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Numero do processo: 16905.720100/2013-25
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Mon Jan 29 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Numero da decisão: 3402-001.208
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
RESOLVEM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator.
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto.
(assinado digitalmente)
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
(assinado digitalmente).
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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E OUTROS Recorrida FAZENDA NACIONAL Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. RESOLVEM os membros da 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, por unanimidade de votos, em converter o julgamento em diligência, nos termos do voto do Relator. Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto. (assinado digitalmente) Diego Diniz Ribeiro Relator. (assinado digitalmente). Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Tratase de Auto de Infração fundamentado no art. 23, § 3º do Decretolei n. 1.455/76, c.c. o art. 105, inciso X do Decretolei n. 37/66, que implicou a conversão de pena de perdimento em multa no valor de R$ 36.751.315,39. Referida autuação foi dirigida contra a empresa N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda., bem como, de forma solidária, contra os seus sócios de fato, os Srs. Tarik Kvint e Adan de Souza. RE SO LU ÇÃ O G ER A D A N O P G D -C A RF P RO CE SS O 1 69 05 .7 20 10 0/ 20 13 -2 5 Fl. 482DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 475 2 2. Segundo consta do Relatório que integra o Auto de Infração (fls. 10/30) referida exigência decorreria dos seguintes fatos a seguir sumarizados pela fiscalização: (...). 1. A ação fiscal decorreu das informações levantadas pela Divisão de Repressão ao Contrabando e ao Descaminho da SRRF/8ª RF, registradas no Relatório de Pesquisa e Investigação nº 04/2013 (documento protegido por sigilo fiscal). 2. No período entre agosto/2012 e março/2013 a fiscalizada adquiriu em especificados supostos fornecedores produtos eletrônicos importados, sendo consoles de videogame, jogos p/ tais consoles, discos rígidos e pendrives, em valor estimado em 14 (quatorze) milhões de reais, tratandose todos eles, porém, de empresas que não foram localizadas nos respectivos endereços que informaram para cadastro na RFB. Nos endereços que tais supostos fornecedores informaram formalmente na Receita Federal, para cadastro, foram encontradas desde uma pizzaria até o caso de número de logradouro simplesmente inexistente. Além disso, quanto a essas supostas empresas fornecedoras, apurouse que seus sócios haviam declarado à Receita Federal rendimentos incompatíveis com o volume transacionado, e em sua maioria, indicaram nas respectivas declarações endereços residenciais localizados em bairros extremamente humildes. Ademais, tais empresas figuravam entre as fornecedoras da NOVITATIS COMERCIAL LTDAME (NOVITATIS), CNPJ n° 09.171.459/000122, objeto do Relatório de Pesquisa e Investigação n° 05/2013. 3. Em 16/04/2013, no bojo da ação denominada 'Operação Frigidus', equipe fiscal dirigiuse ao endereço informado pela NT COMÉRCIO DE PRODUTOS ELETROELETRÔNICOS LTDA (NT), no cadastro da RFB, à Av. Carijós, n° 1.547, sala 01, Santo André/SP. No prédio comercial, havia apenas uma sala de modestas dimensões, desproporcional ao vultoso volume físico de mercadorias comercializado pela empresa, segundo dados obtidos em investigação fiscal. O usuário da sala, Sr. Alexandre Beyerstedt, informou que recebia, de vez em quando, consoles a serem destravados prática freqüente no mercado de consoles, voltada a viabilizar a utilização de jogos piratas. 4. Simultaneamente, equipe distinta dirigiuse ao endereço da “NT” constante do contrato social vigente anteriormente à última alteração, à Av. Pereira Barreto, n° 1.395, sala 136 (Centro Empresarial Santo André). Constatouse que o escritório da empresa tinha como nova sede a sala n° 105, na qual a equipe foi recebida pelo Sr. Tarik Kvint (Sr. Tarik), CPF n° 277.083.86870, dandolhe ciência de Termo de Início de Ação Fiscal. Em Termo de Depoimento, o Sr. Tarik afirmou que o escritório, bem como a sala no outro endereço, à Av. Carijós, n° 1.547, sala 01, são compartilhados pelas empresas NT e NOVITATIS, da qual é sócio administrador. Além disso, admite ser o administrador de fato da NT, embora isso não conste do contrato social e alegue não possuir procuração, mas figura como fiador de empréstimos contraídos pela NT junto a instituições bancárias, ficando entendido pela fiscalização, por essas circunstâncias, que a NOVITATIS e a NT Fl. 483DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 476 3 praticamente consistiam em duas meras ficções jurídicas relativas a uma mesma operação real. 5. Ficando constatado que nesses dois endereços da empresa NT não havia mercadorias, nem tampouco poderiam servir para depósito/estoque de mercadorias, a fiscalização indagou ao Sr. Tarik onde se situava o depósito. Este, em depoimento reduzido a termo, afirmou que as mercadorias não passavam pela empresa, cuja atividade consistia apenas na intermediação entre os “fornecedores” (firmas que se apurou serem inexistentes de fato) e os clientes finais, que disse serem grupos varejistas, como por exemplo, Lojas Americanas, Grupo Pão de Açúcar e Rede Eletrosom. Em face da inexistência de fato das supostas fornecedoras e considerando que o representante da NT informara que esta não dispunha de depósito, a fiscalização cuidou de investigar como as mercadorias chegavam às lojas varejistas destinatárias. 6. Nas dependências do estabelecimento da NT foi identificado um contrato de locação cujo objeto é um imóvel não residencial, que apresentava como locatário o Sr. Adan de Souza (Sr. Adan), CPF nº 275.729.69810, e que tinha por fiador o Sr. Tarik. A fiscalização se dirigiu a esse imóvel localizado na Rua Antônio Álvares, n° 137, Santo André, deparandose com um prédio de 2 andares onde, no piso térreo, havia um extenso portão retrátil, guarnecido por câmera. 7. Sob a condição de se manterem no anonimato alguns vizinhos informaram que ali costumava haver uma intensa movimentação de caminhões, que os locatários do imóvel eram arredios a qualquer contato com a vizinhança e haviam instalado ali um forte esquema de segurança, com alarme extremamente sensível e câmeras de monitoramento remoto. A fiscalização convocou o Sr. Tarik a comparecer ao local. Este, após alguma resistência, veio e abriu o depósito clandestino localizado pela fiscalização. No interior do depósito foram encontrados 46 volumes de eletroeletrônicos importados, como consoles de videogame, jogos para esses consoles, calculadoras, entre outros. 8. O Sr. Tarik não foi capaz de apresentar nenhum livro ou documento fiscal com registros relativos a essas mercadorias. De fato tratavase de um depósito clandestino, sem inscrição estadual, nem tampouco no CNPJ. Disso decorreu a retenção dessas mercadorias, em face dos indícios de infração ao controle aduaneiro, passível da pena de perdimento, com fulcro no artigo 68 da Medida Provisória n° 2.158 35/2001. As empresas NT e NOVITATIS foram formalmente intimadas, através do Sr. Tarik, a apresentar, no prazo de 05 (cinco) dias, a pertinente documentação fiscal, livros contábeis obrigatórios, bem como os comprovantes de pagamento das mercadorias. No último dia do prazo concedido o contador das duas empresas compareceu à repartição fiscal sem portar os documentos solicitados, para apresentar tão somente umas notas fiscais emitidas por empresas com endereço distinto daquele depósito onde ocorrera a retenção das mercadorias, e que a fiscalização apurou se tratarem de empresas inexistentes de fato. Fl. 484DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 477 4 3. Diante deste quadro e da lavratura do correlato Auto de Infração aduaneiro, a fiscalização responsabilizou pela multa aplicada a empresa N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda. e, de forma solidária, aquelas pessoas que a fiscalização entendeu ser os sócios de fato da aludida pessoa jurídica, i.e., os Srs. Tarik Kvint e Adan de Souza. Não houve, portanto, imputação de sujeição passiva solidária para os sócios de direito da pessoa jurídica autuada. 4. Tais sujeitos passivos foram devidamente intimados e apresentaram suas respectivas impugnações (fls. 150/159 ; 205/217 e 222/236), por meio das quais, em síntese, alegaram que: em relação à responsabilização solidária · as pessoas físicas autuadas não seriam parte legítimas para figurar como sujeitos passivos desta exigência aduaneira, uma vez que não haveria fundamento legal que se amoldasse à realidade fática aqui tratada; · não houve a individualização das condutas dos pretensos responsáveis, o que implicaria ofensa ao devido processo legal e seus consectários lógicos (contraditório e ampla defesa) e macularia a presente autuação de nulidade absoluta; · não há provas em concreto de que o Sr. Adan de Souza exercia a administração de fato da empresa autuada e que o contrato de locação firmado em seu nome e que servia como galpão clandestino da empresa N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda. não seria prova suficiente para tanto; em relação ao mérito da infração · haveria a decadência para o lançamento da multa imposta; · não haveria fundamento legal para a imposição de multa pecuniária, a qual deveria ficar adstrita à imposição da pena de perdimento; · a base de cálculo para a imposição da multa está equivocada, uma vez que leva em consideração o valor das mercadorias destacado em notas fiscais e não o seu valor aduaneiro; e, ainda · que a N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda. seria adquirente de boafé de produtos revendidos por empresas supostamente inidôneas, ou seja, seria vítima e não partícipe de esquema fraudulento. 5. Processadas as impugnações, adveio acórdão proferido pela DRJRecife que foi assim ementado: ASSUNTO: NORMAS DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA Data do fato gerador: 16/04/2013 CONTROLE ADUANEIRO. MERCADORIAS DE ORIGEM ESTRANGEIRA. SUPOSTA AQUISIÇÃO NO MERCADO Fl. 485DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 478 5 INTERNO. OMISSÃO DE REGISTRO EM LIVROS DE ENTRADA E DE SAÍDA DE MERCADORIAS DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL. IRREGULAR ENTREGA A CONSUMO. NÃO COMPROVAÇÃO DE INTRODUÇÃO REGULAR NO PAÍS. INFRAÇÃO AO CONTROLE ADUANEIRO PASSÍVEL DA PENA DE PERDIMENTO. MERCADORIAS NÃO LOCALIZADAS. MULTA EQUIVALENTE AO VALOR DAS MERCADORIAS. Para as mercadorias especificadas, de procedência estrangeira, oriundas do Paraguai, embora identificadas notas fiscais no SPED, que seriam referentes a supostas operações no mercado interno, foram emitidas por empresas inexistentes de fato. A acusada NT Comércio, aparente destinatária dessas mercadorias, não dispunha dos obrigatórios Livro de Registro de Entrada e Livro de Registro de Saída de mercadorias de seu estabelecimento, como também não dispunha de comprovação dos pagamentos realizados por tais aparentes aquisições no mercado interno, não sendo capaz de demonstrar tampouco a origem lícita das mercadorias ou que se tratassem de bens introduzidos regularmente no Brasil. A aquisição e/ou entrega a consumo de mercadorias de origem estrangeira para as quais inexistem documentos hábeis comprobatórios de sua origem lícita configura hipótese infracional prevista na legislação regente, punível com a pena de perdimento das mercadorias. Quando revendidas e não localizadas as mercadorias é legítima, e legal, a conversão daquela pena de perdimento em multa de valor equivalente ao das mercadorias irregularmente introduzidas no país. Impugnação Improcedente. Crédito Tributário Mantido. (grifos constantes no original). 6. Após a produção do sobredito acórdão, as partes até então submetidas à sujeição passiva na presente autuação foram devidamente intimadas e apresentaram seus respectivos recursos voluntários repisando os fundamentos desenvolvidos em suas impugnações. 7. Não obstante, de forma no mínimo estranha, nesta mesma oportunidade também houve a intimação dos pretensos sócios de direito da empresa autuada, os Srs. João Roberto Martins dos Reis (fls. 290/292) e Jorge Kiyoshi Tsutsumiuchi (fls. 293/295). Em outros termos, sem que tivessem sido responsabilizados pela exigência aqui tratada e apenas na fase recursal do presente processo administrativo, tais pessoas foram intimadas a supostamente participar do PA em apreço. 8. No caso do Sr. João Roberto Martins dos Reis essa questão é ainda mais inusitada, uma vez que ele não foi sócio da empresa autuada, mas sim da empresa Super Visão Perícias e Vistorias Ltda. que, por sua vez, juntamente com outras duas pessoas físicas, era sócia da empresa Moema Perícias e Vistorias Automotivas Ltda., a qual, depois de algumas alterações societárias (inclusive com a saída e entrada de sócios e também alteração de objeto social) transformouse na empresa N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda. Aparentemente, haveria uma responsabilização per saltum do Sr. João Roberto Martins dos Reis. Fl. 486DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 479 6 9. Assim, o Sr. João Roberto Martins dos Reis também interpôs recurso voluntário (fls. 308/318) contra a decisão da DRJRecife, oportunidade em que alegou, em suma: · ser parte ilegítima para figurar como sujeito passivo da presente autuação, uma vez que jamais foi sócio da empresa autuada, mas apenas representante legal da empresa Super Visão Perícias e Vistorias Ltda., a qual se retirou do quadro societário da então Moema Perícias e Vistorias Automotivas Ltda. (atual N.T. Comércio de Produtos Elétrico eletrônicos Ltda.) em 31 (trinta e um) de maio de 2011; e, por fim · subsidiariamente, que a sua pretensa responsabilidade esteja limitada temporalmente a data de 31 (trinta e um) de maio de 2011. 10. Devidamente processados os 04 (quatro) recursos voluntários interpostos, o processo foi distribuído para este Tribunal Administrativo sob minha responsabilidade. 11. Pautado para julgamento, esta turma julgadora, na sua antiga composição, promoveu a resolução n. 3402000.763 (fls. 414/420), de minha relatoria, determinando o que segue: (....) 18. Diante deste quadro, voto para converter o presente julgamento em diligência para que a fiscalização preste esclarecimentos e providencie o que segue: (i) primeiramente, esclareça a razão (de fato e de direito) de, já na fase recursal e sem que houvesse imputação de responsabilização no correlato Auto de Infração, intimar os Srs. João Roberto Martins dos Reis e Jorge Kiyoshi Tsutsumiuchi a respeito do acórdão proferido pela DRJRecife; (ii) acoste nos autos as declarações de inidoneidade das empresas que forneceram mercadorias para a pessoa jurídica autuada (notas fiscais de fls. 51/98), bem como as principais cópias do processocrime no qual se apurou a existência da suposta quadrilha referida na autuação e que, aparentemente, foi autuado sob o n. 001137693.2010.4.03.6181 (fls. 115/117); e, por fim (iii) esclareça de onde foram extraídos os diálogos, emails e planilhas de fls. 118/136, bem como se existia autorização judicial para a apreensão e acesso aos conteúdos do HD e do computador individualizados no termo de retenção de fl. 113. (...) (grifos constantes no original). 12. Uma vez cumprida a referida diligência (fls. 426/427 e 429/472) o processo imediatamente retornou para este Tribunal para fins de julgamento. 13. É o relatório. Resolução Fl. 487DF CARF MF Processo nº 16905.720100/201325 Resolução nº 3402001.208 S3C4T2 Fl. 480 7 14. Conforme se observa do relatório alhures, uma vez realizada a diligência determinada na resolução n. 3402000.763 (fls. 414/420) a unidade preparadora promoveu o imediato retorno dos autos para julgamento por parte deste Tribunal. Olvidouse de, antes disso, intimar todos os recorrentes para que pudessem se manifestar a respeito da referida diligência, o que se contrapõe ao prescrito no art. 35, parágrafo único do Decreto n. 7.574/2011. 15. Assim, seguir adiante no presente julgamento nos termos em que se encontra o processo em epígrafe poderia redundar em ofensa ao princípio do devido processo legal e seus consectários lógicos, i.e., contraditório e ampla defesa (art. 2°. da lei n. 9.784/99), implicando, pois, a sua nulidade. 16. Neste sentido, com o escopo de evitar tais máculas, resolvo novamente baixar o presente processo em diligência com o fito de que os recorrentes (i) N.T. Comércio de Produtos Elétricoeletrônicos Ltda., (ii) Tarik Kvint, (iii) Adan de Souza e (iv) João Roberto Martins dos Reis sejam intimados e, caso queiram, manifestemse a respeito das diligências efetuadas nos autos. Em seguida, determino seja o processo mais uma vez remetido para apreciação deste Tribunal Administrativo. 17. É a resolução. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 488DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 19311.720207/2015-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Feb 20 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Tue Apr 24 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ
Ano-calendário: 2011, 2012, 2013
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO
A multa de lançamento de ofício decorre de expressa determinação legal, e é devida nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, não cumprindo à administração afastá-la sem lei que assim regulamente, nos termos do art. 97, inciso VI, do CTN. Estando evidenciada nos autos a intenção dolosa da autuada de evitar a ocorrência do fato gerador ou seu conhecimento pela Autoridade Tributária, a aplicação da multa qualificada torna-se imperiosa.
MULTA AGRAVADA NO ARBITRAMENTO. CABIMENTO
Comprovado nos autos o reiterado procedimento da autuada em não atender às intimações lavradas pelo Fisco, omitindo-se completamente em relação às informações que deveria prestar, cabe o agravamento da multa de ofício lançada, aumentando-a em 50,00%, no caso elevando-a de 150,00% para 225%.
SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA.
São solidariamente responsáveis pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, quando presentes os pressupostos legais dos artigos 124 e 135, III, do CTN.
JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO.
A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic.
OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA
O artigo 42 da lei 9.430/1996 estabeleceu a presunção legal de que os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituição financeira e em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não faça prova de sua origem, com documentação hábil e idônea, serão tributados como receita omitida.
ARBITRAMENTO. CABIMENTO.
A não existência, disponibilização ou exibição ao Fisco da escrituração exigida pela legislação durante a ação fiscal impõe o arbitramento do lucro na forma do artigo 530, inciso III, do RIR/1999, computando-se as receitas omitidas apuradas pela fiscalização na base de cálculo da tributação.
Numero da decisão: 1401-002.193
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário do Contribuinte e dos indicados como Responsáveis Solidários. Por maioria de votos, negado provimento ao recurso voluntário no tocante aos juros sobre a multa de ofício. Vencida a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente.
(assinado digitalmente)
Abel Nunes de Oliveira Neto- Relator.
Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: ABEL NUNES DE OLIVEIRA NETO
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ementa_s : Assunto: Imposto sobre a Renda de Pessoa Jurídica - IRPJ Ano-calendário: 2011, 2012, 2013 MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO. QUALIFICAÇÃO A multa de lançamento de ofício decorre de expressa determinação legal, e é devida nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, não cumprindo à administração afastá-la sem lei que assim regulamente, nos termos do art. 97, inciso VI, do CTN. Estando evidenciada nos autos a intenção dolosa da autuada de evitar a ocorrência do fato gerador ou seu conhecimento pela Autoridade Tributária, a aplicação da multa qualificada torna-se imperiosa. MULTA AGRAVADA NO ARBITRAMENTO. CABIMENTO Comprovado nos autos o reiterado procedimento da autuada em não atender às intimações lavradas pelo Fisco, omitindo-se completamente em relação às informações que deveria prestar, cabe o agravamento da multa de ofício lançada, aumentando-a em 50,00%, no caso elevando-a de 150,00% para 225%. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. São solidariamente responsáveis pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, quando presentes os pressupostos legais dos artigos 124 e 135, III, do CTN. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA O artigo 42 da lei 9.430/1996 estabeleceu a presunção legal de que os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituição financeira e em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não faça prova de sua origem, com documentação hábil e idônea, serão tributados como receita omitida. ARBITRAMENTO. CABIMENTO. A não existência, disponibilização ou exibição ao Fisco da escrituração exigida pela legislação durante a ação fiscal impõe o arbitramento do lucro na forma do artigo 530, inciso III, do RIR/1999, computando-se as receitas omitidas apuradas pela fiscalização na base de cálculo da tributação.
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QUALIFICAÇÃO A multa de lançamento de ofício decorre de expressa determinação legal, e é devida nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata, não cumprindo à administração afastála sem lei que assim regulamente, nos termos do art. 97, inciso VI, do CTN. Estando evidenciada nos autos a intenção dolosa da autuada de evitar a ocorrência do fato gerador ou seu conhecimento pela Autoridade Tributária, a aplicação da multa qualificada tornase imperiosa. MULTA AGRAVADA NO ARBITRAMENTO. CABIMENTO Comprovado nos autos o reiterado procedimento da autuada em não atender às intimações lavradas pelo Fisco, omitindose completamente em relação às informações que deveria prestar, cabe o agravamento da multa de ofício lançada, aumentandoa em 50,00%, no caso elevandoa de 150,00% para 225%. SUJEIÇÃO PASSIVA. RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA SOLIDÁRIA. São solidariamente responsáveis pelos créditos tributários correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, os mandatários, prepostos e empregados e os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, quando presentes os pressupostos legais dos artigos 124 e 135, III, do CTN. JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. OMISSÃO DE RECEITAS. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA O artigo 42 da lei 9.430/1996 estabeleceu a presunção legal de que os valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 19 31 1. 72 02 07 /2 01 5- 11 Fl. 14146DF CARF MF 2 instituição financeira e em relação aos quais o titular, regularmente intimado, não faça prova de sua origem, com documentação hábil e idônea, serão tributados como receita omitida. ARBITRAMENTO. CABIMENTO. A não existência, disponibilização ou exibição ao Fisco da escrituração exigida pela legislação durante a ação fiscal impõe o arbitramento do lucro na forma do artigo 530, inciso III, do RIR/1999, computandose as receitas omitidas apuradas pela fiscalização na base de cálculo da tributação. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário do Contribuinte e dos indicados como Responsáveis Solidários. Por maioria de votos, negado provimento ao recurso voluntário no tocante aos juros sobre a multa de ofício. Vencida a Conselheira Letícia Domingues Costa Braga. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente. (assinado digitalmente) Abel Nunes de Oliveira Neto Relator. Participaram do presente julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Gonçalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. Relatório Iniciemos com a transcrição do relatório da decisão de Piso. Fl. 14147DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.147 3 Relatório I – DO LANÇAMENTO. I.1 – Dos Autos de Infração. Contra o Contribuinte, pessoa jurídica, já qualificada nos autos, foram lavrados os Autos de Infração e respectivos Anexos de fls. 13014/13104, a saber: Imposto sobre a Renda da Pessoa Jurídica IRPJ, no valor de R$9.216.367,22, cumulado com multa de ofício concomitantemente qualificada e agravada, no percentual total de 225%, e juros de mora pertinentes, calculados até 11.2015. Contribuição Social sobre o Lucro Líquido CSLL, no valor de R$4.263.149,61, cumulada com multa de ofício concomitantemente qualificada e agravada, no percentual total de 225%, e juros de mora pertinentes, calculados até 11.2015. Contribuição para o Financiamento da seguridade Social Cofins, no valor de R$11.864.846,32, cumulada com multa de ofício concomitantemente qualificada e agravada, no percentual total de 225%, e juros de mora pertinentes, calculados até 11.2015. Contribuição para o PIS/Pasep, no valor de R$2.570.694,99, cumulada com multa de ofício concomitantemente qualificada e agravada, no percentual total de 225%, e juros de mora pertinentes, calculados até 11.2015. I.2 Descrição dos Fatos. Na descrição dos fatos, a Fiscalização fez as anotações abaixo transcritas: “Razão do arbitramento no(s) período(s): Arbitramento do lucro que se faz tendo em vista que o contribuinte notificado a apresentar os livros e documentos da sua escrituração, conforme termo de Início de Fiscalização e termo(s) de intimação em anexo, deixou de apresentálos. Fatos Geradores ocorridos a partir de 01/04/1999: Art. 530, inciso III, do RIR/99. OMISSÃO DE RECEITA POR PRESUNÇÃO LEGAL INFRAÇÃO: DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGEM NÃO COMPROVADA Valores creditados em contas de depósito ou de investimento mantidas junto a instituições financeiras, em relação aos quais o contribuinte regularmente intimado, não comprovou, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações, conforme relatório fiscal em anexo, que também esclarece e complementa o enquadramento legal.” I.3 Responsabilidade Solidária. Foram relacionados como responsáveis solidários pelo crédito tributário as seguintes pessoas jurídicas e físicas: ADRIANA RESTUM, CPF – 120.853.19807; Fl. 14148DF CARF MF 4 SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ – 02.067.055/000144; PORT COMPANY PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA – ME, CNPJ – 10.528.300/000100. II – RELATÓRIOS FISCAIS E TERMO DE VERIFICAÇÃO FISCAL TVF. II.1 – Relatório Fiscal – Grupo Restum (fls. 13413/13459) Em 2014, foram lavrados autos de infração contra empresas integrantes do Grupo empresarial denominado “Restum”, e para melhor compreensão do procedimento fiscal do qual resultou os referidos lançamentos fazse necessário uma leitura cuidadosa do Relatório Fiscal – Grupo Restum, o qual relata minuciosamente os fatos verificados, o modus opeandi do grupo empresarial, as provas coletadas e a conclusão fiscal. Síntese do Relatório O Grupo Restum é comandado pelo Sr. ROBERTO RESTUM, CPF: 043.261.158 40 e pela esposa, a Sra. ADRIANA RESTUM, CPF: 120.853.19807, os quais são contribuintes de elevada capacidade contributiva, além de familiares e pessoas próximas. Conforme “Relatório Fiscal – Grupo Restum” o denominado Grupo Restum é constituído por um aglomerado de empresas (centenas de sociedades empresárias autônomas) que atuam no ramos de roupas, sapatos e acessórios, utilizandose de diversas marcas próprias, entre elas destacamse a Planet Girls, Hot Point, Venom, Polo Wear, A.R. Store, SMK, com o fulcro de atingir o mais variado público consumidor. Para tanto, o Grupo utilizase de importações e de encomendas de industrialização junto a terceiros, revendendo os produtos em sua grande maioria através de lojas próprias e uma pequena parcela para revendedores varejistas. Cada uma das lojas é constituída como uma empresa autônoma, possuindo ato constitutivo e CNPJ distintos, sendo que a pulverização do grupo em inúmeras empresas distintas teve como objetivo desmembrar seu faturamento, encobrindo seu real potencial econômico e mantendo o Fisco à margem de suas atividades, uma vez que os baixos faturamentos apresentados por cada unidade não despertam o interesse fiscal. A autoridade fiscal relacionou no Relatório Fiscal alguns procedimentos, a seguir sintetizados, que teria o grupo utilizado para ocultar do Fisco a ocorrência dos fatos geradores tributários: 1 Cada uma das empresas componentes cumpriam as obrigações acessórias de entrega de declarações, porém, o faziam inicialmente com valores “zerados” e, num segundo momento, classificavam suas receitas de forma errônea com aplicação incorreta do coeficiente do lucro presumido, diminuindo sobremaneira os valores dos tributos a pagar, dando ao Fisco a equivocada idéia de que as empresas eram cumpridoras do seu dever fiscal; 2 O Grupo constituía e encerrava constantemente novas empresas e para viabilizar estas operações de troca de empresas, o Grupo mantinha verdadeiro estoque de sociedades constituídas inicialmente na JUCESP, porém sem cadastro no CNPJ; assim, quando do encerramento das atividades de determinada empresa cadastrada junto a RFB, imediatamente já se realizava novo cadastro no CNPJ de Fl. 14149DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.148 5 empresa estocada na JUCESP, não havendo qualquer prejuízo na operação da unidade; 3 O grupo utilizavase de interpostas pessoas, seja para constituir a empresa, seja para operar fraudulentamente, seja para proteção patrimonial quando do encerramento, com a cíclica constituição de novas empresas em nome de “laranjas” e/ou “testas de ferro”; 4 Essas empresas, conforme sua função dentro do Grupo, por vezes eram transferidas aos reais titulares (família Restum), por vezes eram operadas em nome das interpostas pessoas e por vezes eram transferidas a estas quando de seus encerramentos, assim a responsabilidade tributária daí decorrente recairia sobre os “laranjas”, havendo, inclusive, ações judiciais movidas por terceiros contra o Grupo no sentido de verem seus nomes afastados das empresas componentes com a alegação do uso indevido de seus nomes; 5 As empresas próprias (aquelas em que a família Restum aparece no quadro societário) importavam ou industrializavam produtos e revendiam tais mercadorias a empresas fictas (empresas do Grupo constituídas em nome de interpostas pessoas) por valores que praticamente correspondiam aos custos de importação ou produção, assim, as empresas próprias não apuravam Lucro e apuravam o mínimo de tributos sobre o consumo (ICMS, IPI, PIS, COFINS, etc). Por sua vez, as empresas fictas vendiam estas mercadorias às empresas varejistas do Grupo por valores que se aproximavam muito do preço praticado ao consumidor final, de sorte que todo o lucro operacional e o passivo tributário dos tributos sobre consumo recaíam sobre as empresas “laranjas”, permitindo inclusive que as lojas varejistas pudessem se creditar dos tributos nãocumulativos (notadamente ICMS). Desta forma, praticamente nenhum passivo tributário recaía às empresas próprias do Grupo. 6 As empresas JOS COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA – CNPJ 13.385.771/000196, JOSCONF COMÉRCIO DE CONFECCÕES LTDA – CNPJ 12.374.212/000118, IMPORTDALAMARI COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA – CNPJ 12.431.673/000185, SPR IMPORT BRASIL LOJISTICA E COMÉRCIO LTDA – CNPJ 12.431.674/000120 e JURECÊ COMÉRCIO DE CONFECÇÕES LTDA – CNPJ 12.755.478/0001 00 teriam sido constituídas em nome de interpostas pessoas e funcionaram de anteparo formal para acobertar fatos geradores tributários praticados pelo Grupo, cujo real beneficiário seria a empresa INVICTUS IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA – CNPJ 07.693.822/0001 44; 7 As empresas fictícias não possuíam sequer espaço físico, constituindose em mera formalidade e, desta forma, a importadora do grupo revendia quase a totalidade dos produtos e matérias primas para as empresas fictas as quais mandavam industrializar as matérias primas e revendiam os produtos para as lojas varejistas do Grupo, lojas estas que se creditam dos tributos não cumulativos e que tem pouco ou quase nenhum lucro. O passivo tributário recaía quase que totalmente às intermediárias fictícias. Fl. 14150DF CARF MF 6 8 Foram criadas novas empresas que praticaram também fatos geradores tributários, porém os valores destas operações decorrentes não foram oferecidos à tributação, tendo sido inclusive escondidos do Fisco Federal na tentativa de serem beneficiados pelo instituto da decadência; 9 Os bens necessários à percepção das receitas da atividade não eram registrados em nome de seus reais utilizadores, mas sim em nome de empresas patrimoniais (holdings) as quais, propositalmente, não praticam fatos geradores tributários, objetivando que seu patrimônio não pudesse ser alcançado em uma execução fiscal; 10 Os imóveis onde eram sediadas as diversas empresas do Grupo bem como os veículos utilizados na atividade encontramse registrados em nome das empresas PORT COMPANY PARTICIPAÇÕES E EMPREEENDIMENTOS LTDA – 10.528.300/000100 e SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA – CNPJ 02.067.055/000144, além de esparsamente também estarem registrados em nome das lojas do Grupo. II.2 – Relatório Fiscal – Grupo Restum – COMPLEMENTO (fls. 13250/13255) Este relatório foi montado com base em resultados de procedimentos fiscais realizados em 2015 em três empresas do Grupo Restum. Estes procedimentos fiscais deram seguimento às fiscalizações realizadas em 2014 em outras empresas do grupo. Um dos resultados dessas fiscalizações de 2014 é o “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, que relata fatos verificados, o modus operandi do grupo empresarial, os procedimentos fiscais realizados, a coleta de provas e a conclusão fundamentada. A leitura desse relatório de 2014 dá uma visão mais completa da atuação do grupo e facilita o entendimento do que se segue. Cópia completa do “Relatório Fiscal – Grupo Restum” está anexada a este processo. Assim, de certa forma, este “Relatório Fiscal – Grupo Restum – Complemento” acrescenta informações àquilo já descrito no “Relatório Fiscal – Grupo Restum”. (Grifouse) Da conclusão do “Relatório Fiscal – Grupo Restum” constou o seguinte trecho: “Por todo o exposto, também se conclui que há evidente confusão patrimonial entre as empresas do Grupo (...) Da mesma forma, devem os sócios administradores do Grupo Restum responder com seu próprio patrimônio pelos créditos tributários vencidos e vincendos decorrentes das operações do Grupo com fundamento no art. 135, III do CTN, haja vista a abundante prática de atos ilegais por eles adotada”. Em seguimentos aos procedimentos fiscais de 2014, foi proposta ação judicial de Cautela Fiscal 001702125.2014.403.6128 pela Procuradoria Seccional da Fazenda Nacional de Jundiaí, visando ao bloqueio de contas bancárias, indisponibilidade de bens imóveis e veículos, e a indisponibilidade de marcas e patentes de diversas empresas do Grupo Restum e de seus sócios controladores. Nessa mesma ação se propôs a decretação judicial do levantamento do sigilo bancário das empresas Planet Girls Comércio de Roupas Ltda (CNPJ 12.154.102/000140), Planet Girls Comércio de Confecções Ltda (CNPJ 04.740.881/000138) e PlanetWorld Confecções Ltda (CNPJ 07.251.794/000105). Essas empresas foram determinadas por serem as que apresentavam as movimentações financeiras mais significativas dentro do Grupo Restum. (Grifouse) Fl. 14151DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.149 7 A 2ª Vara Federal de Jundiaí, acatando argumentação da Procuradoria da Fazenda, aceitou a cautelar fiscal e declarou a quebra do sigilo bancário e financeiro das três empresas, em decisão datada de 18/12/2014. Assim, foram abertos procedimentos fiscais para verificação da regularidade do IRPJ desses três contribuintes nos anoscalendário de 2011 a 2013. O resultado dessas fiscalizações foi a comprovação dos ilícitos praticados pelo Grupo Restum, reiterando e complementando o já mostrado no “Relatório Fiscal – Grupo Restum”. Cada uma dessas fiscalizações está demonstrada em anexos, nos quais constam cópias dos termos de verificação fiscal, consoante processos: 19311.720232/2015 97, 19311.720207/201511 (processo fiscal objeto do presente acórdão) e 19311.720233/201531. Quando as fiscalizações são analisadas em conjunto, fica evidente a confusão patrimonial entre as empresas do Grupo Restum. Uma única conta corrente do Grupo Restum, em nome da empresa Planet Girls Comércio de Confecções era usada para pagar salários de funcionários de mais de 200 empresas do Grupo, com valores ao longo de 3 anos superiores a R$56 milhões. Além disso, se demonstra que as contas correntes em nome das três empresas funcionavam como uma espécie de caixa central do Grupo Restum. As contas das três empresas recebiam créditos das demais empresas do Grupo, e também enviavam recursos para outras empresas. Os valores são expressivos, superiores a R$200 milhões transitados entre as três empresas e outras do grupo no período fiscalizado. Quando os detentores das contas foram intimados a apresentar justificativas para essa movimentação significativa, nenhum documento foi apresentado. Portanto, mais uma prova da confusão patrimonial entre as empresas do Grupo Restum. (Grifouse) Também se mostra que os sócios controladores do grupo, Adriana Restum e Roberto Restum, receberam valores significativos provenientes de cada uma das empresas, totalizando mais de R$3,2 milhões no período fiscalizado. Assim, demonstrada mais uma vez a confusão patrimonial entre os sócios controladores e as diversas empresas do Grupo Restum. Quanto à solidariedade passiva, do “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, a Fiscalização destacou a forma adotada para salvaguardar o patrimônio do Grupo: “Utilizandose do conceito de autonomia das pessoas jurídicas e da limitação de responsabilidade ao capital social (art. 1052 da Lei 10.406/02 – Código Civil), uma vez que as empresas operacionais possuem nenhum ou mínimo patrimônio, o Grupo concentra seu patrimônio em duas empresas, a saber: Port Company Participações e Empreendimentos Ltda. – CNPJ 10.528.300/000100 e Sun Bloom Participações Ltda. – CNPJ 02.067.055/000144. Estas empresas praticamente Fl. 14152DF CARF MF 8 não executam atos negociais (exceção é a compra e venda do patrimônio), tentando assim manterse distante dos fatos geradores tributários. Essa segregação constituise tão somente de outro ardil do Grupo, já que tal patrimônio está intrinsicamente ligado às operações deste, sendo composto, basicamente, de imóveis onde estão localizadas as lojas, de veículos utilizados nas operações comerciais e de suas marcas e patentes. Logicamente há também imóveis e veículos não afetados pelas operações, entretanto, os recursos utilizados na sua aquisição provêm das operações e por conseguinte de créditos tributários sonegados, devendo portanto servir para satisfazer as pretensões fiscais.” Além do acima exposto, levantouse agora que a empresa SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ 02.067.055/000144, umas das holdings patrimoniais do grupo, recebeu mais de R$1,5 milhão no período fiscalizado, proveniente da movimentação das contas correntes das três empresas fiscalizadas. Adicionalmente, verificase no processo 19311.720387/201442, que trata do arrolamento de bens, que essa empresa, conforme registro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial), é proprietária de diversas marcas utilizadas pelo Grupo Restum (por exemplo, Planet Girls, Venom, PWS Polo Wear Sport, SMK, etc) além de imóveis utilizados pela empresa (por exemplo, salão comercial no Shopping Center Ibirapuera; imóvel na Rua Professor João Brito, 85; etc). Cópia do termo de arrolamento que consta naquele processo também foi anexada a este relatório. A empresa PORT COMPANY PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA – ME, CNPJ 10.528.300/000100, também teve seus bens arrolados. No processo 19311.720388/201497, que controla esses bens arrolados, consta imóvel utilizado pela empresa (imóvel à Rua João Brito, 150). Cópia do termo de arrolamento que consta naquele processo também foi anexada a este relatório. Esses fatos comprovam novamente que essas empresas (Sun Bloom e Port Company) devem responder pelos créditos tributários do Grupo Restum, com base no art. 124, I, do CTN. (Grifouse). II.3 – Termo de Verificação Fiscal – TVF (fls. 13108/13130) 1) BREVE RESUMO Em continuidade aos levantamentos citados no “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, foi obtida ordem judicial para quebra do sigilo bancário das contas pertencentes ao contribuinte Planet Girls Comércio de Confecções Ltda, CNPJ 04.740.881/0001 38, nos anos calendários de 2011 a 2013, a fim de promover a fiscalização e IRPJ. Com base nessas informações dos bancos, se constatou movimentação financeira expressiva nessas contas no período fiscalizado. No entanto, a citada empresa foi encerrada em 30/06/2010, mediante registro de distrato social na Junta Comercial de São Paulo. Portanto, o encerramento foi anterior ao período em que ocorreu a movimentação financeira expressiva. A atividade comercial em empresa já encerrada, ou seja, em empresa sem personalidade jurídica, se configura uma sociedade de fato. Nessa situação, os sócios administradores respondem pelos impostos decorrentes da atividade comercial, de forma solidária e ilimitada. Fl. 14153DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.150 9 Roberto e Adriana Restum eram sócios no momento do distrato, tinham poderes para movimentação das contas correntes da empresa extinta, receberam vultosos valores no decorrer dos 3 anos fiscalizados. Esses fatos, e outros detalhados posteriormente, mostram que esses sócios eram os administradores da empresa extinta e se beneficiaram do esquema empresarial fraudulento montado. Roberto e Adrian Restum foram intimados na qualidade de administradores, a apresentar documentação contábil e comprovar a regularidade fiscal dos valores transitados nas contas correntes da empresa extinta. Apesar de intimados e reintimados, nenhum documento foi apresentado. A prática habitual de operações comerciais acarreta a equiparação das pessoas físicas à pessoa jurídica, para efeitos de tributação. A tributação (IRPJ, CSLL, Pis e Cofins) se deu com base no lucro arbitrado obtido a partir da receita decorrente da movimentação financeira não justificada. A multa aplicada foi de 225%, conforme determina a legislação para os casos de evidente intuito de fraude cumulado com o não atendimento a intimações. Além de Roberto e Adriana Restum, indicados como sujeitos passivos, foram também indicados como sujeitos passivos solidários empresas do grupo, conforme indicado no item 3.3 deste termo. 2) A AÇÃO FISCAL (...) 2.2) Informações solicitadas a Roberto e Adrian Restum Foi disponibilizada no Domicílio Tributário Eletrônico do Sr. Roberto Restum em 13.02.2015 intimação informando do início do procedimento fiscal e solicitando documentos contábeis. A ciência dessa intimação se deu em 03/03/2015, por decurso de 15 dias após a disponibilização, pois o documento somente foi aberto pelo contribuinte ou seu representante, em 25/03/2015. Não apresentada resposta, o Sr. Roberto Restum foi reintimado pelo “Termo 002 – Reintimação”. A seguir, o Sr. Roberto Restum foi intimado pelo “Termo 04 – Intimação” a apresentar documentação comprobatória da origem e natureza de créditos bancários que foram selecionados e apresentados individualmente a partir dos extratos encaminhados pelos bancos, conforme item 2.3. Essa intimação foi disponibilizada no DTE em 11/05/2015, com ciência por decurso de prazo em 26/05/2015. Não apresentada resposta, o Sr. Roberto Restum foi reintimado a apresentar todos os documentos pendentes pelo “Termo 07 – Reintimação”, no qual se informa a possibilidade de agravamento da multa de ofício, disponibilização no DTE em 05/08/2015, ciência por decurso de prazo em 20/08/2015. Também não foi apresentada resposta. Da mesma forma que o Sr. Roberto Restum, a outra administradora, a Sra. Adriana Restum, também foi intimada a prestar os mesmos esclarecimentos, mediante o Fl. 14154DF CARF MF 10 “Termo 003 – Intimação” e “Termo 06 – Intimação”. Não foram apresentadas respostas. A Sra. Adriana foi reintimada a apresentar todos os documentos pendentes pelo “Termo 08 – Reintimação”, no qual se informa a possibilidade de agravamento da multa de ofício, com disponibilização no DTE em 05/08/2015, ciência por decurso de prazo em 20/08/2015. Novamente não apresentou resposta. Foram anexados ao processo todos os documentos citados neste item. 2.3) Informações solicitadas aos bancos e suas respostas Com base na decisão judicial já citada, foram solicitadas informações aos bancos Itaú, Bradesco, Safra e Santander sobre as contas da Planet Girls Comércio de Confecções Ltda (CNPJ 04.740.881/000138). Além dos extratos, também foram solicitadas aos bancos cópias de cartões de assinatura, de alguns cheques, tanto emitidos como depositados na conta corrente da empresa extinta, outros documentos selecionados por amostragem, e arquivos digitais que indicam a origem e destino dos recursos, conforme Carta Circular Bacen 3454/2010. As informações solicitadas aos bancos foram recebidas, em alguns casos em mais detalhes que em outros. Quando relevante, essas diferenças serão mencionadas abaixo. 3) DA SUJEIÇÃO PASSIVA 3.1) Aspectos jurídicos na sociedade de fato Ora, se a sociedade está extinta, suas atividades comerciais após o registro do encerramento caracterizam uma sociedade de fato ou irregular, que, no Código Civil, é definida como “sociedade em comum não personificada”, conforme artigos 986 a 990. Neste caso, a sociedade é desprovida de personalidade jurídica e os sócios administradores respondem pessoalmente com o seu patrimônio. A responsabilidade de cada sócio administrador é solidária e ilimitada em relação a terceiros, conforme CTN, art. 124, I e II, e Código Civil, art. 990. 3.2) Sujeição passiva de Roberto Restum e Adriana Restum Diversas provas dessa responsabilidade, descritas abaixo, foram levantadas neste procedimento fiscal. Primeiro, na “Ficha Cadastral Completa” da empresa PlanetGirls Comercio de Confecções Ltda, CNPJ 04.740.881/000138, obtida na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), se verifica que ela teve seu encerramento registrado na Jucesp em 30/06/2010, com o distrato social. Na data de encerramento, seus sócios eram Roberto Restum, CPF 04326115840, com participação de R$ 18.000,00 (60% do capital social) e Adriana Restum, CPF 12085319807, com participação de R$ 12.000,00 (40% do capital social). Tanto Roberto quanto Adriana se enquadravam “na situação de sócio e administrador, assinando pela empresa”. A “Ficha Cadastral Completa” foi obtida no portal da Jucesp na internet e sua cópia consta neste processo. Fl. 14155DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.151 11 Os extratos das contas correntes remetidos pelos bancos, anexados a este processo, mostram que Roberto Restum e Adriana Restum continuaram movimentando as contas correntes da empresa, após o registro do distrato social na Jucesp. Nos cartões de assinatura dos bancos Santander, Bradesco e Safra constam os dois sócios, Roberto Restum e Adriana Restum, como possuindo poderes para assinar pela empresa, isoladamente. O Itaú não encaminhou o cartão de assinatura. Os cartões ou documentos que dão essa informação podem ser consultados nos documentos remetidos pelos bancos, que constam neste processo. Abaixo, um exemplo de um cartão de uma conta corrente no Safra da Sra. Adriana: (...) Todos os cheques emitidos a débito na conta dos quatro bancos, em todos os períodos amostrados (no início, no meio e no fim do período fiscalizado) foram assinados pelo Sr. Roberto Restum. As cópias dos cheques podem ser consultadas nos documentos remetidos pelos bancos, que constam neste processo. Abaixo, exemplo de um cheque assinado pelo Sr. Roberto: (...) Portanto, fica comprovado que o Roberto Restum e Adriana Restum são os responsáveis pela movimentação das contas correntes da empresa extinta no período fiscalizado. Além disso, tanto Roberto Restum quanto Adriana Restum foram beneficiários, no conjunto, de mais de R$ 180 mil que foram transferidos das contas da empresa extinta para a conta corrente dos dois sócios. A tabela abaixo mostra os créditos provenientes do Itaú. (...) No Safra, foram encontrados dois pagamentos para Adriana Restum, um de R$ 7.100,00 em 26/05/2011 e outro de R$ 8.000,00 em 02/03/2011, ambos com histórico “Pagsafra TED” a débito da agencia/conta 21/88308. Além disso, existem outras informações que confirmam a participação de Adriana Restum na administração do Grupo Restum. No site “adrianarestum.com.br”, consta a informação de autoria da própria Adriana que ela é “proprietária do Grupo Restum”. No site Empreendedor (linkempreendedor.com.br/perfil/82751), se descreve Adriana como “proprietária de quatro grifes – Planet Girls, G. Rock, A.R. Store e SMK”, e Adriana informa que “Sempre gostei de moda e tudo relacionado a valorizar a beleza feminina (...) Quis criar um conceito e fui muito focada. Hoje me sinto realizada com tudo que consegui criar”. Cópias desses sites constam neste processo. Em entrevista, disponível na internet (link http://mais.uol.com.br/view/12688602), de 18/04/2012, ou seja, no meio do período fiscalizado, a entrevistadora introduz Adriana Restum como diretora e estilista da Planet Girls. Adriana, em seu depoimento, informa que: “lancei a marca (Planet) em Jundiaí..” “Coloquei minha primeira loja no Itaim Bibi...” “Eu sai para oferecer a clientes a minha marca...” Fl. 14156DF CARF MF 12 “O ponto que eu queria, não tinha condições financeira de comprar na época... era muito caro, ... , mas depois de muito trabalho consegui adquirilo, uma grande realização pessoal e profissional... “ “Grupo com 37 franquias e 56 lojas próprias....” “Meu filho cuida do comércio exterior e a parte de exportação e importação... “ “Estou presente no desenvolvimento das peças,, ..., nada sai sem minha aprovação” Cópia dos primeiros 10 minutos do vídeo, no qual constam essas declarações, foi incluída neste processo. Esse conjunto de fatos prova provam que Roberto Restum e Adriana Restum são os titulares da sociedade extinta, e, portanto, responsáveis pelos tributos incidentes sobre sua atividade comercial. Ou seja, são os sujeitos passivos da obrigação tributária. Essa conclusão fica ainda mais evidente quando esses fatos são considerados em conjunto com o “Relatório Fiscal – Grupo Restum” e o Relatório Fiscal – Grupo Restum – Complemento”. 3.3) Sujeição passiva – confusão patrimonial no Grupo Restum A confusão patrimonial entre a atividade comercial exercida e seus sócios é evidente, conforme demonstra o item 3.2 acima. Além disso, existe também uma enorme confusão patrimonial entre as empresas do Grupo Restum. As contas correntes em nome da extinta empresa PlanetGirls Comercio de Confecções Ltda foram utilizadas para acobertar movimentações de diversas empresas do Grupo Restum. Conforme mencionado nos itens 3.2, contas da empresa extinta foram debitadas para pagamento de salarios. O “Anexo II – C – Valores Pagos”, mostra que, no período fiscalizado, foi pago a funcionários do grupo mais de R$ 56 milhões. Essa quantidade enorme de empresas do grupo, com esse valor expressivo de pagamento de salários, confirma os levantamentos já realizados no “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, que demonstravam a utilização de empresas fictícias apenas como fachada para evitar de forma fraudulenta o pagamento de tributos, e provam de forma cabal a confusão patrimonial entre as empresas. Mas existem outros pontos que também demonstram essa confusão patrimonial. Muitos outros pagamentos e recebimentos registrados na conta da empresa extinta foram provenientes de empresas do Grupo Restum. O Anexo III mostra o que foi levantado dessa confusão patrimonial entre empresas do grupo. No “ Relatório Fiscal – Grupo Restum Complemento” se mostra que a empresa Sun Bloom Participações Ltda – CNPJ 02.067.055/000144 recebeu mais de R$ 1,5 milhão no período fiscalizado, provenientes de empresas do grupo, e também se detalha alguns dos bens registrados nessas empresas que são utilizados por empresas do grupo, bem como que Roberto Restum e Adriana Restum são sócios dessas empresas. (Grifouse) Fl. 14157DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.152 13 Diante desse conjunto probatório fica configurada a responsabilidade solidária entre as empresas do Grupo listadas no início deste termo e acima mencionadas, em consonância com o art. 124, I do CTN. 4) RESULTADO DA AÇÃO FISCAL 4.1) Equiparação à PJ e arbitramento do lucro As contas correntes da empresa extinta continuaram a ser movimentadas após o registro do distrato na Junta Comercial. Essa movimentação foi decorrente de atividade comercial exercida de forma habitual. Em função dessa prática habitual, as pessoas físicas responsáveis pela movimentação financeira no caso, os sócios Roberto Restum e Adriana Restum – são equiparados à pessoa jurídica, sendo sua tributação efetuada nessa condição, conforme o Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999 Regulamento do Imposto sobre a Renda RIR/1999, art. 150, com base no Código Tributário Nacional, art. 126, III. Intimados e reintimados a apresentar livros fiscais, conforme termo de início de fiscalização, os sócios não apresentaram resposta. Como estabelece a Lei nº 8.981, de 1995, art. 47, III, o lucro da pessoa jurídica será arbitrado em virtude da não apresentação à autoridade tributária dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. Em virtude da apuração do IRPJ e da CSLL pelo regime de tributação com base no lucro arbitrado, a apuração da Contribuição para o PIS e da COFINS será efetuada obrigatoriamente pelo regime cumulativo, conforme prescreve a legislação pertinente. 4.2) Valores utilizados no cálculo dos tributos O Sr. Roberto Restum e a Sra. Adriana Restum foram intimados a apresentar documentação comprobatória da origem e natureza dos créditos bancários registrados nas contas correntes da empresa extinta. Anexo às intimações foi encaminhado relatório detalhado indicado cada crédito a ser justificado. Desse relatório já haviam sido excluídos créditos oriundos de resgates de aplicações financeiras, empréstimos, estornos e transferências entre contas de mesma titularidade, quando foi possível essa identificação. Os contribuintes não apresentaram resposta à intimação. A não comprovação da natureza e origem dos créditos enseja a aplicação das disposições do artigo 42 da Lei 9.430/96. Abaixo, resumo dos valores dos créditos não comprovados, que foi utilizada para cálculo dos tributos, conforme consta nos autos de infração: (...) 4.3) Multa qualificada e agravada – 225% Fl. 14158DF CARF MF 14 Conforme relatado no “Relatório Fiscal Grupo Restum” e “Relatório Fiscal – Grupo Restum – Complemento”, caracterizada a ocorrência, em tese, de condutas tipificadas nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30 de novembro de 1964, bem como no art. 1° da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, aplicase a multa qualificada, prevista no art. 44, § 1º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. E agravada por não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos. 4.4) Representação Fiscal para fins penais Tendo sido constatada a ocorrência de fatos que, em tese, configuram Crimes Contra a Ordem Tributária, definidos no art. 1º da Lei nº 8.137/90, abaixo transcrito, será formalizada Representação Fiscal para Fins Penais, em cumprimento ao disposto na Portaria RFB nº 2.439/10, com alterações trazidas pela Portaria RFB nº 3.182/11. III – CIÊNCIA DO LANÇAMENTO O sujeito passivo e demais pessoas arroladas como responsáveis pelo crédito tributário constituído foram devidamente cientificadas da exigência fiscal, a saber: III.1 – Ciência Eletrônica. Roberto e Adriana Restum foram cientificados eletronicamente, por decurso de prazo, em 27.11.2015, conforme atestam os documentos de fls. 13976 e 13979, respectivamente. III.2 – Ciência via postal As empresas Sun Bloom Participações Ltda e Port Company Participações e Empreendimentos Ltda foram cientificadas via postal, em 16.11.2015, conforme atestam os “AR”s de fls. 13974 e 13975, respectivamente. IV – DA IMPUGNAÇÃO. Devidamente cientificados, foi apresentada contestação em nome de todos os envolvidos (sujeito passivo e demais responsáveis), em 22.12.2015, conforme atesta o Termo de Análise de Solicitação de Juntada de fls. 14020. A defesa consta do instrumento de fls. 13984/14019. Adiante compendiamse suas razões. PRELIMINARMENTE Requer seja anulado o presente auto de infração por ser mesmo objeto, ano e empresas dos Autos de Infração já lavrados em 2014 e que são objetos da Medida Cautelar em tramite perante a 2ª Vara Federal de Jundiaí – Autos n. 0017021 25.2014.403.6128. Necessário contextualizar a este órgão Julgador que as exigências fiscais aqui tratadas são resultantes do denominado “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, o qual foi juntado aos autos pela Fiscalização e alegadamente subsidia as conclusões contidas no Termo de Verificação Fiscal. Fl. 14159DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.153 15 Os Autos lavrados são referentes aos anos de 2010, 2011,2012, mesmo ano no qual gerou o presente auto, lavrado com mesma base dos autos anteriores que gerou o Relatório – Grupo Restum – ou seja, descumprimento de obrigações tributárias relativos ao IRPJ, CSLL, PIS, COFINS, relativos aos anos calendários 2011, 2012, 2013. I – SÍNTESE DOS FATOS E DAS IMPUTAÇÕES As exigências fiscais foram fundadas na falta de apresentação de documentação contábil para comprovar a regularidade fiscal dos valores transitados em suas contas correntes. (esta é a imputação!). Na sequência das imputações contidas no comentado “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, a própria Fiscalização reconhece que o simples fato de manter diversas empresas não constitui ilegalidade alguma, entretanto, concluiuse que no caso em análise seria “claro que tal manutenção se dá com a nítida e forte intenção de impedir que o Fisco tenha a correta visualização de seu porte e de suas operações comerciais”. Não houve uma imputação específica, mormente na solidarização levada a efeito, ou seja, partiuse de constatações genéricas para individualizar tanto um arbitramento, despropositado, como solidarizações ou seja, mesmo no âmbito da pura compreensão dos fatos, a improcedência dos autos de infração já se mostra inarredável. A Fiscalização, genericamente descreveu a atuação de empresas distintas, relacionadas que o sejam ou tenham sido, mas inegavelmente distintas, passando a tratálas como se fossem uma única coisa, arbitrando o lucro da Impugnante, com base em elementos das empresas desconsideradas e responsabilizando, solidariamente, a todos quantos de alguma maneira se viram envolvidos. Na sequência, imputouse a multa qualificada ao patamar de 150%, ao entender caracterizada, novamente no “Relatório Fiscal Grupo Restum”, a ocorrência das de condutas tipificadas nos artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64, bem como no artigo 1° da Lei 8.137/90, atraindo assim, a multa prevista no artigo 44, § 1º, da Lei nº 9.430/96. II – IMPOSSIBILIDADE E INAPLICABILIDADE DO ARBITRAMENTO A Fiscalização, ao fundamento de existir um “grupo econômico”, simplesmente passou a fazer alegações e suposições, sempre tendente a promover um punitivo arbitramento, ao singelo argumento de que as Impugnantes seriam empresas criadas com o propósito de suprimir o recolhimento de tributos. No entanto, o que se depreende dos autos é que não havia motivo justificado ao arbitramento do lucro. Importante anotar, para fins de aferir a desnecessidade do arbitramento promovido, que não houve imputação de total ausência de declarações e escrituração, a própria Fiscalização assentou que foram apresentados os elementos, tanto que sua receita foi quantificada sem maiores dificuldades, no Fl. 14160DF CARF MF 16 entanto, valeuse de punitiva forma de apuração, ou seja, na espécie não há falar em arbitramento. É preciso deixar assentado que a Fiscalização não dispunha de fundamento válido para arbitrar o lucro da Impugnante. Temse assim, que o fundamento para o arbitramento do lucro, segundo consta expressamente nos autos de infração, foi o disposto no inciso III, do artigo 530, do RIR/99, ou seja, a falta de apresentação dos livros e documentos da escrituração comercial e fiscal. Todavia, como já assinalado acima, era plenamente possível aferir a correta base tributável, considerando que a Impugnante apresentou regularmente suas declarações, sendo que a Fiscalização discordou, substancialmente, dos percentuais empregados, porém, não evidenciou a imprestabilidade da escrituração. Assim considerado, requerse de Vossas Senhorias, seja afastada no caso concreto a possibilidade de arbitramento, julgandose improcedentes os autos de infração, porquanto a contribuinte apresentou elementos que possibilitavam à Fiscalização adicionar eventual valores tidos por omitidos sem a necessidade de valerse do expediente adotado. Os nossos tribunais já tem se posicionado em desfavor a esses Autos de Infração lavrados pelo Fisco por entender que não é possível a caracterização de omissão de receita com base apenas em depósitos bancários, não havendo um nexo causal entre depósito bancário e omissão de receita, aplicandose o enunciado da Súmula 182 do TFR (fls. 12/14). As pessoas físicas e jurídicas fiscalizadas alegam que a quebra do sigilo fiscal somente é possível por determinação judicial, caso contrário, violaria os princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa. III – DA SOLIDARIZAÇÃO E RESPONSABILIZAÇÃO Transpostas as alegações pelas quais entendem os Impugnantes impõese a improcedência dos autos de infração, seja porque ignorouse a personalidade jurídica de empresas regulamente constituídas, seja porque se apresentava inviável o arbitramento do lucro, remanesce uma última questão, de mérito, que precisa ser abordada com a máxima minudência. Isso se dá, precisamente no que toca à sujeição passiva tributária contida nos autos de infração, aliás, na multiplicidade de devedores solidarizados e responsabilizados pelo pagamento, sem que tenha havido, afora as alegações genéricas pelo Fisco, qualquer imputação específica de cada contribuinte, ou qual seria seu real interesse na ocorrência do fato gerador, muito menos quais as relações diretas e pessoais que tenham mantido na ocorrência do fato imponível. IV – INAPLICABILIDADE DA MULTA DE OFÍCIO A vedação de confisco se direciona tanto ao tributo quanto às multas tributárias, sejam elas de mora, sejam punitivas. Tal linha de entendimento se funda no conhecido precedente do Supremo Tribunal Federal no qual restou assentado que a vedação de confisco se estende também às penalidades. Fl. 14161DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.154 17 No caso em lume o percentual de multa aplicado tem feição indubitavelmente confiscatória e desproporcional, pois revela imensa discrepância entre o suposto desrespeito à norma tributária e sua consequência jurídica. V – ILEGALIDADE DA COBRANÇA DE JUROS SOBRE A MULTA Ainda que se considerasse procedente a autuação, o que se admite apenas por apego ao argumento, não se poderia fazer incidir a taxa de juros sobre a multa aplicada, haja vista a previsão legal expressa de acréscimo de juros apenas aos valores referentes a tributos e contribuições sociais. Necessário frisar que a Lei nº 9.430/96, de igual forma, não autoriza a aplicação de juros sobre a multa de ofício, tratando apenas do caso de multa isolada, consoante jurisprudência acima posta, o que não se verifica nestes autos. DOS PEDIDOS Requer: Seja reconhecida a inaplicabilidade do arbitramento do lucro. Alternativamente, sejam os contribuintes solidarizados excluídos do polo passivo da obrigação tributária. E a redução da multa aplicada para o patamar mínimo regulamentar, afastandose a multa qualificada. Por fim, requer o julgamento conjunto do presente processo com os demais resultantes do denominado “Relatório Fiscal – Grupo Restum”. É o relatório. Analisando as alegações da acusação e da impugnação a Delegacia de Julgamento proferiu decisão considerando improcedente a impugnação e mantendo o auto de infração integralmente. Cientificados da autuações os impugnantes, com exceção de PLANET GIRLS, apresentaram recurso voluntário onde aduziram as seguintes alegações: 1 Impossibilidade e Inaplicabilidade do arbitramento do lucro: Que o auto foi fundamento na existência do Grupo Restum e, a partir daí, foram feitas ilações e suposições para promover um punitivo arbitramento. Que a fiscalização não possuía fundamento válido para arbitrar o lucro. Entende que apresentou com regularidade suas declarações e que por isso o arbitramento era desnecessário. Alega que, havendo omissão de rendimentos, deveria ser feita a adição desta aos resultados já apurados e recalculados os tributos, conforme determinado pela legislação. Apresenta precedentes do CARF para confirmar suas alegações de que o arbitramento é excepcional e, assim, deveria ser oportunizado o refazimento da escrita ao contribuinte. Deveria haver a comprovação de que era impossível a apuração de outro modo. 2 Da Solidarização e Responsabilização: Alega que a DRJ apenas corroborou as conclusões da fiscalização. Que a solidarização foi feita sem o menor critério. Que não foi indicada uma única conduta para justificar a solidarização. Que foi desconsiderada Fl. 14162DF CARF MF 18 a personalidade jurídica das empresas. Apresenta diversos argumentos em relação à imputação da responsabilidade para indicar que houve falha na comprovação da imputação e que, portanto esta seria indevida. Com relação ao Solidário "Roberto" (aspas do original) entende que a imputação da responsabilidade baseada no art. 135, III, do CTN, este seria um erro em razão do dispositivo tratar de outro tipo de responsabilidade. 3 Inaplicabilidade da Multa Qualificada: Alternativamente, requer que caso seja mantida a autuação, que seja reduzia a multa qualificada aplicada em razão de ter efeito confiscatório se aplicada nesse patamar, que não foi comprovado o evidente intuito de fraude para permitir a qualificação, entende que os argumentos para fundamentar a qualificação foram genéricos constituindo bases fracas para a autuação. 4 Ilegalidade da Cobrança de Juros sobre a Multa. Apresenta fundamentos jurídicos que indicariam a impossibilidade de aplicação de juros sobre a multa. É o relatório. Voto Conselheiro Abel Nunes de Oliveira Neto O recurso é tempestivo e preenche os requisitos legais, por isso dele tomo conhecimento. Fl. 14163DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.155 19 Passemos a analisar os pontos de recurso apresentados pelo Contribuinte e responsáveis solidários. 1 Impossibilidade e Inaplicabilidade do arbitramento do lucro:. Com relação ao tema da impossibilidade e Inaplicabilidade do arbitramento do lucro verificamos, em consulta aos termos apresentados pela recorrente que seu recurso voluntário apresentou os mesmos fundamentos de fato e de direito que foram objeto de análise por parte da DRJ, não havendo nenhuma discordância quanto aos fundamentos de decidir apresentados pela Delegacia de Julgamento. Ora, não havendo a apresentação de questionamentos quanto aos fundamentos de decidir apresentados pela Delegacia de Julgamento não se estabelece o contraditório a ser objeto de análise recursal. Assim, os recursos devem apresentar não os mesmos argumentos veiculados na impugnação. O Recurso Voluntário, como segunda instância do processo administrativo, tem o condão de se contrapor aos fundamentos e argumentos da decisão que não compartilharam com os elementos da impugnação. Ao não apresentar nenhum contraponto à decisão atacada, nem fundamentar os motivos pelos quais requer que a decisão seja modificada o recorrente não estabelece contraditório passível de análise recursal, ressalvese apenas o pedido de perícia que será analisado em separado. Para tanto, foi editada recentemente modificação do Regimento Interno deste CARF que trata desta hipótese. Vejamos o dispositivo. Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Referida regra foi editada com vistas ao atendimento ao princípio da economia processual aos casos em que se vislumbre que não existem novos argumentos ou elementos. Fl. 14164DF CARF MF 20 Por esta razão, concordando este relator com os termos do acórdão formulado pela Decisão de Piso, tanto quanto ao arbitramento do lucro, quanto à possibilidade de lançamento com base em depósitos bancários de origem não comprovadas (apesar de não constar recurso expresso em relação a este item) passo a, na forma do art. 57, § 3º, do Regimento Interno do CARF, transcrever e adotar os mesmos fundamentos da decisão de Piso em relação ao presente ponto. 6. DO ARBITRAMENTO DO LUCRO. Segundo prescreve o art. 44 do CTN, o lucro, como base de cálculo do IRPJ e da CSLL, pode ser medido pelo seu montante real, arbitrado ou presumido. Sendo assim, uma vez ocorrido o fato gerador da obrigação tributária e na impossibilidade de apurarse o montante real ou presumido, o lucro, para efeito de tributação, deve ser arbitrado. Isso porque, à luz do art. 142 do mesmo CTN, o Fisco, ao constituir o crédito tributário pelo lançamento em atividade vinculada e obrigatória, está obrigado a determinar a matéria tributável e calcular o montante devido do imposto. A base legal para o arbitramento do lucro consta do art. 47, I, II, III e VII, da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995 (matriz legal do art. 530, do RIR/1999), que dispõe o seguinte: “Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de1995. Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando: I o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o DecretoLei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal; II a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para: a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou b) determinar o lucro real. III o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único. (...) VII o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário”. (Grifouse ) Portanto, a não apresentação ao Fisco dos livros fiscais e comerciais obrigatórios, notadamente, do Diário/Razão e do Livro Caixa, é hipótese que legitima, à luz das normas legais já mencionadas, o arbitramento do lucro nos períodos considerados. No TVF, item “4.1”, titulado por “Equiparação à PJ e arbitramento do lucro” restou devidamente evidenciado o fato que o Sr. Roberto e a Sra. Adriana Restum: “intimados e reintimados a apresentar livros fiscais, conforme termo de início de fiscalização, os sócios não apresentaram resposta”. Também no item “2.2” do mesmo TVF, foram evidenciadas outras intimações a eles Fl. 14165DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.156 21 endereçadas para que apresentassem toda a documentação pendente de intimações anteriores, todavia, também essas intimações não foram respondidas. Então, diante da legislação citada, os motivos narrados na descrição dos fatos complementada pelo TVF são suficientes para garantir a legalidade do arbitramento do lucro levado a cabo pelo Fisco. E, segundo prescreve o art. 532, do RIR/1999, “o lucro arbitrado das pessoas jurídicas, observado o disposto no art. 394, § 11, quando conhecida a receita bruta, será determinado mediante a aplicação dos percentuais fixados no art. 519 e seus parágrafos, acrescidos de vinte por cento (Lei nº 9.249, de 1995, art. 16, e Lei Nº 9.430, de 1996, art. 27, inciso I)”. Desse modo, a base de cálculo do IRPJ e da CSLL foi considerada a partir da receita bruta conhecida, que no caso corresponde à presunção legal de depósitos bancários de origens não comprovadas. Conforme se viu, todo o procedimento fiscal está pautado nas normas regulamentares e foi realizado em consonância com as disposições do art. 142 do CTN. Evidenciase, portanto, que o contribuinte relegou a segundo plano as suas obrigações fiscais, tornandose inadimplente no tocante ao cumprimento de suas obrigações tributárias. Por tais motivos, a tributação com base no lucro arbitrado se fez ao amparo da lei e nada existe no procedimento que vicie o critério adotado. Desta forma, foi legítimo e legal o arbitramento do lucro. 7. – OMISSÃO DE RECEITA POR PRESUNÇÃO LEGAL. DEPÓSITOS BANCÁRIOS DE ORIGENS NÃO COMPROVADAS. A Lei nº 9.430, de 1996, que embasou o lançamento nesta parte, com as alterações introduzidas pelo art. 4º da Lei nº 9.481, de 1997, assim dispõe, acerca dos depósitos bancários: “Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações . § 1º O valor das receitas ou dos rendimentos omitido será considerado auferido ou recebido no mês do crédito efetuado pela instituição financeira . §2º Os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. § 3º Para efeito de determinação da receita omitida, os créditos serão analisados individualizadamente, observado que não serão considerados: I – os decorrentes de transferências de outras contas da própria pessoa física ou jurídica;” (Grifos acrescentados) Fl. 14166DF CARF MF 22 A lei transcrita estabeleceu uma presunção de omissão de receitas ou rendimentos que autoriza o lançamento do imposto correspondente, sempre que o titular de conta bancária, pessoa física ou jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos creditados em sua conta de depósito ou de investimento. As presunções legais, também chamadas presunções jurídicas, dividemse em absolutas (juris et jure) e relativas (juris tantum). Denominase presunção juris et jure aquela que, por expressa determinação de lei, não admite prova em contrário nem impugnação; dizse que a presunção é juris tantum quando a norma legal é formulada de tal maneira que a verdade enunciada pode ser elidida pela prova de sua irrealidade. Concluise, por conseguinte, que a presunção legal de renda, caracterizada por depósitos bancários, é do tipo juris tantum (relativa). Caberia, portanto, ao contribuinte apresentar justificativas válidas para os ingressos ocorridos em suas contascorrentes. Corroborando com tal entendimento, nos ensina José Luiz Bulhões Pedreira in “Imposto sobre a Renda Pessoas Jurídicas”, JUSTEC RJ 1979 pág. 806: O efeito prático da presunção legal é inverter o ônus da prova: invocandoa, a autoridade lançadora fica dispensada de provar, no caso concreto, que ao negócio jurídico com as características descritas na lei corresponde, efetivamente, o fato econômico que a lei presume, cabendo ao contribuinte, para afastar a presunção (se é relativa) provar que o fato presumido não existe no caso. A presunção em favor do Fisco transfere ao contribuinte o ônus de elidir a imputação, mediante a comprovação, no caso, da origem dos recursos. Trata se, afinal, de presunção relativa, passível de prova em contrário. Diante disso, o Fiscalizado titular de conta bancária, após devidamente intimado, não se exime de provar individualizadamente as origens dos depósitos/créditos ocorridos nessa conta. No caso vertente, como salientado no item “2.2” do TVF, titulado por “Informações solicitadas a Adriana e Roberto Restum”, sócios administradores da empresa, foram evidenciadas as diversas intimações a eles procedidas para comprovar mediante documentação hábil e idônea os créditos bancários individualmente listados nas respectivas intimações. Entretanto, nada foi comprovado ou apresentando, já que não houve resposta por parte de nenhum deles. Também no item “4.2” do mesmo TVF, consta: “4.2) Valores utilizados no cálculo dos tributos O Sr. Roberto Restum e a Sra. Adriana Restum foram intimados a apresentar documentação comprobatória da origem e natureza dos créditos bancários registrados nas contas correntes da empresa extinta. Anexo às intimações foi encaminhado relatório detalhado indicado cada crédito a ser justificado. Desse relatório já haviam sido excluídos créditos oriundos de resgates de aplicações financeiras, empréstimos, estornos e transferências entre contas de mesma titularidade, quando foi possível essa identificação. Os contribuintes não apresentaram resposta à intimação. Fl. 14167DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.157 23 A não comprovação da natureza e origem dos créditos enseja a aplicação das disposições do artigo 42 da Lei 9.430/96.” (Grifouse) Enfim, Roberto e Adriana Restum, na qualidade de sujeito passivo e responsável tributário, após devidamente intimados, não comprovaram as origens dos créditos bancários. Portanto, é cabível a presunção legal de que trata o transcrito art. 42 da Lei nº 9.430, de 1996. Do exposto e ratificando o entendimento deste relator em concordância com os termos da decisão proferida pela Delegacia de Julgamento no que pertine à possibilidade de arbitramento do lucro no caso em tela, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário neste ponto. 2 Da Solidarização e Responsabilização: Alega que a DRJ apenas corroborou as conclusões da fiscalização. Que a solidarização foi feita sem o menor critério. Que não foi indicada uma única conduta para justificar a solidarização. Que foi desconsiderada a personalidade jurídica das empresas. Apresenta diversos argumentos em relação à imputação da responsabilidade para indicar que houve falha na comprovação da imputação e que, portnto esta seria indevida. Com relação ao Solidário "Roberto" (aspas do original) entende que a imputação da responsabilidade baseada no art. 135, III, do CTN, este seria um erro em razão do dispositivo tratar de outro tipo de responsabilidade. Para bem descrever e fundamente este item, passemos a transcrição de robusto Voto proferido nos autos do processo nº 19311.720232/201597, acórdão nº 1402002.600 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária, referente à empresa PLANET GIRLS COMÉRCIO DE ROUPAS LTDA, uma das muitas empresas envolvidas na operação formatada pelo grupo RESTUM. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA Sobre a responsabilização solidária, a Autoridade Fiscal elegeu ROBERTO RESTUM, CPF – 043.261.15840; ADRIANA RESTUM, CPF – 120.853.19807; SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA., CNPJ – 02.067.055/000144, e PORT COMPANY PART. E EMPR. LTDA. – ME, CNPJ – 10.528.300/000100. Ainda que tenha sido apresentado recurso voluntário pelos quatro listados (em conjunto com o da autuada) restou claro, conforme já assentado neste voto, que as duas pessoas jurídicas incluídas no pólo passivo como responsáveis solidárias, Sun Bloom e Port Company tiveram suas impugnações entendidas como peremptas de modo que tais peças recursais em segunda instância não lhes socorre, decretandose sua perempção e imputação definitiva como “sujeitos passivos solidários”. Com relação às duas pessoas físicas, Roberto e Adriana, a Autoridade tributante enquadrou suas condutas nos artigos 124, I e 135, III, do CTN: Fl. 14168DF CARF MF 24 Art. 124. São solidariamente obrigadas: I – as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal; Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Na sua peça recursal alegam resumidamente: > “que as solidarizações foram efetivadas sem o menor critério de imputação, após elaborar o “Relatório Fiscal Grupo Restum”, a Fiscalização apenas indicou as pessoas e transcreveu o artigo 124 e 135 do CTN; > não ter sido realizada uma única imputação, uma descrição das condutas; > ter havido multiplicidade de devedores solidarizados e responsabilizados pelo pagamento, sem que tenha havido, afora as alegações genéricas contidas no “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, qualquer imputação específica de cada contribuinte, ou qual seria seu real interesse na ocorrência do fato gerador, muito menos quais as relações diretas e pessoais que tenham mantido na ocorrência do fato imponível; > que o expediente adotado pela Fiscalização, generalista como se viu em todas as circunstâncias deste procedimento, arrolou as empresas e os sócios do que seria um conglomerado econômico, aludindo o que dispõem os artigos 124 e 135, do Código Tributário Nacional e simplesmente os colocou na posição de devedores solidários; > que, tirante as ilações do famigerado “Relatório Fiscal – Grupo Restum”, não houve qualquer imputação especificada, em relação aos nominados; > ter a Fiscalização ignorado, as regras mais comezinhas acerca da responsabilização, as quais saltam da mera leitura dos dispositivos por ela mesmo invocados, confundindo solidarização com responsabilidade pelo pagamento de débitos de terceiro; > fezse uma narrativa genérica e sumariamente arrolaramse diversos contribuintes sem demonstrar a efetiva participação nos fatos geradores, de receitas que já pertenciam a outras empresas; > não se pode conceber a solidarização de dezenas de contribuintes, pessoas físicas e jurídicas, ao mero argumento de que todas participaram de um “grupo econômico”; > tal fato poderia, dada a terminologia adotada pelo CTN, numa leitura apressada denotar que se permitiria a responsabilização de qualquer pessoa, independentemente de haver relação com o fato gerador. No entanto, mostrase equivocado esse raciocínio; > seria inaceitável até mesmo pensar que o legislador entendeu como responsável pessoa totalmente alheia à situação definida como fato gerador do tributo, daí porque o artigo 128 prevê a obrigatoriedade desse terceiro ser pessoa "vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação"; Fl. 14169DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.158 25 > sem prejuízo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindoa a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação; > ou seja, revelase verdadeira intensidade do vínculo entre a obrigaçãotributária e o responsável, sem, é claro, configurar um elo pessoal e direto porque, se assim for, tratarseá de contribuinte, não de responsável. Frisese, ainda, que a eleição desse terceiro como responsável decorre de razões de conveniência e necessidade; > anotese, portanto, que mesmo para eleição do responsável, o que nem é a hipótese tratada nos autos, é imprescindível haver expressa disposição legal para a responsabilidade tributária de terceiros, nos termos da legalidade geral estatuída no artigo 5º, inciso II, e da legalidade tributária, constante do artigo 145, inciso II, do texto constitucional, assim como dos artigos 97, inciso III, e 121, inciso II, do CTN, princípio da reserva legal segundo o qual ninguém é obrigada a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. Logo, sem lei expressa, o terceiro não pode ser responsabilizado; > caberia à Fiscalização demonstrar que houve, individualmente para cada solidarizado, interesse na situação que constitua o fato gerador (regra do 124, I) e todas tenham mantido relação direta e pessoal com tal situação, apresentase possibilidade de solidarização; > como se sabe, o instituto da solidariedade em matéria tributária, assegura o interesse do Fisco para a busca de seu direito de exigir do sujeito passivo o cumprimento da obrigação tributária, ocorrendo a solidariedade, sempre que se der a presença de mais de um sujeito passivo na mesma relação tributária, destacandose como premissa a existência de “interesse comum” das pessoas que participam da situação fática geradora da obrigação; > contudo, no caso dos autos, não houve imputação específica de qual seria a relação direta e pessoal de cada responsabilizado, tampouco quais seriam seus interesses, valendose a Fiscalização de uma imputação genérica e falaciosa, construída como se todos os responsabilizados fossem integrantes de um grupo econômico. Tal fato, por si só, como visto acima, não autoriza a solidarização; > em relação ao Impugnante “Roberto”, observase que fora responsabilizado nos termos do artigo 135, III, do CTN, ou seja, em tese, segundo a Fiscalização seria “pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”; > neste ponto específico, além da mesma imputação genérica, a Fiscalização novamente incorreu em equívoco interpretativo sofrível, porquanto assinalou um evidente dispositivo que cuida de responsabilidade por pagamento de crédito de terceiros, como se tratasse de solidariedade; > diante disso, caso prevaleçam os impugnados autos de infração, expressamente se requer a exclusão, do polo passivo da presente obrigação tributária, de todos quantos foram solidarizados e/ou responsabilizados, reconhecendose que a Fiscalização não demonstrou na espécie os motivos que possibilitariam a solidarização, esbarrando assim, na legalidade”. Fl. 14170DF CARF MF 26 Discordo do entendimento dos recorrentes Roberto e Adriana. Não se trata, como alegado, de responsabilizar dezenas de coobrigados aleatoriamente ou sem substrato legal, mas de impor aos verdadeiros sócios e administradores, a responsabilização solidária pelos créditos tributários constituídos neste procedimento, tendo em vista, dentre outros fatos incontroversos: 1. que na “Ficha Cadastral Completa” da empresa PlanetGirls Comercio de Confecções Ltda, CNPJ 04.740.881/000138, obtida na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp), verificase que ela teve seu encerramento registrado na Jucesp em 30/06/2010; 2. na data de encerramento, seus sócios eram Roberto Restum, CPF 04326115840, com participação de R$ 18.000,00 (60% do capital social) e Adriana Restum, CPF 12085319807, com participação de R$ 12.000,00 (40% do capital social). Tanto Roberto quanto Adriana se enquadravam “na situação de sócios e administradores, assinando pela empresa; 3. a Ficha Cadastral citada foi obtida pelo Fisco no portal da internet da Jucesp e sua cópia consta deste processo; 4. os extratos das contas correntes remetidos pelos bancos, anexados a este processo, mostram que Roberto Restum e Adriana Restum continuaram movimentando as contas correntes da empresa, após o registro do distrato social na Jucesp; 5. nos cartões de assinatura dos bancos Santander, Bradesco e Safra constam os dois sócios, Roberto Restum e Adriana Restum, com poderes para assinar pela empresa, isoladamente; 6. abaixo, um exemplo de um cartão de uma conta corrente no Safra da Sra. Adriana: 7. todos os cheques emitidos a débito das contas dos bancos, em todos os períodos amostrados (no início, no meio e no fim do período fiscalizado) foram assinados pelo Fl. 14171DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.159 27 Sr. Roberto Restum. As cópias dos cheques podem ser consultadas nos documentos remetidos pelos bancos, que constam neste processo. Abaixo, exemplo de um cheque assinado pelo Sr. Roberto: 8. portanto, fica comprovado que Roberto Restum e Adriana Restum são os responsáveis pela movimentação das contas correntes da empresa extinta no período fiscalizado; 9. estando as atividades da empresa já encerradas, estáse diante de uma situação de sociedade irregular, o que impõe aos sócios administradores a responsabilização pelos tributos apurados, de forma solidária e ilimitada; 10. como visto, Roberto Restum e Adriana Restum eram sócios no momento do distrato, tinham poderes para movimentação das contas correntes da empresa extinta, receberam elevados valores no decorrer dos 3 anos fiscalizados (conf. TVF). Esses fatos, e outros detalhados posteriormente, mostram que esses sócios eram os administradores da empresa extinta e se beneficiaram do esquema empresarial fraudulento montado; 11. o grupo empresarial liderado por Roberto e Adriana possuía um grande número de empresas ativas e tinha por hábito constituir e encerrar constantemente novas empresas o que permitia que quando determinada empresa começava a despertar interesse fiscal era sumariamente encerrada e uma outra era colocada no seu lugar; 12. a estratégia adotada pelo Gruo Restum para viabilizar estas trocas de empresas sustentavase no verdadeiro estoque de sociedades constituídas inicialmente na JUCESP, porém sem cadastro no CNPJ; assim, quando do encerramento das atividades de determinada empresa cadastrada junto à RFB, imediatamente já se realizava novo cadastro no CNPJ de empresa estocada na JUCESP, não havendo qualquer prejuízo na operação da unidade; 13. também era praxe a utilização de interpostas pessoas, seja para constituir a empresa, seja para operar fraudulentamente, seja para proteção patrimonial quando do encerramento, com a cíclica constituição de novas empresas em nome de “laranjas” e/ou Fl. 14172DF CARF MF 28 “testas de ferro”. Essas empresas, conforme sua função dentro do Grupo, por vezes eram transferidas aos reais titulares (família Restum), por vezes eram operadas em nome das interpostas pessoas e por vezes eram transferidas a estas quando de seus encerramentos, de modo que, assim, a responsabilidade tributária daí decorrente recairia sobre os “laranjas”. Este fato, independentemente dos aspectos penais e de qualificação da multa de ofício que envolve, sem sombra de dúvida demonstra o intuito de evitar a satisfação efetiva do crédito tributário, posto que a imputação recairia sobre “laranjas” sem nenhuma capacidade financeira; 14. há, inclusive, ações judiciais movidas por terceiros contra o Grupo no sentido de verem seus nomes afastados das empresas componentes com a alegação do uso indevido de seus nomes. Todo este cenário – inconteste, como dito, encaixase, sem nenhuma dúvida, na descrição dos artigos 124, I e 135, III, do CTN, posto que revela o claro interesse comum dos dois sócios na situação relativa à constituição do fato gerador (a interposição de laranjas é apenas um destes sustentáculos) e a evidente prática de atos ao arrepio das leis vigentes levada a efeito pelos também administradores da autuada (Roberto e Adriana). No primeiro caso (artigo 124, I), o interesse comum é manifesto quando se constata a engenharia desenvolvida para que os dois sócios usufruíssem, em comunhão, dos benefícios resultantes de tal procedimento, e, ao mesmo tempo, ficassem ocultos como sócios de grande parte das empresas constituídas, artifício exteriorizado pelo uso costumeiro de praticar alterações contratuais e fincar “laranjas” no quadro social e na “administração” das mesmas, pessoas estas comprovadamente sem nenhuma capacidade financeira, econômica ou empresarial para dirigir uma companhia do porte da Planet Girls com centenas de lojas. Em síntese, ambos, indistintamente, por ação ou omissão, contribuindo para que pessoas sem condições financeiras, econômicas ascendessem a cargos diretivos e gerenciais ou fossem colocadas como interpostas pessoas (“laranjas”) possibilitando a Roberto e Adriana manteremse ocultos e usufruírem das vantagens que um negócio empresarial pode trazer, sem correr os riscos que este mesmo negócio pode apresentar. Somese a isso, o recebimento – ainda em comum – de valores retirados de contas bancárias de empresas já baixadas na Junta Comercial e, assim, irregulares, tudo sob a administração de ambos os sócios (Roberto e Adriana) que assinaram os cheques ou as autorizações de transferência para suas contas pessoais. Assim, não vejo ressalvas ao trabalho fiscal que concluiu pela responsabilização solidária de Roberto Restum e Adriana Restum consoante disposições do artigo 124, I, do CTN, posto se estar diante de “pessoa com interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal", ainda mais porque, como sabido, a imputação fulcrada no mencionado dispositivo estatutário não exige o exercício de qualquer atividade de gestão, bastando o dito “interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal”, pelo que mantenho a inclusão de ambos no pólo passivo da lide. Igualmente me parece ter agido corretamente a Autoridade Fiscal quando enquadrou o procedimento dos dois administradores nos dizeres do artigo 135, III, do Código, verbis: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: Fl. 14173DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.160 29 III – os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Como bem exprimiu o I. Conselheiro desta Turma, Fernando Brasil de Oliveira Pinto, no Acórdão 1402002.204, “para a caracterização da responsabilidade a que alude o art. 135, III, do CTN, fazse necessário a presença dois elementos: i) elemento pessoal: diz respeito ao sujeito que deu azo à ocorrência da infração, ou seja, o executor, partícipe ou mandante da infração. Tratase, na realidade, do administrador da sociedade, independentemente de ser ou não sócio. Assim sendo, não poderão ser incluídos como responsáveis quaisquer sujeitos que não possuam poder de decisão”; e, ii) “elemento fático: necessidade de conduta que implique excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatuto”. Significa dizer que muito mais que sócio é preciso que seja “administrador”, até porque podem existir sócios aos quais os estatutos ou contratos sociais não deleguem nem definam poderes gerenciais. Assim, mesmo que “sócios” (enquanto somente nesta condição) possam ficar albergados de uma possível responsabilização, aos “administradores” não cabe tal proteção, a teor da expressa definição imposta pelo artigo 135, III, desde que, indispensavelmente, exerçam as atribuições estatutárias ou contratuais de administração no período contemporâneo aos fatos geradores e sejam os responsáveis pelo crédito tributário constituído em razão de “atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos”. In casu, não há dúvidas em relação à qualidade de administradores que possuíam Roberto e Adriana no período sob fiscalização, o que já os enquadra em uma das vertentes do artigo 135, III. O outro pólo (responsabilidade pelo crédito tributário oriundo de atos praticados ao arrepio das leis ou estatutos) deflui com clareza pela simples compulsação dos autos, seja pelo procedimento contumaz de inserir “laranjas” na “administração” de empresas do grupo, seja pela constituição e encerramento – muitas vezes irregulares – de sociedades, seja pela percepção de valores destas mesmas sociedades “encerradas” em favor próprio, seja, pela inadimplência tributária. A respeito desta última condição, adoto excertos do voto proferido pelo Conselheiro Fernando Brasil de Oliveira Pinto (Ac. já citado) que, de forma precisa, bem define o quadro, em tudo aplicável também a este processo: “A autoridade fiscal, ao cominar a penalidade qualificada de 150%, entendeu restar caracterizado o conjunto fáticojurídico a ensejar a responsabilidade tributária. Entendo lhe assistir razão. Não desconheço da jurisprudência do STJ que pode ser resumida com a transcrição do Enunciado nº 430 da Súmula do STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sóciogerente. Mais recentemente, julgouse a matéria sob a Fl. 14174DF CARF MF 30 égide do disposto no art. 543C do CPC/1973 (“recurso repetitivo”), sendo que a Primeira Seção do STJ, no julgamento do REsp 1.101.728/SP, de Relatoria do Ministro Teori Albino Zavascki, consolidou entendimento segundo o qual “a simples falta de pagamento do tributo não configura, por si só, nem em tese, circunstância que acarreta a responsabilidade subsidiária do sócio, prevista no art. 135 do CTN. É indispensável, para tanto, que tenha agido com excesso de poderes ou infração à lei, ao contrato social ou ao estatuto da empresa”. Saliento que o simples inadimplemento da obrigação não pode gerar, de per si, a responsabilidade do administrador da pessoa jurídica. Ao assim dispor, por outro lado, o STJ deixou transparece que em hipóteses de um inadimplemento, digamos, “qualificado”, podese sim atribuir a responsabilidade de que tratar o art. 135 do CTN. Com efeito, não comungo do entendimento daqueles que limitam a aplicação do caput do art. 135 do CTN às hipóteses de cometimento de infração à lei societária, excluindo às infrações às normas tributária, excluase do rol de infrações, aptas a ensejar a corresponsabilidade, justamente as próprias leis aplicáveis aos tributos. E não se fala aqui de um simples inadimplemento de tributo, mas sim de inadimplemento doloso, penalizado administrativamente com multa de 150% que se aplica somente em casos de sonegação, fraude ou conluio (art. 44, inciso I, c/c § 1º, da Lei nº 9.430/96 e arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/64), dando ensejo à representação fiscal para fins penais por cometimento, em tese, de crime contra a ordem tributária a que alude o art. 1º da Lei nº 8.137/90. (...) No mesmo sentido, Emanuel Carlos Dantas de Assis dispôs: (...) Como a culpa ou o dolo deve ser comprovado, carece uma interpretação casuística. A solução vai depender de cada situação em concreto. Assim, se por um lado é certo que o simples inadimplemento de tributo se constitui em infração de lei, somente a análise dos fatos e circunstâncias irá demonstrar se o sócio tinha razões ou não para deixar de efetuar o pagamento. (...) Na caracterização do dolo reside a maior dificuldade para as administrações tributárias, na tentativa de responsabilizar os administradores e sócios de sociedades empresárias, por débitos tributários destas. Como demonstrar, afinal, a intenção da pessoa física? O dolo necessário à responsabilidade estatuída no art. 135 é o presente não só nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/1990, no contrabando e descaminho (art. 334 do Código Penal, alterado pela Lei nº 4.729/1965), ou nas infrações tributárias dolosas como sonegação, fraude e conluio (Lei nº 4.502/1964, arts. 71 a 73, respectivamente). [...]21 [grifos nossos]. Também em pronunciamentos da PGFN e da Receita Federal podese extrair a mesma exegese de tal dispositivo legal: PARECER/ PGFN/CRJ/CAT/Nº 55/2009 [...] Fl. 14175DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.161 31 O administrador só é responsável por atos seus que denotem infração à lei ou excesso de poderes, como, por exemplo, a sonegação fiscal (que é ilícito punível inclusive penalmente) ou a dissolução irregular da sociedade; [grifos nossos] NOTA GT RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA nº 1, de 17 de dezembro de 2010 (Ato conjunto entre ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional e Secretaria da Receita Federal do Brasil. Grupo de Trabalho constituído pela Portaria Conjunta PGFN/RFB nº 8 / 2010). Observase que, se há multa qualificada, há responsabilidade pelo art. 135 do CTN, trazendo à responsabilidade os sócios do tempo do fato gerador. [grifos nossos]. (...) Na jurisprudência, o entendimento do STJ: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. NOVO PEDIDO DE REDIRECIONAMENTO PARA O SÓCIOGERENTE. ART. 135 DO CTN. POSSIBILIDADE. EXISTÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA EM CRIME DE SONEGAÇÃO FISCAL. CONFIRMADO. 1. Os efeitos da decisão, já transitada em julgado, que indeferiu anterior pedido de redirecionamento, não irradia efeitos de coisa julgada apta a impedir novo pedido de redirecionamento na mesma execução fiscal em face da existência de sentença condenatória em crime de sonegação fiscal, confirmada pelo Tribunal de 2º grau e com Habeas Corpus pendente de julgamento no STJ, porquanto aquele pleito inicial está fulcrado apenas em mero inadimplemento fiscal. 2. O redirecionamento da execução fiscal, e seus consectários legais, para o sóciogerente da empresa, somente é cabível quando reste demonstrado que este agiu com excesso de poderes, infração à lei ou contra o estatuto, ou na hipótese de dissolução irregular da empresa. A condenação em crime de sonegação fiscal é prova irrefutável de infração à lei. 3. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 935839/RS, Relator Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, Segunda Turma, decisão unânime, sessão de 05 de março de 2009) (...) Conforme se observa, ao se tratar não de um simples inadimplemento, mas sim de um inadimplemento qualificado, doloso, caracterizado por conduta fraudulenta e com repercussões na esfera criminal, incide o disposto no art. 135 do CTN, implicando que os administradores da pessoa jurídica (inciso III), os quais respondem, inclusive, na seara criminal, sejam também responsabilizados pela obrigação tributária”. (destaque deste Relator). Fl. 14176DF CARF MF 32 Concluindo, entendo correta a inclusão de Roberto Restum e Adriana Restum no pólo passivo da lide na qualidade de sujeitos passivos solidários, com tipificação nos artigos 124, I, e 135, III, do CTN, ratificando o trabalho fiscal. Os argumentos acima apresentados para justificar a manutenção da responsabilização solidária imputada no presente auto de infração se encaixam perfeitamente aos elementos tratados neste processo, vez que se tratam de infrações praticadas com os mesmos atores, com o mesmo procedimento e utilizandose, inclusive, da mesma empresa para a movimentação dos recursos financeiros de todo o grupo. Em razão do exposto no voto acima, do qual adoto os fundamentos de fato e de direito para aplicação na decisão deste processo, é que entendo por absolutamente correta a imposição de responsabilidade tributária ao autuado ROBERTO RESTUM e aos demais responsáveis ADRIANA RESTUM, CPF – 120.853.19807; SUN BLOOM PARTICIPAÇÕES LTDA, CNPJ –02.067.055/000144; PORT COMPANY PARTICIPAÇÕES E EMPREENDIMENTOS LTDA – ME, CNPJ – 10.528.300/000100, por ter restado caracterizada a responsabilização na forma dos arts. 124, I e 135, III, do CTN. 3 Inaplicabilidade da Multa Qualificada.: Alternativamente, requer que caso seja mantida a autuação, que seja reduzia a multa qualificada aplicada em razão de ter efeito confiscatório se aplicada nesse patamar, que não foi comprovado o evidente intuito de fraude para permitir a qualificação, entende que os argumentos para fundamentar a qualificação foram genéricos constituindo bases fracas para a autuação. No que tange à qualificação e ao agravamento da multa, em razão do evidente intuito de fraude da conduta do contribuinte e em razão do não atendimento às intimações realizadas, novamente adotamos como fundamentos para decidir àqueles já apresentados pela Delegacia de Julgamento, tendo em vista que o Recurso Voluntário não apresentou novidades em relação aos argumentos aduzidos na impugnação e em razão de a Decisão de Piso ter apresentado robusta argumentação de fato e de direito a suportar a manutenção da qualificação e do agravamento da multa. Passemos à transcrição da Decisão de Piso em relação ao caso: 9. DAS MULTAS APLICADAS NO LANÇAMENTO. QUALIFICADA E AGRAVA. PERCENTUAL TOTAL DE 2255. No caso concreto, o lançamento impôs a sanção prevista no art. 44, inciso I, c/c o § 1º, da Lei nº 9.430, de 1996 (com redação dada pela Lei nº 11.488, de 15 de junho de 2007), segundo o qual, nos lançamentos de ofício, será aplicada multa de 75%, que será duplicada para 150%, nos casos de evidente intuito de fraude, definido nos arts. 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502, de 30/11/1964; o percentual qualificado de 150%, será ainda aumentado da metade (para 225%), nos casos de não atendimento à intimação para prestar esclarecimentos, “in verbis”: “Art. 44. Nos casos de lançamento de ofício, serão aplicadas as seguintes multas: (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007 ) Fl. 14177DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.162 33 I de 75% (setenta e cinco por cento) sobre a totalidade ou diferença de imposto ou contribuição nos casos de falta de pagamento ou recolhimento, de falta de declaração e nos de declaração inexata; (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007) (...) § 1o O percentual de multa de que trata o inciso I do caput deste artigo será duplicado nos casos previstos nos arts. 71, 72 e 73 da Lei no 4.502, de 30 de novembro de 1964, independentemente de outras penalidades administrativas ou criminais cabíveis. (Redação dada pela Lei no 11.488, de 15 de junho de 2007). §2º. Os percentuais de multa a que se referem o inciso I do caput e o § 1º deste artigo serão aumentados de metade, nos casos de não atendimento pelo sujeito passivo, no prazo marcado, de intimação para:(Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007 ) I – prestar esclarecimentos (Redação dada pela Lei nº 11.488, de 2007)” (Grifouse) 9.1 Multa Proporcional Qualificada. Primeiramente, diante dos fatos narrados nos relatórios fiscais confeccionados ao longo do procedimento, a Fiscalização entendeu presente, no caso concreto, os pressupostos definidos em lei e necessários à qualificação. À luz da legislação pertinente, constitui hipótese de qualificação da multa de ofício a prática de sonegação, fraude ou o conluio, ou seja, ações ilícitas definidas nos arts. 71, 72 e 73, da Lei 4.502, de 1964, nos seguintes termos: sonegação é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, o conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, sua natureza ou circunstâncias materiais ou das condições pessoais de contribuinte, suscetíveis de afetar a obrigação tributária principal ou o crédito tributário correspondente; fraude é toda ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou parcialmente, a ocorrência do fato gerador da obrigação tributária principal, ou a excluir ou modificar as suas características essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento; e conluio é o ajuste doloso entre duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas, visando qualquer dos efeitos referidos anteriormente como sonegação ou fraude. Logo, as ações caracterizadas como sonegação ou fraude (o conluio é o ajuste que combina ambas), nos termos acima definidos, são as que autorizam a qualificação da multa. Ocorre que as irregularidades existentes que envolveram as empresas autuadas, pertencentes ao denominado grupo “Restum”, devidamente e minuciosamente apontadas pela Fiscalização nos relatórios fiscais, indubitavelmente caracterizam a conduta dolosa perpetrada pela Impugnante, configurada pelas ações seus sócios administradores, Roberto e Adriana Fl. 14178DF CARF MF 34 Restum, proprietários do referido grupo, no intuito de reduzir indevidamente o pagamento de tributos. Nesse sentido, vejase abaixo trecho do TVF: “Num breve resumo, que não substitui aquilo que consta nos referidos relatórios, se verificou a utilização de conta corrente de empresa já extinta, com o intuito de tentar iludir a fiscalização. Essa utilização foi dolosa, premeditada, pois não houve a comunicação do encerramento da empresa à Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme obriga a legislação. A própria utilização da conta de empresa extinta já caracteriza o ilícito, ainda mais quando são emitidos e assinados cheques, em nome de uma empresa inexistente, configurando emissão de título de crédito inidôneo. Além disso, continuaram a ser enviadas declarações à Receita Federal (GFIP, DIRF, etc.) mesmo após a incorporação da empresa, com o mesmo propósito de ocultar fatos do Fisco. Inclusive, foram efetuados recolhimentos de contribuições previdenciárias, de forma a passar a falsa idéia de que a empresa extinta ainda se encontrava em operação normal. A descrição das declarações entregues pelo contribuinte consta no item 2.1. Também se verifica a prática reiterada da atividade ilícita. O mesmo mecanismo de utilização da conta corrente de empresa já extinta ocorreu em cada um dos três anos fiscalizados . Adicionalmente, a omissão do contribuinte em prestar esclarecimentos, apesar d eregularmente intimado em seu Domicílio Tributário Eletrônico (DTE), obriga ao agravamento da multa conforme art. 44, § 2º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996. De se destacar que o contribuinte não pode alegar desconhecimento do mecanismo de intimação através do DTE. O termo de início foi aberto tanto pelo Sr. Roberto Restum quanto pela Sra. Adriana Restum em suas caixas postais, o que caracteriza não só ciência efetiva do conteúdo desse documento específico, como o conhecimento dos mecanismos envolvidos em intimações através do DTE, não podendo simplesmente alegar que a ciência nos outros casos ocorreu por decurso do prazo legal. Houve, isto sim, intenção deliberada de não responder as intimações.” Inegavelmente, inferese pela leitura dos relatórios fiscais constantes dos autos que foi engendrado um verdadeiro esquema fraudulento, com intuito único de sonegar tributos. 9.2 Multa Proporcional Agravada. Quanto ao agravamento do percentual qualificado de 150% para 225%, como autoriza a legislação acima transcrita, no TVF, item “2.2”, o Fisco justifica que, após diversas intimações a Roberto e Adriana Restum para apresentar documentação fiscal, comprovar depósitos bancários e prestar esclarecimentos, nada foi apresentado ou justificado. Segundo reza a lei, é cabível ainda aumentar da metade o percentual qualificado da multa (de 150% para 225%), quando o sujeito passivo não atender, no prazo marcado, intimação para prestar esclarecimentos. Ocorre que, após as intimações de praxe, nenhum esclarecimento foi prestado. Fl. 14179DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.163 35 Diante disso, a majoração do percentual da multa de ofício subsumese ao transcrito art. 44, §2, I, da Lei nº 9.430, de 1996, devendo ser mantida. 9.3 – Multas. Demais Questões. De plano, salientese que a redução da multa postulada pela defesa não pode ser acatada, na medida em que não encontra respaldo legal. Por sua vez, também as alegações no sentido que o percentual aplicado teria o caráter de confisco (vedado pela Constituição Federal), não podem ser apreciadas, pois não cabe à autoridade administrativa apreciar questão afeta a inconstitucionalidade de lei. Vale considerar que o princípio contido no art. 150, inciso IV, da Constituição Federal de 1988, relativo à vedação ao confisco, antes de mais nada, é dirigido ao legislador. Tal princípio orienta a elaboração legislativa, que deve observar a capacidade econômica do contribuinte (art. 145, § 1o da CF), bem como não pode dar ao tributo conotação de confisco. Cumpre ressaltar ainda que o contencioso administrativo não é o foro próprio para examinar questões de tal natureza. Vale esclarecer que não cabe às autoridades administrativas se manifestarem sobre matéria do ponto de vista constitucional, excetuado os casos em que houver declaração de inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal de lei, de tratado ou de ato normativo, situação em que é permitido às autoridades fiscais a quo afastar a sua aplicação (Decreto nº 2.346, de 10 de outubro de 1997, e Parecer da PGFN/CRE n.º 948, de 2 de junho de 1998). No caso concreto, dado que a administração tributária apenas exerceu o poder/dever de tributar, conferido pela Constituição Federal e institucionalizado pela legislação infraconstitucional de regência da matéria, não há como negar efetividade à cobrança da multa de ofício lançada sob o argumento acerca de sua natureza confiscatória ou da violação aos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e moralidade. Do exposto, por todo o apresentado e demonstrandose que a condutas realizadas pelo contribuinte coadunamse às hipóteses legais de qualificação e agravamento das multas de ofício, voto do sentido de manter integralmente o agravamento e qualificações lançados. 4 Ilegalidade da Cobrança de Juros sobre a Multa. Apresenta fundamentos jurídicos que indicariam a impossibilidade de aplicação de juros sobre a multa. Fl. 14180DF CARF MF 36 Com relação à alegação de impossibilidade de incidência de juros calculados pela SELIC sobre a multa de ofício, entendo por bastante elucidativa a argumentação apresentada em voto proferido pela DRJ/Florianópolis no acórdão nº 0738.069 3ª Turma da DRJ/FNS relativo ao assunto. Por isso transcrevo a parte do mesmo o adoto como suficiente para justificar a não aceitação das alegações do recorrente quanto a este ponto. Fl. 14181DF CARF MF Processo nº 19311.720207/201511 Acórdão n.º 1401002.193 S1C4T1 Fl. 14.164 37 Corroboram este entendimento os seguintes precedentes do CARF: JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. INCIDÊNCIA. A multa de ofício, penalidade pecuniária, compõe a obrigação tributária principal, e, por conseguinte, integra o crédito tributário, que se encontra submetido à incidência de juros moratórios, após o seu vencimento, em consonância com os artigos 113, 139 e 161, do CTN, e 61, § 3º, da Lei 9.430/96. (Acórdão 9101003.009, de 08 de agosto de 2017) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. A obrigação tributária principal compreende tributo e multa de ofício proporcional. Sobre o crédito tributário constituído, incluindo a multa de ofício, incidem juros de mora, devidos à taxa Selic. (Acórdão 9101002.957, de 03 de julho de 2017) Fl. 14182DF CARF MF 38 JUROS DE MORA. INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DA MULTA DE OFÍCIO. CÁLCULO INDIRETO. POSSIBILIDADE. A multa de oficio incide sobre o valor do crédito tributário devido e não pago, acrescido dos juros moratórios, calculados com base na variação da taxa Selic, logo, se os juros moratórios integram a base de cálculo da referida multa, necessariamente, eles comporão o valor da multa de ofício devida. (Acórdão 3302004.496, de 25 de julho de 2017) JUROS DE MORA SOBRE MULTA DE OFÍCIO. De acordo com art. 161 do CTN, sobre o crédito tributário incidem juros de mora. Como a multa de ofício integra o crédito tributário, também sobre ela devem incidir juros de mora. (Acórdão 1401 001.903, de 20 de junho de 2017) Pelo apresentado acima, entendo estar correta a decisão de Piso na parte em manteve a exigência da aplicação da taxa SELIC sobre o crédito tributário relativo à multa de ofício. Assim, voto por negar provimento ao recurso quanto a este ponto. Por todo o exposto voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário do contribuinte e dos solidários passivos. Abel Nunes de Oliveira Neto Relator Fl. 14183DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 10835.901961/2009-11
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Thu Feb 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Apr 02 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Normas Gerais de Direito Tributário
Ano-calendário: 2000
SERVIÇOS HOSPITALARES CARACTERIZAÇÃO
À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão serviços hospitalares para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas por outras pessoas, como clínicas.
Numero da decisão: 1401-002.225
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente de tributar suas receitas em relação ao IRPJ e à CSLL, pelas alíquotas reduzidas de 8% e 12% respectivamente, na forma Lei nº 9.249/95, art. 15, III, "a" e art. 20. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano.
(assinado digitalmente)
Luiz Augusto de Souza Gonçalves - Presidente e Relator
Participaram do presente Julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa.
Nome do relator: LUIZ AUGUSTO DE SOUZA GONCALVES
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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos dar provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente de tributar suas receitas em relação ao IRPJ e à CSLL, pelas alíquotas reduzidas de 8% e 12% respectivamente, na forma Lei nº 9.249/95, art. 15, III, "a" e art. 20. Ausente momentaneamente a Conselheira Lívia De Carli Germano. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Presidente e Relator Participaram do presente Julgamento os Conselheiros Luiz Augusto de Souza Goncalves (Presidente), Lívia De Carli Germano, Luciana Yoshihara Arcangelo Zanin, Guilherme Adolfo dos Santos Mendes, Daniel Ribeiro Silva, Abel Nunes de Oliveira Neto, Letícia Domingues Costa Braga, Luiz Rodrigo de Oliveira Barbosa. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 83 5. 90 19 61 /2 00 9- 11 Fl. 179DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 2 Relatório Trata o presente processo de PER/DCOMP apresentado pela empresa no qual solicita a compensação de pretensos créditos relativos a pagamento a maior de IRPJ/CSLL. A origem dos créditos, consoante informado pelo recorrente desde sua impugnação, baseiamse no entendimento que, sendo empresa prestadora de serviços de radiologia, estes seriam equivalentes aos serviços hospitalares prestados e, assim, ao invés de estar sujeito às alíquotas de lucro presumido no percentual de 32%, estaria submetida às alíquotas de 8% para o IRPJ e 12% para a CSLL. A compensação não foi homologada pela Delegacia de Origem com base na alegação constante no Despacho Decisório. Ou seja, os serviços prestados pela recorrente não seriam caracterizados como serviços hospitalares em função de a empresa não possuir estrutura permanente e de funcionamento ininterrupto para atendimento de casos de internação de pacientes para tratamento de saúde. Assim, os serviços por ela prestados não poderiam se submeter aos percentuais estabelecidos para os serviços hospitalares. Inconformada com a nãohomologação das compensações a empresa apresentou manifestação de inconformidade na qual argumenta que realizou consulta à SRRF, formulada sob o nº 10835.001313/200610, com vistas a esclarecer o seu enquadramento como prestadora de serviços hospitalares e argumentou que realizou a retificação de suas DIPJ, DCTF para que pudesse usufruir dos créditos. A delegacia de julgamento considerou improcedente a manifestação de inconformidade emitindo a seguinte decisão: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 2000 DCOMP. CRÉDITO. INDEFERIMENTO. Pendente, nos autos, a comprovação do crédito indicado na declaração de compensação formalizada, impõese o seu indeferimento. DIREITO CREDITÓRIO. ÔNUS DA PROVA. Incumbe ao sujeito passivo a demonstração, acompanhada das provas hábeis, da composição e a existência do crédito que alega possuir junto à Fazenda Nacional para que sejam aferidas sua liquidez e certeza pela autoridade administrativa. COMPENSAÇÃO TRIBUTARIA. Apenas os créditos líquidos e certos são passíveis de compensação tributária, conforme artigo 170 do Código Tributário Nacional. Ou seja, a Delegacia de Julgamento entendeu que os créditos da empresa não estariam devidamente comprovados com a documentação apresentada pela recorrente. Inconformada com a decisão a empresa apresentou recurso voluntário no qual apresenta as seguintes alegações: Da apresentação de novos documentos. Alega que a decisão recorrida considerou que não foi comprovado que os serviços prestados referiamse apenas a serviços de Fl. 180DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 3 radiologia e radiodiagnóstico inseridos em seu objeto social. Mas que a documentação apresentada comprovaria o exercício destas atividades e, ainda, apresenta cópia do razão e declaração do contador da empresa, pelo que suscita que seja aceita a referida documentação como suficiente para caracterização dos serviços da empresa; Da realização de diligência. Entende que tendo em vista a apresentação dos novos documentos e que essa apresentação é possível em sede de recurso voluntário, haja vista que essa alegação somente foi trazida pela decisão da DRJ e, mais ainda, conforme farta jurisprudência que admite esta apresentação posterior. Do ônus da apresentação de prova impossível. Entende a empresa que a Delegacia de Julgamento pretende a formação de prova impossível visto que, mesmo que apresentasse todas as notas fiscais da empresa ainda assim não seria possível comprovar que somente realizou serviços indicados no seu objeto social. Nulidade por vícios formais. Entende que a decisão que considerou não homologadas as compensações padece de vícios, vez que indicou apenas o dispositivos que tratam da não homologação das compensações sem que exista dispositivo legal que constitua o crédito tributário. Do fato de a empresa não ser sociedade empresária e dos serviços realizados. Neste ponto apresenta farta jurisprudência deste CARF e do STJ, nos quais encontrase o entendimento de que a redução de alíquota decorre da efetiva prestação de serviços de natureza hospitalar e não do local em que se realizam, com exceção da realização de consultas. Com relação à natureza da sociedade entende que a decisão do STJ, relativa a sociedade simples e que este fato não foi impeditivo do direito, visto que a base para a sua concessão foi a natureza objetiva dos serviços realizados. Traz colações da doutrina no sentido de que a empresa se define mais pela verificação das atividades que desenvolve do que pelo seu simples registro formal. Assim eventual irregularidade seria apenas formal e não impeditiva do exercício do direito. Da natureza dos serviços prestados. Repisa os argumentos já trazidos para indicar que os serviços prestados pela sociedade são, efetivamente de radiologia e radiodiagnóstico. É o Relatório Voto Conselheiro Luiz Augusto de Souza Gonçalves Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 1401002.211, de 22.02.2018, proferido no julgamento do processo nº 10835.901959/200941, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão nº 1401002.211): A análise do presente processo prendese, em síntese, à verificação acerca de, em face de solução de consulta que reconheceu a possibilidade de a empresa tributar seus lucros pelas alíquotas equivalentes a 8%, poder a Receita Federal desconsiderar este direito em razão de alegar a não Fl. 181DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 4 comprovação da inscrição da empresa como sociedade empresária e do exercício de atividades que possam ser consideradas como hospitalares. Vejamos o que determina a norma relativa à aplicação das alíquotas de serviços hospitalares: Art. 15. A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente, observado o disposto no art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, sem prejuízo do disposto nos arts. 30, 32, 34 e 35 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995. (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) § 1º Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de: ..... III trinta e dois por cento, para as atividades de: (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares; a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas, desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa; (Redação dada pela Lei nº 11.727, de 2008) ..... Art. 20. A base de cálculo da contribuição social sobre o lucro líquido, devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal a que se referem os arts. 27 e 29 a 34 da Lei no 8.981, de 20 de janeiro de 1995, e pelas pessoas jurídicas desobrigadas de escrituração contábil, corresponderá a doze por cento da receita bruta, na forma definida na legislação vigente, auferida em cada mês do anocalendário, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual corresponderá a trinta e dois por cento. (Redação dada Lei nº 10.684, de 2003) (Vide Medida Provisória nº 232, de 2004) (Vide Lei nº 11.119, de 205) Base de cálculo da CSLL Estimativa e Presumido Art. 20. A base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devida pelas pessoas jurídicas que efetuarem o pagamento mensal ou trimestral a que se referem os arts. 2º, 25 e 27 da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996, corresponderá a 12% (doze por cento) sobre a receita bruta definida pelo art. 12 do DecretoLei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977, auferida no período, deduzida das devoluções, vendas canceladas e dos descontos incondicionais concedidos, exceto para as pessoas jurídicas que exerçam as atividades a que se refere o inciso III do § 1o do art. 15, cujo percentual Fl. 182DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 5 corresponderá a 32% (trinta e dois por cento). (Redação dada pela Lei nº 12.973, de 2014) (Vigência) Pelo que se depreende da norma acima, a redação da norma ao tempo dos fatos geradores dos pagamentos a maior realizados apenas estabelecia a aplicação da alíquota reduzida àqueles que realizassem o exercício de serviços hospitalares. A solução de consulta em que se baseou a empresa para a apuração dos seus créditos assim dispôs sobre os requisitos a serem atendidos para fins de fruição dos benefícios da alíquota reduzida. Em contraparida, verificase a existência de Recurso Repetitivo nº 217, do STJ que, tratando do assunto, assim dispôs sobre os serviços hospitalares sujeitos à alíquota reduzida do lucro presumido. Fl. 183DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 6 Vejase que o critério apresentado pelo STJ, seguindo o critério da Lei nº 9.249/95, é simples e objetivo. São enquadrados como serviços hospitalares os serviços de atendimento à saúde independentemente do local de prestação, excluindose, apenas, os serviços de simples consulta que não se identificam com as atividades prestadas em âmbito hospitalar. Inobstante, a Delegacia de Julgamento, ao analisar o caso do contribuinte baseou sua decisão nas diversas instruções normativas e atosdeclaratórios existentes a respeito da definição de serviços hospitalares para fins de aplicação da alíquota de presunção. Desta forma, fundamentou a improcedência na necessidade de o contribuinte atender a três requisitos, conforme abaixo apresentados: Ocorre, no entanto que não comungo do entendimento exposado pelo referido órgão julgador. A decisão proferida pelo STJ, aplicável ao caso dos autos, trata a norma redutora da alíquota de forma objetiva. Assim, o serviço que tenha natureza hospitalar, qual seja, diagnóstico, tratamento, internação, quer seja desenvolvido nos hospitais ou fora deles, com exceção apenas das simples consultas, devem ser considerados serviços hospitalares e, assim, estão sujeitos à alíquota reduzida estabelecida pela Lei nº 9.249/95, art. 15, III, "a" e art. 20. Comungam deste entendimento os seguintes julgados, inclusive desta mesma câmara em época anterior à entrada deste relator no colegiado. Acórdão nº 1401001.434 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria Imposto de Renda Pessoa Jurídica Recorrente Instituto Guaçuano de Orrino laringologia S/S Recorrida Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Exercício: 2006 SERVIÇOS HOSPITALARES CARACTERIZAÇÃO Fl. 184DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 7 À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão “serviços hospitalares” para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas por outras pessoas, como clínicas. Acórdão nº 1401001.433 – 4ª Câmara / 1ª Turma Ordinária Sessão de 09 de dezembro de 2015 Matéria Imposto de Renda Pessoa Jurídica Recorrentes Hemoclínica Serviços de Hemoterapia Ltda Fazenda Nacional ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário:2006, 2007, 2008, 2009 SERVIÇOS HOSPITALARES CARACTERIZAÇÃO À luz do entendimento fixado pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso repetitivo, a expressão “serviços hospitalares” para fins de quantificação do lucro presumido por meio do percentual mitigado de 8%, inferior àquele de 32% dispensado aos serviços em geral, deve ser objetivamente interpretado e alcança todas as atividades tipicamente promovidas em hospitais, mesmo eventualmente prestadas em ambientes externos ou por outras pessoas, como hemoclínicas. Acórdão nº 9101001.559 – 1ª Turma Sessão de 23 de janeiro de 2013 Matéria IRPJ Exercícios 1999 a 2001 Recorrente FAZENDA NACIONAL Interessado CAMP IMAGEM NUCLEAR S/C LTDA ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE A RENDA DE PESSOA JURÍDICA IRPJ Anocalendário: 1998, 1999, 2000 SERVIÇOS HOSPITALARES. SERVIÇOS DE DIAGNÓSTICOS POR IMAGEM MEDICINA NUCLEAR. LUCRO PRESUMIDO. DETERMINAÇÃO DA BASE DE CÁLCULO. COEFICIENTE DE 8%. No julgamento do Recurso Especial nº 1.116.399/BA (2009/00064810), na sistemática dos recursos especiais repetitivos, o STJ decidiu que a expressão "serviços hospitalares", constante do artigo 15, § 1º, inciso III, da Lei nº 9.249/95, deve ser interpretada de forma objetiva (ou seja, sob a perspectiva da atividade realizada pelo contribuinte), porquanto a lei, ao conceder o benefício fiscal, não considerou a característica ou a estrutura do contribuinte em si (critério subjetivo), mas a natureza do próprio serviço prestado (assistência à saúde). Do exposto, comungando do entendimento exposado pelo STJ no sentido de que a redução de alíquota tem caráter objetivo em razão do tipo de serviços prestados pela empresa. No caso dos autos, inobstante a argumentação da Decisão atacada de que não restou comprovado a prestação de serviços relacionados a hospitalares pelo contribuinte, havemos de esclarecer que a Fl. 185DF CARF MF Processo nº 10835.901961/200911 Acórdão n.º 1401002.225 S1C4T1 Fl. 0 8 Decisão da DRJ não pode inovar nos fundamentos utilizados pela Delegacia de Origem para o não reconhecimento dos créditos. Vejase que na decisão original o não reconhecimento dos créditos deveuse ao fato de a autoridade administrativa entender que a recorrente não possuía estrutura hospitalar para internação e tratamento e não pelo fato de não ter comprovado as atividades, até mesmo porque sequer foi intimada para tanto. Mais ainda, a decisão emitida na solução de consulta, corroborada pela Decisão da Delegacia de Julgamento corroborou o entendimento de que o requisito de estrutura estaria suprido pela apresentação de laudo da vigilância sanitária da jurisdição da recorrente. Assim, verificandose que o contribuinte, exercer atividades exclusivamente de radiologia e diagnóstico por imagem, atividades essas que estão incluídas no conceito de serviços de atendimento à saúde, voto no sentido de dar provimento ao recurso para reconhecer o direito da recorrente de tributar suas receitas em relação ao IRPJ e à CSLL, pelas alíquotas reduzidas de 8% e 12% respectivamente, na forma Lei nº 9.249/95, art. 15, III, "a" e art. 20. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, dou provimento ao recurso voluntário para reconhecer o direito da recorrente de tributar suas receitas em relação ao IRPJ e à CSLL, pelas alíquotas reduzidas de 8% e 12% respectivamente, na forma Lei nº 9.249/95, art. 15, III, "a" e art. 20. (assinado digitalmente) Luiz Augusto de Souza Gonçalves Fl. 186DF CARF MF
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Numero do processo: 10283.904573/2012-81
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Thu Mar 22 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Thu Apr 12 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social - Cofins
Período de apuração: 01/10/2008 a 31/10/2008
PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA.
As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado.
Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida.
DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS.
A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional.
Recurso voluntário negado.
Numero da decisão: 3402-005.040
Decisão:
Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário.
(Assinado com certificado digital)
Jorge Olmiro Lock Freire - Presidente e Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: JORGE OLMIRO LOCK FREIRE
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PERD/COMP. LIQUIDEZ E CERTEZA DO CRÉDITO. ÔNUS DA PROVA DO CONTRIBUINTE. INSUFICIÊNCIA. As alegações constantes da manifestação de inconformidade devem ser acompanhadas de provas suficientes que confirmem a liquidez e certeza do crédito pleiteado. Não tendo sido apresentada documentação assaz apta a embasar a existência e suficiência crédito alegado pela Recorrente, não é possível o reconhecimento do direito a acarretar em qualquer imprecisão do trabalho fiscal na não homologação da compensação requerida. DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHODECISÓRIO.EFEITOS. A DCTF retificadora apresentada após a ciência da contribuinte do despacho decisório que indeferiu o pedido de compensação não é suficiente para a comprovação do crédito tributário pretendido, sendo indispensável à comprovação do erro em que se funde, nos moldes do artigo 147, §1º do Código Tributário Nacional. Recurso voluntário negado. Acordam os membros do Colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao Recurso Voluntário. (Assinado com certificado digital) AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 28 3. 90 45 73 /2 01 2- 81 Fl. 397DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 2 Jorge Olmiro Lock Freire Presidente e Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Jorge Freire, Diego Diniz Ribeiro, Waldir Navarro Bezerra, Thais De Laurentiis Galkowicz, Maria Aparecida Martins de Paula, Maysa de Sá Pittondo Deligne, Pedro Sousa Bispo e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório Tratase de recurso voluntário interposto em face da decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento (“DRJ”) de Fortaleza, que julgou improcedente a manifestação de inconformidade apresentada pela Contribuinte sobre pedido de restituição de créditos de Contribuição para COFINS. O Despacho Decisório denegatório do direito pleiteado inicialmente, fundamentou a não homologação da compensação sob a justificativa de que o pagamento referente ao DARF indicado no PER/DCOMP foi integralmente utilizado para a quitação de débitos do contribuinte, não restando crédito disponível para compensação dos débitos informados no PER/DCOMP. Ciente do Despacho Decisório, o contribuinte apresentou Manifestação de Inconformidade tempestiva, na qual alega em síntese que: • A legislação federal referente à restituição/compensação assegura em caso de não homologação da compensação o direito a interposição de manifestação de inconformidade; • O Despacho Decisório de não homologação foi demasiadamente sucinto e não esclareceu o porquê da decisão. • Os princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa não foram respeitados pela administração tributária. O Despacho Decisório deve ser considerado nulo uma vez que não expôs os motivos da não homologação prejudicando seu direito de defesa; • É “empresa industrial com projeto aprovado na SUFRAMA e detentora de incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967, bem como sujeita ao regime de apuração pela sistemática não cumulativa do PIS e da COFINS, podendo descontar créditos que poderão ser deduzidos do montante devido de tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.” • Faz jus aos créditos de PIS e COFINS, com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, especificamente com relação ao inciso III: “energia elétrica e energia térmica, inclusive sob a forma de vapor, consumidas nos estabelecimentos da pessoa jurídica.” • Levantou os créditos no mês de competência e utilizou parte do crédito oriundo do previsto no inciso III dos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, para compensar com as Fl. 398DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 3 contribuições vencidas no período, conforme DACONs retificadoras; “A manifestante, inclusive, providenciou a retificação da DCTF correspondente, regularizando qualquer pendência que ainda pudesse haver.” A defesa relaciona os Acórdãos nºs 1246124 de 10 de maio de 2012 da 17ª Turma e 1638673 de 11 de maio de 2012 da 3ª Turma. (...) • Ao final requer que se julgue procedente a Manifestação de Inconformidade, para o efeito de reformar o Despacho Decisório exarado no processo. Sobreveio então o Acórdão 08033.053, da DRJ/FOR, negando provimento à manifestação de inconformidade, por entender que "a eficácia da retificação da DCTF, quando apresentada após a ciência do Despacho Decisório, depende de comprovação, a cargo do contribuinte, do erro em que se funda, mediante escrituração e documentos", comprovação esta que não restou satisfeita. Irresignada, a Contribuinte interpôs Recurso Voluntário a este Conselho, no qual repisa os argumentos trazidos em sua impugnação ao lançamento tributário com relação ao mérito da questão, bem como alegando que a decisão recorrida não analisou a documentação apresentada no seu entender, suficiente para garantir o crédito pleiteado , deixando prevalecer erro material nas declarações inicialmente prestadas pela Contribuinte, mas depois devidamente sanadas. É o relatório. Voto Conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do Anexo II do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão nº 3402005.034, de 22 de março de 2018, proferida no julgamento do processo 10283.904567/201223, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu no Acórdão nº 3402005.034: "Como se depreende do relato acima, a lide resumese à comprovação da existência e suficiência do crédito objeto da compensação. Pois bem. A Lei n. 5.172/66 (Código Tributário Nacional), em seu art. 165, assegura o direito à restituição de tributos por recolhimento ou pagamento indevido ou a maior que o devido e estabelece os casos que configuram tal recolhimento ou Fl. 399DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 4 pagamento, como a Recorrente afirma possuir, nos seguintes termos: Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos I Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória Por sua vez, o instituto da compensação de créditos tributários está previsto no artigo 170 do Código Tributário Nacional (CTN): Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (...) Com o advento da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, a compensação passou a ser tratada especificamente em seu artigo 74, tendo a citada Lei disciplinado a compensação de débitos tributários com créditos do sujeito passivo decorrentes de restituição ou ressarcimento de tributos ou contribuições, âmbito da Secretaria da Receita Federal (SRF). Ainda, o §1º do art. 74 da Lei nº 9.430/96 (incluído pelo art. 49 da Lei nº 10.637/02) 1 determina que a compensação será efetuada mediante a entrega, pelo sujeito passivo, de declaração na qual constarão informações relativas aos créditos utilizados e aos respectivos débitos compensados (PER/DCOMP), como pretende a Recorrente in casu. Nesse sentido, a Recorrente processou pedido de compensação, afirmando possuir créditos relativos à Contribuição ao PIS, decorrente de pagamentos indevidos e créditos que teria direito pela sistemática da não cumulatividade da contribuição social (incentivos fiscais próprios da Zona Franca de Manaus, instituídos pelo DecretoLei nº 288/1967 e 1 A referida legislação recebeu ainda algumas alterações promovidas pelas Leis nºs 10.833/2003 e 11.051/2004. Atualmente, os procedimentos respectivos encontramse regidos pela IN RFB nº 1.300/2012 e alterações posteriores Fl. 400DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 5 com base nos artigos 3º da Lei 10.637/2002 e da Lei nº 10.833/2003, respectivamente). Entretanto, a partir das características do DARF discriminado no PER/DCOMP, foram localizados um ou mais pagamentos, mas integralmente utilizados para quitação de débitos do contribuinte. Assim, concluiu a Fiscalização que não restava crédito disponível para restituição, e, por conseguinte, a compensação não foi homologada. Muito embora a falta de prova sobre a existência e suficiência do crédito tenha sido o motivo tanto da não homologação da compensação por despacho decisório, como da negativa de provimento à manifestação de inconformidade, a Recorrente permanece sem se desincumbir do seu ônus probatório, insistindo que efetuou a retificação do Dacon e da DCTF, o que demonstraria seu direito ao crédito. Ocorre que o Dacon constitui demonstrativo por meio do qual a empresa apura as contribuições devidas. Com efeito, o Demonstrativo de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), instituído pela Instrução Normativa SRF nº 387, de 20 de janeiro de 2004, é uma declaração acessória obrigatória em que as pessoas jurídicas informavam a Receita Federal do Brasil sobre a apuração da Contribuição ao PIS e da COFINS. Em outros termos, sua função é de refletir a situação do recolhimento das contribuições da empresa, sendo os créditos autorizados por lei e com substrato nos documentos contábeis da empresa, basicamente notas fiscais os livros fiscais onde estão registradas as referidas notas, além da própria DCTF. Assim, são esses últimos documentos que possuem aptidão para comprovar o crédito. Ademais, a Instrução Normativa n. 1.015, de 05 de março de 2010, vigente à época dos fatos, estabelece que Art. 10. A alteração das informações prestadas em Dacon, nas hipóteses em que admitida, será efetuada mediante apresentação de demonstrativo retificador, elaborado com observância das mesmas normas estabelecidas para o demonstrativo retificado. § 1º O Dacon retificador terá a mesma natureza do demonstrativo originariamente apresentado, substituindoo integralmente, e servirá para declarar novos débitos, aumentar ou reduzir os valores de débitos já informados ou efetivar alteração nos créditos e retenções na fonte informados. § 2º A retificação não produzirá efeitos quando tiver por objeto: I reduzir débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins: Fl. 401DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 6 a) cujos saldos a pagar já tenham sido enviados à ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional (PGFN) para inscrição em Dívida Ativa da União (DAU), nos casos em que importe alteração desses saldos; b) cujos valores apurados em procedimentos de auditoria interna, relativos às informações indevidas ou não comprovadas prestadas no demonstrativo original, já tenham sido enviados à PGFN para inscrição em DAU; ou c) que tenham sido objeto de exame em procedimento de fiscalização; e II alterar débitos da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins em relação aos quais a pessoa jurídica tenha sido intimada de início de procedimento fiscal. (...) § 5º A pessoa jurídica que entregar Dacon retificador, alterando valores que tenham sido informados na Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), deverá apresentar, também, DCTF retificadora. Quanto à DCTF, cuja retificação foi feita posteriormente à prolação do despacho decisório, tampouco salvaguarda o pleito da Recorrente. Explico. Este Conselho possui pacífica jurisprudência, tanto nas turmas ordinárias (e.g. Acórdãos 3801004.289, 3801004.079, 3803003.964) como na Câmara Superior de Recursos Fiscais (e.g. Acórdão 9303005.519), no sentido de que a retificação posterior ao Despacho Decisório não impediria o deferimento do crédito quando acompanhada de provas documentais comprovando o erro cometido no preenchimento da declaração original. Tal entendimento fundase na letra do artigo 147, § 1º do Código Tributário Nacional, a seguir transcrito: Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na for ma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. Portanto, a DCTF retificadora apresentada após a ciência do Despacho Decisório não é suficiente para a demonstração do crédito pleiteado em PER/DCOMP, sendo imprescindível que a Contribuinte faça prova do erro em que se fundou a retificação. Fl. 402DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 7 Nesse sentido, destaco a ementa do Acórdão nº 9303005.708, cujo julgamento na CSRF, por unanimidade, ocorreu em 19 de setembro de 2017: ASSUNTO: NORMAS GERAIS DE DIREITO TRIBUTÁRIO Data do fato gerador: 30/04/2001 DCTF RETIFICADORA APRESENTADA APÓS CIÊNCIA DO DESPACHO DECISÓRIO. EFEITOS. A retificação da DCTF após a ciência do Despacho Decisório que indeferiu o pedido de restituição não é suficiente para a comprovação do crédito, sendo indispensável a comprovação do erro em que se funde. Recurso Especial do Contribuinte negado.) Com relação a prova dos fatos e o ônus da prova, dispõem o artigo 36, caput, da Lei nº 9.784/99 e o artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, abaixo transcritos, que caberia à Recorrente, autora do presente processo administrativo, o ônus de demonstrar o direito que pleiteia: Art. 36 da Lei nº 9.784/99. Cabe ao interessado a prova dos fatos que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao órgão competente para a instrução e do disposto no art. 37 desta Lei. Art. 373 do Código de Processo Civil. O ônus da prova incumbe: I ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; Peço vênia para destacar as palavras do Conselheiro relator Antonio Carlos Atulim, plenamente aplicáveis ao caso sub judice: “É certo que a distribuição do ônus da prova no âmbito do processo administrativo deve ser efetuada levandose em conta a iniciativa do processo. Em processos de repetição de indébito ou de ressarcimento, onde a iniciativa do pedido cabe ao contribuinte, é óbvio que o ônus de provar o direito de crédito oposto à Administração cabe ao contribuinte. Já nos processos que versam sobre a determinação e exigência de créditos tributários (autos de infração), tratandose de processos de iniciativa do fisco, o ônus da prova dos fatos jurígenos da pretensão fazendária cabe à fiscalização (art. 142 do CTN e art. 9º do PAF). Assim, realmente andou mal a turma de julgamento da DRJ, pois o ônus da prova incumbe a quem alega o fato probando. Se a fiscalização não provar os fatos alegados, a consequência jurídica disso será a improcedência do lançamento em relação ao que não tiver sido provado e não a sua nulidade. No caso em análise, a Contribuinte esclarece que teria apurado créditos de PIS, contudo, para comprovar a liquidez e Fl. 403DF CARF MF Processo nº 10283.904573/201281 Acórdão n.º 3402005.040 S3C4T2 Fl. 0 8 certeza do crédito informado nas declarações (DCTF e DACON) é imprescindível que seja demonstrada através da escrituração contábil e fiscal, baseada em documentos hábeis e idôneos, a diminuição do valor do débito correspondente a cada período de apuração. A Contribuinte não juntou aos autos nenhum documento contábil ou fiscal capaz de comprovar a liquidez e certeza do credito apontado. Somente insistiu que as declarações retificadoras seriam suficientes para tanto, mesmo após a decisão da DRJ ter expressamente colocado quais documentos seriam necessários para a efetividade da prova do crédito. Sobre esse ponto, saliento que este Colegiado vem admitindo provas apresentadas em sede de recurso voluntário, haja vista o princípio da verdade material e da informalidade moderada que reinam na esfera do processo administrativo. Todavia, nem em sede recursal a Recorrente se desincumbiu do ônus da prova. Dessarte, não tendo sido comprovada pela Recorrente a liquidez e certeza do crédito pleiteado, de acordo com toda a disciplina jurídica supra mencionada, não há reparos a serem feitos quanto ao Acórdão recorrido. Dispositivo Por essas razões, voto no sentido de negar provimento ao Recurso Voluntário." Da mesma forma que ocorreu no caso do paradigma, no presente processo o contribuinte não logrou comprovar o direito creditório pleiteado. Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do anexo II do RICARF, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO VOLUNTÁRIO. (Assinado com certificado digital) Jorge Olmiro Lock Freire Fl. 404DF CARF MF
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Numero do processo: 18471.002707/2008-35
Turma: Primeira Turma Ordinária da Segunda Câmara da Terceira Seção
Câmara: Segunda Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 30 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Mon Feb 26 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Período de apuração: 01/04/2003 a 10/09/2004
IPI VINCULADO. APROVEITAMENTO COMO CRÉDITO ESCRITURAL.
Não existe cobrança duplicada quando o Fisco visou, em distintos procedimentos de auditoria, somente recuperar valores inadimplidos atrelados a fatos geradores distintos: um pertencente ao IPI-vinculado, devido na importação, e outro relativo à comercialização de produtos diretamente importados pelo contribuinte equiparado a industrial por força do art. 9º, inciso I, do RIPI/2002.
DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. MATÉRIA DE DIREITO.
Mostra-se prescindível a diligência que visa esclarecer fatos já exauridos por documentação presente nos autos e que, além disso, dizem respeito à formação de convicção do julgador em matéria de direito, não de fato.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3201-003.313
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário.
Winderley Morais Pereira - Presidente Substituto.
Paulo Roberto Duarte Moreira - Relator.
Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade.
Nome do relator: PAULO ROBERTO DUARTE MOREIRA
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APROVEITAMENTO COMO CRÉDITO ESCRITURAL. Não existe cobrança duplicada quando o Fisco visou, em distintos procedimentos de auditoria, somente recuperar valores inadimplidos atrelados a fatos geradores distintos: um pertencente ao IPIvinculado, devido na importação, e outro relativo à comercialização de produtos diretamente importados pelo contribuinte equiparado a industrial por força do art. 9º, inciso I, do RIPI/2002. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. MATÉRIA DE DIREITO. Mostrase prescindível a diligência que visa esclarecer fatos já exauridos por documentação presente nos autos e que, além disso, dizem respeito à formação de convicção do julgador em matéria de direito, não de fato. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, negar provimento ao recurso voluntário. Winderley Morais Pereira Presidente Substituto. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Winderley Morais Pereira, Marcelo Giovani Vieira, Tatiana Josefovicz Belisario, Paulo Roberto Duarte Moreira, Pedro Rinaldi de Oliveira Lima e Leonardo Vinicius Toledo de Andrade. Relatório AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 18 47 1. 00 27 07 /2 00 8- 35 Fl. 620DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 3 2 O interessado acima identificado recorre a este Conselho, de decisão proferida pela Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Ribeirão Preto/SP. Por bem descrever os fatos ocorridos, até então, adoto o relatório da decisão recorrida, que transcrevo, a seguir: Em julgamento os autos de infração de fls. 285/289 e 306/308, com seus respectivos demonstrativos, cujos valores exigidos são respectivamente R$2.489.499,77 e R$116.941,54. A motivação fática encontrase explicitada no termo de verificação e constatação fiscal de fls. 263/277: “A empresa no fim do ano de 2002, ingressou junto à Terceira Vara Federal do Rio de Janeiro, com a Ação Ordinária – Processo nº 2002.51.01.0155310 – com pedido de desembaraços de produtos importados, com suspensão de pagamento do Imposto sobre Produtos IndustrializadosIPI. A empresa, ao longo dos anos de 2003 e 2004, por força do Mandado de Segurança, desembaraçou diversas DIs sem o devido pagamento do IPI, incidente sobre a importação de produtos tributáveis. Estes valores do IPI, que não foram recolhidos no ato do desembaraço, foram escriturados nos seus livros de Registro e Apuração do IPI, NºS 1 e 2, como outros créditos, sob a denominação “IPISuspenso”, tendo sido compensado com débitos relativos a saídas dos produtos. Juntados às fls.150 a 152 documentos do STJ, datados de 6 de fevereiro de 2007, dando provimento, por unanimidade, ao recurso da Fazenda Nacional. (...) Por força de MS, a empresa desembaraçou suas DIs sem o pagamento do IPI e creditouse destes valores, através de lançamento, em diversos períodos dos anos de 2003 e 2004, no campo Outros Créditos ... (...) A fiscalização não considerou os lançamentos relativos ao IPI Suspenso por não terem sido pagos e refez os saldos do RAIPI do período de 2003 e 2004 ... (...) Neste lançamento de ofício todos os créditos a que o contribuinte tenha direito, relativos às importações, foram considerados.” A insurgência deuse nos termos seguintes (fls. 333/343): “(...) mesmo existindo cartas de cobrança desses créditos e até mesmo execuções fiscais em curso, a RFB, por seu setor Fl. 621DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 4 3 especializado em IPI, resolveu, por sua própria conta, apurar novamente tais créditos com base no Livro RAIPI. O resultado foi o auto de infração ora Impugnado. Assim, vêse, houve dois lançamentos distintos para o mesmo crédito tributário perseguido pela RFB. Um lançado nas DIs, já em cobrança judicial ou extrajudicial, e outro lançado com base no RAIPI.. Como facilmente se percebe, há duplicidade da cobrança de tributos, razão pela qual a presente Impugnação deve ser provida no sentido de tornar improcedentes os lançamentos contidos no presente auto de infração pela ocorrência de bis in idem. (...) Uma vez tendo o processo judicial transitado em julgado, caberia às unidades aduaneiras responsáveis pelo IPI Vinculado Importação, utilizar os créditos tributários já lançados nas DIs, promover diretamente a cobrança do sujeito passivo. E isso de fato vem ocorrendo. Prova são as cartascobrança já recebidas e as execuções fiscais já ajuizadas contra a Impugnante. Não se justifica, nem faz sentido, abrir à Impugnante nova oportunidade para impugnação de crédito tributário definitivamente constituído por decisão judicial transitada em julgado. Basta a cobrança direta como, aliás, está ocorrendo.” A Delegacia da Receita Federal do Brasil de Julgamento em Juiz de Fora/MG por intermédio da 3ª Turma, no Acórdão nº 0933.780, sessão de 25/02/2011, julgou improcedente a impugnação do contribuinte. A decisão foi assim ementada: ASSUNTO: IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS IPI Período de apuração: 01/04/2003 a 10/09/2004 IPI VINCULADO. APROVEITAMENTO COMO CRÉDITO ESCRITURAL. Não existe cobrança duplicada quando o Fisco visou, em distintos procedimentos de auditoria, somente recuperar valores inadimplidos atrelados a fatos geradores distintos: um pertencente ao IPIvinculado, devido na importação, e outro relativo à comercialização de produtos diretamente importados pelo contribuinte equiparado a industrial por força do art.9º, inciso I, do RIPI/2002. DILIGÊNCIA. DESNECESSIDADE. MATÉRIA DE DIREITO. Mostrase prescindível a diligência que visa esclarecer fatos já exauridos por documentação presente nos autos e que, além disso, dizem respeito à formação de convicção do julgador em matéria de direito, não de fato. Inconformada com a decisão, a contribuinte apresenta recurso voluntário (fls. 483/497), no qual repisa os fatos, argumentos e pedidos aduzidos na impugnação: Fl. 622DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 5 4 O recurso foi submetido a apreciação em Turma deste CARF, já extinta, que na sessão de 13/11/2014 decidiu converter o julgamento em diligência para que, em síntese, a unidade de origem tomasse as seguintes providências: 1. Aferir a tempestividade do recurso voluntário; 2. Verificar e confirmar, em relação aos valores de IPIImportação que foram registrados como crédito no Livro de Apuração do IPI, quais destes créditos de IPIImportação foram efetivamente alvo de cobrança, reconstituindo a escrita fiscal computando como crédito exclusivamente os valores de IPIImportação que tenham sido objeto de cobrança; 3. Intimar o contribuinte a informar e comprovar a data em que houve a notificação da Fazenda Nacional da decisão de suspensão da exigibilidade e a data em que houve a notificação ou publicação da decisão judicial que cassou a suspensão da exigibilidade, comprovando também os pagamentos que tenham sido realizados dentro do prazo de 30 dias da data da retomada da exigibilidade. A unidade de origem de jurisdição administrativa da contribuinte providenciou a intimação da interessada, tendo por relevante noticiar alguns fatos. A contribuinte à época da autuação e até a interposição de seu recurso voluntário localizavase no Rio de Janeiro/RJ (fl. 483), tendo transferido sua sede para a cidade de Curitiba/PR, conforme atualização cadastral na Receita Federal e 4ª Alteração Contratual registrada nas Juntas Comercias dos Estados do Rio de Janeiro e Paraná. Assim, o Termo de Intimação foi endereçado, via Correios (com AR), ao novo endereço cadastral, tendo retornado com a indicação pelos correios de "mudouse". Em pesquisa realizada pela DRF Curitiba/PR e resposta à intimação da empresa P 3 Serviços de Apoio Ltda P3S, constatouse que o endereço cadastral na aquele município não se tratava de uma localização física da recorrente, mas sim, conforme os termos do contrato celebrado entre Adancal e P3S, o objeto do contrato era "PLANO EMPRESARIAL com cessão de ENDEREÇO COMERCIAL E FISCAL COM ATENDIMENTO PERSONALIZADO para 1 (uma) empresa mencionada neste preâmbulo". Tentouse a intimação no antigo endereço Rio de Janeiro, contudo, o AR com o Termo de Intimação retornaram com a indicação "mudouse" (fls. 560, 592/593 e 596). Restou a intimação por intermédio da caixa postal eletrônica no eCAC, cuja ciência regular da contribuinte, na modalidade "ciência eletrônica por decurso de prazo". consumouse em 12/07/2016 (fl. 603). Não houve qualquer manifestação da empresa Adancal em resposta ao Termo de Intimação cujo objeto era a prestação de informação solicitada em diligência deste CARF. As cópias do AR e envelope de postagem do recurso voluntário foram juntados aos autos às folhas 608/610, confirmandose a regular tempestividade do recurso voluntário. As demais providências da diligência (itens "1" e "2"), a cargo da unidade de origem, não foram cumpridas e o processo retornou ao CARF para prosseguimento. Fl. 623DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 6 5 É o relatório. Voto Conselheiro Paulo Roberto Duarte Moreira Relator O Recurso Voluntário atende aos requisitos de admissibilidade, razão pela qual dele tomo conhecimento. A diligência determinada constara de três quesitos/solicitações, apenas um deles permanece pendente. A primeira restou sanada; a terceira, não atendida pela contribuinte. A primeira, acerca da tempestividade do recurso voluntário, demonstrou a regularidade no cumprimento do prazo para sua interposição, conforme análise dos fatos descritos no relatório. No tocante a providência a cargo da contribuinte, não fora cumprida a determinação da diligência. Os fatos trazidos no processo dão conta que a contribuinte, após ciência regular, mantevese silente quanto ao conteúdo da intimação para cumprimento da diligência; assim, em relação ao item "3" não há comprovação das alegações quanto (i) à data em que houve a notificação da Fazenda Nacional da decisão de suspensão da exigibilidade, (ii) à data em que houve a notificação ou publicação da decisão judicial que cassou a suspensão da exigibilidade, (iii) aos supostos pagamentos que tenham sido realizados dentro do prazo de 30 dias da data da retomada da exigibilidade. A solicitação não atendida pela unidade de origem diz respeito à verificação e confirmação dos valores de IPI vinculados às importações, lançados em auto de infração distinto, por inexistência de recolhimento, os quais foram aproveitados como crédito na apuração do IPI na autuação fiscal tratada neste processo. Na determinação daquela resolução, requisitouse nova reconstituição da escrita fiscal considerandose os valores de IPIimportação, lançados como crédito no Livro do IPI, efetivamente cobrados ou objeto de execução fiscal. Com todo respeito ao que restou decidido naquela turma, entendo que a solução do caso independe de averiguações acerca de cobrança judicial ou extrajudicial dos créditos tributários lançados. Fundamento meu entendimento na regra de aproveitamento do IPI na operação de entrada de mercadoria decorrente de desembaraço aduaneiro ao requisito de seu pagamento, conforme dispõe o art. 25 da Lei nº 4.502/64 (art. 164 do Decreto nº 4.544/2002 RA/02): Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): (...) Fl. 624DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 7 6 V do imposto pago no desembaraço aduaneiro; A legislação é cristalina, não dependendo de integração de regras de hermenêutica para extrair seu significado e conteúdo: o direito ao crédito restringese ao IPI pago no desembaraço aduaneiro. Impende registrar que as matérias suscitadas pela contribuinte em sua impugnação, bem como seus argumentos e fundamentos de defesa foram inteiramente reproduzidos em sede de recurso voluntário, constatandose tãosó a substituição de alguns poucos termos por outros assemelhados ou sinônimos. Dispõe o § 3º do art 57 do RICARF, com redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017: Art. 57. Em cada sessão de julgamento será observada a seguinte ordem: I verificação do quórum regimental; II deliberação sobre matéria de expediente; e III relatório, debate e votação dos recursos constantes da pauta. § 1º A ementa, relatório e voto deverão ser disponibilizados exclusivamente aos conselheiros do colegiado, previamente ao início de cada sessão de julgamento correspondente, em meio eletrônico. § 2º Os processos para os quais o relator não apresentar, no prazo e forma estabelecidos no § 1º, a ementa, o relatório e o voto, serão retirados de pauta pelo presidente, que fará constar o fato em ata. § 3º A exigência do § 1º pode ser atendida com a transcrição da decisão de primeira instância, se o relator registrar que as partes não apresentaram novas razões de defesa perante a segunda instância e propuser a confirmação e adoção da decisão recorrida. (Redação dada pela Portaria MF nº 329, de 2017) Com efeito, entendo que a decisão proferida pela DRJ de Juiz de fora/MG, em primeira instância, analisou adequadamente o feito, aplicandolhe o melhor direito à espécie, razão pela qual, com fulcro no dispositivo transcrito, confirmo a adoção da decisão recorrida em sede de Recurso Voluntário. Transcrevo o voto do acórdão nº 0933.780: Ao abrigo de decisão judicial provisória que lhe foi favorável (tutela antecipada nos autos do processo 2002.51.01.0155310), deixou a contribuinte de pagar o IPI incidente na importação de vários produtos de origem estrangeira (importação direta). Malgrado a inexistência de imposto lançado nas DIs objeto da tutela obtida, creditouse a impugnante dos valores não Fl. 625DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 8 7 cobrados fazendo uso do crédito assim obtido para compensação com os débitos incorridos nas saídas. Para tanto, utilizouse da rubrica “outros créditos – IPI suspenso”. Decisão provisória cassada e julgamento de mérito transitado em julgado em desfavor do pedido de exclusão do IPI, houve por bem a Administração Tributária glosar o creditamento indevido com supedâneo no art.164, inciso V, do RIPI/2002, aprovado pelo Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002: “Art. 164. Os estabelecimentos industriais, e os que lhes são equiparados, poderão creditarse (Lei nº 4.502, de 1964, art. 25): (...) V do imposto pago no desembaraço aduaneiro;” Como se pode ver, a legislação é suficientemente clara: só se dá a aquisição do direito ao crédito do IPIvinculado à importação como evento subsequente ao pagamento do imposto. Ausente este, crédito escritural não há. E assim ocorreu no caso presente como bem explicita o relatório fiscal(fl.273): “A fiscalização não considerou os lançamentos relativos ao IPI Suspenso por não terem sido pagos e refez os saldos do RAIPI do período de 2003 e 2004 ...” Aí está.Não houve pagamento dos valores que passaram a ser devidos a partir do trânsito em julgado da ação 2002.51.01.0155310 (tabela demonstrativa às fls. 265/266). Tal fato foi inclusive corroborado pela contribuinte em sua impugnação, na qual faz menção apenas a cartascobrança e execuções fiscais em curso. Vejamos: “Uma vez decidida a questão e transitado em julgado o recurso especial em 13.04.2009, ao Fisco coube a cobrança dos créditos de IPI relativos às importações da IMPUGNANTE, levadas a cabo no período em que houve a suspensão de seu recolhimento. Esses créditos, conforme lançados nas DIs, já se encontram em fase de cobrança, seja por meio de “cartas de cobrança” (cópias em anexo), ou em execuções fiscais (cópias em anexo).” A inexistência de pagamento, aos olhos do já citado inciso V do art.164 do RIPI/2002, rechaça a legitimidade do creditamento efetuado com base nas DIs emitidas com exclusão do IPI, listadas estas às fls. 335/337 da impugnação, bem como no termo de verificação e constatação fiscal. Dito isso, cabe agora uma pequena digressão de cunho teórico. A meu sentir, o creditamento atrelado ao IPI aposto em declaração de importação (DI) só passa a ser lídimo a partir da data focal atrelada ao pagamento do imposto. Ou seja, não há Fl. 626DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 9 8 de se falar em creditamento nos períodos exatos de entrada da mercadoria no estabelecimento importador, pois há uma condição primeira a ser atendida: o pagamento do IPI. No ato do pagamento dáse a aquisição do direito ao crédito, não antes. Seria estranho aceitar um creditamento retroativo vinculado à entrada da mercadoria se o evento pagamento, que fez surgir o direito de aproveitamento escritural, ainda não havia ocorrido. Seria estar de acordo com a existência de um direito em um momento em que ele ainda não havia surgido. Aceitar isso seria aceitar a existência de creditamento sob condição resolutória, resolvendose a condição no momento da constatação do nãopagamento. Todavia, o ordenamento legal atinente ao IPIvinculado à importação não permite tal construção jurídica. A uma, considerandose que a aquisição do direito ao crédito só se dá a partir do pagamento visàvis o já citado e repisado inciso V do art.164 do RIPI/2002; a duas, tendose em conta que a legislação de regência condiciona o desembaraço da mercadoria ao pagamento prévio do IPI vinculado, exceção feita apenas aos casos de liberação do bem em regime de suspensão, hipótese essa que, digase de passagem, não enseja qualquer direito de creditamento. O que se quer dizer, em resumo, é que o direito à utilização do crédito do IPIvinculado nasce com o pagamento do valor calculado e se projeta no tempo para momentos subsequentes, e não antecedentes. Não existe, por inconsistente e ilegal, creditamento retroativo. O pagamento gera um direito que se projeta adiante pelo período decadencial de cinco anos, dentro do qual poderá a empresa lançar no RAIPI, como crédito extemporâneo, os montantes pagos de IPIvinculado relativos ao desembaraço de seus produtos diretamente importados. Trazendo para a situação posta em análise, mesmo que a contribuinte tivesse recolhido os valores exigidos pelo Fisco nas cartascobrança citadas nos autos, legítimo seria o creditamento em datas posteriores à extinção do débito, não anteriores. Isso significa que as glosas levadas a efeito estão corretas por dois motivos: 1º) não há prova de qualquer pagamento, o que afasta a possibilidade de creditamento por simples inexistência do direito de se creditar; 2º) mesmo que os pagamentos tivessem ocorrido, isso se daria, por óbvio, após o trânsito em julgado da ação, quando então nasceria o direito pleiteado, totalmente desvinculado das datas das DIs que serviram de base para o lançamento que ora se julga. Nas datas de efetuação das glosas inexistia crédito a ser considerado. Em sequência, alega a contribuinte que o Fisco estaria incorrendo em bis in idem: “(...) mesmo existindo cartas de cobrança desses créditos e até mesmo execuções fiscais em curso, a RFB, por seu setor especializado em IPI, resolveu, por sua própria conta, apurar novamente tais créditos com base no Livro RAIPI. O resultado foi o auto de infração ora Impugnado. Fl. 627DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 10 9 Assim, vêse, houve dois lançamentos distintos para o mesmo crédito tributário perseguido pela RFB. Um lançado nas DIs, já em cobrança judicial ou extrajudicial, e outro lançado com base no RAIPI... Como facilmente se percebe, há duplicidade da cobrança de tributos, razão pela qual a presente Impugnação deve ser provida no sentido de tornar improcedentes os lançamentos contidos no presente auto de infração pela ocorrência de bis in idem.” Não cabe razão à impugnante. Não há cobrança em duplicidade. Para analisar tal questão, devemos distinguir dois momentos: a cobrança do IPI que deixou de ser recolhido como decorrência de provimento judicial posteriormente invalidado e a glosa de créditos indevidos. No primeiro momento, aí sim, ocorre a exigência do IPI devido nas importações referidas nos autos. Tal exigência se deu pela lavratura de autos de infração por parte da IRFRio de Janeiro/RJ trazidos em cópia às fls. 370/399. Já no segundo momento estamos tratando do lançamento, não do IPI devido nas DIs arroladas pelo Fisco e pela contribuinte, mas sim do IPI devido na saída dos produtos importados vendidos a terceiros na realização da atividade de comercialização a que se dedica a Adancal Ltda. Para a determinação do quantum debeatur, e em obediência ao princípio da não cumulatividade, dos débitos apurados pelas saídas para comercialização devem ser abatidos os créditos tidos por legítimos pela autoridade fiscal. Esse é o ponto: a autoridade fiscal corretamente glosou todos os créditos vinculados a importações cujo IPIvinculado não havia sido recolhido, quais sejam os créditos albergados pela ação judicial transitada em julgado em desfavor da Interessada. Fechando o raciocínio. Não existe cobrança duplicada, pois o Fisco visou, em distintos procedimentos de auditoria, somente recuperar valores inadimplidos atrelados a fatos geradores distintos: um relativo ao IPIvinculado, devido na importação, e o outro relativo à comercialização de produtos diretamente importados pelo contribuinte equiparado a industrial por força do art.9º, inciso I, do RIPI/2002. Se o presente auto de infração fosse tomado por improcedente, como deseja a impugnante, estaríamos reconhecendo como correto um valor menor do que aquele devido em face da legislação do IPI. Isso porque estaríamos tomando créditos ilegítimos no cálculo do valor final a pagar (confronto débitos versus créditos). Quanto à diligência solicitada, consideroa prescindível, já que tem por escopo esclarecer fatos já exauridos por documentação presente nos autos e que, além disso, dizem respeito à formação de convicção do julgador em matéria de direito, e não de fato. Fl. 628DF CARF MF Processo nº 18471.002707/200835 Acórdão n.º 3201003.313 S3C2T1 Fl. 11 10 Tudo considerado, VOTO pela procedência dos autos de infração de fls. 285/289 e 306/308. Desse modo, consoante razões transcritas, voto por NEGAR PROVIMENTO ao RECURSO VOLUNTÁRIO, mantendo integralmente a decisão de primeira instância. Paulo Roberto Duarte Moreira Relator Fl. 629DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 11030.000899/2006-23
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Fri Jul 01 00:00:00 UTC 2011
Ementa: Declaração de Compensação de Tributos
Ano calendário: 1999
Ementa: AUTUAÇÃO FISCAL. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO EM RELAÇÃO A MATÉRIAS NÃO FISCALIZADAS. POSSIBILIDADE.
Limitando-se o objeto da autuação à omissão de receita decorrente da não escrituração do valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos, nada impede que o sujeito passivo, após ter sido autuado, apresente declaração espontânea em relação a matérias não fiscalizadas, incluindo, no caso do lucro presumido, a retificação da base de
cálculo do IRPJ e da CSLL.
Quando o artigo 832 do Regulamento do Imposto de Renda referese
às possibilidades de retificação da declaração “antes de iniciado o processo de lançamento de oficio”, está a se reportar à matéria e lançamentos efetivamente realizados, não contemplando situações não fiscalizadas e nem aquelas em relação às quais, encerrado o procedimento fiscal, não houve autuação.
Não tendo a autuação versado sobre a base de cálculo, pode a recorrente, após a autuação, apresentar declaração retificadora mudando a base de cálculo do lucro presumido de 32% para 8%.
Recurso provido.
Numero da decisão: 1402-000.632
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de voto, dar
provimento ao recurso para reconhecer a possibilidade do sujeito passivo apresentar declaração retificadora, sobre matéria declarada que não foi objeto de lançamento de ofício, e
determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para que seja refeita a apuração do IRPJ e da CSLL, aplicando-se os percentuais de presunção de lucro decididos nos processos 11030.001839/200466
e 11030.001840/200491, após decisão administrativa definitiva.Tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira.
Matéria: IRPJ - outros assuntos (ex.: suspenção de isenção/imunidade)
Nome do relator: Moises Giacomelli Nunes da Silva
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ementa_s : Declaração de Compensação de Tributos Ano calendário: 1999 Ementa: AUTUAÇÃO FISCAL. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO EM RELAÇÃO A MATÉRIAS NÃO FISCALIZADAS. POSSIBILIDADE. Limitando-se o objeto da autuação à omissão de receita decorrente da não escrituração do valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos, nada impede que o sujeito passivo, após ter sido autuado, apresente declaração espontânea em relação a matérias não fiscalizadas, incluindo, no caso do lucro presumido, a retificação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Quando o artigo 832 do Regulamento do Imposto de Renda referese às possibilidades de retificação da declaração “antes de iniciado o processo de lançamento de oficio”, está a se reportar à matéria e lançamentos efetivamente realizados, não contemplando situações não fiscalizadas e nem aquelas em relação às quais, encerrado o procedimento fiscal, não houve autuação. Não tendo a autuação versado sobre a base de cálculo, pode a recorrente, após a autuação, apresentar declaração retificadora mudando a base de cálculo do lucro presumido de 32% para 8%. Recurso provido.
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RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO EM RELAÇÃO A MATÉRIAS NÃO FISCALIZADAS. POSSIBILIDADE. Limitandose o objeto da autuação à omissão de receita decorrente da não escrituração do valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos, nada impede que o sujeito passivo, após ter sido autuado, apresente declaração espontânea em relação a matérias não fiscalizadas, incluindo, no caso do lucro presumido, a retificação da base de cálculo do IRPJ e da CSLL. Quando o artigo 832 do Regulamento do Imposto de Renda referese às possibilidades de retificação da declaração “antes de iniciado o processo de lançamento de oficio”, está a se reportar à matéria e lançamentos efetivamente realizados, não contemplando situações não fiscalizadas e nem aquelas em relação às quais, encerrado o procedimento fiscal, não houve autuação. Não tendo a autuação versado sobre a base de cálculo, pode a recorrente, após a autuação, apresentar declaração retificadora mudando a base de cálculo do lucro presumido de 32% para 8%. Recurso provido. Fl. 1DF CARF MF Emitido em 15/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/07/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Assinado digitalmente em 15/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 15/07/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SILVA Processo nº 11030.000899/200623 Acórdão n.º 140200.632 S1C4T2 Fl. 2 2 Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de voto, dar provimento ao recurso para reconhecer a possibilidade do sujeito passivo apresentar declaração retificadora, sobre matéria declarada que não foi objeto de lançamento de ofício, e determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para que seja refeita a apuração do IRPJ e da CSLL, aplicandose os percentuais de presunção de lucro decididos nos processos 11030.001839/200466 e 11030.001840/200491, após decisão administrativa definitiva.Tudo nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. Ausente, momentaneamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva Relator. Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Ana Clarissa Masuko dos Santos Araújo, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moises Giacomelli Nunes da Silva, Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira e Albertina Silva Santos de Lima. Relatório Tratase de Declaração de Compensação de débito de CSLL lançado de ofício, com crédito relativo ao pagamento indevido/a maior de IRPJ referente ao 4° trimestre de 1999, no valor original de R$ 49.331,37. Neste período, a recorrente informou e calculou o IRPJ utilizando base de cálculo de 32%. Posteriormente, retificou a declaração apontando que a base de cálculo correta seria de 8%, razão pela qual, segundo sustenta, teria pago Imposto de Renda a maior, fazendo jus à compensação nos termos do artigo 74 da Lei n° 9.430, de 1996. Como se depreende dos Autos de Infração e do Termo de Verificação Fiscal às fls. 15/23, 42/50 e 51/69, a contribuinte foi cientificada, em 21/09/2004, de lançamentos de ofício que exigem créditos tributários relativos ao IRPJ e à CSLL. Motivou os lançamentos em questão, dentre outras razões, o fato da interessada ter deixado de acrescentar na base de cálculo do IRPJ e da CSLL dos trimestrescalendário de 1999 a 2003 e do primeiro e segundo trimestrescalendário de 2004, o valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos. Fl. 2DF CARF MF Emitido em 15/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/07/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Assinado digitalmente em 15/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 15/07/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SILVA Processo nº 11030.000899/200623 Acórdão n.º 140200.632 S1C4T2 Fl. 3 3 Em 20/10/2004 (fl. 108) a contribuinte retificou a DIPJ acrescendo à base de cálculo do IRPJ os valores omitidos na declaração original e modificando o percentual do lucro presumido do IRPJ de 32% para 8%. A 1ª Turma da Delegacia da Receita Federal de Julgamento em Santa Maria/RS, às fls. 183 e seguintes, por unanimidade, indeferiu a solicitação da recorrente. A decisão recorrida possui a seguinte ementa: "NULIDADE. DESPACHO DECISÓRIO. Demonstrado que o Despacho Decisório foi formalizado de acordo com os requisitos de validade previstos em lei e que não ocorreu violação do disposto no art. 59 do Decreto n° 70.235, de 1972, não há como acatar o pedido de nulidade formulado pelo Contribuinte. RETIFICAÇÃO DA DECLARAÇÃO DE INFORMAÇÕES ECONÔMICO FISCAIS DA PESSOA JURÍDICA (DIPJ). A Retificação da DIPJ com o objetivo de reduzir ou excluir tributos e/ou contribuições somente será aceita quando comprovado erro nela contido e antes de iniciado o processo de lançamento de ofício. SOBRESTAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. O processo administrativo fiscal é regido por princípios, dentre os quais o da oficialidade, que obriga a administração a impulsionar o processo até sua decisão final. RESTITUIÇÃO/COMPENSAÇÃO.FALTA DE COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO Para que sejam homologadas as compensações, é necessário que o Contribuinte prove a liquidez e certeza do crédito tributário. Se não comprovada a existência do crédito em seu favor, impõese, por decorrência, a não homologação das compensações pleiteadas. Solicitação Indeferida.” Cientificada em 17/11/2008, a contribuinte, tempestivamente, interpôs recurso voluntário em 15/12/2008, alegando, em síntese: a) a ocorrência de erro material na declaração, pois o percentual de presunção do lucro presumido tributado à razão de 32% da receita bruta, quando deveria ter sido no patamar de 8%, à vista do autorizado pelo art. 15 caput, da Lei n° 9.249, de 1995 e o item nº 1 do Ato Declaratório Cosit n° 6, de 1997; b) a validade da retificação da DIPJ do ano de 1999 e a licitude dos créditos de IRPJ resultantes das diferenças entre os percentuais de presunção do lucro tributável nos anoscalendário compreendidos entre 1999 e 2004; c) a necessidade de suspensão da lide até que sobrevenha decisão definitiva de mérito nos recursos voluntários nº 156942 (processo nº 11030.001839/200466 IRPJ) e 156978 (processo nº 11030.001840/200491 CSLL). É o relatório. Fl. 3DF CARF MF Emitido em 15/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/07/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Assinado digitalmente em 15/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 15/07/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SILVA Processo nº 11030.000899/200623 Acórdão n.º 140200.632 S1C4T2 Fl. 4 4 Voto Conselheiro Moises Giacomelli Nunes da Silva Relator. O recurso é tempestivo, na conformidade do prazo estabelecido pelo artigo 33 do Decreto n°. 70.235, de 06/03/1972, foi interposto por parte legítima e está devidamente fundamentado. Assim, conheçoo passo ao exame da matéria. O exame da matéria passa pela análise dos processos administrativos de n° 11030.001839/200466 (IRPJ) e n° 11030.001840/200491 (CSLL), ambos correspondentes ao ano de 1999, conforme de depreende dos Autos de Infração e do Termo de Verificação Fiscal às fls. 15/23, 42/50 e 51/69. Pelo que se verifica, a matéria fiscalizada, no ano de 1999, diz respeito à omissão de rendimentos por ter a fiscalizada deixado de acrescentar na base de cálculo da CSLL e do IRPJ o valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos. Limitandose o objeto da autuação à omissão de receita decorrente da não escrituração do valor dos rendimentos de aplicações financeiras, dos juros ativos e dos descontos obtidos, nada impede que o sujeito passivo apresente declaração espontânea em relação a matérias não fiscalizadas, incluindo aqui, no caso do lucro presumido, a correção em face de erro quanto ao percentual da base de cálculo. Quando o artigo 832 do Regulamento do Imposto de Renda referese às possibilidades de retificação da declaração “antes de iniciado o processo de lançamento de oficio”, está a se referir à matéria e lançamentos efetivamente realizados, não contemplando matérias não fiscalizadas e nem aquelas em relação as quais, encerrado o procedimento fiscal, não houve autuação. Não tendo a autuação da recorrente, no ano de 1999, versado sobre a base de cálculo, pode esta, após a autuação, apresentar declaração retificadora mudando a base de cálculo do lucro presumido de 32 para 8%. No caso concreto, ao apresentar declaração retificadora, a fiscalizada realizou a um só turno dois atos: a) reconheceu a omissão em relação à receita financeira; e b) retificou a base de cálculo do IRPJ reduzindo de 32 para 8%. Em relação à receita financeira, objeto do lançamento, a retificação feita em 2004 não tem o condão de excluir a multa de ofício. No entanto, em relação à alteração da base de cálculo do IRPJ, por não ter sido objeto de autuação em 1999, nada impede que a recorrente, antes da decadência, apresentasse declaração retificadora e posteriormente pedido de compensação utilizando o crédito pago a maior para quitar o débito da autuação, devendo ser Fl. 4DF CARF MF Emitido em 15/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/07/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Assinado digitalmente em 15/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 15/07/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SILVA Processo nº 11030.000899/200623 Acórdão n.º 140200.632 S1C4T2 Fl. 5 5 incluído no valor da compensação a multa de ofício e juros, conforme já realizados às fls. 05 e 06. Quanto ao argumento da decisão atacada, para não homologar a compensação, de que no âmbito do processo administrativo n° 11030.001840/200491, inclusive com remissão ao julgado do processo administrativo n° 11030.001839/200466, o acórdão n° 186.138, da DRJ, foi enfático ao asseverar que o coeficiente de determinação da base de cálculo da CSLL e do IRPJ, na atividade e nas condições em que é desenvolvida pelo sujeito passivo, é de 32%, corroborando os elementos apresentados na DIPJ/2000 original, considerada como base para análise do direito creditório postulado pelo contribuinte à fl. 03, constato e registro que a referida decisão foi alterada pelo CARF quando do julgamento dos recursos nº 156.942 e 156.978. ISSO POSTO, voto no sentido de dar provimento ao recurso para reconhecer a possibilidade do sujeito passivo apresentar declaração retificadora sobre matéria declarada que não foi objeto de lançamento de ofício, e determinar o retorno dos autos à Unidade de origem para que seja refeita a apuração do IRPJ e da CSLL, aplicandose os percentuais de presunção de lucro decididos nos processos 11030.001839/200466 e 11030.001840/200491, após decisão administrativa definitiva. É o voto. (assinado digitalmente) Moises Giacomelli Nunes da Silva. Fl. 5DF CARF MF Emitido em 15/07/2011 pelo Ministério da Fazenda Autenticado digitalmente em 15/07/2011 por MOISES GIACOMELLI NUNES DA SILVA Assinado digitalmente em 15/07/2011 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, 15/07/2011 por MOISES GIACOM ELLI NUNES DA SILVA
score : 1.0
Numero do processo: 10120.905415/2008-24
Turma: Primeira Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Tue Oct 24 00:00:00 UTC 2017
Data da publicação: Wed Feb 21 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal
Ano-calendário: 2004
Ementa:
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO.
A comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação.
Recurso Voluntário Negado
Numero da decisão: 3401-004.071
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado.
(assinado digitalmente)
Rosaldo Trevisan - Presidente e Relator
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco.
Nome do relator: ROSALDO TREVISAN
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Recorrida FAZENDA NACIONAL ASSUNTO: PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL Anocalendário: 2004 Ementa: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. COMPENSAÇÃO. REQUISITO. COMPROVAÇÃO DA EXISTÊNCIA E DA LIQUIDEZ DO CRÉDITO. A comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação. Recurso Voluntário Negado Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso voluntário apresentado. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Presidente e Relator Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Rosaldo Trevisan, Robson José Bayerl, Augusto Fiel Jorge D'Oliveira, Mara Cristina Sifuentes, André Henrique Lemos, Fenelon Moscoso de Almeida, Tiago Guerra Machado e Leonardo Ogassawara de Araújo Branco. Relatório Versa o presente sobre PER/DCOMP invocando créditos referentes a pagamento indevido ou maior de CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP. Não tendo sido localizado tal pagamento nos sistemas da RFB, a empresa foi intimada a se manifestar, e, diante de seu silêncio, o crédito foi indeferido e a compensação não homologada, por Despacho Decisório Eletrônico, tendo a empresa apresentado Manifestação AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 10 12 0. 90 54 15 /2 00 8- 24 Fl. 75DF CARF MF Processo nº 10120.905415/200824 Acórdão n.º 3401004.071 S3C4T1 Fl. 3 2 de Inconformidade, na qual alegou, em síntese, que: (a) é inconstitucional a majoração de alíquota promovida pelos Decretos no 2.445/1988 e no 2.449/1998, já reconhecida pelo Poder Judiciário e declarada por ato do Senado (Resolução no 49, de 9/10/1995), e a aplicação retroativa (sistemática da semestralidade) do art. 18 da Lei no 9.715/1998 (conforme ADIn no 1.4170, publicada em 23/03/2011 e também reconhecida por ato do Senado – Resolução no 10, de 08/06/2005); e (b) o prazo para pedir a restituição é fixado a partir da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa / judicial / Resolução do Senado. A decisão de primeira instância foi, unanimemente, pela improcedência da manifestação de inconformidade, sob os seguintes fundamentos. (a) a empresa não alegou nem comprovou o suposto pagamento a maior ou indevido que teria efetuado, a despeito de ter sido intimada para tanto; (b) em pesquisa aos sistemas da RFB, verificouse a existência de DARF de recolhimento com a data de arrecadação diversa da indicada no pedido, parecendo a empresa buscar com a data incorreta em seu pedido frustrar eventual extinção de prazo para pedir restituição, que ocorre após cinco anos do pagamento indevido, com vem decidindo o STJ na sistemática dos recursos repetitivos (REsp no 1.110.578/SP) e o CARF. Ciente da decisão de piso, a empresa interpôs Recurso Voluntário, basicamente repisando o argumento de que não poderia o artigo 18 da norma legal (hoje Lei no 9.715/1998) ter retroagido, como decidiu o STF na ADIn no 1.417 (e Resolução no 10/2005), e reconheceu a própria Receita Federal, na IN SRF no 6/2000; e acrescentando que a Lei no 9.715/1998 revogou a Lei Complementar no 7/70, e que a cobrança também estaria com prazo decaído. É o relatório. Voto Conselheiro Rosaldo Trevisan, Relator O julgamento deste processo segue a sistemática dos recursos repetitivos, regulamentada pelo art. 47, §§ 1º e 2º, do RICARF, aprovado pela Portaria MF 343, de 09 de junho de 2015. Portanto, ao presente litígio aplicase o decidido no Acórdão 3401004.025, de 24 de outubro de 2017, proferido no julgamento do processo 10120.901000/200962, paradigma ao qual o presente processo foi vinculado. Transcrevese, como solução deste litígio, nos termos regimentais, o entendimento que prevaleceu naquela decisão (Acórdão 3401004.025): "O recurso voluntário apresentado preenche os requisitos formais de admissibilidade e, portanto, dele se toma conhecimento. Diante da imputação fiscal e das defesas apresentadas, há pouco a discutir no presente processo. Isso porque em nenhuma das peças de defesa a empresa informa, objetivamente, aquilo que foi intimada a esclarecer desde antes do início do contencioso: qual foi exatamente o recolhimento indevido e qual o motivo para que especificamente essa quantia seja considerada de fato indevida. Fl. 76DF CARF MF Processo nº 10120.905415/200824 Acórdão n.º 3401004.071 S3C4T1 Fl. 4 3 Enquanto a defesa se alonga em discussões de direito que, em geral, já estão pacificadas administrativa e judicialmente, não dedica uma linha sequer a informar como os valores que entende indevidos o são pela ocorrência, no caso concreto, de tais situações jurídicas genericamente descritas. Como bem destacou a instância de piso, a empresa jamais comprovou o suposto pagamento a maior ou indevido, mesmo tendo sido intimada a tanto, na fase précontenciosa. Persiste, assim, a ausência de liquidez e certeza sobre o débito, ainda antes de se iniciar a discussão jurídica, que deixa de ser relevante, por não se saber, de forma peremptória, se é relacionada ao caso concreto aqui narrado. Não se desincumbe, assim, a postulante ao crédito, de seu ônus probatório, acreditando que as alegações de direito genéricas socorrem sua demanda, sem realizar qualquer esforço para vincular tais discussões jurídicas ao caso em análise, dotando de certeza e de liquidez o crédito. Em relação a alegação de decadência para cobrança, cabe destacar que não se está aqui a analisar lançamento, mas pedido de restituição, cumulado com compensação. E, como destacou a DRJ, a existência de Resolução do Senado reconhecendo eventual inconstitucionalidade é despicienda para fins de contagem do prazo prescricional (REsp no 1.110.578SP, julgado na sistemática dos recursos repetitivos). Poderseia agregar aos argumentos de defesa, de ofício, o tratamento reconhecido aos pedidos administrativos pelo STF (RE no 566.621/RS) e pelo CARF (Súmula CARF no 91). No entanto, como destacado de início, a discussão sobre haver ou não expirado o prazo para pedir restituição se afigura secundária, diante da ausência de liquidez e certeza do crédito. E a comprovação da existência e da liquidez do crédito são requisitos essenciais à acolhida de pedidos de compensação. Pelo exposto, voto no sentido de negar provimento ao recurso voluntário apresentado." Aplicandose a decisão do paradigma ao presente processo, em razão da sistemática prevista nos §§ 1º e 2º do art. 47 do RICARF, o colegiado negou provimento ao recurso voluntário. (assinado digitalmente) Rosaldo Trevisan Fl. 77DF CARF MF
score : 1.0
Numero do processo: 13849.000167/2003-00
Turma: 2ª TURMA/CÂMARA SUPERIOR REC. FISCAIS
Câmara: 2ª SEÇÃO
Seção: Câmara Superior de Recursos Fiscais
Data da sessão: Wed Aug 18 00:00:00 UTC 2010
Ementa: IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL RURAL - ITR
Exercício: 1995
IMPOSTO TERRITORIAL RURAL - ITR, VTN, MODIFICAÇÃO. LAUDO TÉCNICO. OBSERVÂNCIA.
O Laudo Técnico de avaliação de imóvel rural revestido das formalidades exigidas pela legislação de regência, impondo seja elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, perfeita descrição do imóvel e comprovação da veracidade do valor informado prevalece sobre o valor arbitrado para o Valor da Terra Nua - VTN. Não sendo suficiente para
se afastar o valor comprovado a alegação de contrariedade às normas da ABNT, ainda mais quando o recorrente não especifica quais formalidades e características do documento deveriam estar presentes.
Recurso especial negado.
Numero da decisão: 9202-001.016
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em negar
provimento ao recurso.
Matéria: ITR - notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos
Nome do relator: Julio Cesar Vieira Gomes
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LAUDO TÉCNICO. OBSERVÂNCIA. O Laudo Técnico de avaliação de imóvel rural revestido das formalidades exigidas pela legislação de regência, impondo seja elaborado por profissional habilitado, com ART devidamente anotado no CREA, perfeita descrição do imóvel e comprovação da veracidade do valor informado prevalece sobre o valor arbitrado para o Valor da Terra Nua - VTN. Não sendo suficiente para se afastar o valor comprovado a alegação de contrariedade às normas da ABNT, ainda mais quando o recorrente não especifica quais formalidades e características do documento deveriam estar presentes. Recurso especial negado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do col4iado, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso. (,1 Julio !‘• -S - \ 'ra oures — Rel torJulio ‘• \ 4 n411 'ra oures — Ritor \194 1 \; EDITADO EM: 2 3 SE T 2010 Carlos lhe -\o Fki -a's Barto Presidente Participaram, do presente julgamento, os Conselheiros Carlos Alberto Freitas Barreto (Presidente), Susy Gomes Hoffmann (Vice-Presidente), Caio Marcos Candido, Gonçalo Bonet Allage, Julio César Vieira Gomes, Manoel Coelho Arruda Junior, Gustavo Lian Haddad, Francisco de Assis Oliveira Junior, Rycardo Henrique Magalhães de Oliveira e Elias Sampaio Freire. Relatório Trata-se de recurso especial interposto pela Fazenda Nacional contra Acórdão no qual se reconheceu como válido o laudo de avaliação do VTN apresentado pelo contribuinte. O recurso foi baseado no art. 7, I, do Regimento Interno da CSRF. Alega o ilustre representante da Fazenda Nacional que foram contrariadas as evidências da provas, uma vez que o laudo não atende às fbrrnalidades previstas na ABNT. Segue ementa do acórdão recorrido: N" Acórdão 303-34067 Tributo / Matéria ITR notific./auto de infração eletrônico - outros assuntos Decisão Por unanimidade de votos, afastou-se a prejudicial de decadência. Por maioria de votos, deu-se provimento ao recurso voluntário para acolher o VTN constante do laudo, vencidos os Conselheiros Zenaldo Loibman, Tarcísio Campeio Borges e Anelise Date& Prieto, que negavam provimento. Ementa Assunto: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural - ITR Exercício: 1995 Ementa 1TR/1995 LANÇAMENTO SUPLEMENTAR DE 1TR POR GLOSA DO VTN AFASTADA A PRELIMINAR DE DECADÊNCIA SUSCITADA. VALOR DA TERRA NUA DECLARADO. COMPROVOÇÃO HÁBIL E IDÔNEA, DOC UMENTA çÃo COMPROBATÓRIA DO VTN DECLARADO REVESTIDA DAS FORMALIDADES LEGAIS, ACATADO O VTN MÍNIMO FIXADO NO COMPETENTE LAUDO TÉCNICO ACOSTADO AO PROCESSO. Deve ser admitido Laudo Técnico elaborado por profissional habilitado com ART do CREA em vista das justificativas plausíveis, que quantifica o VTN Milli1110 por hectare, em detrimento do valor fixado pela SRF e o pretendido pelo autuado. RECURSO VOLUNTÁRIO PROVIDO, As alegações da Fazenda Nacional pata comprovação da contrariedade à evidência das provas foram sintetizadas pela despacho que deu seguimento ao recurso especial: O representante da Fazenda Pública requer a relbrnia do acórdão recorrido, alegando contrariedade à evidência da prova. Segundo ele, por ocasião da impugnação, o interessado apresentou um laudo, elabora sem atender aos requisitos básicos da ABNT, sendo ineficaz para modificar o VTN pleiteado Portanto, portanto tal laudo não poderia ter sido acatado pelo órgão recorrido. O interessado apresentou contra-razões reiterando as alegações no recurso voluntário. É o Relatório, 2 Processo n' 3849000167/2003-00 Acórdão n 9202-01-016 CSRE-T2 F1 2 Voto Conselheiro Julio Cesar Vieira Gomes, Relator Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do Recurso Especial e passo à análise das razões recursais, Conforme se depreende da análise do Recurso Especial, pretende a Procuradoria a reforma do Acórdão recorrido, alegando, em síntese, que o laudo carreado pelo contribuinte não se presta a justificar a modificação do VTN relativo ao imóvel de sua propriedade para fins de apuração do ITR devido. A fazer prevalecer seu entendimento, pontuou a fundamentação de seu recurso na evidência de julgamento contrário as provas constantes nos autos, motivo pelo qual se faz necessário para o deslinde da controvérsia a manifestação desta Eg, Câmara Superior quanto a prestabilidade do laudo técnico apresentado pelo contribuinte. Constata-se pelas próprias alegações da recorrente que o recurso se fundamenta na falta de cumprimento das normas da ABNT: Entretanto, esse laudo foi elaborado sem atender aos requisitos básicos da ABNT, não demonstrou os métodos que iirfbrina haver utilizado, não anexou documentos de fontes pesquisadas, nem documentos essenciais como: plantas, publicação e jornais e outros. No entanto, a recorrente não indica quais normas da ABNT não teriam sido cumpridas. Ao contrário, o conjunto probatório trazido pelo interessado convencem este julgador que sua avaliação se aproxima com mais fidelidade ao valor real do imóvel. As exigências essenciais, entendidas como tal aquelas que conferem confiabilidade ao conteúdo do documento, devem ser cumpridas, o que se verifica nesse processo às fls. 49 a 54, inclusive com o ART fornecido pelo CREA, fls 64, todos do processo correlato n° 13849.000165/96-77. Em vista do exposto, voto por negar provimento do recurso especial da Fazenda Nacional. 3
score : 1.0
Numero do processo: 13805.006305/97-07
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Terceira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Terceira Seção De Julgamento
Data da sessão: Fri Feb 02 00:00:00 UTC 2018
Data da publicação: Fri Feb 16 00:00:00 UTC 2018
Ementa: Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep
Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995
Ementa:
DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ.
Segundo entendimento consolidado pelo STJ em sede de recurso especial julgado sob o rito de repetitivos (REsp n. 973.733/SC), em se tratando de tributos sujeitos ao lançamento por homologação e não havendo prova de pagamento da exação exigida, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Logo, decaído no presente caso parte do crédito tributário aqui exigido, mais precisamente aquele referente ao período compreendido entre julho de 1988 e dezembro de 1991.
PIS SEMESTRALIDADE. BASE DE CÁLCULO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ E SÚMULA CARF.
A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar n. 07/70, deve ser o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária, exatamente como previsto na súmula CARF n. 15, bem como no precedente de caráter vinculante veiculado pelo STJ no âmbito do REsp n. 1.127.713/SP. Logo, é indevida a exigência fiscal aqui analisada.
Recurso voluntário provido. Crédito tributário exonerado.
Numero da decisão: 3402-004.920
Decisão: Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.
Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator.
Waldir Navarro Bezerra - Presidente substituto.
Diego Diniz Ribeiro- Relator.
Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto.
Nome do relator: DIEGO DINIZ RIBEIRO
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ementa_s : Assunto: Contribuição para o PIS/Pasep Período de apuração: 01/07/1988 a 30/09/1995 Ementa: DECADÊNCIA. TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ. Segundo entendimento consolidado pelo STJ em sede de recurso especial julgado sob o rito de repetitivos (REsp n. 973.733/SC), em se tratando de tributos sujeitos ao lançamento por homologação e não havendo prova de pagamento da exação exigida, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Logo, decaído no presente caso parte do crédito tributário aqui exigido, mais precisamente aquele referente ao período compreendido entre julho de 1988 e dezembro de 1991. PIS SEMESTRALIDADE. BASE DE CÁLCULO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ E SÚMULA CARF. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar n. 07/70, deve ser o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária, exatamente como previsto na súmula CARF n. 15, bem como no precedente de caráter vinculante veiculado pelo STJ no âmbito do REsp n. 1.127.713/SP. Logo, é indevida a exigência fiscal aqui analisada. Recurso voluntário provido. Crédito tributário exonerado.
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TRIBUTO SUJEITO AO LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ. Segundo entendimento consolidado pelo STJ em sede de recurso especial julgado sob o rito de repetitivos (REsp n. 973.733/SC), em se tratando de tributos sujeitos ao lançamento por homologação e não havendo prova de pagamento da exação exigida, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial é o primeiro dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos termos do art. 173, inciso I do CTN. Logo, decaído no presente caso parte do crédito tributário aqui exigido, mais precisamente aquele referente ao período compreendido entre julho de 1988 e dezembro de 1991. PIS SEMESTRALIDADE. BASE DE CÁLCULO. PRECEDENTE VINCULANTE DO STJ E SÚMULA CARF. A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar n. 07/70, deve ser o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária, exatamente como previsto na súmula CARF n. 15, bem como no precedente de caráter vinculante veiculado pelo STJ no âmbito do REsp n. 1.127.713/SP. Logo, é indevida a exigência fiscal aqui analisada. Recurso voluntário provido. Crédito tributário exonerado. Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, por dar provimento ao Recurso Voluntário, nos termos do voto do Relator. AC ÓR DÃ O GE RA DO N O PG D- CA RF P RO CE SS O 13 80 5. 00 63 05 /9 7- 07 Fl. 958DF CARF MF 2 Waldir Navarro Bezerra Presidente substituto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Participaram da sessão de julgamento os Conselheiros Waldir Navarro Bezerra, Maria Aparecida Martins de Paula, Diego Diniz Ribeiro, Pedro Sousa Bispo, Thais De Laurentiis Galkowicz, Marcos Roberto da Silva (suplente convocado), Maysa de Sá Pittondo Deligne e Carlos Augusto Daniel Neto. Relatório 1. Por bem retratar o caso, adoto o relatório desenvolvido na resolução n. 340200.085 (fls. 691/693) da lavra do então Relator do caso, Conselheiro ad hoc Jorge Lock Freire, o que passo a fazer nos seguintes termos: Tratase de auto de infração ante à falta de recolhimento da contribuição ao Programa de Integração Social — PIS, relativa aos fatos geradores ocorridos em julho e agosto de 1988, dezembro de 1991, janeiro a dezembro de 1992, julho a setembro de 1993, fevereiro, março, novembro e dezembro de 1994 e janeiro a setembro de 1995. Conforme descrito no "Termo de Verificação", o contribuinte ingressou em juízo, por meio da Ação Ordinária 92.00716830 e da Medida Cautelar 93.00064908, nas quais pede que sejam afastadas as alterações introduzidas pelos Decretos Lei 2.445 e 2.449, ambos de 1988. Foi proferida sentença de procedência na Ação Ordinária mencionada. Ademais, foi autorizada a realização de depósitos judiciais para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário. A autoridade autuante afirma que foram apurados os valores devidos a titulo de PIS, com base na Lei Complementar 07/70, e confrontados estes débitos com os recolhimentos efetuados pelo contribuinte. As diferenças apuradas foram lançadas, bem como a respectiva multa de oficio. O julgamento da impugnação foi convertido em diligência pela 9ª Turma da DRJ SP I, em 23/04/2004 (fls. 517/519), para que fossem adotadas as providências abaixo com o fito de verificar a pertinência da aplicação da multa de ofício: a) verificar, para cada um dos fatos geradores de que trata o presente processo, se foram efetuados depósitos judiciais nos autos da Ação Ordinária 92.00716830 e da Medida Cautelar 93.00064908, elaborandose demonstrativo no qual conste: valor do PIS devido, valor recolhido, valor lançado de oficio, valor do depósito judicial efetuado, e, por fim, conclusão sobre a suficiência ou não do depósito judicial para suspender a exigibilidade do crédito tributário lançado; b) intimar a Impugnante a manifestarse acerca das conclusões da diligência realizada, no prazo de 10 (dez) dias, nos termos do art. 44 da Lei 9.784/99. Fl. 959DF CARF MF Processo nº 13805.006305/9707 Acórdão n.º 3402004.920 S3C4T2 Fl. 959 3 Em 15/12/2004, foi prolatado o Acórdão 6.294 (fls. 541/559) pela DRJ SP I, julgando procedente o lançamento. Cientificado desse julgado, em 13/12/2007 (fl. 562), o contribuinte interpôs o recurso voluntário de fls. 599/639, no qual, em suma, pede, em preliminar de mérito, o reconhecimento do direito de decadência no período compreendido entre julho de 1988 a junho de 1992, nos termos do art. 150, § 4º do CTN. No mérito assevera que embora a fiscalização tenha feito os cálculos aplicando a LC 07/70, uma vez prolatada decisão judicial que afastou a incidência dos Decretoslei 2.445 e 2.449, ambos de 1988, considerou como base de cálculo o faturamento do mês do fato gerador e não o sexto mês anterior, como determinava a legislação supostamente utilizada. Dessa forma, prossegue, o Fisco apurou valores eventualmente pagos a maior e outras vezes a menor, exigindo apenas "as diferenças relativas aos meses em que os pagamentos foram inferiores aos montantes devidos de acordo com a Lei Complementar nº 07/70". Consigna que os eventuais valores pagos a maior deveriam ter sido considerados, e somente ter sido lançado "as eventuais diferenças entre os débitos e créditos". Tal fato, em seu entender, seria suficiente para a desconstituição do lançamento, o que postula. Por fim, alega que o lançamento é ilíquido porque não utilizou como base de cálculo o valor do faturamento do sexto mês anterior ao fato gerador, mas sim o faturamento do próprio mês, apontando que isso poderia ser observado por meio do confronto entre a planilha e os valores tributáveis indicados no auto de infração para cada fato gerador. Esse, fato, a seu juízo, tornaria o lançamento fiscal "ilíquido e nulo". Traz à colação, a Súmula 11 do Segundo Conselho de Contribuintes, cujo enunciado tem o seguinte teor: "A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar 07, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária". Por fim, alega ser inexigível a multa de ofício. (...) (grifos nosso). 2. Uma distribuído o recurso voluntário interposto, este Tribunal, por unanimidade de votos, resolveu converter seu julgamento em diligência para que fossem tomadas as seguintes providências: (...)resolvo converter o presente julgamento em diligência para que a fiscalização ateste se efetivamente a base de cálculo utilizada no presente lançamento foi o faturamento do próprio mês a que se refere o fato gerador, como afirma a recorrente, ou se foi o faturamento do sexto mês anterior. O resultado da diligência deve ser minuciosamente circunstanciado, articulando seu autor com base em documento constantes dos autos. (...). 3. Referida diligência foi cumprida, nos termos da informação fiscal de fls. 937/940. Não obstante, o referido caso foi novamente convertido em diligência (resolução n. Fl. 960DF CARF MF 4 3402000.994 fls. 943/945) para que o contribuinte fosse intimado do resultado da diligência anteriormente realizada para fins de eventual manifestação. 4. Cumprida a segunda diligência, o contribuinte permaneceu inerte. 5. É o relatório. Voto Conselheiro Relator Diego Diniz Ribeiro 6. O recurso voluntário interposto é tempestivo e preenche os demais pressupostos de admissibilidade, motivo pelo qual dele tomo conhecimento. I. Da decadência 7. O primeiro fundamento aventado pelo recorrente em sua insurgência é a decadência de parte do crédito tributário constituído no auto de infração aqui debatido. 8. Para a análise de tal fundamento, mister se faz destacar que a exigência fiscal aqui debatida abrange o período compreendido entre julho de 1988 e maio de 1995. O contribuinte, por seu turno, foi notificado do presente lançamento fiscal em 14 de julho de 1997. Diante deste quadro e, ainda, levando em consideração o disposto no art. 150, § 4º do CTN, o contribuinte alega ter ocorrido a decadência de parte do crédito constituído, mais precisamente o período compreendido entre julho de 1988 e julho de 1992. 9. Feitas tais considerações, resta claro que o presente caso não demanda maiores digressões. Tratandose da exigência de tributos sujeitos ao lançamento por homologação, o termo inicial para a contagem do prazo decadencial será definido de acordo com a existência ou não de pagamento parcial do tributo para o período autuado, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça em sede de recurso especial julgado sob o rito de recurso repetitivo, in verbis: PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ARTIGO 543C, DO CPC. TRIBUTÁRIO. TRIBUTO SUJEITO A LANÇAMENTO POR HOMOLOGAÇÃO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE PAGAMENTO ANTECIPADO. DECADÊNCIA DO DIREITO DE O FISCO CONSTITUIR O CRÉDITO TRIBUTÁRIO. TERMO INICIAL. ARTIGO 173, I, DO CTN. APLICAÇÃO CUMULATIVA DOS PRAZOS PREVISTOS NOS ARTIGOS 150, § 4º, e 173, do CTN. IMPOSSIBILIDADE. 1. O prazo decadencial quinquenal para o Fisco constituir o crédito tributário (lançamento de ofício) contase do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado, nos casos em que a lei não prevê o pagamento antecipado da exação ou quando, a despeito da previsão legal, o mesmo inocorre, sem a constatação de dolo, fraude ou simulação do contribuinte, inexistindo declaração prévia do débito (Precedentes da Primeira Seção: REsp 766.050/PR, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 28.11.2007, DJ 25.02.2008; AgRg nos EREsp 216.758/SP, Rel. Ministro Teori Fl. 961DF CARF MF Processo nº 13805.006305/9707 Acórdão n.º 3402004.920 S3C4T2 Fl. 960 5 Albino Zavascki, julgado em 22.03.2006, DJ 10.04.2006; e EREsp 276.142/SP, Rel. Ministro Luiz Fux, julgado em 13.12.2004, DJ 28.02.2005). 2. É que a decadência ou caducidade, no âmbito do Direito Tributário, importa no perecimento do direito potestativo de o Fisco constituir o crédito tributário pelo lançamento, e, consoante doutrina abalizada, encontrase regulada por cinco regras jurídicas gerais e abstratas, entre as quais figura a regra da decadência do direito de lançar nos casos de tributos sujeitos ao lançamento de ofício, ou nos casos dos tributos sujeitos ao lançamento por homologação em que o contribuinte não efetua o pagamento antecipado (Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 163/210). 3. O dies a quo do prazo quinquenal da aludida regra decadencial regese pelo disposto no artigo 173, I, do CTN, sendo certo que o "primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado" corresponde, iniludivelmente, ao primeiro dia do exercício seguinte à ocorrência do fato imponível, ainda que se trate de tributos sujeitos a lançamento por homologação, revelandose inadmissível a aplicação cumulativa/concorrente dos prazos previstos nos artigos 150, § 4º, e 173, do Codex Tributário, ante a configuração de desarrazoado prazo decadencial decenal (Alberto Xavier, "Do Lançamento no Direito Tributário Brasileiro", 3ª ed., Ed. Forense, Rio de Janeiro, 2005, págs.. 91/104; Luciano Amaro, "Direito Tributário Brasileiro", 10ª ed., Ed. Saraiva, 2004, págs.. 396/400; e Eurico Marcos Diniz de Santi, "Decadência e Prescrição no Direito Tributário", 3ª ed., Max Limonad, São Paulo, 2004, págs.. 183/199). 5. In casu, consoante assente na origem: (i) cuidase de tributo sujeito a lançamento por homologação; (ii) a obrigação ex lege de pagamento antecipado das contribuições previdenciárias não restou adimplida pelo contribuinte, no que concerne aos fatos imponíveis ocorridos no período de janeiro de 1991 a dezembro de 1994; e (iii) a constituição dos créditos tributários respectivos deuse em 26.03.2001. 6. Destarte, revelamse caducos os créditos tributários executados, tendo em vista o decurso do prazo decadencial quinquenal para que o Fisco efetuasse o lançamento de ofício substitutivo. 7. Recurso especial desprovido. Acórdão submetido ao regime do artigo 543C, do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. (STJ; REsp 973.733/SC, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 12/08/2009, DJe 18/09/2009) (grifos nosso). 10. Por seu turno, referido precedente do STJ deve ser seguido por este Tribunal Administrativo, nos termos do que prevê o art. 62, § 1º, inciso II, alínea "b" do RICARF, já com a redação que lhe foi dada pela Portaria n. 152, de 03 de maio de 2016. Fl. 962DF CARF MF 6 11 Assim, levando em consideração que o Recorrente não fez prova do pagamento parcial dos tributos em análise, a contagem do prazo decadencial no presente caso deve ocorrer nos termos do art. 173, inciso I do CTN. 12. Logo, levando em consideração que a exigência em questão compreende o período de julho de 1988 a maio de 1995 e, ainda, que a notificação da Recorrente acerca do presente lançamento só ocorreu em 14 de julho de 1997, mister se faz reconhecer que estão decaídos os período compreendidos entre julho de 1988 e dezembro de 1991, o que implica a sua extinção, nos termos do art. 156, inciso V do CTN. II. Do PIS semestralidade 13. Não obstante, em relação à exigência remanescente, mister se faz destacar que a matéria aqui debatida é sumulada nesta Corte Administrativa, in verbis: Súmula CARF nº 15: A base de cálculo do PIS, prevista no artigo 6º da Lei Complementar nº 7, de 1970, é o faturamento do sexto mês anterior, sem correção monetária. 14. Tal questão também já foi decidida pelo STJ em sede de recurso especial julgado sob o rito de repetitivos, conforme se observa da ementa abaixo transcrita: TRIBUTÁRIO. PIS. SEMESTRALIDADE. ART. 6º, PARÁGRAFO ÚNICO, DA LC 7/70. NORMA QUE SE REFERE À BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO. 1. O art. 6º, parágrafo único, da Lei Complementar 7/70 não se refere ao prazo para recolhimento do PIS, mas à base de cálculo do tributo, que, sob o regime da mencionada norma, é o faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador. 2. Recurso Especial não provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543C do CPC e do art. 8º da Resolução STJ 8/2008. (STJ; REsp 1.127.713/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/08/2010, DJe 13/09/2010) (g.n.). 15. Dessa feita, ao apurar o crédito aqui lançado, a autoridade administrativa deveria ter utilizado a base de cálculo obtida pelo faturamento do sexto mês anterior ao da ocorrência do fato gerador. Ocorre que, conforme atesta a Informação Fiscal de fls. 937/940, não foi isso o que ocorreu na prática, conforme se observa dos excertos abaixo transcritos: Fl. 963DF CARF MF Processo nº 13805.006305/9707 Acórdão n.º 3402004.920 S3C4T2 Fl. 961 7 Fl. 964DF CARF MF 8 16. Patente está, portanto, que a apuração do PIS para o período em debate e realizada pela fiscalização foi indevida, motivo pelo qual o montante remanescente na presente exigência fiscal também deve ser afastado, nos exatos termos do que prescrito na súmula CARF n. 15, bem como estabelecido no REsp n. 1.127.713/SP, precedente este de caráter vinculante. Dispositivo 17. Diante do exposto, voto por dar integral provimento ao recurso voluntário interposto. 18. É como voto. Diego Diniz Ribeiro Relator. Fl. 965DF CARF MF Processo nº 13805.006305/9707 Acórdão n.º 3402004.920 S3C4T2 Fl. 962 9 Fl. 966DF CARF MF
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Numero do processo: 15586.000968/2010-50
Turma: Segunda Turma Ordinária da Quarta Câmara da Primeira Seção
Câmara: Quarta Câmara
Seção: Primeira Seção de Julgamento
Data da sessão: Tue Jan 17 00:00:00 UTC 2012
Ementa: SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS
MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES
Ano calendário:2005
AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência.
DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96,
em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações.
Preliminar Rejeitada. Recurso Negado
Numero da decisão: 1402-000.855
Decisão: Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado.
Nome do relator: Antônio José Praga de Souza
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ementa_s : SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Ano calendário:2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Preliminar Rejeitada. Recurso Negado
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conteudo_txt : Metadados => pdf:unmappedUnicodeCharsPerPage: 0; pdf:PDFVersion: 1.4; X-Parsed-By: org.apache.tika.parser.DefaultParser; access_permission:modify_annotations: true; access_permission:can_print_degraded: true; access_permission:extract_for_accessibility: true; access_permission:assemble_document: true; xmpTPg:NPages: 13; dc:format: application/pdf; version=1.4; pdf:charsPerPage: 2114; access_permission:extract_content: true; access_permission:can_print: true; access_permission:fill_in_form: true; pdf:encrypted: true; access_permission:can_modify: true; Content-Type: application/pdf | Conteúdo => S1C4T2 Fl. 1 1 0 S1C4T2 MINISTÉRIO DA FAZENDA CONSELHO ADMINISTRATIVO DE RECURSOS FISCAIS PRIMEIRA SEÇÃO DE JULGAMENTO Processo nº 15586.000968/201050 Recurso nº Voluntário Acórdão nº 140200.855 – 4ª Câmara / 2ª Turma Ordinária Sessão de 17 de janeiro de 2012 Matéria AUTO DE INFRACAO. IRPJ E REFLEXOS Recorrente GRAFICA E ENCADERNADORA SODRE LTDA EPP Recorrida FAZENDA NACIONAL SISTEMA INTEGRADO DE PAGAMENTO DE IMPOSTOS E CONTRIBUIÇÕES DAS MICROEMPRESAS E DAS EMPRESAS DE PEQUENO PORTE SIMPLES Anocalendário: 2005 AUTO DE INFRAÇÃO. NULIDADE. Não há que se falar em nulidade quando o procedimento fiscal observou a legislação de regência. DEPÓSITOS BANCÁRIOS. ORIGEM NÃO COMPROVADA. A Lei n.° 9.430/96, em seu art. 42, autoriza a presunção de omissão de rendimentos com base nos valores depositados em conta bancária para os quais o contribuinte titular, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. Preliminar Rejeitada. Recurso Negado Vistos, relatados e discutidos os presentes autos. Acordam os membros do colegiado, por unanimidade de votos, em rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário, nos termos do relatório e voto que passam a integrar o presente julgado. (assinado digitalmente) Albertina Silva Santos de Lima Presidente (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza – Relator Participaram da sessão de julgamento os conselheiros: Antônio José Praga de Souza, Carlos Pelá, Frederico Augusto Gomes de Alencar, Moisés Giacomelli Nunes da Silva e Albertina Silva Santos de Lima. Ausente, justificadamente, o Conselheiro Leonardo Henrique Magalhães de Oliveira. Fl. 1096DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 2 Relatório GRAFICA E ENCADERNADORA SODRE LTDA recorre a este Conselho contra a decisão de primeira instância administrativa, que julgou procedente a exigência, pleiteando sua reforma, com fulcro no artigo 33 do Decreto nº 70.235 de 1972 (PAF). Transcrevo e adoto o relatório da decisão recorrida: Trata o presente processo de autos de infração lavrados no âmbito da DRF/VITÓRIA/ES, relativos ao ano calendário de 2005, por meio dos quais são exigidos do interessado acima identificado o imposto sobre a renda de pessoa jurídica IRPJ/SIMPLES, no valor de R$ 27.199,50 (fls.756/784), a contribuição para o programa de integração socialPIS/SIMPLES, no valor de R$ 27.199,50 (fls. 785/797), a contribuição social sobre o lucro líquidoCSLL/SIMPLES, no valor de R$ 43.194,65 (fls.798/810), a contribuição para financiamento da seguridade social COFINS/SIMPLES, no valor de R$ 86.389,31 (fls.811/823) e a contribuição para seguridade socialINSS/SIMPLES, no valor de R$ 353.402,55 (fls. 824/836), acrescidos de multas de ofício (75% e de 150%) e de encargos moratórios. 2. Dos fatos. 3. De acordo com o Termo de Verificação FiscalTVF de fls. 710/753, a fiscalização do interessado foi motivada pela auditoria fiscal iniciada junto à empresa GRÁFICA E ENCARDENADORA BANDEIRANTES LTDA, CNPJ 30.789.127/000100. 4. Os sócios da GRÁFICA BANDEIRANTES, Srs. Sérgio Lourenço Dossi e Luiz Renato Lourenço Dossi, são filhos dos sócios do interessado (Sr. Valdecyr Mario Dossi e Cecília Maria Lourenço Dossi). 5. A GRÁFICA BANDEIRANTES foi intimada a apresentar livros contábeis, acompanhados de extratos bancários de suas contas correntes relativos ao ano calendário de 2005(fl.220). 6. Ante a falta de atendimento e em face de movimentação financeira no Banco Banestes S/A no montante de R$ 3.867.227,10, muito embora tenha apresentado declaração de inatividade (fl.276), a fiscalização solicitou diretamente à instituição financeira diversos documentos, o que resultou na apresentação de cópia dos extratos bancários, documentos de créditos e débitos, documentos de abertura da conta corrente e procuração em nome do Sr. Valdecyr Mario Dossi. 7. A fiscalização localizou o sócio Sérgio Lourenço Dossi em seu local de trabalho, que vem a ser na GRÁFICA SODRÉ, ou seja, no interessado. Posteriormente, o sócio informou que a GRÁFICA BANDEIRANTES se encontrava inativa. 8. Em diligência, a fiscalização comprovou que no endereço constante do cadastro do CNPJ reside uma família desde 1993, que desconhece a existência da gráfica. O atual contador informou que a empresa não possui escrituração comercial ou fiscal, somente relação de créditos constantes da conta bancária (fls.256/259). 9. Com base na documentação comprobatória de débitos e créditos apresentados pelo Banco Banestes, a fiscalização efetuou diligências junto a alguns Fl. 1097DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 3 clientes os quais alegaram (fls.537/626): 1) desconhecer a empresa GRÁFICA BANDEIRANTES; 2) que os valores das despesas com os serviços gráficos eram em alguns casos desproporcionais ao tamanho de suas empresas; 3) em 2005, os serviços gráficos eram prestados pela GRÁFICA SODRÉ e/ou negociados pessoalmente com o Sr. Valdecyr Mario Dossi. 10. A fiscalização também analisou as transferências eletrônicas e cheques compensados e pôde observar claramente a participação da GRÁFICA SODRÉ e do sócio gerente Valdecyr Mario Dossi (quem assinava os cheques) na utilização da conta corrente da GRÁFICA BANDEIRANTES. 11. Concluiu assim que a conta nº 5.662.481, mantida no Banco Banestes S/A, ag. Praia do Canto, de titularidade da GRÁFICA BANDEIRANTES, que se encontrava inativa em 2005, foi utilizada pelo procurador, Sr. Valdecyr Mario Dossi, para movimentar parte dos recursos de sua empresa GRÁFICA SODRÉ, sendo esta portanto a titular de fato da conta bancária. 12. O interessado tomou ciência destes fatos por meio do termo de constatação e intimação de fls.203/215 (ciência em 24/06/2010), ocasião em que foi instado a se manifestar por escrito sobre a matéria e a apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse a origem dos créditos dessa conta mantida no Banco Banestes S/A. Informalmente, o Sr. Valdecyr Mario Dossi alegou que optou por não se manifestar sobre os fatos contidos no termo. 13. Foi iniciada a ação fiscal no interessado, que no ano calendário de 2005 optou pelo SIMPLES, intimandoo a apresentar livros fiscais, blocos de notas fiscais e extratos bancários do referido ano. 14. Examinando o livro Razão, a fiscalização constatou que somente a conta corrente mantida no Banco Banestes (extrato às fls.98/133) foi contabilizada não obstante ter havido movimentação de recursos também no Banco do Brasil S/A e Caixa Econômica Federal, cujos extratos foram fornecidos diretamente pelas instituições financeiras. 15. Todos os valores depositados no Banco Banestes foram escriturados. Os valores registrados nos extratos bancários com o histórico “LIQ DE DESCONTO” e que na contabilidade a contrapartida foi contabilizada na conta intitulada “BANESTES OP DESCTS DUPLICATAS” foram considerados de origem comprovada, pois o procedimento adotado pelo interessado (desconto de duplicatas sem a efetiva prestação de serviço) foi comprovado com farta documentação proveniente da conta bancária mantida no Banco Banestes em nome da GRÁFICA BANDEIRANTES, caracterizando a origem do numerário como obtenção de empréstimo. 16. Relativamente aos depósitos que na contabilidade têm como origem a conta Caixa (contrapartida credora), embora nos extratos indique recursos provenientes de terceiros (CRÉD SIAFEMD, CREDITO TEF, TED, LIBERAÇÃO DE DEPÓSITOS BLOQUEADOS, DOC, ETC), ainda que intimado a comprovar com documentação hábil e idônea (fls.179/184), o interessado não logrou fazêlo. 17. Quanto às contas bancárias não contabilizadas (CEF e BB), examinados os extratos e excluídos os valores referentes a estornos de débitos, cheques devolvidos, remuneração de ações, empréstimos e transferências entre contas da mesma titularidade, inclusive a conta do Banestes em nome da GRÁFICA BANDEIRANTES, a fiscalização elaborou quadro demonstrativo de ingresso de valores e intimou o interessado a comprovar a sua origem (fls.185/192). Fl. 1098DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 4 18. Em resposta (fl.196), o interessado apresentou algumas alegações que por estarem desprovidas de documentação comprobatória não foram aceitas. 19. Das infrações. 19.1. Omissão de receita, correspondente aos depósitos bancários efetuados nas contas correntes mantidas no Banco Banestes (em nome do interessado e da GRÁFICA BANDEIRANTES), Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil, cujas origens não foram comprovadas. Enquadramento legal: art. 24 da Lei nº 9.249/1995. Arts. 2º, § 2º, 3º §1º, alínea “a”, 5º, 7º, §1º, 18 da Lei nº 9.317/1996. Art. 42 da Lei nº 9.430/1996. Art. 3º da Lei nº 9.732/1998. Arts. 186, 188 e 199 do RIR/1999. 19.2 Insuficiência de valor recolhido tendo em vista a omissão de receita apurada. Enquadramento legal: art. 5º da Lei nº 9.317/1996 c/c art. 3º da Lei nº 9.732/1998. Arts. 186 e 188, do RIR/1999. 19.3. Em decorrência, foram ainda lavrados os autos de infração de CSLL/SIMPLES, COFINS/SIMPLES, PIS/SIMPLES e INSS/SIMPLES. 19.4. Qualificação da multa de ofício prevista no § 1º do art. 44 da Lei nº 9.730 de 1996, com a redação dada pela Lei nº 11.488 de 2007, tendo em vista a intenção fraudulenta do interessado em suprimir os tributos devidos, uma vez que contabilizou, declarou e tributou apenas dez por cento de suas receitas apuradas no ano de 2005 e utilizouse de conta corrente de uma empresa inativa, constituída por dois filhos dos sócios para nela movimentar parte de seus recursos. Além de terse utilizado de documentos falsos para a obtenção de empréstimos junto ao Banco Banestes. 19.5 O interessado foi ainda excluído do SIMPLES, a partir de 01/01/2006, pelo fato de ter auferido no ano de 2005 receita bruta acumulada em montante excedente ao limite estipulado no art. 9º da Lei nº 9.317/1996, conforme Ato Declaratório DRF/VIT nº 122/2010 (fl.709). 20. Da impugnação. 21. Irresignado, o interessado apresentou as impugnações de fls. 841/843 e 850/862, alegando, em síntese, o que se segue: 21.1. Quanto à exclusão do SIMPLES: não houve excesso de receita bruta em 2005, pois no valor de receita bruta apurado pela fiscalização foram incluídos R$ 1.351.769,95 relativos a depósitos líquidos da Gráfica Bandeirantes no Banco Banestes; não houve autorização especial do delegado da DRF/VITÓRIA/ES conforme prevê o art. 1º da Lei Complementar nº 104/2001, que incluiu o parágrafo único no art. 116 do CTN; inexiste previsão legal para se considerar depósitos bancários os créditos referentes a descontos de duplicatas, portanto deve ser excluído o valor de R$ 1.004.022,54 relativo ao Banco do Brasil. Quanto aos autos de infração: preliminarmente, nulidade do auto de infração por tributar numa empresa o tributo devido por outra, ambas com CNPJ e sócios diferentes; Fl. 1099DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 5 para que uma empresa tenha seus atos constitutivos julgados inválidos pela repartição fiscal é necessário cumprir os requisitos da Lei Complementar nº 104/2001 e legislação subsequente, com a elaboração de relatório consubstanciado, aprovado pelo delegado da DRF jurisdicionante do contribuinte, e comunicação à Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas; no mérito, a possível omissão de receitas derivada de créditos em contas bancárias deve ser apurada e imputada ao titular da conta corrente, mesmo com todas as implicações de não recolhimento tempestivo dos tributos e erros nas obrigações acessórias; no caso da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes, o caminho possível seria a constituição do auto de infração em seu nome e, caso julgasse essencial para a preservação do crédito tributário, que imputasse a responsabilidade tributária solidária aos seus sócios; a autoridade lançadora considerou os descontos de duplicatas realizados junto ao Banestes pela Gráfica Bandeirantes como redutores dos créditos bancários apurados, assim requer o mesmo tratamento para os descontos de duplicatas realizados pelo interessado junto ao Banco do Brasil, sendo apontado nos extratos da conta 5965X o histórico “cobrança”.; após a emissão das duplicatas contra clientes, o interessado necessitava de capital de giro e procurava descontar as duplicatas no Banco do Brasil S/A para efetuar a antecipação financeira. No vencimento, o Banco recebia do cliente e tinha como margem de lucro os juros decorrentes dos empréstimos; elaborou planilha listando todos os registros com os descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil, com indicação de datas, valores e os números dos documentos pertinentes a cada operação; depois de retirar os descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil e dos valores pertinentes à Gráfica Bandeirantes Ltda temse que a base tributável dos impostos e contribuições federais se reduziu de R$ 3.631.941,03 para R$ 1.276.148,24, valor que se constante de um auto de infração especificamente nesse valor poderia ser por ele aceito. A decisão recorrida está assim ementada: NULIDADE. Descabida a nulidade, ante a comprovação de que o auto de infração foi formalizado com obediência a todos os requisitos previstos em lei e que não se apresentam nos autos nenhum dos motivos apontados no art. 59 do Decreto nº 70.235/1972. DECADÊNCIA. Tratandose de tributo sujeito a lançamento por homologação, ex vi do art. 150, § 4º, do Código Tributário Nacional, o direito de a Fazenda Nacional constituir o lançamento extinguese após cinco anos contados da ocorrência do fato gerador. MULTA QUALIFICADA. MATÉRIA NÃO IMPUGNADA Consolidase, administrativamente, matéria tributária não expressamente impugnada. DEPÓSITO NÃO COMPROVADO. PRESUNÇÃO DE OMISSÃO DE RECEITA. Configurase omissão de receita o ingresso de numerários em conta corrente Fl. 1100DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 6 bancária do contribuinte, quando não comprovada a origem desses valores mediante a apresentação de documentação hábil e idônea. Sujeitamse à tributação por omissão de receitas os valores de depósitos bancários em nome de terceiros cuja investigação denotou pertencerem à pessoa jurídica autuada. RECEITA BRUTA SUPERIOR AO LIMITE. IMPOSSIBILIDADE. EXCLUSÃO DO SIMPLES. EFEITOS. A pessoa jurídica que, na condição de empresa de pequeno porte, tenha auferido, no anocalendário imediatamente anterior, receita bruta superior a R$ 1.200.000,00 não pode optar pelo SIMPLES. A exclusão do SIMPLES surte efeito a partir do ano calendário subsequente àquele em que for ultrapassado o limite estabelecido Impugnação Procedente em Parte. Cientificada da aludida decisão em 13/1/2011 por meio de seu representante (fl. 905), a contribuinte apresentou recurso voluntário, à fl. 910 e seguintes, no qual contesta as conclusões do acórdão recorrido, repisa as alegações da peça impugnatória e, ao final, requer o provimento nos seguintes termos (verbis): “ (...) Preliminarmente, protocolouse um PEDIDO DE IMPROCEDÊNCIA INTEGRAL DO AUTO DE INFRAÇÃO pela imputação de crédito tributário exigível de uma empresa no CPJ de outra, sem qualquer embasamento legal. Esperase firmemente na CONCESSÃO DA IMPROCEDÊNCIA INTEGRAL pelo Conselho Administrativo de Recursos Fiscais CARF, pela força dos argumentos expostos. Apenas a titulo de precaução processual, se protocolou o presente RECURSO demonstrando cabalmente que as assertivas da Autoridade Lançadora, mantidas na integra pela Autoridade Julgadora de Primeira Instância, não procedem, destacando, em síntese, três fatores graves: a) imputando a tributação dos depósitos bancários líquidos da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes Ltda. CNPJ: 30.789.127/000100 na conta da Gráfica e Encadernadora Sodré Ltda. CNPJ: 30.727.408/000120, sendo as empresas ativas e com CNPJ e Sócios diferentes; b) tributando como depósitos bancários os créditos de desconto de duplicatas junto ao Banco do Brasil S/A, sem previsão legal. c) gerou uma receita bruta inveridica de mais de 4 milhões de reais para a Gráfica Sodré Ltda. e ainda elaborou relatório para excluila do SIMPLES, quando na verdade o faturamento foi menor de 2 milhões de reais, dentro do limite. Este Recurso demonstrou, como já se havia feito na Impugnação, que o Auto de Infração contém vários erros de fato, sem qualquer previsão legal, e, assim, vem, REQUERER, como de fato requer, sejam aceitos todos os fatos e justificativas acima expostos, e que seja julgado IMPROCEDENTE NA ÍNTEGRA o presente Auto de Infração e seus Anexos e com a conseqüente extinção total de seus efeitos, em nome da JUSTIÇA FISCAL.)” É o relatório. Fl. 1101DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 7 Voto Conselheiro Antonio Jose Praga de Souza, Relator. O recurso é tempestivo e preenche os demais requisitos legais e regimentais para sua admissibilidade, dele conheço. Conforme relatado, a exigência fiscal originouse na constatação de que a empresa Gráfica Bandeirantes jamais existiu de fato e que foi faturado em nome desta a maior parte das receitas obtidas pela autuada Gráfica Sodré. Inobstante a veemência das alegações recursais, compulsando os autos formei convencimento de que há provas cabais das irregularidades cometidas pela contribuinte, que efetivamente utilizouse de uma empresa de fachada para evadirse da tributação. Logo, correto a tributação dessas receitas na contribuinte, pois se trata de atividade da mesma. Vejamos os fundamentos do voto condutor da decisão recorrida, da lavra da ilustre julgadora Denise Freire Lorenzoni: (...) 35. Dos depósitos bancários efetuados no Banco Banestes c/c 5.662.481. 36. Conforme já descrito no relatório, a fiscalização no interessado foi motivada pela auditoria fiscal iniciada junto à empresa GRÁFICA E ENCARDENADORA BANDEIRANTES LTDA, que apresentou vultosa movimentação financeira em 2005 apesar de declararse inativa (fl.276). 37. Obtidos diretamente do Banco Banestes os extratos bancários e documentos comprobatórios de débitos e créditos efetuados na conta bancária acima identificada, a fiscalização efetuou exímio trabalho de análise, incluindo diversas diligências fiscais nos supostos clientes da GRÁFICA BANDEIRANTES: Ames Associação Médica do Espírito Santo. Art Design Publicidade Ltda, Hemerson Lourenço Souza –ME, Pay Less Viagens e Turismo Ltda, Sindicato dos Professores do ES, Blunk Produções Ltda, Casal Cama e Colchões Ltda, Contatos Contabilidade Ltda ME e Instituto Logística Consultoria. 38. Todas estas empresas escolhidas por amostragem, a partir das duplicatas emitidas pela GRÁFICA BANDEIRANTES e que foram descontadas juntos à citada instituição bancária, alegaram que não tiveram relação comercial com a referida gráfica, portanto desconhecem a existência das supostas duplicatas (fls.537/626). Por outro lado, muitas alegaram que no ano de 2005 contrataram serviços gráficos de outra empresa, que vem a ser o interessado. 39. Ressaltese que todas as duplicatas apresentadas pelo Banco Banestes à fiscalização (resumo à fl.337), bem como todos os Contratos de Antecipação de Crédito, Proposta de Desconto, com exceção de um (fl.340), Fl. 1102DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 8 tiveram como signatário, na qualidade de emitente e/ou contratante, o Sr. Valdecyr Mario Dossi, sócio majoritário do interessado (fls. 340/398 e 401/535). 40. A princípio, poderseia estranhar que duas empresas com o mesmo objeto social e, portanto, teoricamente sendo concorrentes, o sócio de uma seja procurador de outra. À fl.286, consta a procuração outorgada em 20/05/2005 pela GRÁFICA BANDEIRANTES ao Sr. Valdecyr Mario Dossi para que, entre outras coisas, assine cheques e quaisquer documentos necessários ao movimento das contas bancárias. 41. Todavia a considerar que a GRÁFICA BANDEIRANTES não prestou nenhum serviço no ano de 2005 (inclusive desde 1993 reside uma família no domicilio tributário informado à repartição fiscal) e que, portanto, as duplicatas descontadas junto ao Banco Banestes tratamse de documentos ideologicamente falsos, é plenamente justificável que tenha dado ao Sr. Valdecyr Mario Dossi poderes para bem dispor dos valores creditados na instituição bancária. Afinal de contas quem melhor do que o próprio representante legal do efetivo detentor do recurso (o interessado) para dálhe melhor destino ? 42. A fiscalização também realizou diligências a partir de outros documentos obtidos no Banco Banestes, tais como transferências eletrônicas de recursos (TEF e TED) e cópia de cheques, que lhe permitiu comprovar a participação do interessado e de seu sócio gerente (Sr. Valdecyr Mario Dossi) na utilização desta conta corrente. Senão vejamos: 43. As empresas Futura Móveis e Equipamentos para Escritório Ltda ME (fls.627/631) e Sodigaby Comércio Locação Transporte Ltda EPP (fls. 640/645) para justificarem os pagamentos efetuados diretamente na conta da GRÁFICA BANDEIRANTES, por meio de TEF, alegaram que assim fizeram a pedido da empresa Delta Fomento Comercial Ltda, com a qual possuíam débitos. 44. Intimado, o representante legal da Delta Fomento Comercial Ltda, Sr. Rodolfo Eugênio Pedruzzi, compareceu à repartição fiscal, ocasião em que prestou os seguintes esclarecimentos: “Que as empresas Sodigaby e Futura Móveis são clientes da DELTA FOMENTO COMERCIAL e que deviam valores originários de suas operações comerciais (...); O pagamento desses débitos se daria no dia 06/04/2005; Nessa mesma data houve uma operação comercial entre a DELTA e a empresa GRÁFICA E ENCADERNADORA SODRÉ LTDA (...), na qual a Delta Fomento deveria efetuar um pagamento de R$ 75.309,47; Por esse motivo, solicitou às empresas SODIGABY e FUTURA que efetuassem o depósito dos valores diretamente na conta da Gráfica e Encadernadora Bandeirante a pedido da Gráfica Sodré, na pessoa do seu representante, o Sr. Valdecyr Mario Dossi.” Fl. 1103DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 9 45. A empresa Mill Fomento Comercial Ltda (fls. 671/684), que efetuou quatro depósitos TED no montante total de R$ 111.531,62 na conta da GRÁFICA BANDEIRANTES, apresentou planilhas, duplicatas e notas fiscais de factoring para justificar que tais pagamentos se referem à operação de factoring com a Gráfica e Encadernadora Sodré Ltda. 46. O Sr. Vander Luiz Totola, que supostamente seria o beneficiário de cheques no montante de R$ 45.670,00, informou à fl.701 que apenas sacou o montante na agência e repassou para o Sr. Valdecy Mario Dossi, proprietário da Gráfica Sodré. 47. Outra suposta beneficiária de cheque emitido em 05/04/2005, no valor de R$ 3.000,00, em depoimento, esclareceu que não efetuou qualquer operação comercial com a GRÁFICA BANDEIRANTES. Esclareceu que na época negociava o aluguel de seu escritório com o Sr. Nelson Aguiar, que por sua vez advogava algumas causas para o Sr. Valdecy Dossi, seus familiares e empresas da família. O cheque deve terlhe sido repassado pelo advogado para cobrir o aluguel devido. 48. Há ainda nos autos documentos emitidos pelo Banco Banestes (fls. 331/332) que comprovam a transferência de recursos da GRÁFICA BANDEIRANTES para a conta corrente em nome do interessado mantido na mesma instituição financeira. 49. Como se vê, todas as evidências acima expostas convergem para a conclusão de que a conta corrente nº 5.662.481 mantida no Banco Banestes pela GRÁFICA BANDEIRANTES foi utilizada pelo procurador Sr. Valdecy Mario Dossi para movimentar parte dos recursos financeiros do interessado, ou seja, do titular de fato da conta bancária. 50. O interessado foi intimado a se manifestar sobre todos os fatos apurados pela fiscalização e apresentar documentação hábil e idônea que comprovasse a origem dos créditos dessa conta (fls.203/215), mas nenhum documento foi trazido à colação apesar de solicitar prorrogação de prazo para atendimento. Tampouco o fez na fase impugnatória. 51. Em verdade, na fase impugnatória, limitouse a alegar que “Para que uma empresa tenha os seus atos constitutivos julgados inválidos pela Repartição Fiscal, é necessário cumprir os requisitos da Lei Complementar nº 104/2001 e a legislação ordinária subseqüente, com a elaboração de uma RELATÓRIO CIRCUNSTANCIADO pela Assessoria da DRFB juridicionante do contribuinte, com a aprovação da Autoridade Administrativa (Delegado(a), e comunicação à Junta Comercial ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas”. Alegou ainda que “ Não tem informação neste Processo da desconstituição do Contrato Social da Gráfica e Encadernadora Bandeirantes Ltda. (...) , pela Sra. Delegada da DRF Vitória/ES”. 52. De plano, cabe destacar que em nenhum momento, nos autos, tratou a fiscalização da desconsideração da personalidade jurídica da GRÁFICA BANDEIRANTES, o que implicaria imputar aos seus sócios Fl. 1104DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 10 (Sérgio Lourenço Dossi e Luiz Renato Lourenço Dossi) a responsabilidade tributária por eventuais ilícitos fiscais praticados pela empresa. 53. Mesmo que assim o fosse, não significaria que a pessoa jurídica deixaria de existir. Apenas seria desconsiderada no caso concreto específico, pois a desconsideração da personalidade jurídica não se confunde com a despersonalização, esta sim leva a anulação definitiva da personalidade e deveria ser comunicada aos órgãos competentes. 54. No caso em apreço, o que fez a fiscalização foi desconsiderar alguns atos jurídicos praticados pela GRÁFICA BANDEIRANTES, uma vez que restou comprovado nos autos que os valores creditados em sua corrente pertencem a terceiro (o interessado). Para tanto, ao contrário do que alega o interessado, inexiste procedimento específico previsto na legislação tributária. 55. O art. 142 do CTN dispõe que compete à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente, entre outros procedimentos, a determinar a matéria tributável. Nos termos do art. 6º da Lei nº 10.593/2002, na redação dada pelo art.9º da Lei nº 11.457/2007, o Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil é a autoridade competente para constituir o crédito tributário, logo não carece de aprovação de outra autoridade administrativa para constituir o crédito tributário. 56. O parágrafo único do art. 116 do CTN, incluído pela Lei Complementar nº 104, de 2001, assim dispõe: " Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considerase ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I – (...) II – (...) Parágrafo único. A autoridade administrativa poderá desconsiderar atos ou negócios jurídicos praticados com a finalidade de dissimular a ocorrência do fato gerador do tributo ou a natureza dos elementos constitutivos da obrigação tributária, observados os procedimentos a serem estabelecidos em lei ordinária “ 57. Tratase de uma norma geral que vem sendo intitulada de “antielisiva” e que alguns doutrinadores entendem que estaria pendente de regulamentação. 58. Todavia, para o caso em exame, existe base legal para o procedimento adotado pela fiscalização. No caso o § 5 do art. 42 da Lei nº 9.430/1996, incluído pela Lei nº 10.637, de 2002, que assim estabelece: “ Art. 42. Caracterizamse também omissão de receita ou de rendimento os valores creditados em conta de depósito ou de investimento mantida junto a instituição financeira, em relação aos quais o titular, pessoa física ou Fl. 1105DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 11 jurídica, regularmente intimado, não comprove, mediante documentação hábil e idônea, a origem dos recursos utilizados nessas operações. (...) § 5o Quando provado que os valores creditados na conta de depósito ou de investimento pertencem a terceiro, evidenciando interposição de pessoa, a determinação dos rendimentos ou receitas será efetuada em relação ao terceiro, na condição de efetivo titular da conta de depósito ou de investimento. “ 59. Em sendo assim, restando provado nos autos tratarse de mais um daqueles casos em que, para “ esconder” parte de sua movimentação financeira, certas empresas utilizamse de interpostas pessoas, para em seu nome fazer a movimentação de recursos não oferecidos à tributação, imputase ao interessado, na condição de efetivo titular dos valores creditados na citada conta corrente, a responsabilidade sobre a exigência do crédito de R$ 1.351.769,95, discriminado no quadro demonstrativo nº 13 do termo de verificação fiscal (fls. 744/746), que por falta de comprovação com documentação hábil e idônea de sua origem, ainda que intimado, constituise presunção de omissão de receita. 60. Dos depósitos bancários efetuados no Banco do Brasil. 61. Requer o interessado que assim como não foram considerados omissão de receita os valores creditados na conta corrente da Gráfica Bandeirantes a título de descontos de duplicatas efetuadas no Banco Banestes, aos descontos de duplicatas junto ao Banco do Brasil, conta corrente nº 5965X, no valor de R$ 1.004.022,54 (fl.864) devem ser dados o mesmo tratamento tributário. 62. Extraise dos autos que a movimentação financeira efetuada pelo interessado, em seu nome, no Banco Banestes (conta nº 1.705441) foi a única a ser escriturada na contabilidade. Todos os depósitos cujos históricos identificavam operações de “ LIQ DE DESCONTO” foram contabilizadas no livro Razão a débito da conta nº 11017 – BANCO BANESTES S/A(fls.17/32) e a crédito da conta nº 200565 – BANESTES OP DESCTS DUPLICATAS (fls. 89/92). 63. Intimado a esclarecer os lançamentos contábeis, mediante apresentação de notas fiscais/faturas e duplicatas que deram origem aos depósitos, o interessado informou à fl.194 que descontava duplicatas sem a efetiva prestação de serviço. Na data do vencimento das duplicatas/empréstimos, emitia novas duplicatas que eram descontadas no mesmo banco ou em outro, para evitar problemas com os pretensos “clientes” que nada tinham a ver com as operações de desconto (empréstimo). 64. A fiscalização então não incluiu tais depósitos na base tributável uma vez que, conforme TVF às fls.730/731, “considerou que esses valores foram devidamente escriturados nos Livros Diário e Razão de 2005, que os lançamentos no Razão desta conta evidenciam uma circularização de Fl. 1106DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 12 dinheiro, à maneira de empréstimo, e que este procedimento adotado pela empresa foi comprovado com farta documentação proveniente daquela outra conta mantida no Banco Banestes, em nome da Gráfica Bandeirantes, repetindose aqui o modus operandi desta fiscalizada, podese concluir pela origem do numerário conforme descrito pelo contribuinte, caracterizando a obtenção de empréstimo.” 65. A movimentação financeira mantida no Banco do Brasil, como dito anteriormente, foi mantida à margem da contabilidade. Durante a auditoria fiscal, em resposta à intimação de fls.185/192, para comprovação da origem dos depósitos (reproduzidos no quadro demonstrativo nº 9 do TVF às fls. 736/738) o interessado alegou à fl.196 que os depósitos identificados nos extratos bancários com o histórico “ Cobrança” eram relativos a descontos de duplicatas sem a efetiva prestação dos serviços (empréstimo) tal qual já exposto no parágrafo acima. 66. Como o interessado não apresentou qualquer documentação comprobatória a respaldar sua alegações e uma vez que os valores movimentados não foram registrados em sua contabilidade, a fiscalização os incluiu na base tributável, gerando assim a presente contestação. 67. Não restam dúvidas de que para elucidação dos fatos alegados se faz necessária a prestação da prova material. Sem a apresentação de qualquer documento como poderia a fiscalização concluir que o interessado repetiu o mesmo modus operandi já utilizado com os recursos movimentados no Banco Banestes? 68. Tampouco na fase impugnatória o interessado logrou comprová los. Pelo contrário, apresentou novos argumentos que vão de encontro ao anteriormente alegado, a saber: “Após a emissão das duplicatas contra clientes, a Gráfica Sodré Ltda. necessitava de capital de giro e procurava descontar as duplicatas no Banco do Brasil S/A para efetuar a antecipação financeira. No vencimento, o Banco recebia do cliente e tinha como margem de lucro os juros decorrentes dos empréstimos.” 69. Ora, se o cliente liquidou a duplicata na data do vencimento é porque o serviço foi prestado, o que significa dizer que houve auferimento de receita por parte do interessado. 70. Nos termos do § 2º do art.42 da Lei n º 9.430, de 1996, os valores cuja origem houver sido comprovada, que não houverem sido computados na base de cálculo dos impostos e contribuições a que estiverem sujeitos, submeterseão às normas de tributação específicas, previstas na legislação vigente à época em que auferidos ou recebidos. 71. Em sendo assim, mesmo que o interessado tivesse comprovado a origem dos depósitos (desconto de duplicatas relativo aos serviços efetivamente prestados) pelo fato de não ter computado a receita correspondente na base de cálculo do SIMPLES a pagar ainda assim a autuação seria procedente. Fl. 1107DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA Processo nº 15586.000968/201050 Acórdão n.º 140200.855 S1C4T2 Fl. 0 13 72. Ante o exposto, mantémse incólume o lançamento. 73. Da insuficiência de recolhimento. 74. Mantida incólume a autuação por omissão de receita, procede a exigência pela insuficiência de recolhimento do SIMPLES em face da alteração da alíquota ao ser somada à receita declarada. (...) Aos embasados e robustos fundamentos acima transcritos, nada mais necessita ser acrescentado, pelo que peço vênia para adotálos como razões de decidir. Frisese que são cabais as provas da fiscalização quanto ao uso de uma “empresa de fachada” pela contribuinte para encobrir suas operações irregulares e omitir receitas da tributação. Conclusão Diante do exposto, voto no sentido de rejeitar a preliminar de nulidade e, no mérito, negar provimento ao recurso voluntário.. (assinado digitalmente) Antônio José Praga de Souza Fl. 1108DF CARF MF Impresso em 15/02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA - VERSO EM BRANCO CÓ PI A Documento assinado digitalmente conforme MP nº 2.200-2 de 24/08/2001 Autenticado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRAGA DE SOUZA, Assinado digitalmente em 15/ 02/2012 por ALBERTINA SILVA SANTOS DE LIMA, Assinado digitalmente em 13/02/2012 por ANTONIO JOSE PRA GA DE SOUZA
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