prazo de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância. Desatendido pressuposto de admissibilidade, não pode o recurso ser conhecido.
Numero da decisão: 3002-000.048
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Larissa Nunes Girard - Presidente e Relatora
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior, Larissa Nunes Girard e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões.
Nome do relator: LARISSA NUNES GIRARD
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/06/2004 a 30/06/2004 RECURSO VOLUNTÁRIO. INTEMPESTIVO. NÃO CONHECIMENTO. É intempestivo o recurso voluntário interposto após o decurso do prazo de trinta dias da ciência da decisão de primeira instância. Desatendido pressuposto de admissibilidade, não pode o recurso ser conhecido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em não conhecer do Recurso Voluntário. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Presidente e Relatora Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Carlos Alberto da Silva Esteves, Diego Weis Junior, Larissa Nunes Girard e Maria Eduarda Alencar Câmara Simões. Relatório Trata o processo de declaração de compensação, Per/Dcomp 37200.24693.090306.1.3.049230, na qual a contribuinte informa a ocorrência de pagamento indevido de Cofins, por meio de Darf no valor de R$ 2.027,25 relativo ao período de apuração de junho/2004, e na qual solicita compensar R$ 891,18 com débito de CSLL relativo ao 4º trimestre de 2005. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 68 78 04 /2 00 9- 41 Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10880.687804/200941 Acórdão n.º 3002000.048 S3C0T2 Fl. 3 2 Por meio de despacho decisório à fl1. 5, a unidade de origem indeferiu o pedido de compensação porque concluiu que o crédito relativo ao Darf havia sido utilizado integralmente na quitação de outros débitos, não restando crédito para a realização de compensação da CSLL. A recorrente apresentou manifestação de inconformidade (fls. 8 a 29), na qual alegou haver cometido erro no preenchimento de sua DCTF. Entretanto, sua impugnação consistiu nessa alegação, acompanhada de cópia da DCTF original e da retificadora (fls. 15 e 16), sem outro documento que se prestasse a comprovar o alegado erro no preenchimento da declaração ou o seu direito creditório. A Delegacia de Julgamento DRJ/SP1 proferiu o acórdão nº 1634.808 (fls. 31 a 36), por meio do qual decidiu pela improcedência da impugnação, tendo em vista a inexistência de prova do alegado direito de crédito, nos termos da ementa que se transcreve a seguir: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 15/07/2004 DCOMP. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. A mera alegação da existência do crédito, desacompanhada de elementos de prova, não é suficiente para reformar a decisão que não homologou a compensação. DCTF. ERRO DE PREENCHIMENTO. NÃO COMPROVAÇÃO EM DOCUMENTAÇÃO IDÔNEA. Considerase confissão de dívida os débitos declarados em DCTF, motivo pelo qual qualquer alegação de erro no seu preenchimento deve vir acompanhada de declaração retificadora munida de documentos idôneos para justificar as alterações realizadas no valor dos tributos devidos. Não apresentada a escrituração contábil, nem outra documentação hábil e suficiente, que justifique a alteração dos valores registrados em DCTF, demonstrando a liquidez e certeza do crédito informado na DCOMP, se mantém a decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Administração Tributária em São Paulo, que não homologou a compensação declarada pelo contribuinte. Manifestação de Inconformidade Improcedente. Direito Creditório Não Reconhecido. Cientificada da decisão, a contribuinte interpôs recurso voluntário (fls. 38 a 73), no qual apresentou as seguintes alegações: · a contribuinte pagou indevidamente a Cofins, uma vez que a alíquota da contribuição havia sido reduzida a zero, por meio da Lei nº 10.925, de 23 de 1 A numeração informada segue a que foi atribuída pelo eprocesso, e não a realizada manualmente. Fl. 77DF CARF MF Processo nº 10880.687804/200941 Acórdão n.º 3002000.048 S3C0T2 Fl. 4 3 julho de 2004, e tal pagamento "não se fazia mais idôneo em virtude de Lei anterior que beneficiava a recorrente"; · apesar de a DCTF constituir uma confissão de dívida, não poderia a DRJ afastar o direito da contribuinte à compensação, tendo em vista sua boafé em declarar o débito e pagar uma contribuição que já não devia mais, mas o fez por desconhecimento da alteração de alíquota; · o fato de a contribuinte ter retificado a DCTF após o pedido de compensação não pode ser utilizado como fundamento para negar o pedido de compensação, uma vez que o direito existe; · em relação à alegação pela DRJ de que a DCTF retificadora, por si só, não é suficiente para demonstrar a existência do crédito pleiteado, juntase ao recurso voluntário "cópia do Livro Diário (documento 5) para atestar a veracidade da retificação realizada na DCTF"; · entende haver demonstrado seu direito creditório tanto pelo aspecto legal quanto pelo documental, o que não estava suficientemente claro neste processo até então; e · a contribuinte entende que não deve prosperar o entendimento de que a prova documental só pode ser apresentada no momento da impugnação, tornando precluso o direito de fazêlo em momento posterior, tendo em visto os princípios que regem o processo administrativo. A título de prova, a recorrente juntou ao seu recurso voluntário cópia do Darf, cópia da DCTF original e da retificadora, e cópia de uma folha do Livro Diário, consolidado do mês 11/2005, com respectivos termos de abertura e encerramento. É o relatório. Voto Conselheira Larissa Nunes Girard O prazo legal para interposição do recurso voluntário é de trinta dias, a contar da data da ciência da decisão de primeira instância, conforme estabelecido no art. 33 do Decreto nº 70.235, de 1972: Art. 33. Da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão. A recorrente tomou ciência do Acórdão proferido pela DRJ em 20/03/2012, conforme AR constante à fl. 74. Logo, a data limite para interposição de recurso era 19/04/2012. Fl. 78DF CARF MF Processo nº 10880.687804/200941 Acórdão n.º 3002000.048 S3C0T2 Fl. 5 4 Entretanto, o recurso voluntário foi protocolizado em 20/04/2012, o que se constata do carimbo aposto ao documento original (fl. 38), data essa que coincide com a data de assinatura do recurso (fl. 42). Considerando que não houve feriado, nacional ou local, no início ou no fim da contagem do prazo, que justificasse o alargamento do período, concluise pela intempestividade do recurso, que é pressuposto para a sua admissibilidade. Pelo exposto, voto em não conhecer do recurso voluntário, por intempestivo. (assinado digitalmente) Larissa Nunes Girard Relatora Fl. 79DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10880.991193/2009-33
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Apr 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Ano-calendário: 2003
PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA.
A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa.
DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS
A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas.
A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 3402-005.095
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado.
(assinado digitalmente)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Ano-calendário: 2003 PIS. DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendo-lhe vedado fundamentá-la em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado.
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decisao_txt : Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra.
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DCTF. RETIFICAÇÃO PÓS DESPACHO DECISÓRIO. NECESSIDADE DE PROVA. A retificação da DCTF pelo contribuinte, que reduz o valor devido de PIS originariamente informado, não é pressuposto para reconhecimento do indébito relativo ao saldo credor. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da existência do crédito declarado, para possibilitar a aferição de sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. DCOMP. CRÉDITO. PROVAS NO PROCESSO TRIBUTÁRIO. EFEITOS A falta de comprovação do crédito objeto da Declaração de Compensação apresentada impossibilita a homologação das compensações declaradas. A mera alegação sem a devida produção de provas não é suficiente para conferir certeza às argumentações do recorrente. Será na prova assim produzida que irá o julgador formar sua convicção sobre os fatos, sendolhe vedado fundamentála em elementos desprovidos da segurança jurídica que os princípios e normas processuais acautelam. Recurso Voluntário Negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do relatório e do voto que integram o presente julgado. (assinado digitalmente) Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 99 11 93 /2 00 9- 33 Fl. 141DF CARF MF 2 Participaram da sessão de julgamento os seguintes Conselheiros: Jorge Olmiro Lock Freire, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Carlos Augusto Daniel Neto, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Thais de Laurentiis Galkowicz e Waldir Navarro Bezerra. Relatório Tratase o presente processo em que a empresa IOB INFORMAÇÕES OBJETIVAS PUBLICAÇÕES JURÍDICAS LTDA., ingressou com Declaração de Compensação alegando pagamento a maior de PIS. Conforme o Despacho Decisório Eletrônico acostado aos autos, a compensação pleiteada não foi homologada, sob o fundamento de que a partir das características do DARF por meio do qual teria ocorrido o pagamento a maior ou indevido, o pagamento foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. A Recorrente cientificada da decisão, apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva onde alega, em síntese, que: a) em procedimento de auditoria e verificação interna, verificouse que a empresa pagou PISa maior. Como a legislação lhe dá guarida, realizou compensação do valor apurado a maior, com demais tributos a pagar; b) desta forma, ingressou com Declaração de Compensação de pagamento a maior. Cita fundamentação do Despacho Decisório que não homologou a compensação. A RFB considerou que o pagamento realizado foi utilizado na quitação de débitos informados em DCTF, o que não ocorreu; c) alega que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido indevidamente. A única justificativa da Receita Federal ao proferir tal despacho, foi ter se baseado na DCTF original. Se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação; e d) considerando a retificação da DCTF, requer a homologação da compensação realizada. A DRJ em São Paulo I (SP) julgou improcedente a Manifestação de Inconformidade apresentada por entender que a mera retificação da DCTF é insuficiente para o reconhecimento do direito creditório vindicado, quando desacompanhada de provas hábeis para tal. Cientificada da decisão de primeira instância, a contribuinte apresentou recurso voluntário, no qual alega em síntese que: ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF. Desta forma, apropriouse integralmente do valor recolhido a maior; que a única justificativa da RFB ao proferir o despacho decisório, foi ter se baseado na DCTF original e não considerar a DCTF retificadora. Caso tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação realizada; Fl. 142DF CARF MF Processo nº 10880.991193/200933 Acórdão n.º 3402005.095 S3C4T2 Fl. 3 3 quanto a existência de documentos suficientes para análise do PER/DCOMP, aduz que a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a recorrente demonstrou o quantum que a RFB no Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PER/DCOMP insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação; da demonstração da existência do Crédito Compensado: em caso da necessidade de a Recorrente juntar outros elementos para embasar a existência do crédito corretamente compensado, evidenciase o pagamento a maior e correspondente direito à compensação, existindo prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN; não há como se admitir o não conhecimento da ulterior juntada de documentos no presente caso, eis que o despacho decisório era fundado em matéria estritamente formal (decorrente da divergência de DCTF); tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF); o CARF reconhece a ulterior juntada de provas em atendimento aos princípios do contraditório e ampla defesa; Ao final, considerando as provas carreadas nos autos, requerse o conhecimento e provimento do presente recurso voluntário, com a conseqüente homologação da compensação realizada. Os autos, então, foram encaminhados a este CARF para apreciação e julgamento do recurso. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, Relator. O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3402005.069, de 22 de março de 2018, proferido no julgamento do processo 10880.977028/200979, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3402005.069): "1 Da admissibilidade do Recurso Voluntário Presentes os pressupostos recursais, a petição de fls. 142/147, é tempestiva e foi conhecida como recurso voluntário. 2 Objeto da lide Fl. 143DF CARF MF 4 A empresa ingressou com Declaração de Compensação através de PER/DCOMP nº 04014.84529.071205.1.3.048793, de pagamento a maior de COFINS, referente ao mês de março/2001, no valor (principal) de R$ 2.343,83. Ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou sua DCTF e apropriouse integralmente do valor recolhido a maior. No entanto, ao analisar os autos no Despacho Decisório, a RFB considerou que o pagamento realizado foi totalmente utilizado na COFINS devida, correspondente ao mês de março de 2001 (no valor de R$ 215.529,03), não homologando a compensação realizada. Como se vê, a lide diz respeito em que a Recorrente não apresentou prova documental juntamente com a Manifestação de Inconformidade, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na Declaração de Compensação em exame. 3. Das provas trazidas aos autos Primeiramente, aduz a Recorrente em seu recurso que, a decisão recorrida não poderá prevalecer em relação à necessidade de juntada de novas provas, eis que a Recorrente demonstrou suficientemente que a RFB, em seu Despacho Decisório, desconsiderou a DCTF retificadora na composição do saldo supostamente devedor. Nesse sentido, não há razão para se exigir outros documentos senão a DCTF desconsiderada na análise do PEDCOMP supostamente insubsistente, nos termos da Instrução Normativa vigente na época da compensação. Pois bem. As normas de vigentes à época da apresentação da Declaração de Compensação e legislação superveniente, são: IN SRF 460, de 2004; IN SRF 600, de 2005, e IN RFB 900, de 2008. Na forma da legislação acima, eventual crédito passível de restituição ou ressarcimento pode ser utilizado na compensação com débitos do sujeito passivo. Contudo, a homologação da compensação está sujeita ao anterior reconhecimento do direito creditório, tendo em vista que a compensação somente pode ser efetuada com credito liquido e certo. Aduz a Recorrente que ao verificar que o tributo foi pago a maior, retificou a DCTF. Para tanto, junta aos autos, cópia da DCTF retificadora referente ao 10 trimestre de 2001, enviadas em 30/09/2009 (fls. 19/90). Como a justificativa da Fiscalização ao proferir o Despacho que não homologou a compensação, foi ter se baseado na DCTF original, se tivesse considerado a declaração retificadora, não teria por que não homologar a compensação. Há que se ressaltar que a Recorrente, em 30/09/2009, após a emissão do Despacho Decisório, de 24/08/2009, retificou as DCTFs referente ao 10 trimestre de 2001, na qual reduz o valor devido de COF1NS e pleiteia a compensação dos valores supostamente recolhidos a maior. É cediço que a Declaração retificadora apresentada, reduzindo o valor devido de COFINS, não é suficiente para demonstrar a Fl. 144DF CARF MF Processo nº 10880.991193/200933 Acórdão n.º 3402005.095 S3C4T2 Fl. 4 5 existência do credito pleiteado, visto ser indispensável que a origem do credito seja comprovada por documentação hábil que de suporte aos valores declarados (necessidade de se apensar documentos, cópias da escrituração contábil, objetivando respaldar a retificação efetuada). O credito pleiteado somente fica assegurado, quando respaldado por documentação hábil e idônea. Agora, no recurso voluntário, visando demonstrar a existência do crédito compensado, a Recorrente alega "existir prova do crédito compensado pelos documentos ora juntados. Através dos correspondentes documentos juntados, resta claro que sobreveio o pagamento indevido e o direito ao crédito consubstanciado no art. 170 do CTN". Solicita o conhecimento de tais provas. No entanto, manuseando as peças dos autos, verifico que junto com o Recurso Voluntário, foram acostados as seguintes cópia de documentos: identificação da OAB do procurador; procuração; alteração do Contrato Social e cópia do Acórdão DRJ recorrido (documentos de fls. 148/170). Verificase que, diferente do alegado, a defesa não apresentou prova documental juntamente com a manifestação de inconformidade e nem em seu recurso, ou seja, não comprovou com a documentação correspondente, a existência do suposto crédito informado na declaração de compensação em exame. Continua aduzindo a Recorrente que: (...) Tal providencia, inclusive, vem ao encontro dos princípios da Verdade Real e Material, o qual baliza o reconhecimento de provas no processo administrativo fiscal (PAF), impondo a ampla análise e igualdade em oportunizar ao contribuinte opor se aos argumentos fazendários, os quais, no caso, apresentaram se no acórdão recorrido e não no despacho decisório escorreitamente, enfrentado pela manifestação de inconformidade". Sabemos que o momento apropriado para apresentação das provas que comprovem suas alegações é na propositura da Impugnação, no caso a Manifestação de Inconformidade. Temos conhecimento, também, que a regra fundamental do sistema processual adotado pelo Legislador Nacional, quanto ao ônus da prova, encontrase cravada no art. 373 do Novo Código de Processo Civil, in verbis: Art. 373. O ônus da prova incumbe: I – ao autor, quanto ao fato constitutivo do seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor. Tal dispositivo é a tradução do princípio de que o ônus da prova cabe a quem dela se aproveita. E esta formulação também foi, com as devidas adaptações, trazida para o processo Fl. 145DF CARF MF 6 administrativo fiscal, posto que a obrigação de provar está expressamente atribuída para o Fisco quando realiza o lançamento tributário, e para o sujeito passivo, quando formula pedido de repetição de indébito. Em virtude dessas considerações, é importante relembrar alguns preceitos que norteiam a busca da verdade real por meio de provas materiais. A finalidade da prova é a formação da convicção do julgador quanto à existência dos fatos. Em outras linhas, um dos principais objetivos do direito é fazer prevalecer a justiça. Para que uma decisão seja justa, é relevante que os fatos estejam provados a fim de que o julgador possa estar convencido da sua ocorrência. A verdade encontrase ligada à prova, pois é por meio desta que se torna possível afirmar idéias verdadeiras, adquirir a evidência da verdade, ou certificarse de sua exatidão jurídica. Ao direito somente é possível conhecer a verdade por meio das provas. Posto isto, concluímos que a finalidade imediata da prova é reconstruir os fatos relevantes para o processo e a mediata é formar a convicção do julgador. Os fatos não vêm simplesmente prontos, tendo que ser construídos no processo, pelas partes e pelo julgador. Após a montagem desse quebracabeça, a decisão se dará com base na valoração das provas que permitirá o convencimento da autoridade julgadora. Assim, a importância da prova para uma decisão justa vem do fato dela dar verossimilhança às circunstâncias a ponto de formar a convicção do julgador. Regressando aos autos, como já mencionado, a Recorrente não apresentou indícios mínimos de prova seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de sorte que me sinto na obrigação de julgar com os dados constantes nos autos. Neste contexto, não vislumbro razões para reformar a decisão de primeira instância uma vez que sua decisão foi baseada nos fundamentos jurídicos constantes dos autos e a consequente subsunção aos fundamentos legais que regiam a matéria à época dos fatos geradores. Diante desse quadro, entendo que a decisão da DRJ merece ser mantida pelos seus próprios fundamentos. 4. Conclusão Posto isto, voto no sentido de conhecer do Recurso Voluntário e NEGARLHE provimento, mantendose a decisão recorrida." Importa registrar que nos autos ora em apreço, assim como no paradigma, o interessado tampouco trouxe provas de seu direito (como planilha demonstrativa e cópia dos livros contábeis e fiscais), de tal sorte que há identidade na situação cotejada. Fl. 146DF CARF MF Processo nº 10880.991193/200933 Acórdão n.º 3402005.095 S3C4T2 Fl. 5 7 Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO. assinado digitalmente Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 147DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 16696.720079/2014-51
Turma: Segunda Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Mar 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Apr 13 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2012
DEDUÇÃO. DEPENDENTES. PAIS.
Podem ser dependentes do contribuinte os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal.
DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS.
São consideradas dedutíveis na apuração do imposto as despesas médicas desde que comprovadamente despendidas pelo contribuinte com ele e seus dependentes.
DEDUÇÃO. PENSÃO JUDICIAL.
Os pagamentos realizados a título de pensão alimentícia podem ser deduzidos na declaração de rendimentos, desde que decorram do cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou por escritura pública e possam ser documentalmente comprovados. Súmula CARF nº98.
Numero da decisão: 2002-000.039
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negar-lhe provimento.
(assinado digitalmente)
Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez - Presidente e Relatora
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil.
Nome do relator: CLAUDIA CRISTINA NOIRA PASSOS DA COSTA DEVELLY MONTEZ
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DEDUÇÕES. DEPENDENTES. DESPESAS MÉDICAS. PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Recorrente PAULO CESAR RIOS DA SILVEIRA Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 DEDUÇÃO. DEPENDENTES. PAIS. Podem ser dependentes do contribuinte os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal. DEDUÇÃO. DESPESAS MÉDICAS. São consideradas dedutíveis na apuração do imposto as despesas médicas desde que comprovadamente despendidas pelo contribuinte com ele e seus dependentes. DEDUÇÃO. PENSÃO JUDICIAL. Os pagamentos realizados a título de pensão alimentícia podem ser deduzidos na declaração de rendimentos, desde que decorram do cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou por escritura pública e possam ser documentalmente comprovados. Súmula CARF nº98. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 16 69 6. 72 00 79 /2 01 4- 51 Fl. 104DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 105 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso e, no mérito, negarlhe provimento. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Presidente e Relatora Participaram do presente julgamento os conselheiros: Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez, Fábia Marcília Ferreira Campêlo, Thiago Duca Amoni e Virgílio Cansino Gil. Fl. 105DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 106 3 Relatório Tratase de lançamento decorrente de procedimento de revisão interna da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física DIRPF, referente ao exercício de 2012, ano calendário 2011, tendo em vista a apuração de deduções indevidas de: dependentes, despesas médicas e com instrução, pensão judicial e contribuição à previdência privada e Fapi. O contribuinte apresentou impugnação (fls.2/64), indicando a juntada de documentação comprobatória dos valores declarados. Na sua defesa, o sujeito passivo contesta parcialmente a glosa das despesas com instrução e integralmente as demais deduções. A Autoridade lançadora efetuou a revisão do lançamento, emitindo o Termo Circunstanciado/Despacho Decisório de fls. 72/75. Nessa decisão, a glosa da contribuição à previdência privada foi cancelada integralmente. As demais deduções foram restabelecidas parcialmente. Cientificado, o contribuinte não apresentou aditamento a sua impugnação. Posteriormente, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (RJ) negou provimento à Impugnação (fls. 82/87), em decisão cuja ementa é a seguinte: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Exercício: 2012 MATÉRIA NÃO IMPUGNADA, DESPESAS COM INSTRUÇÃO R$421,63 Considerase não impugnada a matéria na qual não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. DEDUÇÃO DE PENSÃO ALIMENTÍCIA JUDICIAL. Só podem ser deduzidos para fins de imposto de renda os valores de pensão alimentícia, embasada nas normas do Direito de Família e determinados por decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública devidamente comprovados. DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. INSTRUÇÃO. DEPENDENTES. Somente podem ser aceitas as deduções comprovadas por meio documentação hábil e idônea que estejam em conformidade com as regras contidas na legislação de regência Cientificado dessa decisão em 9/2/2017 (fl.91), o contribuinte formalizou, em 8/3/2017 (fl.93), seu Recurso Voluntário (fls. 93/102), no qual apresenta as seguintes alegações: Fl. 106DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 107 4 com relação a Unimed Volta Redonda, da dependente Alessandra de Asevedo, as despesas pagas por ele somam R$2.305,33. Acrescenta que as despesas próprias e da filha Luasmyn somam R$2.681,53, e não R$2.456,28, como apontado pela Autoridade Fiscal. em relação ao pai, José Mariano da Silveira, informa que é seu dependente de longa data, no plano de saúde, de aluguel residencial, de medicamentos, além de outros itens relevantes. Afirma que o pai é beneficiário de uma aposentadoria por tempo de contribuição e de uma pensão por morte, tendo auferido o total de R$14.170,00, e não R$28.230,00, como apontado na decisão combatida. em relação à pensão, informa que até 2002 efetuava os pagamentos a Arlinda Celeste Alves da Silveira por depósito em conta bancária. Posteriormente, pela beneficiária não dispor mais de conta bancária, passou a efetuar os pagamentos em dinheiro. aduz que, ao cruzar as informações relacionadas aos fatos enumerados, será facilmente constatada a veracidade de seu relato. requer que seu recurso seja acolhido, com consequente cancelamento do débito exigido. Processo distribuído para julgamento em Turma Extraordinária, tendo sido observadas as disposições do artigo 23B, do RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 2015, e suas alterações (fls.74 e 89). É o relatório. Fl. 107DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 108 5 Voto Conselheira Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Relatora Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Dependente Em seu recurso, o sujeito passivo requer o restabelecimento de seu pai como dependente. Em sua defesa, junta o comprovante de rendimento de fl.99. O contribuinte informa que o pai é beneficiário de dois rendimentos: aposentadoria por tempo de serviço e pensão por morte. Entretanto, em seu recurso, anexou somente o comprovante da pensão por morte, o qual aponta rendimento de R$14.115,00. Constam dos autos, às fls. 67 e 68, os dois comprovantes de rendimentos do senhor José Mariano da Silveira, demonstrando que ele é beneficiário de dois benefícios distintos, sendo cada um de R$14.115,00, perfazendo o montante de R$28.230,00 no ano calendário 2011. A dedução pleiteada enquadrase no disposto no art. 35, inciso III, inciso VI, da Lei nº 9.250/95, que dispõe: Art. 35. Para efeito do disposto nos arts. 4º, inciso III, e 8º, inciso II, alínea c, poderão ser considerados como dependentes: ... VI os pais, os avós ou os bisavós, desde que não aufiram rendimentos, tributáveis ou não, superiores ao limite de isenção mensal; (destaques acrescidos) Fl. 108DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 109 6 Para o anocalendário 2011, o limite de isenção é R$18.799,32 (R$1.566,61 mensal). Como o pai auferiu rendimentos acima do limite de isenção, ele não pode figurar como dependente do contribuinte nesse anocalendário, não havendo reparos a se fazer à decisão de piso. Despesas Médicas No tocante às despesas médicas, o recurso do sujeito passivo recai sobre os pagamentos efetuados a Unimed. Com base na Dmed (fls.69/71), a autoridade fiscal acatou despesas no montante de R$2.456,28, referentes ao contribuinte e a Luasmyn, e R$2.305,33, de Alessandra de Asevedo. Esclareceu ainda que o documento apresentado pelo contribuinte à fl. 26 não permitia verificar a que período se referia. Segue trecho da decisão nesse tocante: No que se refere às despesas com o plano de saúde UNIMED DE VOLTA REDONDA, vale ressaltar que o documento apresentado pelo contribuinte e que informa os valores discriminados por beneficiários (titular e dependentes) não identifica a qual período tais despesas se referem. Por meio de consulta a Dmed, foi possível verificar que o valor das despesas com o titular e com o único beneficiário considerado dependente na declaração (LUASMYN ASEVEDO RIOS DA SILVEIRA) corresponde ao montante de R$ 2.456,28. Foi também possível verificar, por meio de Dmed, que ALESSANDRA DE ASEVEDO é titular do referido plano de saúde e que pagou despesas do montante de R$ 2.305,33. Assim, MANTENHO A GLOSA do valor remanescente de R$ 2.950,44, referente a essa parcela da dedução. (destaques acrescidos) Em seu recurso, o sujeito passivo faz alusão às despesas declaradas com Unimed, de R$2.305,33 para Alessandra, e de R$2.681,53, para ele próprio e Luasmyn. Em relação à beneficiária Alessandra, não há litígio, uma vez que o valor pleiteado pelo contribuinte já foi acatado pela autoridade fiscal. No tocante às despesas próprias e de Luasmyn, a Autoridade Fiscal acatou o montante de R$2.456,28, com base na Dmed (fls.69/70) e o contribuinte defende que faz jus a deduzir R$2.681,53, juntando documento de fl.101. Ocorre que o documento apresentado pelo contribuinte em seu recurso já constava à fl. 26 e, conforme consignado pela Autoridade revisora, não permite verificar a que período se refere o demonstrativo. Ainda que cientificado dessa falha na instrução probatória, o contribuinte reapresentou o mesmo documento, que não se mostra hábil a fazer prova a seu favor. Fl. 109DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 110 7 Assim, mostrase correto o procedimento de acatar o valor informado pelo plano de saúde à Receita Federal do Brasil por meio da Dmed, não havendo reparos a se fazer à decisão de piso. Pensão Judicial O contribuinte informou o pagamento de pensão no montante de R$33.836,60. Na impugnação, em relação a beneficiária Patricia Angela Cassia, juntou comprovantes de rendimentos de fls. 28/30 e sentença proferida em ação de alimentos (fls.53/56). Em relação a beneficiária Arlinda Celeste, juntou peças relativas à separação consensual (fls.57/63). Nesse tocante, a Autoridade revisora consigna: Somente restou comprovado pelo contribuinte o pagamento da pensão alimentícia judicial no montante de R$ 15.836,60, motivo pelo qual MANTENHO A GLOSA do valor remanescente de R$ 18.000,00, para os quais não foram apresentados os respectivos comprovantes dos pagamentos. (destaques acrescidos) A DRJ/RJO manteve a glosa nos seguintes termos: A dedução relativa a pagamento de pensão alimentícia encontra se prevista no inciso II do caput do art. 4º, bem como na alínea “f” do inciso II do caput do art. 8º, ambos da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, abaixo transcritos: “Art. 4º Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto de renda poderão ser deduzidas: (...) II – as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos)” (...) Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: Fl. 110DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 111 8 I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: (...) f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) (Produção de efeitos) É imperativo repisar que a legislação prevê a dedutibilidade apenas das pensões alimentícias embasadas nas normas do Direito de Família, em cumprimento de decisão judicial, acordo homologado judicialmente ou escritura pública. A fiscalização considerou os valores constantes dos comprovantes de rendimentos de fls. 28 a 30 que totalizam R$15.836,60. O interessado não apresentou comprovante de pagamento relativo à diferença. Ressaltese que de acordo com a sentença de fl. 55 o interessado deve pagar 15% dos seus rendimentos líquidos no caso de trabalho com vínculo empregatício. Da análise da documentação, verificase que não há reparo a ser efetuado por esta instância julgadora. (destaques acrescidos) Agora, em seu recurso, o contribuinte alega ter efetuado os pagamentos a Arlinda em espécie, não juntando qualquer comprovação de pagamento. As deduções legais em Declaração de Ajuste se lastreiam no art. 8º da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, que à época da lavratura do lançamento dispunha no tocante à dedução de pensão alimentícia: Art. 8º A base de cálculo do imposto devido no anocalendário será a diferença entre as somas: I de todos os rendimentos percebidos durante o anocalendário, exceto os isentos, os nãotributáveis, os tributáveis exclusivamente na fonte e os sujeitos à tributação definitiva; II das deduções relativas: ... f) às importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de Fl. 111DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 112 9 decisão judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, de acordo homologado judicialmente, ou de escritura pública a que se refere o art. 1.124A da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 Código de Processo Civil; ... § 3º As despesas médicas e de educação dos alimentandos, quando realizadas pelo alimentante em virtude de cumprimento de decisão judicial ou de acordo homologado judicialmente, poderão ser deduzidas pelo alimentante na determinação da base de cálculo do imposto de renda na declaração, observado, no caso de despesas de educação, o limite previsto na alínea b do inciso II deste artigo. (destaques acrescidos) Registrese ainda que o art 73 do Decreto nº 3.000, de 1999, Regulamento do Imposto de Renda (RIR), exige que o interessado faça comprovação das deduções pleiteadas em Declaração de Ajuste. Do regramento acima exposto, é possível extrair três condicionantes para a dedução de pensão alimentícia em Declaração de Ajuste, quais sejam: 1) o dever de pensionar decorre de decisão judicial; 2) o fundamento para pagamento da pensão deriva das normas do Direito de Família; e 3) deve haver prova do efetivo pagamento. No caso, como consignado nas decisões da autoridade revisora e da julgadora de primeira instância, o contribuinte não comprovou o efetivo pagamento do valor declarado. Em seu recurso, alega que efetuou o pagamento em espécie. Assim, remanesce sem comprovação o efetivo pagamento da pensão declarada de R$18.000,00. Como destacado na legislação transcrita, a dedução da pensão alimentícia judicial na Declaração de Imposto de Renda está sujeita à comprovação, havendo referência expressa a “importâncias pagas”. Nesse sentido, é o entendimento manifestado na Súmula CARF nº98, que deve ser observada por este Colegiado: Súmula CARF nº 98: A dedução de pensão alimentícia da base de cálculo do Imposto de Renda Pessoa Física é permitida, em face das normas do Direito de Família, quando comprovado o seu efetivo pagamento e a obrigação decorra de decisão judicial, de acordo homologado judicialmente, bem como, a partir de 28 de março de 2008, de escritura pública que especifique o valor da obrigação ou discrimine os deveres em prol do beneficiário. Dessa forma, não há reparos a se fazer a decisão piso. Fl. 112DF CARF MF Processo nº 16696.720079/201451 Acórdão n.º 2002000.039 S2C0T2 Fl. 113 10 Conclusão Por todo o exposto, voto no sentido de CONHECER do recurso para, no mérito, NEGARLHE PROVIMENTO. (assinado digitalmente) Claudia Cristina Noira Passos da Costa Develly Montez Fl. 113DF CARF MF
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