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Numero do processo: 11444.000777/2010-51
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Sep 27 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Tue Oct 25 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias
Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2009
PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RENÚNCIA.
No caso de pedido de parcelamento nos moldes da Lei no. 11.941, de 2009, configura-se a desistência e a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, devendo-se declarar a definitividade do crédito tributário em litígio, na forma em que lançado.
Numero da decisão: 9202-004.474
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em dar-lhe provimento para declarar a definitividade do crédito lançado, por parcelamento do valor em litígio
(assinado digitalmente)
Luiz Eduardo de Oliveira Santos - Presidente em exercicio
(assinado digitalmente)
Heitor de Souza Lima Junior Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra.
Nome do relator: HEITOR DE SOUZA LIMA JUNIOR
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Interessado QUINTANA CÂMARA MUNICIPAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PREVIDENCIÁRIAS Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2009 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RECURSO. PEDIDO DE PARCELAMENTO. RENÚNCIA. No caso de pedido de parcelamento nos moldes da Lei no. 11.941, de 2009, configurase a desistência e a renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, devendose declarar a definitividade do crédito tributário em litígio, na forma em que lançado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, em darlhe provimento para declarar a definitividade do crédito lançado, por parcelamento do valor em litígio (assinado digitalmente) Luiz Eduardo de Oliveira Santos Presidente em exercicio (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior – Relator AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 11 44 4. 00 07 77 /2 01 0- 51 Fl. 280DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 281 2 Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Luiz Eduardo de Oliveira Santos, Rita Eliza Reis da Costa Bacchieri, Maria Helena Cotta Cardozo, Patrícia da Silva, Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira, Ana Paula Fernandes, Heitor de Souza Lima Junior e Gerson Macedo Guerra. Relatório Em litígio, o teor do Acórdão nº 2403001.288, prolatado pela 3a. Turma Ordinária da 4a. Câmara da 2a Seção de Julgamento deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais na sessão plenária de 15 de maio de 2012 (efls. 199 a 216). Ali, por unanimidade de votos, rejeitouse a preliminar de nulidade e, no mérito, deuse parcial provimento ao Recurso Voluntário para reconhecer a decadência das competências até 05/2005, na forma de ementa e a decisão a seguir: ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Período de apuração: 01/04/2005 a 31/12/2009 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO ALEGAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEGISLAÇÃO ORDINÁRIA NÃO APRECIAÇÃO NO ÂMBITO ADMINISTRATIVO. A legislação ordinária de custeio previdenciário não pode ser afastada em âmbito administrativo por alegações de inconstitucionalidade, já que tais questões são reservadas à competência, constitucional e legal, do Poder Judiciário. Neste sentido, o art. 26A, caput do Decreto 70.235/1972 e a Súmula nº 2 do CARF, publicada no D.O.U. em 22/12/2009, que expressamente veda ao CARF se pronunciar acerca da inconstitucionalidade de lei tributária. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO INOBSERVÂNCIA DE REGULARIDADE NO LANÇAMENTO NÃO OCORRÊNCIA. Tendo o fiscal autuante demonstrado de forma clara e precisa os fatos que suportaram o lançamento, oportunizando ao contribuinte o direito de defesa e do contraditório, bem como em observância aos pressupostos formais e materiais do ato administrativo, nos termos da legislação de regência, especialmente artigo 142 do CTN, não há que se falar em nulidade do lançamento. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO DE OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS NÃO CORRESPONDENTES AOS FATOS GERADORES DE TODAS AS CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS SÚMULA VINCULANTE STF Nº 8 PERÍODO ATINGIDO PELA DECADÊNCIA QÜINQÜENAL APLICAÇÃO DO ART. 150, § 4º, CTN. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei n º 8.212/1991. Após, editou a Súmula Vinculante n º 8, publicada Fl. 281DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 282 3 em 20.06.2008, nos seguintes termos:“São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”. Nos termos do art. 103A da Constituição Federal, as Súmulas Vinculantes aprovadas pelo Supremo Tribunal Federal, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terão efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Na hipótese dos autos, aplicase o entendimento do STJ no REsp 973.733/SC nos termos do art. 62A, Anexo II, Regimento Interno do CARF RICARF, com a regra de decadência insculpida no art. 150, § 4º, CTN posto que houve recolhimentos antecipados a homologar pelo contribuinte confirmados pelo RDA Relatório de Documentos Apresentados no conexo processo nº 11444.000775/201062. A Recorrente teve ciência do auto de infração de obrigação acessória no dia 30.06.2010, o período objeto do auto de infração é de 04/2005 a 12/2009. Dessa forma, constatase que já se operara a decadência do direito de constituição dos créditos ora lançados até a competência 05/2005, inclusive, nos termos do art. 150, § 4º, CTN. PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO GFIP APRESENTAÇÃO DE GFIP COM DADOS OMISSÕES OU INCORREÇÕES Constitui infração, punível na forma da Lei, apresentar a empresa a declaração GFIP a que se refere a Lei nº 8.212, de 24/07/1991, art. 32, inciso IV, acrescentado pela Lei nº 9.528, de 10/12/1997, com a redação da MP nº 449, de 03/12/2008, convertida na Lei n° 11.941, de 27/05/2009, com incorreções ou omissões. A inobservância da obrigação tributária acessória é fato gerador do auto de infração, o qual se constitui, principalmente, em forma de exigir que a obrigação seja cumprida; obrigação que tem por finalidade auxiliar a RFB na administração previdenciária. Recurso Voluntário Provido em Parte Decisão: por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso reconhecendo a decadência das competências até 05/2005, inclusive, com base no parágrafo 4º, Art. 150 do CTN. Formalizado o Acórdão em 17/05/2012 e publicada a decisão em 24/05/2012 a Procuradoria da Fazenda Nacional apresenta, em 21/06/2012 (efls. 217 a 224), Recurso Especial, com fulcro no art. 67 do anexo II ao Regimento Interno deste Conselho Administrativo de Recursos Fiscais aprovado pela Portaria MF no. 256, de 22 de julho de 2009, então em vigor quando da propositura do pleito recursal. Fl. 282DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 283 4 Alegase, no pleito, divergência em relação ao decidido, em 03/02/2009, no Acórdão 20601.735, de lavra da 6a. Câmara do então 2o. Conselho de Contribuintes, bem como ao decidido pela 2a. Turma Ordinária da 4a. Câmara deste CARF, através do Acórdão 240200.182, prolatado em 27 de outubro de 2009, de ementas e decisões a seguir transcritas, visto que adotados como paradigmas, na forma do art. 67, §7o. do referido Anexo II ao RICARF: Acórdão 20601.735 Assunto: Contribuições Sociais Previdenciárias Data do fato gerador: 12/07/2005 PREVIDENCIÁRIO CUSTEIO AUTO DE INFRAÇÃO ARTIGO 32, IV, § 5º E ARTIGO 41 DA LEI N.º 8.212/91 C/C ARTIGO 284, II DO RPS, APROVADO PELO DECRETO N.º 3.048/99 OMISSÃO EM GFIP DECADÊNCIA QUINQUENAL SÚMULA VINCULANTE STF. O STF em julgamento proferido em 12 de junho de 2008, declarou a inconstitucionalidade do art. 45 da Lei nº 8.212/1991, tendo inclusive no intuito de eximir qualquer questionamento quanto ao alcance da referida decisão, editado a Súmula Vinculante de nº 8, “São inconstitucionais os parágrafo único do artigo 5º do Decretolei 1569/77 e os artigos 45 e 46 da Lei 8.212/91, que tratam de prescrição e decadência de crédito tributário”.Tratandose de auto de infração, mesmo que decorrente da falta de informação do documento GFIP, aplicável o art. 173 do CTN. PREVIDENCIÁRIO. CUSTEIO. AUTODEINFRAÇÃO. OMISSÃO DE FATOS GERADORES EM GFIPS. MULTA. CÁLCULO. RETROATIVIDADE BENIGNA. MP 449/08. APLICAÇÃO.I Nos termos do art 32, inciso IV, § 5º constitui infração a apresentação de GFIPs com dados não correspondentes a todas os fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias.II A multa deverá ser calculada de acordo com o universo total dos empregados da empresa.III Em se tratando de norma introdutora que imponha um grave menor à multa por infração a legislação tributária, o CTN consagra a regra da retroatividade da Lei mais favorável, autorizando assim que a penalidade seja readequada para seguir o tratamento mais benéfico ao contribuinte.Recurso Voluntário Provido em Parte. Recurso parcialmente provido. Decisão: I) por unanimidade de votos em acolher a preliminar de decadência; II) por maioria de votos em declarar a decadência das contribuições apuradas até a competência 11/1999. Vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira, que votaram por declarar a decadência até 06/2000; e III) por unanimidade de votos, no mérito, em dar provimento parcial ao recurso para adequar o valor da multa ao disciplinado pela MP n° 449/2008. Fl. 283DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 284 5 Designado para redigir o voto vencedor, na parte referente à decadência, o(a) Conselheiro(a) Elaine Cristina Monteiro e Silva Vieira. Acórdão 240200.182 ASSUNTO: OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS Data do fato gerador: 16/08/2006 GFIP. DADOS RELACIONADOS AOS FATOS GERADORES.INFRAÇÃO. Constitui infração, punível na forma da Lei, a apresentação de Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social (GFIP) com dados não correspondentes aos fatos geradores de todas as contribuições previdenciárias, conforme disposto na Legislação. DECADÊNCIA. O Supremo Tribunal Federal, através da Súmula Vinculante n° 08, declarou inconstitucionais os artigos 45 e 46 da Lei n° 8.212, de 24/07/91, devendo,portanto, ser aplicadas as regras do Código Tributário Nacional. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO EM PARTE. Decisão: por maioria de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para, nas preliminares, excluir do cálculo da multa as contribuições apuradas até a competência 11/2000, anteriores a 12/2000, vencidos os Conselheiros Rogério de Lellis Pinto e Cleusa Vieira de Souza, que votaram pela aplicação do § 4 0, Art. 150 do CTN. Quanto ao mérito, por unanimidade de votos, em dar provimento parcial ao recurso, para que se recalcule a multa conforme a Lei 11.941/2009, a fim de utilização do novo cálculo, caso seja mais benéfico à recorrente, nos termos do voto do relator. Em linhas gerais, argumenta a Fazenda Nacional em sua demanda que: a) que não houve pagamento antecipado, mesmo porque se trata de auto de infração (penalidade), cujo lançamento será sempre de ofício, não por homologação. Por conta disso, aplicase como termo inicial da decadência o disposto no art. 173, inciso I do CTN. Entende que a correta aplicação do decidido no âmbito do REsp 973.733/SC pelo Superior Tribunal de Justiça levaria à aplicação do referido art. 173, na forma do decidido inclusive em aresto da 1a. Turma da Câmara Superior de Recursos Fiscais. Ressalta que a nova sistemática de penalidade introduzida pela Lei no. 11.941, de 24 de junho de 2009, não tem o condão de alterar a regra da decadência. Os lançamentos da penalidade e das contribuições previdenciárias, como anteriores às alterações na legislação, foram realizados separadamente e tramitam em processos autônomos. b) Entende que a análise da decadência não fica condicionada a regra acima exposta. No direito tributário, a obrigação acessória é independente da obrigação principal, podendo, pelo simples fato da sua inobservância, convertese em obrigação principal Fl. 284DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 285 6 relativamente à penalidade pecuniária. Sendo assim, a penalidade independe da existência de tributo a ser recolhido. Frisese, somente se for o caso de execução, os processos referentes à NFLD e auto de infração serão analisados conjuntamente. Requer, assim, o conhecimento e o provimento do recurso para que seja aplicado o prazo decadencial previsto no art. 173, I do CTN. O recurso foi admitido pelo despacho de efls. 226 a 228. Encaminhados os autos à autuada para fins de ciência, ocorrida em 29/01/2013 (efl. 232), a contribuinte apresentou, em 14/02/13, Recurso Especial de sua iniciativa (efls. 233 a 236), não conhecido, por intempestivo, na forma de despachos de efls. 243/244. Posteriormente anexouse correspondência da autuada, datada de 28/05/2013 (efl. 259), assim anterior ao não conhecimento do Recurso Especial de sua iniciativa, para fins de adesão ao parcelamento regulamentado pela Portaria Conjunta PGFNRFB no. 3, de 24 de maio de 2013, instituído pela Lei no. 12.810, de 15 de maio de 2013, adesão esta que contemplou o presente DEBCAD 37.256.2426, na forma de demonstrativo de efl. 270. Retornamse oa autos a este CARF para julgamento do Recurso Especial da Fazenda Nacional e posterior inclusão dos débitos no referido parcelamento, na forma de despacho de efl. 274, através do qual se deu ciência ao contribuição da negativa de seguimento de seu Recurso Especial. É o relatório. Voto Conselheiro Heitor de Souza Lima Junior, Relator Pelo que consta no processo quanto a sua tempestividade (dada a inexistência de ciência pessoal nos autos do Procurador da Fazenda e a partir do disposto no art. 23, §8o. do Decreto no. 70.235, de 06 de março de 1972), às devidas apresentação de paradigmas e indicação de divergência, o recurso atende aos requisitos de admissibilidade. Assim, conheço do recurso da Fazenda Nacional. Previamente à análise de mérito, entendo que deva ser considerado o expediente de efl. 259 e seus anexos de efls. 262 a 270 onde se verifica que o contribuinte incluiu os débitos objeto do presente lançamento no parcelamento instituído pela Lei no. 12.810, de 2013 e regulamentado pela pela Portaria Conjunta PGFNRFB no. 3, de 2013 Destarte, com fulcro no art. 2o., da Portaria PGFN/RFB no. 03, de 2013, que regulamentou o parcelamento em questão e, ainda, consoante o disposto no art. 78, § 3o. do Anexo II ao Regimento Interno deste CARF aprovado pela Portaria MF no. 343, de 09 de junho de 2015, resta caracterizada a desistência do sujeito passivo da presente discussão administrativa e a renúncia a qualquer direito sobre o qual se fundou o provimento parcial a quo, inclusive quanto à parcela que permanece em litígio (decadência de períodos anteriores à competência 05/2005), verbis: Fl. 285DF CARF MF Processo nº 11444.000777/201051 Acórdão n.º 9202004.474 CSRFT2 Fl. 286 7 Portaria PGFN/RFB no. 03, de 2013 Art. 2º A inclusão no parcelamento de débitos objeto de discussão administrativa implica desistência da impugnação ou do recurso interposto e, cumulativamente, renúncia a quaisquer alegações de direito sobre as quais se fundamentam as referidas impugnações ou recursos administrativos. RICARF Art. 78. (...) (...) § 3º No caso de desistência, pedido de parcelamento, confissão irretratável de dívida e de extinção sem ressalva de débito, estará configurada renúncia ao direito sobre o qual se funda o recurso interposto pelo sujeito passivo, inclusive na hipótese de já ter ocorrido decisão favorável ao recorrente. Assim, com base no acima disposto, de se declarar a definitividade do crédito tributário relativo à parcela que permanece em litígio (débitos de competência anteriores a 05/2005, inclusive, exonerados pela decadência, os quais passam a restar não decadentes, a partir da aplicação do art. 173, I do CTN na contagem do prazo decadencial, dada a ciência do lançamento ocorrida em 30.06.2010). Destarte, devem os débitos do contribuinte ainda não exonerados pela decisão de 1a. instância, obedecer exatamente os critérios adotados pela autoridade lançadora, sem prejuízo de eventuais benefícios posteriormente aplicáveis por conta da norma regulamentadora do parcelamento em questão. Diante do exposto, voto no sentido de dar provimento ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, para declarar a definitividade dos débitos lançados não exonerados pela decisão de 1a. instãncia de efls. 150 a 154, assim afastada a decadência para os períodos anteriores a 05/2005. É como voto. (assinado digitalmente) Heitor de Souza Lima Junior Fl. 286DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13819.722261/2013-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Apr 12 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Aug 11 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2009
GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO.
Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas.
RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULAMENTE. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL DO CONTRIBUINTE PESSOA FÍSICA. AUSÊNCIA DE ATO DA AUTORIDADE FISCAL. INADEQUAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE DE NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO DE DISCUSSÃO DE GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS.
É impertinente ao processo administrativo fiscal instaurado em virtude de notificação de lançamento oriunda de glosa de despesas médica, a discussão acerca do regime de tributação (se caixa ou competência) quando os rendimentos recebidos foram declarados e tributados via regime de caixa em razão da declaração de ajuste anual apresentada pelo próprio sujeito passivo da notificação de lançamento.
Recurso Voluntário Negado.
Numero da decisão: 2401-004.247
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negar-lhe provimento, nos termos do voto do relator.
André Luís Marsico Lombardi - Presidente
Carlos Alexandre Tortato - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira.
Nome do relator: CARLOS ALEXANDRE TORTATO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF Ano-calendário: 2009 GLOSA DE DEDUÇÃO DE DESPESAS MÉDICAS. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULAMENTE. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL DO CONTRIBUINTE PESSOA FÍSICA. AUSÊNCIA DE ATO DA AUTORIDADE FISCAL. INADEQUAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE DE NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO DE DISCUSSÃO DE GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. É impertinente ao processo administrativo fiscal instaurado em virtude de notificação de lançamento oriunda de glosa de despesas médica, a discussão acerca do regime de tributação (se caixa ou competência) quando os rendimentos recebidos foram declarados e tributados via regime de caixa em razão da declaração de ajuste anual apresentada pelo próprio sujeito passivo da notificação de lançamento. Recurso Voluntário Negado.
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AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. Exigido pela autoridade fiscal documentos que comprovem a efetividade da realização de despesas médicas indicadas pelo contribuinte em sua declaração e ajuste anual, ante a ausência de apresentação de quaisquer documentos, devem ser mantidas a glosas realizadas. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULAMENTE. DECLARAÇÃO DE AJUSTE ANUAL DO CONTRIBUINTE PESSOA FÍSICA. AUSÊNCIA DE ATO DA AUTORIDADE FISCAL. INADEQUAÇÃO DA DISCUSSÃO EM SEDE DE NOTIFICAÇÃO DE LANÇAMENTO DE DISCUSSÃO DE GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. É impertinente ao processo administrativo fiscal instaurado em virtude de notificação de lançamento oriunda de glosa de despesas médica, a discussão acerca do regime de tributação (se caixa ou competência) quando os rendimentos recebidos foram declarados e tributados via regime de caixa em razão da declaração de ajuste anual apresentada pelo próprio sujeito passivo da notificação de lançamento. Recurso Voluntário Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 81 9. 72 22 61 /2 01 3- 34 Fl. 92DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 2 Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, conhecer do recurso voluntário para, no mérito, negarlhe provimento, nos termos do voto do relator. André Luís Marsico Lombardi Presidente Carlos Alexandre Tortato Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros: André Luís Marsico Lombardi, Miriam Denise Xavier Lazarini, Theodoro Vicente Agostinho, Carlos Alexandre Tortato, Maria Cleci Coti Martins, Luciana Matos Pereira Barbosa, Arlindo da Costa e Silva e Rayd Santana Ferreira. Fl. 93DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.722261/201334 Acórdão n.º 2401004.247 S2C4T1 Fl. 93 3 Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face do Acórdão nº. 0827.411 (fls. 86/92), proferido pela Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Fortaleza (DRJ/FOR), que julgou improcedente a impugnação (fls. 03/059) do contribuinte, conforme ementa: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA – IRPF Anocalendário: 2009 DEDUÇÕES. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. Mantémse a glosa do valor das despesas médicas pleiteadas como dedução, haja vista não ter o contribuinte lograr comprovar nos autos a legalidade da dedução. OMISSÃO DE RENDIMENTOS. RENDIMENTOS RECEBIDOS ACUMULADAMENTE. No caso de rendimentos recebidos acumuladamente, até o ano calendário de 2009, o imposto incidirá no mês de recebimento. Impugnação Improcedente Crédito Tributário Mantido A Notificação de Lançamento nº. 2010/821050566397881 de fls. 16/21 exigiu do contribuinte o recolhimento do crédito tributário no valor de R$ 36.254,47, a título de imposto suplementar, acrescido de multa de mora e juros, decorrente da glosa de despesas médicas declaradas pelo contribuinte em sua Declaração de Ajuste Anual. Na Descrição dos Fatos e Enquadramento Legal (fl. 18) a fiscalização informa a glosa de R$ 131.834,45, correspondente à Dedução Indevida de Despesas Médicas, nos seguintes termos: Glosa do valor de R$ 131.834,45, indevidamente deduzido a título de Despesas Médicas, por falta de comprovação, ou por falta de previsão legal para sua dedução, conforme abaixo discriminado: Na sequência, a fiscalização colaciona os valores glosados discriminadamente com nome e valor. Em sede de impugnação (fls. 03/09) o contribuinte autuado alega não ter condições de juntar os comprovantes das despesas médicas por decurso de tempo/prazo e direciona suas razões quanto à ilegalidade/nulidade do lançamento ante ao fato de que os rendimentos recebidos do INSS (montante de R$ 195.766,31) referese a benefício acumulado de aposentadoria requerido em 16 de abril de 1996, cujo pagamento foi realizado somente no anocalendário 2009. Fl. 94DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 4 Assim, o então impugnante evoca que a tributação sobre tal rendimento deveria se dar pelo regime de competência, ou seja, considerando os valores como recebidos a cada mês a que efetivamente se referem, nos termos do art. 12A da Lei nº. 7.713/88. No julgamento da impugnação do Sr. Antonio Fernandez Romero, a DRJ/FOR manteve a glosa de despesas médicas ante a falta de comprovação por parte do então impugnante e, quanto ao pedido de ilegalidade do “lançamento” ante a consideração acumulada dos rendimentos, expõe o entendimento de que até o anocalendário de 2009 o procedimento correto a ser adotado era justamente o lançamento por meio do regime de caixa. Após ser intimado do acórdão da DRJ/FOR em 11/11/2013 (A.R. fl. 55) o ora recorrente apresentou o seu recurso voluntário (fls. 57/71) em 06/12/2013 alegando, em síntese: a) Nulidade do lançamento, ante a desconsideração da apuração dos rendimentos recebidos acumuladamente por meio do regime de competência, nos termos do art. 12A da Lei nº. 7.713/88, bem como a aplicação do art. 106, II, b, do CTN, que determina a utilização de lei mais benéfica ao contribuinte; b) Sobrestamento do julgamento do presente processo administrativo até o julgamento do RE 614.406 em trâmite no Supremo Tribunal Federal, que se julgado procedente quanto à tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente pelo regime de competência, culminará na insubsistência do auto de infração; c) A realização de diligência fiscal para verificação/constatação de que o rendimento recebido pelo recorrente é de fato decorrente de benefícios acumulados. É o relatório. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI Processo nº 13819.722261/201334 Acórdão n.º 2401004.247 S2C4T1 Fl. 94 5 Voto Conselheiro Carlos Alexandre Tortato Relator Admissibilidade O recurso é tempestivo e atende aos requisitos de admissibilidade, assim, dele tomo conhecimento. Mérito Como relatado acima, a Notificação de Lançamento nº. 2010/821050566397881 de fls. 16/21 originase da GLOSA DE DEDUÇÕES INDEVIDAS DE DESPESAS MÉDICAS declaradas pelo próprio contribuinte em sua DIRPF. Já em sede de impugnação, bem como em seu recurso voluntário ora analisado, o recorrente deixa de apresentar quaisquer comprovantes da realização das despesas glosadas sob o fundamento do decurso de prazo para localização da documentação probatória acerca das despesas incorridas. Não apresentou a documentação em sede de impugnação, tampouco em sede de recurso voluntário (protocolado mais de 11 meses depois da peça impugnatória). Desta forma, ante a ausência de razões e a juntada de quaisquer documentos quanto às glosas realizadas, por falta de comprovação das despesas devem ser mantidas as glosas realizadas pela autoridade fiscal. O cerne da questão e a matéria trazida a julgamento em sede de recurso voluntário é a eventual ilegalidade/nulidade/insubsistência do lançamento ante a alegação do recorrente de desconsideração no lançamento da tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente do regime de competência, determinado pelo art. 12A da Lei nº. 7.713/88. Embora a decisão a quo tenha adentrado no mérito da forma de tributação do rendimento recebimento acumuladamente, face às alegações do então impugnante, entendo que a referida questão, qual seja, análise da forma de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, é totalmente estranha ao presente processo administrativo fiscal. A Notificação de Lançamento nº. 2010/821050566397881 originase da GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS, por meio de procedimento de revisão da Declaração de Ajuste Anual do Sr. Antonio Fernandes Romero. Ora, o oferecimento do montante de R$ 195.766,31 à tributação em sua totalidade no anocalendário de 2009 foi realizado pelo próprio contribuinte em sua declaração de ajuste anual. Não há, no presente processo, qualquer lançamento realizado pela autoridade fiscal que tenha apresentado qualquer juízo ou interpretação acerca da tributação sobre rendimentos recebidos acumuladamente. No processo administrativo fiscal ora em epígrafe, a Notificação de Lançamento já mencionada simplesmente realiza a glosa de despesas médicas e os valores Fl. 96DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI 6 utilizados para o cálculo do lançamento de imposto suplementar, ou seja, a base de cálculo da renda tributável no anocalendário de 2009 é justamente aquela indicada pelo Sr. Antonio Fernandes Romero em sua DIRPF. Neste caso, entendo que o presente processo administrativo fiscal não é meio competente para discutir a forma de tributação dos valores levados à tributação pela própria pessoa física autuada, na forma em que entendeu devida, ao passo que não há qualquer ato da autoridade fiscal nesse ponto específico que seja passível de reforma ou análise no bojo deste processo administrativo fiscal. Se o contribuinte entende que realizou de forma equivocada o lançamento do imposto de renda do anocalendário de 2009, cabe a ele realizar a retificação de sua DIRPF e exigir a restituição do imposto de renda indevidamente pago. Todavia, não cabe no ato de notificação de lançamento realizado por verificação de dedução indevida de despesas médicas, inserir a discussão acerca da forma de tributação de valores informados e tributados via regime de caixa pelo próprio contribuinte autuado. Nestes termos, ante a ausência de razões e provas a fim de afastar a glosa das despesas médicas e por entender absolutamente impertinente a discussão quanto ao regime de tributação dos rendimentos recebidos acumuladamente, deve ser negado provimento ao presente recurso voluntário. CONCLUSÃO Ante o exposto, voto por CONHECER E NEGAR PROVIMENTO ao recurso voluntário. É como voto. Carlos Alexandre Tortato. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 11/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 02/08/2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 02/08/ 2016 por CARLOS ALEXANDRE TORTATO, Assinado digitalmente em 03/08/2016 por ANDRE LUIS MARSICO LOMBAR DI
score : 1.0
Numero do processo: 10880.915921/2008-20
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Jun 07 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Aug 17 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Data do fato gerador: 31/03/2000
PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA.
Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67.
Recurso Especial do Contribuinte Negado.
Numero da decisão: 9303-003.967
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento.
Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
Nome do relator: CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Data do fato gerador: 31/03/2000 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do Decreto-Lei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado.
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto - Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto.
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Incidência sobre receitas de vendas a empresas sediadas na ZFM. Recorrente SPECTRUM BRANDS BRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DE BENS DE CONSUMO LTDA Interessado FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS Data do fato gerador: 31/03/2000 PIS e COFINS. RECEITAS DE VENDAS A EMPRESAS SEDIADAS NA ZONA FRANCA DE MANAUS. INCIDÊNCIA. Até julho de 2004 não existe norma que desonere as receitas provenientes de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus das contribuições PIS e COFINS, a isso não bastando o art. 4º do DecretoLei nº 288/67. Recurso Especial do Contribuinte Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, pelo voto de qualidade, negar provimento ao recurso especial. Vencidos os Conselheiros Vanessa Marini Cecconello, Tatiana Midori Migiyama, Demes Brito, Érika Costa Camargos Autran e Maria Teresa Martínez López, que davam provimento. Carlos Alberto Freitas Barreto Presidente e Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Henrique Pinheiro Torres, Tatiana Midori Migiyama, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Gilson Macedo Rosenburg Filho, Érika Costa Camargos Autran, Rodrigo da Costa Pôssas, Vanessa Marini Cecconello, Maria Teresa Martínez López e Carlos Alberto Freitas Barreto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 88 0. 91 59 21 /2 00 8- 20 Fl. 254DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 3 2 Relatório Tratase de recurso especial de divergência interposto pela contribuinte com fulcro nos artigos 64, inciso II e 67 e seguintes do Anexo II do Regimento Interno do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais RICARF, aprovado pela Portaria MF nº 256/09, meio pelo qual busca a reforma do Acórdão nº 3801003.851, que negou provimento ao recurso voluntário. Decidiu o colegiado a quo pela incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Cientificado do mencionado acórdão o sujeito passivo apresentou recurso especial suscitando divergência jurisprudencial quanto à isenção das contribuições sobre as receitas decorrentes de vendas de mercadorias e serviços para empresas com domicílio na Zona Franca de Manaus. O recurso foi admitido por intermédio de despacho do Presidente da Câmara recorrida, e a Fazenda Nacional apresentou contrarrazões. É o relatório, em síntese. Voto Carlos Alberto Freitas Barreto, Relator Este processo foi julgado na sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 9303003.934, de 07/06/2016, proferido no julgamento do processo 10650.902444/201141, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 9303003.934): "A matéria, única, posta ao exame do colegiado não é nova. Com efeito, já tivemos oportunidade de nos pronunciar sobre ela em diversas ocasiões, tendo eu firmado convicção pela inaplicabilidade de qualquer medida desonerativa (seja isenção, imunidade ou alíquota zero) aos fatos geradores anteriores a julho de 2004. No relatório da Dra. Vanessa consta que o contribuinte aduziu em seu recurso: "que: (a) o DecretoLei nº 288/67 equipara os efeitos das operações de venda para a Zona Franca de Manaus às exportações para o estrangeiro, sendolhes aplicáveis as vantagens fiscais estabelecidas pela legislação para as exportações, nos termos do seu art. 4º; (b) o Superior Tribunal de Justiça pacificou o entendimento no sentido da não incidência de PIS sobre as receitas decorrentes das vendas para empresas sediadas na Zona Franca de Manaus; (c) o Supremo Tribunal Fl. 255DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 4 3 Federal, ao proferir liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 2.3489, suspendeu a eficácia da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’, contida no inciso I, do §2º do art. 14 da MP nº 2.03724/00, expressão suprimida do diploma legal pelo Poder Executivo ao editar, na mesma data, a MP nº 2.03725/2000; e, por fim, (d) não incide o PIS para os fatos geradores ocorridos em fevereiro de 2002, tendo em vista a revogação da expressão ‘na Zona Franca de Manaus’ do inciso I, §2º do art. 14 da MP nº 2.03725/2000 e a equiparação dos efeitos fiscais das vendas para a Zona Franca de Manaus às exportações para o exterior". Consideroos todos abarcados no voto que segue, proferido em sessão de 2011, no qual enfrentei ainda outros argumentos. Reconheço haver decisões do STJ em sentido oposto, mas, como nenhuma delas cumpre os requisitos do art. 62 do atual regimento interno desta Casa, peço vênia para continuar teimando. Disseo eu naquela ocasião: Vale iniciálo reenunciando o criativo entendimento da recorrente: a) não há necessidade de previsão legal expressa concessiva da isenção porque o decretolei 288 e o Ato Complementar 35/67 bastam; b) deferida isenção para exportações em geral, a vendas à ZFM está imediata e automaticamente estendida; c) tendo o Ato Complementar à Constituição de 67 a natureza de lei complementar, como pacificado em nossos Tribunais,. nenhuma lei ordinária o poderia revogar; d) a “revogação” pretendida somente vigorou entre ___ e ___, sendo de rigor reconhecer a isenção, ao menos, nos períodos anterior e posterior. Ainda que criativo, o raciocínio desenvolvido na defesa não merece prosperar cabendo a manutenção da decisão recorrida pelos motivos que se expõem em seguida. Em primeiro lugar, a premissa de que o decretolei 288 teria assegurado que todo e qualquer incentivo direcionado a promover as exportações deveria, imediata e automaticamente, ser estendido à Zona Franca de Manaus não resiste sequer ao primeiro dos métodos interpretativos consagradamente admitidos: a literalidade. É que tal extensão somente caberia se o citado decreto tivesse afirmado que as remessas de produtos para a Zona Franca de Manaus são exportação. Nesse caso, a equiparação valeria mesmo para outros efeitos, não fiscais. Poderia, para o que interessa, restringila a “todos os efeitos fiscais”. Se o tivesse feito, dúvida não haveria de que qualquer mudança posterior na legislação que viesse a afetar as exportações, no que tange a tributos, afetaria do mesmo modo e na mesma medida aquela zona. Fl. 256DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 5 4 Mas já foi repetidamente assinalado que o artigo 4º daquele ato legal, embora traga de fato a expressão acima, apôs a ressalva “constantes da legislação em vigor”. Não vejo como essa restrição possa ser entendida de modo diverso do que tem sido interpretado pela Administração: apenas os incentivos às exportações que já vigiam em 1 de fevereiro de 1967 estavam “automaticamente” estendidos à ZFM por força desse comando. E ponho a palavra entre aspas porque nem mesmo o Poder Executivo – e vale assinalar que estamos falando de um período de exceção, em que o Poder executivo quase tudo podia – pareceu estar tão seguro desse automatismo, visto que fez editar, na mesma data, o Ato Complementar 35, cujo artigo 7º assegurou aquela extensão ao ICM. Aliás, da interpretação dada pela recorrente a este último ato também divergimos. Deveras, pretende ela que ele teria alçado ao patamar de lei complementar a equiparação já prevista no decretolei. A meu ver, porém, tudo o que faz é definir com maior precisão o que se entende por produtos industrializados para efeito da não incidência de ICM nas exportações já prevista na Constituição de 67. Defineos no parágrafo 1º, recorrendo à tabela do então criado imposto sobre produtos industrializados (tabela anexa à Lei 4.502). No parágrafo segundo, estende, também para efeito de ICM, aquela imunidade às vendas a zonas francas. Essa interpretação me parece forçosa quando se sabe que, segundo a boa técnica legislativa, os parágrafos de um dado artigo não acrescentam matéria ao disposto no caput, apenas esclarecem sobre o alcance daquela matéria. E ao esclarecer podem impor uma definição restritiva, como no parágrafo primeiro, ou extensiva, como no segundo. O que não pode um simples parágrafo é tratar de matéria que não esteja contida no caput e nos seus incisos. E não parece haver dúvida de que aí apenas se cuida da imunidade do ICM. Assim, o ato legal nem previu imunidade genérica, nem estendeu ao IPI a imunidade do ICM, como afirma a empresa. Ora, se a previsão do decretolei deveria alcançar “todos os efeitos fiscais” e já havia previsão de imunidade de ICM sobre produtos industrializados, para que tal parágrafo no ato complementar? Há, contudo, razões mais profundas do que a mera literalidade. É que a zona franca de Manaus não é meramente uma área livre de restrições aduaneiras, característica das chamadas zonas francas comerciais. O que se buscou com a sua criação foi induzir a instalação naquele distante rincão nacional de empresas de caráter industrial, que gerassem emprego e renda para a região Norte. Para tanto, definiuse um conjunto de incentivos fiscais que, à época de sua criação, seria suficiente, no entender dos seus formuladores, para gerar aquela atração. Tais incentivos, e apenas eles, configuram diferenciação em favor dos produtos importados e industrializados naquela área. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 6 5 Foi essa diferença tributária que induziu a criação do parque industrial que ali se veio a instalar e, assim, é apenas a retirada de algum daqueles incentivos que pode ser taxada de “quebra de contrato”. A contrário senso, novos incentivos fiscais que se venham a instituir podem ou não ser a ela estendidos conforme entenda útil o legislador por ocasião de sua instituição. Isso não se dá automaticamente com os incentivos genéricos à exportação cujo objetivo comum tem sido a geração das divisas imprescindíveis ao pagamento dos compromissos internacionais durante tanto tempo somente alcançáveis por meio das exportações. Por óbvio, a ninguém escapa que vendas à ZFM não geram divisas. Diferentes, pois, os objetivos, nenhum automatismo se justifica. Prova desse raciocínio é que dois anos apenas após a criação da ZFM, inventaram os “legisladores executivos” de então novo incentivo à exportação, o malsinado “crédito prêmio” posteriormente tão combatido nos acordos de livre comércio a que o País aderia. Sua legislação expressamente incluiu a Zona Franca. Fêlo, no entanto, apenas para os casos em que, após serem “exportados” para lá, fossem dali efetivamente exportados para o exterior (“reexportados”, na linguagem do declei). Em outras palavras, já em 1969 dava o executivo provas de que aquela extensão nem era automática, nem tinha que se dar sem qualquer restrição. Logo, ainda que se avance na interpretação da norma, ultrapassando o método literal e adentrandose o histórico e o teleológico, se chega à mesma conclusão: o decretolei 288 apenas determinou a adoção dos incentivos fiscais à exportação já existentes e acresceu incentivos específicos voltados a promover o desenvolvimento da região menos densamente povoada de nosso território. Nessa linha de raciocínio, portanto, há de se buscar na legislação específica do PIS e da COFINS, tributos somente instituídos após a criação da ZFM, dispositivo que preveja alguma forma de desoneração nas vendas àquela região, seja a não incidência, alíquota zero ou isenção. E não se precisa ir longe para ver que ela somente começa a existir em 2004, com a edição da Medida Provisória 202. De fato, a “exclusão das receitas de exportação” da base de cálculo do PIS tratada na Lei 7.714 e a isenção da COFINS sobre receitas de exportação prevista na Lei Complementar 70 e objeto da Lei complementar 85 não incluíram expressamente as vendas à ZFM ainda que tenham estendido o benefício a outras operações equiparadas a exportação. Um exame cuidadoso dessas extensões vai revelar o que se disse acima: todas elas geram, imediata ou mediatamente, divisas internacionais. A conclusão que se impõe, assim, é que não havia, até o surgimento da Medida Provisória 1.858 qualquer benefício fiscal Fl. 258DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 7 6 que desonerasse de PIS e de COFINS as receitas obtidas com a venda de produtos para empresas sediadas na ZFM. É certo que esse entendimento não era uníssono, muita peleja tendo se travado entre o fisco e os contribuintes que pretendiam estarem tais vendas amparadas pelos atos legais mencionados. E essas divergências somente se agravaram com a edição da MP, cuja redação padece de diversas inconsistências. Com efeito, tal MP, que revogou a Lei 7.714 e a Lei Complementar 85, disciplinando por completo a isenção das duas contribuições nas operações de exportação trouxe dispositivo expresso “excluindo” as vendas à ZFM. Isso, por óbvio, aguçou a interpretação de que já havia dispositivo isentivo e que esse dispositivo estava sendo agora revogado. Defendo que não, embora seja forçoso reconhecer que o dispositivo apenas criou desnecessário imbróglio. Com efeito, ouso divergir da conclusão exposta no Parecer PFGN 1789 no sentido de que tal ressalva se destinava apenas aos comandos insertos nos incisos IV, VI, VIII e IX. A razão para tanto é que aí ventilamse hipóteses intrinsecamente ligadas ao objetivo que o ato pretende incentivar: vendas para o exterior que trazem divisas para o país. Refirome aos incisos VIII (vendas com o fim de exportação a trading companies e demais empresas exportadoras) bem como o fornecimento de bordo a embarcações em tráfego internacional (ship’s Chandler). Além disso, a interpretação não apenas retira um incentivo, ela pressupõe um desincentivo: qualquer trading do decretolei 1.248/72, exportadora inscrita na SECEX ou ship’s Chandler instalada em outro ponto do território nacional terá vantagem em relação à que ali se instale. Não faz sentido tal discriminação contra a ZFM. A interpretação dada pela douta PGFN parece buscar um sentido para o comando do parágrafo de modo a não tornálo redundante. Fêlo, todavia, da pior forma, a meu sentir, pois fixouse no método literal esquecendose de considerar o motivo da norma. Realmente, uma cuidadosa leitura do parecer permite ler o artigo, com o respectivo parágrafo segundo, da seguinte forma: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, desde que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) NÃO esteja situada na ZFM. Com a exclusão do parágrafo: há isenção quando se vende com o fim específico de exportação, mesmo que a empresa compradora (trading ou simples exportadora inscrita na SECEX) esteja situada na ZFM. Ora, o objeto da isenção versada nesses dispositivos nada tem a ver com a localização da compradora mas com o que ela faz. É a atividade (exportação com conseqüente ingresso de divisas) que se quer incentivar. O que se tem de decidir é se a mera venda à ZFM, que não gera divisa nenhuma, deve a isso ser equiparado. Foi isso, em meu entender, que o parágrafo quis dizer: não é o que o Parecer da PGFN consegue nele ler. Fl. 259DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 8 7 Em conseqüência desse parecer, surgem decisões como as que ora se examinam: o pedido tinha a ver com venda a ZFM. A decisão abre a possibilidade de que tenha mesmo havido recolhimento indevido, mas por motivo completamente diverso. E mais, atribui ao contribuinte a prova dessa outra circunstância, que não motivara o seu pedido. Nonsense completo. Esse meu reconhecimento implica aceitar que o malsinado parágrafo estava sim se referindo, genericamente, às vendas à ZFM, ou, mais claramente, está ele a dizer que, para efeito do incentivo de PIS e COFINS, a mera venda a empresa sediada na ZFM não se equipara à exportação de que cuida o inciso II do ato legal em discussão. Mas, ao fazêlo, não está revogando dispositivo isentivo anterior: está simplesmente cumprindo o seu papel esclarecedor, ainda que nesse caso melhor fosse nada ter tentado esclarecer... Aliás, idêntico dispositivo esclarecedor poderia ter estado presente na LC 85 e na Lei 7.714 como já estivera no decretolei 491. Com isso, muita discussão travada administrativamente teria sido evitada ou transferida para o Judiciário. É a ausência de tal dispositivo e sua presença na nova lei que cria o imbróglio. Ele não leva, contudo, em minha opinião, à interpretação simplória de que tal ausência implicasse haver isenção. Para isso, primeiro, se tem de admitir que basta o Decretolei 288. Essa interpretação, pareceme, está em maior consonância com o espírito legisferante, pois não faz sentido considerar que uma norma que procura incentivar as exportações tenha instituído uma discriminação contra uma região (região, aliás, que sempre se procurou incentivar) em operações que produzem o mesmo resultado: a geração de divisas internacionais. A minha conclusão é, assim, de que mesmo entre 1º de fevereiro de 1999 e 31 de dezembro de 2000 há, sim, isenção das contribuições naquelas hipóteses, ainda que a empresa esteja situada na ZFM. Em outras palavras, a localização da empresa não é impeditivo à fruição do incentivo à exportação, desde que cumprido o que está previsto naqueles incisos. Mas tampouco há isenção APENAS PORQUE A COMPRADORA LÁ ESTEJA. Nos recursos ora em exame, esse foi o fundamento do pedido e a ele deveria terse restringido a DRJ. Nesses termos, só causa mais imbróglio a afirmação constante no acórdão recorrido de que “haveria direito” no período de 1º de janeiro de 2001 a julho de 2004 mas não estava ele adequadamente comprovado. Simplesmente não há o direito na forma requerida. E por isso mesmo não cabe a pretensão do contribuinte de que a Administração adapte o seu pedido fazendo as pesquisas internas que permitam apurar se alguma das empresas por ele listadas na planilha referida se enquadra naquelas disposições. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO Processo nº 10880.915921/200820 Acórdão n.º 9303003.967 CSRFT3 Fl. 9 8 O máximo que se poderia admitir, dado o teor da decisão, era que, em grau de recurso, trouxesse a empresa tal prova. Não o fez, porém, limitandose a postular a nulidade da decisão porque não determinou aquelas diligências. Não sendo obrigatória a realização de diligências, como se sabe (art. __ do Decreto 70.235), sua ausência não acarreta nulidade da decisão proferida por quem legalmente competente para tal. Cabe sim manter aquela decisão dado que o contribuinte não comprovou o seu direito como lhe exigem o Decreto 70.235, a Lei 9.784 e o próprio Código Civil (art. 333). Com tais considerações, nego provimento ao recurso do contribuinte. Com essas mesmas considerações, votei, também aqui, pelo não provimento do recurso do contribuinte, sendo esse o acórdão que me coube redigir." Aplicandose as razões de decidir, o voto e o resultado acima do processo paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, negase provimento ao recurso especial do contribuinte, em razão da incidência das contribuições sobre as receitas oriundas de vendas efetuadas a empresas sediadas na Zona Franca de Manaus, no período tratado neste processo. Carlos Alberto Freitas Barreto Fl. 261DF CARF MF Impresso em 17/08/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 16/08/2016 por CLEUZA TAKAFUJI, Assinado digitalmente em 16/08/2016 por CARLOS ALBERTO FREITAS BARRETO
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Numero do processo: 10768.019415/99-98
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Wed Jun 29 00:00:00 UTC 2011
Ementa: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL
Ano-calendário: 1996
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. Constatada a tempestividade dos embargos, bem como a efetiva ocorrência de contradição nos fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido, cabe conhecer e acolher os embargos, para retificar tais equívocos.
PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS - PERC. Para fins de deferimento do PERC, a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindo-se a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (ENUNCIADO 37 DA SUMULA DO CARF).
Embargos Conhecidos e Acolhidos. Contradição Sanada.
Numero da decisão: 1402-000.585
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer e acolher os embargos interpostos pela PFN, para sanar contradição, e no mérito retificar o Acórdão 1402-00068,
de 08/12/2009, porém mantendo a decisão do Colegiado no sentido de
dar provimento ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do PERC, nos termos relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Matéria: IRPJ - outros assuntos (ex.: suspenção de isenção/imunidade)
Nome do relator: Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira
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Constatada a tempestividade dos embargos, bem como a efetiva ocorrência de contradição nos fundamentos do voto condutor do acórdão recorrido, cabe conhecer e acolher os embargos, para retificar tais equívocos. PEDIDO DE REVISÃO DE ORDEM DE EMISSÃO DE INCENTIVOS FISCAIS PERC. Para fins de deferimento do PERC, a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72 (ENUNCIADO 37 DA SUMULA DO CARF). Embargos Conhecidos e Acolhidos. Contradição Sanada. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, conhecer e acolher os embargos interpostos pela PFN, para sanar contradição, e no mérito retificar o Acórdão 140200068, de 08/12/2009, porém mantendo a decisão do Colegiado no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do PERC, nos termos relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira Relator (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Fl. 8DF CARF MF Emitido em 18/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE O Assinado digitalmente em 18/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/07/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE O Processo nº 10768.019415/9998 Acórdão n.º 140200.585 S1C4T2 Fl. 2 2 Relatório CARBORIO INDUSTRIA E COMERCIO LTDA recorreu a este Conselho contra a decisão proferida pela DRJ em primeira instância, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo o relatório da decisão recorrida (verbis): Trata o presente processo de Pedido de Revisão de Ordem de Emissão de Incentivos Fiscais – PERC, relativo ao ano calendário de 1996, exercício de 1997, protocolado em 03/05/2002 pelo contribuinte acima identificado (fls. 01 e 02). Conforme dados constantes da ficha 16 – Aplicações em Incentivos Fiscais da Declaração de Informações EconômicoFiscais da Pessoa Jurídica DIPJ (fl. 98), o contribuinte optou por destinar parcela do imposto de renda recolhido para aplicação no FINOR. Todavia, no processamento eletrônico da DIPJ, não foi reconhecido o direito ao incentivo fiscal, conforme se verifica no extrato de fl. 03, o que motivou a apresentação do PERC, que foi indeferido no Despacho Decisório de fls. 208 a 211, em razão de irregularidades do contribuinte perante a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional – PGFN (fls. 201 a 203) e a Secretaria da Receita Federal – SRF (fls. 198 e 200). Contra tal decisão, o contribuinte protocolou, em 24/03/2006, a manifestação de inconformidade de fls. 216 a 221, acompanhada dos documentos de fls. 222 a 365, na qual alega que não possui qualquer irregularidade que impossibilite a concessão dos incentivos fiscais pleiteados, apresentando os seguintes argumentos. i) o processo administrativo nº 16327.003255/200251 se refere a débitos de PIS nos termos dos Decretos nos 2.445/88 e 2.449/88, tendolhe sido proferida decisão favorável no mandado de segurança nº 89.00396161 (fls. 229 a 249); ii) o processo administrativo nº 16327.002262/200155 se refere a débito de IRRF incidente sobre o resgate de aplicação financeira de seus clientes, depositado em juízo em cumprimento de ordem judicial proferida nos autos do mandado de segurança nº 93.00008099 (fls. 250 a 252); iii) o processo administrativo nº 16327.500238/200420 trata de débitos de Cofins, que estão com a exigibilidade suspensa por força de depósitos judiciais. Eles haviam sido indevidamente inscritos em Dívida Ativa da União, tendo a Deinf/SPO decidido pelo cancelamento da inscrição (fls. 253 e 254); iv) o processo administrativo nº 16327.500239/200474 trata de débitos de PIS, que estão com a exigibilidade suspensa em razão de medida liminar concedida no mandado de segurança nº 2000.61.00.0079316. Eles haviam sido indevidamente inscritos em Dívida Ativa da União, tendo a Deinf/SPO decidido pelo cancelamento da inscrição (fl. 255); Fl. 9DF CARF MF Emitido em 18/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE O Assinado digitalmente em 18/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/07/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE O Processo nº 10768.019415/9998 Acórdão n.º 140200.585 S1C4T2 Fl. 3 3 v) o processo administrativo nº 16327.000316/200571 trata de débitos de PIS, que estão com a exigibilidade suspensa em razão de medida liminar concedida no mandado de segurança nº 2000.61.00.0079316 (fls. 256 a 278); vi) o processo administrativo nº 16327.001834/200511 se refere a débitos de CSLL, que não mais existem em função de decisão judicial transitada em julgado nos autos da ação nº 90.00019958 (fls. 279 a 286); vii) os débitos em cobrança SIEF de IOF e de IRPJ são improcedentes, pois foram integralmente pagos ou compensados (fls. 287 a 303); viii) as inscrições em dívida ativa da União nos 80.6.00.00082225, 80.6.02.006660 00, 80.2.04.03428058, 80.4.04.00208639, 80.7.04.01286180, 80.6.04.05542876, 80.4.04.06953212, 80.7.04.02493936, 80.4.05.00017215, 80.6.05.04125408 estão sendo discutidas no mandado de segurança nº 2005.61.00.0039353 (fls. 304 a 317); ix) os débitos referentes à inscrição em dívida ativa da União nº 80.4.06.00066021 foram integralmente pagos ou compensados (fls. 318 a 364). Alega o interessado que a maioria dos débitos em cobrança foram objeto de pedidos de cancelamento apresentados à Secretaria da Receita Federal, os quais aguardam análise. Assim, conclui que o incentivo fiscal pleiteado não pode ser indeferido até que sejam analisados tais recursos. Ante o exposto, requer o interessado seja dado provimento à manifestação de inconformidade, deferindose o PERC. Subsidiariamente, requer seja determinado o sobrestamento do presente processo até o julgamento dos recursos pendentes de análise da Secretaria da Receita Federal e do Poder Judiciário.” . O acórdão proferido pela DRJ traz as seguintes ementas: INCENTIVO FISCAL. FINOR. REQUISITOS. A falta de comprovação da quitação de tributos e contribuições federais, pelo contribuinte, impede o reconhecimento ou a concessão de benefícios ou incentivos fiscais. PROCESSO ADMINISTRATIVO. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. Não há previsão legal para o sobrestamento do julgamento de processo administrativo entre as normas reguladoras do Processo Administrativo Fiscal. Pelo princípio da oficialidade, a administração pública tem o dever de impulsionar o processo até sua decisão final. Aludida decisão foi cientificada em 4/04/2007 (A.R. de fl.390), sendo que no recurso voluntário, interposto em 4/05/2007 (fls. 391398), a recorrente repisa as alegações da peça impugnatória, no sentido de que estava regular perante a SRF e PFN quanto da entrega da DIRPJ/99, portanto, faz jus ao PERC. O recurso foi apreciado na sessão de 08/12/2009 deste Colegiado, sendo proferido o Acórdão 140200.068, que recebeu a seguinte ementa e decisão: IRPJ INCENTIVOS FISCAIS PERC MOMENTO DE COMPROVAÇÃO DE REGULARIDADE FISCAL. O momento no qual deve ser comprovada a Fl. 10DF CARF MF Emitido em 18/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE O Assinado digitalmente em 18/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/07/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE O Processo nº 10768.019415/9998 Acórdão n.º 140200.585 S1C4T2 Fl. 4 4 regularidade fiscal, pelo sujeito passivo, com vistas ao benefício fiscal é a data da apresentação da DIRPJ, quando manifestada a opção pela aplicação nos Fundos de Investimentos correspondentes. Recurso Voluntário Provido Cientificada, a douta PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL apresentou Embargos de Declaração, fls. 1430 e seguintes. Os embargos são tempestivo e atendem os preceitos regimentais (art. 64, inciso I do Regimento Interno do CARF, aprovado pela Portaria MF 256/2009). Aduz a embargante que Aduz a embargante que: A citada Turma considerou que o contribuinte comprovou sua regularidade fiscal com a juntada das certidões de fls. 41 e 330. No entanto, somente esses documentos não atestam que na data da apresentação da DIRPJ, havia a regularidade indispensável para o deferimento do PERC, já que haveria a necessidade também da juntada do Certificado de Regularidade do FGTS, fornecido pela Caixa Econômica Federal (art. 27 da Lei n° 8.036/90) e da Certidão Negativa emitida pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (art. 18, parágrafo único da Norma de Execução SRF/COSAR/n° 06, de 30/04/98). Ademais, cabe enfatizar que os débitos causadores do indeferimento do PERC não se referem apenas ao CNPJ da empresa incorporadora, mas também aos das sociedades empresárias incorporadas. No entanto, observase que essa e. Turma não se pronunciou também sobre a necessidade de se demonstrar a regularidade fiscal à época da data da entrega da DIPJ de todas as empresas envolvidas na incorporação, por meio dos respectivos Certificados de Regularidade do FGTS, fornecidos pela Caixa Econômica Federal, das Certidões Negativas emitidas pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e das Certidões Negativas emitidas pelo INSS. Em face do exposto, requer a Unido (Fazenda Nacional) o conhecimento e o provimento do presente recurso para que haja pronunciamento sobre os referidos pontos omissos do julgado. Mediante despacho de fl. 1433, os embargos foram acolhidos, sendo determinada a reapreciação da matéria pelo colegiado. É sucinto relatório. Fl. 11DF CARF MF Emitido em 18/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE O Assinado digitalmente em 18/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/07/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE O Processo nº 10768.019415/9998 Acórdão n.º 140200.585 S1C4T2 Fl. 5 5 Voto Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira, Relator. Conforme relatado, a douta Procuradoria da Fazenda Nacional apresentou embargos alegando que, ao contrário do que foi registrado no voto condutor do acórdão recorrido, a contribuinte não possuía regularidade fiscal no momento da apresentação da DIPJ, com a opção pela aplicações em fundos de investimentos. Analisando as alegações da embargante, devo reconhecer que há omissão e contradição no voto condutor do acórdão recorrido, à medida em que está asseverado que o contribuinte estava em situação regular na data da apresentação da DIPJ/1997, porém, não foram apontados os documentos dos autos que comprovariam essa assertiva, especialmente quanto ao FGTS e PGFN. Todavia, o fato de a contribuinte não possuir regularidade fiscal em junho de 1997 deixa de ter relevância em face do enunciado nº 37 da súmula do CARF, que estabelece: Para fins de deferimento do Pedido de Revisão de Ordem de Incentivos Fiscais (PERC), a exigência de comprovação de regularidade fiscal deve se ater ao período a que se referir a Declaração de Rendimentos da Pessoa Jurídica na qual se deu a opção pelo incentivo, admitindose a prova da quitação em qualquer momento do processo administrativo, nos termos do Decreto nº 70.235/72. (grifei). Considerando que o sentido da lei não é impedir que o contribuinte em débito usufrua o benefício, mas sim, condicionar seu gozo à quitação do débito, portanto, caberia ao Fisco fazer prova de que o contribuinte estava em situação irregular na data da apresentação do DIPJ/1997 e não o contrario. No presente caso não há prova de que o contribuinte está em situação irregular na data da apresentação da DIPJ em junho de 1997, logo, essa questão deve mesmo ser superada. Diante do exposto voto no sentido de conhecer e acolher os embargos interpostos pela PFN, para sanar contradição, e no mérito retificar o Acórdão 140200068, de 08/12/2009, porém mantendo a decisão do Colegiado no sentido de dar provimento ao recurso voluntário, determinando o retorno dos autos à Unidade de origem para prosseguimento na análise do PERC, considerando a regularidade fiscal do contribuinte na data opção. (assinado digitalmente) Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira Fl. 12DF CARF MF Emitido em 18/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 16/07/2011 por LEONARDO HENRIQUE MAGALHAES DE O Assinado digitalmente em 18/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 16/07/2011 por LEONARDO HENR IQUE MAGALHAES DE O
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Numero do processo: 19515.722673/2013-75
Turma: Segunda Turma Ordinária da Terceira Câmara da Terceira Seção
Câmara: Terceira Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Mon Oct 03 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Ano-calendário: 2008
DECADÊNCIA. REGRA GERAL.
Constatado inexistência de pagamento por parte da Recorrente, aplica-se ao caso o disposto no artigo inciso I do art. 173 do CTN. No caso os pagamentos efetivados pela empresa incorporada, cujo saldo posteriormente foi transferido para recorrente, empresa incorporadora, não possui o condão de justificar o período anterior a incorporação, pois até então se tratava de duas pessoas jurídicas distintas.
NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO.
Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não-cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes.
Recurso Provido.
Numero da decisão: 3302-003.342
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. Sustetou pela Recorrente o dr. Leiner Salmaso Salinas - OAB 185.499 SP.
Ricardo Paulo Rosa - Presidente.
Domingos de Sá Filho - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo.
Nome do relator: DOMINGOS DE SA FILHO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins Ano-calendário: 2008 DECADÊNCIA. REGRA GERAL. Constatado inexistência de pagamento por parte da Recorrente, aplica-se ao caso o disposto no artigo inciso I do art. 173 do CTN. No caso os pagamentos efetivados pela empresa incorporada, cujo saldo posteriormente foi transferido para recorrente, empresa incorporadora, não possui o condão de justificar o período anterior a incorporação, pois até então se tratava de duas pessoas jurídicas distintas. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social não-cumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Recurso Provido.
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REGRA GERAL. Constatado inexistência de pagamento por parte da Recorrente, aplicase ao caso o disposto no artigo inciso I do art. 173 do CTN. No caso os pagamentos efetivados pela empresa incorporada, cujo saldo posteriormente foi transferido para recorrente, empresa incorporadora, não possui o condão de justificar o período anterior a incorporação, pois até então se tratava de duas pessoas jurídicas distintas. NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social nãocumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Recurso Provido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, rejeitar a prejudicial de decadência e, no mérito, dar provimento ao recurso voluntário. Sustetou pela Recorrente o dr. Leiner Salmaso Salinas OAB 185.499 –SP. Ricardo Paulo Rosa Presidente. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 51 5. 72 26 73 /2 01 3- 75 Fl. 3078DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 2 Domingos de Sá Filho Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros: Ricardo Paulo Rosa (presidente), Jose Fernandes do Nascimento, Domingos de Sá Filho (relator), Maria do Socorro Ferreira Aguiar, Lenisa Rodrigues Prado, Paulo Guilherme Deroulede, Sarah Maria Linhares de Araujo e Walker Araujo. Relatório Cuida de Recurso Voluntário interposto com o objetivo de modificar a decisão de piso que manteve na integra o lançamento das contribuições para o PIS e a COFINS referente ao ano calendário de 2008. A contenda gira em torno dos créditos apurados pela sistemática da não cumulatividade sobre os custos decorrentes de pagamento de licenças adquiridas para a reprodução, comercialização de gravações de músicas e áudios protegidos por direitos autorais, bem como, encartes gráficos correspondentes, declarados no DACON como sendo prestação de serviços tomados pela contribuinte. A fiscalização conceitua “direitos autorais” como espécie de “royalties” e no seu entendimento diferente de “serviços técnico” e “assistência técnica”, que são prestação de serviços e passíveis de gerarem crédito na apuração das contribuições para o PIS e a COFINS, para tanto, fundase nas disposições da Instrução Normativa SRF nº 252, de 03 de dezembro de 2002, que dispõe: “Art. 17 – As importâncias pagas, creditadas, entregues, empregadas ou remetidas à pessoa jurídica domiciliada no exterior a título de royalties de qualquer natureza e de remuneração de serviços técnicos e de assistência técnica, administrativa e semelhantes sujeitamse à incidência do imposto na fonte à alíquota de quinze por cento. § 1º Para fins do disposto no caput: I – classificamse como royalties os rendimentos de qualquer espécie decorrentes do uso, fruição, exploração de direitos, tais como: d) exploração de direitos autorais, salvo quando recebidos pelo autor ou criador do bem ou obra: ”” Conclui o raciocínio acompanhando o contido na Solução de Divergência nº 14 de 28 de abril de 2011, que trata da impossibilidade de se considerar direitos autorais insumos necessários capazes de gerarem direito a descontar crédito em razão de que no caso de bens, para que estes possam ser considerados insumos, é necessário que sejam consumidos ou sofram desgaste, dano ou perda de propriedades físicas ou químicas em função da ação diretamente exercida sobre o serviço que está sendo prestado ou sobre o bem ou produto que está sendo fabricado, o que não ocorreria no caso dos direitos autorais. Fl. 3079DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722673/201375 Acórdão n.º 3302003.342 S3C3T2 Fl. 11 3 Esclarece no Termo de Verificação Fiscal que o lançamento dáse conforme disposição do inciso I, do art. 173 do CTN e não pelo inciso 4º do art. 150 por ausência de pagamento parcial. Contrapondo a posição do fisco, sustenta a Recorrente que os pagamentos efetivados a título de direito autoral é considerado insumos nos termos da legislação, Leis nºs 10.637/2002 e 10.833/2003, assegura que bens e serviços se amoldam ao inciso II do art. 2º dos diplomas legais mencionados por tratarse insumo essencial e imprescindível a produção dos produtos por ela elaborados. Assevera que o direito autoral é bem móvel, passível de autorização para exploração econômica em processo de reprodução (industrialização) e submetida a regime de controle de numero de exemplares. Aduz, também, decadência do direito da Fazenda lançar até a competência de novembro de 2008. Demonstra seu inconformismo com a glosa do saldo de crédito de 31 de dezembro de 2007 provenientes da incorporação da empresa SONOPRESS da AMAZÔNIA, declarados na “linha 11 Crédito Remanescente” da ficha 14 do PIS, glosado ao fundamento de ser decorrente também de pagamento de direitos autorais. Alega, ainda, nulidade pelo fato da fiscalização não decompor o saldo, simplesmente gozando todo o valor sem considerar os meses de apuração. Assim, o montante do saldo incorporado estava acobertado pela homologação tácita, haja vista, serem de 2007, considerando que tomou ciência formalmente do auto de infração somente em 02 de dezembro de 2013 (segunda feira), vez que, a entrega da correspondência ocorreu em 30 de novembro de 2013, dia de sábado, período no qual não há expediente na Receita Federal, como dispõe o art. 5º do Decreto nº 70.235/71: “Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. Parágrafo único – Os prazo só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.” Sustenta, contrário do que afirma a DRJ/CGE, houve recolhimento parcial de PIS e de COFINS, e, por isso, o prazo decadencial deve ser aquele disposto art. 150, §4º, do CTN, que a empresa SONOPRESS DA AMAZÔNIA” realizou recolhimentos das contribuições em 2007 e 2008 (fls. 2.247/2.609), por essa razão se sujeita à regra insculpida no art. 150, §4º. Em síntese, a glosa dá com base em Soluções de Consultas trazidas a lume pelo auditor encarregado do lançamento, levou à conclusão de que os valores pagos em decorrência de cessão contratual de direito autorais por ausência de previsão legal, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/PASSEP e a COFINS. É o que se tinha relatar. Fl. 3080DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 4 Voto Conselheiro Domingos de Sá Filho, Relator. Cuidase de recurso tempestivo e atende os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual se toma conhecimento. Há alegação inicial prejudicial ao exame de mérito, impondo averiguar de pronto essa questão. Sustenta a caducidade do direito da Fazenda Nacional constituir o crédito tributário até a competência de novembro de 2008, considerando a ciência de o lançamento ter ocorrido em 02 de dezembro de 2013. Precisa preliminarmente desvendar se o fato da intimação tiver sido entregue em dia sem expediente na repartição pública, Receita Federal, adia o inicio da contagem para o primeiro dia útil, in casu, 02 de dezembro de 2013. Nesse ponto com razão a contribuinte, recebido a intimação em dia de sábado, notoriamente se sabe da inexistência de expediente normal, sendo assim, a contagem inicia no primeiro dia útil por força da norma disposta no art. 5º, § único: “Art. 5º Os prazos serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento. “Parágrafo único – Os prazos só se iniciam ou vencem no dia de expediente normal no órgão em que corra o processo ou deva ser praticado o ato.” Inferese das alegações em relação ocorrência da perda do prazo de constituição do crédito tributário, dois embasamentos, a primeira não só se refere o próprio lapso temporal, mas também a existência de saldo credor no período, e, o segundo da existência de pagamento efetivado pela empresa incorporada, Sonopress da Amazonas Ltda. Constatado que ciência do auto de infração ocorreu em dezembro de 2013, e, tratase lançamento por homologação por se tratar de contribuições cuja legislação atribui ao sujeito passivo o dever de apurar e antecipar o pagamento, o lapso temporal da perda do direito de constituir o crédito tributário constase do fato gerador. No entanto, aplicação do prazo fixado pelo artigo 150, parágrafo 4º do CTN exige cumprimento de uma condição ocorrência de pagamento, sem o qual se aplica a regra geral disposta pelo inciso I, do art. 173 do CTN. Nesse passo precisa dirimir se os pagamentos efetuados pela empresa incorporada, no mesmo período, isto é, janeiro de 2008 a novembro de 2008, beneficia a incorporadora. A incorporação pelo contribuinte, Recorrente, da empresa SONOPRESS RIMO DA AMAZÔNIA INDÚSTRIA E COMÉRCIO FONOGRÁFICA LTDA., aconteceu em 09 de abril de 2008. Tenho que os pagamentos realizados pela empresa incorporada não se estende a incorporadora, pois até o advento da incorporação tratava de duas pessoas jurídicas distintas, apenas lastrea o saldo transferido por força da incorporação. Em sendo assim, até a competência de março de 2008 a Recorrente não possui saldo credor a descontar, diante da inexistência de pagamento antecipado, o prazo Fl. 3081DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722673/201375 Acórdão n.º 3302003.342 S3C3T2 Fl. 12 5 decadencial para o lançamento do tributo devido e das eventuais diferenças é de cinco anos a contar não do fato gerador, mas sim do primeiro dia do exercício seguinte aquele em que podia lançamento ter sido efetuado. Portanto, não há dúvida alguma de que não houve perda de prazo em relação aos fatos geradores de janeiro a novembro de 2008 pela Fazenda Nacional. DECISÃO NÃO HÁ DECADÊNCIA. Portanto, deve ser restabelecida a glosa do saldo de créditos provenientes da incorporada SONOPRESS DA AMAZÔNIA, nos montantes glosados destinados para o PIS e COFINS, respectivamente, como constata no DACON, visto que, a fiscalização apenas os desconsiderou ao argumento de ter sido constituído em créditos de mesma natureza e origem das despesas não aceitas como créditos em 2008, por essa razão foram glosados. No tocante alegação da existência de saldo credor, o que pode ser considerado pagamento para efeito contagem do prazo decadencial do parágrafo 4º do art. 150 do CTN, não vislumbro essa certeza, visto que, independentemente do saldo credor inicial, isso é, 01 de janeiro de 2008, o crédito apurado em cada mês é objeto de glosa, dando lugar ao lançamento efetivado por meio do auto de infração. NO MÉRITO. A matéria de fundo se refere à glosa dos créditos referentes às despesas de direito autorais, ao entender do Fisco as aludidas despesas incorridas não se constituem em créditos aceitáveis na apuração do PIS e a COFINS pelo regime da não cumulatividade. Dá leitura do Termo de Verificação Fiscal, o juízo formado para não aceitação do crédito apurado decorre de várias Soluções de Consultas trazidas a lume pelo auditor encarregado do lançamento, levou à conclusão de que os valores pagos em decorrência de cessão contratual de direito autorais, por ausência de previsão legal, não geram direito à apuração de créditos a serem descontados da Contribuição para o PIS/PASSEP e a COFINS. O Fisco não contesta o conteúdo dos contratos, bem como, os pagamentos efetivados a títulos de pagamento por utilização dos direitos autorais, assim como, o Contribuinte não impugna os valores apontados no auto de infração. Vêse do disposto no art. 3º, II, da Lei nº 10.637/2002, e art. 3º, II, da Lei nº 10,.833/2003: “Art. 3oDo valor apurado na forma do art. 2oa pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: II bens e serviços, utilizados como insumo na prestação de serviços e na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda, inclusive combustíveis e lubrificantes, exceto em relação ao pagamento de que trata o art. 2o da Lei no 10.485, de 3 de julho de 2002, devido pelo fabricante ou importador, ao concessionário, pela intermediação ou entrega dos veículos classificados nas posições 87.03 e 87.04 da TIPI; (Redação dada pela Lei nº 10.865, de 2004).” Fl. 3082DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 6 A Recorrente é empresa, conforme descrição no “TVF” (fls.1588/1605), com autuação em 2008 no ramo fonográfico com fabricação e comercialização de CDs e DVDs músicas, e os encartes correlatos, sob licenciamento das detentoras dos direitos autorais de tais obras no mercado nacional. A doutrina, bem como, jurisprudência forense vem sedimentando os julgados diante da complexidade de se adotar premissa quanto ao conceito de insumo a ser aplicado ao caso do PIS e da COFINS para definir o que são custos necessários, vemse adotando critério de que esses devem estar umbilicalmente vinculados à necessidade do gasto à aferição da receita tributável, sendo assim, não seja o Fisco com arrimo na legislação do IPI, restritivo, também não seja do Contribuinte, conceito alargado, de que é insumo para descontar crédito da Contribuição para o PIS e a COFINS. Nessa linha de pensamento, adotar posicionamento do Conselheiro Alexandre Kern, bem como, do Conselheiro Rosaldo, aqui transcrito: “Todavia, penso não ser possível que a sistemática das Contribuições Sociais nãocumulativas colha o conceito de "insumos" adotado pela legislação própria do IPI, porque o legislador ordinário simplesmente não fez essa importação. Cabe enfatizar: nas leis que tratam do PIS/Pasep e Cofins não cumulativos, não há remissão a qualquer arcabouço normativo em vigor para se colher o conceito de "insumos". A nãocumulatividade das Contribuições Sociais apresenta perfil totalmente diverso daquela atinente ao IPI, visto que a previsão legal possibilita a dedução dos valores de determinados bens e serviços suportados pela pessoa jurídica dos valores a serem recolhidos a título dessas contribuições, calculados pela aplicação da alíquota correspondente sobre a totalidade das receitas por ela auferidas. Como se verifica, na técnica de arrecadação dessas contribuições, não há propriamente um mecanismo nãocumulativo, decorrente do creditamento de valores das entradas de bens que sofrerão nova incidência em etapa posterior da cadeia produtiva, nos moldes do que existe para o IPI, tributo geneticamente informado pelo princípio. As próprias Leis Instituidoras elasteceram a definição de "insumos", ao admitir que prestação de serviços seja considerada como tal, verdadeira heresia no regime do IPI. Ressaltase, ainda, que a nãocumulatividade do PIS e da Cofins não tem por objetivo eliminar o ônus destas contribuições apenas no processo fabril, visto que a incidência destas exações não se limita às pessoas jurídicas industriais, mas a todas as pessoas jurídicas que aufiram receitas, inclusive prestadoras de serviços (excetuandose as pessoas jurídicas que permanecem vinculadas ao regime cumulativo elencadas nos artigos 8º da Lei nº 10.637, de 2002, e 10 da Lei nº 10.833, de 2003), o que dá maior extensão ao contexto normativo desta contribuição do que aquele atribuído ao IPI. A utilização da legislação do IR, como pretendem o recorrente, parcela da doutrina e a jurisprudência marginal do CARF, também encontra o óbice do excessivo alargamento do conceito de "insumos" ao equiparálo ao conceito contábil de "custos e despesas operacionais" que abarca todos os custos e despesas que contribuem para a produção de uma empresa, perdendo a conceituação uma desejável proximidade ao processo produtivo e à atividadefim, que é o que se intenta desonerar, passandose a desonerar o produtor como um todo e não especificamente o Fl. 3083DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722673/201375 Acórdão n.º 3302003.342 S3C3T2 Fl. 13 7 processo produtivo. Com efeito, o conceito de “insumos” não é próprio da legislação do Imposto de Renda que faz uso de termos jurídicocontábeis, a exemplo dos termos “Custos de mercadorias ou serviços” e “Despesa Operacional”. Sob o signo “Despesas Operacionais” se encontra uma miríade de despesas que sequer se aproximam de um conceito formulado pelo senso comum de “insumos”. Inclinome pelo conceito de insumo deduzido no voto condutor do REsp nº 1.246.317 MG (2011/00668193). Nele, o Ministro Mauro Campbell Marques interpreta que, da dicção do inc. II do art. 3º tanto da Lei nº 10.637, de 2002, quanto da Lei nº 10.833, de 2003, extraise que nem todos os bens ou serviços, utilizados na produção ou fabricação de bens geram o direito ao creditamento pretendido. É necessário que essa utilização se dê na qualidade de "insumo" ("utilizados como insumo"). Isto significa que a qualidade de "insumo" é algo a mais que a mera utilização na produção ou fabricação, o que também afasta a utilização dos conceitos de "Custos e Despesas Operacionais" inerentes ao IR. Não basta, portanto, que o bem ou serviço seja necessário ao processo produtivo, é preciso algo a mais, algo mais específico e íntimo ao processo produtivo. As leis, exemplificativamente, mencionam que se inserem no conceito de “insumos” para efeitos de creditamento: serviços utilizados na prestação de serviços; serviços utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; bens utilizados na prestação de serviços; bens utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda; combustíveis e lubrificantes utilizados na prestação de serviços; combustíveis e lubrificantes utilizados na produção ou fabricação de bens ou produtos destinados à venda. O Min. Campbell Marques extrai o que há de nuclear da definição de “insumos” para efeito de creditamento e conclui: o bem ou serviço tenha sido adquirido para ser utilizado na prestação do serviço ou na produção, ou para viabilizálos pertinência ao processo produtivo; a produção ou prestação do serviço dependa daquela aquisição essencialidade ao processo produtivo; e não se faz necessário o consumo do bem ou a prestação do serviço em contato direto com o produto possibilidade de emprego indireto no processo produtivo. Explica ainda que, não basta, que o bem ou serviço tenha alguma utilidade no processo produtivo ou na prestação de serviço: é preciso que ele seja essencial. É preciso que a sua subtração importe na impossibilidade mesma da prestação do Fl. 3084DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 8 serviço ou da produção, isto é, obste a atividade da empresa, ou implique em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultante. O voto conclui, deduzindo o conceito de insumos que se extraído da teleologia da própria norma para os casos ali não expressos: insumos, para efeitos do art. 3º, II, da Lei nº 10.637, de 2002, e art. 3º, II, da Lei nº 10.833, de 2003, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade da empresa, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Ilustro: Acórdão nº 3403002.783, de 25 de fevereiro de 2014, Cons. Rosaldo Trevisan: ASSUNTO:CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração:01/10/2008 a 31/12/2008 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. CRÉDITOS DE ICMS CEDIDOS A TERCEIROS .NÃO INCIDÊNCIA. RE 606.107/RSRG. Não incidem a Contribuição para o PIS/PASEP e a COFINS sobre créditos de ICMS cedidos a terceiros, conforme decidiu definitivamente o pleno do STF no RE no 606.107/RS, de reconhecida repercussão geral, decisão esta que deve ser reproduzida por este CARF, em respeito ao disposto no art.62 A de seu Regimento Interno. CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Nãocumulatividade. INSUMO. CONCEITO. O conceito de insumo na legislação referente à Contribuição para o PIS/PASEP e à COFINS não guarda correspondência com o extraído da legislação do IPI (demasiadamente restritivo) ou do IR (excessivamente alargado). Em atendimento ao comando legal, o insumo deve ser necessário ao processo produtivo/fabril, e, consequentemente, à obtenção do produto final. São exemplos de insumos os combustíveis utilizados em caminhões da empresa para transporte de matérias primas, produtos intermediários e embalagens entre seus estabelecimentos, e as despesas de remoção de resíduos industriais. Por outro lado, não constituem insumos os combustíveis utilizados em veículos da empresa que transportam funcionários. Acórdão nº 3403002.389, de 25 de julho de 2013, Cons. Alexandre Kern: ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 INTIMAÇÃO ENDEREÇADA AO ADVOGADO. Fl. 3085DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA Processo nº 19515.722673/201375 Acórdão n.º 3302003.342 S3C3T2 Fl. 14 9 Dada a existência de determinação legal expressa em sentido contrário, indefere se o pedido de endereçamento das intimações ao escritório do procurador. PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. ALEGAÇÕES E PROVAS APRESENTADAS SOMENTE NO RECURSO. PRECLUSÃO. A prova documental deve ser apresentada na reclamação, precluindo o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual a não ser em casos excepcionais em que demonstre a impossibilidade de têlo feito naquela oportunidade. Consideramse precluídos, não se tomando conhecimento, os argumentos e provas não submetidos ao julgamento de primeira instância, apresentados somente na fase recursal. ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP Período de apuração: 01/04/2005 a 30/06/2005 NÃO CUMULATIVIDADE. CRÉDITOS. INSUMOS. CONCEITO. Insumos, para fins de creditamento da Contribuição Social nãocumulativa, são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. Caixas de cartão corrugado, bobina papelão ondulado, diversos tamanhos de caixas, calços, bup de isopor, empregados em embalagens para transporte dos produtos fabricados, guardam relação de pertinência e essencialidade com o processo de fabricação de móveis e ensejam o creditamento com base nos gastos efetivamente comprovados. Em relação aos combustíveis e lubrificantes, o direito de crédito deve ser reconhecido na parte em que foram aplicados na atividade produtiva, visto que a escrituração contábil permite identificar o valor do que foi aplicado especificamente em tratores, carregadeiras e empilhadeiras. Recurso Voluntário Provido em Parte Direito Creditório Reconhecido em Parte”. No contexto desse processo produtivo, passase a analisar casuisticamente os créditos vindicados, e, por tratarse de único item controvertido no recurso voluntário, pagamento do direito de uso na fabricação de “CDs”, passase análise do direito à tomada de crédito sobre o custo incorrido. Como resta claro nos votos e acórdãos mencionados acima, os insumos a autorizar a tomada de créditos são todos aqueles bens e serviços pertinentes ao, ou que viabilizam o processo produtivo e a prestação de serviços, que neles possam ser direta ou indiretamente empregados e cuja subtração importa na impossibilidade mesma da prestação do Fl. 3086DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA 10 serviço ou da produção, isto é, cuja subtração obsta a atividade empresária, ou implica em substancial perda de qualidade do produto ou serviço daí resultantes. No caso concreto, a produção dos bens pela Recorrente depende de autorização dos detentores dos direitos autorais, jamais poderia ela fabricar “CD” e “DVDs musicais, utilizar os encartes correlatos, sob licenciamento das detentoras dos direito autorais de tais obras. Tanto é assim, para exploração econômica em processo de reprodução (industrialização) e submetida a regime de controle de numero de exemplares, por essa razão a outorga do direito de uso configura matéria prima e essencial a atividade da Recorrente, sem a qual estaria fadada sucumbir, porque, a final se não adquirir, mesmo temporário, o bem, aqui o direito de uso, é certo que teria e terá a sua continuidade prejudicada por não ter como levar adiante o seu processo de produção. Também inexiste espaço para dizer que o direito autoral não é bem passível de alienação, e, de cessão onerosa e gratuita. Constatada cessão contratual de direitos autorais a título oneroso, fazem jus à contribuinte tomada de crédito gerado sobre os pagamentos ocorridos, descontado os créditos da Contribuição devida para o PIS/PASSEP e a COFINS. Com essas considerações inclino acudir o voluntário e reverter à glosa. Diante do exposto, dou provimento ao recurso saldo credor transferido da empresa incorporada pela incorporadora por ter decorrido lapso temporal superior a constituição do crédito e no mérito por considerar a cessão contratual de direito autorais onerosos, bens capazes de gerarem direito a tomada de crédito a descontar das contribuições para o PIS e a COFINS. É como voto. Domingos de Sá Filho Fl. 3087DF CARF MF Impresso em 03/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 23/09/2016 por DOMINGOS DE SA FILHO, Assinado digitalmente em 25/09/2016 por RICARDO PAULO ROSA
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Numero do processo: 10783.722945/2011-31
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Oct 06 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011
PIS/COFINS. Regime Não Cumulativo. Desconto de Crédito. Simulação.
Comprovada a existência de simulação, na qual o negócio simulado é a aquisição de café de pessoas jurídicas e o negócio dissimulado é a aquisição de café de pessoas físicas, realizada com o intuito de majorar os créditos a serem descontados no regime da não-cumulatividade do PIS/COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte, mantendo-se, todavia, os efeitos fiscais da operação dissimulada, aquisição junto a pessoas físicas.
Numero da decisão: 3401-003.223
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarou-se suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto.
Rosaldo Trevisan - Presidente Substituto.
Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarou-se suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto. Rosaldo Trevisan - Presidente Substituto. Augusto Fiel Jorge d' Oliveira - Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
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Regime Não Cumulativo. Desconto de Crédito. Simulação. Comprovada a existência de simulação, na qual o negócio simulado é a aquisição de café de pessoas jurídicas e o negócio dissimulado é a aquisição de café de pessoas físicas, realizada com o intuito de majorar os créditos a serem descontados no regime da nãocumulatividade do PIS/COFINS, deve ser mantida a glosa dos créditos ilegitimamente descontados pelo contribuinte, mantendose, todavia, os efeitos fiscais da operação dissimulada, aquisição junto a pessoas físicas. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, dar provimento parcial ao Recurso Voluntário para afastar o lançamento em relação às aquisições das seguintes pessoas: Albertino Isaias da Silva, Coffee Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. O Conselheiro Fenelon Moscoso de Almeida dava provimento em menor extensão, restrito às pessoas: Albertino Isaias da Silva, Com. de café d' Cristo, Dário de Souza Veiga e Denerson de Souza Teixeira. Declarouse suspeito o Conselheiro Robson José Bayerl. Presidiu o julgamento o Conselheiro Rosaldo Trevisan, Presidente Substituto. Rosaldo Trevisan Presidente Substituto. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 78 3. 72 29 45 /2 01 1- 31 Fl. 2268DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 2 Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rosaldo Trevisan (Presidente Substituto), Augusto Fiel Jorge d'Oliveira, Eloy Eros da Silva Nogueira, Cléber Magalhães, Fenelon Moscoso De Almeida, Rodolfo Tsuboi e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório A Recorrente tem como objeto social o comércio atacadista de café em grão, beneficiamento e comercialização de produtos agrícolas, em especial, café em grão e cacau em amêndoas, realizando a venda do café tanto no mercado interno quanto externo. Em extensa fiscalização, realizada inicialmente pela Delegacia da Receita Federal do Brasil em Vitória, denominada Operação “Tempo de Colheita”, e após em parceria com o Ministério Público Federal e Polícia Federal, denominada “Operação Broca”, que envolveu não apenas a Recorrente, mas também outras empresas que atuam no ramo do café no Estado do Espírito Santo, o Fisco concluiu que a Recorrente teria lançado mão de um artifício disseminado por todo aquele Estado, que consistiria na interposição fraudulenta de “pseudo atacadistas empresas de fachada” para dissimular vendas de café de pessoas físicas para empresas exportadoras e torrefadoras, com o objetivo de gerar, de forma ilícita, créditos integrais de PIS/COFINS (9,25% sobre o valor da nota) na sistemática da nãocumulatividade. Segundo apurado pela Fiscalização, como regra geral, a Recorrente adquiria o café diretamente de fornecedores pessoas físicas, produtores. Porém, um evento teria afetado as operações de fornecimento para a Recorrente e para a grande maioria das empresas que atuam no setor cafeeiro no Estado do Espírito Santo: a majoração da carga tributária do setor, com o advento do regime da não cumulatividade do PIS/COFINS, que aumentou a alíquota dessas contribuições em mais de 250% (duzentos e cinqüenta por cento) e, em contrapartida, permitiu aos contribuintes o desconto de crédito dentro das prescrições da Lei. No âmbito do regime da nãocumulatividade, introduzido a partir de dezembro de 2002 para o PIS e a partir de fevereiro de 2004 para a COFINS, as aquisições de café junto a pessoas jurídicas geram um crédito integral, equivalente a 9,25% (nove vírgula vinte e cinco por cento) do valor da nota, ao passo que as aquisições de café junto a pessoas físicas, a partir de 01/08/2004, geram um crédito presumido de 35% (trinta e cinco por cento), equivalente a 3,2375% do valor da nota. Nesse contexto, a Recorrente teria continuado a adquirir o café de pessoas físicas, porém, teria simulado que as aquisições de café se deram junto a pessoas jurídicas. Diante disso, o Fisco desconsiderou os efeitos do negócio jurídico tido como simulado, tomada de crédito de PIS/COFINS na compra e venda realizada junto a pessoas jurídicas, e realizou um trabalho de recomposição dos créditos a descontar da Recorrente, no qual ainda considerou os créditos presumidos do negócio jurídico que entendeu ter ocorrido na realidade, compra e venda de pessoa física. Como resultado, foi lavrado, em 16/08/2011, auto de infração para cobrança de crédito tributário no valor de R$ 18.558.371,99 (dezoito milhões, Fl. 2269DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.268 3 quinhentos e cinquenta e oito mil, trezentos e setenta e um reais e noventa e nove centavos), correspondente a: falta/insuficiência de recolhimento do PIS/COFINS; e multas isoladas sobre o valor do débito indevidamente compensado e sobre o valor do crédito objeto de pedido de ressarcimento indeferido/indevido. A multa de ofício foi aplicada no percentual de 150% (cento e cinquenta por cento), nos termos do artigo 44, inciso I, parágrafo 1º, da Lei nº 9.430/1996, por ter a Recorrente “prestado declaração falsa às autoridades fazendárias e fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos em documento ou livro exigido pela lei fiscal” e “utilizado documento que saiba ou deva saber falso ou inexato”. A Recorrente foi cientificada do lançamento em 22/08/2011, apresentando Impugnação no dia 21/07/2011, pela qual pediu a invalidação do auto de infração ou o reconhecimento da insubsistência da cobrança do crédito tributário, sob os seguintes argumentos: (i) desrespeito ao prazo máximo de validade do mandado de procedimento fiscal; (ii) nulidade dos elementos de convicção colhidos diante da aplicabilidade da doutrina dos frutos da árvore envenenada; (iii) nulidade por cerceamento de defesa, pois a Recorrente não participou da produção de prova testemunhal consistente em depoimentos prestados na fase de fiscalização; (iv) os créditos de PIS/COFINS teriam sido apurados corretamente, tal como preceitua o artigo 3º, parágrafo 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003; (v) a Recorrente é pessoa jurídica de direito privado e, desse modo, não detém poder de polícia, de modo que seria desarrazoado transferir ao particular o ônus de verificar a regularidade fiscal de suas fornecedoras, cuja competência é da Secretaria da Receita Federal; (vi) que o ordenamento jurídico protegeria os adquirente de boafé, na hipótese de comprovação de emissão da nota fiscal e da realização do pagamento; (vii) ausência de interposição fraudulenta, em razão da inexistência de provas em relação à Recorrente; (viii) ausência de responsabilidade solidária, o que levaria ao deferimento de compensação/ressarcimento; e (ix) a multa qualificada de 150% (cento e cinquenta por cento) violaria os princípios da proporcionalidade, da razoabilidade e do nãoconfisco. Quanto ao item (viii) acima, observase que, em nenhum momento, é atribuída a responsabilidade solidária à Recorrente. Dentre os elementos de prova utilizados para a caracterização da interposição fraudulenta, a Fiscalização se utilizou do descompasso entre as receitas das fornecedoras da Recorrente ao longo dos anos frente aos tributos recolhidos ao Fisco por tais empresas, em valores irrisórios. Mas tais tributos das fornecedoras não são cobrados da Recorrente, que teve apenas glosados créditos de PIS/COFINS gerados por aquisição de bens dessas fornecedoras. Em 27/06/2012, a 17ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro I (“DRJ”), ao apreciar as razões expostas pelo contribuinte, julgou improcedente a impugnação, mantendo em parte o crédito tributário, em acórdão que possui a seguinte ementa: “ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 Fl. 2270DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 4 Fraude. Dissimulação. Desconsideração. Negócio Ilícito. Comprovada a existência de simulação/dissimulação por meio de interposta pessoa, com o fim exclusivo de afastar o pagamento da contribuição devida, é de se glosar os créditos decorrentes dos expedientes ilícitos, desconsiderando os negócios fraudulentos, a fim de fazer recair a responsabilidade tributária, acompanhada da devida multa de ofício, sobre o sujeito passivo autuado. Uso de Interposta Pessoa. Inexistência de Finalidade Comercial. Dano ao Erário. Caracterizado. Negócios efetuados com pessoas jurídicas, artificialmente criadas e intencionalmente interpostas na cadeia produtiva, sem qualquer finalidade comercial, visando reduzir a carga tributária, além de simular negócios inexistentes para dissimular negócios de fato existentes, constituem dano ao Erário e fraude contra a Fazenda Pública, rejeitandose peremptoriamente qualquer eufemismo de planejamento tributário. Multa de Ofício. Fraude. Qualificação. A multa de ofício qualificada deve ser aplicada quando ocorre prática reiterada, consistente de ato destinado a iludir a Administração Fiscal quanto aos efeitos do fato gerador da obrigação tributária, mormente em situação fraudulenta, planejada e executada mediante ajuste doloso. ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Período de apuração: 01/03/2006 a 31/07/2006, 01/09/2006 a 31/05/2007, 01/08/2007 a 30/09/2007, 01/11/2008 a 30/04/2009, 01/08/2009 a 31/08/2009, 01/11/2009 a 30/11/2009, 01/05/2010 a 31/05/2010, 01/08/2010 a 31/08/2010, 01/12/2010 a 31/12/2010, 01/03/2011 a 31/03/2011 Nulidade Não padece de nulidade o auto de infração, lavrado por autoridade competente, contra o qual o contribuinte pode exercer o contraditório e a ampla defesa, onde constam os requisitos exigidos nas normas pertinentes ao processo administrativo fiscal. Matéria não Impugnada Operamse os efeitos preclusivos previstos nas normas do processo administrativo fiscal em relação à matéria que não tenha sido expressamente contestada pelo impugnante, ou em relação à prova documental que não tenha sido apresentada, salvo exceções legalmente previstas. Juntada de Novas Provas A prova documental deve ser apresentada na impugnação; precluído o direito de o impugnante fazêlo em outro momento processual, exceto quando justificado por motivo legalmente previsto. Diligência. Perícia. Desnecessária. Indeferimento Fl. 2271DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.269 5 Indeferese o pedido de diligência (ou perícia) quando a sua realização revelese prescindível ou desnecessária para a formação da convicção da autoridade julgadora. Multa regulamentar. Procedimento Inadequado A multa regulamentar aplicável em razão de compensação indevida, ou indeferimento de pedido de ressarcimento, pressupõe decisão proferida por autoridade competente, denegando formalmente o pedido, ou não homologando a compensação declarada; devendo ser reunidos em um único processo a impugnação contra a penalidade e a manifestação de inconformidade contra a decisão, para apreciação simultânea pelas instâncias de julgamento, evitando decisões contraditórias ou incompatíveis”. Com relação às multas isoladas, a impugnação não foi conhecida, determinando a DRJ que os autos deveriam ser devolvidos à “Delegacia de origem, que deverá formalizar, em relação às multas isoladas, processo com as cópias das peças referentes a esta exigência, e, na seqüência, juntar por apensação aos processos de ressarcimento/compensação – todos apensados entre si, com a finalidade de tratamento conjunto, mantendo, no entanto, cópias das peças, eventualmente extraídas, nestes autos”. A Recorrente foi cientificada da decisão da DRJ em 28/09/2012, apresentando tempestivo Recurso Voluntário em 26/10/2012, no qual reiterou os argumentos expostos em sua Impugnação, pleiteando ainda a produção das seguintes provas: (i) “novas diligências com o fim de conferir todas as compras da Recorrente, sobretudo as notas fiscais dos fornecedores, os comprovantes de pagamento das operações via depósito bancário na conta corrente das empresas, bem ainda os cadastros dos mesmos na Receita Federal e Estadual”; e (ii) “oitiva das testemunhas ouvidas no curso do procedimento, desta vez sob o crivo do contraditório, sob pena de nulidade do procedimento”. Após, os autos foram remetidos a este Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (“CARF”), para julgamento, sendo distribuídos à minha relatoria na sessão do dia 10/12/2015. Em 22/03/2016, a Recorrente requereu a juntada de parecer de lavra do eminente e douto Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa, pedindo que fosse declarada a invalidação de toda a prova colhida no procedimento fiscal utilizado como fundamento para a glosa realizada, bem como dos atos praticados, em virtude do cerceamento de defesa na colheita da prova oral, pela aplicação da “Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada”. No parecer em questão, são apresentadas as seguintes conclusões: "Ante o exposto, concluise que: 7. A utilização de prova produzida em outro procedimento ou processo é admissível no processo administrativo tributário, desde que observadas as cautelas constitucionais e legais pertinentes. 8. As principais cautelas que devem ser observadas são os princípios da legalidade (art. 5°, da Constituição), do devido processo legal substantivo (art. 5°, caput), do contraditório e da ampla defesa (art. 5°, LV), princípios Fl. 2272DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 6 esses que foram incorporados à legislação federal (Lei 9.784/1999 e Decretos 70.235/1972 e 7.574/2011). 9. Viola os princípios da legalidade, do devido processo legal substantivo, do contraditório e da ampla defesa e, consequentemente, os artigos 2° e 3° da Lei n 9.784/1999, o uso como fator decisório determinante de provas colhidas em processo ou procedimento alheio ao réu ou interessado ou do qual este não tenha participado como parte plenamente reconhecida, nem foram preservadas as condições para repetição ou reexame técnico do elemento probatório colhido. 10. Viola os princípios do contraditório, da ampla defesa e da motivação adequada das decisões administrativas e, consequentemente, os artigos 2° e 3° da Lei 9.784/1999, a rejeição apriorística da reprodução ou do reexame de prova emprestada. 11. No caso, as empresas NICCHIO manifestamente tinham legítimo interesse no acompanhamento e na eventual refutação dos depoimentos e das diligências realizadas em processos ou procedimentos administrativos relacionados às operações de aquisição de café, dada a contraposição de interesses entre exportadores e os supostos intermediáriosatacadistas." (grifos nossos) É o relatório. Voto Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos para a sua admissibilidade, de modo que dele tomo conhecimento. A Recorrente alega que o mandado de procedimento fiscal que deu origem ao lançamento seria inválido, pois possuiria um prazo de validade máximo de 120 (cento e vinte) dias, que foi ultrapassado nos caso dos autos, tendo em vista que a ação fiscal se iniciou no dia 11/02/2011 e só foi concluída no dia 16/08/2011, não havendo qualquer notícia de sua prorrogação nos autos. À época do início da fiscalização, era a Portaria RFB nº 11.371/2007 que dispunha a respeito do planejamento das atividades fiscais e estabelecia normas para a execução de procedimentos fiscais relativos aos tributos e contribuições administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Esse ato dispunha sobre prazos e extinção dos mandados de procedimento fiscal da seguinte forma: “Art. 11. Os MPF terão os seguintes prazos máximos de validade: I cento e vinte dias, nos casos de MPFF e de MPFE; II sessenta dias, no caso de MPFD. Art. 12. A prorrogação do prazo de que trata o art. 11 poderá ser efetuada pela autoridade outorgante, tantas vezes quantas necessárias, observado, em Fl. 2273DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.270 7 cada ato, o prazo máximo de sessenta dias, para procedimentos de fiscalização, e de trinta dias, para procedimentos de diligência. Art. 13. Os prazos a que se referem os arts. 11 e 12 serão contínuos, excluindose na sua contagem o dia do início e incluindose o do vencimento, nos termos do art. 5º do Decreto nº 70.235, de 1972. Parágrafo único. A contagem do prazo do MPFE farseá a partir da data do início do procedimento fiscal. Art. 14. O MPF se extingue: I pela conclusão do procedimento fiscal, registrado em termo próprio, com a ciência do sujeito passivo; II pelo decurso dos prazos a que se referem os arts. 11 e 12. Parágrafo único. A ciência do sujeito passivo de que trata o inciso I do caput deverá ocorrer no prazo de validade do MPF. Art. 15. A hipótese de que trata o inciso II do art. 14 não implica nulidade dos atos praticados, podendo a autoridade responsável pela emissão do Mandado extinto determinar a emissão de novo MPF para a conclusão do procedimento fiscal. Parágrafo único. Na emissão do novo MPF de que trata este artigo, não poderá ser indicado o mesmo AFRFB responsável pela execução do Mandado extinto”. À luz de tal regramento, o mandado de procedimento fiscal relativo a fiscalização ("MPFF") poderia ser prorrogado quantas vezes fosse necessário, observandose em todo o caso o prazo máximo para a sua conclusão, que era de 120 (cento e vinte) dias. O decurso do prazo máximo implicava a extinção do mandado de procedimento fiscal, não gerando qualquer nulidade dos atos praticados, a teor do disposto no artigo 15, sendo possível a emissão de novo mandado de procedimento fiscal, desde que sua execução fosse conduzida por auditor fiscal diverso do anterior. Durante a fiscalização, em 29/07/2011, a Portaria RFB nº 11.371/2007 foi revogada pela edição da Portaria RFB nº 3.014/2011, alterando as regras sobre prazo e extinção do mandado de procedimento fiscal. A diferença para a portaria anterior é que, na vigência desse diploma, na hipótese de expedição de novo mandado não seria mais necessária a sua condução por auditor fiscal diverso do que tenha atuado no mandado de procedimento fiscal anterior, extinto por decurso de prazo. Quanto a esse ponto, a decisão recorrida teceu os seguintes comentários: “Registrase que o MPF e todas as prorrogações foram efetuadas e cientificadas ao contribuinte, conforme se comprova mediante o Termo de início de Ação Fiscal de fl. 4. O que se confirma também nos Termos de Continuidade de Ação fiscal, por exemplo, à fl. 32, à fl. 291, à fl. 32, às fl. 315, à fl. 336, à fl. 340 . Observase, ainda, que todas as informações, inclusive a respeito das prorrogações, estão disponíveis no site da RFB para o contribuinte, mediante senha, conforme anotado no Termo de início de Ação Fiscal de fl. 4, tendo havido duas prorrogações sempre respeitando o prazo de 120 dias”. Sobre o tema, muito embora exista posicionamento pela nulidade de lançamento quando verificadas irregularidades no mandado de procedimento fiscal12, o 1 EDAG nº 120275/02, Processo nº 0015675412011405000002. DJE de 31/05/2012, TRF5. 2 Apelação Cível 000330848.2011.4.01.3507, publicado em 22.05.2015, TRF1. Fl. 2274DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 8 entendimento que vem prevalecendo no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais é no sentido de que eventuais irregularidades no mandado de procedimento fiscal, por não seguir estritamente as disposições dos atos regulamentares que tratam do tema, não implicam a nulidade do lançamento, desde que observados os requisitos previstos no artigo 10 do Decreto nº 70.235, de 1972 e artigo 142 do CTN3. De qualquer maneira, a par dos posicionamentos existentes sobre a matéria, no presente caso, entendo que a decisão recorrida deve ser mantida nesse ponto, pois, uma vez apontada a regularidade no procedimento de fiscalização pela decisão recorrida, a Recorrente deixou de contestar de modo específico e demonstrar sua eventual ocorrência, limitandose a reiterar o que fora alegado em sede de Impugnação. A Recorrente ainda defende a nulidade do Auto de Infração por mais dois fundamentos. Primeiro, em razão de os auditores terem utilizado documentos e informações obtidos junto a instituições financeiras, nos termos do art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001, o que conflitaria com a Carta da República (artigo 5º , inciso LVI), pois o Supremo Tribunal Federal ("STF"), no julgamento do Recurso Extraordinário nº 389.808, teria decidido que autoridade fiscal não poderia acessar dados relativos à movimentação financeira do contribuinte sem autorização judicial. Por consequência, defendeu a Recorrente que as provas obtidas por documentos e informações junto às instituições financeiras seriam ilícitos, assim como todos os elementos de convicção dela derivados, por aplicação da doutrina dos frutos da árvore envenenada ou doutrina da ilicitude por derivação. De acordo com o art. 6º da Lei Complementar nº 105/2001: "Art. 6º As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios somente poderão examinar documentos, livros e registros de instituições financeiras, inclusive os referentes a contas de depósitos e aplicações financeiras, quando houver processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso e tais exames sejam considerados indispensáveis pela autoridade administrativa competente. Parágrafo único. O resultado dos exames, as informações e os documentos a que se refere este artigo serão conservados em sigilo, observada a legislação tributária". A partir da interpretação de tal dispositivo, a decisão recorrida entendeu pela ausência de qualquer ilegalidade, levando em consideração que "os requisitos legalmente impostos para o exercício do poder concedido para a devida requisição de movimentação financeira são: (1) que haja processo administrativo instaurado ou procedimento fiscal em curso; e (2) que o exame dos registros financeiros requisitados seja considerado indispensável pela autoridade administrativa competente. Não se vislumbra, portanto, qualquer condicionamento ao exercício do poder de requisitar informações financeiras à prévia intimação, nem do titular de eventual conta, nem do terceiro porventura a ele vinculado, nem de autorização judicial". Porém, como mencionado pela Recorrente, realmente, o e. STF, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 389.808, entendeu que conflitava com a Carta da República norma legal que autorizasse o afastamento do sigilo de dados bancários, em decisão que possui a seguinte ementa: 3 PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. MPF. NULIDADE. Descabe a argüição de nulidade quando se verifica que o Auto de Infração foi lavrado por pessoa competente para fazêlo em consonância com a legislação vigente. O MPF é mero instrumento de controle da atividade de fiscalização no âmbito da Secretaria da Receita Federal, de modo que eventual irregularidade na sua expedição, ou nas renovações que se seguem, não acarreta a nulidade do lançamento. (Acórdão CSRF/0202.543,de22/01/2007). Fl. 2275DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.271 9 "SIGILO DE DADOS – AFASTAMENTO. Conforme disposto no inciso XII do artigo 5º da Constituição Federal, a regra é a privacidade quanto à correspondência, às comunicações telegráficas, aos dados e às comunicações, ficando a exceção – a quebra do sigilo – submetida ao crivo de órgão eqüidistante – o Judiciário – e, mesmo assim, para efeito de investigação criminal ou instrução processual penal. SIGILO DE DADOS BANCÁRIOS – RECEITA FEDERAL. Conflita com a Carta da República norma legal atribuindo à Receita Federal – parte na relação jurídicotributária – o afastamento do sigilo de dados relativos ao contribuinte"4. Em que pese a possibilidade de se cogitar a aplicação de tal entendimento ao caso concreto, com o objetivo de avaliar eventual nulidade do lançamento em decorrência da obtenção de dados bancários sem autorização judicial, o que seria plenamente permitido pelo artigo 62, § 1º, inciso I, do Regimento Interno do CARF, recentemente, em 24/02/2016, o Plenário do STF reverteu a posição anterior, no julgamento do Recurso Extraordinário nº 601.314, para fixar o entendimento de que a norma em questão não resulta em quebra de sigilo bancário, tendo em vista que apenas ocorre uma transferência de sigilo da órbita bancária para a fiscal, ambas protegidas contra o acesso de terceiros. Dessa maneira, afirmada a constitucionalidade do dispositivo em questão pelo STF que, inclusive, reverteu decisão que poderia fundamentar o entendimento defendido pelo contribuinte, ultrapassando a vedação contida na Súmula CARF nº 02, pela aplicação do artigo 62, § 1º, inciso I, do Regimento Interno do CARF, não há como prosperar o recurso quanto a esse ponto. Segundo, de acordo com a Recorrente, a nulidade haveria de ser reconhecida, em razão de cerceamento de defesa, pois a Recorrente não participou da produção de prova testemunhal, derivadas dos depoimentos prestados na fase de fiscalização, argumento corroborado pelas conclusões apresentadas no parecer do eminente e douto Ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa. A decisão recorrida não acolheu esse argumento da Recorrente, pelas seguintes razões: "(...)os depoimentos, citados pelo impugnante como prova testemunhal, são Termos de Declaração devidamente assinados pelos depoentes, onde não se vislumbra traço de coação, inclusive muitos acompanhados de advogados, por isto mesmo lícitos. Não há elementos nos autos para imputar a nenhum dos depoentes a qualidade de interessado no julgamento contra o autuado, ou a existência de alguma relação (exceto de natureza comercial ou negocial) entre a impugnante e os depoentes (ou de seus parentes) que implique interesse no resultado da decisão administrativa negativa da perspectiva do autuado. Ao contrário, a decisão administrativa favorável ao recorrente seria de maior interesse para muitos dos depoentes, que de algum modo podem ser responsabilizados na medida de participação, em tese, no esquema de simulação/dissimulação dos atos comerciais sub examine. 4 RE 389808, Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/12/2010. Fl. 2276DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 10 Ademais, no âmbito do processo administrativo tributário, e em analogia ao processo penal, a auditoria fiscal é a fase inquisitorial que, antecedendo a fase contenciosa do procedimento, não se rege pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, pois se destina à investigação, à colheita de informações e de elementos de prova para a formação da convicção da autoridade fiscal a respeito da ocorrência, ou não, do fato gerador do tributo e de infrações porventura existentes. O encerramento desta fase com a lavratura do auto de infração, propicia, com a ciência do contribuinte, a fase contenciosa, esta sim plenamente regida pelo princípio do contraditório e da ampla defesa, ou de modo mais amplo, do devido processo legal. A corroborar esse entendimento está o fato de que a auditoria fiscal, em certos casos, pode ser reduzida ao mínimo, dispensando qualquer fiscalização externa para efetuar o lançamento tributário e, então, o Fisco autua o contribuinte sem auditar no seu estabelecimento e sem intimála previamente, desde que já disponha dos elementos de prova para tanto, como acontece nas autuações decorrentes do simples exame de declarações (Declaração de Ajuste Anual de Pessoa Física DIRPF, ou Declaração de Contribuições e de Tributos Federais da Pessoa Jurídica DCTF) em cotejo com dados disponíveis nos sistemas informatizados". (grifos nossos) Realmente, a fase de fiscalização possui natureza inquisitorial, enquanto que, na fase litigiosa, iniciada com a impugnação ao lançamento, é aberta a oportunidade de o contribuinte exercer o contraditório e a ampla defesa, podendo apresentar todos os meios de provas disponíveis para sustentar o seu direito de crédito ou a inocorrência do fato gerador. No presente caso, no momento em que lhe era franqueada a ampla defesa, a Recorrente não trouxe elementos de prova capazes de infirmar as conclusões a que chegou a fiscalização, como se analisará a seguir, limitandose a afirmar que a prova que desejava ter produzido na fase de fiscalização é que seria importante para resguardar sua ampla defesa, sem, contudo, indicar princípio de prova a ser produzido, o que poderia ser lá esclarecido, de que maneira sua participação no depoimento poderia alterar o resultado de tais diligências, eventuais fatos expostos e informações prestadas no depoimento que não seriam porventura verdadeiras etc. Portanto, não se comprovando o prejuízo à ampla defesa da Recorrente, a quem foi dada a oportunidade de conhecer exatamente os motivos pelos quais se fundamenta o lançamento, não merece prosperar a alegação de nulidade (artigo 59, inciso II, do Decreto nº 70.235/1972). Ademais, o lançamento não se fundamentou apenas em tais depoimentos, existindo outros fundamentos para dar amparo ao lançamento. No extenso trabalho realizado pela fiscalização para comprovar a ocorrência do fato gerador ainda foram levantados elementos adicionais para se chegar à conclusão de que as aquisições realizadas pela Recorrente foram simuladas, como a divergência entre os valores movimentados pelas fornecedoras e o valor recolhido por elas a título de tributos, diligências fiscais nos endereços das fornecedores e diligências em instituições financeiras para verificar a movimentação de tais empresas e os responsáveis pela abertura e movimentação das contas. Quanto ao mérito, afirma a Recorrente que os créditos de PIS/COFINS teriam sido apurados corretamente, tal como preceitua o artigo 3º, parágrafo 3º, das Leis nº 10.637/2002 e 10.833/2003, que têm a seguinte redação: “Art. 3º Do valor apurado na forma do art. 2o a pessoa jurídica poderá descontar créditos calculados em relação a: (...) § 3o O Fl. 2277DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.272 11 direito ao crédito aplicase, exclusivamente, em relação: I aos bens e serviços adquiridos de pessoa jurídica domiciliada no País”. Além disso, expõe que é pessoa jurídica de direito privado e, desse modo, não detém poder de polícia, de modo que seria desarrazoado transferir ao particular o ônus de verificar a regularidade fiscal de suas fornecedoras, cuja competência é da Secretaria da Receita Federal. Por esse motivo, afirma a Recorrente, o ordenamento jurídico protegeria os adquirentes de boafé, na hipótese de comprovação de emissão da nota fiscal e da realização do pagamento, defendendo ainda a Recorrente a ausência de interposição fraudulenta, em razão da inexistência de provas em relação a ela. Nessa matéria, o ponto essencial reside em examinar a relação jurídica existente na aquisição do café. Na hipótese de ser considerada legítima a aquisição de café de pessoas jurídicas, como sustenta a Recorrente, haveria que se reconhecer seu direito de desconto de crédito e a proteção conferida ao ordenamento jurídico aos adquirentes de boafé. De outro modo, caso se entenda ter existido uma simulação quanto à aquisição de pessoas jurídicas para esconder a real operação entre as partes, de aquisição de café de pessoas físicas, com o intuito de enganar o Fisco, como sustenta a fiscalização, a conseqüência seria o reconhecimento da validade do lançamento. A simulação é um vício que tem como efeito tornar nulo o negócio jurídico, como previsto no artigo 167 do Código Civil (Lei nº 10.406/2002), que, além de trazer os efeitos da simulação, elenca as hipóteses em que se configura, in verbis: “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III os instrumentos particulares forem antedatados, ou pósdatados. § 2º Ressalvamse os direitos de terceiros de boafé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado”. A maior parte da doutrina define a simulação como a divergência entre a vontade real das partes envolvidas e a vontade declarada. Segundo Sílvio Rodrigues, o negócio jurídico simulado “é aquele que oferece uma aparência diversa do efetivo querer das partes. Estas fingem um negócio que na realidade não desejam” (Sílvio Rodrigues. “Direito civil. Vol. 01”. São Paulo: Saraiva. 2007, p. 294). No mesmo sentido, Alberto Xavier5: “Tratase de um caso de divergência entre a vontade e a declaração, procedente do acordo entre o declarante e declaratário e determinada pelo intuito de enganar terceiros. Os seus elementos essenciais são pois: (i) a intencionalidade da divergência entre a vontade e a declaração (ii) o acordo simulatório (pactum simulationis) (iii) o intuito de enganar terceiros”. A prova dos autos, a meu ver, é suficiente para que se reconheça a ocorrência de simulação nas aquisições junto às pessoas jurídicas. 5 Direito Tributário e Empresarial: pareceres. Rio de Janeiro. Forense. 1982. P. 25. Fl. 2278DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 12 A Fiscalização levantou uma série de elementos para demonstrar que as operações de aquisição de café pela Recorrente, no plano dos fatos, se dava diretamente com as pessoas físicas. Inicialmente, foi detectada uma discrepância vultosa entre valores financeiros movimentados pelas empresas fornecedoras e os valores declarados às autoridades fiscais. A maior parte delas no período fiscalizado estava em situação de omissão e inatividade declarada – inapta, nula, baixada ou suspensa. Além disso, do total de pessoas jurídicas diligenciadas pela Fiscalização, mais da metade foi constituída a partir do ano de 2002, com movimentação financeira expressiva e crescente a partir de 2003, anos em que a sistemática da nãocumulatividade do PIS e da COFINS foi introduzida. Outro elemento apontado diz respeito à estrutura das fornecedoras da Recorrente. Como constatado em diligências nas empresas, nenhuma delas possui armazéns, funcionário contratado ou estrutura logística. A respeito da constituição e da forma de operação dessas empresas, cito abaixo trecho da decisão recorrida: "Antônio Gava, inicialmente sócio e depois administrador da Colúmbia, no depoimento que se encontra às fls. 344/346 dos autos, corrobora a tese da auditoria de modo expresso, e, sem peias ou meias palavras, esclarece o modus operandi das empresas envolvidas: Que a Colúmbia funciona como recebedora da nota fiscal do produtor e emissora da nota fiscal de saída, que vai para o real proprietário do café, ou melhor, o verdadeiro comprador de café; O real comprador de café adquire o produto do produtor rural por intermédio de corretores de café; Que os compradores de café efetuam depósitos nas contas correntes da Colúmbia, e esta efetiva o pagamento aos produtores rurais. (gn) Registrese que Antônio Gava é sobrinho do sócio fundador da Custódio Forzza (fl. 1568), onde trabalhou por mais de 20 anos. Logrou a Colúmbia, pouco depois de fundada, em 2001, negociar 42 milhões de Reais em fornecimento de café para a Nicchio Café, apenas no período de 2005/2007. Em outro depoimento, agora de Alexandre Pancieri (fls. 411/412), sócio da Do Grão, encontrase apoio para a hipótese de uma ação coordenada no sentido de fraudar a Fazenda Nacional. Todavia, o apoio desta vez vem no sentido de esclarecer outro aspecto da situação sob suspeita: a de que as empresas (ou pelo menos algumas delas) eram previamente montadas, não nasciam de um acordo livre das vontades dos sócios para atuar na mercado, mas eram engendradas por terceiros interessados: Que a Do Grão foi constituída tendo como sócios o declarante e o Sr. Ricardo Vieira dos Anjos; que o declarante não sabe informar quem é o Sr. Ricardo Vieira dos Anjos; que a constituição da Do Grão foi feita a pedido de Sr. Luiz Fernando Mattede, sendo que não houve por parte do declarante qualquer aporte de capital na Do grão; (...) (gn) Destacamos aqui duas afirmações do sócio da Empresa Do Grão, cujo quadro societário compunhase de apenas dois sócios (1) O Sr Alexandre não conhecia o outro sócio; e (2) A empresa fora criada “a pedido” do Sr. Luiz Fl. 2279DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA Processo nº 10783.722945/201131 Acórdão n.º 3401003.223 S3C4T1 Fl. 2.273 13 Fernando Mattede. A Empresa, dessa forma constituída, movimentou milhões, entre 2003/2006, mas não recolheu absolutamente nada aos cofres públicos a título de tributo, no período de 2003/2009. Entre 2005 e 2007, a Do Grão teria negociado cerca de 6,7 milhões de Reais em café com a Nicchio Café. Porém, toda a estrutura empresarial da Do Grão restringese a um pequena sala em Colatina". Constam também nos autos os depoimentos dos produtores rurais, como exemplo, o do Sr. Perim, fls. 511/514, que esclarece que: (i) os produtores rurais não conhecem as pessoas jurídicas que constam como destinatárias das suas próprias notas fiscais, (ii) as notas eram ou preenchidas pelos reais compradores, como a Recorrente, ou preenchidas pelo produtor com dados que lhes eram fornecidos pela Recorrente; (iii) o café era retirado da propriedade rural pela Recorrente ou era descarregado em seus armazéns. O depoimento do Sr. Alves é esclarecedor, pois "afirma que a empresa V Munaldi – ME nunca foi atacadista, nem mesmo sequer atuou no seguimento de compra e venda de café, pois, a empresa foi criada unicamente para fornecer notas fiscais para os verdadeiros compradores de café, que adquiriam a mercadoria diretamente dos produtores rurais. Neste sentido, ao receber a nota fiscal do produtor rural por intermédio de officeboy do verdadeiro comprador, emitia Nota Fiscal de Entrada, e, na mesma data, emitia nota fiscal de saída para o verdadeiro comprador. Afirma ainda Altair que a operação real de compra e venda se dava diretamente entre o comprador final e o produtor rural, funcionando a sua empresa como repassadora de recursos financeiros dos compradores para os produtores rurais. Nesta linha, afirma que nunca teve qualquer contato com os produtores rurais, no que tange às operações descritas nas notas". (grifos nossos) Diante disso, como observado pela decisão recorrida: "Claro está que as empresas fornecedoras da empresa, ora autuada, tais como Do Grão, Acádia, L&L, Colúmbia e outras arroladas nestes autos, não operam no mercado de compra e venda de café, mas atuam em outro ‘mercado’, a saber, ‘mercado de compra e venda de nota fiscal’". E isso foi demonstrado com relação a quase totalidade das fornecedoras da Recorrente. Da tabela constante às fls. 18821884, constam 86 (oitenta e seis) fornecedoras da Recorrente. Pela análise do relatório fiscal (fls. 15292102), do conjunto de elementos levantados pela Fiscalização em relação a cada fornecedor, entendo que não ficou demonstrada a simulação, por ausência de um conjunto probatório robusto nesse sentido, apenas em relação a 10 (dez) fornecedoras (Albertino Isaias da Silva, Coffe Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda.), em relação as quais proponho desde já seja cancelado o lançamento, por ausência de prova no lançamento. Por sua vez, a Recorrente se limita a afirmar que foi adquirente de boafé, pois realizou uma verificação superficial na situação cadastral das fornecedoras junto às Fazendas Federal e Estadual e as mesmas se encontravam em situação regular. Além disso, alega que todos os pagamentos foram feitos para as fornecedoras por transação bancária. Porém, diante de prova tão robusta feita pela Fiscalização quanto à simulação e de que as aquisições, na realidade, eram feitas com pessoas físicas, caberia, a meu ver, à Recorrente, demonstrar que a relação jurídica que mantinha nas aquisições era com as pessoas jurídicas e não com as pessoas físicas. Para tanto, podia se utilizar de qualquer meio de prova, como contratos celebrados com as pessoas jurídicas, correspondências e/ou emails, contendo Fl. 2280DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA 14 proposta e/ou aceite de termos comerciais relativos aos fornecimentos de café, como quantidades, especificação de qualidade das mercadorias, preços, prazos de entrega e outras condições que se espera sejam negociadas e acordadas entre comprador e fornecedor em relações comerciais que envolvam tais quantias e pelo período de tempo que as mesmas transcorreram; indicação das pessoas com quem lidava em cada fornecedor, responsáveis por ajustar as condições das aquisições transacionadas, enfim, caberia a Recorrente trazer elementos que ajudassem a comprovar que as aquisições foram feitas das pessoas jurídicas e não das pessoas físicas, como concluiu a Fiscalização. O que não ocorreu. Nesse cenário, diante das provas apresentadas pela Fiscalização e da ausência de elementos que afastassem tais conclusões pela Recorrente, penso que restaram demonstrados os requisitos da simulação, que deve ser reconhecida, mantendose os efeitos do ato dissimulado, tal como fez a Fiscalização, ao preservar o crédito presumido na aquisição junto a pessoas físicas, para fins de recomposição da base de cálculo, motivo pelo qual entendo que deve ser mantido em parte o lançamento, excluindose o lançamento apenas em relação àquelas em que não há prova suficiente, como exposto acima. Quanto ao pedido de realização de diligência para produção de provas formulado pela Recorrente, acredito que é incabível, devendose ainda observar que eventual comprovação de que realizou as transferências de pagamento em favor das pessoas jurídicas não modificaria as conclusões a que se chegou nesse voto. Por último, quanto à qualificação da multa de ofício, entendo que é consequência do reconhecimento da existência de simulação nas aquisições de café e está devidamente fundamentada no lançamento. Nesse sentido, a simulação do negócio jurídico pela utilização de interposição de pessoas, com o objetivo de reduzir o tributo ser pago, no contexto em que narrado e demonstrado pela Fiscalização, se qualifica nas hipóteses de duplicação da multa de ofício, previstas no artigo 44, inciso I, § 1º, da Lei nº 9.430/1996. Pelo exposto, proponho a este Colegiado dar parcial provimento ao recurso voluntário interposto, mantendo em parte o lançamento, para afastálo em relação às seguintes fornecedoras da Recorrente: Albertino Isaias da Silva, Coffe Trade do Brasil, Com. de café d' Cristo, Com. Café Vale de Minas, Dário de Souza Veiga, Data Comércio de Café, Denerson de Souza Teixeira, E. Zappi, Galdino Tomaz Ferreira Cam. e Zona Mata Café Ltda. É como voto. Conselheiro Augusto Fiel Jorge d' Oliveira Relator Fl. 2281DF CARF MF Impresso em 06/10/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA, Assinado digitalmente em 05 /10/2016 por ROSALDO TREVISAN, Assinado digitalmente em 05/10/2016 por AUGUSTO FIEL JORGE DOLIVEIRA
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Numero do processo: 13854.000048/98-23
Turma: 3ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 3ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Tue Aug 09 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 08 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Ano-calendário: 1996
NORMAS REGIMENTAIS. OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STJ NO RITO DO ART. 543-C DO CPC.
Consoante art. 62-A do Regimento Interno do CARF, As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543¬B e 543¬C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF.
RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS E ACRÉSCIMO DE JUROS CALCULADOS COM BASE NA TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543-C.
Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e cooperativas bem como a aplicação da taxa Selic acumulada a partir da data de protocolização do pedido administrativo, a título de atualização monetária do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (RESP 993.164).
Recurso Especial do Procurador Negado.
Numero da decisão: 9303-004.228
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado,por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento.
Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício
Demes Brito - Relator
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas ( Presidente em Exercício) Charles Mayer De Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen (suplente)
Nome do relator: DEMES BRITO
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decisao_txt : Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado,por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em dar-lhe provimento parcial, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Rodrigo da Costa Pôssas - Presidente em Exercício Demes Brito - Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas ( Presidente em Exercício) Charles Mayer De Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen (suplente)
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OBRIGATORIEDADE DE REPRODUÇÃO DO CONTEÚDO DE DECISÃO PROFERIDA PELO STJ NO RITO DO ART. 543C DO CPC. Consoante art. 62A do Regimento Interno do CARF, “As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543¬B e 543¬C da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF”. RESSARCIMENTO DE IPI. AQUISIÇÕES A NÃO CONTRIBUINTES DO PIS E COFINS E ACRÉSCIMO DE JUROS CALCULADOS COM BASE NA TAXA SELIC. APLICAÇÃO DAS DECISÕES DO STJ PROFERIDAS NO RITO DO ART. 543C. Na forma de reiterada jurisprudência oriunda do STJ, é cabível a inclusão na base de cálculo do crédito presumido de que trata a Lei nº 9.363/96 das aquisições efetuadas junto a pessoas físicas e cooperativas bem como a aplicação da taxa Selic acumulada a partir da data de protocolização do pedido administrativo, a título de “atualização monetária” do valor requerido, quando o seu deferimento decorre de ilegítima resistência por parte da Administração tributária (RESP 993.164). Recurso Especial do Procurador Negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado,por unanimidade de votos, em conhecer o Recurso Especial da Fazenda Nacional e, no mérito, por maioria de votos, em darlhe AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 85 4. 00 00 48 /9 8- 23 Fl. 256DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO Processo nº 13854.000048/9823 Acórdão n.º 9303004.228 CSRFT3 Fl. 257 2 provimento parcial, vencidas as conselheiras Tatiana Midori Migiyama e Vanessa Marini Cecconello, que lhe negaram provimento. Rodrigo da Costa Pôssas Presidente em Exercício Demes Brito Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Rodrigo da Costa Pôssas ( Presidente em Exercício) Charles Mayer De Castro Souza (suplente convocado), Andrada Márcio Canuto Natal, Júlio César Alves Ramos, Demes Brito, Tatiana Midori Migiyama, Vanessa Marini Cecconello e Valcir Gassen (suplente) Relatório Tratase de recurso Especial Complementar de divergência interposto pela Fazenda Nacional em face ao acórdão de nº 20218855, de 12/03/2008, o qual por unanimidade de votos acolheu os embargos de declaração da Contribuinte para corrigir as inexatidões materiais constantes no acórdão nº 20214974, de 12/08/2003. Transcrevo, inicialmente, excerto do relatório da decisão: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INEXATIDÃO MATERIAL. LAP MANIFESTO. REGIMENTO INTERNO DOS CONSELHOS DE CONTRIBUINTES. Conforme o Regimento Interno dos Conselhos de Contribuintes, devem ser retificadas pela Câmara julgadora as inexatidões materiais decorrentes de lapso manifesto, constatadas e embargadas pela contribuintes. As omissões na fundamentação do voto devem ser supridas a partir do acolhimento dos embargos. A Ementa do julgamento do Acórdão nº 20214.974; passa a ter seguinte redação: " IPI. RESSARCIMENTO DE CRÉDITO PRESUMIDO. PIS/COFINS. AQUISIÇÕES DE PESSOAS FÍSICAS Incluemse na base de cálculo do crédito presumido as aquisições feitas de não contribuintes da contribuições para o PIS e a Cofins. CRÉDITO PRESUMIDO DE IPI. TAXA SEL1C. Incidindo a taxa Selic sobre a restituição, nos termos do art. 39, parágrafo 4, da Lei 9.250/95, a partir de 01/01/ 96, sendo o ressarcimento uma espécie do gênero de restituição, conforme entendimento, da Câmara Superior no Acórdão CSRF/020.708, além do que, tendo o Decreto nº 2.138/97 tratado da restituição e ressarcimento da mesma maneira, a referida taxa incidirá. também, sobre o ressarcimento. Fl. 257DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO Processo nº 13854.000048/9823 Acórdão n.º 9303004.228 CSRFT3 Fl. 258 3 Recurso provido." Embargos de declaração acolhidos. A Fazenda Nacional, em seu recurso, aponta contrariedade a lei, sustentando que a ementa do referido acórdão se extrai que não se aplica a taxa SELIC, por analogia, em processos de ressarcimento de créditos incentivados, por implicar a concessão de um "plus", sem previsão legal. Pugna pela procedência do lançamento. Devidamente cientificado, o sujeito passivo apresentou contrarazões. Voto Demes Brito Conselheiro Relator O Recurso é tempestivo e atende aos demais requisitos de admissibilidade, dele conheço. Com efeito, a matéria foi tratada nos autos do REsp nº 993.164MG, de Relatoria do Ministro Luiz Fux, cuja controvérsia foi submetida ao rito previsto no artigo 543 C do CPC, cuja ementa transcrevese abaixo: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. IPI. CRÉDITO PRESUMIDO PARA RESSARCIMENTO DO VALOR DO PIS/PASEP E DA COFINS. EMPRESAS PRODUTORAS E EXPORTADORAS DE MERCADORIAS NACIONAIS. LEI 9.363/96. INSTRUÇÃO NORMATIVA SRF 23/97. CONDICIONAMENTO DO INCENTIVO FISCAL AOS INSUMOS ADQUIRIDOS DE FORNECEDORES SUJEITOS À TRIBUTAÇÃO PELO PIS E PELA COFINS. EXORBITÂNCIA DOS LIMITES IMPOSTOS PELA LEI ORDINÁRIA. SÚMULA VINCULANTE 10/STF. OBSERVÂNCIA. INSTRUÇÃO NORMATIVA (ATO NORMATIVO SECUNDÁRIO). CORREÇÃO MONETÁRIA. INCIDÊNCIA. EXERCÍCIO DO DIREITO DE CRÉDITO POSTERGADO PELO FISCO. NÃO CARACTERIZAÇÃO DE CRÉDITO ESCRITURAL. TAXA SELIC. APLICAÇÃO. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535, DO CPC. INOCORRÊNCIA. 1. O crédito presumido de IPI, instituído pela Lei 9.363/96, não poderia ter sua aplicação restringida por força da Instrução Normativa SRF 23/97, ato normativo secundário, que não pode inovar no ordenamento jurídico, subordinandose aos limites do texto legal. 2. A Lei 9.363/96 instituiu crédito presumido de IPI para ressarcimento do valor do PIS/PASEP e COFINS, ao dispor que: "Art. 1º A empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais fará jus a crédito presumido do Imposto sobre Produtos Industrializados, como ressarcimento das contribuições de que tratam as Leis Complementares nos sete, de sete de setembro de 1970, 8, de três de dezembro de 1970, e de dezembro de 1991, incidentes sobre as respectivas aquisições, no mercado interno, de matérias primas, produtos intermediários e material de embalagem, para utilização no processo produtivo. Parágrafo único. O disposto neste artigo aplicase, Fl. 258DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO Processo nº 13854.000048/9823 Acórdão n.º 9303004.228 CSRFT3 Fl. 259 4 inclusive, nos casos de venda a empresa comercial exportadora com o fim específico de exportação para o exterior.”. 3. O artigo 6º, do aludido diploma legal, determina, ainda, que "o Ministro de Estado da Fazenda expedirá as instruções necessárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, inclusive quanto aos requisitos e periodicidade para apuração e para fruição do crédito presumido e respectivo ressarcimento, à definição de receita de exportação e aos documentos fiscais comprobatórios dos lançamentos, a esse título, efetuados pelo produtor exportador". 4. O Ministro de Estado da Fazenda, no uso de suas atribuições, expediu a Portaria 38/97, dispondo sobre o cálculo e a utilização do crédito presumido instituído pela Lei 9.363/96 e autorizando o Secretário da Receita Federal a expedir normas complementares necessárias à implementação da aludida portaria (artigo 12). 5. Nesse segmento, o Secretário da Receita Federal expediu a Instrução Normativa 23/97 (revogada, sem interrupção de sua força normativa, pela Instrução Normativa 313/2003, também revogada, nos mesmos termos, pela Instrução Normativa 419/2004), assim preceituando: "Art. 2º Fará jus ao crédito presumido a que se refere o artigo anterior à empresa produtora e exportadora de mercadorias nacionais. § 1º O direito ao crédito presumido aplicase inclusive: I ¬ Quando o produto fabricado goze do benefício da alíquota zero; II ¬ nas vendas a empresa comercial exportadora, com o fim específico de exportação. § 2º O crédito presumido relativo a produtos oriundos da atividade rural, conforme definida no art. 2º da Lei nº 8.023, de 12 de abril de 1990, utilizados como matériaprima, produto intermediário ou embalagem, na produção bens exportados, será calculado, exclusivamente, em relação às aquisições, efetuadas de pessoas jurídicas, sujeitas às contribuições PIS/PASEP e COFINS.”. 6. Com efeito, o § 2º, do artigo 2º, da Instrução Normativa SRF 23/97, restringiu a dedução do crédito presumido do IPI (instituído pela Lei 9.363/96), no que concerne às empresas produtoras e exportadoras de produtos oriundos de atividade rural, às aquisições, no mercado interno, efetuadas de pessoas jurídicas sujeitas às contribuições destinadas ao PIS/PASEP e à COFINS. 7. Como de sabença, a validade das instruções normativas (atos normativos secundários) pressupõe a estrita observância dos limites impostos pelos atos normativos primários a que se subordinam (leis, tratados, convenções internacionais, etc.), sendo certo que, se vierem a positivar em seu texto uma exegese que possa irromper a hierarquia normativa sobrejacente, viciarse ão de ilegalidade e não de inconstitucionalidade (Precedentes do Supremo Tribunal Federal: ADI 531 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 11.12.1991, DJ 03.04.1992; e ADI 365 AgR, Rel. Ministro Celso de Mello, Tribunal Pleno, julgado em 07.11.1990, DJ 15.03.1991). 8. Conseqüentemente, sobressai a "ilegalidade" da instrução normativa que extrapolou os limites impostos pela Lei 9.363/96, ao excluir, da base de cálculo do benefício do crédito presumido do IPI, as aquisições (relativamente aos produtos oriundos de atividade rural) de matériaprima e de insumos de fornecedores não sujeito à tributação pelo PIS/PASEP e pela COFINS (Precedentes das Turmas de Direito Público: REsp 849287/RS, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado em 19.08.2010, DJe 28.09.2010; AgRg no REsp 913433/ES, Rel. Ministro Fl. 259DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO Processo nº 13854.000048/9823 Acórdão n.º 9303004.228 CSRFT3 Fl. 260 5 Humberto Martins, Segunda Turma, julgado em 04.06.2009, DJe 25.06.2009; REsp 1109034/PR, Rel. Ministro Benedito Gonçalves, Primeira Turma, julgado em 16.04.2009, DJe 06.05.2009; REsp 1008021/CE, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 01.04.2008, DJe 11.04.2008; REsp 767.617/CE, Rel. Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 12.12.2006, DJ 15.02.2007; REsp 617733/CE, Rel. Ministro Teori Albino Zavascki, Primeira Turma, julgado em 03.08.2006, DJ 24.08.2006; e REsp 586392/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 19.10.2004, DJ 06.12.2004). 9. É que: (i) "a COFINS e o PIS oneram em cascata o produto rural e, por isso, estão embutidos no valor do produto final adquirido pelo produtor exportador, mesmo não havendo incidência na sua última aquisição"; (ii) "o Decreto 2.367/98 do Regulamento do IPI, posterior à Lei 9.363/96, não fez restrição às aquisições de produtos rurais"; e (iii) "a base de cálculo do ressarcimento é o valor total das aquisições dos insumos utilizados no processo produtivo (art. 2º), sem condicionantes" (REsp 586392/RN). 10. A Súmula Vinculante 10/STF cristalizou o entendimento de que: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte." 11. Entrementes, é certo que a exigência de observância à cláusula de reserva de plenário não abrange os atos normativos secundários do Poder Público, uma vez não estabelecido confronto direto com a Constituição, razão pela qual inaplicável a Súmula Vinculante 10/STF à espécie. 12. A oposição constante de ato estatal, administrativo ou normativo, impedindo a utilização do direito de crédito de IPI (decorrente da aplicação do princípio constitucional da não cumulatividade), descaracteriza referido crédito como escritural (assim considerado aquele oportunamente lançado pelo contribuinte em sua escrita contábil), exsurgindo legítima a incidência de correção monetária, sob pena de enriquecimento sem causa do Fisco (Aplicação analógica do precedente da Primeira Seção submetido ao rito do artigo 543C, do CPC: REsp 1035847/RS, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 24.06.2009, DJe 03.08.2009). 13. A Tabela Única aprovada pela Primeira Seção (que agrega o Manual de Cálculos da Justiça Federal e a jurisprudência do STJ) autoriza a aplicação da Taxa SELIC (a partir de janeiro de 1996) na correção monetária dos créditos extemporaneamente aproveitados por óbice do Fisco (REsp 1150188/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, julgado em 20.04.2010, DJe 03.05.2010). 14. Igualmente, a apontada ofensa ao artigo 535, do CPC, não restou configurada, uma vez que o acórdão recorrido pronunciase de forma clara e suficiente sobre a questão posta nos autos. Salientese, ademais, que o magistrado não está obrigado a rebater, um a um, os argumentos trazidos pela parte, desde que os fundamentos utilizados tenham sido suficientes para embasar a decisão, como de fato ocorreu na hipótese dos autos. 15. Recurso especial da empresa provido para reconhecer a incidência de correção monetária e a aplicação da Taxa Selic. 16. Recurso especial da Fazenda Nacional desprovido. Fl. 260DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO Processo nº 13854.000048/9823 Acórdão n.º 9303004.228 CSRFT3 Fl. 261 6 17. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. Sem embargo, o artigo 62A, caput, do Regimento Interno do CARF (Portaria MF n° 256, de 22 de junho de 2009, alterada pela Portaria MF n° 586, de 21 de dezembro de 2010) dispõe que: As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional, na sistemática prevista pelos artigos 543B e 543C da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, Código de Processo Civil, deverão ser reproduzidas pelos conselheiros no julgamento dos recursos no âmbito do CARF. Neste sentido,mm dou provimento parcial ao Recurso Especial da Fazenda Nacional, mantendo a decisão recorrida in totum. Para efeitos de liquidação deste julgado, a unidade preparadora deve observar a incidência da Taxa Selic somente sobre a parcela deferida pelo CARF, a partir da data do protocolo. É como voto é como penso. Demes Brito Fl. 261DF CARF MF Impresso em 08/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por RODR IGO DA COSTA POSSAS, Assinado digitalmente em 25/08/2016 por DEMES BRITO
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Numero do processo: 11070.001760/2006-21
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Primeira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 31 00:00:00 UTC 2011
Ementa: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. SUPOSTA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTÊNCIA. REJEIÇÃO.
Rejeitam-se os embargos de declaração opostos com fundamento em omissão quando o acórdão embargado se pronunciou expressamente sobre o ponto questionado. Não havendo contradição no acórdão, descabem os embargos
Numero da decisão: 1201-000.456
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e, no mérito, negar-lhes provimento.
Matéria: IRPJ - AF- omissão receitas - demais presunções legais
Nome do relator: Regis Magalhães Soares De Queiroz
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SUPOSTA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO. INEXISTËNCIA. REJEIÇÃO. Rejeitamse os embargos de declaração opostos com fundamento em omissão quando o acórdão embargado se pronunciou expressamente sobre o ponto questionado. Não havendo contradição no acórdão, descabem os embargos. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer dos embargos e, no mérito, negarlhes provimento . (Assinado digitalmente) Claudemir Rodrigues Malaquias Presidente. (Assinado digitalmente) Regis Magalhães Soares De Queiroz Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS (Presidente), GUILHERME ADOLFO DOS SANTOS MENDES, RAFAEL CORREIA FUSO, MARCELO CUBA NETTO, ANTONIO CARLOS GUIDONI FILHO e REGIS MAGALHÃES SOARES DE QUEIROZ Relatório Fl. 1DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI Processo nº 11070.001760/200621 Acórdão n.º 120100.456 S1C2T1 Fl. 2 2 Cuidase de embargos de declaração opostos pela contribuinte ao acórdão de fls. 758 e seguintes que foi assim ementado: SIMPLES. OBJETO SOCIAL. ATIVIDADE PROFISSIONAL RELACIONADA À ENGENHARIA AGRÔNOMA. Empresa de aviação agrícola que tem dentre seus objetos sociais “prestar assistência técnica agronômica e de elaboração e execução de projetos agropecuários” não pode optar pelo SIMPLES em razão da vedação legal às atividades profissionais de engenheiro agrônomo. SALDO CREDOR DE CAIXA. OMISSÃO DE RECEITA. PRESUNÇÃO LEGAL. Constatado saldo credor de caixa deve o contribuinte demonstrar o destino e a efetividade das despesas e custos, caso contrário pode o fisco presumir omissão de receita e tributar o valor do saldo credor. O embargante sustenta os embargos de declaração em dois fundamentos. O primeiro a suposta contradição do acórdão embargado quando julgou desnecessária a produção de prova pericial e, portanto, inexistente cerceamento de defesa na r. decisão da DRJ que negou tal pleito, mas negou provimento ao recurso voluntário da embargante por ausência de prova acerca da inocorrência de saldo credor de caixa. O segundo a suposta omissão de julgamento da argüição de inconstitucionalidade da taxa SELIC bem como da multa de ofício de 75%. É o relatório. Voto Conselheiro Regis Magalhães Soares De Queiroz, relator: Embargos conhecidos. Quanto ao primeiro fundamento, os fundamentos invocados pela embargante, em seu recurso voluntário, para sustentar o cabimento da perícia, foram: (a) necessidade de verificar a ocorrência do fato gerador do IR e da CSLL; (b) verificar a situação fática da empresa, que não realiza serviços vedados ao SIMPLES; (c) e verificar a natureza da base de cálculo utilizada, acerca da existência ou não de faturamento para incidência do PIS e COFINS. Sobre o cabimento da perícia, no acórdão embargado está assentado didaticamente que: “Esse meio de prova visa esclarecer dúvida sobre questão técnica, cuja solução necessite de conhecimentos especializados, Fl. 2DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI Processo nº 11070.001760/200621 Acórdão n.º 120100.456 S1C2T1 Fl. 3 3 não sendo necessária quando o fato probante puder ser demonstrado com a mera juntada de documentos ou análise dos já juntados ou, ainda, quando se tratar de questão de direito. O saldo credor de caixa ou caixa negativo faz presumir omissão de receitas, porque o pagamento de custos, despesas ou aquisição de bens ou direitos sem o respectivo registro é indício de que o pagamento foi efetuado com dinheiro mantido à margem da contabilidade. E tal indício foi elevado à categoria de presunção legal pelo inc. I, do art. 281 do RIR/1999. 1 Competia, então, ao embargante o ônus de trazer aos autos documentação coincidente em datas e valores demonstrando a contabilização das despesas e custos. A trazida destes documentos aos autos não pode ser suprida pelo pedido de perícia. Neste sentido o precedente abaixo: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PASSIVO FICTÍCIO. PROVA EMPRESTADA. AUTUAÇÃO FUNDADA EM ELEMENTOS COLHIDOS PELA FISCALIZAÇÃO ESTADUAL. POSSIBILIDADE (CTN, ART. 199). SALDO CREDOR DE CAIXA. PRESUNÇÃO DE LEGITIMIDADE DO LANÇAMENTO. 1. É lícita a glosa efetuada com base em lançamento fiscal realizado pela fiscalização estadual, notadamente quando o contribuinte anuiu com o lançamento, efetuando o recolhimento do tributo devido naquela esfera. 2. Se a embargante não apresenta provas suficientes dos fatos alegados com vistas a demonstrar a insubsistência da autuação fiscal, que constatou saldo credor na conta caixa, é de se reconhecer a procedência do auto de infração. 3. Apelação desprovida. (Acórdão nº 1998.01.00.0768610 de Tribunal Regional Federal da 1ª. Região, Terceira Turma Suplementar, 16 de Junho de 2005, negritamos) Adicionalmente, o acórdão embargado avaliou os quesitos oferecidos pelo ora embargante e concluiu que nada havia ali que justificasse a substituição do ônus de trazer aos autos as provas documentais necessárias à desqualificação da presunção legal pela realização de perícia. Vejamos quais foram os quesitos: 1. Se a empresa desenvolve, de fato, outras atividades, além da aviação agrícola? ( )sim ( )não 2. Em caso afirmativo à questão formulada, quais seriam estas atividades? Elas são impeditivas para a opção pelo SIMPLES? 1 RIR/1999, Art. 281: Caracterizase como omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da improcedência da presunção, a ocorrência das seguintes hipóteses (DecretoLei 1.598, de 1977, art. 12, § 2º, e Lei 9.430, de 1996, art. 40): I – a indicação na escrituração de saldo credor de caixa. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI Processo nº 11070.001760/200621 Acórdão n.º 120100.456 S1C2T1 Fl. 4 4 3. Se há algum documento ou lançamento fiscal que demonstre a existência de serviço de pilotagem, agronomia, ou representação comercial? 4. Se houve desclassificação da escrita fiscal? ( )sim ( )não 5. Em caso afirmativo à questão formulada sobre a desclassificação da escrita fiscal, porque foi desclassificada? 6. Da análise da documentação e dos livros fiscais e contábeis é possível apontar acréscimo patrimonial e/ou lucro sujeitos à tributação? Qual o se valor? Confere com o apontado pela fiscalização? 7. A fiscalização deduziu da base de cálculo do IR e da CSLL as despesas comprovadas e/ou lançadas nos extratos bancários (taxas bancárias, encargos tributários, operações financeiras, empréstimos bancários, etc)? 8. A escrita fiscal é regular? ( )sim ( )não e por que? 9. As bases de cálculo do PIS e COFINS são formadas apenas por faturamento (venda de serviços e/ou mercadorias)? Ou foram acrescidas de outras receitas? Em caso afirmativo, quanto representam estas receitas? Qual seria o valor devido com a exclusão das outras receitas? 10. Informe o Sr. Perito toda e qualquer informação que entender e julgar conveniente para a elucidação do presente litígio. Sobre a impropriedade destes quesitos, afirmou a decisão embargada: “Pela análise dos quesitos formulados concluise que ou tratam de matéria passível de aferição a partir da análise da documentação fiscal do recorrente ou sobre aspectos irrelevantes ao deslinde da questão ou, ainda, versam sobre questão atinente à interpretação da regra jurídica.” Confirmadas, desta forma, a inadequação da perícia e a inexistência de cerceamento de defesa no seu indeferimento. Quanto ao esclarecimento da situação fática da embargante que, segundo alega, prestaria serviços de “assistência técnica agronômica e de elaboração e execução de projetos agropecuários”, é a própria quem confessa que contrata pilotos e engenheiros para execução do seu serviço especializado de proteção de lavouras, não sendo uma empresa de profissionais liberais dessa profissão. Ora, se a embargante precisa contratar engenheiros para a realização de sua atividade é porque atua no ramo da engenharia, mesmo que nenhum sócio ou empregado tenha essa habilitação. Fl. 4DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI Processo nº 11070.001760/200621 Acórdão n.º 120100.456 S1C2T1 Fl. 5 5 Logo, também neste ponto mostrase totalmente descabida e inútil a realização de prova perícial, uma vez que há nos autos elementos suficientes para a formação da convicção do julgador acerca da questão. Assim, inexistente contradição no acórdão embargado; Quanto ao segundo fundamento, de omissão do acórdão embargado de apreciar a argüição de inconstitucionalidade da SELIC e da multa de ofício de 75%, também não tem razão o recurso. Só pode se omitir aquele que tinha a obrigação de se pronunciar. No caso em análise, como é de amplo conhecimento, ao CARF falece competência para apreciar matéria de índole constitucional a teor do disposto no art. 26A, do Decreto 70.235/1972: Art. 26A. No âmbito do processo administrativo fiscal, fica vedado aos órgãos de julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob fundamento de inconstitucionalidade. (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009) (...) § 6o O disposto no caput deste artigo não se aplica aos casos de tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) I – que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) II – que fundamente crédito tributário objeto de: (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) a) dispensa legal de constituição ou de ato declaratório do ProcuradorGeral da Fazenda Nacional, na forma dos arts. 18 e 19 da Lei no 10.522, de 19 de julho de 2002; (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) b) súmula da AdvocaciaGeral da União, na forma do art. 43 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993; ou (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) c) pareceres do AdvogadoGeral da União aprovados pelo Presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar no 73, de 10 de fevereiro de 1993. (Incluído pela Lei nº 11.941, de 2009) Ora, não estando a questão da arguida inconstitucionalidade da multa de ofício nem da SELIC enquadradas na situações descritas no § 6º, do dispositivo legal acima transcrito, não podia este órgão julgador proferir o desejado juízo de constitucionalidade, razão porque não pode o acórdão embargado ser taxado de omisso em relação a essas matérias. Nesse sentido, repisese o teor de súmula deste Conselho: Fl. 5DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI Processo nº 11070.001760/200621 Acórdão n.º 120100.456 S1C2T1 Fl. 6 6 Súmula Unificada nº 2 – O CARF não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária. Por fim, com relação à SELIC, o acórdão não deixou de citar a Súmula Unificada n. 4, que expressamente determina a aplicação desta taxa de juros, sendo este mais um motivo para afastarse a alegação de omissão: Súmula Unificada nº 4 – A partir de 1º de abril de 1995, os juros moratórios incidentes sobre débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal são devidos, no período de inadimplência, à taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia – SELIC para títulos federais. Isso posto, conheço, mas nego provimento os embargos de declaração. É o voto. (Assinado digitalmente) Regis Magalhães Soares De Queiroz – Relator Fl. 6DF CARF MF Emitido em 06/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 30/06/2011 por REGIS MAGALHAES SOARES DE QUEI Assinado digitalmente em 04/07/2011 por CLAUDEMIR RODRIGUES MALAQUIAS, 30/06/2011 por REGIS MAGALHAE S SOARES DE QUEI
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Numero do processo: 13642.720023/2014-34
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Segunda Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Segunda Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Aug 16 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Thu Sep 15 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF
Ano-calendário: 2011
AJUSTE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO MÉDICO. ISENÇÃO.
São isentos os proventos de aposentadoria oficial e complementar percebidos por portador de moléstia grave, contanto que comprovada a patologia mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, relativamente ao ano-calendário a que se referem os rendimentos.
DEDUÇÃO. DEPENDENTE. COMPANHEIRA.
A companheira pode ser considerada dependente na declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda, desde que comprovada a vida em comum com o contribuinte por mais de cinco anos mediante conjunto probatório hábil e idôneo.
AJUSTE. GLOSA. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO HÁBIL E IDÔNEO.
São dedutíveis na apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda os valores pagos a título de despesas médicas, do próprio contribuinte ou do seus dependentes, apenas quando especificados e comprovados mediante documentação hábil e idônea.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 2401-004.449
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, negar-lhe provimento. Vencido o conselheiro Rayd Santana Ferreira que dava provimento parcial ao recurso quanto às despesas com o plano de saúde.
(assinado digitalmente)
Miriam Denise Xavier Lazarini - Presidente
(assinado digitalmente)
Cleberson Alex Friess - Relator
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto.
Nome do relator: CLEBERSON ALEX FRIESS
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GLOSA. DEDUÇÃO DESPESAS MÉDICAS. MOLÉSTIA GRAVE. Recorrente LUIZ RONEY BRAGA DE ABREU Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 AJUSTE. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. MOLÉSTIA GRAVE. LAUDO MÉDICO. ISENÇÃO. São isentos os proventos de aposentadoria oficial e complementar percebidos por portador de moléstia grave, contanto que comprovada a patologia mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial, relativamente ao anocalendário a que se referem os rendimentos. DEDUÇÃO. DEPENDENTE. COMPANHEIRA. A companheira pode ser considerada dependente na declaração de ajuste anual do imposto sobre a renda, desde que comprovada a vida em comum com o contribuinte por mais de cinco anos mediante conjunto probatório hábil e idôneo. AJUSTE. GLOSA. DESPESAS MÉDICAS. COMPROVAÇÃO. DOCUMENTAÇÃO HÁBIL E IDÔNEO. São dedutíveis na apuração da base de cálculo do imposto sobre a renda os valores pagos a título de despesas médicas, do próprio contribuinte ou do seus dependentes, apenas quando especificados e comprovados mediante documentação hábil e idônea. Recurso Voluntário Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 64 2. 72 00 23 /2 01 4- 34 Fl. 94DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 95 2 Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em conhecer do recurso voluntário, para, no mérito, por maioria, negarlhe provimento. Vencido o conselheiro Rayd Santana Ferreira que dava provimento parcial ao recurso quanto às despesas com o plano de saúde. (assinado digitalmente) Miriam Denise Xavier Lazarini Presidente (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Relator Participaram do presente julgamento os Conselheiros Miriam Denise Xavier Lazarini, Maria Cleci Coti Martins, Carlos Alexandre Tortato, Cleberson Alex Friess, Luciana Matos Pereira Barbosa, Rayd Santana Ferreira, Márcio de Lacerda Martins e Andréa Viana Arrais Egypto. Fl. 95DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 96 3 Relatório Cuidase de recurso voluntário interposto em face da decisão da 21ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento no Rio de Janeiro (DRJ/RJO), cujo dispositivo tratou de considerar procedente em parte a impugnação, mantendo parcialmente o crédito tributário exigido. Transcrevo a ementa do Acórdão nº 1266.232 (fls. 63/68): ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA FÍSICA IRPF Anocalendário: 2011 GLOSA DE DESPESAS MÉDICAS. DESPESAS DE DEPENDENTE Somente deduzemse, na determinação da basedecálculo sujeita à incidência do Imposto de Renda, os valores pagos a título das Despesas, informados no campo Deduções da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física Dirpf, quando provadas tais despesas de acordo com a legislação pertinente. OMISSÃO DE RENDIMENTOS Quando mantida a glosa de dedução de dependente, devese excluir a respectiva omissão de rendimentos recebidos por este. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA PARTE DA DEDUÇÃO INDEVIDA DE DEPENDENTE. Consolidase administrativamente o crédito tributário relativo à matéria não impugnada, na forma do art. 17 do Decreto 70.235/72. Impugnação Procedente em Parte 2. Em face do contribuinte foi emitida a Notificação de Lançamento nº 2012/972055530352421, relativa ao anocalendário 2011, decorrente de procedimento de revisão de Declaração de Imposto sobre a Renda da Pessoa Física (DIRPF), em que foram apuradas as seguintes infrações (fls. 6/12): (i) omissão de rendimentos recebidos de pessoa jurídica; (ii) dedução indevida de dependente; e (iii) dedução indevida de despesas médicas. 2.1 A Notificação de Lançamento alterou o resultado de sua Declaração de Ajuste Anual (DAA), exigindo o Fisco imposto suplementar, acrescido de juros de mora e multa de ofício. Fl. 96DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 97 4 3. Cientificado da notificação por via postal em 10/1/2014, às fls. 41, o contribuinte impugnou a exigência fiscal (fls. 2/4). 3.1 Complementou à sua impugnação, às fls. 57/60, alegando ser portador de moléstia grave desde o ano de 2006, recebendo proventos de aposentadoria do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (Fundação Refer). 3.2 Na oportunidade, anexou ao processo administrativo laudo oficial que comprovaria a moléstia, emitido em 2014 (fls. 59). 4. Intimado em 21/6/2014, por via postal, da decisão do colegiado de primeira instância, às fls. 72/73, o recorrente apresentou recurso voluntário no dia 21/7/2014 (fls. 74/80). 4.1 Reitera a sua condição de portador de moléstia grave, classificada como angiopatia amiloide, CID H54.2, incluída no grupo da cegueira, e que seus proventos proveem de aposentadoria. 4.2 Pondera que mesmo a cegueira parcial encontrase abrangida pela isenção de que trata inciso XIV do art. 6º da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988, porque a lei não faz alusão à cegueira total. Transcreve jurisprudência, segundo entende, a favor do seu ponto de vista. 4.3 De outro modo, na hipótese de não acatada a isenção por moléstia grave, o recorrente pugna pelo reconhecimento da união estável com a Sra. Isacarla Goulart e a consequente aceitação da relação de dependência, além da dedução das despesas com o plano de saúde (Unimed), no valor de R$ 1.724,94, e despesas com dentista, na quantia de R$ 1.770,00, conforme recibos previamente apresentados. 4.4 Requer ainda a aceitação da dedução do pagamento do plano de saúde em seu próprio nome, no valor de R$ 14.931,69. 4.5 Adiciona, ao final, que há mais de cinco anos declara a companheira na DIRPF, tendo providenciado o registro da união estável no cartório. É o relatório. Fl. 97DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 98 5 Voto Conselheiro Cleberson Alex Friess Relator Juízo de admissibilidade 5. Uma vez realizado o juízo de validade do procedimento, verifico que estão satisfeitos os requisitos de admissibilidade do recurso voluntário e, por conseguinte, dele tomo conhecimento. Mérito 6. Permanecem em litígio, nessa fase processual: a relação de dependência para efeito de dedução do imposto de renda da Srª Isacarla Goulart, companheira do contribuinte, as despesas médicas em nome da dependente e a dedução dos pagamentos do plano de saúde em nome do contribuinte. 7. Antes, contudo, cabe avaliar a alegação de isenção do imposto em face da existência de moléstia grave. 8. De acordo com os incisos XXXI e XXXIII, e §§ 4º a 6º, do art. 39 do Regulamento do Imposto sobre a Renda (RIR/99), veiculado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, são isentos do imposto sobre a renda os proventos de aposentadoria, reforma ou pensão1 recebidos por portador de moléstia grave, devidamente comprovada por laudo pericial emitido por serviço médico oficial. Transcrevo a redação do RIR/99: Art. 39. Não entrarão no cômputo do rendimento bruto: (...) XXXI os valores recebidos a título de pensão, quando o beneficiário desse rendimento for portador de doença relacionada no inciso XXXIII deste artigo, exceto a decorrente de moléstia profissional, com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída após a concessão da pensão (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XXI, e Lei nº 8.541, de 1992, art. 47); (...) XXXIII os proventos de aposentadoria ou reforma, desde que motivadas por acidente em serviço e os percebidos pelos portadores de moléstia profissional, tuberculose ativa, alienação 1 Acrescento, nessa lista, os rendimentos provenientes de reserva remunerada, tendo em vista o enunciado da Súmula Carf nº 63. Fl. 98DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 99 6 mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados de doença de Paget (osteíte deformante), contaminação por radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, e fibrose cística (mucoviscidose), com base em conclusão da medicina especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída depois da aposentadoria ou reforma (Lei nº 7.713, de 1988, art. 6º, inciso XIV, Lei nº 8.541, de 1992, art. 47, e Lei nº 9.250, de 1995, art. 30, § 2º); (...) § 4º Para o reconhecimento de novas isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII, a partir de 1º de janeiro de 1996, a moléstia deverá ser comprovada mediante laudo pericial emitido por serviço médico oficial da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, devendo ser fixado o prazo de validade do laudo pericial, no caso de moléstias passíveis de controle (Lei nº 9.250, de 1995, art. 30 e § 1º). § 5º As isenções a que se referem os incisos XXXI e XXXIII aplicamse aos rendimentos recebidos a partir: I do mês da concessão da aposentadoria, reforma ou pensão; II do mês da emissão do laudo ou parecer que reconhecer a moléstia, se esta for contraída após a aposentadoria, reforma ou pensão; III da data em que a doença foi contraída, quando identificada no laudo pericial. § 6º As isenções de que tratam os incisos XXXI e XXXIII também se aplicam à complementação de aposentadoria, reforma ou pensão. (GRIFOUSE) (...) 9. Conquanto as alterações efetuadas pela fiscalização na declaração apresentada pelo contribuinte digam respeito à glosa de deduções médicas e dependente, a condição de portador de moléstia grave implica uma provável reclassificação dos rendimentos declarados, com reflexo direto na base de cálculo do imposto devido no anocalendário e, indiretamente, na necessidade de comprovação ou justificação das deduções. 9.1 Em outras palavras, constatado que os rendimentos declarados são isentos, ou em parte tributáveis, porém correspondentes à faixa inicial da tabela progressiva em que a alíquota é 0 (zero), a notificação fiscal será improcedente, sendo descabida a exigência de imposto suplementar. 9.2 Não se trata de revisar a declaração apresentada pelo recorrente, mas tão somente em dar solução ao litígio instaurado, limitandose à controvérsia quanto à exigência de imposto suplementar, considerando os elementos de prova disponíveis nos autos. Fl. 99DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 100 7 10. Isso porque os princípios informativos do processo administrativo fiscal, tais como ampla defesa, verdade material, duplo grau de jurisdição, informalismo moderado, oficialidade e preclusão, estão em permanente tensão. 10.1 É tarefa do julgador assegurar o equilíbrio entre eles, respeitando as formalidades inerentes ao rito procedimental, sem contudo levar a situações de litígio judicial desnecessário, com clara violação ao princípio da eficiência. 10.2 Levada a questão para apreciação do Poder Judiciário, inevitavelmente será avaliada sobre o aspecto material. Não pode prosperar a decisão administrativa que mantém um lançamento tributário que não se coadune como os princípios da legalidade tributária e verdade material. 10.3 É possível atenuarse os rigores das normas quanto à produção de provas, como medida excepcional, em face de documentos que permitem o fácil e rápido convencimento do julgador a respeito da improcedência do lançamento tributário, por alterarem, substancialmente, fato que serve de suporte à exigência fiscal. O que está em jogo, ao fim e ao cabo, é a legalidade da tributação. 11. Pois bem. Existe laudo médico emitido por serviço oficial, anexado aos autos na fase de impugnação, atestando que o autuado é portador, desde 06/2006, de angiopatia amiloide, qualificando a moléstia como cegueira. Observo que estava em branco o campo do documento correspondente à Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde CID 10 (fls. 59). 12. Debruçandose mais detidamente sobre o laudo oficial, datado de 26/2/2014, assinado por médico ortopedista, percebese que o diagnóstico da doença, bem como os elementos que a fundamentam, têm como base o relatório oftalmológico emitido por médico especialista do Instituto de Olhos Dr. Rogério Horta. O laudo também referese a exames clínicos realizados no mesmo centro médico (fls. 85/91). 12.1 Segundo consta do relatório oftalmológico, expedido igualmente no ano de 2014, o paciente Sr. Luiz Roney Braga de Abreu iniciou em 2006 o processo de perda visual, quando foi diagnosticada a angiopatia amiloide. Ficou caracterizada a hemianopsia inferior em ambos os olhos na realização do exame de campo visual computadorizado. 12.2 Ainda que submetido a neurocirurgia em set/2006, o quadro clínico evoluiu ao longo dos anos para perda progressiva do campo visual, alcançando, em fev/2014, quase uma perda total da visão (visão tubular). 13. Destaco que na fase recursal o contribuinte trouxe aos autos novamente cópia do mesmo laudo oficial, agora com o código da moléstia preenchido: CID H54.2 (visão subnormal de ambos os olhos), sem mencionar, contudo, o responsável pela complementação dos dados originais (fls. 82). 14. A hemianopsia é a perda parcial ou completa da visão em uma das metades do campo visual de um ou ambos os olhos.2 2 http://neuroinformacao.blogspot.com.br/2011/07/pequenodicionariodetermosmedicos.html Fl. 100DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 101 8 15. A isenção prevista em lei abrange o gênero "cegueira", não ficando restrita à perda da visão nos dois olhos, pois compreende a cegueira binocular (compromete toda a visão) e a monocular (a patologia atinge a visão em apenas um olho). 16. Deve ficar caracterizada a cegueira de acordo com as definições médicas. Confirase a relação constante da CID10, especificamente nos códigos que tratam da cegueira e visão subnormal: CID 10 H54 Cegueira e visão subnormal CID 10 H54.0 Cegueira, ambos os olhos CID 10 H54.1 Cegueira em um olho e visão subnormal em outro CID 10 H54.2 Visão subnormal de ambos os olhos CID 10 H54.3 Perda não qualificada da visão em ambos os olhos CID 10 H54.4 Cegueira em um olho [DESTAQUEI] CID 10 H54.5 Visão subnormal em um olho CID 10 H54.6 Perda não qualificada da visão em um olho CID 10 H54.7 Perda não especificada da visão 17. Como se percebe, a codificação revela algumas espécies de cegueira, comprometendo a perda da visão nos dois olhos (H54.0) ou ocasionando problemas em apenas um olho (H54.1 e H54.4). Por outro lado, nem todos as hipóteses de perda da visão caracterizam a cegueira. 18. Segundo alhures exposto, o laudo médico de fls. 59 concluiu pela patologia cegueira exclusivamente com base no relatório oftalmológico emitido por médico especialista do Instituto de Olhos Dr. Rogério Horta (fls. 85/91). 18.1 Acontece que o diagnóstico e os exames particulares não corroboram a afirmação do médico ortopedista, que assinou o laudo oficial, de que o recorrente era portador de cegueira no ano de 2006. Como facilmente se percebe, o relatório oftalmológico atesta expressamente um processo de perda visual iniciado em 2006, constatandose em fev/2014, por meio da realização de exames clínicos, a quase perda total da visão em ambos os olhos. 18.2 O diagnóstico médico de visão subnormal de ambos os olhos, devido à identificação de "campo visual menor que 20º compatível com cegueira legal em ambos os olhos. CID H54.2", encontra lastro em documentação obtida mediante exame oftalmológico apenas no ano de 2014 (fls. 87). 19. Logo, os elementos de provas que instruem os autos não confirmam, em linguagem de provas, a patologia denominada "cegueira" no ano de 2006, ainda que restrita a um só olho do paciente. Fl. 101DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 102 9 19.1 Mais que isso, os documentos existentes são insuficientes para o fim de caracterizar, segundo definição médica, a moléstia grave cegueira no ano a que se referem os rendimentos tributáveis, ou seja, em 2011 20. Com relação à glosa de dedução da dependente Isacarla Goulart, companheira do recorrente, dispõe o art. 77 do RIR/99: Art. 77. Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência mensal do imposto, poderá ser deduzida do rendimento tributável a quantia equivalente a noventa reais por dependente (Lei nº 9.250, de 1995, art. 4º, inciso III). § 1º Poderão ser considerados como dependentes, observado o disposto nos arts. 4º, § 3º, e 5º, parágrafo único (Lei nº 9.250, de 1995, art. 35): (...) II o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de cinco anos, ou por período menor se da união resultou filho; (...) 21. O companheiro ou a companheira poderão ser considerados dependentes para fins de dedução na base de cálculo do imposto sobre a renda devido pelo contribuinte, desde que comprovada a vida em comum por mais de cinco anos com o declarante, ou por período menor se resultou filho da união estável. 22. É admitida a prova da vida em comum por via documental, não se exigindo um rol específico de documentos, mas sim a existência de um mínimo conjunto probatório sério, contundente e convincente da vida em comum e união estável por mais de cinco anos, observado, quanto ao lapso de tempo, o anocalendário a que se refere a inclusão do companheiro na DAA (a revisão da declaração diz respeito ao anocalendário 2011). 23. Para provar os fatos, o recorrente trouxe aos autos a Escritura Pública de Declaração de União Estável, com a assinatura de testemunhas, na qual está declarado que os signatários "vivem uma união estável há 09 (nove) anos, convivendo maritalmente desde abril de 2005 (...)". (fls. 83/84) 23.1 Contudo, tal prova unicamente considerada tem a força axiológica reduzida para a finalidade deste processo administrativo, pois a escritura foi firmada em 7/5/2014. 23.2 Inclusive, na peça impugnatória, datada de 24/1/2014, o contribuinte havia declarado que vivia sob o mesmo teto com a Srª Isacarla Goulart há aproximadamente 6 (seis) anos (fls. 3). 23.3 É imprescindível, portanto, elementos de convencimento adicionais, contemporâneos ao lapso de tempo de cinco anos exigido pela legislação. 24. O contribuinte apresenta ainda comprovante de residência em nome da dependente, porém diz respeito ao ano de 2013, não sendo apto a demonstrar a coabitação com a Srª Isacarla Goulart desde o ano de 2005 ou 2006, no mínimo (fls. 38). Fl. 102DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI Processo nº 13642.720023/201434 Acórdão n.º 2401004.449 S2C4T1 Fl. 103 10 25. Por sua vez, pondera que a dependente é informada como companheira na DIRPF do contribuinte há mais de cinco anos, o que seria uma prova da união estável. 25.1 Cuidase de argumentação verbal trazida apenas na fase recursal, não tendo o recorrente se esforçado para colacionar aos autos cópia da declaração do anocalendário 2005 ou 2006, de modo a evidenciar a mínima plausibilidade ao que está afirmando. 26. Nessa linha de raciocínio, os documentos acostados não são aptos a comprovar a convivência há mais de cinco anos, tendo em conta o anocalendário 2011. Por conseguinte, inviabiliza o reconhecimento do direito à inclusão da Srª Isacarla Goulart como dependente do declarante e impossibilita o restabelecimento das deduções das correspondentes despesas médicas. 27. Quanto à dedução das despesas médicas no valor de R$ 14.931,69, declaradas pelo contribuinte como pagas a Cooperativa Unimed, mediante a Qualicorp Administradora de Benefícios, mantenho a decisão de piso pelos seus próprios fundamentos. 27.1 O julgador "a quo" registrou com acerto as razões para a não aceitação dos pagamentos como dedutíveis na DAA 2012/2011, deixando o contribuinte de apresentar, mesmo na fase do contencioso administrativo, os elementos de prova solicitados pela fiscalização quanto à identificação dos beneficiários do plano de saúde (fls. 67): "(...) Quanto aos comprovantes de pagamentos relativos à Qualicorp Adm de Benef. SA, fls 13, 15/25, não ficou demonstrado que o contribuinte é o único beneficiário do plano de saúde, sendo assim, não é possível saber a parcela dedutível na DAA, já que a dedutibilidade restringese ao contribuinte e seus dependentes. Notase que o contribuinte já tinha sido intimado a apresentar comprovantes originais e cópias de despesas médicas com planos de saúde com valores discriminados por beneficiários (titular e dependente).(...)" Conclusão Ante o exposto, voto por CONHECER do recurso voluntário e, no mérito NEGARLHE PROVIMENTO. É como voto. (assinado digitalmente) Cleberson Alex Friess Fl. 103DF CARF MF Impresso em 15/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 14/09/2016 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/201 6 por CLEBERSON ALEX FRIESS, Assinado digitalmente em 14/09/2016 por MIRIAM DENISE XAVIER LAZARINI
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Numero do processo: 10855.905478/2010-19
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Wed Aug 24 00:00:00 UTC 2016
Data da publicação: Wed Sep 21 00:00:00 UTC 2016
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004
Ementa:
IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO ENTRE FILIAL E MATRIZ. ESTORNO DO CRÉDITO EM FAVOR DA FILIAL
Se ao longo de procedimento fiscalizatório decorrente de pedido de ressarcimento de IPI a matriz estorna o crédito originalmente apurado pela sua filial, não há que se discutir acerca da validade ou não dessa transferência, mas sim verificar a qualidade do crédito vindicado que, sendo positiva, deverá ser ressarcido em favor do contribuinte.
IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. REGISTRO EM LIVROS CONTÁBEIS, MAS SEM PROVA DAS CORRELATAS NOTAS FISCAIS
O fato de um crédito de IPI estar registrado nos livros contábeis de um contribuinte não implica a sua absoluta validade, já que a contabilidade não se presta a criar fatos, mas serve apenas para registrá-los. Logo, se em sede de fiscalização em pedido de ressarcimento o contribuinte é intimado para apresentar as notas fiscais que fundamentam seu pedido, deverá o contribuinte desincumbir-se deste ônus probatório, sob pena do seu pedido de ressarcimento ser indeferido.
Numero da decisão: 3402-003.222
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para que seja efetivado o ressarcimento de 70,1% do crédito de IPI originalmente vindicado pelo Recorrente e para o qual existe prova da sua existência e qualidade (115 notas fiscais originais), nos termos de parte da manifestação fiscal exarada as fls. 689/696, mantendo-se, contudo, a glosa do montante remanescente pela ausência de prova do referido crédito. Sustentou pela recorrente o Dr. Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345.
Antonio Carlos Atulim - Presidente.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 Ementa: IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO ENTRE FILIAL E MATRIZ. ESTORNO DO CRÉDITO EM FAVOR DA FILIAL Se ao longo de procedimento fiscalizatório decorrente de pedido de ressarcimento de IPI a matriz estorna o crédito originalmente apurado pela sua filial, não há que se discutir acerca da validade ou não dessa transferência, mas sim verificar a qualidade do crédito vindicado que, sendo positiva, deverá ser ressarcido em favor do contribuinte. IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. REGISTRO EM LIVROS CONTÁBEIS, MAS SEM PROVA DAS CORRELATAS NOTAS FISCAIS O fato de um crédito de IPI estar registrado nos livros contábeis de um contribuinte não implica a sua absoluta validade, já que a contabilidade não se presta a criar fatos, mas serve apenas para registrá-los. Logo, se em sede de fiscalização em pedido de ressarcimento o contribuinte é intimado para apresentar as notas fiscais que fundamentam seu pedido, deverá o contribuinte desincumbir-se deste ônus probatório, sob pena do seu pedido de ressarcimento ser indeferido.
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Recorrida UNIÃO ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 Ementa: IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. TRANSFERÊNCIA DO CRÉDITO ENTRE FILIAL E MATRIZ. ESTORNO DO CRÉDITO EM FAVOR DA FILIAL Se ao longo de procedimento fiscalizatório decorrente de pedido de ressarcimento de IPI a matriz estorna o crédito originalmente apurado pela sua filial, não há que se discutir acerca da validade ou não dessa transferência, mas sim verificar a qualidade do crédito vindicado que, sendo positiva, deverá ser ressarcido em favor do contribuinte. IPI. PEDIDO DE RESSARCIMENTO. REGISTRO EM LIVROS CONTÁBEIS, MAS SEM PROVA DAS CORRELATAS NOTAS FISCAIS O fato de um crédito de IPI estar registrado nos livros contábeis de um contribuinte não implica a sua absoluta validade, já que a contabilidade não se presta a criar fatos, mas serve apenas para registrálos. Logo, se em sede de fiscalização em pedido de ressarcimento o contribuinte é intimado para apresentar as notas fiscais que fundamentam seu pedido, deverá o contribuinte desincumbirse deste ônus probatório, sob pena do seu pedido de ressarcimento ser indeferido. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para que seja efetivado o ressarcimento de 70,1% do crédito de IPI originalmente vindicado pelo Recorrente e para o qual existe prova da sua existência e qualidade (115 notas fiscais originais), nos termos de parte da manifestação fiscal exarada as fls. 689/696, mantendose, contudo, a glosa do montante remanescente pela AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 85 5. 90 54 78 /2 01 0- 19 Fl. 707DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 2 ausência de prova do referido crédito. Sustentou pela recorrente o Dr. Rafael de Paula Gomes, OAB/DF nº 26.345. Antonio Carlos Atulim Presidente. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Antonio Carlos Atulim, Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar os fatos aqui analisados, me valho do Relatório desenvolvido pelo então Relator do caso, João Carlos Cassuli Junior, quando lavrou a Resolução n. 3402000.516 (fls. 593/598), o qual adoto como meu nos termos abaixo: Tratase de pedido de ressarcimento PER/DCOMP n. 11008.99054.090206.1.1.010400 de saldo credor de IPI, transmitido em 09/02/2006, em que o contribuinte se diz credor do montante de R$ 5.500.000,00 (cinco milhões e quinhentos mil reais) relativo ao 2º trimestre de 2004. Ainda, sobre o mesmo crédito e período de apuração, o contribuinte transmitiu em 13/04/2007, pedido de ressarcimento residual PER/DCOMP nº 05578.80123.130407.1.1.017200 no importe de R$ 1.600.588,31 (um milhão, seiscentos mil, cinquenta e oitenta e oito reais e trinta e um centavos). Após a transmissão do primeiro pedido houve a instauração de Procedimento Fiscal que resultou na informação fiscal de fls. 257/259 da qual transcreve elementos de destaque: “(...) 8. O PER/DCOMP n° 11008.99054.090206.1.1.010400, objeto da presente ação fiscal, aponta o CNPJ 02.055.805/000168 (matriz) como estabelecimento detentor do crédito. Entretanto, analisando o Livro de Apuração do IPI, ano 2004, desse estabelecimento (matriz), verificamos que o saldo credor apurado no período em questão não corresponde ao "Saldo Credor RAIPI" apontado no PER/DCOMP. 9. O "Saldo Credor RAIPI" apontado no PER/DCOMP, no montante de R$ 7.386.367,88, corresponde sim ao saldo credor de IPI apurado pelo estabelecimento filial 02.055.805/000320, conforme registrado em seu livro de apuração do IPI. 10. O estorno do valor do pedido de ressarcimento (R$ 5.500.000,00), foi efetuado no período de 01/02 a 28/02/2006, às folhas 7 do Livro Registro de Apuração do IPI da matriz. (...) 12. Não foram apresentados os arquivos digitais relativos à escrita fiscal. Assim, ficaram totalmente prejudicadas as verificações no que diz respeito aos dados constantes das notas Fl. 708DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.905478/201019 Acórdão n.º 3402003.222 S3C4T2 Fl. 700 3 fiscais, como: CFOP, classificação fiscal, alíquota, valor do IPI, etc. 13. Diante do não atendimento às intimações no que diz respeito aos arquivos digitais citados no item anterior e às notas fiscais que confiram legitimidade à escrituração dos créditos, não foi possível verificar a correta utilização desses créditos e a apuração dos valores solicitados a título de ressarcimento. 14. As notas fiscais apontadas no PER/DCOMP apresentam o total do IPI destacado no montante de R$ 8.770.020,15, que correspondem ao total do IPI creditado no período no Livro RAIPI. Desse total a fiscalizada comprovou apenas R$ 91.468,65, mediante a apresentação das notas fiscais citadas acima. Dessa maneira, nos termos do artigo 190 do Decreto n° 4.544/02 (RIPI/02), a não apresentação da aludida documentação enseja a glosa dos créditos de IPI escriturados e não comprovados. 15. Ante o exposto opinamos pelo indeferimento total do ressarcimento pleiteado, no montante R$ 5.500.000,00; quer pela falta de apresentação de documentos que deram suporte aos créditos de IPI escriturados; quer pelo fato de que o "saldo credor RAIPI" e o estabelecimento indicado no PER/DCOMP não guardam correspondência entre si”. (destaque do original) De acordo com referida informação, a Delegacia da Receita Federal do Brasil em Sorocaba/SP proferiu Despacho Decisório DRFB/SOR/SEORT nº 26, de 19/01/2011, indeferindo os pedidos de Ressarcimento ns. 11008.99054.090206.1.1.010400 e 05578.80123.130407.1.1.017200, em razão da falta de comprovação dos créditos. Apresentada Manifestação de Inconformidade pelo contribuinte, sobreveio decisão da 2ª Turma da Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Ribeirão Preto (DRJ/RPO) Acórdão nº. 1436.417 (fls. 509/513), ementado nos seguintes termos: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2004 a 30/06/2004 PER/DCOMP. TRANSFERÊNCIA DE CRÉDITOS ESCRITURAIS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. Salvo em alguns casos indicados expressamente na legislação, é incabível a transferência de créditos escriturais do estabelecimento filial para a matriz, conduta esta que viola o princípio da autonomia dos estabelecimentos. RESSARCIMENTO. COMPROVAÇÃO. Quando dados ou documentos solicitados ao interessado forem necessários à apreciação de pedido formulado, a falta de Fl. 709DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 4 atendimento no prazo estipulado pela Administração para a respectiva apresentação implicará o indeferimento do pleito. RESSARCIMENTO. ÔNUS DA PROVA. É ônus processual da interessada fazer a prova dos fatos constitutivos de seu direito. Manifestação de Inconformidade Improcedente Direito Creditório Não Reconhecido Devidamente cientificado em 23/02/2012, conforme AR de fl. 519, o contribuinte apresentou Recurso Voluntário (fls. 521/535) em 21/03/2012, aduzindo que a divergência de valores relatada na informação fiscal é explicada pela centralização dos créditos na matriz, conforme a IN SRF nº 600/2005, art. 16, § 2º, e decisões administrativas. Porquanto, assevera que a questão da descentralização não impediria o direito de crédito, e que houve um exagero no rigor da fiscalização ao glosar o crédito ao invés de sugerir a regularização no curso do procedimento, de toda forma afirma ter sido sanada tal irregularidade formal por meio da alteração da forma de apuração de créditos de IPI durante o curso do procedimento administrativo, de centralizada para descentralizada na filial e atestada a existência e validade dos créditos em apreço, mediante a juntada de documentação idônea, que deveria ter sido considerada pela DRJ, pelo que devem ser homologadas as compensações vinculadas aos créditos, em homenagem ao princípio da verdade material, bem como a eficiência administrativa. Nesse sentido, reitera a informação de que o vício que deixou de existir era do tipo sanável, já que nada impediria que o contribuinte exercesse seu direito ao crédito em novo pedido de ressarcimento que seria apresentado, mas que poderia ser desnecessário, ao permitir que o procedimento fosse realizado. Ao final, requereu fosse retomada a análise dos documentos apresentados pela Recorrente a fim de evidenciar o quantum do crédito a ser homologado, promovendo a conversão do julgamento em diligência, para a análise das notas fiscais, liquidandose o valor dos créditos a serem deferidos, e então seja inteiramente deferido o pedido de ressarcimento e correspondentes compensações, revertendose a decisão recorrida. (...) (grifos constantes no original). 2. Uma vez pautado, o então Relator do caso, acompanhado pela turma julgadora, converteu o julgamento em diligência para que fossem tomadas as seguintes medidas: (...). 1. Proceda a análise dos documentos juntados pelo contribuinte em sua Manifestação de Inconformidade, se o caso cotejandoos com os Livros e demais registros do contribuinte, ou ainda, com os originais dos documentos que estejam na posse sujeito passivo (intimandoo para tal providência de exibição); Fl. 710DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.905478/201019 Acórdão n.º 3402003.222 S3C4T2 Fl. 701 5 2. Constatando que referidas Notas Fiscais sejam legíveis, existentes e hábeis para atestar e veicular a tomada de créditos pelo sujeito passivo, efetive a quantificação dos mesmos, em cotejo à Planilha apresentada pelo sujeito passivo igualmente por ocasião da Manifestação de Inconformidade; 3. Após tais providências, elabore Parecer Conclusivo sobre a diligência, manifestandose de modo objetivo sobre a existência, suficiência e legitimidade dos créditos; 4. Por fim, intime o sujeito passivo para manifestarse, querendo, sobre o Parecer Conclusivo, retornando ao fim o processo para esta Casa afim de que seja então prosseguido no julgamento do feito. (...). 3. Um vez realizada a diligência, assim se manifestou a unidade preparadora (fls. 670/672): (...). 3. CONCLUSÃO Se considerarmos o lote de notas fiscais originais apresentadas pelo contribuinte como uma amostragem significativa, dado que as 115 (cento e quinze) notas encaminhadas totalizam R$ 5.463.221,90 de IPI destacado, ou seja, 70,1% do total pleiteado, podese inferir que o detentor do crédito seria o estabelecimento destinatário da transferência de produção, no presente caso a filial CNPJ nº 02.055.805/000320 e não a matriz ora solicitante; Levandose em conta os CFOP’s informados no mencionado lote de notas, os créditos passíveis de ressarcimento seriam aqueles compreendidos no CFOP 5151 –Transferência de produção do estabelecimento, dado que o IPI pode ser destacado na saída de produtos de um estabelecimento industrial para outro industrial ou equiparado da mesma firma, por analogia contrario sensu ao inciso X do art. 42 do RIPI/2002: Art. 42. Poderão sair com suspensão do imposto: ................... X os produtos remetidos, para industrialização ou comércio, de um para outro estabelecimento, industrial ou equiparado a industrial, da mesma firma; No que se refere às notas fiscais originais não apresentadas, no entendimento desta fiscalização, prevalece o disposto no art. 190 do RIPI/2002, ou seja, a glosa dos créditos de IPI escriturados e não comprovados pelos documentos fiscais que viriam conferir legitimidade ao pleito. É o que tínhamos para informar. Fl. 711DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 6 4. O Recorrente, por sua vez, se manifestou a respeito do resultado da diligência por meio da petição de fls. 689/696. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso em apreço preenche os pressupostos formais de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Do ressarcimento do IPI no caso em tela 7. Conforme se observa dos autos o caso em tela gravita em torno de pedido de ressarcimento de saldo credor de IPI, decorrentes da aquisição de matériaprima, produtos intermediários e material de embalagem aplicados na produção de produtos isentos. Tais créditos foram inicialmente apurados de forma centralizada pela Recorrente, o que redundou, em um primeiro momento, no estorno destes créditos nos documentos fiscais do estabelecimento filial e consequente registro de tais valores nos livros da matriz. 8. O pedido foi indeferido com base em dois fundamentos principais, quais sejam: (i) o saldo credor apurado no período não corresponde ao saldo credor RAIPI apontado no PER/DCOMP (por trataremse de estabelecimentos diversos); e (ii) falta de apresentação dos documentos que comprovem os créditos de IPI escriturados. 9. Todavia, em sede de Manifestação de Inconformidade, o Recorrente trouxe os documentos fiscais aptos para comprovar a legitimidade do seu crédito (ainda que parcial) o que, inclusive, suscitou a diligência aqui determinada e a resposta da fiscalização no sentido de validar qualitativamente 70,1% do montante originalmente pleiteado pelo contribuinte. Referido percentual foi constatado em sede de diligência levando em consideração apenas 115 de 155 Notas Fiscais originais apresentadas pelo Recorrente naquela oportunidade. 10. Ocorre que, conforme se observa da resposta oferecida à diligência perpetrada, a fiscalização insiste que, mesmo nesse universo de 70,1% de notas fiscais, apenas algumas seriam aptas a gerar o ressarcimento aqui tratado, uma vez que, segundo a fiscalização, a legislação do IPI impediria a transferência de créditos entre estabelecimentos do mesmo grupo (matriz e filial) em razão do princípio da autonomia dos estabelecimentos. É por isso, portanto, que a fiscalização conclui em diligência que apenas as operações com CFOP's 5151 dariam direito ao ressarcimento do IPI vindicado. É o que se extrai do seguinte trecho da manifestação fiscal (fl. 672): Levandose em conta os CFOP’s informados no mencionado lote de notas, os créditos passíveis de ressarcimento seriam aqueles compreendidos no CFOP 5151 – Transferência de produção do estabelecimento, dado que o IPI pode ser destacado na saída de produtos de um estabelecimento industrial para outro industrial ou equiparado da mesma firma, por analogia contrario sensu ao inciso X do art. 42 do RIPI/2002: Fl. 712DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.905478/201019 Acórdão n.º 3402003.222 S3C4T2 Fl. 702 7 Art. 42. Poderão sair com suspensão do imposto: ................... X os produtos remetidos, para industrialização ou comércio, de um para outro estabelecimento, industrial ou equiparado a industrial, da mesma firma; 10. Acontece que a premissa adotada pela fiscalização para tal conclusão é falha. E isso porque, embora em um primeiro momento o pedido de ressarcimento tenha sido feito pela matriz em razão da transferência de créditos da sua filial, o que poderia ensejar a discussão aqui travada (possibilidade ou não da aludida transferência), ainda em sede de procedimento fiscalizatório a Recorrente promoveu o estorno do saldo credor do Livro de Registro de Apuração da Matriz, o que, inclusive, foi reconhecido pela própria fiscalização, conforme se observa dos seguintes excertos: Trecho da Informação Fiscal de fls. 257/259: (..). 9. O “Saldo Credor RAIPI” apontado no PER/DCOMP, no montante de R$ 7.386.367,88, corresponde sim ao saldo credor de IPI apurado pelo estabelecimento filial 02.055.805/000320, conforme registrado em seu livro de apuração do IPI. 10. O estorno do valor do pedido de ressarcimento (R$ 5.500.000,00), foi efetuado no período de 01/02 a 28/02/2006, às folhas 7 do Livro Registro de Apuração do IPI da matriz. (...) (grifos nosso). Trecho da decisão de fls. 266/270 que vedou o ressarcimento do crédito: 9. O “Saldo Credor RAIPI” apontado no PER/DCOMP, no montante de R$ 7.386.367,88, corresponde sim ao saldo credor de IPI apurado pelo estabelecimento filial 02.055.805/000320, conforme registrado em seu livro de apuração do IPI. 10. O estorno do valor do pedido de ressarcimento (R$ 5.500.000,00), foi efetuado no período de 01/02 a 28/02/2006, às folhas 7 do Livro Registro de Apuração do IPI da matriz. (...). (g.n.). 11. Referido estorno está devidamente registrado no Livro Registro de Apuração do IPI RAIPI de 2006, conforme atesta documento de fls. 254. Em referido documento é possível constar um estorno de R$ 5.500.000,00. 12. Dessa feita, se o estorno foi realizado ao longo do procedimento fiscalizatório, corrigindo, portanto, eventual equívoco quanto à legitimidade daquele que fez o pleito de ressarcimento e, ainda, tendo a fiscalização, em sede de resposta de diligência, atestado a qualidade de 70,1% do crédito vindicado, não resta dúvida que referido crédito deve ser ressarcido em favor do Recorrente, o que desde já reconheço. Fl. 713DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM 8 13. Não obstante, a dúvida persiste em relação ao valor remanescente do crédito (equivalente a 29,99% do pleito de ressarcimento) que, segundo a fiscalização, além de se referir a créditos da filial e não da matriz (premissa aqui afastada, conforme desenvolvido alhures), ainda não teriam sido objeto de prova. 14. Conforme se observa dos autos, tanto em sede de fiscalização como já no plano das respostas ofertadas às intimações fiscais egressas da diligência proposta por este Tribunal Administrativo (fls. 604/605 e 645/647), o contribuinte foi reiteradamente intimado para apresentar as notas fiscais que dariam origem aos créditos pleiteados a título de ressarcimento. Acontece que o contribuinte não apresentou tais documentos e, em sua manifestação de fls. 689/696, aduziu que tal análise poderia ser feita com base nos livros fiscais e demais registros contábeis acostados nos autos. 15. Não se olvida do fato que os registros realizados em um livro contábil gozam de presunção relativa de veracidade. Também não se ignora o disposto no art. 190 do Regulamento do IPI de 2002, vigente à época dos fatos e que assim prescrevia: Art. 190. Os créditos serão escriturados pelo beneficiário, em seus livros fiscais, à vista do documento que lhes confira legitimidade: I nos casos dos créditos básicos, incentivados ou decorrentes de devolução ou retorno de produtos, na efetiva entrada dos produtos no estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial; II no caso de entrada simbólica de produtos, no recebimento da respectiva nota fiscal, ressalvado o disposto no § 2º; III nos casos de produtos adquiridos para utilização ou consumo próprio ou para comércio, e eventualmente destinados a emprego como MP, PI ou ME, na industrialização de produtos para os quais o crédito seja assegurado, na data da sua redestinação; e IV nos casos de produtos importados adquiridos para utilização ou consumo próprio, dentro do estabelecimento importador, eventualmente destinado a revenda ou saída a qualquer outro título, no momento da efetiva saída do estabelecimento. § 1º Não deverão ser escriturados créditos relativos a MP, PI e ME que, sabidamente, se destinem a emprego na industrialização de produtos não tributados, ou saídos com suspensão cujo estorno seja determinado por disposição legal . § 2º No caso de produto adquirido mediante venda à ordem ou para entrega futura, o crédito somente poderá ser escriturado na efetiva entrada do mesmo no estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial, à vista da nota fiscal que o acompanhar. 16. Não se pode, entretanto, ignorar que no presente caso se está diante de um pedido de ressarcimento, de iniciativa do contribuinte, a quem compete o ônus de provar não só a qualidade, mas também a existência do seu crédito. Ademais, no presente caso tal pedido de ressarcimento foi objeto de fiscalização, oportunidade em que o fisco solicitou cópia das Fl. 714DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM Processo nº 10855.905478/201019 Acórdão n.º 3402003.222 S3C4T2 Fl. 703 9 notas fiscais registradas contabilmente para se certificar que tal registro condizia com a realidade, já que a contabilidade não cria fatos, mas apenas retrata uma realidade. 17. Dessa feita, não há que se falar em nova diligência, já que o contribuinte teve inúmeras oportunidades para fazer prova do seu crédito sem que, todavia, lograsse êxito neste sentido. Aplicase, pois, o disposto no art. 18 do Decreto n. 70.235/721 18. Logo, se o Recorrente não conseguiu apresentar as notas fiscais registradas em seu livro contábil, ou seja, se não conseguiu provar a efetiva existência dos fatos que deram origem ao seu pretenso crédito, não faz ele jus ao ressarcimento em questão, que aqui diz respeito ao equivalente a 29,99% do total originalmente vindicado pelo Recorrente. Dispositivo 19. Diante do exposto, voto para dar parcial provimento ao Recurso Voluntário para que seja efetivado o ressarcimento de 70,1% do crédito de IPI originalmente vindicado pelo Recorrente e para o qual existe prova da sua existência e qualidade (115 notas fiscais originais), nos termos de parte da manifestação fiscal exarada as fls. 689/696, mantendose, contudo, a glosa do montante remanescente pela ausência de prova do referido crédito. 20. É como voto. Relator Diego Diniz Ribeiro 1 "Art. 18. A autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendêlas necessárias, indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis, observando o disposto no art. 28, in fine." Fl. 715DF CARF MF Impresso em 21/09/2016 por RECEITA FEDERAL - PARA USO DO SISTEMA CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 30/08/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por DIEGO DINIZ RIBEIRO, Assinado digitalmente em 05/09/2016 por ANTONIO CARLOS ATULIM
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