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Numero do processo: 10783.724592/2011-11
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 23 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO.
Verificada a obscuridade/contradição na decisão embargada, acolhem-se os embargos de declaração para o fim de suprir o vício apontado.
CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA.
À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque.
Numero da decisão: 3302-005.845
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração, sem, contudo, atribuir-lhes efeitos infringentes
(assinado digitalmente)
Paulo Guilherme Déroulède - Presidente
(assinado digitalmente)
Walker Araujo - Relator
Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior.
Nome do relator: WALKER ARAUJO
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Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Verificada a obscuridade/contradição na decisão embargada, acolhemse os embargos de declaração para o fim de suprir o vício apontado. CRÉDITO PRESUMIDO. AGROINDÚSTRIA. À luz do art. 8º, §§ 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004 o crédito presumido da agroindústria deve ser apurado com base no valor das notas fiscais de aquisição dos bens no mesmo período de apuração do crédito, não havendo amparo legal para ajustar o valor dessas aquisições pelo preço médio dos produtos em estoque. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em acolher, parcialmente, os embargos de declaração, sem, contudo, atribuirlhes efeitos infringentes (assinado digitalmente) Paulo Guilherme Déroulède Presidente (assinado digitalmente) Walker Araujo Relator Participaram do presente julgamento os conselheiros: Paulo Guilherme Déroulède (presidente da turma), Orlando Rutigliani Berri (suplente convocado), Vinícius Guimarães (suplente convocado), Jorge Lima Abud, Raphael Madeira Abad, Walker Araujo, José Renato Pereira de Deus e Diego Weis Júnior. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 45 92 /2 01 1- 11 Fl. 1264DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.265 2 Relatório Por bem descrever a realidade dos fatos, adoto e transcrevo o relatório da resolução de fls. 1.0231040: Tratamse de embargos de declaração opostos pela contribuinte ADM do Brasil S.A., com arrimo no art. 65 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recurso Fiscais, com a redação aprovada pela Portaria MF n. 343, de 2015, contra o Acórdão n. 3302 003.014, que recebeu a seguinte ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/07/2006 a 30/09/2006 Ementa: NULIDADE. CERCEAMENTO DE DEFESA. Não padece de nulidade o despacho decisório, proferido por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. INSUMOS. CRÉDITO. CONCEITO. NÃOCUMULATIVIDADE. PIS/ COFINS. Somente serão considerados como insumos para apropriação de créditos próprios do sistema nãocumulativo do PIS/COFINS os custos dos serviços e bens que forem utilizados direta ou indiretamente pelo contribuinte na produção/fabricação de produtos/serviços; forem indispensáveis para a formação do produto/serviço final e forem relacionados ao objeto social do contribuinte. INSUMOS. TRANSPORTE. DESLOCAMENTO ENTRE UNIDADES DA PRÓPRIA CONTRIBUINTE. Os gastos com transporte de matériasprima entre as unidades da própria contribuinte para processamento, são considerados custo de produção, o que resulta em créditos a serem apurados. Direito creditório reconhecido. RATEIO. DESPESAS COMUNS. CONDOMÍNIO PORTUÁRIO. MOVIMENTAÇÃO. CLASSIFICAÇÃO. ÁGUA. Há nos autos reconhecimento da autoridade fiscal que a contribuinte também atua como prestadora de serviços. Diante da comprovação da existência de vinculação entre as despesas incorridas e o embarque das mercadorias de terceiros, é de ser reconhecido o direito creditório. CRÉDITOS. ENCARGOS DE DEPRECIAÇÃO. BENS DO ATIVO IMOBILIZADO. Diante da expressa previsão legal, não é possível reconhecer como direito a crédito os custos decorrentes da depreciação dos vagões de trens, já que os vagões são utilizados para transporte da mercadoria acabada até o terminal portuário (Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003, art. 3º). Créditos não reconhecidos. SOJA. CRÉDITO PRESUMIDO. CONTRATO DE PREÇO A FIXAR Lei n. 10.925/2004 revogou o direito ao crédito presumido previsto nas Leis n. 10.637/2002 e 10.833/2003. Créditos não reconhecidos. CRÉDITOS EXTEMPORÂNEOS. AUSÊNCIA DE APROPRIAÇÃO NA DACON. Para a utilização de créditos extemporâneos, é necessário que reste comprovada a não utilização em períodos anteriores, mediante retificação das declarações correspondentes, ou apresentação e outra prova inequívoca da não utilização. Créditos não reconhecidos. Fl. 1265DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.266 3 Em 28/07/2016 foi proferido o juízo positivo de admissibilidade (fls. 1012/1022), oportunidade na qual foi reconhecida a existência das seguintes omissões e contradições no acórdão recorrido: 1) Omissão sobre as preliminares de nulidade da decisão proferida pela instância a quo, bem como sobre o argumento de nulidade do despacho decisório que denegou a apropriação dos créditos reclamados; 2) Contradição/omissão sobre os critérios de apuração dos créditos presumidos da agroindústria; 3) Obscuridade/contradição sobre os fundamentos referentes ao direito de apropriação dos créditos extemporâneos. Diante do teor do despacho acima indicado, os autos do processo foram devolvidos a este Colegiado, para que os vícios apontados sejam sanados através de novo julgamento. Nos termos da referida resolução, restou decidido, por maioria de votos, em admitir parcialmente os Embargos de Declaração para sanar as omissões/obscuridades relativa às nulidades e apuração do crédito presumido, vencida a Conselheira Lenisa Prado que admitia também em relação à matéria relativa aos créditos extemporâneos e, no mérito, o julgamento foi convertido em diligência para que a recorrente apresentasse laudo ajustado de acordo com as considerações efetuadas no Termo de Encerramento de Diligência, itens 8.30 a 8.38 (efls. 746/748 dos autos eletrônicos), de acordo com as instruções constantes no voto da relatora. Designada a Conselheira Maria do Socorro Aguiar para redigir o voto vencedor quanto à rejeição dos embargos na matéria relativa aos créditos extemporâneos. Após o fornecimento de esclarecimentos e documentos por parte da Embargante (Laudo KPMG e planilhas), a fiscalização apresentou o parecer carreado às fls. 1.2251.243 com a seguinte conclusão: CONCLUSÃO 17. Do exposto, constatase que não foram apresentados novos elementos que alterassem o entendimento expresso no Parecer n° 180, de 11/10/2011 (efls 30 a 205), e na diligência anterior, de 23/04/2015 (efls 760 a 808); reforçando, portanto, a conclusão já manifesta, da inexistência do alegado direito creditório reclamado pelo contribuinte. Ato contínuo, a Embargante manifestouse sobre o parecer da fiscalização, sustentando, em síntese, que o procedimento/método adotado para o cálculo do crédito presumido, inclusive confirmado pelo Laudo KPMG, está correto, devendo, assim, ser admitido o crédito apurado. É o relatório. Voto Conselheiro Walker Araujo Relator Os embargos de declaração opostos pelo contribuinte teve o exame de admissibilidade processado regularmente, dele tomo conhecimento. Fl. 1266DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.267 4 Conforme exposto anteriormente, a antiga composição dessa Turma, por meio da Resolução nº 3302000.609, fls. 1.0231.040, baixou o processo em diligência para que a Embargante apresentase laudo ajustado de acordo com as considerações efetuadas no Termo de Encerramento de Diligência, itens 8.30 a 8.38 (efls. 746/748 dos autos eletrônicos), matéria relacionada ao crédito presumido. Após a apresentação de Laudo e Planilhas, a fiscalização por meio do Relatório de Diligência carreado às fls. 1.2251.235 apresentou as seguintes considerações: 6. Passemos às considerações do CARF e à análise das respostas do contribuinte. 7. Solicitou 0 CARF que fosse apresentado “laudo ajustado de acordo com as considerações efetuadas no Termo de Encerramento de Diligência, itens 8.30 a 8.38 (efls. 746/748 dos autos eletrônicos), refletindo todos os CFOPs que influenciem no levantamento e justificando a exclusão de CFOPs que não influenciam no levantamento, de acordo com a tabela 7 da efl. 746/747”. 8. O “laudo ajustado” foi apresentado pelo contribuinte no dia 28/12/2017 (e fls. 1.072 a 1.087, com planilhas vinculadas anexadas em arquivos “não pagináveis”). 8.1 Tratase de documento elaborado pela KPMG Assessores em dezembro de 2017, intitulado “relatório complementar de verificação de cálculo de créditos presumidos de PIS e COFINS nos períodosbase de agosto e setembro de 2006”, com ajustes sobre a versão anterior produzida em dezembro de 2014. 9. O laudo, em linhas gerais, constitui uma tentativa de provar, por meio indireto (por exclusão), que parte da soja adquirida formalmente para comercialização foi, de fato, utilizada como insumo na fabricação de produto destinado à alimentação humana ou animal, (considerada a impossibilidade de constituir prova por meio direto, já que as aquisições não foram formalmente registradas com a finalidade de serem destinadas à industrialização; o que, se fosse o caso, conduziria à pressuposição lógica – ainda que passível de ser submetida a testes de auditoria – de sua efetiva destinação à industrialização, no mesmo período ou em períodos subsequentes). E que esse “meio indireto”, limitado a um determinado período de apuração (a data de emissão dos documentos representativos dessas aquisições para comercialização, inclusive das notas fiscais complementares, ou de ajustes de preço), consistiu em excluir (ou, no conceito do laudo, não considerar, ou ignorar no cálculo) as entradas e saídas relacionadas a comércio exterior (CFOPs 1501, 1506, 2506, 503, 5505, 6505, e 7106), as entradas de encomendas para recebimento futuro (CFOP 1117), as transferências entre estabelecimentos (CFOPs 1152, 1209, 2209, 5152, 6152 e 5209), as entradas e saídas de armazéns ou depósitos fechados (CFOPs 1905, 1906, 5905 e 5906), as outras entradas e saídas – não relacionadas à comercialização ou à industrialização – (CFOPs 1949, 2949, 5949 e 6949), e as “perdas, roubo e deterioração” (CFOP 5927), e, adicionalmente, deduzir (diminuir da base de cálculo) das entradas para comercialização (CFOPs 1102 e 1922), as vendas (CFOP 5102 e 6102), e as devoluções (CFOP 5202); restando, nesta concepção, por exclusão, apenas as remessas para industrialização. 9.1 Pressupõe o laudo que toda a soja adquirida para comercialização, e que não foi comercializada, teria sido, de algum modo, enviada necessariamente para industrialização. Não trata o laudo de estoques, de quantidades, e das efetivas Fl. 1267DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.268 5 transferências para industrialização efetuadas pelas filiais comerciais no período (objeto das notas fiscais de simples remessa para industrialização). 10. Há incongruências no método. A principal diz respeito ao fato de que a metodologia ignora a variável quantidades, contemplando apenas valores, o que deturpa o cálculo, como demonstraremos a seguir. Mas há outras, sobre as quais nos ocuparemos mais adiante neste relatório: a pressuposição de que toda a soja adquirida formalmente para comercialização e que não foi comercializada, teria sido, de algum modo, enviada necessariamente para industrialização; a inclusão no cálculo de dados relativos a aquisições formais para industrialização (realizadas por unidades comerciais) cujos créditos presumidos já haviam sido apropriados pelo contribuinte e validados pela RFB; e a não dedução no cálculo da variável “perdas, roubo ou deterioração”. 11. Tratemos primeiro da variável quantidades. Como sabemos, o valor da unidade adquirida não é o mesmo da comercializada. Desse modo, para calcular o quanto da soja adquirida para comercialização (e não comercializada) foi destinada à industrialização, não é correto simplesmente deduzir dos valores das aquisições os valores das devoluções e os valores das vendas, como procedeu a KPMG. 11.1 Tomadas as premissas contidas no laudo KPMG (que toda a soja adquirida para comercialização, e não comercializada, teria sido necessariamente enviada à industrialização; e que as deduções para a apuração da base de cálculo limitarseiam às devoluções e às vendas), o correto seria deduzir das quantidades adquiridas as quantidades devolvidas e as quantidades vendidas, multiplicando o montante resultante, se positivo, pelo valor unitário da soja adquirida (somatório das aquisições, em valores – incluídas as notas fiscais complementares, ou de ajustes de preços –, dividido pelo somatório das aquisições, em quantidades; como demonstrado na coluna “h” do anexo IV) 11.2 E mais, a partir da constatação de que as vendas são concentradas em poucas filiais (como mostram os dados dos “demonstrativos para recálculo”, anexos ao processo), ainda que o detalhamento do cálculo pudesse (e devesse) ser demonstrado por filial, o correto seria considerar para fins de apuração da base de cálculo do crédito presumido os valores e as quantidades totais (o somatório das unidades comerciais). 11.3 No anexo I constam duas tabelas onde estão sintetizados os dados apresentados pelo contribuinte nos denominados “demonstrativos de recálculo” (anexos ao processo), com o filtro aplicado à variável quantidades. Nesse anexo é possível verificar que nos dois meses as saídas (sem considerar as destinações para industrialização) superaram as entradas. Ou seja, que as devoluções e as vendas superaram as aquisições. Isso significa que, considerando o somatório de todas as filiais elencadas, não houve geração de excedentes a serem destinados à industrialização no período (ainda que tenha havido destinações à industrialização por essas filiais; o que certamente não se originou dos excedentes do período, que, como vimos, inexistentes). Os saldos negativos de 7.603.301 kg e 22.324.319 kg, nos meses 08/2006 e 09/2006 respectivamente (coluna “f” do anexo I), não apenas comprovam a inexistência de excedentes decorrentes das aquisições para comercialização, como sugerem a redução de estoques. Ou seja, que a soja utilizada como insumo na industrialização de produto para consumo humano ou animal, nos meses 08/2006 e 09/2006, não foi originada das aquisições para comercialização ocorridas no período pelas filiais comerciais. Fl. 1268DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.269 6 11.4 Portanto, poderíamos já encerrar a análise aqui e concluir pela inexistência do alegado direito creditório reclamado pelo contribuinte. Mas vamos além. 12. Tratemos da segunda impropriedade na metodologia aplicada pela KPMG: a pressuposição de que toda a soja adquirida formalmente para comercialização, e que não foi comercializada, teria sido, de algum modo, enviada necessariamente para industrialização. 12.1 Tal constatação advém da não aplicação, no laudo KPMG, do limite relativo à soja efetivamente destinada à industrialização. O recálculo promovido pelo contribuinte limitouse às variáveis aquisições, devoluções e vendas (em valores), como demonstrado no anexo II, sem qualquer referência à soja efetivamente enviada à industrialização pelas filiais comerciais no período (anexo III). 12.2 Ora, como sabemos, a soja adquirida formalmente para comercialização é, por definição, destinada à comercialização; não à industrialização. Portanto, não é razoável que a metodologia que apure, por exclusão, o quanto da soja adquirida para comercialização teria sido industrializada, não considere no cálculo as efetivas “remessas para industrialização” no período. Evidentemente, diferente seria o caso se a soja tivesse sido formalmente adquirida para industrialização; pois nesta hipótese a pressuposição lógica (ainda que passível de ser submetida a testes de auditoria) seria a destinação à industrialização (no mesmo período ou em períodos subsequentes); e teríamos, portanto, um meio direto de apuração do direito creditório, diferente do caso em tela. 12.3 Cumpre salientar, entretanto, que, como demonstramos no anexo I, coluna “f” (entradas menos saídas, em quantidades, extraídas dos CFOPs indicados pelo contribuinte), e também no anexo IV, coluna “o”, (entradas menos saídas, em quantidades, extraídas dos CFOPs sinalizados pelo contribuinte, mais o CFOP relativo às “perdas, roubo ou deterioração”), os saldos (em quantidades) são negativos (8.408.107 kg e 23.587.433 kg, meses 08/2006 e 09/2006, respectivamente), antes mesmo da aplicação de qualquer limitador relativo às remessas para industrialização (coluna “p” do anexo IV). O que significa, como já pontuamos anteriormente, a inexistência de excedentes que pudessem ter sido enviados à industrialização no período; que os saldos negativos apurados (em quantidades), assim como as quantidades enviadas à industrialização no período, indicam a utilização de estoques relativos a aquisições pretéritas. Ou seja, especificamente no caso em tela (meses 08/2006 e 09/2006), não tendo sido verificados excedentes (em quantidades) que pudessem ser destinados à industrialização, a não aplicação do limitador (quantidades remetidas para industrialização) não alterou o resultado (a base de cálculo do crédito presumido), que continuou sendo zero (coluna “q” do anexo IV). 12.4 E, apenas para registro, não cabe eventual alegação do contribuinte de que as remessas para industrialização foram ignoradas no recálculo em razão de sua rejeição pela RFB quando da análise do direito creditório no procedimento fiscal original. Naquele momento, a argumentação do contribuinte era que apenas as remessas para industrialização seriam suficientes para comprovar o direito creditório. Provamos que não; que com apenas os dados das remessas para a industrialização não era possível verificar o cumprimento dos requisitos legais para a caracterização do direito creditório (notadamente quanto à identificação dos fornecedores e do preço efetivo da soja adquirida), e sobretudo, se o eventual crédito já não teria sido apropriado em períodos pretéritos. Isso não significa que os dados Fl. 1269DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.270 7 relativos às remessas para industrialização fossem desnecessários quando se procedesse o recálculo do direito creditório por meio indireto (por exclusão), como faz o contribuinte neste momento. 13. Outra impropriedade identificada no laudo KPMG referese à inclusão no recálculo de dados relativos a aquisições formais para industrialização (realizadas por unidades comerciais) cujos créditos presumidos já haviam sido apropriados pelo contribuinte e validados pela RFB quando do procedimento fiscal original. 13.1 Nos referimos aos valores elencados na figura abaixo, extraídos do quadro III do “demonstrativo analítico”, juntado à resposta emitida no dia 28/12/2017, anexa ao processo. 13.2 Os dados referemse às notas fiscais 1653, 231, 232, 235, 236, 238, 239, 240, 241, 229, 230, 18902 e 9124, e a comprovação de que os créditos presumidos já foram apropriados pelo contribuinte e validados pela RFB constam das efls. 89, 99, 102, 147, 154, 156 e 162. 13.3 Instado a esclarecer, informou o contribuinte (resposta de 29/01/2018, anexa ao processo) que “o objetivo da apuração do crédito presumido (...) em critério diferente daquele originalmente adotado pela empresa consistia em demonstrar o direito líquido e certo (...). Para esse exercício, a Sociedade utilizou todas as operações do período analisado, sem excluir eventuais notas fiscais que já tivessem sido validadas pela Receita Federal do Brasil” (grifos ausentes no original). 14. E, finalmente, o laudo KPMG não contemplou a dedução dos valores relativos ao CFOP CFOP 5927, “perdas, roubo ou deterioração” da base para o cálculo do crédito presumido. Os valores foram apenas excluídos (que na concepção do laudo KPMG, como já pontuamos, significa não os considerar, ou ignorálos no cálculo). 14.1 A explicação do contribuinte (resposta emitida no dia 29/01/2018, anexa ao processo) foi a seguinte: “as perdas de soja adquirida foram excluídas da base para cálculo do crédito presumido, assim o valor do crédito presumido foi reduzido por esse critério adotado pela Sociedade. Dessa forma, é irrelevante se as perdas são relacionadas a operações de formação de lote ou de comercialização, pois estão sendo excluídas do cálculo. Aliás, na hipótese das perdas se referirem à soja adquirida para comercialização, o volume está sendo excluído duplamente do cálculo do crédito presumido, já que a própria soja adquirida para comercialização foi totalmente excluída da base e, depois, a perda também foi excluída”. 14.2 Não concordamos. Na primeira parte da resposta, informa o contribuinte que “as perdas (...) foram excluídas da base para cálculo do crédito presumido, assim o valor do crédito presumido foi reduzido por esse critério adotado pela Sociedade” (grifos ausentes no original). Ora, como vimos ao detalhar o método aplicado no laudo KPMG, os valores excluídos foram aqueles não considerados no cálculo, e não os deduzidos. Então não procede a afirmação de que “o valor do crédito presumido foi reduzido”. Prova disso são os “demonstrativos do recálculo” juntados à resposta formulada no dia 28/12/2017 (anexas ao processo), onde é Fl. 1270DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.271 8 possível verificar claramente que os valores não foram deduzidos da base de cálculo do crédito presumido. Na segunda parte da resposta, informa o contribuinte que “é irrelevante se as perdas são relacionadas a operações de formação de lote ou de comercialização, pois estão sendo excluídas do cálculo”. Mais uma vez, toma o contribuinte, ao que nos parece, indevidamente, “exclusão” por “dedução”. O termo exclusão (explicando novamente), como se depreende do “quadro II”, constante nos “demonstrativos de recálculo” (anexos ao processo), referese à não consideração do referido CFOP no cálculo; diferente da dedução, identificada no “quadro III”, que também integra os “demonstrativos de recálculo”, e diz respeito à redução da base de cálculo. Portanto, não procede a alegada “irrelevância” da classificação das perdas. Se as perdas dizem respeito às aquisições para comercialização (ou o contribuinte não comprova que não dizem respeito às aquisições para comercialização), seu valor deve ser deduzido da base de cálculo (e não “excluído”, que no conceito utilizado no laudo KPMG resulta em manter inalterada a base de cálculo). Na terceira parte da resposta, informa o contribuinte que “na hipótese das perdas se referirem à soja adquirida para comercialização, o volume está sendo excluído duplamente do cálculo do crédito presumido, já que a própria soja adquirida para comercialização foi totalmente excluída da base e, depois, a perda também foi excluída” (grifos ausentes no original). Aqui também parece não haver uma uniformidade na utilização dos termos “exclusão” e “dedução” tal como apresentado no laudo KPMG (quadros II e III dos demonstrativos de recálculo, anexos ao processo). De novo, “exclusão”, de acordo com o laudo KPMG, significa que o valor não interferiu no cálculo, que não aumentou nem reduziu a base de cálculo. Então, quando o contribuinte informa que “o volume está sendo duplamente excluído”, acreditase esteja se referindo a uma eventual dupla dedução (já que no conceito do laudo KPMG, independentemente das vezes que se “exclui” um valor, não há alteração da base de cálculo). E, mesmo considerando eventual alegação de “dupla dedução”, sob o argumento de que a “a própria soja adquirida para comercialização foi totalmente excluída da base”, tal proposição não faz sentido, pois, na análise do recálculo, consideramos sim as aquisições para comercialização, a partir da qual as devoluções, as vendas e as ditas perdas foram deduzidas (uma única vez, como pode ser observado no demonstrativo apresentado no anexo IV). 15. Assim, demonstradas as incongruências do laudo KPMG, cumprenos acrescentar: que todos os dados utilizados na análise foram fornecidos pelo contribuinte, extraídos de seus sistemas corporativos e da contabilidade; que foram promovidos testes de auditoria para a verificação da confiabilidade dos dados apresentados; que, especificamente quando à dúvida suscitada pelo CARF às efls. 1.037, “se a autoridade considerou também as notas de ajustes de preço”, informamos que sim, que nas planilhas apresentadas pelo contribuinte e nas análises efetuadas, no procedimento fiscal original e nas diligências, as notas fiscais complementares, ou de ajustes de preço, foram consideradas. 16. Especificamente sobre dados fornecidos pelo contribuinte, extraídos de seus sistemas corporativos, cumpre registrar que estão todos anexados ao processo e, didaticamente, foram compilados nos anexos I a IV que integram este relatório. Nos anexos I e II estão sintetizadas as entradas e saídas, em quantidades e valores, respectivamente, relativas aos CFOPs (em valores) utilizados pelo contribuinte na apuração da base de cálculo do crédito presumido. No anexo III estão resumidas as remessas para industrialização efetuadas no período pelas unidades comerciais (em quantidades e valores). E no anexo IV, a apuração do direito creditório. O cálculo consistiu no somatório das entradas para comercialização (em quantidade; coluna “f”), deduzido do somatório das saídas para comercialização (em quantidade; colunas “i”, “k” e “m”), multiplicado o total (em quantidade) – se maior que zero e limitado à quantidade enviada à industrialização total (coluna “p”) – pelo preço da Fl. 1271DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.272 9 soja adquirida total (em valor; coluna “h”). O resultado total (coluna “q”), se positivo, multiplicado por 35% e, depois, por 7,6% (coluna “r”). CONCLUSÃO 17. Do exposto, constatase que não foram apresentados novos elementos que alterassem o entendimento expresso no Parecer n° 180, de 11/10/2011 (efls 30 a 205), e na diligência anterior, de 23/04/2015 (efls 760 a 808); reforçando, portanto, a conclusão já manifesta, da inexistência do alegado direito creditório reclamado pelo contribuinte. Em sua manifestação, a Embargante diz que (i) o trabalho fiscal foi, novamente, elaborado com premissas equivocadas; (ii) os laudos conclusivos apresentados no Anexo IV (conforme solicitado pelo CARF) está absolutamente incorreto, mesmo dentro dos parâmetros determinados pelas dd. autoridades fiscais; e (iii) o método de cálculo elaborado pela KPMG é admissível para o fim de se apurar o crédito presumido sob análise. Nos termos do Parecer de fls. 3041, a fiscalização procedeu às glosas sobre as aquisições em que o contribuinte apurou o crédito presumido com base no preço médio da soja estocada, no momento da sua transferência do armazém para a indústria, o que impossibilitou a análise da fiscalização se tais aquisições se refeririam ao mesmo período de apuração, conforme trecho abaixo do Parecer: Crédito Presumido 30. O contribuinte, no 3o trimestre de 2006, adquiriu, em grande quantidade, produto in natura de origem vegetai (soja), de produtores rurais pessoas e de pessoas jurídicas que efetuaram vendas com suspensão da Cofins. Essa soja assim adquirida foi utilizada como insumo na fabricação de produtos destinados à alimentação humana e animal (óleo de soja e farelo de soja). Desse modo, apropriouse o contribuinte de créditos presumidos relativos a essas aquisições, nos termos do art. 8º, da Lei nº 10.925, de 2004, e da IN SRF nº 660, de 2006. Entretanto, verificouse que, do total do crédito presumido apurado, apenas parte foi relacionada às aquisições realizadas nos respectivos períodos, considerandose a data de emissão das notas fiscais pelos fornecedores e os valores nelas expressos. Parte significativa do crédito presumido foi apurada (de acordo com informação do contribuinte) com base no preço médio da soja estocada, quando de sua transferência do armazém para a indústria (calculado em relação ao estoques armazenados decorrentes de aquisições pretéritas, que remontariam ao ano de 2003). E o que estabelece o art. 8o, §2°, da Lei n° 10.925, de 2004, é que "o direito ao crédito presumido" da Cofins "só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País ( . . . )" . Ou seja, na apuração do crédito presumido caberia ao contribuinte considerar o valor efetivo das aquisições efetuadas nas respectivas datas de emissão das notas fiscais pelos fornecedores. Desse modo seria possível efetuar diretamente as verificações relativas às aquisições, notadamente sua efetiva existência, os preços (se compatíveis com o praticado no mercado naquele momento) e a qualificação dos fornecedores, tópicos sensíveis à validação dos créditos presumidos na sistemática da nãocumulatividade da Cofins, nos termos do art. 8o da Lei n° 10.925, de 2004. Do modo esdrúxulo e extemporâneo como procedeu o contribuinte, sem previsão legal, tal verificação só seria possível com a análise da composição dos estoques armazenados ao longo do tempo e de sua dinâmica, considerando as entradas e saídas mensais, retroagindo o procedimento Fl. 1272DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.273 10 fiscal a períodos anteriores aos demonstrativos e aos pedidos de ressarcimento de referência, apresentados pelo próprio contribuinte; implicando, inclusive, em analisar novamente fatos jurídicos já objeto de verificações em procedimentos fiscais anteriores. Assim, o fato objetivo é que, sem amparo legal, impediu o contribuinte que a RFB promovesse as verificações necessárias e imprescindíveis à comprovação da procedência dos créditos e de sua eventual utilização na dedução das contribuições devidas nos respectivos períodos de apuração. Analisando as alegações suscitadas pelas partes, concordo com o entendimento da fiscalização sobre a ausência de previsão legal para se a metodologia utilizada pela Embargante, validada pelo Laudo KPMG, para apuração dos créditos pelo valor médio da soja. Além disso, entendo que essa forma de apuração impossibilita a verificação do direito ao crédito presumido quanto à necessidade de que o crédito seja do mesmo período de apuração, nos termos do disposto no art. 8º, §2º da Lei nº 10.925/2004, a saber: Art. 8º (...) § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no§ 4o do art. 3odas Leis nos10.637, de 30 de dezembro de 2002, e 10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3º O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1º deste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: Tal posicionamento, já objeto de análise em processo envolvendo a própria Embargante (PA nº 115586.720242/201118 acórdão 3402003.156), onde restou decidido que crédito presumido deve ser apurado com base no valor das notas fiscais relativas à aquisição de bens ocorridas no mesmo período de apuração do crédito, senão vejamos: No que concerne à omissão alegada, tem razão a embargante, pois analisando se os dados consignados nas fichas 16A, 23 e 25B do DACON às fls. 274 a 279, verificase que não houve pedido de ressarcimento do crédito presumido, mas apenas seu aproveitamento para dedução dos valores do PIS a serem recolhidos. Quanto ao mérito, a defesa argumentou, em síntese, que em virtude da flutuação do preço da soja, o preço efetivo do produto só é conhecido ao final do contrato de fornecimento. Em razão disso, existe uma diferença temporal entre o recebimento da soja e a determinação do preço, que somente é ajustado no final do contrato. O preço consignado na nota fiscal do vendedor pode ser inferior ou superior ao que é fixado no final do contrato, daí a razão de o contribuinte adotar o método de apurar o custo (e o crédito presumido) com base no valor médio da soja estocada, o que não foi aceito pela fiscalização. A defesa desenvolveu sua tese baseandose no disposto no art. 8º, § 3º da Lei nº 10.925/2004, mas ignorou o disposto no § 2º do mesmo dispositivo legal, que para maior comodidade permitome transcrever: Art. 8º Omissis... § 1º Omissis... Fl. 1273DF CARF MF Processo nº 10783.724592/201111 Acórdão n.º 3302005.845 S3C3T2 Fl. 1.274 11 § 2o O direito ao crédito presumido de que tratam o caput e o § 1o deste artigo só se aplica aos bens adquiridos ou recebidos, no mesmo período de apuração, de pessoa física ou jurídica residente ou domiciliada no País, observado o disposto no § 4o do art. 3o das Leis nos10.637, de 30 de dezembro de 2002, e10.833, de 29 de dezembro de 2003. § 3o O montante do crédito a que se referem o caput e o § 1odeste artigo será determinado mediante aplicação, sobre o valor das mencionadas aquisições, de alíquota correspondente a: Da leitura conjunta dos dois parágrafos acima transcritos, concluise que a lei determina o cálculo do crédito presumido relativo a determinado período de apuração, tomando por base o valor das aquisições ocorridas no próprio mês. A interpretação pretendida pela recorrente só seria viável, caso não existisse o parágrafo 2º. Mas o parágrafo 2º existe e ele determina que somente bens adquiridos ou recebidos no mesmo período de apuração do crédito é que podem gerar o crédito presumido. Portanto, o pleito da recorrente deve ser rejeitado, pois à luz do art. 8º, § 2º e 3º da Lei nº 10.925/2004, o crédito presumido deve ser apurado com base no valor das notas fiscais relativas à aquisição de bens ocorridas no mesmo período de apuração do crédito. Com esses fundamentos, voto no sentido de acolher os embargos de declaração para suprir a omissão apontada no Acórdão 3403002.751, e, no mérito, voto por negar provimento ao recurso voluntário quanto à questão da apuração do crédito presumido com base no valor médio da soja estocada. Neste cenário, entendo correto o procedimento da fiscalização de indeferir o direito ao crédito presumido sob análise. Diante do exposto, voto no sentido de acolher parcialmente os embargos de declaração para suprir os vícios do acórdão embargado, sem contudo, atribuirlhe, efeitos infringentes. É como voto. (assinado digitalmente) Walker Araujo Fl. 1274DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10280.901742/2010-99
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Primeira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Oct 22 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 1998
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. OBSCURIDADE.
Constatada e existência de obscuridade entre o dispositivo do acórdão e o voto condutor devem ser acolhidos os embargos de declaração.
Numero da decisão: 1302-003.034
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, que foi substituído pelo conselheiro Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado).
(assinado digitalmente)
Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente.
(assinado digitalmente)
Carlos Cesar Candal Moreira Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado para substituir o conselheiro ausente). Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa.
Nome do relator: CARLOS CESAR CANDAL MOREIRA FILHO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, que foi substituído pelo conselheiro Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado - Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado para substituir o conselheiro ausente). Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa.
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OBSCURIDADE. Constatada e existência de obscuridade entre o dispositivo do acórdão e o voto condutor devem ser acolhidos os embargos de declaração. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em acolher os embargos de declaração, com efeitos infringentes, nos termos do relatório e voto do relator. Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa, que foi substituído pelo conselheiro Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado). (assinado digitalmente) Luiz Tadeu Matosinho Machado Presidente. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Carlos Cesar Candal Moreira Filho, Paulo Henrique Silva Figueiredo, Rogério Aparecido Gil, Maria Lúcia Miceli, Gustavo Guimarães da Fonseca, Flávio Machado Vilhena Dias, Luiz Tadeu Matosinho Machado (Presidente) e Leonam Rocha de Medeiros (suplente convocado para substituir o conselheiro ausente). Ausente momentaneamente o conselheiro Marcos Antônio Nepomuceno Feitosa. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 0. 90 17 42 /2 01 0- 99 Fl. 180DF CARF MF 2 A União, por intermédio da Procuradoria da Fazenda, interpõe Embargos de Declaração em face do acórdão nº 1803001.689, desta Turma Ordinária, requerendo a correção de vício assim descrito, ipsis litteris: Tratase de PER/DCOMP em que o contribuinte indica como crédito o saldo negativo IRPJ/2005 no valor de R$ 52.659,45. Em despacho decisório de fls. 40/44, o direito creditório foi parcialmente reconhecido no valor de R$ 50.474,10, sob o fundamento de que parte do IRRF informado não foi confirmada. Esta Turma Julgadora deu parcial provimento ao recurso voluntário do contribuinte, nos termos do voto do Relator, que assim concluiu: “Diante do Exposto, voto em DAR provimento parcial ao recurso e reconhecer o direito creditório adicional de R$ 199.34 e R$ 15,31 a título de Imposto de Renda Retido na Fonte.” A decisão se firma na seguinte fundamentação: “A discussão no presente feito cingese ao indeferimento parcial da compensação efetuada a partir do saldo negativo do Imposto de Renda Pessoa Jurídica, referente ao ano calendário de 2005, exercício 2006. A discussão diz respeito tão somente quanto à parte do crédito não reconhecida pelo fisco, proveniente de Imposto de Renda Retido na Fonte. Os valores, não confirmados em PER/DCOMP e não incluídos pela fonte pagadora, constam das nota fiscal acostadas pela empresa, bem como dos comprovantes de rendimentos, fato que corrobora com os argumentos de defesa e que me levaram considerar no presente momento. Assim, os montantes referente a R$ 199,34 (CNPJ 14.068.605/000129) que a empresa juntou as notas fiscais nsº 045 e 049 (fls.79/80), constante dos comprovantes de rendimentos, bem como a quantia de R$ 15,31, não reconhecida do todo de R$ 2.999,18 (CNPJ 90.050.238/000114), constante da nota fiscal nº: 151 (fl.82) e do comprovante de rendimentos, passo a considerálos.” Como se vê, o julgado reconheceu o crédito adicional de R$ 199,34, referente a IRRF. Contudo, parte do valor de R$ 199,34 já foi reconhecido pela DRF, conforme se depreende do quadro constante do despacho decisório (fls. 42). Nesse contexto, a decisão se mostra obscura, à medida que reconhece direito creditório, cuja parcela de R$ 111,95 já foi confirmada pela autoridade fiscal na origem. Diante da obscuridade indicada, o julgado merece ser integrado nesta via recursal. Face ao exposto, requer a UNIÃO (Fazenda Nacional) que sejam recebidos e providos os presentes embargos de declaração, para sanar o vício acima apontado. Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10280.901742/201099 Acórdão n.º 1302003.034 S1C3T2 Fl. 181 3 Os Embargos foram admitidos, como se vê do Despacho de folhas 176/178. É o relatório. Voto Conselheiro Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator Conheço dos embargos de declaração. No Despacho Decisório emitido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Belém (fls. 40/44) verificase que não foram reconhecidos valores relativos, exclusivamente, ao IRRF, nos seguintes montantes: A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento de Belém, ante as alegações da Manifestação de Inconformidade, assim julgou, especificamente em relação às parcelas objeto destes Embargos: 3. R$ 199,34 (CNPJ 14.068.605/000129): o contribuinte juntou as notas fiscais nºs 045 e 049 (fls.79/80). Importante observar que as notas fiscais referenciadas foram emitidas pela própria requerente, não se podendo reconhecer tais documentos para fins de comprovação da retenção. Na verdade, as notas fiscais de prestação de serviços indicam a direção dada pelo prestador ao tomador no sentido de que este deve efetuar a retenção por ocasião do pagamento. Por outro lado, somente documento emitido pelo tomador tem o condão de comprovar as retenções na fonte. Portanto, não reconheço tal retenção; (sublinhado do original) (...) 5. R$ 2.999,18 (CNPJ 90.050.238/000114): efetivamente, o valor correto da retenção pleiteada é de R$ 2.992,18 e a unidade de origem já reconheceu R$ 2.976,87 (vide fl.42). Quantia não reconhecida: R$ 15,31. O contribuinte juntou a nota fiscal nº 151 (fl.82). Importante observar que a notas fiscal referenciada foi emitida pela própria requerente, não se podendo reconhecer tal documento para fins de comprovação da retenção. Na verdade, as notas fiscais de prestação de serviços indicam a direção dada pelo prestador ao tomador no sentido de que este deve efetuar a retenção por ocasião do pagamento. Por outro lado, somente documento emitido pelo tomador tem o condão de comprovar as retenções na fonte. Portanto, não reconheço tal retenção;(sublinhado do original; negritei) Fl. 182DF CARF MF 4 O voto condutor do Acórdão recorrido efetivamente reconhece um direito creditório adicional de R$199,34 e R$15,31, e o decisum está assim redigido: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, nos termos do relatório e votos que integram o presente julgado. Como se vê do quadro do Despacho Decisório reproduzido acima, em relação ao imposto de renda retido na fonte no valor de R$199,34, o montante de R$111,95 foi reconhecido, restando em litígio apenas R$87,39. Assim, tem razão o Embargante, motivo pelo qual acolho e dou provimento aos Embargos de Declaração, com efeitos infringentes, para corrigir erro manifesto, devendo a parte final do voto condutor do acórdão ser alterada, ficando com a seguinte redação: "Diante do Exposto, voto em DAR provimento parcial ao recurso e reconhecer o direito creditório adicional de R$ 87,39 e R$ 15,31 a título de Imposto de Renda Retido na Fonte." É como voto. (assinado digitalmente) Carlos Cesar Candal Moreira Filho Relator Fl. 183DF CARF MF
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Numero do processo: 11020.003576/2009-53
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 15 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Oct 18 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007
NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. DIREITO AO CREDITAMENTO.
A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas - PIS/COFINS - informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda.
Numero da decisão: 9303-007.308
Decisão: Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento parcial, para restabelecer a glosa de crédito sobre gastos com (i) bens diversos, (ii) combustíveis e lubrificantes (iii) embalagem de transporte, (iv) serviços de manutenção de máquinas e tratores (v) medicamentos e fertilizantes, mantendo a decisão recorrida quanto às despesas com empilhadeiras, vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento parcial em menor extensão, para restabelecer a glosa apenas com relação aos medicamentos e fertilizantes.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício).
Nome do relator: RODRIGO DA COSTA POSSAS
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CONCEITO DE INSUMO. DIREITO DE CRÉDITOS. Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado RASIP AGRO PASTORIL S/A ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 NÃO CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. AQUISIÇÃO DE INSUMOS. BENS E SERVIÇOS. DIREITO AO CREDITAMENTO. A legislação das Contribuições Sociais não cumulativas PIS/COFINS informa de maneira exaustiva todas as possibilidades de aproveitamento de créditos. Não há previsão legal para creditamento sobre a aquisição de itens e serviços que não sejam utilizados diretamente no processo de produção do produto destinado a venda. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento parcial, para restabelecer a glosa de crédito sobre gastos com (i) bens diversos, (ii) combustíveis e lubrificantes (iii) embalagem de transporte, (iv) serviços de manutenção de máquinas e tratores (v) medicamentos e fertilizantes, mantendo a decisão recorrida quanto às despesas com empilhadeiras, vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Érika Costa Camargos Autran, que lhe deram provimento parcial em menor extensão, para restabelecer a glosa apenas com relação aos medicamentos e fertilizantes. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas (Presidente em Exercício). AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 02 0. 00 35 76 /2 00 9- 53 Fl. 288DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela FAZENDA NACIONAL, com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67, do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/2009, buscando a reforma do Acórdão nº 3803003.720 proferido pela 3ª Turma Especial da Terceira Seção de Julgamento, em 27 de novembro de 2012, no sentido de dar provimento parcial ao recurso voluntário. O acórdão foi assim ementado: ASSUNTO: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social Cofins Período de apuração: 01/04/2007 a 30/06/2007 INSUMOS. CRÉDITOS NA INCIDÊNCIA NÃO CUMULATIVA O conceito de insumo para a apuração de créditos a descontar do PIS não cumulativo, não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária à atividade da empresa, mas tão somente aqueles adquiridos de pessoa jurídica, intrínsecos à atividade, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. AQUISIÇÕES. ALÍQUOTA ZERO Descabe crédito em relação as aquisições de produtos sujeitos a alíquota zero, tendo em vista que prevalece a interpretação de que o art. 153, IV, da CF adota a técnica de cobrança própria dos impostos sobre valor agregado, permitindo a compensação do imposto devido na operação subsequente com a importância recolhida na operação antecedente. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. EQUIPAMENTOS Afastase a glosa dos créditos em relação a despesas de manutenção de empilhadeiras, tratores e pulverizadores e retroescavadeiras, uma vez que no dentro da sistemática de apuração de créditos pela nãocumulatividade do PIS, o contribuinte possui direito subjetivo ao benefício, tendo em vista que esta despesa está vinculada ao processo produtivo. O Colegiado a quo entendeu por dar provimento parcial ao recurso voluntário para reconhecer o direito ao crédito e autorizar o ressarcimento tão somente quanto aos seguintes itens: despesas com empilhadeiras (custos de aquisição de GLP e manutenção de empilhadeiras); despesas com aquisições de combustíveis e lubrificantes gastos com viveiros e pomares; despesas com serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores; despesas com conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes e despesas com embalagem de transporte (material de transporte). Não resignada em parte com a decisão, a Fazenda Nacional interpôs recurso especial alegando divergência jurisprudencial quanto ao conceito de insumos para fins de utilização de créditos das contribuições para o PIS e a COFINS na sistemática da não cumulatividade. Insurgiuse especificamente quanto aos seguintes itens: (1) despesas com empilhadeiras; despesas com embalagem de transporte (material de embalagem); despesas Fl. 289DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 4 3 com serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores; despesas com conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes; e (2) despesas com combustíveis e lubrificantes. Visando à comprovação do dissenso interpretativo, com relação às despesas tratadas no item “1” indicou o Acórdão n.º 20312.448, segundo o qual apenas podem ser considerados insumos para fins de cálculo do crédito do PIS nãocumulativo aqueles elencados no art. 3º da Lei nº 10.637/2002 combinado com o art. 66 da IN SRF nº 464/2004, adotando a tese da definição de “insumos” prevista na legislação do IPI. Além disso, invocou paradigmas específicos para cada um dos créditos atacados: despesas com embalagem de transporte (material de transporte) – Acórdão n.º 310100.795; despesas com serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores – Acórdão n.º 3302 001.521; e despesas com empilhadeira – Acórdão n.º 3802000.341. Quanto às despesas com combustíveis e lubrificantes, constantes do item “2” da peça recursal, os acórdãos indicados foram os de n.º 380100.470 e 3301001.290. Dentre as decisões citadas como paradigmas na peça recursal, foi considerado como suficiente à comprovação do dissenso, no exame de admissibilidade, o Acórdão n.º 20312.448 que, diversamente da decisão recorrida, adota como conceito de “insumo” a tese trazida na legislação do IPI. A Recorrente aduz, em síntese, que os insumos aptos a serem considerados como créditos de PIS/Pasep e COFINS no regime nãocumulativo foram tratados de foram taxativa no art. 3º das Leis n.º 10.637/2002 e 10.833/2003, respectivamente. Portanto, para efeitos de crédito do tributo, incluemse no conceito de insumo, além de matériasprimas, produtos intermediários e material de embalagem, os itens que sejam incorporados ao bem produzido, e os bens que, mesmo não se integrando à mercadoria, sejam consumidos e/ou alterados no processo de industrialização em função da ação exercida diretamente sobre o produto, com exceção daqueles compreendidos no ativo permanente. Segundo a Fazenda Nacional, tais requisitos não são atendidos pelos itens admitidos como insumos pelo acórdão recorrido, merecendo o mesmo ser reformado. Nos termos do despacho de exame de admissibilidade do Presidente da 3ª Câmara da 3ª Seção do CARF, foi dado seguimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, por ter sido entendida como comprovada a divergência jurisprudencial, com base no Acórdão paradigma n.º 20312.448, quanto ao conceito de insumo para utilização dos créditos na apuração do PIS e da COFINS na sistemática da nãocumulatividade. Cientificada a Contribuinte, não foram apresentadas contrarrazões. É o Relatório. Voto Conselheiro Rodrigo da Costa Pôssas, Relator Fl. 290DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 5 4 O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303007.304, de 15/08/2018, proferido no julgamento do processo 11020.003571/200921, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese como solução deste litígio, nos termos regimentais, os entendimentos que prevaleceram naquela decisão (Acórdão 9303007.304): "Admissibilidade O recurso especial de divergência interposto pela Fazenda Nacional atende aos requisitos de admissibilidade constantes no art. 67 do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 343, de 09 de junho de 2015 (anteriormente Portaria MF n.º 256/2009), devendo, portanto, ter prosseguimento. Mérito Do Direito ao Crédito de PIS e COFINS nãocumulativos – Conceito de insumos No mérito, adentrase à análise do direito ao crédito de PIS e COFINS nãocumulativos decorrentes de: (1) despesas com empilhadeiras; despesas com embalagem de transporte (material de embalagem); despesas com serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores; despesas com conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes; e (2) despesas com combustíveis e lubrificantes. De início, explicitase o conceito de insumos adotado no presente voto, para posteriormente adentrarse à análise dos itens individualmente. A sistemática da nãocumulatividade para as contribuições do PIS e da COFINS foi instituída, respectivamente, pela Medida Provisória nº 66/2002, convertida na Lei nº 10.637/2002 (PIS) e pela Medida Provisória nº 135/2003, convertida na Lei nº 10.833/2003 (COFINS). Em ambos os diplomas legais, o art. 3º, inciso II, autorizase a apropriação de créditos calculados em relação a bens e serviços utilizados como insumos na fabricação de produtos destinados à venda.1 O princípio da nãocumulatividade das contribuições sociais foi também estabelecido no §12º, do art. 195 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 42/2003, 1 Lei nº 10.637/2002 (PIS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...] II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; [...]. Lei nº 10.8332003 (COFINS). Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2º a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: [...]II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2º da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; [...] Fl. 291DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 6 5 consignandose a definição por lei dos setores de atividade econômica para os quais as contribuições sociais dos incisos I, b; e IV do caput, dentre elas o PIS e a COFINS. 2 A disposição constitucional deixou a cargo do legislador ordinário a regulamentação da sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS. Por meio das Instruções Normativas nºs 247/02 (com redação da Instrução Normativa nº 358/2003) (art. 66) e 404/04 (art. 8º), a Secretaria da Receita Federal trouxe a sua interpretação dos insumos passíveis de creditamento pelo PIS e pela COFINS. A definição de insumos adotada pelos mencionados atos normativos é excessivamente restritiva, assemelhandose ao conceito de insumos utilizado para utilização dos créditos do IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados, estabelecido no art. 226 do Decreto nº 7.212/2010 (RIPI). As Instruções Normativas nºs 247/2002 e 404/2004, ao admitirem o creditamento apenas quando o insumo for efetivamente incorporado ao processo produtivo de fabricação e comercialização de bens ou prestação de serviços, aproximandose da legislação do IPI que traz critério demasiadamente restritivo, extrapolaram as disposições da legislação hierarquicamente superior no ordenamento jurídico, a saber, as Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, e contrariaram frontalmente a finalidade da sistemática da nãocumulatividade das contribuições do PIS e da COFINS. Patente, portanto, a ilegalidade dos referidos atos normativos. Nessa senda, entendese igualmente impróprio para conceituar insumos adotarse o parâmetro estabelecido na legislação do IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, pois demasiadamente amplo. Pelo raciocínio estabelecido a partir da leitura dos artigos 290 e 299 do Decreto nº 3.000/99 (RIR/99), poderseia enquadrar como insumo todo e qualquer custo da pessoa jurídica com o consumo de bens ou serviços integrantes do processo de fabricação ou da prestação de serviços como um todo. Em Declaração de Voto apresentada nos autos do processo administrativo nº 13053.000211/200672, em sede de julgamento de recurso especial pelo Colegiado da 3ª Turma da CSRF, o ilustre Conselheiro Gileno Gurjão Barreto assim se manifestou: [...] permaneço não compartilhando do entendimento pela possibilidade de utilização isolada da legislação do IR para alcançar a definição de "insumos" pretendida. Reconheço, no entanto, que o raciocínio é auxiliar, é instrumento que pode ser utilizado para dirimir controvérsias mais estritas. Isso porque a utilização da legislação do IRPJ alargaria sobremaneira o conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a atividade de uma empresa (não apenas a sua produção), o que distorceria a interpretação da legislação ao ponto de tornála inócua e de resultar em indesejável esvaziamento da função social dos tributos, passando a desonerar não o produto, mas sim o produtor, subjetivamente. As Despesas Operacionais são aquelas necessárias não apenas para produzir os bens, mas também para vender os produtos, administrar a 2 Constituição Federal de 1988. Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: I do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: [...] b) a receita ou o faturamento; [...] IV do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. [...]§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. (grifouse) Fl. 292DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 7 6 empresa e financiar as operações. Enfim, são todas as despesas que contribuem para a manutenção da atividade operacional da empresa. Não que elas não possam ser passíveis de creditamento, mas tem que atender ao critério da essencialidade. [...] Estabelece o Código Tributário Nacional que a segunda forma de integração da lei prevista no art. 108, II, do CTN são os Princípios Gerais de Direito Tributário. Na exposição de motivos da Medida Provisória n. 66/2002, in verbis, afirmase que “O modelo ora proposto traduz demanda pela modernização do sistema tributário brasileiro sem, entretanto, pôr em risco o equilíbrio das contas públicas, na estrita observância da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com efeito, constitui premissa básica do modelo a manutenção da carga tributária correspondente ao que hoje se arrecada em virtude da cobrança do PIS/Pasep.” Assim sendo, o conceito de "insumos", portanto, muito embora não possa ser o mesmo utilizado pela legislação do IPI, pelas razões já exploradas, também não pode atingir o alargamento proposto pela utilização de conceitos diversos contidos na legislação do IR. Ultrapassados os argumentos para a não adoção dos critérios da legislação do IPI nem do IRPJ, necessário estabelecerse o critério a ser utilizado para a conceituação de insumos. Diante do entendimento consolidado deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, inclusive no âmbito desta Câmara Superior de Recursos Fiscais, o conceito de insumos para efeitos do art. 3º, inciso II, da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, inciso II da Lei 10.833/2003, deve ser interpretado com critério próprio: o da essencialidade. Referido critério traduz uma posição "intermediária" construída pelo CARF, na qual, para definir insumos, buscase a relação existente entre o bem ou serviço, utilizado como insumo e a atividade realizada pelo Contribuinte. Conceito mais elaborado de insumo, construído a partir da jurisprudência do próprio CARF e norteador dos julgamentos dos processos, no referido órgão, foi consignado no Acórdão nº 9303003.069, resultante de julgamento da CSRF em 13 de agosto de 2014: [...] Portanto, "insumo" para fins de creditamento do PIS e da COFINS não cumulativos, partindo de uma interpretação histórica, sistemática e teleológica das próprias normas instituidoras de tais tributos (Lei no. 10.637/2002 e 10.833/2003), deve ser entendido como todo custo, despesa ou encargo comprovadamente incorrido na prestação de serviço ou na produção ou fabricação de bem ou produto que seja destinado à venda, e que tenha relação e vínculo com as receitas tributadas (critério relacional), dependendo, para sua identificação, das especificidades de cada processo produtivo. Nessa linha relacional, para se verificar se determinado bem ou serviço prestado pode ser caracterizado como insumo para fins de creditamento do PIS e da COFINS, impende analisar se há: pertinência ao processo produtivo (aquisição do bem ou serviço especificamente para utilização na prestação do serviço ou na produção, ou, ao menos, para tornálo viável); essencialidade ao processo produtivo (produção ou prestação de serviço depende diretamente daquela aquisição) e possibilidade de emprego indireto no processo de produção (prescindível o consumo do bem ou a prestação de serviço em contato direto com o bem produzido). Fl. 293DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 8 7 Portanto, para que determinado bem ou prestação de serviço seja considerado insumo gerador de crédito de PIS e COFINS, imprescindível a sua essencialidade ao processo produtivo ou prestação de serviço, direta ou indiretamente, bem como haja a respectiva prova. Não é diferente a posição predominante no Superior Tribunal de Justiça, o qual reconhece, para a definição do conceito de insumo, critério amplo/próprio em função da receita, a partir da análise da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo ou à prestação do serviço. O entendimento está refletido no voto do Ministro Relator Mauro Campbell Marques ao julgar o recurso especial nº 1.246.317MG, sintetizado na ementa: PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535, DO CPC. VIOLAÇÃO AO ART. 538, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INCIDÊNCIA DA SÚMULA N. 98/STJ. CONTRIBUIÇÕES AO PIS/PASEP E COFINS NÃOCUMULATIVAS. CREDITAMENTO. CONCEITO DE INSUMOS. ART. 3º, II, DA LEI N. 10.637/2002 E ART. 3º, II, DA LEI N. 10.833/2003. ILEGALIDADE DAS INSTRUÇÕES NORMATIVAS SRF N. 247/2002 E 404/2004. 1. Não viola o art. 535, do CPC, o acórdão que decide de forma suficientemente fundamentada a lide, muito embora não faça considerações sobre todas as teses jurídicas e artigos de lei invocados pelas partes. 2. Agride o art. 538, parágrafo único, do CPC, o acórdão que aplica multa a embargos de declaração interpostos notadamente com o propósito de prequestionamento. Súmula n. 98/STJ: "Embargos de declaração manifestados com notório propósito de prequestionamento não têm caráter protelatório". 3. São ilegais o art. 66, §5º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 247/2002 Pis/Pasep (alterada pela Instrução Normativa SRF n. 358/2003) e o art. 8º, §4º, I, "a" e "b", da Instrução Normativa SRF n. 404/2004 Cofins, que restringiram indevidamente o conceito de "insumos" previsto no art. 3º, II, das Leis n. 10.637/2002 e n. 10.833/2003, respectivamente, para efeitos de creditamento na sistemática de nãocumulatividade das ditas contribuições. 4. Conforme interpretação teleológica e sistemática do ordenamento jurídico em vigor, a conceituação de "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, não se identifica com a conceituação adotada na legislação do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI, posto que excessivamente restritiva. Do mesmo modo, não corresponde exatamente aos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" utilizados na legislação do Imposto de Renda IR, por que demasiadamente elastecidos. 5. São "insumos", para efeitos do art. 3º, II, da Lei n. 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei n. 10.833/2003, todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. 6. Hipótese em que a recorrente é empresa fabricante de gêneros alimentícios sujeita, portanto, a rígidas normas de higiene e limpeza. No ramo a que pertence, as exigências de condições sanitárias das instalações se não atendidas implicam na própria impossibilidade da produção e em Fl. 294DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 9 8 substancial perda de qualidade do produto resultante. A assepsia é essencial e imprescindível ao desenvolvimento de suas atividades. Não houvessem os efeitos desinfetantes, haveria a proliferação de microorganismos na maquinaria e no ambiente produtivo que agiriam sobre os alimentos, tornandoos impróprios para o consumo. Assim, impõese considerar a abrangência do termo "insumo" para contemplar, no creditamento, os materiais de limpeza e desinfecção, bem como os serviços de dedetização quando aplicados no ambiente produtivo de empresa fabricante de gêneros alimentícios. 7. Recurso especial provido. (REsp 1246317/MG, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 29/06/2015) (grifouse) Portanto, são insumos, para efeitos do art. 3º, II da Lei nº 10.637/2002 e do art. 3º, II da Lei nº 10.833/2003, todos os bens e serviços pertinentes ao processo produtivo e à prestação de serviços, ou ao menos que os viabilizem, podendo ser empregados direta ou indiretamente, e cuja subtração implica a impossibilidade de realização do processo produtivo e da prestação do serviço, objetando ou comprometendo a qualidade da própria atividade da pessoa jurídica. Ainda, no âmbito do Superior Tribunal de Justiça, o tema foi recentemente julgado pela sistemática dos recursos repetitivos nos autos do recurso especial nº 1.221.170 PR, no sentido de reconhecer a ilegalidade das Instruções Normativas SRF nºs 247/2002 e 404/2004 e aplicação de critério da essencialidade ou relevância para o processo produtivo na conceituação de insumo para os créditos de PIS e COFINS no regime nãocumulativo. Até a presente data da sessão de julgamento desse processo não houve o trânsito em julgado do acórdão do recurso especial nº 1.221.170PR pela sistemática dos recursos repetitivos, pois pendente de julgamento de embargos de declaração interpostos pela Fazenda Nacional. Fazse a ressalva do entendimento desta Conselheira, que não é o da maioria do Colegiado, que conforme previsão contida no art. 62, §2º do RICARF aprovado pela Portaria MF nº 343/2015, os conselheiros já estão obrigados a reproduzir referida decisão. Assim, os valores decorrentes da contratação de fretes de produtos acabados entre estabelecimentos da própria empresa geram direito aos créditos das contribuições para o PIS e para a COFINS na sistemática nãocumulativa, pois são essenciais ao processo produtivo da Recorrente e se constituem em despesas na operação de vendas. O direito ao crédito encontra amparo no art. 3º, inciso IX, da Lei nº 10.833/03 e art. 3º, inciso IX, da Lei nº 10.637/02, que contemplam a expressão "frete na operação de venda". No caso dos autos, conforme já afirmado, a Contribuinte RASIP AGROPASTORIL S/A é pessoa jurídica que desenvolve a atividade econômica principal do cultivo de maçãs. No seu Estatuto Social (fl. 213), art. 3º, como objeto social são listadas as seguintes atividades: "(a) a produção agrícola e pastoril, a fruticultura e apicultura; (b) a criação de rebanhos de diversas espécies; (c) a indústria, o comércio, a importação e a exportação de produtos alimentícios, de produtos da agricultura, da fruticultura e da pecuária, inclusive derivados do leite; (d) a elaboração e execução de projetos e atividades de fruticultura, florestamento e reflorestamento; (e) a produção e comercialização de produtos agrícolas, sementes e mudas; e (f) a prestação de serviços inerentes a essas atividades." Importa ter em perspectiva referida atividade econômica desenvolvida pela Recorrida, pois ao se adotar o critério da pertinência, relevância e essencialidade para a definição do conceito de insumos, tais parâmetros devem ser analisados frente ao processo produtivo do Sujeito Passivo em referência. Fl. 295DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 10 9 A Fazenda Nacional, por meio de recurso especial, confronta o acórdão do recurso voluntário no que tange à possibilidade de tomada de créditos de PIS e COFINS não cumulativos pela Contribuinte decorrentes dos seguintes itens, divididos em dois grupos: (1) despesas com empilhadeiras; despesas com embalagem de transporte (material de embalagem); despesas com serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores; e (2) despesas com combustíveis e lubrificantes. Na perspectiva do conceito de insumos segundo o critério da pertinência, relevância e essencialidade ao processo produtivo, entendese não assistir razão à Recorrente quanto ao pedido de restabelecimento das glosas, pois as despesas em testilha têm relação direta com a atividade econômica principal da empresa contribuinte – o cultivo de maçãs. Para elucidar a assertiva, passase à análise individual dos bens e serviços: (a) despesas com empilhadeiras (aquisição de GLP e manutenção): no Relatório de Verificação Fiscal (fl.96), após visitas da Fiscalização à sede da empresa, foi consignado que as empilhadeiras são utilizadas para diversos fins: “descarregamento da fruta vinda dos pomares, carregamento/descarregamento da fruta nas câmaras frias, movimentação pelo packing (local onde a maçã é selecionada, limpada e embalada), bem como no carregamento das caixas de maçãs na saída dos produtos do estabelecimento”. Entendeu a Autoridade Fiscal que, ante a falta de segregação dos custos, despesas e respectivos créditos vinculados às empilhadeiras pela Contribuinte, não haveria direito ao crédito, por inexistência de previsão legal, já que as mesmas seriam utilizadas para “mero transporte da fruta dentro do processo produtivo (não há transformação ou ação direta sobre a maçã)” e, ainda, “após a finalização do processo produtivo, em suma, no início da operação de venda – carregamento da fruta na saída do estabelecimento (expedição)”. O entendimento da Fiscalização – que também é defendido pela Fazenda Nacional – é pautado pelo critério do conceito de insumos da legislação do IPI, exigindo o contato, desgaste, modificação do bem ou serviço no processo produtivo, bem como que o mesmo entre em contato com a mercadoria a ser produzida. No entanto, à luz da posição intermediária para definição do conceito de insumos, a utilização das empilhadeiras para o transporte das frutas nos pomares e para o seu carregamento na saída do estabelecimento, denota pertinência, relevância e essencialidade, com o processo produtivo do cultivo de maçãs. As empilhadeiras foram utilizadas pela Contribuinte na produção, ainda que de forma indireta, e se mostram indispensáveis à consecução do seu objeto social de produção e venda das maçãs. Além disso, não se pode imaginar que não conte a empresa com o auxílio de máquinas para o transporte do seu produto, em grandes quantidades, ao longo da produção e na saída para a venda, pois hipótese contrária inviabilizaria o próprio cultivo e escoamento da produção. Portanto, deve ser mantido o reconhecimento do direito ao crédito de PIS e COFINS nãocumulativos com relação às despesas com empilhadeiras (aquisição de GLP e manutenção). " (...)3 "(e) Conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes: 3 Não se transcreveu, do voto da relatora do processo paradigma, a parte que analisou o direito de crédito de insumos cujos entendimentos resultaram vencidos na votação, e que, portanto, não se aplicam à solução do presente litígio. Contudo, a íntegra do voto consta do Acórdão 9303007.304. Fl. 296DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 11 10 Com relação aos medicamentos e fertilizantes, têmse que deve ser reformada a decisão para excluílos da possibilidade de aproveitamento de créditos de PIS e COFINS não cumulativos. Isso porque, consoante apontado no Relatório de Verificação Fiscal, estavam sujeitos à alíquota zero na operação anterior de aquisição dos mesmos, possibilidade de crédito que foi afastada pelo próprio acórdão recorrido ao tratar do tópico específico da “alíquota zero”. Por essa razão, nesse ponto dáse provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional para restabelecer a glosa com relação aos medicamentos e fertilizantes." (...) "Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas discordo de suas conclusões, quanto ao direito de se aproveitar créditos sobre despesas que não integram o custo do produto industrializado. A discussão gira em torno do conceito de insumos para fins do creditamento do PIS e da Cofins no regime da nãocumulatividade previsto nas Leis nº 10.637, de 2002, e nº 10.833, de 2003. Como visto, a relatora aplicou o entendimento, bastante comum no âmbito do CARF, de que para dar direito ao crédito basta que o bem ou o serviço adquirido seja essencial para o exercício da atividade produtiva por parte do contribuinte. É uma interpretação bastante tentadora do ponto de vista lógico, porém, na minha opinião não tem respaldo na legislação que trata do assunto. Confesso que já compartilhei em parte deste entendimento, adotando uma posição intermediária quanto ao conceito de insumos. Porém, refleti melhor, e hoje entendo que a legislação do PIS/Cofins traz uma espécie de numerus clausus em relação aos bens e serviços considerados como insumos para fins de creditamento, ou seja, fora daqueles itens expressamente admitidos pela lei, não há possibilidade de aceitálos dentro do conceito de insumo. O objeto de discussão no recurso da Fazenda Nacional, como bem relatado, referese ao aproveitamento de créditos assim separados: 1) Despesas com empilhadeiras 2) combustíveis e lubrificantes; 3) Bens diversos; 4) Materiais utilizados para embalagens de transporte; 5) Serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores; e 6) Conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes Porém, como já dito, adoto um conceito de insumos bem mais restritivo do que o conceito da necessidade e da essencialidade, adotado pelo voto vencido. Nesse sentido, importante transcrever o art. 3º das Lei nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que trata das possibilidades de creditamento do PIS e da Cofins: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da Tipi; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) Fl. 297DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 12 11 III energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica; (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) IV aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para locação a terceiros, ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços; (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis próprios ou de terceiros, utilizados nas atividades da empresa; VIII bens recebidos em devolução cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei; IX armazenagem de mercadoria e frete na operação de venda, nos casos dos incisos I e II, quando o ônus for suportado pelo vendedor. X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. (...). 2o Não dará direito a crédito o valor: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) I de mãodeobra paga a pessoa física; e (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) II da aquisição de bens ou serviços não sujeitos ao pagamento da contribuição, inclusive no caso de isenção, esse último quando revendidos ou utilizados como insumo em produtos ou serviços sujeitos à alíquota 0 (zero), isentos ou não alcançados pela contribuição. (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) § 3o O direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País; II aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País; III aos bens e serviços adquiridos e aos custos e despesas incorridos a partir do mês em que se iniciar a aplicação do disposto nesta Lei. (...). Fl. 298DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 13 12 Ora, segundo estes dispositivos legais, somente geram créditos das contribuições os custos com bens e serviços utilizados como insumos na fabricação dos bens destinados a venda. Note que os dispositivos legais descrevem de forma exaustiva todas as possibilidades de creditamento. Fosse para atingir todos os gastos essenciais à obtenção da receita, não necessitariam ter sido elaborados desta forma, bastava um único artigo ou inciso. Não haveria necessidade de ter descido a tantos detalhes. No presente caso, é incontroverso que as referidas despesas são necessárias para a atividade econômica do contribuinte. Não discordo da conclusão do acórdão recorrido de que os gastos com aqueles bens e serviços estão vinculados às atividades econômicas do contribuinte. Mas o legislador restringiu a possibilidade de creditamento do PIS e da Cofins aos insumos utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda e na prestação de serviços. Portanto, considerando esse conceito de que os insumos devem ser utilizados diretamente na fabricação do produto destinado a venda, passemos à análise de cada item objeto do recurso especial. 1) Despesas com empilhadeiras (combustíveis e peças de manutenção) Nesse ponto só vou justificar as razões porque acompanhei a relatora pela possibilidade de tal creditamento. Verificase pelo relatório fiscal que essas empilhadeiras são usadas dentro do processo fabril de beneficiamento das maças, produto final do contribuinte. Ou seja, os combustíveis e as peças de manutenção, não ativáveis, são consumidas diretamente no processamento das maças, que são efetivamente os produtos destinados à venda. 2) Combustíveis e lubrificantes Na análise do direito ao crédito efetuada pela autoridade fiscal, foi negado o crédito nas aquisições de combustíveis não utilizados diretamente no processo produtivo. De acordo com a fiscalização a maior parte dos créditos pleiteados eram referentes a combustíveis e lubrificantes utilizados em tratores agrícolas. Em seu recurso voluntário, o contribuinte sustenta que o processo produtivo de maçãs é amplo e iniciase desde o cultivo da terra. Ou seja, um retorno ao conceito de essencialidade, não em relação à sua atividade produtiva direta, mas em relação à sua atividade econômica como um todo. Inclusive, como esclarecido no relatório da fiscalização, boa parte desses combustíveis eram levados ao ativo imobilizado pela própria empresa, em razão da vida útil dos pomares. Porém, como já frizado, as leis da não cumultatividade não trazem essa ampliação toda como pretende o contribuinte e como entende a ilustre relatora do presente voto. Como abordo no item seguinte, não há possibilidade legal do aproveitamento de créditos de insumos de insumos. 3) Bens Diversos Nessa rubrica, o acórdão recorrido negou o creditamento de vários itens e concedeu o crédito sobre alguns itens com a seguinte justificativa: Por sua vez, tomando por vista que a Interessada também é produtora de queijo e derivados do leite, e portanto necessita de todo um cuidado quanto ao gado, para que o produto comercializado e fornecido ao consumidor final seja de boa qualidade, despesas com materiais de limpeza e higienização, cerca para rebanhos e manutenção de laboratório dado seu contato direto com o produto e participação efetiva no processo produtivo devem ser aproveitadas pela empresa. Fl. 299DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 14 13 Não concordo com essa assertiva e não vejo que são insumos, da forma como genericamente descritos, utilizados no processo industrial do produto destinado a venda. O fato, por si só, de que ele tenha a atividade de produção de queijo e leite, significa concluir o seu uso diretamente em sua fase industrial. Notoriamente a cerca para rebanhos, além de não ser insumo, pois provavelmente deve ser um item do ativo imobilizado, jamais teria alguma utilidade direta na fabricação de queijo e leite. Da mesma forma, há que ser comprovado que as despesas com limpeza e higienização não se referem à fase pré industrial. Em que momento foram aplicadas essas despesas. Manutenção de laboratório, também é um termo muito genérico para ser acatado como despesas aplicadas no processo industrial. Importante relembrar que a legislação não prevê possibilidade de creditamento de insumos de insumos e esse colegiado tem tido o entendimento de que não é possível o creditamento de insumos utilizados na fase agrícola, ou préindustrial. 4) Materiais utilizados para embalagens de transporte Tomo da transcrição de trecho do voto da decisão recorrida, sobre que elementos está se discutindo tal creditamento. Constam na glosa itens como Cantoneiras – utilizadas para evitar o amassamento das caixas de papelão pelas amarras durante o transporte do produto; Pallets e seus acessórios – pregos e etiquetas – utilizados para o empilhamento de caixas para armazenamento e transporte; Fitas/Amarras – usadas para amarrar as caixas de papelão sobre os pallets. Observe que são todos itens utilizados após o encerramento do processo produtivo. São utilizados para acondicionamento de transporte da produção. Não discordo da conclusão do acórdão recorrido de que o uso da embalagem é essencial para a preservação das características dos seus produtos, durante o transporte até os pontos de venda. Penso inclusive, que em maior ou menor grau, a depender do produto final, esta é a finalidade mesmo da embalagem de transporte. Mas o legislador restringiu a possibilidade de creditamento do PIS e da Cofins aos insumos utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. Portanto após o encerramento do processo produtivo não é possível tal creditamento, a não ser nas hipóteses expressamente previstas na legislação, a exemplo do aproveitamento do crédito do frete na operação de venda (situação excepcionada expressamente pela Lei) ou alguém seria capaz de dizer que o frete na operação de venda, suportado pelo contribuinte, não é um item essencial à sua atividade econômica. Se bastasse isso não seria necessária a excepcionadade constante da Lei. 5) Serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores. Pela característica dos bens, evidente que sua utilização é feita na etapa pré industrial. Na manutenção das lavouras que faz parte da etapa agrícola, em relação aos quais nego provimento pelas mesmas razões do item 3, supra analisado. 6) Conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes Em relação aos itens medicamentos e fertilizantes manifesto minha concordância com o voto da ilustre relatora que neste ponto proveu o recurso especial da Fazenda Nacional. Em relação aos demais confirmo o entendimento do colegiado de que sobre tais itens não há previsão legal para autorizar o creditamento, por fugirem do conceito legal de insumos estabelecido pela legislação de regência. Como dito nos itens 3 e 5 anteriores, tratamse de despesas relevantes para atividade econômica do contribuinte, porém aplicadas nas fases antecendentes ao processo produtivo propriamente dito. Fl. 300DF CARF MF Processo nº 11020.003576/200953 Acórdão n.º 9303007.308 CSRFT3 Fl. 15 14 Diante do exposto, voto por dar parcial provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional, para reestabelecer as glosas de crédito em relação aos seguintes itens: (i) bens diversos, (ii) combustíveis e lubrificantes (iii) embalagem de transporte, (iv) serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores e (v) conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o recurso especial da Fazenda Nacional foi conhecido e, no mérito, o colegiado deulhe provimento parcial, para reestabelecer as glosas de crédito em relação aos seguintes itens: (i) bens diversos, (ii) combustíveis e lubrificantes (iii) embalagem de transporte, (iv) serviços de manutenção de máquinas, tratores, retroescavadeiras e pulverizadores e (v) conservação de sêmen, manutenção de laboratório e ordenhadeiras, bem como medicamentos e fertilizantes. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Fl. 301DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 12585.000074/2010-81
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon May 21 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 04 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005
NÃO-CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS.
A não-cumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva Entrada vs. Saída, mas de uma perspectiva Despesa/Custo vs. Receita, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços.
INSUMO. CONCEITO.
Insumo, para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS, deve ser tido de forma mais abrangente do que o previsto pela legislação do IPI. Para tanto, esse itens, sejam serviços, mercadorias, ou intangíveis, devem ser intimamente ligados à atividade-fim da empresa e, principalmente, ser utilizados efetivamente, e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo de maneira imprescindível para geração de receitas, observadas as demais restrições previstas expressamente em lei, em especial, a de que não sejam tratados como ativo não-circulante, hipótese em que já previsão específica de apropriação.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO
PROPORCIONAL.
Na determinação dos créditos da não-cumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, não há previsão de rateio proporcional entre as receitas tributadas e não tributadas.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO.
As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas que depois de concluído o processo produtivo se destinam ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), para garantir a integridade física dos materiais podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS.
Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da não-cumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais.
REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO DE BENS E INSUMOS IMPORTADOS
O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica-se, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País.
Numero da decisão: 3401-004.881
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso.
(assinado digitalmente)
ROSALDO TREVISAN - Presidente e Relator
Participaram do julgamento os conselheiros: Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (Vice-Presidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Período de apuração: 01/10/2005 a 31/12/2005 NÃO-CUMULATIVIDADE DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS. A não-cumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva Entrada vs. Saída, mas de uma perspectiva Despesa/Custo vs. Receita, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. INSUMO. CONCEITO. Insumo, para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS, deve ser tido de forma mais abrangente do que o previsto pela legislação do IPI. Para tanto, esse itens, sejam serviços, mercadorias, ou intangíveis, devem ser intimamente ligados à atividade-fim da empresa e, principalmente, ser utilizados efetivamente, e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo de maneira imprescindível para geração de receitas, observadas as demais restrições previstas expressamente em lei, em especial, a de que não sejam tratados como ativo não-circulante, hipótese em que já previsão específica de apropriação. REGIME NÃO-CUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da não-cumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, não há previsão de rateio proporcional entre as receitas tributadas e não tributadas. REGIME NÃO-CUMULATIVO. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas que depois de concluído o processo produtivo se destinam ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), para garantir a integridade física dos materiais podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições. REGIME NÃO-CUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da não-cumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais. REGIME NÃO-CUMULATIVO. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO DE BENS E INSUMOS IMPORTADOS O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica-se, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País.
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A nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, de modo que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. INSUMO. CONCEITO. Insumo, para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS, deve ser tido de forma mais abrangente do que o previsto pela legislação do IPI. Para tanto, esse itens, sejam serviços, mercadorias, ou intangíveis, devem ser intimamente ligados à atividadefim da empresa e, principalmente, ser utilizados efetivamente, e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo de maneira imprescindível para geração de receitas, observadas as demais restrições previstas expressamente em lei, em especial, a de que não sejam tratados como ativo nãocirculante, hipótese em que já previsão específica de apropriação. REGIME NÃOCUMULATIVO. APURAÇÃO DE CRÉDITOS. RATEIO PROPORCIONAL. Na determinação dos créditos da nãocumulatividade passíveis de utilização na modalidade compensação, não há previsão de rateio proporcional entre as receitas tributadas e não tributadas. REGIME NÃOCUMULATIVO. EMBALAGENS. CONDIÇÕES DE CREDITAMENTO. As embalagens que não são incorporadas ao produto durante o processo de industrialização (embalagens de apresentação), mas que depois de concluído AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 12 58 5. 00 00 74 /2 01 0- 81 Fl. 279DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 2 o processo produtivo se destinam ao transporte dos produtos acabados (embalagens para transporte), para garantir a integridade física dos materiais podem gerar direito a creditamento relativo às suas aquisições. REGIME NÃOCUMULATIVO. PRODUTOS DE LIMPEZA. PROCESSO PRODUTIVO. REQUISITOS. Somente materiais de limpeza ou higienização aplicados diretamente no curso do processo produtivo geram créditos da nãocumulatividade, ou seja, não são considerados insumos os produtos utilizados na simples limpeza do parque produtivo, os quais são considerados despesas operacionais. REGIME NÃOCUMULATIVO. CRÉDITOS NA AQUISIÇÃO DE BENS E INSUMOS IMPORTADOS O direito ao crédito a que se refere o art. 3º da Lei nº 10.833, de 2003, aplica se, exclusivamente, em relação aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País e aos custos e despesas incorridos, pagos ou creditados a pessoa jurídica domiciliada no País. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao recurso, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso. (assinado digitalmente) ROSALDO TREVISAN Presidente e Relator Participaram do julgamento os conselheiros: Robson Jose Bayerl, Tiago Guerra Machado, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco (VicePresidente) e Rosaldo Trevisan (Presidente). Fl. 280DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 3 Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP, de créditos de contribuição não cumulativa, vinculadas à receita do mercado externo, com débitos administrados pela RFB. Foi emitido Despacho Decisório que reconheceu parcialmente o direito creditório pleiteado e homologou as compensações até o limite reconhecido. Irresignada com o deferimento apenas parcial de seu pleito, a contribuinte encaminhou sua Manifestação de Inconformidade tempestiva, alegando, em síntese, o seguinte: 1) Créditos a descontar na importação: a empresa apurou créditos decorrentes de suas operações de importação de insumos e produtos para revenda, norteandose pelo art. 15 da Lei n° 10.865/2004. O Fisco questionou tais créditos com base nas seguintes premissas: (a) importação de bens classificados na NCM 38.08 assim como das matériasprimas utilizadas para sua produção que supostamente deveriam ser tributados à alíquota zero da contribuição; e (b) crédito tomado sobre produtos que não se caracterizam no conceito de insumos. Ocorre que o NCM 38.08 não diz respeito apenas a defensivos agrícolas, bem como a empresa não fabrica somente o tipo de produto classificado em tal NCM. Estão inseridos no rol de produtos abarcados pela NCM 38.08 diversas outras mercadorias e não só defensivos agrícolas abarcados pela alíquota zero da contribuição. A empresa é produtora de inseticidas, raticidas, produtos de jardinagem amadora e repelentes, os quais se inserem, como os defensivos agrícolas, no rol 38.08 da NCM, mas que são tributados pela alíquota regular. Não foram confrontados os NCMs indicados pela empresa em suas DIs, se pautando o despacho decisório apenas em premissa de que todos os produtos comercializados estariam classificados no NCM 38.08 como defensivos agrícolas e que, por isso, não dariam direito ao crédito pleiteado. Acosta planilha e folders. 2) Créditos decorrentes da aquisição de insumos: a Fiscalização glosou créditos da empresa relativos à aquisição de insumos utilizados em seu processo produtivo. Estas glosas são refutadas porque: a) conceito de insumos: tomandose como referência os intentos do Legislador, constantes de Exposição de Motivos da norma instituidora da sistemática nãocumulativa da COFINS (delimitou o regime de apuração de créditos totalmente diferente daquela adotada pela legislação do IPI), reputase claramente ilegal o conceito utilizado pela Fiscalização na definição de insumos. A definição sugerida pela Fiscalização se pautou, além da impossível utilização por analogia das normas do IPI, também na IN n°247/2002, que trata quase que de forma idêntica da conceituação de insumos para creditamento da COFINS da conceituação elaborada para fins de IPI. Isso fica latente quando se contempla como um dos prérequisitos para o enquadramento de determinada mercadoria como insumo seu contato direto com o produto final que está sendo elaborado. A intenção do legislador era a desoneração do faturamento e não do produto final, razão pela qual difícil conceber como necessários, para a conceituação de insumos, a restrição contida no referido Fl. 281DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 4 dispositivo infralegal, que obriga a ocorrência do contato direto da mercadoria com o produto final que se está a elaborar. A norma infralegal agiu ao total arrepio de suas competências ao regular preceito em total desacordo com os intentos da legislação que lhe dá fulcro, sofrendo, por conseguinte, de uma ilegalidade contida em sua gênese. Deve ser afastada a aplicabilidade da possível interpretação restritiva do crédito aqui discutido, pautada pela definição contida na IN, que obrigue o contato direto do insumo com o produto final que se está a produzir. È de todo evidente que o crédito de insumos apropriados pela empresa não pode ser contestado pelos argumentos levantados pela Fiscalização, vez que este se baseou em norma ilegal emitida pela RFB em desacordo com a legislação que lhe dá sustento, devendo este ser reconhecido em sua totalidade; b) contato direto dos insumos glosados ao produto final: após análise exaustiva dos diversos produtos enumerados pela Fiscalização em sua planilha de exclusões, a empresa houve por bem elaborar demonstrativo (anexado), no qual justifica o enquadramento dos produtos desconsiderados do conceito de insumos sugerido, refutando os argumentos de que estes não poderiam gerar direito ao crédito de COFINS apropriado. Assim: 1) materiais de embalagem: em sua totalidade, os materiais de embalagem considerados pelo despacho decisório como de mero acondicionamento para transporte, compõem na verdade o produto final e servem não para o transporte, mas sim para a proteção dos produtos comercializados desde o término de sua produção até o consumo final. Os produtos elaborados pela empresa, por serem de cunho tóxico, se sujeitam a diversas normas regulatórias emanadas por Agências Governamentais, as quais lhe obrigam a acondicionar suas mercadorias em embalagens padronizadas e resistentes. As caixas (que compõem grande parte dos produtos glosados pelo despacho em questão) são reforçadas por divisórias e colunas de proteção, além de se utilizarem de gramatura superior as caixas comuns contidas no mercado, evitando que o produto químico produzido sofra alterações em decorrência do contato excessivo com, por exemplo, a luz solar. Tal proteção não visa o transporte da mercadoria, a qual seria inutilizada por seu consumidor final após o recebimento destas, mas sim o acondicionamento de produtos tóxicos que devem ser sempre guardados por estas na sequência ao seu manejo, evitando assim prejuízos ao meio ambiente decorrentes de possíveis contaminações. Também se pode ver que na embalagem do produto final comercializado existem rótulos que são colocados em cada uma delas contendo informações importantes acerca das recomendações para a utilização dos produtos, assim como dos perigos que este pode causar caso sejam manejados de forma imprópria. Se estas caixas servissem apenas para o mero transporte não se fariam necessárias explicações atinentes aos procedimentos que devem ser adotados pelo consumidor final para utilização dos produtos. Os materiais de embalagem servem ao propósito de acondicionamento da mercadoria em si e não para o mero transporte destas. Não há que se falar em ilegalidade do crédito, devendo as caixas e todos os outros produtos que a compõem (rótulos, tinta, etiquetas e etc.) ser reconhecidos como insumos dos produtos comercializados, com geração de créditos; 2) materiais de limpeza: podem ser separados naqueles que são utilizados para a limpeza do pátio industrial e nos que são utilizados como produtos intermediários que visam a higienização das tubulações por onde passam os produtos químicos elaborados pela empresa ou o tratamento da água utilizada para aquecer em "banho maria" as matérias primas colocadas na caldeira de produção. Quanto a estes últimos, por serem de aplicação necessária ao processo produtivo, não há que se Fl. 282DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 5 questionar que geram direito ao crédito de COFINS. Os produtos glosados pela fiscalização, como se comprova pela planilha anexa, dizem respeito ao segundo tipo de materiais de limpeza, ou seja, aqueles que estão inseridos no processo produtivo e não são simplesmente utilizados para desinfetar o pátio fabril, mas sim para impedir que bactérias contaminem os produtos químicos que estão sendo produzidos; 3) créditos sobre matéria prima alíquota zero: esse beneficio é aplicado apenas nas aquisições destinadas à produção de defensivos agrícolas, sendo que nas aquisições regulares destas mercadorias no mercado interno ou externo ocorre a incidência normal de COFINS. Como dito, é empresa que, dentre outros, produz mercadorias saneantes também classificadas no NCM 38.08 (engloba os defensivos agrícolas), as quais se sujeitam à alíquota regular da contribuição aqui tratada (inseticidas, raticidas, fungicidas e etc.). Assim, equivocada está a Fiscalização ao glosar, sem uma análise aprofunda, todas as matérias primas adquiridas após a data de vigência da alíquota zero atribuída para a produção de defensivos agrícolas. 3) Despesas com aluguéis: a Fiscalização glosou parcela dos créditos aferidos na rubrica "Despesas de Alugueis de Máquinas e Equipamentos Locados de Pessoas Jurídicas" sob o argumento de estarem contidos em sua composição valores que não se prestam a este tipo creditório. A maioria das glosas diz respeito a despesas tidas com energia elétrica, as quais foram incorretamente inseridas na rubrica em questão. Os créditos decorrentes de despesas de energia elétrica não vislumbram qualquer restrição pela legislação vigente da contribuição, devendo ser considerados em sua íntegra. A situação em tela se caracteriza como sendo mero equivoco formal cometido pela empresa no preenchimento de seu DACON. Não se presta como argumento suficiente para a glosa de créditos pleiteados, eis que nos processos referentes a ressarcimento/restituição, o principio da verdade material deve ser aplicado, tanto quanto nos casos relativos à constituição de créditos tributários. 4) Rateio Proporcional: a Fiscalização recalculou as porcentagens adotadas pela empresa para fins de apuração dos tipos creditórios aferidos no período em questão, sob o argumento de que não poderiam ter sido incluídos no cômputo das "Receitas de Vendas Não Tributadas no Mercado Interno", receitas tidas com operações financeiras e com vendas de ativos imobilizados. Fundamentou no art. 17 da Lei n° 11.033/2004. Mas este artigo prevê apenas a possibilidade de manutenção dos créditos de COFINS dos contribuintes quando estes possuam receitas abrangidas por normas isentivas ou de não incidência. Não faz ele qualquer distinção entre as receitas que deverão ser incluídas ou não no computo da sistemática de cálculo intitulada "rateio proporcional". Além disso, caso estivesse correto o entendimento da Fiscalização, a exclusão destas receitas do cálculo do rateio proporcional não poderia ocasionar a anulação do direito creditório aferido, porquanto o crédito permaneceria válido, passando de um crédito decorrente de receitas não tributadas para um crédito de receitas tributadas e/ou de exportações. 5) Diligências e perícias: pelo volume de documentos juntados aos autos, não resta outra alternativa para a análise efetiva de todo material apresentado, assim como para desvendar a verdade material dos fatos, que se: a) baixe o processo em diligência para análise dos documentos apresentados, como também outros que os sejam entendidos necessários para a validação do crédito pleiteado; b) realize trabalhos periciais, visando a validação dos argumentos apresentados pela empresa em relação ao correto enquadramento de seus insumos, a fim de que se reconheça seu direito creditório; Fl. 283DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 6 c) sejam analisados os quesitos que apresenta (art. 16, inciso IV, do Decreto nº 70.235/1972). Sobreveio Acórdão nº 10046.555, exarado pela DRJ/POA, que considerou improcedente a impugnação, não reconhecendo o direito creditório pleiteado. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário tempestivo, que veio a repetir os argumentos apresentados na impugnação. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.871, de 21 de maio de 2018, proferido no julgamento do processo 16349.000309/200945, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.871): "Da Admissibilidade O Recurso é tempestivo, e reunindo os demais requisitos de admissibilidade, dele tomo seu conhecimento. Do Mérito A maior parte dos créditos glosados pela Fiscalização devemse ao fato de que essa autoridade descaracterizou como insumos as aquisições de mercadorias que ensejaram o respectivo crédito de COFINS nãocumulativa. Nessa linha, foram glosados créditos referentes à aquisição de produtos de limpeza industrial e material de embalagens. Diante disso, convém discorrer brevemente sobre a não cumulatividade da Contribuição Social ao PIS e da COFINS A modalidade nãocumulativa das contribuições sociais surgiu em decorrência da edição das Medidas Provisórias 66/2002 e 135/2003, posteriormente convertidas nas Leis Federais 10.637/2002 e 10.833/2003. Fl. 284DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 7 Anteriormente, a nãocumulatividade tributária no Brasil foi inaugurada com o ICMS e o IPI, sob influência da sistemática de tributação sobre o valor agregado, em voga em muitos países europeus a partir da segunda metade do século XIX, e pouco se desenvolveu de doutrina – e jurisprudência – a respeito da definição dos itens que poderiam ser admitidos como crédito; primeiro, porque houve uma taxatividade mais explícita dos itens creditáveis; segundo, até o advento da nãocumulatividade do PIS e da COFINS, os debates jurídicos eram monopolizados pelos conflitos de ordem eminentemente formal, especialmente nos casos em que o contribuinte leis ordinárias est de forma conflituosa com os dispositivos constitucionais sobre tais tributos nos últimos cinquenta. Contudo, diferentemente de outros tributos nãocumulativos, como o ICMS e o IPI, a regulamentação constitucional limitou se a delegar à lei ordinária para que essa estabelecesse quais setores de atividade econômica o regime nãocumulativo seria aplicável, conforme se denota da inclusão do parágrafo doze ao artigo 195, da Constituição Federal: § 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão nãocumulativas. Vejam que, em relação ao ICMS e ao IPI, a Constituição Federal foi um pouco menos econômica, buscando definir limites mínimos para a aplicação do conceito da não cumulatividade tributária: Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: IV produtos industrializados; II será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas anteriores; (...) Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: (...) II operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...) § 2º O imposto previsto no inciso II atenderá ao seguinte: I será nãocumulativo, compensandose o que for devido em cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços com o montante cobrado nas Fl. 285DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 8 anteriores pelo mesmo ou outro Estado ou pelo Distrito Federal; De tal forma, ainda que o princípio da nãocumulatividade guarde um significado próprio – qual seja a de viabilizar a tributação sobre o valor agregado –, é certo que a modalidade nãocumulativa das contribuições sociais deve ser encarada mormente pelos mandamentos previstos nas respectivas leis de sua criação, não cabendo a esse Tribunal ultrapassar os limites objetivos previstos por essa legislação infraconstitucional. Esse é o comentário de Ricardo Mariz de Oliveira, na obra coletiva “Não Cumulatividade Tributária: Todavia, pelo que consta desse artigo, já se pode constatar que se trata de um regime de nãocumulatividade parcial, pois ele não assegura plena dedução de créditos, mas apenas dos valores listados “numerus clausulus” e segundo regras de cálculo prescritas expressamente. (Editora Dialética, 2009. Página 427) Assim, devese ter em vista que a nãocumulatividade não comporta um conceito absoluto e independente da legislação que regra os tributos com essa particularidade. Isso não será diferente com as contribuições sociais. Na miríade de atos normativos que regem a contribuições sociais nãocumulativas, é muito claro que nos detemos no artigo 3º, das Leis Federais de regência, muito embora as modalidades de direito ao crédito estejam espalhadas na legislação ordinária que regulam as contribuições sociais para setores específicos e operações específicas, as quais algumas serão objeto de análise mais adiante. Nesse primeiro momente, vejamos o citado artigo 3º: Art. 3o Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o; I bens adquiridos para revenda, exceto em relação às mercadorias e aos produtos referidos: (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) a) nos incisos III e IV do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) a) no inciso III do § 3o do art. 1o; e (Redação dada pela Medida Provisória nº 413, de 2008) Produção de efeitos a) no inciso III do § 3o do art. 1o desta Lei; e (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008). (Produção de efeitos) Fl. 286DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 9 b) no § 1o do art. 2o desta Lei; (Incluído pela Lei nº 10.865, de 2004) b) nos §§ 1o e 1oA do art. 2o desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 11.787, de 2008) (Vide Lei nº 9.718, de 1998) II bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou à prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; II – bens e serviços utilizados como insumo na fabricação de produtos destinados à venda ou na prestação de serviços, inclusive combustíveis e lubrificantes; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) III (VETADO) IV – aluguéis de prédios, máquinas e equipamentos, pagos a pessoa jurídica, utilizados nas atividades da empresa; V despesas financeiras decorrentes de empréstimos e financiamentos de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte (Simples); V – despesas financeiras decorrentes de empréstimos, financiamentos e contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoas jurídicas, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte – SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) V valor das contraprestações de operações de arrendamento mercantil de pessoa jurídica, exceto de optante pelo Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte SIMPLES; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004) VI máquinas e equipamentos adquiridos para utilização na fabricação de produtos destinados à venda, bem como a outros bens incorporados ao ativo imobilizado; VI máquinas, equipamentos e outros bens incorporados ao ativo imobilizado, adquiridos ou fabricados para Fl. 287DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 10 locação a terceiros ou para utilização na produção de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. (Redação dada pela Lei nº 11.196, de 2005) VII edificações e benfeitorias em imóveis de terceiros, quando o custo, inclusive de mãodeobra, tenha sido suportado pela locatária; VIII bens recebidos em devolução, cuja receita de venda tenha integrado faturamento do mês ou de mês anterior, e tributada conforme o disposto nesta Lei. IX energia elétrica consumida nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Incluído pela Lei nº 10.684, de 30.5.2003) IX energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica. (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007) X valetransporte, valerefeição ou valealimentação, fardamento ou uniforme fornecidos aos empregados por pessoa jurídica que explore as atividades de prestação de serviços de limpeza, conservação e manutenção. (Incluído pela Lei nº 11.898, de 2009) XI bens incorporados ao ativo intangível, adquiridos para utilização na produção de bens destinados a venda ou na prestação de serviços. E fica bem claro que o item de maior questionamento desde o início da vigência do regime nãocumulativo é aquele que se refere a “bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda.” Vejam que a expressão “insumo”, na legislação de referência, não foi adicionada de uma definição própria para aplicação, de modo que, nos termos do artigo 11, da Lei Complementar 95/1998, que trata da elaboração e redação das leis, as palavras devem ser utilizadas no texto legal em seu sentido comum, de modo que a interpretação da legislação deve seguir tal comando como premissa. Diante disso, cabe mencionar que, segundo o Dicionário Aurélio1, insumo pode ser definido como o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços; máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.; fator de produção”. No que se refere ao conceito de insumo em âmbito jurídico, o eminente tributarista Aliomar Baleeiro2, há muito já definira: 1 Novo Aurélio Século XXI – O Dicionário da Língua Portuguesa, 3ª Ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 2 In Direito Tributário Brasileiro, 9ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 1980, pág. 214. Fl. 288DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 11 (...) é uma algaravia de origem espanhola, inexistente em português, empregada por alguns economistas para traduzir a expressão inglesa 'input', isto é, o conjunto dos fatores produtivos, como matériasprimas, energia, trabalho, amortização do capital, etc., empregados pelo empresário para produzir o 'output' ou o produto final. (...) De fato, do ponto de vista puramente econômico, o conceito acima nos parece apropriado. Para a ciência econômica, tal definição inclui todos os elementos necessários à produção de um bem, mercadoria ou serviço, tais como matériasprimas, bens intermediários, equipamentos, capital, horas de trabalho, etc. Todavia, para fins fiscais, o termo insumo é utilizado de maneira mais restrita, haja vista a pouca disposição existente até hoje para se desenvolver esse conceito no Direito Brasileiro. Nas raras remissões legislativas encontradas, usualmente tratase do ICMS e do IPI, tributos onde há uma forte vinculação física entre o produto final e o bem que irá gerar crédito fiscal, mesmo porque constituem impostos sobre a “produção e circulação de bens e serviços”, tal como disposto em nosso Código Tributário Nacional (Capítulo IV da Lei nº 5.172/1966 CTN). No caso do ICMS, o que se observa é uma evolução gradual do conceito de insumo, que acaba ampliando o conceito básico e evidente da tríade matériaprima/produto intermediário/material de embalagem, principalmente no que se refere ao que se chama produto intermediário. Nas raras oportunidades em que a legislação estadual enfrentou o tema, podemos citar um ato normativo que pode ser considerado como pioneiro na definição de insumo: a Decisão Normativa CAT 01/2001, do Estado de São Paulo, que, ao exemplificar mercadorias que poderiam ser consideradas insumos, deu especial destaque àqueles produtos que são utilizados no processo ainda que não componham o produto final: Entre outros, têmse ainda, a título de exemplo, os seguintes insumos que se desintegram totalmente no processo produtivo de uma mercadoria ou são utilizados nesse mesmo processo produtivo para limpeza, identificação, desbaste, solda etc.: lixas; discos de corte; discos de lixa; eletrodos; oxigênio e acetileno; escovas de aço; estopa; materiais para uso em embalagens em geral tais como etiquetas, fitas adesivas, fitas crepe, papéis de embrulho, sacolas, materiais de amarrar ou colar (barbantes, fitas, fitilhos, cordões e congêneres), lacres, isopor utilizado no isolamento e proteção dos produtos no interior das embalagens, e tinta, giz, pincel atômico e lápis para marcação de embalagens; óleos de corte; rebolos; modelos/matrizes de isopor utilizados pela indústria; produtos químicos utilizados no tratamento de água Fl. 289DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 12 afluente e efluente e no controle de qualidade e de teste de insumos e de produtos. Porém, como podemos verificar, o conceito amplificado de insumo para o ICMS (e também do IPI) é derivado da conclusão de que são os elementos que participam efetivamente do processo produtivo, haja vista que, conforme dito anteriormente, o ICMS demanda uma intrínseca relação entre a entrada da mercadoria utilizada no processo econômico que ensejará a saída do produto final. Ademais, verificase que enquanto o ICMS e o IPI possuem profunda relação com a movimentação física de bens e mercadorias, o que se reflete na maneira como a não cumulatividade se manifesta – como regra, apropriase créditos na entrada de bens e mercadorias que venham a serem movimentados posteriormente com débito do imposto , o PIS e a COFINS possuem relação com um aspecto absolutamente econômico, representado e controlado graficamente pela contabilidade, a geração de receitas tributáveis. Nessa linha, a nãocumulatividade das contribuições sociais deve se performar não mais de uma perspectiva “Entrada vs. Saída”, mas de uma perspectiva “Despesa/Custo vs. Receita”, expressivamente mais complexa e mais alheia aos operadores do Direito e aos legisladores, que durante cinquenta anos acostumaram com a “nãocumulatividade física” em detrimento de uma “nãocumulatividade econômica” De certo, é possível entender essa falha conceitual ao se analisar com cuidado o artigo 3º acima mencionado, quando se observa que os incisos e parágrafos insistem na ideia de permitir o crédito, por exemplo, desde a entrada dos bens para estoque (quando menciona “aquisição”) enquanto o conceito intrínseco da nãocumulatividade econômica está sobre a noção de custo e despesa, que não são registrados no momento da aquisição do estoque, mas sim quando da sua realização pela venda, e consequente registro contábil da receita. Desse modo, acredito que o conceito de insumo para a legislação do PIS/PASEP e da COFINS parece ser mais abrangente que o utilizado para créditos do IPI e do ICMS – como faz crer das conclusões da decisão ora recorrida –, de maneira que o legislador permitiu a apropriação de créditos que ultrapassem a vinculação física e recaiam sobre o aspecto econômico da operação de entrada de bens e serviços. Nesse caso, entendo que a legislação possibilitou o desconto de créditos das contribuições além dos elementos que compõem os custos diretos e indiretos de produção através alocação por atividade (i.e. “Sistema de Custeio ABC”), e incluiu componentes que, em uma análise puramente contábil, seriam classificados como despesas variáveis, estritamente atreladas com a geração de receitas. Fl. 290DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 13 Porém, como premissa básica para a apuração de créditos de PIS/PASEP e COFINS, temos que os custos diretos e indiretos constituem base de cálculo de forma inquestionável; já as despesas deverão ser analisadas caso a caso, na medida em que cada uma contribua de forma cabal para a venda do produto ou serviço. Por outro lado, a Instrução Normativa SRF nº 247/2002, com a redação dada pela Instrução Normativa SRF nº 358/2003, ao regulamentar a cobrança do PIS/PASEP e da COFINS, definiu insumo de uma maneira mais restrita, contrariando, em última análise, o espírito das Leis Federais nº 10.637/2002 e nº 10.833/2003, que visavam mitigar o efeito cascata das contribuições e “estimular a eficiência econômica”3: Art. 66. (...) § 5º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) as matérias primas, os produtos intermediários, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço.(...) Partindo esse entendimento, a Receita Federal amenizou algumas restrições, criando um entendimento, que vigora até hoje em diversas Soluções de Consulta, de que deve haver um vínculo de imprescindibilidade e à essencialidade do respectivo bem ou serviço para que seja possível a apropriação de créditos. Assim, destacou a Solução de Consulta que inaugurou esse raciocínio: “Solução de Consulta nº 400/2008 (8ª Região Fiscal) PIS/PASEP. CRÉDITO. INSUMOS. 3 Exposição de Motivos da Lei Federal nº 10.833/2003. Fl. 291DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 14 Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da contribuição para o PIS/PASEP não cumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da contribuição para o PIS/PASEP devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.637, de 2002, art. 3o, inciso II; IN SRF no 247, de 2002, art.66, § 5o. COFINS. CRÉDITO. INSUMOS. Consideramse insumos, para fins de desconto de créditos na apuração da Cofins nãocumulativa, os bens e serviços adquiridos de pessoas jurídicas, aplicados ou consumidos na fabricação de bens destinados à venda ou na prestação de serviços. O termo "insumo" não pode ser interpretado como todo e qualquer bem ou serviço que gera despesa necessária para a atividade da empresa, mas, sim, tão somente, como aqueles, adquiridos de pessoa jurídica, que efetivamente sejam aplicados ou consumidos na produção de bens destinados à venda ou na prestação do serviço. Dessa forma, somente os gastos efetuados com a aquisição de bens e serviços aplicados ou consumidos diretamente na produção de bens ou prestação de serviços geram direito a créditos a serem descontados da COFINS devida. Não dão direito a crédito os valores pagos a pessoas jurídicas domiciliadas no País, a título de despesas administrativas, contábeis, de venda, de propaganda, de advocacia, assim como, a aquisição de bens e serviços destinados a essas atividades, efetuados por empresa que se dedica à indústria e comércio de alimentos, por não configurarem pagamento de bens e serviços enquadrados Fl. 292DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 15 como insumos utilizados na fabricação de produtos destinados à venda. Dispositivos legais: Lei no 10.833, de 2003, art. 3o, inciso II; IN SRF no 404, de 2004, art.8o, § 4o.(DOU de 08/12/2008)” Já a Instrução Normativa SRF nº 404/2004 manteve a definição anterior, em seu artigo 8º, §4º, que assim dispôs: Artigo 8º. (...) § 4º Para os efeitos da alínea "b" do inciso I do caput, entendese como insumos: I utilizados na fabricação ou produção de bens destinados à venda: a) a matériaprima, o produto intermediário, o material de embalagem e quaisquer outros bens que sofram alterações, tais como o desgaste, o dano ou a perda de propriedades físicas ou químicas, em função da ação diretamente exercida sobre o produto em fabricação, desde que não estejam incluídas no ativo imobilizado; b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na produção ou fabricação do produto; II utilizados na prestação de serviços: a) os bens aplicados ou consumidos na prestação de serviços, desde que não estejam incluídos no ativo imobilizado; e b) os serviços prestados por pessoa jurídica domiciliada no País, aplicados ou consumidos na prestação do serviço. (...) Consideradas, pois, as manifestações acima, podemos afirmar que o conceito de insumo para fins de apropriação de créditos de PIS e COFINS deve ser tido de forma mais abrangente, desde que tais itens estejam intimamente ligados à atividadefim da empresa e que principalmente venham a ser utilizados efetivamente e de forma identificável na venda de produtos ou serviços, contribuindo para geração de receitas, devendo ser inquestionável o crédito decorrente dos elementos que compõem o custo de produção, seja direto ou indireto. Passo a analisar item a item que fora glosado pela fiscalização e mantido pela decisão de primeiro grau: (A) MATERIAL DE EMBALAGEM Tal como ficou demonstrado pelas declarações e documentação fornecida pela Recorrente, os materiais de embalagem e transporte que foram objeto de glosa de créditos Fl. 293DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 16 são absolutamente necessários para o atendimento da legislação vigente que regula a produção e comercialização dos produtos ofertados pela Recorrente, de modo que não há como não considerálos como custo operacional. Diante da exposição anterior, sobre a nãocumulatividade das contribuições sociais, não vejo razão para manter a glosa. (B) MATERIAL DE LIMPEZA Da mesma forma, a atividade da Recorrente requer a obediência de diversas regras exigidas pelas autoridades sanitárias. Tal fato por si só já justifica a apropriação de créditos pela Recorrente, eis que, tais dispêndios são verdadeiros custos indiretos que deve ensejar o direito ao desconto de crédito. Por conta disso, merece reforma a decisão recorrida. (C) DESPESAS DE ENERGIA ELÉTRICA REGISTRADAS COMO ALUGUÉIS Tendo sido comprovado que houve apenas erro material na demonstração dos créditos na DACON, não há como não reconhecer o direito ao crédito de energia elétrica eis que tal despesa está expressamente prevista no rol das possibilidades de apropriação de crédito não cumulativo. Ainda, como a fiscalização não analisou a documentação suporte das despesas de energia elétrica, não cabe somente em sede de recurso avaliar a procedência e sua regularidade documental, razão pela qual não entendo ser nem mesmo caso de diligência. (D) AQUISIÇÃO DE PRODUTOS IMPORTADOS E VENDIDOS COM ALÍQUOTA ZERO Em obediência ao artigo 15, inciso II, da Lei Federal 10865/2004, nos casos de insumos importados, classificados na posição 38.08, em que houver pagamento da COFINS, não há qualquer óbice para a manutenção do crédito, nessa hipótese. Ainda, nos termos do artigo 17, da Lei 11.033/2004, não há menor dúvida de que são garantidos os créditos sobre insumos que implicam em vendas efetuadas com suspensão, isenção, alíquota 0 (zero) ou não incidência da COFINS . (E) RATEIO PROPORCIONAL Por fim, não vejo razão da manutenção da decisão no que tange ao rateio dos créditos da nãocumulatividade segundo a proporção entre as receitas obtidas com operações de exportação e de mercado interno, haja vista que somente há previsão para o rateio entre receitas cumulativas e não cumulativas, nos termos do artigo 3º, da Lei Federal 10.833/2003, mesmo porque não houve qualquer menção no despacho decisório de que a Recorrente teria parte de suas receitas tributadas no regime cumulativo. Fl. 294DF CARF MF Processo nº 12585.000074/201081 Acórdão n.º 3401004.881 S3C4T1 Fl. 0 17 Por todo o exposto, conheço do Recurso e doulhe parcial provimento, para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso." Importa registrar que nos autos ora em apreço, a situação fática e jurídica encontra correspondência com a verificada no paradigma, de tal sorte que o entendimento lá esposado pode ser perfeitamente aqui aplicado Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do Anexo II do RICARF, o colegiado deu parcial provimento ao recurso voluntário para reconhecer os créditos referentes a material de embalagem, material de limpeza, despesas de energia elétrica registradas erroneamente como aluguéis, e produtos importados classificados na posição 3808 da NCM para os quais tenha havido efetivo pagamento da contribuição na importação, devendo ainda ser afastado o critério de rateio adotado pela fiscalização, por carência de fundamento legal expresso (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 295DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10384.003040/2005-12
Turma: Terceira Turma Extraordinária da Primeira Seção
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 09 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Sep 11 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples
Ano-calendário: 2003
DÉBITOS NA CONTA CAIXA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS.
Não há previsão legal para presumir que débitos de origem não comprovada na conta contábil Caixa, de histórico "cheque", correspondam a receita da empresa.
MATÉRIA NÃO CONTESTADA.
Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
Numero da decisão: 1003-000.132
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para:
l - excluir a tributação, a titulo de omissão de receitas, dos lançamentos contábeis efetuados a débito da conta caixa, exceto aqueles em cujo histórico consta vendas;
II - manter o crédito tributário relativo à omissão de receitas apurada com base no cotejamento das receitas declaradas pela interessada com as vendas por meio de cartões (de débito e crédito) apuradas pela autoridade fiscal;
III - manter o crédito tributário relativo à infração Insuficiência de Recolhimento (item 002 do auto de infração), a ser recalculado na medida em que haja mudança de alíquotas das receitas declaradas decorrentes dos valores de diferença de base de cálculo apurados em relação aos valores originalmente declarados.
(assinado digitalmente)
Carmen Ferreira Saraiva Presidente
(assinado digitalmente)
Sérgio Abelson - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente).
Nome do relator: SERGIO ABELSON
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ementa_s : Assunto: Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - Simples Ano-calendário: 2003 DÉBITOS NA CONTA CAIXA. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. Não há previsão legal para presumir que débitos de origem não comprovada na conta contábil Caixa, de histórico "cheque", correspondam a receita da empresa. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante.
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PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITAS. Não há previsão legal para presumir que débitos de origem não comprovada na conta contábil Caixa, de histórico "cheque", correspondam a receita da empresa. MATÉRIA NÃO CONTESTADA. Considerarseá não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para: l excluir a tributação, a titulo de omissão de receitas, dos lançamentos contábeis efetuados a débito da conta caixa, exceto aqueles em cujo histórico consta “vendas”; II manter o crédito tributário relativo à omissão de receitas apurada com base no cotejamento das receitas declaradas pela interessada com as vendas por meio de cartões (de débito e crédito) apuradas pela autoridade fiscal; III manter o crédito tributário relativo à infração “Insuficiência de Recolhimento” (item 002 do auto de infração), a ser recalculado na medida em que haja mudança de alíquotas das receitas declaradas decorrentes dos valores de diferença de base de cálculo apurados em relação aos valores originalmente declarados. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 38 4. 00 30 40 /2 00 5- 12 Fl. 177DF CARF MF Processo nº 10384.003040/200512 Acórdão n.º 1003000.132 S1C0T3 Fl. 178 2 (assinado digitalmente) Carmen Ferreira Saraiva – Presidente (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: Sérgio Abelson, Bárbara Santos Guedes e Carmen Ferreira Saraiva (Presidente). Relatório Tratase de Recurso Voluntário contra o acórdão de primeira instância (folhas 139/145, numeração em papel) que julgou improcedente a impugnação apresentada contra os Autos de Infração às folhas 12/52, relativos a IRPJ, PIS, CSLL, COFINS e INSS incluídos no SIMPLES Federal, perfazendo um montante de crédito tributário total de R$ 43.192,92. A autuação apurou (1) diferença na base de cálculo correspondente ao "resultado algébrico da soma das receitas totais (ingressos não justificados na conta caixa, outras receitas, mais receitas de vendas Redecard e Visanet) subtraídas as receitas declaradas" e (2) insuficiência de recolhimento, correspondente a mudança de alíquotas das receitas declaradas decorrentes dos valores de diferença de base de cálculo apurados. Na apuração da diferença de base de cálculo, o Auditor Fiscal considerou como " ingressos não justificados na conta caixa" todos os lançamentos a débito na referida conta contábil com histórico correspondente a "cheque", em relação aos quais a contribuinte foi intimada a comprovar quais deles não se referiam a receitas inerentes a sua atividade operacional, não tendo a fiscalizada apresentado resposta especificando a origem de cada um dos cheques, mas oferecendo esclarecimentos em relação à forma como contabiliza os lançamentos na referida conta, argumentando, em resumo, que valores que saíam das contas bancárias (crédito na conta contábil correspondente a bancos) eram registrados, em contrapartida, na conta caixa como débito, correspondendo tais débitos a pagamentos de despesas da empresa, cheques devolvidos e débitos em contas correntes bancárias. A recorrente, em síntese, alega que a omissão foi apurada com base exclusivamente em valores transitados pela "contacorrente" da empresa e que esclareceu que "o caixa da empresa centraliza todos os pagamentos e recebimentos, sejam eles em dinheiro, em cheque, ou outras formas", mencionando acórdãos do CARF que consideraram incabível com base em depósitos bancários. É o relatório. Fl. 178DF CARF MF Processo nº 10384.003040/200512 Acórdão n.º 1003000.132 S1C0T3 Fl. 179 3 Voto Conselheiro Sérgio Abelson, Relator O Recurso voluntário é tempestivo, portanto dele conheço. A recorrente se defende da autuação como se esta tivesse sido baseada na comprovação de depósitos bancários efetuados na conta da empresa. No entanto, o lançamento teve por base a existência de lançamentos a débito na conta contábil caixa, cuja origem de recursos a contribuinte não logrou comprovar, quando intimada pela fiscalização. A matéria foi analisada com bastante pertinência na Declaração de Voto constante do acórdão de primeira instância. Assim, transcrevoa, nas partes relevantes, a seguir, e adoto seu teor como minhas razões de decidir: (...) A matéria fática que lastreia o auto de infração ora sob exame são lançamentos contábeis efetuados a débito da conta Caixa, em relação aos quais a efetividade da operação econômica representada não restou comprovada. Ou seja, a interessada não conseguiu provar, documentalmente, as operações econômicas que teriam lastreado os ditos lançamentos. No meu entendimento, a ausência dessa comprovação impõe a desconsideração do lançamento contábil, não se podendo admitir que a autoridade fiscal “aproveite” uma parte dele (o valor) e “ignore” a outra (a origem, ou o fato econômico subjacente alegado pela interessada). Se não há documentação apta a comprovar o fato contábil pretensamente representado pelo lançamento, a única conclusão legalmente admissível e' a da inocorrência do fato que se pretendeu representar. Por conseguinte, caberia à autoridade fiscal expurgar ditos lançamentos da contabilidade da interessada e daí aferir as conseqüências tributárias porventura supervenientes. Se do dito expurgo resultassem saldos credores na conta Caixa aí sim valendose de presunção de omissão de receitas legalmente estatuida, poderia a autoridade fiscal efetuar o correspondente lançamento. Registrese que o procedimento prescrito no parágrafo anterior não apenas emprestaria juridicidade ao eventual lançamento dele decorrente que entendo ausente no lançamento sob exame ~ como ensejaria a constituição de crédito tributário em Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10384.003040/200512 Acórdão n.º 1003000.132 S1C0T3 Fl. 180 4 montante diferente do consignado no lançamento impugnado, porque o lançamento aqui imaginado seria efetuado com base nos saldos credores eventualmente evidenciados pelos expurgos dos lançamentos questionados, e não com base na totalidade desses lançamentos. Para efetuar o lançamento da forma como o fez, competia à autoridade fiscal provar, por qualquer dos meios legalmente admitidos, que houve, efetivamente, aporte de numerário no Caixa da interessada. Se conseguisse se desincumbir desse ônus probatório, a autoridade fiscal estaria demonstrando que os lançamentos contábeis formalmente efetuados na contabilidade da interessada estariam dissimulando a real origem dos recursos aportados. Aí sim, caberia cogitar da presunção de que tais recursos tiveram origem em receitas anteriores não contabilizadas pela interessada. Embora se estivesse diante de uma presunção simples (sem amparo em dispositivo legal autorizativo), com as fragilidades que lhe são inerentes, a presença desses dois elementos (efetivo ingresso de numerário no Caixa da empresa e dissimulação contábil da origem dos valores aportados) robusteceria a tese da presunção de omissão de receitas que, à mingua do primeiro elemento, não pode prosperar. Notese que o que fez a autoridade fiscal, por via transversa, foi aplicar, a lançamentos efetuados a débito da conta Caixa, a presunção de omissão de receitas que o artigo 42 da Lei n° 9.430/ 1996 reservou para depósitos em contas bancárias. Além da pura e simples ausência de disposição legal semelhante para a hipótese aqui tratada, cabe registrar que, no caso dos depósitos bancários, não há dúvida quanto à efetiva aquisição de disponibilidade econômica pela titular da conta beneficiária, o que não ocorre na hipótese de lançamentos a débito da conta Caixa. Depósitos bancários não são meros registros contábeis, mas valores efetivamente postos à disposição do titular da conta, que pode movimentálos a qualquer momento. Ou seja, tratase de disponibilidade econômica efetiva cuja origem o contribuinte não logrou demonstrar. Observese que o dispositivo legal que instituiu essa presunção de omissão de receitas se refere a depósitos efetuados em contas bancárias, e não a simples lançamentos contábeis feitos na conta contábil Bancos. Nessa presunção legal, há certeza quanto à ocorrência da operação econômica no mundo fático. Em que pese a fragilidade dos argumentos expendidos pela autuada em sua impugnação de fls. 124, entendo que compete ao julgador administrativo perquirir a verdade material dos fatos trazidos a seu exame. (...) Por essas razões, e tudo o mais que dos autos consta, voto pela procedência parcial da impugnação da interessada, para: Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10384.003040/200512 Acórdão n.º 1003000.132 S1C0T3 Fl. 181 5 l excluir a tributação, a titulo de omissão de receitas, dos lançamentos contábeis efetuados a débito da conta caixa, exceto aqueles em cujo histórico consta “vendas”; II ~ manter o crédito tributário relativo à omissão de receitas apurada com base no cotejamento das receitas declaradas pela interessada com as vendas por meio de cartões (de débito e crédito) apuradas pela autoridade fiscal; III manter o crédito tributário relativo à infração “Insuficiência de Recolhimento” (item 002 do auto de infração). (grifei) Observase que o procedimento fiscal em análise se valeu da presunção, sem fundamentação legal, de que débitos com histórico denominado "cheques" na conta contábil Caixa da empresa, se não justificados, corresponderiam a receitas. Conforme explicado na Declaração de Voto transcrita, tais lançamentos contábeis, se não justificados, deveriam ser excluídos e reapurado o saldo da caixa, o qual, se credor, ensejaria lançamento com base na presunção legal constante do art. 281 do RIR/99, que transcrevo a seguir: Art. 281. Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei nº 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei nº 9.430, de 1996, art. 40): I a indicação na escrituração de saldo credor de caixa; (...) (grifei) De fato, débitos na conta contábil caixa, ao contrário de depósitos bancários, não necessariamente correspondem à aquisição de disponibilidades econômicas, razão pela qual, aliada à ausência de previsão legal, não podem tais débitos ser objeto de presunção análoga à constante do art. 42 da Lei nº 9.430/96, para serem consideradas receitas à falta de comprovação da origem por parte da contribuinte, com inversão do ônus da prova, conforme efetuado na autuação em tela. O lançamento, neste aspecto específico, portanto, não tem como prosperar. Por fim, registrese que a recorrente não contestou os demais itens da autuação, tornandoos, portanto, matéria não impugnada, conforme estabelece o art. 17 do PAF. Pelo exposto, voto no sentido de dar provimento em parte ao recurso, para: l excluir a tributação, a titulo de omissão de receitas, dos lançamentos contábeis efetuados a débito da conta caixa, exceto aqueles em cujo histórico consta “vendas”; II manter o crédito tributário relativo à omissão de receitas apurada com base no cotejamento das receitas declaradas pela interessada com as vendas por meio de cartões (de débito e crédito) apuradas pela autoridade fiscal; Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10384.003040/200512 Acórdão n.º 1003000.132 S1C0T3 Fl. 182 6 III manter o crédito tributário relativo à infração “Insuficiência de Recolhimento” (item 002 do auto de infração), a ser recalculado na medida em que haja mudança de alíquotas das receitas declaradas decorrentes dos valores de diferença de base de cálculo apurados em relação aos valores originalmente declarados. É como voto. (assinado digitalmente) Sérgio Abelson Fl. 182DF CARF MF
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Numero do processo: 11610.001602/2001-10
Turma: Primeira Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jul 24 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Sep 17 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001
RESSARCIMENTO. PEDIDOS EM DUPLICIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA.
O pedido de ressarcimento que aglutina, sem discriminação, créditos de filiais, as quais também peticionam o mesmo crédito, configura duplicidade de pedido, mormente se o contribuinte se abstém de qualquer medida retificadora ou desistência de um dos processos, assim impossibilitando qualificar e quantificar o crédito pretendido.
Recurso Voluntário negado
Numero da decisão: 3301-004.813
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
(assinado digitalmente)
Winderley Morais Pereira - Presidente.
(assinado digitalmente)
Valcir Gassen - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen.
Nome do relator: VALCIR GASSEN
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PEDIDOS EM DUPLICIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O pedido de ressarcimento que aglutina, sem discriminação, créditos de filiais, as quais também peticionam o mesmo crédito, configura duplicidade de pedido, mormente se o contribuinte se abstém de qualquer medida retificadora ou desistência de um dos processos, assim impossibilitando qualificar e quantificar o crédito pretendido. Recurso Voluntário negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Winderley Morais Pereira Presidente. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros Winderley Morais Pereira, Liziane Angelotti Meira, Marcelo Costa Marques D Oliveira, Antonio Carlos da Costa Cavalcanti Filho, Salvador Cândido Brandão Junior, Ari Vendramini, Semíramis de Oliveira Duro e Valcir Gassen. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 61 0. 00 16 02 /2 00 1- 10 Fl. 369DF CARF MF Processo nº 11610.001602/200110 Acórdão n.º 3301004.813 S3C3T1 Fl. 300 2 Relatório Tratase de Recurso Voluntário (fls. 120 a 126) interposto pelo Contribuinte, em 10 de maio de 2007, contra decisão consubstanciada no Acórdão nº 1414.771 (fls. 117 a 119), de 1 de fevereiro de 2007, proferido pela 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (SP) – DRJ/RPO – que julgou, por unanimidade de votos, por indeferir a solicitação do Contribuinte. Visando a elucidação do caso e a economia processual adoto e cito o relatório do referido Acórdão: O interessado em epígrafe pediu o ressarcimento de R$ 1.437.525,58, com base na IN SRF 33/99, relativo ao saldo credor do IPI apurado no período em destaque. Intimado pela DERAT em São Paulo, informou à fl. 32 que o presente crédito era o resultado da soma dos saldos credores de suas filiais. Entrementes, a autoridade Fiscal constatou no Livro Registro de Apuração do IPI que R$ 147.009,55, correspondentes ao saldo credor da filial de Campina Grande PB havia sido objeto do pedido constante no processo n° 10425.000389/200145 (cópia do pedido à fl. 39), como se segue: ...a empresa solicitou o ressarcimento de IPI duas vezes, sendo a primeira de forma organizada, por trimestre, como determina a IN SRF n° 33/99, e a segunda, aqui sob análise, de forma desorganizada, aglutinando trimestres e filiais em processos únicos, dificultando qualificar e quantificar o crédito pretendido. Dessa forma, propôs o não reconhecimento do direito creditório, pela constatação de que houve duplicidade nos valores pleiteados, prejudicando a compensação pleiteada. Assim, à fl. 49, a autoridade competente indeferiu o pedido de ressarcimento, no montante de R$ 147.009,55 e não homologou a compensação declarada. Tempestivamente, o contribuinte apresentou a manifestação de inconformidade de fls. 69/72, acompanhada dos documentos de fls. 73/97 alegando, in verbis: ...a requerente não tinha créditos de IPI a compensar pelo estabelecimento filial de Campina Grande, motivo pelo qual, solicitou o ressarcimento pelo estabelecimento matriz, através dos autos do processo administrativo n° 11610.001602/200110 (doe.03), fato este perfeitamente previsto na Instrução Normativa SRF n" 600 de 28/12/2005, artigos 16 a 20, especificamente no artigo 16, § 2º. Assim, a requerente formulou Pedido de ressarcimento pelo estabelecimento filial através dos autos do processo administrativo 10425.00389/200145, porém a efetiva compensação somente ocorreu nos autos do processo 11610.001602/200110. Isto significa que o crédito constante do processo administrativo 10425.00389 foi embutido no requerimento de compensação dos autos do processo administrativo 11610.001602/200110, conforme se discrimina na planilha ora anexada (doc. 04), que por um lapso, não foi discriminado nos autos do último processo administrativo citado. Fl. 370DF CARF MF Processo nº 11610.001602/200110 Acórdão n.º 3301004.813 S3C3T1 Fl. 301 3 Dessa forma, definitivamente não há que se falar em dois Pedidos de Compensação, devendo a compensação requerida nos autos do processo 11610.001602/200110 ser deferida e homologada. (GRIFEI) Basta analisar as DCTF's do período (doc. 05) e a cópia do Processo administrativo 11610.001602/200110 para se constatar que não houvera efetiva compensação anteriormente. Encerou requerendo que o pedido de compensação seja julgado procedente. Em 9 de setembro de 2009, por meio da Resolução nº 330100.022 (fls. 215 a 218), a 1ª Turma da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais – CARF – decidiu, por unanimidade de votos, converter o julgamento em diligência, para aguardar a decisão definitiva do processo nº 10425.000389/200145, em que se discute parte do crédito declarado nas Dcomps em discussão. A apresentação da Informação Fiscal (fls. 282 a 283), referente a este pedido de Diligência, se deu em 2 de fevereiro de 2012. É o relatório. Voto Conselheiro Valcir Gassen Relator O Recurso Voluntário interposto pelo Contribuinte, em face da decisão consubstanciada no Acórdão nº 1414.771, é tempestivo e atende os pressupostos legais de admissibilidade, motivo pelo qual deve ser conhecido. O ora analisado Recurso Voluntário visa reformar decisão que possui a seguinte ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 01/01/2001 a 31/03/2001 RESSARCIMENTO. PEDIDOS EM DUPLICIDADE. COMPENSAÇÃO NÃO HOMOLOGADA. O pedido de ressarcimento que aglutina, sem discriminação, créditos de filiais, as quais também peticionam o mesmo crédito, configura duplicidade de pedido, mormente se o contribuinte se abstém de qualquer medida retificadora ou desistência de um dos processos, assim impossibilitando qualificar e quantificar o crédito pretendido. Solicitação Indeferida No Recurso Voluntário, o Contribuinte requer que seja reconhecido o seu direito creditório constante no Pedido de Ressarcimento do presente processo, com a efetiva homologação da compensação pleiteada no valor de R$ 147.009,55 (cento e quarenta e sete mil e nove reais e cinquenta e cinco centavos), e alega que não resta, assim, qualquer saldo devedor a recolher. Na análise do Recurso Voluntário a 1ª Turma da 3ª Câmara da Terceira Seção de Julgamento do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais converteu o julgamento em diligência por intermédio da Resolução nº 330100.022. Fl. 371DF CARF MF Processo nº 11610.001602/200110 Acórdão n.º 3301004.813 S3C3T1 Fl. 302 4 A Resolução narra de forma esclarecedora o deslinde do processo, motivo pelo qual cito o voto do Relator Antônio Lisboa Cardoso: De acordo com os esclarecimentos constante do recurso, o litígio está delimitado ao pedido de ressarcimento cumulado com pedido de compensação tendo em vista que a unidade de origem promove o desmembramento do crédito, de forma que cada pedido representasse o saldo devedor no trimestre de apenas 01 estabelecimento da pessoa jurídica e não o somatório dos saldos de todos os estabelecimentos. Assim, com o mencionado desembaraço, o processo ora recorrido — 11610.001602/200110, passou a discutir apenas o ressarcimento no valor de R$147.009,55, correspondente ao saldo credor da filial de Campina Grande PB. De acordo com a recorrente o crédito constante do processo administrativo n° 10425.00389/200145 "foi embutido no requerimento de compensação do processo administrativo 11610.001602/200110", isto porque não existia qualquer crédito de IPI a compensar pelo estabelecimento de Campina Grande, "motivo pelo qual efetuou o ressarcimento pelo estabelecimento matriz" através do presente processo. Quando o crédito de IPI é aproveitado pelo estabelecimento filial, quer seja na forma de compensação ou ressarcimento, e havendo requerimento de restituição pelo estabelecimento matriz, configurase duplicidade de aproveitamento do crédito tributário. No caso em questão, o que aconteceu foi que o estabelecimento filial requereu através do processo n° 10425.00389/200145, o ressarcimento do crédito de IPI, sem contudo ser o mesmo compensado, pois, não foi objeto de qualquer DCOMP, daí porque o mesmo está sendo aproveitado pelo estabelecimento matriz na quitação de débitos da Cofins. Entretanto, a fim de evitar qualquer possibilidade de duplicidade de aproveitamento de crédito de IPI, entendo ser necessário o apensamento do processo 10425.00389/200145 ao presente processo. Tendo em vista que o mérito do pleito da contribuinte foi prejudicado pela suposta existência de duplicidade de aproveitamento do crédito, e, caso este colegiado venha a concordar com a realização da diligência, será necessário reiterar a solicitação constante da Intimação Fiscal n° 101/2006, tendo em vista que não foram apresentadas as "Notas Fiscais de Entrada relativas ao mês de março/2001 das filiais citadas, que geraram o crédito de imposto lançado no livro de apuração do IPI relativo ao período em questão" (fl. 48). Em face do exposto, voto no sentido de converter o julgamento em diligência, para que junte aos autos a decisão definitiva do processo administrativo n° 10425.00389/200145, bem como que seja demonstrada a vinculação do crédito discutido no referido processo com os discutidos nos presentes autos. Cumprida a diligência, cientificar a empresa para manifestarse conclusivamente sobre o seu resultado, bem como para que junte aos autos as "Notas Fiscais de Entrada relativas ao mês de março/2001 das filiais citadas, que geraram o crédito de imposto lançado no livro de apuração do IPI relativo ao período em questão", conforme anteriormente requerido através da Intimação Fiscal n° 101/2006. Como resposta à diligência, foi apresentada Informação Fiscal (fls. 282 e 283) pela Delegacia Especial da Receita Federal do Brasil de Administração Tributária em São Paulo que trouxe o seguinte entendimento: Trata o presente processo de pedido de ressarcimento de IPI (fl. 02) protocolado pelo interessado em 17/05/2001. 2. A Resolução nº 330100.022 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) converteu o julgamento em diligência (fls. 215/218), determinando a Fl. 372DF CARF MF Processo nº 11610.001602/200110 Acórdão n.º 3301004.813 S3C3T1 Fl. 303 5 juntada aos autos da decisão definitiva do processo administrativo no 10425.000389/200145 e a demonstração de vinculação do crédito discutido no referido processo com os discutidos nos presentes autos. Determinou ainda que o interessado seja cientificado do resultado dessa diligência, bem como para juntar aos autos as “Notas Fiscais de Entrada relativas ao mês de março/2001 das filiais citadas, que geraram o crédito de imposto lançado no livro de apuração do IPI relativo ao período em questão”. 3. Em atendimento à resolução do CARF, cópias das decisões e acórdãos relativos ao processo nº 10425.000389/200145 foram anexadas às fls. 236/275. Além disso, o processo nº 10425.000389/200145 foi apensado a este (termo de apensação à fl. 281). 4. Cumpre ainda informar que o alegado crédito objeto deste processo, no valor de R$ 147.009,55, é o mesmo pleiteado no processo no 10425.000389/200145 (cópia do pedido de 08/05/2001 às fls. 233/234), que foi deferido parcialmente pela DRF/Campina Grande, no valor de R$ 146.787,69, conforme se pode verificar pela cópia da decisão às fls. 236/250. 5. Após apresentação de manifestação de inconformidade por parte do interessado, a DRJ/Recife manteve a decisão da DRF/Campina Grande (cópia do acórdão às fls. 251/256). Os autos tramitaram ainda pelo Segundo Conselho de Contribuintes e Câmara Superior de Recursos Fiscais e a decisão administrativa definitiva, em breve síntese, manteve o valor deferido pela DRF/Campina Grande sem a pretensa atualização monetária (cópia dos acórdãos às fls. 258/266 e 267/275). 6. Vale ressaltar que no processo nº 10425.000389/200145, além do pedido de ressarcimento, o interessado protocolou conjuntamente um pedido (declaração) de compensação (cópia à fl. 235), cujo débito foi controlado no processo nº 10880.726172/200949, conforme cópia à fl. 276. 7. Verificase pelas cópias do processo nº 10880.726172/200949, às fls. 277/280, em especial do extrato de encerramento do processo, que o débito objeto da declaração de compensação (no valor de R$ 147.009,55) foi extinto em parte por compensação com o valor deferido no processo no 10425.000389/200145 (R$ 146.787,69) e o restante por pagamento. 8. Dessa forma, podese concluir que a duplicidade de pedidos de ressarcimento ocorreu de fato e, além isso, o crédito reconhecido no processo nº 10425.000389/200145 já foi utilizado em sua totalidade na compensação declarada no mesmo processo. 9. Em relação às notas fiscais que não foram trazidas aos autos pelo interessado, entendese desnecessária a juntada em razão de a análise do mérito do alegado crédito ter sido efetuada e finalizada administrativamente no processo nº 10425.000389/200145. 10. Portanto, o interessado deve ser cientificado desta informação fiscal, abrindose prazo de 30 (trinta) dias para que se manifeste conclusivamente a respeito. 11. Após manifestação conclusiva por parte do interessado ou decurso do prazo no caso de o contribuinte não se manifestar, encaminhemse os autos para a Câmara Superior de Recursos Fiscais para prosseguimento. Nesse sentido, tendo em vista o entendimento trazido aos autos pela Informação Fiscal apresentada, compreendese que houve sim a duplicidade de pedidos de ressarcimento e que no Processo nº 10425.000389/200145 a compensação já se deu em sua totalidade. Fl. 373DF CARF MF Processo nº 11610.001602/200110 Acórdão n.º 3301004.813 S3C3T1 Fl. 304 6 Sendo assim, não há que vigorar a tese trazida pelo Contribuinte, uma vez que se concedido o crédito referentes as DCOMPs deste processo estaria verificada a duplicidade de aproveitamento de crédito de IPI. Portanto, tendo em vista os autos do processo e a legislação aplicável ao caso, voto no sentido de negar o provimento ao Recurso Voluntário apresentado pelo Contribuinte, mantendo na íntegra a decisão consubstanciada no Acórdão nº 1414.771 da DRJ/RPO. (assinado digitalmente) Valcir Gassen Fl. 374DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11040.902377/2012-97
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Aug 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Oct 05 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3401-001.480
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para: (a) confirmar se os valores dos débitos constantes da DCTF Retificadora correspondem aos efetivos valores devidos nesta competência, valendo-se, inclusive, dos documentos fiscais trazidos aos autos com o Recurso Voluntário; (b) confrontar as informações contidas na DCTF Retificadora com o pagamento efetuado em DARF; (c) após o confronto, identificar a efetiva existência de créditos pleiteados na PER/DCOMP; e (d) elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, cientificando a recorrente para que esta, se assim lhe convier, manifeste-se no prazo de 30 dias.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente.
(assinado digitalmente)
Cássio Schappo - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente).
Relatório
Nome do relator: CASSIO SCHAPPO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para: (a) confirmar se os valores dos débitos constantes da DCTF Retificadora correspondem aos efetivos valores devidos nesta competência, valendo-se, inclusive, dos documentos fiscais trazidos aos autos com o Recurso Voluntário; (b) confrontar as informações contidas na DCTF Retificadora com o pagamento efetuado em DARF; (c) após o confronto, identificar a efetiva existência de créditos pleiteados na PER/DCOMP; e (d) elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, cientificando a recorrente para que esta, se assim lhe convier, manifeste-se no prazo de 30 dias. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan - Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório
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Resolvem os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, para: (a) confirmar se os valores dos débitos constantes da DCTF Retificadora correspondem aos efetivos valores devidos nesta competência, valendose, inclusive, dos documentos fiscais trazidos aos autos com o Recurso Voluntário; (b) confrontar as informações contidas na DCTF Retificadora com o pagamento efetuado em DARF; (c) após o confronto, identificar a efetiva existência de créditos pleiteados na PER/DCOMP; e (d) elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, cientificando a recorrente para que esta, se assim lhe convier, manifestese no prazo de 30 dias. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Mara Cristina Sifuentes, Tiago Guerra Machado, Marcos Roberto da Silva, André Henrique Lemos, Lazaro Antonio Souza Soares, Cássio Schappo, Leonardo Ogassawara de Araújo Branco e Rosaldo Trevisan (Presidente). Relatório Tratam os autos de recurso voluntário apresentado contra decisão proferida pela 2ª Turma da DRJ/BHE, que não reconheceu o direito creditório, considerando improcedente a Manifestação de Inconformidade. Dos Fatos RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 10 40 .9 02 37 7/ 20 12 -9 7 Fl. 62DF CARF MF Processo nº 11040.902377/201297 Resolução nº 3401001.480 S3C4T1 Fl. 3 2 A Contribuinte buscou via PER/DCOMP nº 35175.53686.130911.1.3.045442 a compensação de débito de IRPJ (cód.2362) do período de apuração 05/2011 no valor de R$ 10.801,74 acrescido de multa e juros, totalizando R$ 13.290,45 com crédito de COFINS (cód.5856) por recolhimento a maior que o devido, através de DARF no valor de R$ 29.800,00 do período de apuração 01/2011, arrecadado na data de 25/02/2011. Foi utilizado na presente PER/DCOMP o valor original de R$ 12.450,07. Do Despacho Decisório A DRF de Pelotas/RS em apreciação ao pleito da contribuinte proferiu Despacho Decisório com data de emissão 03/01/2013, rastreamento nº 041975038 (efls.7), pela não homologação da compensação declarada, em face de inexistência de crédito. O crédito relacionado ao DARF discriminado na PER/DCOMP foi integralmente utilizado para quitação de débito da COFINS do Período de Apuração 31/01/2011. Da Manifestação de Inconformidade Não satisfeito com a resposta do fisco, o interessado apresentou Manifestação de Inconformidade (efls.10), solicitando que seja revisado seu pedido porque o valor informado na DCTF original estava incorreto, razão pela qual retificou a DCTF do mês de janeiro de 2011, conforme segue, dando origem ao crédito declarado na PER/DCOMP: Do Julgamento de Primeiro Grau Encaminhado os autos à 2ª Turma da DRJ/BHE, esta julgou improcedente a manifestação de inconformidade, em sessão de 01 de dezembro de 2014, cujos fundamentos encontramse sintetizados na ementa assim elabora: ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Anocalendário: 2011 DECLARAÇÃO DE COMPENSAÇÃO. PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. CRÉDITO NÃO COMPROVADO. Não se admite a compensação se o contribuinte não comprovar a existência de crédito líquido e certo. Do Recurso Voluntário O sujeito passivo ingressou tempestivamente com recurso voluntário (efls.28) contra a decisão de primeiro grau, pedindo sua reforma e homologação da compensação procedida, com base nos seguintes argumentos: (a) que em matéria tributária, a verdade material sobrepõe a eventuais declarações incorretas feitas pelo contribuinte, a luz dos princípios da legalidade e da tipicidade e por óbvio, o erro de preenchimento de uma declaração não tem o efeito de deflagrar o nascimento de obrigação tributária; (b) que a própria legislação admite a retificação da DCTF, passando essa a ter a mesma natureza da declaração originalmente apresentada (art.11, § 1º da INSRF nº 903/08); (c) o fato do débito ter sido Fl. 63DF CARF MF Processo nº 11040.902377/201297 Resolução nº 3401001.480 S3C4T1 Fl. 4 3 declarado em DCTF não configura qualquer óbice à abertura na via administrativa à discussão de questões verificadas posteriormente a declaração do débito. Dandose prosseguimento ao feito o presente processo foi objeto de sorteio e distribuição à minha relatoria. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Cássio Schappo O recurso voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, portanto, dele tomo conhecimento. O direito a compensação como forma de extinção de crédito tributário tem amparo legal no art. 156, II do CTN e a IN 900/2008 da RFB, estabelece em seu art. 34 que: Art. 34. O sujeito passivo que apurar crédito, inclusive o reconhecido por decisão judicial transitada em julgado, relativo a tributo administrado pela RFB, passível de restituição ou de ressarcimento, poderá utilizálo na compensação de débitos próprios, vencidos ou vincendos, relativos a tributos administrados pela RFB, ressalvadas as contribuições previdenciárias, cujo procedimento está previsto nos arts. 44 a 48, e as contribuições recolhidas para outras entidades ou fundos. A contribuinte demonstrou via DACON e DCTF retificadoras, que o débito declarado de COFINS para o mês 01/2011 estava incorreto e tratou de corrigilo, porém, o fez em data posterior a cientificação do Despacho Decisório, sendo essa a razão da não homologação da compensação pleiteada. A autoridade julgadora de primeiro grau demonstrou conhecimento da ação da interessada e contempla em seu voto (efls.21/22): Fl. 64DF CARF MF Processo nº 11040.902377/201297 Resolução nº 3401001.480 S3C4T1 Fl. 5 4 Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (INRFB nº 1.110/2010). Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da declaração de compensação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento (DRJ) poderá baixar em diligência à Delegacia da Receita Federal (DRF). Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. O CARF não é órgão indicado a suprir deficiência instrutória ainda que em sede de compensação, como se observa pelo texto dos artigos 10 e 11 da IN RFB nº 903/2008, bem como das IN que a sucederam: Art. 10. Os valores informados na DCTF serão objeto de procedimento de auditoria interna. ... Art. 11. A alteração das informações prestadas em DCTF será efetuada mediante apresentação de DCTF retificadora, elaborada com observância das mesmas normas estabelecidas para a declaração retificada. § 1º A DCTF retificadora terá a mesma natureza da declaração originariamente apresentada, substituindoa integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar qualquer alteração nos créditos vinculados. Cabe as autoridades administrativas analisar a materialidade dos débitos e créditos em compensação, eis que do contrário comprometem a regularidade do processo Fl. 65DF CARF MF Processo nº 11040.902377/201297 Resolução nº 3401001.480 S3C4T1 Fl. 6 5 administrativo de restituição e compensação de tributos, cuja implicação é a manifesta nulidade por preterição do direito de defesa (art. 59, II do PAF Decreto nº 70.235/1972). O fato relacionado a apresentação de DCTF retificadora em data posterior a emissão de Despacho Decisório, já tem entendimento assentado na jurisprudência deste Conselho. Citase, como exemplo, o julgado da 3ª Turma da CSRF no acórdão nº 9303 005.396, de 25/07/2017, que analisando caso semelhante manteve decisão proferida no acórdão da 2ª Turma Ordinária da 3ª Câmara da 3ª Seção de Julgamento, no sentido de dar parcial provimento ao recurso voluntário. De onde se extrai: “que a DCTF retificadora, nas hipóteses admitidas por lei, tem os mesmos efeitos da original, podendo ser admitida para comprovação da certeza e liquidez do crédito, ainda que transmitida após a prolação do despacho decisório”. Por outro lado “O crédito tributário da Contribuinte e seu direito à restituição/compensação não nascem com a apresentação da DCTF retificadora, mas sim com o pagamento indevido ou a maior”. Também, a administração tributária nos dá orientação sobre o tema, através do Parecer Cosit nº 02/2015,de 28 de agosto de 2015, cuja ementa se deu nos seguintes termos: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO. RETIFICAÇÃO DA DCTF DEPOIS DA TRANSMISSÃO DO PER/DCOMP E CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. POSSIBILIDADE. IMPRESCINDIBILIDADE DA RETIFICAÇÃO DA DCTF PARA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO INDEVIDO OU A MAIOR. As informações declaradas em DCTF – original ou retificadora – que confirmam disponibilidade de direito creditório utilizado em PER/DCOMP, podem tornar o crédito apto a ser objeto de PER/DCOMP desde que não sejam diferentes das informações prestadas à RFB em outras declarações, tais como DIPJ e Dacon, por força do disposto no§ 6º do art. 9º da IN RFB nº 1.110, de 2010, sem prejuízo, no caso concreto, da competência da autoridade fiscal para analisar outras questões ou documentos com o fim de decidir sobre o indébito tributário. Não há impedimento para que a DCTF seja retificada depois de apresentado o PER/DCOMP que utiliza como crédito pagamento inteiramente alocado na DCTF original, ainda que a retificação se dê depois do indeferimento do pedido ou da não homologação da compensação, respeitadas as restrições impostas pela IN RFB nº 1.110, de 2010. Retificada a DCTF depois do despacho decisório, e apresentada manifestação de inconformidade tempestiva contra o indeferimento do PER ou contra a não homologação da DCOMP, a DRJ poderá baixar em diligência à DRF. Caso se refira apenas a erro de fato, e a revisão do despacho decisório implique o deferimento integral daquele crédito (ou homologação integral da DCOMP), cabe à DRF assim proceder. Caso haja questão de direito a ser decidida ou a revisão seja parcial, compete ao órgão julgador administrativo decidir a lide, sem prejuízo de renúncia à instância administrativa por parte do sujeito passivo. (...) Fl. 66DF CARF MF Processo nº 11040.902377/201297 Resolução nº 3401001.480 S3C4T1 Fl. 7 6 A essência dos fatos superam, nesse caso, eventuais erros de conduta formal do contribuinte, devendo prevalecer o princípio da verdade material no processo administrativo, a busca pela aproximação entre a realidade factual e sua representação formal. Ante o exposto, resolvem os membros do Colegiado em converter o julgamento em diligência para a repartição de origem de modo que seja informado e providenciado o seguinte: (a) confirmar se os valores dos débitos constantes da DCTF Retificadora correspondem aos efetivos valores devidos nesta competência, valendose, inclusive, dos documentos fiscais trazidos aos autos com o Recurso Voluntário; (b) confrontar as informações contidas na DCTF Retificadora com o pagamento efetuado em DARF; (c) após o confronto, identificar a efetiva existência de créditos pleiteados na PER/DCOMP; e (d) elaborar relatório circunstanciado e conclusivo a respeito dos procedimentos realizados, cientificando a recorrente para que esta, se assim lhe convier, manifestese no prazo de 30 dias. (assinado digitalmente) Cássio Schappo Fl. 67DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10675.001883/2005-17
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Sep 25 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Oct 16 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.412
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto do relator.
(assinado digitalmente)
Waldir Navarro Bezerra - Presidente.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado).
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Resolvem os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, converter o julgamento do Recurso em diligência, nos termos do voto do relator. (assinado digitalmente) Waldir Navarro Bezerra Presidente. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Rodrigo Mineiro Fernandes, Diego Diniz Ribeiro, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo, Renato Vieira de Avila (suplente convocado) e Cynthia Elena de Campos. Ausente justificadamente a Conselheira Thais De Laurentiis Galkowicz, sendo substituída pelo Conselheiro Renato Vieira de Avila (suplente convocado). Relatório 1. Por bem retratar o caso em questão, emprego aqui o relatório desenvolvido quando da lavratura do acórdão n. 380301.433 (fls. 158/161), veiculado pela então 3a Turma Especial deste Tribunal, o que passo a fazer nos seguintes termos: Bertin Ltda. teve contra si lavrado o Auto de Infração (AI) de fls. 4 a 46, para formalizar a exigência da Contribuição Provisória sobre Movimentação ou Transmissão Financeira — CPMF, no montante de R$ 1.748.056,85. Segundo a "DESCRIÇÃO DOS FATOS ..." (fl. 05), foi constatada falta de recolhimento da contribuição, cujo valor foi RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 06 75 .0 01 88 3/ 20 05 -1 7 Fl. 198DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 199 2 apurado conforme Declarações da CPMF apresentadas por instituições financeiras relacionadas nas planilhas de fls. 1621 intituladas "Valores Informados pelos Declarantes", sob a alegação de que tal contribuição não foi retida e nem recolhida por força de medida judicial posteriormente revogada. Sobreveio impugnação, fls. 50 a 54. A 2ª Turma da DRJ/JFA julgou o lançamento parcialmente procedente. O Acórdão nº 0920.169, de 13 de agosto de 2008, fls. 105 a 109, teve ementa vazada nos seguintes termos. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 23/06/1999 a 20/02/2002 NULIDADE NORMAS PROCESSUAIS. Não se cogita de nulidade processual, tampouco de nulidade do lançamento, ausentes as causas delineadas no art. 59 do Decreto n° 70.235/72. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PROVISÓRIA SOBRE MOVIMENTAÇÃO OU TRANSMISSÃO DE VALORES E DE CRÉDITOS E DIREITOS DE NATUREZA FINANCEIRA – CPMF Período de apuração: 23/06/1999 a 20/02/2002 LANÇAMENTO DE OFÍCIO INFORMAÇÕES FORNECIDAS POR INSTITUIÇÃO BANCÁRIA FALTA DE RECOLHIMENTO RESPONSABILIDADE SUPLETIVA Informada à Administração Tributária a falta de retenção/recolhimento da contribuição, correta a formalização da exigência, com os acréscimos legais, contra o sujeito passivo na sua qualidade de responsável supletiva pela obrigação, devendo ser dela expurgados no entanto valores comprovadamente extintos por compensação e os respectivos encargos legais. Lançamento Procedente em Parte. Cuidase agora de recurso voluntário contra a decisão da DRJ/JFA2 ª Turma. O arrazoado de fls. 115 a 119 pede o cancelamento do lançamento porque os débitos de que se trata já teriam sido extintos por compensação com créditos de que dispõe o contribuinte. Requer,por fim, com o objetivo de ser apurada a veracidade das informações prestadas no seu recurso, a realização de diligência nas repartições fiscais da SRF nas quais estão em curso os Processos Administrativos n°s 11831.001946/200388, 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571. (...). 2. Devidamente processado, o recurso voluntário interposto foi submetido à apreciação da então existente 3a Turma Especial de julgamento, que reconheceu a sua incompetência para análise do caso em razão do valor envolvido ser superior ao de alçada. É o que se observa da ementa abaixo transcrita: Fl. 199DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 200 3 ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 23/06/1999 a 20/02/2002 RECURSO VOLUNTÁRIO. JULGAMENTO. COMPETÊNCIA. Toca às Turmas Ordinárias processar e julgar recursos de ofício e voluntário de decisão de primeira instância em processos que sobejem o valor de alçada das turmas especiais. 3. Diante deste quadro, o processo foi novamente distribuído, cabendo a mim a sua relatoria. 4. Não obstante, em sessão de 26 de setembro de 2017, este colegiado resolveu converter o presente julgamento em diligência (resolução n. 3402001.048 fls. 173/176), o que fez nos seguintes termos: (...). 7. Ocorre que, em relação aos processos de compensações autuados sob os n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571, o acórdão atacado assim prescreveu: (...). Enquanto a ciência do AI se deu em 05/07/2005 (AR de fl. 49), foi em 29/07/2005 (extrato COMPROT de fls. 9395) a data do protocolo dos processos 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571, nos quais o discurso passivo sustenta que teria havido compensação dos débitos da CPMF, "relacionados às movimentações financeiras realizadas no HSBC e Banco Itaú". Diferentemente do tratamento dado para os fatos geradores de 23/09/1999 a 06/09/2000, a situação acima traz à tona a perda da espontaneidade da contribuinte, que deverá arcar com o lançamento de ofício do valor principal da CPMF, bem como dos juros de mora e da multa de ofício, até porque sua lavratura se deu com observância da legislação de regência da matéria, além do que na impugnação não foi dispensada uma linha sequer sobre a matéria de fato. (...). 8. Segundo, pois, o que estabelece a sobredita decisão, as compensações então realizadas pelo contribuinte teriam sido ignoradas pela perda da sua espontaneidade, já que protocolizadas posteriormente à lavratura do presente auto de infração. 9. Pois bem. Ainda que de fato tenha ocorrido a perda da espontaneidade, nada impede o contribuinte seu créditos com débitos tributários, ainda que estes últimos sejam acrescidos de multa e juros. Logo, não seria possível simplesmente ignorar tal compensação, caso de fato os créditos apontados sejam legítimos. 10. Nesse sentido, encaminho a presente resolução para que a unidade preparadora tome as seguintes providências: Fl. 200DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 201 4 (i) diante da decisão proferida pela DRJ, detalhe, analiticamente, qual é o montante (principal, multa e juros) que foi afastado da presente exigência fiscal em razão da compensação retratada no processo administrativo autuado sob o n. 11831.001946/200388 (movimentações do banco Bradesco); e, ato contínuo (ii) apresente o valor do débito remanescente (referente às movimentações financeiras ocorridas nos bancos Itaú e HSBC), bem como o montante discriminado do crédito indicado nos processos administrativos autuados sob os n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571 e os resultados de tais pedidos de compensação. 11. Uma vez ofertada as respostas aos questionamentos acima o recorrente deverá ser intimado para, facultativamente, manifestarse em 30 (trinta) dias a seu respeito, nos termos do que prevê o art. 35 do Decreto nº 7.574/2011. (...). 5. Referida diligência foi cumprida pela unidade preparadora, conforme atesta informação fiscal de fls. 180/186. O contribuinte, por sua vez, foi intimado a respeito da conclusão alcançada pela sobredita diligência, sem que, todavia, apresentasse manifestação nos autos. 6. É o relatório. Voto Conselheiro Diego Diniz Ribeiro 7. Conforme se observa da diligência já efetuada nos autos, há uma vinculação entre os processos administrativos n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571 com o processo sub judice, uma vez que naqueles PTA's citados o contribuinte efetuou a compensação dos débitos aqui indicados com créditos lá apontados. Daí a diligência indicada no presente processo, já que o resultado das compensações perpetradas influem diretamente no resultado do presente processo administrativo. 8. Pois bem. Em resposta a tal diligência, assim manifestouse a unidade preparadora: (...). a) Processo 13804.003578/200527: o crédito decorre de ressarcimento de Pis não cumulativo (mercado externo) relativo ao 4º trim/2004, no valor de R$ 4.098.202,83 controlado no processo 13804.002619/200568, protocolado em 07/06/2005. Em 29/01/2010 o ressarcimento foi integralmente indeferido pela DRF Araçatuba, decisão essa mantida pela DRJ de Ribeirão PretoSP. Houve recurso voluntário ao CARF, no qual o contribuinte pugna pelo seu direito creditório e pela homologação das compensações. Na presente data ainda não foi julgado o recurso pelo CARF. Fl. 201DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 202 5 Conforme decisão do CARF proferida no processo 13804.003578/200527, restou decidido que devese aguardar o julgamento do Processo nº 13804.002619/200568 (processo de crédito) pelo CARF. Julgado esse processo em caráter definitivo, é que o processo 13804.003578/200527 deverá retornar ao CARF para julgamento. Vale notar que o pedido de compensação no processo 13804.003578/200527 referese aos PA de 30/06/99 até 17/01/2001 (total de principal de R$ 133.675,80), o que implica duplicidade de parte do pedido de compensação, pois os PA de 30/06/99 a 06/09/2000 estão extintos conforme decisão DRJ no PAF 10675.001883/200517 fl 110. b) Processo 13804.003579/200571: o crédito decorre de ressarcimento de Pis não cumulativo (mercado externo) relativo ao 4º trim/2004, no valor de R$ 4.098.202,83 no processo 13804.002619/200568, protocolado em 07/06/2005. Em 29/01/2010 o ressarcimento foi integralmente indeferido pela DRF Araçatuba, decisão essa mantida pela DRJ de Ribeirão PretoSP. Houve recurso voluntário ao CARF, no qual o contribuinte pugna pelo seu direito creditório e pela homologação das compensações. Na presente data ainda não foi julgado o recurso pelo CARF. Conforme decisão do CARF proferida no processo 13804.003579/200571, restou decidido que se deve aguardar o julgamento do P.A. nº 13804.002619/200568 (processo de crédito) pelo CARF. Julgado esse processo em caráter definitivo, é que o processo 13804.003579/200571 deverá retornar ao CARF para julgamento. Vale notar que o pedido de compensação no processo 13804.003579/200571 referese aos PA de 06/09/2000 até 03/12/2000 (total de 3.882,60 de principal), sendo que o débito de 485,06 (PA 06/09/2000) foi extinto na decisão DRJ no Processo 10675.001883/200517 e , ao mesmo tempo é objeto de pedido de compensação. (...). 9. Em suma, os processos administrativos n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571 encontramse sobrestados até que haja final julgamento do pedido de ressarcimento formulado pelo contribuinte e retratado no âmbito do processo administrativo n. 13804.002619/200568, o qual aguarda distribuição neste Tribunal Administrativo, conforme atesta extrato processual abaixo colacionado: Fl. 202DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 203 6 10. Percebese, pois, que há uma relação entre o caso decidendo e os processos administrativos n.s 13804.003578/200527, 13804.003579/200571 e 13804.002619/200568, haja vista que o não reconhecimento do pedido de ressarcimento implicará a não homologação da compensação que, por sua vez, redundará na manutenção da exigência aqui debatida, já com as reduções impostas pela decisão proferida pela DRJ de Juiz de Fora no acórdão recorrido (acórdão n. 0920.169). Tratase, pois, de típica hipótese de prejudicialidade externa, nos temos que dispõe o art. 313, inciso V, alínea "a" do CPC/20151. 11. O reconhecimento desta prejudicialidade tem por escopo evitar decisões conflitantes entre si e, por conseguinte, ofensivas às ideias de integridade das decisões de caráter judicativo (art. 926 do CPC) e, em última análise, ao sobreprincípio da segurança jurídica. Daí a necessidade, portanto, de sobrestar o caso prejudicado, até que haja ulterior e definitivo julgamento dos casos qualificados como prejudiciais2. 12. Não obstante, insta ainda destacar que a decisão proferia pela instância a quo no presente caso impacta, em certa medida, no resultado dos processos administrativos n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571, já que anulam débitos lá compensados indevidamente. Logo, a citada decisão proferida neste processo deve ser informada naqueles PTA's que tratam da compensação. Dispositivo 1 Art. 313. Suspendese o processo: (...). V quando a sentença de mérito: a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente; (...). 2 Nesse sentido, depois de discorrer sobre a diferença entre causas de prejudicialidade e de preliminaridade externas, Fredie Didier Júnior assim conclui: "O que importa, neste momento, enfim, é frisar que a suspensão do processo deve ocorrer sempre que se verificar a relação de subordinação entre as causas pendentes, pouco importa se essa relação é de prejudicialidade ou de preliminaridade." Fl. 203DF CARF MF Processo nº 10675.001883/200517 Resolução nº 3402001.412 S3C4T2 Fl. 204 7 13. Diante do quadro aqui delineado resolvo o que segue: (i) determinar que sejam providenciadas cópias do acórdão proferido pela DRJ de Juiz de Fora no presente caso (acórdão n. 0920.169) para sua ulterior juntada nos processos administrativos n.s 13804.003578/200527 e 13804.003579/200571; (ii) sobrestar o julgamento do presente processo na unidade de origem, a qual deverá aguardar o trânsito em julgado dos processos administrativos n.s 13804.003578/2005 27, 13804.003579/200571 e 13804.002619/200568, para ulteriormente providenciar a juntada nestes autos das cópias das decisões definitivas que serão lá proferidas para a sua devida repercussão, se for o caso, no presente processo administrativo; (iii) tomadas as medidas acima detalhadas, deverá ser dado vista às partes litigante (contribuinte e Fazenda Nacional) para que possam manifestarse a respeito dos reflexos das decisões proferidas naqueles processos no caso decidendo; e, por fim (iv) cumprido esse rito, o presente processo deverá novamente ser direcionado para este Relator para fins de pauta e julgamento. 14. É a resolução. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro. Fl. 204DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10140.722330/2016-84
Turma: Primeira Turma Extraordinária da Segunda Seção
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue May 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Wed Oct 03 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Exercício: 2013
DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO.
São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei.
Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
Numero da decisão: 2001-000.406
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar provimento ao Recurso Voluntário.
(assinado digitalmente)
Jorge Henrique Backes - Presidente.
(assinado digitalmente)
José Ricardo Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Jorge Henrique Backes (Presidente), Fernanda Melo Leal, José Alfredo Duarte Filho e José Ricardo Moreira.
Nome do relator: JOSE RICARDO MOREIRA
1.0 = *:*
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Exercício: 2013 DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. São dedutíveis na declaração de ajuste anual, a título de despesas com médicos, clínicas e planos de saúde, os pagamentos comprovados mediante documentos hábeis e idôneos, dentro dos limites previstos na lei. Há de ser afastada a glosa, quando o contribuinte apresenta, no processo, documentação suficiente para sua aceitação.
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score : 1.0
Numero do processo: 10209.000826/2005-17
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 14 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Sep 28 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Importação - II
Data do fato gerador: 13/12/2000
PREFERÊNCIA TARIFÁRIA PREVISTA EM ACORDO INTERNACIONAL. CERTIFICADO DE ORIGEM. TRIANGULAÇÃO COMERCIAL. RESOLUÇÃO ALADI 252.
Para se beneficiar da reduação tarifária prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 39 (ACE 39), o contribuinte deve seguir com rigor as exigências estabelecidas na legislação de regência. Trata-se de benefício tributário a reclamar a aplicação do art. 111 do CTN.
Numero da decisão: 9303-007.260
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal.
(assinado digitalmente)
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício
(assinado digitalmente)
Érika Costa Camargos Autran - Relatora
(assinado digitalmente)
Andrada Márcio Canuto Natal- Redator designado
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
Nome do relator: ERIKA COSTA CAMARGOS AUTRAN
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em dar-lhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran - Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal- Redator designado Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas.
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PETROBRÁS ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 13/12/2000 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA PREVISTA EM ACORDO INTERNACIONAL. CERTIFICADO DE ORIGEM. TRIANGULAÇÃO COMERCIAL. RESOLUÇÃO ALADI 252. Para se beneficiar da reduação tarifária prevista no Acordo de Complementação Econômica nº 39 (ACE 39), o contribuinte deve seguir com rigor as exigências estabelecidas na legislação de regência. Tratase de benefício tributário a reclamar a aplicação do art. 111 do CTN. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do Recurso Especial e, no mérito, por voto de qualidade, em darlhe provimento, vencidos os conselheiros Érika Costa Camargos Autran (relatora), Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Designado para redigir o voto vencedor o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal. (assinado digitalmente) Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em exercício (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Relatora (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Redator designado AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 20 9. 00 08 26 /2 00 5- 17 Fl. 394DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 3 2 Participaram do presente julgamento os Conselheiros Andrada Márcio Canuto Natal, Tatiana Midori Migiyama, Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Demes Brito, Jorge Olmiro Lock Freire, Érika Costa Camargos Autran, Vanessa Marini Cecconello e Rodrigo da Costa Pôssas. Relatório Tratase de Recurso Especial de Divergência interposto pela Fazenda Nacional contra o acórdão n.º 3201001.360, de 24 de julho de 2013 (fls. 299 a 307 do processo eletrônico), proferido Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção de Julgamento deste CARF, decisão que por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário. A discussão dos presentes autos tem origem no auto de infração lavrado em face do Contribuinte, cujo crédito tributário constituído se refere ao imposto de importação e acréscimos legais, perfazendo na data de sua lavratura o valor total de R$ 296.736,17. Consta dos autos que o Contribuinte procedeu à importação de bens com a utilização da redução tarifária prevista no Acordo de Complementação Econômica n.º 39 (ACE 39), conforme Decreto n.º 3.138, de 1999, firmado entre o Governo do Brasil e os Governos da Colômbia, do Equador, do Peru e da Venezuela (PaísesMembros da Comunidade Andina). A fiscalização concluiu que a importação não contempla o Acordo Tarifário, seja em razão da divergência entre a fatura comercial e o certificado de origem, seja também porque o produto foi comercializado por terceiro país sem que tenham sido atendidos os requisitos estabelecidos na legislação pertinente, razão porque tratou de lavrar o auto de infração objeto da lide, para exigir o tributo de modo integral, deduzido da parte já recolhida, além dos juros de mora e da multa de ofício de 75%. Cientificado do lançamento, o Contribuinte apresentou impugnação, alegando, em síntese, que: após proceder a um resgate histórico acerca dos fatos que permeiam à lide, a impugnante se reporta à operação comercial realizada onde explica que se trata de uma Fl. 395DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 4 3 triangulação comercial, prática internacional comum adotada por razões comerciais de alongamento de prazo para pagamento e ampliação de fontes de captação de recursos; a triangulação comercial não elide a aplicação de redução tarifária prevista em acordo firmado no âmbito da ALADI; admite um equívoco no preenchimento da DI, na qualidade de operadoras comerciais e não de exportadoras, isso se referindo à condição da PIFCO, em que afirma também que esta sequer teve a posse da mercadoria ou lucrou com a revenda; a própria fiscalização reconhece que o Contribuinte procedeu à importação da ECOPETROL (Colômbia) com transporte direto ao Brasil; a PIFCO figura como exportadora pelo fato da Receita Federal não prever o procedimento específico nos casos de triangulação comercial; os documentos que instruíram a DI são regulares, e estão em consonância com a Resolução 252; opõese a uma suposta multa regulamentar ao descumprimento dos requisitos do art.425 do RA/85 inerentes à fatura comercial por entender que tal fato ocorre pela falta de previsão do procedimento de triangulação comercial; a fiscalização laborou em equívoco ao tentar interpretar o Tratado de Montevidéu e suas regras complementares, e que, a legislação não vincula duas formas de documentos (certificado de origem e nota fiscal), mas tão somente a identidade do seu conteúdo, representado pela descrição das mercadorias e a correspondência com a mercadoria efetivamente negociada; a Resolução 252 não definiu a figura do operador, bem como não informou como deveria ser a operação; Fl. 396DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 5 4 rebate o argumento de que a autuada não cumprira as formalidades exigidas na Resolução 252, ressaltando a conduta formalista do autuante, e aduz o princípio da razoabilidade e da instrumentalidade das formas. Ressalta o caráter instrumental do Imposto de Importação, onde aduz que este é um instrumento regulador do comércio exterior, possuindo assim, função extrafiscal e não arrecadatória, como a maioria dos impostos. Frisa a inaplicabilidade da multa proporcional de 75 %, tomando por base o Ato Declaratório Interpretativo SRF n.º 13, de 10/09/2002, e ainda, a inaplicabilidade da taxa SELIC. Por fim, requer a insubsistência do auto de infração, e, continuadamente, a exclusão da multa de 75% e a taxa SELIC. A 2ª Turma da DRJ em Fortaleza/CE julgou o lançamento em parte procedente. Irresignado com a decisão contrária ao seu pleito, o Contribuinte apresentou recurso voluntário, o Colegiado por unanimidade de votos, deu provimento ao recurso voluntário, conforme acórdão assim ementado in verbis: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 13/12/2000 ALADI. PREFERÊNCIA TARIFÁRIA. CERTIFICADO DE ORIGEM E FATURAS COMERCIAIS. INTERMEDIAÇÃO. PAÍS NÃO SIGNATÁRIO. A rastreabilidade das operações é fundamental para que seja considerada a triangulação ocorrida ECOPETROL, PIFCO, PETROBRAS e superada a questão de não haver o preenchimento das formalidades previstas para a aplicação de preferência tarifária em caso de divergência entre certificado de origem e fatura comercial, bem como quando o produto importado é comercializado por terceiro país, não signatário do acordo internacional. Após a diligência determinada, constam dos autos todas as faturas Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 6 5 (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, todos ligados entre si, identificando os elos da cadeia comercial, e se tratando da mesma mercadoria. Recurso Voluntário Provido A Fazenda Nacional interpôs Recurso Especial de Divergência (fls. 313 a 324) em face do acordão recorrido que deu provimento ao recurso do contribuinte, a divergência suscitada pela Fazenda Nacional diz respeito à aplicação da lei tributária, ou seja, no sentido de que a mercadoria foi enviada diretamente da Colômbia para o Brasil; não contemplando um terceiro país exportador, no caso, Ilhas Cayman, que não faz parte do acordo, logo não justificando a redução tarifária. Ressalta que no caso concreto, verificase que, embora o certificado de origem traga explicitamente indicado como pais exportador a Venezuela, a fatura apresentada pelo importador, como documento de instrução da DI, foi, de fato, emitida pela empresa PETROBRAS INTERNATIONAL FINANCE COMPANY PIFCO, localizada nas Ilhas Cayman, país não signatário do ACE39, estando a referida empresa qualificada na respectiva DI como exportadora. Para comprovar a divergência jurisprudencial suscitada, a Fazenda Nacional apresentou como paradigmas os acórdãos de números 30133.018 e 30236.741. A comprovação dos julgados firmouse pela transcrição das ementas dos acórdãos nos corpo da peça recursal. O Recurso Especial da Fazenda foi admitido, conforme despacho de fls. 326 a 328, sob o argumento que o acórdão recorrido entendeu, por unanimidade de votos, dar provimento ao recurso voluntário, após o resultado da diligência, diante da documentação, ou seja, a INVOICE n° 19E006362 , que lastreou o Certificado do contencioso, de modo a concluir que constam dos autos todas as faturas (originária e do interveniente), o BL e o Certificado de Origem, todos ligados entre si, ensejando a comprovação da triangulação. Inclusive, que a descrição da mercadoria é a mesma, sem qualquer tipo de divergência, identificando os elos da cadeia comercial, o que reforça, inclusive o disposto do art. 4, alínea “a” da Resolução 78 da ALADI. Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 7 6 Por sua vez, nos acórdãos paradigmas foram analisadas situações idênticas à dos presentes autos, concluindo a recorrente que a fruição do benefício de redução tarifária importa a observância estrita das condições e requisitos estabelecidos nos acordos internacionais de regência, pois a ausência dos requisitos exigidos invalida o tratamento preferencial pleiteado, devendo ser aplicada à mercadoria o tratamento normal para as importações de terceiros países. Desta forma, entendeuse que restou comprovada a divergência jurisprudencial. É o relatório em síntese. Voto Vencido Conselheira Érika Costa Camargos Autran Relatora Da Admissibilidade O Recurso Especial do Fazenda é tempestivo e, depreendendose da análise de seu cabimento, entendo pela admissibilidade integral do recurso conforme despacho de fls. 326 a 328. Do Mérito A matéria já vem sendo discutida por este Conselho, há muito tempo. A discussão resumese no fato se a preferência tarifária deve ou não ser aplicada, quando houver a interveniência de terceiro de país não signatária do Acordo Internacional. No caso em exame temse que o Certificado de Origem, cuja cópia encontrasse anexada às fls. 18, de nº L0399255/0794448, de 28/11/2000, reporta à Fatura Comercial nº 19E006362, da empresa ECOPETROLEMPRESA COLOMBIANA DE PETROLEOS, da Colômbia. No entanto, a fatura que instruiu o despacho aduaneiro foi a de nº PIFSB1197/ 00, de 31/12/2000, à fl. 17, pela empresa PETROBRAS INTERNATIONAL Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 8 7 FINANCE COMPANY (PIFCO), situada nas Ilhas Cayman, país não membro da ALADI. O conhecimento de embarque foi consignado à empresa PIFCO. Verificase que no campo “observações” do certificado de origem consta, além da indicação da PIFCO como operadora, a mercadoria, a sua classificação fiscal e a data do conhecimento de transporte de fls. 16, e ainda, na fatura PIFCO, de fls. 17, consta indicação da fatura nº 19E006362, emitida pela ECOPETROL. Verificase que uma participação de uma empresa situada em um terceiro país, ou seja, Petrobras International Finance Company – PIFCO, Ilhas Cayman, país não membro da ALADI, que faturou a mercadoria objeto de intercâmbio, sendo que, no campo “observações” do formulário de certificado de origem (fls. 18), foi aposto pela empresa produtora ECOPETROL, situada na Colômbia, país membro da ALADI, a indicação da empresa operadora responsável pela emissão da fatura comercial inerente à operação de exportação para o Brasil. Neste processo teve diligência, para que fosse anexada a invoice nº 19E006362, (cópia autenticada), que lastreia o Certificado de Origem à fl. 18, para observação se constam dos autos todas as faturas (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, e se todos estão ligados entre si. Após o resultado da diligência determinada, foi constatado nos autos todas as faturas (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, e que todos são ligados entre si. Observase que todos os documentos contém a descrição da mesma mercadoria, sem qualquer tipo de divergência, identificando os elos da cadeia comercial. O relevante para o deslinde da questão é a comprovação de que a mercadoria tratada no despacho seja exatamente aquela correspondente ao Certificado de Origem apresentado, o que foi comprovado através da diligência. Inicialmente cumpre ressaltar que há várias decisões adotadas pelas turmas julgadoras que caminham no sentido de considerar que a operação realizada pelo Contribuinte seja legítima, quando se tem apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação Fl. 400DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 9 8 triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem e associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil. Esses procedimentos comprovam o cumprimento do regime de origem da ALADI e impõe a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de país não signatário, senão vejamos: Processo nº 18336.001558/200507 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 3201003.436 – 2ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 26 de fevereiro de 2018 Matéria II Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do Fato Gerador: 20/02/1998 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA CONCEDIDA EM RAZÃO DE ORIGEM. ALADI. TRIANGULAÇÃO. CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DOCUMENTAIS. A apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem que comprova o cumprimento do regime de origem da ALADI, associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil impõe a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de país não signatário. Recurso Voluntário Provido. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto e Relator. Processo nº 10209.000087/2003¬93 Recurso nº 344.651 Voluntário Acórdão nº 3102¬001.548 – 1ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 18 de julho de 2012 Matéria Preferência Tarifária Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A ¬ PETROBRÁS Recorrida FAZENDA NACIONAL Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 10 9 ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO ¬ II Data do fato gerador: 19/12/1997 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA CONCEDIDA EM RAZÃO DA ORIGEM. ALADI. TRIANGULAÇÃO. POSSIBILIDADE. Preferência Tarifária Concedida em Razão da Origem. ALADI. Triangulação. Cumprimento das Exigências Documentais. A apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem que comprova o cumprimento do regime de origem da ALADI, associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil impõe a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de país não signatário. Recurso Voluntário Provido Luis Marcelo Guerra de Castro ¬ Presidente e Relator. Acórdão nº 320100.444: Julg. 30/04/2010. IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Data do fato gerador: 21/12/1999 ALADI. PREFERÊNCIA TARIFÁRIA. CERTIFICADO DE ORIGEM E FATURAS COMERCIAIS. INTERMEDIAÇÃO. PAÍS NÃO SIGNATÁRIO. A rastreabilidade das operações é fundamental para que seja considerada a triangulação ocorrida PDVSA, PIECO, PETROBRÁS e superada a questão de não haver o preenchimento das formalidades previstas para a aplicação de preferência tarifaria em caso de divergência e ntre certificado de origem e fatura comercial, bem como quando o produto i mportado é comercializado por terceiro pais, não signatário do acordo internacional. Após a diligência determinada, constam dos autos todas as faturas (originária e do interveniente) o BL e o Certificado de Origem, todos ligados entre si. Acórdão 310200.691 Julg. 01/07/2010. ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO II Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 11 10 Data do fato gerador: 24/05/2000 PREFERÊNCIA TARIFÁRIA CONCEDIDA EM RAZÃO DA ORIGEM. ALADI. TRIANGULAÇÃO. CUMPRIMENTO DAS EXIGÊNCIAS DOCUMENTAIS. A apresentação de todas as faturas comerciais atreladas a operação triangular, permitindo seu cotejamento com o certificado de origem que comprova o cumprimento do regime de origem da Aladi, associada à expedição direta da mercadoria de país signatário daquele acordo para o Brasil, impõem a manutenção da preferência tarifária, ainda que o faturamento se dê a partir de país não signatário, Recurso Voluntário Provido. Processo n" 10209.000544/200540 Recurso n° 138291 Voluntário Acórdão n° 310200.250 — l a Câmara! 24 Turma Ordinária Sessão de 20 de maio de 2009 . Matéria II/IPI FALTA DE RECOLHIMENTO Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS Recorrida DRLFORTÁLEZA/CE ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A IMPORTAÇÃO /I Data do fato gerador: 28/06/2000 IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO PREFERÊNCIA TARIFÁRIA TRIANGULAÇÃO COMERCIAL POSSIBILIDADE. A apresentação para despacho do Certificado de Origem emitido pelo país produtor da mercadoria, acompanhado das respectivas faturas bem assim das faturas do pais interveniente, supre as informações que deveriam constar de declaração juramentada a ser apresentada à autoridade aduaneira, como previsto no art. 9°, do Regime Geral de Origem da ALADI (Res.78). Recurso Voluntário Provido. Relator Luciano Lopes Processo nº 18336.000160/200201 Recurso nº 3021.279.44 Especial do Contribuinte Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 12 11 Matéria IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO AUTO DE INFRAÇÃO Acórdão nº 03006.239 Sessão de 08 de dezembro de 2008 Recorrente PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRÁS Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO II CERTIFICADO DE ORIGEM. PREFERÊNCIA TARIFÁRIA. RESOLUÇÃO ALADI nº 232. A apresentação para despacho do Certificado de Origem emitido pelo país produtor da mercadoria, acompanhada das respectivas faturas, bem assim das faturas do país interveniente, supre as informações que deveriam constar no Certificado de Origem, como previsto no art. 9° do Regime Geral de Origem da Aladi (Res. 78). Recurso Especial do Contribuinte Provido Rodrigo da Costa Pôssas Presidente Substituto e Redator ad hoc Transcrevo, agora, o voto do e. Conselheiro Luis Marcelo Guerra de Castro, Acórdão nº 310201.338, que ao enfrentar a matéria, expôs de forma brilhante o entendimento ao qual concordo e que peço vênia para incluir no meu voto e dele também fazer minhas razões de decidir: Em síntese, a alegação de descumprimento do regime de origem está calcada no suposto descompasso entre a operação alvo de litígio e a resolução 252 da Associação LatinoAmericana de Integração (ALADI), promulgada por meio do Decreto nº 3.325, de 30 de dezembro de 1999. Segundo aduz a autoridade fiscal: a) há um descompasso entre o certificado de origem e a fatura comercial apresentados por ocasião do despacho de importação; b) a Resolução 252 exigiria a expedição direta da mercadoria; c) a Petrobrás Finance Corp (Pifco), pessoa jurídica estabelecida um país não signatário da ALADI, atuara na operação na qualidade de exportador, hipótese não admitida pelo acordo, que só admitiria essa intervenção na qualidade de “operador”; Fl. 404DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 13 12 d) ainda que a Pifco atuasse como operador, restariam descumpridas as exigências fixadas pela Resolução ALADI, eis que o certificado de origem apresentado não consignaria a informação de que a mercadoria seria faturada por meio de um terceiro país, nem identificara o nome, denominação ou razão social e domicílio daquele operador. Aduz, ainda, com relação a esta última exigência, que não fora apresentada declaração juramentada capaz de suprir a referida falha documental. Apesar do zelo demonstrado pela autoridade Fiscal, penso, com o máximo respeito, que tais fundamentos não dão suporte à manutenção da exigência. Explico. Em primeiro lugar, considero que a falha documental na instrução do despacho de importação foi devidamente saneada DF CARF MF Fl. 219 8 pela apresentação da fatura comercial nº 1163480, o que permitiu o cotejamento entre a mercadoria submetida ao crivo do Fisco e a constante do certificado de origem objeto do presente litígio. Em segundo, diferentemente do que se verificou em outras operações análogas envolvendo a recorrente, no caso do presente recurso, a mercadoria que tem sua origem questionada pelo Fisco embarcou no porto de Punta Cardon, Venezuela, a bordo do Navio THEANO, com destino ao Brasil, tendo sido descarregada no Porto de Belém, conforme se constata na leitura da averbação constante do extrato da Declaração de Importação e do conhecimento de transporte. Cabe aqui destacar o que diz o artigo Quarto da Resolução 252 (os destaques não constam do original): QUARTO. Para que as mercadorias originárias se beneficiem dos tratamentos preferenciais, as mesmas devem ter sido expedidas diretamente Fl. 405DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 14 13 do país exportador para o país importador. Para tais efeitos, considera¬se como expedição direta: a) As mercadorias transportadas sem passar pelo território de algum país não participante do acordo. Sendo certo que a mercadoria não transitou pelas Ilhas Cayman, encontra¬se satisfeita a exigência de expedição direta da mercadoria. Também discordo que a intervenção da pessoa jurídica Pifco tenha ocorrido em desacordo com o que preceitua o regime de origem da ALADI. Cabe relembrar, nessa esteira, a distinção entre país de origem, procedência e aquisição gizada nas alíneas “h”, “i” e “j” do art. 425 do Regulamento Aduaneiro aprovado pelo Decreto nº 91.030, de 1985: h) país de origem, como tal entendido aquele onde houver sido produzida a mercadoria, ou onde tiver ocorrido a última transformação substancial; i) país de aquisição, assim considerado aquele do qual a mercadoria foi adquirida para ser exportada para o Brasil, independentemente do país de origem da mercadoria ou de seus insumos; j) país de procedência, assim considerado aquele onde se encontrava a mercadoria no momento de sua aquisição; Cotejando os elementos carreados ao processo com os conceitos regulamentares, em especial o consignado na alínea “i”, vêse que as Ilhas Cayman, em verdade, representam o país de aquisição e não, como restou consignado, como país de origem ou procedência. Nessa linha, não há como afirmar validamente que o acordo proíba que a mercadoria seja faturada por um operador situado em um país não membro da ALADI. O artigo nono da Resolução ALADI nº 252 nesse ponto é explícito: Fl. 406DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 15 14 NONO. Quando a mercadoria objeto de intercâmbio for faturada por um operador de um terceiro país, membro ou não da Associação, o produtor ou exportador do país de origem deverá indicar no formulário respectivo, no campo relativo a “observações”, que a mercadoria objeto de sua Declaração será faturada de um terceiro país, identificando o nome, denominação ou razão social e domicílio do operador que, em definitivo, será o que fature a operação a destino. (os destaques não constam do original) A mercadoria, diversamente do afirmado no auto de infração, é unicamente faturada a partir das Ilhas Cayman, na medida em que, conforme já mencionado anteriormente, é embarcada diretamente da Venezuela para o Brasil. Não se discute, ademais, sua extração em país diverso. Restaria, finalmente, avaliar se há vício formal no certificado de origem nº 56921 capaz de invalidálo. Chamo atenção para algumas informações consignadas no certificado que se entende imprestável para comprovar a origem da mercadoria: no campo 1 do certificado consignase expressamente a intervenção da Venezuela como país exportador e, no campo 2, o Brasil, como país importador, já no campo 9, identificase a pessoa jurídica PDVSA Petroleo Y GAS S.A. como produtor. Finalmente, no campo 10 (observações), indicase a participação da pessoa jurídica Petrobras Internacional Finance Company, o navio que transportará a mercadoria e a data de emissão do conhecimento de transporte. Ora, se foi indicado o país de destino da mercadoria, a intervenção do operador estabelecido em terceiro país e, a partir da apresentação da fatura comercial atrelada ao referido certificado, identificamse claramente todos os elos da cadeia comercial, não há como afirmar que o certificado esteja em Fl. 407DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 16 15 desacordo com as regras do acordo, máxime em razão de que as informações relativas ao domicílio da Pifco estão perfeitamente identificadas na fatura acreditada por tal certificado. Com essas considerações, voto no sentido de dar provimento ao recurso voluntário." Ou seja, não obstante as normas que regem o regime de origem, a Resolução 252 que engloba as Resoluções nºs 227, 232 e os Acordos nºs 25, 91 e 215 do Comitê de Representantes da ALADI, em seu artigo 9º veio permitir a participação de um operador de um terceiro país, membro ou não da ALADI. Então, constatase que há a interveniência de um operador nos moldes previstos na Resolução retromencionada, visto haver a participação de uma empresa situada em um terceiro país, ou seja, Petrobras International Finance Company – PIFCO, Ilhas Cayman, País não membro da ALADI, que faturou a mercadoria objeto de intercâmbio, sendo que, no campo “observações” do formulário de certificado de origem (fls. 18), foi aposto pela empresa produtora ECOPETROL, situada na Colômbia, País membro da ALADI, a indicação da empresa operadora responsável pela emissão da fatura comercial inerente à operação de exportação para o Brasil. Assim sendo, entendo cabível a redução tarifária prevista no Acordo de Complementação Econômica n.º 39 (ACE 39), conforme Decreto de Execução n.º 3.138, de 16/08/1999, firmado entre Brasil e os seguintes países: Colômbia, Equador, Peru, Venezuela (Países Membros da Comunidade Andina). Cito ainda, que a fruição dos tratamentos preferenciais achase normatizada no art. 4o, da Resolução ALADI/CR n. 78 Regime Geral de Origem (RGO), aprovada pelo Decreto n. 98.836, de 1990, 4o, n verbis: CUARTO. Para que las mercancias originarias se beneficien de los tratamientos preferenciales, las mismas deben haber sido expedidas directamente dei país exportador al país importador. Fl. 408DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 17 16 Diante disto, de acordo com o normativo acima a exportação direta da Colômbia para o Brasil é suficiente para garantir a redução tarifária, sendo legitimo o beneficio fiscal. Vale ainda ressaltar que a NOTA COANA/COLAD/DITEG N° 60/97, de 19 de agosto de 1997, traz importante constatação, sendo pertinente a respectiva transcrição: Na triangulação comercial que reiteramos, é prática freqüente no comércio moderno, essa acreditação não corre riscos, pois se trata de uma operação na qual o vendedor declara o cumprimento do requisito de origem correspondente ao Acordo em que foi negociado o produto, habilitando o comprador, ou seja, o importador a beneficiarse do tratamento preferencial no país de destino da mercadoria. O fato de que um terceiro país fature essa mercadoria é irrelevante no que concerne à origem. O número da fatura comercial aposto na Declaração de Origem é uma condição coadjuvante com essa finalidade. Importante notar ainda que, em ambos os casos (ALADI e MERCOSUL), não há exigência expressa de apresentação de duas faturas comerciais. No caso MERCOSUL, se obriga apenas que na falta da fatura emitida pelo interveniente, se indique, na fatura apresentada para despacho (aquela emitida pelo exportador e/ou fabricante), a modo de declaração jurada, que "esta se corresponde com o certificado, com o número correlativo e a data de emissão, e devidamente firmado pelo operador". Após, foi publicada a Resolução n.° 232 do Comitê de Representantes da ALADI, incorporada ao ordenamento jurídico pátrio pelo Decreto n.º 2.865, de 7 de dezembro de 1988, que alterou o Acordo 91 e deu nova redação ao art. 9º da Resolução 78, prevendo: Quando a mercadoria objeto de intercâmbio, for faturada por um operador de um terceiro país, membro ou não membro da Associação, o produtor ou exportador do país de origem deverá indicar no formulário respectivo, na área relativa a "observações", que a mercadoria objeto de sua Declaração será faturada de um terceiro país, identificando o nome, denominação ou razão social e domicilio do operador que em definitivo será o que fature a operação a destino. Fl. 409DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 18 17 Vale ainda ressaltar o Superior Tribunal de Justiça tem pronunciamento judicial favorável à Petrobrás: RECURSO ESPECIAL Nº 1.499.856 PE (2014/03106001) RELATOR : MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL ADVOGADO : PROCURADORIAGERAL DA FAZENDA NACIONAL PR000000O RECORRIDO : PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS ADVOGADO : TACIANA MATIAS BRAZ DE ALMEIDA E OUTRO(S) PE021487 DECISÃO PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. ALÍQUOTA REDUZIDA. MERCADORIA ORIGINÁRIA DE PAÍS MEMBRO DA ALADI. DECISÃO DO TRIBUNAL A QUO NO SENTIDO DE QUE OS REQUISITOS NECESSÁRIOS AO BENEFÍCIO FISCAL FORAM ATENDIDOS. MODIFICAÇÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. REAPRECIAÇÃO DO CONJUNTO FÁTICOPROBATÓRIO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE SUCUMBÊNCIA EM FACE DA FAZENDA PÚBLICA. APLICAÇÃO DO ART. 20, §§ 3o. E 4o. DO CPC/1973. REVISÃO DO VALOR DOS HONORÁRIOS SUCUMBENCIAIS. REEXAME DE PROVAS. RECURSO ESPECIAL A QUE SE NEGA SEGUIMENTO. 1. Tratase de Recurso Especial, interposto pela FAZENDA NACIONAL, contra acórdão proferido pelo egrégio Tribunal Regional Federal da 5a. Região, assim ementado: TRIBUTÁRIO E INTERNACIONAL. PETROBRÁS. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. REDUÇÃO. MERCADORIA ORIGINÁRIA DE PAÍS MEMBRO DA ALADI. VENEZUELA. TRIANGULAÇÃO VIRTUAL COM PAÍS NÃO MEMBRO. BENEFÍCIO FISCAL ASSEGURADO. 1. Hipótese em que se discute a possibilidade da Petrobrás fazer jus às preferências tarifárias do Acordo de Complementação Econômica ACE27, Fl. 410DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 19 18 firmado entre Brasil e Venezuela, objeto do Decreto 1.381/95, para fins de redução do montante pago a'titulo de Imposto de Importação de produtos derivados de petróleo. 2. Não merece prosperar o argumento da Fazenda Nacional de, que não houve, prova, do recolhimento do tributo e a Juntada de documentos essenciais para fins de fruição do beneficio, tendo em vista que a Petrobrás, entre outros documentos, anexou certificados de origem, que fazem constar a República da Venezuela como pais originário do produto ali consignado, juntando, também, declarações de importação apresentadas, onde constam os valores de I.I. recolhidos. Ademais, os conhecimentos de embarque (Bili of Lading) demonstram que as mercadorias ali consignadas foram expedidas da Venezuela diretamente para o Brasil, nos termos preconizados no art. 4o., a, da Resolução 78/87. 3. O país de origem das mercadorias foi a Venezuela e não as llhas Cayman. 0 que houve foi uma triangulação comercial, na qual, inicialmente, a Petrobrás adquiriu Propano/butano da Venezuela. Em seguida, uma das suas subsidiárias, situada nas llhas Cayman, a Braspetro Qil Service Co Brasoil, pagou o preço do produto que, posteriormente, foi recomprado pela demandante. Tal procedimento tem por finalidade obter prazos maiores para pagamento. 4. 0 fato de os produtos terem sido faturados pelas subsidiárias da PETROBRÁS nas llhas Cayman, país que não é membro da ALADI, não desnatura o conceito de origem para fins de fruição do tratamento preferencial, pois o que importa é que o Certificado de Origem tenha sido emitido pelo país produtor, no caso, a Venezuela, membro efetivo da, ALADI. (AC 200481000211851, Desembargadora Federal Margarida Canitareíli, TRF5 1 Quarta Turma, DJ Data: 09/07/2009 Página169 129.) (...) Inicialmente, não merece prosperar o argumento da Fazenda Nacional de que não houve prova do recolhimento do tributo e a juntada de documentos essenciais para fins de fruição do benefício, tendo em vista que a Petrobrás, entre outros documentos, anexou certificados de origem (fls. 145 e 252), que Fl. 411DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 20 19 fazem constar a República da Venezuela como país originário do produto ali consignado, juntando, também, declarações de importação apresentadas às fls. 71/74, 126/129, 164/170 e 217/220, onde constam os valores de I.I. recolhidos. Ademais, os conhecimentos de embarque (Bill of Lading) de fls. 119, 148 e 172 demonstram que as mercadorias ali consignadas foram expedidas da Venezuela diretamente para o Brasil, nos termos preconizados no art. 4º, a, da Resolução 78/87, como bem ressaltou a juíza de 1º grau. Alega a Fazenda, ainda, que o produto importado tem origem nas Ilhas Cayman, país não signatário do acordo em questão, razão pela qual é indevida a redução do tributo Ocorre que, como já visto, o país de origem das mercadorias foi a Venezuela e não as Ilhas Cayman. O que houve foi uma triangulação comercial, na qual, inicialmente, a Petrobrás adquiriu Propano/butano da Venezuela. Em seguida, uma das suas subsidiárias, situada nas Ilhas Cayman, a Braspetro Oil Service Co Brasoil, pagou o preço do produto que, posteriormente, foi recomprado pela demandante. Tal procedimento tem por finalidade obter prazos maiores para pagamento. Essa triangulação comercial, com participação de empresa situada em país não membro do ACE 27, não acarreta a perda da preferência tarifária preconizada no aludido acordo, pois a operação comercial realizada pela Petrobrás é prática frequente no comércio internacional, sendo admitido que o produto seja faturado em outro país, desde que a origem da mercadoria seja preservada, sem descaracterização do acordo cujas preferências se desejar obter (juíza de 1º grau). 12. Como visto, o Tribunal a quo afastou todos os argumentos que seriam óbice ao benefício fiscal requerido. Ou seja, entendeuse ali que os requisitos estavam preenchidos. Assim, os elementos fáticos usados pelo Tribunal local não podem ser alterados nesta seara recursal, ante o óbice da Súmula 7/STJ. Ilustrativamente: 15. Diante do exposto, negase seguimento ao Recurso Especial. 16. Publiquese. Intimações necessárias. Brasília (DF), 21 de agosto de 2017. Fl. 412DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 21 20 NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO MINISTRO RELATOR (Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, 28/08/2017) RECURSO ESPECIAL Nº 1.331.366 ¬ CE (2012/01334579) RELATOR : MINISTRO HERMAN BENJAMIN RECORRENTE : FAZENDA NACIONAL PROCURADOR : PROCURADORIA¬GERAL DA FAZENDA NACIONAL RECORRIDO : PETRÓLEO BRASILEIRO S/A PETROBRAS ADVOGADO : CANDIDO FERREIRA DA CUNHA LOBO E OUTRO(S) DECISÃO Tratase de Recurso Especial (art. 105, III, "a", da CF) interposto contra acórdão do Tribunal Regional Federal da 5ª Região assim ementado: TRIBUTÁRIO E INTERNACIONAL. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MERCADORIA ORIGINÁRIA DE PAÍS MEMBRO DA ALADI. TRIANGULAÇÃO VIRTUAL COM PAÍS NÃO MEMBRO. BENEFÍCIO FISCAL GARANTIDO. IA PETROBRAS PETRÓLEO BRASILEIRO S/A ajuizou a presente ação de rito ordinário contra a UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), objetivando a repetição de valores supostamente recolhidos a maior a título de Imposto de Importação, relativamente a operações de importação de produtos derivados do petróleo de origem venezuelana. Segundo afirma, a antiga SRC Secretaria da Receita Federal desconsiderou a existência do Acordo de Alcance Parcial de Complementação Econômica n 027 (Decreto n. 1381, de 30/01/1995), celebrado entre o Brasil e a Venezuela, ao amparo do disposto no Tratado de Montevidéu 1980 e da Resolução 2 do Conselho de Ministros da Associação Latino Americana de Integração (ALADI), e o Acordo de Preferências Tarifárias Regional n' 04 (PTR04), assinado pelos países membros da ALADI, que reduziram a alíquota do Imposto de Importação para 12% (doze por cento). II O Acordo n 91 do Comitê de Representantes, em sua redação originária, assim como a Resolução n. 78, esta em relação à Venezuela, não vedava a Fl. 413DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 22 21 compra de produto de país signatário com interveniência de terceiros, com a finalidade de se fazer a alavancarem financeira da operação de importação, e sem o trânsito efetivo da mercadoria por esse terceiro país. No caso dos autos, os produtos foram comprados pela PETROBRAS na Venezuela, revendidos a empresas subsidiárias (Petrobrás Intemational Finance Company ¬ PIFCO e Braspetro Oil Services Co. BRASOIL), localizadas em terceiro pais não integrante da ALADI, no caso Ilhas Cayman, sem que, entretanto, tenha sido efetivamente transitado por este país. III O fato de os produtos terem sido faturados pelas subsidiárias da PETROBRAS nas Ilhas Cayman, país que não é membro da ALADI, não desnatura o conceito de origem para fins de fruição do tratamento preferencial, pois o que importa é que o Certificado de Origem tenha sido emitido pelo país produtor, no caso, a Venezuela, membro efetivo da ALADI. IV Apelação provida. Repetição do indébito garantida, com atualização pela SELIC. Honorários advocatícios fixados em R$ 2.000, 00 (dois mil reais). Os Embargos de Declaração foram parcialmente acolhidos, rejeitandose a alegação de prescrição. A recorrente sustenta, em Recurso Especial, violação do art. 535 do CPC, com base na não apreciação da matéria ventilada nos Embargos de Declaração. Aduz ofensa aos arts. 23, II e §§ 2º, II, e 4º, I, do Decreto 70.235/72 e 195 do DecretoLei 5.884/43. Memorial apresentado pelo recorrido. É o relatório. Decido. Os autos foram recebidos neste Gabinete em 11.10.2014. A irresignação não merece prosperar. O Tribunal de origem, ao decidir a questão, consignou (fls. 636/STJ): No que tange à alegação de prescrição do direito de pleitear a nulidade do lançamento, assim como de requerer a repetição do indébito tributário, verificase que, de fato, o acórdão foi omisso, por se tratar de matéria sobre a qual deveria ter havido manifestação de oficio. A FAZENDA NACIONAL defende que, a PETROBRAS teria sido notificada do lançamento em 12/07/1999, razão pela qual somente poderia ter, ajuizado a ação pleiteando a nulidade do lançamento até 12/07/2004. Sem embargo, a cópia do AR Aviso de Recebimento (fi. 243), ao meu sentir, não é suficiente Fl. 414DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 23 22 para comprovar a data da comunicação do lançamento do tributo, porquanto se encontra firmado por recebedor não identificado. Rejeito, pois, a alegação de prescrição da pretensão de anular o ato de lançamento. (Grifei). Extraise do excerto acima transcrito e dos termos do Recurso Especial que o acolhimento da pretensão recursal é obstado pelo disposto na Súmula 7/STJ, porquanto implica reexame dos elementos probatórios de regularidade da notificação. Diante do exposto, nego provimento ao Recurso Especial. Publique¬se. Intimemse. Brasília (DF), 1º de abril de 2014. MINISTRO HERMAN BENJAMIN Relator” Frisese, ainda, a jurisprudência exarada pelo TRF: TRIBUTÁRIO E INTERNACIONAL. IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. MERCADORIA ORIGINÁRIA DE PAÍS MEMBRO DA ALADI. VENEZUELA. IMPORTAÇÃO. PETROBRAS. TRIANGULAÇÃO VIRTUAL COM PAÍS NÃO MEMBRO. PETROBRÁS FINANCE COMPANY SEDE ILHAS CAYMAN. ORIGEM E DESTINO DA MERCADORIA. NÃO DESCARACTERIZAÇÃO. BENEFÍCIO FISCAL EXISTENTE. APELAÇÃO PROVIDA. REMESSA OFICIAL E APELAÇÃO DA UNIÃO IMPROVIDAS. 1. Tratase de remessa oficial e apelações interpostas em face de sentença que, em ação anulatória de débito fiscal, proposta pela PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S/A para anular ato de lançamento de imposto de importação de derivados de petróleo adquiridos da Venezuela, julgou parcialmente procedente o pedido apenas para determinar a exclusão da multa isolada, aplicada. Concluiu a sentença pela existência do crédito tributário, por considerar inaplicável a redução de alíquota do Imposto de Importação, em 80%, praticada pela apelante nos termos em que prevista no acordo firmado entre países integrantes da ALADI, pelo fato de a operação de importação ter a participação de país não signatário do referido tratado. A operação de importação teve a participação da Petrobras Internacional Finance Company – PFICO, sediada nas Ilhas Cayman. 2. A razão determinante para a autuação fiscal, que descaracterizou o benefício de Fl. 415DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 24 23 redução do Imposto de Importação, foi a participação na operação comercial realizada para com a Venezuela, de empresa sediada em país não integrante da ALADI. Contudo, a terceira empresa a participar faz parte do próprio grupo econômico da PETROBRAS, assim considerada não como intermediária, mas como operadora internacional dos seus interesses. Sob outro aspecto, certamente de maior relevância, não se verificam nas razões que motivaram o auto de infração, circunstância fática que descaracterizasse a origem e o destino da mercadoria importada. Não há, assim, informação de que, além da triangulação comercial realizada, houvesse descaracterização da operação comercial originariamente realizada entre a PETROBRAS e a PDVSA. Precedentes: (AGA, Desembargador Federal Reynaldo Fonseca, TRF1 ¬ Sétima Turma, eDJF1. Data: 19/10/2012, p. 1344; AC 200481000211851, Desembargadora Federal Margarida Cantarelli, TRF5 ¬ Quarta Turma, DJ ¬ Data: 09/07/2009 – p. 169 nº 129). 3. Apelação da PETROBRAS provida. Remessa oficial e apelação da União, improvidas. Honorários de sucumbência, R$ 5.000,00. TRF 1ª Região, Apelação/Reexame Necessário 2004.39.00.002359¬3/PA, julg. 07/10/2013. PROCESSUAL CIVIL – TRIBUTÁRIO – AGRAVO REGIMENTAL – LIMINAR/TUTELA ANTECIPADA – IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO – REDUÇÃO DA TARIFA EM RAZÃO DE ACORDO ENTRE PAÍSES MEMBROS DA ALADI – BENS COM ORIGEM E DESTINADOS A PAÍSES INTEGRANTES DA ALADI – TRIANGULAÇÃO VIRTUAL COM PAÍS NÃO MEMBRO – BENEFÍCIO FISCAL GARANTIDO – PRECEDENTES. 1. In casu, é perfeitamente aplicável o disposto no art. 557, § 1ºA, do CPC, em face da manifesta sintonia da decisão agravada com a jurisprudência dominante neste eg. Tribunal e no colendo Superior Tribunal de Justiça. 2. Nessa perspectiva, "O art. 557, § 1ºA, do CPC, conferindo ao relator competência para dar provimento monocraticamente ao agravo, sem que isso signifique afronta ao princípio do contraditório, da ampla defesa, e/ou violação de normas legais, porque atende à agilidade da prestação jurisdicional, não se limita aos casos de prévia jurisprudência dominante ou súmulas das Cortes Superiores". (AGTAG 006897242.2009.4.01.0000/DF; Desembargador Federal Luciano Tolentino Amaral, Sétima Turma, Decisao Fl. 416DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 25 24 de 23/02/2010, Publicado no eDJF1 de 12/03/2010, p. 465). 3. No caso vertente, o Juiz oficiante, ao justificar sua decisão, esclareceu que: "(...) encontramse nos autos cópias dos Conhecimentos de Transporte (Bills of Lading), que comprovam que os produtos foram embarcados da Venezuela e transportados diretamente para o Brasil." Com efeito, "Havendo"Certificado de Origen","Bill of Landing"e"Invoice"provando que o combustível importado é de origem venezuelana (país integrante da ALADI), despachado desse país diretamente para o Brasil (também integrante da ALADI), autorizase, em princípio, a redução da tarifa do Imposto sobre Importação , nos termos do Acordo de Complementação Econômica n.º 39 (ratificado pelo Decreto 3.138, de 16 AGO 1999)". (AG 006762940.2011.4.01.0000 / PA, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL LUCIANO TOLENTINO AMARAL, SÉTIMA TURMA, eDJF1 p.1087 de 21/09/2012).” “EMENTA TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. IMPOSTO DE IMPORTACAO. APRESENTAÇÃO DO CERTIFICADO DE ORIGEM. DOCUMENTO TIDO COMO INDISPENSÁVEL PELA NORMA FISCAL PARA CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE REDUÇÃO DE ALÍQUOTA. RECONHECIMENTO DO TRATAMENTO DIFERENCIADO PELO DESPACHO ADUANEIRO. REVISÃO DO LANÇAMENTO POSTERIOR CALCADA EM FORMALIDADE EXARCEBADA SEM PREVISÃO EM LEI. IMPOSSIBILIDADE. 1. Embargos à execução visando afastar a cobrança de débito fiscal constituído por auto de infração lavrado com base no indeferimento da redução da alíquota do Imposto de Importação em 28% (vinte e oito por cento), incidente sobre produto originário da Colômbia em razão de benefício previsto nas regras inerentes à Associação Latino Americana de Integração ALADI. A Alfândega, num primeiro momento, examinou a documentação apresentada na Declaração de Importação, considerandoa hábil ao desembaraço aduaneiro com a redução da alíquota pretendida, o que resultou na liberação da mercadoria sem nenhuma questinamento. Depois, a Autoridade Fiscal procedeu à revisão do lançamento, com fundamento no art. 149, IV, do Código Tributário Nacional, considerando que o despacho de importação não se encontrava instruído com Fl. 417DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 26 25 documento necessário, na espécie o original do Certificado de Origem. 2. O Certificado de Origem é documento essencial à obtenção de tratamento fiscal diferenciado na importação, nos termos pretendido pelo ora apelante. 3. O art. 434 do Regulamento Aduaneiro, aprovado pelo Decreto nº 91.030/85, o qual vigia a época da importação, estabelece que a comprovação da origem da mercadoria "será feita por qualquer meio julgado idôneo". O Auditor que revisou o lançamento não afirma que o documento apresentado é inverossível e nem indica qualquer vício que possa afastar a indoneidade do Certificado de Origem apresentado, mas apenas se apegou em mera formalidade exacerbada de que não constava o original do documento, exigência essa que, aliás, não tem previsão expressa na legislação que rege a matéria. 4. Não é razoável a exigência feita pela Autoridade Fiscal para conceder o tratamento tributário diferenciado, uma vez que não há nenhuma cogitação de que o bem importado não adveio de país membro da ALADI, nem que o documento é inidôneo ou ainda que não se adequa ao modelo aprovado pela própria Associação. 5. A Alfândega já havia examinado a documentação apresentada na Declaração de Importação, concluindo, na ocasião, que havia preenchido os requisitos para concessão da redução da alíquota do imposto de importação por ter a mercadoria origem de país membro da ALADI. 6. Se é verdade que o ato a revisão do lançamento goza de presunção relativa de legitimidade e veracidade, também é verdade que o primeiro ato da administração, que, ao proceder ao desembaraço aduaneiro, considerou correta a documentação apresentada, também o goza da mesma presunção. Desse modo, como não é questionado nos autos o fato de a mercadoria ter sido mesmo proveniente de país integrante da ALADI (Colômbia), o contribuinte não pode ser prejudicado no caso em questão. 7. A Fazenda Nacional poderia ter trazido aos autos elementos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor (art. 333, II, do CPC), mas não o fez. 8. Inversão do ônus da sucumbência. Honorários de sucumbência arbitrados em R$ 2.000,00, nos termos do art. 20, § 4º, do CPC. 9. Apelação provida. Fl. 418DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 27 26 Ora, as decisões acima caminham junto com o meu entendimento – qual seja, de que o Regulamento Aduaneiro estabelece que a comprovação da origem da mercadoria "será feita por qualquer meio julgado idôneo". Cabe, assim, concluir que os documentos emitidos e devidamente apresentados demonstram a correspondência da mercadoria e mantêm a rastreabilidade, permitindo identificar sem qualquer dúvida a origem da mercadoria. Pressuposto essencial para a aplicação da preferência tarifária. O fato de os produtos terem sido faturados em país que não é membro da ALADI (PETROBRÁS nas Ilhas Cayman), não desnatura o conceito de origem para fins de fruição do tratamento preferencial, pois o que importa é que o Certificado de Origem tenha sido emitido pelo país membro efetivo da ALADI Colômbia (o país de origem das mercadorias foi a Colômbia e não as Ilhas Cayman) E a carga veio diretamente para o país. O que houve foi uma triangulação comercial lícita entre ECOPETROL, PIFCO, PETROBRÁS. À vista do exposto, voto por negar provimento ao Recurso Especial da Fazenda. É como voto. (assinado digitalmente) Érika Costa Camargos Autran Fl. 419DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 28 27 Voto Vencedor Conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal, redator designado. Com todo respeito ao voto da ilustre relatora, mas tenho conclusões distintas das suas a respeito das operações de triangulação comercial e suas consequências de que trata o presente processo. A discussão desse processo gira em torno do tratamento beneficiado de importação efetuada pela recorrente utilizandose de preferência tarifária com suporte no Acordo de Complementação Econômica nº 39 (ACE 39), firmado entre o Governo Brasileiro com os Governos da Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, Países Membros da Comunidade Andina. Grosso modo, tratase de redução tarifária do Imposto de Importação, caso os produtos sejam adquiridos daqueles países em determinadas condições. Ou seja, tratase de uma regra de exceção, benefício fiscal, o qual reclama a aplicação do art. 111 do CTN. Art. 111. Interpretase literalmente a legislação tributária que disponha sobre: I suspensão ou exclusão do crédito tributário; II outorga de isenção; III dispensa do cumprimento de obrigações tributárias acessórias. É da essência das regras de exceção, a aplicação literal dos dispositivos que as concedem. Isto porque, se de um lado estabelecese um tratamento beneficiado, de outro, as regras condicionantes devem ser seguidas com rigor. Nesse sentido, vejamos o que dispunham as regras para o aproveitamento da redução tarifária pretendida. No início do referido acordo, vigia o disposto na Resolução ALADI nº 78, o qual não permitia a possibilidade de triangulação comercial nos moldes realizados pela contribuinte no presente processo. Art. 4º da Resolução ALADI nº 78: QUARTO Para que as mercadorias originárias se beneficiem dos tratamentos preferenciais, as mesmas devem ter sido expedidas diretamente do país exportador para o país importador. Para esses efeitos, considerase como expedição direta: Fl. 420DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 29 28 a) As mercadorias transportadas sem passar pelo território de algum país não participante do acordo. b) As mercadorias transportadas em trânsito por um ou mais países não participantes, com ou sem transbordo ou armazenamento temporário, sob a vigilância da autoridade aduaneira competente nesses países, desde que: i) o trânsito esteja justificado por motivos geográficos ou por considerações referentes a requerimentos do transporte; it) não estejam destinadas ao comércio, uso ou emprego no país de trânsito; e iii) não sofram, durante seu transporte e depósito, qualquer operação diferente da carga e descarga ou manuseio para mantêlas em boas condições ou assegurar sua conservação. Veja que na vigência do art. 4º, acima transcrito, as mercadorias deveriam ser faturadas diretamente do país exportador para o importador, admitindo o seu trânsito por outro país, em síntese, somente por razões de logística do transporte. Não se permitia a participação de outro país interveniente com emissão de fatura nele ocorrida, como no presente caso. Somente a partir de 08/12/98, com a entrada em vigência da Resolução ALADI nº 232 é que se passou a permitir, com uma série de condicionantes. O disposto na Resolução ALADI 232, foi consolidado na Resolução ALADI nº 252, o qual transcrevo abaixo: NONO. Quando a mercadoria objeto de intercâmbio for faturada por um operador de um terceiro país, membro ou não da Associação, o produtor ou exportador do país de origem deverá indicar no formulário respectivo, no campo relativo a “observações”, que a mercadoria objeto de sua Declaração será faturada de um terceiro país, identificando o nome, denominação ou razão social e domicílio do operador que, em definitivo, será o que fature a operação a destino. Na situação a que se refere o parágrafo anterior e, excepcionalmente, se no momento de expedir o certificado de origem não se conhecer o número da fatura comercial emitida por um operador de um terceiro país, o campo correspondente do certificado não deverá ser preenchido. Nesse caso, o importador apresentará à administração aduaneira correspondente uma declaração juramentada que justifique o fato, onde deverá indicar, pelo menos, os números e datas da fatura comercial e do certificado de origem que amparam a operação de importação. Somente com a Resolução 232, que passou a viger no país a partir de 08/12/98, é que se permitiu a participação de um operador de terceiro país, porém as regras para esta participação são claras e não poderiam ser ignoradas pela Petrobrás. Primeiro que são Fl. 421DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 30 29 de fáceis cumprimento e seu conteúdo é de clareza meridiana. Então bastava constar o número da fatura do terceiro interveniente já no próprio certificado de origem. Se o número da fatura, ainda não era conhecido, a determinação é que se deixasse em branco o espaço e que fosse apresentada no momento do desembaraço a declaração juramentada. Com certeza a motivação dessas exigências têm fundamento no controle aduaneiro. Ao abandonar ao livre arbítrio estas condições a Petrobrás afastou do conhecimento imediato da aduana as reais condições de sua importação. A comprovação documental em momento bem posterior aos fatos, podem prejudicar a perfeita verificação se os documentos apresentados correspondem aos fatos erigidos. Portanto, penso ser incabível, uma empresa do porte da recorrente, não se submeter a regras simples estabelecidas a nível de tratado internacional. Retomando os fatos do presente processo, vêse que se trata de uma importação objeto da Declaração de Importação nº 00/12080657, cujo registro deuse em 13/12/2000. Constatase de forma inequívoca que não foram seguidas as condições estabelecidas no artigo 9º da Resolução ALADI nº 252, acima trasncrito. No Certificado de Origem, efl. 21, consta a fatura comercial emitida pela ECOPETROL e não tem qualquer referência à fatura comercial emitida pela interveniente de outro país, no caso a PFICO. Neste caso, diferente dos demais, no campo "observações" do Certificado de Origem há referência expressa à empresa interveniente, PIFCO, porém não tem a informação do número da fatura comercial emitida por ela. Também não foi apresentada a declaração juramentada no momento do desembaraço aduaneiro. Assim está comprovado que não foram cumpridas as regras estabelecidas para que se tenha direito à redução tarifária que se pretendia. Também não tem fundamento a invocação do contribuinte pela aplicação do art. 434 do Regulamento Aduaneiro de 1985, Decreto nº 91.030/85, de que a comprovação será feita por qualquer meio julgado idôneo. Veja a sua redação: Art. 434 No caso de mercadoria que goze de tratamento tributário favorecido em razão de sua origem, a comprovação desta será feita por qualquer meio julgado idôneo Parágrafo único Tratandose de mercadoria importada de paísmembro da Associação LatinoAmericana de Integração (ALADI), quando solicitada a aplicação de reduções tarifárias negociadas pelo Brasil, a comprovação constará de certificado de origem emitido por entidade competente, de acordo com modelo aprovado pela citada Associação. Fl. 422DF CARF MF Processo nº 10209.000826/200517 Acórdão n.º 9303007.260 CSRFT3 Fl. 31 30 Ora, o próprio decreto remete à necessidade de cumprimento das regras atinentes ao certificado de origem. Como visto a ALADI aprovou o modelo e as regras de seu preenchimento no caso da referida triangulação comercial. Diante do exposto, voto por dar provimento ao recurso especial da Fazenda Nacional. (assinado digitalmente) Andrada Márcio Canuto Natal Fl. 423DF CARF MF
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